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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE FACULDADE DE TURISMO E HOTELARIA CURSO DE TURISMO DEPARTAMENTO DE TURISMO MARIANA DE MORAIS RAMOS COMPARTILHAMENTO ON-LINE DE INFORMAÇÕES SOBRE A EXPERIÊNCIA TURÍSTICA: APRECIAÇÃO DA PRODUÇÃO ACADÊMICA SOBRE ‘BOCA A BOCA ELETRÔNICO’, GERAÇÃO DE CONTEÚDO PELO USUÁRIO E ‘CO-CRIAÇÃO DE VALOR’. Niterói 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

FACULDADE DE TURISMO E HOTELARIA

CURSO DE TURISMO

DEPARTAMENTO DE TURISMO

MARIANA DE MORAIS RAMOS

COMPARTILHAMENTO ON-LINE DE INFORMAÇÕES SOBRE A EXPERIÊNCIA

TURÍSTICA: APRECIAÇÃO DA PRODUÇÃO ACADÊMICA SOBRE ‘BOCA A BOCA

ELETRÔNICO’, GERAÇÃO DE CONTEÚDO PELO USUÁRIO

E ‘CO-CRIAÇÃO DE VALOR’.

Niterói

2014

MARIANA DE MORAIS RAMOS

Compartilhamento on-line de informações sobre a experiência turística:

Apreciação da produção acadêmica sobre ‘boca a boca eletrônico’, geração de

conteúdo pelo usuário e ‘co-criação de valor’.

Trabalho de conclusão de Curso

apresentado ao curso de graduação em

Turismo da Universidade Federal Fluminense

como requisito parcial de avaliação para a

obtenção do grau de Bacharel em Turismo.

Orientador: Profa. D.Sc. Verônica Feder Mayer

Niterói

2014

R175 Ramos, Mariana de Morais

Compartilhamento on-line de informações sobre a experiência turística: Apreciação

da produção acadêmica sobre boca a boca eletrônico, geração de conteúdo pelo usuário e

co-criação de valor / Mariana de Morais Ramos – Niterói: UFF, 2014

87 f.

Monografia (Graduação em Turismo)

Orientador: Verônica Feder Mayer ,D.Sc.

1. Turismo 2. Boca a boca eletrônico 3. Tecnologias da informação

CDD. 338.4791

Compartilhamento on-line de informações sobre a experiência turística:

Apreciação da produção acadêmica sobre ‘boca a boca eletrônico’, geração de

conteúdo pelo usuário e ‘co-criação de valor’.

Por

MARIANA DE MORAIS RAMOS

Trabalho de conclusão de Curso

apresentado ao curso de graduação em

Turismo da Universidade Federal Fluminense

como requisito parcial de avaliação para a

obtenção do grau de Bacharel em Turismo.

BANCA EXAMINADORA

Profa. D.Sc. Verônica Feder Mayer, Orientadora - UFF

Prof. D.Sc. Adonai Teles de Siqueira e Sousa, Convidado - UFF

Prof. Eduardo Antônio Pacheco Vilela, Departamento de Turismo - UFF

Niterói, 03 de dezembro de 2014.

Aos meus avós José e Zelinda, por todo o

seu amor e pelos momentos em família.

AGRADECIMENTOS

A Deus, em Quem deposito toda a minha confiança.

A professora Verônica Mayer, a orientação tanto para este trabalho, quanto

perante a vida. Agradeço a sinceridade e a exigência, mas também o sentimento de

poder e dever contar com sua ajuda. Agradeço por cada “ponto com nó” com os quais

vem me presenteando desde que nos conhecemos, pela confiança que em mim

deposita e pelo reconhecimento de meus pequenos e grandes esforços. Com seu

auxílio aprendi coisas que levarei sempre comigo, junto a minha gratidão e admiração.

Ao professor Aguinaldo Fratucci, a solidariedade e as leves puxadas de orelha

que evidenciam seu profundo desejo de impulsionar cada um de seus alunos,

instigando comprometimento e aplicação.

Aos meus pais, Walter e Susana, a fé que me ensinaram, a educação que me

proporcionam e o fato de acreditarem firmemente em meu potencial. Agradeço as

demonstrações de orgulho, que fazem me sentir muito amada e, ao mesmo tempo,

servem de estímulo ao empenho em minhas obrigações, me levando a enfrentar com

coragem cada desafio.

A Carlos Jesus, meu principal incentivador. Sou extremamente grata as suas

palavras de ânimo e a sua compreensão. Obrigada por “cuidar da minha vida” e por

sempre se preocupar para que eu atinja os meus objetivos. Agradeço o fato de

encontrar na minha felicidade a sua também.

A Jean Viana, meu amigo de curta data, mas de grande importância na

realização deste trabalho. Agradeço a parceria e pronta ajuda, que em face desse

momento tenso em minha vida de “reles graduanda” (risos), tornou este instante mais

descontraído. Obrigada por me emprestar sua visão, seu tempo e principalmente o seu

bom humor.

A Julianna Barcelos, a sua amizade, apoio e torcida pelo meu sucesso. Seus

passos me inspiraram e seu companheirismo me fortaleceu durante esse processo.

“Somos todos viajantes pelas agruras do mundo,

o melhor que podemos achar em nossas viagens é um amigo honesto.”

Robert Louis Stevenson

Novelista, poeta e escritor de roteiros de viagem britânico (1850 - 1894)

RESUMO

O presente trabalho enfatiza os aspectos relacionados ao comportamento ‘boca

a boca eletrônico’ e sua repercussão na atividade turística. A metodologia bibliográfica descritiva foi utilizada para a proposta de um modelo conceitual da sua integração às dinâmicas de ‘co-criação de valor’ e de geração de conteúdo pelo usuário, bem como a análise da produção científica acerca do assunto, contribuindo para a exposição de um cenário atualizado do conhecimento existente. Apresenta-se a relação de dependência do turismo pela informação, bem como a caracterização do processo de disseminação de informações ocasionado pelo avanço das Tecnologias da Informação e Comunicação. São explicadas as dinâmicas de co-criação de valor e conteúdo gerado pelo usuário e apontadas as suas relações com o ‘boca a boca eletrônico’. Também são abordados os possíveis posicionamentos das empresas e relativas questões éticas. Por fim, organizados em conceitos-chave, diferentes pesquisas sobre o assunto são explicadas, com o apontamento de questões que mantiveram-se em aberto, sendo mostradas oportunidades de pesquisa.

Palavras-chave: turismo; boca a boca eletrônico; co-criação de valor; conteúdo gerado pelo usuário; tecnologias da informação e comunicação.

ABSTRACT

This research emphasizes the aspects related to the word-of-mouth behavior and its impact on tourism. The descriptive literature methodology was used to propose a integrative conceptual model about the 'value co-creation' and ‘user generated content’ dynamics, even as for analysis the scientific literature, contributing to the exposition of an current scenario based on the existing knowledge. The dependence of the tourism information will be presented, as well as the characteristics of the information dissemination – that were brought forward by the advancement of Information and Communication Technology. The ‘value co-creation’ and ‘user generated content’ dynamics will be explained and its relation with the 'electronic word-of-mouth' will be pointed out. Will also be addressed the companies positioning and related ethical issues. Finally, different studies on the subject will be organized into key-concepts and then will be explained with the appointment of issues that remained open, being shown opportunities of research.

Key-words: tourism; electronic word-of-mouth; value co-creation; user generated content; information and communication technology.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Quadro 1 Relação do turismo com a informação............................................................... 17

Figura 1 Fatores determinantes externos ao comportamento do turista.......................... 18

Figura 2 Proporção de usuários de internet, por atividade realizada na internet (2013).. 25

Figura 3 Formas tradicionais de comunicação versus internet........................................ 25

Quadro 2 Pesquisas sobre o boca a boca no turismo........................................................ 28

Figura 4 Modelo conceitual do ‘boca a boca’................................................................... 30

Figura 5 Dinâmica de compartilhamento on-line da experiência de consumo turístico... 57

Quadro 3 Conceito-chave: tomada de decisão.................................................................. 61

Quadro 4 Conceito-chave: valores..................................................................................... 62

Quadro 5 Conceito-chave: motivações.............................................................................. 63

Quadro 6 Conceito-chave: auto conceito e personalidade................................................ 64

Quadro 7 Conceito-chave: expectativas............................................................................. 65

Quadro 8 Conceito-chave: atitudes.................................................................................... 66

Quadro 9 Conceito-chave: percepções.............................................................................. 68

Quadro 10 Conceito-chave: satisfação................................................................................ 69

Quadro 11 Conceito-chave: confiança e lealdade................................................................ 70

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO................................................................................................. 13

1 INFORMAÇÃO E TURISMO........................................................................... 16

1.1 INFORMAÇÃO - ATRIBUTO FUNDAMENTAL DA ATIVIDADE TURÍSTICA. 16

1.2 O AVANÇO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO.. 19

2 O ‘BOCA A BOCA’ E A DISSEMINAÇÃO DA EXPERIÊNCIA TURÍSTICA.. 22

2.1 FONTES DO COMPORTAMENTO ‘BOCA A BOCA’...................................... 31

2.2 VARIÁVEIS MEDIADORAS DO ‘BOCA A BOCA’........................................... 34

2.3 MOTIVAÇÕES INERENTES AO COMPORTAMENTO ‘BOCA A BOCA’....... 36

2.4 RESULTADOS DA COMUNICAÇÃO ‘BOCA A BOCA’................................... 41

3 OUTRAS DINÂMICAS DE COMPARTILHAMENTO NO AMBIENTE ON-

LINE.................................................................................................................

43

3.1 A CO-CRIAÇÃO DE VALOR........................................................................... 43

3.2 USER-GENERATED CONTENT (UGC).......................................................... 45

3.2.1 User Generated Content - o exemplo do site TripAdvisor......................... 47

3.3 O PAPEL DAS EMPRESAS NO GERENCIAMENTO DAS INTERAÇÕES

ON-LINE.......................................................................................................... 49

3.3.1 Discussões éticas.......................................................................................... 53

4 ANÁLISE DO ESTUDOS DO ‘BOCA A BOCA’ ELETRÔNICO NO

TURISMO........................................................................................................ 56

4.1 PROPOSTA DE MODELO CONCEITUAL PARA O TURISMO...................... 56

4.2 SÍNTESE E ANÁLISE DOS ARTIGOS SOBRE O ‘BOCA A BOCA

ELETRÔNICO’ NO TURISMO......................................................................... 59

CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................ 72

REFERÊNCIAS............................................................................................... 75

FONTES CONSULTADAS……………………………………………………….. 85

12

INTRODUÇÃO

Atualmente, presencia-se um cenário de integração informacional, fruto dos

avanços na área das Tecnologias da Informação e Comunicação e na área dos

transportes. Além do encurtamento do tempo das viagens, ocorreram importantes

mudanças no processo de interação interpessoal. O tradicional conceito de

comunicação boba a boca se estendeu ao ciberespaço e adquiriu qualidades que o

redimensionaram.

O comportamento ‘boca a boca’ se afirma pela frequência com a qual decisões

de consumo precisam ser tomadas, enquanto consumidores em potencial não possuem

convicções sobre os custos e os benefícios das opções disponíveis. Para Ellison e

Fudenberg (1995), é compreensível que os consumidores optem por contar com

informações casuais obtidas por meio da comunicação ‘boca a boca’, além de buscar

somente as informações formais fornecidas pelas empresas, pois dessa forma podem

reafirmar a sua decisão.

Informações sobre experiências de consumo passaram a ser reproduzidas no

ambiente on-line, tal fenômeno recebe o nome de ‘boca a boca eletrônico’, em inglês

electronic word-of-mouth (eWOM), sendo considerado uma fonte relevante de

informações sobre produtos e serviços, se refletindo na atividade turística.

O presente trabalho possui o objetivo geral de compreender as dinâmicas de

compartilhamento de informações on-line relativas às experiências de consumo, com

ênfase no ‘boca a boca eletrônico’ turístico. Serão abordados os fatores que o

estimulam, as peculiaridades do processo de disseminação da informação e seus

respectivos efeitos.

Como objetivos específicos, pretende-se: realizar uma análise do caminhar da

produção científica voltada ao ‘boca a boca eletrônico’ no turismo; apresentar um

cenário atualizado do conhecimento existente; e ressaltar as perspectivas e dimensões

que vêm sendo abordadas em diferentes estudos, a fim de identificar oportunidades de

pesquisa sobre o assunto.

Encontram-se justificativas para a realização dessa pesquisa na escassez de

estudos nacionais sobre a dinâmica do ‘boca a boca’ turístico na internet,

13

especialmente os que apresentem uma visão abrangente desse fenômeno e que

apontem oportunidades de estudo na área. Pesquisas indicam que mais pessoas se

comunicam, geram conteúdo e interferem no comportamento umas das outras por meio

da internet.

O Ibope Media (2009), indica que antes de realizar uma compra, 90% dos

consumidores ouvem sugestões de pessoas conhecidas, enquanto 70% confiam em

opiniões expressas de maneira on-line. Segundo a pesquisa “TIC Domicílios e

Empresas 2013”, do total de usuários da internet1, 65% a utilizam para pesquisar sobre

produtos e serviços; 37% para procurar informações sobre viagens e acomodações

(CGI.BR, 2014).

A pesquisa a ser apresentada possui caráter bibliográfico descritivo. Decidiu-se

utilizar os conceitos-chave da análise do comportamento do consumidor no turismo,

propostos recentemente por Cohen, Prayag e Moital (2014). No total, 23 estudos sobre

o ‘boca a boca eletrônico’ turístico serão analisados.

No primeiro capítulo, é exposta a relação de dependência da atividade turística

pela informação e a contribuição do avanço das tecnologias da informação e

comunicação para a atividade, bem como o consequente processo de adaptação dos

prestadores de serviços e mercado consumidor.

No segundo capítulo, a dinâmica do ‘boca a boca’ e a sua extensão ao ambiente

on-line será explicada e caracterizada a partir dos elementos que a compõem, que são

as motivações, variáveis mediadoras, fontes e resultados.

No terceiro capítulo, serão apresentas as dinâmicas de ‘co-criação de valor’ e

user generated content (conteúdo gerado pelo usuário), com sua devida relação a

temática do ‘boca a boca’. Também será abordado o papel das empresas no

gerenciamento on-line das interações sociais e algumas discussões éticas relevantes.

No quarto capítulo será proposto um modelo conceitual que integra as dinâmicas

de ‘boca a boca eletrônico’, ‘co-criação de valor’ e conteúdo gerado pelo usuário, tendo

por base a revisão de literatura. Em seguida, será apresentada a pesquisa sobre os

1 Base de 85,9 milhões de pessoas que usaram a Internet entre setembro de 2013 e fevereiro de 2014.

Respostas estimuladas. Cada item apresentado se refere apenas aos resultados da alternativa “sim”.

14

estudos do ‘boca a boca eletrônico’ no turismo e o respectivo parecer sobre o caminhar

da produção acadêmica na área.

15

1 INFORMAÇÃO E TURISMO

O turismo é um fenômeno dependente do fluxo de informações. Segundo Leal

(2006, p.4), “o turismo é antes de tudo comunicacional”. Ferreira (2011) afirma que o

consumidor turístico se utiliza de informações para a tomada de decisão da sua viagem

e, estando a viagem em andamento, as informações continuam a permear o seu

universo de consumo, apontando locais para visitar, se alimentar, se hospedar, comprar

e outras informações que contribuem para sanar ou gerar novas necessidades de

consumo.

Para o entendimento de como se dá o compartilhamento de informações na

experiência turística, julga-se importante abordar a relação de dependência da atividade

turística pela informação.

1.1 INFORMAÇÃO - ATRIBUTO FUNDAMENTAL DA ATIVIDADE TURÍSTICA

Os produtos turísticos precisam chegar ao conhecimento do público consumidor. Por isso, toda política de distribuição deverá também decidir sobre as atividades de suporte de distribuição e de vendas. Trata-se aqui de todo o material promocional e de divulgação que é enviado aos intermediários e transmitido aos consumidores, ou mesmo todo o material confeccionando pelos próprios intermediários visando

informar o consumidor final (BENI, 2003, p. 183).

Nielsen (2002) acrescenta que os vários estágios de decisão pelos quais passam

os turistas em potencial os levam a um ponto em que, uma vez tomada a decisão de

realizar a viagem, o próximo passo a ser tomado é a busca de informações, visando

eliminar alternativas e resultando na escolha do produto turístico ou destinação.

