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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UFF ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO GESTÃO DE RISCO NO PROCESSO DE PRODUÇÃO: ESTUDO DE CASO EM UMA EDITORA PRODUTORA DE MATERIAL DIDÁTICO HENRIQUE FROUFE PAES LEME ORIENTADOR PROF. JOSÉ KIMIO ANDO NITERÓI JULHO / 2017

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Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UFF · PFMEA, possibilitando o desenvolvimento de um diagrama Bow Tie. Neste sentido, foram identificadas causas para os efeitos dos riscos, controles

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE – UFF

ESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

GESTÃO DE RISCO NO PROCESSO DE PRODUÇÃO:

ESTUDO DE CASO EM UMA EDITORA PRODUTORA DE

MATERIAL DIDÁTICO

HENRIQUE FROUFE PAES LEME

ORIENTADOR PROF.

JOSÉ KIMIO ANDO

NITERÓI

JULHO / 2017

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HENRIQUE FROUFE PAES LEME

GESTÃO DE RISCO NO PROCESSO DE PRODUÇÃO: ESTUDO DE CASO EM

UMA EDITORA PRODUTORA DE MATERIAL DIDÁTICO

Projeto Final apresentado para o curso de

Graduação em Engenharia de Produção da

Universidade Federal Fluminense, como requisito

parcial para obtenção do Grau de Engenheiro de

Produção.

ORIENTADOR: Prof. Dr. JOSÉ KIMIO ANDO

Niterói

2017

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, agradeço aos meus pais por todas as oportunidades, apoio, amor e

conselhos dados ao longo da minha vida. São uma referência para mim, não só por toda

dedicação que possuem e vitórias que obtiveram, mas também por serem exemplos de pessoas

éticas e honestas.

Agradeço a minha irmã, por estar sempre próxima e me motivando a enfrentar todas as

dificuldades. Agradeço aos meus avós, pelo amor e carinho, mesmo que alguns já tenham

partido.

Agradeço a toda minha família e amigos, que me acompanharam ao longo da minha

vida e estão torcendo para que eu tenha sucesso. Obrigado pelo companheirismo e compreensão

de sempre.

Agradeço também ao meu orientador, por toda dedicação e conselhos dados ao longo

do último ano. Aos professores que tive ao longo de minha trajetória na UFF, pelos

ensinamentos e aprendizados.

Por fim, agradeço a todos que, de alguma maneira, colaboraram e tornaram possível que

esse projeto fosse realizado.

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RESUMO

O presente estudo tem como objetivo a aplicação de uma metodologia de gestão de risco

a um processo de produção. Para isso, foi realizado um estudo de caso em uma Editora que

produz material didático para estudantes do ensino básico, e todo o seu processo de produção

foi analisado. Primeiramente, o processo de produção é descrito e analisado. Em seguida, é

utilizada a ferramenta PFMEA para identificação e análise dos riscos com o auxílio de

brainstorming com colaboradores da companhia. Os riscos foram priorizados conforme o

PFMEA, possibilitando o desenvolvimento de um diagrama Bow Tie. Neste sentido, foram

identificadas causas para os efeitos dos riscos, controles que estão sendo utilizados e sugestões

de controles que poderiam ser criados, além de consequências e possíveis atividades para

mitigar os efeitos. Por fim, foram feitas conclusões sobre a aplicação das metodologias de

gestão de risco e foram apresentadas propostas para trabalhos futuros.

Palavras-chave: Diagrama Bow tie; Gestão de riscos; PFMEA; Material didático.

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ABSTRACT

This works aims to apply a risk management methodology in a production process. For

this, a case study was made in a Publishing Company that produces educational kits for students

of basic education and its production process is analyzed. First, the production process is

described and analyzed. Then the tool PFMEA is used to identify and analyze the risks with the

help of brainstorming sessions with company employees. The risks were prioritized according

to the PFMEA, allowing the development of a Bow Tie diagram. The diagram presents causes

for the effects of risks, the controls that are being used, and suggestions for controls that could

be created, besides consequences and possible activities to mitigate the effects. Finally,

conclusions were drawn about the application of risk management methodologies and proposals

for future work were presented.

Key words: Bow Tie diagram; Risk management; PFMEA; Student Kit.

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SUMÁRIO

1 Introdução.......................................................................................................................... 10

1.1 Contextualização do tema .......................................................................................... 10

1.2 O Problema ................................................................................................................ 11

1.2.1 Formulação da Situação Problema ..................................................................... 11

1.2.2 Questões e/ou Hipóteses ..................................................................................... 11

1.2.3 Delimitação do Projeto ....................................................................................... 12

1.3 Objetivos .................................................................................................................... 12

1.3.1 Objetivo Principal ............................................................................................... 12

1.3.2 Objetivos Secundários ........................................................................................ 12

1.4 Importância do Estudo ............................................................................................... 13

1.5 Organização do Estudo .............................................................................................. 15

2 Revisão da literatura .......................................................................................................... 16

2.1 Pesquisa bibliográfica ................................................................................................ 16

2.2 Principais Conceitos .................................................................................................. 17

2.2.1 Risco ................................................................................................................... 17

2.2.2 Gestão de riscos .................................................................................................. 18

2.2.3 Análise de risco .................................................................................................. 19

2.2.4 Brainstorming ..................................................................................................... 20

2.2.5 Análise de modos de falha e efeito (FMEA) ...................................................... 21

2.2.6 Metodologia Bow Tie ......................................................................................... 23

3 Metodologia ...................................................................................................................... 25

3.1 Tipo de Pesquisa ........................................................................................................ 25

3.2 Coleta de Dados ......................................................................................................... 25

3.3 Descrição das Etapas da Metodologia ....................................................................... 25

4 Estudo de caso ................................................................................................................... 27

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4.1 Descrição do processo analisado ............................................................................... 27

4.2 Análise de Dados ....................................................................................................... 30

4.2.1 Utilização do PFMEA ........................................................................................ 30

4.2.2 Priorização dos efeitos de falha do PFMEA ....................................................... 33

4.2.3 Análise das etapas críticas do PFMEA ............................................................... 34

4.2.4 Utilização da Metodologia Bow Tie ................................................................... 35

5 Considerações finais .......................................................................................................... 46

5.1.1 Conclusões do estudo ......................................................................................... 46

5.1.2 Propostas de trabalhos futuros ............................................................................ 47

6 Referências Bibliográficas ................................................................................................ 49

7 Apêndice............................................................................................................................ 50

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1: Gráfico de crescimento anual do número de clientes finais...................................... 13

Figura 2: Gráfico de vendas acumuladas de material didático 2016 e 2017 ............................ 14

Figura 3: Etapas da pesquisa bibliográfica ............................................................................... 16

Figura 4: Processo de gestão de risco (ABNT, 2009). ............................................................. 18

