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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENFERMAGEM AURORA DE AFONSO COSTA PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO ACADÊMICA EM CIÊNCIAS DO CUIDADO EM SAÚDE FERNANDA SOARES PESSANHA RESISTÊNCIA ANTIMICROBIANA E TIPAGEM MOLECULAR DE Pseudomonas aeruginosa ISOLADAS DE FERIDAS CRÔNICAS NITERÓI 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENFERMAGEM AURORA DE AFONSO COSTA

PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO ACADÊMICA EM CIÊNCIAS DO CUIDADO

EM SAÚDE

FERNANDA SOARES PESSANHA

RESISTÊNCIA ANTIMICROBIANA E TIPAGEM MOLECULAR DE Pseudomonas

aeruginosa ISOLADAS DE FERIDAS CRÔNICAS

NITERÓI

2015

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FERNANDA SOARES PESSANHA

RESISTÊNCIA ANTIMICROBIANA E TIPAGEM MOLECULAR DE Pseudomonas

aeruginosa ISOLADAS DE FERIDAS CRÔNICAS

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação Strictu Sensu em Ciências do Cuidado em Saúde da Universidade Federal Fluminense.

Orientadora: Profª. Drª. Beatriz Guitton Renaud Baptista de Oliveira Co-orientador: Geraldo Renato de Paula Linha de pesquisa: Cuidados Clínicos

NITERÓI

2015

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P 475 Pessanha, Fernanda Soares. Resistência antimicrobiana e tipagem molecular de

Pseudomonas aeruginosa isoladas de feridas crônicas / Fernanda Soares Pessanha. – Niterói: [s.n.], 2015.

114 f.

Dissertação (Mestrado Acadêmico em Ciências do Cuidado em Saúde) - Universidade Federal Fluminense, 2015.

Orientador: Profª. Beatriz Guitton Renaud Baptista de Oliveira.

1. Úlcera. 2. Infecção dos ferimentos. 3. Pseudomonas

aeruginosa. 4. Testes de sensibilidade a antimicrobianos por disco-difusão. 5. Resistência microbiana a medicamentos. 6. Enfermagem. I. Título.

CDD 617.14

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FERNANDA SOARES PESSANHA

RESISTÊNCIA ANTIMICROBIANA E TIPAGEM MOLECULAR DE Pseudomonas

aeruginosa ISOLADAS DE FERIDAS CRÔNICAS

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado

Acadêmico em Ciências do Cuidado em Saúde

da Universidade Federal Fluminense.

Aprovado em _______ de __________________ de 2015

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________________________________

Profª. Drª. BEATRIZ GUITTON RENAUD BAPTISTA DE OLIVEIRA – Presidente

Universidade Federal Fluminense – UFF

______________________________________________________________________

Profª. Drª. KARLA RODRIGUES MIRANDA – 1º Examinador

Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ

______________________________________________________________________

Prof. Drª. PATRÍCIA DOS SANTOS CLARO FULY – 2º Examinador

Universidade Federal Fluminense – UFF

______________________________________________________________________

Profª. Drª.MARLUCE ANDRADE CONCEIÇÃO STIPP – Suplente

Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ

______________________________________________________________________

Profª. Drª. GERALDO RENATO DE PAULA – Suplente

Universidade Federal Fluminense – UFF

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DEDICATÓRIA

A Deus,

Dou graças a Ele porque reconheço que esse objetivo não seria alcançado sem a Sua

maravilhosa presença e amor, que me sustentaram e seguem me conduzindo a lugares muito

mais altos do que aqueles que eu poderia imaginar.

Aos meus pais Helio e Luciara,

Todo apoio nos momentos de dedicação aos estudos me fizeram comprrender que, sem

dúvida, vocês foram e têm sido os principais instrumentos de Deus para que eu chegasse até

aqui. Obrigada por batalharem em oração pela minha vida.

Ao meu esposo Adriano,

Por toda compreensão e por sonhar comigo os meus sonhos.

Ao minha irmã Jandira,

Obrigada por saber sempre se alegrar comigo, mas também, a chorar e sofrer comigo se for

preciso. Você é um presente de Deus para nossa família!

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AGRADECIMENTOS

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES),

Sou grata pelo fomento que me auxiliou para que o prosseguimento adequado à pesquisa

fosse possível.

À Universidade Federal Fluminense, especialmente à Escola de Enfermagem Aurora de

Afonso Costa e ao Programa de Pós-Graduação em Ciências do Cuidado em Saúde,

Agradeço por todas as aulas e experiências que me permitiram ser a profissional que sou hoje.

Aos pacientes do Ambulatório de Reparo de Feridas do Hospital Universitário Antônio

Pedro e da Policlínica Comunitária da Engenhoca,

Que confiaram na equipe de pesquisa para a prestação de cuidados à sua saúde e nos

permitiram obter informações pessoais, tão importantes para a qualidade da pesquisa

desenvolvida.

A Faculdade de Farmácia da Universidade Federal Fluminense e ao Laboratório de

Controle Microbiológico,

Agradeço aos parceiros do Laboratório por toda compreensão nos momentos que

demonstraram minha inexperiência e também pelas risadas durante os café-da-tarde,

especialmente a Keila e Mariana. Sou grata também pela disponibilidade de materiais,

intrumentais e aparelhos para realização dos testes. Muito obrigada pela oportunidade!

Ao Grupo de Pesquisa Clínica, Feridas e Biomateriais,

Obrigada a todos os componentes do grupo, que, em diversos momentos, estiveram prontos a

meauxiliar nas buscas bibliográficas e, até mesmo, na coleta de dados.

Ao Instituto de Microbiologia Paulo de Goés, na Universidade Federal do Rio de Janeiro

e ao Laboratório de Biologia Molecular de Bactérias, na pessoa da Profª. Drª Bernadete

Teixeira de Carvalho,

Sou grata pela oportunidade de experimentar novas técnicas de análises laboratoriais, bem

como, pela disponibilidade na resolução de dúvidas.

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À Profª. Drª. Beatriz Guitton Renaud Baptista de Oliveira,

Agradeço por me fazer entender a relevância da pesquisa para a prática em enfermagem, por

todas as oportunidades, ensinamentos e exemplo. Não apenas durante as orientações, mas

também relacionados à minha vida fora dos muros da Universidade, me incentivando a

ultrapassar as fronteiras e alçar novos voos.

Ào Profª. Dr. Geraldo Renato de Paula,

Obrigada pela paciência quanto às dúvidas e inexperiências laboratoriais, bem como, pela

calma nos momentos de incerteza. Sou grata por todos os comentários e orientações, que

grandemente enriqueceram esta produção.

À Profª. Drª. Lenise Arneiro Teixeira,

Agradeço muito por toda ajuda nas dúvidas que tive durante meu aprendizado no laboratório.

Sua presença foi fundamental.

À Bruna Maiara Ferreira Barreto,

Companheira de coleta de dados e análises laboratoriais, parceira de dúvidas, incertezas e

desafios. Muito obrigada pela compreensão, auxílio, parceria, risadas e incentivo. Sem você,

com certeza, essa caminhada teria sido muito mais dura. Muito obrigada!

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“Não a nós, SENHOR, não a nós, mas ao teu nome dá glória, por

amor da tua benignidade e da tua verdade”

Salmos 115:1

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RESUMO:

Introdução: Para a correta reparação das feridas, as diversas fases do processo de

cicatrização devem ocorrer na sequencia correta, numa intensidade ideal. Vários fatores

afetam a cicatrização das feridas ao interferir em uma ou mais fases deste processo, tal como,

a presença de infecção. Objetivo geral: Analisar as cepas de Pseudomonas aeruginosa

encontradas nas feridas crônicas tratadas com gel de carboximetilcelulose a 2% ou com placa

de poliuretano. Método: Pesquisa observacional descritiva, com abordagem quantitativa,

realizada através da coleta de material biológico de feridas crônicas de pacientes atendidos em

serviços ambulatoriais, empregando swabs. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em

Pesquisa (Hospital Universitário Antônio Pedro – UFF) com número de parecer 815.353. As

cepas de P. aeruginosa foram identificadas por MALDI-TOF MS, submetidas a testes de

susceptibilidade aos antimicrobianos, identificação de genes de virulência através de PCR e

tipagem molecular através de PFGE. Resultados: Das 43 feridas a partir das quais foram

coletados swabs, em 31 (72,09%) obteve-se isolamento de P. aeruginosa (foram identificadas

48 cepas). Estas feridas têm 3,6 vezes mais chances de desenvolverem infecção quando

comparadas àquelas a partir das quais esse microrganismo não foi isolado. As cepas isoladas

dos pacientes em uso de gel de carboximetilcelulose a 2% apresentaram maiores taxas de

resistência a gentamicina e ciprofloxacino (ambos com 7,89%). Já as cepas isoladas dos

pacientes tratados com placa de poliuretano, destacaram-se pela resistência a ciprofloxacino

(90%). Foram identificadas três cepas multirresistentes de duas feridas tratadas com placa de

poliuretano impregnada com prata. Foram positivas para presença do gene exoS 26 cepas

(54,16%), e 13 (27,08%), para o gene exoU. Observou-se mesmo perfil de PFGE entre as

cepas coletadas em diferentes momentos de onze pacientes, enquanto que em seis pacientes as

cepas coletadas em diferentes momentos foram distintas. Não houve semelhança de padrões

de fragmentação de DNA entre cepas derivadas de pacientes diferentes. Conclusão: A

maioria das feridas não apresentava sinais clínicos de infecção. Foram identificadas 48 cepas

de P. aeruginosa. O isolamento deste microrganismo é fator de risco para desenvolvimento de

infecção. As cepas de P. aeruginosa têm baixos índices de resistência antimicrobiana, com

apenas três cepas multiresistentes. Os desbridamentos realizados nas feridas crônicas não têm

sido efetivos para descolonização de P. aeruginosa, já que um mesmo clone bacteriano foi

identificado na ferida em diferentes momentos, na maioria dos casos. Descritores: Úlcera, Infecção dos ferimentos, Pseudomonas aeruginosa, Testes de sensibilidade a

antimicrobianos por disco-difusão, Resistência microbiana a medicamentos, Enfermagem

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ABSTRACT

Introduction: For proper wound healing, various stages of the healing process must occur in

a correct sequence and an ideal intensity. Several factors affect the wounf healing on one or

more phases of this process, such as the presence of infection. General objective: To analyze

Pseudomonas aeruginosa strains found in chronic wounds treated with 2%

carboxymethylcellulose gel or polyurethane plate. Method: Descriptive observational

research with a quantitative approach, carried out through the collection of biological material

of chronic wounds of patients attended in outpatient services, using swabs. The study was

approved by the Research Ethics Committee (Academic Hospital Antonio Pedro - UFF) with

number 815.353. P. aeruginosa strains were identified by MALDI-TOF MS, subjected to

antimicrobial susceptibility testing, identification of virulence genes by PCR and molecular

typing by PFGE. Results: Of the 43 wounds from which swabs were collected, at 31

(72.09%) was obtained isolation of P. aeruginosa (48 strains have been identified). These

wounds are 3.6 times more likely to develop infection when compared to those from which

this microorganism was not identified. The strains isolated from patients using 2%

carboxymethyl cellulose gel showed more resistance rates to gentamicin and ciprofloxacin

(both 7.89%). Already the strains isolated from patients treated with polyurethane plate,

highlighted by the resistance to ciprofloxacin (90%). Three multiresistant strains were

identified from two wounds treated with polyurethane plate impregnated with silver. 26

strains (54.16%) were positive for the presence of exoS gene and 13 (27.08%), for the exoU

gene. It was observed even PFGE profile among strains collected at different times of eleven

patients, while in six patients, strains collected at different times were different. There was no

resemblance DNA fragmentation patterns among strains derived from different patients.

Conclusion: Most of the wounds showed no clinical signs of infection. 48 strains of P.

aeruginosa have been identified. The isolation of this microorganism is a risk factor for

development of infection in chronic wounds. Strains of P. aeruginosa demonstrated low

antimicrobial resistance rates and only three multi-resistant strains were identified. The

debridement performed in chronic wounds is not effective for removing colonization by P.

aeruginosa, because same bacterials clones was identified in the wound swabs collected in

same patients at different times in most cases.

Keywords: Ulcer, Wound infection, Pseudomonas aeruginosa,

Disk diffusion antimicrobial tests, Drug resistance, Nursing

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Úlcera venosa com sinais de infecção. 26

Figura 2 - Biofilme bacteriano em ferida (por epifluorescência). 26

Figura 3 - Células bacterianas planctônicas em ferida (por

epifluorescência). 26

Figura 4 - Sistema de secreção do tipo III (T3SS). 29

Figura 5 - Alguns fatores de virulência de P. aeruginosa. 31

Figura 6 - Contaminação, colonização e infecção bacteriana em lesões a

partir da presença de células planctônicas no leito da ferida. 32

Figura 7 -

Presença de biofilme bacteriano no leito da ferida formado a

partir do desenvolvimento de matriz exopolissacarídea

extracelular e comunicação entre células bacterianas por

moléculas de quorum sensing.

33

Figura 8 - Espectômetro de massas MADI-TOF. 38

Figura 9 - Placa de metal onde são depositadas as amostras para realização

do MALDI-TOF aberta e fechada. 46

Figura 10 -

Perfis de fragmentação do DNA genômico de cepas de P.

aeruginosa obtidos por eletroforese em gel de agarose em campo

pulsado

67

Figura 11 - Dendograma filogenético de cepas de P. aeruginosa isoladas de

feridas crônicas empregando o método Dice e UPGMA 68

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LISTA DE TABELAS E GRÁFICOS

Tabela 1 - Etapas da técnica de coleta de swab de lesões tissulares com

justificativas segundo Ferreira et al (2006). Niterói, 2015. 44

Tabela 2 - Iniciadores e condições de PCR. Niterói, 2015. 49

Tabela 3 - Dados sociodemográficos e histórico de saúde. Niterói, 2015. 55

Tabela 4 -

Associação entre diagnóstico de infecção em ferida crônica e

comorbidades hipertensão arterial sistêmcia e insuficiência venosa

crônica. Niterói, 2015.

56

Tabela 5 - Características das feridas. Niterói, 2015. 57

Tabela 6 -

Associação entre diagnóstico de infecção em ferida crônica e

comorbidades hipertensão arterial sistêmcia e insuficiência venosa

crônica. Niterói, 2015.

58

Tabela 7 - Sinais clínicos de infecção nas feridas. Niterói, 2015. 59

Tabela 8 - Associação entre diagnóstico de infecção em ferida crônica e

tratamento com placa de poliuretano. Niterói, 2015. 61

Tabela 9 - Associação entre diagnóstico de infecção em ferida crônica e

isolamento de P. aeruginosa da ferida. Nitéroi, 2015. 63

Tabela 10 -

Susceptibilidade aos antimicrobianos por disco-difusão e presença dos

genes de virulência exoS e exoU das cepas de P. aeruginosa isoladas

de pacientes com feridas crônicas. Niterói, 2015.

63

Gráfico 1 -

Percentuais de suscetibilidade aos antimicrobianos de cepas de P.

aeruginosa isoladas de pacientes com feridas crônicas tratados com gel

de carboximetilcelulose a 2%. Niterói, 2015.

65

Gráfico 2 -

Percentuais de suscetibilidade aos antimicrobianos de cepas de P.

aeruginosa isoladas de pacientes com feridas crônicas tratados com

placa de poliuretano. Niterói, 2015.

