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UNIVERSIDADE SAN CARLOS FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
A ARTE DE CONTAR HISTÓRIAS NO CONTEXTO EDUCACIONAL
CÁSSIO EDUARDO BUSCARATTO
Assunção – Paraguai
Julho – 2011
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CÁSSIO EDUARDO BUSCARATTO
A ARTE DE CONTAR HISTÓRIAS NO CONTEXTO EDUCACIONAL
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Ciências da
Educação da Universidade San Carlos de
Assunção como requisito parcial de
avaliação para obtenção do título de
Mestre em Ciências da Educação.
Aluno: Cássio Eduardo Buscaratto
Orientadora: Drª Judite Filgueiras Rodrigues
Co- Orientador: Ms. José Carlos Pereira Soares
Assunção – Paraguai
2011
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FICHA CATALOGRÁFICA
R696p Buscaratto, Cássio Eduardo
A Arte de contar história no contexto educacional. / Cássio Eduardo Buscaratto; orientação Profa Dra Judite Rodrigues Filgueiras Assunção, Paraguai: Universidad San Carlos, 2011. 118f.: il.: enc. Dissertação (mestrado em Ciências da Educação)- Universidad San Carlos, 2011. Inclui bibliografia. Inclui anexos. 1. Ensino. 2.A Arte de contar histórias 3 Aprendizagem I Título. II Rodrigues, Judite Filgueiras. CDU 42(043.3)
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CÁSSIO EDUARDO BUSCARATTO
Tese aprovada em ______/______/______ Orientador: Profa. Dra. Judite Filgueiras Rodrigues
Banca Examinadora
Examinador (a): ___________________________________ Prof Dra Alejandra Estelbina Miranda de Alvarenga Presidente Examinador (a):____________________________________ Prof Dra Sylvia Regina Eger Membro Examinador (a):____________________________________ Prof Dra Emigdia García Ferreira Membro
Assunção – Paraguai
2011
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a Deus por me fortalecer todos
os dias, a minha esposa pelo seu amor e sua
contribuição pedagógica, aos meus filhos pela
paciência e compreensão e aos meus mantenedores:
Sérgio e Maria José, Imer - Mair e Nicéia, Que Deus
possa recompensar todo investimento que vocês
fizeram para que meu sonho pudesse tornar
realidade. Amo muito vocês.
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AGRADECIMENTOS
Ao maior contador de história o mestre JESUS pela inspiração e dedicação de
sempre mostrar pelo caminho do ensino a verdade aos pequeninos.
A minha esposa Icléia e os filhos Lucas e Grazielle pelo apoio, amor e
compreensão em todos os momentos de estudo.
Aos meus amigos pelo incentivo constante.
Aos profissionais da educação, na pessoa das Diretoras das unidades da Rede
Municipal de Educação Infantil, sem seu apoio esta pesquisa não tornaria
realidade.
A minha Orientadora Drª Judite pelos esclarecimentos e sugestões para a
conclusão deste trabalho.
Ao meu co-orientador Ms. José Carlos Pereira Soares pelas sugestões na
pesquisa.
A todas as crianças, mães e docentes, que nesses últimos 10 anos
acompanharam e apoiaram a Cia de Fantoches Arca de Noé.
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“Contar histórias é acender uma fogueira
em seu coração para que a sabedoria e a
imaginação possam transformar sua vida.”
Nancy Mellon
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RESUMO
Está dissertação tem como objetivo principal identificar se contar histórias no contexto educacional tem contribuído no processo ensino e aprendizagem nas unidades da rede de educação infantil do município de Florianópolis. O estudo caracteriza-se como uma investigação de caráter descritiva, exploratória, quanti-qualitativa, valendo-se também de uma pesquisa bibliográfica e Justificando a pesquisa, pelo fato de que não basta somente ler ou contar uma história, é preciso comunicá-la com emoção, criando estímulos para transformar a vida do ser humano, quando se inicia na Educação Infantil. Participaram da pesquisa 40 docentes que contribuíram com sua práxis em sala de aula da primeira etapa da educação infantil. Observando que antigamente a Arte de contar histórias já se fazia esta ponte educacional entre o mundo criativo, de onde surgem os sonhos para quem sabe um dia se tornarem a realidade do nosso mundo. Relata-se a LDB, bem como, alguns teóricos construtivistas os alicerces para o desenvolvimento da criança de Educação Infantil, apesar dos contratempos que a desencorajam diariamente, consiga fazer uma viagem sem fim, à viagem do conhecimento. Defende-se a utilização de diferentes recursos para as contações de histórias, reflete-se também, sobre a necessidade do planejamento cuidadoso das atividades desenvolvidas posteriormente à história, para que promovam o alcance dos objetivos propostos pelo educador que seja eficaz para o ensino e aprendizagem. Conclui-se que a história vai além do preenchimento de tempo em sala de aula, pode-se entender que o aprendizado é uma realidade, que os conteúdos podem ser aprendidos e que a criança não deixa de ser ela mesma para ser edificada, que a educação poderá ser reestruturada para que o ser humano entenda realmente seus direitos e deveres, transformando os conflitos e superando as dificuldades.
Palavras-chave: Ensino. A arte de contar histórias. Aprendizagem.
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RESUMEN
Esta disertación tiene como objetivo principal identificar si la narración en el contexto educativo ha contribuido en el proceso de enseñanza y aprendizaje en la red de educación de la infancia de la ciudad de Florianópolis. El estudio se caracteriza por una investigación de carácter descriptivo, exploratorio, cualitativo y cuantitativo valiéndose también de investigación bibliográfica y justificativa, por el hecho de que no basta con sólo leer o contar una historia, que debe comunicarse con emoción, crear estímulos a transformar las vidas de seres humanos, cuando se inicia en la educación infantil. Fueron encuestados 40 profesores que han contribuido a su práctica en el aula en la primera etapa de educación infantil. Teniendo en cuenta que antiguamente el arte de la narración ya hizo este puente educativo entre el mundo creativo, donde nacen los sueños que saben se harán realidad en nuestro mundo. Según informes de la LDB, algunos teóricos constructivistas de la Fundación para el desarrollo infantil, educación preescolar, pese a los reveses que desalientan diariamente, podrán hacer un viaje sin fin, el viaje de conocimiento. Aboga por el uso de diferentes recursos para relatar historias, reflejadas también en la necesidad de una planificación cuidadosa de las actividades que desarrollará más tarde a la historia, para promover el logro de los objetivos propuestos por el educador que es eficaz para la enseñanza y el aprendizaje. Se concluye que la historia va más allá del cumplimiento de tiempo en el aula, uno puede entender que el aprendizaje sea una realidad, que el contenido se puede aprender y que el niño es ella misma a construirseque la educación podría ser reestructurada para que el ser humano realmente entender sus derechos y obligaciones, transformar los conflictos y superar las dificultades.
Palabras claves: Enseñanza. El arte de la narración. Aprendizaje.
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LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 01: Contar histórias faz parte de sua rotina em sala de aula.................88
Gráfico 02: Respostas ao questionamento feito aos docentes...........................89
Gráfico 03: Respostas qualitativas dadas pelos docentes..................................90
Gráfico 04: Questionamento sobre o contar histórias em sala de aula..............92
Gráfico 05: Contribuições de histórias no processo ensino aprendizagem ........94
Gráfico 06: Contribuições da Contação de histórias...........................................95
Gráfico 07: Ilustração de dinâmicas para se contar uma história........................97
Gráfico 08: A interdisciplinaridade na contação de histórias...............................98
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LISTA DE ANEXOS
Carta de autorização da Pesquisa pela Gerência de formação permanente
da Secretaria Municipal de Educação Infantil de Florianópolis
Questionário de Pesquisa
Trabalhos manuais de contação de histórias
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SÍMBOLOS E ABREVIATURAS
CEP - Comitê de Ética em Pesquisa
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
LDB - Lei de Diretrizes e Bases
NEIS – Núcleo de Educação Infantil
PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais
RCNEI – Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil
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SUMÁRIO
DEDICATÓRIA .................................................................................................... 5
AGRADECIMENTOS ........................................................................................... 6
RESUMO ............................................................................................................. 8
RESUMEN ........................................................................................................... 9
LISTA DE GRÁFICOS ....................................................................................... 10
LISTA DE ANEXOS ........................................................................................... 11
SÍMBOLOS E ABREVIATURAS......................................................................... 12
INTRODUÇÃO ................................................................................................... 15
1 MARCO INTRODUTÓRIO .............................................................................. 18
1.1 TEMA ........................................................................................................... 18
1.3.1 Contextualização do Problema ........................................................... 18
1.3.2 Formulação do Problema ................................................................... 19
1.3.3 Perguntas de pesquisa....................................................................... 19
1.4 OBJETIVOS ................................................................................................. 20
1.4.1 Objetivo Geral .................................................................................... 20
1.4.2 Objetivo Específico ............................................................................ 20
1.5 JUSTIFICATIVA ........................................................................................... 20
2 MARCO TEÓRICO ......................................................................................... 23
2.1 RESGATE HISTÓRICO ............................................................................... 23
2.2 A LITERATURA NA CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS ....................................... 25
2.3 A PRIMEIRA ETAPA DA EDUCAÇÃO BÁSICA ........................................... 42
2.4 CONTANDO HISTÓRIAS COM ARTE NA EDUCAÇÃO INFANTIL ............. 45
2.5 EMBASAMENTO PARA O ENSINO E APRENDIZAGEM ............................ 63
2.5 1 Perspectiva Cognitiva de Piaget ......................................................... 63
2.5.2 Perspectiva Psicobiológica de Wallon ................................................ 64
2.5.3 Perspectiva Psicopedagógica de Vygotsky ........................................ 66
14
2.5.4 Perspectiva Interacionista-docente/ discente de Freinet .................... 68
2.5.5 Leis de Diretrizes e Bases (LDB) e a Proposta Curricular Nacional (PCN) .. 71
3 MARCO METODOLÓGICO ............................................................................ 73
3.1 ABORDAGEM GERAL DA PESQUISA ........................................................ 73
3.2 TIPO DE INVESTIGAÇÃO ........................................................................... 74
3.3 CARACTERÍSTICA DA POPULAÇÃO ......................................................... 77
3.4 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA ............................................................ 77
3.5 LOCAL DO ESTUDO ................................................................................... 78
3.6 POPULAÇÃO ESCOLAR – UNIVERSO DA PESQUISA .............................. 80
3.7 POPULAÇÃO ALVO .................................................................................... 82
3.8 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO ....................................................................... 82
3.9 PROCEDIMENTO DE COLETA DE DADOS ............................................... 83
3.10 PROVA PILOTO ........................................................................................ 83
4 MARCO ANALÍTICO ...................................................................................... 84
4.1 ASPECTOS ÉTICOS ................................................................................... 84
4.2 PROJETO PILOTO ...................................................................................... 86
4.3 TIPO DE AMOSTRAGEM ............................................................................ 89
4.4 O RETORNO DA INFORMAÇÃO ................................................................ 89
4.5 PROCEDIMENTOS DA ANÁLISE DOS DADOS......................................... 90
4.6 ANÁLISE EXPLORATÓRIA DOS DADOS ................................................... 90
4.7 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ............................. 94
5 CONCLUSÃO ............................................................................................... 104
5.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................... 104
5.2 SUGESTÕES ............................................................................................. 108
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 112
ANEXO 1 ......................................................................................................... 118
ANEXO 2 ......................................................................................................... 119
APÊNDICES .................................................................................................... 120
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INTRODUÇÃO
A arte de contar histórias remonta às tradições muito antigas. Reporta-se
às origens da sociedade humana como uma das primeiras manifestações
culturais do homem, sendo cultivada por vários povos. A narrativa oral das
vivências de heróis fictícios é capaz de criar laços sociais, nutrindo o
inconsciente coletivo através de uma linguagem fantasiosa e relativamente
dramatizada.
Através das histórias, o ouvinte tem a oportunidade de enriquecer e
alimentar sua imaginação, ampliar seu vocabulário, permitir sua auto-
identificação, bem como, aprender a aceitar e refletir sobre o existencial da
problemática humana. Permitindo o desenvolvimento do pensamento lógico, a
memória, estimular o espírito crítico, vivenciar momentos de humor, diversão,
satisfazer sua curiosidade, harmonizar-se com sua situação vivencial, sugerindo-
lhes meios para solucionar conflitos, adquirindo valores e princípios para uma
vida melhor.
A prática de contar histórias é uma arte dos tempos imemoráveis,
formando o ouvinte em todos os aspectos, inclusive preparando-os para o
exercício da cidadania. Através da figura lúdica do contador que a história recria
a vida e vão percorrendo de geração a geração e perpetuando a força da
palavra, das tradições e da língua.
A arte de contar histórias tem refletido em sala de aula e vem
conquistando cada vez mais espaço na sociedade atual. Dessa forma, tem sido
realizada com frequência em escolas, livrarias, bibliotecas, hospitais, auditórios,
teatros, creches, igrejas com o intuito de passar valores e enriquecer a vida.
Para despertar o amor e o interesse de uma criança pelas histórias no
contexto educacional, é de suma importância que ela veja e sinta motivação
nisto. De que maneira as histórias trazem prazer e estimulam a comunhão e a
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afetividade, possibilitando o processo de ensino e aprendizagem na educação
infantil? Em busca de respostas de que maneira a história tem contribuído no
processo de ensino e aprendizagem no contexto educacional é que este trabalho
foi estruturado.
A elaboração desta dissertação de mestrado foi fruto de uma pesquisa
com os docentes das unidades de Educação infantil do município de
Florianópolis, capital do Estado de Santa Catarina. Sua população escolar
compreende os docentes da rede Municipal de ensino da educação infantil, que
é composta por 48 creches e 23 Núcleos de Educação infantil distribuído em
todo Município Florianopolitano, com Projeto Político Pedagógico e com
regimentos internos próprios.
A produção científica foi construída através de um aprendizado contínuo,
numa relação íntima entre o viver e o aprender com os profissionais da
educação, e está estruturada em cinco capítulos: sendo o marco introdutório,
marco teórico, marco metodológico, apresentação e análise dos dados
investigados e as considerações finais e sugestões.
O primeiro, marco introdutório possui o tema que embasa o
direcionamento à pesquisa, como a formulação de problemas, as perguntas de
investigação, a delimitação do problema, os objetivos: geral e específico.
O segundo trata de aspectos relativos ao marco teórico. Entre os temas estão:
Resgate histórico: um resgate do recorte histórico da contação de histórias: na
primeira etapa da educação básica; Contando histórias com arte na Educação
Infantil; Embasamento para o ensino e aprendizagem: nos teóricos
construtivistas e nas Leis Diretrizes e Bases LDB e na proposta curricular
nacional PCN.
No terceiro, está o marco metodológico, com o tipo de investigação,
população seleção de amostra, como será a coleta de dados inclusive
estabelecendo os instrumentos e procedimentos utilizados para se chegar aos
resultados.
No quarto capítulo vemos o marco analítico com a apresentação, a
análise dos dados, as considerações do que foi possível delinear a partir da
pesquisa realizada e das reflexões teóricas alicerçadas nos achados da literatura
e nos resultados obtidos durante o trabalho de campo.
17
O quinto capítulo apresenta as conclusões com recomendação e as
sugestões de ações pedagógicas para os educadores, pontuando assim,
questões relevantes pertinentes ao assunto, seguidas das referências
bibliográficas e dos anexos.
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1. MARCO INTRODUTÓRIO
Esta seção do capítulo contextualiza o tema e o problema da investigação
mediante o referencial teórico alicerçados em autores que sustentam a pesquisa.
Aborda a relevância do estudo, os objetivos e justificativas do porquê de tal
estudo.
1.1 TEMA
A ARTE DE CONTAR HISTÓRIAS
1.2 TÍTULO
A ARTE DE CONTAR HISTÓRIAS NO CONTEXTO EDUCACIONAL
1.3 PROBLEMA
A contação de histórias vivenciadas na Rede Municipal de Educação
Infantil de Florianópolis, Santa Catarina tem contribuído para o processo de
ensino e aprendizagem da criança?
1.3.1 Contextualização do Problema
A educação brasileira, a cada ano que passa, tem sido uma preocupação
para todos aqueles que têm uma ligação direta ou indireta com a instituição
escolar. A agressividade, o desinteresse, e a falta de amor são atitudes que os
educadores e funcionários das instituições estão confrontando diariamente, com
19
os educandos e familiares. Tudo isto contradiz com aos propósitos essenciais da
escola, de educar e socializar, além do que faz instalar um clima de
distanciamento entre aqueles que deveriam ser parceiros no processo educativo:
o educador e o educando, a família e a instituição.
Considerando como uma ferramenta pedagógica “A Arte de contar
Histórias”, esta poderá ser eficaz na Educação Infantil como troca de
conhecimento e entrelaçamento cultural, convivência num mesmo espaço,
tempo e ensino e da aprendizagem, propiciando uma interação entre a criança e
mundo infantil, além dos demais sujeitos envolvidos no processo e assim ser
um instrumento de mediação para o desenvolvimento da criança, sendo de
forma participativa, alegre e critica acerca do mundo em que vive.
1.3.2 Formulação do Problema
A arte de contar histórias contribui para o processo de ensino e
aprendizagem?
1.3.3 Perguntas de pesquisa
Os educadores têm usado a Arte de contar histórias como ferramenta
para o ensino e aprendizagem nas Instituições de Educação Infantil da
Rede Municipal de Florianópolis?
Contar histórias com arte promove aos educandos oportunidades para um
bom convívio social na escola?
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O educador com a arte de contar história exerce a competência e auxilia o
crescimento do educador e do educando?
1.4 OBJETIVOS
A pesquisa buscou identificar os seguintes objetivos: Geral e Específicos
1.4.1 Objetivo Geral
Verificar se a Arte de Contar Histórias contribui no processo de ensino e
aprendizagem dos alunos da Rede Municipal de Educação Infantil de
Florianópolis.
1.4.2 Objetivo Específico
Constatar se a arte de contar história está sendo aplicada dentro das
instituições de educação infantil da rede municipal de Florianópolis.
Verificar se contar histórias com arte promove aos educandos
oportunidades para o contato social e desenvolve sua identidade pessoal
dentro do espaço escolar.
Avaliar se as histórias contribuem na aprendizagem e despertam
criatividade aos educandos da rede de Educação Infantil no município de
Florianópolis.
1.5 JUSTIFICATIVA
A Arte de contar histórias no contexto educacional, como tema do estudo
ora proposto, surgiu na intenção de investigar como a mesma é desenvolvida
21
pelos professores junto aos escolares da educação infantil da cidade de
Florianópolis, após longo período de observação na prática pedagógica de
professores das instituições educacionais circunvizinhas. Pretende-se averiguar
se a arte de contar histórias, como uma ferramenta que o educador poderá usar
de forma dinâmica, pode contribuir no processo educacional e social;
desenvolvendo o conhecimento e contribuindo para o ensino e aprendizagem da
criança.
