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UNIVERSIDADE MARANHÃO ESTADUAL DO

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UNIVERSIDADE

MARANHÃOESTADUAL DO

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Di� culdades de Aprendizagem

PRISCILA DE SOUSA BARBOSA

São Luís

2015

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Edição

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO - UEMA

NÚCLEO DE TECNOLOGIAS PARA EDUCAÇÃO - UEMANET

Coordenadora do UemaNetPROFª. ILKA MÁRCIA RIBEIRO DE SOUSA SERRA

Coordenadora Pedagógica de Designer EducacionalPROFª. SANNYA FERNANDA NUNES RODRIGUES

Coordenadora Administrativa de Designer Educacional

CRISTIANE COSTA PEIXOTO

Coordenadora do Curso de Especialização em Psicologia da Educação

PROFª. ANTÔNIA MÁRCIA SOUSA TÔRRES

Professora Conteudista

PROFª. PRISCILA DE SOUSA BARBOSA

Designer EducacionalCLEIDEMAR ALGARVES

Revisora de LinguagemLUCIRENE FERREIRA LOPES

Diagramadores JOSIMAR DE JESUS COSTA ALMEIDA

LUIS MACARTNEY SEREJO DOS SANTOS

TONHO LEMOS MARTINS

Designers Grá�cosANNIK AZEVEDO

HELAYNY FARIAS

RÔMULO SANTOS COELHO

Governador do Estado do Maranhão

FLÁVIO DINO DE CASTRO E COSTA

Reitor da UEMA

PROF. GUSTAVO PEREIRA DA COSTA

Vice-reitor da UEMA

PROF. WALTER CANALES SANT’ANA

Pró-reitor de Administração

PROF. GILSON MARTINS MENDONÇA

Pró-reitora de Extensão e Assuntos Estudantis

PROF. PORFÍRIO CANDANEDO GUERRA

Pró-reitora de Graduação

PROFª. ANDREA DE ARAÚJO

Pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação

PROF. MARCELO CHECHE GALVES

Pró-reitor de Planejamento

PROF. ANTÔNIO ROBERTO COELHO SERRRA

Diretora do Centro de Ciências Exatas e Naturais - CECEN

PROFª. ANA LÚCIA CUNHA DUARTE

Barbosa, Priscila de Sousa.

Dificuldades de aprendizagem / Priscila de Sousa Barbosa. – São Luis:

UemaNet, 2015.

120 p.

1. Aprendizagem. 2. Psicologia da aprendizagem. 3. Transtornos da

aprendizagem. I.Título

CDU: 37.015.3

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO

Núcleo de Tecnologias para Educação - UemaNet

Campus Universitário Paulo VI - São Luís - MA

Fone-fax: (98) 2106-8970

http://www.uema.br

http://www.uemanet.uema.br

Proibida a reprodução desta publicação, no todo ou em parte, sem a prévia

autorização desta instituição.

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ÍCONES

Orientação para estudo

Ao longo deste fascículo serão encontrados alguns ícones utilizados

para facilitar a comunicação com você.

Saiba o que cada um signi� ca.

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UNIDADE 1

Palavra da professora-autora ............................................................................................................................. 9

Apresentação ............................................................................................................................................................ 11

UNIDADE 1 - CONCEITUALIZANDO APRENDIZAGEM E DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM ....... 13

1 Introdução ......................................................................................................................................................... 13

2 A Concepção de Aprendizagem .............................................................................................................. 14

2.1 Teorias da Psicologia da Aprendizagem ............................................................................................. 15

2.2 ................................................. 18

2.3 ................................................................. 21

Resumo ......................................................................................................................................................................... 26

Referências .................................................................................................................................................................. 27

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PALAVRA DA PROFESSORA-AUTORA

Caros alunos e alunas,

Como se sabe, a tentativa de de�nição das di�culdades de aprendizagem

ocorre há décadas, quiçá séculos. Teóricos e estudiosos têm tentado

caracterizá-la, contextualizá-la e conceituá-la, buscando saber sobre sua

origem e qual a melhor forma de superá-la.

É com grande prazer que estudaremos as Di�culdades de Aprendizagem

a partir da re­exão sobre como se dá a aprendizagem dos educandos,

buscando discutir quanto à concepção de Di�culdade de Aprendizagem

de acordo com a perspectiva de Transtorno do Neurodesenvolvimento,

descrevendo os Transtornos Especí�cos da Aprendizagem, o Transtorno

do Desenvolvimento da Coordenação, o Transtorno da Articulação da

Fala, o Transtorno de Dé�cit de Atenção e Hiperatividade, as formas de

intervenção, as medidas de apoio escolar e familiar.

Discutiremos, ainda, sobre a quem podemos atribuir à culpa do Fracasso

escolar destes alunos.

Bom estudo!