Figura 5: Exemplo de planilha no PFMEA .............................................................................. 22

Figura 6: Diagrama “Bow-Tie” (DIANOUS & FIÉVEZ, 2006).............................................. 23

Figura 7: Fluxograma das etapas de produção de material didático ........................................ 29

Figura 8: Gráfico de NPR máximo por etapa ........................................................................... 34

Figura 9: Parte 1 do diagrama Bow Tie – Causas .................................................................... 36

Figura 10: Parte 2 do diagrama Bow Tie – Barreiras de proteção ........................................... 40

Figura 11: Parte 3 do diagrama Bow Tie – Consequências ...................................................... 42

Figura 12: Parte 4 do diagrama Bow Tie – Mitigações ............................................................ 44

Figura 13: Diagrama Bow Tie completo .................................................................................. 45

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1: Escalas utilizadas no PFMEA .................................................................................. 31

Tabela 2: PFMEA do processo de produção analisado ............................................................ 32

Tabela 3: NPR máximo de cada etapa de produção de material didático ................................ 33

Tabela 4: Lista de modos de falhas com maior NPR ............................................................... 34

Tabela 5: Relação entre cores e utilização das barreiras .......................................................... 37

Tabela 6: Aplicabilidade das ferramentas utilizadas para o processo de avaliação de riscos

(ABNT, 2012) ........................................................................................................................... 50

Tabela 7: Continuação da tabela 5 (ABNT, 2012) ................................................................... 51

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Contextualização do tema

Atualmente, é uma prática comum nas escolas brasileiras a utilização de livros e

apostilas de estudo, que podem ser considerados materiais de apoio ao ensino da sala de aula.

Os conteúdos que foram transmitidos pelo professor, em geral, estão contidos nesse material de

apoio, que serve como base de leitura e aprendizado por parte dos alunos. Sua utilização é de

extrema importância para a assimilação do conteúdo e a evolução do conhecimento.

Existem três modelos básicos de materiais de apoio adotados pelas escolas. O primeiro

deles é a confecção própria por parte da escola, onde seus professores escrevem o material que

será utilizado pelos alunos posteriormente. O segundo modelo é a adoção de livros didáticos,

que podem ser comprados em livrarias comuns. O terceiro e último modelo, que será o objeto

de estudo do presente trabalho, é a compra de materiais de apoio de editoras especializadas na

produção de materiais didáticos, também chamados de apostilas de ensino.

As editoras de materiais didáticos são responsáveis por escrever e produzir os materiais

que serão utilizados por diversas escolas, que optam por comprar o material pronto e adaptar o

seu modelo de ensino. A demanda por esses produtos existe porque, em geral, eles são feitos

por profissionais especializados, que sabem identificar as necessidades e possibilidades de

abordagem de cada conteúdo, além de serem atualizados com alta frequência. A opção pelo

primeiro modelo, de confecção própria por parte da escola, muitas vezes não é viável pelo fato

da instituição de ensino não possuir profissionais especializados na produção de material

didático ou por motivos financeiros. A segunda opção, de compra de livro didático, apresenta

uma estrutura menos específica para quem irá utilizar o material, além de não ser atualizado

com a mesma frequência do material didático produzido pelas editoras.

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1.2 O Problema

1.2.1 Formulação da Situação Problema

O presente estudo é baseado em uma Editora que produz e vende material didático

para escolas do ensino básico no Brasil. A venda é realizada diretamente para as escolas, que

realizam a venda para os alunos, os clientes finais.

Durante o processo de produção e entrega do produto, há riscos que podem levar a uma

diminuição na qualidade percebida pelo cliente. O estudo de tais riscos pode ajudar no

crescimento da empresa sem que haja perda na qualidade do seu produto.

A Editora possui atualmente um indicador de insatisfação dos alunos com o seu material

didático, que é medido por meio de uma pesquisa realizada ao final de cada ano letivo. No ano

de 2016, a pesquisa apontou 18% de insatisfação com o material, número acima do máximo de

15% esperado pela empresa. Para 2017, a Editora possui uma meta de que o nível de

insatisfação reduza até a marca dos 9%.

1.2.2 Questões e/ou Hipóteses

Este estudo busca analisar e abordar as seguintes questões:

• Quais atividades mais impactam na qualidade e no atraso do produto?

• Como a análise de riscos pode ajudar na eficácia do processo?

• Quais precauções podem ser tomadas para prevenir os riscos do processo?

• Quais atitudes podem ser tomadas para mitigar as consequências dos riscos?

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1.2.3 Delimitação do Projeto

O estudo foi realizado a partir de informações que não são públicas e, portanto, algumas

medidas foram necessárias para manter o sigilo dos dados da empresa e tornar possível a

divulgação deste estudo. Essas medidas foram: a não utilização do nome da empresa e a adoção

de dados quantitativos, nos gráficos de número de clientes e venda de produtos, com números

aproximados, sempre com variações de 5 a 15% dos números reais, conforme exigência da

empresa.

A utilização das ferramentas de análise e gestão de risco foi baseada nas informações

disponibilizadas por profissionais da empresa que possuem um entendimento especializado do

processo. Contudo, o tempo disponibilizado destes profissionais para o estudo foi um fator

limitante e, dessa maneira, certas análises poderiam ter sido melhor desenvolvidas caso um

número maior de encontros com estes profissionais pudesse ter sido realizado.

1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivo Principal

O presente estudo tem como objetivo o levantamento de ações que auxiliem na

diminuição do nível de insatisfação dos alunos com o material didático, que é produzido e

entregue pela Editora, utilizando uma metodologia de análise de risco dentro do processo de

produção da empresa.

1.3.2 Objetivos Secundários

Estão os listados a seguir os objetivos secundários deste estudo.

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• Análise do processo de produção para identificar as causas dos problemas que

podem levar à insatisfação dos alunos;

• Identificação das ferramentas de controle utilizadas para que as causas de

insatisfação dos alunos não ocorram;

• Identificação das consequências geradas pela insatisfação dos alunos e das

etapas de prevenção.

1.4 Importância do Estudo

Com uma previsão de crescimento de 54% no número de clientes nas vendas de 2017 em

relação a 2016, a empresa espera ter mais de cem mil alunos, em sua base de clientes. Neste

sentido, a Figura 1 exibe essa taxa anual de crescimento, desde o surgimento da empresa em

2014.

Figura 1: Gráfico de crescimento anual do número de clientes finais

Neste contexto, com o aumento do número de clientes, o número de produtos produzidos

também vem aumentando e a empresa planeja produzir um total de, aproximadamente, meio

0

2014 2015 2016 2017

65%

54%

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milhão de produtos no ano de 2017. A Figura 2 apresenta a curva de vendas ao longo do ano de

2016 e a previsão feita para 2017.

