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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO UNIDADE ACADÊMICA DE GARANHUNS CURSO DE GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA MONOGRAFIA Incubação de ovos férteis e o desenvolvimento embrionário Vandelúzia Teixeira do Amaral Garanhuns-PE Dezembro de 2019

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO

UNIDADE ACADÊMICA DE GARANHUNS

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA

MONOGRAFIA

Incubação de ovos férteis e o desenvolvimento embrionário

Vandelúzia Teixeira do Amaral

Garanhuns-PE

Dezembro de 2019

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO

UNIDADE ACADÊMICA DE GARANHUNS

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA

MONOGRAFIA

Incubação de ovos férteis e o desenvolvimento embrionário

Vandelúzia Teixeira do Amaral

Prof. Danilo Teixeria cavalcante

Orientador

Garanhuns-PE

Dezembro de 2019

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Epígrafe

Do not give up your dreams.

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A Juquinha Amaral meu pai (in memorian) com todo amor do mudo e gratidão;

A dor da sua partida nunca vai passar.

A Valdério Amaral meu irmão (in memorian) sua lembrança me inspira e me faz persistir.

Tenho a certeza da sua presença junto a mim, me admirando, confortando, acompanhando e

apoiando.

DEDICO!

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AGRADECIMENTOS

Agradeço ao Pai, pelo dom da vida e por nunca ter deixado desistir.

À minha mãe, por todo amor e pela dedicação em educar seus filhos apesar de

suas limitações.

Aos meus irmãos Vanusa e Vidal pelo companheirismo e a toda minha

família, por entender o motivo da minha ausência e apoiar em todos os

momentos da minha vida.

À minha tia Maria José couto, por abrir as portas da sua casa e pela paciência

em escutar todos meus desabafos.

À Universidade Federal Rural de Pernambuco-UFRPE, por me possibilitar ser

uma zootecnista e pelos poucos amigos que conquistei.

À Prof. Dra. Daiane Felberg pela oportunidade, por ser minha primeira

orientadora e pelo incentivo nos primeiros anos de graduação.

À Prof. Dra. Roberta Medeiros pelos conselhos, incentivos, conversas e

aprendizado, serei eternamente grata.

A Prof. Dra. Daniela Carvalho por quem tenho grande respeito e admiração,

pelo seu trabalho e dedicação.

Ao Prof. Dr. Luciano Sousa pelos seus conselhos e ensinamentos.

Ao Prof. Dr. Emanuel Filho, pela compreensão e generosidade.

As Profs. Dra. Geane e Josabete, por possibilitar as minhas primeiras

pesquisas e a todos meus professores que foram fundamenteis para o meu

crescimento profissional e pessoal.

Ao Prof. Dr. Danilo Teixeira Cavalcante, pela disposição em orientar-me e

por todo aprendizado proporcionado.

Aos colegas de turma, por todos os momentos de alegria e descontrações, em

especial a minha amiga Rosicléa Teles, por me ajudar nessa árdua caminhada.

Ao Dr. Gilmar Melo Barbosa por fazer com que esse trabalho fosse realizado.

À banca avaliadora, Profa. Dra. Denise Fontana e Heraldo Bezerra de Oliveira

pela disponibilidade e por contribuir com o meu trabalho.

Por fim, aos motoristas de transporte alternativo, Josinaldo Farias e Gustavo

Reis e todos que de alguma forma contribuíram pra chegar até aqui.

OBRIGADO!

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO UNIDADE …

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal Rural de Pernambuco

Sistema Integrado de BibliotecasGerada automaticamente, mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

A485i Amaral, Vandelúzia Teixeira do Incubação de ovos férteis e o desenvolvimento embrionário / Vandelúzia Teixeira do Amaral. - 2019. 33 f. : il.

Orientador: Danilo Teixeira Cavalcante. Inclui referências.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Universidade Federal Rural de Pernambuco, Bacharelado emZootecnia, Garanhuns, 2019.

1. Embrião. 2. Eclosão. 3. Parâmetros. I. Cavalcante, Danilo Teixeira, orient. II. Título

CDD 636

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO

UNIDADE ACADÊMICA DE GARANHUNS

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA

VANDELÚZIA TEIXEIRA DO AMARAL

Graduando

Monografia submetida ao Curso de Zootecnia como requisito parcial para obtenção do grau

de Bacharel em Zootecnia.