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Caro estudante,

A nomenclatura Di�culdades de Aprendizagem enfrenta uma luta

constante para o uso devido de sua raiz terminológica que vise atender e

demonstrar os quadros aparentes que trazem prejuízos para aqueles que

a apresentam.

Sem dúvida, falar de Di�culdade de Aprendizagem é um grande desa�o

considerando os avanços nas áreas da pesquisa das neurociências e da

educação. Este avanço não se dá apenas por conta do quantitativo de

pesquisas cientí�cas na área, mas sim pelos desa�os que todos os dias

alunos e alunas enfrentam em suas atividades acadêmicas ou dos desa�os

que homens e mulheres passam nas situações corriqueiras da vida

pro�ssional.

Acredita-se que as Di�culdades de Aprendizagem têm tido cada vez mais

espaço nas rodas cientí�cas, não apenas por ter acometido mais pessoas

ao longo das últimas duas décadas, mas em virtude da possibilidade de

diagnóstico cada vez mais cedo que visam à superação do dé�cit e não

mais a centralização na di�culdade.

Na Unidade 1 - estudaremos a conceitualização da aprendizagem e

da di�culdade de aprendizagem, sua importância para identi�car as

di�culdades da aprendizagem, a questão terminológica e as principais

causas.

Na Unidade 2 - descreveremos a categorização dos transtornos especí�cos

da aprendizagem, conhecendo seus principais tipos, características e

critérios diagnóstico, especi�cidades e gravidade. Estudaremos ainda, o

Transtorno Especí�co da Aprendizagem com prejuízos na leitura ou Dislexia,

abordaremos a conceitualização do Transtorno Especí�co da Aprendizagem

com prejuízos na expressão escrita ou Disortogra�a. Estudaremos sobre o

Transtorno Especí�co na Aprendizagem com prejuízos na Matemática ou

Discalculia e os problemas que os alunos enfrentam.

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Na Unidade 3 - analisaremos o Transtorno do Desenvolvimento da

Coordenação ou Disgra�a, destacando seu conceito a importância do

estudo dos transtornos motores para a educação e conheceremos o

Transtorno Especí�co da Articulação da Fala ou Dislalia e a importância

do estudo dos transtorno de comunicação. Descreveremos o Transtorno

de Dé�cit de Atenção e Hiperatividade/TDAH como um Transtorno do

Neurodesenvolvimento que provoca desatenção, desorganização e/ou

hiperatividade-impulsividade.

Na Unidade 4 - discutiremos a respeito do Fracasso Escolar, buscando

reconhecer os culpados por este, re­etindo e comparando as melhores

formas de combatê-lo.

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CONCEITUALIZANdO APRENdIZAGEM E dIFICULdAdE dE APRENdIZAGEM

1 Introdução

A nomenclatura Di�culdades de Aprendizagem enfrenta uma

problemática constante acerca do uso devido do termo, visando atender

e demonstrar os quadros aparentes que trazem prejuízos para aqueles

que a apresentam.

Explicar Di�culdade de Aprendizagem é um grande desa�o

considerando os avanços nas áreas da pesquisa das neurociências e da

educação. Este avanço não se dá apenas por conta do quantitativo de

pesquisas cientí�cas na área, mas também, pelos desa�os que todos os

dias alunos e alunas enfrentam em suas atividades acadêmicas ou dos

desa�os que homens e mulheres passam em situações corriqueiras da

vida pro�ssional.

Observamos que as Di�culdades de Aprendizagem têm obtido cada

vez mais espaço nas rodas cientí�cas não apenas por ter acometido

mais pessoas ao longo das últimas duas décadas, mas em virtude da

possibilidade de diagnóstico cada vez mais precoce, visando à superação

do dé�cit e não mais a centralização na di�culdade.

• De�nir a concepção de di�culdades de aprendizagem;

• Explicar a terminologia das di�culdades de aprendiza-gem;

• Listar as principais causas das di�culdades de aprendi-zagem.

Objetivos

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ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO14

2 A Concepção de Aprendizagem

A� nal, o que é aprender? Como se dá a aprendizagem? Quais capacidades

a pessoa deve adquirir para aprender? Como se dá o processamento

das informações durante a aprendizagem? Por que algumas pessoas

têm di� culdades em aprender algo que aparenta ser tão simples para

outras?

Questões como essas tem sido ponto de discussão há muitos anos nas

áreas das ciências e da educação. A necessidade de compreensão sobre

a conceitualização e os modelos de aprendizagem vem determinando

ações no meio escolar, nas pesquisas cientí� cas e nas vidas das pessoas,

principalmente quando apresentam di� culdades em suas habilidades

básicas da vida acadêmica e social.

A busca pela de� nição, causas e tipos de Di� culdade de Aprendizagem

� zeram com que nascessem novas concepções e mecanismos para o

diagnóstico e a intervenção, visando possibilitar a superação do dé� cit,

mas para isso é relevante que primeiramente se tente compreender o

que é e como se dá a aprendizagem (Figura1).