66

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LISTA DE APÊNDICES E ANEXOS

Apêndice 1 - Revisão Integrativa – Artigo Publicado no OBJN 91

Apêndice 2 - Termo de consentimento livre e esclarecido 92

Apêndice 3 - Autorização para fotografia 93

Apêndice 4 - Protocolo de Coleta de Dados 94

Apêndice 5 - Pacientes, Feridas e Placas de Ágar Cetrimida 98

Apêndice 6 - Relação entre sinais clínicos de infecção nas feridas e perfil de

susceptibilidade das cepas de P. aeruginosa 109

Anexo 1 -

Aprovação da Pesquisa no Comitê de Ética em Pesquisa da

Faculdade de Medicina do Hospital Universitário Antônio

Pedro

113

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

ATCC American Type Culture Collection

BVS Biblioteca Virtual em Saúde

CIM ou CMI Concentração Inibitória Mínima ou Concentração Mínima Inibitória

CLSI Clinical Laboratory Standard Institute

DeCS Descritores em Ciências da Saúde

EEAAC Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa

HUAP Hospital Universitário Antônio Pedro

LPS Lipopolissacarídeo

MEDLINE Literatura Internacional em Ciências da Saúde

MeSH Medical Subject Headings Section

O Gás Oxigênio 2

ºC Graus Celsius

PCR Polimerase Chain Reaction (Reação de Polimerase em Cadeia)

PFGE Pulsed-Field Gel Eletrophoresis (Eletroforese em campo pulsado)

PubMed Serviço da Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos da

América que permite acesso aos dados bibliográficos da MEDLINE

T1SS Sistema de secreção tipo I

T2SS Sistema de secreção tipo II

T3SS Sistema de secreção tipo III

TSB Caldo de Soja Tríptica

UFC Unidades Formadoras de Colônias

UFF Universidade Federal Fluminense

USP Universidade de São Paulo

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 17 1.1. Problematização do estudo 18 1.2. Justificativa do estudo 18 1.3. Pressuposto do estudo 20 1.4. Objetivos do estudo 20 1.5. Contribuições do estudo 20

2. REVISÃO DE LITERATURA 22 2.1. Feridas crônicas: epidemiologia no Brasil e no mundo 22 2.2. Processo de reparação tecidual 23 2.3. Gel de Carboximetilcelulose a 2% e Placa de Poliretano 24 2.4. Infecções nas feridas crônicas: Pseudomonas aeruginosa 25 2.5. Métodos de análise laboratorial microbiológica 35

2.5.1. Coleta de material biológico das feridas crônicas 35 2.5.2. Análise fenotípica 35 2.5.3. Testes de sensibilidade aos antimicrobianos 36

2.5.4. Espectometria de Massas MALDI-TOF 37 2.5.5. Análise genotípica 39

2.5.5.1. Reação em cadeia de polimerase (PCR) 39 2.5.5.2. Pulsed-field gel electrophoresis (PFGE) 40

3. MÉTODO 42 3.1. Tipo de Estudo 42 3.2. Local do Estudo 42 3.3. População e Amostra 42 3.4. Coleta de Dados 43 3.5. Análise Laboratorial 46

3.5.1. Cultura Microbiológica 46 3.5.2. Espectometria de Massas MALDI-TOF 46 3.5.3. Testes de susceptibilidade aos antimicrobianos 47 3.5.4. Testes moleculares 48

3.5.4.1. Obtenção de DNA bacteriano 48 3.5.4.2. Reação em cadeia da polimerase (PCR) 48 3.5.4.3. Eletroforese em gel de campo pulsado (PFGE) 50

3.6. Análise estatística 51 3.7. Aspectos éticos 52

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4. RESULTADOS 54 4.1. Caracterização sociodemográfica e clínica dos pacientes 54

4.2. Identificação de P. aeruginosa nas feridas crônicas 62

4.3. Testes de susceptibilidade aos antimicrobianos por disco-difusão e

presença de genes de viruência exoS e exoU 63

4.4. Diversidade clonal 66

5. DISCUSSÃO 70

5.1. Caracterização sociodemográfica e clínica dos pacientes 70

5.2. Identificação de P. aeruginosa nas feridas crônicas 72

5.3. Testes de susceptibilidade aos antimicrobianos por disco-difusão e

presença de genes de viruência exoS e exoU 73

5.4. Diversidade clonal 77

6. CONCLUSÃO 80

OBRAS CITADAS 81 CRONOGRAMA 91 APÊNDICES 92 ANEXOS 114

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________________________________________________________________ 1. INTRODUÇÃO

Uma ferida é representada pela interrupção da continuidade de um tecido corpóreo, em

maior ou em menor extensão, causada por qualquer tipo de trauma físico, químico, mecânico

ou desencadeada por uma afecção clínica, que desencadeia os mecanismos de defesa do

indivíduo (BRITO et al, 2013) e passa a ser considerada crônica quando o processo de reparo

tecidual é superior a seis semanas para ser concluído (SCOTTON et al, 2014).

Para Guo et al (2010), as feridas configuram um sério problema de saúde pública,

sobretudo quando crônicas. Wong et al (2012) afirmam que 6,5 milhões de pessoas nos

Estados Unidos sofrem com feridas crônicas e cerca 25 bilhões de dólares são gastos

anualmente para tratar complicações de saúde relacionadas às feridas.

O processo de cicatrização de lesões pode ser influenciado por diversos fatores, os

quais podem acelerar ou retardar a reparação tecidual, caso estejam articulados

adequadamente ou não. Martins et al (2010) afirmam que é necessário atentar para os fatores

locais e sistêmicos que podem favorecer ou retardar a cicatrização das lesões.

As feridas crônicas são caracterizadas pela presença de grande quantidade de citocinas

pró-inflamatórias no leito lesional, que determinam um desequilíbrio enzimático em função

do excesso de metaloproteases de matriz, que, associado à redução de seus inibidores,

culminam na destruição da matrix extracelular (DHALL et al, 2014). Esse profundo estado

inflamatório resultante é considerado um fator importante relacionado ao atraso no processo

de cicatrização de feridas.

Isto é, a inflamação prolongada é uma característica marcante das feridas crônicas

(DHALL et al, 2014). Logo, um entendimento detalhado dos fatores envolvidos no controle

da resposta inflamatória em feridas é necessário para uma terapia eficaz em casos de retardo

na cicatrização.

Dentre esses, pode-se destacar: presença de infecção, idade do paciente, presença de

diabetes mellitus, comprometimento arterial ou renal, artrite reumatoide, questões nutricionais

como obesidade e desnutrição, uso de medicações corticosteróides, citotóxicas ou

imunossupressivas e também aspectos referentes ao estilo de vida do indivíduo, tais como

estresse, álcool, tabagismo ou outras drogas e higiene pessoal deficiente, segundo Downe

(2013).

Em uma grande variedade de tipos de feridas, mecanismos inflamatórios não

controlados são considerados responsáveis pelo retardo no processo de cicatrização. A este

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18

respeito, Martins et al (2010) afirmam que frequentemente as feridas crônicas contêm

microrganismos e Dhall et al (2014) relatam que a diminuição da carga microbiana a níveis

inferiores aos característicos de infecção facilita o controle dos mediadores inflamatórios

locais e sistêmicos, reduzindo a inflamação.

Smith et al (2014) afirmam que a realização de culturas bacterianas a partir de swabs

de feridas permite a identificação adequada dos microrganismos presentes na lesão. A partir

daí, torna-se possível descrever fenotípica e genotipicamente as bactérias encontradas de

acordo com suas características de virulência e perfil de resistência aos antimicrobianos

(LAVIGNE et al, 2015), visando orientar medidas para redução da carga microbiana das

lesões, diminuição da inflamação e, consequentemente, otimização da reparação tecidual.

1.1. Problematização do estudo

Este estudo faz parte da pesquisa “Inovação em Enfermagem no Tratamento de Lesões

Tissulares – sistematização, inclusão tecnológica e funcionalidade”, realizada numa parceria

entre a Universidade Federal Fluminense (UFF) e a Universidade de São Paulo (USP),

visando, dentre outras coisas, o desenvolvimento e a aplicação de tecnologias para prevenção

e tratamento de feridas.

Na UFF, o Grupo de Pesquisa Clínica, Feridas e Biomateriais, coordenado pelas

Professoras Beatriz Guitton Renaud Baptista de Oliveira e Debora Omena Futuro e composto

por estudantes e profissionais da Enfermagem e da Farmácia tem se destacado na realização

de estudos nessa área, contando com o apoio da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso

Costa (EEAAC), do Ambulatório de Reparo de Feridas do Hospital Universitário Antonio

Pedro (HUAP), da Faculdade de Farmácia e do Laboratório de Controle Microbiológico.

1.2. Justificativa do estudo

Foi realizada uma busca nas bases de dados contidas na Biblioteca Virtual em Saúde

(BVS), utilizando os descritores Úlcera de Perna, Infecção, Enfermagem e Bactérias a partir

das ferramentas MeSH (Medical Subject Headings Section), do MEDLINE via PubMed, e

DeCS (Descritores em Ciências da Saúde), do Portal BVS. Foi aplicado o operador boleano

AND e selecionadas produções científicas publicadas nos últimos dez anos. Um dos objetivos

foi identificar as espécies microbianas mais comumente isoladas em feridas e, para alcançá-lo,

foram incluídos sete estudos (PESSANHA et al, 2015).

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Evidenciou-se que o papel dos microrganismos no ambiente das feridas ainda é pouco

entendido. Para Han et al (2011), as feridas crônicas contêm comunidades polimicrobianas

complexas, porém, a relação entre bactérias e feridas crônicas ainda é pouco compreendida.

Nesse sentido, sabe-se que cerca de 80% a 100% das feridas podem estar colonizadas por

bactérias, sugerindo-se que a presença de infecção é um fator de risco para o retardo na

cicatrização (O’MEARA et al, 2014).

A identificação de bactérias resistentes a antibióticos em feridas crônicas tem

determinado a busca de novas terapias e estratégias de enfrentamento, tendo em vista que as

consequências da resistência aos antimicrobianos incluem maior tempo de internação, maiores

custos relacionados aos testes diagnósticos e maiores riscos de morbidade e mortalidade.

Diretrizes terapêuticas sugerem que coberturas impregnadas com agentes antibacterianos

devem ser usadas apenas para tratar feridas com sinais clínicos de infecção, ou seja, não

devem ser aplicados naquelas que estejam apenas colonizadas (O’MEARA et al, 2014).

Dentre os principais microrganismos encontrados nas feridas, destaca-se P.

aeruginosa (O’MEARA et al, 2014; PESSANHA et al, 2015), uma bactéria que apresenta

uma gama significativa de fatores de virulência que podem colaborar para o estabelecimento

de infecções (TURNER et al, 2014; FILLOUX, 2011). Dentre estes, destaca-se a formação de

biofilmes.

Para Han et al (2011), os biofilmes estão tipicamente presentes nas superfícies. São

definidos como comunidades polimicrobianas complexas associadas a uma matriz

extracelular exopolissacarídea secretada pelas bactérias. A unidade estrutural básica de um

biofilme é a microcolônia, na qual as células estão localizadas em grupos. Os biofilmes são

bem hidratados, compostos por células em cerca de 15% e por material de matriz em 85%.

Proporcionam um ambiente único ao facilitar a sinalização entre as células bacterianas em

virtude da produção e detecção de moléculas que promovem o comportamento coletivo das

bactérias do biofilme (HAN et al, 2011).

Os biofilmes são particularmente relevantes quando se trata de feridas crônicas. O

leito da ferida é considerado uma superfície úmida na qual os biofilmes podem facilmente ser

formados. Além disso, Han et al (2011) apontam que os biofilmes apresentam diversas

propriedades que predispõem os microrganismos que o compõe a desenvolverem maior

resistência aos antibióticos.

No Brasil, a pequena quantidade de estudos sobre detecção de bactérias em lesões, sua

susceptibilidade e presença de genes de virulência (MARTINS et al, 2010), deve ser suprida.

Assim, esta pesquisa preenche uma importante lacuna no conhecimento, já que a identificação

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de cepas de P. aeruginosa nas feridas crônicas pode embasar estratégias para diminuição da

carga microbiana nas feridas, culminando na redução do tempo de cicatrização.

1.3. Pressuposto do estudo

As cepas de Pseudomonas aeruginosa encontradas nas feridas crônicas de pacientes

atendidos ambulatorialmente tratados com gel de carboximetilcelulose a 2% e com placa de

poliuretano apresentam resistência aos antimicrobianos, fatores de virulência e tem

permanecido nas feridas, mesmo com o emprego de medidas terapêuticas para

descolonização.

1.4. Objetivos do estudo

Objetivo Geral: Analisar as cepas de Pseudomonas aeruginosa encontradas nas feridas

crônicas tratadas com gel de carboximetilcelulose a 2% e placa de poliuretano.

Objetivos Específicos

• Caracterizar a amostra do estudo de acordo com dados sociodemográficos e clínicos,

com foco na avaliação dos sinais clínicos de infecção em feridas crônicas;

• Identificar cepas de Pseudomonas aeruginosa a partir de swabs coletados de feridas

crônicas;

• Verificar a associação entre diagnóstico de infecção em ferida crônica e isolamento de

P. aeruginosa da ferida;

• Avaliar o perfil de susceptibilidade das cepas de Pseudomonas aeruginosa aos

antimicrobianos;

• Detectar a presença de genes que codificam para os fatores de virulência exotoxina S e

exotoxina U;

• Avaliar a permanência da colonização por P. aeruginosa através de tipagem

genotípica das cepas identificadas.

1.5. Contribuições do estudo

Estudos apontam que há um aumento de bactérias do gênero Pseudomonas spp nos

pacientes em uso de antibioticoterapia sistêmica, quando comparados àqueles não submetidos

aos antimicrobianos (HAN et al, 2011; GARDNER et al, 2013). Isso é possível pelo potencial

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que a administração de antibióticos apresenta na seleção de microrganismos, tendo em vista

que Pseudomonas spp expressam abundantes genes de resistência, determinantes da síntese de

bombas de efluxo e da matriz extracelular presente nos biofilmes.

Pode-se dizer, nesse sentido, que o aumento da compreensão acerca das relações entre

os microrganismos e as feridas crônicas permite a indicação de tratamentos mais adequados, e

consequente diminuição da inflamação e do tempo de reparo tecidual, contribuindo para o

aumento da qualidade de vida dos pacientes, bem como, para desonerar o sistema de saúde,

no que tange a gastos com tratamento e recuperação.

A inserção deste estudo na linha de pesquisa “Cuidados Clínicos” do Programa de

Pós-Graduação Strictu-Sensu em Ciências do Cuidado em Saúde corrobora a complexidade

do cuidado aos pacientes com feridas crônicas, que envolve desde aspectos subjetivos e

pessoais do paciente, até a necessidade de articulação de diferentes campos do conhecimento,

como a biologia molecular, a microbiologia e a enfermagem.

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________________________________________________________________

2. REVISÃO DE LITERATURA

A análise microbiológica de feridas tem se apresentado como uma ferramenta

fundamental para compreensão dos procedimentos de cuidados mais adequados a serem

adotados para com os pacientes.

2.1. Feridas crônicas: epidemiologia no Brasil e no mundo

As feridas crônicas são um grave problema de abrangência mundial, responsável por

significativos índices de morbidade e mortalidade, com considerável impacto econômico

(SILVA et al, 2011; ZHAO et al, 2010). Nos Estados Unidos, aproximadamente 6,5 milhões

de pessoas possuem feridas crônicas (DHALL et al, 2014), levando a gastos de cerca de 25

bilhões de dólares (DHALL et al, 2014; HAN et al, 2011).

No contexto da saúde pública no Brasil, apesar da demanda crescente de pessoas com

feridas crônicas em praticamente todos os serviços de saúde do país, os registros referentes ao

atendimento dessa clientela são escassos. Isto é, o pequeno número de estudos

epidemiológicos sobre esses agravos dificulta a mensuração precisa do impacto econômico

nacional (BRITO et al, 2013).

