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UNIVERSIDADE POTIGUAR UnP PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO PPGA MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO ROSEANNE AZEVEDO DE ALBUQUERQUE MOTIVAÇÕES, AÇÕES ESTRATÉGICAS E BENEFÍCIOS ENVOLVIDOS EM ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS NATAL - RN 2013

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UNIVERSIDADE POTIGUAR – UnP

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO – PPGA

MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO

ROSEANNE AZEVEDO DE ALBUQUERQUE

MOTIVAÇÕES, AÇÕES ESTRATÉGICAS E BENEFÍCIOS

ENVOLVIDOS EM ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS

NATAL - RN

2013

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ROSEANNE AZEVEDO DE ALBUQUERQUE

MOTIVAÇÕES, AÇÕES ESTRATÉGICAS E BENEFÍCIOS

ENVOLVIDOS EM ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação Strictu Sensu em Administração

daUniversidade Potiguar, como requisito para a

obtenção de título de Mestre em Administração.

ORIENTADOR: Prof. Kleber Cavalcanti

Nóbrega, Dr.

NATAL - RN

2013

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A345mAlbuquerque, Roseanne Azevedo de. Motivações, ações estratégias e benefícios envolvidos em arranjos produtivos

locais / Roseanne Azevedo de Albuquerque. – Natal, 2013. 92f.

Dissertação (Mestrado em Administração). – Universidade Potiguar. Pró - Reitoria Acadêmica.

Referências: f.77 - 84.

1. Administração – Dissertação. 2. Arranjo produtivo local.3. Motivações. 4. Ações estratégicas. 5. Benefícios. I. Título.

RN/UnP/BSFP CDU: 658(043.3)

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DEDICATÓRIA

Aos empreendedores, pela vontade contínua de transformar ideias em riqueza.

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AGRADECIMENTOS

À Deus, pela permissão de poder concluir mais essa etapa na minha vida.

Ao Professor Kleber Cavalcanti Nobrega, meu orientador, por ter compartilhado

o conhecimento, além do profissionalismo, comprometimento e clareza nos

procedimentos relativos ao processo de orientação desta dissertação.

À Professora Valdênia Apolinário por ter iluminado os caminhos que me

levaram aos APLs.

Aos empresários dos APLs de Panificação e Cerâmica Vermelha do RN que

possibilitaram a realização da pesquisa.

A minha família, pelo apoio incondicional em todos os momentos da minha

vida.

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“O que precisamos é de mais pessoas

especializadas no impossível”. Theodore Roethler

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RESUMO

O estudo das relações de cooperação entre pequenas empresas, com o fim de promover

ganhos competitivos, passou a ser o centro das atenções a partir dos anos 70, com a

passagem do modelo de acumulação fordista para a produção flexível. Assim, as

empresas podem operar estabelecendo cooperações em arranjos produtivos locais

(APLs) com o fim de obter ganhos de competitividade. Neste contexto, esta pesquisa

tem como objetivo levantar e analisar motivações, ações estratégicas e benefícios

envolvidos em APLs do RN. A pesquisa é do tipo exploratório,de abordagem

quantitativa, realizadapara o segmento de panificação e cerâmica vermelha, o que a

configura como um estudo de caso. A coleta de dados ocorreu junto a 25 empresários

do APL de panificação e 23 empresários do APL de cerâmica vermelha, os quais fazem

parte do Programa de Apoio à Competitividade das Micro e Pequenas Indústrias –

PROCOMPI.O estudo evidenciou que as principais motivações percebidas pelas

empresas estudadas, no APL de panificação e de cerâmica vermelha, são as

marshallianas e institucionais. No que diz respeito às principais ações estratégicas, no

segmento de panificação destacaram-se as perspectivas de aprendizado e crescimento e

clientes. Para o APL de cerâmica vermelha as perspectivas de ações estratégica em

evidencia foram as de aprendizado e crescimento e a perspectiva financeira. No âmbito

dos benefícios, as abordagens teóricas que se destacaram para o APL de panificação

foram o de milleu inovador e cluster e para o APL da cerâmica vermelha a de

milleuinovador e redes. Verificou-se que, para os dois segmentos, os empresários estão

envolvidos em um aglomerado produtivo motivados por vantagens oriundas do

território e pela necessidade de existir padronização das relações entre as empresas do

grupo.Observou-se também, que por serem empresas de pequeno porte e privadas, as

ações estratégicas na perspectiva de clientes e financeira se destacam.No âmbito dos

benefícios, os dois APLs apresentam como maior benefício à criação de um ambiente

inovador.

Palavras-chave: arranjo produtivo local, motivações, ações estratégicas, benefícios.

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ABSTRACT

The study of cooperation among small businesses in order to promote competitive

gains, became the center of attention from the 70s, with the passage of the Fordist

model of accumulation for flexible production. Thus, companies can operate in

establishing cooperations local productive arrangements (LPAs) in order to gain

competitiveness. In this context, this research aims to survey and analyze motivations,

strategic actions and benefits involved in APLs RN. The research is exploratory,

quantitative approach, performed for the bakery segment and red pottery, which sets up

as a case study. Data collection occurred at the 25 entrepreneurs and 23 APL bakery

business APL red ceramic, which are part of the Support Programme for the

Competitiveness of Micro and Small Industries - PROCOMPI. The study showed that

the main motivations for companies studied in APL bakery and red ceramic, are the

Marshallian and institutional. With regard to key strategic actions in the bakery segment

highlights were learning and growth prospects and customers. For APL red ceramic

prospects for strategic actions in evidence were the learning and growth and financial

perspective. Within the scope of benefits, the theoretical approaches that stood out for

APL bakery were to milleu innovative cluster and the cluster of red ceramic milleu of

the innovative networks. It was found that, for both segments, entrepreneurs are

involved in a mass production driven by benefits derived from the territory and the need

for standardization of relations exist between the group companies. It was also observed

that for being small businesses and private strategic actions from the perspective of

clients and financial stand. Within the scope of benefits, the two clusters present as

biggest benefit to creating an innovative environment.

Keywords: local productive arrangement, motivations, strategic actions, benefits.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Esquema Metodológico.......................................................................... 41

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Motivações envolvidas em aglomerações produtivas........................... 44

Quadro 2 – Ações estratégicas envolvidas em aglomerações produtivas................ 46

Quadro 3 – Benefícios envolvidos nas aglomerações produtivas............................ 47

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Médias das externalidades presentes no APL de Panificação............................. 50

Tabela 2 - Médias das variáveis analíticas contidas nas externalidades marshallianas....... 51

Tabela 3 - Médias das variáveis analíticas contidas nas externalidades institucionais........ 52

Tabela 4 - Médias das variáveis analíticas contidas nas externalidades transacionais......... 53

Tabela 5- Médias das variáveis analíticas contidas nas externalidades shumpeterianas..... 53

Tabela 6 - Médias das ações estratégicas presentes no APL de Panificação........................ 54

Tabela 7 - Médias das variáveis analíticas contidas nas ações estratégicas da perspectiva

de aprendizado e crescimento...............................................................................................

55

Tabela 8 - Médias das variáveis analíticas contidas nas ações estratégicas da perspectiva

de cliente...............................................................................................................................

55

Tabela 9 - Médias das variáveis analíticas contidas nas ações estratégicas da perspectiva

de processos internos............................................................................................................

56

Tabela 10 - Médias das abordagens teóricas presentes no APL de Panificação................... 57

Tabela 11 - Médias das variáveis analíticas contidas na abordagem de cluster................... 58

Tabela 12 - Médias das variáveis analíticas contidas na abordagem de rede....................... 58

Tabela 13 - Médias das variáveis analíticas contidas na abordagem de distrito

industrial...............................................................................................................................

59

Tabela14 - Médias das externalidades presentes no APL de Cerâmica Vermelha............... 60

Tabela 15 - Médias das variáveis analíticas contidas nas externalidades institucionais...... 60

Tabela 16 - Médias das variáveis analíticas contidas nas externalidades marshallianas..... 61

Tabela 17 - Médias das variáveis analíticas contidas nas externalidades transacionais....... 62

Tabela 18 - Médias das variáveis analíticas contidas nas externalidades shumpeterianas.. 63

Tabela 19- Médias das ações estratégicas presentes no APL de Cerâmica Vermelha......... 64

Tabela 20 - Médias das variáveis analíticas contidas nas ações estratégicas da

perspectiva de aprendizado e crescimento............................................................................

64

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Tabela 21- Médias das variáveis analíticas contidas nas ações estratégicas da perspectiva

de clientes.............................................................................................................................

65

Tabela 22 - Médias das variáveis analíticas contidas nas ações estratégicas da

perspectiva de processos.....................................................................................................

66

Tabela 23 - Médias das abordagens teóricas presentes no APL de Cerâmica Vermelha..... 66

Tabela 24 - Médias das variáveis analíticas contidas na abordagem teórica de redes.......... 67

Tabela 25- Médias das variáveis analíticas contidas na abordagem teórica de cluster........ 68

Tabela 26- Médias das variáveis analíticas contidas na abordagem teórica de distrito

industrial............................................................................................................................... 69

Tabela 27 - Médias das externalidades no APL de Panificação e Cerâmica Vermelha....... 70

Tabela 28- Médias das ações estratégicas do APL de Panificação e de Cerâmica

Vermelha............................................................................................................................... 71

Tabela 29 - Médias das abordagens teóricas do APL de Panificação e Cerâmica

Vermelha............................................................................................................................... 72

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................... 16

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO ................................................................................. 16

1.2 PROBLEMA ..................................................................................................... 19

1.3 OBJETIVOS....................................................................................................... 20

1.3.1Objetivo Geral............................................................................................... 20

1.3.2 Objetivos Específicos..................................................................................... 20

1.4 JUSTIFICATIVA............................................................................................... 20

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO....................................................................... 23

2 REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................. 24

2.1 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA............................................................

2.2 MICRO E PEQUENAS EMPRESAS................................................................

2.3 AGLOMERAÇÕES PRODUTIVAS.................................................................

2.4 ESTRATÉGIA E COMPETITIVIDADE..........................................................

2.5 ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS..............................................................

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS.....................................................

24

26

28

33

37

41

3.1 ESQUEMA METODOLÓGICO....................................................................... 41

3.2 TIPO DE PESQUISA......................................................................................... 42

3.3 UNIVERSO/AMOSTRA .................................................................................. 42

3.4 COLETA DE DADOS....................................................................................... 43

3.5 VARIÁVEIS ANALÍTICAS............................................................................. 44

3.6 INSTRUMENTO DE PESQUISA..................................................................... 48

3.7 TRATAMENTO DOS DADOS......................................................................... 48

4 ANÁLISE DE RESULTADOS........................................................................... 50

4.1 RESULTADOS RELATIVOS AO APL DE PANIFICAÇÃO......................... 50

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4.1.1Motivações percebidas pelos empresários do APL de Panificação.......... 50

4.1.2 Ações estratégicas identificadas pelos empresários do APL de

Panificação.............................................................................................................. 54

4.1.3 Benefícios identificados pelos empresários do APL de Panificação......... 57

4.2 RESULTADOS RELATIVOS AO APL DE CERÂMICA VERMELHA........ 59

4.2.1 Motivações percebidas pelos empresários do APL de Cerâmica

Vermelha.................................................................................................................

59

4.2.2 Ações estratégicas identificadas pelos empresários do APL de

Cerâmica Vermelha............................................................................................... 63

4.2.3Benefícios identificados pelos empresários do APL de Cerâmica

Vermelha................................................................................................................. 66

4.3 INTERFACES ENTRE O APL DE PANIFICAÇÃO E DE CERÂMICA

VERMELHA............................................................................................................ 69

4.3.1 Interfaces entre as externalidades do APL de Panificação e de

Cerâmica Vermelha............................................................................................... 70

4.3.2 Interfaces entre as ações estratégicas do APL de Panificação e de

Cerâmica Vermelha............................................................................................... 71

4.3.3 Interfaces entre os benefícios percebidos pelos empresários do APL de

Panificação e de Cerâmica Vermelha................................................................... 72

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................. 74

REFERÊNCIAS..................................................................................................... 77

APENDICE............................................................................................................. 85

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1 INTRODUÇÃO

1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA

O crescimento da economia de mercado até o início da década de 1970 – tanto

desenvolvidas, quanto em desenvolvimento – baseou-se em unidades produtivas

dedicadas à fabricação de bens em altos volumes, integradas verticalmente e

empregando processo de trabalho de característica taylorista-fordista. O modelo de

firma que emergiu desse regime de acumulação de capital obteve, por meio das grandes

plantas industriais, a ampliação da escala como meio de alcançar ganhos de

produtividade.

Este modelo de acumulação, denominado de produção em massa, apoiado pelo

modo de regulação keynesiano da economia entrou em crise com a chegada da chamada

“era do conhecimento” ou “mundo sem fronteiras”, época caracterizada pelo

neoliberalismo, processo de globalização e das grandes transformações pelas quais as

organizações vivem.

O paradigma econômico dos anos 70 colocou na ordem do dia o estudo das relações

de cooperação entre as empresas como uma das formas de resposta ao modelo de

acumulação flexível instalado, e que tem como principais características a capacidade

permanente de inovação e de adaptação às mudanças do ambiente de mercado, em vez

de controlá-lo.

O atual contexto globalizado e das rápidas mudanças tecnológicas criaram um novo

ambiente empresarial, onde as empresas procuram cada vez mais buscar alternativas

para se tornarem competitivas.

Nesta nova realidade, segundo Daft (1999), as pequenas empresas tem de descobrir

formas para englobar o paradoxo do século XXI de manter tudo funcionando e ao

mesmo tempo mudar tudo, fazer isso significa desenvolver a capacidade de elaboração

de estratégias, visando tornarem-se competitivas, zelando pela sua permanência, fixação

e expansão no mercado.

Para Borin (2006), a partir dos anos 80, o exame dos processos de globalização, da

integração dos mercados nacionais aos mercados mundiais e das alterações provocadas

pela introdução de novos paradigmas tecnológicos, e seus impactos territoriais, fizeram

parte de uma crescente literatura, em várias partes do mundo, ocasionando um resgate

conceitual de território, cuja proposta foi a de estudar as relações interfirmas imersas no

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ambiente localizado, ou seja, no sistema de produção local. A constatação, em alguns

estudos, de que economias externas de aglomeração elevam a competitividade das

empresas e impulsionam o desenvolvimento, vem refletindo nas políticas públicas, que

passaram a desenhar ações, orientadas para a promoção do desenvolvimento local com

o foco, não na empresa individual, mas nas relações entre firmas e as demais

instituições situadas em espaço geográfico delimitado.

Ainda, conforme Borin (2006), existem diversas nomenclaturas (distritos industriais,

“clusters”, sistemas produtivos locais, “millieux inovateurs”) que definem uma

concentração setorial e espacial de empresas e que incorporam elementos relacionados à

intensidade das trocas intra-aglomeração, à existência de relações de cooperação, ao

grau de especialização e desintegração vertical da aglomeração e ao ambiente

institucional, para dar suporte ao desenvolvimento desses aglomerados.

Nesta linha de pensamento, Zdebski (2011), afirma que as empresas podem operar

estabelecendo cooperações em formatos de clusters, redes de empresas, arranjos

produtivos locais (APLs) ou aglomerados produtivos entre outros muitos conceitos que

se referem ao trabalho conjunto de empresas localizadas de forma geograficamente

próximas, visando alcançar desenvolvimento local e vantagem competitiva.

As empresas em rede complementam-se umas às outras nos planos técnicos (meio

produtivos) e comerciais (redes de distribuição) e decidem apoiar-se mutuamente em

prioridade. É uma escolha de estrutura bem adaptada às pequenas e médias empresas

para quem este tipo de associação é uma maneira de concretizar o lema “a união faz a

força” (OLAVE; AMATO NETO, 2001).

De modo específico, os Arranjos Produtivos Locais (APLs)são aglomerações

territoriais de agentes econômicos, políticos e sociais - com foco em um conjunto

específico de atividades econômicas - que apresentam vínculos mesmo que incipientes

(CASSILATO; LASTRES, 2003).

Para os mesmos autores, os APLs envolvem a participação e a interação de

empresas - que podem ser desde produtoras de bens e serviços finais até fornecedoras de

insumos e equipamentos, prestadoras de consultoria e serviços, comercializadoras,

clientes, entre outros - e suas variadas formas de representação e associação.

Assim, em um ambiente de APL a cooperação se torna relevante para o alcance de

ganhos competitivos, principalmente para as empresas de pequeno porte, tendo em vista

que isoladamente estas não têm condições favoráveis para superar os obstáculos de

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maneira coletiva sem desperdício de esforços (AMATO, 2009; IACONO; NAGANO,

2010).

O bom desempenho do APL posterior à sua geração é de grande importância para as

empresas, para tanto, é preciso que estas empresas cooperem entre si de forma que os

relacionamentos sejam estruturados entre os agentes através de vínculos de cooperação

na busca da eficiência coletiva. Contudo, é importante ressaltar que embora o

relacionamento seja uma condição necessária para o desenvolvimento de um APL, não

é o suficiente para que ocorra a cooperação (COSTA; COSTA, 2007; ERBER, 2008).

Segundo Costa e Costa (2007) os agentes pertencentes ao arranjo produtivo não

necessariamente estabelecem relações de todos com todos, bem como é distinta a

freqüência dessas relações. Dessa forma, o resultado da ação coletiva pode ser afetado

de forma negativa.

Para Zdebski (2011), no que se refere à APL, além da cooperação também é

necessário que as partes trabalhem de maneira a obter eficiência coletiva, que num

ambiente mais abrangente garante a manutenção de ganhos competitivos. Sendo assim,

é preciso articular forças e certas qualificações técnicas e/ou organizacionais, entre

outras motivações, com o objetivo de aumentar a competitividade e eficiência produtiva

das empresas, promovendo também o desenvolvimento econômico e social local.

Por meio da cooperação aliada à eficiência coletiva, os ganhos de competitividade

podem gerar como benefícios a redução de custos, economia de escala, alcance de

novos segmentos ou nichos de mercado, difusão e ampliação do conhecimento a partir

de interação entre diversos agentes e fomento aos processos inovativos (IACONO E

NAGANO, 2010).

