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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE FACULDADE DE MEDICINA PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS CARDIOVASCULARES Mayra Faria Novello QUALIDADE DA ASSISTÊNCIA MÉDICA NA HIPERTENSÃO ARTERIAL: PRESCRIÇÃO MÉDICA E CONTROLE PRESSÓRICO NA ATENÇÃO BÁSICA . Niterói/RJ, 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

FACULDADE DE MEDICINA

PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS CARDIOVASCULARES

Mayra Faria Novello

QUALIDADE DA ASSISTÊNCIA MÉDICA NA HIPERTENSÃO ARTERIAL: PRESCRIÇÃO MÉDICA E CONTROLE

PRESSÓRICO NA ATENÇÃO BÁSICA

.

Niterói/RJ, 2015

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Mayra Faria Novello

QUALIDADE DA ASSISTÊNCIA MÉDICA NA HIPERTENSÃO ARTERIAL: PRESCRIÇÃO MÉDICA E

CONTROLE PRESSÓRICO NA ATENÇÃO BÁSICA

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Cardiovasculares da Universidade Federal Fluminense, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Ciências Cardiovasculares. Área de concentração: Ciências Biomédicas.

ORIENTADORA: Prof. Dra. Maria Luiza Garcia Rosa

CO-ORIENTADOR: Prof. Dr. Evandro Tinoco Mesquita

Niterói/RJ, 2015

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FICHA CATALOGRÁFICA

N939

Novello, Mayra Faria Qualidade da assistência médica na

hipertensão arterial: prescrição médica e

controle pressórico na atenção básica / Mayra

Faria Novello.- Niterói, 2015.

99 f.

Orientador: Maria Luiza Garcia Rosa

Coorientador: Evandro Tinoco Mesquita

Dissertação (Mestrado em Ciências

Cardiovasculares)– Universidade Federal

Fluminense, Faculdade de Medicina, 2015.

1. Hipertensão. 2. Qualidade da Assistência à

Saúde. 3. Guias de Prática Clínica como Assunto.

4. Atenção Primária à Saúde. 5. Monitoramento

Ambulatorial da Pressão Arterial. 6. Médicos de

Família. I. Título.

CDD 616.132

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Mayra Faria Novello

QUALIDADE DA ASSISTÊNCIA MÉDICA NA HIPERTENSÃO ARTERIAL: PRESCRIÇÃO MÉDICA

E CONTROLE PRESSÓRICO NA ATENÇÃO BÁSICA

Dissertação de Mestrado apresentada ao programa de Pós-Graduação em Ciências Cardiovasculares da Universidade Federal Fluminense, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Ciências Cardiovasculares. Área de concentração: Ciências Biomédicas.

Aprovada em: 31 / 03 /2015.

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________ Professora Doutora Maria Luiza Garcia Rosa

Universidade Federal Fluminense

___________________________________________________ Professor Doutor Ricardo Mourilhe Rocha Universidade do Estado do Rio de Janeiro

___________________________________________________ Professor Doutor Antonio José Lagoeiro Jorge

Universidade Federal Fluminense

___________________________________________________ Professor Doutor Humberto Villacorta Júnior

Universidade Federal Fluminense

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Em memória, ao meu avô Novello Santo, um exemplo de amor, luta e garra, que levarei para sempre comigo e tentarei reproduzir em cada dia da minha vida.

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AGRADECIMENTOS

Aos familiares e amigos, que sempre me incentivaram em todos os momentos desta longa caminhada; em especial a Leonardo Garcia, Paulo Novello, Sandra Novello e Norina Halabi.

Ao pequeno Rafael, o motivo mais maravilhoso de parte da minha demora para concluir este trabalho.

À minha orientadora Prof. Dra. Maria Luiza Garcia, um agradecimento ESPECIAL, pois foi a peça fundamental para que todo o projeto se tornasse realidade.

Ao meu co-orientador, Prof. Dr. Evandro Tinoco, pela inspiração e contribuição para cada etapa deste estudo.

Ao Dr. Jorge Lagoeiro, um dos principais pesquisadores do Projeto DIGITALIS, pela ajuda na aquisição e organização do banco de dados.

À Secretaria de Saúde do Município de Niterói RJ, que abriu as portas de suas unidades para que pudéssemos desenvolver o projeto.

Aos alunos da Universidade Federal Fluminense e demais investigadores do Projeto DIGITALIS, que abriram mão de seus sábados para tornar este projeto viável.

À Mônica, secretária da Cardiologia na Universidade Federal Fluminense, pelo apoio irrestrito recebido durante todo o curso.

Aos pacientes envolvidos neste estudo, que confiaram em nosso trabalho.

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RESUMO Novello, Mayra Faria. Qualidade da Assistência Médica na Hipertensão Arterial: Prescrição Médica e Controle Pressórico na Atenção Básica. Dissertação de Mestrado em Ciências Cardiovasculares – Faculdade de Medicina, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2015. Introdução: A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é o mais prevalente fator de risco para a doença cardiovascular e seu adequado controle é capaz de prevenir doenças de alta morbimortalidade, como o acidente vascular cerebral, o infarto agudo do miocárdio e a insuficiência cardíaca, entre outras. Entretanto, o adequado controle pressórico, de acordo com as metas definidas pelas diretrizes, não vem sendo feito de maneira adequada na atenção básica, acarretando uma deficiência na qualidade assistencial. Objetivo: Avaliar a qualidade do atendimento aos hipertensos, em uma comunidade urbana ambulatorial atendida pelo Programa Médico de Família, através do grau de conformidade das prescrições médicas de anti-hipertensivos com a Diretriz Brasileira de Hipertensão mais recente (2010) e do alcance das metas de pressão arterial (PA) preconizadas por essa Diretriz e pelo 8º Relatório da Comissão Científica Nacional para o manejo da HAS (JNC 8 – 2014). Metodologia: Estudo observacional, transversal, incluindo 455 indivíduos, de ambos os gêneros, ≥ 45 anos. Foram avaliadas as medicações prescritas, doses e frequências, bem como a PA desses indivíduos, correlacionando a conformidade da prescrição com o controle pressórico. Resultados: A conformidade das prescrições em relação à diretriz foi de 69%. O medicamento mais prescrito foi o diurético (63,0%) e a terapia dupla a mais utilizada (41,0%). As não conformidades mais comuns foram super e subfrequências (11,2% e 9,6%, respectivamente), sendo que a maioria das prescrições não conformes foi encontrada no grupo das mulheres e dos diabéticos. A taxa de controle pressórico, utilizando-se como meta PA < 140 x 90mmHg, foi de 44,9%. Essa taxa variou de 38,6% a 53,3%, de acordo com a meta preconizada por cada diretriz. Não foi observada correlação entre a conformidade da prescrição e o controle da PA. Um pior controle pressórico nos idosos e diabéticos foi observado somente quando as metas foram mais rigorosas (PA < 140 x 90mmHg para todos os pacientes e < 130 x 80 mmHg nos diabéticos). Conclusões: O grau de conformidade com a diretriz foi considerado bom. O alcance das metas de PA preconizadas foi compatível com valores encontrados em estudos nacionais e internacionais, que aproximam-se dos maiores do Brasil, o que reflete o importante papel dos médicos de família no acompanhamento desta população. A qualidade da assistência mostrou-se satisfatória dentro da realidade do nosso país, porém ainda há grande oportunidade para melhorias. Palavras-chave: Hipertensão, Qualidade da assistência à saúde, Diretrizes para a prática médica, Atenção Básica.

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ABSTRACT

Novello, Mayra Faria. Quality of Health Care in Hypertension: Prescribing and blood pressure control in primary care. 2015. Dissertation (Master in Cardiovascular Science) - Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2015. Background: Hypertension is the most prevalent risk factor for cardiovascular disease (CVD) and its proper control can prevent stroke, myocardial infarction and heart failure, among other high morbidity and mortality CVD. However, blood pressure control, according to the goals set by the guidelines, has not been done properly in primary care, causing a deficiency in quality care. Objective: To evaluate the quality of care in an outpatient urban community served by the Family Health Program, analyzing the compliance to the latest Brazilian Guideline on Hypertension and scope of BP goals recommended by the brazilian guideline and the Eighth Joint National Committee (JNC 8). Methodology: Observational cross-sectional study including 455 individuals of both genders, ≥ 45 years. Doses and frequencies of prescribed medications were evaluated as well as the blood pressure of these individuals, correlating prescription compliance with BP control. Results: The prescription compliance in relation to the guideline was 69%. The most commonly prescribed drug was diuretic (63.0%) and dual therapy was the most commonly used (41.0%). The most common non-conformities were super and subdoses (11.2% and 9.6%, respectively), mainly found in the group of women and diabetics. The BP control rate, using as target <140 x 90 mmHg, was 44.9%. This rate ranged from 38.6% to 53.3%, according to the goal set by each guideline. No correlation was observed between prescription compliance and BP control. A worse control in the elderly and diabetics was observed only when the targets were more stringent (PA <140 x 90 mmHg for all patients and <130 x 80 mmHg in diabetics). Conclusions: The degree of compliance with the guideline was considered good. The attainment of the recommended BP goals was consistent with values found in national and international studies, approaching the best rates of Brazil, which reflects the important role of family physicians in monitoring this population. The quality of care was satisfactory within the reality of our country, but there is still opportunity for improvement. Keywords: Hypertension, health care quality, guidelines for medical practice, primary care.

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LISTA DE TABELAS Tabela 1: Prevalência de hipertensão arterial por ano, segundo faixa. Período 2012. ............................................................................................................ 11 Tabela 2: Classificação da pressão arterial de acordo com a medida casual no consultório (>18 anos). .............................................................................................. 12

Tabela 3: Percentual de indivíduos com pressão arterial 140x90mmHg entre aqueles com hipertensão conhecida sem tratamento, hipertensão não conhecida e sem tratamento ou hipertensão não conhecida e com tratamento (n=455) .................................................................................................... 35 Tabela 4: Características da amostra ....................................................................... 37 Tabela 5: Métodos de análise das prescrições e suas frequências na amostra ................................................................................................................ 36 Tabela 6: Principais medicações prescritas .............................................................. 40 Tabela 7: Principais associações de medicamentos ................................................. 40 Tabela 8: Relação da conformidade da prescrição com as características sociodemográficas, hábitos de vida e comorbidades. ............................................... 41 Tabela 9: Principais não conformidades encontradas ............................................... 42 Tabela 10: Relação entre controle da PA e conformidade da prescrição, segundo pontos de corte ........................................................................................... 43

Tabela 11: Relação do controle da PA com as características sócio- demográficas, hábitos de vida e comorbidades ........................................................ 45 Tabela 12: Análise parcial dos indivíduos que não apresentavam diagnóstico claro de HAS (n=123) ............................................................................. 44

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Principais causas de óbitos no Brasil, em 2011 ........................................... 6 Figura 2: Taxa de internação hospitalar por doenças crônicas selecionadas. Brasil, 2000-2009 ................................................................................. 7 Figura 3: Taxa de internação por doenças hipertensivas por ano, segundo região. Período: 2012. IBGE: base demográfica. ....................................... 11 Figura 4: Análise da amostra..................................................................................... 36 Figura 5: Índice de conformidade das prescrições .................................................... 38 Figura 6: Controle pressórico (%) considerando-se os 3 pontos de corte (metas de PA) ........................................................................................................... 39

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LISTA DE QUADROS Quadro 1- Fatores de risco associados com hipertensão arterial ............................. 13 Quadro 2 - Estratificação do risco cardiovascular global: risco adicional atribuído à classificação de hipertensão arterial, de acordo com fatores de risco, lesões de órgãos-alvo (LOA) e condições clínicas associadas....... 16 Quadro 3: Associações reconhecidamente eficazes, conforme a diretriz ................. 33

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

7JCN 7º Relatório da Comissão Científica Nacional de Prevenção, Detecção,

Acompanhamento e Tratamento da Hipertensão Arterial

8JCN 8º Relatório da Comissão Científica Nacional de Prevenção, Detecção,

Acompanhamento e Tratamento da Hipertensão Arterial

AB Atenção Básica

AIT Ataque Isquêmico Transitório

AMPA Auto Medida da Pressão Arterial

AVC Acidente Vascular Cerebral

BB Beta bloqueadores

BCC Bloqueadores de canal de cálcio

BNP Peptídio Natriurético do tipo B

BRA Bloqueadores dos receptores da angiotensina

DAC Doença aterosclerótica coronariana

DCNT Doença crônica não transmissível

DCV Doença cardiovascular

DM Diabetes Mellitus

DRC Doença Renal Crônica

EAB Efeito do avental branco

ECG Eletrocardiograma

ECO Ecodopplercardiograma

EUA Estados Unidos da América

FA Fibrilação atrial

FC Frequência cardíaca

FHS Framingham Heart Study

HAS Hipertensão arterial

HAB Hipertensão do avental branco

HAR Hipertensão Arterial Resistente

HIPERDIA Sistema de Cadastramento e Acompanhamento de Hipertensos e

Diabéticos

HVE Hipertrofia do ventrículo esquerdo

IAM Infarto agudo do miocárdio

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IC Insuficiência cardíaca

IECA Inibidores da enzima conversora da angiotensina

IMC Índice de massa corporal

IPAQ International Physical Activity Questionnaire

MAPA Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial

MBE Medicina baseada em evidências

MEV Mudanças no estilo de vida

MRPA Monitorização Residencial da Pressão Arterial

MS Ministério da Saúde

OMS Organização Mundial de Saúde

PA Pressão arterial

PD Pressão diastólica

PMF Programa Médico de Família

PS Pressão sistólica

PSF Programa de Saúde da Família

QD Questionário DIGITALIS

RENAME Relação Nacional de Medicamentos Essenciais

SBC Sociedade Brasileira de Cardiologia

SUS Sistema Único de Saúde

TSH Hormônio estimulante da tireóide

VIGITEL Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para as DCNT por

Inquérito Telefônico

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SUMÁRIO

RESUMO .................................................................................................................. vii ABSTRACT ............................................................................................................... viii LISTA DE TABELAS .................................................................................................. ix LISTA DE FIGURAS ................................................................................................... x LISTA DE QUADROS..................................................................................................xi LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS .................................................................... xii 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1 2. REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................... 5

2.1. Impacto da doença cardiovascular ................................................................... 5 2.2. Fatores de risco para a doença cardiovascular ................................................ 7 2.3. Hipertensão arterial .......................................................................................... 9

2.3.1. Epidemiologia da HAS .......................................................................... 9 2.3.2. Classificação da HAS ......................................................................... 11

2.4. Fatores de risco associados à HAS ............................................................... 12 2.4.1. Consumo excessivo de álcool ............................................................ 13 2.4.2. Obesidade .......................................................................................... 13 2.4.3. Ingestão excessiva de sódio / alimentação inadequada ..................... 14 2.4.4. Sedentarismo ...................................................................................... 14

2.5. Avaliação do paciente hipertenso e estratificação de risco cardiovascular .... 15 2.6. Tratamento anti-hipertensivo ......................................................................... 16 2.7. Hipertensão resistente ................................................................................... 19 2.8. Indicadores de qualidade assistencial ............................................................ 19 2.9. Diretrizes de hipertensão e metas de controle ............................................... 22 2.10. Hipertensão na Atenção Básica ................................................................... 23

3. OBJETIVOS .......................................................................................................... 26 3.1. Objetivo principal ............................................................................................ 26 3.2. Objetivos secundários.....................................................................................26

4. METODOS ............................................................................................................ 27 4.1. Delineamento do estudo ................................................................................ 27 4.2. Procedimentos para a seleção aleatória da amostra ..................................... 27 4.3. Elegibilidade ................................................................................................... 28 4.4. Avaliação clínica e laboratorial ....................................................................... 28 4.5. Definições utilizadas para o presente estudo na população estudada ......................................................................................... 29

4.5.1. Hipertensão arterial ............................................................................ 29 4.5.2. Diabetes ............................................................................................. 29 4.5.3. Obesidade .......................................................................................... 30 4.5.4. Consumo de álcool ............................................................................. 30 4.5.5. Tabagismo .......................................................................................... 31 4.5.6. Sedentarismo ...................................................................................... 31

4.6. Indicadores de qualidade ............................................................................... 32 4.6.1. Indicadores de controle pressórico ..................................................... 32 4.6.2. Indicadores de conformidade da prescrição ....................................... 32 4.6.3. Indicadores de conformidade do tratamento ...................................... 33

4.7. Adesão medicamentosa ................................................................................. 34 4.8. Considerações éticas ..................................................................................... 34 4.9. Análise estatística .......................................................................................... 34 4.10. Suporte financeiro ........................................................................................ 34

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5. RESULTADOS ...................................................................................................... 35 6. DISCUSSÃO ......................................................................................................... 46 6.1. Limitações ..................................................................................................... 53 7. CONCLUSÕES ..................................................................................................... 55 8. REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 56 9. ANEXOS .............................................................................................................. 68

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1. INTRODUÇÃO

A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é uma condição clínica altamente

prevalente e a causa mais comum da doença cardiovascular (DCV) (BONOW et al.,

2012). Deverá afetar um terço da população mundial até o ano de 2025 – sendo um

indicador da transição epidemiológica, que fez com que as doenças crônicas não

transmissíveis (DCNT), dentre elas a DCV, fossem mais prevalentes em todo o mundo

(SCHRAMM et al., 2004). A HAS também se associa a outras condições patológicas

importantes, como a doença renal crônica (DRC) e o diabetes mellitus (DM),

acarretando perda da qualidade de vida, letalidade precoce e altos custos sociais

(BONOW et al., 2012; MURRAY et al., 2003). Em grande parte das vezes, a HAS é

uma doença silenciosa, cujo diagnóstico é feito através da mensuração da pressão

arterial (PA), geralmente realizada em consultas médicas de rotina (BONOW et al.,

2012).

