universidade federal rural de pernambuco ufrpe unidade
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i
Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE
Unidade Acadêmica de Serra Talhada – UAST
Bacharelado em Ciências Biológicas
DAMIÃ O FERREIRA DA COSTA
FAUNA DE MICROCRUSTÁ CEOS EM LAGOAS DE UM AFLORAMENTO
ROCHOSO DE ALTITUDE NO SEMIÁ RIDO (TRIUNFO, PE)
SERRA TALHADA – PE
Janeiro de 2015
ii
DAMIÃ O FERREIRA DA COSTA
FAUNA DE MICROCRUSTÁ CEOS EM LAGOAS DE UM AFLORAMENTO
ROCHOSO DE ALTITUDE NO SEMIÁ RIDO (TRIUNFO, PE)
Monografia apresentada ao Curso de
Bacharelado em Ciências Biológicas, da
Universidade Federal Rural de Pernambuco -
Unidade Acadêmica de Serra Talhada, como
pré-requisito obrigatório à obtenção do título de
Bacharel em Ciências Biológicas.
Á reas de Concentração: Zoologia e Ecologia.
Orientador: Prof. Dr. Mauro de Melo Júnior.
SERRA TALHADA – PE
Janeiro de 2015
iii
iv
DAMIÃ O FERREIRA DA COSTA
Fauna de microcrustáceos em lagoas de um afloramento rochoso de altitude
no semiárido (Triunfo, PE)
Monografia apresentada à Banca examinadora em:
21/01/2015
Serra Talhada – PE Janeiro de 2015
v
Ainda hoxe queda xente
que sabe sentir a terra
queda ainda quen comprende
canto pode aprender dela
Que non existe o silencio
todo está cheo de sons
canta o río, brúa o vento
todo fala ao teu redor
I é preciso que entendas
o que intues no interior
somos parte desta terra
porque terra somos nós
Raquel González Gamallo
vi
Dedico
À minha mãe Noêmia Ferreira da Costa (in memorian).
vii
AGRADECIMENTOS
Gostaria de expressar meus agradecimentos:
Ao criador (יהוה, YHWH = Aquele que causa que venha a ser), pelo desenho sábio
das estruturas do universo ao qual se permitiu a vida nas mais diversas formas que
vemos hoje;
Ao meu pai Francisco Pereira da Costa, pelo apoio como pai. Homem do campo que
mesmo não tendo boas condições financeiras, junto com minha mãe, com dedicação
e esforço num país de tanta desigualdade e descaso com os mais humildes,
conseguiu criar oito de seus nove filhos até a vida adulta sem deixar faltar o
essencial;
À minha mãe Noêmia Ferreira da Costa (in memorian), um modelo perfeito de mãe e
cristã que até seus últimos dias, não deixou de se preocupar com seus filhos em
nenhum momento, e durante toda a vida sacrificou o seu tempo, saúde, energia e
conforto na educação e edificação em cidadãos de bem: os seus filhos e netos;
Aos meus irmãos (e respectivas novas famílias): Hildete, Davi, Cícera, Sibito
(Cícero), Patrícia, Geovane e Sandra pela companhia, brincadeiras, discussões e
apoio até o momento. A ingenuidade de minha mãe em acatar conselhos de um
clérigo em não tomar a pílula (segundo ele, era pecado) nos trouxe muitas alegrias e
hoje não imagino como seria a vida sem cada um deles;
À parte da família (os poucos tios e primos que não me desdenham, que realmente
se importam comigo e que ainda estão no meu convívio: em especial tia Guiomar e
família e tia Lindaura e família);
À minha família de consideração (muitas vezes valendo-se mais do que a própria de
sangue): meus irmãos Thiago, Jan, e Nino, e pais Francisca e José (família Martins
Ferreira); Ainda ao meu irmão Helder [Makenze]-niichan, vó Luzia, e também Hilda e
Neguinho. Obrigado pelo suporte que deram nos momentos mais difíceis e por
deixarem um estranho fazer parte de seu círculo familiar;
Aos meus amigos de maior data espalhados pelo mundo: Uanderson (amigo desde
a infância), Renato (Bucha-seca), Cidinha (motoqueira fantasma);
Ao amigo Alan Carlos o qual me incentivou a sair da “geleira” dos “Alpes
triunfenses”, fazer o ENEM e entrar na universidade;
Aos amigos mais recentes conquistados através da universidade, destacando:
Danylo-chan (meu parceiro na dupla sertaneja), Amália-neechan, George (Dó
Viagem), Maisa Fernanda, Ana Patrícia, Lika, Maiane, Célia, Guga-niichan, Luizinho,
Ana Raquel, Lucykleia, Dayane, Catarina, Edson (Chacal), Valdeane, Jodson,
Thalline, Thaisa, Natiane, Thiago, Sinthia, Aylane, Bruna, Ana Maria, Hiago (o bruto),
Lélis, Daniel (Tubarão) e irmãos Bezerra (Paulinho e Mateus);
Aos meus primos biólogos e companheiros da UAST: Sirlei da Costa (por parte de
pai) e Á lvaro Diniz (por parte de mãe) que me convenceram ainda mais que a
biologia tá no sangue;
Aos meus outros companheiros de jornada dos laboratórios do carinhosamente
chamado L’aperto. Do LEPLANC (a turma da água suja): Cláudio, Leidiane, Maiara,
Thays, Talita, Laíze, Maianne, Jeffeson, Gilmar, Renato, Paulo Henrique, Marianne e
Íttalo. Além desses, Silvano, Kamila e os demais do LABENTOS, e ainda a turma da
folha seca: Wesley-senpai, Samara, Débora, Rivânia e Flávia;
Aos outros colegas, companhias de viagem, e amigos de Triunfo: Filipe, René,
Daniel, Larissa, Juliano e Taylane.
À instituição UFRPE/UAST pela oportunidade de conseguir uma graduação sem a
necessidade de êxodo para a capital;
Ao Programa de Iniciação Científica (PIC/CNPq);
À equipe de técnicos da unidade acadêmica, incluindo bibliotecários, porteiros e
seguranças, em especial a Jadna Araújo;
À equipe de mestres que participaram direta ou indiretamente da minha formação,
em especial: André Laurênio, Valdeline Silva, Plínio Gomes, Ricardo Gama, Fábia
Viana, Jacqueline Silva-Cavalcanti, Renata Mendes, Martinho Carvalho e Pedro
Melo;
Aos pesquisadores Nicolas Rabet e Sébastien Lacau, pela disposição em ajudar na
identificação dos grandes branquiópodes;
À s colegas Mirian Lima e Flávia Nunes, pela gentileza em fazer as coletas para esse
trabalho;
Ao Sr. Assis da Silva (in memorian) e família, proprietários da área do estudo, por
permitirem e participarem das coletas;
Aos membros da banca avaliadora desse trabalho: Carlos Romero Oliveira e Cláudia
Helena Oliveira por aceitarem o convite e também pela importante participação e
incentivo na graduação;
Especialmente ao meu orientador Mauro de Melo Júnior, pela vital participação na
minha vida acadêmica, que desde cedo como professor de zoologia fez-me
aumentar o apreço por essa área com sua frase “invertebrados é bem mais legal”.
Por aceitar prontamente minha proposta de trabalho com microcrustáceos de
lajeiros, os quais eu “brinco” desde criança junto com outros invertebrados também
muito importantes. Num momento onde eu não tinha mais chão, me colocou num
pedestal: incluiu-me no seu grupo de orientandos tão seletos e ativos, e deixando
com liberdade de ação, confiando no meu trabalho, mesmo sabendo que talvez eu
pudesse ser um lobo solitário na alcateia. Agradeço pela paciência, tolerância,
conselhos, elogios e repreensões tão construtivos para eu ser uma melhor pessoa e
profissional;
Enfim, a todos citados ou não que me deram mais um motivo para continuar em
frente: continuar observando e admirando de camarote as maravilhas da vida, como
exemplo a ser seguido o desses ínfimos animais que, com suas vidas tão efêmeras
e incertas, não deixam de mostrar sua beleza na insistência e desejo de viver tão
intensamente, mesmo em condições tão adversas.
x
RESUMO
O objetivo desse estudo foi caracterizar a diversidade de microcrustáceos durante o
período de um ano, em lagoas de altitude em um afloramento rochoso do brejo de
altitude, na divisa dos estados de Pernambuco e Paraíba. Amostras mensais (de
agosto de 2011 a julho de 2012) foram coletadas através de filtragem de 20 a 60 L
de água, em rede planctônica, e fixadas em formol a 4%. Adicionalmente, alguns
parâmetros abióticos como a pluviosidade, O2 dissolvido, pH, transparência da água,
temperatura, luminosidade, salinidade e a velocidade do vento incidente foram
aferidos. Foram registradas 18 espécies de microcrustáceos, sendo 12 de
Cladocera, duas de Copepoda, duas de Ostracoda, uma de Anostraca e uma de
Spinicaudata. As espécies mais frequentes foram Notodiaptomus iheringi,
Ephemeroporus hybridus, Anthalona verrucosa e Moina minuta. A maior densidade
foi a do grupo Copepoda, e a espécie N. hieringi pode ser um indicador de ambiente
pouco impactado. A densidade de microcrustáceos esteve correlacionada
negativamente com a pluviosidade e com a quantidade e a transparência da água. O
número de espécies foi baixo, porém similar a outros estudos em regiões vizinhas de
menor altitude. Esse tipo de lagoa rochosa de altitude traz um novo registro de
ambiente para o Anostraca Dendrocephalus brasiliensis e, possivelmente, o
Spinicaudata é uma nova espécie de Metalimnadia.
