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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO BIOMÉDICO DEPARTAMENTO DE MICROBIOLOGIA E PARASITOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM MICROBIOLOGIA E PARASITOLOGIA APLICADAS GABRIELA CARDOSO GÓES FREQUÊNCIA DE ENTEROPARASITOS EM CRIANÇAS MATRICULADAS EM CRECHES PÚBLICAS DA REGIÃO DAS PRAIAS DA BAÍA DO MUNICÍPIO DE NITERÓI/RJ: INVESTIGAÇÃO POR MÉTODOS COPROPARASITOLÓGICOS E IMUNOLÓGICOS Niterói 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

INSTITUTO BIOMÉDICO

DEPARTAMENTO DE MICROBIOLOGIA E PARASITOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM

MICROBIOLOGIA E PARASITOLOGIA APLICADAS

GABRIELA CARDOSO GÓES

FREQUÊNCIA DE ENTEROPARASITOS EM CRIANÇAS

MATRICULADAS EM CRECHES PÚBLICAS DA REGIÃO DAS

PRAIAS DA BAÍA DO MUNICÍPIO DE NITERÓI/RJ: INVESTIGAÇÃO

POR MÉTODOS COPROPARASITOLÓGICOS E IMUNOLÓGICOS

Niterói

2017

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GABRIELA CARDOSO GÓES

FREQUÊNCIA DE ENTEROPARASITOS EM CRIANÇAS

MATRICULADAS EM CRECHES PÚBLICAS DA REGIÃO DAS

PRAIAS DA BAÍA DO MUNICÍPIO DE NITERÓI/RJ: INVESTIGAÇÃO

POR MÉTODOS COPROPARASITOLÓGICOS E IMUNOLÓGICOS

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-

Graduação em Microbiologia e Parasitologia

Aplicadas da Universidade Federal Fluminense,

como requisito parcial para obtenção de grau de

Mestre. Área de Concentração: Parasitologia.

Orientador (a): Prof.ª Dr.ª Patricia Riddell Millar Goulart

Co-orientador (a): Prof.ª Dr.ª Danuza Pinheiro Bastos Garcia de Mattos

Niterói

2017

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GABRIELA CARDOSO GÓES

FREQUÊNCIA DE ENTEROPARASITOS EM CRIANÇAS

MATRICULADAS EM CRECHES PÚBLICAS DA REGIÃO DAS

PRAIAS DA BAÍA DO MUNICÍPIO DE NITERÓI/RJ: INVESTIGAÇÃO

POR MÉTODOS COPROPARASITOLÓGICOS E IMUNOLÓGICOS

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-

Graduação em Microbiologia e Parasitologia

Aplicadas da Universidade Federal Fluminense,

como requisito parcial para obtenção de grau de

Mestre. Área de Concentração: Parasitologia.

Aprovada em 10 de março de 2017.

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________________________________

(Profª. Drª. Adriana Pittella Sudré/UFF – Membro Interno Presidente)

___________________________________________________________________________

(Profª. Drª. Teresa Cristina Bergamo do Bomfim/UFRRJ – Membro Externo)

___________________________________________________________________________

(Profª. Drª. Beatriz Brener de Figueiredo/UFF – Membro Interno)

___________________________________________________________________________

(Prof. Dr. Rodrigo Caldas Menezes/FIOCRUZ – Suplente Externo)

___________________________________________________________________________

(Profª. Drª. Patricia Riddell Millar Goulart/UFF – Suplente Interno)

Niterói

2017

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Dedico aos meus pais, a minha irmã e aos meus avós.

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“Existem muitas hipóteses em ciência que

estão erradas. Isso é perfeitamente

aceitável, elas são a abertura para achar

as que estão certas.”

Carl Sagan

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AGRADECIMENTOS

A Vida, a Deus, ao Universo com energias positivas e boas vibrações, gratidão pela força para

superação, pelas oportunidades de crescimento, pelos desafios, pelo aprendizado durante esse

caminho trilhado.

Agradeço a minha orientadora, professora Patricia Riddell Millar Goulart, por aceitar me

orientar, por todo aprendizado e ensinamentos compartilhados durante todos esses anos. Por

me auxiliar nos primeiros passos de construção da minha carreira profissional, estando

presente desde o início do caminho, na época da graduação com Iniciações à Pesquisa e a

Iniciação Científica, até hoje durante todo esse processo de transformação que é a pós-

graduação. Obrigada pelas portas abertas, pela paciência, compreensão e carinho. Muito

obrigada de coração!

Agradeço a minha co-orientadora, professora Danuza Pinheiro Bastos Garcia de Mattos, por

participar também desse processo de orientação, com todas as colaborações e melhorias para

o nosso trabalho, pela paciência, pelos ensinamentos, pelos momentos de descontração e pelo

carinho durante todo esse caminho!

Agradeço a professora Adriana Pittella Sudré, pelo enorme apoio, ajuda na execução do

trabalho, contribuindo com ensinamentos e idéias muito valiosas para nós e ainda, com a

criteriosa revisão que tanto nos auxiliou no fechamento desse trabalho.

As professoras do Departamento de Parasitologia do Instituto Biomédico da UFF, Daniela

Leles e Beatriz Brener, obrigada por todo auxílio e ensinamentos nesses anos todos.

A banca examinadora, agradeço pela disponibilidade e por aceitarem o convite para

participarem da avaliação do nosso trabalho.

A UFF, agradeço pelas possibilidades, pelos encontros, pelas descobertas, pelo mundo novo

que pude conhecer, pelas transformações e por poder realizar essa pesquisa dentro dessa

instituição que tanto respeito.

Ao Programa de Pós-graduação em Microbiologia e Parasitologia Aplicadas (PPGMPA) e aos

mestres que o compõem, agradeço por permitirem que eu continue minha formação

acadêmica contribuindo tanto para meu crescimento profissional, bem como também pessoal.

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pelo

investimento e possibilidade de realização desse trabalho.

Ao Laboratório de Imunodiagnóstico do Departamento de Ciências Biológicas da Escola

Nacional de Saúde Pública da FIOCRUZ, ao professor Valmir Laurentino Silva e a Paula

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Borba Cruz, obrigada pela parceria e por gentilmente abrirem as portas de seu laboratório para

realização de parte de nossos experimentos.

Aos meus queridos amigos de turma do Mestrado 2015, Karina, Taíssa, Clarissa, Paula,

Jéssica, Denise, Martina, Joylson e Alex por partilharem essa etapa da vida comigo, pelas

tantas risadas, pelas novas amizades, estudos em grupo e por tornarem os momentos difíceis

mais leves.

A toda minha grande família, família Ornellas, família Cardoso, família Ribeiro e família

Góes, agradeço pela torcida, pelo interesse, pelo carinho e amor, pelo incentivo em todos

esses anos de estudo.

Aos meus pais: minha mãe Rita de Cassia, minha parceira e minha heroína, obrigada por todo

amor, carinho, ajuda e paciência comigo todos os dias; ao meu pai Luiz, nosso incentivador

nos estudos, obrigada por todos os conselhos, livros, amor e apoio. Amo vocês!

A minha irmã Carolina, minha melhor amiga, obrigada pela amizade, cumplicidade, amor e

apoio de sempre. Amo você!

Aos meus avós, de sangue e coração, Marlene, Luiz (in memoriam), Nilciléa, Gilson (in

memoriam), Derby (in memoriam), Bernardino (in memoriam) e José Carlos (in memoriam),

obrigada pelo privilégio de ter vocês em minha vida, por todo amor, experiência e cuidado

com nossa família durante toda vida. Amo todos vocês!

Ao meu amigo e namorado, Rodrigo, obrigada pela compreensão, preocupação, por sempre

querer me ajudar de alguma forma, pelo apoio, incentivo e escuta, com conselhos, amor,

carinho, torcida e paciência. Amo você, armoziu!

A todos os meus queridos amigos, “niteroienses” e “iguabenses”, obrigada pela energia, pelas

risadas, momentos inesquecíveis e enorme torcida sempre. Muito amor por vocês!

A Karina Gonçalves, grande amiga e parceira para todas as horas, obrigada por toda imensa

ajuda e compartilhamento de momentos, tanto na faculdade como na vida. Amo você!

Aos queridos Clarissa Silveira, Viviane Alves, Flávia Uchôa, Danielle Ramos, Leyse Dias,

Marília Senra, Andrezza Ramos e Rafael Luz, obrigada por toda ajuda durante os

experimentos e momentos felizes de trabalho.

Obrigada a todos que torceram e participaram, direta ou indiretamente, dessa etapa da minha

vida!

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RESUMO

As parasitoses intestinais ainda representam um importante problema de saúde coletiva

mundial, especialmente nos países em desenvolvimento. A frequência de parasitos intestinais

varia de acordo com diversos fatores, entre eles, econômicos, sociais e ambientais. Dentre os

indivíduos acometidos, as crianças são as mais vulneráveis a adquirir essas infecções

parasitárias. Os protozoários intestinais, como Giardia duodenalis, Cryptosporidium sp. e

Entamoeba histolytica, podem ser agentes etiológicos significativos, principalmente em

infecções em crianças e jovens. Possuem uma transmissão facilitada pela veiculação hídrica,

por alimentos contaminados e contato pessoa-a-pessoa. O principal diagnóstico empregado

para detectar as infecções é o exame parasitológico de fezes (EPF) com visualização em

microscopia óptica convencional. Devido à intermitência da liberação das estruturas

parasitárias nas fezes dos indivíduos acometidos e/ou ao tamanho reduzido das estruturas,

dificultando assim a sua identificação e o diagnóstico, técnicas alternativas podem ser

aplicadas, como a pesquisa de coproantígenos por ensaios imunoenzimáticos (ELISA). Sendo

assim, o objetivo desta pesquisa foi avaliar a frequência de enteroparasitos em crianças de um

a seis anos, frequentadoras de creches públicas, da região das Praias da baía no município de

Niterói, Rio de Janeiro, através de métodos coproparasitológicos e imunológicos. Foram

coletadas e analisadas amostras fecais de 121 crianças de seis creches da rede pública, as

quais foram submetidas às técnicas coproparasitológicas. Informações epidemiológicas foram

obtidas dos pais e/ou responsáveis por meio de um questionário, e estes receberam

informações sobre a importância do diagnóstico para enteroparasitoses na infância através de

palestra e/ou de folheto educativo. Amostras fecais de 82 crianças, das 121, foram submetidas

ao diagnóstico imunológico através de pesquisa de coproantígenos para Giardia duodenalis e

Cryptosporidium sp. pelo Ensaio Imunoenzimático (ELISA), através de kits comerciais

ELISA – IVD Research. E ainda, amostras positivas para o gênero Entamoeba no

EPF/Microscopia óptica, foram testadas por meio de kit comercial de ELISA, ELISA – IVD

Research, para confirmação da espécie Entamoeba histolytica. A positividade geral foi de

23,14% (28/121). O parasito intestinal mais frequente foi o protozoário Giardia duodenalis

com 16 crianças positivas (13,22%), seguido por 7 pré-escolares positivos para Entamoeba

coli (5,79%); também foram encontrados Blastocystis hominis em 2 crianças (1,65%),

Endolimax nana em 2 (1,65%), Cystoisospora belli em 1 (0,83%) e complexo Entamoeba

histolytica/E. dispar em 1 (0,83%), e os helmintos Ascaris lumbricoides em 1 pré-escolar

(0,83%) e Enterobius vermicularis em 2 (1,65%). As variáveis epidemiológicas, presentes no

questionário não apresentaram associação estatisticamente significativa com os resultados

positivos no EPF, exceto a relação com a faixa etária, sendo estatisticamente significativa para

a faixa etária de 4 a 6 anos (p=0,0264). Todas as amostras das 82 crianças foram negativas no

teste imunológico para o protozoário Cryptosporidium sp. Todas as amostras testadas para

Entamoeba histolytica foram negativas no teste imunológico. Já para o protozoário Giardia

duodenalis, obtivemos nessas mesmas amostras uma positividade de 17,07% (14/82) no teste

imunológico, em contraste com uma positividade de 14,63% (12/82) no EPF/Microscopia

óptica. Os resultados indicam que a frequência de enteroparasitoses nos pré-escolares foi

importante do ponto de vista epidemiológico, visto que a área estudada é urbanizada e com

presença de infra-estrutura sanitária, e apesar disso, foi possível observar a frequência de

parasitos intestinais na população. Isto confirma a importância do diagnóstico, da melhoria e

do cuidado com as condições higiênico-sanitárias e da prevenção primária por meio de

educação em saúde continuada e ações educativas.

Palavras-chave: Parasitoses intestinais; creches públicas; coproantígenos; EPF, Microscopia

óptica, ELISA.

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ABSTRACT

Intestinal parasitic diseases still pose a major problem of global public health, especially in

developing countries. The frequency of intestinal parasites varies according to several factors,

including economic, social and environmental. Among the individuals affected, children are

the most vulnerable to contracting parasites. Intestinal protozoa such as Giardia duodenalis,

Cryptosporidium sp. and Entamoeba histolytica can be significant etiological agents,

especially in infections in children and youth. They can be transmitted by waterborne or by

contaminated food and person-to-person. The main diagnosis used to detect infections is the

coproparasitological test (O&P) with visualization in conventional optical microscopy. Due to

the intermittent release of parasitic structures in the feces of infected individuals and/or the

small size of the structures, thus hindering the identification and diagnosis, alternative

techniques can be applied, such as the coproantigens detection by Enzyme-Linked

Immunosorbent Assay (ELISA). Thus, the objective of this research was to evaluate the

frequency of intestinal parasites in children aged one to six years who attend public day care

centers, located in the region of the Bay Beaches in Niterói, Rio de Janeiro, through

parasitological and immunological methods. Fecal samples from 121 children from six public

kindergartens were collected and analyzed by coproparasitological techniques.

Epidemiological information was obtained from the parents and/or guardians through a

questionnaire, and they were informed about the importance of the diagnosis of intestinal

parasites in children through lecture and/or educational brochure. Fecal samples from 82 of

121 children were submitted to immunological diagnosis for Giardia duodenalis and

Cryptosporidium sp coproantigens detection by Enzyme-Linked Immunosorbent Assay

(ELISA), using commercial ELISA kits (IVD Research). Moreover, positive samples in

O&P/optical microscopy for Entamoeba complex, were tested by commercial ELISA kit (IVD

Research), to confirm the species Entamoeba histolytica. The overall positivity was 23.14%

(28/121). The most common intestinal protozoan parasite with Giardia duodenalis was 16

cases (13.22%), followed by 7 cases of Entamoeba coli (5.79%); other were also found, such

as Blastocystis hominis in 2 children (1.65%), Endolimax nana in 2 (1.65%), Cystoisospora

belli in 1 (0.83%) and Entamoeba histolytica/Entamoeba dispar complex in 1 (0,83%), and

the helminths Ascaris lumbricoides in 1 preschool children (0.83%), and Enterobius

vermicularis in 2 (1.65%). Epidemiological variables present in the questionnaire showed no

statistically significant association with positive results in O&P, except the relationship with

age, which was statistically significant for the age group 4-6 years. All samples of 82 children

were negative in the immune test for the protozoan Cryptosporidium sp. All samples tested

for Entamoeba histolytica were negative in the immunological test. As for the protozoan

Giardia duodenalis the positivity was 17.07% (14/82) in immunological test, in contrast to a

positivity of 14.63% (12/82) in O&P/optical microscopy. The results indicate that a frequency

of enteroparasitoses in preschool children was important for the epidemiological point of

view, since a studied area is urbanized and with the presence of sanitary infrastructure, and

despite that, it was possible to observe a frequency of intestinal parasites in the population.

This confirms a medical diagnosis, an improvement and medical care with hygienic-sanitary

conditions and primary prevention through continuing health education and educational

actions.

Keywords: Intestinal Parasites; public Day care; coproantigens; O&P, optical microscopy,

ELISA.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 19

2. OBJETIVOS ............................................................................................................. 22

2.1. OBJETIVO GERAL .................................................................................................. 22

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................................... 22

3. REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................. 23

3.1. PARASITISMO ........................................................................................................ 23

3.2. IMPORTÂNCIA DAS PARASITOSES INTESTINAIS ......................................... 24

3.3. PRINCIPAIS HELMINTOS INTESTINAIS DE IMPORTÂNCIA NAS

INFECÇÕES HUMANAS ............................................................................................... 27

3.4. PROTOZOÁRIOS INTESTINAIS DE IMPORTÂNCIA NAS INFECÇÕES

HUMANAS ...................................................................................................................... 35

3.5. FREQUÊNCIA DE ENTEROPARASITOS EM CRIANÇAS

FREQUENTADORAS DE CRECHES............................................................................ 40

3.5.1. Enteroparasitos no estado do Rio de Janeiro ...................................................... 53

3.6. DIAGNÓSTICO DE ENTEROPARASITOS ........................................................... 57

3.7. MEDIDAS DE PREVENÇÃO .................................................................................. 58

4. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................. 60

4.1. LOCAL DE REALIZAÇÃO DO ESTUDO ............................................................. 60

4.2. PARTICIPAÇÃO NO ESTUDO .............................................................................. 64

4.2.1. Sensibilização e convite dos participantes do estudo: apresentação do projeto à

creche e aos responsáveis ............................................................................................. 64

4.2.2. Critérios de inclusão e exclusão ......................................................................... 65

4.3. COLETA DE AMOSTRAS FECAIS ....................................................................... 65

4.4. QUESTIONÁRIO EPIDEMIOLÓGICO .................................................................. 66

4.5. MÉTODOS LABORATORIAIS ............................................................................... 67

4.5.1. Exames parasitológicos de fezes (EPF) .............................................................. 67

4.5.1.1. Critérios de positividade das amostras no EPF......................................... 67

4.5.2. Exames imunológicos ......................................................................................... 67

4.5.2.1. Detecção de coproantígenos do protozoário Entamoeba histolytica ........ 68

4.5.2.2. Detecção de coproantígenos do protozoário Cryptosporidium sp. ........... 68

4.5.2.3. Detecção de coproantígenos do protozoário Giardia duodenalis............. 68

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4.6. ENTREGA DOS RESULTADOS DOS EXAMES PARASITOLÓGICOS DE

FEZES (EPF) .................................................................................................................... 69

4.7. ANÁLISE DOS DADOS .......................................................................................... 69

4.8. QUESTÃO ÉTICA .................................................................................................... 70

5. RESULTADOS ........................................................................................................ 71

5.1. RESULTADOS REFERENTES À ADESÃO E SENSIBILIZAÇÃO DOS

PARTICIPANTES ........................................................................................................... 71

5.2. RESULTADOS DOS EXAMES PARASITOLÓGICOS DE FEZES (EPF) ........... 72

5.3. RELAÇÃO ENTRE RESULTADOS NO EPF E VARIÁVEIS

EPIDEMIOLÓGICAS DO QUESTIONÁRIO ................................................................ 77

5.4. RESULTADOS DO ENSAIO IMUNOENZIMÁTICO (ELISA) ............................ 81

5.4.1. Detecção de coproantígenos de Entamoeba histolytica ..................................... 81

5.4.2. Detecção de coproantígenos de Cryptosporidium sp. ........................................ 81

5.4.3. Detecção de coproantígenos de Giardia duodenalis .......................................... 82

5.5. COMPARAÇÃO DOS MÉTODOS: EPF/MICROSCOPIA ÓPTICA X ELISA

PARA Giardia duodenalis ............................................................................................... 84

5.6. CONCORDÂNCIA ENTRE OS MÉTODOS EPF/MICROSCOPIA ÓPTICA X

ELISA PARA Giardia duodenalis: COEFICIENTE KAPPA ......................................... 84

6. DISCUSSÃO ............................................................................................................ 85

6.1. ADESÃO E SENSIBILIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES ..................................... 86

6.2. EXAMES PARASITOLÓGICOS DE FEZES/MICROSCOPIA ÓPTICA .............. 87

6.3. EXAMES PARASITOLÓGICOS DE FEZES E SUAS RELAÇÕES COM AS

VARIÁVEIS EPIDEMIOLÓGICAS DO QUESTIONÁRIO .......................................... 96

6.4. ENSAIO IMUNOENZIMÁTICO (ELISA): Entamoeba histolytica E

Cryptosporidium sp. ......................................................................................................... 99

6.5. ENSAIO IMUNOENZIMÁTICO (ELISA), COMPARAÇÃO E CONCORDÂNCIA

ENTRE OS MÉTODOS EPF/MICROSCOPIA ÓPTICA X ELISA PARA Giardia

duodenalis ....................................................................................................................... 102

7. CONCLUSÃO ........................................................................................................ 108

8. RESUMOS APRESENTADOS EM CONGRESSO ....................................... 109

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 112

10. APÊNDICES ........................................................................................................... 136

10.1. TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE) ............. 137

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10.2. PROCEDIMENTOS DE COLETA DE AMOSTRAS FECAIS ........................... 138

10.3. CIRCULAR PARA AS INSTITUIÇÕES ............................................................. 139

10.4. QUESTIONÁRIO EPIDEMIOLÓGICO .............................................................. 140

10.5. FOLHETO EXPLICATIVO ................................................................................. 141

11. ANEXOS .................................................................................................................. 143

11.1. PARECER COMITÊ DE ÉTICA .......................................................................... 144

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: A) Fêmea adulta A. lumbricoides. B) Ovo fertilizado de A. lumbricoides, com uma

larva visível no interior (Fonte: https://www.cdc.gov/dpdx/ascariasis/index.html). ................ 29

Figura 2: A) Adulto de Ancylostoma duodenale, vista da extremidade anterior, mostrando os

dentes presentes na cápsula bucal. B) Adulto de Necator americanus, vista da extremidade

anterior mostrando as lâminas cortantes na cápsula bucal. C) Ovo de ancilostomídeos em

preparação à fresco (Fontes: http://medicine.academic.ru/101221/Ancylostoma_duodenale;

http://bloodsuckersforbullions.weebly.com/store/p3/Necator_americanus.html;

https://www.cdc.gov/dpdx/hookworm/gallery.html#adults). ................................................... 31

Figura 3: A) Macho adulto de E. vermicularis, com porção posterior ventralmente curvada,

em esfregaço de fezes concentrado com formalina-acetato de etila (FEA). B) Ovos de E.

vermicularis, com formato de “D”. (Fonte:

https://www.cdc.gov/dpdx/enterobiasis/gallery.html). ............................................................. 32

Figura 4: A) Larva filarioide (L3) de S. stercoralis, estrutura infectante para os humanos. B)

Fêmea adulta partenogenética. E=Esôfago, V=Vulva. (Fonte:

https://www.cdc.gov/dpdx/strongyloidiasis/gallery.html#tissue;

http://www.ib.unicamp.br/site/dep_biologia_animal/sites/www.ib.unicamp.br.site.dep_biologi

a_animal/files/helmintos.pdf.) .................................................................................................. 34

Figura 5: A) Adulto macho de T. trichiura, com parte posterior do corpo ventralmente

curvada. B) Ovo de T. trichiura, em formato de barril e com as duas extremidades

operculadas (Fonte: https://www.cdc.gov/dpdx/trichuriasis/gallery.html). ............................. 35

Figura 6: Oocistos de Cryptosporidium spp. (setas rosa e seta marrom) em preparação à

fresco. (Fonte: https://www.cdc.gov/dpdx/cryptosporidiosis/gallery.html). ............................ 37

Figura 7: A) Cisto de E. histolytica/E. dispar em uma preparação concentrada a fresco de

fezes. B) Trofozoíto de E. histolytica/E. dispar em uma preparação à fresco, corada com iodo.

(Fonte: https://www.cdc.gov/dpdx/amebiasis/gallery.html). ................................................... 39

Figura 8: A) Trofozoítos de G. duodenalis em um imprint de mucosa com coloração por

Giemsa. B) Cisto de G. duodenalis em preparação líquida corada com iodo (Fonte:

http://www.cdc.gov/dpdx/giardiasis/gallery.html). .................................................................. 40

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Figura 9: Mapa do município de Niterói, com destaque para os bairros em que estão

localizadas as creches onde foram realizadas as coletas de amostras fecais (Adaptado da fonte:

http://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang=&codmun=330330&search=rio-de-

janeiro|niteroi). ......................................................................................................................... 61

Figura 10: Kit de coleta entregue a cada participante contendo os dois potes coletores

numerados, envelope, palitos de madeira e sacola plástica em que foram organizados. ......... 66

Figura 11: Distribuição dos protozoários e helmintos intestinais identificados através do EPF

infectando as crianças da população estudada provenientes de creches da região das Praias da

baía, Niterói, Rio de Janeiro e a relação de monoparasitismo, biparasitismo e triparasitismo

encontrada. ................................................................................................................................ 76

Figura 12: Placa do kit comercial ELISA – IVD Research com 96 poços. Círculos vermelhos

indicando os poços com os controles positivos, círculos azuis indicando os poços com os

controles negativos, ambos componentes do kit, e retângulo amarelo indicando os poços

referentes às amostras testadas, localizando-as na placa. ......................................................... 81

Figura 13: A, B e C) Placas do kit comercial ELISA – IVD Research com 96 poços. Círculos

vermelhos indicando os poços com os controles positivos e círculos azuis indicando os poços

com os controles negativos, ambos componentes do kit. ......................................................... 82

Figura 14: Placas do kit comercial ELISA – IVD Research com 96 poços. Círculos vermelhos

indicando os poços com os controles positivos e círculos azuis indicando os poços com os

controles negativos, ambos componentes do kit. ...................................................................... 83

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Entrega do material fecal de forma completa ou incompleta. ................................. 72

Gráfico 2: Porcentagem de crianças positivas e negativas para espécies parasitárias em geral

obtidas no Exame Parasitológico de Fezes (EPF) de escolares de seis creches da região das

Praias da baía, Niterói, Rio de Janeiro...................................................................................... 73

Gráfico 3: Porcentagem das espécies parasitárias observadas no Exame Parasitológico de

Fezes (EPF) analisados através da Microscopia Óptica de crianças provenientes de creches da

região de praias da baía, Niterói, Rio de Janeiro. ..................................................................... 75

Gráfico 4: Porcentagem de crianças positivas e negativas obtidas nos resultados do ELISA

para detecção de G. duodenalis, nas amostras provenientes de creches da região de praias da

baía, Niterói, Rio de Janeiro (n=82). ........................................................................................ 83

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Relação entre o número de crianças incluídas na pesquisa e o total de crianças

matriculadas em cada uma das seis instituições pesquisadas. .................................................. 71

Tabela 2: Classificação das 28 crianças positivas de acordo com o tipo de material fecal

entregue pelos participantes...................................................................................................... 74

Tabela 3: Distribuição por creche dos protozoários e helmintos intestinais identificados

através do EPF infectando as crianças da população estudada, provenientes de creches da

região de praias da baía, Niterói, Rio de Janeiro. ..................................................................... 76

Tabela 4: Número de crianças parasitadas, por faixa etária, em seis creches públicas do

município de Niterói (RJ), no período de abril de 2013 a setembro de 2015. .......................... 78

Tabela 5: Distribuição de infecções por enteroparasitos entre gênero feminino e masculino no

total de crianças da população estudada, provenientes de creches da região das Praias da baía,

Niterói, Rio de Janeiro. ............................................................................................................. 78

Tabela 6: Distribuição dos resultados do exame parasitológico de fezes das crianças de acordo

com as variáveis epidemiológicas. ........................................................................................... 80

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Frequência de parasitos intestinais em crianças em estudos realizados em diferentes

estados brasileiros. .................................................................................................................... 43

Quadro 2: Frequência de parasitos intestinais em crianças em estudos realizados no estado Rio

de Janeiro, Brasil. ..................................................................................................................... 53

Quadro 3: Classificação do coeficiente Kappa segundo Smith (1995) apud Cademartori

(2007). ...................................................................................................................................... 70

Quadro 4: Número de crianças positivas e negativas em concordância e discordância entre as

técnicas EPF/Microscopia óptica e ELISA para detecção de G. duodenalis. .......................... 84

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LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

°C Graus centígrados

APADA Associação de Pais e Amigos dos Deficientes Auditivos

CC Creche Comunitária

DNA Deoxyribonucleic Acid

EIA Enzyme Immunoassay

ELISA Enzyme-Linked Immunosorbent Assay

EPF Exame Parasitológico de Fezes

FIOCRUZ Fundação Oswaldo Cruz

HUAP Hospital Universitário Antônio Pedro

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

km² Quilômetro quadrado

NAEI Núcleo Avançado de Educação Infantil

OMS Organização Mundial da Saúde

PCR Reação em cadeia da polimerase

sp. Espécie

spp. Espécies

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

μl Microlitros

UFF Universidade Federal Fluminense

UMEI Unidade Municipal de Educação Infantil

WHO World Health Organization

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1. INTRODUÇÃO

As doenças parasitárias ainda hoje no início do século XXI representam um relevante

problema de saúde coletiva, principalmente em países em desenvolvimento, como o Brasil.

Nesses países, as melhorias das condições de vida não se mostram diretamente proporcionais

ao observado crescimento populacional, podendo contribuir para a verificação de acentuadas

taxas de morbidade (GELATTI et al., 2013; LEITE et al., 2014). Apesar do grande e

constante desenvolvimento científico e tecnológico, observa-se que houve diminuição pouco

expressiva na frequência dessas infecções, particularmente em locais com precária qualidade

de vida (CHAN, 1997; MAGALHÃES et al., 2013).

