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UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS MISSÕES CÂMPUS DE FREDERICO WESTPHALEN PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS MESTRADO EM LETRAS ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM LITERATURA COMPARADA CULTURA REGIONAL E FORMAÇÃO DO LEITOR: ESTUDO COMPARATIVO DO PERFIL DO LEITOR DE JORNAL E DE LIVROS EM SÃO JOÃO DO OESTE, SC Mestrando: Adilson Kipper Orientadora: Profa. Dra. Denise Almeida Silva Frederico Westphalen - RS, 2019

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UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS MISSÕES

– CÂMPUS DE FREDERICO WESTPHALEN PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

EM LETRAS MESTRADO EM LETRAS ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM

LITERATURA COMPARADA

CULTURA REGIONAL E FORMAÇÃO DO LEITOR: ESTUDO COMPARATIVO

DO PERFIL DO LEITOR DE JORNAL E DE LIVROS

EM SÃO JOÃO DO OESTE, SC

Mestrando: Adilson Kipper

Orientadora: Profa. Dra. Denise Almeida Silva

Frederico Westphalen - RS, 2019

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ADILSON KIPPER

CULTURA REGIONAL E FORMAÇÃO DO LEITOR: ESTUDO

COMPARATIVO DO PERFIL DO LEITOR DE JORNAL E DE LIVROS

EM SÃO JOÃO DO OESTE, SC

Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa de Pós-graduação em Letras –

Mestrado em Letras, área de concentração em

Literatura Comparada, sob a orientação da

Profa. Dra. Denise Almeida Silva, como

requisito parcial para a obtenção do grau de

Mestre em Letras.

Frederico Westphalen - RS

Outubro, 2019

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UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS

MISSÕES CÂMPUS DE FREDERICO WESTPHALEN PRÓ-REITORIA DE

ENSINO, PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

EM LETRAS – MESTRADO EM LETRAS ÁREA DE CONCENTRAÇÃO

LITERATURA COMPARADA

A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova a dissertação de mestrado

CULTURA REGIONAL E FORMAÇÃO DO LEITOR: ESTUDO

COMPARATIVO DO PERFIL DO LEITOR DE JORNAL E DE LIVROS EM

SÃO JOÃO DO OESTE, SC

Elaborada por Adilson Kipper

COMISSÃO EXAMINADORA:

______________________________________________________________________

Profa. Dra. Denise Almeida Silva – URI (Orientadora)

______________________________________________________________________

Profa. Dra. Tania K. Rösing – UPF (1ª arguidora)

______________________________________________________________________

Profa. Dra. Luana Teixeira Porto – URI (2a arguidora)

_____________________________________________________________________

Profa. Dra. Gabriela Silva – URI/FW (3ª arguidora)

Frederico Westphalen – RS, 2019

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“Os livros não mudam o mundo,

Quem muda o mundo são as pessoas.

Os livros só mudam as pessoas”.

(Mário Quintana)

(Frase exposta na parede ao lado da entrada da

Biblioteca Pública Municipal Padre Afonso Hansen)

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AGRADECIMENTOS

A meus pais, Gabriel e Neli, e a meu irmão, Leonardo, por me amarem e sempre

me apoiarem, incondicionalmente!

A meus familiares maravilhosos, que se desdobraram e deixaram seus próprios

afazeres para cuidar de mim e do meu irmão ao mesmo tempo!

A minha orientadora, Denise Almeida Silva, obrigado por acreditar em mim,

mais do que eu mesmo; pela sua insistência incansável no intuito de que eu não

desistisse do meu sonho – do que iria me arrepender profundamente – e pela sua

imaculada paciência!

À equipe de saúde de São João do Oeste e da ala psiquiátrica de Palmitos,

fundamentais para a minha recuperação!

A todos os respondentes do questionário, que me receberam com muito bom

gosto e deram contribuições significativas para a execução do trabalho!

Aos profissionais da Secretaria de Educação, Departamento Cultural e biblioteca

de São João do Oeste, bem como do Jornal Força d’Oeste, de Itapiranga, por sempre

estarem dispostos a prestarem informações para o trabalho!

A Deus, pela vida e por me proporcionar uma nova chance!

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RESUMO

Esta dissertação apresenta pesquisa sobre o perfil do leitor de livros e de jornais no

município de São João do Oeste, Santa Catarina. O trabalho surgiu a partir da

condição de destaque do município no cenário brasileiro com relação à erradicação

do analfabetismo, o que motivou a indagação-base: “Qual o perfil do leitor – de

jornal e de livros – no município de São João do Oeste e como este se relaciona com

a cultura germânica regional?” No intuito de alcançar este objetivo, utilizaram-se

dados históricos, sobretudo obtidos por meio da aplicação de questionário

estruturado, aprovado pelo Comitê de Ética da URI, sob o CAAE

02987018.0.0000.5352. Os questionamentos foram aplicados a 60 leitores

domiciliados em São João do Oeste, dos quais 30 assinam o Jornal Força d’Oeste

e outros 30 leitores leem livros. Os últimos foram divididos em 15 frequentadores

da Biblioteca Pública Municipal Padre Afonso Hansen, de São João do Oeste, e 15

leitores de livros em geral. O apoio para a compreensão do conceito de leitor foi

buscado, sobretudo, em Marisa Lajolo e Regina Zilberman (1998), Lúcia Santaella

(2004) e Maria da Glória Bordini (2016). Apesar de parcialmente inspirada nas

pesquisas promovidas pelo Instituto Pró-Livro, esta pesquisa adota um conceito de

leitor diverso, considerando, sobretudo, a frequência em detrimento à quantidade

como fator determinante. O capítulo 1 aborda o conceito de cultura e sua relação

com a leitura de jornais e de livros, traçando um panorama histórico dessas

plataformas de leitura. O segundo caracteriza o germanismo em São João do Oeste,

bem como a influência da cultura no hábito da leitura; destaca, nesse sentido, o

papel do Jornal Força d’Oeste e da Biblioteca Pública Municipal Padre Afonso

Hansen. A descrição da pesquisa e análise dos dados obtidos é objeto do terceiro

capítulo desta dissertação. Os dados obtidos apontam para perfis diversos do leitor

de jornal e do leitor de livros no município: o primeiro, com menor escolaridade,

limita-se à leitura de jornal, em busca de informação, não se caracterizando como

leitor de livros; comparado a esse leitor, o de livros é mais sofisticado, embora ainda

muito afeito à leitura de best-sellers; revela-se, além disso, tanto leitor de livros

como de jornais. A biblioteca municipal de São João do Oeste, juntamente com as

escolas e famílias, apresentou, de acordo com os respondentes da pesquisa, papel

fundamental como mediadora de leitura; da mesma forma, a influência da cultura

germânica no processo de erradicação do analfabetismo em São João do Oeste é

vista como uma realidade pelos respondentes da pesquisa.

Palavras-chave: Formação do leitor; biblioteca; jornal; germanismo; São João do

Oeste.

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ABSTRACT

This thesis is a research about the profile of the reader of books and of the reader of

newspapers in São João do Oeste, Santa Catarina. The research was motivated by the

prominent condition of the town, in the Brazilian scenario, regarding the eradication of

illiteracy. It intends to answer question. “What is the profile of the reader – of

newspaper and of books - in São João do Oeste and how does it relate to regional

Germanic culture?” To achieve this general objective, historical data, data collected

from newspapers, and especially the data obtained through the application of a

structured questionnaire were used. The questionnaire, approved by the URI Ethics

Committee, under CAAE number 02987018.0.0000.5352, was applied to 60 readers

domiciled in São João do Oeste, 30 of whom are subscribers of the newspaper Força

d'Oeste; 30 others are mainly readers of books. This last group was divided in two

groups: 15 readers who are patrons of the Padre Afonso Hansen Municipal Public

Library and 15 others who get their books from other sources. The questionnaire had

three types of question: single answer, multiple answer and incomplete statement, a

format that provides for the quantification of information. Support for the understanding

of the concept of reader is sought, above all, in Marisa Lajolo and Regina Zilberman

(1998), Lúcia Santaella (2004) and Maria da Glória Bordini (2016). Although partially

inspired by the research promoted by the Pro-Livro Institute, this research adopts a

different reader concept, considering frequency rather than quantity as a determining

factor. The description and analysis of the data collected is object of the third chapter of

this thesis. Chapter 1 discusses the concept of culture and its relation to the reading of

newspapers and books, tracing a historical overview of these reading platforms. The

second characterizes Germanism in São João do Oeste, as well as the influence of

culture on reading habits; it highlights, in this sense, the role of the newspaper Força

d´Oeste and of the Padre Afonso Hansen Municipal Public Library. The data obtained

points to differences in the profiles of the reader of newspaper and the reader of books:

the first, with less formal education, is limited to the reading of newspapers, firstly and

foremost in order to seek information; this reader is not a book reader; compared to this

profile, the book reader is more sophisticated, though still very fond of reading

bestsellers, but proves to be a reader of both books and newspapers. The fundamental

role of the school, the library and the family as reading mediators was detected; the

correlation between the Germanic culture and the eradication of illiteracy in the town is

seen as a reality by the survey respondents.

Keywords: Reader formation; library; newspaper; Germanism; São João do Oeste.

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SUMÁRIO

CONSIDERAÇÕES INICIAIS ............................................................................. 9

1 CULTURA, LEITURA E LEITOR ............................................................... 15

1.1 CULTURA: conceitos introdutórios ................................................................. 15

1.2 O LIVRO, O JORNAL E SEUS LEITORES .................................................... 19

1.2.1 O livro e o leitor, de Gutenberg à era da internet ..................................... 19

1.2.2 O livro e o leitor no Brasil .................................................................................. 28

1.2.3 O jornal e seu leitor ...................................................................................... 38

2 MOTIVAÇÕES E DESAFIOS PARA A LEITURA EM SÃO JOÃO DO

OESTE ................................................................................................................... 49

2.1 GERMANISMO: A expressão da cultura em São João do Oeste ..................... 49

2.2 RELAÇÕES DA CULTURA LOCAL COM A EDUCAÇÃO E O PROCESSO

DE ALFABETIZAÇÃO .......................................................................................... 62

2.2.1 A Biblioteca Pública Municipal Padre Afonso Hansen: história e público

frequentador ............................................................................................................. 70

2.2.2 O Jornal Força d’Oeste: história e público .................................................. 74

3 O PERFIL DO LEITOR EM SÃO JOÃO DO OESTE ................................. 80

3.1 SOCIAL, EDUCACIONAL E CULTURAL ................................................. 80

3.2 INFLUÊNCIAS NA FORMAÇÃO LEITORA ............................................. 83

3.3 MOTIVAÇÕES, HÁBITOS E BARREIRAS PARA A LEITURA .............. 88

3.4 REPRESENTAÇÕES SOBRE A LEITURA ............................................... 107

3.5 PERCEPÇÕES E USO DE BIBLIOTECAS ................................................ 110

CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 119

REFERÊNCIAS .................................................................................................. 128

ANEXO I ............................................................................................................. 135

ANEXO II ............................................................................................................ 144

ANEXO III .......................................................................................................... 147

ANEXO IV .......................................................................................................... 150

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CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A aptidão para a leitura é ferramenta básica na atualidade, seja para a formação

escolar/acadêmica, na constituição de uma carreira profissional ou em outros campos

relacionados ao desenvolvimento pessoal. Ademais, a leitura, representada, entre outras

maneiras, em seu formato físico por meio do livro, “é o documento que conserva a

expressão do conteúdo de consciência humana individual e social de modo cumulativo”.

Por meio da leitura, “o leitor estabelece elos com as manifestações sócio-culturais [sic]

que lhe são distantes no tempo e no espaço” (AGUIAR; BORDINI, 1993, p. 9) e assim

obtém conhecimento de sua própria história e da sociedade que o circunda.

Em direção oposta aos benefícios proporcionados pela leitura, a alfabetização no

Brasil, entretanto, é marcada por baixos índices: em 2017, cerca de 11,8 milhões de

brasileiros acima de 15 anos eram analfabetos, o que corresponde a 7% desta população,

de acordo com o Censo IBGE 20171 e mencionado pelo portal O Globo. Os números

estão abaixo inclusive da meta estipulada pelo Plano Nacional de Educação (PNE) em

2015, de 6,5%, conforme a mesma página de O Globo.

Neste cenário negativo da alfabetização no Brasil, o município de São João do

Oeste, localizado no Extremo Oeste de Santa Catarina, próximo à divisa com a

Argentina e o Rio Grande do Sul, contrapõe-se à tendência nacional. Desde o início da

colonização agrícola do município, em 1926, os pioneiros, que eram de ascendência

germânica, trataram de proporcionar ensino básico às gerações mais novas, por meio da

edificação de igrejas e escolas, as quais serviam tanto para aulas quanto para

celebrações religiosas e catequese. Esta preocupação dos primeiros colonizadores

quanto à educação reflete-se ainda hoje em São João do Oeste, que já obteve três

premiações como o município com o menor índice de analfabetismo do Brasil.

Em face dessa condição, a indagação para a qual se pretendeu alcançar uma

resposta através desta pesquisa foi: “Qual o perfil do leitor – de jornal e de livros – no

município e como este se relaciona com a cultura regional germânica?” Foi nosso

objetivo caracterizar o perfil dos leitores de jornal e de livro em São João do Oeste/SC,

estabelecendo possíveis relações entre a cultura germânica regional, a erradicação quase

total do analfabetismo no município e o hábito da leitura. Os objetivos desta pesquisa

consistem em caracterizar o perfil dos leitores de jornal e de livro no município de São

1 Os últimos dados sobre alfabetização no Brasil divulgados pelo IBGE são do ano mencionado.

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João do Oeste/SC, estabelecendo possíveis relações entre a cultura germânica regional,

a erradicação quase total do analfabetismo no município e o hábito da leitura.

Considerar tanto a leitura de livros como de jornais torna-se relevante quando se

verifica que a leitura de diferentes tipos de publicações contribui para incentivar,

mutuamente, o hábito leitor de cada um desses tipos.

Para alcançar os objetivos propostos para esta pesquisa, tornou-se necessário

pesquisar fontes históricas e dados de jornal. Contudo, o instrumento preponderante

para obter o perfil do leitor atual do município foi a aplicação de questionário com

perguntas referentes à leitura de jornais e livros, e à percepção dos respondentes sobre

vinculações entre hábitos de leitura e a cultura germânica. Inspirado no questionário

aplicado pela pesquisa Retratos de Leitura no Brasil, o questionário utilizado foi

adaptado para alcançar os objetivos a que esta pesquisa se propõe, sendo dividido em

cinco tópicos aglutinadores das questões, a saber: 1) caracterização social, educacional e

cultural; 2) influências na formação leitora; 3) motivações, hábitos e barreiras para a

leitura; 4) representações sobre a leitura e 5) percepções e uso de bibliotecas.

Uma vez que o objetivo desta pesquisa é traçar o perfil leitor de leitores de livros

e de jornais, foi preciso flexibilizar e ampliar o conceito de leitor adotado pelo Instituto

Pro-Livro, na pesquisa da qual resultam os Retratos da Leitura no Brasil. Segundo

dados apresentados por Zoara Failla, na 4ª edição da pesquisa Retratos da Leitura no

Brasil, considerou-se “leitor” segundo os critérios que vêm sendo adotados pelo

Instituto Pró-Livro, ou seja, leitor é “aquele que leu, inteiro ou em partes, pelo menos

um livro nos três meses anteriores à pesquisa.” (2016, p. 166). A mesma fonte, seguindo

o mesmo critério adotado na edição de 2011 da pesquisa, considera livro “livros em

papel, livros digitais ou eletrônicos e áudiolivros digitais, livros em braile e apostilas

escolares, excluindo-se manuais, catálogos, folhetos, revistas, gibis e jornais.” (2016, p.

166). Para os termos desta pesquisa, e de acordo com seus objetivos, considera-se leitor

o leitor de livros e jornais, em qualquer suporte, adotando-se o critério de frequência e

não o da quantidade. Segundo se pode constatar na pergunta 3.13 do questionário (ver

Anexo 1), a periodicidade regular mínima para se considerar um leitor foi a leitura

quinzenal de livros e/ou jornais.

O questionário foi direcionado a 30 assinantes do Jornal Força d’Oeste e 30

leitores de livros em São João do Oeste. O número de assinantes do jornal que

responderam ao questionário justifica-se pelas faixas etárias definidas para a execução

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do projeto: 18 a 24 anos; 25 a 35; 36 a 50; 51 a 64 e 65 ou mais. Para cada uma dessas

faixas etárias foram consultadas seis pessoas, o que totaliza 30. No caso dos leitores de

livros, foram consultados 15 leitores que frequentam a Biblioteca Pública Municipal

Padre Afonso Hansen – cujo acesso às obras é gratuito – e outros 15 que obtêm os livros

de outras maneiras. Em cada um desses grupos foram consultados três respondentes

para cada uma das cinco faixas etárias contempladas, perfazendo, também, um total de

30 respondentes. O público alvo da pesquisa foi dividido em cinco faixas etárias, a

partir dos 18 anos, justamente em decorrência da pretensão de entrevistar leitores que já

tenham concluído o Ensino Básico, ou seja, que leiam a partir da própria iniciativa, sem

a imposição escolar.

A escolha da Biblioteca Pública Municipal Padre Afonso Hansen deve-se ao fato

desta ser a principal do município, com acesso gratuito aos livros em seus 26 anos de

atendimento e também em função dos constantes investimentos no local, seja para a

aquisição de livros ou a recente revitalização do espaço disponível. Conforme a

bibliotecária Juliane Steffen (2019), 2.000 pessoas estão cadastradas na biblioteca e

deste contingente, 20% são maiores de 18 anos ou já concluíram o Ensino Médio.

Segundo dados veiculados pela Prefeitura Municipal de São João do Oeste, o acervo da

biblioteca abrange 13.437 livros infantis e 16.925 de literatura em geral (SECRETARIA

MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE SÃO JOÃO DO OESTE, 2019), o que totaliza

30.362 exemplares. O acervo também é regularmente renovado: a bibliotecária Juliane

Steffen enfatiza que entre 2017 e 2018, por exemplo, foram adquiridas em torno de 200

obras de literatura infantil e outras 200 de literatura em geral, além de livros, jornais e

audiovisuais, entre eles, material em idioma alemão (STEFFEN, 2019). Entre outras

utilidades, a biblioteca oferece sala de informática, com acesso gratuito à internet, assim

como o chamado “Cantinho da Leitura”, espaço reservado à leitura e à consulta de

livros.

Já a opção por pesquisar, dentre os leitores de jornal, os leitores do Força

d’Oeste, deve-se à relevância deste veículo de comunicação no município de São João

do Oeste. Embora tenha sede no município vizinho, Itapiranga, 29% dos assinantes do

semanário residem em São João do Oeste: segundo o diretor geral do Força d’Oeste,

Rafael Stuelp, de um total de 3.100 assinantes, entre os cinco municípios de

abrangência do veículo de comunicação, 900 procedem desse município. Considerando

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que a população de São João do Oeste é estimada em 6.359 habitantes em 2018,

verifica-se que ao menos um entre cada sete moradores do município assina o jornal.

Os questionários foram aplicados entre os meses de janeiro e abril de 2019, de

forma presencial, ou seja, o pesquisador entregou as folhas impressas com as perguntas

diretamente aos respondentes, oportunidade na qual o público questionado também teve

oportunidade de fazer outros comentários sobre assuntos relativos à leitura que não

estavam contemplados nos questionamentos, fator que ajudou a ampliar o escopo da

pesquisa.

Os questionamentos contaram com três tipos de questão: resposta única, resposta

múltipla e afirmação incompleta. Esse formato propicia a quantificação das

informações, que podem ser tabuladas em números, o que facilita a amostragem.

Segundo Lakatos e Marconi (2011, p. 285), “o enfoque quantitativo vale-se do

levantamento de dados para provar hipóteses baseadas na medida numérica e da análise

estatística para estabelecer padrões de comportamento.” A escala de medição dos dados

foi a ordinal, ou seja, “quando se estabelece uma ordem entre as diferentes categorias”,

como “classe alta, média e baixa” (LAKATOS; MARCONI, 2011, p. 287). As medidas

de posição, por sua parte, foram apresentadas em formato de “moda”, no qual serão

ressaltadas as alternativas de respostas mais mencionadas pelos respondentes. Os

materiais com coleta de informações serão guardados por 5 anos e em seguida

eliminados; o roteiro deste questionário foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa

do Programa de Pós Graduação da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e

das Missões – URI, campus de Frederico Westphalen, sob o CAAE

02987018.0.0000.5352.

Esta pesquisa quantitativa, apoiada no método hipotético-dedutivo, permitiu,

como se esperava, conjecturar sobre os hábitos de leitura do contingente para o qual o

questionário foi aplicado, e seus hábitos como leitores de livros e jornais,

frequentadores de bibliotecas ou não. Estes dados são descritos no capítulo 3 (que

contou com um tópico exclusivo para cada um dos 5 temas em torno dos quais se

aglutinaram as perguntas elaboradas para o questionário), e analisados nas conclusões,

onde se retomam os dados preliminares expostos nos primeiros capítulos desta

dissertação. O capítulo 1 aborda o conceito de cultura e sua relação com a leitura de

jornais e de livros, traçando um panorama histórico dessas plataformas de leitura. Em

seguida, no segundo capítulo, caracterizamos o germanismo e, com base nisto,

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descrevemos a cultura de São João do Oeste. A partir destas relações, identificamos

possíveis fatores que levaram o município a praticamente erradicar o analfabetismo,

bem como a influência da cultura no hábito da leitura. Ainda, apresentamos um

histórico do Jornal Força d’Oeste e da Biblioteca Pública Municipal Padre Afonso

Hansen, cujos respectivos frequentadores e leitores formaram parte da população-alvo

dos questionários estruturados de coleta de dados. O terceiro capítulo, conforme já

explicitado, procede à análise do perfil do leitor de jornais e de livros do município de

São João do Oeste.

O caráter original desta pesquisa deriva da carência de estudos que relacionem a

cultura germânica ao hábito da leitura no município de São João do Oeste. A maioria

das análises efetuadas por pesquisadores desta região associa a cultura do município à

religião católica e educação básica, porém não conseguimos localizar, até o momento,

estudos que considerem o vínculo entre a cultura, o processo de alfabetização e a

manutenção do hábito da leitura no município. Da mesma forma, não encontramos

pesquisas que comparem as afinidades e diferenças entre o público leitor de jornais e de

livros em São João do Oeste, bem como a conexão destas duas plataformas de leitura

com a cultura alemã.

Ao admitir o estudo da cultura alemã como escopo de análise, o presente

trabalho ratifica sua inserção na linha de pesquisa “Comparatismo e Tradução” do

Programa de Pós-Graduação em Letras – Literatura Comparada. Esta linha de pesquisa

não se limita à tradução textual de um idioma para outro, pois também compreende as

traduções culturais que se estabelecem entre diferentes artes ou plataformas literárias, o

que inclui a possibilidade de estudo da forma como a cultura incide sobre a leitura de

livros e jornais em determinada região ou público, por exemplo, temas que constituem o

fundamento deste trabalho. A Literatura Comparada, que na sua fase inicial, no século

XIX, era compreendida como um elemento da historiografia literária, tornou-se

disciplina que abrange diferentes campos das Ciências Humanas, segundo Tania Franco

Carvalhal (1991). Este caráter interdisciplinar, portanto, confere a possibilidade de

comparar os leitores de jornal e de livros, tal qual ocorre nesta pesquisa. Dentro do

Programa de Pós Graduação em Letras da URI – campus de Frederico Westphalen, o

tema desta pesquisa destaca-se também por ser o primeiro que propõe o estudo de um

perfil de leitores de um município.

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O comparatismo exige que ao menos um dos objetos de estudo que se pretende

analisar seja o literário: para C. S. Brown (apud CARVALHAL, 1991), por exemplo, a

Literatura Comparada inclui “[...] qualquer estudo de literatura envolvendo, pelo menos,

dois diferentes meios de expressão” (p. 12). Ainda conforme Carvalhal (1991, p. 11),

“[...] comparar não é justapor ou sobrepor mas é, sobretudo, investigar, indagar,

formular questões que nos digam não somente sobre os elementos em jogo (o literário, o

artístico), mas sobre o que os ampara (o cultural, por extensão, o social)”, razões pelas

quais esta pesquisa, sobre a articulação entre a cultura germânica e o processo de leitura

de livros e jornais, assenta-se entre os estudos comparatistas.

Esta pesquisa distingue-se por enfocar o epicentro da cultura popular: diferente

dos trabalhos acadêmicos que se centram exclusivamente no espaço da academia, ou

preocupam-se com o extra-universitário em segunda instância, esta Dissertação de

Mestrado propõe justamente o oposto, pois a pesquisa advém da cultura popular de

ascendência germânica no município de São João do Oeste para em seguida ater-se ao

processo de leitura de jornais e livros e a análise da relação cultura-leitura pelo viés

acadêmico. Tencionamos, também a partir desta pesquisa, estimular políticas públicas

que se voltem à importância da leitura. Da mesma forma, esperamos que os resultados

desta pesquisa – constituída a partir de aplicação de questionário para 60 leitores –

contribuam para as universidades refletirem sobre a maneira como trabalham a

formação do leitor, especialmente na área de Letras.

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1 CULTURA, LEITURA E LEITOR

1.1 CULTURA: conceitos introdutórios

Cultura significa, em sua acepção mais ampla, a soma dos padrões

comportamentais de um grupo social, representando o conjunto de seus conhecimentos,

experiências, atitudes e valores, nos quais se incluem sua língua, relações sociais e

hierarquias, religião, dentre outros padrões comportamentais.

Ao analisar o conceito de cultura a partir das ressonâncias etimológicas do

termo, Alfredo Bosi (1992) identifica a sua origem ao verbo latino colo, que remete a

tanto morar na terra como cultivar o campo. Semelhantemente, culto e colonização, os

quais, juntamente com cultura, também derivam de colo, têm significados distintos

entre si: enquanto colonização refere-se ao manejo da terra, Bosi relembra que culto

retoma a experiência do cultivo e do apego ao solo, e, pois, da experiência e memória

compartilhadas. Por outro lado, culturus carrega “a ideia de porvir ou de movimento em

sua direção” (BOSI, 1992, p. 16).

Nas sociedades urbanizadas, cultura foi adquirindo também o sentido de

condição de vida cujo valor é estimado por todas as classes e grupos: cultura supõe

consciência grupal que remete, a partir da vida presente, os planos para o futuro. Nesse

sentido, como Bosi acentua, a cultura consiste no “conjunto das práticas, das técnicas,

dos símbolos e dos valores que se devem transmitir às novas gerações para garantir a

reprodução de um estado de coexistência social” (BOSI, 1992, p. 16).

Ao relacionar este termo à realidade brasileira, denota-se que “cultura”, no

singular, torna-se redutor para um dos países mais multiculturais do mundo. É por esta

razão que autores como Bosi (1992) preferem utilizar a designação “culturas

brasileiras”, no plural, quando se referem às culturas indígenas, afrodescendentes,

europeias ou quaisquer outras que compõe o maior país da América Latina. O termo

cultura evoca o entendimento de “uma herança de valores e objetos compartilhada por

um grupo humano relativamente coeso” (BOSI, 1992, p. 309). A partir desta

constatação, Bosi (1992) assimila a distinção entre a cultura erudita – identificada em

níveis educacionais, principalmente em universidades – e a cultura popular – de um

público basicamente iletrado, composto em maior parte por pessoas residentes no

sertão, interior e as classes baixas.

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Dentro desta distinção extrema entre as culturas popular (folclórica) e erudita

(universitária) incluem-se outros dois desdobramentos: a cultura criadora, composta

por escritores, compositores, artistas plásticos e outros intelectuais que se encontram

fora da universidade, porém observados em posição elevada pelo sistema cultural; e a

cultura de massas, que, em razão de sua relação com o mercado de bens de consumo,

acabou sendo tarimbada de indústria cultural pelos estudiosos da Escola de Frankfurt.

As quatro variantes de cultura seriam, portanto, cultura universitária, cultura criadora

extra-universitária, indústria cultural e cultura popular (BOSI, 1992).

A cultura universitária ocupa espaço privilegiado por ser incrementada por

investimentos particulares e também do próprio Estado. Como registrada por Bosi em

1992, era formada, em nosso meio, por jovens das classes média e alta nos anos 1980,

uma realidade amplamente distinta da atual, em que os estudantes das classes mais

baixas também adquirem acesso ao ensino superior. Bosi ainda registrava influência do

poder econômico dos Estados Unidos, que faz instituir a relevância do aprendizado do

Inglês, em detrimento de outras línguas, ocasionando limitação ao acesso do estudante à

literatura e à cultura publicadas em outras línguas (BOSI, 1992).

No que tange à cultura fora da universidade, o termo remete ao conceito

antropológico de cultura, como “conjunto de modos de ser, viver, pensar e falar de uma

dada formação social” (BOSI, 1992, p. 319). Abandona-se, aqui, o conceito restrito de

cultura como as produções escritas de instituições de ensino e pesquisa superiores. A

cultura extra-universitária relaciona-se com a vida psicológica e social do povo, ao

passo que a prática acadêmica detém-se sobre materiais secundários ou terciários, com

base em métodos e fórmulas específicas (BOSI, 1992).

A cultura popular é a que mais se aproxima do sentido antropológico do termo,

conforme Bosi (1992), uma vez que esta se constitui desintegrada da institucionalização

do Estado. Sedimentada no imaginário do povo, a cultura popular abrange desde o “rito

indígena ao candomblé, do samba-de-roda à festa do Divino, das Assembleias

pentecostais à tenda de umbanda, sem esquecer as manifestações de piedade do

catolicismo que compreende estilos rústicos e estilos cultos de expressão” (BOSI, 1992,

p. 323). As manifestações culturais no âmbito popular transcorrem de grupos mais

fechados, mas que, ainda assim, estão expostos à influência da cultura escolar ou dos

meios de comunicação de massa. No contexto de São João do Oeste, o cultivo do

catolicismo dominante é acompanhado de celebrações religiosas em todos os fins de

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semana nas comunidades e na sede do município, da mesma forma como as demais

missas e cultos no decorrer do ano, como as do período da Páscoa e Corpus Christi –

nesta última ainda é efetuada procissão após a celebração. Outras celebrações na igreja

também se tornaram habituais, como a Missa da Saúde, direcionada a todos que estejam

enfrentando alguma doença e realizada sempre nas quartas-feiras na comunidade da

matriz, na qual, na parte final da celebração, os devotos dirigem-se ao altar, virados para

a cruz, e assim efetuam a oração e os ritos finais.

Cada comunidade católica também possui a sua própria padroeira e não há

necessariamente uma santa sobre a qual se estenda maior devoção. A principal festa

paroquial de São João do Oeste, por seu turno, é a Erntedankfest (Festa da Colheita),

promovida por integrantes da comunidade da matriz, sempre no primeiro domingo de

maio. Este evento arrecada fundos para que a comunidade possa investir tanto na igreja

matriz, a maior em madeira da América Latina, quanto em outras estruturas abrangidas

por ela, como o cemitério, o salão paroquial e a gruta Nossa Senhora de Lourdes. Em

algumas edições da Erntedankfest, que em 2019 chegou ao 67º ano, os lucros eram

repartidos entre a comunidade da matriz e o hospital do município.

No caso da cultura popular, não há uma separação entre as esferas material e

espiritual ou simbólica:

Cultura popular implica modos de viver: o alimento, o vestuário, a

relação homem-mulher, a habitação, os hábitos de limpeza, as práticas

de cura, as relações de parentesco, a divisão das tarefas durante a

jornada e, simultaneamente, as crenças, os cantos, as danças, os jogos,

a caça, a pesca, o fumo, a bebida, os provérbios, os modos de

cumprimentar, as palavras tabus, os eufemismos, o modo de olhar, o

modo de sentar, o modo de andar, o modo de visitar e ser visitado, as

romarias, as promessas, as festas de padroeiro, o modo de criar

galinha e porco, os modos de plantar feijão, milho e mandioca, o

conhecimento do tempo, o modo de rir e de chorar, de agredir e de

consolar... (BOSI, 1992, p. 234)

Como Bosi salienta, há a impossibilidade de separar corpo e alma, bem como

entre as necessidades orgânicas e morais. É por esta razão que defende uma teoria da

cultura brasileira, com vistas a eliminar a fragmentação entre culturas populares e

elitistas, bem como as ideologias e preconceitos arraigados nesta distinção, pois ambas

constituem e influenciam o indivíduo.

Neste trabalho, interessam, sobretudo, as relações da cultura popular com a

cultura de massa (leitores de jornal) e a cultura erudita (leitores de livros). Na primeira

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relação, entre a cultura de massa e a cultura popular, um dos resultados é a influência

exercida pelo poder econômico dos meios de comunicação de massa, capaz de reduzir

as reminiscências de grupos culturais populares a apenas expressões folclóricas.

Quanto às relações entre a cultura popular e a cultura erudita, Bosi (1992) aponta

que a erudita trata da popular de duas maneiras distintas: por um lado, a ignora, e de

outro, mostra-se curiosa sobre o seu potencial como fonte de pesquisa em nível

universitário. Para que a relação entre a cultura erudita e a cultura popular se estabeleça,

é necessário que os representantes da universidade mantenham grande e sincera empatia

com a simbologia popular, destituída de preconceitos. A cultura erudita procura

renovar-se para demonstrar a espontaneidade da vida popular e neste sentido é relevante

que esta faça um autodiagnóstico da relação com a cultura popular (BOSI, 1992).

Um dos desafios da cultura erudita, comumente centrada em si mesma, é a

superação do confronto que mantém com as manifestações folclóricas: “ela as

desclassifica enquanto cultura, acentuando, no seu julgamento, o teor simples, pobre,

elementar, grosseiro, vulgar, ou as formas monótonas, repetitivas, não originais, dessas

mesmas expressões” (BOSI, 1992, p. 334). Muitos intelectuais acadêmicos estão

satisfeitos com o estilo de vida edificado em âmbito internacional pelas universidades e

o status proporcionado pelo ensino superior, à iminência de afastarem seu contato da

cultura popular (BOSI, 1992). O trabalho desenvolvido nesta Dissertação de Mestrado,

por seu turno, propõe justamente o oposto, pois a pesquisa advém da cultura popular de

ascendência germânica no município de São João do Oeste, para em seguida ater-se ao

processo de leitura de jornais e livros e a análise da relação cultura-leitura pelo viés

acadêmico.

A indústria cultural, por sua vez, refere-se ao conteúdo difundido pelos meios de

comunicação de massa, especialmente pela televisão, seguida pelo rádio e em menor

escala, por jornais e revistas. Em alguns casos, como o horário da novela ou do

noticiário, famílias inteiras reúnem-se em frente à televisão, fato que Bosi (1992)

caracteriza como “cultura para as massas” (p. 321, grifo do autor). Tais programas

utilizam-se de recursos apelativos, como sentimentalismo, agressividade, erotismo,

medo e curiosidade, os quais objetivam provocar emoções nas pessoas que assistem, de

modo a mantê-las interessadas no material veiculado.

Embora Bosi não se ocupe do caso específico de jornais, é importante salientar

estratégias comumente usadas pela imprensa para atrair as massas. Para Ricardo Noblat

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(2002), uma das estratégias mais efetivas no que tange ao desencadeamento do interesse

do leitor de jornais é a produção de conteúdo com caráter local, de modo que este se

sinta incluído no contexto do fato. Ao passo que os canais de comunicação de maior

alcance, como o rádio, a televisão e a internet caracterizam-se pela divulgação de

conteúdo jornalístico em âmbito mais abrangente, seja estadual, nacional ou

internacional, o jornal impresso deve ater-se ao local, visando tornar-se único nas

notícias e reportagens que propaga (NOBLAT, 2002).

É por este motivo que jornais como o Força d’Oeste, de Itapiranga/SC,

mostram-se exitosos em seus empreendimentos, afinal não existem veículos de

comunicação com o poderio massivo como a televisão na região em que o impresso

circula. Há outros jornais de circulação semanal em Itapiranga, além das rádios, o que

impele o Força d’Oeste a visualizar estratégias distintas para que possa manter seu

espaço no mercado jornalístico. Uma alternativa para os jornais, conforme sublinha

Noblat (2002), é a produção de conteúdo exclusivo e com maior aprofundamento de

informações, pois a maioria dos temas divulgados pelo impresso já foram noticiados por

outros veículos de comunicação. A “notícia em tempo real deve ficar para os veículos

de comunicação instantânea – rádio, televisão e internet. Jornal deve ocupar-se com o

desconhecido. E enxergar o amanhã” (NOBLAT, 2002, p. 38). A capacidade de

enxergar o amanhã, na concepção de Noblat (2002), refere-se à missão dos jornais em

visualizar as consequências que os fatos instigarão no decorrer do tempo, para

antecipar-se aos veículos de comunicação com fluxo de notícias mais acelerado. Não se

trata meramente de adivinhar o que acontecerá em curto ou longo prazo, mas de

apresentar indícios dos desdobramentos que determinado fato acarretará.