Cutting et al (2012) afirmam que a morbimortalidade associada à infecção das feridas

é uma questão global, que pode ocorrer tanto em pacientes com lesões agudas ou com feridas

crônicas. Dados epidemiológicos em todos os tipos de feridas não estão facilmente

disponíveis. Porém, sabe-se que a disseminação de patógenos altamente virulentos e

resistentes é um dos principais problemas de saúde mundiais (NIKBIN et al, 2012).

Embora os dados brasileiros sejam pouco precisos, alguns autores estimam que quase

3% da população nacional são portadores de feridas crônicas, que se eleva para 10% nas

pessoas com diabetes e que em torno de quatro milhões de pessoas sejam portadoras de lesões

crônicas ou tenham algum tipo de complicação no processo de cicatrização, o que requer dos

profissionais não só maiores conhecimentos como também preparo para lidar com o problema

(SILVA et al, 2009).

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2.2. Processo de Reparação Tecidual

Existem divergências entre os autores quanto à definição do conceito de feridas

crônicas e o tempo de cicatrização aproximado dessas lesões. Gontcharova et al (2010)

consideram feridas crônicas aquelas que, por razões biológicas ou físicas, não cicatrizam.

Enquanto que, para Guo et al (2010), as úlceras crônicas são feridas que não avançaram no

processo ordenado de reparação tissular durante um período de três meses. Por outro lado,

outros autores (ZHAO et al, 2010; MARTINS et al, 2010; SCOTTON et al, 2014) as definem

como aquelas que demoram mais de seis semanas para cicatrizar.

As feridas crônicas são classificadas de acordo com a etiologia em venosas, diabéticas

e úlceras por pressão. A mais comum é a úlcera venosa, encontrada nas extremidades

inferiores, principalmente na região dos maléolos mediais ou laterais (SCOTTON et al, 2014).

Independente da etiologia da ferida, o processo de cicatrização ocorre em quatro fases

altamente integradas e sobrepostas: hemostasia, inflamação, proliferação e remodelação do

tecido (REINKE et al, 2012).

Durante a hemostasia, que se inicia exatamente após a ocorrência do ferimento, ocorre

o extravasamento sanguíneo que preenche a área lesada com plasma e elementos celulares,

principalmente plaquetas. Reinke et al (2012) afirmam que a agregação plaquetária e a

coagulação sanguínea geram um tampão, rico em fibrina, que além de restabelecer a

hemostasia e formar uma barreira contra a invasão de microrganismos, organiza matriz

provisória necessária para a migração celular. Essa matriz servirá também, como reservatório

de citocinas e fatores de crescimento que serão liberados durante as fases seguintes do

processo cicatricial.

As principais células responsáveis pela fase de inflamação são os macrófagos ativados,

que atuam degradando e removendo componentes do tecido conjuntivo danificado, como

colágeno, elastina e proteoglicanas. Também secretam fatores quimiotáticos que atraem

outras células inflamatórias ao local da ferida e produzem prostaglandinas, que funcionam

como potentes vasodilatadores, afetando a permeabilidade dos microvasos. Os macrófagos

produzem vários fatores de crescimento, isto é, citocinas necessárias para estimular a

formação do tecido de granulação (REINKE et al, 2012).

A proliferação é a fase que compreende a reepitelização, que deveria se iniciar horas

após a lesão, exceto nos casos de lesões crônicas, com a movimentação das células epiteliais

oriundas tanto da margem como de apêndices epidérmicos localizados no centro da lesão.

Além disso, envolve também a fibroplasia e angiogênese, que compõem o chamado tecido de

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granulação responsável pela ocupação do tecido lesionado (REINKE et al, 2012). Ainda nessa

fase, os fibroblastos produzem a nova matriz extracelular necessária ao crescimento celular

enquanto os novos vasos sanguíneos carreiam oxigênio e nutrientes necessários ao

metabolismo celular local.

Na remodelação, ocorre uma tentativa de recuperação da estrutura tecidual normal. É

caracterizada pela maturação dos elementos e alterações na matriz extracelular, ocorrendo o

depósito de proteoglicanas e colágeno. Ocorre, concomitantemente, reorganização da matriz

extracelular, que se transforma de provisória em definitiva (REINKE et al, 2012).

2.3. Gel de Carboximetilcelulose a 2% e Placa de Poliretano

A carboximetilcelulose é um polímero natural. A composição do gel utilizado nas

feridas avaliadas nesta pesquisa era de: 2% de carboximetilcelulose, 0,1% de metilparabeno,

20% de propilenoglicol e 77,9% de água purificada, armazenados em frascos de 100g

(RODRIGUES et al, 2013).

Produtos dessa natureza favorecem a hidratação e manutenção do ambiente úmido na

ferida, com capacidade de absorver, desencrostar e desbridar o tecido fibrótico e necrótico.

Rodrigues et al (2013) afirmam que o gel de carboximetilcelulose a 2% colabora para a

redução do tecido desvitalizado por meio do desbridamento autolítico. Além disso, também

atua diminuindo a dor e o edema.

Assim, é indicado para feridas secas ou pouco exsudativas, com crostas; tecidos

desvitalizados e necróticos em feridas abertas; áreas doadoras de pele; queimaduras de

primeiro e segundo graus; dermoabrasões. As contraindicações são as feridas altamente

exsudativas, pele íntegra e incisões cirúrgicas fechadas. A periodicidade de troca pode ser até

48 horas e sua apresentação é sob a forma gel amorfo (SILVA et al, 2011).

Por sua vez, a placa de poliuretano (Biatain®) é um curativo com uma estrutura

hidrofílica, com uma alta capacidade de desbridamento autolítico e absorção de exsudatos.

Além disso, eles evitam vazamentos e odores, mantém a pele perilesional intacta, reduzem as

forças de atrito e não produzem traumas quando removidos (GUILLÉN-SOLÀ et al, 2013).

Existem duas apresentações: placa de poliuretano com prata (Biatain Ag®) e com

ibuprofeno (Biatain Ibu®). De acordo com Leaper et al (2013), Biatain Ag® é um curativo de

espuma de poliuretano macio e absorvente que contém íons de prata como parte integrante de

sua matriz. Na presença de exsudados da ferida, essa prata iónica é liberada para o leito da

ferida.

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Já o produto Biatain Ibu®, é uma combinação de uma espuma de poliuretano

hidrofílico absorvente, com ibuprofeno na concentração de 0.5 mg/cm2

(CIGNA et al, 2009).

O ibuprofeno é um antiinflamatório não-esteróide amplamente utilizado e seguro. Associado à

matriz de poliuretano, o ibuprofeno é liberado continuamente no leito da ferida por até sete

dias, conforme vai entrando em contato com o exsudato. CIGNA et al (2009) afirmam que a

liberação de ibuprofeno controla a dor e o edema na superfície coberta pelo curativo.

2.4. Infecção nas Feridas Crônicas: Pseudomonas aeruginosa

Para a correta reparação das feridas, as fases do processo de cicatrização devem

ocorrer na sequencia correta, dentro de um período de tempo determinado e numa intensidade

ideal (GUO et al, 2010). Isto é, muitos fatores podem afetar a cicatrização das feridas ao

interferir em uma ou mais fases deste processo, determinando, assim, uma reparação

inadequada ou um atraso na remodelação tissular, cronificando as lesões. Dentre estes fatores,

destaca-se a presença de infecção nas feridas, que prolonga a fase inflamatória, diminui a

síntese de colágeno, retarda a epitelização e causa injúrias constantes ao tecido (ZHAO et al,

2013).

Nesse sentido, torna-se importante diferenciar feridas contaminadas, colonizadas e

infectadas. Define-se contaminação pela presença de microrganismos sobre a superfície

epitelial, sem invasão tecidual, reação fisiológica ou dependência metabólica com o

hospedeiro. No processo de colonização, há a relação de dependência metabólica com o

hospedeiro e a formação de colônias, mas ainda sem sinais clínicos de infecção, o que indica

a ausência de reação imunológica. A infecção, por sua vez, implica parasitismo, com

interação metabólica, reação inflamatória e resposta imune (SILVA et al, 2011; O’MEARA et

al, 2014).

Feridas em estado de infecção permanecem na fase de inflamação por mais tempo,

retardando o reparo tecidual normal (GUO et al, 2010; ZHAO et al, 2013; HOLMES et al,

2015; SCOTTON et al, 2014). Os indicadores locais de uma lesão com infecção são dor,

eritema, edema, calor e exsudato purulento, cicatrização sem evolução, descoloração do leito

da ferida, granulação friável, odor fétido, túnel para os tecidos moles, rompimento da ferida,

exsudato sanguinolento e exsudato seroso aumentado (SILVA et al, 2011; MARTINS et al,

2010; O’MEARA et al, 2014).

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A figura 1 apresenta uma lesão com 85% de seu leito coberto por tecido desvitalizado

e necrose. No estudo fonte desta imagem o paciente relatava dor entre quatro e cinco de

acordo com a escala verbal da dor (DOWNE, 2013).

Figura 1 – Úlcera venosa com sinais de infecção

Fonte: DOWNE, 2013

Ao estudar as infecções bacterianas nas feridas, observa-se que estes microrganismos

podem estar presentes na forma planctônica ou em biofilmes. Bactérias planctônicas são

aquelas que vivem de forma isolada, não estando associadas a biofilmes. Os biofilmes,

segundo Zhao et al (2013), são compostos de células bacterianas ou fúngicas, envoltos em

uma matriz extracelular formada por polímeros hidratados e detritos. Os biofilmes bacterianos

estão presentes de forma ubíqua no meio ambiente, incluindo condições com extremos de

temperatura e condições básicas para sobrevivência dos microrganismos (ZHAO et al 2013).

As figuras 2 e 3 permitem verificar a diferença de apresentação das bactérias presentes nas

feridas em biofilme e na forma planctônica, respectivamente.

Figura 2 – Biofilme bacteriano em

ferida (por epifluorescência)

Figura 3 – Células bacterianas planctônicas

em ferida (por epifluorescência) Fonte: HAN et al 2011

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Cerca de 60% das feridas crônicas apresentam biofilmes bacterianos, enquanto que

apenas 6% das feridas agudas apresentam biofilmes (HOLMES et al 2015), o que indica que

não é a presença dos microrganismos, mas sim sua interação com o hospedeiro, que influencia

e pode retardar a cicatrização de feridas (SCOTTON et al, 2014; ZHAO et al 2013).

Pseudomonas aeruginosa é um dos microrganismos mais comumente isolados a partir

de feridas agudas e crônicas de várias etiologias (PASTAR et al, 2013; MIHAI et al 2014;

ZHAO et al 2013).

No estudo feito por Downe (2013), a ferida apresentada na figura 1 foi submetida

análise microbiológica a partir de coleta de material biológico por meio de swab e se

evidenciou a presença de P. aeruginosa.

Pseudomonas aeruginosa é um bacilo Gram-negativo (TURNER et al, 2014; SOUSA

et al, 2014), microrganismo versátil, ubiquamente distribuído em diferentes ambientes,

incluindo terra, água, vegetais e animais (SOUSA et al, 2014). É um agente patogênico

oportunista, isto é, determina infecção em pacientes hospitalizados ou imunocomprometidos

(NIKBIN et al, 2012; SOUSA et al, 2014), em geral com pneumonia. Pode determinar

também infecções do trato urinário e gastrointestinais, otite média e ceratite (SOUSA et al,

2014).

Sousa et al (2014) afirma que P. aeruginosa apresenta um grande genoma, com cerca

de 6000 genes associados, por exemplo, a diversas vias metabólicas, fatores de virulência,

proteínas de transporte, bombas de efluxo e moléculas de quimiotaxia, dando-lhe grande

capacidade de adaptação. Além disso, esta bactéria é capaz de coordenar vias metabólicas,

otimizar suas necessidades nutricionais de acordo com as condições e meios circundantes e,

portanto, pode sobreviver, crescer e causar infecção em diferentes ambientes (SOUSA et al,

2014).

Dados do Programa de Vigilância Antimicrobiana SENTRY, relacionados a

microrganismos isolados de pacientes internados em instituições de saúde da América Latina

entre 2008 e 2010 apontaram que P. aeruginosa é o principal microrganismo causador de

pneumonias (31,2%), sendo responsável por cerca de 7,5% das infecções de corrente

sanguínea (GALES et al, 2012). Além disso, bactérias do gênero Pseudomonas spp. foram

identificadas em 13,8% das infecções de pele e tecidos moles (GALES et al, 2012).

A patogênese pode ser resumida em três etapas: adesão bacteriana e colonização,

invasão local e infecção sistêmica disseminada. Em cada uma dessas etapas existe a

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participação de diferentes fatores de virulências, caracterizando os sinais e sintomas

apresentados no curso da infecção.

Bradbury et al (2010) afirmam que a P. aeruginosa é capaz de expressar uma

impressionante variedade de fatores de virulência, que são divididos em grupos específicos

organizados de acordo com o mecanismo de ação ou método de acesso às células do

hospedeiro. A expressão de genes de virulência em uma dada infecção é de importância

fundamental da P. aeruginosa de estabelecer e manter a infecção (BRADBURY et al, 2010;

RAMACHANDRAN, 2014).

Nesse sentido, é conveniente destacar que Sousa et al (2014) afirmam que as cepas de

P. aeruginosa isoladas de infecções agudas têm características diferentes daquelas isoladas de

infecções crônicas. Isso porque, forças de seleção podem atuar sobre as bactérias, fazendo

com que permaneçam presentes na infecção apenas os clones mais resistentes, gerando

fenótipos especializados nas infecções crônicas. Infecções crônicas de feridas por P.

aeruginosa persistem por muito tempo com pouca mortalidade associada (TURNER et al,

2014).

Bradbury et al (2010), por outro lado, relatam que não há consenso sobre o papel que

os genes de virulência individuais desempenham na determinação do tipo de infecção causada

por estirpes de P. aeruginosa.

Um estudo feito comparando três modelos de crescimento de P. aeruginosa

(TURNER et al, 2014): uma ferida com infecção aguda, uma ferida com infecção crônica

(ambas provocadas em modelos murinos) e um crescimento in vitro, apontou que P.

aeruginosa regula diferencialmente 14% e 19% do seu genoma durante o crescimento em

infecções agudas e crônicas, respectivamente, em comparação com o crescimento in vitro. Os

testes realizados sugeriram que fatores de regulação (que influenciavam a expressão proteica)

identificados nas cepas presentes na infecção aguda e na infecção crônica são muito

semelhantes.

Filloux (2011) explica que as bactérias Gram-negativas, como P. aeruginosa, possuem

membrana plasmática, espaço periplasmático e membrana externa. As duas membranas são

hidrofóbicas e o espaço que as separa é hidrofílico. Cerca de 75% da membrana externa de

Gram-negativos é composta por moléculas lipopolissacarídeas (LPS). Essa estrutura é

denominada também de endotoxina ou antígeno O e é considerada um dos principais fatores

de virulência bacterianos, sobretudo por sua atividade imunoestimulante

(RAMACHANDRAN, 2014).

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Turner et al (2014) observaram que genes necessários à biossíntese do antígeno O

(lipopolissacarídeo) foram regulados negativamente in vivo e, em maior extensão em feridas

crônicas. Isto sugere que P. aeruginosa pode alterar a sua superfície externa durante a

infecção, o que influencia na resposta imune do hospedeiro ao patógeno, sobretudo devido à

atividade imunoestimulante do lipopolissacarídeo.

Além da endotoxina, as exotoxinas também são consideradas importantes fatores de

virulência. São passivamente secretadas pela célula ou, por meio de secreção ativas através

dos sistemas de secreção do tipo I (T1SS), do tipo II (T2SS), do tipo III (T3SS), do tipo IV

(T4SS), do tipo V (T5SS) ou do tipo VI (T6SS) (BRADBURY et al, 2010; FILLOUX, 2011).

