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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE QUÍMICA DEPARTAMENTO DE GEOQUÍMICA MATHEUS MARINHO PEREIRA BIODISPONIBILIDADE POTENCIAL DE METAIS EM SEDIMENTOS DA REGIÃO DO SACO DO ENGENHO E DO ESTUÁRIO DO CANAL DE SÃO FRANCISCO, BAÍA DE SEPETIBA-RJ Niterói 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

INSTITUTO DE QUÍMICA

DEPARTAMENTO DE GEOQUÍMICA

MATHEUS MARINHO PEREIRA

BIODISPONIBILIDADE POTENCIAL DE METAIS EM SEDIMENTOS DA

REGIÃO DO SACO DO ENGENHO E DO ESTUÁRIO DO CANAL DE SÃO FRANCISCO, BAÍA DE SEPETIBA-RJ

Niterói

2016

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MATHEUS MARINHO PEREIRA

BIODISPONIBILIDADE POTENCIAL DE METAIS EM SEDIMENTOS DA REGIÃO DO SACO DO ENGENHO E DO ESTUÁRIO DO CANAL DE SÃO

FRANCISCO, BAÍA DE SEPETIBA-RJ

Orientadora:

Dra. Ana Paula De Castro Rodrigues

Coorientador:

Prof. Dr. Wilson Thadeu Valle Machado

Niterói

2016

Monografia de final de curso apresentada ao Curso de Graduação em Química da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para a obtenção do Grau de Licenciado em Química.

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P436 Pereira, Matheus Marinho Biodisponibilidade potencial de metais em sedimentos da região do saco do engenho e do estuário do canal de São Fran- cisco, Baía de Sepetiba-RJ / Matheus Marinho Pereira. – Nite- rói: [s.n.], 2016. 45f.

Trabalho de Conclusão de Curso - (Licenciatura em Quími- ca) – Universidade Federal Fluminense, 2016. 1. Metal pesado em sedimento. 2. Estuário. 3. Determinação de metais pesados. 4. Toxicidade. 5. Eutrofização. 6. Bacia da Baía de Sepetiba (RJ). I. Título.

CDD. 546.3

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, pela educação que me deram e proporcionaram, além de

sempre me apoiarem e acreditarem no meu potencial.

Aos meus amigos do JT, que também sempre me apoiaram, além de me

renderem inúmeros episódios de descontração, suporte emocional e palavras de

conforto.

Aos amigos que fiz no intercâmbio, que foram uma família para mim. Jana

e Moser que formaram junto comigo o trio ternura; Bruna, Marina e Renatão que

eram dos moicanos; Alex Cunha, Camille Montandreau, Chiara Corbetta, Kristin

Asdal e Rukia Sultana, que foram os melhores flatmates que eu poderia ter tido.

Aos meus amigos que fiz na UFF, em especial Ana (Chris)tina, Ligia,

Ighor, Pamela, Paulinha, Renatinha, Stéfani e Vanessa, por compartilharem desde a

nossa entrada na universidade da difícil jornada que é a graduação e fazê-la mais

agradável.

Aos meus amigos da CEDAE, em especial Carlinhos, Gabriel, Haroldo,

Isabela, Joselan, Marta, Michelle, Manoel, Nei, Neide, Rogério e Pedro, que me

receberam muito bem e me proporcionaram uma experiência, tanto profissional

como de vida, maravilhosa nessa nova fase da minha vida.

Ao professor Jackson Lamounier, que desde o primeiro semestre se

tornou um grande amigo, com o qual pude falar de meus problemas pessoais, jogar

conversa fora, pedir conselhos.

À professora Denise Araripe, que me introduziu na pesquisa acadêmica,

ensinando desde o básico até coisas mais complicadas; além de sempre se dispor a

ajudar.

Ao pessoal do laboratório 403 da geoquímica da UFF, que me recebeu

com a maior boa vontade, e sempre com bom astral me ensinando e me fazendo um

melhor profissional.

Aos meus orientadores Ana Paula e Wilson, que aceitaram me orientar de

uma maneira inesperada e corrida, mas sempre pacientes e dispostos a ajudar

desde a época de Iniciação científica.

À banca avaliadora deste trabalho, que aceitou meu convite.

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RESUMO

Os sistemas aquáticos vêm sofrendo com o aporte de contaminantes de origem

antrópica, principalmente com o lançamento efluentes industriais. A eutrofização

destes sistemas pode alterar as propriedades biogeoquímicas de sedimentos e

aumentar as concentrações de sulfetos, conhecidos por sua alta afinidade com

metais. A relação entre as concentrações de metais traço e de sulfetos voláteis em

ácido (AVS) é um índice de predição da biodisponibilidade de metais traço,

indicando possíveis riscos à biota local. A Baía de Sepetiba é uma área que sofre

com dragagens devido a expansão das atividades portuárias, além de receber

esgoto industrial com diversos contaminantes. Como objetivo, este trabalho visou

estudar a biodisponibilidade potencial dos metais traço ligados aos sedimentos,

através da relação com o AVS, e suas interações com outras fases geoquímicas.

Foram realizados estudos em duas regiões da Baía de Sepetiba: a região do saco

do Engenho (Campanha BS03) e o estuário do canal de São Francisco (Campanha

BS04), e em cada uma destas áreas foram analisados 12 pontos, nos quais foram

coletadas amostras de sedimento superficial. A determinação da concentração dos

metais extraídos simultaneamente (SEM) foi feita através de ICP-OES, e do AVS por

extração ácida e colorimetria. Para avaliar a potencial toxicidade na Baía de

Sepetiba, foi o utilizado o modelo SEM/AVS, juntamente com outras análises, como

a granulometria, carbono orgânico total (COT), fósforo e físico-química da água

superficial. No saco do Engenho, 8 pontos tiveram razão SEM/AVS maior que 1,

enquanto no estuário do canal de São Francisco em somente 3 pontos foram

observados razões maiores que 1. Ambas as áreas são ricas em silte. O COT

decresceu na BS03 ao longo da distância com a costa e não exibiu tendências

claras na outra região. Inserindo o COT na relação SEM/AVS, apesar das altas

quantidades de zinco, em ambas as áreas não foram detectados níveis de toxicidez,

estando abaixo do limite considerado preocupante, uma vez que a matéria orgânica

foi capaz de reter os metais traço. Com a recente retirada da principal fonte pontual

de Zn da baía, novos estudos são necessários para análise da qualidade da região.

Palavras chave: metais traço, AVS, Baía de Sepetiba, biodisponibilidade de metais

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ABSTRACT

Aquatic systems have been suffering with contaminants inputs from anthropogenic

sources, especially the releases of industrial effluents. The eutrophication of these

systems can change the biogeochemical properties of sediments and increase

sulfides concentrations, which are known by their high affinity with metals. The ratio

between trace metals concentrations in sediment and the acid volatile sulfides (AVS)

is an index used to predict the bioavailability of trace metals, indicating potential risks

to local biota. The Sepetiba Bay is an area that suffers with dredging due to port

activities expansion, besides receiving industrial effluents containing many

contaminants. As objective, this work aimed to study the potential bioavailability of

trace metals attached to sediments, applying the AVS model, and its interactions with

other geochemical phases. This work was developed at two regions of Sepetiba Bay:

Saco do Engenho (Campaign BS03) and the estuary of São Francisco channel

(Campaign BS04). In each area were analyzed 12 points, in which were sampled

superficial sediments. The determination of the simultaneously extracted metals

(SEM) was made using an ICP-OES, and the AVS determination followed a

colorimetric method. To evaluate the potential toxicity in Sepetiba Bay, it was used

the SEM/AVS model, besides other analysis such as grain size, total organic carbon,

phosphorus in sediments and physical-chemical of superficial water. At Saco do

Engenho, 8 points showed SEM/AVS ratio above 1, while at the estuary of São

Francisco, in only 3 points were observed ratios above 1. Both areas were rich in silt.

The TOC decreased at BS03 over the points along the coast, but didn’t show any

trend at the other area. Including TOC contents in SEM/AVS calculation, although the

high quantities of zinc, in both areas were not detected toxicity levels, being below

the limit considered preoccupying, once the organic matter was capable of retaining

the trace metals. With the withdrawal of the main Zn point source to the bay, new

studies are necessary to reanalyze the area quality.

Key words: trace metals, AVS, Sepetiba bay, metals bioavailability

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LISTA DE FIGURAS Figura 1: Representação dos sistemas aquáticos costeiros. ................................ 14

Figura 2: Representação de um estuário e suas subdivisões. .............................. 15

Figura 3: Tabela periódica dos elementos químicos. Hidrogênio na cor laranja,

metais na cor verde, ametais na cor azul, e gases nobres na cor cinza. .............. 17

Figura 4: Diagramas de Pourbaix do Fe, Mn, Cd, Cu, Pb, Zn e Ni. ...................... 21

Figura 5: Representação do potencial de adsorção de substâncias em

superfícies sólidas que ocupam a mesma área, mas com diferentes áreas

superficiais.............................................................................................................. 22

Figura 6: Modelo SEM/AVS e qualidade do sedimento de acordo com a

normalização pelo COT. ........................................................................................ 25

Figura 7: Processos oceanográficos na baía de Sepetiba (WASSERMAN,

2005). As classificações A, B1, B2 e B3, estão relacionadas à salinidade

(BARCELLOS 1995). ............................................................................................. 26

Figura 8: Porto de Itaguaí. ..................................................................................... 28

Figura 9: Pontos de coleta. .................................................................................... 29

Figura 10: Equipamento da extração do AVS. ...................................................... 30

Figura 11: Caracterização granulométrica dos sedimentos superficiais coletados

no Saco do Engenho (Campanha BS03) e no canal do São Francisco

(Campanha BS04), na baía de Sepetiba-RJ. ........................................................ 23

Figura 12: Carbono orgânico total dos sedimentos superficiais coletados no

Saco do Engenho (Campanha BS03) e no canal do São Francisco (Campanha

BS04), na baía de Sepetiba-RJ. ............................................................................ 34

