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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ CRISTIANE YUMI NAKAMURA DANIANE FRANÇA PAOLA CAROLINA CORREA AUDITORIA PARA OPERADORAS DE PLANO DE SAÚDE CURITIBA 2013

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

CRISTIANE YUMI NAKAMURA

DANIANE FRANÇA

PAOLA CAROLINA CORREA

AUDITORIA PARA OPERADORAS DE PLANO DE SAÚDE

CURITIBA

2013

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CRISTIANE YUMI NAKAMURA

DANIANE FRANÇA

PAOLA CAROLINA CORREA

AUDITORIA PARA OPERADORAS DE PLANO DE SAÚDE

Trabalho apresentado em Seminário, ao Curso de Pós-

Graduação em Auditoria e Gestão em Saúde da

Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial

para a obtenção do Título de Especialista em Auditoria

e Gestão em Saúde.

Orientadora: Dra. Ozana de Campos

CURITIBA

2013

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RESUMO

O presente trabalho trata de auditoria para Operadoras de Plano de Saúde. Não há mais

sustentação própria a lógica cruel da saúde como mercadoria focada exclusivamente

nos gastos e ganhos financeiros; em consonância a isto, surge uma nova visão de

auditoria que, além de diminuir desperdícios e custos excessivos, facilitar a cobrança,

reduzir os processos de faturamento e de auditoria tradicional; busca uma nova

abordagem, focada na qualidade e não mais na complexidade ou custo. Partindo-se

deste princípio e baseado no papel da auditoria, segmentos da saúde suplementar e

modelo de agrupamento por diagnósticos, pretendeu-se montar uma equipe de trabalho

para auditar 100 contas padronizadas por mês, estabelecendo-se um processo de

trabalho sobre o qual a equipe deve se basear para realização da auditoria. Conclui-se

que mister é a necessidade de ampliação da visão de auditoria por meio do

fornecimento de informações que subsidiem o gestor na avaliação, planejamento e

tomada de decisão na busca pela qualidade da assistência prestada e consequente

satisfação do beneficiário e do próprio gestor.

Palavras-chave: auditoria, qualidade assistência à saúde.

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LISTA DE SIGLAS

AIH Autorização de Internação Hospitalar

ANS Agência Nacional de Saúde Suplementar

CID Classificação Internacional de Doenças

DRG Diagnosis Related Groups (Grupos de Diagnósticos Homogêneos)

EUA Estados Unidos da América

GIH Guia de Internação Hospitalar

INAMPS Instituto Nacional de Previdência Médica e Assistência Social

PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

SAMHPS Sistema de Atenção Médica Hospitalar do Ministério da Previdência Social

SNCPCH Sistema Nacional de Controle e Pagamento de Contas Hospitalares

SIH/SUS Sistema de Informação Hospitalar do Sistema Único de Saúde

SUS Sistema Único de Saúde

ANS Agência Nacional de Saúde Suplementar

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - Diferença entre Sistema AIH e DRG ............................................. 20

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................... 7

2 AUDITORIA ............................................................................................ 8

2.1 CLASSIFICAÇÃO .................................................................................... 9

2.2.1 Auditoria prospectiva ................................................................................ 9

2.2.2 Auditoria concorrente ................................................................................ 9

2.2.3 Auditoria retrospectiva .............................................................................. 10

2.2 PERFIL DO AUDITOR ............................................................................ 10

3 SISTEMA SUPLEMENTAR DE SAÚDE ............................................ 12

3.1 SEGMENTOS DA SAÚDE SUPLEMENTAR ........................................ 12

3.1.1 Cooperativa médica ................................................................................... 14

3.1.2 Medicina de grupo ..................................................................................... 14

3.1.3 Autogestão ................................................................................................. 14

3.1.4 Seguradora ................................................................................................. 15

3.1.5 Cooperativa Odontológica ......................................................................... 15

3.1.6 Filantropia .................................................................................................. 15

3.1.7 Odontologia de Grupo ............................................................................... 16

4 MODELO DE AGRUPAMENTO POR DIAGNÓSTICO .................. 17

4.1 SIH/SUS E AIH ......................................................................................... 17

4.2 DRG ........................................................................................................... 18

4.3 DIFERENÇAS ENTRE SIH/SUS E DRG ................................................ 21

5 PROPOSTA: EQUIPE DE AUDITORIA ............................................. 23

5.1 SEGMENTO DA SAÚDE SUPLEMENTAR .......................................... 23

5.2 FINALIDADE ........................................................................................... 23

5.3 EQUIPE DE TRABALHO ........................................................................ 23

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5.4 PROCESSO DE TRABALHO .................................................................. 24