Os sistemas de secreção são estruturas responsáveis pela liberação das exotoxinas no

meio extracelular, porém, as cepas de P. aeruginosa que possuem o sistema de secreção tipo

III (T3SS) são potencialmente mais patogênicas do que aquelas que possuem os demais tipos

de sistemas de secreção (BRADBURY et al, 2010). Isso porque o sistema de secreção tipo III

(T3SS) transfere a exotoxina da bactéria diretamente para o interior da célula do hospedeiro,

culminando na ativação do sistema imune. Os sistemas de secreção tipo III são mediados por

bombas de transporte na membrana celular bacteriana.

Em cepas associadas a infecções agudas em feridas, como as queimaduras, em geral,

destaca-se a expressão do sistema de secreção do tipo III (T3SS) (TURNER et al, 2014),

através do qual são secretadas as exotoxinas ExoS, ExoT, ExoU e ExoY (BRADBURY et al,

2010), conforme mostra a figura 4.

Figura 4 – Sistema de secreção do tipo III (T3SS)

Fonte: Adaptada de FILLOUX, 2011.

Destas quatro, as primeiras identificadas foram ExoT e ExoS. Estas apresentam grande

homologia (cerca de 75%) em seus aminoácidos (BRADBURY et al, 2010). ExoS é a

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principal citotoxina envolvida na colonização, invasão e disseminação bacteriana durante a

infecção, e foi inicialmente descrita como exotoxina A (SAWA, 2014).

ExoT apresenta menor atividade na virulência bacteriana (CHO et al, 2014). Atua

diminuindo a motilidade de macrófagos e a fagocitose, através de perturbações do

citoesqueleto de actina das células eucarióticas. Além disso, bloqueia a cicatrização de feridas

(SAWA, 2014).

ExoU é uma fosfolipase, foi mais recentemente descrita e mostra capacidades

citotóxicas extremamente rápidas e fulminantes (BRADBURY et al, 2010), isto é, determina

significativa virulência nas cepas que a produzem, causando sepse e mortalidade. Tem como

alvo não apenas células epiteliais, mas também os macrófagos (SAWA, 2014). Tem sido

demonstrado que ExoU é 100 vezes mais citotóxica para o hospedeiro do que ExoS e sua

supressão limita severamente a toxicidade de cepas de P. aeruginosa (BRADBURY et al,

2010).

Por sua vez, ExoY tem demonstrado ter um menor efeito sobre a virulência

(BRADBURY et al, 2010) e atua aumentando níveis intracelulares de enosina cíclico e

guanosina monofosfatos, resultando em formação de edema (SAWA, 2014).

Além das endo e exotoxinas, dentre os demais componentes estruturais de P.

aeruginosa, pode-se destacar a presença de flagelo, que contribui para mobilidade bacteriana

(TURNER et al, 2014; ANYANA et al 2014) e, por isso, influencia na capacidade de

colonizar diferentes sistemas no organismo hospedeiro, bem como, na detecção e avanços em

direção a nutrientes (incluindo ácidos graxos de cadeia longa), num processo denominado

quimiotaxia.

Turner et al (2014) afirmaram que vários genes com funções voltadas à quimiotaxia,

são prioritariamente expressos nas infecções agudas, mas não em feridas crônicas. Da mesma

maneira, genes que codificam para expressão de flagelo, são regulados positivamente em

cepas determinantes de infecções agudas, mas são dispensáveis naquelas que causam

infecções crônicas.

As fímbrias (pili) também são um fator de virulência importante no que tange a

mobilidade, adesão e colonização (ANYANA et al 2014). Contribuem para a formação de

biofilmes bacterianos, assim como, o alginato, um polissacaríadeo (BALASUBRAMANIAN

et al, 2014; GELLATLY et al, 2013) que se forma em torno da célula bacteriana. As cepas

que o produzem apresentam um aspecto colonial mucóides.

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A síntese de alginato permite formar uma matriz altamente hidrofóbica que ancora as

bactérias a uma superfície colonizada, formando-se microcolônias rodeadas de uma matriz

exopolissacarídea e constitui uma comunidade bacteriana bastante organizada.

Além das exotoxinas, os fatores de virulência extracelulares incluem também as

proteases, sendo as principais elastase A (LasA), elastase b (LasB) e protease alcalina.

Destacam-se também a fosfolipase C, os pigmentos fenazínicos e a formação de biofilme.

As proteases podem degradar fatores do sistema complemento, incluindo

imunoglobulinas, ou ainda degradar fibrina e lesar junções intercelulares epiteliais, levando à

disseminação da bactéria no organismo hospedeiro (GELLATLY et al, 2013).

As elastases, LasA e LasB, têm sua expressão regulada por um sistema de quorum-

sensing, sua secreção ocorre através de um sistema de secreção do tipo 2 e exercem também

atividades proteolíticas (GELLATLY et al, 2013).

Os principais pigmentos fenazínicos produzidos, também denominados fenazinas, são

a piocianina e a pioverdina. Segundo Gellatly et al (2013), a piocianina é um pigmento azul-

esverdeado que pode interferir com as vias de transporte de elétrons da célula hospedeira,

causando estresse oxidativo por desempenhar um papel protetor contra espécies reativas de

oxigênio e nitrogênio produzidos por células fagocitárias durante a infecção. A pioverdina,

por sua vez, é capaz de obter ferro a partir do meio, para atuar como molécula de sinalização,

determinando regulação positiva de enzimas bacterianas (GELLATLY et al, 2013). A

produção desses pigmentos foi positivamente regulada em cepas de P. aeruginosa em

modelos de infecção e colonização de feridas (TURNER et al, 2014).

Figura 5 – Alguns fatores de virulência de P. aeruginosa.

Fonte: Adaptado de Gellatly et al, 2013.

Os biofilmes são um importantíssimo fator de virulência das cepas de P. aeruginosa.

São difíceis de remover e tratar, porque, em geral, são formados por diferentes espécies

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bacterianas, que exibem um aumento da resistência aos antibióticos e desinfetantes

(GELLATLY et al, 2013). A produção do biofilme é regulada por moléculas de quorum-

sensing (BALASUBRAMANIAN et al, 2014) e geralmente ocorre mais frequentemente em

infecções crônicas (GELLATLY et al, 2013).

O biofilme garante o estabelecimento de um sistema de comunicação que coordena as

atividades metabólicas em um beneficio mutuo, assim como a produção simultânea de fatores

de virulência que facilitam a disseminação no hospedeiro. Gellatly et al (2013) afirmam que,

estruturalmente, o biofilme confere proteção contra o sistema de defesa do hospedeiro,

permite o intercâmbio de material genético e também dificulta a difusão de antibióticos.

A figura 6 representa um modelo tradicional de infecções em lesões, nas quais atuam

células planctônicas, isto é, células bacterianas isoladas. Esse processo avança da

contaminação para colonização e, em seguida, para infecção, podendo ser de maior ou menor

magnitude conforme o número de células bacterianas presentes na lesão.

Figura 6 – Contaminação, colonização e infecção bacteriana em lesões a partir da presença de

células planctônicas no leito da ferida. Fonte: Adaptado de Wolcott et al, 2008.

Pode-se dizer, dessa forma, que, com a presença prolongada na ferida, os

microrganismos alteram seu fenótipo e expressão imunitária de modo a escapar à detecção

pelo sistema imunitário do hospedeiro. As células bacterianas que crescem ligadas a

superfícies, em biofilmes, denominam-se células sésseis. Após a ligação inicial a uma

superfície, formam-se microcolônias, seguidas de diferenciação na matriz de

exopolissacarídeos, culminando na formação de biofilmes (GELLATLY et al, 2013).

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Os biofilmes são comunidades polimicrobianas altamente organizadas, compostas por

bactérias ligadas umas às outras e a uma superfície, e sua formação está intrinsecamente

ligada à comunicação por quorum-sensing. Viver em grupos confere aos microrganismos

propriedades que não têm enquanto indivíduos e os produtos secundários do metabolismo de

uma espécie podem sustentar o crescimento de outra espécie (figura 7).

Figura 7 – Presença de biofilme bacteriano no leito da ferida formado a partir do

desenvolvimento de matriz exopolissacarídea extracelular e comunicação entre células

bacterianas por moléculas de quorum-sensing. Fonte: Wolcott et al, 2008.

A comunicação através de moléculas de quorum-sensing é um mecanismo partilhado

por muitas bactérias, que permite a adaptação coordenada de uma população bacteriana às

alterações ambientais. Esta adaptação é mediada por difusões de pequenas moléculas,

denominadas autoindutores, através das membranas bacterianas. Segundo Gellatly et al,

(2013), estas moléculas são constitutivamente produzidas por cada bactéria e atuam como

cofatores de reguladores de transcrição específicos quando atingem concentrações

suficientemente elevadas. A concentração de moléculas autoindutors no meio varia

proporcionalmente de acordo com concentração de bactérias, de forma que, quando a

população bacteriana aumenta de maneira crítica (isto é, em “quorum”), e a concentração de

autoinducers torna-se suficiente para provocar a ativação de genes específicos, ocorre uma

resposta coordenada em toda a população bacteriana envolvida no biofilme (GELLATLY et

al, 2013).

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34

As bactérias dentro do biofilme diferem substancialmente das células planctônicas, por

conta de seu perfil de transcrição gênica. Espécies reativas de oxigênio e a limitação de

nutrientes dentro do biofilme pode contribuir para diminuição do metabolismo de bactérias no

biofilme, o que também pode contribuir para o aumento da resistência aos antibióticos

(GELLATLY et al, 2013).

Gellatly et al (2013) relataram que, entre as células bacterianas no biofilme há

substâncias polímeras extracelulares (EPS), constituídas por polissacarídeos, ácidos nucleicos,

lipídeos e proteínas. A matriz EPS compõe de 50% a 90% do volume de biofilme e confere à

estrutura uma robustez física e química, por resistir a forças mecânicas (por exemplo, água

corrente) e diminuir a penetração de produtos químicos tóxicos (como, antibióticos e

moléculas do sistema de defesa do hospedeiro).

Além dos fatores de virulência principais aqui descritos, cepas de P. aeruginosa são

capazes de desenvolver resistência à maior parte das classes de antimicrobianos disponíveis

para terapia.

Segundo Bălăşoiu et al (2014), os mecanismos de resistência adquirida mais

frequentes são a produção de enzimas beta-lactamases (ESBLs, AmpC, carbapenemases), que

determinam fenótipos com resistências variáveis aos betalactâmicos e aminoglicosídeos. Os

mecanismos de resistência a drogas não enzimáticas são causados por sistemas de bombas de

efluxo, redução dos poros na membrana e modificação de proteínas de ligação à penicilina

(PBP).

As enzimas β-lactamases hidrolisam o anel β-lactâmico de antibióticos como as

penicilinas, cefalosporinas, cefamicinas e carbapenemas, fazendo com que estas moléculas

percam a capacidade de inibir a síntese da parede celular bacteriana (BĂLĂŞOIU et al, 2014).

Enquanto que os antibióticos aminoglicosídeos ligam-se aos ribossomos bacterianos inibindo

a síntese proteica ou produzindo proteínas defeituosas, após terem se ligado à superfície da

célula bacteriana e terem sido transportados através da parede celular para o espaço

periplasmático (BĂLĂŞOIU et al, 2014).

Segundo Velkov et al (2013), os antibióticos lipopeptídeos, classe de antibióticos

composta pelas polimixinas E e B, exercem ação antimicrobiana através de interação direta

com o lípido A, componente do lipopolissacarídeo presente na membrana externa de bactérias

gram negativas, como P. aeruginosa.

As quinolonas inibem a síntese de DNA, causando a morte das células bacterianas. Os

alvos das quinolonas são duas enzimas, DNA girase e Topoisomerase IV. Essas enzimas

atuam mutuamente na replicação, transcrição, recombinação e reparo de DNA (WIECZOREK

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et al, 2013). Cabe destacar que pesquisas recentes com cepas derivadas do trato respiratório

têm indicados que cepas produtoras de ExoU também apresentam maiores níveis de

resistência antimicrobiana às fluoroquinolonas (MITOV et al, 2010; AGNELLO et al, 2012).

2.5. Métodos de Análise Laboratorial Microbiológica

A combinação de métodos moleculares e de cultura permite uma caracterização mais

completa da diversidade da microbiota de úlceras crônicas, e seus achados científicos podem

influenciar os dados atuais acerca do impacto da presença de microrganismos nos processos

de reparação tissular em úlceras crônicas (MISIC et al, 2014).

2.5.1. Coleta de material biológico das feridas crônicas

A coleta de material biológico de feridas por meio de swab é considerada um

procedimento simples, de baixo custo e não invasivo. Culturas de swab apresentam alta

sensibilidade, especificidade e precisão, quando comparadas à aspiração de fluído ou biópsia

da ferida (LEVINE et al 1976; FERREIRA et al, 2006; MISIC et al, 2014, SMITH et al,

2014; TUTTLE, 2015).

Ferreira et al (2006) descreveram que a técnica de coleta de material biológico de

feridas por swab deve ser feita a partir das proposições de Levine et al (1976), pioneiro no

desenvolvimento deste método. Destaca-se que a coleta deve ser feita com luvas estéreis e

após o desbridamento dos tecidos inviáveis da ferida. Deve-se umedecer a extremidade do

swab com soro fisiológico 0,9% e realizar a coleta a partir do tecido de granulação,

pressionando-o e rodando-o em 1cm2

durante 5 segundos (FERREIRA et al, 2006).

2.5.2. Análise fenotípica

Microscopicamente, a P. aeruginosa é um bacilo Gram-negativo reto. É classificada

como aeróbia, obtendo energia a partir dos carboidratos através de um metabolismo oxidativo

(dependente de O2), logo, enquadra-se entre os microrganismos não fermentadores. É capaz

de utilizar outros métodos de obtenção de energia, o que lhe confere uma versatilidade

nutricional e energética, permitindo-lhe crescer rapidamente em praticamente todos os meios

de cultura usados em laboratório, numa ampla variedade de temperaturas (GELLATLY et al,

2013; SOUSA et al, 2014).

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Macroscopicamente, P. aeruginosa cresce formando colônias iridescentes irregulares.

A maioria das cepas sintetiza pigmentos hidrossolúveis, tais como a piocianina, que confere

uma cor azul ao meio de cultura, e a pioverdina, que determina uma coloração esverdeada.

Além destes, outros tipos de pigmentos podem ser observados com menor frequência, como o

piomelanina (marrom) e a piorrubina (vermelho). Esta observação, associada à produção de

odor característico de frutas, produto de uma aminoacetofenona liberada pelo microrganismo,

são características de grande importância em sua identificação de rotina. Outra característica

destacável é a formação, em meios de cultura líquidos e sólidos, de uma camada de aspecto

mucóide denominada smile, importante na formação de biofilmes (GELLATLY et al, 2013;

SOUSA et al, 2014).

O meio de cultura ágar cetrimida é seletivo e indicador para o isolamento de P.

aeruginosa (BROWN et al, 1965). Dessa forma, este microrganismo pode ser identificado

pela morfologia da colônia, prova de oxidase positiva e crescimento em meio ágar cetrimida.

2.5.3. Testes de sensibilidade aos antimicrobianos

Os testes de susceptibilidade a antimicrobianos são métodos laboratoriais realizados in

vitro para verificar o potencial que uma droga apresenta para inibir o crescimento bacteriano.

Os principais são o método de disco-difusão e o teste da concentração mínima inibitória,

propostos pelo Clinical and Laboratory Standards Institute (CLSI 2014).

O método de disco-difusão em ágar, ou método de Kirby-Bauer, fornece resultados

qualitativos, sendo um dos mais simples e confiáveis utilizados pelos laboratórios de

microbiologia. Parte do princípio da difusão do antimicrobiano na superfície do ágar, a partir

de um disco de papel-filtro impregnado, em concentrações fixas (CLSI 2014). O disco é

colocado sobre a superfície do ágar após semeadura do inóculo bacteriano, que é feita a partir

de uma salina cuja turvação deve ser de 0,5 pela Escala de Mc Farland.