Figura 1 - Nuvem com conceitos sobre aprendizagem

Fonte: http://www.grupoa.com.br/uploads/imagensTitulo/20120713042743_wordle.gif

Para compreender o conceito di� culdade de Aprendizagem é

necessário, inicialmente, discutir sobre o que signi� ca aprendizagem de

acordo com a Psicologia da Educação.

Para saber mais sobre as Dificuldades de Aprendizagem acesse o site da Associação Brasileira de Problemas de Aprendizagem (http://www.abrapabr.org.br/) e Associação Nacional de Dificuldades de Ensino e Aprendizagem (http://www.andea.org/wp/).

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Comceitualizando Aprendizagem e Di� culdade de Aprendizagem | UNIDADE 1 15

A de� nição de aprendizagem e o tempo em que se leva para aprender

tem sido objeto de discussão desde os primeiros estudos da psicologia,

que tem como área responsável por este estudo a Psicologia da

Aprendizagem.

A Psicologia da Aprendizagem ao longo de sua evolução histórica tem

buscado a conceitualização do termo aprendizagem, segundo o olhar

de estudiosos da área, ressaltando os principais aspectos das teorias

que tentam entender como se dá esse processo.

Desde a Antiguidade, pensadores como Sócrates, Platão, Aristóteles,

Santo Agostinho, Santo Tomás de Aquino e Juan Luis Vines tem tentado

compreender como ocorre à aprendizagem. Orientados pelos princípios

da maiêutica de Sócrates ou pelo método indutivo de Aristóteles, estes

pensadores buscavam compreender como este ato se dava a partir dos

fatos, porém por vezes não distinguindo o ato de aprender a ação de

captar ideias e � xá-las (CAMPOS, 2013).

Já as contribuições modernas, como de Locke, Herbart e Lloyd

Morgan, prezavam por uma aprendizagem baseada nos princípios da

ciência moderna, mas não deixaram de lado o método indutivo de

Aristóteles para de� nir seus métodos cientí� cos em que a observação,

experimentação, a medida e a classi� cação deveriam ser consideradas

ao se analisar a conceitualização da aprendizagem.

As contribuições consideradas como atuais e que trazem nomes

como os criadores da psicologia moderna: Herbart, Binet, Dewey,

ThorndikeClaparède, Piaget e Vygotsky, os reµ exologistas Pavlov e

Bechtev, os behavioristas Watson, Skinner e Lashley, os gestaltistas

Ko ̧ka, Köhler e Wertheimer e, ainda, a inµ uência da psicanálise de Freud,

Adler, Jung, Fromm e da fenomenologia de Husserl, Scheler, Merleau

Ponty e os existencialistas Heidegger, Jaspers e Sartre (CAMPOS, 2013).

2.1 Teorias da Psicologia da Aprendizagem

Estas contribuições levaram a organização de teorias para melhor

explicar como se processa a aprendizagem. Dentre elas, destacam-se:

Comportamentalismo, Cognitivismo, Humanismo e Teoria Sócio-Histórica

(CAMPOS, 2013).

A perspectiva da aprendizagem sustenta que o desenvolvimento

resulta da aprendizagem, uma mudança duradoura no comportamento

baseada na experiência ou adaptação ao

ambiente. Os teóricos da aprendizagem

procuram descobrir leis objetivas que

governam as mudanças no comportamento

observável e veem o desenvolvimento como algo contínuo (PAPALIA; FELDMAN, 2013, p. 62).

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ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO16

O termo “Aprendizagem” vem de aprender, deriva do latim, é a união do prei xo ad que signii ca junto ou aproximação e do termo prehendere, que quer dizer levar, capturar etc., seu sentido metafórico, seria “levar para junto da memória”. O termo “Dii culdade” vem do latim diffi cultas e tem sentido de sofrimento, pobreza, pois é oriunda do termo diffi cilis, pobre, sofrido, a união do prei xo dis que quer dizer fora e do termo facilis, que é aquilo que pode ser conseguido sem dii culdade e advindo do termo facere. A partir do conhecimento da origem destes dois termos, é essencial conhecer a concepção psicológica destes.

Fonte: www.origemdapalavra.com.br

O Comportamentalismo tem como foco principal levar o aprendiz a

obter respostas corretas de acordo com os estímulos do ambiente

externo, pois aprender é a mudança no comportamento, destacam-se

nesta abordagem as teorias: do rel exo, associacionista, Behaviorismo

de Watson e o Behaviorismo de Skinner.

No Cognitivismo busca-se como ocorrem os processos mentais

durante a aprendizagem, já que se aprende a partir da construção do

conhecimento. O princípio do Cognitivismo está no ato de conhecer,

isto é na cognição. Esta abordagem dá ênfase aos processos mentais

como a percepção, a memória, a compreensão e o processamento de

informação etc. Seus maiores expoentes são: Bruner, Piaget e Ausubel.

