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I UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE BIOLOGIA CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS RUAN CARLO STULPEN VEIGA Cálculo da biomassa foliar de palmeiras acaules das espécies Attalea maripa e Attalea speciosa nos municípios de Belterra e Santarém no Pará, Brasil. NITERÓI 2013

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I

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

INSTITUTO DE BIOLOGIA

CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

RUAN CARLO STULPEN VEIGA

Cálculo da biomassa foliar de palmeiras acaules das espécies Attalea maripa e Attalea

speciosa nos municípios de Belterra e Santarém no Pará, Brasil.

NITERÓI

2013

II

Ruan Carlo Stülpen Veiga

Cálculo da biomassa foliar de palmeiras acaules das espécies Attalea maripa e Attalea

speciosa nos municípios de Belterra e Santarém no Pará, Brasil.

Monografia apresentada ao Curso de

graduação em Ciências Biológicas da

Universidade Federal Fluminense, com

requisito parcial para obtenção do Grau

de Bacharel em Desenvolvimento.

Orientador: Professor Dr. Kenny Tanizaki Fonseca

Co-orientador: Msc. Rodrigo Amaro da Fonseca e Silva

NITERÓI

2013

III

Ficha catalográfica

Veiga, Ruan Carlo Stülpen

Cálculo da biomassa foliar de palmeiras acaules das espécies

Attalea maripa e Attalea speciosa nos municípios de Belterra e Santarém, Pará,

Brasil./Ruan Carlo Stülpen Veiga: [s.n.] 2013.

47 p.

Monografia (Bacharelado Ciências Biológicas) – Universidade Federal

Fluminense, 2013.

Orientador: Professor Dr. Kenny Tanizaki Fonseca

Co-orientador: Ms. Rodrigo Amaro da Fonseca e Silva

1. Amazônia, 2. Attalea, 3. Biomassa, 4. Palmeiras, 5. Carbono.

IV

Ruan Carlo Stülpen Veiga

Cálculo da biomassa foliar de palmeiras acaules das espécies Attalea maripa e Attalea

speciosa nos municípios de Belterra e Santarém no Pará, Brasil.

Monografia apresentada ao Curso de

graduação em Ciências Biológicas da

Universidade Federal Fluminense, com

requisito parcial para obtenção do Grau

de Bacharel em Desenvolvimento.

Aprovado em __________ de _______

BANCA EXAMINADORA

(Prof. Dr. KENNY TANIZAKI FONSECA)

(Msc. VANESSA MARCONDES DE SOUZA)

(Prof. Dra. ADRIANA QUITELLA LOBÃO)

(Prof. Dr. BERNARDO ANTONIO PEREZ DA GAMA)

NITERÓI

2013

V

Dedico esta obra à memória de Nego

que com sua vasta experiência e

sabedoria ensinou-me dentre outros o

valor de manejar um facão. Ao

Ricardinho que teve sua breve

passagem pela terra, mas contribuiu

muito com seus sorrisos e ótimo

astral. As árvores centenárias que

presenciei seu assassínio. À

RESISTÊNCIA em todas suas

formas, FLORESTAS RESISTAM!!!

VI

AGRADECIMENTOS

Meu sentimento de gratidão não cabe nesta folha!

Grato à Vida, Pachamama e todas as divindades terrestres.

Aos ancestrais que resistiram e me acompanham.

Á CAPOEIRA por me convidar tão graciosamente a adotá-la como estilo de vida.

Aos pais por me conceberem a vida e o amor.

A Família que me aturou quando eu era moleque.

Aos irmãos e irmãs de sangue e de espírito, EU SOU VOCÊS.

Ao Rodrigo que me acompanha em muitos trabalhos. MAIS UM, GAROTÃO!

Á Ju por preencher tão bem o sentido de companheira, amante, brilhante, mas principalmente

GUERREIRA. T AMO JUNTO!

Ao Tio Maurício por conceder seu templo para a conclusão da fase final deste trabalho.

Ao pessoal da RAS, aprendi muito com vocês. Valeu Bruno e Leon, Toby, Erikota, Edinaldo,

Seu Manel, Nelson Rosa, Jair o “Bala”, Joice, Joss, Aragão, Xarope e todos outros!

Aos guerreiros e guerreiras que encontrei pelo caminho. Valeu Loiro e André!

Ao seu Maneco por continuar RESISTINDO.

A música.

“O tamanho da gratidão,

cabe na palma da mão,

num sorriso bem dado,

ô num abraço apertado,

Abre os oí camaradinha

Escutem todos meus irmãos

a gratidão que é certa,

ou o certo é gratidão?!”

NAMASTÊ!

VII

RESUMO

As atividades humanas têm sido responsáveis pela maioria das emissões dos

Gases de Efeito Estufa (GEE), o que acarreta na elevação da temperatura global. No

Brasil, 75% das emissões de CO2, um dos principais GEE´s, correspondem ao

desmatamento e degradação florestal (extração de madeira e fogo), a grande maioria na

Amazônia. Estudos buscando uma melhor compreensão do ciclo do carbono e da

dinâmica do meio ambiente na Amazônia são de suma importância para o planejamento

de políticas públicas. Tendo em vista o papel deste bioma na conservação da

biodiversidade, regulação climática global e ciclos biogeoquímicos, o número de

trabalhos na região é baixo. Neste contexto, o objetivo do presente estudo é auxiliar na

nossa capacidade de calcular biomassa foliar de duas espécies de palmeiras Attalea

maripa e A. speciosa (Inajá e Babaçu respectivamente) que são muito abundantes no

bioma amazônico. Além disso, o estudo tem como objetivo avaliar a distribuição e

biomassa de duas espécies de palmeiras encontradas sob diferentes níveis de

perturbação humana. A metodologia aqui desenvolvida torna possível o

desenvolvimento de equações alométricas de biomassa foliar (A. maripa, Y = 0,0885x + 1,0659 e R² = 0,9592; A. speciosa, Y = 0,0992x + 2,5373

R² = 0,9342) causando danos leves e reparáveis na saúde do indivíduo estudado.

Demonstrou-se uma maior média de biomassa por hectare de Babaçu em relação a

Inajá. Ambas as espécies apresentaram maior média de biomassa em áreas degradadas e

desmatadas em relação a áreas de florestas primárias demonstrando-se assim excelentes

bioindicadores de ação antrópica.

Palavras-chave: Attalea, biomassa, Amazônia, palmeiras, carbono.

VIII

ABSTRACT

Human activities have been responsible for significant increases in atmospheric

Greenhouse Gases (GHG) emissions, driving global increases in temperature. In Brazil,

75% of CO2, the most important GHG, emissions are due to deforestation and forest

degradation from fire and logging, mostly in the Amazon. Studies seeking a better

understanding of the carbon cycle and dynamics in the ecosystems of the Amazon are of

paramount importance given the global significance of this biome for the conservation

of terrestrial biodiversity, and the regulation of climate and biogeochemical cycles. In

this context, the aim of the present study is to improve on our ability to calculate leaf

biomass of two species of palms Attalea maripa and Attalea speciosa (Inajá and

Babassu, respectively) that are very abundant in the Amazon biome. Moreover, the

study aims to evaluate the distribution and biomass of the two palm species found under

different levels of human disturbance. The methodology developed here was effective

for the calculation of leaf biomass of these species. It was demonstrated greater mean

biomass per hectare of Babassu against Inajá. Both species had higher average biomass

on degraded and deforested areas in relation to forests.

Keywords: Attalea, biomass, Amazon, palm trees, carbon.