Dessa forma, a eficiência coletiva é formada e definida pela existência de dois

fatores, podendo eles ser identificados como fatores não planejados (externalidades) e

fatores deliberadamente planejados (ação conjunta por meio da cooperação vertical e

horizontal).

Para Schmitz (1997), as ações não planejadas ou incidentais surgem de forma não

intencional e da própria existência da aglomeração industrial. No segundo caso, a

eficiência coletiva deliberada é resultado de ações devidamente planejadas pelas

empresas conjuntamente e decorrem de construções sociais específicas.

De acordo com Costa (2007), no Brasil existem 958 APLs, sendo 59% pertencentes

ao setor primário, 5% ao setor terciário e 36% ao setor secundário. Do total de APLs,

ainda segundo o mesmo autor, 45% destes estão na região Nordeste.

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Conforme Apolinário et. al. (2010), no estado do Rio Grande do Norte, as

organizações diretamente envolvidas com apoio a arranjos produtivos locais

identificaram trinta APLs no período 2008-2009. A classificação por atividades

econômicas revela que seis são voltados para atividades agrícolas, cinco em atividades

da pecuária, três da aqüicultura e pesca, dois da indústria extrativa mineral, doze da

indústria de transformação e dois voltados para atividades de turismo.

Neste contexto, a pesquisa desenvolvida buscou levantar e analisar motivações,

ações estratégicas e benefícios envolvidos em APLs do estado do Rio Grande do Norte,

por meio do estudo de dois APLs do segmento secundário: Panificação e Cerâmica

Vermelha.

1.2. PROBLEMA

A partir do que foi exposto percebe-se que os estudos sobre aglomerações

produtivas e, especificamente, Arranjos Produtivos Locais tem recebido atenção,

principalmente a partir dos anos 80, pela sua contribuição para o desenvolvimento

econômico e social local e incremento da competitividade, especialmente, das empresas

de pequeno porte.

Segundo Mendonça (2008), na literatura contemporânea, há diversos estudos sobre

Arranjos Produtivos Locais relacionados com a avaliçãodas características de arranjos e

suas contribuições para o desenvolvimento local/regional/nacional; com a identificação

de potencial de aglomerações empresariais em um setor específico; com o emprego de

metodologias para a identificação de arranjos produtivos locais, etc. Entretanto, existem

poucos estudos que busquem compreender a natureza do fenômeno, compreendendo a

formação, o desenvolvimento e a estruturação desses arranjos.

Ainda para o mesmo autor, o fato das empresas estarem agrupadas em determinado

aglomerado produtivo não garante a geração de vantagens provenientes de economias

externas e nem se pode afirmar que os benefícios trazidos por um determinado

aglomerado territorial poderão ser obtidos em outros aglomerados, uma vez que, os

aglomerados podem ter diferentes graus de desenvolvimento, de integração da cadeia

produtiva, de articulação, associativismo, de integração entre os agentes e instituições

locais e de capacidade para inovação.

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Nesta linha de pensamento, para Costa e Costa (2007), os agentes pertencentes aos

arranjos produtivos estabelecem relações diferenciadas entre os seus componentes com

frequência distinta, o que determinará ou não a eficiência coletiva.

Dessa forma, a pesquisa a ser realizada tem o interesse em melhor compreender o

funcionamento dos APLs, ao levantar e analisar as motivações, ações estratégicas e

benefícios envolvidos nessa forma de aglomeração econômica, já que a inserção das

empresas em um APL não é o suficiente para que estas contemplem um bom

posicionamento competitivo no mercado.

Neste contexto, pode-se definir como o problema da pesquisa o seguinte

questionamento: quais as motivações, ações estratégicas e benefícios envolvidos em

APLs?

1.3. OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo Geral

Levantar e analisar as motivações, ações estratégicas e benefícios envolvidos em

APLs.

1.3.2 Objetivos Específicos

Levantar as motivações, ações estratégicas e benefícios envolvidos em

APLs;

Identificar as motivações, ações estratégicas e benefícios envolvidos nos

APLs de Panificação e Cerâmica Vermelha do RN;

Analisar as interfaces entre as motivações, ações estratégicas e benefícios

envolvidos nos APLs de Panificação e Cerâmica Vermelha do RN.

1.4 JUSTIFICATIVA

No Brasil, segundo o Anuário do trabalho na micro e pequena empresa 2000 – 2010,

as micro e pequenas empresas foram responsáveis, na década, por 6,1 milhões de

empregos, o que reflete a importância deste tipo de organização na geração de renda.

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Anualmente, são criados, no país, mais de 1,2 milhão de novos empreendimentos

formais, sendo que desse total, mais de 99% são micro e pequenas empresas e

Empreendedores Individuais (EI). Os empreendimentos de micro e pequeno porte são

responsáveis por, pelo menos, dois terços do total das ocupações existentes no setor

privado da economia, o que revela ser a sobrevivência dessas empresas, condição

indispensável para o desenvolvimento econômico do País (SEBRAE, 2011).

Associada à relevância econômica deste tipo de organização, a necessidade de

promover estudos sobre alternativas de incremento da competitividade em micro e

pequenas empresas pode ser ressaltada pelas suas taxas de mortalidade, uma vez que,

sete em cada dez empresas sobrevivem no Brasil após 2 anos da abertura (SEBRAE,

2011).

Para Amato Neto (2000), uma das principais tendências da economia moderna, sob

o marco da globalização e da reestruturação industrial diz respeito às relações intra e

interempresas, particularmente aquelas que envolvem pequenas organizações.

A cooperação em rede entre pequenas e médias empresas é uma das formas como

estas empresas têm assegurado sua sobrevivência em um contexto marcado por

mudanças aceleradas nas tecnologias, mercados fragmentados e fronteiras invisíveis

para os agentes produtivos.

Nessa linha de pensamento, segundo Mendonça (2008), a partir das experiências da

Terceira Itália e Vale do Silício, as discussões sobre a importância de manifestações

territoriais, tem-se intensificado, no âmbito de sistemas produtivos locais, como forma

de organização da produção que promove o desenvolvimento local. O interesse por esse

tipo de organização esta relacionada com sua contribuição em termos de

competitividade, e por isso, tida como importante estratégia de sobrevivência para as

empresas de pequeno porte.

Para Cezarino e Campomar (2006), a competitividade das micro, pequenas e médias

empresas pode crescer por meio da participação em aglomerações de firmas engajadas

em atividades similares e até mesmo complementares. Na literatura nacional, as

aglomerações também são comumente chamadas de arranjos produtivos locais (APLs),

entre outras definições menos freqüentes.

Segundo Mendonça (2008), a compreensão deste tipo de organização

industrial/regional passou a ser importante na implementação de políticas de

desenvolvimento de regiões e países, na busca de estratégias que visem acelerar o ganho

de competitividade por meio da promoção, maturação e desenvolvimento de arranjos

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produtivos locais. No Brasil, no âmbito do governo federal, a Política Industrial,

Tecnológica e de Comércio Exterior elegeu, dentre outras medidas, o fortalecimento dos

APLs como forma de contribuição ao desenvolvimento, buscando gerar capacitações,

para elevar a competitividade no cenário internacional.

A importância da produção regionalmente concentrada, no Brasil, pode ser também,

vista por meio da portaria nº 200, instituída em 03 de agosto de 2004 que determina

uma ação mais ampla, conjunta, entre os Ministérios de Estado do Desenvolvimento,

Indústria e Comércio Exterior; do Planejamento, Orçamento e Gestão; da Ciência e

Tecnologia; e da Integração Nacional. Essa portaria instituiu o Grupo de Trabalho

Permanente em Arranjo Produtivo Local – GTP-APL, com a atribuição de elaborar e

propor diretrizes gerais para atuação coordenada do governo federal no apoio e

orientação a APLs para todo território nacional.

A partir deste contexto, a pesquisa desenvolvida buscou entender o funcionamento

de APLs no RN, verificando in loco a realidade acerca das motivações, ações

estratégicas e benefícios envolvidos no APL da cerâmica vermelha e de panificação do

RN.

Evidencia-se que, de acordo com o Banco do Nordeste (2010), o Brasil é um grande

produtor mundial de produtos cerâmicos, ao lado da Espanha, Itália e China. Os

produtos brasileiros gerados encontram-se distribuídos, em ordem de importância, nas

regiões Sudeste, Sul e Nordeste.

Com relação ao Nordeste, a produção está localizada principalmente nos Estados do

Ceará, Bahia e Pernambuco, vindo em seguida Rio Grande do Norte, Maranhão e Piauí.

A atividade ceramista é considerada uma das mais importantes para a economia do Rio

Grande do Norte e principal gerador de emprego e renda na maioria dos municípios em

que se localiza.

No que diz respeito o setor de panificação, este polo industrial está entre os seis

maiores segmentos industriais do país, sendo a região Nordeste responsável por 24% do

número de estabelecimentos, no país, e o Rio Grande do Norte, ocupar a sétima posição,

na distribuição de número de padarias por estado, conforme levantamento realizado pela

Associação Brasileira da Indústria da Panificação e Confeitaria (Abip), em 2008.

Os APLs estudados foram escolhidos por critério de acessibilidade e fazem parte do

Programa de Apoio à Competitividade das Micro e Pequenas Indústrias – PROCOMPI

– resultado de uma parceria entre o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas

Empresas (SEBRAE) e a Confederação Nacional da Indústria (CNI), desde 2004. Os

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segmentos fazem parte da indústria tradicional, uma vez que este tipo de aglomerado,

por não nascer de uma infra-estrutura de Ciência e Tecnologia (C&T), em muitos casos,

não possui formas embrionárias de coordenação e de governança.

Assim, pretendeu-se com o trabalho, contribuir para ampliar o conhecimento sobre o

funcionamento de APLs e sua relevância para o incremento da competitividade em

empresas de pequeno porte.

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO

Para atender aos objetivos da pesquisa, essa dissertação foi estruturada em cinco

capítulos. O primeiro, caracteriza-se pela parte introdutória com a contextualização

sobre a temática abordada, o problema de pesquisa, os objetivos geral e específicos e a

justificativa.

O segundo capítulo compreende o referencial teórico que aborda primeiramente o

aspecto histórico que apresenta a substituição do modelo fordista pelo modelo flexível

de produção que trouxe, entre outros, a retomada da valorização da pequena empresa e o

estudo das relações de cooperação entre as empresas. Ainda nesse capítulo, é

apresentada a importância das micro e pequenas empresas e a facilidade que as mesmas

possuem em constituir arranjos organizacionais. A partir desse ponto foram levantados

os principais conceitos e definições relacionados a aglomerações produtivas e temas

como distrito industrial, cluster, redes, milleu inovador e arranjos produtivos locais,

elencando-se, por meio da literatura, motivações, ações estratégicas e benefícios

envolvidos em arranjos produtivos locais. Neste capítulo, foram identificadas as

variáveis analíticas que serviram de base para construção do instrumento de pesquisa

desse estudo e foi levantada a problemática da temática que norteia o desenvolvimento

do trabalho da pesquisa.

O terceiro capítulo apresenta a construção da metodologia utilizada, especificando o

tipo de pesquisa, o esquema metodológico, o universo/amostra da pesquisa, as variáveis

analíticas, explica como o instrumento de pesquisa foi construído e como os dados

foram coletados e tratados. No quarto capítulo são apresentados e discutidos os

resultados obtidos envolvendo os APLs de Panificação e Cerâmica Vermelha do RN.

Por último, o quinto capítulo tece comentários e considerações acerca da pesquisa e seus

resultados, apresentando as contribuições e limitações do trabalho.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA

Na década de 1970, segundo Costa (2010), o estudo dos “novos espaços produtivos”

emerge como centro do debate contemporâneo, em função da ruptura do regime de

acumulação fordista e do modo de regulação keynesiano. No sentido de melhor

compreender como essa tendência passou a ser foco de atenção é necessário que se

explique a evolução histórica por meio das mudanças ocorridas no modo de acumulação

e formas de regulação da economia.

Para Costa (2010), a Primeira Revolução Industrial, ponto culminante da evolução

histórica, pode ser decomposta em três etapas: 1) na segunda metade do século XVIII,

caracterizada por um sistema chamado de putting-out system, aplicado basicamente na

indústria têxtil, onde os comerciantes compravam a matéria-prima e pagavam as

famílias para que em suas residências executassem tarefas específicas do processo

produtivo; 2) quando as diversas etapas do processo produtivo foram centralizadas em

um único lugar com o intuito de aumentar o controle da qualidade, a produtividade e

reduzir custos; 3) na primeira metade do século XIX, com a crescente mecanização da

produção e o acirramento da decomposição das tarefas entre trabalhadores.

Ainda para Costa (2010), na segunda metade do século XIX, com a alteração da

base energética - Segunda Revolução Industrial - surgiram os grandes conglomerados

industriais, marcando o início do sistema de produção em massa que se estendeu de

1870 a 1920. O regime de acumulação fordista ou sistema industrial moderno, do pós –

guerra até o início da década de 1970, está diretamente relacionado com a manutenção

de um amplo mercado consumidor, estabilidade e grandes investimentos, apoiados pelo

modo de regulação keynesiano.

De acordo com Harvey (2005), nos anos entreguerras o estado das relações de classe

no mundo capitalista não era propício à fácil aceitação por parte dos trabalhadores de

um sistema de produção que se apoiava em longas horas de trabalho puramente

rotinizado. Os trabalhadores queriam participar das decisões e não apenas executar

aquilo que outros decidiam.

Para Lima e Assis (2000), os movimentos sócio-políticos tinham como propósito

ampliar os direitos do cidadão e garantir melhores condições de vida ao indivíduo. São

exemplos destes: as lutas pela extensão do chamado estado do bem-estar-social; as

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reivindicações por melhoria nos serviços de base (saúde, educação, moradia e

transporte) e as batalhas pela emancipação da mulher.

Até 1974, segundo Passos (1999), os padrões tecnológicos e os de gestão das

empresas capitalistas tinham fundamento nos desdobramentos e avanços ocorridos ao

longo deste século, tanto no que se refere ao padrão tecnológico eletro-mecânico dos

equipamentos do capital fixo, como no modelo fordista-taylorista de organização dos

processos de trabalho, e, ainda, da estrutura empresarial departamentalizada do

fayolismo.

De acordo com Castells (1999), os anos 70 trouxeram um novo paradigma

econômico, o qual configura a Terceira Revolução, baseado nas tecnologias da

informação, incluindo um conjunto de tecnologias em microeletrônica e seus

desdobramentos (informática, telemática, eletrônica de consumo, etc), novos materiais e

biotecnologia. A Terceira Revolução refere-se às tecnologias que transformam,

processam e comunicam informações em uma velocidade e capacidade cada vez

maiores, com custo cada vez menor, conectando e desconectando indivíduos, grupos,

regiões e países, conforme os interesses destes, numa rede mundial de recuperação e

distribuição de informações.

Este novo paradigma, de acordo com Passos (1999), vem sendo denominado sob as

mais variadas formas, em função da ênfase de cada autor em determinado aspecto. Os

modelos de gestão podem ser encontrados sob a designação de produção de alta

performance, fabricação enxuta, produção enxuta, ohnismo, automação flexível, just in

time/kan-ban e toyotismo, entre outros.

Conforme Borin (2006), a palavra-chave da organização industrial nos anos 80 foi

flexibilidade, a qual estava relacionada a fatores como intensificação da concorrência

internacional e mudanças na demanda do consumidor que suscitavam modificações no

sistema produtivo, como capacidade de fornecer uma maior variedade de produtos,

ciclos de produtos abreviados e ritmos de inovação acelerados.

Para Castells (1999), uma tendência do modo de acumulação flexível ou na

chamada pós-modernidade industrial, é a crise da empresa de grande porte,

conseqüência da crise da produção padronizada em massa, que faz renascer a produção

artesanal personalizada e especialização flexível, bem recebida pelas pequenas

empresas.

Este contexto de mudanças deu início a um novo padrão competitivo marcado pela

flexibilidade produtiva, pela adaptabilidade das fronteiras organizacionais e pela busca

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constante de inovações, segundo Balestrin e Verschoore (2008). Para os mesmos

autores, os limites organizacionais tornaram-se maleáveis e imprecisos, caracterizando

as relações com outras empresas não apenas como transações de mercado, mas também

como formas de aprendizado, oportunidades tecnológicas e possibilidades de obter

ativos complementares. A dicotomia competição – cooperação passa a ser a marca das

relações econômicas capitalistas contemporâneas.

De acordo com Britto (2002), dentre os estudos de diferentes escolas de

pensamento, no que diz respeito à análise dos fatores envolvidos com um melhor

desempenho competitivo, observa-se uma crescente convergência na análise não apenas

da empresa individual, mas principalmente na investigação das relações entre as

empresas e entre estas e as demais instituições. Para o autor, a amplitude e a

complexidade das interdependências entre empresas tem sido estudada cada vez mais,

através da utilização de um recorte analítico baseado no conceito genérico de rede.

Essa questão também foi objeto da análise de Castells (1999), com base no

argumento de que as redes interorganizacionais aparecem sob diferentes formas, em

diferentes contextos e a partir de expressões culturais diversas. Exemplo disso são as

redes familiares nas sociedades chinesas; as redes de empresários oriundos de ricas

fontes tecnológicas dos meios de inovação, como no Vale do Silício; as redes

hierárquicas comunais do tipo keiretsu japonês; as redes organizacionais de unidades

empresariais descentralizadas de antigas empresas verticalmente integradas e forçadas a

se adaptarem às realidades atuais; as redes horizontais de cooperação, como as

existentes no norte da Itália, e as redes internacionais resultantes de alianças estratégicas

entre grandes empresas que operam em diversos países.

2.2 MICRO E PEQUENAS EMPRESAS

Durante muito tempo, a teoria econômica não deu muita importância ao tema das

pequenas empresas e empreendedorismo, não só em função da indiscutível relevância

das grandes empresas, mas também por causa da inadequação metodológica da teoria

dominante (YOU, 1995; DI TOMMASO; DUBBINI, 2000).

