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Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRPE Unidade Acadêmica de Serra Talhada UAST Bacharelado em Ciências Bioló gicas DAMIÃ O FERREIRA DA COSTA FAUNA DE MICROCRUSTÁ CEOS EM LAGOAS DE UM AFLORAMENTO ROCHOSO DE ALTITUDE NO SEMIÁ RIDO (TRIUNFO, PE) SERRA TALHADA PE Janeiro de 2015

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Page 1: Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRPE Unidade

i

Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE

Unidade Acadêmica de Serra Talhada – UAST

Bacharelado em Ciências Biológicas

DAMIÃ O FERREIRA DA COSTA

FAUNA DE MICROCRUSTÁ CEOS EM LAGOAS DE UM AFLORAMENTO

ROCHOSO DE ALTITUDE NO SEMIÁ RIDO (TRIUNFO, PE)

SERRA TALHADA – PE

Janeiro de 2015

Page 2: Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRPE Unidade

ii

DAMIÃ O FERREIRA DA COSTA

FAUNA DE MICROCRUSTÁ CEOS EM LAGOAS DE UM AFLORAMENTO

ROCHOSO DE ALTITUDE NO SEMIÁ RIDO (TRIUNFO, PE)

Monografia apresentada ao Curso de

Bacharelado em Ciências Biológicas, da

Universidade Federal Rural de Pernambuco -

Unidade Acadêmica de Serra Talhada, como

pré-requisito obrigatório à obtenção do título de

Bacharel em Ciências Biológicas.

Á reas de Concentração: Zoologia e Ecologia.

Orientador: Prof. Dr. Mauro de Melo Júnior.

SERRA TALHADA – PE

Janeiro de 2015

Page 3: Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRPE Unidade

iii

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iv

DAMIÃ O FERREIRA DA COSTA

Fauna de microcrustáceos em lagoas de um afloramento rochoso de altitude

no semiárido (Triunfo, PE)

Monografia apresentada à Banca examinadora em:

21/01/2015

Serra Talhada – PE Janeiro de 2015

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v

Ainda hoxe queda xente

que sabe sentir a terra

queda ainda quen comprende

canto pode aprender dela

Que non existe o silencio

todo está cheo de sons

canta o río, brúa o vento

todo fala ao teu redor

I é preciso que entendas

o que intues no interior

somos parte desta terra

porque terra somos nós

Raquel González Gamallo

Page 6: Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRPE Unidade

vi

Dedico

À minha mãe Noêmia Ferreira da Costa (in memorian).

Page 7: Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRPE Unidade

vii

AGRADECIMENTOS

Gostaria de expressar meus agradecimentos:

Ao criador (יהוה, YHWH = Aquele que causa que venha a ser), pelo desenho sábio

das estruturas do universo ao qual se permitiu a vida nas mais diversas formas que

vemos hoje;

Ao meu pai Francisco Pereira da Costa, pelo apoio como pai. Homem do campo que

mesmo não tendo boas condições financeiras, junto com minha mãe, com dedicação

e esforço num país de tanta desigualdade e descaso com os mais humildes,

conseguiu criar oito de seus nove filhos até a vida adulta sem deixar faltar o

essencial;

À minha mãe Noêmia Ferreira da Costa (in memorian), um modelo perfeito de mãe e

cristã que até seus últimos dias, não deixou de se preocupar com seus filhos em

nenhum momento, e durante toda a vida sacrificou o seu tempo, saúde, energia e

conforto na educação e edificação em cidadãos de bem: os seus filhos e netos;

Aos meus irmãos (e respectivas novas famílias): Hildete, Davi, Cícera, Sibito

(Cícero), Patrícia, Geovane e Sandra pela companhia, brincadeiras, discussões e

apoio até o momento. A ingenuidade de minha mãe em acatar conselhos de um

clérigo em não tomar a pílula (segundo ele, era pecado) nos trouxe muitas alegrias e

hoje não imagino como seria a vida sem cada um deles;

À parte da família (os poucos tios e primos que não me desdenham, que realmente

se importam comigo e que ainda estão no meu convívio: em especial tia Guiomar e

família e tia Lindaura e família);

À minha família de consideração (muitas vezes valendo-se mais do que a própria de

sangue): meus irmãos Thiago, Jan, e Nino, e pais Francisca e José (família Martins

Ferreira); Ainda ao meu irmão Helder [Makenze]-niichan, vó Luzia, e também Hilda e

Neguinho. Obrigado pelo suporte que deram nos momentos mais difíceis e por

deixarem um estranho fazer parte de seu círculo familiar;

Aos meus amigos de maior data espalhados pelo mundo: Uanderson (amigo desde

a infância), Renato (Bucha-seca), Cidinha (motoqueira fantasma);

Ao amigo Alan Carlos o qual me incentivou a sair da “geleira” dos “Alpes

triunfenses”, fazer o ENEM e entrar na universidade;

Aos amigos mais recentes conquistados através da universidade, destacando:

Danylo-chan (meu parceiro na dupla sertaneja), Amália-neechan, George (Dó

Viagem), Maisa Fernanda, Ana Patrícia, Lika, Maiane, Célia, Guga-niichan, Luizinho,

Page 8: Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRPE Unidade

Ana Raquel, Lucykleia, Dayane, Catarina, Edson (Chacal), Valdeane, Jodson,

Thalline, Thaisa, Natiane, Thiago, Sinthia, Aylane, Bruna, Ana Maria, Hiago (o bruto),

Lélis, Daniel (Tubarão) e irmãos Bezerra (Paulinho e Mateus);

Aos meus primos biólogos e companheiros da UAST: Sirlei da Costa (por parte de

pai) e Á lvaro Diniz (por parte de mãe) que me convenceram ainda mais que a

biologia tá no sangue;

Aos meus outros companheiros de jornada dos laboratórios do carinhosamente

chamado L’aperto. Do LEPLANC (a turma da água suja): Cláudio, Leidiane, Maiara,

Thays, Talita, Laíze, Maianne, Jeffeson, Gilmar, Renato, Paulo Henrique, Marianne e

Íttalo. Além desses, Silvano, Kamila e os demais do LABENTOS, e ainda a turma da

folha seca: Wesley-senpai, Samara, Débora, Rivânia e Flávia;

Aos outros colegas, companhias de viagem, e amigos de Triunfo: Filipe, René,

Daniel, Larissa, Juliano e Taylane.

À instituição UFRPE/UAST pela oportunidade de conseguir uma graduação sem a

necessidade de êxodo para a capital;

Ao Programa de Iniciação Científica (PIC/CNPq);

À equipe de técnicos da unidade acadêmica, incluindo bibliotecários, porteiros e

seguranças, em especial a Jadna Araújo;

À equipe de mestres que participaram direta ou indiretamente da minha formação,

em especial: André Laurênio, Valdeline Silva, Plínio Gomes, Ricardo Gama, Fábia

Viana, Jacqueline Silva-Cavalcanti, Renata Mendes, Martinho Carvalho e Pedro

Melo;

Aos pesquisadores Nicolas Rabet e Sébastien Lacau, pela disposição em ajudar na

identificação dos grandes branquiópodes;

À s colegas Mirian Lima e Flávia Nunes, pela gentileza em fazer as coletas para esse

trabalho;

Ao Sr. Assis da Silva (in memorian) e família, proprietários da área do estudo, por

permitirem e participarem das coletas;

Aos membros da banca avaliadora desse trabalho: Carlos Romero Oliveira e Cláudia

Helena Oliveira por aceitarem o convite e também pela importante participação e

incentivo na graduação;

Especialmente ao meu orientador Mauro de Melo Júnior, pela vital participação na

minha vida acadêmica, que desde cedo como professor de zoologia fez-me

aumentar o apreço por essa área com sua frase “invertebrados é bem mais legal”.

Por aceitar prontamente minha proposta de trabalho com microcrustáceos de

lajeiros, os quais eu “brinco” desde criança junto com outros invertebrados também

Page 9: Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRPE Unidade

muito importantes. Num momento onde eu não tinha mais chão, me colocou num

pedestal: incluiu-me no seu grupo de orientandos tão seletos e ativos, e deixando

com liberdade de ação, confiando no meu trabalho, mesmo sabendo que talvez eu

pudesse ser um lobo solitário na alcateia. Agradeço pela paciência, tolerância,

conselhos, elogios e repreensões tão construtivos para eu ser uma melhor pessoa e

profissional;

Enfim, a todos citados ou não que me deram mais um motivo para continuar em

frente: continuar observando e admirando de camarote as maravilhas da vida, como

exemplo a ser seguido o desses ínfimos animais que, com suas vidas tão efêmeras

e incertas, não deixam de mostrar sua beleza na insistência e desejo de viver tão

intensamente, mesmo em condições tão adversas.

Page 10: Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRPE Unidade

x

RESUMO

O objetivo desse estudo foi caracterizar a diversidade de microcrustáceos durante o

período de um ano, em lagoas de altitude em um afloramento rochoso do brejo de

altitude, na divisa dos estados de Pernambuco e Paraíba. Amostras mensais (de

agosto de 2011 a julho de 2012) foram coletadas através de filtragem de 20 a 60 L

de água, em rede planctônica, e fixadas em formol a 4%. Adicionalmente, alguns

parâmetros abióticos como a pluviosidade, O2 dissolvido, pH, transparência da água,

temperatura, luminosidade, salinidade e a velocidade do vento incidente foram

aferidos. Foram registradas 18 espécies de microcrustáceos, sendo 12 de

Cladocera, duas de Copepoda, duas de Ostracoda, uma de Anostraca e uma de

Spinicaudata. As espécies mais frequentes foram Notodiaptomus iheringi,

Ephemeroporus hybridus, Anthalona verrucosa e Moina minuta. A maior densidade

foi a do grupo Copepoda, e a espécie N. hieringi pode ser um indicador de ambiente

pouco impactado. A densidade de microcrustáceos esteve correlacionada

negativamente com a pluviosidade e com a quantidade e a transparência da água. O

número de espécies foi baixo, porém similar a outros estudos em regiões vizinhas de

menor altitude. Esse tipo de lagoa rochosa de altitude traz um novo registro de

ambiente para o Anostraca Dendrocephalus brasiliensis e, possivelmente, o

Spinicaudata é uma nova espécie de Metalimnadia.

