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UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO PROGRAMA DE MESTRADO EM CIDADES INTELIGENTES E SUSTENTÁVEIS DOUGLAS ELDO PEREIRA DE OLIVEIRA ESTUDO DE VIABILIDADE DA PRODUÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA A PARTIR DO BIOGÁS GERADO PELA BIODIGESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS ORGÂNICOS DE UMA CENTRAL DE ABASTECIMENTO PAULISTA São Paulo 2019

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UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO

PROGRAMA DE MESTRADO EM CIDADES INTELIGENTES E SUSTENTÁVEIS

DOUGLAS ELDO PEREIRA DE OLIVEIRA

ESTUDO DE VIABILIDADE DA PRODUÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA A PARTIR

DO BIOGÁS GERADO PELA BIODIGESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

ORGÂNICOS DE UMA CENTRAL DE ABASTECIMENTO PAULISTA

São Paulo

2019

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Douglas Eldo Pereira de Oliveira

ESTUDO DE VIABILIDADE DA PRODUÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA A PARTIR

DO BIOGÁS GERADO PELA BIODIGESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

ORGÂNICOS DE UMA CENTRAL DE ABASTECIMENTO PAULISTA

FEASIBILITY STUDY OF ELECTRIC ENERGY PRODUCTION FROM BIOGAS

GENERATED BY THE ORGANIC SOLID WASTE BIODIGESTION OF A

PAULISTA SUPPLY CENTER

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Cidades Inteligentes e

Sustentáveis, da Universidade Nove de Julho –

UNINOVE, como requisito para a obtenção do grau

de Mestre em Cidades Inteligentes e Sustentáveis.

Orientador: Prof. Dr. José Carlos Curvelo Santana

São Paulo

2019

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ESTUDO DE VIABILIDADE DA PRODUÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA A PARTIR

DO BIOGÁS GERADO PELA BIODIGESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

ORGÂNICOS DE UMA CENTRAL DE ABASTECIMENTO PAULISTA

Por

DOUGLAS ELDO PEREIRA DE OLIVEIRA

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa

de Pós-Graduação em Cidades Inteligentes e

Sustentáveis da Universidade Nove de Julho –

UNINOVE, como requisito para obtenção do grau

de Mestre em Cidades Inteligentes e Sustentáveis,

apresentada à Banca Examinadora formada por:

_____________________________________________________________________

Prof. Dr. José Carlos Curvelo Santana – PPGCIS/UNINOVE (Orientador)

_____________________________________________________________________

Prof. Dr. João Alexandre Paschoalin Filho – PPGCIS/UNINOVE (Membro Interno)

_____________________________________________________________________

Prof. Dr. Fernando Tobal Berssaneti – PPGEP/Poli USP (membro externo)

_____________________________________________________________________

Prof. Dr. Maurício Lamano Ferreira – PPGCIS/UNINOVE (Suplente)

São Paulo, 27 de fevereiro de 2019

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Dedico aos meus avós maternos Rita Batista da Silva e

Pedro dos Santos Pereira, com muito amor e carinho.

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AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer primeiramente a Deus, que sempre esteve ao meu lado, dando

forças para continuar e nunca desistir mesmo nos momentos mais difíceis.

Deixo aqui toda a minha gratidão especial ao meu orientador Prof. Dr. José Carlos

Curvelo Santana, por ter me orientado e auxiliado em todos os momentos durante a execução

deste trabalho.

Agradeço aos professores e colegas do Programa de Mestrado em Cidades Inteligentes

e Sustentáveis da UNINOVE, que compartilharam seu tempo e conhecimento para meu

desenvolvimento acadêmico e pessoal.

Um especial agradecimento à minha esposa Alinne Ivo de Abreu, grande incentivadora

e apoiadora desta nova fase da minha vida, que juntamente com meus filhos, Rita e Pedro,

compartilharam com muito amor e paciência todos os momentos para a realização deste

trabalho.

Agradeço à minha mãe Dóris por ter incentivado e acreditado com muito amor ao meu

desenvolvimento pessoal e intelectual. Aos meus avós maternos Pedro e Rita que não estão

mais conosco, mas, foram meus professores na escola da vida.

E agradeço, por fim, ao meu amigo e cunhado Flavio e aos meus irmãos Barbara, Peter

e Nathaly por todo apoio, incentivo e pela compreensão ao longo da realização deste trabalho.

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“Há mais pessoas que desistem do que pessoas que fracassam. ”

Henry Ford

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Resumo

Esta pesquisa tem o objetivo de avaliar o uso de resíduos orgânicos provenientes de uma central

de abastecimento do Estado de São Paulo, dentro do processo de biodigestor anaeróbico para

produção de biogás, com o intuito de geração de energia elétrica. A utilização desta tecnologia

de uma empresa comercial de moto gerador é para demonstrar a viabilidade técnica e econômica

de um moto gerador comercial funcionando a base de biogás. Para produção de energia elétrica,

foi preciso montar um biodigestor modelo batelada em escala laboratorial, coletar os resíduos

sólidos orgânicos que são descartados na central de abastecimento, produzir, medir a

temperatura e verificar a evolução da geração diária de biogás por meio da decomposição

anaeróbica de matéria orgânica dos microrganismos. A análise de capacidade da geração de

energia elétrica ocorreu por meio de informações técnicas do gerador, especificamente

desenvolvido e adaptado à combustão do biogás. De acordo com os resultados obtidos na

proposta, o custo de energia gerado pelo gerador instalado seria em torno R$ 0,51/kWh (US$

1.92/kWh), menor que o da concessionária, que é atualmente de R$ 0,56/kWh (US$ 2.11/kWh),

e a taxa de retorno do projeto de implantação da usina geradora de energia, utilizando resíduos

sólidos orgânicos do descarte da central de abastecimento escolhida foi de aproximadamente

3,27 vezes (327%) e o Payback do investimento teve seu retorno em 1 (um) ano, demonstrando

uma grande viabilidade econômica para o projeto. Além do fator financeiro, é importante

ressaltar alguns benefícios indiretos obtidos com a implementação da tecnologia utilizada, por

exemplo: a reutilização da energia térmica dissipada pelo equipamento, a venda ou uso de

adubo como fertilizante rico em proteína e a venda de créditos de carbono. Pode-se afirmar que

a utilização de fonte de alimentos descartados por empresas como a central de abastecimento,

com as tratativas adequadas de separação de resíduos orgânicos dos demais, podem ser

utilizados na geração de biogás e transformados em energia elétrica.

Palavras-chave: Biodigestores. Biomassa. Decomposição anaeróbica. Resíduos de Alimentos.

Créditos de Carbono.

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Abstract

This work aimed to evaluate the applying of organic waste from a central of food supply located

in São Paulo State, Brazil. Within the process of anaerobic biodigester to produce biogas, with

the purpose of generating electric energy. The use of this technology from a commercial

motorcycle generator company is to demonstrate the technical and economic feasibility of a

commercial biogas generator running on biogas. To produce electrical energy, it was necessary

to set up a batch-type biodigester on a laboratory scale, collect the organic solid waste that is

discarded at the central supply, produce, measure the temperature and verify the evolution of

the daily biogas generation through the anaerobic decomposition of organic matter of

microorganisms. The analysis of the capacity of the electric power generation occurred through

technical information of the generator, specifically developed and adapted to the combustion of

the biogas. According to the results obtained in the proposal, the cost of energy generated by

the installed generator would be around US$ 1.92/kWh (R$ 0.51/kWh), lower than that of the

concessionaire, which is currently US$ 2.11/kWh (R$ 0.56/kWh), and the rate of return of the

project to deploy the power plant, using organic solid wastes from the disposal of the selected

supply center was approximately 3.27 times (327%) and the Payback of the investment had its

return in 1 (one) year, demonstrating a large feasibility for the project. In addition to the

financial factor, it is important to highlight some indirect benefits obtained from the

implementation of the technology used, for example: the reuse of thermal energy dissipated by

the equipment, the sale or use of fertilizer as a rich fertilizer in protein and the sale of carbon

credits. It can be said that the use of a source of food discarded by companies such as the central

supply, with the appropriate treatment of separation of organic waste from the others, can be

used in the generation of biogas and transformed into electricity.

Keywords: Biodigesters. Biomass. Anaerobic Decomposition. Food Waste. Carbon Credits.

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Lista de Figuras

Figura 1. Matriz Energética Mundial 2015............................................................. 17

Figura 2. Matriz Energética Brasileira 2016........................................................... 18

Figura 3. Matriz Elétrica Mundial 2015.................................................................. 19

Figura 4. Matriz Elétrica Brasileira 2016................................................................ 19

Figura 5. Etapas da Digestão Anaeróbica............................................................... 23

Figura 6. Biodigestor Tipo Batelada, Vista Tridimensional................................... 30

Figura 7. Biodigestor Modelo Indiano.................................................................... 31

Figura 8. Biodigestor Modelo Chinês..................................................................... 32

Figura 9. Biodigestor Modelo Canadense............................................................... 33

Figura 10. Biodigestor Tipo Alemão........................................................................ 34

Figura 11. Foto do Motogerador a Biogás, Usado na Simulação da geração de

Energia.............................................................................. 35

Figura 12. Ciclo de Energia Elétrica no Motogerador............................................. 36

Figura 13. Usina de Biomassa de Rhein-Main-Deponiepark).................................. 37

Figura 14. Motogeradores no Brasil........................................................................ 37

Figura 15. Esquema da Unidade Experimental......................................................... 41

Figura 16. Variação de Temperatura e Média de Temperatura dos

Biodigestores................................ 47

Figura 17. Curva de Produção de Biogás do E 01 e E 02....................................... 49

Figura 18. Taxa de Velocidade de Produção de Biogás........................................... 50

Figura 19. A Comparação entre os Valores de R$ / kWh.......................................... 54

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Lista de Tabelas

Tabela 1: Composição do Biogás........................................................................ 27

Tabela 2: Equivalência Energética do Biogás x Outras Fontes de Energia........ 29

Tabela 3: Resumo dos Resultados Obtidos Durante a Produção de Biogás....... 51

Tabela 4: Média de Perda de Massa Total e pH Inicial e Final. ....................... 52

Tabela 5: Valores Obtidos na Pesquisa............................................................... 54

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Lista de Siglas

AGV Ácidos Graxos Voláteis

ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

CCEE Câmara de Comercialização de Energia Elétrica

EIA Estudo de Impacto Ambiental

EPE Empresa de Pesquisa Energética

EUA Estados Unidos da América

FAO Food And Agriculture Organization of the United Nations (Organização das

Nações Unidas para Alimentação e Agricultura)

GEE Gases do Efeito Estufa

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IEA International Energy Agency (Agência Internacional de Energia)

MDL Mecanismo de Desenvolvimento Limpo

MME Ministério de Minas e Energia

OSW Organic Solid Waste (Resíduos Sólidos Orgânicos)

PVC Polyvinyl chloride (Policloreto de Polivinila)

PGEE Potencial Gases do Efeito Estufa

RSO Resíduos Sólidos Orgânicos

SEM Secretaria de Energia e Mineração

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Sumário

1 INTRODUÇÃO............................................................................................. 14

1.1 Objetivos......................................................................................................... 16