A partir das reflexões de alguns autores sobre a relação entre o turismo e a

informação (quadro 1), percebe-se que a informação realiza o papel de intermediário

no processo de distribuição da cadeia produtiva do turismo, exercendo influência na

tomada de decisão do consumidor turístico e sendo percebida em vários momentos

como o agente viabilizador desse processo.

16

Autor Relação do turismo com a informação

Poon (1988)

Na rotina da atividade turística existe a geração, coleta, processamento, aplicação e comunicação de informação. A informação é o laço que amarra todos os componentes da indústria turística. Os links entre os integrantes do trade turístico são os fluxos de informação.

Sheldon (1984; 1993)

O mundo tem apresentado mudanças incontestáveis, numa velocidade cada vez maior. A atividade turística – assim como uma infinidade de outras áreas – depende cada vez mais da informação. A informação tem (...) uma grande importância no turismo.

Naisbitt (1994)

Com o crescimento do turismo e com a sofisticação crescente dos viajantes, a demanda por informações levará a uma interconectividade ainda maior dos agentes envolvidos no setor.

Perdue (1995)

A disponibilidade de informações pode definir a ida de turistas para determinadas localidades. A satisfação do turista pelo local depende da informação e eventualmente pode definir o retorno do turista àquela região.

Buhalis (1998)

Informação é vital para a indústria de viagens.

Trigo (1999)

A informação no mundo atual é produzida em massa, como uma mercadoria qualquer. Pode ser vendida, consumida ou trocada.

O'Connor (2001)

A atividade turística depende cada vez mais da informação. A informação é o nutriente básico do turismo.

Middleton (2002)

O turismo é um mercado totalmente baseado no fornecimento de informações.

Schertler apud

Stamboulis e Skayannis

(2003)

O turismo é o negócio da informação. A informação é o principal suporte para os negócios acontecerem.

Quadro 1 - Relação do turismo com a informação Fonte: De Lucca Filho, 2005, p.32.

No contexto das informações disponíveis aos turistas, Swarbrook e Horner

(1999) ressaltam os chamados fatores determinantes externos ao comportamento do

turista. Trata-se de um conjunto de fatores informacionais que exercem influência na

tomada de decisão do turista em potencial. Os autores os dividem em três grupos:

políticos, mídia e organização do marketing turístico.

Pertencem aos fatores políticos a legislação do local a ser visitado, a natureza do

sistema político, as taxas aplicadas ao turismo, entre outros. Aos fatores midiáticos

pertencem as informações de viagens veiculadas pela televisão, pelos jornais, pelos

17

guias e por outros meios de comunicação. Na organização do marketing turístico estão

as campanhas de publicidade para destinos e as brochuras de operadoras turísticas

(SWARBROOK; HORNER, 1999).

Em um estudo posterior, Swarbrook e Horner (2002) acrescentaram a esses

fatores as informações provenientes de fontes informais, tratam-se das opiniões de

amigos e parentes, consideradas fatores influentes sobre a escolha de um destino, pois

de certa maneira esclarecem sobre os locais a serem visitados.

Essa dinâmica é ilustrada na figura 1, o modelo ilustra o consumidor turístico

como alvo das diversas fontes informacionais existentes, que de diferentes formas

exercem influência sobre as suas escolhas pessoais.

Figura 1: Fatores determinantes externos ao comportamento do turista Fonte: Swarbrooke e Horner, 2002, p. 99.

18

1.2 O AVANÇO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO

Durante o século XX, avanços tecnológicos afetaram de maneira notável as

áreas da informação e da comunicação. A rotina das pessoas foi modificada,

especialmente na forma de interagirem. As pessoas passaram a trocar informações

instantaneamente e a longas distâncias por meio das Tecnologias da Informação e

Comunicação, as chamadas TIC (GUIMARÃES; BORGES, 2008).

Segundo Buhalis (1998, p.409) as TIC são definidas como “o termo coletivo dado

aos mais recentes desenvolvimentos no modo usado para aquisição, processamento,

armazenamento, recuperação, disseminação e aplicação de informação”. Buhalis

(1998) explica que além de capacitar os consumidores para identificar, personalizar e

comprar produtos, as TIC também apoiam a globalização da indústria, fornecendo

ferramentas eficazes para que os fornecedores desenvolvam, gerenciem e distribuam

as suas ofertas de todo o mundo.

A década de 1970 foi marcada pelo aprimoramento das TIC, fato que beneficiou

a atividade turística. O primeiro avanço das TIC no turismo, de acordo com Guimarães

e Borges (2008), foi a utilização do GDS (Sistema de Distribuição Global) pelas

empresas aéreas, fornecendo aos agentes do trade turístico informações como

disponibilidade e horário de voos, tarifas, tipos de apartamento de hotéis, passeios,

entre outros.

No final da década de 1990, as agências de viagens, hotéis e companhias

aéreas passaram a oferecer seus serviços diretamente aos passageiros através da

internet. Guimarães e Borges (2008, p.29) comentam que a atividade turística passou a

se adequar para funcionar apoiada nas seguintes condições:

Grande dependência e uso intensivo de informações;

Informações em tempo real exercendo importante papel no planejamento do

turista;

Disponibilidade da rede durante 24 horas por dia e;

Facilidade de tradução de páginas para outros idiomas.

19

As circunstâncias apresentadas proporcionam ao indivíduo uma maior autonomia

na busca de informações por produtos e serviços, provocando mudanças em seu

comportamento enquanto consumidor, fato que se refletiu no turismo. O turista da

atualidade deseja e procura serviços individualizados, pois ele próprio sente-se um

sujeito distinto e singular na rede mundial de computadores (ARRUDA; PIMENTA,

2005).

Segundo Castells (2003), vive-se em uma sociedade cujas formas de pensar e

agir são cada vez mais ligadas ao desenvolvimento veloz das TIC. Guimarães e Borges

(2008) acrescentam que a internet, por permitir operações em tempo real, oferece aos

consumidores subsídios para a escolha de seus roteiros turísticos, representando a

economia de tempo e de recursos financeiros.

Tais características configuraram as TIC como uma importante ferramenta de

divulgação para os fornecedores turísticos, permitindo que os consumidores os

contatassem diretamente. Isso desencadeou a quebra de um oligopólio, outrora

formado por grandes distribuidores amparados por seus próprios GDS, e viabilizando a

coexistência de novos intermediários junto aos antigos, em um processo de

reintermediação (LOHMANN; PANOSSO NETTO, 2008).

Com o advento da Web 2.02, importantes repercussões sociais ocorreram.

“Foram potencializados os processos de trabalho coletivo, de troca afetiva e de

produção e circulação de informações, resultando na construção social de

conhecimento, apoiada pela informática” (PRIMO, 2007, p. 2).

Para o turismo esse novo contexto representou uma grande mudança na

dinâmica de oferta e demanda, uma vez que os ambientes virtuais abriram novos

caminhos para o compartilhamento de informações sobre experiências de consumo. O

compartilhamento de informações passa a permear diferentes momentos durante a

experiência de consumo.

Alguns estudos na área do turismo empregam o termo “viajante sempre

conectado”, referindo-se ao indivíduo que utiliza tal forma de interação durante o ciclo

2 Segunda geração de serviços on-line. Segundo Primo (2007, p. 2), “caracteriza-se por potencializar as

formas de publicação, compartilhamento e organização de informações, além de ampliar os espaços para a interação entre os participantes do processo”.

20

de sua viagem (AMADEUS, 2011; NUNES; MAYER, 2012; 2014; FARIAS et al., 2013),

tal realidade se fortalece com a crescente aquisição de dispositivos eletrônicos móveis.

Segundo a União Internacional de Telecomunicações (UTI, 2014), no segundo

trimestre de 2014, 51,6% da população brasileira possuía acesso à internet. Tablets e

smartphones foram apontados como os motivadores dessa realidade.

Nos primeiros seis meses de 2014, foram comercializados 4.2 milhões de tablets

no Brasil, 21% a mais do que no mesmo período de 2013 (IDC Brasil, 2014). O Brasil

ficou na 37ª posição entre os países com o maior uso dos smartphones com banda

larga, apresentando 51% de penetração no mercado. Nos dez primeiros lugares do

ranking, todos os países apresentaram taxas de penetração acima de 100% -

Cingapura, somou mais de 135 assinaturas de banda larga para cada 100 pessoas

(UTI, 2014).

De acordo com Nunes e Mayer (2012), o crescente número de usuários desses

dispositivos tem estimulado os prestadores de serviços turísticos a buscarem novas

formas de interagirem com seus consumidores:

(...) além de buscar informações, planejar e efetuar reservas on-line, os dispositivos móveis permitem que, tendo chegado ao aeroporto, o passageiro realize os procedimentos de check-in junto à companhia aérea. Uma vez a bordo, o usuário pode se entreter e buscar mais informações sobre lugares a serem visitados. Ao chegar ao destino, pode interagir com os prestadores de serviço locais e começar a compartilhar as primeiras experiências e impressões do lugar. Finalmente em seu retorno para casa, poderá dividir com seus familiares e amigos, as histórias, fotografias e vídeos por meio das redes sociais, além de poder dar feedbacks em fóruns às empresas e a futuros turistas do local visitado (NUNES; MAYER, 2012, p.5).

Como os autores discriminam, novas formas de interação passaram a ser

sentidas ao longo de todo o ciclo da viagem, existindo uma vasta gama de processos e

serviços que foram transferidos para o ambiente virtual móvel. Os turistas apresentam-

se mais conectados e tecnologicamente sofisticados, demonstrando interesse pelo uso

interativo de tecnologias móveis, mesmo em viagens motivadas pelo contato com a

natureza, aventura, interação social e descanso (NUNES; MAYER, 2012).

O capítulo a seguir trata do processo de disseminação da experiência turística.

21

2 O ‘BOCA A BOCA’ E A DISSEMINAÇÃO DA EXPERIÊNCIA TURÍSTICA

A experiência de consumo é um evento dinâmico, privado, interno e, portanto,

subjetivo (CHURCHLAND, 1985; THOMPSON et al., 1989). A construção da

experiência de consumo envolve elementos cognitivos, afetivos, emocionais, sociais e

físicos, apresentando um caráter holístico (VERHOEF et al., 2009). Gomes (2012)

acrescenta que essa experiência não é criada apenas por elementos que a empresa

consegue controlar, mas também por elementos que estão fora do seu domínio: a

influência de outros consumidores, o estado emocional do consumidor e as

experiências prévias que podem gerar expectativas distorcidas.

A experiência engloba toda jornada do cliente, gerando uma experiência total que inclui: pesquisa sobre o produto ou serviço, compra e pós-venda, sendo que muitas vezes estas fases estão distribuídas em canais diversificados (GOMES, 2012, p. 41).

Obter informações sobre as experiências de consumo de outras pessoas é uma

maneira de analisar previamente os prós e contras de um bem ou serviço a ser

adquirido. Segundo Cova e Dalli (2011), os clientes não são totalmente dependentes da

comunicação gerada pela própria empresa e podem escolher as companhias com as

quais querem ter relacionamento, baseados em suas próprias visões de como o valor

deverá ser criado. Gomes (2012) acrescenta que a comunicação e o diálogo entre

consumidores propiciam uma fonte alternativa de informações e perspectivas sobre as

experiências de consumo.

Tal interação, que ocorre de consumidor para consumidor, recebe o nome de

“boca a boca”, no inglês word-of-mouth (WOM), que é entendida como a troca

interpessoal de experiências de consumo que ocorre de maneira informal entre os

indivíduos (consumidores) por diversas motivações, podendo vir a exercer influência em

seu comportamento de compra. Litvin, Goldsmith e Pan (2008) a atribuem a

característica de serem fontes independentes de influência comercial, enquanto

Bronner e Hoog (2011) referem-se ao ‘boca a boca’ como as tradicionais fontes off-line

de trocas de informações interpessoais.

22

Gomes (2012) afirma que o estudo do comportamento ‘boca a boca’ tem

recebido cada vez mais atenção, sendo considerado um importante elemento de

influência nas decisões de consumo. A mesma autora diz que os consumidores são

mais propensos a confiar nestas comunicações interpessoais, especialmente no

contexto de serviços, devido a sua intangibilidade e natureza experiencial. Segundo

Smith, Menon e Sivakumar (2005), a razão pela qual os consumidores confiam nestas

opiniões é o fato de serem geradas pela perspectiva de outros consumidores.

De maneira semelhante, essa dinâmica de interação persiste enquanto baseada

no ambiente virtual. Westbrook (1987) considera o ‘boca a boca eletrônico’ (eWOM)

toda comunicação informal direcionada aos consumidores por meio de tecnologias

baseadas na internet, sendo relacionadas ao uso ou às características de produtos e

serviços específicos, ou dos seus vendedores.

Hennig-Thurau et al. (2004) o definem como “qualquer declaração positiva ou

negativa feita por potenciais, atuais ou ex-consumidores sobre um produto ou empresa,

que está disponível para uma multidão de pessoas e instituições via internet”.

Segundo Bronner e Hoog (2011), o ‘boca a boca eletrônico’, envolve comentários

de consumidores sobre produtos e serviços, sendo disponibilizados na internet, como

por exemplo, um hotel classificado em uma escala de 10 pontos e comentários textuais

sobre o serviço e a localização.

A respeito das aplicações do ‘boca a boca’, Litvin, Goldsmith e Pan (2008)

afirmam que a influência interpessoal não parte apenas da opinião de líderes para

seguidores, mas também se espalha como resultado de relações entre os seguidores,

apresentando o conceito de ‘buzz’ (zumbido), definido por Thomas (2004, p. 64) como

“a amplificação inicial dos esforços de marketing por terceiros através da sua influência

passiva ou ativa”.

Litvin, Goldsmith e Pan (2008) afirmam que com os avanços da tecnologia e da

internet, mais viajantes as utilizam para procurar informações sobre destinos e realizar

transações on-line. Segundo os autores a internet proporcionou novas plataformas de

comunicação, capacitando fornecedores e consumidores, possibilitando assim a

partilha de informações e opiniões tanto “Business to Consumer” (das empresas para

23

os consumidores), como “Consumer to Consumer” (de consumidores para

consumidores).

Segundo a E-commerce.org (2013), o Brasil apareceu em quinto lugar entre os

vinte países com maior número de usuários da internet, representando o percentual de

3,7% dos internautas de todo o mundo, na frente estavam: China (22,4%), Estados

Unidos (10,2%), Índia (5,7%), e Japão (4,2%).

De acordo com dados do IBOPE Media (2013), o número de pessoas com

acesso à internet no Brasil chegou a 105.1 milhões no segundo trimestre de 2013,

representando um crescimento de 3% em relação ao trimestre anterior. O quantitativo

representa o acesso à internet em qualquer ambiente (domicílios, trabalho, lan houses,

escolas, bibliotecas, espaços públicos, etc.).

Os resultados da pesquisa “TIC Domicílios e Empresas 2013” (CGI.BR, 2014)

indicam que entre as atividades mais populares realizadas pelos usuários na Internet

estão as de comunicação, tais como o uso de redes sociais - realizada por 77% dos

usuários; o envio de mensagens instantâneas - 74%; o envio e recebimento de e-mails

(72%) e; a participação em listas de discussão ou fóruns - 17%, que foi menos citada.

Segundo a mesma pesquisa, entre as atividades ligadas à busca de informações

e transações, a mais realizada é a procura por informações sobre produtos e serviços,

com 65%.

Entre as atividades de downloads, criação e compartilhamento de conteúdo, 60%

dos usuários apontam ter compartilhado conteúdo na Internet, tais como textos,

imagens ou vídeos.

É importante destacar que as atividades ligadas à criação de conteúdo exigem

maior apropriação das ferramentas propiciadas pelas TIC. A pesquisa aponta que

pouco mais de um terço (36%) dos usuários de Internet postam textos, imagens ou

vídeos criados por eles mesmos, enquanto 20% criam ou atualizam blogs, páginas na

Internet ou websites. São apresentadas na figura 2 as atividades mais realizadas na

internet3, segundo a pesquisa mencionada:

3 Percentual sobre o total de usuários; base de 85,9 milhões de pessoas que usaram a Internet entre

setembro de 2013 e fevereiro de 2014. Respostas estimuladas. Cada item apresentado refere-se aos resultados da alternativa “sim”.

