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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO – USF CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS ENGENHARIA CIVIL André Zanella Bernardo Revestimento Externo em Edifícios de Múltiplos Pavimentos Dezembro de 2006

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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO – USF

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS

ENGENHARIA CIVIL

André Zanella Bernardo

Revestimento Externo em Edifícios de Múltiplos Pavimentos

Dezembro de 2006

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André Zanella Bernardo

Revestimento Externo em Edifícios de Múltiplos Pavimentos

Monografia apresentada junto à Universidade

São Francisco – USF como parte dos

requisitos para a aprovação na disciplina

Trabalho de Conclusão de Curso.

Área de concentração: Edificações

Orientador: Prof. Dr. Adilson Franco

Penteado

Itatiba SP, Brasil

Dezembro de 2006

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“O gênio começa as obras grandes, mas é o trabalho que as termina”.

J. Joubert

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AGRADECIMENTOS

Ao concluir este trabalho, venho agradecer a todos que me ajudaram à

concretização do presente de forma direta ou indiretamente.

A todos os Engenheiros, Mestres e Encarregados que cruzaram minha vida

profissional até hoje e me passaram algumas de suas experiências e

conhecimentos.

Aos colegas, agora amigos, da Universidade, Emerson, Flavio, Elcio e Rafael,

companheiros fiéis ao longo destes cinco anos.

A todos os meus amigos e a minha namorada Lethicia, que sempre estão do meu

lado pro que der e vier.

Em especial à minha família, meu pai Luis Antonio, por ter plantado em mim a

semente da Construção Civil, minha mãe Margarete e meu irmão Murilo pelo

incentivo moral.

A todos vocês, o meu MUITO OBRIGADO.

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SUMÁRIO

LISTA E FIGURAS ............................................................................................ vi LISTA DE TABELAS ........................................................................................ vii LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS...................................................... viii RESUMO............................................................................................................ X PALAVRAS-CHAVE........................................................................................... X 1 INTRODUÇÃO............................................................................................... 1 2 REVESTIMENTOS ARGAMASSADOS........................................................ 4 2.1 Argamassa.......................................................................................... 4 2.2 Argamassa Mista.............................................................................. 5 2.2.1 Cimento............................................................................................ 5 2.2.2 Cal..................................................................................................... 5 2.2.2.1 Cal Virgem E Cal Hidratada............................................. 6 2.2.3 Agregados Miúdos..................................................................... 7 2.3 Funções Do Revestimento De Argamassa............................. 11 2.4 Propriedades Das Argamassas................................................. 12 2.4.1 Consistência................................................................................. 12 2.4.2 Trabalhabilidade....................................................................... 13 2.4.3 Coesão E Tixotropia.................................................................. 13 2.4.4 Plasticidade.................................................................................. 14 2.4.5 Retenção De Água...................................................................... 14 2.4.6 Adesão Inicial.............................................................................. 15 2.4.7 Aderência No Estado Endurecido....................................... 15 2.4.8 Elasticidade.................................................................................. 16 2.5 Classificação Das Argamassas................................................. 17 2.5.1 Argamassa De Cal...................................................................... 18 2.5.2 Argamassa De Cimento............................................................. 18 2.5.3 Argamassa Mista........................................................................ 18 2.6 Dosagem Das Argamassas............................................................ 19 2.7 Classificação Dos Revestimentos............................................ 19 2.8 Preparo Da Superfície.................................................................... 21 2.9 Chapisco............................................................................................... 21 2.10 Emboço................................................................................................ 23 2.11 Reboco................................................................................................ 23 2.12 Massa Única....................................................................................... 24 3 PATOLOGIAS DO REVESTIMENTO DE ARGAMASSA.............................. 25 3.1 Fatores Que Influenciam No Surgimento De Fissuras No Revestimento De Argamassa..................................................................

28

3.2 Falta De Aderência Do Revestimento...................................... 29

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3.2.1 Ensaio De Resistência De Aderência A Tração Direta 32 3.3 Retração.............................................................................................. 33 4 Projeto De Revestimento Externo................................................. 36 4.1 Fases De Projeto.............................................................................. 37 4.2 Definições Relativas À Argamassa........................................... 37 4.3 Seleção Do Sistema.......................................................................... 39 4.4 Organização Do Canteiro De Obras....................................... 40 4.5 Recebimento, Inspeção, Armazenamento De Materiais.... 41 4.5.1 Recebimento De Argamassas................................................. 41 4.6 Especificações Para A Execução Do Revestimento Externo...........................................................................................................

43

4.6.1 Equipamentos E Ferramentas............................................... 43 4.6.2 Limpeza............................................................................................. 45 4.6.3 Preparação Da Base.................................................................. 46 4.6.3.1 Verificações E Definição Da Espessura Do Revestimento................................................................................................

46

4.6.3.2 Taliscas E Mestras.............................................................. 47 4.6.3.3 Chapiscado.............................................................................. 48 4.6.4 Aplicação Da Argamassa........................................................ 48 4.6.5 Detalhes Construtivos Dos Revestimentos.................. 50 4.6.5.1 Ornatos E Pingadeiras....................................................... 51 4.6.5.2 Juntas De Trabalho.............................................................. 52 4.6.5.3 Quinas E Cantos...................................................................... 54 4.6.5.4 Reforço Do Revestimento Com Tela Metálica.......... 55 5 CONTROLE DA EXECUÇÃO DO REVESTIMENTO EXTERNO.................. 57 5.1 Controle Inicial Para A Liberação Dos Serviços............... 57 5.2 Controle Durante A Execução Do Revestimento............... 57 5.2.1 Preparação Das Bases............................................................. 58 5.2.2 Plano De Revestimento............................................................ 58 5.2.3 Produção Do Revestimento.................................................... 58 5.2.4 Execução Do Revestimento.................................................... 59 5.2.5 Recebimento Dos Serviços..................................................... 60 6 CONCLUSÃO................................................................................................. 61 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................. 64 8 ANEXOS......................................................................................................... 70 ANEXO A - CONTROLE DA EXECUÇÃO DO SERVIÇO DE REVESTIMENTO ...............................................................................................

71

ANEXO B - CONTROLE DA PRODUÇÃO DO SERVIÇO DE REVESTIMENTO EXTERNO..............................................................................

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LISTA DE FIGURAS

2.1 ZONA UTILIZÁVEL INFERIOR – O MÓDULO DE FINURA QUE VARIA

DE 1,55 A 2,20...................................................................................................

10

2.2- ZONA ÓTIMA – O MÓDULO DE FINURA QUE VARIA DE 2,20 A 2,90... 10

2.3- ZONA UTILIZÁVEL SUPERIOR – O MÓDULO DE FINURA QUE

VARIA DE 2,90 A 3,50.......................................................................................

11

2.4 CHAPISCO CONVECIONAL...................................................................... 23

2.5 CHAPISCO DESEMPENADO.................................................................... 23

2.6 CHAPISCO ROLADO................................................................................. 23

3.1 EXEMPLOS DE MANIFESTAÇÕES PATOLOGICAS EM

REVESTIMENTOS..............................................................................................

28

3.2 EXEMPLOS DE MANIFESTAÇÕES PATOLOGICAS EM

REVESTIMENTOS.............................................................................................

28

3.3 DINAMÔMETRO APLICANDO A CARGA DE ARRANCAMENTO......... 33

3.4 FISSURAS POR RETRAÇÃO.................................................................... 34

4.1 ANDAIMETUBULAR................................................................................... 45

4.2 GRUA, TELA DE PROTEÇÃO E BANDEJA DE SEGURANÇA .............. 45

4.3 EXECUÇÃO DE REVESTIMENTO EXTERNO......................................... 49

4.4 DESCIDA DOS BALANCINS EM DIFERENTES LOTES DE FACHADA.. 50

4.5 EXEMPLOS DE ORNATOS E PINGADEIRAS........................................... 52

4.6- EXEMPLOS DE ORNATOS E PINGADEIRAS.......................................... 52

4.7- EXEMPLOS DE ORNATOS E PINGADEIRAS.......................................... 52

4.8- EXEMPLOS DE ORNATOS E PINGADEIRAS.......................................... 52

4.9- EXEMPLOS DE ORNATOS E PINGADEIRAS.......................................... 52

4.10- EXEMPLOS DE ORNATOS E PINGADEIRAS........................................ 52

4.11- EXECUÇÃO DE JUNTA DE TRABALHO................................................ 53

4.12- PERFIL DA JUNTA DE TRABALHO....................................................... 54

4.13- DETALHES DA JUNTA DE TRABALHO................................................. 54

4.14– DETALHE QUINA E CANTO................................................................... 55

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4.15– FISSURA ENTRE ALVENARIA E ESTRUTURA DEVIDO A NÃO

COLOCAÇÃO DA TELA METÁLICA................................................................

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LISTA DE TABELAS

4.1- ATIVIDADES EXIGIDA E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS PARA OS

VÁRIOS TIPOS DE

ARGAMASSA....................................................................

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LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS

Símbolos:

fck: resistência característica do concreto à compressão

% - Porcentagem

ºC - Graus Celsius

Kg - Quilograma

Kg/m³ - Quilograma por Metro Cúbico

MPa - Mega Pascal

mm - Milímetros

cm - Centímetros

m - Metros

m² - Metros Quadrados

CaO - Óxido De Cálcio

CSH - Silicato De Cálcio Hidratado

Abreviaturas:

ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas

A/C - Relação Água/Cimento

ABAI - Associação Brasileira de Argamassas Industrializadas

ABCP - Associação Brasileira De Cimentos Portland

ABPC - Associação Brasileira De Produtores De Cal

CPII Z – Cimento Portland pozolânico

CPII F – Cimento Portland com adição de material carbonático - filer

C.S.T.C. – Centre Scientifique et Techinique de la Construcion, Bélgica

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ANTAC - Associação Nacional De Tecnologia Do Ambiente Construído

ASTM - American Society For Testing And Materials

BSI - British Standards Institution

Mf - Módulo De Finura

NBR - Norma Brasileira

IRS –Initial Rate of Suction

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RESUMO

O revestimento externo de um edifício vertical de múltiplos pavimentos é um dos

mais importantes serviços, não só pelo aspecto visual da obra, mas também

porque ele protege a edificação como um todo, aumentando assim a durabilidade

da edificação. Visando a redução de custos na produção, os edifícios se tornaram

maiores e com grandes vãos, solicitando mais as estruturas e aumentando

significativamente as deformações impostas ao revestimento. Com o atual

aumento da produtividade, a baixa qualidade da mão de obra empregada,

principalmente nos pequenos centros, e a falta de projetos específicos de

revestimento externo com os detalhes construtivos necessários para uma boa

resistência do revestimento, inevitavelmente houve um grande aumento das

patologias. Nos últimos tempos, algumas das grandes construtoras em atividade

hoje no país, já vêm tratando o revestimento externo como um dos serviços

cruciais executados durante a obra, adotando planejamento, investindo em

projetos de revestimento de fachada, ou seja, racionalizando mais este serviço

dentro da construção. Neste trabalho cientifico, foi feito um estudo do revestimento

externo em edifícios de múltiplos pavimentos desde a caracterização de seus

materiais, suas propriedades, patologias, detalhamento de todo o método

executivo e diretrizes para o controle da execução do revestimento externo. O

resultado final deste estudo foi o desenvolvimento de duas propostas para o

controle da execução e produção de revestimento externo em edifícios, agregando

valores relativos à qualidade da execução do pano de fachada, para que assim

possa-se gerir a mão de obra de um modo mais eficaz e conveniente, objetivando

uma boa produtividade, qualidade, segurança, reduzindo-se os desperdícios,

problemas patológicos e conseqüentemente diminuição dos custos.

PALAVRAS-CHAVE: Revestimento externo, Produção, Patologias, Controle de

Execução,Edifícios.

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1 INTRODUÇÃO

Além de ser a parte mais visível do edifício, a fachada de um prédio normalmente

serve como referência para a análise da qualidade ou padrão de todas as fases da

obra. Não só pelo aspecto visual da obra, o revestimento externo protege a

edificação como um todo, aumentando assim a durabilidade da edificação.Nos

últimos anos, com o aumento da produtividade visando a redução de custos na

produção, a exigência por mais vagas na garagem (aumentando os vãos entre

pilares), assim como a valorizações do solo urbano, os edifícios tiveram que se

tornar maiores, solicitando-se assim muito mais as estruturas e aumentando

significativamente as deformações impostas à alvenaria e conseqüentemente ao

revestimento.

Com o surgimento do Concreto Armado, as alvenarias deixaram de exercer função

estrutural sendo utilizadas somente para vedação, iniciando-se então os primeiros

problemas de fissuração e destacamento de argamassa, pois, com o uso de

estruturas de concreto armado as cargas que inicialmente eram distribuídas

uniformemente nas paredes agora eram transferidas para as vigas desviando

horizontalmente as cargas até chegarem aos pilares que concentravam todas

essas forças e repassavam ao solo.