Figura 13: Fósforo orgânico e inorgânico dos sedimentos superficiais coletados

no Saco do Engenho (Campanha BS03) e no canal do São Francisco

(Campanha BS04), na baía de Sepetiba-RJ. ........................................................ 35

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Valores de Kps para sulfetos metálicos. ............................................... 23

Tabela 2: Parâmetros físico-químicos da água superficial dos pontos de

amostragem de sedimentos superficiais no Saco do Engenho (campanha BS03)

e no canal do São Francisco (campanha BS04), ambos na baía de Sepetiba-

RJ. ......................................................................................................................... 32

Tabela 3: Concentrações de metais simultaneamente extraídos (SEM; µmol/g),

sulfetos voláteis em ácido (AVS) e carbono orgânico total (COT) dos

sedimentos superficiais coletados no Saco do Engenho (Campanha BS03) e no

canal do São Francisco (Campanha BS04), na baía de Sepetiba-RJ. ................. 35

Tabela 4: Correlações de Spearman dos parâmetros analisados da região do

Saco do Engenho (Campanha BS03). .................................................................. 37

Tabela 5: Correlações de Spearman dos parâmetros analisados do estuário do

canal de São Francisco (Campanha BS04). ......................................................... 38

Tabela 6: Concentrações de metais traço em extratos obtidos simultaneamente

à extração ácida de HCL 6 molL-1 de sulfetos voláteis em ácido de Fiori, 2008,

Ribeiro et al., 2013, Monte, 2014, e do presente trabalho para a área do Saco

do Engenho, baía de Sepetiba-RJ, e limite máximo de nível 1 da CONAMA

454/2012 para extração forte (USEPA 3051) para águas salobras. Valores em

outras unidades foram convertidos para µmol/g. .................................................. 42

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AVS Sulfetos voláteis em ácido

Cia Companhia

CNTP Condições normais de temperatura e pressão

COT Carbono orgânico total

ICP-OES Espectrômetro de emissão ótica por plasma induzidamente acoplado

IUPAC International Union of pure and applied chemistry

OD Oxigênio dissolvido

SEM Metais simultaneamente extraídos

USIMINAS Usinas siderúrgicas de Minas Gerais

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SUMÁRIO

Resumo................................................................................................................... 5

Abstract................................................................................................................... 6

Lista de figuras........................................................................................................ 7

Lista de tabelas....................................................................................................... 8

Lista de abreviaturas e siglas.................................................................................. 9

1. Introdução.......................................................................................................... 11

2. Objetivos............................................................................................................ 13

3. Base teórica....................................................................................................... 14

3.1. Estuários.......................................................................................................... 14

3.2. Metais............................................................................................................... 16

3.3. Comportamento dos metais............................................................................. 19

4. Metodologia....................................................................................................... 26

4.1 Área de estudo.................................................................................................. 26

4.2. Coletas e medidas em campo.......................................................................... 28

4.3. Sulfetos voláteis em ácido (AVS) .................................................................... 28

4.4. Determinação de metais.................................................................................. 30

4.5. Carbono orgânico total..................................................................................... 30

4.6. Granulometria.................................................................................................. 31

4.7. Determinação de fósforo.................................................................................. 31

4.8. Estatística......................................................................................................... 31

5. Resultados......................................................................................................... 32

5.1. Físico-química.................................................................................................. 32

5.2. Granulometria.................................................................................................. 33

5.3. Carbono orgânico total e fósforo...................................................................... 34

5.4. Razão SEM/AVS.............................................................................................. 35

5.5. Correlações...................................................................................................... 36

6. Discussão.......................................................................................................... 39

7. Conclusão.......................................................................................................... 44

8. Referências bibliográficas............................................................................... 45

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1. INTRODUÇÃO

Contaminantes de origem antropogênica introduzidos no meio aquático

podem ser incorporados pela biota local. Algumas substâncias, como óxidos

metálicos, carbono orgânico, e sulfetos inorgânicos são as principais partículas que

influenciam no comportamento de metais-traço em sedimentos costeiros (CHAPMAN

et al., 1998). A eutrofização de sistemas aquáticos, entretanto, pode alterar o

controle biogeoquímico dos sedimentos, como por exemplo, a associação de metais

traço com os sulfetos ácidos voláteis (AVS) (COOPER, MORSE, 1998; MACHADO

et al., 2004).

Esta formação de AVS tem sido reconhecida como um processo-chave

para a determinação do comportamento de metais-traço em ambientes

sedimentares costeiros onde ocorrem condições anaeróbicas (MORSE, 1994;

COOPER, MORSE, 1998; TEASDALE et al., 2003; MACHADO et al., 2010), e pouco

tem sido investigado na Baía de Sepetiba (MACHADO et al., 2008). Esta função dos

sulfetos está particularmente relacionada à incorporação dos metais disponíveis na

fase dissolvida pela fase sólida dos sedimentos através da formação de

monosulfetos metálicos (ou da adsorção dos metais aos mesmos), que são incluídos

na fase operacionalmente definida como AVS, predominantemente composta por

FeS (CHAPMAN et al., 1998).

No Estado do Rio de Janeiro, uma das áreas que apresentam maior

preocupação devido a contaminação de metais é a Baía de Sepetiba. Com

atividades portuárias de grande importância socioeconômica, possui uma população

acima de 1,8 milhões de moradores na sua bacia de drenagem, além de também

possuir atividades agrícolas (MOLISANI et al., 2004; LACERDA et al., 2007). A baía

se destaca como um dos cenários ambientais mais impactados por metais

(particularmente Cd e Zn) no País em função de uma grande fonte pontual industrial

presente no norte da baía (região do Saco do Engenho) desde a década de 80 até o

início da década atual em função da disposição a céu aberto de rejeitos sólidos

metálicos (BARCELLOS, LACERDA, 1994; LACERDA, MOLISANI, 2006). A

Companhia Mercantil Industrial Ingá (Cia Ingá) abriu falência em 1998, e em seu

terreno foram deixadas enormes quantidades de sólidos metálicos, contendo

principalmente zinco e cádmio. Por processos de lixiviação, estes rejeitos foram

carreados para a costa, afetando o manguezal e o resto da baía (REBELO, 2001).

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Os níveis de contaminação de sedimentos nesta região da baía se refletem, por

exemplo, nos efeitos tóxicos de amostras de sedimento da região norte, de acordo

com testes de toxicidade realizados com larvas de camarão (MORAES et al., 2000).

Destaca-se também que os impactos antrópicos nas bacias de drenagem

e dentro da própria baía encontram-se em expansão, incluindo os efeitos de

atividades industriais, intensificação da ocupação urbana e implementação de mais

atividades portuárias, gerando preocupação ambiental crescente em relação às

próximas décadas (BARCELLOS et al., 1991; MOLISANI et al., 2004; GOMES et al.,

2009). Na baía de Sepetiba, o Canal São Francisco é a principal fonte de água doce.

Este rio sofre aporte de contaminantes metálicos, como Zn, Cd, Pb e Hg,

provenientes do parque industrial de Santa Cruz, que abriga um pólo metalo-

siderúrgico e também da transposição do Rio Paraíba do Sul (MOLISANI et al.,

2004). Desta forma, além da grande fonte pontual de Cd e Zn para a baía, diferentes

fontes difusas (geradas por atividades urbanas e industriais) podem contribuir para

degradar a qualidade dos sedimentos do estuário do Canal de São Francisco.

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2. OBJETIVOS

O presente trabalho teve como objetivo geral avaliar a biodisponibilidade

potencial de metais-traço (Cd, Cu, Ni, Pb e Zn) e sua relação com características

físicas e geoquímicas dos sedimentos, incluindo a importância da formação de

sulfetos metálicos, da região do Saco do Engenho e do canal do rio São Francisco,

Baía de Sepetiba, RJ.

Os seguintes objetivos específicos foram estabelecidos:

• Avaliar as possíveis relações da acumulação de metais-traço de interesse

ambiental com a granulometria e concentrações de AVS, carbono orgânico, fósforo

total, Fe e Mn, para a avaliação da influência destas características dos sedimentos

sobre a distribuição dos metais-traço;

• Avaliar a variabilidade espacial destas interações, considerando a heterogeneidade

física e química dos sedimentos.

A hipótese é de que haja índices elevados de metais em ambas as

regiões, e consequentemente razões SEM/AVS maiores que 1, uma vez que ambas

as áreas de estudo sofrem com despejos de rejeitos de origem antropogênica.

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14

3. BASE TEÓRICA 3.1. Estuários

As zonas costeiras são consideradas regiões com alto valor ecológico,

social e econômico. Dentre estes sistemas costeiros, uma especial atenção é dada

para os estuários (Figura 1). Historicamente, estes têm funcionado como pólos de

atração para atividade humana, dando origem a algumas das maiores metrópoles do

mundo, uma vez que a abundância de recursos naturais, possibilidade de

navegação e criação de portos, permitem a realização de diversos tipos de atividade

(SILVA, 2000).

Figura 1: Representação dos sistemas aquáticos costeiros. Fonte: SILVA, 2000.

Os estuários foram objeto de pesquisa há mais de um século por

cientistas escandinavos (KJERFVE et al, 2002), porém somente há 50 anos as

pesquisas foram intensificadas, afim de se entender melhor o funcionamento dos

mesmos, assim como o efeito de intervenções antrópicas. Inicialmente, a

classificação de estuário era dada pelas características físicas de movimento e pelas

misturas de águas doce e salgada, sendo categorizados com base na distribuição da

salinidade (STOMMEL, 1951). Com o tempo, outros autores foram refinando estas

definições.