IX

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Efeito Estufa (Adaptado de: Stern Review: The economics of climate change,

2007). ................................................................................................................................ 2

Figura 2: Bioma Amazônico (Fonte Amaro, 2012). ......................................................... 5

Figura 3: “Arco do desmatamento” na Amazônia brasileira. Adaptado de Silva 2012). 7

Figura 4: Casa com telhado de folhas de Attalea spectabilis, Santarém-PA. ................... 9

Figura 5: Disposição das inflorescências em palmeiras. (Adaptado de Sodre, 2005). ... 10

Figura 6: Localização dos municípios de Belterra e Santarém (Adaptado de:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Para_Municip_Santarem.svg). ............................ 13

Figura 7: Indivíduos de Attalea maripa em área de pasto, Santarém-PA. ..................... 14

Figura 8: (a) indivíduo adulto de Attalea speciosa, (b) medição de folha de babaçu com

mais de 10m, (c) cacho de babaçu, (d) fruto de babaçu. ................................................ 15

Figura 9: Seleção das microbacias de estudo nos municípios de Belterra e Santarém -

PA, Brasil (Adaptado de: Gardner,2013). ...................................................................... 18

Figura 10: (a: Distribuição aleatório-estratificada dos transectos dentro de cada

microbacia de estudo, (b) desenho amostral das parcelas e sub-parcelas (Adaptado de:

Gardner, 2013). ............................................................................................................... 20

Figura 11: Diferentes estágios de desenvolvimento das folhas de Attalea speciosa. (a)

folha nova, (b) folha adulta e (c) folha senil................................................................... 22

Figura 12: : Desenho esquemático da folha de uma palmeira (adaptado de Sodre, 200..

........................................................................................................................................ 23

Figura 13:: (a) Relação entre a base elevada ao cubo e a biomassa foliar de F2 em

Attalea maripa, (b) Relação entre a base elevada ao cubo e a biomassa foliar de F2 em

Attalea speciosa . ............................................................................................................ 25

Figura 14: Médias e desvio padrão de biomassa/hectare por categoria .......28

X

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: (a) Evolução do desmatamento na Amazônia legal

(fonte: Boletim transparência florestal, janeiro 2013, Imazon),

(b) Evolução da degradação florestal na Amazônia legal

(fonte: Boletim transparência florestal, janeiro 2013, Imazon)

6

Quadro 2: (a) biomassa foliar de Attalea maripa ao longo dos

transectos, (b) biomassa foliar de Attalea speciosa ao longo

dos transectos

26

.

XI

LISTA DE ABREVIATURAS

ADM – Área Desmatada

ADG – Área Degradada

AI – Área Intocada

CO2 – Dióxido de Carbono

CH4 – Metano

DAP – Diâmetro na Altura do Peito

F1 – Folha Juvenil

F2 – Folha Adulta

F3 – Folha Senil

GEE – Gases de Efeito Estufa

INMET – Instituto Nacional de Metereologia

L.B. – Largura da Base

Nf – Número de folhas

N2O – Óxido Nitroso

PA – Pará

Pf – Peso da folha

RAS – Rede Amazônia Sustentável

REDD – Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação

SAD – Sistema de Alerta do Desmatamento

XII

TÍTULO: Biomassa foliar de palmeiras acaule das espécies Attalea maripa e Attalea

speciosa nos municípios de Belterra e Santarém, Pará, Brasil.

Sumário

1 - INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 1

1.1 - UM BREVE HISTÓRICO DA QUESTÃO AMBIENTAL ............................................. 1

1.1.1 Políticas internacionais ................................................................................................ 3

1.2 – AMAZÔNIA ....................................................................................................................... 4

1.2.1 Bioma Amazônico ......................................................................................................... 4

1.2.2 - Palmeiras Amazônicas ............................................................................................... 7

1.2.2.1 - Morfologia das palmeiras ................................................................................... 9

2 – OBJETIVOS ......................................................................................................................... 11

2.1 - OBJETIVO GERAL ....................................................................................................... 11

2.2 – OBJETIVOS ESPECÍFICOS ......................................................................................... 11

3 - METODOLOGIA .................................................................................................................. 12

3.1 – DADOS PRELIMINARES ............................................................................................ 12

3.2 – ÁREAS DE ATUAÇÃO ................................................................................................ 12

3.3 CONHECENDO AS ESPÉCIES ESTUDADAS.............................................................. 13

3.3.1 - Attalea maripa, o Inajá ............................................................................................ 13

3.3.2 - Attalea speciosa, o Babaçu ...................................................................................... 15

3.4 – SELEÇÃO DE MICROBACIAS ................................................................................... 17

3.5 - DESENHO AMOSTRAL ............................................................................................... 18

3.6 – COLETA DE DADOS ................................................................................................... 21

3.6.1 - Geração da fórmula de biomassa foliar de palmeiras acaule e com caule abaixo de

1,30m ................................................................................................................................... 21

3.6.2 - Coleta e Processamento ........................................................................................... 22

3.6.3 – Análise de dados ...................................................................................................... 23

3.7 – APLICAÇÃO DAS FÓRMULAS DE BIOMASSA ..................................................... 24

4 - RESULTADOS ..................................................................................................................... 25

4.1 – EQUAÇÃO ALOMÉTRICA ......................................................................................... 25

4.2 – APLICAÇÃO DA FÓRMULA ...................................................................................... 26

5 - DISCUSSÃO ......................................................................................................................... 28

6 - CONCLUSÃO ....................................................................................................................... 30

7 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 30

1

1 - INTRODUÇÃO

1.1 - UM BREVE HISTÓRICO DA QUESTÃO AMBIENTAL

A história humana é a história de como as diversas florestas da Terra e seus

produtos foram utilizados (FAO, 2012). Há milênios as florestas têm sido fonte de

matéria-prima na edificação de casas, na alimentação, em combustíveis, medicamentos

e, quando derrubadas, fonte de terras para fazendas e cidades. Embora seja uma rica

fonte de recursos, a maioria das sociedades acha extremamente desafiador gerir a

floresta de forma sustentável. Muitas vezes na história da humanidade sociedades

inteiras entraram em colapso devido às consequências ambientais causadas pela má

administração dos recursos naturais (Diamond, 2005).

Segundo Zan, 1910, apud FAO, 2012:

“A História mostra claramente que em países com recursos

naturais abundantes e de população escassa não há pensamento no futuro,

e toda a energia é direcionada para a exploração e uso imprudente do que

a natureza oferece. Os resíduos sob tais condições são, naturalmente,

muito grandes e a utilização econômica não paga. À medida que a

população aumenta e a indústria cresce a demanda por matéria-prima

aumenta, e há um despertar gradual da opinião pública para a

necessidade de um controle mais cuidadoso dos recursos naturais.

Praticamente todas as nações têm viajado pelo mesmo caminho.”

Desde a Revolução Industrial no século XVIII, com os avanços nos modos de

produção e os avanços técnico-científicos iniciados no século seguinte, o ambiente é

explorado de maneira cada vez mais intensa (Landim, 2001). Grandes corporações e seu

grande poder político têm feito dos recursos naturais o que lhes convêm. Atualmente o

grande desafio na administração dos recursos naturais é que não se trata apenas de uma

floresta isolada ou um continente. Trata-se das florestas como um todo. A administração

já não deve ser pensada apenas a título de países ou federações, a administração deve

ser pensada a nível global, pois a dimensão e o poder transformador da atual

globalização são muito grandes.