As placas para realização do teste de susceptibilidade a antimicrobianos por disco-

difusão devem conter o meio de cultura ágar Müeller-Hinton e o inóculo bacteriano deve ser

feito através de uma alça bacteriológica ou de um swab, visando cobrir toda a superfície da

placa, para a formação de um “tapete” de bactérias sob o meio. Em seguida são colocados sob

a placa os discos de papel-filtro impregnados pelos antimicrobianos sugeridos pelo Clinical

and Laboratory Standards Institute (CLSI 2014). A placa é incubada por um período de 18 às

24h a 35ºC ±2 graus, após o qual é possível evidenciar a formação de halos de inibição.

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É necessário destacar que o Clinical and Laboratory Standards Institute (CLSI 2014)

aponta que a P. aeruginosa pode desenvolver resistência durante a terapia prolongada com

qualquer antibiótico. Portanto, os isolados inicialmente sensíveis podem se tornar resistentes

três ou quatro dias após o início da terapia. Pode valer a pena testar isolados repetidos.

Os resultados são interpretados classificando os microrganismos como “sensível”,

“com susceptibilidade intermediária” ou “resistente”, de acordo com as mensurações dos

diâmetros dos halos de inibição formados nas placas (CLSI 2014).

Análises do Programa de Vigilância Antimicrobiana SENTRY, relativos a cepas de P.

aeruginosa identificadas a partir de pacientes internados em unidades de saúde da América

Latina, incluindo quatro centros de saúde brasileiros, apontaram que cerca de 30% das cepas

apresentaram resistência ao aztreonam; 25%, a piperaciclina/tazobactam; 30%, a ceftazidime;

27%, a imipenem; 34%, a meropenem; 41%, a ciprofloxacino; 35%, a gentamicina; e, 0,1% a

colistina (GALES et al, 2012).

2.5.4. Espectometria de Massas MALDI-TOF

MALDI-TOF, sigla em inglês para Matrix Assisted Laser Desorption Ionization Time-

of-Flight, é um novo método de identificação de microrganismos, uma aplicação da

espectrometria de massa à microbiologia (PASTERNAK, 2012).

A espectometria de massas MALDI-TOF (MALDI-TOF MS) surgiu recentemente

como uma técnica poderosa para identificação de microrganismos. Para Carolis et al (2014),

em comparação com os métodos convencionais de identificação, que se baseiam em ensaios

bioquímicos e requerem longos procedimentos de incubação, MALDI-TOF MS tem a

vantagem de identificar bactérias e fungos diretamente a partir de colônias que cresceram em

placas de cultura em poucos minutos, e com processos simples.

Trata-se de uma técnica que permite a ionização e vaporização de grandes

biomoléculas não voláteis, tais como, por exemplo, proteínas intactas. Ela gera principalmente

íons individuais carregados (Z = 1), de modo que a razão de massa-para-carga (m / z) do

analito corresponde ao seu valor de massa (CAROLIS et al, 2014).

Cada espectrômetro de massa MALDI-TOF (figura 9) é composto por três unidades

principais. A primeira é a fonte de íons, que torna possível a ionização e transfere moléculas

de íons da amostra para a fase gasosa; a segunda unidade é o analisador de massa, que permite

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a separação de íons de acordo com razão de massa-para-carga (m/z); a última unidade é um

dispositivo de detecção para monitorizar íons separados (CAROLIS et al, 2014).

Figura 8 – Espectrômetro de massas MADI-TOF

Fonte: Arquivo da pesquisa

As amostras a serem submetidas à MALDI-TOF MS são preparadas por mistura de

um ou duas colônias da cepa que se deseja identificar com uma matriz feita de pequenas

moléculas de ácido que possui uma forte absorção óptica na gama do comprimento de onda

utilizado pelo aparelho de laser. Em geral, são usados como matriz o ácido DHB 2,5-di-

hidroxibenzóico e o CHCA α-ciano-4-hidroxicinâmico, considerados matrizes ótimas para a

detecção de íons com menos massa (CAROLIS et al, 2014).

Após a co-cristalização da amostra e da matriz, esta absorve energia do laser, o que

conduz a dessorção e ionização da amostra bacteriana em fase gasosa. Os íons são acelerados,

em seguida, através de um campo eletrostático (criado por um potencial de cerca de 20 kV) no

tubo de voo alto em vácuo, até se atingir o detector. Os íons de menor dimensão viajam mais

rapidamente do que os maiores. Assim, o tempo de voo (TOF) necessário para alcançar o

detector é dependente da massa e carga do material analisado, resultando em um único perfil

espectral para uma dada espécie, composto de picos que variam normalmente de 2 a 20 kDa

(CAROLIS et al, 2014).

Para a identificação de microrganismos, padrões de massa de proteínas são

comparados dentro de alguns minutos com bases de dados de referência disponíveis no

mercado, tais como, espectrômetro Bruker Daltonics para Microflex LT, ou espectrômetro

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Vitek MS para bioMérieux, o mais recente desenvolvido pela Shimadzu (Shimadzu-Biotech

Corp., Kyoto, Japão), que incluem padrões proteicos espécie-específicos de várias bactérias e

fungos. Carolis et al (2014) afirmam que picos de massa no espectro experimental são

combinados com espectros de referência incluídos no banco de dados e, através desta

comparação, um valor numérico é gerado que permite a identificação rápida e precisa do

microrganismo ao nível de espécie quando os valores de pontuação são obtidos na gama dos

valores limiares definidos pelo fabricante do instrumento (pontuação valores superiores a 2,0

para o software Bruker Biotyper e superior a 90% para Vitek-MS, respectivamente).

Dessa forma, a tecnologia de MALDI-TOF permite identificação bacteriana precisa de

uma grande variedade de espécies em tempo reduzido, de 24-48h a alguns minutos, a partir de

uma pequena quantidade de biomassa microbiana necessária para a análise (104 a 106

UFC).

2.5.5. Análise genotípica

Para Misic et al (2014), a análise genética das bactérias encontradas nas lesões tem

demonstrado que o uso isolado das culturas bacterianas gera uma sub-representação da

verdadeira carga microbiana nas feridas crônicas. Daí a importância do uso de técnicas

moleculares para melhor caracterização dessas cepas.

2.5.5.1. Reação em cadeia de polimerase (PCR)

A confirmação da espécie e determinação das características genéticas de virulência e

resistência aos antimicrobianos de isolados bacterianos derivados de infecções em humanos

são informações de grande importância no estabelecimento do tratamento mais adequado.

Misic et al (2014) afirma que técnicas genômicas modernas para caracterizar

microrganismos presentes em feridas eliminam limitações associadas aos métodos baseados

em cultura. A rápida evolução de tecnologias de sequenciamento de DNA, abordagens

computacionais cada vez mais sofisticadas, bem como, a expansão de bancos de dados de

referência têm colaborado para caracterizar mais precisamente as bactérias nas feridas.

Utilizando estes métodos tem-se o potencial para se diferenciar a colonização de feridas

crônicas de infecções o que, em última análise, poderia orientar a tomada de decisão clínica.

A reação em cadeia da polimerase (PCR) é uma técnica in vitro para a amplificação de

ácidos nucléicos, comumente utilizada para diagnosticar doenças infecciosas. A utilização de

PCR para a detecção e caracterização de agentes patogênicos tem algumas vantagens, tais

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como a elevada sensibilidade e especificidade, reprodutibilidade e facilidade técnica (WANG

et al, 2014).

O procedimento requer moléculas moldes de DNA extraídas do organismo a ser

caracterizado, dois oligonucleotídeos iniciadores complementares (primers), que se ligam às

extremidades do gene ou região do DNA molde a ser amplificada, e uma enzima polimerase

estável ao calor. Os primers servem como ponto de partida para a polimerase para adicionar

as bases nitrogenadas que compõem uma nova fita de DNA, complementar à fita molde

(SINGH et al, 2006). O processo de polimerização é repetido várias vezes (ciclos) entre as

fitas, formando um número potencialmente crescente de moléculas bifilamentares de DNA.

Cada ciclo de amplificação consiste numa desnaturação térmica, fase na qual a cadeia

dupla do DNA é dividida em cadeias simples, uma fase de anelamento, na qual os iniciadores

se ligam a as sequências alvo de cadeia simples, e uma fase de extensão. É durante a fase de

extensão, em que o número de cópias de DNA aumenta e são geradas cópias de moléculas de

DNA de cadeia dupla, como a inicial (SINGH et al, 2006). Ciclos repetidos de desnaturação,

helicoidização e síntese resultam em um aumento exponencial no número de segmentos

replicados.

2.5.5.2. Pulsed-field gel electrophoresis (PFGE)

PFGE (Pulsed Field Gel Eletrophoresis) é a sigla usada para indicar qualquer técnica

de eletroforese apropriada para separar grandes fragmentos de DNA, por meio da reorientação

do DNA em gel pela ação de campos elétricos alternados. Segundo Magalhães et al (2005),

esta técnica é reconhecida como padrão ouro para identificação de linhagens bacterianas,

fúngicas e de protozoários.

Nos pacientes com úlceras crônicas, tendo em vista o papel da presença de bactérias

no leito das lesões, torna-se necessário comparar as características dos microrganismos

presentes em diferentes etapas do processo de cicatrização, isto é, em momentos diferentes do

tratamento.

A incorporação de métodos de moleculares para tipagem de patógenos tem auxiliado

nessas avaliações, permitindo elucidar as inter-relações entre as cepas bacterianas. Identificar

a clonalidade de patógenos pode auxiliar na identificação da fonte de infecção (ambiente ou

pessoas), distinguir cepas infecciosas das não infecciosas e caracterizar as reinfecções

(SINGH et al, 2006).

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A eletroforese em gel de campo pulsado (PFGE) é uma dessas abordagens. Envolve a

utilização de endonucleases de restrição para gerar um número limitado (10 a 20) de

fragmentos de DNA de alto peso molecular. Estes fragmentos são separados por eletroforese

em gel de agarose, cujos padrões resultantes são altamente específicos para as cepas

bacterianas avaliadas, proporcionando uma oportunidade para examinar variações múltiplas

ao longo do genoma do microrganismo, de modo a identificar cepas específicas.

Os resultados da eletroforese são altamente específicos para as características

genéticas dos microrganismos e permitem identificar variações múltiplas no seu genoma.

(TENOVER, 1995)

Provavelmente, o procedimento de tipagem molecular mais comum usado para

diferenciar cepas bacterianas causadoras de surtos comunitários ou institucionais é a

eletroforese em gel de campo pulsado (PFGE) (MILLER, 2013).

Na PFGE, o DNA microbiano é extraído e submetido a uma ou mais enzimas de

restrição que cortam o DNA em sítios específicos de pares de bases (locais de restrição),

deixando o DNA em um número de filamentos de diferentes comprimentos. O material

genético fragmentado resultante é aplicado em um gel, sob o qual a tensão é periodicamente

alternada entre três direções equidistantes. Como o DNA se move através do gel, grandes

fragmentos se reconfiguram e se movem lentamente através do gel, enquanto as bandas de

DNA menores movem-se rapidamente (MILLER, 2013). As bandas resultantes aparecem no

gel por tamanho, com as bandas maiores na parte superior do gel e as bandas menores

sequencialmente em relação à parte inferior. O resultado é um “código de barras” que pode

ser utilizado para comparar o padrão de bandas com um controle e com várias cepas que são

suspeitas de compor um mesmo surto, para ajudar a determinar se as cepas testadas são

indistinguíveis por PFGE ou se são diferentes.

Para Tenover (1995), uma bactéria é relacionada com outra, quando o padrão de

restrição for compatível com dois eventos genéticos, ou seja, haverá alterações entre 4 a 6

bandas no resultado do PFGE. Quando ocorrer mais da metade de bandas diferentes, as

bactérias devem ser consideradas não relacionadas geneticamente. O padrão de linhagem

responsável pelo surto deve ser chamado A1, os demais semelhantes ou possivelmente

relacionados de A2, A3, A4 e assim sucessivamente. Aqueles não relacionados devem ser

designados B, C etc.

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________________________________________________________________

3. MÉTODO

3.1. Tipo de Estudo

Pesquisa descritiva, com abordagem quantitativa, realizada a partir da coleta de

material biológico de feridas crônicas por meio de swab e de análises laboratoriais para

caracterização das cepas de P. aeruginosa encontradas.

3.2. Local de Estudo

A coleta de dados foi realizada no Ambulatório de Reparo de Feridas do Hospital

Universitário Antônio Pedro (HUAP), da Universidade Federal Fluminense (UFF), e no

Ambulatório de Reparo de Feridas da Policlínica Comunitária da Engenhoca.

O Ambulatório de Feridas do HUAP é um serviço de referência, onde são realizadas

consultas de enfermagem a pacientes com feridas, referenciados pelas unidades básicas de

saúde do Município de Niterói e da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, bem como, pelos

serviços de Cirurgia Geral, Dermatologia ou Grupo de Diabéticos do HUAP. O espaço físico

é composto um ambiente destinado ao sexo feminino e outro, ao masculino, com dois leitos

cada um.

O Ambulatório de Reparo de Feridas da Policlínica Comunitária da Engenhoca atende

pacientes cadastrados nas unidades diariamente ou conforme a necessidade de troca da

cobertura aplicada, mediante agendamento prévio.

As análises microbiológicas foram realizadas no Laboratório de Controle

Microbiológico da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal Fluminense (UFF) e no

Laboratório de Biologia Molecular de Bactérias (UFRJ).

3.3. População e Amostra

A população atendida no Ambulatório de Reparo de Feridas do HUAP é composta por

cerca de 200 pacientes por ano, prioritariamente mulheres acima de 50 anos, com úlceras

venosas crônicas e hipertensão arterial sistêmica como principal comorbidade (OLIVEIRA et

al, 2013). Já a respeito do Ambulatório de Reparo de Feridas da Policlínica Comunitária da

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Engenhoca, não há registros científicos a respeito do fluxo de atendimento. A equipe do setor

informou que são atendidos aproximadamente 20 pacientes por dia, em geral, idosos.

A amostragem foi em sequencia. Segundo Polit (2011), a amostragem em sequência

envolve recrutar todas as pessoas de uma população acessível que atendam aos critérios de

elegibilidade ao longo de um intervalo de tempo específico ou até alcançar um tamanho de

amostra determinado.

Assim, foram incluídos na pesquisa todos os pacientes atendidos nos setores entre os

meses de outubro de 2014 e fevereiro de 2015, que atenderam aos critérios de inclusão: idade

acima de 18 anos; apresentar uma ou mais ferida crônica; usar gel de carboximetilcelulose a

2% ou placa de poliuretano no tratamento da úlcera. Foram consideradas feridas crônicas

aquelas cujo processo de reparo tecidual tem demorado mais que seis semanas para ser

concluído (SCOTTON et al, 2014). Foram critérios de exclusão: presença somente de necrose

no leito da úlcera (CUZZELL, 1993); gravidez suspeita ou confirmada; uso de medicamentos

imunossupressores. Estabeleceu-se como critério de descontinuidade a mudança de produto

entre os quinze dias de acompanhamento.

Assim, foram incluídos 43 pacientes, com os quais se realizou a 1ª consulta de

enfermagem do estudo (foram coletados 43 swabs). Porém, para realização da segunda

consulta, houve quatro perdas de seguimento (9,3%): dois pacientes tratados com gel de

carboximetilcelulose a 2% e dois pacientes tratados com placa de poliuretano, pois não

compareceram à segunda consulta de enfermagem, para coleta do segundo swab. Além disso,

um paciente tratado com gel de carboximetilcelulose a 2%, ao comparecer à segunda consulta,

encontrava-se com a ferida epitelizada, o que impediu a coleta do swab. Dessa forma,

referentes à segunda consulta de enfermagem foram realizadas 38 coletas.

