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UNIVERSIDADE PARA O DESENVOLVIMENTO DO ESTADO E DA REGIÃO DO PANTANAL KLAUDIA BITENCOURT MASTOFAUNA TERRESTRE DO PARQUE ESTADUAL DO PROSA, CAMPO GRANDE, MATO GROSSO DO SUL CAMPO GRANDE – MS 2008

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UNIVERSIDADE PARA O DESENVOLVIMENTO

DO ESTADO E DA REGIÃO DO PANTANAL

KLAUDIA BITENCOURT

MASTOFAUNA TERRESTRE DO PARQUE ESTADUAL DO PROSA,

CAMPO GRANDE, MATO GROSSO DO SUL

CAMPO GRANDE – MS 2008

KLAUDIA BITENCOURT

MASTOFAUNA TERRESTRE DO PARQUE ESTADUAL DO PROSA, CAMPO GRANDE, MATO GROSSO DO SUL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em nível de Mestrado Acadêmico em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional da Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional.

Orientação: Prof. Dr. Cleber José Rodrigues Alho Prof. Dr. José Sabino Prof. Dr. Sílvio Jacks dos Anjos Garnés

CAMPO GRANDE - MS 2008

FOLHA DE APROVAÇÃO

Candidata: Claudia Bitencourt Brandão Dissertação defendida e aprovada em 26 de junho de 2008 pela Banca Examinadora: __________________________________________________________ Prof. Doutor Cleber José Rodrigues Alho (Orientador) Doutor em Ecologia __________________________________________________________ Profa. Doutora Edna Scremin Dias (UFMS) Doutora em Botânica __________________________________________________________ Prof. Doutor Silvio Favero (UNIDERP) Doutor em Entomologia

_________________________________________________ Prof. Doutor Silvio Favero

Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional

________________________________________________ Prof. Doutor Raimundo Martins Filho

Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da UNIDERP

iii

DEDICATÓRIA

Dedico à minha mãe e ao meu pai pelo amor incondicional e por me ensinarem a viver com dignidade e respeito. À minha irmã que me ajudou a perceber que as coisas e pessoas nem sempre são como gostaríamos

que fossem. Ao meu querido irmão que me ama sempre. E principalmente ao José Luís que trouxe felicidade à minha existência.

iv

AGRADECIMENTOS

Meus sinceros agradecimentos, inicialmente ao Dr. Cleber Alho pelo imprescindível

auxílio em todas as etapas do trabalho, pela paciência e pela simpatia.

À SEMAC pela licença e ao CRAS pelo apoio logístico, empréstimo das armadilhas e

equipamentos, aos Biólogos Vinícius Lopes pelo apoio e Nara Pontes pelo auxilio no

campo.

Ao Pessoal do Parque Estadual do Prosa.

Ao Dr. José Sabino pelas revisões e valiosas contribuições e ao Dr. Sílvio Jacks pela

ajuda com o GPS e os mapas.

Ao Dr. Sílvio Favero pela fundamental ajuda na estatística.

Ao Dr. João Oliveira do Museu Nacional pela identificação dos roedores.

Em especial aos amigos Larissa Oliveira e Hélder Souza pelos trabalhos de laboratório.

Ao Jairo Brandão e à Eclair Bitencourt por me incentivarem a crescer profissionalmente,

mentalmente e humanamente.

Ao José Luís pela compreensão, incentivo e amor incondicional dedicados a mim

nestes anos de vida em comum.