Para Amaral Filho (2011), nas duas últimas décadas, o mundo assistiu ao forte

ressurgimento da importância das micro e pequenas empresas, mudando a certeza, pelo

menos para alguns setores, de que ser grande é muito vantajoso, diluindo a convicção de

que as grandes empresas são lugares seguros para o trabalho, onde estão as melhores

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fontes de remuneração para o trabalhador, além da transformação ocorrida no ambiente

institucional e macroeconômico, em benefício do empreendedorismo e da rotina das

pequenas empresas.

Ainda para o mesmo autor, essas mudanças foram facilitadas, de forma significativa,

pelas transformações estruturais verificadas, especialmente na década de 1990,

destacando: a)crise do planejamento e da intervenção regionais centralizadores;

b)reestruturação do mercado; c)megametropolização, seguida pela emergência de

megaproblemas urbanos; d) globalização e abertura econômica; e)tecnologia da

informação e telecomunicações.

Neste sentido, o fato é que, atualmente, o empreendedorismo e as pequenas

empresas são tidas como motor do crescimento, fontes de muitos empregos e

promotores da competitividade (ACS; AUDRETSCH; STROM, 2009).

Neste contexto e de acordo com o SEBRAE (2011), o bom desempenho da

economia brasileira na última década, aliado às políticas de crédito, vem impulsionando

a ampliação das micro e pequenas empresas (MPEs) no país e confirmaram a expressiva

participação na estrutura produtiva nacional.

Evidencia-se que a partir da década de 90, as aceleradas mudanças do cenário

mundial, caracterizado por uma dinâmica e incerteza colocaram para as empresas,

independente da sua dimensão, o desafio constante de enfrentar a intensificação das

competições, aumento do poder do cliente e redução do ciclo dos produtos.

Em geral, segundo Casarotto Filho e Pires (1998), as grandes empresas têm

condições suficientes para dominar todas as etapas da cadeia de valor (logística, P&D,

produção, marketing). De modo contrário, este é um dos grandes problemas da pequena

e média empresa (PME), as quais não possuem competência para dominar todas as

etapas da cadeia de valor, como também, capacitação para gerir todas essas etapas.

Aliado a esse problema, as PMEs sofrem muitas dificuldades, de acordo com

Balestrin e Vargas (2004), no que se refere ao acesso à informação, ao alcance a novos

mercados, em obter melhores preços e vantagens na compra de matérias primas e

componentes, custos de reciclagem e treinamento da mão-de-obra, custos de

participação em feiras, custos de campanhas publicitárias, atualização tecnológica,

custos envolvidos na exportação de produtos, acesso a linhas de crédito e

financiamento, etc.

Apesar das desvantagens que as PMEs têm em relação às grandes empresas, Pikman

et al. (1998), apresentam como característica das PMEs, que as grandes empresas não

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possuem, e que podem representar vantagem competitiva, a baixa intensidade de capital

e alta intensidade de mão-de-obra, o que faz com que elas tenham maiores condições de

fornecer produtos diferenciados e serviços que demandam alguma habilidade específica.

Para Silva (2004), as pequenas empresas têm demonstrado flexibilidade para

constituir arranjos organizacionais, valorizando a estrutura simples, mais dinâmica,

inovadora e sensível às exigências de mercado e prestando atendimento personalizado

ao consumidor.

Nesta linha de pensamento, para Amato Neto (2000), a formação e o

desenvolvimento de redes de empresas vem ganhando relevância não só para as

economias de vários países industrializados, como Itália, Japão e Alemanha, mas

também para os chamados países emergentes – México, Chile, Argentina e Brasil.

2.3 AGLOMERAÇÕES PRODUTIVAS

A análise do período pós – 1970, segundo Costa (2007), demonstra um verdadeiro

despertar em relação aos estudos das atividades aglomeradas de pequenas e médias

empresas, as quais ganharam notoriedade em função da crise do paradigma fordista-

keynesiano e ascensão do modo de produção flexível.

A releitura sobre aglomerações produtivas, segundo Zdebski (2011), remonta aos

escritos do economista Alfred Marshall que destaca a importância das aglomerações

industriais, denominadas de “distritos industriais”, para o desenvolvimento das

pequenas empresas por estarem concentradas na manufatura de produtos específicos e

geograficamente próximas, apresentando economias externas e redução nos custos de

transação.

As externalidades são o que Marshall (1985), em sua análise dos distritos industriais

na Inglaterra, denominou de retornos crescentes de escala, que são externos à firma, mas

internos ao sistema local. Assim, a aglomeração de produtores especializados é capaz de

atrair outras empresas que atuam na mesma indústria ou de setores correlatos e de

apoio, promovendo ganhos de escala.

Para Susigan et. al. (2006), citado em Ribeiro e Pessanha (2010), as economias

externas, apontadas por Marshall, podem ser incidentais, decorrentes de: (a) existência

de um amplo contingente de mão-de-obra especializada e com habilidades específicas

ao sistema local; (b) presença e atração de um conjunto de fornecedores especializados

de matéria-prima, componentes e serviços, e (c) grande disseminação dos

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conhecimentos, habilidades e informações, por meio de transbordamentos locais (spill-

overs), concernentes ao ramo de atividade dos produtores locais.

Neste contexto, para Mendonça (2008), as externalidades marshallianas são obtidas

por vantagens aglomerativas da escala territorial local, restritas aos ganhos de

especialização-localização e decorrentes de economias externas às firmas, mas internas

à aglomeração produtiva, sendo relacionadas com a forma de organização da produção.

De acordo com Fonseca Netto (2002), as externalidades marshallianas estão

relacionadas com: a) a oferta de mão-de-obra local/regional especializada; b) a presença

local/regional de fornecedores de matérias-primas e de bens de capital; c) a proximidade

de mercados (domésticos e internacionais); d) a disponibilidade de recursos naturais

específicos no local/região; e) a presença de economias de escala; f) a presença de infra-

estrutura física suficiente e adequada a produção; g) encadeamento à jusante, à

montante e horizontais extensivos no processo de produção; h) ganhos tecnológicos via

transbordamentos (spillovers) de conhecimento; i) o acesso fácil à informação.

Para Borin (2006), o fenômeno da Terceira Itália que engloba as micro-regiões:

Vêneto, Trentino, Friuli-Venezia, Giulia, Emília-Romagna, Toscana, Marche e parte da

Lobardia fez emergir outro bloco teórico influente, que apresenta estudos oriundos das

aglomerações produtivas tradicionais de pequenas e médias empresas, muitas das quais

familiares, sendo considerada uma versão dos distritos industriais marshallianos.

Segundo Lemos (2003), uma visão complementar a dos distritos italianos é o

conceito de milieu inovador, desenvolvido pela Escola de Ciência Regional de língua

francesa, por meio do Groupe de Recherche Européen sur les Milieux Innovateurs

(GREMI). Camagni (1991), define um milieu inovador como o local ou a complexa

rede de relações sociais em uma área geográfica limitada, que intensifica a capacidade

inovativa local pelo processo de aprendizado sinergético e coletivo.

Conforme Lemos (2003), a noção de milieux inovadores ressalta as relações criadas

entre os diferentes agentes de uma aglomeração local, que propiciam a formação de um

ambiente inovador, consideradas não apenas as relações econômicas, mas também as

sociais, culturais e psicológicas, inerentes a uma aglomeração específica.

Ao se inserir num aglomerado produtivo, a firma de menor porte passa a ter

oportunidade de se associar a uma gama de ligações locais envolvendo usuários,

produtores, setores produtores de conhecimento – tais como universidades e institutos

de P&D – e setores produtores de bens e serviços da economia. Esses setores produtores

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do conhecimento estimulam o aprendizado e a inovação necessária para transformar as

indústrias tradicionais (NADVI, 1995; NADVI; SCHMITZ, 1997; UNCTAD, 1998).

Os estudos sobre inovação tem como referência Joseph Schumpeter, que desde

meados dos anos 50, atribuiu importância ao papel da mudança tecnológica na

configuração da firma e dos mercados, além de fornecer à inovação um lugar de

destaque na teoria do desenvolvimento econômico. Seus estudos não conseguiram

influenciar decisivamente o pensamento dominante a sua época sendo retomado através

da linha evolucionista ou neo-shumpeteriana (TIGRE, 1998).

Para Mendonça (2008), o aglomerado permite o desenvolvimento de

interdependências não comercializáveis, na forma de transmissão de conhecimento

tácito, não codificado e intencional. As externalidades schumpeterianas estão

relacionadas com a criação de um ambiente inovativo, caracterizado por: (a) elevado

número de pessoas envolvidas em atividades de design e inovação; b) elevado nível de

qualificação da mão de obra; (c) recorrentes trocas de pessoal entre fornecedores e

usuários; (d) proximidade com universidades e centros de pesquisa; (e) presença de

associações de classe e comerciais dedicadas à qualificação da força de trabalho,

capacitação tecnológica das firmas, assistência de rotina às atividades produtivas

técnicas e produtivas, comerciais e financeiras; (f) intensa cooperação entre firmas

competidoras.

Outro enfoque que ressalta a importância da articulação entre as empresas e que

incorpora a dimensão territorial é o de cluster. De acordo com Schmitz (1995), cluster é

uma concentração geográfica e setorial de empresas que não pressupõe necessariamente

a especialização e cooperação entre firmas. Para o mesmo autor, quando um cluster

desenvolve formas de colaboração que levam à intensificação da produção e da sua

capacidade de inovar, um distrito industrial será constituído.

Para Porter (1998), a partir dos trabalhos feitos nos distritos industriais italianos,

clusters são concentrações geográficas de organizações e instituições de certo setor,

abrangendo uma rede de indústrias inter-relacionadas e outras entidades importantes

para a competitividade. Segundo o mesmo autor, os clusters podem afetar a competição

de três formas: aumentando a produtividade das empresas, direcionado a inovação e

estimulando a formação de novos negócios.

Dentre as peculiaridades do cluster, Porter (1998), destaca o ganho de eficiência

coletiva, entendida como a vantagem competitiva derivada das economias externas

locais e da ação conjunta para o desenvolvimento local. Essas vantagens podem variar

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de simples aumento de conhecimento sobre o mercado até intensa melhoria na

qualidade e na rapidez do desenvolvimento de produtos e conseqüente aumento de

faturamento.

Já de acordo com Lastres e Cassiolato (2005), cluster se refere à aglomeração

territorial de empresas, com características similares, enfatizando, em algumas

concepções, mais o aspecto da concorrência do que o da cooperação.

Outra abordagem sobre articulação entre empresas, e, consequência de um novo

ambiente de negócios globalmente interligado, conforme Balestrin e Verschoore (2008),

é o surgimento e evolução de redes. Para esses autores, a organização na forma de rede

de cooperação reúne empreendimentos com objetivos comuns, densamente inter-

relacionados, estando estruturada para desenvolver e manter ganhos coletivos, sem que

cada participante venha a perder sua autonomia de gestão.

Casarotto Filho e Pires (1998), apresentam dois tipos básicos de redes de empresas:

redes topdown e redes flexíveis. O primeiro tipo, a rede topdown, é composta de uma

empresa-mãe que coordena sua cadeia de fornecedores e subfornecedores em vários

níveis. Neste caso, o fornecedor é dependente das estratégias da empresa-mãe, não

tendo flexibilidade e poder de influência na rede.

O segundo tipo, a rede flexível, tem como característica a cooperação entre

empresas independentes, formando um consórcio que administra a rede como se fosse

uma grande empresa. Segundo os autores, as redes flexíveis possuem uma grande

variedade de tipos e estruturas funcionais, de acordo com o segmento de mercado em se

encontram, o produto envolvido e o nível de cooperação entre as empresas. Faz-se

necessário mencionar que o conceito de redes flexíveis se assemelha ao conceito de

cluster.

De acordo com Balestrin e Vargas (2004), três fatores ajudam a explicar o sucesso

das redes e pequenas empresas: as economias de escala por meio de redes, a confiança e

a cooperação que existem com a competição, e o estado de bem estar social causado

pelo aumento da eficiência coletiva de setores industriais regionais.

A viabilidade econômica das redes podem ser explicados pela ênfase na economia

dos custos de transação. Conforme Mendonça (2008), e de acordo com a Teoria dos

Custos de Transação, a vantagem que o mercado oferece em termos de economia de

escala é reduzido pelos custos crescentes derivados de negociar, redigir, implementar e

verificar a execução adequada das cláusulas contratuais (os custos de transação).

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Schmitz (1997), mostra que os custos de transação podem ser reduzidos por meio da

eficiência coletiva conquistada pela colaboração horizontal.

Para Lemos et. al. (2003), as externalidades transacionais que são externas às

firmas, porém internas ao aglomerado produtivo estão relacionadas com: a) existência

de cooperação entre firmas competidoras baseada em relações de confiança altamente

desenvolvidas ; b) existência de potencial de cooperação para complementar recursos e

aprendizagem; c) presença de eficiência coletiva que reduz os custos de transação; d)

existência de contatos entre empresas formais e informais; e) presença de confiança

recíproca entre os atores; f) existência de contratos mais flexíveis; g) trocas frequentes

de informações e conhecimento entre os atores locais de forma não codificada; h)

influência da governança interna; i) contribuição da governança interna de modo a

facilitar o processo de compras, vendas e marketing em conjunto.

No sentido de reduzir os custos de transação e coordenar as atividades humanas, as

sociedades desenvolvem as instituições, dotadas de um conjunto de regras formais e

informais que para Bueno (2004), passa a fazer parte da matriz institucional das

sociedades, cuja dinâmica será sempre path dependency.

A teoria institucional, segundo Balestrin e Verschoore (2008), buscou tratar a

dependência como um conceito central na configuração das redes, no entanto, a

dependência não é de recursos materiais, e sim, de recursos de legitimação. Assim, as

organizações buscam ganhar legitimidade no momento de estruturar-se em redes. Esses

estudos focam os mecanismos institucionais pelos quais as relações interorganizacionais

são iniciadas, negociadas, desenhadas, coordenadas, monitoradas, adaptadas e

terminadas.

O acesso a um ambiente institucional fortalecido e propício pode contribuir para a

sobrevivência e o crescimento dos aglomerados produtivos, podendo ocorrer por meio:

a) da criação de instituições que favorecem a interação entre empresas, reduzindo a

assimetria de informação e, conseqüentemente, os custos de transação (STORPER,

1995); b) da criação de aspectos culturais, estreitando laços de confiança, interação

social, identidade e objetivos comuns (PIORE; SABEL, 1984); c) da criação de

instituições políticas e sociais de apoio, estimulando o desenvolvimento de atividades

de parceria e transformando as redes em sistemas mais amplos de inovação e de

produção, em nível local, regional e nacional (BEST, 1990; PIORE; SABEL, 1984;

MORGAN; SAYER, 1988; STORPER; SCOTT, 1993); d) da redução dos custos

relacionados à informação e à comunicação, reduzindo riscos associados à introdução

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de novos produtos e reduzindo o tempo da inovação, por meio das relações

estabelecidas entre usuários e produtores (LUNDVAL, 1988); e) do desenvolvimento de

políticas voltadas para aproximar os APLs às instituições de ensino, pesquisa e agentes

econômicos, permitindo oportunidades de aprendizado por interação (TIGRE, 2006,

MAILLAT; KELBIR, 1999, CASSIOLATO; LASTRES, 2003).

Por fim é importante salientar que as diversas abordagens teóricas não devem ser

vistas como excludentes e sim como complementares com o objetivo de fazer uma

leitura mais completa da complexidade do conceito de aglomerados produtivos.

2.4 ESTRATÉGIA E COMPETITIVIDADE

Segundo Soares (1999), a gênese da palavra estratégia, no nível empresarial, pode

ser encontrada após a Segunda Guerra Mundial, quando o ambiente das organizações

passou a ser instável, demonstrando que não era possível que todas as empresas

tivessem um crescimento indefinido, em um mercado cujos limites passaram a ser

móveis. A essência da estratégia, no mundo das organizações, consiste em enfrentar a

concorrência.

Nesse sentido, a estratégia representa a escolha de um caminho de ação, uma vez

definidos os objetivos, para que a empresa possa utilizar, adequadamente, os recursos

físicos, financeiros e humanos, tendo em vista a sua sobrevivência, manutenção,

crescimento e desenvolvimento no mercado.

Nessa linha de pensamento, Ansoff e McDonnell (1993), conceituam estratégia

como as regras e diretrizes para a decisão, que orientam o processo de desenvolvimento

de uma organização. As decisões estratégicas são aquelas que permitem a empresa se

desenvolver e perseguir seus objetivos da melhor forma possível, considerando-se suas

relações com o ambiente em que se insere.

Para Porter (1991), estratégia competitiva “é a busca de uma posição competitiva

favorável em uma indústria, a arena fundamental onde ocorre a concorrência. A

estratégia competitiva visa estabelecer uma posição lucrativa e sustentável contra as

forças que determinam a concorrência da indústria.”

De acordo ainda com Porter (1991), estratégia é criar uma posição exclusiva e

valiosa, envolvendo um diferente conjunto de atividades. A estratégia está preocupada

com objetivos de longo prazo e os meios para alcançá-los que afetam o sistema como

um todo. Esta definição caracteriza a estratégia como o elemento que conecta os

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objetivos em longo prazo, às metas e ações, dentro de um processo sistêmico, que

envolve toda a organização, estabelecendo, por sua vez, uma conexão com os recursos

necessários para sua efetiva implementação.

Mintzberg (2004), oferece mais uma definição do termo estratégia, aplicada aos

negócios, conhecida no meio acadêmico como os "5 P's”, através de cinco definições de

estratégia, a saber, : plano - uma direção a seguir -, padrão – consistência de

comportamento ao longo do tempo-, posição - definição de determinados produtos em

determinados mercados - , perspectiva – maneira da organização fazer as coisas -,

pretexto – manobra específica para desconcertar o concorrente. As perspectivas

sistematizadas por Mintzberg (2004), podem ser complementares umas das outras,

consoante à situação em análise, não sendo incompatíveis entre si. Por isso,

normalmente utilizam-se em simultâneo, algumas das perspectivas analisadas quando se

define um conceito de estratégia. Vale destacar que a estratégia atinge toda a empresa,

procurando definir a direção e orientando à empresa competitivamente.