1.1.1 Objetivo Geral................................................................................................ 16

1.1.2 Objetivos Específicos...................................................................................... 16

1.2 Estrutura do Trabalho..................................................................................... 16

2 REFERENCIAL TEÓRICO....................................................................... 17

2.1 Matrizes Energéticas....................................................................................... 17

2.2 Biomassa......................................................................................................... 20

2.3 Digestão Anaeróbica....................................................................................... 22

2.3.1 Microbiologia de Digestão Anaeróbica......................................................... 22

2.3.2 Hidrólise......................................................................................................... 23

2.3.3 Acidogênese.................................................................................................... 24

2.3.4 Acetogênese.................................................................................................... 25

2.3.5 Metanogênese................................................................................................. 26

2.4 Biogás............................................................................................................. 27

2.5 Biodigestores.................................................................................................. 29

2.6 Geradores de Energia Elétrica........................................................................ 34

3 MATERIAIS E MÉTODOS........................................................................ 39

3.1 Descrição da Empresa- Unidade de Análise................................................... 39

3.2 Coleta e Preparação dos RSO......................................................................... 40

3.3 Montagem do Biodigestor em Escala Laboratorial......................................... 40

3.4 Descrição dos Experimentos de Biodigestão ................................................ 41

3.5 Análise de Viabilidade ................................................................................... 42

3.5.1 Análise Econômica ......................................................................................... 42

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3.5.2 Cálculo de Crédito Carbono........................................................................... 46

3.5.3 Preço do Húmus.............................................................................................. 46

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................. 47

4.1 Produção de Biogás......................................................................................... 47

4.2 Análise de Viabilidade do Gerador................................................................. 52

4.3 Resultados da Análise de Cálculo de Crédito Carbono.................................... 55

4.4 Análise de Cálculo de Húmus.......................................................................... 55

5 CONCLUSÕES............................................................................................. 57

5.1 Sugestões para Trabalhos Futuros .................................................................. 57

6 REFERÊNCIAS...........................................................................................

ANEXO A......................................................................................................

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1 INTRODUÇÃO

O Brasil possui uma grande produção agrícola graças às condições naturais que favorecem

sua produção e, infelizmente, também possui um grande desperdício de resíduos sólidos orgânicos

(biomassa) que são descartados todos os dias. Como o caso da central de abastecimento de São

Paulo, que desperdiça 150 toneladas/dia de resíduos sólidos orgânicos (CEAGESP, 2017). Desse

modo o Brasil possui elevado potencial para expansão e utilização de energia elétrica produzida

por meio do biogás como alternativa mais eficiente para diversificação da matriz energética.

Diferente de outros países, o Brasil possui uma imensa biodiversidade que permite a

exploração de diversos meios de produção de energia, como a biomassa, energia eólica, solar e

geotérmica Bolzani (2016). Em áreas rurais com agricultura intensiva ou áreas de descarte de

resíduos sólidos urbanos (biomassa urbana), a digestão anaeróbica de matéria orgânica apresenta a

oportunidade de geração de energia elétrica por meio da produção de biogás (Cancelier, Soto,

Costelli, Lopes, & Silva, 2015).

Há uma estimativa de 1,3 bilhão de toneladas de alimentos (biomassa urbana) que se

perdem por ano – Food and Agriculture Organization (FAO, 2013). O aproveitamento de resíduos

descartados dentro de diversos ambientes urbanos para produção de energia elétrica, tais como, de

uma central de abastecimento de São Paulo que desperdiça em média 150 toneladas de alimentos

dia (CEAGESP, 2017) fortalece a importância da pesquisa já que o estado de São Paulo, é

responsável por aproximadamente 30% de todo o consumo de energia elétrica residencial nacional

(EPE, 2018).

A energia é considerada essencial hoje, a sua exploração permite a criação de bens e a

prestação de serviços, garantindo o modo de vida moderno e os avanços tecnológicos (Gonçalves,

2018). Durante muito tempo toda a energia consumida foi gerada por origens fósseis, o que

provocou impactos no meio ambiente (Oliveira, Fuganholi, Cunha, Barelli, Bunel, & Novazzi,

2018).

Um dos principais impactos é a concentração dos gases do efeito estufa (GEE) que nas

últimas décadas tem crescido exponencialmente (MMA, 2016). Com o aumento do GEE e do

consumo de energia nos últimos 40 anos, a substituição de fontes não renováveis se tornou o centro

das discussões sobre a obtenção de energia (IEA, 2015).

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Com o surgimento de uma “consciência ambiental” acompanhada da necessidade crescente

de energia, incentivou-se o desenvolvimento de novas fontes para a produção de energia que

precisavam ser energias renováveis, Mondini, Borges, Mondini e Dreher (2018). Essa pesquisa

chama a atenção para o biogás, que de acordo com Mao, Feng, Wang e Ren (2015) pode ser obtido

a partir de resíduos agrícolas, esterco de animais e de seres humanos.

Há uma preocupação cada vez maior com o meio ambiente e com a redução da utilização

de combustíveis fósseis. Desta forma, fontes limpas de energia tornam-se necessárias para a

diminuição da poluição e da geração de GEE, que vêm aumentando nas últimas décadas, para

atender as necessidades da sociedade dentre elas, a demanda por energia elétrica (MMA, 2016).

De acordo com dados no (EPE, 2018), verifica-se que o sudeste brasileiro é o responsável

por aproximadamente 50% de todo consumo elétrico residencial, e somente o estado de São Paulo

é responsável por aproximadamente 30% de todo consumo de energia elétrica residencial nacional

(MME, 2018).

Considerando as formas de obtenção de biogás, a fim de otimizar a produção e contribuir

para o tratamento de resíduos, desenvolveu-se um motogerador que transforma o biogás em energia

elétrica, utilizando resíduos biológicos (biomassa) produzidos por biodigestores.

Segundo as informações do (IBGE, 2018), a cidade de São Paulo desempenha uma posição

destacada no contexto nacional e estadual. A cidade possui o maior PIB do estado, apresenta

também a maior atividade industrial e de serviços, e também é responsável por aproximadamente

30% do consumo de energia elétrica residencial nacional (MME, 2018).

Estes fatos tornam os estudos sobre a geração de energia elétrica a partir do biogás

significativos, devido ao aumento de demanda de energia elétrica, a diminuição na geração do

GEE e a probabilidade de economia com energia elétrica (Avaci, de Souza, Chaves, Nogueira,

Niedzialkoski, & Secco, 2013).

Neste contexto, pretende-se analisar a viabilidade econômica da utilização de um

motogerador, para produção de energia elétrica por meio do biogás, que é gerado por meio da

biomassa descartada em uma central de abastecimento de São Paulo.

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1.1 Objetivos

1.1.1 Objetivo geral

A presente pesquisa tem como finalidade executar uma avaliação técnica da geração de

energia elétrica a partir do biogás produzido por meio do descarte de resíduos sólidos coletados em

uma central de abastecimento de São Paulo.

1.1.2 Objetivos específicos

Testar as amostras de resíduos sólidos orgânicos no biodigestor para verificar a sua

eficiência na produção de biogás;

Estimar a produção de biogás em um biodigestor em escala industrial para suprir as

necessidades da empresa foco do estudo de caso;

Verificar a viabilidade econômica da geração de energia elétrica por meio dos dados

do biodigestor.

1.2 Estrutura do trabalho

Este projeto está estruturado em cinco capítulos. O primeiro contextualiza e define o

problema de pesquisa, o objetivo geral e os objetivos específicos.

O segundo capítulo é o referencial teórico e contextualiza a crise energética, as

características da matriz energética brasileira e mundial e matriz elétrica brasileira e mundial.

Apresenta também as características da biomassa, digestão anaeróbica, biogás, biodigestores,

geradores de energia e em sequência, a análise financeira.

O terceiro capítulo aborda os procedimentos metodológicos que foram utilizados para

delinear a pesquisa. O quarto capítulo apresenta as respostas obtidas e as discussões sobre o tema.

O quinto capítulo pontua as conclusões, reflexões do tema abordado e uma sugestão para próximos

estudos. Por fim, estão apresentadas as referências bibliográficas utilizadas no trabalho.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. Matrizes energéticas

O consumo de energia elétrica vem aumentando com o passar dos anos, isso acontece em

decorrência da intensificação econômica. Esse aumento elevado do consumo de energia utilizando

recursos fósseis faz com que o setor de geração de energia seja o maior contribuinte mundial para

ampliação dos Gases de Efeito Estufa (GEE), que cria transformações climáticas prejudiciais a vida

no planeta terra de forma significativa, demonstrando a relevância do desenvolvimento de fontes

de energias alternativas renováveis (Bruckner et al., 2015). Como pode-se perceber no gráfico

abaixo da Figura 1 é possível visualizar o percentual de combustíveis fosseis (EPE, 2018).

Figura 1. Matriz Energética Mundial 2015.

Fonte: EPE (2018).

Como os recursos fósseis não renováveis são os maiores responsáveis pela geração dos

GEE, as pesquisas sobre fontes de energia limpa, que sempre foram foco de discussões cientificas,

na década de 90 começaram a ganhar atenção maior da sociedade como um todo. E justamente

nesse período que o Protocolo de Kyoto é criado, com o papel de ser um acordo firmado entre as

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nações para redução da emissão de gases prejudiciais ao planeta (Sousa, Fernandes, Silva, &

Cirino, 2017).

O Protocolo de Kyoto, é um tratado internacional que determina “Mecanismos de

Desenvolvimento Limpo” (MDL), nos quais os países membros devem assumir atividades para

medir e reduzir a emissão dos gases que agravam o efeito estufa, para aliviar os impactos causados

pelo aquecimento global, o Brasil é signatário do Protocolo de Kyoto (Protocolo de Kyoto, 1997).

Em relação a sua matriz energética mundial o Brasil tem um diferencial dos outros países,

pois possui uma imensa diversidade que permite estudar e utilizar as fontes de energia por diversos

meios, como biomassa, energia eólica, solar e geotérmica (Tolmasquim, 2016).

Conforme Figura 2, o governo brasileiro tem adotado como modelo energético a

diversificação de fontes de energia, com base nas alternativas tecnológicas disponíveis no país

(EPE, 2018; Aneel, 2018).

Figura 2 Matriz Energética Brasileira 2016.

Fonte: EPE (2018).

Dentro da matriz energética mundial e brasileira está a matriz elétrica, que é formada por

fontes disponíveis apenas para a produção de energia elétrica. A produção de energia elétrica

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baseada no mundo é principalmente de combustíveis fósseis como óleo, gás natural e carvão, em

termoelétricas, conforme Figura 3 (EPE, 2018; Tolmasquim, 2016).

Figura 3 Matriz Elétrica Mundial 2015.

Fonte: EPE (2018).

A matriz elétrica brasileira possui algumas fontes de energia como Carvão, Solar, Eólica,

Gás Natural e Biomassa, mas sua maior produção de energia elétrica é oriunda de fonte hidráulica,

que é aquela obtida por meio do aproveitamento da energia potencial e cinética das correntes de

água em rios, mares ou quedas d'água, conforme Figura 4 (Aneel, 2018; EPE, 2018).