Meus agradecimentos eternos.

v

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS....................................................................................... viii

LISTA DE TABELAS ........................................................................................ ix

RESUMO............................................................................................................ x

ABSTRACT....................................................................................................... xi

1 INTRODUÇÃO................................................................................................ 1

2 MATERIAIS E MÉTODOS .............................................................................. 4

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................... 9

3.1 SUGESTÕES PARA ESTRATÉGIAS DE CONSERVAÇÃO...................... 14

4 CONCLUSÕES ............................................................................................. 15

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................ 17

vi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Parque Estadual do Prosa com a cidade de Campo Grande.............. 4

Figura 2. Parque Estadual do Prosa com as três trilhas .................................... 6

Figura 3. Gráfico de rarefação.......................................................................... 11

vii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Espécies visualizadas e capturadas no Parque Estadual do Prosa .15

Tabela 2. Tabela de estatística ....................................................................... .10

viii

RESUMO

Estudos sobre a fragmentação de mata semidecídua no Centro-Oeste do Brasil,

tendo mamíferos silvestres como indicadores para a importância biológica dos

fragmentos de mata são escassas na literatura. A floresta semidecídua dentro

do bioma Cerrado abrange grande parte da região onde a cidade de Campo

Grande está localizada. O urbano Parque Estadual do Prosa protege alguns

destes remanescentes. Um estudo de campo para levantamento de mamíferos

(armadilhas, observações diretas e indiretas), foi realizado no Parque nos meses

de maio, junho, julho e agosto de 2006 (estação seca) e setembro, outubro,

novembro e dezembro (estação chuvosa e de transição) de 2007, e 20 espécies

de mamíferos silvestres foram registrados. O resultado mais surpreendente foi a

ocorrência do roedor Cricetidae Euryoryzomys nitidus que originalmente tinha

uma grande distribuição, mas sua ocorrência nunca foi descrita para o estado do

Mato Grosso do Sul. Além disso, o registro de uma espécie listada de ameaçada

como o tamanduá Myrmecophaga tridactyla indica a importância biológica da

conservação dessas unidades para proteger a vida selvagem e para servir como

elemento urbano de recreação e consciência ambiental.

PALAVRAS-CHAVE: Cerrado, Mamíferos, Mata Semidecídua, Parque Urbano,

Animal Silvestre

ix

ABSTRACT

Data on fragmented semideciduous forest of western Brazil taking wild

mammals as indicators for biological significance of the remnant habitats are

generally scarce in the literature. The semideciduous forest within the Cerrado

biome covered large portion of the region where the city of Campo Grande is

located. The urban state Park of Prosa (Parque Estadual do Prosa) protects

some of these remnants. A field survey for mammals (trapping, direct and

indirect observations) was carried out in the Park in the months of May, June,

July and August of 2006 (dry season) and September, October, November and

December (transition and wet season) of 2007, and 20 species of wild mammals

were recorded. The most striking result was the occurrence of the Cricetidae

rodent Euryoryzomys nitidus which originally had a wide distribution but was

never referred to occur in the state o Mato Grosso do Sul. Additionally, the record

of a threatened listed species such as the anteater Myrmecophaga tridactyla

indicates the biological importance of such conservation units to protect wildlife

and to serve as live elements for urban recreation and environmental

consciousness.

KEYWORDS: Cerrado, Mammals, Semideciduous forest, Urban Conservation

Units, Wildlife

1 INTRODUÇÃO

O Parque Estadual do Prosa (PEP), inaugurado em 1981, foi a primeira

Unidade de Conservação de domínio público estadual criada em Mato Grosso

do Sul. Situado no perímetro urbano de Campo Grande (planalto da Serra de

Maracaju, 20°26’S; 54°38’W), possui 133,5 ha, caracterizado pelo encontro de

diferentes formações vegetacionais em diferentes estágios de sucessão,

compreendendo Floresta Estacional Semidecidual, formações ripárias (floresta

aluvial), Savana arbórea (cerradão) e Savana arbórea aberta (cerrado) (IMA,

2000).