No Brasil, nos últimos anos, observou-se um aumento da prevalência de HAS,

à medida que a população se industrializou e migrou das áreas rurais para os centros

urbanos (SCHRAM et al., 2004). Outro aspecto que contribui para o crescimento da

prevalência de HAS é o aumento da expectativa de vida em todo o mundo, já que a

incidência da doença aumenta de maneira significativa à medida que os indivíduos

tornam-se mais idosos (BONOW et al., 2012). As transformações no comportamento

e estilo de vida, destacando-se o crescimento da obesidade, também acarretam um

aumento da prevalência dos fatores de risco para a DCV, em especial a HAS.

Diretrizes clínicas que estabelecem recomendações para a abordagem

preventiva e para o tratamento da HAS têm sido produzidas pelas sociedades médicas

em todo mundo, baseadas nas melhores evidências científicas disponíveis. Dentre

elas, as diretrizes da sociedade americana (CHOBANIAN et al., 2003; JAMES et al.,

2014) e europeia (MANCIA et al., 2013) são as que têm maior repercussão entre os

especialistas brasileiros. O 7º Relatório da Comissão Científica Nacional de

Prevenção, Detecção, Acompanhamento e Tratamento da HAS (7 JNC)

(CHOBANIAN et al., 2003) estabeleceu como meta a PA<140x90mmHg para todos

os pacientes, sendo que para os portadores de DM ou DRC esta meta seria de

<130x80 mmHg. Esta recomendação foi incorporada pela Sociedade Brasileira de

Cardiologia (SBC), em sua VI Diretriz Brasileira de HAS (SBC, 2010). Entretanto, no

ano de 2014, foi publicado o 8º Relatório da Comissão Científica Nacional para o

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manejo da HAS (8 JNC) (JAMES et al., 2014), que modificou essas metas de controle

da PA, tornando-as menos rígidas. Esta mudança baseou-se em evidências de alta

qualidade, a partir de estudos randomizados controlados, em que se comprovou que

esses novos valores-alvo não aumentaram o risco cardiovascular global do indivíduo.

Esta última diretriz preconiza, para a população geral com 60 anos ou mais de idade,

sob tratamento anti-hipertensivo, uma meta de PA<150x90 mmHg e para aqueles com

menos de 60 anos uma PA<140x90 mmHg, independente da presença de DM ou DRC

(JAMES et al., 2014). Essas últimas recomendações ainda não foram incorporadas

nas diretrizes brasileiras.

Uma vez que os pacientes sejam identificados e tratados adequadamente,

grande parte da morbidade e mortalidade associada à HAS é evitável. Diversas

evidências já mostraram que o adequado controle pressórico é capaz de prevenir as

principais complicações da HAS, como o Acidente Vascular Cerebral (AVC), a

Insuficiência Cardíaca (IC) e a Doença Arterial Coronariana (DAC) (BLOCH e BASILE,

2008; FAGARD et al.,2000; LAW et al, 2009; TURNBULL, 2003). No entanto, muitos

pacientes deixam de ser diagnosticados e tratados e apenas 14% dos pacientes em

tratamento conseguem atingir a meta de PA recomendada, apesar das inúmeras

evidências (HENEGHAN et al., 2007). Estima-se que, dentre os cerca de 50 milhões

de americanos com aumento da PA, quase 1/3 ainda desconhece o diagnóstico e

apenas ¼ recebe tratamento efetivo (CHOBANIAN et al., 2003). No Brasil, segundo o

Ministério da Saúde (MS), cerca de 30 milhões de brasileiros tem HAS e 12 milhões

desconhecem o diagnóstico. Dos que sabem, apenas 25% são aderentes ao

tratamento.

A natureza assintomática da doença posterga o diagnóstico e o aparecimento

tardio das complicações – que pode levar de 10 a 30 anos – faz com que o custo do

tratamento (seja financeiro, seja pela existência de efeitos colaterais) pareça suplantar

os benefícios. Além disso, para que o tratamento seja efetivo, requer continuidade e

uso diário de medicação, além de avaliações médicas frequentes (BONOW et al.,

2012).

Muitos fatores relacionados tanto ao paciente quanto ao médico contribuem

para o baixo nível de controle da PA. Os principais determinantes incluem a

implementação de regimes de tratamento inadequados, que não atingem a PA alvo,

e a baixa aderência por parte dos pacientes (HENEGHAN et al., 2007; ESH, 2003).

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As diretrizes têm como objetivo auxiliar os médicos no tratamento de pacientes

com hipertensão e são desenvolvidas para aprimorar esse controle deficiente dos

níveis pressóricos. Embora a maioria dos médicos apoie o conceito das diretrizes, o

grau de aderência às recomendações é muito variável, fazendo com que essas

diretrizes não sejam implementadas de forma rotineira na prática clínica, acarretando

redução da qualidade assistencial. A não implementação das diretrizes se deve a

diversos fatores: falta de consciência, falta de acordo, falta de crença de que um

determinado comportamento conduzirá a um efeito especial e inércia de uma prática

prévia, além de barreiras externas (CABANA et al., 1999). Incentivar a adesão dos

médicos às diretrizes e a adesão dos pacientes ao tratamento, seja melhorando o

acesso à consulta médica, seja facilitando a aquisição de medicamentos, são medidas

que visam ao melhor controle da PA, aperfeiçoando, assim, esses diferentes aspectos

da qualidade assistencial.

No Brasil, nos últimos anos, o governo vem tentando organizar diversas ações

em prol de melhorar o monitoramento e estabelecer políticas de prevenção, promoção

e assistência da saúde, com o intuito de deter as principais DCNT. Para isso, o MS

desenvolveu, em 2011, o Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das

DCNT no Brasil (BRASIL, 2011). Foi criado um sistema de vigilância específico para

as DCNT, objetivando conhecer a distribuição, a magnitude e a tendência dessas

doenças e de seus fatores de risco, especialmente a HAS. Além disso, outras

estratégias que vêm sendo desenvolvidas são: 1) a Política Nacional de Promoção da

Saúde, que prioriza ações de alimentação saudável, atividade física e prevenção do

tabagismo e do consumo excessivo de álcool; 2) a expansão da Atenção Básica - AB

- que cobre cerca de 60% da população brasileira; 3) a publicação de Cadernos da

Atenção Básica e guias para o controle da hipertensão arterial, diabetes e obesidade,

entre outros, e 4) a distribuição gratuita de medicamentos para hipertensão e diabetes

(BRASIL, 2011).

O Plano de Reorganização da Atenção à Hipertensão Arterial estabeleceu

diretrizes voltadas para o aumento da prevenção, detecção, tratamento e controle

especificamente para esta doença, no âmbito da AB (BRASIL, 2001), em que a grande

maioria desses pacientes é tratada. Atualmente, compreende-se a grande importância

da AB na realização de ações de promoção e vigilância em saúde, além da prevenção,

assistência e acompanhamento dos portadores de DCNT, especialmente a HAS.

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No contexto do monitoramento, feito por diferentes inquéritos de saúde,

destaca-se o Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para as DCNT por

Inquérito Telefônico (VIGITEL) (BRASIL, 2010) e, mais especificamente para a HAS,

o HIPERDIA - Sistema de Cadastramento e Acompanhamento de Hipertensos e

Diabéticos (HIPERDIA, 2012). Este último destina-se ao cadastramento e

acompanhamento de portadores de HAS e/ou DM atendidos na rede ambulatorial do

Sistema Único de Saúde (SUS), permitindo gerar informação para aquisição,

dispensação e distribuição de medicamentos de forma regular e sistemática a todos

os pacientes cadastrados.

A facilidade de acesso à medicação anti-hipertensiva tem sido uma das

estratégias para melhorar a adesão e o controle pressórico na AB. Desde 2011, foi

criado o programa “Aqui Tem Farmácia Popular”, que passou a oferecer gratuitamente

medicamentos para o tratamento de hipertensão. Todos os medicamentos fornecidos

fazem parte da Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename), outra

estratégia do governo para favorecer o uso racional dos medicamentos na saúde

pública.

O município de Niterói, que adotou a estratégia do Programa de Saúde da

Família (PSF) como política prioritária de AB, promove ações de aprimoramento do

processo educacional, com o intuito de melhorar a qualidade da assistência médica à

Hipertensão, desde a implementação do PSF.

A estrutura dos programas de AB tem sido frequentemente utilizada em

pesquisas de saúde pública, promovendo a troca de conhecimentos entre

profissionais e pesquisadores acerca do comportamento dessas doenças na

população. Este estudo, realizado no município de Niterói, dentro das unidades do

Programa Médico de Família (PMF), procurou monitorar a qualidade do atendimento

aos pacientes hipertensos, avaliando a conformidade da prescrição médica de anti-

hipertensivos nesta população. Além disso, o estudo pretendeu avaliar se, neste

cenário, com a universalização do atendimento, o aumento do acesso às consultas

médicas e a distribuição gratuita dos medicamentos, houve um adequado controle

pressórico, segundo as diretrizes em vigor na época em que foram colhidos os dados

e a diretriz mais atual. Este estudo também testou o efeito da conformidade da

prescrição no controle da PA.

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5

2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1. Impacto da doença cardiovascular

O padrão de doença no mundo vem sendo modificado nas últimas décadas,

devido ao aumento da expectativa de vida e à rápida urbanização mundial, tornando

as DCNT um grave problema, principalmente nos países em desenvolvimento. As

DCNT são responsáveis por dois terços de todas as causas de morte no mundo e

atingem indivíduos de todas as classes socioeconômicas, especialmente os mais

idosos (SCHMIDT et al., 2011; FUSTER e KELLY, 2010).

Entre as DCNT, a DCV vem se destacando e prevalece como a principal causa

de morbimortalidade no mundo (MURRAY et al., 2003), além de consumir centenas

de milhões de dólares anualmente, entre custos diretos e indiretos (SMOLDEREN et

al., 2010; NICHOLS et al., 2010). Diferentemente de outrora, quando a DCV estava

sempre associada à riqueza e aos países industrializados, sua prevalência vem

aumentando nos países em desenvolvimento. Este fenômeno é conhecido como

transição epidemiológica (SCHRAMM et al., 2004). As transformações no

comportamento e estilo de vida, destacando-se o crescimento da obesidade,

observadas nesses países, em particular no Brasil, acarretam um aumento da

prevalência dos fatores de risco para a DCV que incluem, principalmente, o AVC, o

Infarto Agudo do Miocárdio (IAM), a HAS e o DM. Os efeitos danosos desta mudança

promovem um impacto econômico significativo. Uma vez que os principais

determinantes das DCV são fatores de risco modificáveis (como tabagismo, consumo

excessivo de álcool, sedentarismo e alimentação inadequada), torna-se possível e

extremamente importante a sua prevenção (GIELEN e LANDMESSER, 2014).

De acordo com a Organização Mundial de Saúde - OMS, no ano de 2003, 16,7

milhões de indivíduos morreram de DCV (29,2% de todas as mortes no mundo) e 80%

dessas mortes ocorreram em países em desenvolvimento. Por este motivo, dentre as

DCNT, a DCV constitui a principal preocupação na saúde pública.

No Brasil, a DCV é a principal causa de mortalidade proporcional por grupo de

causas acima dos 45 anos (Figura 1) e representa 1/3 de todas as mortes registradas

(SCHRAMM et al., 2004). Apesar de muito alta, houve uma redução de 20% na taxa

de mortalidade nas duas últimas décadas, especialmente para as doenças

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6

cerebrovasculares e isquêmicas, o que pode ser atribuído à expansão da AB,

melhorias da assistência e redução do consumo de cigarro (BRASIL, 2011).

Entretanto, os mesmos processos responsáveis pela globalização e que levam

à industrialização e urbanização, também promovem poluição, dieta inadequada,

sedentarismo e obesidade. Somam-se a isso o acelerado envelhecimento

populacional, a alta prevalência de outros fatores de risco cardiovasculares e o

aumento do acesso aos cuidados médicos. Consequentemente, o custo com a DCV

continuará a aumentar, especialmente nos países em desenvolvimento (SCHMIDT et

al., 2011).

A DCV é também uma importante causa de morbidade, com impacto direto na

previdência social, uma vez que pelo menos 20 milhões de pessoas a cada ano no

mundo sobrevivem a um episódio de IAM ou AVC (SCHOCKEN et al., 2008). A DCV

é a primeira causa de internação no Brasil por doenças crônicas selecionadas (Figura

2), o que impacta de modo direto nos custos hospitalares do SUS.

Figura 1: Principais causas de óbitos no Brasil, em 2011

Fonte: Ministério da Saúde/SVS - Sistema de Informações sobre Mortalidade - SIM

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

Doençasinfecciosas eparasitárias

Neoplasias Doenças doaparelho

circulatório

Doenças doaparelho

respiratório

Causas externas Demais causasdefinidas

Proporção de óbitos (%) por Faixa Etária segundo Grupo de Causas - Período 2011

40 a 49 anos 50 a 59 anos 60 a 69 anos 70 a 79 anos >80 anos

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7

Figura 2: Taxa de internação hospitalar por doenças crônicas selecionadas. Brasil, 2000- 2009

Fonte: Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS). Ministério da Saúde.

2. 2. Fatores de Risco para a Doença Cardiovascular

A DCV vem sendo estudada nos países desenvolvidos, em particular nos

Estados Unidos da América (EUA), desde o final da Segunda Guerra Mundial. Em

1948, o Framingham Heart Study (FHS) iniciou um projeto ambicioso de pesquisa em

saúde na comunidade (MAHMOOD et al., 2014). Até aquela data, pouco era

conhecido sobre as causas gerais da DCV. O objetivo do FHS era identificar os fatores

comuns ou características que pudessem contribuir para a DCV na comunidade,

seguindo o seu desenvolvimento durante um longo período de tempo em um grande

número de indivíduos que ainda não haviam desenvolvido sintomas evidentes de um

IAM ou AVC (MAHMOOD et al., 2013). Os pesquisadores recrutaram inicialmente

5.209 moradores da cidade de Framingham. Em 1971, o estudo incorporou uma

segunda geração dos participantes originais e uma terceira geração começou a ser

avaliada em 2002. Ao longo do tempo, a monitorização cuidadosa realizada pelo

grupo de Framingham permitiu a identificação dos maiores fatores de risco para a

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DCV, sendo eles: a hipertensão arterial, o tabagismo, a dislipidemia, a idade, o sexo

e as questões psicossociais (DAWBER et al., 1951; HO et al., 1993).

Em termos de mortes atribuíveis, os grandes fatores de risco globalmente

conhecidos são: HAS (responsável por 13% das mortes no mundo), tabagismo (9%),

DM (6%), inatividade física (6%) e sobrepeso/obesidade (5%) (WHO, 2009). Somam-

se a eles outros fatores de risco presentes no cotidiano da população, como a

alimentação não saudável e o uso excessivo de álcool.

O escore de Framinghan (Anexo 1), originado através desses estudos, é uma

ferramenta útil e de fácil aplicação no cotidiano. Ele classifica os indivíduos por meio

de uma pontuação que auxilia na definição das condutas. O risco cardiovascular é

dividido em:

• Baixo Risco – quando existir menos de 10% de chance de um evento

cardiovascular ocorrer em dez anos.

• Risco Intermediário – quando existir 10% – 20% de chance de um evento

cardiovascular ocorrer em dez anos.

• Alto Risco – quando existir mais de 20% de chance de um evento

cardiovascular ocorrer em dez anos ou houver a presença de lesão de órgão-

alvo.

No Brasil, através do monitoramento realizado pelo VIGITEL (BRASIL, 2010),

pôde-se analisar a prevalência e perceber o comportamento de alguns desses fatores

de risco entre 2006 e 2010. Verificou-se, por exemplo, uma queda no tabagismo de

16,2% para 15,1%, em quatro anos. Houve redução no consumo de carnes com

gorduras de 4,9% e um aumento no consumo de frutas e hortaliças de 1%. Também

houve redução no consumo excessivo de bebida alcoólica em 1,8%. Por outro lado,

houve aumento expressivo de sobrepeso (5,3%) e da obesidade (3,6%), entre 2006 e

2010 (BRASIL, 2010).

A pesquisa cardiovascular iniciada pelo FHS permitiu uma melhor

compreensão da cadeia de eventos que se associam com o estágio final da DCV. Ao

interromper essa cadeia de eventos, é possível, em muitos casos, prevenir ou retardar

a doença cardíaca sintomática e, com isso, aumentar a sobrevida (DZAU et al.,1991).

Além disso, os mesmos fatores de risco que acarretam a DCV também são

responsáveis por outras DCNT, além de contribuírem para o aumento da incidência

dos próprios fatores de risco - como é o caso da obesidade e inatividade física -

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aumentando a incidência de HAS. Portanto, o adequado controle desses fatores, seja

através de um tratamento farmacológico, seja através de mudanças nos hábitos de

vida, passou a ser uma importante questão de saúde.

2.3. Hipertensão Arterial

A HAS é uma condição clínica multifatorial, caracterizada por níveis elevados e

sustentados de PA. Está frequentemente associada com alterações funcionais e/ou

estruturais dos órgãos-alvo (coração, encéfalo, rins e vasos sanguíneos) e com

alterações metabólicas (SBC, 2010; MALTA et al., 2009; WILLIAMS, 2010).

2.3.1. Epidemiologia da HAS

A HAS continua sendo o fator de risco mais comum, de mais fácil identificação

e mais modificável para o desenvolvimento da DCV, afetando cerca de 1 bilhão de

pessoas em todo o mundo (BONOW et al., 2012). A HAS é responsável por 2/3 dos

casos de AVC e por quase 50% dos casos de isquemia miocárdica (MURRAY et al.,

2003). Assim, a hipertensão pode ser considerada por si só um grande problema de

saúde pública e o adequado controle deste importante fator de risco é capaz de

prevenir a DCV (KOSTIS, 2007), reduzindo a prevalência da Insuficiência Cardíaca

(IC), DRC, Fibrilação Atrial (FA), Dissecção da Aorta, Doença Arterial Periférica e,

especialmente, do IAM (YUSUF et al., 2004) e do AVC (LACKLAND et al., 2014).