24

Figura 2: Proporção de usuários de internet, por atividade realizada na internet (2013) Fonte: Comitê Gestor de Internet no Brasil (2014)

Bargh e McKenna (2004) afirmam que a internet oferece um novo e diferente

caminho de interação social, permitindo que os grupos e as relações se moldem de

uma forma que nenhum outro meio até então havia proporcionado, aumentando e

melhorando as conectividades sociais. Segundo os autores, a internet apresenta o

diferencial da multiplicidade de interações, combinando recursos inovadores de

comunicação em um único meio. A figura 3 ilustra diferentes níveis de interação:

Figura 3: Formas tradicionais de comunicação versus internet Fonte: Spyer (2007)

25

O contexto 1 representa a comunicação formada pelo diálogo, acontecendo

entre um número restrito de pessoas. Este tipo de interação possui baixo poder de

difusão de informações, um exemplo de meio comunicacional para este caso é a

telefonia.

O contexto 2 representa a emissão e recepção de mensagens, atingindo um

maior número de pessoas. Neste modelo de comunicação, as mensagens são

massificadas e não garantem a interação, exemplos de meios comunicacionais para

este caso são o rádio e a televisão.

O contexto 3 representa a comunicação mediada pela internet, acontecendo

entre um grande número de pessoas. Esse tipo de comunicação reúne a interação da

telefonia e o alcance da televisão e do rádio, permitindo o cultivo de laços sociais.

Spyer (2007) explica que, como a comunicação pela internet se baseia na

interatividade, muitas vezes não se identifica quem é o emissor da mensagem, visto

que o compartilhamento e a troca de informações são constantes e difusos.

O termo interatividade, segundo Lévy (1999), implica a participação ativa do

beneficiário em uma troca de informação. O autor alerta que o receptor da informação

nunca é passivo, uma vez que decodifica, interpreta, participa e mobiliza seu sistema

nervoso perante uma mensagem recebida. Segundo o autor, os fatores que definem a

interatividade são: a reapropriação e a recombinação material da mensagem, a

reciprocidade da comunicação, a virtualidade, a implicação da imagem dos

participantes e a tele presença.

Ao ambiente on-line atribui-se a qualidade de ser um meio comunicacional com

alto nível de interação, pois propicia inúmeras ferramentas que permitem esse arranjo.

Lévy (1999) refere-se ao ciberespaço como um espaço de comunicação aberto pela

interconexão mundial dos computadores que condiciona o caráter plástico, fluido,

calculável com precisão, tratável em tempo real, hipertextual e interativo. Gomes (2012,

p. 53) acrescenta que, “a condição de virtualização da informação é a marca distintiva

do ciberespaço”.

Alcançando o contexto virtual o comportamento ‘boca a boca’ encontra alguns

fatores agravantes, tratam-se da velocidade com que a informação se dissemina nesse

ambiente e a suavisibilidade característica, elementos que ocasionam o maior alcance

26

de consumidores. Segundo Bargh e Mckenna (2004), a internet encoraja a auto

expressão e facilita a formação de relacionamento com base no compartilhamento de

ideias, esse relacionamento viria a gerar os sentimentos de coletividade, cooperação e

proteção, aproximando os usuários e atribuindo confiança e credibilidade a interação.

Litvin, Goldsmith e Pan (2008), estudaram os aspectos inerentes ao processo de

disseminação do ‘boca a boca’. Com respeito à disseminação do ‘boca a boca’, a

conclusão geral é que o ‘boca a boca’ favorável aumenta a probabilidade de compra,

enquanto o negativo tem o efeito oposto. Tal constatação manteve-se inalterada desde

o estudo de Arndt (1967). Um estudo posterior de Mahajan, Muller e Bass (1990)

estendeu o trabalho de Arndt (1967) e descobriu que o ‘boca a boca’ poderia influenciar

nas avaliações dos produtos.

Gruen, Osmonbekov e Czaplewski (2005) estudaram uma forma específica de

comportamento ‘boca a boca’, a linha “know-how forum” (fórum de experts) e

determinou que o ‘boca a boca’ além de impactar no valor percebido pelo consumidor,

também exerce impacto em sua intenção de fidelidade. Assim, a troca de informações

sobre o produto, capacita os consumidores e diminui a assimetria de informações entre

produtores e consumidores (WHYTE, 1954; PRICE; FEICK; GUSKEY, 1995; OZCAN;

RAMASWAMY, 2004 apud LITVIN; GOLDSMITH; PAN, 2008), resultando na

aceleração ou desaceleração dos processos de aceitação e adoção do produto (Bass,

1969).

A respeito dos sobre o ‘boca a boca’ no âmbito do turismo, percebe-se que suas

linhas de pesquisa são variadas e abordam diferentes momentos do processo de

disseminação da informação de consumo.

Autores Pesquisas sobre o boca a boca no Turismo

Dearden e Harron (1992)

Estudaram proposições e teorias de estudos anteriores4. Observaram uma nova tendência em que turistas inovadores e aventureiros, ao descobrirem novos destinos e produtos turísticos, passam a atuar como líderes de opinião, compartilhando suas experiências com seus "conhecidos intrépidos '', gerando a difusão e a comercialização por impulso de novos destinos e produtos de viagem inovadores.

4 Foram considerados: a tipologia "viajante, explorador e turista massificado" de Cohen (1972); a "teoria alocêntrica e psicocêntrica" de Plog (1974) e; o "modelo de ciclo de vida da área turística" de Butler (1980).

27

Morgan, Pritchard e

Piggott (2003)

Realizaram um estudo na Nova Zelândia, observando que o boca a boca negativo pode ter um impacto devastador sobre a imagem de um destino, como quando visitantes insatisfeitos espalham comentários de desagrado sobre as suas experiências.

Crick (2003)

Realizou um estudo no Caribe, descobrindo que quando os moradores exibem sentimentos hostis para com os turistas, o resultado é boca a boca negativo, acarretando num provável declínio no setor.

O'Neill, Palmer, e Charters (2002)

Estudaram o turismo dos vinhos na Austrália, descobrindo que as recomendações boca a boca dos visitantes impulsionam as vendas de vinho, a medida que líderes de opinião voltavam ao seu local de origem e relatavam as suas experiências.

De Shanka, Ali-Knight, e

Pope (2002)

Estudaram os métodos de seleção de um destino turístico, constando que a maioria das decisões de viagem para a Austrália Ocidental foram baseadas em comunicações boca a boca.

Díaz-Martín, Iglesias,

Vázquez e Ruiz

(2000)

Encontraram em seu estudo com turistas espanhóis, que, embora o boca a boca positivo aumente as expectativas dos turistas, ele também dificulta o trabalho dos prestadores no que diz respeito ao atendimento de tais expectativas.

Morgan, Pritchard e

Pride (2002)

Estudaram sobre o marketing turístico de Gales, percebendo o boca a boca como uma ferramenta eficaz na propagação da mensagem "visite Wales" pela diáspora5 Welsh.

Litvin, Blose, e Laird (2004)

Em seu estudo, realizado nos EUA, observaram que a escolha dos turistas por restaurantes foi predominantemente influenciada pela comunicação boca a boca gerada por recomendações de líderes de opinião. Os autores sugeriram que os donos de restaurante e o trade turístico buscassem mudar sua abordagem, dando ênfase às estratégias de marketing interpessoal não-tradicionais.

Crotts e Erdmann

(2000)

Realizaram um estudo entre países, que considerou viajantes do Reino Unido, Alemanha, Japão, Brasil e Taiwan. Observaram que a "dimensão da masculinidade-feminilidade6" de Hofstede (1980) ajudou a explicar a probabilidade da propagação do boca a boca por indivíduos de diferentes culturas.

Shea, Enghagen e

Khullar (2004)

Estudaram o case "Your is a very bad hotel7", concluindo que mesmo não sendo a intensão de Farmer e Atchison (2001) tornar sua opinião pública, ela foi rapidamente repassada pelo poder das comunicações eletrônicas e se espalhou entre os viajantes de negócios e acadêmicos do mundo inteiro, gerando mais de 4000 respostas de e-mail para os criadores e uma quantidade imensurável de buzz negativo para o hotel e para o restante da cadeia.

Quadro 2: Pesquisas sobre o boca a boca no turismo

Fonte: Adaptado de LITVIN, GOLDSMITH e PAN (2007, p. 460).

5 Termo que se originou da dispersão dos povos judeus no tempo antigo; serve para descrever qualquer

comunidade étnica ou religiosa que vive dispersa ou fora do seu lugar de origem. 6 Segundo Hoftstede (1980), "masculinidade” significa uma sociedade em que os papéis sociais de gênero são claramente distintos: os homens devem ser assertivos, resistentes e focados no sucesso material; as mulheres devem ser modestas, sensíveis e preocupadas com a qualidade de vida; "feminilidade” significa uma sociedade em que os papéis de gênero se sobrepõem: tanto homens como mulheres devem supostamente ser modestos, sensíveis e preocupados com a qualidade de vida. 7 Uma apresentação de PowerPoint elaborada por Farmer e Atchison no ano de 2001, na qual o

conteúdo expunha o quanto o serviço de hospedagem do hotel Houston DoubleTree deixava a desejar.

28

Litvin, Goldsmith e Pan (2008) elaboraram um modelo conceitual a fim de ilustrar

o processo de disseminação da informação por meio da comunicação ‘boca a boca’

(figura 4). Tal modelo inclui motivações para contribuir com informações de consumo,

fontes de informação e variáveis mediadoras do originador e do receptor.

A partir da ilustração feita pelos autores, fica evidente que o comportamento

‘boca a boca’ é necessariamente gerado pela interação de pelo menos dois indivíduos

(consumidores), na qual um deles atua como o originador da informação, sendo

portando conhecedor da experiência de consumir determinado produto ou serviço. O

outro indivíduo, consumidor em potencial, atua como receptor da informação, obtendo

referências e esclarecimentos a respeito do bem de consumo em questão.

Para Godes e Mayzlin (2004) há uma forte relação entre o ‘boca a boca’ e o

comportamento de consumo. Gomes (2012) afirma que parte dos estímulos que

desencadeiam ações futuras são originados de sinais ou eventos físicos gerados por

outras pessoas. Hulbert e Capon (1972) alegam que a partir do recebimento desses

sinais, o indivíduo os interpreta de acordo com suas representações internas,

dependendo de seus valores pessoais, motivações, conhecimentos e atitudes. Também

29

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60).

30

são levados em conta eventos externos que possam interferir no seu julgamento.

Segundo Gremler e Brown (1998) a influência de clientes fiéis pode ir além de

seu impacto sobre a própria empresa quando, analogamente, ao fazer uma

recomendação um indivíduo exerce um poder de propagação semelhante à ondulação

causada por uma pedra jogada em uma lagoa, seu efeito vai além do deslocamento de

água original e causa grande movimentação sobre a superfície, tal fenômeno recebe o

nome de ‘Efeito de Propagação’ (Ripple Effect) e ilustra o vasto alcance que a influência

de um cliente fiel pode ter sobre outros clientes e para uma organização. Explicam-se

nas seções a seguir os elementos que compõem o processo de propagação da

informação ‘boca a boca’.

2.1 FONTES DO COMPORTAMENTO ‘BOCA A BOCA’

No modelo conceitual de Litvin, Goldsmith e Pan (2008), a experiência de

consumo e a mídia massificada são consideradas as principais fontes de informação do

originador do ‘boca a boca’. Para os autores, no ato de transmitir informações a

respeito de produtos ou serviços, o originador da mensagem se orienta pelas suas

próprias experiências de consumo ou pelas informações propagadas nos meios formais

de comunicação.

Dichter (1966 apud Gomes 2012) denominou as pessoas que propagam

informações de consumo como “influenciadores” e os classifica em sete grupos

distintos:

Experts no assunto: pessoas que possuem um alto grau de conhecimento

sobre o produto ou serviço, ou sobre sua finalidade;

Celebridades: endosso de pessoas reconhecidas publicamente;

Conhecedores do assunto: pessoas que possuem um grau moderado de

conhecimento sobre o assunto;

Grupos de interesse: pessoas com interesses similares aos do receptor da

informação, possuindo perfil reconhecido para indicar determinado produto ou

serviço;

Pessoas íntimas: familiares, amigos e cônjuges;

31

Pessoas de boa vontade: indivíduos que transpareçam boa vontade, altruísmo

e sinceridade na avaliação;

Portadores de provas tangíveis: consumidores que possuam a disposição

provas consistentes do seu relato.

Segundo Gomes (2012), além do nível de satisfação, outros elementos podem

ser considerados como antecedentes da comunicação ‘boca a boca’, a autora indica

que a tipologia de influenciadores proposta por Dichter alinha-se a premissas

apontadas posteriormente por outros autores, como explica-se a seguir:

Especialização relativa: situação em que o consumidor, detentor de um bom

grau de conhecimento sobre determinado assunto, verifica o desejo de

compartilhar sua avaliação, sem ter o nível de satisfação como ponto de partida

para a comunicação (FEICK; PRICE, 1987).

Envolvimento ou comprometimento: situação em que o consumidor se

compromete a fornecer informações devido ao seu grau envolvimento com o

produto/serviço ou com as pessoas que pretendem utilizá-lo (DICHTER, 1966;

RICHINS, 1983a, 1983b).

Troca social: situação em que o consumidor percebe a possibilidade de

melhorias em suas relações sociais a partir da avaliação ou recomendação de

produtos ou serviços (BROWN; REINGEN, 1987).

Lealdade: situação em que consumidores leais praticam o ‘boca a boca’ visando

afirmar sua atitude favorável e confirmar sua identificação com a empresa

(BROWN et al., 2005).

Percepção de valor: situação em que o consumidor avalia a relação entre

sacrifício e utilidade de determinado produto ou serviço (MCKEE et al., 2006).

Confiança: situação em que o consumidor confiante em determinado

produto/serviço, sente-se mais seguro para praticar o ‘boca a boca’ (GREMLER

et al., 2001).

32

Sobre as implicações dos diferentes tipos de fontes no comportamento do

consumidor, Duhan et al. (1997) no âmbito da prestação de serviços médicos,

encontraram que o comportamento ‘boca a boca’ parte tanto de amigos próximos,

família e parentes - denominados laços fortes; como de conhecidos ou estranhos -

denominados laços fracos.

Granovetter (1973) explica que a comunicação gerada por laços sociais fracos

age na formação padrões comportamentais de grande escala, como a difusão de

modas, inovação e rumores de produtos, desencadeando a formação de atitudes que

possam ser amplamente compartilhadas; já os laços fortes são mais influentes na

tomada de decisão devido a confiabilidade da fonte e menos eficazes no fluxo de

informações.

Tendo em vista a eficiência dos laços fracos em produzir um fluxo eficaz de

comunicação, o ambiente on-line torna-se um campo fértil para a disseminação de

informações (Gomes, 2012). Os indivíduos naturalmente aglutinam-se em torno de

habilidades comuns, interesses e experiências, e a internet amplifica esta aglutinação,

encorajando com facilidade a abertura de comunicação entre estranhos (PRAHALAD;

RAMASWAMY, 2004).

Litvin, Goldsmith e Pan (2008) afirmam que vários tipos de mídia eletrônica

exercem impacto sobre as relações interpessoais, mas possuem características

diferentes. Alguns autores propuseram classificações para as mídias eletrônicas, como

seguem:

Pela forma de disseminação: mídias ‘one-to-one’, que conectam um

consumidor a outro, como e-mail; mídias ‘one-to-many’, que conectam um

consumidor a muitos outros, como páginas da internet e; mídias ‘many-to-many’,

conectando muitos consumidores a muitos outros, como as salas de chat da

Internet (HOFFMAN; NOVAK, 1996).

Pelo tempo de disseminação: mídias síncronas, tais como mensagens

instantâneas e; mídias assíncronas, tais como e-mail e blogs

(TECHDICTIONARY.COM, 2006 apud LITVIN; GOLDSMITH; PAN, 2008).

33

Pela modalidade da plataforma utilizada: locais gerados por comerciantes,

que geralmente apresentam um pequeno espaço destinado a publicação de

opiniões de turistas; locais gerados pelo consumidor, em que turistas publicam

suas opiniões, sem interferência comercial e; locais mistos, locais que apesar de

serem explorados comercialmente, possuem amplo espaço destinado a

publicação de opiniões de turistas (BRONNER; HOOG, 2011).

Bronner e Hoog (2011) sugerem outra forma de apreciação das mídias

eletrônicas, julgando-as segundo as características dos locais em que os consumidores

realizam as suas postagens, são elas:

A expressividade – é o caso das opiniões expressadas por meio de

classificações numéricas versus classificações numéricas combinadas com os

comentários textuais, influenciando na quantidade de informação que pode ser

transmitida em uma postagem.

