universidade luterana do brasil - ulbra manaus curso … · aos professores do curso de direito do...

44
UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL - ULBRA MANAUS CURSO DE DIREITO THYEU DENNYS DAMASCENO CAVALCANTE SISTEMA PENITENCIÁRIO NO AMAZONAS: ASPECTOS DE RESSOCIALIZAÇÃO E OTIMIZAÇÃO DO SISTEMA COMO FERRAMENTA DE REDUÇÃO DA POPULAÇÃO CARCERÁRIA Manaus 2017

Upload: dangnguyet

Post on 10-Feb-2019

219 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL - ULBRA MANAUS CURSO … · Aos Professores do Curso de Direito do Centro Universitário Luterano ... para segurança pública, ... pois através da

UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL - ULBRA MANAUS

CURSO DE DIREITO

THYEU DENNYS DAMASCENO CAVALCANTE

SISTEMA PENITENCIÁRIO NO AMAZONAS: ASPECTOS DE RESSOCIALIZAÇÃO

E OTIMIZAÇÃO DO SISTEMA COMO FERRAMENTA DE REDUÇÃO DA

POPULAÇÃO CARCERÁRIA

Manaus

2017

Page 2: UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL - ULBRA MANAUS CURSO … · Aos Professores do Curso de Direito do Centro Universitário Luterano ... para segurança pública, ... pois através da

THYEU DENNYS DAMASCENO CAVALCANTE

SISTEMA PENITENCIÁRIO NO AMAZONAS: ASPECTOS DE RESSOCIALIZAÇÃO

E OTIMIZAÇÃO DO SISTEMA COMO FERRAMENTA DE REDUÇÃO DA

POPULAÇÃO CARCERÁRIA

Monografia apresentada como requisito final para aprovação na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso II, do Curso de Direito do Centro Universitário Luterano de Manaus – ULBRA. Orientadora: Mestranda Claudia Maria Nobre Lisboa

Manaus

2017

Page 3: UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL - ULBRA MANAUS CURSO … · Aos Professores do Curso de Direito do Centro Universitário Luterano ... para segurança pública, ... pois através da

2

FOLHA DE APROVAÇÃO

THYEU DENNYS DAMASCENO CAVALCANTE

SISTEMA PENITENCIÁRIO NO AMAZONAS: ASPECTOS DE RESSOCIALIZAÇÃO

E OTIMIZAÇÃO DO SISTEMA COMO FERRAMENTA DE REDUÇÃO DA

POPULAÇÃO CARCERÁRIA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito essencial para

a obtenção de Título de Bacharel em Direito do Centro Universitário Luterano de

Manaus – ULBRA.

Aprovado em: _____/_____/ 2017.

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________

Orientadora: Profª. Dra. Claudia Maria Nobre Lisboa

_________________________________________

Membro da Banca

_________________________________________

Membro da Banca

Page 4: UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL - ULBRA MANAUS CURSO … · Aos Professores do Curso de Direito do Centro Universitário Luterano ... para segurança pública, ... pois através da

3

Dedico este trabalho à minha Família, que esteve sempre ao meu lado nos momentos felizes e nos momentos difíceis, fortalecendo a minha capacidade de superar meus desafios e trabalhando meu caráter como única possibilidade de ser humano digno!

Page 5: UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL - ULBRA MANAUS CURSO … · Aos Professores do Curso de Direito do Centro Universitário Luterano ... para segurança pública, ... pois através da

4

AGRADECIMENTOS

A Deus por todas as dádivas que sempre me concedeu, me fortalecendo e

me emocionando quanto ao caminho do bem.

Aos meus Pais que sempre estiveram ao meu lado quando precisei de ajuda.

Aos colegas de Curso que foram inspiradores nesta conquista e que sempre

estiveram coesos nessa nobre empreitada acadêmica.

Aos Professores do Curso de Direito do Centro Universitário Luterano de

Manaus – ULBRA, em especial à Professora Claudia Maria Nobre Lisboa que

sempre demonstrou grande dedicação em sua sagrada missão de ensinar.

Page 6: UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL - ULBRA MANAUS CURSO … · Aos Professores do Curso de Direito do Centro Universitário Luterano ... para segurança pública, ... pois através da

5

RESUMO

Nos dias atuais existe uma crescente aglomeração de presos nos presídios Brasileiros e em todo o mundo. Isso vem ocorrendo em progressão geométrica, pois basta que se vejam alguns dos principais jornais, como Cidade Alerta, Alô Amazonas, Dez Minutos, Hoje, entre outros, que se pode verificar quantas pessoas são encarceradas por dia somente na cidade de Manaus. O presente trabalho tem como questão norteadora a seguinte problemática: Como a ressocialização e a otimização do sistema jurídico podem reduzir a atual e futura população carcerária brasileira? - E para responder esta indagação, tem-se como objetivo geral avaliar as estratégias de ressocialização e otimização do sistema jurídico de sentenças para reduzir a população carcerária. A demanda crescente da população carcerária em conjunto com inúmeros aspectos da lentidão da justiça quanto às decisões produz um cenário de péssimas perspectivas quanto ao problema da crise do sistema penitenciário brasileiro e, por este fato ter uma profunda relevância para a solução das demais necessidades, este estudo pode contribuir com estratégias na busca dessa meta. Palavras-chave: Direito Prisional. Execução Penal. Ressocialização de Presos. Otimização do Sistema Judiciário.

Page 7: UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL - ULBRA MANAUS CURSO … · Aos Professores do Curso de Direito do Centro Universitário Luterano ... para segurança pública, ... pois através da

6

ABSTRACT

Nowadays, there is a growing agglomeration of prisoners in Brazilian prisons and around the world. This is happening in a geometric progression, since it is enough to see some of the main newspapers, such as Cidade Alerta, Alô Amazonas, Ten Minutos, Hoje, among others, that one can verify how many people are jailed per day only in the city of Manaus. The present study has as a guiding question the following problem: How can resocialization and optimization of the legal system reduce the current and future Brazilian prison population? - And in order to answer this question, it is a general objective to evaluate the strategies of resocialization and optimization of the legal system of sentences to reduce the prison population. The increasing demand of the prison population together with numerous aspects of the slowness of justice in the decisions produces a scenario of bad perspectives on the problem of the crisis of the Brazilian penitentiary system and, because this fact has a profound relevance for the solution of the other necessities, this study can contribute with strategies in pursuit of this goal. Keywords: Prison Law. Penal execution. Prisoners' Resocialization. Optimization of the Judiciary System.

Page 8: UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL - ULBRA MANAUS CURSO … · Aos Professores do Curso de Direito do Centro Universitário Luterano ... para segurança pública, ... pois através da

7

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1- Estatística da Idade da População Carcerária. ........................................ 16

Gráfico 2 – Estatística da Cor dos Presidiários ........................................................ 17

Gráfico 3 - Escolaridade da População Presidiária. ................................................. 18

Gráfico 4 – População Feminina Prisional................................................................ 19

Gráfico 5- Levantamento por tipo de crime cometido em presos provisórios ........... 35

Gráfico 6 – (%) de Presos Provisórios para o Total de Presos por UF. ................... 36

Gráfico 7 – Tempo Médio de Prisão em Dias por UF ............................................... 36

Gráfico 8 - Presos com mais de 180 dias em Custódia Cautelar. ............................ 37

Page 9: UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL - ULBRA MANAUS CURSO … · Aos Professores do Curso de Direito do Centro Universitário Luterano ... para segurança pública, ... pois através da

8

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 9

2 O SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO ............................................................ 11

2.1 CONCEITO ................................................................................................. 11

2.2 MAIORES DESAFIOS DO SISTEMA PRISIONAL ...................................... 13

2.3 O PERFIL MÉDIO DA POPULAÇÃO CARCERÁRIA .................................. 15

3 OS DIREITOS E DEVERES DO PRESO ........................................................... 20

3.1 OS PRINCÍPIOS NORTEADORES DA PRISÃO PREVENTIVA.................. 23

3.2 EXECUÇÃO PENAL ................................................................................... 24

3.3 A PROGRESSÃO PENAL ........................................................................... 25

4 ASPECTOS DE RESSOCIALIZAÇÃO DO PRESO E REDUÇÃO DA

POPULAÇÃO CARCERÁRIA .................................................................................. 27

4.1 RESSOCIALIZAÇÃO .................................................................................. 27

4.2 O EXCESSO DE PRAZO DA PRISÃO PREVENTIVA COMO FORMA DE

AUMENTO DA POPULAÇÃO CARCERÁRIA ........................................................ 30

4.3 O POSICIONAMENTO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL SOBRE O

PRAZO RAZOÁVEL DA PRISÃO PREVENTIVA ................................................... 32

4.4 O TRABALHO COMO ESTRATÉGIA DE RESSOCIALIZAÇÃO DE PRESOS

32

4.5 A REDUÇÃO DA POPULAÇÃO CARCERÁRIA .......................................... 34

5 CONCLUSÃO .................................................................................................... 40

6 REFERÊNCIAS ................................................................................................. 42

Page 10: UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL - ULBRA MANAUS CURSO … · Aos Professores do Curso de Direito do Centro Universitário Luterano ... para segurança pública, ... pois através da

9

1 INTRODUÇÃO

A partir de um breve retrospecto sobre a função das prisões e sua finalidade

para segurança pública, pode-se afirmar segundo os dados históricos que os crimes

mais recorrentes nos tempos antigos se constituíam no endividamento, na

desobediência, no desrespeito às autoridades e no crime de honra, em geral

associado ao adultério, o que estava estritamente relacionado como conseqüência,

à sanção penal.