Figura 4 Matriz Elétrica Brasileira 2016.

Fonte: EPE (2018).

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Dentre as fontes de energia, a biomassa teve um aumento significativo nos últimos anos, o

desempenho das usinas à biomassa cresceu 10,5% no 1° trimestre de 2016 em comparação com o

mesmo período de 2015 (CCEE, 2018).

Nas áreas rurais o destaque na utilização da biomassa apresenta-se por intermédio da

digestão anaeróbica com o uso dos restos de colheita, sobras de fertilizante, esterco, etc.; e em sua

maioria na transformação em energia acontece mediante a digestão anaeróbica (Cancelier, et al.

2015).

2.2 Biomassa

Biomassa é o nome dado a toda matéria orgânica, de origem animal ou vegetal, empregada

na criação de energia. Seguindo essa lógica todos os animais, plantas, englobando os seus resíduos,

como, os Resíduos Sólidos Orgânicos (RSO) de indústria alimentícia, de indústria transformadora

da madeira e as matérias orgânicas alteradas são biomassa. Algumas tecnologias podem alterar os

elementos principais da biomassa para se tornarem biocombustíveis líquidos, gasosos e sólidos e

também nos produtos finais como energias mecânica, térmica e elétrica (Bustan, Dahlan, &

Priyono, 2015).

No início do século 20 a biomassa foi a fonte energética mais relevante, entretanto, quando

se iniciou a “era do petróleo”, a biomassa teve uma influência menos relevante no cenário da época,

(Rosillo-Calle, Bajay, & Rothman, 2014). Com isso, a aplicação da energia térmica com base no

carvão mineral e petróleo, foi estudada, enquanto os estudos e desenvolvimentos da biomassa

foram pouco relevantes neste período (Camargo, 2018).

Para os aspectos econômicos e ambientais a utilização de resíduos animais, como o esterco,

consiste em uma proporção alta de biomassa (Rosa, Neves, & Chernicharo, 2018).

Os resíduos originários de criação de animais, como suinocultura e avicultura, têm um

potencial alto para poluição. Normalmente, esses resíduos têm sido colocados no solo como

fertilizantes, mas, esses procedimentos podem causar problemas ambientais, como mau odor e

contaminação da água em determinadas situações (Derisio, 2017).

O potencial mundial estimado de biomassa no início dos anos 90, era de 225 exajoules,

porém o seu real uso foi de 46 exajoules. Estima-se que o potencial de biomassa pode crescer

mundialmente de 370 à 450 exajoules até o ano de 2050 – 8,8 e 10,8 – Giga toneladas equivalentes

de petróleo (Johnson, 2018).

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Os custos elevados para transporte e armazenamento da biomassa são originados pela

comparação da baixa densidade energética da biomassa sólida com o petróleo e o carvão mineral.

Para ampliar o espectro de utilização da biomassa na transformação energética é necessário o

desenvolvimento de técnicas para aumentar a concentração de energia como por exemplo, a

briquetagem que é compactação de resíduos de biomassa (Santos, Nascimento, & Alves, 2018).

Na questão energética é preciso distinguir entre biomassa cultivada com propósito de

produção de energia – plantas energéticas – e biomassa que engloba todos os resíduos orgânicos

provenientes de várias outras atividades. O percentual de umidade e densidade energética são as

propriedades físicas importantes da biomassa sólida (Hornung, 2014).

Por meio da queima de matéria-prima como, por exemplo, os resíduos florestais, lenha,

palha, bagaço da cana-de-açúcar, a biomassa sólida é transformada em energia. No Brasil, a fonte

mais utilizada na geração de energia por meio da biomassa sólida é o bagaço da cana-de-açúcar,

logo em seguida vem a lenha e o carvão vegetal. Para o aproveitamento energético da biomassa

sólida há as principais tecnologias (MMA, 2016):

Combustão direta: para propósitos energéticos, ocorre essencialmente em caldeiras, fornos

e fogões, onde a queima produz calor, que esquenta a água e alimenta uma turbina para a

geração de energia (Cancelier et al., 2015).

Gaseificação: o processo de conversão de combustíveis sólidos em gasosos ocorrem por

meio de reações termoquímicas envolvendo oxigênio e vapor quente em quantidades

menores que o mínimo necessário para criar a combustão. Assim consegue-se a

gaseificadores com compostos diferentes, em conformidade com as diferentes temperaturas

e/ou pressões (Hornung, 2014).

Pirólise: é conhecido também como carbonização é o mais simples processo de conversão

de matéria prima, como o bagaço da cana ou a lenha, em um combustível com melhor

qualidade e conteúdo energético, como o carvão vegetal. Na pirólise a matéria prima é

superaquecida sem a presença de oxigênio até que o produto final seja retirado. Esse carvão

queima em temperaturas mais elevadas e sua densidade energética é duas vezes maior que

a do material de origem (Hornung, 2014).

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Na pesquisa foi abordada a tecnologia de gaseificação utilizando reações químicas, por

meio de decomposição de matéria orgânica que é a digestão anaeróbica.

2.3 Digestão anaeróbica

O processo biológico natural que consiste na decomposição de matéria orgânica por

microrganismos por meio da privação de oxigênio é conhecido por digestão anaeróbica. Por meio

de reações químicas os microrganismos (bactérias) são capazes de gerar modificações nos

compostos orgânicos, e têm sido apresentados como uma alternativa para o tratamento de RSO

(Silva, Farezin, & Soto, 2018).

O processo anaeróbico tem sido utilizado há milênios, pelos assírios no século 10 antes de

Cristo; na Pérsia no século 16 e na Índia em 1859, em Bombaim, sendo a primeira instalação em

grande escala montada para a criação de biogás.

A compreensão sobre o processo anaeróbico, salientando os avanços nas técnicas, e nos

equipamentos é demostrada principalmente por (Rodrigues, Blans, & Sclindwein, 2018).

As características principais nos avanços técnicos foram as mudanças no processo da

biodigestão para tanques fechados, aquecimento e equipamento de combinação para aperfeiçoar a

mistura no processo. No passado, o processo era realizado em lagoas anaeróbicas atualmente apesar

de ainda existirem essas lagoas anaeróbicas, o processo é realizado por meio de tanques fechados

que são chamados de biodigestores, os quais utilizam os microrganismos e realizam o mesmo

processo em um ambiente lacrado e de forma monitorada, obtendo dessa maneira o biogás e o

fertilizante (Hornung, 2014).

2.3.1 Microbiologia de digestão anaeróbica

A conversão orgânica para a produção de biogás é conseguida por meio de quatro fases, a

hidrólise, acidogênese, acetogênese e metanogênese, e cada uma delas produzem produtos

diferentes que podem servir de substrato para as outras fases que vem a seguir para formar o biogás

e o biofertilizante (Yenigün, & Demirel, 2013).

Para a quebra dos compostos da biomassa, cada fase da biodigestão prepara grupos

diferentes de microrganismos que utilizam enzimas intercelulares e/ou extracelulares. Um ponto

importante é o substrato inserido no biodigestor que tem o objetivo de auxiliar o metabolismo

anaeróbico e o crescimento celular, porque se em qualquer uma das fases o crescimento é inibido

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o equilíbrio das populações é mudado dentro do processo, tendo impacto direto sobre a eficiência

da digestão, podendo ocorrer imperfeição no processo (Hornung, 2014).

As etapas da digestão anaeróbica podem ser estruturadas conforme a Figura 5. No

biodigestor as quatro fases acontecem ao mesmo tempo, estas etapas podem sofrer alterações e

serem afetadas por algumas mudanças de temperatura, patógenos, lodo, toxidade, mistura, tempo

de detenção hidráulica, pH, diluição e taxa de carregamentos. Os sólidos orgânicos (lixo urbano ou

lixo orgânico de origem animal ou vegetal) que podem ser convertidos pela biodigestão, são uma

boa forma de estimar a produção de biogás. Um parâmetro que pode reduzir a eficiência da digestão

anaeróbica é a relação carbono/nitrogênio (Santos, Marques, Silva, Ribeiro, & Victória, 2018).

Figura 5. Etapas da Digestão Anaeróbica

Fonte: Santos et al. (2018).

Conforme a Figura 5, é possível ver que cada fase tem sua importância no processo de

digestão e também que cada etapa remete a ações especificas de bactérias por suas respectivas

conversões de compostos.

2.3.2 Hidrólise

A hidrólise é dividida em duas fases, a primeira é caracterizada pela quebra de partículas

de carboidratos, proteínas e lipídios da matéria orgânica e na segunda acontece a transformação do

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material, por intermédio de enzimas extracelulares excretadas pelas bactérias em monossacarídeos,

aminoácidos e ácidos de cadeia longa, ou seja, as proteínas se degeneram para criação de

aminoácidos. A Reação abaixo representa o que ocorre nessa fase (Nelson, & Cox, 2018).

𝐶6𝐻10 𝑂4 + 2𝐻2 𝑂 → 𝐶6𝐻12𝑂6 + 2𝐻2 (1)

No processo anaeróbico as bactérias mais comuns que se destacam, são as bactérias

hidrolíticas, pois produzem a enzina lípase responsável pela decomposição dos lipídios que são as

dos gêneros Clostridium, Micrococcus e Staphylococcus; como também as produtoras de enzimas

protease para degradação das proteínas, dos gêneros Bacteroides, Butyrivibrio, Clostridium,

Fusobacterium, Selenomonas, Staphylococcus, Acetivibrio e Eubacterium, produtoras de amilases

para degradação de polissacarídeos. Os reflexos do tipo de substrato são a composição e os tipos

de bactérias (Rosa, Neves, & Chernicharo, 2018).

A velocidade de todas as etapas do processo é limitante a fase de hidrólise dependendo do

material utilizado, por que em ocorrências em que o material orgânico aponta alta complicação,

como predominância de proteínas, gordura e celulose, pode resultar em velocidade de hidrólise

baixa, conduzindo a uma fase limitante e todo o processo de digestão, uma etapa de pré-tratamento

é necessário quando isso ocorre no processo (Hornung, 2014).

2.3.3 Acidogênese

A segunda fase do processo é a fase acidogênica, os híbridos que foram produzidos na fase

anterior, serão absorvidos pelas células das bactérias fermentativas acidogênicas, e por essas

bactérias, acontece a formação de compostos menores: ácidos graxos voláteis (AGV) de cadeia

curta, ácido lático e compostos inorgânicos, CO2, H2, NH3, H2S, etc. (Markou, Mitrogiannis,

Çelekli, Bozkurt, Georgakakis, Chrysikopou, & Clos, 2015).

As bactérias anaeróbicas são a maior parte da composição da biota da fase acidogênica, mas

as pequenas quantidades de espécies facultativas são de grande importância para o processo porque

utilizando oxigênio molecular (O2) elas são capazes de metabolizar o material orgânico por meio

da via oxidativa, como aceptor de elétrons, retirando, por acaso, resíduos de oxigênio dissolvido

no sistema e, dessa maneira excluindo qualquer efeito tóxico aos microrganismos estritamente

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anaeróbicos, dentre eles, as arqueiras metanogênicas, as quais são as principais responsáveis pela

produção de metano no processo (Silva et al., 2018).