A frequência das parasitoses intestinais no Brasil pode se apresentar de maneira

elevada, apontando variações em relação à região analisada de acordo com o nível sócio-

econômico da população, o grau de escolaridade, as condições de saneamento básico em que

vivem os habitantes, a idade, os hábitos de higiene, o estado nutricional, entre outros fatores

(MACHADO et al., 1999; CABRAL-MIRANDA et al., 2010). A variedade geográfica,

climática, econômica e social do Brasil também refletem na diversidade de enteroparasitos

encontrados em suas áreas endêmicas por toda extensão do território nacional (SCHNACK et

al., 2003; FONSECA et al., 2010). Dessa forma, as infecções parasitárias podem funcionar

como indicadores de desenvolvimento de um país, sendo que esses fatores acima citados

influenciam o acometimento da população por parasitos intestinais (COSTA-MACEDO et al.,

1998; QUADROS et al., 2004; MONTEIRO et al., 2009).

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A transmissão dos enteroparasitos ocorre na maioria dos casos por via fecal-oral,

com a ingestão de água ou alimentos contaminados com as estruturas parasitárias liberadas

por esses agentes etiológicos, sendo sua maior frequência vinculada a áreas que se apresentam

com condições sócio-econômicas mais desfavorecidas e higiênico-sanitárias mais precárias,

envolvendo principalmente a falta de tratamento adequado de água e esgoto. Esses fatores

promovem a disseminação de ovos, cistos, oocistos e larvas, sendo a transmissão também

facilitada pela convivência em ambientes coletivos, assim como pela deficiência de hábitos de

higiene adequados (SOARES & CANTOS, 2005; ESTEVES & FIGUERÔA, 2009).

Em decorrência da maior participação das mulheres no mercado de trabalho, as

crianças estão presentes em ambientes escolares e de creches cada vez mais cedo e, muitas

vezes, o número de funcionários é insuficiente para o adequado cuidado de todos os escolares

(ORO et al., 2011). Além disso, a faixa etária mais facilmente acometida é a infantil, por

ainda não possuírem completamente formadas as noções adequadas de higiene, por

precisarem de um responsável em seus cuidados, algumas vezes estarem em contato com

animais sem as devidas precauções, estarem em contato com o solo durante a recreação e por

não possuírem imunidade ainda totalmente eficiente para o controle das infecções, ampliando

assim, os riscos de infecção (PINHEIRO et al., 2007; ROSA et al. 2009; MAGALHÃES et

al., 2013).

Apesar da aparente melhora do quadro nutricional infantil no Brasil, observa-se

ainda que um elevado número de indivíduos esteja infectado por enteroparasitos, e ainda que

esses não estabeleçam risco de morte acentuada, sintomas como diarreia e problemas como

desnutrição podem ameaçar a sobrevivência e o desenvolvimento físico e mental,

principalmente em crianças (FONSECA et al., 2010; CLERICI & PIGATTO, 2015),

evidenciando sua importância médica e social.

Por ser considerado um problema secundário, as parasitoses intestinais despertam

pouco interesse dos profissionais de saúde e por isso, de um modo geral, não são notificadas

ou são subnotificadas pelos serviços de saúde, levando a uma recorrente falta de dados sobre

os casos de morbidade e mortalidade consequentes das infecções parasitárias (BRESOLIN &

ZUCCOLOTTO, 2003).

Dentre os enteroparasitos mais comumente relatados, encontram-se os protozoários

intestinais, como Entamoeba histolytica, Giardia duodenalis e Cryptosporidium spp.,

reconhecidos como importantes causadores de diarreia nas infecções humanas (ORTEGA &

ADAM, 1997; AHMED et al., 2016). Devido a pequenas dimensões das suas estruturas

parasitárias e, muitas vezes, a intermitência de liberação das mesmas nas fezes dos

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hospedeiros, o diagnóstico desses protozoários se torna mais complexo e trabalhoso,

mostrando a necessidade de uma diversidade de métodos combinados para tentar-se chegar a

um diagnóstico mais eficiente e confirmatório (RYAN et al., 2016).

Considerando-se todos os pontos e fatores mencionados acima acerca das parasitoses

intestinais, os efeitos prejudiciais das mesmas sobre o crescimento e o desenvolvimento

infantil e os benefícios advindos de sua profilaxia e tratamento precoces quando essas

infecções são diagnosticadas, observa-se a relevância de avaliar a frequência de

enteroparasitos em uma população de risco, como são os pré-escolares. Assim, a investigação

realizada nesse trabalho, com crianças matriculadas em creches públicas da região das Praias

da baía do município de Niterói, no Estado do Rio de Janeiro, por métodos de diagnóstico

coproparasitológico e imunológicos, objetivou avaliar a frequência desses endoparasitos na

população estudada, determinando as espécies mais frequentes, contribuindo assim para o

conhecimento sobre as enteroparasitoses na região.

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2. OBJETIVOS

2.1. OBJETIVO GERAL

Avaliar a frequência de enteroparasitos em crianças frequentadoras de creches

públicas da região das Praias da baía do município de Niterói, RJ, Brasil.

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Realizar através de exame parasitológico de fezes (EPF) a verificação da

frequência de enteroparasitos nas amostras fecais de todas as crianças

participantes do estudo;

Relacionar a frequência de positividade obtida com as variáveis

epidemiológicas estudadas na população;

Avaliar por meio do Ensaio Imunoenzimático (ELISA) a presença de

coproantígenos de Entamoeba histolytica, Giardia duodenalis e

Cryptosporidium sp. nas amostras fecais;

Avaliar as diferenças entre os resultados obtidos a partir dos métodos de EPF e

do ELISA para o protozoário intestinal Giardia duodenalis.

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3. REFERENCIAL TEÓRICO

3.1. PARASITISMO

A ocorrência das infecções parasitárias é determinada pela clássica tríade de sua

epidemiologia, que incluem os fatores: condições do hospedeiro (idade, estado nutricional,

exposição a fatores de risco, aspectos genéticos, comportamentais, culturais e sociais, estado

imunológico), do parasito (resistência ao sistema imune do hospedeiro, patogenicidade,

mecanismos de escape vinculados às transformações bioquímicas verificadas ao longo do

ciclo biológico de cada parasito) e do ambiente extra parasitário. As condições ambientais

associadas aos fatores do hospedeiro e do parasito irão favorecer e definir a ocorrência de

infecção e doença (FREI et al., 2008; BUSATO et al., 2014).

Segundo Rey (2010), parasitismo é “Toda relação ecológica, desenvolvida entre

indivíduos de espécies diferentes, em que se observa, além de associação íntima e duradoura,

uma dependência metabólica de grau variável.” (REY, 2010, p. 7).

O parasitismo apresenta caráter patogênico eventual, e este não deve ser

compreendido na definição da condição dessa relação ecológica (REY, 2013).

É considerável ressaltar que o parasitismo pode estar associado ao período em que

ocorre o desmame infantil, a partir dos seis meses de vida quando acontece introdução de

alimentos sólidos na alimentação, iniciando uma nova etapa do desenvolvimento que lhes

permite uma maior interação com o ambiente (BATISTA et al., 2009; DIAS et al., 2013;

HEGAZI et al., 2013). Devido à precariedade ou falta de saneamento básico, o Brasil é um

país que apresenta em regiões endêmicas números preocupantes de doenças relacionadas a

essa condição. O quadro de parasitismo causado por protozoários e helmintos pode figurar

como um dos mais graves problemas de saúde nas áreas com precárias condições de vida no

mundo (DIAS et al., 2013).

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A Organização Mundial da Saúde (WHO – World Health Organization), em 2011,

estimou que mais de 800 milhões de pessoas no planeta estavam acometidas por Ascaris

lumbricoides, 600 milhões por ancilostomídeos e Trichuris trichiura e 50 milhões por

Entamoeba histolytica. No entanto, a mortalidade por parasitose intestinal é normalmente

baixa, embora venham sendo relatadas entre 3.000 e 65.000 mortes por ano por geo-

helmintíases e 100.000 por amebíase (WHO, 2011; LAUGART et al., 2012). O parasitismo

intestinal é um importante problema de saúde coletiva, devido ao extenso número de pessoas

que podem ser afetadas e as várias alterações orgânicas que podem ser provocadas no

hospedeiro (CARNEIRO, 2007).

3.2. IMPORTÂNCIA DAS PARASITOSES INTESTINAIS

As parasitoses intestinais continuam sendo um significativo problema de saúde

coletiva, principalmente nos países em desenvolvimento, classificação em que o Brasil se

encontra (CABRAL-MIRANDA et al., 2010). Apesar de em geral se observar uma baixa taxa

de mortalidade associada aos agentes etiológicos causadores das enteroparasitoses, esses

podem ocasionar alterações no organismo dos indivíduos acometidos pelas infecções,

influenciando no estado nutricional, desenvolvimento cognitivo, crescimento corporal e

problemas gastro-intestinais, principalmente em crianças (GURGEL et al., 2005; PAJUELO

et al., 2005; CARVALHO et al., 2006; BUSCHINI et al., 2007; KOMAGOME et al., 2007).

O parasitismo intestinal tem determinantes sociais e ambientais, com elevadas frequências em

regiões com precárias condições de saneamento básico, que podem ser caracterizados pela

falta de abastecimento de água potável, dificuldade de acesso à educação e cultura, destinação

inadequada do lixo, com condições inapropriadas de habitação, dificuldades de obtenção de

alimentação de qualidade, de trabalho e de assistência à saúde. Dessa forma há a facilitação da

transmissão, geralmente pela via fecal-oral, de estruturas parasitárias como ovos, cistos e

oocistos e contaminação ambiental por larvas de helmintos, culminando em um maior número

de indivíduos infectados (CARVALHO-COSTA et al., 2007; BARÇANTE et al., 2008;

MAMUS et al., 2008; UCHÔA et al., 2009; CABRAL-MIRANDA et al., 2010; CORADI,

2010).

Nos países em desenvolvimento, nota-se que as melhorias nas condições e qualidade

de vida da população não estão diretamente relacionadas ao ritmo de crescimento

populacional e urbano, fazendo com que um grande percentual de pessoas esteja privado dos

benefícios básicos sociais e de medidas de políticas públicas, como as citadas anteriormente

(CORADI, 2010). Observa-se a tendência da redução da prevalência das parasitoses

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intestinais, principalmente as helmintíases, associadas à presença do esgoto sanitário e

tratamento da água de consumo da população, como também a relação com a dieta alimentar

dos indivíduos (UCHÔA et al., 2009). Assim, as regiões que se tornam áreas endêmicas são

normalmente áreas mais desfavorecidas, responsáveis por maiores taxas de morbidade,

dificultando ainda mais as condições de vida da população local que possui ocasionalmente

uma menor renda, reduzindo a produtividade no trabalho e aumentando gastos com cuidados

médicos (CORADI, 2010).

Os helmintos intestinais mais frequentemente encontrados infectando os seres

humanos, em escala mundial, são: Ascaris lumbricoides, Trichuris trichiura e os

ancilostomídeos Necator americanus e Ancylostoma duodenale. Dentre os protozoários

destacam-se Entamoeba histolytica, Giardia duodenalis e Cryptosporidium spp. (WHO,

2006).

As infecções por enteroparasitos ocorrem tanto pela transmissão interpessoal, com o

aumento do contato em ambientes coletivos, quanto por fômites contaminados, pela ingestão

de água e/ou alimentos contaminados, associados a fatores vinculados à carência de

tratamento de água e esgoto (BEZERRA et al., 2003; FERREIRA et al., 2006; UCHÔA et al.,

2009). A associação parasitária é comum, uma vez que a aquisição de diversos agentes

etiológicos pode ocorrer pelo mesmo mecanismo de infecção (SEIXAS et al., 2011). As fezes

de indivíduos infectados, com a presença de estruturas parasitárias infectantes, são

importantes fontes de infecção, principalmente em locais sem destino adequado dos dejetos

humanos. Sem os cuidados necessários com os dejetos humanos, esses indivíduos podem

descartar as fezes no ambiente peridomiciliar, utilizado por toda a família ali vivente, havendo

maior risco de contaminação desse local, disseminando essas estruturas parasitárias. Através

das possíveis novas infecções e reinfecções mantidas pela presença desses parasitos no

ambiente peridomiciliar, há a promoção da cronicidade da infecção e da doença a que os

moradores estão sujeitos, em função, particularmente, do destino inadequado dos dejetos

humanos pela falta de saneamento básico (SEIXAS et al., 2011).

Animais de companhia, especialmente cães e gatos, desempenham papel importante

no desenvolvimento emocional, físico e social de crianças. Embora ofereçam inúmeros

benefícios em relação à convivência com os proprietários, esses animais podem ser

hospedeiros de parasitos zoonóticos, fato que pode contribuir para a transmissão desses

agentes etiológicos para humanos, quando não são tomados os devidos cuidados e quando

estes compartilham ambientes como parques, praias e praças. A circulação de cães e gatos

nesses locais é muito comum, e estes geralmente liberam suas fezes no solo, propiciando,

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desta maneira, a contaminação do mesmo por ovos e larvas de helmintos e cistos e oocistos de

protozoários (ROBERTSON et al., 2000; LOPES et al., 2014; RODRIGUES, A, et al., 2014).

Brener e colaboradores, em 2008, avaliaram a contaminação de 60 praças públicas

distribuídas entre os municípios do Rio de Janeiro, Niterói e Teresópolis, pertencentes ao

estado do Rio de Janeiro, e verificaram uma positividade de 26,7% para a presença de ovos

semelhantes aos de ancilostomídeos. Também foram observadas larvas de nematódeos em 34

praças. Assim, os resultados desse estudo demonstraram a possibilidade de transmissão de

zoonoses por helmintos de cães e gatos para a população que visita esses locais.

As enteroparasitoses acometem desproporcionalmente populações desfavorecidas

social e economicamente, sendo endêmicas em países em desenvolvimento requerendo assim,

entre outras medidas, estudos epidemiológicos que avaliem os fatores predisponentes

referentes às particularidades das variações de frequências das infecções ao longo do território

nacional (ANDRADE et al., 2010). As crianças em idade pré-escolar entram mais

frequentemente em contato com os parasitos, agentes etiológicos das infecções parasitárias, e

ainda, a maior frequência entre as classes mais pobres é justificada pela ausência de projetos

de educação ambiental e sanitária, bem como pela falta de acesso aos serviços básicos de

saúde (MASCARINI & DONALÍSIO, 2006; ANDRADE et al., 2010).

Numerosos fatores são associados à manutenção das acentuadas taxas de prevalência

de parasitoses. A associação das condições precárias de vida da população com a falta ou não

consolidação, no caso de crianças, de hábitos de higiene pessoal e doméstica são as razões

principais para a ocorrência de infecções por parasitos intestinais (GELATTI et al., 2013).

O espectro clínico das infecções por parasitos intestinais varia desde casos

assintomáticos a casos com sintomatologia grave. Em quadros leves, os sintomas são

inespecíficos, tais como anorexia, irritabilidade, distúrbios do sono, náuseas, vômitos

ocasionais, dor abdominal e diarreia (MELO et al., 2004).

As principais consequências patogênicas e sintomatologias causadas pela relação

entre os indivíduos hospedeiros e parasitos são a redução e má absorção de nutrientes no

organismo hospedeiro, diarreia crônica, anemia, dor abdominal, dificuldades de

aprendizagem, dificuldade de concentração e atraso no crescimento (CARVALHO-COSTA et

al., 2007). Altas cargas parasitárias podem reduzir a absorção de nutrientes no intestino,

gerando alterações no metabolismo e aumento do consumo dos nutrientes necessários para as

sínteses e crescimento dos tecidos, podem também: induzir hemorragia intestinal, provocar

obstrução intestinal, prolapso retal e formação de abscessos. Nesses casos mais graves, o

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hospedeiro pode chegar a óbito, mesmo sendo acontecimentos mais raros (BUSCHINI et al.,

2007; MAMUS et al., 2008).

Portanto, o agravamento das infecções acontece, normalmente, em indivíduos com

alta carga parasitária, imunocomprometidos, imunossuprimidos e/ou desnutridos. O

aparecimento da desnutrição em suas formas mais graves se origina de vários mecanismos,

tais como lesão de mucosa intestinal (Ancylostoma duodenale, Necator americanus,

Strongyloides stercoralis, Ascaris lumbricoides), alteração do metabolismo dos sais biliares

(Giardia duodenalis), competição alimentar (Ascaris lumbricoides), exsudação intestinal

(Strongyloides stercoralis, Necator americanus, Trichuris trichiura), favorecimento de

proliferação bacteriana (Entamoeba histolytica) e hemorragias (Necator americanus,

Trichuris trichiura) (STEPHENSON et al., 2000; HOTEZ et al., 2004; VELOSO et al., 2008;

IVANOV, 2010; GAN et al., 2014; BRAZ et al., 2015; KHAN et al., 2016).

Outros danos fisiológicos possíveis por essas infecções são a obstrução intestinal

(Ascaris lumbricoides), anemia por deficiência de ferro (ancilostomídeos), prolapso retal

(Trichuris trichiura), quadros de diarreia, sangramento intestinal e má absorção de nutrientes

(por exemplo, Entamoeba histolytica, entre outros parasitos que podem provocar esses

mesmos danos), entre outros agravos. As manifestações clínicas são frequentemente

proporcionais à carga parasitária albergada pelo indivíduo (CAMILO-COURA, 1974;

STEPHENSON et al., 2000; REY, 2001; BETHONY et al., 2006; GAN et al., 2014; KHAN

et al., 2016).

3.3. PRINCIPAIS HELMINTOS INTESTINAIS DE IMPORTÂNCIA NAS

INFECÇÕES HUMANAS

Os helmintos, conhecidos popularmente como “vermes”, são animais metazoários,

que podem ser caracterizados por ciclos biológicos de vida livre ou parasitários, acometendo

plantas e outros animais, incluindo nesse grupo os humanos. Os seres humanos atuam na

cadeia epidemiológica como hospedeiro de diversos helmintos, permitindo que esses parasitos

se desenvolvam, atinjam sua maturação sexual e instalem-se em órgãos e tecidos específicos,

como por exemplo, o intestino (CASTIÑEIRAS & MATINS, 2000; CDC, 2016). Em

sequência, seguem breves informações sobre os principais helmintos intestinais de

importância nas infecções humanas.

A ascaridíase é causada pelo helminto Ascaris lumbricoides, popularmente

conhecido como “lombriga”, sendo considerado o helminto mais comum das infecções

parasitárias humanas (figura 1). A transmissão geralmente se dá por meio da água e alimentos

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contaminados com ovos contendo a forma larvária infectante (KHAN et al., 2016). Atingem

mais as crianças, pois estas se infectam em grande parte por meio das mãos, ao levá-las à boca

após brincar no solo. A sintomatologia relaciona-se diretamente à carga parasitária. Infecções

por Ascaris podem ser assintomáticas, todavia, os parasitos adultos podem causar ação

espoliativa, pela obtenção de nutrientes do hospedeiro, ou mecânica ocasionada por

enovelamento dos parasitos na luz do intestino, podendo levar a sua obstrução (KHAN et al.,

2016). Pacientes infectados com esse helminto apresentam risco de evoluir para um quadro de

desnutrição, principalmente na faixa etária infantil, em decorrência de um grande consumo de

proteínas, vitaminas, lipídios e carboidratos pelos parasitos (SILVA et al., 2011).

Após a ingestão dos ovos e liberação das larvas L3 dentro do trato gastrointestinal do

hospedeiro, elas seguem até os pulmões através da corrente sanguínea para a continuação de

seu desenvolvimento, podendo ocasionar um quadro de broncopneumonia devido ao ciclo

pulmonar de Ascaris lumbricoides (CAMILO-COURA, 1974; BETHONY et al., 2006; GAN

et al., 2014; KHUROO et al., 2016). Dentro dos pulmões, os antígenos larvais de Ascaris

lumbricoides causam uma resposta inflamatória, consistindo em infiltrados com eosinófilos

que podem ser vistos em radiografias de tórax. A pneumonia causada pela ascaridíase é

comumente acompanhada de dispneia, com escarro sanguinolento produzido durante as

infecções mais intensas com acentuada carga parasitária, tosse, febre, e eosinofilia,

denominado-se um quadro de Síndrome de Loeffler. As crianças são mais susceptíveis a

pneumonite e a doença é mais grave na reinfecção (CAMILO-COURA, 1974; KHUROO,

1996; BETHONY et al., 2006).

Com o desenvolvimento dos parasitos adultos, A. lumbricoides direciona-se ao trato

gastro-intestinal, localizando-se na luz do intestino delgado. Devido à grande motilidade

desses parasitos e também em casos de acentuada carga parasitária, esses nematódeos podem

atingir outros órgãos, provocando outras patogenias extra-intestinais mais incomuns. Khuroo

e colaboradores (2016) abordaram em seu estudo casos de ascaridíase hepatobiliar e

pancreática, mais comum em adultos; Khan e colaboradores (2016) reportaram um caso de

obstrução intestinal por enovelamento de A. lumbricoides em um menino de 12 anos de idade,

no Paquistão; Hoshang e colaboradores (2016) relataram um caso de apendicite aguda devido

a ascaridíase em um menino de 5 anos de idade; Desai e Nichat (2016) descreveram um caso

de perfuração intestinal por infecção de A. lumbricoides em um jovem homem de 20 anos;

Mauskar e colaboradores (2016) narraram um caso de pancreatite aguda necrosante por

ascaridíase em um menino de 5 anos de idade; Gan e colaboradores (2014) relataram um

quadro de obstrução aguda das vias respiratórias, sendo considerado raro de acontecer, de um

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menino de 14 anos, havendo em todos esses casos citados grande possibilidade de serem

quadros fatais, levando o paciente a óbito.

A) B)

Figura 1: A) Fêmea adulta A. lumbricoides. B) Ovo fertilizado de A. lumbricoides, com uma larva

visível no interior (Fonte: https://www.cdc.gov/dpdx/ascariasis/index.html).

A ancilostomíase é uma parasitose transmitida pelo contato com o solo contaminado,

ocasionada pelos helmintos Ancylostoma duodenale ou Necator americanus (figura 2).

Necator americanus é a espécie mais comumente distribuída no mundo, incluindo as regiões

do sul e sudoeste da China, sul da Índia, sudeste asiático, África subsaariana e Américas

Central e do Sul, enquanto Ancylostoma duodenale tem distribuição geográfica mais restrita,

como sul e oeste da China além da Índia, ocorrendo também no Egito, norte da Austrália e

algumas localidades da América Latina como norte da Argentina, Paraguai, Peru, El Salvador

e Honduras (BETHONY et al., 2006).

Os ancilostomídeos em sua fase adulta podem viver por vários anos no intestino

humano, sendo de um a três anos para A. duodenale e de três a dez anos para N. americanus.

Este longo período de sobrevivência no organismo do hospedeiro causa danos significativos

na mucosa intestinal dos indivíduos parasitados, sendo um dos principais causadores das

manifestações clínicas (BROOKER et al., 2004).

Essa parasitose é popularmente conhecida como “opilação” ou “amarelão”, no

Brasil, por poder causar quadros de intensa anemia no hospedeiro (NEVES, 2005; REY,

2010). Sua infecção se dá pela penetração ativa das larvas L3, presentes no solo, na pele do

hospedeiro e também pela ingestão das larvas no caso do gênero Ancylostoma (REY, 2001).

A sintomatologia, muitas vezes, depende da carga parasitária, podendo ser assintomática ou

levar desde uma diarreia ocasional, em que pode haver estrias de sangue até uma anemia

crônica, devido à ação espoliativa do parasito hematófago no intestino delgado, ocasionar

anemia ferropriva e deficiência nutricional (REY, 2001). Pode ocorrer uma manifestação

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pruriginosa em qualquer parte do corpo, frequentemente envolvendo os pés. Os pés são o

principal local de penetração das larvas, por esses membros estarem em maior contato e

proximidade com o solo, podendo desencadear um exantema maculopapular com duração de

até 15 dias. Essa é a principal manifestação relacionada à penetração das larvas infectantes

pela pele (HOTEZ et al., 2004). Cerca de 10 dias após a penetração da larva, a sua presença

nos pulmões pode cursar com um quadro de pneumonite semelhante à síndrome de Löeffler

(associação de pneumonite e eosinofilia nos pulmões), como pode ser visto em infecções por

Ascaris lumbriocoides, porém de menor intensidade, salvo nas infecções mais intensas e

maciças, demandando mais de 30 dias até que as larvas deixem completamente os pulmões e

atinjam o trato gastrointestinal. Podem também serem observadas manifestações pulmonares

inespecíficas, havendo tosse de longa ou curta duração, expectoração e febre. As infecções

pulmonares por larvas de A. duodenale, possivelmente ocorrem não só pela migração larvária,

mas também por um mecanismo de hipersensibilidade causado pelo material polissacarídico

no qual as larvas são ricas (CAMILO-COURA, 1974).

Sintomas gastrointestinais relacionados à presença do parasito no intestino tais como

dor abdominal e vômitos costumam ocorrer de quatro a seis semanas após a exposição,

antecedendo o surgimento dos ovos nas fezes (HOTEZ et al., 2004). O processo patogênico

mais relevante da infecção em humanos é a perda crônica de sangue intestinal causada pela

fixação da cápsula bucal dos parasitos adultos à mucosa e submucosa do intestino delgado,

pressionando o tecido e sugando os fluidos teciduais e o sangue para alimentação. Este

processo leva ao rompimento de capilares e arteríolas não apenas por efeito mecânico, mas

também pela ação de enzimas hidrolíticas eliminadas pelo processo de alimentação do

parasito. Os parasitos secretam anticoagulantes para que o fluxo de sangue seja mantido,

facilitando significativamente a sua alimentação e em consequência levando a uma maior

perda sanguínea pelo individuo infectado. A ancilostomíase é, portanto, uma enfermidade que

tem como principal consequência a anemia resultante da deficiência de ferro por ingestão

continua de sangue pelos parasitos. Em virtude dos limites da reserva de ferro presente no

organismo dos hospedeiros, crianças, gestantes e puérperas, as quais possuem menores

reservas, são os principais grupos susceptíveis ao desenvolvimento de anemia causada pela

infecção por ancilostomídeos (HOTEZ et al., 2004; BETHONY et al., 2006).

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A) B)

C)

Figura 2: A) Adulto de Ancylostoma duodenale, vista da extremidade anterior, mostrando os dentes

presentes na cápsula bucal. B) Adulto de Necator americanus, vista da extremidade anterior

mostrando as lâminas cortantes na cápsula bucal. C) Ovo de ancilostomídeos em preparação à fresco

(Fontes: http://medicine.academic.ru/101221/Ancylostoma_duodenale;

http://bloodsuckersforbullions.weebly.com/store/p3/Necator_americanus.html;

https://www.cdc.gov/dpdx/hookworm/gallery.html#adults).

A enterobíase, causada pela espécie Enterobius vermicularis (figura 3),

popularmente conhecida como “oxiúros”, tem maior incidência nas regiões de clima

temperado e frio, devido à menor frequência de banhos e trocas de roupas e ainda pelo

confinamento em lugares fechados. É uma parasitose de transmissão eminentemente

doméstica (CAMPOS et al., 2011). Possui um ciclo particular, com a oviposição feita pelas

fêmeas na região externa do corpo do hospedeiro, na região perianal e anal, e pode ser

transmitida de diferentes formas, dentre elas a heteroinfecção (ovos presentes na poeira ou

alimentos) e a autoinfeção (ovos presentes na poeira, alimentos ou na região perianal quando

atingem o mesmo hospedeiro que os eliminou). Ocorre ainda a retroinfecção, mecanismo no

qual as larvas eclodem na região perianal (externamente), e em seguida penetram pelo ânus e

migram pelo intestino grosso (CAZORLA et al., 2006).

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Atinge principalmente a faixa etária de 5 a 15 anos, e pelo modo de transmissão é

comum em ambientes com aglomerações como creches e instituições que abrigam um número

grande de crianças, mas também é encontrado em adultos. O parasitismo geralmente é leve e

assintomático, sendo o prurido anal o sintoma mais intenso e mais frequentemente relatado

acerca dessa infecção (CAMPOS et al., 2011). Devido ao intenso prurido ocasionado pela

migração desse parasito na região perianal e anal, ao realizar o ato de coçar, o indivíduo

parasitado pode provocar escoriações no local, as quais podem promover um quadro de

infecção secundária, hemorragia e/ou dermatite (CAZORLA et al., 2006; REQUENA et al.,

2007).

