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1 UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO UNINOVE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO A INFLUÊNCIA DE PESQUISADORES DO STRICTO SENSU EM ADMINISTRAÇÃO NA LEGITIMAÇÃO DO CONHECIMENTO EM SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL Celso Machado Júnior SÃO PAULO 2012

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UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO – UNINOVE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

A INFLUÊNCIA DE PESQUISADORES DO STRICTO SENSU EM

ADMINISTRAÇÃO NA LEGITIMAÇÃO DO CONHECIMENTO EM

SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL

Celso Machado Júnior

SÃO PAULO

2012

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CELSO MACHADO JÚNIOR

A INFLUÊNCIA DE PESQUISADORES DO STRICTO SENSU EM

ADMINISTRAÇÃO NA LEGITIMAÇÃO DO CONHECIMENTO EM

SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação

em Administração da Universidade Nove de

Julho – UNINOVE, como requisito parcial para

obtenção do grau de Doutor em Administração.

Orientadora:

Profa. Dr

a. Maria Tereza Saraiva de Souza

São Paulo

2012

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A INFLUÊNCIA DE PESQUISADORES DO STRICTO SENSU EM

ADMINISTRAÇÃO NA LEGITIMAÇÃO DO CONHECIMENTO EM

SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL

Por

Celso Machado Júnior

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação

em Administração da Universidade Nove de

Julho – UNINOVE, como requisito parcial para

obtenção do grau de Doutor em Administração,

sendo a banca examinadora formada por:

_________________________________________________________________

Presidente: Prof. Dra. Maria Tereza Saraiva de Souza, Doutora – Orientadora,

Universidade Nove de Julho - UNINOVE/PPGA

_________________________________________________________________

Membro externo: Profa. Dra. Silvana Anita Walter

Universidade Regional de Blumenau - FURB

_________________________________________________________________

Membro externo: Prof. Dr. Wilson Aparecido Costa de Amorim

Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS

_________________________________________________________________

Membro interno: Prof. Dr. Pedro Luiz Côrtes

Universidade Nove de Julho – UNINOVE/PPGA

_________________________________________________________________

Membro interno: Prof. Dr. Reed Elliot Nelson

Universidade Nove de Julho – UNINOVE/PPGA

São Paulo, 5 de dezembro de 2012.

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Aos meus pais, que forjaram meu caráter;

a minha esposa, parceira de todas as aventuras;

aos meus filhos Yuri Tobias e Kim Emanuel, inspiração para as minhas superações;

aos meus amigos que me apoiaram em todos os momentos desta jornada.

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AGRADECIMENTOS

A orientadora Professora Dra. Maria Tereza Saraiva de Souza, pela amizade, pelas

revisões minuciosas, pelas recomendações na delimitação do escopo de estudo e pela

confiança durante todo do processo de desenvolvimento desta tese.

A Universidade Nove de Julho UNINOVE, pela concessão da bolsa de estudo, durante

a realização do Curso de Doutorado. Esta condição gerou a oportunidade de desenvolver esta

tese. Como parte do agradecimento a esta instituição destaca-se a oferta de todas as condições

necessárias para o desenvolvimento do Doutorado, tanto no que diz respeito às instalações

quanto ao seu corpo docente.

A CAPES que por intermédio do projeto Pró-administração, possibilitou o

levantamento do banco de dados utilizado para o desenvolvimento das pesquisas.

Aos colegas do grupo de pesquisa em sustentabilidade ambiental William Nunes da

Silva, Iara Regina dos Santos Parisotto e Heloísa Helena Marques da Silva que

compartilharam o processo de construção do banco de dados do Pró-administração, sem os

quais não seria possível esta pesquisa.

Aos professores Dr. Dirceu da Silva, Dr. Edmilson de Oliveira Lima, Dr. Leonel Cezar

Rodrigues, Dr. Milton Campanário, Dra. Nildes Raimunda Pitombo Leite e Dr. André Luiz

Fischer, entre outros, que no transcorrer das disciplinas me transmitiram conhecimentos e a

confiança necessária para a conclusão da minha tese.

Aos membros da minha banca de qualificação e de avaliação os professores Dra.

Silvana Anita Walter, Dr. Wilson Aparecido Costa de Amorim, Dr. Reed Elliot Nelson e Dr.

Pedro Côrtes pela valiosa colaboração, que resultou em significativos benefícios para a minha

tese.

A Maria Aparecida Furlaneto, pela minuciosa revisão e colaboração para o

entendimento da obra de Berger e Luckmann.

Ao professor Leonel Mazzali meu orientador no mestrado, pelo incentivo para realizar

o Doutorado, e pela valiosa colaboração na execução desta tese.

A todos os colegas e amigos, pela troca de conhecimentos, pelas contribuições e pelo

incentivo, essenciais para a concretização desta árdua e prazerosa tarefa de produção

científica.

A minha esposa, Cristiane Jaciara Furlaneto, pelo apoio, estímulo e compreensão

demonstrados durante as intermináveis noites, finais de semana e feriados de trabalho, e pela

grande contribuição na finalização da tese.

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RESUMO

A sustentabilidade ambiental na sociedade se caracteriza como um campo científico

emergente e dinâmico na geração de conhecimento. O conhecimento é interpretado como um

processo social que necessita ser legitimado pela sociedade para ser validado e aceito. Assim,

o presente estudo possui o objetivo principal de analisar a contribuição do Stricto Sensu em

administração na legitimação do conhecimento em sustentabilidade ambiental e as

características principais dos agentes envolvidos. O quadro de referência teórico se apoia na

abordagem da sociologia do conhecimento de Berger e Luckmann (2008) associada às teorias

dos estudos bibliométricos e das análises de redes sociais. O delineamento do estudo

enquadra-se na categoria de pesquisa descritiva que utiliza as seguintes técnicas: o data

mining que é quantitativo e a análise de redes sociais que é quantitativa e qualitativa,

caracterizando-se desta forma como pesquisa de métodos mistos. A pesquisa utilizou duas

fontes de dados. A primeira é a do projeto Pró-administração com os dados das teses e

dissertações defendidas nos programas de pós-graduação em administração no Brasil no

período de 1998 a 2009. A segunda se constitui no referencial teórico de 47 teses e

dissertações de sustentabilidade ambiental defendidas no Stricto Sensu de administração no

período de 2007 a 2009. No período de 1998 a 2009 um total de 295 professores do Stricto

Sensu em administração realizaram orientações na área de sustentabilidade ambiental. A

colaboração destes pesquisadores se aproxima da Lei de Lotka, na qual os cinco

pesquisadores mais prolíficos reponderam pela orientação de 15% de todas as pesquisas,

enquanto 208 pesquisadores realizaram apenas uma orientação em sustentabilidade ambiental.

As Instituições de Ensino Superior - IESs de formação dos pesquisadores se aproxima da Lei

de Bradford, estabelecendo três grupos de importância na formação de doutores egressos que

desenvolvem orientações no campo de pesquisa. O núcleo principal é constituído pela

Universidade de São Paulo USP e pela Fundação Getúlio Vargas de São Paulo FGV/SP

responsáveis pela formação de 35% dos pesquisadores. A análise da estrutura de colaboração

gerada a partir dos laços de participação mostrou que o arranjo social formado pelos

participantes das bancas de doutorado e mestrado se configura uma rede social do tipo two-

mode formada por 947 atores que com 1284 laços de relacionamento. Estes atores estão

distribuídos em três arranjos sociais principais e a ocorrência de algumas bancas isoladas. A

análise de nove teses e 38 dissertações de sustentabilidade ambiental no Stricto Sensu em

administração revelou um total de 4852 citações, sendo 1360 voltadas para este campo de

pesquisa. Com base na abordagem de Berger e Luckmann (2008) identificou-se a legitimação

do conhecimento em sustentabilidade ambiental na obra dos seguintes autores atuantes no

Stricto Sensu em administração: José Carlos Barbieri, Luis Felipe Machado do Nascimento,

Hans Michael Van Bellen, Jacques Demajorovic e Ícaro Aronovich da Cunha. O modelo de

análise do processo de legitimação e institucionalização do conhecimento, proposto por este

estudo, e que incorpora a abordagem de Berger e Luckmann (2008) a bibliometria e a análise

de redes sociais se mostrou adequado à finalidade que se destinava.

Palavras-chave: Sustentabilidade Ambiental. Ensino e Pesquisa em Administração.

Institucionalização do Conhecimento. Análise de Redes Sociais. Data Mining.

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ABSTRACT

Environmental sustainability in society is characterized as a dynamic and emerging scientific

field in knowledge generation. Knowledge is interpreted as a social process that needs to be

legitimized by society as a whole to be validated and accepted. Thus, the present study has the

main objective to analyze the contribution of Stricto Sensu in administration in the

legitimating of knowledge in environmental sustainability. The theoretical framework is based

on the approach of the sociology of knowledge of Berger and Luckmann (2008) associated

with the theories of bibliometric studies and analysis of social networks. The study design fits

the category of descriptive research that uses the following techniques: the data mining that is

a quantitative and analysis of social networks that is both quantitative and qualitative,

characterizing this study how mixed methods research. The research used two data sources.

The first is from the project Pro-administration with data from theses and dissertations in

graduate programs in business administration in Brazil from 1998 to 2009. The second

constitutes the referential utilized in 47 theses and dissertations defended in environmental

sustainability Stricto Sensu of period from 2007 to 2009. In the period 1998 to 2009 a total of

295 teachers in Stricto Sensu administration made leading in the area of environmental

sustainability. A collaboration of researchers approaches the Lotka's Law, in which the five

most prolific researchers are responsible by 15% of all searches leading, while 208

researchers conducted only one orientation on environmental sustainability. The Higher

Education Institutions training of researchers approaching Bradford's Law, establishing three

important groups of doctors in training graduates who develop leading in the search field. The

core consists of the University of São Paulo USP and the Foundation Getúlio Vargas in São

Paulo FGV / SP responsible for training 35% of the researchers. Analysis of the structure of

collaboration generated from the bonds of participation showed that the social arrangement

formed by participants of doctoral and masters stalls set up a social network type two-mode

consists of 947 actors with 1284 ties of relationship. These actors are divided into three main

social arrangements and the occurrence of some isolated stalls. The analysis of nine theses

and 38 dissertations in environmental sustainability in Stricto Sensu in administration

revealed a total of 4852 citations, 1360 being devoted to this field of research. Based on the

typology of Berger and Luckmann (2008) identified the legitimation of knowledge on

environmental sustainability in the work of the following authors working in Stricto Sensu in

administration: Jose Carlos Barbieri, Luis Felipe Machado Nascimento, Hans Michael Van

Bellen, Jacques Demajorovic and Ícaro Aronovich da Cunha. The analysis model of the

process of legitimization and institutionalization of knowledge, proposed by this study, and

that incorporates the type of Berger and Luckmann (2008) bibliometrics and social network

analysis proved suitable for the purpose it was intended.

Keywords: Environmental Sustainability. Teaching and Research in Management.

Institutionalization of Knowledge. Social Network Analysis. Data Mining.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Evolução do volume total de teses e dissertações e da sustentabilidade

ambiental de 1998 a 2009......................................................................................................

17

Figura 2 - As influências filosóficas sobre as teorias sociais e individuais de

aprendizagem........................................................................................................................

31

Figura 3 - Ciclo simples e ciclo duplo de aprendizagem...................................................... 34

Figura 4 - Espiral do conhecimento...................................................................................... 37

Figura 5 - Espiral de criação do conhecimento organizacional............................................ 37

Figura 6 - Dinâmica do processo de aprendizagem.............................................................. 45

Figura 7 - Origem da ordem institucional............................................................................. 52

Figura 8 - As principais Leis da Bibliometria........................................................................ 72

Figura 9 - Diagrama da inter-relação entre as quatro técnicas.............................................. 80

Figura 10 - Origem da Análise de Redes Sociais.................................................................. 82

Figura 11 - Mapa de orientação conceitual: modo de gerenciamento e formação de elos.... 90

Figura 12 - Cronologia de redes de colaboração científica................................................... 93

Figura 13 – Interpretação e representação da abordagem de Berger e Luckmann (2008)

associada com o campo científico, com a bibliometria e com a análise de redes sociais......

109

Figura 14 - Relação dos objetivos e respectivas técnicas de pesquisa.................................. 115

Figura 15 - Estratégia de pesquisa explanatória sequencial.................................................. 116

Figura 16 - Encadeamento das etapas desenvolvidas nesta pesquisa.................................. 117

Figura 17 - Passos do processo de KDD............................................................................... 119

Figura 18 - Tela do corpo docente disponibilizado pela Capes............................................. 124

Figura 19 - Fluxo de trabalho dos pesquisadores no levantamento de dados........................ 125

Figura 20 - Relação das IESs em que os orientadores obtiveram o doutorado..................... 142

Figura 21 - Ano de obtenção do doutorado pelo orientador em Stricto Sensu de

administração.........................................................................................................................

146

Figura 22 - Dependência administrativa das IESs................................................................. 150

Figura 23 - Distribuição das teses e dissertações de sustentabilidade ambiental por

região geográfica do Brasil de 1998 a 2009..........................................................................

151

Figura 24 - Distribuição das teses e dissertações de sustentabilidade ambiental por

estado do Brasil de 1998 a 2009............................................................................................

152

Figura 25 - Distribuição dos trabalhos sobre sustentabilidade ambiental por categorias

do Stricto Sensu de 1998 a 2009...........................................................................................

153

Figura 26 – Rede de cooperação entre os membros das bancas de doutorado e de

mestrado de sustentabilidade ambiental em administração no período de 1998 a 2009......

155

Figura 27 – Rede de cooperação entre os membros das bancas de doutorado e de

mestrado de sustentabilidade ambiental em administração no período de 1998 a 2009

que apresentam mais de nove laços de relacionamento.........................................................

156

Figura 28 - Aplicação da Lei de Bradford considerando apenas uma IES na condição no

primeiro núcleo de análise (Zona 1). ....................................................................................

183

Figura 29 – Aplicação da Lei de Bradford considerando duas IESs na condição no

primeiro núcleo de análise (Zona 1)......................................................................................

183

Figura 30 – Aplicação do modelo de análise proposto pelo estudo....................................... 198

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Síntese do referencial teórico.............................................................................. 29

Quadro 2 - Pontos de destaque dos autores abordados no Referencial Teórico................... 42

Quadro 3 - Os quatro processos e três níveis de ocorrência da aprendizagem e sua

renovação nas organizações..................................................................................................

43

Quadro 4 - Leis da Bibliometria............................................................................................ 73

Quadro 5 - Tipologia para definição e classificação da bibliometria, cienciometria,

informetria e webometria......................................................................................................

79

Quadro 6 - Conceitos utilizados na Análise de Redes Sociais – ARS.................................. 86

Quadro 7 - Conceitos dos principais itens da abordagem de Berger e Luckmann e Berger

e Berger..................................................................................................................................

96

Quadro 8 - Relação dos anos em que o CAPES disponibiliza informações, divididos em

triênios...................................................................................................................................

120

Quadro 9 - Relação das Instituições de Ensino Superior pesquisadas.................................. 122

Quadro 10 - Categorias de palavras....................................................................................... 127

Quadro 11 – Relação das 47 teses e dissertações em sustentabilidade ambiental que

compõem a amostra de análise das citações utilizadas nas referências bibliográficas..........

164

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Relação dos pesquisadores mais prolíficos na orientação e a centralidade na

estrutura de colaboração a partir dos laços e participação em bancas examinadoras do

doutorado e do mestrado.......................................................................................................

132

Tabela 2 – Principais professores orientadores e o quantitativo daqueles que tiveram

menor participação nas pesquisas em sustentabilidade ambiental no Stricto Sensu de

administração de 1998 a 2009...............................................................................................

138

Tabela 3 – Área de formação dos orientadores no Stricto Sensu em administração............. 145

Tabela 4 – Relação das teses e dissertações em sustentabilidade ambiental por

Instituição de Ensino Superior IES de 1998 a 2009..............................................................

148

Tabela 5 – Relação da centralidade dos 25 principais pesquisadores orientadores de

aluno de doutorado ou mestrado de sustentabilidade ambiental em administração no

período de 1998 a 2009.........................................................................................................

157

Tabela 6 – Medidas de coesão da rede de pesquisadores orientadores em

sustentabilidade ambiental em administração no período de 1998 a 2009...........................

162

Tabela 7 – Distribuição das citações de teses e dissertações por categorias......................... 166

Tabela 8 – Autores mais citados em teses e dissertações de sustentabilidade ambiental

distribuídos por IESs em que a pesquisa foi.........................................................................

167

Tabela 9 – Relação dos pesquisadores que citaram Ignacy Sachs........................................ 169

Tabela 10 – Relação dos pesquisadores que citaram José Carlos Barbieri............................ 170

Tabela 11 – Relação dos pesquisadores que citaram João Eduardo Prudêncio Tinoco....... 171

Tabela 12 – Relação dos pesquisadores que citaram Luis Felipe M. do Nascimento.......... 172

Tabela 13 – Relação dos pesquisadores que citaram Hans Michael Van Bellen................... 173

Tabela 14 – Relação dos pesquisadores que citaram Fernando Alves de Almeida............... 174

Tabela 15 – Relação dos pesquisadores que citaram Denis Donaire.................................... 175

Tabela 16 – Relação dos pesquisadores que citaram Elio Takeshi Takeshy Tachizawa...... 176

Tabela 17 – Relação dos pesquisadores que citaram José Célio Silveira Andrade............... 177

Tabela 18 – Relação dos pesquisadores que citaram Tânia Nunes da Silva......................... 177

Tabela 19 – Relação dos pesquisadores que citaram Eugenio Ávila Pedrozo...................... 178

Tabela 20 – Aplicação das leis da bibliometria..................................................................... 180

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

ARS - Análise de Redes Sociais ou Análise Sociométrica

CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CIS - Centro de Estudos Informétricos

COP - Conferência das Partes da Organização das Nações Unidas sobre Mudança Climática

DDT - Dicloro-Difenil-Tricloroetano

EBA - Economia Baseada na Aprendizagem EBC - Economia Baseada no Conhecimento

IES - Instituição de Ensino Superior

INSNA - International Network for Social Netwok Analisys (Rede Internacional de ARS)

ISI - Institut for Scientific Information (Instituto de Informação Científica)

KDD - Knowledge Discovery in Databases (Descoberta de Conhecimento em base de dados)

SA - Sustentabilidade Ambiental

URL - Uniform Resource Lacators (Localizadores de Recursos Uniformes)

WIF - Web Impact Factor (Fator de Impacto da Webometria)

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................................. 13

1.1 Objetivo da pesquisa....................................................................................................... 20

1.2 Objetivos específicos....................................................................................................... 21

1.3 Justificativa e relevância do estudo.................................................................................. 22

1.4 Estrutura do Trabalho....................................................................................................... 26

2 REVISÃO TEÓRICA........................................................................................................ 28

2.1 A caracterização da pesquisa do conhecimento frente às teorias adotadas na

Administração.......................................................................................................................

30

2.2 As dimensões epistemológica e ontológica do conhecimento........................................ 32

2.3 A sociologia do conhecimento......................................................................................... 47

2.4 A interpretação da socialização do conhecimento pela bibliometria e suas técnicas

derivadas................................................................................................................................

66

2.5 O conhecimento no contexto da rede social.................................................................... 81

2.6 A sociologia do conhecimento como base teórica para as pesquisas bibliometricas

e de Análises de Redes Sociais – ARS..................................................................................

94

2.7 Modelo conceitual de análise.......................................................................................... 108

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS....................................................................... 113

3.1 Delineamento e pressupostos da pesquisa....................................................................... 113

3.2 Abordagem quantitativa dos pesquisadores e IESs......................................................... 118

3.3 Abordagem da Análise das Redes Sociais – ARS........................................................... 130

3.4 Abordagem quantitativa das citações.............................................................................. 133

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS.............................................................. 136

4.1 Métricas dos orientadores e das instituições de ensino superior IESs que

desenvolveram pesquisas em sustentabilidade ambiental.....................................................

136

4.2 Análise de redes expressas sob a forma de estruturas de colaboração geradas a partir

de laços de participação em bancas de defesa de tese e dissertação no Stricto

Sensu......................................................................................................................................

154

4.3 Análise bibliométrica de citações das teses e dissertações na identificação da

legitimação do conhecimento em sustentabilidade ambiental..............................................

163

5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ANALISADOS........................................................ 179

5.1 Perfil dos professores orientadores e das IESs que desenvolveram pesquisas em

sustentabilidade ambiental....................................................................................................

179

5.2 A rede social de colaboração, e a centralidade dos principais atores.............................. 188

5.3 A legitimação e a institucionalização do conhecimento em sustentabilidade

ambiental...............................................................................................................................

192

6 CONCLUSÃO.................................................................................................................... 201

REFERÊNCIAS..................................................................................................................... 208

APÊNDICES.......................................................................................................................... 223

Apêndice A – Relação dos 295 professores que realizaram orientação de tese ou

dissertação em sustentabilidade ambiental............................................................................

223

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13

1 INTRODUÇÃO

O livro “Primavera Silenciosa” (Silent Spring) de Rachel Carson (1962) se constitui

em um importante marco do processo de consciência ambiental. Após identificar os efeitos

nocivos da utilização do pesticida DDT (sigla de Dicloro-Difenil-Tricloroetano), tanto na

destruição de espécies de insetos quanto na sua acumulação nos tecidos gordurosos dos

animais, inclusive do homem, a pesquisadora tenta, sem êxito, publicar suas descobertas em

revistas científicas. Frente a esta dificuldade, resolve então publicar o livro Primavera

Silenciosa, no qual além de expor os perigos do DDT, questiona a adequação de se utilizar

essa tecnologia. A importância deste livro se deve à inserção da sustentabilidade ambiental

como uma temática de atenção da sociedade, que identifica a vulnerabilidade da natureza à

intervenção humana.

Na conferência de Estocolmo, realizada em 1972, inicia-se o processo de discussão da

questão ambiental em escala global e com desdobramentos para seus principais atores:

sociedade, governos e empresas. Deste evento, emerge o entendimento de que os países

necessitam tratar questões como o estabelecimento de legislação voltada à demanda

ambiental, à educação ambiental de seus cidadãos, à incorporação da gestão ambiental nas

estruturas empresariais, além de outras. Autores como Seiffert (2005) e Barbieri (2011)

destacam as três últimas décadas do século XX como um período de intenso debate dos

aspectos ambientais.

Estes eventos produziram importantes avanços para a sociedade como a Agenda 21,

com programas e políticas de preservação do meio ambiente, e o Protocolo de Kyoto, que se

constitui em um tratado internacional com compromissos para a redução da emissão dos gases

que agravam o efeito estufa. A emissão de gases é considerada, de acordo com a maioria das

investigações científicas, como causa do aquecimento global. Esse conjunto de fatores levou

as empresas a incluir a sustentabilidade ambiental nas ações e decisões organizacionais

(SEIFFERT, 2005). Estes eventos se inserem em um conjunto de encontros denominados

Conferência das Partes da ONU sobre Mudança Climática – COP, que tem por objetivo reunir

os representantes dos países e da sociedade, de forma organizada, para debater princípios e

metas de um acordo internacional sobre mudanças climáticas.

A inclusão da sustentabilidade ambiental na sociedade demanda a geração de novos

conhecimentos que atendam aos desafios que surgem. Neste contexto, o conhecimento

originado pode ser resultante tanto de uma ação individual quanto de um processo

organizacional e social. O novo conhecimento possibilita ao indivíduo, à organização ou ao

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grupo social avançar para além do que já é experimentado, de forma a estender ou transformar

o conhecimento socialmente compartilhado. O novo saber gerado seja por meio da

investigação científica, do trabalho artístico, do jornalismo investigativo, da experiência

pessoal, e até mesmo por acidente, possibilita o desenvolvimento do indivíduo, das

organizações e da sociedade em geral (ALLERT, 2004).

No mesmo período surgem as teorias econômicas que apresentam a perspectiva do

conhecimento como principal elemento da chamada sociedade da informação, que se insere

no contexto da Economia Baseada no Conhecimento – EBC, conforme apontado por Dahlman

(2002) e Castells (2007) ou no da Economia Baseada na Aprendizagem – EBA, conforme

apontado por Foray e Ludavall (1996). Sob esta perspectiva, o conhecimento se constituiu no

elemento nuclear da economia, substituindo a terra e a indústria como principal componente

do sistema capitalista.

A produção de conhecimento e a sua distribuição se consubstanciam no esforço de

redução das desigualdades sociais, e como pedra angular no processo de consolidação desta

nova concepção de sociedade, envolta na economia baseada no conhecimento. Neste cenário,

o conhecimento cumpre papel essencial tanto para a acumulação econômica quanto para o

funcionamento do próprio Estado e da sociedade. O processo de mudança social coexiste com

possibilidades e desafios de desenvolvimento que surgem das transformações imateriais que

influenciam tanto na produção material quanto na produção de intangíveis (MACIEL, 2001).

Esta nova realidade econômica se caracteriza pelo desenvolvimento de novas

tecnologias e mudanças contínuas, que alteram a realidade empresarial para uma maior

dependência da educação das sociedades. A capacidade de aprender e os processos de

aprendizagem são apontados como importantes fatores desta nova forma de economia

(LENHARI; QUADROS, 2002). Como apontado por Bengtsson (2002), o cerne da economia

do conhecimento se apoia no volume, na natureza e na direção da produção do conhecimento,

na sua disseminação e no seu uso. O âmago da estrutura desta nova economia se estabelece

nas relações da sociedade, posicionando a sociologia do conhecimento como um importante

referencial teórico para entendimento deste fenômeno.

Assim, dentro do contexto da economia baseada no conhecimento, origina-se a

sustentabilidade ambiental que, em um processo de contínua evolução, abarca as

organizações, o poder público e a sociedade em geral. Dentre os arranjos sociais existentes, as

Universidades ou Instituições de Ensino Superior (IES) se apresentam relevantes para

desenvolverem estudos que analisam a dimensão social (BIDWELL, 2006). A importância

das IESs no processo de desenvolvimento intelectual formal da sociedade se submete a ações

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15

de controle de suas funções e atividades por parte dos governos nacionais, inclusive as de

pesquisa formalizada nos programas de pós-graduação Stricto Sensu (MELLO et al., 2010).

Por se tratar de uma pesquisa contextualizada no Stricto Sensu em administração, o

conceito de sustentabilidade ambiental, adotado neste trabalho, se aproxima da abordagem de

gestão ambiental empresarial apresentada por Barbieri (2011). Tal aproximação conceitual

decorre do posicionamento da gestão ambiental empresarial a um conjunto de iniciativas

voltadas ao atendimento de qualquer tipo de problema ambiental. Segundo Barbieri (2011),

no atual contexto, todos os setores da sociedade abarcam a questão ambiental. O autor

posiciona a gestão ambiental em três dimensões: o espaço físico, os temas/variáveis

ambientais e as instituições envolvidas. Para o autor, estas dimensões possuem associação à

dimensão filosófica “que trata da visão de mundo e da relação entre o ser humano e a

natureza” (BARBIERI, 2011, p. 27). Tal cenário estabelece um contexto de questionamentos

e disputas que para serem esclarecidos envolvem o entendimento das relações e interações

entre os seres vivos e destes com o ambiente em que vivem. Souza et al. (2011b) desenvolveu

uma pesquisa que identificou 26 categorias de palavras-chave em estudos do Stricto Sensu em

administração, que se caracterizam como componentes que edificam a sustentabilidade

ambiental. Vale destacar que estas palavras-chave são apresentadas no terceiro capítulo deste

estudo.

A abordagem de sustentabilidade ambiental se insere no conceito de campo de

Bourdieu (2006), que o aborda dentro do contexto de poder e como uma variável central

envolta na luta de interesses. Segundo Bourdieu (1992), o campo se configura a partir de

relações entre posições definidas e determinantes para os ocupantes, agentes ou instituições.

Estas posições envolvem tanto a relação de dominação e subordinação quanto à aquisição de

recursos expressos de diversas formas e normalmente denominado como capital. Nesse

sentido, é necessário considerar o valor que os outros atores atribuem a este capital específico

(capital simbólico). Surge, assim, o conceito de espaço social caracterizado por um intrincado

conjunto de campos disputando a própria representação no mundo social (BOURDIEU,

2006). Na proposição de Bourdieu (2006), o capital simbólico possibilita a alguns atores o

poder simbólico que possui potencial para configurar o habitus do campo. O habitus se

caracteriza como uma estrutura que provê as regras práticas que edificam o arcabouço social e

pauta as ações dos agentes. Nesse sentido, para Bourdieu (2006), cada campo é detentor de

um conjunto de práticas, normas, valores, estilos, gostos e restrições que estabelecem o

habitus que configura as condições sociais.

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Para Bourdieu (1983), as relações de poder e conflitos decorrentes das ações que os

atores realizam no esforço de se fazer prevalecer a sua visão no campo, também são comuns

aos campos científicos. Para o autor, o raciocínio aplicável ao campo é passível de reprodução

para o campo científico, é “um campo social como outro qualquer, com suas relações de força

e monopólio, suas lutas e estratégias, seus interesses e lucros” (BOURDIEU, 1983, p. 128).

Tal abordagem configura o campo como um corpo de conhecimento em contínua construção,

que se apoia em pesquisas empreendidas para responder os problemas que se estabelecem.

Vale destacar que Walter et al. (2009) posicionam a pesquisa da produção científica como

instrumento do conhecimento que pode ser circunscrito à totalidade dos atores relevantes e à

respectiva rede de relacionamentos estruturada.

A área acadêmica desempenha importante papel no processo de produção e

disseminação de conhecimento nesta conjuntura social que se estabelece. Segundo Saraiva e

Carrieri (2009), uma maior contribuição da área acadêmica pode ser observada pelo

crescimento do número de programas de pós-graduação no Brasil, pelo aumento de

pesquisadores em decorrência do próprio aumento de programas, e pela pressão exercida por

órgãos reguladores e de fomento à pesquisa. O exposto evidencia que o aumento de oferta de

curso de pós-graduação não está desassociado da respectiva qualidade envolvida no processo,

fato este, materializado nos requisitos dos órgãos reguladores e de fomento à pesquisa. Para

Mello et al. (2010), as atividades de pesquisa e ensino, que os programas de pós-graduação

desenvolvem, são interpretadas como uma função legítima e socialmente reconhecida,

sancionadas assim a um forte condicionamento legal e burocrático. Segundo estes autores,

alguns países instituem um corpo especializado para desempenhar as atividades de avaliação

dos programas de pós-graduação. No Brasil esta atividade fica a cargo da Coordenação de

Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES órgão vinculado ao Ministério da

Educação.

Estudo desenvolvido por Souza et al. (2011b) aponta sensível crescimento no número

de teses e dissertações na área de administração no período de 1998 a 2009. O estudo indica

que as pesquisas em sustentabilidade ambiental apresentaram um discreto aumento de

participação, sendo que nos últimos quatro anos de levantamento apresentam valores

superiores ao da média geral. A Figura 1 apresenta a evolução do volume total de teses e

dissertações, e o desempenho quantitativo e percentual (em relação ao total) da pesquisa em

sustentabilidade ambiental.

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Figura 1. Evolução do volume total de teses e dissertações e da sustentabilidade ambiental de 1998 a 2009

Fonte: Souza et al. (2011b)

Nota: o eixo das ordenadas esta formatado em escala logarítmica

O curso de pós-graduação Stricto Sensu apresenta-se assim como uma importante

fonte de geração de conhecimento para atender as emergentes demandas das organizações e

da sociedade. O curso de administração, por sua vez, destina-se a preparar os profissionais

que atuaram no desenvolvimento das atividades das organizações, de forma alinhada ao

modelo de gestão adotado. Assim, a organização social que incorpora o modelo de gestão

ambiental, demandará indivíduos capacitados a executarem suas atividades ponderando os

respectivos impactos sobre o ambiente e a sociedade.

Apesar da importância do Stricto Sensu para o ensino e a pesquisa, os processos de

avaliação de pesquisadores e os programas de pós-graduação promovidos pela CAPES

depositam maior ênfase na produção de artigos científicos. Nesse contexto, o professor do

Stricto Sensu necessita de publicações em periódicos para atender a pontuação necessária e

assegurar a sua permanência no programa. Assim, as demais atribuições como desenvolver

atividades de extensão, atuar junto a periódico como editor, atuar como membro de Comitês

Editoriais ou como avaliador, organizar eventos nacionais e internacionais, atuar nos

congressos como avaliador de artigos, colaborar com outras instituições de ensino superior,

assumir cargos administrativos, desenvolver produção técnica e tecnológica, participar de

bancas de dissertação ou tese, realizar a orientação dos alunos, entre outras, ficam relegadas a

1

10

100

1000

10000

Total geral (∑ 13.656)

Dimensão Ambiental e Socioambiental (∑ 529)

Percentagem (média 3,9%)

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um foco secundário de atenção (NASCIMENTO, 2010). Tal cenário desperta atenção para

estudos que contemplem atividades relevantes aos programas de Stricto Sensu que,

diferentemente da produção de artigos científicos, não possuem impacto relevante na

avaliação do pesquisador. Dentre o rol de responsabilidades associadas à atividade de

professor do Stricto Sensu a orientação dos alunos se estabelece como elemento de interesse

desta pesquisa. Vale destacar, que a defesa da proposição desenvolvida junto a uma Banca

Avaliadora se estabelece como final do processo de orientação. Importante destacar que

Fleury (2003) aponta que grande parte da produção acadêmica se origina das pesquisas

desenvolvidas durante o processo de orientação, de trabalhos de disciplinas de pós-graduação,

ou ainda, de projetos entre professores da mesma instituição. Destarte, pesquisa desenvolvida

por Moretti e Campanário (2009) aponta que muitas relações iniciadas da atividade de

orientação se repetem na geração de produção acadêmica, reforçando, assim, a importância de

análises que se concentrem na relação de orientação dos alunos do Stricto Sensu.

A análise do trabalho de pesquisa desenvolvido entre o orientado e o orientador é

realizada pela Banca Avaliadora. Nesse contexto, a Banca Avaliadora se revela como um

importante componente no processo de qualificação da pesquisa desenvolvida, possuindo,

inclusive, a prerrogativa de desaprovar a pesquisa e não outorgar o título de doutor ou de

mestre.

A composição da Banca de Avaliação proporciona tanto o estabelecimento de novos

contatos quanto a manutenção de relacionamentos existentes. Esta composição em

comunidades científicas pode estabelecer redes de relacionamento passíveis de análise e

identificação de colégios invisíveis e das comunidades de práticas. O estudo desenvolvido por

Molina, Muñoz e Domenech (2002), apoiado na metodologia de Análise de Redes de

Relacionamento (ARS) permitiu identificar que as redes de coautoria se constituem em uma

abordagem que possibilita estudar as comunidades científicas e seus colégios invisíveis. Os

autores destacam ainda que estudos de comunidades científicas e colégios invisíveis devem

ser associados a outros agrupamentos, e citam como exemplos: número de teses orientadas,

participação em congressos, participação em grupos de pesquisa, entre outros.

A divulgação dos trabalhos científicos à comunidade se beneficia de vários tipos de

veículos e que podem ser divididos em dois grupos: literatura branca e literatura cinzenta.

Conforme aponta Población (1992), a origem de diferenciação da literatura em cores está

relacionada a aspectos voltados ao armazenamento e à recuperação. A literatura branca,

constituída de livros e artigos científicos, se apresenta com padrões formais de

armazenamento e recuperação o que viabiliza maior facilidade de localização e obtenção por

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qualquer indivíduo interessado. A literatura cinzenta, por sua vez, constituída de teses,

dissertações, comunicações em eventos, relatórios técnicos e outros de divulgação restrita, por

não serem publicadas e distribuídas por meio de canais normais do parque editorial,

apresentam maior dificuldade de acesso face às particularidades de armazenamento e

recuperação de cada um destes documentos (CHILLAG, 1985). Población (1992) destaca que

a diferenciação em cores não estabelece nenhum tipo de conotação que vincule imprecisão ou

inconsistência da informação contida no documento. A autora apresenta pesquisas que

revelam que 90% das informações obtidas no desenvolvimento de estudos em ciências sociais

se baseiam na chamada literatura cinzenta. Para Población (1992) tal cenário manifesta a

importância de estudos referentes à produção e a avaliação do uso deste tipo de literatura.

Côrtes (2006) destaca que o emprego das novas tecnologias de informação e, principalmente,

da internet está facilitando o acesso aos mais variados tipos de documentos, caracterizando

assim esta distinção entre literatura branca e cinzenta como de importância menor.

As características de armazenamento e recuperação inerentes aos artigos científicos

(que os posicionam como literatura branca) se estabelecem como fatores que potencializam a

sua utilização para o desenvolvimento de estudos bibliométricos e de análise de redes sociais.

No entanto, este tipo de literatura apresenta limites para o autor se expressar. Pode-se citar,

como exemplos desta limitação, a revista Estudos Avançados (ISSN 0103-4014, USP,

impressa, extrato Qualis A2) que possui o limite de 15 laudas, a revista Gestão & Produção

(ISSN 0104530X, UFSCAR, impressa, estrato Qualis A2) que possui o limite de 22 laudas

com espaçamento de um e meio e a revista de Administração Pública (ISSN 0034-7612, FGV,

impressa, extrato Qualis A2) que possui o limite de 40 laudas com espaçamento duplo. As

referidas revistas apresentam parâmetros comuns para publicações na área de administração.

Assim, a delimitação na quantidade de laudas pode se estabelecer como um fator de limitação

para o pesquisador desenvolver o referencial teórico e, como consequência, restringir a

abrangência desta parte do artigo científico.

As teses e dissertações, ao contrário dos artigos científicos, não possuem limitação na

quantidade de laudas, condição esta que favorece o autor a realizar uma revisão teórica mais

abrangente. Tanto os artigos científicos quanto as teses e dissertações compartilham uma base

comum de levantamento teórico, pautado entre outros documentos pelos artigos científicos,

livros, teses e dissertações. Vale destacar que o rigor e os padrões da pesquisa, imputados

pelas normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), sejam para a produção

de artigos científicos, sejam para a elaboração de teses e dissertações, permanece o mesmo.

Sob esse aspecto, as teses e dissertações, apesar da classificação como literatura cinzenta, se

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apresentam como componentes favoráveis à busca do conhecimento legitimado pelas

pesquisas desenvolvidas na academia, pois não apresentam restrições na quantidade de laudas.

Assim, na contextura de entendimento do conhecimento da sustentabilidade ambiental,

emerge a seguinte questão desta pesquisa: As redes de relacionamento dos pesquisadores

em sustentabilidade ambiental do Stricto Sensu em administração no Brasil colaboram

na edificação da legitimação do conhecimento deste campo científico?

Para atender a esta questão de pesquisa, o estudo estabelece um objetivo principal

apoiado por objetivos específicos, como mostrado nos itens a seguir.

1.1 OBJETIVO DA PESQUISA

O objetivo geral do estudo é analisar a contribuição do Stricto Sensu em

administração na legitimação do conhecimento em sustentabilidade ambiental e as

características principais dos agentes envolvidos.

A busca pelo cumprimento desse objetivo se apoiou inicialmente na coleta de

elementos de um banco de dados que contém informações sobre as teses e dissertações em

Administração defendidas no período de 1998 a 2009, particularmente sobre os trabalhos

defendidos em sustentabilidade ambiental. O banco de dados faz parte do projeto Pró-

administração - Os desafios do ensino de inovação e sustentabilidade no Brasil: avaliação e

proposição de ações para a capacitação docente (CAMPANÁRIO, 2008). O referido projeto é

financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). A

construção do banco de dados do Pró-administração resultante do trabalho desenvolvido pelo

grupo de pesquisa, pertencente à primeira fase quantitativa da pesquisa. Vale destacar que este

banco de dados se estabelece como uma importante colaboração para o desenvolvimento de

futuras pesquisas que retrataram, em grande parte, o desempenho do Stricto Sensu em

administração no Brasil.

O banco de dados do Pró-administração disponibiliza informações referentes às bancas

de avaliação de teses e dissertações na qual se assentam as pesquisas deste estudo. A banca de

avaliação de teses e dissertações é um instrumento destinado a verificar a adequação da

pesquisa desenvolvida pelos alunos do Stricto Sensu e, mediante esta adequação, outorgar o

título de doutor ou de mestre. Neste sentido, os membros da banca podem possuir

conhecimento sobre o tema em análise para que possam tanto executar uma correta avaliação

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quanto possíveis colaborações. O evento da banca de avaliação torna-se, portanto, um local de

discussão de um campo de conhecimento por pesquisadores da área, potencializando assim

possíveis sinergias colaborativas.

1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) identificar o perfil dos professores orientadores e das IESs que desenvolveram

pesquisas em sustentabilidade ambiental no Stricto Sensu em administração, por meio

das teses e dissertações apresentadas.

b) identificar a existência de uma rede social de colaboração, e a centralidade dos

principais atores, em sustentabilidade ambiental no Stricto Sensu, originária da

composição dos orientadores e membros convidados das bancas de avaliação de teses e

dissertações.

c) analisar se os membros da rede social definida pelas bancas de avaliação

compartilham uma base comum de conhecimento em sustentabilidade ambiental por

meio de um recorte nas teses e dissertações apresentadas de 2007 a 2009.

Apesar de não se posicionar como objetivo específico, este estudo estabeleceu a

proposição de um modelo teórico para a análise da legitimação do conhecimento segundo a

abordagem de Berger e Luckmann (2008). O modelo proposto incorporou ainda o conceito da

bibliometria e da análise de redes sociais à abordagem da sociologia do conhecimento de

Berger e Luckmann (2008). Apesar da aplicação deste modelo, neste estudo, se destinar ao

entendimento da sustentabilidade ambiental, a sua configuração possibilita a aplicação em

outros campos científicos. O modelo desenvolvido neste estudo se apoiou na tese que as

atividades do Stricto Sensu em administração, por intermédio do processo de orientação, do

conteúdo das teses e dissertações e das redes sociais de colaboração que se formam a partir

das bancas examinadoras, se estabelecem como um componente que possibilita a

identificação do conhecimento legitimado em sustentabilidade ambiental.

Frente aos objetivos propostos por esta investigação se estabelece a hipótese, que a

rede social de pesquisadores do Stricto Sensu em administração contribui para um referencial

comum da sustentabilidade ambiental institucionalizado e legitimado segundo a abordagem

da sociologia do conhecimento de Berger e Luckmann (2008). Este presuposto possibilita,

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portanto, delinear o núcleo da tese proposta por este estudo e responder a questão de pesquisa

apresentada.

1.3 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA DO ESTUDO

A sociologia do conhecimento, abordada por Berger e Luckmann (2008), é utilizada

como referencial teórico na interpretação de fenômenos que se desenvolvem na sociedade. A

apresentação inicial desta abordagem ocorreu em 1967 e, desde então, é empregada em vários

estudos. Apesar da ampla utilização da obra destes autores ela apresenta-se modesta na área

de estudos da produção científica. Os estudos que utilizam estes autores se restringem a

apontar pontos da sua obra e não prospectam a abordagem que desenvolveram. Vale destacar

que se observa uma concentração de citações sobre estes autores nas áreas de sociologia e em

estudos religiosos. Esta retrospectiva, de baixa penetração na produção científica, está

associada ao fato dos autores se dedicarem aos processos de legitimação do primeiro nível –

relacionados ao dia a dia das pessoas – e empregar contextos relacionados à área religiosa.

Assim, este estudo emprega este referencial com o propósito de congregar os referidos autores

no campo de pesquisa da produção científica. Imbuído nesta determinação o estudo apresenta

uma seção no referencial teórico que destaca a perspectiva dos autores ambientada para a

ótica do campo da produção científica. Esta iniciativa suplanta o caráter religioso e enfatiza a

legitimação do segundo nível, aplicável ao interesse desta pesquisa.

A utilização da abordagem de Berger e Luckmann (2008) nos estudos da produção

científica se apresenta como uma alternativa ou como uma possibilidade de combinação, aos

autores que tratam tanto da temática de institucionalização quanto da temática da sociologia

do conhecimento. Dentre os autores da teoria institucional se destacam, Zucker (1977), Meyer

e Rowan, (1977); DiMaggio e Powell, (1983, 1991); Scott, (1995, 2001). Estes autores, em

maior ou menor intensidade, abordam a teoria institucional inserida no contexto das

organizações e o ambiente em que se inserem apesar de apresentar uma tendência de maior

atenção aos aspectos voltados à sociologia, conforme aponta DiMaggio e Powell (1991). Na

perspectiva da sociologia do conhecimento destacam-se as contribuições de Merton (1970) e

Bourdieu (1991). Assim, na abordagem de Berger e Luckmann (2008) pode se consubstanciar

a proposta destes autores nos estudos da produção científica ampliando o contexto teórico.

Essa linha de atuação da pesquisa contempla a possibilidade de identificar a existência

de um corpo de conhecimento de sustentabilidade ambiental legitimado. Vale destacar, que a

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abordagem elaborada por esta pesquisa estabelece uma linha de análise aplicável a qualquer

área de pesquisa do conhecimento, não se restringindo a este estudo em particular.

Os estudos que se baseiam no levantamento de trabalhos científicos, em sua grande

maioria, partem do pressuposto que as redes de pesquisa exercem grande influência no

processo de disseminação da informação, mas não apontam o referencial teórico que justifica

tal afirmação. Vale destacar a afirmação apresentada por Carvalho, Goulart e Amantino-de-

Andrade (2005), que propõe a atividade científica, materializada na produção científica, como

meio de legitimação dos atores no campo científico. Afirmação esta, posteriormente

interpretada por Martins, Csillag e Pereira (2009, p. 3) que adicionaram que a “competência

científica confere a capacidade de se falar e agir de forma legítima por meio da produção

científica, pela qual os autores estão engajados em impor o valor do seu conhecimento e a sua

autoridade como produtores de tal conhecimento”. Os autores empregam esta afirmação no

encadeamento de uma reflexão do campo científico como um constructo social.

Apesar da correção das afirmações dos autores, a abordagem se caracteriza como

extremamente simplista e aberta a equívocos por expressar os efeitos e não as causas

abarcadas no processo de legitimação. Na proposta de Berger e Luckmann (2008) o

conhecimento inicialmente é institucionalizado em um grupo que interpreta as afirmações do

autor como factíveis e plausível, e com a transmissão deste para demais gerações ocorre o

processo de legitimação. Na perspectiva destes autores não é a forma de falar, de agir e da

autoridade do autor que legitima o valor do conhecimento, mas sim a interpretação como

factível e plausível às afirmações resultantes de suas pesquisas por um grupo social. Berger e

Luckmann (2008) expandem esta perspectiva para outros aspectos que envolvem o processo

de institucionalização e legitimação do conhecimento.

Frente às lacunas de argumentação e entendimento dos processos de

institucionalização e legitimação do conhecimento, este estudo apresenta a abordagem de

Berger e Luckmann (2008) como um referencial teórico a ser utilizado na análise de estudos

científicos. A adequação desta perspectiva se materializa ainda na figura do especialista

(pesquisador) como elemento central nos processos de análise da disseminação da informação

e do conhecimento.

Estudos que utilizam metodologias que empregam a bibliometria e a Análise de Redes

Sociais – ARS no estabelecimento do conceito de mapas sociobibliométricos, apontam a

complementaridade destas duas técnicas. Esta abordagem é explicitada e utilizada no estudo

desenvolvido por Mahlck e Persson (2000) que analisou a rede de coautoria em duas

universidades suecas. O presente estudo se diferencia desta abordagem comum aos estudos de

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ARS ao utilizar a técnica do data mining ao invés da bibliometria. Apesar das técnicas se

basearem em princípios matemáticos comuns, o data mining segundo Grossman et al. (2002),

possibilita identificar padrões, associações, mudanças, anomalias e estruturas estatísticas e

eventos em um conjunto de dados. Apesar desta opção metodológica, os conceitos referentes

aos estudos bibliométricos são objetos de estudo nesta pesquisa, pois na análise de dados

busca-se identificar os pontos adjacentes destas técnicas e a possibilidade de utilizar as Leis

da bibliometria em estudos de data mining. Assim, a utilização do data mining, em

complementaridade com ARS, e a verificação da adequação desta técnica como alternativa

aos estudos bibliométricos se constitui em abordagem diferenciada do conceito de mapas

sociobibliométricos.

A banca de avaliação de teses e dissertações se enquadra no conceito de colégios

invisíveis conforme proposição de Crane (1972). Segundo a autora, os colégios invisíveis se

caracterizam por sua alta produtividade, pelo compartilhamento de prioridades de pesquisa,

por treinar estudantes e por produzir e monitorar o conhecimento em seu campo, condições

estas comuns às bancas de avaliação. Adicionalmente, conforme apontam às pesquisas de

Newman (2001b), a colaboração entre cientistas é potencialmente mais frequente na presença

de um intermediário comum. Segundo o autor, a apresentação de um cientista a outro pode ser

um importante mecanismo no desenvolvimento da comunidade científica. Nesse contexto, as

bancas de avaliação se constituem em importante fator de aproximação de pesquisadores.

Ao constituir como foco de atenção as redes de relacionamento, que se estabelecem no

contexto das bancas de avaliação, este estudo aborda um grupo social pouco discutido nas

pesquisas científicas. Ao estabelecer as bancas de avaliação, como unidade de análise desta

pesquisa, almeja-se despertar maior atenção para este colégio invisível, desencadeando assim

outros estudos sobre esta temática. Vale destacar que esta pesquisa não identificou na

literatura estudos baseados nas relações provenientes das bancas de avaliação, estabelecendo-

se assim uma abordagem diferenciada.

A perspectiva de estabelecer a pesquisa com base nas relações das bancas de avaliação

é singular, no entanto, insere-se no âmbito de estudos voltados para o entendimento de

campos científicos. Estudos estes que empregam a bibliometria e/ou a ARS, na análise de

citações, coautoria, co-citação ou co-ocorrência de palavras, a partir da publicação em

congressos e periódicos científicos. Sob esse aspecto vale destacar os trabalhos de Siqueira

(1988) e Machado-da-Silva, Cunha e Amboni (1990), voltados à análise da produção

científica brasileira na área de organizações, e as abrangentes pesquisas de Bertero, Caldas e

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Wood Jr. (1998, 1999), Wood Jr. e Paula (2002) e Fleury (2003) na análise do campo de

administração.

Vale destacar ainda, os trabalhos desenvolvidos em áreas de afinidade desta pesquisa.

Na área de organizações os estudos desenvolvidos por Bertero e Keinert (1994), Vergara e

Carvalho (1995), Vergara e Pinto (2000, 2001), Rodrigues e Carrieri (2001), Mac-Allister

(2002), Mariz et al. (2004). Na área de sistemas de informação por Hoppen (1998), Hoppen e

Meireles (2005), Lunardi, Rios e Maçada (2005). Na área de Administração Pública e Gestão

Social por Keinert (2000), Pacheco (2003) e Hocayden-da-Silva, Rossoni, Ferreira Júnior

(2008). Na área de Administração da Ciência e Tecnologia por Rossoni, Ferreira Júnior e

Hocayden-da-Silva (2006). No tema responsabilidade social por Freire et al. (2008) e no tema

responsabilidade social empresarial por Moretti e Campanário (2009). Na área de dimensão

ambiental e sustentabilidade por Rosa e Ensslin (2007); Sgarbi et al. (2008); Gallon et al.

(2008); Jabbour, Santos e Barbieri (2008); Leal, Shibao e Moori (2009); Souza et al. (2011a)

e Souza et al. (2011b).

No campo de sustentabilidade ambiental, no qual este estudo se insere, destaca-se a

pesquisa de Jabbour, Santos e Barbieri (2008) que indica que a produção acadêmica brasileira

em sustentabilidade ambiental empresarial se inicia a partir da década de 1990, em sintonia

com a produção científica internacional. No contexto nacional destacaram-se os pesquisadores

Donaire (1994) e Maimon (1996), enquanto no contexto internacional o destaque foi para

Hunt e Auster (1990) e Porter e Linde (1995). A proximidade de período dos trabalhos nas

esferas nacional e internacional indica a simultaneidade de interesse pela pesquisa na área de

sustentabilidade ambiental. No entanto, no período da pesquisa desenvolvida por Jabbour,

Santos e Barbieri (2008), que vai de 1996 a 2005, observou-se que a produção acadêmica

sobre esse campo de pesquisa foi difusa e modesta. O estudo identificou apenas 41 artigos -

em uma amostra de 1785 - sobre este campo de pesquisa, que resultou em uma participação

de 2,3% em relação ao total. Vale destacar que a pesquisa compreendeu seis revistas

nacionais de prestigio. A pesquisa aponta como principais autores de sustentabilidade

ambiental os pesquisadores: José Carlos Barbieri, Luis Felipe Machado do Nascimento,

Carmem Silva Sanches e José Célio Andrade que reponderam por aproximadamente 32% da

produção acadêmica examinada. Os resultados da pesquisa mostraram a concentração das

pesquisas em apenas cinco instituições de ensino, Fundação Getúlio Vargas de São Paulo

FGV/SP, Universidade de São Paulo USP, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

UFRGS, Universidade Federal da Bahia EFBA e Universidade Federal de Santa Catarina

UFSC, responsáveis por 60% da produção observada. A pesquisa concluiu que o baixo

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volume de publicação associada à restrita diversidade de autores são preocupantes por limitar

a massa crítica em sustentabilidade ambiental.

A pesquisa desenvolvida por Souza et al. (2011a) aponta que grande parte dos artigos

em sustentabilidade ambiental se concentram em cinco revistas, a saber: Gestão & Produção

(G&P), Revista de Administração Pública (RAP), Revista Eletrônica de Administração

(REAd), Cadernos EBAPE e a Revista Produção. Outra descoberta importante da pesquisa é

que o estudo em sustentabilidade permeia vários temas de interesse, a saber: Gestão

Ambiental, Gestão de Resíduos, Sistema de Gestão Ambiental, Marketing Verde, Energias

Alternativas, Inovação Ambiental e Cadeia de Suprimentos Verde, Mecanismo de

Desenvolvimento Limpo, Produção Mais Limpa, Recursos Naturais, Ecoturismo,

Sustentabilidade Empresarial, Agricultura e Meio Ambiente, Contabilidade Ambiental e

Conflitos Ambientais, apresentados em ordem decrescente.

Alinha-se assim por meio deste estudo, um contexto em que o entendimento da

sustentabilidade ambiental está em um crescente interesse dos pesquisadores da área, que

buscam identificar a participação do Stricto Sensu em administração neste processo.

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO

Esta tese se estrutura em seis capítulos, incluindo esta introdução que apresenta à

questão de pesquisa, o objetivo geral e específicos, a hipótese da pesquisa, a justificativa e a

estrutura de pesquisa. Esta introdução foi estruturada de forma a incorporar importantes

conceitos teóricos aplicáveis ao desenvolvimento da pesquisa. Alguns destes conceitos são

resgatados posteriormente na discussão dos dados.

O segundo capítulo contempla os principais conceitos e teorias pertinentes ao

constructo desta tese. Inicialmente ocorre a caracterização da pesquisa do conhecimento

frente às teorias adotadas na Administração, e na sequência apresenta-se a proposta de autores

que discutem as dimensões epistemológica e ontológica do conhecimento estabelecendo

assim um nexo do conhecimento do indivíduo e do conhecimento socializado que é abordado

na obra de Berger e Luckmann (2008).

Neste capítulo a sociologia do conhecimento, proposta por Berger e Luckmann (2008),

é analisada com a finalidade de utilizar os conceitos de institucionalização e legitimação do

conhecimento no campo da produção científica. Na sequência as técnicas de bibliometria e

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suas derivações e a Análise de Redes Sociais são apresentadas e posteriormente

consubstanciadas a abordagem de Berger e Luckmann (2008).

Este trabalho se abstém de realizar uma contextualização inicial da obra de Berger e

Luckmann (2008) no campo da sociologia do conhecimento e da ciência, face à identificação

de tal esforço por Guarido-Filho (2008). A ampliação de outros autores que tratam do tema ou

o aprofundamento desta contextualização resultaria em modestos avanços. No entanto, na

seção 2.6 desta pesquisa, a abordagem de Berger e Luckmann (2008) é confrontada com

pontos concordantes e discordantes de outros autores da área, estabelecendo assim um quadro

teórico que contextualiza a obra dos autores. Adicionalmente, a seção 2.6 desenvolve

reflexões que inserem os estudos bibliométricos e a ARS como técnicas úteis para identificar

os processos de institucionalização e legitimação do conhecimento.

No final deste capítulo é apresentada uma proposta de modelo conceitual de análise,

composta da abordagem de Berger e Luckmann (2008) adicionada da utilização da

bibliometria e da análise de redes sociais como técnicas que possibilitam identificar o

processo de institucionalização e legitimação do conhecimento.

No capítulo três, os procedimentos metodológicos são explicitados, com detalhamento

das particularidades de cada etapa da pesquisa, incluindo a delimitação do universo, a coleta,

o tratamento e a análise dos dados.

O quarto capítulo se destina a apresentar os resultados da pesquisa. Este capítulo foi

estruturado de forma a apresentar os dados que auxiliam a responder os objetivos

estabelecidos e na mesma sequência de apresentação das técnicas propostas nos

procedimentos metodológicos.

A discussão dos dados, frente ao referencial teórico levantado, ocorre no quinto

capítulo desta tese. E, finalmente, no sexto capítulo são apresentadas as conclusões obtidas

nesta pesquisa.

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2 REVISÃO TEÓRICA

Este capítulo teórico está subdividido em sete seções que elencam o quadro teórico no

qual a pesquisa se insere. Trata a abordagem de Berger e Luckmann (2008) em profundidade,

a fim de utilizá-la como um “fio condutor” que se inter-relaciona com as demais teorias. Esta

perspectiva possibilita a interpretação de aspectos intrínsecos das teorias segundo, a

abordagem de Berger e Luckmann (2008), estabelecendo uma narrativa de coesão das teorias

apresentadas. As técnicas bibliométrica, cienciométrica, informétrica e webométrica são

apresentadas de forma pragmática, possibilitando ao leitor o entendimento da sua natureza,

bem como o seu potencial de aplicação. A Análise das Redes Sociais – ARS trata tanto das

definições concernentes a esta técnica, quanto de questões como a compatibilidade individual

e a imposição do contexto coletivo sobre o indivíduo, a influência do grupo sobre o indivíduo

e deste para com o grupo. A existência de diversidades é interpretada como um fato normal

aos grupos e que deve ser objeto de interpretação dos estudos que abordam esta temática. O

Quadro 1 apresenta uma síntese das seções constantes no referencial teórico.

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Seção Abordagem Objetivo envolvido Autores

Caracterização Introdutória Introdução do capítulo Stahl (2003), Allert (2004)

Aprendizagem

organizacional

Apresenta conceitos de

aprendizagem do indivíduo e

das organizações. O

conhecimento como uma

atividade nata do indivíduo é

apresentado.

Introdução da temática no

contexto das organizações

Argyris e Schön (1978,

1996), Argyris (2000),

Nonaka e Takeuchi (1997),

Kolb (1997), Kim (1997) e

Senge (2006) e Abbad e

Borges-Andrade (2004).

Abordagem de

Berger e

Luckmann

Análise da sociologia do

conhecimento na perspectiva

de estudo do campo da

Produção Científica.

Analisar se os membros da rede

social definida pelas bancas de

avaliação compartilham uma

base comum de conhecimento

em sustentabilidade ambiental

por meio de um recorte nas teses

e dissertações apresentadas de

2007 a 2009.

Berger e Luckmann (2008).

Técnicas de

socialização do

conhecimento

O emprego das técnicas de

bibliometria, informetria,

cienciometria e webometria

no auxílio de entendimento

do desenvolvimento de um

campo do saber.

O data mining como técnica

de identificação de padrões

em banco de dados.

Identificar o perfil dos

professores orientadores e das

IESs que desenvolveram

pesquisas em sustentabilidade

ambiental no Stricto Sensu em

administração, por meio das

teses e dissertações

apresentadas.

King (1987), Pao (1989),

McGrath (1989), Glanzel e

Schoepflin (1993), Macias-

Chapula (1998), Wormell

(1998), Vanti (2002), Tsay

e Yang (2005) e Guedes e

Borschiver (2005).

Fayyad et al. (1996), King

(2003).

Análise das

Redes Sociais –

ARS

Compatibilidade individual e

a imposição do contexto

coletivo sobre o indivíduo e

respectiva influência tanto

do grupo sobre o indivíduo

quanto deste para com o

grupo.

Identificar a existência de uma

rede social de colaboração, e a

centralidade dos principais

atores, em sustentabilidade

ambiental no Stricto Sensu,

originária da composição dos

orientadores e membros

convidados das bancas de

avaliação de teses e dissertações.

Wasserman e Faust (1994),

Freeman (1996), Watts

(1999), Scott (2000),

Marcon e Moinet (2000),

Newman (2001a, b, c),

Balestrin (2005),

Hannesman (2008),

Rossoni e Guarido-Filho

(2009) e Marteleto (2010).

Reflexão dos

inter-

relacionamentos

da sociologia do

conhecimento

A sociologia do

conhecimento como suporte

teórico para estudos das

técnicas de socialização do

conhecimento e Análise de

Rede Social.

Analisar se os membros da rede

social definida pelas bancas de

avaliação compartilham uma

base comum de conhecimento

em sustentabilidade ambiental

por meio de um recorte nas teses

e dissertações apresentadas de

2007 a 2009.

Merton (1970), Bourdieu

(1995), Durkheim (1999),

Camic (2001), Guarido-

Filho (2008), Moura (2009)

Modelo

Conceitual de

Análise

Sintetizar os principais

pontos da abordagem de

Berger e Luckmann (2008).

Apresentar o modelo

conceitual que será utilizado

na pesquisa

Berger e Luckmann (2008).

Quadro 1 - Síntese do referencial teórico

Fonte: elaborada pelo autor

Na sequência são apresentadas as seções com o conteúdo teórico desenvolvido para

esta pesquisa.

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2.1 A CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA DO CONHECIMENTO FRENTE ÀS

TEORIAS ADOTADAS NA ADMINISTRAÇÃO.

O conhecimento como uma atividade nata do indivíduo é apresentado por autores das

diferentes áreas de pesquisa que abarcam este estudo. Nos estudos de administração, autores

como Argyris e Schön (1978, 1996), Argyris (2000), Nonaka e Takeuchi (1997), Kolb (1997),

Kim (1997) e Senge (2006) e Abbad e Borges-Andrade (2004) também partem desta

perspectiva para o desenvolvimento de estudos sobre a aprendizagem nos grupos sociais e

organizações.

O desafio de normalização das diversas teorias, princípios e paradigmas da

aprendizagem e de instrução deve ponderar a contribuição de quaisquer conceitos de

aprendizagem que se apresente. Tal cenário significa que nenhuma teoria de aprendizagem em

particular se constitui em padrão, no entanto, as teorias e modelos de referência devem

permitir a descrição de qualquer processo de aprendizagem ou modelo de instrução

(ALLERT, 2004).

As teorias de aprendizagem comumente se apresentam referenciadas como

cognitivista, construtivista ou behaviorista. Esta classificação por tipologia reflete padrões de

investigação na psicologia voltados ao entendimento e explicação da aprendizagem humana.

Esta taxonomia apresenta dificuldades de aplicação em estudos voltados para os projetos de

aprendizagem que possuem peculiaridades que inviabilizam uma classificação isenta de

equívocos. Allert (2004) argumenta que as teorias de aprendizagem behaviorista, cognitivista

e construtivista disponibilizam um quadro útil para a investigação da aprendizagem humana e

que auxilia no desenvolvimento de teorias e princípios da aprendizagem e instrução. No

entanto, o autor afirma que estas teorias não se prestam diretamente a uma pedagogia

concreta.

Lave e Wenger (1990) destacam que nos estudos voltados à organização, a

investigação se assenta, na maioria das vezes, em um construtivismo social e ou na teoria da

aprendizagem situacional. Na teoria construtivista social a construção do conhecimento

decorre da interação das pessoas com um contexto social, nessa abordagem o conhecimento é

dinâmico, relacional e baseado na ação humana. Para Von Krogh et al. (2000) o conhecimento

está distribuído tanto para os indivíduos quanto para o meio que os envolve, e a aprendizagem

decorre das relações e redes de atividades que se desenvolvem.

A aprendizagem se apresenta dependente de um ambiente propício ao contexto

tecnológico e social, no qual os indivíduos estabelecem relacionamentos, compartilham o

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conhecimento com os grupos aos quais estão inseridos, desenvolvendo reflexões que

influenciaram tanto o indivíduo quanto o grupo (NONAKA; KONNO, 1998).

Nonaka e Takeuchi (1997) apresentam o conhecimento nas formas de tácito e explícito

e passíveis de transferência e disponibilização, no nível individual e coletivo, por meio de

processos de externalização, socialização, combinação e internalização.