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................. 26

REFERÊNCIAS ................................................................................................. 27

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1 INTRODUÇÃO

A auditoria para Operadoras de Plano de Saúde é o tema central deste

trabalho. Sua finalidade está relacionada principalmente à comprovação de pagamento

de contas hospitalares, revendo glosas por meio da elaboração de relatórios técnicos e

realizando negociações entre representantes do hospital e de convênios; porém, o

mercado atual busca a redução de desperdícios e custos excessivos com regulação dos

serviços, desta forma, urge a necessidade de uma nova visão de auditoria que procura

facilitar a cobrança, reduzir os processos de faturamento da auditoria tradicional;

focando na qualidade e não mais somente na complexidade ou custo.

Baseado no referencial teórico sobre o papel da auditoria, segmentos da

saúde suplementar e modelo de agrupamento por diagnósticos, no presente trabalho

será abordado auditoria de contas focada na qualidade, através de uma equipe de

auditores montada para auditar 100 contas padronizadas por mês.

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2 AUDITORIA

Auditoria é um exame cuidadoso e sistemático das atividades desenvolvidas

em determinada empresa ou setor, cujo objetivo é averiguar se elas estão de acordo

com as disposições planejadas e/ou estabelecidas previamente, se foram

implementadas com eficácia e se estão adequadas (em conformidade) à consecução

dos objetivos.

Sua finalidade está relacionada principalmente à comprovação de pagamento

de contas hospitalares, revendo glosas por meio da elaboração de relatórios técnicos e

realizando negociações entre representantes do hospital e de convênios. No futuro,

associado à primeira finalidade, a intenção será apontar inadequações da assistência de

enfermagem, reformulando suas práticas, indicando processos de educação em serviço

e delineando ações corretivas (DIAS, 2011).

Na área da saúde a auditoria foi introduzida no início do século XX, como

ferramenta de verificação da qualidade da assistência, através da análise de registros

em prontuários (PINTO, 2009). É uma atividade multidisciplinar que engloba todo o

processo de gerenciamento da atividade médica dentro de um sistema de saúde,

objetivando alcançar a melhoria progressiva da eficiência deste sistema e da qualidade

da assistência médica ao paciente, mantendo-se fiel aos princípios médicos, éticos e

contratuais (CAMARGO, 2012).

Dessa forma, a atividade não deveria ser vista como “fiscalização” ou como

uma forma de “cortar gastos”, pois se trata de análise detalhada a fim de

esclarecimentos técnicos, baseado em ciência para as ações em que profissionais

atuarão com a saúde do beneficiário. O profissional médico deveria ter o auditor ao

seu lado para atuar em conjunto com a medicina baseada em evidência, desta forma os

procedimentos seriam realizados de acordo com a patologia diagnosticada, exames

realizados com necessidade real e assim também evitando gastos desnecessários.

Atualmente ela é adotada como ferramenta de controle e regulação da

utilização de serviços de saúde especialmente na área privada, onde tem seu foco para

o controle dos custos da assistência prestada.

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2.1 CLASSIFICAÇÃO

A auditoria é dividida em duas fases: analítica e operativa. A analítica é

realizada através de análise pormenorizada de documentos, relatórios e a verificação

de dados e informações, como por exemplo, as produções de SIA, SIH, APAC, os

registros no Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde (CNES), boletins

técnicos, coeficientes de mortalidade, de saúde, de morbidade, nascidos vivos entre

outros, para avaliar e verificar se o serviço ou a gestão atende as normas preconizadas,

aferindo a eficácia, a eficiência e a efetividade dos serviços prestados, garantindo os

direitos dos cidadãos.

Já a operativa é realizada quando o auditor se desloca e, mediante observação

e exame direto dos fatos, verifica se o atendimento em questão atende as normas legais

dos sistemas e atividades utilizando observação, medição, controles internos, dados e

documentos, buscando determinar a conformidade dos processos envolvidos (SÃO

PAULO, 2006).

Com base em CAMARGO (2012) e AUDITORIA (2013), a auditoria em

saúde é melhor compreendida sendo subdivida em:

2.2.1 Auditoria prospectiva

Realizada antes de o evento ocorrer, tendo a finalidade de verificar se a

solicitação e a justificativa para os procedimentos, OPME’s solicitados pelo médico

são compatíveis com a patologia diagnosticada do beneficiário. A necessidade de

exames, internações, intervenções, é analisada pelo auditor a fim de certificar-se de

cobertura contratual, evidências científicas que justifiquem a utilização do OPME e

procedimento.