Desta forma, a finalidade primeira das prisões era a de anular forças

contrárias e não de reintegração ou ressocialização dos criminosos. Contudo, por

conta da exacerbação e do crescimento dos atos criminosos em todas as camadas

sociais, criou-se um grande movimento de racionalização do Direito, da Execução

Penal e muito mais recentemente o reconhecimento dos direitos humanos e dos Jus

Naturalismo, que veio agregar a exigência da ética e o respeito à moral e dignidade

do indivíduo.

Assim, fato incontestável é, que nos dias atuais existe uma crescente

aglomeração de presos nos presídios Brasileiros e em todo o mundo. Isso vem

ocorrendo em progressão geométrica, pois basta que se vejam alguns dos principais

jornais, como Cidade Alerta, Alô Amazonas, Dez Minutos, Hoje, entre outros, que se

pode verificar quantas pessoas são encarceradas por dia somente na cidade de

Manaus.

É sabido que as cadeias públicas e presídios não aumentam seu espaço

físico nesta mesma proporção. Então ocorre uma aglomeração e uma superlotação

que gera grandes prejuízos para os cofres públicos e para toda a sociedade.

Visto que, como cadeias e presídios têm atualmente a única função de

depositar os indivíduos criminosos da sociedade, retirando-os temporariamente de

circulação, o presente trabalho tem como questão norteadora a seguinte

problemática: Como a ressocialização e a otimização do sistema jurídico podem

reduzir a atual e futura população carcerária brasileira? - E para responder esta

indagação, tem-se como objetivo geral avaliar as estratégias de ressocialização e

otimização do sistema jurídico de sentenças para reduzir a população carcerária.

Page 11: UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL - ULBRA MANAUS CURSO … · Aos Professores do Curso de Direito do Centro Universitário Luterano ... para segurança pública, ... pois através da

10

E como Objetivos Específicos, conceituar o contextualizar o sistema prisional

brasileiro; identificar direitos e deveres dos presos; relacionar as estratégias de

ressocialização de presos como fator de mudança do sistema prisional.

Como metodologia, o presente estudo adotará o método de abordagem legal-

filosófico, seguindo o procedimento analítico sobre o contexto da lei em relação a

população carcerária do Amazonas. Como técnica de pesquisa o estudo adotará a

pesquisa bibliográfica com perspectiva analítica para cada fase do desenvolvimento.

Assim, o presente estudo se justifica pela importância de questionar o atual

estado do sistema prisional estadual e da relevância em se listar as estratégias de

desafogamento do sistema prisional através da ressocialização dos presos e de sua

produtividade social, visto que elencou-se como alternativas dessa ação, o trabalho

e a educação.

Page 12: UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL - ULBRA MANAUS CURSO … · Aos Professores do Curso de Direito do Centro Universitário Luterano ... para segurança pública, ... pois através da

11

2 O SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO

Atualmente o sistema prisional Brasileiro não passa de grandes amontoados

de pessoas vivendo em condições sub-humanas, sujeitando-se a toda sorte de

doenças e, vivendo e sendo tratados como animais, não poderiam tornar-se fruto

diferente deste, pois através da antropologia e sociologia já se sabe que o homem

só é homem porque é ensinado a sê-lo. Da mesma forma, dentro desta sociedade

presidiária, prevalece a lei do mais forte.

Este caos que ocorre com o sistema prisional é decorrente de inúmeras falhas

ocorridas desde os processos sociais até a má administração do presídio

especificamente. Porém, há aspectos que podem ser utilizados para amenizar e até

em dado momento solucionar definitivamente o sistema de prisão no Brasil. Assim,

deve-se compreender a origem deste cenário e como ele está organizado na

doutrina jurídica.

2.1 CONCEITO

O cárcere sempre existiu, sendo, no âmbito penal, um meio de custódia

daqueles que aguardavam julgamento. Via de regra seus prisioneiros eram

condenados à pena de morte, amputação de membros do seu corpo e realização de

trabalho forçado.

Neste sentido Carvalho Filho (2002, p. 21) escreve que “o encarceramento

era um meio e não era o fim da punição”. Desta forma as condições do ambiente do

cárcere não era motivo de discussão.

No século XVIII que a pena de morte passa a ser repudiada estimulando uma

nova idéia de punição: a privação da liberdade do indivíduo infrator, inspirada nas

celas eclesiásticas da Igreja Católica.

Conforme Carvalho Filho (2002, p. 22):

As celas eclesiásticas estimulavam a reflexão em torno do pecado cometido, aproximavam o pecador de Deus. As casas de correção recuperavam mendigos, desordeiros, autores de pequenos delitos, sob o comando da ética calvinista: trabalho, ensino religioso e disciplina.

Page 13: UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL - ULBRA MANAUS CURSO … · Aos Professores do Curso de Direito do Centro Universitário Luterano ... para segurança pública, ... pois através da

12

A partir de então, ainda segundo Carvalho Filho (2002, p. 21):

“[...] a prisão torna-se então a essência do sistema punitivo. A finalidade do encarceramento passa a ser isolar e recuperar o infrator”; “trata-se de um direcionamento novo da arte de sofrer”.

Por outro lado a sociedade tem uma impressão de protecionismo exacerbado

aos direitos naturais dos presos que tem raízes nas amargas experiências

adquiridas ao longo do período da Ditadura Militar, levantando-se após isso a

bandeira de que “É Proibido Proibir”, porém nada disso impede que uma infinidade

de criminosos tenham seus direitos básicos jogados por terra, como no massacre do

Carandiru quando a Polícia Militar em busca de retomar o Complexo durante uma

rebelião, invadiu-a e executou sumariamente 103 detentos que somados a outros

que aparentemente foram mortos em conflitos entre os próprios detentos somaram

111 mortos.

Também conquistou repercussão nacional nos meios de comunicação como

Jornal Nacional, SBT Repórter e nos noticiários locais, como Alô Amazonas, O Povo

na TV entre outros, o caso de determinado Distrito Policial que confinou 51 detentos

que planejavam uma tentativa de fuga em apenas uma cela de 1,5 x 4m sem

ventilação que levou a morte de 18 destes por asfixia.

Cezar Roberto Bitencourt (2011) assegura que quando a prisão se converteu

na principal resposta penalógica, mormente a partir do século XIX, acreditou-se que

seria um meio capaz para conseguir, por fim, a reforma do delinqüente. Passados

muitos anos, prevaleceu um ambiente otimista, predominando a firme convicção de

que a prisão poderia ser um meio idôneo para realizar todas as finalidades da pena

e que, dentro de certas condições, seria possível reabilitar o delinqüente à vida em

sociedade. Entretanto, esse otimismo inicial foi desaparecendo, e atualmente,

predomina na maioria das doutrinas, uma atitude pessimista.

O mundo já compreendia que a pena privativa de liberdade também estava

com os seus dias contados, porquanto, o cárcere não mais intimidava, e os índices

de violência não diminuíam. Restava-se claro que a prisão degenerava o ser

humano, ao invés de readaptá-lo ao convívio social, tinha um alto custo financeiro e

social, assim, portanto, não mais servia como forma de penalizar.

Neste sentido Beccaria (2008, p. 26/27) sabiamente já dizia:

Page 14: UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL - ULBRA MANAUS CURSO … · Aos Professores do Curso de Direito do Centro Universitário Luterano ... para segurança pública, ... pois através da

13

À proporção que as penas forem mais suaves, quando as prisões deixarem de ser a horrível mansão do desespero e da fome, quando a piedade e a humanidade adentrarem as celas, quando, finalmente os executores implacáveis dos rigores da justiça abrirem o coração à compaixão, as leis poderão satisfazer-se com provas mais fracas para pedir a prisão. Nossos costumes e nossas leis retrógradas estão muito distantes das luzes dos povos. Somos ainda dominados pelos preconceitos bárbaros que recebemos como herança de nossos antepassados.

Diante desse cenário, a função do Direito Penal não pode derivar-se,

exclusivamente, de uma contemplação de penas e medidas como figuras isoladas

em cada momento histórico-cultural e em cada modelo jurídico aplicável.

2.2 MAIORES DESAFIOS DO SISTEMA PRISIONAL

Nos dias atuais encontramos um cenário onde pode-se reconhecer o

amadurecimento da ciência do direito, a necessidade de respeitar os direitos

humanos, a integridade física e moral do indivíduo, ao mesmo tempo em que

encontramos sobretudo o uso do Direito Penal como principal instrumento da

Política Pública para tentar suprir ou complementar as carências e deficiências nos

conflitos sociais que estariam contidos na responsabilidade das outras áreas do

Direito.

Podemos então considerar este como sendo o primeiro grande problema a

ser abordado, uma vez que o combate à criminalidade não atua nas causas dos

crimes, limitando-se tão somente na atenuação desesperada e inapta das suas

conseqüências.

Por conseguinte, a forma de atuação exclusiva na atenuação das

conseqüências causadas pelo crime nos remete a uma realidade de total

superlotação das celas, sua precariedade e sua insalubridade tornam as prisões

num ambiente propício à proliferação de epidemias e ao contágio de doenças.

Todos esses fatores estruturais aliados ainda à má alimentação dos presos, seu

sedentarismo, o uso de drogas, a falta de higiene e toda a lugubridade da prisão,

fazem com que um preso que adentrou lá numa condição sadia, de lá não saia sem

ser acometido de uma doença ou com sua resistência física e saúde fragilizadas.