Contar histórias é uma arte, por isto deve dar prazer para quem conta e
promover um deslumbramento para quem ouve. As histórias têm finalidade em
si, quando contadas ou lidas constituírem sempre uma fonte de alegria e
encantamento. Por isso é preciso tentar de alguma forma ensinar educadores a
contar histórias, uma tarefa nada fácil, mas é possível deixar as crianças,
imaginar, criar e envolver; este é o meio mais eficiente de enriquecimento e
desenvolvimento da personalidade (RCNEI, 1998): é um passaporte para vida e
para a sociedade. É na infância que se adquire o gosto de ler, por isso que é de
suma importância fazer do momento da história um momento de criatividade,
pois o fantasiar antecede a leitura.
Se Considerarmos como uma ferramenta pedagógica “A Arte de contar
Histórias”, esta poderá ser eficaz na Educação Infantil como troca de
conhecimento e entrelaçamento cultural de convivência num mesmo espaço,
tempo e ensino e da aprendizagem.
Com base no pressuposto de que existe uma interação entre a criança e o
mundo da história infantil, a Arte de contar história poderá nesse caso ser um
instrumento de mediação para o desenvolvimento da criança participativa e
crítica, acerca do mundo em que vive.
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Segundo Vygotsky (1998, p.246):
Todas as nossas vivencias fantásticas e irreais transcorrem, no fundo, numa base emocional absolutamente real. Deste modo vemos que o sentimento e a fantasia não são dois processos separados em si, mas, essencialmente o mesmo processo, e estamos autorizados a considerar a fantasia como expressão central da reação emocional.
Nesse sentido pensa-se que é relevante usar a arte de contar historias
como ferramenta no processo pedagógico, buscando integrar o momento da
história com o contexto escolar, as crianças, a família e a escola, construindo na
criança as teias do saber e da aprendizagem, possibilitando desta forma a
construção da criatividade e da imaginação infantil que consubstanciará toda
condição para que a criança possa alcançar um amadurecimento para a toda
vida.
Portanto pretende-se desenvolver um estudo sobre a arte de contar
historias no contexto educacional com vistas a avaliar se os docentes da
Educação Infantil da rede municipal de Florianópolis utilizam a arte de contar
história como uma ferramenta facilitadora no processo de ensino e
aprendizagem; bem como se há melhora social na convivência entre os
docentes e discentes.
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2 MARCO TEÓRICO
Faz-se nesta seção, uma abordagem sobre A arte de Contar Histórias.
Apresentando questões teóricas atuais consideradas relevantes para o estudo
que enfoca como tema principal da Contação de histórias.
2.1 RESGATE HISTÓRICO
A arte de contar histórias pode-se dizer que é uma das mais antigas
manifestações do ser humano. Desde que desenvolvem a linguagem, é uma arte
que resiste às profundas transformações do mundo e está vinculada à promoçao
da educação, pois a aprendizagem também é uma arte que deve ser entendida
com muita responsabilidade e amor.
Essa arte amplia o universo literário, desperta o interesse pela leitura e
estimula a imaginação através da construção de imagens interiores. Narrar uma
historia será sempre um exercício de renovação da vida, um encontro com a
possibilidade, com o imaginário e o desafio em todo tempo e em todas as
circunstâncias de construir um final a maneira de cada leitor ou ouvinte.
Acredita-se que contar histórias é uma das mais antigas artes, uma arte
milenar. Segundo Wak, (2010, p. 7) a arte de contar histórias “existiu sempre
desde quando homem começou a falar e articular as palavras”. Relatos de
24
outros autores como, exemplo citado por Coelho (1997, p. 8), afirmam que a
contação de história existe há muitos séculos desde as sociedades primitivas e
que, provavelmente tudo começou quando homens próximo as suas cavernas,
sentavam-se ao redor das fogueiras, para contar e ouvir histórias.
Coelho (1997, p. 8) comenta sobre o que falariam na contação daquela
época, seria sobre a faina do dia, sobre caçadas, sobre chuva e sol, lendas dos
antepassados, coisas relacionadas a vida cotidiana deste homem. Naquela
época, como se traz na literatura, as histórias não tinham finalidade artística,
somente tinham caráter funcional decisivo, em que os contadores de histórias
eram tidos como os que conservavam e transmitiam conhecimentos acumulados
de crenças, mitos e costumes, perpassando-os de uma geração para outra.
Conforme aponta Silva (2008) sobre a contação de histórias: “foram
intensificadas na Grécia antiga e no império Árabe por meio da famosa história
presente na obra As mil e uma noites, contadas por Sherazade”. Em um breve
relato, traz uma referência histórica sobre a contação de histórias.
Nos velhos tempos, o povo assentava ao redor do fogo, para esquentar, alegrar, conversar, contar casos. Pessoas que viviam longe de suas pátrias contavam e repetiam histórias para guardar sua tradição e sua língua. Contar histórias tornou-se uma profissão em vários países, como na Irlanda e na Índia. Com o advento da imprensa, os jornais e os livros se tornaram o grande agente cultural dos povos. As fogueiras ficaram para trás. Os velhos contadores foram esquecidos. Mas as histórias se incorporam definitivamente a nossa cultura. Ganharam nossas casas através da doce voz materna, das velhas babás, dos livros coloridos para o encantamento da criançada. E os pedagogos descobriram essa mina de ouro as histórias. Os psicológos aprovaram, surgiu a literatura infantil.” (BARCELLOS; NEVES, 1995, p. 12).
Souza (2009) nos traz relatos bem antigos sobre a contação, afirma que
já nas escritas de Platão falava-se sobre as mulheres que contavam histórias
25
para suas crianças e desta época já se pode notar da onde vem a vinculação
com as crianças. Ainda, conforme mostra o autor, pode--se concluir que os
contos de fadas estão entre os gêneros de narrativa mais antigos que existem,
segundo ele os contos de fadas que foram encontrados já nas colunas e nos
papiros egípcios como o famoso conto dos dois irmãos Anubi e Bata.
Diante de todos esses relatos pode-se observar o quanto a contação de
história é bem antiga na sociedade, e que se tem muitos fatos relacionados a
isto, repara-se que, antigamente a contação sempre se dava por meio da
tradição oral, o que acontece muito pouco atualmente.
Nos tempos antigos, reservava-se pouquíssimo espaço ao privilégio da
leitura, e mesmo após ela era acessível apenas a uma elite culta. Atualmente,
com o desenvolvimento tecnológico e econômico, a leitura está mais presente na
vida das pessoas, porém ainda não como um hábito prazeroso.
2.2 A LITERATURA NA CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS
É importante que pais e professores reconheçam a importância da
literatura para a vida individual, social e cultural. Portanto, é dever da escola e da
família incentivar, propiciar e desenvolver o hábito da leitura, vivenciar nas
casas, salas de aula, bibliotecas e espaços culturais. A leitura deve ser
considerada como atividade importante para o desenvolvimento da sensibilidade
da memória e imaginação.
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A narrativa pode e deve ser a porta de entrada de toda criança para os mundos criados pela literatura. A criança aprende a narrar por meio de jogos de contar e de histórias. Como jogos de contar entendem-se as situações em parceria com o adulto, os jogos de perguntar e responder, em que o adulto, inicialmente, assume a condução dos relatos sobre acontecimentos, fatos e experiências da vida pessoal da criança (BRASIL, 1998, p.147).
Os educadores devem estar conscientes da grande importância da
literatura infantil, o quanto eles têm o papel de propiciar, incentivar e manter
presente o gosto pela leitura, despertando o interesse de uma forma
espontânea, pois muitas vezes, este hábito é imposto pelo professor que cobra a
atividade dos alunos em forma de fichas, dentre outros. Pois, somente irão se
formar crianças que gostem de ler e que tenham uma relação prazerosa com a
literatura se propiciar a elas, desde muito cedo um contato frequente e agradável
com o objeto livro e com o ato de ouvir e contar histórias. Acrescenta
Abramovich (1997):
Ao ler uma história a criança também desenvolve todo um potencial crítico. A partir daí ela pode pensar, duvidar, se perguntar, questionar [...]. Pode se sentir inquieta, cutucando, querendo saber mais e melhor ou percebendo que pode mudar de opinião [...]. E isso não sendo feito uma vez por ano[...] mas fazendo parte da rotina escolar, sendo sistematizado, sempre presente o que não significa trabalhar em cima dum esquema rígido e apenas repetitivo. (ABRAMOVICH, 1997, p. 14).
Contemplar a literatura infantil no cotidiano escolar é permitir a criança
um divertimento e possibilitar viajar num “tapete mágico” para novas descobertas
e aventuras, adquirindo experiências populares nas diversas linguagens. Atende
as exigências da alma e o desejo da criança, bem como, permite que esta
expresse seu íntimo e obtenha recriação e aprendizagem.
Todos têm necessidade de contar aquilo que vivenciam: sentir pensar,
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sonhar, assim, o ato de ouvir e contar histórias está sempre presente na vida de
cada um.
Dessa necessidade humana surgiu a literatura o desejo de ouvir e contar,
para através desta prática compartilhar.
Sendo assim, a hora da história não pode ser tratada como um refúgio em
cobrir o espaço de tempo à hora do lanche, controlar agitamento das aulas e
assim sobra um tempo para contar histórias, mas deve ser uma prática nas
instituições. Conforme afirma Abramovich, 1997.
E ouvindo histórias que se pode sentir (também) emoções importantes, como a tristeza, a raiva, a irritação, o bem estar o medo, a alegria, o pavor, a insegurança, a tranquilidade, e tantas outras mais, e viver profundamente tudo o que as narrativas provocam em que as ouve - com toda a amplitude, significância e verdade que cada uma delas fez (ou não) brotar[...]. Pois é ouvir, sentir e enxergar com os olhos do imaginário. (ABRAMOVICH, 1997, p. 17).
A leitura de histórias infantis é um momento mágico em que a criança tem
oportunidade de viver, pensar e agir em outros tempos e lugares. Por meio da
leitura a criança viaja para o mundo da imaginação, criando assim, várias
situações de aprendizagem.
Ter acesso à boa literatura é dispor de uma informação cultural que alimenta a imaginação e desperta o prazer pela leitura. A intenção de fazer com que as crianças, desde cedo, apreciem o momento de sentar para ouvir histórias exige que o professor, como leitor, preocupe-se em lê-la com interesse, criando um ambiente agradável e convidativo à escuta atenta, mobilizando a expectativa das crianças, permitindo que elas olhem o texto e as ilustrações enquanto a história é lida (BRASIL, 1998, p.143).
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Brincar, fantasiar e questionar são peculiaridades da criança e essa é a
forma pela qual ela conhece e explora sua realidade para construir
conhecimentos. Destinar tempo à literatura infantil, em sala de aula, é
demonstrar aos alunos que essa é uma atividade importante e fundamental e,
que merece também ocupar espaço “nobre”. Coelho 91997 contribui nesse
sentido que:
Constatada a importância da história como fonte de prazer para a criança e a contribuição que oferece ao seu desenvolvimento, não se pode correr o risco de improvisar. O sucesso da narrativa depende de vários fatores que se interligam, sendo fundamental a elaboração de um plano, um roteiro, no sentido de organizar o desempenho do narrador, garantindo-lhe segurança e assegurando-lhe naturalidade. O roteiro possibilita transformar o improviso em técnica, fundir a teoria à prática. O primeiro passo consiste em escolher o que contar (COELHO, 1997, p.12).
É muito importante para a formação da criança, ouvir histórias, escutá-las
é o começo da aprendizagem para ser um bom leitor e ser leitor é possuir um
caminho infinito de descobertas e de compreensão do mundo.
Geralmente, o primeiro contato que a criança tem com as histórias é
através da língua oral: a mãe, a avó ou a professora lhe conta alguma história.
Ler histórias para as crianças é poder rir com as situações vividas pelos
personagens. É também desenvolver a imaginação, a curiosidade, é encontrar
formas de solucionar questões e problemas (como os personagens fazem), é
uma possibilidade de descobrir o mundo imerso dos conflitos e dos impasses
que nós vivemos e atravessamos através dos problemas que vão sendo
enfrentados (ou não), resolvidos (ou não) pelos personagens de cada história.
29
Há quem conte histórias para enfatizar mensagens, transmitir conhecimentos, disciplinar, até fazer uma espécie de chantagem – “se ficarem quietos, conto uma história”, “se isso”, “se aquilo...” – quando o inverso é que funciona. A história aquieta, serena, prende a atenção,informa, socializa, educa. Quanto menos a preocupação em alcançar tais objetivos explicitamente, maior será a influência do contador de histórias. O compromisso do narrador é com a história, enquanto fonte de satisfação de necessidades básicas das crianças. Se elas as escutam desde pequeninas, provavelmente gostarão de livros, vindo a descobrir neles histórias como aquelas que lhes eram contadas (COELHO, 1997, p.12).
Quando os recursos não estão prontamente disponíveis, ou quando um
professor deseja explorar o conteúdo do ensino de várias maneiras, contar
histórias oferece a opção que encanta tanto ouvintes jovens quanto crianças.
Qualquer assunto ou tema adquire vida quando é narrado com uma
história. Além disso, pessoas de todas as idades acham mais fácil reter uma
informação quando ela é codificada em uma história. O Referencial curricular
nacional para a educação infantil (1998), descreve que:
O ato de leitura é um ato cultural e social. Quando o professor faz uma seleção prévia da história que irá contar para as crianças, independentemente da idade delas, dando atenção para a inteligibilidade e riqueza do texto, para a nitidez e beleza das ilustrações, ele permite às crianças construírem um sentimento de curiosidade pelo livro (ou revista, gibi, etc.) e pela escrita (BRASIL, 1998, p.144).
Mesmo que muitos entre nós aleguemos não sermos contadores de
histórias, todos, realmente, o somos, cada um de nós têm histórias de sua vida
que gostamos de compartilhar, muitos gostam de contar piadas, narrar sonhos
ou até, fazer fofoca sobre os outros, toda essa prática serve de base para
futuros contos populares ou lendas.
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Quem conta histórias deve estar se familiarizando com o vocabulário do
texto. Antes de ser lido para as crianças, o texto precisa ser lido,
antecipadamente, pelo contador/narrador, a fim de evitar desconhecimento de
algum tópico ou vocabulário.
Por isso, deve-se ler bem antes, sentir como o livro nos emociona ou nos
irrita. Assim, quando chegar o momento de narrar à história, que se passe a
emoção verdadeira, aquela que vem lá de dentro, lá do fundinho e que por isso,
chega ao ouvinte, pois a grande beleza da narração oral está no fato de que
cada pessoa conta de seu jeito. Acrescenta, ainda Coelho (1997):
A importância da história como fonte de prazer para a criança e a contribuição que oferece ao seu desenvolvimento, não se pode correr o risco de improvisar. O roteiro possibilita transformar o improviso em técnica, fundir a teoria à prática. O primeiro passo consiste em escolher o que contar. Nem toda história vem no livro pronta para ser contada. A linguagem escrita, por mais simples e acessível, ainda requer a adaptação verbal que facilite sua compreensão e a torne mais dinâmica, mais comunicativa (COELHO, 1997, p.14).
O narrador tem que transmitir confiança, motivar a atenção e despertar
admiração. Pode-se contar qualquer história à criança, desde que seja bem
conhecida do contador, escolhida por que acredite ser boa ou bela, porque tem
uma boa trama, porque é divertida ou inesperada ou porque dá margem para
alguma discussão que aconteça, ou que acalme uma aflição.
Além de divertir e provocar emoções é também através das histórias que
se pode descobrir outros tempos, outros jeitos de ser e de agir. Aprende-se
História, Geografia, Política, sem precisar saber o nome das disciplinas.
31
Recontar histórias é outra atividade que pode ser desenvolvida pelas crianças. Elas podem contar histórias conhecidas com a ajuda do professor, reconstruindo o texto original a sua maneira. Para isso podem apoiar-se nas ilustrações e na versão lida. Nessas condições, cabe ao professor promover situações para que as crianças compreendam as relações entre o que se fala, o texto escrito e a imagem (BRASIL, 1998, p.143).
“Nem toda história vem no livro pronta para ser contada. A linguagem
escrita, por mais simples e acessível, ainda requer a adaptação verbal que
facilite sua compreensão e a torne mais dinâmica, mais comunicativa”
(COELHO, 1997, p. 13).
A arte de contar histórias é de fato muito mais difícil do que desempenhar
um papel no palco. Primeiro, o narrador é responsável por todo o drama e
também pela atmosfera que o cerca. Ele precisa viver a vida de cada
personagem e entender a relação de cada um com o todo.
O professor não deve ter medo de repetir suas histórias. Caso conte sete
histórias por ano, escolhidas com infinito cuidado, e se repeti-las seis vezes
durante o ano, será um trabalho artístico, portanto duradouro, terá proporcionado
grande prazer as crianças que se deliciaram em ouvir a mesma história várias
vezes.
Começaram a contar essas histórias há muito guardadas, mas esquecidas [...], eu imagino, quando começaram a falar: o falar da história guardada deve ter dado a essas Marias e Josés a sensação de que falar não é só um direito, mas é também um dever. (FREIRE, 2000, p. 38).
Freire(2000) conta que as histórias sempre fascinaram o ser humano. Nas
palavras ditas ou escritas de um bom narrador os episódios adquirem vida.
32
Somos, então, transportados para outro mundo real, lá acompanham os
personagens em suas aventuras e em seus dramas e compartilham suas
alegrias e suas tristezas. Afirma Frantz (1997):
Assim percebe-se que a literatura é vista com uma finalidade pragmática que tem como intuito de ensinar a alguém alguma coisa. dessa forma confunde-se a função estética da arte com sua missão pedagógica. Neste caso dificulta o acesso a principal função da literatura, que é apresentar ao seu leitor uma visão aberta de mundo, com várias interpretações da realidade (FRANTZ, 1997, p.46)
A leitura é o modo mais prazeroso e eficaz de adquirir conhecimento, além
disso possibilita uma intimidade maior com as idéias e temas e uma liberdade
também maior, porque a todo momento o livro está a disposição do leitor para
ser lido, relido, escolhendo-se essa ou aquela história, este ou aquele poema, o
que permite refletir e entendê-los melhor. Assim a leitura nos ensina a pensar e
é pensando que se adquire cultura. Mais uma vez, Coelho (1997) acrescenta
que:
[...] leite é um alimento indispensável ao crescimento sadio, No entanto, se oferecermos para o lactente leite deteriorado ou em quantidade excessiva, poderão ocorrer vômitos, diarréia e prejuízo da saúde. Feijão é excelente fonte de ferro, mas nem por isso iremos dar feijão a um bebê, pois fará mal a ele. Esperamos que cresça e seu organismo possa assimilar o alimento. A história também é assimilada de acordo com o desenvolvimento da criança e por um sistema muito mais delicado e especial (COELHO, 1997, p.15).
Para entender a Arte de contar Histórias é preciso fazer uma viajem na
história do ser humano, iniciando com as citações da Bíblia Sagrada, podendo
perceber que Jesus, foi um grande contador de histórias, mesmo carregando em
si a cultura judaica na qual a criança não era valorizada, não tinha nenhuma
33
significação social, ou seja, não produzia em termos de trabalho e até sete anos
não estava obrigada a observar a lei, neste período à criança serve de
parâmetro não pela inocência ou pela perfeição moral.