As vigas transferem as cargas provocando deslocamentos verticais que

chamamos de flechas fazendo com que, então, as alvenarias agora sofressem

outro tipo de tensões.

As tensões de compressão deixaram de preponderar e as forças de tração e

cisalhamento passaram a ser as mais predominantes. Como as alvenarias têm

grande resistência à compressão, porém pouca capacidade de tração e baixa

resistência ao cisalhamento, todas essas cargas eram diretamente transferidas

para o revestimento, instalando-se então grande potencial para patologias.

Com o aumento das estruturas e os grandes vãos, a resistência do concreto teve

de se tornar maior e o concreto que antes era entre 15 e 18MPa passou para os

atuais 30 a 35MPa, conseqüentemente o concreto tornou-se menos poroso o que

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dificulta ainda mais a aderência dos revestimentos e argamassas.Como

conseqüência Inevitável houve um aumento demasiado das patologias, para

agravar a situação(CEOTTO et al.,2001).

Em 1976 o CENTRE SCIENTIFIQUE ET TECHNIQUE DE LA CONSTRUCION,

BÉLGICA(C.S.T.C), analisou 1200 problemas patológicos, constando que: 37%

deles eram relativos à umidade; 16% à fissuração; 15% à descolamento de

revestimentos e o restante a causas diversas como: instalações de calefação,

elétrica, hidráulica, acústica e de conformidade de fabricação. Em outro estudo, o

Bureau Securitas,1982, França, apontou que a perda de desempenho das

alvenarias externas podem ser responsáveis por 21,4% dos fenômenos

patológicos de uma edificação.

Estudo realizado pelo I.P.T, em conjuntos habitacionais na cidade de São Paulo,

em 1980, não contradisse os anteriores e acrescentou que o pico das

manifestações se dá entre 4 e 7 anos de construção.

Estes dados, sem dúvida, deixa clara a importância dos cuidados executivos que

possam garantir o bom comportamento da alvenaria de vedação e do seu

revestimento exterior.

Atualmente devido à baixa qualidade da mão de obra disponível no mercado para

a execução do revestimento externo em edifícios, principalmente nos pequenos

centros, somada ao atual aumento da produtividade e a falta de projetos

específicos de revestimento externo, com os detalhamentos construtivos

necessários, resultou num grande aumento das patologias.

Construtoras de grande porte em atividade hoje no país, já vêm encarando este

serviço com mais seriedade, adotando planejamentos, investindo em projetos de

revestimento de fachada, ou seja, racionalizando mais este serviço dentro da

construção.

Este projeto estuda o revestimento externo em edifícios verticais, composto de:

chapisco e reboco, abrangendo a caracterização dos materiais, patologias em

revestimentos, o recebimento do material, a execução dos serviços, os

equipamentos utilizados, o controle tecnológico da produção e da mão de obra e o

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recebimento dos serviços. Sempre respeitando as indicações das normas técnicas

específicas para cada caso.

O objetivo deste estudo é desenvolver um método para o controle da execução e

produção do revestimento externo em edifícios de múltiplos pavimentos, focado na

qualidade da execução do revestimento externo, para que assim possa-se gerir a

mão de obra com mais eficácia e conveniência, obtendo então, uma boa

produtividade, qualidade, segurança, reduzindo-se os desperdícios, problemas

patológicos e conseqüentemente diminuindo-se os custos.

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2 REVESTIMENTOS ARGAMASSADOS

Os revestimentos argamassados, como tecnologia construtiva já vêm sido usado

desde a Idade Média, eram compostos de areia e cal, usados para revestir os

tijolos cerâmicos da época.

Com a invenção do cimento Portland as argamassas evoluíram tornando-se mais

resistentes e melhorando sua aderência às bases onde eram aplicadas.

2.1 Argamassa

A argamassa, segundo Sabbatini (1986), pode ser conceituada como um material

complexo, constituído essencialmente de materiais inertes de baixa granulometria

(agregados miúdos que não sofrem reações químicas) e de uma pasta, com

propriedades aglomerantes, composta por minerais e água (os materiais ativos

como o cimento e a cal, que sofrem reações químicas de endurecimento),

podendo ser composto, ainda, por produtos especiais, denominados aditivos.

A argamassa para revestimento é definida segundo a ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA

DE NORMAS TÉCNICAS –ABNT (NBR 13529:1995) como sendo “uma mistura

homogênea de agregado(s) miúdo(s), aglomerante(s) inorgânico(s) e água,

contendo ou não aditivos ou adições, com propriedades de aderência e

endurecimento”. A mesma norma define outros termos usuais envolvendo o

revestimento executado à base de cimento e cal, ou ambos, relativos ao campo de

sua aplicação. Podem-se encontrar definições como:

• Adições: materiais inorgânicos naturais ou industriais finamente divididos,

adicionados às argamassas para modificar as suas propriedades e cuja

quantidade é levada em consideração quanto a proporcionalidade;

• Argamassa de cal: argamassa preparada com cal como seu único

aglomerante;

• Argamassa de cimento: argamassa preparada com cimento como seu único

aglomerante;

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• Revestimento: é o recobrimento de uma superfície com uma ou mais

camadas sobrepostas de argamassa, em espessura normalmente uniforme,

apta a receber um acabamento final.

2.2 Argamassa Mista

A argamassa mista é constituída essencialmente de agregados miúdos e de

aglomerantes, que em geral são, o cimento Portland e a cal (que pode ser

substituída por aditivos).

2.2.1 Cimento

Por volta de 1756, o engenheiro John Smeaton, procurava um aglomerante que

endurecesse mesmo em presença de água, para facilitar o trabalho de

reconstrução do farol de Edystone, na Inglaterra. Durante suas experiências,

verificou que uma mistura, calcinada de calcário e argila tornava-se tão resistente,

depois de seca, quanto as pedras que eram utilizadas nas construções da época.

Porém, foi o pedreiro Joseph Aspdin, em 1824, quem patenteou a descoberta,

batizando-a de cimento Portland, numa referência a Portlandstone, um tipo de

pedra arenosa muito usada em construções na região de Portland, Inglaterra. No

pedido de patente descrevia-se que o calcário era moído com a argila, em meio

úmido, até transformar-se num pó, a água evaporava-se naturalmente com a

exposição ao sol ou por irradiação de calor através de um cano com vapor. Os

blocos dessa mistura seca eram calcinados em fornos e depois moídos (TAYLOR,

1967).

Atualmente, são utilizados, para confecção de argamassas, o Cimento Portland

CPII Z (com adição de material pozolânico) e o CP II F (com adição de material

carbonático – filer).

2.2.2 Cal

Segundo Guimarães (2002) o homem conheceu a cal provavelmente nos

primórdios da Idade da Pedra (período Paleolítico). Ainda, segundo o autor, por

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volta de 3000 a.C. foram achadas ruínas, as quais, o solo argiloso foi estabilizado

com cal para a construção da Pirâmide de Shersi, na região do Tibet.

Análises feitas nos materiais utilizados na vedação das câmaras da pirâmide de

Quéops e nas juntas dos blocos de calcário e granito da pirâmide de Quéfrem,

ambas executadas por volta do ano 2500 a.C., revelaram a presença da cal.

2.2.2.1 Cal Virgem E Cal Hidratada

O calcário quando calcinado à altas temperaturas, aproximadamente 1000 ºC,

produz a cal virgem, pela perda de parte dos seus constituintes (anidridocarbônico

– CO2).

Como descrito na ABNT (NBR 7175:2003), a cal hidratada é um pó seco obtido

pela hidratação adequada da cal virgem, constituída essencialmente de hidróxido

de cálcio ou de uma mistura de hidróxido de cálcio e hidróxido de magnésios, ou

ainda, de uma mistura de hidróxido de cálcio, hidróxido de magnésio e óxido de

magnésio.

Segundo Carasek (2001) as cales podem ser classificadas, de acordo com a sua

composição química em:

• dolomítica: teor de CaO ≤ 65%.

• magnesianas: 65% < CaO < 90%;

• cálcica: teor de CaO ≥ 90% em relação aos óxidos totais;

Sempre se utilizou a cal como um dos constituintes das argamassas. Atualmente,

com o surgimento dos aditivos e sua difusão pelo país, a cal tem sido deixada de

lado em muitos dos casos. Porém, como já observado em alguns países da

Europa, essa prática afeta a durabilidade do revestimento, na França, por

exemplo, a cal ainda é utilizada como um dos vários constituintes das argamassas

(RAGO & CINCOTTO, 1999).

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Segundo Rago & Cincotto (1999), a cal no estado fresco propicia maior

plasticidade à argamassa, permitindo melhor trabalhabilidade e,

conseqüentemente, maior produtividade na execução do revestimento.

Uma propriedade muito importante no estado fresco da cal é a retenção de água,

não permitindo assim a sucção excessiva de água pela base.

A adição de cal hidratada em argamassas de cimento reduz significativamente o

módulo de elasticidade, sem afetar a resistência à tração, que em última análise é

a máxima resistência de aderência da argamassa, sendo assim, aumentando a

vida útil do revestimento (JOHN, 2003).

Diversos estudos indicam que à medida que se aumenta a percentagem de

hidróxido de magnésio na composição da cal, em relação ao hidróxido de cálcio,

há também um aumento na capacidade de aderência da argamassa (CARASEK,

2001).

Em novembro de 1995 a ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PRODUTORES DE

CAL – ABPC, implementou o Programa de Garantia da Qualidade da Cal para a

Construção Civil, motivado pela falta de qualidade do grande número de cales que

abastece o mercado consumidor, o que vinha abalando a isonomia competitiva do

setor e prejudicando a imagem do produto junto aos usuários. O consumidor

estava deixando de acreditar na cal como aglomerante, por causa das inúmeras

patologias verificadas quando da sua aplicação.

2.2.3 Agregados Miúdos

Segundo a ABNT (NBR 7211:2005), agregados miúdos são “agregados cujos

grãos passam pela peneira com abertura de malha de 4,75 mm e ficam retidos na

peneira com abertura de malha de 150 µm, em ensaio realizado de acordo com a

ABNT NBR NM 248, com peneiras definidas pela ABNT NBR NM ISO 3310-1”.

Os agregados tem três funções principais(MINEROPAR, 2004):

• exercer a função de aglomerante de um material de enchimento

relativamente econômico;

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• formar uma pasta de partículas adaptadas para resistir às cargas aplicadas,

ao desgaste mecânico e à percolação de intempéries;

• reduzir as variações de volume durante o processo de pega, endurecimento

e variações de umidade na pasta de cimento, cal e água.

Os agregados são classificados, quanto à origem em:

• naturais: já encontrados na natureza sob a forma definitiva de utilização,

como é o caso da areia comum que é retirada dos rios e segue direto para

a utilização;

• artificiais: são os que necessitam de modificações para chegar à condição

apropriada ao seu uso, como é o caso da areia de origem da britagem das

rochas como basaltos, calcários, arenitos, quartzitos e gnaisses.

A distribuição granulométrica da areia influencia diretamente no desempenho da

argamassa, interfere na trabalhabilidade e também no consumo de água e

aglomerantes, no estado fresco, no revestimento acabado, exerce influência na

fissuração, na rugosidade, na permeabilidade e na resistência de aderência

(ANGELIM, 2003).

A areia é caracterizada pelo seu módulo de finura, especificações de faixas

granulométrica, ou selecionada a partir de normas, que especificam a

granulometria dentro de certas faixas.

Foram os trabalhos de Füller & Trompson (1907), Furnas (1931) e de Anderegg

(1931) que embasaram o desenvolvimento de curvas granulométricas de

argamassas, para ser estudada a influência do agregado nas suas propriedades,

ressaltando-se que nestes estudos a dosagem do aglomerante e do agregado foi

realizada a partir de uma curva(CINCOTTO,1999).

Por causa das curvas granulométricas serem muito distintas, não existe um

consenso entre os autores nacionais, conseqüentemente, essas curvas podem

levar ao mesmo módulo de finura.

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Pode-se usar também o coeficiente de uniformidade, que traduz uma continuidade

na distribuição granulométrica da areia. É definida como sendo a relação entre os

diâmetros correspondentes à abertura da malha pela qual passam 60% e 10% em

massa de areia (CARNEIRO, 1999).

Segundo Tristão(1995), a influência da composição granulométrica da areia,

recomendada em diferentes especificações, nas propriedades de argamassas de

revestimento, cujos resultados foram obtidos através da utilização do módulo de

finura, não existe qualquer relação significativa entre módulo de finura de

diferentes composições granulométricas originárias de uma mesma areia e o

desempenho das argamassas.

De acordo com Selmo (1989), os intervalos adotados para o módulo de finura (Mf)

para classificação das areias são:

Mf < 2.0 - areia fina;

2.0 < Mf < 3.0 - areia média;

Mf > 3.0 - areia grossa.