A vegetação do Parque Estadual do Prosa se assenta em solos ricos em

nutrientes, contudo há gradiente fisionômico da vegetação, apresentando

variação no componente lenhoso (densidade, altura) e variação estrutural

relacionada a fatores edáficos, dentro do Cerrado latu sensu. Esse ambiente

está condicionado à sazonalidade ou estacionalidade climática (pluviosidade e

temperatura) e recebe a denominação genérica de Floresta Estacional

Semidecidual (Floresta Tropical Subcaducifólia) que tem, ainda, denominações

de Florestas ou Matas Secas (SCARIOT, 2005). Portanto, o conceito ecológico

desse ambiente se relaciona ao clima marcado por duas estações bem nítidas:

período de chuva e estação seca, com acentuada baixa de temperatura. As

árvores apresentam caducifólia em função de sua adaptação à estacionalidade

no período de seca, pois o conjunto florestal conta com 20 a 50% das árvores

que perdem folhas nessa estação do ano (originalmente árvores dos gêneros

Tabebuia, Acacia, Anadenanthera, Aspidosperma, Cedrela, Sterculia e outras).

A fauna original local sofreu alterações devido às modificações e

fragmentação da vegetação original, principalmente pela expansão urbana de

Campo Grande que, além de provocar a perda e alteração de hábitats naturais,

sofreu pressão de caça de animais. No PEP há introdução de espécies

provenientes de apreensões do IBAMA e do Centro de Reabilitação de Animais

2

Silvestres (CRAS), cuja prática de soltura de animais na área têm sido

freqüente.

No plano de manejo do parque, os dados sobre a fauna são de

observações diretas e informais fornecidas por pessoas da comunidade e

funcionários do PEP. No relatório do plano são citadas 22 espécies de

mamíferos e inclui animais que não sobreviveriam naquele ambiente

fragmentado, pequeno e urbano, como a onça pintada (Panthera onca),

predador que exige área de vida muito maior que a provida pelo parque, e a anta

(Tapyrus terrestris) que se estabelece em área de vida também muito mais

ampla que os limites da unidade de conservação em estudo. Portanto, há

poucas informações fidedignas disponíveis sobre levantamentos faunísticos

específico para essa área, o que reflete a demanda por estudos (SABINO;

PRADO, 2006).

Segundo GENELETTI (2004), a fragmentação de ecossistemas, de

maneira geral, caracteriza-se por três principais efeitos: aumento no isolamento

dos fragmentos, diminuição em seus tamanhos e aumento da suscetibilidade a

distúrbios externos, tais como invasão por espécies exóticas ou alterações em

suas condições físicas. Essa intensa fragmentação torna o ecossistema frágil,

despertando preocupações, evidenciando a necessidade de estudos visando

subsidiar ações para manter a sustentabilidade dos fragmentos.

O interesse no estudo das conseqüências das perturbações dos

ecossistemas sobre a conservação da biodiversidade, tem aumentado

significativamente nos últimos anos (HARRIS, 1984; FORMAN; GODRON,1986;

GRADWOHL; GREENBERG, 1991; VIANA et al., 1997; LAURANCE;

BIERREGARD, 1997; SHAFER, 1999). A justificativa para este crescente

interesse é a constatação de que a maior parte da biodiversidade se encontra

hoje localizada em pequenos fragmentos florestais, pouco estudados e

historicamente marginalizados pelas iniciativas conservacionistas.

Além da evidente redução na área original dos habitats, estudos relatam

extinções locais e alterações na composição e abundância de espécies que

levam à alteração, ou mesmo à perda, de processos naturais das comunidades.

3

As respostas das comunidades de fauna e de cada espécie à fragmentação

variam de acordo com diversos fatores como histórico do fragmento, tamanho e

forma, impactos das ações humanas atuais, grau de isolamento e a

sensibilidade da comunidade e dos indivíduos de cada espécie a estes

processos (MMA, 2003).

A fragmentação florestal tem provocado diversos efeitos sobre os

ecossistemas naturais, como a redução do tamanho de diversas populações e o

desaparecimento de espécies que requerem grandes áreas para sobreviver

(BIERREGAARD et al. 1992).