Figura 2: Gráfico de vendas acumuladas de material didático 2016 e 2017

Dessa maneira, com um grande número de unidades produzidas e com o número de

clientes em pleno crescimento, o controle da insatisfação dos alunos se mostra cada vez mais

importante, pois uma alta insatisfação pode gerar um grande impacto financeiro à empresa. Se

a meta de 9% de alunos insatisfeitos (meta de 2017) for atingida e, supondo que todos os alunos

insatisfeitos decidissem cancelar a compra do material, a empresa teria seu EBITDA impactado

em, aproximadamente, R$ 3 milhões.

Neste sentido, a realização de estudo para auxiliar no entendimento sobre as causas de

insatisfação dos alunos que, posteriormente, permita a implementação de medidas de melhorias

por parte da empresa, se apresenta como algo essencial para o contínuo crescimento da empresa,

em consonância com a manutenção, ou aumento, da qualidade do seu produto.

500.000

03/n

ov

18/n

ov

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21/j

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23/a

go

Soma de 2016

Soma de Previsão 2017

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1.5 Organização do Estudo

A fim de atingir os objetivos propostos acima e apresentar as informações de forma clara,

o presente estudo foi estruturado em cinco capítulos.

O primeiro capítulo busca apresentar e contextualizar o problema, além de mostrar a

importância do estudo para a empresa.

O segundo capítulo apresenta a base teórica que fundamentou a pesquisa, mostrando o

conteúdo que foi utilizado posteriormente para a análise e avaliação de riscos do processo de

produção estudado.

O terceiro capítulo descreve a metodologia utilizada no estudo de caso.

O quarto capítulo apresenta a metodologia do terceiro capítulo aplicada ao processo de

produção estudado, de acordo com dados disponibilizados pela empresa analisada.

Por fim, o quinto capítulo apresenta os resultados finais e conclusões do estudo de caso,

além de propor possíveis desdobramentos para o estudo.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Pesquisa bibliográfica

Para iniciar o estudo, foram realizadas pesquisas de artigos e teses para verificar como

o assunto está sendo abordado atualmente, além de verificar se algum artigo semelhante já havia

sido elaborado, o que inviabilizaria o presente estudo.

As pesquisas foram realizadas no ambiente de artigo acadêmico Scielo. Como palavras-

chave foram utilizadas: Riscos, processos, Bow Tie e produção de material didático.

Combinando estas palavras-chave, foi possível chegar na estrutura de pesquisa da Figura 3.

Figura 3: Etapas da pesquisa bibliográfica

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2.2 Principais Conceitos

Primeiramente, foi analisado o conceito de palavras chaves e referências essenciais para

o desenvolvimento da pesquisa. Para isso, foram realizadas pesquisas referentes à compreensão

de risco, sua gestão e análise, brainstorming, análise de modos de falha e efeito (FMEA) e, por

fim, Análise Bow Tie.

2.2.1 Risco

Segundo a NBR/ISO 31000 (ABNT, 2009), “Organizações de todos os tipos e tamanhos

enfrentam influências e fatores internos e externos que tornam incerto se e quando elas atingirão

seus objetivos. O efeito que essa incerteza tem sobre os objetivos da organização é chamado de

‘risco’". Logo, risco seria um desvio em relação ao esperado pela empresa ao tentar alcançar

seus objetivos, desvios podem ser positivos ou negativos.

De acordo com o dicionário Ruth Rocha, risco é a “probabilidade ou possibilidade de

perigo ou dano”. (ROCHA; PIRES, 2000).

Pode-se ainda acrescentar a definição de risco pelo INSTITUTO BRASILEIRO DE

GOVERNANÇA CORPORATIVA (2007, p. 11), o qual menciona que risco “é proveniente da

palavra risicuou riscu, em latim, que significa ousar (to dare, em inglês)” e, atualmente, sua

conceituação “envolve a quantificação e qualificação da incerteza, tanto no que diz respeito às

‘perdas’ como aos ‘ganhos’, com relação ao rumo dos acontecimentos planejados, seja por

indivíduos, seja por organizações”.

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2.2.2 Gestão de riscos

A gestão de riscos pode ser entendida como um conjunto de atividades utilizadas para

guiar e monitorar uma organização em aspectos relacionados a riscos (ABNT, 2009), ainda

segundo BARALDI (2005, p.15) “o gerenciamento de riscos empresariais são os

conhecimentos, os métodos e os processos organizados para reduzir os prejuízos e aumentar os

benefícios na concretização dos objetivos estratégicos”.

O processo de gestão de risco envolve identificação, análise, avaliação, tratamento e

monitoramento dos riscos, além de frequente comunicação desses fatores com as partes da

companhia (ABNT, 2009). O processo de gestão de risco é representado na Figura 4.

Figura 4: Processo de gestão de risco (ABNT, 2009).

A gestão de riscos faz parte dos processos organizacionais e influencia diretamente nas

tomadas de decisão. Uma vez que o risco é um fator inerente ao cotidiano de qualquer

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instituição, cabe às organizações, com o apoio de ferramentas como as analisadas ao longo do

estudo, optar por quais riscos podem ser explorados, ignorados e merecem devida atenção e

dedicação.

2.2.3 Análise de risco

A análise de risco envolve a compreensão da natureza e a determinação da magnitude

de um risco (ABNT, 2009).

“A análise de riscos envolve a apreciação das causas e as fontes de risco, suas

consequências positivas e negativas, e a probabilidade de que essas consequências

possam ocorrer. Convém que os fatores que afetam as consequências e a probabilidade

sejam identificados. O risco é analisado determinando–se as consequências e sua

probabilidade, e outros atributos do risco. Um evento pode ter várias consequências e

pode afetar vários objetivos. Convém que os controles existentes e sua eficácia e

eficiência também sejam levados em consideração. ” (ABNT, 2009).

Para aprofundar as análises, devem-se utilizar ferramentas que auxiliem no processo de

avaliação de riscos. A NBR/ISO 31010 (ABNT, 2012) apresenta uma relação de técnicas que

podem ser utilizadas em cada etapa da gestão de riscos.

A NBR/ISO 31010 (ABNT, 2012) também classifica as diversas técnicas e ferramentas

quanto à “Fortemente aplicável” (FA), “Aplicável” (A) e “Não aplicável” (NA) para serem

utilizadas ou não em cada uma destas etapas da gestão de riscos.

Dentre as técnicas e ferramentas apresentadas na NBR/ISO 31010 (ABNT, 2012), três

foram selecionadas para serem utilizadas no presente estudo. São elas: Brainstorming, Análise

de modos de falha e efeito (FMEA) e análise Bow Tie.

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2.2.4 Brainstorming

O Brainstorming é uma técnica que, na tabela de aplicabilidade das ferramentas

utilizadas para o processo de avaliação de riscos da NBR/ISO 31010 (ABNT, 2012), é

apresentada como fortemente aplicável à etapa de identificação de riscos.