A similaridade percebida – é o caso dos sites que exigem perfis de seus

colaboradores versus sites que não exigem tais perfis, influenciando na

credibilidade da postagem.

A acessibilidade – é o caso dos locais onde as contribuições são acessíveis a

todos versus locais onde as contribuições não são acessíveis.

2.2 VARIÁVEIS MEDIADORAS DO ‘BOCA A BOCA’

É fundamental reconhecer que a experiência do cliente não se limita à interação

com o produto e o serviço no ato de consumo. É na verdade afetada por uma

combinação de experiências que evoluem ao longo do tempo, incluindo todas as fases

de contato com a empresa, podendo envolver múltiplos canais (VERHOEF et al., 2009).

Litvin, Goldsmith e Pan (2008) ressaltam as variáveis mediadoras do ‘boca a

boca’, sendo estas de dois tipos: as que influenciam o originador da mensagem e as

que influenciam o receptor da mensagem. Ambas funcionam como um mecanismo de

filtragem da informação, a primeira interfere na opinião a ser transmitida pelo originador,

34

enquanto a segunda interfere na tomada de decisão de compra pelo receptor. As

variáveis mediadoras do originador da mensagem são:

Relacionamento com os empregados da empresa: se dá quando o originador

do ‘boca a boca’ considera o atendimento prestado um fator relevante em sua

experiência de consumo (GREMLER; GWINNER; BROWN, 2001);

Envolvimento com o produto: se dá quando a experiência com um produto ou

serviço cria uma tensão, positiva ou negativa, que é posteriormente transmitida

por meio de uma conversa (DICHTER apud GOMES,1966);

Processo de consumo: se dá durante a experiência de consumo e relaciona-se

ao fator “surpresa”, caracterizado por acontecimentos não premeditados pelo

consumidor, potencializando suas impressões positivas ou negativas (DERBAIX;

VANHAMME, 2003).

Entre variáveis mediadoras do receptor da mensagem encontram-se:

Avaliação da fonte: se a fonte é considerada confiável. Dichter (1966 apud

Gomes, 2012) identificou duas condições-chave para que o receptor considere o

relato do originador, a primeira é o “interesse no bem-estar”, que indica que o

originador deve transmitir a ideia de que realmente está interessado no bem-

estar de quem está recebendo sua mensagem. A segunda condição-chave é o

“relato convincente”, que é composto por elementos que denotem veracidade à

experiência relatada.

Familiaridade com a marca: se o receptor da mensagem conhece ou ouviu falar

da marca ou empresa em questão.

As percepções dos clientes acerca de determinada marca podem influenciar na sua experiência. Isso ocorre porque os clientes criam expectativas de acordo com o que pensam sobre determinada marca, o que também determina o comportamento do consumidor (GOMES, 2012, p.40).

35

Integração social: se o produto ou serviço está de acordo com os valores do

grupo social ao qual pertence o receptor. Segundo Arndt (1967) o grau

sociométrico influencia diretamente na predisposição do indivíduo em receber

informações ‘boca a boca’.

Memória: se o receptor possui alguma recordação a respeito do produto/serviço

ou se já o experimentou. Segundo Gomes (2012), o consumidor busca

informações utilizando a memória, pesando evidências para a tomada de

decisão, fazem parte do processo aspectos subjetivos como a gratificação e o

prazer imediato.

2.3 MOTIVAÇÕES INERENTES AO COMPORTAMENTO ‘BOCA A BOCA’

Na literatura são encontradas motivações variadas para a transmissão de

informações de consumo, entre as principais características deste comportamento

estão: o relato da experiência de consumo e o compartilhamento de sensações e

impressões. São expostas a seguir as definições das motivações encontradas e alguns

exemplos de comentários ‘boca a boca’ referentes a prestação de serviços hoteleiros:

Emocional – também chamada de “afetiva”; é representada pela expressão de

elementos como satisfação, prazer, tristeza, alegria, entre outros (DICHTER,

1966; NEELAMEGHAM; JAIN, 1999; NYER, 1997; HENNIG-THURAU et al.,

2004; LITVIN; GOLDSMITH; PAN, 2008).

“Fiz duas reservas (...) quando cheguei para me hospedar, me informaram que uma das minhas reservas havia sido cancelada (...) me senti muito insegura quanto às reservas e acho que isso não pode acontecer” (TRIPADVISOR, 2014. Grifos nossos).

Desabafo – também chamada de “homeostase”; é caracterizada pelo

descarregamento da tensão interna criada a partir de fortes sentimentos

associados a experiência com o produto (WESTBROOK, 1987; LITVIN;

GOLDSMITH; PAN, 2008; HENNIG-THURAU et al., 2004).

36

“Um hotel (...) no centro do Rio de Janeiro que não tem serviço de quarto e nem água no frigobar não dá para cobrar 400,00 numa diária de domingo para segunda! Um absurdo! Funcionários nada simpáticos e zero a fim de tentar resolver qualquer coisa” (TRIPADVISOR, 2014. Grifos nossos).

Reciprocidade – é representada pela afeição por aqueles que lhe forneceram

informações previamente, os tornando mais tendenciosos a também transmitirem

as suas impressões (DICHTER, 1966; NEELAMEGHAM; JAIN, 1999; NYER,

1997; DELLAROCAS; FAN; WOOD, 2004).

“Um amigo me indicou esse hotel e foi ótimo! Me surpreendeu positivamente, todo reformado, com decoração moderna e de bom gosto. Os quartos são amplos (p/ padrão europeu e pelo bom preço). Computador à disposição e café da manhã muito bom pelo preço que paguei. A região não é muito agradável, mas tem uma estação de metrô a cerca de 200 m” (TRIPADVISOR, 2014. Grifos nossos).

Altruísmo – também chamada de “preocupação social”; é caracterizada pela

preocupação com outros consumidores; pela intenção de apoio ou estímulo ao

sucesso de uma empresa; pelo desejo de produzir resultados; pelo desejo de ser

útil para com os outros; pelo desejo de realizar trocas com os outros e; pela

expectativa de também receber conselhos (HENNIG-THURAU et al., 2004;

BRONNER; HOOG, 2011).

“A disposição das camas é feita de modo que temos que ter cuidado para não tropeçar ou mesmo bater a cabeça. Me senti confinada. O restaurante para café da manhã é péssimo! (...) o conforto é zero. Não recomendo e não volto” (TRIPADVISOR, 2014. Grifos nossos).

Auto-direcionada – também chamada de “benefícios próprios”; é representada

pela auto expressão; pela auto valorização; pela busca de status, poder ou

prestígio; pela busca de vingança; pelo ganho de autoestima; pela auto

descoberta; pela auto referência; pelo recebimento de recompensas econômicas

37

e; pelo aperfeiçoamento pessoal (HENNIG-THURAU et al., 2004; BRONNER;

HOOG, 2011).

“Amei minha estadia (...) foi minha primeira vez em Istambul, e eu ficaria aqui de novo sem pensar duas vezes. O quarto era perfeito, e o hotel fica perto da Cidade Velha; dá para ir a todos os lugares a pé. Fiquei no quarto Hurrem. (...) Eu estava viajando sozinha, mas me senti muito segura e bem cuidada (...). Agradeço especialmente aos funcionários Engin, Emre, Davilet e Aykut por tornar minha estadia maravilhosa. Grande abraço” (TRIPADVISOR, 2014. Grifos nossos).

Benefícios sociais – também chamada de “sobrevivência em grupo de

indivíduos”; é caracterizada pelo desejo de facilitar as relações sociais; pela

afeição ao grupo; pela interconexão dos indivíduos; pelo sentimento de

pertencimento; pelo compromisso com o grupo; pelo encontro de amigos e

pessoas agradáveis; e pela formação de grupos de referência (ALLPORT;

POSTMANN, 1947; HENNIG-THURAU et al., 2004; BRONNER; HOOG, 2011).

“Para sofisticados apreciadores da natureza. A charmosa Pousada Paraíso (...) se destaca, dentre outros fatores, por ser tocada pelos simpáticos proprietários (...) Mas a Pousada já se tornou também famosa como um hot spot para os amantes da natureza, em especial, os observadores e fotógrafos de aves que podem registrar mais de 200 espécies de aves da Mata Atlântica ao longo das trilhas com várias cachoeiras e belo panorama! E ainda é possível plantar uma árvore e participar do reflorestamento da Mata Atlântica na região da Pousada! Definitivamente recomendada!” (TRIPADVISOR, 2014. Grifos nossos).

Empoderamento do consumidor – também chamada de “garantia da

qualidade”; é representada pelo exercício do poder sobre as empresas; pela

busca de reparação; pela imposição da excelência na execução do serviço; pelo

exercício de influência sobre as empresas e; pela busca de intermédio entre e o

operador da plataforma informacional e a empresa (HENNIG-THURAU et al.,

2004; BRONNER; HOOG, 2011).

38

“FURTO de celulares, COMIDA horrível e DESRESPEITO com o turista. O que se espera de um Hotel avaliado como 5 estrelas é (...), porém esse hotel tem tudo de PIOR e HORRÍVEL, a começar com a diretoria espanhola que não tem a menor noção de como tratar turistas (...). No 3º dia furtaram meus dois celulares na sacada do 1ºandar e o hotel não fez nada. Aliás fizeram promessas, nos enrolaram, tentaram nos calar dando cortesias de massagens, camisetas e jantares (...). Saímos do hotel antes do nosso pacote terminar. Exijo o dinheiro dos dias que não ficamos no hotel de volta, o restante a incompetência de todos os supervisores e diretores se encarregaram de afundar o Hotel, tenho pena do diretor geral que estava de férias (...)” (TRIPADVISOR, 2014. Grifos nossos).

Funcional – caracterizada pela intenção de economia de tempo; pelo objetivo de

determinação do valor; pelo intuito de aprendizado do consumo; pela obtenção

de informações; pela busca da resolução de problemas; pela tomada de

decisões e; pela busca de assessoria pós-compra (HENNIG-THURAU et al.,

2004; BRONNER; HOOG, 2011).

“Melhor opção para viagens Curtas. Este é o melhor hotel custo benefício para viagens rápidas ao Rio de Janeiro. Basta comprar as passagens para o Santos Dumont, irá economizar no taxi entre aeroporto hotel aeroporto. Pois basta atravessar a passarela em frente ao aeroporto, já estará no Hotel.” (TRIPADVISOR, 2014. Grifos nossos).

Ressalta-se que o compartilhamento de informações sobre experiências de

consumo pode estar vinculado a mais de uma motivação, uma vez que o originador da

mensagem avalia itens distintos de um mesmo produto ou serviço, na área de

hospedagem são avaliados, por exemplo, o preço, a localização, o café da manhã, a

limpeza do estabelecimento, a cordialidade dos empregados, entre outros itens.

Voltando-se ao ‘boca a boca eletrônico’, Bronner e Hoog (2011) delinearam uma

tipologia dos chamados “postadores”, dividindo-os em dois tipos:

Mais auto direcionados – caracterizam-se por postarem mais em sites gerados

pelo comerciante; contemplam um menor número de aspectos em suas

postagens; a natureza das suas postagens é geralmente negativa; escolhem se

39

expressar exclusivamente por meio de textos; e postam em sites de conteúdo

não acessível a todos.

Mais direcionados aos outros – caracterizam-se por postarem mais em sites

gerados pelo consumidor; contemplam um maior número de aspectos em suas

postagens; a natureza de suas postagens é geralmente positiva; se expressam

por meio de textos e classificações; e postam em sites de conteúdo acessível a

todos.

Com respeito às motivações para o ‘boca a boca eletrônico’, Balasubramanian e

Mahajan (2001) propuseram um quadro teórico dos benefícios a elas relacionados. Tal

quadro é composto por três tipos de benefícios, obtidos por meio da interação social em

comunidades virtuais: benefícios relacionados ao foco, benefícios de consumo e

benefícios relacionados à aprovação. A estes benefícios Hennig-Thurau et al. (2004)

acrescentaram outros dois: benefícios relacionados ao moderador e benefícios de

homeostase, como são explicados a seguir:

Benefício relacionado ao foco – é a vantagem auferida pelo consumidor

quando ele agrega valor à comunidade por meio de suas contribuições. São

considerados quatro motivos: ajudar outros consumidores, benefício social

(identificação e/ou integração social), ajudar a empresa (altruísmo para com a

empresa); exercer poder sobre empresas (impor sua opinião, exigir níveis de

qualidade)

Benefício de consumo - é o benefício que o consumidor obtém por meio da

leitura de contribuições de outros membros da comunidade, melhorando sua

capacidade de escolha de produtos e serviços.

Benefício relacionado à aprovação – é a satisfação que o consumidor obtém

quando outros membros consomem com base em suas contribuições e as

aprovam.

Benefício relacionado ao moderador – é a benefício obtido pelo consumidor

que, encorajado pela contribuição de terceiros, expressa as suas opiniões.

40

Benefício de homeostase – é o benefício no qual o consumidor se utiliza de

postagens sobre o serviço para se sentir emocionalmente estável, expressando-

se em tom de desabafo.

2.4 RESULTADOS DA COMUNICAÇÃO ‘BOCA A BOCA’

De acordo com o modelo conceitual de Litvin, Goldsmith e Pan (2008), como

consequências da troca interpessoal de informações de consumo, são gerados a

lealdade do consumidor, a avaliação do produto, a decisão de compra, o

empoderamento do consumidor e a aceitação do produto ou serviço, sendo explicados

a seguir:

Lealdade do consumidor – quando os consumidores desenvolvem um

sentimento de confiança e ficam mais seguros para exercer o comportamento

‘boca a boca’ positivo (GOMES, 2012, p. 70). Voltando-se ao turismo, McKercher

et al. (2012) propuseram recentemente os conceitos de: lealdade vertical,

horizontal e experiencial. O primeiro refere-se a quando os turistas podem exibir

lealdade em diferentes níveis do sistema de turismo ao mesmo tempo (por

exemplo, a um agente de viagens e uma companhia aérea); o segundo a quando

os turistas podem ser leais a mais de um fornecedor no mesmo nível do sistema

de turismo (por exemplo, mais do que uma marca de hotel); e o terceiro a

determinados estilos de férias (por exemplo, camping e backpacking);

Avaliação do produto – quando o ‘boca a boca’ origina um parecer do

consumidor sobre aspectos referentes a utilidade, qualidade, usabilidade e

vantagens de determinado produto ou serviço. Tal resultado serve de parâmetro

para o processo de escolha de outros consumidores e contribuem para com as

empresas, no que tange a melhoria da prestação de serviços, aprimoramento de

seus produtos e adaptação da sua oferta as demandas reveladas.

Decisão de compra – quando o ‘boca a boca’ serve de referência para a

tomada de decisões de outros consumidores, implicando não decisão pela

aquisição ou não de um produto ou serviço.

41

Empoderamento do consumidor – quando o ‘boca a boca’ serve de

instrumento para a exigência de padrões de qualidade, solicitações de reparação

financeira ou emocional, exercício de influência sobre as empresas e; busca de

intermédio para com a empresa (HENNIG-THURAU et al., 2004; BRONNER;

HOOG, 2011).

Aceitação do produto – quando o ‘boca a boca’ atua como o fator

impulsionador ou desestimulador no processo de adoção do produto ou serviço,

resultando na boa ou má aceitação e adesão por parte dos consumidores.

Compreendendo-se o processo de disseminação da experiência de consumo por

meio da comunicação ‘boca a boca’, apresentam-se no capítulo a seguir outras

dinâmicas de compartilhamento de informações no ambiente on-line.

42

3 OUTRAS DINÂMICAS DE COMPARTILHAMENTO NO AMBIENTE ON-LINE

Coexistindo com o comportamento ‘boca a boca’, outras dinâmicas de

disseminação da informação apresentam aspectos que o permeiam. Neste capítulo

serão apresentadas as dinâmicas ‘co-criação de valor e ‘user-generated content’

(conteúdo gerado pelo usuário), consideradas pertinentes à temática por estarem

interligadas ao assunto.

3.1 A CO-CRIAÇÃO DE VALOR

Alguns autores explicam que no processo tradicional da criação de valor, a

empresa e o consumidor exercem papéis distintos. A empresa oferece produtos e

serviços de acordo com as necessidades e desejos dos clientes, concentrando o valor

na transação e na utilidade do bem. O consumidor fica a parte da criação de valor,

caracterizando uma comunicação unilateral da empresa para com o mercado-alvo,

desta maneira, o diálogo é restrito (KOTLER, 2002; RAMASWAMY, 2007; GOMES,

2012).

