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UNIVERSIDADE GAMA FILHO VICE-REITORIA ACADÊMICA COORDENAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO E ATIVIDADES COMPLEMENTARES PÓS-GRADUAÇÃO EM TRADUÇÃO DO INGLÊS CONSISTÊNCIA TERMINOLÓGICA: ANÁLISE DE UM RECORTE DE TERMOS DO TEMA LIGAÇÃO QUÍMICA EM DOIS MANUAIS DIDÁTICOS DE QUÍMICA TRADUZIDOS DO INGLÊS PARA O PORTUGUÊS Daviane Zottis Contini Porto Alegre 2012

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UNIVERSIDADE GAMA FILHO

VICE-REITORIA ACADÊMICA

COORDENAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO

E ATIVIDADES COMPLEMENTARES

PÓS-GRADUAÇÃO EM TRADUÇÃO DO INGLÊS

CONSISTÊNCIA TERMINOLÓGICA: ANÁLISE DE UM RECORTE DE TERMOS

DO TEMA LIGAÇÃO QUÍMICA EM DOIS MANUAIS DIDÁTICOS DE QUÍMICA

TRADUZIDOS DO INGLÊS PARA O PORTUGUÊS

Daviane Zottis Contini

Porto Alegre

2012

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UNIVERSIDADE GAMA FILHO

VICE-REITORIA ACADÊMICA

COORDENAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO E ATIVIDADES COMPLEMENTARES

PÓS-GRADUAÇÃO EM TRADUÇÃO DO INGLÊS

CONSISTÊNCIA TERMINOLÓGICA: ANÁLISE DE UM RECORTE DE TERMOS

DO TEMA LIGAÇÃO QUÍMICA EM DOIS MANUAIS DIDÁTICOS DE QUÍMICA

TRADUZIDOS DO INGLÊS PARA O PORTUGUÊS

Monografia apresentada à UGF como

requisito parcial para a conclusão do curso de

pós-graduação latu sensu em Tradução do

Inglês

Por

Daviane Zottis Contini

Professora orientadora

Nina Bandeira Seabra

Porto Alegre

2012

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DAVIANE ZOTTIS CONTINI

CONSISTÊNCIA TERMINOLÓGICA: ANÁLISE DE UM RECORTE DE TERMOS

DO TEMA LIGAÇÃO QUÍMICA EM DOIS MANUAIS DIDÁTICOS DE QUÍMICA

TRADUZIDOS DO INGLÊS PARA O PORTUGUÊS

Monografia apresentada à

Universidade Gama Filho como

requisito parcial para a obtenção

do grau de especialista em

tradução do inglês. Orientadora

Professora Nina Bandeira Seabra.

Aprovada em

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________

Professor Carlos Nougué (Universidade Gama Filho)

_________________________________________________

Professor José Luis Sánchez (Universidade Gama Filho)

_________________________________________________

Professora Meritxell Almarza (Universidade Gama Filho)

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RESUMO

Este trabalho teve como base a pesquisa interdisciplinar entre a Área de Educação

Química do Instituto de Química da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e o

projeto de pesquisa TEXTQUIM do Instituto de Letras da mesma universidade, em que

analisamos aspectos linguísticos em cinco manuais didáticos de Química Geral, frutos de

tradução do inglês para o português. Neste trabalho, o corpus consistirá em dois desses

manuais: “Chemical Principles” (manual A), cuja tradução é “Princípios de Química”, e

“University Chemistry”, cuja tradução é “Química: um curso universitário” (manual B) com o

tema Ligação Química, que compreende quatro capítulos, dois de cada manual. Fizemos a

análise da tradução de dez termos escolhidos em inglês para verificar se eles seguiram o

princípio da consistência terminológica, em que escolhida uma tradução para um termo X,

esta deve ser mantida ao longo de todo o texto. Esses capítulos foram digitalizados, colados

em documento do Word e os textos foram alinhados em parágrafos em L1 (inglês) e L2

(português) com a ajuda do recurso Viewer & Aligner da suíte de aplicativos Wordsmith Tools

V3. Fizemos uma tabela com os termos escolhidos e o número de ocorrências de cada um

deles nos quatro capítulos para ajudar na verificação da consistência. Observamos que houve

inconsistência na tradução de 80% dos termos selecionados, considerando que nem todos os

termos foram encontrados em ambos os manuais. Dos dez termos selecionados, o manual A

apresentou nove, sendo cinco deles com problema de inconsistência, 55% dos casos. No

manual B, encontramos ocorrências de oito dos dez selecionados, sendo que quatro deles

tiveram problema de inconsistência, ou seja, 50% dos casos. A consistência terminológica é

um requisito importante da tradução técnica, pois sua inobservância pode levar o leitor a

pensar que o tradutor está introduzindo conceitos ou termos diferentes na tradução, em vez

retomar algum termo ou conceito já mencionado.

Palavras-chave: Consistência terminológica, tradução técnica, termos, manual didático de

Química.

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ABSTRACT

This work is based on the interdisciplinary research carried out by the Chemistry

Education Department from the Chemistry Institute at Federal University of Rio Grande do

Sul (UFRGS), and the TEXTQUIM research project from the Language Institute at the same

university, in which linguistic aspects were analised in five didactic manuals from General

Chemistry, and were translated into Brazilian Portuguese. In this work the corpus consisted of

two of these manuals: “Chemical Principles” (manual A), “Princípios de Química” in

Portuguese, and “University Chemistry”, “Química: um curso universitário” (manual B) in

Portuguese, whose subject is Chemical Bond, which covers four chapters, two from each

manual. We analised the translation of ten terms selected in English to verify whether they

followed the consistent terminology principle, which states that once a translation is chosen

for a certain term, it must be maintained throughout the whole text. These chapters were

scanned, pasted into Word documents and aligned into paragraphs in L1 (English) and L2

(Portuguese) with the help of Viewer and Aligner feature from the application suite

Wordsmith Tools V3. We organized the selected terms, and the number of occurrences of each

one in the four chapters in a table to help in verifying the terminology consistency. We

noticed that there was inconsistency in the translation of 80% from the selected terms,

considering that not all the terms were found in both of the manuals, among the ten selected

terms, the manual A had nine terms, and five out of them with inconsistency issues, 55% of

the cases. In the manual B, we found occurrences of eight out of the ten selected terms, in

which four had inconsistency issues, that is, 50% of the cases. The terminology consistency is

an important requirement for the technical translation, because if the translator fails to follow

it, the reader might think a new term or concept is being introduced into the translation rather

than referring to a term or concept which was mentioned before.