Ela é símbolo do ser fraco, sem pretensões sociais, não tem poder nem
ambições. E Jesus utilizou os parâmetros de seu tempo sócio - econômico e
cultural para revelar o desejo de Deus e para explicitar o desejo de um mundo
de justiça, de afeto e de paz, inserindo algo novo para esta cultura no que diz
respeito ao tratamento às crianças.
Suas palavras e gestos demonstram isso claramente deixando até os
próprios discípulos, que o seguiam sem reação e sem compreensão de sua ação
que desafiava as diretrizes da educação e do relacionamento com os
pequeninos que vigoravam na sua época.
Observando o contexto das Histórias contadas pelos autores do
Evangelho da Bíblia Sagrada mencionando a didática do rabino e mestre Jesus
de Nazaré, pode-se perceber que, mesmo carregando em si a cultura judaica na
qual a mulher e a criança não eram valorizadas, a criança não tinha nenhuma
significação social, ou seja, não produzia em termos de trabalho. Jeremias
(1983, p. 478) escreve que: “na casa paterna, o lugar das filhas vinha após o dos
meninos”.
Para a cultura judaica, as crianças são consideradas um presente valioso
concedido por Deus. Longe de serem descartáveis como no mundo greco-
romano, elas são consideradas uma bênção. Gerar e dar a luz a filhos é um dos
mandamentos de Deus e implica em uma bênção especial de sua parte. A
fertilidade se constitui em uma parte essencial da promessa de Deus ao povo de
Israel. A tradição judaica, segundo Coleman (1991, p. 34) via a criança como
34
“símbolo de status” social, especialmente os do sexo masculino.
Assim, todos os casais desejavam ter filhos e caso a esposa não tivesse
possibilidade de tê-los a lei judaica assegurava-lhe o direito de tomar uma de
suas escravas e a “disponibilizava” para o marido com a função de gerar
descendência.
Com o rabino Jesus, uma criança torna-se o elemento central, não como
alguém que recebe instrução, mas como alguém cuja mera presença se torna
um indício para repensar valores. Neste resgate, Jesus tira a criança da
condição de objeto passivo, e reprodutor futuro de uma cultura, e o insere como
um agente ativo e capaz de ensinar pela sua capacidade de amar.
Malba Tahan (1957, p.124) foi um exímio contador de história, e menciona
que o rabino Jesus de Nazaré fez uso da figura de linguagem como as parábolas
como recurso didático para se comunicar com os seus ouvintes “e o fato de
encontrarmos o registro de seus ensinos tão comumente em forma de histórias,
se não prova que este foi o método que ele mais usou, parece-nos provar ao
menos, que foi este o método que mais impressionou os que o seguiam”.
O fato do Mestre Jesus ter usado em sua época a dinâmica de comunicar
com seus ouvintes através de parábolas pressupõem que ele usou de forma
pedagógica para apresentação de seus ensinamentos. Foi para evitar as ciladas
dos adversários e prevenir as interpretações errôneas do auditório que Jesus
recorreu ao ensino por meio de parábolas, que se destinavam a despertar a
curiosidade dos ouvintes e o desejo de ulterior explicação, que os discípulos e
os bem intencionados pediam. O Vocabulário de teologia Bíblica de Leon Dufour
(1992) descreve que:
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Jesus foi um educador por excelência que soube se valer das parábolas como método de ensino para sua época . A parábola, na realidade, é uma história contada por Jesus para ilustrar o seu ensinamento. No fundo da palavra grega parabole há a idéia de comparação, enigma, curiosidade. Mas não está nisso o essencial para explicar o gênero parabólico: é preciso entender a parábola como sendo a apresentação de símbolos, isto é, imagens tomadas das realidades terrestres para serem sinal das realidades reveladas por Deus. Elas precisam de uma explicação mais profunda. Foi essa explicação inicial que Jesus começou e deixou para os seus seguidores darem continuidade mais tarde. (LEON-DUFOUR, 1972 p. 78)
Jesus foi um mestre dinâmico ao contar suas histórias através de
parábolas que foram tiradas do mundo existencial em que Jesus Cristo estava
inserido. O seu propósito foi de transmitir uma verdade espiritual a seus
ouvintes.
Contar histórias é saber criar um ambiente de encantamento, suspense,
surpresa e emoção, onde o enredo e os personagens ganham vida,
transformando tanto narrador como ouvinte. Deve impregnar todos os sentidos,
tocando o coração e enriquecendo a alma do ouvinte.
Com passar dos anos vieram alguns historiadores que começaram
analisar as relações familiares na transição das sociedades tradicionais para a
modernidade afirmam que as transformações nas relações familiares se davam
primeiramente, na construção de uma nova idéia da casa como espaço de
intimidade, de convivência reservada, separada do resto do corpo social por
parte dos membros da família; onde ha idéia de amor.
Muitas famílias do passado contavam histórias para seus filhos, ás vezes
ao redor do fogo para esquentar, conversar e se alegrar, estes momentos de
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grande importante para ensinar princípios e valores que os pais passavam para
seus filhos.
No século XVII, começaram a surgir as histórias infantis e os contos
populares, no entanto, existem desde que o ser humano adquiriu a fala. Há
notícias de histórias antigas na África, na Índia, na China, no Japão e no Oriente
Médio, como a coleção de contos árabes: As Mil e Uma Noites.
Conta Katia Canton (2005), especialista em contos de fadas pela
Universidade de Nova York que “a fantasia é um mecanismo inventado pelo
homem na era medieval para superar as dificuldades da vida real”.
O aparecimento dos primeiros livros infantis no Brasil, ocorrem no fim do
séc. XIX e início do século XX. São os chamados :Livros de Leitura, escritos por
educadores brasileiros para serem utilizados nas escolas. Portanto, tinham uma
intenção pedagógica, sendo um meio didático e carregado de valores morais,
nacionalistas e ideologias da classe dominante (MACAHDO, 2001).
Anos depois veio Monteiro Lobato (1998), nome consagrado na literatura
infantil. A partir de 1920 este gênero literário ganha uma nova expressão. Lobato
abre as portas para uma literatura que rompe com as convenções
tradicionalistas que até então permeavam os textos infantis. O autor traz para a
literatura infantil o maravilhoso, o fantástico, um mundo de fantasias que se torna
“real” no momento em que a criança se envolve na história. A partir de Monteiro
Lobato, outros nomes trouxeram e trazem encanto, fantasia, magia, humor,
poesia e ludicidade para a literatura infantil brasileira.
Nos dias atuais, a literatura infantil não é entendida apenas como um
recurso pedagógico, ela abrange um sentido mais amplo, o de propiciar a
criança uma nova visão da realidade, podendo estimular o exercício da mente de
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maneira lúdica e agradável, disponibilizando à criança o contato com o belo, com
a arte, com o encantamento.
A literatura, assim como as outras artes, tem um alcance amplo uma vez
que, além de trabalhar a razão e a emoção lida também com a imaginação,
oportunizando o desenvolvimento dessa potencialidade.
No processo de formação do ser humano, o aproveitamento dessa
capacidade inerente do ser representa exercitar atitudes criativas, para formar o
homem criativo que concorrerá para a transformação do mundo.
Há que se considerar também a necessidade deste exercício na infância,
sob pena de, não se desenvolvendo este potencial, torna-se a criança “um
adulto que investe sua necessidade, sua capacidade de sonho e a satisfaz no
páreo triplo, nos horóscopos ou na loteria”. (RESENDE, 1983).
A leitura pode ser encarada, ainda, como fonte de lazer, se for um ato
espontâneo e propiciar prazer ao leitor. O contato com a literatura poderá
possibilitar momentos de verdadeira descontração, de encantamento e de
satisfação pessoal.
Ao longo dos tempos tentou-se “incutir o hábito” pela leitura e não o
verdadeiro prazer em ler, pois experiência de ler, oferecida, aos alunos, muitas
vezes tem sido da obrigatoriedade deixando, assim, muitas vezes, de conquistar
um fiel amante da leitura. Valio (1986) acrescente nesse quesito que:
[...] grande parte das escolas brasileira não tem desenvolvido um trabalho sistemático de leitura com a preocupação de se formar leitores, pois o livro é compreendido como um divulgador de informação e como instrumento necessário ao cumprimento de tarefas escolares, através de exercícios, privilegiando-se a memorização e a repetição do já ensinado. (VÁLIO, 1986, p.55)
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As experiências negativas, longe de aproximarem o aluno dos livros,
acabem por distanciá-los ainda mais. A necessidade de se formar o gosto pela
leitura exige que se corrijam as falhas da instituição escolar e que se pense em
um projeto eficaz, associado ao prazer e não a obrigatoriedade, para que o
aluno sinta-se motivado e envolvido pela leitura.
Se ler é “um ato libertador”, a busca do livro também deverá caracterizar-
se pela espontaneidade e pela alegria de fazê-lo e encaminhar-se para
exploração das potencialidades lúdicas e artísticas do homem.
A escola precisa destinar um tempo para a leitura. Nos países onde se lê muito, , o currículo consagra um número maior de horas à leitura. Na França, por exemplo, na primeira série, destinam-se todos os dias quatro meias horas inteiras à leitura [...] nos países em que se dedica mais tempo à leitura na escola, as crianças também lêem em casa, [...] (BAMBERGER, 1986, p. 51-52).
Em uma pesquisa feita por Liliam Lopes Martin da Silva (1986, p. 20-28) é
revelado que no Brasil não se lêem obras literária durante as aulas de
Português, alegando-se a falta de tempo. Essa situação configura a
incompatibilidade da escola com a leitura. A noção de tempo, segundo a
pesquisadora “se constitui historicamente”, e a escola só faz reproduzir o
conceito dualista de tempo é dinheiro, instituído com direcionamento político.
Nesse panorama, a literatura de ficção surge como a mais indicada para
formar o gosto de ler. Os autores abaixo, têm as seguintes contribuições:
Devido ao interesse imediato que suscita. Falando diretamente à imaginação e á sensibilidade, o texto literário, sem compromisso com a realidade, mas referindo-se continuamente a ela, pode, por sua força criadora, levar à comunicação leitor-texto que caracteriza o ato de ler. É nesse ato que a criança liberta-se e começa a criar novas formas de interpretar o mundo e as ações humanas (SANDRONI e MACHADO, 1986, p.10).
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Na elaboração da linguagem, antes de se expressar por meio de palavras,
a criança é sensível à imagem. Esta tem um processo primordial, apesar de ser
um material semi-concreto e bi-dimensional; constitui-se numa comunicação
mais direta que o código verbal escrito, representado de forma abstrata.
A criança pequena, em contato com livros de imagens simples, de fácil
leitura visual, ao ouvir histórias contadas pelos adultos, nomeia objetos de
conhecimentos cotidianos e assim vai abrangendo sua linguagem. Em outras
palavras, a criança descobre a imagem graças à experiência que tem do mundo
e do reconhecimento que faz desse na imagem representada.
Os livros em primeiro momento apresentarão imagens de forma isolada. A
criança reconhece os objetos familiares e este reconhecimento já supõe uma
relação entre a realidade e a representação gráfica, permitindo, assim, à criança
formar conceitos, fazer suposições e elaborar uma primeira associação entre a
perspectiva visual e a palavra.
No que se refere à ação textual em sala de aula, Andrade (1995, p. 63)
assevera: “O trabalho com o texto surge como uma possibilidade de mudança,
na qual o professor assume uma postura interlocutiva com seu aluno,
construindo um projeto mais arrojado e eficaz para a aprendizagem da língua
escrita., é no texto que o aluno desenvolve sua imaginação e suas
potencialidades”.
O manuseio destes livros aumenta muito o prazer de imaginação das
coisas, e é a partir de histórias simples que a criança começa a reconhecer e
interpretar sua experiência da vida real. Histórias que começam com “era uma
vez” e terminam com “viveram felizes para sempre” permitem às crianças pensar
sobre coisas que podiam ser assustadoras, mas que não são, porque elas já
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sabem de antemão que tudo vai acabar bem, fazendo com que as crianças se
relacionem com o fantástico.
A imaginação, como a inteligência ou a sensibilidade, ou é cultivada ou
atrofia e creio que esta deva ser alimentada. Alimentada através de contos de
fadas, por exemplo, que são importantes para a criação do imaginário no
contexto infantil.
Esses contos não perdem sua atualidade, pois tratam da essência
humana, que é a mesma desde que o homem existe.
Segundo Abramovich (1997, p.120) “Por lidar com conteúdos de
sabedoria popular, com conteúdos essenciais de condição humana, é que esses
contos de fada são importantes, perpetuando-se até hoje [...]”.
Falam de coisas profundas, essenciais, que habitam dentro de cada um
de nós; falam de medos, ansiedades, sonhos, desejos, busca de auto-
realização, esperança, os mesmos sentimentos que inquietam as crianças e os
jovens de hoje.
Nos contos de fadas tudo está muito vivo, daí a grande fascinação em
não se cansar com a repetição desejada das sempre mesmas histórias. O
universo, a um só tempo grave e lúdico, desses contos envolve definitivamente o
leitor.
Os contos de fadas encantam e cativam crianças até hoje, com suas
histórias fantásticas que, de uma forma indireta, ensinam-nas a aceitarem o
medo, a perda, a conhecer o amor, o valor de uma amizade... Sem falar, é claro,
das bruxas, fadas, lobos maus, príncipes encantados, princesa e tantos outros
personagens que aparecem geralmente para nos oferecem alguma mensagem.
Os contos de fadas apresentam sempre um mundo de fantasia, às vezes
41
distante da realidade das crianças, outras bem próximo, mas que alimentam
seus sonhos e, por isso, fazem tanto sucesso.
Segundo Abramovich (1997), criança fica tão envolvida com a história que
nos pede para repetir, uma, duas, três vezes, quantas ela achar necessário. E
são através dessas histórias que elas vão trabalhando dentro de suas
cabecinhas e dos seus coraçõezinhos certos conflitos, buscando soluções,
procurando respostas para aquilo que não está bem. O interesse, nesses casos,
é que a criança possa se identificar com o personagem, transferir suas
inquietações para aqueles vividos na história, e, por isso, pede para repeti-la.
Quando o problema estiver resolvido, ela simplesmente na pedirá mais esse
conto. E nós, como educadores, possuímos a difícil tarefa de ajudá-la a
encontrar significados na vida.
Para Abramovich (1997), os contos de fada ensinam às crianças a
enfrentar os sentimentos, seja de perda, angústia, medo ou amor. Eles mostram
que tudo passa, que sempre há uma Fada Boa (mãe, amigos, professora...) que
nos ajuda a resolver os problemas, e que existem Lobos Maus (ladrões,
seqüestradores...), com quem devemos tomar cuidado ao sairmos à rua e, o
mais importante, que sempre teremos o amor de alguém, seja de um Príncipe
encantado (namorado) ou de um Pai (família), e que ela (fada) existe.
Transmitem importantes mensagens, lidando com problemas humanos,
encorajando o desenvolvimento e, ao mesmo tempo, aliviando preocupações.
A mensagem que os contos querem passar às crianças, é que existem
situações na vida que são inevitáveis. Enquanto diverte, o conto está
esclarecendo fatos sobre a própria criança, favorecendo o desenvolvimento de
sua personalidade.
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Eles possuem a magia de nos falar em tristeza, desconfortos, revelações,
amor, amizade... de uma forma prazerosa e aceitável. Tratam da vida e da
morte, da dificuldade que é deixar de ser criança e começar a ser adulto.
Cultivam a esperança, o sonhar, o acreditar naquilo que deseja e, o mais
importante, não nos tiram a ilusão de que existem finais felizes.
De acordo com Abramovich (1997), uma história para prender a atenção
das crianças e despertar sua curiosidade deve estimular sua imaginação. Ela
vive os personagens. Ao explorarmos os contos de fadas com as crianças,
estaremos ajudando-as a desenvolverem seu intelecto, a tornarem claras suas
emoções; estaremos oferecendo-lhes meios para reconhecerem suas
dificuldades e, ao mesmo tempo, sugerindo soluções para os problemas que as
perturbam.
As histórias não se perderam no tempo, podem estar escondidas dentro
de cada ser humano,a magia das histórias precisa entrar novamente na vida de
adultos e principalmente de crianças para ter esperanças de um futuro no qual
as pessoas possam conviver e comunicar uns com os outros,mas isto precisa
ser iniciado na primenra etapa da educação básica, pois é o alicerce de todas as
pessoas.
2.3 A PRIMEIRA ETAPA DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Como a Educação Infantil é a primeira etapa da educaçaõ básica é
preciso apropriar destas mentes saudáveis que as crianças têm e abastecê-las
no antigo mundo da imaginação.
Se todo professor de Educação infantil conhecer e entender o objetivo da
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LDB 9.394/96(Brasil,1996), A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional –
onde trata da educação infantil, mostra um comprometimento integral no
desenvolvimento da criança, não só com a educação da comunidade escolar,
mas, ainda, com o meio em que está inserida.
“A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como
finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus
aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da
família e da comunidade” (BRASIL,1996).
Segundo o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil o
documento introdutório, acrescenta que:
[...] as instituições de educação infantil (pré-escolas) cumprem hoje, mais do que nunca, um objetivo primordial na formação de crianças que estejam aptas para viver em uma sociedade plural, democrática e em constante mudança (...) Ela deve intervir com intencionalidade educativa de modo eficiente visando a possibilitar uma aprendizagem significativa e favorecer um desenvolvimento pleno, de forma a tornar essas crianças cidadãs numa sociedade democrática" (BRASIL, 1998).
As crianças que são estimuladas pelas histórias que ouvem, sua
imaginação vai além do conteúdo passado pelo educador, elas criam histórias
maravilhosas desde pequenas e adquirem maior confiança em si mesma.
Quando uma história é contada com arte as crianças enriquecem as suas
experiências infantis, desenvolvendo a confiança na força do bem,
proporcionando a ela viver o imaginário.
Segundo Vygotsky (1993, p. 246):
Todas as nossas vivencias fantásticas e irreais transcorrem, no fundo, numa base emocional absolutamente real. Deste modo vemos que o
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sentimento e a fantasia não são dois processos separadas em si mas, essencialmente o mesmo processo, e estamos autorizados a considerar a fantasia como expressão central da reação emocional.
Torna-se relevante usar a arte de contar histórias como ferramenta
pedagógica, buscando integrar o momento da história com o contexto escolar,
as crianças e a família, construindo na criança a aprendizagem e o ensino,
possibilitando a construção da criatividade e imaginação infantil que
consubstanciará toda condição para a criança chegar a um amadurecimento
para a toda vida.
Precisa-se reconhecer que desde muito cedo às crianças tem a sua
liberdade de ser, construir, participar e de expressar, depois poderá pensar o
lugar da linguagem enquanto se propõe uma educação de qualidade para as
crianças pequenas.
O desenvolvimento infantil não pode ser reduzido a um aspecto natural
da criança, mas um processo que vai sendo construído pela própria criança
durante as interações com “outros” em seu universo social.