2

Segundo Santos, 1993:

“A globalização é o estágio supremo da internacionalização. O processo

de intercâmbio entre países, que marcou o desenvolvimento do

capitalismo desde o período mercantil dos séculos 17 e 18, expande-se

com a industrialização, ganha novas bases com a grande indústria, nos

fins do século 19, e, agora, adquire mais intensidade, mais amplitude e

novas feições. O mundo inteiro torna-se envolvido em todo tipo de troca:

técnica, comercial, financeira, cultural.”

Cada vez mais a questão ambiental vem sendo pauta de discussão, frente a

catástrofes “naturais” como enchentes, secas, terremotos e ciclones, que se acentuam a

cada dia. Além disso, existem as outras catástrofes, como fome, sede, epidemias,

miséria, violência e desigualdade social, que caminham lado a lado com as ditas

“naturais” (Batista, 2009). Isso está intimamente ligado ao fenômeno conhecido como

Aquecimento Global (Stern Review, 2006). Este fenômeno deve-se há um aumento da

retenção da radiação infravermelha (energia térmica) na atmosfera terrestre: o “efeito-

estufa” (IPCC, 2007) (figura 1).

Figura 1: Efeito Estufa (Adaptado de: Stern Review: The economics of climate change,

2007).

3

As atividades humanas são responsáveis pela maioria das emissões dos

chamados Gases de Efeito Estufa (GEE), principalmente o dióxido de carbono (CO2)

oriundo da queima de combustíveis fósseis e queimadas. O metano (CH4) e o óxido

nitroso (N2O) também fazem parte desses gases e são provenientes, sobretudo das

atividades agropecuárias (CGEE, 2008).

1.1.1 Políticas internacionais

Realizada em junho de 1972, a conferência de Estocolmo foi primeiro grande

evento sobre meio ambiente realizado no mundo. Seu objetivo era basicamente discutir

o estado global do meio ambiente. Esta conferência, bem como o Relatório Brundtland,

publicado em 1987, pelas Nações Unidas, lançaram as bases para o ECO-92. Esta

última realizada no Rio de Janeiro-Brasil, reuniu representantes de cerca de 108 países

para decidir que medidas tomar para conseguir diminuir a degradação ambiental e

garantir a existência de outras gerações. Os produtos desse encontro foram a Agenda 21,

a Carta da Terra1 e introduziu-se a ideia do desenvolvimento sustentável, um modelo

de crescimento econômico menos consumista e mais adequado ao equilíbrio ecológico.

Muitos autores consideram o termo “Desenvolvimento Sustentável” um termo

anacrônico, pela insustentabilidade do presente modelo de desenvolvimento, sinônimo

de “crescimento econômico” (Amaro, 2012).

Em 1997, um tratado internacional com compromissos mais rígidos para redução

de GEE´s foi proposto em Kyoto-Japão. Conhecido como Protocolo de Kyoto propôs

um calendário pelo qual os países membros têm a obrigação de reduzir a emissão de

GEE´s. As questões do desmatamento e degradação florestal foram excluídas do

Protocolo devido a sua complexidade nas medições e monitoramento para os diversos

ecossistemas e mudanças no uso da terra. Apenas na Conferencia das Partes sobre

Mudanças Climáticas2 de 2007 (COP-13) que foi assinado um acordo, devido à

1 - http://www.earthcharterinaction.org/content/pages/Read-the-Charter.html

2 http://www.pic.int/TheConvention/Overview/Howitwasdeveloped/tabid/1045/language/en-

US/Default.aspx

4

necessidade urgente de tomar medidas significativas para reduzir as emissões por

desmatamento e degradação florestal (REDD3).

Os mecanismos de REDD são um conjunto de medidas que utilizam incentivos

do mercado financeiro, a fim de diminuir as emissões de GEE´s causadas por

desmatamento e degradação florestal (Angelsen 2009). Estima-se que 17% das

emissões de GEE´s no mundo são causadas pela perda de florestas. Só no Brasil 75%

das emissões de CO2 correspondem ao desmatamento (supressão total da floresta para

outros usos do solo) e degradação florestal (florestas intensamente exploradas pela

atividade madeireira e/ou queimadas) (IBGE, 2010).

Além de manter a diversidade biológica, as florestas são importantes agentes

reguladores dos processos hidrológicos e meteorológicos, assim como, grandes

responsáveis pela fixação do carbono atmosférico e reservatórios de carbono (Marinho

2010).

As principais causas subjacentes do desmatamento e degradação florestal são

inter-relacionadas e muitas vezes específicas de cada país, algumas delas: pobreza;

reconhecimento inadequado dentro das leis nacionais e jurisdição dos direitos e

necessidades dos que dependem da floresta: comunidades indígenas e locais;

desvalorização dos produtos florestais e serviços ambientais; falta de boa governação;

corrupção; o comércio ilegal; políticas nacionais que distorcem os mercados e

incentivam a conversão de terras florestais para outros usos (FAO, 2012).

1.2 – AMAZÔNIA

1.2.1 Bioma Amazônico

Estendendo-se do Oceano Atlântico às encostas orientais da Cordilheira dos

Andes, até aproximadamente 600m de altitude, o bioma amazônico (figura 2) distribui-

se por nove países na América do Sul (Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana,

Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela)(Gonçalves, 2008 apud Amaro 2012).

Totalizando cerca de 8.500.000km² (69% só no Brasil) é a maior floresta tropical do

3 http://unfccc.int/2860.php

5

planeta, contendo a maior biodiversidade e abrigando a maior rede hidrográfica do

mundo. Tem um papel fundamental na conservação da biodiversidade (Rodrigues,

2009), regulação da temperatura da Terra e dos ciclos biogeoquímicos (Nepstad, 2008).

Figura 2: Bioma Amazônico e Amazônia Legal (Fonte Amaro, 2012).

No Brasil, para efeitos de governo e economia, a Amazônia é delimitada por

uma área chamada "Amazônia Legal" (Figura 2) definida a partir da criação da

Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM), em 1966 (Becker,

2008).

Apesar de sua importância, a Amazônia vem sendo cada vez mais ameaçada

pelo desmatamento e degradação ambiental. Segundo o Sistema de Alerta do

Desmatamento (SAD) (Imazon, 2013), o desmatamento na Amazônia brasileira atingiu

35 quilômetros quadrados em janeiro de 2013. O desmatamento acumulado (Quadro

1a) no período de agosto de 2012 a janeiro de 2013, correspondendo aos seis meses do

calendário oficial de medição do desmatamento, atingiu 1.305 km². Houve aumento de

118% em relação ao período anterior (agosto de 2011 a janeiro de 2012) quando atingiu

600 km². Em janeiro de 2013, o SAD registrou 69 km² de florestas degradadas também

na Amazônia brasileira. A degradação florestal acumulada (Quadro 1b) no período de

agosto de 2012 a janeiro de 2013 atingiu 1.041 km².

6

Quadro 1 – (a) Evolução do desmatamento na Amazônia legal (fonte: Boletim

transparência florestal, janeiro 2013, Imazon), (b) Evolução da degradação florestal na

Amazônia legal (fonte: Boletim transparência florestal, janeiro 2013, Imazon).

(a)

(b)

Os atores e as forças que conduzem a perda de floresta variam entre partes

diferentes da região, e variam ao longo do tempo. Esta perda é vista como um meio

prático para alcançar aspirações legítimas ao desenvolvimento econômico (Rodrigues,

2009). Em geral, os grandes e médios fazendeiros respondem pela grande maioria da

atividade do desmatamento e degradação (figura 3), mas os pequenos agricultores

podem atuar como forças importantes nos lugares onde estão concentrados (Fearnside,

2006).