Esta pesquisa se insere no estudo da produção científica, não objetivando o

levantamento da abordagem do conhecimento em todas as áreas da ciência. No entanto, Stahl

(2003) apresenta de forma gráfica, na Figura 2, o desenvolvimento cronológico do

conhecimento tanto no nível individual quanto social. Apesar da Figura 2 desconsiderar a

contribuição dos filósofos gregos, se constitui em interessante esboço dos fundamentos

epistemológicos e teóricos de modelos de aprendizagem e abordagens pedagógicas. Vale

destacar ainda que os conceitos esboçados na Figura 2 possuem a finalidade de ilustrar a

grande diversidade envolvida no campo da aprendizagem e não a de estabelecer um quadro

totalitário das teorias desenvolvidas. Quando da elaboração da figura, o autor apresentava a

visão educacional como de interesse de análise de dados quantitativos.

Figura 2 - As influências filosóficas sobre as teorias sociais e individuais de aprendizagem

Fonte: Adaptado de Stahl (2003).

A pesquisa sobre a criação do conhecimento em administração se caracteriza por uma

recente mudança epistemológica na qual o interesse sobre a perspectiva do conhecimento

socialmente construído se sobrepõe sobre a perspectiva individual e cognitiva

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(HEMETSBERGER; REINHARDT, 2006). A perspectiva do conhecimento construído de

forma socializada se insere no contexto das organizações. A necessidade de melhor

compreensão das organizações, e dos fenômenos que potencializam seu desempenho, envolve

o conhecimento produzido e utilizado em seu interior.

A seção seguinte trata das dimensões epistemológica - conhecimento individual, e

ontológica - conhecimento coletivo.

2.2 AS DIMENSÕES EPISTEMOLÓGICA E ONTOLÓGICA DO CONHECIMENTO

Apesar de esta pesquisa ter sua atenção voltada para o conhecimento, ela estabelece

uma introdução teórica que se origina na aprendizagem. Tal opção se justifica em função da

necessidade de se estabelecer a aprendizagem como etapa envolvida no processo de

desenvolvimento do conhecimento. No entanto, a pesquisa não possui a concepção de

identificar o processo de aprendizado envolvido na geração do conhecimento científico.

O quadro teórico da aprendizagem, estabelecido no contexto da administração,

apresenta conceitos que incorporam as esferas do indivíduo, do grupo e da organização. Nesse

quadro teórico, para efeito deste estudo, se destacam as tipologias de autores seminais, como:

Argyris e Schön (1978, 1996), Argyris (1999, 2000), Kolb (1984) Nonaka e Takeuchi (1997),

Kim (1997) e Senge (2006). No contexto nacional se destaca o trabalho de Abbad e Borges-

Andrade (2004). Estas tipologias se configuram como uma parcela do contexto da área, e que,

neste estudo, atuam como base de sustentação, mas que não esgotam as discussões do tema.

Os parágrafos subsequentes destinam-se a um sucinto relato teórico sobre os principais pontos

dos estudos destes autores em suas abordagens sobre aprendizagem.

A Teoria da Ação proposta por Argyris e Schön (1978, 1996) e Argyris (2000) se

constitui em um dos estudos seminais de aprendizagem organizacional. A perspectiva dos

autores é que o indivíduo apresenta de forma intrínseca uma espécie de “programa” que atua

como guia de ação em diferentes situações. Nesta perspectiva, o indivíduo não tem a

necessidade de constantemente reaprender suas atividades diárias. Os autores ponderam a

necessidade de o indivíduo enlaçar a aprendizagem do grupo social com o pensamento e a

ação de seus participantes. Esta tipologia pressupõe que o fenômeno da transposição da

aprendizagem do nível individual para o grupo social possui intima conexão, pois um não

acontece sem o outro.

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A abordagem propõe também a existência de duas formas básicas de se aprender. A

primeira ocorre quando um erro é detectado e corrigido sem o questionamento ou alteração

dos valores subjacentes ao sistema, ou seja, as teorias em uso. Nessas condições, tem-se a

aprendizagem de ciclo simples que “ocorre quando acertos são criados, ou quando erros são

corrigidos mudando somente a ação” (ARGYRIS, 1999, p. 68). Portanto, existe um único laço

de feedback, que surge como consequência do questionamento ao não atendimento das

expectativas vigentes. Apesar da alteração das estratégias da ação, o conjunto de normas e

valores do indivíduo e do grupo social permanecem inalterados (ARGYRIS; SCHÖN, 1996).

Já a aprendizagem de ciclo duplo envolve a mudança dos valores da teoria em uso,

bem como das respectivas estratégias e pressupostos. Na aprendizagem de ciclo duplo há dois

laços de feedback que conectam os efeitos observados da ação com as estratégias e valores

subjacentes a essa ação. É passível de observação do laço duplo de aprendizagem tanto no

nível individual, quando o questionamento provoca mudança nos valores das teorias em uso

nos indivíduos, quanto no nível do grupo social, quando os questionamentos sobre os

interesses envolvidos levam à mudança nas teorias em uso do grupo social em sua totalidade

(ARGYRIS; SCHÖN, 1996). Segundo Argyris (2000), a aprendizagem de ciclo duplo

acontece quando os erros detectados, ou aprendizado originado, são corrigidos a luz do exame

e da alteração das variáveis governantes e, somente depois dessa análise, muda-se, então, a

ação.

A aprendizagem de ciclo simples se mostra apropriada para a rotina e para os aspectos

repetitivos, pois está fortemente pautada na execução das atividades diárias. Esse tipo de

aprendizagem é sustentada pelas rotinas individuais e dos grupos sociais. A aprendizagem de

ciclo duplo se apresenta relevante nos aspectos complexos e não programáveis, pois busca

mudanças mais profundas ao questionar os princípios vigentes. Para que essa aprendizagem

aconteça é necessário que o indivíduo se desprenda do raciocínio defensivo, pois ele pode

bloquear o aprendizado, isto mesmo em indivíduos comprometidos com o grupo social.

Argyris e Schön (1996) desenvolvem a noção de aprendizagem como um processo

fundamentalmente social quando abordam a aprendizagem organizacional e, ainda, ao

relacionarem a aprendizagem ao contexto da cultura da organização. As alterações estruturais

da organização, associadas à implantação de novas práticas, não resultam apenas das

habilidades e do conhecimento dos funcionários (indivíduo), mas também das melhorias e

inovações na organização (grupo social). Nesse contexto, o conceito de aprendizagem de

circuito duplo conceitua a relação entrelaçada de aprendizagem individual e organizacional

(grupo social).

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Desenvolve-se uma adaptação mútua do indivíduo e do grupo social. As atividades

sucessivamente desenvolvidas pelo indivíduo abrem espaço para alterações na cultura social.

Nesse contexto, a aprendizagem individual ocorre de forma mais rápida que a mudança da

cultura geral que a incorpora. No entanto, estudos recentes mostram que mesmo mudanças

mais substanciais são absorvidas em menor espaço de tempo por culturas acostumadas ao

dinâmico processo de atualização do conhecimento. A agilidade no processo de aprendizagem

do grupo social requer processo permanente de aprendizagem e evolui mais lentamente do

que a individual (OERTER, 1994). Assim, o conceito de ciclo duplo de aprendizagem

possibilita de forma mediada a reflexão individual e coletiva, por meio da dinâmica das inter-

relações, a aprendizagem decorre da própria produção individual, ou de sua reprodução pelo

grupo.

A Figura 3 mostra a tipologia de ciclo único e ciclo duplo de aprendizagem proposto

por Argyris e Schön (1978).

Figura 3 - Ciclo simples e ciclo duplo de aprendizagem

Fonte: elaborado a partir de dados coletados de Argyris e Schön (1978)

Prosseguindo com as abordagens de autores, Kolb (1984) apresenta a teoria da

aprendizagem experimental, que define a aprendizagem como um processo pelo qual o

conhecimento é criado por intermédio da transformação da experiência. A tipologia

desenvolvida por Kolb (1997) se apoia em duas dimensões fundamentais e determinantes do

processo de aprendizagem: a que vai da experiência concreta para a conceituação abstrata e a

que tem a experimentação ativa de um lado e a observação de outro. Estas dimensões estão

sancionadas à existência de quatro tipos de habilidades no indivíduo: habilidades de

experiência concreta - atendendo a complexidade afetiva; habilidades de observação reflexiva

- relacionada à complexidade perceptual; habilidades de conceituação abstrata - na

complexidade simbólica; e habilidades de experimentação ativa - compreendida na

complexidade comportamental.

Valores

fundamentais

Ações Enganos ou

Erros

Ciclo Simples de Aprendizagem

Ciclo Duplo de Aprendizagem

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Segundo o autor, o processo de aprendizagem se desenvolve em três fases: aquisição,

especialização e integração. A aquisição, que vai da infância à adolescência é a fase do

desenvolvimento das habilidades e estruturas cognitivas básicas. Na fase da especialização há

o alcance do senso de individualidade, da competência adaptativa e da autoestima baseada em

reconhecimento e recompensa. Na fase da integração tem-se o conflito entre a individualidade

da especialização e a coletividade atingindo-se, assim, a maior maturação no processo de

aprendizagem. Destarte, a influência do nível individual da aprendizagem sobre o nível

organizacional (grupo social) decorre da impossibilidade de se criar conhecimento sem os

indivíduos e a interação entre eles. A aprendizagem individual se contextualiza como mola

propulsora no processo que possibilita que a organização (grupo social) aprenda e se

modifique. Essa abordagem enfatiza o papel central da experiência na aprendizagem

individual. A aprendizagem pode ser compreendida como “o processo pelo qual o

conhecimento é criado através da transformação da experiência” (KOLB, 1984, p.38). O

pressuposto teórico é de que as ideias não são elementos imutáveis do pensamento, ao

contrário, elas são formadas e reformuladas pela experiência.

Para Kolb (1984) os resultados da aprendizagem procedem de registros históricos de

interpretações dos acontecimentos passados e, portanto, não representam o conhecimento do

futuro. A experiência vivenciada pelos aprendizes possibilita que o conhecimento apreendido

seja continuamente testado. Nesse contexto, o conhecimento é mediado pela interação entre a

expectativa do resultado e a própria experiência em si. Portanto, se a nova experiência do

indivíduo não transgredir a expectativa de resultado, ela não se torna valiosa para a

aprendizagem, pois não há nada de novo a ser aprendido, ou seja, mantém-se o status quo do

indivíduo. Sob este aspecto, a aprendizagem é entendida como um contínuo processo de

reaprendizagem, pois para considerarmos que ocorreu aprendizagem, os aprendizes estarão

sempre reconstruindo e trazendo novos significados às experiências que vivenciam.

A aprendizagem é tipificada como um processo ativo de interação que envolve tanto o

indivíduo quanto o ambiente e pode ocorrer a todo instante da sua vida, pois está presente em

todos os momentos da experiência humana. O conhecimento, por sua vez, é o resultado das

transações entre essas experiências subjetivas e objetivas, o que o leva a propor que a

“aprendizagem é o processo de criação do conhecimento” (KOLB, 1984, p.36).

Na trajetória de abordagem das tipologias de aprendizagem destaca-se a tipologia de

Nonaka e Takeuchi (1997) que fundamentaram o processo de criação do conhecimento

organizacional (grupo social) em duas dimensões – epistemológica e ontológica – que se

articulam pelo processo de conversão do conhecimento e pelas condições capacitadoras. Essas

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dimensões envolvem o conhecimento tácito, apoiado na estrutura cognitiva do indivíduo que

se expande através da interação social. Tal abordagem traduz o aprender como uma

experiência única e individual, em que a aprendizagem ocorre na recriação do ser e do mundo

que o cerca, por meio do processo de conversão do conhecimento.

A tipologia apresentada pelos autores tem em seu cerne a distinção entre o

conhecimento tácito e o explícito. O processo de conversão do conhecimento envolve a

interação do conhecimento tácito e do conhecimento explícito, gerando quatro diferentes

processos. Socialização - tácito em tácito - é definida como a transferência do conhecimento

obtido de forma tácita nesta concepção, ou seja, sem a explicitação do mesmo. A

Externalização - tácito em explícito - é a transformação do conhecimento obtido de forma

tácita em conhecimento explícito, cuja conversão tem como base o diálogo ou a reflexão

contínua. Na dificuldade de se expressar o conhecimento obtido utiliza-se normalmente o

recurso da metáfora e/ou analogia. Combinação - explícito em explícito - envolve a junção de

conjuntos diferentes de conhecimento explícito utilizando-se de métodos analíticos, tais

como: documentos, reuniões, bancos de dados e redes de computadores. A combinação de

conhecimentos destaca-se quando da utilização de grandes bancos de dados do computador. A

disponibilidade de dados sobre o que se está analisando possibilita estabelecer relações que

revelam oportunidades de interação. A Internalização - explícito em tácito - constitui-se na

incorporação do conhecimento explícito no conhecimento tácito. A internalização tem

importante papel no processo de socializar na organização (grupo social) o conhecimento

tácito adquirido. Neste sentido, o conhecimento tácito é convertido em conhecimento

explícito e será disseminado pela organização (grupo social) por meio de documentos,

manuais ou relatos orais, possibilitando que todos os indivíduos envolvidos internalizem o

conhecimento, que retorna à sua forma tácita.

A Figura 4 mostra a composição do processo de conversão do conhecimento pelas

diferentes interações do conhecimento tácito e explícito, em que ao mesmo tempo em que os

modos de conversão de conhecimento são vivenciados pelo indivíduo, se constituem em

mecanismos de articulação do conhecimento na organização (grupo social) segundo a

abordagem de Nonaka e Takeuchi, (1997). O conhecimento é caracterizado como um

processo dinâmico e eminentemente social.

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Figura 4 - Espiral do conhecimento

Fonte: Nonaka e Takeuchi, (1997, p. 80).

As condições organizacionais capacitadoras – intenção, flutuação ou caos, autonomia,

redundância e variedade de requisitos – permitem que os quatro modos de conversão sejam

transformados em uma espiral do conhecimento. Esse processo ocorre em cinco fases –

compartilhamento do conhecimento tácito, criação de conceitos, justificação de conceitos,

construção de um arquétipo e difusão interativa do conhecimento, gerando uma segunda

espiral, que, combinada à primeira potencializa o processo de inovação nas organizações,

conforme mostra a Figura 5.

Figura 5 - Espiral de criação do conhecimento organizacional.

Fonte: Nonaka e Takeuchi, (1997, p. 82).

Nível do conhecimento

Diálogo

Aprender fazendo

Combinação Internalização

Socialização Externalização

Construção

do campo

Associação do

conhecimento

explicito

Combinação

Externalização

Internalização

Socialização

Conhecimento

tácito

Conhecimento

explícito

Dimensão

ontológica Individual Grupo Organização Interorganização

Dimensão

epistemológica

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Os autores apontam que as organizações mobilizam o conhecimento tácito criado e

acumulado no nível individual de forma a constituir o conhecimento organizacional. Esta

proposição denota a necessidade de agentes que facilitem a mobilização do conhecimento

entre os indivíduos. A organização como agente possui recursos e ferramentas para

desenvolver este processo, condição esta que pode ser assumida por diferentes agentes da

sociedade, tais como: universidades, centro de pesquisas, instituições de classes, etc. Estes

agentes, com igual ou menor planejamento e disponibilidade de ferramentas, também exercem

o papel de facilitadores de mobilização do conhecimento.

A criação do conhecimento, conforme entendida pela tipologia de Nonaka e Takeuchi

(1997), supõe um processo de aprendizagem individual em que o aprendizado seja resultado

de reflexão, de criatividade e do questionamento. Para os autores, o conhecimento

organizacional (grupo social) deve ser entendido como uma iniciativa do indivíduo e da

interação deste com o grupo. O novo conhecimento originado será utilizado em outras partes

da organização, a partir do seu compartilhamento. Este processo se repetirá tantas vezes

quantas forem necessárias, estabelecendo assim um ciclo contínuo que sustenta o

desenvolvimento organizacional (grupo social).

Em consonância aos autores anteriormente citados, Kim (1997) também sugere que as

organizações aprendem por intermédio de seus indivíduos. Para o autor, compreender o

processo da aprendizagem individual é fundamental para entender a aprendizagem no nível

organizacional (grupo social). O autor desenvolve a perspectiva de conjugação entre a

aprendizagem individual e a organizacional por intermédio de um modelo integrado,

identificado como OADI-SMM (termo em inglês para: observa, acessa, desenha, implementa

– modelos mentais compartilhados). Nesta perspectiva, o enlace entre a aprendizagem

individual e a organizacional decorre dos modelos mentais individuais e compartilhados. Para

o autor, isso acontece porque o pensamento elaborado nesses mapas mentais repercute no

modo como as pessoas e as organizações definem suas ações e estratégias em relação ao

contexto em que estão inseridas.

Para entender o processo existente entre aprendizagem individual e organizacional, o

autor destaca o papel da aprendizagem individual e da memória, especificando os mecanismos

de transferência entre aprendizagem individual e organizacional. A transferência se estabelece

como elemento central da aprendizagem social, pois é a partir deste evento que a

aprendizagem individual inicia o processo de incorporação na memória e nas estruturas

sociais.

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Segundo a proposta do modelo OADI - observa-acessa-desenha-implementa - as

pessoas acessam suas experiências, consciente ou inconscientemente, pela reflexão de suas

observações. A partir destas observações, as pessoas estão capacitadas a construírem

conceitos abstratos com potencial para responder às avaliações executadas na etapa anterior e

adicionalmente buscam validar esses conceitos por meio da implantação no mundo concreto.

Sob este aspecto a implantação possibilita vivenciar novas experiências concretas que, por sua

vez, potencializa o início de um novo ciclo, e assim sucessivamente de forma continuada.

O autor explicita como o ciclo do modelo OADI auxilia na compreensão da

aprendizagem, e posiciona a memória com a função de enlaçamento da aprendizagem

individual com a organizacional. Dessa forma, a aprendizagem se relaciona com a aquisição,

enquanto a memória se relaciona com a retenção do que é adquirido pelo indivíduo e pelas

organizações. No entanto, o autor destaca a dificuldade de separação dos conceitos, em face

da grande inter-relação entre os mesmos.

Como elemento colaborativo, para interpretar os processos inter-relacionados de

aprendizagem e memorização, torna-se interessante consubstanciar as abordagens de Kim

(1997) com o conceito de modelos mentais de Senge (2006). Segundo este autor, o conceito

de modelos mentais se baseia em imagens internas, profundamente armazenadas, que as

pessoas possuem sobre como o mundo funciona. As imagens internas influenciam as ações do

indivíduo, pois estão relacionadas à forma pelo qual ele interpreta o mundo. Sob este aspecto,

os modelos mentais proveem o contexto a ser utilizado na interpretação da informação

existente, determinando a relevância, ou não, da informação para o indivíduo. Ao mesmo

tempo em que auxilia na interpretação do mundo que os indivíduos percebem, atua como

elemento de restrição à compreensão para fatos novos, a fim de que estes façam sentido

dentro dos modelos mentais que eles possuem. Vale destacar que os modelos mentais

possuem uma grande amplitude, desde generalizações simples até teorias complexas, se

constituídos em ativos que moldam a forma do indivíduo agir.

Segundo Kim (1997), o indivíduo interpreta os fatos como verdadeiros até que sejam

indagados, confrontados, questionados ou até que eles não estejam mais adequados aos

resultados esperados, em conformidade com os modelos mentais existentes. Nessas

condições, o enlaçamento entre a aprendizagem individual e a organizacional, na teoria

OADI, acontece por compartilhamento dos modelos mentais. Portanto, são os modelos

mentais compartilhados que tornam o resto da memória organizacional útil, pois: “sem esses

modelos mentais, que incluem todas as interconexões sutis entre os vários membros, uma

organização será incapacitada tanto no aprendizado quanto na ação” (KIM, 1997, p. 45). A

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explicitação e o compartilhamento dos modelos mentais pelo grupo aumentam a respectiva

base de significado compartilhado dentro da organização. Kim (1997) vê a aprendizagem

organizacional em dois passos simultâneos: a operacionalização efetiva da ação permitindo

que se aprenda o “como”, enquanto a reflexão sobre isso possibilite o “por que”, pela

observação e formação dos conceitos. Em sua proposta de modelo integrado de aprendizagem

organizacional, os modelos mentais dos indivíduos são como codificações das mudanças

vivenciadas ao longo do tempo, e a aprendizagem individual (AI) ocorrida afeta a

Aprendizagem Organizacional (AO), influenciando os modelos mentais compartilhados.

Analisando outra tipologia, temos a proposta de Abbad e Borges-Andrade (2004) na

qual o conceito de aprendizagem “é um processo psicológico essencial para a sobrevivência

dos seres humanos no decorrer de todo o seu desenvolvimento” (ABBAD; BORGES-

ANDRADE, 2004, p. 237). Na construção desta tipologia, os autores analisam as

contribuições anteriores e ratificam que apesar de identificarem que a aprendizagem ocorre no

comportamento do indivíduo, ela está condicionada à interação deste com um contexto.

Segundo os autores, o contexto exerce uma forte influência no aprendizado, pois mesmo as

atividades mais simples e repetitivas estão inseridas em ambientes complexos.

Os autores descrevem o processo de aprendizagem como caracterizado pela aquisição,

retenção, generalização e transferência de conhecimento. Os processos mentais desenvolvidos

pelo indivíduo, no contexto em que se insere, possibilitam a aquisição de conhecimentos,

habilidades e atitudes – CHA que, por sua vez, o auxiliam a superar suas deficiências de

desempenho no trabalho.

No modelo dos autores citados, o processo de transferência do conhecimento, que é a

possibilidade de aplicação dos CHAs adquiridos pelos indivíduos, possui variação de sentido:

lateral e vertical e de direção: positiva e negativa.

A transferência de conhecimento com variação de sentido apresenta inicialmente a

transferência lateral que acontece quando o conhecimento adquirido e retido é generalizado

para ações da mesma complexidade. Caracteriza-se, assim, como um processo de

aprendizagem mais simples e que possibilita aprendizagens mais complexas. Nesta condição,

o indivíduo pode executar atividades ainda não aprendidas, mas passíveis de execução por

associação a atividades que sabe executar. Por sua vez, a aprendizagem vertical se caracteriza

por possibilitar ao indivíduo, a partir de capacidades mais simples, adquirir capacidades mais

complexas. Dessa forma, o indivíduo pode, ao longo do tempo, desenvolver-se com a

aplicação do conhecimento existente.

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41

Quanto à direção de transferência de conhecimento ela pode ser positiva, quando o

aprendizado facilita o desempenho do indivíduo na atividade de transferência e negativa,

quando dificulta seu desempenho. Exemplificando esta abordagem, a aprendizagem de uma

linguagem de programação pode facilitar a aprendizagem de outras linguagens (transferência

positiva), no entanto pode implicar em maior dificuldade de aprendizagem de outras

linguagens (transferência negativa).

A transferência de conhecimento é ampliada pelos autores com a inclusão dos

conceitos de generalização e de manutenção ou retenção dos conhecimentos aprendidos no

longo prazo. A generalização está relacionada ao grau de aplicação dos CHAs em situações

diferentes àquelas em que ocorreu a aquisição. Enquanto isso, a manutenção ou retenção se

caracteriza como intervalo de tempo em que os CHAs continuam a ser utilizadas no trabalho.

Segundo Abbad e Borges-Andrade (2004), para o êxito desse processo, ou seja, para o

desempenho competente do indivíduo, é necessária a interação de três elementos: o “poder

fazer” (condições do meio em que se esta inserido), “o saber fazer/saber ser” (CHAs) e o

“querer fazer” (motivações, aspirações, metas). O desenvolvimento do segundo está

diretamente relacionado ao primeiro e ao terceiro. O “poder fazer” está situado nos contextos

organizacionais que apoiam a aquisição, a retenção e a transferência no processo de

aprendizagem, propiciando um ambiente favorável a esse fenômeno. O “querer fazer”

relaciona-se diretamente com as características individuais que compõem seu grau de

motivação, de auto-eficácia, de comprometimento afetivo com a organização e de seu

reconhecimento sobre o locus de controle do processo: se é externo, fora do seu controle

pessoal, ou interno, sob seu próprio controle.

O resgate teórico realizado demonstrou a existência de vários autores pesquisando o

processo de aprendizagem do indivíduo dentro do contexto da organização (grupo social) e a

posterior disseminação deste. Frente à diversidade de autores estudados o Quadro 2 apresenta

uma síntese de suas respectivas abordagens.

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Autor Teoria apresentada e principais tópicos

Argyris

e Schön

(1978;

1996;

1999;

2000)

Aprendizagem de ciclo simples: Não implica mudanças paradigmáticas de valores, crenças e

pressupostos dos agentes. Apropriada para a rotina e para os aspectos repetitivos, pois está pautada

na execução das atividades diárias.

Aprendizagem de ciclo duplo: Há mudança de forma paradigmática dos modelos mentais, valores,

crenças, pressupostos fundamentais e estratégias de ação. A aprendizagem de ciclo duplo se

apresenta relevante nos aspectos complexos e não programáveis.

Kolb

(1984;

1997)

Aprendizagem como processo ativo pelo qual o conhecimento é criado por intermédio da

transformação da experiência que envolve a interação do indivíduo com o ambiente. O

conhecimento é mediado pela interação entre a expectativa do resultado e a própria experiência em

si. Aborda duas dimensões do processo de aprendizagem: da experiência concreta à conceituação

abstrata e da experimentação ativa à observação.

O processo de aprendizagem ocorre em três estágios: aquisição, especialização e integração.

Nonaka

e

Takeuchi

(1997)

Interação entre conhecimento tácito e conhecimento explícito em quatro processos: socialização,

externalização, combinação e internalização.

O aprendizado individual como resultado de reflexão, de criatividade e de questionamento. O

indivíduo é a fonte de criação do conhecimento tácito, gerado a partir da sua interação com o

ambiente no processo de solução dos problemas.

Kim

(1997)

Destaca o papel da aprendizagem individual e da memória nos mecanismos de transferência entre o

indivíduo e o grupo social. O indivíduo aprende, consciente ou inconscientemente, pela reflexão de

suas observações. O modelo OADI de aprendizagem é descrito por quatro processos: observar-

acessar-desenhar-implementar. A aprendizagem acontece quando há indagação, confrontação dos

fatos com os modelos mentais existentes.

A memória desempenha o papel de enlaçamento da aprendizagem individual com a organizacional.

Senge

(2006)

Propõe o conceito de modelos mentais que se baseia em imagens internas, profundamente

armazenadas, que as pessoas possuem sobre como o mundo funciona. Os modelos mentais

auxiliam tanto a dar sentido ao mundo que os indivíduos percebem, quanto para restringir a

compreensão dos indivíduos para fatos novos.

Abbad e

Borges-

Andrade (2004)

O processo de aprendizagem é caracterizado pela aquisição, manutenção, transferência e

generalização de conhecimento, de forma associada às habilidades e as atitudes pelo indivíduo no

processo de superação de suas deficiências de desempenho no trabalho.

O modelo de processamento de informações apresenta o aprendiz em seu ambiente, que fornece

estímulos absorvidos pelo indivíduo que utiliza seus mecanismos sensoriais, suas memórias de

curto e longo prazo para gerar uma resposta ao ambiente. Apresentam as taxionomias de Bloom:

aprendizagem cognitiva, afetiva e psicomotora, e de Gagné: habilidade motora, habilidade

intelectuais, habilidade de informação verbal, estratégia cognitiva e atitudes.

Quadro 2 - Pontos de destaque dos autores abordados no Referencial Teórico

Fonte: Elaborado pelo próprio autor

De certo, o resgate teórico não contemplou todos os autores atuantes nesta temática,

mas constitui um conjunto teórico, que possibilita o desenvolvimento de um cenário que

suporta o interesse em desenvolver pesquisas na área da produção científica, voltadas para o

entendimento tanto do processo socialização quanto o de disseminação do conhecimento.

Nesta tese, o entendimento da socialização do conhecimento é destinado ao contexto

da produção científica e não ao organizacional. No entanto, como as organizações se

configuram como grupos sociais formais é possível a sua aplicação em estudos futuros desta

área do conhecimento. Adicionalmente, vale destacar que o universo de estudo envolve a

produção científica voltada à sustentabilidade ambiental, que por sua vez também é

contemplada em pesquisas que abarcam a temática organizacional.

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Os autores abordados no processo de aprendizagem individual Argyris e Schön (1978,

1996), Argyris (1999; 2000), Kolb (1984; 1997) Nonaka e Takeuchi (1997), Kim (1997),

Senge (2006) e Abbad e Borges-Andrade (2004) apresentam a perspectiva do conhecimento

nas dimensões epistemológica e ontológica. Contexto este que abarca o compartilhamento do

conhecimento pelo grupo social. No entanto, neste estudo a sociologia do conhecimento se

estabelece como base do referencial teórico que sustenta a discussão dos resultados.

Apesar dos autores voltados ao estudo da construção da aprendizagem organizacional

não apresentarem consenso sobre como o processo se desenvolve, eles posicionam a

possibilidade da institucionalização do conhecimento somente dentro do nível organizacional.

Apesar de os autores abordados na aprendizagem individual, e destacados no parágrafo

anterior, se incluírem neste rol, o quadro teórico apresentado por Crossan et al. (1999) se

constitui em um dos referenciais desta proposta. Para Crossan et al. (1999) a aprendizagem

ocorre nos três níveis: individual, grupal e organizacional, por intermédio de (sub) processos

intitulados: Intuição, Interpretação, Integração e Institucionalização, que compõem o processo

de aprendizado denominado, os 4I´s do processo de aprendizagem organizacional. No nível

individual ocorre à intuição e a interpretação, no nível grupal ocorre à interpretação e a

integração e no nível organizacional ocorre à integração e a institucionalização. O Quadro 3

mostra os quatro processos e os três níveis de ocorrência da aprendizagem e sua renovação

nas organizações.

Nível Processo Inputs/Resultados

Experiências

Individual Intuição Imagens

Metáforas

Linguagem

Interpretação Mapa cognitivo

Grupos Conversa/diálogo

Entendimento compartilhado

Integração Ajuste mútuo

Sistemas interativos

Rotinas

Organização Institucionalização Sistemas de diagnostico

Regras e procedimentos

Quadro 3 - Os quatro processos e três níveis de ocorrência da aprendizagem e sua renovação nas organizações.

Fonte: elaborado a partir de dados coletados de Crossan et al., 1999.

Os autores apresentam as seguintes características para os processos. A Intuição ocorre

apenas no nível individual como resultado de experiências e imagens retidas na memória do

indivíduo. A expertise de uma pessoa pode ser considerada como a capacidade de

inconscientemente identificar padrões que, no passado, lhe permitiram entender e agir perante

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uma determinada situação. Nas organizações, além da intuição do indivíduo em elaborar um

novo saber, é necessária a intuição de um empreendedor que desenvolverá a capacidade da

instituição em tirar proveito comercial da intuição inicial.

A Interpretação, por sua vez, consiste no esforço de explicar uma ideia, a outros ou a

si mesmo, por meio de palavras e/ou ações. Neste processo, os indivíduos desenvolvem

mapas cognitivos sobre os diversos domínios em que operam. A interpretação pode ocorrer no

nível individual (contar a história a si mesmo) ou no nível grupal no qual o resultado (diálogo)

fica potencializado ao envolver mais indivíduos.

A essência do processo de Integração é a expansão do saber para um contexto de

compartilhamento coerente pelos membros do grupo. O desenvolvimento de um saber

compartilhado inclui a tomada de ações conjuntas por meio de mútuas concessões resultando

na construção de uma ação coletiva e coerente. A linguagem desenvolvida por meio das

conversas e diálogos (contexto) das comunidades de prática, bem como as narrativas, consiste

em ferramentas auxiliares ao processo de integração.

A Institucionalização, segundo os autores, ocorre apenas no nível organizacional por

meio da formalização do saber. Como as organizações são mais do que simplesmente uma

coleção de indivíduos, a aprendizagem que ocorre na organização é maior que o simples

somatório da aprendizagem de seus membros. A organização possui a intenção de se capacitar

a ter continuidade satisfatória de suas atividades mesmo com a perda de um de seus

elementos. Dessa forma, as organizações necessitam serem capazes de incorporar a

aprendizagem efetuada nos seus sistemas, estruturas, estratégias, rotinas, etc. A aprendizagem

institucional não consegue acompanhar a velocidade da que ocorre no indivíduo e no grupo.

Os autores pontuam o aprendizado como um processo dinâmico ao longo do tempo.

Entre os diferentes níveis – individual, grupal e organizacional – originam ainda tensões entre

o novo conhecimento obtido (feed-forward) e o conhecimento já consagrado em outros

processos de aprendizagem (feed-back). Pelo processo de feed-forward as novas ideias e

ações seguem do indivíduo para o grupo ou organização, enquanto no processo de feed-back o

aprendizado da organização ou do grupo vai em direção ao indivíduo. A Figura 6 mostra a

dinâmica do processo de aprendizagem.

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Figura 6 - Dinâmica do processo de aprendizagem.

Fonte: Adaptado de Crossan et al. 1999 (p. 532).

No processo de feed-forward as novas ideias e ações ascendem do indivíduo para o

grupo e para a organização. Ao mesmo tempo, o que já foi apreendido e institucionalizado na

organização realimenta os grupos e os indivíduos. Estes processos de interação evidenciam

dois aspectos importantes: a interpretação-integração (feed-forward) e institucionalizar-

intuição (feed-back).

O movimento de interpretação para a integração (feed-forward) requer uma mudança

da aprendizagem individual para a aprendizagem entre os grupos e a organização. Demanda

que o indivíduo construa e integre mapas cognitivos do novo saber que, por sua vez, são

compartilhados pelos membros do grupo. O indivíduo precisa ser capaz de se comunicar de

forma a transpor seu mapa cognitivo, que se caracteriza por ser tácito, para o grupo. Esta ação

exige do indivíduo o processo de articular ideias e conceitos (POLANYI, 1967). A articulação

dos mapas cognitivos individuais no compartilhamento com o grupo se constitui em um

desafio a ser superado. A ação de explicitar algo não é suficiente para garantir o seu

compartilhamento pelo grupo, pois os indivíduos apresentam mapas cognitivos que atuam

como filtro para o novo conhecimento. A compreensão compartilhada é observável quando se

Indivíduo Grupo Organização

Indivíduo

Grupo

Organização

Intuição

Interpretação

Integração

Institucionalização

I

G

O

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46

identifica ações coerentes do grupo, que experimentam e validam o novo conhecimento, que

passa então a ser reconhecido (CROSSAN et al., 1999).

A interação que ocorre entre a institucionalização e a intuição (feed-back) envolve a

necessidade de o indivíduo destruir conhecimento prévio para assimilar o novo, o que agrega

alta dificuldade ao processo. A lógica e a linguagem compartilhada pelo grupo ou pela

organização se constituem em ativos que edificam barreiras físicas e cognitivas para a

mudança. O desafio consiste em não deixar que o feed-back coíba o desenvolvimento do feed-

forward (CROSSAN et al., 1999).

A tipologia apresentada por Crossan et al. (1999), do quadro de aprendizagem

organizacional dos 4I´s, se constitui em uma proposta de conectar a aprendizagem do

indivíduo com a organização. A aprendizagem se estabelece como um processo de mão dupla,

que se origina no indivíduo pela intuição e interpretação e se legitima no grupo por meio da

interpretação coletiva e sequencial integração (feed-forward). O aprendizado

institucionalizado pelo grupo retorna para os indivíduos que o absorvem por meio da intuição

e interpretação. No contexto organizacional temos a institucionalização da aprendizagem, que

consiste na legitimação do conhecimento no ambiente da organização. Nesse contexto, a

aprendizagem organizacional é entendida como um processo de mudança no pensamento e

nas ações, que impacta em possíveis inovações.

Esta abordagem dos processos de legitimação e institucionalização apresenta pontos

que divergem da proposta da sociologia do conhecimento de Berger e Luckmann (2008),

apresentada na seção que se segue. A principal divergência destes autores se localiza na

possibilidade de institucionalização do conhecimento no nível grupal, e não somente no

organizacional. Neste sentido, a proposta de Berger e Luckmann (2008) se apresenta mais

adequada para a análise do conhecimento apresentado na produção científica que se compõe

em grupos sociais e não em organizações. Vale destacar, que a abordagem de Berger e

Luckmann (2008) também se apresenta adequada para os estudos organizacionais, mas que,

no entanto não se configuram como fenômeno de análise desta pesquisa.

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2.3 A SOCIOLOGIA DO CONHECIMENTO

Dentro da sociologia, um dos pontos de destaque consiste na abordagem da sociologia

do conhecimento, com ênfase na proposta por Berger e Luckmann (2008), que aprofunda o

entendimento pelo qual a realidade social é socialmente construída. Para Dubar (2005), o

conceito de socialização de Berger e Luckmann se origina na psicologia social de George

Herbert Mead, que define e analisa a socialização como a construção da identidade do

indivíduo, por meio da interação (comunicação) com outros dentro do conjunto da sociedade.

Em estudo desenvolvido por Daniel-Júnior (2007), a sociologia do conhecimento proposta por

Berger e Luckmann não se fundamenta apenas na psicologia social de Mead, mas também nas

concepções ontológico-epistemológicas da Fenomenologia de Alfred Schutz e do pensamento

sociológico de Émile Durkheim e Max Weber.

A abordagem de Berger e Luckmann (2008) posiciona o indivíduo como elemento

principal no processo de desenvolvimento do conhecimento individual e social, tal como é

abordada pelos autores do conhecimento organizacional apresentados até o momento, Argyris

e Schön (1978, 1996), Argyris (1999, 2000), Kolb (1984, 1997) Nonaka e Takeuchi (1997),

Kim (1997), Senge (2006), Abbad e Borges-Andrade (2004) e Crossan et al. (1999). “A auto-

produção do homem é sempre e necessariamente um empreendimento social” (BERGER;

LUCKMANN, 2008, p. 75). No entanto, os autores estabelecem a distinção entre a

constituição biológica (indivíduo) e o homem (sujeito) conforme proposição de Althusser

(1985). O indivíduo se constitui apenas em uma “abstração” e um “recurso” que mediante a

um processo de interiorização (internalização) dos significados sociais se torna um homem.

De acordo com os autores, o processo de desenvolvimento do ser humano está relacionado ao

ambiente natural em particular que se correlaciona e sujeito a uma ordem cultural e social

específica. Nas palavras de Berger e Luckmann “a forma específica em que esta humanização

se molda é determinada por essas formações socioculturais e são relativas às suas numerosas

variações” (BERGER; LUCKMANN, 2008, p. 72).

Emerge, assim, o conceito de ordem social como produto humano no curso do seu

processo de compartilhamento com a sociedade a que pertence. Logo, a ordem social não

pertence à natureza, mas é um produto da atividade humana. A exteriorização do ser humano

é apontada por Berger e Luckmann (2008) como uma necessidade antropológica na qual o ser

humano, de forma progressiva e continuada, transmite aos demais a sua produção. Berger e

Luckmann (2008) em sua obra utilizam a expressão indivíduo como sinônimo de sujeito,

logo, para efeito desta pesquisa, empregaremos também o termo indivíduo com tal concepção.

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Como já referenciado na seção anterior, a abordagem de Berger e Luckmann (2008) se

distância dos autores do conhecimento organizacional apresentados neste estudo. Estes

autores interpretam a possibilidade da institucionalização do conhecimento apenas dentro do

contexto das organizações. Para Berger e Luckmann (2008), a institucionalização ocorre

dentro do conceito de “instituições sociais”, que contém as organizações, no entanto, não se

limitam a apenas este universo, nem se definem como único elemento. Para Berger e Berger

(1977), a instituição se configura como um padrão compartilhado de ações cotidianas em

esferas da vida social específicas. A transmissão do padrão ao longo do tempo, de geração

para geração, estabelece a constituição das instituições. Sob este aspecto, as instituições se

configuram como um conjunto articulado de ideias, normas, valores e sentimentos,

socialmente estabelecidos, que orientem a ação em campos específicos da conduta humana.

(Dentre os campos de conduta humana podemos citar: a comunicação, as relações sociais e a

relação com a natureza, entre outros). Berger e Berger (1977, p. 193) definem “a instituição

como um padrão de controle, ou seja, uma programação da conduta individual imposta pela

sociedade”.

Segundo Berger e Luckmann (2008), a repetição de uma mesma atividade tende a

estabelecer um padrão de ação que pode ser apreendido e reproduzido por outros. Esta

repetição possibilita a formação do hábito que fornece direção e especialização para o homem

realizar suas atividades, de forma a não necessitar definir as ações envolvidas nos eventos

rotineiros. A formação do hábito se torna um pré-requisito do processo de institucionalização

de um único indivíduo ou um grupo social. Para os autores “estes processos de formação de

hábitos precedem toda institucionalização. Assim, eles podem ser aplicados a um hipotético

indivíduo solitário, destacado de qualquer interação social” (BERGER; LUCKMANN, 2008,

p. 78), o que caracteriza a institucionalização fora do entendimento organizacional e, ainda,

como uma possibilidade individual, mesmo que teórica.

Portanto, a formação do hábito pelo ser humano possibilita o estabelecimento de sua

institucionalização. Nesse contexto, é necessário que os indivíduos envolvidos compartilhem

o caráter típico das ações. Assim, um conjunto de atores exercendo ações típicas e de rotina

caracterizam uma tipificação que, por sua vez, estabelece uma instituição.

A institucionalização ocorre sempre que há uma tipificação recíproca de

ações habituais por tipos de atores. Dito de maneira diferente qualquer uma

dessas tipificações é uma instituição. O que deve ser acentuado é a

reciprocidade das tipificações institucionais e o caráter típico não somente

das ações, mas também dos atores nas instituições. As tipificações das ações

habituais que constituem as instituições são sempre partilhadas. São

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acessíveis a todos os membros do grupo social particular em questão, e à

própria instituição tipifica os atores individuais assim como as ações

individuais. (BERGER; LUCKMANN, 2008, p. 79).

A compreensão de uma instituição envolve o entendimento do processo histórico que a

originou e o padrão de conduta determinante. Este padrão de conduta estabelece o perfil

controlador inerente à institucionalização que, juntamente com os mecanismos de sanção,

constituem o sistema de controle social. Esse sistema pode ser primário ou secundário. O

controle social primário se caracteriza como aquele que envolve as atividades diárias do

indivíduo. Segundo Berger e Luckmann (2008, p. 80), “o controle social primário é dado pela

existência de uma instituição como tal. Dizer que um segmento da atividade humana foi

institucionalizado já é dizer que este segmento da atividade humana foi submetido ao controle

social”. O controle social secundário decorre dos processos que se desenvolvem de forma

complementar as atividades diárias (controle social primário) do indivíduo.

Para Berger e Luckmann (2008), o estabelecimento de uma rotina possibilita a divisão

das atividades entre os membros de um grupo social abrindo-se, assim, espaço para o

surgimento de inovações. Desta forma, a divisão do trabalho e as inovações constituem-se em

componentes que fomentam novos hábitos e que, por sua vez, constroem um mundo social

baseado em uma ordem social em expansão.

Quando um indivíduo observa uma condição de repetição de ações desenvolvidas por

outro, que caminha para se tornar um hábito desenvolve inicialmente um protocolo de

tipificação da sua parte. Caso as ações em repetição sejam importantes para as duas partes e se

insiram em uma situação social duradoura surge à possibilidade de se estabelecer uma

tipificação recíproca. Dessa forma, os hábitos e as tipificações desses indivíduos que, até o

momento, eram circunscritos a uma atividade específica tornam-se instituições históricas.

Segundo Berger e Luckmann (2008), quando as formações estabelecem a historicidade

tem-se o surgimento ou o aperfeiçoamento de uma qualidade, até então incipiente, entre os

atores que desencadearam a tipificação compartilhada de uma conduta. “Esta qualidade é a

objetividade.” (BERGER; LUCKMANN, 2008, p. 84). Diante dessa objetividade temos uma

instituição que influência de forma coerciva os demais indivíduos. Nas palavras dos autores

“experimentam-se as instituições como se possuísse realidade própria, realidade com a qual os

indivíduos se defrontam na condição de fato exterior e coercivo.” (BERGER; LUCKMANN,

2008, p. 84).

Na medida em que a objetividade evolui do grupo inicial, que se apresenta de forma

mais tênue, para um agrupamento maior de indivíduos, a objetividade do mundo institucional

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apresenta-se mais rígida a todos. Nessa condição, temos um mundo real mais consciente e,

consequentemente, mais difícil de ser alterado. Desta maneira, como mundo objetivo, as

formações sociais são passíveis de transmissão a um novo agrupamento ou geração. No

entanto, destaca-se também o poder coercivo estabelecido, no qual o indivíduo é inserido em

um contexto que deve ser apreendido como único e verdadeiro.

A exteriorização da produção, pelo homem, é uma atividade que adquire o caráter de

objetividade e entendida como um processo denominado de objetivação. Assim, a relação

entre o homem, o produtor e o mundo social estabelece uma ligação de reciprocidade das

partes, na qual a exteriorização e a objetivação são componentes de um contínuo processo

dialético. Processo este marcado pela discussão, contraposição e contradição de ideias que

caminham para o estabelecimento de um consenso socialmente aceito. O estabelecimento de

um consenso é caracterizado pela interiorização da objetivação pelos indivíduos pertencentes

a este mundo social.

Surge, assim, a Legitimação que é a transmissão do mundo institucional de uma

geração para outra. Nesse contexto, o padrão de controle estabelecido por uma geração é

incorporado pela geração seguinte, somado à possibilidade de explicação e justificação. A

realidade da sociedade torna-se cada vez mais compacta no curso de sua transmissão. A

disseminação desta realidade pode restringir a possibilidade de acesso ao significado original

das instituições, pelo não compartilhamento da memória original. Nesse contexto, Berger e

Luckmann (2008) destacam a importância das fórmulas legitimadoras. “Torna-se, por

conseguinte, necessário interpretar para eles este significado em várias fórmulas

legitimadoras. Estas terão de ser consistentes e amplas no que se refere à ordem institucional,

a fim de levarem à convicção a nova geração.” (BERGER; LUCKMANN, 2008, p. 88). O

resultado da atividade deve ser disponibilizado a todos os componentes do grupo social

expandindo-se, assim, a ordem institucional e estabelecendo um “correspondente manto de

legitimações, que estende sobre si uma cobertura protetora de interpretações cognoscitivas e

normativas.” (BERGER; LUCKMANN, 2008, p. 88). As novas gerações apreendem esta

legitimação concomitante ao processo em que se a socializa na ordem institucional.

Os indivíduos podem apresentar restrições para aceitar a ação de institucionalização da

sociedade a que pertencem, em grande parte, por não terem participado do seu processo de

estabelecimento. Diante desta possibilidade de desvio, as instituições exercem autoridade

(ação coerciva) sobre o indivíduo, a fim de garantir a aceitação de suas definições sem a

possibilidade de redefinição das mesmas, garantindo, assim, a sua legitimação. (BERGER;

LUCKMANN, 2008)

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Para Berger e Berger (1977, p. 193), “a linguagem é uma instituição”. Os autores

apontam ainda a linguagem como a primeira instituição a qual o indivíduo se incorpora e,

ainda, se constitui na instituição fundamental da sociedade. Cumpre ressaltar, que os referidos

autores apresentam a família de forma compartilhada como a primeira instituição. Esta

interpretação distância o entendimento da instituição formulada pela sociologia do

conhecimento daquela formulada pelos autores do conhecimento organizacional, apresentados

anteriormente.

Segundo Berger e Luckmann (2008), as legitimações possuem na linguagem tanto o

elemento de elaboração quanto o de disseminação. A linguagem possibilita a integração

funcional ou lógica dos hábitos ou da institucionalização a ser difundida para os indivíduos ou

coletividades. Nas palavras dos autores, “a lógica atribuída à ordem social faz parte do acervo

socialmente disponível do conhecimento, tomado como natural e certo.” (BERGER;

LUCKMANN, 2008, p. 92).

O indivíduo estará bem socializado na medida em que possuir “conhecimento” do

mundo social em que se insere, de forma a entender como as instituições funcionam e se

integram. Os significados não são particularizados, mas socialmente articulados e

compartilhados. “A integração de uma ordem institucional só pode ser entendida em termos

de conhecimento que seus membros têm dela, segue-se que a análise de tal conhecimento será

essencial para a análise da ordem institucional em questão.” (BERGER; LUCKMANN, 2008,

p. 92).

O conhecimento se apresenta em dois níveis: primário e secundário. O primário

relaciona-se com o pré-teórico, que se constitui na instituição de um conjunto de

conhecimentos que estabelecem as regras básicas de conduta entendidas como adequadas pela

sociedade. Nesta situação, o conhecimento é objetivado pela sociedade, na qual desvios são

considerados afastamento da realidade. Sua principal característica se constitui na estrutura

básica na qual se assentam os futuros conhecimentos, denominados secundários. O

conhecimento primário “objetiva este mundo por meio da linguagem e do aparelho

cognoscitivo baseado na linguagem, isto é, ordena-o em objetos que serão apreendidos como

realidade e, em seguida, interiorizados como verdade objetivamente válida no curso da

socialização” (BERGER; LUCKMANN, 2008, p. 94). Este trabalho estabelece, como foco de

atenção, o conhecimento do nível secundário, ou seja, o conhecimento que foi socialmente

produzido e objetivado com referência a uma atividade não rotineira.

As experiências que ficam retidas no indivíduo são consideradas sedimentadas e,

assim, consolidam a apreensão do conhecimento. No contexto da sociedade, a sedimentação é

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social na medida em que se pode repetir a objetivação das experiências compartilhadas por

meio da linguagem assumindo o status de “base e instrumento de acervo coletivo do

conhecimento” (BERGER; LUCKMANN, 2008, p. 96). Assim, a linguagem é que possibilita

a objetivação de novas experiências, que se consubstanciam ao estoque de conhecimento

existente. Sob esse aspecto, a linguagem permite as sedimentações coletivas de forma

coerente, sem a necessidade de reconstrução do processo original.

Tanto o conhecimento quanto a sua transmissão, decorrem dos significados

objetivados na atividade institucional. A transmissão do conhecimento está subjugada a um

aparelho social, que se traduz na relação de transmissor e de receptor.

O transmissor do conhecimento, dentro do contexto das instituições, está envolvido

em um conjunto de procedimentos de controle e de legitimação que estabelece uma coerência

lógica, típica de cada instituição. Esta coerência lógica pode encontrar dificuldades de

legitimação, em decorrência de conflitos ou de competições dos indivíduos envolvidos e/ou

de socialização provenientes da dificuldade de interiorização de sucessivos e concomitantes

significados sociais.

As ações de um indivíduo e de outros, que compõem uma rede de socialização de

forma tipificada, possibilitam originar uma ordem institucional. Nesse sentido, observa-se

entre os envolvidos: a) finalidade específica; b) fases de desempenho entrelaçadas; c) ações

especificas tipificadas e d) formas de ação tipificadas (BERGER; LUCKMANN, 2008). Tal

configuração faz com que qualquer ator desta rede social repita determinada ação tipificada,

desde que haja um sentido objetivo da mesma. A Figura 7 mostra esta sequência de atividades

que origina a ordem institucional.

Figura 7 - Origem da ordem institucional

Fonte: Elaborada com base na obra de Berger e Luckmann (2008).

- Finalidade específica,

- Fases entrelaçadas de desempenho,

- Tipificação de ações específica.

- Tipificação na forma de ação.

Tipificação dos desempenhos de um indivíduo e

ou de um conjunto de indivíduos.

Origem da

ORDEM INSTITUCIONAL

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Dentro de uma ordem institucional, uma determinada ação, bem como o seu sentido,

pode ser apreendida por qualquer indivíduo pertencente à sua rede social. Assim, a execução

desta ação decorre de ações objetivas, conhecidas e passiveis de repetição por qualquer ator

desta rede social.

Para Berger e Luckmann (2008), após a realização de uma ação, o indivíduo deve

ainda desenvolver uma reflexão sobre a mesma, a fim de estabelecer a sua interiorização, o

“eu individual”, no entanto, de forma distinta do “eu social”. Destacando a narrativa dos

autores “o ator identifica-se com as tipificações da conduta in actu socialmente objetivadas,

mas restabelece a distância com relação a elas quando reflete posteriormente sobre sua

conduta” (BERGER; LUCKMANN, 2008, p. 102). Emana assim o conceito de papéis, que é

a atuação de atores junto ao acervo objetivado de conhecimentos, comum a uma rede social.

Os papéis protagonizados pelos indivíduos estabelecem uma tipologia. Condição esta,

necessária para a institucionalização da conduta, pois as instituições apropriam-se da

experiência do indivíduo, por meio dos papéis que desempenham.

O mundo social objetivado, e acessível a qualquer sociedade, se constitui das

experiências individuais desenvolvidas no contexto de papéis de uma instituição. Assim, por

meio da interiorização de um papel, o indivíduo estabelece a sua realidade e a sua

participação no mundo social. Os papéis desempenhados pelos atores representam a própria

ordem institucional, pois possibilitam a continuidade das instituições por meio do

desenvolvimento de suas experiências reais.

Segundo Berger e Luckmann (2008), os papéis exercem ainda a importante função

social de integrar as diversas instituições em um mundo dotado de sentido. Estabelece, assim,

a condição de aparelho legitimador da sociedade.

Cada papel impõe a possibilidade de adentrar em uma parcela específica do acervo

total de conhecimento possuído pela sociedade. Dentre os papéis de uma instituição, para

efeitos deste estudo, destaca-se o de mediador do acervo comum de conhecimento de setores

específicos. Ao assumir este papel, o indivíduo é inserido em um conhecimento específico

socialmente objetivado. Vale destacar que este acervo encontra-se estruturado para destacar a

sua relevância, que pode ser tanto do conhecimento geral quanto do conhecimento relevante

para papéis particulares. Nas palavras dos autores, “a distribuição social do conhecimento

acarreta uma dicotomização no que se refere à importância geral e à importância para papéis

específicos.” (BERGER; LUCKMANN, 2008, p. 107). Destarte, a sociedade se organiza de

forma a possibilitar que certos atores possam se dedicar a atividades específicas, a fim de

acumular e produzir conhecimentos especializados. Portanto, estes atores especialistas

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posicionam-se na condição de gerenciadores deste conhecimento. Os autores destacam que

“Em todos esses casos os especialistas tornam-se administradores dos setores do cabedal do

conhecimento que lhes foi socialmente atribuído” (BERGER; LUCKMANN, 2008, p. 108). O

reconhecimento de que os especialistas são detentores de conhecimentos específicos

possibilita que qualquer membro da sociedade possa recorrer a estes quando da necessidade.

Os especialistas incorporam assim a função de auxiliar os leigos a entenderem o

conhecimento específico.

A relação dos papéis desempenhados e o conhecimento configuram-se como

fundamentais tanto na perspectiva de representação da ordem institucional - mediando

conjuntos de conhecimentos institucionalmente objetivados - quanto na qual cada papel é

veículo de um determinado conhecimento.

O desenvolvimento das atividades especializadas conduz tanto à especialização quanto

à segmentação do estoque comum de conhecimento. Em decorrência da segmentação emana o

contexto de prestígio social dos especialistas, que justifica o fato dos atores com melhor

reconhecimento possuírem maior probabilidade de institucionalizar seu conhecimento.

A institucionalização de um conhecimento pode apresentar uma extensão mais vasta

ou mais estreita das suas estruturas importantes. O compartilhamento de forma generalizada

pela sociedade de estruturas importantes indica uma ampla institucionalização do

conhecimento, ao passo que, um limitado compartilhamento aponta para uma restrita

institucionalização. Berger e Luckmann (2008) afirmam que a institucionalização total, na

qual todos os problemas e respectivas soluções são comuns e sociologicamente objetivados,

além de ter todas as ações sociais institucionalizadas, é passível conceitualmente. No entanto,

não há evidências de tal fenômeno na história da sociedade. Assim a institucionalização total

não é um fenômeno a ser esperado ou perseguido no contexto da sociedade. Ainda, segundo

os autores, o desenvolvimento da sociedade aumenta a sua complexidade, distanciando-a mais

da possibilidade da institucionalização total.

A sociedade disponibiliza o acervo de conhecimento, porém a extensão e a atualização

deste são particulares a cada indivíduo. O indivíduo tem à sua disposição o sentido objetivo

da ordem institucional, admitido como natural e certo, entretanto ele pode apresentar

dificuldades de interiorização dos significados. A dificuldade se origina na consciência

reflexiva de cada indivíduo, condicionada à sua lógica e experiência de institucionalização.

Nesse sentido, é possível entender e aceitar a coexistência de processos institucionais

distintos, sem a integração total pela sociedade (BERGER; LUCKMANN, 2008).

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A segmentação da ordem institucional e a contínua geração e distribuição do

conhecimento determinam o desafio de estabelecer significados integradores que abarquem a

sociedade e ofertem um contexto de sentido objetivo para a experiência e o conhecimento

social do indivíduo. Este cenário apresenta ainda o desafio de legitimação institucional entre

os diferentes tipos de atores que, por vezes, podem estar em conflito de interesses (BERGER;

LUCKMANN, 2008). A segmentação social possibilita o estabelecimento de subuniversos de

significação socialmente separados, nos quais o desenvolvimento de um determinado

conhecimento específico desenvolvido pode-se tornar obscuro na comparação com o acervo

comum de conhecimento. Os subuniversos de significados podem se originar de diferentes

arranjos sociais, tais como: sexo, idade, escola de pensamento, formação na graduação, IES

de formação, etc.

A continuidade do subuniverso está associada a um grupo social que irá assegurar a

sua existência e a manutenção do significado em questão, principalmente nas ocasiões em que

se estabelecer conflito com a produção de outros especialistas. Berger e Luckmann (2008, p.

118) apontam que “estes conflitos sociais traduzem-se facilmente em conflitos entre escolas

rivais de pensamento, cada qual procurando estabelecer-se e desacreditar, quando não

liquidar, o corpo de conhecimento competidor”. No entanto, os autores destacam que um

corpo de conhecimento (universo científico de significação) pode atingir um determinado

grau de autonomia, que se desassocie do grupo social que o originou, possibilitando assim,

inclusive, uma ação de retorno sobre o grupo social que o estabeleceu. Nas palavras dos

autores, “a relação entre o conhecimento e sua base social é dialética, isto é, o conhecimento é

um produto social e o conhecimento é um fator na transformação social” (BERGER;

LUCKMANN, 2008, p. 118).

Na medida em que se aumenta a quantidade de subuniversos existentes, associados

ainda ao respectivo avanço da autonomia de cada um deles, emana respectivamente a

dificuldade nos processos de legitimação. Esta dificuldade de legitimação é constatada entre

leigos de um universo científico de significação, tanto por não conhecerem todas as opções

existentes, quanto por não compreenderem efetivamente qual deve adotar. Para os já iniciados

o desafio consiste na sua permanência dentro do universo científico de significação, pois a

troca deste por outro emergente pode comprometer a legitimação do primeiro.

Uma singularidade deste processo de legitimação se observa em determinados

subuniversos científicos de significação nos quais os leigos, impedidos de entrar, admitem a

sua legitimidade e concedem aos especialistas privilégios e reconhecimento sociais. Berger e

Luckmann (2008) exemplificam esta situação apontando a profissão do médico, que se

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recobre de símbolos de poder e de mistérios, materializados nas vestimentas e na linguagem

utilizadas. Tal contexto, naturalmente legitima a atividade do médico e mantém fora deste

subuniverso científico de significado o leigo, que, por sua vez, reconhece e aceita a

exclusividade do conhecimento a este pequeno número de especialistas.

A variação de velocidade dos processos desenvolvidos pelas instituições e pelos

subuniversos científicos de significação irá influenciar na maior ou menor dificuldade de

implementação da legitimação global da ordem institucional, e das legitimações específicas

de determinadas instituições e subuniversos. Como exemplo desta situação é possível

identificar a coexistência de organizações poluidoras, sem preocupação com o meio ambiente,

convivendo em sociedades que incorporam empresas engajadas na causa ambiental. Destaca-

se que, em sociedades que apresentem grande variabilidade de comportamento, a atividade de

legitimação torna-se mais árdua para os seus especialistas.

Outra singularidade a ser considerada é a reificação, em que a sociedade não se

distingue mais como fonte de criação de determinado conhecimento. A sociedade não

reconhece que originou determinado conhecimento, atribui a sua origem a algo especial,

portanto, ele não está sujeito a alterações. O dogma - ponto fundamental e indiscutível de uma

crença religiosa – é um bom exemplo, pois os religiosos não aceitam discutir os fundamentos

de suas religiões, argumentando que estes são um pronunciamento divino, no entanto, a sua

origem está relacionada ao próprio homem. Assim, um fenômeno humano é entendido como

se fosse uma coisa não humana. Na perspectiva de Berger e Luckmann (2008, p. 123), “é

possível dizer que a reificação constitui o grau extremo do processo de objetivação, pelo qual

o mundo objetivado perde a inteligibilidade que possui como empreendimento humano e fixa-

se como uma facticidade não humana, não-humanizável, inerte.”

A legitimação de novos conhecimentos torna-se particularmente mais difícil em

subuniversos reificados. Segundo os autores, em subuniversos reificados, é necessário

desenvolver uma desreificação, atribuindo às instituições uma natureza ontológica, autônoma

em relação à atividade e à significação humana.

O conceito de legitimação é melhor contextualizado no processo de objetivação dos

novos significados de ´segunda ordem`, tornando objetivamente acessível e subjetivamente

plausível as objetivações de ´primeira ordem`. As objetivações de ´primeira ordem` envolvem

as atividades desenvolvidas no dia a dia do indivíduo, realizadas de forma automática, ao

passo que, as de ´segunda ordem` envolvem as atividades complementares e que não são

desenvolvidas de forma automática. Assim, a legitimação se processa no indivíduo por meio

da aceitação como razoável do novo significado a que está sendo apresentado. Berger e

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Luckmann (2008) não inferem sobre os fatores envolvidos no processo de legitimação, no

entanto, posicionam que a ´integração` das ordens se constitui em componente de motivação à

legitimação. Nas palavras dos autores:

A integração e, correlativamente, a questão da plausibilidade subjetiva

referem-se a dois níveis. O primeiro a totalidade da ordem institucional

deveria ter sentido simultaneamente para os participantes de diferentes

processos institucionais. A questão da plausibilidade refere-se aqui ao

reconhecimento subjetivo de um sentido global ´por trás` dos motivos do

indivíduo e de seus semelhantes, motivos predominantes no que diz respeito

à situação, mas parcialmente institucionalizados [...]. Em segundo lugar, a

totalidade do indivíduo, a sucessiva passagem pelas várias ordens de uma

ordem institucional, deve ser tornada subjetivamente significativa. Em outras

palavras, a biografia individual em suas várias fases sucessivas,

institucionalmente pré-definidas, deve ser dotada de sentido que torne a

totalidade subjetivamente plausível (BERGER; LUCKMANN, 2008, p.

127).

Apesar da importância do indivíduo em admitir como razoável o corpo de

conhecimento para realizar a sua internalização, a legitimação não se constitui

obrigatoriamente na fase inicial da institucionalização. A institucionalização pode se

apresentar para o indivíduo de forma simples, como um fato desobrigado da necessidade de

desenvolver o exercício de verificar a sua razoabilidade. Nessa situação, o indivíduo tem a

percepção de ser um fato evidente, logo, a incorporação ocorre sem a necessidade da

legitimação. Vale destacar que tal fenômeno é possível nas objetivações de ´primeira ordem`.

Para Berger e Luckmann (2008), a necessidade de legitimação origina-se quando as

objetivações de ordem institucional necessitam ser transmitidas de uma geração para outra. A

transição do corpo de conhecimento de uma geração para outra, envolve a transmissão das

objetivações de ordem institucional a indivíduos que não possuem a memória e os hábitos

originais, e que só realizam a incorporação do novo conhecimento, se o identificarem como

plausível. Dessa forma, se a harmonia histórica e biográfica do indivíduo é rompida, para

restaurá-la, são necessárias explicações e justificativas dos elementos da tradição

institucional. Destacando a narrativa dos autores, “tornando assim inteligíveis ambos os

aspectos dessa unidade, é preciso haver explicações e justificativas dos elementos salientes da

tradição institucional. A legitimação é este processo de ´explicação` e ´justificação`”.

(BERGER; LUCKMANN, 2008, p. 128).

Um aspecto importante da legitimação é que ela não se restringe à transmissão de

valores, pois ao justificar uma ordem institucional, ela envolve também a transmissão do

conhecimento. A legitimação não apenas aponta para o indivíduo que ação deve realizar, em

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detrimento de outras, mas avança no sentido de justificar por que ´as coisas são o que são`.

Nesse sentido, o conhecimento antecede os valores na legitimação das instituições. Assim, “a

legitimação justifica a ordem institucional, dando dignidade normativa a seus imperativos

práticos”. (BERGER e LUCKMANN, 2008, p. 128).

Segundo Berger e Luckmann (2008), a legitimação pode ocorrer em diferentes níveis

de análise, a saber:

No primeiro nível, recebe a denominação de legitimação incipiente, por se manifestar

assim que o sistema de objetivações linguísticas da experiência humana começa a ser

transmitido. Este fenômeno é comum ao questionamento da criança ´- por que devo fazer

isso?` que é atendido com a resposta ´- é assim que se faz as coisas`,

No segundo nível, a legitimação se caracteriza por apresentar as proposições teóricas

de forma rudimentar, as significações objetivas são articuladas por esquemas explicativos

diretamente relacionados às ações concretas. Os provérbios, os ditos populares e as lendas

pertencem e exemplificam a este nível de legitimação.