Outro fator importante é com relação a uma quantidade elevada de produção de ácidos

graxos voláteis, pois o mesmo leva a um processo de acidificação, podendo, dessa forma, inibir as

fases seguintes e, consequentemente, a perda de todo o processo (Santos et al., 2018).

A grande produção de ácidos graxos voláteis é um fator importante porque a quantidade

elevada gera um processo de acidificação, sendo capaz de impossibilitar as próximas fases e de

modo consequente, a perda de todo o processo (Santos et al., 2018; Silva et al., 2018).

Uma das reações que ocorrem nessa etapa é a quebra da glicose em ácido acético e butílico,

representada nas Reações 2 e 3.

𝐶6𝐻12 𝑂6 + 2𝐻2 𝑂 → 2𝐶𝐻3𝐶𝑂𝑂𝐻 + 2𝐶𝑂2 + 4𝐻2 (2)

𝐶6𝐻12 𝑂6 → 2𝐶𝐻3𝐶𝐻2𝐶𝐻2𝐶𝑂𝑂𝐻 + 2𝐶𝑂2 + 2𝐻2 (3)

Dentre as particularidades das bactérias acidogênicas, as mais comuns em reatores

anaeróbicos estão Clostridium, Bacteroides, Ruminococcus, Butyribacterium, Propionibacterium,

Ebacterium, Lactobacillus, Streptococcus, Pseudomonas, Desulfobacter, Micrococcus, Bacillus e

Escherichia (Mota, & Zaiat, 2018).

2.3.4 Acetogênese

Da mesma maneira que as fases anteriores essa terceira etapa transforma misturas em

produtos os quais serão utilizados na próxima fase, estabelecendo desta forma uma ligação entre a

acidogênese, e efetuam a oxidação, modificando-os em ácido acético, dióxido e carbono,

hidrogênio e água.

A acetogênese atrófica usa a mistura de dióxido de carbono (CO2) e hidrogênio auxiliando

para a síntese celular como a fonte de carbono. A acetogênese atrófica, usa substratos orgânicos,

como exemplo, metanol e ácido fórmico, como fonte de carbono durante o tempo em que produzem

o produto final, o acetato (Santos et al., 2018).

Pode-se também classificar em dois grupos a biocenose bacteriana, esses grupos são

divididos com base no metabolismo, assim o primeiro é construído por bactérias acetogênicas

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fabricantes de hidrogênio obrigatórios que produzem ácido acético, CO2 e H2 a contar de uma

variedade de substratos, como: ácidos orgânicos maiores – valerato, isovalerato, palmitato. O outro

grupo é constituído pelas homoacetogênicas, que são estritamente anaeróbicas, acelerando o

desenvolvimento de acetato, a partir de CO2 e H2. As bactérias homoacetogênicas Acetobacterium,

Acetoanaerobium, Acetogenium, Clostridium e Pelobacter são os gêneros mais conhecidos (Mota,

& Zaiat., 2018).

As Reações 4 e 5 representam a produção do ácido acético por meio de propinado, sendo

respectivamente:

𝐶𝐻3𝐶𝐻2 𝐶𝑂𝑂𝐻 + 2𝐻2 𝑂 → 2𝐶𝐻3𝐶𝑂𝑂𝐻 + 𝐶𝑂2 + 3𝐻2 (4)

𝐶𝐻3𝐶𝐻2 𝐶𝐻2 𝐶𝑂𝑂𝐻 + 2𝐻2 𝑂 → 2𝐶𝐻3𝐶𝑂𝑂𝐻 + 𝐻2 (5)

2.3.5 Metanogênese

A metanogênese, é definida por mostrar microrganismos metagênicos que transformam o

ácido acético, em metano, dióxido de carbono e água, esta é a última etapa do processo. Essa etapa

ocorre por duas vias principais:

Metanogênese acetoclástica, na qual o hidrogênio e o dióxido de carbono são modificados

em água e metano, como visto na Reação 6;

𝐶𝐻3𝐶𝑂𝑂𝐻 → 𝐶𝐻4 + 𝐶𝑂2 (6)

Metanogênese hidrogenotrófica, na qual o hidrogênio e o dióxido de carbono são

transformados em metano e água, como representado na Reação 7;

𝐻2 + 𝐶𝑂2 → 𝐶𝐻4 + 2𝐻2𝑂 (7)

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A via acetoclástica é encarregada por cerca de 70% da fabricação de metano do processo.

Methanosarcina e o Methanosa são os dois importantes gêneros responsáveis pela metanogênese

acetotrófica (Silva et al., 2018).

2.4 Biogás

Segundo Mittal, Ahlgren, e Shukla (2018) o biogás é uma mistura gasosa de diversas

substâncias, sendo o principal componente o gás metano (NH4). Ele é obtido por meio de

decomposição de matéria orgânica por microrganismos, sem presença de oxigênio (decomposição

anaeróbica). Há registros da descoberta do biogás no século XVII, mas os mecanismos de produção

são datados de 1883, no qual Ulysses Gayon realizou a decomposição anaeróbica do esterco bovino

em água.

Esse gás pode ser usado na produção de energia elétrica e é uma alternativa viável para a

redução dos custos de produção, conforme pesquisas de (Martins & Oliveira, 2011; Bonturi &

Michel, 2012; Giovanini, Freitas, & Coronel, 2013).

Esta composição varia dentro das seguintes faixas, em dependência do volume de gás

produzido: Metano (CH4) entre 40 – 70%; Dióxido de carbono (CO2) entre 30 – 45%; Hidrogênio

(H2) entre 0 – 1%; Nitrogênio (N2) entre 0 – 1%; Ácido Sulfídrico (Gás Sulfídrico, H2S) entre 0 –

3% e Vapor de água entre 0 – 10% conforme Tabela 1 (Mittal et al., 2018; Sitorus, Sukandar, &

Panjaitan, 2013). No entanto, para a geração do biogás é necessário que o bioresíduo seja submetido

a digestão orgânica anaeróbica. A matéria orgânica é convertida em biogás – fundamentalmente

mistura de CH4 e CO2 – que pode ser utilizado para aquecimento e produção de energia elétrica

(Moura, 2012).

Tabela 1. Composição do Biogás

Metano CH4 Entre 40-70%

Dióxido de carbono CO2 Entre 30 – 45%

Hidrogênio H2 Entre 0 – 1%

Nitrogênio N2 Entre 0 – 1%

Ácido Sulfídrico H2S Entre 0 – 3%

Vapor de água H2O Entre 0 – 10%

Fonte: Sitorus et al. (2013).

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Este tratamento é particularmente flexível, estando normalmente associado ao tratamento

de resíduos agrícolas e é realizado em biodigestores (Nogueira, 2013). Deve ser projetado um

sistema de coleta padrão, queimadores controlados para a assegurar uma eficiência maior de

queima do metano, um sistemas de condução e compressores independente da utilização final do

biogás que é produzido de aterro (Vieira, 2015).

A produção do biogás em um biodigestor depende da concentração de nutrientes, do teor

de sólidos, da temperatura e do pH do ambiente, que deve estar entre 6,6 e 7 Além disso, para se

dimensionar o biodigestor deve-se levar em conta, também, a disponibilidade de bioresíduos para

abastecê-lo e alguns efeitos, a saber (Nogueira, 2013).

Efeitos do pH – a formação do biogás tem sua ótima velocidade no pH entre 6,6 e 7. Em

pH menor que 6, a geração do gás é paralisada;

Efeito da temperatura – as maiores velocidades de produção de biogás são encontradas em

temperaturas próxima dos 35º C. Em temperaturas abaixo de 15º a produção é muito baixa;

Efeito do teor de sólidos – a indicação de concentração de sólidos está entre 7 e 9 partes de

sólidos por 100 partes de líquidos. Deve-se observar o teor de líquido do bioresíduo e fazer

a correção da proporção de água a ser adicionada (a maioria possui 60-70% de água).

Exemplo: para dejetos bovinos usa-se 5 partes de água misturados a 4 partes de dejetos

bovinos (Moura, 2012).

Além destes fatores, se a concentração de nutrientes (fósforo, potássio, nitrogênio) não for

suficiente, a velocidade da atividade microbiana se torna lenta (Vargas, Bianchin, Blum, &

Marques, 2018). A variação do poder calorífico do biogás está entre 5.000 e 7.000 Kcal/m³, a

quantidade presente de metano nesta mistura é que vai determinar seu poder calorífico. O biogás

depois de purificado pode alcançar até 12.000 kcal/m3 (Fernandes Filho, Santana, & Gattamorta,

2018).

A Tabela 2 mostra uma relação de equivalência de energia liberada por cada 1 m³ de biogás

com algumas fontes de energia conhecidas.

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Tabela 2. Equivalência Energética do Biogás x Outras Fontes de Energia

Fontes Energia Equivalente a 1 m3 de biogás

Gasolina (l) 0,613 m3

Querosene (l) 0,579 m3

Óleo diesel (l) 0,553 m3

GLP (l) 0,454 m3

Álcool hidratado (l) 0,790 m3

Lenha (kg) 1,536 m3

Energia elétrica (Kw) 1,428 m3

Fonte: Sitorus et al. (2013).

2.5 Biodigestores

O biodigestor consiste em uma câmara fechada em que os resíduos são fermentados no

processo anaeróbico e o biogás resultante é canalizado para ser empregado nos mais diversos fins

(Fernandes Filho et al., 2018).

O biodigestor é uma importante ferramenta na gestão de resíduos orgânicos, pois além de

promover o tratamento dos resíduos orgânicos, como o esterco, retorna ao sistema produtivo parte

da energia que seria perdida, por meio do biogás (Farias et al., 2012).

O processo de conversão de resíduos orgânicos em biogás por meio de digestão anaeróbica

ocorre quando, em um ambiente isolado, as bactérias convertem material orgânico em gás. Os

sistemas de biodigestores são classificados em dois tipos, “batelada” e “contínuo” (Carvalho, Melo,

& Soto, 2015).

Biodigestor tipo batelada: é um sistema muito simples e de pequena exigência operacional.

Compreende uma câmara de fermentação construída de alvenaria e um tanque de gás móvel, feito

de chapa metálica (Silva, Silva, & Alvarez, 2018).

Para gerar o biogás, é necessário carregar a câmara com resíduos, mantê-la fechada por um

período de quinze a vinte dias para a ocorrência da digestão anaeróbica (fermentação), a produção

contínua de biogás tem um mínimo de vinte dias, após o qual o biodigestor deve ser descarregado

e limpo, para retomar a geração de biogás, os resíduos gerados, como o chorume, podem ser

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utilizados como biofertilizantes (Frigo, Feiden, Galant, Santos, Mari, & Frigo, 2015) . A Figura 6

ilustra um exemplo de digestor do tipo batelada:

Figura 6. Biodigestor Tipo Batelada, Vista Tridimensional

Fonte: Frigo et al. (2015).