A areia não participa das reações químicas do endurecimento da argamassa; O

formato dos grãos influencia na trabalhabilidade e na retenção de água; No estado

endurecido, influencia nas resistências mecânicas, na capacidade de deformação

e na permeabilidade(CINCOTTO, 1999).

A norma ABNT (NBR 7211: 2005) – Agregados para concreto – Especificações,

criou novos limites de utilização para agregados miúdos. Conforme o módulo de

finura (Mf), classifica em zona utilizável inferior (Mf varia de1,55 a 2,20), zona

ótima (Mf varia de 2,20 a 2,90) e zona utilizável superior (Mf varia de 2,90 a 3,50).

Nas Figs. 2.1 a 2.3 estão apresentados os limites inferior e superior para a zona

utilizável inferior, zona ótima e zona utilizável superior, respectivamente.

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Figura 2.1 - Zona utilizável inferior – O módulo de finura que varia de 1,55 a

2,20

Figura 2.2 - Zona ótima – O módulo de finura que varia de 2,20 a 2,90

Fonte: (SELMO, 1989)

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Figura 2.3 - Zona utilizável superior – O módulo de finura que varia de 2,90 a

3,50

Fonte: (SELMO, 1989)

O agregado miúdo que se encontra na zona utilizável inferior pode ser

considerado como areia fina; aquele que se encontra na zona ótima é uma areia

média e aquele que se encontra na zona utilizável superior é uma areia

grossa(SELMO, 1989).

2.3 Funções Do Revestimento De Argamassa

Os revestimentos de argamassas têm, em geral, as seguintes funções:

• proteger as vedações e a estrutura contra a ação de agentes agressivos e,

conseqüentemente, evitar a degradação precoce das mesmas, aumentar a

durabilidade e reduzir os custos de manutenção dos edifícios;

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• auxiliar as vedações a cumprirem com as suas funções, tais como:

isolamento termo-acústico, estanqueidade à água e aos gases e segurança

ao fogo;

• estéticas, de acabamento e aquelas relacionadas com a valorização da

• construção ou determinação do padrão do edifício.

2.4 Propriedades das Argamassas

2.4.1Consistência

Consistência é a propriedade pela qual a argamassa no estado fresco tende a

resistir à deformação. As argamassas podem ser classificadas quanto a

consistência, em:

• Secas: quando a pasta preenche os vazios entre os grãos;

• Plásticas: quando a pasta forma uma fina película e atua como lubrificante

na superfície dos grãos dos agregados;

• Fluidas: quando os grãos ficam imersos na pasta.

A consistência é diretamente determinada pelo conteúdo de água, sendo

influenciada pelos fatores, relação água/aglomerante, relação aglomerante/areia,

granulometria da areia, natureza e qualidade do aglomerante (CINCOTTO,1995).

Nas argamassas de consistência plástica, pode se manifestar a exsudação de

água, que é uma propriedade que também interfere na trabalhabilidade, exigindo

misturas freqüentes para homogeneização do material e pode interferir na

capacidade de adesão da argamassa ao ser lançada contra a base(SELMO,

1989).

Para a avaliação da consistência da argamassa é utilizada tradicionalmente no

Brasil a mesa de consistência (mesa vibratória ou “flow table”) prescrita pela ABNT

(NBR 7215:1996) e são realizados procedimentos de ensaio para determinação do

índice de consistência prescrito pela ABNT (NBR 13276 :1995).

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Entretanto, apesar da grande utilização, este é um dos ensaios mais criticados,

pois vários são os autores que alegam que a mesa não tem sensibilidade para

medir a reologia da argamassa, ou seja, a capacidade de deformação ou

escoamento da argamassa.

Existem outros métodos utilizados para avaliar a consistência: o método da

penetração do cone preconizado pela ASTM C 780 (1996); o método vane test

(ensaio de palheta); ensaio de dropping ball (BS 4551).

Segundo Bauer (2005), atualmente existem equipamentos sofisticados que

permitem uma avaliação mais ampla do comportamento reológico de argamassas,

fornecendo inclusive os parâmetros fundamentais (viscosidade e tensão de

escoamento). Estes equipamentos não são amplamente utilizados nos

laboratórios de tecnologia das argamassas, devido, em primeiro lugar, ao seu

elevado custo e, em segundo lugar, a algumas dificuldade operacionais.

2.4.2 Trabalhabilidade

Propriedade relacionada à consistência, a trabalhabilidade significa facilidade de

manuseio. Segundo Sabbatini(1984), pode-se dizer que uma argamassa é

trabalhável, de um modo geral, quando ela distribui-se facilmente ao ser

assentada(chapada), não gruda na ferramenta quando está sendo aplicada, não

segrega ao ser transportada, não endurece em contato com superfícies absortivas

e permanece plástica por tempo suficiente para que a operação seja completada.

A trabalhabilidade das argamassas é uma propriedade complexa, resultante da

conjunção de diversas outras propriedades, tais como consistência, plasticidade,

retenção de água, coesão, endurecimento sob sucção e trixotropia.

Avaliar, quantificar e prescrever valores de trabalhabilidade das argamassas por

meio de ensaios é uma tarefa muito difícil, uma vez que, ela depende não só das

características intrínsecas da argamassa, mas também da habilidade do pedreiro

que está executando o serviço e de várias propriedades do substrato, além da

técnica de aplicação (CASCUDO, 2005).

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2.4.3 Coesão e Tixotropia

Segundo Cincotto(1995), a coesão, refere-se às forças físicas de atração

existentes entre as partículas sólidas da argamassa no estado fresco e às ligações

químicas da pasta aglomerante. A influência da cal sobre a consistência e a

trabalhabilidade das argamassas provém das condições de coesão interna que a

mesma proporciona, em função da diminuição da tensão superficial da pasta

aglomerante e da adesão ao agregado.

A tixotropia é a propriedade pela qual um material sofre transformações

isotérmicas e reversíveis do estado sólido para o estado gel (SELMO, 1989). O

estado gel, no caso das argamassas, diz respeito à massa coesiva de

aglomerante na pasta, mais densa após a hidratação (CINCOTTO, 1995).

2.4.4 Plasticidade

Plasticidade é a propriedade pela qual a argamassa no estado fresco tende a

conservar-se deformada após a redução das tensões de deformação. A

plasticidade e a consistência são as propriedades que efetivamente caracterizam

a trabalhabilidade, e são influenciadas pelo teor de ar retido, natureza e teor de

aglomerantes e pela intensidade de mistura das argamassas (CINCOTTO,1995).

Segundo Cascudo(2005), a plasticidade adequada para cada mistura, de acordo

com a finalidade e forma de aplicação da argamassa, demanda uma quantidade

ótima de água a qual significa uma consistência ótima, sendo esta função do

proporcionalidade e natureza dos materiais.

2.4.5 Retenção De Água

A retenção de água é a capacidade da argamassa no estado fresco de manter sua

consistência ou trabalhabilidade quando sujeita a solicitações que provocam perda

de água por evaporação, sucção do substrato ou pela hidratação do cimento e

carbonatação da cal (CINCOTTO, 1995).

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As argamassas tendem a conservar a água necessária para molhar as partículas

dos aglomerantes e do agregado miúdo e a água em excesso é cedida facilmente,

devido à absorção do substrato, Rosello(1976), citado por Selmo (1989).

Robinson citado por Carasek (1996) constata em seus experimentos, utilizando

argamassas com diferentes retenções de água aplicadas em diferentes tipos de

substratos, que aquelas com menores capacidades de retenção de água

produziam maior resistência de aderência do revestimento.

2.4.6 Adesão Inicial

A adesão inicial da argamassa no estado fresco ao substrato é a propriedade que

caracterizará o comportamento futuro do conjunto substrato/revestimento quanto

ao desempenho decorrente da aderência (CINCOTTO, 1995).

Segundo Selmo (1989), a adesão inicial ou a aderência da argamassa no estado

fresco ao substrato a revestir deve-se, em principio, às características reológicas

da pasta aglomerante; as baixas tensões superficiais da pasta, sendo função

inversa do consumo de aglomerantes, é o que propicia a sua adesão física ao

substrato, assim como aos próprios grãos do agregado miúdo, Rosello(1976),

citado por Selmo (1989).

É essencial, que para uma boa aderência inicial da argamassa as condições de

limpeza do substrato, isentos de poeiras, partículas soltas e gorduras.

2.4.7 Aderência No Estado Endurecido

A aderência da argamassa ao substrato pode ser definida como sendo a

capacidade que a interface substrato/argamassa possui de absorver tensões

tangenciais (cisalhamento) e normais (tração) a ela, sem romper-se

(SABBATINI,1984).

A aderência à alvenaria se desenvolve segundo dois mecanismos, a aderência

química, onde a resistência de aderência advém de forças covalentes ou forças de

Van der Waals, desenvolvidas entre a unidade de alvenaria e os produtos da

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hidratação do cimento; e a aderência mecânica que é formada pelo

intertravamento mecânico dos produtos da hidratação do cimento, transferidos

para a superfície dos poros dos blocos de alvenarias devido ao efeito da sucção

ou absorção capilar.

Não existe uma correspondência biunívoca entre um dado parâmetro e a

capacidade de aderência. Por exemplo, aumentando o teor relativo de cimento no

aglomerante, dependendo das características do substrato, pode-se aumentar ou

diminuir a capacidade de aderência.

Patologias, tais como o descolamento em placas que ocorre junto à interface

argamassa/substrato, podem ser relacionadas com a inadequada condição do

substrato para possibilitar a penetração da pasta de aglomerante em seus poros,

como por exemplo, base impregnada de poeira ou gordura (CARVALHO JR,

2005).

A aderência é significativamente influenciada pelas condições da base, como a

porosidade e a absorção de água, a resistência mecânica, a textura superficial e

pelas condições de execução do revestimento. A capacidade de aderência da

interface argamassa/substrato depende, da capacidade de retenção de água, da

consistência e do teor de ar aprisionado da argamassa. A aderência é influenciada

favoravelmente pelo teor de finos do agregado miúdo. (SILVA, 2005)

A ABNT (NBR 15258: 2005), propõe procedimentos de ensaio para determinação

da resistência de aderência à tração.

2.4.8 ELASTICIDADE

Segundo Sabbatini (1984), elasticidade é a capacidade que a argamassa no

estado endurecido apresenta em se deformar sem apresentar ruptura quando

sujeita a solicitações diversas, e de retornar à dimensão original inicial quando

cessam estas solicitações. De acordo com Cincotto et al. (1995), a elasticidade é,

portanto, uma propriedade que determina a ocorrência de fissuras no revestimento

e, dessa forma, influi decisivamente sobre o grau de aderência da argamassa à

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base e, conseqüentemente, sobre a estanqueidade da superfície e sua

durabilidade.

A capacidade do revestimento de absorver deformações pode ser avaliada

através do módulo de elasticidade, que pode ser obtido através do método

estático ou dinâmico. Quanto menor o valor do módulo, maior será a capacidade

do revestimento de absorver deformações.

Em Maio de 2004, foi criado o Consórcio da ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE

ARGAMASSA INDUSTRIALIZADA (ABAI), com o objetivo de desenvolver, no

âmbito dos revestimentos, novas tecnologias pautadas por atributos como

confiabilidade, produtividade, durabilidade e custo compatível com o mercado

nacional.

Definiu-se que o método que será adotado para obtenção do módulo de

elasticidade é o dinâmico, baseado na determinação da velocidade de onda

ultrasônica. Esse tipo de ensaio, por não ser destrutivo e de fácil execução, vem

sendo utilizado em muitos países do mundo.

As normas que descrevem procedimentos para realização dos ensaios são a

ABNT (NBR 8802 : 1994) – Determinação da velocidade de propagação de onda

ultra-sônica e a NM 58 (ABNT, 1996) de mesmo título.

2.5 Classificação Das Argamassas

A ABNT (NBR 13530 :1995) descreve a classificação das argamassas segundo

vários critérios:

• quanto à natureza do aglomerante: argamassa aérea e hidráulica;

• quanto ao número de aglomerantes: argamassa simples e mista;

• quanto ao tipo de aglomerante: argamassa de cal, de cimento e de cimento

e cal;

• quanto à função do revestimento: argamassa de chapisco, de emboço e de

reboco;

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• quanto à forma de preparo ou fornecimento: argamassa dosada em central,

preparada em obra, industrializada e mistura semi-pronta para argamassa;

• quanto a propriedades especiais: argamassa aditivada, de aderência

melhorada, colante, redutora de permeabilidade, de proteção radiológica,

hidrófuga e termoisolante.

Usualmente nas obras utilizam-se as argamassas de cal, argamassas de cimento

e areia e as argamassas de cimento, cal e areia, mais conhecidas como

argamassas mistas.

2.5.1 Argamassa De Cal

Este tipo de argamassa é composta por cal, agregado miúdo e água. A pasta de

cal preenche os vazios entre os grãos do agregado miúdo, melhorando a

plasticidade e a retenção de água. A argamassa de cal recebe usualmente o nome

de argamassa intermediária, pois quando se utiliza a cal virgem este tipo de

argamassa é utilizado para a maturação da cal, para posteriormente ser misturado

o cimento.