O Humanismo fundamenta-se que aprender leva à autorrealização e da

autonomia, sendo que o ensino deve estar centrado no aluno, seu alvo

é o crescimento pessoal do aluno. Seus representantes são Carl Rogers

e Kelly.

A Teoria Sócio-Histórica tem seu marco na relação do sujeito e a inl uência

com seu meio, destaca-se nesta perspectiva como as questões culturais,

sociais e históricas agem diretamente na aprendizagem do sujeito e

de que forma ele internaliza os valores, ideias, atitudes e práticas do

meio em que está inserido e, como a mediação é uma ação importante

para aprendizagem deste aluno. O bielo-russo Lev Vygotsky é o maior

representante, juntamente com Luria e Leontiev.

Cada um desses enfoques busca em sua essência compreender como

ocorre o processo de aprendizagem e porque podem acontecer “falhas”

ou “dii culdades” durante a aprendizagem de conceitos, da compreensão

de signos e da linguagem por exemplo. A partir desta busca por “falhas”

nasce o conceito e o campo de estudo das Dii culdades de Aprendizagem

que busca compreender como o sujeito aprende e por que às vezes ele

parece não aprender.

A terminologia dii culdade de aprendizagem vem do termo em inglês

learningdisabilitye tem sua origem nos Estados Unidos da América e

Canadá. Segundo as pesquisas de Sisto (2001), em abril de 1963 em

Chicago, um grupo de pais de crianças que apresentavam dii culdades

na aprendizagem da leitura começou a buscar ajuda de proi ssionais da

área da saúde para ajudá-los na compreensão dos problemas que os

i lhos apresentavam e na organização de serviços para amparar aquelas

e outras crianças com déi cits em áreas diferentes das consideradas

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Comceitualizando Aprendizagem e Di�culdade de Aprendizagem | UNIDADE 1 17

pelo público da educação especial, pessoas com de�ciência intelectual,

motora, visual, auditiva e múltipla.

A desordem na aprendizagem daquelas crianças chamou atenção do

psicólogo samuel Kirk (Figura 2) que já tinha vivência com alunos

com dé�cits intelectuais, na escrita e leitura. O psicólogo nomeou às

desordens que as crianças apresentavam, utilizando o termo learning

disability, pois acreditava que tais confusões perpassavam por questões

ambientais, familiares ou educativas e que aquelas crianças necessitavam

de um atendimento diferenciado.

Figura 2 - Samuel Kirk um dos primeiros a utilizar o termo learning disability

Fonte: https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images

Com o apoio das famílias, fundou-se a Associação de Crianças com

Di�culdades de Aprendizagem. A associação buscou arrecadar ajuda

�nanceira e apoio da sociedade e do governo, objetivando proporcionar

atendimento às crianças. Tal fato marcou a década de 60 nos Estados

Unidos, levando a uma revisão de conceitos sobre os testes de quociente

de inteligência.

Com o aprofundamento dos estudos e pesquisas médicas na área

percebeu-se a necessidade de formação de pro�ssionais que atuassem

diretamente neste campo. Contudo, é necessário lembrar que o ano de

1963 não é o ano da descoberta das di�culdades de aprendizagem e

sim, um marco para a uni�cação do termo.

Ressaltamos que os mecanismos de aprendizagem, já eram objeto

de estudo da Psicopedagogia na Europa desde o começo da segunda

metade do século XX.

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ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO18

A psicopedagogia é um campo que está distante de uma mera união da

Psicologia com a Pedagogia ou uma rami� cação da Psicologia da Educação

como se pressupõem a primeira leitura.

BOSSA (2007) explica que os Centros Psicopedagógicos surgiram na

França na década de 40, quando em seus primeiros esforços, médicos e

educadores tentavam rever as práticas educacionais aplicadas aos alunos

com di� culdade de aprendizagem. Para a ampliação do leque de discussões

e formação de um corpo teórico coerente, a Psicopedagogia vai buscar

suas raízes em outras áreas como a linguística, a psicanálise, a sociologia, a

� loso� a, a neurologia que integram juntas um sistema multidisciplinar na

buscar por entender o processo de aprendizagem (PORTO, 2007).

Quanto à nomenclatura “Psicopedagogia” recebida por este campo de

estudo, há uma explicação dada pelos pro� ssionais que atuavam nesta

área, eles a� rmavam que este nome dava-se a uma questão simples no

atendimento desses alunos, para os pais era mais atraente levar os � lhos

a um atendimento “Psicopedagógico” do que a um atendimento “Médico-

pedagógico” (BOSSA, 2007).

Com o caminhar das pesquisas e os grandes esforços dos estudiosos de

diversas áreas, a Psicopedagogia cresceu e tornou-se um campo que

inµ uencia atualmente o modo de ensinar e, consequentemente a forma

de aprender de alunos com di� culdades de aprendizagem, sejam elas de

causa orgânica ou não.