2.2.2 Auditoria concorrente

Realizada durante o evento. O auditor atua junto a assistência prestada ao

beneficiário, verificando procedência, justificativas de intervenções, procedimentos,

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materiais, medicamentos. Revisão de contas em tempo real, podendo promover

correções da mesma, podendo ser discutido com médico assistente a medicina baseada

em evidências.

2.2.3 Auditoria retrospectiva:

Realizada após o evento ter ocorrido. Auditoria que verifica se a cobrança está

de acordo com a utilização dos serviços prestados devido à patologia, cobertura

contratual, preços de acordo com tabelas e contratos.

2.2 PERFIL DO AUDITOR

O profissional auditor tem como premissa atuar sempre de acordo com seu

código de ética profissional. Deve ter conhecimento em sua área de formação

acadêmica, deve sempre manter sigilo e discrição e utilizar os dados e as informações

do seu conhecimento tão somente e exclusivamente na execução dos serviços que lhe

foram confiados. Salvo determinação legal ou autorização expressa da alta

administração, nenhum documento, dados, informações e demonstrações poderão ser

fornecidos ou revelados a terceiros, nem deles poderá utilizar-se o auditor, direta ou

indiretamente, em proveito de interesses pessoais ou de terceiros (SÃO PAULO,

2006).

Cabe ao profissional Médico Auditor, conforme AUDITORIA (2013), realizar

o trabalho criteriosamente de acordo com as normas e legislação existentes, com a

compatibilidade à patologia diagnosticada e às respectivas coberturas contratuais,

solicitando esclarecimentos ao médico assistente ou prestador de serviços, sempre que

necessário, em especial em incompatibilidades ou excessos para o procedimento, em

quantidade, em preço, ou para confirmação de utilização, atuando sobre fatos que

interfiram na clareza e objetividade dos registros, e qualidade da Prestação de

Serviços.

Já o trabalho do profissional Enfermeiro Auditor consiste na avaliação

sistemática da qualidade da assistência de enfermagem prestada ao beneficiário pela

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análise dos prontuários, acompanhamento do beneficiário, procedimentos “in loco” e

verificação da compatibilidade entre o procedimento realizado e os itens que compõem

a conta hospitalar cobrados. Neste serviço de revisão de contas médicas, é responsável

pela revisão das contas cobradas pelos prestadores de serviços, e garantir que o

pagamento seja efetuado de modo correto dentro do prazo determinado.

De acordo com JUIZ DE FORA (2005) o perfil do auditor médico é baseado

em independência, soberania, objetividade, conhecimento técnico, cautela, bom senso,

zelo profissional, habilidade interpessoal para negociações e influência profissional,

comportamento ético, obediência ao código de ética médica e de enfermagem, sigilo e

descrição.

Diante do exposto, pode-se dizer que tal perfil não cabe somente ao

profissional médico, mas sim ao auditor, independente da sua formação acadêmica.

São necessárias estas qualificações entre outras, como experiência no âmbito

hospitalar, conhecimento na prática de confecção de prontuários, assistência prestada

ao beneficiário, fluxograma de internamento, setores do hospital, entre outros aspectos.

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3 SISTEMA SUPLEMENTAR DE SAÚDE

A política de saúde no Brasil seguiu, nos anos 80, uma trajetória paradoxal: de

um lado, a concepção universalizante, de outro, obedecendo às tendências estruturais

organizadas pelo projeto neoliberal, concretizaram-se práticas caracterizadas pela

exclusão social e redução de verbas públicas. Em função dos baixos investimentos em

saúde e consequente queda da qualidade dos serviços, ocorreu uma progressiva

migração dos setores médios para os planos e seguros privados (MALTA, 2001).

A expansão da saúde suplementar nas últimas décadas foi significativa,

estimando-se, segundo os dados da PNAD/98, em 38,7 milhões o número de

brasileiros cobertos por pelo menos um plano de saúde, o que corresponde a 24,5% da

população do país (IBGE, 2000). Esses números expressam as profundas alterações

que a prestação dos serviços de saúde vem sofrendo, colocando na agenda

governamental a necessidade do estabelecimento de um ordenamento jurídico legal

para o setor, que incorpore a regulamentação desse mercado privado e a definição das

suas responsabilidades. Essa regulamentação iniciou-se em 1998, mediante a Lei

159.656/98 e aprofundou-se com a Lei 9.661/00, que criou a ANS, mas ainda existe

um grande percurso na sua consolidação (BRASIL, 1998). Convive-se com uma

grande heterogeneidade nos padrões de qualidade do setor, fragmentação e

descontinuidade da atenção, que comprometem a efetividade e a eficiência do sistema

como um todo, atingindo as redes de cuidados básicos, especializados e hospitalares,

que atendem a clientela de planos de saúde.