Biodigestor tipo contínuo: este modelo de biodigestor difere na construção e método de

operação, o despejo de alimentos ocorre por meio de recipientes ou bombas comunicantes, isto é,

realizado em intervalos de tempo predeterminados para facilitar o movimento e impedir o

entupimento da mangueira de entrada. Existem alguns modelos de alimentação de biodigestores do

tipo batelada, os modelos mais utilizados são o “indiano” e o “chinês” (Frigo et al., 2015):

Biodigestor modelo indiano: Surgiu na cidade Mumbai, na Índia, em cerca de 1900. No

biodigestor indiano, Figura 7, existe uma câmara de fermentação cilíndrica dividida pela metade,

de modo que os resíduos se movem por meio de duas etapas de fermentação (Frigo et al., 2015;

Silva et al., 2018).

O biodigestor indiano trabalha como um sino de gasômetro (para reter o gás) e uma caixa

de entrada e uma saída, alimentação e remoção de resíduos, sua maior desvantagem é a baixa

durabilidade por motivo da corrosão da chapa, que dura aproximadamente cinco anos (Santos et

al., 2018).

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Figura 7. Biodigestor Modelo Indiano.

Fonte: Frigo et al. (2015).

Segundo Frigo et al. (2015) no biodigestor indiano os componentes vitais são:

Área de dissolução dos dejetos (caixa de carga);

Guia para condução dos dejetos diluídos, área de dissolução para dentro do biodigestor

(tubo de carga);

Área de ocorrência de fermentação anaeróbica com geração de biogás (câmara de

biodigestão cilíndrica);

Área para depositar o biogás gerado por campânula que se move para baixo e para cima

(gasômetro);

Para conduzir o gás quando ocorre a movimentação para cima e para baixo (tubo-guia);

Condutor para retirada do material fermentado líquido e sólido (tubo de descarga);

Área para receber o material fermentado liquido e sólido (caixa de descarga);

Aparato que deixa o biogás produzido sair para ser guiado para os locais de consumo (saída

de biogás).

Biodigestor modelo chinês: O modelo chinês foi inspirado no biodigestor da Índia e foi

adaptado às condições locais da China. É constituído por uma câmara cilíndrica construída com

tijolos – alvenaria – , um telhado curvo, que tem o propósito de armazenar e reter o biogás, duas

câmaras para alimentação e remoção de resíduos (Fernandes Filho et al., 2018).

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Uma melhor descrição do modelo chinês é a de que o mesmo é confeccionado sob a forma

de uma câmara de fermentação cilíndrica, feita em alvenaria (blocos ou tijolos), com

impermeabilização do teto, para armazenamento do biogás.

O modelo de biodigestor chinês tem seu funcionamento por meio de pressão hidráulica,

onde o acréscimo de pressão em seu interior resulta na concentração de biogás dentro da câmara

de fermentação, empurrando o biogás para a caixa de saída.

Esse modelo de biodigestor, por ser constituído quase que inteiramente em alvenaria,

dispensa o uso de gasômetro em chapa de aço, reduzindo os custos de fabricação, entretanto se a

estrutura não está impermeabilizada e bem vedada, podem ocorrer problemas de vazamento do

biogás.

Neste modelo de biodigestor, parte do biogás produzido e que está na caixa de saída é

liberado na atmosfera, reduzindo uma parte da pressão interna do biodigestor e por esse motivo,

este modelo não é recomendado para instalações de grande porte (Frigo et al., 2015).

A Figura 8 mostra um exemplo de biodigestor do tipo chinês.

Figura 8. Biodigestor Modelo Chinês.

Fonte: Fernandes Filho et al. (2018).

Buscando uma alternativa para geração de energia em largas escalas, algumas versões de

biodigestores contínuos, como o canadense, foram criadas, esse modelo de biodigestor modelo vem

sendo regularmente utilizado no Brasil, na Figura 9 consegue entender o funcionamento deste

biodigestor.

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O modelo canadense de biodigestor é o mais recente e possui uma tecnologia mais avançada

e menos complexa, é um modelo horizontal, constituído por uma caixa de carga construída em

alvenaria, e possui uma maior largura do que profundidade, sendo assim tem uma exposição maior

ao sol, o que auxilia na produção de biogás, e contribui para evitar entupimento. A cúpula do

biodigestor fabricada por material plástico maleável (PVC) infla, enquanto a geração de biogás

acontece (Rezende, 2018).

Embora possua a vantagem de ser construído com maior facilidade, possui menor

durabilidade, pois a lona de plástico pode ser perfurada e como consequência, haverá o escape do

gás (Frigo et al., 2015).

Figura 9. Biodigestor Modelo Canadense.

Fonte: Rezende (2018).

Outro tipo de biodigestor contínuo, utilizado em empresas de bioenergia, conforme a Figura

10, é o biorreator Alemão. Esse modelo de biodigestor é um equipamento com maior capacidade

de tratamento, acima de 300m³ de substrato, o nível de automação permite um maior

aproveitamento da conversão da biomassa em biogás (Matsushita, 2017).

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Figura 10. Biodigestor Tipo Alemão.

Fonte: Matsushita (2017).

Os biodigestores podem ser alimentados com uma variedade de resíduos orgânicos, mas o

rendimento de produção de biogás varia dependendo do resíduo utilizado e de outras variáveis,

como por exemplo, temperatura do processo, quantidade de água diluída, impermeabilidade ao ar

e outras. Além de ser uma energia limpa, o biogás é considerado uma fonte de riqueza, porque

utiliza seus resíduos agrícolas para gerar energia, ao mesmo tempo são usados como fertilizantes

para fortalecer as plantações (Frigo et al., 2015; Matsushita, 2017).

Para as análises desta pesquisa, para a produção de energia elétrica por meio do biogás, foi

necessário a utilização de um biodigestor (biodigestor de batelada) e de um equipamento de

combustão, que utilizam reações termoquímicas, como os geradores de energia elétrica.

2.6 Geradores de energia elétrica

O gerador elétrico transforma qualquer forma de energia em energia elétrica. Em sua

estrutura existem um polo de menor capacidade elétrica (negativo) e um de maior capacidade

elétrica (positivo) (Chapman, 2013).

Deve-se considerar as vantagens dos geradores a diesel ou a gás ao se projetar uma proposta

de solução emergencial de energia. A vantagem mais relevante de um gerador a gás é o tempo

operação extenso pelo fornecimento constante de gás natural.

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A infraestrutura de gás natural é extremamente fundamental em ocorrências de queda de

energia; exemplo nos EUA, após falhas nas redes em 2003 e após quatro furacões na Flórida em

2004, o fornecimento de gás natural não foi interrompido por conta dos geradores (Osório, 2007).

Considerando a eficiência dos motogeradores, desenvolveu-se uma tecnologia para criar

um gerador que gera energia elétrica especificamente por meio do biogás. Conforme Figura 11, o

motogerador a seguir é um exemplo disponível na internet que vem sendo utilizado em vários

países, totalizando cerca de 560 sistemas de geração de energia, fornecendo cerca de 2,8 milhões

de megawatts-hora de eletricidade por ano, o suficiente para suprir 800.000 dos domicílios

europeus.

Figura 11. Foto do Motogerador a Biogás, Usado na Simulação da Geração de Energia.

Fonte: General Electric (2019).

O processo de energia de cogeração com o motogerador tem alguns passos, conforme

mostrado na Figura 12.

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Figura 12. Ciclo de Energia Elétrica no Moto Gerador

Fonte: Chapman (2013).

Primeiro, os resíduos orgânicos são coletados e armazenados na abertura principal (fosso),

então esses resíduos são higienizados para eliminar e evitar o surgimento de microrganismos

nocivos ao processo. O material orgânico é fermentado no Digestor, dando origem ao biogás, que

é armazenado no Gasômetro para assegurar o fornecimento contínuo de gás ao motogerador, que

fornece energia mecânica a um gerador acoplado ao equipamento, resultando na produção de

eletricidade. A tecnologia de utilização de biogás para gerar energia elétrica por meio dos

biodigestores e geradores traz benefícios:

Evita a acumulação de resíduos orgânicos (excrementos de animais, restos da colônia e

outros);

Reduz a emissão de gases com efeito estufa emitidos durante a utilização de fontes de

energia tradicionais. Esta redução também é válida para os gases residuais biológicos

emitidos durante a sua deterioração;

Recicla o material orgânico já utilizado na produção de biogás, para fertilizar as regiões

agrícolas. Este “novo” fertilizante é caracterizado por alta qualidade e para manter os locais

de aplicação praticamente inodoros;

Energia térmica obtida com a dissipação de calor do equipamento, também pode ser

reciclada de acordo com as necessidades locais, por exemplo, em estufas.

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Um dos locais na Europa onde esse motogerador é encontrado é na Alemanha, em

Frankfurt. São sete motogeradores dentro da Usina de Biomassa de Rhein-Main-Deponiepark.

Esta usina produz aproximadamente 110 m3/tonelada de biogás que gera uma produção média de

eletricidade de aproximadamente 2,2 kWh/m³ conforme a Figura 13 (Deponiepark, 2017).

Figura 13. Usina de Biomassa de Rhein-Main-Deponiepark)

Fonte: Deponiepark (2019).

No Brasil, em algumas localidades, os motogeradores já atuam em aterros utilizando o

biogás para gerar energia, na Figura 14, abaixo podemos ver as cidades que já atuam com o

equipamento.

Figura 14. Motogeradores no Brasil.

Fonte: General Electric (2019).

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Em uma fábrica localizada em Valinhos, interior de São Paulo, teve o primeiro projeto de

cogeração de energia industrial a partir do biogás a entrar em operação na América Latina.

Nesta fábrica foram instalados motogeradores que contam com uma capacidade de 846 Kw de

potência elétrica e aproveitamento de 945 Kw de potência térmica.

A Empresa ganhou autonomia na produção de energia elétrica e calor necessários para o

processo industrial, diminuindo a geração de resíduos e também as emissões de dióxido de carbono

da fábrica.

Guatapará é uma cidade que fica a cerca de 320 km de São Paulo. Todo dia, o aterro do

município recebe caminhões de 3,5 toneladas de lixo residencial e industrial vindo de cidades

vizinhas como Ribeirão Preto, o que produz metano. Com o funcionamento de três motogeradores,

o biogás produzido é processado e transformado em energia elétrica, resultando na geração de 4.2

MW, quantidade que dá para abastecer 13 mil residências, capacidade maior que a população total

de Guatapará (SEM, 2016).

No Rio de Janeiro na unidade de engarrafamento de uma empresa de refrigerantes em

Jacarepaguá, há três motogeradores que geram 12MW de energia (essa quantidade é capaz de

abastecer uma cidade como Mongaguá, litoral de São Paulo, que possui 40 mil habitantes, por

aproximadamente 15 anos).

Além de fornecimento de energia limpa, os motogeradores também auxiliam nas operações

de engarrafamento de produção empresa de refrigerante.

A cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais, possuía os aterros sanitários com maiores

emissores de gás até 2007, atualmente tornou-se exemplo no aproveitamento de resíduos para

geração de energia no país. Hoje, o biogás da unidade de tratamento de resíduos sólidos da cidade

é captado por tubos e serve de biocombustível para quatro motogeradores. O resultado é o

fornecimento de energia para 60 mil moradores da cidade e redução de até 60% das emissões de

gases até 2016 (Aneel, 2018).