7

Figura 3: “Arco do desmatamento” na Amazônia brasileira. (Fonte:

www.periodicos.ufpa.br/index.php/amazonica/article/view/156/229 Apud. Amaro, 2012).

Ainda segundo o SAD de janeiro de 2013 houve um comprometimento de 1

milhão de toneladas de carbono (com margem de erro de 283 mil toneladas). O carbono

florestal comprometido pelo desmatamento no período de agosto de 2012 a janeiro de

2013 foi de 18 milhões de toneladas (com margem de erro de 472 mil toneladas). Em

relação ao mesmo período no ano anterior (agosto de 2011 a janeiro de 2012) quando o

carbono florestal comprometido foi de 10,5 toneladas, houve um aumento de 71% na

quantidade de carbono comprometido pelo desmatamento.

Quantificar a porção de carbono depositada e ciclada na floresta amazônica é de

suma importância (Malhi, 2006). Muitos estudos são realizados buscando uma melhor

compreensão da relação do carbono com a floresta. (Malhi and Grace, 2000). A

dimensão total e a variação espacial de biomassa nessa floresta são mal quantificadas

devido as grandes adversidades encontradas no campo, dificultando as pesquisas

(Malhi, 2006).

1.2.2 - Palmeiras Amazônicas

Arecaceae é uma família botânica do clado das monocotiledôneas que possui

lianas, arbustos e árvores. As palmeiras possuem quase sua totalidade distribuída pelas

8

regiões tropicais e subtropicais (Johnson, 1996), sendo raramente encontradas nas

regiões temperadas. Possui cerca de 202 gêneros e mais de 2600 espécies catalogadas

até o momento, sendo 35 gêneros e 135 espécies ocorrendo na Amazônia, o que faz

desta família uma das mais abundantes, diversas e importantes na região. (Henderson,

1995; Kahn, 1992). Apresentam uma grande diversidade de características físicas que

faz com que habitem quase todos os ambientes em suas faixas de ocorrência, desde

florestas densas até desertos (Jones, 1999). Na Amazônia, figuram um importante papel

na ecologia da floresta (Munari, 2007) e incluem uma gama de hábitos desde pequenos

arbustos de sub-bosque até imensas árvores de dossel, e lianas (Vormisto, 2004).

Ao longo da história as palmeiras têm sido amplamente cultivadas, sendo uma

das famílias botânicas mais conhecidas. Símbolo dos trópicos, as palmeiras têm sido

retratadas em diversas culturas através dos tempos. A utilização e o cultivo dessa árvore

datam de mais de 5000 anos atrás. Os romanos recompensavam seus campeões dos

jogos e sucessos militares com ramos de palmeiras. Os primeiros cristãos usaram o

ramo da palmeira para simbolizar a vitória dos fiéis, como no festival de Domingo de

Ramos que comemora a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. No judaísmo a palmeira

representa paz e abundância, e na cabala simbolizam a Árvore da Vida. Sua importância

nos tempos antigos pode ser percebida pela citação na bíblia, mais de trinta vezes, e no

Alcorão, pelo menos 20 vezes (FAO, 1993). Conta à lenda que a faca feita da palmeira

ticum (Bactris setosa) foi a única arma capaz de matar o lendário capoeirista Besouro

Mangangá no recôncavo baiano.

Atualmente, a extensa utilização no paisagismo, assim como, na produção de

alimentos e produtos de uso comum faz com que essas plantas adquiram uma elevada

importância econômica. Entre os diversos usos das palmeiras estão: alimentação,

construção, artesanato, produção de óleos naturais, cosméticos, medicamentos, carvão, e

outros (FAO, 1993). Um capítulo recente da história mostra o importante papel das

palmeiras no processo de independência da ilha de Bougainville da Papua Nova Guiné.

Conhecida também como “Revolução dos Cocos”4 tem a origem do seu nome na

palmeira Cocos nucifera.

Frutos de palmeiras, sementes e mudas são consumidos tanto por invertebrados

quanto por vertebrados e em alguns locais, nos períodos de escassez de frutos na

4 Ver em: “Coconut Revolution” documentário do ano 2000 com 50 minutos da National Geographic.

9

floresta, estão entre os poucos recursos alimentares disponíveis para apoiar biomassa de

vertebrados (Terborgh, 1996). Na região amazônica, palmeiras têm sido

tradicionalmente usadas por humanos na alimentação, construção de casas (figura 4) e

para muitos outros fins (Cintra, 2005).

Figura 4: Casa com telhado de folhas de Attalea spectabilis, Santarém-PA.

1.2.2.1 - Morfologia das palmeiras

As Arecaceae apresentam dois tipos de crescimento: solitário ou agrupado. A

imagem mais comum é a de um tronco ou estipe solitário com uma coroa de folhas

verdes na extremidade. O estipe pode apresentar várias formas, tamanhos, volumes e

texturas, terminando em um meristema apical, onde ocorre o ponto de crescimento da

planta. Este órgão vital fica protegido por folhas em desenvolvimento, externamente

pelas bainhas das folhas, e é conhecido popularmente por palmito. Algumas espécies

são consideradas acaules, com suas folhas aparentemente surgindo do solo durante a

maior parte de sua existência, exemplo muito característico visto em plantas nativas do

Brasil do gênero Attalea, além da exótica Sabal minor nativa do sudoeste dos EUA, que

com o passar do tempo, exibe um pequeno estipe.

Caracterizadas por sempre apresentarem folhas verdes que podem ser palmadas

ou pinadas e arranjadas em espiral no topo da haste. As folhas têm uma bainha tubular

que, geralmente, se abre de um lado quando maduras. Apresentam inflorescências

(figura 5) rodeadas de uma ou mais brácteas, flores quase sempre pequenas e claras,

10

com simetria radial, uni ou bissexual. Pétalas e sépalas distintas ou unidas na base e

geralmente em três (Sodre, 2005).

Figura 5: Disposição das inflorescências em palmeiras. (Adaptado de Sodre, 2005).

Os frutos apresentam variações nas cores, formas, tamanhos e texturas. Quanto a

sua forma podem ser esféricos, cônicos, ovalados ou alongados. Muitos constituem uma

rica fonte alimentar, importância econômica e medicinal. As raízes são do tipo

fasciculada, não se distinguindo uma raiz principal. Em algumas espécies ocorrem

também pequenas raízes aéreas localizadas na base do tronco.

Entre as monocotiledôneas, as palmeiras são notáveis pela sua altura e tamanho

de suas sementes, folhas e inflorescências. A espécie Ceroxylon quindiuense, árvore

nacional da Colômbia, é a monocotiledônea mais alta do mundo, atingindo até 60m de

altura. O Coco-do-mar (Lodoicea maldivica) tem as maiores sementes do reino Plantae,

alcançando 50cm de diâmetro e pesando até 30 Kg cada. O gênero Raphia apresenta as

maiores folhas chegando até 25m de comprimento e 3m de largura. Dentro do gênero

Corypha está a maior inflorescência da Terra medindo quase 8m de altura e contendo

milhões de flores minúsculas. Ainda na seção Guinness5 do reino Plantae está o gênero

Calamus com caules de até 200m de comprimento.

5 http://www.guinnessworldrecords.com/

11

2 – OBJETIVOS

2.1 - OBJETIVO GERAL

Desenvolver uma metodologia de cálculo prático para a biomassa foliar de

palmeiras acaules ou com caule abaixo de 1,30m das espécies Attalea maripa e Attalea

speciosa.

2.2 – OBJETIVOS ESPECÍFICOS

I - Gerar fórmula para cálculo de biomassa foliar de palmeiras acaules ou com

caules abaixo de 1,3m das espécies A. maripa e A. speciosa, tendo em vista sua

praticidade no campo.