3.1 SEGMENTOS DA SAÚDE SUPLEMENTAR

A chamada “assistência médica supletiva” adquire inúmeros formatos na

prestação da assistência e esses numerosos aspectos devem ser melhor conhecidos. A

saúde suplementar é composta pelos segmentos das autogestões, medicinas de grupo,

seguradoras e cooperativas.

Denomina-se “autogestão” os planos próprios patrocinados ou não pelas

empresas empregadoras, constituindo o subsegmento não comercial do mercado de

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planos e seguros. O grupo é heterogêneo, incluindo as grandes indústrias de

transformação (Volkswagen), entidades sindicais, empresas públicas, até empresas

com pequeno número de associados. Cerca de 50% é administrada por instituições

sindicais ou entidades jurídicas paralelas às empresas empregadoras, como as caixas

de assistência, caixas de previdência e entidades fechadas de previdência. Integram sua

administração, representantes dos trabalhadores e patronais. Percentual significativo é

administrado por departamentos de benefícios/recursos humanos da própria empresa.

Os planos de autogestão organizam suas redes de serviços, fundamentalmente,

mediante o credenciamento de provedores (CIEFAS, 2000; BAHIA 2001;

ABRAMGE, 2002).

O subsegmento comercial compreende as cooperativas de trabalho médico –

UNIMED’s e cooperativas odontológicas, as empresas de medicina de grupo

(incluindo as filantrópicas) e as seguradoras.

As medicinas de grupo, constituídas inicialmente por grupos médicos aliados

ao empresariado paulista, são atualmente responsáveis por quase 40% dos

beneficiários da assistência médica supletiva. Esse segmento se organizou em torno de

proprietários/acionistas de hospitais, criando redes de serviços e credenciando

hospitais e laboratórios, dado que existia um comprador de serviços que lhes garantia

um mercado seguro. O surgimento do setor deu-se a partir de meados da década de

1960, com o denominado convênio-empresa entre a empresa empregadora e a empresa

médica (medicina de grupo), estimulados pela Previdência Social, que repassava

subsídios per capita pelo serviço prestado, prática essa que foi decisiva no

empresariamento da medicina (OLIVEIRA, 1986).

De uma forma geral algumas características diferenciam o estilo de cada

modelo Técnico Assistencial de Saúde Suplementar implantado.

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3.1.1 Cooperativa médica

Valorizam o trabalho médico e provem soluções de saúde, assegurando a

satisfação dos seus beneficiários (UNIMED). Apresenta uma abrangência de cobertura

que atinge 76% dos municípios brasileiros. O seu custeio é realizado pelos

beneficiários (plano individual), ou pelas empresas parcial ou integralmente (plano

coletivo). Dependendo da cooperativa a abrangência é nacional, estadual ou regional.

3.1.2 Medicina de grupo

Prestam assistência à saúde através dos serviços próprios ou credenciados aos

beneficiários dos planos coletivos e dos planos individuais. O seu custeio também é

realizado pelos beneficiários (plano individual), ou pelas empresas parcial ou

integralmente (plano coletivo). Sua abrangência de cobertura é nacional, estadual ou

regional, dependendo da operadora. Cerca de 57% dos beneficiários residem no estado

de São Paulo, 17% no Rio de Janeiro e 10% no Rio Grande do Sul.

3.1.3 Autogestão

Proporciona assistência à saúde a trabalhadores de empresas públicas ou de

setores estratégicos da economia, através de sistemas de saúde supletivos que são

administrados diretamente pela instituição patrocinadora ou por uma instituição

assistencial e/ou previdenciária diretamente ligada a ela. O custeio dos planos é feito

por coparticipação entre empresas e empregados (80,7%). Em 14,5% das empresas o

custeio é integralizado pelos beneficiários ou entidades, enquanto que em apenas 4,8%

é integralizado pelas empresas mantenedoras dos planos (CIEFAS, 2000).

Dependendo da autogestão a abrangência é nacional, estadual ou regional.

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3.1.4 Seguradora

Prestam assistência à saúde por sistema supletivo de saúde através de uma

forma particular de intermediação financeira segundo a qual a empresa seguradora

paga diretamente ao prestador do serviço de atenção médico credenciado ou reembolsa

as despesas feitas pelo segurado sob regime de livre escolha. O custeio é realizado

pelos beneficiários (plano individual) ou pagamento da empresa parcial ou

integralmente (plano coletivo). Operam com um sistema de pré-pagamento em que o

contratante paga antecipadamente pelos serviços e tem direito à cobertura dos eventos

previstos no contrato. Na maioria a abrangência é nacional.