Casos com sintomas mais graves dessa infecção são observados quando ocorrem

infecções ectópicas. E. vermicularis pode atingir outros órgãos como a próstata, fígado,

peritônio, apêndice, ovário, tubas uterinas, útero, e o trato geniturinário dos indivíduos do

sexo feminino pela proximidade dessa região com a anal e perianal (SANTOS et al., 2002;

REQUENA et al., 2007; MENTESSIDOU et al., 2015). Como a fêmea desse parasito faz a

oviposição na região perianal e anal, os ovos não são carreados junto com as fezes nessa

infecção, não sendo, então, os métodos coproparasitológicos tão eficientes para o diagnóstico

dessa parasitose. O método de escolha para um diagnóstico confirmatório é através do

Método de Graham ou método da fita adesiva, ou ainda através de uma coleta da região anal

com um swab (haste com algodão em uma extremidade) (REQUENA-CERTAD et al., 2002).

A) B)

Figura 3: A) Macho adulto de E. vermicularis, com porção posterior ventralmente curvada, em

esfregaço de fezes concentrado com formalina-acetato de etila (FEA). B) Ovos de E. vermicularis,

com formato de “D”. (Fonte: https://www.cdc.gov/dpdx/enterobiasis/gallery.html).

A estrongiloidíase é causada pelo nematódeo intestinal Strongyloides stercoralis

(figura 4), sendo mais frequente em países de clima tropical, ocorrendo de forma

assintomática na maior parte dos indivíduos infectados (ANSCHAU et al., 2013; SCHÄR et

al., 2013). Os parasitos do gênero Strongyloides tem a particularidade de serem os únicos

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nematódeos parasitos do ser humano capazes de realizar um duplo ciclo evolutivo, tanto

parasitário como de vida livre no meio ambiente. As fêmeas desse gênero são

partenogenéticas e somente elas são parasitas, as quais no interior do corpo do hospedeiro

localizam-se no intestino delgado e produzem larvas do tipo rabditóides, que no meio

ambiente podem dar origem a machos ou fêmeas de vida livre. Os hospedeiros adquirem essa

infecção através da penetração de larvas filarióides pela pele, estrutura infectante para os

humanos, pelo mecanismo de infecção ativo-cutâneo, as quais realizam um ciclo

cardiopulmonar para completar seu desenvolvimento biológico. Posteriormente a três a quatro

semanas da penetração das formas infectantes através da pele, o hospedeiro começa a eliminar

larvas em suas fezes (REY, 2001).

Apesar da maioria dos casos ser assintomático, é considerada uma parasitose de

grande importância por poder causar hiperinfecção e disseminação em pacientes desnutridos,

imunocomprometidos e imunossuprimidos, principalmente durante tratamentos com

corticóides (VELOSO et al., 2008; RIOS et al, 2015). Nos pacientes imunocompetentes é

observado que a localização comum de S. stercoralis é o trato gastro-intestinal, sendo

necessário o estudo parasitológico das fezes para a realização do diagnóstico dessa infecção, a

qual se baseia no reconhecimento mediante a visualização em microscopia de fezes frescas,

buscando os estágios larvários de S. stercoralis (VAUSTAT & BAVA, 2012). No entanto,

nos pacientes severamente imunocomprometidos pode-se observar a localização desse parasi-

to fora do trato gastro-intestinal, especialmente nos pulmões, fazendo-se necessário o estudo

de outros materiais biológicos além de fezes, como particularmente as secreções respiratórias.

Nesses indivíduos pode acontecer a exacerbação do ciclo de autoinfecção como consequência

do estado imunológico dos mesmos, não conseguindo conter a infecção e promovendo que as

larvas filarioides invadam a parede intestinal. Essas alcançam os pulmões, gerando os casos

de hiperinfecção, ou ainda alcançando diversos tecidos do organismo, caracterizando a

estrongiloidíase disseminada, podendo levar ao óbito (VAUSTAT & BAVA, 2012;

ANSCHAU et al., 2013).

Com os trabalhos de Veloso e colaboradores (2008), Vaustat & Bava (2012) e Rios e

colaboradores (2015) é possível a exemplificação com relatos de casos que culminaram em

óbito para os pacientes estudados e acompanhados. A estrongiloidíase disseminada é

determinada quando os parasitos são encontrados em diversos órgãos, além dos pulmões,

incluindo órgãos do Sistema Nervoso Central, fígado, coração, rins, próstata, apêndice, entre

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outros, levando a um alto índice de mortalidade nesses casos (BENINCASA et al, 2007;

LUNA et al., 2007).

A) B)

Figura 4: A) Larva filarioide (L3) de S. stercoralis, estrutura infectante para os humanos. B) Fêmea

adulta partenogenética. E=Esôfago, V=Vulva. (Fonte:

https://www.cdc.gov/dpdx/strongyloidiasis/gallery.html#tissue;

http://www.ib.unicamp.br/site/dep_biologia_animal/sites/www.ib.unicamp.br.site.dep_biologia_anima

l/files/helmintos.pdf.)

A tricuríase é ocasionada pelo agente etiológico Trichuris trichiura (figura 5). A

infecção se dá pelo mesmo mecanismo de transmissão do parasito Ascaris lumbricoides, por

meio da ingestão de ovos embrionados e infectantes presentes em água ou alimentos

contaminados, através da via fecal-oral. Esses parasitos localizam-se principalmente na região

do ceco, região do intestino grosso do hospedeiro, podendo estar presente em toda extensão

do intestino grosso e ainda na porção final do intestino delgado em infecções maciças, com

acentuada carga parasitária (STEPHENSON et al., 2000). Os parasitos adultos de T. trichiura

permanecem com a porção anterior do corpo, região filiforme, penetrada na mucosa intestinal

e com a parte posterior, mais robusta, exteriorizada para luz intestinal (AZIRA &

ZEEHAIDA, 2012). Essa parasitose é muito frequente em climas úmidos e quentes como dos

países tropicais, favorecendo a embriogênese das larvas dentro dos ovos e a sua disseminação

no meio ambiente (STEPHENSON et al., 2000; AZIRA & ZEEHAIDA, 2012).

Na maioria das vezes, os indivíduos parasitados são assintomáticos, mas podem

apresentar um quadro caracterizado por dor abdominal, diarreia, tenesmo e perda de peso

além de outras manifestações como nervosismo, insônia e perda de apetite. Diarreia com

sangue e/ou muco podem estar presentes em casos graves (STEPHENSON et al., 2000). No

entanto, a Síndrome Disentérica Crônica causada pela tricuríase apresenta maior gravidade,

caracterizando quadros de anemia, principalmente em crianças. A gravidade das

manifestações clínicas não é dependente apenas da intensidade da infecção em si, mas

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também da localização na região gastrointestinal dos parasitos e o estado de saúde do

hospedeiro, incluindo idade, estado nutricional, estado imunológico (CAMILO-COURA,

1974; CROMPTON & NESHEIM, 2002).

Resultados do estudo de Gilman e colaboradores (1983) sugeriram que as infecções

intensas por T. trichiura são determinantes para o desenvolvimento de quadros de

desnutrição, diarreia crônica, anemia, e o prolapso retal, o qual consiste na exteriorização de

parte do reto através do orifício anal. O prolapso retal é um sinal clássico de infecções

intensas por T. trichiura. Entende-se essa patogenia como uma consequência do esforço

excessivo causado pelo estímulo da defecação, mesma na ausência de fezes, ocasionada pelo

tenesmo, pela possível irritação das terminações nervosas pelo grande número de parasitos,

ocasionando um aumento no peristaltismo e pela diminuição no tônus muscular, o que

provoca o relaxamento do esfíncter anal e facilita a extrusão do reto, o qual se apresenta com

a mucosa edemaciada nessa infecção (CAMILO-COURA, 1974; STEPHENSON et al.,

2000).

A) B)

Figura 5: A) Adulto macho de T. trichiura, com parte posterior do corpo ventralmente curvada. B)

Ovo de T. trichiura, em formato de barril e com as duas extremidades operculadas (Fonte:

https://www.cdc.gov/dpdx/trichuriasis/gallery.html).

3.4. PROTOZOÁRIOS INTESTINAIS DE IMPORTÂNCIA NAS INFECÇÕES

HUMANAS

Os protozoários são organismos unicelulares, microscópicos, classificados no filo

Protozoa, que podem desenvolver seu ciclo biológico no meio ambiente, definidos como de

vida livre, ou com ciclos parasitários. Em relação aos humanos, geralmente são parasitos do

trato gastro-intestinal, denominados de enteroprotozoários. Eles são capazes de se multiplicar

nos seres humanos, o que contribui para a sua sobrevivência e também permite que infecções

graves possam se desenvolver a partir de um único organismo. A transmissão de protozoários

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que vivem no intestino de um humano para outro humano ocorre tipicamente através de uma

via fecal-oral (por exemplo, através de alimentos e água contaminada ou contato pessoa a

pessoa). Nesse grupo, observa-se os amebóides, como exemplo Entamoeba histolytica, os

flagelados, como exemplo Giardia duodenalis, os coccídeos, como exemplo Cryptosporidium

spp. As infecções causadas por esses protozoários, normalmente, restringem-se ao tubo

digestório, estando presentes no lúmen ou aderidos à superfície da mucosa, exceto casos de

invasão da mucosa, em que esses protozoários podem atingir outros órgãos e tecidos do corpo

do hospedeiro (CASTIÑEIRAS & MARTINS, 2000; CDC, 2016). Assim, a seguir seguem

sucintas informações sobre os três enteroparasitos exemplificados acima.

A infecção por Cryptosporidium sp. (figura 6) é considerada como a maior causa de

diarreia com sintomas variando de moderados a severos, em humanos ao redor do mundo,

estando em segundo lugar apenas quando comparado ao rotavírus (RYAN et al., 2016). Em

crianças, a infecção pode provocar um quadro caracterizado pela má absorção de nutrientes,

prejuízo no crescimento corporal, deficiência cognitiva e na resposta imunológica. Devido à

falta de especificidade de algumas espécies por hospedeiros, a criptosporidíase pode ser

considerada uma zoonose. A persistência das estruturas infectantes desse parasito no meio

ambiente está relacionada a surtos devido à contaminação de água e alimentos, sendo

transmitido pela via fecal-oral (AHMED et al., 2016; RYAN et al., 2016).

A transmissão pela via fecal-oral pode acontecer de forma direta ou indireta. A forma

direta para os humanos acontece em decorrência de contato pessoa-pessoa com hábitos de

higiene inadequados, presença em ambientes coletivos como as creches facilitando esse

contato, especialmente entre crianças, ou pelo contato com fezes de animais de produção ou

de companhia. A transmissão indireta está relacionada com a ingestão de oocistos em águas

de consumo ou de recreação, em alimentos ou ainda por inalação ou contato com fômites

contaminados (RYAN et al., 2016).

Atualmente estão descritas 31 espécies para o gênero Cryptosporidium, das quais C.

hominis e C. parvum estão relacionadas com a maioria das infecções em humanos.

Normalmente é uma infecção auto-limitante em indivíduos imunocompetentes, com diarreia

e/ou gastroenterite transitória com duração de duas semanas, sem necessidade de tratamento,

sugerindo uma eficiente resposta imunológica do organismo hospedeiro (MONIS &

THOMPSON, 2003; XIAO, 2010; RYAN et al., 2014). No entanto, indivíduos

imunocomprometidos, como pacientes com HIV/AIDS, sofrem com diarreias crônicas e

persistentes que podem ser fatais (CAMA et al., 2003). A criptosporidíase é uma infecção

amplamente disseminada devido ao grande número de oocistos, estruturas infectantes,

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liberados nas fezes de indivíduos infectados, como também pela grande resistência no meio

ambiente. Esses oocistos são resistentes à inativação pela ação de desinfetantes comuns

utilizados em água para o consumo, como por exemplo, o tratamento com cloro, sendo

capazes de sobreviver até mesmo ao processo de tratamento de águas residuais em estações

(RYAN et al., 2016). Outro fator preponderante para a vasta disseminação ocorre em razão da

dificuldade de tratamento dessa infecção. Há uma droga aprovada nos Estados Unidos para

esse fim, a nitazoxanida (NTZ), a qual demonstra moderada eficiência clínica em crianças

desnutridas e pessoas imunocompetentes, enquanto em indivíduos imunocomprometidos não

é observada eficácia (ROSSIGNOL et al., 2001; FOX & SARAVOLATZ, 2005).

Figura 6: Oocistos de Cryptosporidium spp. (setas rosa e seta marrom) em preparação à fresco. (Fonte:

https://www.cdc.gov/dpdx/cryptosporidiosis/gallery.html).

A amebíase ou disenteria amebiana é tradicionalmente definida como a infecção

provocada pelo protozoário Entamoeba histolytica (figura 7) (MELO et al., 2004). Entre as

espécies de amebas encontradas no trato gastrointestinal, a Entamoeba histolytica constitui a

única que causa a doença invasiva, denominada de amebíase intestinal ou extraintestinal

(DOURADO et al., 2006).

Durante a década de 1990, evidências acumuladas ao longo do tempo, confirmaram a

existência de duas amebas morfologicamente idênticas, a E. dispar não patogênica e a E.

histolytica patogênica. As duas espécies só podem ser diferenciadas por métodos de biologia

molecular, imunológicos ou bioquímicos (CLARK et al., 2002). O diagnóstico parasitológico

da amebíase intestinal é obtido por meio da pesquisa do parasita nas fezes, fazendo-se a busca

de cistos em fezes consistentes e trofozoítos em fezes diarreicas. Contudo, a inexperiência

técnica, a eliminação intermitente do cisto de Entamoeba histolytica/Entamoeba dispar e a

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não diferenciação morfológica com outras amebas intestinais e artefatos podem promover

erros no diagnóstico microscópico (PÓVOA et al., 2000).

E. histolytica encontra-se distribuída amplamente em todo o mundo e sua prevalência

é maior nos países das zonas tropicais e subtropicais onde a população é mais desfavorecida

economicamente, com baixo nível de saneamento. Em contrapartida, a crescente migração de

pessoas de países em desenvolvimento para países desenvolvidos favoreceu a disseminação

do parasito por todo o mundo. Há grande quantidade de pessoas infectadas em regiões com

clima frio, como o Canadá, o norte dos Estados Unidos e a Europa. Infecção por E. histolytica

é causa de mortalidade em aproximadamente 100.000 pessoas por ano, superada apenas pela

malária em número de mortes por protozoários (BASSO et al., 2008).

O ciclo biológico do parasito apresenta os seguintes estágios morfológicos:

trofozoítos, pré-cisto, metacisto e cistos. A transmissão da amebíase é feita por meio da

ingestão de cistos maduros que contaminam água e alimentos por um ciclo fecal-oral. A

Entamoeba histolytica é um parasito do intestino grosso e pode manter-se como comensal ou

provocar invasão nos tecidos e conduzir às formas intestinal ou extra-intestinal da infecção.

Clinicamente a amebíase pode cursar assintomática, pertencendo a esse grupo a maioria dos

indivíduos infectados. A infecção é detectada pelo encontro de cistos nas fezes, fato que torna

os portadores assintomáticos disseminadores da doença (AGUILAR-ROJAS, 2016). A

amebíase intestinal associada à Entamoeba histolytica caracteriza-se pela presença de úlceras

no cólon, sigmóide ereto. Ocasionalmente os indivíduos desenvolvem colite amebiana com

diarreia sanguinolenta, febre, leucocitose, dor abdominal frequente, com sinais peritoneais e

extenso comprometimento do cólon. Pode ocorrer abscesso amebiano, porém o quadro clínico

dominante em mais de 75% dos casos com colite amebiana fulminante consiste na perfuração

intestinal. Mulheres grávidas, indivíduos imunocomprometidos, pacientes com diabetes

mellitus, pacientes que fazem o consumo de álcool ou que estejam em tratamento com

corticosteróides apresentam alto risco para a doença fulminante (STANLEY, 2003). Em

relação à amebíase extra-intestinal, a forma mais comum consiste no abscesso amebiano, que

decorre da migração dos trofozoítos por meio da veia mesentérica superior até o fígado

(ESPINOSA-CANTELLANO & MARTÍNEZ-PALOMO, 2000). A invasão do trato

respiratório costuma ser secundária ao abscesso hepático após sua ruptura por meio do

diafragma. Todavia, abscesso encefálico é raro e ocorre também após ruptura do abscesso

hepático. Os sintomas são repentinos e caracterizados por cefaleia, vômito, convulsão e

mudanças de comportamento.

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A) B)

Figura 7: A) Cisto de E. histolytica/E. dispar em uma preparação concentrada a fresco de fezes. B)

Trofozoíto de E. histolytica/E. dispar em uma preparação à fresco, corada com iodo. (Fonte:

https://www.cdc.gov/dpdx/amebiasis/gallery.html).

A giardíase é causada por um dos enteroparasitos mais comumente encontrados, o

protozoário Giardia duodenalis (sinonímia G. lamblia, G. intestinalis) (figura 8), o qual

possui ampla distribuição geográfica. É considerado o parasito intestinal mais frequentemente

relatado, sendo encontrado tanto em países desenvolvidos como em países em

desenvolvimento, podendo infectar humanos assim como animais domésticos, de companhia

e de produção, e silvestres (PEREIRA et al., 2007; TASHIMA et al., 2009; BOTERO-

GARCÉS et al., 2009). Apesar da distribuição ser mundial, ela não acontece de forma

uniforme, ocorrendo taxas maiores em países em desenvolvimento quando comparado aos

países desenvolvidos (MACHADO et al., 1999). A Organização Mundial da Saúde (OMS ou

em inglês World Health Organization – WHO), em uma publicação de 1996, estimou que em

torno de 200 milhões de pessoas na Ásia, na África e na América Latina apresentavam

sintomas relacionados à giardíase e que 500 mil novos casos eram esperados somente para a

população infantil. Altas taxas de prevalência de giardíase são verificadas em crianças de 0 a

5 anos, podendo estar presente até os 12 anos de idade, devido aos hábitos de higiene mais

precários ou ausência de imunidade a reinfecções e por estarem em idade escolar, o que

facilita a transmissão pessoa a pessoa em ambientes mais aglomerados (TAKIZAWA et al.,

2008; SANTOS et al., 2012).

Geralmente a infecção por Giardia duodenalis é diagnosticada por exames

parasitológicos de fezes (EPF) analisados por microscopia óptica convencional para

identificar tanto cistos, em fezes formadas, como trofozoítos, em fezes diarreicas. A liberação

dos cistos nas fezes acontece de forma irregular, e por isso, o exame realizado em apenas uma

amostra fecal pode dar um resultado falso negativo, subestimando a prevalência desse

enteroparasito, sendo necessária, portanto, a coleta de mais de uma amostra fecal,

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preferencialmente realizadas em dias alternados (GUIMARÃES & SOGAYAR, 2002). Em

consequência dessa e de outras dificuldades, métodos alternativos vem sendo utilizados para

que o diagnóstico seja mais confiável e confirmatório. A escolha de métodos imunológicos,

como o ensaio imunoenzimático (ELISA), através da pesquisa de coproantígenos, tem se

mostrado uma alternativa, já que possibilita a detecção de antígenos até em pequenas

amostras fecais, mesmo em infecções leves (VIDAL & CATAPANI, 2005, DUFFY et al.,

2013).

Giardia spp. tem um ciclo de vida monoxeno, simples e direto com duas formas

evolutivas: os trofozoítos e os cistos (MONIS et al., 2009; FENG & XIAO, 2011). A infecção

acontece geralmente a partir da ingestão de água e alimentos contaminados com cistos, os

quais resistem longos períodos no ambiente. Acredita-se que a principal via de transmissão é a

fecal-oral (VESY & PETERSON, 1999; TERRA, 2008; RYAN & CACCIÒ, 2013). A

infecção por G. duodenalis em seres humanos pode gerar um quadro muito variável de

manifestações clínicas. A maioria dos casos de infecção, aproximadamente 60%, é

assintomática. Acredita-se, então, que 40% das infecções são sintomáticas, variando a

sintomatologia de acordo com a população analisada (PAYNE & ARTZER, 2009;

MACHADO, 2011).

A) B)

Figura 8: A) Trofozoítos de G. duodenalis em um imprint de mucosa com coloração por Giemsa. B)

Cisto de G. duodenalis em preparação líquida corada com iodo (Fonte:

http://www.cdc.gov/dpdx/giardiasis/gallery.html).

3.5. FREQUÊNCIA DE ENTEROPARASITOS EM CRIANÇAS

FREQUENTADORAS DE CRECHES

Com a crescente urbanização, foram observadas intensas mudanças nas forças de

trabalho da população das áreas rurais para áreas urbanas, acompanhada de maior participação

das mulheres no mercado de trabalho, fazendo com que os ambientes das creches se

tornassem mais presentes na vida das crianças desde idades muito precoces, havendo nesses

locais maior potencial de contaminação e consequentemente infecção dessas crianças

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(GURGEL et al., 2005; MASCARINI & DONALÍSIO, 2006; KOMAGOME et al., 2007;

OLIVEIRA et al., 2007, SOUZA et al., 2007). Barçante e colaboradores (2008) apontam para

a crescente competitividade no mercado de trabalho e a necessidade das mulheres, as quais

são mães, retornarem prematuramente às suas atividades profissionais, fazendo com que a

procura pelo atendimento em creches, públicas e/ou privadas, seja mais elevada. Esse fato

social tem sido o objeto de estudo de muitas pesquisas no que se refere à maior exposição a

infecções, dentre elas as causadas por parasitos intestinais, na fase da infância devido ao

convívio nesses ambientes coletivos das creches (CARDOSO et al., 1995; GUIMARÃES &

SOGAYAR, 1995; FRANCO, 1997; COSTA-MACEDO et al., 1998; MACHADO et al.,

1999; QUADROS et al., 2004; GURGEL et al., 2005; CARVALHO et al., 2006;

BARÇANTE et al., 2008; MONTEIRO et al., 2009; UCHÔA et al., 2009; BERNE et al.,

2012; SANTOS, J, et al., 2014).

Somado à maior vulnerabilidade natural desse grupo etário, as crianças

frequentadoras de creches apresentam maiores chances de adquirirem e desenvolverem

infecções cutâneas, respiratórias e gastro-intestinais, nas quais diarreias e gastroenterites

podem ter papel de destaque (CARVALHO et al., 2006; MASCARINI & DONALÍSIO,

2006). Podemos observar o favorecimento dos riscos mais acentuados a infecções para os

escolares nos ambientes das creches devido a características como: maior facilidade do

contato interpessoal em ambientes mais aglomerados, tanto entre as crianças como entre as

crianças e os funcionários, acompanhado muitas vezes do mau treinamento dos funcionários

das instituições, as insuficientes noções de hábitos de higiene inerente a essa faixa etária,

complementado pela imaturidade do sistema imunológico das crianças para o controle de

infecções, a fase de exploração oral e o constante contato com o solo (CARVALHO et al.,

2006; BARÇANTE et al., 2008; MAMUS et al., 2008). É importante ressaltar também que o

estado nutricional das crianças é um fator bastante relevante, pois frequentemente essas

infecções parasitárias geram um quadro simples em crianças saudáveis. No entanto, em

crianças com deficiência nutricional esse quadro pode ser agravado, gerando maiores e mais

sérias consequências e complicações (SILVA et al., 2009; CORADI, 2010).

O número de casos conhecidos de crianças infectadas antes dos primeiros seis meses

de vida é menor, estando associado a um período em que possuem pouca mobilidade no chão

e restrito contato com o solo ou alimentos potencialmente contaminados. A partir desta idade,

a incidência de parasitoses aumenta, para decair novamente mais tarde, quando as crianças

aprendem a andar e adquirem noções de hábitos de higiene (GOMES et al., 2016).

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42

A prevalência de parasitoses intestinais no Brasil é divergente entre as regiões do

país devido às diferenças climáticas, geográficas, condições socioeconômicas, educacionais e

sanitárias existentes nas áreas endêmicas (CARVALHO & GOMES, 2013). A falta de uma

política de educação sanitária e/ou em saúde consistente e continuada colabora para que esta

problemática seja mais grave do que parece, permitindo que as enteroparasitoses ainda sejam

consideradas um importante problema de saúde coletiva no país (FREI et al., 2008).

Estudos presentes na literatura acerca das parasitoses intestinais nas crianças do

Brasil mostram um acentuado número de indivíduos menores de 6 anos parasitados,

configurando um quadro de grande relevância pela morbidade, e também pela associação

frequente a elementos que podem levar a um déficit físico e cognitivo, como diarreia crônica

e levando a desnutrição. Alguns desses tem apresentado dados que evidenciam a importância

de enteroparasitoses em ambientes de maior coletividade, principalmente creches (GURGEL

et al., 2005; CARVALHO et al., 2006; BERNE et al., 2012; LANDER et al., 2012; GELATTI

et al., 2013; MAGALHÃES et al., 2013; SILVA et al., 2015; SILVA, J., et al., 2015).

Estudos sobre a prevalência de enteroparasitoses em crianças, no Brasil, ainda são

pontuais e descontínuos, mesmo que essas infecções estejam presentes no cotidiano de parte

considerável da população infantil de todo o mundo, podendo acarretar danos secundários os

quais prejudicam seu estado de saúde (LIMA et al., 2013).

Em creches de diferentes cidades brasileiras, há uma grande variação na prevalência

de infecções parasitárias intestinais, variando bastante como podemos observar nos dados

apresentados no quadro 1, a seguir.

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43

Quadro 1: Frequência de parasitos intestinais em crianças em estudos realizados em diferentes estados

brasileiros.

Área

estudada

N de

amostras Idade Métodos

Positividade

de parasitoses Resultados Referência

BA

(Salvador)

200

escolares de

uma escola

municipal

6 a 16

anos

Método de

sedimentação

espontânea

94%

Ascaris

lumbricoides

(25%)

Trichuris

trichiura (10,5%)

Enterobius

vermicularis (3%)

Strongyloides

stercoralis (2,5%)

Ancilostomídeos

(1,5%)

Schistosoma

mansoni (1%)

Endolimax nana

(53,5%)

Entamoeba coli

(43,5%)

Entamoeba

histolytica/E.

dispar (21,5%)

Giardia

duodenalis (12%)

Seixas et al.,

2011

BA

(Salvador)

376 crianças

de 7 creches

públicas

3 a 6

anos

Procedi-

mento de

concentra-

ção de

sedimenta-

ção padrão

em formol-

acetato de

etilo

30%

Trichuris

trichiura (12,0%)

Ascaris

lumbricoides

(10,5%)

Ancilostomídeos

(0,9%)

Giardia

duodenalis

(12,9%)

Entamoeba

histolytica/E.

dispar (3,7%)

Cryptosporidium

sp. (0,3%)

Hymenolepis

nana (0,3%)

Strongyloides

stercoralis (0,3%)

Lander et

al., 2012

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44

Quadro 2: (continuação) Frequência de parasitos intestinais em crianças em estudos realizados em

diferentes estados brasileiros.

BA

(Salvador)

493 crianças

atendidas

em 2

creches

mantidas

por obras

sociais

0 a 4

anos

Método de

Baermann

(Baermann,

1917)-

Moraes

(Moraes,

1948),

Método de

sedimentação

por

centrifuga-

ção, Método

de

centrifugação

em formol-

éter (Ritchie,

1948) e

Método de

coloração de

Ziehl-

Neelsen

modificado

(Henriksen.

Pohlenz,

1981)

35,5%

Giardia

duodenalis

(27,2%)

Blastocystis

hominis (5,1%)

Endolimax nana

(3,9%)

Entamoeba coli

(3,4%)

Cryptosporidium

sp. (0,6%)

Entamoeba díspar

(0,2%)

Ascaris

lumbricoides

(1,6%)

Trichuris trchiura

(1,6%)

Pacheco et

al., 2014

DF

(Ceilândia

(CE) e Riacho

Fundo (RF))

193

escolares da

rede pública

4 a 14

anos

Método de

Hoffman

(Hoffman et

al., 1934) e

Método de

Rugai (Rugai

et al., 1954)

63,7%

Giardia

intestinalis

(RF=15%;

CE=9%)

Entamoeba

histolytica/E.

díspar

(RF=7%;CE=

3%)

Hymenolepis

nana (RF=44%;

CE=0%)

Ascaris

lumbricoides

(RF=30%; CE=

2%)

Santos, A.,

et al., 2014

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45

Quadro 3: (continuação) Frequência de parasitos intestinais em crianças em estudos realizados em

diferentes estados brasileiros.

ES

(Município de

São Mateus)

378 crianças

matricula-

das em 10

Centros de

Educação

Infantil

(CEIM)

1 a 6

anos

Método de

sedimentação

espontânea

36,2%

Giardia lamblia

(18,2%)

Entamoeba coli

(11,1%)

Entamoeba

histolytica/E.

dispar (9%)

Ascaris

lumbricoides

(5%)

Ancilostomídeo

(3,4%)

Trichuris

trichiura (1,8%)

Endolimax nana

(2,4%)

Enterobius

vermicularis

(1,6%)

Iodamoeba

butschilli (0,3%)

Hymenolepis

nana (0,3%)

Lima et al.,

2014

GO

(Periferia da

cidade de

Anápolis)

37 crianças

de uma

creche

mantida por

uma

organização

não

governa-

mental

1 a 5

anos

Técnica

direto a

fresco,

centrífugo-

flutuação e

sedimentação

espontânea

81,08%

Entamoeba coli

(62%)

Giardia

lamblia(54%)

Ascaris

lumbricoides

(19%)

Hymemolepis

nana (13,5%)

Taenia sp (2,7%)

Larvas de

Strongyloides

stercoralis (2,7%)

Gigonzac et

al., 2012

GO

(Município de

Uruaçu)

201

escolares,

das turmas

de 1ª série a

5ª série do

Ensino

Fundamen-

tal, de

quatro

escolas da

rede pública

estadual

5 a 11

anos

Método de

sedimenta-

ção

espontânea

(Hoffman,

Pons &

Janer, 1934)

34,3%

Giardia

intestinalis

(15,9%)

Endolimax nana

(15,4%)

Entamoeba coli

(14,4%)

Enterobius

vermicularis

(0,50%)

Gelatti et al.,

2013

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46

Quadro 4: (continuação) Frequência de parasitos intestinais em crianças em estudos realizados em

diferentes estados brasileiros.