Keywords: Terminology consistency, technical translation, terms, Chemistry didactic manual.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais, Davino e Elaine, pelo apoio durante o período desta pós-

graduação e pelo incentivo aos estudos.

Agradeço ao meu marido Ângelo pelo incentivo e pela compreensão nos finais de

semana de ausência por causa das aulas.

Agradeço especialmente à professora do curso de Letras da UFRGS, Maria José

Bocorny Finatto, que foi minha orientadora no projeto TEXTQUIM entre os anos de 2003 a

2005, pelo fornecimento do material para análise deste corpus e pelo incentivo à pesquisa na

área da tradução.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO............................................................................................................7

1.1 Consistência terminológica.........................................................................................8

1.2 Justificativa.................................................................................................................10

1.3 Objetivo......................................................................................................................11

1.4 Metodologia................................................................................................................12

2. REFERÊNCIAS TEÓRICAS.......................................................................................13

3. ESTUDO DE CASO.....................................................................................................16

4. CONCLUSÃO..............................................................................................................30

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................32

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1. INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como base a pesquisa interdisciplinar entre a Área de Educação

Química do Instituto de Química da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS),

com a coordenação do Prof. Dr. José Cláudio Del Pino, e o projeto de pesquisa TEXTQUIM1

do Instituto de Letras da mesma universidade, com a coordenação da Profª. Drª. Maria José

Bocorny Finatto. Um dos objetivos desse projeto era analisar aspectos linguísticos de cinco

manuais didáticos de Química Geral usados no curso de graduação em Química, todos eles

frutos de tradução do inglês para o português. Como havia queixas de dificuldade na

compreensão dos manuais por parte dos alunos, decidimos verificar se havia problemas na

tradução desses textos por meio da análise de termos, expressões anunciadoras de paráfrase e

advérbios.

Para este trabalho, selecionamos dois desses manuais didáticos em inglês “Chemical

Principles” (manual A) e “University Chemistry” (manual B), cujas traduções para o

português são “Princípios de Química” e “Química: um curso universitário”, respectivamente,

e o corpus consistirá em quatro capítulos, dois de cada manual, que tratam do tema Ligação

Química. O aspecto analisado será a consistência terminológica na tradução de dez termos

frequentes nesses quatro capítulos.

De modo a realizar essa análise, esses quatro capítulos em inglês e português foram

digitalizados, colados em documento Word e alinhados em parágrafos com ajuda do recurso

Viewer & Aligner da suíte de aplicativos Wordsmith Tools V32. Com esse alinhamento, feito

pela equipe de participantes do projeto TEXTQUIM, a análise da tradução pôde ser feita com

mais facilidade para a detecção dos possíveis problemas.

1 A autora participou deste projeto de pesquisa entre os anos de 2003 e 2005, quando cursava a graduação em

Letras Bacharelado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Para obter mais informações sobre o projeto, acesse http://www6.ufrgs.br/textquim/. 2 Versão demonstrativa disponível para download em http://www.lexically.net/wordsmith/version3/index.htm.

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1.1 Consistência terminológica

Segundo Finatto e Krieger (2004, p. 66), os termos técnico-científicos são elementos-

chave dos textos especializados, pois consistem na expressão própria da comunicação

profissional, o que possibilita que conceitos comuns de uma determinada área sejam

compartilhados e difundidos entre seus especialistas. O tradutor deve conhecer a área em que

está traduzindo para utilizar a terminologia adequada e familiar entre os profissionais, de

modo que quando leiam os textos, observem que o vocabulário específico foi usado

corretamente.

Ao enfrentarem uma série de requisitos textuais para uma prática competente, os

tradutores compreendem que os termos técnicos e científicos consistem numa forma

de expressão própria da comunicação profissional, possibilitando que sejam

objetivamente veiculados conceitos próprios de uma área. É nessa medida que os

termos configuram-se como elementos lingüísticos de representação e de divulgação

do conhecimento, além de funcionarem como recurso para conferir univocidade e,

conseqüentemente, eficácia à comunicação entre especialistas. (op. cit.)

Além da tradução adequada dos termos, outro aspecto deve ser observado, que é a

consistência terminológica. Conforme Norman (2001, p.1), a variação terminológica é válida

em textos criativos, em que não é original usar repetições, mas não em textos técnicos, em que

a variação pode causar confusão na compreensão do leitor. Ou seja, escolhida uma tradução

para um termo X em um determinado texto, esta deve ser mantida até o fim. A inconsistência

na tradução dos termos pode levar o leitor a entender que um novo conceito está sendo

apresentado, em vez da retomada de um conceito previamente mencionado, e também

compromete a coesão e a coerência no texto.

Segundo Koch (2003, p. 16),

a coesão, por estabelecer relações de sentido, diz respeito ao conjunto de recursos

semânticos por meio dos quais uma sentença se liga com a que veio antes, aos

recursos semânticos mobilizados com o propósito de criar textos. A cada ocorrência

de um recurso coesivo no texto, denominam “laço”, “elo coesivo” (grifos da autora).

Já a coerência “responsável pela continuidade dos sentidos no texto, não se apresenta,

pois como mero traço dos textos, mas como o resultado de uma complexa rede de fatores de

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ordem lingüística, cognitiva e interacional” (op. cit., p. 17). Portanto, a coesão e a coerência

são elementos que estabelecem a estruturação e a relação entre as ideias do textos, e podem

ser comprometidas com a falta de consistência na tradução dos termos.

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1.2. Justificativa

Os manuais didáticos de Química Geral “Princípios de Química” (manual A) e

“Química: um curso universitário (manual B)” em português eram usados como instrumento

de aprendizagem no curso de graduação em Química da UFRGS e eram alvo de muitas

críticas devido à falta de compreensão por parte dos alunos. Pelo fato de serem manuais

traduzidos, decidimos fazer uma análise da tradução para verificar a incidência (ou não) de

problemas.

Os termos são elementos que fazem parte da difusão do conhecimento dos textos

técnico-científicos, portanto devem ser traduzidos de modo que sejam compreendidos pelos

profissionais da língua-alvo. A observância da consistência terminológica é um dos requisitos

para uma tradução consistente e coesa, fazendo com que o texto fique compreensível para o

público-alvo.