Palavras chave: caldeirões de pedra, lagoas efêmeras, Branchiopoda, Copepoda,
Ostracoda
xi
ABSTRACT
The aim of this study was to characterize the diversity of microcrustaceans through
the time of one year, in altitude rock ponds from the brejo de altitude in the boundary
region between Pernambuco and Paraíba states. Monthly (from August 2011 to July
2012), samples were taken by filtering 20 to 60 L of water in a planktonic net.
Supplementary, some abiotic parameters as the rainfall, dissolved O2, pH, water
transparency, temperature, luminosity, salinity and the velocity of the incident wind
were gauged. 18 species of microcrustaceans were recorded: 12 Cladocera, two
Copepoda, two Ostracoda, one Anostraca and one Spinicaudata. The species more
frequent were Notodiaptomus iheringi, Ephemeroporus hybridus, Anthalona
verrucosa and Moina minuta. The highest density was Copepoda group, and the
species N. hieringi can be an indicator of slightly affected environment. The density
was correlated negatively to rainfall, quantity of water and water transparency. The
number of species was low, similar to others studies in the neighboring regions of
lower altitudes. This type of altitude rock pond brings a new registry of environment
for the Anostraca Dendrocephalus brasiliensis and, possibly, the Spinicaudata is a
new species of Metalimnadia.
Keywords: rock ponds, ephemeral ponds, Branchiopoda, Copepoda, Ostracoda.
xii
SUMÁ RIO
AGRADECIMENTOS ................................................................................................ vii
RESUMO..................................................................................................................... x
ABSTRACT ................................................................................................................ xi
LISTA DE FIGURAS ................................................................................................ xiii
LISTA DE TABELAS ................................................................................................ xv
1. INTRODUÇ Ã O ........................................................................................................ 1
2. OBJETIVOS ............................................................................................................ 3
2.1. Objetivo geral .................................................................................................... 3
2.2. Objetivos específicos ........................................................................................ 3
3. REVISÃ O DE LITERATURA .................................................................................. 4
4. MATERIAL E MÉ TODOS ....................................................................................... 9
4.1. Caracterização da área de estudo .................................................................... 9
4.2. Estratégia amostral ......................................................................................... 10
4.2.1. Ambientes estudados ................................................................................ 10
4.2.2. Amostragem e aferição das variáveis abióticas ........................................ 16
4.2.3. Análise laboratorial .................................................................................... 18
4.2.4. Tratamento dos dados .............................................................................. 18
5. RESULTADOS ...................................................................................................... 20
5.1. Variáveis ambientais ....................................................................................... 20
5.2. Comunidade de microcrustáceos .................................................................... 24
6. DISCUSSÃ O ......................................................................................................... 35
7. CONSIDERAÇ Õ ES FINAIS .................................................................................. 40
8. REFERÊ NCIAS ..................................................................................................... 41
APÊ NDICE ................................................................................................................ 49
LISTA DE FIGURAS
Figura 01: Localização da região do estudo. A – Localização na região nordeste
brasileira; B – A região de altitude na divisa dos estados da Paraíba com
Pernambuco. Confeccionado a partir de dados de satélite do Google Earth (2014).
.................................................................................................................................. 10
Figura 02: Imagens de satélite do local do estudo. A – O caminho percorrido
partindo da área urbana do município de Triunfo/PE até o Sítio [Santo Antônio de]
Lajes; B – O afloramento rochoso com as lagoas estudadas (A1-A5). Modificado do
Google Earth (2014). ................................................................................................ 13
Figura 03: Caracterização fotográfica do local e das cinco lagoas de afloramento
rochoso no Sítio Lajes, Triunfo/PE em período chuvoso. A – Lagoa A1; B – Lagoa
A2; C – Lagoa A3; D – Lagoa A4; E – Lagoa A5; F – Vista sul do lajedo do estudo
destacando os vários hábitos da vegetação a qual a rocha dá suporte. Fonte: D. F.
Costa (2014). ............................................................................................................ 15
Figura 04: Caracterização fotográfica das cinco lagoas (A1-A5) de afloramento
rochoso no Sítio Lajes, Triunfo/PE em três períodos distintos. Dezembro de 2011;
Fevereiro de 2012 e Abril de 2012. Imagens: Mirian Lima & Flávia Nunes (2011-
2012). ....................................................................................................................... 17
Figura 05: Variação temporal na densidade total de microcrustáceos em cinco
lagoas de altitude do Sítio Lajes, Triunfo/PE. ........................................................... 26
Figura 06: Variação temporal na pluviosidade mensal e densidade média de
microcrustáceos em cinco lagoas de altitude do Sítio Lajes, Triunfo/PE. ................ 27
Figura 07: Densidade média de Copepoda, Ostracoda e Cladocera em cinco lagoas
de altitude no Sítio Lajes, Triunfo/PE. ...................................................................... 28
Figura 08: Variação temporal na densidade de copépodes em cinco lagoas de
altitude do Sítio Lajes, Triunfo/PE. ........................................................................... 28
Figura 09: Variação temporal na densidade ostrácodes em cinco lagoas de altitude
do Sítio Lajes, Triunfo/PE. ........................................................................................ 29
Figura 10: Variação temporal na densidade de cladóceros em cinco lagoas de
altitude do Sítio Lajes, Triunfo/PE. ........................................................................... 31
Figura 11: Curva de rarefação da riqueza de espécies de Cladocera em cinco
lagoas de altitude do Sítio Lajes, Triunfo/PE. ........................................................... 32
Figura 12: Curva de extrapolação da riqueza de espécies de Cladocera em cinco
lagoas de altitude do Sítio Lajes, Triunfo/PE. ........................................................... 33
Prancha 1: Espécies de Copepoda e Ostracoda encontradas nas lagoas do Sítio
Lajes, Triunfo/PE sob microscópio óptico: A – Copepoda Notodiaptomus iheringi
(fêmea com massa de ovos); B – Copepoda Microcyclops anceps.; C – Ostracoda
Stenocypris major; D – Ostracoda Cypricercus centrura. Fonte: D. F. Costa (2014).
.................................................................................................................................. 49
Prancha 2: Espécies de grandes Branchiopoda encontradas na região de altitude
entre Pernambuco e Paraíba: A – Conchostraca Spinicaudata Metalimnadia sp. em
ambiente natural; B – fêmea sob estereomicroscópio; C – seus ovos de resistência
sob microscópio óptico. D – Anostraca Dendrocephalus cf. brasiliensis em ambiente
natural; E – macho sob estereomicroscópio; F – um ovo de resistência de Anostraca
sob microscópio óptico. Ambiente natural situado no Sítio Caldeirão, São José de
Princesa/PB. Fotos: D. F. Costa (2014). ................................................................. 50
Prancha 3: Algumas das espécies de Cladocera encontradas nas lagoas de altitude
do Sítio Lajes, Triunfo/PE sob microscópio ótico: A - Anthalona verrucosa; B -
Ephemeroporus hybridus; C - Parvalona parva; D - Moina minuta; E - Macrothrix
elegans; F - Leberis davidi; G - Coronatella monacantha; H - Leydigiopsis
curvirostrus. Fonte: D. F. Costa (2014). .................................................................. 51
xv
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Localização, altitude e dimensões das cinco lagoas amostradas do Sítio
Lajes, Triunfo/PE. ..................................................................................................... 14
Tabela 2: Variáveis ambientais de agosto de 2011 a julho de 2012 em cinco lagoas
do Sítio Lajes, Triunfo/PE. ....................................................................................... 21
Tabela 3: Amplitude (mínimo - máximo), média e desvio padrão das variáveis
ambientais de agosto de 2011 a julho de 2012 em cinco lagoas do Sítio Lajes,
Triunfo/PE. ............................................................................................................... 22
Tabela 4: Frequência de ocorrência de espécies e morfotipos de microcrustáceos
em cinco lagoas de altitude do Sítio Lajes, Triunfo/PE. ........................................... 25
Tabela 5: Variação temporal da riqueza, diversidade e equitabilidade dos cladóceros
de cinco lagoas de altitude no Sítio Lajes, Triunfo/PE. ...................................... 34
1. INTRODUÇ Ã O
Regiões de altitude nos vários estados do Nordeste brasileiro propiciam um
padrão diferenciado nos parâmetros ambientais, comparados aos ambientes
circunvizinhos de menor altitude (CABRAL et al., 2004). Esses ambientes, os
chamados brejos de altitude, funcionam como “ilhas” de floresta úmida inseridas no
semiárido, onde são comuns áreas de transição entre os dois tipos de ambientes,
podendo aumentar assim a biodiversidade, inclusive com espécies endêmicas e/ou
espécies raras de plantas e animais (TABARELLI et al., 2004, SIQUEIRA-FILHO et
al., 2008).
Nos ambientes de altitude no Nordeste, é comum o afloramento rochoso, os
chamados lajedos (ou lajeiros) que, ao acumularem água das chuvas, tornam-se
pequenas lagoas, chamadas localmente de tanques ou caldeirões de pedra. Por
estarem expostos e sem conexão com riachos, esses reservatórios sofrem muita
ação dos ventos, da radiação solar intensa, da oscilação na temperatura,
evaporando rapidamente em prolongada exposição ao sol e falta de chuva. Por sua
vez, os organismos presentes nesses ambientes necessitam ser adaptados a essas
condições, suportando as variações químicas e físicas que ocorrem de formas
diferenciadas ao longo das estações do ano (CRISPIM & FREITAS, 2005; LOPES &
CALIMAN, 2008; SIMÕ ES et al., 2011).
Dentre os muitos organismos aquáticos presentes nos ambientes de altitude,
destaca-se o grupo dos microcrustáceos. Distribuídos nas várias camadas da coluna
d’água, é o grupo com maior biomassa e atividade, seguido pelos protozoários,
rotíferos e larvas de insetos (ESTEVES, 1998). Por causa da distribuição restrita por
parte de algumas espécies e seu ciclo de vida curto desses invertebrados em lagoas
temporárias, funcionam como importantes bioindicadores, já que qualquer
interferência nas variáveis, como hidrologia alterada, qualidade da água, alteração
na composição florestal, escavação, entre outras, possuem o potencial de alterar a
sua comunidade ou até ocasionar a perda de espécies, presentes nesses ambientes
(COLBURN et al., 2007).