3.1.5 Cooperativa Odontológica

Classificam-se na modalidade de cooperativa odontológica as sociedades de

pessoas sem fins lucrativos, constituídas conforme o disposto na Lei n.º 5.764, de 16

de dezembro de 1971, que operam exclusivamente Planos Odontológicos (ANS,

2003).

3.1.6 Filantropia

Classificam-se na modalidade de filantropia as entidades sem fins lucrativos

que operam Planos Privados de Assistência à Saúde e tenham obtido certificado de

entidade filantrópica junto ao CNAS – Conselho Nacional de Assistência Social e

declaração de utilidade pública federal junto ao Ministério da Justiça ou declaração de

utilidade pública estadual ou municipal junto aos Órgãos dos Governos Estaduais e

Municipais (ANS, 2003).

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3.1.7 Odontologia de Grupo

Classificam-se na modalidade de odontologia de grupo as empresas ou

entidades que operam exclusivamente Planos Odontológicos, excetuando-se aquelas

classificadas na modalidade de cooperativa odontológica.

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4 MODELO DE AGRUPAMENTO POR DIAGNÓSTICO

Os modelos de agrupamento por diagnóstico surgiram com o intuito de

possibilitar a mudança do pagamento retrospectivo e pouco previsível, para um valor

fixo, de acordo com a estatística epidemiológica dos diagnósticos, procedimentos e

seus consequentes gastos. Um valor fixo é estabelecido de acordo com a motivação do

internamento, englobando os diversos itens de despesa da assistência hospitalar.

Citam-se como exemplos destes modelos de agrupamento por diagnóstico o

SIH/SUS no Brasil, e o DRG nos EUA e em vários países da Europa.

4.1 SIH/SUS E AIH

No final da década de 70, ainda no sistema de INAMPS, a forma de

pagamento aos hospitais credenciados ao serviço público era um sistema cruel onde

beneficiava-se a quantidade de procedimentos, visto que o ressarcimento aos

estabelecimentos era realizado conforme a apresentação discriminada, através de uma

GIH, item por item, dos gastos (organizados em diárias e taxas hospitalares, materiais

e medicamentos, serviços auxiliares de diagnose e terapia e serviços profissionais),

dificultando grandemente o controle e a gestão financeira do INAMPS com a atenção

hospitalar (NORONHA, 2001), era o chamado Sistema Nacional de Controle e

Pagamento de Contas Hospitalares (SNCPCH).

De acordo com Chiyoshi & Moura ([mimeo] apud NORONHA, 2001), a fim

de facilitar o processo de pagamento, evitando o exaustivo trabalho de conferência,

item por item, dos recursos utilizados pelo hospital na assistência dada aos pacientes,

originou-se a idéia do Sistema de Atenção Médica Hospitalar do Ministério da

Previdência Social (SAMHPS) - substituiu-se os tetos aceitos dos procedimentos

apresentados nas GIH’s por valores fixos de remuneração de cada componente de

acordo com o procedimento que motivou a internação, apresentados no formulário de

AIH.

O novo sistema foi implantado em 1983 e 1984, e em 1991, com vistas à

criação do SUS, foi renomeado de SIH/SUS. Desta maneira (e aproveitando-se da

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metodologia proposta no sistema DRG, a ser apresentada no próximo sub-capítulo),

criou-se uma lista de procedimentos, classificados inicialmente em dois grandes

grupos: procedimentos clínicos ou cirúrgicos. Todos os procedimentos foram

classificados de acordo com a localização anatômica dos procedimentos cirúrgicos e

dos procedimentos clínicos (ou das doenças selecionadas), bem como à semelhança

dos gastos. Para cada grupo de procedimentos foi atribuído, dentre outros, um valor

único de pagamento (calculado a partir do valor médio dos procedimentos), um tempo

médio de permanência e um sistema de pontuação para o pagamento de serviços

profissionais. Desta maneira, no resumo hospitalar de cada paciente, passa a ser

anotado o principal procedimento ao qual o mesmo foi submetido durante sua estada

hospitalar, sendo este procedimento a unidade de produção referente ao valor pago

pelo INAMPS (VERAS, 1992 apud NORONHA, 2001).

De acordo com Noronha (2001), o referido sistema foi inicialmente criado

para o reembolso de hospitais credenciados ao SUS e assim permaneceu até década de

90, quando alguns trabalhos apontam seu uso para além do repasse financeiro,

permitindo também a gerência da assistência hospitalar na saúde pública brasileira,

bem como sua utilização no planejamento financeiro, de insumos humanos e materiais,

na avaliação dos cuidados prestados e estudos epidemiológicos.