Palavras chave: caldeirões de pedra, lagoas efêmeras, Branchiopoda, Copepoda,

Ostracoda

Page 11: Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRPE Unidade

xi

ABSTRACT

The aim of this study was to characterize the diversity of microcrustaceans through

the time of one year, in altitude rock ponds from the brejo de altitude in the boundary

region between Pernambuco and Paraíba states. Monthly (from August 2011 to July

2012), samples were taken by filtering 20 to 60 L of water in a planktonic net.

Supplementary, some abiotic parameters as the rainfall, dissolved O2, pH, water

transparency, temperature, luminosity, salinity and the velocity of the incident wind

were gauged. 18 species of microcrustaceans were recorded: 12 Cladocera, two

Copepoda, two Ostracoda, one Anostraca and one Spinicaudata. The species more

frequent were Notodiaptomus iheringi, Ephemeroporus hybridus, Anthalona

verrucosa and Moina minuta. The highest density was Copepoda group, and the

species N. hieringi can be an indicator of slightly affected environment. The density

was correlated negatively to rainfall, quantity of water and water transparency. The

number of species was low, similar to others studies in the neighboring regions of

lower altitudes. This type of altitude rock pond brings a new registry of environment

for the Anostraca Dendrocephalus brasiliensis and, possibly, the Spinicaudata is a

new species of Metalimnadia.

Keywords: rock ponds, ephemeral ponds, Branchiopoda, Copepoda, Ostracoda.

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xii

SUMÁ RIO

AGRADECIMENTOS ................................................................................................ vii

RESUMO..................................................................................................................... x

ABSTRACT ................................................................................................................ xi

LISTA DE FIGURAS ................................................................................................ xiii

LISTA DE TABELAS ................................................................................................ xv

1. INTRODUÇ Ã O ........................................................................................................ 1

2. OBJETIVOS ............................................................................................................ 3

2.1. Objetivo geral .................................................................................................... 3

2.2. Objetivos específicos ........................................................................................ 3

3. REVISÃ O DE LITERATURA .................................................................................. 4

4. MATERIAL E MÉ TODOS ....................................................................................... 9

4.1. Caracterização da área de estudo .................................................................... 9

4.2. Estratégia amostral ......................................................................................... 10

4.2.1. Ambientes estudados ................................................................................ 10

4.2.2. Amostragem e aferição das variáveis abióticas ........................................ 16

4.2.3. Análise laboratorial .................................................................................... 18

4.2.4. Tratamento dos dados .............................................................................. 18

5. RESULTADOS ...................................................................................................... 20

5.1. Variáveis ambientais ....................................................................................... 20

5.2. Comunidade de microcrustáceos .................................................................... 24

6. DISCUSSÃ O ......................................................................................................... 35

7. CONSIDERAÇ Õ ES FINAIS .................................................................................. 40

8. REFERÊ NCIAS ..................................................................................................... 41

APÊ NDICE ................................................................................................................ 49

Page 13: Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRPE Unidade

LISTA DE FIGURAS

Figura 01: Localização da região do estudo. A – Localização na região nordeste

brasileira; B – A região de altitude na divisa dos estados da Paraíba com

Pernambuco. Confeccionado a partir de dados de satélite do Google Earth (2014).

.................................................................................................................................. 10

Figura 02: Imagens de satélite do local do estudo. A – O caminho percorrido

partindo da área urbana do município de Triunfo/PE até o Sítio [Santo Antônio de]

Lajes; B – O afloramento rochoso com as lagoas estudadas (A1-A5). Modificado do

Google Earth (2014). ................................................................................................ 13

Figura 03: Caracterização fotográfica do local e das cinco lagoas de afloramento

rochoso no Sítio Lajes, Triunfo/PE em período chuvoso. A – Lagoa A1; B – Lagoa

A2; C – Lagoa A3; D – Lagoa A4; E – Lagoa A5; F – Vista sul do lajedo do estudo

destacando os vários hábitos da vegetação a qual a rocha dá suporte. Fonte: D. F.

Costa (2014). ............................................................................................................ 15

Figura 04: Caracterização fotográfica das cinco lagoas (A1-A5) de afloramento

rochoso no Sítio Lajes, Triunfo/PE em três períodos distintos. Dezembro de 2011;

Fevereiro de 2012 e Abril de 2012. Imagens: Mirian Lima & Flávia Nunes (2011-

2012). ....................................................................................................................... 17

Figura 05: Variação temporal na densidade total de microcrustáceos em cinco

lagoas de altitude do Sítio Lajes, Triunfo/PE. ........................................................... 26

Figura 06: Variação temporal na pluviosidade mensal e densidade média de

microcrustáceos em cinco lagoas de altitude do Sítio Lajes, Triunfo/PE. ................ 27

Figura 07: Densidade média de Copepoda, Ostracoda e Cladocera em cinco lagoas

de altitude no Sítio Lajes, Triunfo/PE. ...................................................................... 28

Figura 08: Variação temporal na densidade de copépodes em cinco lagoas de

altitude do Sítio Lajes, Triunfo/PE. ........................................................................... 28

Figura 09: Variação temporal na densidade ostrácodes em cinco lagoas de altitude

do Sítio Lajes, Triunfo/PE. ........................................................................................ 29

Figura 10: Variação temporal na densidade de cladóceros em cinco lagoas de

altitude do Sítio Lajes, Triunfo/PE. ........................................................................... 31

Figura 11: Curva de rarefação da riqueza de espécies de Cladocera em cinco

lagoas de altitude do Sítio Lajes, Triunfo/PE. ........................................................... 32

Figura 12: Curva de extrapolação da riqueza de espécies de Cladocera em cinco

lagoas de altitude do Sítio Lajes, Triunfo/PE. ........................................................... 33

Page 14: Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRPE Unidade

Prancha 1: Espécies de Copepoda e Ostracoda encontradas nas lagoas do Sítio

Lajes, Triunfo/PE sob microscópio óptico: A – Copepoda Notodiaptomus iheringi

(fêmea com massa de ovos); B – Copepoda Microcyclops anceps.; C – Ostracoda

Stenocypris major; D – Ostracoda Cypricercus centrura. Fonte: D. F. Costa (2014).

.................................................................................................................................. 49

Prancha 2: Espécies de grandes Branchiopoda encontradas na região de altitude

entre Pernambuco e Paraíba: A – Conchostraca Spinicaudata Metalimnadia sp. em

ambiente natural; B – fêmea sob estereomicroscópio; C – seus ovos de resistência

sob microscópio óptico. D – Anostraca Dendrocephalus cf. brasiliensis em ambiente

natural; E – macho sob estereomicroscópio; F – um ovo de resistência de Anostraca

sob microscópio óptico. Ambiente natural situado no Sítio Caldeirão, São José de

Princesa/PB. Fotos: D. F. Costa (2014). ................................................................. 50

Prancha 3: Algumas das espécies de Cladocera encontradas nas lagoas de altitude

do Sítio Lajes, Triunfo/PE sob microscópio ótico: A - Anthalona verrucosa; B -

Ephemeroporus hybridus; C - Parvalona parva; D - Moina minuta; E - Macrothrix

elegans; F - Leberis davidi; G - Coronatella monacantha; H - Leydigiopsis

curvirostrus. Fonte: D. F. Costa (2014). .................................................................. 51

Page 15: Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRPE Unidade

xv

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Localização, altitude e dimensões das cinco lagoas amostradas do Sítio

Lajes, Triunfo/PE. ..................................................................................................... 14

Tabela 2: Variáveis ambientais de agosto de 2011 a julho de 2012 em cinco lagoas

do Sítio Lajes, Triunfo/PE. ....................................................................................... 21

Tabela 3: Amplitude (mínimo - máximo), média e desvio padrão das variáveis

ambientais de agosto de 2011 a julho de 2012 em cinco lagoas do Sítio Lajes,

Triunfo/PE. ............................................................................................................... 22

Tabela 4: Frequência de ocorrência de espécies e morfotipos de microcrustáceos

em cinco lagoas de altitude do Sítio Lajes, Triunfo/PE. ........................................... 25

Tabela 5: Variação temporal da riqueza, diversidade e equitabilidade dos cladóceros

de cinco lagoas de altitude no Sítio Lajes, Triunfo/PE. ...................................... 34

Page 16: Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRPE Unidade

1. INTRODUÇ Ã O

Regiões de altitude nos vários estados do Nordeste brasileiro propiciam um

padrão diferenciado nos parâmetros ambientais, comparados aos ambientes

circunvizinhos de menor altitude (CABRAL et al., 2004). Esses ambientes, os

chamados brejos de altitude, funcionam como “ilhas” de floresta úmida inseridas no

semiárido, onde são comuns áreas de transição entre os dois tipos de ambientes,

podendo aumentar assim a biodiversidade, inclusive com espécies endêmicas e/ou

espécies raras de plantas e animais (TABARELLI et al., 2004, SIQUEIRA-FILHO et

al., 2008).

Nos ambientes de altitude no Nordeste, é comum o afloramento rochoso, os

chamados lajedos (ou lajeiros) que, ao acumularem água das chuvas, tornam-se

pequenas lagoas, chamadas localmente de tanques ou caldeirões de pedra. Por

estarem expostos e sem conexão com riachos, esses reservatórios sofrem muita

ação dos ventos, da radiação solar intensa, da oscilação na temperatura,

evaporando rapidamente em prolongada exposição ao sol e falta de chuva. Por sua

vez, os organismos presentes nesses ambientes necessitam ser adaptados a essas

condições, suportando as variações químicas e físicas que ocorrem de formas

diferenciadas ao longo das estações do ano (CRISPIM & FREITAS, 2005; LOPES &

CALIMAN, 2008; SIMÕ ES et al., 2011).