Com o explosivo crescimento demográfico das populações humanas, o

meio ambiente está sendo desgastado de forma muito acelerada, especialmente

nos países tropicais. Com isso, grande parte da biodiversidade está se perdendo

irreversivelmente através da extinção causada pela destruição e fragmentação

de hábitats naturais. Muitas espécies desaparecerão antes mesmo de tornarem-

se conhecidas pela ciência e algumas levarão consigo recursos genéticos

valiosos e insubstituíveis (RICKLEFS, 1996). A diversidade biológica deveria ser

tratada mais seriamente como um recurso global para ser registrada, usada de

maneira sustentável e acima de tudo preservada (WILSON, 1985).

A fragmentação florestal pode afetar os processos ecológicos das

populações, modificando ou mesmo interrompendo os processos de polinização,

dispersão, predação e comportamento animal (LAURENCE & YENSEN 1991;

GUIDON 1995; RANTA et al. 1998).

Diversos estudos foram realizados para avaliar a fragmentação de

ambientes naturais. Dentre estes, podemos destacar o trabalho de SAATCHI et

al. (2001), no sudeste da Bahia; JORGE & GARCIA (1997), em Botucatu/São

Paulo; MARTINS et al. (2002), no Município de lagoa da confusão, Tocantins;

DITT (2002) no Pontal do Paranapanema, São Paulo, e em Pernambuco, por

RANTA et al. (1998), os quais têm enfatizado, principalmente, o efeito de borda.

As diferentes categorias ecológicas atribuídas à fauna de pequenos

mamíferos sugerem um potencial uso de dados de ocorrência como indicadores

da qualidade ambiental (BONVICINO et al., 2002; ALHO, 2005). Sendo assim,

4

estudos sobre a mastofauna do PEP são fundamentais para fundamentar o

aperfeiçoamento de seu Plano de Manejo, visando prover seus objetivos, e para

avaliar se a preservação deste fragmento florestal efetivamente está protegendo

sua biodiversidade, tomando os mamíferos terrestres como indicadores dessa

biota. Neste sentido, o presente estudo tem como objetivo caracterizar a

mastofauna terrestre do Parque Estadual do Prosa, analisando a composição,

riqueza e abundância de espécies avaliando os períodos de seca e chuvoso. Ao

suprir essas lacunas de conhecimento, os dados oriundos deste levantamento

visam, ainda, discutir a ocorrência de espécies de interesse especial, como as

cinergéticas de médio porte, pequenos mamíferos e mesmo as raras ou

oficialmente ameaçadas em uma área protegida em ambiente urbano e outros

aspectos relevantes focados na conservação da biodiversidade, isto é, discute o

papel do Parque Estadual do Prosa na conservação da fauna terrestre e aponta

sugestões para reforço, execução e aprimoramento de seu Plano de Manejo.

A hipótese de trabalho testada aqui é que espécies de interesse especial

identificadas nos censos e trabalhos de campo, em fragmentos protegidos têm

alta relevância para a proteção da biodiversidade local e para a recreação e

educação ambiental e seu Plano de Manejo deve ser aperfeiçoado e executado

na prática.

5

2 MATERIAL E MÉTODOS

O Parque Estadual do Prosa (PEP) tem 133,5 ha com altitude aproximada

de 600m. Situa-se no planalto da Serra de Maracaju, dentro do perímetro urbano

de Campo Grande (Figura 1), Capital do Estado de Mato Grosso do Sul

(20°26’S; 54°38’W). O PEP é caracterizado por formações de floresta estacional

semidecidual secundária em avançada regeneração, representada

principalmente por Cerrado e Mata de Galeria.