Aprovado em 13/12/2019

EXAMINADORES

Profa. Dr. Danilo Teixeira Cavalcante

UFRPE/UAG - Orientador

Profa. Dra. Denise Fontana Figueiredo Lima

UFRPE/UAG

Heraldo Bezerra de Oliveira

Zootecnista

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Sumário

RESUMO .............................................................................................................................. 9

1.INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 10

2.REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................ 12

2.1Fisiologia embrionária ................................................................................................... 12

2.2 Desenvolvimento embrionário ......................................................................... 13

2.3 Incubação artificial ........................................................................................... 16

2.4 Máquinas de estágio único versus múltiplo ...................................................... 17

2.5.2 Umidade relativa ............................................................................................ 19

2.5.4 Viragem ......................................................................................................... 22

2.6 Fatores relacionados com a matriz e tempo de armazenamento sobre o resultado

produtivo do incubatório ..................................................................................................... 24

2.6.1 Fatores relacionados com a matriz ................................................................ 24

2.6.2Estocagem de ovos férteis .............................................................................. 26

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................... 28

REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 29

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vii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Esquema de viragem dos ovos na Incubadora de Estagio Múltiplo. ............... 21

Figura 2. Taxa de eclodibilidade e número de pintos viáveis de matrizes da

linhagem Coob em diferentes idades. ............................................................................. 23

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viii

LISTA DE TABELA

Tabela 1. Efeito do período de estocagem e idade da matriz sobre a taxa de

eclodibilidade .................................................................................................................. 24

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO UNIDADE …

ix

RESUMO

O desenvolvimento embrionário é influenciado tanto pela idade, genética e

estado fisiológico da matriz no momento da ovoposição, como também pelo

fornecimento adequado de oxigênio até a eclosão. A técnica de incubação

artificial representa um dos mais importantes e expressivos avanços no processo

de desenvolvimento da cadeia avícola, uma vez que o processo de incubação

representa cerca de 30% de todo o ciclo de produção de frango de corte. Durante

o processo incubação, alguns fatores como temperatura, umidade, ventilação,

viragem, bem como tempo de armazenamento do ovo e idade da matriz podem

influenciar no desenvolvimento embrionário e na taxa de eclodibilidade. Uma

boa gestão, alinhada a um bom funcionamento dessas variáveis, possibilita

excelente taxa de eclodibilidade e maior rendimento no incubatório. Com isso,

esta revisão objetiva dissertar sobre as etapas do desenvolvimento embrionário e

sobre a incubação artificial.

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1. INTRODUÇÃO

O agronegócio brasileiro é um dos mais modernos e competitivos do

mundo, em função da grande quantidade de terras agricultáveis, diversidade

climática, abundância de água e pelo desenvolvimento e aplicação de novas

tecnologias (GODOY, 2007). A avicultura no Brasil ao longo do tempo vem

passando por diversas transformações e se consolidou como a atividade

agropecuária de maior importância para o setor do agronegócio, uma vez que

está entre as dez principais atividades geradoras de recursos para o país.

Na década de 1930 a produção avícola no país passou por um processo

de transformação e modernização em razão da necessidade de abastecer o

mercado, uma vez que já era gigantesco. A partir da década de 1960 a avicultura

brasileira avançou devido ao desenvolvimento de novas vacinas, melhoria da

genética, equipamentos e nutrição balanceada específica para essa atividade, e

assim, por volta de 1960 as grandes indústrias avícolas se estruturam

(MACHADO, 2019).

Mundialmente, o Brasil se destaca como o segundo maior produtor de

frango de corte e a nível de exportações o país se encontra em 1º lugar, mantendo

esta posição desde 2004. Dada à elevada produtividade e qualidade do ovo a

cadeia avícola também se destaca no cenário mundial como umas das mais

importantes cadeias produtivas de produção de proteína animal (HULET, 2007;

ABPA 2018; EMBRAPA, 2019).

Além da importância econômica para o Brasil, o consumo interno tem

aumentado nas últimas décadas, pois a carne de frango possui proteínas de alta

qualidade e baixo custo de mercado, esses fatores fazem com que a população

brasileira aprecie cada vez mais e deixe de ser um país preponderantemente

consumidor de carne bovina para consumidor de carne de aves (KOERICCH &

SÁ, 2009).

A técnica de incubação artificial é uma prática antiga. Há relatos que os

egípicios nos XIV a.c. incubavam cerca de quinze mil ovos de uma só vez, em

incubadoras contruídas com tijolos de barro, nas quais o fogo era mantido aceso

para manter o nível de temperatura requerido para a incubação.

No Brasil, a incubação artificial representa um dos mais importantes e

expressivos avanços no processo de desenvolvimento da cadeia avícola, pois

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são nos incubatórios artificiais que anualmente são gerados pintainhos a

serem alojados em galpões no Brasil e no mundo. Segundo o relatório anual

da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), em 2018 o Brasil

exportou 49.452 milhões de toneladas de ovos férteis para países da África,

América Latina, Ásia, Oriente Médio, Países Baixos e Reino Unido (ABPA,

2018).

A incubação de ovos férteis é uma atividade bastante complexa e para se

obter uma boa taxa de eclosão e pintos de qualidade com ótimo desempenho

zootécnico no campo, deve-se levar em consideração diversos fatores como

temperatura, umidade, ventilação, viragem, idade da matriz, qualidade do ovo

incubável e um bom gerenciamento do incubatório assegurando total controle

do processo (LAUVERS & FERREIRA, 2011).