Também conhecido como chuva de ideias, foi criado por Alex F. Osborn, presidente de

uma grande agência de publicidade dos EUA, em 1938, a fim de que seus funcionários

trocassem informações, listasse pensamentos espontâneos e, assim, tivessem boas ideias para

as campanhas publicitárias (OSBORN, 1953). Em, 1953, Osborn lança um livro descrevendo

e, assim, disseminando a técnica. No Brasil, o brainstorming foi introduzido primeiramente

pelos publicitários, sendo depois utilizados em outros campos de estudo.

Essa técnica busca incentivar o fluxo de ideias entre um grupo de pessoas com

conhecimentos técnicos para identificar modos de falhas potenciais, além de perigos e riscos

associados a uma atividade (ABNT, 2012).

Por ser uma técnica de equipe, o brainstorming pode ser dividido em fase criativa (todos

os membros do grupo apresentam as mais variadas ideias, sem filtro, apenas as expõem) e em

fase crítica (cada membro vai defender o que opinou a fim de convencer os demais de que isso

seria o melhor para determinado projeto, por exemplo). Assim, as melhores exposições são

filtradas, e, em conjunto, a equipe aprova a melhor ideia e a desenvolve.

Como requisito de entrada da ferramenta, é preciso que os participantes tenham

conhecimento do processo a ser avaliado. Como objeto de saída, é possível obter uma lista dos

riscos potenciais referentes ao processo analisado.

O brainstorming possui os seguintes pontos positivos, descritos na NBR/ISO 31010

(ABNT, 2012):

a) O incentivo à imaginação auxilia na identificação de novos riscos;

b) Fácil preparação para utilização da técnica.

A norma apresenta também as seguintes limitações:

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a) Possibilidade de que os participantes não sejam adequadamente qualificados para

contribuir de forma eficaz ao processo;

b) Não é possível garantir que todos os riscos potenciais sejam identificados.

2.2.5 Análise de modos de falha e efeito (FMEA)

Em uma estrutura de cadeia produtiva, há, naturalmente, a possibilidade da ocorrência

de determinados falhas durante o seu processo. Isso pode ocorrer não apenas nesse caso, mas

também no desenvolvimento de variados projetos de empresas, instituições. A fim de se

antecipar a essa possibilidade e evitá-los, foram criadas metodologias, que obtiveram sucesso

na sua aplicação. Dentre essas metodologias, destaca-se o Failure Mode and Effects Analysis

(FMEA).

O FMEA é um estudo e análise de problemas em potencial. O FMEA é utilizado para

analisar possíveis falhas de um produto para elaborar soluções viáveis a serem aplicadas caso

essas falhas ocorram. Segundo STAMATIS (2003), FMEA é uma técnica de engenharia

utilizada para definir, identificar e eliminar falhas conhecidas ou potenciais, de sistemas,

projetos, processos e/ou serviços, antes que estas atinjam o cliente.

De acordo com o Manual do FMEA da GENERAL MOTORS CORPORATION (2008),

há determinados princípios chaves de apoio para a metodologia: gerência, equipe, relação de

causa e efeito, cliente e melhoria constante. A abordagem baseada nesses princípios é

importante e necessária para destacar que o FMEA tem e deve ser realizado por uma equipe

diversa, com colaboradores de múltiplos setores e segmentos da empresa.

A partir do FMEA, outras técnicas foram desenvolvidas. No presente estudo, o PFMEA

(Process Failure Mode and Effects Analysis) será utilizado.

Segundo DAILEY (2004), o PFMEA é uma metodologia para identificar problemas em

serviços que são usados diariamente durante a elaboração e execução de determinado processo

do projeto. Desse modo, a falha, caso exista, será previamente identificada e, assim, haverá

tempo hábil de acionar forças para que ela seja corrigida o quanto antes e, consequentemente,

o processo continue em andamento.

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Torna-se essencial que o PFMEA leve em conta todos os processos que englobam a

cadeia produtiva. Pode-se destacar que o PFMEA, ao querer se antecipar às possíveis falhas,

necessita uma abordagem mais subjetiva, sendo preciso o uso de dados históricos, caso haja

possibilidade, e também, como já mencionada a sua importância, basear-se no conhecimento

da equipe (STAMATIS, 2003).

O PFMEA utiliza índices de severidade, ocorrência e detecção para criar um parâmetro

e especificar prioridades de atenção e cuidados para cada efeito analisado. Esse parâmetro é

chamado de “número de prioridade de risco” (NPR) e é definido como o produto dos três

critérios: NPR = Ocorrência x Severidade x Detecção. A Figura 5 apresenta um modelo de

planilha usada no PFMEA.

Figura 5: Exemplo de planilha no PFMEA

Pode-se observar que é descrita a função, quem supervisionará essa função, a possível

falha, seu efeito e grau de severidade. Seguida pela causa/motivo potencial de ocorrência dessa

falha, seu grau de ocorrência (que varia de muito baixa a muito alta), como está sendo

atualmente controlado, sua detecção (capacidade de identificação da falha) e, por fim, o NPR.

Desse modo, o uso do FMEA e suas metodologias são de grande utilidade para prevenir

falhas em potencial durante o desenvolvimento de processos e criação de produtos. Com seu

uso, a organização poderá contar com um sistema de análise de possíveis falhas do processo ou

do produto e a sua reparação, caso a falha ocorra, para cada caso específico.

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2.2.6 Metodologia Bow Tie

A Metodologia Bow Tie (BT), também conhecida como “Gravata de Borboleta”, é outra

técnica utilizada a fim de identificar riscos e assim evitar consequências indesejadas durante o

desenvolvimento de determinados projetos. O diagrama BT, segundo Everdij & Blom (2016),

é uma evolução do diagrama causa-consequência (1970) e do diagrama de barreira (1980).

A metodologia consiste em elaborar um diagrama, no qual visualiza-se a relação entre

um risco, o evento em si, suas causas, efeitos, barreiras, consequências e, por fim, as medidas

que podem minimizá-las. A metodologia é empregada para analisar os riscos de um projeto ou

processo, geralmente, identificados por uma investigação prévia de identificação de perigos.

A Figura 6 apresenta, de forma simplificada, um esquema do diagrama a ser obtido.

Figura 6: Diagrama “Bow-Tie” (DIANOUS & FIÉVEZ, 2006)

Podem ser observados quatro elementos básicos do diagrama Bow Tie. São eles: perigos

(ou causas do efeito indesejado), barreiras de segurança, acontecimento crítico e consequências.