1.2 O LIVRO, O JORNAL E SEUS LEITORES

1.2.1 O livro e o leitor, de Gutenberg à era da internet

A aprendizagem da leitura, consoante Antonio Viñao Frago (1993), nasce de um

exercício que mescla habilidades auditivas e visuais, “no qual primeiro identificam-se as

letras por seu som, e depois, progressivamente, com soletrações sucessivas e repetidas,

as sílabas, palavras e frases” (p. 40). Estas constatações auxiliam a explicar porque a

leitura da literatura, ainda no século X, de acordo com Roger Chartier (apud FRAGO,

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1993), ocorria predominantemente em voz alta (ou baixa) e passou então a se consolidar

de forma silenciosa. No período que compreende os séculos XI e XIV, a leitura

alastrou-se entre clérigos e universitários, para em seguida também atingir os

aristocratas. Como Frago (1993, p, 42) salienta,

Isso implicou profundas modificações no uso do livro, não menores

do que as que a imprensa produziu posteriormente. A leitura

silenciosa introduziu o livro na esfera da intimidade individual,

facilitou uma compreensão mais livre do escrito e permitiu uma leitura

rápida e, portanto, o acesso a um maior número de textos.

John Foxe enfatiza a colaboração da imprensa para a instituição da leitura na

sociedade. O autor classifica a imprensa como “uma divina e miraculosa invenção”

(FOXE apud GILMONT, 1999, p. 47), termos que, aliás, já eram utilizados desde o

surgimento da tipografia, instaurada por Johannes Gutenberg na segunda metade do

século XV, em 1460. A invenção de Gutenberg, segundo Gilmont, promoveu maior

circulação de textos e redução nos custos das impressões. Um contratempo inerente a

este processo, contudo, era o alto índice de analfabetismo da sociedade e a lentidão do

processo de transição do texto manuscrito para o impresso, situação que o autor

descreve como “uma lenta gestação de cerca de oitenta anos” (GILMONT, 1999, p. 48).

A partir de 1520, as oficinas tipográficas começaram a se espalhar rapidamente,

a partir da Alemanha e, em seguida, avançaram para a Itália, França e o resto da Europa.

Nesta época, a imprensa contribuiu para o alastramento das línguas nacionais, que então

estavam em alta no cotidiano da sociedade europeia. O autor enaltece a influência de

Lutero neste processo, que, ao se opor às indulgências2, desencadeou ampla campanha

de imprensa na Alemanha, de 1520 a 1525, com panfletos que circularam por todo o

Império. Em meio à ainda expressiva incidência do latim como a língua oficial dos

textos de caráter teológico, no século XVI o livro multiplicou-se em um mundo em que

a oralidade comandava as interações sociais (GILMONT, 1999).

Com o intuito de esboçar a amplitude da leitura, Gilmont apresenta alguns

pesquisadores que especulam sobre a taxa de alfabetização na Europa no século XVI:

R. Engelsing estima que de 3 a 4% da população alemã sabia ler por

2 As indulgências consistiam numa espécie de comércio, no qual os fieis da igreja Católica pagavam para

receber a remissão de pecados considerados mais graves.

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volta de 1500; nas cidades a porcentagem subia até 10 ou mesmo

30%. Para a Inglaterra, D. Cressy situa as taxas em torno de 10% para

os homens e 1% para as mulheres. Em uma cidade culta como Veneza

[Itália], a frequência escolar eleva-se globalmente em 1587 a 14% dos

jovens (26% dos rapazes, 1% das moças), o que dá uma ideia da taxa

de alfabetização dos venezianos (GILMONT, 1999, p. 58-59).

Para prosseguir a contagem da história do livro, a partir de então o foco dos

historiadores deslocou-se do texto para o leitor, buscando identificar o tipo de leitura

que se fazia das obras: “[...] não nos enganemos: uma distinção essencial deve ser feita

entre a audiência dos livros – aqueles que realmente os leem – e seu público – aqueles a

quem os autores e os editores os destinam” (GILMONT, 1999, p. 59).

Gilmont destaca que na Alemanha do século XVI as edições da Bíblia eram

destinadas predominantemente às paróquias e aos pastores, enquanto nos Países Baixos

uma produção tipográfica mais ampla contribuiu para um número significativo de

Bíblias chegarem às famílias (GILMONT, 1999). A quarta sessão do concílio, em 1546,

culminou no estabelecimento de uma lista de livros bíblicos a serem considerados

canônicos, todos estes necessariamente em latim, de acordo com Dominique Julia

(1999). Estes livros também deveriam ser compreendidos de maneira específica,

conforme as expectativas da Igreja. A partir do século XVI, com prosseguimento até o

XVIII, houve aumento considerável no número de leitores, motivado pelo progresso da

escolarização (JULIA, 1999, p. 97). No caso da França do século XVII, por exemplo,

iniciou-se uma escolarização maciça, sem, entretanto, aferir as consequências em longo

prazo (JULIA, 1999, p. 98).

Julia (1999) relata que no século XVI ainda havia ampla distância entre a

escolarização oferecida à elite nobre, que recebia livros com orientações sobre a

conduta espiritual, e as camadas populares, às quais eram distribuídos meros folhetos

durante as missões. A abrangência da religiosidade amplifica-se ao ponto de os livros

deste gênero ultrapassarem a metade do estoque das lojas francesas no século XVII e

chegarem ao ponto de representar 63% do número de reimpressões entre 1778 e 1789,

segundo Julia (1999).

Enquanto os livros alastravam-se pela Europa, a alfabetização começou a

apresentar resultados mais expressivos a partir do século XVIII. Entre os primeiros

modelos de alfabetização que obtiveram maior sucesso no mundo destaca-se o

protestante-nórdico ou sueco. A ênfase na difusão da leitura, aliada aos esforços da

igreja luterana e do estado, contribuíram para que quase 100% da população da Suécia

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soubesse ler por volta de 1750, segundo E. Johansson (apud FRAGO, 1993, p. 46). A

aquisição da leitura era avaliada por meio de provas paroquiais anuais, determinadas por

uma disposição de 1686, como requisito para receber a comunhão ou contrair

matrimônio. O objetivo desta avaliação era garantir “que os pais eram capazes de

alfabetizar seus filhos” (FRAGO, 1993, 46), com base em textos de índole político-

religiosa.

O modelo prussiano-alemão, por sua vez, engloba também a influência das

forças produtivas na formação dos leitores, a ponto de igualar ou mesmo superar as

motivações religiosas (FRAGO, 1993, p. 47). O autor reitera que as taxas de

alfabetização da Prússia [região que na época era ocupada pela Alemanha e grande parte

do território da Polônia] em meados do século XIX eram superiores às da Inglaterra e

França nesta mesma época. Dois fatores principais conduziram o império a uma das

taxas de escolarização e alfabetização mais elevadas em meados do século XIX e

influenciaram nas metodologias pedagógicas de outros países, segundo Frago (1993, p.

47):

Um deles, similar ao sueco, foi a pressão político-religiosa da reforma

protestante e a aliança entre os poderes públicos (estatais e municipais)

e os eclesiásticos, para criar todo um sistema escolar público, de base

local. Outro, bastante peculiar, foi a pressão bélico-nacionalista e as

exigências derivadas da constituição de um exército moderno no século

XVIII.

Lajolo e Zilberman (1998) registram o início da história do leitor na Europa, no

século XVIII, a partir de uma conjunção de fatores favoráveis. O principal deles é o

advento de maior tecnologia para a impressão das obras:

Nessa época, a impressão de obras escritas deixou de ser um trabalho

quase artesanal, exercida por hábeis tipógrafos e gerenciado pelo

Estado, que, por meio de alvarás e decretos, facultava, ou não, o

aparecimento dos livros. Tornou-se atividade empresarial, executada

em moldes capitalistas, dirigida para o lucro e dependente de uma

tecnologia que custava cada vez menos e rendia cada vez mais

(LAJOLO; ZILBERMAN, 1998, p. 14).

O objetivo da sociedade capitalista somente mostrou-se exitoso a partir do

momento em que houve um fortalecimento das escolas e da obrigatoriedade do ensino.

As revoluções burguesas dos séculos XVIII e XIX abrangeram, entre as metas

principais, o afastamento do Estado em relação à economia, para que este atuasse

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predominantemente sobre a saúde e educação. “Com isso, ficava o capital livre para

usar o mercado da maneira que lhe aprouvesse” (LAJOLO; ZILBERMAN, 1998, p. 15).

O alastramento do hábito da leitura permitiu que o livro alcançasse um público

cada vez mais amplo no final do século XVIII. Em Paris, segundo Reinhard Wittmann

(1999), todos já liam em 1796, no período que o autor classifica como o da Febre da

Leitura:

Todos - principalmente as mulheres - têm um livro consigo. Lê-se no

bonde, nos calçadões, nos intervalos do teatro, nos cafés, no banho.

Nas lojas lêem mulheres, crianças, aprendizes, praticantes. No

domingo as pessoas lêem diante de suas casas; os lacaios lêem em

seus assentos, os cocheiros em sua boléia, os soldados nas guaritas

(KRAUSS, 1965 apud WITTMANN, 1999, p. 135-136).

Wittmann (1999) observa também nesta época uma transição da leitura intensiva

para a extensiva: enquanto a primeira concentrava-se especialmente sobre os cânones

literários e as leituras de cunho religioso – especialmente sobre a Bíblia –, a extensiva

consistia em leituras mais abrangentes, com a finalidade de promover distração pessoal.

Esta maneira diferenciada de encarar a leitura sinalizou uma ruptura no modo

tradicional de ler, para a instauração de outro mais moderno, com um público que se

distinguia tanto em parâmetros quantitativos, quanto nos qualitativos.

A leitura, para a qual a burguesia pela primeira vez teve tempo e poder

de compra suficientes, ganhou função emancipadora e se tornou força

social produtiva: ela ampliou o horizonte moral e espiritual,

transformou o leitor num membro útil da sociedade, fez com que

dominasse melhor o seu círculo de deveres e também serviu à carreira

social. A palavra impressa tornou-se pura e simplesmente a

representante burguesa de cultura (WITTMANN, 1999, p. 138).

O século XVIII marcou uma mudança na mentalidade da leitura como forma de

poder, a serviço da religião, para então se dispor a atingir um público mais amplo, que

para tanto necessitaria ser alfabetizado. Wittmann (1999) verifica que não há dados

consistentes em relação ao número de pessoas com habilidade para ler e escrever ao

final daquele mesmo século e questiona o potencial das metodologias de alfabetização

para formar leitores que mantenham o hábito por toda vida. O autor destaca a

necessidade de se distinguir o contingente de leitores em sexo – uma vez que o feminino

era alfabetizado com os objetivos mais voltados à leitura do que para a escrita –, os que

frequentam escolas confessionais e principalmente os aspectos sociais que englobam os

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moradores da cidade e do campo. “É "leitor" quem é capaz de rabiscar sua assinatura

num certificado de compra, quem com muito esforço e suor decifra o familiar

catecismo, ou mesmo um analfabeto que ouve avidamente alguém que lê”

(WITTMANN, 1999, p. 139).

Apenas a Suécia ostentava a marca de 100% da população adulta alfabetizada no

século XVIII, segundo Wittmann (1999), também apontado anteriormente por Lajolo e

Zilberman (1998). Os demais países, em especial na Europa central, apresentaram um

crescimento significativo no número de leitores no século XVIII. Wittmann (1999, p.

139), com base em outros autores, aponta que em torno de 1770, 15% da população

germânica acima de 6 anos detinha a habilidade da leitura; e em 1800, a quantidade de

leitores avançou para 25%.

A leitura, a partir de então, tornou-se atividade socialmente individual e

indiferente, conforme Wittmann (1999). De modo geral, a evolução da leitura ocorreu a

partir das cidades, antes de atingir a população camponesa. Esta difusão do ato de ler

obteve efeitos mais substantivos entre o público feminino, por meio das esposas e filhas

da burguesia, as quais contavam com mais tempo livre. “Foi permitido, então, ampliar

seu cânone de leitura, que até o começo do século XVIII estava praticamente limitado a

construtivos escritos religiosos (mesmo que essas restrições nem sempre pudessem ser

cumpridas)” (WITTMANN, 1999, p. 143).

No caso da Alemanha, Wittmann (1999) destaca a necessidade de um vínculo

entre a leitura religiosa e a mundana para ampliar o leque de leituras do público

feminino. Jean Paul (apud Wittmann, 1999, p. 150) verifica que por volta de 1800 havia

três públicos leitores neste país: “(1) o das bibliotecas de empréstimo, amplo, quase

iletrado, inculco; (2) o erudito, constituído de professores, formandos, estudantes,

críticos; (3) o letrado, composto de cidadãos e mulheres de boa formação, artistas e

integrantes de classes superiores”.

A popularidade da leitura entre o público jovem e feminino já havia sido

diagnosticada em 1780, quando inclusive as classes populares passaram a ler com o

objetivo de divertir-se, e não simplesmente para a formação pessoal. Os catálogos da

Feira de Leipzig, por exemplo, registram que em 1765 foram comercializados 1.384

títulos e os números cresceram expressivamente nas décadas seguintes, até atingir 3.906

títulos em 1800. O elevado preço dos livros, que subiu oito a nove vezes nas três

últimas décadas do século XVIII, impediu uma maior comercialização neste período,

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quando muitos leitores optaram por procurar as obras em bibliotecas, sociedades

literárias ou comprar reimpressões em regiões onde os custos eram mais baixos

(WITTMANN, 1999).

O público leitor tornou-se mais exigente ao final do século XVIII e solicitava

que os livros apresentassem textos cada vez mais agradáveis e elegantes, o que

estimulou a produção de romances. Este tipo de obras, ao passo que cativava toda uma

geração de leitores, era repreendido pela burguesia, que classificava o romance como

uma “leitura narcótica”, pois a partir dele, principalmente as leitoras, “se refugiavam no

prazer passivo, sentimental” (WITTMANN, 1999, p. 155).

A partir do século XIX, por seu turno, o número de bibliotecas e sociedades

literárias multiplicou-se, o que propiciou a formação de leitores individualizados, com

ampla variedade de opções para desenvolver a sua recepção literária, muito além da

leitura de romances (WITTMANN, 1999, p. 158). As taxas de alfabetização na Europa

cresceram substancialmente neste século, ao ponto de ultrapassar a metade da população

em alguns países. Conforme apresenta Martyn Lyons (1999, p. 165), com base em

outros autores, “na França [...] cerca de metade da população masculina e

aproximadamente 30% das mulheres sabiam ler. Na Inglaterra, onde eram mais altas as

taxas de alfabetização, em 1850, 70% dos homens e 55% das mulheres sabiam ler. O

Reich alemão, em 1871, tinha taxa de alfabetização de 88%” (LYONS, 1999, p. 165).

A diferença nas taxas de alfabetização masculina e feminina diminuiu ao ponto

de se igualar no final do século XIX, quando as indústrias de revistas para mulheres já

estavam em expansão. Enquanto que para as mulheres eram oferecidos romances, os

homens liam jornais e em algumas famílias, principalmente as católicas, apenas os

integrantes do sexo masculino podiam ter acesso ao conteúdo veiculado pela imprensa,

o que lhes conferia a condição de censurar matérias que considerassem inadequadas

(LYONS, 1999).

O número de pessoas alfabetizadas aumentou no decorrer do século XIX,

inclusive entre crianças e a classe operária. Já no final do século XX, conforme aponta

Petrucci (1999), o crescimento no processo de alfabetização prosseguia em ritmo lento,

ao passo que o contingente de analfabetos também ampliou-se, a ponto de superar o

bilhão. Segundo o autor, em 1980 a taxa mundial de analfabetismo chegou a 28,6%,

para 824 milhões de indivíduos; em 1985, a porcentagem caiu para 28%, porém o

número total chegou a 889 milhões. As áreas de maior difusão do analfabetismo

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encontram-se na África, na América Latina e na Ásia (principalmente em países árabes

e muçulmanos). Os motivos da expressiva taxa de analfabetismo transcendem à

condição de baixa renda e também decorrem de razões políticas e ideológicas. Países

como Haiti e Peru não valorizam a educação de massa, enquanto os muçulmanos

hostilizam a educação da mulher, por consequência de ideologias religiosas

(PETRUCCI, 1999).

No contraponto do ritmo da alfabetização, a produção de livros registrou

extensivo aumento na segunda metade do século XX: “Em 1975 foram produzidos no

total 572.000 títulos; [...] em 1983, 772.000. No início dos anos 1980, a Europa, com

15% da população, produzia ainda 45,6% dos livros; a União Soviética, com 8,1 % da

população, 14,2%, e os Estados Unidos, com 7,5% da população, 15,4%.” (PETRUCCI,

1999, p. 205-206). Quanto aos jornais, em 1982 havia 8.200 periódicos, dos quais 4.560

constavam em países desenvolvidos. O empréstimo de livros efetuados em bibliotecas

públicas, por sua vez, registra, em 1980, os Estados Unidos, com 986 milhões de

volumes, seguido da União Soviética, com 665 milhões, e a Grã-Bretanha, com 637

milhões. A circulação de livros e periódicos, neste sentido, coincide com os índices de

alfabetização, poderio econômico e a tradição cultural, esta especialmente identificada

nos países europeus (PETRUCCI, 1999).

A expansão da leitura e das publicações de livros pelo mundo ocorreu

principalmente nas décadas de 1960 e 1970, até 1980, período classificado por Tania

Rösing e Regina Zilberman (2016, p. 8) como a “idade de ouro” do livro. Para

estabelecer contraste, a década de 1990 foi marcada pela ascensão da internet, a qual

mudou hábitos de leitura, ao ponto de que no final do século XX já se especulasse o fim

do livro, e por extensão, a morte da leitura.

Conforme Anne-Marie Chartier (2016), a partir dos anos 1970, a maior produção

e facilidade de acesso a filmes e o cinema eram considerados indícios de que o interesse

pelos livros poderia ser reduzido. Havia a preocupação de que uma quantidade

expressiva de alunos chegava ao quarto ano do ensino primário sem saber ler. Neste

contexto, identificou-se uma crise no processo de leitura, que demandou novos métodos

de alfabetização e incentivo para a aquisição do prazer pelo livro (CHARTIER, 2016).

A televisão, que já atingia os lares franceses em 1960 e propagou-se

principalmente a partir de 1970, também disputou e ganhou o espaço antes

disponibilizado para a leitura, laureada por sua capacidade de informar e entreter sem

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exigir esforço do telespectador. Ainda nos anos 1970, as famílias passaram a incentivar

os filhos a priorizarem estudos científicos e econômicos em detrimento da literatura,

fator que também acarretou em queda no estímulo da leitura. Diante desta conjuntura, as

escolas depararam-se com a necessidade de incentivar leituras úteis e agradáveis aos

alunos: as úteis referem-se a assuntos funcionais, tais como manuais de utilização e

instruções diversas, ao passo que as leituras agradáveis enfocavam a literatura infantil e

também concediam lugar para revistas e quadrinhos, que antes eram proibidos. As

últimas, neste sentido, focalizavam o prazer de ler (CHARTIER, 2016).

As dificuldades em estimular a leitura na escola culminaram em um número

expressivo de analfabetos funcionais entre a população adulta, nos anos 1980, os quais

encontraram dificuldades em suas carreiras profissionais por conta desta carência. A

partir do novo milênio (século XXI), a internet e todas as mídias que acompanham a era

digital tornaram-se no maior empecilho para a leitura, uma vez que estas trouxeram

práticas e hábitos com maior possibilidade de proporcionar diversão do que o livro,

além de desvirtuarem a concentração necessária para a leitura: “Mas como transmitir o

desejo do livro e o gosto da leitura, esta prática solitária, individual, silenciosa, a uma

juventude que procura práticas culturais de grupo, compartilhadas e barulhentas (o

filme, a música, as saídas, os esportes)?” (CHARTIER, 2016, p. 29).

Anne-Marie Chartier apresenta duas alternativas para reconduzir os jovens ao

gosto da leitura: a primeira trata-se de prevenir abandonos relacionados à leitura e à

escrita; a segunda consiste em leituras compartilhadas com as crianças e que envolvam

ambientes e públicos retirados da escola, como bibliotecas, livrarias, editores,

prefeituras e autores. A organização de exposições, espetáculos, concursos de leitura e

eventos que concedem prêmios literários também está incluída neste segundo caminho

para a aproximação entre os jovens e os livros. Da mesma forma, a autora frisa o papel

da família no incentivo da leitura desde a infância: ao invés de disponibilizar recursos

audiovisuais, indica que os pais leiam livros de literatura infantil às crianças e as façam

interagir com a história. “O importante é, portanto, não apenas „ler às crianças‟, mas „ler

com as crianças‟” (CHARTIER, 2016, p. 31).

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1.2.2 O livro e o leitor no Brasil

O processo de formação do leitor no Brasil é inaugurado com a chegada dos

padres jesuítas no País, em 1549, segundo Maria do Rosário Magnani (1989, p. 10). Um

modelo que enfatiza a leitura, em consonância com a escrita, voltado à catequização e à

instrução de indígenas inicia-se a partir de então. Segundo a estudiosa, o plano inicial,

de formação dos indígenas, não alcançou os objetivos esperados, motivo pelo qual a

educação jesuítica acabou por ser redirecionada para camadas privilegiadas da

população, como os filhos de colonizadores e senhores de engenho. “Este era o único

meio de instrução e formação intelectual, e para ele se dirigiam mesmo os que não

mostravam vocação sacerdotal. Além do que, ser letrado conferia elevada posição

social” (MAGNANI, 1989, p. 11).

A partir do Curso de Humanidades, ressaltava-se a linguagem como o

“instrumento mais adequado e eficiente” para a formação humana. A educação

propiciada pelos jesuítas, neste sentido, permitia às classes privilegiadas uma

dominação ideológica, justamente por obter acesso mais facilitado ao conhecimento e,

por consequência, aos recursos da linguagem: “Esse acúmulo de oportunidades

contribui para aumentar o abismo entre letrados e não-letrados, entre o preparo

intelectual dos filhos dos colonizadores e o preparo meramente profissional dos índios,

mestiços e negros, adquirido na prática” (MAGNANI, 1989, p. 12).

O século XVIII, por conseguinte, foi marcado pelo controle estatal sobre a

educação. As reformas do Marquês de Pombal preconizaram a transformação de

Portugal numa metrópole capitalista, fator que culminou na expulsão da Companhia de

Jesus do Brasil, em 1759, e a formação escolar passou a ser executada com o intuito de

preparar o indivíduo para o estado, e não mais para a igreja. A vinda da família Real, em

1808, culminou numa série de instituições de fomento à leitura, tais como a Imprensa

Régia, que surgiu naquele mesmo ano, a biblioteca pública (1810) e também a primeira

revista: As Variações ou Ensaios de Literatura (1813). É nesta mesma época que surge

o ensino superior, revestido de uma perspectiva mais profissionalizante e com

metodologia de caráter mais literário do que científico. O ensino primário seguia sem

grandes alterações, enquanto o secundário era destinado, em sua maioria, para

integrantes do sexo masculino e em caráter privado (MAGNANI, 1989, p. 15).

Apenas a partir de 1840 o Brasil passou a apresentar elementos basilares para a

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formação de uma sociedade leitora, por meio da sede da monarquia, no Rio de Janeiro:

estavam presentes os mecanismos mínimos para a produção e

circulação da literatura, como tipografias, livrarias e bibliotecas; a

escolarização era precária, mas manifestava-se o movimento visando à

melhoria do sistema; o capitalismo ensaiava seus primeiros passos

graças à expansão da cafeicultura e dos interesses econômicos

britânicos, que queriam um mercado cativo, mas em constante

progresso (LAJOLO; ZILBERMAN, 1998, p. 18).

Indícios desta dificuldade na formação dos leitores brasileiros encontram-se na

maneira como os autores produziam seus textos no século XIX. Segundo Lajolo e

Zilberman (1998), autores do Romantismo, como Manuel Antônio de Almeida,

tratavam o leitor como frágil ou despreparado, optando por guiá-lo na leitura de tal

maneira como se este fosse incapaz de interpretá-la. Em Memórias de um sargento de

milícias, por exemplo, Manuel Antônio de Almeida utiliza expressões como “vamos

fazer o leitor tomar conhecimento” (ALMEIDA, 1963, p. 37, grifo do autor), o que

ressalta o entendimento do autor de que o receptor da obra teria significativas

dificuldades de compreensão.

Lajolo e Zilberman (1998) citam quatro tipos de leitores: o romântico, o

cúmplice, o aprendiz e o maduro. O leitor romântico, na percepção de autores como

Manuel Antônio de Almeida, é entendido como um principiante. É por esta razão que

em Memórias de um sargento de milícias, Almeida resume constantemente o assunto

que havia sido abordado anteriormente ao iniciar um novo capítulo, como se sentisse a

necessidade de reclamar a atenção do leitor:

Os leitores estão lembrados do que o compadre dissera quando estava

a fazer castelos no ar a respeito do afilhado e pensando em dar-lhe o

mesmo ofício que exercia, isto é, daquele arranjei-me, cuja explicação

prometemos dar. Vamos agora cumprir a promessa (ALMEIDA,

1963, p. 40 apud LAJOLO; ZILBERMAN, 1998, p. 19).

Outra prática dos autores românticos, agora com tratamento oposto em relação

ao receptor da obra, era simular as reações do leitor, sugerindo que teria competência

em interpretar as obras. Este procedimento era utilizado como estratégia para seduzir o

leitor, conferindo-lhe superioridade. Em outros momentos, entretanto, o autor limitava a

descrição das cenas, sob a alegação de que o leitor se cansaria com a leitura (LAJOLO;

ZILBERMAN, 1998).

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Seja tratando o leitor como despreparado para a leitura ou, por outro lado,

sobrevalorizando o seu conhecimento, uma das contribuições trazidas pelos autores

românticos é a ideia do leitor como “uma figura para quem se conta em segredo os

acontecimentos da trama” (LAJOLO; ZILBERMAN, 1998, p. 20, grifo do autor). Esta

cumplicidade entre autor e leitor é assim expressada no conto “Questão de vaidade”, de

Machado de Assis, em 1864, no qual a impressão é de que ambos – produtor e receptor

– estejam reunidos no ato da leitura:

Suponha o leitor que somos conhecidos velhos. Estamos ambos entre

as quatro paredes de uma sala; o leitor assentado em uma cadeira com

as pernas sobre a mesa, à moda americana, eu a fio comprido em uma

rede do Pará que se balouça voluptuosamente, à moda brasileira,

ambos enchendo o ar de leves e caprichosas fumaças, à moda de toda

gente (MACHADO DE ASSIS, 1959, p. 7, apud LAJOLO;

ZILBERMAN, 1998, p. 20).

A diferença entre Manuel Antônio de Almeida e Machado de Assis reside no

tratamento de cada um dos autores diante do leitor: o primeiro refere-se ao leitor como

um ser primário diante da obra, que precisa ser guiado pelo autor para compreender a

história; já nos romances de Machado de Assis, o leitor é abordado como um indivíduo

mais sofisticado, que se sente honrado em ser conduzido para dentro da própria obra

(LAJOLO; ZILBERMAN, 1998).

No romance A mão e a luva, de Machado de Assis, lançado em 1874, o autor

admite no próprio texto que ele seja lido somente caso o leitor não tenha outra atividade

para efetuar naquele momento, admitindo, assim, modéstia quanto a esta produção. Em

certos momentos, o autor atiça a curiosidade do leitor; em outros, retoma cenas já

relatadas na história, a fim de situar o leitor que se perdeu no desenrolar do livro. As

influências do romance mostram-se tão substantivas no leitor a ponto de que a obra

Werther (1774), de Goethe, gerou uma onda de suicídios entre jovens na época de seu

lançamento. O leitor romântico, nesta perspectiva, é descrito como alguém que está

sempre flutuando, ou seja, não consegue separar o lido do vivido (LAJOLO;

ZILBERMAN, 1998).

O leitor cúmplice é caracterizado pelo diálogo que o narrador estabelece com ele

por meio da obra. Exemplo disso é o conto Questão de vaidade, de Machado de Assis,

no qual autor e leitor estão situados em uma relação de igualdade, que é justamente a

premissa para que a história seja compreendida. Assim, na condição de cúmplice, “o

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leitor está no ambiente apropriado para a apreensão da narrativa, o que se soma ao

privilégio de ser equiparado ao narrador” (LAJOLO; ZILBERMAN, 1998, p. 28). Esta

relação entre autor e leitor apresenta-se na conclusão de Questão de vaidade: “Depois

de contar esta história, o leitor e eu tomamos a nossa última gota de chá ou café, e

deitamos ao ar a nossa última fumaça do charuto” (MACHADO DE ASSIS, 1959, p.

89-90, apud LAJOLO; ZILBERMAN, 1998, p. 28).

O leitor aprendiz, por seu turno, apresenta-se como aquele que necessita ser

guiado pelo autor na obra, seja para facilitar sua compreensão ou com o intuito de que o

leitor não se disperse. No romance Quincas Borba, de 1891, Machado de Assis esboça a

condição de aprendiz do leitor ao conduzi-lo em determinadas partes da obra, como no

seguinte exemplo: “Vem comigo, leitor; vamos vê-lo, meses antes, à cabeceira de

Quincas Borba” (MACHADO DE ASSIS, 1959, p. 10, apud LAJOLO; ZILBERMAN,

1998, p. 34).

Em outras situações, o autor escreve o texto de uma forma que engana o leitor

quanto ao direcionamento do enredo, e então verifica a necessidade de corrigir o leitor,

para que retome o rumo correto da história. Esta superioridade com que o narrador se

institui, ao induzir o leitor a uma trajetória falsa na leitura, reforça a condição de

aprendiz do leitor, que precisa ser guiado para que alcance as conclusões esperadas pelo

autor. O caráter docente também se identifica nas obras direcionadas ao leitor aprendiz,

como no caso de Quincas Borba, na qual o autor busca dar lições por meio dos

exemplos que envolvem as personagens, “sendo a principal a que recomenda cautela

ante as seduções de poder da sociedade – e da leitura, também” (LAJOLO;

ZILBERMAN, 1998, p. 37).

Enquanto o leitor de Machado de Assis é julgado pelo próprio autor como

incompetente para compreender a intertextualidade da obra sem que haja constantes

inferências do narrador, em Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, o leitor

enfim é tratado como um ser maduro, que concluirá a leitura de maneira consciente:

Se em Machado leitor e protagonista são apequenados por se

entregarem de corpo e alma ao que leem, em Lima Barreto, inverte-se

a equação: Policarpo leitor se eleva, quando transforma em ideal o

conteúdo de suas leituras. Com isso, o leitor se eleva junto, porque se

solidariza com o herói e acompanha suas desventuras (LAJOLO;

ZILBERMAN, 1998, p. 40-41).

Graciliano Ramos é reconhecido como um dos primeiros autores a conferir

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maturidade ao leitor. No romance São Bernardo, de 1934, o autor retrata a história do

protagonista Paulo Honório, descrito como alguém que necessita da solidariedade do

leitor. Diferentemente do leitor aprendiz, sobre o qual o autor posiciona-se como

superior, em São Bernardo o leitor é equiparado ao protagonista e, portanto, em virtude

desta condição de igualdade entre ambos, o leitor é tratado como maduro. A prepotência

tradicional até então existente no romance brasileiro, na qual as personagens eram

caracterizadas com uma humildade fingida para atingir a cumplicidade do leitor, é

rompida por meio do protagonista Paulo Honório (RAMOS, 1981, apud LAJOLO;

ZILBERMAN, 1998, p. 47):

Continuemos. Tenciono contar a minha história. Difícil. Talvez deixe

de mencionar particularidades úteis, que me pareçam acessórias e

dispensáveis. Também pode ser que, habituado a tratar com matutos,

não confie suficientemente na compreensão dos leitores e repita

passagens insignificantes. [...]

A humildade do narrador na obra de Graciliano Ramos é evidenciada, inclusive,

quando este admite que o texto a ser lido requer baixas expectativas do leitor: “[...] As

pessoas que me lerem terão, pois, a bondade de traduzir isto em linguagem literária, se

quiserem. Se não quiserem, pouco se perde. Não pretendo bancar escritor. É tarde

demais para mudar de profissão” [...] (RAMOS, 1981, apud LAJOLO; ZILBERMAN,

1998, p. 48). Em outras situações, o autor lança perguntas, antes de dar explicações,

como se esperasse a conivência do leitor. Graciliano Ramos também adota como prática

reproduzir no texto apenas o que interessa, além de evitar tolices ou palavrões, o que

reforça seu tratamento em relação ao receptor da obra como alguém maduro. (LAJOLO;

ZILBERMAN, 1998).

A partir da segunda metade do século XX, enquanto se registrava o

amadurecimento do leitor, a consolidação de tecnologias como o rádio e a televisão

dificultou a expansão do livro, pois a forma como o conteúdo é transmitido por estas

plataformas exige muito menos esforço do receptor. O livro era encontrado

predominantemente em ambiente urbano, o que ainda demandava maior deslocamento

do leitor para obter as obras, enquanto as mídias penetravam nos lares rurais. Bordini

(2016) observa que duas modalidades de leitura passaram a dividir as atenções do

público a partir da modernidade:

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Uma delas é a leitura detida, reflexiva ou sentimental, em que o leitor

fixa o texto, pensa, imagina, sente, forma opiniões ou efetua

julgamentos. É o domínio da imprensa, temporalmente menos veloz.

A outra é a leitura que Walter Benjamin chamou de distraída,

referindo-se ao cinema, mas que pode ser estendida à mídia eletrônica

(BORDINI, 2016, p. 197).

Conforme Bordini (2016), a expansão da internet também mudou a realidade de

um escritor que produzia para milhares de leitores, pois estes passaram a ter

oportunidades para se manifestar e, desta forma, podem ser considerados igualmente

escritores. O leitor atual detém a possibilidade de interagir com as obras, através de

publicações na internet, o que suprime sua condição anteriormente passiva diante das

produções: “Entre o autor e o público, a diferença, portanto, está em vias de se tornar

cada vez menos fundamental” (BENJAMIN, 1983a, p. 18 apud BORDINI, 2016, p.

195).

O aval para a continuidade do livro físico, embora permeado pela tendência à

leitura em celulares ou computadores, é a continuidade da sua circulação, inclusive com

propensão para se expandir. A postura do leitor é que se altera diante do livro e

demanda novas perspectivas para a produção das obras: “O leitor vem se empoderando,

ao escolher a seu bel-prazer o que lhe agrada, e orientando em retroalimentação os

editores e autores e redefinindo o mercado, que se obriga a satisfazê-lo criando novos

nichos de produtos” (BORDINI, 2016, p. 195).

Lucia Santaella (2004) caracteriza três tipos de leitores que se constituíram

desde o livro impresso à cultura digital: o contemplativo/meditativo, o

movente/fragmentado e o imersivo/virtual. O primeiro deles, contemplativo/meditativo,

refere-se à prática da leitura em silêncio, desde que este hábito tornou-se obrigatório nas

bibliotecas universitárias da Idade Média, a partir do século XII. Até então, quando os

livros ainda se encontravam no formato manuscrito, era mais comum que se

pronunciasse as palavras durante a leitura.

Por meio da leitura em silêncio, as palavras poderiam se estabelecer em espaço

interior do leitor. Dito de outra maneira, a cada nova leitura, o leitor poderia fazer

“comparações de memória com outros livros deixados abertos para consulta simultânea.

O leitor tinha tempo para considerar e reconsiderar as preciosas palavras cujos sons –

ele sabia agora – podiam ecoar tanto dentro como fora” (MANGUEL, 1997, p. 68, apud

SANTAELLA, 2004, p. 20-21). A impressão em papel, possível a partir do surgimento

dos tipos móveis, ocasionou uma maneira específica de ler o texto, pois ele poderia ser

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enquadrado de maneiras distintas no espaço disponível na folha, fragmentado e com

novo aspecto visual, o que contribuiria na compreensão do leitor. Os livros manuscritos,

pelo contrário, mantinham longa sequência de linhas para um mesmo parágrafo, o que

prejudicava a assimilação do texto (SANTAELLA, 2004).

A leitura do livro é meditativa no sentido de que o leitor pode contemplar ou

divagar sobre as páginas lidas por diversas vezes, ou então, como afirma Manguel

(1997, p. 33, apud SANTAELLA, 2004, p. 24), “ler é cumulativo e avança em

progressão geométrica: cada leitura nova baseia-se no que o leitor leu antes”. O

meditativo é um leitor que acessa objetos como os “livros, pinturas, gravuras, mapas,

partituras” (SANTAELLA, 2004, p. 24), guiado pelo sentido da visão e complementado

pela imaginação.

O segundo tipo de leitor, movente/fragmentado, surge no período da Revolução

Industrial, com a expansão das estações ferroviárias que consolidaram a circulação de

jornais. Neste período, marcado também pela chegada da eletricidade e a propagação

acelerada das indústrias e do comércio nas cidades, instalou-se uma lógica de consumo

e de moda que influencia no imaginário coletivo. Como descreve Carvalho (1997, apud

SANTAELLA, 2004, p. 26), trata-se de “um mundo aberto e cênico, cujos cenários e

personagens, em constante superação, desfilam e desaparecem”. Com a vastidão de

opções para as distintas atividades no dia a dia, como “galerias, parques, cafés, museus

e teatros, [...] a identidade do homem moderno se desconstrói em uma multiplicidade

infinita de imagens e registros, tipos, estilos e perfis urbanos” (SANTAELLA, 2004, p.