É importante lembrar que apenas o pro� ssional formado em

Psicopedagogia é que estar habilitado para atuar nos espaços institucionais

e/ou clínicos para realizar a avaliação diagnóstica das di� culdades de

aprendizagem e a intervenção com uso de métodos, técnicas e instrumentos

psicopedagógicos de acordo com transtornos funcionais especí� cos, isto é,

os dé� cits e situações de aprendizagem de cada sujeito cognoscente, na

busca por superar os fracassos escolares daqueles alunos.

2.2 a questão terminológica das di� culdades de Aprendizagem

As Di� culdades de Aprendizagem são caracterizadas pela desordem

ou disfunção no processo de aprender. Porém, com o aprofundamento

teórico sobre suas possíveis causas e na busca por sua melhor de� nição,

Para saber mais sobre a área de atuação do Psicopedagogo acesse o site: http://www.abpp.com.br/artigos da Associação Brasileira de Psicopedagogia.

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Comceitualizando Aprendizagem e Diiculdade de Aprendizagem | UNiDADE 1 19

muitas outras terminologias surgiram para tentar explicar o que de fato são

estes déicits no aprendizado. Assim, surgiram algumas denominações

utilizadas para tratar a situações destes alunos. Denominações como:

transtornos de aprendizagem; transtornos especíicos de aprendizagem;

transtornos especíicos do desenvolvimento das habilidades escolares;

transtornos funcionais especíicos; problemas de aprendizagem; e

distúrbios de aprendizagem.

As dúvidas sobre o uso terminológico é comum, pois de acordo com

as professoras Makishima e Zamproni (2012) ao discutir sobre esta

questão elencam três formas principais de nomear as diiculdades de

aprendizagem ou como por elas indicados os transtornos funcionais

especíicos: concepção do DSM-iV(1994); concepção do CiD-10 (2008); e

concepção do Ministério da Educação.

Uma das formas seria a categorização da American Psychiatric

Associationem seu Diagnostic and Statistical Manual of Mental

Disorders (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais)

em sua quarta versão, conhecido comumente como DSM-iV (1994),

denominava as diiculdades de aprendizagem como Transtornos de

Aprendizagem, indicando que se referiria a “uma perturbação no

processo de aprendizagem, não permitindo ao aluno aproveitar as suas

possibilidades para perceber, compreender, reter na memória e utilizar

posteriormente as informações obtidas” (Ver Anexos). Porém, o DSM-iV

(1994) sofreu recentemente reformulação, trazendo no Diagnostic and

Statistical Manual of Mental Disorders ou DSM-5 (2014) a categoria de

Transtorno Especíico da Aprendizagem.

importante ressaltar que a atual descrição do Transtorno Especíico

da Aprendizagem como um Transtorno do Neurodesenvolvimento

segundo o DSM-5 (2014) vem dar destaque aos transtornos que se

originam no início do desenvolvimento infantil e se destacam quando a

criança entra na escola.

Os Transtornos do Neurodesenvolvimento são caracterizados por

déicits no desenvolvimento que geram prejuízos no funcionamento

pessoal, social, acadêmico ou proissional (DSM-5, 2014), os quais podem

se apresentar de forma associada entre eles ou com outros transtornos

ou deiciências.

Os Transtornos do Neurodesenvolvimento são divididos por categorias

como: Deiciência intelectual (transtorno do desenvolvimento

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ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO20

intelectual) que se caracteriza por déi cit nas habilidades básicas e

no funcionamento adaptativo; Transtorno da Comunicação, sendo

estes o transtorno da linguagem, o transtorno da fala, o transtorno da

comunicação social (pragmática) e o transtorno da l uência com início

da infância (gagueira); Transtorno do Espectro Autista que é uma nova

categoria do DSM-5 descritos por déi cits persistentes na comunicação

na interação social e apresenta padrões repetitivos e restritos de

comportamento, interesses e atividades, são eles o transtorno autista

(autismo), o transtorno de Asperger, o transtorno desintegrativo da

infância, o transtorno de Rett e o transtorno global do desenvolvimento

sem outra especii cação do DSM-iV (1994); o Transtorno de Déi cit

de Atenção e Hiperatividade apontado pelos níveis de prejuízo de

desatenção, desorganização e/ou hiperatividade-impulsividade; os

Transtornos Motores do Neurodesenvolvimento que se apresenta

no transtorno do desenvolvimento da coordenação, transtorno de

movimento estereotipado, transtorno de Tourette, transtorno de tique

motor ou vocal persistente (crônico), transtorno de tique transitório,

outro transtorno de tique especii cado e transtorno de tique não

especii cado; o Transtorno Especíi co da Aprendizagem que são déi cits

na capacidade individual para perceber ou processar informações com

ei ciência e precisão, este combina os diagnósticos do DSM-iV (1994) de

transtorno da leitura, transtorno da Matemática, transtorno da expressão

escrita e transtorno da aprendizagem sem outra especii cação e para

enriquecimento do diagnóstico indica os déi cits de aprendizagem

especíi cos de leitura, expressão escrita e Matemática.