Os perigos são determinados a partir de potenciais riscos identificados durante o

desenvolvimento do projeto, em outras palavras, as suas causas. As fontes do perigo levam ao

acontecimento ou também chamado evento crítico. As barreiras de segurança têm como

objetivo evitar que evento crítico ocorra e se resulte nas consequências. Desse modo, é possível

a identificação de riscos e sua potencial solução.

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24

Dentre os pontos positivos do uso do BT, destaca-se a fácil e simplificada comunicação

entre todas as partes envolvidas no projeto, uma vez que, graficamente, sua estrutura e desenho

é simples, objetivo e fácil de ser visualizado e entendido.

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3 METODOLOGIA

3.1 Tipo de Pesquisa

O presente estudo utiliza-se de pesquisa qualitativa e exploratória. A pesquisa é

qualitativa, pois baseia-se em resultados qualitativos, apresentados a partir de coletas de dados

as quais serão primordiais para a sua estruturação e será realizado em áreas nas quais há pouco

conhecimento acumulado e sistematizado. (VERGARA, 2009). Além disto, a pesquisa é

exploratória, porque envolve levantamento bibliográfico e também entrevistas com pessoas

para obter conhecimento sobre o problema pesquisado.

3.2 Coleta de Dados

A coleta de dados será realizada a partir dos seguintes métodos:

a) Pesquisa de campo: investigações em que se realiza a coleta junto a pessoas utilizando

também a pesquisa bibliográfica e a documental (GERHARD & SILVEIRA, 2009);

b) Observações do processo em visitas pontuais ao ambiente de produção da Editora

estudada.

3.3 Descrição das Etapas da Metodologia

A primeira etapa consistiu no entendimento e caracterização do processo de produção

de material didático. Nela, foram estudados materiais disponibilizados pela companhia para

compreender os agentes envolvidos em cada etapa da produção, assim como as suas entradas e

saídas. Essa etapa foi fundamental para a elaboração das ferramentas de análise de risco e tornou

esse estudo possível.

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Na segunda etapa, foi estruturada a ferramenta de análise de risco, o PFMEA, do

processo de produção. Para isso, foram realizadas reuniões de Brainstorming com funcionários

envolvidos no processo para a identificação dos riscos existentes no processo, além de detalhes

das causas existentes para os riscos e os controles que são utilizados pela companhia para evitar

que as falhas aconteçam. Avaliações qualitativas com o objetivo de identificar o NPR de cada

efeito de falha potencial também foram realizadas nessa etapa.

Na terceira etapa, o risco identificado como mais crítico pela observação do NPR teve

a sua análise aprofundada, sendo elaborado um diagrama Bow Tie utilizando dados do PFMEA

e dados obtidos de reuniões com funcionários que são responsáveis por áreas da empresa como:

Comercial (vendas), Operações e Relacionamento.

As escolhas das ferramentas de análises de risco a serem utilizadas foram feitas com

base na tabela de “Aplicabilidade das ferramentas utilizadas para o processo de avaliação de

riscos” apresentada na NBR/ISO 31010 (ABNT, 2012), e que pode ser encontrada na Tabela 6

e na Tabela 7 do apêndice.

Segunda ela, a ferramenta Brainstorming é fortemente aplicável à identificação de riscos

e, por isso, foi selecionada para ser utilizada nessa etapa do estudo de caso.

A ferramenta Análise de modos de falha e efeito (FMEA) é considerada fortemente

aplicável à identificação, análise e avaliação de riscos e, por isso, foi selecionada como

ferramenta integrante das fases de análise e avaliação de riscos do presente estudo.

Ainda segundo a tabela, a Análise Bow Tie é considerada aplicável à análise de risco

(consequência) e fortemente aplicável à análise de risco (probabilidade e nível de risco) e

avaliação de riscos. Dessa maneira, essa ferramenta será utilizada na etapa de avaliação de

riscos do presente estudo.

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4 ESTUDO DE CASO

4.1 Descrição do processo analisado

Para iniciar o estudo de caso, o passo inicial foi o entendimento do processo de produção

de material didático para posteriormente identificar os riscos associados a ele.

As etapas do processo foram compreendidas a partir de um material disponibilizado pela

diretora responsável pelo processo completo de produção do material didático.

O processo em análise é composto das seguintes etapas:

• 1ª etapa – Receber solicitação de compra: a Editora recebe as quantidades solicitadas

pelas escolas para adequar sua produção e futura entrega.

• 2ª etapa – Escrever o material: autores especializados escrevem o conteúdo do material

didático. Nessa etapa, os autores escrevem o conteúdo teórico, citam imagens

ilustrativas e exercícios, mas não se preocupam com o formato e a apresentação do

material.

• 3ª etapa – Diagramar o material: o setor responsável pela diagramação adequa o layout

do conteúdo escrito na 2ª etapa, inserindo imagens e ajustando o layout para que a leitura

motive o aluno.

• 4ª etapa – Revisar o material: na etapa de revisão é feita a leitura do material que passou

pela 3ª etapa com o objetivo de identificar erros e, se necessário, devolver parte do

material para a 2ª etapa ou 3ª etapa

• 5ª etapa – Imprimir o material: com o material pronto para ser impresso, ele é enviado

para uma gráfica terceirizada, que irá efetuar a impressão.

• 6ª etapa – Enviar material para o centro de distribuição: todo o material impresso é

enviado para um centro de distribuição.

• 7ª etapa – Separar os pedidos: o material que chega ao centro de distribuição é

identificado, cadastrado e organizado de acordo com o envio que será feito para cada

escola.

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• 8ª etapa – Estocar o material: o material é armazenado para, posteriormente, ser enviado

para as escolas.

• 9ª etapa - Entregar material para as Escolas: o material cadastrado é entregue às escolas.

• 10ª etapa – Armazenar o material: as escolas armazenam o material didático que

receberam.

• 11ª etapa – Entregar material ao aluno: as escolas entregam o material didático para

cada aluno que fez a compra.

Este processo está ilustrado no fluxograma da Figura 7.

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Figura 7: Fluxograma das etapas de produção de material didático

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30

4.2 Análise de Dados

4.2.1 Utilização do PFMEA

A partir do fluxograma do processo, foi utilizada a ferramenta de análise de riscos em

um processo, o PFMEA, para identificar possíveis falhas de cada etapa do processo de

produção, além de causas prováveis. Com a utilização do PFMEA foi possível fazer uma análise

qualitativa para, considerando a severidade, a frequência com que ocorre o efeito da falha e o

grau de detecção da falha, chegar a uma priorização dos riscos associados ao processo.