26).

A modernidade instituiu um ser humano muito mais preocupado com a vivência

do que com a memória, deslumbrado pelo emaranhado de imagens propiciadas pela

publicidade. Segundo Santaella (2004, p. 28), “a vida cotidiana passou a ser um

espectro visual, um desfile de aparências fugidias, um jogo de imagens que hipnotizam

e seduzem”. Por meio da fotografia e do cinema, produzem-se imagens em ritmo

constante e que rapidamente são substituídas por outras. Essa permutação contínua de

imagens alterou a sensibilidade do ser humano, que deixou o fetiche até então

concentrado na mercadoria pelo fetiche da imagem (SANTAELLA, 2004).

O leitor movente/fragmentado, inserido neste ambiente, aprendeu a se adaptar

aos diversos estímulos concentrados na multidão dos centros urbanos. Este leitor

desenvolveu novos ritmos de atenção para a leitura, de modo geral, ágeis, porém, por

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tempo reduzido em relação ao leitor meditativo, o qual se identifica mais precisamente

com os livros. O leitor de jornais, neste sentido, apresenta-se como exemplo apropriado

para caracterizar o leitor movente/fragmentado: “um leitor de fragmentos, de tiras de

jornal e fatias de realidade” (SANTAELLA, 2004, p. 29).

O terceiro tipo de leitor, imersivo/virtual, é o chamado leitor da “era digital”, o

qual se constitui na entrada do século XXI. Este é o leitor do texto eletrônico, que

manuseia a plataforma de leitura de maneira distinta em relação ao leitor de livros:

O fluxo sequencial do texto na tela, a continuidade que lhe é dada, o

fato de que suas fronteiras não são mais tão radicalmente visíveis,

como no livro que encerra, no interior de sua encadernação ou de sua

capa, o texto que ele carrega, a possibilidade para o leitor de

embaralhar, de entrecruzar, de reunir textos que são inscritos na

mesma memória eletrônica: todos esses traços indicam que a

revolução do livro eletrônico é uma revolução nas estruturas do

suporte material do escrito assim como nas maneiras de ler

(CHARTIER, 1998b, p. 12-13, apud SANTAELLA, 2004, p. 32).

O leitor imersivo/virtual distingue-se também do movente, pois não se utiliza

restritamente de um elemento físico, mas, pelo contrário, navega numa tela repleta de

signos e não percorre necessariamente uma sequência linear de leitura. O curso da

leitura, do mesmo modo, não ocorre fundamentalmente sobre palavras, como também

intersecciona-se com imagens, músicas e vídeos, entre outros recursos digitais

(SANTAELLA, 2004, p. 33).

O espaço habitual do leitor imersivo é o ciberespaço, por meio do qual o usuário

conecta-se com a rede. Segundo Santaella (2004), o ciberespaço é multidimensional e

depende da interação do usuário para que sua comunicação se efetive. Conectados à

mesma rede, inserem-se, além dos computadores, os aparelhos sem fio, como os

celulares e tablets, que também assimilam a conexão e troca de informações. O leitor

imersivo está inserido no contexto da hipermídia, a qual, em seu emaranhado de

recursos, tais como os links que o conduzem de uma página à outra, “não é feita para ser

lida do começo ao fim, mas sim através de buscas, descobertas e escolhas”

(SANTAELLA, 2004, p. 50).

Em Comunicação ubíqua, Santaella (2013) caracteriza ainda o leitor ubíquo, ou

seja, onipresente. A ubiquidade não se refere à mobilidade, porém “os aparelhos móveis

podem ser considerados ubíquos a partir do momento em que podem ser encontrados e

usados em qualquer lugar” (SANTAELLA, 2013, p. 15). Do ponto de vista tecnológico,

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a ubiquidade refere-se à faculdade de se comunicar a qualquer hora ou lugar, utilizando-

se dos meios eletrônicos disponíveis no ambiente.

A ubiquidade, além disso, faz com que estejamos, “ao mesmo tempo, em algum

lugar e fora dele” (SANTAELLA, 2013, p. 16). Isto quer dizer que, no momento em

que nos comunicamos pela internet, via celular, computador ou qualquer outro aparato

tecnológico, podemos nos imaginar tanto no lugar de onde nos comunicamos como no

espaço do internauta com o qual interagimos.

A computação sustenta as raízes da ubiquidade, que por sua vez abrange tanto a

computação móvel quanto a pervasiva. A móvel consiste na possibilidade de que o

indivíduo se movimente junto com seus aparelhos de acesso à internet e navegue na

rede em qualquer lugar, tornando-o, desta forma, onipresente. A computação pervasiva,

por seu turno, significa que o computador se encontra em forma invisível para o

usuário. Desse modo “o computador tem a capacidade de obter informação do ambiente

no qual ele está embarcado e utilizá-la para dinamicamente construir modelos

computacionais” (SANTAELLA, 2013, p. 17).

Passando-se, agora, de considerações sobre o perfil leitor às políticas que

envolvem a formação do leitor, vale notar que, entre as ações por parte de órgãos

políticos no Brasil, destaca-se o Plano Nacional de Biblioteca na Escola, criado em

1997 pelo governo federal e que possibilita a alunos e professores o acesso a obras de

referência, conforme lembram Ana Paula Teixeira Porto, Denise Almeida Silva e

Miguel Rettenmaier (2015). Embora este programa ofereça obras de qualidade, os

autores citam Paiva e Beremblum (2009, p. 174) para reiterar que o mesmo carece de

“projetos de formação continuada de professores com o foco na leitura literária”. Da

mesma forma, muitos destes textos disponibilizados pelo programa encontram-se

apenas em fragmentos e com preocupação excessiva quanto a obras clássicas e

canônicas, o que culmina na situação de que “o acesso ao texto não garante a sua leitura

e tampouco a proficiência do leitor” (PORTO; SILVA; RETTENMAIER, 2015, p. 29).

Porto et al. (2015) referem-se à formação de leitores no Brasil como um

processo de vários nós, ou seja, problemas que criam a percepção de um país “de não

leitores”. Os problemas citados pelos autores incluem desde a falta de políticas públicas

para incentivo à leitura e qualificação docente, bem como a infraestrutura de bibliotecas

ou outros espaços de leitura. Cinco grandes eixos são ressaltados como imprescindíveis

para o estímulo da leitura: “formação de professores e sua qualificação para mediação de

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leitura; práticas de mediação de leitura; acervo bibliográfico; recursos tecnológicos/leitura

on line; e novos letramentos decorrentes de novas materialidades de escrita e de leitura”

(PORTO; SILVA; RETTENMAIER, 2015, p. 29).

Quanto à formação dos professores, requer-se que estes tenham o gosto pela

leitura para que possam apresentar aos alunos uma ampla variedade de textos, que

considerem distintos gêneros e autores, locais e canônicos, e assim os alunos também

possam construir seus próprios cânones. A forma como os alunos são estimulados em

sala de aula depende também da concepção e experiência do professor diante da leitura,

assim como das práticas de leitura e sua adequação ao contexto e objetivos que se

pretende alcançar. Sobre a mediação da leitura, esta deve considerar que “as produções

textuais precisam ser lidas como fonte de prazer, de informação, de entretenimento, de

formação, de transformação e não como fonte para um fim meramente utilitário”

(PORTO; SILVA; RETTENMAIER, 2015, p. 31).

O acervo bibliográfico, associado às práticas de mediação de leitura, é

“composto pela diversidade cultural, linguística, temporal e artística, e ainda deve ser

atualizado e atender aos interesses do público discente” (PORTO; SILVA;

RETTENMAIER, 2015, p. 31). As coleções não devem se restringir ao formato

impresso, mas também abranger o digital, para atender a um público cada vez mais

imerso nas tecnologias de informação e comunicação.

Outra questão que necessita de reparos para o incentivo da leitura, frisada por

Ezequiel Theodoro da Silva (2016), é a formação de professores que trabalhem a

alfabetização com seus alunos de maneira empática e com paciência. Um impedimento

neste intuito são as metodologias utilizadas nas universidades para a formação dos

licenciandos, que percorrem uma trajetória acadêmica baseada em leitura de xérox, de

capítulos e fragmentos de texto. Neste sentido, a falta de imposição para frequentar

bibliotecas, retirar e ler livros inteiros para que o licenciando constitua o seu próprio

acervo e futuramente compartilhe com seus alunos, torna-se mais um obstáculo para a

formação de leitores. Mais tarde, na sala de aula, diante dos alunos, o professor é

compelido a seguir apostilas padronizadas nacionalmente para trabalhar a alfabetização,

o que restringe sua liberdade para adotar métodos adequados especificamente à

realidade de cada turma (SILVA, 2016).

Da mesma forma como Porto, Silva e Rettenmaier (2015), Silva (2016) também

assinala a falta de políticas educacionais que estimulem a leitura e que segundo o autor

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é oriunda da sua relação de conflito com o poder. Como reflexo deste descaso dos

órgãos governamentais quanto à alfabetização, constata que em 2015 havia 13,5

milhões de analfabetos no Brasil, entre a população acima de 15 anos. Em sintonia com

o pensamento de autores como Paulo Freire, Silva (2016) sublinha que os analfabetos

são vistos como algo confortável aos órgãos políticos, “porque o poder precisa deles

para se perpetuar e dessa forma continuar a reproduzir as estruturas injustas,

demagógicas e oligárquicas existentes no País” (SILVA, 2016, p. 92).

Outros 33 milhões de brasileiros contrastam as estatísticas do analfabetismo

funcional, ou seja, que aprenderam a ler na escola, mas retornaram à condição de

analfabetos por não praticarem a leitura ou escrita. Para reverter esta situação, Silva

(2016) ressalta a necessidade de uma maior integração entre bibliotecas, escolas e a

comunidade, além da aquisição e abastecimento frequente de livros nas bibliotecas, com

obras relacionadas àquela região, que tenham mais pontos em consonância com os

leitores:

De fato, se a merenda escolar necessita do refeitório e da nutricionista

para ser devidamente preparada e servida, os livros e os demais

suportes da escrita precisam de bibliotecas e de profissionais ligados

ao universo da escrita para serem organizados e dinamizados através

de diferentes interlocuções com os professores, os estudantes e seus

pais (SILVA, 2016, p. 94).

Por outro lado, a padronização da linguagem provocada pelas mídias sociais

também restringe a busca da leitura de livros. Silva (2016) menciona o Twitter, que

permite um limite de até 140 caracteres por postagem, fator que, segundo o autor,

acarreta numa fragmentação do pensamento e empobrecimento vocabular: “Velocidade

e laconismo padronizado também levam a leitura à breca. Isto porque pensamento e

linguagem estão dinamicamente imbricados; sendo assim, a redução da linguagem pode

significar um estreitamento do pensamento” (SILVA, 2016, p. 97).

1.2.3 O jornal e seu leitor

A palavra “jornalista”, segundo Michael Palmer (1994 apud SANTOS, 2014, p.

1), surge dos termos franceses jour (dia) e analyste (analista), que juntas compõe o

significado de analista do cotidiano. Esta profissão desenlaça suas reminiscências no

século XV, a partir do advento da prensa de Gutenberg, e prossegue seu

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desenvolvimento à medida que a tecnologia avança. No século XIX, o jornalismo

solidifica uma padronização a partir da instituição do lead, consoante apresenta

Schudson (2000 apud SANTOS, 2014, p. 1). Esta se trata de uma técnica baseada na

pirâmide invertida, ou seja, na qual as informações mais relevantes (O que?; Quem?;

Quando?; Onde?; Como e Por quê?) são apresentadas nos primeiros parágrafos do texto

e à medida que transcorre acrescentam-se dados complementares.

Foi no período de instauração do lead que surgiu a imprensa brasileira, cujo

marco inicial é o jornal Gazeta de Notícias, inaugurado em 1874, no Rio de Janeiro. O

progresso da imprensa brasileira, que já ocorria de forma relativamente lenta, ainda

enfrentou a vultosa barreira imposta pela ditadura durante o governo de Getúlio Vargas

(1937-1945), a qual repreendeu a imprensa e estipulou a censura para a publicação de

notícias e até mesmo para a publicidade. O surgimento da televisão no País, em 1950,

edificou-se como um desafio ainda maior para o desenvolvimento da imprensa,

justamente na época em que se consolidava o aprimoramento das ferramentas de

produção jornalística, desde a captura de fotos à impressão e distribuição de jornais.

Como no Brasil o hábito da leitura de jornais sempre ficou distante em relação

ao interesse da população pelas plataformas midiáticas (rádio e televisão), o futuro dos

impressos desde logo seria permeado de incertezas. A baixa tiragem de jornais no Brasil

era atribuída pela imprensa em decorrência da elevada população analfabeta e de pouco

poder aquisitivo. Entretanto, na versão da maioria dos brasileiros, os motivos, apontados

por Nilson Lage, (2001, p. 40) são diferentes: “Embora às vezes graficamente

primorosos, os grandes jornais brasileiros seriam bastante deficientes do ponto de vista

editorial, distantes do leitor, preocupados demais em servir à complexa ordem do

poder”.

Segundo constatado por Lage (2006), em 1960 a quantidade de jornais nas

regiões metropolitanas do Brasil já começava a diminuir. A redução prosseguiu em

1970 e em 2000 a decadência culminou na crise dos impressos no País, principalmente

os de informação geral. Crescia a demanda por um jornalismo segmentado, tanto em

divisão de editorias (Esporte, Política, Economia, Entretenimento), quanto em classe

social, gênero ou faixa etária. Entre todos os segmentos, o dos jovens é o que mais

preocupa jornalistas e profissionais da área em relação à continuidade dos impressos.

Um extenso problema remanescente de períodos históricos e que tomou

proporções relevantes na época em que a crise se apossou intensivamente do jornalismo

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impresso – anos 2000 – é o elevado número de analfabetos no País, de acordo com os

dados apresentados por Juarez Bahia (apud ERBOLATO, 2004, p. 22): “O

analfabetismo tem sido um inimigo sério da imprensa no Brasil. Rádio e televisão

podem conter, entre seus assinantes, os que não sabem ler. O jornal não. Explica-se por

que, num país de 180 milhões [dados de 2004], pouco mais de dez por cento

acompanham os passos da notícia impressa”.

Com a jornada de trabalho reduzida para oito horas e sábados geralmente livres,

identifica-se na população brasileira maior tempo para dedicar-se à leitura. Erbolato

(2004), contudo, sugere uma reflexão para verificar se a disponibilidade de tempo é

efetivamente utilizada para estes fins:

Mas a indagação surge, de nossa parte: as horas de descanso são

utilizadas para a leitura, ou a maioria do povo as destina para viagens,

esportes e outros divertimentos? Muitos jornais de domingo são

vistos, ainda no mesmo dia, à tarde, diante das portas de residências,

porque seus assinantes excursionaram e nem se interessaram por eles.

Pessoas intelectuais já nos informaram, várias vezes, que “não tiveram

tempo de ler o jornal, porque era muito grosso e difícil de ser

manuseado” (ERBOLATO, 2004, p. 22).

As dificuldades do jornal impresso não se restringem ao Brasil: conforme citado

por Juan Luís Cebrián (2012), o professor Philip Meyer, referência na academia norte-

americana – criador do jornal espanhol El País, considerado um dos melhores do

mundo – anuncia o fim do jornal impresso para a década de 2040. Para Cebrián, por sua

vez, as principais ameaças aos jornais de papel estão no desaparecimento das pessoas

interessadas em comprar os impressos e nos sistemas de distribuição:

É evidente o desaparecimento do suporte de papel para os meios de

informação. Mas as mudanças estão muito aceleradas este ano e no

ano passado. Eu creio que, sobretudo para os jornais de referência, de

qualidade, como El País, The New York Times e Le Monde, acabe ou

não o suporte em papel, durarão bastante tempo. Estimo que mais de

duas décadas – ainda que diminuam os números em circulação, sejam

mais caros e se dirijam a uma elite. E seguirão servindo para organizar

um pouco o ciberespaço, onde há muita confusão. Portanto, creio que

vai diminuindo a presença dos jornais impressos, sobretudo os de

qualidade (CEBRIÁN, 2012).

Rosental Calmon Alves, diretor do Knight Center of Journalism in the America

(da Universidade do Texas, em Austin/Estados Unidos) opina que as publicações feitas

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apenas em suporte físico, como o jornal, não encontram mais espaço no mercado,

devido à formação de leitores que demandam cada vez mais o acesso às notícias pela

internet (DINIZ, 2012). Em função desta migração do leitor, do impresso para o on line,

a publicidade também reduziu investimentos nos jornais, o que contribuiu para a crise

econômica dos impressos.

Enquanto nos Estados Unidos há um consenso sobre o fim dos jornais

impressos, no Brasil o alastramento das notícias em plataforma on line ainda encontra

maiores dificuldades, em decorrência dos problemas de internet em várias regiões. De

acordo com Beatriz Dornelles (2012), ainda sob tais condições, entretanto, a quantidade

de leitores do impresso diminui a cada geração e a migração do material físico para o on

line ocorre de maneira surpreendente.

A diminuição da circulação do jornal motivou as empresas jornalísticas a reduzir

os custos e a aumentar os preços: as consequências variam desde a redução no espaço

editorial, corte no número de funcionários e manutenção de salários baixos, diminuição

da circulação em determinadas áreas e demora na melhoria da estrutura (DORNELLES,

2012). Por outro lado, identifica-se no jornalismo on line uma maior preocupação em

noticiar fatos de caráter nacional ou internacional, o que implica maior espaço aos

jornais impressos do interior – como é o caso do Força d’Oeste – para apostarem em

publicações de assuntos mais localizados, ou seja, ocorridos na região de abrangência

destes.

O interesse dos grandes polos de comunicação pelos produtos de abrangência

local e regional vem aumentando de forma considerável, o que demonstra o prestígio

dos jornais de interior. Segundo Carlos Camponez (2002 apud DORNELLES, 2012, p.

26), “o mercado da proximidade, à medida que a concorrência entre os grandes títulos

nacionais se acentua, surge como uma alternativa, num contexto mediático cada vez

mais exigente em termos financeiros e onde só os grandes parecem ter lugar”.

Conforme Dornelles (2012), os índices de leitura de jornais locais e regionais

superam de maneira expressiva o acesso a veículos de abrangência nacional, no caso do

Rio Grande do Sul, por exemplo. Estas estatísticas permitem constatar uma maior

formação de opinião no público leitor de jornais locais, e, por conseguinte, devido à

proximidade, ocorre uma maior influência do assinante na seleção do conteúdo que será

publicado. “O jornal, então, deve servir aos interesses nobres da comunidade a que deve

a sua existência e o seu sustento” (DORNELLES, 2012, p. 9).

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Gabriela Nóra (2011), por sua vez, enfoca a tendência à produção de cadernos

com conteúdos específicos nos jornais brasileiros, como alternativa frente a um público

leitor que hoje detém progressivo acesso às plataformas digitais, nas quais tem a

possibilidade de acessar o material do seu gosto. A extensa gama de informações,

serviços e entretenimento propiciados pelas mídias digitais instiga o jornalismo

impresso a segmentar o conteúdo a ser publicado, de modo a atender aos interesses de

públicos distintos com espaços específicos para cada um no jornal. Por outro lado, na

ânsia de disponibilizar notícias sobre assuntos com a maior abrangência possível, os

jornais impressos reservam menos espaço para a contextualização e o aprofundamento

das informações, justamente o fator que distinguiria esta plataforma de comunicação

daquelas que veiculam conteúdo em período instantâneo. O embate com as mídias de

veiculação mais acelerada das informações implica, além disso, que os impressos

reorganizem a forma como apresentam seu conteúdo.

Os jornais, por outro lado, propiciam o desenvolvimento de um ritual no leitor,

que se acostuma a conferir no impresso uma imagem acerca do mundo que o rodeia.

Mesmo ao final da segunda década do século XXI, os jornais ostentam uma

credibilidade que outros veículos de comunicação encontram dificuldade em igualar, o

que é favorecido, em certa medida, justamente pela cultura de ler no impresso. Se a

imprensa está em desvantagem em relação a outras ferramentas de comunicação quanto

à velocidade de propagação das informações, a iniciativa da publicação de conteúdo

restrito, que não encontra espaço nas outras mídias, tem se tornado alternativa para o

êxito dos jornais (NÓRA, 2011).

A tecnologia mostra-se um desafio ao jornalismo impresso à medida que

proporciona a transformação das formas de o leitor lidar com as ferramentas disponíveis

no mundo. Um exemplo citado por Nóra (2011) é o chamado efeito zapping efetuado

por um percentual crescente entre as gerações mais novas de telespectadores, ou seja, o

hábito que eles têm de mudar frequentemente de canal enquanto assistem à televisão. A

mesma situação vale para os jornais, que por meio da segmentação do conteúdo

vislumbram a oportunidade de também atingir aos públicos que folheiam o impresso em

busca de apenas um assunto específico.

A capacidade de narrar, segundo Nóra (2011), é outro aspecto que se mostra

carente no jornalismo impresso atual, visto que esta habilidade é justamente o caminho

para compartilhar experiências com os leitores. A narração constitui-se como

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ferramenta discursiva para detalhar e contextualizar fatos; uma vez que esta foi

menosprezada pelos jornalistas, a divulgação de informações mais curtas e em ritmo

acelerado apropriou-se dos veículos de comunicação. Um noticiário fragmentado,

estimulado pela mídia digital, apossou-se do jornalismo e afastou o tratamento analítico

das informações.

Na visão de Sodré (apud NÓRA, 2011, p. 307), a notícia deve ser veiculada de

modo a “surpreender cognitivamente o leitor, transcendendo a pura e simples

factualidade”. Desta forma, ao primar por uma abordagem reflexiva dos fatos, o

jornalista oferece um conjunto de notícias mais completas ao leitor, numa perspectiva

que contrapõe a tendência insistente da internet pela exposição de fragmentos de

informações. O processo de fragmentação dos conteúdos, consoante Nóra (2011), neste

sentido, participa do próprio ciclo de mercantilização da notícia na sociedade capitalista.

O sociólogo italiano Mauro Wolf (apud NÓRA, 2011) divide a produção de

notícias em três fases, das quais a primeira consiste na coleta, ou seja, a estruturação do

material; a segunda refere-se à seleção, o processo de escolha e organização do que será

publicado, o qual abrange a equipe, o formato e o tempo de produção; e a terceira

engloba a apresentação, que é o produto final de como o jornalismo retrata a realidade.

O resultado deste processo de produção de notícias, de acordo com Nóra (2011), na

prática, evidencia uma visão de sociedade fragmentada, permeada por um conteúdo

jornalístico superficial. A abordagem dos fatos, desta forma, limita-se ao lead, o que

significa restringir-se ao que ocorreu, ao invés de preocupar-se com as razões que

desencadeiam os acontecimentos. Dessa forma,

O que, em geral, é transmitido ao público é a localização dos

acontecimentos, os indivíduos envolvidos com eles, e detalhes como

os nomes geográficos, das personagens públicas, de indústrias etc.

Com frequência, esses elementos ocupam automaticamente o primeiro

lugar na memória dos destinatários, enquanto as causas e as

consequências dos eventos permanecem em segundo plano. O

resultado global é uma lembrança fragmentária, em que os indivíduos

conservam detalhes isolados, mas não o contexto (FINDHAL-

HÖIJER apud NÓRA, 2011, p. 308-309).

De acordo com Muniz Sodré (apud NÓRA, 2011), a crise dos jornais não inicia

a partir da internet, mas em função de uma mudança no cotidiano de vida das pessoas na

atualidade. Neste contexto, o material durável e o estável encontram-se depreciados, e

entre eles, está inserido o conteúdo impresso. Aliado a isso, ainda permeiam no

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jornalismo impresso os textos curtos que tentam competir, debilitados, com a TV e a

web. Nesta lógica, Jesus Martín-Barbero (apud NÓRA, 2011) alerta para a imprensa

transformar seus próprios gêneros e neste intuito fugir da perspectiva do mais curto. “A

única maneira de combater a violência é fazer com que as pessoas pensem”,

complementa Barbero (apud NÓRA, 2011, p. 310), o que acentua a missão da imprensa

de apresentar as notícias de forma mais ampla e contextualizada, a fim de estimular o

debate.

A jornalista Suzana Barbosa, considerada uma das principais pesquisadoras

brasileiras em jornalismo digital e temáticas afins, e que em 2008 recebeu o Prêmio

Adelmo Genro Filho da Associação Brasileira dos Pesquisadores em Jornalismo

(SBPJor), de “Melhor Tese de Doutorado”, destaca a influência das redes sociais e da

internet em todo processo de produção jornalística, desde 2005. Barbosa, em entrevista

concedida a Kati Caetano e Zaclis Veiga (2015), parte do entendimento de que a

atuação do jornalista necessita considerar as questões social e cultural que causam

alterações na forma como a tecnologia é compreendida. É nesta perspectiva que

Barbosa salienta a relevância de se trabalhar o conjunto de situações que compreendem

a produção jornalística, desde o gerenciamento da empresa, as rotinas da equipe e a

definição de conteúdos e produtos a circularem pelas diversas plataformas disponíveis

ao público. Dentro da estrutura social e cultural que envolve o leitor atual, cercado de

recursos digitais, identifica-se a relevância, senão imposição, para os meios de

comunicação adaptarem seus conteúdos aos dispositivos móveis, tablets e smartphones.

Independente de qual seja a plataforma a ser utilizada pelo veículo de

comunicação para divulgar conteúdo noticioso ou interagir com seu público, a apuração

do material, a análise das informações e a construção qualificada da matéria são

elementos essenciais para um jornalismo bem sucedido, de acordo com Barbosa (2015).

Acrescenta-se a estes itens a originalidade da informação e a seriedade com que é

publicada, fatores que, unidos, formam aquilo que a entrevistada classifica como “bom

jornalismo” (BARBOSA, 2015, p. 269). Voltando-se especificamente ao jornalismo

digital, Barbosa constata que em vinte anos desta plataforma de comunicação, empresas

jornalísticas como o The Guardian (Reino Unido) e New York Times (Estados Unidos)

consolidam-se como referências no meio digital, ao passo em que representantes

brasileiros de renome, como O Globo, Folha de S. Paulo, Gazeta do Povo e Zero Hora

apresentam redução no número de profissionais, em razão de várias demissões.

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No Brasil, o gerenciamento dos sistemas de produção de conteúdo obteve

maturidade entre o final dos anos 1990 e início de 2000. A agilidade na difusão de

conteúdo, com disponibilidade de banda larga e acesso via wi-fi fizeram com que o

Brasil se destacasse na produção de conteúdo on line, segundo Barbosa (2015),

inclusive no cenário mundial. A jornalista apresenta uma pesquisa do Instituto Reuters

(The Reuters Institute for the Study of Journalism), que afere a pretensão do brasileiro

em pagar para consumir conteúdo jornalístico, fator que favorece os veículos de

comunicação no Brasil, uma vez que estes demandam elevados investimentos para que

possam atuar. Durante este processo, o País perpassou fases em que o conteúdo digital

era totalmente gratuito e depois passou a incluir partes pagas, até chegar à situação em

que, por exemplo, era preciso pagar a partir do momento que determinado número de

notícias haviam sido acessadas.

Embora na atualidade o conteúdo jornalístico alcance as multiplataformas, entre

elas os tablets e smartphones, Barbosa (2015) registra que seria exagero considerar o

conteúdo digital como concorrente do impresso, visto que os diversos meios estão

integrados e se complementam, formando assim aquilo que a jornalista denomina de

“continuum multimídia dinâmico” (BARBOSA, 2015, p. 273). No caso dos meios mais

modernos, como os tablets e os smartphones, o maior registro de conteúdo ocorreu

entre os anos de 2012 e 2014, antes de decair em 2015, segundo Barbosa. Atualmente o

conteúdo jornalístico está adaptado para os diferentes formatos destes dispositivos,

porém o acesso gratuito é limitado, assim como ocorre na versão do computador: nos

portais de internet da Folha de S. Paulo e do Estadão, por exemplo, o máximo é de

cinco acessos gratuitos de notícias/reportagens/colunas de opinião por mês.

O desafio de incrementar os profissionais da comunicação neste ramo das

multiplataformas surge no processo de formação das universidades, as quais, em grande

parte, segundo Barbosa (2015), ainda carecem de estrutura adequada para os

acadêmicos ou então não desempenham a investigação e a pesquisa da forma como

deveriam. Ainda conforme Barbosa (2015), no âmbito da academia evoca-se a

necessidade de associar disciplinas teóricas e práticas para uma produção jornalística

exitosa.

Kárita Cristina Francisco (2010) alerta para a excessiva concentração das

pesquisas sobre a relação entre sociedade e jornalismo, quando estas deveriam ater-se

ao posicionamento do jornalista nestas novas estruturas comunicacionais. Uma das

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missões deste profissional, consoante Pavlik (2005 apud LOPEZ, 2007, p. 115), é

promover uma ligação entre as comunidades e o meio, de modo a estimular a

participação dos usuários e para que os próprios veículos de comunicação gerem efeitos

e obtenham utilidade reconhecida. As antigas formas de participação do leitor, limitadas

principalmente ao envio de cartas ao editor ou o comparecimento a programas foram

substituídas por novas maneiras de interação ou até mesmo de intervenção do público

receptor.

A chegada da internet e de modernas ferramentas de publicação permitiram que

a história passasse a ser escrita também por um conjunto de pessoas que antes

compunham a audiência e que agora se comunicam por e-mail, chats ou revistas

eletrônicas, entre outros modos, para multidões atentas à programação e aos conteúdos

dos veículos de comunicação. “A tecnologia deu-nos um kit de ferramentas para

comunicação que permite a qualquer um tornar-se um jornalista a baixo custo e, na

teoria, com alcance global. Nada disto teria sido possível no passado” (GILLMOR,

2004, apud FRANCISCO, 2010, p. 194). Visto em outra perspectiva, a audiência

tornou-se ativa e passou a utilizar as próprias páginas das publicações para manifestar-

se. Além de acessar o conteúdo jornalístico nas diferentes mídias, a audiência também

passou a compartilhar informações que poderiam ser úteis aos veículos de comunicação.

Por outro lado, conforme afirma Edo (2009 apud FRANCISCO, 2010), os meios

de comunicação têm de permitir que a audiência participe mais do processo de produção

de conteúdo, afinal esta se configura como uma tendência crescente. A própria produção

de notícias é corroborada pelo público, porém necessita da inferência do jornalista para

a divulgação de um material verdadeiro e a serviço da sociedade. É relevante salientar,

neste contexto, a preponderância das redes sociais como fator de motivação do leitor

brasileiro: de acordo com a Reuters e citado por Cíntia Alves no site GGN, o Brasil é o

país onde há maior consumo de notícias pelas redes sociais (70%) e também onde mais

se comenta (44%). Consoante Charaudeau (2006 apud FREIRE, 2009), neste cenário

compete aos jornais atentarem-se à visibilidade das suas publicações e as notícias

devem ser facilmente identificadas pelo leitor, apresentadas da forma mais clara

possível.

A tecnologia, na visão de Sunstein (2007 apud SCHMITT; OLIVEIRA, 2009),

tem colaborado progressivamente para o leitor efetuar a filtragem do conteúdo

jornalístico, motivo pelo qual é cada vez mais recorrente que as notícias encaminhem-se

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em direção às perspectivas do seu público, para vencer na corrida de acessos ao material

midiático. Os jornais que são produzidos sem a preocupação em atender aos interesses

individuais dos leitores, segundo Palácios e Machado (1996 apud SCHMITT;

OLIVEIRA, 2009), não deverão prosperar por muito tempo, afinal na competição

desenfreada entre os veículos de comunicação existem aqueles que atendem diretamente

aos gostos dos leitores. Ainda no âmbito da filtragem de conteúdo, Valdenise Schmitt e

Leonardo Gomes de Oliveira (2009) distinguem três tipos, dos quais a primeira consiste

no conteúdo; a segunda é a colaborativa e a terceira a híbrida. Na filtragem baseada em

conteúdo existe um conjunto de características que se associam ao tema a ser explorado,

como título, gênero, autor ou resenha disponível na rede; na filtragem colaborativa, as

publicações consistem nas recomendações de outros usuários e ocorre uma troca de

experiências entre pessoas de interesses em comum. Muitas destas avaliações são

propiciadas por “vizinhos” próximos na rede, que auxiliam na disseminação das

informações; já a filtragem híbrida combina tanto a filtragem baseada em conteúdo

quanto a colaborativa. Existem ainda outras formas de filtragem, como os frames de

recomendação, a filtragem demográfica, a filtragem baseada em utilidade e em

conhecimento. Todas estas filtragens unidas formam um conjunto de recomendações,

nas quais é recorrente que usuários que se interessaram por “X” também tenham se

interessado por “Y”. Dentre as listas de recomendações também existem itens mais

populares, como é o caso das notícias mais lidas.

Um relatório da World Association of Newspapers (WAN), em 2010, já

demonstrava queda de 4,9% no índice de leitura de jornais entre o período de abril e

setembro daquele ano. No caso do Brasil, um dos reflexos da queda de circulação dos

jornais está sintetizado na extinção da versão impressa do Jornal do Brasil em agosto de

2010, um dos mais antigos do País, que iniciou sua circulação em 1891. A concorrência

com as notícias em formato digital, por meio de tablets, ebook-readers ou e-readers, é a

principal razão para que os impressos sucumbam hoje em dia. A “sociedade da

informação”, como é caracterizado o presente ambiente social, também incute na

cultura local, a partir de um deslocamento na forma como o material escrito é acessado

pelo leitor: antes, o aporte de leitura detinha-se sobre o impresso e agora, com o avanço

das tecnologias, foi convertido para o meio eletrônico. Por outro lado, os conflitos entre

meios impressos e as diversas plataformas de comunicação existem desde que estas

convergem entre si, o que permite acreditar que os jornais possam sobreviver entre as

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mídias modernas da atualidade (CAPERUTO, 2011).

Abordamos, no primeiro capítulo, sobre o conceito de cultura e a caracterização

de diferentes tipos de leitores, seja de jornais ou livros, mais especificamente, ou de

plataformas multimidiáticas. Apresentaremos, no próximo capítulo, a história de São

João do Oeste – município que concentra o espaço desta pesquisa –, descrita com ênfase

na cultura local, educação e alfabetização. A segunda parte desta pesquisa também

contempla histórico e o público que constitui a Biblioteca Pública Municipal Padre

Afonso Hansen e o Jornal Força d’Oeste, a partir dos quais delimitou-se os

respondentes dos questionários.

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2 MOTIVAÇÕES E DESAFIOS PARA A LEITURA EM SÃO JOÃO DO

OESTE

2.1 GERMANISMO: A EXPRESSÃO DA CULTURA EM SÃO JOÃO DO OESTE

Ao analisar a associação entre cultura e leitura no município de São João do

Oeste, importa considerar as características reconhecidas como representativas da

identidade cultural germânica. Em primeiro momento, é relevante mencionar a

preocupação dos povos de origem germânica em preservar seus valores culturais, seja

por meio oral, expressões artísticas ou em formato impresso.

Segundo Joana de Paula Cidade Miranda (2008), a corte portuguesa instalada no

Brasil observava a colonização germânica no país de maneira positiva, em função da

sua origem, que também era europeia. Somado a isso, conspirava o fato de que os

alemães não disputavam território na região sul-americana, eram vistos como pessoas

instruídas e as boas relações diplomáticas dos países de língua germânica com a corte

portuguesa, motivadas pelo casamento de Dom Pedro I com a princesa austríaca,

favoreceram a colonização germânica no Brasil. Ainda que a corte portuguesa aprovasse

a chegada dos alemães no Brasil, o governo não apoiava as áreas de colonização. Por

este motivo, os povos germânicos passaram a construir comunidades semelhantes às

suas origens em solo brasileiro, através de instituições como igreja, escolas e

associações culturais, além de manter suas tradições e a língua.

A definição da identidade alemã é caracterizada pelo conceito de cultura

germânica, chamado germanidade ou Deutschtum. “São alemães os povos que dividem

um conjunto de aspectos intelectuais, artísticos e religiosos similares, não importando a

procedência direta de cada indivíduo” (JOCHEM, 2008 apud MIRANDA, 2008, p. 17).

René Gertz (1987 apud MELLO, 2006, p. 67) caracteriza a cultura germânica pelo

termo Deutschtumspflege, que, ainda mais especificamente do que o Deutschtum,

expressa “empenho pela conservação da pureza étnica, da língua, dos costumes e das

tradições alemãs” (GERTZ, 1987 apud MELLO, 2006, p. 67).

O conceito de nação não se restringe a limites territoriais, de acordo com

Alcimara Aparecida Foetsch (2007 apud MIRANDA, 2008, p. 25), mas também pode

ser assimilado como uma comunidade simbólica, tal qual ocorre nas colônias de

colonização germânica no Brasil, e entre elas, a de São João do Oeste e região:

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[...] é isso que explica seu poder de gerar um sentimento de identidade

e lealdade, onde os sentidos estão contidos nas histórias que são

contadas sobre a nação, memórias que conectam seu presente com seu

passado e imagens que dela são construídas e contribuem para o

imaginário, e sendo, portanto muito mais do que uma porção de terras

demarcadas por limites políticos.