GO

(Município

Itapuranga)

54 crianças

de 2 creches

municipais

0 a 6

anos

Método de

sedimenta-

ção

espontânea

(Hoffman,

Pons &

Janer, 1934)

29,6%

Ascaris

lumbricoides

(14,8%)

Giardia lamblia

(11,1%)

Endolimax

nana (1,8%)

Entamoeba coli

(1,8%)

Silva, A, et

al., 2015

MG

(Município

Vespasiano)

176 crianças

de 3 creches

públicas

1 a 5

anos

Método de

Ritchie

(1948)

22,7%

Ascaris

lumbricoides

(7,5%)

Enterobius

vermicularis

(2,5%)

Trichuris

trichiura (7,5%)

Hymenolepis sp.

(2,5%)

Taenia sp. (2,5%)

Entamoeba coli

(57,5%)

Entamoeba

histolytica/E.

dispar (15%)

Giardia

duodenalis (40%)

Barçante et

al., 2008

MG

(Belo

Horizonte)

472 crianças

de uma

creche

pública

3 a 6

anos --- 75,4%

Entamoeba coli

(14%)

Giardia

duodenalis (9,5%)

Endolimax nana

(3,6%)

Entamoeba

histolytica/E.

dispar (0,6%)

Iodamoeba

butschilli (0,4%)

Chilomastix

mesnili (0,4%)

Ascaris

lumbricoides

(3%)

Trichuris

trichiura (1,1%)

Strongyloides

stercoralis (0,2%)

Menezes et

al., 2008

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47

Quadro 5: (continuação) Frequência de parasitos intestinais em crianças em estudos realizados em

diferentes estados brasileiros.

MG

(Patos de

Minas)

161 crianças

de 6

Centros de

Educação

Infantil

0 a 6

anos

Método de

Lutz

(Lutz, 1919)

e Método de

Baermann

(Baermann,

1917) –

Moraes

(Moraes,

1948)

73%

Ascaris

lumbricoides

(50%)

Ancilostomídeos

(22%)

Enterobius

vermicularis

(0,6%)

Entamoeba

histolytica/E.

dispar (22%)

Giardia lamblia

(32%)

Silva &

Silva, 2010

MG

(Município

Uberlândia)

133 crianças

de 2 creches

públicas

---

Método de

sedimenta-

ção

espontânea

(Lutz, 1919)

29,3%

Giardia lamblia

(19,2%)

Endolimax nana

(14,3%)

Entamoeba coli

(12,0%)

Entamoeba

histolytica (3,8%)

Iodamoeba

butschilli (2,3%)

Hymenolepis

nana (2,3%)

Enterobius

vermicularis

(1,5%)

Ancilostomídeos

(0,8%)

Entamoeba

hartmanni (1,5%)

Gonçalves

et al., 2011

MG

(São João del-

Rei)

1.172

alunos de

escolas do

ensino

fundamental

da rede

municipal

5 a 10 e

11 até a

última

série do

ensino

funda-

mental

Método de

sedimentação

espontânea e

Kato-Katz

29%

Entamoeba

histolytica/E.

dispar (14,3%)

Entamoeba coli

(9,5%)

Giardia lamblia

(5,5%)

Ancilostoma spp.

(2,1%)

A. lumbricoides

(1,9%)

Enterobius

vermicularis

(1,5%)

T. trichiura

(1,1%)

Belo et al.,

2012

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48

Quadro 6: (continuação) Frequência de parasitos intestinais em crianças em estudos realizados em

diferentes estados brasileiros.

MG

(Região Vale

do Aço)

93 crianças

matricula-

das em

creches

públicas

---

Método de

sedimenta-

ção

espontânea

(Lutz, 1919)

36,6%

Giardia

intestinalis

(24,7%)

Entamoeba

histolytica (6,5%)

Entamoeba coli

(4,3%)

Hymenolepis

nana (1,1%)

Ascaris

lumbricoides

(1,1%)

Taenia sp. (1,1%)

Magalhães

et al., 2013

PR

(Garapuava)

631 crianças

de 7

comunida-

des

escolares

0 a 15

anos

Método de

Hoffman,

Pons e Janer

75,27%

Giardia

duodenalis

(74,94%)

Entamoeba coli

(3,15%)

Endolimax nana

(2,94%)

Criptosporidium

(1,89%)

Sarcocystis

(1,89%)

Balantidium coli

(0,42%)

Entamoeba sp.

(0,84%)

Strongyloides

stercoralis

(3,78%)

Enterobius

vermicularis

(0,84%)

Ascaris

lumbricoides

(25,05%)

Ancylostoma sp.

(1,68%)

Hymenolepis

nana (2,94%)

Buschini et

al. (2007)

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49

Quadro 7: (continuação) Frequência de parasitos intestinais em crianças em estudos realizados em

diferentes estados brasileiros.

PR

(Itambé)

127 crianças

de um

Centro

Educacional

Infantil

0 a 6

anos

Método de

Faust et al. e

Método de

Lutz

37%

Giardia

duodenalis

(54,7%)

Entamoeba coli

(29,7%)

Endolimax nana

(9,3%)

Entamoeba

histolytica (1,6%)

Iodamoeba

butschilli (1,6%)

Enterobius

vermicularis

(1,6%)

Ascaris

lumbricoides (1,6)

Komagome

et al., 2007

PR

(Município

Maria

Helena)

431

amostras de

indivíduos

desse

município

0 a 89

anos

Método de

Faust et al.

(1938) e

Método de

sedimenta-

ção

espontânea

(Hoffman,

Pons &

Janer, 1934)

16%

Endolimax

nana (6,5%)

Entamoeba coli

(3,5%)

Giardia

intestinalis (6,3%)

Ascaris

lumbricoides

(1,4%)

Strongyloides

stercoralis (0,7%)

Entrobius

vermicularis

(0,7%)

Ancilostomídeo

(0,2%)

Entamoeba

histolytica (0,2%)

Taenia sp (0,2%)

Santos &

Merlini,

2010

PR

(Município de

Janiópolis)

40 crianças

de uma

escola

municipal

2 a 6

anos

Método de

sedimenta-

ção

espontânea

(Hoffman,

Pons &

Janer, 1934)

17,05%

Entamoeba coli

(5,0%)

Giardia lamblia

(5,0%)

Endolimax nana

(5,0%)

Enterobius

vermicularis

(2,5%)

Abreu et al.,

2014

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50

Quadro 8: (continuação) Frequência de parasitos intestinais em crianças em estudos realizados em

diferentes estados brasileiros.

PR

(Paranavaí)

715 crianças

de Centros

de

Educação

Infantil

(filantrópi-

cos e

municipais)

0 a 6

anos

Método de

Faust e

colaborado-

res, Método

de Hoffman,

Pons e Janer

44,89%

Giardia

duodenalis

(23,64%)

Enatmoeba coli

(9,51%)

Endolimax nana

(5,59%)

Ascaris

lumbricoides

(2,24%)

Ovos de

ancilostomídeos

(2,24%)

Strongyloides

stercoralis

(0,98%)

Enterobius

vermicularis

(0,70%)

Rodrigues et

al., 2014

RS

(Erechim)

235crianças

de uma

entidade

assistencial

---

Método

direto a freso

e MIF

54,5%

Ascaris

lumbricoides

(35,9%)

Giardia lamblia

(29,7%)

Entamoeba coli

(28,9%)

Biasi et al.,

2010

RS

(município

Rio Grande)

165 pré-

escolares de

uma creche

pública

---

Método de

Ritchie

(1948),

Método de

Faust et al.

(1938),

método de

coloração

ácido

resistente de

Kinyoun

(Brasil,

1996) e

Método de

coloração

64,2%

Giardia lamblia

(30,3%)

Trichuria

trichiura (24,2%)

Ascaris

lumbricoides

(22,4%)

Entamoeba coli

(15,2%)

Enteromonas

hominis (4,8%)

Endolimax nana

(3,6%)

Cryptosporidium

sp. (2,4%)

Cystoisospora

belli (0,6%)

Enterobius

vermicularis

(0,6%)

Berne et al.,

2012

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51

Quadro 9: (continuação) Frequência de parasitos intestinais em crianças em estudos realizados em

diferentes estados brasileiros.

RS

(município

Santa Cruz do

Sul)

31 crianças

de uma

creche

municipal

0 a 5

anos e

meio

Método de

sedimenta-

ção

espontânea

(Lutz 1919;

Hoffman,

Pons &

Janer, 1934)

32,3%

Giardia lamblia

(29,03%)

Ascaris

lumbricoides

(3,23%)

Reuter et al.,

2015

SC

(Tubarão)

75 crianças

matricula-

das em uma

creche

filantrópica

0 a 6

anos

Método

direto,

Método de

Hoffman e

Método de

Ritchie

29,3%

Giardia lamblia

(18,7%)

Ascaris

lumbricoides

(1,3%)

Blastocystis

hominis (4%)

Endolimax nana

(1,3%)

Batista et

al., 2009

SE

(Aracaju)

260 crianças

matricula-

das em 10

creches

260 crianças

na mesma

vizinhança

não-

frequenta-

doras de

creches

(Grupo

controle)

1 a 5

anos

Método de

Blagg (1955) 51,5% ---

Gurgel et

al., 2005

SP

(Estiva Gerbi)

930

escolares

atendidos

pela

Secretaria

Municipal

de

Educação

0 a 7

anos

Método

direto,

sedimentação

espontânea,

Ritchie e

Faust

11,5%

Entamoeba coli

(5,2%)

G. duodenalis

(5%)

A. lumbricoides

(1,5%)

Endolimax nana

(0,8%)

E. vermicularis

(0,2%)

H. nana (0,1%)

T. trichiura

(0,1%)

Ancilostomídeos

(0,1%)

Ferreira &

Andrade,

2005

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52

Quadro 10: (continuação) Frequência de parasitos intestinais em crianças em estudos realizados em

diferentes estados brasileiros.

SP

(Botucatu)

279 crianças

de 4 creches

municipais

0 a 6

anos

Método de

sedimenta-

ção

espontânea

(Hoffman,

Pons &

Janer, 1934),

Método de

Ritchie

(1948),

Método de

Faust et al.

(1938),

Método de

Auramina-O,

Método de

Ziehl-

Neelsen

modificado

53,40%

Ascaris

lumbricoides

(6,09%)

Trichuris

trichiura (5,73%)

Strongyloides

stercoralis

(0,72%)

Enterobius

vermicularis

(10,04%)

Hymenolepis

nana (1,08%)

Giardia

duodenalis

(26,88)

Blastocystis

hominis (14,34%)

Entamoeba coli

(6,81%)

Cryptosporidium

sp. (15,05%)

Endolimax nana

(2,15%)

Carvalho et

al., 2006

SP

(Mirassol)

310 alunos

matricula-

dos em

escola da

rede pública

2 a 15

anos

Método de

Faust e

Método de

Hoffman,

Pons e Janer

30,3%

Giardia lamblia

(15,16%)

Entamoeba

histolytica

(0,64%)

Ascaris

lumbricoides

(3,55%)

Strongiloides

stercoralis

(0,32%)

Taenia sp.

(0,32%)

Belloto et

al., 2011

SP

(Município

São João da

Boa Vista)

67 crianças

matricula-

dos em

creche

privada

4 meses

a 5 anos

Métodos de

sedimenta-

ção

espontânea

(Hoffman, ,

1934),

flutuação em

solução

saturada

de cloreto de

sódio

(Willis) e

Rugai,

Mattos e

Brisola

19,4%

Entamoeba coli

(5,97%)

Endolimax nana

(4,78%)

Camargo &

Santos, 2014

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53

Quadro 11: (continuação) Frequência de parasitos intestinais em crianças em estudos realizados em

diferentes estados brasileiros.

SP

(Município de

São Paulo)

50 crianças

do 5º e 6º

anos de uma

escola

pública

---

Método de

sedimenta-

ção

espontânea

(Hoffman,

Pons &

Janer, 1934)

94%

Giardia lamblia

(64%) Entamoeba

coli (10%)

Ascaris

lumbricoides

(6%)

Endolimax nana

(2%)

Taenia saginata

(2%)

Silva, J., et

al., 2015

3.5.1. Enteroparasitos no estado do Rio de Janeiro

Estudos anteriores realizados no estado do Rio de Janeiro, durante o período de 1985

a 2016, demonstram que o perfil das parasitoses intestinais se mantém com um percentual de

positividade importante ao longo dos anos para a cadeia epidemiológica dessas infecções no

estado, como podemos observar nas informações apresentadas no quadro 2 a seguir.

Quadro 12: Frequência de parasitos intestinais em crianças em estudos realizados no estado Rio de

Janeiro, Brasil.

Área

estudada

N de

amostras Idade Métodos

Positividade

de

parasitoses

Resultados Referência

Rio de Janeiro

(Bairro Alto

da Boa Vista)

155 alunos de

3 escolas da

Rede Pública

Municipal

8 a 15

anos

Sedimentação

espontânea

qualitativa

(Lutz, 1919;

Hoffman, Pons

& Janer, 1934)

---

Ancilostomídeos

(7,7%)

A. lumbricoides

(48,4%)

E. vermicularis

(1,9%)

H. nana (0,6%)

S. mansoni (2,6%)

S. stercoralis

(4,5%)

T. trichiura

(38,0%)

E. coli (14,2%)

E. histolytica

(5,8%)

E. nana (23,9%)

G. lamblia

(12,3%)

I. bustschilli

(1,9%)

Shall et al.,

1985

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54

Quadro 13: (continuação) Frequência de parasitos intestinais em crianças em estudos realizados no

estado Rio de Janeiro, Brasil.

Rio de Janeiro

(Quatro

comunidades

faveladas:

Morro da

Formiga,

Comunidade

Nelson

Mandela,

Comunidade

de Vila Nova

Cruzado e

Favela do

Jacarezinho)

1381 pré-

escolares

Menores

de 5 anos

Método de

Blagg (Blagg

et al., 1955)

54,5%

Giardia lamblia

(25,3%)

Ascaris

lumbricoides

(25,0%)

Trichuris

trichiura (19,3%)

Entamoeba coli

(9,3%)

Endolimax nana

(7,6%)

Entamoeba

histolytica (3,0%)

Iodamoeba

butschilli (2,6%)

Strongiloydes

stercoralis (2,0%)

Hymenolepis

nana (1,4%)

Costa-

Macedo et

al., 1998

Niterói

218 crianças

matriculadas

em creches

comunitárias

1 a 6

anos

Técnica de

Faust et al.,

1939), técnica

de Lutz, 1919 e

técnica de

Baermann

(1917)

modificado por

Moraes (1948)

55%

Giardia lamblia

(38,3%)

Entamoeba coli

(26,6%)

Endolimax nana

(17,5%)

Entamoeba

histolytica

(11,6%)

Blastocystis

hominis (2,5%)

Ascaris

lumbricoides

(30%)

Trichuris

trichiura (26,6%)

Hymenolepis

nana

(0,8%)

Enterobius

vermicularis

(0,8%)

Uchôa et

al., 2001

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55

Quadro 14: (continuação) Frequência de parasitos intestinais em crianças em estudos realizados no

estado Rio de Janeiro, Brasil.

Niterói

156 crianças

de 3 creches

públicas

2 a 5

anos e 11

meses

Método de

sedimentação

por

centrifugação

(Coprotest) e

Coloração pela

safranina-azul

de metileno

42%

Entamoeba

histolytica/E.

dispar (4%)

Blastocystis

hominis (21%)

Entamoeba coli

(10%)

Giardia lamblia

(8%)

Iodamoeba

butschilli (1%)

Endolimax nana

(6%)

Ascaris

lumbricoides

(3%)

Ramos,

2006

Vassouras

42 pré-

escolares

(uma escola

estadual e

uma escola

particular)

1 a 5

anos

Método de

Blagg (1955) 26,19%

Escola Estadual:

Ascaris

lumbricoides

(11,54%)

Giardia lamblia

(11,54%)

Blastocystis

hominis (7,69%)

Entamoeba coli

(7,69%)

Escola Particular:

Ascaris

lumbricoides

(6,25%)

Pinheiro et

al., 2007

Niterói

372 crianças

de oito

creches

comunitárias

2 a 6

anos

Técnica de

Faust et al.,

1939), técnica

de Lutz, 1919,

técnica de

Baermann

(1917)

modificado por

Moraes (1948)

e kit de

COPROTEST

51,6%

G. duodenalis

(33,06%)

Complexo

Entamoeba

histolytica

(4,84%)

Entamoeba coli

(8,60%)

Endolimax nana

(3,76%)

Blastocystis

hominis (5,38%)

A. lumbricoides

(8,87%)

Hymenolepis

nana (0,81%)

T. triciura

(5,65%)

E. vermicularis

(0,27%)

Uchôa et

al., 2009

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56

Quadro 15: (continuação) Frequência de parasitos intestinais em crianças em estudos realizados no

estado Rio de Janeiro, Brasil.

Campos dos

Goytacazes

(Comunidade

Tamarindo)

30 crianças 0 a 12

anos

Método de

Hoffman, Pons

& Janer

(1934), método

de Baermann

(1917)

modificado por

Moraes (1948).

39%

Ascaris

lumbricoides

(23%)

Giardia lamblia

(13%)

Entamoeba coli

(3%)

Barreto et

al., 2012

Niterói

(Bairro

Ititioca)

43 crianças

residentes de

instituição

filantrópica

0 a 12

anos

Método de

Hoffman, Pons

& Janer (1934)

e Método de

Wilis (1921)

70%

Blastocystis

hominis (44%)

Endolimax nana

(15%)

Giardia lamblia

(12%)

Entamoeba

histolytica/E.

dispar (10%)

Entamoeba coli

(7%)

Ascaris

lumbricoides

(1,5%)

Hymenolepis

nana (3%)

Trichuris

trichiura (1,5%)

Enterobius

vermicularis (3%)

Leite et al.,

2014

Niterói

263 alunos de

sete escolas

municipais

do 1º ao 7º

ano

---

Método de

Baermann

(1917)

modificado por

Moraes (1948),

Método de

Kato e Miura

(1954)

modificado por

Katz, Chaves e

Pelegrino

(1972),

Método de

Ritchie (1948)

modificado por

Young (1979),

Método de

Faust et al.

(1938) e Lutz

(1919).

27,4%

Giardia

duodenalis

(12,5%)

Entamoeba coli

(25%)

Entamoeba

histolytica/E.

dispar (16,7%)

Iodamoeba

butschilli (2,8%)

Endolimax nana

(6,9%)

Blastocystis sp.

(58,3%)

Ascaris

lumbricoides

(5,6%)

Trichuris

trichiura (6,9%)

Enterobius

vermicularis

(1,4%)

Siqueira,

2016

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57

3.6. DIAGNÓSTICO DE ENTEROPARASITOS

Para um diagnóstico parasitológico clínico mais eficiente é importante levar em

consideração fatores que determinam as parasitoses como o mecanismo de transmissão, as

condições climáticas e sanitárias da região estudada, além da patogenia ocasionada pelas

espécies diagnosticadas (ABRAHÃO & SOPELSA, 2013). O exame clínico é importante

como primeiro passo para um diagnóstico, mas o exame laboratorial é essencial na definição,

eficiência e confirmação do diagnóstico, estabelecendo a espécie de parasito presente no

paciente, assim como a forma parasitária. A investigação laboratorial por meio do diagnóstico

representa o caminho mais seguro na escolha da medicação adequada para o tratamento

(MENEZES et al., 2013).

No entanto, cada parasitose tem a sua peculiaridade, dependendo da biologia do

helminto ou protozoário a ser pesquisado. Por essa razão, não existe um método único, capaz

de identificar com precisão todas as formas de todos os parasitos (MAGALHÃES et al.,

2013). Assim, na falta de um método que aborde todos os possíveis resultados, dentre os

descritos na literatura, faz-se necessário lançar mão de diferentes métodos isolados eletivos

para um determinado parasito, ou combinados, para poder realizar um diagnóstico mais

preciso de acordo com o agente investigado (SANT’ANNA et al., 2013).

Os métodos diagnósticos podem ser diretos ou indiretos, nos quais são possíveis a

identificação da morfologia do parasito ou seus produtos ou detectar a resposta imunológica

do hospedeiro (VAZ et al., 2001).

Desse modo, o exame parasitológico de fezes (EPF) pretende de um modo geral,

recuperar as formas evolutivas de helmintos (ovos e larvas) e/ou protozoários (trofozoítos,

cistos e oocistos), e também alguns helmintos adultos ou fragmentos destes, habitualmente

presentes parasitando o sistema digestório do ser humano; por meio de técnicas de

concentração. Um exemplo de técnica de concentração é a sedimentação espontânea, que tem

como objetivo principal detectar a presença de ovos e larvas de helmintos e cistos de

protozoários, através do aumento da concentração dessas estruturas em sedimento. Já com a

técnica de centrífugo-flutuação em solução de sulfato de zinco, espera-se verificar a presença

de ovos leves de helmintos e cistos e oocistos de protozoários presentes em uma película

superficial formada no momento da centrifugação. O método de pesquisa de larvas por

termohidrotropismo positivo consiste na pesquisa de larvas de helmintos, principalmente

larvas de Strongyloides stercoralis, baseando-se no hidrotropismo, termotropismo e ação da

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gravidade para sedimentação das larvas (SANT’ANNA et al., 2013; SILVA & CAMELLO,

2013).

Já as técnicas imunológicas visam identificar antígenos, anticorpos ou

imunocomplexos pertinente à infecção. As diferentes metodologias imunológicas incluem o

Ensaio Imunoenzinático (ELISA) e os testes imunocromatográficos, permitindo a produção de

testes rápidos os quais facilitam os exames para os profissionais no campo; além da

imunofluorescência direta e indireta, que proporcionam um diagnóstico específico e com alto

valor de sensibilidade (GRISARD & STEINDEL, 2001).

Por fim, os avanços da Biologia Molecular permitem a utilização de métodos

moleculares, como a Reação em Cadeia da Polimerase (PCR), no diagnóstico de parasitoses,

tanto pela melhor sensibilidade, pois permite a detecção mesmo em concentrações reduzidas

do DNA do parasito, quanto pela possibilidade de diferenciação entre as espécies e genótipos

de uma espécie, como por exemplo, para Giardia duodenalis (LEITE et al., 2014).

3.7. MEDIDAS DE PREVENÇÃO

A prevenção das parasitoses intestinais compreende a manutenção de hábitos de

higiene pessoal e ambiental, sendo, portanto, medidas passíveis de execução. Entretanto,

ainda que sejam simples, as crianças não conseguem praticá-las de forma ininterrupta, sendo

um motivo comum de procura ao pediatra. A adequação do cuidado pode depender das

habilidades do cuidador da criança, geralmente a mãe; a qual necessita de estratégias e

incentivos educativos que a instrua a desenvolver hábitos saudáveis, para que possa exercer

cuidado de qualidade para a criança (JOVENTINO et al., 2011).

O entendimento da população sobre a importância da realização de medidas

preventivas é indispensável para que se alcance bons resultados. É necessário que haja

entendimento sobre a importância da profilaxia. Assim sendo, os indivíduos devem ser

instruídos sobre como ocorrem as transmissões das parasitoses e ainda, é importante discutir a

necessidade de se efetuarem as medidas de prevenção evitando possíveis reinfecções que

estejam ao seu alcance (CASTIÑEIRAS & MARTINS, 2000).

Logo, para se evitar a infecção por parasitos intestinais é preciso adotar medidas

simples como ter noções de higiene corporal (lavar as mãos antes de manipular os alimentos,

antes de se alimentar e antes dos cuidados com as crianças; lavar as mãos após o uso do

sanitário ou trocar as fraldas); lavar adequadamente os alimentos com água potável e, se

possível, os alimentos que serão consumidos crus, deixá-los de molho por 30 minutos em

água com hipoclorito de sódio a 2,5%; beber água filtrada ou fervida; andar sempre com os

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pés calçados; evitar contato com solo contaminado, esgoto e fezes; manter limpo o domicílio

(instalações sanitárias, roupas de cama, toalhas e roupas íntimas) e o terreno ao redor;

conservar as mãos sempre limpas, as unhas aparadas, evitar colocar a mão na boca; não deixar

as crianças brincarem em terrenos baldios, com lixo ou água poluída (JOVENTINO et al.,

2011; GOMES et al., 2016).

Contudo, essas medidas precisam ser transmitidas à população e devem ser baseadas

na realidade dos indivíduos com as quais se deseja programar uma ação educativa,

conhecendo o seu contexto sociocultural, de maneira que, a divulgação de informações,

sobretudo por meio de atividades de educação em saúde, consista em estratégia indispensável

para o esclarecimento da importância de se prevenir dessas infecções, tendo como foco,

mudanças comportamentais. Dessa forma, melhorando as condições de saúde da população

por meio da obtenção de hábitos saudáveis do indivíduo e da comunidade (NOVAIS, 2009;

JOVENTINO et al., 2011).

Com isso, a educação em saúde demanda metodologias e teorias que possibilitem a

construção do conhecimento compartilhado de forma permanente, contando com a

participação da população, principalmente as mais desfavorecidas, e dos profissionais da área

de saúde contribuindo para a redução da prevalência das enteroparasitoses (EBLING et al.,

2012; MAGALHÃES et al., 2013).

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4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1. LOCAL DE REALIZAÇÃO DO ESTUDO

O município de Niterói, localizado na Região Metropolitana do estado do Rio de

Janeiro, possui como estimativa populacional 497.883 habitantes, em uma área de unidade

territorial de 133,919 km², com densidade demográfica de 3.640,80 habitantes/km², a partir de

dados da página virtual (http://cod.ibge.gov.br/2RJ) do Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE). Para estudos municipais regionalizados, o município é dividido em cinco

regiões administrativas municipais denominadas: Região das Praias da baía, Região Norte,

Região Pendotiba, Região Leste e Região Oceânica. O presente estudo se delimitou a Região

das Praias da baía, a qual compreende os bairros: Charitas, Jurujuba, São Francisco, Santa

Rosa, Vital Brazil, Cachoeira, Viradouro, Cubango, Pé Pequeno, Bairro de Fátima, Centro,

Morro do Estado, São Domingos, Ingá, Gragoatá, Boa Viagem, Ponta D’Areia, Santana, Ilha

da Conceição, São Lourenço e Icaraí, segundo o documento da Prefeitura de Niterói,

intitulado “Projeto Niterói que Queremos: Diagnóstico Sócio-econômico de Niterói”, de

outubro de 2013.

As Creches Comunitárias (CC) e Unidades Municipais de Educação Infantil (UMEI),

da Rede Pública da região das Praias da baía do município de Niterói, no estado do Rio de

Janeiro, foram selecionadas como os pontos de obtenção de amostras fecais de escolares da

faixa etária frequentadora da Educação Infantil. Após autorização da Fundação Municipal de

Educação e do Programa Criança na Creche, buscou-se instituições que tivessem interesse em

participar do projeto.

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61

A Fundação Municipal de Educação apresenta, segundo informações

disponibilizadas na página virtual (http://www.educacaoniteroi.com.br): 37 Unidades

Municipais de Educação Infantil (UMEI), três Núcleos Avançados de Educação Infantil

(NAEI), totalizando 40 instituições divididas em sete pólos, além de 24 Creches Comunitárias

(CC). Na Região das Praias da baía estão localizadas 11 UMEIs e 13 CCs, totalizando 24

instituições de atendimento à Educação Infantil.

De acordo com a aceitação dos responsáveis da instituição e dos responsáveis dos

alunos, foram selecionadas seis creches, as quais estão localizadas nos bairros de Charitas

(Creche 1 - UMEI), Jurujuba (Creche 2 - CC), São Domingos (Creche 3 - CC), Icaraí (Creche

4 - CC), São Francisco (Creche 5 - CC) e Pé Pequeno (Creche 6 - UMEI), que podem ser

observados na figura 9. Sendo assim, a amostra utilizada nesta pesquisa pode ser caracterizada

como uma amostra de conveniência.

Figura 9: Mapa do município de Niterói, com destaque para os bairros em que estão localizadas as

creches onde foram realizadas as coletas de amostras fecais (Adaptado da fonte:

http://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang=&codmun=330330&search=rio-de-janeiro|niteroi).

Foram distribuídos 513 kits para coleta das fezes entre todas as creches participantes.