A partir do estudo da estratégia como plano e padrão, Mintzberg et. al. (2000),

afirmou que as intenções plenamente realizadas podem ser chamadas de estratégias

deliberadas e as não realizadas de estratégias irrealizadas. A estratégia emergente surge

quando um padrão realizado não era pretendido e foram tomadas providências que

convergiram com o tempo para algum tipo de consistência ou padrão. Assim, poucas ou

nenhuma estratégias são puramente deliberadas ou emergentes. A primeira significa

aprendizado zero e a segunda representa controle zero.

Para Mintzberg (1998), a imagem que melhor representa o processo de elaboração

de uma estratégia é a criação artesanal, pois a arte requer as qualidades tradicionais de

habilidade, dedicação e perfeição, que se manifestam no domínio dos detalhes.

A observação e a análise de clusters de negócios, sob a ótica da estratégia, sugerem

que esse tipo de agrupamento manifesta uma natureza sistêmica, cujo reconhecimento

conduz a uma compreensão mais ampla do próprio fenômeno cluster. Nesse sentido,

Zaccarelli et. al. (2008) afirmam que o conjunto de empresas de um cluster forma um

sistema, que pode ser entendido como uma entidade supra-empresarial, e que, embora

essa entidade possa ser considerada “uma abstração”, ela apresenta comportamento com

características próprias, que não existem nas empresas isoladamente. Esses

pesquisadores definem entidade supraempresarial como um sistema instituído pelo

relacionamento entre um conjunto de negócios ligados a um produto, linha, categoria ou

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35

mercado, que apresenta efeitos sistêmicos de amplificação da capacidade competitiva

do sistema e de seus componentes em relação a empresas situadas externas a ele.

Segundo uma perspectiva sistêmica de análise, para Cassiollato e Lastres (2003), a

competitividade da firma não depende apenas de sua conduta individual, mas também

de variáveis macroeconômicas, político-institucionais, reguladoras, sociais e de infra-

estrutura, em níveis local, nacional e internacional.

Para os mesmos autores, essa compreensão supõe que o aproveitamento das

sinergias coletivas geradas pelas interações entre empresas e destas com os demais

atores do ambiente onde se localizam – envolvendo cooperação e processos de

aprendizado e inovação interativos – são determinantes da competitividade desses

aglomerados produtivos. Daí porque tal abordagem vem sendo crescentemente adotada

em políticas orientadas para ampliação da competitividade de países e regiões.

Para Borin (2006), nos últimos anos, crescente importância tem sido atribuída à

consolidação de sistemas produtivos como fator de incremento à competitividade da

indústria, além, de alguns estudos revelarem que a participação de pequenas empresas

nesses sistemas possibilita o acesso a recursos e competências especializadas

disponíveis em escala local, o que permite o aprofundamento de processos de

aprendizado e favorece uma inserção mais dinâmica às empresas, numa concorrência

que se intensifica e se torna mais globalizada.

Ainda para a mesma autora, as novas condições competitivas, impõem desafios

específicos à sobrevivência de pequenas empresas, geralmente mais vulneráveis no que

se refere a canais de suprimento comercialização e financiamento. Neste contexto,

existem evidências de que a inserção de pequenas empresas em sistemas produtivos

reforça suas possibilidades de sobrevivência e crescimento, na medida em que favorece

a capacitação produtiva e tecnológica dessas empresas e amplia suas possibilidades de

acesso àqueles canais.

Os benefícios que um aglomerado produtivo pode propiciar são vários, como, por

exemplo, o acesso facilitado à matéria-prima e à mão de obra especializada (LASTRES;

CASSIOLATO, 2005); à economias de escala; ao desenvolvimento de barreiras aos

novos entrantes (FERREIRA JUNIOR; TEIXEIRA, 2007); à redução dos custos de

transação; à redução de custos em pesquisas; à promoção do desenvolvimento local

(ANDRIGHI; HOFFMAMM, 2008), entre outros. Entre os diversos benefícios que

podem ser identificados, os que sobressaem na literatura sobre as vantagens da

proximidade geográfica referem-se à disseminação da informação, à transferência do

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conhecimento e ao aprendizado organizacional (BALESTRIN; FAYARD, 2003;

HOFFMANN, MOLINA-MORALES; MARTINEZ-FERNANDEZ, 2004).

Conforme Garcia et al. (2004), as vantagens competitivas das empresas em

aglomerações industriais são de duas naturezas: as economias externas puras, de caráter

incidental, e as ações conjuntas que são estabelecidas pelos agentes econômicos.

Para os mesmos autores, as economias externas são provenientes do extenso

processo de divisão do trabalho encontrado nos sistemas locais de produção e da

especialização dos produtores, o que motiva a manutenção de interações entre os atores

econômicos de forma mais frequente, e, leva, por meio da interação, ao

desenvolvimento de um processo local de aprendizado. Os benefícios são apropriados

pelo conjunto dos produtores, mesmo que de forma assimétrica, de acordo com a

capacidade de comando da cadeia local (e global) de produção.

Conforme Schmitz (1997), a concentração das empresas em aglomerações

industriais é capaz de proporcionar um maior escopo para o estabelecimento de ações

conjuntas deliberadas, que são resultado de construções sociais específicas dos agentes

locais e se transformam em importantes ganhos de competitividade para as empresas.

Amato Neto (2000), ressalta que a cooperação interempresarial pode viabilizar o

atendimento de uma série de necessidades das empresas que seriam de difícil satisfação

se as empresas atuassem isoladamente, destacando: a) a combinação de competências e

know-how de outras empresas; b) um menor custo na realização de pesquisas

tecnológicas; c) compartilhamento do desenvolvimento de conhecimentos adquiridos;

d)compartilhamento de recursos; e) partilhar riscos e custos de explorar novas

oportunidades; f) fortalecer o poder de compra; g) obter mais força para participar de

mercados internacionais.

Além das economias externas incidentais, entretanto, os agentes locais (empresas e

instituições) podem reforçar sua capacidade competitiva por meio de ações conjuntas

deliberadas, tais como compra de matérias primas, promoção de cursos de capacitação

gerencial e formação profissional, criação de consórcios de exportação, contratação de

serviços especializados, estabelecimento de centros tecnológicos de uso coletivo,

cooperativas de crédito, entre outros. A conjugação das economias externas incidentais

com as obtidas por ações conjuntas deliberadas resulta na chamada “eficiência

coletiva”, principal determinante da capacidade competitiva das empresas locais

(SCHMITZ; NADVI, 1999).

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37

Para Costa (2007), o desenvolvimento de um arranjo produtivo não é algo pré-

concebível. As ações implementadas devem condizer com as especificidades locais e

serem política e socialmente respaldadas, tanto no âmbito interno quanto externo. O

mesmo autor, ressalta algumas ações a serem implementadas nos aglomerados

produtivos, com vistas ao seu desenvolvimento, como: a) aglutinação dos produtores em

cooperativas e associações de modo que as compras realizadas aos fornecedores possam

ser conjunta; b) estruturar central de armazenamento; c) reciclar e aproveitar resíduos;

d) extrair racionalmente os recursos naturais; e) ações de responsabilidade social; f)

reorganizar as linhas de produção; g) estimular ações inovativas; h) utilizar

equipamentos de modo coletivo; i) aproximar os aglomerados de instituições

acadêmicas e de pesquisas; j) desenvolver novos equipamentos; k) ofertar capacitação

técnica; l) divulgar os produtos dos aglomerados e as atividades das empresas; m)

padronizar as embalagens e os produtos; n) elaborar programa de marketing; o)

implementar controle de qualidade; p) criar design moderno e competitivo para os

produtos; q) elaborar estudos de mercados; r) elaborar banco de potenciais clientes.

Todas as ações citadas, de acordo com Costa (2007), cabem à própria iniciativa

privada e ao grupo gestor do aglomerado produtivo, podendo ser complementadas com

um programa estatal de incentivo. Nesse sentido, ao Estado, além da sua participação

indireta por intermédio de seus representantes, cabe executar qualquer esforço que

garanta aos produtores regionais o acesso a mercados extra-regionais e criar uma infra-

estrutura econômica que dê suporte as ações implementadas.

2.5 ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS

Na literatura, conforme Costa e Costa (2007), a denominação 'arranjo produtivo

local' está associada aos estudos sobre clusters e distritos industriais realizados

principalmente por economistas italianos, com o objetivo de analisar o desenvolvimento

daquele país a partir dos anos de 1970.

Para Pannicia (1998), clusters e distritos industriais são formas da organização

produtiva cujas manifestações apresentam caráter histórico, resultante de

entrelaçamento de ambiente econômico, de elementos culturais e de relações sociais

particulares, apresentando características associadas à história do território sob o qual se

desenvolvem. Assim, ao se estudar situações reais, constata-se uma variedade de

configurações, decorrentes da presença mais ou menos desenvolvida daqueles atributos.

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38

Já para Costa e Maior (2006), clusters, arranjos produtivos locais e distritos

industriais são denominações parecidas e as diferenciações entre elas são provenientes

das suas origens teóricas e abordagens sobre a análise do grau de relação entre os

membros do agrupamento e vertentes oriundos dele.

Segundo Borin (2006), independente da nomenclatura - distrito industrial; clusters;

milieu inovador; sistema produtivo local; ou arranjo produtivo local, redes de empresas,

o que deve chamar a atenção são os elementos estruturantes comuns para o

desenvolvimento de um arranjo produtivo.

Ainda de acordo com Borin (2006), os diversos trabalhos realizados em países como

Itália, Brasil, México, França, Estados Unidos etc., para quaisquer que sejam as

diferentes denominações utilizadas o grau de especialização ou a amplitude das

cooperações interempresas, colocaram em foco a importância das estruturas sociais que

condicionam as atividades econômicas, o peso da história e das tradições locais de

cooperação, a influência de instituições baseadas em regras, formais ou informais, em

valores e em representações que organizam a comunidade humana de trabalho.

Conforme Costa e Costa (2007), a expressão arranjo produtivo local (APL) é empregada

para representar uma forma de organização industrial cuja estrutura é constituída por um

aglomerado de empresas – de um modo geral de pequeno e médio porte – localizadas

territorialmente e relacionadas entre si, onde existe pouca presença de barreiras à

entrada seja de capital, de conhecimento, técnico, ou de outra natureza qualquer; por

apresentar um produto representativo, em torno do qual se desenvolvem atividades

subsidiárias a montante e a jusante; ter uma institucionalidade constituída por

associações empresariais, sindicatos, organizações fornecedoras de serviços reais,

governo local, além de se poder encontrar, ainda, normas, cultura e valores que dão

identidade específica ao local.

Segundo Cassiolato e Lastres (2003), o termo APL é originalmente brasileiro,

adotado, inclusive, em publicações oficiais do governo federal, como estratégia

prioritária dentro das políticas de desenvolvimento, sendo sua identificação e

implementação proveniente das bases teóricas de distritos industriais. Para os mesmos

autores, a formação de arranjos e sistemas produtivos locais encontra-se geralmente

relacionada a trajetórias históricas de construção de identidades e de formação de

vínculos territoriais (regionais e locais), a partir de uma base social, cultural, política e

econômica comum. O desenvolvimento dos arranjos é favorecido em ambientes

propícios à interação, à cooperação e à confiança entre os atores.

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Para Barbosa (2004), o conceito de arranjos produtivos locais refere-se ao

agrupamento ou aglomeração de empresas, que concentradas geograficamente,

especializam-se na produção ou no desenvolvimento de um determinado produto, seja

primário, secundário ou terciário. Já para Sampaio e Mundim (2004), o arranjo

produtivo local é composto por uma microrrede principal que tem como função incubar

outras microrredes, constituindo, assim, encadeamentos produtivos para frente e para

trás.

De acordo com Tavares et. al. (2010), é possível identificar alguns elementos

convergentes entre as várias definições. De maneira geral, as aglomerações produtivas

são geralmente definidas a partir de quatro elementos principais: a) concentração

espacial de empresas que executam atividades semelhantes e complementares, b)

conjunto de instituições locais públicas e privadas que apoiam as empresas locais, c)

existência de vínculos interorganizacionais verticais e horizontais e d) concordância

ampla em torno de normas gerais de conduta fundamentados por vínculos sociais e

culturais.

Levando em consideração que os APLs podem apresentar diferenciações

significativas, em virtude da sua capacidade dinâmica, Mytelka e Farinelli (2000),

dividem os APLs (cluster) em informais, organizados e inovativos. Os APLs informais

geralmente são formados por um grande número de pequenas empresas, com baixo

nível tecnológico, cujos gestores possuem pouca ou nenhuma capacidade e formação

gerencial, proporcionando, por um lado, uma dinâmica acentuada na geração de

emprego e, por outro lado, dificultando o processo de cooperação interfirmas.

Ainda para esses autores, os APLs organizados são constituídos, geralmente, por

PMEs, onde a capacidade tecnológica encontra-se em expansão, a mão-de-obra recebe

treinamento constante e a capacidade gerencial tende a se elevar com o passar do tempo,

sendo sua principal característica a capacidade de coordenação entre as empresas.

Para Mytelka e Farinelli (2000), os APLs inovativos são baseados em setores nos

quais a capacidade inovativa é a grande chave de seu desempenho, caracterizado por

elevada capacidade gerencial e adaptativa, nível e treinamento da mão de obra acima da

média, vinculação estreita ao mercado externo, além de um elevado grau de confiança e

cooperação entre os agentes. Para os autores, os informais e os organizados são a forma

predominante nos países periféricos, sendo os inovativos a forma mais encontrada nos

países centrais.

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De acordo com Tristão (2000), a importância de um cluster ou APL está em

viabilizar ações que permitam enfrentar e criar alternativas para as empresas em face da

concorrência desenfreada que a globalização de mercado impôs aos diversos setores da

economia. Essas ações levam ao aumento da produtividade, pois possibilitam, por meio

da integração de empresas, o alcance de matéria-prima, mão-de-obra, maquinário,

informação, produtos e serviços mais qualitativos e até inovadores .

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41

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.1 ESQUEMA METODOLÓGICO

Para alcance dos objetivos da pesquisa, foram realizados os procedimentos

metodológicos apresentados na Figura 1. A princípio, foi realizada uma revisão da

literatura que proporcionou elencar variáveis analíticas presentes no instrumento de

pesquisa utilizado na coleta dos dados, os quais foram tratados e tiveram seus resultados

analisados.

Figura 1 – Esquema Metodológico

Fonte: Elaborado pelo autor

Revisão da literatura

sobre estratégia e

competitividade

Revisão da literatura

sobre aglomerações

produtivas

Revisão da literatura

sobre arranjos

produtivos locais

Identificação das motivações, ações

estratégicas e benefícios envolvidos em APLs

na teoria

Definição das variáveis analíticas

Coleta dos dados nos

APLs de Cerâmica

Vermelha e

Panificação

Construção do

instrumento de

pesquisa

Análise dos

Resultados

Tratamento

dos dados

Considerações

finais

Contextualização

histórica

Revisão da literatura

sobre micro e

pequenas empresas

Validação do

Instrumento de

pesquisa

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3.2 TIPO DE PESQUISA

A pesquisa, a partir do seu objetivo, é do tipo exploratório por permitir identificar

através do levantamento bibliográfico e aplicação de questionários com as lideranças

das empresas participantes dos arranjos produtivos locais de Cerâmica Vermelha e de

Panificação do RN, o estudo das motivações, ações estratégicas e benefícios envolvidos

nesses APLs. Para Malhotra (2001), a pesquisa exploratória, é a que tem como objetivo

prover o pesquisador de um maior conhecimento sobre o tema ou problema de pesquisa.

Assim, o propósito da pesquisa não foi o de fornecer uma resposta definitiva ao

problema e sim proporcionar maiores esclarecimentos sobre o funcionamento dos APLs

no RN.

Por se tratar de uma pesquisa que descreve as características da população dos dois

APLs, o trabalho pode ser classificado como descritivo, de natureza aplicada e cuja

modalidade é de um estudo de caso, uma vez que, o objeto de estudo, é específico, bem

delimitado, contextualizado em tempo e lugar.

No sentido de cumprir o objetivo geral do trabalho foram utilizados como

procedimentos técnicos a pesquisa bibliográfica, embasada em conceitos sobre

aglomerações produtivas, micro e pequenas empresas, estratégia e competitividade e

arranjos produtivos locais, além da pesquisa de campo com a aplicação de

questionários.

A abordagem da pesquisa foi do tipo quantitativa por tratar-se de uma pesquisa

voltada para elementos quantificados pelo instrumento de pesquisa (questionário).

3.3 UNIVERSO/AMOSTRA

A pesquisa foi realizada com todos os empresários do APL de Cerâmica Vermelha e

de Panificação do RN, o que configura uma pesquisa censitária. Cada APL compreende

25 micro e pequenas empresas, totalizando 50 empresas. A área de abrangência do APL

de Cerâmica Vermelha compreende os municípios de Parelhas, Carnaúba dos Dantas,

Acari, Cruzeta, Jardim de Piranhas, Itajá, Assú, Apodi, Mossoró, Tangará, Goianinha,

Macaíba e São Gonçalo do Amarante. Já o APL de Panificação tem como abrangência

os municípios de Natal, Parnamirim e Macaíba.

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Os APLs estudados fazem parte do Programa de Apoio à Competitividade das

Micro e Pequenas Indústrias – PROCOMPI – resultado de uma parceria entre o Serviço

Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) e a Confederação

Nacional da Indústria (CNI), desde 2004, cuja governança é realizada pelo Instituto

Euvaldo Lodi – IEL/RN e SEBRAE/RN e onde todas as empresas tem faturamento

anual bruto de até R$ 3.600.000,00 (três milhões e seiscentos mil reais).

3.4 COLETA DE DADOS

A coleta de dados fez uso das seguintes técnicas: a) pesquisa bibliográfica que,

segundo Oliveira (1999), visa o conhecimento de contribuições científicas; b) aplicação

de questionário, estruturado em função de itens verificados no referencial teórico e

apresentado no apêndice deste trabalho.