No terceiro nível, a legitimação abarca as teorias explícitas de determinado setor

institucional. Estas teorias resultam da legitimação de um amplo corpo de conhecimento,

desenvolvido por especialistas, que, por sua vez, recorrem a procedimentos de iniciação

formalizados para realizar a transmissão. Nesse contexto, a legitimação expande da aplicação

prática para ´teoria pura`, adquirindo autonomia perante seu grupo de criação. Os autores

propõem que, “a esfera das legitimações começa a atingir um grau de autonomia em relação

às instituições legitimadas e, finalmente, pode gerar seus próprios procedimentos

institucionais” (BERGER; LUCKMANN, 2008, p. 130).

Vale destacar, para efeitos deste estudo, que este é o nível no qual os especialistas

atuam para legitimar o corpo de conhecimento desenvolvido por suas pesquisas. Esta

legitimação pode encontrar maior ou menor resistência para se efetivar, mediante a existência

de um corpo de conhecimento já legitimado. Segundo Berger e Luckmann (2008, p. 131) “e o

corpo de ´cientistas` pode estabelecer seus próprios processos institucionais em oposição às

instituições que a ´ciência` tinha originariamente por função legitimar.”

Os universos simbólicos constituem o quarto e último nível da legitimação. Vale

destacar que o processo simbólico está relacionado à significação de diferentes realidades, não

pertencentes às do cotidiano. Os diferentes corpos de tradição teórica, que integram as áreas

de significação e abarcam a ordem institucional, estabelecem uma totalidade simbólica.

Assim, a legitimação se processa por meio de totalidades simbólicas, não passiveis de

experimentação na vida cotidiana, distinguindo-se do terceiro nível de legitimação, que se

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restringe a um setor institucional. Para os autores (BERGER; LUCKMANN, 2008, p. 131),

“Este nível de legitimação distingue-se ainda do precedente pela extensão da integração

dotada de sentido”. Sob esse aspecto, no quarto nível de legitimação há a integração de todos

os setores da ordem institucional, estabelecendo um universo de sentido, no qual “toda a

experiência humana pode agora ser concebida como se efetuando no interior dele” (BERGER;

LUCKMANN, 2008, p. 132).

Emana, assim, a concepção do universo simbólico, como matriz de todos os

significados, socialmente objetivados e subjetivamente reais. O indivíduo identifica a sua

existência como pertencente a este contexto, pois todas as situações da sua vida cotidiana são

abarcadas pelo universo simbólico. O conjunto de teorias legitimadoras existentes se

estabelece como integrantes deste todo, edificado por um conjunto de ordens institucionais.

Os autores destacam que “a cristalização dos universos simbólicos segue os processos [...] de

objetivação, sedimentação e acumulação do conhecimento. Isto é, os universos simbólicos são

produtos sociais que têm uma história” (BERGER; LUCKMANN, 2008, p. 133).

Para Berger e Luckmann (2008), os universos simbólicos realizam a legitimação da

biografia individual e da ordem institucional de forma semelhante, se apoiado em um

processo organizado e ordenado. Sob esse aspecto, o universo simbólico disponibiliza a

hierarquia de realidades, que subsidiaram a apreensão subjetiva do novo conhecimento pelo

indivíduo, de forma inteligível e menos assustadora. Assim, o universo simbólico realiza a

legitimação final da ordem institucional, constituindo um conjunto integrado de significados,

mesmo para os setores discrepantes da vida cotidiana. Como exemplo, as discrepâncias entre

o significado de desempenhar o papel de cientista pesquisador e o de desempenhar o papel de

gestor de um negócio podem ser integradas de forma harmônica na execução das atividades

diárias do indivíduo. Os autores detalham que, “o universo simbólico ordena e, por isso

mesmo, legitima os papéis cotidianos, as prioridades e os procedimentos operatórios,

colocando-os sub specie universi, isto é, no contexto do quadro de referência mais geral

concebível” (BERGER; LUCKMANN, 2008, p. 136).

A integração da morte, na realidade da existência social, tem grande importância para

qualquer ordem institucional. A legitimação da morte é um importante componente do

universo simbólico, pois é por meio dela que o indivíduo se capacita a continuar vivendo na

sociedade e encarar sua própria morte, sem paralisar o contínuo cumprimento das rotinas da

vida cotidiana. De forma similar, a legitimação da morte de outros significados possibilita a

continuidade do universo simbólico, o desempenho das atividades rotineiras, sem a

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paralisação do indivíduo frente à substituição (morte) de uma ordem institucional. Isto se

torna possível frente à aceitação, pelo indivíduo, da morte como um fato normal.

O sentido de pertencimento, dos membros de uma sociedade, a um universo simbólico

dotado de sentido, decorre de uma unidade cronológica coletiva coerente, que inclui passado,

presente e futuro. O compartilhamento de uma memória socializada pelos indivíduos

estabelece um passado comum, ao passo que, um conjunto comum de referências possibilita

que cada indivíduo projete suas ações no futuro. Sob esse aspecto, o universo simbólico se

constitui no âmago de associação entre os antecessores e os predecessores ultrapassando o

sentido da existência individual.

O universo simbólico se origina da objetivação social dos processos de reflexão

subjetiva, logo, dentro da perspectiva cognoscitiva, o universo simbólico é teórico. É no

universo simbólico que deve ocorrer à legitimação da ordem institucional, na medida em que

esta estabeleça um todo dotado de sentido. Podem surgir problemas que afetem a ordem

institucional e, neste caso, esta deve estabelecer teorias, a fim de atender a um novo contexto.

Caso não ocorram alterações teóricas não se observa a necessidade de uma nova legitimação

no universo simbólico. Por exemplo, a criação de um novo departamento em uma empresa

necessita ser legitimada dentro da organização, a fim de estabelecer um corpo de

conhecimento que direcione as interações com as demais partes desta estrutura.

A possibilidade de refletir de forma sistêmica a natureza do universo simbólico

decorre da objetivação inicial do pensamento teórico. A legitimação, em um estágio mais

simples ou mais complexo no contexto do universo simbólico, é entendida como um

mecanismo de manutenção deste. Sob este aspecto, Berger e Luckmann (2008) indicam que

há vários níveis de legitimação, que vão do pré-teórico de significados institucionais até o que

abarca a totalidade do universo, este denominado de segundo grau. Os autores, no entanto,

destacam que a legitimação do universo simbólico, ao contrário da legitimação da ordem

institucional, não vai até o nível pré-teórico. Nas palavras dos autores:

Há vários níveis da legitimação dos universos simbólicos, assim como há da

legitimação das instituições, exceto que dos primeiros não se pode dizer que

desçam ao nível pré-teórico, pela razão evidente de que o universo simbólico

é por si mesmo um fenômeno teórico e se conserva como tal mesmo quando

admitido ingenuamente (BERGER; LUCKMANN, 2008, p. 143).

Para Berger e Luckmann (2008), um universo simbólico isento de problemas tem a

capacidade de se auto-legitimar, diante da facticidade da sua existência objetiva na sociedade

em questão. No entanto, os autores reconhecem que não há sociedade harmônica em perfeito

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funcionamento, e que todo universo simbólico é originalmente problemático, demandando

assim, para sua manutenção, a legitimação das ordens sociais.

Dentro do universo simbólico podem existir indivíduos que o concebam de maneira

distinta, originando-se, assim, variações de interpretação. Quando estas variações de

interpretação começam a serem partilhadas por um conjunto de indivíduos, emerge a

objetivação de uma nova realidade que irá desafiar a realidade do universo simbólico

constituído. Este conjunto de indivíduos torna-se uma ameaça tanto ao universo simbólico,

quanto à ordem institucional legitimada pelo universo simbólico em questão. Tal cenário

imputa ao universo simbólico a necessidade de reprimir esta ameaça. A legitimação desta

repressão desencadeia a atuação de mecanismos conceituais que atuam de forma a preservar o

status quo do universo frente ao desafio estabelecido. Segundo Berger e Luckmann (2008),

estes mecanismos conceituais de defesa atuam como componentes de modificação e

legitimação do universo simbólico vigente. O mecanismo conceitual de conservação do

universo é um produto da atividade social e deve apresentar as melhores razões possíveis, a

fim de afirmar a sua superioridade.

Sociedades distintas podem estabelecer um confronto de seus universos simbólicos

específicos. Neste confronto, cada sociedade possui o objetivo de estabelecer seu universo

simbólico sobre o da adversária. Berger e Luckmann (2008) destacam que em paridade, ou

proximidade de plausibilidade intrínseca, o êxito do universo simbólico está menos associado

ao contexto teórico, e mais dependente do poder de seus legitimadores. Os autores destacam

ainda, que as legitimações decorrentes de conservação do universo simbólico envolvem a

integração teórica das legitimações de várias instituições que se rivalizaram neste processo.

A mitologia, a teologia, a filosofia e a ciência são apresentadas como um ordenamento

de mecanismos conceituais de conservação de universos simbólicos, por Berger e Luckmann

(2008). Este trabalho não possui a proposta de realizar exame detalhado destes diferentes

mecanismos conceituais de conservação de universo simbólico. Vale destacar que os referidos

autores também se abstêm desta prerrogativa. No entanto, algumas observações sobre os

mecanismos conceituais de conservação, utilizados pela ciência, são de interesse para este

trabalho.

A ciência moderna apresenta-se como um mecanismo extremamente desenvolvido de

conservação do universo simbólico e, como tal, pertencente a uma minoria de especialistas.

Tal cenário implica em um corpo de conhecimento que se afasta do conhecimento comum da

sociedade, em parte caracterizado pelos aspectos sagrados pertencentes a outros mecanismos

conceituais de conservação. No entanto, a sociedade reconhece o conhecimento como

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legitimado, bem como os especialistas responsáveis pela manutenção do universo simbólico.

“o membro ´leigo` da sociedade não sabe mais como tem de manter conceitualmente seu

universo, embora, evidentemente, ainda saiba quem são aqueles que presume ser os

especialistas da conservação do universo” (BERGER; LUCKMANN, 2008, p. 152).

A terapêutica e a aniquilação, que se apresentam como duas aplicações do mecanismo

conceitual de conservação do universo, merecem destaque. A terapêutica utiliza o mecanismo

conceitual para evitar que os indivíduos pertencentes a um universo simbólico migrem para

outro. A terapêutica atua nos desvios das definições que se originam no interior do universo

simbólico, por meio de um corpo de conhecimento, cria um mecanismo conceitual para

explicar esses desvios e mantém a realidade que está ameaçada. Esse corpo de conhecimento,

composto de um aparelho de diagnóstico, uma teoria dissidente e um sistema conceitual,

estabelece o aparelho legitimador que evita a dissidência do indivíduo. A interiorização deste

corpo de conhecimento, desenvolvido pelo especialista, desempenhará um efeito terapêutico

no componente dissidente. “A terapêutica eficaz estabelece uma simetria entre o mecanismo

conceitual e sua apropriação subjetiva pela consciência do indivíduo” (BERGER;

LUCKMANN, 2008, p. 155).

A aniquilação utiliza o mecanismo conceitual para liquidar tudo que se situa fora do

universo simbólico de uma sociedade. A aniquilação também é considerada como legitimação

negativa. Em um indivíduo ou grupo estranhos a uma dada sociedade, não passiveis da

terapêutica, a aniquilação atua de forma a negar todo e qualquer fenômeno ou interpretação de

fenômeno destoante ao universo simbólico da sociedade em questão. A atribuição de um

contexto ontológico inferior é o recurso empregado para neutralizar os destoantes do universo

simbólico. Outro recurso utilizado pela aniquilação é a explicação das definições dissidentes,

empregando conceitos contidos no universo simbólico da sociedade que está sendo desafiada.

Portanto, as concepções dissidentes são transmutadas para a sutil posição de reforço do

universo simbólico e não mais como desafiadoras.

O entendimento do universo simbólico, construído e constantemente alterado por uma

sociedade, envolve a compreensão do arranjo social dos definidores que fazem a sua definição

e o da evolução dos conceitos que construíram esta realidade “do abstrato ´o que?` ao

sociologicamente concreto ´Quem diz?`” (BERGER; LUCKMANN, 2008, p. 157). Assim, a

divisão do trabalho de forma organizada possibilita a especialização de corpos de

conhecimento.

Os especialistas dos novos corpos de conhecimento que se estabelecem, atuam com a

pretensão de se consolidarem de forma hegemônica no universo simbólico. A aspiração destes

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especialistas é saber o significado último do que todo mundo sabe e faz, e não o todo. Para

Berger e Luckmann (2008), deste estágio de desenvolvimento do conhecimento emerge a

teoria pura e o fortalecimento das ações institucionalizadas que, por consequência, são

legitimadas. Neste contexto, as ações que se tornaram rotineiras e institucionalizadas possuem

uma restrita flexibilidade a alterações, com tendência a se perdurar ao longo do tempo, salvo

venham a se tornar problemáticas para a sociedade. Assim, muitas ações são rotineiramente

desempenhadas não pelo bom resultado obtido, mas sim por serem interpretadas como certas

pela sociedade.

Segundo Berger e Luckmann (2008), quanto mais abstrata é a institucionalização,

menor é a probabilidade de se alterar em decorrência de exigências da realidade do dia a dia.

No entanto, surge outro aspecto importante, quanto maior é a abstração de um símbolo, maior

é o seu distanciamento da vida cotidiana, logo, a sua sustentação é mais dependente do

suporte social do que do suporte empírico. Nas palavras dos autores, “as teorias são

convincentes porque dão resultado, isto é, dão resultado no sentido de se tornarem

conhecimento padrão e considerado certo na sociedade em questão” (BERGER;

LUCKMANN, 2008, p. 161).

Os especialistas que atuam em tempo integral na legitimação do universo estão

sujeitos a conflitos com os profissionais que atuam na área. Segundo Berger e Luckmann

(2008), os profissionais da área provavelmente se incomodam com a pretensão dos

especialistas em conhecer, de forma mais ampla e plena - que eles próprios - a totalidade das

atividades por eles desenvolvidas e que desempenham de forma corriqueira. Vale destacar que

o conflito pode se estabelecer entre os próprios profissionais da área, no entanto, nesta

situação a prova prática atua como componente para dirimir o conflito.

Os conflitos que se estabelecem, sejam entre os especialistas ou destes para com os

profissionais da área, dependem de uma base social e seu respectivo desenvolvimento. Assim,

as rivalidades se desenvolvem no campo das sociedades e suas respectivas bases teóricas. O

embate irá privilegiar a teoria que se apresentar com maior aplicabilidade aos interesses

sociais do grupo que a hospedou, e não em função de suas qualidades intrínsecas. Conforme

proposição de Berger e Luckmann (2008, p. 162), “Definições rivais da sociedade são

decididas, assim, na esfera dos interesses sociais rivais, e essa rivalidade por sua vez ´se

traduz` em termos teóricos”.

O campo de competição, que incorpora tanto o contexto teórico quanto o prático entre

os grupos de especialistas, apresenta grande variabilidade histórica. Contudo, Berger e

Luckmann (2008), apresentam algumas características peculiares sem, no entanto, estabelecer

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64

uma tipologia específica. A primeira característica consiste no monopólio efetivo das

definições da realidade em uma sociedade. Nesta abordagem, uma única tradição simbólica

mantém o universo em questão, estabelecendo, assim, uma estrutura única de poder aos seus

especialistas. É possível a existência de outras tradições teóricas, no entanto, estas não

possuem força suficiente para se consolidarem, ou então, são incorporadas pela tradição

teórica dominante, que se diferencia e evolui da condição inicial. As situações monopolistas

partem do pressuposto de uma estrutura social estável, e inibidora de mudanças.

A associação de um monopólio particular de definição da realidade e de um interesse

concreto de poder é denominada ideologia (BERGER; LUCKMANN, 2008). A possibilidade

de obter vantagem de uma determinada definição da realidade estimula determinados grupos

sociais a aderirem a uma ideologia. Uma importante característica da ideologia é sua

capacidade de gerar solidariedade, que se constitui em um importante componente para

obtenção de êxito dos grupos sociais que se defrontam com um conflito. Para Berger e

Luckmann (2008), os elementos teóricos não são condicionantes exclusivos para a adoção de

uma ideologia, esta pode ser adotada por circunstâncias casuais. Como exemplo os autores

apontam, para a lacuna de entendimento, sobre a adoção do cristianismo na época de

Constantino, estar mais associada aos interesses políticos da classe dominante ou aos

elementos intrínsecos desta definição de realidade. Vale destacar, que pela natureza do tema,

os autores apresentam este exemplo não como uma assertiva, mas como uma ilustração para o

leitor sobre a possibilidade de adesão a uma ideologia por motivos distintos à sua definição de

realidade.

As ideologias apresentam um conjunto de elementos, dentre os quais pode haver

partes desvinculadas aos interesses legitimados, no entanto, são admitidos pelo grupo face à

condição de acolhimento estabelecida pela ideologia. Tal contexto pode levar os especialistas

a discussões periféricas e que se abstraem do núcleo central de legitimação.

As sociedades pluralistas, de forma antagônica ao monopólio, apresentam no núcleo,

um universo comum compartilhado por todos, e na periferia, a coexistência de diferentes

universos parciais em estado de acomodação pelos distintos grupos sociais. A tolerância e a

cooperação estabelecem um estado subliminar para o conflito entre duas definições de

realidade rivais. Vale destacar, que no esforço de legitimação, o pluralismo possibilita aos

membros da sociedade a comparação entre corpos de conhecimento tradicionais e legitimados

com novos corpos de conhecimento, estabelecendo-se, assim, um ambiente favorável à

inovação. Nas palavras dos autores, “O pluralismo encoraja tanto o cepticismo quanto a

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65

inovação, sendo assim eminentemente subversivo da realidade admitida como certa do status

quo tradicional” (BERGER; LUCKMANN, 2008, p. 169).

A sociedade pluralista comporta um tipo peculiar de especialista: o intelectual, que se

estabelece como um perito de uma especialidade não desejada pela sociedade como um todo.

Assim, o intelectual se configura como um elemento marginal da sociedade, cujo

conhecimento se distância do conhecimento entendido como socialmente aceito “sua

marginalidade social exprime a falta de integração teórica no universo da sociedade a que

pertence” (BERGER; LUCKMANN, 2008, p. 169). O intelectual se acomoda em um vazio

institucional, ou ainda objetivado em uma subsociedade de pares, que possui viabilidade de

existência, mediante a tolerância dos aspectos organizacionais da sociedade mais ampla que

se insere. O intelectual se acomoda em subsociedades, mediante a sua não aceitação em

sociedades maiores, que o identificam como uma ameaça tanto à ordem institucional quanto

ao universo simbólico.

Berger e Luckmann (2008) apontam, em sua obra, a importância do indivíduo na

legitimação das instituições e dos universos simbólicos, que devem ocorrer no contexto das

sociedades e de seus respectivos interesses. As teorias emanam como fruto do processo de

legitimação e pertencentes ao contexto histórico de uma sociedade. Em um contexto de

retroalimentação, as teorias desenvolvidas tanto legitimam as instituições sociais existentes

como também possuem potencial para confirmar as instituições sociais que as originaram,

ratificando assim a sua legitimidade. Os especialistas que desenvolvem a legitimação podem

se originar tanto da condição de justificadores dos fenômenos que ocorrem nas instituições

sociais quanto de fenômenos que emergem em contraposição ao status quo. As

transformações sociais se desenvolvem num contínuo processo de entendimento da realidade

e de suas contradições compreendidas no curso do desenvolvimento histórico. Estas

contradições se refletem em uma disputa em que a vencedora irá moldar o universo simbólico.

Assim, o núcleo da proposta dos autores é que a sociedade se compõe de universos simbólicos

que foram legitimados como produto da ação de indivíduos e de suas interações com o mundo

real.

Nas seções seguintes são apresentados conceitos e técnicas que posteriormente serão

analisadas a luz da abordagem da sociologia do conhecimento proposta por Berger e

Luckmann (2008) e expressas no final deste capítulo.

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66

2.4 A INTERPRETAÇÃO DA SOCIALIZAÇÃO DO CONHECIMENTO PELA

BIBLIOMETRIA E SUAS TÉCNICAS DERIVADAS

A compreensão de um determinado ramo de conhecimento permite notabilizar para a

sociedade como este campo de saber está se desenvolvendo e a sua concepção estrutural para

auxiliar na solução dos problemas que se apresentam. A possibilidade de visualizar a

produção científica estratificada constitui-se assim em um grande benefício para a sociedade.

Vários autores apresentam a importância da perspectiva de se analisar a produção científica.

Oliveira et al. (1992) propõem que a produtividade científica se constitua em um dos

elementos da política nacional de ensino e pesquisa, face à aplicabilidade de se diagnosticar as

reais potencialidades de instituições e de grupos de pesquisa. Para Spinak (1998), indicadores

cienciométricos se constituem em um importante instrumento de verificação da contribuição

para a Ciência e a Tecnologia e, por conseguinte, da inovação de uma determinada região.

Da década de 1980 até a década de 2000, tanto no cenário internacional quanto no

cenário nacional, se destacam trabalhos imbuídos em apresentar e em delimitar os termos que

envolvem os métodos utilizados para dimensionar a produção científica. Este estudo salienta

no contexto internacional, King (1987), Pao (1989), McGrath (1989) e Glanzel e Schoepflin

(1993). No cenário nacional, Macias-Chapula (1998), Wormell (1998) e Vanti (2002). O

universo de autores que abordam esta temática supera em muito a estes citados, no entanto, os

mesmos constituem-se em uma amostra representativa. A convergência dos conceitos

expostos se apresenta tanto no sentido quanto na perspectiva. Vale destacar que as áreas de

Medicina, Marketing, Administração, Contabilidade, Ciência da Computação, entre outras, se

destacam como prolíficas pesquisadoras e usuárias destes conceitos.

Os termos bibliometria, cienciometria, informetria, e mais recentemente a webometria,

apresentam conceitos que afluem para pontos em comum, no entanto, revelam diferenças de

amplitude e de especificidade. Nesse sentido faz-se necessário apresentar sucintamente suas

principais características.

Pritchard (1969) é apontado como o proponente da expressão bibliometria em

substituição ao termo “bibliografia estatística” apresentado inicialmente em 1922 por Edward

Wyndham Hulme. Vale destacar que Hulme introduzia esta abordagem com base no estudo

de Cole e Eales de 1917, que desenvolvia análise estatística de uma bibliografia de Anatomia

Comparada (SENGUPTA, 1992). Pritchard (1969, p. 348) define a bibliometria como “a

aplicação da matemática e métodos estatísticos para livros e outros meios de comunicação”.

Para Macias-Chapula (1998, p. 134) “a bibliometria é o estudo dos aspectos quantitativos da

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67

produção, disseminação e uso da informação registrada”. Para Wormell (1998, p. 210) “a

bibliometria se refere a uma variedade de regularidades tomadas de diferentes campos,

exibindo uma variedade de formas”. Estas definições posicionam a bibliometria como um

estudo quantitativo que objetiva identificar características comuns entre os artigos.

Características estas que podem ser o nome do autor, palavras comuns do título, palavras-

chave, entre outras. Assim, padrões de frequência de citação – fator de impacto das revistas –

é uma derivação da bibliometria originalmente concebida.

Para Pao (1989), o trabalho original de Pritchard se destaca por apontar a literatura

como ingrediente chave no processo de comunicação do conhecimento. Assim, estudos que

analisam estatisticamente características de publicações (autores, palavras-chave, etc.) buscam

quantificar, descrever e prognosticar o processo de comunicação escrita.

Os estudos de frequência da comunicação, escrita ao longo do tempo, identificaram

modelos de comportamento que se estabeleceram em padrões de análise de dados. Estes

padrões se instituíram em princípios de comportamento, a saber: Lei de Lotka, Lei de

Brandford, Lei de Zipf, entre outros. Vale destacar que a utilização destas Leis se sujeita ao

objetivo estabelecido no estudo, que por sua vez pode empregar um ou mais princípios.

A Lei de Lotka (1926) ou Lei do Quadrado Inverso propõe que um número restrito de

pesquisadores produz muito em determinada área de conhecimento, enquanto um grande

volume de pesquisadores produz pouco. Lotka estudou os autores presentes no Chemical

Abstracts, entre 1909 e 1916, e identificou que grande parte da produção científica é

produzida por poucos autores. A produção deste número reduzido de autores se iguala em

quantidade ao desempenho de muitos autores que possuem baixo volume de publicação.

A representação deste princípio pode ser expressa matematicamente como o número

de autores que publica n (n é igual à quantidade de artigos) artigos é igual a 1/n2 dos autores

que publicam somente um artigo. Exemplificando: em determinada área de conhecimento a

quantidade de autores que publicam dois artigos é igual a ¼ do número de autores que

publicam um artigo. Para os autores que publicam três artigos correspondem a 1/9 dos que

produziram somente um artigo. Nesta concepção, a Lei estabelece que um campo seja mais

produtivo, quanto mais artigos seus autores produzirem no decorrer da carreira. Como

consequência da Lei de Lotka, aproximadamente 60% dos autores de um campo produz

somente um artigo em toda a sua vida acadêmica (CHUNG; COX, 1990, ALVARADO,

2002). Vale destacar que Voos (1974) aponta que Price em sua obra “Little Science, Big

Science” pondera que para as ciências em geral, o número de autores decresce ao inverso do

cubo (1/n3), ou seja, possui um decréscimo mais acentuado que o proposto pela Lei de Lotka.

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68

Para Rousseau e Rousseau (2000), a Lei de Lotka se configura como uma power law

que estabelece uma escala exponencial inversa entre o número de artigos por autor. No campo

de estudo em que foi realizada a pesquisa de Lotka, o padrão das publicações em Química e

Física internacionais aderiu a uma power law de expoente 2. O valor obtido neste estudo foi

adotado como referência para a avaliação da produtividade das áreas acadêmicas. Aquelas que

apresentam um coeficiente superior a dois são menos produtivas do que o padrão

internacional, ao passo que as áreas acadêmicas que apresentam valor menor que dois são

mais produtivas. O presente estudo não desenvolverá aprofundamento da abordagem da Lei

de Lotka, no entanto, a fórmula e as variáveis envolvidas neste processo podem ser

observadas no estudo de Rossoni e Hocayen-da-Silva (2009) que apresenta o modelo genérico

de Lotka.

Como exemplo de estudos que utilizaram a Lei de Lotka expõe-se os seguintes artigos:

Alvarado (2002) desenvolveu estudo para identificar a Lei de Lotka em artigos publicados em

revistas e trabalhos apresentados em congressos nacionais, em dez diferentes campos da

literatura. O estudo demonstrou que alguns campos de literatura não se ajustaram a Lei de

Lotka. Alvarado (2002) apresenta também uma relevante revisão da Lei de Lotka. Condição

esta, também observada no estudo de Bufrem e Prates (2005) voltado a investigar a literatura

da Ciência da Informação.

Moretti e Campanário (2009) desenvolveram estudo sobre o estado da arte das

publicações brasileiras na área de Responsabilidade Social Empresarial (RSE), pesquisando a

produção desta área nos anais do EnANPAD entre 1997 e 2007. O resultado do estudo mostra

que dentro do escopo das obras citadas não se observa a aderência a Lei de Lotka. Rossoni e

Hocayen-da-Silva (2009) realizaram estudo que resultou em um quadro geral da produção

científica em administração da informação, com dados obtidos a partir dos artigos publicados

nos anais do EnANPAD entre 2001 e 2006. O estudo demonstrou que o aumento de

cooperação entre os pesquisadores na área não refletiu em maior produtividade, pois a área

apresentou escore menor que o da Lei de Lotka. Em outro estudo, Alvarado (2009) identificou

que o crescimento da literatura de 1922 a 2003 foi exponencial, com taxa média de

crescimento de 7,5% ao ano e taxa de duplicação a cada 9,6 anos. O desempenho dos autores

foi bastante similar, com taxa média de crescimento de 7,3% ao ano e taxa de duplicação a

cada 10 anos.

Como observado, nos estudos referenciados, há casos em que não se verificou a

validade da Lei de Lotka. Nesse sentido, alguns autores apresentam críticas a este princípio.

Rao (1986) crítica a Lei, argumentando que as bases de dados utilizadas na sua elaboração

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foram pouco potentes e ainda que, na ocasião, não se aplicou estudos estatísticos para sua

validação. Nesse contexto, se desenvolveram estudos a fim de aprimorar a Lei de Lotka.

Dentre os estudos destaca-se o de Price (1976) que, por meio de pesquisas desenvolvidas

entre 1965 e 1971, concluiu que 1/3 da literatura é produzida por menos de 1/10 dos autores

mais produtivos. Price (1976) formulou ainda a Lei do elitismo - o número de membros da

elite corresponde à raiz quadrada do número total de autores, e que a metade do total da

produção é considerada o critério para se saber se a elite é produtiva ou não.

A Lei de Bradford ou Lei da Dispersão, que incide sobre conjunto de periódicos,

surgiu de pesquisas médicas conduzidas por Hill Bradford e outros médicos do conselho de

pesquisas médicas americano. A proposição do estudo era a de identificar a extensão de

publicação de artigos científicos de um assunto específico, em revistas especializadas daquele

tema. Os dados coletados mostraram a existência de um pequeno núcleo de periódicos que

aborda o assunto de maneira mais extensiva, e uma vasta região periférica dividida em zonas.

Nestas zonas observa-se o aumento do número de periódicos que reduzem a produtividade de

publicação de artigos do respectivo assunto.

Assim, a Lei de Bradford possibilita estimar o grau de relevância de periódicos que

atuam em áreas do conhecimento específicas. Periódicos com maior publicação de artigos

sobre determinado assunto tendem a estabelecer um núcleo supostamente de qualidade

superior e maior relevância nesta área do conhecimento. Segundo esse princípio, os artigos

iniciais de um determinado assunto são submetidos a um número restrito de periódicos. A

aceitação e publicação destes artigos incentivam outros autores deste assunto a encaminhar

seus artigos para estes periódicos. Concomitante outros periódicos observam o crescimento do

assunto e iniciam a publicação de artigos sobre a temática. Com o aumento de interesse sobre

o assunto e seu respectivo desenvolvimento, torna-se possível o estabelecimento de um núcleo

de periódicos mais produtivos nessa área.

Neste contexto, constitui-se um conjunto de três zonas, cada qual com um terço do

total dos artigos relevantes, estabelecendo-se assim três zonas. A primeira zona contém um

pequeno número de periódicos altamente produtivos, a segunda contém um número maior de

periódicos menos produtivos, enquanto a terceira inclui um volume ainda maior de periódicos

com reduzida produtividade sobre o assunto. Este padrão de comportamento justificava a

dificuldade de se processar a cobertura completa de um assunto. Devido ao grande número de

periódicos em zonas mais externas, Bradford constatou que mais da metade do total dos

artigos úteis de um assunto não constavam nos serviços de indexação e resumo.

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70

A Lei de Bradford enuncia que a ordenação decrescente de produtividade de artigos de

determinado assunto nos periódicos científicos possibilitara o estabelecimento de

agrupamentos divididos de forma exponencial. O número de revistas em cada grupo será

proporcional a 1: n: n2. Assim, através da medição da produtividade das revistas, é possível

estabelecer o núcleo e as áreas de dispersão sobre determinado assunto em um mesmo

conjunto de revistas. Vickery (apud Araujo, 2006) propõe que para determinados assuntos

pode-se estabelecer um número de zonas maior que três, a fim de possibilitar melhor

visualização da dispersão dos artigos pelos periódicos. Vale destacar que Araujo (2006)

desenvolveu estudo apresentando a evolução da bibliometria, com detalhamento histórico de

importantes contribuições para seus princípios.

Tsay e Yang (2005) realizaram um estudo de revisão da teoria da Lei de Bradford e

apontaram a sua importância dentro do contexto da medicina. Estes autores evidenciam a

posição de Doll, Peto e Clarke (1999), que a bibliometria, por meio da Lei de Bradford,

estabelece o conceito da chamada “medicina baseada em evidências”. Segundo os autores,

este conceito tem se estabelecido como uma mudança de paradigma na abordagem da tomada

de decisão clínica. Além da aplicação na área médica, Guedes e Borschiver (2005) apontam a

utilidade da Lei de Bradford no processo de aquisição e descarte de periódicos, lastreado na

gestão da informação e do conhecimento científico e tecnológico. Os autores evidenciam que

o processo de investigação desenvolvido por pesquisadores também se beneficia deste

princípio, pois pesquisando em uma pequena base de revistas especializadas sobre um tema é

possível identificar uma quantidade significativa de artigos sobre o assunto de interesse. Fora

deste núcleo de revistas especializadas, o pesquisador deverá consultar um volume muito

maior de revistas para encontrar a mesma quantidade de artigos deste assunto.

Como exemplo de estudos que utilizaram a Lei de Bradford expõe-se os seguintes

artigos. Primeiro o estudo desenvolvido por Tsay e Yang (2005) apresenta um conjunto de

gráficos e tabelas que representam bem a Lei de Bradford. Este estudo mostra uma dispersão

da Lei de Bradford identificando 42 revistas como núcleo de publicação de estudos

bibliográficos de medicina. Em seguida Singh, Ahmad e Nazim (2008) que desenvolveram

estudo bibliométrico da produção científica da planta Embelia ribes e identificaram que a

publicação em revistas obedece à distribuição da Lei de Bradford. O estudo aponta ainda que

a maioria dos artigos envolveu a colaboração de dois ou três coautores, no entanto, o padrão

identificado não se enquadra na Lei de Lotka, já relatada.

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A Lei de Zipf ou Lei do Mínimo Esforço consiste em medir a frequência do

aparecimento das palavras em vários textos, gerando uma lista ordenada de termos de uma

determinada disciplina ou assunto.

As pesquisas de Zipf identificaram que em um texto, suficientemente longo, a

frequência de ocorrência de uma palavra possui vinculação em relação a sua posição em uma

lista ordenada pela constância de ocorrência. Desta forma, a palavra mais frequente ocorrerá

cerca de duas vezes mais que a segunda palavra mais frequente e três vezes mais do que a

terceira palavra mais frequente. A elaboração da lista de ocorrência é fundamental para o

desenvolvimento da análise, a posição que dada palavra assume nesta lista é nomeada de

rank. Outra constatação decorrente dos estudos de Zipf é que o produto da ordem de série ou

rank (r) de uma palavra, pela frequência de sua ocorrência (f) se aproxima de uma constante

(c). A fórmula possui o seguinte enunciado: r x f = c, é identificada como a primeira Lei de

Zipf. Vale destacar que, apesar da elegância e simplicidade, esta fórmula se aplica apenas para

as palavras de alta ocorrência. (PAO, 1978).

Emana desta concepção o princípio do menor esforço, que identifica uma economia do

uso de palavras. O uso restrito de palavras limita a sua dispersão, assim uma mesma palavra

será utilizada várias vezes no texto. Para Araújo (2006), as palavras mais utilizadas apontam o

assunto tratado pelo documento, e que o emprego de uma alta diversidade de palavras pelo

autor do documento inviabilizaria a aplicação desta Lei.

As palavras com baixa frequência de ocorrência no texto são analisadas pela segunda

Lei de Zipf, também conhecida como Lei de Zipf-Booth. O princípio da segunda Lei de Zipf

observa que se distanciando das palavras com alta frequência de repetição surge uma zona de

palavras com a mesma frequência de repetição. Pao (1978), recorrendo a hipóteses propostas

por Goffman, infere que esta zona comporta palavras de maior conteúdo semântico (termos de

indexação, descritores ou palavras-chave) de um dado texto. A pesquisa de Guedes e

Borschiver (2005) apresenta as fórmulas que fundamentam as Leis de Zipf bem como

aprofunda reflexões sobre o ponto de transição de Goffman, que concentra as palavras de alto

conteúdo semântico.

Como exemplo de estudos que utilizaram a Lei de Zipf destaca-se novamente o artigo

desenvolvido por Tsay e Yang (2005) que além da Lei de Bradford desenvolve pesquisas

utilizando a Lei de Zipf.

Muitos dos estudos de bibliometria pautam-se assim na Lei de Lotka, na Lei de

Bradford e na Lei de Zipf que podem ser utilizadas individualmente ou ainda combinadas. A

Figura 8 representa a bibliometria e as suas principais Leis.

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Figura 8 - As principais Leis da Bibliometria

Fonte: adaptado de Guedes e Borschiver (2005)

As Leis apresentadas, até o momento neste estudo, não são as únicas utilizadas nos

estudos bibliométricos. Como este estudo não se propõe ao aprofundamento das Leis

utilizadas na Bibliometria, o Quadro 4 apresenta as Leis da bibliometria (as discutidas até o

momento e as que estão apenas sendo referenciadas) destacando o foco de atuação e

principais aplicações. Adicionalmente, o Quadro 4 apresenta pesquisa desenvolvida no site

http://www.springerlink.com/ - que possui importantes revistas da área - mostrando a

quantidade de estudos referentes a cada um dos textos. Vale destacar que a pesquisa se

desenvolveu utilizando os termos em inglês. A quantidade de estudos apontados nas

respectivas Leis e princípios deve ser interpretada apenas como uma referência da utilização

destas. Utilizou-se como motor de busca a SpringerLink, por utilizar como base de pesquisa

importantes revistas da área com a Scientometrics, além de revistas de outras áreas que

também desenvolveram estudos em bibliometria. Destarte, alguns estudos podem utilizar mais

de uma Lei, sendo contabilizados assim em mais de uma vez.

Bibliometria

Lei de Bradford

Periódicos

Lei de Lotka

Autores

Lei de Zipf

Palavras

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Leis e Princípios Foco de

estudo

Principais aplicações Quantidade

de estudos

localizados

Lei de Bradford Periódicos Estimar o grau de relevância de periódicos, em dada

área do conhecimento.

30.891

Lei de Lotka Autores Estimar o grau de relevância de autores, em dada área

do conhecimento.

2.744

Leis de Zipf Palavras Indexação automática de artigos científicos e

tecnológicos.

3.469

Ponto de Transição (T)

de Goffman

Transition Point

Goffman

Palavras Indexação automática de artigos científicos e

tecnológicos.

695

Colégios Invisíveis

Invisible Colleges

Citações Identificação da elite de pesquisadores, em dada área

do conhecimento.

95(*3)

Fator de Imediatismo

ou de Impacto

Factor Immediacy

or Factor Impact

Citações Estimar o grau de relevância de artigos, cientistas e

periódicos científicos, em determinada área do

conhecimento.

2.972 (*1)

1.554 (*2 *3)

Acoplamento

Bibliográfico

Bibliographic coupling

Citações Estimar o grau de ligação de dois ou mais artigos. 577

Co-citação

Co-citation

Citações Estimar o grau de ligação de dois ou mais artigos. 767

Obsolescência da

Literatura

Obsolescence of

Literature

Citações Estimar o declínio da literatura de determinada área do

conhecimento.

1.587

Vida-média

Half-life

Citações Estimar a vida-média de uma unidade da literatura de

dada área do conhecimento.

44 (*3)

Teoria Epidêmica de

Goffman

Epidemic Theory of

Goffman

Citações Estimar a razão de crescimento e declínio de

determinada área do conhecimento.

149

Lei do Elitismo

Law of Elitism

Citações Estimar a o tamanho da elite de determinada população

de autores.

1.228

Frente de Pesquisa

Front of Research

Citações Identificação de um padrão de relação múltipla entre

autores que se citam.

305 (*3)

Lei dos 80/20

Law 80/20

Demanda

de

informação

Composição, ampliação e redução de acervos. 24 (*3)

Quadro 4 - Leis da Bibliometria.

Fonte: Adaptado de Guedes e Borschiver (2005) e dados do site springerlink (2011)

Notas: *1- valor encontrado para Fator de Imediatismo

*2- valor encontrado para Fator de Impacto – este valor deve ser interpretado com resalvas, pois apesar

de apontar os valores referentes a fator de impacto para revistas contempla também outros termos que

envolvem a palavra Impacto.

*3- Ao termo em pesquisa foi acrescida a palavra bibliométricos com o objetivo de selecionar apenas os

estudos desta área.

O Quadro 4 mostra um predomínio de estudos utilizando a Lei de Bradford e, na

sequência, as Leis de Zipf, Fator de imediatismo/impacto e Lei de Lotka. Esta constatação

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74

aponta um maior interesse para pesquisas de periódicos em relação a palavras e autores

respectivamente.

A Cienciometria se inicia com a utilização de métodos quantitativos em estudos que

abordavam a história da ciência e o progresso tecnológico (EGGHE apud SPINAK, 1996).

Sob esse aspecto, as primeiras definições contextualizam a cienciometria como a mensuração

do processo informativo. Vale destacar que o termo “informativo” para Spinak (1996) designa

uma disciplina do conhecimento imbuída em compreender a estrutura e as propriedades da

informação científica, bem como as Leis envolvidas no processo de comunicação. A

publicação da revista Scientometrics em 1977 foi a responsável pela consolidação do termo

cienciometria. A publicação da Scientometrics ocorre originalmente na Hungria, no entanto,

atualmente a publicação da revista ocorre na Holanda (TAGUE-SUTCKIFFE, 1992)

O interesse da área acadêmica na cienciometria está associado à venda da base de

dados do Institut for Scientific Information – ISI, para diferentes instituições na década de

1980. O banco de dados do ISI se constituiu em importante ferramenta de apoio a elaboração

de políticas científicas em face da possibilidade da quantificação do conhecimento. Como

destaque histórico lembra-se que Eugene Garfield fundou o ISI na Filadélfia (EUA) apoiado

no desenvolvimento de um sistema de indexação de literatura científica, que se baseava na

análise de citações utilizadas dentro de um determinado trabalho. Segundo Wormell (1998),

os objetivos iniciais de Garfield era melhorar o processo de recuperação da informação

científica e estabelecer uma alternativa à análise de artigos científicos, até então baseada na

linguística e na indexação. A insatisfação geral com os serviços de indexação e resumos

organizados a partir das disciplinas tradicionais foi o fator motivador de Garfield. Vale

destacar que, atualmente, o ISI se constitui em importante fonte de dados para pesquisas desta

área (VANTI, 2002). Dentre as definições de cienciometria, este estudo apresenta a de

Macias-Chapula (1998) que, por sua vez, está intimamente ligada à proposta de Tague-

Sutckiffe (1992).

Cienciometria é o estudo dos aspectos quantitativos da ciência enquanto uma

disciplina ou atividade econômica. A cienciometria é um segmento da

sociologia da ciência, sendo aplicada no desenvolvimento de políticas

científicas. Envolve estudos quantitativos das atividades científicas,

incluindo a publicação e, portanto, sobrepondo-se à bibliometria

(MACIAS-CHAPULA, 1998, p. 134).

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75

Sob esse aspecto, a cienciometria é um instrumento útil para projetar o crescimento de

determinado ramo do conhecimento, por meio de indicadores quantitativos aplicados na

análise de publicações.

Van Raan (1997) aponta a cienciometria como ferramenta que visa o avanço do

conhecimento, se utilizando de estudos quantitativos aplicáveis nas ciências e na tecnologia,

tanto de forma individualizada quanto integrada. A cienciometria prolonga-se ainda na busca

de inter-relação da ciência e tecnologia com as questões sociais e políticas. O autor afirma que

os métodos utilizados se caracterizam por possuírem um caráter multidisciplinar que

incorpora: a estatística, modelos sociológicos, pesquisas e métodos psicológicos de entrevista,

informática, filosofia da ciência, linguística entre outros. A abordagem do autor afere à

cienciometria a reputação de importante ferramenta de integração entre a ciência e a

tecnologia.

Com a finalidade de estabelecer pragmática diferenciação entre a bibliometria e a

cienciometria, Spinak (1998) apresenta a seguinte abordagem. Tradução própria:

A bibliometria estuda a organização dos setores científicos e tecnológicos a

partir de fontes bibliográficas e patentes para identificar os atores, suas

relações e suas tendências. A cienciometria por outro lado se encarrega de

avaliar a produção científica mediante indicadores numéricos de

publicações, patentes, etc. A bibliometria é o dimensionamento da literatura,

dos documentos e de outros meios de comunicação, enquanto a

cienciometria se relaciona com a produtividade e o valor científico

(SPINAK, 1998, p. 143).

Desta forma, enquanto a bibliometria se relaciona ao dimensionamento das fontes

bibliográficas, a cienciometria se expande para além desta concepção, analisando o

desenvolvimento e a política científica dentro de contexto econômico e social. No escopo de

aplicações da cienciometria encontramos utilidades, tais como: i) determinar estratégicas

tecnologias utilizadas por empresas concorrentes por meio das patentes registradas, ii)

identificar as especialidades científicas úteis às tecnologias da organização, iii) detectar

pesquisas acadêmicas com potencial de se transformarem em inovações para o mercado

(CALLON et al., 1995). No âmbito acadêmico encontra-se aplicação para: a) identificar o

desempenho científico de pesquisadores, b) fator de determinação da alocação de recursos

financeiros em pesquisas, e c) estudo do desempenho comparativo de nações. (VANTI, 2002).

O termo informetria é apresentado pela primeira vez em 1979 por Otto Nacke diretor

do Institut für Informetrie, sediado em Bielferd na Alemanha. No entanto, a sua consolidação

ocorreu em 1989 no Encontro Internacional de Bibliometria que passou a se chamar

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Conferência Internacional de Bibliometria, Cienciometria e Informetria (BROOKES, 1990;

TAGUE-SUTCKIFFE, 1992; VANTI, 2002).

A informetria se apresenta com maior amplitude de alcance que a bibliometria e a

cienciometria, pois enquanto estas se limitam às pesquisas científicas, a informetria abarca

dados de outras fontes e grupos sociais além dos científicos. Abaixo temos a definição de

Tague-Sutckiffe (1992) glosada por Macias-Chapula (1998).

Informetria é o estudo dos aspectos quantitativos da informação em qualquer

formato, e não apenas registros catalográficos ou bibliografias, referente a

qualquer grupo social, e não apenas aos cientistas. A informetria pode

incorporar, utilizar e ampliar os muitos estudos de avaliação da informação

que estão fora dos limites tanto da bibliometria como da cienciometria

(MACIAS-CHAPULA, 1998, p.135).

O universo de objetos de análise e atores alvos dos estudos de informetria é o que a

distância dos estudos bibliométricos e cienciométricos. A informetria não se serve apenas da

informação registrada, pois incorpora também os processos de comunicação informal,

incluindo a fala. Outra característica de distinção é incorporar as necessidades de informação

de grupos sociais distintos aos dos cientistas e pesquisadores (TAGUE-SUTCKIFFE, 1992).

Os indicadores informétricos, por sua vez, apresentam novas possibilidades para

aqueles que desejam explorar as bases de dados como um instrumento de análise. Esta

condição decorre da possibilidade de aplicar os indicadores informétricos na avaliação do

desempenho de pesquisas via recuperação da informação e levantamento dos resultados das

buscas e a sua combinação com outras informações. Destarte, tem-se a melhora da própria

recuperação dos dados, a eficiência no acesso à informação e ainda a economia de tempo no

processo de busca. O entendimento das propriedades quantitativas da informação contidas nos

sistemas da distribuição dos termos, usados nas buscas e da frequência de ocorrência dos

termos em uma base de dados, possibilita estabelecer correlações probabilísticas entre

frequência de uso e de ocorrência de termos que permitam melhorar, sensivelmente, o

desempenho do sistema de recuperação. Assim, o sistema tem a possibilidade de seguir o

modelo de recuperação de informação se melhor adaptado às necessidades do usuário.

Com o advento de criação da World Wide Web (ou simplesmente Web ou também

apresentada como www pode ser traduzida como Rede de Alcance Mundial) e as respectivas

vantagens originadas, tais como: utilização por uma grande quantidade de usuários, aplicável

a qualquer segmento da sociedade, conteúdo variado que incorpora textos, vídeos, sons e

figuras, se estabeleceu uma nova fonte de dados para o desenvolvimento de pesquisas.

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Para Cronin e McKim (1996), a Web se apresenta como um importante meio de

comunicação e pesquisa para a academia, que por sua vez amplia os estudos quantitativos

neste ambiente. Segundo Almind e Ingwersen (1997) esta nova fonte de possibilidades de

pesquisas informétricas se insere em um contexto no qual emana uma nova área de pesquisa a

webometria ou webometrics. Assim, os autores posicionam a webometria como a aplicação de

métodos informétricos à Web.

O termo webometria também pode ser identificado na literatura como cybermetrics,

em uma referência direta a revista que se especializou na publicação deste campo de pesquisa.

A cybermetrics, que é acessível apenas no formato eletrônico

(http://www.cindoc.csic.es/cybermetrics), se propõe a ofertar informações científicas referente

a métricas de fluxo de informação na Web (SMITH, 1999).

Dentre as possibilidades de aplicação de estudos webométricos Almind e Ingrwersen

(1997) apontam, como exemplo, a frequência de distribuição das páginas no cyberespaço que

possibilita comparar a presença de vários países na rede. Esta métrica envolve o

dimensionamento de páginas pessoais, comerciais e institucionais. Os autores apontam uma

variada gama de possibilidades de pesquisas pela webometria, tais como: a) domínios como

´.edu` e ´.com`, entre outros, que se configuram como espaços que favorecem pesquisas para

medir o peso de determinado setor na Web, seja publico ou privado; b) classificações de home

pages pessoais, institucionais ou organizacionais; c) classificação home pages ad hoc ou sobre

uma matéria definida ; d) classificação de páginas de apontamento de documentos ou de

índices – que disponibilizam hyperlinks; e) página recurso que disponibiliza dados na forma

de texto, e/ou som, e/ou imagem. Os estudos podem ser tanto de perfil transversal quanto

longitudinal, neste caso com a finalidade de identificar a evolução do objeto de estudo.

A webometria por ter a sua base de dados obtidas a partir de informações da internet, e

não de suportes eletrônicos ou impressos comuns dos estudos da cienciometria se apresenta

como um processo mais amplo de pesquisa. Vale destacar como exemplo: os estudos em que

o pesquisador utiliza artigos de revistas eletrônicas obtidas pela internet são caracterizados

como cienciométricos, no entanto, os estudos quantificando determinado assunto nos portais

de pesquisa e/ou a posição de determinado assunto na Web são caracterizados como

webométricos. No entanto, Smith (1999) indica haver uma aproximação no emprego das

técnicas destes processos de pesquisa, pois o processo de investigação de links, desenvolvido

pela webometria se apresenta de forma análoga a uma pesquisa na base de dados de citação

do ISI, desenvolvido no contexto da cienciometria.

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Os motores de busca se caracterizam como instrumento de pesquisa da webometria

fundamentalmente pela capacidade de trabalhar com grandes volumes de dados. Nesse

sentido vale destacar o Google, o Google Acadêmico, o Alta Vista, o Yahoo, o Hotbot, entre

outros. A qualidade em destaque dos motores de busca é a possibilidade de contabilizar o total

de páginas em um espaço – o termo espaço está ligado ao domínio de um país ou

assunto/instituição de interesse (SMITH, 1999). Vale destacar que a ausência de protocolos

específicos que disciplinem: a inclusão, a exclusão, a recuperação da informação e aspectos

sociais e culturais, que limitam ou favoreçam a disponibilização de um determinado tema na

web, se estabelecem como uma limitação deste tipo de pesquisa.

Os estudos de webometria apresentam limitações que devem ser consideradas tanto no

momento de planejamento da pesquisa quanto na etapa de divulgação dos dados obtidos.

Destaca-se como fatores que contribuem de forma restritiva às pesquisas baseadas na

webometria: a possibilidade de descontinuidade de operação de sites, e a alteração de

conteúdo dos mesmos, fatores estes que se configuram como uma fragilidade do Web Impact

Factor – WIF (Fator de Impacto da Webometria). Ingwersen (1998) aponta que estas

variáveis podem comprometer o valor do WIF ao longo do tempo, bem como inviabilizar o

desenvolvimento de estudos retrospectivos. Bar-Ilan (1999) salienta que a Web é suscetível a

muita variação, com o constante aparecimento e extinção de documentos, páginas e sites, que

não são incorporados de imediato pelos motores de busca. Este atraso dificulta o processo de

análise e de indexação destas páginas na Web.

Os fatores restritivos ao desenvolvimento da pesquisa webométrica apresentados, bem

como a não possibilidade de quantificar a sua extensão, lançam sobre este tipo de estudo

restrições de confiabilidade que devem ser apresentados e destacados pelos pesquisadores que

a desenvolvem.

Com a finalidade de estabelecer um sucinto comparativo o Quadro 5 apresenta as

características e respectivas distinções entre a bibliometria, cienciometria, informetria e

webometria.

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Tipologia Bibliometria Cienciometria Informetria Webometria

Objeto de

Estudo

Livros,

documentos,

revistas, artigos,

autores, usuários.

Disciplinas, assunto,

áreas e campos

científicos e

tecnológicos.

Patentes, dissertações

e teses.

Palavras, documentos,

bases de dados.

Sítios na WWW (URL,

título, tipo, domínio,

tamanho e links),

motores de busca.

Variáveis Número de

empréstimos

(circulação) e de

citações,

frequência de

extensão de frases

etc.

Fatores que

diferenciam as

subdisciplinas.

Revistas, autores,

documentos. Como

os cientistas se

comunicam.

Difere da cienciometria

no propósito das

variáveis; por exemplo,

medir a recuperação, a

relevância, a renovação

etc.

Número de páginas por

sítio, n° de links por

sítio, n° de links que

remetem a um mesmo

sítio, n° de sítios

recuperados.

Métodos Ranking,

frequência e,

distribuição.

Análise de conjunto e

de correspondência,

concorrência de

termos, expressões,

palavras-chave, etc..

Modelo vetor-espaço

modelos booleanos de

recuperação, modelos

probabilísticos;

linguagem de

processamento,

abordagens baseadas no

conhecimento, tesauros.

Fator de Impacto da

Web (FIW), densidade

dos links, situações,

estratégias de busca.

Objetivos Alocar recursos:

tempo, dinheiro

etc.

Identificar domínios

de interesse. Os

assuntos estão

concentrados.

Compreender como e

quanto os cientistas

se comunicam.

Melhorar a eficiência da

recuperação da

informação, identificar

estruturas e relações

dentro dos diversos

sistemas de informação.

Avaliar o sucesso de

determinados sítios,

detectar a presença de

países, instituições e

pesquisadores na rede

dos motores de busca

na recuperação das

informações.

Quadro 5 – Tipologia para definição e classificação da bibliometria, cienciometria, informetria e webometria.

Fonte: adaptado de McGrath (apud Macias-Chapula, 1998 e Vanti (2002).

Complementando o empenho de diferenciar as respectivas técnicas de pesquisa

adicionada da intenção de mostrar as inter-relações, a Figura 9 mostra a visualização gráfica

sobre esta temática.

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Figura 9 - Diagrama da inter-relação entre as quatro técnicas.

Fonte: Vanti (2002, p. 161).

O uso de técnicas bibliométricas, inicialmente concebido para atuar no ambiente

restrito da biblioteconomia, se expandiu para um novo contexto. Atualmente, a sua aplicação

pode ser encontrada em várias áreas do conhecimento, com propostas diferentes às originais.

As técnicas bibliométricas permitem realizar o mapeamento da informação de interesse do

pesquisador facilitando a atividade a ser empreendida por este. Como virtude possibilita ainda

avaliar a produtividade e a qualidade da pesquisa dos cientistas, mediante ao

dimensionamento do volume de publicações e citações. No setor de negócios se introduz a

possibilidade de mapear o avanço tecnológico dos concorrentes e da academia, influindo

diretamente no planejamento e nas ações a serem desenvolvidas.

As técnicas de bibliometria, cienciometria, informetria e webometria possuem

diferenças de escopo de atuação e de concepção de coleta de dados, no entanto, a base de

todas se fundamenta nos princípios apresentados na bibliometria. No outro extremo a

informetria se posiciona como um “guarda-chuva” para a bibliometria e a cienciometria.

Assim, o responsável pela condução da pesquisa deve discernir qual das técnicas a se utilizar,

mediante ao universo de possibilidades disponíveis, cada uma com sua aplicabilidade.

A – Bibliometria

B – Cienciometria

C – Informetria

D - Webometria

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2.5 O CONHECIMENTO NO CONTEXTO DA REDE SOCIAL

As redes sociais se apresentam como um tema atual na área de sociologia, e cujo

objetivo principal se manifesta no desafio de compreender a complexidade da vida social. As

redes sociais se propõem a responder a questionamentos da sociedade civil, possibilitando a

promoção de políticas de inserção e participação social. No entanto, a utilização de estudos

baseados em redes sociais também se ajusta às demandas dos negócios, da tecnologia, das

pesquisas, além de outras acepções intelectuais.

O emprego inicial de técnicas de rede social está associado ao psicólogo Jacob L.

Moreno que em 1934, publicou trabalhos que estudavam como se conectavam as pessoas que

pertenciam a um grupo, identificando a eventual posição de centralidade de um dos membros

em relação aos demais. Estes estudos já ofereciam formas gráficas destinadas à compreensão

da estrutura grupal, também conhecidas como sociogramas. Outros pesquisadores

empregaram, de forma embrionária, a perspectiva de redes - principalmente no contexto das

interações das crianças no ambiente escolar, no entanto os estudos de Moreno se destacam

pela abordagem e apresentação dos resultados posicionando-os assim como referência

(FREEMAN, 1996; HANNESMAN, 2008).

Segundo Scott (2000), o atual conhecimento de Análise de Redes Sociais (ARS)

possui três correntes contributivas: a teoria da Gestalt, a Escola de Harvard e a Escola de

Manchester, conforme mostra a Figura 10.

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Figura 10 - Origem da Análise de Redes Sociais

Fonte: adaptado de Scott (2000, p. 8)

A primeira corrente de ARS, da qual Moreno é um representante, volta-se para as

análises sociométricas em pequenos grupos. Esta corrente originou muitas técnicas, como a

teoria dos grafos – parte da matemática que utiliza representações gráficas na solução de

problemas complexos. A ascendência desta corrente está associada à emigração de um grupo

de alemães para os Estados Unidos na década de 1930. Sob a influência da teoria da

“Gestalt”, este grupo desenvolveu pesquisas com psicologia cognitiva e social em fábricas e

comunidades, enfatizando a estrutura de grupos. A teoria de “Gestalt”, de forma bastante

simplista, pode ser apresentada pelo conceito que o todo é mais do que simplesmente o

somatório das partes.

Os estudos desenvolvidos por pesquisadores de Harward, também na década de 1930,

que investigavam os padrões das relações interpessoais e a formação de subgrupos (cliques),

compõem a segunda corrente contributiva da ARS. Scott (2000) aponta as pesquisas de

Warner e Mayo desenvolvidas em unidades fabris e comunidades, como proeminentes desta

escola. O estudo realizado por Mayo na fábrica “Hawthorne” é um exemplo de pesquisa em

que grupos de indivíduos estão integrados por meio de relações informais, mesmo em

ambientes de relações formais como as empresas. Ainda, segundo Scott (2000), os trabalhos

desenvolvidos por Homans, centrados no conceito que as atividades humanas induzem as

Teoria da Gestalt

Sociometria

(Moreno)

Dinâmica de

Grupo

Teoria dos

Grafos

Teoria Matricial

(Homans)

Escola de Harvard

(Warner, Mayo) Escola de Manchester

(Gluckman)

Escola Antropológica

Barnes, Bott, Nadel

Mitchell

Estruturalistas de

Harvard

Análise de Redes Sociais

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pessoas à interação, que variam segundo a: frequência, duração e direção, estabelecem a base

de sustentação dos sentimentos desenvolvidos pelas pessoas. Também está associada à

Homans a utilização de matrizes, ao invés dos grafos, para representar as relações dos grupos

sociais. Este recurso foi muito útil no início dos estudos sociométricos na década de 1940,

período em que não se dispunha dos atuais recursos da informática, e ainda como alternativa

para os pesquisadores que apresentam dificuldades em trabalhar com grafos.

A terceira corrente está associada aos antropólogos de Manchester, que edificaram

uma abordagem apoiada nas duas correntes anteriores. Apesar da influência dos conceitos

anteriores esta abordagem enfatiza a análise dos conflitos e contradições, ao invés da

integração e coesão, característicos das outras proposições. Esta abordagem foi empregada

tanto no estudo de sociedades tribais africanas, como em momento posterior em pequenas

cidades rurais da Inglaterra.

O objeto rede social vem ao encontro de uma demanda pragmática da teoria social,

principalmente no que tange às metodologias de intervenção social. Neste sentido, Martins

(2004) desenvolve reflexões da obra de autores da área de sociologia contextualizadas às

redes sociais. Alguns pontos destacados por Martins (2004) são de importância para o escopo

deste estudo. Em particular, as considerações de Emile Durkheim que também influenciam

parte da abordagem de Berger e Luckmann (2008), referencial teórico desta pesquisa. Vale

destacar que o estudo desenvolvido por Martins (2004) inclui ainda considerações sobre

Marcel Mauss e Norbert Elias que complementam a proposição de Durkheim.

O cerne da teoria da rede social consiste no exame da compatibilidade entre a

liberdade individual e a imposição do contexto coletivo sobre o indivíduo. Para Martins

(2004) as relações sociais influenciam a conduta de um indivíduo, no entanto, apesar desta

força coerciva, este possui o arbítrio de realizar as escolhas que reflitam seu interesse pessoal.

Neste contexto, extremos tais como: obrigação ou liberdade, interesse ou desinteresse,

objetividade ou subjetividade, entre outros, não se apresentam como elementos contraditórios,

mas como expressões polares de uma realidade social complexa. As dualidades apresentadas

são interpretadas como uma realidade social, que se insere em um universo em constante

alteração e que apresenta momentos da vida social que oscilam de homogêneos a caóticos.

Tal dinamismo da vida social impacta na teoria das redes sociais e nas metodologias

utilizadas em suas pesquisas. Segundo Martins (2004), as pesquisas estáticas que mostram as

ações individuais e coletivas devem conviver com as incertezas estatísticas resultantes da

ambivalência e da descontinuidade peculiares a vida social e que escapam da aleatoriedade.

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Nesse contexto, as análises desenvolvidas pelas redes sociais não devem se restringir ao

exame dos extremos, mas a toda realidade da vida social.

Os estudos sociais se defrontam com a necessidade de entendimento de contrastes

marcantes. Bauman (1995) aponta que a desordem social não se configura como uma

adversidade a ser sobrepujada em benefício da afirmação da “ordem social”. A coexistência

de diferentes ordens sociais e culturais deve ser acatada pelo todo, apesar das dificuldades

implícitas nesta convivência de desiguais. Nesse sentido, Melucci (1994) destaca que os

atuais movimentos sociais não se apoiam nos atores, mas sim nas redes constituídas de

pequenos grupos que compartilham experiências e inovações culturais. Para Martins (2004), a

abordagem de Durkheim que contempla o todo sem contestar o valor do individual se

estabelece como um importante contraponto à dualidade clássica do indivíduo versus a

sociedade. Na abordagem de Durkheim (1999), a totalidade se estabelece como elemento

nuclear da sociedade, no entanto o todo é interpretado como a composição de partes distintas.

Segundo Martins (2004), o fundador da sociologia francesa não renega o papel do indivíduo

na sociedade no estabelecimento de um saber sociológico. Assim, a abordagem de Durkheim

(1999) se caracteriza por ser persuasiva e conter a virtude de explicar os fundamentos teóricos

das redes sociais, retratando as preocupações com a questão do indivíduo e da existência de

um objeto próprio à sociologia. A proposição do ´fato social` como norma coletiva e coerciva

sobre o indivíduo não suprime a ´consciência individual` na qual cada um, a seu modo

próprio, interpreta e se comporta na sociedade. Este contexto se insere na distinção da

sociologia para com a psicologia.

A abordagem de Durkheim (1999) possui o mérito de distinguir a existência de uma

classe de fenômeno denominada sociais, dos fenômenos denominados psicológicos,

estabelecendo assim a necessidade de uma separação teórica e metodológica nos estudos

destes fenômenos. O desenvolvimento deste estudo posiciona a contribuição de Durkheim

como relevante para a compreensão complexa das redes sociais, haja vista que integra a ideia

de totalidade e de que o todo, por sua vez, é proeminente em relação às partes.

A composição de redes é caracterizada pela formação de grupos, evidenciando assim a

necessidade de delimitar esta abordagem. Para Wagner III e Hollenbeck (1999, p. 210) grupo

é “um conjunto de duas ou mais pessoas que interagem entre si de tal forma que cada um

influência e é influenciado pelas outras”. Bowditch e Buono (2004) avançam no entendimento

apontando que o grupo consiste de duas ou mais pessoas que interagem de forma

psicologicamente conscientes, umas das outras, na busca de uma meta comum, não se

restringindo a um simples ajuntamento de pessoas. Robbins (2005) delineia o grupo como a

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junção de dois ou mais indivíduos interdependentes e interativos unidos por um objetivo

comum. Para este autor os grupos podem ser formais – definidos e regidos pela estrutura de

uma organização, ou informais – originados por alianças derivadas de contato social sem

vínculo com a estrutura formal das organizações. Ainda, segundo este autor, os grupos

informais podem se divididos em grupos de interesse – nos quais os componentes possuem

interesses comuns – e grupos de amizade – onde as pessoas compartilham algumas

características. Para efeito deste estudo as definições acima apresentadas se configuram como

adequadas a concepção da Análise de Redes Sociais. Vale destacar a importância da

existência de interação entre os atores das redes apontada nas três definições acima, assim, o

indivíduo pode ser considerado pertencente a uma rede se ele interagir com os demais

membros dessa rede.