2.5.2 Argamassa De Cimento

A argamassa de cimento é composta, essencialmente, por cimento Portland,

agregado miúdo e água. Desenvolve elevada resistência mecânica em pouco

tempo, consequentemente, tem pouca trabalhabilidade e baixa retenção de água,

essa argamassa é raramente utilizada em revestimentos de alvenaria. Este tipo de

argamassa tem emprego específico para certas situações, sendo muito utilizada

na confecção de chapisco para ser aplicada nas paredes de alvenaria e estruturas

de concreto para aumentar a resistência de aderência do revestimento de

argamassas mistas.

2.5.3 Argamassa Mista

Este tipo de argamassa utiliza basicamente cimento, cal, agregado miúdo e água.

Segundo Sabbatini (1984), os ingleses utilizam a proporção 1 : 3 (aglomerante :

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areia seca) em volume como traço básico, pois partem do princípio de que com

esta proporção os vazios da areia são preenchidos pela pasta aglomerante

(cimento e cal). Esta proporção é muito utilizada também no Brasil, como os

tradicionais traços em volume 1 : 1 : 6 (cimento : cal : areia) para revestimentos

externos e 1 : 2 : 9 para revestimentos internos.

2.6 Dosagem Das Argamassas

Segundo Carneiro (1999), usualmente a composição e a dosagem das

argamassas adotadas no Brasil são feitas com base em traços (massa ou volume)

descritos ou especificados em normas internacionais ou nacionais, como

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICA (ABNT) e INSTITUTO DE

PESQUISAS TECNOLÓGICAS DE SÃO PAULO (IPT). Para argamassas de

revestimentos tem-se adotado com mais freqüência os traços de dosagem 1 : 1 : 6

(cimento : cal : areia) e 1 : 2 : 9, em volume, numa proporção aglomerante :

agregado de 1 : 3 ou 1 : 4. A escolha de um desses traços está de acordo com o

desempenho esperado da argamassa ao longo do tempo, ou seja sua

durabilidade. No entanto, na prática identifica-se o emprego de traços mais

pobres, como 1 : 4 a 1 : 9 (aglomerante : agregado), Campiteli(1995).

Os textos normativos sobre revestimentos de argamassa, mais atuais, têm

passado por uma grande evolução. A ABNT (NBR 7200: 1998) suprimiu toda e

qualquer indicação de traços ou consumos empíricos para a produção de

argamassas de revestimentos (MIRANDA, 2000).

2.7 Classificação Dos Revestimentos

Segundo a ABNT (NBR 13530:1995), os revestimentos são considerados como

sistemas constituídos de uma ou mais camadas de argamassa, podendo cada

uma delas ter uma função característica; são aplicadas sobre paredes ou tetos,

objetivando uma aparência desejada. Em casos específicos, atendem às

exigências de conforto térmico e de proteção conta radiação e umidade. Esta

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norma classifica os revestimentos de argamassa de acordo com os seguintes

critérios:

a) Quanto ao número de camadas de aplicação:

• revestimento de camada única;

• revestimento de duas camadas;

b) Quanto ao ambiente de exposição:

• revestimentos de paredes internas;

• revestimentos de paredes externas;

• revestimento com contato com o solo;

c) Quanto ao comportamento à umidade:

• revestimento comum;

• revestimento de permeabilidade reduzida;

• revestimento hidrófugo;

d) Quanto ao comportamento à radiação:

• revestimento de proteção radiológica;

e) Quanto ao comportamento ao calor:

• revestimento termoisolante;

f) Quanto ao acabamento de superfície:

• camurçado;

• chapiscado;

• desempenado;

• sarrafeado;

• imitação travertino;

• lavado;

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• raspado.

2.8 Preparo Da Superfície

Conforme prescreve a ABNT (NBR 7200), a superfície da base deve ser bastante

regular para que o revestimento seja aplicado em espessura uniforme.

Consegue-se uma argamassa aderente à base somente quando o revestimento é

aplicado em espessura uniforme. Caso contrário, pode apresentar dificuldades

pela secagem desigual das regiões de espessuras diferentes.

A superfície da base deve estar livre de pó ou pulverulências, graxas e óleos ou

resíduos orgânicos. Eflorescências devem ser eliminadas, posto que, compõem-se

de sais solúveis como sulfatos, cloretos ou nitratos que impedirão a aderência

firme à base ou entre camadas.

A superfície para a aplicação da argamassa deve ser áspera. É indispensável a

aplicação de uma camada de chapisco, até mesmo para nivelar graus diferentes

de absorção de água no mesmo substrato.

2.9 Chapisco

Camada responsável pela uniformização do substrato visa dotar a área a ser

revestida de aspereza e de superfície suficientes para garantir a boa aderência.

Muitas vezes a camada de chapisco tem comprometido sua aderência ao

substrato devido à impregnação com produtos orgânicos que impedem a firme

ancoragem, do chapisco à base, tendo conseqüências para todo o revestimento

posterior. Como exemplo desses produtos, pode-se citar os demoldantes para

forma da estrutura ou aditivos hidrofugantes.

Para chapisco, tem-se adotado com mais freqüência o traço de dosagem, em

volume, de 1:3, com dimensão nominal máxima do agregado de 5mm.

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O chapisco não é considerado como uma camada de revestimento. É sim um

procedimento de preparação da base, de espessura irregular, sendo necessário,

conforme a natureza da base.

O chapisco tem por objetivo melhorar as condições de aderência da primeira

camada do revestimento ao substrato, em situações críticas basicamente

vinculadas a dois fatores:

limitações na capacidade de aderência da base: quando a superfície é muito lisa

ou com porosidade inadequada, por exemplo concreto ou substrato com

capacidade de sucção incompatíveis com a aderência do revestimento;

revestimento sujeito a ações de maior intensidade: os revestimentos externos em

geral e revestimentos de teto.

O chapisco pode ser apresentado quanto a forma em:

• Convencional: Argamassa de cimento, areia e água aplicado com colher de

pedreiro, seu aspecto é como o apresentado na Fig. 2.1, com alto índice de

desperdício, pode ser aplicado sobre a alvenaria e estrutura.

• Desempenado: Argamassa industrializada, seu aspecto é como o

apresentado na Fig. 2.2, só é necessária à adição de água conforma

prescrito pelo fabricante na obra, aplicado com desempenadeira dentada,

usualmente aplicado sobre a estrutura de concreto, de alta produtividade e

rendimento.

• Rolado: Mistura de cimento, areia, resina acrílica e água, seu aspecto é

como o apresentado na Fig. 2.3, argamassa bastante plástica, aplicada

com rolo para textura, pode ser aplicada tanto na estrutura como na

alvenaria, com elevada produtividade e rendimento, Baía/Sabbatini,2000.

Para todos os casos a superfície resultante deve ser rugosa e porosa,

proporcionando aderência da argamassa de revestimento ao substrato.

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Figura 2.4 - Chapisco convecional

Figura 2.5 - Chapisco desempenado

Figura 2.6 - Chapisco rolado

2.10 Emboço

O emboço é uma camada cuja principal função é a regularização da superfície de

alvenaria, devendo apresentar espessura média entre 15 mm e 25 mm. É aplicado

diretamente sobre a base previamente preparada (com chapisco) e se destina a

receber as camadas posteriores do revestimento (reboco, cerâmica, ou outro

revestimento final).

O emboço tem de apresentar porosidade e textura superficiais compatíveis com a

capacidade de aderência do acabamento final previsto. Estas são características

determinadas pela granulometria dos materiais e pela técnica de execução.

2.11 Reboco

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O reboco é a camada de acabamento dos revestimentos de argamassa. Aplicado

sobre o emboço, sua espessura é apenas o suficiente par constituir uma película

contínua e íntegra sobre o emboço, com no máximo 5 mm de espessura.

É o reboco que confere a textura superficial final aos revestimentos de múltiplas

camadas, sendo a pintura, em geral, aplicada diretamente sobre o mesmo.

Portanto, não deve apresentar fissuras, principalmente em aplicações externas.

Para isto, a argamassa deverá apresentar elevada capacidade de acomodar

deformações.

2.12 Massa Única

A massa única, também chamada de emboço paulista, é o revestimento

executado em uma única camada. Neste caso, a argamassa utilizada e a técnica

de execução deverão resultar em um revestimento capaz de cumprir as funções

tanto do emboço quanto do reboco, ou seja, regularização da base e acabamento.

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25

3 PATOLOGIAS DO REVESTIMENTO DE ARGAMASSA

Sinais claros de manifestações patológicas em revestimentos de argamassas

simples ou mistas, na forma de fissuras, descolamentos e problemas de umidade,

que comprometem o desempenho das edificações, podem ser facilmente

encontradas por toda a extensão do território brasileiro(MEDEIROS & SABBATINI,

1994).

A norma ABNT (NBR 13749: 1996) descreve os seguintes tipos de patologias em

revestimentos:

a) Fissuras mapeadas: podem se formar por retração da argamassa, por

excesso de finos no traço, quer sejam de aglomerantes, quer sejam de

finos no agregado, ou por excesso de desempenamento. Em geral,

apresentam-se em forma de mapa;

b) Fissuras geométricas: quando acompanham o contorno do componente da

base, podem ser devidas à retração da argamassa de assentamento.

Fissuras na vertical podem ser devidas à retração higrotérmica do

componente, interfaces da base constituída de materiais diferentes, locais

onde deveriam ter sido previstas juntas de dilatação;

c) Vesículas: as principais causas do surgimento de vesículas são:

• hidratação retardada do óxido de cálcio não hidratado, presente na

cal (o interior da vesícula é branco);

• presença de concreções ferruginosas no agregado miúdo (o interior

da vesícula é vermelho);

• presença de matéria orgânica ou pirita no agregado miúdo (o interior

da vesícula é preto).

d) Pulverulência: pode ser causada por:

• excesso de finos no agregado miúdo;

• traço pobre em aglomerantes;

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• carbonatação insuficiente da cal, em argamassa de cal, dificultada

por clima seco e temperatura elevada ou por ação do vento.

e) Empolas pequenas: oxidação da pirita presente como impureza no

agregado, resultando na formação de gipsita acompanhada de expansão (o

agregado apresenta pontos pretos).

Os problemas observados com maior freqüência nos revestimentos de

argamassas no país são: a fissuração, como apresentado nas Figs 3.1 e 3.2, e o

descolamento. As fissuras com origens associadas à base dos revestimentos são

as mais comuns e têm também origem em falhas de projeto, execução ou

manutenção dos edifícios.

A fissuração em revestimentos de argamassa é, sem dúvida, uma das patologias

que mais podem causar desconforto e prejuízo econômico aos usuários. O

domínio técnico sobre as causas que intervêm nessa patologia e suas

conseqüências na durabilidade das vedações, ainda é precário, não havendo

sequer critérios que estabeleçam limites de fissuração para a aceitação de

revestimentos, em rotinas de controle deste serviço (MIRANDA, 2000).

A fissuração nos revestimentos é um fenômeno complexo, pois pode ter origem

nos procedimentos de projeto e/ou de execução, na seleção dos materiais

constituintes e até mesmo no proporcionamento dos materiais.

SABBATINI (1986) classifica as patologias em revestimentos de argamassa de

acordo com suas origens:

• aderência insuficiente;

• inadequada capacidade de acomodação plástica (quando endurecida);

• deficiência na resistência mecânica.

O grau de fissuração é função dos seguintes parâmetros:

• Teor e natureza dos aglomerantes: deveriam, para diminuir o potencial de

fissuração, ser de baixa a média reatividade, pois nos revestimentos

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endurecidos a resistência à tração, sendo elevada, diminui sua capacidade

de deformação;

• Teor e natureza dos agregados: a granulometria deve ser contínua e com o

teor adequado de finos, uma vez que o excesso destes irá aumentar o

consumo de água de amassamento e, com isto, induzir a uma maior

retração de secagem do revestimento. A recomendação da granulometria

contínua prende-se ao fato de que, gerando um menor volume de vazios no

agregado, menor será o volume de pasta, e por conseqüência, menor a

retração. O mesmo raciocínio se aplica para o aumento do teor de

agregado no traço, sem prejuízo da trabalhabilidade, que também deve

diminuir o volume de pasta e os efeitos da retração de secagem do

revestimento;

• Capacidade de absorção de água da base: as condições ambientais e a

capacidade de retenção de água da argamassa podem regular a perda de

umidade do revestimento durante seu endurecimento e desenvolvimento

inicial de resistência à tração;

• Técnicas de execução: estabelecem o grau de compactação do

revestimento e os momentos de sarrafeamento e desempeno. Estes

parâmetros determinam o teor de umidade remanescente no revestimento e

a capacidade de retração subseqüente a tais operações.