O procedimento de pesquisa bibliográfica compreendeu o levantamento, seleção e

fichamento das contribuições científicas relativas ao tema, buscando o entendimento do

assunto em questão, ao se organizar e revisar as bases conceituais relativas a

aglomerações produtivas, arranjo produtivo local, estratégia e micro e pequenas

empresas.

Como critérios direcionadores da literatura pesquisada foram utilizados artigos

dissertações e teses tomando como ponto de partida o uso das palavras “arranjos

produtivos locais e micro e pequenas empresas”, no título dos trabalhos. Como fontes

principais de pesquisa foram consultadas dissertações e teses recentes (2007 - 2011),

nas áreas de engenharia de produção, administração e economia, além de artigos

nacionais publicados, principalmente, em eventos (Encontro Nacional de Engenharia de

Produção – ENEGEP; Encontro Nacional da ANPAD - EnANPAD) e revistas

científicas. Além disso, foram consultadas publicações de instituições como CEPAL,

SEBRAE e IPEA e artigos publicados no período 2007 – 2011, na RAE, Revista de

Economia e Anais do SIMPEP.

Os dados primários foram levantados através da pesquisa de campo, in loco, em

reunião dos APLs, com a presença da pesquisadora, com duração de duas horas, e

compreendeu a aplicação de questionário estruturado destinado as lideranças/gestores

das empresas dos APLs. Antes da aplicação final dos questionários, os mesmos foram

validados com dois empresários do segmento de panificação e cerâmica vermelha, com

o fim de verificar o entendimento do conteúdo do instrumento de pesquisa. No APL de

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panificação foram respondidos 17 questionários de 25 empresas o que corresponde a

68% de questionários respondidos, sendo que 14 ou 82% dos questionários foram

considerados válidos, uma vez que três questionários foram respondidos de forma

incompleta. No APL de Cerâmica Vermelha foram respondidos 19 questionários de 23

empresas, ou seja, 83% dos questionários, sendo 100% considerados válidos. Na data da

aplicação dos questionários, o APL de cerâmica vermelha não mais contava com 25

empresas e sim com 23, pois duas empresas desistiram de participar do PROCOMPI.

3.5 VARIÁVEIS ANALÍTICAS

As variáveis analíticas foram elencadas a partir do procedimento da pesquisa

bibliográfica que subsidiou a construção do referencial teórico, como descritas nos

quadros 1, 2 e 3.

Quadro 1 – Motivações envolvidas em aglomerações produtivas Externalidades Motivações Referência

Marshallianas

A oferta de mão-de-obra especializada

local

Susigan et. al. (2006, apud

Ribeiro e Pessanha, 2010);

Fonseca Neto (2002);

Mendonça (2008);

Marshall (1985).

A presença de fornecedores no

local/região

Susigan et. al. (2006, apud

Ribeiro e Pessanha, 2010);

Fonseca Neto (2002).

Proximidade de mercados domésticos e

internacionais

Fonseca Neto (2002).

Disponibilidade de recursos naturais Fonseca Neto (2002)

Presença de economias de escala Fonseca Neto (2002);Marshall

(1985).

Infra-estrutura física adequada a

produção

Fonseca Neto (2002).

Encadeamento à jusante, à montante e

horizontal

Fonseca Neto (2002).

Existência de disseminação da

informação

Fonseca Neto (2002);

Susigan et. al. (2006, apud

Ribeiro e Pessanha, 2010).

Acesso fácil à informação. Fonseca Neto (2002);

Susigan et. al. (2006, apud

Ribeiro e Pessanha, 2010).

Schumpeterianas

Existência de um elevado número de

pessoas engajadas em atividades de

inovação

Camagni (1991); Lemos (2003);

Mendonça (2008).

Existência de nível elevado de

qualificação da mão de obra.

Mendonça (2008.)

Presença de complexa rede de relações

sociais

Camagni (1991); Lemos (2003).

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45

Externalidades Motivações Referência

Schumpeterianas

Proximidade com universidades e

centros de pesquisa.

Nadvi (1995); Nadvi e Schmitz

(1997); Mendonça

(2008);UNCTAD (1998).

Presença de associações de classe e

comerciais dedicadas à qualificação da

força de trabalho

Mendonça (2008).

Presença de associações de classe e

comerciais dedicadas capacitação

tecnológica das firmas

Mendonça (2008).

Presença de associações de classe e

comerciais dedicadas assistência de

rotina às atividades produtivas,

comerciais e financeiras.

Mendonça (2008).

Presença de uma cooperação intensa

entre firmas competidoras

Mendonça (2008).

Transacionais

Presença de relações de confiança

desenvolvidas.

Lemos et. al. (2003);

Balestrin e Vargas (2004).

Existência de potencial de cooperação

para complementar recursos e

aprendizagem.

Lemos et. al. (2003)

Presença de eficiência coletiva Schmitz(1997);Mendonça(2008)

Contatos entre empresas formais e

informais.

Lemos et. al. (2003)

Presença de confiança recíproca entre os

atores.

Lemos et. al. (2003)

Trocas frequentes de informações e

conhecimento entre os atores locais de

forma não codificada.

Lemos et. al. (2003)

Influência da governança interna de

modo a facilitar o processo de compras,

vendas e marketing.

Lemos et. al. (2003)

Institucionais

Existência de instituições que favorecem

a interação entre empresas

Storper, (1995).

Existência de aspectos culturais que

estreitam os laços de confiança.

Piore e Sabel (1984).

Existência de objetivos comuns. Piore e Sabel (1984).

Existência de instituições políticas e

sociais de apoio de apoio a atividades de

parceria.

Best (1990); Piore e Sabel

(1984); Morgan e Sayer (1988);

Storper e Scott (1993).

Existências de relações estabelecidas

entre usuários e produtores.

Lundval (1988).

Institucionais

Existência de políticas voltadas para

aproximar os APLs às instituições de

ensino e pesquisa.

Tigre (2006)

Maillat & Kelbir, (1999);

Cassiolato e Lastres (2003).

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Quadro 2 – Ações estratégicas envolvidas em aglomerações produtivas Ações estratégicas (*) Referência

Compras de matérias – primas em conjunto.

SCHMITZ E NADVI, 1999

Promoção de cursos de capacitação gerencial e formação

profissional.

Criação de consórcios de exportação.

Contratação de serviços especializados.

Estabelecimento de centros tecnológicos de uso coletivo.

Estabelecimento de cooperativas de crédito.

Estruturar central de armazenamento. Costa (2007)

Reciclar e aproveitar resíduos.

Extrair racionalmente os recursos naturais.

Realizar ações de responsabilidade social.

Reorganizar as linhas de produção.

Estimular ações inovativas.

Utilizar equipamentos de modo coletivo.

Aproximar os aglomerados de instituições acadêmicas e

de pesquisas.

Desenvolver novos equipamentos.

Divulgar os produtos dos aglomerados e as atividades das

empresas.

Padronizar as embalagens e os produtos.

Elaborar programa de marketing.

Implementar controle de qualidade.

Criar design moderno e competitivo para os produtos.

Elaborar estudos de mercados.

Elaborar banco de potenciais clientes.

(*) As ações estratégicas foram elencadas a partir de estudos de casos de segmentos específicos

de APLs, por isso não são relacionadas com abordagens teóricas.

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Quadro 3 – Benefícios envolvidos nas aglomerações produtivas Tipo de

Aglomeração

Benefícios Referência

Distrito

Industrial

Redução dos custos de transação. Zdebski (2011);

Andrighi e Hoffmann (2008);

Schmitz (1997);

Iacono e Nagano (2010).

Acesso facilitado à matéria-prima. Lastres e Cassiolato

(2005);Tristão (2000).

Retornos crescentes de escala. Marshall (1985).

Acesso facilitado à mão de obra especializada. Marshall (1985);

Lastres e Cassiolato

(2005); Tristão (2000).

Promoção do desenvolvimento local. Andrighi e Hoffmamm (2008);

Zdebski (2011);

Mendonça (2008).

Cluster Aumento da produtividade das empresas. Porter (1998);

Tristão (2000).

Estímulo à formação de novos negócios. Porter (1998).

Aumento do faturamento. Porter (1998).

Redes Compartilhamento de riscos. Amato Neto (2000).

Alcance de novos mercados. Iacono e Nagano (2010).

Compartilhamento de conhecimento. Amato Neto (2000).

Compartilhamento de recursos. Amato Neto (2000).

Fortalecimento do poder de compra. Amato Neto (2000).

Desenvolvimento de barreiras aos novos

entrantes.

Ferreira Junior e Teixeira

(2007).

Redução de custos em pesquisas. Andrighi e Hoffmann (2008);

Amato Neto (2000).

Disseminação da informação. Balestrin e Fayard

(2003); Hofmann, Molina -

Morales e Martinez- Fernandez

(2004).

Transferência do conhecimento e do

aprendizado organizacional.

Balestrin e Fayard

(2003);

Hofmann, Molina - Morales e

Martinez- Fernandez (2004);

Amato Neto (2000);

Zdebski (2011);

Iacono e Nagano (2010).

Millieu

inovador

Maior capacidade inovativa. Camagni (1991);

Tristão (2000).

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48

3.6 INSTRUMENTO DE PESQUISA

O instrumento de pesquisa é constituído de quatro blocos, com número de questões

diferenciado, construído a partir das variáveis analíticas listadas nos quadros 1, 2 e 3.

O primeiro bloco tem o objetivo de identificar a empresa que faz parte do APL. O

segundo bloco refere-se às motivações, o terceiro às ações estratégicas e o quarto é

relativo aos benefícios.

O instrumento de pesquisa utiliza a escala Likert de 11 pontos, variando de zero a

dez, ou seja, cada questão apresenta onze alternativas de resposta, onde (0) possui nível

incipiente, evoluindo gradualmente para (10), que assume um valor representativo de

motivação, ação estratégica e benefício.

As motivações (bloco 2) foram elencadas a partir das externalidades marshallianas

(questões 1 a 10), shumpeterianas (questões 11 a 18), transacionais (questões 19 a 28) e

institucionais (questões 29 a 34). O bloco 2 do instrumento foi redesenhado com base

no questionário elaborado por Fabricio Molica de Mendonça, no trabalho que tem o

título de “ Formação, Desenvolvimento e Estruturação de Arranjos Produtivos Locais

da Indústria Tradicional do Estado de Minas Gerais”, no quadro condicionantes

territoriais.

As ações estratégicas (bloco 3 – questões 1 a 23) foram elencadas a partir de

necessidades de segmentos específicos encontrados em teses e dissertações relativas a

estudos de caso em APLs, por isso não seguem escolas ou abordagens teóricas.

Os benefícios (bloco 4 – questões 1 a 19) foram listados a partir das diferentes

abordagens de aglomerações produtivas (distrito industrial, cluster, redes de empresas e

milleu inovador).

3.7 TRATAMENTO DOS DADOS

Os dados coletados foram tabulados e tratados por meio dos métodos inerentes a

estatística descritiva, uma vez que se trata de uma pesquisa censitária, com a utilização

do programa Excel.

A estatística descritiva compreende um conjunto de métodos para a organização,

apresentação e descrição de dados representativos do comportamento de uma variável,

podendo ser utilizados tabelas, gráficos e medidas que resumem a distribuição desta

variável.

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49

Os resultados, para fins de análise foram dispostos em tabelas, contendo as médias

dos grupos de variáveis analíticas, dispostas em ordem decrescente, como também

foram apresentadas as médias de cada variável analítica. As médias calculadas

significaram o grau de concordância dos entrevistados em relação às afirmações

contidas no instrumento de pesquisa.

A análise foi realizada comparando o grupo de variáveis que ficou acima da média

geral e o grupo que ficou abaixo da média geral. Na análise das variáveis, foram

destacadas as que mais contribuíram para alavancar a média geral e as que mais

contribuíram para que a média tivesse um baixo desempenho.

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50

4 ANALISE DOS RESULTADOS

4.1 RESULTADOS RELATIVOS AO APL DE PANIFICAÇÃO

4.1.1Motivações percebidas pelos empresários do APL de Panificação

No processo de identificação das motivações, as externalidades, presentes nas

micro e pequenas empresas de panificação estudadas, são apresentadas na Tabela 1.

Tabela 1 - Médias das externalidades presentes no APL de Panificação

Externalidades Médias

Marshallianas 7,06

Institucionais 6,80

Transacionais 5,46

Shumpeterianas 5,29

Média Geral 6,13

Fonte: Pesquisa

A partir da Tabela 1 verifica-se que a maior média encontrada, quando

comparada com média geral dos questionários aplicados, é das externalidades

marshallianas (7,06), o que sugere que as motivações envolvidas no APL de

panificação são provenientes de vantagens da escala territorial local, ou seja, dos ganhos

de especialização-localização, como afirma Mendonça (2008).

Dentre as variáveis analíticas contidas nas externalidades marshallianas

destacaram-se como motivações, por possuir média acima de 7,06, a proximidade em

relação ao mercado doméstico (9,36); existência de disseminação da informação (8,86),

de relacionamentos cooperativos entre as empresas que fazem a cadeia de valor (8,79);

existência no local de infraestrutura física adequada à produção (8,14), a presença de

fornecedores no local de matéria – prima (7,71) eacesso fácil à informação (7,64),

como pode ser verificado na Tabela 2.

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51

Tabela 2 – Médias das variáveis analíticas contidas nas externalidades marshallianas

Questões Variáveis analíticas Médias

4 Proximidade de mercados domésticos e internacionais 9,36

10 Existência de disseminação da informação 8,86

9 Encadeamento à jusante, à montante e horizontais 8,79

8 Infraestrutura física adequada á produção 8,14

2

A presença de fornecedores no local de matéria -

prima 7,71

7 Acesso fácil à informação 7,64

3

A presença de fornecedores no local de máquinas e

equipamentos 6,07

6 Presença de economias de escala 5,79

5 Disponibilidade de recursos naturais 4,64

1 A oferta de mão de obra especializada local 3,57

Média Geral 7,06 Fonte: Pesquisa

O destaque das externalidades marshallianas, no segmento de panificação,

sugere que as motivações ou condicionantes territoriais servem como vantagens

competitivas locacionais (proximidade em relação ao mercado doméstico, existência no

local de infraestrutura física adequada à produção, a presença de fornecedores no local

de matéria – prima) favoráveis à formação do aglomerado, considerando ainda, que uma

aglomeração de produtores especializados é capaz de atrair outras empresas do mesmo

segmento econômico e de apoio à produção, o que segundo Marshall (1985), promove

ganhos de escala.

Nesse caso, o resultado sugere, ainda, que o desempenho da firma pode ser

fortalecido ou influenciado pelo desempenho geral da indústria (existência de

disseminação da informação, acesso fácil à informação), ou seja, em um aglomerado

econômico formado por empresas de pequeno porte, o desenvolvimento da empresa, de

forma isolada, tem dependência do desenvolvimento do conjunto das fábricas que são

do mesmo gênero e estão localizadas na vizinhança.

As externalidades institucionais, que apresentaram a segunda maior média

(6,80), estão relacionadas à dependência de recursos de legitimação, segundo Balestrin e

Verschoore (2008). As variáveis analíticas que apresentaram média acima de 6,80, na

composição das externalidades institucionais, como pode ser visto na Tabela 3,

evidenciam a existência de objetivos comuns (8,50), de relações estabelecidas entre

clientes e produtores (8,07), de instituições que favorecem a interação entre as empresas

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52

(7,29) e da existência do apoio de instituições no desenvolvimento de atividades de

parceria (6,93).

Tabela 3 – Médias das variáveis analíticas contidas nas externalidades institucionais

Questões Variáveis analíticas Médias

31 Existem objetivos comuns 8,50

33 Existem relações estabelecidas entre clientes e produtores 8,07

29 Existem instituições que favorecem a interação entre as empresas 7,29

32

Existe apoio de instituições no desenvolvimento de atividades de

parceria 6,93

30 Existem aspectos culturais que fortalecem os laços de confiança 5,50

34

Há políticas voltadas para aproximar os APLs às instituições de ensino

e pesquisa 4,50

Média Geral 6,80 Fonte: Pesquisa

A princípio, é possível compreender o destaque obtido pelas externalidades

institucionais, uma vez que, as empresas são de pequeno porte e a busca pela

legitimidade pode ser facilitada por um grupo de firmas, em vez da atuação isolada de

empresas. O destaque da existência de objetivos comuns sugere a valorização do

potencial de cooperação, evidenciando, no entanto, que a presença de sujeitos que

favoreçam a interação entre as empresas e apoiem o desenvolvimento de atividades de

parceria não significa a existência do fortalecimento dos laços de confiança, conforme

indica o resultado encontrado.

Por outro lado, os outros dois tipos de externalidades que apresentaram resultado

abaixo da média geral foram as externalidades transacionais (5,46) e as shumpeterianas

(5,29). No que se refere às externalidades transacionais, evidencia-se que as variáveis

analíticas que apresentaram menor média, apresentadas na Tabela 4, são relativas à

influência da governança no processo de compras (1,29) e de vendas (4,0), o contato

entre empresas formais e informais (4,93) e a presença de confiança recíproca entre os

atores (5,21).

De um modo geral, o resultado encontrado para as externalidades transacionais

indica que as empresas apresentam pontos restritivos à cooperação, situação já apontada

nas externalidades institucionais, onde foi encontrado um potencial para cooperação,

mas fracas relações de confiança, sendo esta última ratificada nas externalidades

transacionais. O contato entre as empresas formais e informais indica a partir do

entendimento do tipo de relação de confiança apresentado, que a competição prevalece

sobre a cooperação. Outro ponto de destaque diz respeito à presença da governança do

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53

APL, a qual, de acordo com o resultado, não tem reduzido os custos de transação

esperados em compras e vendas.