Figura 1. Visualização do Parque do Prosa com a cidade de Campo Grande,

Mato Grosso do Sul. Em vermelho as três trilhas. Fonte: Google Earth. Maio,

2008. Processamento: Lab. Geoprocessamento, UNIDERP.

6

Foram adotados dois procedimentos para o presente levantamento:

observação direta de avistamento de animais e seus indícios de presença

(vocalizações, pegadas e carcaças) e censo por meio de armadilhas, em três

transectos (Figura 2). As observações foram realizadas nas primeiras horas da

manhã e no final da tarde, quando as armadilhas foram vistoriadas e observados

animais de hábito diurno, efetuando os registros e reconhecimento de pegadas,

fezes e vocalização encontrados nos transectos. As observações de campo

foram realizadas cinco dias por semana, nos meses de maio, junho, julho e

agosto de 2006 (estação de seca) e setembro, outubro, novembro e dezembro

de 2007 (transição seca-chuva e estação de chuva).

7

Figura 2. Parque Estadual do Prosa: Disposição das trilhas percorridas. Trilha

Prosa=701m, trilha Sol=445m, trilha Abelha=861m. Fonte: Google Earth. Maio,

2008. Processamento: Lab. Geoprocessamento, UNIDERP.

8

Foram utilizadas 60 armadilhas modelo “Sherman” pequenas (28 cm X 13

cm X 13 cm) e de tamanho médio (38 cm X 18 cm X 18 cm) e 60 armadilhas do

modelo “Tomahawk” (40 cm x 20 cm x 20 cm), que foram dispostas em três

linhas de transecção contendo 20 pontos de captura, sendo que cada estação

de captura era composta por duas armadilhas diferentes, intercaladas e de

maneira uniforme em pontos fixos (+\-40 m entre cada gaiola). As armadilhas

“Tomahawk” foram instaladas ao nível do solo, e as “Sherman” em cipós ou

ramos de árvores entre 0,5 e 2 metros acima do solo. Estas armadilhas foram

armadas no primeiro dia da semana, sempre à tarde e examinadas na manhã

seguinte.

A isca utilizada nas armadilhas foi um fragmento de abóbora fresca e uma

mistura de banana, pasta de amendoim, sardinha, fubá e óleo de fígado de

bacalhau. Adicionalmente, pequenos mamíferos terrestres também foram

capturados em armadilhas de queda do tipo “pitfall”, que consistem em baldes

plásticos enterrados no nível do solo. No total, foram instaladas cinco estações

de armadilhas de queda e cada estação foi composta por quatro baldes de 31

litros, sendo um central e três radiais, distantes quatro metros um do outro e

ligados entre si por uma cerca de lona de aproximadamente 40 cm de altura,

colocados em forma de “Y” .

Os procedimentos empregados compreenderam esforço amostral de

2.240 armadilhas-dia na estação chuvosa e 2.240 armadilhas-dia na estação

seca, totalizando 4.480 armadilhas-dia. O esforço de captura foi definido por:

[número de armadilhas x número de dias de amostragem], em que cada dia

corresponde a um período de 24 horas, e o sucesso de amostragem foi

expresso em porcentagem, calculado através da relação: [(número de registros

/esforço de captura) x 100].

Todos os indivíduos capturados foram marcados com um “microchip”

eletrônico identificador (com 2 mm de comprimento).

Os dados e números referentes ao “microchip” estão depositados nos

documentos do Centro de Reabilitação de Animais Silvestres para posterior

consulta e pesquisas. Poucos animais ficaram retidos para posterior

9

identificação, mas todos os indivíduos soltos foram deixados exatamente em seu

local de captura.

10

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram registradas 20 espécies de mamíferos (Tabela 1), com maior

número de espécies da ordem foram Rodentia (4 espécies), Didelphimorphia (4)

e Xenarthra (4), seguida por Carnivora (2), Primates (2) e Artiodactyla (2)

Do total, 201 indivíduos foram capturados em armadilhas e 435

visualizados, com as espécies Cerdocyon thous, Coendou prehensilis e

Caluromys lanatus confirmadas somente por registros indiretos.