Segundo Cincotto et al. (1995), a ocorrência de fissuras no revestimento de

argamassa decorre da elasticidade e da resistência à tração inadequada diante

das tensões de tração resultantes da retração de secagem, retração térmica ou

ações externas ao revestimento. A adequação da elasticidade e da resistência à

tração não significa a total inexistência de fissuras, mas sim a ocorrência de

fissuras microscópicas e com pequeno distanciamento entre si, de modo a não se

propagarem por efeitos térmico ou higroscópico, não sendo assim prejudiciais à

estanqueidade e à durabilidade do revestimento. A resistência ao cisalhamento da

interface substrato/argamassa condiciona o espaçamento entre as fissuras, sendo

que diante do aumento desse espaçamento cresce o risco de descolamento do

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revestimento. Dessa maneira, a resistência de aderência por cisalhamento deve

se apresentar em mesma ordem de grandeza que a resistência à tração, a fim de

garantir que as fissuras mantenham-se em condições não prejudiciais (SELMO,

1989).

Nas argamassas ditas fracas, as ligações internas são menos resistentes. As

tensões podem ser dissipadas na forma de micro-fissuras, à medida que surgem

nas interfaces microscópicas entre os grãos do agregado e a pasta aglomerante.

Nas argamassas fortes, com maior limite de resistência, as tensões vão se

acumulando e a ruptura, quando sobrevém, já ocorre na forma de fissuras

macroscópicas (SABBATINI, 1986).

Figura 3.1 - título

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Figura 3.2 - título

3.1 FATORES QUE INFLUENCIAM NO SURGIMENTO DE

FISSURAS NO REVESTIMENTO DE ARGAMASSA

São vários os fatores que provocam o surgimento de patologias no revestimento

de argamassa, alguns agindo isoladamente e outros através de combinações de

fatores. Porém, a grande maioria das patologias é devida à falta de aderência da

argamassa ao substrato e/ou devido aos efeitos da retração.

3.2 FALTA DE ADERÊNCIA DO REVESTIMENTO

A aderência entre a argamassa e o substrato é um fenômeno essencialmente

mecânico, devido à penetração da pasta aglomerante nos poros e na rugosidade

da base de aplicação. Assim, torna-se fator importante na aderência a

transferência de água que ocorre entre a argamassa e o substrato. Isto porque

esta água, que conduz em dissolução ou estado coloidal componente do

aglomerante, ao penetrar pelos poros e cavidades do substrato leva à precipitação

de produtos de hidratação do cimento no interior destes poros, exercendo ação de

ancoragem da argamassa à base (CARASEK,2001).

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A absorção excessiva de água das argamassas pelo substrato pode provocar uma

hidratação do cimento localmente retardada, podendo formar regiões com

materiais de diferentes características e ocasionar grande retração (DETRICHÉ

&MASO, 1986).

A quantidade de água removida e a que ficou na argamassa exercem influência

significativa nas propriedades do revestimento endurecido, pois o aglomerante

desempenhará o seu papel em função do conteúdo de água resultante após a

sucção. GROOT (1988),

Scartezini & Carasek (2003) através de suas pesquisas avaliaram a perda de água

da argamassa fresca para o substrato poroso por sucção e a sua relação com a

resistência de aderência, avaliando também a influência da granulometria da areia

e da taxa de sucção de água dos blocos cerâmicos e de concreto constituintes da

base.

Scartezini & Carasek (2003) chegaram às seguintes conclusões:

• os blocos de concreto, em média, proporcionaram uma perda de água da

argamassa, cerca de 50% maior do que os blocos cerâmicos. No entanto,

em suas pesquisas, descobriram que, ao longo do tempo, esta posição se

inverte, e o bloco cerâmico absorve uma maior quantidade de água do que

o bloco de concreto;

• verificou-se que a maioria dos blocos cerâmicos ou de concreto, que tem

maior taxa inicial de sucção de água IRS (Initial Rate of Suction), terá

também maior perda de água da argamassa para o substrato;

• argamassas com areia fina perdem menos água por sucção para o

substrato do que argamassas com areia de granulometria mais grossa. Isto

pode ser explicado pela teoria dos poros ativos que estabelece que quanto

mais fina a areia, maior é a quantidade de poros de pequeno diâmetro no

interior da argamassa que ajudam a reter mais água no seu interior. O

aumento do tamanho dos grãos da areia conduz a um aumento da

resistência de aderência. Isto porque quanto maior for o tamanho dos

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grãos, menor é a quantidade de poros finos no interior da argamassa que

concorrerão com os poros do substrato durante o processo de transporte de

água no sistema. Ou seja, maior é a quantidade de poros ativos do

substrato que absorvem água e, conseqüentemente, promovem uma maior

deposição de produtos de hidratação na região de interface, contribuindo

para uma maior ancoragem da argamassa;

• a camada de argamassa mais próxima da interface com o substrato perde

mais água do que a camada superficial. Verificou-se também que a sucção

exercida pelo bloco influencia a perda de água de toda a espessura do

revestimento.

Em seu trabalho Almeida Dias & Carasek (2003) chegaram à mesma conclusão

de que a absorção capilar dos diferentes substratos exerce ação determinante no

processo em questão e, conseqüentemente, no desempenho dos revestimentos.

O fato da camada de revestimento trabalhar sempre aderida ao substrato e ser

exposta, muitas vezes, diretamente às condições severas do meio ambiente,

conduz ao surgimento de tensões de tração e de cisalhamento na interface

substrato/revestimento, como conseqüência dos movimentos diferenciais

ocorridos entre a camada de revestimento e o substrato, causadas por essa

exposição. Esses movimentos diferenciais são os que degradam a ligação na

interface substrato/argamassa, portanto afetam a durabilidade de aderência dos

revestimentos, principalmente externos. Para minimizar essa degradação, é

necessário que exista uma boa aderência da argamassa ao substrato (CANDIA &

FRANCO, 1998).

Uma forma de melhorar a capacidade de aderência da argamassa aplicada ao

substrato é a execução de pré-tratamentos da base, com o objetivo de aumentar a

rugosidade superficial e regularizar a absorção de água, uniformizando-a. O

chapisco é o pré-tratamento mais conhecido e utilizado nas obras, uma vez que

promove bons resultados de aderência do revestimento aplicado (SCARTEZINI &

CARASEK, 2003).

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Existem no mercado novos produtos, como as resinas sintéticas, que modificam

as características do chapisco convencional de cimento Portland e areia, com o

intuito de melhorar sua capacidade de aderência.

No trabalho realizado por Scartezini et al. (2002), na qual a base foi preparada em

cinco condições diferentes, para o estudo da relação à aderência e na

permeabilidade à água dos revestimentos de argamassas aplicados sobre blocos

cerâmicos, os autores chegaram às seguintes conclusões:

• os diferentes preparos da base alteram as características do substrato com

relação à absorção de água, o que se traduz em uma mudança no

comportamento quanto ao mecanismo de aderência dos revestimentos de

argamassa;

• as juntas de assentamento da alvenaria possuem características diferentes

dos blocos, como estrutura e tamanho dos poros, o que influi nas

características de absorção de água do substrato, principalmente quando o

substrato não é tratado, sendo que o chapisco ajuda parcialmente na

homogeneização, diminuindo as diferenças de absorção entre o bloco e a

junta;

• o preparo da base não altera a permeabilidade à água dos revestimentos

de argamassa, mesmo com o uso de polímeros no preparo dos chapiscos,

sendo registrada pequena diferença entre os resultados obtidos sobre o

bloco e as juntas de assentamento;

• o uso da camada de chapisco é favorável ao desenvolvimento da

resistência de aderência, mas a sua modificação com polímeros não resulta

necessariamente em melhoria desta propriedade, podendo inclusive

prejudicar o desempenho;

• quanto maior o coeficiente de absorção de água da base preparada (bloco

cerâmico com chapisco), maior a resistência de aderência alcançada pelo

revestimento.

3.2.1 Ensaio De Resistência De Aderência A Tração Direta

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Para a determinação da resistência de aderência, conforme a ABNT (NBR 13528

1995), é necessário que se faça a delimitação da área através de um furo

perpendicular com cerca de 5cm de diâmetro, executado através de uma serra-

copo, executando um furo na fachada até atingir o substrato.

Após a limpeza, com pincel ou estopa, é aplicada então uma cola epóxi de modo

que una toda a área delimitada com uma pastilha metálica, não deformável, para

que seja feito o ensaio.

Com a cola seca é acoplado à pastilha um dinamômetro que aplica uma carga de

arrancamento continua sobre o revestimento, até atingir sua ruptura, como

apresentado na Fig 3.3, informando então, além da carga de ruptura, qual foi a

camada do revestimento que cedeu e como se deu a ruptura, podendo-se assim,

atuar no ponto exceto do problema.

Figura 3.3 - Dinamômetro aplicando a carga de arrancamento(Fonte: Téchne).

3.3 Retração

A retração é um fenômeno que ocorre pela diminuição do volume da argamassa

quando da perda de água para o substrato por sucção, por evaporação ou pela

reação química dos componentes do cimento e da cal.

Quanto ao estado físico da argamassa a retração pode ser classificada em:

• retração plástica: é a retração por perda de água da argamassa que ocorre

antes da pega do cimento, quando a fração sólida da mistura dispõe de

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mobilidade de umas partículas em relação às outras. A diminuição do

volume do sistema corresponde ao volume de água perdida;

• retração no estado endurecido: é a retração que ocorre após a pega do

cimento. É conhecida por retração por secagem quando é causada pela

perda de água.

Depende do tamanho e do tipo de vazio que perde água e da forma como a água

está ligada às superfícies sólidas da pasta endurecida: se livre, se adsorvida nas

paredes internas de sua estrutura, se entre as camadas do silicato de cálcio

hidratado (CSH) ou se combinada quimicamente. Considera-se que a magnitude

da retração total da pasta endurecida depende diretamente do grau de dificuldade

encontrado para a remoção da água e das propriedades mecânicas do compósito.

Além da perda da água, a retração pode ter outras causas, tais como retração

térmica, retração por carbonatação, retração por hidratação do cimento e retração

autógena, que podem ocorrer ao mesmo tempo ou em fases diferentes da vida útil

da argamassa de revestimento.

Vários são os fatores que influenciam na retração tais como:

• tipos de aglomerantes;

• temperatura;

• incidência do sol;

• umidade relativa do ar;

• velocidade do vento, etc.

As fissuras por retração plástica como apresentado na Fig 3.4, podem aparecer

logo após o acabamento do revestimento ou até mesmo durante a fase de

desempeno. Podem ou não ser do tipo mapeada, visíveis ou em microfissuras,

atingindo ou não toda a espessura do revestimento. Sua largura é maior na

superfície, diminuindo rapidamente com a profundidade.

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Figura 3.4 - Fissuras por retração.

A retração plástica termina com o início da pega do cimento. A perda de água é

uma das principais causas da retração em compósitos à base de cimento. No

estado saturado após a mistura, estes materiais normalmente são expostos a

ambiente de umidade relativa abaixo de 100% e perde-se água por secagem. A

sucção de água por um substrato poroso também pode ocorrer, como por

exemplo, nas argamassas de revestimento aplicadas diretamente sobre

componentes de alvenaria (BASTOS, 2001).

A retração por secagem das argamassas de revestimento muitas vezes é a

principal causa de fenômenos patológicos (BORTOLUZZO & LIBORIO, 1999).

Segundo os autores, os fatores que influenciam a retração são basicamente:

a) condições externas, que podem ser entendidas como:

• perda de água para a base onde é aplicada a argamassa, por

sucção, que depende do grau de absorção da mesma;

• condições climáticas de irradiação solar, temperatura, umidade

relativa e vento.

b) características inerentes à própria argamassa, destacando a granulometria,

a finura e a forma geométrica do agregado, as quais irão determinar a

quantidade de água ou pasta aglomerante necessária na dosagem. Quanto

maior o teor de água e aglomerantes e menor o teor de agregados, maior

será a variação volumétrica durante a retração;

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c) capacidade de retenção de água da argamassa, a qual pode diminuir os

efeitos negativos de uma secagem acelerada. om isso, observa-se a

importância da cal no processo de retração, sendo ela grande retentora de

água. Os aditivos incorporadores de ar também apresentam esta

capacidade de retenção de água.

De acordo com Angelim et al. (2003), a adição de finos (dimensões inferiores a

0,075 mm) pode aumentar a incidência de fissuras por retração. No entanto, esta

influência, segundo o autor, varia de acordo com a natureza mineralógica da

adição.

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4 PROJETO DE REVESTIMENTO EXTERNO

A elaboração de um projeto de revestimento externo de argamassa é de

fundamental importância para a obtenção do melhor desempenho desse

revestimento, o que significa um aumento na qualidade e produtividade, redução

das falhas, desperdícios e custos.

Importante não só pelo aspecto visual, o revestimento externo cumpre um papel

na durabilidade e proteção das edificações, portanto, essa fase tem de ser tratada

com planejamento e cuidadosos procedimentos executivos.