Devido a diferença de parâmetros utilizados para delimitar um estuário, a

definição do mesmo termina por possuir algumas diferenças de autor para autor. A

definição com maior aceitação é a de Pritchard (1967), que diz que o estuário é

“uma feição costeira semi-aberta, com livre conexão com o mar e onde a diluição da

água do mar na água fluvial pode ser observada”. A circulação de componentes num

estuário é limitada pelas suas fronteiras laterais, o que restringe a somente sua

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ligação com o mar. A presença desta ligação perdurável proporciona a propagação

da água da maré no estuário, a qual se dilui com a água doce, gerando o

aparecimento de um gradiente de salinidade e densidade.

Uma definição alternativa que supre as insuficiências de Pritchard (1967)

é a de Fairbridge (1980): “Um estuário é uma reentrância de mar num vale fluvial,

estendendo-se até ao limite da propagação da maré dinâmica, e divisível em três

setores (...): a) o baixo estuário, ou zona marítima, com ligação aberta com o mar; b)

o estuário médio, onde ocorre mistura intensa de água doce e salgada; e c) o

estuário superior ou fluviomarítimo, com água doce, mas sujeito à influência da maré

dinâmica.”.

Na zona marítima, a água é majoritariamente salgada, podendo haver

algumas variações devido a diferentes caudais fluviais, uma vez que ainda é uma

região de mistura. No estuário médio ocorrem as transições de águas de

características oceânicas até águas com salinidade muito baixa (<0,5%). No estuário

superior, a composição química da água é condicionada pelas afluências de

montante, dependendo das caudais e do tipo de maré (Figura 2). O percurso do

montante pode também levar consigo sedimentos. Devido a diminuição da

velocidade da água, em regiões onde for menor o declive do canal fluvial, menor

será a capacidade de transporte de sedimentos.

Figura 2: Representação de um estuário e suas subdivisões (adaptado de Fairbridge, 1980).

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Os estuários são ecossistemas que possuem como característica a

ampla flutuação dos fatores ambientais, como por exemplo, o ciclo das marés, a

temperatura, salinidade. Esta oscila de acordo com o ciclo das marés. A biota destes

ecossistemas está adaptada a estas oscilações diárias, e em alguns casos, até

mesmo necessitam destas flutuações para sobrevivência. Os níveis de salinidade

em diversos estuários do mundo têm aumentado, principalmente por ação do

homem, e assim, há uma necessidade de monitoramento das condições dos

estuários (RIDD, STIEGLITZ, 2002).

As mudanças climáticas também têm sido motivos de preocupação, já

havendo relatos de diminuição de escoamento de água nos rios, além do aumento

do nível do mar, que terminam por aumentar a salinidade do sistema, causando a

falência de organismos (RIDD, STIEGLITZ, 2002).

Os sistemas estuarinos também sofrem com despejo de diversos

poluentes, possuindo elevada quantidade de metais (NETO et al., 2000). Por

estarem próximos aos grandes polos urbanos, recebem lançamentos de poluentes

de origem agrícola, industrial e urbana. A contaminação por metais pesados das

regiões portuárias e costeiras é um dos problemas ambientais graves de origem

antrópica, tendo ainda como agravante as constantes dragagens para passagem de

embarcações (BARBOSA, ALMEIDA, 2001).

3.2. Metais

Dos 118 elementos químicos conhecidos atualmente, 92 são metais

(IUPAC, 2015) (Figura 3). Nas condições normais de pressão e temperatura (CNTP),

estes encontram-se na fase sólida, com exceção do mercúrio. Conduzem calor e

eletricidade, são dúcteis, maleáveis e podem formar ligas. Do ponto de vista

químico, são elementos caracterizados pela baixa energia de ionização, isto é,

perdem elétrons facilmente se tornando cátions (ATKINS, 2009). Suas utilizações

são variadas, sendo usados como matéria-prima em diversos tipos de indústria

(KOTZ, 2008).

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Figura 3: Tabela periódica dos elementos químicos. Hidrogênio na cor laranja, metais na cor verde,

ametais na cor azul, e gases nobres na cor cinza (Adaptado de IUPAC, 2013 e IUPAC, 2015).

Os metais podem ser divididos em dois grandes grupos: metais

representativos e de transição. Os metais ou elementos de transição são aqueles

que possuem a subcamada d incompleta, ou dão origem a um cátion com

subcamada d incompleta (Gold Book IUPAC); e os metais que têm esta completa,

ou não tenha orbitais d, são chamados de metais representativos.

Devido à alta reatividade, alguns metais - como por exemplo, os alcalinos

- encontram-se apenas na forma iônica disponíveis na natureza; outros podem ser

achados na forma de minérios; e em poucos casos, na forma metálica, como no

caso do ouro (KOTZ, 2008).

No organismo dos seres humanos, alguns metais são essenciais para o

seu funcionamento, citando como exemplo o cálcio, sódio, potássio e ferro. A falta

desses elementos, assim como seu excesso, pode ser prejudicial à saúde. Como a

maioria destes metais se encontra em alimentos, uma alimentação balanceada é a

melhor forma de manter esses metais em quantidades certas no organismo (CRUZ,

2009).

Alguns metais, entretanto, possuem efeitos maléficos, como os chamados

metais pesados. Estes elementos são caracterizados como aqueles com número

atômico maior que 20, massa atômica maior que 23 g, e massa específica entre 3,5

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e 7,0 g.cm-3 (LIMA, MERÇON, 2011). Com o passar do tempo, foi sendo associado o

termo "metais pesados" aos metais com potencial toxicidade (DUFFUS, 2002).

Devido aos efeitos no organismo humano, os metais - zinco, níquel, chumbo, cádmio

e cobre - possuem grande importância; e para isso uma descrição mais minuciosa é

necessária.

O chumbo é conhecido historicamente por ser um dos metais mais

danosos ao organismo humano (CORONA, 1998). O chumbo possui número

atômico 82, massa 207,2 g, encontra-se no grupo 14 e no sexto período da tabela

periódica (KOTZ, 2008). Pode ser encontrado na natureza na forma metálica (Pb0),

ou na forma de íons Pb2+ e Pb4+, sendo o primeiro o maior causador de disfunções

biológicas. A principal via de entrada do chumbo no organismo é pelo trato

gastrointestinal (CEHN, 1999).

Grande parte do chumbo é incorporada no tecido ósseo, substituindo o

cálcio nos ossos devido à semelhança de suas propriedades, causando doenças

degenerativas a longo prazo, como a osteoporose. No sistema nervoso central, pode

causar danos irreversíveis, como retardo mental, dificuldade cognitiva, e

encefalopatia em crianças. O chumbo, mesmo em pequenas quantidades, é capaz

de inibir enzimas que sintetizam a hemoglobina, levando a quadros de anemia

crônica. Disfunções nos sistemas endócrino, hematopoiético, renal e reprodutor

também são associadas a este metal. (SILVANY-NETO et al., 1996; BANKS et al.,

1997; CORY-SLECHTA, 1997; BUCHEIM et al., 1998; HU, 1998).

O manganês é um metal essencial para o organismo, entretanto em

concentrações elevadas é tóxico, causando distúrbios psico-neurológicos.

(HUDNELL, 1999; LAI et al., 1999; MERGLER et al., 1999). Localiza-se no grupo 7 e

4 período da tabela periódica, número atômico 25, com massa igual a 54,9380 g

(KOTZ, 2008). Pesquisas mostram que os primeiros indícios são a fraqueza

muscular, tremores anormais, cefaleias, inclinação ao caminhar, salivação e reações

psicóticas. Esta série de sintomas juntos gera um quadro chamado de “loucura

mangânica”, que posteriormente resulta numa disfunção extrapiramidal com

características do mal de Parkinson (BEUTER et al., 1999; GORELL et al., 1999;

HUDNELL, 1999; IREGREN, 1999; KEEN et al., 1999; LAI et al., 1999; PAL et al.,

1999).

O cádmio é um metal do grupo 12, localizado no 5 período, com massa

112,411 g e número atômico 48 (KOTZ, 2008). Sua absorção é feita em menor

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19

quantidade pelo trato gastrointestinal, sendo favorecida quando existe deficiência de

cálcio, ferro e proteínas, e em maior parte via inalação (LAUWERYS et al., 1994).

Este metal tem sido relacionado a problemas como a polineuropatia, proteinúria,

alterações cromossômicas, perda de cálcio do tecido ósseo, diminuição na

quantidade de hemácias, perda de olfato, e também em doenças mutagênicas

(KREISS, 1990; STOEWSAND et al., 1990; FU et al., 1999; KELLEY, 1999;

STAESSEN et al., 1999; VIAENE et al., 1999).

O cobre é um metal do grupo 11 e 4 período, com massa 63,546 g e

número atômico 29 (KOTZ, 2008). Apesar de ser considerado um metal pesado, é

essencial para o organismo humano em pequenas concentrações; porém, se

ingerido em altas quantidades, pode causar diarreia, náuseas, vômitos e desconforto

abdominal (PIZARRO et al., 1999; SODRÉ et al., 2001).

O níquel é um elemento do 4 período e grupo 10, com número atômico

28 e massa 58,6934 g, e encontra-se na natureza na forma metálica e na forma

iônica Ni2+ (KOTZ, 2008). Este metal é essencial para o funcionamento da enzima

urease no organismo dos seres vivos, porém se ingerido em altas quantidades,

exibe toxicidade (AKBAS et al., 2009). A ingestão de sais de níquel pode ocasionar

irritações gástricas (CETESB, 2009), aumentar a probabilidade de ocorrência de

câncer no trato respiratório (WUNSCH FILHO,1995).

O zinco é um metal essencial para o bom funcionamento do corpo

humano. Apesar de ser um elemento traço no organismo, encontra-se em todos os

tecidos e órgãos (PERSON, 2005). Se ingerido em quantidades elevadas, pode

causar irritação do trato intestinal, e em casos mais graves, nefrite e necrose nos

rins (BARCELOUX, 1999). Possui número atômico 30, encontrado na forma metálica

e iônica, pertencente ao grupo 12 e 4 período, e massa 65,39 g (KOTZ, 2008).