II – Aplicar a fórmula para cálculo da biomassa foliar de palmeiras acaules ou

com caules abaixo de 1,3m em 175 transectos nos municípios de Belterra e Santarém,

PA, Brasil.

III – Comparar os resultados obtidos quanto a biomassa foliar de acordo com a

classificação dos transectos (área desmatada, área degradada e área sem distúrbio).

12

3 - METODOLOGIA

3.1 – DADOS PRELIMINARES

O presente estudo foi realizado dentro do projeto Rede Amazônia Sustentável6,

RAS (Gardner, 2013). Tanto a escolha da área estudada quanto o desenho amostral

utilizados nesta monografia foram estabelecidos no projeto, aproveitando-se o que já

havia sido produzido em termos metodológicos (Seleção de microbacias, desenho

amostral).

3.2 – ÁREAS DE ATUAÇÃO

Os dados foram coletados nos municípios de Belterra e Santarém, localizados no

oeste do estado do Pará (Figura 6), respectivamente, a 02°38'11” e 2°26’22” ao sul da

linha do equador (latitude) e a 54°56'14" e 54°41’55’’ a oeste do Meridiano de

Greenwich (longitude). De acordo com o projeto RADAMBRASIL (1973), a

geomorfologia da região é classificada por duas principais unidades morfo-estruturais,

conhecidas como Platô do Baixo Amazonas da Amazônia central, com altitude

aproximada de 100m, e Platô Tapajós-Xingu, com altitude entre 120 e 170 m. A

principal unidade pedológica é o Latossolo Amarelo distroférrico, que apresenta

diferentes texturas, sendo normalmente coberto por floresta densa (Hernandez, 1993).

Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), o clima é quente e úmido com

temperaturas médias entre 25 e 28°C, umidade relativa média de 86% e a média anual

de precipitação é de 1920 mm.

A cidade de Santarém foi fundada em 1661, e antes disso já havia sido um

centro da civilização pré-colombiana. O Desenvolvimento recente tem sido intimamente

associado com a construção de rodovias federais. Santarém e sua vizinha Belterra

(figura 4.) foram densamente povoadas por pequenos agricultores há mais de um século.

Ambas as cidades são relativamente consolidadas, com a diminuição da taxa de

desmatamento de floresta primária, embora a pavimentação da rodovia Santarém-

Cuiabá (BR-163) provavelmente acarretará uma maior colonização e expansão agrícola

6 http://www.redeamazoniasustentavel.org

13

num futuro próximo. A agricultura mecanizada se estabeleceu em ambas as regiões só

no início de 2000, e tem aumentado rapidamente nos últimos anos (geralmente à custa

de pastagens e florestas secundárias). Ocupando aproximadamente 40.000 ha nas duas

cidades. Ambas as regiões são distintas da fronteira agroindustrial no Estado do Mato

Grosso, que é dominado pela grande agricultura mecanizada, principalmente para

exportação. Embora a agricultura mecanizada possa expandir-se rapidamente, em ambas

as regiões de estudo, em contraste com Mato Grosso, a maioria das propriedades são

inferiores a 1000 ha. Além disso, centros urbanos, locais e regionais, fornecem

importantes mercados para o gado, e as paisagens são intercaladas com um conjunto

diversificado de colônias densamente povoadas de pequenos produtores e

assentamentos de reforma agrária (Gardner, 2013).

Figura 6: Localização dos municípios de Belterra e Santarém (Adaptado de:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Para_Municip_Santarem.svg).

3.3 CONHECENDO AS ESPÉCIES ESTUDADAS

3.3.1 - Attalea maripa, o Inajá

A Attalea maripa (figura 7) é uma palmeira de estipe solitária podendo atingir

até 35m de altura e um diâmetro na altura do peito (DAP) maior que 40 cm. Suas folhas

podem chegar até 15m de comprimento e cada palmeira adulta sustenta entre 15-25

folhas (Henderson, 1995). No Brasil a espécie distribui-se no Norte (Pará, Amazonas,

14

Acre, Rondônia), Nordeste (Maranhão) e Centro-Oeste (Mato Grosso, Mato Grosso do

Sul) (Leitman, 2012). Além do Brasil, esta palmeira ocorre também na Bolívia,

Colômbia, Equador, Guiana Francesa, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela (MOBOT,

2013). Em florestas de terra firme, a espécie não é naturalmente dominante em grandes

áreas, mas muitas vezes domina florestas secundárias e áreas impactadas pelo ser

humano, como as savanas que se desenvolvem quando as florestas são convertidas em

pastagens através de repetidos incêndios (Kahn, 1992; Beard, 1953).

Figura 7: Indivíduos de Attalea maripa em área de pasto, Santarém-PA.

Os frutos de A. maripa são frequentemente uma rica fonte de alimento para

muitos vertebrados (Salm, 2005). Dentre seus dispersores estão a anta (Tapirus sp.), a

cotia (Dasyprocta sp.), catitu (Tayasu tajacu), veado (Manzama sp.) e alguns primatas

(Fragoso, 1997).

O Inajá possui uma forma de crescimento no qual o caule permanece “preso” em

baixo da terra. Primeiramente seu desenvolvimento tem orientação horizontal e depois a

orientação é vertical (Salm, 2005). Em Attalea o a curvatura das folhas é exagerada,

uma vez que o eixo tem geotropismo positivo e subsequentemente negativo, dando uma

forma de “saxofone” para o desenvolvimento da haste (Tomlinson, 1990).

15

3.3.2 - Attalea speciosa, o Babaçu

Attalea speciosa (sinonímia Orbgnya phalerata) (figura 8) é uma palmeira de

estipe solitária podendo atingir até 30m de altura e um diâmetro na altura do peito

(DAP) maior que 40 cm. Suas folhas podem passar dos 15m de comprimento e cada

palmeira adulta sustenta entre 15-25 folhas (Henderson, 1995). As flores são de sexos

separados, com ramos florais volumosos (inflorescência). O babaçu pode possuir mais

de seis cachos por planta, sustentado por um pêndulo de até 90cm. Cada cacho ostenta

de 240 a 720 frutos, sendo esses, lenhosos, ovais alongados, atingindo até 15 cm de

comprimento e 8 cm de largura, e pesando até 240g (Lorenzi, 1996). O fruto (figura 8)

apresenta: epicarpo (camada mais extensa bastante rija), mesocarpo (entre 0,5 e 1 cm,

rico em amido), endocarpo (rijo, de 2 a 3 cm) e amêndoas (de 2 a 8 por fruto, com até 6

cm de comprimento e 2 cm de largura) (Silva, 2008).

Figura 8: (a) indivíduo adulto de A. speciosa, (b) medição de folha de babaçu com mais de 10m,

(c) cacho de babaçu, (d) fruto de babaçu.

Sua ampla distribuição geográfica no Brasil: Norte (Pará, Amazonas, Tocantins,

Acre, Rondônia), Nordeste (Maranhão, Piauí, Ceará, Bahia), Centro-Oeste (Mato

16

Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul), Sudeste (Minas Gerais)(Leitman, 2012). Ocorre

também na Bolívia, Guiana e Suriname (MOBOT, 2013). A sua área de ocorrência

natural no Brasil é avaliada em cerca de 18 milhões de hectares, sendo que somente nos

Estados do Maranhão e Piauí estão inseridos mais de 70% deste total, onde ocorrem os

imensos babaçuais ou florestas de cocais (Silva, 2011).