O diagnóstico não requer tecnologia sofisticada, e a doença pode ser tratada e

controlada com mudanças no estilo de vida, com medicamentos de baixo custo e de

poucos efeitos colaterais, comprovadamente eficazes e de fácil aplicabilidade na AB.

A partir de 115 mmHg de pressão sistólica - PS e de 75 mmHg de pressão

diastólica - PD, o risco para eventos cardiovasculares aumenta de forma constante,

dobrando a cada 20 mmHg no primeiro caso e a cada 10 mmHg no segundo caso

(CHOBANIAN et al., 2003). Os valores iguais ou maiores que 140 mmHg para a PS e

90 mmHg para a PD, empregados para diagnóstico de HAS, correspondem ao

momento em que a duplicação de risco repercute de forma mais acentuada e para os

quais o benefício do tratamento medicamentoso já está definitivamente estabelecido

em diversos estudos randomizados placebo-controlados (CHOBANIAN et al., 2003).

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10

Além do diagnóstico precoce, o acompanhamento efetivo dos casos pelas

equipes da AB é fundamental, uma vez que o adequado controle da PA reduz

complicações cardiovasculares e desfechos fatais e não fatais.

Apesar da HAS ser considerada o principal fator de risco controlável para as

DCV, sua prevalência vem aumentando ao longo das décadas e sua taxa de controle

é baixa (BAKRIS et al., 2014). Um fator que impulsiona o crescimento da incidência e

prevalência da HAS no mundo é o envelhecimento acentuado da população. Sabe-se

que a prevalência de HAS aumenta com a idade, crescendo exponencialmente após

os 30 anos, chegando a 90% de prevalência após os 75 anos (BONOW et al., 2012).

Nos EUA, a população de idosos (≥65 anos) deverá crescer de 35 milhões no

ano de 2000 para 70,3 milhões em 2030 e, mesmo se a incidência de HAS se mantiver

constante, o envelhecimento da população fará aumentar muito o número de casos

(SCHOCKEN et al., 2008). Na Europa a situação não é diferente, e a prevalência de

hipertensão excede a dos EUA e Canadá em 60% (BONOW et al., 2012). No Brasil,

de acordo com o DATASUS, a HAS tem uma prevalência de 24,3% na população

geral (Tabela 1).

Segundo o VIGITEL, realizado em 2010, 25,5% (IC 95% 24,3-26,7) das

mulheres e 20,7% (IC 95% 19,1-22,2) dos homens com idade ≥18 anos e cerca de

metade dos homens e mais da metade das mulheres com idade ≥55 anos relataram

diagnóstico prévio de hipertensão. Essa prevalência é maior em indivíduos de menor

escolaridade e tem aumentado aproximadamente 0,5% ao ano. A partir desses dados,

estima-se haver atualmente no Brasil cerca de 33.000.000 de adultos com

hipertensão, diagnosticados. A prevalência global entre homens e mulheres é

semelhante (BRASIL, 2011).

A HAS apresenta alta morbimortalidade, com perda importante da qualidade de

vida, sendo motivo frequente de atendimentos de emergência (FEITOSA-FILHO et al.,

2008), os quais poderiam ser evitados (JOHNSON et al., 2012). A doença

hipertensiva, responde, por si só, por um número significativo de internações,

conforme demonstrado na Figura 3, o que reforça a importância do diagnóstico

precoce e controle adequado.

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Tabela 1. Prevalência de hipertensão arterial por ano, segundo faixa. Período 2012.

Faixa etária Percentual

18 a 24 anos 3,8

25 a 34 anos 8,8

35 a 44 anos 19,3

45 a 54 anos 34,6

55 a 64 anos 50

65 anos e mais 59,2

Total 24,3

Fonte: MS/SVS/CGDANT - VIGITEL: Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico.

Figura 3: Taxa de internação por doenças hipertensivas por ano, segundo região. Período: 2012. IBGE: base demográfica.

Fonte: DATASUS - Departamento de Informática do SUS / Ministério da Saúde.

2.3.2. Classificação da HAS

A HAS é classificada de acordo com a medida da PA ambulatorial, segundo a

Tabela 2. Em casos de dúvidas na PA medida no consultório, pode-se utilizar a MAPA

(Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial), a MRPA (Monitorização Residencial

da Pressão Arterial) ou ainda a AMPA (Automedida da Pressão Arterial), ferramentas

importantes na investigação de pacientes com suspeita de hipertensão,

especialmente na identificação da hipertensão do avental branco - HAB (TOBE et al.,

2009).

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O efeito do avental branco (EAB) é a diferença de pressão obtida entre a

medida conseguida no consultório e fora dele, desde que essa diferença seja igual ou

superior a 20 mmHg na PS e∕ou de 10 mmHg na PD. A prevalência do EAB na

população adulta varia entre 18% a 60% (MacDonald et al., 1999). Já a HAB é definida

quando o paciente apresenta medidas de PA persistentemente elevadas (≥ 140/90

mmHg) no consultório e médias de PA consideradas normais, seja na residência, pela

AMPA ou MRPA, ou pela MAPA (MANCIA et al., 1995; KIKUYA et al., 2007).

Evidências disponíveis apontam para pior prognóstico cardiovascular para a HAB em

relação aos pacientes normotensos (MANCIA et al., 2006).

Tabela 2 - Classificação da pressão arterial de acordo com a

medida casual no consultório (>18 anos)

Classificação Pressão sistólica (mmHg) Pressão diastólica (mmHg)

Ótima < 120 < 80

Normal < 130 < 85

Limítrofe 130 – 139 85 – 89

Hipertensão estágio 1 140 – 159 90 – 99

Hipertensão estágio 2 160 – 179 100 – 109

Hipertensão estágio 3 ≥ 180 ≥ 110

Fonte: SBC; SBH; SBN. VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão. ABC 2010; 95(1 supl.1): 1-51

2.4. Fatores de risco associados à HAS

Diversos estudos (IBRAHIM e DAMASCENO, 2012; FRUCHART et al., 2004;

LOLIO et al., 1993) identificaram vários fatores de risco para a HAS (Quadro 1), muitos

em comum com os fatores de risco para DCV, já mencionados anteriormente. Dentre

eles, idade, etnia e hereditariedade são considerados fatores de risco não

modificáveis. Sabe-se que existe relação direta e linear da PA com a idade

(BRAUWALD´S, 2012; CHOBANIAN et al., 2003). A HAS é duas vezes mais

prevalente em indivíduos de cor não branca (LESSA, 2001). A prevalência global de

HAS entre homens e mulheres é semelhante, embora seja mais elevada nos homens

até os 50 anos, invertendo-se a partir da quinta década (LESSA, 2001; MARTINEZ e

LATORRE, 2006). No Brasil, a HAS é mais prevalente entre indivíduos com menor

escolaridade (CESARINO et al., 2008).

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O tabagismo, importante fator de risco para DCV, não é considerado fator de

risco para HAS. Sabe-se, entretanto, que a nicotina do cigarro é capaz de provocar

aumentos transitórios da PA entre 10 e 20mmHg, além de elevar a média dos níveis

tensionais diários nos fumantes habituais (GUPTA et al., 2007; ASPLUND, 2003).

Além disso, o cigarro aumenta a resistência aos medicamentos anti-hipertensivos

(CHOBANIAN et al., 2003; KOHLMANN et al., 1999).

Quadro 1 – Fatores de risco associados com hipertensão arterial

2.4.1. Consumo excessivo de álcool

A ingestão de álcool em grandes quantidades (três ou mais drinks por dia) e

por períodos prolongados de tempo também aumenta o risco de desenvolver HAS

(CHEN et al., 2008). A redução do consumo de álcool é capaz de reduzir a PA em

3,3mmHg na PS e 2,0mmHg na PD (McMANUS et al., 2012).

2.4.2. Obesidade

Existe uma correlação linear entre o aumento do Índice de Massa Corporal

(IMC) e a elevação dos níveis de PA (FOULDS et al., 2012). Atualmente, mais de 50%

dos casos de HAS podem resultar da obesidade (BONOW et al., 2012). No Brasil, é

crescente a preocupação com o excesso de peso e a obesidade. A proporção de

adultos com excesso de peso e obesidade tem aumentando de forma progressiva em

todos os inquéritos realizados (BRASIL, 2011). Dados do VIGITEL em 2010 indicavam

uma prevalência de excesso de peso nos adultos de 48,1% (52,1% em homens e

44,3% em mulheres), enquanto a obesidade passou de 11,4% em 2006 para 15% em

2010 (BRASIL, 2010).

Idade Consumo excessivo de álcool

Etnia Obesidade

Hereditariedade Sedentarismo

Fatores socioeconômicos Ingestão excessiva de sal

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2.4.3. Ingestão Excessiva de Sódio / Alimentação inadequada

Um dos determinantes comportamentais mais importantes para o

desenvolvimento da HAS é o consumo excessivo de calorias e de sódio (ADROGUE

e MADIAS, 2007). Em populações com dieta pobre em sal, como os índios brasileiros

Yanomami, não foram encontrados casos de HAS (SBC, 2006). O efeito hipotensor

da restrição de sódio tem sido demonstrado em diversos estudos (SACHS et al., 2001;

INTERSALT, 1988; STRAZZULLO et al. 2009; FJ & MacGREGOR, 2009).

Dados obtidos em quatro grandes pesquisas representativas sobre compras de

alimentos pelas famílias do Brasil, entre meados da década de 1970 e meados da

década de 2000, sugerem uma redução na compra de alimentos tradicionais básicos,

como arroz, feijão e hortaliças, e aumentos notáveis na compra de alimentos

processados, acarretando aumento no consumo de gorduras saturadas, açúcares e

sódio (SCHMIDT et al., 2011; LEVY et al., 2012).

2.4.4. Sedentarismo

A inatividade física aumenta o risco de desenvolver HAS, enquanto a atividade

física regular reduz a incidência de HAS, bem como a mortalidade e o risco de DCV

(PESCATELLO et al., 2004). Os padrões de atividade física da população brasileira

passaram a ser estudados recentemente. O VIGITEL avalia a atividade física em

quatro domínios: no tempo livre ou atividades de lazer, no deslocamento para o

trabalho ou para a escola, nas atividades de trabalho e nas atividades domésticas,

sendo o primeiro mais passível de intervenção. A prática de, no mínimo, trinta minutos

de atividade física pelo menos cinco dias por semana, entre os adultos residentes das

capitais do Brasil, passou de 14,8% em 2006 para 14,9% em 2010. Os homens,

pessoas jovens e de maior escolaridade são os mais ativos. Em 2010, 14,2% dos

adultos foram considerados inativos e 28,2% relataram assistir a três ou mais horas

de televisão por dia (BRASIL, 2011).

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2.5. Avaliação do paciente hipertenso e estratificação de risco cardiovascular

Após a confirmação do diagnóstico de HAS e a identificação dos fatores de

risco para DCV, é importante, na avaliação do paciente hipertenso, pesquisar lesões

em órgãos-alvo (clínicas ou subclínicas) e estratificar o risco cardiovascular global

desses indivíduos.

As chamadas lesões de órgãos-alvo correspondem à repercussão ou dano aos

órgãos que podem ser afetados pela doença hipertensiva, sendo eles: a retina, o

coração, o cérebro, o rim e os vasos. A presença dessas lesões permite quantificar os

efeitos mais ou menos precoces da doença e estão associadas ao aumento da

morbidade e da mortalidade, podendo ser um melhor indicador de gravidade da

situação clínica que a medida da PA. Diagnosticar esse tipo de complicações tem,

portanto, interesse, na medida em que lhes está associado significado prognóstico.

As lesões de órgão-alvo compreendem: coronariopatia, doença

cerebrovascular – AVC ou Ataque Isquêmico Transitório (AIT), hipertrofia ventricular

esquerda (HVE), disfunção miocárdica sistólica ou diastólica, retinopatia, nefropatia,

aneurisma de aorta, estenose de carótidas e estenose arterial periférica (WHO, 1995).

A avaliação inicial de rotina para o paciente hipertenso necessita, além de uma

anamnese e exame físico cuidadosos, da realização de exames complementares,

sendo eles: análise de urina, potássio plasmático, creatinina plasmática com

estimativa da função glomerular, glicemia de jejum, lipidograma, ácido úrico

plasmático e eletrocardiograma. Quando disponível, recomenda-se realizar – para os

pacientes de alto risco cardiovascular – ecocardiograma, dosagem de

microalbuminúria, ultrassom de carótidas e vertebrais, teste ergométrico e

hemoglobina glicada ou teste oral de tolerância à glicose (SBC, 2010).

Após essa avaliação, deve-se classificar o risco cardiovascular do paciente, de

acordo com o quadro 2.

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Quadro 2 - Estratificação do risco cardiovascular global: risco adicional atribuído à classificação de hipertensão arterial, de acordo com fatores de risco, lesões de órgãos-alvo (LOA) e condições

clínicas associadas.

Normotensão Hipertensão

Outros fatores de risco ou doenças

Ótimo

PAS < 120 ou PAD <

80

Normal

PAS 120–129 ou

PAD 80–84

Limítrofe

PAS 130–139 ou

PAD 85–89

Estágio 1

PAS 140–159 ou PAD

90–99

Estágio 2

PAS 160–179 ou PAD

100–109

Estágio 3

PAS ≥ 180 PAD ≥ 110

Nenhum fator de

risco

Risco basal Risco basal Risco basal Baixo risco adicional

Moderado risco

adicional

Alto risco adicional

1–2 fatores de risco

Baixo risco adicional

Baixo risco adicional

Baixo risco adicional

Moderado risco

adicional

Moderado risco

adicional

Risco adicional muito alto

≥ 3 fatores de risco,

LOA ou SM – DM

Moderado risco

adicional

Moderado risco

adicional

Alto risco adicional

Alto risco adicional

Alto risco adicional

Risco adicional muito alto

Condições clínicas

associadas

Risco adicional muito alto

Risco adicional muito alto

Risco adicional muito alto

Risco adicional muito alto

Risco adicional muito alto

Risco adicional muito alto

Fonte: SBC; SBH; SBN. VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão. ABC 2010; 95(1 supl.1): 1-51

2.6. Tratamento anti-hipertensivo

O objetivo do tratamento anti-hipertensivo é a manutenção de níveis

pressóricos controlados, conforme as características do paciente e as metas

preconizadas, e tem por finalidade reduzir o risco de DCV, diminuir a morbimortalidade

e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

O tratamento não medicamentoso é parte fundamental, tanto na prevenção

primária, quanto no controle da HAS e de outros fatores de risco, como a obesidade

e a dislipidemia. Esse tratamento inicial ou adjuvante envolve mudanças no estilo de

vida (MEV), que devem acompanhar o paciente por toda a sua vida. É recomendado

para todos os casos de HAS e constitui: 1) dieta saudável com ingesta controlada de

sal e de álcool; 2) combate à obesidade; 3) combate ao sedentarismo, e 4) combate

ao tabagismo. A maioria dos casos, entretanto, necessita da associação de

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medicamentos para o controle adequado da PA (CHOBANIAN et al., 2003; SBC,

2010).

Um dos desafios para as equipes da AB é iniciar o tratamento dos casos

diagnosticados e manter o acompanhamento regular dessas pessoas, motivando-as

à adesão ao tratamento medicamentoso e não medicamentoso. Para isso, o

atendimento e acompanhamento do hipertenso deve ser, idealmente,

multiprofissional, incluindo – além da consulta médica – consultas de enfermagem

periódicas e avaliação farmacêutica.

A decisão de quando iniciar medicação anti-hipertensiva deve ser considerada

avaliando-se a preferência da pessoa, o seu grau de motivação para MEV, os níveis

pressóricos e o risco cardiovascular. Pessoas com alto risco cardiovascular ou níveis

pressóricos no estágio 2 (PA≥160/100mmHg) beneficiam-se de tratamento

medicamentoso, desde o diagnóstico, para atingir a meta pressórica, além da

mudança de estilo de vida (WILLIAMS et al., 2004).

Pessoas que não se enquadram nos critérios acima e que decidem, em

conjunto com o médico, não iniciar medicação, podem adotar hábitos saudáveis, para

atingir a meta por um período de três a seis meses. Quando isso não acontece, o uso

de anti-hipertensivos deve ser iniciado (SBC, 2010).

O tratamento medicamentoso utiliza diversas classes de fármacos,

selecionados de acordo com a necessidade de cada indivíduo, avaliando-se a

presença de comorbidades, lesão em órgãos-alvo, história familiar, idade e gravidez.

Frequentemente, pela característica multifatorial da doença, o tratamento da HAS

requer associação de dois ou mais anti-hipertensivos (CHOBANIAN et al., 2003; SBC,

2010).

Já foi comprovado que a redução da PA em somente 4-5mmHg resulta em

significativa redução do risco de AVC, IC, IAM e mortalidade vascular, especialmente

nos grupos de maior risco, como idosos e diabéticos (NISSEN et al., 2004).

Terapêuticas relativamente simples, como o uso de baixas doses de diuréticos, podem

apresentar um benefício enorme na saúde pública. Em uma revisão de 42 ensaios

clínicos, envolvendo 192.000 pacientes, o uso diurético em baixa dose, comparado

com placebo, resultou numa redução de 21% no total de doenças isquêmicas do

coração, de 49% nos casos de IC, 29% para o AVC e de 19% na mortalidade

cardiovascular (PSATY et al., 2003). Quando múltiplas medicações são associadas e

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obtém-se reduções maiores da PA (20mmHg na PS e 11mmHg na PD), o resultado é

uma redução de até 63% nos casos de AVC (LAW et al., 2003).