3.3. Comportamento dos metais

Os metais, ao se inserirem no meio aquático, distribuem-se pelos diversos

compartimentos (sedimentos, matéria em suspensão, e águas intersticial e

superficial), e estes interagem entre si por fenômenos de adsorção, precipitação,

sedimentação e difusão, o que influi na incorporação de metais na biota local (FIORI,

2008). Na fração dissolvida, os metais podem reagir com outros compostos

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presentes no estuário, formando complexos iônicos ou neutros insolúveis, com

ligantes de origem orgânica e inorgânica (OLIVEIRA, MARINS, 2011). As principais

espécies com capacidade de complexação com os metais são os sulfetos, óxidos de

manganês e ferro, e a matéria orgânica (JESUS et al., 2004).

Diversas importantes reações na natureza envolvem tanto transferência

de elétrons quanto de prótons, sendo assim regidas pelo potencial redox e pH. A

alteração destes parâmetros pode modificar o comportamento de alguns elementos,

como o S, Fe, Mn, C, N, dentre outros; afetando assim o transporte e toxicidade

(JARDIM, 2014). Em ambientes anóxicos, prevalece a formação de compostos

reduzidos, enquanto em ambientes óxicos, espécies mais oxidadas são

encontradas.

Os diagramas de Pourbaix (diagrama Eh x pH), são diagramas de fases

que indicam a configuração de um elemento, de acordo com o potencial redox e o

pH do sistema (Figura 4). A região entre as linhas pontilhadas é dita estável em

temperatura ambiente (TAKENO, 2005). Tendo em vista que constantes oscilações

ocorrem nos sistemas estuarinos, a utilização destes gráficos permite uma melhor

visão das possíveis formas dos complexantes e ligantes.

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Figura 4: Diagramas de Pourbaix do Fe, Mn, Cd, Cu, Pb, Zn e Ni. Fonte: BROOKINS, 1987.

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Os óxidos de Fe e Mn são substâncias com grande importância geoquímica,

uma vez que são capazes de reter quantidades consideráveis de metais pesados, e

consequentemente impedindo sua mobilidade (SILVEIRA et al., 2006). Além de

serem considerados ótimos agentes complexantes de metais pesados, também os

capturam por mecanismos de adsorção (ABREU, 2007). Na ausência de oxigênio,

os óxidos se reduzem, liberando os metais a eles complexados, os tornando

disponíveis na coluna d’água (TESSIER et al., 1979; FÖRSTNER, WITTIMAN,

1981).

O tamanho dos grãos do sedimento também tem grande importância na

distribuição dos metais nos sistemas estuarinos. Quanto menor o tamanho da

partícula, maior a capacidade de adsorção dos metais pesados, uma vez que sua

área superficial aumenta conforme o volume do grão diminui (Figura 5). Desta forma,

as argilas são as partículas com maior capacidade de retenção de metais, enquanto

as areias têm as menores concentrações de metais adsorvidos (FIORI, 2008).

Figura 5: Representação do potencial de adsorção de substâncias em superfícies sólidas que

ocupam a mesma área, mas com diferentes áreas superficiais.

O fósforo é um elemento do grupo 15, tendo características similares ao

nitrogênio. Quando o P está na forma orgânica, seu par de elétrons livre pode formar

uma ligação coordenada com um metal, formando um complexo; enquanto na forma

inorgânica de oxiânions, a complexação ocorre nos oxigênios (ATKINS, 2010).

A porção de origem orgânica dos sedimentos é bastante diversa e

complexa, composta por várias espécies solúveis e insolúveis. Devido à ausência de

pares de elétrons livres nos átomos de carbono e hidrogênio, a complexação com os

metais se dá pelos grupos funcionais, dando origem a uma esfera interna, com

caráter mais covalente. A esfera externa se dá pela adsorção na molécula como um

todo, sendo esta ligação com caráter mais eletroestático (CAMARGO et al., 2001;

ABREU, 2007).

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23

A degradação da matéria orgânica por bactérias utilizando o sulfato como

receptor de elétrons origina o sulfeto de hidrogênio e outros compostos de enxofre

reduzidos (redução dissimilativa do sulfato) (MUYZER, STAMS, 2008).

SO42- SO3

2- H2S

Em condições pobres em oxigênio, os óxidos de ferro se reduzem, e ao

reagir com o sulfeto de hidrogênio, forma os diversos tipos de sulfetos de ferro

(ALLEN, 1993).

Outros metais bivalentes, tais como Cd2+, Cu2+, Hg2+, Ni2+, Zn2+, Pb2+,

quando presentes na coluna d’água, reagem com o FeS, deslocando o ferro e

formando monossulfetos com menor constante de produto de solubilidade (Kps), os

quais são mais estáveis e insolúveis (DI TORO, 1990; WASSERMAN, 2005).

Tabela 1: Valores de Kps para os sulfetos metálicos. Fonte: SKOOG et al, 2011.

Sulfetos metálicos Kps

MnS 3,0 x 10-14 FeS 8,0 x 10-19 NiS 1,3 x 10-25 ZnS 2,0 x 10-25 CdS 1,0 x 10-27 PbS 3,0 x 10-28 CuS 8,0 x 10-37

Desta forma, a complexação com os sulfetos termina por capturar os

metais, os deixando bioindisponíveis para incorporação da biota local (DI TORO et

al., 1990; ALLEN et al., 1993). Os sulfetos também são utilizados em modelos para

predição da biodisponibilidade dos metais pesados em sedimentos.

Estudos relatam que uma toxicidade era notada para pequenos

crustáceos quando a concentração de cádmio era maior que de sulfeto, e o oposto

quando a concentração de sulfeto era maior que de cádmio. Assim sendo, para a

avaliação da biodisponibilidade de metais em sedimentos, foi proposto um modelo

que determina a quantidade de sulfetos capazes de reter os metais de transição

bivalentes presentes na coluna d’água na fase sólida (DI TORO et al., 1990).

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24

Este modelo usa a razão do somatório dos metais simultaneamente

extraídos (SEM) e os sulfetos voláteis em ácido (AVS) do sedimento (fórmula 1). A

composição do AVS não é bem definida, uma vez que este é formado por diversos

compostos, dentre os principais os minerais mackiwita, greigita e pirita (RICKARD,

MORSE, 2005)

AVS-SEM + 2 H+ H2S + SEM

Quando a razão for maior que 1, isto é, a concentração de SEM for maior

que AVS, o local exibe uma potencial toxicidade, visto que não há sulfeto suficiente

para aprisionar os metais; em contrapartida, quando a razão for menor que 1, o

sedimento não apresenta potencial toxicidade (DI TORO et al., 1992).

(01)

Outra aplicação do modelo utilizando o AVS é normalizando-o com a

fração de carbono orgânico total (COT). Esta derivação do modelo da razão

SEM/AVS é indicada para sedimentos em que a concentração de metais supera a

de AVS, uma vez que a matéria orgânica também é uma retentora de metais. A

fração do COT é utilizada para esta normalização devido à sua fácil determinação,

se comparado com outros agentes sequestradores, como os óxidos e hidróxidos de

Fe e Mn. Este novo modelo considera a razão entre o excedente de SEM e a fração

de carbono orgânico total (COT) (fórmula 2) (DI TORO et al., 2005). Os valores

indicativos de toxicidade potencial encontram-se na figura 6.

(2)

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25

Figura 6: Modelo SEM/AVS e qualidade do sedimento de acordo com a normalização pelo COT

(adaptado de MOZETO, 2005 apud MONTE, 2014).

Estudos acerca da toxicidade potencial de metais associados a sedimentos

de corpos hídricos utilizando os modelos de Di Toro e colaboradores (2005) têm sido

realizados em diversos trabalhos, tanto no Brasil (PEREIRA et al., 2008, Machado et

al., 2010; RIBEIRO et al., 2013) como no resto do mundo (LI et al., 2008; YIN, FAN,

2013). Este modelo, devido à sua capacidade de prever a biodisponibilidade

potencial dos metais, e consequente toxicidade potencial de um sedimento, se

tornou uma ferramenta de indicador de qualidade ambiental.

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4. METODOLOGIA

4.1. Área de Estudo

A Baía de Sepetiba possui de superfície 520 km2 e de perímetro 170,5

km. Sua extensão na direção norte-sul e leste-oeste são de 12,5 km e 25 km,

respectivamente, volume de 3,5 x 1012L, e profundidade variando entre 2 e 12 m,

onde cerca da metade de sua área possui profundidade menor que 6 m; já nos

canais, a profundidade é maior. Na costa oeste da baía de Sepetiba existem 3

canais, dos quais dois são vias de acesso à zona portuária. Sua maré é do tipo

semi-diurno, com desigualdade diurna e 99% das ondas da baía são de altura

inferior a 0,75 m (MOLISANI et al., 2004).

Figura 7: Processos oceanográficos na baía de Sepetiba (WASSERMAN, 2005). As classificações A, B1, B2 e B3, estão relacionadas à salinidade (BARCELLOS 1995).

A entrada de água do mar se dá através das passagens entre das ilhas

de Itacuruçá e Jaguanum com o continente. A circulação de água se dá pelo fluxo e

refluxo da maré, interagindo com a matéria costeira e de fundo e também com o

vento. O período de residência da água é de aproximadamente 5 dias, com grande

mistura da coluna d’água e ausência de estratificação. As correntes de maré e a

contribuição fluvial do Canal de São Francisco e do Rio Piracão têm significativa

importância na distribuição da salinidade na baía de Sepetiba. De modo geral, a

salinidade encontra-se na faixa entre 20 e 34; enquanto no fundo e na costa a

salinidade encontra-se menor que 20. Na área central e junto ao cordão rochoso da

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ilha de Jaguanum, a salinidade varia entre 30 e 34. (MOLISANI et al., 2004; LOPES-

ROSA, 2011).

Os sedimentos encontrados na baía são constituídos por bancos de areia,

silte e argila, onde os dominantes são representados pelos clásticos finos, argilo-

sílticos e areno-sílticos. A sedimentação ocorre numa taxa entre 0,3 cm e 1,0 cm por

ano. (SEMADS, 2001; LOPES-ROSA, 2011).