O rendimento da incubação está estreitamente relacionado com a

mortalidade embrionária, a qual sofre influência da gravidade específica e da

capacidade do ovo em perder umidade (ROSA; AVILA, 2000). Por isso, se

faz necessário o acompanhamento dos resultados produtivos da incubação,

para ter conhecimento dos índices de nascimento por meio da taxa de eclosão

e da eclodibilidade, pois esses resultados são de fundamental importância para

avaliação dos possíveis entraves que limitam a produtividade do incubatório,

uma vez que o processo de incubação representa cerca de 30% de todo o ciclo

de produção de frango de corte.

Além disso, o desempenho final dos frangos está diretamente relacionado

com os resultados obtidos na primeira semana no campo que, por sua vez,

depende de um bom desenvolvimento embrionário para maximizar o

crescimento pós-nascimento (HULET, 2007). Com isso, objetivou-se dissertar

sobre as etapas do desenvolvimento embrionário e sobre a incubação

artificial.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Fisiologia embrionária

É de suma importância o entendimento da fisiologia embrionária, pois o

processo de incubação nada mais é do que uma perfeita simbiose entre os

fenômenos bioquímicos e fenômenos físicos mutualmente combinados, além

diso, a fisiologia completa do desenvolvimento embrionário é tema que

apresenta grande complexidade (CALIL, 2007). Boerjan (2006) afirma que o

processo de desenvolvimento embrionário é dependente de reações bioquímicas,

responsáveis pela a transformação do substrato (gema) em energia fazendo com

que o embrião se desenvolva. O embrião começa a se desenvolver

aproximadamente três horas após a fecundação e fertilização do ovo. Após a

postura, o processo de desenvolvimento embrionário continua com a incubação

até 21 dias, momento em que ocorre a eclosão (BARBOSA, 2011).

O evento da embriogênese passa por diferenciação celular, crescimento e

maturação. A diferenciação celular embrionária é caracterizada pela

diferenciação das células e formação dos tecidos. Nesta fase, ocorre a

especialização das células, em que inicia- se a formação dos órgãos vitais do

embrião. Nesse momento, as principais interferências genéticas acelera o

metabolismo. Só é possível a ocorrência da diferenciação celular através da

interação entre instruções genéticas contidas no DNA e fatores bioquímicos que,

por sua vez, são dependentes de fatores mecânicos e físicos (CALIL, 2007).

Na fase de desenvolvimento embrionário ocorre o aumento contínuo de

massa e órgãos pela alta atividade metabólica e proliferação celular (BOERJAN,

2006). Segundo Nogueira (2016), a fase de desenvolvimento se inicia no interior

da matriz e é a fase com maior duração. Depois da postura, a temperatura do ovo

cai abaixo do zero fisiológico (18-21 °C), contudo, o desenvolvimento

embrionário normalmente só volta a ocorrer apenas quando a temperatura do

ovo está entre 37-38°C (BARACHO, 2010).

Na fase de maturação ocorre o estabelecimento das funções vitais, uma vez

que tecidos e órgãos já foram formados, ocorrendo a maturação dos mesmos.

Nesta fase, as principais glândulas iniciam a produção e liberação hormonal

promovendo várias interações entre órgãos através de respostas constantes

positivas e negativas, numa cadeia promotora de causas e efeitos metabólicos

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(CALIL, 2007). Durante a fase final do desenvolvimento embrionário, ocorre

uma série de eventos que permitem o embrião se desenvolver fora do ambiente

protetor da casca.

Quando se aproxima 19º dia de incubação, a taxa metabólica se estabiliza

atingindo a fase platô. Neste momento, a taxa de passagem de oxigênio pelos

poros da casca é baixa e, consequentemente a taxa de crescimento embrionário

diminui (BOERJAN, 2006).

Diante dos fatos, é possível compreender que as reações necessárias para o

desenvolvimento embrionário ficam dependentes basicamente de duas variáveis,

física (temperatura) e bioquímica (enzimas). Os demais fatores físicos são de

importância secundária e atuam sinergicamente com a temperatura, uma vez que

a ação enzimática não pode ser controlada pelo homem (CALIL, 2007).

2.2 Desenvolvimento embrionário

No 1º dia de incubação, o desenvolvimento embrionário inicia com

a formação do trato gastrointestinal, prega neural, formação do

cérebro, sistema nervoso, cabeça, surge as ilhotas de sangue e

ocorre o início formação dos olhos.

No 2º dia, o embrião começa a se colocar no seu lado esquerdo.

Também há formação dos vasos sanguíneos e do coração que

começa a bater. Ocorre o fechamento do canal neural para formar o

tubo neural e inicia a formação da vesícula auditiva e o término da

formação das três regiões do cérebro aparecendo os três primeiros

sinais de âmnio.

No 3º dia aparece o vestígio da cauda, formação dos

botões dos membros inferiores e superiores, presença do

âmnio e do córion e inicia a formação das narinas e o

aparecimento das lentes oculares.