A linguagem é um instrumento mediador entre as relações sociais da
criança com o ambiente em que vive, onde estão presentes conteúdos
socialmente construídos e historicamente sedimentados que expressam valores
e regras culturais, que gradualmente são interiorizados e modificados pela
criança. Ao mesmo tempo em que a criança se sociabiliza durante as ações que
realiza, também vai construindo suas subjetividades e seus significados acerca
do mundo em que vive.
Wallon (1986) afirma ainda, que é a função simbólica, que possibilita a
passagem entre um pensamento concreto e outro abstrato ou representativo.
Portanto, para esta pesquisa, Wallon contribui com a afetividade traduzida por
45
linguagem simbólica. É a afetividade que integra o desenvolvimento e
construção do eu e do mundo externo, dando um encanto a essas
manifestações. Em outras palavras, ao se contar uma história tem que cativar as
crianças pela emoção e pelo intelecto, para que ela sinta-se atraída e aprenda
com a história.
Por isto, o período que a criança está na educação infantil é muito fértil, é
o momento de aprender e ensinar, respeitar e ser respeitada, amar e ser amada,
compreender e ser compreendida, mas para que isto aconteça, ela precisa ser
conduzida de maneira adequada, pois esta fase é o alicerce para vida inteira.
A educação infantil é a primeira etapa da educação básica, por isto,
precisa ser bem alicerçada,aproveitar todo tempo para contar histórias, afim de
que, as crianças aprendam entrando no mundo imaginário onde poderá resolver
seus obstáculos e desenvolver suas capacidades físicas, cognitivas, afetiva,
estética e ética.
2.4 CONTANDO HISTÓRIAS COM ARTE NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Quando a história infantil é colocada como recurso psicopedagógico, trará
para cada criança um espaço para momentos de alegria e sentimento de prazer
na leitura, além de auxiliar a compreender a si próprio e ao mundo a sua volta.
Contar histórias é uma maneira de divertir, de estimular a união e principalmente
uma forma muito eficiente de ajudar o ser humano em sua busca de
autoconhecimento.
Então,o que é essa tão comentada arte?É transformar um simples relato
em algo que aguce a imaginação daquele que ouve. Pode ser através de
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recursos mais elaborados ou através de uma simples narrativa. Existem autores
que, dentre todos os recursos e formas de apresentação das histórias, elejam a
simples narrativa como a mais encantadora maneira de contar uma história.
Narrar uma história será sempre um exercício de renovação da vida, um
encontro com a possibilidade, com o imaginário e o desafio de em todo o tempo
e em todas as circunstâncias construir um final a maneira de cada ouvinte.
A contação de histórias age na formação da criança em várias
áreas.Contribui no desenvolvimento intelectual, pois desperta o interesse pela
leitura e estimula a imaginação por meio da construção de imagens interiores e
do universo da realidade e da ficção, dos cenários , personagens e ações que
são narradas em cada história.
Outro momento em que a Arte de contar histórias atua é no
desenvolvimento comunicativo devido a sua provocação de oralidade que leva a
criança a dialogar com seus colegas e recontar a história para seus amigos que
não estavam presentes naquele momento.Com isso é também desenvolvida a
interação sócio- cultural da criança ao proporcionar esta interação entre as
crianças contitui-se laços sociais e formação do gosto pela literatura .
O professor precisa ter conhecimento que a arte de contar histórias
desenvolve a linguagem oral; valoriza; a perpetuação do hábito de contar
histórias; aguçar a imaginação; aprendam a contar suas próprias histórias; saber
escutar o outro. Nesse contexto, contar e ouvir histórias é um processo que o
educador ensina e aprende; a criança aprende e ensina.
Com isto, as crianças serão despertadas para o gosto pela leitura;
desenvolvimento do seu comportamento; entrando para o mundo da
imaginação,uma região profunda, que há grandes transformações, se isto for
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bem trabalhado a criança torna-se mais tarde um instrumento poderoso, para a
vida pessoal, afetiva e profissional.
As práticas discursivas estabelecidas entre as crianças, em geral, são
mediadas pela professora, que por sua vez precisa estar atenta às
singularidades de cada criança, considerando os significados dados por cada
uma delas. O que implica que a professora deve perceber a diversidade de
experiências que cada uma traz do mundo social e cultural ao qual pertence.
A Educação Infantil é uma fase enriquecedora para se contar histórias.
Nesta fase o educador precisa aproveitar o momento que a criança vai saindo do
simbolismo onde tudo tem vida e a criança acredita nas histórias e vai entrando
no faz de conta (eu sei que as coisas não falam, mas faz-de-conta que elas
falam).
Basta olhar para os olhos atentos e para o sorriso tímido que a cada nova
história contada estampa o rosto das crianças para compreender o que apenas
alguns minutos de magia são capazes de fazer.
Outro importante aspecto valorizado pela contação é a possibilidade de
utilizar as histórias como instrumento eficaz para o aprendizado dos alunos. Aliar
a arte de contar ao ensino é uma excelente estratégia. Afirma Busatto (2006):
A intenção de inserir a história no contexto escolar é de propiciar, cultura, conhecimento, princípios, valores, educação, ética, além de contribuir para uma boa construção de relacionamentos afetivos saudáveis, como: carinho e afeto bons tratos, cuidados pessoais, reeducação alimentar, auto-estima, autoconhecimento e convivência social, isto tudo é possível com uma história contada com muita arte, que será fundamental para uma vida feliz e saudável, e para o fortalecimento das crianças na sociedade e inibir a violência, contribuindo diretamente para a formação do caráter e da personalidade e indiretamente para a sobrevivência do homem. (BUSATTO (2006, p 74)
48
Uma história deve ser contada emocionalmente e não simplesmente
apresentada em seu enredo, isto permitirá muitas leituras e muitos
caminhos.Contar uma história é fazer a criança sentir-se identificada com os
personagens. É trazer todo o enredo à presença do ouvinte e fazer com que ele
se incorpore à trama da história. Ainda tem-se a contribuição de Busatto (2006):
Qualquer que seja o período histórico e contexto no qual ela se apresenta, uma das coisas que faz eco é a de que a arte é transformação simbólica do mundo. Ela propicia a criação de um universo mais significativo e ordenado. A arte vibra com a vida e contar histórias pede este pulsar para se configurar como comunicação
emocional. (BUSATTO (2006, p 49)
As crianças agem, pensam, sentem, sofrem, alegram-se como se elas
próprias fossem os personagens. Para se contar bem uma história é preciso
possuir habilidade, treino e conhecimento técnico do trabalho, pois os valores
artísticos, lingüísticos e educativos dependem da arte do narrador,que poderá
fazer uso do instrumento da voz e das linguagens não verbais, como: gestos,
olhar, músicas, cheiros, toque; e conta com audição, visão, olfato e tato.
A escola atual sistematizou-se através de seus currículos para tornar
possível um encadeamento das noções e/ou conteúdos a serem lançados e
trabalhados durante os períodos de estudo. Baseados em planos de curso,
professores rascunham e planejam suas aulas utilizando como recursos os livros
didáticos, exercícios nos cadernos, cópias entre outros. Geralmente, se “sobrar
um tempinho”, conta-se uma história para fazer a “emenda”do tempo até a hora
da saída. A história acaba estando mais fortemente presente nos níveis
49
escolares em que o plano de curso é menos extenso e/ou mais flexível.
Nas turmas de Educação Infantil costuma-se programar a “hora da
história” para a qual as crianças sentam-se em roda e apreciam a historinha
contada pela professora, que se vale de diferentes técnicas de contações de
histórias ao longo do ano letivo. É fácil perceber que ao longo da vida escolar a
história perde este status no currículo e conforme a gradatividade do curso, ela
passa a ser encarada como parte do universo infantil.
Uma história deve ser trabalhada procurando selecionar o que o educador
quer ensinar ou de acordo com o contexto da aula que será dada, pesquisar algo
que toque sua vida de maneira especial, se for uma história que já veio incluído
no material para seu usado, deverá ser lida várias vezes. Logo após, o educador
deverá recriar a história e passá-la para uma linguagem oral para não ficar
apenas como um texto exposto. Continuando deverá ensaiar os gestos,
movimentos e voz, por último deverá observar a história como um todo, na
introdução, no desenvolvimento e na conclusão.
É importante também, que tenha conhecimento das falas, que saiba
conduzir a história, se isto for bem preparado, o professor não irá correr o risco
de enfrentar surpresas desagradáveis. Busatto (2006 , p.78) explica em seu livro
que para contar uma história é preciso saber primeiro a intenção para com esta
história, fazendo assim com 5 perguntas:
O que eu quero? O que a história quer dizer? O que a história significa para mim? O que a história significa para o outro? Qual o meu objetivo?
50
Para conseguir atingir o objetivo de ensinar e a criança aprender é preciso
escolher leituras que incentive as crianças a ouvir e reproduzir posteriormente.
Usar entonação de voz atraente, fazer suspense, usar gestos movimentando o
corpo e estar sempre atento ao vocabulário da história colocando significados
quando houver palavras novas.
Sisto (1992) nos leva a pensar que: “Contar histórias na verdade é a união
de muitas artes: da literatura, da expressão corporal, da poesia, da musica, do
teatro”. Não há como ignorar esse quê de performático do contar histórias... para
tingir uma platéia.
Esta união entre literatura, poesia música e teatro faz com que a criança
aprenda os conteúdos que forem colocados junto com a história e participe do
enredo expressando de maneiras diferentes dentro da história, em cada
momento e em diversos lugares, lembrando sempre que as histórias vão ficar
para sempre.
Logo após o término da história podem-se reunir as crianças para
encenarem com uma dramatização, fazer trabalhos manuais com recortes de
revistas, dobraduras, colagem, pintura e atividades de acordo com o
planejamento da aula sempre fazendo uma ponte entre a história e o conteúdo
da aula.
Muitas vezes, será necessário construir uma história em conjunto, nunca
esquecendo do bom planejamento. Quando falar da vida diária da criança ela
ficará encantadas por participar da história e de ser o personagem real e ao
mesmo tempo partilhar as suas histórias.
As histórias podem ser vivenciadas pelas crianças, especialmente as mais
novas, de diversas maneiras: lendo o livro, representando, dramatizando e com
51
o auxilio de materiais como desenhos ou fantoches. O educador, portanto deve
sempre procurar ser literal e dar certo caráter interpretativo a sua leitura, usando
variações de entonação, de forma clara e agradável. Reduzir ou modificar o
texto escrito, transformando-o em linguagem coloquial.
Mesmo que o vocabulário lhes seja desconhecido, encontra-se aí uma
boa oportunidade de enriquecê-lo, a partir, sobretudo, das perguntas que elas
podem e devem sempre poder elaborar. O educador deve procurar agir como
elemento incentivador do interesse das crianças pelo enredo, comportando-se
não somente como mediador das histórias, mas, também demonstrando
entusiasmo e curiosidade, como mais um ouvinte participante no mundo do
imaginário.
As histórias contadas oralmente têm uma força de transmissão oral, isto
é: a voz, o olhar e o gesto vivo do contador de histórias, que alegra ou entristece
as crianças.
Com relação ao ensino, uma história contada com arte faz com que o
educador planeje todos os passos e com isto adquira um aprendizado
concluindo algumas lições primeiramente para sua vida, quanto ao aprendizado
o aluno ao ouvir histórias, ou mesmo fatos do dia-a-dia, faz assimilações de
alguns aspectos da aprendizagem literária, e isto ocorre quando existe
motivação e desafio.
A Arte de contar histórias é um instrumento capaz de servir de ponte para ligar as diferentes dimensões e conspirar para a recuperação dos significados que tornam as pessoas mais humanas, íntegras, solidárias, tolerantes, dotadas de compaixão e capazes “estar com” os conceitos. (BUSATTO 2006, p 12)
52
As crianças precisam aprender como adquirir domínio próprio para serem
adultos mais tolerantes e enfrentar as dificuldades no dia a dia com moderação.
Contar uma história com arte na educação infantil faz com que a criança adquira
não só os princípios éticos, mas, uma aprendizagem de leitura e de escrita com
mais rapidez enriquecendo suas habilidades e atitudes.
Nos dias atuais o grande desafio que as instituições de educação infantil
têm enfrentado é adaptar uma prática que atenda as necessidades da criança
com o processo da linguagem oral e escrita, considerando que desde a
educação infantil a criança deve ter oportunidade de vivenciar situações de
aprendizagem da leitura e escrita.
O desenvolvimento efetivo da linguagem na fase da infância, ocorre com
estímulos, no qual este trabalho cita a história contada com arte, além de
desenvolver uma aprendizagem adequada, irá capacitar à criança para que o
acesso da linguagem tenha grande sucesso.
É importante que a criança ouça histórias desde cedo, dentro das
instituições infantis, no maternal as primeiras palavras começam aparecer, a
partir dos 2 anos de idade a criança já deve estar juntando 2 palavras, com sua
pronúncia particular ,por volta dos 3 anos,ocorre uma verdadeira explosão da
linguagem, por isto é importante que o educador conte histórias usando muito a
sua própria voz acompanhadas de gestos e expressões, sempre observando a
importância da fala de cada criança.
Por meio das histórias podemos enriquecer as experiências infantis,
desenvolvendo diversas formas de linguagem, ampliando o vocabulário,
formando o caráter, desenvolvendo a confiança na força do bem e
53
proporcionando às crianças o exercício da imaginação e da criatividade. Além
disso, as histórias estimulam o desenvolvimento de funções cognitivas
importantes para o pensamento, como a comparação, relações temporais e
espaciais, entre outros, e, estimulam a construção de valores éticos que
fundamentam a cidadania nas crianças.
Ao contar histórias para um grupo de crianças, assume-se um importante
papel nesse processo, sendo um agente formador de pessoas melhores, mais
concentradas, criativas e ágeis para encontrar soluções na vida prática.
É possível alcançar todos os objetivos específicos planejados para a
Educação Infantil, através da história, desde que, o professor saiba qual o
objetivo geral a ser alcançado.
Na Educação Infantil, a arte de contar histórias atua como uma eficaz
ferramenta, que contribui para o sucesso do desenvolvimento do processo
ensino-aprendizagem, obtendo uma troca de ensino e aprendizagem entre
educador e educando, como: alfabetização, aquisição da escrita e da leitura,
interpretação, produção, estimulação da criatividade, favorecimento da
socialização, sentir emoções e descobrir outros lugares e outros tempos.
Conhecer História, Geografia, Filosofia e Política sem precisar saber o nome da
matéria exata, apenas adquirindo conhecimento e expondo suas idéias.
Muito se fala do poder da literatura - e de como a escola é um lugar
privilegiado para estimular o gosto pela leitura. Infelizmente, porém, as salas de
aula brasileiras estão longe de ser lugares para grandes leitores,porque as
crianças na maioria das vezes não tem oportunidades de ouvir boas histórias,
nem ler para adquirir maiores conhecimentos, com isto a educação vai deixando
os princípios de vida.
54
A literatura infantil se apresenta com grande relevância na vida da
criança. Através das histórias a criança se apropria de culturas e saberes
historicamente acumulados pela humanidade, adquirindo informações que
ajudarão na elaboração de seus conhecimentos, além de ser uma fonte de lazer
e diversão.
O professor de educação infantil poderá ler ou contar histórias, mas
sempre com arte. São duas coisas muito diferentes, porém ambas muito
importantes. Um texto escrito segue as normas da língua escrita, que são
completamente diferentes daquelas da linguagem falada. Quando uma criança
ouve a leitura de uma história ela amplia seu vocabulário e seu campo
semântico.
Porém, aquele que lê a história deve dominar a arte de contá-la, estar
preparado suficientemente para fazê-lo com apoio no texto, não é necessário
memoriza-la, mas é preciso compreendê-la transmitindo com emoção no
momento exato utilizando à técnica da voz e do gesto, tornando-a apaixonante.
A história deve despertar a sensibilidade de quem a conta, pois, sem emoção
não haverá sucesso. O contador tem que fazer o ouvinte acreditar naquilo que
está sendo contado,por mais irreal que pareça, tem que passar credibilidade.
Neste momento mágico, usam-se as próprias palavras, há variações nas
versões de cada história, permite-se o uso de recursos e está mais próxima da
oralidade. A criança aprende mais sobre a língua que se fala, amplia seu
repertório e seu universo imaginário, facilitando a aprendizagem e o raciocínio
da criança.
Se a linguagem falada precede a linguagem escrita, torna-se fácil concluir
que a linguagem escrita surge através da linguagem falada e torna-se seu ponto
55
de apoio. A história contada é fundamentada tanto na formação educativa
quanto na formação cultural da criança. O conto infantil supre a necessidade da
curiosidade e descoberta que a criança possui.
Para Vygotsky (1998) e Bakhtin (1978), a linguagem é um instrumento
mediador e organizador essencial para a constituição da consciência e do
sujeito. No diálogo com o outro, durante as relações sociais, é possível
estabelecer interações que promovam a formação da consciência do indivíduo,
que por sua vez, resultam de construções sobre a realidade no interior da vida
mental do indivíduo.
A importância da interação social e a concepção da linguagem como
espaço de recuperação do sujeito como ser histórico e social é o ponto em que o
pensamento de Vygotsky (1998) encontra-se com o de Bakhtin (1978). Tomando
como referência este ponto de confluência é lícito afirmar que, segundo estes
autores, o desenvolvimento da criança tem sua origem durante a interação social
a partir de uma relação mútua entre o plano individual e o plano social, ou seja, o
desenvolvimento linguístico infantil só pode ser entendido a partir de suas
relações com o outro.
Para Bakhtin (1978) a produção da linguagem é sempre dialógica, as
múltiplas vozes (polifonia) e múltiplos sentidos (polissemia) se encontram no
discurso de um grupo social, não permitem uma verdade única em suas falas,
mas “verdades” presentes nas diversas interações sociais que por muitas vezes
vão sendo lembradas.
Ainda, segundo Vygotsky (1998), aborda que a aprendizagem tem um
papel fundamental para o desenvolvimento do saber, do conhecimento. Todo e
qualquer processo de aprendizagem é ensino-aprendizagem, incluindo aquele
56
que aprende aquele que ensina e a relação entre eles. Ele explica esta conexão
entre desenvolvimento e aprendizagem através da zona de desenvolvimento
proximal (distância entre os níveis de desenvolvimento potencial e nível de
desenvolvimento real).
Ferreiro (1985) explica que a construção do conhecimento da leitura e da
escrita tem uma lógica individual, embora aberta à interação social, na escola ou
fora dela. No processo, a criança passa por etapas, com avanços e recuos, até
se apossar do código lingüístico e dominá-lo. O tempo necessário para o aluno
transpor cada uma das etapas é muito variável. Duas das conseqüências mais
importantes do construtivismo para a prática de sala de aula são respeitar a
evolução de cada criança e compreender que um desempenho mais vagaroso
não significa que ela seja menos inteligente ou dedicada do que as demais.
Outra noção que se torna importante para o professor é que o
aprendizado não é provocado pela escola, mas pela própria mente das crianças
e, portanto, elas já chegam a seu primeiro dia de aula com uma bagagem de
conhecimento, que a escola poderá aproveitar para o aprendizado da leitura e
da escrita seja mais agradável para cada criança, na qual ela poderá usar sua
imaginação,sabendo que através do lúdico a criança aprende para toda vida.