Eliane de Mello (2006) ressalta o conceito de Heimat3 no germanismo,

entendido como a capacidade dos valores culturais de sustentarem a etnia de um

povoamento distante do seu local de origem. De acordo com a autora, a presença da

Heimat confere a possibilidade de se constituir o equivalente a uma nova Alemanha na

região colonizada pelos imigrantes, ainda que com características distintas do país de

origem.

A Heimat forma, também, a base na qual o povo alemão, sujeito

coletivo, unido por uma cultura e um destino comuns, encontra-se

enraizado. Esse povo assim constituído possui uma individualidade e

uma personalidade, denominada de espírito popular ou alma do povo.

[...] Assim a lembrança da antiga Heimat torna-se condição da

existência social e cultural porque desenvolve o sentimento de

continuidade, oferecendo um futuro ao legado dos antepassados, ainda

que o território primordial seja de segunda mão e o movimento esteja

circunscrito as pegadas dos pais. (GRÜTZMANN, 1999 apud

MELLO, 2006, p. 67).

Os alemães que chegaram ao Brasil há cerca de 200 anos desenvolveram uma

hibridização da cultura que trouxeram da Alemanha com a realidade de vida, os

costumes e hábitos da nova pátria. Os brasileiros de origem germânica e que ainda

mantêm esta relação com a cultura do país de onde vieram seus antepassados têm sua

identidade formulada da seguinte maneira, conforme apresenta Mello (2006, p. 27-28):

[...] uma história comum (passado imigratório); origem (a Alemanha

natal dos ancestrais); língua (os dialetos germânicos que ainda falam

ou que são ainda falados por algum membro da família em associação

com a fluência do português nas gerações mais novas); costumes

(hábitos alimentares específicos etc); ritos de celebração (ex:

participação em festas tradicionais germânicas como Kerb4, mas

também participação em festas nacionais nas gerações mais novas);

3 Segundo Grützmann apud MELLO (2006, p. 67), em português, o termo equivalia a pago, lar. A palavra

também pode ser sinônimo de Vaterland, que corresponde à pátria na língua portuguesa.

4 A Kerb é caracterizada por uma celebração religiosa, normalmente numa manhã de domingo, seguida de

festa que reúne as famílias.

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cultura (danças folclóricas, grupos associativos), escrita (mídia,

literatura étnica, etc); religião; aparência física (predominância, mas

não exclusividade principalmente após miscigenação, de indivíduos de

pele e olhos claros) etc.

A política migratória, que estimulava a formação de comunidades de indivíduos

de uma mesma etnia ou país de origem, também contribuiu para os povos alemães

manterem seus costumes e tradições em território brasileiro. Assim surgiu uma

sociedade teuto-brasileira, que, apesar de ser constituída por um número muito menor

do que outras nacionalidades, deixou “uma forte marca na história e cultura do país,

principalmente nos três estados do sul para onde o fluxo foi mais intenso” (MIRANDA,

2008, p. 30).

Os grupos alemães no Brasil destacam-se por meio da influência de sua tradição,

a organização social e étnica. O fato de viverem em colônias isoladas da sociedade

brasileira, com dificuldades de comunicação e estradas precárias que impediam o acesso

a outros povoados favoreceu a manutenção de seus costumes (MIRANDA, 2008). É

exatamente o caso de São João do Oeste, há 700 quilômetros da capital Florianópolis,

cujo território era totalmente preenchido por florestas no início de sua colonização

agrícola.

O isolamento dos povos germânicos também permitiu que as comunidades

formadas por indivíduos etnicamente homogêneos conservassem o idioma alemão, seja

o oficial ou os dialetos regionais, como o Hunsrikisch, advindo da região de Hunsrück,

no oeste da Alemanha e que é falado ainda hoje em São João do Oeste por 92% da

população, de acordo com dados coletados pelas agentes de saúde do município

(SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE SÃO JOÃO DO OESTE, 2018).

O descaso do governo nacional quanto à educação nas colônias de imigrantes

motivou os descendentes germânicos a implantarem seu próprio sistema de ensino,

tanto para a alfabetização em alemão, quanto para as demais disciplinas básicas. “Este

era um fator muito importante para estes imigrantes, pois na terra natal de vários, a

educação pública e gratuita já era fornecida pelo Estado há anos” (MIRANDA, 2008, p.

31). O ensino nestas escolas contemplava, como motivação principal, a educação para

crianças e jovens de uma população estrangeira. Entretanto, ao mesmo tempo, as

escolas desenvolviam a formação de uma identidade germânica nas gerações mais

novas.

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Outro fator que contribuiu para o alastramento da identidade germânica,

impulsionado pelos elevados índices de alfabetização entre descendentes alemães, é a

publicação de diversos jornais, revistas e livros escritos em dialetos germânicos. A

leitura destes materiais, segundo Miranda (2008), está inserida no próprio modo de ser

germânico. A autora menciona Adriano Costa (2004), que, por sua vez, enfatiza o

interesse pela publicação de jornais entre povos germânicos, em comparação a outras

nacionalidades:

A Alemanha nunca foi uma potência colonial, mas os alemães e seus

descendentes são obcecados por publicar jornais em alemão pelo

mundo. Quase todos os países do mundo têm pelo menos um jornal

para a leitura de quem fala a língua de Goethe. O curioso é que isso é

um caso único, porque o mesmo não acontece, por exemplo, com o

francês e o espanhol. A França e a Espanha tiveram muito mais

colônias que a Alemanha e são nações cujos idiomas estão

disseminados pelos quatro cantos do mundo. Não me refiro aqui a

publicação de jornais de modo geral. (...) Eu me refiro aos jornais

publicados em uma língua diferente da que é usada em cada país.

Como, por exemplo, os jornais em alemão, italiano ou chinês

publicados no Brasil. Nisso, os alemães ao que parece ganham em

disparada. E em muitos casos, são periódicos que têm uma longa

tradição de publicação ininterrupta. Alguns já fizeram 100 ou 150

anos que são editados. (COSTA, 2004 apud MIRANDA, 2008, p. 32).

Conforme Lúcio Kreutz (1994), a preocupação das lideranças dos municípios de

colonização germânica nos três estados do Sul do Brasil – região que teve o maior fluxo

de imigrantes alemães no país, de acordo com Miranda (2008) – sempre se detinha

sobre a educação básica, as crenças religiosas e o trabalho comunitário. Um dos fatores

mais acentuados da cultura germânica é a expressão religiosa por meio do envolvimento

dos indivíduos com a igreja – no caso de São João do Oeste, a católica –, juntamente

com atividades como, por exemplo, a participação em corais. Diretamente relacionado

às questões religiosas estão, também, festas comunitárias que visam justamente

arrecadar lucros para a manutenção de igrejas e associações, nas quais o jogo de bolão

(semelhante ao boliche, mas com bolas, pinos e cancha maiores), típico alemão, é

popular.

Todas estas características que compõem a germanidade resultaram em

problemas aos colonos descendentes alemães no Brasil antes e durante a Segunda

Guerra Mundial. A campanha de nacionalização empreendida pelo Estado Novo (1937-

1945), durante o governo de Getúlio Vargas, propôs proibições e repressão às etnias

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oriundas de outros países. Nesta campanha permitiu-se apenas o uso da Língua

Portuguesa no Brasil e quem ousasse falar outros idiomas estava fadado a ser preso e até

sofrer torturas. Para os alemães, isto representou uma afronta à manutenção da língua,

uma vez que seus dialetos estavam consolidados nas comunidades em que viviam no

Brasil. Além disso, a perseguição aos povos germânicos era ainda maior do que a de

outros países, em função do posicionamento em frentes opostas entre Brasil e Alemanha

durante a guerra.

A primeira etapa da campanha envolveu a nacionalização do ensino, em 1938,

na qual as escolas étnicas foram obrigadas a ensinar o português, a ter professores

brasileiros natos e a instituir matérias de educação moral e cívica. Por outro lado, foram

proibidas de ensinar línguas estrangeiras e de aceitar subvenções de instituições de

outros países. Mais tarde, censurou-se a expressão vocal de línguas estrangeiras, mesmo

em celebrações religiosas, e as associações culturais relacionadas a etnias de outros

países foram compelidas a encerrar suas atividades. Os impressos e as rádios foram

obrigados a usar apenas a língua portuguesa, o que ocasionou o fechamento de vários

deles, enquanto os estabelecimentos com nomes estrangeiros tiveram que alterar sua

identificação. Como parte da campanha de nacionalização, também se instituiu a

comemoração obrigatória de datas festivas nacionais e os moradores inseridos em

comunidades estrangeiras foram submetidos a desempenhar serviço militar em lugares

distantes (MIRANDA, 2008).

O cumprimento das medidas impostas pela campanha de nacionalização contou

com a participação do exército, que se deslocou às comunidades estrangeiras para

intervir. Em meio a essa situação, as gerações mais antigas ou que se comunicavam

apenas por meio de idiomas estrangeiros sofreram a imposição de falar repentinamente

o português; escolas étnicas tiveram problemas para se enquadrar nas novas regras e

escolas governamentais não conseguiram suprir as demandas em todas as regiões.

Como consequência, muitas crianças ficaram temporariamente sem estudar

(MIRANDA, 2008).

Após a Campanha de Nacionalização e a Segunda Guerra Mundial, na década de

1930, uma minoria de lideranças fortes engajou-se para restabelecer a situação anterior

às repressões. “Dentre estas iniciativas de resgate, as que mais se multiplicaram foram

as de instituições de convívio social, como as associações de tiro, de canto e de dança.

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Hoje, existem diversas delas espalhadas pelo país, principalmente nas áreas de forte

passado imigratório” (MIRANDA, 2008, p. 40).

Dentro do cenário das comunidades germânicas isoladas no Brasil é que surgiu a

região de Porto Novo, localizada na divisa com o Rio Grande do Sul e a Argentina, e

que atualmente é composta pelos municípios de São João do Oeste, Itapiranga e

Tunápolis. Em 1954, Itapiranga obteve emancipação político-administrativa e passou a

abranger também os municípios de Tunápolis e São João do Oeste, os quais

emanciparam-se em 1989 e 1991, respectivamente. Por este motivo, para caracterizar a

história e cultura de São João do Oeste, importa, em primeiro momento, compreender

como Porto Novo e Itapiranga constituíram-se. Conforme Roque Jungblut (2011), Porto

Novo recebeu os primeiros imigrantes alemães no dia 23 de maio de 1925, quando a

família de Johan Düngersleben e Margarete Leimeister, junto com 11 filhos, veio do

distrito de Hundsbach, Bayern, na Alemanha, para fixar residência na atual comunidade

de Linha Chapéu, interior de Itapiranga.

Entre 1926 e 1927, em torno de 40 famílias se instalaram na região de Porto

Novo e todas vieram do Rio Grande do Sul. Os principais motivos da migração derivam

do desgaste das terras no estado de origem, bem como o excedente populacional para as

lavouras disponíveis. Nos anos de 1928 a 1930 chegaram alguns descendentes alemães

da Bessarábia, na Romênia, além da ampla maioria de migrantes do Rio Grande do Sul,

enquanto na década de 1930 a região recebeu imigrantes diretamente da Alemanha,

além do expressivo número de alemães bessarabianos. O conjunto dos colonizadores da

região de Porto Novo, portanto, é formado por três nacionalidades (JUNGBLUT, 2011,

p. 83):

Bundesdeutscher: vindos da Alemanha;

Deutschrumänen: vindos da Romênia;

Deutschbrasilianer: descendentes de alemães vindos do Rio

Grande do Sul.

Maria Rohde integra os grupos de imigrantes que se deslocaram a Porto Novo

nos primeiros anos de colonização. Ela descreve a própria jornada desde a saída em

Estrela, no Rio Grande do Sul, até a chegada à atual comunidade de Linha Sede Capela,

no interior de Itapiranga, no livro Espírito Pioneiro (2011). Nesta obra, menciona que

deixou seu filho de um ano com os avós, em terras gaúchas, para encontrar o marido

que já estava em Porto Novo, e que, entretanto, não conseguia enviar notícias do seu

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paradeiro, em razão das dificuldades de comunicação. Durante o deslocamento a Porto

Novo, de caminhão, ela e o motorista foram abordados por tropas que estavam no

encalço de revolucionários que saqueavam moradias na região de Porto Novo. Rohde

temia que as tropas poderiam confiscar o caminhão e assim deixá-los a pé em meio à

estrada desconhecida e, para tanto, ela recorria à religiosidade no intuito de que nada de

ruim os afrontasse:

O que estava acontecendo que exigia tanto reforço de tropas? [...] A

necessidade ensina a orar, foi neste momento que percebi, pela

primeira vez, com toda clareza, o privilégio que era poder colocar

todas as nossas preocupações e temores em oração ao Pai do céu,

podendo confiar em Sua proteção e condução sábia e paternal

(ROHDE, 2011, p. 46).

Quando Rohde chegou à residência do marido, em meio à mata virgem,

encontrou apenas os móveis essenciais à moradia, pois outros utensílios haviam sido

roubados por revolucionários. Com poucos recursos, coube à família iniciar uma

realidade completamente distinta da que estavam acostumados no Rio Grande do Sul,

que inclusive colocava à prova a própria capacidade de sobrevivência:

Eu sugeri que se deslocasse a mesa para um pouco mais longe do fogo

e da fumaça. Recebi, então, minha primeira lição de sobrevivência.

Emílio [o marido de Maria] me ensinou logo que esta posição da mesa

era a mais prática: em primeiro lugar, garantia a iluminação da sala de

jantar, para encontrarmos o caminho para a boca, e, em segundo, a

fumaça espantava os mosquitos – para que pudéssemos comer em paz

(ROHDE, 2011, p. 58).

Em outro trecho do livro, a autora relata sobre a dificuldade em cozinhar,

contrastada pelo apetite descomunal ocasionado pelo trabalho naquelas condições

primárias:

Com o apetite enorme que a vida na floresta provocava – tudo era

bom – só devia haver quantidade suficiente. Os colonizadores

chamavam isso de “doença da voracidade”. Dessa doença todos os

novatos sofriam; talvez fosse provocada pela mudança climática e o

trabalho pesado. Menos agradável era cozinhar em dias de chuva,

quando, com os cepos molhados, a comida não queria ficar pronta e,

tanto cozinha, quanto cozinheira ficavam envolvidas em nuvens de

fumaça espessa. Nessas ocasiões, quando nada queria dar certo, eu

chorei lágrimas amargas. (ROHDE, 2011, p. 66, grifo do autor).

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A Sociedade União Popular, também conhecida por Volksverein, foi a entidade

que viabilizou a chegada dos imigrantes e descendentes alemães à região de Porto

Novo. A Volksverein é uma “organização social filantrópica criada em 1912, por

alemães católicos no Rio Grande do Sul. Tinha por objetivo reunir os alemães para

preservar os costumes, a cultura, a religião católica, além de assumir projetos de

colonização” (JUNGBLUT, 2011, p. 64). Segundo Rohde (2011), cuja família também

se domiciliou em Porto Novo por meio deste projeto, esta entidade atendia as demandas

materiais, espirituais e culturais dos colonizadores germânicos e suas tarefas eram

estabelecidas por meio de estatutos amparados pela lei. Antes da Segunda Guerra

Mundial, a sociedade abrangia 12 mil sócios registrados e ela dispunha inclusive de

jornal para se comunicar com os associados: o Skt. Paulusblatt, de periodicidade

mensal, que existe ainda hoje e também circula em São João do Oeste, embora o

número de assinantes neste município seja reduzido.

As diretrizes que regiam a Sociedade União Popular, de acordo com Rohde

(2011), foram sugeridas pelo Papa Leão XIII e constavam nos Estatutos Sociais

Católicos da Itália.

As bases do pensamento do Santo Padre eram as seguintes:

1. Concentrar todos os esforços dos católicos do país para o

mesmo objetivo: defesa, manutenção e desenvolvimento da fé e modo

de vida católico.

2. Direção da Associação através de uma assembleia de delegados,

comitê central e diretoria executiva.

3. Divisão territorial do país em associações diocesanas e

sociedades locais.

4. Alcance dos objetivos da associação através da divisão das

atividades da mesma em diversas seções com diretorias próprias.

5. Confederação de todas as associações e uniões dedicadas a

diferentes âmbitos da ação católica. (ROHDE, 2011, p. 22).

O objetivo do Papa Leão apresentava-se como o mesmo da Sociedade União

Popular, ou seja, a pretensão de estipular uma unidade absoluta em torno dos valores

católicos, neutralizar objetivos alheios a esta unidade e prevenir as tensões com

iniciativas que se opunham à igreja Católica: “Como os liberais criaram suas

Sociedades Populares para combaterem a hegemonia da igreja Católica, nós precisamos

fundar uma Associação Popular Católica para a defesa desta mesma Igreja” (ROHDE,

2011, p. 22). A ideia era a criação de uma Internacional Católica logo após a Primeira

Guerra Mundial, para reunir e assegurar os princípios desta religião. Entretanto, a

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intolerância de franceses e belgas com os alemães, por conta da guerra, impediu este

plano e cada país passou a organizar-se individualmente.

A Volksverein comprou a área correspondente a Porto Novo da Empresa

Chapecó-Peperi Ltda em 1926, permitindo que ela fosse ocupada somente por

descendentes germânicos e com preferência para os de religião católica (JUNGBLUT,

2011). A topografia das terras localizadas na região de Porto Novo, isoladas entre as

margens dos rios Uruguai e Peperi, contribuiu para que um núcleo homogêneo se

constituísse. “Tal estrutura foi fundamental no controle e na defesa da comunidade, já

que não contavam com a estrutura de um ente superior (Estado) para estabelecer normas

e padrões de comportamento” (SCHNEIDER, 2016, p. 95).

Os padres jesuítas eram grandes incentivadores do projeto Porto Novo e, como

na época a palavra destes religiosos prevalecia como “verdadeira” na sociedade, a

propaganda que faziam sobre a região foi essencial para convencer os imigrantes

alemães do Rio Grande do Sul a se deslocarem para as novas terras. Entre as

“maravilhas” que se propagavam a respeito de Porto Novo, constava que

os interessados terão a garantia de morar em comunidades onde

haverá somente moradores alemães e católicos;

os filhos terão Gemeindenschuhlen – escolas alemãs católicas;

todos terão assistência espiritual e religiosa (JUNGBLUT, 2011,

p. 81).

Percebe-se, aí, a forte influência da cultura religiosa, e a preocupação em manter

a cultura regional coesa em torno de um único credo. Ainda consoante Jungblut, o fato

de todos os primeiros colonizadores serem da mesma orientação religiosa e

descendência, aliado à colaboração da Volksverein para a formação dos núcleos

comunitários, à doação de terras para a edificação das sedes, bem como à assistência

religiosa incrementada no projeto de colonização, favoreceram o estabelecimento dos

princípios germânicos na constituição da religiosidade e do acesso à educação escolar.

Os alemães vieram ao Brasil com preocupação em “oferecer a todos os

elementos da comunidade o acesso às letras, à formação profissional, à espiritualidade

religiosa” (JUNGBLUT, 2011, p. 339). A ausência de programas com este objetivo por

parte do governo brasileiro motivou a iniciativa dos descendentes germânicos em

proporcionar, para suas comunidades. Desde 1926, os colonizadores, à medida que

desbravavam as matas para cultivar terras, também mantinham a religiosidade,

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materializada por meio da construção de capelas, e zelavam, também, pela educação,

uma vez que, não raro, as capelas serviam, também, como sala de aula.

A primeira missa em Porto Novo foi celebrada no dia 11 de abril de 1926, pelo

padre Maximiliano von Lassberg, “[...] debaixo de laranjeiras, sob o céu azul” (RICK,

1932, p. 3 apud LENZ, 2016, p. 60). Ainda antes da construção das capelas, a região de

Porto Novo recebia padres que vinham do Rio Grande do Sul para fazer batismos,

catequeses, estimular a religiosidade das famílias embrenhadas nas matas e até para

prestar auxílio médico. O padre João Evangelista Rick foi um destes casos; aliás, muito

além disso, teve contribuição fundamental para trazer as famílias de descendência

germânica a Porto Novo: por meio do cargo de secretário da Sociedade União Popular,

Rick envolveu-se na definição desta região ainda antes que fosse habitada pelos

colonizadores, segundo o padre Matias Martinho Lenz (2016).

Rohde (2011) relata que o padre João Rick havia sido deslocado pela

Universidade de Harvard, dos Estados Unidos, para fazer pesquisas sobre fungos na

região de Porto Novo. Rick visitava as famílias germânicas, de caboclos e indígenas que

se encontravam nas florestas portonovenses para fazer orações e repassar orientações

que lhes poderiam ser úteis para viver nestes ambientes isolados.

Em poucos domingos ele conseguira chegar ao ponto que possibilitava

um grande batizado coletivo. Ele sabia como colocar as coisas em

ordem. Inicialmente, neste dia previamente marcado, distribuiu a

bênção nupcial aos pais; em seguida, batizou os filhos, entre os quais

vários já ultrapassavam os dez anos de idade. Antes não havia padre

que atendesse esta população, por isso era uma feliz coincidência que

padre Rick se entendesse tão bem com eles, que já confiavam

plenamente nele (ROHDE, 2011, p. 119).

O trabalho do padre Rick ainda se estendia em um levantamento topográfico

para abertura de uma estrada que ligasse as comunidades. Este foi um dos motivos pelo

qual o padre obteve tamanho reconhecimento na região, a ponto de a escola de Linha

Ervalzinho, interior de São João do Oeste, escolher seu nome para a fundação. A Escola

de Ensino Fundamental Padre João Rick, como ela foi oficialmente denominada,

continua as atividades ainda hoje. Conforme Rabuske (2004 apud LENZ, 2016, p. 62),

“João Evangelista Rick, jesuíta austríaco, missionário, cientista, colonizador, apóstolo

social, foi um gigante, física e espiritualmente, um homem desprendido e de visão

estratégica. Constitui um exemplo para nós e para as futuras gerações”.

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Assim como João Rick, outros irmãos jesuítas auxiliaram em diversas situações

na região de Porto Novo. Além do trabalho na pastoral e na catequese, de serem

cozinheiros ou roupeiros, alguns jesuítas também tinham facilidade em domar cavalos e

burros: “Alguns se distinguiram como exímios domadores desses animais! Sem os

serviços desses santos e dedicados Irmãos, muitos padres teriam ficado literalmente a

pé!” (LENZ, 2016, p. 64). Como exemplo, o autor cita os padres Teodoro Treis e

Francisco Xavier Riederer, que estiveram pela região entre os anos 1930 e 1940 e foram

obrigados a deixar a função com o advento da Campanha de Nacionalização, pois

conduziam as celebrações apenas em idioma alemão. Ainda, destaca a chegada das

Irmãs da Divina Providência, da Alemanha, a pedido dos jesuítas, que ajudaram na

educação dos jovens e no atendimento à população por meio do hospital sediado em

Itapiranga (LENZ, 2016).

Durante todo mês de janeiro de 1939 transcorreram as santas missões em todas

as capelas da paróquia, “prática repetida de tempos em tempos, para uma renovação

geral do espírito de fé e da prática cristãs” (LENZ, 2016, p. 65). Entre os pregadores

dessas primeiras missões, Lenz (2016) menciona os padres jesuítas Guilherme Vincenti,

Balduino Rambo, Felix Darup, Afonso Hansen, Cláudio Mascarello e Lidvino Santini.

Mais tarde, em 17 de maio de 1943, quando o padre Filipe Krötz já havia tomado posse

da paróquia de Itapiranga, um grupo de seis jovens reuniu-se para a formação de uma

Congregação Mariana5 de moços, a qual tinha, entre outras iniciativas, a composição de

uma biblioteca que foi inaugurada no dia 16 de abril de 1944. Em agosto, por sua vez,

formou-se uma Congregação Mariana de moças, na qual, entre as 50 presentes na

primeira reunião, 33 se inscreveram. Já no ano de 1952, a Congregação Mariana

registrava 285 moços e 360 moças associados (LENZ, 2016).

O autor destaca que por meio da Comissão Municipal de Desenvolvimento

Econômico (COMUDE), criada por lideranças do município de Itapiranga em 1962, foi

solicitada verba da organização dos bispos da Alemanha, o Misereor, com sede em

Aachen, no oeste alemão, para que pudessem ser elaborados projetos de

desenvolvimento na região. Esta comissão recebeu apoio da paróquia, o que demonstra

novamente a influência dos jesuítas no progresso da região. A iniciativa de instalar uma

escola agrícola em Linha Sede Capela, no interior de Itapiranga, também partiu dos

jesuítas: criado em 1980, o Colégio Agrícola São José (renomeado para Instituto de

5 Associação de leigos católicos, devotos de Virgem Maria, Mãe de Deus.

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Assistência e Educação São Canísio – IAESC, em 2003), formou mais de 1.700

técnicos agrícolas até o ano de 2014, quando os jesuítas anunciaram o encerramento das

atividades. Os jesuítas atuaram também como inspetores escolares e mesmo quando os

professores ficavam sem receber seus salários, que já eram baixos, os padres se

empenhavam para solucionar a situação:

O pároco se empenhou muito junto ao governo do município e

conseguiu alguma coisa, mas não para todos, e, por isso, os pais se

viram obrigados a ajudar os professores. O pároco, para aliviar a

situação pecuniária deles, fundou a caixa escolar paroquial. Os pais

contribuíam para ela cada mês, na proporção do número de filhos que

frequentavam a escola. Quase todos os paroquianos, fora uns poucos,

pagaram de boa vontade essa contribuição (SPOHR, s.d., p. 1 apud

LENZ, 2016, p. 71).

Conforme Maikel Gustavo Schneider (2016), o fator religioso acentuado na

região influenciava nos modos de pensar e agir das pessoas, e, consequentemente, no

controle social. Os homens, por exemplo, precisavam usar terno completo nas

celebrações e inclusive em bailes, ao passo que as mulheres eram compelidas a vestir

saias longas, que cobrissem os joelhos, e sem decote no pescoço ou nos braços. Aqueles

que não cumpriam estas normas sofriam humilhações e eram desonrados pela

sociedade, bem como ocorria com suas famílias (SCHNEIDER, 2016).

Em festas e bailes havia uma comissão de homens que fiscalizavam as condutas

das pessoas. Caso alguém descumprisse as regras, recebia aviso verbal, e em caso de

reincidência, “a Comissão de Ordem retirava o infrator do salão por métodos mais ou

menos brutais” (JUNGBLUT, 2005, p. 345, apud SCHNEIDER, 2016, p. 93). Ainda

nas festas, o homem era proibido de dançar sem o casaco do paletó e os casais deveriam

manter certa distância entre eles enquanto dançavam, pois as cenas de afeto e intimidade

eram condenadas.

As moças podiam dançar entre elas, até a hora em que era dado o

aviso de que doravante isto estava proibido. As mulheres nunca

pagavam ingresso e por isso se acreditava que elas tinham menos

direitos do que os homens nos bailes. Por conta disso, as moças

tinham a obrigação de aceitar dançar pelo menos uma música [...]

quando convidadas por algum cavalheiro. Caso negassem o “convite”,

era “correto” que o rapaz lhe desse um bofete [...] o que sempre

causava fortes comentários (JUNGBLUT, 2005, p. 344 apud

SCHNEIDER, 2016, p. 94).

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A postura de fechamento das comunidades de Porto Novo quanto a valores que

não correspondessem à cultura germânica e religião católica culminou no impedimento

da entrada de grupos ou indivíduos de outras características:

Este processo de fechamento do grupo social pode ser visto como uma

forma de autodefesa. Assim, a exclusão de índios, caboclos e demais

etnias e culturas que não se enquadravam nos critérios de colonização,

pode ser vista como um processo de autodefesa da cultura, da língua,

da religião e de valores da comunidade itapiranguense. Os pioneiros

pensavam que quanto mais fechada e vigiada a comunidade, maiores

as chances de sobrevivência do grupo social e mais gerações poderiam

desfrutar das vivências de acordo com os costumes e princípios

alemães (SCHNEIDER, 2016, p. 97).

Paulino Eidt (2016) ressalta esta preocupação quanto à permanência de valores

germânicos às próprias famílias, nas quais existia extrema rigidez quanto à religiosidade

e ao modelo paternal de sociedade. A rigidez perante a religiosidade influenciou na

educação familiar, a qual impedia a abordagem de assuntos considerados tabus, como

sexo: “crenças e práticas que nos são transmitidas já fabricadas pelas gerações

anteriores; se as recebemos e adotamos é porque, sendo ao mesmo tempo obra coletiva

[...] estão revestidas de autoridade particular que a educação nos ensinou a reconhecer e

a respeitar” (DURKHEIM, 1995, p. 8 apud EIDT, 2016, p. 127).

Na região embrenhada em matas, os moradores estavam expostos a doenças

como tétano, coqueluche, tifo e varíola, que incutiram no estabelecimento daquilo que

Eidt (2016) classifica como “solidariedade horizontal”, ou seja, os colonizadores

mantinham suas propriedades particulares, porém a ajuda mútua era o aval para a

própria sobrevivência das famílias que viviam da subsistência, sem uso de dinheiro.

Expressões como Gemeinschaft (trabalho comunitário) e Gesellschaft (companhia),

relacionadas ao paroquialismo, remetem às formas de solidariedade do povo de

ascendência germânica em Porto Novo, o qual baseava suas regras sociais em torno do

clero. Entre os valores delimitados para a execução do projeto Porto Novo, destaca-se o

da dedicação à vida comunitária, o qual incluía até mesmo o sacrifício do trabalho

particular.

Ao mesmo tempo em que o envolvimento com a comunidade era característico

dos colonizadores descendentes germânicos na região de Porto Novo, motivado pela

ideia de construção de clubes e igrejas para serem ocupados pelas gerações futuras, a

preocupação em proporcionar educação adequada também estava inserida neste

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processo. A partir destes pensamentos, procedeu-se a contratação de

Gemeindeschullehrer (professores comunitários) ou Pfarrschullehrer (professores

paroquiais) para disponibilizar o ensino básico às crianças, incluindo, naturalmente, a

alfabetização. Conforme acentua Paiva (1973, p. 83 apud EIDT, 2016, p. 133),

A atividade alfabetizadora envolveu a comunidade, a paróquia, o

professor e a colonizadora. [...] Desde os primórdios da colonização,

os imigrantes teutos zelavam por uma instituição que se tornou

característica das suas comunidades rurais, a escola paroquial ou

comunitária. Tornou-se uma instituição singular, com mérito de suprir

a ausência inicial das escolas públicas.

A escola paroquial, desvinculada do Estado e à mesma medida associada à

Igreja, exibia como características uma acentuada espiritualidade, rigidez quanto à

disciplina e obediência, valorizadas pelos jesuítas. Muito além da pretensão de oferecer

a oportunidade do estudo, a educação nestas comunidades era vista como extensão da

família, na qual a Igreja visava interferir nos comportamentos dos estudantes de modo

que estes seguissem os princípios que se pretendia para o progresso da colônia: “esses

educadores eram responsáveis pela alma dos alunos [...] isso envolvia a salvação da

alma das crianças, pelas quais eles eram responsáveis perante Deus” (ARIÈS, 1973, p.

117 apud EIDT, 2016, p. 134).

A visão etnocêntrica que predominava na região de Porto Novo incidiu na

exclusão de pessoas que não fossem fieis à religião Católica ou de outras origens. Estas

oposições diante da alteridade reduziram-se nos anos 1970, com a introdução do

capitalismo na região, porém as características de descendência germânica e religião

católica ao final do século XX ainda permaneciam em mais de 95% da população,

segundo Jungblut (2011, p. 101).

2.2 RELAÇÕES DA CULTURA LOCAL COM A EDUCAÇÃO E O PROCESSO

DE ALFABETIZAÇÃO

Ao início do processo de colonização agrícola, as aulas em São João do Oeste

eram ministradas nas capelas ou então em escolas pequenas, de madeira, construídas

pelos próprios moradores das comunidades, assim como também ocorria em outras

escolas da região de Porto Novo. Neste sentido Jungblut relata (2011):

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Um povoado tinha que ter uma construção comunitária para que

pudesse ser considerada comunidade. Passados em torno de cinco

anos, era construída uma nova capela, agora já tentando separar igreja

da escola, porém novamente em madeira. (JUNGBLUT, 2011, p.

339).

Com a chegada da Campanha de Nacionalização, em 1937, a escola que existia

na sede de São João do Oeste foi uma das mais afetadas e encerrou suas atividades por

determinação do governo. O educandário foi transformado em Escola Mista pelo órgão

governamental, porém os moradores não concordaram com esta forma de ensino, que

excluía a língua alemã das aulas, e decidiram fechar a escola (JUNGBLUT, 2011).

João Harry Klein (2019), 90 anos, natural de Montenegro/RS, na época distrito

de Harmonia, veio a São João do Oeste aos dois anos de idade, em 1932, junto com os

pais e sete irmãos, mais velhos, e conviveu com algumas das formas de repressão do

Estado Novo de Getúlio Vargas. Klein estudou entre 1937 e 1939, por três anos, numa

escola da sede do distrito então pertencente a Porto Novo, justamente no período em

que o alemão foi proibido pela Campanha de Nacionalização. O pioneiro recorda que

entre 1937 e 1938 o ensino escolar era exclusivamente em alemão, conduzido por

professores que eram pagos pelos próprios moradores. No ano seguinte, entretanto, o

governo determinou que os professores locais fossem substituídos por educadores da

rede estadual, os quais passaram a ministrar as aulas somente na língua portuguesa.

Como quase todos os alunos sabiam comunicar-se apenas em alemão, o aprendizado em

outro idioma, ainda desconhecido, tornou-se praticamente impossível. Para quem

ousasse qualquer manifestação em alemão, a punição era severa, quando não

acompanhada de violência: “O aluno que infringia as regras era obrigado a ajoelhar-se

em frente ao professor, ou levava surra. Ninguém sabia ler ou falar em português, então

como poderíamos estudar? Por isso fiz até o terceiro ano e parei” (KLEIN, 2019).

Fora da escola, a repressão aos descendentes germânicos era ainda mais intensa:

Klein lembra que a partir de 1939 havia inspetores – que faziam o papel de polícia, a

qual ainda não existia na época em Porto Novo –, ou seja, representantes da própria

comunidade que eram designados pelo estado para fiscalizar quaisquer manifestações

em alemão. A família Klein deixou de fazer as habituais orações noturnas em alemão e

os moradores tratavam de falar em baixa tonalidade para se comunicarem durante o dia,

pois os fiscais poderiam perscrutá-los a qualquer momento. O pai de Harry havia

aprendido a falar português ainda no Rio Grande do Sul e então tratou de ensinar a

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língua aos filhos, que apenas puderam voltar a se comunicar em alemão após a Segunda

Guerra Mundial, em agosto de 1945. Klein (2019) recorda que o pioneiro Otto Veit

conduzia encontros de catequese em alemão, em Linha Chapéu/Itapiranga, quando foi

flagrado pelos inspetores e encaminhado para Chapecó, onde acabou preso e espancado

pela polícia. Ao ser enfim liberado da prisão, a polícia retirou o dinheiro que levava

consigo e Veit foi induzido a voltar a pé para casa. Ele então precisou solicitar comida

nas moradias durante o caminho para que pudesse chegar ao seu destino.

Posteriormente à Campanha de Nacionalização, em 1949, o governo estadual

iniciou a construção, a partir da edificação de duas salas de aula, daquele que se tornaria

no maior colégio do município – o Grupo Escolar Madre Benvenuta –, hoje conhecido

Escola de Educação Básica Madre Benvenuta. Em 1961 iniciou o quinto ano primário

na sede de São João do Oeste, sob o nome de Admissão ao Ginásio, e dois anos mais

tarde a educação infantil, com o surgimento do Jardim de Infância Jesus Menino. No

ano de 1974 foi a vez de iniciar o segundo grau profissionalizante em São João do

Oeste, por meio do curso de Técnicas Contábeis Jorge Lacerda, na área que seria

denominada como CNEC, abreviação da Campanha Nacional de Escolas da

Comunidade. A CNEC foi posteriormente desativada para a instalação de uma escola de

séries iniciais, em 2001, chamado Centro Educacional de São João do Oeste, existente

ainda hoje (JUNGBLUT, 2011).

No interior de São João do Oeste, sete escolas – as chamadas isoladas – foram

desativadas em 1997, de acordo com a Secretaria Municipal de Educação (2019): nas

comunidades de Fortaleza, Jaboticaba, Itacuruçu, Medianeira, Palmeiras, Vale Pio e

Alto Macuco. Todas elas mantinham ensino do 1º ao 4º ano, exceto a de Linha

Jaboticaba, que ainda incluía o pré-escolar. O educandário de Linha Macuco foi

desativado em 2009, ao passo em que as escolas das comunidades de Ervalzinho, Beato

Roque e Cristo Rei, assim como as da sede, ainda prosseguem as atividades.