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No 6º dia, inicia a formação do bico e apêndices locomotores, o

embrião começa a adquirir a forma da espécie.

Ao 4º dia, completa-se a formação das membranas extra-

embrionárias (âmnio, córion e alantoide), o embrião

posiciona-se sobre o seu lado esquerdo e começa a

formação da boca, língua e aparecimento das fossas nasais.

Ao 5º dia, o embrião tem um aumento de tamanho do saco vitelino

e do alantoide, e é possível observar as partes da boca e a estrutura

externa dos olhos ("olho preto grande"), também ocorre a formação

do proventrículo e moela.

No 7º dia, é possível observar a saliência dos ssos digitais

as asas e pernas, e também o abdômen fica maior uma vez

que está ocorrendo o desenvolvimento das vísceras.

No 8º dia, as asas e pernas já estão diferenciadas e se dá início a

formação das penas.

No 9º dia, a aparência de ave do embrião já é possível ser

observada.

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No 10º dia, ocorre o amadurecimento do bico, os poros da

pele e o olho ficam visíveis quando o embrião atinge.

Aos 11º dia, o corpo e pescoço assumem a forma

característica das aves, e uma penugem fina cobre o

embrião.

No 12º dia, os dedos já estão formados e as unhas começam

a se formar.

No13º dia, as escamas e o aparecimento da protuberância

calcítica do bico, ocorre a mudança da cabeça para o lado

direito.

No 14º dia, o embrião atinge seu desenvolvimento

posiciona a cabeça em direção à câmara de ar.

No 15º dia, o corpo e a cabeça do embrião fica

proporcional em relação ao tamanho. Também é nesse

momento que ocorre a penetração do intestino para o

interior da cavidade abdominal (BRITO, 2006).

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2.3 Incubação artificial

Na avicultura moderna, em que se exige do frango de corte o máximo de

desempenho e rendimento, é indispensável o processo de incubação artificial.

Mesmo considerando toda a especialização favorável a esta área, a tarefa de

transformar com qualidade o ovo em um pinto de um dia permanece desafiador.

Incubação artificial é um processo cujo objetivo é fornecer ao ovo um

ambiente favorável para o desenvolvimento do embrião (ALVARADO, 2008).

Denomina-se processo produtivo de um incubatório a entrada de ovos incubáveis

e subsequente transformação biológica desses ovos em pintos de um dia, no

volume, prazo e qualidade desejada, minimizando a incidência de anormalidades

No 16º dia, ocorre o desaparecimento do albúmem, a

firmeza do bico e unhas e plumagem do embrião ficam bem

visíveis.

No 17º dia de desenvolvimento, o bico está completamente

voltado para a câmara de ar e o líquido amniótico está

diminuído.

No 18º dia, o embrião está quase no tamanho final do

embrião e a crista está visível.

No 19º dia, o embrião já está ocupando totalmente o ovo e

ocorre a penetração do saco vitelino na cavidade abdomina.

No 20º dia, o saco vitelino está totalmente na cavidade

abdominal, o umbigo está aberto, há o rompimento do

âmnio e o embrião começa a respirar através da câmara de

ar. Finalmente no 21° dia, o pinto bica a casca e ocorre a

eclosão (COBB, 2008).

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e contaminação, de forma a atender às necessidades e expectativas da produção

avícola, ao menor custo. Para isso é necessário fornecer condições ótimas de

manejo. O autor destaca ainda que os parâmetros necessários para a correta

incubação continuam os mesmos desde o início da incubação industrial e são

considerados determinantes, pois interferem diretamente no processo de

desenvolvimento embrionário e na qualidade do produto final (BOERJAN,

2006).

O processo de incubação de linhagens de frango de corte tem um período

total correspondente a 21 dias. Os ovos permanecem aproximadamente 18 a 19

dias na incubadora e são transferidos para o nascedouro, onde permanecem até a

eclosão (FLORES, 2015).

O resultado produtivo de um incubatório, como eclodibilidade, qualidade

do neonato, viabilidade na primeira semana pós-eclosão, janela de nascimento,

sem dúvida depende do adequado desenvolvimento embrionário. Temperatura,

umidade, ventilação, viragem, idade da matriz e tempo de armazenamento de

ovos são alguns parâmetros que devem ser avaliados no processo de incubação

industrial.

2.4 Máquinas de estágio único versus múltiplo

As primeiras incubadoras utilizadas no Brasileram importadas de países

americanos, nacionalmnete a fabicação se iniciou na década de 60, quase todos

os modelos eram baseados nos importados. Na década 80 empresas americanas

se instalarm no Brasil, fabricando incubadoras mais modernas, com tecnologia

de fácil operação atendendo as exigências do mercado (LAUVERS, 2011).