O babaçu pode ocorrer isoladamente nas florestas ou em áreas abertas, sendo

mais frequentemente encontrado em áreas degradadas onde é considerada uma espécie

pioneira e dominante. Geralmente o babaçu possui baixa densidade na vegetação

primária (Anderson, 1991). No entanto, a mudança no uso da terra pode desencadear a

eliminação total ou parcial, assim como seu predomínio nestas áreas. Deste modo, a

presença do babaçu serve como bioindicador de áreas antropizadas (Silva, 2008).

Devido sua característica ruderal, em áreas de pastagens, dependendo do manejo do

produtor rural, pode ser encontrado em pequenas densidades e após 30 anos,

transformar aquelas numa formação secundária quase monoespecífica de babaçu. Sendo

assim, uma floresta de A. speciosa pode ser considerada como uma formação

secundária, que se desenvolve nos meses subsequentes às queimadas, quando seu fruto

germina e as plântulas crescem vigorosamente.

No Brasil, é amplamente utilizado, sendo muito provável que seu uso vem desde

os povos pré-colombianos. Porém a formação de babaçuais tão extensos atribui-se a

colonização das áreas de grande ocorrência nos últimos séculos (Biodiselbr, 2013).

Várias partes do coco de babaçu podem ser utilizadas como fontes energéticas: o

epicarpo para utilização direta como combustível primário, o mesocarpo para produção

de álcool, o endocarpo para produção de carvão e gases, a amêndoa para produção de

óleo, com possível aplicação em motores a diesel (Silva, 2008). Pesquisas em relação ao

seu uso como fonte alternativa de biodiesel vêm sendo realizadas como parte do Projeto

Nacional Pro-biodiesel do Ministério da Ciência e Tecnologia, lançado em 2002

(Brandão, 2006).

O babaçu é um dos principais produtos extrativistas do Brasil: das folhas se

podem fazer cestas, cobertura de casas e na época de seca como alimento para o gado;

O caule pode ser empregado na construção de casas e quando em decomposição, atrai o

gongo, um besouro utilizado como isca eficiente na pescaria e frito vira um tira-gosto; o

palmito serve como alimento; a seiva, fermentada, se torna bebida muito apreciada

(Silva e Tassara, 1991).

17

A polpa retirada do mesocarpo do fruto é produz farinha, utilizada no

enriquecimento da merenda em muitas escolas no Maranhão (Silva, 2011). Em alguns

locais a amêndoa contida em seu fruto é extraída manualmente em um sistema caseiro

tradicional e de subsistência. Ainda no Maranhão, a extração de sua amêndoa envolve o

trabalho de mais de 300 mil famílias (Anderson, 1991). Esta é consumida in natura; em

forma de doces, paçocas e farinhas; quando verde fornece um leite nutritivo; quando

madura o óleo para uso doméstico, tendo também utilização industrial para fabricação

de perfumes, sabões, sabonetes, lubrificantes, manteigas e velas (Lorenzi, 1996). Além

disso, a palmeira é ornamental podendo ser utilizada com sucesso no paisagismo

(Lorenzi, 2000).

Outro valor desta espécie é o uso medicinal reconhecido tanto pelos populares

quanto pela ciência (Barros, 2011). Dados etnobotânicos indicam que a farinha do

mesocarpo pode ser utilizada no tratamento de feridas crônicas, úlceras gástricas e

duodenais, inflamações diversas, tumores, obesidades e outras doenças (Sousa, 2008).

3.4 – SELEÇÃO DE MICROBACIAS

O principal critério para seleção das microbacias individuais foi o total de

cobertura florestal remanescente, ou inversamente, o desmatamento histórico

acumulado. A extensão do desmatamento foi correlacionada com muitos outros fatores

incluindo tempo de ocupação, tipos de mudanças históricas de uso da terra, acesso a

estradas e variáveis biofísicas. A seleção das microbacias foi realizada visando garantir

a representação das práticas atuais de uso da terra, a distribuição espacial da população

rural e os principais tipos de solo (Figura 9). No total 18 Microbacias (5000-6000

hectares) foram delineadas usando um modelo de elevação digital e o SWAT (Soil and

Water Assessment Tool) para ARCGIS 9.3.

18

Figura 9: Seleção das microbacias de estudo nos municípios de Belterra e Santarém - PA, Brasil

(Adaptado de: Gardner, 2013).

3.5 - DESENHO AMOSTRAL

Para garantir que os dados fornecessem uma amostra representativa das

condições ambientais de cada microbacia, empregou-se um desenho amostral aleatório-

estratificado. Em cada microbacia, uma densidade padrão de transectos (1 por 400 ha)

foi distribuída ao longo da paisagem. O uso de um desenho amostral estratificado

garante que uma ampla variedade de propriedades rurais seja representada na paisagem,

englobando tanto pequenos quanto grandes produtores e também todos os principais

19

tipos de uso da terra e práticas de manejo da região (ex. pecuária, agricultura

mecanizada, agricultura de corte-e-queima, silvicultura, manejo florestal).

A distribuição dos transectos em cada paisagem respeitou a proporção de

cobertura florestal (incluindo tanto florestas primárias e secundárias em vários estágios

de degradação florestal)e áreas de produção (qualquer). Neste caso, quando metade da

área da microbacia era coberta por floresta, este uso do solo recebeu apenas metade dos

transectos; sendo a outra metade distribuída em áreas de produção. Dentro de cada uma

das principais categorias de uso da terra, aqueles foram distribuídos aleatoriamente para

aumentar a probabilidade de capturar aspectos importantes da heterogeneidade interna

da floresta e/ou das áreas de produção (figura 10a). Foi estabelecida a regra de uma

distância mínima de 1500 m entre os transectos para reduzir a dependência espacial

entre os mesmos. O tamanho de cada um é 250 m de comprimento por 10m de largura

(0,25ha) (figura 10b). Foram estabelecidos 175 transectos de estudo na região, ao longo

de uma área de aproximadamente um milhão de hectares. Cada transecto foi

classificado de acordo com a intensidade de influência antrópica (Gardner, 2013)

através de observação direta no campo, a classificação dos transectos foi:

- Área Desmatada (ADM) – área caracterizada pela supressão da floresta;

- Área Degradada (ADG) – área com extração de madeira e/ou queimadas;

- Área Intocada7 (AI) – área de floresta primária (sem corte ou queima);

7 O termo intocada é meramente ilustrativo.

20

Figura 20: (a): Distribuição aleatório-estratificada dos transectos dentro de cada microbacia de

estudo, (b) desenho amostral das parcelas e sub-parcelas (Adaptado de: Gardner, 2013).

21

3.6 – COLETA DE DADOS

Este trabalho foi realizado em duas etapas no período de junho a novembro de

2010. Na primeira etapa, foi coletado material no campo e processado em laboratório

com o objetivo de gerar uma fórmula para o cálculo prático de biomassa foliar em

palmeiras das espécies Attalea speciosa (babaçu) e Attalea maripa (inajá). A segunda

etapa corresponde a um estudo de caso para a aplicação da fórmula gerada na etapa

anterior. Dessa forma, foram coletados dados para quantificação da biomassa destas

palmeiras em 175 transectos na região de Santarém e Belterra.