De acordo com a Secretaria Municipal de Educação de São João do Oeste

(2018), o município dispõe dos seguintes estabelecimentos dedicados à educação e

ensino: Creche Municipal Kinder Haus (Casa da Criança, em alemão), Centro de

Educação Infantil Jesus Menino, Centro Educacional de São João do Oeste (1º ao 5º

ano) e Escola de Educação Básica Madre Benvenuta (6º ano do Ensino Fundamental ao

3º ano do Ensino Médio), ambos na sede; Amor Perfeito (Infantil), Centro Educacional

(1º ao 5º ano) e Escola de Educação Básica Cristo Rei (6º ano do Ensino Fundamental

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ao 3º ano do Ensino Médio), da comunidade de Linha Cristo Rei; Pré-Escolar

Chapeuzinho Amarelo e Escola Municipal Ministro Luiz Gallotti (1º ao 5º ano), da

comunidade de Linha Beato Roque; e Escola Municipal Padre João Rick (1º ao 5º ano),

da comunidade de Linha Ervalzinho. Há também possibilidade de formação para

estudantes que já ultrapassaram a idade considerada ideal para concluir a educação

básica (19 anos), por meio do Centro de Educação de Jovens e Adultos – CEJA. Ao

final de 2018, o município contava com 1.031 alunos matriculados desde a creche até o

Ensino Médio, seja na rede municipal ou estadual.

A emancipação de São João do Oeste, que antes pertencia ao município de

Itapiranga, ocorreu em 12 de dezembro de 1991, quando passou a ser formado por onze

comunidades, além da sede, e a constituir um município de 163 quilômetros quadrados,

o qual faz divisa com Itapiranga, Tunápolis, Iporã do Oeste e Mondaí, todos em Santa

Catarina. As escolas de São João do Oeste já existiam quando o município obteve

emancipação político-administrativa, com exceção da Creche Municipal Kinder Haus, e

todas são públicas.

Em 27 anos de município, São João do Oeste já conquistou o menor índice de

analfabetismo do Brasil em três oportunidades – 2000, 2004 e 2007 – e continua nas

primeiras posições do ranking. Já o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica –

IDEB do município nos anos iniciais do Ensino Fundamental obteve nota 7,3 em 2010,

ainda segundo o IBGE. Os alunos do 4º e 5º anos do Ensino Fundamental de São João

do Oeste alcançaram a mesma nota em 2015, segundo o Instituto Nacional de Estudos e

Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP, enquanto nos anos de 2013 e 2017 – o

mais recente – a nota foi ainda maior: 7,5. A nota de 2017 de São João do Oeste está 1,4

ponto acima da meta projetada para o município pelo IDEB (nota 6,1) e 2 pontos acima

da média nacional nos anos iniciais do Ensino Fundamental, entre escolas públicas.

Desde 2013, o município está à frente inclusive da média nacional entre escolas

privadas, nos anos iniciais do Ensino Fundamental, como pode ser constatado nas

tabelas abaixo:

TABELA 1 – IDEB de São João do Oeste no 4º e 5º ano do Ensino Fundamental

Fonte: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (2018, p. 1).

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TABELA 2 – IDEB nacional nos anos iniciais do Ensino Fundamental

Fonte: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (2018, p. 1).

De acordo com a coordenadora pedagógica do município, Teresinha Staub

(2019), a cultura de São João do Oeste reflete-se na educação por meio do

comprometimento das famílias com o processo de ensino: “enquanto os moradores

naturais do município são muito participativos em relação às atividades nas escolas,

temos dificuldade em trazer as famílias que vêm de outras regiões” (STAUB, 2019). A

taxa de alfabetização no município, que alcança o percentual máximo na faixa etária dos

7 aos 14 anos, é justificada, novamente, pela participação dos pais no processo de

ensino, aliada à formação de professores que recebem cursos de capacitação, de acordo

com a coordenadora pedagógica.

Segundo Staub (2019), não existe um método de ensino padronizado pelo

município, porquanto as escolas têm a liberdade de adotar os próprios. As didáticas para

o ensino da leitura e da escrita dependem do diagnóstico do aluno, por meio da

combinação entre alfabetização e letramento. Entre as práticas de ensino, a

coordenadora pedagógica menciona o método fônico, que compreende os sons das

letras, frases, textos e sílabas, além do sociointeracionismo, especialmente para alunos

do primeiro ano. Para alunos com aprendizado abaixo do esperado é determinada a

repetição do ano (STAUB, 2019).

A língua alemã é ministrada nas escolas da cidade de São João do Oeste e nas

comunidades de Linha Beato Roque e Cristo Rei desde o Maternal 3. Conforme a

coordenadora pedagógica, a didática compreende o alemão oficial, que se distingue do

falado nas famílias – o dialeto Hunsrickish – e em razão do fato de que muitos alunos

não falam o dialeto em casa, o ensino desta língua torna-se mais difícil, inclusive em

relação ao inglês. Para ministrar as aulas em alemão, o município dispõe de uma

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professora efetiva, Lovane Inês Drebel, licenciada em língua alemã pela Universidade

Federal do Paraná – UFPR e responsável por seis escolas municipais: Centro de

Educação Infantil Jesus Menino (Jardim e Pré) e Centro Educacional (1º ao 5º ano) na

cidade; Amor Perfeito (Maternal 3 até o Pré) e Centro Educacional (1º ao 5º), em Cristo

Rei; Pré-Escolar Chapeuzinho Amarelo (Maternal 3 até o Pré) e Escola Municipal

Ministro Luiz Gallotti em Beato Roque (1º ao 5º). Conforme consta na reportagem do

Jornal Força d’Oeste em 09 de dezembro de 2015, o ensino da língua alemã oficial é

disponibilizado desde 2005 nas escolas municipais e tornou-se obrigatório na grade

curricular do município em 2012 (KIPPER, 2015).

A cultura germânica, por seu turno, é trabalhada na escola de maneira

interdisciplinar, dentro das disciplinas de História e Geografia, no mesmo molde do

ensino religioso, desde o 1º ao 5º ano. No 1º ano é abordado o contexto familiar, no qual

os alunos formam a árvore genealógica das respectivas famílias; no 2º ano são feitos

trabalhos referentes à comunidade, começando pela sede e a sucessiva extensão para as

localidades; no 3º ano o direcionamento é voltado ao município, incluindo a

emancipação, os primeiros governantes até os atuais; no 4º ano os estudos abrangem o

estado, nos quais a região Extremo Oeste é a mais explorada, e no 5º ano voltam-se ao

Brasil, com estudo das capitais, estados e a história do país. O aprendizado adquirido

em sala de aula sobre cada um destes contextos que envolvem o local de convívio do

aluno é intercalado com consulta a documentos, entrevistas e até palestras ou

depoimentos de pioneiros ou historiadores que são visitados pelos alunos ou

comparecem à escola (STAUB, 2019).

A professora Lovane Inês Drebel, efetiva no município desde 2013, ministra

aulas de 50 minutos para 27 turmas de São João do Oeste, desde o Maternal 3 ao 5º ano.

O ensino é efetuado de várias maneiras, adaptadas para as realidades de cada nível. Uma

das formas preferidas de Lovane para repassar o conteúdo é a escrita no quadro e em

seguida os alunos leem palavra por palavra. “Alguns estudantes não praticam o dialeto

alemão falado no município, por isso o ensino demanda paciência” (DREBEL, 2019).

O foco do ensino é direcionado da seguinte maneira para cada nível: no Maternal

3 os alunos cantam em alemão e praticam atividades lúdicas, como brincar com

pecinhas com palavras em alemão; no Jardim e no Pré é enfatizada a oralidade; no

primeiro ano as palavras são apresentadas em sua forma escrita; o segundo ano

contempla frases; e do terceiro ao quinto anos os alunos leem textos, cuja complexidade

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aumenta conforme avançam no aprendizado e também passam a consultar o dicionário

em alemão. No quarto e quinto anos os alunos também praticam diálogos em alemão,

nos quais dramatizam usando personagens e fazem teatro de fantoches. Drebel (2019)

destaca que também são entregues livros infantis em alemão, como Chapeuzinho

Vermelho (Rotkäppchen, em alemão) e Os Três Porquinhos (Die Drei Kleinen

Schweine, em alemão), que os alunos leem em casa e depois compartilham a história

com os colegas, fator que também contribui na finalidade de aprender o idioma.

Os temas abordados em sala de aula são variados e também contemplam datas

comemorativas, como a Semana Alemã, em julho, no qual a professora utiliza bonecos

para caracterizar personagens como o Fritz e a Frida (Foto 1), populares na cultura

germânica. Vídeos com paisagens e fotos da Alemanha também são utilizados pela

professora para incentivar os alunos a aprenderem o idioma com a perspectiva de

conhecer o país europeu futuramente. Todo conjunto de métodos de ensino engloba as

quatro habilidades linguísticas: leitura, escrita, escuta e fala, além de outras formas de

comunicação e expressão cultural, como o canto e a dança. O ensino é efetuado com

base nos parâmetros da Base Nacional Comum Curricular – BNCC, órgão que

regulamenta os conteúdos a serem trabalhados em sala de aula.

A escolarização é obrigatória dos 4 aos 17 anos de idade e, neste sentido, o

município alcançou seu alvo, atingindo 100% de frequência nessa faixa etária, de

acordo com a Secretaria Municipal de Educação (2019). No caso dos adultos

analfabetos, o município oferece apoio por meio do EJA – Educação para Jovens e

Adultos, com a professora Marlise Klunk, entretanto, o único ano em que houve turma

foi em 2015, quando 14 alunos, frequentadores das escolas da cidade e de Linha Cristo

Rei, formaram-se. Segundo a coordenadora pedagógica, no caso dos adultos, o processo

de aprendizagem é muito mais lento do que o de uma criança, pois em muitos casos

essas pessoas sofreram bullying por conta do analfabetismo e desistiram dos estudos:

“Muitos não querem vir; outros têm dificuldades especiais ou distúrbios que atrapalham

no aprendizado” (STAUB, 2019).

A professora Marlene Jungblut, da Escola de Educação Básica Cristo Rei, é uma

das profissionais que atuaram na alfabetização das primeiras séries de ensino no

município há mais tempo, entre todos os educadores de São João do Oeste. Ela iniciou o

percurso no magistério em 1989, na escola de Linha Vale Pio, e a partir de 1991 passou

a trabalhar a alfabetização em turmas bisseriadas e multisseriadas, na mesma

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comunidade, até 1997, quando transferiu-se para a escola de Linha Cristo Rei. De

acordo com a professora, no início havia pouco material disponível e ainda pela falta de

experiência, a alfabetização limitava-se ao ensino do alfabeto e à junção das letras. A

partir dos resultados deste modelo de ensino, a professora passou a adotar novas

estratégias, entre elas, a coordenação do som das letras. O principal método utilizado

por Marlene atualmente é o das “boquinhas”, no qual solicita que os alunos observem a

boca da professora, o que os ajuda a se alfabetizarem com mais agilidade (JUNGBLUT,

2019). Hoje Marlene ministra aulas apenas no ensino infantil, no qual também explora o

som das letras com a finalidade de preparar os estudantes para os estágios seguintes,

enquanto a leitura e escrita são desenvolvidas especificamente no primeiro ano.

A professora Fabiane Morgenstern, do Centro Educacional de São João do

Oeste, atua no magistério há dez anos, com experiência no 2º e 5º anos, além do ensino

infantil. Desde que obteve formação no ensino superior, em 2012, Fabiane ministra

aulas como professora alfabetizadora para o 1º ano pela primeira vez em 2019 e utiliza

o método tradicional para conduzir as aulas, caracterizado pelo treinamento dos sons e

das funções das vogais. Um dos projetos utilizados pela professora é o das formigas,

que consiste em canções para explorar os sons das palavras e desta forma viabilizar um

ensino que faça sentido aos estudantes, por isso as sílabas não são abordadas

necessariamente conforme a ordem alfabética. “A partir da palavra „formiga‟ podemos

trabalhar as famílias silábicas do f, do m e do g, por exemplo, e os cantos contribuem

para o aluno se interessar em aprender mais” (MORGENSTERN, 2019). Para o período

da Páscoa, a professora abriga no cronograma trabalhar a família silábica do P, e assim

sucessivamente. A leitura de histórias no percurso das aulas é outra maneira de

estimular os alunos e durante a troca de livros na biblioteca a professora motiva os

estudantes a fazerem propaganda das obras lidas, de modo a incentivar os colegas a se

interessarem por outras publicações e assim construir o hábito de ler.

O processo de alfabetização da professora Fabiane também consiste em

estratégias lúdicas, como a utilização de letras em E.V.A. e mexer significativamente os

lábios enquanto pronuncia as palavras, para chamar a atenção dos alunos. Conforme a

professora, a maioria dos estudantes advindos do Pré já conhecem as letras quando

ingressam no primário. Entre os alunos da turma de Fabiane, quatro já conheciam o

alfabeto ao iniciarem o 1º ano, motivados pelo incentivo dos pais.

Fabiane também já trabalhou em outras escolas da região e destaca que a de São

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João do Oeste é a mais rigorosa entre elas, pois não existe recreio entre as aulas e o

comprometimento dos professores se destaca. A participação das famílias no processo

de ensino e o engajamento dos alunos também são aspectos que despontam no

município, segundo Morgenstern (2019).

A seguir, com o fim de refletir sobre o papel da Biblioteca Municipal de São

João do Oeste no estímulo à leitura, passamos a apresentar descritivo de seu histórico e

público.

2.2.1 A Biblioteca Pública Municipal Padre Afonso Hansen: história e público

frequentador

São João do Oeste oferece empréstimos de livros gratuitamente a toda população

por meio da Biblioteca Pública Municipal Padre Afonso Hansen, localizada na Rua São

Leopoldo, no centro da cidade. A biblioteca foi criada pela Lei Municipal nº 65/93, de

03 de maio de 1993 – de acordo com a Secretaria Municipal de Educação – e em 2018,

portanto, completou 25 anos.

Hugo Teobaldo Bracht (2019), secretário de Educação e Saúde na época em que

a biblioteca foi inaugurada, enfatiza que os primeiros livros destinados ao local vieram

da antiga CNEC – Campanha Nacional de Escolas na Comunidade – de São João do

Oeste e outros eram adquiridos de duas livrarias em Chapecó, normalmente a cada dois

meses. A quantidade de livros a serem disponibilizados na biblioteca era variada, pois

dependia do preço das obras, porém a prefeitura dispunha de orçamento delimitado para

tal finalidade. Outros livros também foram doados, como é o caso das coleções de Jorge

Amado e Machado de Assis, cedidas pelo próprio Hugo.

Vinculada ao Departamento Cultural da Secretaria Municipal de Educação,

órgão responsável pela aquisição do material, a biblioteca abrange acervo de 13.437

livros infantis e 16.925 exemplares destinados ao público infanto-juvenil e adulto

(romances, pedagógicos, psicologia, sociologia, filosofia), o que totaliza 30.362 obras,

além de jornais e material em formato audiovisual, alocados em 30 estantes (Foto 2).

Entre os audiovisuais, a maioria é direcionada às crianças, portanto consistem

majoritariamente em filmes educativos. As obras mais recentes – em torno de 50 –

foram adquiridas em outubro, de acordo com Steffen (2019).

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FOTO 1 – Livros novos na Biblioteca Pública Municipal Padre Afonso Hansen

Fonte: Facebook da Biblioteca Pública Municipal Padre Afonso Hansen. Acesso em:

15 out. 2019

Dentre as obras que formam o acervo total, incluem-se cerca de mil livros em

idioma alemão, cujo conteúdo varia em romances, aventura, infantis e também existem

filmes animados em alemão. O material neste idioma foi obtido pela biblioteca por meio

de doações de colégios, corais, populares ou comprados e estão disponíveis no local

desde a fundação. A biblioteca também dispõe de dois espaços direcionados às crianças:

o chamado Cantinho da Leitura para que elas usufruam para ler, enquanto os pais

consultam o acervo ou quando são conduzidas pelos professores; além de uma

brinquedoteca disponível para a diversão das crianças. “O objetivo é de trabalhar o

lúdico nas crianças, pois assim consegue-se extrair problemas delas mais do que numa

seção de terapia” (STEFFEN, 2019), explica a bibliotecária. Outro espaço que a

biblioteca oferece é a sala de informática, com três computadores conectados à internet.

A procura por este local, entretanto, é reduzida, em razão do fato de a maioria das

famílias disporem de tais tecnologias em casa.

A área compreendida pela biblioteca é de 20 x 8 metros, além da sala exclusiva

para a brinquedoteca, ambas climatizadas. O atendimento é efetuado pela coordenadora

da biblioteca, Juliane Steffen, acadêmica de Biblioteconomia. Segundo a bibliotecária,

embora os dados de cadastro registrem o contingente de duas mil pessoas, em torno de

400 frequentam o local, das quais estima que 100 a 150 já teriam concluído o ensino

básico e os demais são estudantes. Os leitores mais assíduos comparecem à biblioteca a

cada 15 ou 30 dias (o período máximo para empréstimo é de um mês) e retiram em

média dois livros. Entre a população adulta que frequenta a biblioteca, o gênero

feminino é expressivamente superior ao masculino: enquanto a frequência feminina

perpassa por todas as faixas etárias, os homens comparecem mais significativamente a

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partir dos 50 anos (STEFFEN, 2019).

A partir de julho de 2019, a biblioteca passou por processo de revitalização no

local, portanto não houve atendimento entre 12 de julho até o início de agosto. As

melhorias na biblioteca a deixaram com um novo visual, conforme mostram as fotos

abaixo. Os investimentos na revitalização da biblioteca foram de R$ 17.638,72,

efetuados com recursos próprios do município de São João do Oeste.

FOTO 2 – Área interna da Biblioteca Pública Municipal Padre Afonso Hansen, visão

parcial das estantes de livros, registrada em fevereiro de 2019

Fonte: Foto do autor (2019)

FOTO 3 – Área interna da Biblioteca Pública Municipal Padre Afonso Hansen, visão

parcial das estantes de livros, registrada em agosto de 2019, após a revitalização

Fonte: Foto do autor (2019)

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FOTO 4 – Brinquedoteca na biblioteca municipal

Fonte: Facebook da Biblioteca Pública Municipal Padre Afonso Hansen. Acesso em:

15 out. 2019

Em alusão ao Mês Internacional das Bibliotecas, junto com a comemoração do

Dia Nacional da Leitura (12/10) e do Livro (29/10), em outubro a biblioteca pública de

São João do Oeste, aliada à administração municipal, proporcionou atrações diversas:

entre os dias 02 e 05 de outubro de 2019, o município de São João do Oeste promoveu a

2ª Semana da Biblioteca e Feira do Livro. O evento, dedicado à apresentação e

comercialização de livros, incluiu também participação do grupo de balé Raio de Luz,

além da contação de histórias, pintura facial e música. Nestes mesmos dias, a biblioteca

organizou e inaugurou espaço especial para obras de literatura alemã – exclusivamente

neste idioma –, chamado Denkmal der Deutschen Sprache (Memorial da Língua

Alemã).

FOTO 5 – Memorial da Língua Alemã, na biblioteca pública

Fonte: Site da Prefeitura Municipal de São João do Oeste. Acesso em: 22 out. 2019

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Já nos dias 17 e 18 de outubro, a biblioteca, em parceria com o Conselho

Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente – CMDCA e a Secretaria de

Educação do município, promoveu palestras e oficinas sobre Biblioterapia – terapia

através dos livros, ou seja, o desenvolvimento do ser humano a partir de histórias

literárias, seja por meio da leitura, narração ou dramatização. Carla Souza, consultora

em Biblioterapia e Mestra no mesmo ramo pela Universidade Federal de Santa Catarina

– UFSC, ministrou oficinas para professores e palestras para alunos do 5º ano do Ensino

Fundamental ao 3º do Ensino Médio.

Ainda no mês de outubro, de acordo com Steffen (2019), o horário da biblioteca

foi estendido até às 18h30, portanto, uma hora além do expediente habitual, para atender

às pessoas que normalmente não têm condições de ir à biblioteca em função dos

vínculos empregatícios no mesmo horário. A biblioteca também atendeu em todos os

sábados de outubro, das 8h30 às 11h30 – outro horário deslocado do expediente

habitual, uma vez que o local não atende neste dia da semana. A partir de novembro,

conforme a bibliotecária, haverá atendimento em ao menos um sábado por mês e a

biblioteca também prosseguirá as contações de histórias para crianças, que também

ocorrem uma vez ao mês.

2.2.2 O Jornal Força d’Oeste: história e público

FIGURA 1 – Logomarca do Jornal Força d’Oeste

Fonte: Facebook do Jornal Força d´Oeste. Acesso em: 19 fev. 2019

De acordo com Arlise Wagner (2009), a fundação do Jornal Força d’Oeste

ocorreu em Itapiranga/SC, no ano de 1997, por meio do casal Félix José Sausen e Irene

Maria Baudin. Natural de Itapiranga, Sausen já havia planejado abrir jornal no Mato

Grosso, no entanto, em virtude do distanciamento entre os moradores e da falta do

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hábito da leitura da maioria das pessoas naquele estado, iniciou o empreendimento em

sua terra natal.

As seguintes razões culminaram na instalação do jornal impresso em Itapiranga:

- Região com população predominantemente de origem alemã e com

hábito da leitura;

- Região conhecida;

- Facilidade de comunicação com o meio rural;

- Meio rural economicamente forte;

- O proprietário domina a língua alemã e conhece a agricultura

(WAGNER, 2009, p. 37).

A primeira edição circulou em 28 de maio de 1997, com 12 páginas, impressão

em preto e com periodicidade semanal. Nos primeiros seis meses, a maioria dos

exemplares era distribuída de forma gratuita. A sustentação do jornal resumiu-se em

venda de publicidade até o terceiro mês, quando a empresa começou a faturar também

com assinaturas anuais, que ao final do primeiro ano já resultavam em 850 (WAGNER,

2009). Hoje, a manutenção do semanário ocorre também através de contratos firmados

com prefeituras e outras entidades.

O impresso circula nos municípios de Itapiranga, São João do Oeste, Tunápolis,

Iporã do Oeste e Santa Helena, com um total de 3.100 assinantes, de acordo com a

direção do jornal. Destes, cerca de 60% são do meio rural. A partir de janeiro de 2002, o

Força d’Oeste disponibilizou página no site www.jornalfo.com.br, com acesso

exclusivo para assinantes on line.

Em março de 2014, o veículo impresso substituiu a antiga página na internet por

um novo portal de comunicação on line, o PortalFO, e que em 2018 foi migrado para a

Rede Catarinense de Notícias – RCN, da Associação dos Jornais do Interior de Santa

Catarina – Adjori/SC, com acesso pelo site http://www.adjorisc.com.br/jornais/

forcadoeste/, o qual é regularmente atualizado com notícias. De acordo com a editora e

sócia do jornal, Camila Mueller Stuelp (2019), a adaptação do portal ocorreu em razão

do convite da própria associação e desta forma é possível conferir os dados de todos os

veículos de comunicação integrados à Adjori.

Além disso, o jornal possui página no Facebook, disponível em

https://www.facebook.com/forcadoeste?fref=ts e no Instagram, as quais também são

atualizadas. Na sexta-feira, 16 de fevereiro de 2019, por exemplo, a página do jornal no

Facebook compartilhou a própria postagem do portal, sobre o encerramento do horário

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de verão. Segundo Stuelp (2019), o principal meio de comunicação utilizado pelo jornal

Força d’Oeste, ainda assim, é o impresso, seguido pelo Facebook: “O portal e o

Facebook têm como principal objetivo difundir algumas das informações que serão

publicadas no jornal. Estas ferramentas servem para direcionar o internauta para a

leitura do jornal” (STUELP, 2019).

Em janeiro de 2010, o jornalista Rafael Stuelp assumiu a direção do jornal,

substituindo o casal Félix Sausen e Irene Baudin, que permaneceram proprietários da

empresa até 2013. No décimo ano da atual direção, o jornal é composto por 32 páginas,

todas coloridas, enquanto a linha editorial, conforme Camila Stuelp (2019), prima pela

imparcialidade, produção própria de conteúdos e que sejam de caráter local.

O maior contingente de assinantes – de um total de 3.100 – e, portanto, público

alvo do jornal, consiste em pessoas acima dos 30 anos, motivo pelo qual as estratégias

para atrair o público jovem são as mídias sociais. Entre todos os municípios de

circulação do jornal, São João do Oeste é o que dispõe do maior contingente de

assinantes em relação ao número de habitantes – 900 –, dado que contribui para esta

pesquisa, pois demonstra a tradição da leitura neste município.

A equipe que constitui o jornal, por sua vez, é composta por nove funcionários

efetivos, dos quais sete produzem conteúdo e dois deles incumbem-se da diagramação

do impresso. Entre estes nove funcionários também estão incluídos os responsáveis

pelas vendas de anúncios e renovações de assinaturas, bem como das entregas de jornal.

Conforme o diretor geral do Jornal Força d’Oeste, Rafael Stuelp (2019), a realidade

dos impressos locais e de circulação reduzida compreende equipes cada vez mais

enxutas e com mais funções a desempenhar para que estes veículos de comunicação

possam se manter.

Para apresentar o jornal, passaremos a descrever a edição 1.094, de 12 de

fevereiro de 2019. Nela, consta uma foto de meia página na capa, com a cidade de

Itapiranga, alusiva aos 65 anos de emancipação do município. Na segunda página,

consta a coluna “A Semana”, de Camila Stuelp, com tópicos sobre assuntos variados

que ocorreram durante a semana, e também a seção “Eu leio o Força”, na qual é

apresentado um assinante do jornal, ambas na editoria de Opinião. As páginas 3 até a 7

abrangem a editoria de Geral, e dentre elas, há o destaque, também com pequena

chamada na capa, para uma urna funerária Tupi-guarani encontrada no interior de

Itapiranga, ocupando uma página inteira. Na página 5 consta ainda a coluna “Visão

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Positiva”, de Jaime Folle, com um direcionamento filosófico, enquanto na página 7

aparece a coluna “Histórias de Porto Novo”, de Leandro Mayer. As páginas 8 e 9

englobam a editoria de Eventos, com fotos de festas promovidas na região de

abrangência do jornal. As páginas 10 a 12 incluem a editoria de Variedades, com o

resumo das novelas, piadas, palavras cruzadas, horóscopo e a coluna “Socializando”, de

Stefani Specht, com fotos de eventos em geral. As páginas 13 a 20 abrangem material

especial sobre os 65 anos de Itapiranga, com fotos históricas acompanhadas de

descrições. A página 19 apresenta tabela para preencher palavras cruzadas sobre a

história de Itapiranga, ao passo que a 21 e a 22 retomam a editoria de Eventos. A página

seguinte, 23, contempla a editoria de Religião, com a programação das celebrações

religiosas na região. As páginas 24 e 25 são compostas pelas editorias de Classificados e

Negócios, com anúncios de artigos para compra e venda dos próprios assinantes ou

empresas vinculadas ao jornal. Já as páginas 26 a 29 compreendem a editoria de

Esportes, com textos e fotos sobre as práticas esportivas da região e também em âmbito

estadual e nacional. A página 30 é composta pela coluna “Passando a Limpo”, do

diretor do jornal, Rafael Stuelp, e trata sobre política. A página 31 abrange a seção “A

Voz do Povo”, na qual os assinantes têm a oportunidade de se manifestar sobre

situações diversas que envolvem seu cotidiano, desde críticas, sugestões, elogios ou

comentários.

No Trabalho de Conclusão de Curso de Comunicação Social – Habilitação em

Jornalismo pela Universidade do Oeste de Santa Catarina – UNOESC, campus de São

Miguel do Oeste, em 2009, Arlise Wagner expôs as características do Jornal Força

d’Oeste de acordo com a visão dos leitores. Sua pesquisa compreendeu um contingente

de 100 leitores, de todas as faixas etárias, e dos oito municípios nos quais o impresso

circulava naquele ano: Itapiranga, São João do Oeste, Tunápolis, Iporã do Oeste, Santa

Helena e Mondaí, em Santa Catarina; Pinheirinho do Vale e Barra do Guarita, no Rio

Grande do Sul. A mesma pesquisa constatou uma substantiva presença do hábito da

leitura no perfil dos assinantes do Jornal Força d’Oeste, pois muitos deles possuem

baixa escolaridade e ainda assim procuram se informar por meio do impresso ou até por

mais de um jornal, ou revista. Ainda que a escolaridade da maioria destes leitores seja

reduzida, o hábito da leitura também parece sofrer interferência da televisão e do rádio.

Wagner (2009) observa um vínculo consistente entre o jornal e o assinante, atestado

pela ansiedade das pessoas em recebê-lo e a credibilidade que depositam nele,

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considerando-o o meio de comunicação impresso mais completo da região. O

jornalismo regional também estimula uma relação mais intensa entre a equipe do jornal

e os leitores, uma vez que os assinantes têm a oportunidade de encontrar amigos ou

familiares no impresso, ou mesmo sugerir publicações, facilitado pela proximidade com

o jornal, o que os estimula a prolongar a assinatura.

No Trabalho de Conclusão de Curso em Comunicação Social – Habilitação em

Jornalismo pela Universidade do Oeste de Santa Catarina – UNOESC, campus de São

Miguel do Oeste, em 2014, efetuado pelo autor da presente pesquisa, abordou-se o

interesse do público de 18 a 30 anos em relação ao Jornal Força d’Oeste, sejam estes

assinantes do impresso ou tenham acesso ao jornal a partir de outros meios. Ao todo

foram entrevistadas 20 pessoas da faixa etária supracitada, todas de São João do Oeste,

e destas, apenas três relataram não ter hábito de ler o jornal. A maioria dos entrevistados

admitiu que prefere se informar sobre os fatos locais, porém pela internet, o que torna o

portal e a página no Facebook do Jornal Força d’Oeste como alternativas para

aproximar os jovens das plataformas de comunicação do veículo impresso.

Por outro lado, os jovens entrevistados comentam que muitas das notícias

divulgadas pelos meios digitais ou pelo rádio passam despercebidas ou são superficiais,

o que abre a possibilidade para o jornal constituir-se como um veículo com conteúdo

mais completo e que possa atender à necessidade de informação dos leitores. A maioria

dos entrevistados pretende ver conteúdo de caráter inusitado no jornal, que os

surpreenda, no entanto, este deve ser redigido de forma objetiva para não dispersar a

atenção. O tempo destinado para a leitura confirma esta estatística, afinal a maioria dos

leitores destina no máximo 30 minutos por semana para conferir o jornal.

O artigo de Pós-graduação em Marketing e Vendas, também pela Universidade

do Oeste de Santa Catarina – UNOESC, campus de São Miguel do Oeste, em 2017,

também redigido pelo autor da presente pesquisa, envolveu consulta a um público sem

delimitar a faixa etária. A média de idade dos 20 entrevistados, todos de São João do

Oeste, entretanto, manteve-se em 50 anos. Esses leitores, a exemplo do contingente

consultado na pesquisa efetuada em 2014, também assinalaram preferência pela leitura

de textos curtos e destinam pouco tempo para esta atividade. A pesquisa registra a

preocupação quanto ao interesse dos leitores jovens em relação ao jornal, os quais se

constituem no público do qual o jornal dependerá para se manter futuramente. Tais

leitores demonstram maior interesse em acessar a internet, motivo pelo qual o portal e a

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página no Facebook do Força d’Oeste apresentam-se como alternativa para manter

vínculo entre o meio de comunicação e os leitores. As duas pesquisas, tanto a de 2014

quanto a de 2017, constatam que o jornal não deve fazer alterações bruscas nas

publicações, porém no caso dos leitores jovens, o investimento nas plataformas digitais

mostra-se como alternativa para a continuidade do veículo de comunicação.

Descrevemos, neste capítulo, o histórico de São João do Oeste, direcionado aos

aspectos culturais que influenciam na alfabetização e formação do hábito da leitura no

município, bem como sobre a biblioteca pública e o jornal que servem como instituições

para a aplicação da pesquisa. Na sequência, o capítulo 3 exibirá a descrição dos dados

coletados por meio dos questionários, com direito a gráficos e tabelas para facilitar a

compreensão do leitor.

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3 O PERFIL DO LEITOR EM SÃO JOÃO DO OESTE

Este capítulo objetiva descrever o perfil do leitor em São João do Oeste, a partir

da tabulação e análise dos questionários estruturados. Como já referido, foram

distribuídos 60 questionários, em dois grupos: 30 questionários foram distribuídos entre

os leitores do Jornal Força d’Oeste, e 30 entre leitores de livros, sendo estes últimos

separados em dois grupos: 15 leitores frequentadores da Biblioteca Pública Municipal

Padre Afonso Hansen e 15 entre leitores de livros em geral, os quais não têm a

biblioteca como fonte primária de acesso à leitura. A análise das perguntas se faz a

partir da descrição e comparação dos resultados obtidos com esses grupos de leitores.

3.1 PERFIL SOCIAL, EDUCACIONAL E CULTURAL

Entre os assinantes do Jornal Força d’Oeste no município de São João do

Oeste foram aplicados 30 questionários, dos quais 16 respondentes são do gênero

feminino e 14 do masculino, distribuídos nas cinco faixas etárias delimitadas para a

pesquisa, a partir dos 18 anos. No caso dos leitores de jornal, 5 respondentes são da

faixa etária de 18 a 24 anos; 4 de 25 a 35 anos; 8 de 36 a 50 anos; 7 de 51 a 64 anos e 6

de 65 anos ou mais. No que tange aos leitores que frequentam a Biblioteca Pública

Municipal Padre Afonso Hansen, de São João do Oeste, dos 15 questionários aplicados,

8 respondentes são do gênero masculino e 7 do feminino. Destes leitores, 3 são da faixa

etária de 18 a 24 anos; 2 são de 25 a 35 anos; 2 de 36 a 50 anos; 4 de 51 a 64 anos e 4 de

65 anos ou mais. No grupo de leitores de São João do Oeste que obtêm livros de formas

variadas, 2 são do gênero masculino e 13 do feminino; 4 são da faixa etária de 18 a 24

anos; 2 de 25 a 35 anos; 4 de 36 a 50 anos; 2 de 51 a 64 anos e 3 de 65 anos ou mais.

Quanto à escolaridade dos leitores de jornal, oito respondentes frequentaram

apenas o Ensino Fundamental I (1ª a 4ª série ou 1º ao 5º ano), cinco o Ensino

Fundamental II (5ª a 8ª série ou 6º ao 9º ano), 12 o Ensino Médio (1º ao 3º ano); um

frequenta o Ensino Superior, dois completaram o Ensino Superior e outros dois são pós-

graduados (especialistas), conforme apresenta o gráfico abaixo.

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GRÁFICO 1 – Escolaridade dos leitores de jornal

Fonte: Gráfico do autor

Já quanto à profissão, 12 respondentes atuam em trabalhos autônomos, dos quais

11 exercem a agricultura e um é operador de caixa. Outros 11 estão aposentados, 5

trabalham em empresa privada (operador de caixa, funcionário em metalúrgica, auxiliar

de granja) e 2 em empresa pública (merendeira, professora). Percebe-se, assim, que a

escolaridade dos leitores distribui-se, em sua maior parte, entre um público sem

formação universitária, em sua maioria aposentados ou agricultores.

A escolaridade dos respondentes da biblioteca (Gráfico 2) varia em Ensino

Fundamental I (2 respondentes), Ensino Fundamental II (1 respondente), Ensino Médio

(2 respondentes), Superior incompleto (2 respondentes), Superior completo (2

respondentes) e Pós-graduação em nível de Especialização (6 respondentes). Destes, 4

respondentes são empregados em empresa privada (auxiliar de escritório, repositor de

mercadorias, serviços gerais e auxiliar de salão de beleza), 2 em empresas públicas

(analista técnico de gestão escolar e professora), 3 são autônomos (advogado, agricultor

e administrador de empresas) e 6 aposentados. Nota-se aqui, que no geral, a

escolaridade dos leitores da biblioteca é mais avançada em comparação à dos leitores de

jornais, e isto também se reflete nas profissões, que são mais diversificadas e

especializadas.

0

2

4

6

8

10

12

14

Fundamental I Fundamental II Ensino Médio Superiorincompleto

Superiorcompleto

Pós-graduação(Especialização)

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GRÁFICO 2 – Escolaridade dos leitores da biblioteca pública

Fonte: Gráfico do autor

Sobre a escolaridade dos leitores de livros em geral, 2 respondentes ocuparam os

bancos escolares até o Ensino Fundamental I, 3 concluíram o Ensino Fundamental II, 2

estudaram até o Ensino Médio, 3 têm Ensino Superior incompleto, 3 finalizaram o

Ensino Superior e outros 3 possuem pós-graduação (Especialização). As profissões dos

leitores de livros em geral também são diversificadas: 5 deles são trabalhadores

autônomos, como agricultores (4) e costureira, enquanto outros 4 estão empregados em

empresa pública, nos cargos de enfermeira, professor (2) e secretária de Educação; 3 são

estudantes e outros 3 aposentados.