Estágio único e estágio múltiplo são os sistemas de incubação mais

utilizados na atualidade. Estágio único a máquina é carregada completamente

com os embriões no mesmo estágio de desenvolvimento. Já a de estágio múltiplo

uma mesma máquina é utilizada para comportar embriões em diferentes estágios

de desenvolvimento, normalmente de 3 ou 6 estágios. Esses sistemas possuem

suas particularidades, no entanto a indústria brasileira há várias décadas utiliza-se

o sistema de estágio múltiplo com objetivo diminuir custos e aumentara

produtividade do incubatório (CALIL, 2007).

As incubadoras de estágio único apresenta grande desvantagem em

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relação a estágio multiplo, uma vez que consomem mais energia elétrica para

incubar a mesma quantidade de ovos que uma incubadora de estágio múltiplo,

pois elas não aproveitam o calor gerado pelos embriões. Além disso, nessecita

de mais máquinas para incubar os ovos da mesma capacidade de estágio

múltiplo. A grande vantagem está no processo de limpeza e desinfecção, em que

ela é esvaziada de uma vez, facilitando a execução desses processos

(MESQUITA, 2011).

Nas incubadoras de estágio múltiplo os embriões que estão em um

avançado estado de desenvolvimento transferem calor para os ovos incubados a

menos tempo, hipoteticamente a máquina trabalha em equilíbrio térmico. Em

contrapartida, as incubadoras de estágio múltiplo é uma importante fonte

contaminação cruzada, visto que, há um movimento contínuo de ovos entrando e

saindo da incubadora, e dificilmente serão esvaziadas, sendo necessário um

cuidado extremo de limpeza e desinfecção para manter o risco de contaminação

sob controle (MESQUITA, 2013).

Para BOERJAN (2006), a principal vantagem das incubadoras de estágio

múltiplo é a facilidade de manejo em todo processo de incubação, tendo como

principal desvantagem a permanência dos ovos incubados sobre as mesmas

condições físicas, que por consequentemente as necessidades fisiológicas dos

embriões em diferentes estágios acabam não sendo supridas.

2.5 Parâmetros físicos que influenciam no desenvolvimento embrionário

2.5.1 Temperatura

A temperatura exerce função muito importante no desenvolvimento

embrionário durante a incubação e é considerado o fator físico determinante para

o sucesso da incubação comercial de ovos de matrizes pesadas, pois influencia

diretamente no desenvolvimento do embrionário, na taxa de eclodibilidade e

desempenho pós-eclosão (HULET, 2007).

Basicamente, três fatores são responsáveis pela temperatura do embrião:

a temperatura da incubadora, a capacidade da incubadora em transferir calor para

o embrião e a produção de calor metabólico do embrião. Por volta do 4º dia de

incubação os processos metabólicos do embrião resultam em produção de calor,.

A partir do 9º dia a temperatura do embrião ultrapassa a temperatura da

incubadora. Isso acontece devido ao aumento de produção de calor metabólico

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO UNIDADE …

19

pelo embrião (CALIL, 2007).

Segundo MESQUITA (2013), a temperatura corporal do embrião é

influenciada pelas condições ambientais ao redor dos ovos. Por isso que se faz

necessário que o sistema de ventilação passe por toda superfície da casca do ovo

removendo o calor produzido. Então, para manter a demanda do mercado atual

os incubatórios comerciais incubam os ovos em máquinas capazes de manter a

temperatura em níveis adequados (MACARI et al. , 2013). Dessa forma, é de

extrema importância manter o controle da temperatura da incubadora, uma vez

que a temperatura determina o grau de velocidade do metabolismo do embrião e

consequentemente seu grau de desenvolvimento. A temperatura ideal, tanto para

nascimento quanto para a qualidade do pinto, depende do modelo de máquina.

Temperaturas acima ou abaixo do recomendado pelo fabricante implicam

aumento ou diminuição da velocidade do desenvolvimento e, por consequência,

a redução de nascimentos (COOB, 2014). Para obter excelente eclodibilidade e

pintos de qualidade é necessário que a incubadora atinja o ponto ótimo de

temperatura, em que para muitas espécies domésticas está entre 37 e 38ºC,

podendo variar com o tamanho do ovo incubado. Os efeitos negativos de redução

ou aumento da temperatura ótima variam com o tempo de exposição e fase de

desenvolvimento do embrião (MACARI et al., 2013).

Segundo MESQUITA (2013), quando há uma redução da temperatura

ótima no período de incubação há retardo no desenvolvimento dos embriões,

fazendo com que aumente período de incubação. Quando acontece o aumento da

temperatura ótima, o processo de densenvolvimento do embrião é acelerado,

diminuindo o período de incubação. Altas temperaturas de incubação, além de

afetar eclodibilidade, podem causar sérios problemas como pintos de má

qualidade, resultando em peso corporal baixo, elevado números de pintos com

umbigo mal cicatrizado, anormalidades nos sistemas nervoso, locomotor,

cardíaco, renal e mortalidade embrionária na fase final (MACARI et al., 2013).