3.4. Coleta de Dados

A coleta de dados foi feita em duas etapas: exame clínico e coleta de material

biológico da ferida através de swab.

No exame clínico, realizava-se o levantamento dos dados de identificação do paciente,

dados clínicos e características da ferida, registrados em protocolo próprio (Apêndice IV).

A coleta de material biológico da ferida foi realizada através de swab, conforme etapas

propostas por Ferreira et al (2006), seguindo recomendações de Levine et al (1976).

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Tabela 1 – Etapas da técnica de coleta de swab de lesões tissulares com justificativas segundo

Ferreira et al (2006). Niterói, 2015.

Procedimento Justificativa

1. Explicar o procedimento e a finalidade

de coleta de material ao paciente

Proporciona cooperação

2. Reunir o material Economiza tempo e energia do profissional

3. Lavar as mãos Mantém precauções padrão e reduz a

transmissão de microrganismos

4. Calçar luvas de procedimento Mantém precauções padrão e reduz a

transmissão de microrganismos

5. Remover o curativo e observar a

característica do exsudato (quantidade,

consistência, cor e odor).

Mantém precauções padrão e reduz a

transmissão de microrganismos, bem como,

permite a avaliação da ferida quanto aos sinais

de infecção.

6. Proceder a limpeza da ferida com

solução salina a 0,9%

Remove contaminantes e corpos estranhos que

podem interferir com a sensibilidade dos

resultados

7. Trocar de luvas, remover o swab da sua

embalagem, tomando cuidado para não

tocar na haste ou na extremidade do swab.

Evita contaminação externa da amostra

8. Umedecer a extremidade do swab com

soro fisiológico 0,9% e realizar a coleta a

partir do tecido de granulação,

pressionando-o e rodando-o em 1cm2

durante 5 segundos, a fim de obter o fluido

do tecido.

O swab úmido retém os microrganismos e

assegura a qualidade da coleta em termos

quantitativos e qualitativos

9. Colocar o swab no interior do tubo com

meio de transporte sem tocar na parte

externa

Evita a contaminação externa da amostra, assim

como, impede a disseminação de

microrganismos

10. Certificar-se que o swab esteja

adequadamente fechado e envolvido pelo

meio de transporte

Assegura a viabilidade dos microrganismos até

seu processamento

11. Remover e descartar as luvas Mantém precauções padrão e reduz a

transmissão de microrganismos

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45

12. Lavar as mãos Mantém precauções padrão e reduz a

transmissão de microrganismos

13. Identificar a amostra com o nome do

paciente, setor do hospital onde o paciente

foi atendido, data, horário e região

anatômica específica da ferida onde se

realizou a coleta.

Assegura a identificação do paciente e da

amostra

14. Encaminhar a amostra o mais rápido

possível para o laboratório

O transporte imediato previne crescimento de

microrganismos que pode ocorrer se a amostra

for deixada em temperatura ambiente por tempo

prolongado

15. Realizar o registro no prontuário,

incluindo data e horário, localização da

coleta do material, características do

exsudato e profissional responsável pela

coleta.

Garantir legalmente a realização do

procedimento e fornecer dados aos profissionais

de saúde

Fonte: Ferreira et al, 2006.

Foram realizadas duas consultas de enfermagem com cada paciente. Na segunda

consulta, realizada cerca de quinze dias após a primeira, eram atualizadas as informações

sobre as características da ferida, incluindo mensuração da área por planimetria através de

decalque (OLIVEIRA et al, 2013) e fotografia, bem como, era realizada a coleta do segundo

swab.

Nos intervalos entre as consultas, os pacientes em uso de gel de carboximetilcelulose a

2% realizavam os curativos no domicílio, de acordo com orientações fornecidas pela equipe

de enfermagem do Ambulatório de Reparo de Feridas do Hospital Universitário Antônio

Pedro. Por outro lado, os pacientes em uso da placa de poliuretano mantinham-se sendo

atendidos diariamente na Policlínica Comunitária da Engenhoca.

Após a coleta dos materiais biológicos das feridas através dos swabs, os curativos

eram realizados de acordo com a necessidade do paciente e as amostras eram encaminhadas à

análise microbiológica.

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46

3.5. Análise Laboratorial

3.5.1. Cultura Microbiológica

Ao chegar ao laboratório, os swabs coletados e introduzidos no meio de transporte

eram colocados em 2 mL de salina estéril (0,9% p/v), submetidos à agitação por vórtex e

cerca de 1 mL da salina era adicionado em 1 mL de TSB (2X) sendo, em seguida, incubado

ON/37o

Para identificação de P. aeruginosa, uma alçada da suspensão bacteriana proveniente

do TSB com crescimento microbiano positivo foi semeada em ágar cetrimida (NOWROOZI

et al 2012), os quais eram incubados por 24-48h a temperatura de 37ºC. Assim, as amostras

cujas semeaduras em cetrimida apresentavam crescimento de colônias ao olho nu foram

consideradas positivas.

C.

3.5.2. Espectometria de massas MALDI-TOF

Essas colônias foram semeadas em TSA, seguida por incubação em estufa por 24h a

temperatura de 37ºC, para realização de MALDI-TOF MS.

Devido à composição não tão espessa da parede celular de bactérias gram-negativas,

como P. aeruginosa, utilizavam-se células retiradas diretamente do meio sólido (TSA), com o

auxílio de alça bacteriológica, depositadas sobre a placa de metal utilizada no MALDI-TOF

(figura 9). Posteriormente, sobre a amostra, era adicionado 1µL de ácido fórmico 70%, que

foi mantido à temperatura ambiente para secagem (Bruker Daltonics, Leipzig, Alemanha).

Figura 9 – Placa de metal onde são depositadas as amostras para realização

do MALDI-TOF aberta e fechada. Fonte: Arquivo da própria pesquisa.

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47

Para geração dos espectros, foi aplicado 1µL de uma matriz composta por um ácido

orgânico, o alfa-ciano 4-hidroxicinâmico (HCCA), preparado em 50% de acetonitrila e 2,5%

de ácido trifluoroacético, de forma a cobrir as amostras anteriormente aplicadas na placa. Essa

matriz foi responsável por uma ionização mais eficiente, e compartimentalização dos

polipeptídeos, de forma que os mesmos se dissociassem sem que houvesse alteração das suas

características de massa molecular e carga. Após secagem (novamente, a temperatura

ambiente), essa placa foi submetida ao espectrômetro de massa MALDI-TOF Microflex LT

equipado com um laser de 337nm de nitrogênio, com frequência de 60Hz, em modo linear.

Em etapa posterior foram emitidos pulsos do laser sobre a amostra, que sofreu assim,

uma ionização, a qual fez com que a mesma realizasse uma espécie de “aceleração” em um

campo magnético, atingindo o detector (esse evento é chamado “Voo”). Como os peptídeos

menores atingem mais rapidamente o detector, em relação aos maiores, foi possível assim,

que o software Biotyper 3.1formasse um espectro que relaciona a carga e massa dessas

moléculas, pela intensidade das mesmas. Esse software comparou o espectro obtido com os

espectros contidos em seu banco de dados: através de um algoritmo baseado nas similaridades

entre os picos do espectro da amostra testada e os picos dos espectros das amostras contidas

no banco de dados, o software calcula um score, e fornece a identificação da espécie de

acordo com o score mais alto. “Scores” entre 3,0 e 2,3 foram considerados com alta

credibilidade em nível de espécie; “scores” entre 2,299 e 2,0 foram considerados para

identificação em nível de espécie; scores obtidos entre 1,999 e 1,7 foram considerados para

identificação em nível de gênero; scores menores que 1,7 não foram considerados confiáveis

para identificação.

Após a espectrometria de massas por MALDI-TOF, aquelas amostras cujos resultados

identificaram P. aeruginosa, foram repicadas para ágar de soja trifosfato (TSA), submetidas à

incubação por 24-48h a 37ºC, e, em seguida, congeladas (-80ºC) em meio crioprotetor (TSB

com glicerol 50% v/v).

3.5.3. Testes de susceptibilidade aos antimicrobianos

As amostras identificadas pelo MALDI-TOF como P. aeruginosa foram semeadas em

TSA, incubadas em estufa por 24h a temperatura de 37ºC. A partir destas, procedeu-se

avaliação da susceptibilidade aos antimicrobianos pelo método de disco-difusão em ágar. Os

antibióticos testados para P. aeruginosa foram: aztreonam (30µg), polimixina B (300UI),

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ciprofloxacino (5µg), gentamicina (10µg), meropenem (10µg), imipenem (10µg), ceftazidime

(30µg) e piperaciclina com tazobactam (110µg), conforme recomendações do Clinical and

Laboratory Standards Institute (CLSI 2014). A cepa de P. aeruginosa ATCC 27853 foi

utilizada como controles nos testes.

3.5.4. Testes Moleculares

3.5.4.1. Obtenção do DNA Bacteriano

A obtenção do DNA bacteriano para aplicação nas reações moleculares foi feita por

lise térmica. Foram preparados microtubos de 1,5mL com 100µl de água MiliQ estéril e

identificados de acordo com as amostras. Uma ou duas colônias bacterianas derivadas do

crescimento da superfície das placas de TSA (incubadas a 37ºC ON) foram retiradas e

depositadas em microtubos de 1,5mL com auxílio de alça bacteriológica. Os microtubos de

1,5mL foram incubados à 100ºC por 10 minutos e, em seguida, centrifugados por 4 minutos a

2000 xg (60.000 rpm). Foram transferidos 80µl do sobrenadante, contendo DNA, para novos

microtubos de 1,5mL estéreis, previamente identificados de acordo com as amostras.

3.5.4.2. Reação em cadeia da polimerase (PCR)

O DNA bacteriano foi utilizado como molde em reações de PCR utilizando iniciadores

para os genes determinantes de fatores de virulência exoS (exotoxina S) e exoU (exotoxina U).

Para controle da reação foi empregado um par de primers para amplificação do 16S

ribossomal DNA. Por fim, as amostras cujo resultado da identificação por MALDI-TOF MS

não foi bem sucedida, foram submetidas à amplificação com primers específicos para

identificação de P. aeruginosa. As condições das reações estão descritas na tabela 2.

Cada reação foi composta por: 11,2µl de H2

O ultrapura, 2,5µl de tampão para PCR

(com MgCl2 25µM), 2µl de dNTP Mix (2,5mM), 2µl de primer F (10mM), 2µl de primer R

(10mM), 0,3µl de Taq DNA polimerase (5U/µl) e 5µl de DNA bacteriano (aproximadamente

25ng/μL). O volume total de cada reação foi de 25µl.

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Tabela 2 – Iniciadores e condições de PCR. Niterói, 2015.

exoS exoU 16S rna 16S P. aeruginosa

Iniciador F-TCAGGTACCCGGC

ATTCACTACGCGG

R-TCACTGCAGGTTCG

TGACGTCTTTCTTTTA

F-CCTTAGCCATC

TCAACGGTAGTC

R-GAGGGCGAAG

CTGGGGAGGTA

F-ACTCCTAC

GGGAGGCAGG

R-ATTACCGG

GCTGCTGG

F-GGG GGA TCT

TCG GAC CTC A

R-TCC TTA GAG

TGC CCA CCC G

Amplicon 572 pb 911 pb 200 pb 956 pb

Ciclos 40 40 40 35

Desnaturação

inicial

94ºC/3 min 94ºC/3 min 94ºC/1 min 95ºC/2 min

Desnaturação 94ºC/40 seg 94ºC/40 seg 94ºC/30 seg 94ºC/20 seg

Anelamento 55ºC/ 30 seg 64ºC/30 seg 60ºC/30 seg 56ºC/20 seg

Extensão 72ºC/1 min 72ºC/1 min 72ºC/30 seg 72ºC/40 seg

Extensão

final

72ºC/ 5 min 72ºC/5 min 72ºC/1 min 72ºC/1 min

Referência

bibliográfica

Jabalameli et al (2012)

Jabalameli et al (2012)

Clifford et al (2012) Spilker et al (2004)

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50

Cada gene foi amplificado separadamente. Foram usados como controle positivo para

exoS a cepa P. aeruginosa ATCC 27853 e, para exoU, a cepa K04, cedida pelo Laboratório de

Controle Microbiológico (Faculdade de Farmácia – UFF). Os produtos de amplificação foram

submetidos à eletroforese em gel de agarose, e os fragmentos correspondentes a estes

produtos foram visualizados após coloração com solução de brometo de etídio, sob luz Ultra

Violeta.

3.5.4.3. Eletroforese em gel de campo pulsado (PFGE)

A análise do polimorfismo do DNA das cepas de P. aeruginosa foi realizada por

eletroforese em gel de campo pulsado (PFGE). Para tal, as cepas foram cultivadas por 12

horas a 35ºC (±2ºC) em placas de TSA. Após esse período, as células foram suspensas em

tampão PIV (NaCl 1M em 10mM de Tris-HCl, pH 7,5) até alcançarem a turvação

correspondente com o padrão 6 na escala de McFarland. Uma alíquota de 0,5 mL da

suspensão bacteriana foi misturada a igual volume de agarose de baixo ponto de geleificação

2% (Promega, Espanha), preparada em tampão PIV. A agarose foi fundida e estabilizada em

banho-maria a 41ºC por aproximadamente 15 min, antes de ser adicionada à suspensão

bacteriana.

A mistura agarose-suspensão foi, então, pipetada em discos de cerca 10 mm de

diâmetro em lâminas de vidro (Vision Glass, Brasil) previamente revestidas com película

semitransparente, resistente à água (Parafilm, EUA). Em seguida, o material foi resfriado a

4ºC para que ocorresse solidificação. Cerca de oito discos foram transferidos para tubos

contendo solução de lise (6mM Tris-HCl, NaCl 1M, EDTA 100mM, desoxicolato sódico

0,2%, laurel sarcosina 0,5% e 1mg/ml de lisozima), com auxílio de uma lamínula,

permanecendo em banho-maria a uma temperatura de 35ºC (±2ºC) por 15-18h.

A solução de lise foi removida e foram adicionados 3 mL da solução ESP (EDTA

0,5M pH 8,0, laurilsarcosinato sódico 1% e proteinase K em uma concentração final de

0,1mg/mL). Logo em seguida, os tubos contendo os discos foram incubados a 50ºC/ON por

24h. No dia seguinte, a solução ESP foi retirada dos tubos através de pipeta Pasteur estéril e

os discos foram lavados com 2mL de solução de TE (EDTA pH 8,0 1mM, 10mM Tris pH

7,6) por sete vezes, sendo cada lavagem realizada por trinta minutos. Após a última lavagem,

os discos foram imersos em 3,0 mL de tampão TE e mantidos sob refrigeração a 4ºC até o

momento da reação com a endonuclease de restrição SpeI.

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51

Para digestão enzimática, dois discos de cada amostra foram incubados por 16-18h a

37ºC em solução composta por tampão de SpeI 1X (Thermo Scientific, Lituania) e enzima

SpeI 15U (Thermo Scientific, Lituania).

Após a digestão, foi retirada a solução tampão com enzima SpeI com auxílio de pipeta

Pasteur estéril. Os discos nos tubos foram fundidos em banho-maria a 60ºC e, deles, foram

adicionados 40µL aos poços do gel de agarose 1,2% (p/v, Invitrogen, Espanha) preparada em

tampão TBE 0,5X. Nos espaços das extremidades da direita e da esquerda do gel foram

depositados os marcadores de peso molecular Low Range PFG Marker (New England

Biolabs). O gel foi submetido eletroforese em gel de agarose em campo pulsado utilizando o

sistema CHEF-DR III (Bio-Rad Laboratories, Rishmon, Calif.) utilizando os seguintes

parâmetros: 6V/cm, ângulo de 120º, com tempos de impulsos que variam de 5 a 35 segundos,

em temperatura de 11ºC por 24h (GAUTOM, 1997).