A importância da tradução de termos na tradução técnica e o impacto da inobservância

da consistência terminológica na compreensão do texto traduzido estimularam a elaboração

deste trabalho.

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1.3 Objetivo

O objetivo deste trabalho é verificar se o princípio da consistência terminológica foi

seguido na tradução de dez termos selecionados na língua de partida em um corpus

constituído de quatro capítulos de dois manuais didáticos de química traduzidos do inglês

para o português. Para enfatizar a importância da tradução adequada e consistente dos termos

em textos técnicos, Rónai (apud OTTONI, 1998, p.1) afirma que

Em regra geral o nível da tradução técnica é mais elevado que o da literária, pelo

menos no que diz respeito à fidelidade. Um erro na versão de uma peça de

Shakespeare, quando muito, indignará um crítico; mas na de uma bula de remédio

ou de um formulário de materiais de construção pode ter conseqüências

imprevisíveis.

Além de serem textos técnicos, os dois manuais são textos didáticos para alunos do

curso de Química e, por isso, a observância da consistência deveria ser mais criteriosa, pois a

introdução de um novo termo impactaria negativamente na compreensão do texto. Com vista

na carga semântica dos termos técnicos em textos especializados e em sua função de difusão

do conhecimento, analisamos a uniformização (consistência) na tradução desses dez termos

ao longo do corpus.

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1.4 Metodologia

O corpus deste trabalho consiste em quatro capítulos referentes ao tema Ligação

Química do manual A e do manual B em inglês e português, que foram digitalizados e

colados em documentos do Word no projeto TEXTQUIM. Depois, com o auxílio do recurso

Viewer & Aligner do software Wordsmith Tools v.3, a equipe do projeto alinhou os parágrafos

em inglês e português para facilitar a observação da tradução. Para este trabalho, escolhemos

apenas dez termos para análise, e os capítulos foram colados em documento de texto (.txt)

para poderem ser carregados na ferramenta ApSIC XBench3 para visualização dos contextos e

quantificação do número de ocorrências de cada termo.

Para análise quantitativa, fizemos uma tabela com o número de ocorrências de cada

termo em inglês nos quatro capítulos dos dois manuais e outra tabela com o número de

ocorrências de cada termo traduzido. Com a ajuda da ferramenta ApSIC XBench, analisamos

os contextos por meio do recurso de busca de termos na língua de partida e na língua de

chegada.

Dessa maneira, verificamos se os dez termos escolhidos foram traduzidos de modo

consistente dentro do corpus deste trabalho.

3 Versão para download gratuito disponível em http://www.apsic.com/en/products_xbench.html.

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2. REFERÊNCIAS TEÓRICAS

Partindo da perspectiva de que o tradutor é um especialista em comunicação

intercultural, e não um mediador entre línguas, Azenha (1999, p. 38) nos afirma que

Essa posição de responsabilidade na administração de muitas variáveis redimensiona

o papel do tradutor que, de diletante subjugado a uma visão de linguagem e de texto

marcada pela parcialidade, passa a participante ativo no processo de tradução, nele

atuando como “técnico”, como “especialista” para a produção de textos, cujo

objetivo é viabilizar a comunicação entre culturas.

Visto que a terminologia da tradução deve ser adequada à respectiva área técnica e

levar em consideração elementos culturais, o tradutor deve utilizar a terminologia

adequadamente, contribuindo “para o alcance da precisão semântico-conceitual, requisito que

toda tradução de texto especializado obrigatoriamente requer” (Krieger e Finatto, 2004, p.67).

Anteriormente, foi destacada a relevância do termo na tradução especializada, pois constituem

conceitos próprios de uma área e possibilitam a comunicação profissional. Além da

adequação da tradução dos termos técnicos à área especializada e ao público-alvo, o tradutor

também deve traduzi-los de modo consistente. Conforme Norman (2001, p.1),

Escolha a forma correta da palavra certa e use-a até o fim. Nos cursos de inglês,

provavelmente as pessoas aprendem a variar as palavras por causa da variação. Isso

é válido para textos criativos, mas não para textos científicos. Lembre-se de que essa

variação pode ser confusa. (tradução nossa).

A variação terminológica em textos técnicos também é abordada por Maillot (1975, p.

105), que afirma que “o tradutor não deve se preocupar com a repetição na tradução de textos

técnicos e não deve mudar as traduções dos termos sob o pretexto de variar o estilo”. Tanto a

tradução adequada dos termos quanto a consistência terminológica devem ser observadas pelo

tradutor para não haver estranhamento e interpretações incorretas e/ou ambíguas na leitura do

texto pelos profissionais da área.

Para Azenha (1999, p.12), o tradutor é quem define

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a partir das características específicas das culturas envolvidas e das instruções da

tarefa de tradução, uma estratégia de trabalho que, ao mesmo tempo, 1) preserve a

referência à instância que transfere o saber científico (...) e 2) possa ser eficaz na

cultura a qual o texto é transportado.

Por isso, ele deve ter conhecimento da linguagem especializada e familiaridade com a

terminologia. Devido a seu caráter especializado, a tradução técnica não permite a variação

terminológica, que acarretaria ambiguidades e/ou problemas na compreensão do texto. Por

exemplo, em um manual de usuário de um aparelho, traduzido para o português, essa variação

poderia resultar no procedimento de uso incorreto do equipamento.

A escolha de palavras, longe de ser determinada de modo aleatório, torna-se

essencial quando o texto original fornece apenas um termo ao qual podemos atribuir

diversos significantes na língua-alvo. Na tradução, essa escolha é fundamental para

que o leitor compreenda o texto da maneira mais próxima possível da (questionável)

intenção do autor (POLCHLOPEK e AIO, 2009, p.11).

O tradutor deve ter um manejo terminológico competente e selecionar na língua de

chegada os termos equivalentes aos usados pelo profissional da língua de partida (KRIEGER

E FINATTO, 2004, p. 67). Obviamente, isso não assegura a total qualidade da tradução

técnica, pois ela não se constitui somente de componentes lexicais especializados. Essa

tipologia de tradução é feita por um indivíduo que colocará sua visão do texto de partida, ou

seja, o texto de chegada incluirá elementos subjetivos.