Uma nova abordagem desse processo posiciona o consumidor como

colaborador na criação de valor. Segundo Normann e Ramirez (1993) a ênfase deste

processo está em tornar produtos e serviços mais inteligentes e também capacitar os

consumidores. Os autores apontam que tais objetivos se alcançam por meio do diálogo

baseado na interação, a partir da reformulação de competências e da criação de

sistemas maleáveis, informativos e responsivos. Na ‘co-criação de valor’, não há a

distinção clara dos papéis propostos pela abordagem tradicional de criação de valor

(GOMES, 2012).

Korkman (2006) atribui ao processo as qualidades de ser dinâmico, interativo,

não linear e, muitas vezes, até inconsciente. Wikstrom (1996) define a ‘co-criação de

valor’ como um processo que envolve a interação da empresa e dos consumidores em

dinâmicas que antes eram dominadas apenas pelas empresas. Segundo o autor, o

cliente participa dos processos de concepção de bens e serviços, por meio da troca de

43

conhecimento entre as partes com respeito ao design, produção, marketing, consumo e

descarte dos produtos.

Vargo e Lusch (2004, p. 10) diferenciam ‘co-produção de valor’ e ‘co-criação de

valor’. Segundo os autores o conceito de ‘co-criação de valor’ não está relacionado à

produção de bens, o valor somente poderá ser atribuído por meio da experiência do

consumidor com o produto ou serviço adquirido. O consumidor não é um co-produtor, e

sim o executor de um trabalho imaterial que envolve a criação cultural e afetiva, de

forma independente dos objetivos estratégicos das empresas (COVA; DALI, 2009).

Segundo Prahalad e Ramaswamy (2000), os clientes devem sentir a proximidade

com os meios que as empresas criam para atender às suas expectativas. Gomes

(2012, p. 30) acrescenta que “as empresas precisam aproveitar as competências dos

clientes na gestão de experiências personalizadas, as quais requerem a cooperação

dos consumidores”. A autora entende que os ambientes virtuais são facilitadores da

troca de informações entre consumidores e servem como balizadores para as decisões

de consumo, gerando aprendizado mútuo por meio da colaboração (GOMES, 2012).

Prahalad e Ramaswamy (2004) afirmam que, além do desenvolvimento e

aplicação de ações que satisfaçam o consumidor, a co-criação permite:

Construir o valor a partir da experiência do serviço em seu próprio contexto;

Definir e solucionar problemas em conjunto;

Entender que as experiências podem ser diferentes de consumidor para

consumidor;

Propiciar ambientes de diálogo ativo, favorecendo a criação de experiências

personalizadas;

Proporcionar o diálogo contínuo;

Oferecer experiências em tempo real;

Gerar inovações por meio da experimentação.

Prahalad e Ramaswamy (2004) atribuem à interação quatro princípios

fundamentais: o diálogo, o acesso, o risco e a transparência, que atuam como as bases

dessa dinâmica. São explicados a seguir os princípios do “modelo DART”.

44

Diálogo – gerado a partir da interatividade, do engajamento profundo e da

disposição de ambos para discutir. Se ambas as partes confiam uma na outra,

por meio do diálogo podem gerar valor (GOMES,2012).

Acesso – propicia novas formas de experiência com produtos e serviços, uma

vez que a posse não mais implica acesso ao valor, desvencilhando-se da visão

tradicional do sistema de mercado. Conforme Prahalad e Ramaswamy (2004),

muitos consumidores optam pelo acesso sem a propriedade, e isso pode ser

muito rentável para as empresas, expandindo a experimentação de produtos ou

serviços para mercados potenciais.

Risco, ou a redução do risco – enquanto as empresas disponibilizam mais

informações sobre os riscos pessoais e sociais de sua oferta, o consumidor se

torna apto a realizar suas escolhas com segurança e compartilhar os riscos da

compra com a empresa. Ao contrário de uma comunicação defensiva, a

comunicação de risco proativa oferece novas oportunidades para que as

empresas se diferenciem no mercado (GOMES, 2012).

Transparência – não está ligada apenas a questões financeiras, de fusões

empresariais ou ações de impacto social e ambiental, mas ao processo de troca

de valor com o cliente. A possibilidade de os clientes acompanharem em tempo

real a produção de bens, sistemas de logística, prazos de entrega de produtos,

entre outras possibilidades, colabora para a interação e, consequentemente,

para a co-criação de valor (ibidem).

A dinâmica de co-criação de valor apoia-se na geração de conteúdo pelos

consumidores, usuários de plataformas de interação, que se explica na seção a seguir.

3.2 USER-GENERATED CONTENT (UGC)

Em português, conteúdo gerado pelo usuário. Trata-se de uma das principais

características das mídias sociais8: a possibilidade dos usuários serem os criadores do

8 Tratam-se das ferramentas, plataformas e práticas utilizadas para o compartilhamento de opiniões e

experiências via internet (SPYER, 2007).

45

conteúdo dos sites. De acordo com Arriga e Levina (2008), constitui-se de arquivos,

informações e mídias produzidas pelo público em geral e disponibilizadas na “nuvem

informacional”, estabelecida no meio virtual.

Segundo Souza, Moreira e Machado (2009), ‘computação em nuvem’ (Cloud

Computing) é o nome atribuído ao recurso que proporciona serviços da Tecnologia da

Informação (TI) de acordo com a demanda dos usuários, com pagamento baseado no

uso. Os autores explicam que, assim que surgiu, este recurso limitava-se a uma

determinada classe de usuários e focava-se em disponibilizar uma demanda específica

de informações, principalmente sobre informática.

Com o surgimento de versões gratuitas, tal recurso se popularizou, provendo

serviços para as massas que vão desde o usuário final que hospeda seus documentos

pessoais na internet até empresas que terceirizam sua infraestrutura de TI para outras

empresas (SOUZA; MOREIRA; MACHADO, 2009).

A computação em nuvem permite que os usuários acessem e compartilhem seus

arquivos pessoais não exigindo um profundo conhecimento sobre a tecnologia utilizada

e não dependendo da sua localização, aumentando a quantidade de informação

circulante.

Segundo Laboy e Torchio (2007), esse conteúdo é considerado um aliado aos

turistas na hora de planejar suas viagens, mudando profundamente a dinâmica da

atividade turística, uma vez que podem entrar em contato com outros indivíduos de

interesses semelhantes através da rede.

Para O’Connor et al. (2008), sem dúvida a internet desempenha um papel

importante no processo de planejamento de viagens, no qual os comentários de

usuários são claramente o tema on-line que mais recebe atenção.

Os consumidores fornecem um feedback quantitativo e qualitativo sobre

destinos, hotéis ou outras experiências de viagem que tenham visitado, logo tal

conteúdo é reunido para gerar escores de satisfação geral. Assim, no lugar de fotos

editadas e manipuladas em brochuras, folhetos ou anúncios, a percepção de um

hóspede em potencial pode ser realmente determinada por comentários ou fotos

espontâneas postadas por pessoas que estiveram lá anteriormente (ibidem, p.51).

46

O’Connor et al. (2008) apontam que comentários gerados pelo usuário e

pontuações, agora são rotineiramente disponibilizados em sites on-line de agências de

viagens como, por exemplo, Expedia.com e Priceline.com. Tais comentários impactam

na ordem de exibição dos serviços ali ofertados e, potencialmente, influenciam na

escolha do consumidor.

No entanto, como afirmam Gretzel e Yoo (2008) atribui-se menos credibilidade

aos comentários publicados em tais sites, pois ao serem comparados aos comentários

publicados em sites de avaliação, os primeiros são percebidos como menos objetivos

por conta dos interesses comerciais do site.

Muitos autores que estudaram a dinâmica do UGC, consideram o TripAdvisor o

mais relevante site de conteúdo gerado pelo turista (LITVIN; GOLDSMITH; PAN, 2008;

MIGUÉNS et al. 2008; O’CONNOR et al., 2008; VÁSQUEZ, 2010; JEACLE; CARTER,

2011). Na próxima seção a sua dinâmica de geração de conteúdo será detalhada.

3.2.1 User Generated Content - o exemplo do site TripAdvisor

As principais funções do site TripAdvisor são o recolhimento e a difusão de

conteúdos gerados pelo usuário, como opiniões, classificações, fotos e vídeos, no

âmbito da experiência turística. Consumidores de viagens podem acessar o site e

consultar o feedback quantitativo e qualitativo sobre qualquer hotel, restaurante ou

outra atração de viagens, todos postados por outros viajantes. Segundo O’Connor et al.

(2008), o conteúdo gerado no TripAdvisor é considerado livre de influência comercial.

O TripAdvisor é o maior site de viagens do mundo e ajuda turistas a planejarem a

viagem por meio de dicas confiáveis de viajantes reais e recursos de planejamento e

links para as ferramentas de reserva (COMSCORE, 2014). Os sites do TripAdvisor

juntos formam a maior comunidade de viagens do mundo, com aproximadamente 280

milhões de visitantes por mês9 em 2013 e 170 milhões de avaliações e opiniões,

cobrindo mais de 4 milhões de acomodações, restaurantes e atrações. A incorporação

9 Fonte: Google Analytics. Média mensal de usuários únicos, 2º trimestre de 2014; não inclui tráfego do

site “daodao.com” - China.

47

TripAdvisor10 administra e opera sites sob domínio de outras 24 empresas de mídia de

viagens e opera em 45 países.

Conforme O’Connor et al. (2008), ao adicionar seus próprios comentários no site,

os usuários são convidados a classificar cada experiência em uma escala de cinco

pontos (de excelente a terrível), considerando questões como check-in, localização,

qualidade e conforto do quarto. Os revisores também são perguntados se eles

recomendariam o estabelecimento em questão para o seu melhor amigo; se estavam

viajando sozinhos, em casal ou com a família; e se sentem que aquela experiência se

adequa a diferentes tipos de viagens (como um refúgio romântico, uma viagem em

família com crianças, etc.). O site ainda oferece a oportunidade de fazer upload de fotos

e vídeos que apoiem aquela avaliação (O’CONNOR et al. 2008, p. 52).

A dinâmica de geração de conteúdo pelos usuários do TripAdvisor é detalhada a

seguir conforme o levantamento realizado pela ComScore (2014):

Mais de 170 milhões de avaliações e opiniões de viajantes de todo o mundo

Mais de 4 milhões de empresas e propriedades avaliadas em 140.000 destinos,

incluindo:

o 850.000+ hotéis, pousadas e hospedagens especializadas

o 630.000+ serviços de aluguel

o 2.300.000 restaurantes

o 450.000 atrações

Mais de 23 milhões de fotos espontâneas do viajante

Mais de 100 novas contribuições postadas a cada minuto

Mais de 60 milhões de membros em todo o mundo

Em média, cerca de 2.800 novos tópicos são postados todos os dias em seus

fóruns

Mais de 90 por cento das perguntas postadas nos fóruns em língua inglesa são

respondidas por outros viajantes no prazo de 24 horas

10 NASDAQ: TRIP - composta pelos sites AirfareWatchdog, BookingBuddy, CruiseCritic, EveryTrail, Family Vacation Critic, FlipKey, GateGuru, Holiday Lettings, Holiday Watchdog, Independent Traveler, Jetsetter, lafourchette, Niumba, Onetime, Oyster, SeatGuru, SmarterTravel, Tingo, Travel Pod, Tripbod, VacationHomeRentals, Viator, VirtualTourist, Kuxun.

48

É perceptível que o conteúdo gerado por seus usuários cresce a cada instante,

Lee, Law e Murphy (2011) nomeiam este contingente de colaboradores on-line como

‘massa crítica’, destacando entre eles os denominados ‘revisores úteis’, que seriam

aqueles que viajam mais, postam avaliações ativamente, pertencendo a todas as

idades e grupos de gênero e geralmente apresentam um discurso mais rigoroso, além

de atribuírem notas mais baixas em suas classificações.

O índice denominado ‘classificação de viajantes do TripAdvisor’ é usado para

determinar a ordem em que os estabelecimentos de cada destino turístico serão

exibidos para os visitantes subsequentes, sendo assim os estabelecimentos mais

populares se posicionam no topo da lista. Segundo Jeacle e Carter (2011), por meio do

mecanismo de ranking alimentado por seus usuários, o site ilustra um sistema abstrato

mediado pela internet, tal característica é o principal fator gerador de confiabilidade

nesta plataforma comunicacional.

Os estabelecimentos (hotéis, restaurantes, atrativos, etc.) possuem a chance de

deixar uma resposta da gestão para cada avaliação, não havendo a possibilidade de

pedidos de remoção das avaliações. O’Connor (2010), descobriu que alguns hotéis

estão gerindo ativamente a sua reputação no site TripAdvisor, fato que, apesar da

facilidade que teriam para responder às críticas, desperta nos gestores o

questionamento de quais seriam as maneiras adequadas de se fazer tal coisa.

3.3 O PAPEL DAS EMPRESAS NO GERENCIAMENTO DAS INTERAÇÕES ON-LINE

Godes e Mayzlin (2004) ressaltam que o ‘boca a boca’ eletrônico e a geração de

conteúdo pelos consumidores apresentam alto potencial para a criação de uma

comunicação, não somente entre consumidores, mas também entre empresa e

consumidor. A comunicação on-line entre consumidores torna-se uma importante fonte

de informações, substituindo e/ou complementando outras formas tradicionais de

comunicação nos contextos empresa-consumidor e consumidor-consumidor

(CHEVALIER, 2006).

49

Ballantyne e Varey (2006), alegam que a interação entre empresa e consumidor

acontece de três maneiras, conforme o tipo de comunicação que a empresa decide

adotar:

Interação informacional – a empresa se comunica através da emissão de

mensagens com intenção informativa, de maneira unilateral;

Interação comunicacional – a empresa ouve e informa (premissas-chave da

interação);

Interação dialogal – a empresa atinge um modo avançado de se comunicar,

dando abertura para a ‘co-criação de valor’, visando vantagens competitivas

sustentáveis.

Segundo Godes e Mayzlin (2004), a mensuração e a análise qualitativa desta

comunicação propiciarão um efetivo gerenciamento do ‘buzz marketing’ (repercussão

on-line de determinado assunto), como um gerenciador de estratégias. Gomes (2012)

acrescenta que existe uma estreita relação entre os mundos off-line e on-line, pois as

decisões baseadas em informações do ambiente virtual pautam-se em interações

representadas fora desse ambiente.

Seria redundante afirmar que as mídias sociais – como comunidades virtuais, blogs, sites de relacionamento, sites e outras ferramentas – são importantes recursos gerenciais e que devem ser utilizadas não apenas para propaganda, mas para promover o envolvimento entre empresa e consumidores. As empresas não podem mais se restringir aos meios que elas próprias promovem no ambiente on-line, pois a internet é um espaço aberto, explorado em todas as suas facetas pelo consumidor e assim deve ser considerado pelas organizações. É necessário que as empresas ouçam, aprendam, dialoguem e absorvam essa inteligência valiosa (GOMES, 2012, p. 56).

Como alternativa para a administração do comportamento ‘boca a boca’, Godes

et al. (2005) sugerem quatro papéis que as empresas podem assumir no

gerenciamento das interações sociais no ambiente on-line. Estes papéis não são

excludentes entre si:

50

Observador: a empresa observa os comentários e as avaliações sobre seus

produtos e serviços e realiza a coleta e o tratamento dos dados. O aprendizado

gerado pela observação é grande, mas há o desafio da correta medição e

interpretação dos dados. É importante que essas ações sejam complementadas

por outros meios de coleta de dados, como pesquisas realizadas junto aos

consumidores com ferramentas off-line e a análise de vários canais de

comunicação (GOMES, 2012).

Moderador: neste papel, a empresa vai além da simples coleta de informações

sobre conversas; ela toma medidas para fomentar estas interações sociais.

Exemplos deste papel podem ser: o estabelecimento de comunidades para

permitir que clientes e interessados possam trocar informações a partir de uma

abordagem popular; a criação de espaço para colaborar na resolução de

questões mais complexas em torno do produto ou serviço; e programas de

recomendação de clientes, premiando consumidores que praticam a

comunicação positiva da empresa (ibidem).

Mediador: neste papel a empresa toma o controle das informações e as divulga.

É uma distinção sutil do papel do moderador, em que a principal diferença está

no controle da informação que será divulgada. Um exemplo disso é utilizar casos

de sucesso como testemunhos de referência para outros clientes (ibidem).

Participante: as empresas também têm a opção de participar diretamente das

conversas com consumidores a medida que correspondem e se posicionam no

contexto da comunicação ‘boca a boca’ (ibidem).