Além dos diuréticos, evidências demonstram redução de morbidade e

mortalidade em estudos com betabloqueadores (BB), inibidores da enzima conversora

de angiotensina (IECA), antagonistas de receptores de angiotensina II (BRA) e com

bloqueadores de canais de cálcio (BCC) (PSATY et al., 2003).

Entretanto, apesar do enorme arsenal terapêutico existente, o controle dos

níveis pressóricos para valores abaixo de 140 x 90mmHg ocorre em menos de 1/3

dos indivíduos tratados, mesmo nos países com sistemas de saúde bem estruturados

(WOLF-MAIER et al., 2004). No Brasil, este controle gira entre 10 e 57% (PINHO e

PIERIN, 2013).

A quantidade de comprimidos, o custo, os efeitos colaterais e o tempo

insuficiente para a orientação do paciente são os principais fatores de má adesão ao

tratamento. Outra razão que contribui para este controle inadequado é o fato de que

os médicos hesitam para iniciar e/ou intensificar a medicação anti-hipertensiva

(BONOW et al., 2012).

A facilidade de acesso à medicação anti-hipertensiva tem sido uma das

estratégias para melhorar a adesão e o controle pressórico na AB. O Plano de

Reorganização da Atenção à Hipertensão Arterial (BRASIL, 2001) estabeleceu três

medicamentos considerados essenciais para o tratamento da HAS, sendo eles:

Captopril 25 mg, Hidroclorotiazida 25 mg e Propranolol 40 mg, preconizados pela

OMS e disponibilizados gratuitamente em toda a rede pública de saúde do SUS. Em

fevereiro de 2011, as farmácias credenciadas à rede “Aqui Tem Farmácia Popular”

passaram a oferecer 6 medicamentos gratuitos para o tratamento de hipertensão

(captopril, enalapril, propranolol, atenolol, hidroclorotiazida e losartana). Todos esses

medicamentos pertencem à Rename, uma listagem de medicamentos elaborada pelo

MS para orientar a oferta, a prescrição médica e a dispensação de medicamentos nos

serviços do SUS. (Anexo 2).

A Rename é um instrumento que favorece o uso racional dos medicamentos,

os quais foram selecionados com base em evidências científicas. Além de tornar mais

eficaz a gestão dos medicamentos, a utilização da Rename na atenção básica

melhora a qualidade das prescrições médicas (WANNMACHER, 2006). Além da

Rename, outras ferramentas utilizadas para auxiliar na escolha e prescrição dos

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medicamentos são as diretrizes ou guidelines desenvolvidos pelas sociedades

médicas, também baseados na melhor evidência científica disponível. No caso da

HAS, existe uma diretriz específica elaborada pela SBC, para direcionar o diagnóstico,

tratamento e acompanhamento dos pacientes hipertensos (SBC, 2010).

2.7. Hipertensão resistente

A Hipertensão Arterial Resistente (HAR) é definida quando a PA permanece

acima das metas recomendadas com o uso de três fármacos anti-hipertensivos, com

ações sinérgicas em doses máximas preconizadas e toleradas, sendo um deles

preferencialmente um diurético, ou quando em uso de quatro ou mais fármacos anti-

hipertensivos, mesmo com a PA controlada (CALHOUN et al., 2008). Embora a exata

prevalência de HAR ainda não esteja estabelecida, estima-se que essa condição

atinja 12-15% dos hipertensos (PIMENTA e CALHOUN, 2012).

Para considerar um paciente portador de HAR deve-se descartar outras causas

de descontrole, como a não adesão ao tratamento, a presença de HAS secundária

(quando existe uma causa definida), medidas inadequadas da PA, uso de doses ou

esquemas terapêuticos não apropriados, ou a presença do EAB (SANDER e GILES,

2011).

2.8. Indicadores de qualidade assistencial

Evidências indicam que a adesão às melhores práticas assistenciais e a busca

pela excelência na qualidade da assistência podem reduzir a morbimortalidade e o

custo das DCV (POELZL et al., 2014; McELDUFF et al., 2004; KOHN et al., 2000),

além de contribuir para maior segurança e satisfação dos pacientes (GLICKMAN et

al., 2010). A qualidade da assistência está diretamente relacionada à adoção dessas

práticas, e pode ser definida como “o grau em que o serviço de saúde aumenta a

probabilidade de resultados desejados para indivíduos e populações e são

consistentes com os atuais conhecimentos profissionais” (McGLYNN et al., 2003).

A qualidade da assistência se mostra uma preocupação nos EUA desde o início

do século XX e através dos anos foi incorporando conceitos e valores, tornando-se

uma questão complexa. Atualmente, a qualidade “ótima” é composta por diversas

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dimensões, que incluem: a) segurança (assegurar que a assistência prestada seja

tecnicamente correta); b) eficácia (implementar a medicina baseada em evidência nas

rotinas dos serviços); c) pontualidade (identificação diagnóstica precoce e início rápido

do tratamento); d) eficiência ou custo-efetividade (evitar o uso excessivo de exames

ou tratamentos cujos benefícios sejam limitados); e) equidade (um determinado

padrão de atendimento deve ser igualmente oferecido a todos os pacientes,

independentemente de sexo, idade, etnia e condição socioeconômica, reduzindo,

assim, a variabilidade do cuidado oferecido); e f) centralização no paciente (sempre

considerar os riscos e benefícios para o paciente, individualmente) (CQHCA, 2001).

Nos EUA, organizações compostas por associações médicas e pelo Estado

vêm demonstrando grande preocupação em mensurar a qualidade e certificar as

instituições de saúde, como uma estratégia de melhoria contínua da qualidade e

segurança do cuidado. No Brasil, esse processo de certificação – iniciado há pouco

mais de uma década – abrange um número crescente de hospitais públicos e privados

(SCHIESARI e KISIL, 2003; ONA,2011; IQG, 2010).

As diretrizes médicas, por sua vez, têm como objetivo padronizar essas

condutas mais apropriadas, utilizando a Medicina Baseada em Evidências - MBE

como fundamento para suas recomendações (SPERTUS et al., 2005).

Em 1979, foi publicado pela Canadian Task Force um dos primeiros trabalhos

caracterizando os níveis de evidência para ações de saúde. Nesse trabalho, as ações

baseadas em estudos randomizados controlados foram classificadas como boa

evidência (nível I); as baseadas em estudos de coorte ou caso-controle foram

classificadas como moderadas (nível II); e as ações embasadas na opinião de

especialistas foram classificadas como evidência pobre (nível III). Nessa época,

classificou-se a força da recomendação dessas ações de maneira diretamente

correspondente ao nível de evidência que apresentavam, ou seja, uma forte

recomendação (grau A) correspondia às ações que apresentassem nível de evidência

I e assim sucessivamente (ATKINS et al., 2004).

O termo “baseado em evidência” foi utilizado pela primeira vez em 1990, e

apareceu na literatura em 1992. Durante a década de 1990, as associações médicas

passaram a incorporar nas suas diretrizes assistenciais, recomendações baseadas

nas melhores evidências disponíveis, conforme proposto pela Canadian Task Force.

Atualmente, as ações para as quais o equilíbrio entre segurança e eficácia é positivo

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para uma população definida são chamadas de Classe I e aquelas que são ineficazes

e talvez nocivas são denominadas Classe III. As recomendações Classe II

apresentam conflitos nas evidências ou divergências nas opiniões e, por isso, estão

subdivididas em duas classes: classe IIa, onde o peso da opinião ou evidência é a

favor da ação, e a classe IIb, em que a eficácia é menos estabelecida pela evidência

científica ou opinião dos especialistas. Além disso, as diretrizes apontam três níveis

de evidência de qualidade dos estudos. Os dados derivados de múltiplos ensaios

clínicos randomizados ou meta-análises são classificados como nível de evidência A.

Se existe somente um estudo randomizado ou diversos estudos não randomizados,

os dados são alocados no nível de evidência B. Por fim, pequenos estudos, registros

de caso, estudos retrospectivos e o consenso da opinião de especialistas classificam

os dados como nível de evidência C (EDDY, 2005; EBMWG, 1992).

Quantificar o grau de adesão às diretrizes baseadas em evidência tem se

mostrado útil na avaliação da qualidade do cuidado (CORRIGAN et al., 2001). Tais

diretrizes vêm sendo o principal instrumento utilizado para a seleção do painel de

indicadores de qualidade no processo de cuidado (SPERTUS et al., 2005; MEHTA et

al., 2007; GRIMSHAW; RUSSELL, 1993) incluindo, fundamentalmente, as

recomendações classe I, ou seja, aquelas relacionadas à redução de desfechos

clínicos indesejáveis com ampla comprovação científica. Assim sendo, quando uma

terapia considerada classe I não é prescrita, há uma falha na qualidade do cuidado.

Da mesma maneira, se uma intervenção considerada classe III é instituída, também

há perda de qualidade.

No entanto, essas recomendações não têm sido implementadas de forma

rotineira na prática clínica (REINECK et al., 2015; WILLIAMS et al., 2005; JHA et al.,

2005). Estudos demonstram que os médicos não aderem às diretrizes e observa-se

variabilidade não justificada na sua utilização no “mundo real” (FONAROW;

PETERSON, 2009; CALVERT et al., 2009), o que acarreta redução da qualidade

assistencial.

No caso da HAS, uma das formas de se avaliar a qualidade da assistência tem

sido através da avaliação do controle pressórico na população estudada, verificando-

se quantos dos pacientes sabidamente hipertensos e sob tratamento medicamentoso

encontram-se com sua PA controlada, baseando-se nas metas de PA definidas pela

diretriz (MASTERSON et al., SHI et al., 2012; 2010; SERUMAGA et al., 2011). Além

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da avaliação do controle pressórico, a prescrição médica dos anti-hipertensivos

(segundo as recomendações da diretriz) também tem sido usada como forma de

avaliar a qualidade do atendimento (PETERSEN et al., 2013).

Em geral, três principais causas da baixa taxa de controle da PA na “vida real”

têm sido identificadas: a) a inércia do médico; b) a baixa adesão do paciente ao

tratamento e c) as deficiências dos sistemas de saúde. Inércia médica, isto é, ausência

de ação terapêutica quando a PA do paciente não está controlada, é gerada por vários

fatores: as dúvidas sobre o risco que representa a PA elevada (particularmente em

idosos), o medo de uma redução da perfusão dos órgãos vitais quando a PA é

reduzida e a preocupação com os efeitos colaterais. Vários médicos também mantém

uma atitude cética em relação às diretrizes por causa de sua multiplicidade de origens

(sociedades científicas nacionais e internacionais, agências governamentais,

hospitais, etc.), que fazem as suas recomendações, às vezes, inconsistentes. As

recomendações também são, muitas vezes, vistas como irrealistas quando aplicada

ao ambiente onde os médicos trabalham. Algumas abordagens que têm sido

propostas para reduzir essa inércia são os programas de treinamento médico e

educação continuada (MANCIA et al., 2013).

2.9. Diretrizes de hipertensão e metas de controle

O objetivo principal do tratamento anti-hipertensivo é a redução do risco

cardiovascular. As diretrizes são instrumentos que auxiliam os médicos na condução

deste tratamento, impedindo a progressão da doença e os desfechos graves e/ou

fatais. Através da determinação de metas de controle pressórico, as diretrizes definem

o momento em que se deve instituir e intensificar o tratamento. Deve-se considerar,

entretanto, que todo tratamento também pode ser nocivo, acarretando efeitos

colaterais que pioram a qualidade de vida dos pacientes. Por esta razão, a definição

de uma meta de controle mais ou menos rígida é fundamental para intensificar ou

regredir o tratamento.

Já se encontra definido nas diretrizes o momento de iniciar o tratamento (seja

farmacológico ou não), bem como o momento de intensificar o número e as doses das

medicações, inclusive naqueles pacientes com HAS resistente (DHASBC, 2012).

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As metas de controle da PA encontram-se definidas na VI Diretriz de

Hipertensão Arterial, que foi baseada nas recomendações do 7 JNC (CHOBANIAN et

al., 2003; SBC, 2010). Os valores de PA considerados adequados para os hipertensos

tratados são: PS<140 e PD<90 mmHg. Para os pacientes diabéticos, porém, um

critério mais rígido foi adotado nesta diretriz, sendo considerada adequada a PS<30

e PD<80mmHg.

Entretanto, no ano de 2014, foi publicado o 8 JNC (JAMES et al., 2014), em

que as metas de controle pressórico preconizadas tornaram-se menos rígidas (de

acordo com as novas evidências científicas) e passaram a ser: PS<140 e PD<90

mmHg, para todos os pacientes abaixo de 60 anos, e PS<150 e PD<90 mmHg, para

todos os pacientes acima dos 60 anos, independentemente de apresentarem diabetes

associado. Com esta mudança nos alvos, torna-se mais fácil o controle pressórico,

diminui-se o número e as doses dos medicamentos utilizados e reduz-se o número de

indivíduos sob tratamento anti-hipertensivo.

2.10. Hipertensão na Atenção Básica

A estrutura dos programas de AB tem sido utilizada em pesquisas de saúde

pública, favorecendo a troca de conhecimentos entre profissionais e pesquisadores,

acerca do comportamento dessas doenças na população. Estudos desse tipo são

realizados principalmente na Europa e nos EUA. No Brasil ainda são poucos os

estudos sobre DCV na atenção primária. Um exemplo é o Estudo de Mortalidade e

Morbidade do Acidente Vascular Cerebral, realizado na cidade de São Paulo

(GOULART et al., 2010). Nas últimas duas décadas, a Universidade Federal

Fluminense, com apoio da Prefeitura de Niterói, vem realizando diversos estudos

epidemiológicos, como o Projeto Camélia (ARUEIRA et al., 2012; TAVARES et al.,

2012; NERY et al., 2011), na população atendida pelo PMF.

Muitas evidências para o cuidado da DCV e seus fatores de risco deveriam ser

derivadas de estudos realizados na AB, uma vez que esta exerce um papel

fundamental na saúde básica, no qual o gerenciamento, a prevenção e o tratamento

inicial dos pacientes com DCV acontece (HO et al., 1993). No entanto, um dos

desafios da atenção primária reside no fato de que grande parte das pesquisas em

DCV é realizada na atenção secundária e terciária. Assim sendo, o cuidado na

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atenção primária pode não ser o mesmo que é realizado pelo cardiologista de um

centro secundário e as habilidades e conhecimentos dos profissionais que atuam

nesses cenários são diferentes.

Estudos epidemiológicos sobre HAS na atenção primária são importantes não

somente para o conhecimento sobre sua prevalência e seu potencial crescimento mas

principalmente para avaliar se o cuidado oferecido ao hipertenso encontra-se

satisfatório e se, efetivamente, existe um adequado controle deste relevante fator de

risco.

O município de Niterói possui o melhor índice de desenvolvimento humano do

Estado do Rio de Janeiro e o sétimo do País. Niterói utilizou o modelo cubano como

referência para implantação do PMF. A proposta de Niterói acabou servindo de

modelo para outros projetos de saúde da família, inicialmente no estado do Rio de

Janeiro e, posteriormente, para vários municípios de outros estados brasileiros. O MS,

quando adotou o PSF como estratégia nacional de construção de um novo modelo de

atenção, contou com a participação permanente da equipe coordenadora municipal

de Niterói (MOREIRA e FRANCO, 2008). O PMF em Niterói foi o primeiro programa

no modelo de assistência familiar instalado no Brasil, com a inauguração da primeira

unidade em 1991. O PMF oferece atualmente cobertura a 137 mil moradores de

Niterói em 33 unidades de atendimento instaladas em área de risco social e responde

por 29% do atendimento na atenção primária no município.

Assim como no restante do país, a DCV é um sério problema de saúde pública

em Niterói. A análise de uma série de 1979 a 1997 permitiu observar que predominam,

neste período, os óbitos por doenças do aparelho cardiocirculatório, seguido das

neoplasias, das doenças do aparelho respiratório e das causas externas (TOMASSINI

et al., 2003).

O acesso à saúde através de programas como o PSF vem sendo facilitado no

Brasil, com o intuito de prevenir as graves complicações causadas por doenças

controláveis, como a HAS. Esta última constitui a indicação mais comum de visitas ao

médico por adultos, excluindo a gestação (BONOW et al., 2012). O município de

Niterói, que adotou a estratégia do PSF como política prioritária de atenção básica,

possui o sistema HIPERDIA, o que permite conhecer o perfil epidemiológico da HAS

nesta população e orientar os gestores públicos na adoção de estratégias de

intervenção. Segundo o Relatório de Indicadores da Situação de Agravos, o município

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de Niterói apresenta um total estimado de indivíduos hipertensos de 49.979, sendo

que 96% deles já se encontram cadastrados no sistema. Dentre os pacientes

cadastrados, 4,73% já apresentaram alguma complicação da HAS, como AVC, IAM

ou angina (HIPERDIA, 2012).

Um questionário respondido por médico atuante no PSF de Niterói na época da

coleta dos dados deste estudo (Anexo 3), cujo objetivo era avaliar como a hipertensão

vinha sendo tratada no município, mostrou que a periodicidade das avaliações

médicas no acompanhamento da HAS pode ter sido prejudicada pelo excesso de

pacientes cadastrados por equipe, e que não havia uma orientação impressa para

auxiliar os médicos de família no início do tratamento e acompanhamento dos

pacientes. Manuais técnicos do MS estavam disponíveis para consulta e foram

realizados treinamentos presenciais com as esquipes, baseados na diretriz de

hipertensão da SBC. Além disso, a escolha dos medicamentos anti-hipertensivos

prescritos era influenciada pela presença do medicamento no posto de saúde, na

farmácia popular ou na Rename.

O racional do presente estudo está fundamentado no fato de que a DCV

crescerá mais intensamente nas próximas décadas nos países em desenvolvimento

e a HAS, como seu principal fator de risco, merece especial atenção, no que diz

respeito ao seu adequado controle.