A elaboração do PFMEA foi realizada por meio das etapas abaixo.

a) A primeira etapa foi uma reunião de brainstorming realizada na sede da empresa, em 11 de

janeiro de 2017, com a presença da diretora de operações da Editora, do coordenador de uma

das escolas clientes e da coordenadora responsável pela fiscalização das etapas de produção

terceirizadas (gráfica, centro de distribuição e transportadora). Nesta reunião, foram

levantadas falhas que ocorrem em cada etapa de produção, além de efeitos ocasionados por

essas falhas;

b) A segunda etapa foi uma reunião realizada em 7 de fevereiro de 2017, com a presença da

gerente responsável pelas etapas de produção que acontecem na Editora. Nesta etapa, foram

listadas causas e formas de detecção que são utilizadas atualmente para cada falha potencial

elencada na etapa anterior;

c) A terceira etapa foi realizada em 20 de fevereiro de 2017, numa reunião com a presença da

diretora de operações da Editora, para realizar uma análise qualitativa. Baseado no que foi

apresentado nas duas reuniões anteriores, o autor sugeriu escalas para a avaliação de

severidade, ocorrência e detecção de cada modo de falha, e essas escalas foram validadas

pela diretora de operações da Editora.

A Tabela 1 apresenta a escala utilizada em seu correspondente critério.

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Critério Número

escala Descrição

Severidade

1 Muito baixa

3 Baixa

6 Alta

9 Muito alta

Ocorrência

1 Muito baixa

3 Baixa

6 Alta

9 Muito alta

Detecção

1 Muito alta

3 Alta

6 Baixa

9 Muito Baixa

Tabela 1: Escalas utilizadas no PFMEA

O critério Severidade está relacionado ao efeito apresentado na coluna “Efeito de Falha

Potencial” do PFMEA e tem como objetivo medir o grau de severidade para a Editora que cada

efeito listado apresenta.

O critério Ocorrência está relacionado ao modo de falha apresentado na coluna “Modo

de Falha Potencial” e tem o objetivo de medir a frequência com que cada modo de falha ocorre

no processo de produção.

O critério Detecção está relacionado ao controle existente apresentado na coluna

“Controles atuais” e tem o objetivo de medir o quanto cada controle é capaz de detectar a falha

que ocorre no processo de produção.

Com isso, o PFMEA foi estruturado e é apresentado na Tabela 2. Na análise, a 4ª etapa

da produção: “Revisar o material”, foi desconsiderada por se tratar de uma etapa de revisão,

onde os riscos associados são exatamente os riscos das etapas anteriores, que estão descritos

na ferramenta.

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Tabela 2: PFMEA do processo de produção analisado

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4.2.2 Priorização dos efeitos de falha do PFMEA

Para identificar as etapas críticas do processo, foi identificado o maior NPR (NPR =

Ocorrência x Severidade x Detecção) de cada etapa de produção, dentre todos os efeitos citadas

para uma etapa. Esse NPR encontrado para cada etapa foi chamado de NPR máximo. A Tabela

3 apresenta as etapas e seus respectivos NPR máximos.

Nº etapa Descrição etapa

NPR

máximo

1ª etapa Solicitação de compra 486

11ª etapa Entregar ao aluno 486

3ª etapa Diagramar o material 81

5ª etapa Imprimir o material 81

6ª etapa Enviar para o centro de distribuição 81

10ª etapa Armazenar o material 81

2ª etapa Escrever o material 54

7ª etapa Separar os pedidos 54

9ª etapa Entregar para os clientes 54

8ª etapa Estocar o material 36

Tabela 3: NPR máximo de cada etapa de produção de material didático

A Figura 8 auxilia na percepção da criticidade destas duas etapas. Nela, os valores à

esquerda representam o NPR máximo de cada etapa e os valores à direita representam os valores

acumulados do NPR máximo, em percentual (%).

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Figura 8: Gráfico de NPR máximo por etapa

Dessa maneira, foi possível perceber que duas etapas se apresentam como críticas no

processo: a de solicitação de compra (1ª) e a de entrega ao aluno (11ª), pois elas juntas

representam 65% da soma dos NPRs, enquanto cada etapa seguinte representa menos de 5% do

total.

4.2.3 Análise das etapas críticas do PFMEA

Ao observar os modos de falha listados com maior NPR, os de valor 486, verifica-se

que todos surgem de um mesmo efeito de falha potencial, alunos sem material para iniciar os

estudos, conforme apresentado na Tabela 4.

Tabela 4: Lista de modos de falhas com maior NPR

0%

20%

40%

60%

80%

100%

0

100

200

300

400

500

1ª etapa 11ª etapa 3ª etapa 5ª etapa 6ª etapa 10ª etapa 2ª etapa 7ª etapa 9ª etapa 8ª etapa

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Dessa maneira, a utilização do PFMEA evidenciou que o maior risco referente ao

processo de produção de material didático é o risco de os alunos ficarem sem material para

iniciar os estudos. Como forma de auxiliar no controle desse efeito e de identificar mecanismos

de mitigação caso isso aconteça, foi elaborado um diagrama Bow Tie para esse efeito, que é o

efeito mais crítico do processo.

4.2.4 Utilização da Metodologia Bow Tie

A partir do resultado do PFMEA, foi elaborado o diagrama Bow Tie para o efeito mais

crítico do processo de produção com o objetivo de aprofundar o estudo dos riscos associados

ao processo. O diagrama apresenta, no centro da imagem, o acontecimento crítico “Alunos sem

material para estudar”, alvo do estudo, e a etapa final do processo “Entregar o material didático

ao aluno” no topo da imagem.

Em seguida, como primeira parte da metodologia Bow Tie, foi feita a definição dos

perigos (ou causas do efeito de falha estudado). Eles foram extraídos dos modos de falha

potencial do PFMEA que estavam relacionados ao efeito em questão. Esses modos de falha são

apresentados à esquerda do diagrama e estão representados na Figura 9, junto com as posições

em que estão na coluna “Modo de Falha Potencial” do PFMEA.

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Figura 9: Parte 1 do diagrama Bow Tie – Causas

Na segunda parte do Bow Tie, foram estruturadas as barreiras de proteção (ou

mecanismos de controle) para evitar que o acontecimento crítico ocorra. Estas barreiras foram

identificadas em uma reunião, realizada em 4 de maio de 2017, com a diretora de Operações da

Editora. Para cada uma das causas listadas na Figura 9 a seguinte pergunta foi feita para a

diretora: “quais práticas são realizadas para controlar e evitar que essa causa aconteça? ”.

Com o objetivo de sinalizar se os mecanismos de controle são utilizados pela empresa

atualmente, cada barreira de proteção apresenta uma cor correspondente ao seu nível de

implementação e utilização. A cor vermelha significa que a barreira não é utilizada e não foi

implementada pela empresa e é, portanto, uma sugestão elaborada no presente estudo. A cor

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amarela significa que a barreira não é utilizada pela empresa em todos os momentos. A cor

verde significa que a barreira é amplamente utilizada no processo de produção.

O resumo da relação entre as cores utilizadas e a utilização de cada barreira é

apresentado na Tabela 5.