Essas tinham em média 94 pré-escolares matriculados em cada instituição. Mais

especificamente, o número de crianças matriculadas na faixa etária entre um e seis anos, em

cada creche era: Creche 1 (n=120), Creche 2 (n=80), Creche 3 (n=73), Creche 4 (n=80),

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Creche 5 (n=135) e Creche 6 (n=75), totalizando 563 pré-escolares matriculados. Com

exceção da Creche 6, todas as outras creches receberam kits para serem distribuídos para o

número total de crianças. Na Creche 6, foram distribuídos apenas 25 kits por determinação

prévia da direção da instituição, em que os kits deveriam ser entregues somente para os pais

e/ou responsáveis que tivessem aceitado participar do projeto, assinando uma circular

preparada pela direção da creche e enviada para residência de todas as crianças matriculadas

na instituição. Dessa forma, 25 pais assinaram a circular e aceitaram o recebimento dos kits.

A Creche 1, localizada no bairro de Charitas, atendia muitas famílias do Morro do

Preventório, localizado próximo a creche. Também próximo a creche, estavam presentes dois

postos de saúde, os quais realizavam trabalhos periódicos na instituição escolar, fazendo

acompanhamento dos alunos. Alunos e professores da Faculdade de Medicina da

Universidade Federal Fluminense também realizavam projetos de extensão sobre educação e

saúde no espaço da creche. Por ser uma Unidade Municipal de Educação Infantil (UMEI)

recebem os investimentos da prefeitura de Niterói, diferentemente das Creches Comunitárias,

que não estão exclusivamente atreladas somente à prefeitura e podem receber investimentos

de outros beneficiários também. A creche conta com 38 funcionários, possui acessibilidade

para alunos portadores de necessidades especiais com sanitários acessíveis, fornecia

alimentação e água filtrada para os alunos, possui dependências tais como 8 salas de aula,

parque infantil, sanitários, cozinha, refeitório, sala de diretoria, sala de atendimento especial,

equipamentos como aparelho de DVD, impressora, copiadora, televisão, internet banda larga,

computadores para uso dos alunos e para o uso administrativo. Em relação às questões

referentes ao saneamento básico, foi identificado que o abastecimento de água, energia

elétrica e destino do lixo são realizados através da rede pública e coleta periódica de lixo.

A Creche 2, localizada no bairro de Jurujuba, é uma Creche Comunitária que atendia

em maior parte à comunidade de pescadores e os moradores de Jurujuba. Possui proximidade

da Policlínica Comunitária de Jurujuba. A Creche possuía menor infra-estrutura quando

comparada as UMEIs já estabelecidas pela prefeitura. A creche contava com 18 funcionários,

fornecia alimentação e água filtrada para os alunos, possui dependências como um grande

pátio para atividades de lazer das crianças, 5 salas, cozinha, sanitários e sala da diretoria. O

abastecimento de água, energia elétrica e destino do lixo são realizados pela rede pública,

como também a coleta periódica de lixo.

A Creche 3, localizada no bairro de São Domingos, é uma Creche Comunitária

ligada a APADA (Associação de Pais e Amigos dos Deficientes Auditivos) de Niterói que

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oferece a Educação Infantil bilíngue em português e LIBRAS para todos os alunos, sejam eles

alunos surdos ou alunos ouvintes. Essa particularidade de ensino bilíngue faz com que a

creche receba alunos de diversas localidades da região metropolitana do estado do Rio de

Janeiro. Assim, além de alunos moradores do município de Niterói, estavam matriculados na

creche alunos moradores do município de São Gonçalo e do município de Itaboraí,

constituindo uma população mais heterogênea em relação ao local de residência. A instituição

contava com atendimento médico em seu próprio espaço, com profissionais fazendo

atendimentos aos alunos e famílias em dias determinados durante a semana. A creche conta

com 18 funcionários, não possui acessibilidade para alunos portadores de necessidades

especiais com ausência de sanitários adaptados, fornece alimentação e água filtrada para os

alunos, possui dependências como 6 salas de aula, sanitários dentro e fora do prédio da escola,

biblioteca, cozinha, refeitório, sala de leitura, sala de diretoria, sala de reunião, equipamentos

como aparelho de DVD, impressora, copiadora, televisão, internet banda larga, computadores

para o uso administrativo. Em relação às questões referentes ao saneamento básico, foi

identificado que o abastecimento de água, energia elétrica e destino do lixo são realizados

através da rede pública e coleta periódica de lixo.

A Creche 4, localizada no bairro de Icaraí, é uma Creche Comunitária, que atende a

população urbana local com menor poder aquisitivo. Não houve relatos sobre outros projetos

relacionados à educação e saúde contínuos que contemplassem essa instituição. A Creche

possuía menor infra-estrutura quando comparada as UMEIs já estabelecidas pela prefeitura. A

creche conta com 16 funcionários, não possui acessibilidade para alunos portadores de

necessidades especiais com ausência de sanitários adaptados, fornece alimentação e água

filtrada para os alunos, possui dependências como 8 salas de aula, sanitários dentro do prédio

da escola, biblioteca, cozinha, refeitório, sala de leitura, sala de diretoria, sala de reunião,

equipamentos como aparelho de DVD, televisão. Em relação ao saneamento básico, o

abastecimento de água, energia elétrica e destino do lixo são feitos através da rede pública e

coleta periódica de lixo.

A Creche 5, localizada no bairro de São Francisco, é uma Creche Comunitária que

atende principalmente a população local do bairro. A instituição apesar de ser uma Creche

Comunitária, possui uma boa infra-estrutura, com amplo espaço, área de recreação no espaço

interno e coberto e no espaço externo e descoberto, refeitório e grande número de

funcionários, buscando sempre projetos e parcerias com outras instituições para acrescentar

ao ensino dos escolares. A creche conta com 28 funcionários, não possui acessibilidade para

alunos portadores de necessidades especiais com ausência de sanitários adaptados, fornece

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alimentação e água filtrada para os alunos, possui dependências como 6 salas de aula,

sanitários dentro do prédio da escola, biblioteca, cozinha, refeitório, sala de leitura, sala de

diretoria, equipamentos como aparelho de DVD, televisão, computadores, internet banda

larga. Em relação ao saneamento básico, o abastecimento de água, energia elétrica e destino

do lixo são proporcionados pela rede pública e pela coleta periódica de lixo do município.

A Creche 6, localizada no bairro de Pé Pequeno, é uma Unidade Municipal de

Educação Infantil, recebendo todos os investimentos provenientes da prefeitura de Niterói.

Essa UMEI apresenta uma característica particular de atendimento majoritariamente à

população de classe média local. Segundo os relatos dos funcionários da instituição, a

população com renda mais baixa local, residente do bairro, tende a matricular as crianças em

idade escolar da Educação Infantil na Creche Comunitária próxima à região. A UMEI possui

uma boa infra-estrutura, conta com 23 funcionários, não possui acessibilidade para alunos

portadores de necessidades especiais com ausência de sanitários adaptados, fornece

alimentação e água filtrada para os alunos, possui dependências como 5 salas de aula,

sanitários dentro do prédio da escola, biblioteca, berçário, sala de secretaria, almoxarifado,

despensa, cozinha, refeitório, sala de leitura, sala de diretoria, equipamentos como aparelho de

DVD, televisão, computadores, internet banda larga, impressora, copiadora, equipamento de

som e equipamentos multimídia. Em relação às questões referentes ao saneamento básico, foi

identificado que o abastecimento de água, energia elétrica e destino do lixo são realizados

através da rede pública e coleta periódica de lixo.

4.2. PARTICIPAÇÃO NO ESTUDO

4.2.1. Sensibilização e convite dos participantes do estudo: apresentação do projeto à

creche e aos responsáveis

Anteriormente ao início da coleta das amostras, o intuito era de realizar em cada

creche uma reunião visando apresentar o objetivo e a proposta do trabalho à direção da escola,

para que o corpo docente auxiliasse na sensibilização para o acontecimento do projeto, e aos

pais/responsáveis dos alunos. No entanto, devido a alguns fatores como a ausência de salas

amplas de reunião ou a um histórico de baixo número de pais que compareciam às reuniões

marcadas na instituição, não foram realizadas em todas as creches a apresentação padronizada

com auxílio de mídia, pré-determinada pelos responsáveis da pesquisa. Assim, com base nas

preferências e solicitações de cada instituição, foram realizadas reuniões adaptadas com os

pais/responsáveis dos alunos e/ou foram enviadas circulares explicando sobre a importância

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do projeto e como seria a realização das coletas, desde as instruções desse processo até as

datas de entrega dos materiais biológicos, tentando captar o maior número de participantes

durante as visitas e datas estabelecidas de coleta, através de diálogos pessoalmente. Desta

maneira, tentou-se esclarecer os pais/responsáveis quanto à importância da participação para

verificar a ocorrência das parasitoses nas crianças, e do tratamento, em caso de diagnósticos

positivos.

4.2.2. Critérios de inclusão e exclusão

Foram incluídas no estudo somente as amostras das crianças que tiveram a assinatura

de seus pais e/ou responsáveis no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)

(Apêndice 1). Mesmo com a assinatura do termo, a criança poderia sair do estudo a qualquer

momento. As crianças que não tiveram todas as amostras entregues pelos pais e/ou

responsáveis, ou seja, entregaram material biológico parcial (apenas fezes frescas ou

conservadas) continuaram incluídas no estudo. Semelhantemente, os participantes que tiveram

o questionário respondido de forma incompleta, e que teve o material fecal entregue completo

ou parcialmente, teve a participação mantida.

No entanto, os indivíduos que não assinaram o TCLE, não tiveram nenhuma variável

do questionário epidemiológico preenchida ou que não entregaram nenhuma amostra do

material fecal foram excluídos do projeto.

4.3. COLETA DE AMOSTRAS FECAIS

O período de coleta foi de abril de 2013 a setembro de 2015. As amostras foram

processadas no Laboratório de Diagnóstico Coproparasitológico do Instituto Biomédico da

Universidade Federal Fluminense de abril de 2013 a setembro de 2015.

Cada criança recebeu um kit de coleta (figura 10) com um envelope contendo o

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), os Procedimentos de coleta de

amostras fecais (Apêndice 2), uma Circular (Apêndice 3) e um Questionário Epidemiológico

(Apêndice 4) explicitando o intuito do projeto, como também dois potes coletores de fezes,

sendo um com conservante químico (Railliet & Henry), em que deveria ser colocado fezes

coletadas em três dias alternados; e um sem conservante, para depósito de material fecal

fresco de apenas um dia, o qual deveria ser coletado o mais próximo do dia da entrega, com

menos de 24 horas e refrigerado até o momento da devolução dos potes coletores, além de

palitos de madeira para auxiliarem na coleta. Cada kit recebeu uma numeração específica, de

forma que os dois recipientes identificassem o mesmo indivíduo. A participação de cada

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paciente foi voluntária, sendo enfatizado que nenhum nome seria divulgado durante a

pesquisa.

Figura 10: Kit de coleta entregue a cada participante contendo os dois potes coletores numerados,

envelope, palitos de madeira e sacola plástica em que foram organizados.

No momento da sensibilização da população, também foram esclarecidas as formas

de coleta e conservação das amostras fecais aos pais e responsáveis. Sendo orientado que as

fezes do pote coletor com conservante deveriam ser colhidas em pelo menos três dias

alternados, desse modo realizando um pool das amostras para maior confiabilidade do

diagnóstico.

As amostras recebidas nos dias marcados para coleta nas instituições foram

transportadas em caixas de isopor contendo gelo até o Laboratório de Diagnóstico

Coproparasitológico do Instituto Biomédico da Universidade Federal Fluminense, e

processadas no mesmo dia do recebimento.

4.4. QUESTIONÁRIO EPIDEMIOLÓGICO

Paralelamente à coleta, os pais e/ou responsáveis de cada criança responderam a um

questionário epidemiológico, preenchido por eles mesmos, que contemplou as seguintes

variáveis: sexo, idade, contato com o solo, consumo de alimentos crus, consumo de carne crua

e/ou mal cozida, hábito de andar descalço, contato com animais, se a criança foi medicada

com antiparasitário no último ano, qual o destino do lixo residencial e qual a fonte da água

consumida pelas crianças.

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67

4.5. MÉTODOS LABORATORIAIS

4.5.1. Exames parasitológicos de fezes (EPF)

Todas as amostras coletadas para este estudo foram submetidas ao exame

parasitológico de fezes (EPF) com posterior visualização pela microscopia óptica. Dentre as

técnicas coproparasitológicas empregadas, foram realizadas: centrífugo-flutuação em solução

de sulfato de zinco para pesquisa especialmente de estruturas leves, como cistos de

protozoários (FAUST et al., 1939), técnica de sedimentação espontânea (LUTZ, 1919;

HOFFMAN, PONS & JANER, 1934) e a técnica de pesquisa de larvas por

termohidrotropismo positivo descrita por Baermann (1917) modificada por Moraes (1948).

Duas lâminas foram montadas para técnica de centrífugo-flutuação em sulfato de zinco e duas

lâminas para a técnica de sedimentação espontânea citada anteriormente e lidas através da

microscopia óptica por mais de um microscopista experiente. A leitura da técnica de

termohidrotropismo positivo foi realizada em vidro de relógio através de lupa esterioscópica

por microscopista experiente.

4.5.1.1. Critérios de positividade das amostras no EPF

Do total de crianças participantes foram incluídas no estudo pré-escolares que

entregaram ambos os potes coletores (material fresco e conservado), totalizando um conjunto

de dois tipos de amostra fecal para cada criança. Também foram incluídos os alunos que

entregaram somente um dos tipos de material fecal, material conservado ou o material fresco,

sendo essas representadas por apenas esse tipo de amostra entregue. Contudo, o critério

adotado para considerar uma criança positiva foi a detecção de no mínimo uma espécie de

parasito intestinal em um dos tipos de material analisado, ou seja, em pelo menos uma

amostra respectiva ao pré-escolar.

4.5.2. Exames imunológicos

Os exames imunológicos foram realizados com as amostras entregues pelos

responsáveis dos alunos matriculados nas Creches 2, 3, 4, 5 e 6, totalizando 82 crianças. O

material fecal obtido pelo sedimento da técnica de sedimentação espontânea de Hoffman,

Pons & Janer foi armazenado em alíquotas e mantido a -20°C. Para detecção de

coproantígenos de Giardia duodenalis e Cryptosporidium sp., os testes foram realizados em

todas as 82 amostras fecais, independente do resultado do EPF. Já para detecção de

coproantígenos de Entamoeba histolytica, apenas as amostras fecais das crianças que foram

positivas para o gênero Entamoeba sp. no exame parasitológico de fezes foram testadas, afim

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68

de confirmar se a espécie identificada poderia ser E. histolytica. No período de coleta do

material fecal proveniente da Creche 1 não havia perspectivas de continuação da pesquisa

com utilização de técnicas diferentes das técnicas coproparasitológicas, e portanto o

sedimento do material fecal não foi devidamente armazenado para testes futuros, impedindo a

inclusão dos resultados desses participantes para a pesquisa imunológica.

4.5.2.1. Detecção de coproantígenos do protozoário Entamoeba histolytica

Este ensaio imunológico foi realizado no Laboratório de Imunoparasitologia do

Instituto Biomédico da UFF. Para tal foi realizado um pool do material fecal fresco

armazenado em duas alíquotas com sedimento das fezes, de cada escolar que tenha entregado

esse tipo de material fecal, utilizando aproximadamente 120μl. A partir do pool, foram usados

aproximadamente 100μl de sobrenadante para cada poço da placa, realizando o teste em

duplicata para o material fecal de cada criança. O diagnóstico foi efetuado pelo emprego de

kits comerciais – ELISA (IVD Research®) para detecção qualitativa de coproantígenos de

Entamoeba histolytica (Entamoeba histolytica/E. dispar stool antigen detection assay

microwell ELISA). A metodologia utilizada seguiu as orientações do fabricante.

4.5.2.2. Detecção de coproantígenos do protozoário Cryptosporidium sp.

Este ensaio também foi realizado no Laboratório de Imunoparasitologia do Instituto

Biomédico da UFF. Para tal, foi realizado um pool do material fecal fresco e do material fecal

conservado de cada escolar que tenha entregado ambos os tipos de material fecal, utilizando

aproximadamente 60μl de cada um, provenientes de uma alíquota. A partir do pool, foram

usados aproximadamente 50μl de sedimento das fezes para cada poço da placa, realizando o

teste em duplicata para o material fecal de cada criança. O diagnóstico foi efetuado pelo

emprego de kits comerciais – ELISA (IVD Research®) para detecção qualitativa de

coproantígenos de Cryptosporidium sp. (Cryptosporidium stool antigen detection assay

microwell ELISA). A metodologia utilizada seguiu as orientações do fabricante.

4.5.2.3. Detecção de coproantígenos do protozoário Giardia duodenalis

Das amostras correspondentes às 82 crianças, 53 foram submetidas ao diagnóstico

imunológico para pesquisa de coproantígenos do protozoário Giardia duodenalis, no

Laboratório de Imunodiagnóstico do Departamento de Ciências Biológicas da Escola

Nacional de Saúde Pública da FIOCRUZ, e 29 amostras no Laboratório de

Imunoparasitologia do Instituto Biomédico da UFF. Nos ensaios imunológicos realizados na

FIOCRUZ, as amostras do material fecal e material conservado de cada escolar foram

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69

testados em duplicata, em poços distintos, totalizando quatro poços da placa para cada

criança. Nestes ensaios, foram usados aproximadamente 50μl de sedimento proveniente das

fezes armazenadas em alíquotas. Nos ensaios imunológicos realizados na UFF, foi realizado

um pool do material fecal fresco e do material fecal conservado de cada escolar, do qual tenha

entregue ambos os tipos de material fecal, utilizando aproximadamente 60μl de cada um. A

partir do pool, foram usados aproximadamente 50μl de sedimento das fezes para cada poço da

placa, realizando o teste em duplicata para o material fecal de cada criança, totalizando 2

poços para cada pré-escolar. Essa diferença de metodologia foi realizada para que fosse

possível o teste das amostras de todos os pré-escolares coletados, devido ao elevado custo do

kit de ELISA, não tendo sido possível a aquisição de mais um kit para contemplar o teste de

cada amostra fresca e conservada da mesma criança de forma separada e em duplicata como

feito nas primeiras 53 amostras analisadas na FIOCRUZ. O diagnóstico, em ambos os

laboratórios, foi efetuado pelo emprego de kits comerciais – ELISA (IVD Research®) para

detecção qualitativa de coproantígenos de Giardia duodenalis (Giardia stool antigen

detection assay microwell ELISA). A metodologia utilizada seguiu as orientações do

fabricante.

4.6. ENTREGA DOS RESULTADOS DOS EXAMES PARASITOLÓGICOS DE

FEZES (EPF)

Após a realização dos exames, os laudos com os resultados foram entregues aos pais

ou responsáveis, sendo anexado a estes um folheto explicativo sobre as principais parasitoses

e as medidas de prevenção (Apêndice 5), e as crianças que tiveram diagnóstico positivo foram

encaminhadas para tratamento no posto de saúde mais próximo da creche ou da residência de

cada criança. Na Creche 1, 2 e 5 foram feitas parcerias mais específicas com médicos dos

postos de saúde próximos as creches para o encaminhamento para o tratamento. Na Creche 3

foi feita uma parceria com o médico que atendia as crianças e as famílias no próprio espaço

escolar. Nas creches 4 e 6 não foi possível fazer uma parceria específica com médicos de

postos próximos, ficando a orientação dos responsáveis buscarem o tratamento em postos de

saúde próximos às suas residências.

4.7. ANÁLISE DOS DADOS

Os dados obtidos a partir dos questionários e os resultados dos exames

coproparasitológicos e imunológicos foram organizados em planilha eletrônica (Windows

Excel), para tabulação. A análise estatística dos dados foi realizada utilizando-se o teste Qui-

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Quadrado, e o teste Exato de Fisher quando necessário, com nível de significância de 5%

(p≤0,05), por meio do programa GraphPad Prism 7.00. As variáveis epidemiológicas foram

correlacionadas com a presença dos enteroparasitos.

A concordância entre os testes diagnósticos para o protozoário Giardia duodenalis

foi calculada estimando-se a frequência de resultados concordantes entre as duas técnicas e

também mensurada através do coeficiente Kappa segundo Smith (1995) apud Cademartori

(2007), observado no quadro 3.

Quadro 16: Classificação do coeficiente Kappa segundo Smith (1995) apud Cademartori (2007).

Valores de Kappa (κ) Concordância

0,0 Rara probabilidade de concordância

0,0 – 0,20 Fraca

0,21 – 0,40 Regular

0,41 – 0,60 Moderada

0,61 – 0,80 Substancial/Boa

0,81 – 0,99 Concordância quase perfeita entre os testes

1,0 Concordância perfeita

4.8. QUESTÃO ÉTICA

Todas as crianças matriculadas em cada creche foram convidadas a participar da

pesquisa. A identidade das crianças foi mantida em sigilo, durante a pesquisa, assim como os

nomes das creches participantes.

A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de

Medicina/Hospital Universitário Antônio Pedro da Universidade Federal Fluminense (CAEE

Nº 02753312.6.0000.5243) (Anexo 1).

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71

5. RESULTADOS

5.1. RESULTADOS REFERENTES À ADESÃO E SENSIBILIZAÇÃO DOS

PARTICIPANTES

Dos 513 kits de coleta entregues, obteve-se um retorno de 23,59% (121 crianças). O

número de crianças por creche e o percentual de adesão à pesquisa encontram-se apresentados

na Tabela 1.

Tabela 1: Relação entre o número de crianças incluídas na pesquisa e o total de crianças matriculadas

em cada uma das seis instituições pesquisadas.

Creche 1 Creche 2 Creche 3 Creche 4 Creche 5 Creche 6

Número

total de

crianças

120 80 73 80 135

75

Número de

crianças

participantes

(%)

39 (32,5%) 15

(18,75%)

24

(32,88%) 10 (12,5%)

28

(20,74%)

5 (6,67%)

Do total de 121 crianças, 68 entregaram ambos os potes coletores (material fresco e

conservado), 52 apenas amostras conservadas e 1 apenas amostra fresca, totalizando 189

amostras provenientes então dos 121 alunos (gráfico 1).

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72

Gráfico 1: Entrega do material fecal de forma completa ou incompleta.

Assim, amostras de fezes de 121 crianças, 70 (57,85%) do sexo feminino e 51

(42,15%) do sexo masculino, com idades variando entre 1 e 6 anos, matriculadas em seis

creches públicas da região das Praias da baía do município de Niterói (RJ), foram analisadas

para a pesquisa de ovos, larvas, cistos e oocistos de enteroparasitos.

5.2. RESULTADOS DOS EXAMES PARASITOLÓGICOS DE FEZES (EPF)

O coeficiente geral de positividade na população total estudada foi de 23,14%

(gráfico 2), o que corresponde a 28 crianças infectadas com pelo menos uma espécie de

enteroparasito, enquanto 93 (76,86%) foram negativas para os exames realizados.

56,2% (68)

42,98% (52)

0,83% (1)

Potes coletores entregues

Material fresco e

conservado (ambos potes

coletores)

Material conservado

somente

Material fresco somente

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Gráfico 2: Porcentagem de crianças positivas e negativas para espécies parasitárias em geral obtidas

no Exame Parasitológico de Fezes (EPF) de escolares de seis creches da região das Praias da baía,

Niterói, Rio de Janeiro.

Em relação às 28 crianças positivas para pelo menos uma espécie de parasito

intestinal, 17 (60,71%) delas foram confirmadas tanto nas análises das fezes conservadas

como nas fezes frescas, por esses participantes terem entregado os dois tipos de material fecal.

Duas amostras (7,14%), também entregues de forma completa, com os dois potes coletores de

material fresco e conservado, resultaram em negativo no teste das fezes frescas e positivo no

teste das fezes conservadas, sendo consideradas amostras positivas para as análises

posteriores. Uma amostra (3,57%), também entregue de forma completa, resultou em negativo

no teste das fezes conservadas e positivo no teste das fezes frescas, sendo também

considerada amostra positiva para as análises posteriores. Confirmadas apenas com um tipo

de material fecal, conservadas ou frescas, pela entrega incompleta do material biológico pelos

participantes, foram 8 (28,57%) amostras, sendo uma (3,57%) apenas através das fezes

frescas e sete (25%) apenas com as fezes conservadas, como pode ser observado na tabela 2.

23,14%

(28)

76,86%

(93)

Porcentagem de crianças positivas e negativas

no Exame Parasitológico de Fezes (EPF)

Crianças positivas

Crianças negativas

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Tabela 2: Classificação das 28 crianças positivas de acordo com o tipo de material fecal entregue pelos

participantes.

Resultado do EPF/microscopia óptica em relação

ao tipo de material fecal entregue pelos

participantes

Número de

crianças

positivas

(%)

Positivo em ambas as fezes conservadas e frescas

(Material fecal completo)

17 (60,71%)

Positivo nas fezes conservadas e negativo nas fezes

frescas (Material fecal completo)

2 (7,14%)

Positivo nas fezes frescas e negativo nas fezes

conservadas (Material fecal completo)

1 (3,57%)

Positivo apenas nas fezes conservadas (Material fecal

incompleto)

7 (25%)

Positivo apenas nas fezes frescas (Material fecal

incompleto)

1 (3,57%)

Total 28 (23,14%)

Em referência a diversidade parasitária presente nos participantes positivos (28/121),

foi possível encontrar Giardia duodenalis em 16 (13,22%) crianças, sendo o parasito mais

frequente na população estudada, duas (1,65%) crianças positivas para Blastocystis hominis, 7

(5,79%) positivas para Entamoeba coli, 1 (0,83%) positiva para o complexo Entamoeba

histolytica/E. dispar, 1 (0,83%) positiva para Cystoisospora belli, duas (1,65%) crianças

positivas para Endolimax nana, 2 (1,65%) positivas para Enterobius vermicularis e 1 (0,83%)

positiva para Ascaris lumbricoides, como podemos verificar no gráfico 3.

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Gráfico 3: Porcentagem das espécies parasitárias observadas no Exame Parasitológico de Fezes (EPF)

analisados através da Microscopia Óptica de crianças provenientes de creches da região de praias da

baía, Niterói, Rio de Janeiro.

Dentre as 28 crianças positivas, 25 (89,29%) apresentaram exclusivamente infecções

por protozoários, enquanto apenas duas crianças (7,14%) apresentaram exclusivamente

infecções por helmintos. Uma criança apresentou uma infecção mista por helminto e

protozoário (3,57%) (figura 11).

O monoparasitismo foi verificado em 25/28 (89,29%) alunos positivos, enquanto o

poliparasitismo foi observado em apenas 3/28 (10,71%), sendo dois desses casos (7,14%)

caracterizados pelo biparasitismo em que uma criança estava positiva para os protozoários

Blastocystis hominis e Entamoeba coli, outra para o protozoário Giardia duodenalis e o

helminto Enterobius vermicularis e por último um caso de triparasitismo 1/28 (3,57%),

positivo para E. coli, complexo E. histolytica/E. dispar e Endolimax nana (figura 11).

13.22

1,65

5,79

0.83 0.83

1.65

0.83

1.65

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

Porc

enta

gem

%

Espécies Parasitárias

Porcentagem das espécies parasitárias encontradas no

Exame Parasitológico de Fezes (EPF) analisadas através

da Microscopia Óptica

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Figura 11: Distribuição dos protozoários e helmintos intestinais identificados através do EPF

infectando as crianças da população estudada provenientes de creches da região das Praias da baía,

Niterói, Rio de Janeiro e a relação de monoparasitismo, biparasitismo e triparasitismo encontrada.

Na tabela 3, os resultados demonstram a predominância de Giardia duodenalis nas

crianças de todas as creches. As espécies de parasitos encontrados nos exames parasitológicos

de fezes totalizaram oito, sendo estes seis protozoários e dois helmintos, resultado este que

demonstra que o parasitismo por protozoários foi significativamente maior que o parasitismo

por helmintos.

Das 28 crianças

positivas:

Protozoários:

25 – 89,29%

Helmintos:

3 – 10,71%

Das 28 crianças

positivas:

Monoparasitismo:

25 – 89,29%

Biparasitismo:

2 – 7,14%

Triparasitismo:

1 – 3,57%

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Tabela 3: Distribuição por creche dos protozoários e helmintos intestinais identificados através do EPF

infectando as crianças da população estudada, provenientes de creches da região de praias da baía,

Niterói, Rio de Janeiro.