O conhecimento e evolução psicogenética da aquisição da língua escrita,
deslocaram o eixo da discussão do “como se ensina” para o “como se aprende”
a criança estabelece a sua própria lógica na produção da leitura e da escrita e
busca respostas com o que tem com sua verdade, ela cria a sua própria forma
de ler. Segundo a autora, a criança, durante o período de contato com os sinais
gráficos, vai evoluindo gradativamente. Essa evolução foi caracterizada em
quatro grandes níveis: pré-silábico, silábico, silábico-alfabético e alfabético. Toda
57
história vem preencher cada nível para enriquecimento dos conteúdos.
Ainda segundo Ferreiro (1985) na fase pré-silábica a criança ainda não
estabelece uma relação necessária entre a linguagem falada e as diferentes
formas de representação, acreditando que se escreve com desenhos, isto é, a
grafia deve conter traços figurativos daquilo que se escreve.
As crianças não vislumbram que a escrita tem a ver com a pronúncia das partes de cada palavra.
As crianças produzem riscos e/ou rabiscos típicos da escrita que tem como forma básica a letra de imprensa ou a cursiva, podendo então realizar rabiscos separados com linhas curvas ou retas ou rabiscos ondulados e emendados.
As crianças fazem tentativas de correspondência figurativa entre a escrita e o objeto referido.
Somente quem escreve pode interpretar o que está escrito. A escrita ainda não está constituída como objeto substituto. Usa os mesmos sinais gráficos (letras convencionais ou símbolos,
ou mesmo pseudoletras - letras inventadas pela criança) para escrever tudo o que deseja.
Acham que os nomes das pessoas e das coisas têm relação com seu tamanho ou idade: as pessoas, animais ou objetos grandes devem ter nomes grandes; os objetos ou pessoas pequenas, nomes pequenos. Presença marcante do realismo.
As crianças não separam números de letras, já que ambos os caracteres envolvem linhas retas ou curvas.
Acreditam que se escreve apenas os nomes das coisas (substantivos).
Só entendem a leitura de desenhos e gravuras, não diferenciando texto de gravura.
A leitura é global. A letra inicial é suficiente para identificar uma palavra ou nome
(FERREIRO, 1985, p.45-46).
Esta fase é Idea, para contar histórias com livro ou com muita gravura,
gestos e expressões. As crianças irão contar as histórias que ouviram ou criar
novas histórias, através das gravuras.
No desenvolvimento do período pré-silábico criança já usa sinais gráficos,
abandonando no traçado os aspectos figurativos daquilo que quer escrever. É
58
considerado como nível intermediário 1 e representa a maneira de passar de um
nível para a outro de maior complexidade.
A criança descobre que desenhar não é escrever O comportamento dos alunos, nos níveis intermediários, costuma ser de
rejeição e recusa quanto a produzir algo escrito; Dizem que não sabem escrever e afirmam que com desenho não se escreve.
Quando uma criança faz sinais gráficos com desenho junto a eles (escrita e desenho), já superou o conflito. Saiu do impasse. Sabe que desenho não é escrita, e acrescenta-o às letras ou quaisquer outros traçados sem conotação figurativa do que já está sendo escrito com o desenho.
As crianças acreditam que para poder ler não podem haver duas letras iguais, uma ao lado da outra.
Reconhecem que as letras desempenham um papel na escrita. Compreendem que somente com as letras é possível escrever.
Fazem distinção entre imagem, texto ou palavras, letras e números. A vinculação com a pronúncia ainda não é percebida. Duas letras podem ser pensadas como sendo a mesma. Para que seja possível ler ou escrever uma palavra, torna-se necessária
uma variedade de caracteres gráficos. As crianças exigem um mínimo de 3 letras para ler ou escrever uma
palavra.
Para a criança a ordem das letras na palavra não é importante (FERREIRO, 1985, p.52)
Agora a criança já poderá desenhar ou colocar as letras dando nomes aos
personagens da história.
As atividades do conteúdo direcionado para a aula poderão ter sempre
uma ligação com a história, reconhecendo as letras, quantidades e descobrindo
novos sinais gráficos.
Segundo Ferreiro (1985), já o nível silábico se delimita quando a criança
percebe que é possível representar graficamente a linguagem oral. Ela faz então
várias tentativas para estabelecer uma relação entre a produção oral e a
produção gráfica, entre o som e a grafia. E começa, com essas tentativas, a
relacionar o que escreve com as sílabas das palavras faladas que deseja
representar. Entretanto, com seu conhecimento prévio sobre o material escrito,
59
utiliza-se de letras que podem não representar os respectivos sons.
Ela percebe nessa fase que pode escrever tudo o que deseja, mesmo que
aquilo que expressa graficamente não possa ser decifrado por outras pessoas.
Nesta fase, é possível trabalhar com a história utilizando materiais didáticos
como: gravuras com os nomes de cada uma, roupas coloridas, livros de diversas
histórias auxiliando o relutante fato que as crianças escrevem palavras menores
com poucas letras ou ainda pode se usar uma letra somente para uma palavra
inteira.
É um período de maior importância evolutiva, pois é o surgimento do que
Emilia Ferreiro (1985) denominou “hipótese silábica”, em que cada letra vale por
uma sílaba.
A hipótese silábica pode aparecer com sinais distantes das letras do
alfabeto ou aplicar-se a letras sem que se lhes atribua valores sonoros estáveis.
Mas ainda nesse período, as letras começam a adquirir valores sonoros, com
certa estabilidade, estabelecendo-se uma correspondência com o eixo
qualitativo: as partes sonoras semelhantes entre as palavras começam a se
exprimir por letras semelhantes. Assim, as palavras dissílabas que deveriam ser
escritas com duas letras passam a ter três, para atender a hipótese de
quantidade mínima, mas conflita com o fato de uma das letras não ter uma
emissão possível.
Segundo Ferreiro(1985) o nível silábico caracteriza-se, portanto, pelos
aspectos que seguem:
Ao descobrir a silaba na fala (e não escrita) a criança sabe que a escrita vincula-se à pronúncia das partes da palavra (hipótese de que a silaba oral corresponde a uma letra);
60
Tem dificuldade para escreverem monossílabos e dissílabos por entrar em conflito com a exigência da quantidade mínima de letras;
Na escrita de palavras tem a preocupação de não repetir letras;
Quando silábico convicto usa para cada som que emite, uma letra. Não há sobras.
Pode ou não conhecer o valor sonoro convencional das letras e saber utilizá-las;
Pode misturar letra com número na escrita de palavras, apesar de diferenciá-las).; (FERREIRO, 1985, p.56).
Observa-se que as crianças que escutam histórias desde cedo adquirem
um conhecimento sobre a linguagem que se escreve e sobre os diferentes
gêneros textuais, antes mesmo de serem alfabetizadas. Nesta fase a história
infantil colocada com amor e responsabilidade , complementa os conteúdos da
aula , pois as crianças aprendem e viajam no mundo da imaginação ao mesmo
tempo.
No nível silábico ou alfabéticoa criança busca uma divisão que vá além da
sílaba, isto é, procedendo a uma divisão da sílaba em sons menores, é possível
à criança superar o conflito. Porém, isso não acontece de imediato. Durante este
período ocorrem grandes oscilações entre escrita silábica e alfabética, dando
lugar a leituras e escritas que geralmente começam silabicamente e terminam
alfabeticamente.
O educador poderá obter livros da biblioteca e estudar a melhor maneira
de contar esta história, aproveitando depois para escrever os nomes dos
personagens,ou montar outra história em grupo observando nomes,
quantidades, lugar, tempo e concluindo a história com uma moral atingindo os
valores éticos e morais.
As principais características dessa fase de transição entre o silábico e o
alfabético são:
61
A criança pode acrescentar mais letras em uma palavra para representar o som de uma sílaba;
Pode ou não usar o valor sonoro convencional; Começa a fazer sílabas completas nas palavras com mais
freqüência quando estas palavras estão em um contexto; Começa a fazer a relação grafema/fonema; Ainda não descobriu a relação existente entre consoante e vogal, ou
seja, que a vogal muda o som da consoante; Em relação à leitura, é uma fase de grande conflito para a criança
que pode ainda ler globalmente (FERREIRO, 1985, p.59).
Na fase alfabética a criança ainda é um ser inseguro e delicado e seu
mundo é egocêntrico e fantasioso. As particularidades desse desenvolvimento
devem ser respeitadas e não devemos querer que este aprendizado aconteça
antes que ele realmente seja possível. Isso, não significa que a criança não deva
ter contato com o mundo da escrita e da leitura, até pelo contrário, deve-se
propiciar a criança o maior acesso possível a livros, revistas e jornais,
possibilitando o manuseio destes diferentes tipos de materiais.
A escrita alfabética constitui o final desta evolução. Ao chegar a este nível
a criança já compreendeu que cada um dos caracteres da escrita corresponde a
valores sonoros menores que a sílaba, e realiza sistematicamente uma análise
sonora dos fonemas das palavras que vai escrever.
Descobre que não basta uma letra por sílaba e que também não se pode
estabelecer nenhuma regularidade duplicando a quantidade de letras por sílaba
(já que há sílabas que se escrevem com uma, duas, três ou mais letras).Tudo
isso, não significa que as dificuldades tenham sido superadas, pois a partir
desse momento, a criança terá que observar as questões ortográficas (pelo lado
qualitativo), uma vez que a identidade de som não garante a identidade de
letras, nem a identidade de letra, a de som.A criança finalmente já percebe a
62
estrutura e o funcionamento do sistema de escrita porque apropriou-se desse
conhecimento através de sua re-construção.
Não há nenhum problema dar início a alfabetização formal ainda na
educação infantil, basta que este processo seja privilegiado através do lúdico e
de atividades coerentes a cada faixa etária. A criança tem a sua frente uma
estrada longa, até chegar a leitura e a escrita que os adultos julgam ser o
correto.
As escolas devem promover a formação de seu professores das séries
iniciais possibilitando seu contato com conceito e técnicas para capacita-los para
a percepção de uso e valores do texto literário para vivenciarem o contar
histórias associando a teoria e a prática .
Tendo em vista as propostas metodológicas para o processo de
alfabetização, enfatiza a utilização da literatura infantil, pois esse tipo de
literatura, além de ser própria para a idade, desperta nas crianças o gosto e a
vontade de aprender, pois aguça o imaginário com a fantasia, com um mundo
totalmente diferente do seu, onde o bem, na maioria das vezes, sempre vence o
mal, muitas vezes,os diversos recursos que ajudam a fazer do simples ato de
contar histórias uma verdadeira arte. Entre eles encontram-se: narrativas orais,
leitura de livros, utilização de gravuras e de desenhos, entre outros.
É importante que as crianças interajam, participem e vivenciem cada uma
dessas situações. A utilização das histórias infantis é de extrema importância,
principalmente se são utilizadas no início do processo de alfabetização, pois
permitem as crianças um aprendizado mais significativo e aos professores a
oportunidade de transformar os primeiros anos de alfabetização em bons
momentos marcantes para as crianças e, conseqüentemente estimular os alunos
63
a aprender sobre a reflexão e o questionamento, entre muitos outros aspectos
educacionais.
Trabalhar com uma história de forma prazerosa, desperta não só o
interesse pelo mistério, ou pelo sonho e magia, mas, sobretudo o gosto em criar,
reproduzir, compreender e analisar as representações ortográficas com o mundo
representado na história e o contexto do qual participa ampliando seus
conhecimentos para a construção de um mundo melhor.
2.5 EMBASAMENTO PARA O ENSINO E APRENDIZAGEM
2.5 1 Perspectiva Cognitiva de Piaget
Na pesquisa a arte de contar história como método de ensino e da
aprendizagem, se desenvolverá a partir do princípio metodológico Lúdico, que
estabelece a ponte, entre o agir e o pensar, representado pelas atividades
criativas. Serão priorizados os conceitos de teóricos de Piaget(1998),
Freinet(1975), Vygotsky (1989) e de Wallon (1886), que fundamentaram
cientificamente suas pesquisas para conhecer a criança em seu
desenvolvimento biopsicossocial, assimilando o ensino aprendizagem em seu
contexto histórico sócio-econômico e cultural.
Todo ser humano é apto para aprender. É a característica essencial do
psiquismo de toda pessoa que desenvolve, desde a infância até na fase adulta.
Muitas vezes, a aprendizagem se dá no meio social e temporal em que o
64
indivíduo convive; sua conduta muda, normalmente, por esses fatores, e por
predisposições genéticas.
Na perspectiva construtivista de Piaget (1998), o começo do
conhecimento é a ação do sujeito sobre o objeto, ou seja, o conhecimento
humano se constrói na interação homem-meio, sujeito-objeto. Conhecer consiste
em operar sobre o real e transformá-lo a fim de compreendê-lo, é algo que se dá
a partir da ação do sujeito sobre o objeto de conhecimento.
Ao se contar histórias para crianças de 4 e 5 anos, assume-se um
importante papel nesse processo que transforma a criança em si mesmo. Nesse
sentido, estamos fundamentalmente sendo um agente formador de pessoas
melhores, mais concentradas, criativas e ágeis para encontrar soluções práticas
e modificar o comportamento da criança.
Esta é uma fase enriquecedora para se contar histórias para crianças.
Nesta fase o educador precisa aproveitar este momento que a criança vai saindo
do simbolismo onde tudo tem vida e a criança acredita nas histórias e vai
entrando no faz de conta (eu sei que as coisas não falam, mas faz-de-conta que
elas falam).
Há nesta fase um interesse pela língua escrita. A criança muitas vezes,
quer saber o que está escrito no livro. Podemos, além de contar as histórias, ler
para ela, sempre usando a criatividade para representar cada personagem da
história.
2.5.2 Perspectiva Psicobiológica de Wallon
65
A criança, para Wallon (1975) está centrada na psicogênese, ela é
essencialmente emocional e gradualmente vai constituindo-se em um ser sócio-
cognitivo. O autor estudou a criança contextualizada, como uma realidade viva e
total no conjunto de seus comportamentos, suas condições de existência Wallon
(1975) reconstruiu o seu modelo de análise a partir do desenvolvimento psíquico
da criança.
Wallon (1975) propõe estágios de desenvolvimento, assim como Piaget
(1998), porém, ele não é adepto da idéia de que a criança cresce de maneira
linear. Wallon (1975) sustenta que a emoção é a resposta orgânica, de que o
bebê dispõe para lidar com seu meio. Mas ela não é apenas instrumental, é
igualmente expressiva ou comunicativa.
A emoção traz, em si, a possibilidade de ser interpretada e de provocar no
outro respostas correspondentes e complementares. Para Wallon (1975) Trata-
se de uma protolinguagem, ou linguagem anterior à linguagem, esta última
entendida como comunicação por material simbólico, signos e símbolos.
E ainda acrescenta que os símbolos são uma representação "[...] apenas
se utiliza da função simbólica da linguagem, ela é, ela mesma, certo nível da
linguagem e da função simbólica" (WALLON, 1986, p. 190)
Para Galvão (2000 p. 134), Wallon (1975) argumenta que as trocas
relacionais da criança com os outros são fundamentais para o desenvolvimento
da pessoa. As crianças nascem imersas em um mundo cultural e simbólico, no
qual ficarão envolvidas em um "sincretismo subjetivo", por pelo menos três anos.
Durante esse período, de completa indiferenciação entre a criança e o ambiente
humano, sua compreensão das coisas dependerá dos outros, que darão às suas
ações e movimentos formato e expressão.
66
Acrescenta Galvão (2000, p.134) que nos primeiros anos de vida, a
criança interage com o meio por meio da afetividade, chamada o estágio
impulsivo-emocional, definido pela simbiose afetiva da criança em seu meio
social. A criança começa a negociar, com seu mundo sócio-afetivo, os
significados próprios, via expressões tônicas. As emoções intermedeiam sua
relação com o mundo.
Wallon (1986 p.190) afirma ainda, que é a função simbólica, que
possibilita a passagem entre um pensamento concreto e outro abstrato ou
representativo. Portanto, para nossa pesquisa Wallon(1975) contribui com a
afetividade traduzida por linguagem simbólica.
É a afetividade que integra o desenvolvimento e construção do eu e do
mundo externo, dando um encanto a essas manifestações. Em outras palavras,
ao se contar uma história tem que cativar as crianças pela emoção e pelo
intelecto, para que ela sinta-se atraída pelo conto e aprenda com a história.
2.5.3 Perspectiva Psicopedagógica de Vygotsky
Lev Semenovich Vygotsky,(1988), professor e pesquisador nos campos
da pedagogia e psicologia, foi contemporâneo de Piaget(1998) e Freinet (1975),
Ele viveu apenas 37 anos. Nasceu a 17 de novembro de 1896 em Orsah, região
da Rússia; formou-se em Literatura e deixou uma gama enorme de trabalhos
escritos sobre psicologia e literatura, “faleceu em Moscou, em 11 de junho de
1934, vítima de tuberculose, doença com que conviveu durante quatorze anos”
(REGO, 1999)
67
Para Vygotsky,(1988) a criança nasce inserida num meio social, que é a
família, e é nela que estabelece as primeiras relações com a linguagem na
interação com os outros. Em Vygotsky,(1988) o ser humano é um ser social
formado dentro de um ambiente cultural historicamente definido. Esse é o ponto
fundamental da teoria Vygostiana. Nas interações cotidianas, a mediação
(necessária intervenção de outro entre duas coisas para que uma relação se
estabeleça) com o adulto acontece espontaneamente no processo de utilização
da linguagem, no contexto das situações imediatas.
Vygotsky (1988) aborda que a aprendizagem tem um papel fundamental
para o desenvolvimento do saber, do conhecimento. Todo e qualquer processo
de aprendizagem é ensino-aprendizagem, incluindo aquele que aprende aquele
que ensina e a relação entre eles. Ele explica esta conexão entre
desenvolvimento e aprendizagem através da zona de desenvolvimento proximal
(distância entre aquilo que a criança faz sozinha e o que ela é capaz de fazer
com a intervenção de um adulto; potencialidade para aprender, que não é a
mesma para todas as pessoas; ou seja, distância entre o nível de
desenvolvimento real e o potencial).
Em outras palavras, é a distância entre os níveis de desenvolvimento
potencial e nível de desenvolvimento real), um “espaço dinâmico” entre as
dificuldades que uma criança pode resolver sozinha (nível de desenvolvimento
real) e as que poderá resolver com a ajuda de outrem mais capaz no momento,
para em seguida, chegar a dominá-los por si mesma (nível de desenvolvimento
potencial)
O desenvolvimento cognitivo é produzido pelo processo de internalização
da interação social com materiais fornecidos pela cultura, sendo que o processo
68
se constrói de fora para dentro. Para Vygotsky (1993) o sujeito não é apenas
ativo, mas interativo, porque forma conhecimentos e se constitui a partir de
relações intra e interpessoais. Assim, a escola é o lugar onde a intervenção
pedagógica intencional desencadeia o processo ensino-aprendizagem.