Os estudos sociais com destaque para os grupos, que se estabelecem em redes de

relacionamento são possíveis por meio da técnica de Análise Sociométrica ou Análise de

Redes Sociais – ARS. Cross, Parker e Borgatti (2000) apontam que esta técnica destina-se a

compreender como se desenvolve o processo de troca de informação que ocorre no interior da

rede e possibilita identificar e visualizar a tipologia do arranjo em rede, e em certo grau

dimensionar as interações que nelas ocorrem. Estes autores consideram a ARS um importante

instrumento no estudo de relacionamentos que favorecem o compartilhamento da informação

e do conhecimento, além de reconhecer indicadores de padrões de relacionamentos que

aprimoram a cooperação.

Para Meneses e Sarriera (2005), em uma abordagem generalista, o foco de estudo das

redes sociais não é o comportamento nem o estado de uma pessoa, família, grupo,

organização comunidade ou sociedade. O objeto de estudo na ARS são as interações e as

inter-relações dos nós da rede, bem como os vínculos estabelecidos entre estes.

Molina e Aguilar (2004) apontam que as redes sociais expressam o mundo em

constante alteração e que, por consequência, de difícil entendimento. Os autores destacam

ainda que há infinitas possibilidades de composição de redes sociais, que no entanto possuem

em comum um conjunto de pessoas (ou organizações ou outras entidades sociais) em seu

núcleo. Este agrupamento está conectado por relacionamentos sociais, motivados pela

amizade e/ou por relações de trabalho e/ou compartilhamento de informações, passíveis de

observar por meio das ligações estabelecidas, que continuamente moldam a estrutura social.

Segundo Marteleto (2001), a ARS se constitui em um novo paradigma na pesquisa

sobre a estrutura social. Esta técnica destina-se a estudar como os comportamentos ou as

opiniões dos indivíduos dependem das estruturas nas quais eles se inserem, identificando as

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relações dos indivíduos por meio das interações existentes. A estrutura da rede é abarcada por

relacionamentos, limitações, escolhas, orientações, comportamentos e opiniões que

influenciam o indivíduo. Nesse contexto de análise os atributos individuais, tais como: classe

social, idade, gênero, entre outros, não são considerados. Para Meneghelli (2009), a teoria da

ARS é um conjunto de métodos de estudo dos grupos sociais, que utiliza os recursos da

matemática de medir as relações, laços e interações sociais, como componentes da estrutura

social.

Há vários aspectos na ARS que possibilitam diferentes níveis de entendimento sobre

os atores em análise. Na sequência apresentam-se alguns conceitos basais para o

desenvolvimento de estudos em rede. Vale destacar que muitos dos termos foram empregados

no texto e, em alguns casos, como objeto de discussão sob a perspectiva de vários autores. No

entanto, para efeito metodológico, as definições a seguir se caracterizam como um

componente voltado a agilizar o entendimento do leitor na seção de análise dos dados. Vale

destacar que vários autores apresentam explanações com diferentes abordagens sobre a ARS.

No processo de elaboração deste estudo, observou-se a proposição dos seguintes autores:

Freeman (1980), Wasserman; Faust (1994), Pao (1989), Scott (2000), Moody (2004), Tomaél

e Marteleto (2006), Balancieri (2010). O Quadro 6 apresenta de forma sucinta conceitos

utilizados na ARS.

Item Conceito

Ator É entidade social que possui ligações em rede, se caracterizando como indivíduos, grupos,

organizações, países e outros (WASSERMAN; FAUST, 1994).

Nós Correspondem a cada autor que colabora em pelo menos um dos itens de uma rede. Os nós podem

ser pessoas, organizações, organismos, entre outros. (WASSERMAN; FAUST, 1994).

Relação Coleção de laços entre membros de um grupo. As relações podem ser de diferentes tipos, tais

como: a amizade entre duas crianças em uma escola, a atividade de profissionais dentro de

organizações, as exportações entre dois países, entre outras. Um mesmo conjunto de atores pode

ser objeto de análise de diferentes tipos de relações: como exemplo em uma empresa, podem-se

confrontar as relações funcionais como as relações de amizade entre os trabalhadores

(WASSERMAN; FAUST, 1994).

Laço

Relacional

É a ligação estabelecida entre um par de atores que estão ligados entre si. Há diversos tipos de

laços, tais como: transferência de recursos entre empresas, a escolha de um amigo, o envio de um

e-mail, uma relação formal, entre outros (WASSERMAN; FAUST, 1994). Um laço entre atores

possui duas características: o conteúdo que indica o tipo de relação, que pode incluir informação e

fluxo de recursos, conselho ou amizade; e a forma que indica a intensidade da relação.

Díade É uma ligação ou um relacionamento entre dois atores. É uma propriedade relacionada a um par

de atores, não pertencendo isoladamente a cada ator. Uma grande quantidade de ARS se preocupa

com o relacionamento em si, trata assim a díade como unidade de análise (WASSERMAN;

FAUST, 1994).

Tríade É um conjunto de três atores e os possíveis laços entre eles. A análise das tríades se destaca por

revelar o peso e o valor entre as relações dos integrantes (WASSERMAN; FAUST, 1994).

Grupo É a coleção de todos os atores da rede social que possuem laços mensuráveis. Configura-se assim

como o conjunto de todos os atores definidos por critérios conceituais, teóricos ou empíricos. Os

estudos de ARS podem analisar um ou mais grupos (WASSERMAN; FAUST, 1994).

(continua na página seguinte)

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Centralida

de

Identifica os atores "mais importantes" em uma rede social. Quanto mais central é um ator em

uma rede maior é a sua importância. Assim, a centralidade pode ser vista como uma propriedade

dos atores de uma rede (WASSERMAN; FAUST, 1994, SCOTT, 2000). Existem diferentes

medidas de centralidade, variando entre o local e o global. Um ator é localmente central quando

apresenta um grande número de conexões com outros atores. No contexto global, um ator é

central se possuir uma posição significantemente estratégica na rede como um todo (SCOTT,

2000). A centralidade dos atores em uma rede é comumente apresentada de forma individual ou

combinando as seguintes dimensões: centralidade de grau – degree; centralidade de proximidade

closeness; centralidade de intermediação – betweennes; e centralidade de informação –

information. (WASSERMAN; FAUST, 1994, SCOTT, 2000, TOMAÉL; MARTELETO, 2006).

- Centralidade de grau (degree) é a resultante do número de laços que um ator possui com

outros atores em uma rede (WASSERMAN; FAUST, 1994). O grau de centralidade de um

ator é obtido pela divisão do número de laços existentes pelo número de laços possíveis na

rede. Exemplo: em uma rede com dez atores (tamanho da rede) cada ator pode ter, no

máximo, nove laços. A centralidade de grau considera os relacionamentos adjacentes, assim

esta medida revela somente a centralidade local dos atores (SCOTT, 2000).

- Centralidade de proximidade (closeness) é baseada na proximidade ou distância de um ator

em relação aos outros atores em uma rede. Ela é obtida por meio da soma das distâncias

geodésicas de um ator em relação a todos os outros atores (WASSERMAN; FAUST, 1994,

SCOTT, 2000). Esta centralidade é indicada para revelar a centralidade global dos atores

(SCOTT, 2000).

- Centralidade de intermediação (betweenness) é a interação entre atores não adjacentes, é

dependente de outros atores, que podem ter algum controle sobre essas interações. Um ator é

considerado intermediário se ele liga vários outros atores que não se conectam diretamente.

(WASSERMAN; FAUST, 1994, SCOTT, 2000). A centralidade de intermediação aborda o

controle que os atores intermediários possuem sobre aqueles atores que dependem localmente

desse intermediário (FREEMAN, 1980).

- Centralidade da informação (information) - é baseada no conceito de informação, e se

compõe de uma combinação que analisa todos os caminhos existentes entre os atores. Para

cada percurso analisado considera-se a informação contida no caminho correspondente

(GÓMES et al., 2003, TOMAÉL; MARTELETO, 2006).

Rede

Social

É o conjunto finito de atores e suas respectivas relações (WASSERMAN; FAUST, 1994). A rede

social é composta por um conjunto de relações entre atores.

Rede two-

mode

Matriz Bipartide ou rede two-mode – é utilizada nos casos em que há mais de um conjunto de

atores. Nesta configuração cada conjunto de ator se posiciona em um dos eixos da matriz de

relacionamento (WASSERMAN; FAUST, 1994). A natureza dos dois grupos de atores até pode

ser o mesmo, no entanto os papéis desempenhados são distintos.

Estrutura

da Rede

Social

Constitui-se no relacionamento entre entidades sociais, suas características e implicações para os

que participam desses relacionamentos (WASSERMAN; FAUST, 1994). A operacionalização

desta parte da pesquisa se desenvolveu a partir da análise dos elementos estruturais da rede

(tamanho, densidade e componentes) e das posições dos pesquisadores na rede (centralidade e

coesão).

Dinâmica

do

Relaciona

mento

entre os

Pesquisad

ores

Esta dinâmica está relacionada ao desenvolvimento de redes de relacionamento em um dado

espaço de tempo representadas sob a forma de mudanças na estrutura de relações

(WASSERMAN; FAUST, 1994, MOODY, 2004). Neste trabalho, será operacionalizada com base

na avaliação longitudinal - 4 triênios de análise do CAPES - dos indicadores estruturais (tamanho,

densidade e componentes) e posicionais dos pesquisadores na rede (centralidade e coesão).

Coesão

Estrutural

A coesão indica o grau de concentração de atores por meio de relações em uma rede social. A

coesão é obtida por meio de algum tipo de medida de agrupamento que define a natureza e o

diâmetro dos grupos (MOODY; WHITE, 2003).

Small

Worlds

(mundos

pequenos)

O small worlds se apresenta como uma configuração de rede, na qual o nível de agrupamento

local entre os atores é alto, mas a distância média entre os atores é pequena (WATTS;

STROGATZ, 1998). Assim, para avaliar a presença dessa configuração nos resultados desta

pesquisa, se avaliará se a densidade global da rede é baixa, se a distância média entre os atores

não é grande e, finalmente, se o coeficiente de agrupamento é alto. Quadro 6 - Conceitos utilizados na Análise de Redes Sociais (ARS).

Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

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Os conceitos apresentados representam uma fração do total de possibilidades de

variáveis passíveis de obtenção nos estudos de ARS, no entanto expressam o ponto nuclear

das pesquisas nesta área e com potencial de utilização nesta pesquisa.

A incorporação do conceito de small worlds se insere no contexto em que a ARS

possui limitações no dimensionamento do aumento da coesão e do grau de abertura de grupos

para novos laços. Segundo Watts (1999), as análises se restringiam aos arranjos locais. Esta

barreira foi superada mediante ao desenvolvimento de medidas de avaliação de small worlds

por Watts e Strogatz (1998). Estes autores se fundamentam na perspectiva que os autores

estão agrupados localmente (coeficiente de agrupamento) e, ao mesmo tempo, necessitam de

poucos contatos para ligar-se a qualquer um dos membros pertencentes a outras redes

(distância média). Assim, o conceito de small worlds propõe que um indivíduo pode acessar a

outro indivíduo qualquer a partir de seus relacionamentos. Milgram (1967) sugeriu que com

apenas seis “passos” seria possível alcançar qualquer cidadão americano dentro dos Estados

Unidos.

A abordagem desenvolvida propõe que apesar do número limitado de relacionamentos

que cada indivíduo possui - de origem: familiar, afetiva ou profissional - estes podem

possibilitar por meio de seus contatos o acesso a uma gama maior de outros indivíduos. Para

Granovetter (1973) os grupos sociais possuem abertura de relacionamentos, o que possibilita

um aumento exponencial de possibilidades de contatos, conformando o acesso à

informação, ao conhecimento e a influência. Dessa forma acessando indiretamente os

contatos cultivados pelo seu círculo de relacionamento, e assim sucessivamente, é possível

alcançar qualquer indivíduo. Emana desta possibilidade de alcançar a qualquer indivíduo, se

apoiado na rede de relacionamento de pouco intermediários, a expressão small worlds

(LAZZARINI, 2007).

Para Wasserman e Faust (1994) quando se desenvolve ARS busca-se identificar

grupos de atores coesos com laços de relacionamento que se caracterizam pela força,

intensidade e frequência. Segundo Scott (2000) esta busca se justifica, em função destes

grupos desenvolverem normas, valores, orientações e subculturas próprios. Rossoni e

Guarido-Filho (2009) acrescentam que a coesão do grupo estabelece a base para um vigoroso

desenvolvimento da solidariedade, da identidade e da conduta coletiva entre os atores dentro

do grupo no comparativo com os indivíduos externos a este arranjo. No entanto, os atores da

rede também podem pertencer a outros grupos e, por consequência, estabelecer a

comunicação entre estes. No conceito de small worlds esta situação expressa o caminho de

acesso de indivíduos de um grupo para com outros, que se denomina no estudo de redes como

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laço fraco, caracterizando-se também como componente de conexão entre os grupos,

conforme proposição de Granovetter (1973) ou ainda como buraco estrutural conforme

proposição de Burt (1992). Nesse caso, Marteleto (2001) aponta que um indivíduo pode

estabelecer ligações fracas nas redes em que participa, no entanto sua posição pode se

destacar no papel de intermediador de informações. Segundo Uzzi e Spiro (2005), na

perspectiva do small worlds o processo de desenvolvimento científico se assenta em grupos

de pesquisa que atuam com interfaces de relacionamento, e não de forma entrópica. Para estes

autores em small worlds, coexistem ligações com outras áreas provendo informação não

redundante, com um nível de coesão necessário para que as atividades se tornem familiares

entre os membros. O conceito de small worlds estabelece assim um contíguo teórico para a

ARS.

Para Watts e Strogatz (1998), quando surge um forte agrupamento de atores em uma

rede bem disseminada, em concomitância de relações destes atores junto a atores externos,

por meio de um pequeno número de intermediários observamos a ocorrência do conceito de

small worlds. Segundo Rossoni e Hocayen-da-Silva (2008), enquanto nas redes aleatórias a

distância entre os nós aumenta na medida em que aumenta o tamanho da rede, no small

worlds a distância entre os nós apresenta pouca variação, apesar do aumento da rede. Esta

afirmação ratifica a proposição inicial de Watts e Strogatz (1998) na qual ponderam que no

small worlds o crescimento de nós não é acompanhado pelo aumento da distância média entre

eles. Giddens (1989) destaca que na dinâmica de small worlds os atores isolados tem a

possibilidade de reproduzir a estrutura comum minimizando a possibilidade de rupturas

abruptas no arranjo social, possibilitando que estruturas institucionais mais amplas atuem no

nível local.

O “mapa de orientação conceitual” constitui-se de uma proposta desenvolvida por

Marcon e Moinet (2000) com a finalidade de facilitar a compreensão da diversidade de

tipologias de redes. Apesar da perspectiva organizacional dos autores, o modelo se apresenta

com um contorno adequado para a compreensão da diversidade de composição das redes de

relacionamento. A Figura 11 desenvolvida por Balestrin propõe a divisão da estrutura das

redes em quatro quadrantes.

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Figura 11 - Mapa de orientação conceitual: modo de gerenciamento e formação de elos.

Fonte: Balestrin (2005, p. 28).

O posicionamento dos atores e seus elos de relacionamento, em um dos quadrantes do

“mapa de orientação conceitual”, explicitam a natureza e a estrutura da rede social. Cada um

dos quadrantes do “mapa de orientação conceitual” caracteriza um tipo particular de rede

social que varia das informais de um grupo de amigos às interorganizacionais baseadas em

acordos jurídicos.

O “mapa de orientação conceitual” pode ser utilizado para análise de redes nos mais

variados modelos de agrupamentos sociais. No campo da pesquisa, a proposição do “mapa de

orientação conceitual” pode ser modelado com as seguintes características. Redes verticais: na

dimensão da hierarquia, as pesquisas são desenvolvidas em uma estrutura hierárquica, como

por exemplo, nas empresas com produtos de alta tecnologia, diferentes unidades desenvolvem

conhecimentos específicos que, posteriormente associados, resultam no produto final. Redes

Horizontais: na dimensão da cooperação, os centros de pesquisa ou pesquisadores mantém a

individualidade na condução das pesquisas, no entanto, compartilham conhecimento no

propósito de superar as limitações existentes. Redes formais: na dimensão da formalidade, a

relação entre os atores (centros de pesquisa ou pesquisadores) está pautada em contratos com

regras de conduta. Como exemplo, cita-se as pesquisas encomendadas por empresas junto aos

pesquisadores, em que elas fornecem os recursos necessários para o desenvolvimento da

pesquisa, mediante a regras que os pesquisadores devem satisfazer requisitos, tais como:

confidencialidade e prazo de execução. Redes informais: na dimensão da conivência, os

pesquisadores atuam de forma informal, e o apoio mútuo destina-se ao desenvolvimento do

conhecimento (MARCON; MOINET, 2000).

HIERARQUIA (rede vertical)

COOPERAÇÃO (rede horizontal)

CONTRATO (rede formal)

CONIVÊNCIA (rede informal)

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Como os estudos de Marcon e Moinet (2000) são voltados para a estrutura

organizacional, a exemplificação de seu trabalho está voltada para este universo de estudos.

Nesse sentido, os autores apresentam as seguintes características para os quadrantes do “mapa

de orientação conceitual: Redes verticais: dimensão da hierarquia. Nesta concepção, as redes

se caracterizam por possuirem uma clara estrutura hierárquica. Como exemplo, os autores

citam as distribuidoras de alimentos e bancos que possuem estruturas divididas em Matriz,

regionais, filiais com o objetivo de se aproximar dos clientes. Redes Horizontais: dimensão da

cooperação. As redes de cooperação entre empresas se caracterizam pela manutenção da

indivudualidade de cada uma das organizações participantes em composição com um objetivo

comum na qual compartilham determinadas ações. Como exemplo, cita-se os consórcios de

compras e as associações de profissionais. Redes formais: dimensão contratual. Para

Knorringa e Meyer-Stamer (1999) nesta concepção as redes são formalizadas por contratos

que estabelecem regras de conduta entre os atores, tais como: consórcios de exportação e

franquias. Neste modelo as redes são fortemente formalizadas. Redes informais: dimensão da

conivência. Um objetivo comum aglutina um conjunto de atores que se unem de forma

informal, ou seja, sem a necessidade de contratos regimentais. Nesta concepção, os atores são

livres para entrar e sair das redes.

O “mapa de orientação conceitual” possibilita uma infinidade de estruturas para as

redes, nas quais as variáveis hierarquia-cooperação e formalidade-informalidade

estabeleceram as relações e o grau de solenidade entre os atores das redes. Vale destacar que a

base de relacionamento dos atores pode variar de um esteio informal entre os atores (como

exemplo: relações de amizade, afinidade, parentesco) a relações formalmente estabelecidas e

mediadas por contratos (como exemplo: contratos jurídicos entre empresas, instituições,

centros de pesquisa, ou ainda, contratos de trabalho de funcionários com seus respectivos

empregadores).

Rossoni e Guarido-Filho (2009) em estudo de redes de coautoria entre pesquisadores

nos programas de pós-graduação no Brasil ponderam que a perspectiva de que a prática da

ciência está imersa em um conjunto de relações que não se restringem ao contexto imediato

do pesquisador expandindo-se a interesses mais abrangentes. Esta perspectiva se apoia na

condicionante de que a atividade científica se desenvolve como ação coletiva e não como

resultante de esforço isolado de um indivíduo, na qual a coesão e a proximidade entre

pesquisadores se revelam como recursos para a construção do conhecimento. Apesar de os

autores se fundamentarem em Barabasi (2005) e Lee e Bozeman (2005), a premissa desta

proposição se apoia na perspectiva apresentada por Durkheim. Esta concepção se acentua

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quando destacam a afirmação de Moody (2004) que cientistas pertencentes a uma rede de

cooperação exercem mútua influência por meio do compartilhamento de perspectivas e

métodos de pesquisa. O estudo de Rossoni e Guarido-Filho (2009) se baseia na possibilidade

de configurações do tipo small worlds (mundos pequenos) e respectivas ligações preferenciais

e associações entre produtividade e centralidade dos programas de pós-graduação.

Beaver e Rosen (1978) apontam que estudos colaborativos abarcando pesquisadores

de diferentes países é um fenômeno identificado no século XIX, mostrando assim a

longevidade de esforços colaborativos em pesquisas científicas. Destaca-se que a colaboração

científica possui a faculdade de ser uma ação cooperativa que apreende metas, planejamento e

coordenação para a obtenção de resultados ou produtos – em muitos casos expressos em

trabalhos científicos – em que o mérito é compartilhado entre os participantes. Neste cenário,

a colaboração científica se constitui em base contributiva para a maximização do potencial da

produção científica. (WEISZ; ROCO, 1996).

No comparativo dos estudos desenvolvidos em redes científicas em relação aos

empreendidos de forma isolada, Weisz e Roco (1996) observam uma ampliação de repertório

de abordagens e ferramentas utilizadas e o incremento criativo dos pesquisadores em

decorrência da troca de informações que se processa no interior da rede.

As pesquisas em redes passaram por estágios evolutivos. Balancieri (2004) realizou

um retrospectivo dos principais pontos observados a partir da década de 1960 e que estão

expressos na Figura 12.

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Figura 12 - Cronologia de redes de colaboração científica.

Fonte: Adaptado de Balancieri (2004).

A Figura 12 possibilita a visualização de importantes componentes no estudo das redes

científicas, bem como o momento em que se iniciaram os estudos de determinadas

características destas configurações. Os eventos de importância para este estudo estão

apresentados junto às respectivas seções teóricas, não demandando neste instante a

necessidade de maior aprofundamento destes elementos. Vale destacar que Balancieri et al.

(2005) desenvolvem estudo teórico em que apontam os principais autores envolvidos nestes

eventos.

A ARS se caracteriza como um campo de pesquisa em expansão em diversas áreas do

saber. No tocante as pesquisas empreendidas, vale destacar Newman (2001b) que

desenvolveu um dos primeiros estudos abordando a estrutura de relações entre pesquisadores

no campo científico. Estes estudos iniciais estavam voltados ao campo das ciências físicas e

naturais, (BARABASI et al., 2002; NEWMAN, 2001b; 2004), e se observa a incorporação

desta metodologia em outras áreas das ciências, tais como: na sociologia (MOODY, 2004), na

pesquisa digital (LIU et al., 2005), e nos estudos organizacionais e de estratégia (ROSSONI;

MACHADO-DA-SILVA, 2007). Os resultados observados nestes estudos convergem para o

entendimento da tendência de conexão direta ou indireta dos atores de determinado campo

Década de 1960

- Inicio dos estudos;

- Início das formas colaborativas;

- Identificação dos "Colégios invisíveis”;

- Maioria das publicações em co-autorias;

- Co-autoria entre orientador e orientado;

- Teoria de "Mundos pequenos";

- "Seis graus de separação”.

Década de 1970

- Áreas do conhecimento estabelecidas, quais, e por que;

- Comparação entre as áreas de conhecimento;

- Identificação dos pesquisadores, instituições e países emergentes;

- Os “Colégios Invisíveis" possuem alta produtividade;

- Fortalecimento da co-autoria.

Década de 1980

- Questionamento quanto à definição de colaboração;

- Diferenças na forma de qualificar os colaboradores;

- Influência de artigos com maior número de co-autores;

- Contagem de co-autorias com média mais exata;

- Fatores determinantes para a colaboração científica.

Década de 1990

- Colaborações internacionais versus colaborações nacionais;

- Fase pré Web as colaborações decrescem com a distância geográfica;

- Comparação dos trabalhos teóricos com os experimentais;

- Visão dos diferentes níveis de colaboração;

- Junção de várias áreas para entendimento das relações das redes.

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científico. Barabasi et al. (2002) atentam para a característica de escolhas preferenciais pelos

cientistas, no qual os autores com maior número de colaboradores tendem a atrair cada vez

mais colaboradores. Rossoni e Hocayen-da-Silva (2008) destacam que outro ponto de

convergência destes estudos foi identificar uma estrutura de relacionamento com uma

configuração de small worlds nas diferentes disciplinas abordadas.

A seção seguinte retoma a abordagem de Berguer e Luckmann (2008) que se

posiciona como um “fio condutor” das inter-relações com as demais teorias abordadas neste

capítulo.

2.6 A SOCIOLOGIA DO CONHECIMENTO COMO BASE TEÓRICA PARA AS

PESQUISAS BIBLIOMÉTRICAS E DE ANÁLISES DE REDES SOCIAIS - ARS.

A sociologia do conhecimento é definida por Camic (2001) como o somatório de

proposições teóricas e estudos empíricos que tratam do relacionamento de processos e

produtos da cognição humana em associação com os fatores socioculturais. Adicionalmente, o

autor aponta que a sociologia do conhecimento possui a atribuição de tratar as origens e

transformações de uma ampla gama de produtos e processos intelectuais. Como exemplo

destas formas de manifestações, destacam-se as ideias, as ideologias, as ciências, as teorias, as

visões de mundo, as doutrinas políticas ou religiosas, as crenças morais, as filosóficas e éticas,

as normas sociais, as práticas do conhecimento cotidiano, os discursos, entre outras.

A abordagem de Berger e Luckmann (2008) para a sociologia do conhecimento se

insere em um quadro teórico estabelecido com importantes colaborações. A obra de Scheler e

Manheim está associada à sociologia tradicional do conhecimento, segundo Swidler e Arditi

(1994). Para estes autores, a abordagem de Scheler e Manheim apresenta a fragilidade de não

tratar como a posição social do indivíduo e dos grupos moldam o conhecimento. Segundo

estes autores, o enfoque desta abordagem residia nos sistemas formais de ideia, em particular

para as políticas de intelectuais e visões de mundo.

Merton (1970) é um autor que aparece com destaque nos estudos da área da sociologia

do conhecimento. O autor critica a obra de Berger e Luckmann (2008) por estes terem

negligenciado a análise focada na relação entre os tipos de conhecimento e as bases

socioculturais. Como o foco de atenção deste estudo é a utilização da abordagem de Berger e

Luckmann (2008) nas pesquisas de bibliometria e de análise de redes sociais, tal exame

decorrerá das ponderações desenvolvidas no estudo da obra dos autores e ainda adicionada da

colaboração dos demais autores da área. Merton (1970) desenvolve esta análise tratando os

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tópicos como esferas de produções mentais e bases existenciais. Segundo Camic (2001), o

trabalho desenvolvido por Merton resultou em um corpo próprio de conhecimento originando

a sociologia da ciência. Nesses termos, pode-se interpretar a sociologia da ciência como um

importante subcampo da sociologia do conhecimento (KURZMAN,1994). Para Guarido-Filho

(2008), a abordagem de Merton apoia-se na institucionalização de dimensões normativas,

responsáveis por delinear a conduta do cientista. A obra de Merton (1970) é relevante nos

estudos da sociologia do conhecimento, assim quando apropriado e oportuno, este estudo

apresenta pontos desta abordagem. Nesse sentido vale destacar a proposição de ethos

científico, que define valores e normas consideradas obrigatórias para o homem de ciência.

Tal proposição justapõe as normas de ciência e o sistema de recompensas que norteiam o

comportamento dos cientistas.

No arcabouço de pesquisadores da sociologia do conhecimento identifica-se ainda

Knorr-Cetina (obra: The manufacture of Knnowledge de 1981) que, em artigos de 1977 a

1981, apresentou uma abordagem que se aproxima da teoria construtivista. O cerne destas

pesquisas foi, a partir de experiências realizadas em laboratórios científicos, conhecer a

gênese do conhecimento científico, apoiando-se para tanto no processo de produção

envolvido nesta dinâmica (HOCHMAN, 1994). Ainda, segundo Hochman (1994), a pesquisa

desenvolvida por Knorr-Cetina aponta para a viabilidade de a atividade científica ser

interpretada como uma progressiva aplicação daquilo que funciona mediante a utilização do

que foi adequado no passado e interpretado como plausível de funcionamento. Na concepção

da autora, a observação direta das práticas científicas laboratoriais possibilita aproximar da

condição real àquilo que se passa dentro de um laboratório, sem a perda de detalhes

cotidianos que normalmente ocorrem nas publicações formais.

Segundo Rodrigues (2005), uma proposição diferenciada da obra de Knorr-Cetina

(1981) consiste no aspecto que o papel fundamental da produção científica não reside na

teoria ou no método científico, mas sim no contexto em que se desenvolve o trabalho

científico. Tal posição decorre do entendimento de que os produtos gerados em laboratório

são elaborados de maneira instrumental admitindo contingência e circunstâncias intrínsecas, e

não resultantes de aspectos factuais do rigor científico.

Em seus estudos, Moura (2009) apresenta dois pontos que merecem destaque. O

primeiro está ligado ao dinamismo da área de sociologia do conhecimento, para tanto recorre

a Rodrigues-Júnior (2002) que apresenta uma denominação mais ampla e integradora do

estudo da sociologia do conhecimento e da sociologia da ciência – a Sociologia do

Conhecimento Científico. Segundo Rodrigues-Júnior (2002), esta área se destina a estudar

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tanto os aspectos estruturais que abarcam as diversas influências dos fatores sociais e

cognitivos no domínio das organizações científicas, quanto às questões concernentes à origem

e à legitimação do conhecimento científico. O segundo aspecto relaciona-se à crítica de que os

estudos da sociologia da ciência não possibilitam identificar os efeitos sociais da ciência,

apesar da sua importância na identificação, descrição e medição da própria ciência. Moura

(2009) apoia tal afirmação nos estudos de Bem-David (1975) que ressalta o grande volume e a

alta difusão dos efeitos sociais da ciência tornam inviáveis as tentativas de analisá-los de

forma individualizada. A ação da ciência sobre as instituições sociais é tão profunda e

duradoura, que a distinção do que é resultante da sua atuação é praticamente impossível.

Segundo Bem-David (1975), tal cenário imputou aos sociólogos o esforço de solucionar o que

era exequível, se distanciando do que aparentava ser impossível de ser solucionado. As

reflexões de Moura (2009) estabelecem oportunidades e desafios a serem superados nos

estudos do conhecimento e da ciência.

No contexto do contínuo desenvolvimento da área, que inclui a alteração de sua

denominação, a atualização de interpretações e foco de atenção, se estabelece a oportunidade

de estudar os autores seminais permitindo o seu emprego quando aplicável. Como etapa

subsequente à contextualização de Berger e Luckmann (2008), que ocorreu na seção 2.3, e

que incorpora a sociologia do conhecimento, esta seção se propõe a delinear esta abordagem

como base teórica dos estudos que incorporam a bibliometria, a cienciometria e a análise de

redes sociais. O Quadro 7 apresenta os conceitos dos principais itens da abordagem dos

referidos autores estabelecendo-se assim como um elemento de apoio para a interpretação do

texto desta seção.

Item Conceito

Objetividade As ações repetidas que se tornam um hábito e estabelecem um protocolo de tipificação

possibilitando o compartilhamento por mais de um indivíduo, possibilitam a constituição de

uma tipificação recíproca. Em uma situação social duradoura estas ações tornam-se instituições

históricas possibilitando o surgimento ou o aperfeiçoamento de uma qualidade, até então

incipiente, entre os atores que desencadearam a tipificação recíproca de uma conduta. Esta

qualidade é a objetividade. Na condição de mundo objetivo, as formações sociais são passíveis

de transmissão a um novo agrupamento ou geração. Tanto o conhecimento quanto a sua

transmissão decorrem dos significados objetivados na atividade institucional.

Objetivação A exteriorização da produção, pelo homem, é uma atividade que adquiri o caráter de

objetividade é entendida como um processo denominado de objetivação. Assim, a relação entre

o homem, o produtor e o mundo social estabelece uma ligação de reciprocidade das partes, no

qual a exteriorização e a objetivação são componentes de um contínuo processo de discussão,

contraposição e contradição de ideias que caminham para o estabelecimento de um consenso

socialmente aceito.

(continua na página seguinte)

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Linguagem No contexto da sociedade, a sedimentação é social na medida em que se pode repetir a

objetivação das experiências compartilhadas por meio da linguagem que assume o status de

base e instrumento do acervo coletivo do conhecimento. A linguagem é que possibilita a

objetivação de novas experiências, que se consubstanciam ao estoque de conhecimento

existente. Sob esse aspecto, a linguagem permite as sedimentações coletivas de forma coerente,

sem a necessidade de reconstrução do processo original. A linguagem é elemento de elaboração

e de disseminação nos processos de legitimação. Para Berger e Berger (1977, p. 193), “a

linguagem é uma instituição”.

Instituição A formação do hábito pelo ser humano possibilita o estabelecimento de sua institucionalização.

Para tanto é necessário que os indivíduos envolvidos compartilhem o caráter típico das ações.

Um conjunto de atores exercendo ações típicas e de rotina caracterizam uma tipificação que, por

sua vez, estabelece uma instituição. A compreensão de uma instituição envolve o entendimento

do processo histórico que a originou e o padrão de conduta determinante nas “instituições

sociais”. Este padrão de conduta estabelece o perfil controlador inerente à institucionalização

que, juntamente com os mecanismos de sanção, constituem o sistema de controle social. A

transmissão do padrão ao longo do tempo, de geração para geração, estabelece a constituição

das instituições. Assim as instituições se configuram como um conjunto articulado de ideias,

normas, valores e sentimentos, socialmente estabelecidos que orientam as ações em campos

específicos da conduta humana. Berger e Berger (1977, p. 193) definem “a instituição como um

padrão de controle, ou seja, uma programação da conduta individual imposta pela sociedade”.

Instituciona-

lização

A repetição de uma mesma atividade tende a estabelecer um padrão de ação que pode ser

apreendido e reproduzido por outros. Esta repetição possibilita a formação do hábito que fornece

direção e especialização para o homem realizar suas atividades, de forma a não necessitar

definir as ações envolvidas nos eventos rotineiros. A formação do hábito se torna um pré-

requisito do processo de institucionalização de um único indivíduo ou um grupo social.

Papéis A atuação de atores junto ao acervo objetivado de conhecimentos, comum a uma rede social, se

desenvolve por meio dos papéis que exercem. Os papéis protagonizados pelos indivíduos

estabelecem uma tipologia. Condição esta, necessária para a institucionalização da conduta, pois

as instituições apropriam-se da experiência do indivíduo, por meio dos papéis que

desempenham. Para Berger e Luckmann (2008), os papéis exercem ainda a importante função

social de integrar as diversas instituições em um mundo dotado de sentido assumindo assim a

condição de aparelho legitimador da sociedade.

Legitimação A Legitimação é a transmissão do mundo institucional de uma geração para outra. Nesse

contexto, o padrão de controle estabelecido por uma geração é incorporado pela geração

seguinte, frente à possibilidade de explicação e justificação. Para Berger e Luckmann (2008,

p.28) a “legitimação é este processo de explicação e justificação”. A necessidade de legitimação

origina-se quando as objetivações de ordem institucional necessitam ser transmitidas de uma

geração para outra. Um aspecto importante da legitimação é que ela não se restringe à

transmissão de valores, pois ao justificar uma ordem institucional, ela envolve também a

transmissão do conhecimento. Em muitos casos a legitimação se processa por meio de

totalidades simbólicas, não passiveis de experimentação na vida cotidiana. As teorias emanam

como fruto do processo de legitimação e pertencentes ao contexto histórico de uma sociedade.

As novas gerações apreendem esta legitimação concomitante ao processo que a socializa na

ordem institucional. A importância do indivíduo (e seu respectivo papel) na legitimação das

instituições e dos universos simbólicos ocorre no contexto das sociedades e de seus respectivos

interesses.

(continua na página seguinte)

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Ordem

institucional

As ações de um indivíduo e de outros que compõem um conjunto social de forma tipificada

possibilitam originar uma ordem institucional. Observa-se entre os envolvidos: finalidade

específica, fases de desempenho entrelaçadas, ações específicas tipificadas e formas de ação

tipificadas. Tal configuração faz com que qualquer ator desta rede social repita determinada

ação tipificada, desde que haja um sentido objetivo da mesma. Dentro de uma ordem

institucional, uma determinada ação, bem como o seu sentido, pode ser apreendida por qualquer

indivíduo pertencente à sua base social. A execução de uma ação decorre de ações objetivas,

conhecidas e passiveis de repetição por qualquer ator desta rede social. A sociedade

disponibiliza o acervo completo de conhecimento, porém a extensão e a atualização deste são

particulares a cada indivíduo. O indivíduo tem à sua disposição o sentido objetivo da ordem

institucional, admitido como natural e certo, entretanto ele pode apresentar dificuldades de

interiorização dos significados. A dificuldade se origina na consciência reflexiva de cada

indivíduo, condicionada a sua lógica e experiência de institucionalização. Assim é possível

entender e aceitar a coexistência de processos institucionais distintos sem a integração total pela

sociedade. O conjunto de teorias legitimadoras existentes se estabelece como integrantes deste

mundo, no qual o universo simbólico inclui a ordem institucional.

Universo

simbólico

A concepção do universo simbólico emana como a matriz de todos os significados, socialmente

objetivados e subjetivamente reais. O indivíduo identifica a sua existência como pertencente a

este universo, pois todas as situações da sua vida cotidiana são abarcadas pelo universo

simbólico. O conjunto de teorias legitimadoras existentes se estabelece como integrantes deste

mundo, no qual o universo inclui a ordem institucional. A consolidação dos universos

simbólicos demanda os processos de objetivação, de sedimentação e de acumulação do

conhecimento, caracterizando-se assim como um produto social que têm uma história. O

universo simbólico se origina da objetivação social dos processos de reflexão subjetiva, logo,

dentro da perspectiva cognoscitiva, o universo simbólico é teórico. É no universo simbólico que

deve ocorrer à legitimação da ordem institucional, na medida em que esta estabeleça um todo

dotado de sentido. Os universos simbólicos realizam a legitimação da biografia individual e da

ordem institucional de forma semelhante, se apoiado em um processo organizado e ordenado. O

universo simbólico disponibiliza a hierarquia de realidades, que subsidiaram a apreensão

subjetiva de um novo conhecimento pelo indivíduo. Dentro do universo simbólico podem existir

indivíduos que o concebam de maneira distinta, originando-se, assim, variações de

interpretação. Quando estas variações de interpretação começam a serem partilhadas por um

conjunto de indivíduos, emerge a objetivação de uma nova realidade que irá desafiar a realidade

do universo simbólico constituído.

Reificação A reificação ocorre quando a sociedade não se distingue mais como fonte de criação de

determinado conhecimento, atribui a sua origem a algo especial, portanto não passível de

alterações.

Quadro 7 - Conceitos dos principais itens da abordagem de Berger e Luckmann e Berger e Berger

Fonte: elaborado pelo autor com base na abordagem de Berger e Luckmann (2008).

Berger e Luckmann (2008) propõem o universo simbólico como domínio de sentidos

que incorpora as experiências humanas de forma a possibilitar a entender o significado do

mundo real. O universo simbólico se estabelece como a totalidade de todos os significados

socialmente objetivados e subjetivamente reais. O universo simbólico possui a qualidade de

possibilitar ao indivíduo o entendimento de todos os fatos que ocorrem na sua vida cotidiana.

Apesar de o universo simbólico possibilitar a cada indivíduo o entendimento da sua

realidade, ele é construído socialmente e está atrelado à história que envolve a edificação

deste grupo social. Nesta acepção cada sociedade possui o seu universo simbólico.

O universo simbólico é um todo formado por partes denominadas ordem institucional,

cada qual com seu conjunto de sentidos e destinada a dar significado a um campo da vida

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humana. Nesse contexto, a ordem institucional se estabelece como elemento de construção do

universo simbólico e, por conseguinte, demanda deste a necessidade de institucionalização e

de legitimação. Tal interpretação estabelece a ordem institucional como o elemento de análise

para entendimento do universo simbólico. Para o desenvolvimento deste estudo, vale ressalvar

que Berger e Luckmann (2008) estabelecem dois planos de ordem institucional: primeira

ordem e segunda ordem. No primeiro plano (primeira ordem) encontram-se as objetivações

decorrentes das ações desempenhadas de forma corriqueira e que não demandam do indivíduo

a necessidade de verificar a sua razoabilidade para ser incorporada, pois as interpreta como

evidentes. No entanto, nas do segundo plano (segunda ordem), as objetivações precisam se

apresentar factíveis e razoáveis para serem incorporadas pelo indivíduo. Este estudo tem

como objeto de atenção as objetivações de segunda ordem que necessitam de um corpo

teórico que embase a ordem institucional.

A abordagem de ordem institucional de Berger e Luckmann (2008) se aproxima da

proposição de campo apresentada por Bourdieu (1995). Para este autor, o campo é um

segmento relativamente autônomo do arranjo social maior, tal como o campo econômico e o

campo religioso, entre outros. No entanto, cada campo social - condição que incorpora o

campo científico - possui regras e padrões próprios de conduta, desencadeando assim relações

peculiares de força e de luta de interesses. Nesse sentido, Bourdieu (1991) considera o campo

um sistema objetivo de relações regido por nexos de poder pautados pela distribuição de

capital político e científico, em grande parte, decorrente de disputas precedentes. Nesses

termos, observa-se à aproximação destas proposições com a abordagem de Berger e

Luckmann (2008) que posiciona a ordem institucional como um processo histórico da

sociedade vinculado aos processos de institucionalização e legitimação, que por sua vez

podem estar associados a disputas de supremacia.

Bourdieu (1991) propõe que a disputa política, que se desenvolve sobre a propriedade

científica, incorpora ainda a questão epistemológica do significado e da natureza das

descobertas científicas. Tal acepção configura o campo científico como uma arena de

disputas, na qual os cientistas pleiteiam o monopólio da autoridade e da competência

científica. Para Santos Júnior (2000) os consumidores/clientes do campo são os próprios

pares/concorrentes do produtor do conhecimento. Nesse contexto, temos a configuração da

importância do arranjo social que estrutura e sustenta o campo científico e a dependência

deste para com os demais campos científicos. A proposta de Berger e Luckmann (2008) para

a ordem institucional apresenta similaridades a este significado. Para os autores, a legitimação

de uma ordem institucional se insere em uma conjuntura de conflitos e competições cujos

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autores pleiteiam a prevalência de suas proposições. A abordagem de Berger e Luckmann

(2008) estabelece uma perspectiva indissociável entre o arranjo social e o indivíduo, pois

posiciona que sociedades distintas podem estabelecer confrontos de seus universos, de tal

forma que a sociedade vencedora impõe seu universo sobre a sociedade adversária, inserindo

assim as disputas na esfera das sociedades. No entanto, os autores também afirmam que os

papéis desempenhados pelos atores representam a própria ordem institucional. Assim, apesar

das disputas ocorrerem no âmbito dos arranjos sociais, ela se desenvolve por meio dos papéis

desempenhados pelos atores no arranjo social. Berger e Luckmann (2008) asseveram a

importância do papel do ator na disputa, ao afirmarem que o êxito do universo simbólico está

mais dependente do poder de seus legitimadores do que da plausibilidade intrínseca da teoria

apresentada, isto, obviamente, em uma situação de paridade entre as partes.

Outro ponto de convergência, entre a abordagem de Berger e Luckmann (2008) e a

ARS, pode ser observado na afirmação de Wasserman e Faust (1994) que indica a adequação

desta técnica na busca de grupos de autores coesos caracterizados pela força, intensidade e

frequência do relacionamento. Nesse sentido, Marteleto (2001) expande as relações ao

apontar esta técnica como adequada ao entendimento da influência da estrutura social no

comportamento e nas opiniões dos indivíduos. Para a autora, a ARS revela ainda as relações

dos indivíduos por meio dos sistemas de interações que se estabelece no interior do grupo

social. Adicionalmente, Meneghelli (2009) afirma que os recursos matemáticos empregados

na ARS se destinam a medir as relações, os laços e as interações sociais que estruturam a rede

social, retomando as afirmações de Wasserman e Faust (1994). Tal contexto, na abordagem

de Berger e Luckmann (2008), posiciona a ARS como um componente passível de utilização

para identificar os atores e seus respectivos papéis nos processos de institucionalização e

legitimação do conhecimento. Vale destacar que para os autores as ações de um indivíduo e

de outros que compõem uma rede de socialização de forma tipificada possibilitam originar

uma ordem institucional.

Outras vertentes a se considerarem como técnicas nos estudos de sociologia do

conhecimento são bibliometria e cienciometria. Estas técnicas partem de um denominador

comum que é a frequência de ocorrência de aspectos importantes da produção científica. Ao

longo dos anos, os pesquisadores da técnica da bibliometria foram observando padrões de

comportamento que possibilitavam o estabelecimento de Leis, que demonstravam aspectos de

determinadas áreas do conhecimento.

A cienciometria é apresentada por Spinak (1996), como uma disciplina do

conhecimento voltada ao entendimento da estrutura e das propriedades da informação

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científica, de forma a projetar, por meio de indicadores quantitativos, o crescimento de

determinado ramo do conhecimento. Para efeito deste estudo, a cienciometria se distingue da

bibliometria por estabelecer como objeto de estudo: disciplinas, assunto, área e campos

científicos e tecnológicos, patentes, dissertações e teses, ao passo que, a bibliometria

estabelece como objeto de estudo: livros, documentos, revistas, artigos, autores e usuários.

A utilização da bibliometria e da cienciometria apresenta-se particularmente útil aos

estudos da sociologia do conhecimento, no tocante a identificar os papéis desempenhados

pelos atores de um arranjo social (rede social). Para Berger e Luckmann (2008), a atuação de

atores junto ao acervo objetivado de conhecimentos está estruturada segundo o papel de

atuação na rede social. Os papéis protagonizados pelos indivíduos estabelecem a tipologia

necessária à institucionalização da conduta, pois as instituições apropriam-se da experiência

do indivíduo, por meio dos papéis que estes desempenham. Dentre os papéis desempenhados

em uma instituição, o de mediador do acervo comum de conhecimento de setores específicos

se destaca por tornar-se administrador do cabedal do conhecimento que lhe foi socialmente

atribuído. Tal posição, tem importância por ser o referencial ao qual a sociedade irá recorrer

quando da necessidade de entender um conhecimento específico da área. A relação dos papéis

desempenhados e o conhecimento configuram-se como fundamentais tanto na perspectiva de

representação da ordem institucional - mediando conjuntos de conhecimentos

institucionalmente objetivados - quanto na qual cada papel é veículo de um determinado

conhecimento.

A abordagem de Berger e Luckmann (2008) se beneficia dos estudos de bibliometria e

de cienciometria na medida em que estes, ao apontarem os principais autores de um campo

científico, também estão expressando de forma análoga, os autores que ocupam o papel de

mediador do acervo comum de conhecimento que, conforme já abordado, representam a

própria ordem institucional. Estas técnicas não revelam em si o conhecimento, mas sim os

autores que conformam a ordem institucional e que possibilitam a continuidade das

instituições por meio do desenvolvimento de suas experiências reais. Para os autores, os

papéis são responsáveis por integrar as diversas instituições, estabelecendo um universo

simbólico dotado de sentido. Estabelece, assim, a condição de aparelho legitimador da

sociedade.

A concepção da ciência como instituição social desperta o interesse em diagnosticar a

dinâmica social que estrutura a comunidade científica. Sob as análises desenvolvidas nesta

esfera de interesse, destacam-se os estudos desenvolvidos por Merton (1968; 1988) que,

dentre muitas contribuições apresentadas, propõe o Efeito Mateus. O Efeito Mateus se insere

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na discussão de valores da ciência. Para o entendimento do Efeito Mateus torna-se necessário

a elaboração de um pequeno preâmbulo que destaca a importância atribuída por Merton

(1957) à originalidade e à sua respectiva posição como valor soberano da ciência, sobretudo

por configurar seu próprio avanço. Tal contexto revela um ponto de interesse dos cientistas, o

sistema de reconhecimento e recompensas, sejam estas materiais ou simbólicas. Para o autor o

sistema de recompensas e de reconhecimento da ciência se constitui em uma instituição

social, e se por um lado resguarda a primazia sobre a originalidade, por outro demanda a

necessidade de universalização do conhecimento, para possibilitar a sua validade e a sua

legitimidade. Assim, tanto a propriedade científica como o sistema de recompensas decorrem

das relações interativas dos cientistas que resultaram no reconhecimento social do

conhecimento. Sob esse aspecto o conhecimento é disponibilizado ao público que tem livre

utilização sobre o mesmo (MERTON, 1988). Quanto mais o conhecimento for utilizado por

outros cientistas, mais os pares reconhecem a contribuição proporcionada pelo trabalho

realizado, afirmando assim a propriedade intelectual. Para Berger e Luckmann (2008),

somente com o processo de universalização do conhecimento se constrói as bases que

potencializam os processos de institucionalização e legitimação do conhecimento. Envolve

nesse processo a legitimação da própria ordem institucional e, em última estância, do universo

simbólico. Apesar do enfoque de Merton (1957; 1988) se voltar para o sistema de

recompensas o de Berger e Luckmann (2008) para a institucionalização da ordem

institucional, observa-se similaridade entre as abordagens destes autores, na ênfase a

socialização do conhecimento.

Segundo Merton (1968; 1988), o Efeito Mateus decorre do sistema de reconhecimento

de valores e de recompensas que moldam as posições sociais dos cientistas no campo

científico, com reflexos no próprio sistema de comunicação. O Efeito Mateus consiste na

atribuição desproporcional de reconhecimento para os cientistas com algum grau de reputação

no campo científico em relação a aqueles que ainda não alcançaram tal patamar. Tal

perspectiva se enquadra na máxima do senso comum: “mais para quem tem mais, menos para

quem tem menos”. Para o autor, esse efeito envolve o padrão de atribuição de crédito do

trabalho científico comumente observável nos casos de coautoria (colaboração de trabalhos) e

de comunicação simultânea de estudos similares, desenvolvidos de forma independentemente

entre si. Nestas situações, de forma injustificada, o campo científico reconhece e valoriza os

cientistas que desfrutam de maior prestígio no campo científico, proporcionando a estes uma

vantagem acumulativa de oportunidades, recompensas simbólicas e materiais e, em alguns

casos, envolvendo até as instituições que os pesquisadores possuem vínculos.

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Apesar da possibilidade da discussão dos aspectos éticos desta dinâmica do campo

científico, o Efeito Mateus atua de forma a dar maior visibilidade para os autores de destaque

de uma determinada ordem institucional, reforçando assim a proposição de Berger e

Luckmann (2008) da importância do papel dos especialistas. Tal dinâmica social em parte é

justificada por Berger e Luckmann (2008) ao afirmarem que os papéis desempenhados pelos

autores representam a própria ordem institucional. Nesta perspectiva, uma maior atribuição de

reconhecimento aos autores mais conhecidos - ação esta desenvolvida pelos seus pares - tem a

finalidade de reforçar a própria institucionalização da ordem institucional pelo grupo social

que a suporta. Reforçando o propósito desta seção, vale destacar que as técnicas de ARS, de

bibliometria, de cienciometria, de data mining, entre outras, se apresentam como adequadas

para o entendimento dos contornos de determinada ordem institucional ou campo científico.

Como limitação da análise cienciométrica, identificam-se aspectos operacionais

relacionados à confiabilidade, a completude da base de dados e as possíveis restrições

associadas aos procedimentos quantitativos. Em suas pesquisas, Merton (1988) apontou a

obliteração e as citações parciais, como fenômenos que podem interferir nos estudos

cienciométricos e por abrangência nos de ARS.

A obliteração se relaciona a incorporação de ideias, métodos ou achados ao contexto

de conhecimento aceito e difundido em um campo, relegando a fonte original à condição de

conhecimento tácito, ou seja, senso comum, e como tal desobrigado de ser citada a autoria

(MERTON, 1988). Este procedimento estabelece a tendência dos estudos citarem a literatura

mais recente em detrimento das fontes originais, estabelecendo lacunas de reconhecimento da

ciência. Segundo Merton (1988), tal prática possibilita que obras e autores de maior

relevância em um campo científico sejam menos citados ao longo do tempo, comprometendo

assim as análises de citação. Como alternativa metodológica à análise histórica da citação,

Garfield (2004) propõe utilizar algoritmos para rastrear a cronologia das relações de citação,

estabelecendo assim o seu histórico e a sua genealogia. Vale destacar que a aplicação de

algoritmos nas pesquisas em banco de dados é uma técnica comum do data mining.

Adicionalmente, Guarido-Filho (2008) aponta que pesquisas longitudinais de citação e o

mapeamento genealógico das ideias comuns da cienciometria possuem potencial emprego na

análise dos fenômenos ligados a obliteração.

Analisando os efeitos da obliteração, e a possibilidade de ocorrência deste fenômeno,

se estabelece o questionamento a respeito da efetividade dos estudos que envolvem medidas

de impacto de artigos e periódicos, ou seja, uma possível contradição entre obliteração e

medida de impacto. Sob esse aspecto Guarido-Filho (2008), recorrendo a Mane e Borner

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(2004), reflete que os trabalhos mais citados são aqueles de maior impacto, e que o longo

prazo envolvido no processo de análise, aceite e publicação de um artigo científico tende a

minimizar ou até anular os efeitos da obliteração. Sob esta perspectiva torna-se interessante

resgatar as reflexões de Merton (1988) e Hopcroft et al., (2004), de que apenas um reduzido

número de artigos é efetivamente citado de forma significativa nas obras de uma área,

estabelecendo-se assim uma estrutura central. Estas reflexões estabelecem o questionamento

da real influência da obliteração no sistema de citação de uma área.

Com relação às citações parciais, retornamos ao conceito do Efeito Mateus, por se

observar, conforme aponta Merton (1995), a atribuição de maior mérito para o autor que não é

necessariamente o efetivo responsável pelo trabalho. Tal conduta, por desconsiderar as

características formais de autoria, pode impactar em desvios ou perda de informação,

comprometendo as análises cienciométricas. Para Bourdieu (2006), o campo científico possui

assimetrias que influenciam a distribuição desigual de recursos e de poder, favorecendo a

aqueles que detém o conhecimento legitimado. Neste contexto, as citações parciais estão mais

ligadas às relações de poder exercida pelos autores que se destacam em determinada área, do

que a outras possíveis causas. Vale destacar que, para Bourdieu (2006), o campo científico se

configura como um campo de embates dos cientistas na busca do monopólio da autoridade e

da competência científica. As análises contributivas de Merton (1988, 1995) demonstram a

importância e as limitações do sistema de autoria e de citação da produção científica, que

devem ser consideradas, quando do desenvolvimento de estudos cienciométricos. Para o

autor, tal cenário não limita a utilização desta técnica no contexto de pesquisas contributivas

para a sociologia do conhecimento.

Berger e Luckmann (2008) envolvem esta questão no contexto dos papéis. Para os

autores, todo conjunto social possui o papel do mediador do acervo comum de conhecimento

e, nesta condição, é habitual que haja um fluxo maior de importância para este papel.

Adicionalmente, posicionam que a sociedade reconhece tanto o conhecimento como

legitimado quanto os especialistas responsáveis pela manutenção deste universo simbólico,

por meio da ordem institucional (campo científico). Dentro do contexto, dos embates que

envolvem a manutenção do universo simbólico, os autores apontam os mecanismos

conceituais de terapêutica e de aniquilação como recursos habitualmente utilizados na

conservação do universo simbólico.

A terapêutica se aplica para evitar que os indivíduos pertencentes a um universo

simbólico se desloquem para outro. Quando se identifica no interior do universo simbólico

desvios de definições, que ameaçam a manutenção do conhecimento legitimado, acende um

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mecanismo conceitual para explicar esses desvios e manter a realidade que está ameaçada. O

corpo de conhecimento desenvolvido neste processo, pelo especialista, exercerá efeito

terapêutico nos componentes dissidentes, assegurando o pertencimento destes no universo

simbólico (BERGER; LUCKMANN, 2008).

A aniquilação utiliza o mecanismo conceitual para liquidar tudo que se situa fora do

universo simbólico de uma sociedade, e por esta razão não sensível à terapêutica. A

aniquilação nega todo e qualquer fenômeno discordante ao universo simbólico, atribuindo a

este um contexto ontológico inferior, ou empregando definições próprias para explicar as

definições dissidentes. Nesta situação, as concepções dissidentes são transmutadas para a sutil

posição de reforço do universo simbólico, e não mais como desafiadoras.

A proposição da terapêutica e da aniquilação por Berger e Luckmann (2008)

contextualiza as disputas da ordem institucional (campo científico) como ações sociais, apesar

de serem travadas por indivíduos. Neste sentido, a maior atribuição de poder e

reconhecimento, via sistema de autoria e de citação da produção científica aos pesquisadores

mais proeminentes de uma ordem institucional, tem a função de garantir o conhecimento

legitimado da própria sociedade, justificando-se assim esta prática (BERGER; LUCKMANN,

2008).

Nesta perspectiva os estudos de bibliometria, cienciometria e ARS possuem validade

por possibilitarem identificar os autores responsáveis pelo cabedal de conhecimento de uma

ordem institucional. Adicionalmente, o emprego destas técnicas pode possibilitar identificar

os mecanismos conceituais de terapêutica e de aniquilação propostos pelos autores. Vale

destacar, que o núcleo da teoria da rede social consiste na análise da compatibilidade entre

liberdade individual e a imposição da conjuntura coletiva sobre o indivíduo. Segundo Martins

(2004), a conduta de um indivíduo está sob a influência das relações sociais que ele possui, no

entanto, apesar desta força coerciva, ele possui o arbítrio de realizar as escolhas que reflitam

seu interesse pessoal. Desta forma, os estudos de ARS auxiliam a identificar a atuação de

cientistas frente aos arranjos sociais a que pertence.

Segundo Van Raan (1997), a compreensão de processos e de estruturas cognitivas e

socio-organizacionais do campo científico (ordem institucional) e o seu respectivo

desenvolvimento aproximam os estudos bibliométricos e cienciométricos da sociologia do

conhecimento. Tal perspectiva fornece instrumental para estudar uma ordem institucional a

partir de técnicas de análise, tais como: citações; coautoria, co-citação ou co-ocorrência de

palavras – co-words. Recurso este utilizado para mapear o campo científico (ordem

institucional) e obter informações que possibilitem a compreensão de sua estrutura social e

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intelectual. Para Merton (1988), no meio científico a atribuição da autenticidade de

determinada colaboração para a construção do conhecimento está associada ao

reconhecimento compartilhado pelos pares. Condição esta, que determina a necessidade de

tornar público o conhecimento. Assim, para que o cientista reivindique a autoria de sua

colaboração é necessário que divulgue sua produção nos meios de comunicação acadêmicos,

especialmente nas publicações.

O exercício de relatar as citações e as referências expressa publicamente à propriedade

intelectual da fonte, possibilitando ao longo do tempo que as considerações expressas por esta

fonte sejam reconhecidas (GUARIDO-FILHO, 2008). Segundo Small (2004), quando os

cientistas adotam uma literatura como base de seus estudos, eles estão estabelecendo as

estruturas de suas comunidades. Ainda, segundo este autor, os cientistas estão envoltos no

contínuo processo de interpretar e adaptar os conhecimentos do campo científico, a partir do

conhecimento já institucionalizado e legitimado. Nesse sentido, Small (2004) e Cronin (2004)

explanam que ao realizar as citações, os autores estão declarando o entendimento das bases às

quais se atribuíram o reconhecimento e as recompensas do campo científico e não somente

construindo e atribuindo significado ao texto. Esse contexto reputa as citações e as

referências, tanto à condição de elemento indicativo de prestígio ao pesquisador quanto de

estruturação do agrupamento social que delineiam o campo científico (ordem institucional).

Dessa forma, retomamos a proposição da importância dos papéis (desempenhado pelos

pesquisadores de um agrupamento social) estabelecidos por Berger e Luckmann (2008) na

institucionalização e legitimação da ordem social.

O estudo desenvolvido por Newman (2001a), que aborda as redes de coautorias

evidenciou a constituição de redes na configuração de mundo pequeno (small-world). Nesse

estudo é possível observar que dois cientistas escolhidos ao acaso se distanciam entre si, por

um pequeno número de passos (curta distância geodésica, cerca de cinco ou seis passos), a

existência de clusters (as bases possuem um componente ou subconjunto, que comporta entre

50% e 80% dos autores, no geral as conexões advém de autores intermediários), e observou o

aumento da probabilidade de colaboração entre dois autores se estes participarem de uma

tríade (existir outro pesquisador colaborando com os dois autores). Adicionalmente, o estudo

revela que as áreas pesquisadas apresentaram comportamentos diferenciados de tamanho de

rede, formação de tríades e de clusters. Uma importante contribuição do estudo, desenvolvido

por Newman (2001a), foi identificar que a ciência funciona bem quando a comunidade de

pesquisadores é densamente conectada.

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Outro estudo a se destacar foi desenvolvido por Molina, Muñoz e Domenech (2002)

que pesquisaram a estrutura de coautorias a partir de três pesquisadores de diferentes áreas.

Este estudo possibilitou aos seus autores identificar que as redes de coautoria se configuram

como uma abordagem passível de se utilizar nos estudos de comunidades científicas e seus

colégios invisíveis. Os autores propõem inclusive ampliar esta abordagem para o estudo de

número de teses orientadas, participações em congressos, participação em grupos de pesquisa,

além de outras possibilidades.

Vale destacar o estudo de Mahlck e Persson (2000) que posiciona a

complementaridade das metodologias de ARS e bibliometria. A pesquisa destes autores

aponta, nos departamentos das instituições de pesquisa, a presença de poucos autores

respondendo por uma parcela significativa da produção no departamento, e que diferentes

grupos de pesquisa estavam se organizando em clusters. Observou-se ainda uma maior

cooperação entre os autores pertencentes aos clusters, e pouca colaboração entre os diferentes

grupos de pesquisa.

As metodologias de bibliometria, cienciometria e ARS se estabelecem como uma

técnica que possibilita levantar o mapa sociobibliométrico de determinado campo de

conhecimento (ordem institucional) no qual é possível desenvolver estudos que busquem

identificar o conhecimento legitimado. Esta abordagem incorpora ainda o data mining como

técnica estatística com significativa semelhança a bibliometria e a cienciometria. Desta forma,

torna-se possível identificar a rede social que atua em determinada ordem institucional, e que

suporta a institucionalização e a legitimação do conhecimento, conforme abordagem de

Berger e Luckmann (2008).

Um ponto a se destacar na abordagem de Berger e Luckmann (2008) é o de identificar

a linguagem como uma instituição fundamental da sociedade. Nos processos de legitimação, a

linguagem se constitui em elemento de elaboração e de disseminação do conhecimento. A

linguagem possibilita que o novo conhecimento estabelecido seja externalizado pelo

indivíduo produtor e, posteriormente, internalizado pelo mundo social, constituindo uma

ligação de reciprocidade entre as partes. Assim, é a linguagem que possibilita a objetivação de

novas experiências, que se integrarão ao estoque de conhecimento existente. A linguagem

permite as sedimentações coletivas de forma coerente, sem a necessidade de reconstrução do

processo original.

Na esfera da produção científica, o processo de transmissão do conhecimento

objetivado pela linguagem possui uma estrutura básica, com protocolo de tipificação, que

possibilita o compartilhamento do conhecimento. Nesse sentido, este estudo identificou 25

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normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) que tratam de assuntos

relacionados à institucionalização da linguagem envolvida na publicação científica, como

exemplo: a NBR 6022 Informação e documentação – Artigo em publicação periódica

científica impressa – Apresentação, NBR 6023 Informação e documentação – Referências –

Elaboração, NBR 6024 Informação e documentação – Numeração progressiva das seções de

um documento escrito – Apresentação, NBR 6028 Informação e documentação – Resumo –

Apresentação, NBR 6032 Abreviação de títulos de periódicos e publicações seriadas, NBR

6034 Informação e documentação – Índice – Apresentação, NBR 10520 Informação e

documentação – Citação em documentos – Apresentação, NBR 10719 Apresentação de

relatórios técnico-científicos e NBR 14724 Informação e documentação – Trabalhos

acadêmicos – Apresentação. Destarte, Curty e Boccato (2005) apontam a adequação de

consultar as seguintes normas durante a elaboração de um artigo científico: NBR 6022, NBR

6023, NBR 6024, NBR 6028, NBR 6032 e NBR 10520.

Na seção seguinte é apresentado o modelo conceitual de análise.