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3. OBJETIVOS

3.1. Objetivo principal

O objetivo deste estudo é avaliar a qualidade do atendimento na Hipertensão

Arterial, em uma comunidade urbana ambulatorial de Niterói / RJ – Brasil, atendida

pelo Programa Médico de Família.

3.2. Objetivos secundários

Avaliar o grau de conformidade da prescrição médica de anti-hipertensivos com

a VI Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial.

Avaliar o alcance das metas preconizadas de controle da PA, de acordo com a

VI Diretriz e com o 8 JNC.

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4. METODOS

4.1 Delineamento do estudo

Este estudo foi realizado a partir de uma amostra de conveniência do Estudo

Digitalis (JORGE et al., 2011). Trata-se de um estudo epidemiológico, observacional,

transversal, que envolveu - de modo consecutivo - 629 indivíduos de ambos os sexos,

com idade entre 45 e 99 anos, selecionados aleatoriamente e cadastrados no PMF da

cidade de Niterói, Rio de Janeiro.

O PMF de Niterói apresenta 137.343 pacientes cadastrados, divididos em 110

setores e 33 módulos. A população com idade ≥ 45 anos corresponde a 28,12% do

total (37.498 indivíduos). Dentre esses, foi realizada uma escolha aleatória do banco

de dados, selecionando-se indivíduos para comparecerem a uma entrevista e

realização de exames na data previamente estipulada e na unidade do PMF próxima

de sua residência. O convite para a pesquisa foi feito por escrito e entregue

pessoalmente aos indivíduos pelo agente comunitário do PMF responsável pelo setor

(Anexo 4), Neste convite, o indivíduo era orientado a trazer sua receita médica e seus

medicamentos, caso fizesse uso regular.

Os dados foram colhidos no período de julho de 2011 a dezembro de 2012, nas

visitas aos módulos do PMF pré-agendadas, aos sábados, pela manhã.

4.2. Procedimentos para a seleção aleatória da amostra

No estudo Digitalis, inicialmente foram selecionadas 26 unidades do PMF, para

obtenção da amostra total, prevendo - no máximo - 30 indivíduos por unidade. A

seleção das unidades foi realizada através de sequência aleatória gerada por

programa computacional, em que o peso de cada unidade foi proporcional ao número

de indivíduos assistidos. Em cada unidade foram selecionados, de modo aleatório, 50

indivíduos entre 45 e 99 anos de idade, sendo 20 indivíduos para reposição, no caso

de impossibilidade de participação.

Dentre a população total selecionada mecanicamente (1.300 pessoas), 1.050

pessoas foram convidadas pessoalmente, através da carta-convite entregue pelos

profissionais do PMF. Desses, 942 indivíduos confirmaram a presença e 666

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indivíduos compareceram à visita agendada.

4.3. Elegibilidade

Os critérios de inclusão neste estudo foram:

- Preencher os critérios de inclusão do Estudo Digitalis (JORGE et al., 2011).

- Ser portador de HAS e/ou estar sob tratamento medicamentoso anti-

hipertensivo.

- Apresentar a receita e/ou a embalagem da medicação de que faz uso, ou

fornecer a informação adequada sobre os medicamentos prescritos pelo médico de

família.

Foram excluídos indivíduos com condições clínicas que os impediam de

comparecer à unidade de saúde para realização dos exames (pacientes acamados

ou com locomoção prejudicada, impossibilitando seu deslocamento), gestantes,

presença de estado infeccioso agudo e/ou de doença terminal.

4.4. Avaliação clínica e laboratorial

Cada indivíduo selecionado, após preenchimento do Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido (anexo 5), foi submetido a uma avaliação médica (anamnese e

exame físico), com o preenchimento do questionário Digitalis - QD (anexo 6), no qual

foi perguntado: 1) se o indivíduo sabia ser portador de Hipertensão Arterial e 2) todos

os medicamentos que fazia uso, bem como suas doses e frequências.

Além disso, esses indivíduos também foram submetidos a outras avaliações,

que incluíram os seguintes procedimentos:

A – Coleta de exames laboratoriais (hemograma completo, glicose, ureia,

creatinina, TSH, perfil lipídico, vitamina D, ácido úrico, BNP, albuminúria e creatinúria

em amostra simples de urina)

B – Eletrocardiograma de repouso - ECG

C – Ecodopplercardiograma em repouso - ECO

D – Consulta de enfermagem

E – Avaliação antropométrica (peso, altura e circunferência abdominal) e

aplicação de questionário de frequência alimentar.

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Todos os pesquisadores foram treinados com base em procedimentos

elaborados para a pesquisa e testados no estudo piloto, realizado em uma unidade

do PMF não selecionada. Todos os exames realizados na pesquisa tiveram seus

resultados encaminhados ao médico de família responsável por cada indivíduo que

participou da presente pesquisa.

4.5. Definições utilizadas para o presente estudo na população estudada

4.5.1. Hipertensão arterial

Os indivíduos foram incluídos neste estudo de acordo com a sua

autodeclaração do diagnóstico de hipertensão arterial, ou seja, aqueles que

responderam sim à pergunta 14.4 do QD (isoladamente ou em associação com outras

comorbidades) e que faziam uso de medicamentos anti-hipertensivos.

Os indivíduos que apresentaram a média da PS≥140mmHg ou a média da

PD≥90mmHg, que desconheciam o diagnóstico e não possuíam receita médica de

anti-hipertensivos foram analisados separadamente, assim como aqueles que sabiam

ser hipertensos, porém não possuíam prescrição de anti-hipertensivos e aqueles que

negaram ser hipertensos, mas faziam uso de medicação anti-hipertensiva.

Aqueles que negaram o diagnóstico de HAS, que não tomavam medicações

anti-hipertensivas e encontravam-se com a PA adequada (<140x90mmHg) não foram

incluídos.

A PA foi medida utilizando o aparelho digital da marca OMRON 711 HC

(O´BRIEN et al., 2001) e foram realizadas três medidas, com intervalo de um minuto.

No caso de diferença maior que 5mmHg, foi realizada uma quarta medida. A média

da PA foi obtida utilizando-se todas as medidas realizadas.

4.5.2. Diabetes

Diabetes foi definida pela história prévia de diabetes (item 14.5 do QD).

Indivíduos que informaram ser diabéticos, porém apresentavam glicemia de jejum

normal e não estavam em uso de hipoglicemiantes orais ou insulina foram excluídos

do diagnóstico. Indivíduos que negaram ser portadores de DM, porém faziam

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tratamento hipoglicemiante, foram considerados diabéticos. Indivíduos sem história de

diabetes e que apresentavam glicemia de jejum ≥126mg/dL, em uso ou não de

medicamentos hipoglicemiantes orais ou insulina, também foram considerados como

diabéticos (ADA, 2011).

4.5.3. Obesidade

Na população brasileira, tem-se utilizado a tabela proposta pela OMS para

classificação de sobrepeso e obesidade (WHO, 1995), e seu uso apresenta as

mesmas limitações encontradas na literatura (GUS et al., 1998).

Indivíduos foram pesados e medidos para cálculo do IMC pela fórmula

peso/altura ao quadrado, sendo considerados com sobrepeso aqueles que

apresentavam IMC entre 25 e 29,9 kg/m2 e obesos os indivíduos que apresentavam

IMC≥30kg/m2, de acordo com o estabelecido pela OMS (WHO, 1995).

A massa corporal foi medida com precisão de 0,1 kg em uma balança digital

Sohenle, com capacidade de 200kg. A estatura foi obtida em duplicata em um

estadiômetro portátil (SECA), afixado à parede. A leitura da estatura foi realizada em

apneia após a inspiração e registrada em centímetros (precisão de 0,1 cm). O

perímetro da cintura (ou circunferência da cintura) foi medido em duplicata, usando-

se fita métrica de fibra de vidro com espessura de 0,5 cm, no ponto médio entre a

borda inferior da última costela do gradil costal e a crista ilíaca ao final. A leitura do

perímetro da cintura foi realizada ao final de uma expiração normal e registrada em

centímetros (precisão de 0,1 cm).

4.5.4. Consumo de álcool

Para avaliar o consumo de álcool, considerou-se consumo de risco quando a

média diária excedeu duas doses para os indivíduos do gênero masculino e uma dose

para os do gênero feminino (WHO, 2000). Para esse cálculo, foram consideradas as

perguntas 6.1 e 6.3 do QD. Para o cálculo do consumo médio diário, multiplicou-se o

número de doses ingeridas nos últimos sete dias (pergunta 6.3) e dividiu-se o

resultado pelo número de dias informados de consumo de bebida.

Considerou-se como uma dose padronizada:

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31

1 lata ou 1 copo de cerveja = 1 dose

1 garrafa de cerveja = 2 doses

1 cálice de vinho = 1 dose

1 garrafa de vinho = 8 doses

1 garrafa de destilado = 20 doses

4.5.5. Tabagismo

Considerou-se tabagista o indivíduo que respondeu a questão 5.3 (respostas 2

ou 3) do QD.

4.5.6. Sedentarismo

A classificação do nível de atividade física foi baseada no Questionário

Internacional de Atividade Física – IPAQ (International Physical Activity

Questionnaire), sendo dividida em quatro itens – sedentário, irregularmente ativo,

ativo e muito ativo (CRAIG et al., 2003). Foram considerados sedentários os

indivíduos que não realizaram nenhuma atividade física por pelo menos 10 minutos

contínuos durante a semana. Os indivíduos irregularmente ativos foram aqueles que

realizavam atividade física, porém, de forma insuficiente para ser classificado como

ativos pois não cumpriram as recomendações quanto à freqüência ou duração. Ativos

foram aqueles que cumpriram as recomendações de atividade física: a) VIGOROSA:

≥ 3 dias/sem e ≥ 20 minutos por sessão; ou b) MODERADA ou CAMINHADA: ≥ 5

dias/sem e ≥ 30 minutos por sessão; ou c) Qualquer atividade somada: ≥ 5 dias/sem

e ≥ 150 minutos/sem (caminhada + moderada + vigorosa). Muito ativos foram os que

cumpriram as recomendações de: a) VIGOROSA: ≥ 5 dias/sem e ≥ 30 minutos por

sessão ou b) VIGOROSA: ≥ 3 dias/sem e ≥ 20 minutos por sessão + MODERADA ou

CAMINHADA: ≥ 5 dias/sem e ≥ 30 minutos por sessão.

Como esta avaliação foi realizada em um segundo momento da pesquisa,

sendo solicitado que o indivíduo comparecesse numa data posterior para a avalição,

houve uma perda de 22,5% de dados neste item, devido ao não comparecimento dos

indivíduos.

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32

4.6. Indicadores de qualidade

4.6.1. Indicadores de controle pressórico

Para a definição dos indicadores utilizados para avaliar a qualidade assistencial

neste estudo foi adotada a VI Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial (SBC, 2010).

Assim, definiram-se os valores de PS<140 e PD< 90 mmHg para todos os pacientes

tratados, sendo que uma análise separada foi feita utilizando-se a PS<130 e

PD<80mmHg, como meta para os pacientes diabéticos.

Uma vez que uma nova diretriz foi publicada (JAMES et al., 2014), alterando

essas metas, utilizou-se um terceiro ponto de corte: PS<140 e PD<90 mmHg, para

todos os pacientes abaixo de 60 anos, e PS<150 e PD<90 mmHg para todos os

pacientes com 60 anos ou mais.

4.6.2. Indicadores de conformidade da prescrição

Após uma cuidadosa revisão da VI Diretriz (SBC, 2010), foram estabelecidas

as medicações que deveriam ser idealmente prescritas.

Foram considerados como adequados para análise aqueles indivíduos que:

trouxeram a receita médica, trouxeram a embalagem das medicações anti-

hipertensivas e/ou sabiam informar clara e corretamente o nome, a dose e a

frequência dos anti-hipertensivos em uso.

A análise da prescrição foi inicialmente realizada considerando-se somente os

medicamentos prescritos, sem considerar a eficácia do tratamento (controle da PA).

Essa análise foi chamada de prescrição conforme (C) ou não conforme (NC).

Para considerar a prescrição adequada, foram avaliadas as classes de

medicações prescritas e se a dose e a frequência foram as recomendadas pela diretriz

(Anexo 7). Para uma análise comparativa, o anexo 2 traz as medicações anti-

hipertensivas disponíveis na Rename 2012, frequentemente utilizada pelos médicos

de família para a escolha dos anti-hipertensivos, contendo as doses máximas, doses

mínimas e quantidades de tomadas por dia.

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33

Foram consideradas como medicações anti-hipertensivas as seguintes classes

terapêuticas: diuréticos, BB, BCC, IECA, BRA, alfabloqueadores, agonistas alfa 2 de

ação central e inibidores de renina.

Nos casos de monoterapia, foram consideradas conformes as prescrições que

continham as seguintes classes: Diuréticos, IECA, BRA, BB ou BCC - medicações

apontadas pela diretriz como ideais para monoterapia. Nos casos de associação,

avaliou-se se a associação é reconhecidamente eficaz e se não foram associados

medicamentos de classe semelhante (com exceção dos diuréticos de alça ou

tiazídicos com espironolactona). Nos casos de terapia tríplice, observou-se se a

prescrição incluía um diurético, conforme recomenda a diretriz. As associações

reconhecidamente eficazes encontram-se no Quadro 3.

Foram consideradas subdoses aquelas prescritas abaixo da dose mínima

recomendada, assim como subfrequências as prescrições que continham

medicamentos prescritos numa frequência abaixo da mínima recomendada pela

diretriz (por exemplo: uma vez ao dia, quando o mínimo recomendado é 2x/dia). O

mesmo critério foi utilizado para definir as superdoses (acima da dose máxima

recomendada) e as superfrequências (acima da frequência máxima descrita na

diretriz).

4.6.3. Indicadores de conformidade do tratamento

Considerando-se tanto a conformidade da prescrição médica de anti-

hipertensivos quanto o adequado controle da PA, foram quantificados aqueles

pacientes que apresentavam um tratamento conforme, ou seja, a prescrição conforme

associada à PA controlada.

Quadro 3: Associações reconhecidamente eficazes, conforme a diretriz

Diuréticos com outros diuréticos de diferentes mecanismos de ação Diuréticos com simpatolíticos de ação central Diuréticos com betabloqueadores Diuréticos com IECA Diuréticos com BRA Diuréticos com Inibidor direto da renina Diureticos com BCC Betabloqueadores com BCC BCC com IECA BCC com BRA BCC com inibidor da renina

Fonte: SBC; SBH; SBN. VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão. ABC 2010; 95(1 supl.1): 1-51

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34

4.7. Adesão medicamentosa

Embora seja parte fundamental do tratamento e um dos principais fatores

responsáveis pelo adequado controle pressórico, a adesão ao tratamento

medicamentoso não foi avaliada, por não ser este o objetivo deste estudo. No item 15

do QD, havia somente duas perguntas relacionadas à adesão: se o paciente fazia uso

regular das medicações (seguiu a receita) e se havia tomado o medicamento no dia

anterior ao da pesquisa. Esta última pergunta faz parte da Escala de Adesão

Terapêutica de Morisky - MMAS-8, um método de autorrelato validado e muito

utilizado para determinação da adesão terapêutica (OLIVEIRA-FILHO et al., 2012).

4.8. Considerações éticas

Este estudo foi conduzido de acordo com os princípios estabelecidos na

Declaração de Helsinki e revistos em 2000 (Escócia 2000).

O protocolo do estudo foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa Médica

da Faculdade de Medicina do Hospital Universitário Antônio Pedro, e aprovado na

reunião plenária de 11 de junho de 2010.

4.9. Análise estatística

A análise estatística foi realizada com o software SPSS v 21.0 (Chicago, Illinois,

EUA). As características dos indivíduos e das prescrições foram apresentadas em

frequências absolutas e relativas. Para comparação entre grupos, empregou-se o

teste qui-quadrado de Pearson. O nível de significância estatística foi estabelecido em

5%.

4.10. Suporte financeiro

O presente estudo teve financiamento parcial da seguinte instituição: Laboratórios

Sergio Franco (realização dos exames laboratoriais).

.

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35

5. RESULTADOS

Do total de indivíduos que compareceram ao local da pesquisa conforme

agendado (666), 40 foram excluídos, pois não responderam corretamente ao QD e/ou

não realizaram as avaliações e os exames propostos (como a aferição da PA e os

exames laboratoriais).

Dentre os indivíduos avaliados (626 pessoas), 53% (332 pessoas) relataram

ser portadores de HAS durante a entrevista e estavam em uso de medicação anti-

hipertensiva, e 27,3% (171 pessoas) negaram possuir HAS, não faziam uso de

nenhum anti-hipertensivo e encontravam-se com PA<140x90 mmHg, no dia da

avaliação. Este último grupo foi excluído da análise por não apresentar indivíduos

portadores de HAS. Os 19,7% restantes (123 indivíduos) foram analisados

separadamente, pois apresentavam uma das seguintes situações: PA≥140x90 mmHg

sem diagnóstico de HAS e sem uso de nenhuma medicação para o controle da PA,

diagnóstico de HAS sem uso de medicação anti-hipertensiva ou uso de medicação

anti-hipertensiva sem o diagnóstico de HAS (Tabela 3).

Foram objeto deste estudo, portanto, 455 indivíduos (Figura 4). As

características da população total analisada encontram-se descritas na Tabela 4.

Houve maioria de mulheres (64,8%), de indivíduos entre 45 a 59 anos (52,1%), de não

brancos (63,8%), de não alcoolistas (91%), não fumantes (50,8%) e de ativos

fisicamente (51,8%) em ambos os grupos. Entretanto, na comparação entre o grupo

analisado completamente e o grupo cuja análise foi parcial, observou-se que, no

segundo grupo, houve uma proporção maior de homens, de brancos, de alcoolistas e

de não diabéticos, com significância estatística.