Dentre os muitos organismos aquáticos presentes nos ambientes de altitude,

destaca-se o grupo dos microcrustáceos. Distribuídos nas várias camadas da coluna

d’água, é o grupo com maior biomassa e atividade, seguido pelos protozoários,

rotíferos e larvas de insetos (ESTEVES, 1998). Por causa da distribuição restrita por

parte de algumas espécies e seu ciclo de vida curto desses invertebrados em lagoas

temporárias, funcionam como importantes bioindicadores, já que qualquer

interferência nas variáveis, como hidrologia alterada, qualidade da água, alteração

na composição florestal, escavação, entre outras, possuem o potencial de alterar a

sua comunidade ou até ocasionar a perda de espécies, presentes nesses ambientes

(COLBURN et al., 2007).

Diante da escassez de pesquisas para esses ambientes singulares, o presente

estudo teve o objetivo de acompanhar a dinâmica e a composição temporal da

Page 17: Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRPE Unidade

comunidade de microcrustáceos, durante um ano completo (de agosto de 2011 a

julho de 2012), em cinco lagoas de altitude da região de divisa entre Pernambuco e

Paraíba. Trata-se de um estudo pioneiro para esse tipo de ambiente, quanto à fauna

de microcrustáceos.

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2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo Geral

Caracterizar a diversidade temporal e espacial da fauna de microcrustáceos de

algumas lagoas temporárias de altitude do bioma Caatinga (PE/PB).

2.2. Objetivos Específicos

Identificar, ao menor nível taxonômico, a fauna de microcrustáceos desses

ambientes;

Associar a ocorrência temporal de determinadas espécies à variabilidade de

algumas condições bióticas e abióticas desses ambientes;

Acompanhar a dinâmica da comunidade de microcrustáceos em períodos

secos e chuvosos, através de amostragens durante um ano completo.

Page 19: Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRPE Unidade

3. REVISÃ O DE LITERATURA

Os ambientes de águas interiores possuem grande atividade biológica,

principalmente por parte dos invertebrados (ESTEVES, 1998). Isso não se limita a

grandes reservatórios perenes, mas também a pequenos reservatórios intermitentes

na região do semiárido, sobretudo do Nordeste do Brasil, onde esses corpos

aquáticos servem como manchas de biodiversidade (MALTCHIK, 2000).

Vários animais e plantas se utilizam desses ambientes para reprodução e

desenvolvimento, seja esse parcial ou total dentro do reservatório (SILVA-FILHO,

2004).

Dentre os invertebrados, o grupo de maior destaque é o dos microcrustáceos,

que compreendem os Branchiopoda, Copepoda e Ostracoda e podem estar

distribuídos da zona planctônica à bentônica. Esses microcrustáceos são

importantes elos da cadeia trófica e importantes recicladores da matéria orgânica,

processando a matéria proveniente de restos vegetais, animais e daqueles oriundos

da ação antrópica (TUNDISI & TUNDISI, 2008).

A classe Branchiopoda (os branquiópodes) na região nordeste do Brasil é

representada pelas ordens Anostraca e Diplostraca. Esta última ordem está dividida

nas subordens Cladocera (os cladóceros), Spinicaudata e Cyclestherida (ambas

conchostráceos) (MARTIN & BOYCE, 2004; BRUSCA & BRUSCA, 2007;

BRENDOCK et al., 2008; ROGERS, 2009). Os conchostráceos (localmente

chamados de “cascudinhos” e em inglês de “clam shrimps”, camarões com valvas),

juntos com Anostraca, são conhecidos como os “grandes branquiópodes”

(BRENDOCK et al., 2008). O termo Conchostraca é o antigo nome do grupo, ainda

usado para diferenciar esses animais de carapaça com concha bivalve dos outros

grupos de microcrustáceos. Os conchostráceos vivem em ambientes temporários de

todos os continentes, exceto Antárctica. Possuem ciclo de vida curto e reproduzem-

se principalmente de forma sexuada, produzindo ovos (cistos) resistentes com

desenhos bem arranjados, característica importante na taxonomia desses animais

(MARTIN & BOYCE, 2004; RABET, 2010; ROGERS et al., 2012).

A subordem Cladocera (Ordem Diplostraca), que contém os cladóceros ou

pulgas d’água (em inglês, “water fleas”), é composta por crustáceos com cerca de

Page 20: Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRPE Unidade

dois mm, o que não os inclui no grupo dos grandes branquiópodes. Assim como

seus parentes conchostráceos, possuem carapaças bivalves abertas ventralmente.

Estão geralmente associados ao plâncton. Possuem ciclo de vida curto e

reproduzem-se principalmente por partenogênese, produzindo zigotos. Sob algumas

condições, produzem também ovos heterozigóticos de resistência, chamados efípios

(ELMOOR-LOUREIRO, 1996; BRUSCA & BRUSCA, 2007; BRENDOCK et al., 2008;

FORRÓ et al., 2008).

A ordem Anostraca (os anostráceos), chamados em inglês de “fairy shrimps”

(camarões-fada), é representada no Brasil pelas branconetas (Branchineta Verrill,

1869 e Dendrocephalus Daday, 1908) e artêmias (Artemia Leach, 1819), sendo que

as branconetas são de ambientes dulciaquícolas temporários e as artêmias de

ambientes salinos (CHAVES et al., 2011). São crustáceos alongados e, por não

apresentarem carapaça como os outros branquiópodes, nadam constantemente com

o dorso para baixo na coluna d’água (BRENDOCK et al., 2008). As espécies de

anostráceos são diferenciadas tipicamente pela forma e desenho da segunda antena

do macho (chamada de apêndice frontal), que é modificada em um clásper para

segurar a fêmea durante a cópula (BRENDOCK et al., 2008; CHAVES et al., 2011).

A maioria dos branquiópodes coloca ovos resistentes que necessitam da

dessecação para ficarem viáveis e prevenir a infestação de fungos. Esses ovos (ou

cistos) são capazes de suportar a dessecação prolongada, acidez estomacal dos

predadores, congelamento, fervura, entre outras condições extremas, e ainda

podem permanecer viáveis por décadas ou, até possivelmente, séculos (ROGERS,

2009). Como microinvertebrados obrigatoriamente aquáticos, os branquiópodes são

importantes elos na cadeia trófica aquática. A sua presença e persistência em

ambientes aquáticos efêmeros, servem como indicadores da qualidade desses

ecossistemas, refletindo de uma ampla perspectiva, as práticas do uso desses

recursos (ROGERS, 2009).

Geralmente, a maioria dos microcrustáceos (exceto cladóceros, por exemplo)

passa por um estágio larval chamado náuplio (MELÃ O, 1999; MARTIN & DAVIS,

2001).

Os copépodes (subclasse Copepoda) são crustáceos de corpo alongado que

se reproduzem sexuadamente. As fêmeas carregam consigo massas de ovos,

Page 21: Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRPE Unidade

chamadas sacos ovígeros. Dos ovos eclodem larvas náuplios que passam por

algumas fases e se tornam copepoditos, os quais passam também por vários

estágios até chegar à fase adulta. Dentre os copépodes límnicos viventes, se

destacam principalmente, duas ordens: Calanoida (calanóides) e Cyclopoida

(ciclopóides), sendo os primeiros essencialmente filtradores e os ciclopóides

predominantemente carnívoros (MARTIN, 2001; BRUSCA & BRUSCA, 2007).

Os ostrácodes (classe Ostracoda), comumente chamados em inglês de “seed

shrimps” (camarões-sementes), são crustáceos com carapaça bivalve e pequenos,

com tamanho variando de 0,1 a 2,0 mm, com 6 a 8 pares de apêndices. Geralmente

possuem hábitos bentônicos. Os ostrácodes são abundantes em ambientes

aquáticos do mundo inteiro (BRUSCA & BRUSCA, 2007; MARTENS et al., 2008).

Por meio de suas características como fácil cultivo, carapaça rígida, ciclo de

vida rápido, alta fecundidade entre outras, são usados amplamente em estudos de

tafonomia, paleoecologia e de crescimento e idade (MARCUS & WEEKS, 1997;

TOMASSI, 2009; CARVALHO, 2014). Nas últimas décadas, o número de trabalhos

que envolvem e dão importância aos microcrustáceos está crescendo no Brasil,

destacando-se também no semiárido nordestino (CRISPIM & WATANABE, 2000;

CRISPIM et al., 2006; ABÍLIO et al., 2007; MELO JÚ NIOR et al., 2007; SOUZA et al.,

2009; DINIZ et al., 2013;).

Possuem peculiaridades que permitem que sejam empregados nos mais

variados estudos científicos. Por exemplo, no semiárido da Paraíba, Abílio et al.

(2007) destacam a ocorrência e a dominância de Conchostraca em alguns

reservatórios temporários, sugerindo que esses animais são indicadores de boa

qualidade da água e que nos ambientes onde há a presença desses animais, há um

baixo enriquecimento orgânico. Ainda no semiárido, Dantas-Silva & Dantas (2013)

enfatizaram a importância da comunidade de microcrustáceos planctônicos na

bioindicação de um ambiente.

Alguns microcrustáceos podem ter interesse também para a aquicultura, onde

algumas espécies de Anostraca (artêmias e branconetas) são cultivadas para o uso

na piscicultura. No Nordeste, Lopes et al. (2007; 2008), apontaram Dendrocephalus

brasiliensis Pesta, 1921 (espécie comum na região nordeste) como forma alternativa

às artêmias (Artemia spp., mais caras e de maior tempo de cultivo) na produção de

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alimento vivo para alevinos. Em estudos experimentais sobre a remoção de algas de

ambientes degradados no Centro-Oeste, conduzidos por Gonçalves (2001), foi

observado que apenas 20 náuplios do anostráceo, por litro, já atende a necessidade

de qualquer projeto para remoção de algas em ambientes eutrofizados, podendo

funcionar assim como biorremediadoras.