Na época em que foi criado, esse sistema de informação trouxe um sistema de

classificação talvez avançado para o momento, porém, a falta de revisão do sistema de

classificação e de incorporação dos avanços tecnológicos fez com que, hoje em dia, tal

classificação esteja ultrapassada diante de outras classificações desenvolvidas e

aprimoradas ao longo desse período (NORONHA, 2001).

4.2 DRG

Próximo à época de construção do SIH/SUS, semelhante movimento estava

acontecendo nos EUA, originando o sistema de classificação denominado DRG

(Diagnosis Related Groups ou Grupo de Diagnóstico Homogêneo), cuja possibilidade

de utilização no Brasil, com algumas adaptações, foi descartada devido aos escassos

recursos computacionais e técnico-profissionais existentes, na época, no INAMPS.

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Trata-se de um sistema de classificação desenvolvido nos anos 60 na

Universidade de Yale (EUA), de pacientes internados em hospitais que atendiam casos

agudos, agrupando-os de acordo com homogeneidade de seu quadro clínico (tendo

como variável dependente o tempo de permanência) e recursos consumidos,

oferecendo, portanto, informações a respeito dos tipos de pacientes atendidos,

relacionando-os ao conjunto de bens e serviços consumidos durante sua

hospitalização. O processo de desenvolvimento desta classificação integrou o

julgamento médico com análise estatística, utilizando o tempo de permanência como

referência do consumo de recursos, resultando em grupos de classificação contendo

pacientes clinicamente homogêneos, que consomem um conjunto similar de recursos

hospitalares para seu tratamento, sendo, portanto, uma classificação de casemix

proporção relativa de diferentes tipos de caso que o hospital trata (NORONHA, 1991).

A partir do perfil nosológico, é possível traçar o produto hospitalar (conjunto

específico de serviços que cada paciente recebe em função da sua necessidade de

tratamento) esperado para cada grupo, melhorando, desta maneira, o conhecimento a

respeito dos custos dos pacientes para o hospital e, consequentemente, dos custos do

hospital.

O referido sistema de classificação tinha por objetivo a definição do produto

hospitalar para fins de revisão de utilização, bem como de avaliação e gerência de

qualidade da atenção hospitalar (NORONHA, 1991). Dois foram os principais motivos

para o desenvolvimento de um sistema de classificação:

1) identificação dos casos atípicos (tempo de internação excepcionalmente longo,

resultando em maiores custos)

2) identificação de que os produtos hospitalares diferenciavam-se em função de

características dos pacientes (idade, sexo, estágio da doença, etc.), sendo necessário

explícita caracterização dos atributos.

Segundo Noronha (1991), o referido sistema apresenta inúmeras

possibilidades para a gestão:

Identificação do produto hospitalar para cada grupo e estabelecimento

de padrões ideais ou aceitáveis, comparando-os com o desempenho

corrente;

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Obtenção de informações sobre custos reais de cada DRG, por meio

de cruzamento de informações a respeito do tratamento, recursos

consumidos, processo de atendimento e resultado do tratamento;

Planejamento e alocação de recursos internos do hospital por meio de

estimativas;

Traçar perfil da assistência oferecida, com seus pontos fortes e pontos

a serem melhorados;

Sinalização da necessidade de auditoria quando o paciente fugir do

padrão (internamento excessivamente curto ou longo);

Estudos comparativos entre diferentes lugares, a respeito dos

diferentes tipos de cuidado e tempo médio de permanência;

Implementação de uma gerência hospitalar baseada em linhas de

produção, facilitando a avaliação da eficiência e efetividade dos

serviços.

Este sistema tem sido utilizado para pagamento prospectivo baseado no

reembolso aos hospitais por internação ou pelo orçamento histórico, controle da

produção hospitalar a avaliação da qualidade da assistência (DALMATI, 2012).

A construção desse sistema de classificação conta com softwares e programas

específicos, que iniciam o agrupamento dos pacientes nas grandes categorias de

diagnóstico, classificação de acordo com os grandes sistemas orgânicos, devendo ter

consistência em termos de anatomia, classificação fisiopatológica ou na forma como

os pacientes são tratados clinicamente. O segundo passo é dividir as hospitalizações

em procedimentos cirúrgicos (cirurgia maior, cirurgia menor, outra cirurgia, cirurgia

não relacionada ao diagnóstico principal) e clínicos (neoplasmas, sintomas e condições

específicas relativas ao sistema orgânico envolvido), além de uma classe residual. O

último passo consiste em testar em cada subgrupo outras variáveis (idade,

comorbidade, sexo, etc.) que possam apresentar impacto no tempo de permanência

hospitalar e criar novos subgrupos para aquelas que causavam um incremento de pelo

menos um dia no tempo de permanência em pelo menos 75% dos pacientes. Desta

forma, são criados os DRG’s.