Godes e Mayzin (2004) explicam que quando os consumidores tomam a decisão

de participar de uma plataforma de compartilhamento de experiências, seus principais

objetivos são exercer influência na decisão de outros consumidores e buscar opiniões

sinceras sobre os produtos ou serviços que deseja consumir. Nesse contexto, as

empresas encontram uma grande oportunidade para atuar na resolução de problemas,

na melhoria da comunicação com os clientes e na abertura para a co-criação de valor,

pautando-se no rico material gerado nessas plataformas.

51

Por outro lado, algumas empresas tiram proveito do fato que nem sempre os

consumidores cogitam estarem sendo observados, realizando interferências em sua

comunicação. A próxima seção apresenta reflexões relevantes a este respeito.

52

3.3.1 Discussões éticas

O contato com outros consumidores tornou-se uma relevante fonte de

informação para as tomadas de decisões. Segundo Gomes (2012), à medida que os

consumidores estão escolhendo produtos e marcas a partir da comunicação mediada

por computador, o processo que inicialmente se limitava ao acesso dos sites das

empresas e das propagandas por elas geradas, se tornou suscetível a outros formatos

de difusão de informações e ao compartilhamento de ideias. A autora atenta para a

seguinte situação:

Há empresas especializadas em interferências em comunidades de consumidores com o intuito de provocar ações viralizadas. Geralmente este papel é assumido anonimamente, o que abre questionamentos éticos acerca desses procedimentos. A estratégia de manipulação pode aumentar ou diminuir o valor da informação para os consumidores, de acordo com a forma como for utilizada (GOMES, 2012, p.48).

Litvin, Goldsmith e Pan (2008) referem-se a tais interferências como “stealth

marketing” (marketing furtivo), definindo-o como o ato de empregar táticas de marketing

de maneira encoberta. Dessa forma, os consumidores não percebem que estão sendo

induzidos. Conforme Chevalier e Mayzlin (2006), o uso da internet ao promover

produtos e serviços permite implementar a sua promoção sem que assim pareça. Tal

fato se deve ao anonimato característico do ambiente virtual, permitindo muitas vezes

que as empresas manipulem conversas entre consumidores.

Um exemplo de como essa prática interferiria na busca on-line de informações, é

a infiltração dos funcionários de uma empresa no ambiente de avaliação, postando

comentários positivos sobre os seus produtos e serviços, e assim, criando uma

impressão falsa da realidade, estimulando o ‘boca a boca’ positivo. Da mesma forma,

pode-se disseminar opiniões negativas sobre a experiência de consumo oferecida pela

concorrência.

Gomes (2012) afirma que atualmente, há empresas especializadas em

comunicação empresarial disfarçada, porém há de se avaliar os princípios éticos destas

53

ações. Essa oportunidade que o ambiente on-line abre para as empresas não se

restringe apenas à capacidade de rapidamente disseminar conhecimento e percepções

sobre produtos e serviços, mas também de se envolver e cultivar relacionamentos com

os consumidores (DHOLAKIA; BAGOZZI, 2002).

Retomando o exemplo do site TripAdvisor, todo o conteúdo nele inserido pelos

usuários é examinado para garantir a sua conformidade com as diretrizes do site.

Quando aprovados, os comentários são adicionados consecutivamente a cada página e

exibidos por tempo indeterminado. Os dados quantitativos fornecidos pelos usuários

são consolidados para gerar uma pontuação geral, classificando os estabelecimentos

de um destino em termos de popularidade global (O’CONNOR et al. 2008, p. 52).

Os detalhes do algoritmo usado para calcular este ranking não são de

conhecimento público, mas sabe-se que levam em consideração a quantidade, a

qualidade e a antiguidade dos comentários apresentados no site (TRIPADVISOR, 2007

apud O’CONNOR et al. 2008).

O problema com a autenticidade observado anteriormente é um dos principais

desafios enfrentados pelo TripAdvisor. Alguns estudos trazem relatos da imprensa e da

hotelaria que questionam a legitimidade do sistema de avaliações (KEATES, 2007;

MILAN, 2007 apud O’CONNOR, 2010).

Reiter (2007) alega que, ao contrário dos comentários postados em sites de

agências de viagens on-line, o TripAdvisor faz pouco para verificar se o usuário de fato

esteve nos estabelecimentos por ele avaliados, embora o site afirme que cada

avaliação é analisada por pessoal treinado em detecção de fraudes.

O site TripAdvisor tenta minimizar o problema a partir de algumas ações. Os

usuários são informados que opiniões falsas não serão toleradas e os hotéis de que

tentativas de manipulação do sistema resultarão em penalidades no ranking e na

afixação de avisos indicando que aquele empreendimento posta comentários falsos.

Para O’Connor et al. (2008), o "poder da multidão" que alimenta tais sites

também é relevante, pois à medida que o número de usuários cresce, o impacto de

avaliações falsas cai, sendo oprimidas pelo genuíno conteúdo gerado pelo consumidor.

O mesmo autor, em uma investigação posterior, reforça que a crença de que

sites de conteúdo gerado pelo usuário tenham a sua veracidade comprometida por

54

falsos comentários é infundada, com poucas evidências que caracterizem esta prática

(O’CONNOR, 2010).

No capítulo a seguir, será proposto um modelo conceitual para a dinâmica de

compartilhamento on-line da experiência de consumo turístico e apresentada a

pesquisa realizada sobre os estudos na área do ‘boca a boca eletrônico’ turístico.

55

4 ANÁLISE DO ESTUDOS DO ‘BOCA A BOCA’ ELETRÔNICO NO TURISMO

No presente capítulo será apresentado um modelo conceitual elaborado com

base na revisão de literatura apresentada. O modelo ilustra a dinâmica on-line de

compartilhamento de informações sobre o consumo turístico, envolvendo a utilização

das tecnologias de informação e comunicação, a produção de conteúdo pelo usuário

(consumidor turístico), a comunicação ‘boca a boca’ no ambiente virtual e a ‘co-criação

de valor’.

Em seguida, serão apresentadas a síntese e a análise de artigos a respeito do

‘boca a boca eletrônico’ no turismo. A produção acadêmica na área será comparada a

da área de comportamento do consumidor, a fim de se identificar lacunas e

oportunidades de pesquisa.

4.1 PROPOSTA DE MODELO CONCEITUAL PARA O TURISMO

Com base na revisão de literatura, foi elaborado um modelo conceitual para a

dinâmica de compartilhamento on-line de informações de consumo no turismo (figura

5). O presente modelo é estruturado a partir de objetivos, ferramentas e ações,

segundo as perspectivas dos consumidores e prestadores de serviços turísticos.

É apresentado um panorama no qual as dinâmicas de ‘boca a boca eletrônico’,

geração de conteúdo e ‘co-criação de valor’ aparecem integradas. Neste contexto, é

inquestionável a contribuição das tecnologias da informação e comunicação, que

possibilitaram essas modalidades de comunicação, tornando-as importantes fontes

sobre experiências de consumo.

No compartilhamento de experiências de consumo no ambiente virtual, os

viajantes informam sobre o atendimento ou não de suas expectativas em relação a um

serviço turístico vivenciado, baseando-se no nível de qualidade oferecido pelos

prestadores turísticos.

Os principais objetivos dos viajantes que relatam sua experiência em uma

plataforma de avaliação são: o exercício de influência sobre empresas, a exposição de

opiniões e a busca por reparação (HENNIG-THURAU et al., 2004; BRONNER; HOOG,

56

2011). As plataformas de avaliação de serviços turísticos reúnem grande quantidade de

relatos, que tomam força e resultam na exigência de certos níveis de excelência na

prestação dos serviços turísticos.

Figura 5: Dinâmica de compartilhamento on-line da experiência de consumo turístico Fonte: Elaboração própria

57

Visando a aceitação do mercado consumidor, o lucro, o reconhecimento e o

aprimoramento da oferta, as empresas turísticas utilizam-se da interação e das

informações disponíveis em tais plataformas, agregando valor a experiência por meio

da aproximação com os consumidores turísticos e pela demonstração de atitudes

proativas frente as suas necessidades (GOMES, 2012; LITVIN; GOLDSMITH; PAN,

2008).

A dinâmica de ‘co-criação de valor’ turística só é possível a partir do feedback

fornecido por meio da geração de conteúdo de consumidores turísticos (O’CONNOR et

al., 2008), usuários de plataformas de avaliação, que se valem de diferentes mídias

para a legitimação do seu relato (como textos, fotos, vídeos e classificações) sobre os

meios de hospedagem, atrativos e outros serviços que experimentaram durante a sua

viagem.

Percebe-se a ‘co-criação de valor’ como um bem comum às empresas e aos

consumidores turísticos, na qual o caminho escolhido pelos consumidores é o

compartilhamento de impressões e sensações, enquanto o caminho utilizado pelas

empresas é a observação desse comportamento, a partir da coleta, análise,

compreensão e monitoramento das informações inseridas pelos consumidores turísticos

no ambiente on-line.

Segundo Salustiano (2011), o monitoramento constante é uma importante

ferramenta para as empresas devido à sua dificuldade de relacionamento com o

consumidor, caracterizada pela falta de uma relação amistosa, e que por esse motivo

correm o risco de ter seus problemas potencializados na rede, uma vez que a utilização

dos ambientes virtuais como “balcão de reclamações” é cada dia mais comum. Os

autores afirmam que em contrapartida, os bons serviços também são mencionados e

conquistam importantes engajamentos de novos usuários.

Os resultados dessa interação representam para os prestadores de serviços

turísticos: o aprimoramento da sua oferta, lucro, reconhecimento no mercado, cliente

leais, buzz favorável e ‘boca a boca’ positivo. Para os consumidores turísticos:

alternativas satisfatórias de serviços, o atendimento adequado de suas necessidades e,

consequentemente, a sua satisfação.

58

O conteúdo gerado pelos viajantes ainda contribui na tomada de decisão de

turistas em potencial, que constroem suas expectativas a partir dessa informação, fato

que demonstra o caráter cíclico dessa dinâmica.

4.2 SÍNTESE E ANÁLISE DOS ARTIGOS SOBRE O ‘BOCA A BOCA ELETRÔNICO’

NO TURISMO

Visando compreender como a dinâmica do ‘boca a boca eletrônico’ vem sendo

abordada na produção acadêmica voltada ao turismo, realizou-se uma pesquisa de

caráter descritivo, com os objetivos específicos de: analisar o caminhar da produção

científica acerca do ‘boca a boca eletrônico’ no turismo; apresentar um cenário

atualizado do conhecimento existente e; ressaltar as perspectivas e dimensões que

vêm sendo abordadas em diferentes estudos, a fim de identificar oportunidades de

pesquisa sobre o assunto.

O levantamento de literatura foi realizado a partir da base de dados Scopus da

editora Elsevier. Na busca utilizou-se a palavra ‘turismo’ em combinação aos seguintes

termos: ‘informações on-line’; ‘boca a boca eletrônico’, ‘web 2.0’, ‘tecnologias da

informação e comunicação’, ‘tecnologias móveis’; ‘sites de compartilhamento de

experiências’, e ‘conteúdo gerado pelo usuário’. Também foram utilizados termos

correspondentes em inglês, variações de escrita e siglas.

Foram considerados estudos teóricos e empíricos, nacionais e internacionais,

publicados em todos os anos. Na coleta deu-se prioridade aos artigos com número

expressivo de citações. Após a constatação de que parte dos artigos coletados

direcionavam-se a área de vendas e a temática do “boca a boca” tradicional, foram

selecionados apenas os estudos que abordavam o ‘boca a boca eletrônico’ no turismo,

sendo assim, foram encontrados 23 artigos publicados entre os anos de 1998 e 2015.

Os artigos foram analisados segundo os seus objetivos gerais, embasamento

teórico, conceito de ‘boca a boca eletrônico’, metodologia, resultados, implicações

teóricas e gerenciais.

Baseando-se no recente estudo de Cohen, Prayag e Moital (2014) na área de

comportamento do consumidor turístico, decidiu-se seguir a linha conceitual por eles

59

utilizada na categorização dos estudos coletados, uma vez que ao longo do presente

trabalho, observou-se que os conceitos-chave identificados pelos autores se refletem

na produção acadêmica do ‘boca a boca eletrônico’ turístico. Os autores consideraram

519 artigos de três principais revistas de turismo11 e identificaram nove conceitos-chave

na produção acadêmica analisada: tomada de decisão, valores, motivações, auto-

conceituação/personalidade, expectativas, atitudes, percepções, satisfação e

confiança/lealdade.

A síntese e a análise dos artigos a respeito do ‘boca a boca eletrônico’ no

turismo são apresentadas a seguir:

Estudos que abordaram a tomada de decisão

Autores, ano de publicação

Objetivo Metodologia Amostra Principais Resultados

Vogt e Fesenmaier,

1998.

Explicar os fatores que

influenciam o uso de comunicações

on-line e sua relação com as

experiências turísticas e recreativas.

Survey - Levantamento Quantitativo.

Pessoas que haviam acessado um banco de dados que reúne

informações turísticas provenientes dos jornais de domingo do centro-oeste americano, tal banco possui

acesso gratuito e é patrocinado pelo estado. Foram enviados

questionários a uma lista de 500 endereços de e-mail, selecionados

aleatoriamente. O estímulo à resposta foi a possibilidade de

concorrer a uma viagem ao destino previamente pesquisado pelos

participantes, obteve-se o total de 305 respondentes.

Os resultados mostraram que o principal fim da busca por

informação é a sua utilização funcional, no planejamento e

na realização de viagens. Observou-se também que

pessoas com menor escolaridade ou níveis mais

baixos de renda apresentavam maiores

necessidades de informação, e que, mulheres possuem maiores necessidades de

informação funcional do que os homens.

Pan e Fesenmaier,

2006.

Investigar o processo de

planejamento de férias na internet.

Levantamento bibliográfico/documental - Qualitativo.

Produção acadêmica sobre a pesquisa on-line por serviços

turísticos.

Proposta de um modelo conceitual para o processo de planejamento de viagens pelo uso da internet. Os resultados indicam que o processo pode

ser desconstruído em uma série de etapas relativas ao problema específico, e que,

as línguas utilizadas na busca se diferem substancialmente

daquelas encontrados em sites utilizados para o

planejamento de férias.

Litvin, Goldsmith e Pan, 2008.

Compreender a dinâmica de

influência interpessoal.

Levantamento bibliográfico/documental - Qualitativo.

Produção acadêmica sobre a influência interpessoal.

Proposta de um modelo conceitual para o processo de tomada de decisão baseado

nas dinâmicas de ‘boca a boca’ e ‘boca a boca

eletrônico’ (apresentado na figura 4, p. 30).

11Foram consideradas as revitas: Annals of Tourism Research, Tourism Management and the Journal of Travel Research.

60

O'Mahony e Smyth, 2009.

Comparar o desempenho de

diferentes técnicas de

classificação, utilizando

características derivadas de comentários sobre hotéis.

Análise de bases de dados - Qualitativa.

Conteúdo gerado pelos usuários do site TripAdvisor.

Os autores propuseram um mecanismo de classificação para o auxílio na tomada de

decisão, tal mecanismo visa a automatização da

recomendação, na qual a sugestão é pautada na

apresentação de um conjunto de comentários úteis e

contrastantes entre si. Os resultados empíricos mostram

que a abordagem proposta pelos autores alcança uma melhora estatisticamente

significativa sobre esquemas alternativos de revisão de

classificações.

Quadro 3 - Conceito-chave: tomada de decisão Fonte: Elaboração própria

Assim como Cohen, Prayag e Moital (2014) observaram em seu estudo na área

de comportamento do consumidor no turismo (CCT), as pesquisas voltadas ao

entendimento da tomada de decisão no ‘boca a boca eletrônico’ turístico vêm sendo

influenciadas pela escola de comportamento do comprador, razão que explica a

proposição de modelos que tratam o consumidor como um tomador de decisão racional.

Segundo Swarbrooke e Horner (2004), o estudo dos processos envolvidos na

tomada de decisão do consumidor requer o uso de modelos, uma vez que apenas

definições não seriam o bastante para o entendimento da sua complexidade. Outros

autores argumentam que eles não são capazes de captar a complexidade da tomada

de decisão no setor turístico, devido à variedade de fatores que influenciam as decisões

dos turistas, sugerindo que estes só podem ser capturados por meio de metodologias

menos estruturadas que envolvam a narrativa das ações e atitudes (HYDE; LAWSON,

2003 APUD COHEN; PRAYAG; MOITAL, 2014).

Observa-se que tanto os estudos de CCT, quanto os do ‘boca a boca eletrônico’

turístico pressupõem que as decisões de viagens são cuidadosamente planejadas. No

entanto, evidências que desafiam essa linha de pensamento começaram a surgir. Hyde

e Lawson (2003 APUD COHEN, PRAYAG E MOITAL, 2014) encontraram que as

decisões turísticas podem envolver compras planejadas, compras não planejadas e

compra por impulso.