Estudos em ambientes de altitude sobre microcrustáceos são comuns ao

redor do mundo e em várias regiões (JERSABECK et al., 2001; DEMETER &

STOIESCU, 2008; KOTOV et al., 2010; AYGEN et al., 2012; KÜ LKÖ YLÜ OĞLU et

al., 2012). O padrão mais difundido sobre a biodiversidade em um gradiente

elevacional é o padrão monotônico-decrescente, onde a diversidade diminui com o

aumento da altitude, conectado com a redução na temperatura e diminuição na

produtividade, além de outros fatores como declive e precipitação, entre outros

(RAHBEK, 1995). Em alguns casos, a diversidade de microcrustáceos segue esse

padrão. Gaviria (1993), num estudo sobre o zooplâncton em um lago de altitude

colombiano, constatou que a composição dos crustáceos planctônicos é limitada a

poucas espécies. Também na América do Sul, Torres & Rylander (2006) estudaram

os microcrustáceos em nove lagos equatorianos, a mais de 3000 m de altitude, e

encontraram um baixo número de espécies, concluindo que a altitude e o pH são

importantes fatores determinantes da diversidade de zooplâncton. Porém, esses

lagos são localizados em pontos muito altos da região tropical.

Trabalhos e revisões sobre a diversidade em gradientes altitudinais

mostraram que além do padrão monotônico-decrescente, existem também outros

padrões como o unimodal-parabólico (maior diversidade em altitudes

intermediárias), constante decrescente (constante em baixas altitudes) e

monotônico-crescente (a diversidade aumenta com a altitude) (RAHBEK, 1995;

COLWELL et al., 2004; BORGES, 2011; MARQUES, 2011).

No Brasil, alguns estudos limnológicos quanto aos microcrustáceos em ambientes

de altitude foram conduzidos por Galvão et al., (2008), no planalto central e por

Santos-Wisniewsky et al. (2002), na Serra da Mantiqueira (SP). Para o semiárido,

ainda não existem trabalhos para a fauna de microcrustáceos em corpos aquáticos

em regiões de altitude (> 800 m). No Brasil não existem grandes elevações (ou seja,

> 3000 m), sua região de altitude se limita a poucas cadeias de montanhas e

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planaltos. Da mesma forma, a ecologia dos microcrustáceos (e de vários outros

organismos) nesse tipo de ambiente ainda é desconhecida.

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4. MATERIAL E MÉ TODOS

4.1. Caracterização da área de estudo

O brejo de altitude referido no presente estudo compreende a maior parte do

território dos municípios pernambucanos de Triunfo e Santa Cruz da Baixa Verde,

bem como pequenas áreas ao sul dos respectivos municípios vizinhos no estado da

Paraíba, com os quais fazem fronteira: Manaíra, São José de Princesa e Princesa

Isabel (Figura 01). Essa região encontra-se inserida geologicamente na província da

Borborema, no alto do rio Pajeú e Serra do Teixeira e é constituída pelo litotipo da

suíte batólito de Triunfo (suíte Shoshonítica Ultrapotássica Triunfo do período

Neoproterozóico superior) (FERREIRA & SIAL, 1986; CPRM, 2012).

O clima, nesse maciço montanhoso é do tipo CW’a, segundo a classificação

de Köpen, clima mesotérmico com inverno seco e verão chuvoso com temperatura

média anual de 25°C com mínima de 12°C e máxima de 30°C (CPRM, 2012 IBGE,

2014). Os meses de agosto a dezembro são considerados meses de estiagem e a

maior pluviosidade ocorre nos meses de fevereiro a abril (OLIVEIRA et al., 2006).

O município de Triunfo contém a mais elevada cidade do estado de Pernambuco

(altitude na área urbana variando de cerca de 950 a 1095 m) e possui o segundo

pico mais elevado desse estado (IBGE, 2014), o Pico do Papagaio, com 1165 m. A

segunda região mais alta da Paraíba fica também nessa área, na divisa com os

municípios pernambucanos de Triunfo e Santa Cruz da Baixa Verde, destacando a

Serra do Livramento, pouco mais de 1150 metros de altitude.

As lagoas em lajedos são bastante comuns já aos 900 m de altitude, devido à

exposição da rocha por processos orológicos. As águas empoçadas nesses locais

são usadas para limpeza, cocção, irrigação, entre outros usos e, menos comum, o

consumo direto humano. Os nativos sabem que, às vezes, ingerir a chamada água

de lajeiro pode fazer mal, não sabendo, porém, a causa que provavelmente são

toxinas de cianobactérias (SIQUEIRA & OLIVEIRA-FILHO, 2008; CASTRO &

MOSER, 2012). Para aumentar a capacidade de armazenamento de água, em

algumas dessas lagoas, às vezes, são construídas pequenas barreiras de cimento e

tijolos ou pedras.

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Figura 01: Localização da região do estudo. A – Localização na região nordeste brasileira;

B – A região de altitude na divisa dos estados da Paraíba com Pernambuco. Confeccionado

a partir de dados de satélite do Google Earth (2014).

4.2. Estratégia amostral

4.2.1. Ambientes estudados

Cinco lagoas em um afloramento rochoso foram amostradas para a realização

do estudo. Elas estão localizadas na zona rural do município de Triunfo/PE,

aproximadamente seis quilômetros, afastando-se do centro da cidade, no Sítio Santo

Antônio de Lajes (ou mais comumente chamado apenas de Sítio Lajes), a uma

altitude superior aos 1100 m. O afloramento rochoso que contém as cinco lagoas

A

B

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fica acima do ponto turístico chamado Furna dos Holandeses (tradicionalmente é

contado que foi utilizada como refúgio por alguns excursionistas holandeses que

recusaram a retirada do estado de Pernambuco no início do século XVII). As lagoas

são geograficamente muito próximas e não possuem nomes populares. Assim, foi

adicionado um código a cada uma delas: de A1 a A5 (a descrição e a codificação

das lagoas foram feitas com base nos dados da coletora das amostras, Mirian Lima,

além de observações pessoais) (Tabela 1 e Figuras 02 e 03). No entorno das

lagoas, nas frestas das rochas, existe grande quantidade de plantas de hábito

herbáceo, cactáceas, orquidáceas e, sobretudo, bromeliáceas. Em alguns pontos

sobre as rochas, onde há maior quantidade de sedimento, há pequenas áreas

verdes com árvores de maior porte, como, principalmente, pés de jatobá (Himenae

sp.), canafístula (Cassia sp.), burra-leiteira [Sapium argutum (Müll. Arg.) Huber] e

bacupari (Garcinia brasiliensis Mart.), o que pode comportar ou ser visitadas por

animais diversos e, consequentemente, podem frequentar as lagoas (Figura 03).

A lagoa A1 possui formato alongado e possui uma fenda ao longo de seu

comprimento. É recostada a uma rocha a qual lhe faz sombra até cerca das nove

horas pela manhã e recebe a incidência solar durante o fotoperíodo restante. Esse

reservatório parece ter menos alterações para captação de água e abastece três

residências. Possui águas levemente turvas.

A lagoa A2 tem formato semelhante ao da A1, porém mais comprida e possui

uma barreira de captação de água. É totalmente exposta à luz do sol, o que confere

na maioria do tempo uma cor esverdeada, talvez devido à proliferação de

organismos fotossintéticos. O proprietário não informou quantas pessoas se

beneficiam de suas águas.

A lagoa A3 é a maior e possui formato mais arredondado. Possui águas

límpidas devido a pouca profundidade. Essa lagoa foi formada naturalmente e

possui uma pequena barreira para aumentar a captação, alcançada apenas quando

há muito volume. Abastece oito residências.

A lagoa A4 possui formato mais triangular e é a menor das lagoas e também

possui uma barreira artificial. Possui águas turvas quando com muito volume. Pelo

menos cinco residências se beneficiam dessa lagoa.

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A lagoa A5 possui formato mais triangular e também possui uma grande

barreira artificial. Possui duas pequenas lagoas adjacentes as quais quando cheias,

vasam para dentro dela. Abastece uma residência e à sua margem observa-se um

pequeno canteiro de verduras. Possui águas límpidas a amarelo-esverdeado.

O local da coleta especificamente está localizado no município de Triunfo,

porém, as mesmas condições podem ser aplicadas a toda a faixa de brejo de

altitude nessa região de fronteira entre Pernambuco e Paraíba que não há distinção,

exceto a linha política imaginária. Por isso, embora esse trabalho tenha sido

realizado em Pernambuco, contribui em conhecimento para os dois estados

nordestinos.

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Figura 02: Imagens de satélite do local do estudo. A – O caminho percorrido partindo da

área urbana do município de Triunfo/PE até o Sítio [Santo Antônio de] Lajes; B – O

afloramento rochoso com as lagoas estudadas (A1-A5). Modificado do Google Earth (2014).

A

B

Page 29: Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRPE Unidade

Tabela 1: Localização, altitude e dimensões das cinco lagoas amostradas do Sítio Lajes,

Triunfo/PE.

Lagoa

Localização

Altitude

Dimensões

Á rea Perímetro Profundidade

(aprox.)

A1 07° 50’ 16.24” S,

38° 04’ 46.16” W

1117 m 143,11 m2 57,91 m 1,10 m

A2 07° 50’ 15.65” S,

38° 04’ 44.86” W

1119 m 153,53 m2 70,71 m 1,20 m

A3

07° 50’ 12.59” S,

38° 04’ 46.41” W

1123 m 770 m2 107,25m

1,00 m

A4 07° 50’ 13.14” S,

38° 04’ 47.57” W

1119 m 30,58 m2

22,94 m 1,30 m

A5 07° 50’ 11.18” S,

38° 04’ 46.72” W

1121 m 93,73 m2 41,68 m 1,50 m

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Figura 03: Caracterização fotográfica do local e das cinco lagoas de afloramento rochoso no

Sítio Lajes, Triunfo/PE em período chuvoso. A – Lagoa A1; B – Lagoa A2; C – Lagoa A3; D

– Lagoa A4; E – Lagoa A5; F – Vista sul do lajedo do estudo destacando os vários hábitos

da vegetação a qual a rocha dá suporte. Fonte: D. F. Costa (2014).