Segundo Azenha (1999, p. 9), muitos erros em traduções técnicas se devem ao

desconhecimento de uma terminologia específica pelo tradutor. Os textos técnicos eram

considerados um universo à parte de modo distinto dos literários, sujeitos aos ditames do

mercado e à estabilidade de sentido dos termos técnicos. Admitia-se para a tradução técnica a

noção de sentidos estáveis, centrada numa operação de transcodificação, processada à

margem de um enquadramento cultural. Porém, há aspectos subjetivos, incluindo uma

terminologia dinâmica e um elevado número de variáveis.

É certo que a tradução técnica não é de modo algum um exercício literário, mas,

sendo o estilo na verdade a maneira de exprimir o pensamento com o auxílio dos

recursos da língua, os mesmos problemas hão de surgir sempre, qualquer que seja o

domínio no qual se exerce a atividade do tradutor. (MAILLOT apud OTTONI,

1998, p.3).

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Para Azenha (1999, p.12), a tradução não pode desconsiderar a dimensão cultural. Não

pode ser vista como uma simples substituição de signos, mas como transferência e adaptação

cultural de conteúdos extralinguísticos (op. cit.). Isso também é enfatizado por Rónai (apud

OTTONI, 1998, p.4), “Ainda que o tradutor supere todas as dificuldades da terminologia

técnica, só poderá fazer trabalho satisfatório se manusear com igual eficiência os termos não-

técnicos: verbos, pronomes, conjunções e preposições”.

Portanto, além do conhecimento específico, o tradutor tem que lidar com aspectos

como gramática e interpretação, pois são muito relevantes para o fazer tradutório. O

conhecimento específico envolve o bom emprego da terminologia e a consistência na

tradução dos termos.

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3. ESTUDO DE CASO

Primeiramente, com a ajuda do recurso de busca de palavras na língua de partida e

língua de chegada da ferramenta ApSIC XBench, fizemos uma tabela com o número de

ocorrências de cada termo em inglês nos quatro capítulos dos dois manuais. A tabela abaixo

mostra os dez termos selecionados para análise.

Termos Chemical Principles University Chemistry

Ligação Química (cap. 2)

Ligação Química (cap. 3)

Valência e ligação química (cap. 6)

A Ligação Química (cap. 11)

Stiff Bond 3 0 0 0

Strong Bond 2 0 2 0

Lattice energy 6 0 0 0

Electron-dot diagram

0 0 40 18

Ionic Bond 15 1 12 17

Dipole moment

8 10 36 9

Electron affinity

9 0 0 10

Electron configuration

19 14 0 8

Fluorine atom 4 5 0 1

Diatomic molecule

10 23 5 4

A partir dessa lista, analisamos a tradução de cada um dos termos. Abaixo, estão os

contextos com os dez termos analisados:

Termo :stiff bond

Manual A

L1: A stiff bond (like a stiff spring) experiences a strong restoring force, even for quite small

displacements, so in this case k is large. A loose bond (like a weak spring) experiences only a

weak restoring force, even for quite large displacements, so its associated k is small.

L2: Uma ligação dura (como uma mola dura) experimenta uma força de restauração forte,

mesmo para deslocamentos relativamente pequenos, então seu k associado é grande. Uma

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ligação fraca (como uma mola fraca) experimenta uma força de restauração fraca, mesmo

para deslocamentos grandes, de modo que seu k associado é pequeno.

L1: The frequency at which a molecule vibrates depends on the masses of its atoms and the

stiffness of its bonds: a molecule made up of light atoms joined by stiff bonds has a higher

vibrational frequency than one made up of heavy atoms joined by loose bonds.

L2: A freqüência com que a molécula vibra depende da massa de seus átomos e da força de

suas ligações; uma molécula constituída de átomos leves unidos por ligações fortes tem

freqüência vibracional mais alta que uma constituída de átomos pesados unidos por ligações

fracas.

Este termo não teve ocorrências no manual B.

Percebemos que este termo apresenta problemas de inconsistência terminológica no

segundo contexto, no manual A. O termo “ligação forte” tem o seu equivalente na língua de

partida como “strong bond”. Essa tradução poderia acarretar problemas de compreensão do

texto pelo leitor, pois “ligação forte” e “ligação dura” são dois conceitos diferentes.

Termo: strong bond

Manual A

L1: Because of its strong bonds, the polymer is very resistant to chemical attack. Only a tiny

fragment of the polymer molecule is shown here: the actual polymer consists of thousands of

-CF2CF2- units in long chains.

L2: Por causa de suas ligações fortes, o polímero é muito resistente ao ataque químico.

Somente um pequeno fragmento da molécula do polímero é mostrado aqui: o polímero real

consiste de milhares de unidades -CF2CF2- em cadeias longas.

L1: A high dissociation energy indicates a strong bond because a lot of energy has to be

supplied to break the bond. The strongest known bond between two nonmetal atoms is the

triple bond in carbon monoxide, for which the dissociation energy is 1062 kJ.mol-1.

L2: Uma alta energia de dissociação indica uma ligação forte porque muita energia teve que

ser fornecida para quebrar a ligação. A ligação mais forte conhecida entre dois átomos não-

metálicos é a ligação tripla no monóxido de carbono, para a qual a energia de dissociação é

1.062 kJ.mol-1.

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Manual B

L1: The distance for H2 is 0.7414 x 10-8 cm, or 74.14 pm. Bond distances vary from 1 A to

about 3.5 A. The shorter distances occur in molecules with only a few electrons and in those

with strong bonds.

L2: A distância para o H2 é 0,7414 x 10-8 cm, ou 74,14 pm. As distâncias mais curtas

ocorrem em moléculas com apenas uns poucos elétrons e naquelas com ligações fortes.

L1: Many other atoms do form strong bonds both with their own kind and with other kinds

of atoms. Historically the property of an atom to form bonds was called its valence, and the

thinking that went into the early theories of valence helped develop our present understanding

of chemical bonds.

L2: A maioria, entretanto, forma ligações fortes com átomos da própria espécie e com outros

tipos de átomos. Sob o ponto de vista histórico, a propriedade de um átomo de formar

ligações foi descrita como sendo sua valência.

Notamos que esse termo não apresentou problemas de inconsistência terminológica.