A Baía de Sepetiba, desde o início dos anos 2000 tem recebido diversas

indústrias, como por exemplo, Vale, Companhia Siderúrgica Nacional, Petrobras,

entre outras, aumentando assim a quantidade de efluentes industriais (MONTE,

2014). Ocorreu, em 1996, um vazamento de cerca de 50 milhões de litros de água e

lama provenientes da falida Cia Ingá, a qual mantinha rejeitos de zinco de pureza

elevada e cádmio (MELO, 1996 apud HERMS, GURGEL, 2012). Posteriores

enchentes na região devido às chuvas levaram à transbordamentos, que novamente

liberaram rejeitos tóxicos de zinco e cádmio.

Somente em 2008 foi firmada uma medida para mitigação da emissão de

rejeitos na baía de Sepetiba, na qual o Governo do estado do Rio de Janeiro deu

início à descontaminação do terreno a Cia Ingá, criando barreiras hidráulicas, para

conter a passagem dos rejeitos à baía via lençol freático (SEA, 2014), e no mesmo

ano a USIMINAS assumiu a posse da pilha de rejeitos, através de leilão público

(MONTE, 2014). O método de contenção utilizado pela USIMINAS é o de

envelopamento, no qual consiste na deposição e compactação do rejeito sobre uma

camada de material drenante, evitando seu contato com o lençol freático. Para

posterior lançamento no ambiente, a água gerada nos processos deste método deve

ser submetida à tratamento (USIMINAS, 2010)

A maior parte dos rejeitos industriais do polo industrial de Santa Cruz é

lançada no Rio Guarda, que também deságua na região do saco do engenho

(HERMS, GURGEL, 2012).

O porto de Itaguaí, localizado na ilha da Madeira, está se tornando um

hub port (porto concentrador de cargas), recebendo grandes quantidades de

contêineres em geral para armazenagem. Estão previstas para os próximos anos a

criação de seis novos terminais portuários de grandes empresas (DOURADO et al,

2012).

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Figura 8: Porto de Itaguaí 4.2. Coletas e medidas em campo

Foram realizadas análises de sedimentos superficiais de duas campanhas

de amostragem (uma na região do Saco do Engenho, e outra no Canal de São

Francisco) em 24 estações de coleta (12 em cada campanha) (Figura 7). A

disposição dos pontos de coleta teve como objetivo verificar a distribuição dos

diversos componentes analisados em função da pluma gerada pelos canais em

estudo. Parâmetros físico-químicos (pH, salinidade, condutividade, oxigênio

dissolvido) da água superficial serão mensurados in situ através de multisonda YSI.

As amostras de sedimento foram obtidas com auxílio de draga do tipo van Veen,

onde foram armazenadas em sacos plásticos. Para as análises de SEM/AVS, as

amostras foram congeladas logo após a coleta em um pote de vidro com tampa.

4.3. Sulfetos voláteis em ácido (AVS)

A extração e a determinação das concentrações de AVS foram

conduzidas de acordo com Allen et al. (1991). Foram pesados cerca de 2 g de sub-

amostras úmidas dos sedimentos em balões, e dentro dos mesmos foram colocados

uma barra magnética. Uma mangueira introduz gás nitrogênio (N2) no balão pela

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entrada principal, enquanto em uma saída lateral é acoplada uma seringa com HCl 6

mol.L-1, e na outra saída foi conectada uma mangueira que carreou o H2S gerado

em um frasco com 80,0 mL uma solução armadilha de NaOH 0,5 mol/L-1.Cada

extração teve 1:10 h de duração, sendo os 10 primeiros minutos de purga do

sistema com o gás N2, e 1h de extração com o HCl, utilizando agitação magnética.

Um esquema do aparato da extração encontra-se na figura 8.

Figura 9: Pontos de coleta. À esquerda, região do saco do Engenho; e à direita canal de São

Francisco. Fonte: Google maps, Google Earth.

Para o cálculo de porcentagem de água nas amostras, 2,0 g de sub-

amostras úmidas dos sedimentos foram deixadas em estufa por 24h entre 60 e 70

graus Celsius, e em seguida pesadas novamente.

As concentrações de AVS foram determinadas por colorimetria

(CASSELLA et al., 1999). Adicionaram-se 2,00 mL da solução armadilha de NaOH

0,5 mol.L-1 em um frasco, juntamente com 2,00 mL de N,N-dimetil-p-fenilenodiamino

(DMPD), 2,00 mL de solução de ferro amoniacal (NH4Fe(SO4)2.12H2O), 250 µL de

HCl 2 mol.L-1. A solução resultante foi analisada em espectrofotômetro da marca

Femto, modelo 700 plus, no comprimento de onda de 662 nm.

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Figura 10: Equipamento da extração do AVS: 1. Cilindro de gás N2; 2. 3. Regulador de fluxo de gás;

4. Balão com duas saídas laterais; 5. Seringa de 20 mL; 6. Agitador magnético; 7. Frasco com

solução armadilha.

4.4. Determinação de Metais

As suspensões ácidas foram filtradas e usadas para a determinação das

concentrações de metais simultaneamente extraídos – SEM (Allen et al., 1991). As

concentrações de Fe, Mn, Cd, Cu, Ni, Pb e Zn foram determinadas por

espectrometria de emissão ótica com fonte de plasma (ICP-OES) (modelo Ultima 2,

e software ICP Analyst 5.4) nos comprimentos de onda de 259,940, 257,610,

228,802, 324,754, 231,694, 220,353, 213,856 nm, respectivamente.

4.5. Carbono orgânico total

Para a análise do carbono orgânico total, foi pesado cerca de 0,02 g de

sedimento seco e descarbonatado (HCl 1M, agitação por 16h). A determinação foi

realizada no analisador Schimadzu TOC-V utilizando o módulo SSM-5000A para

análise de sólidos. Para acompanhamento das análises foi utilizado o padrão

hidrogenoftalato de potássio (concentração certificada igual a 47,1%), obtendo a

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média de concentração do padrão igual a 48,4±1,9%, correspondente a 102,8% de

recuperação.

4.6. Granulometria

Para a granulometria, 1,5g de amostra úmida foi colocada em um tubo de

polipropileno de 50mL, com adição de 40mL de agente dispersante hexametafosfato

de sódio (20g/L), com agitação mecânica por 24h. A determinação da granulometria

foi realizada no analisador de partículas a laser (CILAS – Shimadzu 1064) e o

cálculo foi feito no programa Gradistat versão 8.

4.7. Determinação de fósforo

As concentrações totais de fósforo total foram determinadas através de

calcinação em mufla (450ºC) de aproximadamente 0,5g de sedimento seco

(homogeneizado e macerado) por 4h. Após a queima em mufla, os sedimentos

foram transferidos para tubos Falcon com adição de 10 mL de HCl 1M e posterior

agitação mecânica por 16h em mesa agitadora, e em seguida, centrifugadas durante

20 min a 2.500rpm. Alíquotas de 0,5 mL do extrato foram diluídas em 9,5 ml de água

para a determinação do fósforo por método colorimétrico (GRASSHOFF et al.,

1983). O fósforo inorgânico seguiu a mesma metodologia, excetuando-se a primeira

etapa de calcinação. O fósforo orgânico foi obtido pela diminuição entre fósforo total

e fósforo inorgânico. Todas as análises químicas foram realizadas em duplicatas,

para a estimativa da precisão das análises.

4.8. Estatística

O tratamento estatístico foi realizado com o software IBM SPSS Statistics

versão 23. Utilizou-se o teste de correlação bilateral de Spearman paramétrica para

observar relações entre todos os parâmetros estudados, aceitando-se como

significativas as correlações com p<0,1.

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5 RESULTADOS

5.1. Físico-química

Os parâmetros físico-químicos medidos in situ em cada ponto de coleta

nas águas superficiais não apresentaram variações relevantes na região do canal de

São Francisco (Tabela 1). Em contrapartida, no Saco do Engenho foi possível

observar um gradiente de salinidade, no qual conforme mais distante da costa, maior

a salinidade. A condutividade segue na mesma tendência que a salinidade. Pôde-se

observar que conforme a salinidade aumenta, a concentração de oxigênio dissolvido

diminui, porém numa proporção muito menor.

Tabela 2: Parâmetros físico-químicos da água superficial dos pontos de amostragem de sedimentos

superficiais no Saco do Engenho (campanha BS03) e no canal do São Francisco (campanha BS04),

ambos na baía de Sepetiba-RJ. OD= Oxigênio Dissolvido.

Amostra pH Salinidade OD (%)

OD (mg.L-1)

Condutividade (mS.cm-1)

Temperatura (°C)

BS03 – Saco do Engenho

1 7,2 32,4 67,9 4,7 48,0 23,5

2 7,6 32,2 59,8 4,5 48,0 23,2

3 7,7 32,7 60,4 4,3 48,2 23,2

4 7,3 32,7 63,0 4,5 48,2 23,3

5 6,2 32,8 62,4 4,4 50,0 23,2

6 7,8 32,8 61,0 4,3 48,3 23,2

7 7,8 32,7 62,6 4,4 48,0 22,9

8 7,9 32,8 63,5 4,5 48,4 23,3

9 7,9 32,7 67,4 4,7 48,3 23,3

10 7,9 32,8 68,9 4,9 48,6 23,5

11 7,9 32,8 66,7 4,8 48,5 23,4

12 8,0 32,8 65,0 4,6 48,5 23,4

BS04 – Canal do São Francisco

1 6,8 1,7 126,2 10,8 3,0 22,8

2 6,8 7,0 110,2 8,9 12,2 23,6

3 6,8 5,9 106,5 8,9 28,8 23,1

4 6,8 15,0 103,0 8,0 23,9 23,4

5 6,9 9,7 106,7 6,4 47,0 23,2

6 6,8 11,8 97,9 7,9 18,3 23,0

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33

7 6,8 14,9 92,9 7,3 24,1 23,3

8 6,8 32,8 102,2 7,3 48,7 23,6

9 6,8 32,6 107,8 7,3 49,8 23,6

10 N.M. 32,9 97,8 7,3 48,8 23,0

11 6,8 31,5 97,8 7,0 45,0 23,9

12 N.M. 30,6 103,4 7,3 48,4 23,3

5.2. Granulometria

Na região do canal de São Francisco, uma maior percentagem de silte foi

encontrada em quase todos os pontos de coleta, com exceção do ponto 9. A

porcentagem de areia foi significativa (>1%) apenas nos pontos 8, 9 e 10. No Saco

do Engenho houve inconsistência nas percentagens. Diferentemente da outra

região, as percentagens de areia e silte foram muito maiores que as de argila,

excluindo os pontos 5 e 10, onde a percentagem de argila foi maior que de areia

(Figura 9).