3.6.1 - Geração da fórmula de biomassa foliar de palmeiras acaule

e com caule abaixo de 1,30m

Muitos estudos sobre estimativa de biomassa em palmeira ignoram indivíduos

acaules, assim como com caule abaixo de 1,30m, pois utilizam a medição no DAP

(convencionado 1,30m de altura). Para geração da fórmula de biomassa foliar em

palmeiras acaules ou com caules abaixo de 1,30m de altura, foram coletados e

classificados três tipos de folhas de trinta indivíduos (quatorze Attalea speciosa e

dezesseis Attalea maripa) de acordo com os seguintes critérios:

I - Os pontos de coleta foram no entorno dos transectos em que ocorriam as

espécies estudadas, variando entre áreas degradadas e mata primária;

II - O número máximo de indivíduos de cada espécie coletados por local foi

dois, para garantir uma heterogeneidade das amostras;

III – Uma folha coletada de cada classe (a seguir) por indivíduo. Quando

ausente uma das classes foi feita uma observação;

A classificação das folhas, quanto ao seu grau de desenvolvimento, se deu a

partir de observações realizadas em campo. Com isso, foram estabelecidas três classes

distintas, buscando diminuir a subjetividade:

(F1) – Folhas Novas (figura 11a), parcialmente formadas (abertas);

(F2) – Folhas Adultas (figura 11b), completamente formadas (abertas);

22

(F3) – Folhas Senis (figura 11c), completamente formadas, porém iniciando o processo

de decomposição, com partes já quase secas.

As ponteiras e as folhas totalmente secas e mortas foram ignoradas na

contabilidade, pois sua biomassa não foi considerada representativa.

Figura 11: Diferentes estágios de desenvolvimento das folhas de Attalea speciosa. (a) folha

nova, (b) folha adulta e (c) folha senil.

3.6.2 - Coleta e Processamento

Primeiramente, contabilizou-se o número total de folhas de cada classe para

então coletar uma de cada. As folhas foram cortadas na base do pecíolo (figura 12)

acima da bainha, obtendo-se as medidas do comprimento total da ráquis e da espessura

da base. Esta última, com auxílio de um paquímetro. Uma vez que a base da ráquis não

é circular deve-se garantir que a medida não seja ambígua. Para isso optou-se por

mensurar o maior diâmetro, ou seja, acompanhando o sentido das pinas (figura 12).

Cada folha foi então colocada dentro de um saco de raf, identificada e pesada. Logo em

seguida as folhas foram postas em uma estufa e pesadas a cada 48 horas, até atingirem o

peso seco constante. Este foi passado para a planilha controle e o material descartado. A

biomassa foliar total de cada indivíduo foi estimada com a seguinte fórmula: B = ∑Pf X

Nf, onde B representa a biomassa foliar total de cada indivíduo, Pf peso da folha de

cada classe e Nf número de folhas de cada classe.

B= Pf1 X Nf1 + Pf2 X Nf2 + Pf3 X Nf3

23

Figura 12: Desenho esquemático da folha de uma palmeira (adaptado de Sodre, 2005).

3.6.3 – Análise de dados

Optou-se por utilizar a Regressão Linear (Zar, 1999) na obtenção da fórmula de

biomassa foliar das palmeiras acaules ou com caule abaixo de 1,30m das espécies A.

maripa e A. speciosa. De acordo com Salis et al ( 2007), esta é a maneira mais simples e

precisa para estimar a biomassa da palmeira acuri (Attalea phalerata), sendo o mesmo

observado para as espécies de interesse deste estudo. As fórmulas relacionando as

diferentes medidas de cada folha (comprimento, número de folhas, largura da base da

ráquis) com a biomassa total foram produzidas com auxílio do programa Microsoft

Excel 2010. Estas foram comparadas utilizando o coeficiente de determinação ´R²` (Zar,

1999) e escolhidas de acordo com o maior valor deste.

24

Como as folhas adultas (f2) eram as mais constantes (presentes em todos os

indivíduos estudados), optou-se por utilizá-las no cálculo da biomassa. Logo, para

escolha da fórmula de biomassa utilizou-se a que obteve um maior valor de R² para f2.

3.7 – APLICAÇÃO DAS FÓRMULAS DE BIOMASSA

A segunda fase deste trabalho corresponde à aplicação das fórmulas geradas na

etapa anterior. Para tanto, foram realizadas amostragens das palmeiras de interesse em

175 transectos. Os critérios seguidos para coleta de dados foram:

(I) Palmeiras acaules ou caule < 1,3m, com folhas (f2) ≥ a 3 m, ocorreu

em transectos de 10 x 250 m (Figura 10b).

(II) Palmeiras acaules ou caule < 1,30m, com 2m ≤ folha (f2) < 3m foram

amostrados em cinco sub- parcelas de 5 x 20 m (figura 10b).

Quando as palmeiras de interesse deste estudo foram amostradas ao longo de

algum dos transectos, foi escolhida a folha adulta (f2) mais jovem e foram feitas

medições da largura da base (L.B.), do número de folhas e do comprimento. Estas

medidas foram registradas na planilha controle e mais tarde processadas em laboratório.

Aplicou-se então a fórmulas de biomassa foliar desenvolvida na primeira etapa deste

estudo, obtendo-se assim a biomassa foliar de cada palmeira. Foi realizado o somatório

da biomassa de todos os indivíduos de cada transecto, resultando na biomassa por

transecto. Assim temos:

Biomassa por transecto: ∑biomassa indivíduos do transecto

Biomassa por categoria: ∑biomassa de todos transectos de uma categoria

25

4 - RESULTADOS

4.1 – EQUAÇÃO ALOMÉTRICA

Para ambas as espécies a medida da largura base (L.B.) elevada ao cubo

apresentou melhor R² (figura 13). As medidas da L.B. elevadas ao cubo e o peso seco

total de cada indivíduo foram utilizados para determinar os coeficientes a e b da

equação linear Y = a + bX, assumindo-se então a F2 para o cálculo da biomassa total de

cada indivíduo obtemos as seguintes fórmulas:

- Attalea maripa - Attalea speciosa

Y = 0,0885X + 1,0659 Y = 0,0992X + 2,5373

(a)

(b)

Figura 13: Relação entre a base elevada ao cubo e a biomassa foliar.

y = 0.0885x + 1.0659 R² = 0.9592

0

10

20

30

40

0 100 200 300 400

Bio

mas

sa (

Kg)

Base³ (cm)

Maripa f2

Maripa f2

Linear (Maripa f2)

y = 0.0992x + 2.5373 R² = 0.9342

0

5

10

15

20

25

30

0 100 200 300

Bio

mas

sa (

Kg)

Base³ (cm)

Speciosa f2

Speciosa f2

Linear (Speciosa f2)

26

4.2 – APLICAÇÃO DA FÓRMULA

Após a obtenção da equação alométrica de ambas as espécies calculou-se a

biomassa em 175 transectos nos municípios de Belterra e Santarém. Em seguida

calculou-se a biomassa por categoria de uso de terra. No Quadro 3 observa-se a

distribuição de biomassa ao longo dos transectos e a classificação desses.

Quadro 2: (a) biomassa foliar de A. maripa ao longo dos transectos; (b) biomassa foliar de A. speciosa

ao longo dos transectos (ADM = Área desmatada; ADG = Área Degradada; AI = Área de Floresta

Primária).