A maioria das prescrições (56,4%) foi analisada a partir de receitas médicas,

34,3% com base na informação clara do paciente ou familiar e 9,3% a partir de

embalagens das medicações (Tabela 5).

Tabela 3: Percentual de indivíduos com pressão arterial ≥140x90 mmHg entre aqueles com hipertensão conhecida sem tratamento, hipertensão não conhecida e sem tratamento ou hipertensão

não conhecida e com tratamento (n=455)

Situação N (%)

Diagnóstico de HAS sem tratamento 29 (6,4)

Sem diagnóstico e sem tratamento 61 (13,4) Sem diagnóstico e com tratamento 4 (0,9)

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36

Figura 4. Análise da Amostra

Total de informações completas: 626 indivíduos

123 (19,7%) Análise completa Excluídos Análise parcial

Tabela 5: Métodos de análise das prescrições e suas frequências na amostra

Forma de análise Número de pacientes (%)

Receita médica

187 (56,4)

Somente a embalagem das medicações

31 (9,3)

Informação clara fornecida pelo paciente e/ou acompanhante

114 (34,3)

Total

332 (100,0)

As principais medicações prescritas (isoladamente ou em associação) foram:

diuréticos, presentes em 63% das prescrições, seguidos dos IECA com 57,8%, BB

com 26,8%, BCC com 25,3% e BRA com 18,4%. Outras classes de medicações,

prescritas em quantidade expressivamente menor, incluíram: Clonidina (2,4%),

Hidralazina (1,2%), Inibidor da renina – Alisquireno (0,3%) e Alfametildopa (0,3%). Os

nitratos apareceram em 10 prescrições (3%), mas não foram considerados como

terapia anti-hipertensiva, em consonância com a diretriz. Dentre os diuréticos, a

Hidroclorotazida foi a medicação mais prescrita (53,6%). Associação de diuréticos

ocorreu em 0,9% dos casos (3 prescrições). Dentre os IECA, Enalapril, o mais

prescrito, apareceu em 32,5% das prescrições, seguido do Captopril em 24,4%. Dos

332 (53,0%) Informaram apresentar HAS.

Tomavam medicações anti-hipertensivas.

171 (27,3%) Negaram apresentar HAS.

Apresentavam PA<140x90mmHg. Não usavam medicação anti-hipertensiva.

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BB prescritos, Atenolol foi o que apareceu o maior número de vezes (16%), ficando o

Propranolol com 8,1%. A Anlodipina foi o BCC mais prescrito (12,3%), seguido da

Nifedipina (11,2%). Por fim, dentre os BRA, a Losartana foi a medicação mais prescrita

(16%). Valsartana foi prescrita em apenas 2,7% das vezes e os demais BRA não

foram encontrados (Tabela 6).

Tabela 4: Características da amostra (n= 455)

Características Total n (%) Análise completa (n=332)

Análise parcial

(n= 123)

Valor de P*

Sexo <0,01

Masculino 160 (35,2) 103 (31,0) 57 (46,3)

Feminino 295 (64,8) 229 (69,0) 66 (53,7)

Idade (anos) 0,24

45 – 59 237 (52,1) 167 (50,3) 70 (56,9)

60 – 69 114 (25,1) 90 (27,1) 24 (19,5)

≥ 70 104 (22,9) 75 (22,6) 29 (23,6)

Cor autodeclarada$ 0,04

Branca 163 (36,2) 108 (32,7) 55 (45,8)

Parda 163 (36,2) 126 (38,2) 37 (30,8)

Negra 124 (27,6) 96 (29,1) 28 (23,3)

Tabagismo 0,99

Nunca fumou 231 (50,8) 168 (50,6) 63 (51,2)

Ex-tabagista 148 (32,5) 108 (32,5) 40 (32,5)

Tabagista 76 (16,7) 56 (16,9) 20 (16,3)

Ingestão excessiva de álcool

0,03

Sim 41 (9,0) 24 (7,2) 17 (13,8)

Não 414 (91,0) 308 (92,8) 106 (86,2)

Atividade Física& 0,87

Sedentário 105 (27,6) 77 (27,9) 28 (26,9)

Irregular 52 (13,7) 40 (14,5) 12 (11,5)

Ativo 196 (51,8) 140 (50,7) 56 (53,8)

Muito ativo 27 (7,1) 19 (6,9) 8 (7,7)

Obesidade# 0,51

IMC < 26 (peso ideal) 152 (33,6) 106 (32,1) 46 (37,7)

IMC 26 – 29,99 (sobrepeso)

141 (31,2) 104 (31,5) 37 (30,3)

IMC≥ 30 159 (35,6) 120 (36,4) 39 (32,0)

Diabetes <0,01

Sim 130 (28,6) 107 (32,2) 23 (18,7)

Não 325 (71,4) 225 (67,8) 100 (81,3)

$ - a cor não foi informada por 5 indivíduos & - o nível de atividade física não foi verificado em 75 indivíduos # - o IMC não foi avaliado em 3 pessoas * Teste do qui quadrado de Pearson

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Com relação ao número de medicamentos prescritos para cada paciente,

observou-se que a terapia dupla foi a mais utilizada (41%), seguida da monoterapia

com 34,5%. A terapia tríplice aconteceu em 18,1% dos casos e o uso de quatro ou

mais medicações somente em 6,6% das prescrições. As medicações mais prescritas

na terapia dupla foram os diuréticos (41,6%) e os IECA (31,6%), sendo esta a principal

associação encontrada (Tabela 7).

As prescrições encontravam-se em concordância com a diretriz em 69% dos

casos (229 prescrições), enquanto 31% (103 prescrições) não foram consideradas

conformes, no que diz respeito à medicação escolhida, doses e frequências prescritas

pelo médico de família (Figura 5).

A tabela 8 refere-se às principais não conformidades encontradas. Ressalta-se

que 4,2% (14 prescrições) apresentavam mais de uma não conformidade,

simultaneamente. Analisando-se a tabela, observa-se que as não conformidades

relativas à frequência das medicações prescritas (sub ou superfrequências) foram as

mais encontradas. Destaca-se o uso da Losartana 2x/dia em 65,4% das prescrições

deste medicamento, enquanto a recomendação da diretriz é de apenas 1x/dia. A

subfrequência (medicações prescritas somente 1x/dia) foi encontrada em 42,9% das

prescrições de Carvedilol, 29,6% das prescrições de Propranolol, 21,6% das

prescrições de Nifedipina e 16% das prescrições de Captopril. A Hidralazina foi

prescrita, em 50% das vezes, na frequência abaixo da recomendada e na dose abaixo

da mínima referida na diretriz. A subdose de Diltiazem foi encontrada em 75% das

prescrições deste medicamento, e a de Propranolol em 11,1%.

Figura 5: Índice de conformidade das prescrições

69%

31%

Conformidade das prescrições

conformes

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Dentre os pacientes com DM, observou que 15,9% (17 pacientes, dentre os

107 diabéticos) não estavam em uso de IECA ou BRA, medicações sugeridas pela

diretriz para este grupo, devido aos benefícios renais adicionais. No entanto, este

dado não foi considerado como prescrição não conforme, já que trata-se apenas de

uma sugestão da diretriz.

A prevalência de prescrições conformes, segundo as características

sóciodemográficas, hábitos de vida e comorbidades, encontra-se na tabela 9. A

conformidade da prescrição foi maior nos homens e nos não diabéticos.

O controle pressórico nesta amostra populacional variou entre 38,6% e 53,3%,

dependendo do valor considerado como meta, considerando a VI Diretriz Brasileira

(SBC, 2010) e o 8 JNC (JAMES et al., 2014) (Figura 6). Observou-se que, à medida

que a meta de PA tornou-se menos rígida, o controle pressórico foi mais efetivo,

ultrapassando 50%. Quando se considerou a meta de controle de 130 x 80 mmHg nos

pacientes diabéticos, a taxa de controle pressórico foi de apenas 38,6%.

Figura 6: Controle Pressórico (%) considerando-se os três pontos de corte (metas de PA)

PA não controlada PA controlada

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Tabela 6. Principais medicações prescritas (n=332)

Nome N (%) Nome N (%) Nome N (%) Nome N (%) Nome N (%) Nome N (%)

Diuréticos 209 (63,0) IECA 192 (57,8) BB 89 (26,8) BCC 84 (25,3) BRA 61 (18,4) Outros 14 (4,2)

Hidroclorotiazida 178 (53,7) Enalapril 108 (32,5) Atenolol 53 (16,0) Anlodipina 41 (12,3) Losartana 52 (15,7) Clonidina 8 (2,4)

Furosemida 16 (4,8) Captopril 81 (24,4) Propranolol 27 (8,1) Nifedipina 37 (11,2) Valsartana 9 (2,7) Hidralazina 4 (1,2)

Clortalidona 10 (3,0) Lisinopril 1 (0,3) Carvedilol 7 (2,1) Diltiazem 4 (1,2) Alisquireno 1 (0,3)

Espironolactona 3 (0,9) Ramipril 1 (0,3) Metoprolol 1 (0,3) Verapamil 1 (0,3) Alfametildopa 1 (0,3)

Indapamida 2 (0,6) Cilazapril 1 (0,3) Bisoprolol 1 (0,3) Lecarnidipina 1 (0,3)

Tabela 7. Principais associações de medicações (n=332)

Tipo de terapia Prescrições

N (%)

Classes de Medicamentos

envolvidos* N (%)

Diuréticos N (%)

IECA N (%)

BB N (%)

BCC N (%)

BRA N (%)

Monoterapia 115 (34,5) 115 (100,0) 25 (21,7) 61 (53,0) 8 (7,0) 7 (6,1) 14 (12,2)

Terapia dupla 136 (41,0) 269 (100,0) 112 (41,6) 85 (31,6) 30 (11,2) 24 (8,9) 18 (6,7)

Terapia tríplice 60 (18,1) 174 (100,0) 50 (28,8) 34 (19,5) 34 (19,5) 35 (20,1) 21 (12,1)

> 3 medicações 21 (6,6) 76 (100,0) 21 (27,6) 12 (15,8) 17 (22,4) 18 (23,7) 8 (10,5)

* número referente à associação de classes

40

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Tabela 8: Principais não conformidades encontradas

Medicação Prescrita

Total Não conformidade encontrada

Subdose Super dose

Sub frequencia

Super frequencia

Terapia tríplice

sem diurético

Associação Erradas

Diuréticos 208 0 0 0 2 (HCTZ -

1,1%) 8

1 (HCTZ + Clortalidona)

IECA 192 1 (Enalapril –

0,9%) 0

13 (Captopril- 16,0%)

3 (Enalapril – 2,8%)

7 (IECA +

BRA)

BB 89 3 (PPL – 11,1%)

0

3 (Carvedilol – 42,9%) 2 (Atenolol

– 3,8%)

- -

8 (PPL – 29,6%)

BCC 84

3 (Nifedipina – 8,1%)

4 (anlodipina

– 9,8%)

8 (Nifedipina – 21,6%)

0

- - 3 (Diltiazem –

75,0%)

BRA 61 0 0 0 34

(losartana – 65,4%)

- 7 (BRA +

IECA)

OUTROS (Clonidina / Hidralazina /

Alfametildopa)

14

2 (Hidralazina –

50,0%)

0 2

(Hidralazina – 50,0%)

0

- -

TOTAL 12 (3,6%) 4 (1,2%) 34 (9,6%) 40 (11,2%) 8 (2,4%) 8 (2,4%)

IECA – Inibidores da ECA / BB – Betabloqueadores / BCC – Bloqueadores dos canais de cálcio / BRA – Bloqueadores dos

receptores da angiotensina / PPL – Propranolol / HCTZ - Hidroclorotiazida

Na tabela 10 encontram-se descritas as relações entre a conformidade das

prescrições e o adequado controle pressórico nos pacientes estudados, também

considerando os diferentes pontos de corte utilizados. Nesta análise, não foi

observado um valor de P com significância estatística, sugerindo que o controle

pressórico não teve relação com a conformidade da prescrição, em nenhuma das três

situações.

Houve um maior percentual de controle pressórico entre aqueles com

prescrição conforme (55,5% versus 44,5%), somente quando se considera a meta de

150x90mmHg nos idosos, sem significado estatístico. Por outro lado, os percentuais

de descontrole da PA foram maiores em todas as situações quando a prescrição não

estava conforme, porém, em nenhuma delas, o valor de P atingiu significância

estatística.

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Tabela 9: Relação da conformidade da prescrição com as características

sociodemográficas, hábitos de vida e comorbidades

VII Diretriz SBC

Características Prescrição Não Conforme Prescrição Conforme Valor de P

Sexo 0,04

Masculino 24 (23,3) 79 (76,7)

Feminino 79 (34,5) 150 (65,5)

Idade (anos) 0,93

45 – 59 53 (31,7) 114 (68,3)

60 – 69 28 (31,1) 62 (68,9)

≥ 70 22 (29,3) 53 (70,7)

Cor autodeclarada 0,89

Branca 34 (31,5) 74 (68,5)

Parda 37 (29,4) 89 (70,6)

Negra 31 (32,3) 65 (67,7)

Tabagismo 0,38

Nunca fumou 48 (28,6) 120 (71,4)

Ex-tabagista 39 (36,1) 69 (63,9)

Tabagista 16 (28,6) 40 (71,4)

Ingestão excessiva de álcool 0,48

Sim 9 (37,5) 15 (62,5)

Não 94 (30,5) 214 (69,5)

Atividade Física 0,71

Sedentário 26 (33,8) 51 (66,2)

Irregular 14 (35,0) 26 (65,0)

Ativo 39 (27,9) 101 (72,1)

Muito ativo 5 (26,3) 14 (73,7)

Obesidade 0,93

IMC < 26 (peso ideal) 34 (32,1) 72 (67,9)

IMC 26 – 29,99 (sobrepeso)

31 (29,8) 73 (70,2)

IMC ≥ 30 38 (31,7) 82 (68,3)

Diabetes <0,01

Sim 50 (46,7) 57 (53,3)

Não 53 (23,6) 172 (76,4)

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43

Tabela 10: Relação entre controle da PA e conformidade da prescrição, segundo pontos de corte

PA < 140 x 90mmHg

Todos os pacientes

PA<140 x 90mmHg

PA<130 x 80 mmHg - diabéticos

PA< 140 x 90mmHg

PA<150 x 90mmHg ≥ 60 anos

NC C P NC C P NC C P

Prescrição N(%) N(%) 0,21 N(%) N(%) 0,1 N(%) N(%) 0,24

Não conforme

62 (60,2) 41 (39,8) 70 (68,0) 33 (32,0) 53 (51,5) 50 (48,5)

Conforme 121 (52,8) 108 (47,2) 134 (58,5) 95 (41,5) 102 (44,5) 127 (55,5)

Total 183 (55,1) 149 (44,9) 204 (61,4) 128 (38,6) 155 (46,7) 177 (53,3)

NC – não controlada / C – controlada / P – valor de P (Teste do qui-quadrado de Pearson)

Considerando tanto a conformidade da prescrição quanto o alcance das metas

de PA, observou-se que o tratamento estava conforme (ou seja, prescrição conforme

e PA controlada) em 32,5% dos pacientes, quando a meta foi PA<140x90mmHg,

28,6% no caso dos diabéticos com meta de PA<130x80mmHg e 38,3% quando se

considerou PA<150x90mmHg para os idosos.

A prevalência de controle pressórico segundo as características

sociodemográficas, hábitos de vida e comorbidades encontra-se na tabela 11. O

descontrole da pressão aumentou com a idade, porém perdeu a significância

estatística quando se considerou um nível de corte mais elevado para os idosos. Nas

outras situações, houve um menor percentual de controle nas duas faixas de idosos.

Observando a diferença de percentual entre os três pontos de corte, conclui-se que

cerca de 20% de não controle nos indivíduos mais velhos era devido a essa diferença

entre a PAS 140 e 150mmHg. O descontrole também foi maior nos ex-fumantes e

entre aqueles que nunca fumaram.

Observou-se que o percentual de controle pressórico em diabéticos, quando se

considerou o ponto de corte de <130x80mmHg, foi menor do que nos hipertensos não

diabéticos (19,6% e 47,6% respectivamente; valor de P <0,01). Ao se considerar o

ponto de corte de <140x90mmHg, o percentual de adequação entre hipertensos

diabéticos subiu para 39,3%, ainda inferior ao dos hipertensos sem diabetes, porém a

diferença perdeu a significância estatística.

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Da amostra total avaliada (629 indivíduos), 123 indivíduos (19,6%) foram

analisados separadamente (Tabela 12). Dentre eles, 61 indivíduos (49,6%)

encontravam-se hipertensos sem diagnóstico prévio nem tratamento, sendo que 16

(13,0%) apresentavam a PAS≥160 e/ou a PAD≥100mmHg. Observou-se que 47

indivíduos (38,2%) sabiam ser hipertensos, mas não apresentavam medicação

prescrita. Desses, 29 indivíduos (23,6%), apresentaram a PA elevada. Dos 15

indivíduos (12,2%) restantes, quatro (3,3%) negaram o diagnóstico de HAS, porém

encontravam-se com PA≥140x90mmHg e tomavam medicação anti-hipertensiva: dois

deles faziam uso de enalapril 5mg 2x/dia, um de metoprolol 50mg 2x/dia e o último de

hidroclorotiazida 25mg, associada a captopril 25mg 1x/dia. 11 indivíduos (8,9%)

negaram ter HAS, estavam com PA controlada, porém usavam anti-hipertensivos.

Dentre eles, um paciente fazia uso de Alisquireno, um usava somente Atenolol 25mg

1x/dia, três usavam medicações compatíveis com IC (carvedilol isolado ou associado

a IECA ou espironolactona) e um usava medicação compatível com doença

coronariana (betabloqueador + nitrato). Os cinco restantes usavam associações de

medicações anti-hipertensivas (BB + IECA / BB + diurético / BB + BCC / diuréticos /

diurético + BRA), sendo que apenas um deles apresentava conformidade na

prescrição.