Termo: lattice energy

Manual A

L1: In the last step, we used the relation 1n 2 = 1 -1/2 + 1/3 - 1/4 +. Finally, we multiply V by

2 to obtain the total energy arising from interactions on each side of the ion and then by the

Avogadro constant, NA, to obtain an expression for the lattice energy per mole of ions:

L2: Na última etapa, usamos a relação 1n 2 = 1- 1/2+ 1/3- 1/4 +. Finalmente, multiplicamos V

por 2 para obter a energia total proveniente das interações de ambos os lados do íon e a seguir

pela constante de Avogadro, NA, para obter uma expressão para a energia do retículo por

mol e íons:

L1: Our aim is to calculate the lattice energy of the solid, the difference in potential energy of

the ions between the solid and a gas of widely separated ions (so the lattice energy is

positive). A large lattice energy indicates that the ions interact strongly with one another to

give a strongly bonded solid.

L2: Nosso objetivo é calcular a energia de rede do sólido, a diferença em energia potencial

entre os íons no sólido e a de um gás de íons totalmente separados (assim a energia de rede é

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positiva). Uma energia de rede grande indica que os íons interagem fortemente entre si para

dar um sólido fortemente ligado.

O manual B não apresentou ocorrências deste termo. Nestes dois contextos,

observamos que houve inconsistência na tradução desse termo.

Termo: electron-dot diagram

Manual B

L1: Question. What are the electron-dot diagrams for F2 and CF4?

L2: Pergunta. Como ficam as estruturas de Lewis para o F2 e o CF4?

L1: Example 6.3 What are the electron-dot diagrams for CN¯ and for formic acid?

L2: Exemplo 6.3. Como fica a representação de Lewis para o CN- e para o ácido fórmico?

L1: For the N atom its valence form to give three bonds is N and the electron-dot diagram

for NH3 is

L2: Para o átomo de N, a representação de sua camada de valência, para formar três ligações é

e o diagrama de Lewis para o NH3 fica

L1: In the electron-dot diagram for HF, the fluorine atom's octet is formed from its 2s

atomic orbital, from the (x and (y molecular orbitals, and by the shared pair in the bond.

L2: Na estrutura eletrônica de Lewis do HF, o octeto do átomo de F é formado pelos

elétrons que ocupam seu orbital atômico 2s, os orbitais moleculares (x e (y e o par de elétrons

compartilhado na ligação.

L1: The exact placement of the H atoms in ethylene is not an important part of the electron-

dot diagram

L2: A colocação exata dos átomos de H no etileno não é uma parte importante da

representação estrutural de Lewis.

L1: The major additional information supplied by the electron-dot diagram is to show that

CH30H has closed octets and should be a Lewis base similar to H2O.

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L2: A informação mais importante transmitida por essas estruturas é que o CH3OH

apresenta octetos completos e que deve c ser uma base de Lewis semelhante a água.

No caso deste termo, encontramos cinco traduções diferentes no manual B. No manual

A, não encontramos ocorrências.

Termo: Ionic bond

Manual A

L1: An ionic bond results from the electrostatic attraction of oppositely charged ions. Once

we know what ions an element is likely to form, we shall be able to predict the formulas of its

compounds and explain some of their properties.

L2: Uma ligação iônica resulta da atração eletrostática de íons com cargas opostas. Desde que

conheçamos quais íons um elemento pode formar, poderemos estar aptos a predizer as

fórmulas de seus compostos e explicar algumas de suas propriedades.

Manual B

L1: If all chemical bonds were ionic, our only problem in describing the chemical bond would

be to decide when electrons jump from one atom to another to form ions. The formation of the

ionic bond will be described in the next section, but here it is sufficient to emphasize that

most chemical bonds are covalent, not ionic.

L2: Se todas as ligações fossem iônicas, bastaria conhecermos as condições necessárias para

que os elétrons pudessem ser transferidos de um átomo para outro para descrever uma ligação

química. A formação da ligação iônica será discutida na próxima seção. No momento,

gostaríamos de frisar que a maioria das ligações químicas são covalentes.

L1: The boiling points are very high for LiCI, NaCI, and some other compounds on the left

side of the table, which is consistent with the picture of ionic bonds, and they are very low for

CCI4, SiCI4, and BCI3, which is consistent with our understanding of covalent bonds.

L2: Os pontos de ebulição são maiores para o LiCl, NaCl e alguns outros compostos do lado

esquerdo da tabela, o que é consistente com o comportamento dos compostos iônicos, e são

muito baixos para o CC14, SiC14 e BC13, como seria esperado para compostos covalentes.

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O manual A não apresentou inconsistência na tradução deste termo; porém, o manual

B apresentou uma inconsistência, com a tradução por “compostos iônicos”, cujo equivalente

na língua de partida é “ionic compounds”. Observamos que, no primeiro contexto do manual

B, não foi traduzida a última palavra do texto de partida “ionic”, que estaria enfatizando que a

maioria das ligações químicas são covalentes e não iônicas.

Termo: Dipole moment

Manual A

L1: 3.24 There are three different difluoroethenes, C^H^F^, which differ in the locations of

the fluorine atoms. (a) Which of the forms are polar and which are nonpolar? (b) Which has

the largest dipole moment?

L2: 3.24 Existem três diferentes difluoretenos, C,H,F,, que diferem entre si pelas diferentes

localizações dos átomo de flúor, (a) Quais das formas são polares e quais são não-polares? (b)

Qual tem o maior momento dipolar?

L1: In an older notation for dipoles, which is also shown in (43), an arrow of the form +:o+ is

used: the + marks the positive end of the dipole. The debye is named for the Dutch chemist

Peter Debye, who made important studies of dipole moments.

L2: Em uma notação antiga para dipolo que também é mostrada em (43), é usada uma seta na

forma + : o + marca o lado positivo do dipolo. O debye é assim chamado por causa do

químico holandês Peter Debye, que fez importantes estudos dos momentos de dipolo.

Manual B

L1: Polarization In Chapter 6 we showed that the electric dipole moment of NaCI is about

25% smaller than that calculated for ionic bonds.

L2: Polarização No Cap.6 mostramos que o momento de dipolo elétrico do NaCl é cerca de

25 % menor do que o calculado considerando que as ligações são iônicas

L1: The first effect of this polarization is to decrease the dipole moment of the molecule.

This occurs because, as Fig. 11.5 shows, the polarization induces a dipole moment in the Cl-

ion that opposes the ionic dipole moment.

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L2: O primeiro efeito observado é a diminuição do momento dipolar da molécula. Isto

ocorre devido ao aparecimento de um momento dipolar induzido no íon Cl- que se opõe ao

momento dipolar da molécula, como pode ser observado na Fig.11.5.

Em ambos os manuais, este termo foi traduzido inconsistentemente, “momento

dipolar” e “momento de dipolo”.