GRÁFICO 3 – Escolaridade dos leitores de livros em geral

Fonte: Gráfico do autor

0

1

2

3

4

5

6

7

00,5

11,5

22,5

33,5

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Quando se pensa a escolaridade familiar dos leitores de jornal, tem-se um quadro

de escolaridade baixa preponderante: o pai/responsável masculino e a mãe/responsável

do sexo feminino de 26 respondentes frequentaram do 1º ao 4º ano do Ensino

Fundamental; dois alcançaram do 5º ao 9º ano do Ensino Fundamental; um concluiu o

Ensino Médio e outro não possui escolaridade. Levando-se em consideração os leitores

da biblioteca, verifica-se a permanência de uma baixa escolaridade: o pai de 10 dos

respondentes frequentou do 1º ao 4º ano do Ensino Fundamental; para outros três o

pai/responsável masculino frequentou até o Ensino Fundamental II; em um caso, o pai

alcançou o Ensino Médio e, em outro, a pós-graduação. No caso da mãe ou responsável

do sexo feminino, 12 concluíram do 1º ao 4º ano do Ensino Fundamental; uma

frequentou até o 9º ano; outra o Ensino Médio e também há um caso em que uma das

mães concluiu pós-graduação.

A mesma situação ocorre com os leitores de livros em geral, realidade em que a

escolaridade do pai ou responsável do sexo masculino é do 1º ao 4º ano do Ensino

Fundamental para 13 respondentes e Ensino Médio para 2 respondentes. Já na realidade

da mãe ou responsável do sexo feminino, para 9 respondentes ela estudou até o Ensino

Fundamental I, em 5 casos prosseguiu até o Ensino Fundamental II e para um

respondente a mãe concluiu o Ensino Superior.

3.2 INFLUÊNCIAS NA FORMAÇÃO LEITORA

Para compreender como se formam os leitores em São João do Oeste,

averiguamos de onde partem as influências que se incidem sobre eles neste processo.

Em um primeiro momento, indagamos aos leitores em relação ao interesse por esta

atividade e quanto às origens do gosto pela leitura. No caso dos leitores de jornal, 17

alegaram gostar muito, 12 disseram gostar um pouco e um respondente expressou que

não gosta de ler. Considerando os frequentadores da biblioteca pública, 14 deles

declaram que gostam muito de ler e um que não gosta, enquanto entre os leitores de

livros em geral em São João do Oeste, os 15 respondentes declaram gostar muito da

leitura. Neste item verifica-se, portanto, um interesse maior pela leitura por parte dos

leitores de livros, em relação aos assinantes de jornal. O expressivo interesse pela leitura

demonstra o êxito da cultura local neste sentido: o destaque do município de São João

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do Oeste pelos baixos índices de analfabetismo reflete-se com naturalidade no hábito da

leitura da população, pelo menos entre os três grupos considerados nesta pesquisa.

Quanto ao hábito de leitura do pai/responsável masculino, 10 leitores do jornal

garantem vê-lo/ou que o viam ler sempre; 16 respondentes relatam que veem/viam o pai

ler às vezes e em quatro casos o pai nunca lê/lia. Sobre a mãe/responsável do sexo

feminino, 12 respondentes afirmam que a veem/viam ler sempre, 17 declaram que a

veem/viam ler às vezes e um que nunca a vê/via ler.

Entre os frequentadores da biblioteca, 6 afirmam que sempre veem/viam o

pai/responsável masculino lendo; 3 veem/viam o pai/responsável masculino lendo às

vezes e 3 nunca o veem/viam lendo. No caso das mães dos leitores da biblioteca, o

índice de leitura é menor, pois apenas um diz que vê/via a mãe lendo sempre; 12

respondentes a veem/viam ler às vezes e 2 nunca a veem/viam ler.

Dos leitores de livros em geral, 6 dizem que costumam/costumavam ver o

pai/responsável masculino lendo sempre; 7 veem/viam às vezes e 2 nunca o veem/viam

ler. Referente às mães/responsável do sexo feminino, 4 a veem/viam lendo sempre e 11

a veem/viam praticando a leitura às vezes. Verifica-se, entre os leitores de livros e de

jornais consultados, de modo geral, que a metade deles vê/via o pai/responsável

masculino ou a mãe/responsável do sexo feminino lendo sempre ou às vezes. Os dados

permitem verificar que o índice de leitura da mãe/responsável feminina é menor.

Ao analisar o incentivo dos pais/responsáveis para a leitura, constatamos que

este foi significativo para 12 dos leitores do Força d’Oeste; 13 opinaram que houve

incentivo regular e para 5 respondentes o incentivo foi reduzido. Um resultado

semelhante é obtido ao se considerar os leitores que frequentam a biblioteca de São João

do Oeste, no qual 5 leitores respondentes receberam muito incentivo; 3 confirmam que

foram incentivados regularmente; 3 receberam pouco incentivo e um não foi

incentivado. Quando consideramos o incentivo dos pais/responsáveis aos leitores de

livros em geral, os números permanecem quase iguais aos dos leitores da biblioteca,

pois verificamos que para 5 leitores este era significativo; 3 respondentes admitem que

o incentivo era regular; para 3 respondentes houve pouco incentivo e para 4

respondentes o incentivo foi nulo. Tanto para os leitores de jornal como para os leitores

de livro, os pais, enquanto mediadores de leitura, atingiram uma percentagem menor

que 50%. No entanto, a segunda geração (os respondentes) apresenta um percentual de

gosto de leitura mais acentuado.

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A maioria dos respondentes credita o principal incentivo à leitura aos

professores da Educação Básica, o que retoma a relevância da figura do professor na

localidade, e isso desde o início da colonização agrícola do município, quando o ensino

baseava-se restritamente na pessoa desse profissional: entre os leitores do Jornal Força

d’Oeste, 21 confirmam que houve muito incentivo do professor na Educação Básica; 8

respondentes avaliam o incentivo como regular e para um deles existiu pouco incentivo

dos professores. Para a maioria dos respondentes, o incentivo dos professores ocorreu a

partir das idas à biblioteca junto com os alunos; o segundo item mais apontado foi o

benefício da leitura para a escrita e o terceiro as aulas de leitura. Um dos respondentes

apontou os concursos de oratória como fator de impulso para a leitura; outro leitor

recorda que os alunos ajudaram a montar biblioteca na escola, o que os incentivou a ler.

Assim, é claro o papel conjunto do professor em sala de aula e das atividades

desenvolvidas na biblioteca escolar como altamente relevantes enquanto mediação de

leitura.

Sobre o incentivo dos professores na Educação Básica, entre os leitores da

Biblioteca Pública Municipal Padre Afonso Hansen, 6 respondentes alegam que houve

muito incentivo; 4 afirmam que o incentivo foi regular e 5 declaram ter recebido pouco

incentivo. Quanto à maneira como os professores estimulavam a leitura, a maioria dos

frequentadores da biblioteca afirma que esta ocorria por meio da exigência de contar as

histórias dos livros, ou então de entregar resumos acerca da obra consultada. Outros

citam que o incentivo se desenvolveu a partir da indicação de livros dos professores que

estivessem relacionados com o conteúdo estudado em sala de aula. Um mencionou a

criação de seminários e eventos como o Sarau Literário, no qual os estudantes criam

danças, músicas, poesias ou outras manifestações artísticas baseadas em determinada

história literária. É visível, aqui, mais uma vez, o papel do incentivo conjunto do

professor com o estímulo da biblioteca, provável fonte para o suprimento de livros

exigidos para leitura. Infere-se, também, o desenvolvimento de atividades similares à

“ficha de leitura”, em que os alunos devem prestar conta da leitura realizada, no caso

específico dos respondentes, sob a forma de resumos. É relevante, aqui, o

desenvolvimento, também, de atividades mais criativas, como o Sarau Literário.

Na realidade dos leitores de livros em geral, durante a permanência na Educação

Básica, a influência dos docentes também foi significativa: para 11 respondentes houve

muito incentivo dos professores para a leitura; 3 foram estimulados regularmente e um

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86

assinala não ter recebido incentivo. A maioria admite que obteve maior incentivo nas

aulas de leitura, efetuadas uma vez por semana ou então nas idas à biblioteca. Outros

registram que precisavam cumprir fichas de leitura com livros específicos indicados

pelos professores. Um destaca que os professores ressaltavam constantemente os

benefícios que a leitura proporciona nos campos pessoal e profissional, e outro aponta

que o estímulo à leitura tornou-se mais efetivo no Ensino Médio, quando os professores

passaram a exigir a leitura de determinados autores brasileiros. Mais uma vez fica clara

a influência conjunta do professor e da frequência à biblioteca no estímulo à leitura.

Ao transferir o foco do questionamento para as pessoas que mais influenciaram a

leitura, verificamos que o professor desponta novamente como o mais mencionado, seja

entre os leitores de jornal ou de livros. No caso dos assinantes do Jornal Força

d’Oeste, 16 respondentes citaram o professor como o principal incentivador para a

leitura; 6 pessoas apontaram a mãe/responsável do sexo feminino como a maior

incentivadora; 4 indicaram o pai/responsável masculino; um lembrou o cônjuge e 3

respondentes afirmaram que não houve alguém em especial. Percebe-se que, apesar de

as mães/responsáveis femininas ostentarem um índice leitor menor do que o dos

homens, são mais frequentemente elas que incentivam os filhos ou aqueles por quem

são responsáveis a ler.

GRÁFICO 4 – Pessoas que mais influenciaram os leitores de jornal

Fonte: Gráfico do autor

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

Mãe ou responsáveldo sexo feminino

Pai ou responsáveldo sexo masculino

Ninguém em especial Algum professor ouprofessora

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87

Quanto aos leitores da biblioteca pública, a pessoa que exerceu maior influência

foi o professor para 6 respondentes; o pai/responsável masculino para 3 outros; a mãe

ou responsável do sexo feminino em 2 casos; algum outro parente para 2 outros, e

ninguém em especial para 3 dos respondentes. Os números são quase idênticos quando

consideramos os leitores de livros em geral, para os quais o professor foi destacado por

6 leitores, seguido do pai/responsável masculino, mencionado por 5 respondentes, e a

mãe/responsável do sexo feminino, por 4 respondentes. Assim, a influência

preponderante, após a figura do professor, é do pai/responsável masculino, e não da

mãe, como na situação anterior. Os demais leitores consideram algum parente,

marido/esposa/companheiro(a), outra pessoa (avô), ou até mais de um principal

incentivador.

GRÁFICO 5 – Pessoas que mais influenciaram os leitores da biblioteca municipal

Fonte: Gráfico do autor

GRÁFICO 6 – Pessoas que mais influenciaram os leitores de livros em geral

Fonte: Gráfico do autor

0

1

2

3

4

5

6

7

Algumprofessor ouprofessora

Pai ouresponsável dosexo masculino

Mãe ouresponsável dosexo feminino

Algum outroparente

Marido, esposaou

companheiro(a)

Padre, pastorou algum líder

religioso

0

1

2

3

4

5

6

7

Mãe ouresponsável dosexo feminino

Pai ou responsáveldo sexo masculino

Algum outroparente

Ninguém emespecial

Algum professorou professora

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88

3.3 MOTIVAÇÕES, HÁBITOS E BARREIRAS PARA A LEITURA

No intuito de compreender como se formou o hábito da leitura entre os

munícipes de São João do Oeste, buscamos primeiro desvendar como este processo

ocorreu durante o período de estudos na Educação Básica. Para 10 respondentes que

leem o Jornal Força d’Oeste, a exigência escolar ou da faculdade era a principal

motivação de leitura durante a Educação Básica; a importância de obter atualização

cultural ou de se informar foi elencada por 9 outros; o gosto foi mencionado por 3

leitores e os demais respondentes citaram como principal motivo a distração, o

crescimento pessoal, motivos religiosos, atualização profissional ou exigência do

trabalho, entre outras razões para a leitura. Atualmente, os principais motivos para a

leitura entre o público assinante do Força d’Oeste são a atualização cultural ou

informação, para 15 deles; o gosto, para 7 respondentes; a atualização profissional ou

exigência do trabalho, para 4; distração e crescimento profissional, cada uma,

respectivamente, para 2 respondentes. Descartado o motivo da exigência por parte da

escola, uma vez concluídos os estudos, mantiveram-se constantes o segundo e terceiro

motivo apontados desde a educação básica, que passaram a ocupar o primeiro lugar na

preferência dos leitores.

GRÁFICO 7 – Principal razão para a leitura entre assinantes do jornal

Fonte: Gráfico do autor

0

2

4

6

8

10

12

14

16

Gosto Atualizaçãocultural ouinformação

Distração Crescimentopessoal

Atualizaçãoprofissional ou

exigência dotrabalho

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89

No tópico sobre as motivações, hábitos e barreiras para a leitura dos

frequentadores da Biblioteca Pública Municipal Padre Afonso Hansen, de São João do

Oeste, as principais razões para ler, durante a Educação Básica, eram o gosto e a

exigência escolar, ambas, mencionadas por 5 leitores. A distração (diversão) é o

principal motivo indicado por 3 respondentes, enquanto o crescimento pessoal e os

motivos religiosos foram lembrados por um respondente, cada. Atualmente, o gosto

persiste como a principal razão para a leitura do público frequentador da biblioteca,

apontado por 7 leitores; acompanhado da distração, para 4 outros. Identifica-se, neste

item, novamente, um interesse pela leitura já sedimentado no período da Educação

Básica, impulsionado pelo gosto.

GRÁFICO 8 – Principal razão para a leitura entre frequentadores da biblioteca

Fonte: Gráfico do autor

Ao focar a análise nos leitores de livros em geral, verificamos que, nestes, existe

uma motivação de leitura semelhante a dos leitores de livros da biblioteca. No período

de estudos na Educação Básica, o gosto figurava como principal impulso à leitura para 6

deles, enquanto a distração era o fator preponderante para 5 e o crescimento pessoal

para 4 respondentes. O crescimento pessoal é o principal motivo para a leitura

atualmente, mencionado por 6 respondentes, ao passo que o gosto permanece como a

razão de leitura mais significativa para 5 leitores.

0

1

2

3

4

5

6

7

8

Gosto Distração Atualizaçãocultural ouinformação

Exigência escolarou da faculdade

Atualizaçãoprofissional ou

exigência dotrabalho

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90

GRÁFICO 9 – Principal razão para a leitura entre leitores de livros em geral

Fonte: Gráfico do autor

Quando estudavam na Educação Básica, os livros constituíam-se o principal

objeto de leitura para quase 100% dos respondentes, nos três grupos abordados desta

pesquisa. Atualmente, porém, no caso dos assinantes do Força d’Oeste, para 25 dos

respondentes o jornal é o principal objeto de leitura. Dentre os suportes utilizados para a

leitura, o impresso é citado por quase todos os respondentes (26), enquanto o digital, no

celular, é mencionado 18 vezes, muito à frente de outros suportes digitais, como o

computador, que surpreendentemente é citado apenas três vezes, e o tablet, mencionado

uma vez. Quando verificamos qual destes suportes é utilizado com maior frequência, o

impresso desponta com 18 menções, seguido do digital, no celular, lembrado 10 vezes,

e do computador, destacado em duas oportunidades.

GRÁFICO 10 – Suporte utilizado com maior frequência para a leitura entre assinantes

do jornal

Fonte: Gráfico do autor

Na realidade dos leitores que frequentam a biblioteca pública de São João do

Oeste, 12 assinalam que os livros eram o principal objeto de leitura durante a Educação

0

1

2

3

4

5

6

7

Gosto Atualizaçãocultural ouinformação

Distração Crescimentopessoal

Motivosreligiosos

Exigênciaescolar ou da

faculdade

Atualizaçãoprofissionalou exigênciado trabalho

0

5

10

15

20

Impresso Digital, no celular Digital, no computador

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91

Básica e os livros continuam como o principal objeto na atualidade para a mesma

quantidade de leitores. Ao considerarmos os suportes utilizados para a leitura,

verificamos que o impresso também predomina neste caso, para 13 respondentes.

Quanto ao conjunto total de suportes utilizados, 14 respondentes citam o impresso, 7

mencionam o digital, no computador, 2 lembram o celular e um respondente o tablet.

Como objeto utilizado com maior frequência, o impresso novamente aparece na

primeira colocação, citado por 13 respondentes, seguido do computador, que é

mencionado duas vezes.

GRÁFICO 11 – Suporte utilizado com maior frequência para a leitura entre

frequentadores da biblioteca pública

Fonte: Gráfico do autor

Se colocarmos em perspectiva os leitores de livros em geral, verificaremos, pela

terceira vez, que o principal objeto de leitura deste grupo durante a Educação Básica

eram os livros, mencionado aqui também por 14 respondentes. Esta importância

atribuída aos livros mantém-se atualmente, quando estes são considerados o principal

objeto de leitura para 12 respondentes. Referente aos suportes utilizados para a leitura, o

impresso é citado por 15 respondentes, o digital, no computador, mencionado por 4

respondentes e o celular por 2. Destes suportes, o utilizado com maior frequência é o

impresso, citado por 14 leitores, seguido do digital, no computador, que é lembrado por

um respondente. Observamos, nos três grupos de leitores considerados nesta pesquisa,

uma expressiva predominância de interesse pelo papel como plataforma de leitura, o

que indica uma postura conservadora, talvez como reminiscência da cultura local no

processo de formação do leitor. Se analisarmos estes resultados à luz da classificação do

leitor contemporâneo de Lucia Santaella (2004), percebe-se grande incidência do leitor

meditativo – no caso os leitores de livro, e do leitor movente/fragmentado no caso dos

0

2

4

6

8

10

12

14

Impresso Digital, no celular

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92

leitores de jornal. Contudo, quando se pensa a categoria na qual Santaella descreve o

leitor da era digital que veio a se constituir na entrada do século XXI, o leitor imersivo

ou virtual, percebe-se que no município de São João do Oeste esta transição ainda é

pouco ou quase inexistente. Ainda que no caso dos leitores de jornal, o celular

apresente-se como o segundo suporte de leitura mais utilizado, e para os frequentadores

da biblioteca o computador apresente-se nesta posição, parece que a utilidade de tais

suportes se resume à de meio instrumental para a leitura, não se constituindo em modo

de leitura de um leitor que, como Santaella descreve, manuseia a plataforma de leitura

de maneira distinta em relação ao leitor de livros.

GRÁFICO 12 – Suporte utilizado com maior frequência para a leitura entre leitores de

livros em geral

Fonte: Gráfico do autor

A leitura de livros em idioma alemão no município de São João do Oeste, ainda

que seja em território de predominante descendência germânica, é praticada por poucos

leitores, tomando como referência os resultados desta pesquisa. A quantia total de

assinantes do Força d’Oeste que leem em alemão é de 6 respondentes, de um total de

30. A frequência da leitura em alemão entre este público transcorre de uma vez por

semana a uma vez por mês, ou três vezes ao ano. Entre os leitores que frequentam a

biblioteca, apenas dois dos 15 respondentes leem em alemão, numa frequência de uma

vez ao ano, enquanto no público de leitores de livros em geral, cinco respondentes

praticam leitura neste idioma, portanto, apenas 25% do total. A frequência de leitura

citada por estes leitores é de uma a duas vezes por semana.

Passando-se, agora, para os fatores que motivam a leitura de livros, verificamos

que estes permanecem semelhantes quando comparamos o período de estudos na

Educação Básica com a atualidade. No caso dos assinantes do Força d’Oeste, o fator

0

2

4

6

8

10

12

14

16

Impresso Digital, nocomputador

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93

predominante para a leitura de livros durante a Educação Básica era o tema do livro,

citado por 18 respondentes, seguido da capa/título do livro e a indicação de professor,

ambas destacadas por 12 respondentes, e o prazer da leitura, que era a principal razão de

leitura para 7 pessoas. Hoje o tema do livro continua como o fator mais influenciador,

para 16 respondentes, seguido da capa/título do livro, para 8, e o prazer da leitura, para

7 pessoas. Atualmente, as redes sociais também se constituem como fator relevante no

processo de leitura de livros, sendo citadas por 6 respondentes entre os leitores de

jornal. Neste item, cada um poderia assinalar mais de uma alternativa.

GRÁFICO 13 – Fatores que mais influenciam na escolha de um livro entre assinantes

do jornal

Fonte: Gráfico do autor

Para o conjunto de leitores que frequentam a Biblioteca Pública Municipal Padre

Afonso Hansen, o tema do livro também se institui como o principal fator de leitura,

seja nos tempos da Educação Básica (11 respondentes) ou atualmente (9 respondentes).

O segundo fator mais importante, que no período da Educação Básica era a indicação de

professor, citada por 9 respondentes, passou para a indicação de amigo ou familiar,

agora mencionada por 7 respondentes. A capa/título do livro permanece como o terceiro

fator de maior relevo, citada por 7 leitores, tanto para o período da Educação Básica

quanto atualmente. Já o prazer da leitura, que é evocado por 6 leitores como o principal

fator de leitura durante a Educação Básica, agora é apontado por 7 respondentes.

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

tema do livro capa/títulodo livro

prazer daleitura

redes sociais indicação deamigo oufamiliar

autor do livro

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GRÁFICO 14 – Fatores que mais influenciam na escolha de um livro entre

frequentadores da biblioteca municipal

Fonte: Gráfico do autor

Na percepção dos leitores de livros em geral, por sua vez, o tema do livro

evidenciava-se como o principal fator de leitura para 10 respondentes durante a

Educação Básica e atualmente é o mais relevante para o mesmo número de

respondentes. Em segundo lugar consta o prazer da leitura, que é destacado por 9

leitores como o principal fator durante a Educação Básica e no momento continua como

preponderante para 8 respondentes.

GRÁFICO 15 – Fatores que mais influenciam na escolha de um livro entre leitores de

livros em geral

Fonte: Gráfico do autor

Ao computar os dados sobre a leitura de jornal, verificamos que esta aumentou

nos três grupos de leitores, desde a Educação Básica até a atualidade. Na época de aluno

da Educação Básica, a leitura de jornais era frequente para 14 respondentes que leem o

Força d’Oeste, ocasional para 9 deles e inexistente para 7 pessoas. Atualmente, 22

respondentes conferem o jornal frequentemente e 8 o leem ocasionalmente. Estendendo

a análise para os frequentadores da biblioteca, durante a Educação Básica, observamos

que somente 5 deles liam frequentemente, 5 liam em ritmo ocasional e outros 5 não

0

2

4

6

8

10

tema do livro capa/título dolivro

indicação deamigo oufamiliar

prazer da leitura autor do livro

0

2

4

6

8

10

12

tema do livro prazer da leitura autor do livro capa/título dolivro

crítica/resenha

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95

liam. Atualmente, a leitura de jornal é frequente para 9 leitores, ocasional para 3 e

inexistente para outros 3 respondentes. Para os leitores de livros em geral, a leitura de

jornais era frequente para 6 respondentes durante a Educação Básica, ocasional para

outros 6 e não era realizada por 3 deles. Ao colocar no espectro de análise a leitura na

atualidade, há pouca alteração nos números, pois nos deparamos com uma leitura

frequente de jornais para 8 respondentes.

O tempo destinado à leitura de jornais é restrito quando consideramos os três

públicos leitores desta pesquisa: no caso dos assinantes do Força d’Oeste, 25

respondentes afirmam que leem jornal por 30 minutos ou menos no seu dia-a-dia,

enquanto outros cinco leem de uma a duas horas; entre os leitores da biblioteca pública

de São João do Oeste, 11 praticam a leitura de jornais por até 30 minutos ao dia e 4 por

uma a duas horas; e 13 leitores de livros em geral leem por 30 minutos ou menos,

enquanto outros dois leem de uma a duas horas.

Os fatores de maior influência para a leitura de jornal assemelham-se aos

apontados pelos leitores para os livros, na mesma sequência, lembrando que aqui os

leitores também puderam assinalar até três alternativas. Para os assinantes do Força

d’Oeste, a principal razão para a leitura de jornal são os temas ou assuntos, indicada por

18 respondentes. A capa ou as manchetes são apontadas por 16 leitores, enquanto o

prazer da leitura é o fator mais chamativo para 10 pessoas. Na realidade dos leitores da

biblioteca, os temas ou assuntos são o principal fator motivador para a leitura de 12

respondentes; a capa/manchetes são o fator primordial para 11 e o prazer da leitura para

7 pessoas. Já no caso dos leitores de livros em geral, o fator de maior influência são os

temas ou assuntos, citado por 14 respondentes, seguido da capa/manchetes, por 8, e do

prazer da leitura, mencionado por 6 pessoas.

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96

GRÁFICO 16 – Fatores de maior influência para a leitura de jornal, entre assinantes do

Força d’Oeste

Fonte: Gráfico do autor

GRÁFICO 17 – Fatores de maior influência para a leitura de jornal, entre

frequentadores da biblioteca municipal

Fonte: Gráfico do autor

GRÁFICO 18 – Fatores de maior influência para a leitura de jornal, entre leitores de

livros em geral

Fonte: Gráfico do autor

0

5

10

15

20

temas ouassuntos

capa/manchetes prazer da leitura colunistas dojornal

crítica/resenha

0

2

4

6

8

10

12

14

temas ouassuntos

capa/manchetes prazer da leitura colunistas dojornal

redes sociais

0

2

4

6

8

10

12

14

16

temas ouassuntos

capa/manchetes prazer da leitura colunistas dojornal

crítica/resenha

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97

Ao considerarmos os tipos de leitura contemplados na tabela abaixo, entre

leitores do Força d’Oeste, verificamos que a maioria deste público lê apenas o jornal

com maior frequência: 5 deles leem jornais todos os dias, outros 11 leem duas vezes a

três vezes por semana e 14 praticam a leitura uma vez por semana. Quanto aos demais

tipos de publicações, quando se consideram livros de quaisquer gêneros, o número de

leitores que mantêm esta prática ao menos a cada 15 dias não chega a 20%. Em outras

palavras, de acordo com a classificação de leitor adotada para esta pesquisa, apesar de

bastante flexível – leitor é o que se dedica à leitura pelo menos quinzenalmente -- o

leitor de jornal, de modo geral, não se configura como leitor de livro.

TABELA 3 – Frequência de leitura entre assinantes do Jornal Força d’Oeste:

Tipo de leitura Todos

os dias

Duas a

três

vezes

por

semana

Uma vez

por

semana

Quinze-

nalmente

Quase

nunca

Nunca

a) Jornais 5 11 14

b) livros de

literatura indicados

pela escola

2 1 5 20

c) livros de

literatura por vontade

própria

1 2 4 7 15

d) livros didáticos

indicados pela escola

1 5 23

e) livros para

formação profissional

por vontade própria

1 3 7 17

f) livros de

autoajuda

1 2 9 17

g) Bíblia/livros

religiosos

1 2 2 12 13

h) livros de

culinária/artesanato 1 1 2 4 7 13

i) Outro-Qual? 1 1 Fonte: Tabela do autor

Quando consideramos os frequentadores da biblioteca pública, observamos um

equilíbrio maior na frequência de leitura dos diferentes formatos. A leitura de jornal

apresenta frequência semelhante a dos respondentes que leem o Força d’Oeste, com 2

respondentes que conferem o impresso todos dias, 4 que leem duas a três vezes por

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semana e 6 que leem uma vez por semana. Entre os livros, destacam-se os de literatura,

escolhidos por vontade própria, os quais são lidos todos os dias por 4 respondentes;

duas a três vezes por semana por 3 respondentes e uma vez por semana, também por 3

respondentes. No caso dos livros para formação profissional, escolhidos por vontade

própria, 4 leitores relatam a prática da leitura de duas a três vezes por semana, 3 leem

uma vez por semana e outros 3 mantêm esta prática quinzenalmente.

TABELA 4 – Frequência de leitura entre leitores da Biblioteca Pública Municipal

Padre Afonso Hansen

Todos

os dias

Duas a

três vezes

por

semana

Uma vez

por

semana

Quinze-

nalmente

Quase

nunca Nunca

a) a) Jornais 2 4 6 1 1 1 b) livros de

literatura indicados

pela escola

3 1 2 4 4

c) livros de

literatura por vontade

própria

4 3 3 1 3

d) livros

didáticos indicados

pela escola

1 1 4 6

e) livros para

formação

profissional por

vontade própria

4 3 3 1 3

f) livros de

autoajuda

1 3 6 4

g) Bíblia/livros

religiosos

1 8 5

h) livros de

culinária/artesanato

3 3 8

i) Outro-Qual?

Artigos; finanças;

formação pessoal;

revista

1 2 1 1

Fonte: Tabela do autor

Centrando agora a análise nos leitores de livros em geral, constatamos neste

público um hábito de leitura superior ao dos assinantes do Força d’Oeste e dos

frequentadores da biblioteca. Entre esses leitores, 7 leem livros de literatura por vontade

própria, diariamente, e 3 respondentes praticam de duas a três vezes por semana. No

caso dos livros para formação profissional por vontade própria, 4 leitores praticam a

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99

leitura todos os dias, 2 leem de duas a três vezes por semana e 3 mantêm este hábito

uma vez por semana. Como terceiro suporte de leitura mais procurado pelos leitores

aparece o jornal, que é lido por 3 respondentes a cada dia, por 5 respondentes de duas a

três vezes por semana e outros 5 respondentes praticam a leitura uma vez por semana.

TABELA 5 – Frequência de leitura entre leitores de livros em geral em São João do

Oeste

Todos

os dias

Duas a

três

vezes

por

semana

Uma vez

por

semana

Quinze-

nalmente

Quase

nunca

Nunca

a) Jornais 3 5 5 1 1

b) b) livros de

literatura indicados

pela escola

1 1 5 1 3

c) livros de

literatura por vontade

própria

7 3 1 3 1

d) livros

didáticos indicados

pela escola

1 2 1 2 6

e) livros para

formação profissional

por vontade própria

4 2 3 1 1 3

f) livros de

autoajuda

2 1 3 5 3

g) Bíblia/livros

religiosos

1 2 1 8 2

h) livros de

culinária/artesanato

1 1 3 5 5

i) Outro-Qual?

Fonte: Tabela do autor

A média de leitura de livros entre assinantes do Força d’Oeste nos últimos três

meses é relativamente baixa: do total de 30 respondentes, 22 afirmam não terem lido

sequer um livro e 3 mencionam a leitura média de uma obra ao mês. Também entre todo

contingente de leitores, 25 assinalam que não estão lendo livros hoje e dos outros 5, um

está lendo dois livros. Entre as razões para a leitura deste livro, o gosto ou interesse

pessoal é citado como o principal pelos cinco leitores.

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100

GRÁFICO 19 – Média de livros lidos nos últimos três meses pelos assinantes do jornal

Fonte: Gráfico do autor

Na comparação dos leitores do Jornal Força d’Oeste com os frequentadores da

biblioteca, verificamos que o segundo público manteve índice de leitura muito superior

ao do primeiro nos últimos três meses anteriores à pesquisa. Destes leitores, 9 leram em

média três livros ou mais neste período e um leitor chegou a ler 30 obras, o que

proporciona uma média de um livro a cada três dias. Outros 4 respondentes declaram

que leram em média dois livros nos últimos três meses e outros dois respondentes leram

um livro. Quando indagados se estavam lendo livros hoje, os 15 respondentes alegaram

afirmativamente: um deles registra estar lendo 5 livros simultaneamente, três leitores

liam 2 livros e os outros 10 leitores liam um livro. A principal motivação para estes

leitores é o gosto ou interesse pessoal, assinalado por 9 respondentes, seguido da

indicação da escola, por motivo profissional e para distração, ambos mencionados por 2

respondentes.

GRÁFICO 20 – Média de livros lidos nos últimos três meses pelos frequentadores da

biblioteca

Fonte: Gráfico do autor

No caso dos leitores de livros em geral em São João do Oeste, a média de leitura

nos últimos três meses também é elevada: de todos os respondentes, 5 afirmam ter lido

em média três livros ou mais nos últimos três meses, 7 leram em média três livros e 3

leram em média um livro. Atualmente, 13 destes leitores afirmam estar lendo algum

0

10

20

30

1 livro 2 livros 3 livros ou mais Nenhum livro

0

2

4

6

8

10

3 livros ou mais 2 livros 1 livro

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101

livro, dois estão lendo 3 livros ou mais e um está lendo 2 livros. O motivo

preponderante para a leitura é o gosto ou interesse pessoal, mencionado por 9

respondentes.

GRÁFICO 21 – Média de livros lidos nos últimos três meses pelos leitores de livros

em geral

Fonte: Gráfico do autor

Quando colocamos no escopo de análise a média de livros lidos por inteiro nos

últimos 12 meses, entre os assinantes do jornal, a maioria dos respondentes ficou abaixo

da média de um livro ao mês, 7 respondentes obtiveram a média de um livro ao mês e

os demais superaram a leitura média mensal de 2 livros. No que se refere à leitura de

livros em parte neste mesmo período, 5 respondentes afirmam ter adotado esta prática

em três livros, 2 respondentes fizeram o mesmo com quatro livros e outros 2 também

com dois livros.

Em comparação com os leitores da biblioteca e também com os de livros em

geral, verificamos uma frequência de leitura muito menor entre os assinantes do Força

d’Oeste nos últimos 12 meses. Na realidade de 10 respondentes que frequentam a

biblioteca pública de São João do Oeste, a média de leitura foi superior a 6 livros nos

últimos 12 meses; um destes leitores atingiu média de 6 livros mensais e dois

respondentes leram em média 5 livros. A média dos leitores de livros em geral também

se manteve elevada no último ano, com 6 respondentes que leram mais de 6 obras em

média nos últimos 12 meses; 3 que leram cinco livros e outros 3 que leram três livros,

entre os leitores mais assíduos.

Quanto aos livros lidos em partes nos últimos 12 meses, entre os frequentadores

da biblioteca, um respondente afirma ter lido mais de 6, quatro respondentes garantem

ter lido, em parte, de 3 livros; um informa ter lido 2 livros em parte e quatro leram

parcialmente um livro nos últimos 12 meses. Ao enfocar a análise nos leitores de livros

0

2

4

6

8

1 livro 2 livros 3 livros ou mais

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102

em geral verificamos uma fragmentação mais recorrente na leitura, pois entre eles há

pelo menos sete respondentes que leram, em média, 5 ou mais livros em partes nos

últimos 12 meses.

Dentre as razões para não ler mais atualmente, a falta de tempo aparece como a

principal, apontada por 15 respondentes entre os assinantes do jornal, 10 respondentes

entre os frequentadores da biblioteca e 5 entre os leitores de livros em geral. No caso

dos leitores de jornal, a preferência por outras atividades também é um fator

significativo, apontada por 7 respondentes.

Os livros favoritos citados pelos leitores do Jornal Força d’Oeste estão

contemplados na tabela abaixo:

TABELA 6 – Livros preferidos entre assinantes do Jornal Força d’Oeste

Título Ano de

publicação

Autor

A arte de ser mestre de si mesmo: para ser líder de pessoas

2008 Anselm Grün e Friedrich

Assländer

O retrato da repressão 2017 Leandro Mayer

Querido John 2007 Nicholas Sparks

A escrava Isaura 1875 Bernardo Guimarães

Regimento interno da Câmara de

Vereadores de São João do Oeste

2015 Câmara de Vereadores de

São João do Oeste

O meu pé de laranja lima 1968 José Mauro de Vasconcelos

Aconteceu no bosque Sem data Zélia Almeida

O Código da inteligência 2015 Augusto Cury

Cristo Rei Crucificado Sem data Autor desconhecido

O melhor de mim 2014 Nicholas Sparks

O menino do pijama listrado 2007 John Boyne

Caleidoscópio 1990 Danielle Steel

O alienista 1882 Machado de Assis

Corpo saudável 2016 Jorge Pamplona

O último jurado 2004 John Grisham

Fonte: Tabela do autor

Os demais 15 respondentes que leem o jornal Força d’Oeste não mencionaram

uma obra como a predileta. Ainda assim, numa perspectiva otimista, o fato de que a

metade dos respondentes que assinam jornal tem algum livro de preferência indica que

tais leitores também se interessam por livros. Percebe-se que esses leitores mantêm-se

condicionados a leituras sugeridas na escola (O alienista, A escrava Isaura), à

influência da mídia (A escrava Isaura como novela), e são, predominantemente,

leitores de best-sellers ou de leituras necessárias à manutenção da saúde física, mental

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103

ou com aspiração profissional. Vejamos, a seguir, os livros preferidos dos

frequentadores da biblioteca pública de São João do Oeste:

TABELA 7 – Livros preferidos entre os frequentadores da Biblioteca Pública

Municipal Padre Afonso Hansen

Título Ano de

publicação

Autor

O meu pé de laranja lima 1968 José Mauro de

Vasconcelos

1984 1949 George Orwell

A Montanha e o Rio 2007 Da Chen

O diário de Anne Frank 1947 Anne Frank

O caçador de pipas 2003 Khaled Hosseini

Um dia: 20 anos, duas pessoas 2011 David Nichols

Dois irmãos, uma guerra

2014 Ben Elton

A menina que roubava livros 2013 Markus Zusak

Fonte: Tabela do autor

Entre os leitores que frequentam a Biblioteca Pública Municipal Padre Afonso

Hansen, há uma obra, já citada por um dos leitores de jornal, que se repete: O meu pé

de laranja lima (1968), de José Mauro de Vasconcelos. O fato curioso no caso destes

leitores é que apenas oito dos 15 respondentes souberam responder sobre qual é o livro

predileto para eles. Contudo, entre os que souberam apontar um livro preferido,

percebem-se leitores mais sofisticados, como atesta a inclusão de 1984 e O diário de

Anne Frank; mesmo os best-sellers citados demandam leitores mais sofisticados do

que os mencionados pelos leitores de jornal.