A International Statistical Classii cation of Diseases and Related Health

Problem, em português, Classii cação Estatística internacional de

Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde – CiD (ver Anexos),

que atualmente está em sua décima versão (CiD-10, 2008), categoriza

as Dii culdades de Aprendizagem como Transtornos Especíi cos

relacionados ao desenvolvimento da fala, da linguagem e das

habilidades escolares entre o código F81.

No Brasil, se aceita a concepção da Política Nacional de Educação

Especial na Perspectiva da Educação inclusiva (BRASiL, 2008) que trata

da oferta, acesso e permanência de alunos com dei ciência, transtornos

globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação e

garantia da inclusão escolar e orientação dos sistemas de ensino, oferta

do Atendimento Educacional Especializado, formação dos proi ssionais

da educação para a inclusão, proporciona a participação da família e

Lista de livros sobre dii culdades de aprendizagem disponibilizada pelo Portal do Professor – MEC no site: http://www.brasil.gov.br/educacao/2014/07/portal-do-professor-disponibiliza-lista-de-livros-sobre-dii culdades-de-aprendizagem

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Comceitualizando Aprendizagem e Di� culdade de Aprendizagem | UNIDADE 1 21

da comunidade, dá garantia de acessibilidade e implementação das

políticas públicas (ver Anexos).

Além destas concepções apontadas por Makishima e Zamproni (2012)

acredita-se ser importante destacar outra concepção norte-americana de

dii culdades de aprendizagem, conceitualizada pela posição respeitada

do National Joint Committee on Learning Disabilities (NJCLD) de 2006 (ver

Anexos), em português Comitê Misto Nacional de Aprendizagem, que

considera a Learning Disabilities (di� culdade de Aprendizagem)

como atrasos atípicos no desenvolvimento na cognição, comunicação,

leitura, motricidade e habilidades sensoriais e ainda nas relações sociais

e emocionais que podem chegar a afetar o desempenho educacional.

2.3 Principais causas das di� culdades de Aprendizagem

As di� culdades de aprendizagem de ordem neurológicas podem ter

origem a partir de uma lesão cerebral, falhas no desenvolvimento

cerebral ou por desequilíbrio químico. As causas também podem estar

ligadas a fatores hereditários e inµ uências ambientais, sejam elas de

cunho familiar ou escolar.

O DSM-5 (2014) indica a origem neurobiológica e o categoriza como um

transtorno do neurodesenvolvimento o qual é à base das anormalidades

no nível cognitivo e se associa as manifestações comportamentais. Caso

o aluno tenha histórico de familiares (Figura 3) com di� culdades de

leitura (dislexia) e de alfabetização devemos estar atentos a possíveis

problemas de alfabetização ou transtorno especí� co da aprendizagem

Figura 3 - Familiares, a hereditariedade é causa da maioria dos transtornos especí� cos

Fonte: http://www.a12.com/� les/media/originals/f1.png

Para saber mais sobre o trabalho desenvolvido

pelo Comitê Misto Nacional de

Aprendizagem acesse ao site - Learning

Disabilities on line disponível em: http://

www.ldonline.org/

Apesar da discussão terminológica, utilizar-

se-á como opção terminológica, o termo

Di� culdade para indicar os atrasos na aprendizagem e no uso de habilidades acadêmicas, como

orientação para categorização optou-se

pela concepção mais atual, no caso do DSM-

5 (2014). Acredita-se ainda que para além da

discussão terminológica faz-se muito mais

importante buscar saber as causas principais das di� culdades de

aprendizagem.

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ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO22

Como enfatiza o DSM-5 (2014, p.68) “[...] a origem biológica inclui

uma interação de fatores genéticos, epigenéticos e ambientais que

inµ uenciam a capacidade do cérebro para perceber ou processar

informações verbais ou não verbais com e� ciência e exatidão” (ver

Anexos).

Algumas di� culdades de aprendizagem são diretamente ligadas a lesões

cerebrais, surgidas a partir de traumas cranianos, hemorragias cerebrais

e tumores, febres altas e doenças como, encefalite e meningite. Existem,

ainda, fatores relacionados à desnutrição, exposição a sustâncias

tóxicas e, a tratamento com radiação e quimioterapia, falta de oxigênio

e complicações antes ou durante o parto, doenças ou exposições a

drogas durante a gravidez, sufocação, afogamento, inalação de fumaça,

envenenamento por monóxido de carbono (SMITH; STRICK, 2012).