Além dessas doenças, há um grande número de presos portadores de

distúrbios mentais, de câncer, hanseníase e com deficiências físicas (paralíticos e

Page 15: UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL - ULBRA MANAUS CURSO … · Aos Professores do Curso de Direito do Centro Universitário Luterano ... para segurança pública, ... pois através da

14

semi-paralíticos). Quanto à saúde dentária, o tratamento odontológico na prisão

resume-se à extração de dentes. Não há tratamento médico-hospitalar dentro da

maioria das prisões. Para serem removidos para os hospitais os presos dependem

de escolta da PM, a qual na maioria das vezes é demorada, pois depende de

disponibilidade. Quando o preso doente é levado para ser atendido, há ainda o risco

de não haver mais uma vaga disponível para o seu atendimento, em razão da igual

precariedade do nosso sistema público de saúde.

O que acaba ocorrendo é uma dupla penalização na pessoa do condenado: a

pena de prisão propriamente dita e o lamentável estado de saúde que ele adquire

durante a sua permanência no cárcere. Também pode ser constatado o

descumprimento dos dispositivos da Lei de Execução Penal, a qual prevê no inciso

VII do artigo 40 o direito à saúde por parte do preso, como uma obrigação do

Estado.

Em um contexto geral, pode-se afirmar que estes desafios se traduzem nos

seguintes itens:

Espaço físico inadequado;

Atendimento médico, odontológico e psicológico insatisfatório;

Direitos do preso tratados como liberalidades;

Uma quantidade considerável de presos poderia estar nas ruas por

causa da Progressão Penal ou pelo cumprimento da pena;

Falta de acesso efetivo à Justiça ou Defensorias Públicas;

Segurança Pública não consegue inibir as atividades do crime

organizado que consegue orquestrar diversas atividades retaliativas

junto à sociedade, como o ataque ordenado contra policiais,

fechamento de comércio e escolas, execuções sumárias, paralisação

dos transportes coletivos e atentados a prédios públicos;

Tortura e maus-tratos, corrupção, negligência e outras ilegalidades

praticadas pelos agentes públicos, além da conivência destes às

movimentações que redundavam em fugas e rebeliões, inclusive com

saldo em mortes de presos;

Incapacidade da Segurança Pública em manter a ordem e aplicar a lei

com rigor sem desrespeitar os Direitos Humanos dos apenados bem

Page 16: UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL - ULBRA MANAUS CURSO … · Aos Professores do Curso de Direito do Centro Universitário Luterano ... para segurança pública, ... pois através da

15

como incapacidade em cumprir as normas firmadas nos acordos

internacionais, os quais o Brasil é signatário;

Rebeliões e atentados freqüentes nas prisões;

Entrada de materiais proibidos que dão apoio ao crime dentro e fora da

prisão, tais como aparelhos celulares e armas brancas;

Estado não consegue aplicar a tecnologia existente de forma a prevenir

ou combater o crime, tais como Bloqueador de Radiofrequência, Raio

X, e Detector de Metais.

Apesar dos problemas no sistema prisional o art. 37, 6 º, da CF, atribui

responsabilidade de forma objetiva pelos danos ocorridos aos detentos enquanto

estes estão em custódia no sistema prisional, devendo o Estado indenizar os danos

materiais e morais do detento se este comprovar o nexo de causalidade entre a

lesão e o dano. Esta responsabilidade leva em consideração tanto a ação quanto a

omissão da instituição prisional. Desta forma, a morte de um detento gera o direito a

indenização para a família do detento morto, mesmo que este tenha sido morto por

companheiro de cela. Neste caso, mesmo tendo sido praticado por terceiro, não

anula-se a responsabilidade civil do Estado em sua obrigação de proteger os

custodiados.

2.3 O PERFIL MÉDIO DA POPULAÇÃO CARCERÁRIA

De acordo com Politize (2017) pouco mais de 10% do total da população

brasileira é constituida de jovens de 18 a 24 anos, que perfazem um terço de todas

as pessoas em regime prisional (30,14%). Vamos fazer uma conta diferente e

considerar jovens as pessoas que tenham entre 18 e 29 anos. A partir de uma

comparação parametrizada entre o Amazonas e o Pará, temos como relação na

Região Norte, uma amostragem estatística representada pelo Gráfico 1, da idade os

presidiários brasileiros:

Page 17: UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL - ULBRA MANAUS CURSO … · Aos Professores do Curso de Direito do Centro Universitário Luterano ... para segurança pública, ... pois através da

16

Gráfico 1- Estatística da Idade da População Carcerária.

Fonte: PNDA e INFOPEM, 2017.

Em outro aspecto desta estatística tem-se a questão da cor dos presidiários e

de acordo com o site Politize (2017), o maior número de presos está entre os jovens

negros moradores de periferias. Em documentário americano denominado “13ª

Emenda” contextualiza com bases histórias, antropológicas e políticas uma maior

propensão ao encarceramento de jovens negros e o crescimento em massa das

populações prisionais no país (Gráfico 2).

Page 18: UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL - ULBRA MANAUS CURSO … · Aos Professores do Curso de Direito do Centro Universitário Luterano ... para segurança pública, ... pois através da

17

Gráfico 2 – Estatística da Cor dos Presidiários

Fonte: PNDA e INFOPEM, 2017.

No tocante a escolaridade desta população prisional, segundo o relatório do

Ministério da Justiça, destaca que manter os jovens na escola pelo menos até o

término do Ensino fundamental pode ser uma das políticas de prevenção mais

Page 19: UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL - ULBRA MANAUS CURSO … · Aos Professores do Curso de Direito do Centro Universitário Luterano ... para segurança pública, ... pois através da

18

eficientes para a redução da criminalidade e, por conseguinte, da população

prisional e demonstra no gráfico 3.

Gráfico 3 - Escolaridade da População Presidiária.

Fonte: PNDA e INFOPEM, 2017.

No item Mulheres, elas representam 5,8% de toda a população carcerária

brasileira. O estado de Roraima detém a maior população prisional feminina no

Brasil, que corresponde 10,7% do total de presos; já Tocantins é o estado com a

Page 20: UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL - ULBRA MANAUS CURSO … · Aos Professores do Curso de Direito do Centro Universitário Luterano ... para segurança pública, ... pois através da

19

menor porcentagem de presas mulheres, de 4,39%. Na maioria dos estados, a

média fica entre 5% e 7% como demonstra o gráfico 4.

Gráfico 4 – População Feminina Prisional.

Fonte: PNDA e INFOPEM, 2017.

É notório que há uma intima relação da população carcerária, inclusive a

temporária, com as condições de vida da população, há mais pessoas da classe

baixa na cadeia do que pessoas de classe média e alta. E essa relação não é

somente no tocante ao poder aquisitivo da população, mas também tem relação

direta com o nível intelectual e cultural destas pessoas.

Page 21: UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL - ULBRA MANAUS CURSO … · Aos Professores do Curso de Direito do Centro Universitário Luterano ... para segurança pública, ... pois através da

20

3 OS DIREITOS E DEVERES DO PRESO

Como referência mater, temos a Constituição Federal de 1988, onde estão

contidos os princípios e regras que orientam toda a legislação do ordenamento

jurídico pátrio, incluindo os direitos e garantias fundamentais inerentes a todos os

seres humanos.

Segundo a descrição de BULLOS, (2012, p.503):

Princípios fundamentais são diretrizes imprescindíveis à configuração do Estado, determinam-lhe o modo e a forma de ser. Refletem os valores abrigados pelo ordenamento jurídico, espelhando a ideologia do constituinte, os postulados básicos e os fins da sociedade. [...] São qualificados de fundamentais, porquanto constituem o alicerce, a base, o suporte, a pedra de toque do suntuoso edifício constitucional [...]. Tais princípios possuem força expansiva, agregando, em torno de si, direitos inalienáveis, básicos e imprescritíveis, como a dignidade humana [...].

Complementa Roberto Porto (2007, p.29.) que a carta constitucional de 1988

preconiza o Brasil como um Estado Democrático de Direito. “A realização desse

ideal passa necessariamente pela concretização dos direitos e deveres do preso”.

O artigo 1º em seus incisos II e III da Constituição estabelece que o Estado

Brasileiro tem como fundamentos a cidadania e a dignidade da pessoa humana.

Diante disso, o estudo sobre os direitos fundamentais, inclusive os direitos dos

presos deve sempre estar norteado por tais fundamentos.

O artigo 5º traz as principais garantias do cidadão brasileiro e, especialmente,

aquelas que são voltadas aos presos. Vale ressaltar o princípio da legalidade (art.

5º, II, CF) que assegura aos presos somente as restrições previstas em lei, de forma

a se evitar excessos ou desvios na execução.

O princípio da igualdade (art. 5º, caput, CF), por sua vez, assegura o direito

de ser diferente, de não se submeter a tratamento de modificação de personalidade,

além de proibir a discriminação de tratamento dentro ou fora do presídio, em razão

de especial condição, seja de ordem religiosa, racial ou político-ideológica.

Já o princípio da individualização da pena (CF, art. 5º, XLVI, CF) assegura

que a pena seja aplicada àquela pessoa individualmente considerada, de forma a

possibilitar o livre desenvolvimento da sua personalidade individual e que deve haver

Page 22: UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL - ULBRA MANAUS CURSO … · Aos Professores do Curso de Direito do Centro Universitário Luterano ... para segurança pública, ... pois através da

21

proporção entre ação e reação, entre gravidade do crime e gravidade da pena, e que

a pena deve ser cumprida de acordo com a previsão constitucional, respeitando a

dignidade do preso, e não em função dos anseios sociais de punição.