2.7 MODELO CONCEITUAL DE ANÁLISE

Os artigos científicos e as teses e dissertações se configuram como linguagem que

expressa à objetivação de descobertas científicas e que compõe o processo de legitimação do

conhecimento científico. Os artigos científicos, as teses e as dissertações estão subjugados ao

aparelho social que rege as relações de transmissor e receptor na esfera científica, e que atua

de forma coerciva evitando desvios. Portanto, os estudos realizados em artigos, teses e

dissertações se configuram por utilizarem como base de pesquisa a linguagem, por

conseguinte, uma instituição que por ser amplamente aceita e possuir histórico de aceitação

por várias gerações se configura como legitimada, segundo a perspectiva de Berger e

Luckmann (2008). Assim, as pesquisas que utilizam a ARS, a bibliometria, a cienciometria e

o data mining se amparam em uma base institucional e legitimada, assegurando

confiabilidade aos resultados obtidos e viabiliza-se, desta forma, a condução desta pesquisa

que se baseia em teses e dissertações e não em artigos científicos, como usualmente ocorre

nos estudos da área.

A perspectiva de identificar o estágio de desenvolvimento do corpo teórico da

sustentabilidade ambiental demanda deste trabalho a adoção de uma abordagem teórica que

contenha os elementos necessários para a interpretação dos processos de institucionalização e

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109

de legitimação do conhecimento. Nesse contexto, a perspectiva da institucionalização e

legitimação do conhecimento é identificada como resultante da interação social e se configura

como elemento nuclear deste trabalho.

A análise a se desenvolver neste estudo se apoia em um Modelo Conceitual que se

fundamenta na abordagem de Berger e Luckmann (2008) e que esta materializada na Figura

13. Este modelo expressa a abordagem dos autores e a interface com os seguintes conceitos. O

campo que envolve: Merton (1970), Bourdieu (1995). Os estudos bibliométricos que abarca

os seguintes autores King (1987), Pao (1989), McGrath (1989), Glanzel e Schoepflin (1993),

Macias-Chapula (1998), Wormell (1998), Vanti (2002), Tsay e Yang (2005) e Guedes e

Borschiver (2005). E a Análise de Redes Sociais – ARS segundo a abordagem de Wasserman

e Faust (1994), Freeman (1996), Watts (1999), Scott (2000), Marcon e Moinet (2000),

Newman (2001), Balestrin (2005), Hannesman (2008), Rossoni e Guarido-Filho (2009) e

Marteleto (2010).

A obra e a literatura que trata da abordagem de Berger e Luckmann (2008) não

apresenta uma representação esquemática do conceito da sociologia do conhecimento.

Aproveitando a lacuna, esta pesquisa propõe uma sinopse, por meio de um modelo conceitual

de análise, que incorpora ainda a interação com os conceitos referentes ao campo científico a

bibliometria e a ARS. As linhas pontilhadas em destaque apresentam o recorte da pesquisa

que esta fundamentada neste modelo, como mostra a representação gráfica na Figura 13.

Figura 13 – Interpretação e representação da abordagem de Berger e Luckmann (2008) associada com o

campo, com a bibliometria e com a análise de redes sociais.

Fonte: elaborado pelo autor a partir da obra de Berger e Luckmann (2008).

Objetivação

Objetividade Instituição

Institucionalização Legitimação Ordem

Institucional

Universo

Simbólico

Reificação

Campo

Científico

Bibliometria

e ARS

Linguagem

Papéis

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110

A representação gráfica da Figura 13 apresenta a sequência das etapas da sociologia

do conhecimento conforme a abordagem de Berger e Luckmann (2008). Os processos de

objetivação, institucionalização e legitimação envolvem a consolidação do conhecimento, que

por sua vez resultam na ordem institucional que tipifica as ações de um grupo social. A

objetivação é resultante da exteriorização da produção do homem que adquiri o caráter de

objetividade (exemplo: artigo científico, tese e dissertação). A institucionalização consiste no

compartilhamento, por um grupo social, de um conjunto de ideias, normas, valores e

sentimentos, estabelecendo assim uma instituição (exemplo: citação de um autor). A

legitimação consiste na transmissão do mundo institucional de uma geração a outra e envolve

a explicação e justificação e valores e conhecimento.

A ordem institucional se origina das ações de um indivíduo e de outros que compõem

um conjunto social de forma tipificada (exemplos de ordem institucional: a gestão ambiental,

a sustentabilidade, a teoria organizacional). A concepção do universo simbólico emana como

a matriz de todos os significados, socialmente objetivados e subjetivamente reais. O indivíduo

identifica a sua existência como pertencente a este universo, pois todas as situações da sua

vida cotidiana são abarcadas pelo universo simbólico. É onde ocorre a legitimação da ordem

institucional. A reificação ocorre quando a sociedade não se distingue mais como fonte de

criação de determinado conhecimento, atribui a sua origem a algo especial não passível de

alterações.

A linguagem assume a condição de base e instrumento do acervo coletivo do

conhecimento. A linguagem é que possibilita a objetivação (exemplo: artigo científico, tese e

dissertação). A atuação de atores junto ao acervo objetivado de conhecimentos, comum a uma

rede social, se desenvolve por meio dos papéis que exercem. As instituições apropriam-se da

experiência do indivíduo, por meio dos papéis que desempenham e que adicionalmente atuam

na função social de integrar as diversas instituições em um mundo dotado de sentido

assumindo assim a condição de aparelho legitimador da sociedade (exemplo: pesquisador,

autor de artigo científico). A bibliometria (e a cienciometria) e a análise de redes sociais

atuam como ferramentas na estrutura da sociologia do conhecimento para identificar os

pesquisadores (que ocupam papéis) por meio de suas publicações (linguagem que possibilita a

objetivação) possibilitando assim o levantamento do campo científico. Campo científico que

resulta da institucionalização e legitimação do conhecimento estabelecendo a ordem

institucional.

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111

Este estudo estabelece como foco de atenção a construção do conhecimento resultante

da atividade científica do meio acadêmico. Conhecimento este, normalmente objetivado por

meio de publicações acadêmicas que possuem os artigos como elementos de maior destaque.

Apesar de prevalecerem os estudos baseados em artigos, esta pesquisa estabelece como

unidade de análise a produção acadêmica expressa nas teses e dissertações da área de

administração. Vale destacar que muito do conhecimento resultante do processo de

elaboração das teses e dissertações é posteriormente divulgado na forma de artigo científico.

Apesar do entendimento de que o conhecimento se origina da ação do indivíduo, este

fenômeno epistemológico não é objeto de atenção deste estudo. Nesses termos, este estudo se

estrutura no entendimento, que a construção do conhecimento é um processo contínuo que

envolve a dinâmica epistêmica e a social. Tal posicionamento configura a ciência como um

fenômeno social e o conhecimento produzido, como fruto de arranjos sociais que se

estabelecem em torno de um interesse comum, e passível de ser explicado socialmente.

O estudo da socialização do conhecimento, nesta pesquisa, se caracteriza pela

investigação das interações sociais no processo de construção do conhecimento expressa pela

sua institucionalização e legitimação. A interpretação do conhecimento como um fenômeno

social e, por conseguinte o conhecimento científico se identifica como um pressuposto deste

trabalho. A proposição da sociologia do conhecimento de Berger e Luckmann (2008) vai ao

encontro desta perspectiva.

Dessa forma, o mapeamento das redes sociais de pesquisadores e os papéis que estes

ocupam tornam-se o núcleo e o objeto para o reconhecimento da ordem institucional (campo

científico) de pesquisa para identificar o conhecimento legitimado. Freeman (1996) e

Hannesman (2008) apontam que os estudos iniciais de ARS desenvolvidos por Moreno

demonstravam como as pessoas pertencentes a um grupo se conectavam, identificando ainda a

eventual posição de centralidade de um dos membros em relação aos demais. Estes estudos se

apoiavam nas formas gráficas para a compreensão da estrutura grupal, também conhecidos

como sociogramas. Conforme aponta Meneses e Sarriera (2005), a ARS possibilita identificar

as interações, as inter-relações dos nós da rede e os vínculos estabelecidos entre os atores. Tal

propriedade corrobora com os estudos da sociologia do conhecimento na medida em que

possibilita revelar os papéis desempenhados pelos atores. A proposição de Cross, Parker e

Borgatti (2000) também estabelece uma tangência entre a ARS e a sociologia do

conhecimento. Para estes autores, a ARS é um instrumento que além de favorecer o estudo de

relacionamentos contributivos ao compartilhamento da informação e do conhecimento,

estabelece indicadores que demonstram o fortalecimento da cooperação resultante dos

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112

relacionamentos. Tal proposição se insere no contexto de identificação dos protagonistas dos

processos de institucionalização e legitimação do conhecimento abordado por Berger e

Luckmann (2008). Nesse sentido, o presente estudo, ao verificar a formação das redes

estabelecidas a partir da participação em bancas de defesa de teses e de dissertações, se ajusta

também a proposição dos autores (MOLINA; MUÑOZ; DOMENECH, 2002).

O desenvolvimento das duas últimas seções mostrou-se bastante desafiador e

motivador, caracterizando-se pelas constantes reflexões integradoras dos termos abordados.

Reflexões estas com potencial de continuar a influir no desenvolvimento de pesquisas futuras.

Vale destacar, que as possibilidades estabelecidas pelos temas são muito amplas o que

inviabiliza o entendimento de um estágio em que se esgotem todas as configurações

envolvidas. Tal cenário estabelece a condição de um tema ainda não esgotado, mas com

potencial de evolução em pesquisas futuras.

Este capítulo estabeleceu um corpo teórico e um modelo de interpretação do campo

científico desenvolvido a partir da abordagem de Berger e Luckmann (2008) que incorpora a

bibliometria, a cienciometria, o data mining e a análise de redes sociais. Este corpo teórico

apoiou a discussão dos dados da pesquisa e que são apresentados no capítulo seguinte.

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113

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Este capítulo apresenta os procedimentos metodológicos no contexto das estratégias de

pesquisa, nos métodos e nas técnicas a serem empregados e no atendimento do objetivo geral

deste estudo que é analisar a contribuição do Stricto Sensu em administração na legitimação

do conhecimento em sustentabilidade ambiental e as características principais dos agentes

envolvidos.

As seções que se seguem detalham os métodos e técnicas adotados, que viabilizaram o

presente trabalho. Inicialmente se discute o delineamento e os pressupostos da pesquisa.

Descreve-se depois a pesquisa a ser desenvolvida, indicando a abordagem quantitativa que se

configura como principal linha de investigação e a abordagem qualitativa estabelecida em

decorrência da utilização da análise de redes sociais.

3.1 DELINEAMENTO E PRESSUPOSTOS DA PESQUISA

A natureza do conhecimento é objeto de estudo de diferentes disciplinas. Dentre as

abordagens do tema se destacam as realizadas pela Filosofia, Sociologia, Psicologia,

Economia e Educação. A Administração passou a incorporar a temática do conhecimento em

seu campo de estudo, com teorias que abordam cultura organizacional, processo de mudança,

gestão estratégica, desenvolvimento de competências, entre outros tópicos. Nesse contexto a

vertente da sociologia do conhecimento será utilizada para o desenvolvimento deste estudo,

no entanto, estabelecendo adjacências com o campo de conhecimento da administração que

contém a área de concentração que suporta esta pesquisa.

A pesquisa se pauta nas atividades resultantes do processo de desenvolvimento das

teses e dissertações pelos pesquisadores junto a seus orientadores, assumindo assim a

condição de pesquisa compartilhada pelas partes. Sob este aspecto, tanto o orientado, quanto o

orientador atuam na definição da teoria básica que sustentara a pesquisa, estabelecendo o

arcabouço teórico e os autores de referência. A análise das teses e dissertações possibilita

desta forma, identificar o posicionamento do orientado e do orientador com relação ao

referencial teórico utilizado no estudo. Este enquadramento possibilita o desenvolvimento

desta pesquisa que investiga a sustentabilidade ambiental a partir da análise dos trabalhos que

expressam a pesquisa desenvolvida.

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114

Esta pesquisa se desenvolve em um continuo processo de investigação, que apresenta

diferentes abordagens metodológicas intrinsecamente complementares, com predomínio de

técnicas quantitativas, mas que, no entanto possui a análise de redes sociais que se estabelece

como quantitativa e qualitativa. Esta diversidade metodológica se faz necessária tanto para o

atendimento do objetivo geral, que se caracteriza pela amplitude da abordagem, quanto aos

objetivos específicos, componentes necessários ao desenvolvimento do estudo. Os estudos

que combinam diferentes métodos são denominados como abordagem de métodos mistos por

Creswell (2007). O autor destaca que este procedimento se ajusta a necessidade do

pesquisador trabalhar com dados e análises complexas. A distinção entre as pesquisas

quantitativa e qualitativa nem sempre se apresenta de forma clara, como observam Easterby-

Smith et al. (1999).

Frente à abrangência da pesquisa emana a determinação de realizar a classificação dos

seus objetivos. Selltiz et al. (1987) classificam os objetivos das pesquisas em três grupos:

estudos exploratórios, estudos descritivos e estudos que verificam hipóteses causais, estes

também denominados como estudos explicativos por Gil (2008). Nesse contexto, a pesquisa

se classifica como descritiva. O objetivo principal se caracteriza como uma pesquisa baseada

na análise de documentos - teses e dissertações da sustentabilidade ambiental - voltada a

estabelecer uma aproximação inicial sobre a legitimação do conhecimento neste campo

científico. No âmbito dos objetivos específicos a pesquisa se caracteriza pela observação,

análise, classificação e interpretação dos dados, que possibilitam o desenvolvimento do

objetivo principal.

Os objetivos específicos desta pesquisa possuem técnicas de pesquisa que se ajustam

ao desafio estabelecido. A conclusão de uma fase da pesquisa fornece os subsídios

necessários, tanto para responder a pergunta proposta pelo objetivo quanto auxiliar o

desenvolvimento da etapa seguinte. Tal configuração estabelece uma coesão de

encadeamento, tanto dos objetivos específicos propostos, quanto das técnicas utilizadas na

pesquisa, resultando em uma estrutura harmônica e robusta. Assim, o delineamento da

pesquisa, apresenta os objetivos propostos com as técnicas empregadas. A Figura 14

apresenta a relação das técnicas utilizadas para o atendimento de cada um dos objetivos

específicos.

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115

Figura 14 - Relação dos objetivos e respectivas técnicas de pesquisa

Fonte: Próprio autor

Para Creswell (2007), uma maneira de distinguir entre os diferentes enfoques -

quantitativo, qualitativo ou misto - é pela adequação das estratégias de investigação, que por

sua vez, possuem inúmeras técnicas que podem ser utilizadas separadamente, ou juntas,

assumindo assim uma perspectiva mista. O processo de consubstanciar a técnica quantitativa e

qualitativa em uma mesma pesquisa é apontado como tendência nas investigações sociais,

frente à possibilidade de somar as vantagens de cada uma das técnicas. Sampieri et al. (2006)

mostram que a combinação das técnicas quantitativa e qualitativa favorece o desenvolvimento

do conhecimento e a elaboração de teorias. Adicionalmente, Creswell (2007) aponta a

adequação do método misto para as pesquisas envolvidas na necessidade tanto de explorar

quanto de explicar os fenômenos em estudo. Para efeito de desenvolvimento desta pesquisa se

faz necessária à utilização do método misto, por demandar inicialmente o entendimento da

construção do campo para na sequência o conhecimento legitimado.

Dentre as estratégias passíveis de utilização, este estudo adota uma combinação de

estratégias a exploratória sequencial e a aninhada concomitante. Esta combinação de

estratégias se faz necessário, pois há três etapas sequências de investigação quantitativa, no

entanto a etapa central possui de forma aninhada uma investigação qualitativa. Segundo

Creswell (2007) a estratégia aninhada concomitante é adequada para os casos em que a coleta

dos dados quantitativos e qualitativos se processa de forma simultânea. Nesta pesquisa a

simultaneidade de coleta e análise de dados ocorre quando se aplica a análise de redes sociais.

Data Mining

Análise de Redes Sociais

Data Mining

a) Identificar o perfil dos professores orientadores e das IESs

que desenvolveram pesquisas em sustentabilidade ambiental

no Stricto Sensu em administração por meio das teses e

dissertações apresentadas.

b) Identificar a existência de uma rede social de colaboração, e a

centralidade dos principais atores, em sustentabilidade ambiental no

Stricto Sensu originária da composição dos orientadores e membros

convidados das bancas de avaliação de teses e dissertações.

c) Identificar se as teses e dissertações em sustentabilidade ambiental

compartilham uma base comum de citações que possibilite a identificação do

processo de legitimação do conhecimento deste campo científico.

O objetivo geral do estudo é analisar a contribuição do Stricto Sensu em administração na

legitimação do conhecimento em sustentabilidade ambiental e as características principais dos

agentes envolvidos.

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116

A Figura 15 apresenta a estratégia de pesquisa que combina as estratégias exploratória

sequencial e a aninhada de forma concomitante.

Figura 15 - Estratégia de pesquisa explanatória sequencial

Fonte: adaptado de Creswell, 2007, pg. 216

Este pesquisa utilizará duas técnicas: o Data Mining, a Análise de Redes Sociais –

ARS, e novamente o data Mining. Na abordagem quantitativa a técnica utilizada é o Data

Mining. Conforme abordado por Meneses e Sarriera (2005), a Análise de Redes Sociais –

ARS possui tanto um contorno qualitativo na observação da estrutura das redes quanto

quantitativo na descrição das funções implícitas da rede social e caracterização dos vínculos

que a moldam. Neste estudo, a ARS se posiciona entre os estudos quantitativos e se

estabelece como elemento de transição e integração.

Creswell (2007) indica a adequação de se apresentar o modelo gráfico da estratégia do

projeto de pesquisa a se desenvolver. Diante deste cenário, a Figura 16 apresenta de forma

gráfica o encadeamento das etapas a serem realizadas nesta pesquisa.

Coleta de

dados

Quantitativos

Análise de

dados

Quantitativos

Coleta de

dados

Qualitativos

e

Quantitativo

s s

Análise de

dados

Qualitativos

e

Quantitativo

s Interpretação de

toda a análise

QUANTITATIVO QUANTITATIVO

QUANTITATIVO

QUALITATIVO

Coleta de

dados

Quantitativos

Análise de

dados

Quantitativos

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117

Figura 16 - Encadeamento das etapas desenvolvidas nesta pesquisa.

Fonte: Próprio autor (2012).

A primeira fase quantitativa desta pesquisa se insere dentro do projeto: os desafios do

ensino de inovação e sustentabilidade no Brasil: avaliação e proposição de ações para a

capacitação docente. Projeto este, financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de

Pessoal de Nível Superior – CAPES, por intermédio do programa de apoio ao ensino e à

pesquisa científica em administração - edital Pró-administração 09/2008 (CAMPANÁRIO,

2008). Tal construção de pesquisa se enquadra dentro do objetivo estabelecido no projeto do

Pró-administração:

O objetivo geral da presente proposta é subsidiar o desenvolvimento das

capacitações docentes para o ensino de pós-graduação e graduação em

administração, com foco na área de gestão disciplinar em “inovação”, por

meio da formação de uma rede de instituições com competência relevante no

Desenvolver ARS

Funções e vínculos

Análise dos dados

qualitativos Levantamento

dos dados

Definição do

sujeito de

pesquisa

Início da pesquisa

qualitativa: análise

de conteúdo

Integração dos dados

quantitativos com os

qualitativos

Conclusões, limitações

e propostas de estudos

futuros Fim

Análise dos dados

quantitativos

Desenvolver ARS

Estruturas

Pesquisa Quantitativa

Pesquisa Quantitativa

Início da

pesquisa

quantitativa de

pesquisadores

e IESs

Grupo de pesquisadores extraído

do banco de dados de teses e

dissertações da CAPES

Banco de dados

do Pró-

administração

Universo de pesquisa:

teses e dissertações da

dimensão ambiental

da sustentabilidade

Levantamento dos dados de

interesse: características do

orientador e da IES.

Verificação dos dados de

interesse da pesquisa

Início da

pesquisa

quantitativa

Referências das

teses e

dissertações

Levantamento dos dados nas

referências das teses e

dissertações em

sustentabilidade ambiental

Integração dos

dados

Análise dos dados

quantitativos

Pesquisas

Quantitativa

e Qualitativa

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118

tema e com capacidade de multiplicar no Brasil os conhecimentos

alcançados. [...]

Como consequência deste objetivo decorre as atividades de mapeamento das

demandas das empresas e da sociedade por esta capacitação de gestão em

contraste com as ofertas dos cursos de graduação e pós-graduação de IES

brasileiras, buscando identificar inconsistências e propor medidas que

contribuam para a capacitação docente e o incremento de qualidade do

ensino da inovação e sustentabilidade nos cursos de graduação e pós-

graduação em Administração. (CAMPANÁRIO, 2008).

Parte dos dados originados no banco de dados desenvolvido dentro do projeto Pró-

administração foi analisada estatisticamente, em um primeiro momento. Esta análise

possibilitou a estratificação dos dados de interesse desta pesquisa, atendendo parcialmente ao

objetivo geral por meio de objetivos específicos estabelecidos. Em um segundo momento se

desenvolverá o restante da pesquisa quantitativa em documentos delineados pela pesquisa.

O detalhamento dos procedimentos metodológicos das etapas desta pesquisa é

apresentado nas próximas seções.

3.2 ABORDAGEM QUANTITATIVA DOS PESQUISADORES E IESs

Para atingir o objetivo específico de identificar o perfil dos professores orientadores e

das IESs que desenvolveram pesquisas em sustentabilidade ambiental no Stricto Sensu em

administração por meio das teses e dissertações apresentadas se utiliza a técnica de data

mining.

A pesquisa quantitativa vem da tradição das ciências naturais, cujas variáveis

observadas são poucas, objetivas e medidas em escalas numéricas. Para Richardson (1999), a

pesquisa quantitativa caracteriza-se pela quantificação da coleta de informações, e pelo

emprego de técnicas estatísticas no tratamento dos dados, de forma independente à sua

complexidade.

Dentre os recursos estatísticos disponíveis optou-se pela adoção do data mining

(mineração ou garimpagem de dados) que é uma técnica utilizada para a realização do

Knowledge Discovery in Databases – KDD (Descoberta de Conhecimento em base de dados).

Fayyad et al. (1996) apontam o processo KDD como um eficiente recurso para a obtenção de

conhecimento em base de dados, no qual o data mining se caracteriza como a sua principal

etapa. O autor apresenta a definição de data mining mais empregada na literatura “o processo

não-trivial de identificar, em dados, padrões válidos, novos, potencialmente úteis e

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119

ultimamente compreensíveis.” (FAYYAD, 1996, p. 4). Segundo o autor, o termo data mining

é comumente utilizado por estatísticos, analistas de dados e pela comunidade de MIS

(Management Information Systems), enquanto o KDD é utilizado pelos pesquisadores que

estudam Inteligência Artificial e Machine Learning.

Várias etapas compõem o data mining, que por sua vez se inicia na seleção das bases

de dados sobre as quais será realizado o processamento, até a comunicação do conhecimento

gerado pelo pesquisador. Tipificando o processo pode-se classificar o conjunto de etapas

envolvidas em três grandes grupos: pré-processamento, aplicação de um algoritmo de data

mining e pós-processamento (MICHALSKI; KAUFMAN, 1999).

A construção do banco de dados do Pró-administração seguiu o sequenciamento típico

das etapas para a construção de um banco de dados que será submetido ao data mining,

conforme a proposição de Fayyad et al. (1996) mostrado, na Figura 17.

Figura 17 - Passos do processo de KDD.

Fonte: Adaptado de Fayyad et al. (1996).

O primeiro passo do processo consiste em gerar os dados que serão utilizados na

pesquisa, que para efeito deste estudo se incidiu na construção de um banco de dados com as

teses e dissertações defendidas em administração no período de 1998 a 2009. Este banco de

dados possibilitou a análises do campo científico e a compreensão do desenvolvimento de

conhecimento na área.

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120

O Pró-administração assenta suas pesquisas nos dados no portal da CAPES (2011b). A

opção de utilizar o portal da CAPES (2011b) como a principal base de obtenção dos dados se

justifica, tanto por ser uma fonte de fácil acesso aos interessados, quanto de qualidade crível,

haja vista que é disponibilizada pela agência oficial de informação de pessoal de nível

superior.

O portal da CAPES (2010d) apresenta todos os programas de Stricto Sensu aprovados e

recomendados. Sendo que destes, o objeto de levantamento segue a seguinte classificação: i) a

grande área de avaliação - é a de Ciências Sociais aplicadas; ii) a área de avaliação - é a de

Administração (Administração, Ciências Contábeis e Turismo); e III) das Instituições de

Ensino Superior – IESs disponíveis - coletou-se os dados dos cursos ofertados na área de

Administração e Gestão com suas respectivas variáveis. Nesse sentido, os dados de Ciências

Contábeis, Contabilidade e Turismo não foram coletados.

O levantamento de dados abarcou o desempenho das IESs no período de 1998 a 2009,

que por sua vez se constituem em quatro triênios de análise, conforme mostra a Quadro 8. O

levantamento se inicia a partir de 1998, data em que foram disponibilizados os dados pelo

portal e se encerra em 2009, que é justamente o ano que antecedeu o período de levantamento

dos dados.

Triênio Anos:

1º. 1998, 1999 e 2000

2º. 2001, 2002 e 2003

3º. 2004, 2005 e 2006

4º. 2007, 2008 e 2009

Quadro 8 - Relação dos anos em que o CAPES disponibiliza informações, divididos em triênios.

Fonte: Elaborado pelo autor com base nas informações disponibilizadas pela CAPES.

A CAPES disponibiliza as informações pertinentes às IESs posteriores ao processo de

recomendação e reconhecimento, desta forma, os dados contidos no banco de dados também

refletem esta condição. Os trabalhos realizados nas IESs anteriores à recomendação e

reconhecimento, apesar de possuírem potencial de pertencerem à área de interesse das

pesquisas desenvolvidas pelo Pró-administração, não foram incluídos no universo de

pesquisa, porque não estão disponíveis no site da CAPES. Vale destacar que até o mês de

outubro de 2012 os dados disponibilizados pela CAPES em seu portal contemplavam somente

até o ano de 2009, ou seja, não foram disponibilizados os cadernos dos anos de 2010 e 2011.

A coleta de dados envolveu um período de sete meses, que se iniciou em agosto de

2010 e se encerrou em fevereiro de 2011. A coleta de dados foi realizada por alguns dos

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121

pesquisadores do Grupo de Pesquisa do CNPQ, Gestão Social e Ambiental, da área de

sustentabilidade do Programa de Mestrado e Doutorado em Administração – PMDA da

Universidade Nove de Julho – UNINOVE, composto pelo professor orientador do programa,

dois alunos de doutorado, um aluno de mestrado e dois alunos de iniciação científica.

O primeiro passo foi obter as informações das instituições de Ensino Superior (IES)

que possuíam cursos recomendados e reconhecidos durante o período de levantamento de

1998 a 2009, disponíveis no portal do CAPES no ano de 2010 e nas páginas introdutórias do

portal da CAPES (2010c). Os cadernos de indicadores das IESs que perderam a

recomendação e o reconhecimento, em anos anteriores foram, retirados da área de cursos

recomendados do portal da CAPES. No entanto, a obtenção dos dados foi possível, acessando

os cadernos de indicadores via opção “Avaliação – caderno de indicadores” do portal do

CAPES. As IESs e a respectiva data da perda de recomendação e reconhecimento foram: a)

Mestrado Profissional em Gestão Empresarial da Fundação Getúlio Vargas FGV/RJ com

quatro dissertações entre 1999 e 2000; b) Mestrado em Administração da Universidade

Estadual do Ceará UECE com 24 dissertações entre 1999 e 2000; c) Mestrado em

Administração da Universidade Federal de Alagoas UFAL com 27 dissertações entre 1998 e

2000; d) Mestrado em Administração da Universidade Metodista de São Paulo UMESP com

37 dissertações entre 1998 e 2000; e) Mestrado Profissional em Administração da Faculdade

Cenecista de Varginha /MG FACECA (CNEC - Campanha Nacional de Escolas da

Comunidade - MG) com 60 dissertações entre 2002 e 2003; f) Mestrado Profissional em

Gestão de Políticas Públicas da Fundação Joaquim Nabuco/PE FJN com 16 dissertações entre

2002 e 2003; g) Mestrado em Administração da Universidade Cidade de São Paulo/SP

UNICID com 11 dissertações entre 2002 e 2003; h) Mestrado em Administração do Centro

Universitário de Franca (Faculdade de Ciências Econômicas Administrativas e Contábeis de

Franca) UniFACEF com 26 dissertações entre 2001 e 2003; i) Mestrado em Administração de

Empresas do Centro Universitário de Franca UniFACEF com 85 dissertações entre 2001 e

2003; e j) Mestrado em Administração do Centro Universitário Salesiano de São Paulo

UNISAL com 13 dissertações entre 2006 e 2008. Vale destacar que as IESs Centro

Universitário UNIEURO e a Universidade Católica de Santos UNISANTOS perderam a

recomendação e reconhecimento no ano de 2010. No entanto, seus dados foram obtidos em

condição normal, pois os cadernos de indicadores estavam disponíveis na fase de

levantamentos.

O Quadro 9 mostra a relação das instituições que compõem o banco de dados do Pró-

administração, bem como a nota obtida no triênio que se encerrou em 2009. Vale destacar que

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122

adicionalmente o Quadro 9 apresenta a sigla de cada uma das IESs. Desta forma, este estudo

faz a opção de referenciar as IESs pela sua sigla, a utilização do nome completo será adotada

quando se desejar destacar a mesma.

Sigla

IES Nome da IES

UF PROGRAMA NOTA

Mes

trad

o

Do

uto

rado

Mes

t. P

rof.

UFF Universidade Federal Fluminense RJ Administração 3 - -

UNIMEP Universidade Metodista de Piracicaba SP Administração - 4 -

UFBA Universidade Federal da Bahia BA Administração 4 4 -

UFBA Universidade Federal da Bahia BA Administração - - 4

UNIFACS Universidade Salvador BA Administração 3 - -

UECE Universidade Estadual do Ceará CE Administração 3 - -

UNB Universidade de Brasília DF Administração 5 5 -

UNB Universidade de Brasília DF Administração - - 3

UFES Universidade Federal do Espírito Santo ES Administração 3 - -

UFMG Universidade Federal de Minas Gerais MG Administração 6 6 -

UFV Universidade Federal de Viçosa MG Administração 3 - -

UFLA Universidade Federal de Lavras MG Administração 4 4 -

UFU Universidade Federal de Uberlândia MG Administração 3 - -

PUC/MG Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais MG Administração - - 5

PUC/MG Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais MG Administração 4 4 -

UNA Centro Universitário Una MG Administração - - 3

FUMEC Universidade FUMEC MG Administração 3 3 -

FEAD Fac. de Estudos Administrativos de Minas Gerais MG Administração - - 3

FCHPL Faculdade de Ciências Humanas de Pedro Leopoldo MG Administração - - 3

FNH Faculdade Novos Horizontes MG Administração 3 - -

UFMS Fundação Univ. Federal de Mato Grosso do Sul MS Administração 3 - -

UNAMA Universidade da Amazônia / PA PA Administração 3 - -

UFPB Universidade Federal da Paraíba / João Pessoa PB Administração 4 - -

UFPE Universidade Federal de Pernambuco PE Administração 5 5 -

UFPE Universidade Federal de Pernambuco PE Administração - - 3

UFPR Universidade Federal do Paraná PR Administração 4 4 -

UEL Universidade Estadual de Londrina PR Administração 3 - -

PUC/PR Pontifícia Universidade Católica do Paraná PR Administração 5 5 -

UEM Universidade Estadual de Maringá PR Administração 4 - -

UEM Universidade Estadual de Maringá PR Administração 3 - -

UP Universidade Positivo PR Administração 4 4 -

UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro RJ Administração 5 5 -

FGV/RJ Fundação Getúlio Vargas/RJ RJ Administração 5 5 -

FGV/RJ Fundação Getúlio Vargas/RJ RJ Administração - - 4

IBMEC Faculdade de Economia e Finanças do IBMEC RJ Administração - - 4

(continua na página seguinte)

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123

UNIGRANRIO Univ. do Grande Rio – Prof. Jose de Souza Herdy RJ Administração 4 - -

UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte RN Administração 4 4 -

UNP Universidade Potiguar RN Administração - - 3

UNIR Universidade Federal de Rondônia RO Administração 3 - -

UFRGS Universidade Federal do Rio Grande do Sul RS Administração 7 7 -

UFRGS Universidade Federal do Rio Grande do Sul RS Administração - - 4

UFSM Universidade Federal de Santa Maria RS Administração 4 - -

UFSM Universidade Federal de Santa Maria RS Administração - - 3

UNISINOS Universidade do Vale do Rio dos Sinos RS Administração 5 5 -

UCS Universidade de Caxias do Sul RS Administração 3 - -

UNISC Universidade de Santa Cruz do Sul RS Administração - - 3

UFSC Universidade Federal de Santa Catarina SC Administração 4 4 -

UDESC Universidade do Estado de Santa Catarina SC Administração - - 3

UDESC Universidade do Estado de Santa Catarina SC Administração 3 - -

UNIVALI Universidade do Vale do Itajaí SC Administração 4 4 -

FURB Universidade Regional de Blumenau SC Administração 4 - -

UNISUL Universidade do Sul de Santa Catarina SC Administração 3 - -

USP Universidade de São Paulo SP Administração 7 7 -

PUC/SP Pontifícia Universidade Católica de São Paulo SP Administração 4 - -

UNIMEP Universidade Metodista de Piracicaba SP Administração - - 4

UMESP Universidade Metodista de São Paulo SP Administração 3 - -

FEI Centro Universitário da FEI SP Administração 4 4 -

UNIP Universidade Paulista SP Administração 3 - -

UNINOVE Universidade Nove de Julho SP Administração 5 5 -

USCS Universidade Municipal de São Caetano do Sul SP Administração 4 4 -

INSPER Insper Instituto de Ensino e Pesquisa SP Administração - - 3

ESPM Escola Superior de Propaganda e Marketing SP Administração 3 - -

FAC

CAMP Faculdade Campo Limpo Paulista SP

Adm. das Micro e Peq.

Empresas - - 3

UNIFOR Universidade de Fortaleza CE Adm. de Empresas 4 4 -

FUCAPE

Fundação Instituto Capixaba de Pesq. em

Cont.Econ. e Finanças ES Adm. de Empresas 3 - -

PUC-RIO Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro RJ Adm. de Empresas 5 5 -

PUC-RIO Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro RJ Adm. de Empresas - - 5

FGV/SP Fundação Getúlio Vargas/SP SP Adm. de Empresas 6 6 -

FGV/SP Fundação Getúlio Vargas/SP SP Adm. de Empresas - - 5

UPM Universidade Presbiteriana Mackenzie SP Adm de Empresas 5 5 -

USP/RP Universidade de São Paulo/ Ribeirão Preto SP Adm. de Organizações 4 4 -

UFC Universidade Federal do Ceará CE Administração e

Controladoria 3 - -

UFC Universidade Federal do Ceará CE Administração e

Controladoria - - 3

UNESA Universidade Estácio de Sá RJ Administração e Desenv.

Empresarial - - 4

UFRPE Universidade Federal Rural de Pernambuco PE Administração e

Desenvolvimento Rural 3 - -

PUC/RS Pontifícia Univ. Católica do Rio Grande do Sul RS Adm e Negócios 5 - -

PUC/RS Pontifícia Univ. Católica do Rio Grande do Sul RS Adm e Negócios - 4 -

FJP Fundação João Pinheiro (Escola de Governo) MG Adm. Pública 4 - -

(continua na página seguinte)

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124

FGV/SP Fundação Getúlio Vargas/SP SP Adm. Pública e Governo 5 5 -

UFSC Universidade Federal de Santa Catarina SC Adm. Universitária - - 3

UNINOVE Universidade Nove de Julho SP Gestão de Projetos - - 3

FESP/UPE Fundação Universidade de Pernambuco PE Gestão do Des. Local

Sustentável - - 3

UFRRJ Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro RJ Gestão e Est. em Negócios - - 3

UNISINOS Universidade do Vale do Rio dos Sinos RS Gestão e Negócios - - 4

EAESP/FV Escola de Adm. de Empresas de São Paulo SP Gestão e Pol. Públicas - - 4

UFPB Universidade Federal da Paraíba/João Pessoa PB Gestão Org. Aprendentes - - 3

FBV Faculdade Boa Viagem PE Gestão Empresarial - - 3

URI

Univ. Reg. Integrada do Alto Uruguai e das

Missões. RS Gestão Estrat. de

Organizações - - 3

FGV/SP Fundação Getúlio Vargas/SP SP Gestão Internacional - - 3

UFES Universidade Federal do Espírito Santo ES Gestão Pública - - 3

UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte RN Gestão Pública - - 3

Quadro 9 – Relação das Instituições de Ensino Superior pesquisadas.

Fonte: CAPES (2010d).

O segundo passo se destinou a obter os dados referentes aos docentes dos programas,

disponíveis no caderno de indicadores no arquivo Corpo Docente, Vínculo Formação – CD

(CAPES, 2010a).

O caderno de indicadores, CD - Corpo Docente, Vínculo Formação contém as

informações relativas ao corpo docente das IESs, os dados são apresentados na seguinte

sequência:

[Nome docente]; [Categoria de enquadramento]; ... [Vínculo]: [Tipo

(vínculo)]; [Ano início]; [Carga Horária]; ... [Titulação]: [Nível]; [Ano];

[Área]; [IES]; [Pais]; ... [Situação em outros programas]. Fonte: CAPES

(2010a)

A Figura 18 mostra como a tela da CAPES apresenta as informações

Figura 18 - Tela do corpo docente disponibilizado pela Capes.

Fonte: Capes (2010a)

Estes dados estão contidos no banco de dados do Pró-administração, com exceção do

nome da IES em que o docente do programa Stricto Sensu obteve a titulação no exterior, nesta

situação aparece o país, no qual a instituição se localiza.

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125

O terceiro passo, que consiste na obtenção dos dados dos trabalhos realizados, utilizou

o arquivo teses e dissertações – TE (CAPES, 2010b). O caderno de indicadores, TE - Teses e

Dissertações contêm as informações relativas aos trabalhos desenvolvidos pelos discentes das

IES. Os dados são apresentados na seguinte sequência:

[autor]: [título do trabalho]; [volumes]; [número de páginas]; [idioma];

[orientador1]; ...; [orientador n]; [área de concentração]; [linha de pesquisa];

[projeto de pesquisa]; [banca examinadora]; [financiador 1];...; [financiador

n]. Fonte: CAPES (2010b)

No entanto, o nome do autor da tese ou dissertação é apresentado na forma de “Nome

em citações”, ou seja, o sobrenome e a inicial dos demais nomes. Assim, para a obtenção do

nome completo dos envolvidos, se fez necessário realizar consulta ao banco de teses da

CAPES (2011a). Com o título da tese ou dissertação é possível realizar pesquisa nos resumos,

que fornece o nome completo do aluno, além de outras informações.

Nas ocasiões em que se observou ausência de informações nos documentos da CAPES

empregou-se pesquisa no currículo Lattes dos envolvidos. A Figura 19 apresenta o fluxo de

coleta de dados utilizado pelos pesquisadores.

Figura 19 - Fluxo de trabalho dos pesquisadores no levantamento de dados.

Fonte: Próprio autor.

Sim

Não

Dados da instituição Portal da CAPES

Início

Dados do Docente Caderno de

Indicadores CD Corpo Docente

Dados do Trabalho Caderno de

Indicadores TE Teses e Dissertações

Nome completo do aluno no Portal

Banco de Teses da CAPES

Verificar o Currículo

Lattes Obteve todos

os dados

Fim

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126

O banco de dados é composto de 35 campos, que por sua vez estruturam o conjunto de

dados de interesse de pesquisa e que possibilitam o desenvolvimento de análises por meio do

data mining.

A qualidade dos dados obtidos está sancionada ao nível de ruído encontrado nos

mesmos. Os ruídos podem prejudicar a modelagem que desenvolverá o padrão sob análise,

prejudicando assim o entendimento esperado (CARVALHO et al., 2003). Os ruídos

identificados podem ser sanados por meio da substituição manual do dado incorreto ou então

pela sua eliminação, este processo é denominado de limpeza dos dados.

A limpeza dos dados é desenvolvida por meio de um pré-processamento dos dados, a

fim de ajustar aos algoritmos. Este desenvolvimento visa integrar os dados homogêneos, tratar

as ausências de dados, eliminar registro redundante, corrigir problemas de tipagem, ajuste ou

eliminação dos dados estranhos ou inconsistentes (CARVALHO et al., 2003). O pré-

processamento desta pesquisa foi desenvolvido e os ruídos identificados estavam relacionados

à ausência de informações. Como estratégia de pesquisa, os ruídos foram resolvidos por meio

de novas pesquisas nos cadernos de indicadores da CAPES. Vale destacar que se observou

variações de grafia na apresentação do nome dos envolvidos e que, por sua vez, foram

corrigidas de maneira a estabelecer um padrão único. Esta conduta possibilitou, assim, a

manutenção de todas as teses e dissertações no banco de dados, sem a perda de informação

para as etapas seguintes. Após o desenvolvimento destas etapas, foi possível finalizar o banco

de dados com todas as informações necessárias para a realização desta pesquisa. Vale

destacar, que os dados coletados foram arquivados e encontram-se disponíveis para uso em

uma planilha eletrônica.

Para o desenvolvimento desta pesquisa em particular, foi necessário analisar as teses e

dissertações, identificando e classificando aquelas que tratam da sustentabilidade ambiental.

A análise e a classificação foram realizadas pelo pesquisador líder, do grupo de pesquisa do

projeto Pró-administração, em colaboração com dois alunos de doutorado. O procedimento de

análise dos dados iniciou com a leitura e classificação de 13959 títulos de teses e dissertações,

buscando palavras-chave que tivessem relação à sustentabilidade ambiental. Dos 13959 foram

encontrados 543 títulos nessa categoria (3,9%), sendo 365 na dimensão ambiental e 178 na

dimensão socioambiental. O agrupamento da dimensão ambiental e socioambiental teve a

finalidade de não deixar trabalhos da dimensão ambiental fora da análise, assim foram

consideradas as teses e dissertações que abordassem também a dimensão ambiental

concomitante a social.

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127

Dessa forma, as palavras-chave foram classificadas em 26 categorias. Categorias estas

que expressam os termos identificados no material pesquisado. De acordo com Bardin (2009,

p.145), “as categorias são rubricas ou classes, as quais reúnem um grupo de elementos sob um

título genérico, agrupamento esse efetuado em razão das características comuns destes

elementos”. Essa categorização em palavras-chave foi resumida no Quadro 10. Vale destacar

que este material já foi publicado por Souza et al. (2011b) em artigo que mostra o perfil geral

das pesquisas em sustentabilidade ambiental.

Nome da Categoria Palavras-chave

Análise de Riscos

Ambientais Análise de riscos ambientais; Acidente ambiental; Dano ambiental.

Avaliação do Ciclo de Vida ACV; Análise do ciclo de vida; Avaliação do ciclo de vida.

Cadeia de Suprimentos

Verde

Cadeia de suprimento orgânico; Cadeia reversa; Compra verde; Logística

ambiental; Logística reversa.

Conflitos Socioambientais Conflito ambiental; Conflito socioambiental.

Contabilidade

Socioambiental Contabilidade ambiental; Passivo ambiental.

Desenvolvimento

Sustentável

Agenda 21; Cidade sustentável; Crescimento sustentável; Desenvolvimento

(local/municipal/regional/rural/econômico) sustentável; Ecodesenvolvimento;

Footprint; Indicadores de desenvolvimento sustentável; Pegada ecológica;

Sustentabilidade e Desenvolvimento.

Ecodesign Ecodesign.

Ecoeficiência Ecoeficiência; Eco-eficiência; Produtividade + Ambiental.

Economia ambiental

Compensação ambiental; Externalidade ecológica; Valoração ambiental;

Viabilidade ecológica.

Educação Ambiental Educação ambiental

Energias Alternativas Biocombustível; Biodiesel; Etanol; Energia Alternativa; Sucroalcooleiro;

Gestão Ambiental

Desempenho ambiental; Gestão ambiental municipal; Gestão do meio

ambiente; Governança ambiental; Impacto ambiental; Práticas ambientais;

Responsabilidade ambiental; Sustentabilidade ambiental.

Gestão de Resíduos

Catador; Coletador de material; Coleta seletiva; Descarte; Gerenciamento

/Gestão de resíduos (sólidos/ urbanos); Gestão de perdas; Lixo; Material

(reaproveitável/ reciclável); Reaproveitamento; Reciclagem; Redução de

desperdício.

Inovação ambiental Inovação ambiental; Tecnologias + Meio Ambiente.

Legislação Ambiental

ICMS Ecológico; Imposto verde; Jurídico-ambiental; Procedimento ambiental

legal; licenciamento/ Regulamentação/Política (ambiental).

Marketing Verde

Apelo/ Atributo (ecológico); Atitude + meio ambiente (Eco-atitude);

Comportamento (ambiental/socioambiental); Consumidor ambiental; Consumo

(consciente/ sustentável/ + Meio Ambiente); Decisão de compra ecológica;

Discurso/ Percepção (ambiental); Marketing ambiental; Processo de compra +

meio ambiente; Produto sustentável; Propaganda ecológica.

Mecanismo de

Desenvolvimento Limpo

(Certificado de) redução de emissão; MDL; Mercado de carbono; Mudanças

climáticas; Protocolo de Kyoto.

ONG ambiental

ONG Ambiental, Organização ambientalista, movimento ambientalista,

ecologicamente correto.

Produção mais limpa P+L; Produção mais limpa.

Recursos Hídricos Gestão de recursos hídricos.

Recursos Florestais Desmatamento, Florestal, Preservação ambiental, Reserva extrativista.

(continua na página seguinte)

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Responsabilidade

Socioambiental

Norma socioambiental; Gestão socioambiental; Incorporação de questões

ambientais e sociais; Responsabilidade (social/ ambiental/socioambiental)

Rotulagem Ambiental

Agricultura orgânica; Alimento orgânico; Produção de orgânicos; Produto

orgânico; Selo verde.

Sistema de Gestão

Ambiental

Auditoria ambiental; Certificação ambiental; (Certificação) IS0 14001; SGA;

Segurança e Meio Ambiente; Sistema de avaliação de segurança, saúde, meio

ambiente e qualidade (SASSMAQ); Sistemas de gestão integrados.

Sustentabilidade

Empresarial

Índice de sustentabilidade; Negócio sustentável; Organização sustentável;

Relatórios de sustentabilidade; Sustentabilidade corporativa.

Turismo sustentável Ecoturismo; Turismo ecológico; Turismo + ambiental.

Quadro 10 - Categorias de palavras.

Fonte: Souza et al. (2011b, p. 6)

Estas palavras-chave apresentam temas que podem estar de forma isolada ou

combinada. Em alguns casos foi possível identificar ainda, que a abrangência de um tema

possibilita incorporar outras temáticas.

A análise das palavras-chave foi realizada em quatro etapas, a saber: na primeira

análise originou as palavras-chave e as categorias; na segunda análise essas palavras-chave

foram utilizadas como fonte de busca na planilha para encontrar trabalhos não identificados;

na terceira análise realizou-se consultas em resumo e palavras-chave dos títulos que se

apresentavam dúbios ou com multiplicidade de possibilidade de agrupamentos; e na quarta

análise verificou-se a coerência dos agrupamentos das 26 categorias. As várias etapas de

análise se justificaram pela necessidade de aumentar a acurácia dos dados.

Conforme apontado no início desta seção, o processo de elaboração do banco de dados

ocorreu utilizando-se as técnicas do data mining. A aplicação do data mining se justifica na

tratativa de grandes volumes de dados, que apresentam restrições no uso das técnicas clássicas

de análise, quando o pesquisador não é necessariamente um estatístico; e a intensificação do

tráfego de dados (navegação na internet, catálogos online etc.) aumenta a possibilidade de

acesso aos dados. Esta proposição se ajusta ao desenvolvimento desta pesquisa que possui um

volume significativo de dados a serem manipulados.

No data mining, a tarefa de mineração consiste na especificação do “que” se deseja

buscar nos dados, quais as regularidades ou categorias de padrões a serem observadas e quais

representam respectivamente informações úteis, ao passo que, a técnica de mineração se

destina a especificar métodos que assegurem “como” identificar os padrões de interesse ao

pesquisador. Nesse sentido as técnicas estatísticas e as de inteligência artificial se destacam no

processo de mineração dos dados (AMO, 2003). Esta pesquisa utiliza o data mining na

intenção de identificar padrões nas variáveis: orientador – os mais prolíficos na orientação,

área e IES de formação e ano de titulação do doutorado. No tocante as IESs a pesquisa

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129

investiga a produção em sustentabilidade de cada IES, a região e dependência administrativa.

No entanto, como característica própria do data mining, este estudo esteve atento a outras

variáveis envolvidas que pudessem ser de interesse para a melhor compreensão da área.

Nesta pesquisa a análise dos dados se desenvolveu por meio da elaboração de

algoritmos específicos ao atendimento do objetivo deste estudo. Como condição própria desta

técnica se faz necessário processar a análise dos dados a fim de determinar quais devem ser

objeto de maior investigação. Como os dados estão disponíveis em planilha eletrônica o

algoritmo de pesquisa foi aplicado por meio do recurso da tabela dinâmica deste software.

Para King (2003) a aplicação típica de data mining começa com um grande conjunto de dados

e poucas definições. A maioria dos algoritmos trata os dados iniciais como uma “caixa-preta”,

com nenhuma informação disponível sobre o que os dados descrevem, quais relações existem

entre os dados e se contêm erros. Ao examinar os dados, um algoritmo pode explorar milhares

de prováveis regras, utilizando diversas técnicas para escolher entre elas.

Um algoritmo se caracteriza como um sequenciamento lógico de instruções na

realização de uma tarefa e não representa, necessariamente, um programa de computador. O

desenvolvimento de algoritmo no data mining destina-se a gerar informações de natureza

estatística que permitam ao pesquisador reconhecer quão adequado e confiável é o

conhecimento descoberto. O conhecimento gerado demanda o desenvolvimento de análises do

pesquisador, a fim de verificar a sua coerência dentro do contexto que se insere o estudo. Os

resultados estatísticos não devem ser divulgados sem esta prévia análise de coerência.

Os algoritmos que foram desenvolvidos se destinavam a descoberta de padrões e

regularidades nos dados na medida em que foram manipulados. Este desenvolvimento se

distanciou da análise tradicional de dados, que estabelece suposições e formação de hipóteses

que devem ser validadas pelos dados. Vale destacar, que Grossman et al. (2002) apontam que

as técnicas do data mining não pressupõem o entendimento prévio de padrões ou relações

entre os dados sob análise, haja vista que esta é uma atribuição desta técnica. Adicionalmente,

Moxon (2009) aponta para a necessidade de uma exploração exaustiva dos dados, a fim de se

revelar todas as possíveis relações existentes. Este estudo apresentou no primeiro capítulo a

hipótese de explicação aos objetivos estabelecidos, no entanto, como próprio da técnica do

data mining, pretendeu-se investigar todas as possíveis relações existentes entre os dados.

Neste sentido, os resultados apontados e analisados no próximo capítulo se restringiram a

resposta dos objetivos apresentados. Tal ação se destina a evitar a perda do foco da pesquisa.

Para Decker e Focardi (1995), o data mining é uma metodologia que investiga a

existência de uma descrição matemática ou lógica, eventualmente de natureza complexa, de

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padrões e regularidades em um conjunto de dados. De forma análoga Grossman et al. (2002)

definem o data mining como a manifestação de: padrões, associações, mudanças, anomalias e

estruturas estatísticas e eventos em um conjunto de dados. Explorando mais a abordagem

pragmática, King (2003) afirma que o data mining é uma maneira de buscar relações

interessantes e ocultas em um grande conjunto de dados, como clustering (agrupamentos) e

aproximações de funções. Assim, esta pesquisa estabeleceu a perspectiva de identificar

padrões de comportamento mediante a análise das variáveis utilizando-se o data mining.

Pesquisa desenvolvida por Quoniam et al. (2001) utilizou a técnica do data mining

para análise de teses francesas que tratavam do assunto Brasil no período de 1969 a 1999. O

estudo possibilitou a aplicação dos pressupostos da Lei de Zipf, classificando o tema segundo

três possibilidades: trivial, interessante e ruído. Nesse sentido o estudo identificou os temas

brasileiros que despertam maior interesse de pesquisas na França. Este estudo estabeleceu

uma referência inicial da viabilidade de se utilizar o data mining como técnica de pesquisa

neste estudo.

3.3 ABORDAGEM DA ANÁLISE DE REDES SOCIAIS - ARS

Para atingir o objetivo específico de identificar a existência de uma rede social de

colaboração, e a centralidade dos principais atores, em sustentabilidade ambiental no Stricto

Sensu originária da composição dos orientadores e membros convidados das bancas de

avaliação de teses e dissertações, se utilizou a técnica de Análise de Redes Sociais – ARS.

Conforme já apontado por Meneses e Sarriera (2005) metodologicamente a pesquisa

desenvolvida nas redes sociais apresenta dois focos de estudo. O primeiro envolve a

observação da estrutura das redes, utilizando-se de um referencial metodológico gráfico e de

caráter quantitativo na análise. O segundo destina-se a análise da funcionalidade das redes

sociais. Esta concepção geralmente se baseia em metodologias qualitativas, e destina-se a

descrever as funções implícitas da rede social, bem como caracterizar os vínculos que a

moldam. Para efeito deste estudo se utilizou tanto a estrutura das redes por meio de gráficos

quanto às funções implícitas nas redes sociais.

Um importante marco na ARS foi à proposição de redes sob a perspectiva social

elaborada por Newman (2000). Nesta abordagem, um conjunto de pessoas ou grupos que

possuem algum tipo de conexão é denominado de “atores” e as respectivas conexões de

“ligações”. Assim, o ator de uma rede possui a amplitude que varia de uma única pessoa a um

grupo ou ainda uma empresa. Sob estas condições, uma ligação pode também variar, da

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131

amizade entre duas pessoas, a uma colaboração de um membro comum entre dois grupos, ou

ainda a um negócio entre duas empresas. Esta proposição expande as possibilidades de ARS

possibilitando o desenvolvimento desta pesquisa que se baseia nas relações estabelecidas a

partir da participação nas bancas teses e dissertações.

A classificação das teses e dissertações, desenvolvida, pelo data mining, possibilitou

identificar o material voltado à sustentabilidade ambiental, objeto de Análises de Redes

Sociais – ARS.

O desenvolvimento ARS foi realizado de forma a unificar as etapas quantitativas deste

estudo. Os gráficos das redes sociais, parcela quantitativa da ARS, possibilitaram a

observação da estrutura das redes. Como etapa posterior se processou a identificação das

redes sociais e a caracterização de vínculos, parcela qualitativa da ARS. Esta ação visou não

segmentar o entendimento originado da aplicação desta ferramenta, bem como harmonizar a

transição de cada etapa da pesquisa.

A ARS possibilita valioso entendimento sobre as redes em estudo. Segundo Wood et

al. (1998) a proposta da Sociometria é atuar como técnica contributiva. Sob este aspecto, as

técnicas empregadas na Sociometria podem contribuir no processo de identificação de grupos

de pesquisa, pesquisadores líderes, temas preferenciais, organizações com maior ou menor

potencial associativo, entre outras possibilidades. Dessa forma, a proposta de adotar a ARS

neste estudo esteve voltada a identificar tanto grupos de pesquisa quanto pesquisadores

líderes, aspectos estes importantes dentro da sociologia do conhecimento abordada por Berger

e Luckmann (2008).

O estudo buscou identificar a existência de redes sociais voltadas para a

sustentabilidade ambiental, com base nas relações desenvolvidas dentro do contexto do

Stricto Sensu. Este perfil de investigação contemplou os professores orientadores e os

membros da banca de avaliação dos alunos de doutorado e de mestrado. Esta abordagem

apresenta uma perspectiva diferenciada dos trabalhos de ARS, que possuem maior enfoque

nas redes de produção científica expressa na forma de coautoria e citação.

Com vistas a ampliar os resultados desta pesquisa inicialmente se realizou a ARS das

543 teses e dissertações da sustentabilidade ambiental e na sequência se processou a análise

dos atores principais da rede.

A partir dos resultados obtidos por meio da ARS da sustentabilidade ambiental, que

apontaram a centralidade da rede e os respectivos nós, foi realizado um recorte focalizado nos

atores principais. A Tabela 1 apresenta os atores mais prolíficos em orientação e a sua

respectiva quantidade de laços de relacionamento. Vale destacar que se observa a

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132

justaposição, pois os mais prolíficos também se apresentam mais laços de relacionamento. A

ARS abordou os atores que se caracterizaram como centrais. A realização deste recorte se

insere dentro da perspectiva da abordagem de Berger e Luckmann (2008) que indica que o

especialista em um conhecimento representa a própria ordem institucional. Assim, a análise

de citação utilizada pelo ator central na orientação das pesquisas em sustentabilidade

ambiental possibilitou identificar o conhecimento legitimado neste campo científico.

Nome

Quantidade de teses e

dissertações em

sustentabilidade ambiental

realizadas

Quantidade de laços de

relacionamento decorrentes das

bancas de doutorado e de mestrado

em sustentabilidade ambiental.

Luis Felipe Machado do Nascimento 27 103

Pedro Carlos Schenini 18 51

Francisco Correia de Oliveira 12 29

José Antonio Puppim de Oliveira 12 33

Ícaro Aronovich da Cunha 12 26

Celso Funcia Lemme 9 24

José Carlos Barbieri 8 44

Robson Amâncio 8 18

Isak Kruglianskas 6 23

Wayne Thomas Enders 6 13

Tânia Nunes da Silva 6 22

Hans Michael Van Bellen 6 18

Maria Tereza Saraiva de Souza 6 18

Marco Antônio Silveira 6 12

Rolf Hermann Erdmann 5 12

José Célio Silveira Andrade 5 26

Sérgio Gozzi 4 12

Eugênio Ávila Pedrozo 4 30

Ely Laureano Paiva 4 14

Mozar José de Brito 4 10

João Eduardo Prudêncio Tinoco 4 11

Carlos Alberto Cioce Sampaio 4 10

Elaine Ferreira 4 13

George Gurgel de Oliveira 4 11

24 professores com 3 orientações 3

39 professores com 2 orientações 2

208 professores com 1 orientação 1

Tabela 1 – Relação dos pesquisadores mais prolíficos na orientação e a centralidade na estrutura de colaboração

a partir dos laços e participação em bancas examinadoras do doutorado e do mestrado.

Fonte: Dados da pesquisa

A Tabela 1 apresenta os potenciais pesquisadores em sustentabilidade ambiental em

função da quantidade de laços de relacionamento que possuem. No entanto, o critério de

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133

definição de qual ator será investigado decorre da centralidade que possui, dado este obtido

pela ARS. Tal critério, de definição esta intimamente ligada à abordagem de Berger e

Luckmann (2008) que posiciona o conhecimento como um fenômeno social. As teses e

dissertações do período de 2007 a 2009 (último triênio em que os dados estão disponíveis)

dos pesquisadores com maior centralidade serão o objeto de pesquisa das citações realizadas.

A análise das redes sociais – ARS será suportada pela utilização de recurso específico

para esta atividade. O software a ser utilizado é o ‘UCINET 6’ (2002) que se constitui em

uma ferramenta empregada para a análise de redes sociais e que possibilita a visualização das

redes em estudo e fornece métricas que possibilitam o entendimento das redes sociais. O

emprego deste software possibilita a integração das técnicas para análise e visualização de

redes em uma mesma interface. Há vários aspectos na ARS que possibilitam diferentes níveis

de entendimento sobre os atores em análise. Neste sentido, o Quadro 6 pertencente ao capítulo

anterior apresenta conceitos basais para o desenvolvimento de estudo em rede desta pesquisa.

A seção seguinte descreve a abordagem quantitativa de análise das citações realizadas

em teses e dissertações em sustentabilidade ambiental no Stricto Sensu em administração.

3.4 ABORDAGEM QUANTITATIVA DAS CITAÇÕES

Para atingir o objetivo específico de analisar se os membros da rede social definida

pelas bancas de avaliação compartilham uma base comum de conhecimento em

sustentabilidade ambiental por meio de um recorte nas teses e dissertações apresentadas de

2007 a 2009 se utilizará técnica do data mining, apresentada na segunda seção deste capítulo.

Razão pela qual não se detalhará novamente as características desta técnica, voltando-se assim

para a descrição de metodologia utilizada na coleta e análise dos dados.

Com base nos dados do banco do Pró-administração foi possível identificar que no

triênio de 2007 a 2009 ocorreram 229 estudos em sustentabilidade ambiental no Stricto Sensu

em administração. Com base na abordagem de Berger e Luckmann (2008) que o especialista

em um conhecimento representa a própria ordem institucional, a pesquisa se ateve aos

pesquisadores mais prolíficos e centrais. Nesse sentido, a pesquisa se voltou para os

orientadores que desenvolveram quatro ou mais trabalhos neste campo de pesquisa, pois se

posicionam com uma produção que possibilita interpretá-los como maduros e que

desenvolveram maior volume de reflexões do conhecimento a ser utilizado na pesquisa de

seus orientados. Desta forma, temos um total de 49 estudos abarcados por esta pesquisa. Vale

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134

destacar, que alguns pesquisadores identificados como prolíficos e apontados na Tabela 1 não

realizaram orientações no período de 2007 a 2009 neste campo de pesquisa, a saber: Wayne

Thomas Enders, Marco Antônio Silveira, Rolf Hermann Erdmann, Sérgio Gozzi, Ely

Laureano Paiva e Carlos Alberto Cioce Sampaio.

Mediante a identificação das teses e dissertações em sustentabilidade ambiental no

Stricto Sensu em administração no período de 2007 a 2009 dos orientadores mais prolíficos se

iniciou o processo de obtenção destes estudos. A coleta destes estudos foi possível por meio

da obtenção do material no acervo de bibliotecas das respectivas IESs que desenvolveram a

pesquisa. Dos 49 estudos identificados dois não foram passíveis de obtenção, a dissertação de

Carlos Alberto Rodrigues Torres, com o título: Gestão Ambiental e resolução de conflitos:

licenciamento de dutovias no litoral de São Paulo, e a dissertação de Claudia Rodrigues

Cardoso, com o título: AGENDA 21 de Santos: contribuições à gestão sustentável dos

recursos hídricos para uso urbano. Ambas as dissertações se desenvolveram na Universidade

Católica de Santos UNISANTOS, sob a orientação do pesquisador Ícaro Aronovich da Cunha.

A relação destes estudos esta no Quadro 11.

Desta forma o universo de investigação nesta fase da pesquisa se configura em nove

teses e 38 dissertações que tratam da sustentabilidade ambiental no Stricto Sensu em

administração.

Com a posse dos 47 estudos foi gerado um novo banco de dados em planilha do Excel.

Este banco de dados possui cinco variáveis de pesquisa, o nome, o titulo da obra dos autores,

nome do orientador, a IES de titulação do orientador e a IES em que se desenvolveu o estudo

das teses e dissertações. Este levantamento originou um total de 4852 citações

proporcionando assim uma média de 103 citações por estudo.

O algoritmo utilizado para a pesquisa foi baseado nos autores e respectivas obras

citadas e na sequência o nome do orientador que incorpora a referência, sua IES de atuação e

sua IES de formação.

Desta forma, os dados apoiados em tabelas que organizam o quadro de citação de um

autor possibilitam identificar se o conhecimento apresentado por este pesquisador está

legitimado ou institucionalizado.

A abordagem de Berger e Luckmann (2008) destaca a importância do ator e do papel

que ocupa no processo de legitimação. Sob esse aspecto a análise dos dados não foca atenção

nas obras citadas, mas sim no autor citado. No entanto para evitar disfunções na interpretação

dos dados verificou-se a pertinência das obras ao tema em estudo, e ainda se apresentou o

título das obras envolvidas no processo de legitimação.

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135

Estes conjuntos de fatores possibilitaram o desenvolvimento da presente pesquisa,

atendendo aos objetivos estabelecidos, bem como a tentativa de elaborar o constructo final

que represente uma proposição teórica ou uma teoria. A apresentação dos dados seguirá a

mesma sequência delineada na metodologia.

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136

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

O estudo apresenta os resultados dispostos de forma a atender os objetivos específicos

de pesquisa. Para cada um deles, se estabeleceu o delineamento metodológico com

procedimentos específicos e ajustados aos desafios apresentados e que se encontram descritos

no capítulo anterior. Esse capítulo está subdivido em três seções, a saber: a análise realizada

pelo data mining, a análise de rede e novamente utiliza-se a técnica do data mining.

Na primeira delas, o objetivo de investigação é atendido pelo uso do data mining na

base de dados das teses e dissertações no Stricto Sensu em administração. A investigação

compreende os pesquisadores orientadores e as respectivas IES, de formação e atuação.

Na seção seguinte, o enfoque se desloca para a dimensão social, resultante da análise

de redes expressas, sob a forma de estruturas de colaboração geradas, a partir de laços de

participação em bancas de defesa de tese e dissertação de pós-graduação Stricto Sensu.