O educador assume o papel de mediador, e deve orientar o educando a
desenvolver o raciocínio, o fato de colocar a atividade em sala de aula e não
conduzi-la a uma desenvolvimento, os educando não vão reconhecer o processo
de aprendizagem e surgirão dúvidas. O educador tem papel de provocar
avanços nos educando e isso se torna possível com sua interferência na zona
proximal O educando não é tão somente o sujeito da aprendizagem, mas,
aquele que aprende junto ao outro o que o seu grupo social produz, tal como:
valores, linguagem e o próprio conhecimento. A aprendizagem é fundamental ao
desenvolvimento dos processos internos na interação com outras pessoas.
Neste contexto, o papel do educador é o mediador, facilitador, que
interage com os educandos através da linguagem num processo dialético.
Portanto, o) desenvolvimento e aprendizagem são processos que se
influenciam, reciprocamente, de modo que quanto mais aprendizagem, mais
desenvolvimento
2.5.4 Perspectiva Interacionista-docente/ discente de Freinet
Há algo em comum entre Freinet(1975), Piaget(1998) e Vygotsky (1988)
além de nascerem no ano de 1896, vivenciaram os mesmos contextos da 1ª
69
Guerra Mundial, o processo imperialista, o fordismo, a crise econômica de 1929;
além de vivenciarem os aspectos infantis da época.
Conhecedor das situações vivenciadas pelas crianças, Freinet(1975),
preocupou-se em melhorar o relacionamento entre as crianças e o educador.
Começou a questionar a eficiência das rígidas normas das instituições
educacionais tradicional, tais como: filas, horários e programas exigidos
oficialmente.
Celestin Freinet(1975) acreditava que se os conteúdos e conceitos das
diferentes áreas do conhecimento fossem discutidos de forma viva e integrada, a
escola se tornaria mais interessante àquelas crianças. É possível concluir que a
Pedagogia Freinetiana foi criada para atender às necessidades interacionistas
da criança. Suas idéias trouxeram contribuições muito valiosas a muitas
reflexões na área da educação. Acrescenta Freinet(1976) que “Toda nossa
pedagogia visará, precisamente, conservar e multiplicar esse potencial de vida,
que os métodos tradicionais depreciam e por vezes eliminam e cuja persistência
e exaltação são como que o próprio barômetro de um método são.”
Freinet,(1975) incluía os aspectos corporais nos seus trabalhos com
alunos através das chamadas aulas passeios. Ele considerava produtivo
fazerem caminhadas diárias com os alunos para que eles observassem o
espaço que os cercava e eventualmente os sociais, o que eles contavam! Na
volta do passeio A criança podia contar a sua história e abordavam sobre o que
tinha sido observado e produzia materiais, textos, desenhos, pinturas sobre as
experiências vivenciadas no passeio.
Além das chamadas aulas-passeio, onde os alunos ficavam em contato
com a natureza e com o mundo social e cultural. Neste sentido, a técnica
70
pedagógica criada por Freinet(1975) vem corroborar no ensino de contar história
a necessidade de passear na imaginação da criança no faz de conta. Outro
recurso criado por Freinet(1975), foi o livro da vida, onde as crianças registravam
suas experiências, e compartilha sua imaginação em grupo.
A escola deve ser a vida e não a preparação para a vida, pensando em
um ser existencial. Só se aprende a viver, vivendo, só se aprende a fazer,
fazendo, só se aprende a pensar, pensando. Assim, muitas intuições que
Freinet(1975) participou, estava em estrita observação da criança e que levaram
às chamadas "técnicas Freinetiana", encontram eco nas pesquisas
psicopedagógicas de Piaget(1998) Freinet(1975), Wallon (1986), Vygotsky(1988)
e Emilia Ferreiro(1985), dentre outro. A interação entre o mestre e o estudante
também é essencial para o desenvolvimento da aprendizagem. A contação de
história, o educador consegue essa sintonia levando em consideração o
conhecimento das crianças, fruto de seu meio interagindo com a contação.
Finalmente, a proposta pedagógica de Célestin Freinet,(1975) apresenta
os subsídios metodológicos fundamentais para que possa ser utilizada na
melhoria da qualidade do atendimento educacional oferecido às crianças da
Educação Infantil da atualidade, proporcionando a integração sócio-
cultural da criança e o seu desenvolvimento de processo de identidade, a
participação efetiva dos alunos na vida e na escola enquanto condições
indissociáveis, além do entendimento do que seja o trabalho coletivo e
cooperativo, princípios fundamentais para se entender o sentido do que deva vir
a ser a vida na escola e a escola vivida para uma viva cidadania educacional.
71
2.5.5 Leis de Diretrizes e Bases (LDB) e a Proposta Curricular Nacional
(PCN)
Considerando os avanços no campo da Psicologia da Aprendizagem, bem
como as contribuições citadas dos interacionistas, como Piaget(1998), Vygotsky
(1993) e Wallon 1995). Considera-se ainda, a autonomia da escola na
construção de sua Proposta Pedagógica, a partir da LDB 9.394/96, A Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional –onde trata da educação infantil,
mostra um comprometimento integral no desenvolvimento da criança, não só
com a educação da comunidade escolar, mas, ainda, com o meio em que está
inserida “A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como
finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus
aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da
família e da comunidade”. (LDB 9394/96, art. 29,).
Embora o foco de nossa pesquisa abrange os docentes de educação
infantil, crianças de 4 a 5 anos a LDB 9394/96, define as condições para os
procedimentos de atender e de cuidar da criança de zero a 6 anos, definindo as
entidades onde serão oferecidas essas medidas, especificando, ainda a
finalidade e a forma didático-pedagógica do trabalho desenvolvido nas
instituições. “A educação infantil será oferecida em: I creches, ou entidades
equivalentes, para crianças de até três anos de idade; II pré-escolas, para as
crianças de quatro a seis anos de idade” LDB 9394/96, art 30)
72
Nesse contexto, contar e ouvir histórias é sempre um convite à
descoberta. Neste processo, o educador ensina e aprende; a criança aprende e
ensina, mas isto acontece quando a criança abre bem os olhinhos, fica atento
para ouvir e o corpo relaxa para receber a história. Dentro de nós, ouvintes vão
entrando os personagens, com roupas diferentes, cenários diversos, cheiros,
cores e sabores que fazem funcionar todos os sentidos.
Cabe então ao educador entender que ao contar uma história deverá ter
muita emoção em um momento muito especial sempre para os ouvidos de quem
escuta e os olhos de quem enxergam a história com os olhos do coração.
Dentro do processo de ensino e aprendizagem, Menezes (2005) afirma
que: “...não podemos esquecer da carga corporal que a palavra falada carrega.
Na narrativa oral a palavra é o corpo: modulada pela voz humana, e, portanto
carregada de marcas corporais; carregada de valor de significado.”
Sisto (1992) nos leva a pensar que: “ Contar histórias na verdade é a
união de muitas artes: da literatura, da expressão corporal, da poesia, da
musica, do teatro... Não há como ignorar esse quê de performático do contar
histórias... para tingir uma platéia.” Como disse Celso Sisto (1992) o trabalho de
um contador de histórias, precisa de um exercício de como se conta com
emoção, envolvimento e naturalidade.
Ao contar histórias para um grupo de espectadores, assume-se um
importante papel nesse processo que transforma a criança em si mesmo. Enfim
ao contar histórias estamos fundamentalmente sendo um agente formador de
pessoas melhores, mais concentradas, criativas e ágeis para encontrar soluções
na vida prática.
73
3 MARCO METODOLÓGICO
Nesta secção buscam-se fundamentar as bases da escolha metodológica
e as implicações do método de pesquisa utilizado, justificando a abordagem
quali-quantitativa, e exploratória-descritiva como a mais apropriadas a esse tipo
de estudo e apresentando os instrumentos e os procedimentos da coleta de
dados.
3.1 ABORDAGEM GERAL DA PESQUISA
Para se obter uma pesquisa séria e confiável é mister comparar os dados
para analisá-los. Segundo Rodrigues (2009, p.91).
(...) pesquisar é determinar como as coisas são em comparação com o que deveriam ou poderiam ser. A realização de um bom trabalho de pesquisa requer uma atitude ou disposição subjetiva do pesquisador para buscar soluções sérias e métodos apropriados ao trato do problema estudado.
A investigação foi utilizada tanto o método qualitativo quanto o quantitativo
(método misto). De acordo com Severino (2007), o método qualitativo busca
descrever significados que são socialmente construídos, enquanto que o método
quantitativo possibilita a análise direta dos dados, tem forma demonstrativa e se
caracteriza pelo emprego da quantificação, tanto nas modalidades de coleta de
informações, tanto no tratamento delas por meio de técnicas estatísticas
74
Segundo Hernández Sampieri (2006), os estudos exploratórios têm o
objetivo de analisar um problema que ainda não tenha sido estudado
profundamente ou tenha sido analisado desde perspectivas isoladas. Descrever
do ponto de vista científico é medir (mostrar); para isto seleciona-se uma série
de variáveis e medem-se cada uma delas de maneira independente para
representar com maior propriedade cada feito.
Assim a pesquisa caminha com ênfase exploratória e descritiva com
enfoque quanti - qualitativo.
3.2 TIPO DE INVESTIGAÇÃO
A pesquisa foi realizada na Rede Municipal de Ensino de Educação
Infantil na cidade de Florianópolis, capital de Santa Catarina, onde se procederá
a análise dos dados colhidos através de questionário e entrevistas aos docentes
da educação infantil, em observância as legislações nacionais que orientam a
Educação Básica.
Orientada em uma metodologia de abordagem qualitativa e quantitativa
de cunho exploratória e descritiva o que de acordo com o posicionamento de
(Sampieri 2006, p. 752) enfoca que a pesquisa assim organizada é a união de
ambos os aspectos de um mesmo estudo.
As pesquisas desenvolvidas por meio da observação, onde o pesquisador
tenta entender o fenômeno estudado pela perspectiva dos agentes envolvidos
no processo, para a partir daí definir sua interpretação/descrição dos fatos.
Sendo que a pesquisa quantitativa representa uma amostra de um universo, de
forma que através de generalizações dos dados possa ser feita uma projeção do
75
universo estudado. Também pode ser chamada de pesquisa fechada devido ao
uso de instrumentos estruturados para coleta de dados, como entrevistas e
questionários. Seus resultados, em geral, são apresentados em percentuais e
usa fórmulas estatísticas para tal.
Já os estudos exploratórios têm o objetivo de analisar um problema que
ainda não tenha sido focado profundamente ou tenha sido analisado em
perspectivas diferentes. Sampieri 2006, diz que é possível uma mescla dos tipos
de investigação, e que seu desenvolvimento indique os rumos metodológico
tomados, ou seja, o caráter exploratório o conteúdo estudo em si mesmo serve
para medições formais do ponto de vista descritivo, caracterizando exploratório-
descritivo.
Severino (2007, p.123) alega que a pesquisa exploratória permite fazer
levantamento de informações do objeto pesquisado de forma abrangente sem
que seja necessário explicar as causas da situação estudada, como é o caso na
rede Municipal de educação infantil de Florianópolis.
Segundo Teixeira (2008, p 137) a investigação descritiva se realiza sem
que o investigador proceda com interferências, ilustrando os resultados através
de palavras ou imagens, procedente dos diálogos, da observação e de
documentos quando for o caso. Encaminhando a construção de um
mapeamento da realidade investigada.
O método (misto) qualitativo e quantitativo de acordo com Severino
(2007), busca descrever significados que são socialmente constituídos e permite
interação, enquanto que o quantitativo possibilita a análise direta dos dados, tem
forma demonstrativa e se caracteriza pelo emprego da quantificação, tanto nas
76
modalidades de coleta de informações, como no tratamento de técnicas
estatísticas.
Conforme Alvarenga (2008, p.11) a investigação quali-quanti com enfoque
misto oferece a possibilidade de obter informações com maior profundidade e
amplitude do problema investigado.
Alicerçado também em Vergara (1997), que considera a pesquisa de
campo como uma investigação junto às pessoas que estão envolvidas nos
problemas que corroborarão para a análise de dados e no alcance dos objetivos.
Nesse sentido, a pesquisa de campo foi realizada abrangendo os auxiliares e
docentes de 30 unidades de Educação Infantil da Rede Municipal de Educação,
utilizando como instrumentos de coleta de dados, questionários e entrevistas.
A investigação de campo foi também, realizada junto aos docentes e
especialistas em educação da Rede Municipal de Educação Infantil do Município
de Florianópolis. Todos possuem formação em pedagogia e habilitados para o
desenvolvimento da educação infantil.
É oportuno ressaltar que a pesquisa definida neste projeto, foi efetivada
em campo, e alicerçada em dados bibliográficos para a elaboração desta
dissertação. A pesquisa de campo foi realizada em diversas Creches e Neis da
Rede Municipal de Educação infantil de Florianópolis.
O material bibliográfico utilizado nesta dissertação com o fim de
fundamentar com dados teóricos foram embasados em: livros, artigos científicos,
teses, dissertações, revistas periódicas e consultas na rede de computadores. A
pesquisa de campo proporcionou uma relação com as fontes, gerando a
possibilidade de importantes informações para a elaboração desta dissertação.
77
3.3 CARACTERÍSTICA DA POPULAÇÃO
A população definida para a investigação é a rede Municipal de ensino da
educação infantil de Florianópolis, com 71 unidades - composta de 48 creches e
23 Núcleo de Educação infantil distribuído em todo Município Florianopolitano,
perfazendo um total de 678 docentes do ensino infantil.
No âmbito das intenções políticas, a rede pública municipal de Educação
Infantil adquire um caráter educativo. O Objetivo foi a participação de todos os
profissionais da educação no seu processo de elaboração para tomar corpo,
forma e conteúdo nas salas de aula das Creches e NEIs (Nucleo de educação
infantil). As Creches e NEIs foram considerados como espaços sócio-educativos,
de caráter coletivo, diferentes e complementares à família, e tinham como
função indissociável o cuidar e educar e a compreensão da criança como sujeito
ativo, criativo e capaz.
3.4 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA
A amostra é a segurança do referencial da pesquisa. A clientela
investigada foi formada por 40 docentes que atuam no ensino de Educação
Infantil Florianopolitano.
78
3.5 LOCAL DO ESTUDO
O estudo foi realizado junto a Rede Municipal de Ensino de Educação
Infantil da cidade de Florianópolis, capital de Santa Catarina. Florianópolis é uma
das três capitais insulares do Brasil. Vem se firmando cada vez mais como
centro de turismo, graças às praias (Jurerê, Canasvieiras, Ingleses, Armação, e
outras) que circundam a ilha e à beleza da Lagoa da Conceição, a 13 Km de
distância do centro. A população segundo o Censo 2010 Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) mostra que a população da Capital catarinense
está com 404.224 mil habitantes. No âmbito de tecnologia de ponta,
Florianópolis destaca-se com Polos de incumbadora tecnológica.
Segundo Oliveira, (1996, p.40) Florianópolis, teve os seguintes fatos
históricos.
Antes de 1500 era habitada por índios carijós que denominavam de Meiembipe que significa "montanha dentro do mar". Após 1500, os navegadores portugueses passaram a chamar de "Ilha dos Patos" Por volta de 1675, com a chegada do bandeirante paulista Francisco Dias Velho, foi estabelecido um povoado no local onde hoje é a Praça XV, onde construiu sua casa e uma capela em homenagem a Nossa Senhora do Desterro , escolhida a padroeira da povoção, em referência ao exílio de Maria que, juntamente com José, segundo a bíblia, teve que fugir para o Egito, para salvar Jesus da perseguição de Herodes, que decretara a morte de todas as crianças com menos de dois anos.
Fundada por bandeirantes paulistas na segunda metade do séc. XVII. a
antiga Nossa Senhora do Desterro não teve vida urbana antes da colonização
açoriana. Sede da capitania de Santa Catarina desde 1739, fora destinada pela
coroa portuguesa a suprir de alimentos e manufaturas, trazidas do Rio de
Janeiro, o Rio Grande do Sul. O povoamento da Ilha foi enriquecido com a
79
campanha migratória que transferiu em torno de 6.000 colonizadores açorianos
para o sul do país e meia centena de madeirenses, principalmente no período de
1748 e 1756.
Estes colonos, cuja primeira atividade foi à agricultura de subsistência –
tendo maior destaque à cultura da mandioca que mais tarde atendeu, em
pequena escala, também o mercado externo – criaram e desenvolveram
comunidades, fundando diversas freguesias, tais como a da Santíssima
Trindade, a da Lagoa da Conceição, a de Santo Antônio de Lisboa, a de São
João do Rio Vermelho, a de Canasvieiras, e a do Ribeirão da Ilha.
Posteriormente, os açorianos também se dirigiram para o território continental e
para o Rio Grande do Sul.
Sua população cresceu rapidamente depois da efêmera ocupação
espanhola, passando, entre 1785 e 1824 de 1000 a 6000 hab. Declinou, em
meados do séc. XIX, a sua produção agrícola e comércio, revivendo este na sua
segunda metade, no continente catarinense, com a colonização européia. Sua
denominação atual, em homenagem ao Marechal Floriano Peixoto, deve-se à
iniciativa do governador Hercílio Luz em 1895.
A cidade, ao entrar no século XX, passou por profundas transformações,
sendo que a construção da ponte Hercílio Luz foi um dos seus principais
suportes para o crescimento econômico. A implantação das redes básicas de
energia elétrica e do sistema de fornecimento de água e captação de esgotos
somou-se à construção da Ponte Governador Hercílio Luz, como marcos do
processo de desenvolvimento urbano.
Varrida por ventos muito variáveis possui um clima subtropical úmido, que
se caracteriza pela alternância de verões e invernos, e farta distribuição anual de
80
chuvas. Isto em conjunto com suas 42 praias, contribuiu para que ela tornar-se
a capital turística do Mercosul, pois possui um intenso movimento turístico
durante todo o verão, principalmente com argentinos, gaúchos e paulistas.
Da mata subtropical, que a revestia originalmente, resta muito pouco,
devido à pequena lavoura de subsistência e culturas permanentes,
promiscuamente associadas pela população rural, que tem na pesca parcela
importante de sua atividade.
O plano da cidade originou-se a partir da Praça 15 de Novembro, que se
estende até o pé da colina onde se eleva a catedral. A articulação dos bairros e
subúrbios faz-se através de ruas ou avenidas, de longo e sinuoso traçado, entre
o mar e as encostas dos morros. Apesar das sensíveis modificações, que
construções modernas introduziram, a paisagem urbana guarda ainda muito do
aspecto arquitetônico colonial.