O projeto de revestimento externo(fachada) tem como finalidade determinar o tipo

de revestimento, geometria, juntas, reforços, pré-moldados, acabamentos,

procedimento de execução e controle, bem como especificações quanto para

manutenção, específicos para uma determinada obra, de forma a se obter um

desempenho satisfatório do revestimento ao longo do tempo, segundo Ceotto, et

al.( 2005).

Para que este objetivo seja atingido, é necessário:

• condicionantes para o projeto;

• especificação dos materiais;

• diretrizes de seleção do sistema;

• diretrizes para controle de produção;

• diretrizes de inspeção e manutenção.

Têm também, que ser aferidos alguns itens previamente in loco, para que assim

seja verificado qual é o estado real da obra, estes itens são:

• desaprumo da estrutura;

• propriedades reais dos componentes da vedação;

• propriedades reais das argamassas de mercado ou dos traços das

argamassas produzidas em obra;

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• experiência das empresas aplicadoras do revestimento e outros.

Só após esses parâmetros serem aferidos é que o projeto deverá ser

concluído(BAÍA & SABBATINI, 2000).

4.1 Fases De Projeto

A seqüência de desenvolvimento do projeto de revestimento pode ser:

• projeto inicial – finalizado antes do início da execução da

alvenaria:apresenta as linhas gerais do projeto e especificações básicas de

desempenho dos materiais;

• verificação de parâmetros – iniciada após o início da alvenaria: deverão ser

testados e ensaiados os parâmetros definidos no projeto inicial nas

condições de obra (painéis), para definição dos produtos e sistemas com as

suas respectivas marcas a serem utilizados. Deve se atentar que esta é a

etapa mais demorada do processo, demandando no mínimo 60 a 90 dias

para a sua conclusão;

• verificação de desvios geométricos da estrutura(desaprumo), definição da

mão-de-obra e equipamentos – executada logo após a conclusão da

estrutura;

• projeto final – concluído antes do início dos trabalhos de revestimento da

fachada.

4.2 Definições Relativas À Argamassa

Quanto à forma de produção, os tipos de argamassa disponíveis hoje no mercado

são:

• argamassa preparada em obra, composta normalmente de cimento, cal,

areia, aditivos ou adições e água;

• argamassa industrializada;

• argamassa dosada em central;

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• mistura semi-pronta.

Para a argamassa preparada em obra, recomenda-se a mistura segundo o

traço1:1:6 (em volume) ou 1:0,69:5,87 (em massa) com fator A/C = 1,47 e;

Consumos (Kg/m3)

Cimento 223

Areia seca 1309

Cal 154

Água 328

O que deverá resultar uma argamassa de boa trabalhabilidade, algo em torno de

270 +/- 15 mm na mesma de consistência e uma resistência a compressão da

ordem de 5,0 MPa(YOSHIDA & BARROS, 1995).

O diâmetro máximo do agregado deve estar restringido aos 3 mm, conforme o que

recomenda a NBR 7200.

A espessura recomendada para os revestimentos externos de argamassa, de

acordo com a norma ABNT (NBR 137491996), é de 20 a 30mm. No caso de

revestimento tipo emboço e reboco, a camada de reboco deve ter, no máximo,

5mm, sendo o restante da espessura referente a camada de emboço

Conforme a ABNT (NBR 13530: 1995), a argamassa industrializada pode ser

fornecida em sacos ou silos, onde a composição e dosagem são previamente

definidas pelo fabricante, sendo necessário então uma avaliação previa desta

dosagem pela equipe técnica da obra.

Cada um destes tipos de argamassa interfere nas atividades de produção e na

organização do canteiro de obras, como se vê na Tab 4.1:

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Tabela 4.1- Atividades exigida e equipamentos utilizados para os vários tipos

de argamassa.

O transporte da argamassa pode ser feito através do elevador, pelo guincho de

coluna externo(velox), ou grua. Também pode-se preparar a argamassa no próprio

andar onde esta sendo aplicado o revestimento, quando se é usada uma pequena

betoneira elétrica, e o material é transportado no estado seco.

4.3 Seleção Do Sistema

Para uma adequada seleção do sistema o Engenheiro da obra têm de avaliar

previamente toda a execução do serviço de revestimento externo, para que o

mesmo trabalhe em função do cronograma, é necessário planejar previamente um

bom plano de ação, avaliar a disponibilidade do canteiro e a produtividade média

esperada, deverá ser definido um esquema de operação, englobando, depósitos

cobertos, com sua respectiva capacidade de estocagem, distância da portaria e do

equipamento de transporte vertical até o mesmo, altura máxima das pilhas, ordem

de abastecimento e retirada de sacos de aglomerantes ou argamassa

industrializada;

Também é necessário definir os locais de produção, áreas de estoque

insumos/argamassa, layout, número e capacidade dos equipamentos de mistura,

recipientes para dosagem dos materiais, abastecimento de água e energia

elétrica, depósito de argamassa intermediária, silos, guinchos, gruas, elevadores

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suspensos, elevador de obras, quantidade e disposição dos carrinhos paleteiros,

argamassadeiras, equipamentos de execução dos revestimentos, de proteção e

de limpeza em geral.

4.4 Organização Do Canteiro De Obras

A falta de organização do canteiro gera deficiências na movimentação de material,

promovendo grandes desperdícios de materiais, tempo e mão de obra.

A boa organização do canteiro envolve o estabelecimento do local de estocagem

dos materiais e de produção da argamassa, considerando o seu transporte até o

local de aplicação, para que sejam executadas as movimentações com o menor

número de interferências possíveis, gerando assim melhores condições de

trabalho.

É necessário definir os seguintes aspectos relativos à organização do canteiro de

obras:

• lay-out envolvendo um projeto detalhado para implantação do canteiro onde

devem ser considerados, centrais de produção, almoxarifado, deposito de

materiais, refeitórios e banheiros;

• condições de trabalho e de serviço executando plano de equipes,

cronograma de suprimentos e físico-financeiros;

• organização dos materiais controlando a qualidade no recebimento e a

estocagem destes materiais de forma correta;

• organização da utilização dos equipamentos móveis, como equipamentos e

ferramentas, fazendo sua devida manutenção preventiva quando exigido,

especificando as ferramentas as quais devem ser utilizadas por

empreiteiros;

• controlando a produção, prazos pré-determinados e custos orçados visando

a qualidade final da obra.

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4.5 Recebimento, Inspeção, Armazenamento De Materiais.

Objetivando padronizar as ações pertinentes ao recebimento, inspeção e

armazenamento dos materiais utilizados nas obras, de maneira a comprovar os

requisitos estabelecidos no pedido, foram adotados alguns critérios:

• Documentos de referência: Notas fiscais/romaneios dos fornecedores,

cópias dos pedidos enviados aos fornecedores no ato da compra, projetos,

Normas Técnicas aplicáveis, IT’s.

• Procedimentos: Os procedimentos são específicos para cada um dos

materiais, divididos em 3 fases: Recebimento, Inspeção e Armazenamento.

Considerando a tipologia e característica do empreendimento, o Engenheiro

da Obra poderá controlar outros materiais.

4.5.1 Recebimento De Argamassas

• Recebimento: No ato da entrega deve–se confrontar a nota fiscal com o

pedido de compra observando–se os dados fiscais e de faturamento. No

caso de argamassa ensacada verificar informações como nome do

fabricante ou marca, campo de aplicação, composição, massa líquida do

produto, data de ensacamento, prazo de validade e quantidade. Caso a

argamassa seja entregue em silos, o fabricante deve discriminar todas as

informações acima nos registros que acompanham o produto. Caso haja a

necessidade, o silo poderá ser pesado antes da entrada na obra. O material

deve atender a norma técnica NBR 13281. O responsável pelo recebimento

do material deverá atestar tal fato, de próprio punho, no verso da 2ª via da

nota fiscal retida na obra.

• Inspeção: Deve-se verificar a existência de sacos rasgados, furados,

molhados e se a argamassa de algum saco está empedrada. A análise do

lote deverá ser feita por amostragem, sendo ela composta de 15% do total.

O lote deverá ser rejeitado caso apresente produtos não conformes em

mais de 50% da amostra. Caso o índice seja menor que 50%, uma

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observação deverá ser feita na frente do canhoto da nota, informando que o

lote apresenta irregularidade e que os sacos defeituosos serão guardados

para posterior troca. No caso de argamassa entregue em silos, é

recomendado verificar o produto pela escotilha do caminhão ou do silo.

Toda irregularidade deve ser anotada na parte da frente do canhoto da

nota.

• Armazenamento: O estoque deve ser feito em local protegido da ação do

tempo e de acesso controlado. O empilhamento deve seguir as orientações

do fornecedor. Caso não haja recomendação é aconselhável que as pilhas

sejam colocadas sobre estrados de madeira e que não excedam 15 sacos.

Os sacos devem ser dispostos de maneira “entrelaçada” para garantir a

estabilidade da pilha.

Caso haja a necessidade da devolução do material, o Depto de Suprimentos

deverá ser comunicado para que seja feita a substituição/reposição do material.

Uma cópia da nota fiscal do produto a ser devolvido deverá ser encaminhada pela

obra ao depto de contabilidade, acompanhada de um breve histórico das não

conformidades.

O departamento de contabilidade em posse dos documentos enviados deverá

emitir uma nota fiscal de simples remessa (devolução), a qual deverá ser enviada

para a obra. Caso alguma filial não possua Inscrição Estadual e/ou Inscrição

Municipal, a obra deverá adquirir junto ao órgão competente da região, uma nota

fiscal de simples remessa (devolução).

Após o contato com o Depto de Suprimentos e com a nota fiscal de devolução em

mãos, a obra contatará o fornecedor solicitando a retirada e posterior substituição

do produto não conforme.

4.6 Especificações Para A Execução Do Revestimento Externo

4.6.1 Equipamentos E Ferramentas

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Dentre os equipamentos, ferramentas necessárias e suas respectivas definições a

serem tomadas para uma adequada execução do revestimento externo

contemplam:

• silos: quantidade e capacidade volumétrica, localização, fundações

especiais, velocidade de mistura e capacidade de bombeamento,

velocidade de reabastecimento, equipe de manutenção;

• gruas e caçambas: raio de alcance, capacidade, acesso aos pavimentos,

períodos de disponibilidade, apresentado na Fig 4.2;

• guinchos: capacidade, localização, interferência da fixação nos serviços de

fachadas;

• equipamentos de suporte provisório para a execução dos revestimentos:

elevadores suspensos, definindo o seu tipo e modelo(podem ser

movimentados manualmente ou através de um motor), capacidade de

carga e tamanho da plataforma, interferências entre balancins vizinhos,

plataformas especiais para quinas e reentrâncias nas fachadas, os

elevadores suspensos podem ser substituídos por andaimes tubulares,

como apresentado na Fig 4.1, de acordo com a definição da seqüência das

atividades para execução do revestimento;

• elevador de obras: capacidade, períodos em que serão abastecidos os

andares, forma de transporte entre o depósito, ou central de produção, até

o elevador;

• palletes: dimensionamento das quantidades, quantidade e disposição dos

carrinhos paleteiros em função dos locais e das quantidades de material a

serem transportadas;

• argamassadeiras: tipo e modelo, capacidade de produção, número e

disposição nos andares, pontos de água e energia, masseiras

intermediárias;

• equipamentos de limpeza das alvenarias e concretos: bomba de

hidrojateamento, escovas de cabo longo com cerdas de aço, escovas de

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piaçava, lixadeiras mecânicas, serras manuais para corte de pontas de

ferro, lixas d’água, espátulas, marteletes, etc.;

• equipamentos e ferramentas para execução dos revestimentos: carrinhos

de mão, caixas de massa, apoios para caixas de massa, andaimes ou

banquetas para serviços acima de 1,50 m de altura a partir do piso, arames

de fachada e contrapesos, ganchos para fixação de guias ou réguas em

requadramentos, régua de alumínio, esquadro, fio de prumo, linha, trena,

colher de pedreiro, broxa, desempenadeiras de aço, madeira ou feltro,

desempenadeiras para quinas ou cantos reentrantes, rolos para aplicação

de chapisco;

• equipamentos e ferramentas especiais: projetor de argamassa/mangotes e

bocais, gabaritos pré-fabricados para requadramento de vãos, formas para

peitoris e pingadeiras, frisadores, finca-pinos, tesoura para corte de telas,

serras ou escovas (massa raspada), aplicador de selante (juntas,

arremates), etc.; e

• equipamentos de proteção coletiva e individual: tela e bandeja de proteção,

utilizadas para aparar eventuais resíduos de massa que venham a cair

durante a execução do revestimento como apresentado na Fig 4.2, rampas,

túneis, telas, luvas, botas, cintos de segurança, etc.

Figura 4.1 - Andaime tubular

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Figura 4.2 - Grua, tela de proteção e bandeja de segurança.