Parasitos intestinais

Creche

1

(n= 39)

Creche

2

(n= 15)

Creche

3

(n= 24)

Creche

4

(n= 10)

Creche

5

(n= 28)

Creche

6

(n= 5)

Giardia duodenalis 04 02 06 01 02 -

Entamoeba coli 02 01 01 - 01 -

Enterobius vermicularis 01 - - - - -

Ascaris lumbricoides - - 01 - - -

Blasocystis hominis - - 01 - - -

Endolimax nana - - - - 01 -

Cystoisospora belli - 01 - - - -

Blastocystis sp. e E. coli - 01 - - - -

E. coli, complexo E.

histolytica/E. dispar e E.

nana

- - - - 01 -

G. duodenalis e E.

vermicularis - - - - 01 -

Total 07 05 09 01 06 0

5.3. RELAÇÃO ENTRE RESULTADOS NO EPF E VARIÁVEIS

EPIDEMIOLÓGICAS DO QUESTIONÁRIO

Do número total de crianças analisadas (121), 51 (42,15%) correspondem à faixa

etária de 1 a 3 anos, 60 (49,59%) estão na faixa etária entre 4 a 6 anos, e 10 (8,06%) não

informaram a idade (tabela 4). A faixa etária mais acometida por enteroparasitos, em ambos

os sexos, foi entre 4 a 6 anos (20/28 – 71,43%), evidenciando dez crianças positivas com 4

anos de idade, 7 crianças positivas com 5 anos e 3 positivas com 6 anos. Ocorreram seis casos

(21,43%) em crianças de até três anos, sendo quatro meninos e duas meninas. Das crianças

parasitadas, duas (7,14%) não informaram a idade. Houve diferença estatística significativa

com relação à frequência de parasitos intestinais entre as diferentes faixas etárias (p=0,0264).

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Tabela 4: Número de crianças parasitadas, por faixa etária, em seis creches públicas do município de

Niterói (RJ), no período de abril de 2013 a setembro de 2015.

Creche 1 Creche 2 Creche 3 Creche 4 Creche 5 Creche 6

1 – 3 anos 1 (3,57%) 1 (3,57%) 3 (10,71%) --- 1

(3,57%) ---

4 – 6 anos 6

(21,43%) 2 (7,14%) 5 (17,86%) 1 (3,57%)

6

(21,43%)

---

Não responderam

a esta variável --- 1 (3,57%) 1 (3,57%) --- ---

---

De acordo com a análise parasitológica observou-se uma pequena diferença na

porcentagem de positividade entre os gêneros (Tabela 5), no entanto, não foi verificada

diferença estatística significativa com relação à ocorrência de parasitos entre os diferentes

gêneros (p=0,6650).

Tabela 5: Distribuição de infecções por enteroparasitos entre gênero feminino e masculino no total de

crianças da população estudada, provenientes de creches da região das Praias da baía, Niterói, Rio de

Janeiro.

Sexo Positivo % Negativo %

Feminino 15 12,40 55 45,45

Masculino 13 10,74 38 31,40

Total 28 23,14 93 76,86

É importante ressaltar que alguns responsáveis não responderam integralmente o

questionário, ou por falta de conhecimento de certos hábitos das crianças ou por opção em

não fornecer algumas informações.

Na análise dos questionários, foi possível verificar que quanto aos hábitos das

crianças, 79,34% declararam que os escolares possuem contato com o solo (p=0,7230),

55,37% possuem contato com animais de estimação (p=0,4576), sendo o cão o animal mais

frequente como resposta no questionário, aparecendo em 55 vezes, seguido dos gatos

mencionados 33 vezes, aves (galinhas, pássaros) em 5 respostas e coelhos em 3 respostas.

Segundo os pais e/ou responsáveis, 66,94% das crianças possuem o hábito de andar descalço

(p=0,6503). Em relação aos hábitos alimentares, 68,60% responderam que as crianças

consomem alimentos crus, como verduras (p=0,3874); e apenas 4,96% apontaram que há

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consumo de carne crua e/ou mal cozida (p=0,7193). Não havendo associação estatística

significativa de nenhuma das variáveis acima aos resultados positivos.

Quanto à administração de antiparasitários, as respostas dadas pelos pais e/ou

responsáveis se mostrou bem equivalente quanto ao uso e à não administração; 32,23%

afirmaram que administraram antiparasitários nas crianças no último ano antes da pesquisa,

31,40% não foram tratadas e 36,36% não responderam a pergunta. Não houve evidências de

associação estatística significativa aos resultados positivos (p=0,8513).

Em relação ao abastecimento de água da residência, das 121 crianças participantes

desta pesquisa, 87,60% possuem água a partir do abastecimento público e 8,26% consomem

água proveniente de fonte ou poço, não demonstrando significância estatística (p=0,6475)

com a ocorrência das parasitoses. Quanto ao destino final do lixo, 90,08% dos responsáveis

apontaram haver coleta pública nos locais onde residem e 7,44% responderam que utilizavam

outros métodos, como queimar, jogar a céu aberto ou enterrar o lixo residencial. Não houve

associação estatística significativa aos resultados positivos para enteroparasitoses (p=0,2179).

Conforme demonstrado na Tabela 6, não houve evidências de associação estatística

entre as variáveis epidemiológicas referentes aos hábitos cotidianos dos pré-escolares, obtidas

no Questionário, e os resultados positivos para as parasitoses intestinais.

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Tabela 6: Distribuição dos resultados do exame parasitológico de fezes das crianças de acordo com as

variáveis epidemiológicas.

Variáveis

Epidemiológicas

Positivos

n (%)

Negativos

n (%)

Total

n (%) (p valor)

Contato com o solo

Sim

Não

Sem Resposta

20(20,83%)

5(33,33%)

2(25%)

76(79,17%)

12(66,67%)

6(75%)

96(100%)

17(100%)

8(100%)

(p=0,3874)

Consumo de alimentos crus

Sim

Não

Sem Resposta

22(26,51%)

5(14,71%)

1(25%)

61(73,49%)

29(85,29%)

3(75%)

83(100%)

34(100%)

4(100%)

(p=0,3874)

Consumo de carne crua

e/ou mal cozida

Sim

Não

Sem Resposta

2(33,33%)

25(23,15%)

1(14,29%)

4(66,67%)

83(76,85%)

6(85,71%)

6(100%)

108(100%)

7(100%)

(p=0,7193)

Hábito de andar descalço

Sim

Não

Sem Resposta

17(20,99%)

8(25,81%)

3(33,33%)

64(79,01%)

23(74,19%)

6(66,67%)

81(100%)

31(100%)

9(100%)

(p=0,6503)

Contato com animais

Sim

Não

Sem Resposta

18(26,87%)

9(17,65%)

1(33,33%)

49(73,13%)

42(82,35%)

2(66,67%)

67(100%)

51(100%)

3(100%)

(p=0,4576)

Uso de antiparasitário no

último ano

Sim

Não

Sem Resposta

10(25,64%)

9(23,68%)

9(21,43%)

29(74,36%)

29(76,32%)

33(78,57%)

39(100%)

38(100%)

42(100%)

(p=0,8513)

Água de consumo

Abastecimento

Público

Outros

Sem Resposta

24(22,64%)

2(20%)

2(40%)

82(77,36%)

8(80%)

3(60%)

106(100%)

10(100%)

5(100%)

(p=0,6475)

Destino do Lixo

Coleta Pública

Outros

Sem Resposta

27(24,77%)

- - -

1(33,33%)

82(75,23%)

9(100%)

2(66,67%)

109(100%)

9(100%)

3(100%)

(p=0,2179)

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81

5.4. RESULTADOS DO ENSAIO IMUNOENZIMÁTICO (ELISA)

5.4.1. Detecção de coproantígenos de Entamoeba histolytica

Nas amostras das 82 crianças, cinco pré-escolares apresentaram resultados positivos

para parasitos do gênero Entamoeba em pelo menos um dos exames coproparasitológicos

realizados. As amostras foram então testadas para pesquisa de coproantígenos da espécie

Entamoeba histolytica através do Ensaio Imunoenzimático (ELISA), obtendo um resultado de

100% de negatividade para as amostras dessas cinco crianças (figura 11).

Figura 12: Placa do kit comercial ELISA – IVD Research com 96 poços. Círculos vermelhos

indicando os poços com os controles positivos, círculos azuis indicando os poços com os controles

negativos, ambos componentes do kit, e retângulo amarelo indicando os poços referentes às amostras

testadas, localizando-as na placa.

5.4.2. Detecção de coproantígenos de Cryptosporidium sp.

O Ensaio Imunoenzimático (ELISA) para pesquisa de coproantígenos de

Cryptosporidium sp. realizado nas amostras das 82 crianças apresentou resultado de 100% de

negatividade para esse protozoário (figura 12).

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A) B)

C)

Figura 13: A, B e C) Placas do kit comercial ELISA – IVD Research com 96 poços. Círculos

vermelhos indicando os poços com os controles positivos e círculos azuis indicando os poços com os

controles negativos, ambos componentes do kit.

5.4.3. Detecção de coproantígenos de Giardia duodenalis

O Ensaio Imunoenzimático (ELISA) foi positivo (figura 13) para coproantígenos de

G. duodenalis em 14/82 (17,07%) crianças participantes da pesquisa, que tiveram seus

sedimentos fecais preservados e analisados por técnicas imunológicas (gráfico 4).

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Figura 14: Placas do kit comercial ELISA – IVD Research com 96 poços. Círculos vermelhos

indicando os poços com os controles positivos e círculos azuis indicando os poços com os controles

negativos, ambos componentes do kit.

Gráfico 4: Porcentagem de crianças positivas e negativas obtidas nos resultados do ELISA para

detecção de G. duodenalis, nas amostras provenientes de creches da região de praias da baía, Niterói,

Rio de Janeiro (n=82).

17,07%

(14)

82,93% (68)

Porcentagem de crianças positivas e negativas para

coproantígenos de G. duodenalis no ELISA

Crianças positivas

Crianças negativas

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5.5. COMPARAÇÃO DOS MÉTODOS: EPF/MICROSCOPIA ÓPTICA X ELISA

PARA Giardia duodenalis

A frequência de positividade para Giardia duodenalis obtida nas técnicas de

microscopia (EPF/microscopia óptica) e Ensaio Imunoenzimático (ELISA) para as 82

crianças participantes do estudo pode ser visto no quadro 4. Observamos 11 crianças positivas

em ambas as técnicas diagnósticas (EPF/Microscopia óptica e ELISA) e 67 crianças negativas

também em ambas as técnicas. Pode-se constatar a discordância entre os resultados do

diagnóstico de quatro crianças, sendo três crianças positivas somente no teste ELISA e uma

criança positiva apenas no EPF/Microscopia óptica.

Quadro 17: Número de crianças positivas e negativas em concordância e discordância entre as técnicas

EPF/Microscopia óptica e ELISA para detecção de G. duodenalis.

EPF/Microscopia

(+)

EPF/Microscopia

(-)

Total

ELISA (+) 11 3 14

ELISA (-) 1 67 68

Total 12 70 82

5.6. CONCORDÂNCIA ENTRE OS MÉTODOS EPF/MICROSCOPIA ÓPTICA X

ELISA PARA Giardia duodenalis: COEFICIENTE KAPPA

A realização do cálculo do coeficiente Kappa (κ), empregando-se todos os resultados

adquiridos com as análises das fezes do número total de escolares (n=82), indicou uma

concordância na faixa considerada “concordância quase perfeita entre os testes” (κ=0,817)

entre as técnicas do teste ELISA em comparação com EPF/Microscopia óptica.

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6. DISCUSSÃO

Particularmente em países em desenvolvimento, em virtude da urbanização desigual

dos municípios, no que se enquadra o município de Niterói, é possível verificar discrepâncias

em relação ao saneamento básico e às condições de vida a que estão sujeitos frequentemente

as parcelas mais desfavorecidas dos habitantes (LEITE et al., 2014).

A população infantil é a mais prejudicada pela incidência de infecções parasitárias,

em razão dos problemas que estas podem acarretar, como quadros de diarreia e desnutrição,

comprometendo o desenvolvimento físico, social e intelectual das crianças (OLIVEIRA,

2011; LIMA, 2014).

Ambientes coletivos como as creches podem favorecer a transmissão de infecções

através do contato interpessoal, ou devido a treinamento inadequado de funcionários e pelas

condições de higiene insuficientes (MAGALHÃES et al., 2013). Além disso, as crianças em

idade pré-escolar apresentam imunidade menos eficiente no controle de infecções e

reinfecções, hábitos de higiene em formação, além de brincarem no chão. Com isso, o risco de

infecção de indivíduos expostos a esse tipo de convívio pode aumentar consideravelmente

(BIASI et al., 2010; MAGALHÃES et al., 2013; RODRIGUES, R, et al., 2014).

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6.1. ADESÃO E SENSIBILIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES

A taxa de adesão observada neste estudo foi de 23,59% (121/513), percentual abaixo

do que era esperado. Esperava-se maior adesão dos participantes devido ao fato,

principalmente, dos exames não apresentarem nenhum custo aos responsáveis. Esse

percentual de participação denota a pouca sensibilização e um possível desinteresse da

comunidade frente à necessidade do diagnóstico e da importância das parasitoses intestinais

em crianças, vistas como doenças de relevância secundária, com menor risco de causar danos

à saúde.

No trabalho de Barbosa e colaboradores (2009), os autores obtiveram uma taxa de

adesão de 47% (21/45), recebendo amostras fecais de crianças de 2 a 7 anos de idade,

moradores do município de Crato, CE. Uma taxa de adesão de 38,27% (106/277) foi

observada por Kunz e colaboradores (2008), para alunos de 1ª a 4ª série de uma escola

municipal de Florianópolis, SC. Segundo esses autores, a adesão foi considerada baixa,

esperando-se uma adesão maior já que foi oferecida gratuidade nos exames, como dito no

presente estudo. Propõem uma explicação principal em que se baseia a vergonha de coletar e

entregar o material fecal para análises. Em pesquisas anteriores no município de Niterói,

Uchôa e colaboradores (2001) conseguiram uma adesão de 64,1% (218/340), com amostras

fecais de pré-escolares de cinco creches municipais; Uchôa e colaboradores (2009) obtiveram

adesão de 62,9% (372/591), com amostras fecais de pré-escolares de oito creches municipais.

Nessas duas investigações, os autores consideraram a adesão como boa, mesmo esperando-se

que fosse mais elevada devido também a ausência de custo nos exames. Ressaltaram a

vergonha na coleta e entrega do material fecal, como nos trabalhos anteriores citados, e a falta

de consciência para importância do diagnóstico e dos prejuízos causados pelas parasitoses

intestinais para a saúde coletiva.

No presente estudo, pensa-se que a baixa adesão também pode estar atrelada aos

fatores apontados pelos autores acima, como ao fato de que as crianças dependem de seus

responsáveis para a coleta do material fecal, limitando, desse modo o número de crianças

participantes na investigação dos parasitos intestinais, como apontado por alguns autores

como Kunz e colaboradores (2008) e Biasi e colaboradores (2010), caracterizando a provável

vergonha dos responsáveis em entregar as amostras coletadas. Além disso, esse tipo de

amostra causa ojeriza e repulsa a maioria das pessoas, sendo considerado um material sujo,

dificultando a coleta das amostras fecais. Outro elemento que pode ter influenciado no retorno

de amostras, pode ter sido o pouco interesse dos pais em participar, mediante a não percepção

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de sintomatologia em seus filhos, configurando dessa maneira, um viés da pesquisa. Em

muitos casos, a criança pode apresentar infecção por uma ou mais espécies parasitárias e não

apresentar nenhum sinal ou sintoma, e quando presentes, esses sinais ou sintomas são

inespecíficos podendo representar outro tipo de infecção, que não seja ocasionado por

parasitos intestinais. O pouco tempo de ação do projeto em cada creche, pode ter sido um

ponto limitante para a adesão dos pais e/ou responsáveis, pois desse modo, o contato ficou

restrito aos dias estipulados para o recebimento das amostras e ao dia de apresentação do

projeto à escola.

A frequência de parasitos intestinais observados neste estudo pode não representar de

maneira total a realidade da região estudada, visto que ocorreu essa baixa adesão ao projeto. A

participação dos pais nas reuniões de apresentação em algumas creches foi reduzida,

acreditando que o maior empecilho foi devido ao horário de trabalho dos mesmos, muitas

vezes dificultando o contato e a presença. Apesar de as palestras terem sido agendadas

geralmente pela manhã, buscando o horário da entrada, ou fim da tarde, buscando o horário da

saída, os quais eram momentos do dia em que se acreditava que os pais e/ou responsáveis

deveriam ir a creche levar e buscar seus filhos, tentando facilitar o encontro. Baseado em

experiências prévias, a direção de cada creche alertou que a adesão nas reuniões escolares

nem sempre eram satisfatórias, atentando para o fato de que muitas crianças vão para a pré-

escola através de transporte escolar, diminuindo a presença constante dos pais nas unidades.

Observou-se também, que o envolvimento da direção de cada creche influenciou no número

de crianças participantes. Visto na relação diretamente proporcional em que quanto maior o

apoio, divulgação, empenho e estímulo para participação dos pais no projeto, pela equipe de

cada instituição, um número maior de responsáveis aderindo foi identificado. Nota-se a

relevância da participação de toda comunidade, pais e/ou responsáveis, alunos, funcionários,

nas ações em educação em saúde, para melhorias dos hábitos de higiene e para expansão de

conhecimentos sobre as parasitoses intestinais de forma mais consolidada.

6.2. EXAMES PARASITOLÓGICOS DE FEZES/MICROSCOPIA ÓPTICA

O percentual de positividade nos resultados obtidos pelos exames parasitológicos de

fezes com posterior análise em microscopia óptica no presente estudo foi de 23,14% (28/121),

sendo o protozoário Giardia duodenalis o mais frequente com 13,22% (16/121). Estudos

similares a este foram realizados no Brasil, entretanto algumas das frequências observadas são

divergentes, podendo ser em decorrência de metodologias laboratoriais distintas, número de

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amostras analisadas e condições epidemiológicas e socioeconômicas de cada região, fatores

que podem influenciar os resultados obtidos.

A positividade parasitária encontrada nesse presente estudo é próximo aos resultados

obtidos por Barçante e colaboradores (2008) em Vespasiano, MG, que analisaram por meio

do método de Ritchie (Blagg/Formol-éter) amostras de 176 crianças entre 1 e 5 anos e

encontraram uma positividade 22,7%, das quais 40% foram positivas para G. duodenalis.

Gonçalves e colaboradores (2011), em Uberlândia, MG, observaram uma frequência de

29,3%, ao analisarem 133 amostras, de crianças com idade entre 4 meses e 5 anos, com o

método de Lutz. Lander e colaboradores (2012), na cidade de Salvador, BA, relataram uma

frequência de 29,2% a partir de amostras de 325 crianças com idades entre 3 e 5 anos por

método de sedimentação. Silva, A, e colaboradores (2015), em Itapuranga, GO, analisaram

amostras de 54 crianças de zero a seis anos e obtiveram 29,6% de positividade pelo método de

Hoffman, Pons e Janer.

Dados inferiores foram encontrados por Santos & Merlini (2010), no município de

Maria Helena, PR, que evidenciaram uma positividade de 16% em 413 amostras processadas

com os métodos de sedimentação e centrífugo-flutuação. Abreu e colaboradores (2014), em

Janiópolis, PR, observaram uma prevalência de 17,5% em um estudo com 40 crianças, pelo

método de Hoffman, Pons & Janer. Camargo & Santos (2014), em São João da Boa Vista, SP,

encontraram uma prevalência de 19,4% em 67 crianças, segundo os métodos de Hoffman,

Pons & Janer, Willis e Rugai, Mattos & Brisola.

Investigações com percentuais superiores para espécies de parasitos intestinais em

geral foram observadas por Gurgel e colaboradores (2005), na cidade de Aracaju, SE, com

prevalência de 63,0%, em um total de 138 escolares, com idade de 1 a 5 anos, pela realização

das análises pelo método de Blagg (sedimentação por centrifugação) e análise em microscopia

óptica. Carvalho e colaboradores (2006), na cidade de Botucatu, SP, verificaram prevalência

de 53,40% em um total de 279 escolares de quatro creches municipais, de 0 a 6 anos, pela

análise de um “pool” fecal de três amostras de cada sujeito, pelos métodos de Hoffman, Pons

& Janner, Faust e Ritchie e análise em microscopia óptica, sendo que o protozoário G.

duodenalis também se mostrou o mais frequente, com índice de 26,88%. Silva & Silva

(2010), no município de Patos de Minas, MG, observaram uma taxa de positividade de 73%

de 161 crianças de zero a seis anos, com os métodos de Barmann-Moraes e Lutz. Seixas e

colaboradores (2011), em Salvador, BA, analisaram 200 amostras de escolares entre 6 e 16

anos e obtiveram uma prevalência de 94% de positividade pelo método de Hoffman, Pons e

Janer. Belloto e colaboradores (2011), no Município de Mirassol, SP, realizaram uma

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pesquisa com 310 amostras de alunos de 2 a 15 anos pelos métodos de Faust et al. e Hoffman,

Pons e Janer e verificaram uma prevalência de 30,32%. Berne e colaboradores (2012)

averiguaram no município de Rio Grande, RS, prevalência de 64,2%, em um total de 165

escolares, analisando três amostras de cada indivíduo pelos métodos de Faust e Ritchie e

posterior análise por microscopia óptica, encontrando G. duodenalis novamente como

protozoário mais frequente, com taxa de 30,3%. Santos, A, e colaboradores (2014), DF,

utilizaram os métodos de Rugai e Lutz em amostras de crianças de 4 a 14 anos e observaram

63,7% de positividade em um estudo com 193 crianças.

As diferentes e/ou semelhantes frequências de positividade para enteroparasitoses

verificadas nos estudos realizados nos mais variados estados brasileiros, pelos autores

apresentados acima, podem ser justificadas e entendidas baseadas em alguns fatores como: (i)

a grande extensão territorial do Brasil, sendo um país com dimensões continentais,

influenciando no divergente predomínio e dispersão regional dos agentes etiológicos; (ii) a

variação de clima, temperatura, umidade, vegetação e tipo de solo, consequência da grande

dimensão territorial, facilitando ou dificultando o acontecendo dos ciclos parasitários, como

por exemplo, o ciclo dos geo-helmintos que precisam de condições ideais para seu

desenvolvimento no solo, até conseguirem alcançar novos hospedeiros; (iii) as políticas

públicas referentes ao saneamento básico (água potável, esgoto, coleta de lixo) e urbanização

que são oferecidas pelo governo a essas diversas populações estudadas, estando presentes ou

ausentes, interferindo na condição sócio-econômica e na disseminação de estruturas

parasitárias com maior ou menor facilidade; (iv) as diferenças metodológicas usadas nas

investigações em relação as técnicas aplicadas decorrentes da diferença de sensibilidade e

especificidade de cada uma, do número de amostras coletadas e analisadas por indivíduo, que

pode influenciar na geração de resultados falso-negativos, do número de lâminas produzidas e

analisadas, permitindo análise de uma quantidade maior de material fecal de cada indivíduo,

da experiência e treinamento do(s) microscopistas responsáveis pelas análises e resultados

produzidos, já que a leitura através da microscopia óptica conta com o viés da subjetividade;

(v) a faixa etária dos participantes, acreditando que crianças com mais idade podem explorar

mais o meio ambiente e assim, estão mais susceptíveis a infecções; (vi) o ano de realização do

estudo, devido a variação das condições ambientais e sanitárias de cada local ao longo do

tempo; sobretudo o município de Niterói, local de realização do presente estudo, que obteve

melhorias na rede de saneamento básico e na distribuição de água tratada nos últimos anos,

podendo ter contribuído para um menor índice de parasitismo, principalmente os de via de

transmissão fecal-oral (SANTOS, L, 2016).

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Segundo dados da Prefeitura de Niterói (2013), 85,6% da população do município de

Niterói apresentava domicílio com banheiro e esgoto ligado a rede geral, em contraste com a

porcentagem estimada para o Estado de Rio de Janeiro de 75,6%, e porcentagem do Brasil de

52,9%, sendo o município o detentor do melhor IDH (ou IDHM – Índice de Desenvolvimento

Humano Municipal) do Estado com valor de 0,837 no censo de 2010 (ATLAS BRASIL,

2013). Comparando o índice do censo de 2010 com os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística) no censo de 2000 (valor 0,771) e com o censo de 1991 (valor 0,681),

observamos que essas análises estatísticas apontaram para uma constante melhoria na

qualidade de vida da população, nesses últimos anos.

Trabalhos prévios no município de Niterói abordando essa temática foram realizados

por Uchôa e colaboradores (2001 e 2009), Ramos (2006) e Leite e colaboradores (2014).

Uchôa e colaboradores (2001) encontraram positividade de 55%, a qual é maior do que a vista

no presente estudo, sendo G. duodenalis o parasito mais frequente, com índice de 38,3%. Em

2009, Uchôa e colaboradores, encontraram frequência para enteroparasitos de 51,6% e

33,06% para G. duodenalis particularmente, semelhantes ao já visualizado em 2001 pelos

autores, e superior aos dados do presente estudo. Ramos (2006) obteve uma frequência de

enteroparasitos de 42% e encontrou G. duodenalis como o segundo protozoário mais

frequente, com taxa de 8%, sendo mais frequente o protozoário Blastocystis hominis, com

taxa de 21%. Enquanto Leite e colaboradores (2014) obtiveram positividade de 70% para

enteroparasitos e 12% de casos positivos para G. duodenalis em relação ao total de indivíduos

investigados (n=68). Essas positividades superiores podem ser explicadas pelo ano de

realização das investigações, devido às constantes mudanças na urbanização e condições

sanitárias em que estão sujeitos os indivíduos do município, principalmente Uchôa e

colaboradores (2001) e Ramos (2006) por serem trabalhos com datas mais antigas; e pelos

autores terem trabalhado com creches públicas de outras regiões de Niterói, além da região

das Praias da Baía, em que se concentrou o presente estudo. Essas outras regiões da cidade

apresentam condições sanitárias mais precárias, sendo visto os melhores índices de

saneamento básico ofertado pela prefeitura na região das Praias da Baía (PREFEITURA DE

NITERÓI, 2013). Especificamente ao trabalho de Leite e colaboradores (2014), a positividade

pode ter sido maior também pelo fato de os autores terem analisado a frequência de

parasitoses intestinais de crianças moradoras de uma instituição religiosa filantrópica,

indicando que esses indivíduos passam mais tempo em um ambiente coletivo quando

comparados aos alunos das creches, estando mais expostos à infecções.

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Particularmente para a frequência de G. duodenalis, a positividade verificada no

estudo exposto se encontra com valor intermediário quando comparada com a dos autores

acima citados. É reduzida em relação à Uchôa e colaboradores (2001 e 2009) e maior do que a

encontrada por Ramos (2006) e Leite e colaboradores (2014). Apesar de todos os grupos

estudados serem oriundos de um mesmo município e apresentarem características

semelhantes tais como: serem crianças presentes em ambientes coletivos de creches e

instituições como orfanatos, ambos considerados como fator de exposição para parasitoses

intestinais (GURGEL et al., 2005) e poder aquisitivo mais baixo e semelhantes condições de

saneamento básico, um aspecto que poderia ser considerado para justificar essas diferenças é

o padrão de liberação intermitente de cistos desse protozoário nas fezes, característica bem

estabelecida sobre esse parasito, gerando um baixo número de estruturas para serem

observadas no momento do diagnóstico (VIDAL & CATAPANI, 2005). Além de todos os

fatores já discutidos nos parágrafos acima, os quais cabem também aqui para os diferentes

valores de positividade para G. duodenalis.

Assim, as frequências referentes às enteroparasitoses em geral mencionadas acima

nos estudos em Niterói, RJ, possuem maior porcentagem de positividade do que apresentou o

presente estudo, o que talvez pudesse ser explicado: (i) pelas diferentes técnicas

coproscópicas utilizadas em suas metodologias, mesmo que sutis; (ii) pela subjetividade a

qual a análise por microscopia óptica está sujeita, sendo dependente da experiência do

microscopista examinador e influência da fadiga ocasionada por esse trabalho (VIDAL &

CATAPANI, 2005), fato que tentou ser corrigido na presente pesquisa pela leitura das

lâminas por mais de um microscopista experiente; (iii) pelos possíveis erros de identificação

na microscopia óptica de estruturas parasitárias, devido ao tamanho reduzido das mesmas e

ainda pela semelhança com outros microorganismos, como por exemplo as leveduras

(DRYDEN et al., 2005); (iv) devido a baixas concentrações parasitárias; (v) além da diferença

no número de amostras analisadas por cada autor, seja em relação ao número de amostras por

indivíduo participante e/ou pelo número total de indivíduos investigados. Esse último fator

abordado, relativo ao número de amostras por criança participante, tentou ser contornado

nesse estudo exposto através de instruções de coletas direcionadas aos responsáveis dos

estudantes incluídos no estudo, com intuito de orientar a coleta de fezes de três dias alternados

no pote coletor com conservante, consistindo em um “pool” fecal, para assim tentar aumentar

a sensibilidade do método de análise por microscopia óptica e para superar o padrão de

liberação instável de estruturas parasitárias por alguns enteroparasitos nas fezes, conforme

recomendam Hanson & Cartwright (1999) e Rocha e colaboradores (1999). Um número

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maior do que dois potes coletores enviados aos pais e responsáveis dos pré-escolares poderia

talvez acarretar uma menor adesão na participação da pesquisa, demandando um número

maior de dias de entrega do material fecal nas creches para os responsáveis pelo estudo, como

sugerem Weitzel e colaboradores (2006).