Na última seção recorre-se novamente à técnica do data mining que analisa as citações

bibliográficas das teses e dissertações de administração no campo da sustentabilidade

ambiental.

4.1 MÉTRICAS DOS ORIENTADORES E DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO

SUPERIOR IESs QUE DESENVOLVERAM PESQUISAS EM SUSTENTABILIDADE

AMBIENTAL

A análise da métrica nas pesquisas em sustentabilidade ambiental estabeleceu como

foco de atenção os pesquisadores que, ao longo do período investigado, contribuíram com o

campo desenvolvendo pesquisas e junto a seus orientados produzindo teses e dissertações.

Adicionalmente buscou-se identificar métricas das IESs envolvidas neste processo

institucional. Vale destacar que se consideraram apenas as IESs que estão com seus

programas de Stricto Sensu reconhecidos e recomendados pela CAPES, o Quadro 9 do

capítulo anterior apresenta estas instituições.

O levantamento de teses e dissertações em administração mostra que no período de

1998 a 2009 ocorreram 13959 estudos. Deste total, 543 estudos abordam a sustentabilidade

ambiental, volume este que representa 3,9% do total. Vale destacar que estes valores são

superiores ao encontrado por Souza et al. (2011b) e apresentados na Figura 1 por incorporar

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137

303 dissertações em administração referentes à IESs que perderam o credenciamento e o

reconhecimento junto ao CAPES no período, e apresentadas no item 3.2 da seção anterior.

O desenvolvimento da pesquisa no contexto do Stricto Sensu apresenta a combinação

de aspectos que envolvem tanto o orientado quanto o orientador. Neste sentido, este estudo

apresenta inicialmente a relação dos professores orientadores que mais atuaram na pesquisa

em sustentabilidade ambiental. A Tabela 2 mostra uma combinação dos principais professores

orientadores com o quantitativo daqueles que tiveram menor participação nas pesquisas em

sustentabilidade ambiental.

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138

Tabela 2 – Principais professores orientadores e o quantitativo daqueles que tiveram menor participação nas

pesquisas em sustentabilidade ambiental no Stricto Sensu de administração de 1998 a 2009.

Fonte: Dados da pesquisa

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139

Notas: (1) Sustentabilidade Ambiental - SA, (2) Projeto de Pesquisa – PP, (3) Linha de Pesquisa – LP, (4)

Universität Gesamthochschule Kassel, (5) University of Warwick - Grã-Bretanha, (6) Massachusetts Institute of

Technology, (7) The University of Texas at Austin, (8) Universidade de Campinas – UNICAMP, (9) Institut

National Polytechnique de Lorraine, (10) Universidade Católica de Santos – UNISANTOS, (11) Campanha

Nacional de Escolas da Comunidade/MG – CNEC, (12) Título: Ökologisch orientierte

Regionalentwicklungsplanung - Das Beispiel Jacuigebiet / Brasilien, tradução livre: Planejamento do

desenvolvimento regional ecologicamente orientado - o caso Jacuigebiet / Brasil, (13) Título: Avaliação dos

padrões de competitividade à luz do desenvolvimento sustentável: o caso da indústria Trombini papel e

embalagens em Santa Catarina BR, (14) Título: Large sacele projects in Regional Development policies: the case

of the Northeast Petrochemical Pole, tradução livre: Grandes projetos Sacele nas políticas de desenvolvimento

regional: o caso do Polo Petroquímico do Nordeste, (15) Título: Implementing Environmental Policies in

Developing Countries: Responding to the Environmental Impacts of Tourism Development by Creating

Environmentally Protected Areas in Bahia, Brazil, tradução livre: Implementação de políticas ambientais nos

países em desenvolvimento: Respondendo aos impactos ambientais do desenvolvimento do turismo, criando

áreas de proteção ambiental na Bahia, Brasil, (16) Título: Sustentabilidade e Poder Local: a Experiência de

Política Ambiental em São Sebastião, Costa Norte de São Paulo (1989 - 1992), (17) Título: Avaliação

econômica de impactos ambientais no Brasil: da atividade acadêmica ao financiamento de longo prazo de

projetos e empresas, (18) Título: A Inovação Tecnológica Industrial no Brasil - fatores que condicionam a sua

intensidade, (19) Título: O uso de indicadores locais de desenvolvimento e a sustentabilidade da reforma agrária

no cerrado do norte e noroeste de Minas Gerais, (20) Título: Efeito da Interação Organizacional na Eficácia do

Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Cativo, (21) Título: The Spatial Behavior of Low Income Urban

Hospital Patients: A Case Study in Porto Alegre, Brazil, tradução livre: O Comportamento Espacial de Baixa

Renda em Pacientes do Hospital Urbanos: Um Estudo de Caso em Porto Alegre, Brasil, (22) Título:

Cooperativas: um instrumento de promoção da qualidade de vida, bem estar social e da preservação ambiental,

face ao processo de globalização da economia, (23) Título: Indicadores de Sustentabilidade: Uma Análise

Comparativa, (24) Título: Organização Sustentável: Indicadores setoriais dominantes para avaliação da

sustentabilidade - Análise de um segmento do setor de alimentação, (25) Título: Modelo para Sistemas da

Qualidade como Base da Estratégia Competitiva, (26) Título: Modelo organizativo para sistemas de

planejamento e controle da produção, (27) Título: Conflito, Cooperação e Convenções: a dimensão político-

institucional das estratégias socioambientais da Aracruz Celulose S.A. (28) Título: Organização da Segurança do

Trabalho: um confronto entre teoria e a realidade, (29) Título: Cadre Conceptuel en Gestion de Coopératives

Agricoles: Une Analyse selon l'Economie des Concentions, la Systémique et la Complexité, tradução livre:

Estrutura Conceitual para a Gestão de Cooperativas Agrícolas: Uma Análise dos Conceitos em Economia, em

Sistemas e Complexidade, (30) Título: Conhecimento Organizacional e o Processo de Formulação de Estratégias

de Produção, (31) Título: Mudança e cultura organizacional: A construção social de um novo modelo de gestão

de P&D na EMBRAPA, (32) Título: Contribuição ao Estudo da Contabilidade Estratégica de Recursos

Humanos, (33) Título: Uma proposta de um modelo de gestão organizacional estratégica para o desenvolvimento

sustentável (SIGOS), (34) Título: Um modelo de implementação de desenvolvimento sustentável em cidades

baseado nos atores sociais e verificação de sua aplicabilidade em São José, SC, (35) Título: A Trajetória da

Petrobras, desafios atuais e o futuro.

Os dados mostram os pesquisadores relacionados na Tabela 2, os mais prolíficos na

pesquisa em sustentabilidade ambiental pelo critério de orientação no Stricto Sensu. O

primeiro a apresentar tese com tema em sustentabilidade ambiental foi Luis Felipe Machado

do Nascimento. Este pesquisador apresentou a tese “Ökologisch orientierte

Regionalentwicklungsplanung - Das Beispiel Jacuigebiet/Brasilien” (tradução livre:

Planejamento do desenvolvimento regional ecologicamente orientado - o caso

Jacuigebiet/Brasil”, em 1995 na Universität Gesamthochschule Kassel – Alemanha, obtendo o

título de doutor em Economia e Meio Ambiente. Após 1995 identificam-se apenas três

pesquisadores, que obtiveram o título de doutor com teses não voltadas para a pesquisa

ambiental, mas que atuam na área, a saber: João Eduardo Prudêncio Tinoco em 1996, Ely

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140

Laureano Paiva em 1999 e Mozar José de Brito em 2000. No contexto geral, há 13

pesquisadores que obtiveram o título de doutor com teses voltadas ao tema sustentabilidade

ambiental e 11 com temas outros. Tal cenário mostra um equilíbrio entre pesquisadores

formados no tema ambiental e pesquisadores formados em outras áreas atuantes em pesquisas

ambientais. Vale destacar que os pesquisadores formados em período anterior a 1995 e que

estabeleceram linhas de pesquisa voltadas ao tema ambiental, podem ser interpretados como

pioneiros deste campo de pesquisa no Brasil.

O pesquisador Luis Felipe Machado do Nascimento se estabelece como o de maior

volume de estudos no campo de pesquisa ambiental, com 27 (77,1%) trabalhos de um total de

35 que realizou. Este pesquisador iniciou as atividades do Stricto Sensu em 1997, mesmo ano

em que teve a primeira orientação, concluída justamente no campo de sustentabilidade

ambiental. O pesquisador Pedro Carlos Schenini aparece na segunda posição de maior volume

de estudos no campo de pesquisa ambiental, foram 18 trabalhos (85,7%) de um total de 21

que realizou. Este pesquisador iniciou as atividades do Stricto Sensu em 2000, e no ano de

2001 teve a primeira orientação concluída, justamente no campo de sustentabilidade

ambiental. O pesquisador Francisco Correia de Oliveira aparece na terceira posição de maior

volume de estudos no campo de pesquisa ambiental, 12 trabalhos (41,4%) de um total de 29

que realizou. Este pesquisador iniciou as atividades do Stricto Sensu em 1998, e no ano de

2000 teve a primeira orientação concluída, justamente no campo de sustentabilidade

ambiental. Também aparece na terceira posição de maior volume de estudos no campo de

pesquisa ambiental o pesquisador José Antonio Puppim de Oliveira, com 12 trabalhos (50%)

de um total de 24 que realizou. Este pesquisador iniciou as atividades do Stricto Sensu em

2000, e no ano de 2001 teve a primeira orientação, concluída justamente no campo de

sustentabilidade ambiental. Outro pesquisador, Ícaro Aronovich da Cunha, também ocupa a

terceira posição de maior volume de estudos no campo de pesquisa ambiental, são 12

trabalhos (92,3%) de um total de 23 que realizou. Este pesquisador iniciou as atividades do

Stricto Sensu em 2001, e no ano de 2003 ocorreu à primeira orientação, concluída justamente

no campo de sustentabilidade ambiental. O pesquisador Celso Funcia Lemme aparece na

quarta posição de maior volume de estudos no campo de pesquisa ambiental, com nove

trabalhos (47,4%) de um total de 19 que realizou. Este pesquisador iniciou as atividades do

Stricto Sensu em 2000, no ano de 2001 teve a primeira orientação concluída e em 2003 a

primeira orientação concluída no campo de sustentabilidade ambiental. O pesquisador José

Carlos Barbieri aparece na quinta posição de maior volume de estudos no campo de pesquisa

ambiental, com oito trabalhos (34,8%) de um total de 23 que realizou. Este pesquisador

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141

iniciou as atividades na Fundação Getúlio Vargas FGV/SP em 1992, no ano de 1995 teve a

primeira orientação concluída e em 1996 a primeira orientação concluída no campo de

sustentabilidade ambiental. O pesquisador Robson Amâncio aparece também na quinta

posição de maior volume de estudos no campo de pesquisa ambiental, com oito trabalhos

(40%) de um total de 20 que realizou. Este pesquisador iniciou as atividades do Stricto Sensu

em 1998, mesmo ano em que ocorreu a conclusão da primeira orientação. Concluiu a primeira

orientação sustentabilidade ambiental em 2002. Vale destacar que este pesquisador obteve o

título de doutor somente em 2000. Os demais pesquisadores apresentam seis ou menos

orientações concluídas em sustentabilidade ambiental.

Os pesquisadores que aparecem com maior volume de estudos no campo de pesquisa

de sustentabilidade ambiental, apresentam respectivamente uma participação expressiva de

interesse nesta área. Dos 24 pesquisadores analisados, somente seis apresentam índices

inferiores a 30% de estudos em sustentabilidade ambiental, em relação ao total de pesquisas

desenvolvidas. Estes estão posicionados da 15ª até a 20ª posição.

A análise de Projeto de Pesquisa – PP e Linha de Pesquisa – LP dos pesquisadores,

mencionados na Tabela 2, aponta que dos 24 professores orientadores analisados, apenas três

não apresentam PP ou LP em sustentabilidade ambiental. Vale destacar que esta informação

foi obtida mediante investigação desenvolvida nos respectivos currículos Lattes.

Um aspecto a se levantar com relação aos 295 orientadores é a IES de obtenção do

título de doutor. Vale destacar que o levantamento aborda nominativamente apenas as IESs

brasileiras, as estrangeiras são categorizadas pelo país onde estão sediadas, como mostra a

Figura 20.

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142

Figura 20: Relação das IESs em que os orientadores obtiveram o doutorado

Fonte: Dados da pesquisa.

A Figura 20 distingue inicialmente a formação dos pesquisadores em dois grupos, os

formados em IESs nacionais com 207 (70%) eventos e em IESs estrangeiras com 88 (30%)

eventos. Apesar da predominância das IESs nacionais a formação de pesquisadores em

instituições do exterior é expressiva, condição esta que possibilita uma significativa

diversidade na formação dos professores orientadores que atuam no campo de pesquisa da

sustentabilidade ambiental.

Adicionalmente, a Figura 20 revela a Universidade de São Paulo USP como a IES

com maior contribuição na formação de pesquisadores que atuam no Stricto Sensu em

administração realizando orientação na área de sustentabilidade ambiental com um total de 76

(25,8%) egressos. A USP caracteriza-se, assim, como um importante centro de formação de

pesquisadores em sustentabilidade ambiental, que obteve o reconhecimento e a recomendação

do doutorado em administração pela CAPES em 1975, e apresentando já em 1998 duas

dissertações no campo da sustentabilidade ambiental.

Na sequência, aparecem outras instituições que contribuem para a formação destes

pesquisadores, a saber: Fundação Getúlio Vargas/SP FGV/SP com 28 (9,5%) pesquisadores

egressos, e reconhecimento e recomendação do doutorado pela CAPES em 1976 e

76

28

21 20

9 9 7 5 5 5 3 3 3 2 2 2 2 2 1 1 1

24 23 19

8 6 3 2 1 1 1

0

10

20

30

40

50

60

70

80

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143

apresentado já em 1998 uma dissertação no campo da sustentabilidade ambiental.

Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC com 21 (7,2%) pesquisadores,

reconhecimento e recomendação do doutorado pela CAPES em 2008 e apresentando já em

1998 uma dissertação no campo da sustentabilidade ambiental. Universidade Federal do Rio

de Janeiro – UFRJ com 20 (6,8%) pesquisadores, recomendação do doutorado pela CAPES

em 1976 e apresentando somente em 2000 o primeiro trabalho em sustentabilidade ambiental,

a tese do aluno Celso Funcia Lemme. Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG com

sete (2,4%) pesquisadores, recomendação do doutorado pela CAPES em 1995 e apresentando

já em 2000 uma dissertação no campo da sustentabilidade ambiental. Universidade Federal do

Rio Grande do Sul UFRGS com cinco (1,4%) pesquisadores, recomendação do doutorado

pela CAPES em 1994 e apresentando já em 1998 três dissertações no campo da

sustentabilidade ambiental. Universidade Federal da Bahia UFBA com cinco (1,4%)

pesquisadores, recomendação do doutorado pela CAPES em 1993 e apresentando já em 1999

uma dissertação no campo da sustentabilidade ambiental. Universidade Federal de

Pernambuco – UFPE com cinco (1,4%) pesquisadores, recomendação do doutorado pela

CAPES em 1993 e apresentando somente em 2003 uma dissertação no campo da

sustentabilidade ambiental. As demais IES contribuem com a formação de três ou menos

pesquisadores.

Um importante detalhe revelado pela Figura 20 é que orientadores obtiveram o

doutorado em IES que não possuem o programa de doutorado em administração. Tal condição

é possível, pois muitos dos orientadores mesmo que atuando no Stricto Sensu de

administração obtiveram o grau de doutor em programas de outras áreas do conhecimento.

Incluem-se nesta situação as seguintes IESs: Universidade de Campinas – UNICAMP,

Pontifícia Universidade Católica – PUC/SP, Universidade Federal Rural do Rio De Janeiro –

UFRRJ, Universidade Federal do Ceará – UFC, Instituto universitário de Pesquisa do Rio de

Janeiro – IUPERJ, Universidade Federal do Pará – UFPA e Universidade Federal de São

Carlos – UFSCAR. Como exemplo destaca-se os orientadores que obtiveram doutorado na

Universidade de Campinas – UNICAMP e que apresentam as seguintes áreas de formação:

Áureo Eduardo Magalhães Ribeiro - doutorado em História, Amilcar Baiardi - doutorado em

Ciências Humanas Economia, George Gurgel de Oliveira - doutorado em Engenharia, Maria

Elisabete Pereira dos Santos - doutorado em Ciências Sociais, Renato Linhares de Assis -

doutorado em Economia Aplicada, Luis Paulo Bresciani - doutorado em Política Científica e

Tecnológica, Abraham Benzaquen Sicsú - doutorado em Economia, Marco Antônio Silveira -

doutorado em Engenharia Mecânica Processos de Fabricação e Teresa Cristina Siqueira

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144

Cerqueira - doutorado em Educação. Destaca-se ainda que a Universidade Federal de Santa

Catarina UFSC obteve a recomendação do doutorado em administração somente em 2008, no

entanto possui grande colaboração, originada do Stricto Sensu em Engenharia de Produção.

Tal cenário mostra que os professores do Stricto Sensu em administração possuem

diferentes áreas de formação. Assim, esta pesquisa investiga a área de formação dos

orientadores que estão atuando no Stricto Sensu de administração. A Tabela 3 expõe este

perfil de formação dos orientadores. Para facilitar a interpretação, a distribuição está disposta

em categorias consonantes à proposição da CAPES, que aponta nove grandes áreas compostas

por áreas de avaliação. Para este estudo criou-se mais uma grande área, a de administração.

Esta ação destina-se a possibilitar a visualização distinta desta área em particular no contexto

deste estudo. Para a análise, segundo os padrões da CAPES, basta apenas incluir esta área de

avaliação dentro da grande área de ciências sociais aplicadas. Vale destacar, que as expressões

“grande área” e “área de avaliação” são nomenclaturas da própria CAPES. A Tabela 3 reflete

esta situação.

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145

Grande Área de

formação dos

orientadores

Quantidade de

orientadores que

obtiveram

doutorado nesta

grande área.

Áreas de avaliação contidas nesta grande área

Ciências

Agrárias

0

Agronomia, Ciência e Tecnologia de Alimentos, Engenharia Agrícola,

Medicina Veterinária, Recursos Florestais e Engenharia Florestal,

Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca e Zootecnia.

Ciências

Biológicas

1 (0,3%)

Biofísica, Biologia Geral, Bioquímica, Botânica, Ecologia (Ecologia e

Meio Ambiente), Farmacologia, Fisiologia, Genética, Imunologia,

Microbiologia, Morfologia, Oceanografia, Parasitologia e Zoologia.

Ciências da

Saúde

2 (0,7%)

Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia e Terapia

Ocupacional (Educação Física), Fonoaudiologia (Educação Física),

Medicina, Nutrição, Odontologia e Saúde Coletiva.

Ciências Exatas

e da Terra

5 (1,7%) Astronomia, Ciência da Computação, Física, Geociências, Matemática,

Oceanografia, Probabilidade e Estatística e Química.

Ciências

Humanas

57 (19,3%)

Antropologia, Arqueologia, Ciência Política (Ciência Política e Relações

Internacionais), Educação, Filosofia (Filosofia / Teologia: subcomissão

Filosofia), Geografia, História, Psicologia, Sociologia e Teologia

(Filosofia / Teologia: subcomissão Teologia).

Ciências Sociais

Aplicadas (sem a

administração)

49 (16,6%)

Arquitetura e Urbanismo, Ciência da Informação, Comunicação,

Demografia, Desenho Industrial (Arquitetura e Urbanismo), Direito,

Economia, Museológica, Planejamento Urbano e Regional, Serviço

Social, Turismo (Administração, Ciências Contábeis e Turismo).

Nota: A área de avaliação Administração (Administração, Ciências

Contábeis e Turismo) esta indicada de forma separada na linha abaixo.

Ciências Sociais

Aplicadas

(somente a

Administração)

140 (47,5%)

Administração, Administração Pública, Administração de Setores

Específicos, Mercadologia, Administração de Produção, Estratégia e

Gestão da Produção, Sistemas Governamentais Comparados,

Administração de Recursos Humanos, Gerência de Produção,

Organização Industrial e Estudos Industriais, Logística e Análise

Institucional.

Engenharias

40 (13,6%)

Engenharia Aeroespacial, Engenharia Biomédica, Engenharia Civil ,

Engenharia de Materiais e Metalúrgica, Engenharia de Minas, Engenharia

de Produção, Engenharia de Transportes, Engenharia Elétrica, Engenharia

Mecânica, Engenharia Naval e Oceânica, Engenharia Nuclear, Engenharia

Química e Engenharia Sanitária.

Linguística,

Letras e Artes

1(0,3%) Artes (Artes / Música), Letras e Linguística.

Multidisciplinar 0 Biotecnologia, Ensino (Ensino de Ciências e Matemática), Interdisciplinar

e Materiais.

Tabela 3 – Área de formação dos orientadores no Stricto Sensu em administração.

Fonte: Dados da pesquisa.

Nota: a classificação em grandes áreas e áreas de avaliação pode ser obtida no sitio da CAPES: www.

http://conteudoweb.capes.gov.br/conteudoweb/ProjetoRelacaoCursosServlet?acao=pesquisarGrandeArea

Os pesquisadores atuantes no Stricto Sensu de administração são oriundos de diversas

grandes áreas de formação, a saber: ciências biológicas, ciências da saúde, ciências exatas e

da terra, ciências humanas, ciências sociais aplicadas, engenharias e linguística, letras e artes.

As grandes áreas que não apresentam pesquisadores, atuando em pesquisa de sustentabilidade

ambiental no Stricto Sensu de administração, são a ciências agrárias e a multidisciplinar. Vale

destacar que os pesquisadores com titulação de doutorado específica em administração

representam praticamente a metade, com 140 (47,5%) dos eventos. Se incorporarmos estes

doutores em administração a grande área a que pertencem, teremos 189 (63,9%) eventos em

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146

ciências sociais aplicadas. Assim, apesar da diversidade observada, há uma significativa

representação de doutores em administração e de ciências sociais aplicadas no Stricto Sensu

de administração. A significativa colaboração de administradores pode ajudar na estruturação

do campo de pesquisa de sustentabilidade ambiental do Stricto Sensu em administração.

As grandes áreas de ciências humanas com 57 (19,3%) e de Engenharias com 40

(13,6%) também se destacam como colaborativas na formação de pesquisadores que atuam

com pesquisas em sustentabilidade ambiental no Stricto Sensu de administração. A

colaboração de pesquisadores originados de outras grandes áreas pode ser o esboço da

interdisciplinaridade que o campo de pesquisa em sustentabilidade ambiental estabelece. Na

grande área de ciências humanas podemos destacar a presença de titulados da área de

sociologia e na grande área de engenharia, um importante conjunto de áreas de avaliação

voltadas para o desenvolvimento tecnológico, que por sua vez devem incorporar o tema

ambiental.

A Figura 21 apresenta o ano de obtenção do título de doutor dos pesquisadores

atuantes no Stricto Sensu de administração no campo de pesquisa de sustentabilidade

ambiental. Como apresentado na Tabela 2, dentre os principais pesquisadores deste campo de

pesquisa, o primeiro a obter o título de doutor com uma tese tratando da sustentabilidade

ambiental foi Luis Felipe Machado do Nascimento em 1995. Dessa forma, grande parte dos

pesquisadores atuantes em sustentabilidade ambiental, que obtiveram título de doutor em

período antecedente a 1995, realizaram suas pesquisas de doutorado em campos diferentes da

sustentabilidade ambiental.

Figura 21 - Ano de obtenção do doutorado pelo orientador em Stricto Sensu de administração.

Fonte: Dados da pesquisa.

7 11

23 21

53

80 86

14

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

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147

A Figura 21 revela que sete pesquisadores titulados em doutor, a partir de 1970,

desenvolveram orientações no campo de pesquisa da sustentabilidade ambiental. Nos períodos

compreendidos entre os anos de 1975 e 1989 observa-se crescimento na quantidade de

pesquisadores formados atuando neste campo de pesquisa, mas ainda com valores totais

baixos.

O período de 1990 a 1994 registra um significativo acréscimo apresentando um total

de 53 (18%) pesquisadores. O período de 1995 a 1999 também apresenta um acréscimo com

um total de 80 (27%) pesquisadores. Vale destacar que só a partir de 1995 se observam os

primeiros orientadores que obtiveram a titulação de doutor com temas voltados para a

sustentabilidade ambiental. no período de 2000-2004 observa-se 86 (29%) ocorrências o

maior contingente observado.

O período de 2005 a 2009 apresenta valores discretos, no entanto, trata-se de

pesquisadores que obtiveram a titulação e iniciaram as atividades de orientação justamente

neste intervalo de tempo, condicionados assim a processo de admissão no Stricto Sensu e

inicialização das atividades junto aos orientados. Fatores estes característicos do processo de

iniciação do pesquisador na atividade.

A apresentação e a análise dos dados determina o estabelecimento de métricas

destinadas a identificar o perfil das Instituições de Ensino Superior – IES. A primeira métrica

em análise é destinada a identificar as IESs, que apresentaram teses e ou dissertações em

sustentabilidade ambiental associada à quantidade de estudos desenvolvidos nestas

instituições. Os dados apontam que no período de 1998 a 2009 desenvolveu-se um total de

13959 teses e dissertações no Stricto Sensu de administração. A Tabela 4 apresenta a relação

das 58 IESs nas quais se realizaram 543 estudos voltados à sustentabilidade ambiental.

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148

Instituição de Ensino Superior IES

Teses e dissertações % em relação

ao total

Regime da

IES Total Em SA

UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul 1009 57 10,5 Pública

UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina 597 38 7,0 Pública

FGV/SP - Fundação Getúlio Vargas / São Paulo 1170 30 5,5 Particular

FGV/RJ - Fundação Getúlio Vargas / Rio de Janeiro 631 28 5,2 Particular

USP - Universidade de São Paulo 872 24 4,4 Pública

UFBA - Universidade Federal da Bahia 529 23 4,2 Pública

UNISANTOS - Universidade Católica de Santos 99 22 4,1 Particular

UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro 578 20 3,7 Pública

UFLA - Universidade Federal de Lavras 251 18 3,3 Pública

PUC/SP - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo 540 17 3,1 Particular

UNIFOR - Universidade de Fortaleza 200 17 3,1 Particular

UFRPE - Universidade Federal Rural de Pernambuco 54 14 2,6 Pública

UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte 190 13 2,4 Pública

PUC/RJ - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro 501 12 2,2 Particular

FURB - Universidade Regional de Blumenau 239 11 2,0 Pública

FESP/UPE - Fundação Universidade de Pernambuco 14 10 1,8 Pública

UNINOVE - Universidade Nove de Julho 123 10 1,8 Particular

USP/RP - Universidade de São Paulo/ Ribeirão Preto 89 10 1,8 Pública

IBMEC - Faculdade de Economia e Finanças do IBMEC 519 9 1,7 Particular

CNEC - Campanha Nacional de Escolas da Comunidade 60 8 1,473 Particular

UNESA - Universidade Estácio de Sá 211 8 1,473 Particular

UNIVALI - Universidade do Vale do Itajaí 84 8 1,473 Particular

UPM - Universidade Presbiteriana Mackenzie 285 8 1,473 Particular

USCS - Universidade Municipal de São Caetano do Sul 128 8 1,473 Pública

FEAD - Faculdade de Est. Administrativos de Minas Gerais 339 7 1,289 Particular

UFPR - Universidade Federal do Paraná 319 7 1,289 Pública

UNIR - Universidade Federal de Rondônia 41 7 1,289 Pública

FCHPL - Faculdade de Ciências Humanas de Pedro Leopoldo 322 6 1,105 Particular

PUC/PR - Pontifícia Universidade Católica do Paraná 182 6 1,105 Particular

UFPB - Universidade Federal da Paraíba / João Pessoa 266 6 1,105 Pública

UFRRJ - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro 282 6 1,105 Pública

UFU - Universidade Federal de Uberlândia 68 6 1,105 Pública

UNIFACS - Universidade Salvador 161 6 1,105 Particular

FJP - Fundação João Pinheiro (Escola de Governo) 276 5 0,921 Pública

UDESC - Universidade do Estado de Santa Catarina 49 5 0,921 Pública

UEM - Universidade Estadual de Maringá 159 5 0,921 Pública

FJN - Fundação Joaquim Nabuco/PE 16 4 0,737 Pública

UFPE - Universidade Federal de Pernambuco 293 4 0,737 Pública

UNISINOS - Universidade do Vale do Rio dos Sinos 170 4 0,737 Particular

FUMEC - Universidade FUMEC 103 3 0,552 Particular

UCS - Universidade de Caxias do Sul 44 3 0,552 Particular

UECE - Universidade Estadual do Ceará 62 3 0,552 Pública

UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais 355 3 0,552 Pública

UNB - Universidade de Brasília 207 3 0,552 Pública

UNIMEP - Universidade Metodista de Piracicaba 144 3 0,552 Particular

FEI - Centro Universitário da FEI 21 2 0,368 Particular

FNH - Faculdade Novos Horizontes 133 2 0,368 Particular

UFES – Universidade Federal do Espírito Santo 81 2 0,368 Pública

UMESP - Universidade Metodista de São Paulo 108 2 0,368 Particular

UNIP - Universidade Paulista 40 2 0,368 Particular

FBV - Faculdade Boa Viagem 64 1 0,184 Particular

FUCAPE – Fund. Inst. Capixaba de Pesq. Cont. Econ. e Fin. 16 1 0,184 Particular

PUC/MG - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais 189 1 0,184 Particular

UFAL - Universidade Federal de Alagoas 27 1 0,184 Pública

UFV - Universidade Federal de Viçosa 34 1 0,184 Pública

UNIGRANRIO – Univ. do Grande Rio/Prof. Jose de S. Herdy 14 1 0,184 Particular

UNP - Universidade Potiguar 29 1 0,184 Particular

UP - Universidade Positivo 69 1 0,184 Particular

Tabela 4: Relação das teses e dissertações em sustentabilidade ambiental por Instituição de Ensino Superior IES

de 1998 a 2009.

Fonte: Dados da pesquisa. Nota: SA = Sustentabilidade Ambiental.

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149

Analisando o desempenho de pesquisas das IESs em sustentabilidade ambiental no

período de 1998 e 2009 observa-se que a Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS

apresenta o maior volume de teses e dissertações voltadas a este campo de pesquisa com 57

estudos que representa 10,8% do total produzido. A Universidade Federal de Santa Catarina

UFSC, por sua vez, se posiciona em segundo lugar participando com 38 estudos que

representam 7,0% do total produzido. Na sequência, as seguintes instituições também

aparecem em destaque: Fundação Getúlio Vargas/SP com 30 estudos que representam 5,7%

do total, Fundação Getúlio Vargas/RJ com 28 estudos que representam 5,5% do total,

Universidade de São Paulo com 24 estudos que representam 4,5% do total, Universidade

Federal da Bahia com 23 estudos que representam 4,3% do total, Universidade Católica de

Santos com 22 estudos que representam 4,2% do total, Universidade Federal do Rio de

Janeiro com 20 estudos que representam 3,8% do total e a Universidade Federal de Lavras

com 18 estudos que representam 3,4% do total. Estas nove instituições respondem por 48%

do total de estudos em sustentabilidade ambiental realizados no Stricto Sensu de

administração, enquanto as outras 49 IESs participam com 52%. Desta forma, 15% das IES

abarcam aproximadamente metade de toda a pesquisa em sustentabilidade ambiental

desenvolvida no Stricto Sensu em administração.

Analisando comparativamente o desempenho das pesquisas em sustentabilidade

ambiental em relação ao total desenvolvido pelo Stricto Sensu em administração, dentro do

contexto de cada IES, é possível identificar instituições com acentuada atenção a este campo

de pesquisa. A Universidade Católica de Santos UNISANTOS é a que possui maior

contribuição interna de teses e dissertações em sustentabilidade ambiental com uma

participação de 22,2% em relação ao total produzido pela IES. Na sequência, aparecem a

Universidade Federal de Lavras UFLA com 7,2%, a Universidade Federal de Santa Catarina

UFSC com 6,2%, e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS com 5,6%. As

demais IESs aparecem com uma contribuição interna de teses e dissertações em

sustentabilidade ambiental com índices inferiores a 5% de participação.

Tal cenário revela que tanto a Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS

quanto a Universidade Federal de Santa Catarina UFSC possuem relevância na produção

geral de teses e dissertações em sustentabilidade ambiental. Esta relevância se manifesta

dentre outros fatores pelo fato de possuírem pesquisadores dedicados a este campo de

pesquisa. Associando as informações da Tabela 4 que informa as IESs mais prolíferas com as

disponibilizadas na Tabela 2 que informa os pesquisadores mais prolíficos é possível

identificar o núcleo de pesquisa em sustentabilidade ambiental destas instituições. A

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150

Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS possui três pesquisadores em seu núcleo

de sustentabilidade ambiental, os professores: Luis Felipe Machado do Nascimento, Tânia

Nunes da Silva e Eugenio Ávila Pedrozo. A Universidade Federal de Santa Catarina UFSC

também possui três pesquisadores em seu núcleo de sustentabilidade ambiental, os

professores: Pedro Carlos Schenini, Hans Michael Van Bellen e Rolf Hermann Erdmann.

Outras IESs que também apresentaram núcleo de pesquisa são: Universidade Católica de

Santos UNISANTOS com os professores: Ícaro Aronovich da Cunha e João Eduardo

Prudêncio Tinoco, a Universidade Federal de Lavras UFLA com os professores: Robson

Amâncio e Mozar José de Brito e a Universidade Federal da Bahia UFBA com os professores:

José Célio Silveira Andrade e George Gurgel de Oliveira.

Dentre as IESs mais prolíferas observa-se a existência de instituições que apresentam

apenas um pesquisador na relação dos mais prolíficos na pesquisa em sustentabilidade

ambiental. Na Fundação Getúlio Vargas / São Paulo FGV/SP o professor José Carlos

Barbieri, na Fundação Getúlio Vargas / Rio de Janeiro FGV/RJ o professor José Antonio

Puppim de Oliveira, na Universidade de São Paulo USP o professor Isak Kruglianskas, na

Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ o professor Celso Funcia Lemme, na Pontifícia

Universidade Católica de São Paulo PUC/SP o professor Sérgio Gozzi, na Universidade de

Fortaleza UNIFOR o professor Francisco Correia de Oliveira, na Universidade Nove de Julho

UNINOVE a professora Maria Tereza Saraiva de Souza. Tal constatação não monstra a

inexistência de um núcleo de pesquisas em sustentabilidade ambiental nestas instituições, no

entanto é possível identificar a concentração de pesquisa em um único professor orientador.

A Tabela 4 possibilita ainda identificar a dependência administrativa das IESs. A

Figura 22, expressa esta repartição de dependência administrativa.

Figura 22 - Dependência administrativa das IESs

Fonte: Dados da pesquisa.

Nota: Dependência Administrativa Pública incorpora IES: Federal, Estadual e Municipal.

314 - 58% 229 - 42%

Pública Particular

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151

A Figura 22 expõe um contexto de prevalência das IESs públicas (58%) em relação às

particulares (42%). Apesar da existência de superioridade das IESs públicas em relação às

particulares é possível observar que a diferença entre elas é de 16 apenas pontos percentuais.

Tal condição demonstra que as IESs de ambas as dependências administrativas possuem

interesse na pesquisa em sustentabilidade ambiental.

A Figura 23 apresenta a distribuição das teses e dissertações por região geográfica do

Brasil.

Figura 23 - Distribuição das teses e dissertações de sustentabilidade ambiental por região geográfica do Brasil

de 1998 a 2009.

Fonte: Dados da Pesquisa

Nota: o eixo das ordenadas esta formatado em escala logarítmica

A região Sudeste aparece com predomínio, tanto na produção total de teses e

dissertações com 8721 estudos quanto na produção voltada para a sustentabilidade ambiental

285 (3,3%) estudos caracterizando-se como um grande polo de pesquisa em sustentabilidade

ambiental com desempenho superior ao somatório das demais regiões (258). Na sequência,

aparece respectivamente a região Sul com um total de 3039 estudos dos quais 145 (4,8%)

estão voltados à sustentabilidade ambiental. A região Nordeste apresenta um total de 1947

estudos sendo que destes 103 (5,3%) estão voltados à sustentabilidade ambiental, a região

Centro-Oeste com um total de 212 estudos sendo que destes três (1,4%) estão voltados à

sustentabilidade ambiental e finalmente a região Norte com um total de 40 estudos sendo que

destes sete (17,5%) estão voltados à sustentabilidade ambiental.

8721

3039 1947

212

40

285

145 103

3

7

3,3% 4,8% 5,3%

1,4%

17,5%

1

10

100

1000

10000

Sudeste Sul Nordeste Centro-Oeste Norte

Total teses e

dissertações

Teses e

dissertações em

sustentabilidade

ambiental

Percentagem

sustentabilidade

ambiental

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152

As regiões Nordeste (5,3%), Sul (4,8%) e Sudeste (3,3%) apresentam pouca

discrepância, com um percentual muito próximo de teses e dissertações em sustentabilidade

em relação ao total. A região Norte, com apenas sete dissertações defendidas neste campo de

pesquisa apresenta um índice de 17,5%, valor este significativo. Esta prevalência mostra

interesse de pesquisadores da região Norte em estudos em sustentabilidade ambiental. Em

contrapartida, a região Centro-Oeste apresenta apenas três que resulta no índice de 1,4% dos

trabalhos neste campo de pesquisa. Vale destacar que ambas as regiões possuem os biomas,

Floresta Amazônica e Pantanal respectivamente os mais importantes de preservação

ambiental do país, mas que, no entanto apresentam prioridades opostas no desenvolvimento

de pesquisas que abarcam a sustentabilidade ambiental.

A Figura 24 detalha o desempenho dos estados que compõem as regiões brasileiras,

possibilitando assim a visualização de forma individualizada da contribuição de cada membro

da união na pesquisa em sustentabilidade ambiental.

Figura 24 - Distribuição das teses e dissertações de sustentabilidade ambiental por estado do Brasil de 1998 a

2009.

Fonte: Dados da Pesquisa

O Estado de São Paulo se apresenta com a maior produção de pesquisas no Stricto

Sensu em sustentabilidade ambiental, com 138 (25,4%) estudos, ou seja, um quarto de toda a

produção brasileira. O estado do Rio de Janeiro surge na segunda posição com 84 (15,5%) dos

estudos. A terceira e quarta posições são ocupadas pelo estado do Rio Grande do Sul com 64

(11,8%) estudos e Santa Catarina com 62 (11,4%) estudos respectivamente. A quinta posição

138

84

60

3

64 62

19

33 29 20

14 6

1 7 3

0

20

40

60

80

100

120

140

160 Sudeste

Nordeste

Sul

Nort

e

Cen

tro

-Oes

te

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153

é do estado de Minas Gerais com 60 (11%) estudos. Os estados do Rio Grande do Sul, Santa

Catarina e Minas Gerais manifestam produção muito semelhante de sustentabilidade

ambiental no Stricto Sensu, com participações entre 11% e 12%. Na região Nordeste três

estados ocupam sequencialmente da sexta a oitava posições: Pernambuco contribui com 33

(6,1%), Bahia contribui com 29 (5,3%) e Ceará contribui com 20 (3,7%) dos estudos de

sustentabilidade ambiental no Stricto Sensu em administração. Na sequência, aparecem os

seguintes estados Paraná 19 (3,5%), Rio Grande do Norte 14 (2,6%), Rondônia sete (1,3%),

Paraíba seis (1,1%), Distrito Federal e Espírito Santo três (0,6%) e Alagoas um (0,2%). Os

dados mostram que na região Norte tem apenas a colaboração do estado de Rondônia e na

região Centro-Oeste tem apenas a colaboração do Distrito Federal.

A pós-graduação Stricto Sensu está dividida em três categorias: mestrado profissional,

mestrado e doutorado. A Figura 25 mostra a distribuição das teses e dissertações nessas três

categorias comparadas com o total de trabalhos defendidos no período analisado.

Figura 25 - Distribuição dos trabalhos sobre sustentabilidade ambiental por categorias do Stricto Sensu de 1998

a 2009.

Fonte: Dados da Pesquisa

Nota: o eixo das ordenadas esta formatado em escala logarítmica

Os dados revelam uma maior participação, em termos percentuais e absolutos, de

dissertações provenientes de mestrado, 398 estudos, que representa uma participação de 4,2%

do total de dissertações. As dissertações de mestrado profissional aparecem na sequência com

109 estudos, 3,1% do total e as teses de doutorado 36 estudos, 3,5% do total. Vale destacar

que as pesquisas de mestrado em sustentabilidade ambiental (398) representam

9421 3517

1021

398

109

36

4,2% 3,1% 3,5%

1

10

100

1000

10000

Mestrado Mestrado Profissional Doutorado

Total teses e

dissertações

Teses e dissertações

em sustentabilidade

ambiental

Percentagem em

sustentabilidade

ambiental

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154

aproximadamente o triplo do somatório do doutorado e do mestrado profissional (145).

Também se observa esta proporção quando se compara o total de dissertações em mestrado

profissional (109) em relação ao total de teses (36).

Esta seção apresentou as características dos orientadores do Stricto Sensu em

administração mais prolíficos detalhando a quantidade de orientações concluídas, a IES de

formação, o ano e a área de obtenção do título de doutor. As análises abarcam ainda a

interpretação do conjunto de 295 pesquisadores que realizaram orientações neste campo de

pesquisa. Tal composição possibilita tanto a interpretação das características dos mais

prolíficos quanto do conjunto de pesquisadores que compõem este campo de pesquisa. As

análises apresentam o desempenho das IESs no desenvolvimento de estudos em

sustentabilidade ambiental e as características segundo o regime de dependência

administrativa, distribuição por região e estados, bem como a classificação por programas de

doutorado, mestrado e mestrado profissional. A seção seguinte aborda as redes de colaboração

expressas a partir de laços de participação em bancas de doutorado e de mestrado em

administração, mostrando a rede social que incorpora os pesquisadores mais prolíficos

analisados.

4.2 ANÁLISE DE REDES EXPRESSAS SOB A FORMA DE ESTRUTURAS DE

COLABORAÇÃO GERADAS A PARTIR DE LAÇOS DE PARTICIPAÇÃO EM

BANCAS DE DEFESA DE TESE E DISSERTAÇÃO NO STRICTO SENSU

A análise da rede social expressa na forma de estruturas de colaboração geradas a

partir de laços de participação de pesquisadores em bancas de defesa de teses e de

dissertações no Stricto Sensu se apoia em rede two-mode, que apresenta como característica

dois conjuntos de atores. O primeiro conjunto de atores é formado de 295 professores

orientadores que desenvolveram as pesquisas junto a seus orientados. O segundo conjunto de

atores é formado por 787 pesquisadores que foram convidados a participar das bancas de

defesa de doutorado ou de mestrado. Como característica desta rede social, o ator que é

professor orientador em uma banca pode aparecer como convidado em outra banca, ou seja,

aparece nos dois eixos da matriz de análise. Os dados mostram que 135 atores se posicionam

na situação de orientadores e também de membros convidados de banca, assim tem-se o total

de 947 atores envolvidos nesta análise de rede social.

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155

Considerando a totalidade de membros de bancas de doutorado e de mestrado que

integralizam a população desta pesquisa, ilustra-se, na Figura 26 a rede de cooperação entre

os atores ao longo do período de 1998 a 2009.

Figura 26 – Rede de cooperação entre os membros das bancas de doutorado e de mestrado de sustentabilidade

ambiental em administração no período de 1998 a 2009.

Fonte: Dados da Pesquisa

Notas: A Tabela 5 apresenta o nome completo dos principais pesquisadores desta rede.

Simbologia utilizada:

Circulo Vermelho = pesquisador participou da banca na condição de orientador

Circulo Amarelo = pesquisador participou da banca na condição de orientador e apresenta-se central

Quadrado azul = pesquisador participou da banca na condição de membro convidado

A rede apresenta um extenso conjunto de atores fragmentados em três redes de

destaque. Redes menores com até 15 atores foram omitidas da Figura 26. As três redes

possuem relevante diferença na quantidade de atores. A rede que se configura no anel externo

apresenta 162 pesquisadores orientadores e comporta 58% do total dos atores que colaboram

participando das bancas de doutorado e de mestrado e, contém todos os atores principais.

Enquanto as duas redes apresentadas ao centro possuem menor quantidade de atores.

Uma das redes com 93 pesquisadores orientadores comporta 28% do total dos atores que

colaboram participando das bancas de doutorado e mestrado a outra rede apresenta 20

pesquisadores orientadores localizados na região Nordeste e comporta 8% do total dos atores

que colaboram participando das bancas de doutorado e mestrado, restando ainda 20

AMÂNCIO, R.

ANDRADE, J. C. S.

BARBIERI, J. C.

BELLEN, H. M. V.

CAMARA, M. R. G.

CUNHA, I. A.

ENDERS, W. T.

ERDMANN, R. H.

FERREIRA, E.

FRACASSO, E. M.

GOZZI, S.

KRUGLIANSKAS, I.

LEMME, C. F.

MARCOVITCH, J.

MAZON, R.

NASCIMENTO, L. F. M.

OLIVEIRA, F. C.

OLIVEIRA, G. G.

OLIVEIRA, J. A. P.

PAIVA, E. L.

PEDROZO, E. A.

SCHENINI, P. C.

SILVA, T. N.

SOUZA, M. T. S.

TINOCO, J. E. P.

Orientador Membro Convidado Orientador Centralizado

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156

pesquisadores orientadores dispersos com 6% do total dos atores que colaboram participando

das bancas de doutorado e de mestrado.

Para possibilitar a visualização das redes se omitiu na Figura 26 o nome dos atores de

forma geral só permanecendo o nome dos atores centrais destacados com uma cor diferente.

Conforme informado trata-se de uma rede two-mode, com dois conjuntos de atores, neste

sentido para facilitar à interpretação dos dados a posição de orientado foi alocada na parte

externa das redes em vermelho, com exceção para os atores centrais, na cor amarela, enquanto

a posição de membro convidado ficou na parte interna na cor azul. Em face da limitação de

espaço para apresentação destacou-se os atores centrais apenas na posição de membro

orientador do aluno nas bancas.

Com a finalidade de possibilitar a interpretação e a análise dos membros centrais e

suas interações, optou-se por exibir na Figura 27 apenas as redes que envolvem atores com

mais de nove laços de relacionamento, tanto como membro de banca como orientador. Vale

destacar que a conduta de estabelecer um ponto de corte na apresentação dos dados da rede

social se assemelha a proposta adotada por Walter et al. (2009), que utilizou como critério as

redes que envolviam mais de cinco atores.

Figura 27 – Rede de cooperação entre os membros das bancas de doutorado e de mestrado de sustentabilidade

ambiental em administração no período de 1998 a 2009 que apresentam mais de nove laços de relacionamento. Fonte: Dados da Pesquisa. Notas: A Tabela 5 apresenta o nome completo dos principais pesquisadores desta rede

Orientador Membro Convidado

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157

Para beneficio de interpretação dos resultados expressos na Figura 27, a Tabela 5

contém os 20 pesquisadores que possuem maior centralidade na rede de cooperação entre os

membros das bancas de doutorado e de mestrado de sustentabilidade ambiental em

administração, no período de 1998 a 2009. Todos os pesquisadores centrais referenciados na

Tabela 5, também aparecem identificados na Figura 26.

A Tabela 5 expressa na última coluna a quantidade de laços que cada pesquisador

possui, integrando desta forma, tanto na participação como orientador de aluno que defende a

tese ou dissertação (out degree - quantidade de laços que saem do ator) quanto na condição de

membro convidado (in degree - quantidade de laços de que chegam ao ator). A Tabela 5 exibe

as centralidades de grau, de proximidade e de intermediação do pesquisador na condição de

orientador e na condição de membro convidado para a banca.

Nome do pesquisador orientador de

tese e dissertação

Orientador (Membro Titular) Membro Convidado

Deg

ree

cen

tral

i-

dad

e d

e g

rau

Clo

sen

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tral

i-

dad

e d

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d

ade

de

inte

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iaçã

o

In d

egre

e

Qu

anti

dad

e d

e la

ços

Luis Felipe Machado do Nascimento 0.047 0.381 0.126 82 0.037 0.458 0.044 21 103

Pedro Carlos Schenini 0.025 0.249 0.035 42 0.024 0.372 0.045 9 51

José Antonio Puppim de Oliveira 0.029 0.288 0.056 24 0.017 0.518 0.045 9 33

José Carlos Barbieri 0.024 0.334 0.027 22 0.058 0.526 0.129 22 44

Francisco Correia de Oliveira 0.021 0.382 0.055 27 0.007 187,4 0.000 2 29

Isak Kruglianskas 0.016 0.367 0.052 15 0.027 0.491 0.090 8 23

Robson Amâncio 0.015 0.242 0.025 15 0.007 0.244 0.002 3 18

Eugênio Ávila Pedrozo 0.014 0.334 0.011 15 0.020 0.493 0.025 15 30

Ícaro Aronovich da Cunha. 0.014 0.342 0.045 23 0.007 0.419 0.001 3 26

Tânia Nunes da Silva 0.014 0.319 0.011 18 0.007 0.447 0.001 4 22

Hans Michael Van Bellen 0.014 0.245 0.020 13 0.014 0.305 0.007 5 18

Rolf Hermann Erdmann. 0.013 0.246 0.018 11 0.003 0.362 0.000 1 12

Celso Funcia Lemme 0.011 0.349 0.037 18 0.020 0.358 0.017 6 24

Maria Tereza Saraiva de Souza. 0.011 0.354 0.042 12 0.020 0.316 0.006 6 18

Rubens Mazon 0.011 0.317 0.018 10 0.007 0.420 0.003 3 13

Wayne Thomas Enders 0.011 0.221 0.019 12 0.003 0,263 0.000 1 13

José Célio Silveira Andrade 0.010 0.343 0.015 13 0,014 0,413 0,032 13 26

Ely Laureano Paiva 0.010 0.325 0.014 12 0.007 0.447 0.001 2 14

Elaine Ferreira 0.010 0.203 0.007 9 0.014 0.303 0.008 4 13

Jacques Marcovitch 0.010 0.314 0.043 8 0,007 0,240 0,003 2 10

George Gurgel de Oliveira 0,010 0,028 0,008 10 0,003 0,062 0 1 11

Sérgio Gozzi 0,009 0,278 0,017 8 0,010 0,339 0,003 4 12

Marcia Regina Gabardo Camara 0,009 0,282 0,025 9 0 0 0 0 9

Edi Madalena Fracasso 0,008 0,318 0,004 9 0,014 0,491 0,016 21 30

João Eduardo Prudêncio Tinoco 0,008 0,183 0,006 8 0,007 0,400 0 3 11

Tabela 5 - Relação da centralidade dos 25 principais pesquisadores orientadores de aluno de doutorado ou

mestrado de sustentabilidade ambiental em administração no período de 1998 a 2009.

Fonte: Dados da pesquisa.

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158

A análise associada das redes de colaboração, ilustradas nas Figuras 26 e 27, e das

informações contidas na Tabela 5 sinaliza a existência de uma rede principal que contém

todos os atores centrais. A Figura 27 mostra que a rede principal é coesa, no entanto na

apresentação dos atores principais na Figura 26 esta mesma rede se apresentou fragmentada

em duas partes principais. Esta fragmentação ocorre em função da omissão dos atores com

menos de nove laços de relacionamento. Para efeito de análise deste estudo estas duas redes

serão analisadas de forma distinta, apesar de se consubstanciarem em apenas uma rede.

A primeira rede é formada pelos seguintes pesquisadores centrais: Luis Felipe

Machado do Nascimento, José Carlos Barbieri, José Antonio Puppim de Oliveira, Eugênio

Ávila Pedrozo, Francisco Correia de Oliveira, Ícaro Aronovich da Cunha, José Célio Silveira

Andrade, Celso Funcia Lemme, Isak Kruglianskas, Tânia Nunes da Silva, Maria Tereza

Saraiva de Souza, Ely Laureano Paiva Rubens Mazon, Edi Madalena Fracasso, João Eduardo

Prudêncio Tinoco e Sérgio Gozzi. A segunda rede é formada pelos pesquisadores centrais:

Pedro Carlos Schenini, Hans Michael Van Bellen, Elaine Ferreira e Rolf Hermann Erdmann.

Dentre os 25 pesquisadores centrais apenas Robson Amâncio, Wayne Thomas Enders e

Jacques Marcovitch não aparecem diretamente associados a estas redes principais. A Figura

27, expressa uma série de pesquisadores não associados a pontos da rede, tal condição resulta

do fato destes pesquisadores possuírem mais de nove laços de relacionamento, no entanto não

apresentam nesta condição laços diretos com os atores pertencentes às duas redes principais.

A centralidade desses atores é apresentada a seguir utilizando-se os seguintes

indicadores: Grau de centralidade (degree centrality) que é o número de linhas incidentes em

um nó. Grau de proximidade do ator (closeness centrality) que dimensiona o quanto o nó que

representa o ator está próximo de todos os demais nós da rede, é decorrente da soma das

distâncias geodésicas do nó em relação a todos demais nós do grafo e depois invertido, pois

quanto maior a distância menor a proximidade. Grau de intermediação (betweeness centrality)

que analisa quanto um nó está no caminho geodésico entre outros nós. Adicionalmente

apresentam-se as linhas de entrada (in-degree centrality) característica do ator na condição de

convidado a participar de Banca e as linhas de saídas (out-degree centrality) característica do

ator na condição de membro titular (orientador), que esta realizando o convite. Vale destacar

que os cálculos do grau de proximidade e do grau de intermediação estão sujeitos a mesma

condicionante do grau de centralidade, ou seja, pertencentes a uma rede two-mode com linhas

de entrada e de saída, decorrentes da condição de orientador ou de convidado da banca pelo

ator.

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159

A Figura 27 e a Tabela 5 apresentam pesquisadores que se qualificam como atores

centrais na rede, em face da centralidade que possuem na rede de relacionamentos. Dentre

esses atores este estudo destaca os seguintes pesquisadores.

O pesquisador Luis Felipe Machado do Nascimento (NASCIMENTO, L. F. M.) se

posiciona como um ator central na rede, face ao número de laços que possui. Observa-se a

existência de reciprocidade entre os pesquisadores que possuem laços de relacionamento com

Luis Felipe Machado do Nascimento, pois dos seis atores mais convidados a participar de

suas bancas, cinco retribuíram a ação convidando-o a participar de bancas de seus orientados.

Tal conduta mostra reciprocidade das relações estabelecidas por este pesquisador. A

centralidade de grau deste pesquisador como orientador é de 0,047, a maior da rede, e como

participante de banca é de 0,037, a segunda maior da rede. Estes valores mostram que o

pesquisador é localmente centralizado. A centralidade de proximidade como orientador é de

0,381, a segunda maior da rede, e como participante de banca é de 0,458, a terceira maior da

rede. Estes valores mostram que o pesquisador é globalmente centralizado. A centralidade de

intermediação como orientador é 0,126, a maior da rede, e como participante é de 0,044. Estes

valores mostram que este pesquisador é importante na intermediação de atores locais. Tal

cenário posiciona este pesquisador como central na rede, situação esta resultante dos 103

laços de relacionamento que possui.

O pesquisador Pedro Carlos Schenini (SCHENINI, P. C.) se destaca como elemento

central na segunda rede identificada na Figura 27. Apesar da maior quantidade de laços (42)

serem na condição de orientador, na Figura 27 o destaque é na condição de convidado de

banca, com quatro laços de relacionamento. Na condição de orientador apresenta dois laços,

ambos em comum com a condição de convidado, mais precisamente com os pesquisadores

Hans Michael Van Bellen e Gerson Rizzatti. A centralidade de grau deste pesquisador como

orientador é de 0,025, a terceira maior da rede, e como participante de banca é de 0,024. Estes

valores mostram que o pesquisador é localmente centralizado. A centralidade de proximidade

como orientador é de 0,249, e como participante de banca é de 0,372. Estes valores mostram

que o pesquisador possui centralidade global. A centralidade de intermediação como

orientador é 0,035, e como participante é de 0,045, a terceira maior da rede. Estes valores

mostram que o ator possui centralidade de intermediação para os atores locais. Tal cenário

posiciona este pesquisador com centralidade de rede.

O pesquisador José Antonio Puppim de Oliveira (OLIVEIRA, J. A. P.) apresenta mais

laços na posição de orientador (24), no entanto a Figura 27 destaca a sua condição de

convidado de banca, com quatro laços de relacionamento. A Figura 27 mostra que na

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160

condição de orientador apresenta dois laços, sendo um em comum com a condição de

convidado, mais precisamente com o pesquisador Celso Funcia Lemme. A centralidade de

grau deste pesquisador como orientador é de 0,029, a segunda maior da rede, e como

participante de banca é de 0,017. Estes valores mostram que o pesquisador é localmente

centralizado. A centralidade de proximidade como orientador é de 0,288, e como participante

de banca é de 0,518, a quarta maior da rede. Estes valores mostram que o pesquisador é

globalmente centralizado. A centralidade de intermediação como orientador é 0,056, a

segunda maior da rede, e como participante é de 0.045 a terceira maior da rede. Estes valores

mostram que este pesquisador é importante na intermediação de atores locais. Tal cenário

posiciona este pesquisador com centralidade na rede.

O pesquisador José Carlos Barbieri (BARBIERI, J. C.) apresenta igualdade de laços

como orientador (22) e como convidado, no entanto a Figura 27 destaca a condição de

convidado de banca, com seis laços de relacionamento no total. Na condição de orientador

apresenta três laços sendo que destes apenas um em comum com a condição de convidado,

mais precisamente com a pesquisadora Gisela Black Taschner. A centralidade de grau deste

pesquisador como orientador é de 0,024, e como participante de banca é de 0,058, a maior da

rede. Estes valores mostram que o pesquisador é localmente centralizado. A centralidade de

proximidade como orientador é de 0,334, e como participante de banca é de 0,526, a terceira

maior da rede. Estes valores mostram que o pesquisador é globalmente centralizado. A

centralidade de intermediação como orientador é 0,027, e como participante é de 0,129, a

maior da rede. Estes valores mostram que os atores intermediários locais são dependentes

deste pesquisador. Tal cenário posiciona este pesquisador com centralidade na rede,

principalmente quando atua como convidado de banca.

O pesquisador Francisco Correia de Oliveira (OLIVEIRA, F. C.) apresenta 27 laços de

relacionamento como orientador e dois laços de relacionamento como convidado. A Figura 27

apresenta dois laços de relacionamento na condição de orientador. A centralidade de grau

deste pesquisador como orientador é de 0,021, e como participante de banca é de 0,007. Estes

valores mostram que o pesquisador possui centralidade local. A centralidade de proximidade

como orientador é de 0,382, a maior da rede, e como participante de banca é de 187,4 tambem

a maior da rede. Estes valores mostram que o pesquisador é globalmente centralizado, com

destaque na condição de orientador, conforme expõe a Figura 27 que ilustra a importante

ligação entre os pesquisadores José Antonio Puppim de Oliveira e José Carlos Barbieri. Nesta

situação o ator se configura como uma lacuna estrutural, pois conecta grupos distintos de

pesquisadores. A centralidade de intermediação como orientador é 0,055, a segunda maior da

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161

rede, e como participante é de 0. Estes valores mostram que este pesquisador possui

intermediação para os atores dele dependentes quando atua como orientador. Tal cenário

posiciona este pesquisador como central na rede, com destaque para a condição de

globalmente localizado.

O pesquisador Isak Kruglianskas (KRUGLIANSKAS, I.) apresenta 15 laços como

orientador e oito como convidado de banca. A Figura 27 destaca quatro laços de

relacionamento como convidado e apenas um como orientador. A centralidade de grau deste

pesquisador como orientador é de 0,016, e como participante de banca é de 0,027, a terceira

maior da rede. Estes valores mostram que o pesquisador possui centralidade local. A

centralidade de proximidade como orientador é de 0,367, a terceira maior da rede, e como

participante de banca é de 0,491. Estes valores mostram o pesquisador globalmente

centralizado. A centralidade de intermediação como orientador é 0,052, e como participante é

de 0,090, a segunda maior da rede. Estes valores mostram que o pesquisador possui

intermediação para os atores localmente dependentes. Tal cenário posiciona este pesquisador

como central na rede, e que apesar de apresentar mais laços como orientador se destaca pela

centralidade local e global atuando como convidado de banca.

O pesquisador Eugênio Ávila Pedrozo (PEDROZO, E. A.) apresenta igualdade de

laços como orientador (15) e como convidado, no entanto a Figura 27 destaca a condição de

orientador, com quatro laços de relacionamento. A centralidade de grau deste pesquisador

como orientador é de 0,014, e como participante de banca é de 0,020. Estes valores mostram

que o pesquisador possui relativa centralidade local. A centralidade de proximidade como

orientador é de 0,334, e como participante de banca é de 0,493, a terceira maior da rede. Estes

valores mostram que o pesquisador é globalmente centralizado. A centralidade de

intermediação como orientador é 0,011, e como participante é de 0,025. Estes valores

mostram a intermediação para os atores localmente dependentes deste pesquisador. Tal

cenário posiciona este pesquisador com centralidade na rede, principalmente quando atua

como convidado de banca.

O pesquisador Ícaro Aronovich da Cunha (CUNHA, I. A.) apresenta 23 laços como

orientador e três como convidado de banca, situação esta destacada na Figura 27 que aponta

laços de relacionamento como orientador com outros seis pesquisadores, e na posição de

convidado somente dois laços de relacionamento. A centralidade de grau deste pesquisador

como orientador é de 0,014, e como participante de banca é de 0,007. Estes valores mostram

que o pesquisador possui centralidade local. A centralidade de proximidade como orientador é

de 0,342, e como participante de banca é de 0,419. Estes valores mostram que o pesquisador

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162

possui centralidade global. A centralidade de intermediação como orientador é 0,045, e como

participante é de 0,001. Estes valores mostram que participando como orientador das bancas

exerce intermediação com os atores localmente dependentes. Tal cenário posiciona este

pesquisador com centralidade na rede, principalmente quando atua como orientador, apesar de

apresentar apenas 26 laços de relacionamento.

A Tabela 6 exibe medidas de coesão estabelecidas pela rede de colaboração formada

pelos pesquisadores orientadores e membros convidados de banca no Stricto Sensu em

administração no período de 1998 – 2009.

Density

Densidade

Average Distance

Distância Média

Diameter

Diâmetro

Medidas de coesão 0.005 8.385 22.000

Tabela 6 – Medidas de coesão da rede de pesquisadores orientadores em

sustentabilidade ambiental em administração no período de 1998 a 2009.

Fonte: Dados da pesquisa

A densidade de 0,005 (porcentagem das relações reais dentre as possibilidades de

relações totais) da rede formada pelos pesquisadores se caracteriza como baixa densidade,

frente aos limites de 1 que significa que todo integrante da rede tem acesso a qualquer outro e

0 ninguém tem contato (NELSON; VASCONCELLOS, 2007). Esta baixa densidade também

pode ser observada na comparação dos 1284 laços existentes entre os 947 pesquisadores. A

distância média que reflete o comprimento do percurso médio da rede é de 8,385 enquanto o

valor do diâmetro que é a maior distância geodésica entre quaisquer pares de atores da rede é

de 22.

Esta seção apresentou a análise da rede social expressa na forma de estruturas de

colaboração geradas a partir de laços de participação de pesquisadores em bancas de defesa de

tese e dissertação no Stricto Sensu em administração. Os dados destacam os atores centrais na

condição de orientadores de alunos que buscam a titulação de doutor ou mestre e dos

membros convidados a participar das bancas. Os valores de centralidade de grau, de

proximidade e de intermediação, dos 20 pesquisadores mais centrais foram apresentados,

possibilitando a interpretação da respectiva relevância dentro deste campo de pesquisa. Esta

seção apresenta ainda a densidade, distancia média e o diâmetro da rede que se formou. Na

sequência são apresentados e analisados os dados voltados à identificação da legitimação do

conhecimento. A análise a se desenvolver incorpora os pesquisadores prolíficos e que se

apresentam centrais na rede de colaboração das bancas de doutorado e de mestrado em

sustentabilidade ambiental na administração.

Page 163: UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO UNINOVE PROGRAMA DE … · Universidade Municipal de São Caetano do Sul ... Iara Regina dos Santos Parisotto e Heloísa Helena ... Rede de cooperação

163

4.3 ANÁLISE BIBLIOMÉTRICA DE CITAÇÕES DAS TESES E DISSERTAÇÕES

NA IDENTIFICAÇÃO DA LEGITIMAÇÃO DO CONHECIMENTO EM

SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL

Nesta seção são analisadas as obras e autores mais citados nas teses e dissertações

sobre sustentabilidade ambiental. O critério utilizado para a escolha dessas teses e

dissertações foram os trabalhos dos pesquisadores mais prolíficos em orientação na área, que

realizaram quatro ou mais orientações no período de 1998 a 2009. As teses e dissertações

escolhidas para analisar essas citações foram as do último triênio de dados disponibilizados

pela CAPES, que compreende o período de 2007 a 2009. Essa escolha deve-se ao fato desses

trabalhos serem os mais recentes e, consequentemente, espera-se encontrar obras mais

atualizadas nas referências dessas teses e dissertações.