3.6 POPULAÇÃO ESCOLAR – UNIVERSO DA PESQUISA
Uma população para Sampieri (et al., 2006) é um conjunto de todos os
casos que compõem uma série de especificações. Neste caso, a população
escolar compreende os docentes da rede Municipal de ensino da educação
infantil de Florianópolis que é composta por 48 creches e 23 Núcleos de
Educação infantil distribuído em todo Município Florianopolitano, com Projeto
Político Pedagógico e com regimentos internos próprios. Sendo que as
Propostas Pedagógicas das Instituições de Educação Infantil são regidas pelos
seguintes fundamentos norteadores:
81
Princípios Éticos da Autonomia, da Responsabilidade, da Solidariedade e do Respeito ao Bem Comum;
Princípios Políticos dos Direitos e Deveres de Cidadania, do Exercício da Criticidade e do Respeito à Ordem Democrática;
Princípios Estéticos da Sensibilidade, da Criatividade, da Ludicidade e da Diversidade de Manifestações Artísticas e Culturais.
Iniciou-se o atendimento às crianças de 0 a 6 anos, na rede pública, em
1976, quando foi criado o Programa de Educação Pré-Escolar, pelo
Departamento de Educação da Secretaria Municipal de Educação, Saúde e
Assistência Social.
Em 1980, a proposta pedagógica que permeava o trabalho, baseava-se
nas vivências espontâneas das crianças, procurando evitar o direcionamento por
parte dos professores e ressaltando as qualidades das crianças.
Entre 1997 e 2004, os princípios da Educação Infantil tiveram como base
os pressupostos da Pedagogia da Infância: a criança como sujeito de direitos; o
desenvolvimento das múltiplas dimensões da criança e a relação creche-família
como diretriz e princípios básicos a rede de Educação Infantil de Florianópolis
estão firmados:
• No esforço coletivo e permanente pela efetivação dos direitos fundamentais das crianças de 0 a 6 anos, assegurados por lei;
• No entendimento de que, dadas as particularidades do desenvolvimento da criança desta faixa etária de 0 a 6 anos, a Educação Infantil tem especificidades próprias e cumpre funções indispensáveis e indissociáveis: cuidar e educar;
• Na compreensão da Educação Infantil como campo de conhecimento e de política pública intersetorial, interdisciplinar e em permanente transformação. (DIRETRIZES EDUCACIONAIS PEDAGÓGICAS PARA EDUCAÇÃO INFANTIL, 2010).
82
O horário de funcionamento do ensino infantil nas unidades escolares são
de tempo integral (7:00 h às 19:00h ) obedecendo os seguintes horários:
7:00 h chegada das crianças
9:30 h café dos professores
11:20 h almoço das crianças
12:00 h almoço dos professores
14:00 h lanche das crianças –
15:00 h lanche dos docentes
16:00h jantar das crianças
17:00 h Saídas das crianças
3.7 POPULAÇÃO ALVO
Os sujeitos da pesquisa são todos os docentes que fazem parte da
população escolar, na rede Municipal de ensino de Florianópolis, composta por
71 unidades de educação infantil de 0 a 6 anos de idade
3.8 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO
Far-se-á com cada docente das séries iniciais da Educação infantil da
rede Municipal de Florianópolis, escolhidas para pesquisa de amostragem do
projeto. E com cada classe que integra a amostra.
83
3.9 PROCEDIMENTO DE COLETA DE DADOS
Segundo Lakatos & Marconi (1999) a “Etapa da pesquisa em que se inicia
a aplicação dos instrumentos elaborados e das técnicas selecionadas, a fim de
se efetuar a coleta dos dados previstos.” As técnicas a serem utilizadas
consistirão de questionário para os docentes e análise documental do
rendimento na avaliação das atividades aplicadas pelo docentes em suas
classes.
O questionário consistirá de perguntas fechadas: dicotômicas e de
múltipla escolha com espaço para a dissertação de suas impressões com a
experiência de contação de histórias ou não.
3.10 PROVA PILOTO
Foram convidados seis docentes aleatoriamente, para avaliar um
questionário piloto e fazer alguma inferências que julgarem necessário para
tornar mais objetivo e conciso para uma pesquisa entre os docentes que
compuserem as unidades de ensino do município de Florianópolis. É bom
ressalvar de que a escolha foi aleatória. Já a coleta dos dados aconteceu
durante o ano letivo de 2010, iniciando no mês de Agosto e encerrando-se no
mês de outubro do corrente ano.
84
4 MARCO ANALÍTICO
Esta seção faz uma análise da pesquisa realizada na sua íntegra.
Discute as questões relativas ao problema e aos objetivos propostos bem como
o levantamento das informações disponíveis. Realiza uma análise exploratória
dos dados por meio da estatística descritiva, onde as informações exploradas
têm objetivo de identificar eventuais erros de coleta e identificar a presença de
alguns fenômenos ou de relações entre os elementos que estão sendo
estudados.
4.1 ASPECTOS ÉTICOS
Na pesquisa foi considerado o fator Ético. Ética vem do grego „ethos .Boff
(2003) afirma que:
A ética é parte da Filosofia. Considera concepções de fundo acerca da vida, do universo, do ser humano e de seu destino, estatui princípios e valores que orientam pessoas e sociedades. Uma pessoa é ética quando se orienta por princípios e convicções. Dizemos, então que tem caráter e boa índole. A moral é parte da vida concreta. Trata da prática real das pessoas que se expressam por costumes, hábitos e valores culturalmente estabelecidos. Uma pessoa é moral quando age em conformidade com os costumes e valores consagrados. Estes podem, eventualmente, ser questionados pela ética. Uma pessoa pode ser moral segue os costumes até por conveniência, mas não necessariamente ética. (BOFF 2003, p. 37),
A Resolução 196/96 aprovou as diretrizes e normas regulamentadoras de
pesquisa envolvendo seres humanos estabeleceu que:
85
Todo projeto de pesquisa que envolva, direta ou indiretamente, seres
humanos, deve ter seus aspectos éticos apreciados por um Comitê de
Ética em Pesquisa (CEP);
2 Toda instituição onde essas pesquisas são realizadas deve constituir
um comitê;
3 Os indivíduos-alvo devem ter autonomia, isto significa que toda
pesquisa deverá ter consentimento livre e esclarecido, proteção a grupos
vulneráveis e aos grupos legalmente incapazes. Nesse sentido, a
pesquisa envolvendo seres humanos deverá sempre tratá-los em sua
dignidade, respeitá-los em sua autonomia e defendê-los em sua
vulnerabilidade;
4 Não-maleficência: garantia de que danos previsíveis serão evitados;
5 Beneficência: ponderação entre riscos e benefícios, tanto atuais como
potenciais, individuais ou coletivos, comprometendo-se com o máximo de
benefícios e o mínimo de danos e riscos;
6 Justiça: relevância social da pesquisa com vantagens significativas e
com minimização do ônus para os sujeitos envolvidos, sem perder o
sentido de sua destinação sócio-humanitária.
As diretrizes definidas pela Resolução 196/ 96 visam a todas as
pesquisas que envolvam seres humanos, em qualquer área do conhecimento,
determinando que devam ser submetidas à apreciação de um Comitê de Ética
em Pesquisa.
Assim sendo, foi incluído nesta categoria, os Trabalhos de Iniciação
Científica, Memórias de Licenciatura, Monografias – Dissertações de Mestrado,
86
Teses de Doutorado e Pós-Doutorado, Artigos Científicos, Trabalhos em Anais
de Congressos e Livros. Por ser esta pesquisa na área de educação ela foi
realizada com seres humanos, crianças e adultos. Realizou-se um
esclarecimento amplo sobre a importância desta investigação para a educação e
para o próprio desenvolvimento do escolar e de como ela seria realizada, pois a
escola é um palco onde o cuidado deve ser ainda maior por trabalhar
diretamente com crianças. Obteve-se consentimento livre e esclarecido de todos
os envolvidos na investigação; Solicitou-se autorização às direções das escolas
e utilizamos o espaço que foi concedido. Reuniram-se as coordenações
pedagógicas, professoras, secretárias de escolas para informá-los o que, como
e quando aplicaríamos os questionários, as pesquisas e os benefícios que
poderiam contribuir com a aprendizagem escolar.
Neste sentido, todas as medidas foram tomadas: Ida à Secretaria
Municipal de Educação e com a devida autorização da Gerência de formação
permanente fomos a campo. Com autorização em mãos submetemos ao diretor
(a) das unidades educacionais para convidar os docentes para a realização da
pesquisa. Todos os docentes convidados a participar do questionário foram
consultados e as autorizações recebidas, mas permanecendo incógnitos,
conforme o questionário proposto.
4.2 PROJETOS PILOTO
Durante a realização da pesquisa de campo foram realizados dois
projetos piloto para subsidiar a coleta dos dados, o que permitiu imprimir um
caráter fidedigno à investigação. Os dados do questionário psicossocial e da
87
entrevista com os docentes proporcionaram um melhor entendimento do
pesquisador sobre a contextualização da pesquisa.
Tais projetos envolveram:
1 Diretora da unidade em que foi aplicado o questionário e a entrevista:
Nesta primeira fase do projeto, entrevistamos a diretora e esclarecemos
o questionário para fins da coleta de dados. Naquele momento falou-se da
importância da pesquisa na Educação abordando a questão do ensino e
aprendizagem na Educação infantil. Estudaram-se cada item do teste e sua
aplicação.
Com este projeto se obteve informações psicossociais fornecidas aos
responsáveis pelo corpo Docente. A interlocução do diálogo aconteceu
separadamente em cada uma das escolas envolvidas. Nestes encontros
reuniram-se diretores, funcionários e coordenadores pedagógicos quando se
salientou a importância da pesquisa para a Educação a nível municipal e global.
As direções de todas as escolas se comprometeram na aplicação do
questionário psicossocial aos responsáveis pelas unidades da rede de Educação
infantil de Florianópolis.
2 Docentes e auxiliares envolvidos diretamente na educação infantil:
Nesta segunda fase do projeto, entrevistamos alguns docentes que tinha
disponibilidade, naquele momento. Os docentes são o sujeito principal da
pesquisa, fonte relevante do fornecimento de dados para um maior
entendimento do pesquisador, sobre a formação docente e a metodologia usada
no fazer pedagógico com os infantes. Para os docentes e auxiliares houve
necessidade de realizar mais visitas em horários e locais diferentes para que
88
todos pudessem participar. Nestes encontros reflexionou-se sobre a prática
pedagógica e o dia-a-dia em sala de aula.
Aplicou-se o instrumento da entrevista individual com alguns que estavam
disponíveis naquele momento; e logo após foi aplicado um novo instrumento,
com perguntas fechadas, no caso dos questionário: foram mista, perguntas
fechadas e semi-abertas, sendo respondido posteriormente entregue no tempo
estipulado.
A opção pelo questionário deu-se pelas vantagens que este instrumento
apresenta, quanto a sua aplicabilidade. O que de acordo com Fachin (2005, p.
151), o pesquisador nem sempre necessita estar presente no momento do
preenchimento do questionário, evitando a inibição do pesquisado, bem como, o
pesquisado tem mais flexibilidade e tempo para responder sua perguntas.
Gil (2002, p. 115) faz referência ao questionário como um instrumento de
rápida e fácil obtenção de informações, onde o pesquisado pode expressar o
que sabe, sente ou faz, explicando suas razões.
A entrevista a priori foram elaboradas perguntas e depois efetivadas com
a utilização de um gravador e outras vezes, anotações referente a fala do
docente, objetivando registrar todos os conteúdos das respostas para análise
dos fenômenos encontrados.
O molde da entrevista foi a semiestruturada, definida como semidirigida,
que segundo Szymanski (2002), pode permitir direcioná-la melhor quando
necessário. Desse modo, pretendeu-se documentar o discurso de cunho mais
coloquial, registrando no relato os fatos importantes da experiência do professor
com relação a sua pedagogia de contação de histórias.
89
No geral, retornaram 74% dos questionários, os quais foram todos
tabulados e interpretados por este pesquisador.
4.3 TIPO DE AMOSTRAGEM
Amostragem é a técnica para obter uma amostra (parte) de uma
população. Uma população, por sua vez, é um conjunto de elementos que
possuem algumas características em comum. A coleta de uma amostra faz-se
necessária quando se pretende saber informações sobre a população em
estudo. Realizou-se o levantamento por amostragem para diminuir custos de
transporte, material e tempo.
A amostragem foi probabilística e aleatória, sem reposição. Neste tipo de
amostragem os elementos da população tiverem probabilidade conhecida, e
diferente de zero pertinente à amostra. Foi feito sorteio aleatório entre toda a
população, pois de acordo com Sampieri (et al, 2006) este tipo de sorteio
permite que todos os elementos da população tenham as mesmas
possibilidades de participar da pesquisa.. Para o mesmo autor, uma pesquisa do
tipo causal permite entre outros fatores que a amostra seja formada com no
mínimo 15 elementos por variável independente.
4.4 O RETORNO DA INFORMAÇÃO
Uma vez que o projeto piloto foi elaborado e testado por um grupo de
docente, não houve a necessidade de retorno da informação, visto que a
pesquisa está dando ênfase no método qualitativo de cunho exploratória.
90
4.5 PROCEDIMENTOS DA ANÁLISE DOS DADOS
A análise dos dados coletados teve como base a sugestão proposta por
Pedrosa e Carvalho (2002) de análise qualitativa de episódios de interação entre
o docente e as crianças da educação infantil O primeiro procedimento para
análise dos dados foi a coleta de informações documentais da rede municipal de
educação infantil de Florianópolis, que está sob a égide da Secretaria de
educação infantil do município. A pesquisa abordou temas como: a quantidade
de professores distribuídos por unidade. Em seguida foi convidado os docentes
para participar das entrevistas e questionários:
4.6 ANÁLISE EXPLORATÓRIA DOS DADOS
Ao se apresentar os dados da pesquisa bem como os questionamentos
feitos, fica registrada as respostas da investigação aplicadas aos docentes da
Rede municipal de ensino infantil de Florianópolis, pelo fato de que as respostas
a pergunta se contar histórias faz parte de sua rotina em sala de aula não houve
nesse quesito divergências, quando todos os 40 docentes entrevistados
responderam de forma unânime conforme ilustra o gráfico abaixo.
91
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
1
Contar Histórias faz parte de sua rotina em
sala de aula
Contar Histórias faz parte de sua
rotina em sala de aula
Gráfico 01: Contar histórias faz parte de sua rotina em sala de aula
Foi perguntado aos docentes da rede municipal do ensino infantil se a
Arte de contar histórias contribui no processo de ensino aprendizagem?
No total de 40 professores responderam que sim. A Contação de histórias
tem contribuído no processo de aprendizagem de seus discentes.
Outro questionamento foi no sentido de saber se os docentes julgava
importante contar história em sala de aula? Por que tal metodologia tem
contribuído no processo ensino e aprendizagem: nesse quesito houve
varias respostas. Veja o gráfico abaixo:
92
40
28
30
31
26
16
PROFESSORES
ENTREVISTADOS
DESENVOLVE O
RACIOCÍNIO LÓGICO DA
CRIANÇA.
FAVORECE A
HABILIDADE DE LEITURA
E DA ESCRITA.
APERFEICOA O
PROCESSO DE ENSINO
APRENDIZAGEM.
AUXILIA NA FORMAÇÃO
MORAL E ÉTICO DA
CRIANÇA
OUTROS
Gráfico 02: Respostas ao questionamento feito aos docentes
No decorrer da investigação, foi perguntado aos docentes se em sua área
de conhecimento usa uma história como pano de fundo para o trabalho da
interdisciplinaridade? E foi pedido exemplo. As respostas foram utilizadas
com inúmeros instrumentos para alcançar o objetivo.
Em outro momento foi direcionada um questionamento, pedindo a opinião
dos docentes se a melhor metodologia para se contar uma história para
crianças de 4 a 5 anos é:
1 Audição ou apreciação de :
2 Histórias infantis
3 Teatro de fantoche
4 Dramatização
5.Pantomima( mímica)
6. Outros
Ficou respondido segundo o gráfico abaixo:
93
Gráfico 03: Respostas qualitativas dadas pelos docentes
Ainda foi questionado aos docentes se eles desenvolvem em seus
projetos temas pedagógicos de histórias infantis, com o objetivo de
contribuir para o processo de aprendizado de seu aluno. foi pedido alguns
exemplos de um projeto que o professor(a) desenvolve ou já
desenvolveu. As respostas foram diferenciadas, abarcando o objetivo no
processo de ensino e aprendizagem. Pois amplia o vocabulário e a
criança passa a se expressar mais facilmente, ajudando a ser mais
falante e articulada. .ajuda também a fazer associações, desenvolve a
concentração, imaginação, criatividade. a criança aprende também a ouvir
e aprimorar a capacidade representativa e simbólica por meio da escrita e
da imagem.
40
30
36 33
22
1
PROFESSORES ENTREVISTADOS
HISTÓRIAS INFANTIS
TEATRO DE FANTOCHES
DRAMATIZAÇÃO
PANTOMIMA( MÍMICA)
94
Finalmente, foi requisitado aos docentes se a arte de contar
histórias favorece o desempenho escolar e o gosto para aprender? Foi
unânime a percepção pelo gosto da leitura e escrita se dão a partir de
uma história bem contada pelo educador que despertará a curiosidade
dos seus educandos levando-os a ter sede de aprender.
4.7 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
O primeiro procedimento para análise dos dados foi coletar informações
documentais da Rede municipal de ensino infantil de Florianópolis que é
composta de 48 creches e 23 Núcleo de Educação infantil distribuído em todo
Município Florianopolitano, com Projeto Político Pedagógico e regimentos
internos próprios, sendo que as Propostas Pedagógicas das Instituições de
Educação Infantil são regidos pelos seguintes fundamentos norteadores:
Princípios Éticos da Autonomia, da Responsabilidade, da Solidariedade e do Respeito ao Bem Comum;
Princípios Políticos dos Direitos e Deveres de Cidadania, do Exercício da Criticidade e do Respeito à Ordem Democrática
Princípios Estéticos da Sensibilidade, da Criatividade, da Ludicidade e da Diversidade de Manifestações Artísticas e Culturais.
Fundamentada nas Diretrizes educacionais para a educação Infantil do
Município de Florianópolis (2010), como diretriz e princípios básicos a rede de
Educação Infantil de Florianópolis foi realizada a pesquisa firmados nos
seguintes pilares:
• No esforço coletivo e permanente pela efetivação dos direitos fundamentais das crianças de 0 a 6 anos, assegurados por lei;
95
• No entendimento de que, dadas as particularidades do desenvolvimento da criança desta faixa etária de 0 a 6 anos, a Educação Infantil tem especificidades próprias e cumpre funções indispensáveis e indissociáveis: cuidar e educar;
• Na compreensão da Educação Infantil como campo de conhecimento e de política pública intersetorial, interdisciplinar e em permanente transformação.
Partindo dessas premissas foram feitas entrevistas e questionamentos
aos educadores, que responderam algumas inquietações do pesquisador que
perguntou:se contar histórias faz parte de sua rotina em sala de aula?
40 40
1
PROFESSORES
ENTREVISTADOS
CONTAR
HISTÓRIAS FAZ
PARTE DE SUA
ROTINA EM SALA
DE AULA
Gráfico 04: Questionamento sobre o contar histórias em sala de aula
Segundo o gráfico observa-se que todos os educandos entrevistados
contam histórias em sala de aula, ou seja, em seus planos de aulas, a contação
de histórias faz parte de sua prática pedagógica, na esperança de que através
das histórias as crianças possam alcançar os objetivos individuais, familiares,
escolares no exercício da cidadania.