Quanto às falhas no desenvolvimento cerebral que podem ocorrer

durante a gravidez ou na primeira e segunda infância tem sido objeto

de estudo de neurocientistas há muitos anos.

A ênfase na causa neurológica (Figura 4) ocorre não apenas pelo

início das pesquisas sobre o comportamento cerebral da criança com

desordem no aprendizado ter sido de origem cientí� ca, mas também

pelo êxito na união dos estudos dos neurocientistas e educadores, apesar

de haver dúvidas e questões sobre o modo em que a aprendizagem é

processada no cérebro das pessoas que sofreram ou sofrem alterações

no ato de aprender. Muitas pesquisas realizadas pela neurociência têm

proporcionado, à vida de muitas pessoas, novos modos de aprender.

Figura 4 - O cérebro da pessoa com di� culdades de aprendizagem por ter

diferentes áreas afetadas

Fonte: http://www.nerdweek.com.br/wp-content/uploads/2011/10/cerebro2.png

para saber mais sobre as causas das di� culdades de Aprendizagem acesse: Instituto ABCd - http://www.institutoabcd.org.br/portal/

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Comceitualizando Aprendizagem e Di� culdade de Aprendizagem | UNIDADE 1 23

Porém, entre os estudos dos neurocientistas e educadores, ainda há

muitas dúvidas e questões sobre o modo em que a aprendizagem

é processada no cérebro das pessoas com alterações nas funções

cognitivas, isto é que são consideradas com di� culdade de

aprendizagem.

A cognição é a capacidade para armazenar, transformar e aplicar o

conhecimento, sendo um amplo leque de processos mentais. Através

da natureza da cognição que o sujeito compreende os processos e

produtos mentais superiores. Ela é um processo formado por um

sistema complexo de componentes (LIRA, 2012).

A palavra cognição do latim cognitione, signi� ca ação de adquirir,

absorver conhecimento, é apresentada por Platão e Aristóteles

quando de� nem as diferenças entre psicologia e � loso� a e estudam as

questões relativas ao intelecto. Para Platão o intelecto estava na alma

e para Aristóteles, o intelecto surgia da relação entre a alma e o corpo

(GOMES, 2006).

O intelecto ligado à capacidade humana de conhecer, de acumular o

conhecimento e processar as informações apresenta a cognição como

o processo mental em si, caracterizado por suas funções, denominadas

funções cognitivas, são elas: memória, atenção, percepção, juízo,

imaginação, pensamento e linguagem, representação de conhecimento,

raciocínio, criatividade e resolução de problemas (Figura 5).

Figura 5 - A cognição

Fonte: http://i.ytimg.com/vi/kIOEHrm0iYc/maxresdefault.jpg

A cognição é ato ou processo de conhecer,

que inclui estados mentais e processos

como pensar, a atenção, o raciocínio, a memória,

o juízo, a imaginação, o pensamento, o

discurso, a percepção visual e audível,

a aprendizagem, a consciência, as

emoções.

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ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO24

É este processo mental que possibilita o intelecto entender as situações

desde as mais simples até aquelas que requerem atividades cerebrais

elaboradas, e cabe a Psicologia Cognitiva o estudo da cognição e de

suas funções cognitivas.

Os fatores das di�culdades de aprendizagem por desequilíbrio químico

estão ligados às irregularidades nos cérebros, mais precisamente nos

neurotransmissores (Figura 6), quando há uma falha nessas conexões

há a prescrição de medicações para que o desequilíbrio químico seja

reorganizado.

Figura 6 - Falhas nas conexões dos neurotransmissores causam prejuízos na área da compreensão

Fonte: http://i.ytimg.com/vi/kIOEHrm0iYc/maxresdefault.jpg

A cada novo estímulo que chega ao cérebro, novas conexões são

formadas neste complexo sistema de informações que são armazenadas

uma a uma. Durante a aprendizagem os sujeitos passam por uma

transformação e se tornam um novo sujeito. Visto que a aprendizagem

é um processo pelo qual as competências, habilidades, conhecimentos,

comportamento ou valores do sujeito são adquiridos ou modi�cados

de acordo com as experiências vividas por ele, sejam resultadas do seu

estudo, formação, do raciocínio ou da observação de uma situação.

Segundo o cientista japonês Hideaki Koizumi, o aprendizado é “um

processo pela qual o cérebro reage aos estímulos ao fazer conexões

neurais, que agem como um circuito para o processamento e

armazenamento das informações” (BARROS, 2012, p. 10).

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Comceitualizando Aprendizagem e Di� culdade de Aprendizagem | UNIDADE 1 25

Na visão neurobiológica, durante a aprendizagem quando a área cortical

é ativada, direcionada por um estímulo, outras áreas poderão sofrer

alterações, visto que o cérebro possui inúmeras vias de associações,

organizadas e que atuam em duas direções, mais que podem sair ou não

da sustância cinzenta, chegando até a substância branca, quando for o

caso de feixes longos que se direcionam de um lobo a outro, dentro do

mesmo hemisfério, criando assim conexões intra-hemisféricas. Existem

ainda os feixes comissurais, que direcionam atividade de um hemisfério

para outro, sendo o corpo caloso o principal desses condutores.