Cor Utilização da

barreira

Vermelho Não utilizada

Amarelo

Utilizada somente

em determinados

casos

Verde Amplamente

utilizada Tabela 5: Relação entre cores e utilização das barreiras

Para a 1ª causa do Bow Tie, que é “Escola solicitar um número de apostilas inferior ao

necessário” foram identificadas as seguintes barreiras:

a) Analisar histórico de vendas da Escola para avaliar o pedido feito por ela: consiste em

obter e analisar o número de alunos matriculados na Escola em seus anos anteriores para

avaliar se o pedido de material feito por ela condiz com o que poderá acontecer no ano

seguinte. Essa prática é utilizada atualmente em todas as Escolas clientes.

b) Utilizar resultados acadêmicos para a previsão da quantidade de alunos: consiste na

utilização de dados para validar o número de apostilas pedido pela Escola. Quando os

resultados acadêmicos do ano anterior são bons, é possível que haja um aumento no

número de alunos no ano seguinte. Essa prática é utilizada em escolas com mais de 300

alunos.

c) Acompanhamento das vendas parciais para validar as quantidades solicitadas: consiste

em acompanhar periodicamente a quantidade de alunos matriculados em cada Escola

para validar se o total solicitado será de fato o total de alunos que a Escola terá no ano

seguinte. Essa prática só pode ser utilizada quando as escolas conseguem transmitir a

informação constantemente.

d) Manter estoque em seu nível de segurança: consiste em aumentar as possibilidades de

possuir os materiais prontos para entrega, caso algum pedido extra seja feito pelas

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escolas. Atualmente acontece de o estoque ficar abaixo do nível de segurança quando

há um pedido extra de grande volume e, por isso, a sinalização no diagrama é de cor

amarela.

e) Reduzir tempo de produção de pedidos extras: consiste em utilizar gráficas de menor

porte que consigam produzir um pedido extra pequeno de material em um intervalo de

tempo menor do que as gráficas utilizadas atualmente. Atualmente essa prática não é

utilizada, sendo uma sugestão do presente estudo.

Para a 2ª causa do Bow Tie, que é “Gráfica imprimir um número menor de apostilas”,

foram identificadas as seguintes barreiras:

a) Automatização do processo de inserção de dados que serão enviados para Gráfica:

consiste na automatização da transmissão dos dados de pedidos de compra feitos pelas

escolas para a Gráfica, evitando assim erros de digitação. Atualmente essa prática não

é utilizada, sendo uma sugestão do presente estudo.

b) Acompanhamento das etapas de produção: consiste em validar com a Gráfica as

quantidades que serão impressas de cada material. Essa prática é amplamente utilizada

no processo de produção.

A barreira identificada para a 3ª causa do Bow Tie - Gráfica enviar um número errado

de apostilas para o CD - foi:

a) Acompanhamento da quantidade enviada: consiste em validar com a Gráfica as

quantidades que serão enviadas de cada material. Essa prática é amplamente utilizada

no processo de produção.

A barreira identificada para a 4ª e a 5ª causa do Bow Tie foi:

b) Contagem no ato da entrega na Escola: consiste na contagem, por parte das escolas, da

quantidade de materiais entregues a elas, assim que chegam na Escola. Essa prática é

utilizada somente por algumas escolas e, por isso, a sinalização no diagrama é de cor

amarela.

A barreira identificada para a 6ª causa do Bow Tie - Perda do material dentro da Escola

devido ao mau armazenamento - foi:

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a) Validação do local de armazenamento antes da venda para a Escola: consiste em validar,

nas visitas anteriores à assinatura do contrato entre a Escola e a Editora, o local onde o

material será armazenado na Escola depois que for entregue pela transportadora, para

que não haja perdas. Atualmente essa prática não é utilizada, sendo uma sugestão do

presente estudo.

A barreira identificada para a 7ª causa do Bow Tie - Erro da Escola na entrega aos alunos

- foi:

a) Controle nominal na entrega ao aluno: consiste em fornecer um sistema de controle

nominal para as escolas organizarem as entregas do material aos alunos. O sistema

apresentaria a quantidade entregue na Escola e, para cada entrega feita ao aluno, a escola

deveria inserir no sistema o nome do aluno que recebeu, para evitar que o mesmo aluno

receba duas vezes o material. Atualmente essa prática não é utilizada, sendo uma

sugestão do presente estudo.

No diagrama, as barreiras são apresentadas entre as causas e o acontecimento crítico, e

cada linha representa as barreiras da respectiva causa a qual ela está ligada. A Figura 10

apresenta o diagrama Bow Tie com as causas anteriormente identificadas e as suas barreiras

utilizadas, além da representação em cores do quanto cada barreira é utilizada atualmente.

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Figura 10: Parte 2 do diagrama Bow Tie – Barreiras de proteção

Na terceira etapa do Bow Tie, foram estruturadas as possíveis consequências caso o

acontecimento crítico “Alunos sem material para iniciar os estudos” de fato aconteça. No

diagrama, esses elementos estão representados na parte direita da imagem.

As consequências existentes foram classificadas com as letras P, I e A, de acordo com

os respectivos tipos de dano. A letra P está associada a danos pessoais, a letra I indica danos de

imagem para a companhia e a letra A aponta danos de ativos. Dessa maneira, uma rápida

visualização do diagrama permite associar a consequência ao tipo de dano que ela pode gerar.

Para identificar as possíveis consequências, em 18 de abril de 2017 foi realizada uma

reunião para maior entendimento do tema com o gerente da área de Relacionamento da Editora.

A área de Relacionamento é responsável pela retenção e comunicação com as escolas que já

são clientes, realizando, assim, atendimentos para eventuais dúvidas, sugestões de melhorias e

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reclamações, portanto essa é área responsável por entender as consequências do efeito estudado

(dentre outros), bem como propor correções e tentar reparar os danos causados.

Na reunião com o gerente de Relacionamento, as seguintes consequências possíveis

para o efeito “Alunos sem material para iniciar os estudos” foram listadas:

a) O próprio dano de o aluno não ter o material para estudar, que foi classificado como um

dano pessoal (P) para o aluno e como um dano para a imagem (I) da Editora;

b) Insatisfação com o nível de serviço da Editora, que afeta a imagem (I) da companhia;

c) Não renovação do contrato por parte da escola, que normalmente acontece entre um ano

letivo e o outro, e que, quando acontece, gera um dano financeiro e de ativo (A) para a

empresa;

d) Cancelamento da compra do material por parte do aluno, que gera uma perda de ativo

(A) para a companhia, pois o material teve sua produção iniciada;

e) Aumento de custos ao pedir lotes menores, que gera uma perda de ativo (A) para a

companhia. A produção do material possui custos unitários menores em volumes

maiores de produção.

As consequências identificadas estão representadas no diagrama por meio da Figura 11.