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3 MATERIAIS E MÉTODOS

Foi inicialmente aplicada uma pesquisa para levantamento bibliográfico, a partir de estudos

internacionais e nacionais publicados. As palavras chaves utilizadas para encontrar os artigos

relacionados com a temática foram “biogás”, “biomassa” e “geração de energia a partir de Resíduos

Sólidos Orgânicos (RSO)”, em português, e “biogas”, “biomass”, e “energy generation from

Organic Solid Waste” (OSW), em inglês.

Os critérios de exclusão do estudo foram publicações sem data, textos não científicos e que

privilegiassem uma simples opinião sobre o tema. Inicialmente, foi realizado uma revisão de

literatura de todos os títulos e resumos, afim de assegurar o tema da pesquisa. Posteriormente, com

os artigos definidos, analisou-se a leitura dos textos na íntegra.

No total da pesquisa retornaram 106 artigos pesquisados na plataforma do Web of Science,

Scielo.org, Scopus e Google acadêmico considerando o período de 2000 a 2018, dentre os quais

foram selecionados 57 artigos que foram publicados entre 2004 a 2018, e foram utilizados 15 sites

de agências governamentais. O desenvolvimento da análise da viabilidade Técnico-Científica foi

basicamente constituído pelas seguintes etapas:

Montagem do biodigestor estilo batelada para testes em escala laboratorial, visando avaliar

a condição que apresente o melhor efeito na decomposição do composto orgânico e,

consequentemente, a geração do volume adequado de biogás. Esta etapa é descrita em

detalhes no item 3.3;

Relacionar a quantidade de produção de biogás;

Análise dos custos de eletricidade gerada.

3.1 Descrição da empresa – unidade de análise

A empresa com a qual foi realizada a etapa aplicada desta pesquisa é uma empresa nacional

de abastecimento de São Paulo. É o primeiro e o maior centro atacadista do Brasil e da América

Latina e o terceiro maior centro atacadista de alimentos do mundo.

Em princípio, a ideia deste projeto foi derivada da necessidade de mitigar o problema de

geração excessiva de resíduos orgânicos derivados de alimentos, vegetais e frutas estragados, que

é de aproximadamente 150 toneladas/ dia de alimentos. A proposta da pesquisa foi a aplicação da

biodigestão como forma de eliminação dos resíduos, geração de energia e de biofertilizantes

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líquidos e sólidos (húmus), que podem ser comercializados junto a empresa de fornecimento de

energia local e junto aos agricultores da região.

3.2 Coleta e preparação dos resíduos do RSO

Os resíduos foram coletados manualmente, na central de abastecimento de São Paulo, direto

das lixeiras. O critério utilizado foi a coleta amostral de todos os ingredientes disponíveis no

descarte diário do atacadista, para que houvesse uma amostra real do que é descartado. Há também

junto ao resíduo orgânico, resíduos inertes, como guardanapos e pedaços de plásticos. Por esse

motivo, antes da trituração dos resíduos esses materiais inertes foram separados.

Considerando que a composição destes resíduos tem uma variação diária, estudos da

degradação dos compostos contidos nos resíduos foram realizados para duas composições

possíveis.

As amostras coletadas foram trituradas, para facilitar a degradação dos seus componentes

pelos microrganismos. Após a trituração, o material foi armazenado em potes de 500 ml, sendo os

recipientes dispostos em freezer a 5°C. Antes do armazenamento, foi determinada a concentração

dos sólidos totais em peso/volume em cada amostra, para facilitar a sua diluição quando for

utilizado no biodigestor (Cancelier et al., 2015).

3.3 Montagem do biodigestor em escala laboratorial

Os experimentos foram realizados em escala laboratorial em sistema de biodigestor

batelada, conforme esquema apresentado na Figura 15. Foi utilizado um biodigestor de bancada,

compostos de erlenmeyers de 500 ml de capacidade unitária, sendo utilizados 500 ml para

biodigestão em cada experimento. Foram vedados contendo apenas a abertura para saída do biogás

ao gasômetro. Os experimentos de biodigestão foram realizados em sistemas estáticos, em banho

termostático, como o Banho Maria, e equipado com controle de temperatura com precisão de ±1°C.

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Figura 15. Esquema da Unidade Experimental.

Fonte: Frigo et al. (2015).

3.4 Descrição dos experimentos de biodigestão

Para verificar a quantidade de gás liberada por cada unidade de massa (kg) dos resíduos

orgânicos (de alimentos) gerados pelo atacadista, foi necessário fazer um estudo experimental para

verificar qual a condição ideal do processo de biodigestão, no qual, verificou-se quais as

quantidades de resíduos orgânicos a serem usados por volume útil do biodigestor.

Os RSO que foram utilizados no abastecimento dos biodigestores, são provenientes de uma

central de abastecimento de São Paulo, sem qualquer tratamento de lavagem, somente prévia

limpeza, após a limpeza os RSO, com liquidificador caseiro foram triturados, até atingir uma

textura pastosa. Foram realizados 2 experimentos, E1: arroz + feijão com percentual de 250 gramas

de cada item, e E2: arroz + beterraba + alface + feijão com percentual de aproximadamente 125

gramas de cada item. O delineamento foi realizado repetindo 3 vezes o experimento.

O biodigestor foi ocupado com 2 ml de inóculo, 500g de água, 500g de resíduo e em todos

os processos de biodigestão, foi usado água desmineralizada. O inóculo utilizado foi de uma

bactéria (adaptada para alimentos) em processo de biodigestão. Para estabelecer a proporção de

água dos RSO a metodologia utilizada foi da umidade gravimétrica para computar sua proporção.

Para equipar o experimento, foi utilizado um termômetro com sensor externo, digital

modelo TL8009 Shenzhen AOV, de precisão +- 1°C. O pH foi determinando por meio de um

pHmetro Digimed Modelo DM-22 aplicando o procedimento que compreende e mede o potencial

eletrônico.

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Com a necessidade do monitoramento do deslocamento de gás dentro da proveta, e da

reposição de água do sistema, para aumentar a velocidade da digestão da matéria orgânica, a coleta

dos dados foram recolhidas 1 vez por dia (9 horas) diariamente.

A quantificação do volume de biogás produzido foi feita com o auxílio de gasômetros. A

metodologia empregada foi baseada no trabalho de Souza et al. (2004). O gasômetro foi composto

de uma proveta graduada de 250 ml. Esta proveta foi inundada em um recipiente contendo água,

para impedir, assim, a solubilização do biogás em água, após a medição os recipientes foram

manualmente esvaziados, pelo registro de abertura instalado na parte superior acima da tampa. A

calibração dos recipientes graduados foram conforme com a metodologia de (Silveira, Nagaoka,

Arroyo, Bauer, & Kretzer, 2014).

Após o processo de produção de biogás por meio de RSO e a estimativa de energia elétrica

produzida utilizando o motogerador, foi possível estimar o resultado, o Crédito Carbono (CC), o

chorume conhecido como Biofertilizante, o húmus restante da matéria orgânica do RSO, esses

subprodutos podem ser convertidos em ganhos financeiros (Silva Filho et al., 2018).

3.5 Análise de Viabilidade

3.5.1 Análise de Econômica

A análise de econômica foi realizada de acordo com a adaptação do método proposto por

Souza, Pereira, Nogueira, Pavan, e Sordi (2004), que está relacionado ao investimento de capital,

custos de manutenção e outras variáveis envolvidas. O custo da eletricidade gerada a partir do

biogás é representado pela variável (CE) (R$/kWh) e dado pela equação (8)

𝐶𝐸 =𝐶𝐴𝐺+𝐶𝐴𝐵

𝑃𝐸 (8)

Onde:

CE - Custo de eletricidade (R$/kWh)

CAG - custo anualizado de investimento no grupo gerador (R$/ano).

CAB - com gasto anual de biogás (R$/ano).

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PE - Produção de eletricidade por unidade de biogás (R$/ano).

A variável "CAG" é calculada usando a equação (9):

𝐶𝐴𝐺 = 𝐶𝐼𝐺 + 𝑂𝑀 (9)

Onde:

CIG - Custo de investimento no gerador (R$);

OM - despesas de amortização e manutenção do Planta (R$/ano).

O fator de recuperação de capital "FRC" é obtido pela equação (10):

FRC =𝑗(1+𝑗)𝑛

𝑗(1+𝑗)𝑛−1−1

(10)

Onde:

FRC - fator de recuperação de capital

"j" - Taxa de Juros (%/ano).

"n" - Anos para recuperar o investimento.

O custo de organização e manutenção de "OM" é calculado pela equação (11):

𝑂𝑀 =𝐶𝐼𝐺.𝑃𝑂𝑀

100 (11)

Onde:

"POM" - variável que representa gastos com operação e manutenção.

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A segunda variável na Equação (1) "CAB" é calculada usando a equação (12):

CAB = CB. CNB (12)

Onde:

"CB" - Custo do biogás (R$/m3).

"CNB" - Consumo por gerador de motores de biogás (m3/ano).

A variável "CB", por sua vez, é calculada com a equação (13):

𝐶𝐵 =𝐶𝐴𝐷

𝑃𝐴𝐵 (13)

Onde:

"CAD" - custo anualizado de investimento no biodigestor (R$/ano)

"PAB" - Produção anual de biogás (m3/ano).

O cálculo do custo anualizado do investimento em digestor "CAD" é realizado utilizando a

equação (14):

𝐶𝐴𝐷 =𝐶𝐼𝐵.𝐹𝑅𝐶

100+ 𝑂𝑀 (14)

Onde:

"CIB" - Custo de investimento no biodigestor (R$).

A terceira variável na equação (8) é a produção de eletricidade pela planta de biogás "PE",

que por sua vez é obtida pela equação (15):

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PE = Pot.T (15)

Onde:

"Pot "- Potência nominal (kW)

"T" - tempo de operação da planta (horas/ano).

Para determinar o tempo de retorno sobre o investimento "RI", utiliza-se a equação (16):

RI =𝑙𝑛(

−𝑘

𝑗−𝑘)

𝑙𝑛(1+𝑗)

(16)

A variável "k" na Equação (16) é encontrada usando a equação (17):

𝐾 =𝐴

𝐶𝐼−

𝑂𝑀

100 (17)

E a variável "A" na Equação (17) é calculada com a equação (18):

𝐴 = 𝐶𝐼(𝐹𝑅𝐶 +𝑂𝑀

100) (18)

Onde:

"A" - com poder de despesa anual adquirido na rede (R$/ano).

"CI" - Custo de investimento no sistema digestor / gerador-motor (R$).

"OM" - despesas de amortização e manutenção do Planta (R$/ano).

O custo de investimento no sistema digestor / gerador-motor "CI" é dado pela equação (19):

CI = CIB + CIG (19)

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3.5.2 Cálculo de Crédito Carbono

De acordo com o protocolo de Kyoto os gases de efeito estufa (GEE), foram classificados

conforme seu potencial de gases do efeito estufa (PGEE) seguindo a nomenclatura de que Metano

possui PGEE = 21 e CO2 possui PGEE = 1 (Silva Filho et al., 2018).