As funções nervosas superiores desempenhadas pelo córtex cerebral

apresentam associações recíprocas entre as diversas áreas corticais,

tornando assim seguras a chegada de impulsos sensitivos, sua decodi� cação

e associação, até a atividade motora de resposta (RELVAS, 2010).

Este processo de aquisição de novas informações que � cam arquivados

na memória, chamado de aprendizagem, em que o cérebro reage aos

estímulos do ambiente ativando as sinapses, é caracterizado por ser um

processo no qual se adquire novos conhecimentos.

Porém, quando há falta nas intensidades das sinapses ou há alterações

de circuitos que processam informações com capacidade de

armazenamento molecular tem-se uma disfunção da rede neuronal,

que leva o sujeito aprendiz a apresentar di� culdades especí� cas no

funcionamento cognitivo e no comportamento adaptativo.

Se este sujeito apresenta estas alterações desde a infância, isso signi� ca

que ele passa por um processo de disfunção cerebral (neurônio),

que pode ocorrer de forma localizada, ou difusa e ainda causada por

conexões anormais. Essas alterações são observadas exteriormente

a partir das di� culdades que o sujeito irá apresentar em situações

que requerem o seu raciocínio lógico, na resolução de problemas, em

atividades ligadas à memória, atenção, identi� cação do “eu”, atividades

sensoriais, perceptivas, uso das funções executivas, do pensamento, da

linguagem, da interpretação etc.

Os fatores hereditários das di� culdades de aprendizagem (Figura 7)

têm sido con� rmados por pesquisadores desde a década de 1980. Estas

pesquisas a� rmam que fatores hereditários têm função determinante

em crianças com di� culdades de aprendizagem, principalmente no caso

de crianças com transtorno de dé� cit de Atenção e Hiperatividade/

TdAH (SMITH, STRICK, 2012).

O TDAH é um exemplo de transtorno do

neurodesenvolvimento que pode se apresentar

por conta de fatores hereditários, por isso, a

avaliação diagnóstica e anamnese serem

tão importantes no processo de identi� cação e

intervenção.

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ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO26

Figura 7 - O TDAHFonte: http://www.contrapauta.com.br/wp-content/uploads/2014/04/imagem-tdah.jpg

Discutir sobre as inµuências ambientais é pertinente, apesar das

di�culdades de aprendizagem possuírem causas �siológicas, como

comenta Smith e Strick (2012) o ambiente em que a criança vive afeta

diretamente a forma e o nível em que se apresentam seus dé�cits

na aprendizagem, por isso podemos indicar dentro das inµuências

ambientais causas educacionais e causas familiares ou do ambiente

doméstico.

As causas educacionais das di�culdades de aprendizagem devem ser

estudadas pelo educador, visto que ele trabalha dia a dia com o aprendizado

de seus alunos e necessita perceber se algo está comprometendo a

aprendizagem dos mesmos. Se positivo, a raiz poderá estar relacionada às

práticas pedagógicas desenvolvidas em sala de aula que tem levado este

grupo de alunos ao fracasso escolar.

resumo

Nesta aula, estudamos que para se compreender a de�nição, causas e

tipos de Di�culdade de Aprendizagem, é necessário analisar como ocorre

a aprendizagem, reµetir sobre as principais concepções da Psicologia

da Aprendizagem, as quais interferem diretamente os modelos de

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Comceitualizando Aprendizagem e Di� culdade de Aprendizagem | UNIDADE 1 27

aprendizagem hoje concebidos pela escola e pela sociedade. Observamos

que as Di� culdades de Aprendizagem são Transtornos Especí� cos da

Aprendizagem com origem em dé� cits no neurodesenvolvimento,

caracterizados como disfunções no processo de aprender que podem ser a

causa de prejuízos por toda a vida social e acadêmica do sujeito. Estudamos

também, que as causas das Di� culdades de Aprendizagem são motivo de

grande discussão teórica no meio acadêmico, por isso é necessário seguir

os paradigmas das entidades reconhecidas internacionalmente para que

se busque organizar diagnósticos e intervenções, pois estudar sobre as

causas das di� culdades de aprendizagem é tentar revelar os segredos

em que se dá o funcionamento da cognição e sua importância para o

desenvolvimento infantil.

atividades de aprendizagem

1. Discorra sobre qual a importância de compreender o conceito

de aprendizagem antes de se tratar sobre as di� culdades de

aprendizagem.

2. De acordo com suas leituras, quais os prejuízos causados pelos

Transtornos Especí� cos de Aprendizagem?

3. Quais as principais causas das Di� culdades de Aprendizagem?

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