96
É preciso ouvir para aprender interpretar e ampliar seu vocabulário, é
preciso falar para aprender expor suas idéias independente de serem aceitas ou
não, é preciso trocar experiências para aprender a valorizar a vida e o mundo
que os cerca, mas nada disto tem sentido se o fato de contação de história não
for feita com objetivo e na prática de amor. Como disse uma docente na
entrevista que “a história só encontra finalidade se for com uma objetividade”, ou
seja contar história por contar e preencher o ócio sem chegar a nenhum objetivo.
Ainda uma outra educadora contribui dizendo que: “ ao contar uma
história é como uma chave mágica que abre as portas da imaginação e da
sensibilidade da criança, contribuindo para a seu crescimento integral. Neste
contexto, a escola assume um lugar de suma importância para a inusitada arte
de contar uma história. Cabe portanto ao docente, usar este recurso milenar que
de geração em geração tem proporcionado uma fonte de criatividade na
comunicação do ensino e aprendizagem.
Ao questionar os educandos se a “ arte de contar histórias contribui no
processo de ensino aprendizagem? Percebe-se que foi unânime a resposta ao
dizer que Sim, da contribuição no ensino e aprendizagem no contexto
educacional. E quando questionamos o Porquê? As respostas obtidas foram
colocadas no gráfico seguinte:
97
Gráfico 05 Contribuições de histórias no processo ensino aprendizagem
Além de ampliar o vocabulário e a criança passa a se expressar mais
facilmente, ajudando a ser mais falante e articulada,.ajuda também a fazer
associações, desenvolve a concentração, imaginação e a criatividade. a criança
aprende também a ouvir e aprimorar a capacidade representativa e simbólica
por meio da escrita e da imagem.
Enfim, os educadores entrevistados apontaram a Arte de contar Histórias
como um incentivo para que as crianças possam amar o conhecimento como
espaço de realização humana, de momentos de alegria e de criatividade,
inovando, produzindo, construindo e reconstruindo o conhecimento elaborado.
Ainda, segundo os entrevistados, uma história, pode contribuir para o
desenvolvimento da linguagem, utilizando as histórias na Educação Infantil
propicia à criança o desenvolvimento da imaginação e da interpretação da
98
realidade, além do lúdico, contar histórias contribui para o desenvolvimento
infantil e estimula o hábito da leitura.
Na totalidade dos entrevistados relatam que a criança ao ouvir histórias,
aprende estar sempre atenta, facilitando a realização das tarefas de escrita,
porque oportuniza o desenvolvimento de habilidades, como: desenvoltura na
oralidade, vocabulário amplo e Criatividade; desenvolvimento cognitivo e
psicomotor, proporciona à criança produção de textos,na qual a criança passa a
se expressar mais facilmente, desenvolvendo a concentração, a imaginação, a
criatividade e a representativa simbólica através da escrita e da imagem.
28
3031
26
16
0
5
10
15
20
25
30
35
1
DESENVOLVE O RACIOCÍNIO
LÓGICO DA CRIANÇA
FAVORECE A HABILIDADE DE
LEITURA E DA ESCRITA
APERFEIÇOA O PROCESSO DE
ENSINO E APRENDIZAGEM
AUXILIA NA FORMAÇÃO MORAL E
ÉTICO DA CRIANÇA
OUTROS
Gráfico 06: Contribuições da Contação de histórias
Os dados oferecidos no gráfico 06 vêm corroborar no contexto geral nesta
primeira etapa da educação básica. Através das histórias as crianças viajam em
99
sua imaginação, proporcionando o conhecimento de muitos lugares ao mesmo
tempo. O contato com os livros é de suma importância, pois oferece a
possibilidade de interesse na leitura e mais tarde na escrita.
Considerando a importância da função simbólica para o progresso do
pensamento e para a evolução dos estágios de desenvolvimento, acredita-se ser
necessário propiciar momentos dentro do contexto escolar da Educação Infantil
que favoreçam à criança a expressão da linguagem, da imitação, do brincar, de
inteirar com o outro, ou seja relacionar com o outro.
Dentre esses momentos, acredita-se que o contar histórias e sua
dinâmica de interpretação é um rico procedimento didático no que se refere à
promoção da função simbólica, de forma a atender as características e
necessidades da criança em desenvolvimento.
A utilização das histórias infantis na Educação Infantil propicia à criança o
desenvolvimento da imaginação e da interpretação da realidade conforme ilustra
o seguinte gráfico pesquisado entre os docentes da Rede Municipal de
Educação infantil de Florianópolis, onde mostra alguns instrumentos
pedagógicos que se pode utilizar no desenvolvimento escolar.
100
Gráfico 07: Ilustração de dinâmicas para se contar uma história
Ao contar uma história o Lúdico é uma variante que desencadeia a uma
interação com o outro como afirmou Vigostky (1998). Também Olga S. Rosa
(2009) afirmou que “ mediante atividades lúdicas, a criança comunica-se com o
mundo e se expressa continuamente, o que lhe possibilita configurar: o tempo e
o espaço de brincar, os parceiros do jogo, os objetos, os meios e os fins do jogo;
suas ações físicas e mentais.” E ainda complementa que “ o comportamento
infantil é revelador do modo de agir e reagir de cada criança, tanto física como
mentalmente, ou seja, como se manifesta na troca, na competição, na
cooperação e no desvelar emoções e sentimentos que vêm à tona, quando, está
envolvida nas brincadeiras, nos jogos e no brinquedo.”
Na pesquisa com os docentes percebe-se ao contar uma história cria-se
uma atividade lúdica como meio de fornecer à criança um ambiente agradável,
motivador, planejado e enriquecido, que possibilita a aprendizagem de várias
101
habilidades, além de trabalhar estas habilidades na criança, a ajudará no
desenvolvimento da criatividade, na inteligência verbal-lingüística, coordenação
motora, dentre outras.
Considerando que as atividades lúdicas contribuem para o
desenvolvimento ensino e aprendizagem da criança, Platão ensinava
matemática às crianças em forma de jogo e preconizava que os primeiros anos
da criança deveriam ser ocupados por jogos educativos (AGUIAR, 1998, p. 36).
Seja qual for o instrumento utilizado na contação de histórias com
ilustrado no gráfico 07, a aplicação do lúdico proporcionará a criança a
socialização e o recriar uma história que sem dúvida, uma vez mediada pelo
educador, desencadeará no desenvolvimento integral da criança.
A Interdisciplinaridade segundo Fazenda, (1989) "pressupõe a existência
de ao menos duas disciplinas como referência e a presença de uma ação
recíproca"
Gráfico 08: A interdisciplinaridade na contação de histórias
Contar uma história é uma arte que poucos dominam, pois leva o docente
a exercitar a interdisciplinaridade na construção do conhecimento integral, para
102
isso, integrar conteúdos não seria suficiente, seria preciso uma atitude e postura
interdisciplinar. Atitude de busca, envolvimento, compromisso, reciprocidade
diante do conhecimento. Mesmo na educação infantil o docente possui vários
instrumentos para levar a criança às diversas áreas do conhecimento. Os
educandos entrevistados contribuíram com as seguintes reflexões:
Buscando ampliar além do que a história apresenta, fazendo
refletir, pesquisar, vivenciar aspectos que possa ampliar a compreensão e
conhecimento.
A música dos indiozinhos, usando a musica e trabalhando
quantidade.
Através de uma história você pode trabalhar vários assuntos,
exemplo: a casa sonolenta trabalha os animais, quantidade, cores.
A partir da contação de histórias, por exemplo: os três porquinhos
podemos trabalhar ciências, matemática, geografia e todos os tipos de
moradia.
Buscando se percebe que as diferentes áreas podem ser
exploradas: pintura, desenho, fala, sentimentos, meio ambiente, ajuda
mútua.
Receita de bolo trabalha-se química, biologia, matemática,
português.
Desenvolve a atenção, a emoção e amplia o universo da criança.
A criança que ouve ou lê histórias tem maior facilidade de
interpretação de textos.
103
Ao contar a história após ouvir, as crianças dramatizam, contam
com suas palavras, nomeiam os personagens, pintam, colam, usam as
artes plásticas e muito mais.
Os elementos presentes na história faz despertar a curiosodade
nas crianças de um livro simples sobre o animal marinho, você pode
conStruir um aquário com personagens em que as crianças conhecem.
Ex: Nemo, Espanta Tubarões, Pequena Sereia, dentre outras.
Caracterizando um animal, estamos trabalhando com informações
da área de biologia e quando trabalhamos com cores abordamos
conceitos referentes a artes plásticas.
A interdisciplinaridade é uma postura adotada pelos educadores da rede
municipal de Ensino Infantil de Florianópolis. Ainda, dependendo da história
contada usa-se conhecimento e conceitos de outras áreas de conhecimento.
Malba Tahan (1957) conta que “as narrativas de casos e contos podem
ser aproveitadas em todas as atividades. Através dessas narrativas podem ser
ministradas aulas de Linguagem, Matemática, Educação Física, com o máximo
de interesse e maior eficiência”.E ainda acrescenta que: “é o exemplo do escritor
Monteiro Lobato, que mostrou que até a aritmética, com seus cálculos e suas
frações, pode ser aprendida sob a forma de história,...”
104
5 CONCLUSÃO
5.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados da investigação permitem pontuar questões que são
aplicadas ao docente na sua práxis de contação de história em seu fazer
pedagógico de sala de aula. Através dos estudos realizados para a elaboração
desta pesquisa, o foco foi constante nas unidades de ensino de Educação
infantil do Município de Florianópolis.
As perguntas de investigação foram levadas a um plano mais concreto
através dos objetivos, que durante toda a dissertação se tratou de responder. Foi
possível perceber a importância da história através dos tempos no campo social,
religioso, educacional, em todos os grandes e pequenos momentos da
humanidade. Constatamos que através das gerações as histórias se
modificaram, mas não deixaram de despertar curiosidade, encantamento e
aguçando a imaginação para desenvolver a criatividade, contribuindo no
crescimento integral da criança.
Consideração referente ao primeiro objetivo
É na educação infantil que a criança vem desempenhando um papel
importante para todos que estão ao seu lado. Na jornada da infância, antes de
despertar do senso de conscientização e de propósito, são feitas com inocência
e confiança.
105
O docente precisa se identificar com seus educandos, com as mudanças
da sociedade em transformação e conseqüentemente da escola, precisa ser
criativo para passar seus conhecimentos e metodologias de forma que o educar
seja prazeroso e eficaz.
A ação de contar histórias aparece como uma possibilidade metodológica
no fazer pedagógico dos educadores da Rede municipal de educação infantil de
Florianópolis, pois, de acordo com as respostas obtidas na pesquisa, todos
usam o instrumento de contação de histórias em sua prática de ensino.
Consideração referente ao segundo objetivo
A pesquisa constatou uma questão primordial – a arte de contar histórias
é oportuna no atual contexto educacional; mesmo diante dos novos paradigmas
da educação, da cultura globalizante e da cibernética. Neste contexto, o contar
histórias ainda se apresenta em toda a sua magnitude, encantando os ouvintes,
pois fala de histórias, de vida, de amor e esperança, mesmo com toda a
tecnologia e diversidade da comunicação, a história apresenta sua humanidade,
seu caráter pessoal de interação, de troca afetiva, de contato social e troca de
experiência entre o educando e o educador.
O objetivo de colocar as histórias dentro do planejamento das aulas na
educação infantil é esperar por crianças mais interessadas em estudar,
estimuladas pelos momentos prazerosos que encontram nas salas de aula, e
entender que o mundo imaginário da criança é muito mais profundo do que os
adultos imaginam. O docente das unidades de educação infantil do município de
Florianópolis tem encontrado um recurso didático muito interessante, o
106
instrumento da interdisciplinaridade, a criança tem mais alternativas para o
desenvolvendo de seu potencial criativo.
Não há necessidade de esperar pela alfabetização formal para que as
crianças se envolvam com a leitura de histórias infantis e a produção de textos,
na educação infantil as crianças vão descobrindo que além da história narrada
existe a moral de cada uma, na qual, elas irão descobrir e conseguirão aprender
todos os conteúdos na interdisciplinaridade.
Consideração referente ao terceiro objetivo
A afinidade da criança com o lúdico base comprovada nos pedagogos,
tais como: Souza (2009, Vygotsky (1988),Piaget(1998), Wallon(1975), dentre
outros, que vêem nos jogos e brincadeiras formas de aprendizado, de como a
criança simula o mundo do adulto, se desenvolvendo integralmente, fazendo
parte dele como agente dinâmico. Piaget (1998), “ mostra claramente em suas
obras que os jogos não são apenas uma forma de desafogo ou entretenimento
parta gastar energia das crianças, mas meios que contribuem enriquecem o
desenvolvimento intelectual.” Dentro da mesma linha Vygotskyana as unidades
educacionais do município de Florianópolis, em que foi pesquisado, foi
constatado o uso de brinquedos pedagógicos em sala de aula.
O educador interagindo e criando um ambiente lúdico em sua sala de
aula, vai tornando o aprendizado mais prazeroso e despertando a criatividade
nas crianças.
Mesmo com tanto avanço científico no meio educacional, é sempre uma
arte ao se contar uma história que fale a linguagem da criança. Como educador
acredito que as metodologias lúdicas como a contação de histórias, contribuem
107
com instrumento de aprendizagem, apresentam o propósito de adentrar a sala
de aula e fazer da arte da contar histórias, uma ferramenta iluminada na tarefa
de ensinar e aprender.
Consideração referente ao objetivo geral
A pesquisa com o objetivo de investigar a prática dos professores, buscou
comprovar através de uma sondagerm exploratória e Descritiva que contar
histórias pode ser uma metodologia eficiente no processo educativo de ensino e
aprendizagem. Considerando uma metodologia intencional, no estabelecimento
de uma relação afetiva, envolvente e lúdica com a criança, sabedor de que todo
ser humano é um contador de história. É importante abrir-se para receber esta
vasta riqueza imaginativa que vive dentro de cada um. Atualmente ainda é
possível deixar a imaginação fluir, criar um ambiente, mesmo sem fogueiras
como os povos antigos faziam no passado, mas com o mesmo fervor deixar que
a história possa inflamar nossa imaginação, permitindo novas possibilidades
para mudanças de pensamentos e princípios.
Vive-se em uma sociedade de consumo, de pragmatismo, contar histórias
pode ser interpretado como perda de tempo. É só observar nos relacionamentos
a pouca paciência que se tem em ouvir o outro. Prender atenção dos alunos não
tem sido uma tarefa fácil em sala de aula. É preciso ouvir, antes de tecer
qualquer comentário a respeito de qualquer coisa, para conseguir desempenhar
um papel de cidadão crítico.
Precisa-se pensar além do momento, no intuito de auxiliar as crianças
para envolver-se com as histórias desde cedo, para que o alicerce da primeira
etapa da educação básica seja bem estruturado, pois através das histórias as
108
crianças aprenderão que é preciso viver com respeito e amor, depois estas
mesmas crianças conseguirão ser alfabetizadas de forma prazerosa e isto
consequentemente passarão para os que estão ao seu lado.
Todas as unidades que foram pesquisadas, os docentes usam diversos
instrumentos de contar histórias para desenvolver sua didática para o
desenvolvimento e aprendizagem de seus educandos.
Frente a estas constatações pode-se afirmar que a ação de contar
histórias aparece como uma possibilidade metodológica no fazer pedagógico
dos educadores da Rede municipal de Educação Infantil de Florianópolis, pois,
de acordo com as respostas obtidas na pesquisa, todos usam o instrumento de
contação de histórias em sua prática de ensino.
Portanto, contar histórias no contexto educacional contribuí no processo
ensino e aprendizagem nas unidades da rede de educação infantil do município
de Florianópolis
5.2 SUGESTÕES
Sendo o tema de extrema relevância, para o meio educacional, e para
todos aqueles envolvidos direta ou indiretamente na vida escolar aconselha-se a
continuidade da pesquisa, não tivemos a pretensão de esgotar o assunto. A arte
de contar histórias tem dimensão vasta e deve ser aprofundar nas relações
docente-discente, que são de grande contribuição em todo sistema educacional.
A continuação e a capacitação de educadores na educação infantil é uma
necessidade constante.
109
As histórias alimentam a imaginação, promovem a interpretação. O
educador que demonstra disponibilidade e interesse para ouvir as histórias
cotidianas de seus alunos contribui para a formação de um bom contador e um
bom ouvinte. A prática da contação de histórias deve obedecer aos critérios de
escolha que variam de ocasião, fatores físicos, espaço, planejamento,
psicológicos à faixa etária. Saber escolher uma história é o primeiro passo para
o desempenho educacional.
Os docentes da Rede Municipal de Educação Infantil do município de
Florianópolis possam estar sempre se capacitando, para melhor utilizar os
instrumentos de contar uma história com Arte. Sugerimos algumas técnicas:
Abaixo, segue algumas sugestões de técnicas que o contador de histórias
precisa usar para causar um impacto positivo em seu desenvolvimento de sua
história:
Antecipadamente é bom verificar o local, horário e as
acomodações;
Procurar inteirar qual é audiência, ou seja o público a que se
destina a história.
conhecer a história a ser contada com absoluta segurança;
Contar com expressão vívida e apaixonante o enredo da história;
Enfatizar os pontos emocionante do conto através das
tonalidades de voz e pausas oportunas;
Emocionar e reviver a história; é uma forma de emocionar.
110
Não interrompa a história com explicações e conselhos;
Cuidado: evita os tiques nervosos e cacoetes;
O seu público alvo é o ouvinte: crianças da educação básica.
Trate-as com simpatia, olhe para todos sem distinção; olhe nos
olhos dos pequeninos;
Não se irrite com aqueles ouvintes, que demonstrem
desinteressados ou irrequietos;
Procure um espaço aconchegante que estimule a imaginação,
pode ser debaixo de uma árvore, numa biblioteca, numa feira de
exposição de livros, ou mesmo em uma sala de aula.
Tenha acessórios próprios: uma mala, um baú cheio, ou um saco
de objetos que poderão conter fantoches, chapéus, sinos, alguns
instrumentos musicais simples como um tambor, apito, gaita, um
artefato próprio para determinadas ocasiões.
Caracterizar-se e vestindo de forma diferente na hora do contar
história.
.Aproveitar as oportunidades para no final interagir com
comentários após a narrativa.
O melhor contador de histórias é aquele cujas histórias são lembradas
muitos e muitos anos depois, a sua história que se eternizou com a maneira
contada.
111
Quem não ouviu uma história quando criança, na escola, na roda da
fogueira, ou ao redor de uma fogão à lenha e não esqueceu até hoje. Quem não
se lembra de alguma história inesquecível?
Como educadores precisamos ser criativos e dinâmicos para contar
história. Talvez a pessoa que contou a história pode ser esquecida, mas não a
maneira de como ela contou a sua história. E marcou de forma indelével a
criança que passou por sua escola.
112
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ANEXO 1
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ANEXO 2
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APÊNDICES