Para os presos, o princípio do devido processo legal (art. 5º, LIV, LV, CF)

garante que durante o cumprimento da pena seus pedidos sejam apreciados e

julgados por juiz natural e imparcial, que seja garantido o contraditório com produção

de provas, ampla defesa com assistência técnica indispensável e que as decisões

sejam fundamentadas.

Trata-se de norma constitucional autoaplicável, consequência direta e

imediata da decisão condenatória transitada em julgado, não havendo necessidade

de manifestação expressa a respeito de sua incidência na decisão condenatória e

prescindindo-se de quaisquer formalidades.

Assim, a condenação criminal transitada em julgado, independentemente da

infração penal cometida, quer seja por crime doloso ou culposo, quer seja por

contravenção penal, acarreta a suspensão de direitos políticos pelo tempo em que

durarem seus efeitos, pois o objetivo do citado dispositivo é permitir que os cargos

públicos sejam reservados somente para os cidadãos insuspeitos, preservando-se a

dignidade da representação democrática.

Os presos provisórios, em contrapartida, não podem sofrer nenhuma restrição

aos seus direitos políticos, já que não há sentença condenatória transitada em

julgado.

A Lei de Execução Penal (Lei 7210/84) trata exclusivamente do cumprimento

de penas e medidas de segurança, determinando as características principais do

regime penitenciário em todo o país. Os artigos 41, 42 e 43 descrevem os direitos

dos presos.

Preceitua o art. 40 que se impõe a todas as autoridades o respeito à

integridade física e moral dos condenados e dos presos provisórios. Estão assim

protegidos os direitos humanos fundamentais do homem (vida, saúde, integridade

corporal e dignidade humana), que servem de suporte para os demais direitos.

O artigo 41 da LEP apresenta rol exemplificativo, já que, conforme o princípio

da legalidade esculpido no art. 3º da LEP, a interpretação deve ser sempre a mais

ampla.Tanto é assim que a própria lei prevê outros direitos, normalmente

subordinados ao preenchimento de certos requisitos, tais como o de recompensas

Page 23: UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL - ULBRA MANAUS CURSO … · Aos Professores do Curso de Direito do Centro Universitário Luterano ... para segurança pública, ... pois através da

22

(art.56), autorizações de saída (arts.120 e ss), remição (art.126) e livramento

condicional (art.131 e ss). Logo, tudo aquilo que não constitui restrição legal

decorrente da particular condição do preso, permanece como direito seu.

No tocante à violação dos direitos do preso e a inobservância das garantias

previstas na LEP, podemos citar algumas das possíveis causas, como por exemplo,

a prática de torturas e de agressões físicas constantes dentro dos presídios, bem

como a demora em se conceder os benefícios àqueles que já fazem jus à

progressão de regime ou de serem colocados em liberdade os presos que já

saldaram o cômputo de sua pena, dentre outros inúmeros fatores, restando clara a

inobservância de tais garantias contidas na LEP.

Segundo Roberto Porto (2007, p.31), além destes direitos previstos em nosso

ordenamento jurídico, os presos no Brasil “adquiriram” outros benefícios ao longo

dos anos que não se encontram regulamentados em lei, mas que são cumpridos na

grande maioria dos estabelecimentos penais como se assim o fossem.

A visita íntima ainda não possui regulamentação, porém, tem sido

contemplada em grande parte dos estabelecimentos penais brasileiros. Por ser

elemento relevante na manutenção dos laços efetivos e na ressocialização do preso,

a visita íntima tem sido condicionada ao comportamento do preso, à segurança do

presídio e às condições da unidade prisional sem perder de vista a preservação da

saúde das pessoas envolvidas e a defesa da família.

A entrega de gêneros alimentícios aos presos, denominada “jumbo”, é outro

benefício que não se encontra regulamentado em nosso ordenamento jurídico e tem

sido tratada como um direito incontestável, permitida em quase toda a totalidade dos

estabelecimentos penais.

Da parte do Estado, os presos recebem quatro refeições ao dia, consistentes

em um café da manhã, almoço, lanche da tarde e jantar. Ainda assim, se permite

que recebam gêneros alimentícios trazidos pelas visitas, o que não só coloca em

risco a segurança de tais estabelecimentos, já que a grande maioria das armas e

aparelhos celulares que ingressam no sistema prisional são trazidos enrustidos

nestes alimentos, mas também coloca em risco a higiene dos presídios, já que as

celas não possuem dispositivos para o armazenamento de alimentos perecíveis.

Page 24: UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL - ULBRA MANAUS CURSO … · Aos Professores do Curso de Direito do Centro Universitário Luterano ... para segurança pública, ... pois através da

23

3.1 OS PRINCÍPIOS NORTEADORES DA PRISÃO PREVENTIVA

Além das hipóteses de cabimento e dos fundamentos que devem

necessariamente ser analisados, outro fator de extrema relevância quando da

análise da decretação da prisão preventiva são os princípios norteadores de tal

medida. Segundo entendimento de Mônica Ovinski de Camargo (2005, p. 258), os

traços da excepcionalidade, provisoriedade e proporcionalidade devem estar

presentes para a fixação da medida cautelar, "os quais atuam como limites legais

para sua atuação". Segundo leciona a autora, o princípio da excepcionalidade

determina que "tal medida deve ser fixada como exceção à regra geral de

manutenção de todos os direitos que pertencem ao inocente" (CAMARGO, 2005, p.

258). A partir desse pressuposto constitucional, nenhuma medida restritiva da

liberdade do indivíduo deve ser tomada senão em caráter excepcional, quando

devidamente evidenciados os fundamentos justificáveis para tal ordem.

Em relação ao princípio da proporcionalidade, entende a autora que este

oferece regras para que o magistrado se oriente no momento de julgar a adoção da

medida excepcional. A proporcionalidade atua no momento em que o juiz vai

sopesar todas as razões e provas que recomendam a aplicação da medida cautelar,

em confronto com aquelas que argumentam sobre suas consequências”

(CAMARGO, 2005, p. 259).

Assim, deve-se sempre antes de aplicar a prisão preventiva verificar se esta é

proporcional ao caso concreto, sob pena de tornar-se uma medida mais gravosa do

que aquela que receberia o acusado em caso de uma sentença condenatória final, o

que vai de encontro à característica principal da medida cautelar, qual seja, não ser

uma sanção, tampouco reprimenda penal.

Por fim, quando ao princípio da provisoriedade, assevera-se que critério da

provisoriedade designa que a medida cautelar é instrumental e que, como tal, serve

para alcançar determinado objetivo no decorrer do processo criminal, podendo ser

conferida ou retirada a qualquer momento, de acordo com a sorte dos motivos que a

ensejarem (CAMARGO, 2005, p. 259).

O que se depreende destes ensinamentos é a importância de se fixar um

termo máximo para a duração da medida cautelar, sob pena dela perder esse

caráter, tornando-se "duradoura demais, firmando-se como inescusável execução

antecipada de pena" (CAMARGO, 2005, p. 258). Nesse sentido, deve-se ter em

Page 25: UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL - ULBRA MANAUS CURSO … · Aos Professores do Curso de Direito do Centro Universitário Luterano ... para segurança pública, ... pois através da

24

mente que uma prisão com excesso de prazo não é provisória nem proporcional,

gerando, assim, um constrangimento ilegal, fato que a Constituição Federal rechaça,

já que garante a duração razoável do processo ao acusado.

3.2 EXECUÇÃO PENAL

A Lei de Execução Penal leva o número de 7.210, promulgada em

11/07/1984, e cuja sua publicação se deu no dia 13/07/1987, entrando em vigor

simultaneamente com a lei que reformou a Parte Geral do Código Penal.

O artigo 1º da Lei de Execução Penal traz o objetivo para qual ela se destina.

Art. 1º A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença

ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do

condenado e do internado.

Como exposto anteriormente, o ordenamento jurídico brasileiro adotou a

Teoria Mista no que se refere à finalidade da pena, visando à reintegração do

condenado e não só a sua punição.

Marcão (2007, p. 01) explica que “visa-se pela execução fazer cumprir o

comando emergente da sentença penal condenatória ou absolutória imprópria”. A

proposta dada pela Lei de Execução Penal é punir e humanizar.

De acordo com Mirabete (2004, p.28) descreve o tema da seguinte forma:

Ao determinar que a execução penal “tem por objetivo efetivar as disposições da sentença ou da decisão criminal”, o dispositivo registra formalmente o objetivo de realização penal concreta do título executivo constituído por tais decisões. A segunda é a de “proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do internado”, instrumentalizada por meio da oferta de meios pelos quais os apenados e os submetidos às medidas de segurança possam participar construtivamente da comunhão social.

É notório que o diploma legal tem a preocupação de proporcionar condições

para a reintegração do condenado e ainda, resguardando a declaração universal dos

direitos do preso constituídos pelas Regras Mínimas para o Tratamento de

Prisioneiros, editada em 1958 pela Organização das Nações Unidas.