Figura 11: Caracterização granulométrica dos sedimentos superficiais coletados no Saco do Engenho

(Campanha BS03) e no canal do São Francisco (Campanha BS04), na baía de Sepetiba-RJ.

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5.3. Carbono orgânico total e fósforo

O COT apresentou uma tendência decrescente na região do Saco do

engenho, com um aumento em sua porcentagem nos dois últimos pontos. Na outra

região, o carbono orgânico total não seguiu uma tendência específica, porém exibiu

também maior fração nos pontos mais distantes (Figura 10).

Na região do saco do Engenho, fósforo inorgânico e orgânico não

sofreram grandes alterações entre os pontos de coleta 1 e 8, tendo um grande

decréscimo em suas concentrações no ponto 9, e retornando aos valores médios no

ponto 12 (Figura 11). No estuário do canal de São Francisco, o fósforo orgânico e

inorgânico manteviveram a mesma tendência do COT, diminuindo e aumentando

suas concentrações ao longo dos pontos. No ponto 4, entretanto, uma concentração

de fósforo orgânico muito elevada foi observada.

Figura 12: Carbono orgânico total dos sedimentos superficiais coletados no Saco do Engenho

(Campanha BS03) e no canal do São Francisco (Campanha BS04), na baía de Sepetiba-RJ

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Figura 13: Fósforo orgânico e inorgânico dos sedimentos superficiais coletados no Saco do Engenho

(Campanha BS03) e no canal do São Francisco (Campanha BS04), na baía de Sepetiba-RJ.

5.4. Razão SEM/AVS

Na região do Saco do Engenho, oito dos doze pontos de coleta

apresentaram a razão SEM/AVS maior que 1, o que indica que há uma potencial

toxicidade nesta área (Tabela 2). De acordo com Di Toro (2005), nos pontos em que

a razão é maior que 1, não há AVS suficiente para reter os metais na forma sólida,

deixando-os disponíveis na coluna d’água. Em contrapartida, no canal de São

Francisco, somente três pontos apresentaram a razão maior que 1, indicando que

nesta área não há uma potencial toxicidade.

Tabela 3: Concentrações de metais simultaneamente extraídos (SEM; µmol/g), sulfetos voláteis em

ácido (AVS) e carbono orgânico total (COT) dos sedimentos superficiais coletados no Saco do

Engenho (Campanha BS03) e no canal do São Francisco (Campanha BS04), na baía de Sepetiba-

RJ.

Pontos [AVS] [Mn] [Fe] [Zn] [Pb] [Cd] [Ni] [Cu] Σ[SEM] SEM/AVS COT

BS03 – Saco do Engenho

1 38,30 6,96 354,69 55,77 0,26 0,20 0,17 0,40 56,80 1,48 4,21

2 45,92 4,38 348,54 29,61 0,16 0,09 0,07 0,28 30,22 0,66 3,64

3 60,42 4,20 295,24 24,35 0,14 0,07 0,32 0,38 25,26 0,42 3,32

4 121,75 5,84 445,89 30,36 0,18 0,08 0,08 0,34 31,04 0,25 2,66

5 8,49 3,85 222,83 10,43 0,09 0,03 0,43 0,35 11,33 1,33 2,48

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36

6 8,15 4,71 280,03 8,18 0,09 0,02 0,12 0,20 8,61 1,06 2,46

7 19,63 3,28 264,31 8,44 0,09 0,02 0,47 0,29 9,30 0,47 2,44

8 15,55 2,39 226,94 16,73 0,09 0,05 0,03 0,13 17,03 1,10 1,41

9 3,57 1,41 63,64 9,53 0,03 0,03 0,11 0,06 9,75 2,73 0,19

10 3,00 2,98 107,36 11,41 0,05 0,03 0,01 0,06 11,56 3,86 0,42

11 23,48 4,27 280,39 39,23 0,17 0,11 0,04 0,33 39,88 1,70 3,00

12 17,52 3,40 241,37 17,00 0,13 0,05 0,26 0,24 17,69 1,01 2,48

BS04 – Canal do São Francisco

1 4,74 2,72 223,49 3,76 0,06 0,00 0,28 0,35 4,46 0,94 1,67

2 2,47 0,51 23,90 0,72 0,01 0,00 0,03 0,02 0,77 0,31 0,45

3 0,05 1,91 40,57 -0,15 0,01 0,00 0,24 0,02 0,11 2,35 0,14

4 6,88 3,09 134,70 2,04 0,05 0,01 0,02 0,09 2,21 0,32 0,88

5 2,01 2,40 133,17 1,69 0,03 0,00 0,37 0,07 2,16 1,08 1,49

6 60,24 2,45 232,41 2,53 0,06 0,00 0,03 0,14 2,77 0,05 1,86

7 44,17 2,87 292,13 5,86 0,07 0,01 0,07 0,17 6,17 0,14 1,13

8 6,41 4,18 220,47 5,53 0,05 0,01 0,14 0,09 5,82 0,91 1,24

9 1,24 3,83 184,64 2,99 0,04 0,00 0,25 0,11 3,40 2,73 0,52

10 21,67 5,52 358,50 6,05 0,11 0,01 0,06 0,24 6,47 0,30 2,43

11 13,40 2,74 190,47 3,04 0,05 0,01 -0,22 0,10 2,97 0,22 1,27

12 159,88 4,00 361,29 3,09 0,09 0,01 -0,31 0,26 3,15 0,02 2,94

5.5. Correlações

As correlações de Spearman bilaterais entre os diversos parâmetros

analisados das duas campanhas encontram-se nas tabelas 3 e 4. Este tratamento

estatístico foi realizado com 12 graus de liberdade e confiança de 95% (N=12,

p<0,05).

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Tabela 4: Correlações de Spearman dos parâmetros analisados da região do Saco do Engenho (Campanha BS03). Escala de cores: p<0,10 em vermelho; p<0,05 em laranja; e p<0,01 em azul.

pH Salinid. OD% Odmg/g Condut Temp Silte Argila Areia [P]tot [P]inorg [P]org COT AVS Mn Fe Zn Pb Cd Ni Cu SEM

pH 1, ,495 ,455 ,557 ,442 ,378 -,441 -,119 ,378 -,441 -,063 -,552 -,494 -,413 -,573 -,476 -,161 -,370 -,180 -,364 -,655 -,161

Salinid. ,495 1, ,213 ,093 ,894 ,200 ,015 -,190 ,099 -,369 ,004 -,320 -,492 -,598 -,362 -,560 -,362 -,427 -,412 -,190 -,378 -,362

OD% ,455 ,213 1, ,879 ,260 ,864 -,762 -,133 ,811 -,280 -,140 -,420 -,329 -,399 -,280 -,343 ,182 -,132 ,124 -,385 -,280 ,182

Odmg/g ,557 ,093 ,879 1 ,232 ,842 -,841 -,028 ,855 -,371 -,084 -,557 -,196 -,259 -,301 -,273 ,361 -,039 ,336 -,606 -,354 ,361

Condut. ,442 ,894 ,260 ,232 1 ,240 -,161 -,225 ,246 -,414 -,032 -,484 -,483 -,628 -,491 -,698 -,302 -,502 -,344 -,193 -,360 -,302

Temp. ,378 ,200 ,864 ,842 ,240 1 -,802 ,220 ,767 -,148 ,173 -,453 ,022 -,151 ,022 -,054 ,515 ,194 ,462 -,536 -,132 ,515

Silte -,441 ,015 -,762 -,841 -,161 -,802 1 ,049 -,916 ,399 ,161 ,587 ,182 ,308 ,350 ,336 -,294 ,135 -,318 ,510 ,389 -,294

Argila -,119 -,190 -,133 -,028 -,225 ,220 ,049 1 -,189 ,608 ,916 ,028 ,855 ,643 ,657 ,657 ,713 ,833 ,700 ,231 ,641 ,713

Areia ,378 ,099 ,811 ,855 ,246 ,767 -,916 -,189 1 -,580 -,336 -,580 -,333 -,497 -,385 -,462 ,140 -,253 ,170 -,552 -,494 ,140

[P]tot. -,441 -,369 -,280 -,371 -,414 -,148 ,399 ,608 -,580 1 ,685 ,664 ,669 ,818 ,517 ,685 ,503 ,708 ,424 ,559 ,865 ,503

[P]inorg -,063 ,004 -,140 -,084 -,032 ,173 ,161 ,916 -,336 ,685 1 ,042 ,778 ,643 ,594 ,601 ,671 ,787 ,633 ,266 ,711 ,671

[P]org -,552 -,320 -,420 -,557 -,484 -,453 ,587 ,028 -,580 ,664 ,042 1 ,228 ,545 ,231 ,455 ,070 ,313 ,018 ,371 ,483 ,070