Outra brecha encontrada nas pesquisas é a falta de análises que envolvam os

aspectos da rotina de tomada de decisões de viagens, sejam relativos a destinos

61

previamente visitados ou novos destinos, uma vez que a prática turística é cada vez

mais presente no cotidiano das pessoas. Os aspectos habituais da tomada de decisão

do turista e suas implicações para o marketing turístico estão em necessidade urgente

de pesquisa (SIRAKAYA; WOODSIDE, 2005 apud COHEN; PRAYAG; MOITAL, 2014).

Outra constatação que se alinha aos estudos do CCT, é que esses modelos não

levam em conta a formação e influência de comunidades e fóruns de avaliação de

serviços, especialmente no contexto turístico.

Estudos que abordaram os valores

Autores, ano de publicação

Objetivo Metodologia Amostra Principais Resultados

Gomes, 2012.

Explicar o processo de

compartilhamento de experiências de consumo e criação

de valor entre empresas e

consumidores.

Entrevistas em profundidade -

Qualitativa; Análise de bases de dados -

Qualitativa.

Consumidores, empresas e análise do conteúdo do site

TripAdvisor.

Os resultados da pesquisa mostram que os laços sociais fracos possuem

alta influência em comunidades virtuais especializadas em consumo,

o que denota uma mudança de padrão de confiabilidade entre os

ambientes on-line e off-line. Voltando-se a gestão empresarial, a autora

ressalta a necessidade das empresas estarem atentas a esse

comportamento como forma de promover o diálogo entre

consumidores e empresas e, com isso, “co-criar valor”.

Quadro 4 - Conceito-chave: valores Fonte: Elaboração própria

Alinhando-se ao CCT, o estudo dos valores no ‘boca a boca eletrônico’ no

turismo vem se guiando pela pesquisa de ações, atitudes, emoções, julgamentos e

comportamentos, se concentrando em valores internos ou externos, e considerando

laços sociais fortes e fracos. Para isso, a teoria de meios e fins vem sendo utilizada,

partindo do princípio que os consumidores possuem uma hierarquia cognitiva,

buscando benefícios e a satisfação de valores pessoais.

Percebeu-se que os estudos existentes não vêm considerando a transformação

dos valores pessoais e sociais ao longo do tempo e em diferentes contextos culturais,

um exemplo de caso a ser estudado é o mercado de produtos e serviços turísticos

inovadores, apontados por Dearden e Harron (1992).

62

Também se julga interessante a realização de pesquisas que abordem as

diferenças de valores entre mercados ocidentais e orientais, como a pesquisa realizada

por Crotts e Erdmann (2000) no âmbito do ‘boca a boca’ tradicional, uma vez que são

encontradas produções relevantes como a pesquisa das chinesas Luo e Zhong (2015)

que será retratada adiante.

Estudos que abordaram as motivações

Autores, ano de

publicação Objetivo Metodologia Amostra Principais Resultados

Bronner e Hoog, 2011.

Compreender a dinâmica de postagem de

comentários em sites de avaliação

de serviços turísticos.

Survey - Levantamento Quantitativo.

Foi utilizado o Continu Vakantie Onderzoek (Painel de Férias

Contínuo), uma plataforma na qual viajantes holandeses

informam sobre o seu comportamento de férias quatro vezes por ano. Do total de 3.176 respondentes 439 (14%) foram

classificados como “postadores”, havendo postado pelo menos um comentário em sites de avaliação de serviços sobre a sua principal

viagem no ano de 2008.

Os resultados demostraram que a motivação do turista em compartilhar sua opinião exerce influência na escolha do

local de postagem. Os autores classificaram os postadores em dois

grupos motivacionais: os turistas com uma motivação essencialmente auto-dirigida e aqueles motivados a ajudar outros turistas

(explicados na seção 3.3, p. 49).

Munar e Jacobsen,

2014.

Explorar as motivações dos veranistas do

destino turístico de Mallorca

(Espanha) para o compartilhamento de conteúdo em redes sociais.

Survey - Levantamento Quantitativo.

Questionários auto preenchíveis foram distribuídos em aeroportos

existentes nas rotas para o destino. Os autores escolheram

os turistas da Dinamarca e Noruega como participantes,

baseando-se em estatísticas que denotam altos níveis de acesso e

uso de tecnologias na Escandinávia.

Os resultados da pesquisa apontam entre motivações para a contribuição o

altruísmo, os benefícios pessoais e comunitários. Os autores observaram que

a partilha do conteúdo funciona como capital social, sendo o conteúdo visual

predominante. Por fim, entenderam-se as práticas de compartilhamento em redes sociais como valiosas articulações de

sociabilidade e apoio emocional, mas que não possuíam relevância como fontes de informação para a tomada de decisão de

férias.

Quadro 5 - Conceito-chave: motivações Fonte: Elaboração própria

Percebeu-se que as pesquisas partem da premissa que as motivações para o

‘boca a boca’ foram bem estudadas no meio off-line, portanto no âmbito eletrônico da

dinâmica vêm se voltando a caracterizar o perfil dos “postadores”, buscando justificar a

sua participação nas plataformas de avaliação de serviços e, frequentemente,

associando as motivações às características demográficas.

Nos estudos do CCT a abordagem “push-pull” de Dann e Pearce (1988 APUD

COHEN, PRAYAG E MOITAL, 2014) figura como a mais aplicada para explicar as

63

motivações, dada a sua simplicidade e abordagem intuitiva, fato também percebido nas

pesquisas do ‘boca a boca eletrônico’ turístico, presumindo que os turistas são

empurrados por suas necessidades biogênicas e emocionais para compartilhar suas

experiências, sendo atraídos pelos benefícios dessa ação, como colocam Yoon e Uysal

(2005, APUD COHEN, PRAYAG E MOITAL, 2014). Alguns autores acrescentam que

nesse processo estão envolvidos fatores como o envolvimento, imagens e emoções

(GOOSSENS, 2000; WHITES; THOMPSON, 2009 APUD COHEN; PRAYAG; MOITAL,

2014).

Inspirando-se nos estudos de CCT, que vêm aproveitando o fato das motivações

do mercado de viagens de lazer serem bem estudadas (Cohen, Prayag e Moital, 2014),

sugere-se que sejam exploradas motivações para o ‘boca a boca eletrônico’ por nichos

de mercado como mochileiros, amantes de vinho, eventos, cultura e patrimônio, turistas

de campos de batalha, turismo rural, turismo voluntário, turismo obscuro, turismo de

cruzeiros, turismo médico, eco-turismo e aventura, todos já apreciados nos estudos de

CCT (COHEN; PRAYAG; MOITAL, 2014).

Outro fato percebido a partir dos estudos de CCT trata-se da prioridade dada ao

entendimento das motivações em si, sendo ignorado o seu processo de formação. Tal

processo envolve emoções, humores, construções afetivas e imagem da marca

(GNOTH, 1997 APUD COHEN; PRAYAG; MOITAL, 2014). Também faltam estudos

sobre como as motivações estimulam o comportamento real do “postador” (COHEN;

PRAYAG; MOITAL, 2014).

Estudos que abordaram o auto conceito e a personalidade

Autores, ano de

publicação Objetivo Metodologia Amostra Principais Resultados

Miguéns, Baggio e

Costa (2008).

Estudar o conteúdo gerado pelo usuário no site TripAdvisor sobre a cidade de Lisboa, no intuito de entender a sua colaboração para a

construção da imagem do destino

Análise de bases de dados -

Qualitativa.

O conteúdo referente a 191

hotéis da cidade, como avaliações, rankings, fóruns e

perfis de usuários.

Foi constatado um bom nível de participação, dado o elevado número de comentários encontrados. As

informações fornecidas na discussão eram compostas principalmente de conteúdos textuais. Os autores dos

comentários em sites de avaliação eram predominantemente de turistas dos EUA e Reino Unido,

enquanto os usuários que forneciam informações ou conselhos nos fóruns eram principalmente os moradores da cidade, denotando um elevado interesse e participação dos cidadãos de Lisboa no acolhimento de possíveis turistas.

Quadro 6 - Conceito-chave: auto conceito e personalidade Fonte: Elaboração própria

64

Alinhando-se ao CCT, percebe-se que no ato de compartilhar informações sobre

as suas experiências turísticas, o “postador” pode acrescentar as mensagens sinais da

sua identidade (COHEN; PRAYAG; MOITAL, 2014). Verificou-se o estudo da influência

do auto conceito na percepção da imagem de um destino, sendo entendido como uma

construção que permite a mediação da auto imagem, composta pelo de desejo de auto

descrição do indivíduo e aspectos sociais, também se aplicando a produtos e serviços

turísticos.

Sugere-se que seja estudada a influência do auto conceito ou auto imagem

sobre a percepção de valor e satisfação dos usuários de plataformas de avaliação, bem

como a sua influência nas práticas de publicidade dos destinos.

Novamente, percebe-se a necessidade do estudo das emoções, no qual a auto

conceituação poderia ser relacionada às características de personalidade, como

extroversão, neuroticismo ou preocupação, que vêm sendo estudadas no CCT

(COHEN; PRAYAG; MOITAL, 2014).

Estudos que abordaram as expectativas

Autores, ano de

publicação Objetivo Metodologia Amostra Principais Resultados

Serenko e Stach, 2009.

Compreender o impacto da desconformidade das expectativas de

turistas em relação aos serviços de viagem e turismo, no intuito de

investigar a sua influência na fidelidade

e no seu comportamento de

recomendação on-line.

Incidentes críticos -

Qualitativa.

Grupo de 94 indivíduos,

usuários do site Expedia.com.

Os resultados denotaram a falta de uma ligação clara entre o tipo de avaliação (positiva ou negativa) e a confirmação ou não da expectativa e, em relação a

recomendação e lealdade ao serviço. Em resumo, os autores concluíram que a relação entre a experiência do cliente, a satisfação, a lealdade e o ‘boca-a-boca’

é muito complexa.

Quadro 7 - Conceito-chave: expectativas Fonte: Elaboração própria

Assim como em alguns estudos no CCT, percebe-se que o compartilhamento das

expectativas é tratado isoladamente como uma relação de causa e efeito, na qual a

confirmação implica no caráter positivo da avaliação e a desconfirmação possui o efeito

oposto, sendo desconsiderada a influência interpessoal entre os postadores, como por

exemplo, a variação em sua atitude de postagem em diferentes círculos sociais on-line.

65

Percebe-se a necessidade de estudos que investiguem o processo psicológico

inerente a transmissão da confirmação ou desconfirmação de expectativas, bem como

a mudança das expectativas dos turistas em diferentes contextos. Inspirando-se na

colocação de Cohen, Prayag e Moital (2014), tais estudos poderiam envolver emoções,

processamento da informação, atmosfera de postagem, faixa etária (por exemplo,

Geração X versus Y) e personalidade.

Estudos que abordaram as atitudes

Autores, ano de

publicação Objetivo Metodologia Amostra Principais Resultados

Jalilvand, Ebrahimi e

Samiei, 2012.

Compreender a relação entre o ‘boca a boca

eletrônico’ e as atitudes dos

turistas em relação aos destinos

islâmicos.

Experimental - Quantitativa.

189 turistas em potencial de origem internacional.

Os resultados sugeriram que o ‘boca a boca eletrônico’ influencia

positivamente as atitudes dos turistas para com os destinos islâmicos, e

que, tais atitudes estavam significativamente associadas a

intenção de visitá-los.

Mendes, Tan e Mills, 2012.

Compreender a intenção de

viajantes em usar o conteúdo gerado

pelo usuário ao fazer planos de

viagens.

Levantamento bibliográfico/docu

mental - Qualitativo.

Foram utilizados os conceitos-chave da ‘teoria do

comportamento planejado’ (composto atitude

comportamental, norma subjetiva e controle do

comportamento percebido), além de conceitos provenientes

da literatura voltada a área.

Foi desenvolvida uma teoria do comportamento do consumidor on-

line, resultando em um modelo conceitual que identifica um conjunto de determinantes do comportamento voltado ao contexto da utilização do

conteúdo gerado pelo usuário na indústria de viagens.

Luo e Zhong (2015)

buscaram

Caracterizar o ‘boca a boca

eletrônico’ turístico a partir da

perspectiva dos laços sociais e da estrutura da rede.

Metodologia de análise de redes sociais (SNA).

A amostra foi retirada do Sina Microblog, o microblog mais

popular da China, tomando por referência o perfil ‘Gaoli_Ivy’, pertencente a um blogueiro

chinês que posta ativamente comentários relacionados a

viagens e turismo, viajando em média trinta e cinco vezes por ano e realizando postagens

frequentemente. Foram recolhidos dados de setembro

a dezembro de 2011, que consistiam em todos os perfis

relacionados a viagens seguidos pelo blogueiro e seus

seguidores. O período de investigação incluiu dois

importantes feriados chineses (o “Festival de Meio Outono” e

o “Dia Nacional”).

A principal constatação foi que o efeito da transmissão da informação turística é mais forte do que a sua

influência na tomada de decisão. As autoras observaram que os usuários que gostavam de viajar e possuíam experiências de viagem em comum

foram mais propensos a participar de discussões referentes ao tema. Contatou-se que os usuários

interessados em viagens eram mais propensos a desempenhar o papel de propagador na comunicação ‘boca a

boca’ eletrônica. Além disso, observou-se que o grau de

centralidade da ‘boca a boca’ era baixo, isso significa que tal informação

era dispersada com facilidade, podendo atrair a atenção de muitos usuários. Não foram encontrados

casos em que a ‘boca a boca eletrônico’ relacionado a viagens se concentrasse em poucos agentes.

Quadro 8 - Conceito-chave: atitudes Fonte: Elaboração própria

66

Observou-se no primeiro e no segundo estudo a pesquisa sobre as atitudes dos

viajantes pautam-se em seu grau de favorabilidade em relação ao destino em questão,

aspecto comum entre os estudos do CCT, nos quais examinaram-se as atitudes

positivas ou negativas em relação a produtos ou serviços turísticos.

No último estudo observou-se a apreciação das atitudes a partir dos aspectos

sociais e da infraestrutura da plataforma de interação, analisando os hábitos de

utilização de um usuário e sua consequente influência nos demais, ilustrando o

colocado por Schiffman e Kanuk (1997 APUD COHEN, PRAYAG E MOTAIL, 2014), que

as atitudes tratam-se de um comportamento aprendido pelo consumidor em função das

suas percepções e a partir da avaliação dos principais atributos ou crenças sobre

determinada coisa, no caso os relatos on-line de experiências turísticas. A avaliação

mostrou-se como o principal componente das respostas atitudinais, com base nas

crenças, conceitos, objetivos e comportamento dos indivíduos.

Ressalta-se as atitudes de originadores e receptores de informações de

consumo on-line não dependem apenas das características dos produtos ou serviços

avaliados, mas também a sua personalidade e aos atributos do ambiente de

compartilhamento. Como Gnoth (1997 APUD COHEN, PRAYAG E MOTAIL, 2014)

aponta, existe uma irracionalidade implícita no comportamento emocionalmente dirigido,

comum no turismo, criticando os modelos comportamentais e cognitivos pelo fato de

presumirem a racionalidade dos indivíduos e considerarem atitudes como indicadores

de comportamento real, acrescentando que as atitudes precisam ser abordadas em

função de valores mais profundos e no estudo das emoções.

Encontra-se a necessidade de estudos sobre o impacto de emoções e humores

na formação de atitudes e como os estados afetivos podem explicar as avaliações.

Cohen, Prayag e Moital (2014) salientam que o estudo das emoções no turismo, de

maneira geral, muito tem a contribuir para a área do comportamento do consumidor,

podendo fornecer informações importantes sobre o consumo hedonista, característico

da prática turística.

67

Estudos que abordaram as percepções

Autores, ano de

publicação Objetivo Metodologia Amostra Principais Resultados

Gretzel e Yoo, 2008.

Investigar a utilização de opiniões de viajantes no processo de

planejamento de viagens e os benefícios percebidos

dessas opiniões.

Survey - Levantamento Quantitativo.