2.5.2 Umidade relativa

A variação da umidade relativa (UR) no interior da incubadora também

influência no processo de desenvolvimento embrionário e, consequentemente na

eclosão do pinto. Em relação a variação da UR pode ocorrer sem causar muitos

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO UNIDADE …

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danos na eclodibilidade, porém, para obter os melhores resultados de eclosão,

deve ser mantida em níveis aquedados em média 65% para evitar a perda

excessiva de umidade dos ovos (FURLAN, 2013).

De acordo com ALDA (1994), a quantidade de água perdida não é a

mesma em todos os dias de incubação. Durante os três primeiros dias de

incubação, a perda de água acontece de forma mais rápida, após esta fase, fica

mais lenta e volta a aumentar entreo 15º e 18º dia. Em média, o ovo deve perder

12% do peso inicial até o 18º dia de incubação. Porém, quando fatores como

idade, nutrição ou doenças reduzem a qualidade do ovo, eventualmente será

necessário ajustar a umidade relativa da máquina para manter ótimas condições

de nascimento e qualidade do pinto (COBB 2014).

A perda de água pela casca nos primeiros dias de incubação é mais

rápida para que ocorra o completo desenvolvimento sanguíneo, à medida que o

ovo vai se desidratando aumenta a entrada de oxigênio formando a câmara de ar,

permitindo o desenvolvimento do embrião. Quando a perda de água ocorre no

final do processo de incubação está relacionada com a remoção da cutícula e

erosão (uso do cálcio pelo embrião), da superfície interna do ovo e pela elevada

produção de calor metabólico pelo embrião aumentando a temperatura interna

do ovo. Em contrapartida aumenta a pressão de água no interior do ovo

(ALMEIDA, 2008).

Durante o processo de incubação, a umidade influencia na produção de

calor metabólico do embrião, deixando a membrana da casca flexível para que

ocorra a eclosão. Além disso, influencia no peso final do pinto e ajuda inflar os

pulmões após o nascimento. Quando a umidade do ar diminui na incubadora,

ocorre o aumento de perda de água, limitando a disponibilidade de oxigenação

do embrião, resultando em lento desenvolvimento embrionário com maior

tempo de incubação, além de pintos com elevado teor de água e maior peso

residual de saco vitelino, levando o retardamento do crescimento pós-eclosão

(ALMEIDA, 2008). Quando a umidade do ar é maior, os embriões eclodem

precocemente, geralmente com aspecto molhado ou com desenvolvimento

incompleto (LAUVERS, 2011).

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO UNIDADE …

21

2.5.3 Ventilação

Muito se tem discutido sobre a função da ventilação no processo de

incubação, por ser um dos parâmetros menos compreendidos. Frequentemente

esse parâmetro é associado ao suprimento de oxigênio (O2) e consequentemente

à remoção do dióxido de carbono (CO2) (CALIL, 2007). O embrião, quando

está em período de desenvolvimento ele utiliza O2 no seu metabolismo e libera

CO2. Então, para manter o controle do microambiente da incubadora, a

temperatura e a umidade relativa não são suficientes, sendo importante o

controle da ventilação (VIVAN, 2019).

A ventilação atua como agente regulador da temperatura por não permitir

que a necessidade de subsídio de O2 seja mais elevada do que a quantidade que

irá ser utilizado pelo embrião. Por isso quando o sistema de ventilação da

incubadora não remove suficientemente o calor gerado, o embrião morre ou

então continua se desenvolvendo, usando substratos na ausência de O2 para que

ocorram divisões e maturações celulares, uma vez que as fontes de hidratos são

de queima rápida e se esgotam facilmente (CALIL, 2007).

A ventilação adequada mantém o controle de ar fresco dentro da máquina

promovendo níveis ideais de O2 e eliminação de CO2. Além disso, proporciona

uma temperatura regular e remove concentrações de gases tóxicos ao redor dos

ovos (MESQUITA, 2013).

O embrião começa a produzir calor metabólico a partir do 4º dia de

incubação, ao atingir o 9º dia a temperatura do embrião é maior que a temperatura

da incubadora devida à alta produção de calor metabólico do embrião. Até o 18°

dia de incubação a troca gasosa ocorre por meio de capilares.

A captação de O2 e a liberação de CO2 vão aumentando com a evolução

do desenvolvimento embrionário. Depois de alguns dias, o gás CO2 entra para

repor a água perdida e forma a câmara de ar, a qual vai aumentando no final do

período de incubação. Quando a membrana interna da casca do ovo é rompida, a

respiração embrionária passa a ocorrer através do ar que existe na câmara,

inflando os pulmões e os sacos aéreos pela primeira vez. Depois que atinge 1º9

dias de incubação o requerimento de O2 pelo embrião aumenta e a difusão não

pode suprir essa exigência, apresentando uma diminuição de O2 fazendo com

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22

que haja o estímulo da bicagem interna e a eclosão (ALMEIDA, 2016).

Quando não se mantém os níveis ideais da ventilação dentro da

incubadora resulta em diminuição da concentração de oxigênio e incompleta

maturação do sistema cardiopulmonar, já que a falta de oxigênio impede que as

células cardíacas sejam multiplicadas, fazendo com que o coração fique menor.