4.2.2. Amostragem e aferição das variáveis abióticas

A

D

B

C

F E

Page 31: Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRPE Unidade

Para o acompanhamento da dinâmica sazonal, amostras foram coletadas

mensalmente no período de agosto de 2011 a julho de 2012, nas cinco lagoas,

durante o fotoperíodo diurno, com um balde graduado e filtragem de 20 a 60 litros de

água (dependendo da profundidade), em rede de plâncton de 45 μm. Após a

filtração, as amostras foram fixadas em formol a 4%. O conteúdo de cada filtragem

foi armazenado em recipientes de plástico, identificados com o número da lagoa, a

data e a hora da coleta.

A pluviometria foi obtida junto ao INMET (Instituto Nacional de Meteorologia),

com base na estação meteorológica local. O pH e o oxigênio dissolvido foram

obtidos utilizando reagentes do Labcon Test, com tabelas pré-definidas para

resultados comparativos aproximados. A salinidade foi calculada usando um

refratômetro modelo RHS-10ATC; a luminosidade incidente, utilizando o luxímetro

digital Lux Meter; a velocidade do vento e a temperatura do ambiente, com o

anemômetro digital modelo Ar 816. Para a aferição da temperatura foi usado o

termômetro de vidro Boyu BT-02 e para a turbidez da água foi empregado o disco de

Secchi.

O volume aproximado da água foi estimado com base em pontos

considerados mais rasos e mais profundos, observando as variações a cada mês

subsequente. Nesse caso, a profundidade do local de coleta também apresenta

contribuição ao comparativo do volume. Para tanto, foi adotada uma fita métrica que

igualmente serviu para medir o perímetro e a largura de cada lagoa. Na ocasião da

coleta em abril de 2012, a lagoa A1 esteve totalmente seca (Figura 04).

Page 32: Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRPE Unidade

Figura 04: Caracterização fotográfica das cinco lagoas (A1-A5) de afloramento rochoso no Sítio Lajes, Triunfo/PE em três períodos distintos.

Dezembro de 2011; Fevereiro de 2012 e Abril de 2012. Imagens: Mirian Lima & Flávia Nunes (2011-2012).

A1 A4 A3 A2 A5

DE

Z/11

FE

V/12

AB

R/12

Page 33: Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRPE Unidade

4.2.3. Análise laboratorial

A identificação e a contagem dos microcrustáceos foram feitas com análises

em microscópio óptico, onde cada amostra foi colocada em câmeras do tipo

Sedwick-Rafter com capacidade para dois mL, contando-se integralmente, no caso

de poucos indivíduos na amostra, ou por subamostras (neste caso, três subamostras

foram tomadas como fonte das médias). Para a identificação dos táxons, foram

utilizados bibliografia e artigos científicos especializados. Por falta de material

pertinente, quanto aos grandes branquiópodes, além do envio de imagens

fotográficas, alguns espécimes foram enviados ao Laboratório de Biossistemática

Animal, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia e, posteriormente, para a

França para a identificação por especialistas.

A maioria das espécies foi registrada por fotografias, através de uma

microcâmera fotográfica digital EUREKAM 10 Megapixel – Belview, acoplada a um

microscópio trinocular Opton TNB-41-PL e armazenadas em um banco de imagens.

4.2.4 Tratamento dos dados

Os dados foram tratados utilizando-se cálculos básicos de riqueza de

espécies, frequência de ocorrência (%), densidade (ind. L-1) e abundância relativa

(%). Para os cladóceros também foram utilizados os índices de diversidade de

Shannon-Wiener (H’), de equitabilidade de Pielou (SHANNON, 1948; PIELOU, 1977)

e um estimador de riqueza usando o programa EstimateS, baseado em três índices:

ICE, Chao 2 e Jack 1(COLWELL, 2005).

Para todos os dados biológicos e abióticos obtidos, foram realizadas análises

de correlação de Spearman, através do programa BioEstat 5.3, considerando um n

amostral = 58, equivalente ao número total de amostras e pares de dados

confrontados (sem dados para os meses de abril de 2012 para a lagoa A1, por estar

completamente seca e junho de 2012, para a lagoa A2, por perda do material

coletado). Um valor de p < 0,05 foi considerado significativo para aceitação das

correlações. Para verificar as diferenças entre as lagoas, foram aplicados testes de

análise de variância não-paramétrica (Mann-Withney ou Kruskal-Wallis),

considerando o mesmo valor de significância. Um teste de normalidade foi aplicado

Page 34: Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRPE Unidade

antes de cada análise, confirmando-se que os mesmos tratavam-se de dados sem

distribuição normal.

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5. RESULTADOS

5.1. Variáveis ambientais

Conforme exposto nas tabelas 2 e 3, durante o período do estudo, a região

apresentou maior precipitação no mês de fevereiro de 2012, com 116,4 mm e a

menor em dezembro de 2011, com 7,8 mm. A temperatura atmosférica, na ocasião

das coletas (pela manhã, até perto do meio dia), variou de 16°C no inverno (típica

dessa região de altitude) a 32°C no verão. A temperatura da água variou de 14°C a

26,5 °C, menor que a atmosférica. O pH apresentou pouca variação: de 6,6

(levemente ácido) a 7,5 (levemente alcalino). A lagoa A1 foi a mais ácida e a lagoa

A5 a mais básica. As lagoas apresentaram condições adequadas de O2 dissolvido

(com valores próximos de 4,0 mg/L). A velocidade do vento incidente apresentou

valores de 0,5 m/s (vento tipo aragem, segundo a escala de Beaufort) até 17,4 m/s

(vento muito forte).

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Tabela 2: Variáveis ambientais de agosto de 2011 a julho de 2012 em cinco lagoas do Sítio

Lajes, Triunfo/PE.

2011 2012

Variáveis

AGO SET OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL

Pluviosidade mensal (mm)

76,9 44,7 90,2 88,8 7,8 12,3 116,4 18,6 19,6 56,1 20,1 44,4

Temperatura do ar (°C)

A1 28,0 18,0 26,0 25,0 28,7 30,0 27,0 27,9 21,2 23,0 22,0 16,7

A2 32,0 17,0 27,0 29,0 22,0 28,0 24,6 33,5 22,6 27,2 24,0 16,8

A3 33,0 16,0 31,0 28,0 32,0 27,0 23,0 28,4 26,0 38,0 27,1 20,1

A4 30,0 15,0 32,0 25,0 30,0 28,6 27,7 32,0 29,8 30,6 28,6 18,2

A5 30,0 20,0 28,0 28,4 30,0 30,0 24,5 32,1 29,8 30,4 26,1 18,1

Temperatura da água (°C)

A1 19,0 19,4 20,0 26,5 20,3 26,0 18,0 21,0 - 16,0 16,0 20,0

A2 20,0 18,0 22,0 25,0 23,0 21,0 19,0 19,0 14,5 17,0 17,0 19,3

A3 22,0 18,0 25,0 26,0 25,0 25,0 20,0 21,0 17,0 19,3 19,0 16,9

A4 23,0 20,0 25,0 26,0 25,0 25,0 20,0 23,0 18,0 20,0 20,2 19,1

A5 23,0 18,0 26,0 27,0 25,0 26,0 17,0 22,0 18,0 19,5 18,0 20,1

Luminosidade (x 100 lux)

A1 1056 429 1083 1126 1095 989 1107 1109 906 840 1061 163

A2 1075 215 513 1067 300 965 1072 1074 630 1011 856 1622

A3 1090 357 1206 1781 573 1020 974 1095 927 737 1104 205

A4 1086 185 946 1298 297 1070 890 1073 1092 1120 952 317

A5 996 1680 1064 1080 250 1078 1066 330 1092 1132 1106 183

Velocidade do vento (m/s)

A1 4,8 15,8 6,2 3,7 14,6 6,2 6,8 1,9 17,4 5,2 6,4 5,2

A2 7,2 11,2 5,3 2,1 15,2 5 6,9 0,6 9,1 5,3 10 12,6

A3 11,2 9,6 2,1 3,4 5,3 12,1 1,7 2,7 2,5 1 7,2 4,7

A4 2,4 11,5 4,1 8,6 7,9 10,4 14,2 1,5 0,5 5 3,5 6,9

A5 3,5 7,2 2,9 5,8 11,3 9,4 5,6 2,3 0,5 6,4 4,4 7,2

pH

A1 6,6 7 6,6 6,8 6,6 7,5 7,5 6,8 - 6,8 6,6 6,8

A2 7,5 7 6,8 7,5 7,5 7 7 7 7 6,8 7,5 6,8

A3 6,8 7 7 7,5 7,2 7,2 7,5 6,8 6,8 7,2 6,8 6,8

A4 7,5 7,5 7,5 7,5 7,5 7,5 7,2 7,5 7,5 7,5 7 7,5

A5 7,5 7,5 7,5 7,5 7,5 7,5 7,5 7,5 7,5 7,5 7,5 6,8

Salinidade (PPT)

A1 0 0 0,3 0,6 0,7 0,1 0 0,3 - 0,3 0,4 0,5

A2 0,2 0,3 0 0 0 0,3 0 0 0,3 0,2 0,2 0,6

A3 0,3 0 0,2 0 0,1 0 0 0,3 0,1 0 0,2 0,8

A4 0,2 0,1 0,3 0,3 0,2 0,1 0,3 0,1 0 0 0 0,5

A5 0,2 0,1 0,3 0 0 0,3 0 0,2 0 0 0 0,6

O2 dissolvido (mg/L)

A1 6 4 4 4 3 6 8 4 - 4 3 4

A2 4 3 6 3 3 4 4 6 4 3 4 3

A3 3 4 6 4 3 4 3 4 3 4 6 2

A4 3 3 4 4 4 3 3 4 4 6 4 3

A5 4 3 3 4 4 3 4 3 4 3 6 4

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2011 2012

Variáveis (cont.)