Diante da escassez de pesquisas para esses ambientes singulares, o presente
estudo teve o objetivo de acompanhar a dinâmica e a composição temporal da
comunidade de microcrustáceos, durante um ano completo (de agosto de 2011 a
julho de 2012), em cinco lagoas de altitude da região de divisa entre Pernambuco e
Paraíba. Trata-se de um estudo pioneiro para esse tipo de ambiente, quanto à fauna
de microcrustáceos.
2. OBJETIVOS
2.1. Objetivo Geral
Caracterizar a diversidade temporal e espacial da fauna de microcrustáceos de
algumas lagoas temporárias de altitude do bioma Caatinga (PE/PB).
2.2. Objetivos Específicos
Identificar, ao menor nível taxonômico, a fauna de microcrustáceos desses
ambientes;
Associar a ocorrência temporal de determinadas espécies à variabilidade de
algumas condições bióticas e abióticas desses ambientes;
Acompanhar a dinâmica da comunidade de microcrustáceos em períodos
secos e chuvosos, através de amostragens durante um ano completo.
3. REVISÃ O DE LITERATURA
Os ambientes de águas interiores possuem grande atividade biológica,
principalmente por parte dos invertebrados (ESTEVES, 1998). Isso não se limita a
grandes reservatórios perenes, mas também a pequenos reservatórios intermitentes
na região do semiárido, sobretudo do Nordeste do Brasil, onde esses corpos
aquáticos servem como manchas de biodiversidade (MALTCHIK, 2000).
Vários animais e plantas se utilizam desses ambientes para reprodução e
desenvolvimento, seja esse parcial ou total dentro do reservatório (SILVA-FILHO,
2004).
Dentre os invertebrados, o grupo de maior destaque é o dos microcrustáceos,
que compreendem os Branchiopoda, Copepoda e Ostracoda e podem estar
distribuídos da zona planctônica à bentônica. Esses microcrustáceos são
importantes elos da cadeia trófica e importantes recicladores da matéria orgânica,
processando a matéria proveniente de restos vegetais, animais e daqueles oriundos
da ação antrópica (TUNDISI & TUNDISI, 2008).
A classe Branchiopoda (os branquiópodes) na região nordeste do Brasil é
representada pelas ordens Anostraca e Diplostraca. Esta última ordem está dividida
nas subordens Cladocera (os cladóceros), Spinicaudata e Cyclestherida (ambas
conchostráceos) (MARTIN & BOYCE, 2004; BRUSCA & BRUSCA, 2007;
BRENDOCK et al., 2008; ROGERS, 2009). Os conchostráceos (localmente
chamados de “cascudinhos” e em inglês de “clam shrimps”, camarões com valvas),
juntos com Anostraca, são conhecidos como os “grandes branquiópodes”
(BRENDOCK et al., 2008). O termo Conchostraca é o antigo nome do grupo, ainda
usado para diferenciar esses animais de carapaça com concha bivalve dos outros
grupos de microcrustáceos. Os conchostráceos vivem em ambientes temporários de
todos os continentes, exceto Antárctica. Possuem ciclo de vida curto e reproduzem-
se principalmente de forma sexuada, produzindo ovos (cistos) resistentes com
desenhos bem arranjados, característica importante na taxonomia desses animais
(MARTIN & BOYCE, 2004; RABET, 2010; ROGERS et al., 2012).
A subordem Cladocera (Ordem Diplostraca), que contém os cladóceros ou
pulgas d’água (em inglês, “water fleas”), é composta por crustáceos com cerca de
dois mm, o que não os inclui no grupo dos grandes branquiópodes. Assim como
seus parentes conchostráceos, possuem carapaças bivalves abertas ventralmente.
Estão geralmente associados ao plâncton. Possuem ciclo de vida curto e
reproduzem-se principalmente por partenogênese, produzindo zigotos. Sob algumas
condições, produzem também ovos heterozigóticos de resistência, chamados efípios
(ELMOOR-LOUREIRO, 1996; BRUSCA & BRUSCA, 2007; BRENDOCK et al., 2008;
FORRÓ et al., 2008).
A ordem Anostraca (os anostráceos), chamados em inglês de “fairy shrimps”
(camarões-fada), é representada no Brasil pelas branconetas (Branchineta Verrill,
1869 e Dendrocephalus Daday, 1908) e artêmias (Artemia Leach, 1819), sendo que
as branconetas são de ambientes dulciaquícolas temporários e as artêmias de
ambientes salinos (CHAVES et al., 2011). São crustáceos alongados e, por não
apresentarem carapaça como os outros branquiópodes, nadam constantemente com
o dorso para baixo na coluna d’água (BRENDOCK et al., 2008). As espécies de
anostráceos são diferenciadas tipicamente pela forma e desenho da segunda antena
do macho (chamada de apêndice frontal), que é modificada em um clásper para
segurar a fêmea durante a cópula (BRENDOCK et al., 2008; CHAVES et al., 2011).
A maioria dos branquiópodes coloca ovos resistentes que necessitam da
dessecação para ficarem viáveis e prevenir a infestação de fungos. Esses ovos (ou
cistos) são capazes de suportar a dessecação prolongada, acidez estomacal dos
predadores, congelamento, fervura, entre outras condições extremas, e ainda
podem permanecer viáveis por décadas ou, até possivelmente, séculos (ROGERS,
2009). Como microinvertebrados obrigatoriamente aquáticos, os branquiópodes são
importantes elos na cadeia trófica aquática. A sua presença e persistência em
ambientes aquáticos efêmeros, servem como indicadores da qualidade desses
ecossistemas, refletindo de uma ampla perspectiva, as práticas do uso desses
recursos (ROGERS, 2009).
Geralmente, a maioria dos microcrustáceos (exceto cladóceros, por exemplo)
passa por um estágio larval chamado náuplio (MELÃ O, 1999; MARTIN & DAVIS,
2001).
Os copépodes (subclasse Copepoda) são crustáceos de corpo alongado que
se reproduzem sexuadamente. As fêmeas carregam consigo massas de ovos,
chamadas sacos ovígeros. Dos ovos eclodem larvas náuplios que passam por
algumas fases e se tornam copepoditos, os quais passam também por vários
estágios até chegar à fase adulta. Dentre os copépodes límnicos viventes, se
destacam principalmente, duas ordens: Calanoida (calanóides) e Cyclopoida
(ciclopóides), sendo os primeiros essencialmente filtradores e os ciclopóides
predominantemente carnívoros (MARTIN, 2001; BRUSCA & BRUSCA, 2007).
Os ostrácodes (classe Ostracoda), comumente chamados em inglês de “seed
shrimps” (camarões-sementes), são crustáceos com carapaça bivalve e pequenos,
com tamanho variando de 0,1 a 2,0 mm, com 6 a 8 pares de apêndices. Geralmente
possuem hábitos bentônicos. Os ostrácodes são abundantes em ambientes
aquáticos do mundo inteiro (BRUSCA & BRUSCA, 2007; MARTENS et al., 2008).
Por meio de suas características como fácil cultivo, carapaça rígida, ciclo de
vida rápido, alta fecundidade entre outras, são usados amplamente em estudos de
tafonomia, paleoecologia e de crescimento e idade (MARCUS & WEEKS, 1997;
TOMASSI, 2009; CARVALHO, 2014). Nas últimas décadas, o número de trabalhos
que envolvem e dão importância aos microcrustáceos está crescendo no Brasil,
destacando-se também no semiárido nordestino (CRISPIM & WATANABE, 2000;
CRISPIM et al., 2006; ABÍLIO et al., 2007; MELO JÚ NIOR et al., 2007; SOUZA et al.,
2009; DINIZ et al., 2013;).
Possuem peculiaridades que permitem que sejam empregados nos mais
variados estudos científicos. Por exemplo, no semiárido da Paraíba, Abílio et al.
(2007) destacam a ocorrência e a dominância de Conchostraca em alguns
reservatórios temporários, sugerindo que esses animais são indicadores de boa
qualidade da água e que nos ambientes onde há a presença desses animais, há um
baixo enriquecimento orgânico. Ainda no semiárido, Dantas-Silva & Dantas (2013)
enfatizaram a importância da comunidade de microcrustáceos planctônicos na
bioindicação de um ambiente.
Alguns microcrustáceos podem ter interesse também para a aquicultura, onde
algumas espécies de Anostraca (artêmias e branconetas) são cultivadas para o uso
na piscicultura. No Nordeste, Lopes et al. (2007; 2008), apontaram Dendrocephalus
brasiliensis Pesta, 1921 (espécie comum na região nordeste) como forma alternativa
às artêmias (Artemia spp., mais caras e de maior tempo de cultivo) na produção de
alimento vivo para alevinos. Em estudos experimentais sobre a remoção de algas de
ambientes degradados no Centro-Oeste, conduzidos por Gonçalves (2001), foi
observado que apenas 20 náuplios do anostráceo, por litro, já atende a necessidade
de qualquer projeto para remoção de algas em ambientes eutrofizados, podendo
funcionar assim como biorremediadoras.