Consequentemente, o pinto terá que fazer mais esforços, sobrecarregando o

coração para bombear sangue, e a longo prazo esse problema resultará em ascite

(MESQUITA, 2013).

2.5.4 Viragem

A viragem mecânica dos ovos realizada pelas incubadoras é feita com

intuito de mimetizar o que acontece na natureza. A viragem aconece de uma em

uma hora por um movimento rotatório com objetivo de reduzir o mau

posicionamento embrionário, manter o embrião sempre no meio no ovo,

evitando a sua adesão na membrana da casca. Além disso, o embrião é envolvido

por nutrientes frescos, melhorando seu desenvolvimento e utilizando

adequadamente o albúmen. Contudo, alguns estudos também comprovam que a

viragem dos ovos promove o acúmulo de proteínas no fluido amniótico,

crescimento da rede vascular e facilita as trocas gasosas (MESQUITA, 2011).

A viragem é considerada crítica até 7º dia de incubação, quando o

embrião não tem ainda o sistema circulatório bem definido. Na sua, ausência

pode prejudicar as trocas gasosas através da membrana corioalantóide, pois o

albúmen, quando não é absorvido, interpõe entre a membrana corioalantóide e a

membrana interna da casca impedindo que os vasos sanguíneos sejam

expandidos, reduzindo a troca de gases entre o embrião e o meio externo.

Quando isso acontece, ocorre a adesão do embrião ou das membranas extra-

embrionárias na membrana da casca, impedindo o crescimento adequado das

mesmas causando anormalidades no desenvolvimento do embrião, podendo levar

a morte (ALVORADO, 2008).

Conforme o embrião cresce, aumenta a produção de calor, por isso a

viragem é essencial para a circulação do ar e redução da temperatura (COBB,

2008). Apesar de ser considerada extremamente essencial na fase inicial de

incubação, na prática comercial, a viragem é realizada até o 18º dia de incubação

(CALIL, 2007). São levados em consideração, durante a viragem do ovo,

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO UNIDADE …

23

diversos parâmetros como a frequência de viragem, eixo em que o ovo é

acondicionado na máquina e o eixo de viragem do mesmo, ângulo de viragem e

o plano de rotação. Os ovos devem ser girados 90º para obter desenvolvimento

normal do embrião. Isso é possível pelo giro das bandejas em 45º do plano

horizontal (FURLAN, 2013) (Figura 2).

Figura 2. Esquema de viragem dos ovos na Incubadora de Estágio

Múltiplo Fonte: Arquivo pessoal

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24

2.6 Fatores relacionados com a matriz e tempo de armazenamento sobre o

resultado produtivo do incubatório

2.6.1 Fatores relacionados com a matriz

A idade da matriz é um fator de diferenciação do tamanho do ovo e de

seus constituintes internos e ainda das características externas como, casca, peso

do ovo, qualidade e viabilidade dos pintos pós-eclosão (DIAS et al., 2011).

Atualmente um dos problemas enfrentados nos incubatórios tem sido ajustar a

janela de nascimento associado a maior taxa de eclosão. As diferenças

relacionadas a idade da matriz podem explicar o porquê do aumento da janela de

eclosão, baixa taxa de eclodibilidade, altos índices de mortalidade e baixo

desempenho no campo (ARAÚJO, 2013).

Segundo VIVAN (2019) quando as matrizes são jovens (25 semanas),

produzem ovos menores, com baixo rendimento de incubação, alta taxa de

mortalidade embrionária e pintos de pior qualidade, com menor peso à eclosão.

Essa menor viabilidade observada para aves jovens é principalmente devido à

maior mortalidade precoce reduzindo assim os índices de eclosão. O baixo

potencial de eclodibilidade se dá pelo fato da casca do ovo ser mais grossa e o

albúmen mais denso, dificultando a perda de umidade e troca de gases durante a

incubação (TANURE et al., 2008).

Na Figura 3 estão representados os dados reais de uma empresa onde,

desconsiderando outros fatores, pode-se observar o efeito da idade da matriz

sobre a taxa de eclodibilidade e quantidade de pintos viáveis. Matrizes com 32,

33, 41 e 44 semanas apresentaram uma maior percentual de eclodibilidade e,

à medida que envelhecem o percentual de eclosão diminuiu. Em um

experimento realizado por Almeida (2016), ovos de matrizes mais jovens

também apresentaram uma maior eclodibilidade. Tanure et al. (2008) obtiveram

melhores taxas de eclosão em matrizes pesadas com 32 semanas em

comparação com matrizes de 57 semanas. Esses resultados podem ser

explicados pela composição e qualidade da casca associada à idade das matrizes,

pela elevação da mortalidade embrionária reduzindo o rendimento de incubação

(ROSA & ÁVILA, 2000).