Terminada a separação dos fragmentos, o gel de agarose foi tratado com brometo de

etídio a 1% (p/v, Sigma) por 20 minutos. Os fragmentos foram então visualizados pelo

sistema de aquisição de imagem L-Pix Chemi (Loccus Biotecnologia) por transiluminação e

fotografados através do software fotodocumentador L-Pix Image (Loccus Biotecnologia). Os

padrões de bandas foram interpretados por inspeção visual para construção de uma matriz

binária, que foi usada para construção de um dendograma empregando o coeficiente Dice e o

método de agrupamento UPGMA através do software disponível no sítio

http://genomes.urv.cat/UPGMA/.

3.6. Análise Estatística

A análise dos dados foi realizada mediante procedimentos de estatística descritiva,

com determinação de frequências simples e percentual.

Foram avaliados os dados clínicos dos pacientes, das características das lesões e de

uso das coberturas (gel de carboximetilcelulose 2% e placa de poliuretano). Os dados foram

tabulados em planilhas no software Microsoft Excel 2007 e organizados em categorias: dados

sociodemográficos, histórico de saúde e características das feridas.

Para avaliação das características das feridas, o foco esteve na avaliação dos sinais

clínicos de infecção em feridas. Segundo Tuttle (2015), feridas com sinais clínicos de

infecções são caracterizadas por gerar dor, apresentarem odor fétido, edema e eritema

perilesional, retardo na cicatrização, sangramento excessivo, presença de tecido desvitalizado,

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maiores áreas de extensão, ruptura dos tecidos adjacentes e aumento da temperatura

perilesional.

Para avaliação da presença de tecido desvitalizado nas lesões, optou-se pela

classificação da úlcera em função da estrutura tissular, proposta por Verdú et al (2009), que

descreve que feridas crônicas são consideradas de: grau I, quando a base da ferida encontra-se

ocupada totalmente por tecido de granulação e são inexistentes o tecido necrótico e a fibrina;

grau II, quando a base da ferida encontra-se ocupada em mais de 50% por tecido de

granulação e, em proporções inferiores, por fibrina, sendo inexistente o tecido necrótico; grau

III, quando a base da ferida apresenta tecido de granulação em proporções inferiores a 50%,

fibrina em proporções superiores a 50% e é inexistente o tecido necrótico; e grau IV, quando

o tecido necrótico ocupa mais de 50% da ferida e a fibrina, menos de 50%, sendo inexistente

o tecido de granulação.

Foi realizado o cálculo da razão de prevalência para verificação da associação da

presença de P. aeruginosa nas feridas crônicas como fator de risco para o desenvolvimento de

infecção nas feridas no software Microsoft Excel 2007. Para isso, definiu-se como exposição

o isolamento de P. aeruginosa a partir do primeiro ou do segundo swab e, como desfecho, a

presença do diagnóstico de infecção de acordo com os critérios definidos pela IDSA

(Infectious Disease Society of America), que recomenda que a infecção de feridas seja

diagnosticada com base na presença de exsudado purulento, ou dois ou mais sinais de

inflamação (isto é, dor, eritema, calor ou edema), segundo Lipsky et al 2012.

Quanto à análise dos testes microbiológicos, as categorias para tabulação de dados

serão: identificação de P. aeruginosa (com resultados das culturas e das espectrometrias de

massas por MALDI-TOF), susceptibilidade a antimicrobianos (por disco-difusão), presença

de genes de virulência (resultados da reação de polimerase em cadeia – PCR) e, por fim,

diversidade clonal (resultados do Pulsed-Field Gel Eletrophoresis – PFGE).

3.7. Aspectos Éticos

Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de

Medicina/ UFF e do Hospital Universitário Antonio Pedro com CAAE

33740214.2.0000.5243 e número de parecer de aprovação 815.353 de 03 de outubro de 2014.

Com o intuito de atender Resolução 466/12 do CNS foi apresentado aos participantes ou

responsáveis o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, sendo o início da avaliação

condicionada a este consentimento. É conveniente esclarecer que não houve incentivo

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financeiro aos participantes. A não autorização por parte destes, não trouxe prejuízo algum no

seu atendimento no Ambulatório de Reparo de Feridas do Hospital Universitário Antonio

Pedro (HUAP).

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54

_______________________________________________________________

4. RESULTADOS

4.1. Caracterização sociodemográfica e clínica dos pacientes

Em relação às características sociodemográficas e clínicas dos pacientes, quanto ao

sexo, observou-se homogeneidade da amostra tanto entre os pacientes em uso de gel de

carboximetilcelulose a 2%, quanto entre os que estavam em uso de placa de poliuretano. Em

ambos os grupos a maioria dos pacientes apresentava idade entre 61 e 70 anos (tabela 3).

Observa-se que a maioria dos pacientes tinha ao menos uma doença de base, tanto

entre os que usavam gel de carboximetilcelulose (91,42%) quanto dentre aqueles que faziam

uso de placa de poliuretano (100%).

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Tabela 3 – Dados sociodemográficos e histórico de saúde. Niterói, 2015.

Pacientes em uso de gel de carboximetilcelulose a 2% (N=35)

Pacientes em uso de gel de placa de poliuretano (N=8)

Variáveis n % n % Sexo

Homens 20 57,14 4 50,00 Mulheres 15 42,85 4 50,00

Faixas etárias Abaixo de 50 6 17,14 0 0 Entre 51 e 60 5 14,28 1 12,50 Entre 61 e 70 12 34,28 4 50,00 Entre 71 e 80 10 28,57 2 25,00 Acima de 81 2 5,71 1 12,50

Escolaridade Analfabeto 2 5,71 1 12,50 Ensino fundamental 24 68,57 5 62,50 Ensino médio 8 22,85 2 25,00 Ensino superior 1 2,85 0 0

Doenças de base HAS* e IVC** 10 28,57 6 75,00 IVC** 6 17,14 2 25,00 HAS* 7 20,00 - HAS* e DM*** 5 14,28 - - HAS*, IVC** e

DM*** 4 11,42 - -

Nenhuma doença de base 3 8,57 - -

Hábitos de vida Tabagismo 7 20,00 1 12,50 Etilismo 7 20,00 2 25,00

Medicamentos em uso Anti-hipertensivos 22 62,85 7 87,50 Antibióticos 2 5,71 - - Hipoglicemiante 7 20,00 - - Analgésico 4 11,42 - - Anti-inflamatório 2 5,71 - - Flebotônicos 3 8,57 - - Não soube informar 1 2,85 - - Nenhum medicamento - - 1 12,50

*HAS: Hipertensão arterial sistêmica; **IVC: Insuficiência venosa crônica; ***DM: Diabetes

mellitus; N: Número total de pacientes em cada grupo; n: Número de pacientes com

determinada característica.

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56

A tabela 3 mostra ainda que dois pacientes tratados com gel de carboximetilcelulose a

2% faziam uso de antibióticos no período da coleta de dados. Quanto a esses pacientes, cabe

destacar que, em nenhuma das amostras coletadas destas feridas verificou-se crescimento

microbiano.

Visando associar a presença das comorbidades hipertensão arterial sistêmica e

insuficiência venosa crônica, que foram prioritariamente identificadas na amostra estudada

(independentemente do tratamento empregado), como fator de risco para o desenvolvimento

de infecção nas feridas (LIPSKY et al, 2012) construiu- se a tabela 4, para cálculo da razão de

prevalência, que foi estimada em 4,5. Pode-se dizer, com isso, que os pacientes que possuem

hipertensão arterial sistêmica e insuficiência venosa crônica têm 4,5 vezes mais chances de

desenvolver infecção nas feridas do que aqueles que não apresentam essas comorbidades.

Tabela 4 – Associação entre diagnóstico de infecção em ferida crônica e comorbidades

hipertensão arterial sistêmcia e insuficiência venosa crônica. Niterói, 2015.

Exposição/Desfecho Presença de diagnóstico

de infecção na ferida

Ausência de diagnóstico

de infecção na ferida

Presença das comorbidades

hipertensão arterial sistêmica e

insuficiência venosa crônica

9 7

Ausência das comorbidades

hipertensão arterial sistêmica e

insuficiência venosa crônica

6 21

Dentre os pacientes em uso de gel de carboximetilcelulose a 2%, a maior parte têm

convivido com a ferida durante um período entre 6 e 10 anos, com área de até 15 cm2,

localizadas nos maléolos e de etiologia venosa. Já os que estavam em uso de placa de

poliuretano, têm convivido com a ferida prioritariamente durante 6 a 12 meses, também com

área de até 15 cm2, nos maléolos e de etiologia venosa (tabela 5).

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Tabela 5 – Características das feridas. Niterói, 2015.

Pacientes em uso de gel de carboximetilcelulose a 2% (N=35)

Pacientes em uso de placa de poliuretano (N=8)

Variáveis n % n % Tempo decorrido desde o início da lesão

Menos de 6 meses 6 17,14 1 12,50 De 6 a 12 meses 3 8,57 3 37,50 De 1 a 3 anos 4 11,42 2 25,00 De 4 a 5 anos 5 14,28 1 12,50 De 6 a 10 anos 11 31,42 0 0 Mais de 11 anos 6 17,14 1 12,50

Área das feridas De 1 a 15 cm 16 2 45,71 6 75,00 De 16 a 30 cm 5 2 14,28 - - De 31 a 45 cm 3 2 8,57 - - Acima de 46 cm 8 2 22,85 - - Perdas (sem mensuração) 2 5,70 2 25,00 Epitelizada 1 2,85 - -

Localização das feridas Maléolos 13 37,14 5 50,00 Perna 9 25,71 2 25,00 Pé 11 31,42 1 12,50 Mão 1 2,85 - - Glúteo 1 2,85 - -

Etiologia das feridas Úlcera venosa 25 71,42 8 100 Úlcera traumática 4 11,42 - - Úlcera diabética 3 8,57 - - Úlcera por pressão 2 5,71 - - Úlcera hansênica 1 2,85 - -

N: Número total de pacientes em cada grupo; n: Número de pacientes com determinada

característica.

Tendo em vista que a maioria das feridas avaliadas tinham áreas com extensões entre 1

e 15 cm2, buscou-se associar essa variável como fator de risco para o desenvolvimento de

infecção nas feridas (LIPSKY et al, 2012). Através da tabela 6 foi calculada a razão de

prevalência, estimada em 0,48. Pode-se dizer, com isso, que os pacientes com feridas com

área entre 1 e 15cm2 têm 0,48 vezes mais chances de desenvolver infecção nas feridas do que

aqueles que não apresentam essas comorbidades. Para esse cálculo, o total de pacientes foi de

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38, considerando que, para segunda consulta de enfermagem, foram coletados apenas 38

swabs devido às perdas de seguimento.

Tabela 6 – Associação entre diagnóstico de infecção em ferida crônica e área lesional entre 1

e 15 cm2

Exposição/Desfecho

. Niterói, 2015.

Presença de diagnóstico

de infecção na ferida

Ausência de diagnóstico

de infecção na ferida

Presença de área da ferida

entre 1 e 15 cm6 2

16

Ausência de área da ferida

entre 1 e 15 cm2 7

9

No que tange a avaliação dos sinais clínicos de infecção, observa-se na tabela 7 que

cerca de metade dos pacientes (tanto daqueles em uso de gel de carboximetilcelulose a 2%,

quanto dentre os que usavam placa de poliuretano) relatavam sentir dor nas feridas.

Foram consideradas feridas com predominância de tecido desvitalizado aquelas

classificadas como grau III ou grau IV de acordo com os critérios estabelecidos por Verdú et

al (2009). Logo, apresentaram predominância de tecido desvitalizado catorze feridas tratadas

com gel de carboximetilcelulose a 2% (40%) e quatro feridas tratadas com placa de

poliuretano(50%).

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Tabela 7 – Sinais clínicos de infecção nas feridas. Niterói, 2015.

Sinais clínicos de infecção

Feridas tratadas com gel de carboximetilcelulose a 2%

Feridas tratadas com placa de poliuretano

1ª consulta (N=35)

2ª consulta (N=32*)

Em ambas as consultas (N=32*)

1ª consulta (N=8)

2ª consulta (N=6**)

Em ambas as consultas (N=6**)

n % n % n % n % n % n % Dor

Presente 19 54,28 17 53,12 16 50,00 4 50,00 3 50,00 2 33,33 Ausente 16 45,72 15 46,88 14 43,75 4 50,00 3 50,00 2 33,33

Estrutura tissular Grau I 10 28,57 9 28,12 5 15,62 - - 2 33,33 - - Grau II 11 31,42 16 50 8 25,00 4 50,00 4 66,66 3 50,00 Grau III 12 34,28 8 25 5 15,62 3 37,50 - - - - Grau IV 2 5,71 - - - - 1 12,50 - - - -

Odor fétido Presente 1 2,85 2 6,25 1 3,12 2 25,00 1 16,66 1 16,66 Ausente 34 97,14 30 93,75 31 96,87 6 75,00 5 83,33 4 66,66

Edema +1 8 22,85 8 25,00 8 25,00 4 50,00 1 16,66 1 16,66 +2 4 11,42 5 15,62 4 12,50 1 12,50 1 16,66 1 16,66 Ausente 23 65,71 19 59,37 20 62,50 3 37,50 4 66,66 2 33,33

Pele adjacente Hidratada 23 65,71 22 68,75 17 53,12 3 37,50 3 50,00 2 33,33 Ressecada 2 5,71 3 9,37 2 6,25 2 25,00 - - - - Descamativa 4 11,42 3 9,37 1 3,12 2 25,00 1 16,66 - - Macerada 2 5,71 2 6,25 1 3,12 - - - - - - Eritema 4 11,42 2 6,25 1 3,12 1 12,50 2 33,33 - -

Aumento da temperatura

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perilesional Presente 4 11,42 1 3,12 1 3,12 1 12,50 - - - - Ausente 31 88,57 31 96,87 28 87,50 7 87,50 6 100 5 83,33

Tipo de Exsudato Seroso 28 80,00 27 84,37 20 62,50 3 37,50 1 16,66 1 16,66 Serossanguinolento 7 20,00 2 6,25 2 6,25 - - 3 50,00 - - Purulento - - 2 6,25 - - 3 37,50 2 33,33 1 16,66 Piosanguinolento - - - - - - 2 25,00 - - - - Ausente - - 1 3,12 - - - - - - - -

Quantidade de Exsudato Pouca 25 71,42 22 68,75 18 56,25 3 37,50 2 33,33 2 33,33 Média 5 14,28 7 21,87 2 6,25 - - 3 50,00 - - Grande 5 14,28 2 6,25 1 3,12 5 62,50 1 16,66 - - Ausente - - 1 3,12 - - - - - - - -

*Referente à 2ª Consulta, houve duas perdas (5,7%) e uma ferida encontrava-se epitelizada (2,85%). **Referente à 2ª Consulta, houve duas perdas

(25%).

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Prioritariamente, os pacientes de ambos os grupos não apresentavam odor fétido

derivado da ferida, os membros acometidos pelas lesões encontravam-se sem edema e a pele

adjacente encontrava-se hidratada. Por outro lado, a tabela 7 mostra ainda que a maioria dos

pacientes cujas feridas eram tratadas com gel de carboximetilcelulose a 2% apresentava

exsudato seroso em pouca quantidade. Apesar disso, os dois pacientes tratados com gel de

carboximetilcelulose a 2% (pacientes 6 e 20) que apresentavam exsudato purulento na

segunda consulta, apresentaram, na primeira avaliação, exsudato seroso, o que demonstra uma

evolução negativa das lesões.