11

Tabela 1. Espécies visualizadas e capturadas no Parque Estadual do

Prosa, Campo Grande, MS, na época de seca e chuva, em 2006 e 2007.

Chuva Seca ORDEM / FAMÍLIA /

ESPÉCIE

Nome popular C. V. C. V.

Didelphimorphia

Didelphidae Didelphis albiventris Gambá 11 - 12 -

Caluromys lanatus Cuíca lanosa - 2 - 6

Marmosa murina Cuíca 14 - 22 -

Gracilinanus agilis Catita 7 - 5 -

Rodentia

Caviidae

Hydrochaeris hydrochaeris Capivara - 53 - 12

Dasyproctidae

Dasyprocta azarae Cotia 13 103 4 24

Erethizontidae

Coendou prehensilis Ouriço - 8 - 1

Cricetidae

Euryoryzomys nitidus Rato Silvestre 60 - 18 -

Xenarthra

Myrmecophagidae

Myrmecophaga tridactyla Tamanduá-Bandeira - 5 - 0

Tamandua tetradactyla Tamanduá-mirim - 14 - 1

Dasypodidae

Euphractus sexcinctus Tatu-peba 2 9 3 18

Dasypus novemcinctus Tatu-galinha - 5 - 1

Primates

Cebidae

Alouatta caraya Bugio - 34 - 2

Callitrichidae

Callithrix penicilata Sagui Estrela 4 43 0 3

Artiodactyla

Cervidae

Mazama americana Veado-mateiro - 5 - 1

Mazama gouazoubira Veado-catingueiro - 3 - 1

Carnivora

Canidae

Cerdocyon thous Lobinho - 8 - 1

Canis familiaris Cão doméstico - 2 - 1

Felidae

Felis catus Gato doméstico - 3 - 3

Procyonidae

Nasua nasua Quati 17 47 9 15

5 Ordens – 13 Famílias 20 spp. 128 344 73 91

N. = nome; C. = captura; V. = visualização.

12

Considerando o esforço de 4.480 armadilhas/noites, o total de 201

indivíduos capturados representa um sucesso de captura de 4%, que é o

esperado para o Bioma Cerrado e Mata Ciliar. Três espécies de pequenos

marsupiais foram capturadas, sendo que Marmosa murina foi a espécie mais

abundante com 18% das capturas, seguida de Didelphis albiventris com 12% e

de Gracilinanus agilis representada em 6% das capturas. Nasua nasua foi

capturada nas armadilhas em 13% das ocorrências.

A espécie mais freqüente foi o pequeno roedor Euryoryzomys nitidus com

39% das capturas. O gênero Euryoryzomys foi recentemente separado de

Oryzomys, e ainda não havia registro deste roedor no Mato Grosso do Sul,

apesar ter sido registrado em áreas adjacentes da Bolívia, no Acre e Mato

Grosso (MUSSER et al., 1998). Este pequeno roedor pertence à Família

Cricetidae, que apresenta a maior diversidade de roedores do Brasil, com 117

espécies em 36 Gêneros, todos agrupados em uma única subfamília neotropical,

Sigmodontinae (REIS et al., 2006). Euryoryzomys nitidus tem sua ocorrência

descrita até o momento para o Perú, Bolívia e Brasil, nos estados do Acre,

Amazônia, Rondônia e Mato Grosso (PATTON et al., 2000; CARMIGNOTTO,

2004; MUSSER & CARLETON, 2005).

As espécies que obtiveram maior número de ocorrências por observação

direta neste levantamento foram: Dasyprocta azarae com 30%, Hydrochaeris

hydrochaeris com 15%, Nasua nasua com 14% e Callithrix penicilata com 11%.

A similaridade de capturas e visualizações nos períodos de chuva e seca

foi próxima de 1, demonstrando que basicamente as mesmas espécies estão

presentes nos dois períodos. Entretanto, os índices de Correlação de Pearson

indicam que a proporção de visualização nas duas estações é significativamente

diferente (0,77065) ao nível de 5%, pois o número de indivíduos visualizados na

época das chuvas (339), contrasta com os 87 indivíduos visualizados na seca.