Tabela 12: Análise parcial dos indivíduos que não apresentavam

diagnóstico claro de HAS (n=123)

PA ≥ 140 x 90

N (%)

PA < 140 x 90

N (%)

TOTAL

N (%)

Diagnóstico de HAS

sem tratamento

29 (61,7) 18 (38,3) 47 (100,0)

Sem diagnóstico e

sem tratamento

61 (26,3) 171 (73,7)* 232 (100,0)

Sem diagnóstico e

com tratamento

4 (26,7) 11 (73,3) 15 (100,0)

*excluídos

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45

Tabela 11: Relação do controle da PA com as características sócio-demográficas, hábitos de vida e comorbidades

NC – não controlada / C – controlada / P – valor de P

Meta PA < 140 x 90mmHg Todos os pacientes

PA< 140 x 90mmHg E PA< 130 x 80 mmHg nos

diabéticos

PA< 140 x 90mmHg E PA< 150 x 90mmHg ≥60

anos

NC C P NC C P NC C P

Características N(%) N(%) N(%) N(%) N(%) N(%) Sexo 0,51 0,75 0,33

Masculino 54 (52,4) 49 (47,6) 62 (60,2) 41 (39,8) 44 (42,7) 59 (57,3)

Feminino 129 (56,3) 100 (43,7)

142 (62,0)

87 (38,0) 111 (48,5)

118 (51,5)

Idade (anos) 0,027 0,023 0,73

45 – 59 81 (48,5) 86 (51,5) 91 (54,5) 76 (45,5) 81 (48,5) 86 (51,5)

60 – 69 52 (57,8) 38 (42,2) 59 (65,6) 31 (34,4) 39 (43,3) 51 (56,7)

≥ 70 50 (66,7) 25 (33,3) 54 (72,0) 21 (28,0) 35 (46,7) 40 (53,3)

Cor autodeclarada 0,97 0,92 0,85

Branca 59 (54,6) 49 (45,4) 65 (60,2) 43 (39,8) 48 (44,4) 60 (55,6)

Parda 69 (54,8) 57 (45,2) 79 (62,7) 47 (37,3) 60 (47,6) 66 (52,4)

Negra 54 (56,3) 42 (43,8) 59 (61,5) 37 (38,5) 46 (47,9) 50 (52,1)

Tabagismo 0,03 0,04 0,03

Nunca fumou 97 (57,7) 71 (42,3) 107 (63,7)

61 (36,3) 83 (49,4) 85 (50,6)

Ex-tabagista 64 (59,3) 44 (40,7) 71 (65,7) 37 (34,3) 55 (50,9) 53 (49,1)

Tabagista 22 (39,3) 34 (60,7) 26 (46,4) 30 (53,6) 17 (30,4) 39 (69,6)

Ingestão excessiva de álcool

0,24 0,33 0,24

Sim 16 (66,7) 8 (33,3) 17 (70,8) 7 (29,2) 14 (58,3) 10 (41,7)

Não 167 (54,2) 141 (45,8)

187 (60,7)

121 (39,3) 141 (45,8)

167 (54,2)

Atividade Física 0,83 0,74 0,71

Sedentário 42 (54,5) 35 (45,5) 47 (61,0) 30 (39,0) 35 (45,5) 42 (54,5)

Irregular 24 (60,0) 16 (40,0) 27 (67,5) 13 (32,5) 21 (52,5) 19 (47,5)

Ativo 78 (55,7) 62 (44,3) 87 (62,1) 53 (37,9) 67 (47,9) 73 (52,1)

Muito ativo 9 (47,4) 10 (52,6) 10 (52,6) 9 (47,4) 7 (36,8) 12 (63,2)

Obesidade 0,42 0,35 0,39

IMC < 26 (peso ideal)

58 (54,7) 48 (45,3) 60 (56,6) 46 (43,4) 46 (43,4) 60 (56,6)

IMC 26 – 29,99 (sobrepeso)

62 (59,6) 42 (40,4) 69 (66,3) 35 (33,7) 54 (51,9) 50 (48,1)

IMC ≥ 30 61 (50,8) 59 (49,2) 73 (60,8) 47 (39,2) 53 (44,2) 67 (55,8)

Diabetes 0,16 <0,01 0,47

Sim 65 (60,7) 42 (39,3) 86 (80,4) 21 (19,6) 53 (49,5) 54 (50,5)

Não 118 (52,4) 107 (47,6)

118 (52,4)

107 (47,6) 102 (45,3)

123 (54,7)

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6. DISCUSSÃO

No presente estudo verificou-se que a conformidade das prescrições médicas

de anti-hipertensivos com as recomendações contidas na VI Diretriz Brasileira de

Hipertensão (SBC, 2010) foi de 69%. Não foram encontradas publicações que

avaliassem diretamente o grau de conformidade da prescrição médica de anti-

hipertensivos, para comparação com a literatura. Um estudo sobre avaliação dos

padrões de prescrição de IECA para usuários do SUS demonstrou que as doses

médias prescritas de captopril e de enalapril seguiram as recomendações das doses

preconizadas pelas VI Diretrizes Brasileiras de HAS, sendo que somente 0,3% dos

pacientes utilizaram superdose de captopril e 0,65% dos pacientes utilizaram

superdose de enalapril (OLIVERA et al., 2010). Um estudo sobre adesão às diretrizes

da Sociedade Brasileira de Cardiologia foi encontrado em relação à IC (MOSCAVITCH

et al., 2009), onde foi evidenciada uma importante lacuna entre a prática na rede

primária e as diretrizes brasileiras, diferentemente do que foi observado no presente

estudo, em relação à HAS.

As principais medicações prescritas pelos médicos de família foram justamente

as classes que encontram-se descritas no Rename e disponíveis gratuitamente nos

postos de saúde da família e no Programa da Farmácia Popular. Diversos estudos

avaliaram as medicações anti-hipertensivas mais utilizadas no Brasil e no mundo.

Alguns estudos brasileiros (SANTOS et al., 2011; AKASHI et al., 1998) já

demonstraram a preferência pelos diuréticos tiazídicos, em particular a

Hidroclorotiazida. Os diuréticos tiazídicos são os mais utilizados, pois representam

uma terapêutica eficaz, de baixo custo e, além disso, possuem boa associação com

outras classes de medicações (PIMENTA, 2008).

Em uma análise de 147 estudos randomizados controlados - realizada em 2009

- comparando diuréticos tiazídicos, BB, IECA, BRA e BCC, nenhuma classe foi

apontada como mais efetiva que as outras, na redução da incidência de DAC (LAW

et al., 2009). Por essas razões, havia uma recomendação na diretriz do 7 JNC

(CHOBANIAN et al., 2003) para que o tratamento inicial de escolha para tratar a HAS

fosse com diurético tiazídico. Neste estudo, o diurético foi a classe de anti-hipertensivo

mais prescrita, sendo que o diurético tiazídico (hidroclorotiazida) apareceu em mais

de 50% de todas as prescrições avaliadas.

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47

Um estudo americano recente (JOHNSON et al., 2014) apontou os IECA como

a medicação inicial mais frequente em monoterapia. Outros estudos também

demonstraram a preferência pela prescrição de IECA nas unidades públicas de saúde

do Brasil (OLIVERA, 2010; LINARELLI et al., 2009). As vantagens da utilização dos

IECA consistem, além da sua eficácia, na nefroproteção, por reduzir a progressão da

nefropatia em diabéticos portadores ou não de HAS, na sua boa tolerabilidade, na

redução da sensibilidade à insulina (não exercendo efeitos adversos nos perfis

glicídicos e lipídicos) e por não interferir na função sexual (OLIVEIRA, 2010). Este

estudo demonstrou que os IECA são a segunda classe de medicação mais prescrita

pelos médicos de família em Niterói, sendo encontrada em 57,8% de todas as

prescrições, além de ser a classe de escolha na monoterapia, em consonância com o

observado na literatura. O enalapril foi o IECA de escolha, seguido do captopril. Os

dois juntos totalizaram quase 100% das prescrições desta classe.

Quanto ao número de medicamentos utilizados por paciente para o controle da

hipertensão, verificou-se que a monoterapia e a terapia dupla foram as mais

encontradas, fato compatível com estudos de HAS brasileiros e internacionais

(SANTOS et al., 2011; Cushman et al., 2002). Atualmente, observa-se uma tendência

na associação de medicamentos para se obter um controle pressórico mais efetivo. A

associação mais frequente entre classes de medicamentos anti-hipertensivos foi a de

diuréticos com IECA, fato que também encontra-se compatível com a literatura

(LUPPEN et al., 2011). Após a inclusão de diversas classes de medicamentos no

Programa da Farmácia Popular e com a sua distribuição gratuita pelos postos de

saúde, a associação de diuréticos com IECA passou a ser mais utilizada que a

associação de diuréticos com BB (a segunda associação mais prescrita),

possivelmente devido aos efeitos colaterais dos BB ou às evidências de menor

benefício cardiovascular em relação às outras classes (CELIK et al., 2006; DOUMAS

et al., 2006; Dahlöf et al., 2002).

O maior índice de conformidade ocorreu justamente com a classe de

medicamento mais prescrita: os diuréticos, provavelmente pelo fato de que a

posologia em dose única e sem grandes variações nas miligramagens facilite a

prescrição dessas medicações. Entre as não conformidades encontradas,

predominaram as sub e superfrequências. O uso de subdoses e subfrequências

sugere que o médico é, muitas vezes, lento ou cauteloso demais para intensificar o

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tratamento anti-hipertensivo, possivelmente pelo medo de efeitos colaterais. Destaca-

se a subfrequência com que foram prescritos o Captopril e a Nifedipina retard. Embora

a diretriz recomende a tomada mínima diária de duas vezes, observa-se, na prática,

que muitos médicos prescrevem estas medicações apenas uma vez ao dia (GUSSO;

CERATTI, 2012). O contrário ocorre com o uso da Losartana, cuja recomendação é

de uma vez ao dia, porém, frequentemente, é prescrita duas vezes, inclusive por

profissionais conceituados e habituados com a prática clínica. O uso da losartana duas

vezes ao dia tem amparo farmacológico (HARDMAN et al., 2001), baseado na sua

meia vida, porém seu uso em duas doses diárias foi considerado não conformidade,

baseando-se na recomendação da diretriz. O uso da losartana duas vezes ao dia

respondeu por cerca de 30% das não conformidades encontradas.

Nota-se que o Atenolol é o betabloqueador prescrito o maior número de vezes

e com mais conformidade, enquanto o Carvedilol é o que apresenta maior erro nas

prescrições. Isso pode ser devido ao fato de que o Carvedilol é uma medicação mais

nova e pouco usada no tratamento da hipertensão, sendo indicada – prioritariamente

– para os portadores de IC. Dentre os pacientes que usavam subdose de inotrópicos

negativos (propranolol e diltiazem), nenhum deles apresentava frequência cardíaca -

FC<60bpm, sugerindo que a progressão da dose era possível.

Pôde-se perceber que a habilidade para prescrever os medicamentos menos

usuais, como, por exemplo, hidralazina, diltiazem e clonidina, foi menor, ocorrendo

algum tipo de erro na prescrição em mais de 50% dos casos envolvendo esses

medicamentos. Dentre os pacientes que utilizavam subdose de hidralazina, todos

apresentavam a PAS≥160mmHg e poderiam ter essas doses ajustadas. Apesar disso,

não houve uma associação clara entre subdose e subfrequência com o controle da

PA (dados não apresentados).

Observou-se a associação não recomendada de IECA com BRA em 3,7% do

total de prescrições de IECA (valor que corresponde a 11,5% do total de prescrições

de BRA). Essa associação só deve ser prescrita nos casos de proteinúria (SBC, 2010).

Não há evidência de que haja melhor controle pressórico quando se associam essas

substâncias (que possuem modo de atuação semelhantes) e pode haver

potencialização de seus efeitos colaterais. Cabe ressaltar que não foi avaliada

protenúria neste estudo. Assim, uma associação considerada incorreta talvez pudesse

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ter amparo na literatura para seu uso. Dentre os pacientes que usavam IECA

associado a BRA, apenas um era portador de DRC.

Dentre os pacientes tratados com três ou mais medicamentos, cerca de 90%

fazia uso de diurético, mostrando que os médicos de família costumam associar um

diurético nos casos de terapia múltipla, conforme recomendam as diretrizes

(CHOBANIAN et al., 2003; SBC, 2010).

Com relação ao controle da PA, verificou-se que 44,9% dos pacientes

encontravam-se com a PA adequada, considerando a meta de PA<140x90mmHg.

Obviamente, o controle da PA variou de acordo com o ponto de corte utilizado na

Diretriz Brasileira e no 8 JNC, especialmente quando se considerou o nível de

PA<130x80mmHg nos hipertensos diabéticos. Para fins de comparação com a

literatura, utilizou-se somente a meta de 140x90mmHg, mesmo valor utilizado nos

estudos nacionais e internacionais de controle pressórico. Uma pesquisa norte-

americana (EGAN et al., 2010) mostrou uma estimativa de controle pressórico de

50,1%, em 2008. Por outro lado, em Portugal, um estudo com 5.023 adultos, em 2003,

revelou controle pressórico em apenas 11,2% dos pacientes (MACEDO et al., 2005),

enquanto na Itália um estudo com mais de 120.000 pacientes, entre 2005 e 2011,

evidenciou uma taxa de controle de 33,6% (TOCCI et al., 2015). Já no Canadá, o

percentual de hipertensos com PA<140x90mmHg, em 2009, foi de 64,6%

(McALISTER et al., 2011).

Os níveis de controle pressórico encontrados neste estudo são compatíveis

com outros estudos brasileiros, onde o controle pressórico variou entre 10 e 57%

(PINHO E PIERIN, 2013). O controle da PA se mostrou mais difícil nos pacientes com

idade mais avançada, conforme já demonstrado na literatura (HAIJAR; KOTCHEN,

2003).

Cabe ressaltar que, dentre todos os estudos de controle pressórico descritos,

somente em dois estudos brasileiros (PINHO E PIERIN, 2013), a faixa etária avaliada

ficava acima dos 45 anos, como aconteceu neste estudo. Todos os demais estudos

englobavam pacientes mais jovens (acima de 18 anos). Sabendo-se que a

manutenção da PA<140x90mmHg é mais difícil nas idades mais avançadas, pode-se

dizer que o controle da PA - apesar de abaixo de 50% neste estudo - foi próximo aos

maiores do Brasil. Se considerarmos a recomendação do 8 JNC (PA<150x90mmHg

acima dos 60 anos), observamos que esse “pior” controle nos idosos perde a

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significância estatística, sugerindo que boa parte do mau controle da PA nesse grupo

se deve a essa diferença entre a PAS de 140 e 150 mmHg.

Além dos mais idosos, observou-se um pior controle pressórico também nos

diabéticos, porém só houve significância estatística quando a meta de controle foi

mais baixa (<130x80mmHg) para este subgrupo. Entretanto, pacientes portadores de

DM e DRC geralmente apresentam HAS mais grave e de difícil controle, o que piora

ainda mais seu prognóstico renal e cardiovascular. As possíveis causas descritas na

literatura para essa dificuldade no controle são: hipervolemia, aumento da rigidez

arterial, disfunção endotelial, estenose de artéria renal associada e regime terapêutico

inadequado (BORTOLOTTO, 2008).

Houve um melhor controle da PA nos indivíduos tabagistas, fato que,

surpreendentemente, encontra respaldo na literatura (GREEN et al., 1996). Embora o

consumo de cigarros produza uma elevação aguda da PA, estudos epidemiológicos

têm mostrado, geralmente, que os não tabagistas e ex-tabagistas apresentam níveis

de PA mais elevados que os tabagistas atuais. Esta diferença não poderia ser

explicada por fatores de confundimento tais como: peso relativo, origem étnica, álcool,

café e atividade física. Este fato pode ser devido a um maior cuidado e melhor adesão

ao tratamento pelos pacientes que fumam, já que apresentam outro importante fator

de risco para DCV.

O exercício físico, que comprovadamente reduz a PA (PESCATELLO et al.,

2004), não se apresentou como fator que influenciasse no controle pressórico, assim

como os outros fatores de risco para HAS avaliados, diferentemente do observado em

outros estudos (JARDIM et al., 2007).

Comparando as diretrizes anteriores - 7 JNC e VI Diretriz - com a nova diretriz

- 8 JNC, houve um aumento na proporção de adultos com as metas de controle da PA

alcançadas, sobretudo em adultos mais velhos. Resultado semelhante foi

demonstrado recentemente em estudo americano, em que foi observada também uma

redução na proporção de adultos que necessitam de tratamento para a hipertensão

(NAVAR-BOGGAN et al., 2014).

Não houve correlação estatisticamente significativa entre a conformidade da

prescrição e o controle da PA, mesmo quando se considera os três alvos, sugerindo

que a prescrição, ainda que com doses e frequências diferentes das preconizadas

pela diretriz, não foi um fator determinante no alcance das metas de PA.

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Observou-se que a melhor estratégia para o controle pressórico foi com a

terapia dupla. Na monoterapia, não houve significância estatística entre controle e não

controle, não sendo possível identificar uma medicação que proporcionasse melhor

controle da PA em relação às outras. Nos pacientes em uso de três ou mais

medicações, observou-se que o controle pressórico foi pior do que naqueles em

monoterapia ou terapia dupla, possivelmente indicando uma hipertensão de mais

difícil controle. Entretanto, houve uma tendência de associação entre não

conformidade e pior controle da PA. O grau de conformidade das prescrições foi

menor nos pacientes que usavam mais de três medicações, indicando que quanto

maior o número de medicações prescritas, maior a possibilidade de erros nas

prescrições (dados não apresentados).