Termo: Electron affinity

Manual A

L1: The electron affinity is defined as energy released when an electron attaches to a gas-

phase neutral atom or ion ( Section 1.20). A positive electron affinity represents a released of

energy.

L2: A afinidade eletrônica é definida como a energia liberada quando um elétron liga-se a

um átomo neutro ou a um íon na fase gasosa (Seção 1.20). Uma afinidade eletrônica positiva

representa uma liberação de energia.

L1: The electron affinity of chloride atoms is +349 kJ.mol-1 (see Fig.1.47), so we also know

that 349 kJ.mol-1 of energy is released when electrons attach to chlorine atoms to form anions

in the process

L2: A afinidade eletrônica dos átomos de cloro é +349 kJ.mol-1 (ver Fig. 1.47), assim

sabemos que 349 kJ.mol-1 de energia são liberados quando elétrons são ligados aos átomos

de cloro para formar ânions no processo

Manual B

L1: If the difference between the ionization energy of the electropositive atom and the

electron affinity of the electronegative atom is not too large, the coulombic potential between

ions will stabilize molecules with ionic bonds.

L2: Se a diferença entre a energia de ionização do átomo eletropositivo e a afinidade

eletrônica do átomo eletronegativo não for muito grande, o potencial coulômbica entre os

íons irá estabilizar as moléculas com ligações iônicas.

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L1: Note that the coulombic potential -U is just equal to 11 + 12 for Ca2+. If we include the

electron affinity. of the two CI atoms, our calculations show that ions can be present in the

CaCl2 molecule.

L2: Note que o potencial coulômbico -U é exatamente igual a I1 + 12, no caso do Ca2+.

Combinando o valor acima com a afinidade eletrônica dos dois átomos de Cl, podemos

concluir que íons podem estar presentes na molécula de CaCl2.

Não encontramos inconsistências na tradução deste termo. Em ambos os manuais, ele

foi traduzido como “afinidade eletrônica”.

Termo: Electron configuration

Manual A

L1: FIGURE 2.5 When a main-group metal atom forms a cation, it loses its valence s- and p-

electrons and acquires the electron configuration of the preceding noble-gas atom. The

heavier atoms in Groups 13 and 14 behave similarly, but the resulting core consists of the

noble-gas configuration and an additional complete subshell of d-electrons.

L2: FIGURA 2.5 Quando o metal de um grupo principal forma um cátion, ele perde seus

elétrons de valência s e p adquire a configuração eletrônica do átomo de gás nobre que o

precede. Os átomos pesados do Grupo 13 e 14 comportam-se similarmente, mas o core

resultante tem configuração do gás nobre acrescida de uma subcamada completa de elétrons

d.

L1: The Lewis symbol for nitrogen, for example, represents the valence electron

configuration 2s22pX12py12pZ1 (see 4), with two electrons paired in an s-orbital and three

unpaired electrons in different p-orbitals.

L2: O símbolo de Lewis para o nitrogênio, por exemplo, representa a configuração dos

elétrons de valência 2s22px12pY12pZ1 (ver 4), com dois elétrons emparelhados no orbital s

e três elétrons desemparelhados nos orbitais p.

L1: In general, that core has an ns2 np6 outer electron configuration, which is called an octet

of electrons. For example, sodium ([Ne]3s1) forms Na+, which has the same electron

configuration as neon ([He]2s22p6).

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L2: Em geral, este core tem configuração de camada mais externa igual a ns2 np6, que é

conhecida como um octeto de elétrons. Por exemplo, o sódio ([Ne]3s1) forma Na+, que tem a

mesma configuração que o neônio ([He]2s22p6).

Manual B

L1: Example 11.6. Use Fig. 11.17 to predict the electron configuration and bonding in the

lowest triplet state of H2 where its two electrons have unpaired spins.

L2: Exemplo 11.6. Use a Fig.11.17 para prever a configuração eletrônica e a ordem de

ligação do estado triplete de menor energia do H2, no qual seus dois elétrons se encontram

desemparelhados.

No manual A, encontramos inconsistências na tradução deste termo: duas ocorrências

de “configuração dos elétrons”, duas ocorrências de “configuração” e o resto das ocorrências

foi traduzido como “configuração eletrônica”. No manual B, todas as ocorrências de “electron

configuration” foram traduzidas como “configuração eletrônica”.

Termo: Fluorine atom

Manual A

L1: STRATEGY A fluorine atom forms only single bonds, so we anticipate that the Lewis

structure consists of a shared pair between the central S atom and each of the four surrounding

F atoms. However, each F atom has three lone pairs and supplies one bonding electron, and

the S atom already has six electrons in its valence shell. So, there are two extra electrons.

Because sulfur is in Period 3 and has empty 3d-orbitals available, it can expand its octet.

L2: ESTRATÉGIA Um átomo de flúor forma somente ligação simples, assim antecipamos

que a estrutura de Lewis consiste de um átomo de S central, compartilhando um par de

elétrons com cada um dos quatro átomos de F. Entretanto, cada átomo de F tem três pares

isolados e fornece um elétron de ligação, e o átomo de S tem seis elétrons em sua camada de

valência. Assim, há dois elétrons extras. Como o enxofre está no Período 3 e tem seus orbitais

3d disponíveis, ele pode expandir seu octeto.

L1: According to the VSEPR model, the fluorine atoms are farthest apart when four lie in a

square around the equator and the remaining two lie above and below the plane of the square

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(see Fig. 3.4). By referring to Fig. 3.1, we see that the molecule should be classified as

octahedral. All its bond angles are either 90° or 180°, and all the F atoms are equivalent.

L2: Conforme o modelo VSEPR, os átomos de fluoreto estarão mais afastados entre si

quando quatro átomos se encontrarem em um quadrado localizado no equador e os dois

remanescentes se encontrarem acima e abaixo do plano (ver Fig. 3.4). Observando a Figura

3.1. podemos classificar a molécula como octaédrica. Todos os seus ângulos de ligação são

iguais a 90° ou a 180° e todos os átomos de F são equivalentes.

Manual B

L1: The (x and (y nonbonding orbitals result largely from the 2px and 2py atomic orbitals on

the F atom. In the electron-dot diagram for HF, the fluorine atom's octet is formed from its

2s atomic orbital, from the (x and (y molecular orbitals, and by the shared pair in the bond.

L2: Os orbitais não-ligantes (x e (y são provenientes dos orbitais atômicos 2px e 2py do flúor.