Estudos em ambientes de altitude sobre microcrustáceos são comuns ao
redor do mundo e em várias regiões (JERSABECK et al., 2001; DEMETER &
STOIESCU, 2008; KOTOV et al., 2010; AYGEN et al., 2012; KÜ LKÖ YLÜ OĞLU et
al., 2012). O padrão mais difundido sobre a biodiversidade em um gradiente
elevacional é o padrão monotônico-decrescente, onde a diversidade diminui com o
aumento da altitude, conectado com a redução na temperatura e diminuição na
produtividade, além de outros fatores como declive e precipitação, entre outros
(RAHBEK, 1995). Em alguns casos, a diversidade de microcrustáceos segue esse
padrão. Gaviria (1993), num estudo sobre o zooplâncton em um lago de altitude
colombiano, constatou que a composição dos crustáceos planctônicos é limitada a
poucas espécies. Também na América do Sul, Torres & Rylander (2006) estudaram
os microcrustáceos em nove lagos equatorianos, a mais de 3000 m de altitude, e
encontraram um baixo número de espécies, concluindo que a altitude e o pH são
importantes fatores determinantes da diversidade de zooplâncton. Porém, esses
lagos são localizados em pontos muito altos da região tropical.
Trabalhos e revisões sobre a diversidade em gradientes altitudinais
mostraram que além do padrão monotônico-decrescente, existem também outros
padrões como o unimodal-parabólico (maior diversidade em altitudes
intermediárias), constante decrescente (constante em baixas altitudes) e
monotônico-crescente (a diversidade aumenta com a altitude) (RAHBEK, 1995;
COLWELL et al., 2004; BORGES, 2011; MARQUES, 2011).
No Brasil, alguns estudos limnológicos quanto aos microcrustáceos em ambientes
de altitude foram conduzidos por Galvão et al., (2008), no planalto central e por
Santos-Wisniewsky et al. (2002), na Serra da Mantiqueira (SP). Para o semiárido,
ainda não existem trabalhos para a fauna de microcrustáceos em corpos aquáticos
em regiões de altitude (> 800 m). No Brasil não existem grandes elevações (ou seja,
> 3000 m), sua região de altitude se limita a poucas cadeias de montanhas e
planaltos. Da mesma forma, a ecologia dos microcrustáceos (e de vários outros
organismos) nesse tipo de ambiente ainda é desconhecida.
4. MATERIAL E MÉ TODOS
4.1. Caracterização da área de estudo
O brejo de altitude referido no presente estudo compreende a maior parte do
território dos municípios pernambucanos de Triunfo e Santa Cruz da Baixa Verde,
bem como pequenas áreas ao sul dos respectivos municípios vizinhos no estado da
Paraíba, com os quais fazem fronteira: Manaíra, São José de Princesa e Princesa
Isabel (Figura 01). Essa região encontra-se inserida geologicamente na província da
Borborema, no alto do rio Pajeú e Serra do Teixeira e é constituída pelo litotipo da
suíte batólito de Triunfo (suíte Shoshonítica Ultrapotássica Triunfo do período
Neoproterozóico superior) (FERREIRA & SIAL, 1986; CPRM, 2012).
O clima, nesse maciço montanhoso é do tipo CW’a, segundo a classificação
de Köpen, clima mesotérmico com inverno seco e verão chuvoso com temperatura
média anual de 25°C com mínima de 12°C e máxima de 30°C (CPRM, 2012 IBGE,
2014). Os meses de agosto a dezembro são considerados meses de estiagem e a
maior pluviosidade ocorre nos meses de fevereiro a abril (OLIVEIRA et al., 2006).
O município de Triunfo contém a mais elevada cidade do estado de Pernambuco
(altitude na área urbana variando de cerca de 950 a 1095 m) e possui o segundo
pico mais elevado desse estado (IBGE, 2014), o Pico do Papagaio, com 1165 m. A
segunda região mais alta da Paraíba fica também nessa área, na divisa com os
municípios pernambucanos de Triunfo e Santa Cruz da Baixa Verde, destacando a
Serra do Livramento, pouco mais de 1150 metros de altitude.
As lagoas em lajedos são bastante comuns já aos 900 m de altitude, devido à
exposição da rocha por processos orológicos. As águas empoçadas nesses locais
são usadas para limpeza, cocção, irrigação, entre outros usos e, menos comum, o
consumo direto humano. Os nativos sabem que, às vezes, ingerir a chamada água
de lajeiro pode fazer mal, não sabendo, porém, a causa que provavelmente são
toxinas de cianobactérias (SIQUEIRA & OLIVEIRA-FILHO, 2008; CASTRO &
MOSER, 2012). Para aumentar a capacidade de armazenamento de água, em
algumas dessas lagoas, às vezes, são construídas pequenas barreiras de cimento e
tijolos ou pedras.
Figura 01: Localização da região do estudo. A – Localização na região nordeste brasileira;
B – A região de altitude na divisa dos estados da Paraíba com Pernambuco. Confeccionado
a partir de dados de satélite do Google Earth (2014).
4.2. Estratégia amostral
4.2.1. Ambientes estudados
Cinco lagoas em um afloramento rochoso foram amostradas para a realização
do estudo. Elas estão localizadas na zona rural do município de Triunfo/PE,
aproximadamente seis quilômetros, afastando-se do centro da cidade, no Sítio Santo
Antônio de Lajes (ou mais comumente chamado apenas de Sítio Lajes), a uma
altitude superior aos 1100 m. O afloramento rochoso que contém as cinco lagoas
A
B
fica acima do ponto turístico chamado Furna dos Holandeses (tradicionalmente é
contado que foi utilizada como refúgio por alguns excursionistas holandeses que
recusaram a retirada do estado de Pernambuco no início do século XVII). As lagoas
são geograficamente muito próximas e não possuem nomes populares. Assim, foi
adicionado um código a cada uma delas: de A1 a A5 (a descrição e a codificação
das lagoas foram feitas com base nos dados da coletora das amostras, Mirian Lima,
além de observações pessoais) (Tabela 1 e Figuras 02 e 03). No entorno das
lagoas, nas frestas das rochas, existe grande quantidade de plantas de hábito
herbáceo, cactáceas, orquidáceas e, sobretudo, bromeliáceas. Em alguns pontos
sobre as rochas, onde há maior quantidade de sedimento, há pequenas áreas
verdes com árvores de maior porte, como, principalmente, pés de jatobá (Himenae
sp.), canafístula (Cassia sp.), burra-leiteira [Sapium argutum (Müll. Arg.) Huber] e
bacupari (Garcinia brasiliensis Mart.), o que pode comportar ou ser visitadas por
animais diversos e, consequentemente, podem frequentar as lagoas (Figura 03).
A lagoa A1 possui formato alongado e possui uma fenda ao longo de seu
comprimento. É recostada a uma rocha a qual lhe faz sombra até cerca das nove
horas pela manhã e recebe a incidência solar durante o fotoperíodo restante. Esse
reservatório parece ter menos alterações para captação de água e abastece três
residências. Possui águas levemente turvas.
A lagoa A2 tem formato semelhante ao da A1, porém mais comprida e possui
uma barreira de captação de água. É totalmente exposta à luz do sol, o que confere
na maioria do tempo uma cor esverdeada, talvez devido à proliferação de
organismos fotossintéticos. O proprietário não informou quantas pessoas se
beneficiam de suas águas.
A lagoa A3 é a maior e possui formato mais arredondado. Possui águas
límpidas devido a pouca profundidade. Essa lagoa foi formada naturalmente e
possui uma pequena barreira para aumentar a captação, alcançada apenas quando
há muito volume. Abastece oito residências.
A lagoa A4 possui formato mais triangular e é a menor das lagoas e também
possui uma barreira artificial. Possui águas turvas quando com muito volume. Pelo
menos cinco residências se beneficiam dessa lagoa.
A lagoa A5 possui formato mais triangular e também possui uma grande
barreira artificial. Possui duas pequenas lagoas adjacentes as quais quando cheias,
vasam para dentro dela. Abastece uma residência e à sua margem observa-se um
pequeno canteiro de verduras. Possui águas límpidas a amarelo-esverdeado.
O local da coleta especificamente está localizado no município de Triunfo,
porém, as mesmas condições podem ser aplicadas a toda a faixa de brejo de
altitude nessa região de fronteira entre Pernambuco e Paraíba que não há distinção,
exceto a linha política imaginária. Por isso, embora esse trabalho tenha sido
realizado em Pernambuco, contribui em conhecimento para os dois estados
nordestinos.
Figura 02: Imagens de satélite do local do estudo. A – O caminho percorrido partindo da
área urbana do município de Triunfo/PE até o Sítio [Santo Antônio de] Lajes; B – O
afloramento rochoso com as lagoas estudadas (A1-A5). Modificado do Google Earth (2014).
A
B
Tabela 1: Localização, altitude e dimensões das cinco lagoas amostradas do Sítio Lajes,
Triunfo/PE.
Lagoa
Localização
Altitude
Dimensões
Á rea Perímetro Profundidade
(aprox.)
A1 07° 50’ 16.24” S,
38° 04’ 46.16” W
1117 m 143,11 m2 57,91 m 1,10 m
A2 07° 50’ 15.65” S,
38° 04’ 44.86” W
1119 m 153,53 m2 70,71 m 1,20 m
A3
07° 50’ 12.59” S,
38° 04’ 46.41” W
1123 m 770 m2 107,25m
1,00 m
A4 07° 50’ 13.14” S,
38° 04’ 47.57” W
1119 m 30,58 m2
22,94 m 1,30 m
A5 07° 50’ 11.18” S,
38° 04’ 46.72” W
1121 m 93,73 m2 41,68 m 1,50 m
Figura 03: Caracterização fotográfica do local e das cinco lagoas de afloramento rochoso no
Sítio Lajes, Triunfo/PE em período chuvoso. A – Lagoa A1; B – Lagoa A2; C – Lagoa A3; D
– Lagoa A4; E – Lagoa A5; F – Vista sul do lajedo do estudo destacando os vários hábitos
da vegetação a qual a rocha dá suporte. Fonte: D. F. Costa (2014).