Entre os parasitos detectados, as infecções por protozoários foram mais recorrentes

do que as infecções por helmintos. Achados semelhantes são os de Ferreira & Andrade

(2005), no município de Estiva Gerbi, SP, pelos métodos direto, sedimentação espontânea,

Ritchie e Faust; Menezes e colaboradores (2008), na cidade de Belo Horizonte, MG, pelo

método MIFC; Silva e colaboradores (2009), em Itinga, Vale do Jequitinhonha, MG com a

utilização do método de Hoffman, Pons e Janer; e Pacheco e colaboradores (2014), em

Salvador, BA, que utilizaram os métodos de Baermann-Moraes e cultura de fezes em placa de

ágar, flutuação em sulfato de zinco, sedimentação por centrifugação e coloração de Ziehl-

Neelsen modificado. Além dos dados de Ramos (2006) e Leite e colaboradores (2014), no

município de Niterói/RJ, com a detecção de acentuada prevalência de protozoários em

comparação com a baixa prevalência verificada de helmintos, que em conjunto com esse

grupo de autores citados acima, corroboram os dados encontrados nesse estudo. Tais

resultados podem ter ocorrido devido às características associadas especificamente aos modos

de transmissão dos próprios parasitos, ou ao fato de que milhares de pessoas passaram a ter

acesso a medicamentos anti-helmínticos eficazes e a preços acessíveis. Isto pode ter levado ao

uso indiscriminado desses fármacos, em especial, administrados em crianças em idade escolar

e pré-escolar (MORAES-NETO et al., 2010; BELO et al., 2012).

O governo brasileiro preconizou através do documento “Plano Integrado de ações

estratégicas para eliminação da Hanseníase, Filariose, Esquistossomose e Oncocercose como

problema de saúde pública, Tracoma como causa de cegueira e controle das geohelmintíases”,

em um plano de ação de 2011 a 2015 do Ministério da Saúde (BRASIL, 2012), a implantação

do tratamento preventivo (coletivo) em crianças de 5 a 14 anos, considerado um importante

grupo de risco para as infecções por geohelmintos. A proposta teve um caráter focal e

declarou como prioritários os municípios endêmicos para geohelmintíases com prevalência

acima de 20%. O tratamento preventivo (coletivo, em massa) do programa foi indicado em

áreas onde o acesso aos serviços de saúde e as condições de saneamento básico ainda são

deficientes, pautados no documento da Organização Mundial da Saúde “Helminth control in

school-age children: a guide for managers of control programmes” (WHO, 2011). Assim, os

programas de controle voltados para as infecções causadas por helmintos e o hábito da

população da automedicação periódica contra “verminoses” com uso dos medicamentos

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disponíveis no mercado, como albendazol e mebendazol, os quais são mais difundidos e os

mais conhecidos para o combate às infecções parasitárias, podem também explicar o menor

percentual identificado de infecções por helmintos, já que são mais eficazes contra esse grupo

de parasitos (AQUINO, 2008; BELO et al., 2012; MAGAHÃES et al., 2013).

Ainda que seja uma prática comum para redução de morbidades em áreas

endêmicas e até mesmo indicada em algumas situações por programas governamentais, como

citado acima, Frei e colaboradores (2008) apontam para necessidade de olhar os variados

fatores que contribuem para a incidência e a prevalência dos casos de enteroparasitoses para

evitar e minimizar os viéses analíticos que possam influenciar nos resultados obtidos acerca

das populações. Discutem na pesquisa realizada que o uso indiscriminado de medicamentos

anti-helmínticos pode estar na realidade mascarando as reais condições sanitárias e

socioeconômicas das populações, uma vez que é reduzida a prevalência de helmintíases sem

que haja melhoria nas condições de vida, estando a população ainda sujeita a reinfecções. A

elevada taxa de reinfecções faz com que o tratamento seja observado como uma medida

apenas paliativa. Além disso, pesquisadores investigam as consequências do uso exacerbado

de anti-parasitários e tentam relacionar com o desenvolvimento de cepas resistentes de

helmintos e protozoários ao tratamento estabelecido para essas infecções, recomendando-se

assim que seja realizado o diagnóstico antes do tratamento quimioterápico (GEERTS &

GRYSEELS, 2000; UPCROFT & UPCROFT, 2001). Esse fato também levanta preocupações

devido ao pouco avanço observado na produção de novos antiparasitários nos últimos anos

(DUPOUY-CAMET, 2004).

Outro fator importante para possível diminuição dos índices de helmintíases ocorre

através da melhoria das condições de saneamento básico. Mesmo que sejam melhorias

discretas na utilização de água encanada e tratamento do esgoto, essas podem promover

mudanças no perfil de prevalência para esse grupo de enteroparasitos principalmente, já que

os protozoários podem ter um controle mais complexo, devido as suas menores dimensões e

maiores resistências aos processos realizados no tratamento da água. É importante ressaltar

que tais medidas reduzem a transmissão dos mais diversos agentes considerados como

enteroagressores, incluindo, além dos helmintos e protozoários, algumas espécies de vírus e

bactérias. (UCHÔA et al., 2009; SILVA, R, et al., 2016).

A baixa positividade para o parasito Enterobius vermicularis, apenas dois casos, já

era esperada devido à realização, neste estudo, de métodos não específicos para este parasito,

visto que, segundo Silva & Silva (2010) e Santos, J, e colaboradores (2014), o exame

coproparasitológico não é sensível o suficiente para a evidenciação deste helminto. Silva e

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colaboradores (2003) demonstraram que a realização do método de Graham aumenta em até,

aproximadamente, 7 vezes a prevalência para enterobíase, quando comparada ao método de

Lutz. No entanto, não foi o objetivo deste trabalho a realização deste método.

Em relação à diversidade parasitária, na presente pesquisa foram diagnosticados

variados parasitos intestinais, além da espécie G. duodenalis. Machado e colaboradores

(2001), Gurgel e colaboradores (2005) e Berne e colaboradores (2012) também observaram

presença de diferentes parasitos em amostras de fezes de crianças em idade escolar, em

diferentes regiões do Brasil. Esses dados reforçam informações da literatura que apontam as

creches como ambientes coletivos propícios para disseminação de infecções parasitárias, na

faixa etária infantil, a qual está mais susceptível a adquirir essas parasitoses, especialmente

pelas noções e hábitos de higiene ainda em formação e consolidação. A diversidade

parasitária encontrada também pode ser elucidada pelo mecanismo de transmissão muito

semelhante entre os enteroparasitos, através da transmissão fecal-oral, pela ingestão das

estruturas infectantes desses agentes etiológicos, no consumo de água e alimentos

contaminados, ao levar as mãos e fômites sujos à boca, sendo hábito recorrente de crianças

(SALES et al., 2015). No estudo em questão foi detectado 92,86% (26/28) de positividade

para protozoários, sendo eles além de G. duodenalis (13,22%), Blastocystis hominis (1,65%),

Entamoeba coli (5,79%), complexo Entamoeba histolytica/E. dispar (0,83%), Cystoisospora

belli (0,83%) e Endolimax nana (1,65%). Os protozoários mais diagnosticados foram Giardia

duodenalis e Entamoeba coli, os quais são responsáveis pela maioria das infecções

parasitárias em creches, sendo Giardia duodenalis o parasito mais observado entre os

indivíduos da pesquisa (16/28 – 57,14%). Este percentual coincide com os trabalhos de

Komagome e colaboradores (2007) que averiguaram um índice de 54,7% de positividade,

utilizando as técnicas de Faust et al. e Lutz; Buschini e colaboradores (2007) encontraram

56,41% de positividade com a técnica de Hoffman, Pons e Janer; Gigonzac e colaboradores

(2012) verificaram uma prevalência de 54% com as técnicas de Faust et al., Hoffman, Pons e

Janer e exame direto; e Santos e colaboradores (2012) que identificaram a partir da técnica de

Faust et al. uma prevalência de 51,8% para Giardia duodenalis.

A alta frequência deste protozoário pode estar relacionada ao fato de que os cistos de

Giardia duodenalis são muitas vezes resistentes aos processos de tratamento da água, como a

cloração, facilitando sua disseminação no ambiente (SANTOS, J, et al., 2014; PACHECO et

al., 2014). Outro fator importante na disseminação é a transmissão interpessoal, facilitada em

ambientes coletivos como as creches (BATISTA et al., 2009; BELLOTO et al., 2011).

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Dados da literatura internacional mostram uma ampla variação de prevalência de G.

duodenalis. Pezzani e colaboradores (2012), em Buenos Aires, Argentina, detectaram em

escolares, de até 18 anos, prevalências de 7,5% (n=465), pela técnica de Telemann

modificada, com coloração por lugol e leitura de três lâminas para cada amostra em

microscopia óptica, em uma área de subúrbio e 9,6% (n=251) em área rural. Já em Trujjilo,

Peru, em 2008, Cordón e colaboradores, encontraram prevalência de 23,8% (n=845) em

crianças de 1 mês a 9 anos de idade, em quatro escolas. Todas as amostras foram coradas com

Ziehl-Neelsen, Giemsa e Heidenheim e analisados pelo método de Kato-Katz, pesquisa

quanto à presença de Giardia duodenalis usando técnica de flutuação em sulfato de zinco, e

usado método de Telemann quando outros parasitos foram detectados. Portanto, a prevalência

de 20,75% encontrada no presente estudo encontra-se dentro da faixa observada na literatura.

Um motivo que pode influenciar na prevalência de G. duodenalis em uma população

estudada é a ausência de evidências de sinais clínicos para essa infecção. Assim, esses

indivíduos considerados assintomáticos podem subestimar a prevalência do enteroparasito em

questão. Na presente investigação, em que os locais de coleta de amostras fecais foram

creches públicas, esse fator pode ter promovido um valor subestimado de positividade para o

protozoário entérico, já que a sintomatologia dos indivíduos participantes não era um critério

de seleção determinante para inclusão no estudo. Portanto, a pesquisa de parasitos intestinais

em crianças que não apresentam sintomatologia prévia, mesmo que grande parte delas se

encontre infectada, mostra um perfil de infecções assintomáticas e de indivíduos funcionando

como fontes de infecção. As infecções assintomáticas podem influenciar nos padrões de

densidade parasitária, os quais podem ser caracterizados com uma baixa carga parasitária, ou

ausência de cistos e dos parasitos por liberação intermitente, podendo ser um fator limitante

para o diagnóstico realizado por microscopia óptica, como aborda Quadros e colaboradores

(2015), podendo gerar resultados falso-negativos.

De acordo com Vidal & Catapani (2005) e Jahan e colaboradores (2014), o

diagnóstico da infecção por G. duodenalis depende da análise de diversas amostras fecais

sequenciais, pois em muitos casos a análise de uma única amostra fecal apresenta baixa

sensibilidade (46%) e pode informar um resultado falso-negativo. Por poder subestimar as

taxas de prevalência do protozoário, recomenda-se a avaliação de no mínimo três amostras

fecais obtidas em dias alternados por paciente, para se alcançar uma precisão de 94% em

média. A experiência e habilidade do microscopista examinador das lâminas preparadas a

partir do EPF também é um fator relevante, pois as estruturas morfológicas dos parasitos,

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principalmente no caso dos protozoários, podem passar despercebidas na leitura das lâminas,

além do maior tempo gasto e trabalho intenso na realização das análises.

O segundo protozoário mais frequente foi Entamoeba coli, evidenciado em (7/28 –

25%). Embora não seja patogênico para o homem e sua presença não configure um problema

de saúde, o aparecimento deste indica infecção pela via fecal-oral por ingestão de água e/ou

alimentos contaminados por fezes de origem humana (UCHÔA et al., 2009; LIMA JUNIOR

et al., 2013; SANTOS, J, et al., 2014). De acordo com o seu percentual, este protozoário é um

indicador de condições socioeconômicas e sanitárias locais e sinaliza para a suscetibilidade

dos indivíduos a agentes patogênicos que possuem o mesmo tipo de transmissão

(SATURNINO et al., 2003; GOMES et al., 2010).

Não foram observadas larvas de Strongyloides stercoralis pela técnica de Baermann-

Moraes, que é bastante sensível e específico para detecção de larvas de nematóides. Isto pode

estar associado ao fato de que no presente estudo foi utilizada apenas uma amostra fresca de

fezes, colhida em um único dia, de cada criança para investigação deste parasito, sendo

recomendada a utilização de pelo menos três amostras por indivíduo. Uma única amostra

examinada permite a verificação de cerca de 30% das infecções sem complicações (MOJON

& NIELSEN, 1987). Contudo, a sensibilidade do método diagnóstico eleva cerca de 50%

quando se utiliza três amostras fecais.

6.3. EXAMES PARASITOLÓGICOS DE FEZES E SUAS RELAÇÕES COM AS

VARIÁVEIS EPIDEMIOLÓGICAS DO QUESTIONÁRIO

No presente estudo, foi observada associação estatisticamente significativa entre a

faixa etária de 4 a 6 anos de idade e o parasitismo, corroborando outras pesquisas realizadas

com pré-escolares no Brasil, como a desenvolvida por Zaiden e colaboradores (2008), em Rio

Verde, GO, que verificaram maior prevalência em crianças com a idade de 4 anos, numa

pesquisa com pré-escolares de 0 a 6 anos e Batista e colaboradores (2009), em Florianópolis,

SC, que estudaram um grupo infantil de 0 a 6 anos. A maior positividade para as parasitoses

intestinais em crianças com idade igual ou superior a dois anos pode estar associada ao

crescimento e ao desenvolvimento infantil, que proporciona maior mobilidade no ambiente, e

por tanto maior contato com possíveis fatores de risco (BATISTA et al., 2009; PEDRAZA et

al., 2014). Andrade e colaboradores (2013), em um estudo realizado com crianças entre 1 e 4

anos assistidas em creches do estado de Sergipe também observaram uma maior prevalência

de parasitoses em crianças de maior faixa etária.

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Correlacionando os gêneros das crianças com a positividade dos exames

coproparasitológicos, os dados desta pesquisa não apontaram associação estatística

significativa na frequência das parasitoses de acordo com essa variável. Sendo assim, o

gênero parece não ser fator determinante para infecção nas creches visitadas, apesar de

apresentar um percentual levemente maior entre as meninas. Resultados semelhantes, em que

não houve associação estatística ao nível de significância de 5% e obtidos a partir de

metodologias diferentes as utilizadas no presente, foram relatados em estudos realizados com

pré-escolares matriculados em creches de Rio Verde, GO, por Zaiden e colaboradores (2008),

através dos métodos de Hoffman, Pons e Janer e Faust; de Salvador, BA, por Lander e

colaboradores (2012), com método de sedimentação; de Aracaju, SE, por Andrade e

colaboradores (2013), com os métodos de Hoffmann, Pons e Janer, Faust, e Rugai; da Região

do Vale do Aço, MG, por Magalhães e colaboradores (2013), utilizando o método de Lutz; e

de Campina Grande, PB, por Sales e colaboradores (2015), que utilizaram o método de

Hoffman, Pons e Janner. Andrade e colaboradores (2013) sugerem que a positividade maior

no gênero feminino pode estar relacionada ao fato de que as meninas desenvolvem geralmente

de forma cultural atividades lúdicas tais como: cozinhar, varrer, cuidar de bonecas, que

expõem o gênero feminino a contato direto entre objetos e a cavidade oral, podendo ser esta

uma via de infecção adicional. Em contraponto, alguns trabalhos em que a positividade foi

levemente maior para o gênero masculino, mesmo sem haver associação estatística, sugerem

que esse maior percentual poderia estar de acordo com as brincadeiras mais praticadas

normalmente pelos meninos em nossa sociedade, explorando mais o ambiente externo e

entrando em maior contato com o solo quando comparado ao gênero feminino (FALEIROS et

a., 2004; KOMAGOME et al., 2007).

O hábito de andar descalço e o contato com o solo não demonstraram associação

estatística significativa, apesar de crianças estarem mais expostas a fontes de infecção como o

solo, o qual atua como um referencial lúdico, onde crianças implementam uma série de

brincadeiras e jogos (LUDWIG et al., 2012). Mesmo que os parasitos encontrados não

apresentem transmissão cutânea, a faixa etária analisada sugere que a ocorrência de infecção

se dê pelo hábito de levar a mão suja de terra à boca (ZAIDEN et al., 2008).

O hábito de consumir alimentos crus como frutas e verduras aumenta a exposição às

formas infectantes de parasitos, como larvas e ovos de helmintos bem como cistos e oocistos

de protozoários, procedentes de águas contaminadas com resíduos fecais humanos e/ou de

animais (ESTEVES & FIGUÊROA, 2009; BELLOTO et al., 2011). No entanto, os resultados

deste trabalho não encontraram nenhuma significância estatística quanto a esta variável. Estes

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dados corroboram um estudo realizado na cidade de Mirassol, SP, por Belloto e colaboradores

(2011), em que 40,43% das pessoas que estavam parasitadas possuíam o hábito de consumir

alimentos crus, entretanto esta variável não apresentou significância estatística na pesquisa.

Observou-se que 55,37% das crianças participantes possuíam contato com animais

de estimação. De acordo com Figueiredo & Queirol (2011), a ocorrência de parasitoses

intestinais em animais domésticos, como cães e gatos é de grande relevância para a saúde

coletiva, visto que muitos destes parasitos podem infectar os humanos. Trabalhos como os de

Zanzani e colaboradores (2014) na Itália, Lopes e colaboradores (2014) no Brasil, no Rio

Grande do Sul e Katagiri e Oliveira-Serqueira (2008), no Brasil, em São Paulo, investigaram

as taxas de infecções parasitárias em animais domiciliados, como cães e gatos, e as fezes

desses animais em praças e ambientes públicos, além do conhecimento de seus donos acerca

da possibilidade e da importância de parasitoses intestinais com caráter zoonótico.

Destacam a relevância para a larva migrans visceral (LMV), a partir de larvas do

ascarídeo Toxocara spp., larva migrans cutânea (LMC), causada por larvas do gênero

Ancylostoma sp., e o protozário Giardia duodenalis afetando principalmente as crianças, entre

outros parasitos que também podem causar infecções em ambos grupos de hospedeiros. Essa

transmissão de agentes etiológicos pode acontecer nas duas direções, dos animais para os

humanos, bem como os humanos funcionando como fontes de infecção para os animais,

promovendo a permanência dos ciclos parasitários. Esses animais quando criados em

ambientes domésticos devem ser levados com regularidade ao médico veterinário, pois podem

ser fontes de infecção de zoonoses, importantes na transmissão de algumas espécies de

parasitos para os humanos, como os mencionados acima, por funcionarem como hospedeiros

ou reservatório. Esse aspecto é relevante principalmente para crianças, as quais ainda não

apresentam todos os hábitos de higiene consolidados e o sistema imunológico completamente

maduro para auxiliar no combate ou controle de infecções. Devido aos animais possuírem

maior contato com o solo, podem também transportar formas infectantes de parasitos aderidos

aos pelos, favorecendo, desta forma, a transmissão mecânica (FALEIROS et al., 2004).

Entretanto, os resultados positivos encontrados no estudo, para pelo menos uma espécie de

parasito intestinal, não indicaram associação estatisticamente significativa a esta variável. No

presente estudo, as amostras dos animais de estimação não foram analisadas, e assim, mesmo

que fosse observada associação estatística acerca dessa variável, maiores conclusões sobre

essa relação não poderiam ser afirmadas. Mesmo em estudos em que há a coleta e análise das

amostras fecais dos animais e de seus donos, obtendo-se resultados positivos em ambos, não é

tão simples afirmar e comprovar que se trata de um caso zoonótico. Um motivo para

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exemplificar essa dificuldade de identificar a origem da infecção poderia ser a suposição que

tanto o dono, quanto o animal de estimação adquiriram a infecção a partir de uma mesma

fonte de água ou de alimentação, explicando a presença do mesmo agente etiológico.

Os resultados encontrados de fatores de risco epidemiológicos, como a fonte de

abastecimento de água e o destino do lixo doméstico, não foram correlacionados a

positividade dos parasitos. Segundo Andrade e colaboradores (2013), o destino correto do lixo

doméstico, como a coleta pública, em consonância com condições ideais de saneamento

básico podem ser determinantes no decréscimo do aparecimento de vetores mecânicos de

parasitos, como baratas e moscas, nos ambientes residenciais. O recolhimento regular do lixo

domiciliar evidencia bons hábitos de higiene ambiental e na infraestrutura sanitária da

comunidade, à qual as crianças tem acesso. Cavagnolli e colaboradores (2015) realizaram

estudo com 341 escolares na cidade de Flores da Cunha/RS, em que 92,1% dos participantes

afirmaram haver coleta pública do lixo em sua residência e 92,7% afirmaram receber água

potável encanada, e estas variáveis não apresentaram diferença estatística, corroborando os

resultados desta pesquisa.

Os resultados indicam que a frequência de enteroparasitoses nos pré-escolares foi

importante do ponto de vista epidemiológico, visto que a área estudada do município de

Niterói é urbanizada e com presença de infra-estrutura sanitária, e apesar disso, foi possível

observar a circulação de parasitos intestinais na população. Isto confirma a importância do

diagnóstico, da melhoria e do cuidado com as condições higiênico-sanitárias e da prevenção

primária por meio de educação em saúde continuada e ações educativas desverticalizadas,

com a participação efetiva e ativa da população estudada para o controle das infecções

parasitárias e para o empoderamento da comunidade em relação ao conhecimento

(BARBOSA et al., 2009; SIQUEIRA, 2016).

6.4. ENSAIO IMUNOENZIMÁTICO (ELISA): Entamoeba histolytica E

Cryptosporidium sp.

A diferenciação das espécies do gênero Entamoeba apresenta grande importância

devido a patogenicidade apresentada por cada uma, principalmente em relação às espécies

Entamoeba histolytica e Entamoeba dispar, as quais não são diferenciáveis em exames

coproparasitológicos de rotina. A partir desse conhecimento, destacou-se a ação patogênica

causada pela espécie Entamoeba histolytica nos organismos dos hospedeiros, divergente da

ação não patogênica observada da espécie Entamoeba dispar (DIAMOND & CLARK, 1993).

Dessa forma há a necessidade da utilização de métodos diagnósticos capazes de determinar

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qual espécie do gênero Entamoeba está presente em amostras biológicas de seres humanos

parasitados, já que o exame parasitológico de fezes com análise em microscopia óptica não

permite essa identificação (TOMÉ & TAVARES, 2007). Para essa complementação

diagnóstica, sugere-se a utilização de testes imunológicos, como o ensaio imunoenzimático

(ELISA), com eficácia para detecção de coproantígenos da espécie Entamoeba histolytica em

amostras fecais (SILVA et al., 2005).

Das cinco amostras positivas para o gênero Entamoeba nos exames parasitológicos

de fezes no presente estudo, uma foi positiva para o complexo Entamoeba histolytica/E.

dispar. No entanto, observou-se 100% de negatividade para presença de Entamoeba

histolytica através da utilização do método ELISA para testar essas mesmas amostras. Apesar

das lâminas no exame parasitológico de fezes terem sido lidas por microscopistas experientes,

a identificação correta por esse método pode ser dificultada, como sugere Tomé e Tavares

(2007). Segundo esses autores, um fator que pode minimizar essa dificuldade de diagnóstico

pode ser feita através do uso de colorações mais específicas, como hematoxilina-férrica ou

tricrômica, em vez do corante lugol que não fornece o detalhamento morfológico necessário

para um diagnóstico mais confiável.

Os resultados expostos na presente pesquisa se assemelham com os resultados de

Leite e colaboradores (2014), em Niterói, em que foi observado baixo índice para esse

protozoário, com apenas uma amostra positiva para a espécie Entamoeba histolytica no teste

ELISA, em relação ao total de sete amostras positivas no parasitológico de fezes e

posteriormente analisadas nesse método imunológico por esses autores. Os resultados obtidos

por Dourado e colaboradores (2006), em Pernambuco, com pacientes de hospitais, também

demonstraram o baixo índice do complexo Entamoeba histolytica/E. dispar, sendo

identificado 10 amostras positivas para esse parasito nos exames parasitológicos de fezes, os

quais quando testados pelo método ELISA, apresentaram 100% de negatividade. Dados como

esse sugerem que há predominância da espécie Entamoeba dispar, como outras espécies do

gênero Entamoeba, por exemplo, Entamoeba coli, as quais parecem ser mais encontradas do

que a espécie invasiva e patogênica, Entamoeba histolytica.

Contudo, levando-se em consideração a morbi-mortalidade provocada por esse

enteroprotozoário, e de acordo com a orientação da WHO (1997), que estabelece a

necessidade de diagnóstico efetivo para que se efetue o tratamento da amebíase. É de grande

relevância a validação de um método diagnóstico mais específico que possa ser utilizado

conjuntamente ao exame parasitológico de fezes, ainda que este apresente custo efetivo mais

elevado, oferecendo maior confiabilidade ao diagnóstico da infecção.

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Em relação ao protozoário Cryptosporidium spp., observa-se uma ampla distribuição

mundial, desenvolvendo na maioria das vezes uma infecção auto-limitante nos indivíduos

parasitados. No entanto, em pacientes jovens como as crianças em idade pré-escolar, mal

nutridos, imunocomprometidos e em especial e principalmente em pacientes com HIV, essa

infecção pode desenvolver quadros mais graves, com severa diarreia e até mesmo

comprometimento de outros órgãos do sistema digestório e respiratório (ROSENBLATT &

SLOAN, 1993, ELGUN & KOLTAS, 2011). Devido às pequenas dimensões desse

protozoário, o diagnóstico parasitológico de fezes não é tão fácil de ser realizado através dos

métodos de rotina, necessitando de colorações especiais, como métodos de coloração “acid-

fast”, métodos de concentração e métodos de reações de imunofluorescência com anticorpos

marcados para aumentar a eficiência do diagnóstico da criptosporidiose (ROSENBLATT &

SLOAN, 1993).

No presente estudo, não foram identificados parasitos do gênero Cryptosporidium sp.

através dos exames coproparasitológicos, o que poderia estar relacionado a não utilização de

técnicas de coloração mais específicas para determinação desse coccídeo. No entanto, no teste

imunológico ELISA para detecção de coproantígenos de Cryptosporidium spp. nas amostras

fecais das 82 crianças estudadas, obtivemos também 100% de negatividade.

Na literatura internacional, o estudo de Yilmaz e colaboradores (2008), realizado na

Turquia, obteve positividade de 4,9% para Cryptosporidium parvum (97/2000) através do

teste ELISA, em amostras fecais de crianças de 0 a 15 anos. Os autores consideraram a taxa

de positividade mais baixa do que taxas observadas anteriormente, principalmente com grupo

de crianças que possui contato com animais, como é o caso da população estudada nessa

província turca, e por habitarem uma região com condições sócio-econômicas mais precárias.

A ausência de positividade para esse protozoário observada no presente estudo

possibilita a sugestão que apesar das pequenas dimensões desse parasito em questão, e da

facilidade de disseminação através de água e alimentos contaminados, pelo de contato pessoa

a pessoa, a maioria das crianças apresentaram em seus questionários respondidos a presença

da água encanada em suas residências através do abastecimento público, o que pode estar

sendo um fator benéfico para a contenção dessa infecção. Como também o abastecimento

público de água potável em suas respectivas creches, as quais estão também localizadas nos

bairros com maior infra-estrutura do município de Niterói (PREFEITURA DE NITERÓI,

2013), na região das Praias da Baía, beneficiando essa população e evitando a disseminação

dessa infecção.

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Oshiro e colaboradores (2000) pesquisaram a prevalência de Cryptosporidium

parvum em crianças menores de 5 anos residentes de Campina Grande, MS, no Brasil.

Utilizando o método de Blagg e esfregaço corado pela técnica de Ziehl-Neelsen modificada

em 1051 amostras fecais, obtiveram uma positividade de 1,1%, equivalente a 12 crianças

positivas. Apesar de não ser aplicado o teste imunológico ELISA, também foi observado

baixo índice de positividade com técnicas de coloração mais eficientes para o diagnóstico

parasitológico.

No estudo de Carvalho e colaboradores (2006), os resultados obtidos para

positividade de Cryptosporidium sp. foram divergentes dos já mencionados, devido a

observação de 15,05% de crianças de 0 a 6 anos de quatro creches de Botucatu em São Paulo

estarem parasitadas por esse coccídeo. Como no trabalho de Oshiro e colaboradores (2006),

não foi utilizado nenhum método imunológico para realização do diagnóstico, sendo

aplicados métodos coproparasitológicos de sedimentação espontânea, centrífugo-flutuação em

sulfato de zinco, sedimentação por centrifugação em PBS com posterior coloração por

auramina e coloração por Ziehl-Neelsen modificada. Essas variações na porcentagem de

positividade podem estar associadas às diversas condições em que cada estudo foi

desenvolvido, referentes à peculiaridade de contaminação de águas ingeridas pela população,

tal como pelas diferentes metodologias aplicadas por cada grupo de autores.

Elgun & Koltas (2011), em Adana na Turquia, investigaram para presença de

Cryptosporidium sp. amostras de fezes de 154 indivíduos de 0 a 86 anos com diarreia, através

de métodos coproparasitológicos de rotina, métodos de coloração “acid-fast”, e teste

imunoenzimático (ELISA). Os pesquisadores obtiveram duas amostras positivas pelos

métodos coproparasitológicos, oito amostras positivas pelos métodos de coloração “acid-fast”

e 37 amostras positivas no teste imunológico. Com esses resultados, os autores recomendam o

uso do teste ELISA para pesquisa desse coccídeo, indicando como um teste simples e rápido

que deve ser aplicado nos laboratórios de análises clínicas de rotina, especialmente naqueles

que não há utilização de nenhuma técnica específica para detecção de Cryptosporidium sp. e

também em estudos epidemiológicos.