Na estrutura eletrônica de Lewis do HF, o octeto do átomo de F é formado pelos elétrons que

ocupam seu orbital atômico 2s, os orbitais moleculares (x e (y e o par de elétrons

compartilhado na ligação (.

Observamos que este termo foi traduzido de duas maneiras no manual A: “átomo de

flúor” e “átomo de fluoreto”, os quais são elementos diferentes, pois o fluoreto é a forma

iônica do flúor4.

No manual B, o termo tem somente uma ocorrência que aparece com o símbolo do

flúor, F. Como na frase anterior esse símbolo é mencionado, o tradutor optou por traduzi-lo

por “flúor”, e traduzir o elemento químico por extenso, “fluorine”, pelo símbolo F.

Termo: Diatomic molecule

Manual A

L1: Tables 2.1 and 2.2 give a selection of typical dissociation energies. Apart from the values

for diatomic molecules, the values given in the table are average dissociation energies for a

range of molecules. For instance, the strength quoted for a C - O single bond is the average

strength of such bonds in a selection of organic molecules, such as methanol (CH3 - OH),

ethanol (CH3CH2 - OH), and dimethyl ether (CH3 - O - CH3).

4 Esta informação foi obtida do “Guia de recomendação para o uso de fluoretos do Brasil” na página da Web do

Ministério da Saúde em http://cfo.org.br/wp-content/uploads/2010/02/livro_guia_fluoretos.pdf.

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L2: As Tabelas 2.1 e 2.2 dão uma seleção de energias típicas de dissociação. Embora os

valores sejam dados para moléculas diatômicas, os valores contidos na tabela são a média

das energias de dissociação para uma coletânea de moléculas. Por exemplo, a força estimada

para uma ligação simples C - O é a média das forças desta ligação para uma seleção de

moléculas orgânicas, tais como metanol (CH3 - OH), etanol (CH3CH2 - OH), e dimetileter

(CH3 - O - CH3).

Manual B

L1: In addition, it is a diatomic molecule, and the structure of H2 depends only on a single

bond distance. For the molecule CH4 we can again assume that only the hydrogen 1s orbitals

are involved, but the carbon must utilize its 2s, 2px, 2py, and 2pz orbitals.

L2: Além disso, o hidrogênio é uma molécula diatômica e sua estrutura depende

exclusivamente de uma única distância de ligação. No caso da molécula CH4, novamente,

precisamos supor que apenas os orbitais ls do H estão envolvidos, mas o carbono usa seus

orbitais 2s, 2p x' 2p y e 2p z

L1: Table 6.6 gives values for the bond energies and equilibrium bond distances of some

diatomic molecules. The values of re can often be determined very accurately from

spectroscopic examination of the gaseous molecules, and we know the distances between the

nuclei in diatomic molecules to great accuracy.

L2: Na Tabela 6.6. são dados os valores das energias de ligação e das distâncias de equilíbrio

para algumas moléculas biatômicas. Os valores de re podem ser determinados pelo exame

espectroscópico das moléculas gasosas, de forma que conhecemos as distâncias entre os

núcleos em moléculas biatômicas com grande precisão.

No manual A, verificamos somente uma tradução para esse termo, “molécula

diatômica”. Por outro lado, no manual B, encontramos além de “molécula diatômica”, uma

segunda tradução, “molécula biatômica”, comprovando a inconsistência na tradução desse

termo no manual B.

Na tabela a seguir, quantificamos as traduções encontradas para cada um dos dez

termos selecionados. É importante observarmos que os plurais de cada termo também entram

na contagem das traduções.

Termos Princípios de Química Química: um curso universitário

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Ligação Química (cap. 2)

Ligação Química (cap. 3)

Valência e ligação química (cap. 6)

A Ligação Química (cap. 11)

Stiff Bond Ligação dura (2), Ligação forte (1)

0 0 0

Strong Bond Ligação forte (2) 0 Ligação forte (2) 0

Lattice energy Energia do retículo (2), Energia de rede (4)

0 0 0

Electron-dot diagram

0 0 Representação de Lewis (5), Estrutura de Lewis (22), Estrutura (2), Diagrama de Lewis (1), Representação estrutura de Lewis (1)

Estrutura de Lewis (12), Estrutura eletrônica de Lewis (2), Diagrama de Lewis (3)

Ionic Bond Ligação iônica (15) Ligação iônica (1)

Ligação iônica (7), Compostos iônicos (1)

Ligação iônica (14)

Dipole moment

Momento de dipolo (6), Momento dipolar (1)

Momento de dipolo (7), Momento dipolar (3)

Momento de dipolo (22), Momento dipolar (10)

Momento de dipolo (3), Momento dipolar (4)

Electron affinity

Afinidade eletrônica (9)

0 0 Afinidade eletrônica (11)

Electron configuration

Configuração eletrônica (14), Configuração dos elétrons (1), Configuração (2)

Configuração eletrônica (13), Configuração (1)

0 Configuração eletrônica (7)

Fluorine atom Átomo de flúor (4), Átomo de flúor (3), Átomo de fluoreto (2)

0 Átomo de F (1)

Diatomic molecule

Molécula diatômica (10)

Molécula diatômica (23)

Molécula diatômica (1), Molécula biatômica (4)

Molécula diatômica (3)

Observamos que algumas contagens de termos não coincidem com o número de

termos no texto de partida, devido à omissão e adição de alguns termos no texto de chegada.

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Por exemplo, no capítulo 6 do manual B, encontramos 36 ocorrências para o termo “dipole

moment”, mas no texto de chegada do mesmo manual encontramos 22 ocorrências.

L1: It is a sum over each charge in the molecule multiplied by the coordinate of each charge

in any convenient axis system. Thus the dipole moment is a vector that points from the

negative to positive charge. The x component of the dipole moment is given by

L2: Matematicamente, o momento é dado pela soma de cada carga na molécula multiplicada

pela coordenada correspondente, em um sistema conveniente de eixos. O componente x do

momento de dipolo é dado por

Neste contexto, percebemos que a frase em que está o primeiro “dipole moment” na

L1 foi omitida na L2, e isso, consequentemente, refletiu nas contagens. Como exemplo de

adição de termo em L2, temos o seguinte exemplo:

L1: While we do not know the electron affinity for O-, we can assume that it is only slightly

negative since 02 -is a closed-shell ion.