4.2.2. Amostragem e aferição das variáveis abióticas
A
D
B
C
F E
Para o acompanhamento da dinâmica sazonal, amostras foram coletadas
mensalmente no período de agosto de 2011 a julho de 2012, nas cinco lagoas,
durante o fotoperíodo diurno, com um balde graduado e filtragem de 20 a 60 litros de
água (dependendo da profundidade), em rede de plâncton de 45 μm. Após a
filtração, as amostras foram fixadas em formol a 4%. O conteúdo de cada filtragem
foi armazenado em recipientes de plástico, identificados com o número da lagoa, a
data e a hora da coleta.
A pluviometria foi obtida junto ao INMET (Instituto Nacional de Meteorologia),
com base na estação meteorológica local. O pH e o oxigênio dissolvido foram
obtidos utilizando reagentes do Labcon Test, com tabelas pré-definidas para
resultados comparativos aproximados. A salinidade foi calculada usando um
refratômetro modelo RHS-10ATC; a luminosidade incidente, utilizando o luxímetro
digital Lux Meter; a velocidade do vento e a temperatura do ambiente, com o
anemômetro digital modelo Ar 816. Para a aferição da temperatura foi usado o
termômetro de vidro Boyu BT-02 e para a turbidez da água foi empregado o disco de
Secchi.
O volume aproximado da água foi estimado com base em pontos
considerados mais rasos e mais profundos, observando as variações a cada mês
subsequente. Nesse caso, a profundidade do local de coleta também apresenta
contribuição ao comparativo do volume. Para tanto, foi adotada uma fita métrica que
igualmente serviu para medir o perímetro e a largura de cada lagoa. Na ocasião da
coleta em abril de 2012, a lagoa A1 esteve totalmente seca (Figura 04).
Figura 04: Caracterização fotográfica das cinco lagoas (A1-A5) de afloramento rochoso no Sítio Lajes, Triunfo/PE em três períodos distintos.
Dezembro de 2011; Fevereiro de 2012 e Abril de 2012. Imagens: Mirian Lima & Flávia Nunes (2011-2012).
A1 A4 A3 A2 A5
DE
Z/11
FE
V/12
AB
R/12
4.2.3. Análise laboratorial
A identificação e a contagem dos microcrustáceos foram feitas com análises
em microscópio óptico, onde cada amostra foi colocada em câmeras do tipo
Sedwick-Rafter com capacidade para dois mL, contando-se integralmente, no caso
de poucos indivíduos na amostra, ou por subamostras (neste caso, três subamostras
foram tomadas como fonte das médias). Para a identificação dos táxons, foram
utilizados bibliografia e artigos científicos especializados. Por falta de material
pertinente, quanto aos grandes branquiópodes, além do envio de imagens
fotográficas, alguns espécimes foram enviados ao Laboratório de Biossistemática
Animal, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia e, posteriormente, para a
França para a identificação por especialistas.
A maioria das espécies foi registrada por fotografias, através de uma
microcâmera fotográfica digital EUREKAM 10 Megapixel – Belview, acoplada a um
microscópio trinocular Opton TNB-41-PL e armazenadas em um banco de imagens.
4.2.4 Tratamento dos dados
Os dados foram tratados utilizando-se cálculos básicos de riqueza de
espécies, frequência de ocorrência (%), densidade (ind. L-1) e abundância relativa
(%). Para os cladóceros também foram utilizados os índices de diversidade de
Shannon-Wiener (H’), de equitabilidade de Pielou (SHANNON, 1948; PIELOU, 1977)
e um estimador de riqueza usando o programa EstimateS, baseado em três índices:
ICE, Chao 2 e Jack 1(COLWELL, 2005).
Para todos os dados biológicos e abióticos obtidos, foram realizadas análises
de correlação de Spearman, através do programa BioEstat 5.3, considerando um n
amostral = 58, equivalente ao número total de amostras e pares de dados
confrontados (sem dados para os meses de abril de 2012 para a lagoa A1, por estar
completamente seca e junho de 2012, para a lagoa A2, por perda do material
coletado). Um valor de p < 0,05 foi considerado significativo para aceitação das
correlações. Para verificar as diferenças entre as lagoas, foram aplicados testes de
análise de variância não-paramétrica (Mann-Withney ou Kruskal-Wallis),
considerando o mesmo valor de significância. Um teste de normalidade foi aplicado
antes de cada análise, confirmando-se que os mesmos tratavam-se de dados sem
distribuição normal.
5. RESULTADOS
5.1. Variáveis ambientais
Conforme exposto nas tabelas 2 e 3, durante o período do estudo, a região
apresentou maior precipitação no mês de fevereiro de 2012, com 116,4 mm e a
menor em dezembro de 2011, com 7,8 mm. A temperatura atmosférica, na ocasião
das coletas (pela manhã, até perto do meio dia), variou de 16°C no inverno (típica
dessa região de altitude) a 32°C no verão. A temperatura da água variou de 14°C a
26,5 °C, menor que a atmosférica. O pH apresentou pouca variação: de 6,6
(levemente ácido) a 7,5 (levemente alcalino). A lagoa A1 foi a mais ácida e a lagoa
A5 a mais básica. As lagoas apresentaram condições adequadas de O2 dissolvido
(com valores próximos de 4,0 mg/L). A velocidade do vento incidente apresentou
valores de 0,5 m/s (vento tipo aragem, segundo a escala de Beaufort) até 17,4 m/s
(vento muito forte).
Tabela 2: Variáveis ambientais de agosto de 2011 a julho de 2012 em cinco lagoas do Sítio
Lajes, Triunfo/PE.
2011 2012
Variáveis
AGO SET OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL
Pluviosidade mensal (mm)
76,9 44,7 90,2 88,8 7,8 12,3 116,4 18,6 19,6 56,1 20,1 44,4
Temperatura do ar (°C)
A1 28,0 18,0 26,0 25,0 28,7 30,0 27,0 27,9 21,2 23,0 22,0 16,7
A2 32,0 17,0 27,0 29,0 22,0 28,0 24,6 33,5 22,6 27,2 24,0 16,8
A3 33,0 16,0 31,0 28,0 32,0 27,0 23,0 28,4 26,0 38,0 27,1 20,1
A4 30,0 15,0 32,0 25,0 30,0 28,6 27,7 32,0 29,8 30,6 28,6 18,2
A5 30,0 20,0 28,0 28,4 30,0 30,0 24,5 32,1 29,8 30,4 26,1 18,1
Temperatura da água (°C)
A1 19,0 19,4 20,0 26,5 20,3 26,0 18,0 21,0 - 16,0 16,0 20,0
A2 20,0 18,0 22,0 25,0 23,0 21,0 19,0 19,0 14,5 17,0 17,0 19,3
A3 22,0 18,0 25,0 26,0 25,0 25,0 20,0 21,0 17,0 19,3 19,0 16,9
A4 23,0 20,0 25,0 26,0 25,0 25,0 20,0 23,0 18,0 20,0 20,2 19,1
A5 23,0 18,0 26,0 27,0 25,0 26,0 17,0 22,0 18,0 19,5 18,0 20,1
Luminosidade (x 100 lux)
A1 1056 429 1083 1126 1095 989 1107 1109 906 840 1061 163
A2 1075 215 513 1067 300 965 1072 1074 630 1011 856 1622
A3 1090 357 1206 1781 573 1020 974 1095 927 737 1104 205
A4 1086 185 946 1298 297 1070 890 1073 1092 1120 952 317
A5 996 1680 1064 1080 250 1078 1066 330 1092 1132 1106 183
Velocidade do vento (m/s)
A1 4,8 15,8 6,2 3,7 14,6 6,2 6,8 1,9 17,4 5,2 6,4 5,2
A2 7,2 11,2 5,3 2,1 15,2 5 6,9 0,6 9,1 5,3 10 12,6
A3 11,2 9,6 2,1 3,4 5,3 12,1 1,7 2,7 2,5 1 7,2 4,7
A4 2,4 11,5 4,1 8,6 7,9 10,4 14,2 1,5 0,5 5 3,5 6,9
A5 3,5 7,2 2,9 5,8 11,3 9,4 5,6 2,3 0,5 6,4 4,4 7,2
pH
A1 6,6 7 6,6 6,8 6,6 7,5 7,5 6,8 - 6,8 6,6 6,8
A2 7,5 7 6,8 7,5 7,5 7 7 7 7 6,8 7,5 6,8
A3 6,8 7 7 7,5 7,2 7,2 7,5 6,8 6,8 7,2 6,8 6,8
A4 7,5 7,5 7,5 7,5 7,5 7,5 7,2 7,5 7,5 7,5 7 7,5
A5 7,5 7,5 7,5 7,5 7,5 7,5 7,5 7,5 7,5 7,5 7,5 6,8
Salinidade (PPT)
A1 0 0 0,3 0,6 0,7 0,1 0 0,3 - 0,3 0,4 0,5
A2 0,2 0,3 0 0 0 0,3 0 0 0,3 0,2 0,2 0,6
A3 0,3 0 0,2 0 0,1 0 0 0,3 0,1 0 0,2 0,8
A4 0,2 0,1 0,3 0,3 0,2 0,1 0,3 0,1 0 0 0 0,5
A5 0,2 0,1 0,3 0 0 0,3 0 0,2 0 0 0 0,6
O2 dissolvido (mg/L)
A1 6 4 4 4 3 6 8 4 - 4 3 4
A2 4 3 6 3 3 4 4 6 4 3 4 3
A3 3 4 6 4 3 4 3 4 3 4 6 2
A4 3 3 4 4 4 3 3 4 4 6 4 3
A5 4 3 3 4 4 3 4 3 4 3 6 4
2011 2012
Variáveis (cont.)