13

Assim como os índices de correlação relativos à captura (0,7472), com resultado

significativo a 5% (Tabela 2).

O Teste t comparando a diversidade na seca e na chuva demonstrou que

na visualização (t = 2,27) houve diferença ao nível de 5% de significância, e nas

capturas (t = 0,312) não houve diferença significativa. Os valores de riqueza não

diferem significativamente nas épocas de chuva e seca.

O Gráfico de Rarefação para a visualização e captura no período de

chuva indica que as coletas realizadas atingiram a assíntota. Entretanto a curva

decorrente no período da seca atingiu o mesmo resultado somente no caso das

capturas, indicando que as coletas foram suficientes nestes casos. (Figura 3).

14

Tabela 2. Índices de riqueza máxima e estimada, diversidade máxima e

estimada, eqüitabilidade, correlação de Pearson e similaridade entre capturas e

visualizações de mamíferos, no período de chuva e seca, no Parque Estadual do

Prosa, Campo Grande, Mato Grosso do Sul.

Índices Capt. Ch Capt. Sc Vis. Ch Vis. Sc Abundância 128 73 344 91 Riqueza (Jakknife) 8 7 14 13 Riqueza máxima (Jakknife) 8 10,5 14 19,5 Diversidade (Shannon) 1,641 1,736 2,078 1,964 Equitabilidade (Shannon) 0,789 0,8919 0,7873 0,7657 Correlação de Pearson 0,7472 * 0,77065 * Similaridade (Sørensen) 0,933 0,962

Capt. Ch = Captura, época de chuva; Capt. Sc = Captura, época seca; Vis. Ch =

Visualização, época de chuva; Vis. Sc = Visualização, época seca. *significativo

a 5%

N0 d

e esp

éci

es a

cum

uladas

N0 de coletas e visualização

Figura 3. Rarefação indicando os dados de visualização e captura nos períodos de seca e

chuva, no Parque Estadual do Prosa, Campo Grande, MS, em 2006 e 2007.

15

Todos os indivíduos pertencentes as espécies de pequenos mamíferos

foram capturados nas armadilhas dispostas nas árvores, atestando o seu hábito

preferencialmente arborícola ou semi-arbóreo. A ocorrência das espécies de

pequenos mamíferos é uma das principais contribuições dos resultados desta

investigação, face à carência de estudos na região. A ocorrência desses

pequenos roedores silvestres e marsupiais está correlacionada à

heterogeneidade ambiental do hábitat, entre esses parâmetros estão a área

basal e o tipo da cobertura vegetal, mostrando que as comunidades desses

pequenos mamíferos diferem em um gradiente de hábitats na paisagem do

bioma Cerrado (ALHO, 2005). Há espécies generalistas que ocorrem em três ou

mais tipos de hábitats (espécies pan-hábitativas) e espécies hábitat-

especialistas, cuja ocorrência está restrita a um tipo específico de hábitat. Como

a estrutura do hábitat tem sido apontada como o elemento mais importante para

determinar a comunidade de pequenos mamíferos no Cerrado (ALHO, 2005), as

espécies que ocorrem no hábitat de Mata Semidecídua do Parque do Prosa são

boas indicadoras da importância desse tipo de floresta para a região e para o

esforço em proteger seus remanescentes na região de Campo Grande.

A combinação dessas técnicas tem sido efetiva para assegurar a

amostragem da diversidade de mamíferos não voadores e também tem sido

utilizada em outros estudos em regiões tropicais (PASSAMANI et al., 2000;

PEREIRA et al., 2001).

De maneira geral, o sucesso de captura dessas armadilhas é maior na

estação seca, quando a escassez de alimentos torna as iscas mais atraentes

para os animais (DIETZ, 1983; ALHO et al., 2003; NITIKMAN; MARES, 1988).