L2: Apesar de não conhecermos a afinidade eletrônica do O-, podemos supor que seja um

pouco mais negativa do que a afinidade eletrônica do O2-, pois este é um íon de camada

fechada.

A segunda ocorrência de “afinidade eletrônica” não existia em L1 e foi adicionada em

L2.

Como o texto traduzido tem uma função comunicativa, nesse caso, são manuais

didáticos que visam ao ensino de Química aos alunos, o tradutor deve saber o público-alvo do

texto que está traduzindo e ter plena consciência das consequências que seus atos que

“fogem” ao texto de partida, como adições, omissões e inconsistências podem acarretar. Na

tradução técnica, as consequências podem ser desastrosas, por exemplo, uma inconsistência

na tradução de um termo em um manual de um trator pode levar ao mau funcionamento do

equipamento. No caso de nossa análise, são manuais didáticos que tem a função de ensinar

Química aos alunos, e esses problemas reportados podem comprometer o aprendizado e,

conforme mencionado anteriormente, confundir a compreensão do texto.

Para Azenha (1999, p. 37), é importante observar a função comunicativa do texto.

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(...) função comunicativa do texto, uma noção central dessa orientação dos estudos

tradutológicos. Entre os autores, parece haver um consenso em torno do fato de que,

uma vez definida, a função comunicativa da tradução — e é bom esclarecer que não

se trata aqui da função comunicativa do TP, mas sim da função comunicativa do TC,

na situação e na cultura de chegada —, é a bússola que deverá nortear toda estratégia

de produção da tradução.

O autor afirma que o tradutor é o responsável pela adequação do texto de chegada ao

público e à cultura-alvo (na citação acima, TP é texto de partida, e TC, texto de chegada). No

caso dos manuais de Química, tanto o manual em inglês quanto o manual em português tem a

mesma função didática e se destinam a alunos. Por isso, embora não exista uma tradução

possível para um texto, pois toda tradução carrega as escolhas tradutórias e a visão do tradutor

perante o texto, o tradutor deve pesquisar a terminologia da área do texto técnico para obter o

máximo de precisão, podendo até consultar profissionais da área.

Um dos critérios para um texto técnico ter mais aceitação na língua de chegada é o uso

de uma terminologia apropriada.

Sob o enfoque aplicado, uma utilização adequada da terminologia contribui para o

alcance da precisão semântico-conceitual, requisito que toda tradução de texto

especializado obrigatoriamente requer. Além dessa qualificação, a transposição de

uma língua para outra dos termos próprios de uma área confere ao texto traduzido

grande parte das características expressivas comumente usadas pelos profissionais

do mesmo campo de atuação. (KRIEGER e FINATTO, 2004, p. 67)

Portanto, a tradução adequada dos termos e a consistência dessa tradução tornam o

texto de chegada familiar aos profissionais da área que o usarão.

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4 CONCLUSÃO

Vimos neste trabalho a importância dos termos na tradução técnica e como eles

auxiliam na divulgação do conhecimento especializado, sendo que o tradutor deve ter um

manejo terminológico competente para fazer com que o texto seja bem recebido na língua de

chegada e tenha aceitação dos profissionais da área, que têm familiaridade com os termos.

Além da tradução adequada à área especializada dos termos, o tradutor deve traduzi-los de

modo consistente ao longo do material, de modo a retomar o que já foi mencionado

anteriormente e não introduzir variações que podem levar o leitor a pensar que um conceito

novo está sendo apresentado.

Na análise da tradução dos dois manuais de Química selecionados, o escopo foram dez

termos na língua de partida e suas respectivas traduções na língua de chegada. Observamos

que houve inconsistência na tradução de oito, dos dez termos selecionados, isto é, em 80%

dos casos. Considerando que nem todos os termos foram encontrados em ambos os manuais,

dos dez termos selecionados, o manual A apresentou nove, sendo cinco deles com problema

de inconsistência, 55% dos casos. No manual B, encontramos ocorrências de oito dos dez

selecionados, sendo que quatro deles tiveram problema de inconsistência, ou seja, 50% dos

casos.

Dessa maneira, percebemos que a porcentagem de inconsistências é significativa e

pode ser uma das causas da dificuldade na compreensão dos textos por parte dos alunos do

curso de Química. Notamos também que houve adições e omissões de frases e parágrafos,

principalmente no manual B, o que compromete ainda mais a compreensão do texto.

Segundo Cechin, Contini e Finatto (2009, p. 33), o nível de intervenção do tradutor no

texto original afeta o entendimento do texto.

A intervenção do tradutor pode ser “facilitadora de compreensão” ou pode resultar

em dificuldades de compreensão para os seus leitores, estudantes iniciantes de

graduação. Há que se considerar a possibilidade e as conseqüências didáticas de

casos de apagamentos e inserções em enunciados que contenham explicações

fundamentais sobre determinados conceitos de Química.

Obviamente, levamos em consideração que o texto de chegada carrega a interpretação

do tradutor perante o texto de partida e que a tradução fica com escolhas pessoais do tradutor,

pois um texto de partida pode ter várias traduções possíveis. Entretanto, inserções e

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apagamentos de parágrafos e enunciados tornam-se intervenções críticas, visto que o tradutor

poderia, então, escrever um texto próprio, e não fazer uma tradução.

Conforme Snell-Hornby (1998, p. 2, apud Azenha, 1999, p. 53),

“a tradução começa com o texto-em-situação que é parte integrante de um pano de

fundo cultural (...). Ademais, o texto não pode ser visto como um exemplar estático

da língua (...), mas fundamentalmente como expressão verbalizada da intenção de

um autor, tal como entendida pelo tradutor-leitor, que então recria este todo para

outro grupo de leitores em outra cultura. Este processo dinâmico explica porque as

obras literárias são constantemente retraduzidas e porque não existe a tradução

perfeita”. (grifos do autor).

No caso desses manuais, que são instrumentos de aprendizagem, as consequências dos

apagamentos de frases e parágrafos e da inconsistência na tradução de termos são muito

negativas, pois os leitores, que são alunos, não conseguem entender o conteúdo dos textos.

Portanto, concluímos que o tradutor deve ser cuidadoso na tradução dos termos técnicos, pois

eles desempenham um papel muito importante na tradução técnica, e deve sempre manter

uma uniformização (consistência) no texto de chegada. Há ferramentas de tradução que

ajudam a manter a uniformização dos termos, como ApSIC XBench, muito útil para os

tradutores que trabalham com tradução especializada.

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