4.6.2 Limpeza

A limpeza da base é fundamental para a correta absorção e aderência dos

revestimentos.

A limpeza poder ser feita através de lavagem no caso de pó, barro ou fuligens.

Quando a superfície da estrutura de concreto tiver resíduos desmoldantes ou

graxas (usados para facilitar na retirada das formas durante a execução da

estrutura) ou acumulo de nata de cimento é necessário executar uma limpeza

rigorosa nessas peças, através de escovas de cerdas de aço (manual ou

mecanicamente), ou entao, apicoar adequadamente estas superfícies,

dependendo da dificuldade de remoção e extensão destes residuos. Um cuidado

especial deverá ser dispensado a remoção de pedaços de compensados, pontas

de aço e qualquer outro material estranho à fachada.

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Assim, após esta operação, a superfície do concreto se apresentará mais áspera

(com seus poros abertos), o que potencializa a ancoragem da argamassa na

estrutura, evitando umas das principais patologias encontradas nas argamassas.

Quando houverem deformidades na estrutura como depressões, deve-se fazer um

enchimento com argamassa apropriada. Bicheiros, buracos dos tirantes ou nichos

devem ser recuperadas utilizando métodos específicos para este fim.

Quanto à alvenaria, seus blocos devem estar com a superfície áspera, sem sinais

de contaminação ou impregnação, sem buracos ou rebarbas, caso contrário os

mesmos devem ser limpos ou reparados com a mesma argamassa do

revestimento.

4.6.3 Preparação Da Base

4.6.3.1 Verificações E Definição Da Espessura Do Revestimento

Antes do início do revestimento externo, propriamente dito, devem ser verificadas

descontinuidades na tomada das juntas do encunhamento no lado externo da

parede.

A estrutura deve estar concluída, assim como as alvenarias externas, vigas de

borda (quando usado balancim essas vigas devem ser pré-dimencionadas para

estes esforços relativos), contra-marcos instalados, tela de proteção de fachada

colocada e bandeja de segurança.

O prumo das alvenarias das paredes exteriores ou interiores não deve “fugir” da

vertical em mais de 3 mm em cada lance de andar e a estrutura, como um todo,

não deve exceder aos 30 mm.

Essas referências são obtidas através da locação de arames de fachada,

posicionados de forma adequada, alinhados e esquadrejados com a estrutura(que

funcionam como um grande prumo) e, em seguida, pelo mapeamento da fachada,

que envolve a medição das distâncias entre arame e a supeficie da fachada(é

importante especificar estes pontos nas estruturas e nas alvenarias numa

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distancia media entre vigas). A partir deste mapeamento que é definida a

espessura do revestimento externo.

Distorções da estrutura maiores que a acima não deverão ser corrigidas pelo

engrossamento da camada do revestimento. No caso dos desvios da estrutura

serem de tal valor que sejam identificáveis visualmente por um observador situado

em nível do pavimento térreo, a compensação obrigatoriamente, se feita pelo

reboco, deverá ser realizada pela aplicação por camadas, com o limite máximo

para a espessura de 15 mm por vez.

Nesse caso, a espessura final do revestimento nunca deverá exceder à 40mm

para superfícies verticais. Nas regiões de engrossamento poderá se fazer

necessário uma estruturação do revestimento com o estiramento de telas em aço

galvanizado, chapiscamentos intermediários e quaisquer outras medidas

complementares, merecendo estudo localizado.

As fachadas devem estar divididas em panos, onde a altura máxima, no caso da

utilização de balancim fachadeiro, deverá ser a altura da balançada(máximo de

2m) e largura correspondente a largura do balancim.

4.6.3.2 Taliscas E Mestras

Após a definição da espessura do revestimento externo, dá-se o inicio do

taliscamento, que consiste em fixar cacos cerâmicos (geralmente sobras de

azulejos), com a mesma argamassa do revestimento em pontos específicos

(sempre espaços menores que o tamanho da régua de sarrafeamento), no

alinhamento dos arames, respeitando a espessura definida pelo engenheiro da

obra.

As taliscas têm de ser feitas previamente em toda a superfície a ser revestida,

para que assim, a argamassa endureça, mantendo as taliscas fixas e capazes de

executar sua função de referência para a execução das mestras.

A mestras são faixas de argamassa feita entre as taliscas, que servem de guia

para a régua de sarrafeamento que desliza apoiada sobre as mesmas.

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4.6.3.3 Chapiscado

Será realizada a camada de chapisco da maneira convencional com argamassa

de traço, em volume, de 1:3. A dimensão nominal máxima do agregado a ser

adotada será de 5mm, com o intuito de regularizar a absorção da base e melhorar

a aderência do revestimento.

A produção medida em obra, atingida por um pedreiro especializado mais

ajudante num dia de serviço durante a subida de um balancim, foi de 64,44m².

A camada deverá aguardar um período mínimo de 24 horas e no momento da

aplicação do reboco ser testada ao arrancamento manual ou ao riscamento com a

colher de pedreiro, quando o revestimento for executado através de balancim

fachadeiros o chapisco é executado durante a subida do mesmo.

Havendo uma região em que o chapisco se destaque, toda a fachada deverá ser

vistoriada e após lavagem adequada e localizada da área com jato de água sob

pressão, o chapiscamento deverá ser refeito e contra-testado.

4.6.4 Aplicação Da Argamassa

Para argamassas de revestimentos, a Associação Brasileira de Normas Técnica

(ABNT)indica os traços de dosagem 1 : 1 : 6 (cimento : cal : areia) e 1 : 2 : 9, em

volume, numa proporção aglomerante : agregado de 1 : 3 ou 1 : 4. A escolha de

um desses traços está de acordo com o desempenho esperado da argamassa ao

longo do tempo, ou seja sua durabilidade. A espessura pode variar de 20 a 30mm.

A aplicação da argamassa deve ser feita por projeção energética de impacto do

material sobre a base, manual ou mecanicamente(argamassa projetada). Se o

revestimento for do tipo massa única, a aplicação da argamassa deve ocorrer logo

após a execução das mestras. Posteriormente à sua aplicação deve-se eliminar os

vazios na mesma alisando a superfície com o auxílio da colher de pedreiro.

Quando a argamassa atingir o ponto ideal é executado então o sarrafeamento, ou

seja, com o auxílio da régua de alumínio, num movimento de vaivém de baixo para

cima, é feito o aplainamento da superfície em relação às mestras, como

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apresentado na Fig 4.3. Então são tiradas as taliscas cerâmicas e preenchidos os

espaços deixados por ela.

Após o intervalo de tempo adequado é feito então desempeno, que consiste na

movimentação circular, com certa pressão, da desempenadeira sobre a superfíce

do revestimento, e o camurçamento do revestimento, que nada mais é do que a

fricção de um pedaço de esponja com o revestimento através de movimentos

circulares, proporcionando assim uma textura mais lisa e regular das superfícies.

O pano de revestimento deverá ser dividido por frisos em baixo-relevo executados

pela passagem de ferro redondo liso, fazendo-os coincidir na altura da junta de

encunhamento, junto ao fundo das vigas ao longo de todo o contorno periférico

externo do edifício. Deverão ser executados também os requadros dos vãos de

janelas e quinas com ferramentas adequadas.

Figura 4.3 Execução de revestimento externo

A aplicação da argamassa sobre o pano de fachada esta amarrada á seqüência

de movimentação do balancim, como apresentado na Fig 4.4, ou à trajetória do

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andaime fachadeiro. Sua seqüência é comumente feita durante a descida dos

mesmos.

A produção medida em obra, atingida por um pedreiro especializado mais

ajudante num dia de serviço, durante a descida do balancim, foi de 12,94m².

O alisamento de desempenho não deve ser excessivo e o tempo de espera para

aplicação de pintura deve observar as necessidades de secagem do revestimento,

algo em torno de 3 meses.

Locais de construção em proximidades de fontes poluidoras ou a detecção de

qualquer outra causa que acumule poeira ou outro material nocivo pode vir a

recomendar a redução do prazo ou ainda determinar providências prévias para

remoção e limpeza.

Em caso de acúmulo de poeira comum ou fuligens, bastará a lavagem com água

sob pressão em caso de óleos ou graxas uma solução leve de água e detergente

neutro, para eflorescências a escovação manual, ou ainda, na ocorrência de mofo,

devido a fungos, a lavagem com uma solução de água e cloro é suficiente.

Figura 4.4 Descida dos balancins em diferentes lotes de fachada.

4.6.5 Detalhes Construtivos Dos Revestimentos

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Os detalhes construtivos dos revestimentos devem ser previstos em projeto e

podem ser realizados durante a execução do revestimento externo ou logo após o

seu desempeno e camurçamento dependendo do tipo de detalhe.

4.6.5.1 Ornatos E Pingadeiras

Além da função estética e decorativa para caracterização de um estilo

arquitetônico, é indispensável, uma vez que existam ornatos e pingadeiras,

acumulando também um aspecto funcional, o de servir como barreiras defletoras

do fluxo de água de chuva que se forma nas fachadas, alguns exemplos estão

apresentados nas Figs 4.5 à 4.10.

Para que os ornatos e pingadeiras sirvam como barreiras protetoras das aberturas

de vãos das janelas contra o filme descendente de água de chuva, eles devem

exceder da ordem de uma espessura de parede para cada lado, em relação ao

vão da janela a ser protegida.

Os ornatos podem ser executados por uma segunda camada de reboco,no caso

de ornatos planos, com espessura de 15 mm, as pingadeiras devem avançar

cerca de 40mm do plano da fachada, da mesma argamassa usada na fachada,

contra a superfície já rebocada, de pedras naturais previamente polidas, pré

moldados de concreto, produzidos no próprio canteiro ou industrializados,

poliuretano, ou então, de poliestireno revestido de poliéster e resina com base

cimentícia, mais usado ultimamente por ser mais leve, fácil de transportar e de

rápida execução.

É necessário que o ornato e a pingadeira avancem na lateral para dentro da

alvenaria, ressaltando-o assim do plano da fachada, pelo menos 25mm e

apresente um canal na face inferior para que o mesmo funcione como uma

pingadeira. O peitoril deve ter um caimento mínimo de 7%.

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Figura 4.5 – Exemplos de ornatos e pingadeiras

Figura 4.6 – Exemplos de ornatos e pingadeiras

Figura 4.7 – Exemplos de ornatos e pingadeiras

Figura 4.8 – Exemplos de ornatos e pingadeiras

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Figura 4.9 – Exemplos de ornatos e pingadeiras

Figura 4.10 – Exemplos de ornatos e pingadeiras

4.6.5.2 Juntas De Trabalho

As juntas de trabalho são frisos regulares moldados na massa logo após a

finalização do pano de revestimento (camurçamento), utilizando ferramentas como

a régua dupla, que serve de guia de execução e tem um afastamento equivalente

ao tamanho da junta prevista e descrita no projeto, e um frisador, como

apresentado na Fig 4.11. O frisador nada mais é do que um molde(forma) do perfil

do friso, geralmente pré-fabricado em serralheria, a forma do mesmo deve ser

previsto em projeto.

A função das juntas de trabalho é dividir o revestimento a fim de aliviar as tensões

provocadas pela movimentação da base ou do próprio revestimento. A junta de

trabalho deve esconder possíveis fissuras e permitir um correto escoamento da

água.

O espaçamento entre juntas varia conforme as características de deformabilidade

do substrato, existência de aberturas e condições de exposição. Nas fachadas são

recomendados que juntas horizontais, localizadas em cada pavimento, geralmente

junto ao encontro da estrutura com a alvenaria, encontro de dois tipos de

revestimentos ou peitoris, sempre acompanhando as juntas de trabalhos de

substrato e as juntas estruturais.

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É recomendado por Sabbatini(1992) que a profundidade da junta seja a metade da

espessura do revestimento de 15mm, no mínimo, e deixando 10mm de

revestimento no fundo da junta. A largura da junta pode variar de 15 a 20mm,

porém, deve-se atentar para o especificado em projeto, estão apresentados nas

Figs 4.12 e 4.13 respectivamente, um perfil da junta de trabalho e detalhamento

da divisão dos panos.

Figura 4.11 - Execução de junta de trabalho

Figuras 4.12 – Perfil da junta de trabalho

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Figura 4.13 Detalhes da junta de trabalho

4.6.5.3 Quinas E Cantos

Por representar um ponto frágil de penetração da água quando não executados

corretamente, as quinas e cantos, a exemplo do apresentado na Fig 4.14, são

detalhes que merecem ser considerados nos projetos.

Durante a execução dos cantos é necessário que os dois lados das mesmas

sejam executados em conjunto, sempre observando o alinhamento da aresta.

No caso das quinas, em uma das faces da fachada o revestimento deve ficar

inacabado de 30 a 50mm até a aresta, então a quina é executada, com seu devido

acabamento durante o revestimento da outra face da fachada.