Page 26: UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL - ULBRA MANAUS CURSO … · Aos Professores do Curso de Direito do Centro Universitário Luterano ... para segurança pública, ... pois através da

25

3.3 A PROGRESSÃO PENAL

Quanto à reintegração daquele que cumpriu uma sanção penal, compreende

a busca de meios capazes de proporcionar assistência para o retorno do apenado

ao meio social e que este retorno seja feito de forma harmônica e que o indivíduo

encontre condições favoráveis para sua total integração social.

Durante a execução da pena exige-se a apreciação dos princípios

constitucionais e as regras infraconstitucionais devidamente estabelecidos em nosso

ordenamento. No mesmo sentido, a Declaração Universal dos Direitos do Homem há

muito estabeleceu que “ninguém será submetido a torturas nem a tratos cruéis,

desumanos ou degradantes”, mas ao que tudo indica, no Brasil, suas disposições

não saíram do papel.

O Pacto Interamericano de Direitos Civis e Políticos (artigo 103), do qual o

Brasil foi signatário, enfatiza que “toda pessoa privada de sua liberdade será tratada

humanamente e com respeito à dignidade inerente ao seu humano”. Não obstante,

na prática, os dizeres são descumpridos cotidianamente à vista de todos, inclusive

de organismos internacionais que pouco fazem para que a norma fosse

efetivamente aplicada.

Para Nucci (2010, p. 991), enfatiza que:

O estudo da execução penal deve fazer-se sempre ligado aos princípios constitucionais penais e processuais penais, até porque, para realizar o direito punitivo do Estado, justifica-se, no Estado Democrático de Direito, um forte amparo dos direitos e garantias individuais. Não é viável a execução da pena dissociada da individualização, da humanidade, da legalidade, da anterioridade, da irretroatividade da lei prejudicial ao réu (princípios penais) e do devido processo legal, como todos os seus corolários (ampla defesa, contraditório, oficialidade, publicidade, dentre outros).

Atualmente, no Brasil, a execução penal é disciplinada pela Lei Federal

número 7.210 de 11.07.1984. Para tanto, deve ser aplicada, uniformemente, ao

preso provisório como ao condenado em definitivo, seja ele processado pela Justiça

comum estadual ou federal, nos crimes comuns, eleitorais ou militares.

Como parte da ressocialização, o sistema prisional prevê a progressão da

pena que remete o indivíduo do regime fechado para um regime menos rígido, seja

o regime semi-aberto seja o regime aberto, observando-se as ressalvas para os

Page 27: UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL - ULBRA MANAUS CURSO … · Aos Professores do Curso de Direito do Centro Universitário Luterano ... para segurança pública, ... pois através da

26

casos de crimes hediondos (Lei 8.072/90). Mesmo nos casos de crimes hediondos o

recluso pode conquistar a sua liberdade condicional através do cumprimento de 2/3

da sua pena, desde que não haja reincidência do ato criminoso, apresente bom

comportamento que só pode ser avaliado do ponto de vista subjetivo, além da

análise de uma comissão técnica que busca verificar se este indivíduo está apto a

retornar ao convívio social. Infelizmente o sistema prisional observa os prazos da

progressão da pena previstas em lei, mas incapaz de por em prática instrumentos

efetivos de ressocialização, devolve o recluso ao convívio social em uma condição

do ponto de vista humanista pior que quando privado da sua liberdade.

Segundo Nucci (2010, p. 884), como resultado não observa-se somente a

reincidência, mas também acompanhado desta um incremento na animalidade do

elemento que passa a praticar crimes mais bárbaros, como os casos de estupro e

outros crimes praticados por pessoas que já passaram pelo sistema prisional e que

a mídia frequentemente mostra. Muitos destes aproveitando-se de indultos ou de

benefícios de progressão penal. Esta liberdade antecipada, porém, isolada da

aplicação de instrumentos de ressocialização ocorre em prol da reincidência e não

da ressocialização.

Page 28: UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL - ULBRA MANAUS CURSO … · Aos Professores do Curso de Direito do Centro Universitário Luterano ... para segurança pública, ... pois através da

27

4 ASPECTOS DE RESSOCIALIZAÇÃO DO PRESO E REDUÇÃO DA

POPULAÇÃO CARCERÁRIA

O artigo 4º da Lei nº. 7.210, de 11 de Julho de 1984, ressalva o seguinte: Art.

4º O Estado deverá recorrer à cooperação da comunidade nas atividades de

execução da pena e da medida de segurança.

A Lei de Execução Penal em seu artigo 4º, determina claramente o dever do

Estado em recorrer à cooperação da comunidade na execução penal, no sentido de

mobilizar a sociedade e o poder público em um esforço coletivo para encontrar

soluções positivas para as deficiências da execução penal no sistema prisional

brasileiro, tendo em vista que a criminalidade nasce na sociedade e é na sociedade

que devem ser encontradas fórmulas para saná-las.

4.1 RESSOCIALIZAÇÃO

De acordo com Jesus (2000, p. 112):

O que é a ressocialização senão a humanização do indivíduo enquanto recluso pelo sistema prisional, buscando um foco humanista do delinqüente na reflexão científica ao mesmo tempo que protege a sociedade deste.

Através do reconhecimento da necessidade da ressocialização do indivíduo

criminoso a pena de prisão passa a ter uma nova finalidade além da simples

exclusão e retenção, passa a ter uma finalidade de orientação social e preparação

para o seu retorno à sociedade, buscando assim a interrupção do comportamento

reincidente. Desta forma, o Estado abandona seu comportamento de castigar

simplesmente por castigar, pois da mesma forma que outros animais castigados, o

resultado obtido apresenta-se muitas vezes diverso do esperado e o criminoso não

ressocializado volta a cada reincidência, mais marginalizado e agressivo,

consequentemente, mais distante de deixar de ser parte da anomia social. Entenda-

se que a pena de prisão nunca deve ser vista como instrumento de vingança, pois

seu objetivo é de restituí-lo de forma mais humana à sociedade (JESUS, 2000).

Page 29: UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL - ULBRA MANAUS CURSO … · Aos Professores do Curso de Direito do Centro Universitário Luterano ... para segurança pública, ... pois através da

28

Conclui-se então que a privação da liberdade não ressocializa o detento e

consequentemente impossibilita a sua reintegração social, reduzindo então a pena

de prisão a um mero e desesperado instrumento de tentativa de redução da

violência e criminalidade. O próprio fato da punição por pena de reclusão já cria uma

discriminação, uma marginalização do indivíduo, que permanentemente taxado de

criminoso não consegue oportunidades de reintegração social.

De acordo com Sá (2003, p. 412):

Para a efetiva ressocialização, porém é imprescindível a participação da sociedade recebendo estes indivíduos em busca da reintegração social. Atentando-se à relevância da participação da comunidade na execução penal, a Constituição Federal, em vigência, no seu artigo 144 menciona a responsabilidade de todos quanto à segurança pública como segue. Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos [...].

Diante do dispositivo legal é notório que tal responsabilidade é solidária. É

certo que a cooperação da comunidade é fundamental para proporcionar àquele que

conquistou sua liberdade, após cumprimento de sua sanção penal, inserir-se

novamente na sociedade. Porém, a organização estatal não satisfaz os anseios da

sociedade decorrente da falta de credibilidade da prestação de seus serviços,

eclodindo clima de insegurança na sociedade.

O ex-condenado é visto como um cidadão que oferece perigo e insegurança e

que não está à margem da reincidência. Urge uma mudança. O Estado tem que

deixar de ser inerte e a sociedade deixar de ser passiva. Na Exposição de Motivos

da Lei de Execução Penal o item 24 releva a participação da comunidade como

mecanismo de apoio ao poder público. Nenhum programa destinado a enfrentar os

problemas referentes ao delito, ao delinqüente e à pena se completaria sem o

indispensável e contínuo apoio comunitário.

Dentre as várias razões encontradas para justificar tal cooperação se destaca

o fato de a comunidade agir como organismo fiscalizador do sistema.

Neste sentido Mirabete (2004, p. 46) escreve que: “O mundo do cárcere,

submetido autocraticamente aos agentes do Estado, precisa ser ajudado e

fiscalizado por pessoas alheias ao sistema”.

Por fim, se verifica que é necessário ações efetivas e conjuntas entre

comunidade e o poder público para obtenção de melhorias que se reverterão à

Page 30: UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL - ULBRA MANAUS CURSO … · Aos Professores do Curso de Direito do Centro Universitário Luterano ... para segurança pública, ... pois através da

29

própria comunidade, propiciando condições sadias de desenvolvimento humano. A

função do Estado na ressocialização do preso O artigo 144 da Constituição Federal,

anteriormente citado, dá ao Estado o dever da segurança pública (MIRABETE,

2004).

Constitucionalmente, o Estado tem o dever de prevenir as condutas

criminosas e punir os criminosos. Porém, a função do Estado não acaba com a

punição daquele que delinqüiu. É também dever do Estado acompanhar o

cumprimento ou aguardo da sentença penal condenatória e a reinserção do egresso

na sociedade após cumprimento de sua pena.

No capítulo II “Da assistência” da Lei de Execução Penal se pode extrair o

artigo 10 que preceitua que “a assistência ao preso e ao internado é dever do

Estado, objetivando prevenir e orientar à convivência em sociedade”.