AGO SET OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL

Volume Filtrado (L)

A1 20 60 30 10 20 20 30 30 - 60 60 60

A2 20 60 30 30 60 30 60 50 50 60 60 60

A3 30 60 30 30 30 60 60 50 60 60 60 60

A4 40 60 30 30 20 45 30 50 60 60 60 60

A5 40 60 30 30 34 50 30 50 30 60 60 60

Transparência da água (m)

A1 0,74 0,5 0,68 0,8 0,5 0,38 0,6 0,53 - 0,6 0,46 0,23

A2 0,6 0,5 0,7 1 0,5 0,34 0,56 0,49 0,4 0,54 0,59 0,45

A3 0,8 0,56 0,5 0,43 0,4 0,3 0,57 0,15 0,42 0,57 0,5 0,6

A4 0,93 0,7 0,5 0,47 0,4 0,5 0,5 0,85 0,43 1 0,9 0,7

A5 0,75 0,9 0,9 0,9 0,4 0,3 0,58 0,52 0,43 0,66 0,81 0,62

Profundidade total (m)

A1 1,1 0,8 0,8 1 0,7 0,6 0,87 0,63 - 0,8 0,62 0,54

A2 1,1 0,76 0,8 1,1 0,7 0,6 0,87 0,63 0,54 0,8 0,72 0,54

A3 1 0,6 0,74 0,59 0,47 0,45 0,8 0,33 0,47 0,68 0,51 0,62

A4 0,93 0,75 1,02 0,54 0,8 0,81 0,78 0,85 0,57 1 0,9 0,75

A5 1,5 0,95 1,1 0,96 0,87 0,5 0,66 0,7 0,57 0,77 0,84 0,87

Profundidade da coleta (m)

A1 0,75 0,6 0,7 0,9 0,5 0,38 0,6 0,55 - 0,67 0,6 0,34

A2 0,74 0,4 0,75 0,56 0,5 0,34 0,56 0,51 0,44 0,61 0,45 0,37

A3 0,8 0,5 0,59 0,46 0,37 0,38 0,57 0,3 0,42 0,65 0,37 0,41

A4 0,75 0,58 0,5 0,5 0,5 0,47 0,6 0,72 0,45 0,59 0,9 0,65

A5 1,14 0,76 1 0,93 0,67 0,3 0,58 0,52 0,45 0,66 0,35 0,69

Page 38: Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRPE Unidade

Tabela 3: Amplitude (mínimo - máximo), média e desvio padrão das variáveis ambientais de agosto de 2011 a julho de 2012 em cinco lagoas

do Sítio Lajes, Triunfo/PE.

A1 A2 A3 A4 A5

Amplitude Média ± DP Amplitude Média ± DP Amplitude Média ± DP Amplitude Média ± DP Amplitude Média ± DP

Temperatura

da água (°C)

16,00-26,50 20,20 ± 3,41 14,50-25,00 19,56 ± 2,88 17,00-26,00 21,18 ± 3,34 18,00-26,00 22,02 ± 2,77 17,00-26,00 21,63 ± 3,67

Temperatura

do ar (°C)

16,70-30,00 24,46 ± 4,29 16,80-33,50 25,31 ± 5,23 16,00-38,00 27,47 ± 5,91 15,00-32,00 27,29 ± 5,38 18,10-30,00 27,28 ± 4,37

pH 6,6-7,5 6,87 ± 0,33 6,8-7,5 7,1 ± 0,2 6,8-7,5 7,05 ± 0,26 7,0-7,5 7,43 ± 0,16 6,8-7,5 7,44 ± 0,20

O2 dissolvido

(mg/L)

3,00-8,00 4,54 ± 1,50 3,00-6,00 3,91 ± 1,08 2,00-6,00 3,83 ± 1,19 3,00-6,00 3,75 ± 0,86 3,00-6,00 3,75 ± 0,86

Transparência

da água (m)

0,23-0,74 0,54 ± 0,16 0,34-1,00 0,55 ± 0,16 0,15-0,80 0,48 ± 0,16 0,40-1,00 0,60 ± 0,21 0,30-0,90 0,64 ± 0,20

Velocidade do

vento (m/s)

3,7-17,4 7,85 ± 5,09 0,6-12,6 7,54 ± 4,27 1,0-12,1 5,29 ± 3,85 0,5-14,2 6,38 ± 4,27 0,5-11,3 5,54 ± 3,06

Luminosidade

(x 100 lux)

163-1126 913,67 ± 306,55 215-1622 866,67 ± 392,74 205-1781 922,42 ± 416,86 185-1298 860,50 ± 373,92 183-1680 921,42 ± 439,55

Salinidade

(PPT)

0,0-0,6 0,29 ± 0,25 0,0-0,6 0,18 ± 0,19 0,0-0,8 0,17 ± 0,23 0,0-0,5 0,18 ± 0,15 0,0-0,6 0,14 ± 0,19

Amplitude Média ± DP

Pluviosidade

(mm)

116,4-7,8 49,66 ± 36,13

Page 39: Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRPE Unidade

5.2. Comunidade de microcrustáceos

Nas cinco lagoas estudadas foram identificadas 18 espécies de

microcrustáceos, as quais são 12 de cladóceros, duas de copépodes, duas de

ostrácodes, uma de anostráceo e uma de conchostráceo. Os cladóceros estiveram

distribuídos em cinco famílias: Chydoridae (com oito espécies), Moinidae,

Daphniidae, Macrothricidae, e Sididae (com uma espécie cada), enquanto que os

copépodes estiveram distribuídos em duas famílias: Diaptomidae e Cyclopidae. Os

ostrácodes estiveram representados por apenas uma família: Cypridinidae (Tabela

4). Houve também a ocorrência de um anostráceo da família Thamnocephalidae em

três das lagoas (A1, A2 e A3) em dezembro de 2011 e em janeiro de 2012, e a

presença de um conchostráceo Spinicaudata da família Limnadiidae, na lagoa A4

durante os meses de janeiro e fevereiro de 2012.

Das espécies estudadas, quatro apresentaram frequência de ocorrência igual

ou superior a 75%, em pelo menos duas lagoas: Ephemeroporus hybridus (em três

lagoas); Anthalona verrucosa (em duas); Moina minuta (em duas) e Notodiaptomus

iheringi (em todos os estágios e em todas as lagoas) (Tabela 4). O morfotipo jovem

dos ostrácodes Cypridinidae também apresentou essa alta frequência em quase

todas as lagoas, porém sob a forma adulta, apresentaram baixa frequência. Os

anostráceos e conchostráceos também tiveram baixa frequência de ocorrência.

Page 40: Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRPE Unidade

Tabela 4: Composição e frequência de ocorrência das espécies e morfotipos de

microcrustáceos registrados em cinco lagoas de altitude do Sítio Lajes, Triunfo/PE.

Frequência de ocorrência (%)

A1 A2 A3 A4 A5

Cladocera

Chydoridae Stebbing, 1902

Ephemeroporus hybridus (Daday, 1905) 81,82 45,45 66,67 75,00 100,00

Anthalona verrucosa (Sars, 1901) 81,82 27,27 83,33 33,33 66,67

Parvalona parva (Daday, 1905) 27,27 9,09 27,27 0,00 0,00

Coronatella monacantha (Sars, 1901) 18,18 0,00 0,00 66,67 66,67

Karualona muelleri (Richard, 1897) 9,09 9,09 9,09 8,33 0,00

Leydigiopsis curvirostrus Sars, 1901 0,00 0,00 8,33 0,00 0,00

Leberis davidi (Richard, 1895) 0,00 9,09 0,00 0,00 0,00

Chydorus pubescens Sars, 1901 45,45 9,09 0,00 0,00 0,00

Moinidae Goulden, 1967

Moina minuta Hansen, 1899 54,55 54,55 75,00 91,67 66,67

Macrothricidae Norman & Brady, 1867

Macrothrix elegans Sars, 1901 63,64 18,18 8,33 8,33 8,33

Daphniidae Straus, 1820

Ceriodaphnia cornuta Sars, 1885 63,64 0,00 16,67 8,33 0,00

Sididae Baird, 1850

Diaphanosoma sp. 0,00 0,00 0,00 0,00 8,33

Copepoda

Diaptomidae Baird, 1850 Notodiaptomus iheringi (S., Wright, 1935) (adulto) 100,00 81,82 100,00 75,00 91,67

Copepodito 72,72 100,00 91,67 91,67 100,00

Náuplio 100,00 100,00 91,67 91,67 100,00

Cyclopidae Dana, 1846 Microcyclops anceps (Richard, 1897) (adulto) 45,45 0,00 0,00 0,00 0,00

Copepodito 63,64 36,36 33,33 50,00 8,33

Náuplio 90,91 18,18 25,00 16,67 0,00

Ostracoda

Cypridinidae Baird, 1850

Cypridinidae jovem 90,91 63,64 91,67 91,67 91,70

Cypricercus centrura (Klie, 1940) (adulto) 9,09 0,00 0,00 0,00 0,00

Stenocypris major (Baird, 1859) (adulto) 0,00 0,00 0,00 0,00 16,67

Anostraca

Thamnocephalidae Simon, 1886

Dendrocephalus cf. brasiliensis Pesta 1921 9,09 9,09 8,33 0,00 0,00

Conchostraca

Limnadiidae Baird, 1849

Metalimnadia sp. 0,00 0,00 0,00 16,67 0,00

Page 41: Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRPE Unidade

Dos ambientes estudados, a lagoa A1 mostrou a maior densidade em

setembro de 2011, seguida pela lagoa A4 (9611 ind. L-1), em março de 2012 e pela

lagoa A2 (8801 ind. L-1) em janeiro de 2012 (Figura 05). A densidade de

microcrustáceos das cinco lagoas esteve correlacionada negativamente com a

pluviosidade (Spearman, r = -0,6046 e p < 0,0001), com a profundidade no ponto da

coleta (Spearman, r = -0,3263 e p = 0,0124), com a profundidade da lagoa na

ocasião da coleta (Spearman, r = -0,3168 e p = 0,0153) e com a transparência da

água (Spearman, r = -0,3892 e p = 0,0025). Os outros parâmetros confrontados

com a densidade não mostraram correlação significativa (Spearman, p > 0,05). Em

média, a densidade também apresenta tendência de coincidir inversamente com os

meses de baixa pluviosidade (Figura 06).