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As maiores críticas a esse sistema referem-se ao subjetivo incentivo perverso

de os hospitais rejeitarem pacientes com quadros mais severos (e que consomem mais

recursos), uma vez que o sistema não responde sobre as diferenças sobre a severidade

dos casos tratados; e à qualidade da informação, visto que as mesmas são provenientes

de dados registrados em prontuário, porém, este ainda constitui-se na melhor fonte de

informação disponível, sendo que o uso regular destes dados nas atividades de

investigação, planejamento e acompanhamento dos serviços tende a melhorar a

qualidade dos mesmos (NORONHA, 1991).

Apesar de ter sido criado nos EUA, a utilização no Brasil deste sistema de

classificação (logicamente com suas adequações e ressalvas), não só é viável como é

de grande valia para a avaliação, planejamento e tomada de decisão por parte dos

gestores (NORONHA, 1991).

4.3 DIFERENÇAS ENTRE SIH/SUS E DRG

O quadro na página a seguir resume didaticamente as diferenças entre os

sistemas de classificação por SIH/SUS e DRG:

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SIH/SUS DRG

Objetivo Substituir o sistema de

pagamento por um sistema

de faturamento baseado em

casos

Medir a alocação de

recursos, custos e produção

nos hospitais

Princípio Agrupar serviços individuais

para cada paciente segundo o

principal procedimento

médico realizado

Agrupar pacientes segundo o

diagnóstico

Critério básico de

classificação

Procedimento médico Diagnóstico principal

(segundo CID)

Estrutura de classificação e

codificação

Classificação de 2300

procedimentos, agrupados

segundo especialidade e

subespecialidade médica

Classificação hierárquica

com 23 grandes categorias de

diagnóstico e 600 DRG

(variam conforme país)

Relação entre custos e uso de

recursos

Valores originais vagamente

baseados em informações de

custos limitadas

Agrupamento baseado no uso

relativo de recursos

(ponderado por custo)

Qualidade nas informações

sobre diagnóstico

Variável (exigida, mas fraca,

em especial para

diagnósticos secundários)

Boa (case do sistema)

Permite avaliar severidade ou

comorbidade

Não Sim; incluído nos códigos

(versão avançada)

Revisões e atualizações

periódicas

Nenhuma revisão ampla Diversas revisões amplas

Operação Formulário padrão, manual

ou informatizado

Informatizado

Distorções e fraudes Registro de procedimento

mais complexo, pagamentos

baixos e distorcidos

“DRG creep”: registro de

grupo diagnóstico mais

complexo

Principal sistema de controle Auditoria contábil Avaliação por pares

Países que adotam Brasil (1986) EUA (anos 1970-1983)

Áustria (1992); Alemanha

(2003); Suíça e Portugal (fim

os nos 1990); Itália, Espanha,

Finlândia, Reino Unido

(início dos anos 2000) FONTE: LA FORGIA, Gerard M.; COUTTOLENC, Bernard F., 2009.

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5 PROPOSTA: EQUIPE DE AUDITORIA

Baseado no referencial teórico exposto, este trabalho tem por objetivo montar

uma equipe de trabalho para auditar 100 contas padronizadas por mês.

5.1 SEGMENTO DA SAÚDE SUPLEMENTAR

Pela inteligível busca do trabalho em parceria, escolheu-se o segmento da

saúde suplementar de autogestão, por considerar-se que a satisfação do beneficiário

(empregado) é objetivo comum a todos os envolvidos. Desta maneira, supõe-se que, na

busca por melhor qualidade de vida, diminuição da taxa de absenteísmo ao trabalho

por problemas de saúde e aumento na produtividade da empresa, a realização de

exames complementares, laudos, diagnósticos e procedimentos seria mais ágil e

facilitada. Contribuindo, inclusive, como diferencial para permanência no emprego.

5.2 FINALIDADE

A satisfação do beneficiário é o eixo norteador deste modelo proposto de

auditoria, cujo objetivo principal é a busca pela qualidade da assistência prestada, por

meio do cruzamento de informações obtidas no prontuário do paciente, sistema de

agrupamento por diagnóstico, sistema informatizado do prestador e verificações in

loco.