Para reforçar tal idéia, logo em seguida o artigo 22, da mesma lei, legisla que

“a assistência social tem por finalidade amparar o preso e o internado a prepará-los

para o retorno à liberdade”. Adiante, a LEP, em seus artigos 25 e 27 regulam a

assistência ao egresso. Art. 25. A assistência ao egresso consiste:

I - na orientação e apoio para reintegrá-lo à vida em liberdade; II - na concessão, se necessário, de alojamento e alimentação, em estabelecimento adequado, pelo prazo de 2 (dois) meses. Parágrafo único. O prazo estabelecido no inciso II poderá ser prorrogado uma única vez, comprovado, por declaração do assistente social, o empenho na obtenção de emprego.

Art. 27. O serviço de assistência social colaborará com o egresso para a

obtenção de trabalho. Entende-se por egresso, de acordo com Ferreira (2000, p.

251), “detento ou recluso que, tendo cumprido sua pena, ou por outra causa legal,

se retirou do estabelecimento penal”.

A LEP também esclarece o que é egresso em seu artigo 26:

Art. 26. Considera-se egresso para os efeitos desta Lei: I - o liberado definitivo, pelo prazo de 1 (um) ano a contar da saída do estabelecimento; II - o liberado condicional, durante o período de prova.

Para Araújo Junior (1995, p. 26):

Page 31: UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL - ULBRA MANAUS CURSO … · Aos Professores do Curso de Direito do Centro Universitário Luterano ... para segurança pública, ... pois através da

30

A prisão, com efeito, está em crise. Essa crise abrange também o objeto ressocializador da pena privativa de liberdade, visto que grande parte dos questionamentos e críticas que se são feitos à prisão não referem-se à impossibilidade relativa ou absoluta de obter algum efeito positivo sobre o apenado. Inclusive os próprios detentos estão cônscios dessas dificuldades do sistema prisional.

Desta forma, a finalidade de regenerar o preso só será alcançada quando o

Estado, detentor do monopólio da jurisdição, proporcionar às instituições prisionais

condições ideais para o desenvolvimento de atividades e de programas que auxiliem

na reintegração do preso à sociedade, pois a reinserção deste não se dá apenas

com a liberdade adquirida (ARAÚJO, 1995).

4.2 O EXCESSO DE PRAZO DA PRISÃO PREVENTIVA COMO FORMA DE

AUMENTO DA POPULAÇÃO CARCERÁRIA

As Leis n.º 11.689/2008, 11.690/2008 e 11.719/2008 alteraram

substancialmente o Processo Penal brasileiro. Com elas, novos procedimentos

foram estabelecidos e, consequentemente, novos prazos vieram à tona. Entretanto,

para a compreensão do tema sobre o tempo da prisão preventiva após as reformas

advindas, necessário faz-se analisar como era a situação anterior, ou seja, de que

forma se estabelecia o prazo razoável de tal medida cautelar nos termos do antigo

Código de Processo Penal.

Apesar de haver previsão legal sobre os fundamentos da prisão preventiva (já

elencados), situação diversa ocorria quanto ao prazo dessa medida. Quanto a tal

situação, assevera Frederico Abrahão de Oliveira (1998, p. 93) que “à Prisão

Preventiva não são estipulados prazos, nem momentos precisos para decretação”.

Leciona Antonio Scarance Fernandes (2005, p. 125) que, para combater o

excesso de prisão, invocava-se o art. 648, II Código de Processo Penal, “que

considera constituir constrangimento ilegal, sanável por Habeas corpus, a

permanência de alguém preso por mais tempo do que determina a lei”.

Posteriormente, entretanto, com o advento da Lei n.º 9.303/96 (Lei do Crime

Organizado), determinou-se que o prazo limite para a manutenção do indivíduo em

Page 32: UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL - ULBRA MANAUS CURSO … · Aos Professores do Curso de Direito do Centro Universitário Luterano ... para segurança pública, ... pois através da

31

prisão cautelar seria de 81 dias, passando-se a utilizar tal prazo também em outros

casos de processos por crimes de reclusão por construção jurisprudencial, no intuito

de suprir a lacuna legal (FERNANDES, 2005, p. 125).

Com o mesmo objetivo de sanar a omissão legislativa, o STJ consolidou seu

entendimento sobre o tema através de algumas súmulas, todas no intuito de afastar

argumentos sobre o excesso de prazo no processo penal; Súmula n.º 21 do STJ:

“Com a pronúncia resta superado o alegado constrangimento ilegal por excesso de

prazo na instrução”; Súmula n° 52 do STJ: "Encerrada a instrução criminal, fica

superada a alegação de constrangimento ilegal por excesso de prazo; "Súmula nº

64-STJ: “Não há constrangimento ilegal por excesso de prazo se a demora, em feito

complexo, decorre de requerimentos da própria defesa”. Entretanto, entendimentos

jurisprudenciais passaram a admitir exceções a essa regra, tornando-se os oitenta e

um dias “somente um marco para a verificação do excesso. A sua superação não

traduzia necessariamente constrangimento ilegal, o qual deveria ser verificado em

cada processo”. (FERNANDES, 2005, p. 125).

Nesse mesmo sentido já lecionada Antonio Scarance Fernandes (2005, p.

127) ao afirmar que “há, contudo, necessidade de que se evolua, no plano

constitucional e legislativo, para fixação de regras mais claras a respeito do tempo

de prisão cautelar, evitando-se excessos injustificáveis”.

Apesar das críticas sobre a omissão legislativa em fixar um prazo legal como

sendo aquele razoável para a fixação da prisão preventiva, a reforma processual

penal advinda em agosto de 2008 novamente silenciou quanto a tal matéria,

permanecendo a ausência de previsão legal sobre o tempo da prisão cautelar.

Ainda, com o advento da reforma processual, além da percepção de que se

permanece sem um limite legal para tal medida cautelar, constata-se também que o

prazo de 81 dias já não pode mais ser considerado como limitador de tal medida,

haja vista as alterações ocorridas nos procedimentos, que necessariamente

alteraram os prazos existentes no Processo Penal.

Veja-se que os procedimentos foram alterados visando a celeridade

processual, a fim de fazer valer o princípio constitucional da razoável duração do

processo.

Page 33: UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL - ULBRA MANAUS CURSO … · Aos Professores do Curso de Direito do Centro Universitário Luterano ... para segurança pública, ... pois através da

32

4.3 O POSICIONAMENTO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL SOBRE O

PRAZO RAZOÁVEL DA PRISÃO PREVENTIVA

Conforme já analisado, o prazo da prisão preventiva permanece como uma

incógnita em nosso ordenamento jurídico, tendo se tornado questão ainda mais

controversa a partir da reforma do Código de Processo Penal, a qual alterou os

prazos dos procedimentos e, consequentemente, impossibilitou a aplicação da

doutrina dos “81 dias”, anteriormente pacificada pelo Supremo Tribunal Federal

através de súmulas.

A importância do posicionamento do STF acerca do tema desse trabalho se

perfectibiliza na medida em que o Princípio da Razoabilidade, desde a emenda

constitucional n.º 45, recebeu status constitucional, tornando o prazo razoável não

apenas um instrumento para delinear o tempo da prisão cautelar preventiva em face

da omissão legislativa de fixar parâmetros legais, mas sim, uma garantia

constitucional de respeito ao acusado no processo penal que deve,

obrigatoriamente, ser assegurado.

Em face de tal conclusão, faz-se necessário analisar de que forma o Supremo

Tribunal Federal vem aplicando o Princípio da Razoabilidade em suas decisões, o

que se fará a seguir. Salienta-se que o trabalho se propôs a analisar algumas

decisões emanadas pelo STF, as quais versaram sobre o excesso de prazo da

prisão preventiva. Nesse sentido, nove decisões foram verificadas, tendo todas elas

ressaltado os três critérios anteriormente analisados ao longo do trabalho

(complexidade do caso, conduta das autoridades judiciárias e conduta do acusado e

defesa e ao longo do feito) no intuito de embasar a utilização do Princípio da

Razoabilidade para solucionar os casos concretos enfrentados; todas as decisões

analisadas foram colegiadas e unânimes, ou seja, não houve divergência entre os

julgadores no momento de optar pelos critérios subjetivos para analisar a existência

ou não do excesso de prazo da prisão cautelar preventiva.

4.4 O TRABALHO COMO ESTRATÉGIA DE RESSOCIALIZAÇÃO DE PRESOS

Por este estudo, inicia-se a idéia de humanização da execução penal. Os

direitos não atingidos pela sentença não podem em hipótese alguma atingir o

Page 34: UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL - ULBRA MANAUS CURSO … · Aos Professores do Curso de Direito do Centro Universitário Luterano ... para segurança pública, ... pois através da

33

condenado. Ao condenado são preservados todos os direitos inerentes aos

cidadãos, exceto aqueles que a própria sentença limita.

De acordo com a ênfase de Catão e Sussekind (1980) apud Mirabete (2004,

p. 41) ensinam que “a prisão não constitui território no qual às normas

constitucionais não tenham validade”.

Conclui-se que a sentença não é fator que tira do indivíduo recluso a condição

de sujeito de direito, e neste sentido, este artigo é uma extensão da garantia

constitucional trazida pela Magna Carta. Logo, em seguida, tem-se o artigo 4º que

versa sobre a participação da sociedade civil na execução penal.

Art. 4º. O Estado deverá recorrer à cooperação da comunidade nas atividades de execução da pena e da medida de segurança. Na Exposição de Motivos da Lei de Execução Penal o item 24 faz referência à comunidade como fator indispensável para o alcance da finalidade a que se destina a referida lei. 24. Nenhum programa destinado a enfrentar os problemas referentes ao delito, ao delinqüente e à pena se completaria sem o indispensável e contínuo apoio comunitário.