Figura 05: Variação temporal na densidade total de microcrustáceos em cinco lagoas de

altitude do Sítio Lajes, Triunfo/PE.

Page 42: Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRPE Unidade

Figura 06: Variação temporal na pluviosidade mensal e densidade média de

microcrustáceos em cinco lagoas de altitude do Sítio Lajes, Triunfo/PE.

O grupo dos copépodes apresentou as maiores densidades nas cinco lagoas

(Figura 07), principalmente representado pelo calanóide Notodiaptomus iheringi.

Houve um ciclopóide: Microcyclops anceps onde o estágio adulto foi apenas

encontrado na lagoa A1. Os ciclopóides, principalmente sob o estágio de náuplio

tiveram destaque em dezembro de 2011 na lagoa A1 (5338 ind. L -1) e em janeiro na

lagoa A3 (3083 ind. L-1). Nas outras lagoas, durante o mesmo período, manteve-se o

domínio do calanóide. Os picos na densidade ocorreram nos meses de setembro de

2011 na lagoa A1 e em março e abril de 2012 na lagoa A4 e A2, respectivamente

(figura 08).

Page 43: Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRPE Unidade

Figura 07: Densidade média de Copepoda, Ostracoda e Cladocera em cinco lagoas de

altitude no Sítio Lajes, Triunfo/PE.

Figura 08: Variação temporal na densidade de copépodes em cinco lagoas de altitude do

Sítio Lajes, Triunfo/PE.

Page 44: Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRPE Unidade

Em todas as amostras que continham ostrácodes, ocorreu um morfotipo

considerado como a fase juvenil de Cypridinidae. Indivíduos adultos dessa família

foram encontrados apenas em duas lagoas: na lagoa A1 com Cypricercus centrura,

em janeiro e em março de 2012 (5 e 1825 ind. L-1, respectivamente); e na lagoa A5,

com Stenocypris major, em dezembro de 2011 e janeiro de 2012 (2 e 1 ind. L-1,

respectivamente). Os ostrácodes tiveram destaque em setembro e dezembro de

2011 e janeiro e março de 2012 na lagoa A1 setembro de 2011 e na lagoa A3 em

dezembro de 2011 (Figura 09).

Figura 09: Variação temporal na densidade ostrácodes em cinco lagoas de altitude do Sítio

Lajes, Triunfo/PE.

Os cladóceros tiveram maior destaque no mês de janeiro de 2012, na lagoa

A2, representada nesse mês por Moina minuta. Nos demais meses, a densidade

esteve distribuída entre as várias espécies encontradas, com destaque para o mês

de setembro de 2011, na lagoa A1 e A5 (Figura 10), dentre os quais 808 ind. L-1

pertenciam à espécie Ephemeroporus hybridus. Leydigiopsis curvirostrus foi

Page 45: Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRPE Unidade

exclusiva da lagoa A2, durante o período de seca (em janeiro de 2012) e

Diaphanosoma sp. foi exclusiva da lagoa A5, com apenas um indivíduo presente

(em julho de 2012).

Page 46: Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRPE Unidade

Figura 10: Variação temporal na densidade de cladóceros em cinco lagoas de altitude do

Sítio Lajes, Triunfo/PE.

Os valores de riqueza, diversidade e equitabilidade dos cladóceros estão

detalhados na Tabela 4. A riqueza variou de 1 a 8 espécies. A lagoa A1 apresentou

os maiores valores na diversidade (pico de 2,019 bits. ind-1), seguida pela A3. O

valor máximo de equitabilidade (1) foi registrado na lagoa A4, no mês de novembro

de 2011. A curva de rarefação plotada para os cladóceros, mostrou tendência

assintótica (Figura 11), e usando os índices de extrapolação da riqueza, foram

obtidos os valores de ICE (13,48 espécies), Jack (13,97 espécies) e Chao 2 (12,49

espécies) (Figura 12), com a porcentagem média de extrapolação de 90,33% das

espécies.

Page 47: Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRPE Unidade

Figura 11: Curva de rarefação da riqueza de espécies de Cladocera em cinco lagoas de

altitude do Sítio Lajes, Triunfo/PE.

Page 48: Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRPE Unidade

Figura 12: Curva de extrapolação da riqueza de espécies de Cladocera em cinco lagoas de

altitude do Sítio Lajes, Triunfo/PE.

Page 49: Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRPE Unidade

Tabela 5: Variação temporal da riqueza, diversidade e equitabilidade dos cladóceros de cinco lagoas de altitude no Sítio Lajes, Triunfo/PE.

Riqueza Diversidade (H’; bits. Ind. -1) Equitabilidade (J’)

MÊ S A1 A2 A3 A4 A5 A1 A2 A3 A4 A5 A1 A2 A3 A4 A5

Ago/11 5 2 3 2 3 1,171 0,362 1,100 0,000 1,191 0,504 0,362 0,694 0,000 0,752

Set/11 6 4 2 5 4 2,019 0,827 0,887 1,347 0,912 0,781 0,414 0,887 0,580 0,456

Out/11 4 2 3 2 3 1,493 0,722 1,543 0,672 1,173 0,747 0,722 0,974 0,672 0,740

Nov/11 5 2 2 2 2 0,292 0,294 0,672 1,000 0,544 0,126 0,294 0,672 1,000 0,544

Dez/11 4 4 1 3 4 1,136 0,612 0,000 0,401 0,540 0,568 0,306 0,000 0,253 0,270

Jan/12 6 1 5 2 3 1,923 0,000 0,651 0,012 1,384 0,744 0,000 0,280 0,012 0,873

Fev/12 4 3 1 1 4 0,381 0,206 0,000 0,000 1,506 0,190 0,130 0,000 0,000 0,753

Mar/12 1 1 3 4 4 0,000 0,000 0,313 0,386 0,750 0,000 0,000 0,198 0,193 0,375

Abr/12 - 0 4 2 3 - 0,000 1,658 0,097 0,818 0,000 0,000 0,829 0,097 0,516

Mai/12 1 1 4 6 3 0,000 0,000 0,761 1,099 0,702 0,000 0,000 0,381 0,425 0,443

Jun/12 8 - 5 3 2 1,887 - 1,465 0,925 0,940 0,629 0,000 0,631 0,584 0,940

Jul/12 5 0 2 4 3 1,356 0,000 0,353 0,642 1,038 0,584 0,000 0,353 0,321 0,655

Média 4,45 1,82 2,92 3,00 3,17 1,06 0,27 0,78 0,55 0,96 0,41 0,19 0,49 0,34 0,61

Desvio padrão 2,07 1,40 1,38 1,48 0,72 0,77 0,32 0,57 0,47 0,31 0,32 0,23 0,34 0,32 0,21

Média total 3,07 0,72 0,41

Page 50: Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRPE Unidade

6. DISCUSSÃ O

As lagoas de altitude em um afloramento rochoso da região de Triunfo

apresentaram baixa riqueza de espécies de microcrustáceos. O maior número de

espécies (13) ocorreu na lagoa A1, mais rica em macrófitas, representada

principalmente pelos cladóceros da família Chydoridae (oito espécies). A família

Chydoridae é bem representativa e importante na fauna de invertebrados

planctônicos, inclusive em outras regiões de altas altitudes do Brasil, e seus

membros são típicos de ambientes com vegetação aquática (SANTOS-WISNIEWSKI

et al., 2002; DINIZ et al., 2013). A lagoa A1 ainda possui touceiras da macrófita

Hydrocleys martii Seub em sua depressão, podendo na ocasião da coleta, mesmo

em níveis baixos, os organismos ainda serem capturados nesses refúgios. Quanto

às outras lagoas, as macrófitas estão apenas presentes na região litorânea e só têm

contato com a água quando as lagoas estão com grande volume, enquanto que

outras nem apresentam macrófitas em seu interior.

Macrófitas aquáticas são comuns nessas lagoas de altitude, espalhadas por

toda região, mesmo nas que têm poucos centímetros de profundidade. A ausência

de macrófitas em algumas lagoas do presente estudo indica que a maioria dessas

lagoas pode ter sofrido ação antrópica (por remoção ativa ou da maior parte do

substrato de seu interior na ocasião da modificação, para ampliação da captação).

Esse impacto pode alterar levemente a comunidade de organismos dependentes

dessas plantas para refúgio e/ou alimentação.

Geralmente, as lagoas com boa capacidade de armazenamento e que estão

próximas a residências são bem tratadas e evita-se o despejo de sabões e

detergentes, mesmo lavando-se roupa ou utensílios domésticos às suas margens,

em alguns casos. Porém, algumas pessoas para demonstrar asseio, retiram o

sedimento que por ventura se acumula no fundo da lagoa e também macrófitas

aquáticas que crescem. Porém, as mais rústicas e afastadas dos domicílios, exibem

ainda uma pequena flora intacta com plantas aquáticas e anfíbias. Supõe-se que

ação da chamada pelos nativos de “limpeza” do fundo dessas lagoas pode

influenciar a comunidade de microorganismos dependentes do sedimento e das

plantas nesse ambiente. As lagoas sem barreiras artificiais e com macrófitas

parecem bem mais preservadas, nitidamente com mais vida em seu interior. Os

Page 51: Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRPE Unidade

caldeirões de pedra podem ser utilizados como importante recurso no uso doméstico

pelo homem do campo, como já o fazem, necessitando, porém, de maior respeito

para com a comunidade biológica, não retirando totalmente o sedimento com o

banco de ovos e as plantas do interior e das margens.

O número de espécies de microcrustáceos nas lagoas da região de Triunfo é

um baixo (18 spp.), como esperado para um ambiente de altitude (GAVIRIA, 1993).

Esse número é inferior ao encontrado em outro estudo similar no município vizinho

de Serra Talhada (onde foi usado a mesma malha, porém, as condições ambientais

é diferente, além da altitude: cerca de 430 m), onde Diniz et al. (2013) encontraram

22 espécies de cladóceros em um lago temporário. Entretanto, a riqueza encontrada

em Triunfo é superior à encontrada em outros estudos em ambientes lênticos da

região semiárida do Brasil (CRISPIM & FREITAS, 2005; MELO JÚ NIOR et al., 2007).