Quando se avaliou conformidade e controle pressórico em relação às

características sociodemográficas, hábitos de vida e comorbidades, verificou-se que

um tratamento menos conforme foi prescrito para as mulheres. Porém, embora melhor

tratados, os homens não apresentaram melhor controle da PA. Além disso, um

tratamento menos conforme foi oferecido aos pacientes com risco cardiovascular mais

elevado (diabéticos).

Ressalta-se que, neste estudo, a análise da conformidade da prescrição

baseou-se somente nas medicações prescritas e não na sua eficácia em controlar a

pressão, o que significa que uma prescrição considerada conforme poderia não estar

com as doses otimizadas para atingir a meta de PA desejada. Por outro lado, quando

se analisou a conformidade do tratamento, considerou-se tanto a conformidade da

prescrição quanto o controle pressórico. Neste último caso, verificou-se uma média

de queda de 12 pontos percentuais entre as taxas de controle pressórico e as taxas

de tratamento conforme observadas, sugerindo que que ainda há espaço para

melhorias na prescrição médica.

Considerando a realização do diagnóstico de hipertensão na população deste

estudo, 13,4% dos indivíduos avaliados desconheciam o diagnóstico e/ou não faziam

nenhum tratamento para HAS, porém apresentavam-se com PA elevada

(≥140x90mmHg) no dia da avaliação. Além disso, 6,4% dos indivíduos, embora

soubessem ser hipertensos, não eram tratados. Um estudo brasileiro observou que

49,2% dos indivíduos avaliados e considerados hipertensos desconheciam esse

diagnóstico (GUS et al., 2004). Um grande estudo americano mostrou que 31,1% dos

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indivíduos não sabiam ser portadores de HAS e 41,6% sabiam, mas não eram tratados

(HAJJAR E KOTCHEN, 2003).

A comparação das frequências de conhecimento, tratamento e controle de

estudo brasileiro (ROSÁRIO et al., 2009) com as médias obtidas em estudo de 35

países (PEREIRA et al., 2009) revelou taxas semelhantes em relação ao

conhecimento (52,3% vs. 59,1%), mas significativamente superiores no Brasil em

relação ao tratamento e controle (34,9% e 13,7% vs. 67,3% e 26,1%), como foi

demonstrado neste estudo. Possivelmente, os níveis altos de conhecimento do

diagnóstico de hipertensão e de tratamento vistos neste estudo refletem o

acompanhamento satisfatório desta população pelos médicos de família, semelhante

ao que foi observado em municípios do interior do Brasil com ampla cobertura do PSF

(ROSÁRIO et al., 2009), mostrando que os esforços concentrados dos profissionais

de saúde, das sociedades científicas e do governo são essenciais para se atingir

níveis aceitáveis de tratamento e controle da HAS.

Além disso, deve-se considerar que esses indivíduos que desconheciam o

diagnóstico, ou parte deles, poderiam ser portadores de HAB e, portanto, uma medida

isolada da PA não seria suficiente para definir o diagnóstico de hipertensão (MANCIA

et al., 1995; KIKUYA et al., 2007).

Por fim, cabe destacar que o presente estudo avaliou a assistência médica

prestada aos hipertensos baseada em dois aspectos da qualidade: o tratamento

prescrito e o controle pressórico. Entretanto, é difícil estabelecer uma correlação direta

entre qualidade assistencial e controle pressórico, considerando que o controle

adequado da PA resulta de um sistema bastante complexo, onde estão envolvidos

fatores biológicos, genéticos e sócio-econômicos, além de aspectos culturais e da

estrutura sanitária. Não se pode deixar de mencionar a importância das medidas não

farmacológicas no controle da PA. Neste estudo, não foi avaliada a intensidade da

intervenção não medicamentosa. Possivelmente, as MEV contribuiriam para um

melhor controle pressórico nesta população. Além disso, pode-se inferir que possíveis

falhas não avaliadas na adesão ou a necessidade de um tratamento mais intensivo

(com um número maior ou com doses maiores das medicações) sejam os fatores que

contribuiriam para um melhor controle pressórico nesses indivíduos. Não foi

considerada a adesão no controle da PA por não ser o objetivo do estudo analisar a

eficácia do tratamento e sim sua efetividade.

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De acordo com a diretriz europeia (MANCIA et al., 2013), os provedores de

saúde deveriam facilitar a implementação das diretrizes como forma de educar os

médicos sobre os avanços científicos, e não como um instrumento para contenção de

custos. Deveriam, igualmente, promover uma abordagem multidisciplinar para a

prevenção da DCV e criar meios de motivar os médicos a prestarem um atendimento

de alta qualidade. Uma tentativa de promoção da saúde, visando melhorar o

diagnóstico e o tratamento da HAS, tem sido feita no Reino Unido, com base no

princípio do pagamento por desempenho, ou seja, dar incentivos aos médicos,

premiando-os pelos diagnósticos e cuidados adequados de doenças crônicas, como

a HAS. No entanto, o impacto dessa estratégia sobre a qualidade e os desfechos no

cuidado da hipertensão ainda é incerto. Deve-se mencionar que, neste modelo de

saúde avaliado no presente estudo, o acesso facilitado às consultas através do PMF

em Niterói e o acesso aos medicamentos gratuitos podem ter contribuído

positivamente para os resultados obtidos.

Este estudo pode ser útil para orientar o treinamento dos médicos de família,

buscando focar o trabalho nos pontos mais críticos das prescrições e nas novas metas

de controle da PA. Desta forma, cria-se uma oportunidade de melhora na qualidade

da assistência à HAS nesta população.

Novos estudos devem ser realizados para tentar elucidar todos os fatores

envolvidos na dificuldade do controle pressórico. A partir destes esclarecimentos, será

possível definir os indicadores de qualidade que melhor se correlacionam com o

adequado controle pressórico, de maneira que, quantificando-os periodicamente,

poderemos atingir a excelência do cuidado assistencial nas HAS e modificar o

panorama crítico que se observa atualmente, devido às graves complicações desta

patologia, quando mal controlada.

6.1. Limitações

Uma das limitações deste estudo transversal é o fato de que foi analisada a PA

em um determinado momento, a qual poderia não ser indicativa de um mau controle

pressórico, ao longo do tempo. O número de visitas ao médico de família nos últimos

meses não foi quantificada e não foram avaliados os registros do prontuário dos

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pacientes, para saber se as pressões anotadas durante as consultas periódicas

encontravam-se adequadas.

Outra limitação foi a diferença observada entre os indivíduos cuja análise foi

completa e aqueles cuja análise foi parcial. Neste último grupo, houve um predomínio

de homens, de brancos, de alcoolistas e de não diabéticos, o que pode ter tido um

impacto no percentual de adesão ao tratamento e, logo, no controle pressórico. Por

não apresentar um diagnóstico definido de HAS, a conformidade das prescrições e o

controle pressórico deste grupo não foi avaliado no conjunto do estudo. Desta forma,

15 indivíduos que negaram o diagnóstico de HAS, porém utilizavam anti-hipertensivos,

deixaram de ser analisados. Dentre eles, 11 apresentavam PA controlada

(<140x90mmHg) e 7 indivíduos apresentavam a prescrição conforme. Assim, um viés

de análise pode ter sido gerado ao se excluir esses pacientes, o que reduziria a

conformidade das prescrições, porém aumentaria a taxa de controle pressórico. Por

outro lado, poderiam estar sendo incluídos indivíduos sem hipertensão, mas que usam

anti-hipertensivos devido a outras condições clínicas, como DAC ou IC.

Cabe ressaltar também que 40 indivíduos selecionados para o estudo foram

excluídos, pois compareceram no dia da pesquisa, porém não preencheram o QD e/ou

não fizeram os exames e avaliações propostas. Não se tem informação das

comorbidades que esses indivíduos apresentam, entretanto, poderia tratar-se de um

grupo menos aderente ao tratamento, caso apresentassem HAS, fato que pode ter

sido outro viés deste estudo.

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7. CONCLUSÕES

1. A conformidade da prescrição médica de anti-hipertensivos em relação às

recomendações da VI Diretriz Brasileira de HAS foi aproximadamente 70%.

2. O alcance das metas de PA preconizadas foi compatível com os valores

encontrados em diversos estudos nacionais e internacionais. A taxa de controle

pressórico, utilizando-se como meta a PA<140x90 mmHg, foi de 44,9%.

Quando se utilizou a meta de PA<130x80 nos diabéticos, essa taxa caiu para

38,6%. Utilizando a meta preconizada pelo JNC 8 (<150x90mmHg, nos

indivíduos acima de 60 anos - inclusive), a taxa de controle subiu para 53,3%.

3. Não houve correlação estatisticamente significativa entre a conformidade da

prescrição e o adequado controle pressórico.

4. A qualidade da assistência ambulatorial prestada aos portadores de HAS pelos

médicos de família em Niterói mostrou-se satisfatória, dentro da realidade do

nosso país, porém ainda há espaço para grandes melhorias.

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9. ANEXOS

Anexo 1: Escore de Risco de Framingham

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Anexo 2: Medicamentos anti-hipertensivos disponíveis na RENAME 2012.

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Anexo 3: Questionário respondido por medico supervisor do Programa Médico de Família de Niterói – RJ

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

FACULDADE DE MEDICINA PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS CARDIOVASCULARES

QUALIDADE DA ASSISTÊNCIA MÉDICA NA HIPERTENSÃO ARTERIAL: PRESCRIÇÃO

MÉDICA E CONTROLE PRESSÓRICO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA

QUESTIONÁRIO DIRIGIDO AOS MÉDICOS RELACIONADOS AO PMF:

1) Qual a função exercida pelo(a) sr(a). no PMF no período de 2011 e 2012? SUPERVISÃO DE CLÍNICA MÉDICA

2) Com que frequência os pacientes portadores de HAS possuíam consulta médica? A ORIENTAÇÃO É DE CONSULTAS MENSAIS PARA OS AVALIADOS COMO GRAVES, TRIMENSAL PARA OS MODERADOS E SEMESTRAL PARA OS LEVES. CONSIDERO QUE HÁ PROBLEMAS DE AGENDA INSUFICIENTE PARA O QUANTITATIVO DE DOENTES CADASTRADOS POR EQUIPE, APESAR DE, EM MÉDIA, 10% DOS CADASTRADOS NÃO UTILIZEM O SERVIÇO.

3) Existia alguma recomendação (caderno de saúde, guia, guideline, diretriz, etc) sobre quais as medicações seriam as mais indicadas para o tratamento da HAS?Se existia essa recomendação, qual era ela? TODAS AS UNIDADES RECEBERAM OS MANUAIS TÉCNICOS DO MINISTÉRIO DA SAÚDE. EXISTE UM DOCUMENTO FORMULADO PELA EQUIPE DE SUPERVISÃO MAS FOI APENAS TRABALHADO NOS TREINAMENTOS PRESENCIAIS, NÃO FOI IMPRESSO E ENVIADO PARA AS UNIDADES.

4) A VI Diretriz Brasileira de Hipertensão, da Sociedade Brasileira de Cardiologia, era conhecida pelos médicos? FOI UTILIZADA PARA CONFECÇÃO DO DOCUMENTO FORMULADO PELA SUPERVISÃO, MAS NÃO APRESENTADA NA ÍNTEGRA PARA AS EQUIPES.

5) A escolha dos medicamentos anti-hipertensivos prescritos era influenciada pela presença do medicamento no posto de saúde, na farmácia popular ou na Rename?

CERTAMENTE, OS PACIENTES QUE USAM OUTROS MEDICAMENTOS INVARIAVELMENTE ACOMPANHAM NA SAÚDE SUPLEMENTAR.

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Anexo 4: Carta Convite do Estudo Digitalis

O senhor ou a senhora foi sorteado (a) para participar uma pesquisa!

A pesquisa é para conhecer melhor o que causa diversos problemas de saúde comuns entre os brasileiros.

Como o encontro tem hora marcada e não terá que esperar. O encontro deverá durar cerca de 4 horas.

Depois dessa visita o senhor(a) receberá um telefonema para completar o questionário. Também será convidado a ir fazer um exame para verificar a distribuição de sua gordura corporal e a densidade dos ossos. Será num outro dia que será marcado e o senhor(a) receberá o dinheiro da passagem (será na faculdade de Nutrição perto das barcas).

POR FAVOR:

VÁ DE ROUPAS LEVES E FÁCEIS DE TIRAR,

TRAGA AS ULTIMAS RECEITAS MÉDICAS

FAÇA UM JEJUM DE 12 HORAS

Médicos, nutricionistas, enfermeiros e outros profissionais ligados ao Hospital Antonio Pedro

estarão aqui na comunidade para conversar com a senhor(a), examinar, fazer eletrocardiograma, ecocardiograma, tirar

sangue e coletar urina, verificar peso, altura, cintura e

estarão aqui na comunidade para conversar com a senhor(a), examinar, fazer eletrocardiograma, ecocardiograma, tirar

sangue e coletar urina, verificar peso, altura, cintura e pressão arterial.

O(A) senhor(a) responderá a um longo questionário. São perguntas sobre sua casa, sobre sua saúde, a de seus pais e irmãos, exercício físico, se fuma, bebe, com o(a) senhor(a) está se sentindo e o que come habitualmente. Haverá um pesquisador ajudando (o)a senhor(a) a responder ao

questionário.

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Anexo 5: Termo de Consentimento utilizado no Estudo Digitalis

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

Investigador principal: Maria Luiza Garcia Rosa (tel. 96451956)

Título - Estudo de prevalência da insuficiência cardíaca em pacientes na atenção básica.

Você está sendo convidado (a) para participar de uma pesquisa para avaliar a ocorrência de doenças comuns na população brasileira, cujo maior conhecimento poderá trazer benefícios para você e toda a população. Esta pesquisa está aprovada pela Comissão de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense. A pesquisa consistirá no preenchimento de um questionário com seus dados médicos e pessoais e a realização de exames de imagem e laboratório.

Antes de concordar em participar do estudo você deverá tirar todas as dúvidas que porventura possa ter com o Coordenador e/ou o Investigador. Só após isso deverá assinar o termo de consentimento para sua participação. Não há riscos de participar dessa pesquisa, pois os procedimentos a serem realizados (exame clinico, exames de laboratório e imagens) são práticas habituais em uma avaliação médica. Participar deste Estudo é totalmente voluntário, você não será penalizado (a) de nenhuma forma caso escolha não participar ou retire seu consentimento durante o seu andamento.

Garantimos que todos os dados coletados permanecerão confidenciais. Se as informações obtidas no Estudo forem publicadas, será escrito um relatório de forma que ninguém poderá identificar seus dados pessoais.

Eu,_____________________________________________________RG_______________ abaixo assinado, tendo lido as informações acima, e ciente dos meus direitos abaixo relacionados, concordo em participar da pesquisa médica sobre Estudo de prevalência da insuficiência cardíaca em pacientes na atenção básica.

1 – A garantia de receber a resposta a qualquer pergunta ou esclarecimento a qualquer dúvida a cerca dos procedimentos, riscos, benefícios e outros relacionados com a pesquisa;

2 – A liberdade de retirar meu consentimento a qualquer momento e deixar de participar do estudo sem que isso traga prejuízo à continuação do meu cuidado e tratamento;

3 – A segurança de que não serei identificado e que será mantido o caráter confidencial das informações relacionadas com a minha privacidade;

4 – O compromisso de me proporcionar informação atualizada durante o estudo, ainda que esta possa afetar minha vontade de continuar participando;

5 – A garantia de não ser submetido a nenhum tratamento, exame ou procedimento não autorizado pelas autoridades sanitárias do País.

Local e Data ______________________________, ________/_______________/20______.

Assinatura _________________________________________________________________

Testemunha______________________________Nome_____________________________

Investigador _______________________________________________________________

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Anexo 6: Questionário parcial do Estudo Digitalis

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Anexo 7: Medicações preconizadas pela VI Diretriz Brasileira de Hipertensão com as devidas doses e frequências recomendadas para uso.

Medicamentos Posologia (mg)

Mínima Máxima

Número de tomadas/dia

Diuréticos

Tiazídicos

Clortalidona 12,5 25 1

Hidroclorotiazida 12,5 25 1

Indapamida 2,5 5 1

Indapamida SR* 1,5 5 1

Alça - Furosemida 20 ** 1-2

Poupadores de potássio – Espironolactona

25 100 1-2

Inibidores adrenérgicos

Ação central

Alfametildopa 500 1500 2-3

Clonidina 0,2 0,6 2-3

Betabloqueadores

Atenolol 25 100 1-2

Bisoprolol 2,5 10 1-2

Carvedilol 12,5 50 1-2

Metoprolol 50 200 1-2

Propranolol / Propranolol (LA)*

40/80 240/160 2-1 / 1-2

Vasodilatadores diretos

Hidralazina 50 150 2–3

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Continuação Anexo 7:

Medicamentos Posologia (mg)

Mínima Máxima

Número de tomadas/dia

Bloq. dos canais de cálcio

Fenilalquilaminas

Verapamil Retard* 120 480 1-2

Diltiazem AP, SR ou CD* 180 480 1-2

Diidropiridinas 1-2

Anlodipino 2,5 10 1

Lercarnidipino 10 30 1

Nifedipino Oros*

Nifedipino Retard*

30 60

20 60

1

2–3

Inibidores da ECA

Captopril 25 150 2–3

Enalapril 5 40 1–2

Lisinopril 5 20 1

Ramipril 2,5 10 1

Cilazapril 2,5 5 1

Bloq do receptor AT1

Losartana 25 100 1

Valsartana 80 320 1

Inibidor direto da renina - Alisquireno

150 300 1 *

Fonte: Adaptado de SBC; SBH; SBN. VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão. ABC 2010; 95(1 supl.1): 1-51 * Retard, SR, ZOK, Oros, XL, LA, AP, SR e CD: formas farmacêuticas de liberação prolongada ou controlada. ** Dose máxima variável de acordo com a indicação médica.