Neste dispositivo o Estado não se exime da tarefa que lhe é conferida, porém

ele dá à comunidade parcela de responsabilidade em relação à ressocialização e

reintegração daquele que cumpriu sua pena.

De acordo com Reale Junior (1983) apud Mirabete (2004, p. 45) afirma que:

“A comunidade pode colaborar, trazendo à rigidez da administração penitenciária o sopro da vida livre, agindo como fiscal ou auxiliando na tarefa de assistir o encarcerado”.

Neste tocante, Mirabete (2004, p. 89) escreve que “o trabalho:

[...] é um dos mais importantes fatores de reajustamento social do condenado”. O trabalho serve para combater o maior dos problemas enfrentados atualmente pelo sistema prisional vigente: a ociosidade do preso.

Segundo Ássaly (1944) apud Marcão (2007, p. 26) também fala sobre a

relevância do trabalho do presidiário. O trabalho do presidiário, consagrado em

todas as legislações hodiernas, constitui uma das pedras fundamentais do sistema

Page 35: UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL - ULBRA MANAUS CURSO … · Aos Professores do Curso de Direito do Centro Universitário Luterano ... para segurança pública, ... pois através da

34

penitenciário vigente e um dos elementos básicos da política criminal. O trabalho

não é uma assistência, porém um mecanismo que evita a ociosidade.

Marcão (2007, p. 26) diz que “o trabalho do sentenciado tem dupla finalidade:

educativa e produtiva”. É justamente baseado nestas finalidades que o trabalho,

visto de forma positiva, pode ser valioso instrumento de recuperação do delinqüente.

Continuando a análise da Lei, os artigos 38 e 39 tratam dos deveres do preso.

Art. 38. Cumpre ao condenado, além das obrigações legais inerentes ao seu

estado, submeter-se às normas de execução da pena.

Art. 39. Constituem deveres do condenado:

I - comportamento disciplinado e cumprimento fiel da sentença; II - obediência ao servidor e respeito a qualquer pessoa com quem deva relacionar-se; III - urbanidade e respeito no trato com os demais condenados; IV - conduta oposta aos movimentos individuais ou coletivos de fuga ou de subversão à ordem ou à disciplina; V - execução do trabalho, das tarefas e das ordens recebidas; VI - submissão à sanção disciplinar imposta; VII - indenização a vitima ou aos seus sucessores; VIII - indenização ao Estado, quando possível, das despesas realizadas com sua manutenção, mediante desconto proporcional da remuneração do trabalho; IX - higiene pessoal e asseio da cela ou alojamento; X - conservação dos objetos de uso pessoal. Parágrafo único. Aplica-se ao preso provisório, no que couber, o disposto neste artigo.

Este rol de deveres envolve a relação do Estado com o condenado. Ao

condenado deve ser imposta somente as limitações inerentes a sua pena.

Para Pimentel (1978) apud Marcão (2007, p. 30) escreve sobre as

dificuldades encontradas pelo preso no ingresso do sistema carcerário e a condição

com que ele passa a ser tratado: um homem prisonizado.

4.5 A REDUÇÃO DA POPULAÇÃO CARCERÁRIA

A redução da população carcerária é um problema a ser resolvido. Inúmeras

alternativas já foram sugeridas e pouca coisa foi colocada em prática. O motivo pelo

qual estas alternativas não entram em vigor de forma efetiva são os muitos

interesses políticos, econômicos e até sociais que preferem esconder em baixo do

tapete esse problema que vem ficando cada vez mais aparente.

Page 36: UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL - ULBRA MANAUS CURSO … · Aos Professores do Curso de Direito do Centro Universitário Luterano ... para segurança pública, ... pois através da

35

De acordo com Melo (2011) o complexo brasileiro comporta atualmente

aproximadamente 500.000 presos e mais 500.000 indivíduos cumprindo penas

alternativas. E a partir de uma análise fria, é notório que aproximadamente 400 mil

presos (80%) estão respondendo por furto, roubo e tráfico de pequenas

quantidades. Ou seja, embora tenhamos quase 1.600 tipos (e sub-tipos) de crimes

na legislação penal, somente três tipos de crimes prevalecem no dia a dia prisional.

Em 2014, apesar de não existirem levantamentos exatos, já eram 622.202

presos, em 2017 numa proporção de 7% ao ano aproximadamente, de acordo com o

Departamento Penitenciário Nacional do Ministério da Justiça. Entretanto um ponto a

ser considerado nestes percentuais são o número de presos provisórios, que de

acordo com o gráfico 5, 6, 7 e 8, tem as seguintes estatísticas:

Gráfico 5- Levantamento por tipo de crime cometido em presos provisórios

Fonte: CNJ - Conselho Nacional de Justiça, 2017.

Page 37: UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL - ULBRA MANAUS CURSO … · Aos Professores do Curso de Direito do Centro Universitário Luterano ... para segurança pública, ... pois através da

36

Gráfico 6 – (%) de Presos Provisórios para o Total de Presos por UF.

Fonte: CNJ - Conselho Nacional de Justiça, 2017.

Gráfico 7 – Tempo Médio de Prisão em Dias por UF

Fonte: CNJ - Conselho Nacional de Justiça, 2017.

Page 38: UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL - ULBRA MANAUS CURSO … · Aos Professores do Curso de Direito do Centro Universitário Luterano ... para segurança pública, ... pois através da

37

Gráfico 8 - Presos com mais de 180 dias em Custódia Cautelar.

Fonte: CNJ - Conselho Nacional de Justiça, 2017.

Os dados apresentados demonstram que só de população carcerária, há um

número bem elevado, ainda que temporariamente, aumentando a população

carcerária. E nesse sentido, é cabível de ações que se resolvidas, vão reduzir essa

demanda.

Um dos gargalos da redução da população carcerária é que em muitos

estados o Estado acusa e o Estado mesmo defende o réu e este passa a ser um

refém da burocracia aumentando o seu tempo de decisão judiciária ou seu

julgamento. Apesar do estado do Amazonas está adotando atualmente o sistema de

terceirização das prisões, o sistema encontra outras dificuldades que culminam

também na demora do preso dentro das cadeias públicas, uma delas é a corrupção

e o desvio de verbas para este setor, pois no Amazonas se teve recentemente o a

rebelião do complexo Anísio Jobim que é gerenciado pela empresa Humanizare, que

provou está abaixo de sua proposta inicial, envolvida possivelmente com a

corrupção estadual e com o próprio crime organizado.

Destaca Melo (2011) que em razão desses fatores, a quantidade de presos

aumentou em mais de 30% nos últimos anos. Inclusive as verbas do Departamento

Page 39: UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL - ULBRA MANAUS CURSO … · Aos Professores do Curso de Direito do Centro Universitário Luterano ... para segurança pública, ... pois através da

38

Penitenciário Nacional (Depen) estão sendo canalizadas para este setor sem haver

resultados positivos para a redução da população carcerária.

Mauro Cappelleti (2010) em sua obra clássica, Acesso à Justiça concluiu em

sua pesquisa que o melhor modelo de assistência jurídica era o que criava

oportunidades ao cidadão de escolha e que era um avanço juntamente com os

planos de assistência jurídica. Essas oportunidades de melhoria acabam por

seguirem uma filosofia torta, de que quanto “mais dinheiro, mais gente”, pois isto

interessa a certos grupos que lucram com este sistema, os prestadores do serviço.

Afinal, setores como funerárias lucram com a morte e as farmácias lucram com a

doença, esta é a verdade, embora chocante.

Outro ponto destacado por Melo (2011) é repercutir o “mito da obrigatoriedade

da ação penal”, sendo o Ministério Público é obrigado a denunciar apenas para

movimentar a máquina judiciária, pois muitos dependem desta indústria, embora isto

não seja expresso no Código de Processo Penal prevalece como mito/princípio. A

conclusão simples é que sem processo judicial não existe mercado, nem serviço

para muitos. Oportuno destacar que nos países da Europa pequenos delitos ficam

na esfera da não obrigatoriedade da ação penal e que nos Estados Unidos a

amplitude de delitos para não se ajuizar ações penais é bem maior, porém os

promotores estadunidenses são, em regra, eleitos, logo o controle social é feito de

outra forma.

Portanto, se há excesso de presos, ao invés de o Estado gastar dinheiro

apenas com presídios, segurança e assistência jurídica para garantir os direitos dos

presos, muito melhor seria permitir medidas para não se prender e nem processar

em alguns casos. Gazoto (2003, p. 179-180) destaca algumas possibilidades de

resolução do problema do aumento da população carcerária, tais como:

1) Transformar a ação penal de furto de objetos no valor de até R$ 100 em Ação Penal condicionada à representação da vítima, uma medida similar à adotada em países na Europa. 2) Prever expressamente que o Ministério Público poderá, fundamentadamente, estabelecer prioridades no ajuizamento de ações penais em delitos de caráter patrimonial e cometidos sem violência, sendo que se a vítima discordar poderá recorrer ao Conselho Superior do Ministério Público. 3) Definir na lei a possibilidade de aplicação do princípio da insignificância para crimes de furto para não se iniciar o processo penal, pois não faz sentido ajuizar Ação Penal para se discutir a insignificância apenas para manter o mercado de ações judiciais aquecido.