AGO SET OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL
Volume Filtrado (L)
A1 20 60 30 10 20 20 30 30 - 60 60 60
A2 20 60 30 30 60 30 60 50 50 60 60 60
A3 30 60 30 30 30 60 60 50 60 60 60 60
A4 40 60 30 30 20 45 30 50 60 60 60 60
A5 40 60 30 30 34 50 30 50 30 60 60 60
Transparência da água (m)
A1 0,74 0,5 0,68 0,8 0,5 0,38 0,6 0,53 - 0,6 0,46 0,23
A2 0,6 0,5 0,7 1 0,5 0,34 0,56 0,49 0,4 0,54 0,59 0,45
A3 0,8 0,56 0,5 0,43 0,4 0,3 0,57 0,15 0,42 0,57 0,5 0,6
A4 0,93 0,7 0,5 0,47 0,4 0,5 0,5 0,85 0,43 1 0,9 0,7
A5 0,75 0,9 0,9 0,9 0,4 0,3 0,58 0,52 0,43 0,66 0,81 0,62
Profundidade total (m)
A1 1,1 0,8 0,8 1 0,7 0,6 0,87 0,63 - 0,8 0,62 0,54
A2 1,1 0,76 0,8 1,1 0,7 0,6 0,87 0,63 0,54 0,8 0,72 0,54
A3 1 0,6 0,74 0,59 0,47 0,45 0,8 0,33 0,47 0,68 0,51 0,62
A4 0,93 0,75 1,02 0,54 0,8 0,81 0,78 0,85 0,57 1 0,9 0,75
A5 1,5 0,95 1,1 0,96 0,87 0,5 0,66 0,7 0,57 0,77 0,84 0,87
Profundidade da coleta (m)
A1 0,75 0,6 0,7 0,9 0,5 0,38 0,6 0,55 - 0,67 0,6 0,34
A2 0,74 0,4 0,75 0,56 0,5 0,34 0,56 0,51 0,44 0,61 0,45 0,37
A3 0,8 0,5 0,59 0,46 0,37 0,38 0,57 0,3 0,42 0,65 0,37 0,41
A4 0,75 0,58 0,5 0,5 0,5 0,47 0,6 0,72 0,45 0,59 0,9 0,65
A5 1,14 0,76 1 0,93 0,67 0,3 0,58 0,52 0,45 0,66 0,35 0,69
Tabela 3: Amplitude (mínimo - máximo), média e desvio padrão das variáveis ambientais de agosto de 2011 a julho de 2012 em cinco lagoas
do Sítio Lajes, Triunfo/PE.
A1 A2 A3 A4 A5
Amplitude Média ± DP Amplitude Média ± DP Amplitude Média ± DP Amplitude Média ± DP Amplitude Média ± DP
Temperatura
da água (°C)
16,00-26,50 20,20 ± 3,41 14,50-25,00 19,56 ± 2,88 17,00-26,00 21,18 ± 3,34 18,00-26,00 22,02 ± 2,77 17,00-26,00 21,63 ± 3,67
Temperatura
do ar (°C)
16,70-30,00 24,46 ± 4,29 16,80-33,50 25,31 ± 5,23 16,00-38,00 27,47 ± 5,91 15,00-32,00 27,29 ± 5,38 18,10-30,00 27,28 ± 4,37
pH 6,6-7,5 6,87 ± 0,33 6,8-7,5 7,1 ± 0,2 6,8-7,5 7,05 ± 0,26 7,0-7,5 7,43 ± 0,16 6,8-7,5 7,44 ± 0,20
O2 dissolvido
(mg/L)
3,00-8,00 4,54 ± 1,50 3,00-6,00 3,91 ± 1,08 2,00-6,00 3,83 ± 1,19 3,00-6,00 3,75 ± 0,86 3,00-6,00 3,75 ± 0,86
Transparência
da água (m)
0,23-0,74 0,54 ± 0,16 0,34-1,00 0,55 ± 0,16 0,15-0,80 0,48 ± 0,16 0,40-1,00 0,60 ± 0,21 0,30-0,90 0,64 ± 0,20
Velocidade do
vento (m/s)
3,7-17,4 7,85 ± 5,09 0,6-12,6 7,54 ± 4,27 1,0-12,1 5,29 ± 3,85 0,5-14,2 6,38 ± 4,27 0,5-11,3 5,54 ± 3,06
Luminosidade
(x 100 lux)
163-1126 913,67 ± 306,55 215-1622 866,67 ± 392,74 205-1781 922,42 ± 416,86 185-1298 860,50 ± 373,92 183-1680 921,42 ± 439,55
Salinidade
(PPT)
0,0-0,6 0,29 ± 0,25 0,0-0,6 0,18 ± 0,19 0,0-0,8 0,17 ± 0,23 0,0-0,5 0,18 ± 0,15 0,0-0,6 0,14 ± 0,19
Amplitude Média ± DP
Pluviosidade
(mm)
116,4-7,8 49,66 ± 36,13
5.2. Comunidade de microcrustáceos
Nas cinco lagoas estudadas foram identificadas 18 espécies de
microcrustáceos, as quais são 12 de cladóceros, duas de copépodes, duas de
ostrácodes, uma de anostráceo e uma de conchostráceo. Os cladóceros estiveram
distribuídos em cinco famílias: Chydoridae (com oito espécies), Moinidae,
Daphniidae, Macrothricidae, e Sididae (com uma espécie cada), enquanto que os
copépodes estiveram distribuídos em duas famílias: Diaptomidae e Cyclopidae. Os
ostrácodes estiveram representados por apenas uma família: Cypridinidae (Tabela
4). Houve também a ocorrência de um anostráceo da família Thamnocephalidae em
três das lagoas (A1, A2 e A3) em dezembro de 2011 e em janeiro de 2012, e a
presença de um conchostráceo Spinicaudata da família Limnadiidae, na lagoa A4
durante os meses de janeiro e fevereiro de 2012.
Das espécies estudadas, quatro apresentaram frequência de ocorrência igual
ou superior a 75%, em pelo menos duas lagoas: Ephemeroporus hybridus (em três
lagoas); Anthalona verrucosa (em duas); Moina minuta (em duas) e Notodiaptomus
iheringi (em todos os estágios e em todas as lagoas) (Tabela 4). O morfotipo jovem
dos ostrácodes Cypridinidae também apresentou essa alta frequência em quase
todas as lagoas, porém sob a forma adulta, apresentaram baixa frequência. Os
anostráceos e conchostráceos também tiveram baixa frequência de ocorrência.
Tabela 4: Composição e frequência de ocorrência das espécies e morfotipos de
microcrustáceos registrados em cinco lagoas de altitude do Sítio Lajes, Triunfo/PE.
Frequência de ocorrência (%)
A1 A2 A3 A4 A5
Cladocera
Chydoridae Stebbing, 1902
Ephemeroporus hybridus (Daday, 1905) 81,82 45,45 66,67 75,00 100,00
Anthalona verrucosa (Sars, 1901) 81,82 27,27 83,33 33,33 66,67
Parvalona parva (Daday, 1905) 27,27 9,09 27,27 0,00 0,00
Coronatella monacantha (Sars, 1901) 18,18 0,00 0,00 66,67 66,67
Karualona muelleri (Richard, 1897) 9,09 9,09 9,09 8,33 0,00
Leydigiopsis curvirostrus Sars, 1901 0,00 0,00 8,33 0,00 0,00
Leberis davidi (Richard, 1895) 0,00 9,09 0,00 0,00 0,00
Chydorus pubescens Sars, 1901 45,45 9,09 0,00 0,00 0,00
Moinidae Goulden, 1967
Moina minuta Hansen, 1899 54,55 54,55 75,00 91,67 66,67
Macrothricidae Norman & Brady, 1867
Macrothrix elegans Sars, 1901 63,64 18,18 8,33 8,33 8,33
Daphniidae Straus, 1820
Ceriodaphnia cornuta Sars, 1885 63,64 0,00 16,67 8,33 0,00
Sididae Baird, 1850
Diaphanosoma sp. 0,00 0,00 0,00 0,00 8,33
Copepoda
Diaptomidae Baird, 1850 Notodiaptomus iheringi (S., Wright, 1935) (adulto) 100,00 81,82 100,00 75,00 91,67
Copepodito 72,72 100,00 91,67 91,67 100,00
Náuplio 100,00 100,00 91,67 91,67 100,00
Cyclopidae Dana, 1846 Microcyclops anceps (Richard, 1897) (adulto) 45,45 0,00 0,00 0,00 0,00
Copepodito 63,64 36,36 33,33 50,00 8,33
Náuplio 90,91 18,18 25,00 16,67 0,00
Ostracoda
Cypridinidae Baird, 1850
Cypridinidae jovem 90,91 63,64 91,67 91,67 91,70
Cypricercus centrura (Klie, 1940) (adulto) 9,09 0,00 0,00 0,00 0,00
Stenocypris major (Baird, 1859) (adulto) 0,00 0,00 0,00 0,00 16,67
Anostraca
Thamnocephalidae Simon, 1886
Dendrocephalus cf. brasiliensis Pesta 1921 9,09 9,09 8,33 0,00 0,00
Conchostraca
Limnadiidae Baird, 1849
Metalimnadia sp. 0,00 0,00 0,00 16,67 0,00
Dos ambientes estudados, a lagoa A1 mostrou a maior densidade em
setembro de 2011, seguida pela lagoa A4 (9611 ind. L-1), em março de 2012 e pela
lagoa A2 (8801 ind. L-1) em janeiro de 2012 (Figura 05). A densidade de
microcrustáceos das cinco lagoas esteve correlacionada negativamente com a
pluviosidade (Spearman, r = -0,6046 e p < 0,0001), com a profundidade no ponto da
coleta (Spearman, r = -0,3263 e p = 0,0124), com a profundidade da lagoa na
ocasião da coleta (Spearman, r = -0,3168 e p = 0,0153) e com a transparência da
água (Spearman, r = -0,3892 e p = 0,0025). Os outros parâmetros confrontados
com a densidade não mostraram correlação significativa (Spearman, p > 0,05). Em
média, a densidade também apresenta tendência de coincidir inversamente com os
meses de baixa pluviosidade (Figura 06).