Tabela 4 – Médias das variáveis analíticas contidas nas externalidades transacionais

Questões Variáveis analíticas Médias

21

Existência de potencial de cooperação para complementar

recursos 6,93

25

Trocas frequentes de informações e conhecimento entre os

atores locais de forma não codificada 6,93

22

Existência de potencial de cooperação para complementar

aprendizagem 6,71

20 Presença de eficiência coletiva 6,57

19 Presença de relações de confiança desenvolvidas 6,07

28

Influência da governança interna de modo a facilitar o

processo de marketing 5,93

24 Presença de confiança recíproca entre os atores 5,21

23 Contatos entre empresas formais e informais 4,93

27

Influência da governança interna de modo a facilitar o

processo de vendas 4,00

26

Influência da governança interna de modo a facilitar o

processo de compras 1,29

Média Geral 5,46 Fonte: Pesquisa

Já para as externalidades shumpeterianas, as variáveis analíticas que

apresentaram média abaixo da média geral, de acordo com a Tabela 5, foram a presença

de complexa rede de relações sociais (1,21) e existência de nível elevado de

qualificação da mão de obra (3,07).

Tabela 5 – Médias das variáveis analíticas contidas nas externalidades shumpeterianas

Questões Variáveis analíticas Médias

17

Presença de associações de classe e comerciais dedicadas a assistência de

rotina às atividades produtivas, comerciais e financeiras. 7,93

14 Proximidade com universidades e centros de pesquisa 6,93

15

Presença de associações de classes e comerciais dedicadas a qualificação da

força de trabalho. 6,29

11

Existência de um elevado número de pessoas engajadas em atividades de

inovação 5,86

18 Presença de uma cooperação intensa entre firmas competidoras. 5,57

16

Presença de associações de classes e comerciais dedicadas a capacitação

tecnológica das firmas 5,50

12 Existência de nível elevado de qualificação da mão de obra 3,07

13 Presença de complexa rede de relações sociais 1,21

Média Geral 5,29 Fonte: Pesquisa

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54

O resultado encontrado pode ser explicado a partir da compreensão que em

empresas de pequeno porte a qualificação da mão de obra, geralmente, ocorre na rotina

da produção, para o trabalho requerido, não havendo um elevado nível de qualificação

dos empregados, propício à criação do ambiente inovativo. O destaque para a baixa

presença de complexa rede de relações sociais pode representar a dificuldade de troca

de informações, de conhecimento entre empresas e sujeitos que produzem conteúdo de

maior valor agregado, uma vez que os recursos para acesso a esse conteúdo e rede, são

escassos para as pequenas empresas.

4.1.2 Ações estratégicas identificadas pelos empresários do APL de Panificação

As ações estratégicas identificadas foram agrupadas de acordo com as quatro

perspectivas do Balanced Scorecard de Kaplan e Norton (2004), apresentadas na Tabela

6.

Tabela 6 - Médias das ações estratégicas presentes no APL de Panificação

Ações estratégicas Médias

Financeira 6,36

Clientes 8,27

Processos 7,91

Aprendizado e crescimento 8,73

Média Geral 8,11

Fonte: Pesquisa

Os resultados encontrados apresentam como médias acima da média geral a

perspectiva de aprendizado e crescimento (8,73) e dos clientes (8,27). No âmbito do

aprendizado e crescimento, como pode ser visto na Tabela 7, os empresários percebem

como principais ações estratégicas o estímulo a ações de inovação (9,29), a promoção

de capacitação gerencial e formação profissional (9,21) e aaproximação dos

aglomerados de instituições acadêmicas e de pesquisas (8,93).

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Tabela 7 – Médias das variáveis analíticas contidas nas ações estratégicas da perspectiva

de aprendizado e crescimento Questões Variáveis analíticas Médias

12 Estimular ações inovativas 9,29

2 Promoção de cursos de capacitação gerencial e formação profissional 9,21

23 Aproximar os aglomerados de instituições acadêmicas e de pesquisas 8,93

14 Desenvolvimento de novos equipamentos 7,50

Média Geral 8,73 Fonte: Pesquisa

As ações estratégicas compreendidas no grupo aprendizado e crescimento são as

percebidas, pelos empresários, como as que podem desenvolver os empregados,

tecnologia e cultura relacionada, principalmente, à inovação.

Para Ansoff e McDonnell (1993), a estratégia orienta o processo de

desenvolvimento de uma organização, ou seja, é um processo decisório com o fim de

criar valor. Assim, parece existir uma relação entre as motivações shumpeterianas que

apresentaram última posição, dentre as motivações do APL de panificação e as ações

estratégicas de aprendizado e crescimento. As empresas de panificação estudadas não

estão envolvidas em um aglomerado porque o grupo oferece, a priori, inovação. Pelo

contrário, esta situação se configura como um processo crítico que necessita de uma

ação deliberada para o APL, ou seja, uma ação estratégica.

No que se refere à perspectiva dos clientes, evidenciam-se as ações de divulgar

os produtos dos aglomerados e as atividades das empresas (9,36); elaborar programas de

marketing (9,29), criar design moderno e competitivo para os produtos (9,29), elaborar

estudos de mercado (9,14), elaborar banco de potenciais clientes (9,00) e padronizar as

embalagens e os produtos (8,50), apresentados na Tabela 8.

Tabela 8 - Médias das variáveis analíticas contidas nas ações estratégicas da perspectiva

de cliente

Questões Variáveis analíticas Médias

15 Divulgar os produtos dos aglomerados e as atividades das empresas 9,36

18 Elaborar programas de marketing 9,29

20 Criar design moderno e competitivo para os produtos 9,29

21 Elaborar de estudos de mercado 9,14

22 Elaborar banco de potenciais clientes 9,00

17 Padronizar as embalagens e os produtos 8,50

10 Realizar ações de responsabilidade social 7,43

3 Criação de consórcios de exportação 4,14

Média Geral 8,27 Fonte: Pesquisa

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56

A perspectiva do cliente como segunda maior média, revela preocupação com o

desempenho da empresa em relação ao mercado. A partir do entendimento de que na

empresa privada o objetivo maior costuma ser o lucro, percebe-se que em empresas de

pequeno porte, onde na maioria dos casos, proprietários se confundem com gestores, o

interesse pelo lucro, provavelmente, domina as decisões da empresa, explicando a

atenção com o mercado.

No que diz respeito à perspectiva de processos de ações estratégia, destacam-se,

como pode ser visto na Tabela 9, as ações de padronizar as embalagens e os produtos

(9,50); padronizar as embalagens e os produtos (9,43); compras de matérias - prima em

conjunto (9,14); reorganizar as linhas de produção (9,07); estabelecimento de centros

tecnológicos de forma coletiva (9,0); contratação de serviços especializados (8,86);

reciclagem e aproveitamento de resíduos (8,07).

Tabela 9 - Médias das variáveis analíticas contidas nas ações estratégicas da perspectiva

de processos internos

Questões Variáveis analíticas Médias

16 Padronizar as embalagens e os produtos 9,50

19 Implementar controle de qualidade 9,43

1 Compras de matérias - prima em conjunto 9,14

11 Reorganizar as linhas de produção 9,07

5 Estabelecimento de centros tecnológicos de forma coletiva 9,00

4 Contratação de serviços especializados 8,86

9 Reciclagem e aproveitamento de resíduos 8,07

7 Estruturar central de armazenamento 7,21

8 Extrair racionalmente os recursos naturais 6,14

13 Utilizar equipamentos de forma coletiva 2,50

Média Geral 7,91 Fonte: Pesquisa

A posição em penúltimo lugar das ações estratégicas na perspectiva dos

processos pode ser relacionada com as externalidades transacionais, que também

obtiveram a mesma posição (terceiro lugar), uma vez que, entre as empresas estudadas

existe uma relação caracterizada mais pela competição do que pela cooperação, com

fracas relações de confiança.

No que diz respeito à perspectiva financeira, as empresas parecem não

apresentar grande interesse para o estabelecimento de uma cooperativo de crédito

(6,36), talvez em decorrência do segmento já ter realizado esforço nesse sentido e a

cooperativa ter fechado as suas atividades.

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57

4.1.3 Benefícios identificados pelos empresários do APL de Panificação

Os benefícios identificados foram agrupados de acordo com as características

das abordagens teóricas relacionadas a aglomerações produtivas, apresentadas na Tabela

10.

Tabela 10 - Médias das abordagens teóricas presentes no APL de Panificação

Abordagem teórica Médias

Milleu Inovador 8,86

Cluster 8,24

Redes 7,89

Distrito Industrial 6,91

Média Geral 7,74

Fonte: Pesquisa

A Tabela 10 apresenta que a maior média obtida, em relação às características de

aglomeração produtiva foi a do milleu inovador, a qual destaca a variável de capacidade

inovativa com a mesma média (8,86). Em termos de benefício, o resultado significa que

na percepção dos empresários, a maior vantagem para a empresa estabelecer relações de

cooperação em um grupo de empresas refere-se à formação de um ambiente inovador.

Este resultado sugere que embora os empresários participem de uma aglomeração

econômica movidos por vantagens territoriais (externalidades marshallianas), percebem

que o maior benefício de participar de um APL seria criar um ambiente inovador,

ratificando o resultado da maior média encontrada, nas ações estratégicas, ser a

aprendizado e crescimento e a menor média observada nas motivações ser a das

externalidades shumpeterianas.

As características de cluster aparecem como a segunda maior média (8,24),

destacando-se o aumento do faturamento (8,57) e o estímulo à formação de novos

negócios (8,36), como principais benefícios, como pode ser observado na Tabela 11.

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Tabela 11 - Médias das variáveis analíticas contidas na abordagem de cluster

Questões Variáveis analíticas Médias

8 Aumento do faturamento 8,57

7 Estímulo à formação de novos negócios 8,36

6 Aumento da produtividade das empresas 7,79

Média Geral 8,24 Fonte: Pesquisa

Nesse caso, também, o resultado pode ser relacionado com o resultado das ações

estratégicas que se referem à perspectiva de clientes, segunda maior média,

evidenciando a preocupação da empresa em criar valor para o seu cliente e com o seu

desempenho no mercado. Ressalta-se ainda, que de acordo com Schmitz (1995), cluster

não pressupõe necessariamente a especialização e cooperação entre firmas, situação

evidenciada pelo resultado das externalidades transacionais com a baixa presença de

confiança recíproca entre os atores, embora exista um potencial de cooperação por meio

dos objetivos comuns, variável encontrada nas externalidades institucionais.

Para as redes (média de 7,89) que também obtiveram posição acima da média

geral das abordagens (7,74), as variáveis analíticas que se destacaram foram a de

compartilhamento de conhecimento (9,07), compartilhamento de riscos (8,86), alcance

de novos mercados (8,64), compartilhamento de recursos (8,57), transferência do

conhecimento (8,07), fortalecimento do poder de compra (8,0) e disseminação da

informação (8,0), como pode ser visto na Tabela 12.

Tabela12 - Médias das variáveis analíticas contidas na abordagem de rede

Questões Variáveis analíticas Médias

11 Compartilhamento de conhecimento 9,07

9 Compartilhamento de riscos 8,86

10 Alcance de novos mercados 8,64

12 Compartilhamento de recursos 8,57

17 Transferência do conhecimento 8,07

13 Fortalecimento do poder de compra 8,00

16 Disseminação da informação 8,00

18 Transferência do aprendizado organizacional 7,86

15 Redução de custos em pesquisas 7,14

14 Desenvolvimento de barreiras aos novos entrantes 4,71

Média Geral 7,89 Fonte: Pesquisa

A possível configuração de rede para as empresas estudadas aponta para o que o

que Casarotto e Pires (1998) classificou como redes flexíveis, uma vez que, a

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59

cooperação ocorre entre empresas independentes, conceito que se assemelha a definição

de cluster e cuja viabilidade está na ênfase da economia dos custos de transação.

Nesse sentido, observa-se que a posição da abordagem de redes, é da mesma

ordem (terceiro lugar) que as externalidades transacionais, o que sugere que a maioria

das variáveis analíticas destacadas na abordagem de redes necessita de relações de

confiança fortalecidas, não destacadas na pesquisa.

Com média abaixo da média geral é verificada a abordagem de distrito industrial

(6,91), destacando-se como inferiores a média o acesso facilitado à matéria prima (5,43)

e acesso facilitado à mão de obra especializada (5,71), conforme Tabela 13.

Tabela 13 - Médias das variáveis analíticas contidas na abordagem de distrito industrial

Questões Variáveis analíticas Médias

1 Redução dos custos de transação 8,57

5 Promoção do desenvolvimento local 7,64

4 Retornos crescentes de escala 7,50

3 Acesso facilitado à mão de obra especializada 5,71

2 Acesso facilitado à matéria prima 5,43

Média Geral 6,91 Fonte: Pesquisa

Segundo Schmitz (1995), quando um cluster desenvolve formas de cooperação

que levam à intensificação da produção e da sua capacidade de inovar, um distrito

industrial está formado. A partir dessa afirmação, compreende-se a posição do distrito

industrial, considerando o resultado das externalidades shumpeterianas e transacionais,

ou seja, as empresas estudadas apresentam necessidade de criar um ambiente inovativo,

por meio de estratégias de aprendizado e crescimento, além de desenvolver laços de

confiança.

4.2 RESULTADOS RELATIVOS AO APL DE CERÂMICA VERMELHA

4.2.1 Motivações percebidas pelos empresários do APL de Cerâmica Vermelha

As externalidades, presentes nas micro e pequenas empresas de cerâmica

vermelha estudadas, são apresentadas na Tabela 14.

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Tabela 14 - Médias das externalidades presentes no APL de Cerâmica Vermelha

Externalidades Médias

Institucionais 6,07

Marshallianas 5,91

Transacionais 4,69

Shumpeterianas 4,64

Média geral 5,28

Fonte: Pesquisa

Dentre as externalidades encontradas no APL de cerâmica vermelha, destacam-

se as institucionais (6,07) e marshallianas (5,91), por apresentarem média acima da

média geral de todas as motivações (5,28). Como pode ser visto na Tabela 15, para as

externalidades institucionais, as variáveis analíticas que ficaram acima da média (6,07)

são relativas à existência de relações estabelecidas entre clientes e produtores (7,35), de

objetivos comuns (7,18), de instituições que favorecem a interação entre empresas

(6,33) e de apoio de instituições no desenvolvimento de atividades de parceria (6,18).

Tabela 15 - Médias das variáveis analíticas contidas nas externalidades institucionais

Questões Variáveis analíticas Médias

33 Existem relações estabelecidas entre clientes e produtores 7,35

31 Existem objetivos comuns 7,18

29 Existem instituições que favorecem a interação entre as empresas 6,33

32

Existe apoio de instituições no desenvolvimento de atividades de

parceria 6,18

30 Existem aspectos culturais que fortalecem os laços de confiança 5,06

34

Há políticas voltadas para aproximar os APLs às instituições de ensino e

pesquisa 4,00

Média Geral 6,07 Fonte: Pesquisa

Em função das externalidades institucionais constituírem a maior média entre as

motivações observadas, pode-se deduzir que dentre as principais motivações para o

envolvimento dos empresários da cerâmica vermelha em um APL, diz respeito à

existência de instituições (Sindicato, Federação das Indústrias, SEBRAE, IEL, etc) que

podem facilitar ou promover o aumento do processo de desenvolvimento endógeno.

Este desenvolvimento ocorre quando as instituições fazem a interlocução entre as

empresas e entre estas e estruturas de suporte, proporcionando aprendizado coletivo,

geração e disseminação de conhecimento e inovação. Evidencia-se também, que o

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61

resultado encontrado indica que as empresas de cerâmica vermelha tem potencial de

cooperação (existência de objetivos comuns), embora os aspectos culturais não

fortaleçam os laços de confiança.

Conforme Tabela 16, para as externalidades marshallianas, as variáveis

analíticas que apresentaram média acima de 5,91 foram disponibilidade de recursos

naturais (7,12), infraestrutura física adequada a produção (7,12), presença de

fornecedores no local de matéria – prima (6,94), proximidade de mercados domésticos e

internacionais (6,47), presença de economias de escala (6,12), existência de

disseminação da informação (6,06) e encadeamento à jusante, à montante e horizontais

(5,71).

Tabela 16 - Médias das variáveis analíticas contidas nas externalidades marshallianas

Questões Variáveis analíticas Médias

5 Disponibilidade de recursos naturais 7,12

8 Infraestrutura física adequada à produção 7,12

2 A presença de fornecedores no local de matéria - prima 6,94

4 Proximidade de mercados domésticos e internacionais 6,47

6 Presença de economias de escala 6,12

10 Existência de disseminação da informação 6,06

9 Encadeamento à jusante, à montante e horizontais 5,94

7 Acesso fácil à informação 5,71

1 A oferta de mão de obra especializada local 5,06

3 A presença de fornecedores no local de máquinas e equipamentos 2,53

Média Geral 5,91 Fonte: Pesquisa

As externalidades marshallianas como segunda maior média sugere que os

empresários percebem como motivações os atributos advindos do território onde estão

localizados. Evidencia-se ainda, que o resultado encontrado, pode indicar que esses

atributos ou ativos do local não são independentes, uma vez que, as variáveis analíticas

em destaque obedecem a uma ordem, iniciando com a disponibilidade de recursos

naturais, seguida de infraestrutura adequada para a produção, presença de fornecedores

de matéria – prima e proximidade com o mercado consumidor. Observa-se ainda que o

destaque da variável “disponibilidade de recursos naturais” revela a importância que a

região tem, uma vez que, é rica em argila, matéria – prima necessária para o tipo de

indústria estudada. Pode-se dizer que o território funciona, nesse caso, como uma força

produtiva que alimenta e reforça a capacidade de cada empresa dentro do APL.

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62

A análise dos resultados, sob o ponto de vista, das externalidades que

apresentaram média abaixo da média geral evidencia as externalidades transacionais

(4,69) e shumpeterianas (4,64).

De acordo com a Tabela 17, as variáveis analíticas que ficaram abaixo da média

das externalidades transacionais (4,69) são: existência de potencial de cooperação para

complementar recursos (4,35), presença de confiança recíproca entre os atores (4,0),

contatos entre empresas formais e informais (3,94), contatos entre empresas formais e

informais (3,65) e influência da governança interna de modo a facilitar o processo de

compras (2,24).