É recomendado para este serviço ferramentas adequadas que garantem uma

pressão mínima necessária ao desempeno, essas ferramentas podem ser

desempenadeiras de lâmina dobrada de ângulo equivalente ao entre as fachadas.

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Figura 4.14 - Detalhe quina e canto.

4.6.5.4 Reforço Do Revestimento Com Tela Metálica

O reforço do revestimento de argamassa com tela metálica galvanizada é utilizado

em regiões de elevadas tensões entre alvenaria e estrutura. As regiões onde

geralmente ocorrem esses tipos de tensões são entre a estrutura e alvenaria nos

três últimos pavimentos do edifício, como mostra a Fig 4.15, exemplificando uma

fissura ocorrida no último pavimento de um edifício.

Este reforço também é adotado em revestimentos com espessuras superiores ao

limite máximo recomendado pela norma.

São dois os tipos de reforço no revestimento onde são usadas as telas, são eles,

argamassa armada onde a tela fica inserida na camada de revestimento com, no

mínimo, 30mm, e a ponte de transmissão, quando a tela é chumbada na alvenaria

ou concreto por fixadores, que podem sergrampos, chumbadores ou pinos, é

também inserida entre a interface e a tela, uma fita de polietileno, para que sejam

distribuídas as tensões pela tela ao longo do revestimento com no mínimo 20mm.

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Figura 4.15 Fissura entre alvenaria e estrutura devido a não colocação da tela metálica

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5 CONTROLE DA EXECUÇÃO DO REVESTIMENTO EXTERNO

O controle da execução do revestimento externo consiste num conjunto de ações,

que devem ser realizadas antes, durante e depois á execução do serviço.

5.1 Controle Inicial Para A Liberação Dos Serviços

O controle a ser feito antes do inicio das atividades esta relacionado à conferencia

dos serviços anteriores ao revestimento externo, para que se possa dar inicio ao

mesmo. Entre os itens que devem ser conferidos para que se possa dar inicio ao

revestimento externo estão:

• conclusão de todas as alvenarias externas a mais de 15 dias;

• chumbamento dos contramarcos;

• colocação da tela de proteção na fachada;

• definição do tipo e traço da argamassa a ser usada;

• disponibilidade do material especificado na obra;

• organização do layout proposto para a execução do serviço;

• disponibilidade das ferramentas necessárias à execução do serviço;

• instalação de equipamentos de proteção coletiva e disponibilidade dos

equipamentos de segurança individual; e

• definição dos procedimentos de execução e suas especificações.

5.2 Controle Durante A Execução Do Revestimento

Após então liberado o inicio das atividades para a execução do serviço de

revestimento externo, deve ser feito um controle durante todo o processo,

garantindo assim todas as especificações do revestimento.

Todas as inspeções devem ser registradas num controle de execução de fachada.

As não-conformidades devem ser sanadas antes da liberação da próxima etapa.

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5.2.1 Preparação Das Bases

Durante o controle das superfícies das bases de concreto e alvenaria, feito

visualmente, deve ser observado:

• fixação externa das alvenarias;

• execução correta do chapisco, com sua superfície mostrando-se áspera e

limpa;

• a superfície deve estar livre das impurezas como pós, óleos, tintas, fuligens

ou fungos;

• superfície sem rebarbas ou armaduras expostas;e

• preenchimento de furos ou depressões.

5.2.2 Plano De Revestimento

Para a conferencia do plano de revestimento é necessário que se observe:

• o afastamento e alinhamento corretos dos arames de referencia;

• o esquadro entre os planos;

• a locação dos arames junto a quinas e delimitando janelas;

• a correta distribuição das taliscas, que devem estar espaçadas entre si a

uma distancia equivalente a régua de sarrafeamento;e

• a distancia das taliscas em relação aos arames de referencia deve estar de

acordo com o planejado(usualmente é definida uma distancia de 5cm),

garantindo assim a espessura correta do revestimento.

5.2.3 Produção Do Revestimento

Quanto à produção do revestimento externo os seguinte itens devem ser

inspecionados:

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• qualidade da argamassa, se a argamassa for produzida em obra confere-se

então a qualidade de seus materiais constituintes;

• adequado procedimento de produção da argamassa;e

• funcionamento dos equipamentos utilizados.

5.2.4 Execução Do Revestimento

Quando liberada a execução do revestimento externo é necessário que seja feito

um controle criterioso referente aos seguintes itens:

• abastecimento da argamassa, respeitando seu tempo de pega e tomando

as devidas precauções quanto à segurança;

• espessura das cheias em relação às taliscas e seu devido intervalo de

aplicação da argamassa;

• colocação de telas metálicas, com suas devidas dimensões e

posicionamento, conforme previsto em projeto;

• intervalo de tempo adequando para o sarrafeamento;

• intervalo de tempo adequando para o desempeno;

• execução do camurçamento, caso seja previsto;

• planicidade da superfície esperada para o devido acabamento

previsto(tinta, textura, revestimento cerâmico, etc);

• aparecimento de fissuras sobre a superfície do revestimento;

• posicionamento, alinhamento e perfil adequado das juntas de trabalho;

• seqüência de execução, alinhamento e regularidade das quinas e cantos;

• colocação de insertes, se for previsto em projeto;

• execução dos requadros, com nivelamento adequado;

• cumprimento do prazo pré-estabelecido;

• planicidade de toda a superfície revestida; e

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• integridade do revestimento, sem emendas ou correções, exigidas para a

posterior aplicação do acabamento (tinta, textura, revestimento cerâmico,

etc).

5.2.5 Recebimento Dos Serviços

Após a finalização dos serviços de revestimento externo é necessário que o

Engenheiro da obra receba o serviço analisando:

• limpeza da superfície do revestimento;

• prumo, nivelamento e planicidade das superfícies do revestimento;

• alinhamento e esquadrejamento adequado das quinas e cantos;

• caimentos e esquadrejamento das requadrações;

• posicionamento dos insertes;

• posicionamento e nivelamento das juntas de trabalho;

• textura final da superfície;

• aparecimento de fissuras;

• resistência à aderência do revestimento à base de aplicação por meio de

ensaios tecnológicos, conforme prescreve a NBR 13528 (ABNT, 1995).

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6 CONCLUSÃO

Após a realização deste estudo científico, analisando e refletindo sobre o mesmo,

entende-se que a proposta apresentada de realizar um estudo do revestimento

externo em edifícios de múltiplos pavimentos desde a caracterização de seus

materiais, suas propriedades, patologias, detalhamento de todo o método

executivo e diretrizes para o controle da execução do revestimento externo foi

cumprida.

O resultado final deste estudo foi o desenvolvimento de dois meios de controle,

um de execução e outro de produção do revestimento externo, agregando valores

relativos à qualidade da execução do pano de fachada.

O Controle de Execução do Serviço de Revestimento Externo é composto de um

conjunto de ações, que devem ser realizadas antes, durante e depois á execução

do serviço e se divide em: Pré-requisitos, Preparação da base e Execução do

reventimento.

O primeiro item que está relacionado aos pré-requisitos básicos e fundamentais

que devem ser verificados pelo conferente da obra, geralmente um encarregado

ou estagiário, para que se possa dar o inicio à execução do revestimento externo,

como a conclusão de todas as alvenarias externas a mais de 15 dias, o

chumbamento dos contramarcos, a colocação da tela de proteção na fachada, a

definição do tipo e traço da argamassa a ser usada, a disponibilidade do material

especificado na obra, a organização do layout proposto para a execução do

serviço, a disponibilidade das ferramentas necessárias à execução do serviço, a

correta instalação de equipamentos de proteção coletiva e a disponibilidade dos

equipamentos de segurança individual aos empregados.

O segundo item consiste numa relação de fatores fundamentais para a correta

preparação da base e execução do chapisco como a execução correta do

chapisco, com sua superfície mostrando-se áspera e limpa, a superfície deve estar

livre das impurezas como pós, óleos, tintas, fuligens ou fungos, a superfície deve

mostram-se sem rebarbas ou armaduras expostas e deve ser executado o

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preenchimento de furos ou depressões. Devem ser atribuídas notas de 0 a 10,

conforme a avaliação do conferente.

No terceiro item estão relacionados os fatores que devem ser avaliados, da

mesma forma, pelo conferente, durante a execução do revestimento externo,

estes são, a correta distribuição das taliscas e mestras, a qualidade da

argamassa, o abastecimento da argamassa, respeitando seu tempo de pega e

tomando as devidas precauções quanto à segurança na hora do abastecimento, a

espessura das cheias em relação às taliscas e seu devido intervalo de aplicação

da argamassa, a colocação de telas metálicas, com suas devidas dimensões e

posicionamento, conforme previsto em projeto, a planicidade da superfície

esperada para o devido acabamento previsto, o aparecimento de fissuras sobre a

superfície do revestimento, o posicionamento, alinhamento e perfil adequado das

juntas de trabalho, a seqüência de execução, alinhamento e regularidade das

quinas e cantos, a colocação de insertes(se for previsto em projeto), a execução

dos requadros, com caimento e esquadro adequados o cumprimento do prazo pré-

estabelecido, integridade do revestimento, sem emendas ou correções e a limpeza

adequada da superfície do revestimento.

Ainda neste item existe uma tabela onde se deve indicar a situação do tempo,

dividido em ensolarado, nublado, chuvoso ou impraticável, no dia da execução do

revestimento, pois o mesmo influi diretamente na a execução deste serviço.

Deve-se ser calculada a media global das notas e repassado o controle ao

engenheiro responsável da obra.

O Controle da Produção do Serviço de Revestimento Externo é um meio de

controle muito simples e objetivo, consiste de uma planta baixa dos andares tipos

do edifício com suas divisões de lotes de fachada, caracterizados pela projeção

dos balancins ou andaime fachadeiros propostos, e uma tabela LoteXPavimento,

dividindo assim toda a fachada em panos, onde deve-se preencher os espaços

referentes aos panos de fachadas que já foram executados; essa atualização deve

ser feita diariamente.

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A partir dos resultados gerados nestes controles, cujos modelos dos controles

encontram-se anexados, é esperado que o Engenheiro Responsável da obra

possa gerir a mão de obra de um modo mais eficaz e conveniente, objetivando

uma boa produtividade, qualidade, segurança, reduzindo-se os desperdícios,

problemas patológicos e conseqüentemente diminuição dos custos.

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7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ANEXO A - CONTROLE DA EXECUÇÃO DO SERVIÇO DE

REVESTIMENTO EXTERNO

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Controle da execução do serviço de Revestimento Externo

Obra: Lote de execução nº: Conferente: 1 - Pré Requisitos: Data:

• conclusão de todas as alvenarias externas a mais de 15 dias;

• chumbamento dos contramarcos;

• colocação da tela de proteção na fachada;

• definição do tipo e traço da argamassa a ser usada;

• disponibilidade do material especificado na obra;

• organização do layout proposto para a execução do serviço;

• disponibilidade das ferramentas necessárias à execução do

serviço; e

• instalação de equipamentos de proteção coletiva e disponibili-

dade dos equipamentos de segurança individual;

2 - Preparação das bases Data:

[ ] execução correta do chapisco, com sua superfície mostrando- se áspera e limpa;

[ ] a superfície deve estar livre das impurezas como pós, óleos, tintas, fuligens ou fungos;

[ ] superfície sem rebarbas ou armaduras expostas;e

[ ] preenchimento de furos ou depressões

4- Execução do revestimento Data: [ ] a correta distribuição das taliscas e mestras;

[ ] boa qualidade da argamassa;

[ ] abastecimento da argamassa, respeitando seu tempo de pega e tomando as devidas precauções quanto à segurança;

[ ] espessura das cheias em relação às taliscas e seu devido intervalo de aplicação da argamassa;

[ ] colocação de telas metálicas, com suas devidas dimensões e posicionamento, conforme previsto em projeto;

[ ] planicidade da superfície esperada para o devido acabamento previsto;

[ ] aparecimento de fissuras sobre a superfície do revestimento; posicionamento, alinhamento e perfil adequado das juntas de trabalho;

[ ] seqüência de execução, alinhamento e regularidade das quinas e cantos;

[ ] colocação de insertes(se for previsto em projeto);

[ ] execução dos requadros, com caimento e esquadro adequados;

[ ] cumprimento do prazo pré-estabelecido;

[ ] integridade do revestimento, sem emendas ou correções; e

[ ] limpeza da superfície do revestimento; Situação do Tempo

Ensolarado Nublado Chuvoso Impraticável

Nota Global[ ]

_______________________________ Engenheiro Responsáve

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ANEXO B - CONTROLE DA PRODUÇÃO DO SERVIÇO DE

REVESTIMENTO EXTERNO.

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Controle da produção do serviço de Revestimento Externo

Divisão dos Lotes de Fachada

Produção atualizada dos Lotes de Fachada 14º 13º 12º 11º 10º 9º 8º 7º 6º 5º 4º

Pavim

ento

Térreoº 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 Lote(balancim)

Observações:______________________________________________________________

____________________________________

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