Figura 05: Variação temporal na densidade total de microcrustáceos em cinco lagoas de
altitude do Sítio Lajes, Triunfo/PE.
Figura 06: Variação temporal na pluviosidade mensal e densidade média de
microcrustáceos em cinco lagoas de altitude do Sítio Lajes, Triunfo/PE.
O grupo dos copépodes apresentou as maiores densidades nas cinco lagoas
(Figura 07), principalmente representado pelo calanóide Notodiaptomus iheringi.
Houve um ciclopóide: Microcyclops anceps onde o estágio adulto foi apenas
encontrado na lagoa A1. Os ciclopóides, principalmente sob o estágio de náuplio
tiveram destaque em dezembro de 2011 na lagoa A1 (5338 ind. L -1) e em janeiro na
lagoa A3 (3083 ind. L-1). Nas outras lagoas, durante o mesmo período, manteve-se o
domínio do calanóide. Os picos na densidade ocorreram nos meses de setembro de
2011 na lagoa A1 e em março e abril de 2012 na lagoa A4 e A2, respectivamente
(figura 08).
Figura 07: Densidade média de Copepoda, Ostracoda e Cladocera em cinco lagoas de
altitude no Sítio Lajes, Triunfo/PE.
Figura 08: Variação temporal na densidade de copépodes em cinco lagoas de altitude do
Sítio Lajes, Triunfo/PE.
Em todas as amostras que continham ostrácodes, ocorreu um morfotipo
considerado como a fase juvenil de Cypridinidae. Indivíduos adultos dessa família
foram encontrados apenas em duas lagoas: na lagoa A1 com Cypricercus centrura,
em janeiro e em março de 2012 (5 e 1825 ind. L-1, respectivamente); e na lagoa A5,
com Stenocypris major, em dezembro de 2011 e janeiro de 2012 (2 e 1 ind. L-1,
respectivamente). Os ostrácodes tiveram destaque em setembro e dezembro de
2011 e janeiro e março de 2012 na lagoa A1 setembro de 2011 e na lagoa A3 em
dezembro de 2011 (Figura 09).
Figura 09: Variação temporal na densidade ostrácodes em cinco lagoas de altitude do Sítio
Lajes, Triunfo/PE.
Os cladóceros tiveram maior destaque no mês de janeiro de 2012, na lagoa
A2, representada nesse mês por Moina minuta. Nos demais meses, a densidade
esteve distribuída entre as várias espécies encontradas, com destaque para o mês
de setembro de 2011, na lagoa A1 e A5 (Figura 10), dentre os quais 808 ind. L-1
pertenciam à espécie Ephemeroporus hybridus. Leydigiopsis curvirostrus foi
exclusiva da lagoa A2, durante o período de seca (em janeiro de 2012) e
Diaphanosoma sp. foi exclusiva da lagoa A5, com apenas um indivíduo presente
(em julho de 2012).
Figura 10: Variação temporal na densidade de cladóceros em cinco lagoas de altitude do
Sítio Lajes, Triunfo/PE.
Os valores de riqueza, diversidade e equitabilidade dos cladóceros estão
detalhados na Tabela 4. A riqueza variou de 1 a 8 espécies. A lagoa A1 apresentou
os maiores valores na diversidade (pico de 2,019 bits. ind-1), seguida pela A3. O
valor máximo de equitabilidade (1) foi registrado na lagoa A4, no mês de novembro
de 2011. A curva de rarefação plotada para os cladóceros, mostrou tendência
assintótica (Figura 11), e usando os índices de extrapolação da riqueza, foram
obtidos os valores de ICE (13,48 espécies), Jack (13,97 espécies) e Chao 2 (12,49
espécies) (Figura 12), com a porcentagem média de extrapolação de 90,33% das
espécies.
Figura 11: Curva de rarefação da riqueza de espécies de Cladocera em cinco lagoas de
altitude do Sítio Lajes, Triunfo/PE.
Figura 12: Curva de extrapolação da riqueza de espécies de Cladocera em cinco lagoas de
altitude do Sítio Lajes, Triunfo/PE.
Tabela 5: Variação temporal da riqueza, diversidade e equitabilidade dos cladóceros de cinco lagoas de altitude no Sítio Lajes, Triunfo/PE.
Riqueza Diversidade (H’; bits. Ind. -1) Equitabilidade (J’)
MÊ S A1 A2 A3 A4 A5 A1 A2 A3 A4 A5 A1 A2 A3 A4 A5
Ago/11 5 2 3 2 3 1,171 0,362 1,100 0,000 1,191 0,504 0,362 0,694 0,000 0,752
Set/11 6 4 2 5 4 2,019 0,827 0,887 1,347 0,912 0,781 0,414 0,887 0,580 0,456
Out/11 4 2 3 2 3 1,493 0,722 1,543 0,672 1,173 0,747 0,722 0,974 0,672 0,740
Nov/11 5 2 2 2 2 0,292 0,294 0,672 1,000 0,544 0,126 0,294 0,672 1,000 0,544
Dez/11 4 4 1 3 4 1,136 0,612 0,000 0,401 0,540 0,568 0,306 0,000 0,253 0,270
Jan/12 6 1 5 2 3 1,923 0,000 0,651 0,012 1,384 0,744 0,000 0,280 0,012 0,873
Fev/12 4 3 1 1 4 0,381 0,206 0,000 0,000 1,506 0,190 0,130 0,000 0,000 0,753
Mar/12 1 1 3 4 4 0,000 0,000 0,313 0,386 0,750 0,000 0,000 0,198 0,193 0,375
Abr/12 - 0 4 2 3 - 0,000 1,658 0,097 0,818 0,000 0,000 0,829 0,097 0,516
Mai/12 1 1 4 6 3 0,000 0,000 0,761 1,099 0,702 0,000 0,000 0,381 0,425 0,443
Jun/12 8 - 5 3 2 1,887 - 1,465 0,925 0,940 0,629 0,000 0,631 0,584 0,940
Jul/12 5 0 2 4 3 1,356 0,000 0,353 0,642 1,038 0,584 0,000 0,353 0,321 0,655
Média 4,45 1,82 2,92 3,00 3,17 1,06 0,27 0,78 0,55 0,96 0,41 0,19 0,49 0,34 0,61
Desvio padrão 2,07 1,40 1,38 1,48 0,72 0,77 0,32 0,57 0,47 0,31 0,32 0,23 0,34 0,32 0,21
Média total 3,07 0,72 0,41
6. DISCUSSÃ O
As lagoas de altitude em um afloramento rochoso da região de Triunfo
apresentaram baixa riqueza de espécies de microcrustáceos. O maior número de
espécies (13) ocorreu na lagoa A1, mais rica em macrófitas, representada
principalmente pelos cladóceros da família Chydoridae (oito espécies). A família
Chydoridae é bem representativa e importante na fauna de invertebrados
planctônicos, inclusive em outras regiões de altas altitudes do Brasil, e seus
membros são típicos de ambientes com vegetação aquática (SANTOS-WISNIEWSKI
et al., 2002; DINIZ et al., 2013). A lagoa A1 ainda possui touceiras da macrófita
Hydrocleys martii Seub em sua depressão, podendo na ocasião da coleta, mesmo
em níveis baixos, os organismos ainda serem capturados nesses refúgios. Quanto
às outras lagoas, as macrófitas estão apenas presentes na região litorânea e só têm
contato com a água quando as lagoas estão com grande volume, enquanto que
outras nem apresentam macrófitas em seu interior.
Macrófitas aquáticas são comuns nessas lagoas de altitude, espalhadas por
toda região, mesmo nas que têm poucos centímetros de profundidade. A ausência
de macrófitas em algumas lagoas do presente estudo indica que a maioria dessas
lagoas pode ter sofrido ação antrópica (por remoção ativa ou da maior parte do
substrato de seu interior na ocasião da modificação, para ampliação da captação).
Esse impacto pode alterar levemente a comunidade de organismos dependentes
dessas plantas para refúgio e/ou alimentação.
Geralmente, as lagoas com boa capacidade de armazenamento e que estão
próximas a residências são bem tratadas e evita-se o despejo de sabões e
detergentes, mesmo lavando-se roupa ou utensílios domésticos às suas margens,
em alguns casos. Porém, algumas pessoas para demonstrar asseio, retiram o
sedimento que por ventura se acumula no fundo da lagoa e também macrófitas
aquáticas que crescem. Porém, as mais rústicas e afastadas dos domicílios, exibem
ainda uma pequena flora intacta com plantas aquáticas e anfíbias. Supõe-se que
ação da chamada pelos nativos de “limpeza” do fundo dessas lagoas pode
influenciar a comunidade de microorganismos dependentes do sedimento e das
plantas nesse ambiente. As lagoas sem barreiras artificiais e com macrófitas
parecem bem mais preservadas, nitidamente com mais vida em seu interior. Os
caldeirões de pedra podem ser utilizados como importante recurso no uso doméstico
pelo homem do campo, como já o fazem, necessitando, porém, de maior respeito
para com a comunidade biológica, não retirando totalmente o sedimento com o
banco de ovos e as plantas do interior e das margens.
O número de espécies de microcrustáceos nas lagoas da região de Triunfo é
um baixo (18 spp.), como esperado para um ambiente de altitude (GAVIRIA, 1993).
Esse número é inferior ao encontrado em outro estudo similar no município vizinho
de Serra Talhada (onde foi usado a mesma malha, porém, as condições ambientais
é diferente, além da altitude: cerca de 430 m), onde Diniz et al. (2013) encontraram
22 espécies de cladóceros em um lago temporário. Entretanto, a riqueza encontrada
em Triunfo é superior à encontrada em outros estudos em ambientes lênticos da
região semiárida do Brasil (CRISPIM & FREITAS, 2005; MELO JÚ NIOR et al., 2007).