Tabela 17 - Média das variáveis analíticas contidas nas externalidades transacionais

Questões Variáveis analíticas Médias

25

Trocas frequentes de informações e conhecimento entre os atores locais

de forma não codificada 6,71

20 Presença de eficiência coletiva 6,06

28

Influência da governança interna de modo a facilitar o processo de

marketing 5,53

22

Existência de potencial de cooperação para complementar

aprendizagem 5,29

19 Presença de relações de confiança desenvolvidas 5,18

21 Existência de potencial de cooperação para complementar recursos 4,35

24 Presença de confiança recíproca entre os atores 4,00

23 Contatos entre empresas formais e informais 3,94

27

Influência da governança interna de modo a facilitar o processo de

vendas 3,65

26

Influência da governança interna de modo a facilitar o processo de

compras 2,24

Média Geral 4,69 Fonte: Pesquisa

O resultado encontrado para as externalidades transacionais (terceira posição)

sugere que embora exista cooperação, de acordo com as externalidades institucionais,

esta não é suficiente para reduzir os custos de transação, e por isso não se configura na

principal motivação para os empresários participarem de um APL. Nesse caso percebe-

se ainda, a fraca presença de confiança mútua entre os empresários e uma pequena

contribuição da governança no processo de vendas e de compras.

Para as externalidades shumpeterianas, as variáveis analíticas que ficaram

abaixo da média (4,64) e apresentadas na Tabela 18, foram: existência de um elevado

número de pessoas engajadas em atividades de inovação (4,06), existência de nível

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63

elevado de qualificação da mão de obra (4,06), presença de complexa rede de relações

sociais (2,12).

Tabela 18 - Médias das variáveis analíticas contidas nas externalidades shumpeterianas

Questões Variáveis analíticas Médias

14 Proximidade com universidades e centros de pesquisa 6,47

18 Presença de uma cooperação intensa entre firmas competidoras. 5,82

16

Presença de associações de classes e comerciais dedicadas à capacitação

tecnológica das firmas 5,24

15

Presença de associações de classes e comerciais dedicadas à qualificação

da força de trabalho. 4,71

17

Presença de associações de classe e comerciais dedicadas à assistência de

rotina às atividades produtivas, comerciais e financeiras. 4,65

11

Existência de um elevado número de pessoas engajadas em atividades de

inovação 4,06

12 Existência de nível elevado de qualificação da mão de obra 4,06

13 Presença de complexa rede de relações sociais 2,12

Média Geral 4,64 Fonte: Pesquisa

O resultado encontrado sugere que o ambiente inovador não se configura como uma

das principais motivações para os empresários do segmento de cerâmica vermelha

participarem de um APL, talvez por esse ambiente não existir na região onde as

empresas estão localizadas. Isso porque, para haver um ambiente inovador é necessário

a existência de pessoas qualificadas engajadas no desenvolvimento da base técnica

produtiva, em um processo complexo de interação com outras firmas e instituições,

variáveis de menor desempenho, conforme resultado encontrado na pesquisa.

4.2.2 Ações estratégicas identificadas pelos empresários do APL de Cerâmica

Vermelha

As ações estratégicas identificadas e agrupadas de acordo com as quatro

perspectivas do Balanced Scorecard de Kaplan e Norton (2004), do APL de cerâmica

vermelha estão contidas na Tabela 19.

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64

Tabela 19 - Médias das ações estratégicas presentes no APL de Cerâmica Vermelha

Ações estratégicas Médias

Financeira 7,24

Clientes 7,04

Processos 6,58

Aprendizado e crescimento 7,76

Média geral 6,97

Fonte: Pesquisa

No âmbito da perspectiva de aprendizado e crescimento destacam-se, por

estarem acima da média (7,76), as variáveis analíticas de estimular ações inovativas

(8,0) e promoção de cursos de capacitação gerencial e formação profissional (7,82),

conforme Tabela 20.

Tabela 20 – Médias das variáveis analíticas contidas nas ações estratégicas da

perspectiva de aprendizado e crescimento

Questões Variáveis analíticas Médias

12 Estimular ações inovativas 8,00

2 Promoção de cursos de capacitação gerencial e formação profissional 7,82

14 Desenvolvimento de novos equipamentos 7,65

23 Aproximar os aglomerados de instituições acadêmicas e de pesquisas 7,59

Média Geral 7,76 Fonte: Pesquisa

A partir do entendimento que a região onde as empresas estão localizadas não

oferece um ambiente inovador, conforme observado quando da análise das

externalidades shumpeterianas, é natural que os empresários percebam como estratégico

estabelecer ações que permitam a inovação, fundamental para a competitividade das

empresas.

Do ponto de vista da perspectiva financeira as empresas percebem como

estratégico o estabelecimento de cooperativas de crédito (7,24), revelando a necessidade

de captação de recursos, talvez em decorrência de não conseguirem reduzir custos de

transação ou de precisarem financiar ações de inovações.

Conforme Tabela 21, na perspectiva de clientes, as variáveis analíticas que se

destacam por estarem acima da média (7,04), são: padronizar as embalagens e os

produtos (8,18), divulgar os produtos dos aglomerados e as atividades das empresas

(7,88), realizar ações de responsabilidade social (7,65), elaborar programas de

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65

marketing (7,47), elaborar de estudos de mercado (7,47), elaborar banco de potenciais

clientes (7,35), criar design moderno e competitivo para os produtos (7,06).

Tabela 21 – Médias das variáveis analíticas contidas nas ações estratégicas da

perspectiva de clientes

Questões Variáveis analíticas Médias

17 Padronizar as embalagens e os produtos 8,18

15

Divulgar os produtos dos aglomerados e as atividades das

empresas 7,88

10 Realizar ações de responsabilidade social 7,65

18 Elaborar programas de marketing 7,47

21 Elaborar de estudos de mercado 7,47

22 Elaborar banco de potenciais clientes 7,35

20 Criar design moderno e competitivo para os produtos 7,06

3 Criação de consórcios de exportação 3,24

Média Geral 7,04 Fonte: Pesquisa

Na perspectiva de clientes, como explicitado na Tabela 21, sete de oito ações

estratégicas se posicionaram acima da média geral (7,04). Apenas a variável criação de

consórcios de exportação (3,24) se posicionou abaixo da média geral, talvez por que o

segmento não realize atividades de exportação, sendo as ações, na sua maioria,

percebidas pelos empresários como importantes. Nesse contexto, observa-se que as

ações estratégicas relativas aos clientes, por gerar valor econômico para a empresa, tem

sua posição alinhada com a percepção dos empresários da necessidade de captação de

recursos, apresentada pela perspectiva financeira. Evidencia-se que um bom

desempenho no mercado, junto aos clientes tem como uma das consequências o

crescimento dos recursos financeiros.

Por fim, as variáveis analíticas que se destacam por ter a média abaixo da média

da perspectiva de processos (6,58), conforme Tabela 22, são: implementar controle de

qualidade (8,65), extrair racionalmente os recursos naturais (8,12), reorganizar as linhas

de produção (7,71), contratação de serviços especializados (7,35), estabelecimento de

centros tecnológicos de forma coletiva (7,24) e reciclagem e aproveitamento de resíduos

(7,24).

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66

Tabela 22 – Médias das variáveis analíticas contidas nas ações estratégicas da

perspectiva de processos

Questões Variáveis analíticas Médias

19 Implementar controle de qualidade 8,65

8 Extrair racionalmente os recursos naturais 8,12

11 Reorganizar as linhas de produção 7,71

4 Contratação de serviços especializados 7,35

5 Estabelecimento de centros tecnológicos de forma coletiva 7,24

9 Reciclagem e aproveitamento de resíduos 7,24

13 Utilizar equipamentos de forma coletiva 5,71

1 Compras de matérias- prima em conjunto 5,53

7 Estruturar central de armazenamento 4,35

16 Padronizar as embalagens e os produtos 3,88

Média Geral 6,58 Fonte: Pesquisa

O resultado encontrado sugere que as ações estratégicas de processos são

percebidas como de menor prioridade pelos empresários para serem tomadas pelo

grupo, talvez porque isso implica em conhecimento do modo de operar de cada

empresa, o que só é possível compartilhar quando as relações de confiança são

recíprocas e existem contatos formais e informais entre as empresas, situação não

detectada nas externalidades transacionais. Evidencia-se também que de acordo com as

externalidades institucionais, as empresas estudadas necessitam de instituições para

intermediar as relações entre elas.

4.2.3Benefícios identificados pelos empresários do APL de Cerâmica Vermelha

Os benefícios identificados foram agrupados de acordo com as características

das abordagens teóricas relacionadas a aglomerações produtivas, apresentadas na Tabela

23.

Tabela 23 - Médias das abordagens teóricas presentes no APL de Cerâmica Vermelha

Abordagem teórica Médias

Milleu Inovador 7,76

Redes 6,57

Cluster 6,47

Distrito Industrial 5,78

Média Geral 6,41

Fonte: Pesquisa

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67

De acordo com a Tabela 23 os principais benefícios percebidos pelos

empresários estão relacionados com as características da abordagem teórica de milleu

inovador que apresenta a maior média (7,76) quando comparada com a média geral

(6,41) e que destaca a variável de capacidade inovativa com a mesma média (7,76). Este

resultado indica que para os empresários a maior vantagem em participar de um APL é

criar um ambiente que gere inovação. Isso condiz com os resultados encontrados nas

externalidades shumpeterianas e na perspectiva das ações estratégicas de aprendizado e

crescimento.

No que diz respeito à abordagem de redes, as variáveis analíticas, apresentadas

na Tabela 24, que obtiveram média acima de 6,57, são: compartilhamento de

conhecimento (8,71), transferência do conhecimento (7,59), alcance de novos mercados

(7,47), transferência do aprendizado organizacional (7,29), disseminação da informação

(6,88) e redução de custos em pesquisas (6,71).

Tabela 24 – Médias das variáveis analíticas contidas na abordagem teórica de redes

Questões Variáveis analíticas Médias

11 Compartilhamento de conhecimento 8,71

17 Transferência do conhecimento 7,59

10 Alcance de novos mercados 7,47

18 Transferência do aprendizado organizacional 7,29

16 Disseminação da informação 6,88

15 Redução de custos em pesquisas 6,71

9 Compartilhamento de riscos 6,24

12 Compartilhamento de recursos 5,06

13 Fortalecimento do poder de compra 4,94

14 Desenvolvimento de barreiras aos novos entrantes 4,82

Média Geral 6,57 Fonte: Pesquisa

Na pesquisa realizada, e a partir da compreensão de Casaroto Filho e Pires

(1998) as empresas são independentes entre si, possuindo flexibilidade e influência no

grupo de empresas, o que significa que a abordagem de redes é do tipo flexível. O

resultado encontrado sugere que os empresários percebem como vantagem o

conhecimento coletivo destacado pelas variáveis/benefícios de compartilhamento de

conhecimento e transferência do conhecimento. Isso também ratifica a necessidade de

inovação, ressaltada nas motivações apresentadas pelas externalidades shumpeterianas e

nas ações estratégicas da perspectiva de aprendizado e crescimento. Evidencia-se ainda,

Page 68: UNIVERSIDADE POTIGUAR UnP PROGRAMA DE …...passaram a desenhar ações, orientadas para a promoção do desenvolvimento local com o foco, não na empresa individual, mas nas relações

68

que no novo modelo de competição baseado no conhecimento, é fundamental o

relacionamento entre as empresas, principalmente as de pequeno porte, onde a maioria

do conhecimento é tácito e só pode ser passado adiante através da cooperação e laços de

confiança entre as firmas.

Conforme Tabela 25, na abordagem de cluster que apresentou a terceira maior

média (6,47), destacam-se as variáveis analíticas de aumento da produtividade das

empresas (7,0) e estímulo à formação de novos negócios (6,71).

Tabela 25 – Médias das variáveis analíticas contidas na abordagem teórica de cluster

Questões Variáveis analíticas Médias

6 Aumento da produtividade das empresas 7,00

7 Estímulo à formação de novos negócios 6,71

8 Aumento do faturamento 5,71

Média Geral 6,47 Fonte: Pesquisa

Para Porter (1998), dentre as peculiaridades do cluster destaca-se o ganho de

eficiência derivada das economias externas locais e da ação conjunta das empresas.

Nesse caso, os empresários percebem a existência das vantagens locacionais,

apresentadas pelas externalidades marshallianas, mas de acordo com as motivações

shumpeterianas não existe um ambiente inovador, propício a uma eficiência econômica.

Talvez essa relação explique os benefícios da abordagem de cluster se posicionarem em

terceiro lugar, principalmente, no que diz respeito à variável analítica de aumento da

produtividade apresentar a maior média (7,0), quando comparada aa média geral (6,47).

O resultado da abordagem de cluster também pode ser relacionado com o

resultado das ações estratégicas que se referem à perspectiva de clientes, ratificando a

atenção da empresa em criar valor para o seu cliente e captar recursos.

Por fim, a abordagem de distrito industrial apresentou média (5,78) abaixo da

média geral (6,41), destacando, por terem menor desempenho, as variáveis analíticas de

acesso facilitado à matéria – prima (1,88) e o acesso facilitado à mão de obra

especializada, como apresentado na Tabela 26.

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69

Tabela 26 – Médias das variáveis analíticas contidas na abordagem teórica de distrito

industrial

Questões Variáveis analíticas Médias

5 Promoção do desenvolvimento local 7,47

4 Retornos crescentes de escala 6,94

1 Redução dos custos de transação 6,88

3 Acesso facilitado à mão de obra especializada 5,71

2 Acesso facilitado à matéria prima 1,88

Média Geral 5,78 Fonte: Pesquisa

O resultado revela que os benefícios percebidos pelos empresários não são o

acesso facilitado à mão –obra especializada e à matéria – prima, uma vez que, essas são

motivações advindas do local, já analisadas nas externalidades marshallianas. Para os

empresários os retornos de escala, redução dos custos de transação e desenvolvimento

local são benefícios mais bem avaliados, porém representam consequência da

capacidade de inovar e de formas desenvolvidas de cooperação ainda não encontradas

no APL da cerâmica vermelha, conforme visto nas motivações reveladas pelas

externalidades shumpeterianas e transacionais.

4.3 INTERFACES ENTRE O APL DE PANIFICAÇÃO E DE CERÂMICA

VERMELHA

Os APLs de panificação e cerâmica vermelha, por serem, principalmente, de

segmentos econômicos diferentes, possuem características específicas no que diz

respeito a número e tipo de agentes econômicos envolvidos, forma de interação desses

agentes, grau de desenvolvimento do APL, evolução histórica e contexto econômico,

social e cultural.

Neste contexto, a análise desenvolvida buscou verificar possíveis interfaces

entre os dois APLs, por meio de uma comparação dos resultados encontrados no que diz

respeito às externalidades ou motivações, ações estratégicas e benefícios percebidos

pelos empresários.

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70

4.3.1 Interfaces entre as externalidades do APL de Panificação e de Cerâmica

Vermelha

Os resultados das externalidades dos dois segmentos, panificação e cerâmica

vermelha, estão apresentadas na Tabela 27.

Tabela 27 – Médias das externalidades no APL de Panificação e Cerâmica Vermelha

Externalidades Médias

Panificação Cerâmica Vermelha

Marshallianas 7,06 5,91

Shumpeterianas 5,29 4,64

Transacionais 5,46 4,69

Institucionais 6,80 6,07

Média Geral 6,13 5,28 Fonte: Pesquisa

De acordo com o resultado encontrado, verifica-se que para o APL de

panificação as principais motivações são as marshallianas (7,06) e as institucionais

(6,8), enquanto que para o APL de cerâmica vermelha, embora o resultado contemple as

mesmas externalidades, a ordem das motivações se inverte, sendo as externalidades

institucionais em primeiro lugar com média de 6,07, seguida pela externalidades

marshallianas (5,91).

Estes resultados sugerem que, embora os APLs sejam de segmentos diferentes,

os empresários percebem nos atributos do território, motivação para estarem envolvidos

em um grupo. E como este é formado por pequenas empresas, existe a busca por

legitimação revelada pela externalidades institucionais.

Percebe-se que, para os dois segmentos o resultado das motivações transacionais

se posicionou em terceiro lugar. Isso pode ser explicado pela presença de potencial de

cooperação, explicitado pela variável de existência de objetivos comuns, nos dois

aglomerados produtivos, mas com baixo desempenho, também nos dois APLs, da

variável analítica de laços de confiança recíproca, o que se configura como restrição

para redução de custos de transação.

Por fim, os dois APLs apresentaram as externalidades shumpeterianas em último

lugar, indicando que nos dois segmentos o ambiente inovador não é a principal

motivação para participação em um aglomerado produtivo, uma vez que, conforme

análise individual dos segmentos, o baixo desempenho das variáveis analíticas mão-de-

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obra com alta qualificação e presença de rede complexa de relacionamento, sugerem

uma baixa capacidade inovativa.

4.3.2 Interfaces entre as ações estratégicas do APL de Panificação e de Cerâmica

Vermelha

A análise comparativa entre o APL de panificação e cerâmica vermelha, no que

diz respeito às ações estratégicas, foi realizada a partir dos dados contidos na Tabela 28.

Tabela 28 – Médias das ações estratégicas do APL de Panificação e de Cerâmica

Vermelha

Estratégias Médias

Panificação Cerâmica Vermelha

Financeira 6,36 7,24

Clientes 8,27 7,04

Processos 7,91 6,58

Aprendizado e crescimento 8,73 7,76

Média Geral 8,11 6,97 Fonte: Pesquisa

A partir da Tabela 28, verifica-se que para os dois segmentos estudados as ações

estratégicas contidas na perspectiva de aprendizado e crescimento ocupam a primeira

posição, por conterem as maiores médias em relação à média geral de cada APL.

O resultado sugere que em função das externalidades shumpeterianas ocuparem

o grupo de variáveis analíticas que representa a menor motivação para os empresários

estarem em um APL, este pode ser o motivo pelo qual as firmas percebam como

necessário realizar ações estratégicas para criar um ambiente inovador.

Para o segmento de panificação o segundo grupo de ações estratégicas foi a

perspectiva de clientes e para os empresários de cerâmica vermelha, a perspectiva

financeira. Este resultado pode ser explicado pela preocupação das empresas dos dois

APLs com o desempenho em relação ao mercado e consequentemente com a

necessidade de aumentar faturamento e lucro, considerando que as empresas são de

pequeno porte e precisam buscar sua sobrevivência e manutenção no mercado.