A amostra utilizada pelos autores considerou indivíduos que haviam viajado a lazer em 2007, a partir de um painel de

viajantes mantido pela incorporação TripAdvisor, que

inclui usuários dos EUA, Canadá, Reino Unido e

Austrália. Ressalta-se que a TripAdvisor remove desse

painel os usuários que trabalham ou vivem com quem trabalha nas áreas de pesquisa

de mercado, publicidade, marketing, mídia, notícias ou

relações públicas.

Os resultados da pesquisa mostraram que as revisões eram usadas

principalmente como ferramenta na decisão por um alojamento e menos utilizadas para tomada de decisões

durante o andamento da viajem. Sobre os impactos percebidos dos comentários, diferenças de gênero foram encontradas:

as mulheres encontram maiores benefícios no utilizar das avaliações,

especialmente em termos de diversão e geração de ideias. Constatou-se também, que as variações de idade implicaram em

diferentes comportamentos de uso.

Nunes e Mayer, 2012;

2014.

Acompanhar o processo de aceitação e a utilização de aplicativos

durante o ciclo da viagem.

Experimental - Quantitativa.

378 visitantes do destino turístico de Ilha Grande.

De maneira geral, os resultados indicaram a boa aceitação do aplicativo,

que foi percebido como fácil, útil, compatível e divertido pela maioria dos participantes. Os autores observaram mudanças significativas no perfil dos turistas, que se apresentaram mais

conectados e tecnologicamente sofisticados, demonstrando interesse

pelo uso interativo de tecnologias móveis, mesmo em viagens motivadas pelo contato com a natureza, aventura,

interação social e descanso. Constatou-se que ao menos metade da amostra era familiarizada com a tecnologia móvel e

que metade dos respondentes apresentou atitudes relacionadas ao

conceito de “viajante sempre conectado”, mencionado anteriormente.

Quadro 9 - Conceito-chave: percepções Fonte: Elaboração própria

Observou-se o tratar das percepções como o processo de interpretação,

organização e seleção pautado na utilização de informações da experiência de

viajantes. Cohen, Prayag e Moital (2012) apontaram no CCT, o estudo das percepções

considera elementos como familiaridade, experiências anteriores, valores, motivações e

fatores sociais, levando a diferentes percepções na conotação, intenção

comportamental e satisfação, sendo cruciais na construção de imagem de um destino

turístico e implicando na tomada de decisão dos receptores da informação ‘boca a

boca’.

Alinhando-se a área de CCT, verificou-se a análise de elementos cognitivos,

como a assimilação de benefícios, utilidade e adequação dos atos de compartilhar e

68

acessar experiências turísticas no meio virtual, de tal forma observou-se que as

dimensões afetivas desse processo receberam menor importância, portanto sugere-se

que os estudos voltados a identificação das percepções no âmbito do compartilhamento

de experiência consumo turístico, deem prioridade as questões afetivas e emocionais.

Estudos que abordaram satisfação

Autores, ano de

publicação Objetivo Metodologia Amostra Principais Resultados

Vásquez, 2010.

Compreender e caracterizar a extensão das queixas dos viajantes no

ambiente on-line.

Análise de bases de dados -

Qualitativa.

Um conjunto de 100 comentários negativos sobre hotéis retirados do site TripAdvisor.

O estudo descobriu que apesar da forte natureza negativa, uma proporção significativa de queixas

tendeu a salientar alguns aspectos positivos, e que, grande parte das queixas analisadas referem-se ao

não atendimento das expectativas do revisor. Observou-se que a maioria das queixas coletadas

do TripAdvisor eram consideradas indiretas. A autora afirma que, apesar de alguns estudos

apontarem que queixas costumam combinar atos de fala como avisos ou ameaças, no contexto

analisado ocorreram com maior frequência conselhos e recomendações.

Lu e Stepchenkova,

2011.

Avaliar as experiências relatadas no

ambiente virtual por ecoturistas dos EUA e da Costa Rica.

Experimental - Quantitativa.

Um conjunto de 373 comentários extraídos

do site TripAdvisor.

Foram identificados 26 atributos que influenciam a satisfação dos viajantes durante a sua

permanência em ecolodges (alojamentos ecológicos), tais atributos direcionavam-se a sete

elementos: características ecológicas, quarto, natureza, serviço, comida, localização e preço.

Quadro 10 - Conceito-chave: satisfação Fonte: Elaboração própria

Como o observado por Cohen, Prayag e Moital (2014), percebeu-se que as

pesquisas vêm se pautando na confirmação ou desconfirmação das expectativas, e, ao

contrário do que foi observado pelos autores nos estudos do CCT, as pesquisas sobre

o ‘boca a boca eletrônico’ turístico vêm se preocupando com a questão da atribuição da

satisfação a diferentes elementos, sendo identificados a partir da análise da

composição textual dos comentários postados.

Sugere-se que seja pesquisada uma possível variação na satisfação entre

indivíduos participantes e não participantes de grupos de referência e fóruns de

discussão sobre experiências de consumo.

69

Também julga-se interessante a comparação dos níveis de satisfação de

indivíduos que vivenciaram a ‘co-criação de valor’ on-line com os que não obtiveram

feedback do prestador de serviço avaliado.

Estudos que abordaram confiança e lealdade

Autores, ano de

publicação Objetivo Metodologia Amostra Principais Resultados

Abreu, Baldanza e Sette, 2008.

Investigar o potencial de

utilização das comunidades

virtuais como fonte de informações para

estratégias mercadológicas no

setor turístico.

Grupos de Foco -

Qualitativa.

Grupos de consumidores no

meio on-line.

Os resultados demonstraram que a colaboração espontânea estimula a aquisição de produtos e serviços turísticos, mesmo que tais informações

sejam repassadas sem o objetivo de transacionar bens ou serviços. Observou-se que a confiança se estabelece a partir da contribuição voluntária entre

os interagentes das comunidades virtuais.

Yoo e Gretzel, 2009.

Explorar a questão das postagens

falsas em plataformas de revisão on-line.

Levantamento bibliográfico/ documental - Qualitativo; Análise de bases de dados -

Qualitativa.

Foram analisados 42 comentários

enganosos coletados a partir de um grupo de estudantes de marketing do

turismo de uma universidade dos Estados Unidos e 40 comentários

verídicos extraídos do site

TripAdvisor.

Os resultados mostraram que os comentários verídicos e enganosos se diferenciam em aspectos como: o uso de pronomes em primeira pessoa, a inclusão de nomes de marcas e a expressão de

sentimentos. No entanto, os autores ressaltam que, na tomada de decisão, pode ser difícil distingui-los

com base apenas em suas propriedades estruturais.

Jeacle e Carter, 2011.

Explicar a profusão dos mecanismos de

classificações e ranqueamento de

informações turísticas.

Etnografia - Qualitativa.

O site TripAdvisor.

Constatou-se que no caso do site a confiança atribuída as classificações se deve a maneira como as informações são dispostas, ilustrando um sistema

abstrato baseado em práticas calculistas, que atribuem credibilidade as informações inseridas

pelos usuários.

Del Chiappa,

2011.

Investigar a utilização de aplicativos,

buscando entender como a sua

influência e a confiança que lhes é atribuída se refletem

na imagem das empresas turísticas.

Survey - Levantamento Quantitativo.

O autor utilizou a técnica de

amostragem ‘bola de neve’ de Wrenn et al. (2007), que permitiu atingir

pessoas de todas as regiões da Itália. Foram

enviados questionários

contendo perguntas voltadas a

utilização da internet e de tais

aplicativos, sendo preenchidos 1.209 e validados 823.

Os resultados encontrados sugerem que, tanto a confiabilidade sentida, quanto a influência de tais

aplicativos, implicam na percepção da imagem das empresas e nas escolhas dos usuários, variando de aplicativo para aplicativo. As agências de viagens

on-line foram consideradas mais confiáveis e influentes, portanto mais atuantes na formação da imagem das empresas, em seguida apareceram os aplicativos de blogs, sites relacionados ao turismo, redes sociais ligadas ao turismo, compartilhamento

de vídeos, compartilhamento de fotos, fóruns de empresas, redes sociais não ligadas ao turismo e

microblogs. Os autores observaram que a fraqueza das redes sociais não relacionadas ao turismo

confirma a proposição de Carrera et al. (2008 apud Del Chiappa), de que os consumidores as

consideram uma forma de contatar amigos, e não um meio para pesquisar sobre produtos e serviços,

ou manter contato com as empresas.

Quadro 11 - Conceito-chave: confiança e lealdade Fonte: Elaboração própria

70

Percebeu-se a associação do atendimento de expectativas e do alcance da

satisfação ao estímulo da aquisição de produtos e serviços turísticos. Observou-se

também que o comportamento de compra dos consumidores turísticos é fortemente

relacionado ao grau de confiança nas informações compartilhadas.

Assim como Cohen, Prayag e Moital (2014) observaram, estudos recentes vêm

examinando o “eTrust” (confiabilidade eletrônica) em relação as características do local

de postagens, as estruturas das avaliações em si e aos mecanismos de ranqueamento.

Voltando-se a lealdade, entendida como o compromisso de ‘re-compra” e

promoção de um produto (Oliver, 1997 apud Cohen, Prayag e Moital, 2014), percebeu-

se a dificuldade de medição das atitudes afetivas, fato que ocasiona a preferência pela

medição dos comportamentos. Segundo Cohen, Prayag e Moital, esta abordagem é

fortemente criticada, pelo fato que viajantes podem ser leais a um destino mesmo não

os revisitem, uma proposição que precisa ser verificada.

Além da questão da aptidão dos prestadores de serviços no ato de gerir a

interação on-line, apontada por O’Connor (2010), existem algumas constatações no

CCT, a respeito do subdesenvolvimento de alguns assuntos, que também se aplicam

ao estudo do “boca a boca eletrônico’ turístico, são essas: o processo de formação da

confiança entre diferentes culturas (cross-cultural); os antecedentes da confiança:

qualidade, os valores de consumo e a orientação das empresas turísticas pelo mercado

consumidor (co-criação de valor); o impacto da implantação de tecnologia em turismo e

hospitalidade sobre a geração de confiança entre empresas e consumidores; e as

consequências da confiança: a percepção de risco e a afirmação da marca ou destino.

Como o colocado por McIntosh e Thyne (2005 apud Cohen, Prayag e Moital,

2014) observou-se que por conta do caráter emocionalmente carregado das

experiências turísticas, faz-se necessário o estudo de outros antecedentes da confiança

como: a personalidade da marca, a justiça percebida, o envolvimento pessoal, entre

outros.

Por fim, McKercher et al. (2012) argumentaram que a pesquisa da lealdade no

turismo precisa ser repensada para dar conta das características únicas da atividade,

referindo-se aos conceitos de lealdade vertical, horizontal e experiencial. Os autores

consideram a pesquisa da lealdade um campo emergente no turismo, devido aos vários

71

modelos aplicados para entender o fenômeno, apontando a sua fraqueza em relação

pelo fato de se dedicarem a uma única unidade de análise (um único prestador de

serviços ou um único destino), havendo a necessidade de examinar a lealdade de

maneira mais ampla.

72

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o objetivo geral de compreender o compartilhamento on-line de informações

sobre a experiência turística, realizou-se um levantamento abrangente com a

caracterização dos componentes da dinâmica do ‘boca a boca eletrônico’ e das demais

dinâmicas que o permeiam, a geração de conteúdo pelo usuário e a ‘co-criação de

valor’.

Em relação aos objetivos específicos, analisou-se o caminhar da produção

científica acerca do ‘boca a boca eletrônico’ no turismo, possibilitando a apresentação

de um cenário abrangente do conhecimento existente, ressaltando as perspectivas e

dimensões que vêm sendo abordadas em diferentes estudos e identificando

oportunidades de pesquisa sobre o assunto.

Entre os principais resultados deste trabalho, menciona-se a proposta de um

modelo conceitual para a dinâmica de compartilhamento on-line da experiência turística

de consumo. Ressalta-se que até então não se encontrava na literatura uma estrutura

com características semelhantes, no que se refere a integração de variadas dinâmicas

de compartilhamento de experiências on-line, com a vantagem estar voltada a atividade

turística. Com a presente proposta, espera-se contribuir para o aprendizado desse

fenômeno e para a realização de outros estudos na área de comportamento on-line do

consumidor, especialmente no contexto turístico. Sugere-se que tal modelo seja testado

empiricamente para fins de comprovação da sua aplicabilidade, bem como o seu

aprimoramento.

Apesar da falta de revisões abrangentes do comportamento relacionado a

viagens, atribuída as características do campo de estudo do turismo, que incluem

etapas e conceitos inter-relacionados (MILL; MORRISON, 2002), o presente trabalho

envolveu em seu conteúdo grande parte dos elementos pertencentes à temática e pôde

apresentar de maneira detalhada seus componentes mais importantes, servindo de

ponto de partida para a realização das diversas oportunidades de pesquisa que foram

apontadas na área.

A pesquisa realizada permitiu a identificação de assuntos subdesenvolvidos no

domínio de cada conceito-chave, percebe-se que, especialmente, a questão da

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consideração dos fatores emocionais e afetivos merece atenção diferenciada na

realização estudos futuros. Por tal motivo, pretende-se estudar a presença de tais

fatores no âmbito das motivações para o compartilhamento de informações sobre a

experiência de consumo em sites de avaliação de serviços turísticos.

No presente estudo foram observadas as seguintes linhas de pesquisa:

Utilidade e influência dos comentários (VOGT; FESENMAIER, 1998; GURSOY; MCCLEARY, 2004; PAN; FESENMAIER, 2006; LITVIN, GOLDSMITH E PAN, 2008; MIGUÉNS; BAGGIO; COSTA, 2008; GRETZEL; YOO, 2008; SERENKO; STACH, 2009; BRONNER; HOOG, 2011; JALILVAND; EBRAHIMI; MENDES, TAN; MILLS, 2012; SAMIEI, 2012; GOMES, 2012; MUNAR; JACOBSEN, 2014; LUO; ZHONG, 2015);

Estrutura e legitimidade das avaliações (VÁSQUEZ, 2010; YOO; GRETZEL, 2009; LU; STEPCHENKOVA, 2011);

Confiabilidade dos mecanismos de ranqueamento (O'MAHONY; SMYTH, 2009; JEACLE; CARTER, 2011);

Gestão da imagem no ambiente virtual (ABREU; BALDANZA; SETTE, 2008; O’CONNOR, 2010);

Utilização de aplicativos (DEL CHIAPPA, 2011; NUNES; MAYER, 2012; 2014).

Como fator limitante da pesquisa, aponta-se o critério utilizado para a seleção

dos estudos a serem analisados, implicando a desconsideração dos estudos que foram

descartados pelo pequeno número de citações.

Referindo-se às produções acadêmicas nacionais, apesar de esforços

empregados durante a busca, obteve-se um número reduzido de estudos, apenas

cinco, denotando a carência de pesquisas baseadas na experiência oferecida pela

oferta nacional de produtos, serviços e destinos turísticos.

Uma tendência observada no contexto geral do ‘boca a boca eletrônico’ são os

estudos relacionados ao gerenciamento deste tipo de comunicação. Godes e Mayzlin

(2004) apontam três grandes desafios: a coleta adequada dos dados gerados por esse

compartilhamento; os aspectos das avaliações a serem medidos e; a identificação da

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comunicação ‘boca a boca’ de fato, argumentando que se trata de um comportamento

endógeno à comunicação tradicional.

No ‘boca a boca’ eletrônico turístico, um novo fenômeno é a “abertura” das

informações dos sites de avaliação de serviços para as empresas turísticas, o exemplo

mais recente e ainda não estudado é o caso do ‘TripAdvisor for Business’, uma

ramificação da incorporação TripAdvisor voltada ao auxílio no gerenciamento de

imagem das empresas representadas no site.

Aconselha-se que os gestores de empreendimentos turísticos públicos e

privados atribuam a devida atenção as dinâmicas on-line de interação social atreladas a

sua imagem. Visando o aprimoramento da oferta turística, pode-se utilizar tais

plataformas de comunicação e o conteúdo gerado pelo consumidor turístico, como uma

relevante fonte de informações para a realização de pesquisas e o desenvolvimento de

mecanismos de monitoramento, que muito viriam a contribuir para a melhoria do seu

relacionamento com os consumidores turísticos.

Por fim, para pesquisas futuras, recomenda-se que sejam priorizados os

assuntos que se mostraram carentes de estudo, principalmente a implicação das

questões emocionais e afetivas sobre os valores, atitudes, tomada de decisão, auto

conceito, expectativas e percepções.

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