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Figura 11: Parte 3 do diagrama Bow Tie – Consequências

Ainda na reunião com o gerente de Relacionamento, foram questionadas as técnicas

utilizadas para prevenir que as consequências acima citadas aconteçam. A pergunta principal

foi: “o que pode ser feito para evitar as consequências acima citadas em uma situação onde os

alunos já estão sem o material para iniciar os estudos (o evento crítico efetivamente

ocorreu)?”

Quatro práticas foram citadas e são classificadas como mitigações. São elas:

a) Enviar novo material didático com urgência: consiste na prática de, ao identificar que o

aluno está sem o material para iniciar os estudos, enviar com urgência um novo. Se o

estoque tiver quantidade suficiente de produtos para o envio, o envio será imediato, caso

contrário, o pedido de produção será iniciado e o envio será feito posteriormente. Esta

prática é utilizada nas quatro primeiras consequências citadas;

b) Enviar cópias extras dos módulos iniciais: consiste no envio de cópias dos primeiros

módulos do material, pois mesmo se o envio for imediato (caso haja o produto no

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estoque), há o tempo de transporte até a Escola. Essa prática é utilizada apenas em casos

mais críticos, para que não haja um incentivo a realização de cópias não autorizadas do

material e também é utilizada nas quatro primeiras consequências citadas,

c) Explicações formais dos motivos dos problemas e suas soluções: consiste no envio de

explicações formais por meio de e-mails e telefonemas para minimizar a insatisfação e

tentar manter o cliente. É utilizada em casos de grande insatisfação com o nível de

serviço e com clientes que desejam cancelar o contrato. O contato por telefone é

utilizado apenas em casos mais críticos e por isso a sinalização no diagrama é de cor

amarela.

d) Fornecer desconto no valor do material didático: consiste em fornecer um desconto no

valor do material como forma de reparo ao dano causado pela não entrega do material

no prazo. É utilizada em casos de cancelamento da compra por parte do aluno. Como é

utilizado apenas em determinados casos, a sinalização no diagrama é de cor amarela.

A Figura 12 apresenta o diagrama Bow Tie com as consequências anteriormente

identificadas e as suas mitigações utilizadas, além da representação em cores do quanto cada

mitigação é utilizada atualmente.

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Figura 12: Parte 4 do diagrama Bow Tie – Mitigações

O conjunto de todas as partes apresentadas acima: causas, barreiras de proteção,

consequências e mitigações para o efeito crítico analisado estão representados no diagrama Bow

Tie completo do risco analisado. Este diagrama está representado na Figura 13.

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Figura 13: Diagrama Bow Tie completo

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

5.1.1 Conclusões do estudo

O presente estudo avaliou os riscos presentes no processo de produção de material

didático para alunos de ensino básico. O objetivo principal desse estudo consistia em propor a

implantação de metodologias de análise de risco no processo de produção para diminuir o

indicador de insatisfação dos alunos com o material didático.

Além do objetivo principal, também foram propostos os seguintes objetivos secundários:

a) Identificar causas dos problemas que podem levar à insatisfação dos alunos.

b) Identificar ferramentas de controle utilizadas para que as causas de insatisfação dos

alunos não ocorram.

c) Identificar as consequências geradas pela insatisfação dos alunos, além de possíveis

prevenções para que elas não aconteçam.

O objetivo (a) foi explorado nos capítulos 3 e 4. As ferramentas PFMEA e Bow Tie foram

as metodologias de análise de risco propostas para analisar os riscos no processo de produção.

Com o PFMEA, foi possível analisar de forma estruturada as possíveis falhas do processo,

suas causas e seus mecanismos de controle, além dos possíveis efeitos caso as falhas aconteçam.

Essa ferramenta auxiliou no mapeamento dos perigos associados ao processo e controles

utilizados, o que poderá ser útil para um maior planejamento da organização. Em seguida, com

o uso do NPR do PFMEA, as falhas foram priorizadas para que os mais relevantes tivessem os

seus estudos aprofundados.

O Bow Tie foi estruturado de acordo com a priorização realizada no PFMEA e

aprofundou o estudo dos riscos mais relevantes. Com o uso dele, a empresa poderá observar de

maneira objetiva e direta as barreiras de proteção de cada causa do efeito que se deseja evitar,

além das mitigações que podem ser feitas para que as consequências previstas não ocorram. O

uso de código de cores na implementação das barreiras e mitigações também são de grande

utilidade para que a empresa tenha o controle das prevenções que estão sendo feitas para evitar

a insatisfação dos alunos.

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O objetivo (b) foi apresentado junto com a formação do PFMEA. Dentro da ferramenta,

as causas citadas nesse objetivo foram apresentadas.

O objetivo (c) foi apresentado na formação do diagrama Bow Tie. As barreiras podem

ser observadas na parte esquerda da imagem do diagrama.

O último objetivo, o (d), também foi apresentado na formação do diagrama Bow Tie. As

consequências da insatisfação foram identificados e podem ser observadas na parte direita da

imagem do diagrama.

Nesse sentido, os objetivos propostos foram alcançados e se apresentaram como

satisfatórios para a empresa. As ferramentas e metodologias aplicadas se apresentaram como

adequadas para a identificação e avaliação dos riscos, gerando análises e ferramentas que

poderão ser utilizadas pela empresa em seu processo.

É importante destacar que as informações utilizadas devem ser constantemente

atualizadas para que os resultados esperados pela empresa sejam atingidos, portanto, esse

trabalho se apresenta como um passo inicial de uma análise que deve ser contínua na empresa.

5.1.2 Propostas de trabalhos futuros

A partir do presente estudo realizado, algumas sugestões de continuidade podem ser

propostas para trabalhos futuros. São elas:

a) Atualização do estudo com os resultados obtidos pela empresa em 2017 no seu

principal indicador de qualidade, o índice de insatisfação dos alunos com o material.

Apresentando, caso a meta seja atingida, como o uso das metodologias propostas acima

contribuíram para a diminuição do indicador da empresa;

b) Revisão do PFMEA, como um processo de melhoria contínua;

c) Quantificar o uso das barreiras de proteção e representar, além dos códigos com cores

no diagrama Bow Tie, o percentual de utilização das barreiras de proteção e das

prevenções listadas.

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6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT. Gestão de Riscos: NBR/ISO 31000. Rio de Janeiro: Associação Brasileira de Normas

Técnicas 2009.

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Técnicas 2012.

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DAILEY, K. W. The FMEA pocket handbook. DW Publishing Co. 2004.

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Pires. Editora Scipione, SP, Brasil 2000.

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7 APÊNDICE

Tabela 6: Aplicabilidade das ferramentas utilizadas para o processo de avaliação de riscos (ABNT,

2012)

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Tabela 7: Continuação da tabela 5 (ABNT, 2012)