O presente estudo demonstrou que esses tipos de lagoas, mesmo sendo ambientes

tão efêmeros e com comunidade de macrófitas pouco diversificada, não se limitam a

pouquíssimas espécies, porém a baixa diversidade era esperada.

A riqueza de espécies de microcrustáceos em ambientes tropicais se

relaciona a fatores locais como profundidade máxima, temperatura, oxigênio

dissolvido, ação dos ventos e outros fatores, sobretudo para pequenos reservatórios

(LEWIS, 1987; FLÖ DER & SOMMER, 1999), o que pode ter ocorrido nos ambientes

do presente estudo, onde a ação constante do vento, a pouca profundidade, o

pequeno tamanho das lagoas, e a altitude provavelmente controlaram a riqueza de

espécies (ARANGUNEN-RIAÑ O et al., 2011). As lagoas de altitude talvez

apresentem menor riqueza do que ambientes de menor altitude devido a fatores

mais acentuados das regiões mais altas, como pouca diversidade de macrófitas em

seu interior, uma menor qualidade e quantidade de alimento, devido ao isolamento,

além de menores temperaturas, fazendo com que poucas espécies sejam

endêmicas e a maioria seja de ampla distribuição global (VAN DAMME &

EGGERMONT, 2011).

A curva de rarefação indicou tendência assintótica e a porcentagem média de

extrapolação da riqueza evidenciou que o estudo foi capaz de acessar um pouco

mais de 90% das espécies de cladóceros. A adequação de um inventário é

dependente de mais de 50% da estimativa do número de espécies (WILLIAMS et al.,

Page 52: Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRPE Unidade

2007). Assim, a amostragem nas lagoas de altitude pode ser considerada suficiente

para representar a diversidade de cladóceros. Os menores valores na densidade e

riqueza de espécies foram nos meses de maior pluviosidade.

A densidade esteve dependente da conformação da lagoa, como, por

exemplo, as lagoas que possuem seu ponto mais profundo em apenas uma estreita

faixa de fenda, o que obriga os organismos a se concentrarem nessas depressões e

assim podem ser coletados facilmente quando há pouca água. Lagoas mais largas e

com fundo menos regular podem possuir vários pontos com maior profundidade,

deixando os organismos dispersos. Com o avanço do período seco, os organismos

podem concentrar-se nos vários pontos de maior depressão. Isso pode explicar o

padrão de densidade que varia segundo a própria conformação da lagoa. A

densidade esteve relacionada apenas com poucas variáveis, principalmente as que

ditam a presença e permanência da água no reservatório: a profundidade da lagoa e

da coleta, o regime de chuvas e a transparência da água, aumentando com a

diminuição do volume das lagoas.

O pico na densidade de Moina minuta no mês de janeiro de 2012, na lagoa

A2, coincidiu com o mês de menor transparência da água (0,34 m), além de

menores valores na temperatura da água (21°C), na velocidade do vento incidente

(5 m/s) e do pH neutro, quando comparada às outras lagoas na mesma ocasião.

Em abril de 2012, na ocasião da coleta, uma das lagoas estava totalmente

seca, embora as outras ainda estivessem com água. Isso talvez reflita o grande uso

da água dessa lagoa pela população local somado com a evaporação natural e a

baixa pluviosidade do mês (19,6 mm).

Nos dois meses de menor pluviosidade, em duas lagoas (as que

apresentaram maior quantidade de macrófitas) houve o domínio de ciclopóides e,

nas demais lagoas e no restante das coletas, houve o predomínio de calanóides. Os

ciclopóides, os quais são essencialmente predadores (ESTEVES, 1998; BRUSCA &

BRUSCA, 2007), provavelmente se concentram nos locais onde estão as suas

possíveis presas nesses ambientes, ou seja, junto às macrófitas, locais onde os

organismos as utilizam para alimentação e refúgio. Reforça-se assim que a

presença de macrófitas no ambiente parece influenciar muito na densidade, assim

como a pluviosidade que foi menor nesses dois meses. A dominância de calanóides

Page 53: Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRPE Unidade

nessas lagoas indica que, mesmo com pequenas alterações antrópicas, a

comunidade desses organismos não sofre grande dano, pois os calanóides são

muito mais sensíveis a ambientes degradados (MATSUMURA-TUNDISI & TUNDISI,

2003) e, provavelmente, não seriam tão abundantes em um ambiente impactado.

Também, a dominância de Notodiaptomus iheringi, por seu hábito filtrador, reforça

que o ambiente é oligotrófico (DANTAS-SILVA & DANTAS, 2013; RIETZLER et al.,

2002).

Nessas lagoas, os grandes branquiópodes apresentaram-se apenas em dois

meses no período do estudo, que coincidiram com o início das chuvas após um

período de seca, não permanecendo continuamente durante os meses seguintes,

pois provavelmente necessitam da dessecação para a eclosão dos cistos (ver

ROGERS, 2009) e, exceto em uma lagoa no mês de abril de 2012, todas as outras

permaneceram com certo volume de água em seu interior.

A espécie de anostráceo foi inicialmente tratada como Dendrocephalus

brasiliensis, porém, com análise de especialista (Nicolas Rabet, com. pess.), através

de imagens, foi notado que o ramo 3D do apêndice frontal do macho, aparentemente

é diferenciado da forma típica de D. brasiliensis. Também, segundo esse

especialista, não existem registros de D. brasiliensis para esse tipo de lagoa, apenas

para lagoas de fundos não rochosos (com. pess.). Supõe-se, então, que D.

brasiliensis seja um complexo de espécies e nesse ambiente possua essa

modificação, porém, esse padrão deverá ser investigado em estudos futuros. Para a

espécie de conchostráceo, a partir de imagens de estruturas corporais e dos ovos,

foi sugerida pelo mesmo especialista como uma nova espécie do gênero

Metalimnadia, que será descrita em breve junto com várias outros exemplares da

região nordeste e de outras regiões do Brasil.

Os grandes branquiópodes desses ambientes, já estão presentes três ou

quatro dias após as primeiras chuvas depois de um período de dessecação e, por

serem de um maior porte, supõe-se que constituem uma grande parte na biomassa

desses ambientes, além dos seus ciclos de vida que, exceto empiricamente, ainda

são desconhecidos da ciência. Para estudos futuros acerca desse grupo, será

necessário modificar a estratégia amostral, já que nesses ambientes, possuem

hábitos diferenciados dos outros grupos de microcrustáceos.

Page 54: Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRPE Unidade

Os brejos de altitude são considerados “ilhas de biodiversidade” (TABARELLI

et al., 2004, SIQUEIRA-FILHO, 2008) e talvez a esse nível de altitude dessa região

pode não seguir o padrão de diversidade monotônico-decrescente, já que há uma

maior diversidade de espécies em geral (RAHBEK, 1995; COLWELL et al., 2004).

Porém, para os microcrustáceos ainda não se pode afirmar se segue o padrão

acima, pois ainda não foram estudados os vários tipos de ambientes dessa região

(somente um tipo de lagoa, com pouca diversidade de macrófitas, foi investigado).

Apenas após estudos posteriores, com a comunidade de microcrustáceos e outros

organismos, e considerando um gradiente de altitude na Caatinga, será possível

caracterizar a diversidade desse bioma e suas particularidades.

Page 55: Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRPE Unidade

7. CONSIDERAÇ Õ ES FINAIS

Com o presente estudo, é possível inferir que nesses ambientes aquáticos, as

lagoas de afloramentos rochosos em altitude, há um baixo número de espécies,

associado a pouca diversidade de macrófitas aquáticas.

Poucos fatores influenciam em curto prazo o desenvolvimento da comunidade

de microcrustáceos exceto os fatores que ditam a presença e a permanência de

água e macrófitas em seu interior.

A dominância dos copépodes calanóides indica que o ambiente é oligotrófico

e também a presença de outros grupos como os grandes branquiópodes é

interessante, demonstrando que o ambiente ainda está conservado.

A singularidade desse tipo de lagoa em ambiente rochoso promoveu novas

adaptações para esse ambiente, como no caso de Dendrocephalus brasiliensis e,

provavelmente, endemismo por parte de Metalimnadia n. sp., reforçando a

importância da preservação dessas áreas únicas do semiárido que cada vez mais

perde espaço para atividades humanas agressivas à biodiversidade.

Page 56: Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRPE Unidade

8. REFERÊ NCIAS

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Page 64: Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRPE Unidade

APÊ NDICE

Prancha 1: Espécies de Copepoda e Ostracoda encontradas nas lagoas do Sítio Lajes,

Triunfo/PE sob microscópio óptico: A – Copepoda Notodiaptomus iheringi (fêmea com

massa de ovos); B – Copepoda Microcyclops anceps.; C – Ostracoda Stenocypris major; D

– Ostracoda Cypricercus centrura. Fonte: D. F. Costa (2014).

A

D C

B

Page 65: Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRPE Unidade

Prancha 2: Espécies de grandes Branchiopoda encontradas na região de altitude entre

Pernambuco e Paraíba: A – Conchostraca Spinicaudata Metalimnadia sp. em ambiente

natural; B – fêmea sob estereomicroscópio; C – seus ovos de resistência sob microscópio

óptico. D – Anostraca Dendrocephalus cf. brasiliensis em ambiente natural; E – macho sob

estereomicroscópio; F – um ovo de resistência de Anostraca sob microscópio óptico.

Ambiente natural situado no Sítio Caldeirão, São José de Princesa/PB. Fotos: D. F. Costa

(2014).

A

F

B

E D

C

Page 66: Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRPE Unidade

Prancha 3: Algumas das espécies de Cladocera encontradas nas lagoas de altitude do Sítio

Lajes, Triunfo/PE sob microscópio ótico: A - Anthalona verrucosa; B - Ephemeroporus

hybridus; C - Parvalona parva; D - Moina minuta; E - Macrothrix elegans; F - Leberis davidi;

G - Coronatella monacantha; H - Leydigiopsis curvirostrus. Fonte: D. F. Costa (2014).

G

E D

F

A

A B

C D