Page 40: UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL - ULBRA MANAUS CURSO … · Aos Professores do Curso de Direito do Centro Universitário Luterano ... para segurança pública, ... pois através da

39

4) Descentralizar a assistência jurídica e criar meios para que o cidadão, inclusive o preso, tenha efetivamente opções de escolher o seu advogado de confiança criando várias alternativas na iniciativa privada e até mesmo estatal. 5) Criar as Centrais de Penas Alternativas e ampliar as hipóteses de transação penal e suspensão condicional do processo cumulada com penas alternativas, além de melhorar a legislação sobre estes temas. 6) Extinguir, mediante lei, o regime aberto, pois anacrônico no sistema atual. Afinal, melhor seria que do regime semi-aberto ocorresse a progressão para pena alternativa. 7) Facilitar a emissão dos atestados de pena pela internet, pois atualmente há forte lobby para manter monopólio de emissão e recebimento para que o preso fique refém de alguns prestadores de serviço. 8) Investir em tornozeleiras eletrônicas em vez de construir mais presídios, pois há casos de presos provisórios que realmente não precisavam ficar presos se tivessem a pulseira eletrônica, o problema é que preso dá mais lucro para quem vende marmita, uniforme, segurança e outros serviços, pois um preso custa em torno de R$ 2000,00 enquanto um vigiado por tornozeleira custa R$ 300,00 e consegue ter mais liberdade para escolher advogado e esta concorrência não interessa a muitos. 9) Reduzir os atuais 1600 tipos penais para menos de 500 tipos penais e restabelecer a codificação das leis penais para melhorar a organização e aplicação das leis penais ao se evitar normas esparsas e contraditórias. Afinal, não adianta reformar o CPP, sem atentar para o Código Penal e nem criar tipos penais feitos no calor dos telejornais em razão de casos específicos.

Melo (2011) calcula que se fosse empregadas estas medidas, em até dois

anos, ter-se-á até 200 mil presos a menos compondo a população carcerária, ou

seja, uma redução de até 50% do efetivo atual, remanejando indivíduos para cumprir

penas alternativas.

No Amazonas está havendo nesse momento um enorme remanejamento de

presos para outros presídios, o conflito entre dois grupos do crime organizado tem

colocado o Estado contra a parede e, mesmo sendo uma situação já prevista anos

atrás, o governo não atentou para as ações necessárias para evitar este caos.

Page 41: UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL - ULBRA MANAUS CURSO … · Aos Professores do Curso de Direito do Centro Universitário Luterano ... para segurança pública, ... pois através da

40

5 CONCLUSÃO

A partir do contexto exposto, é natural chegar a conclusão que poucos

avanços ocorreram no âmbito do ambiente carcerário, ainda encontra-se como um

segmento ocioso da sociedade e não bastasse estar usufruindo de recursos muito

necessários em outros segmentos, como o da saúde por exemplo, ainda acaba por,

de acordo com o pensamento comum, degenerar mais ainda aqueles que passam

pela prisão, tornando-os mais perigosos, mais insensíveis e mais cruéis. Muitas

vezes os erros cometidos contra a Lei por esses criminosos, considerados leves,

acabam por transformar estes prisioneiros em agentes de crimes maiores.

É notório que se são presos por ter furtado algo como comida por motivos de

sobrevivência, quando adentram a cadeia são compelidos a escolherem lados

dentro dos muros do Presídio, muitas vezes, e isso é facilmente comprovado ao se

analisarem a folha corrida destes criminosos alguns anos depois, observando o

primeiro crime e o último cometido, entram para o chamado crime organizado e, daí,

raramente saem da marginalidade, pois são obrigados enfim, a estarem no mundo

do crime.

Analisando todos os aspectos fatoriais do segmento carcerário amazonense,

percebe-se que as discussões acerca da temática precisam ser incentivadas,

incluindo a sociedade civil organizada nesse debate, minimizando os problemas

referentes ao sistema prisional nacional, trazendo a cena, por que não, os atores

privados a participarem desse desafio, efetuando uma espécie de tratamento de

choque penal. A ressocialização é um processo que deve iniciar pelo Estado

obrigatoriamente, mas que deve encontra apoio na sociedade civil. Os motivos são

os mais simples possíveis: um deles é a despesa muito alta para custear um preso

“sem fazer nada” o dia inteiro. Segundo, o intuito constitucional de se imputar pena

não é somente de pagar suas dividas com a sociedade, mas transformar-se em um

cidadão corrigido, de acordo com os parâmetros legais e sociais. Terceiro, todos os

dias são presas mais e mais pessoas que são “jogadas” dentro de depósitos

humanos para simplesmente ficarem fora do convívio social. Sendo que, ficam fora

somente fisicamente, mas também é notório que organizações criminais que mesmo

dentro da cadeia, conseguem controlar os movimentos do crime e o terror à

sociedade. Ou seja, estão inutilmente trancafiados, mas sem estarem inativos.

Page 42: UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL - ULBRA MANAUS CURSO … · Aos Professores do Curso de Direito do Centro Universitário Luterano ... para segurança pública, ... pois através da

41

A ressocialização é um caminho racional para o problema das superlotações

prisionais e, além de desafogar o sistema penitenciário transformará a população

carcerária que está alem de ociosa, ainda em posição extremamente prejudicial à

sociedade, fazer com que está possa pagar sua estada junto a justiça e a sociedade.

Para isso deve haver uma enorme mudança de valores sociais para que, possa

realmente ser um fator de reabilitação de presos, não somente de punição, mas de

capacidade de transformar uma “massa” parada em uma massa produtiva.

Page 43: UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL - ULBRA MANAUS CURSO … · Aos Professores do Curso de Direito do Centro Universitário Luterano ... para segurança pública, ... pois através da

42

6 REFERÊNCIAS

ARAUJO JÚNIOR, João Marcello de (coord.). Privatização das prisões. São Paulo : Revista dos Tribunais, 1995. 119 ÁSSALY, Alfredo Issa. O trabalho penitenciário. São Paulo: Martins, 1944. BARROSO, Luis Roberto. Curso de Direito Constitucional Contemporâneo. 2ª ed. Saraiva, 2010. BITTENCOURT, Cezar R. Falência da Pena de Prisão: causas e alternativas. São Paulo: Saraiva, 2001. BECCARIA, Cesare. Dos Delitos e das Penas. São Paulo: Martin Claret, 2002-2006. BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, Senado, 1.988. BRASIL. Código Penal. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848.htm. Acesso em: 19/10/2017 BULLOS, Uadi Lammego. Curso de Direito Constitucional. 6ª ed. Saraiva, 2011. CARVALHO FILHO, Luís Francisco. A prisão. São Paulo: Publifolha, 2002. DIP, Ricardo. Crime e Castigo: Reflexões Politicamente Incorretas. 2 ed.; Millennium, 2002.

CAPPELLETTI, Mauro. Acesso à Justiça. 6 ed. Tradução de Ellen Gracie. RS: Safe, 2010.

CNJ. Conselho Nacional de Justiça. Levantamento dos Presos Provisórios do País e Plano de Ação dos Tribunais. Disponível em: http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/84371-levantamento-dos-presos-provisorios-do-pais-e-plano-de-acao-dos-tribunais. Acesso em: 13/11/2017. DEPEN – Departamento Penitenciário Nacional. População Carcerária. Disponível em: http://portal.mj.gov.br/data/Pages/MJD574E9CEITEMIDC37B2AE94C6840068 B1624D28407509CPTBRNN.htm Acesso em: 19/10/2017 FERREIRA, Luis Pinto. Comentários à Constituição brasileira. São Paulo: Saraiva, 1990. FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir. 32 ed. Petrópolis. Editora Vozes, 1987 FRAGOSO, Heleno Claudio; CATÃO, Yolanda; SUSSEKIND, Elisabeth. Direitos dos presos. Rio de Janeiro: Forense, 1980.

Page 44: UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL - ULBRA MANAUS CURSO … · Aos Professores do Curso de Direito do Centro Universitário Luterano ... para segurança pública, ... pois através da

43

GAZOTO, Luis Wanderley. O Princípio da Não Obrigatoriedade da Ação Penal Pública. São Paulo: Manole, 2003.

JESUS, Damásio Evangelista de, Penas Alternativas, São Paulo: Ed. Saraiva, 2000. MARCÃO, Renato Flávio. Curso de Execução Penal. São Paulo: Saraiva, 2004. MELO, André Luís Alves de. Veja possíveis soluções para a redução de presos. 2011. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2011-mar-14/reducao-presos-prever-mudanca-sistema-penal. Acesso em: 08/11/2017. MIRABETE, Júlio Fabbrini. Execução Penal: Comentários à Lei nº 7.210, 11-7-2004. NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Processo Penal e Execução Penal. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010. PIMENTEL, Manoel Pedro. Apud MARTINS, Jorge Schaefer. Penas Alternativas. Curitiba: Juruá, 1999. POLITIZE. O Brasil e sua População Carcerária. Disponível em: http://www.politize.com.br/populacao-carceraria-brasileira-perfil/. Acesso em: 13/11/2017. PORTO, Roberto. Crime organizado e sistema prisional. São Paulo: Atlas, 2007. REALE JÚNIOR, Miguel. Novos rumos do sistema criminal. Rio de Janeiro: Forense, 1983. SÁ (2003) SÁ, Alvino Augusto de. A "ressocialização" de presos e a terceirização de presídios: impressões colhidas por um psicólogo em visita a dois presídios terceirizados. In Rev. Fund. Esc. Super. Minist. Público Dist. Fed. Territ., Brasília, Ano 11, Volume 21, p. 13-23, jan./jun. 2003.