COT -,494 -,492 -,329 -,196 -,483 ,022 ,182 ,855 -,333 ,669 ,778 ,228 1 ,813 ,816 ,848 ,774 ,911 ,788 ,189 ,814 ,774

AVS -,413 -,598 -,399 -,259 -,628 -,151 ,308 ,643 -,497 ,818 ,643 ,545 ,813 1 ,636 ,895 ,720 ,872 ,703 ,175 ,732 ,720

Mn -,573 -,362 -,280 -,301 -,491 ,022 ,350 ,657 -,385 ,517 ,594 ,231 ,816 ,636 1 ,881 ,552 ,826 ,541 ,112 ,673 ,552

Fe -,476 -,560 -,343 -,273 -,698 -,054 ,336 ,657 -,462 ,685 ,601 ,455 ,848 ,895 ,881 1 ,685 ,918 ,671 ,070 ,683 ,685

Zn -,161 -,362 ,182 ,361 -,302 ,515 -,294 ,713 ,140 ,503 ,671 ,070 ,774 ,720 ,552 ,685 1 ,872 ,982 -,273 ,560 1,000

Pb -,370 -,427 -,132 -,039 -,502 ,194 ,135 ,833 -,253 ,708 ,787 ,313 ,911 ,872 ,826 ,918 ,872 1 ,851 ,036 ,752 ,872

Cd -,180 -,412 ,124 ,336 -,344 ,462 -,318 ,700 ,170 ,424 ,633 ,018 ,788 ,703 ,541 ,671 ,982 ,851 1 -,290 ,527 ,982

Ni -,364 -,190 -,385 -,606 -,193 -,536 ,510 ,231 -,552 ,559 ,266 ,371 ,189 ,175 ,112 ,070 -,273 ,036 -,290 1 ,529 -,273

Cu -,655 -,378 -,280 -,354 -,360 -,132 ,389 ,641 -,494 ,865 ,711 ,483 ,814 ,732 ,673 ,683 ,560 ,752 ,527 ,529 1 ,560

SEM -,161 -,362 ,182 ,361 -,302 ,515 -,294 ,713 ,140 ,503 ,671 ,070 ,774 ,720 ,552 ,685 1,000 ,872 ,982 -,273 ,560 1

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Tabela 5: Correlações de Spearman dos parâmetros analisados do estuário do canal de São Francisco (Campanha BS04). Escala de cores: p<0,10 em vermelho; p<0,05 em laranja; e p<0,01 em azul.

pH Salinid OD% ODmg/g Condut Temp Silte Argila Areia [P]tol [P]inorg [P]org COT AVS Mn Fe Zn Pb Cd Ni Cu SEM

pH 1 -,311 ,137 -,030 -,270 ,009 -,033 ,163 -,026 -,281 -,063 -,422 ,019 -,256 -,415 -,307 -,196 -,344 -,358 ,425 -,240 -,204

Salinid -,311 1 -,550 -,560 ,797 ,421 ,035 -,035 -,070 ,545 ,657 ,287 ,259 ,350 ,867 ,434 ,573 ,406 ,676 -,315 ,221 ,594

OD% ,137 -,550 1 ,453 -,238 -,083 -,315 -,196 ,252 -,592 -,539 -,487 -,273 -,669 -,434 -,529 -,515 -,549 -,725 ,453 -,211 -,441

ODmg/g -,030 -,560 ,453 1 -,676 -,239 -,480 -,385 ,392 -,588 -,841 -,161 -,441 -,301 -,378 -,319 -,270 -,258 -,411 ,140 -,137 -,228

Condut -,270 ,797 -,238 -,676 1 ,283 -,007 -,056 -,021 ,266 ,594 -,154 ,147 -,042 ,678 ,231 ,329 ,127 ,338 ,088 ,056 ,385

Temp ,009 ,421 -,083 -,239 ,283 1 -,519 -,502 ,519 ,088 ,014 ,078 -,459 -,127 ,124 -,346 -,120 -,391 ,317 -,345 -,433 -,110

Silte -,033 ,035 -,315 -,480 -,007 -,519 1 ,923 -,951 ,503 ,678 ,336 ,818 ,601 ,112 ,573 ,364 ,625 ,193 -,147 ,484 ,266

Argila ,163 -,035 -,196 -,385 -,056 -,502 ,923 1 -,979 ,315 ,573 ,147 ,762 ,524 ,021 ,497 ,294 ,505 0,000 ,011 ,396 ,231

Areia -,026 -,070 ,252 ,392 -,021 ,519 -,951 -,979 1 -,364 -,636 -,196 -,790 -,552 -,140 -,566 -,406 -,594 -,097 ,021 -,460 -,343

[P]tot -,281 ,545 -,592 -,588 ,266 ,088 ,503 ,315 -,364 1 ,643 ,804 ,531 ,699 ,587 ,524 ,399 ,622 ,772 -,588 ,379 ,315

[P]inorg -,063 ,657 -,539 -,841 ,594 ,014 ,678 ,573 -,636 ,643 1 ,315 ,769 ,587 ,615 ,678 ,643 ,640 ,579 -,245 ,484 ,566

[P]org -,422 ,287 -,487 -,161 -,154 ,078 ,336 ,147 -,196 ,804 ,315 1 ,385 ,790 ,413 ,559 ,406 ,675 ,676 -,750 ,537 ,322

COT ,019 ,259 -,273 -,441 ,147 -,459 ,818 ,762 -,790 ,531 ,769 ,385 1 ,699 ,420 ,790 ,552 ,784 ,290 -,224 ,733 ,462

AVS -,256 ,350 -,669 -,301 -,042 -,127 ,601 ,524 -,552 ,699 ,587 ,790 ,699 1 ,441 ,825 ,566 ,845 ,628 -,690 ,632 ,455

Mn -,415 ,867 -,434 -,378 ,678 ,124 ,112 ,021 -,140 ,587 ,615 ,413 ,420 ,441 1 ,664 ,769 ,657 ,724 -,214 ,533 ,783

Fe -,307 ,434 -,529 -,319 ,231 -,346 ,573 ,497 -,566 ,524 ,678 ,559 ,790 ,825 ,664 1 ,832 ,968 ,531 -,294 ,891 ,776

Zn -,196 ,573 -,515 -,270 ,329 -,120 ,364 ,294 -,406 ,399 ,643 ,406 ,552 ,566 ,769 ,832 1 ,830 ,628 -,060 ,761 ,979

Pb -,344 ,406 -,549 -,258 ,127 -,391 ,625 ,505 -,594 ,622 ,640 ,675 ,784 ,845 ,657 ,968 ,830 1 ,586 -,340 ,890 ,767

Cd -,358 ,676 -,725 -,411 ,338 ,317 ,193 0,000 -,097 ,772 ,579 ,676 ,290 ,628 ,724 ,531 ,628 ,586 1 -,580 ,291 ,531

Ni ,425 -,315 ,453 ,140 ,088 -,345 -,147 ,011 ,021 -,588 -,245 -,750 -,224 -,690 -,214 -,294 -,060 -,340 -,580 1 -,121 ,060

Cu -,240 ,221 -,211 -,137 ,056 -,433 ,484 ,396 -,460 ,379 ,484 ,537 ,733 ,632 ,533 ,891 ,761 ,890 ,291 -,121 1 ,740

SEM -,204 ,594 -,441 -,228 ,385 -,110 ,266 ,231 -,343 ,315 ,566 ,322 ,462 ,455 ,783 ,776 ,979 ,767 ,531 ,060 ,740 1

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39

6. DISCUSSÃO

Comparando as duas regiões, observou-se que a quantidade de AVS nos

sedimentos da região do Saco do Engenho foram maiores que no canal de São

Francisco. Esta diferença é causada pela diferença dos ambientes em que os

sedimentos estão localizados: Enquanto a região do Saco do Engenho é mais pobre

em oxigênio e alcalina, o canal de São Francisco exibe uma maior concentração de

oxigênio dissolvido e meio ácido. Utilizando estes parâmetros (OD e pH) e o

diagrama de Eh-pH do FeS de Brookins (1987), nota-se que quanto mais anóxico e

alcalino, maior a probabilidade de se obter o enxofre na forma de sulfeto; o que

explica a tendência determinada no presente trabalho.

A salinidade vista para a região do saco do Engenho é considerada

característica de ambientes cuja quantidade de água marinha supera a de água

fluvial (FÖRSTNER, SALOMONS, 1984). Para a outra região, a salinidade já

apresenta um gradiente, nos quais os pontos mais próximos da costa exibem menor

salinidade que os pontos mais distantes.

A análise granulométrica permitiu observar que em ambas as áreas, há a

prevalência de grãos mais finos. No Saco do Engenho, somente 2 pontos tiveram a

fração argilo-síltica abaixo de 70%; enquanto no canal de São Francisco, 6 pontos

tiveram esta mesma fração acima de 50%. Análises de outros trabalhos indicam que

a fração fina é a majoritária na baía de Sepetiba (PELEGATTI, 2000; FIORI, 2008;

RODRIGUES, 2013).

Os valores de COT em ambas as campanhas seguiram tendências

contrarias, tendo em vista que o afastamento da costa no canal de São Francisco

favoreceu o aumento do carbono orgânico, diferentemente do Saco do Engenho,

cuja diminuição do COT foi observada com o distanciamento do litoral. A relação

entre a matéria orgânica e sulfeto segue a tendência esperada, descrita por Allen,

1993, na qual a formação de sulfeto se dá pela redução da matéria orgânica por

microrganismos; explicando o fato dos pontos com maior fração de COT também

terem os maiores valores de AVS.

Na região do Saco do Engenho, foi observado que as concentrações de

Zn foram bem mais altas que dos outros metais, sendo em alguns pontos até 100

vezes maior. Esta alta quantidade de zinco é proveniente dos contínuos

lançamentos passivos da pilha de rejeitos da antiga Cia Ingá, desde seu abandono.

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40

Em outros estudos, como de Fiori (2008) e Ribeiro et al. (2013), as concentrações

de zinco relatadas foram mais elevadas que dos outros metais em para a mesma

região. O Cd também era gerado pela Cia Ingá como resíduo, tendo altas

concentrações nesta área de estudo; apesar de não estar em uma ordem de

grandeza alta tal como o zinco, suas concentrações foram consideradas altas para

este metal.