Entre os leitores de livros em geral, 10 souberam responder acerca do livro

predileto, conforme procede na tabela abaixo. De forma geral, são leitores que leem

obras de mais complexidade que os de jornal, mas leitores menos sofisticados do que os

frequentadores da biblioteca. Com exceção dos leitores de Ionesco e Shakespeare, todos

os outros mencionaram best-sellers ou obras de autoajuda. Aqui, o gosto, como

declarado pelos respondentes, parece ser o fator preponderante na escolha da obra. É

possível observar, pelos títulos das obras preferidas dos integrantes destes públicos, uma

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104

ampla variação de gostos, que consideram romances, dramas, autoajuda, religiosas e

históricas, entre outras.

TABELA 8 – Obras preferidas entre leitores de livros em geral em São João do Oeste

Título Ano Autor

Nada é por acaso 2005 Zibia Gasparetto

A casa das orquídeas 2012 Lucinda Riley

Quer ser feliz? Ame e perdoe 2016 Padre Alessandro Campos

Casais inteligentes enriquecem juntos 2014 Gustavo Cerbasi

Vítimas do dever 1953 Eugène Ionesco

Inferno 2013 Dan Brown

A tempestade 1611 William Shakespeare

O futuro da humanidade 2005 Augusto Cury

Harry Potter coleção J. K. Rowling

O labirinto dos espíritos 2017 Carlos Ruiz Zafón

Fonte: Tabela do autor

TABELA 9 – Autores preferidos entre assinantes do Jornal Força d’Oeste

Autor Número de

citações

Machado de Assis 3

Caio Carneiro 1

Leandro Mayer 1

Clarice Lispector 1

Nicholas Sparks 1

Roque Jungblut 1

Douglas Franzen 1

Ênio Spaniol 1

Autores do Livro da Família 1

José de Alencar 1

Moacir Sclyar 1

Stephani Meyer 1

Danielle Steel 1

John Grisham 1

Fonte: Tabela do autor

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105

TABELA 10 – Autores preferidos entre frequentadores da biblioteca pública

Fonte: Tabela do autor

Esta mesma constatação também pode ser verificada aos esboçarmos os autores

preferidos dos três públicos considerados. As tabelas acima reúnem os dados acerca dos

autores prediletos dos assinantes do Força d’Oeste e da Biblioteca Pública Municipal

Padre Afonso Hansen. No caso dos leitores da biblioteca pública ocorre um processo

Autor Número de

citações

Sidney Sheldon 3

J. K. Rowling 2

Zibia Gasparetto 2

Mário Sérgio Cortella 2

Nora Roberts 2

George Orwell 1

Mario Vargas Llosa 1

Khaled Hosseini 1

Kiera Gass 1

E. L. James 1

P. C. Kass 1

Lara Adrian 1

Stephen King 1

Kristin Hannah 1

Gustavo Cerbasi 1

Augusto Cury 1

China-Schika 1

Zygmunt Baumann 1

Heinz Konsalik 1

Sophie e Kinsell 1

Peter Trucker 1

Jô Soares 1

Ruben Alves 1

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inverso, afinal os 15 respondentes fizeram 29 citações de autores. Isso significa que

muitos dos leitores consideram mais de um autor como o predileto, conforme explicita a

tabela acima. Ao todo, 16 respondentes mencionaram um autor como o preferido.

Destaca-se a preferência destes leitores por autores nacionais, especialmente Machado

de Assis, citado três vezes, o que parece ecoar, ainda, leituras exigidas pela escola. Este

fator pode, também, ser suposto acerca da menção a José de Alencar. Ressalta-se, por

outro lado, o interesse por autores regionais: Roque Jungblut, Douglas Franzen e Ênio

Spaniol, por exemplo, são escritores naturais de São João do Oeste ou Itapiranga, o que

também condiz com o perfil dos leitores de jornal, interessados por temas de enfoque

local.

Entre os leitores de livros em geral há um panorama parecido, pois foram

registradas 23 citações de autores pelos 15 respondentes, conforme se lê abaixo:

TABELA 11 – Autores preferidos entre leitores de livros em geral em São João do

Oeste

Autor Número de citações

Nora Roberts 5

Augusto Cury 4

Dan Brown 3

Lucinda Riley 2

Zibia Gasparetto 1

Jussara Hoffmann 1

Alessandro Campos 1

Autores s do Livro da

Família

1

Jaime Folle 1

J. K. Rowling 1

Robert Kingston 1

Sidney Sheldon 1

Carlos Ruiz Zafón 1

Fonte: Tabela do autor

A autora Nora Roberts é a mais notória entre todos os mencionados, uma vez

que é a preferida para cinco respondentes entre os leitores de livros em geral e para dois

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leitores que frequentam a biblioteca municipal, obtendo, portanto, sete citações. Isto

confirma a tendência, demonstrada por muitos dos leitores, de preferência a best-sellers

de fácil leitura. De acordo com o blog Nora Roberts-Brasil, Roberts é “uma autora de

best-sellers românticos [...], a primeira mulher a figurar na Galeria da Fama dos

Escritores Românticos dos Estados Unidos” e seus mais de 160 romances publicados

pertencem, em sua maior parte, ao “gênero suspense romântico”, caracterizando-se por

“histórias [...] intensas, claras e objetivas” (NORA ROBERTS, 2018).

3.4 REPRESENTAÇÕES SOBRE A LEITURA

Na quarta parte deste capítulo, referente às representações sobre a leitura,

apresentamos, em primeiro momento, frases que englobam a significação do ato de ler

para os respondentes. Pedia-se que cada respondente respondesse à questão: “Qual das

seguintes frases que eu vou ler mais se aproxima do que significa leitura para você? E

em segundo lugar?”. Assim, cada um teve a oportunidade de marcar as duas principais

opções. A mais mencionada pelos leitores do Jornal Força d’Oeste é que “a leitura traz

conhecimento”, assinalada por 16 dos 30 respondentes, enquanto o fato de que “a leitura

traz atualização e crescimento profissional” foi marcada como a principal por 8 leitores.

Essas duas alternativas também aparecem como as mais mencionadas em segundo

lugar, tendo sido assinaladas por 5 e 9 respondentes, respectivamente. Observa-se,

portanto, que a pretensão de se informar aparece como a principal motivação de leitura

entre os leitores de jornal, seguida das aspirações profissionais que estão envolvidas

neste processo.

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GRÁFICO 22 – Significado de leitura para os leitores de jornais

Fonte: Gráfico do autor

No caso dos leitores da biblioteca municipal, a opção mais mencionada é a de

que “a leitura é uma atividade prazerosa”, marcada por 6 respondentes como a principal

e por 4 como a segunda mais importante, enquanto a alternativa “a leitura traz

conhecimento” foi marcada por 4 respondentes como a mais representativa.

Verificamos, nesta perspectiva, um interesse guiado predominantemente pelo prazer da

leitura, seguido da busca de conhecimento.

GRÁFICO 23 – Significado de leitura para os frequentadores da biblioteca municipal

Fonte: Gráfico do autor

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

a leitura trazconhecimento

a leitura trazatualização ecrescimentoprofissional

a leitura meensina a viver

melhor

a leitura pode fazer uma

pessoa ‘vencer na

vida’ e melhorar sua

situação financeira

a leitura éuma atividadeinteressante

a leitura éuma atividade

prazerosa

0

1

2

3

4

5

6

7

leitura é umaatividadeprazerosa

a leitura trazconhecimento

a leitura trazatualização ecrescimentoprofissional

leitura me ensinaa viver melhor

a leitura é umaatividade

interessante

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Quanto aos leitores de livros em geral, a perspectiva é semelhante à dos

assinantes do Força d’Oeste: 6 respondentes marcaram a opção “a leitura traz

conhecimento” como a principal, 5 respondentes consideram que “a leitura traz

atualização e crescimento profissional” como a opção mais significativa e 4 entendem

que “a leitura me ensina a viver melhor” como a principal alternativa. Em relação à

segunda frase mais representativa, 5 assinalam que “a leitura é uma atividade prazerosa”

e 3 destacam que “a leitura traz conhecimento” entre as opções secundárias.

GRÁFICO 24 – Significado de leitura para os leitores de livros em geral

Fonte: Gráfico do autor

No que se refere especificamente à influência da cultura germânica do município

de São João do Oeste no processo de leitura, esta é percebida pela maioria dos leitores

do Jornal Força d’Oeste – um total de 23 respondentes. Quanto aos leitores da

Biblioteca Pública Municipal Padre Afonso Hansen, há um maior equilíbrio, pois 8

leitores percebem a influência da cultura, enquanto, para 7 deles, esta influência não é

perceptível. Na realidade dos leitores de livros em geral, 10 respondentes observam

incidência da cultura local.

O fator mais acentuado da cultura que é percebido pelos leitores do jornal é a

existência de biblioteca pública no município, citada por 9 respondentes. O incentivo de

professores ou outros munícipes é citado por três pessoas, enquanto outro leitor destaca

a valorização por parte do poder público à biblioteca. Outro respondente cita a

colocação das placas ao longo da rodovia de acesso ao município, que ressaltam os

0

1

2

3

4

5

6

7

a leitura traz conhecimento a leitura traz atualização ecrescimento profissional

a leitura traz atualização ecrescimento profissional

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110

títulos em índice de alfabetização de São João do Oeste, como um dos fatores de

incentivo à leitura.

No caso dos frequentadores da biblioteca, a valorização dos leitores por meio do

poder público, a solicitação de trabalhos escolares sobre a história do município pelos

professores, a qualidade do acervo na biblioteca e os incentivos à leitura desde a

infância são os fatores que despontam na cultura do município e que despertam o

interesse pela leitura. Já na visão dos leitores de livros em geral, a biblioteca é

novamente destacada como o principal fator de influência da cultura local, destacado

por seis respondentes, dos quais três enaltecem os investimentos no acervo

bibliográfico. Os concursos de oratória promovidos pelo município, as aulas de leitura e

de alemão, bem como os índices de alfabetização também são fatores apontados na

cultura local como influenciadores na leitura. Percebe-se, assim, que a influência da

cultura geral é percebida, sobretudo, através das ações do poder público municipal que

incentiva a leitura, com destaque para a manutenção da biblioteca municipal e para o

orgulho sentido com referência à taxa de alfabetização alcançada pelo município.

Especificamente no que tange à influência do germanismo na cultura local, o destaque é

dado à atenção pelo cultivo do idioma alemão nas novas gerações e por meio do

incentivo, pela escola, ao estudo da história do município.

3.5 PERCEPÇÕES E USO DE BIBLIOTECAS

Seguindo a estrutura do questionário aplicado, nesta última parte deste capítulo

analisamos as respostas dos leitores sobre o significado da biblioteca para eles.

Questionamos acerca do hábito deste público em frequentar espaços destinados à

leitura, as razões que os levam a ir e as solicitações dos respondentes sobre possíveis

melhorias no local. Solicitava-se na pergunta, “Dentre as frases abaixo, o que representa

para o(a) sr(a) a biblioteca?” Entre os assinantes de jornal, 16 marcaram a alternativa

“Um lugar para pesquisar ou estudar”; 7 respondentes assinalaram “Um lugar voltado

para todas as pessoas”; três responderam “Um lugar para emprestar livros”; outros três

assinalaram “Um lugar voltado para estudantes” e outro respondente “Um lugar para

participar de conferências, cursos e oficinas”.

No entender dos leitores que frequentam a biblioteca pública de São João do

Oeste, este é “Um lugar voltado para todas as pessoas” para 7 respondentes; é “Um

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lugar para emprestar livros” na realidade de cinco respondentes; é “Um lugar para

pesquisar ou estudar” para dois respondentes e “Um lugar para consultar documentos ou

outros materiais do acervo” para um respondente, lembrando que nesta questão alguns

assinalaram mais de uma opção. Para os leitores de livros em geral, a biblioteca é “Um

lugar para emprestar livros” na perspectiva de 6 respondentes; “Um lugar para pesquisar

ou estudar” para 5 respondentes; “Um lugar voltado para todas as pessoas” na realidade

de quatro respondentes e “Um lugar para consultar documentos e outros materiais do

acervo” para duas pessoas.

Quanto ao costume de frequentar bibliotecas, a maioria dos leitores de jornal

(19) alegou não ter este hábito. Outros 6 respondentes vão raramente à biblioteca; 4

frequentam o local às vezes e um afirma ir sempre a este espaço de leitura. Na realidade

dos entrevistados que se declararam frequentadores da biblioteca pública, como era de

esperar, registrou-se alto índice de frequência: 11 mencionaram ir ao local sempre; 3

vão às vezes e um procura a biblioteca raramente. Entre os leitores de livros em geral,

apenas um relata que não frequenta bibliotecas, ao passo que outros 6 vão sempre; 4 vão

às vezes e outros 4 raramente.

GRÁFICO 25 – Frequência à biblioteca, entre assinantes do jornal

Fonte: Gráfico do autor

0

2

4

6

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Sim, sempre Sim, às vezes Sim, raramente Não frequentabibliotecas

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GRÁFICO 26 – Frequência à biblioteca, entre frequentadores da biblioteca pública

Fonte: Gráfico do autor

GRÁFICO 27 – Frequência à biblioteca, entre leitores de livros em geral

Fonte: Gráfico do autor

Os leitores que confirmaram frequência à biblioteca municipal de São João do

Oeste, mesmo que raramente, foram solicitados a avaliar este espaço no questionamento

seguinte. Bastava completar a seguinte frase: “Na biblioteca que o(a) sr(a) frequenta,

o(a) sr(a) diria que ...”. Entre os assinantes do Jornal Força d’Oeste, 8 assinalaram a

opção “É bem atendido”; 3 marcaram as alternativas “Gosta muito da biblioteca que

frequenta”, “As pessoas que trabalham na biblioteca fazem indicações de livros, de

assuntos ou autores parecidos com o que o(a) sr(a) lê ou te interessa” e “Encontra todos

os livros que procura”, enquanto outras duas pessoas assinalaram “Acha que ela é bem

cuidada” e “É atendido(a) por bibliotecários”. Como apenas 11 dos 30 assinantes do

0

2

4

6

8

10

12

Sim, sempre Sim, às vezes Sim, raramente

Frequência à biblioteca, entre frequentadores da biblioteca pública

0

1

2

3

4

5

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Sim, sempre Sim, às vezes Sim, raramente Não frequentabibliotecas

Frequência à biblioteca, entre leitores de livros em geral

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jornal assumiram que vão à biblioteca, alguns dos respondentes, portanto, marcaram

mais de uma alternativa nesta questão.

Dentre os frequentadores tradicionais da biblioteca, 8 assinalaram, para a mesma

questão, as opções “É bem atendido” e “As pessoas que trabalham na biblioteca fazem

indicações de livros, de assuntos ou autores parecidos com o que o(a) sr(a) lê ou te

interessa”; dois respondentes marcaram “Acha que ela é bem cuidada”, um aferiu que

“É atendido por bibliotecários” e outro “Gosta muito da biblioteca que frequenta”. No

caso dos leitores de livros em geral em São João do Oeste, os números são semelhantes:

8 respondentes assinalaram a opção “É bem atendido”; 7 marcaram “As pessoas que

trabalham na biblioteca fazem indicações de livros, de assuntos ou autores parecidos

com o que o(a) sr(a) lê ou te interessa”; 4 leitores indicaram “Acha que ela é bem

cuidada” e “Gosta muito da biblioteca que frequenta”; 2 aferiram que “É atendido por

bibliotecários” e “Encontra todos os livros que procura”. Tanto os frequentadores

habituais da Biblioteca Pública Municipal Padre Afonso Hansen quanto os leitores que

obtêm livros de outras maneiras assinalaram mais de uma opção nesta questão, a

exemplo dos assinantes de jornal.

Em todos os grupos de respondentes evidencia-se, assim, a percepção da

biblioteca como uma mediadora de leitura, já que valorizaram as opções relativas às

indicações de livros e ao bom atendimento. Esses leitores, que agora leem por gosto

próprio, não mais contam com orientação de professores, mas buscam esse papel no

bibliotecário.

No que tange aos motivos pelos quais frequentam bibliotecas, o objetivo de ler

livros para pesquisar ou estudar é o mais representativo para 5 assinantes do Força

d’Oeste; a leitura de livros por prazer é a segunda alternativa mais assinalada, por 4

respondentes, seguido da pretensão de “Consultar documentos e outros materiais da

biblioteca” e “Emprestar livros em geral”, ambos assinalados uma vez. Outro leitor

ainda conferiu que vai à biblioteca para “levar as netas”.

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GRÁFICO 28 – Motivos pelos quais os assinantes de jornal vão à biblioteca

Fonte: Gráfico do autor

Para os frequentadores da biblioteca, o objetivo de ler livros por prazer e de

obter o empréstimo de livros em geral são as principais razões pelas quais se deslocam à

biblioteca, tendo sido cada uma dessas alternativas mencionadas por 7 respondentes.

Para 2 leitores, a leitura de livros para pesquisar ou estudar são os motivos mais

relevantes, e para 1 respondente a possibilidade de obter empréstimo de livros para

trabalhos escolares é a alternativa preponderante.

GRÁFICO 29 – Motivos pelos quais os frequentadores habituais da biblioteca vão ao

local

Fonte: Gráfico do autor

Considerando agora os leitores de livros em geral, verificamos que 5 deles vão à

biblioteca com o intuito de ler livros por prazer e outros 5 deslocam-se à biblioteca para

0

1

2

3

4

5

6

7

8

Ler livros por prazer Emprestar livros emgeral

Ler livros parapesquisar ou estudar

Emprestar livros paratrabalhos escolares

0

1

2

3

4

5

6

Ler livros parapesquisar ou

estudar

Ler livros porprazer

Consultardocumentos e

outros materiaisda biblioteca

Emprestar livrosem geral

Outro

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emprestar livros em geral. Outros 3 respondentes aferiram que dirigem-se à biblioteca

com o propósito de ler livros para pesquisar ou estudar.

GRÁFICO 30 – Motivos pelos quais os leitores de livros em geral vão à biblioteca

Fonte: Gráfico do autor

Colocando agora em perspectiva o público que não costuma ir a bibliotecas,

constatamos que 9 assinantes do Jornal Força d’Oeste alegam que não dispõem de

tempo para frequentar tal espaço de leitura; 4 respondentes do mesmo público afirmam

que não têm bibliotecas próximas do local onde moram e outros 4 acreditam que este é

um espaço direcionado a estudantes; 3 assinantes admitiram que não gostam de ler e 2

queixaram-se de que a biblioteca mais próxima não está aberta no horário em que

podem ir; 5 outros, ainda, assinalaram que há outros motivos não contemplados no

questionário, como a “falta de jornais na biblioteca” – embora estes existam no local –

falta de interesse em ler ou devido à pouca prática de leitura. Entre os leitores de livros

em geral, o principal motivo daqueles que não têm o costume de ir à biblioteca é a falta

de tempo, mencionada por 2 respondentes; um leitor esclarece que consegue obter livros

sem ir à biblioteca e outro afirma que já dispõe de muitos livros em casa.

Questionados sobre possíveis razões que fariam os assinantes do jornal

procurarem a biblioteca ou frequentá-la mais vezes, 6 respondentes enfatizaram a

condição de que a biblioteca fosse mais próxima de casa ou de fácil acesso; 3

destacaram a possibilidade de que a biblioteca tivesse horários de funcionamento

ampliados (noturno e finais de semana); 2 solicitam que a biblioteca tenha mais livros

ou títulos novos; dois outros reivindicam que a biblioteca tenha títulos interessantes ou

que lhes agradem e um sugere que ela tenha bom atendimento. Há, ainda, entre os

0

1

2

3

4

5

6

Ler livros por prazer Emprestar livros emgeral

Ler livros parapesquisar ou estudar

Motivos - leitores de livros em geral

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116

assinantes do Força d’Oeste, 4 que declaram que nada os faria frequentar a biblioteca.

Doze respondentes ainda marcaram a alternativa “Outra”: 5 assumiram que falta dedicar

mais tempo para deslocar-se à biblioteca; 3 declaram que não têm interesse; dois

assumem que não vão por falta de hábito e um respondeu que iria se estivesse

frequentando algum curso superior.

GRÁFICO 31 – Fatores que fariam os assinantes de jornal frequentar bibliotecas mais

vezes

Fonte: Gráfico do autor

Entre os frequentadores da biblioteca pública, 2 respondentes afirmam que iriam

mais vezes sob a condição de haver mais livros ou títulos novos; outros 2 responderam

que iriam mais se a biblioteca tivesse títulos interessantes ou que lhes agradem; 2

respondentes assinalaram que iriam mais vezes em caso de ampliação dos horários de

funcionamento (noturno e finais de semana); um respondente assinalou que iria com

maior frequência a partir de um melhor atendimento no local e outros dois assinalaram a

opção “Outra”: “expor o acesso a novas obras para a população por meio de plataformas

comuns, como redes sociais” e “ter mais tempo disponível para a leitura”.

0

2

4

6

8

10

12

14

Ser maispróxima de

casa ou de fácilacesso

Nada fariafrequentarbiblioteca

Ter horários defuncionamento

ampliados

Ter mais livrosou títulos

novos

Ter títulosinteressantes

ou que meagradem

Outra

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117

GRÁFICO 32 – Fatores que fariam os frequentadores tradicionais da biblioteca

procurarem mais vezes o local

Fonte: Gráfico do autor

No caso dos leitores de livros em geral, dois respondentes declararam que iriam

mais vezes se houvesse horários de funcionamento ampliados (noturno e finais de

semana); um respondente assinalou que iria com maior frequência se houvesse mais

livros ou títulos novos e outro iria mais vezes em caso de melhor atendimento. Três

ainda marcaram a opção “Outra”: dois deles iriam em mais oportunidades se tivessem

mais tempo e outro porque “faltam livros de religião”.

GRÁFICO 33 – Fatores que fariam os leitores de livros em geral frequentarem a

biblioteca mais vezes

Fonte: Gráfico do autor

0

0,5

1

1,5

2

2,5

Ter mais livrosou títulos novos

Ter títulosinteressantes ouque me agradem

Ter horários defuncionamento

ampliados

Outra Ter um bomatendimento

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

Ter horários defuncionamento

ampliados

Ter mais livros outítulos novos

Ter um bomatendimento

Outra

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118

Percebe-se, assim, nos habitantes de São João do Oeste, correlação entre o gosto

pela leitura e sua prática regular e a valorização da biblioteca. A maior taxa de rejeição

foi demonstrada pelo público com perfil leitor mais estrito – os leitores de jornal, os

quais não sem configuram, em sua maioria, como leitores de livros. Entre estes, foi clara

a rejeição pela biblioteca (entre os que não iriam de modo algum), ou a assunção de

desculpas comuns também em outras atividades, quando não há disposição para fazê-

las, como falta de tempo e distância. No entanto, a possibilidade de ampliação do

horário de atendimento da biblioteca parece ser um fator relevante, aparecendo com

frequência também naqueles que podem ser considerados leitores de livros, e mesmo

entre os que frequentam a biblioteca. Entre estes, um fator estimulador adicional seria a

compra mais frequente de títulos novos, e uma possível consulta aos leitores, como

visível através da opção “comprar livros que me agradem”.

Expusemos, neste capítulo, as respostas dos leitores às perguntas, considerando-

as dentro do contexto de cada uma das quatro partes de que se constitui o questionário.

Esta análise deixou clara a existência de dois perfis leitores em São João do Oeste – um,

menos sofisticado, inclui os leitores de jornal, os quais, em sua maioria, não se

qualificam como leitores de livro; outro perfil, bastante diferenciado, é o dos leitores de

livros, os quais são, em parte, também leitores de jornal. Passamos a traçar, nas

conclusões, uma análise cruzada dos dados, de forma a compreender, com mais

profundidade, o perfil dos leitores do município de São João do Oeste, bem como

tracejar hipóteses acerca da influência da cultura regional sobre o hábito da leitura (ou

ausência dele, no caso dos assinantes de jornal) entre os munícipes.

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119

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho de Dissertação de Mestrado – iniciado sob a premissa de

identificar os perfis dos leitores de livros e jornais em São João do Oeste/SC e de tecer

possíveis relações com a cultura germânica regional – alcançou, de fato, o objetivo de

obter o perfil do leitor de jornal e de livros no município.

Voltamos, agora, às definições de leitor apresentadas no capítulo inicial, para, a

partir delas e dos dados obtidos, descrever o perfil leitor em São João do Oeste. Em uma

perspectiva histórica de leitura no Brasil, Regina Zilberman e Marisa Lajolo (1998)

apresentam quatro tipos de leitores – o romântico, cúmplice, aprendiz e maduro – tendo

como fator diferenciador o grau de dependência do leitor em relação à guia autoral no

processo de leitura. Nessa perspectiva, revela-se a maturidade do leitor à medida em que

este apreende a narrativa, dispensando a guia do autor. No contexto predominante da

narrativa atual, auxílios metaficcionais não são frequentes, o que não significa que o

leitor seja, sempre, plenamente maduro. Embora haja indícios de leitores mais maduros,

tais como os que mencionam 1984 (1949), de George Orwell, e O diário de Anne

Frank (1947), de Anne Frank, o fato de que para grande parte dos leitores o que

prepondera na escolha de livros é o gosto, e, a partir desse critério, optam por best-

sellers e autoajuda, faz supor um leitor ainda não plenamente maduro, com preferência

por narrativas claras e objetivas como as de Nora Roberts, que dispensam a guia do

autor.

O fato de que a maioria preponderante dos leitores preferem livros de autoajuda

ou best-sellers remete à função dos professores no Ensino Básico, enquanto formadores

de leitores, já que foram apontados como os principais influenciadores de leitura entre

os três grupos de respondentes. Considerada a relevância do professor no processo de

mediação da leitura, verificamos a necessidade de que os docentes do Ensino

Fundamental e Médio incentivem aos estudantes a leitura de obras para além daquelas

buscadas pelo gosto pessoal pela leitura. Desta forma, sob o estímulo ainda durante o

período de estudos na Educação Básica, provavelmente os leitores do município de São

João do Oeste estariam mais motivados e preparados para praticar leituras que não

fiquem circunscritas aos best-sellers ou livros de autoajuda. Assim, com uma ampliação

no repertório de leituras entre o público leitor de livros e jornais, acreditamos que estes

tenham maiores condições de atingir maior maturidade no processo de escolha e

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compreensão de obras.

Pensando-se agora no leitor a partir das definições de Lucia Santaella (2004),

com respeito aos tipos de leitores da era digital, identificamos em São João do Oeste

ainda a predominância do leitor contemplativo/meditativo – ao menos entre os leitores

habituais de livros –, ou seja, o leitor de livros em formato impresso, aquele que gosta

de manusear as páginas de papel. Estes dados são atestados pelos resultados do

questionário, no qual verificamos que entre os 30 leitores de livros consultados nesta

pesquisa – seja entre os frequentadores da biblioteca ou de livros em geral –, 27 utilizam

o formato impresso como principal suporte de leitura, enquanto somente outros três

optam pelo digital, no celular, como fonte primária de leitura (ver gráficos 11 e 12). O

conceito é semelhante ao do leitor detido, reflexivo ou sentimental descrito por Bordini

(2016).

Dentre os leitores de jornal, reconhecemos que prevalece o perfil de leitor que

Santaella (2004) caracteriza como movente/fragmentado, ou seja, que lê apenas tiras,

certas matérias do jornal, quando não se atém simplesmente às fotos. No entanto, é

pertinente registrar um movimento para a leitura virtual/imersiva, ou mesmo ubíqua,

entre os assinantes do Força d’Oeste; afinal, conforme constatado nos gráficos, do total

de 30 entrevistados, 10 utilizam o aparato digital, no celular, como o principal suporte

de leitura, e 2 preferem o computador, embora ainda a maioria (18 leitores) prefira o

material impresso. É pertinente salientar, por outro lado, que o jornal em questão está

atento a esta possível migração do seu público leitor, e dispõe de páginas em sites. A

esse respeito, pode-se consultar o portal do Força d’Oeste, disponível em

http://www.adjorisc.com.br/jornais/forcadoeste/, as páginas em redes sociais como o

Facebook (https://www.facebook.com/forcadoeste?fref=ts) e o Instagram

(https://www.instagram.com/forcadoeste/?hl=pt-br), as quais são atualizadas

regularmente.

Seguindo, agora, para o epicentro desta pesquisa, que é a comparação entre os

leitores de jornal e de livros em São João do Oeste, bem como a sua associação com a

cultura germânica local, percebe-se a existência do hábito de leitura muito superior

entre os leitores de livros – sejam os da biblioteca ou de obras em geral – em relação aos

assinantes do Força d’Oeste. Uma possível explicação para essa diferença pode ser

buscada na escolaridade dos leitores, pois, conforme reforçam os gráficos 1, 2 e 3, em

termos gerais, a escolaridade dos frequentadores da biblioteca e de livros em geral é

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superior em comparação a dos leitores de jornais. Salvo os dois respondentes que

concluíram pós-graduação e os dois que finalizaram o Ensino Superior, além do

respondente que ainda frequenta o espaço universitário, os demais 25 assinantes de

jornal consultados nesta pesquisa estudaram, no máximo, até o Ensino Médio. Portanto,

apenas 13% deste público concluiu, ao menos, o Ensino Superior.

Por outro lado, a escolaridade dos frequentadores da biblioteca é a mais alta

dentre os três públicos; afinal, dos 15 respondentes, 6 concluíram pós-graduação, o que

representa 40% deste público. Se considerarmos a totalidade do público que ocupa os

bancos acadêmicos ou que já finalizou, ao menos, um curso superior, a porcentagem

aumenta para 66%. Dentre os leitores de livros em geral, entretanto, o nível escolar

também é significativo, pois entre este público, 3 frequentam o Ensino Superior, 3 já

finalizaram e outros 3 contam com uma pós-graduação no currículo. Juntos, estes 9

leitores perfazem 60% do total entre os 15 leitores. Considerando agora o conjunto dos

frequentadores da biblioteca e dos leitores de livros em geral, constatamos que 63% (19

leitores, de um total de 30) destes frequentam desde o Ensino Superior ou já chegaram a

finalizar pós-graduação. Reitera-se que nos grupos de respondentes, os níveis escolares

dos pais são baixos, o que sugere que ambos os grupos de leitores partem de condições

semelhantes para o desenvolvimento de uma trajetória escolar e o consequente hábito da

leitura.

Os níveis de escolaridade reproduzem-se nas profissões dos respondentes:

enquanto os assinantes do Força d’Oeste distribuem-se, em sua maior parte, em um

público de aposentados ou agricultores sem formação universitária, o que corresponde a

73% do total (22 respondentes), no caso dos leitores de livros, as profissões são mais

diversificadas. Entre os frequentadores da Biblioteca Pública Municipal Padre Afonso

Hansen, 4 são empregados em empresa privada (auxiliar de escritório, repositor de

mercadorias, serviços gerais e auxiliar de salão de beleza), 2 em empresas públicas

(analista técnico de gestão escolar e professora), 3 são autônomos (advogado, agricultor

e administrador de empresas) e 6 aposentados. Já na realidade dos leitores de livros em

geral, 5 efetuam trabalhos autônomos, como agricultores (4) e costureira, enquanto

outros 4 estão empregados em empresa pública, nos cargos de enfermeira, professor (2)

e secretária de Educação; 3 são estudantes e outros 3 aposentados.

Em conjunto, os dados obtidos ajudam a explicar o perfil do leitor de jornais,

que se caracteriza como leitor menos sofisticado, pouco dado à leitura de livros. Este

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grupo de respondentes limita-se, em sua maioria, a leituras rápidas e objetivas, o que

realça o perfil característico de um leitor de jornal. O mesmo público possui menor

escolaridade, em sua maioria é dedicado à agricultura e tem idade superior a dos leitores

de livros. Assim, escolaridade e ocupação (e ambos unidos, como indicadores de classe

social) podem explicar o gosto por leituras rápidas, informativas e não complexas.

Um fator que apresenta resultados notadamente diversos dos obtidos pela

pesquisa Retratos de Leitura no Brasil é o baixo índice de leitura da Bíblia entre os

leitores de São João do Oeste. Enquanto a Bíblia é reportada como o livro mais lido na

pesquisa do Instituto Pro-Livro, do total dos 60 respondentes nesta pesquisa, apenas 10

(16%) praticam a leitura deste livro sagrado ao menos a cada 15 dias. Esta estatística

sugere que os leitores de São João do Oeste – dos quais 98% são adeptos da religião

Católica – não têm o hábito de ler a Bíblia e que, portanto, expressam a religiosidade

predominantemente por meio das participações em cultos e missas e/ou nas orações

particulares em suas residências.

Transferindo o foco de análise agora para as pessoas que mais influenciaram a

leitura, denota-se que, nos três públicos considerados, o professor é o principal

influenciador, acentuando, assim, a relevância deste profissional para a formação do

leitor (ver gráficos 4, 5 e 6). Entre os assinantes de jornal, 16 (o que corresponde a mais

de 50% dos respondentes) destacaram o professor como o principal motivador para a

leitura, enquanto 6 frequentadores da biblioteca e também 6 leitores de livros em geral

apontaram o professor como o principal incentivador. A influência do professor no

processo de leitura evidencia-se em vários momentos durante a descrição dos dados, no

terceiro capítulo, como é o caso do leitor que relatou ter ajudado a montar uma

biblioteca durante a Educação Básica, a partir do incentivo do professor; do leitor que

mencionou o Sarau Literário, entre outros relatos de iniciativas criativas por parte dos

educadores para estimular o hábito da leitura.

O percentual dos leitores que assumiram que os pais foram os principais

motivadores para a leitura ficou abaixo de 50% no caso dos três públicos. Ainda assim,

a segunda geração (os respondentes) demonstra um hábito de leitura superior a dos seus

pais, o que indica que a motivação destes em ler foi adquirida, muito provavelmente, a

partir dos professores, especialmente no momento em que levavam os alunos à

biblioteca. Isto reforça, mais uma vez, o papel fundamental do professor, em conjunto

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com o espaço da biblioteca, como mediadores para a edificação de uma sociedade

leitora.

Torna-se ainda necessária reflexão sobre as políticas públicas referentes à

difusão da leitura e o zelo da preservação cultural. Apresentamos, no corpo do trabalho,

dados como os de Porto et al. (2015), referentes à formação de leitores no Brasil, os

quais apontam problemas que incluem, dentre outros, a falta de políticas públicas para

incentivo à leitura e qualificação docente, bem como a infraestrutura de bibliotecas ou

outros espaços de leitura. Porto, Silva e Rettenmaier (2015) destacam como fator

fundamental, associado às práticas de mediação de leitura, que o acervo bibliográfico

contemple diversidade e atenda aos interesses de seu público, devendo as coleções não

se restringir ao formato impresso, mas também abranger o digital.

No caso de São João do Oeste, ainda há carência de políticas públicas referentes

à leitura em formato digital; por outro lado, o município estimula a leitura adquirindo

livros a cada ano para a biblioteca. De acordo com a coordenadora da Biblioteca Pública

Municipal Padre Afonso Hansen, Juliane Steffen (2019), entre 2017 e 2018, por

exemplo, foram adquiridas em torno de 200 obras de literatura infantil e outras 200 de

literatura em geral, além de livros, jornais e audiovisuais, entre eles, material em idioma

alemão.

A partir de julho de 2019, a biblioteca passou por processo de revitalização no

local, com direito a melhorias no piso, pintura nas paredes e instalação de forno de PVC

nas paredes e no teto. As reformas na biblioteca foram concluídas na metade de agosto e

a deixaram com um novo visual, mais amplo e dinâmico (ver fotos 2 e 3). Segundo a

secretária de Educação, Cultura e Esportes de São João do Oeste, Silvane Baumgarten

(2019), os investimentos na revitalização da biblioteca foram de R$ 17.638,72,

efetuados com recursos próprios do município de São João do Oeste.

À manutenção da Biblioteca somam-se outras iniciativas, indicativas de uma

política que busca a promoção da leitura entre os munícipes. Foram lembradas, no

questionário, iniciativas tais como feiras e outros eventos. Exemplo destes foi a 2ª

Semana da Biblioteca e Feira do Livro, ocorrida entre os dias 02 e 05 de outubro de

2019. O evento, dedicado à apresentação e comercialização de livros, incluiu também

participação do grupo de balé Raio de Luz, além da contação de histórias, pintura facial

e música. Já na segunda metade de outubro, pouco antes da entrega da versão final desta

dissertação, a biblioteca promoveu palestras e oficinas sobre biblioterapia, ministradas

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pela professora Carla Souza, Mestre em Biblioterapia pela Universidade Federal de

Santa Catarina – UFSC. Este curso envolveu terapia com base em indicação de livros de

poesia, palestras para alunos do 5º ano do Ensino Fundamental ao 3º ano do Ensino

Médio, além de oficinas específicas para professores e pais contarem histórias aos seus

filhos. A ampliação do horário de atendimento, que se estendeu em mais de uma hora

durante todo o mês de outubro (até às 18h30), além do atendimento aos sábados, são

estímulos para os munícipes que não conseguem frequentar a biblioteca no horário

habitual, em virtude, principalmente, de compromissos profissionais. Por outro lado,

também percebem-se iniciativas nas escolas, como o estímulo à leitura, indicação de

obras aos alunos e a organização de Saraus literários.