O presente estudo demonstrou que esses tipos de lagoas, mesmo sendo ambientes
tão efêmeros e com comunidade de macrófitas pouco diversificada, não se limitam a
pouquíssimas espécies, porém a baixa diversidade era esperada.
A riqueza de espécies de microcrustáceos em ambientes tropicais se
relaciona a fatores locais como profundidade máxima, temperatura, oxigênio
dissolvido, ação dos ventos e outros fatores, sobretudo para pequenos reservatórios
(LEWIS, 1987; FLÖ DER & SOMMER, 1999), o que pode ter ocorrido nos ambientes
do presente estudo, onde a ação constante do vento, a pouca profundidade, o
pequeno tamanho das lagoas, e a altitude provavelmente controlaram a riqueza de
espécies (ARANGUNEN-RIAÑ O et al., 2011). As lagoas de altitude talvez
apresentem menor riqueza do que ambientes de menor altitude devido a fatores
mais acentuados das regiões mais altas, como pouca diversidade de macrófitas em
seu interior, uma menor qualidade e quantidade de alimento, devido ao isolamento,
além de menores temperaturas, fazendo com que poucas espécies sejam
endêmicas e a maioria seja de ampla distribuição global (VAN DAMME &
EGGERMONT, 2011).
A curva de rarefação indicou tendência assintótica e a porcentagem média de
extrapolação da riqueza evidenciou que o estudo foi capaz de acessar um pouco
mais de 90% das espécies de cladóceros. A adequação de um inventário é
dependente de mais de 50% da estimativa do número de espécies (WILLIAMS et al.,
2007). Assim, a amostragem nas lagoas de altitude pode ser considerada suficiente
para representar a diversidade de cladóceros. Os menores valores na densidade e
riqueza de espécies foram nos meses de maior pluviosidade.
A densidade esteve dependente da conformação da lagoa, como, por
exemplo, as lagoas que possuem seu ponto mais profundo em apenas uma estreita
faixa de fenda, o que obriga os organismos a se concentrarem nessas depressões e
assim podem ser coletados facilmente quando há pouca água. Lagoas mais largas e
com fundo menos regular podem possuir vários pontos com maior profundidade,
deixando os organismos dispersos. Com o avanço do período seco, os organismos
podem concentrar-se nos vários pontos de maior depressão. Isso pode explicar o
padrão de densidade que varia segundo a própria conformação da lagoa. A
densidade esteve relacionada apenas com poucas variáveis, principalmente as que
ditam a presença e permanência da água no reservatório: a profundidade da lagoa e
da coleta, o regime de chuvas e a transparência da água, aumentando com a
diminuição do volume das lagoas.
O pico na densidade de Moina minuta no mês de janeiro de 2012, na lagoa
A2, coincidiu com o mês de menor transparência da água (0,34 m), além de
menores valores na temperatura da água (21°C), na velocidade do vento incidente
(5 m/s) e do pH neutro, quando comparada às outras lagoas na mesma ocasião.
Em abril de 2012, na ocasião da coleta, uma das lagoas estava totalmente
seca, embora as outras ainda estivessem com água. Isso talvez reflita o grande uso
da água dessa lagoa pela população local somado com a evaporação natural e a
baixa pluviosidade do mês (19,6 mm).
Nos dois meses de menor pluviosidade, em duas lagoas (as que
apresentaram maior quantidade de macrófitas) houve o domínio de ciclopóides e,
nas demais lagoas e no restante das coletas, houve o predomínio de calanóides. Os
ciclopóides, os quais são essencialmente predadores (ESTEVES, 1998; BRUSCA &
BRUSCA, 2007), provavelmente se concentram nos locais onde estão as suas
possíveis presas nesses ambientes, ou seja, junto às macrófitas, locais onde os
organismos as utilizam para alimentação e refúgio. Reforça-se assim que a
presença de macrófitas no ambiente parece influenciar muito na densidade, assim
como a pluviosidade que foi menor nesses dois meses. A dominância de calanóides
nessas lagoas indica que, mesmo com pequenas alterações antrópicas, a
comunidade desses organismos não sofre grande dano, pois os calanóides são
muito mais sensíveis a ambientes degradados (MATSUMURA-TUNDISI & TUNDISI,
2003) e, provavelmente, não seriam tão abundantes em um ambiente impactado.
Também, a dominância de Notodiaptomus iheringi, por seu hábito filtrador, reforça
que o ambiente é oligotrófico (DANTAS-SILVA & DANTAS, 2013; RIETZLER et al.,
2002).
Nessas lagoas, os grandes branquiópodes apresentaram-se apenas em dois
meses no período do estudo, que coincidiram com o início das chuvas após um
período de seca, não permanecendo continuamente durante os meses seguintes,
pois provavelmente necessitam da dessecação para a eclosão dos cistos (ver
ROGERS, 2009) e, exceto em uma lagoa no mês de abril de 2012, todas as outras
permaneceram com certo volume de água em seu interior.
A espécie de anostráceo foi inicialmente tratada como Dendrocephalus
brasiliensis, porém, com análise de especialista (Nicolas Rabet, com. pess.), através
de imagens, foi notado que o ramo 3D do apêndice frontal do macho, aparentemente
é diferenciado da forma típica de D. brasiliensis. Também, segundo esse
especialista, não existem registros de D. brasiliensis para esse tipo de lagoa, apenas
para lagoas de fundos não rochosos (com. pess.). Supõe-se, então, que D.
brasiliensis seja um complexo de espécies e nesse ambiente possua essa
modificação, porém, esse padrão deverá ser investigado em estudos futuros. Para a
espécie de conchostráceo, a partir de imagens de estruturas corporais e dos ovos,
foi sugerida pelo mesmo especialista como uma nova espécie do gênero
Metalimnadia, que será descrita em breve junto com várias outros exemplares da
região nordeste e de outras regiões do Brasil.
Os grandes branquiópodes desses ambientes, já estão presentes três ou
quatro dias após as primeiras chuvas depois de um período de dessecação e, por
serem de um maior porte, supõe-se que constituem uma grande parte na biomassa
desses ambientes, além dos seus ciclos de vida que, exceto empiricamente, ainda
são desconhecidos da ciência. Para estudos futuros acerca desse grupo, será
necessário modificar a estratégia amostral, já que nesses ambientes, possuem
hábitos diferenciados dos outros grupos de microcrustáceos.
Os brejos de altitude são considerados “ilhas de biodiversidade” (TABARELLI
et al., 2004, SIQUEIRA-FILHO, 2008) e talvez a esse nível de altitude dessa região
pode não seguir o padrão de diversidade monotônico-decrescente, já que há uma
maior diversidade de espécies em geral (RAHBEK, 1995; COLWELL et al., 2004).
Porém, para os microcrustáceos ainda não se pode afirmar se segue o padrão
acima, pois ainda não foram estudados os vários tipos de ambientes dessa região
(somente um tipo de lagoa, com pouca diversidade de macrófitas, foi investigado).
Apenas após estudos posteriores, com a comunidade de microcrustáceos e outros
organismos, e considerando um gradiente de altitude na Caatinga, será possível
caracterizar a diversidade desse bioma e suas particularidades.
7. CONSIDERAÇ Õ ES FINAIS
Com o presente estudo, é possível inferir que nesses ambientes aquáticos, as
lagoas de afloramentos rochosos em altitude, há um baixo número de espécies,
associado a pouca diversidade de macrófitas aquáticas.
Poucos fatores influenciam em curto prazo o desenvolvimento da comunidade
de microcrustáceos exceto os fatores que ditam a presença e a permanência de
água e macrófitas em seu interior.
A dominância dos copépodes calanóides indica que o ambiente é oligotrófico
e também a presença de outros grupos como os grandes branquiópodes é
interessante, demonstrando que o ambiente ainda está conservado.
A singularidade desse tipo de lagoa em ambiente rochoso promoveu novas
adaptações para esse ambiente, como no caso de Dendrocephalus brasiliensis e,
provavelmente, endemismo por parte de Metalimnadia n. sp., reforçando a
importância da preservação dessas áreas únicas do semiárido que cada vez mais
perde espaço para atividades humanas agressivas à biodiversidade.
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APÊ NDICE
Prancha 1: Espécies de Copepoda e Ostracoda encontradas nas lagoas do Sítio Lajes,
Triunfo/PE sob microscópio óptico: A – Copepoda Notodiaptomus iheringi (fêmea com
massa de ovos); B – Copepoda Microcyclops anceps.; C – Ostracoda Stenocypris major; D
– Ostracoda Cypricercus centrura. Fonte: D. F. Costa (2014).
A
D C
B
Prancha 2: Espécies de grandes Branchiopoda encontradas na região de altitude entre
Pernambuco e Paraíba: A – Conchostraca Spinicaudata Metalimnadia sp. em ambiente
natural; B – fêmea sob estereomicroscópio; C – seus ovos de resistência sob microscópio
óptico. D – Anostraca Dendrocephalus cf. brasiliensis em ambiente natural; E – macho sob
estereomicroscópio; F – um ovo de resistência de Anostraca sob microscópio óptico.
Ambiente natural situado no Sítio Caldeirão, São José de Princesa/PB. Fotos: D. F. Costa
(2014).
A
F
B
E D
C
Prancha 3: Algumas das espécies de Cladocera encontradas nas lagoas de altitude do Sítio
Lajes, Triunfo/PE sob microscópio ótico: A - Anthalona verrucosa; B - Ephemeroporus
hybridus; C - Parvalona parva; D - Moina minuta; E - Macrothrix elegans; F - Leberis davidi;
G - Coronatella monacantha; H - Leydigiopsis curvirostrus. Fonte: D. F. Costa (2014).
G
E D
F
A
A B
C D