Sendo assim ao se converter o metano para CO2 no motogerador ocorrerá uma redução de

20 vezes no potencial de gases do efeito estufa do metano, que é igual a 20 créditos carbono (CC)

(Miranda et al., 2018). E de acordo com Chiaretti (2017) o preço do CC é equivalente a US$ 10

por tonelada. Para o cálculo dos créditos de carbono foi utilizada a seguinte equação 𝐶𝐶 =

𝑃𝐺𝐸𝐸 ×𝑉𝑔á𝑠.𝑎𝑛𝑢𝑎𝑙 × 𝐷𝑒𝑛𝑠.𝑚𝑒𝑡.

1000 (Miranda et al., 2018):

𝐶𝐶 =𝑃𝐺𝐸𝐸 ×𝑉𝑔á𝑠 𝑚𝑒𝑡.𝑎𝑛𝑢𝑎𝑙 × 𝐷𝑒𝑛𝑠.𝑚𝑒𝑡𝑎𝑛𝑜

1000 (20)

Onde:

CC = Crédito Carbono

PGEE =Potencial de gases do efeito estufa

Vgás met. Anual =Volume de gás metano anual m³

Dens. Metano = densidade do metano = 0,656 kg/m³

3.5.3 Preço do húmus

De acordo com Silva Filho et al. (2018), com a produção do biogás é possível um ganho

com o húmus, que é a matéria orgânica que pode-se depositar no solo, resultante da

decomposição anaeróbica que acontece dentro do biodigestor. Conforme Amado, Schneider, e

Patino (2016) o preço do húmus é de US$ 15,00/m3.

Com essas informações de Amado, Schneider, e Patino (2016) foi possível, estimar os

cálculos de ganhos do CC e do Húmus por m³ de acordo com os resultados encontrados.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Produção de biogás

Na Figura 16 é possível analisar a temperatura média dos biodigestores em relação a

produção média diária de biogás, dos tratamentos avaliados (E 01 e E 02) e observa-se a

comparação das temperaturas no interior do biodigestor em referência à variação térmica diária

que foram aferidas uma vez ao dia às 9 horas. No início dos experimentos entre o 1° dia e o 5° dia

houve uma variação térmica de 0,88°C e entre o 6° dia e o 18° dia a variação térmica foi de 0,73°C,

e pelo período final do 19° dia até o 22° dia a variação térmica foi de 3,37°C, a variação maior que

3°C é capaz de encerrar o processo de produção de Biogás (Avaci et al., 2013).

No Processo de produção de Biogás por meio de biodigestor estilo batelada em escala

laboratorial identificou-se que nas temperaturas do processo de biodigestão no experimento houve

uma variação de temperatura entre 18,3°C e 26,8°C com uma média de 21,4°C. Alkanok, Demirel

e Onay (2014) concordam que, se dentro dos biodigestores a temperatura for superior à 10ºC, há

ação das bactérias metanogênicas. As temperaturas devem variar entre 35°C e 40°C para acelerar

a biodigestão anaeróbica (Avaci et al., 2013).

A variação temperatura de 3ºC é suficiente para mortalidade de grande partes das bactérias

digestoras e se a variação de temperatura diária chegar a 5°C a biodigestão é inviabilizada (Sgorlon,

Rizk, Bergamasco, & Tavares, 2011).

Figura 16. Variação de Temperatura e Média de Temperatura dos Biodigestores.

Fonte: Próprio autor

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Inicialmente a temperatura dos biodigestores do experimento E 01 e E 02 foi em média

18,3°C, pela temperatura ser menor que na literatura encontrada de 45°C que, segundo Gyalpo

(2010), é a ideal, identificou-se que por esse motivo houve a demora para inicialização da

biodigestão anaeróbica e consequentemente um número menor de dias de produção de biogás.

A Figura 17 mostra as curvas de produção de biogás com o tempo de fermentação do RSO

nos biodigestores, para os experimentos E 01 e E 02, que produziram biogás, o período de produção

de biogás em média para o E 01 foi de 13 dias, sendo que para o E 01 a produção iniciou em média

5 dias após o início do experimento e para o E 02 o período de produção de biogás em média foi

de 11 dias, sendo que a produção iniciou em média 5 dias depois do início do experimento.

Na Figura 17 pode-se perceber a curva média de produção diária de biogás dos tratamentos

avaliados (E 01 e E 02), após o início da fermentação a produção de biogás se manteve uniforme,

se o biodigestor continuasse a ser abastecido com a biomassa a produção de biogás continuaria a

acontecer com uma produção contínua de 20,333 ml e 12,500 ml ou 20.333mm² e 12.500mm³

respectivamente.

Em um experimento com RSO de suínos submetidos a uma temperatura de 25ºC, houve

uma produção de biogás durante 68 dias e quando o experimento foi submetido a 45ºC houve um

aumento no período de produção de biogás para 131 dias (Gyalpo, 2010). Considerando esse

experimento é possível visualizar que quanto maior a temperatura dentro do biodigestor o período

de produção de biogás aumenta.

Em seu trabalho Alkanok, Demirel e Onay (2016) de biodigestão de resíduos de frutas,

vegetais, resíduos de flores e resíduos mistos produziram 6.000 mm³ e 6.800 mm³,

respectivamente; o que é equivalente e menos da metade do obtido neste trabalho. Assim, pode-se

afirmar que este trabalho foi eficiente com relação à produção de biogás a partir de resíduos

semelhantes.

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Figura 177. Curva de Produção de Biogás do E 01 e E 02.

Fonte: Próprio autor

Na Figura 18 que demostra a taxa de velocidade de produção de Biogás, pode-se analisar

que a adaptação da bactéria para início da produção de biogás dentro do E01 e E02 levou em média

5 dias. Como se nota, ambos os dados estão ajustados a uma reta, já que os coeficientes de

correlação (R2) estão próximos de 1,0.

Pode-se ainda verificar na Figura 18 que a taxa que é a velocidade de formação do gás pelos

microorganismos para cada substrato (alimento), é de 1800 L/k, para a decomposição do Arroz e

Feijão (E01) e de 1148,4 L/k para decomposição de Arroz, Beterraba, Alface e Feijão (E02), como

uma maior taxa indica que há uma maior afinidade de degradação do substrato e formação do

produto (metano) pelo microorganismo, logo pode-se afirmar que o desempenho do biodigestor

deste trabalho foi melhor do que o de Alkanok et al. (2016).

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Figura 18. Taxa de Velocidade de Produção de Biogás.

Fonte: Próprio autor

Já na Tabela 3 é possível visualizar as ocorrências nos 02 experimentos, o tempo médio em

dias de produção de biogás, a produção a total em (ml) de biogás produzida com 500 gramas de

biomassa, a taxa de produção de biogás em ml/dia e pode-se verificar também a quantidade mínima

produzida de biogás (taxa mínima), a quantidade máxima produzida em um dia de biogás (taxa

máxima), o grau de dispersão de um conjunto de dados (desvio padrão) e a produtividade total

considerando se o experimento tivesse ocorrido com 1000 gramas (kg) de biomassa.

Considerando-se para os cálculos de produtividade uma conta de multiplicação simples de

duas vezes o valor da massa inicial, os valores finais do experimento E01 seriam de 40.666 ml/kg

e do E02 25.000 ml/kg, com estes valores pode-se estimar a geração de biogás em m³ por kg de

RSO, que seriam E01 igual a 0,0320m³/kg e E02 a 0,0197 m³/kg.

Estas informações demonstram como a variação de temperatura e a composição da

biomassa é capaz de gerar interferência e influência no comportamento das bactérias

metanogênicas, refletindo as alterações diretamente nos resultados da produção de biogás. Vale

ressaltar que a produtividade estimada com 1000 gramas pode variar de acordo com a biomassa

segundo Alkanok (2016).

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Tabela 3. Resumo dos Resultados Obtidos Durante a Produção de Biogás

Fonte: Próprio autor

Na Tabela 4 pode-se observar que os experimentos perderam massa, pode-se notar também,

o pH no início e fim dos experimentos.

O experimento E 02 em média perdeu 15,40 gramas de sua massa total, diferente do E 01

que diminuiu sua massa em média 22,30 gramas da sua massa total, desta forma o E 01 conseguiu

produzir quantidade menor de biofertilizante do que o experimento E 02, isso aconteceu, pois, o E

02 converteu com maior eficiência a matéria orgânica em biogás e por consequência teve maior

redução de massa.

Em relação ao pH do início e do fim dos experimentos, todos os experimentos ficaram com

pH inicial de 6,6. Os tratamentos E 01 e E 02 obtiveram um aumento no pH final. Conforme a

literatura sobre o tema, a faixa ideal de pH é em torno de 6,0 a 8,0 (Ogejo, & Li, 2010) .

A desenvolvimento do ácido orgânico no princípio do processo de biodigestão anaeróbica

pode acarretar a redução do pH, por esse motivo as bactérias metanogênicas permitem a

transformação de ácidos em produtos gasosos, para que assim o pH possa retornar a níveis bem

próximos do neutro e para que o processo de biodigestão não seja falho (Silva, Zaneti, & Silva,

2018).

Descrição E 01 E 02 Unidade

Total Produzido de Biogás 20.333 12.500 mL

Tempo 13 12 dia

Taxa de Produção 1.564 1.042 mL/dia

TaxaMin. 333 500 mL/dia

TaxaMax. 2.667 2.000 mL/dia

DesvPad 809 552 mL/dia

Produtividade Total de Biogás 40.666 25.000 mL/kg

Produtividade Diária de Biogás 3.128 2.083 mL/kg.dia

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Tabela 4. Média de Perda de Massa Total e pH Inicial e Final.

Fonte: Próprio autor

De acordo com os experimentos que foram realizados em escala laboratorial, foi possível

executar as análises financeiras para viabilizar uma proposta para implantação de um motogerador

para produção de energia elétrica por meio do biogás.

4.2 Análise de viabilidade do gerador

A central de abastecimento de São Paulo em média produz 150 toneladas de RSO por dia,

sendo por mês 4.500.000 kg de RSO. Levando em consideração que no experimento, para gerar

em média 0,025 m³/kg de biogás, foi necessário 1kg de biomassa durante 30 dias utilizando a

capacidade de desperdício diária de 150.000 kg de RSO, o resultado é o equivalente à produção

3.750m³ de biogás dia, com a capacidade gerada em 30 dias de RSO é possível conseguir

aproximadamente 112.500 m³ de biogás mês.

A potência elétrica alcançada pelo motogerador deste estudo é de 1,8 MW/h, equivalente

aproximadamente a 109.091 kwh/mês, de acordo com Silva, Berwing, & Dettmers (2017), 1 m³ de

biogás é equivalente a 4,95 kwh, a capacidade de biogás para o motogerador é de cerca de 3.636

m³/dia. Assumindo um consumo aproximado de 364 m³/h, o biodigestor utilizado neste estudo

precisa possuir um volume de 4.000 m³/dia.