O resultado encontrado para a perspectiva de processos, terceiro lugar para

panificação e quarto lugar para cerâmica vermelha, pode ser explicado no baixo

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72

desempenho da relação de confiança entre as empresas, nos dois segmentos, já

verificada por meio das externalidades transacionais.

4.3.3 Interfaces entre os benefícios percebidos pelos empresários do APL de

Panificação e de Cerâmica Vermelha

Tabela 29 – Médias das abordagens teóricas do APL de Panificação e Cerâmica

Vermelha.

Abordagem Teórica Médias

Panificação Cerâmica Vermelha

Milleu Inovador 8,86 7,76

Cluster 8,24 6,47

Redes 7,89 6,57

Distrito Industrial 6,91 5,78

Média Geral 7,74 6,41

O resultado apresentado na Tabela 29 indica que os empresários dos dois APLs

percebem como principais benefícios, conforme média alcançada nos dois segmentos

(panificação, 8,86; cerâmica vermelha, 7,76), os advindos da abordagem teórica do

milleu inovador, onde a vantagem de estar envolvido em um grupo é a de criar uma

maior capacidade inovativa. Esse resultado, a partir da compreensão do que afirma

Borin (2006), revela que a participação de pequenas empresas em arranjos produtivos

locais pode favorecer o acesso a recursos e competências especializadas permitindo o

aprofundamento de processos de aprendizado, o que permite uma melhor participação

das empresas no mercado.

Uma segunda análise diz respeito à observação de que os resultados apresentam

ordem contrária para panificação e cerâmica vermelha, quando se verifica a segunda

posição da abordagem teórica, em relação aos benefícios. Assim, para panificação o

cluster apresenta segundo lugar para panificação (8,24) e redes terceiro lugar (7,89),

ocorrendo justamente o inverso para cerâmica vermelha, redes (6,57) em segundo lugar

e cluster (6,47) em terceiro lugar. Considerando que para Lastres e Cassiolato (2005),

cluster refere-se a uma aglomeração que enfatiza mais o aspecto da concorrência que o

da cooperação e redes, segundo Balestrin e Verschoore (2008), diz respeito a

empreendimentos densamente relacionados, pode-se sugerir que o APL de panificação

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apresenta mais competição entre as empresas do mesmo grupo do que as empresas que

fazem parte do APL de cerâmica vermelha.

Já quanto ao resultado da abordagem de distrito industrial, verifica-se que os

empresários percebem, em último lugar, os benefícios dessa abordagem, apresentando

panificação média de 6,91 e cerâmica vermelha de 5,78. De acordo com Schmitz

(1995), quando existem formas de colaboração que levam a intensificação da produção

e da capacidade de inovar um distrito industrial será constituído, ou seja, os dois APLs,

ainda não estão em um patamar de cooperação e inovação que promovam os benefícios

advindos da forma de aglomeração denominada de distrito industrial.

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74

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta dissertação pretendeu contribuir para uma maior compreensão do

funcionamento dos APLs, buscando, em primeiro lugar levantar as motivações, ações

estratégicas e benefícios envolvidos em APLs. Acredita-se que esse objetivo específico

foi alcançado, uma vez que foram elencadas por meio da pesquisa bibliográfica as

variáveis analíticas referentes às motivações, ações estratégicas e benefícios, base

necessária para construção do instrumento de pesquisa que foi aplicado no segmento de

Panificação e de Cerâmica Vermelha.

Em relação ao segundo objetivo específico, o estudo dos APLs de panificação e

cerâmica vermelha do RN evidenciou que as principais motivações percebidas pelas

empresas estudadas são as marshallianas e institucionais, ou seja, as empresas estão

envolvidas em uma aglomeração econômica motivadas por vantagens provenientes da

localização e pela busca de legitimidade proporcionada pela formação de um grupo, em

vez de uma atuação isolada, notadamente, por serem empresas de pequeno porte.

Observou-se que para o APL de panificação as motivações marshallianas

apresentaram destaque para variáveis analíticas que enfatizam a relação com o mercado

e para as motivações institucionais, as variáveis que apresentam um potencial para a

cooperação. Já para o APL de cerâmica vermelha, as motivações marshallianas

destacam variáveis relacionadas à disponibilidade de recursos produtivos na região e

para as institucionais, as variáveis que apresentam possibilidade de cooperação, como

identificado no APL de panificação. Isso indica que a indústria de cerâmica vermelha

tem nos atributos do território uma maior motivação ou relação para ocorrência da

produção.

No que diz respeito às principais ações estratégicas, no segmento de panificação

destacaram-se as perspectivas de aprendizado e crescimento e clientes. Isso sugere que

pode existir uma relação entre as principais motivações marshallianas encontradas

nesse APL e a perspectiva de clientes, como também de uma relação entre a perspectiva

de aprendizado e crescimento e as externalidades shumpeterianas, uma vez que é

natural que ações estratégicas sejam condizentes com as especificidades da região/local.

Para o APL de cerâmica vermelha as perspectivas de ações estratégicas que ficaram

em evidencia foram as de aprendizado e crescimento e a perspectiva financeira. Em

igual análise ao APL de panificação, o resultado encontrado pode indicar uma relação

entre as externalidades shumpeterianas e a perspectiva de aprendizado e crescimento,

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evidenciando que o ambiente inovador na região, não sendo a principal motivação para

estar em um APL, pode requerer exatamente ações que promovam a inovação. O

destaque fornecido à perspectiva financeira pelos empresários pode indicar a

necessidade de captação de recursos, situação que pode ser considerada normal, uma

vez que o estudo tem como foco pequenas empresas privadas.

No âmbito dos benefícios, as abordagens teóricas que se destacaram para o APL de

panificação foram o de milleu inovador e cluster. Assim, as empresas percebem que o

maior benefício em estar no APL é o de criar um ambiente inovador, resultado que

ratifica a perspectiva de aprendizado e crescimento encontrada, nas ações estratégicas e

a posição fornecida, pelos empresários, para as externalidades shumpeterianas. Os

benefícios de cluster, percebidos pelos empresários indicam uma relação com as ações

estratégicas de clientes, uma vez que se referem a variáveis analíticas de aumento do

faturamento e estímulo à formação de novos negócios.

O APL da cerâmica vermelha apresenta como principais benefícios, os advindos das

abordagens teóricas de milleu inovador e redes. O resultado, como analisado no APL de

panificação sugere uma relação entre essa abordagem, às ações estratégicas de

aprendizado e crescimento e as externalidades shumpeterianas. No que concerne os

benefícios originados das redes, evidencia-se que este tipo de aglomeração para ser

viabilizado necessita de densos laços de cooperação, revelando que as empresas do APL

de cerâmica vermelha seja menos competitivo, dentro do grupo, do que as empresas de

panificação, que preferiram os benefícios do cluster.

No que diz respeito, às possíveis interfaces entre os dois APLs, terceiro objetivo

específico, verificou-se que, para os dois segmentos, os empresários estão envolvidos

em um aglomerado produtivo motivados por vantagens oriundas do território e pela

necessidade de existir uma coordenação e ou padronização das relações entre as

empresas do grupo, na busca por uma melhor representação dos seus interesses, já que

são de pequeno porte. Evidenciou-se também, que por serem empresas de pequeno porte

e privadas, as ações estratégicas na perspectiva de clientes e financeira se destacam,

revelando uma busca por recursos e mercado, além das ações referentes ao grupo

aprendizado e crescimento, uma vez que, parece existir uma necessidade de se ter uma

capacidade inovativa. No que diz respeito os benefícios, os dois APLs apresentam a

necessidade de criar um ambiente inovador como maior benefício, evidenciado pelo

milleu inovador, destacando para a panificação uma maior competição do que

cooperação, situação que se inverte na análise da cerâmica vermelha. Em função do

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76

alcance dos três objetivos específicos acredita-se que o objetivo geral do trabalho foi

cumprido.

Em termos de contribuição, é necessário evidenciar que em todo referencial

bibliográfico estudado não foi encontrado trabalho que tratasse dos três grupos de

variáveis (motivações, ações estratégicas e benefícios) em uma única pesquisa.

Ressalta-se então, além dos resultados encontrados para o APL de Panificação e

Cerâmica Vermelha, a construção de um instrumento de pesquisa que pode ser aplicado

em outros segmentos econômicos que trata dos três grupos de variáveis analíticas

citadas acima.

No que diz respeito às limitações da pesquisa, observa-se que os resultados

encontrados se aplicam apenas às aglomerações econômicas pesquisadas.

Especificamente para o grupo de variáveis dos benefícios, estes foram relacionados com

abordagens teóricas e por isso não apresentam dados empresariais que demonstram

desempenho, o que configura outra limitação do trabalho.

Como recomendações para outras pesquisas, os resultados revelam explicações e

interfaces que podem ser verificadas por meio da ampliação do universo da pesquisa, o

que se sugere como forma de melhor compreensão do fenômeno estudado.

Outra pesquisa a ser desenvolvida poderia contemplar a aplicação do mesmo

instrumento de pesquisa no mesmo segmento econômico trabalhado, localizado em

outro território, permitindo um estudo comparativo para uma mesma indústria.

Dessa forma, observa-se que é possível ainda realizar várias outras pesquisas, o que

evidencia que muito ainda pode ser investigado sobre Arranjos Produtivos Locais.

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77

REFERÊNCIAS

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Tecnológico da Panificação e Confeitaria; SEBRAE, Serviço Brasileiro de Apoio às

Micro e Pequenas Empresas. Estudo de Tendências: perspectivas para a Panificação e

Confeitaria. Julho, 2009.

ACS, Z. J.; AUDRETSCH,D.; STROM, R. J. (Org.). Entrepreneurship, Growth, and

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AMARAL FILHO, J. do. Micro e pequenas empresas (MPEs) e construção social do

mercado. Textos para Discussão CEPAL-IPEA, 36. CEPAL. Escritório no Brasil/IPEA

Brasília, DF, 2011.

AMATO NETO, J. Gestão de sistemas locais de produção e inovação

(clusters/APLs): um modelo de referência. 1ª ed. São Paulo: Atlas, 2009.

AMATO NETO, J. Redes de cooperação produtiva e clusters regionais:

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85

APENDICE

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86

Universidade Potiguar

Mestrado Profissional em Administração

QUESTIONÁRIO

Obrigada por participar desta pesquisa.

Nosso objetivo é entender melhor as motivações, ações estratégicas e benefícios envolvidos no

APL em que a sua empresa faz parte.

Os dados desta pesquisa serão tabulados e apresentados de forma anônima.

Não existem respostas corretas ou incorretas.

O questionário está estruturado em 4 blocos, com as orientações de resposta contidas em cada

bloco.

Bloco 1

O primeiro bloco do questionário, composto de 7 itens, tem a intenção de identificar a sua

empresa como participante de um grupo de empresas.

1 Nome da Empresa:

2 Ramo de atividade:

3 Ano de Fundação:

4

Município de Localização:

5 Principais produtos:

6 Participa do PROCOMPI ( ) SIM ( ) NÃO

7 Possui faturamento bruto anual de até R$ 3.600.000,00 ( ) SIM ( ) NÃO

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Bloco 2

Neste bloco são listadas possíveis motivações que levaram a sua empresa a participar de um

aglomerado (grupo) de empresas.

Para cada item foi utilizada uma escala com 11 pontos, variando de 0 (zero) até 10 (dez), que

indica o seu grau de concordância em relação a afirmação descrita.

(0) Indica que você DISCORDA FORTEMENTE da afirmação relacionada à motivação

apresentada e 10 (dez) indica que você CONCORDA FORTEMENTE com a afirmação relativa

à motivação. Pode ser marcado qualquer valor da escala, caso seu grau de concordância seja

intermediário.

D

isco

rdo

fort

emen

te

Co

nco

rdo

fort

emen

te

Motivações 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

1

A região onde a empresa está

localizada tem disponibilidade de mão

de obra especializada para o setor.

2

Existe na região disponibilidade de

fornecedores de matéria primas

diversas para o segmento produtivo.

3

Existe na região disponibilidade de

fornecedores de máquinas e

equipamentos relativos à produção.

4 Existe proximidade do mercado

consumidor (nacional e internacional).

5

Na região, existe disponibilidade de

recursos naturais específicos para a

produção.

6 Há economias de escala

7 Existe fácil acesso a informação

8

Há infra-estrutura adequada à

produção (energia, telecomunicações,

meios de transporte, etc).

9 Existe encadeamento produtivo (para

frente e para trás).

10 Há disseminação da informação.

11

Na região existe um elevado número

de pessoas envolvidas com atividades

de inovação

12 Existe proximidade com universidades

e centros de pesquisa.

13 Existe elevada qualificação da mão de

obra.

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Dis

cord

o

fort

emen

te

Co

nco

rdo

fort

emen

te

Motivações 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

14

Há associações de classe e comerciais

envolvidas com a qualificação da força

de trabalho.

15

Existem associações de classe e

comerciais dedicadas à assistência das

rotinas técnicas e produtivas,

comerciais e financeiras.

16

Existem associações de classe e

comerciais envolvidas com a

capacitação tecnológica das firmas.

17 Há uma rede de relações sociais.

18 Existe intensa cooperação entre as

empresas.

19 Existem relações de confiança.

20 Existe eficiência coletiva.

21 Existe potencial de cooperação para

complementar recursos.

22 Existe potencial de cooperação para

complementar aprendizagem.

23 Existem contatos entre empresas

formais e informais.

24 Há confiança recíproca entre os atores.

25 Há trocas frequentes de informações e

conhecimento de modo informal.

26

A governança (IEL/SEBRAE)

contribui de modo a facilitar o

processo de compras.

27

A governança (IEL/SEBRAE)

contribui de modo a facilitar o

processo vendas.

28

A governança (IEL/SEBRAE)

contribui de modo a facilitar o

processo de marketing.

29 Existem instituições que favorecem a

interação entre empresas.

30 Existem aspectos culturais que

fortalecem os laços de confiança.

31 Existem objetivos comuns.

32

Existe apoio de instituições no

desenvolvimento de atividades de

parceria.

33 Existem relações estabelecidas entre

usuários e produtores

34

Há políticas voltadas para aproximar

os APLs às instituições de ensino e

pesquisa.

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Se existem outras motivações, que não foram descritas neste questionário, favor listá-las abaixo:

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

Bloco 3

Neste bloco são listadas possíveis ações estratégicas que você percebe como necessárias para

aumentar a competitividade das empresas que fazem parte do aglomerado (grupo) de empresas

que você faz parte.

Para cada item foi utilizada uma escala com 11 pontos, variando de 0 (zero) até 10 (dez), que

indica o seu grau de concordância em relação a afirmação descrita.

(0) Indica que você DISCORDA FORTEMENTE da afirmação relacionada à ação estratégica

apresentada e 10 (dez) indica que você CONCORDA FORTEMENTE com a afirmação relativa

à ação estratégica. Pode ser marcado qualquer valor da escala, caso seu grau de concordância

seja intermediário.

Dis

cord

o

fort

emen

te

Co

nco

rdo

fort

emen

te

Ações estratégicas 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 Realização de compras conjunta.

2 Promoção de cursos de qualificação

profissional.

3 Criação de consórcios de exportação.

4 Contratação de serviços

especializados.

5 Uso de centros tecnológicos de forma

coletiva.

6 Estabelecimento de cooperativas de

crédito.

7 Estruturação de central de

armazenamento.

8 Extração racional dos recursos

naturais.

9 Reciclagem e aproveitamento de

resíduos.

10 Ações de responsabilidade social.

11 Reorganização das linhas de produção.

12 Ações de estímulo à inovação.

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Dis

cord

o

fort

emen

te

Co

nco

rdo

fort

emen

te

Ações estratégicas 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

13

Utilização de equipamentos de forma

coletiva.

14 Desenvolvimento de novos

equipamentos.

15 Divulgação dos produtos das

empresas.

16 Padronização de embalagens.

17 Padronização de produtos.

18

Elaboração de programas de

marketing.

19 Implementação de controle de

qualidade.

20 Criação de design moderno para os

produtos.

21 Elaboração de estudos de mercado.

22

Criação de banco de informações sobre

potenciais clientes.

23

Ações de aproximação das empresas

de Instituições acadêmicas e de

pesquisa.

Se existem outras ações estratégicas que você percebe como necessárias para aumentar a

competitividade das empresas do aglomerado (grupo) produtivo que você faz parte e, não foram

descritas neste questionário, favor listá-las abaixo:

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

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Bloco 4

Neste bloco são listados possíveis benefícios que a sua empresa obtém ao participar de um

aglomerado (grupo) de empresas.

Para cada item foi utilizada uma escala com 11 pontos, variando de 0 (zero) até 10 (dez), que

indica o seu grau de concordância em relação a afirmação descrita.

(0) Indica que você DISCORDA FORTEMENTE da afirmação relacionada ao benfício

apresentada e 10 (dez) indica que você CONCORDA FORTEMENTE com a afirmação relativa

ao benefício. Pode ser marcado qualquer valor da escala, caso seu grau de concordância seja

intermediário.

D

isco

rdo

fort

emen

te

Co

nco

rdo

fort

emen

te

Benefícios 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

1 Redução dos custos de transação

(negociação, contratos, etc).

2 Acesso facilitado à matéria-prima.

3 Acesso facilitado à mão de obra

especializada.

4 Retornos crescentes de escala.

5 Promoção do desenvolvimento local.

6 Aumento da produtividade das

empresas.

7 Estímulo à formação de novos

negócios.

8 Aumento do faturamento.

9 Compartilhamento dos riscos.

10 Alcance de novos mercados.

11 Compartilhamento de conhecimento.

12 Compartilhamento de recursos.

13 Fortalecimento do poder de compra.

14 Desenvolvimento de barreiras aos

novos entrantes.

15 Redução de custos em pesquisas.

16 Disseminação da informação.

17 Transferência do conhecimento.

18 Transferência do aprendizado

organizacional.

19 Maior capacidade inovativa.

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Se existem outros benefícios que não foram descritos neste questionário, favor listá-los abaixo:

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________