Neste sentido, a Tabela 2 retrata os 24 pesquisadores que mais orientaram no período

de 1998 a 2009. A delimitação destes pesquisadores como objeto de pesquisa tanto estabelece

uma linha de coerência desta pesquisa, quanto também vai ao encontro da abordagem de

Berger e Luckmann (2008) na qual se pressupõem que os pesquisadores assumam papeis que

são apropriados pelas próprias instituições, destacando a importância social destes atores.

Como resultante destes critérios de seleção identificou-se um conjunto de 49 teses e

dissertações em sustentabilidade ambiental. O estudo utilizou 47 teses e dissertações, pois

duas dissertações da Universidade Católica de Santos UNISANTOS não estão disponíveis

para pesquisa. A relação destes trabalhos é apresentada no Quadro 11, e se compõem de nove

teses, 35 dissertações e três dissertações de mestrado profissional.

Page 164: UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO UNINOVE PROGRAMA DE … · Universidade Municipal de São Caetano do Sul ... Iara Regina dos Santos Parisotto e Heloísa Helena ... Rede de cooperação

164

Ano e

Título

IES e Nome do

Orientador

Nome do

aluno Ano e Título do Trabalho

2007

Mestre

UNINOVE - Maria

Tereza S. de Souza

André Kenro

Goto

A Contribuição da Logística Reversa na Gestão de Resíduos Sólidos:

Uma Análise dos Canais Reversos de Pneumáticos

2007

Mestre

UFSC - Pedro C.

Schenini

André Luiz M.

da Rosa

A contribuição do MDL à promoção do desenvolvimento sustentável:

um estudo empírico com os projetos aprovados no Brasil

2007

Mestre

FGV/SP - José

Carlos Barbieri

André Pereira

de Carvalho

Rótulos ambientais orgânicos como ferramenta de acesso a mercados

de países desenvolvidos

2007

Mestre

UNIVALI - Elaine

Ferreira

Aparecido

Parente

Indicadores de sustentabilidade ambiental: Um estudo do Ecological

Footprint Method do Município de Joinville - SC

2007

Mestre

UNIFOR – Fran-

cisco C. de Oliveira

Bleine

Queiroz Caula

O presente trabalho estuda a construção da Agenda 21 Local nos

municípios do Ceará, com ênfase na educação ambiental.

2007

Doutor

UFBA - George

Gurgel de Oliveira

Cleide M. da

Santana

Os Conflitos Ambientais na Teoria Social Contemporânea: a persp.

tríade para análise do controle social dos transgênicos no Brasil

2007

Mestre

UFLA - Robson

Amâncio

Douglas de O.

Botelho

ICMS-Ecológico como instrumento de política ambiental em Minas

Gerais

2007

Mestre

UFSC - Pedro

Carlos Schenini

Fernando A.

da Silva

Medidas de adequação à legislação ambiental em organizações

hoteleiras

2007

Mestre

UFRGS - Eugênio

Ávila Pedrozo

Lessandra S.

Severo

Evolução da Sustentabilidade no Processo Produtivo de Suínos da

Cooperativa de Suinocultores de Encantado Ltda. - COSUEL

2007

Doutor

UFRGS - Eugênio

Ávila Pedrozo

Luciano Barin

Cruz

Processo de Formação de Estratégias de Desenvolvimento

Sustentável de Grupos Multinacionais

2007

Mestre

UNIVALI - Elaine

Ferreira

Marlene

Fernandes

Coleta seletiva de resíduos sólidos urbanos: um estudo da gestão dos

programas de Florianópolis/SC, Belo Horizonte/MG e Londrina/PR.

2007

Mestre

UFRGS - Tânia

Nunes da Silva

Natália A.

Delgado

A Inovação sob a Perspectiva do Desenvolvimento Sustentável: os

casos de uma cooperativa de laticínios Brasileira e de outra Francesa

2007

Mestre

UFRJ - Celso

Funcia Lemme

Paulo Roberto

Arcoverde

Barbosa

Índice de Sustentabilidade Empresarial da Bolsa de Valores de São

Paulo (ISE-BOVESPA): exame da adequação como referência p/

aperfeiçoamento da gestão sustentável das emp. e p/ a formação de

carteiras de inv. orientadas por princ. de sustentabilidade corporativa

2007

Mestre

UNINOVE - Maria

Tereza S. de Souza

Roberto

Salgado Beato

Índice de Sustentabilidade Empresarial em Bolsas de Valores e a inf.

sobre a gestão ambiental das empresas: um estudo do ISE Bovespa

2007

Mestre

Prof.

FGV/RJ - José A.

Puppim de Oliveira

Samuel

Ramirez

Corradi

Inovações Tecnológicas que Contribuem para a Gestão Ambiental: O

Estudo do Craqueamento Catalítico na Petrobrás

2008

Mestre

UNISANTOS -

João E. P. Tinoco

Aguinaldo S.

Mulha

O Produto Pneu e sua Reciclabilidade:Resíduo Solido não

Convencional

2008

Mestre

UNISANTOS -

Ícaro A. da Cunha

Alípio Carlos

Tavares Labão

A cultural Organizacional do Banco real como exemplo de práticas

globais em sustentabilidade

2008

Mestre

UFBA - José Célio

S. Andrade

Andréa C.

Ventur

Mecanismo de desenvolvimento limpo (MDL) : uma análise da

regulação de conflitos socioambientais do Projeto Plantar

2008

Mestre

UNISANTOS -

Icaro A. da Cunha

Carlos M.

Chinen

Indústria do Petróleo e Sustentabilidade: A Gestão Ambiental da

Refinaria de Cubatão

2008

Mestre

Prof.

FGV/RJ - José A.

Puppim de Oliveira

Christine

Jennifer Wight

Mitigating Climate Change: An investigative look at Land Use,

Land-use Change and Forestry under the Kyoto Protocol

2008

Doutor

UFRGS - Luis F.

M. do Nascimento

Cleber José

Cunha Dutra

Bases Teóricas para a Concepção e a Gestão de Programas de

Produção Mais Limpa Adequados a Grupos de Empresas

2008

Mestre

UFRJ - Celso

Funcia Lemme

Daniel

Wajnberg

Sustentabilidade nos bancos brasileiros: exame da div. do relac. entre

iniciativas socioambientais e o desemp. financeiro corporativo

2008

Mestre

UFRJ - Celso

Funcia Lemme

Felipe Lima P.

de Oliveira

Critério de Adicionalidade e Estimação de Custo de Capital Próprio

em Projetos de MDL no Setor de Energia Renovável no Brasil

2008

Mestre

UNISANTOS -

Icaro A. da Cunha

Jonatas de

Pinho Vieira

Análise do Trabalho Portuário Avulso Sob a Ótica da

Sustentabilidade

2008

Mestre

UNIVALI - Elaine

Ferreira Jorge Cunha

Adaptação estratégica e gestão ambiental: um estudo das mudanças

organizacionais em uma indústria de fundição

2008

Doutor

FGV/SP - José

Carlos Barbieri

Jorge Emanuel

Reis Cajazeira

Normalização e barreiras não tarifárias: uma análise da influência das

normas sócio ambientais de gerenciamento no comércio internacional

2008

Mestre

UFRGS - Luis F.

M. do Nascimento

Lauro André

Ribeiro

Gestão dos resíduos sólidos urbanos com geração de energia: o

projeto Ecoparque de Porto Alegre

(continua na página seguinte)

Page 165: UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO UNINOVE PROGRAMA DE … · Universidade Municipal de São Caetano do Sul ... Iara Regina dos Santos Parisotto e Heloísa Helena ... Rede de cooperação

165

2008

Doutor

FGV/RJ - José A. P.

de Oliveira

Maria Scarlet

do Carmo

Problematização do lixo e dos catadores: estudos de caso múltiplo

sobre políticas públicas sob uma perspectiva foucaultiana

2008

Mestre

UFRGS - Tânia

Nunes da Silva Marta Krafta

Gestão Ambiental em uma pequena empresa do setor químico: o caso

da Causticlor

2008

Mestre

UFSC - Hans

Michael Van Bellen

Patrícia C. P.

Guatimosim Consumo e meio ambiente: uma análise exploratória

2008

Mestre

UFRGS - Tânia

Nunes da Silva Patrícia Fauth

Práticas em Gestão Ambiental: diagnósticos de sistemas integrados

de terminação de suínos na Eleva Alimentos S.A

2008

Mestre

UNISANTOS -

João E. P. Tinoco

Ramon E. L.

de Torres

Análise econômica, financeira, social e ambiental de emp. brasileiras

do setor siderúrgico de aços planos: período de 2002 a 2006

2008

Mestre

UFLA - Robson

Amâncio

Raquel F.

Vieira.

Gestão de resíduos sólidos no contexto da gestão ambiental

municipal em Varginha: desafios e potencialidades

2008

Mestre

Prof.

FGV/RJ - José

Antonio P. de

Oliveira

Ricardo A.

Borges Silva

Governança de projetos de mecanismo de desenvolvimento limpo-

mdl no Brasil com apresentação do estudo de caso do projeto

Novagerar

2008

Mestre

UNIFOR – Fran-

cisco C. de Oliveira

Rosany Correa

dos Santos

Níveis taxonômicos de gestão ambiental - um estudo de caso nos

equipamentos hoteleiros estabelecidos na APA delta do Parnaíba

2009

Mestre

UNINOVE - Maria

Tereza S. de Souza

Edson

Kiqumoto

Indicadores de sustentabilidade: um estudo da evidenciação de ações

ambientais em relatórios de sustentabilidade do setor bancário

2009

Mestre

UNIFOR – Fran-

cisco C. de Oliveira

Francisco

Alves

Análise da sustentabilidade do Biodiesel da Mamona no Semiárido

Nordestino

2009

Mestre

UFSC - Hans

Michael Van Bellen

Henrique

Budal Arins

Movimento slow: uma análise sob a ótica dos enclaves do

ecodesenvolvimento

2009

Doutor

USP - Isak

Kruglianskas

Hermann Atila

Hrdlicka

As boas práticas de gestão ambiental e a inf. no desemp. exportador:

um estudo sobre as grandes empresas exportadoras brasileiras

2009

Doutor

UFRGS - Luis F.

M. do Nascimento Iuri Gavronski

Estratégia de Operações Sustentáveis – produção, suprimentos,

logística e engenharia alinhados com a sustentabilidade corporativa.

2009

Mestre

UNISANTOS -

João Eduardo P.

Tinoco

José

Romanucci

Neto

Análise das informações de riscos empresariais e socioambientais de

empresas do setor de telecomunicações, listadas na Bovespa e na

NYSE, no contexto da governança corporativa: estudo de caso

2009

Mestre

UNIFOR – Fran-

cisco C. de Oliveira

Lauro Oliveira

Viana

A logística reserva e o tratamento de pneus inservíveis no estado do

Piauí

2009

Doutor

UFRGS - Tânia

Nunes da Silva

Lílian C.

Giesta

Educação Ambiental no sistema de gestão ambiental da empresa:

impacto no conhecimento denotado pelos trab. em suas ações

2009

Mestre

UFRGS - Eugênio

Ávila Pedrozo

Luis Carlos

Zucatto

Análise de uma cadeia de suprimentos orgânica orientada para o

desenvolvimento sustentável : uma visão complexa

2009

Mestre

UFRGS - Antonio

D. Padula

Manoela S.

dos Santos

O Quadro Institucional do Biodiesel e suas implicações nas cadeias

de suprimentos: um estudo múltiplo de casos no estado do RS.l

2009

Doutor

UFRGS - Luis F.

M. do Nascimento

Marcelo C.

Nehme

Interações entre os elos de cadeias de valor - uma oportunidade de

avaliação da sustentabilidade empresarial

2009

Mestre

UFLA - Mozar José

de Brito

Samantha B.

Oliveira. Gestão ambiental integrada: uma abordagem interpretativa

Abaixo as Dissertações que não estavam disponíveis para pesquisa.

2007

Mestre

UNISANTOS -

Icaro A. da Cunha

Carlos Alberto

R. Torres

Gestão Ambiental e resolução de conflitos: licenciamento de dutovias

no litoral de São Paulo

2009

Mestre

UNISANTOS -

Icaro A. da Cunha

Claudia R.

Cardoso

AGENDA 21 de Santos:contribuições à gestão sustentável dos

recursos hídricos para uso urbano

Quadro 11 – Relação das 47 teses e dissertações em sustentabilidade ambiental que compõem a amostra de

análise das citações utilizadas nas referências bibliográficas.

Fonte: dados da pesquisa

A análise das 47 teses e dissertações revelou um total de 4852 citações estabelecendo

uma média de 103 citações por estudo. As IESs que apresentaram estudos de sustentabilidade

ambiental no período de 2007 a 2009 foram: Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro,

Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, Universidade Federal da Bahia, Universidade Federal

de Lavras, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Universidade Federal do Rio de

Janeiro, Universidade Federal de Santa Catarina, Universidade de Fortaleza, Universidade

Page 166: UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO UNINOVE PROGRAMA DE … · Universidade Municipal de São Caetano do Sul ... Iara Regina dos Santos Parisotto e Heloísa Helena ... Rede de cooperação

166

Nove de Julho, Universidade Católica de Santos, Universidade do Vale do Itajaí e

Universidade de São Paulo.

Estas citações se compõem conforme mostra a Tabela 7.

Quantidade de

citações realizadas

Tema

58 (1,2%) Abordam diferentes normas técnicas

87 (1,8%) Referem-se a documentos ou informações de empresas privadas

145 (3,0%) Originárias de reportagens de revistas ou jornais não acadêmicos

307 (6,3%) Relacionadas à metodogia

864 (17,8%) Relacionadas a instituições tais como: confederação, federação, órgãos públicos,

legislação, etc.

1360 (28,0%) Relacionadas a temas de sustentabilidade ambiental

- 1029 citações de diferentes títulos

- 331 ocorrências de repetição de citação

2031 (41,9%) Relacionadas a temas de diversas áreas do conhecimento

4852 citações Total

Tabela 7 – Distribuição das citações de teses e dissertações por categorias.

Fonte: dados da pesquisa

Os dados revelam que apenas 1360 (28%) citações realizadas são referentes ao tema

da sustentabilidade ambiental que resulta em uma média de 29 citações por tese e dissertação.

A maior concentração 2031 (41,9%) citações está relacionada a outros temas. Vale destacar

que nesta categoria de outros temas se observam assuntos relacionados ao objeto de estudo de

cada pesquisa. Por exemplo, estudos de marketing verde incorporam citações sobre o

marketing em geral, a logística reversa sobre a logística, etc. Nesta categoria observam-se

ainda temas gerais voltados a empresas, como teoria organizacional, gestão do conhecimento

etc. Dessa forma a análise das teses e dissertações revela a existência de uma variada

bibliografia de diferentes campos de pesquisa. Para efeito deste estudo analisou-se apenas a

literatura voltada para o campo de pesquisa da sustentabilidade ambiental.

A Tabela 8 apresenta um extrato com a relação das citações com maior incidência,

neste sentido devem apresentar oito ou mais citações. A Tabela 8 integra além dos autores

mais citados, os pesquisadores de destaque na orientação de doutorado e de mestrado

expressos na Tabela 2, e os mais centrados expressos na Tabela 5. Os autores mais citados e

que não aparecem como orientadores de destaque na pesquisa em sustentabilidade ambiental

foram identificados pelo sombreamento da linha.

Page 167: UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO UNINOVE PROGRAMA DE … · Universidade Municipal de São Caetano do Sul ... Iara Regina dos Santos Parisotto e Heloísa Helena ... Rede de cooperação

167

Autores citados nas teses e dissertações FG

V/R

J

FG

V/S

P

UF

BA

UF

LA

UF

RG

S

UF

RJ

UF

SC

UN

IFO

R

UN

INO

VE

UN

ISA

NT

OS

UN

IVA

LI

US

P

To

tal

ger

al

Ignacy Sachs

2 1 1 11

9 1

8 2

35

José Carlos Barbieri

4 1 1 4

2 4 1 4 1 2 24

João Eduardo Prudêncio Tinoco

1

17

1 19

Luis Felipe M. do Nascimento

2

13

1

1 17

Hans Michael Van Bellen

4 1 5 3 2

1 1 17

Fernando Alves de Almeida

1

1

1 1 1 7

12

Denis Donaire

1

2

1 2 2 2 1 1 12

Elio T. Takeshy Tachizawa

1

3

1 3

3 1

12

José Célio Silveira Andrade

9

1

1

11

Tânia Nunes da Silva

11

11

Eugenio Ávila Pedrozo

10

10

Craig R. Carter

10

10

Paulo Roberto Leite 1

3

2 3 1

10

Boaventura de Sousa Santos

4

2

1 2

1

10

José Eli da Veiga

2 2

4

2

10

Oliver E. Williamson

10

10

Jacques Demajorovic

1

1

6 1

9

Eduardo Viola

3 1

3 1 1

9

Douglas M. Lambert

7

2

9

Ícaro Aronovich da Cunha

2 2

4

8

Ely Laureano Paiva

5

5

Pedro Carlos Schenini

1

4

5

José Antonio Puppim de Oliveira 2

1

1

4

Maria Tereza Saraiva de Souza

1 2

3

Elaine Ferreira

1

2

3

Mozar José de Brito

3

3

Celso Funcia Lemme 1

1

2

Robson Amâncio

1

1

George Gurgel de Oliveira

1

1

Isak Kruglianskas

1 1

Rolf Hermann Erdmann

1

1

Total geral 4 8 31 10 101 3 30 24 18 48 9 7 293

Tabela 8 – Autores mais citados em teses e dissertações de sustentabilidade ambiental distribuídos por IESs

em que a pesquisa foi desenvolvida.

Fonte: Dados da pesquisa.

Nota: As IESs são apresentadas por siglas, o nome completo pode ser encontrado no Quadro 9.

Conforme informado a Tabela 8 apresenta os autores com oito ou mais citações. Como

mencionado à exceção se estabelece para os pesquisadores orientadores prolíficos e centrais

nas redes de colaboração de participação em bancas. No entanto, vale destacar alguns autores

com menor número de citações presente no referencial das teses e dissertações:

Page 168: UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO UNINOVE PROGRAMA DE … · Universidade Municipal de São Caetano do Sul ... Iara Regina dos Santos Parisotto e Heloísa Helena ... Rede de cooperação

168

- Paul Hawken, Amory Lovins e Hunter Lovins com sete citações o livro “Capitalismo

natural: criando a próxima revolução industrial. São Paulo: Cultrix, 1999”.

- Dália Maimon com seis citações o livro “Passaporte verde: gestão ambiental e

competitividade. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1996”.

- Dennis Meadows com seis citações o livro “Limites do crescimento: um relatório

para o projeto do Clube de Roma sobre o dilema da humanidade. São Paulo: Perspectiva,

1973”.

- Dale Rogers e Ronald Tibben-Lembke com cinco citações o livro “Going backwards:

reverse logistics trends and practices. University of Nevada: Reno Center for Logistics

Management, 1998”.

- Carolyn P. Egri e Laerence T. Pinfield com cinco citações o capítulo de livro “As

Organizações e a Biosfera: Ecologia e Meio Ambiente. In. HARDY, C.; CLEGG, S.

R.; NORD, W. R. Handbook de Estudos Organizações. São Paulo: Editora Atlas, 1999”.

- Thomas N. Gladwin, James J. Kennelly e Tara Shelomith Krause com cinco citações

publicadas na The Academy of Management Review “ Shifting paradigms for sustainable

development: implications for management theory and research, v. 20, n. 4, p. 874-907,1995”.

- Paul Shrivastava três citações publicadas na Academy of Management Review: “The

role of corporations in achieving ecological sustainability, v. 20, n. 4, 1995”.

Os dados da tabela 8 mostram autores citados em várias pesquisas de diferentes IESs,

e autores que estão com a citação concentrada em poucas IESs, revelando diferentes padrões

de difusão. Dos 20 autores mais citados (mais de oito citações), nove estão dentre aqueles que

esta pesquisa identificou como mais prolíficos na orientação e ou centrais nas redes de

colaboração nas bancas de teses e dissertações. Desta forma tem-se um contingente de 11

autores que não se destacam na pesquisa em sustentabilidade ambiental no Stricto Sensu em

administração. Nessa relação apareceram autores internacionais Ignacy Sachs e Oliver E.

Williamson da área de economia e Craig R. Carter e Douglas M. Lambert da área de logística.

Na sequência, os principais autores abordados na Tabela 8 são analisados

individualmente.

A primeira análise é referente às citações do autor Ignacy Sachs expressa na Tabela 9.

Page 169: UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO UNINOVE PROGRAMA DE … · Universidade Municipal de São Caetano do Sul ... Iara Regina dos Santos Parisotto e Heloísa Helena ... Rede de cooperação

169

Pesquisadores orientadores e respectiva

IES/área de formação de obtenção do

doutorado que citaram Ignacy Sachs

FG

V/S

P

UF

BA

UF

LA

UF

RG

S

UF

SC

UN

IFO

R

UN

ISA

NT

OS

UN

IVA

LI

To

tal

ger

al

Elaine Ferreira - UFSC/Eng. Produção

2 2

Eugênio Ávila Pedrozo -

França/Administração

8

8

Francisco Correia de Oliveira - Grã-Bretanha

/Administração

1

1

George Gurgel de Oliveira –

UNICAP/Engenharia

1

1

Hans Michael Van Bellen – UFSC/Eng.

Produção

4

4

Ícaro Aronovich da Cunha – USP/Saúde

Pública

6

6

João Eduardo Prudêncio Tinoco –

USP/Contralodoria e Contabilidade

2

2

José Carlos Barbieri – FGV-SP/Administração 2

2

Mozar José de Brito – USP/Administração

1

1

Pedro Carlos Schenini – UFSC/Eng. Produção

5

5

Tânia Nunes da Silva – USP/Sociologia

3

3

Total geral 2 1 1 11 9 1 8 2 35

Tabela 9 – Relação dos pesquisadores que citaram Ignacy Sachs.

Fonte: Dados da pesquisa.

O autor Ignacy Sachs apresenta um total de 35 citações, diluídas em oito diferentes

IESs por 11 diferentes pesquisadores. A maior incidência de citação ocorre na Universidade

Federal do Rio Grande do Sul UFRGS com 11 ocorrências, sendo oito pelo pesquisador

Eugênio Ávila Pedrozo e três pela pesquisadora Tânia Nunes da Silva. Na sequência, tem-se a

Universidade Federal de Santa Catarina UFSC com nove ocorrências, sendo cinco pelo

pesquisador Pedro Carlos Schenini e quatro pelo pesquisador Hans Michael Van Bellen. A

Universidade Católica de Santos UNISANTOS apresenta oito ocorrências, sendo seis pelo

pesquisador Ícaro Aronovich da Cunha e duas pelo pesquisador João Eduardo Prudêncio

Tinoco. As demais citações ocorrem com uma frequência igual ou inferior a dois. As

principais obras citadas de Ignacy Sachs foram: sete citações – “Ecodesenvolvimento: crescer

sem destruir. Ed. Vértice. São Paulo, 1986”; sete citações – “Estratégias de transição para o

século XXI - desenvolvimento e meio ambiente. São Paulo: Studio Nobel/Fundap, 1993”; seis

citações – “Caminhos para o desenvolvimento sustentável. Rio de Janeiro: Garamond, 2000”

e seis citações – “Desenvolvimento includente, sustentável e sustentado. Rio de Janeiro:

Garamond, 2004”. As demais citações ocorrem com uma frequência igual ou inferior a dois.

Page 170: UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO UNINOVE PROGRAMA DE … · Universidade Municipal de São Caetano do Sul ... Iara Regina dos Santos Parisotto e Heloísa Helena ... Rede de cooperação

170

O autor José Carlos Barbieri, da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo FGV/SP,

aparece como o segundo mais citado. As citações estão expressas na Tabela 10.

Pesquisadores orientadores e

respectiva IES/área de formação de

obtenção do doutorado que citaram

José Carlos Barbieri

FG

V/S

P

UF

BA

UF

LA

UF

RG

S

UF

SC

UN

IFO

R

UN

INO

VE

UN

ISA

NT

OS

UN

IVA

LI

US

P

To

tal

ger

al

Elaine Ferreira - UFSC/Eng.

Produção

1

1

Francisco Correia de Oliveira - Grã-

Bretanha /Administração

4

4

George Gurgel de Oliveira –

UNICAP/Engenharia

1

1

Ícaro Aronovich da Cunha –

USP/Saúde Pública

2

2

Isak Kruglianskas –

USP/Administração

2 2

João Eduardo Prudêncio Tinoco –

USP/Contralodoria e Contabilidade

2

2

José Carlos Barbieri – FGV-

SP/Administração 4

4

Luis Felipe Machado do Nascimento

– Alemanha/Economia e Meio

Ambiente

1

1

Maria Tereza Saraiva de Souza –

FGV-SP/Administração

1

1

Mozar José de Brito –

USP/Administração

1

1

Pedro Carlos Schenini – UFSC/Eng.

Produção

2

2

Tânia Nunes da Silva –

USP/Sociologia

3

3

Total geral 4 1 1 4 2 4 1 4 1 2 24

Tabela 10 – Relação dos pesquisadores que citaram José Carlos Barbieri.

Fonte: Dados da pesquisa.

O autor José Carlos Barbieri apresenta um total de 24 citações, diluídas em dez

diferentes IESs por 12 diferentes pesquisadores. Quatro IESs apresentam a incidência de

quatro citações deste pesquisador, a saber: Fundação Getúlio Vargas de São Paulo com quatro

ocorrências do próprio pesquisador José Carlos Barbieri; Universidade Federal do Rio Grande

do Sul UFRGS com quatro ocorrências, sendo três pela pesquisadora Tânia Nunes da Silva e

uma pelo pesquisador Luis Felipe Machado do Nascimento; Universidade de Fortaleza

UNIFOR, pelo pesquisador Francisco Correia de Oliveira e Universidade Católica de Santos

UNISANTOS, sendo duas pelo pesquisador Ícaro Aronovich da Cunha e duas pelo

pesquisador João Eduardo Prudêncio Tinoco. As demais citações ocorrem com uma

frequência igual ou inferior a dois. As principais obras citadas de José Carlos Barbieri foram:

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171

15 citações – “Gestão Ambiental Empresarial. São Paulo: Editora Saraiva, 2004” e cinco

citações “Desenvolvimento e meio ambiente: as estratégias de mudanças da Agenda 21.

Petrópolis: Vozes, 1997”. As demais citações ocorrem com uma frequência igual ou inferior a

dois

O autor João Eduardo Prudêncio Tinoco da Universidade Católica de Santos

UNISANTOS aparece como o terceiro mais citado, por três IESs e quatro pesquisadores,

mostrando forte concentração, conforme aponta a Tabela 11.

Pesquisadores orientadores e respectiva IES/área de formação de

obtenção do doutorado que citaram João Eduardo Prudêncio Tinoco UFSC UNISANTOS USP

Total

geral

Ícaro Aronovich da Cunha – USP/Saúde Pública

1

1

Isak Kruglianskas – USP/Administração

1 1

João Eduardo Prudêncio Tinoco – USP/Contralodoria e

Contabilidade

16

16

Pedro Carlos Schenini – UFSC/Eng. Produção 1

1

Total geral 1 17 1 19

Tabela 11 – Relação dos pesquisadores que citaram João Eduardo Prudêncio Tinoco.

Fonte: Dados da pesquisa.

Nas 19 citações do autor João Eduardo Prudêncio Tinoco observa-se que 16 são

originárias de pesquisas desenvolvidas sob sua orientação na Universidade Católica de Santos

UNISANTOS, na qual ainda se constata uma citação realizada pelo pesquisador Ícaro

Aronovich da Cunha, na sequência, tem-se uma citação realizada pelo pesquisador Isak

Kruglianskas da Universidade de São Paulo USP e uma citação realizada pelo pesquisador

Pedro Carlos Schenini da Universidade federal de Santa Catarina UFSC. As principais obras

citadas de João Eduardo Prudêncio Tinoco foram: quatro citações – “Contabilidade e gestão

ambiental. São Paulo: Atlas, 2004” (neste caso em coautoria); três citações – “Balanço social:

uma abordagem da transparência da responsabilidade pública das organizações. São Paulo:

Atlas, 2001”. As demais citações ocorrem com uma frequência igual ou inferior a dois. Vale

destacar que entre as citações observa-se a dissertação e a tese deste pesquisador

O autor Luis Felipe Machado do Nascimento aparece como o quarto mais citado, por

quatro IESs e seis pesquisadores, no entanto com uma forte concentração na Universidade

Federal do Rio Grande do Sul UFRGS onde atua profissionalmente, conforme mostra a

Tabela 12.

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172

Pesquisadores orientadores e respectiva IES/área de formação de

obtenção do doutorado que citaram Luis Felipe M. do Nascimento UFBA UFRGS UFSC USP

Total

geral

Eugênio Ávila Pedrozo - França/Administração

2

2

Isak Kruglianskas – USP/Administração

1 1

José Célio Silveira Andrade - UFBA/Administração 2

2

Luis Felipe Machado do Nascimento – Alemanha/Economia e

Meio Ambiente

8

8

Pedro Carlos Schenini – UFSC/Eng. Produção

1

1

Tânia Nunes da Silva – USP/Sociologia

3

3

Total geral 2 13 1 1 17

Tabela 12 – Relação dos pesquisadores que citaram Luis Felipe Machado do Nascimento.

Fonte: Dados da pesquisa.

Nas 17 citações do autor Luis Felipe Machado do Nascimento observa-se que oito são

originárias de pesquisas desenvolvidas sob sua orientação na Universidade Federal do Rio

Grande do Sul UFRGS que conta ainda com três citações da pesquisadora Tânia Nunes da

Silva e duas citações do pesquisador Eugênio Ávila Pedrozo. Na sequência, identificam-se

duas citações realizadas pelo pesquisador José Célio Silveira Andrade da Universidade

Federal da Bahia UFBA, e uma citação pelos pesquisadores Isak Kruglianskas da

Universidade de São Paulo USP e Pedro Carlos Schenini da Universidade Federal de Santa

Catarina UFSC. As principais obras citadas de Luis Felipe Machado do Nascimento foram:

cinco citações – “Gestão socioambiental estratégica. São Paulo: Artmed, 2008”. (neste caso

em coautoria); três citações – “Dimensões da inovação sob o paradigma do desenvolvimento

sustentável. In: Anais EnANPAD: Curitiba, 2004”. As demais citações ocorrem com uma

frequência igual ou inferior a dois. Vale destacar que entre as citações observa-se a

dissertação e a tese deste pesquisador

O autor Hans Michael Van Bellen, que atua na Universidade Federal de Santa Catarina

UFSC, aparece também como o quarto mais citado com 17 ocorrências, conforme mostra a

Tabela 13.

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173

Pesquisadores orientadores e respectiva IES/área

de formação de obtenção do doutorado que citaram

Hans Michael Van Bellen

UF

RG

S

UF

RJ

UF

SC

UN

IFO

R

UN

INO

VE

UN

IVA

LI

US

P

To

tal

ger

al

Celso Funcia Lemme - UFRJ/Administração

1

1

Elaine Ferreira - UFSC/Eng. Produção

1

1

Eugênio Ávila Pedrozo - França/Administração 1

1

Francisco Correia de Oliveira - Grã-Bretanha

/Administração

3

3

Hans Michael Van Bellen – UFSC/Eng. Produção

2

2

Isak Kruglianskas – USP/Administração

1 1

Luis Felipe Machado do Nascimento –

Alemanha/Economia e Meio Ambiente 3

3

Maria Tereza Saraiva de Souza – FGV-

SP/Administração

2

2

Pedro Carlos Schenini – UFSC/Eng. Produção

3

3

Total geral 4 1 5 3 2 1 1 17

Tabela 13 – Relação dos pesquisadores que citaram Hans Michael Van Bellen.

Fonte: Dados da pesquisa.

O autor Hans Michael Van Bellen apresenta um total de 17 citações diluídas em sete

diferentes IESs por nove pesquisadores. A maior incidência de citação ocorre na Universidade

Federal de Santa Catarina UFSC com cinco ocorrências, sendo três pelo pesquisador Pedro

Carlos Schenini e duas pelo próprio pesquisador. Na sequência, tem-se a Universidade

Federal do Rio Grande do Sul UFRGS com quatro ocorrências, sendo três pelo pesquisador

Luis Felipe Machado do Nascimento e uma pelo pesquisador Eugênio Ávila Pedrozo. A

Universidade de Fortaleza UNIFOR apresenta três ocorrências, ligadas ao pesquisador

Francisco Correia de Oliveira. As demais citações ocorrem com uma frequência igual ou

inferior a dois. As principais obras citadas de Hans Michael Van Bellen foram: 12 citações –

“Indicadores de sustentabilidade: uma análise comparativa. Rio de Janeiro: Editora FGV,

2005”, (título da própria tese de doutorado). As demais citações ocorrem com uma frequência

igual ou inferior a dois. Vale destacar que entre as citações observa-se a tese deste

pesquisador.

O autor Fernando Alves de Almeida aparece como o quinto mais citado com 12

ocorrências, conforme mostra a Tabela 14.

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174

Pesquisadores orientadores e respectiva IES/área de

formação de obtenção do doutorado que citaram Fernando

Alves de Almeida

UF

BA

UF

RG

S

UF

SC

UN

IFO

R

UN

INO

VE

UN

ISA

NT

OS

To

tal

ger

al

Francisco Correia de Oliveira - Grã-Bretanha

/Administração

1

1

Hans Michael Van Bellen – UFSC/Eng. Produção

1

1

Ícaro Aronovich da Cunha – USP/Saúde Pública

5 5

João Eduardo Prudêncio Tinoco – USP/Contralodoria e

Contabilidade

2 2

José Célio Silveira Andrade - UFBA/Administração 1

1

Maria Tereza Saraiva de Souza – FGV-SP/Administração

1

1

Tânia Nunes da Silva – USP/Sociologia

1

1

Total geral 1 1 1 1 1 7 12

Tabela 14 – Relação dos pesquisadores que citaram Fernando Alves de Almeida.

Fonte: Dados da pesquisa.

O autor Fernando Alves de Almeida apresenta um total de 12 citações, diluídas em

seis diferentes IESs por sete diferentes pesquisadores. A maior incidência de citações ocorre

na Universidade Católica de Santos UNISANTOS com sete ocorrências, sendo cinco pelo

pesquisador Ícaro Aronovich da Cunha e duas pelo pesquisador João Eduardo Prudêncio

Tinoco. Na sequência, com uma citação, aparecem: a Universidade de Fortaleza UNIFOR –

pesquisador Francisco Correia de Oliveira; Universidade Federal de Santa Catarina UFSC –

pesquisador Hans Michael Van Bellen, Universidade Federal da Bahia UFBA – pesquisador

José Célio Silveira Andrade, Universidade Nove de Julho UNINOVE pesquisadora Maria

Tereza Saraiva de Souza e Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS a

pesquisadora Tânia Nunes da Silva. A principal obra, com oito citações, de Fernando Alves

de Almeida foi: “O bom negócio da sustentabilidade. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002”.

As demais citações ocorrem com uma frequência igual ou inferior a dois.

O autor Denis Donaire aparece também como o quinto mais citado com 12

ocorrências, conforme mostra a Tabela 15.

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175

Pesquisadores orientadores e respectiva IES/área de formação

de obtenção do doutorado que citaram Denis Donaire

UF

BA

UF

RG

S

UF

SC

UN

IFO

R

UN

INO

VE

UN

ISA

NT

OS

UN

IVA

LI

US

P

To

tal

ger

al

Elaine Ferreira - UFSC/Eng. Produção

1

1

Francisco Correia de Oliveira - Grã-Bretanha /Administração

2

2

George Gurgel de Oliveira – UNICAP/Engenharia 1

1

Ícaro Aronovich da Cunha – USP/Saúde Pública

1

1

Isak Kruglianskas – USP/Administração

1 1

João Eduardo Prudêncio Tinoco – USP/Contralodoria e

Contabilidade

1

1

Luis Felipe Machado do Nascimento – Alemanha/Economia

e Meio Ambiente 1

1

Maria Tereza Saraiva de Souza – FGV-SP/Administração

2

2

Pedro Carlos Schenini – UFSC/Eng. Produção

1

1

Tânia Nunes da Silva – USP/Sociologia

1

1

Total geral 1 2 1 2 2 2 1 1 12

Tabela 15 – Relação dos pesquisadores que citaram Denis Donaire.

Fonte: Dados da pesquisa.

O autor Denis Donaire apresenta um total de 12 citações, diluídas em oito diferentes

IESs por dez pesquisadores. As obras deste autor não se apresentam localizadas, mas sim

dispersas por vários pesquisadores e IESs. Com duas citações observam-se os seguintes

pesquisadores: na Universidade de Fortaleza UNIFOR, o pesquisador Francisco Correia de

Oliveira e na Universidade Nove de Julho UNINOVE, a pesquisadora Maria Tereza Saraiva

de Souza. Com uma citação observam-se os seguintes pesquisadores: na Universidade Federal

do Rio Grande do Sul UFRGS, os pesquisadores Luis Felipe Machado do Nascimento e Tânia

Nunes da Silva, na Universidade Federal da Bahia UFBA, o pesquisador George Gurgel de

Oliveira, na Universidade Federal de Santa Catarina UFSC, o pesquisador Pedro Carlos

Schenini, na Universidade Católica de Santos UNISANTOS, os pesquisadores Ícaro

Aronovich da Cunha e João Eduardo Prudêncio Tinoco, na Universidade do Vale do Itajaí

UNIVALI, a pesquisadora Elaine Ferreira e na Universidade de São Paulo USP o pesquisador

Isak Kruglianskas. A principal obra, com 11 citações, de Denis Donaire foi: “Gestão

ambiental na empresa. São Paulo: Ed. Atlas, 1995”. E uma citação do artigo “Considerações

sobre a influência da variável ambiental na empresa. Revista de Administração de Empresas -

RAE – SP, v. 34, n. 2, p. 68-77, 1994”.

O autor Elio Takeshi Takeshy Tachizawa aparece também como o quinto mais citado

com 12 ocorrências, conforme mostra a Tabela 16.

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176

Pesquisadores orientadores e respectiva IES/área de

formação de obtenção do doutorado que citaram Elio

Takeshi Takeshy Tachizawa

UF

BA

UF

RG

S

UF

SC

UN

IFO

R

UN

ISA

NT

OS

UN

IVA

LI

To

tal

ger

al

Elaine Ferreira - UFSC/Eng. Produção

1 1

Francisco Correia de Oliveira - Grã-Bretanha

/Administração

3

3

George Gurgel de Oliveira – UNICAP/Engenharia 1

1

Ícaro Aronovich da Cunha – USP/Saúde Pública

1

1

João Eduardo Prudêncio Tinoco –

USP/Contralodoria e Contabilidade

2

2

Luis Felipe Machado do Nascimento –

Alemanha/Economia e Meio Ambiente

1

1

Pedro Carlos Schenini – UFSC/Eng. Produção

1

1

Tânia Nunes da Silva – USP/Sociologia

2

2

Total geral 1 3 1 3 3 1 12

Tabela 16 – Relação dos pesquisadores que citaram Elio Takeshi Takeshy Tachizawa.

Fonte: Dados da pesquisa.

O autor Elio Takeshi Takeshy Tachizawa apresenta um total de 12 citações, diluídas

em seis diferentes IESs por oito pesquisadores. As obras deste autor apresentam a seguinte

dispersão. Com três citações observa-se o pesquisador Francisco Correia de Oliveira da

Universidade de Fortaleza UNIFOR. Com duas citações os pesquisadores João Eduardo

Prudêncio Tinoco da Universidade Católica de Santos UNISANTOS e a pesquisadora Tânia

Nunes da Silva da Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS. Com uma citação

aparecem os pesquisadores: George Gurgel de Oliveira da Universidade Federal da Bahia

UFBA; Luis Felipe Machado do Nascimento da Universidade Federal do Rio Grande do Sul

UFRGS; Pedro Carlos Schenini da Universidade Federal de Santa Catarina UFSC; Ícaro

Aronovich da Cunha da Universidade Católica de Santos UNISANTOS e Elaine Ferreira da

Universidade do Vale do Itajaí UNIVALI. A principal obra, com 11 citações, de Elio Takeshi

Takeshy Tachizawa foi: “Gestão ambiental e responsabilidade social corporativa: estratégias

de negócios focadas na realidade brasileira. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2004”. As demais citações

ocorrem com uma frequência igual ou inferior a dois.

O autor José Célio Silveira Andrade, da Universidade Federal da Bahia UFBA aparece

na sexta posição dos mais citados com 11 ocorrências, conforme mostra a Tabela 17.

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177

Pesquisadores orientadores e respectiva IES/área de formação de

obtenção do doutorado que citaram José Célio Silveira Andrade UFBA UFRGS UNIFOR

Total

geral

Francisco Correia de Oliveira - Grã-Bretanha /Administração

1 1

George Gurgel de Oliveira – UNICAP/Engenharia 2

2

José Célio Silveira Andrade - UFBA/Administração 7

7

Tânia Nunes da Silva – USP/Sociologia

1

1

Total geral 9 1 1 11

Tabela 17 – Relação dos pesquisadores que citaram José Célio Silveira Andrade.

Fonte: Dados da pesquisa.

O autor José Célio Silveira Andrade apresenta um total de 11 citações, diluídas em três

diferentes IESs por quatro pesquisadores. As obras deste autor apresentam a seguinte

dispersão. Há uma concentração de citações na Universidade Federal da Bahia UFBA com

nove referências do próprio autor e duas pelo pesquisador George Gurgel de Oliveira, na

sequência, uma citação pela pesquisadora Tânia Nunes da Silva da Universidade Federal do

Rio Grande do Sul UFRGS e uma pelo pesquisador Francisco Correia de Oliveira da

Universidade de Fortaleza UNIFOR. A principal obra, com duas citações, de José Célio

Silveira Andrade foi: “Conflito e cooperação: análise das estratégias socioambientais da

Aracruz Celulose SA. Ilhéus: Editus, 2003” (neste caso em coautoria). As demais citações

ocorrem apenas uma vez.

A autora Tânia Nunes da Silva, da Universidade Federal do Rio Grande de Sul

UFRGS, aparece também na sexta posição dos mais citados com 11 ocorrências, conforme

mostra a Tabela 18.

Pesquisadores orientadores e respectiva IES/área de formação de obtenção do doutorado que

citaram Tânia Nunes da Silva UFRGS

Eugênio Ávila Pedrozo - França/Administração 4

Luis Felipe Machado do Nascimento – Alemanha/Economia e Meio Ambiente 2

Tânia Nunes da Silva – USP/Sociologia 5

Total geral 11

Tabela 18 – Relação dos pesquisadores que citaram Tânia Nunes da Silva.

Fonte: Dados da pesquisa.

A autora Tânia Nunes da Silva apresenta um total de 11 citações concentradas na

Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS, instituição a qual ela está vinculada, das

quais cinco foram realizadas pela própria pesquisadora, quatro pelo pesquisador Eugênio

Ávila Pedrozo e duas por Luis Felipe Machado do Nascimento. As principais obras, com duas

citações, de Tânia Nunes da Silva foram publicadas na Revista eletrônica de administração.

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178

Porto Alegre: “Cooperativas, proteção ambiental e sustentabilidade perspectiva econômica, v.

35, n. 47, 2000” e “O desenvolvimento sustentável, a abordagem sistêmica e as organizações,

v. 6, n.18, dez. 2000”. (ambas em coautoria com o pesquisador Eugênio Ávila Pedrozo). As

demais citações ocorrem apenas uma vez.

O autor Eugênio Ávila Pedrozo, da Universidade Federal do Rio Grande de Sul

UFRGS, aparece na sétima posição dos mais citados com 11 ocorrências, conforme mostra a

Tabela 19.

Pesquisadores orientadores e respectiva IES/área de formação de obtenção do doutorado que

citaram Eugenio Ávila Pedrozo UFRGS

Eugênio Ávila Pedrozo - França/Administração 5

Luis Felipe Machado do Nascimento – Alemanha/Economia e Meio Ambiente 2

Tânia Nunes da Silva – USP/Sociologia 3

Total geral 10

Tabela 19 – Relação dos pesquisadores que citaram Eugenio Ávila Pedrozo.

Fonte: Dados da pesquisa.

O autor Eugênio Ávila Pedrozo apresenta um total de 10 citações concentradas na

Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS, das quais cinco foram realizadas pelo

próprio pesquisador, três pela pesquisadora Tânia Nunes da Silva e duas por Luis Felipe

Machado do Nascimento. A principal obra, com duas citações, de Eugênio Ávila Pedrozo foi

publicada na Revista eletrônica de administração. Porto Alegre “O desenvolvimento

sustentável, a abordagem sistêmica e as organizações, v. 6, n. 18, dez. 2000”. (em coautoria

com a pesquisadora Tânia Nunes da Silva). As demais citações ocorrem apenas uma vez.

Na sequência, os dados apresentados e analisados neste capítulo são incorporados aos

apontamentos teóricos, realizados nos capítulos anteriores gerando as discussões desta

pesquisa.

Esta seção apresentou a análise das citações que ocorrem com maior frequência nas 47

teses e dissertações em sustentabilidade ambiental que foram apresentadas no período de 2007

a 2009. O levantamento indicou à existência de um total de 1360 citações voltadas a

sustentabilidade ambiental em um universo de 4852 citações em 12 diferentes IESs.

Verificou-se a distribuição das citações dos 20 autores mais citados, por IES e por

pesquisador responsável pela orientação que esta realizando a citação. A distribuição obtida

possibilita realizar os processos de institucionalização e legitimação segundo a abordagem de

Berger e Luckmann (2008). O capítulo seguinte destina-se a realizar a análise e discussão dos

dados apresentados neste capítulo.

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179

5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ANALISADOS

Neste capítulo é realizada a análise dos resultados apresentados no capítulo anterior e

a discussão destes frente ao referencial teórico construído para suportar a necessária

contextualização reflexiva. A análise e discussão ocorrem seguindo o sequenciamento

estabelecido pela apresentação e análise dos dados que, por sua vez, foi definido para atender

aos objetivos específicos estabelecidos na pesquisa. Neste sentido, este capítulo se divide em

três seções. Na primeira, analisa-se o perfil dos orientadores e o das IESs em sustentabilidade

ambiental no Stricto Sensu em administração. Na segunda seção se discute a configuração de

uma rede social de colaboração e a centralidade dos principais atores deste campo de

pesquisa. Desenvolve-se, na terceira seção, a análise e discussão das citações mais frequentes

nas teses e dissertações contextualizadas pelos professores mais prolíficos na orientação e sua

centralidade na rede que se estabelece a partir das estruturas de colaboração geradas pelos

laços de participação em bancas de doutorado e mestrado e, adicionalmente, a adequação do

modelo baseado na abordagem de Berger e Luckmann (2008), proposto para identificar os

processos de institucionalização e de legitimação do conhecimento.

5.1 PERFIL DOS PROFESSORES ORIENTADORES E DAS IESs QUE

DESENVOLVERAM PESQUISAS EM SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL

Frente aos dados dos pesquisadores orientadores de teses e dissertações e das IESs em

que se desenvolveram os estudos, apresentados e analisados no capítulo anterior, esta seção

discute o perfil observado no campo de pesquisa em sustentabilidade ambiental. O

desenvolvimento das reflexões desenvolvidas recorre, para tanto, a uma aproximação do

referencial teórico observado nas Leis da Bibliometria. Vale destacar que as Leis da

Bibliometria foram estabelecidas originalmente para análise da literatura de artigos e livros,

de campos científicos e nesse sentido, a utilização destas Leis para entendimento do perfil dos

professores orientadores e das IESs se configura como uma abordagem diferenciada, e

submetida a ressalvas de interpretação.

A pesquisa mostra que, no período de 1998 a 2009, um total de 295 professores

realizaram orientações de doutorado e de mestrado no Stricto Sensu em administração na área

de sustentabilidade ambiental, e participaram de 543 pesquisas que resultou em uma média de

1,8 orientações por pesquisador. A análise dos dados revela que esta distribuição não é

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180

uniforme. Observa-se um número restrito de pesquisadores com alta produção, contrastando

com um grande número de pesquisadores produzindo pouco. Os cinco pesquisadores mais

prolíficos são responsáveis por 81 pesquisas, que representa 15% do total. Expandindo a

análise para os 24 pesquisadores mais prolíficos, expressos na Tabela 2, observa-se um total

de 184 pesquisas, que representa 33,9%. Esta distribuição possibilita uma aproximação a

abordagem da Lei de Lotka (LOTKA, 1926) que sugere que em muitas áreas do

conhecimento é possível identificar o padrão de poucos pesquisadores com muita produção

coexistindo com muitos pesquisadores com baixa produção. Os resultados, observados quanto

aos pesquisadores orientadores, se aproximam da Lei de Lotka, provavelmente em

decorrência do fato de muitas das pesquisas desenvolvidas serem, posteriormente, publicadas

em periódicos. Desta forma, é possível interpretar, e estabelecer como factível, a similaridade

de comportamento das orientações desenvolvidas e das publicações realizadas.

As Leis da bibliometria apresentam um conjunto de coeficientes que possibilitam

realizar uma interpretação do desempenho dos pesquisadores em determinado campo de

pesquisa. A Tabela 20 apresenta alguns destes coeficientes.

Lei da

Bibliometria

Critério Dados da pesquisa (aproximação para desempenho

dos orientadores).

Lei de Lotka,

Lotka (1926)

Quantidade de autores que publicam

dois artigos é igual a ¼ dos autores

que publicam um artigo.

- 39 pesquisadores realizaram duas orientações.

- 208 pesquisadores realizaram uma orientação.

Razão = 39 = 1 .

208 5

Lei de Lotka,

Lotka (1926)

Quantidade de autores que publicam

três artigos é igual a 1/9 dos autores

que publicam um artigo.

- 24 pesquisadores realizaram três orientações.

- 208 pesquisadores realizaram uma orientação.

Razão = 24 = 1 .

208 9

Rousseau e

Rousseau

(2000)

Lei de Lotka como uma Power Law.

O expoente 2 é considerado como

padrão de referência internacional de

produtividade.

- 24 pesquisadores realizaram três orientações.

- 39 pesquisadores realizaram duas orientações.

- 208 pesquisadores realizaram uma orientação

Razão = 2 orientações = 39 = 1 = 1 .

1 orientação 208 5,3 2 2,4

Razão = 3 orientações = 24 = 1 = 1 .

1 orientação 208 8,7 3 2

Encontramos dois expoentes 2 e 2,4.

Price (1976) Propõe que 1/3 da literatura seja

resultante de 1/10 dos autores.

24 (8,2%) autores que realizaram quatro ou mais

orientações respondem por 184 (33,9%) das teses e

dissertações.

Assim 1/12 dos orientadores respondem por 1/3 das

teses e dissertações.

Lei do Elitismo

Price (1976)

O número de membros da elite

corresponde à raiz quadrada do

número total de autores e deve ser

responsável por metade dos estudos.

Total de 295 pesquisadores.

Elite = √ 295 Elite = 17 pesquisadores.

Os 17 pesquisadores principais respondem por 156

(28,7%) orientações.

Tabela 20 – Aplicação das leis da bibliometria.

Fonte: dados da pesquisa associado com as leis da bibliometria

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181

Ainda, realizando uma aproximação de desempenho dos pesquisadores orientadores

com a Lei de Lotka (LOTKA, 1926), expressa nos resultados da tabela 20, pode-se

estabelecer as seguintes observações. Segundo a Lei de Lotka, a quantidade de autores que

publicam dois artigos é igual a ¼ do número de autores que publicam um artigo. Para os

valores encontrados nesta pesquisa, esta razão está mais próxima a 1/5. Ainda, seguindo a Lei

de Lotka, a quantidade de autores que publicam três artigos corresponde a 1/9 do número de

autores que publicam um artigo. Para os valores encontrados nesta pesquisa, esta razão está

próxima de 1/9. Assim, apesar da não aderência completa ao principio da Lei de Lotka

(LOTKA, 1926), é possível identificar a existência de proximidade.

Rousseau e Rousseau (2000) quando analisam os artigos interpretam a Lei de Lotka

como uma power law e propõe que o expoente 2 seja padrão de referência internacional da

produtividade de uma área acadêmica. Nesse sentido, os dados obtidos nesta pesquisa indicam

os valores de 2 e 2,4. Tal desempenho aponta que a pesquisa desenvolvida por teses e

dissertações em sustentabilidade ambiental no Stricto Sensu em administração no Brasil se

aproxima entre o padrão internacional e um pouco abaixo no comparativo com os artigos,

segundo a proposta de Rousseau e Rousseau (2000).

Com base na Lei de Lotka, os princípios utilizados para a análise da produtividade do

campo de pesquisa em sustentabilidade ambiental das teses e dissertações se apresentaram em

consonância com os estudos desenvolvidos nas pesquisas de Alvarado (2002), Bufrem e

Prates (2005) e Moretti e Campanário (2009), apoiadas em artigos científicos.

Dentre os estudos desenvolvidos, com a finalidade de aprimorar a Lei de Lotka, se

destaca a abordagem de Price (1976) que propõe a relação de 1/3 da literatura ser resultante

de 1/10 dos autores. É possível identificar nesta pesquisa, que os 24 pesquisadores que

orientaram quatro ou mais teses e dissertações, são os responsáveis por 184 estudos, do total.

Os dados apontam que 1/12 dos pesquisadores orientadores são responsáveis por 1/3 dos

estudos de sustentabilidade ambiental no Stricto Sensu em administração. Desta forma, pode-

se observar uma significativa proximidade do desempenho dos pesquisadores orientadores

com a abordagem proposta por Price (1976).

Segundo a Lei do Elitismo de Price (1976), o número de membros da elite, que

corresponde à raiz quadrada do número total de autores, deve ser responsável por metade dos

estudos. Os valores encontrados nesta pesquisa apontam que a elite dos orientadores mais

prolíficos responde pela orientação de 28,7% estudos em sustentabilidade ambiental no

Stricto Sensu em administração. Tal desempenho classifica a elite como não produtiva, pois a

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182

produção dos pesquisadores da elite é inferior a 50% da produção da área, parâmetro este

identificado como ponto de referência na definição da elite de Price (1976).

Vale destacar que a proposição da Lei do Elitismo foi desenvolvida com base na

análise de artigos acadêmicos, que não possuem limitações de produção, ao passo que o

trabalho de orientação está sujeito à limitação de quantidade máxima de alunos pela CAPES.

Desta forma, a classificação da produtividade da Lei do Elitismo deve ser utilizada com

ressalvas quando aplicada na análise das atividades de orientação no Stricto Sensu.

Adicionalmente, os dados mostram que 208 dos professores, que representam 70,5%

do total, orientaram apenas uma tese ou dissertação, valor este que se aproxima das pesquisas

de Chung e Cox (1990) e Alvarado (2002) que apontam a participação de 60% para os

pesquisadores com apenas uma orientação.

A Lei de Bradford é empregada nos estudos bibliométricos com a finalidade de

estimar o grau de relevância de periódicos que atuam em áreas do conhecimento específicas.

Neste estudo, a Lei de Bradford foi utilizada com a finalidade de aproximar a aplicação dos

seus conceitos em relação às IESs. Tal aproximação objetivou analisar se IESs, com maior

número egressos atuando no Stricto Sensu de administração, tendem a estabelecer um núcleo

de relevância neste campo de pesquisa. Vale destacar que o interesse da pesquisa no egresso

de doutorado que atua no Stricto Sensu se justifica por prospectar os pesquisadores ativos.

A rede de IESs envolvidas na formação do pesquisador em sustentabilidade ambiental

é estruturada por 21 IESs nacionais, que respondem pela formação de 70% dos pesquisadores,

e por IESs sediadas em dez diferentes países, que respondem pela formação de 30% dos

pesquisadores. Vale destacar que o estudo não quantificou nominativamente as IESs

estrangeiras, apenas as qualificou em relação ao país em que está sediada. Logo, para efeito

desta pesquisa, cada país foi identificado como entidade única de estudo.

A proposta da Lei de Bradford propõe a divisão de periódicos - para efeito deste

estudo são as IESs - em três zonas, cada qual com um terço do total da produção. Pela

proposta da Lei de Bradford o núcleo de interesse de investigação pode ser obtido por meio da

proporção 1: n: n2. A distribuição do número de IESs que formou os pesquisadores possibilita

a elaboração de dois cenários muito próximos, mas que, no entanto demanda a necessidade de

serem investigados a fim de possibilitar melhor compreensão dos resultados da pesquisa.

Assim, a Figura 28 apresenta uma distribuição de Bradford considerando apenas uma IES na

primeira zona, enquanto a Figura 29 apresenta uma distribuição de Bradford considerando

duas IESs na primeira zona.

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183

Zona 1 Zona 2 Zona 3

1 - IESs 4 – IESs 26 – IESs

USP – 76

FGV/SP - 28

Grã-Bretanha – 24

EUA – 23

UFSC – 21

UFRJ – 20

França - 19

UNICAMP – 9

PUC/SP – 9

Espanha – 8

UFMG – 7

Alemanha – 6

UFRGS - 5

UFBA – 5

UFPE – 5

UFRRJ – 3

PUC/RJ – 3

UFC – 3

Canadá - 3

FGV/RJ – 2

IUPERJ – 2

UFPA – 2

UNB – 2

UFLA – 2

Portugal - 2

PUC/RGS – 1

UFPR – 1

UFSCAR – 1

Cuba – 1

Italia – 1

Polônia 1

Total de 76 (26%)

dos pesquisadores

formados

Total de 96 (33%)

dos pesquisadores

formados

Total de 123 (41%) pesquisadores formados

Figura 28 – Aplicação da Lei de Bradford considerando apenas uma IES na condição no primeiro núcleo de

análise (Zona 1).

Zona 1 Zona 2 Zona 3

2 - IESs 5 – IESs 24 – IESs

USP – 76

FGV/SP - 28

Grã-Bretanha – 24

EUA – 23

UFSC – 21

UFRJ – 20

França – 19

UNICAMP – 9

PUC/SP – 9

Espanha – 8

UFMG – 7

Alemanha – 6

UFRGS - 5

UFBA – 5

UFPE – 5

UFRRJ – 3

PUC/RJ – 3

UFC – 3

Canadá - 3

FGV/RJ – 2

IUPERJ – 2

UFPA – 2

UNB – 2

UFLA – 2

Portugal - 2

PUC/RGS – 1

UFPR – 1

UFSCAR – 1

Cuba – 1

Italia – 1

Polônia 1

Total de 104

(35%) dos

pesquisadores

formados

Total de 107

(36%) dos

pesquisadores

formados

Total de 84 (29%) pesquisadores formados

Figura 29 – Aplicação da Lei de Bradford considerando duas IESs na condição no primeiro núcleo de análise

(Zona 1).

Nas propostas apresentadas nas Figuras 28 e 29 é possível identificar uma

aproximação a Lei de Bradford. Considerando apenas a Universidade de São Paulo USP na

Zona 1, tem-se quatro IESs na Zona 2 e 26 IESs na Zona 3. Tal distribuição não se enquadra

na proporção 1: n: n2, no entanto, quando se considera a Universidade de São Paulo USP e a

Fundação Getúlio Vargas na Zona 1, tem-se cinco IESs na Zona 2 e 24 IESs na Zona 3. Esta

distribuição se enquadra na proporção 1: n: n2, pois temos uma relação próxima de 1: 5: 5

2.

Aplicando os princípios da Lei de Bradford na análise do processo de formação dos

pesquisadores orientadores que atuam no Stricto Sensu em administração, foi possível

identificar um núcleo supostamente de qualidade superior e maior relevância nesta área de

conhecimento constituído pela Universidade de São Paulo USP e Fundação Getúlio Vargas de

São Paulo FGV/SP. As IESs posicionadas na Zona 2 que também se configuram como

relevantes no processo de formação de pesquisadores orientadores que atuam no Stricto

Sensu, se constituem de três países; Grã-Bretanha, Estados Unidos e França e duas IESs,

Universidade Federal de Santa Catarina UFSC e Universidade Federal do Rio de Janeiro

UFRJ. Esta configuração possibilita, por meio da Lei de Bradford, distinguir o desempenho

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184

das IESs formadoras de pesquisadores no Stricto Sensu em administração em zonas de

relevância, aproximando-se das investigações desenvolvidas em estudos bibliométricos em

revistas, como os de Tsay e Yang (2005) e Singh, Ahmad e Nazim (2008).

A análise das IESs que desenvolveram pesquisas de doutorado e de mestrado em

sustentabilidade ambiental no período de 1998 a 2009, apresentadas na Tabela 4, possibilitou

identificar que a Universidade de São Paulo USP, apesar de se configurar com a maior

geradora de pesquisadores que atuam no Stricto Sensu de administração, não é a que produziu

o maior volume de trabalhos, pois com 24 (4,4%) estudos ocupa apenas a quinta posição,

sendo que destes estudos, nove foram de doutorado. Da mesma forma, a Fundação Getúlio

Vargas FGV/SP ocupa a terceira posição das mais produtivas, com 30 (5,5%) estudos, sendo

que destes estudos, dez foram de doutorado. Estes valores mostram que as maiores

formadoras de pesquisadores em sustentabilidade ambiental, que atuam como orientadores no

Stricto Sensu, não são as com maior volume de estudos na área. Em contrapartida, a

Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS que se apresenta como a maior produtora

em pesquisas de sustentabilidade ambiental com 57 (10,5%) estudos, nove dos quais em

doutorado, aponta que apenas cinco pesquisadores se colocaram no Stricto Sensu e atuaram

como orientadores na área de sustentabilidade ambiental.

Em posição bastante singular encontra-se a Universidade Federal de Santa Catarina

UFSC, que se posiciona como a segunda maior IES na pesquisa de sustentabilidade ambiental

com 38 (7,0%) estudos e bem centralizada (Zona 2) na formação de 21 pesquisadores que

atuam como orientadores no Stricto Sensu em administração. Valores estes que possibilitam

notoriedade a instituição. No entanto, quando estes valores são associados ao fato desta IES

ter obtido o reconhecimento e recomendação pela CAPES do doutorado em administração

somente no ano de 2008, revelam certo descompasso estrutural.

O reconhecimento da Universidade de São Paulo USP e da Fundação Getúlio Vargas

de São Paulo FGV/SP como importantes formadores de doutores, que posteriormente

executaram orientação em sustentabilidade ambiental, identifica na pesquisa de Jabbour,

Santos e Barbieri (2008) fatores que podem justificar esta posição. Segundo a pesquisa destes

autores, as instituições com maior número de publicações em sustentabilidade ambiental

foram na sequência: Fundação Getúlio Vargas de São Paulo FGV/SP, Universidade de São

Paulo USP, Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS, Universidade Federal da

Bahia UFBA e Universidade Federal de Santa Catarina UFSC, Assim as duas IESs que mais

forneceram pesquisadores para o Stricto Sensu em administração também são as que possuem

maior volume de publicações em periódicos. A Universidade de Santa Catarina UFSC que

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185

aparece na Zona 2, ainda de destaque, também se posiciona com bom volume de publicações

de artigos científicos.

Estabelecendo como foco de análise as 543 teses e dissertações, os dados mostram que

as IESs, nas quais se desenvolveram os estudos, apresentaram distribuições relevantes de

discussão. As seis IESs que mais desenvolveram pesquisas em sustentabilidade ambiental

foram: Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS, Universidade Federal de Santa

Catarina UFSC, Fundação Getúlio Vargas de São Paulo FGV/SP, Fundação Getúlio Vargas

do Rio de Janeiro FGV/RJ, Universidade de São Paulo USP e Universidade Federal da Bahia

UFBA. O resultado das IESs mais prolíficas na formação de doutores e de mestres com temas

de sustentabilidade ambiental se aproxima muito do encontrado por Jabbour, Santos e

Barbieri (2008) - indicado no parágrafo anterior - que aponta as mais prolíficas na produção

de artigos. A diferença entre as relações reside apenas no ordenamento em que se posicionam

as IESs em cada um dos levantamentos e na não identificação da Fundação Getúlio Vargas do

Rio de Janeiro FGV/RJ, como prolífica. Desta forma, é possível inferir que o

desenvolvimento de orientações no Stricto Sensu em administração da IES é componente que

potencializa a publicação de artigos em sustentabilidade ambiental.

Retornando à discussão da atuação dos egressos na pós-graduação foi possível

observar uma dissonância na Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS. No

comparativo das IESs com maior colocação de profissionais, atuando em orientação de

sustentabilidade ambiental e as IESs mais prolíficas na formação de doutores e de mestres

com estudos na área, a UFRGS, apesar de possuir o maior número de estudos neste campo de

pesquisa, no período de 1998 a 2009 (ver Tabela 4), de possuir docentes prolíficos como Luis

Felipe Machado Nascimento, Tânia Nunes da Silva e Eugênio Ávila Pedrozo e ainda ter o

reconhecimento e a recomendação do doutorado desde 1994, com nota máxima de avaliação

da CAPES no último triênio, possui uma baixa penetração de seus egressos no Stricto Sensu

em administração, atuando neste campo de pesquisa. Tal desempenho pode ter na sua origem

a alteração do interesse de área de pesquisa do egresso, e seu posicionamento profissional na

graduação ou especialização. Independente da causa raiz desta dissonância, observada na

UFRGS, o egresso desta instituição, mesmo não atuando no Stricto Sensu ou na pesquisa em

sustentabilidade ambiental, se constitui em um importante recurso para o desenvolvimento da

pesquisa na área.