Os representantes do poder público de São João do Oeste ainda poderiam adotar

outras medidas para difundir o hábito da leitura no município, para que este não fique

restrito ao espaço da biblioteca ou das escolas. Um exemplo são as feiras literárias, as

quais poderiam ser realizadas com maior regularidade e em espaços mais frequentados,

como a praça pública, para estimular o acesso. A publicação de livros em meios digitais,

ou de caderno cultural digital, por exemplos, também são possibilidades de acesso à

leitura que ainda carecem de ser implantadas em São João do Oeste de forma mais

universal, o que se torna relevante quando verificamos no questionário que, no caso dos

assinantes de jornal, 12 respondentes – correspondendo a 40% – preferem praticar

leituras no celular ou computador. A constatação de que 63% dos respondentes não

frequentam bibliotecas realça a importância da adaptação de livros para plataformas

virtuais, um sintoma característico do contexto do século XXI, fruto de uma sociedade

que se organiza de acordo com os tempos modernos. Da mesma forma, é necessário

lembrar que o fato de que os leitores não frequentam a biblioteca não significa que estes

não tenham o hábito de ler livros. O próprio jornal Força d’Oeste poderia contribuir

para o processo de leitura de livros – sejam em formato impresso ou digital – a partir da

dedicação de espaço no impresso para divulgação da literatura e incentivo à leitura, o

que não ocorre até o momento.

Além do poder público, existe o engajamento da Associação Comercial e

Industrial de São João do Oeste – ACISJO, mesmo que de forma tímida, no incentivo ao

hábito da leitura. Em abril de 2018, o Núcleo do Jovem Empreendedor, entidade

vinculada à ACISJO, instalou uma “geladeiroteca” – geladeira com livros – na praça da

igreja matriz, na qual os munícipes podem doar ou emprestar livros gratuitamente. Há

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uma expressiva coletânea de livros no local e giro de material, o que demonstra o

sucesso desta iniciativa. Esta atitude do Núcleo do Jovem Empreendedor de São João

do Oeste torna-se ainda mais relevante em função da “geladeiroteca” estar instalada em

local destinado para o lazer, ou seja, quando os munícipes frequentam a praça aos fins

de semana ou feriados para tomar chimarrão ou mesmo descansar, eles têm a

oportunidade de consultar o material de leitura disponível.

A influência da cultura germânica no processo de leitura – a qual também se

configura como um dos objetivos deste trabalho – evidencia-se claramente quando a

maioria dos leitores, tanto os de jornais, quanto os de livros, mencionam os professores

como os principais influenciadores de leitura. Esta característica traz à mente a

influência estabelecida pelos pioneiros do município de São João do Oeste – então ainda

pertencente a Porto Novo – que, já nos primórdios da colonização agrícola, em 1926,

incumbiram-se de proporcionar ensino básico e formação religiosa às novas gerações,

por meio da edificação de igreja-escolas. Por outro lado, o hábito da leitura de jornais, o

qual está presente de maneira consistente na cultura germânica, como menciona

Miranda (2008), também se verifica no público respondente desta pesquisa. Entre os 60

respondentes do questionário, 57 leem jornal quinzenalmente, fator que, de acordo com

o critério operacional adotado para definir o leitor neste trabalho (leitor é aquele que lê

ao menos uma vez a cada 15 dias) demonstra que quase todo o público participante se

enquadra neste perfil. Ainda que o jornal sobre o qual se desenvolveu esta pesquisa – o

Força d’Oeste, de Itapiranga/SC – não apresente colunas em idioma germânico, o

hábito expressivo do público respondente pela leitura de jornais demarca os indícios da

cultura alemã. Aqui relembramos as ponderações de Costa (2004 apud MIRANDA,

2008) – no primeiro tópico do segundo capítulo – autor que registra a expressiva

publicação de jornais entre povos germânicos, a qual o autor chega a qualificar como

obsessão, dada sua frequência, persistência e quase universalidade: “[...] os alemães e

seus descendentes são obcecados por publicar jornais em alemão pelo mundo. Quase

todos os países do mundo têm pelo menos um jornal para a leitura de quem fala a língua

de Goethe” (COSTA, 2004, apud MIRANDA, 2008, p. 32).

Em face disso, surpreende o relativo pouco incentivo à leitura em língua alemã,

o que pode, ainda, estar ligado às interdições à cultura germânica ocorridas em períodos

de exceção. As ditaduras brasileiras na Era Vargas (1937-1945) e a militar de 1964-

1985 ameaçaram a continuidade do ensino em alemão na região de Porto Novo,

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conforme este havia sido consolidado desde os primórdios da colonização agrícola. No

caso da primeira ditadura, o ensino em alemão foi proibido nas escolas por até oito anos

e algumas delas chegaram a fechar. Já no segundo período ditatorial, o ensino em

alemão não foi proibido, porém o temor advindo da primeira ditadura desestimulou os

professores a lecionarem o alemão nas aulas. Em virtude destas épocas sombrias da

história do Brasil, atualmente a maioria dos praticantes de leitura em alemão é de

pessoas acima de 70 anos. A organização do Memorial da Língua Alemã na biblioteca

pública, com as mil obras neste idioma, é uma das iniciativas para estimular a leitura na

língua de Goethe. Por outro lado, já tem havido progresso no incentivo ao ensino de

alemão, o qual, em 2012, tornou-se obrigatório no município de São João do Oeste, a

fim de assegurar às novas gerações o aprendizado da leitura e escrita em alemão.

Salientamos, por fim, que as informações coletadas e analisadas nesta pesquisa

podem ser relevantes para a adoção de políticas preocupadas com o hábito da leitura,

bem como para o ensino nas universidades, especialmente na área de Letras – o foco

deste trabalho. Além dos representantes do poder público, este trabalho também se

presta a contribuir para diretores e professores pensarem como a leitura é difundida nas

escolas, e a fornecer dados para embasar a implementação de políticas públicas e

privadas de incentivo à leitura e formação do leitor. Políticas persistentes e efetivas de

formação de mediadores de leitura, embasadas nos dados aqui coletados poderão

contribuir para que os leitores de São João do Oeste possam se tornar leitores mais

sofisticados, vindo não só a fazer leituras que lhes deem prazer, em um primeiro

momento, e/ou as que lhes sejam impostas pela grade curricular, mas a escolher e

apreciar leituras mais exigentes, por determinação própria. Por outro lado, os resultados

deste trabalho não são de suma importância apenas para o município de São João do

Oeste, em específico, porém também servem para outros municípios refletirem e

adotarem novas políticas de mediação da leitura, especialmente em relação às

plataformas virtuais, conforme realçam Porto, Silva e Rettenmaier (2015).

Por fim, torna-se necessário observar que os dados apresentados não são e não

querem ser conclusivos, afinal o público consultado (60 respondentes) sequer representa

1% da população de 6.285 habitantes de São João do Oeste. Considera-se, antes, esta

pesquisa como um convite a novas investigações, que poderão replicar ou não os dados

pesquisados, ou ainda buscar direcionamentos específicos, como o foco na formação e

caracterização dos leitores do município, nos mediadores de leitura, ou o cruzamento

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entre um ou mais desses elementos. Uma possibilidade seria, ainda, a aplicação do

mesmo questionário utilizado neste trabalho para um público superior, de pelo menos

100 pessoas, em um município com mais de 10 mil habitantes e de preferência com uma

população mais heterogênea, diferente do que ocorre em São João do Oeste, município

no qual predomina a ascendência germânica. Assim, espera-se que essa pesquisa

contribua, também, para trabalhos comparativos sobre o perfil do leitor em uma área

geográfica mais ampla que apenas o município de São João do Oeste.

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135

ANEXO I

ROTEIRO PARA QUESTIONÁRIO AOS LEITORES

QUESTIONÁRIO: PERFIL LEITOR EM SÃO JOÃO DO OESTE, SC

Prezado leitor:

Estas questões estão relacionadas a uma pesquisa de campo voltada à

identificação do perfil do leitor em São João do Oeste. A pesquisa está sendo conduzida

com o objetivo de identificar possíveis relações com a cultura de nossa cidade, a

erradicação do analfabetismo no município e o hábito de leitura. Através do

mapeamento da pesquisa, pretende-se obter o perfil regional do leitor, tanto o leitor de

livros (frequentador ou não de bibliotecas) e o leitor de jornal, e traçar o perfil social,

educacional e cultural de nossos leitores. Dessa forma, sua contribuição é muito

relevante.

PARTE 1- PERFIL DA AMOSTRA: SOCIAL, EDUCACIONAL E CULTURAL

Em cada questão, circule a letra referente à alternativa que corresponde a sua

realidade:

1.1 Gênero:

a) Masculino

b) Feminino

1.2 Idade:

a) 18 a 24

b) 25 a 35

c) 36 a 50

d) 51 a 64

e) 65 ou mais

1.3 Escolaridade a) Não alfabetizado/Não frequentou escola formal

b) Fundamental I (1º a 4º série ou 1º ao 5º ano)

c) Fundamental II (5º a 8º série ou 6º ao 9º ano)

d) Ensino Médio (1º ao 3º ano)

e) Superior incompleto

f) Superior completo

g) Pós-graduação (Especialização)

g) Pós-graduação (Mestrado, MBA, Doutorado)

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136

1.5 Qual é o nível escolar de seu pai ou responsável do sexo masculino?

a) Sem escolaridade

b) 10

ao 40

ano do Ensino Fundamental

c) 50

ao 90 ano do Ensino Fundamental

d) Ensino Médio

e) Ensino Superior – graduação

f) Ensino Superior – pós-graduação

1.6 Qual é o nível escolar de sua mãe ou responsável do sexo feminino estudou?

a) Sem escolaridade

b) 10

ao 40

ano do Ensino Fundamental

c) 50

ao 90 ano do Ensino Fundamental

d) Ensino Médio

e) Ensino Superior – graduação

f) Ensino Superior – pós-graduação

1.7 Profissão:

a) Estudante

b) Empregado em empresa privada. Cargo:___________________________

c) Empregado em empresa púbica. Cargo:____________________________

d) Autônomo. Ocupação:___________________________________________

e) Aposentado (a)

PARTE 2- INFLUÊNCIA (FORMAÇÃO LEITORA)

2.1 De maneira geral, o(a) sr(a) gosta muito, gosta um pouco ou não gosta de ler?

a) Gosta muito

b) Gosta um pouco

c) Não gosta

2.3 O(a) sr(a) diria que costuma/costumava ver seu pai ou responsável do sexo

masculino lendo?

a) Sempre

b) Às vezes

c) Nunca

2.4 E o(a) sr(a) diria que costuma/costumava ver sua mãe ou responsável do sexo

feminino lendo?

a) Sempre

b) Às vezes

c) Nunca

2.5 Você foi incentivado pelos pais ou responsáveis para ler?

a) Sim, muito

b) Sim, regularmente

c) Sim, pouco

d) Não

2.6 Foi incentivado, durante sua permanência na Educação Básica, a ler pelos seus

professores?

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137

a) Sim, muito

b) Sim, regularmente

c) Sim, pouco

d) Não

Se a sua resposta foi SIM na questão 2.6, descreva como foi esse incentivo.

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

2.7 Qual foi a pessoa que mais o/a influenciou ou incentivou a ler?

a) Mãe ou responsável do sexo feminino

b) Pai ou responsável do sexo masculino

c) Algum outro parente

d) Marido, esposa ou companheiro(a)

e) Algum professor ou professora

f) Padre, pastor ou algum líder religioso

g) Outra pessoa. Qual? ___________________________

h) Ninguém em especial

PARTE 3- MOTIVAÇÕES, HÁBITOS DE LEITURA E BARREIRAS PARA

LEITURA

3.1 Quando você era aluno da Educação Básica, qual era a sua principal razão

para ler?

a) Gosto

b) Atualização cultural ou informação

c) Distração

d) Crescimento pessoal

e) Motivos religiosos

f) Exigência escolar ou da faculdade

g) Atualização profissional ou exigência do trabalho

h) Outros. Qual? ___________________________________

3.2 Atualmente, qual é a principal razão para o(a) sr(a) ler?

a) Gosto

b) Atualização cultural ou informação

c) Distração

d) Crescimento pessoal

e) Motivos religiosos

f) Exigência escolar ou da faculdade

g) Atualização profissional ou exigência do trabalho

h) Outros. Qual? ___________________________________

i) Não sabe/Não respondeu

3.3 Quando você era aluno da Educação Básica, qual era o seu principal objeto de

leitura?

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a) livros

b) jornais

c) textos na internet

d) revistas

e) outro. Qual? ____________________________________________

3.4 Atualmente, qual é o seu principal objeto de leitura?

a) livros

b) jornais

d) revistas

e) outro. Qual? ____________________________________________

3.5 Que suporte você usa para suas leituras?

a) impresso

b) digital, no celular

c) digital, no computador

d) digital, no tablete

(Marque todas as respostas que refletem sua realidade)

3.6 Que suporte você usa com mais frequência para seu principal objeto de

leitura?

a) impresso

b) digital, no celular

c) digital, no computador

d) digital, no tablete

3.7 Você lê livros em idioma alemão?

a) Sim

b) Não

Se SIM, com que frequência? _______________________________

3.8 Quando você era aluno da Educação Básica, qual destes fatores o influenciava

para ler um livro? (Você pode assinalar até 3 fatores)

a) capa/título do livro

b) autor do livro

c) tema do livro

d) indicação de professor

e) indicação de amigo ou familiar

f) prazer da leitura

g) critica/resenha

h) redes sociais

i) editora

j) publicidade/anúncio

3.9 Atualmente, qual destes fatores mais influencia o(a) sr(a) a escolher um livro

para ler? (Você pode assinalar até 3 fatores)

a) capa/título do livro

b) autor do livro

c) tema do livro

d) indicação de professor

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139

e) indicação de amigo ou familiar

f) prazer da leitura

g) critica/resenha

h) redes sociais

i) editora

j) publicidade/ anúncio

k) outro. Qual? ____________________________

3.10 Quando você era aluno da Educação Básica, costumava ler jornal?

a) Sim, frequentemente

b) Sim, ocasionalmente

c) Não

3.11 Atualmente, o(a) sr(a) costuma ler jornal? a) Sim, frequentemente

b) Sim, ocasionalmente

c) Não

3.12 Qual destes fatores mais o/a influencia a ler jornal? (Você pode assinalar até 3

fatores)

a) capa/manchetes

b) colunistas do jornal

c) temas ou assuntos

d) indicação de professor

e) indicação de amigo ou familiar

f) prazer da leitura

g) critica/resenha

h) redes sociais

i) a empresa que publica o jornal

j) publicidade/anúncio

k) outro. Qual? ____________________________________________

3.13 Com que frequência o(a) sr(a) lê cada uma destes tipos de publicações?

Considere a leitura realizada em papel e em meios virtuais.

Todos os

dias

Duas a três

vezes por

semana

Uma vez

por semana

Quinze-

nalmente

Quase

nunca

Nunca

a) Jornais

b) livros de literatura

indicados pela escola

c) livros de literatura

por vontade própria

d) livros didáticos

indicados pela escola

e) livros para

formação profissional

por vontade própria

f) livros de auto-

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140

ajuda

g) Bíblia/livros

religiosos

h) livros de

culinária/artesanato

i) Outro-Qual?

3.14 No seu dia-a-dia, que tempo destina para a leitura de jornal?

a) 30 minutos ou menos

b) De uma a duas horas

c) Mais de duas horas

3.15 Qual é a média de leitura de livros lidos nos últimos três meses, considerando

a leitura INTEGRAL da obra?

a) 1 livro

b) 2 livros

c) 3 livros ou mais

d) Nenhum livro

3.16 Você está lendo algum livro hoje?

a) Sim

b) Não

(SE SIM) Quantos livros o(a) sr(a) está lendo atualmente? ______________

3.17 Quando foi a última vez que o(a) sr(a) leu esse livro?

a) Hoje ou ontem

b) Na última semana

c) No último mês

d) Nos últimos 2 a 6 meses

e) Há mais de 1 ano

3.18 Por que o(a) sr(a) está lendo este livro? Escolha somente uma opção.

a) Por gosto ou interesse pessoal

b) Por motivo religioso

c) Por indicação da escola

d) Por motivo profissional

e) Porque ganhou o livro

f) Para se distrair

3.19 Qual é o livro que mais marcou o(a) sr(a) ou que o(a) sr(a) mais gostou de ler?

____________________________________________________

3.20 Quais são os escritores que o(a) sr(a) mais gosta ou gostou de ler?

3.21 Qual a média de livros lidos por inteiro nos últimos 12 meses? a) 1

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b) 2

c) 3

d) 4

e) 5

f) 6

g) mais de 6

3.22 Qual a média de livros lidos em parte nos últimos 12 meses?

a) 1

b) 2

c) 3

d) 4

e) 5

f) 6

g) mais de 6

3.23 Dentre as razões abaixo, qual delas explica o porquê de o(a) sr(a) não ler mais

atualmente?

a) falta de tempo

b) preferência por outras atividades

c) falta de paciência para ler

d) custo do livro (acha caro)

e) inexistência de livraria ou de acesso a site de compra

f) cansaço

g) ausência de biblioteca por perto

h) falta de gosto para a leitura

i) dificuldades de leitura

j) ausência de lugar adequado para a leitura

k) ausência de exigência no trabalho ou na escola

PARTE 4- REPRESENTAÇÕES SOBRE A LEITURA

4.1 Qual das seguintes frases que eu vou ler mais se aproxima do que significa

leitura para você? E em segundo lugar?

a) A leitura traz conhecimento

b) A leitura traz atualização e crescimento profissional

c) A leitura me ensina a viver melhor

d) A leitura pode fazer uma pessoa „vencer na vida‟ e melhorar sua situação financeira

e) A leitura é uma atividade interessante

f) A leitura facilita a aprendizagem na escola ou faculdade

g) A leitura é uma atividade prazerosa

h) A leitura ocupa muito tempo

i) A leitura é uma atividade cansativa

j) Só leio porque sou obrigado(a)

k) Nenhuma destas/Não sabe/Não respondeu

4.2 Você acredita que existe influência da cultura do município onde mora no seu

interesse pela leitura?

a) Sim

b) Não

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Se SIM, como se manifesta essa influência?

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

_________________________________________________

PARTE 5- PERCEPÇÕES E USO DE BIBLIOTECAS

5.1 Dentre as frases abaixo, o que representa para o(a) sr(a) a biblioteca?

a) Um lugar para pesquisar ou estudar

b) Um lugar para emprestar livros

c) Um lugar voltado para estudantes

d) Um lugar voltado para todas as pessoas

e) Um lugar para lazer ou passar o tempo

f) Um lugar para consultar documentos e outros materiais do acervo

g) Um lugar para acessar a Internet

h) Um lugar para participar de conferências, cursos e oficinas

i) Um lugar para ver filmes ou escutar música

5.2. O(a) sr(a) diria que costuma ir a bibliotecas _______?

a) Sim, sempre

b) Sim, às vezes

c) Sim, raramente

d) Não frequenta bibliotecas

SE o(a) sr.(a) respondeu SIM, prossiga respondendo as perguntas até o fim deste

questionário.

SE o(a) sr.(a) respondeu NÃO, prossiga respondendo da pergunta 5.5 até o fim

deste questionário.

5.3 Na biblioteca que o(a) sr(a) frequenta, o(a) sr(a) diria que __________:

a) É bem atendido?

b) Acha que ela é bem cuidada?

c) É atendido por bibliotecários?

d) Gosta muito da biblioteca que frequenta?

e) As pessoas que trabalham na biblioteca fazem indicações de livros, de assuntos ou

autores parecidos com o que o(a) sr(a) lê ou te interessa?

f) Encontra todos os livros que procura?

5.4 Por qual destes motivos o(a) sr(a) vai à biblioteca?

a) Ler livros para pesquisar ou estudar

b) Ler livros por prazer

c) Emprestar livros para trabalhos escolares

d) Consultar documentos e outros materiais da biblioteca

e) Emprestar livros em geral

f) Ler revistas ou jornais

g) Acessar Internet

h) Participar de concertos, exposições ou eventos culturais, etc.

i) Outro. Qual?

______________________________________________________________________

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143

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

5.5 Qual a principal razão para o(a) sr(a) não ter costume de ir a bibliotecas? Mais

alguma?

a) Não tem tempo

b) Não gosta de ler

c) Não tem bibliotecas próximas de mim

d) Não gosta de ir a bibliotecas

e) Acha que a biblioteca é para estudantes

f) A biblioteca não tem livros atuais

g) A biblioteca mais próxima de mim não está aberta no horário que eu posso ir

h) A estrutura da biblioteca mais próxima de mim é ruim

i) Outros

5.6 O que o(a) faria frequentar bibliotecas ou frequentá-las mais vezes?

a) Ter mais livros ou títulos novos

b) Ter títulos interessantes ou que me agradem

c) Ter um bom atendimento

d) Melhor disposição dos livros ou facilidade de acesso

e) Ter horários de funcionamento ampliados (noturno e finais de semana)

f) Ter ambiente mais agradável, mais claro ou com mais luz

g) Ser mais próxima de casa ou de fácil acesso

h) Outra. Qual? ________________________________________________

i) Nada faria frequentar biblioteca

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144

ANEXO II

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – ASSINANTE DO

JORNAL

O(a) sr.(a), assinante do Jornal Força d´Oeste, está sendo convidado(a) como

voluntário(a) a participar da pesquisa “Cultura regional e formação do leitor: estudo

comparativo do perfil do leitor de jornal e de livros em São João do Oeste, SC”. Nesta

pesquisa pretendemos identificar possíveis relações entre a cultura de nossa cidade, a

erradicação da analfabetização no município e o hábito de leitura. Através do

mapeamento da pesquisa, pretende-se obter o perfil regional do leitor, tanto o leitor de

livros (frequentador ou não de bibliotecas) e o leitor de jornal, e traçar o perfil social,

educacional e cultural de nossos leitores. Dessa forma, sua contribuição é muito

relevante.

A sua participação não é obrigatória sendo que, a qualquer momento da

pesquisa, você poderá desistir e retirar seu consentimento. Sua recusa não trará nenhum

prejuízo para sua relação com o Jornal Força d‟Oeste.

Caso o(a) sr.(a) decida aceitar o convite, será submetido (a) ao(s) seguinte(s)

procedimentos: responderá a um questionário de escolha múltipla, assinalando, a cada

pergunta, a opção que corresponde a seu perfil leitor; em algumas questões haverá

espaço para complementação da informação, caso o(a) senhor(a) julgue necessário

esclarecer, com mais detalhe, sua opção de resposta. Desta forma, sua colaboração será

apenas escrita, não havendo uso da sua imagem ou de sua voz. Também não haverá uso

de seu perfil. O questionário será respondido anonimamente, sem indicação do nome do

declarante, e os dados colhidos não serão compartilhados com terceiros, pois serão

utilizados apenas para a caracterização do leitor do município de São João do Oeste

pretendida por esta pesquisa. O(a) sr.(a) disporá de até duas horas para responder ao

questionário.

Considerando as características do instrumento de coleta de informações (um

questionário), podemos garantir que não haverá qualquer tipo de risco ou inconveniente

para sua participação neste estudo. A participação não traz complicações legais de

nenhuma ordem e os procedimentos utilizados obedecem aos critérios da Ética na

Pesquisa com Seres Humanos, conforme a Resolução 510/16 do Conselho Nacional de

Saúde. O Sr.(a) tem garantida plena liberdade de recusar-se a participar ou retirar seu

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145

consentimento, em qualquer fase da pesquisa, sem necessidade de comunicado prévio.

A sua participação é voluntária e a recusa em participar não acarretará qualquer

penalidade ou modificação na forma em que o Sr.(a) é atendido(a) pelo pesquisador. O

Sr. (Sra.) não terá nenhum tipo de despesa por participar deste estudo, bem como não

receberá nenhum tipo de pagamento ou indenização por sua participação.

O(a) senhor(a) não será identificado(a) em nenhuma publicação que possa

resultar da pesquisa. Seu nome ou o material que indique sua participação não serão

liberados sem a sua permissão. Os pesquisadores tratarão a sua identidade com padrões

profissionais de sigilo e confidencialidade, atendendo à legislação brasileira, em

especial, à Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde, e utilizarão as

informações somente para fins acadêmicos e científicos.

Os resultados da pesquisa estarão à sua disposição quando finalizada. Espera-se

que a pesquisa beneficie a população de São João do Oeste, identificando fatores que

influenciam a formação do leitor, de forma a contribuir para que a cidade conte com

ótimos níveis tanto de alfabetização como de leitura.

Este termo de consentimento encontra-se impresso em duas vias originais, sendo

que uma será arquivada pelo pesquisador responsável, no Mestrado em Letras da URI,

Campus de Frederico Westphalen, e a outra será fornecida ao Sr.(a).

Os dados e instrumentos utilizados na pesquisa ficarão arquivados com

o pesquisador responsável por um período de um ano após o término da pesquisa.

Depois desse tempo, os mesmos serão destruídos.

Após estes esclarecimentos, solicitamos o seu consentimento de forma livre para

que participe desta pesquisa. Para tanto, preencha os itens que se seguem:

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146

CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Eu,_______________________________________________________,

portador do RG____________________, fui informado(a) dos objetivos da pesquisa

“Cultura regional e formação do leitor: estudo comparativo do perfil do leitor de jornal e

de livros em São João do Oeste, SC” de maneira clara e detalhada, e esclareci minhas

dúvidas. Sei que a qualquer momento poderei solicitar novas informações e modificar

minha decisão de participar se assim o desejar. Declaro que concordo em participar e,

de forma livre e esclarecida, registro meu interesse em participar da pesquisa. Recebi

uma cópia deste Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e me foi dada a

oportunidade de ler e esclarecer as minhas dúvidas.

Nome do pesquisador responsável: Adilson Kipper

Endereço: São João do Oeste

Bairro: interior

Cidade: São João do Oeste

Telefone: (49) 3195 1001.

Email: [email protected].

A pesquisa está vinculada ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade

Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI Câmpus de Frederico

Westphalen, localizada na Rua Assis Brasil, nº 709, Bairro Itapajé, na cidade de

Frederico Westphalen – RS – CEP: 98400-000 e o telefone para contato é (55) 3744-

9200.

_____________________, ______de_________________ de 2018.

_________________________________________________________

Assinatura do participante

_________________________________________________________

Assinatura do Pesquisador

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ANEXO III

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO –

FREQUENTADOR DA BIBLIOTECA

O(a) sr.(a), frequentador da Biblioteca Pública Municipal Padre Afonso Hansen,

está sendo convidado(a) como voluntário(a) a participar da pesquisa “Cultura regional e

formação do leitor: estudo comparativo do perfil do leitor de jornal e de livros em São

João do Oeste, SC”. Nesta pesquisa pretendemos identificar possíveis relações entre a

cultura de nossa cidade, a erradicação da analfabetização no município e o hábito de

leitura. Através do mapeamento da pesquisa, pretende-se obter o perfil regional do

leitor, tanto o leitor de livros (frequentador ou não de bibliotecas) e o leitor de jornal, e

traçar o perfil social, educacional e cultural de nossos leitores. Dessa forma, sua

contribuição é muito relevante.

A sua participação não é obrigatória sendo que, a qualquer momento da

pesquisa, você poderá desistir e retirar seu consentimento. Sua recusa não trará nenhum

prejuízo para sua relação com a Biblioteca Municipal Padre Afonso Hansen.

Caso o(a) sr.(a) decida aceitar o convite, será submetido (a) ao(s) seguinte(s)

procedimentos: responderá a um questionário de escolha múltipla, assinalando, a cada

pergunta, a opção que corresponde a seu perfil leitor; em algumas questões haverá

espaço para complementação da informação, caso o(a) senhor(a) julgue necessário

esclarecer, com mais detalhe, sua opção de resposta. Desta forma, sua colaboração será

apenas escrita, não havendo uso da sua imagem ou de sua voz. Também não haverá uso

de seu perfil. O questionário será respondido anonimamente, sem indicação do nome do

declarante, e os dados colhidos não serão compartilhados com terceiros, pois serão

utilizados apenas para a caracterização do leitor do município de São João do Oeste

pretendida por esta pesquisa. O(a) sr.(a) disporá de até duas horas para responder ao

questionário.

Considerando as características do instrumento de coleta de informações (um

questionário), podemos garantir que não haverá qualquer tipo de risco ou inconveniente

para sua participação neste estudo. A participação não traz complicações legais de

nenhuma ordem e os procedimentos utilizados obedecem aos critérios da Ética na

Pesquisa com Seres Humanos, conforme a Resolução 510/16 do Conselho Nacional de

Saúde. O Sr.(a) tem garantida plena liberdade de recusar-se a participar ou retirar seu

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148

consentimento, em qualquer fase da pesquisa, sem necessidade de comunicado prévio.

A sua participação é voluntária e a recusa em participar não acarretará qualquer

penalidade ou modificação na forma em que o Sr.(a) é atendido(a) pelo pesquisador. O

Sr. (Sra.) não terá nenhum tipo de despesa por participar deste estudo, bem como não

receberá nenhum tipo de pagamento ou indenização por sua participação.

O(a) senhor(a) não será identificado(a) em nenhuma publicação que possa

resultar da pesquisa. Seu nome ou o material que indique sua participação não serão

liberados sem a sua permissão. Os pesquisadores tratarão a sua identidade com padrões

profissionais de sigilo e confidencialidade, atendendo à legislação brasileira, em

especial, à Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde, e utilizarão as

informações somente para fins acadêmicos e científicos.

Os resultados da pesquisa estarão à sua disposição quando finalizada. Espera-se

que a pesquisa beneficie a população de São João do Oeste, identificando fatores que

influenciam a formação do leitor, de forma a contribuir para que a cidade conte com

ótimos níveis tanto de alfabetização como de leitura.

Este termo de consentimento encontra-se impresso em duas vias originais, sendo

que uma será arquivada pelo pesquisador responsável, no Mestrado em Letras da URI,

Campus de Frederico Westphalen, e a outra será fornecida ao Sr.(a).

Os dados e instrumentos utilizados na pesquisa ficarão arquivados com

o pesquisador responsável por um período de um ano após o término da pesquisa.

Depois desse tempo, os mesmos serão destruídos.

Após estes esclarecimentos, solicitamos o seu consentimento de forma livre para

que participe desta pesquisa. Para tanto, preencha os itens que se seguem:

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CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Eu,_______________________________________________________,

portador do RG____________________, fui informado(a) dos objetivos da pesquisa

“Cultura regional e formação do leitor: estudo comparativo do perfil do leitor de jornal e

de livros em São João do Oeste, SC” de maneira clara e detalhada, e esclareci minhas

dúvidas. Sei que a qualquer momento poderei solicitar novas informações e modificar

minha decisão de participar se assim o desejar. Declaro que concordo em participar e,

de forma livre e esclarecida, registro meu interesse em participar da pesquisa. Recebi

uma cópia deste Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e me foi dada a

oportunidade de ler e esclarecer as minhas dúvidas.

Nome do pesquisador responsável: Adilson Kipper

Endereço: São João do Oeste

Bairro: interior

Cidade: São João do Oeste

Telefone: (49) 3195 1001.

Email: [email protected].

A pesquisa está vinculada ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade

Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI Câmpus de Frederico

Westphalen, localizada na Rua Assis Brasil, nº 709, Bairro Itapajé, na cidade de

Frederico Westphalen – RS – CEP: 98400-000 e o telefone para contato é (55) 3744-

9200.

_____________________, ______de_________________ de 2018.

_________________________________________________________

Assinatura do participante

_________________________________________________________

Assinatura do Pesquisador

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ANEXO IV

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO- LEITOR DE

LIVRO

O(a) sr.(a) está sendo convidado(a) como voluntário(a) a participar da pesquisa

“Cultura regional e formação do leitor: estudo comparativo do perfil do leitor de jornal e

de livros em São João do Oeste, SC”. Nesta pesquisa pretendemos identificar possíveis

relações entre a cultura de nossa cidade, a erradicação da analfabetização no município

e o hábito de leitura. Através do mapeamento da pesquisa, pretende-se obter o perfil

regional do leitor, tanto o leitor de livros (frequentador ou não de bibliotecas) e o leitor

de jornal, e traçar o perfil social, educacional e cultural de nossos leitores. Dessa forma,

sua contribuição é muito relevante.

A sua participação não é obrigatória sendo que, a qualquer momento da

pesquisa, você poderá desistir e retirar seu consentimento. Caso o(a) sr.(a) decida

aceitar o convite, será submetido (a) ao(s) seguinte(s) procedimentos: responderá a um

questionário de escolha múltipla, assinalando, a cada pergunta, a opção que corresponde

a seu perfil leitor; em algumas questões haverá espaço para complementação da

informação, caso o(a) senhor(a) julgue necessário esclarecer, com mais detalhe, sua

opção de resposta. Desta forma, sua colaboração será apenas escrita, não havendo uso

da sua imagem ou de sua voz. Também não haverá uso de seu perfil. O questionário

será respondido anonimamente, sem indicação do nome do declarante, e os dados

colhidos não serão compartilhados com terceiros, pois serão utilizados apenas para a

caracterização do leitor do município de São João do Oeste pretendida por esta

pesquisa. O(a) sr.(a) disporá de até duas horas para responder ao questionário.

Considerando as características do instrumento de coleta de informações (um

questionário), podemos garantir que não haverá qualquer tipo de risco ou inconveniente

para sua participação neste estudo. A participação não traz complicações legais de

nenhuma ordem e os procedimentos utilizados obedecem aos critérios da Ética na

Pesquisa com Seres Humanos, conforme a Resolução 510/16 do Conselho Nacional de

Saúde. O Sr.(a) tem garantida plena liberdade de recusar-se a participar ou retirar seu

consentimento, em qualquer fase da pesquisa, sem necessidade de comunicado prévio.

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A sua participação é voluntária e a recusa em participar não acarretará qualquer

penalidade ou modificação na forma em que o Sr.(a) é atendido(a) pelo pesquisador. O

Sr. (Sra.) não terá nenhum tipo de despesa por participar deste estudo, bem como não

receberá nenhum tipo de pagamento ou indenização por sua participação.

O(a) senhor(a) não será identificado(a) em nenhuma publicação que possa

resultar da pesquisa. Seu nome ou o material que indique sua participação não serão

liberados sem a sua permissão. Os pesquisadores tratarão a sua identidade com padrões

profissionais de sigilo e confidencialidade, atendendo à legislação brasileira, em

especial, à Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde, e utilizarão as

informações somente para fins acadêmicos e científicos.

Os resultados da pesquisa estarão à sua disposição quando finalizada. Espera-se

que a pesquisa beneficie a população de São João do Oeste, identificando fatores que

influenciam a formação do leitor, de forma a contribuir para que a cidade conte com

ótimos níveis tanto de alfabetização como de leitura.

Este termo de consentimento encontra-se impresso em duas vias originais, sendo

que uma será arquivada pelo pesquisador responsável, no Mestrado em Letras da URI,

Campus de Frederico Westphalen, e a outra será fornecida ao Sr.(a).

Os dados e instrumentos utilizados na pesquisa ficarão arquivados com

o pesquisador responsável por um período de um ano após o término da pesquisa.

Depois desse tempo, os mesmos serão destruídos.

Após estes esclarecimentos, solicitamos o seu consentimento de forma livre para

que participe desta pesquisa. Para tanto, preencha os itens que se seguem:

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CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Eu,_______________________________________________________,

portador do RG____________________, fui informado(a) dos objetivos da pesquisa

“Cultura regional e formação do leitor: estudo comparativo do perfil do leitor de jornal e

de livros em São João do Oeste, SC” de maneira clara e detalhada, e esclareci minhas

dúvidas. Sei que a qualquer momento poderei solicitar novas informações e modificar

minha decisão de participar se assim o desejar. Declaro que concordo em participar e,

de forma livre e esclarecida, registro meu interesse em participar da pesquisa. Recebi

uma cópia deste Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e me foi dada a

oportunidade de ler e esclarecer as minhas dúvidas.

Nome do pesquisador responsável: Adilson Kipper

Endereço: São João do Oeste

Bairro: interior

Cidade: São João do Oeste

Telefone: (49) 3195 1001.

Email: [email protected].

A pesquisa está vinculada ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade

Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI Câmpus de Frederico

Westphalen, localizada na Rua Assis Brasil, nº 709, Bairro Itapajé, na cidade de

Frederico Westphalen – RS – CEP: 98400-000 e o telefone para contato é (55) 3744-

9200.

_____________________, ______de_________________ de 2019.

_________________________________________________________

Assinatura do participante

_________________________________________________________

Assinatura do Pesquisador

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O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de

Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.