6.5. ENSAIO IMUNOENZIMÁTICO (ELISA), COMPARAÇÃO E

CONCORDÂNCIA ENTRE OS MÉTODOS EPF/MICROSCOPIA ÓPTICA X ELISA

PARA Giardia duodenalis

Em estudos de comparação entre métodos, é importante haver a definição da técnica

utilizada como referência (padrão-ouro), pois a partir dessa determinação os dados obtidos

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pelas técnicas estudadas podem sofrer interferência. De acordo com Weitzel e colaboradores

(2006), um elemento complicador é a ausência de um verdadeiro método de referência.

Geralmente o observado é a utilização do método de microscopia óptica como padrão-ouro,

apesar desse ser um método com impossibilidade de padronização, devido à dependência das

habilidades individuais dos microscopistas envolvidos nas referidas análises. Um segundo

elemento desfavorável é a possibilidade de resultados falso-negativos obtidos em

consequência de baixa carga parasitária ou quando os parasitos intactos estão ausentes. Uma

forma de ultrapassar essas limitações seria fazer uma combinação de técnicas para serem

consideradas como critérios determinantes das amostras verdadeiramente positivas. No

entanto, devido ao estudo em questão ter proposto a comparação entre dois métodos de

diagnóstico, esse critério não pode ser aplicado.

Nos resultados do presente estudo, foram obtidas 17,07% (14/82) de positividade

para coproantígenos de G. duodenalis no teste ELISA. Essa porcentagem foi ligeiramente

maior do que a observada pelo método de EPF/Microscopia óptica, em que se verificou

14,63% (12/82). Na literatura, observa-se frequências de positividade diversas para os ensaios

imunoenzimáticos. Machado e colaboradores (2001), em Belém, no Pará, obtiveram uma

positividade no teste ELISA de 26,9% para uma população estudada de 41 crianças

assintomáticas, de 7 a 15 anos. Duque-Beltrán e colaboradores (2002), na Colômbia,

desenvolveram, descreveram e testaram um ensaio imunoenzimático usando anticorpos

policlonais para detecção de G. duodenalis, obtendo 76 (38,78%) amostras positivas de um

total de 196, provenientes de diversos pacientes. Os pesquisadores desse trabalho de 2002

apostam no diagnóstico imunológico para giardíase devido à facilidade da realização do

ensaio imunoenzimático, permitindo o processamento de múltiplas amostras ao mesmo

tempo, o que para eles resultaria em um menor custo esse tipo de diagnóstico em comparação

ao custo do feito por meio dos exames coproparasitológicos para múltiplas amostras. Também

pela diminuição de resultados falso-negativos gerados pela inexperiência, ausência de

treinamento por parte da equipe dos laboratórios e pelo padrão de liberação intermitente de

cistos e trofozoítos nas fezes. Além disso, o recomendam por obterem em seus resultados o

aumento da sensibilidade para o diagnóstico de G. duodenalis de 85% para 100% com o

ELISA. Mesmo assim, os autores indicaram a necessidade da realização de testes com o

método imunoenzimático para detecção de G. duodenalis com amostras positivas de

diferentes localidades geográficas, para investigar se as diferenças antigênicas e os

polimorfismos existentes influenciam na ligação com os anticorpos utilizados, alterando os

resultados.

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Vidal & Catapani (2005), na cidade de Santo André, em São Paulo, obtiveram 12

(8,45%) amostras positivas de 142 amostras únicas de pacientes para o teste ELISA. Dessas

12 amostras, apenas 7 foram também positivas para a análise por microscopia óptica, através

do processamento pelo método de Faust e Hoffman, Pons & Janner, sendo as outras 5

amostras positivas apenas para o ELISA. Houve concordância de resultado negativo com 128

amostras, enquanto duas foram positivas apenas para o diagnóstico microscópico. Devido a

esses achados, os autores sugerem que o teste ELISA possui maior sensibilidade comparada

às análises realizadas por microscopia óptica, correspondendo a um método que consegue

detectar, portanto, quantidades mínimas de antígenos presentes nas fezes, podendo gerar

resultados positivos até mesmo em casos de baixa carga parasitária.

Duffy e colaboradores (2013), em Quetzaltenango, na Guatemala, testaram em duas

fases amostras fecais de 53 crianças matriculadas em creches, na faixa etária de 1 ano e 6

meses a 7 anos, obtendo na primeira fase de análises, denominada semana 0, uma positividade

de 43,8% e de 44,7% de positividade na semana 4 do estudo, segunda fase. Esse estudo

objetivava examinar cada escolar através de quatro amostras fecais, duas entregues na semana

0 e duas na semana 4, para ser realizada a comparação entre fases. No entanto, apenas 23

participantes fizeram a entrega completa das fezes. Das 30 crianças restantes, houve entrega

incompleta do material fecal nas duas fases de estudo, contudo, elas continuaram inclusas na

pesquisa, totalizando assim essa população estudada em 53 crianças ao final das duas fases.

Para comparação entre os métodos do ELISA e coproscópicos, foi necessário selecionar e

estabelecer uma população de 75 amostras de fezes a partir das 53 crianças, pela

disponibilidade do kit de ELISA e o número máximo de amostras que poderiam ser testadas.

Assim, a partir dessas 75 amostras, obtiveram 28 positivas no teste ELISA e 15 na

microscopia óptica. Os autores indicaram a importância do teste ELISA para detecção de

coproantígenos nas fezes em casos de pacientes com casos de infecções persistentes, os quais

podem não ser identificados através dos exames coproparasitológicos. O estudo verificou

duas vezes mais casos diagnosticados pelo teste ELISA comparado à exames coproscópicos e

teste rápido (imunocromatográfico).

Quadros e colaboradores (2015), no município de Lages, em Santa Catarina,

encontraram 20,93% (45/215) de amostras positivas de dois grupos de crianças pelo teste

ELISA, sendo os resultados desses pesquisadores semelhantes em porcentagem aos resultados

encontrados no presente estudo. Já no exame microscópico, apenas 6,29% (39/620)

resultaram em amostras positivas. Por esses resultados obtidos, os autores sugerem que o teste

ELISA garante uma economia de trabalho em laboratórios com rotina extensa, devido à

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grande quantidade de amostras com necessidade de rastreamento para esse parasito em curto

intervalo, possibilitando testar várias amostras ao mesmo tempo.

No trabalho de Berne e colaboradores (2014) o teste ELISA foi o método com

detecção de maior positividade, com 90/158 (57%) amostras positivas. Apresentou 3 vezes

mais chances de detectar G. duodenalis comparado ao método de centrífugo-flutuação

(30,4%); e também 3,4 vezes mais chances de identificar coproantígenos desse parasito em

relação ao método de centrífugo-sedimentação (27,8%). Assim segundo esses autores, o

número maior de amostras positivas observadas no teste ELISA pode ser resultante do fato de

este método detectar não somente cistos e/ou trofozoítos, mas também coproantígenos, ou

seja, frações de glicoproteína dos cistos desse protozoário intestinal presentes nas fezes.

Ainda, pela demora no processamento das amostras fecais, os tratamentos realizados para

giardíase e a utilização de antibióticos e/ou anti-helmínticos que podem danificar cistos e

trofozoítos, dificultando sua visualização nos exames coproscópicos rotineiros, mas não

inviabilizam a detecção de antígenos provenientes de fragmentos de formas evolutivas de G.

duodenalis pela técnica de ELISA. Esses resultados sugeriram que, provavelmente, os casos

de giardíase estejam subestimados nas populações estudadas quando há apenas a utilização

dos métodos microscópicos, o que pode resultar em diagnósticos falso-negativos. Vale

ressaltar que, mesmo que as investigações demonstrem uma correlação entre a eliminação de

cistos com a gravidade da doença, propondo que quando há uma maior carga parasitária existe

uma infecção mais intensa consequentemente, a baixa eliminação de cistos por um hospedeiro

já é suficiente para causar contaminação do ambiente, da água e de alimentos, sendo fonte de

infecção para outras pessoas. Entretanto, nesse estudo de Berne e colaboradores (2012)

também foi observada a presença de cistos nos exames coproparasitológicos em amostras que

não foram positivas no ELISA. Segundo esses autores e Duque-Beltrán e colaboradores

(2002), os resultados falso-negativos no ELISA podem ser explicados pela variação de

antígenos de G. duodenalis para a preparação dos anticorpos utilizados para a captura de

antígenos específicos no teste ELISA. Acredita-se que isso possa ocorrer em virtude da

existência de vários genótipos e subgenótipos (zoonóticos e não zoonóticos) de G. duodenalis,

o que também pode interferir no preparo dos anticorpos utilizados no ensaio

imunoenzimático.

O trabalho de Jahan e colaboradores (2014) corrobora os desfechos debatidos por

Berne e colaboradores (2014) e do presente estudo, por apresentar 22,6% de positividade para

o teste ELISA, seguido de porcentagens decrescidas para os exames

parasitológicos/microscopia óptica, com índices de 16,0% para o método de concentração

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formalina-éter e 15,5% para o exame direto, de um total de 1680 amostras fecais de pacientes

hospitalares com queixas de diarreia e sintomas gastro-intestinais, na Índia.

Dados divergentes a presente pesquisa são os de Machado e colaboradores (2001), ao

encontrarem 26,9% de positividade para o teste ELISA, no entanto, a maior taxa analisada

para G. duodenalis foi através do método coproscópico, técnica de Faust, com porcentagem

de 31,7%. Os pesquisadores indicam que a intermitência das formas parasitárias da G.

duodenalis nas fezes, promove redução do percentual de detecção deste enteroparasito pelos

métodos microscópicos. Apesar de poder ressaltar a observação que de acordo com os

resultados obtidos nesse estudo, o método de Faust continua sendo uma boa escolha para o

diagnóstico da giardíase, especialmente em comunidades com recursos financeiros limitados.

As divergências encontradas nos variados dados da literatura podem ser resultantes

de diferentes fatores como: (i) falta de padronização dos métodos utilizados, em que os

exames coproparasitológicos, através da análise pela microscopia óptica, dependem da

experiência e treinamento do microscopista, já que os cistos de G. duodenalis possuem um

pequeno tamanho, podendo passar despercebido ou ser confundido com outra estrutura e da

carga parasitária influindo na intensidade da infecção; dependem também do processamento

ser realizado de forma adequada em todas as etapas e de quantas lâminas acerca do material

fecal são analisadas, havendo um teor subjetivo no diagnóstico produzido; já nos exames

imunológicos, pode haver interferências na detecção dos coproantígenos devido ao anticorpo

utilizado na composição do teste ELISA e as variantes de G. duodenalis das amostras fecais

testadas, podendo gerar resultados falso-negativos; tal como alguns relatos que correlacionam

essas falhas do teste ELISA com alterações moleculares no antígeno, como degradação, falta

de acessibilidade do antígeno ao anticorpo no local da reação, ou homogeneização

insuficiente da amostra, resultante em ausência de antígeno; (ii) a variação da sensibilidade e

especificidade de acordo com o método diagnóstico empregado; (iii) além de fatores como

variedade geográfica, condições sócio-econômicas em que vivem a população investigada,

idade, estado nutricional e do sistema imunológico dos indivíduos, auxiliando em maior

susceptibilidade de adquirir infecções, influenciando nas taxas de prevalência, especialmente

em áreas endêmicas (SILVA, R, et al., 2016).

No presente estudo, o acentuado nível de concordância se deve aos resultados terem

sido semelhantes nas duas técnicas. Em amostras de 11 crianças positivas verificadas com

presença de cistos para os exames parasitológicos de fezes/microscopia óptica, em apenas

uma não foi observada detecção de coproantígenos para G. duodenalis pelo teste ELISA. Em

amostras de três escolares conseguiu-se detectar coproantígenos desse protozoário, e nenhuma

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observação de cistos pela microscopia foi alcançada, resultando em apenas quatro amostras

com diagnóstico divergente. Os dados discordantes se apresentam de maneira inferior aos

encontrados por Vidal & Catapani (2005). Esses pesquisadores encontraram em seus

resultados uma faixa de concordância determinada como moderada (k=0,5).

Segundo Eduardo (2008), essas divergências podem ser multifatoriais. A detecção de

antígenos de Giardia e a não identificação de cistos nas amostras pode ser resultado de uma

fraca liberação de cistos no momento da coleta, podendo estar relacionados a problemas de

armazenamento e de transporte das amostras ou mesmo devido a erros cometidos pelo

microscopista. Por outro lado, a negatividade a antígenos de Giardia e observação de cistos

nas amostras não deveria ser frequente, apesar de as informações dadas pelos próprios

fabricantes indicarem o emprego dos testes para análise de forma qualitativa.

Portanto, o diagnóstico por ensaios imunoenzimáticos, como o ELISA, vem sendo

amplamente estudado e empregado. De acordo com Vidal & Catapani (2005) e Berne e

colaboradores (2014), o método do ELISA é fácil e rápido de ser realizado para muitas

amostras ao mesmo tempo. Entretanto, deve-se salientar que de acordo com os resultados

obtidos neste estudo, consoante com Machado e colaboradores (2001), o exame parasitológico

de fezes continua sendo uma boa escolha para o diagnóstico da giardíase, principalmente em

comunidades com recursos financeiros limitados, devido alto custo do kit de ELISA, que tem

sua utilização indicada principalmente em estudos epidemiológicos específicos para a

pesquisa de G. duodenalis, ou então, em casos isolados onde a clínica é sugestiva desta

parasitose e as metodologias microscópicas não conseguem resultados conclusivos. A

utilização de métodos coproscópicos na rotina de diagnóstico de enteroparasitoses na nossa

região ainda se faz necessário, pois além de menor custo estas metodologias são capazes

também de detectar outros enteroparasitos. Por conseguinte, os testes de diagnóstico

imunológico podem configurar como uma adição útil, com função complementar, mas não

um substituto dos métodos microscópicos no diagnóstico da giardíase, funcionando como

respaldo para o uso de técnicas que, embora sejam um pouco mais dispendiosas para os

serviços de saúde, oferecem à população benefícios incontestáveis, neste caso, especialmente

às crianças (WEITZEL et al., 2006; SILVA, R, et al., 2016).

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7. CONCLUSÃO

Foi observado um coeficiente de positividade de 23,14%, em que 28 das 121 crianças

analisadas apresentaram pelo menos uma espécie parasitária na área urbana estudada.

Os protozoários foram o grupo parasitário mais frequentemente observado,

correspondendo a 89,29% das infecções. Destes, o protozoário mais frequente foi Giardia

duodenalis, correspondendo a 13,22% das infecções.

A única variável epidemiológica que apresentou valor estatístico significativo

quando analisado em relação a positividade para espécies parasitárias de crianças do grupo de

4 a 6 anos (p=0,0264) foi a faixa etária.

O teste imunoenzimático (ELISA) apresentou 100% de negatividade para as espécies

Entamoeba histolytica e Cryptosporidium sp.

O teste imunoenzimático (ELISA) para a espécie Giardia duodenalis foi positivo

para presença de coproantígenos deste protozoário em 14/82 crianças analisadas.

A concordância entre o EPF e o ELISA foi considerada quase perfeita por meio do

cálculo do coeficiente Kappa (k=0,817), sugerindo que os exames EPF e o trabalho realizado

pelos microscopistas na leitura das lâminas nessa pesquisa foi eficiente e cuidadoso, ao se

assemelhar ao resultado do ensaio imunológico.

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8. RESUMOS APRESENTADOS EM CONGRESSO

Foram apresentados dois resumos referentes a essa pesquisa em evento científico,

submetidos e expostos no 52º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, com a

temática “Doenças urbanas e mundiais”, na cidade de Maceió, no estado de Alagoas, Brasil,

de 21 a 24 de agosto de 2016.

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“Comparação entre métodos parasitológicos de fezes e ensaio imunoenzimático (ELISA)

para diagnóstico de Giardia duodenalis em amostras fecais de pré-escolares do município

de Niterói, RJ, Brasil

Gabriela C. Góes¹; Karina C. C. Gonçalves²; Adriana P. Sudré3, Danuza P. B. G. de

Mattos3, Beatriz Brener3, Daniela Leles3, Paula B. Cruz4; Valmir L. Silva4, Patricia R.

Millar³

¹Bolsista Programa de Pós Graduação em Microbiologia e Parasitologia Aplicadas,

Universidade Federal Fluminense, 24210-130 Niterói, RJ, Brasil. Email:

[email protected]. ²Bolsista Programa de Pós Graduação em Microbiologia e

Parasitologia Aplicadas, Universidade Federal Fluminense, 24210-130 Niterói, RJ, Brasil.

³Departamento de Microbiologia e Parasitologia, Instituto Biomédico, Universidade Federal

Fluminense, 24210-130 Niterói, RJ, Brasil.4 Departamento de Ciências Biológicas da Escola

Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca - Fundação Oswaldo Cruz, 21041-210 - Rio de

Janeiro, RJ – Brasil.

As enteroparasitoses são ainda no século XXI um relevante problema de saúde pública,

particularmente em países em desenvolvimento. O protozoário intestinal Giardia duodenalis

apresenta alta prevalência, infectando, principalmente, crianças e jovens. Possui uma

transmissão facilitada pela veiculação hídrica, por alimentos contaminados e contato pessoa-

a-pessoa. O principal diagnóstico empregado para detectar a infecção é o exame

parasitológico de fezes (EPF) com visualização em microscopia óptica convencional. Devido

à intermitência da liberação dos cistos nas fezes dos indivíduos parasitados, técnicas

alternativas mais sensíveis podem ser aplicadas, como a pesquisa de coproantígenos por

ensaios imunoenzimáticos (ELISA). O objetivo do trabalho foi comparar os métodos de EPF

e ELISA para diagnóstico de G. duodenalis em amostras fecais de pré-escolares matriculados

em creches da rede pública de Niterói, RJ, Brasil. Foram analisadas amostras de 53 crianças,

ambos os sexos, no Laboratório de Diagnóstico Coproparasitológico da Universidade Federal

Fluminense. Utilizou-se as técnicas de Hoffman et al. (1934) e Faust et al. (1939) para o EPF

e kit comercial ELISA – IVDResearch. Das 53 amostras, 11 (20, 75%) foram positivas para

G. duodenalis no EPF e 12 (22,64%) no ELISA. Comparando os dois métodos, observamos a

concordância da positividade em 10 (18,87%) amostras, e discordância em 3 (5,66%), sendo 2

(3,77%) positivas apenas para o ELISA e 1 (1,89%) apenas para o EPF. Verificou-se um nível

de concordância considerada substancial/boa (κ = 0,66) entre os dois métodos por meio do

cálculo do coeficiente Kappa. Devido a diferença encontrada, confirma-se a necessidade da

combinação de métodos para um diagnóstico mais efetivo e confirmatório, principalmente

quando a sintomatologia indica uma possível infecção por G. duodenalis.

Palavras-chave: Giardia duodenalis, EPF, ELISA.

Apoio: CAPES e FAPERJ.”

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“Ocorrência de enteroparasitos em crianças de creches da rede pública da cidade de

Niterói, Rio de Janeiro, Brasil.

Karina C. C. Gonçalves1; Gabriela C. Góes1; Fabielle M. dos Santos2; Adriana P.

Sudré3; Danuza P.B.G de Mattos3 ;Beatriz Brener3;Daniela Leles3;Patrícia R. Millar3

¹Graduação em Ciências Biológicas, Universidade Federal Fluminense (UFF), 24210-130

Niterói, RJ, Brasil, [email protected]. ²Bolsista Programa de Pós

Graduação em Microbiologia e Parasitologia Aplicadas, Universidade Federal Fluminense

(UFF), 24210-130 Niterói, RJ, Brasil. ³Departamento de Microbiologia e Parasitologia,

Instituto Biomédico, Universidade Federal Fluminense(UFF), 24210-130 Niterói, RJ, Brasil.

A ocorrência de enteroparasitos em crianças em idade escolar representa um fator relevante

para a saúde pública, principalmente, em países em desenvolvimento. Os hábitos de higiene

inadequados e a baixa imunidade desses indivíduos podem afetar seu desenvolvimento físico,

psicossomático e social, levando a uma perda de resistência, anemia, desnutrição e até a

morte, em casos graves de infecção. O objetivo do trabalho foi investigar a ocorrência de

enteroparasitos em crianças frequentadoras de creches públicas, na cidade de Niterói, Rio de

Janeiro, Brasil. Foram coletadas amostras fecais de 117 crianças, de ambos os sexos, inseridas

na faixa etária entre um e seis anos de idade matriculadas em cinco creches selecionadas

randomicamente. As amostras foram analisadas por exame parasitológico de fezes

(EPF)/Microscopia Óptica, no Laboratório de Diagnóstico Coproparasitológico da

Universidade Federal Fluminense, empregando-se técnicas de sedimentação espontânea

(Hoffman et al., 1934), de centrífugo-flutuação em solução de sulfato de zinco (Faust et al.,

1939) e termohidrotropismo positivo (Baermann-Moraes, 1948). Evidenciou-se uma

positividade geral de 23,93% para enteroparasitos na população estudada, o que corresponde a

28 crianças infectadas com pelo menos um parasito intestinal. Nas crianças infectadas, os

parasitos mais frequentes foram Giardia duodenalis (53,58%) e Entamoeba coli (17,86%).

Foram encontrados também os protozoários Entamoeba histolytica/díspar (3,57%),

Endolimax nana (7,14%), Blastocystis hominis (7,14%) e Isospora belli (3,57%). E os

helmintos Ascaris lumbricoides (3,57%) e Enterobius vermiculares (3,57%). Os resultados

apontam para uma ocorrência importante de parasitoses intestinais em crianças na faixa etária

de até seis anos, principalmente giardíase. Tal fato corrobora a importância do papel do

diagnóstico e da prevenção através das melhorias de saneamento básico e de educação em

saúde.

Palavras-chave: Parasitoses intestinais; Creches; Rio de Janeiro

Apoio: Capes.”

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10. APÊNDICES

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10.1. TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)

INSTITUIÇÃO: Departamento de Microbiologia e Parasitologia, Instituto Biomédico,

Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ.

PESQUISA: “Ocorrência e prevenção de enteroparasitoses em crianças de creches da rede

pública da cidade de Niterói, Rio de Janeiro”.

INVESTIGADORES: Gabriela Cardoso Góes, Karina Costa Coelho Gonçalves, Patrícia

Riddell Millar Goulart (Telefones para contato: 2629-2425 / 2629-2432 – MIP).

Este estudo visa obter mais conhecimentos sobre a prevalência de enteroparasitoses. A

participação consiste no fornecimento de amostras de material fecal para avaliação

coproparasitológica, assim como fornecer dados sobre alguns dos hábitos e costumes. O

participante deve estar ciente de que os resultados deste estudo poderão não o beneficiar

diretamente, mas poderão, no futuro, vir a beneficiar outras pessoas. O procedimento

consistirá na obtenção de material fecal através de coletores, podendo em algum outro

momento da pesquisa, ser solicitada uma nova coleta de material. A coleta será realizada pelo

próprio indivíduo ou em caso de menores, pelos seus responsáveis. Os resultados deste estudo

serão relatados aos participantes e considerados confidenciais, podendo os mesmos ser

divulgados na comunidade científica, entretanto, não será permitida a identificação,

garantindo a privacidade de cada indivíduo.

O pesquisador responsável estará à disposição para esclarecer todas as informações citadas

neste termo, ou outras da pesquisa, caso existam dúvidas. Estando também à disposição para

atender as perguntas dos participantes sempre que tiverem novas dúvidas. Os participantes

possuem toda a liberdade para contatar os demais pesquisadores envolvidos neste estudo.

A participação neste estudo é inteiramente voluntária e o participante é livre para recusá-la ou

retirar-se em qualquer fase da pesquisa.

Todos os participantes receberão uma cópia deste termo de consentimento e, pelo presente,

consentirão voluntariamente a participação neste estudo, permitindo que os procedimentos

descritos acima sejam realizados.

DATA: ____/____/_____

ASSINATURA:_______________________________________RG:______________

Telefones para contato: ( ) ______________________ ( ) _____________________

TESTEMUNHA:___________________________RG: ________________________

PESQUISADOR RESPONSÁVEL:________________________________________

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10.2. PROCEDIMENTOS DE COLETA DE AMOSTRAS FECAIS

Projeto: Ocorrência e prevenção de enteroparasitoses em crianças de creches da rede pública

da cidade de Niterói, Rio de Janeiro.

Pesquisadores responsáveis: Patrícia Riddell Millar Goulart

Instruções para coleta de fezes

1. Coletar as fezes (1 por dia), por dois dias seguidos ou não, no frasco branco que tem

líquido conservante transparente, cada dia com um palito diferente. Descartar o palito

no lixo. Você terá ao final, duas amostras de dias diferentes em um único pote.

Verificar se o pote está bem fechado;

2. Coletar outra amostra na noite anterior ou na manhã em que você entregará o material,

colocando-a no frasco branco sem líquido conservante;

3. Colocar os potes dentro do saco plástico e verificar se os números nos potes são

correspondentes;

4. Se não conseguir coletar a amostra no frasco branco sem conservante, entregar as

amostras colocadas no frasco com conservante. Não esqueça de entregar a amostra do

frasco sem conservante em outro dia de coleta.

OBS.: não há necessidade de colocar as amostras na geladeira.

Cuidados: Em caso de contato do líquido conservante com a pele, lavar em água

abundante e com sabão ou detergente. Em caso de contato com os olhos ou ingestão lavar em

água limpa abundante e procurar atendimento médico. Apesar da baixa toxicidade do

conservante, informar ao médico contato com solução contendo formol e ácido acético.

A coleta deverá ser realizada por um adulto.

MANTER OS FRASCOS FORA DO ALCANCE DAS CRIANÇAS.

RUA PROF. HERNANI DE MELLO, 101 – SALA 212ª. SÃO DOMINGOS, NITERÓI – RJ.

TEL. (21) 2629-2424

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10.3. CIRCULAR PARA AS INSTITUIÇÕES

Universidade Federal Fluminense

Instituto Biomédico

Rua Professor Hernani Melo nº 101, São Domingos, Niterói – RJ

Niterói, 26 de março de 2015.

Senhores pais e responsáveis, gostaríamos de convidá-los a conhecer e participar do

projeto intitulado “Ocorrência e prevenção de enteroparasitoses em crianças em creches da

rede pública da cidade de Niterói, Rio de Janeiro” coordenado pela Professora Dra Patrícia

Riddell da Universidade Federal Fluminense (UFF). O objetivo será verificar a ocorrência de

infecções intestinais por parasitos em crianças que frequentam ambientes escolares, como as

creches. A participação é voluntária, sem qualquer custo, e, os pais e/ou responsáveis que

permitirem a participação das crianças no projeto deverão assinar o Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido que segue juntamente com esta circular. Mesmo após a autorização, em

qualquer fase da pesquisa, os pais podem solicitar o desligamento da criança do projeto.

O estudo consistirá em preenchimento de questionários para obtenção de dados e

informações e a coleta de amostras fecais para a realização dos exames de fezes. Cada criança

receberá um kit contendo um frasco com líquido conservante e um frasco sem conservante

para a realização da coleta de fezes em casa. Os frascos estarão etiquetados com uma

numeração também presente no questionário e no Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido, que o participante irá receber. Essa numeração identificará a criança durante a

pesquisa, mantendo sigilo da identidade, como também informará os resultados dos exames

para encaminhamento ao tratamento, se necessário. As amostras enviadas serão recolhidas por

alunas da universidade, envolvidas no projeto, na próxima segunda-feira, dessa forma

pedimos que enviem o material coletado (mesmo que parcialmente), o questionário e o termo

assinado neste dia. Sua participação é de grande importância!

Estamos sempre à disposição para o esclarecimento de qualquer dúvida, em qualquer

etapa da pesquisa. Contamos com a colaboração de todos!

Atenciosamente, Patricia Riddell Millar Goulart.

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10.4. QUESTIONÁRIO EPIDEMIOLÓGICO

Nome: ________________________________________________ Idade:____anos.

Escolaridade: ___________________________________________Sexo: ( ) F ( ) M

Contato com o solo? ( ) sim ( ) não

Consumo de alimentos (verduras, frutas e legumes) crus? ( ) sim ( ) não

Consumo de crua e/ou carne mal cozida? ( ) sim ( ) não

Hábito de andar descalço? ( ) sim ( ) não

Água para consumo: ( ) abastecimento público ( ) outros (fonte, poço)

Destino do lixo: ( ) coleta pública ( ) outros (enterrado, a céu aberto, queimado)

Costuma ter contato com animais? ( ) sim ( ) não

Se a resposta anterior for sim, qual(is) animal(is)? _________________________

A criança foi medicada com antiparasitário no último ano? ( ) sim ( ) não

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10.5. FOLHETO EXPLICATIVO

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11. ANEXOS

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11.1. PARECER COMITÊ DE ÉTICA