Adicionalmente há de se considerar o período em que as IESs possuem o

reconhecimento e a recomendação do doutorado pela CAPES. A Universidade de São Paulo

USP obteve a recomendação do doutorado em 1975 e a Fundação Getúlio Vargas de São

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186

Paulo FGV/SP no ano de 1976. Estas IESs estabelecem uma anterioridade de quase 20 anos

em relação à Universidade Federal do Rio Grande do Sul que obteve a recomendação do

doutorado apenas em 1994. Sob esse aspecto é de se esperar que as IESs com maior tempo na

formação de doutores apresentem um maior volume de pesquisadores atuando no Stricto

Sensu no Brasil. Esta diferença de período de recomendação entre as Instituições, em parte,

também pode justificar a baixa penetração do egresso do doutorado da UFRGS.

A Universidade Federal de Santa Catarina UFSC estabelece um interessante

contraponto a UFRGS, apesar de ter seu doutorado em administração reconhecido e

recomendado pela CAPES somente em 2008, possui 21 egressos atuando no Stricto Sensu

com pesquisas em sustentabilidade ambiental. Ocupa, assim, a terceira posição das IESs que

formaram pesquisadores atuantes na orientação deste campo de pesquisa. A análise destes

pesquisadores revelou que o programa de doutorado em Engenharia de Produção da UFSC se

estabeleceu como um importante provedor de pesquisadores para a administração. Os

pesquisadores Pedro Carlos Schenini, Hans Michael Van Bellen e Rolf Hermann Erdmann,

identificados como os mais prolíficos na pesquisa em sustentabilidade ambiental na

administração desta IES, obtiveram o título de doutor em Engenharia de Produção na UFSC.

Tal desempenho pode ser empregado como um parâmetro para análise da

produtividade científica, conforme propõe Oliveira et al. (1992), pois desenvolve um

diagnóstico das reais potencialidades de instituições e grupos de pesquisa.

O exame da dependência administrativa revela maior interesse das IESs públicas nas

pesquisas em sustentabilidade ambiental, com uma contribuição de 58% dos estudos,

enquanto as IESs particulares colaboraram com 42% dos estudos. Os dados apresentam uma

diferença de 16% a mais para as IESs públicas mostrando, portando um maior interesse dessas

instituições com esta dependência administrativa.

A pesquisa em sustentabilidade ambiental se fez com maior presença nos programas

de mestrado com 398 estudos que representa 4,2% do total, na sequência, o de mestrado

profissional com 109 estudos que representa 3,1% do total e o de doutorado com 36 estudos

que representa 3,5% do total. O destaque destes valores está na discreta quantidade de

doutores formados em sustentabilidade ambiental na administração no período de 1998 a

2009, somente 36, que resulta em uma taxa de três pesquisadores ao ano. Estes valores

apresentam-se modestos frente ao total de 86 pesquisadores atuantes no Stricto Sensu, que se

titularam, no período de 2000 a 2004 (média de 17,2 formandos por ano), apresentados na

Figura 21. Com esta taxa de doutorandos em sustentabilidade ambiental, a reposição dos

pesquisadores orientadores levaria quase seis anos (86 pesquisadores atuantes entre 2000 e

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187

2004, estabelece uma média de 17,2 formandos por ano, dividido por três que é a média de

titulação doutores por ano é igual a 5,73 anos).

Este baixo número de doutores se titulando em sustentabilidade ambiental na

administração pode, em parte, justificar a penetração de doutores de outras áreas na orientação

de pesquisas neste campo na administração. Este cenário pode apresentar alteração de perfil,

caso uma parcela significativa dos 398 alunos de mestrado e os 109 alunos de mestrado

profissional se propuserem a realizar o doutorado nesta área. Caso se observe este fenômeno,

é possível estabelecer a expectativa de avanço no número de pesquisadores titulados em

administração atuando na pesquisa em sustentabilidade ambiental no Stricto Sensu. Vale

destacar que o primeiro pesquisador a obter a titulação com uma pesquisa em sustentabilidade

ambiental, e que atua como orientador em administração foi Luis Felipe Machado do

Nascimento, em 1995 na Alemanha, e já, no ano de 1996, observa-se a primeira ocorrência no

Brasil, quando o pesquisador Ícaro Aronovich da Cunha obteve a titulação na Universidade de

São Paulo USP.

Esta seção discutiu o perfil dos pesquisadores orientadores de teses e dissertações em

sustentabilidade na administração. As comparações teóricas foram subsidiadas pelas leis da

bibliometria, com destaque para a Lei de Lotka. Sob este aspecto, foi possível identificar que

a produção dos pesquisadores na orientação de teses e dissertações possui distribuição que se

assemelha a de autores de artigos científicos. A discussão se expandiu na análise do perfil das

IESs formadoras de pesquisadores orientadores no Stricto Sensu de administração. Para o

desenvolvimento desta discussão também se apoiou nas leis da bibliometria, mais

precisamente na Lei de Bradford que se mostrou adequada para mostrar uma aproximação do

desempenho das IESs que se configuram em núcleos de formação, com as revistas de

publicação científica que também se estabelecem como núcleos de pesquisa de determinadas

áreas. A configuração dos dados coletados possibilitou o emprego da análise de redes sociais

de colaboradores nas bancas de doutorado e de mestrado que, por sua vez, viabilizou a

realização de constatações relevantes descritas na próxima seção.

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188

5.2 A REDE SOCIAL DE COLABORAÇÃO E A CENTRALIDADE DOS

PRINCIPAIS ATORES

As informações disponibilizadas pelo banco de dados do Pró-administração

possibilitaram a análise da rede social de cooperação, decorrente dos laços de participação nas

bancas de doutorado e de mestrado do Stricto Sensu em administração. A análise da rede de

colaboração estabeleceu foco de atenção na centralidade dos principais atores na condição de

orientadores e de membros convidados.

Conforme aponta a Figura 26, é possível afirmar a existência de três redes

significativas de cooperação com laços de participação entre os membros das bancas de

doutorado e de mestrado de sustentabilidade ambiental em administração com vários

contrastes. Frente a este contexto, é possível identificar que apesar da ruptura da rede de

colaboradores das bancas de doutorado e de mestrado, os atores se estabelecem como um

colégio invisível, conforme proposição de Crane (1972). Na condição de colégio invisível, as

bancas de doutorado e de mestrado configuram-se como um componente de intermediação e

potencializam a colaboração entre os pesquisadores participantes, conforme proposição de

Newman (2001b). Os resultados obtidos estabelecem aproximação aos encontrados por

Molina, Muñoz e Domenech (2002), que identificaram nas redes de coautoria comunidades

científicas que se configuravam em colégios invisíveis.

Conforme apontado por Nelson e Vasconcelos (2007), a densidade relata o nível

global de contatos estabelecidos em uma rede em um período determinado do tempo. Caso

todos os membros da rede estabeleçam contatos mútuos a densidade é igual a 1, e na ausência

de contatos a densidade é igual à zero. Segundo os autores, por definição, redes que têm

densidade igual a 1 não contém partes diferenciadas, ao passo que redes de menor densidade

podem expressar estruturas diferenciadas. Desta forma, apesar da rede em análise apresentar a

densidade de 0,005, é possível identificar estruturas de interesse para esta pesquisa. Vale

destacar que a configuração da rede possibilita o desenvolvimento de entendimentos que

viabilizam a identificação de arranjos, conforme propõe Bauman (1995).

A rede formada por um total de 947 atores, entre orientadores e convidados de banca,

apresentou um total de 1284 laços, resultando na média de 1,35 laços por autor. O valor

baixo, da media de laços por autor, em grande parte, pode ser explicado pela própria natureza

das bancas que limita a um mínimo de dois convidados no mestrado e quatro convidados no

doutorado. Os dados levantados monstraram que na maioria das vezes as bancas se

compuseram desta quantidade mínima de participantes. Desta forma, é possível ponderar que

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189

este índice tende a apresentar pouca variabilidade ao longo do tempo. Observa-se duas

variáveis que podem influenciar a alteração deste valor, a primeira está relacionada à

quantidade de ocorrências de bancas de doutorado e de mestrado, pois a quantidade de

participantes em cada uma dessas bancas é diferente.

A segunda variável é uma mudança no perfil do critério de escolha do membro

convidado com o maior compartilhamento dos membros, pois, conforme o estudo identificou,

561 membros convidados participaram de apenas uma banca. Desta forma, caso se priorize o

convite a atores que já participaram de bancas anteriores será possível observar uma elevação

na média de participação por ator. O alto volume de membros convidados a participar em

banca examinadora pode também ser indício da presença de pesquisadores não atuantes em

sustentabilidade ambiental nas bancas desta área. Caso tal reflexão seja fato, evidencia-se a

necessidade do estabelecimento do critério de identificar a atuação na área de sustentabilidade

ambiental como um das variáveis no momento de se definir os membros a participar das

bancas de doutorado e de mestrado em sustentabilidade ambiental.

A Figura 27, que contém apenas os atores com mais de nove laços, apresentou duas

redes principais. Vale destacar que estas redes possuem conexão conforme mostra a Figura

26, no entanto por atores com menos de nove laços, critério este utilizado para levantar o

grafo da rede dos atores principais. Este resultado estabelece uma rede principal identificada

como componente principal que contém 58% da rede, que se apresenta inferior ao de

pesquisas bibliométricas, em artigos científicos, em áreas como a biologia, física e

matemática no âmbito internacional em que o componente principal está entre 82% e 92%

(NEWMAN, 2004).

Conforme aponta Moody (2004), a centralidade de grau possibilita a interpretação de

prestígio no campo científico, haja vista que alguns autores trabalham na obscuridade,

enquanto outros, em menor volume, recebem um reconhecimento muito maior, resultando em

uma grande concentração de reconhecimento pela colaboração em poucos autores. Para

Moody (2004), a centralidade de alguns autores auxilia na interpretação do fato de alguns

cientistas conseguirem rapidamente difundir suas ideias na comunidade acadêmica. Tal

rapidez de difusão estaria associada ao fato de autores com muitos colaboradores serem os

mais influentes. Sob esse aspecto a análise da centralidade dos orientadores e dos membros

convidados a participarem das bancas se estabeleceu como uma oportunidade de interpretar o

prestigio no campo científico segundo a realização de bancas de doutorado e de mestrado.

Como a análise se processou por meio de uma rede two-mode, conforme já afirmado,

temos duas posições de análise: a do pesquisador na condição de orientador, e na de membro

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190

convidado a participar da banca examinadora. Nesse sentido a análise de centralidade se

voltou para as duas posições. Para ambas as situações se processaram a verificação de

centralidade segundo três variáveis: centralidade de grau, de proximidade e de intermediação.

A Tabela 5 expõe estes valores de centralidade. Os seis pesquisadores mais centrais foram,

Luis Felipe Machado do Nascimento, Pedro Carlos Schenini, José Carlos Barbieri, José

Antonio Puppim de Oliveira, Francisco Correia de Oliveira, Isak Kruglianskas. Desta forma, é

possível afirmar que as regiões Sudeste e Sul concentram os pesquisadores mais centrais em

sustentabilidade ambiental, considerando a estrutura de colaboração gerada pelos laços de

participação em bancas de doutorado e de mestrado.

A rede de colaboração, com laços de participação dos pesquisadores em bancas

examinadoras, possibilitou identificar a existência de atores centrais. Nesse contexto é

possível presumir que estes pesquisadores possuam prestigio no campo científico. Tal posição

vai ao encontro da proposta de Moody (2004), na qual a centralidade de grau possibilita a

interpretação de prestígio no campo científico.

O pesquisador Francisco Correia de Oliveira possui significativa centralidade,

principalmente de proximidade na condição de convidado de banca com um valor de 187,4,

que é significativamente superior aos demais da rede. A análise do valor de centralidade de

proximidade e da estrutura da Figura 27 possibilitou identificar este ator como um buraco

estrutural que, por intermédio de laços com os pesquisadores José Carlos Barbieri e José

Antonio Puppim de Oliveira, conecta dois núcleos importantes de pesquisadores centrais.

Segundo a abordagem de Burt (1992), o ator que se posiciona na condição buraco estrutural

além de facilitar a proximidade entre os atores, possibilita que estes acessem outros grupos em

que a informação não é redundante, potencializando a ampliação da criatividade por parte das

pesquisas realizadas. Na perspectiva de Marteleto (2001), o ator nesta posição possui

potencial para estabelecer o papel de intermediador de informações. Nesse contexto, apesar da

significativa participação como orientador com 12 estudos desenvolvidos no Stricto Sensu, a

sua relevância decorre dos convites recebidos para a participação em banca examinadora.

A análise da rede social de colaboração dos membros das bancas de doutorado e de

mestrado apresenta como atores principais os pesquisadores que também foram mais

prolíficos na orientação de estudos na área. Desta forma, é possível afirmar que uma das

variáveis que moldam este campo de pesquisa é a atividade de orientação de doutorado e de

mestrado. A participação como convidado de banca examinadora se mostrou bastante

dispersa, pois dos pesquisadores convidados observa-se que 561 atores participaram apenas

uma vez e 132 atores participaram apenas duas vezes de bancas. Tal cenário mostra a

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importância dos pesquisadores orientadores na estruturação desta rede social de colaboração.

Esta posição é reforçada quando analisamos a rede de colaboração expressa na Figura 27 e

identificamos, na lateral esquerda 28, pesquisadores orientadores que possuem mais de nove

laços de relacionamento, no entanto não aparecem os membros de suas bancas, pois estes

possuem poucos laços de relacionamento.

Vale destacar que em decorrência da grande dispersão de membros convidados a

participar das bancas examinadoras, os pesquisadores que mais participaram desta atividade

se destacaram pela posição de centralidade, sendo estes atores também são centrais como

orientadores. Em outras palavras, somente os pesquisadores com destaque na orientação

possuem potencial para se destacar na condição de convidado de banca examinadora. Tal

cenário pode ser um indicio de prestígio do pesquisador neste campo científico.

Os atores que aparecem em bancas isoladas e mesmo na menor das redes identificadas

se apresentam segregadas por região geográfica, variável esta que se estabelece como

restrição para a integração dos colaboradores em uma única estrutura. As duas redes maiores

apresentam um processo maior de integração de pesquisadores de diversas regiões do Brasil.

A configuração de rede two-mode estabelece maior dificuldade para a análise do

conceito de small worlds, pois distingue a atuação de um pesquisador para a posição de

orientador e de membro convidado de banca. Esta distinção, apesar de auxiliar a identificar a

importância do ator em cada função, restringe a possibilidade de análise como ator único. Esta

abordagem influência os valores de densidade, coesão e diâmetro da rede, impactando

diretamente na identificação da existência de small worlds.

Desta forma Watts e Strogatz (1998), Uzzi e Spiro (2005) Lazzarini (2007)

posicionam o conceito de small worlds como o agrupamento de atores em uma rede bem

disseminada, em concomitância de relações destes atores junto a atores externos, por meio de

um pequeno número de intermediários. Desta forma, pode-se afirmar a não existência de um

small worlds na estrutura de colaboração gerada a partir dos laços de participação em bancas

de doutorado e de mestrado. A estrutura de colaboração mostra a existência de três redes

distintas e ainda a ocorrência de bancas isoladas na composição da colaboração em bancas de

doutorado e de mestrado configurando a não existência do small worlds. Tal cenário se

contrapõe com o conceito de Giddens (1989) no qual a dinâmica dos atores que reproduz a

estrutura de small worlds não pode apresentar rupturas na estrutura de colaboração.

No entanto, a rede de colaboração de pesquisadores em bancas de doutorado e de

mestrado se insere na proposição de Rossoni e Guarido-Filho (2009) que, em estudo de redes

de coautoria entre pesquisadores nos programas de pós-graduação no Brasil, identificou que a

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192

relação entre os atores não é restrita ao contexto imediato, mas sim a interesses mais

abrangentes. Sob esse aspecto, a rede de colaboração de pesquisadores em bancas

examinadoras favorece tanto a ampliação de repertório de abordagens e ferramentas utilizadas

nas pesquisas quanto à criatividade dos pesquisadores que trocam informações no interior da

rede, conforme aponta estudo de Weisz e Roco (1996). Desta forma, a participação nas redes

de colaboração com laços de relacionamento das bancas de doutorado e de mestrado se

estabelece como um importante espaço para o fomento de futuras colaborações troca de

experiências e importante recurso para a construção do conhecimento.

Esta seção discutiu a rede de cooperação com laços de participação entre os membros

das bancas de doutorado e de mestrado em sustentabilidade ambiental em administração que

se estabelece como um colégio invisível composto de 947 atores que possuem 1284 laços de

relacionamento. Observou-se a existência de três redes distintas e algumas bancas dispersas.

A rede principal comporta 58% dos atores inclusive os 25 atores principais. Dessa forma este

colégio invisível não se enquadra dentro do conceito de small worlds. A seção seguinte trata

do processo de legitimação do conhecimento gerado nestas redes de colaboração, formadas

pela configuração das bancas de defesa de dissertação de mestrado e de tese de doutorado.

5.3 A LEGITIMAÇÃO E A INSTITUCIONALIZAÇÃO DO CONHECIMENTO EM

SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL

Nesta seção se discute os dados obtidos no referencial bibliográfico das teses e

dissertações em sustentabilidade ambiental da administração frente à abordagem da sociologia

do conhecimento, proposta por Berger e Luckmann (2008). Com o propósito de estabelecer

reflexões sobre a existência do processo de legitimação, ou não, do conhecimento em

sustentabilidade ambiental no Stricto Sensu em administração. Nesse sentido, é retomado o

modelo teórico proposto, a fim de determinar a sua adequação dentro do contexto que se

estabeleceu neste estudo.

A configuração dos dados coletados nas referências das teses e dissertações do período

de 2007 a 2009 possibilitou realizar a análise da literatura utilizada, e a identificação do

processo de institucionalização e legitimação do conhecimento em sustentabilidade ambiental.

Conforme aponta Small (2008) o estudo da literatura possibilita o entendimento das estruturas

das comunidades. A interpretação e a adaptação dos conhecimentos do campo científico

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193

ocorre, a partir do conhecimento já institucionalizado e legitimado. Na sequência se

desenvolve a discussão dos principais pontos desta investigação.

A abordagem de Berger e Luckmann (2008) aponta como conhecimento legitimado

aquele que é transmitido de uma geração para outra. No estudo de campo da ciência a

interpretação de geração se aproxima do entendimento da utilização de valores e do

conhecimento por um grupo diferente ao que o originou, e não associado unicamente ao fator

tempo cronológico. Tal proposição se estabelece como plausível frente à argumentação dos

autores que a legitimação ocorre diante da incorporação do conhecimento pela geração

seguinte, mediante a possibilidade de explicação e justificação do novo. Este estudo apoiou-se

na análise dos orientadores, e das respectivas IESs em que atuam, para estabelecer o conceito

de geração. Nesta proposição a citação de um autor por diferentes pesquisadores orientadores,

em diferentes IESs, se estabelece como evidência de que o conhecimento foi transmitido à

outra geração. Nesse contexto, o estudo identificou os autores que possuem suas obras citadas

em diferentes IESs por diferentes pesquisadores orientadores, a saber: Ignacy Sachs, José

Carlos Barbieri, Luis Felipe Machado do Nascimento, Hans Michael Van Bellen, Fernando

Alves de Almeida, Denis Donaire, Elio Takeshi T. Tachizawa, Paulo Roberto Leite,

Boaventura de Souza Santos, José Eli da Veiga, Jacques Demajorovic, Eduardo Viola e Ícaro

Aronovich da Cunha. Assim, o conhecimento objetivado por estes pesquisadores e

disponibilizado para a sociedade pode ser interpretado como legitimado.

Apesar de apresentarem um volume menor de citações os pesquisadores Jacques

Demajorovic e Ícaro Aronovich da Cunha tiveram suas obras interpretadas como legitimadas

por apresentarem relativa dispersão de suas citações. As nove citações de Jacques

Demajorovic foram realizadas em IESs distintas a que atua e Ícaro Aronovich da Cunha

apresentou 50% das citações em IESs distintas a de sua atuação.

A relação originada a partir das teses e dissertações no período de 1998 a 2009 que

aponta os autores que possuem conhecimento legitimado possibilita identificar dois

pesquisadores que também se sobressaíram na publicação de artigos no período de 1996 a

2005, segundo o estudo de Jabbour, Santos e Barbieri (2008). Os pesquisadores José Carlos

Barbieri e Luis Felipe Machado do Nascimento são apontados como destaque na publicação

de artigo, condição esta que identifica a proximidade das citações realizadas nas teses e

dissertações com a produção científica. No entanto, os autores internacionais Hunt e Auster

(1990) e Porter e Linde (1995) destacados na pesquisa de Jabbour, Santos e Barbieri (2008)

são citados apenas duas vezes cada um. Condição esta que estabelece um distanciamento das

citações de teses e dissertações em relação às citações de artigo.

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194

Adotando a abordagem de Berger e Luckmann (2008) foi possível identificar os

autores que foram utilizados por várias gerações e como tal podem ser considerados

legitimados. Este conjunto de conhecimento legitimado estrutura o que Berger e Luckmann

(2008) apontam como ordem institucional.

O estabelecimento desta ordem institucional possibilita que o conhecimento gerado

por estes autores seja utilizado por qualquer ator que compõe a rede social, neste caso os

pesquisadores em sustentabilidade ambiental. Ainda, segundo Berger e Luckmann (2008), a

existência da ordem institucional está associada à concepção do universo simbólico que

envolve os processos de objetivação, de sedimentação e de acumulação do conhecimento.

Nesse sentido, é possível considerar que o conhecimento de sustentabilidade ambiental se

caracteriza como um produto social, possuidor de uma história e incorporado ao universo

simbólico, aceito assim de forma geral pela sociedade.

A abordagem teórica desenvolvida identificou a proximidade de contextualização da

ordem institucional de Berger e Luckmann (2008) com o campo científico apresentado por

Bourdieu (1995). Analisando a sustentabilidade ambiental, inserida no conceito de campo

científico de Bourdieu (1995), é possível identificar um grupo de pesquisadores, relativamente

autônomos, que executam pesquisas e orientações no Stricto Sensu e que possuem o seu

conhecimento sendo difundido. Desta forma, a sustentabilidade ambiental pode ser

interpretada como um campo científico. Bourdieu (1995) aponta, ainda, a existência de

disputas que envolvem a questão epistemológica do significado e da natureza das descobertas

científicas. Frente ao conjunto de 1360 citações ocorridas nas teses e dissertações voltadas à

sustentabilidade ambiental e a ocorrência de apenas 331 repetições foi possível inferir a

existência de uma pequena elite de pesquisadores e um grande contingente de autores que

buscam afirmar o resultado de suas pesquisas, configurando um campo aberto a disputas. O

campo se caracteriza em consonância à abordagem de Santos Júnior (2000) no qual os

consumidores/clientes do campo científico são os próprios pares/concorrentes do produto do

conhecimento.

Os resultados obtidos não apontam para o Efeito Mateus, proposto por Merto (1968,

1988), que atribui desproporcional reconhecimento para os cientistas com algum grau de

reputação no campo científico em relação a aqueles que ainda não alcançaram este patamar.

Mesmo os autores mais citados não estabelecem um predomínio desproporcional sobre os

demais autores. Adicionalmente, os resultados não possibilitam identificar os fenômenos de

terapêutica e de aniquilação, propostos por Berger e Luckmann (2008). Nesse sentido, vale

destacar que a obra de Denis Donaire “Gestão ambiental na empresa” de 1995 foi citada no

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trabalho de dez diferentes orientadores. Conforme estudo de Jabbour, Santos e Barbieri

(2008) a obra de Denis Donaire se posiciona como uma das pioneiras no estudo da

incorporação da sustentabilidade ambiental pelas empresas. Apesar da antiguidade da obra

deste autor, e sua restrita atuação em sustentabilidade ambiental no Stricto Sensu em

administração, ela continua a ser citada, denotando que obras mais recente não

proporcionaram a obsolescência deste autor ou, ainda, a legitimação proporcionada não foi

superada nas disputas que ocorrem no campo científico.

Na perspectiva de Berger e Luckmann (2008) a institucionalização é um processo

anterior à legitimação, no qual o ator ou um conjunto de atores exercem ações típicas

estabelecendo uma instituição. No estudo de campo da ciência a interpretação de

institucionalização ocorre quando se observa um ator, ou um grupo de atores próximos,

realizar a citação de um mesmo autor pertencente a este arranjo social. Neste estudo, que se

apoia na análise dos orientadores, e das respectivas IESs em que atuam, a institucionalização

do conhecimento ocorre quando um autor é citado pelo próprio autor, ou por autores da

mesma IES ou, ainda, por mais de uma IES, mas de forma discreta. Nesse sentido, o estudo

identificou autores que possuem sua obra citada na própria IES ou ainda em outras IESs, mas

de forma pontual com baixa penetração. Os autores identificados nesta situação foram: Celso

Funcia Lemme, Elaine Ferreira, Ely Laureano Paiva, Eugenio Ávila Pedrozo, George Gurgel

de Oliveira, Graig R. Carter, Isak Kruglianskas, João Eduardo Prudêncio Tinoco, José

Antonio Puppim de Oliveira, José Célio Silveira Andrade, Maria Tereza Saraiva de Souza,

Mozar José de Brito, Oliver E. Williamson, Pedro Carlos Schenini, Robson Amâncio, Rolf

Hermann Erdmann e Tânia Nunes da Silva.

A relação originada a partir das teses e dissertações no período de 1998 a 2009 aponta

um autor que possui conhecimento institucionalizado por meio da publicação de artigo e que

adicionalmente aparece na pesquisa das principais publicações de artigos no período de 1996

a 2005, segundo o estudo de Jabbour, Santos e Barbieri (2008). Assim, o pesquisador José

Célio Silveira Andrade é apontado como destaque na publicação de artigo, segundo a

pesquisa de Jabbour, Santos e Barbieri (2008), e também aparece no levantamento realizado

por este estudo, condição esta que identifica a proximidade das citações realizadas nas teses e

dissertações com a produção científica. Este autor pode vir a ter o conhecimento legitimado

em função de um possível aumento de citações de suas obras em pesquisas desenvolvidas por

alunos de outras IESs.

A análise do processo de disseminação do conhecimento mostrou que a Universidade

Federal do Rio Grande do Sul UFRGS se estabeleceu como um importante elemento no

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196

processo de legitimação e institucionalização do conhecimento em sustentabilidade ambiental,

pois foi a responsável por 101 citações observadas neste levantamento como legitimadas ou

institucionalizadas. No segundo lugar aparece a Universidade Católica de Santos

UNISANTOS com 48 citações e, no terceiro lugar, a Universidade Federal da Bahia UFBA

com 31 citações. Estas IESs mostraram-se como importantes componentes do processo de

institucionalização do conhecimento, destacando os estudos desenvolvidos por seus

pesquisadores, e ainda, referenciando pesquisadores de outras IESs, colaborando assim para a

legitimação do conhecimento.

Para Berger e Luckmann (2008) a linguagem é uma instituição e tem a finalidade de

repetir as objetivações das experiências compartilhadas. A linguagem é o elemento de

elaboração e disseminação nos processos de legitimação. A análise das citações realizadas nas

teses e dissertações revelou que o Livro foi a linguagem mais empregada nos casos em que se

observou a legitimação. Tal cenário indica que o livro se sobrepõe aos artigos científicos nos

processos de legitimação do conhecimento em sustentabilidade ambiental nas teses e

dissertações. Nesse contexto, autores que objetivaram o conhecimento, mas não utilizaram o

livro para sua difusão encontram dificuldades para legitimá-lo em outros grupos sociais de

orientadores de doutorado e mestrado. A preferência por citação de livros e a baixa presença

de artigos na legitimação do conhecimento em sustentabilidade em parte pode ser atribuída

pelos resultados encontrados na pesquisa de Jabbour, Santos e Barbieri (2008). Para estes

autores, tanto o reduzido número de artigos publicados quanto à falta de diversidade de

autoria revelam uma concentração de massa crítica em sustentabilidade ambiental. Tal

afirmação é suportada pelos autores mediante a identificação de apenas 41 artigos (2,3%) em

sustentabilidade ambiental do total de 1785 artigos publicados nas revistas que analisaram.

Estudos, como o desenvolvido por Souza et al. (2011a), mostram que cinco revistas

concentram uma parcela significativa da publicação em sustentabilidade ambiental. Em face

desta concentração o processo de pesquisa de material a ser utilizado nos estudos de

doutorado e de mestrado em sustentabilidade ambiental deveria potencializar estas

publicações e assim, impulsionar o processo de legitimação do conhecimento. A não

ocorrência deste fenômeno de legitimação do conhecimento difundido por estas revistas pode

ter na sua origem tanto o fator desconhecimento como o fator acomodação dos alunos do

Stricto Sensu. Vale destacar assim que estudos como o de Jabbour, Santos e Barbieri (2008) e

de Souza et al. (2011a) podem representar um componente de difusão da informação em

sustentabilidade ambiental e assim potencializar a legitimação de pesquisas desenvolvidas e

publicadas em periódicos.

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Nascimento (2010) estabelece crítica à promoção de maior ênfase da CAPES a

publicação de artigo dos pesquisadores e menor atenção às demais atividades executadas.

Nesse contexto os pesquisadores do Stricto Sensu aparentam ainda não compartilharem este

posicionamento de importância do artigo científico no momento de nortear seus orientados de

qual literatura utilizar na elaboração de suas teses e dissertações. Os artigos científicos se

estabelecem como uma literatura em constante atualização, de fácil acesso e bastante

diversificada, o que deveria ser um atrativo a utilização em teses e dissertações.

É fato que este estudo observou a citação de vários artigos nas teses e dissertações, no

entanto, essas publicações têm baixo índice de repetição, condição esta que possibilita a sua

institucionalização, mas não evidencia a legitimação do conhecimento nele objetivado.

As Leis de Lotka (1926), de Price (1976) e de Bradford entre outras da bibliometria se

mostraram adequadas, e um importante ferramental que viabiliza a utilização da abordagem

de Berger e Luckmann (2008) no entendimento de uma área do conhecimento, também

conhecida como ordem institucional ou ainda campo científico segundo Bourdieu (1991).

A análise de redes sociais, conforme propõe Bauman (1995), não possui o propósito

único de afirmar a “ordem social”, mas sim interpretar a coexistência de diferentes ordens

institucionais. Ordem institucional que segundo Robbins (2005) se constitui de um grupo

social que compartilham objetivos comuns e que apoiado na afirmação de Cross, Parker e

Borgatti (2000) podem ter o relacionamento estudado a fim de identificar o compartilhamento

da informação e do conhecimento. Compartilhamento este observável pelas interações e inter-

relações entre os atores, segundo Menesses e Sarriera (2005). Neste contexto a análise de

redes sociais se estabelece como uma importante ferramenta para a interpretação dos

processos de institucionalização e legitimação do conhecimento, conforme propõem Berger e

Luckmann (2008).

Desta forma, a abordagem de Berger e Luckmann (2008) pode se servir da

bibliometria e da análise de redes sociais como ferramentas para identificar os processos de

institucionalização e legitimação do conhecimento que propõe e, ao mesmo tempo, se

apresentar como referencial teórico para o emprego destas ferramentas.

As diferentes análises realizadas, utilizando-se diferentes técnicas, possibilitaram a

identificação de uma convergência de informações. Os pesquisadores orientadores, mais

prolíficos em sustentabilidade ambiental, se estabelecem também como atores centrais na rede

de colaboração em bancas de doutorado e de mestrado e, adicionalmente, muitos aparecem

como autores cujo conhecimento é legitimado ou institucionalizado por intermédio da citação

nas teses e dissertações. Esse contexto se estabelece como uma possibilidade de

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materialização da proposta conceitual de Berger e Luckmann (2008), expressa na Figura 12,

do processo de legitimação do conhecimento e estabelecimento da ordem institucional. No

arranjo social que constitui esta ordem institucional qualquer ator tem a possibilidade de

referenciar o conhecimento legitimado de forma plausível e possibilitar sentido objetivo.

Retornando ao modelo proposto por este estudo, expresso na Figura 12, é possível

constatar que as técnicas de bibliometria e data mining se ajustam ao papel de identificar na

linguagem (livros, artigos, teses, dissertações, entre outros) os autores que estão com obras

institucionalizadas e legitimadas. De forma análoga, a análise de redes sociais possibilita

identificar os atores que estabelecem arranjos sociais por meio das bancas examinadoras que

suportam os processos de institucionalização e legitimação do conhecimento. Nesse sentido, a

Figura 30 apresenta de forma esquemática o núcleo do modelo proposto com os respectivos

resultados que apontam os atores centrais deste estudo. Vale destacar, que os demais

elementos do modelo, apesar da relevância, não são apresentados nesta representação, por não

se tratarem de objeto da presente investigação.

Figura 30 – Aplicação do modelo de análise proposto pelo estudo

Fonte: elaborado pelo autor, a partir da adaptação da obra de Berger e Luckmann (2008)

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O modelo apresentado desenvolve uma análise da legitimação do conhecimento, a

partir de uma parcela das atividades desenvolvidas pelos pesquisadores do Stricto Sensu, mais

precisamente o resultado da orientação dos alunos, que se materializa nas teses e dissertações,

e a rede social que se estabelece a partir das participações que analisam as pesquisas. No

entanto, o modelo proposto pode suportar outras abordagens, como exemplo a publicação de

artigos e relações de coautoria, sem a necessidade de ajustes ou alterações. Nesse sentido, a

aplicação do modelo em um recorte das atividades analisa a legitimação decorrente desta

atuação do pesquisador, assim outras formas de colaboração, como a de artigos, podem

apontar outros processos de legitimação do conhecimento.

De acordo com a proposição de Berger e Luckmann (2008), determinados atores

desempenham papeis, cuja atuação possibilita que as instituições se apropriem de sua

experiência individual, configurando-se assim como referências da área e cabedais do

conhecimento. Dessa forma, segundo Berger e Luckmann (2008), a utilização de ferramentas

estatísticas como a bibliometria ou o data mining e a análise de redes sociais possibilita a

identificação dos conhecimentos institucionalizado e legitimado no campo científico. Nesse

sentido, restringindo a análise aos pesquisadores atuantes no Stricto Sensu, é possível

identificar José Carlos Barbieri, Luis Felipe Machado do Nascimento, Hans Michael Van

Bellen, Jacques Demajorovich e Icaro Aronovich da Cunha, como referências da área e

cabedais do conhecimento em sustentabilidade ambiental. Afirmação apoiada na perspectiva

de possuírem obras citadas nas teses e dissertações e um arranjo social que suporta suas

pesquisas e que se manifesta pelas bancas examinadoras.

Ainda, recorrendo à proposição de Berger e Luckmann (2008), e restringindo a análise

aos pesquisadores atuantes no Stricto Sensu, é possível identificar a institucionalização da

produção de Celso Funcia Lemme, Elaine Ferreira, Ely Laureano Paiva, Eugênio Ávila

Pedrozo, Isak Kruglianskas, João Eduardo Prudêncio Tinoco, José Antonio Puppim de

Oliveira, José Célio Silveira Andrade, Maria Tereza Saraiva de Souza, Pedro Carlos Schenini,

Robson Amâncio, Rolf Hermann Erdmann e Tânia Nunes da Silva. Vale destacar que esta

perspectiva foi estabelecida com base nas citações e análises nas teses e dissertações, e caso a

análise se expanda para o referencial dos artigos é passível de identificar que a obra de muito

destes pesquisadores também já esteja legitimada.

Esta seção discutiu o referencial teórico utilizado nas teses e dissertações em

sustentabilidade ambiental na administração no período de 2007 a 2009 frente à abordagem da

sociologia do conhecimento, proposta por Berger e Luckmann (2008). A adoção desta

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abordagem permitiu identificar os autores que possuem a produção do conhecimento na

condição de institucionalizado ou legitimado. Assim, o modelo de análise proposto foi

confrontado com os dados empíricos e verificou-se que a abordagem de Berger e Luckmann

(2008) é adequada para identificar a institucionalização e a legitimação do conhecimento.

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201

6 CONCLUSÃO

Este estudo objetivou analisar a contribuição do Stricto Sensu em administração na

legitimação do conhecimento em sustentabilidade ambiental e as características principais dos

agentes envolvidos. O desenvolvimento da pesquisa partiu da tese que as atividades do Stricto

Sensu em administração, por intermédio do processo de orientação, do conteúdo das teses e

dissertações e das redes sociais de colaboração que se forma a partir das bancas

examinadoras, se estabelecem como um componente que possibilita a identificação do

conhecimento legitimado em sustentabilidade ambiental.

A elaboração deste estudo incorpora a aspiração de contribuir para o entendimento e o

desenvolvimento da área de sustentabilidade ambiental, identificando os principais

pesquisadores e Instituições de Ensino Superior IESs deste campo de pesquisa no Stricto

Sensu em administração, as redes sociais de colaboração que se estabelecem a partir das

bancas examinadoras, e o conhecimento legitimado pelas teses e dissertações na área.

Objetivos específicos foram estabelecidos com a finalidade de constituir um contínuo

de informações que possibilite, ao final deste estudo, responder a questão de pesquisa.

O primeiro objetivo específico estabelecido foi identificar o perfil dos professores

orientadores e das IESs que desenvolveram pesquisas em sustentabilidade ambiental no

Stricto Sensu em administração, por meio das teses e dissertações apresentadas.

No período de 1998 a 2009, que incorpora quatro triênios de avaliação do CAPES, um

total de 295 professores do Stricto Sensu em administração realizaram orientações na área de

sustentabilidade ambiental. A colaboração destes pesquisadores se aproxima da Lei de Lotka,

na qual os cinco pesquisadores mais prolíficos reponderam pela orientação de 15% de todas

as pesquisas, enquanto 208 pesquisadores que representam aproximadamente 70% do total

realizaram apenas uma orientação em sustentabilidade ambiental.

Os pesquisadores que realizaram orientações em sustentabilidade mostram aderência a

este campo científico, pois dos 24 orientadores mais prolíficos, com quatro ou mais

orientações na área, apenas três não apresentam Projeto ou Linha de Pesquisa em

sustentabilidade ambiental. Considerando ainda os 24 orientadores mais prolíficos, é possível

identificar que 50% deles obtiveram o título de doutorado, com teses que tratavam de

sustentabilidade ambiental. Dentre os pesquisadores mais prolíficos, o primeiro a obter o

título com uma tese na área foi o pesquisador Luis Felipe Machado do Nascimento em 1995,

na Alemanha, e em IES brasileira foi o pesquisador Ícaro Aronovich da Cunha em 1996, na

Universidade de São Paulo USP.

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Pesquisadores que realizaram orientações em sustentabilidade ambiental apresentam

grande diversidade na área de obtenção do título de doutor. Identificou-se que, 50% destes

pesquisadores obtiveram a titulação na área de administração.

Um conjunto de 21 Instituições de Ensino Superior, IESs brasileiras somadas às

Instituições estrangeiras, agrupadas em dez países pelo critério de local em que estão

sediadas, compõem o universo de instituições responsáveis pela formação dos doutores que

desenvolveram orientações em sustentabilidade ambiental no Stricto Sensu. Este conjunto de

IESs, que formaram pesquisadores com orientações em sustentabilidade ambiental, é passível

de ser distribuído, mediante aproximação, a Lei de Bradford, em três zonas. A primeira zona,

responsável pela formação de 35% dos pesquisadores, é composta pela Universidade de São

Paulo USP e pela Fundação Getúlio Vargas de São Paulo FGV/SP. Estas IESs se posicionam

como núcleo supostamente de qualidade superior e maior relevância nesta área de

conhecimento.

A segunda zona, responsável pela formação de 36% dos pesquisadores, é constituída

de três países Grã-Bretanha, Estados Unidos e França e de duas IESs brasileiras a

Universidade Federal de Santa Catarina UFSC e a Universidade Federal do Rio de Janeiro

UFRJ. Estas instituições (cada país é analisado como uma instituição) também se configuram

como relevantes no processo de formação de pesquisadores orientadores que atuam no Stricto

Sensu. A terceira zona, responsável pela formação de 29% dos pesquisadores, é constituída

por 17 IESs e sete países.

Os pesquisadores que executaram orientações em 58 diferentes IESs contribuíram na

elaboração de 543 estudos, distribuídos em 398 dissertações, 109 dissertações do mestrado

profissional e 36 teses. As pesquisas em sustentabilidade ambiental ocorreram em maior

volume nas instituições públicas com índice de desempenho de 58%, enquanto nas

particulares este índice atingiu 42%. A região sudeste foi responsável por 52% de toda a

produção em sustentabilidade ambiental, a região Sul por 27%, a região nordeste por 19% e as

regiões Centro-Oeste e Norte juntas por 2%. Discriminando a produção de teses e de

dissertações em sustentabilidade ambiental por estados pode-se identificar as seguintes

participações: São Paulo 25%, Rio de Janeiro 15%, Rio Grande do Sul 12%, Santa Catarina

11%, Minas Gerais 11%, Pernambuco 6%, Bahia 5%, Ceará 4%, Paraná 4%, Rio grande do

Norte 3%, Rondônia 1%, Paraíba 1% e Espírito Santo, Distrito Federal e Alagoas juntos 2%.

O segundo objetivo específico estabelecido foi identificar a existência de uma rede

social de colaboração, e a centralidade dos principais atores, em sustentabilidade ambiental no

Stricto Sensu em administração, originária da composição dos orientadores e dos membros

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convidados das bancas de avaliação de teses e de dissertações. No tocante a este objetivo

podemos concluir os seguintes entendimentos.

A análise de redes sociais mostrou que o arranjo social formado pelos participantes

das bancas de doutorado e de mestrado se configura numa rede social de colaboração. A rede

é formada por 295 professores orientadores e 787 pesquisadores convidados a participar das

bancas. A configuração dos dados demandou a utilização de uma rede two-mode na qual cada

um dos grupos referenciados se posiciona em um dos eixos da matriz. Sob este aspecto

identificou-se 135 pesquisadores que aparecem em ambos os eixos. Desta forma, a rede social

de colaboração em bancas examinadoras é composta de um total de 947 atores que

estabelecem 1284 laços de relacionamento. A estrutura de colaboração, gerada a partir dos

laços de participação nas bancas de doutorado e de mestrado, se mostrou fragmentada em três

arranjos sociais principais e a ocorrência de algumas bancas isoladas. Foi possível identificar

um arranjo social principal com 58% dos atores que incorporou todos os atores centrais.

A análise da rede social indicou que os seis pesquisadores mais centrais foram: Luis

Felipe Machado do Nascimento, Pedro Carlos Schenini, José Carlos Barbieri, José Antonio

Puppim de Oliveira, Francisco Correia de Oliveira e Isak Kruglianskas. Estes atores

apresentaram centralidade como orientador e ou como convidado a participar de banca. Na

análise da rede formada pelos principais atores o pesquisador Francisco Correia de Oliveira se

caracterizou como um buraco estrutural, estabelecendo laços de relacionamento com os

pesquisadores José Carlos Barbieri e José Antonio Puppim de Oliveira.

A posição de pesquisador que desenvolve a orientação dos estudos em

sustentabilidade ambiental é o principal componente na estruturação da rede, no entanto os

pesquisadores convidados a participar das bancas, quando estabelecem centralidade, realizam

relevante função estrutural na rede.

A configuração de rede two-mode estabeleceu restrições para identificar a existência

do conceito de small worlds, em face da influência nos valores de densidade, coesão e

diâmetro da rede. No entanto, a existência de três arranjos sociais principais caracterizou a

não identificação deste colégio invisível como uma small world. Desta forma, com base nos

laços de participação em bancas de teses e dissertações, não é possível acessar qualquer ator

da rede.

O terceiro objetivo específico estabelecido foi analisar se os membros da rede social

definida pelas bancas de avaliação compartilham uma base comum de conhecimento em

sustentabilidade ambiental por meio de um recorte nas teses e dissertações apresentadas de

2007 a 2009.

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204

A análise de nove teses e 38 dissertações de sustentabilidade ambiental no Stricto

Sensu em administração revelou um total de 4852 citações, sendo 1360 caracterizadas como

originárias de 1029 publicações científicas em sustentabilidade ambiental.

Com base na abordagem de Berger e Luckmann (2008) que aponta como

conhecimento legitimado aquele que é transmitido de uma geração para outra, é possível

interpretar que, no estudo de campo científico, o conceito de geração pode ser definido como

a utilização de valores e de conhecimento por um grupo diferente ao que o originou. Sob esse

aspecto, e estabelecendo como base secundária de análise as Instituições de Ensino Superior

IES em que atuam, identificou-se o seguinte rol de autores, atuantes no Stricto Sensu, que

possuem suas obras legitimadas: José Carlos Barbieri, Luis Felipe Machado do Nascimento,

Hans Michael Van Bellen, Jacques Demajorovic e Ícaro Aronovich da Cunha. Segundo

Berger e Luckmann (2008), este conjunto de autores e suas respectivas obras estabelecem a

ordem institucional. Ordem institucional que possibilita, a qualquer ator que a compõe,

utilizar este conhecimento com o entendimento de que ele pertence ao contexto histórico da

sociedade que o originou e legitimou e compõe o universo simbólico, no qual as coisas fazem

sentido. Neste contexto, a sustentabilidade ambiental está integrada a outras ordens

institucionais que possibilitam o entendimento de mundo por qualquer pessoa.

Considerando ainda a abordagem de Berger e Luckmann (2008), a institucionalização

é um processo anterior à legitimação, e se observa quando um ator ou um grupo de atores

próximos realizam a citação de um mesmo autor. Os autores, atuantes no Stricto Sensu,

identificados nesta situação foram: Celso Funcia Lemme, Elaine Ferreira, Ely Laureano

Paiva, Eugênio Ávila Pedrozo, Isak Kruglianskas, João Eduardo Prudêncio Tinoco, José

Antonio Puppim de Oliveira, José Célio Silveira Andrade, Maria Tereza Saraiva de Souza,

Pedro Carlos Schenini, Robson Amâncio, Rolf Hermann Erdmann e Tânia Nunes da Silva.

Estes autores podem vir a ter o conhecimento legitimado em função de um possível aumento

de citações de suas obras por grupos diferentes ao da IES a que estão vinculados.

As IESs, Fundação Getúlio Vargas de São Paulo FGV/SP, Universidade Federal do

Rio Grande do Sul UFRGS, Universidade Federal de Santa Catarina UFSC e Universidade

Católica de Santos UNISANTOS se estabeleceram como importantes agentes no processo de

legitimação e institucionalização do conhecimento.

O modelo de análise do processo de institucionalização e legitimação do

conhecimento, proposto por este estudo, e que incorpora a abordagem de Berger e Luckmann

(2008), a bibliometria e a análise de redes sociais se mostrou adequado à finalidade que se

destinava. Desta forma, este modelo pode ser empregado na análise de outros campos

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205

científicos com a finalidade de se identificar o conhecimento legitimado e o conhecimento

institucionalizado.

O entendimento obtido nos objetivos específicos permite estabelecer a conclusão do

objetivo geral de que o Stricto Sensu em administração contribui na legitimação do

conhecimento em sustentabilidade ambiental. A colaboração do Stricto Sensu é observada na

realização de pesquisas orientadas por pesquisadores que utilizam um referencial teórico,

adequado aos propósitos que se estabelecem. A reprodução deste referencial em outras

pesquisas, de diferentes orientadores em diferentes IESs, possibilita a institucionalização e a

legitimação do conhecimento. Assim, o Stricto Sensu, por meio da orientação de pesquisas de

doutorandos e de mestrandos, se associa a outros processos acadêmicos na legitimação do

conhecimento em sustentabilidade ambiental. Tal perspectiva se estrutura na existência de um

arranjo social que suporta o conhecimento desenvolvido nas pesquisas e que se manifesta

pelas bancas examinadoras.

O estudo desenvolvido se estabelece ainda dentro da proposta do projeto Pró-

administração, identificando parte do perfil do pesquisador e das Instituições de Ensino

Superior IES atuantes no Stricto Sensu de administração e que desenvolvem pesquisas em

sustentabilidade ambiental. Entendimento este que pode subsidiar o desenvolvimento de

capacitações aos docentes do ensino de pós-graduação e graduação em sustentabilidade

ambiental, além de ampliar o conhecimento da área. Desta forma, a pesquisa realizada pode

contribuir com os objetivos do projeto Pró-administração.

No tocante a linguagem identificada nas citações das teses e dissertações é possível

apontar que o estabelecimento de uma prevalência de citações originadas de artigos

científicos em relação às citações originadas de livros, fortaleceria as pesquisas desenvolvidas

no Stricto Sensu. A utilização, nas teses e dissertações, de um maior volume de artigos

científicos, mais recentes e de periódicos nacionais e internacionais de impacto, colaborariam

de forma significativa na legitimação do conhecimento da área. Tal conduta traria maior

dinamismo para este campo científico possibilitando agilidade no processo de substituição do

conhecimento antigo, por um novo resultante das pesquisas originadas no Stricto Sensu

fortalecendo, assim, o papel desempenhado pelos pesquisadores. Vale destacar que esta

conduta se apresenta em sintonia com a ênfase que a CAPES estabelece a produção de

artigos, no momento de analisar o desempenho do pesquisador.

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A réplica desta pesquisa utilizando o modelo proposto e as técnicas de data mining e

análise de redes sociais em outras áreas do conhecimento possibilitará a identificação de

centros de excelência na formação de pesquisadores em áreas especificas. E desta forma a

possibilidade de realizar o mapeamento de áreas de pesquisa e de conhecimento, segundo as

IESs formadoras de pesquisadores que atuam no Stricto Sensu. Sob esse aspecto este estudo

desenvolve a perspectiva de novos desafios para pesquisas futuras.

Este estudo focou o processo de legitimação do conhecimento, desta forma

recomenda-se que futuros estudos estabeleçam um recorte de investigação na etapa de

objetivação. O aprofundamento desta etapa do processo de difusão do conhecimento

possibilitaria identificar os procedimentos metodológicos, as abordagens teóricas, os temas

predominantes, entre outras características, das pesquisas em sustentabilidade ambiental.

Adicionalmente recomenda-se que estudos futuros utilizem uma abordagem qualitativa

desenvolvendo uma investigação do conteúdo das teses e dissertações.

Recomenda-se para futuros estudos a análise da evolução da estrutura de colaboração

gerada pelos laços de participação, ao longo dos quatro triênios de análise. A compreensão do

processo evolutório pode estabelecer um importante componente de entendimento do campo

de pesquisa em sustentabilidade ambiental, caracterizando-se assim como uma investigação

de interesse para esta área de pesquisa.

O levantamento de dados realizado incorpora o período de 1998 a 2009, justamente o

disponibilizado no site da CAPES, e se apresenta como um elemento limitante desta pesquisa.

Dados anteriores a 1998 possibilitariam a identificação dos primeiros trabalhos desenvolvidos

na área de sustentabilidade ambiental, bem como suas características, viabilizando assim

identificar o gênesis da sustentabilidade ambiental no Stricto Sensu em administração. A

limitação de obtenção dos dados após o ano de 2009 é resultante da não disponibilização dos

dados na forma de cadernos de indicadores pela CAPES após este período. A ausência dos

dados após 2009 não possibilita a esta pesquisa apresentar dados atualizados, bem como não

reflete as movimentações de carreira empreendidas pelos pesquisadores no período. Vale

destacar que investigações em outras bases de dados que possibilitassem o levantamento de

dados no período anterior a 1998, associada a possível divulgação dos dados após 2009 pela

CAPES, se estabelecem como uma oportunidade de novas pesquisas para atualizar e ampliar

as informações deste estudo.

Apesar dos dados possibilitarem uma maior investigação das dinâmicas que ocorrem

nas relações sociais identificadas na rede de colaboração nas bancas de doutorado e de

mestrado, a pesquisa investigou apenas os itens relevantes ao estabelecido pelo objetivo do

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estudo. Informações como evolução das redes, existência de clicks, poderiam ser abordadas

frente à disponibilidade dos dados. Assim, o não aprofundamento da análise das redes sociais

dos pesquisadores participantes das bancas se estabelece como uma limitação deste estudo.

Tal limitação, no entanto se configura como uma oportuna possibilidade de estudos futuros,

pautados metodologicamente apenas da Análise de Redes Sociais.

A pesquisa revela a importância da orientação das teses e dissertações para a

estruturação da rede social de colaboração em sustentabilidade ambiental, no entanto não

mostra que se esta atividade resulta em trabalhos posteriores de colaboração expressos na

forma de artigos científicos. Deste contexto surge a possibilidade de novas pesquisas que

identifiquem a existência, ou não, desta colaboração em decorrência da participação nas

bancas examinadoras. Vale destacar que as análises desenvolvidas no presente estudo se

constituem como elemento fundamental para o desenvolvimento desta pesquisa de

colaboração.

A conclusão desta tese é que as redes de colaboração formadas pelos programas de

Stricto Sensu em administração contribuem para a institucionalização e legitimação do

conhecimento em sustentabilidade ambiental. As técnicas de bibliometria e data mining se

ajustam a função de identificar os autores que estão com obras institucionalizadas e

legitimadas. A análise de redes sociais possibilita identificar os atores do Stricto Sensu que

possuem obras citadas nas teses e dissertações e o arranjo social que suporta o processo de

legitimação do conhecimento

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223

APÊNDICES

Apêndice A

Apêndice A – Relação dos 295 professores que realizaram orientação de tese ou dissertação

em sustentabilidade ambiental.

Abraham Benzaquen Sicsú

Acyr Seleme

Agrícola de Souza Bethlem

Alba Regina Neves Ramos

Alberto Borges Matias

Alceu Salles Camargo Júnior

Alceu Souza

Alexandre Luzzi Las Casas

Alfredo Rodrigues Leite da Silva

Allan Claudius Queiroz Barbosa

Almir Ferreira de Sousa

Amilcar Baiardi

Ana Cristina Fachinelli

Ana Cristina Loureiro Alves Jurema

Ana Lucia Malheiros Guedes

André Gustavo Carvalho Machado

André Lacombe Penna da Rocha

André Luiz Silva Samartini

Andrea Karla Pereira da Silva

Andrea Paula Segatto Mendes

Anete Alberton

Ângela Maria Cavalcanti da Rocha

Antônio Carlos Nogueira

Antonio Domingos Padula

Antonio Martinez Fandiño

Antonio Vico Mañas

Arilda Schmidt Godoy

Arnaldo Freitas de Oliveira Junior

Arnoldo José de Hoyos Guevara

Augusto de Oliveira Monteiro

Áureo Eduardo Magalhães Ribeiro

Beate Frank

Belmiro Valverde Jobim Castor

Benny Kramer Costa

Bianor Scelza Cavalcanti

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224

Carla Regina Pasa Gómez

Carlos Alberto Cioce Sampaio

Carlos Alberto Gonçalves

Carlos Olavo Quandt

Carlos Osmar Bertero

Carlos Ricardo Rossetto

Carlos Roberto Sanchez Milani

Carlos Wolowski Mussi

Celso Cláudio de Hildebrand e Grisi

Celso Funcia Lemme

Christiane Girard Ferreira Nunes

Christiane Itabaiana Romeo

Christiane Kleinubing Godoi

Cláudia Souza Passador

Cláudio Antonio Pinheiro Machado Filho

Claudio Roberto Contador

Claudio Vilar Furtado

Clerilei Aparecida Bier

Clodoveu Augusto Davis Júnior

Daniel Augusto Moreira

Daniel Jardim Pardini

Daniel Rodriguez de Carvalho Pinheiro

Dante Pinheiro Martinelli

Deborah Moraes Zouain

Decio Zylbersztajn

Denis Borenstein

Denise Del Prá Netto Machado

Denise Lima Fleck

Dimária Silva e Meirelles

Dinah dos Santos Tinoco

Dirceu da Silva

Eda Castro Lucas de Souza

Edgard Monforte Merlo

Edi Madalena Fracasso

Edson Mário de Alcântara

Eduardo Augusto Tomanik

Eduardo De Camargo Oliva

Eduardo Saliby

Elaine Di Diego Antunes

Elaine Ferreira

Ely Laureano Paiva

Emanuel Ferreira Leite

Esperdito Pedro da Silva

Eugênio Ávila Pedrozo

Fábio José de Araújo Pedrosa

Fauze Najib Mattar

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225

Fernando de Souza Meirelles

Fernando Guilherme Tenório

Francisco Antônio Serralvo

Francisco César Pinto da Fonseca

Francisco Correia de Oliveira

Gelson Silva Junquilho

Genauto Carvalho de França Filho

Geni Dorneles Valenti

George Gurgel de Oliveira

Georges Antônio Sebastião Pellerin da Silva

Georgina Alves Vieira da Silva

Geraldo Luciano Toledo

Germano Mendes de Paula

Gerson Rizzatti

Gesinaldo Ataíde Cândido

Gilberto Tadeu Shinyashiki

Gino Giacomini Filho

Gisela Black Taschner

Guilherme Guimarães Santana

Hans Michael Van Bellen

Haroldo Clemente Giacometti

Haroldo Cristovam Teixeira Leite

Haroldo Guimarães Brasil

Harvey José Santos Ribeiro Cosenza

Heitor José Pereira

Helena Ribeiro Sobral

Hélène Bertrand

Helio Janny Teixeira

Henrique Luiz Corrêa

Henrique Osvaldo Monteiro de Barros

Horst Dieter Möller

Ícaro Aronovich da Cunha

Ilse Maria Beuren

Isabella Francisca Freitas Gouveia de Vasconcelos

Isaías de Carvalho Santos Neto

Isak Kruglianskas

Istvan Karoly Kasznar

Izidoro Blikstein

Jacques Marcovitch

Jaime Evaldo Fensterseifer

James Terence Coulter Wright

Janaina Macke

Janette Brunstein

Jeroen Johannes Klink

João Carlos da Cunha

João Carlos Douat

Page 226: UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO UNINOVE PROGRAMA DE … · Universidade Municipal de São Caetano do Sul ... Iara Regina dos Santos Parisotto e Heloísa Helena ... Rede de cooperação

226

João Eduardo Prudêncio Tinoco

João Marcelo Crubellate

João Mário Csillag

Joel Souto Maior Filho

Jomária Mata de Lima Alloufa

Jose Antonio Gomes de Pinho

José Antonio Puppim de Oliveira

José Antônio Sousa Neto

Jose Augusto Giesbrecht da Silveira

José Carlos Barbieri

José Célio Silveira Andrade

José de Lima Albuquerque

José Edmilson de Oliveira Cabral

José Edson Lara

José Erni Seibel

José Ferreira Irmão

José Francisco Salm

José Geraldo Pereira Barbosa

José Luiz Trinta

José Nilson Reinert

José Roberto Gomes da Silva

José Roberto Ribas

Jouliana Jordan Nohara

Kárem Cristina de Sousa Ribeiro

Kleber Fossati Figueiredo

Ladislau Dowbor

Léo Tadeu Robles

Letícia Moreira Casotti

Lilian Soares Outtes Wanderley

Lucas Ayres Barreira de Campos Barros

Luciano Antonio Prates Junqueira

Luciel Henrique de Oliveira

Lucila Maria de Souza Campos

Luis Carlos Ferreira de Sousa Oliveira

Luis Felipe Machado do Nascimento

Luis Paulo Bresciani

Luis Roque Klering

Luiz Alberto Nascimento Campos Filho

Luiz Antonio Slongo

Luiz Carlos de Oliveira Lima

Luiz Carlos Duclós

Luiz Eduardo Teixeira Brandão

Luiz Felipe Jacques da Motta

Luiz Flávio Autran Monteiro Gomes

Luiz Henrique de Barros Vilas Boas

Luiz Márcio de Oliveira Assunção

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Luiz Ricardo Mattos Teixeira Cavalcante

Lydia Maria Pinto Brito

Manoel Veras de Sousa Neto

Marcelo Álvaro da Silva Macedo

Marcelo Milano Falcão Vieira

Márcia Regina Gabardo Câmara

Marco Antônio Silveira

Marco Aurélio Ruediger

Marcos Affonso Ortiz Gomes

Marcos Cortez Campomar

Marcos Fava Neves

Marcus Alban Suarez

Maria Arlete Duarte de Araújo

Maria Augusta Soares Machado

Maria Cecília Coutinho de Arruda

Maria Christina Siqueira de Souza Campos

Maria Cristina Sanches Amorim

Maria de Fátima Gomes da Silva

Maria Elisabete Pereira dos Santos

Maria Ester de Freitas

Maria Ester Menegasso

Maria Gracinda Carvalho Teixeira

Maria Isolda Castelo Branco Bezerra de Meneses

Maria Suzana de Souza Moura

Maria Sylvia Macchione Saes

Maria Tereza Saraiva de Souza

Marialva Tomio Dreher

Marie Anne Macadar Moron

Marilene de Oliveira Ramos Múrias dos Santos

Marília Novais da Mata Machado

Mariluce Paes de Souza

Mario Sacomano Neto

Marisa Ignez dos Santos Rhoden

Marta Ferreira Santos Farah

Mauro Calixta Tavares

Mauro Neves Garcia

Mauro Suano Ribeiro

Moisés Ari Zilber

Mônica de Aguiar Mac-Allister da Silva

Mozar José de Brito

Múcio Tosta Gonçalves

Nadia Kassouf Pizzinatto

Neusa Maria Bastos Fernandes dos Santos

Niédja Maria Galvão Araújo e Oliveira

Onésimo de Oliveira Cardoso

Osmar Siena

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228

Otávio Próspero Sanchez

Paulo Antonio Zawislak

Paulo César de Sousa Batista

Paulo Cesar Negreiros de Figueiredo

Paulo Emílio Matos Martins

Paulo Fernando Pinto Barcellos

Paulo Henrique de Almeida

Paulo Tromboni de Souza Nascimento

Paulo Víctor Fleming

Pedro Carlos Schenini

Peter Kevin Spink

Raimundo Eduardo Silveira Fontenele

Raimundo Nonato Souza Silva

Ralph Santos da Silva

Raquel Cristina Radamés de Sá

Rebecca Arkader

Regina Silvia Viotto Monteiro Pacheco

Renato de Oliveira Moraes

Renato Linhares de Assis

Renato Zancan Marchetti

Reynaldo Maia Muniz

Ricardo Carneiro

Ricardo de Souza Sette

Ricardo Pereira Câmara Leal

Ricardo Pereira Reis

Rivanda Meira Teixeira

Roberto Carlos Bernardes

Roberto Giro Moori

Roberto Marcos da Silva Montezano

Roberto Minadeo

Roberto Moreno Moreira

Robinson Moreira Tenório

Robson Amâncio

Rodolfo Araújo de Moraes Filho

Rogério Hermida Quintella

Rolf Hermann Erdmann

Ronaldo Ronan Oleto

Rosa Maria Fischer

Rosinha da Silva Machado Carrion

Rubens Mazon

Samuel Façanha Câmara

Sergio Feliciano Crispim

Sérgio Fernando Loureiro Rezende

Sérgio Gozzi

Sérgio Henrique Arruda Cavalcante Forte

Sergio Luiz do Amaral Moretti

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229

Sérgio Neves Dantas

Sergio Proença Leitão

Sérgio Robert de Sant´Anna

Sérgio Takahashi

Sérvio Túlio Prado Júnior

Silvana Prata Camargos

Silvestre Prado de Souza Neto

Silvia Novaes Zilber

Silvio Popadiuk

Solange Maria Pimenta

Sônia Trigueiro de Almeida

Sonia Valle Walter Borges de Oliveira

Suzana Bierrenbach de Souza Santos

Sylvia Constant Vergara

Tales Wanderley Vital

Tânia Maria Diederichs Fischer

Tânia Nunes da Silva

Telma Regina da Costa Guimarães Barbosa

Teresa Cristina Siqueira Cerqueira

Teresia Diana Lewe Van Aduard de Macedo-Soares

Theophilo Alves de Souza Filho

Valdir Machado Valadão Júnior

Valeska Nahas Guimarães

Valmíria Carolina Piccinini

Waldyr Viegas de Oliveira

Walter Fernando Araújo de Moraes

Washington José de Souza

Wayne Thomas Enders

Zaki Akel Sobrinho

Zila Pedroso Mesquita

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Machado Júnior, Celso.

A influência de pesquisadores do stricto sensu em administração na

legitimação do conhecimento em sustentabilidade ambiental./ Celso

Machado Júnior. 2012.

229 f.

Tese (doutorado) – Universidade Nove de Julho - UNINOVE, São

Paulo, 2012.

Orientador (a): Profa. Dra. Maria Tereza Saraiva de Souza.

1. Sustentabilidade ambiental. 2. Gestão ambiental. 3. Ensino e

Pesquisa em Administração.

I. Souza, Maria Tereza Saraiva de. II. Título

CDU 658