5.3 EQUIPE DE TRABALHO

A equipe será multidisciplinar, constituída por profissionais auditores formados

em medicina e enfermagem. A equipe de auditoria é composta por 1 médico, 1

enfermeiro coordenador e 3 enfermeiros auditores.

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5.4 PROCESSO DE TRABALHO

Inicialmente faz-se necessário o conhecimento do perfil nosológico (quem é o

paciente que utiliza o serviço, para que, como, e com que frequencia) do

estabelecimento cujas contas serão auditadas, trata-se da fase analítica da auditoria.

Para tanto, os pacientes serão classificados de acordo com o sistema de classificação

por DRG, com as devidas adequações e adaptações à realidade local. O próprio

sistema informatizado apontará os pacientes que fogem do padrão do produto

hospitalar daquele grupo, e dentre estas, serão selecionados prontuários específicos

para auditoria.

Optou-se como critério para realização de auditoria, as contas e prontuários

dos beneficiários que adquiriram infecção hospitalar bem como dos beneficiários cujo

internamento excedeu a liberação prévia.

Serão auditadas uma média de 25 contas por semana, no total de 100 contas

por mês.

Para realização da fase operativa do processo de auditoria deve-se seguir como

base o seguinte processo:

Verificar identificação do beneficiário: Nome, idade, sexo, RG, CPF,

nome da mãe, código do beneficiário, CID;

Conferir liberações prévias e documentos do prontuário: Certificar-se

da documentação do prontuário, juntamente com termo de

consentimento, termo de responsabilidade e demais documentos.

Através de CID e código do procedimento, analisar as liberações

prévias do internamento e procedimento, liberações de OPME, de

acordo com tabela AMB e tabela seguida pela operadora;

Analisar período de internação: buscar no prontuário as justificativas

médicas, termo de prorrogação do internamento, procedimentos

realizados, exames complementares, laudos, liberações e utilização

registrada do OPME;

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Averiguar registros médicos: avaliar descrição cirúrgica, ficha do

anestesista, evolução e prescrição médica diária, solicitação de exames

e procedimentos, com laudos e registros respectivamente anotados;

Realizar análise da prescrição diária: analisar a prescrição de

medicamentos/dietas (quando couber) e sua devida administração,

através da checagem com aprazamentos e volumes prescritos pelo

médico, bem como a devida conferência na checagem e justificativa

dos medicamentos “se necessário”;

Analisar os registros da equipe multidisciplinar: fazer análise dos

registros das equipes a fim de encontrar anotações de admissão,

período de internamento e destino do cliente. Conferir todos os

procedimentos realizados pela enfermagem, como por exemplo troca

de curativos, punção venosas, procedimentos invasivos realizado pelo

enfermeiro;

Revisar contratos: fazer a revisão das cláusulas do contrato

anualmente ou quando se fizer necessário, para contribuir com a

auditoria e revisão de processos.

Após auditoria, mensalmente um relatório deve ser realizado, contendo os

principais erros detectados, por setor, tanto do registro em prontuário como da

assistência. De posse deste relatório, é interessante que haja uma discussão, com os

respectivos setores, para apontamento de possíveis causas e soluções, podendo auxiliar

na revisão de processos, reorganização do serviço, tomada de decisões locais e

realização de treinamentos específicos. O referido relatório infere a qualidade da

assistência prestada e pontos a serem melhorados, podendo subsidiar o gestor na

avaliação, planejamento e tomada de decisão, além de aproximar os setores, criando

vínculos e parcerias desejáveis nas interfaces dos serviços.

Uma série histórica poderá ser realizada com intuito de acompanhamento da

melhoria (ou não) da assistência por meio da diminuição das falhas.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Faz-se necessário a ampliação da visão dos benefícios e funcionalidades de

um bom processo de auditoria. Além de uma ferramenta para certificação das

transações financeiras que visam a lucratividade e a diminuição de desperdícios, a

auditoria alia-se à busca pela qualidade da assistência à saúde a partir do momento em

que as falhas e erros detectados inferem um retrato da atenção prestada ao beneficiário

e, quando analisados e contextualizados com outros dados, transformam-se em

informações capazes de subsidiar a avaliação, planejamento e tomada de decisão por

parte do gestor na busca por uma assistência à saúde com qualidade, trazendo

satisfação não somente aos beneficiários, mas também aos gestores devido a

consequente lucratividade.

Não se pretendeu esgotar as possibilidades deste assunto, ao contrário,

demonstrando-se as potencialidades da auditoria, sugerem-se maiores pesquisas sobre

a temática em questão, principalmente no que diz respeito à metodologia dos

processos de trabalho colocados em prática com demonstração de resultados, visto que

neste sentido, a produção científica mostrou-se ser escassa.

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