No entanto, os dados aqui apresentados indicam que outros fatores, podem

influenciar o índice de captura, resultando em um maior sucesso na época de

chuva.

Neste estudo, observamos que na época da seca houve uma maior

incidência de ataques por Nasua nasua existentes no PEP, às iscas do interior

das armadilhas, fato este que pode ter influenciado o baixo resultado das

capturas neste período.

16

Um maior sucesso de captura na estação chuvosa é freqüentemente

observado em armadilhas do tipo “pitfall”, estando provavelmente relacionado ao

aumento de atividade dos pequenos roedores e marsupiais durante esta estação

do ano (SOUZA; ALHO, 1980; ALHO et al., 2003;). No presente estudo, em

armadilhas do tipo “pitfall”, o sucesso de captura foi de 1% na época da seca e

0% na época cheia, contrariando investigações anteriores.

Foram registradas quatro espécies de pequenos mamíferos terrestres na

região, sendo três de marsupial e um pequeno roedor .

Algumas espécies, como Coendou prehensilis, Myrmecophaga tridactyla,

Tamandua tetradactyla, não registradas ou consideradas raras na época seca

mostraram-se comuns no período de chuva.

A maioria das espécies de pequenos roedores e marsupiais do Brasil

apresenta grande dificuldade de identificação, sendo necessária a observação

de características cranianas e de dentição, e a comparação com exemplares

depositados em museus para uma identificação confiável (SABINO; PRADO,

2006). Por essa razão, 20 indivíduos de roedores e marsupiais foram remetidos

para mastozoólogos taxonomistas no Museu Nacional do Rio de Janeiro para

correta identificação, e incorporados à coleção de mamíferos do Museu Nacional

do Rio de Janeiro.

17

4 CONCLUSÃO

Os resultados aqui apresentados sugerem que, embora em fragmentos

perturbados a riqueza local de espécies possa parecer pequena, estes

fragmentos protegidos podem conter uma diversidade significativa da

mastofauna local. Desta forma, o presente trabalho mostra a importância da

preservação de fragmentos de matas ciliares para a manutenção da

biodiversidade animal e evidencia a importância de projetos de recuperação de

matas ciliares em áreas urbanas.

As espécies de mamíferos presentes no PEP não estão totalmente

protegidas, já que é comum encontrar cachorro (Canis familiaris) e gato (Felis

catus) domésticos percorrendo e, até mesmo, perseguindo animais silvestres

dentro do PEP. A presença desses animais domésticos representa uma

potencial ameaça à mastofauna local, considerando-se que eles são potenciais

transmissores de doenças, têm a capacidade de predar animais silvestres e,

além disso, são competidores diretos por recursos alimentares.

Portanto os resultados deste estudo possibilitaram a mudança de

perspectiva diante da ocorrência de indivíduos da mastofauna terrestre no

Parque Estadual do Prosa, pois antes se acreditava que a fauna terrestre do

Parque encontrava-se empobrecida na região, com registros de espécies de

ampla ocorrência e consideradas como oportunistas e generalistas, tipicamente

de ocorrência em hábitats fragmentados e perturbados.

Os registros procedentes deste estudo mostram a presença de espécies

como Myrmecophaga tridactyla e Tamandua tetradactyla, oficialmente listadas

como ameaçadas de extinção, e outras, tais como Coendou prehensilis,

Mazama americana, Mazama gouazoubira, Alouatta caraya e Dasypus

novemcinctus algumas destas de médio porte e de valor cinegético, que

constituem indicador de que a proteção e permanência de áreas remanescentes

de florestas e nascentes são um fator de proteção também para estas espécies.

18

Recomendamos novos estudos de longa duração com mamíferos no

PEP, visando monitorar flutuações populacionais e taxas de extinção e, ou,

incremento de espécies.

19

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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