Segundo ARAÚJO (2013), à medida que as matrizes envelhecem (50

semanas) produzem ovos maiores e a qualidade da casca diminui, uma vez que

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO UNIDADE …

25

uma matriz velha retém apenas 40% do cálcio absorvido. A taxa de postura é

reduzida devido ao aumento do intervalo entre ovulações, pois a gema

proveniente da síntese hepática é depositada em um menor número de folículos.

Figura 2- Taxa de eclodibilidade e número de pintos viáveis de matrizes da

linhagem Cobb em diferentes idades.

Os ovos maiores reduzem a densidade devido a maior porosidade da

casca, o que favorece as trocas gasosas entre o ovo e o meio, fator este

determinante para a perda de água do ovo. Com isso, a necessita de maior

umidade de incubação para dificultar a desidratação excessiva dos ovos. Quando

os ovos desidratam, eleva-se a probabilidade de ocorrer a mortalidade

embrionária antes que termine o ciclo com grandes chances de provocar

contaminação (BRITO, 2006).

Outros fatores relacionados com as matrize, como nutrição e sanidade,

são de grande relevância, pois a qualidade da casca do ovo está estritamente

relacionada com a nutrição, uma vez que o cálcio e fósforo que são utilizado

para formar a casca vem exclusivamente da dieta das aves. Por fim, as doenças

prejudicam os órgãos relacionados à absorção de cálcio e fósforo,

comprometendo a qualidade da casca. Dentre as doenças que mais afetam as

matrizes e causam efeitos sobre a qualidade da casca estão a Newcastle e

82

.72

88

.57

86

.73

84

.6

73

.75

80

.23

71

.1

82

.13

87

.69

85

.83

83

.74

73

.03

79

.46

70

.26

29 33 41 52 65 65 69

Idade das Matrizes (Semanas)

Taxa de Eclodibilidade (%) Pintos viáveis (%)

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26

bronquite infecciosa (SANTANA et al., 2014).

2.6.2 Estocagem de ovos férteis

A estocagem de ovos é necessária dentro de sistemas de incubatórios

industrias. O início da estocagem começa na granja e finaliza quando os ovos

são incubados, no entanto, esse tempo não deve ser excedido, pois diminui a

qualidade do albúmen. À medida que o albúmen se degrada, a gema pode girar e

flutuar para a parte superior do ovo, ficando mais próxima da casca e sujeita à

desidratação e contaminação. Além disso, o armazenamento de ovos férteis

apresenta correlação inversa com a eclodibilidade, porque quanto maior for o

tempo de estocagem, maior será a taxa de mortalidade embrionária, maior

mortalidade precoce, volume de pintos de má qualidade e imperfeita cicatrização

dos umbigos, penugem com aspecto pegajoso e maior janela de nascimento,

devido à perda de umidade (DIAS et al., 2011).

Durante o período de estocagem é necessário manter temperatura entre

21° e 22°C para impedir o desenvolvimento embrionário e aumentar a janela de

eclosão. Além disso, se faz necessário que a umidade seja mantida em níveis

adequados para que o embrião não desidrate (VIVAN, 2019). A eclodibilidade

pode declinar à medida que o tempo de estocagem for maior que três dias

independentemente da temperatura mantida. Além disso, o ovo estocado

apresenta retardamento do desenvolvimento embrionário e maior tempo de

incubação, (ARAÚJO, 2009). Para MACARI et al., (2013), geralmente, um dia

de estocagem, corresponde a uma hora a mais no processo de incubação. O autor

ressalta que incubar os ovos após a postura também reduz a taxa de eclosão,

sendo ideal estocar o ovo pelos menos por 24 horas antes da incubação. Na

Tabela 3 pode-se observar o efeito do período de estocagem e idade da matriz

sobre a taxa de eclodibilidade.

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27

Tabela 01. Efeito do período de estocagem e idade da matriz sobre a

Taxa de eclodibilidade.

Tempo de

armazenamento

(dias)

Nº de ovos

incubados

Total de

nascidos

Inférteis Eclodibilidade

%

1

3

5

7

9 12

576

576

576

576

576 576

433

407

410

401

367 311

76

69

74

70

77 99

86,6

80,3

81,7

79,3

73,6 65,2

Fonte: Adaptado de COSTA (2011).

Na Tabela1é possível obeservar que ovos ao final de 12 dias de

armazenamento a queda da taxa de eclodibilidade foi mais acentuada. À medida

que tempo de armazenamento aumenta leva à uma diminuição da viabilidade

embrionária e consequentemente acarreta diminuição da taxa de eclodibilidade.

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28

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

É de grande importância conhecer e acompanhar os fatores que que

influenciam no processo de incubação e no desenvolvimento embrionário, pois a

regulamentação desses fatores faz-se com que os incubatórios tenham os

melhores resultados, além disso, mantém o controle de produção e identifica

possíveis causas relacionadas a baixa eclodibilidade, seja ela de manejo do

incubatório ou a na unidade de produção de ovos.

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO UNIDADE …

29

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