Os pontos de coleta com razão SEM/AVS maiores que 1 indicam que os

rejeitos oriundos da antiga Cia Ingá foram lançados no saco do Engenho pela foz do

canal do Saco do Engenho e foram se espalhando. O ponto 10 exibiu o maior valor

da razão, e isto se dá devido ao fluxo de água originário do rio Cação, que carreia os

metais para o ponto mais ao oeste. Embora a razão SEM/AVS indique potencial

toxicidade para 8 pontos desta região, utilizando a normalização pelo COT, foi

somente observada provável a toxicidade no ponto 9 (3172,39 µmol/gCOT), e

toxicidade incerta nos pontos 1 (439,55 µmol/gCOT), 10 (2046,45 µmol/gCOT), e 11

(546,66 µmol/gCOT).

Para a região do canal de São Francisco, o Zn também foi encontrado em

maiores quantidades que os outros metais nos sedimentos, porém em uma ordem

de grandeza menor. Nesta área, somente em 3 pontos foram observadas razões

SEM/AVS maiores que 1; e usando a normalização pelo COT, foi visto que apenas o

ponto 9 apresentou toxicidade incerta (413,35 µmol/gCOT).

A relação entre o fósforo inorgânico e a salinidade na BS04 indica que

esta região é rica em íons fosfato, dando sentido a esta tendência correlação

positiva. Já a correlação negativa do fósforo inorgânico com o OD indica que a

formação dos fosfatos está relacionada com a reação com o oxigênio. Na região do

BS03, o OD correlaciona-se negativamente com o fósforo orgânico, indicando que a

formação dos compostos orgânicos fosforados é privilegiada com a captura de

oxigênios da água; o fósforo inorgânico desta área não é influenciado pelo OD.

A correlação negativa entre o OD e o AVS era esperada, pois o oxigênio

oxida o sulfeto, diminuindo a concentração deste no sedimento. Apesar destes dois

parâmetros serem de compartimentos diferentes (OD da água superficial e AVS do

sedimento), associações podem ser feitas uma vez que as características da água

superficial sugerem o possível meio em que o sedimento se encontra até sua

deposição no fundo da baía.

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A relação entre o silte com o PI e o COT mostram a importância do silte

na retenção de substâncias químicas por adsorção. Já o AVS com o silte está

relacionado diretamente com a decomposição da matéria orgânica, a qual gera

sulfetos que ficam também adsorvidos nestas partículas finas do sedimento.

A degradação da matéria orgânica também pode liberar grupamentos

fosfatos, aumentando a concentração de fósforo inorgânico (PI) no sedimento,

explicando a correlação entre o COT e o PI; o que está ligado diretamente à

correlação de AVS com PI. A correlação positiva do PI com os metais Mn, Fe, Zn, Pb

e Cd também está relacionada à decomposição da matéria orgânica, uma vez que a

quebra da molécula orgânica libera os grupamentos fosfatos e também os metais

adsorvidos.

As correlações entre o COT e Fe, Pb e Cu mostram que a matéria

orgânica tem capacidade de reter os metais de forma significativa. De acordo com

Jordão et al. 1993, dos metais analisados neste trabalho, a retenção dos metais

ocorre em ordem de preferência: Cu>Pb>Zn>Cd, fazendo sentido as correlações da

matéria orgânica com o Pb e Cu. O COT correlaciona-se também o AVS, tendo em

vista que sua degradação gera sulfetos.

O AVS correlaciona-se com o ferro, uma vez que a composição do AVS é

de FeS. As correlações com os outros metais indicam que o sulfeto está relacionado

aos metais, tendo em vista que a extração do AVS é simultânea a dos metais. O

Níquel, entretanto, exibiu uma correlação negativa, indicando que este metal pode

estar em concentrações naturais, sem influencia antrópica.

O Mn e o Fe também se correlacionam com alguns metais, indicando que

também são capazes de reter alguns metais traço além do AVS e da matéria

orgânica, como previsto na literatura (SILVEIRA et al., 2006). As correlações entre

os próprios metais indicam que eles possuem comportamentos semelhantes. No

caso dos metais pesados, complexam com os diversos ligantes (sulfetos, matéria

orgânica, fósforo) e possuem números de oxidação iguais, enquanto no caso do Mn

e Fe, funcionam como ligantes para complexação com os metais pesados.

Também é possível observar que os metais, com exceção do Cd e Ni,

correlacionam com o somatório do SEM. Isto ocorre, pois o aumento da

concentração dos metais vai influenciar diretamente o somatório do SEM. Devido ao

baixo valor numérico da concentração do Cd e Ni, acredita-se que sua variação não

influencia no somatório do SEM. Vale ressaltar que apesar de do Cd estar numa

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concentração da mesma ordem de grandeza que o Ni, Pb e Cu, sua tolerância no

ambiente é menor que a destes metais.

Embora ambas as regiões sofram com lançamentos de resíduos

industriais passiva ou ativamente, em nenhuma área de estudo foi observada

toxicidade potencial. Os agentes naturais existentes nos sedimentos das áreas de

estudo podem ser capazes de reter todos os metais pesados, inviabilizando que a

biota local a incorpore. Os trabalhos de Fiori (2008), Ribeiro et al. (2013) e Monte

(2014) realizados na Baía de Sepetiba na área do Saco do Engenho exibiram

concentrações dos metais dos extratos de SEM semelhantes ao presente estudo

(Tabela 5). Para Monte, 2014 e este trabalho, o valor da concentração de cada metal

foi dado pela média das concentrações dos 12 pontos.

Tabela 6: Concentrações de metais traço em extratos obtidos simultaneamente à extração ácida de

HCL 6 molL-1 de sulfetos voláteis em ácido de Fiori, 2008, Ribeiro et al., 2013, Monte, 2014, e do

presente trabalho para a área do Saco do Engenho, baía de Sepetiba-RJ, e limite máximo de nível 1

da CONAMA 454/2012 para extração forte (USEPA 3051) para águas salobras. Valores em outras

unidades foram convertidos para µmol/g.

Concentrações médias (µmol/g)

Metais Fiori, 2008 Ribeiro et al., 2013 Monte, 2014 Presente trabalho CONAMA 454/2012

Cd 0,02 0,03 0,05 0,07 0,01

Pb 0,42 0,12 0,13 0,12 0,23

Cu 0,32 0,12 0,01 0,26 0,54

Ni - 0,35 0,12 0,18 0,36

Zn 11,19 4,86 16,58 21,75 2,29

Nos três trabalhos, foram observadas concentrações de Zn bem mais

altas que dos outros metais, mostrando que esta discrepância de pelo menos 1

ordem de grandeza já vem sido relatada há anos. Comparando os valores das

concentrações dos metais com os limites estipulados pela resolução do CONAMA

454/2012, pôde-se perceber que tanto o zinco quanto o cádmio se mostraram acima

do valor de nível 1, sendo necessário, de acordo com este órgão, a realização de

novos ensaios. Uma vez que os limites desta resolução são estipulados para

extrações utilizando o método USEPA 3051, as quais são muito mais fortes que a

extração realizada neste trabalho, os valores elevados do Cd e Zn deste trabalho

(extração fraca) estarem maiores que o da CONAMA 454/2012 (extração forte)

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sugerem alta contaminação da região do Saco do Engenho por estes metais. Os

outros metais tiveram suas concentrações abaixo dos valores considerados tóxicos

pelo CONAMA, com exceção do Pb em Fiori, 2008.

Apenas 2 pontos de coleta de Monte (2014) tiveram razão SEM/AVS

maior que 1, sendo que pela normalização pelo COT, um ponto se mostrou com

improvável toxicidade, enquanto o outro apresentou toxicidade incerta. Estes

resultados são condizentes com os do presente trabalho, não havendo notáveis

diferenças.

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7. CONCLUSÃO

A realização das extrações dos AVS e SEM pelo método de Allen et al.

1991 puderam mostrar que as concentrações de dos metais pesados e dos sulfetos,

e através do modelo da razão de SEM/AVS de Di Toro et al. 1990, observou-se que

8 pontos da região do Saco do Engenho e 3 do canal de São Francisco exibiam

potencial toxicidade. Ao utilizar o modelo da razão SEM/AVS normalizada pelo COT,

foi possível concluir que destes pontos, 3 exibiram toxicidade incerta e 1 exibiu

toxicidade provável na região do saco do Engenho, e somente 1 ponto do estuário

do canal de São Francisco exibiu toxicidade incerta.

Na região do saco do Engenho, as altas concentrações de zinco e cádmio

encontradas eram esperadas, devido à pilha de rejeitos da antiga Cia Mercantil Ingá,

que ao falir deixou seus resíduos expostos, e com sucessivas enchentes os levou

para a baía. No estuário do canal de São Francisco, apesar de ser o aporte de

esgoto industrial de diversas indústrias instaladas no entorno de Santa Cruz, não

foram encontradas quantidades exorbitantes de nenhum metal.

Para avaliar a toxicidade potencial dos sedimentos, o modelo SEM/AVS

necessita de testes complementares, já que este modelo desconsidera outros

sumidouros de metais traço. Verificou-se que mesmo na ausência de AVS, a matéria

orgânica assumiu o papel de principal sumidouro natural dos metais traço. As

correlações entre os óxidos de Fe e Mn e os metais mostraram que também podem

ser considerados retentores de metais, porém não tão eficazmente, devido às

condições do meio em que estão inseridos (pH e OD do sedimento).

Com a assunção da pilha de rejeitos da antiga Cia Mercantil Ingá pela

USIMINAS, o passivo ambiental foi tratado e a área recuperada. Novos testes

devem ser realizados para avaliar a biodisponibilidade potencial dos metais desta

região, uma vez que a enorme quantidade de zinco despejada na baía de Sepetiba

durante quase 20 anos agora pode estar estocada nos próprios sedimentos, sendo

estes os possíveis causadores de futuras contaminações em casos de

ressuspensão.

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