O tamanho e custo do investimento no digestor utilizado neste estudo são baseados em Silva

et al., (2017), que propõe um digestor com dimensões de 40x20x5m com volume de 4.000 m³ a um

custo aproximado de R$ 119.047,62. O motogerador vai consumir 364 m³/h de biogás, equivalente

a 3.636 m³/dia, portanto, o volume da proposta do biodigestor de 4.000 m³ atende à demanda

requerida enquanto ainda fornece uma margem de segurança. Com esta configuração, a produção

de biogás deve ser no mínimo de 3.636 m³/dia, volume necessário para atender a demanda do

pH

Inicio Fim

E 01 500 477,70 22,30 4,46% 6,6 6,8

E 02 500 484,60 15,40 3,08% 6,6 7

Média 500 481,15 18,85 3,77% 6,60 6,90

Experimentos

%Perda de

Massa nos

Experimentos

Massa Final

do

Experimento

(Gramas)

Massa Inicial

do

Experimento

(Gramas)

Perda de

Massa

(Gramas)

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motogerador e ao mesmo tempo, garantir um pequeno extra fornecimento de biogás em caso de

eventualidades Bonturi, e Michel (2012).

O valor estimado do motogerador é de aproximadamente 795.014,00 mil euros. O preço do

euro em 06/01/19 é de R$ 4,24, então o valor do equipamento é de R$ 3.370.859,00. Para simular

o financiamento dos equipamentos utilizados foi a taxa de juros de 7%, cifra fornecida pelo governo

federal para atividades agropecuárias (BNDES, 2018). O período de amortização do investimento

no nosso caso é de 5 anos (valor comum adotado no Brasil), mas pode variar de acordo com a

capacidade de pagamento do grupo econômico, da empresa ou organização (BNDES, 2018). O

valor calculado da FRC foi de 0,142.

As despesas de operação e manutenção durante o ano (POM), representando cerca de 4%

do investimento total Souza et al. (2004). Portanto, o valor gasto em organização e manutenção

(OM) é de R$ 1.348,34 R$/ano. O investimento anual no grupo gerador o motogerador terá um

custo (CAG) de R$ 674.441,54 R$/ano.

O custo anual do biogás (CAB) é de R$ 1.471,26. A saída elétrica alcançada pelo

motogerador é de 1,8 MW/hora. A produção total anual da planta é de 3.650 horas, equivalente a

10 horas por 365 dias. A produção aproximada de eletricidade pela usina de biogás (PE) é de

6.570.000 kWh/ano.

Substituindo as variáveis "CAG", "CAB" e "PE" por valores na equação (1), encontrou-se

o custo de 0,51350 R$/kWh, aproximadamente 0,51 R$/kWh. O retorno do investimento (payback)

foi de 1 ano e a taxa de retorno de investimento "RI" foi de 3,27 vezes (327%) conforme Tabela 5.

Uma sumarização dos cálculos é apresentada na Tabela 6, no anexo.

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Tabela 5. Valores obtidos na pesquisa

Fonte: Próprio autor

A distribuidora de energia elétrica no estado de São Paulo é a Enel, a tarifa vigente no

período de 04/07/2018 até o momento 01/01/2019 é de R$ 0,5636 kWh (Aneel, 2019) a figura 19

mostra um gráfico, onde é possível comparar o preço da eletricidade (R$/kWh) em São Paulo, com

o custo da energia produzida por meio da tecnologia do motogerador.

Figura 19. A Comparação entre os Valores de R$ / kWh

Fonte: Próprio autor.

Considerando que a central de abastecimento de São Paulo possui um consumo médio de

45.583.852 kwh/ ano (Aneel, 2019), e a produção anual do motogerador de 6.570.000 kwh/ano,

Descrição Valores

Estimativa de custo do gerador Jenbacher (R$) 3.370.859,36R$

Estimativa de custo do Biodigestor 4.000m³(R$) 119.047,62R$

Custo de Manutenção e Organização(R$) 1.348,34R$

Produção de eletricidade (kWh/ano) 6.570.000

Custo de energia( R$) 0,51R$

Retorno de investimento(% em 10 anos) 327%

Biomassa utilizada (kg/mês) 4.500.000

Payback (anos) 1

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esse volume de energia elétrica representa 14% da demanda de energia elétrica do central de

abastecimento de São Paulo do estudo.

Vale ressaltar que essa produção de energia elétrica, não é para venda e sim para o próprio

consumo da central de abastecimento que terá uma economia aproximada de 14% na conta do final

ano.

Para ter uma ideia de quantidade da energia elétrica produzida, uma residência em São

Paulo composta por 02 quartos, sala, área de serviço, cozinha e 01 banheiro, consome na média de

150 kWh mês, aproximadamente (Aneel, 2019). Com a energia produzida de 6.570.000 kwh/ano

é possível abastecer 3.650 residências por ano. Além de produzir um volume menor de metano,

gerando crédito carbono (CC).

4.3 Resultados da análise de cálculo de Crédito Carbono

Quando o gás metano é queimado e transformado em CO2, o valor do Potencial de Gases

do Efeito Estufa (PGEE) é obtido subtraindo o valor dos gases PGEE (21-1), resultando em um

PGEE = 20 (Silva Filho et al., 2018). As negociações atuais de preço de crédito de carbono têm

um valor médio de US$10.00. Substituindo os valores na Equação (20) e considerando que o

metano representa 60% do metano do biogás, segundo (Miranda et al., 2018), e a produção de

biogás anual será de 1.368.750 m³, o resultado equivalente de metano é aproximadamente de

821.250 m³, consequentemente 10.775 tonelada/CO2 por ano.

𝐶𝐶 =𝑃𝐺𝐸𝐸 ×𝑉𝑔á𝑠 𝑚𝑒𝑡.𝑎𝑛𝑢𝑎𝑙 × 𝐷𝑒𝑛𝑠.𝑚𝑒𝑡𝑎𝑛𝑜

1000 (20)

𝐶𝐶 =20 × 821.250 × 0,656

1000

𝐶𝐶 = 10.775𝑡𝑜𝑛

𝐶𝑂2/𝑎𝑛𝑜

Considerando o valor médio do (CC) comercializado por de US$10.00 (CC) (Chiaretti,

2017) e considerando CC =10.775 tonelada/CO2, será obtido US$107.748,00 de ganho, bem como,

uma melhor imagem da empresa no mercado.

4.4 Análise de cálculo de húmus

Com o resultado da pesquisa também é possível calcular a geração de húmus, provenientes

das sobras do biodigestor e utilizando o valor de R$56,55 por tonelada de húmus, que de acordo

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com Farezin, Sarubbi, Morais, Junior, e Soto (2018) este é o preço médio de venda do mercado

podendo-se chegar um valor para mensurar o ganho.

Considerando que a perda de 150 toneladas de RSO/dia seja linear durante os anos,

consequentemente desperdiça-se 54.000 toneladas de RSO/ano, considerando de acordo com o

experimento que a cada 1000 gramas de RSO há uma perda de aproximadamente 37,70 gramas,

pode-se considerar que acontece uma perda (3,77%) 4% da matéria orgânica dentro do biodigestor.

Sendo assim, utilizando a quantidade de 54.000 toneladas de RSO/ano, após o processo de

biodigestão e descontando a perda de 4%, tende-se o resultado aproximadamente de 51.964.200 kg

de húmus/ano que é equivalente à 51.964 toneladas de húmus/ano.

E por fim, multiplicando o valor médio de R$56,55/toneladas de húmus, pela quantidade

de 51.964 toneladas de húmus/ano é possível obter o ganho aproximado de R$2.938.575,51 por

ano com húmus.

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5. CONCLUSÃO

Em tempos de escassez de energia há uma grande necessidade de fontes de energia

renováveis, portanto, este trabalho apresentou um estudo que demonstrou a viabilidade econômica

de gerar eletricidade a partir de resíduos sólidos orgânicos (arroz, feijão, alface e beterraba)

descartados da central de abastecimento de São Paulo com o motogerador.

O estudo foi realizado no município de São Paulo, com informações públicas

disponibilizadas pela central de abastecimento de São Paulo, uma empresa nacional, estatal de

abastecimento que é o maior e primeiro centro atacadista da América Latina e do Brasil e o terceiro

maior centro atacadista de alimentos do mundo. De acordo com os resultados obtidos, com o

motogerador é possível suprir a necessidade de 14% da demanda da central de abastecimento de

São Paulo e um custo de energia elétrica de aproximadamente 0,51 R$/kW.h e 1,0 ano para

conseguir o retorno do investimento. Isso demonstra a viabilidade econômica deste projeto.

Além do fator financeiro, é importante ressaltar os benefícios indiretos obtidos com a

implementação da tecnologia utilizada no motogerador, por exemplo, a reutilização da energia, a

venda ou uso de húmus como fertilizante rico em proteína, que gerou um ganho aproximado de

R$2.938.575,51 por ano com húmus e a venda de créditos de carbono que gerou um ganho de

R$406.209,96/ano, que representa (US$107.748,00/ano).

A tecnologia utilizada no motogerador é um avanço na geração de energia de forma

econômica e sustentável, pois, o gás metano não é mais liberado para a atmosfera com o uso do

motogerador e o metano é queimado e transformado em CO2.

Por isso pode-se afirmar que a utilização de resto de alimentos de grandes empresas como

esta central de abastecimento de São Paulo, contribui com os ganhos para empresa, tanto financeiro

quanto ambiental.

Portanto, os objetivos específicos e gerais desta pesquisa foram realizados de forma a

mitigar o problema de pesquisa.

5.1 Sugestões para Trabalhos Futuros

Apresento como sugestão de desdobramentos, replicar este estudo em outras empresas

alimentícias pelo país, quer sejam de públicas ou privadas e estudar os efeitos de cada tipo de

resíduo orgânico, oriundo de fontes diferentes como de supermercados, de feiras e de residências.

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ANEXOS

Descrição Sigla

Dólar 3,77R$

Euro 4,24R$

Motogerador 795.014,00€ 3.370.859,36R$ CIG

Juros Investimento BB 7% J

Amortização (Anos) 5 18.396.000,00R$ N

FRC 0,142 0,142 FRC

Biodigestor 119.047,62R$ CIB

Despesa de Manutenção 1.348,34R$ OM

Custo do Biogás R$/m³ 0,40R$ CB

Produção de Eletricidade pela planta de Biogás(kwh)/ano 6.570.000 657.000 PE

Potêencia Nominal kwh 1800 1800 POT

Retorno de Investimento 4,27 427% RI

Variavel 0,142 K

Custo de investimento no sistema digestor/gerador 3.489.906,98R$ CI

Àrea 47.551.509 A

Gastos com operações e manutenção % 4% 4% POM

Consumo por Gerador de Motores de Biogás m³/ 3.636 1.327.140 CNB

Produção anual de Biogás m³/ 3.750 1.368.750 PAB

Custo Anualizado do Biodigestor r$ / ano 1.517,39R$ CAD

Custo Anualizado do Investimento no Grupo gerador a motor 3.372.207,70R$ 674.441,54R$ CAG

Tempo de Operação da Planta [horas / ano] 3650 T

Custo Anualizado do Biogás r$ / ano 1.471,26R$ CAB

Custo de Eletricidade R$/ kwh 0,51350R$ 3.373.678,97R$ CE

Custo ENEL R$/ kwh 0,56R$

Payback (anos) 1

Unidade

Tabela de Cálculo do Custo de Eletricidade