(a)

Bacia Transecto

Biomassa

Kg Caracterização Bacia Transecto

Biomassa

kg Caracterização

69 4 29,6 ADM 236 5 4,4 ADG

69 8 6,6 ADG 260 4 1,5 ADG

69 10 9,8 ADM 261 1 72,4 ADG

81 2 7,2 ADM 261 4 3,1 ADG

81 3 23,5 ADG 261 6 154 ADG

81 7 14 ADM 261 7 50 ADG

81 9 646,1 ADG 261 10 1,4 AI

81 11 192 ADG 261 12 19,2 ADG

81 15 1,3 ADG 307 5 4,5 ADG

99 4 71 ADG 307 6 21,8 ADG

99 6 225,6 ADM 357 1 3,4 ADG

99 8 653,1 ADM 357 2 3,8 ADG

99 9 135,6 ADM 357 4 2.140,6 ADM

112 3 1,7 ADM 357 5 6,8 ADG

112 8 64,4 ADG 357 6 71,6 ADM

125 5 258,4 ADM 363 2 45,3 ADG

125 6 339,5 ADM 363 5 21 AI

125 10 4,8 ADG 363 6 2,8 AI

129 2 6,3 ADG 399 5 8,7 ADG

129 3 1,1 ADG 399 6 97,6 ADG

129 8 7,8 ADM 399 7 38,1 ADG

157 1 6,2 ADG 399 8 370,6 ADM

157 2 172 ADM 399 9 11 AI

157 5 290 ADG 399 10 245 ADG

157 8 7,8 ADG 399 11 28,4 ADM

165 6 2,6 ADG 399 12 137 ADM

199 3 7,6 ADG E67 4 1,2 AI

199 6 1,5 ADM E72 1 13,1 AI

236 2 1,5 ADG E72 2 1,2 AI

236 4 5,4 ADM Biomassa Total 6.773,50

27

(b)

Bacia Transecto

Biomassa

Kg Caracterização

69 4 53,8 ADM

69 11 14,2 ADG

81 11 25 ADG

99 3 88 ADM

99 4 5.870,3 ADM

99 7 1.188,8 ADG

99 8 739 ADM

99 10 162,1 ADM

99 11 30 ADM

103 2 611,1 ADM

103 8 11 ADM

112 12 2.396,1 ADG

129 2 467,6 ADG

129 3 514,5 ADG

129 5 2.857,8 ADG

129 10 1.504 ADG

129 11 2.700,5 ADG

160 5 1.223,3 ADM

160 8 2.566,6 ADG

160 9 2.285,8 ADG

160 10 1.686,6 ADG

160 11 1412 ADG

261 1 300,8 ADG

261 2 408,8 AI

261 11 151,6 AI

399 7 3,1 ADG

E67 4 579,2 AI

E67 5 3 AI

Total 29.854,60

Como ocorreu ausência das espécies aqui estudadas em alguns transectos, e para

um melhor clareamento dos dados, possibilitando assim uma melhor análise e

compreensão destes, foi feita a média de biomassa por categoria, assim como o desvio

padrão de acordo com o esforço amostral (figura .14).

28

Figura 143: Médias e desvio padrão de biomassa/hectare por categoria

5 - DISCUSSÃO

As mudanças no uso da terra sejam por degradação (extração de madeira, fogo,

etc) ou por desmatamento (corte raso da floresta), ocasionam aumento das

concentrações de dióxido de carbono na atmosfera, associado a uma mudança climática

global. Essa dinâmica do carbono florestal deve ser melhor compreendida, tendo em

vista a importância global do tema (Malhi & Aragão, 2009). No entanto, desafios de

logística associados à falta de incentivo do poder público têm contribuído para a

escassez de estudos (Amaro, 2012).

O estabelecimento de metodologias práticas nos estudos deve ser condizente

com as particularidades do campo na Amazônia, e é de suma importância tendo em

vista a efetivação de mais estudos buscando uma melhor compreensão deste bioma.

Nesse sentido, este estudo focou na produção de uma metodologia prática de medição

biomassa foliar em palmeiras acaules ou com caule menor que 1,30 m de duas espécies

desse bioma que possuem ampla ocorrência.

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

ADG ADM AI

Kg/

h a

Categoria de uso de solo

Média A. speciosa

Média A. maripa

29

Em ambas as espécies do mesmo gênero, a simples medição da largura da base

de uma folha adulta foi suficiente para predizer a biomassa foliar total do indivíduo.

Com um coeficiente de determinação (R²) elevado (0,95 para A. maripa e 0,93 para A.

speciosa) o que dá uma segurança para o método. No entanto a distribuição dos pontos

no gráfico apresentou um intervalo sem representatividade (figura 13). Atribuiu-se a

isso, o fato do N amostral não ter sido tão alto (apenas 30 indivíduos para as duas

espécies, 16 A. maripa e 14 A. speciosa). Em estudos complementares com um N

amostral maior e mais variado essa lacuna poderá ser preenchida.

Muitas palmeiras que ocorrem na Amazônia apresentam pelo menos uma fase da

sua vida acaule devido à maneira como crescem (Sodre, 2005), torna-se míster o teste

dessa metodologia em outras espécies. Neste estudo aplicou-se essa metodologia em

175 transectos, os quais foram classificados quanto à perturbação antrópica. Em muitas

espécies de plantas a forma varia de acordo com a área ocupada, em algumas devido à

alta exposição ao sol as folhas tornam-se muito menores do que em áreas de sombra no

interior de uma floresta, por exemplo. Assim sendo, comparou-se a biomassa em

diferentes classes de transectos. Como o estudo focou apenas em indivíduos acaules e

caules inferiores a 1,30m não é possível avaliar a distribuição das espécies ao longo dos

transectos. Podemos inferir apenas sobre esse grupo (indivíduos acaules e com caule

menor que 1,30m) dentro das espécies estudadas ao longo da área estudada.

Ambas as espécies deste estudo ocorrem tanto em florestas primárias como em

áreas degradadas ou desmatadas. Porém a variação na densidade de palmeiras no bioma

amazônico está relacionada com mudanças espaciais na variação da abertura de dossel

(Cintra, 2005), as duas espécies podem ser favorecidas pelos distúrbios florestais, sejam

naturais (ex. queda de uma árvore abrindo uma clareira) ou antrópicas (Silva, 2008;

Salm, 2005). Essa relação pôde ser observada na figura 14 que demonstra como, apesar

da ocorrência em florestas primárias, a média do valor da biomassa por hectare é muito

maior em áreas degradadas e desmatadas. A relação das áreas degradadas e áreas

desmatadas deve ser analisada junto a um histórico de uso da terra em cada área, pois a

ocorrência em pastagens, por exemplo, depende do tipo de manejo que o produtor rural

faz (Silva, 2008; Anderson, 1991). Isso pode ser observado ainda na figura 14, para

áreas desmatadas o desvio padrão é muito alto, devido há uma alta variabilidade de

biomassa nos diferentes manejos das áreas.

30

Observou-se também uma maior biomassa de babaçu mesmo tendo ocorrido em

um menor número de transectos. Isso deve-se a característica da espécie em formar

babaçuais (formações florestais secundárias praticamente monoespecífica) (Anderson,

1991) como observado no transecto 4 da bacia 99. Porém a amplitude da ocorrência em

A. maripa foi bem maior (quadro 2).

Dessa maneira, as ferramentas produzidas neste trabalho mostram-se de grande

importância para estudos ecológicos e para o planejamento de políticas públicas

voltadas para conservação e restauração ambiental, contribuindo para a sustentabilidade.

6 - CONCLUSÃO

De acordo com os dados obtidos em Belterra e Santarém, é possível aferir que a

metodologia aqui desenvolvida torna possível o desenvolvimento de equações

alométricas de biomassa foliar causando danos leves e reparáveis na saúde do indivíduo

estudado. Esse cálculo possibilita ainda uma melhor análise da sua ecologia, como

mostrado neste trabalho. Observou-se também ima maior média de biomassa por

hectare em A. speciosa. Estas espécies são excelentes bioindicadores de ação antrópica,

como se confirmou neste estudo, contribuindo para uma maior compreensão da

dinâmica ecológica e ambiental, da mudança de paisagem, auxiliando assim o

planejamento de políticas públicas.

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