Enquanto que, dentre os tratados com placa de poliuretano, verificou-se um número

elevado de pacientes com grande quantidade de exsudato purulento ou piossanguinolento na

primeira consulta, que se manteve, aproximadamente, na segunda, na qual se observou

relativa diminuição da quantidade (pouca ou média). Vale ressaltar que a maioria dos

pacientes (n=6, 75%) que faziam uso da placa de poliuretano era tratada com a versão

impregnada com prata, mas, mesmo assim, apresentaram os sinais clássicos de infecção.

Tendo em vista as diretrizes propostas pela IDSA (Infectious Disease Society of

America), que recomenda que sejam diagnosticadas como feridas infectadas aquelas exsudado

purulento, ou com dois ou mais sinais de inflamação (isto é, dor, eritema, calor ou edema),

segundo Lipsky et al 2012, verificou-se que, das feridas avaliadas nesse estudo, quinze

estavam infectadas (34,88%) em pelo menos uma das avaliações.

Assim, visando associar o tratamento com placa de poliuretano (realizado na

Policlínica Comunitária da Engenhoca) como fator de risco para o desenvolvimento de

infecção nas feridas (LIPSKY et al, 2012) construiu- se a tabela 8, para cálculo da razão de

prevalência, que foi estimada em 8,6. Pode-se dizer, com isso, que os pacientes tratados com

placa de poliuretano têm 8,6 vezes mais chances de desenvolver infecção nas feridas do que

aqueles tratados com gel de carboximetilcelulose a 2%.

Tabela 8 – Associação entre diagnóstico de infecção em ferida crônica e tratamento com placa

de poliuretano. Niterói, 2015.

Exposição/Desfecho Presença de diagnóstico

de infecção na ferida

Ausência de diagnóstico

de infecção na ferida

Presença de tratamento com

placa de poliuretano 6 2

Ausência de tratamento com

placa de poliuretano 9 26

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4.2. Identificação de P. aeruginosa nas feridas crônicas

Nas primeiras consultas de enfermagem foram coletados 35 swabs dos pacientes

atendidos no Ambulatório de Reparo de Feridas do HUAP (tratados com gel de

carboximetilcelulose a 2%) e oito daqueles atendidos no Ambulatório de Reparo de Feridas da

Policlínica Comunitária da Engenhoca (tratados com placa de poliuretano). Logo, foram

coletados 43 swabs referentes à primeira consulta.

Já em relação à segunda consulta, levando em consideração as perdas de seguimento e

o paciente cuja ferida encontrava-se epitelizada, foram coletados 38 swabs, sendo 32 dos

pacientes tratados com gel de carboximetilcelulose a 2% e seis, daqueles tratados com placa

de poliuretano.

Em relação aos pacientes tratados com gel de carboximetilcelulose a 2%, dos 35 swabs

coletados nas primeiras consultas, foi possível isolar 21 cepas de P. aeruginosa, cuja espécie

foi confirmada através de MALDI-TOF ou PCR 16s P. aeruginosa. Já em relação aos 32

swabs coletados nas segundas consultas, foram isoladas 17 cepas de P. aeruginosa. Assim,

foram identificadas 38 cepas de P. aeruginosa a partir das feridas tratadas com gel de

carboximetilcelulose a 2%. Além destas, foram isoladas 10 cepas de microrganismos que não

eram de interesse dessa pesquisa, cujas espécies foram determinadas por MALDI-TOF MS.

Quanto aos pacientes tratados com placa de poliuretano, dos 8 swabs coletados

referentes às primeiras consultas, foram isoladas 6 (75%) cepas de P. aeruginosa. Dos 6

espécimes clínicos coletados das segundas consultas, foram identificadas 4 (66%) cepas de P.

aeruginosa. Além destas, foram isoladas 4 cepas de outras espécies bacterianas, que não eram

foco desta pesquisa.

Assim, foram coletados 81 swabs no total, a partir dos quais foram isoladas 48 cepas

de P. aeruginosa, 38 das feridas tratadas com gel de carboximetilcelulose e dez daquelas

tratadas com placa de poliuretano. Das 43 feridas a partir das quais foram coletados swabs,

em 31 casos obteve-se isolamento de P. aeruginosa (72,09%).

Visando associar a presença de P. aeruginosa nas feridas crônicas como fator de risco

para o desenvolvimento de infecção nas feridas (GARDNER et al, 2009) construiu- se a

tabela 9, para cálculo da razão de prevalência, que foi estimada em 3,6, indicando que, as

feridas a partir das quais foi isolada P. aeruginosa têm 3,6 vezes mais chances de

desenvolverem infecção quando comparadas àquelas a partir das quais esse microrganismo

não foi isolado.

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63

Tabela 9 – Associação entre diagnóstico de infecção em ferida crônica e isolamento de P.

aeruginosa da ferida. Niterói, 2015.

Exposição/Desfecho Presença de diagnóstico

de infecção na ferida

Ausência de diagnóstico

de infecção na ferida

Presença de P. aeruginosa na

ferida 13 18

Ausência de P. aeruginosa

na ferida 2 10

4.3. Testes de susceptibilidade aos antimicrobianos por disco-difusão e presença de genes de

virulência exoS e exoU

Os resultados dos testes de susceptibilidade aos antimicrobianos por disco-difusão das

cepas de P. aeruginosa isoladas estão descritos na tabela 10. As classificações de cepas

multirresistentes, extremamente resistentes e panresistentes propostas por Magiorakos et al

(2012) descrevem como: multirresistentes (MDR), cepas de P. aeruginosa não suscetíveis a

pelo menos um antibiótico em três ou mais classes de antimicrobianos; extremamente

resistentes (XDR), aquelas que apresentam sensibilidade a todos os antimicrobianos

representantes de somente uma ou duas classes de antibióticos; panresistentes (PDR), as cepas

que não apresentam susceptibilidade a nenhum agente de nenhuma classe antimicrobiana.

Neste trabalho, optou-se por testar apenas um antimicrobiano de cada classe (exceto

pelos carbapenêmicos, dos quais foram testados imipenem e meropenem). Assim, foi possível

classificar as cepas apenas como multirresistentes.

Tabela 10 – Susceptibilidade aos antimicrobianos por disco-difusão e presença dos genes de

virulência exoS e exoU das cepas de P. aeruginosa isoladas de pacientes com feridas crônicas.

Niterói, 2015.

Cepa Antimicrobianos

Multir-resistência

Presença do gene exoS

Presença do gene exoU

AZT

IPM

PB

CIP

GEN

MEM

CA

Z

PTZ

Gel de carboximetilcelulose a 2% 1 S S S S R S S S - - + 1* I R S I S S S S - - + 2 S S S R R S S S - + - 2* S S S R S S S S - + -

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5* S S S S S S S S - + - 6 I S S S S S S S - + - 6* S S S S S S S S - + - 7 S S S S S S S S - - + 7* I S S S S S S S - - + 8 I S S S S S S S - + - 8* I S S S S S S S - + - 9 S S S S S S S S - + - 9* S S S S S S S S - + - 10 I S S S S S S S - + -

10* I S S S S S S S - + - 11 I S S S S S S S - + - 12 I S S S S S S S - - +

12* I S S S S S S S - - + 13* I S S S S S S S - - - 14 S S S S S S S S - - -

14* S S S S S S S S - - - 15 S S S S R S S S - - +

15* R S S S S S S I - - + 16 I S S S S S S S - - -

16* S S S S S S S S - - - 17* S S S S S S S S - + - 18 S S S S S S S S - + -

18* S S S S S S S S - + - 20 I S S S S S S S - + -

20* S I S S S S S S - - + 21 I S S S S S S S - + -

24* I S S S S S S S - - + 27 R S S S S S S S - - + 35 I S S S S S S S - - - 37 S S S S S S S S - - + 40 S S S R S S S S - - - 42 S S S S S S S S - + - 43 I S S S S S S S - - +

Placa de poliuretano com prata 28 R S S R R S I S + - -

28* R I S R R R R R + + - 29 R R S R R I S S + + - 31 S S S R S S S S - + -

31* S S S R S S S S - + - 34 S S S S S S S S - + - 38 I S S R S S S S - - -

38* S S S R S S S S - + - Placa de poliuretano com ibuprofeno

32 S S S R S S S S - + - 32* S S S R S S S S - + -

S: Sensível; R: Resistente; I: Intermediário; AZT: Aztreonam; IPM: Imipenem; PB:

Polimixina B; CIP: Ciprofloxacino; GEN: Gentamicina; MEM: Meropenem; CAZ:

Ceftazidime; PTZ: Piperaciclina-tazobactam. Placa de poliuretano*: Placa de poliuretano com

prata.

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65

Dentre os isolados obtidos a partir dos swabs coletados na primeira consulta dos

pacientes tratados com gel de carboximetilcelulose a 2% (21 cepas) 14,28% foram resistentes

à gentamicina, 9,52%, a ciprofloxacino e 4,76%, a aztreonam. Além disso, 47,61%

apresentaram resistência intermediária ao aztreonam. Enquanto que, das cepas isoladas a

partir dos swabs coletados na segunda consulta (17 isolados), 5,88% foram resistentes ao

aztreonam, outros 5,88%, a ciprofloxacino e outros 5,88%, a imipenem. Identificou-se

também resistência intermediária ao aztreonam em 41,17% das cepas, bem como, resistências

intermediárias a imipenem (5,88%) e a piperaciclina com tazobactam (5,88%).

Já em relação aos pacientes tratados com placa de poliuretano, observaram-se maiores

taxas de resistência. Além disso, foi nesse grupo que se identificaram três cepas

multirresistentes (28, 28* e 29), todas tratadas com placa de poliuretano com prata.

Dentre os isolados obtidos a partir dos swabs coletados na primeira consulta (seis

cepas), 83,33% foram resistentes a ciprofloxacino, 33,33%, a gentamicina e outros 33,33%, a

aztreonam. Já entre as cepas obtidas a partir da segunda consulta (quatro isolados), 100% foi

resistente a ciprofloxacino. Resistências intermediárias a aztreonam, ceftazidime e

meropenem foram observadas nas cepas multirresistentes 28, 28* e 29.

Os gráficos 1 e 2 mostram os percentuais de susceptibilidade aos antimicrobianos das

38 cepas isoladas dos pacientes tratados com gel de carboximetilcelulose a 2% e das dez

cepas coletadas daqueles em uso de placa de poliuretano.

Gráfico 1 – Percentuais de suscetibilidade aos antimicrobianos de cepas de P. aeruginosa

isoladas de pacientes com feridas crônicas tratados com gel de carboximetilcelulose a 2%.

Niterói, 2015.

AZT: Aztreonam; IPM: Imipenem; PB: Polimixina B; CIP: Ciprofloxacino; GEN: Gentamicina; MEM: Meropenem; CAZ:

Ceftazidime; PTZ: Piperaciclina-tazobactam.

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66

Gráfico 2 – Percentuais de suscetibilidade aos antimicrobianos de cepas de P. aeruginosa

isoladas de pacientes com feridas crônicas tratados com placa de poliuretano. Niterói, 2015.

AZT: Aztreonam; IPM: Imipenem; PB: Polimixina B; CIP: Ciprofloxacino; GEN: Gentamicina; MEM: Meropenem; CAZ:

Ceftazidime; PTZ: Piperaciclina-tazobactam.

Quanto aos genes de virulência, das 48 cepas de P. aeruginosa isoladas, 26 (54,16%)

foram positivas para o gene exoS, 13 (27,08%) foram positivas para o gene exoU e 9 (18,75%)

cepas foram negativas para ambos os genes, destacando-se que nenhuma foi positiva

concomitantemente aos dois genes.

4.4. Diversidade clonal

Optou-se por submeter à avaliação clonal as cepas derivadas de um mesmo paciente

em ambas as consultas de enfermagem, totalizando 34 cepas. A figura 10 apresenta o

resultado de uma das corridas de eletroforese em gel de agarose em campo pulsado realizadas

para caracterização clonal.

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67

Figura 10 – Perfis de fragmentação do DNA genômico de cepas de P. aeruginosa obtidos por

eletroforese em gel de agarose em campo pulsado

PM: Padrão de peso molecular.

Algumas cepas foram submetidas mais de duas vezes ao PFGE, porém, não foram

identificáveis em nenhuma das tentativas, tendo sido classificadas como “não tipáveis”.

Foram elas: cepas 8*, 15, 15*, 20, 28, 28*, 38* (20,58%). A figura 11 mostra o dendograma

com o perfil clonal das cepas identificadas.

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Figura 11 – Dendograma filogenético de cepas de P. aeruginosa isoladas de feridas crônicas

empregando o método Dice e UPGMA

Observou-se que 22 cepas (64,70%), obtidas de onze pacientes, tinham perfis idênticos

de PFGE na primeira e na segunda coleta, indicando que a colonização ou infecção foi

mantida durante o intervalo entre as duas coletas, o que sugere que o debridamento não foi

eficaz na remoção dessas cepas das lesões.

Por outro lado, seis cepas (17,64%), obtidas de três pacientes (9, 14, 20), apresentaram

diferentes perfis de fragmentação de DNA, indicando que, nesses casos, houve

descontaminação por meio do desbridamento realizado, seguida por nova contaminação.

Esses três pacientes eram tratados com gel de carboximetilcelulose a 2%.

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Verificou-se que não há semelhança de padrões de fragmentação de DNA entre cepas

derivadas de pacientes distintos. Isto é, não foram encontrados casos em que um mesmo clone

bacteriano estivesse colonizando pacientes diferentes.

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________________________________________________________________

5. DISCUSSÃO

Historicamente, há três dimensões distintas que têm sido vistas como importantes no

que tange à influência da presença de bactérias nas feridas em sua cicatrização: carga

microbiana total, a diversidade microbiana e presença de organismos patogênicos (MISIC et

al, 2014).

5.1. Caracterização sociodemográfica e clínica dos pacientes

As características sociodemográficas e clínicas, tanto dos pacientes em uso de gel de

carboximetilcelulose a 2% quanto daqueles em uso de placa de poliuretano apresentaram

similaridades. Em ambos os grupos, observou-se que a maioria dos pacientes apresentou

idades entre 61 e 80 anos e relataram estar em acompanhamento médico para tratamento de

insuficiência venosa crônica e hipertensão arterial sistêmica. Estudos apontam que as pessoas

que convivem com feridas crônicas são prioritariamente idosas, com lesões são de etiologia

venosa e comorbidades como a hipertensão arterial sistêmica (OLIVEIRA et al, 2013;

OLIVEIRA et al, 2015), semelhante aos encontrados neste estudo.

Observou-se diferença entre os grupos que na variável sexo, pois eram

prioritariamente homens aqueles em uso de gel de carboximetilcelulose a 2%, e, aqueles em

uso de placa de poliuretano, distribuíram-se homogeneamente. Alguns estudos relatam que as

mulheres, em geral, apresentam feridas com mais frequência do que os homens (OLIVEIRA

et al, 2013; OLIVEIRA et al, 2015). Entretanto, há também relatos opostos (BASU et al,

2009). Um estudo de 2013 aponta que hormônios estrógenos favorecem a cicatrização de

feridas, enquanto andrógenos desempenham um papel antagonista (LANCEROTTO et al,

2013), o que pode fazer com que homens apresentem maiores taxas de retardo tecidual.

Assim, pode-se dizer que os hormônios sexuais são apenas um dos múltiplos fatores

que influenciam o processo de reparo tecidual de feridas, e, junto com as demais

características de saúde, podem fazer com as lesões se apresentem de formas distintas em

diferentes amostras estudadas.

Sabe-se que as doenças crônicas são consideradas fatores de risco para o

desenvolvimento de infecções (LINDSJÖ et al, 2015; TUTTLE, 2012), o que foi confirmado

pela associação entre a presença das comorbidades insuficiência venosa crônica e hipertensão

arterial sistêmica como fatores de risco para o desenvolvimento de infecção nas feridas.

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As feridas dos pacientes em uso de gel de carboximetilcelulose a 2% tinham tempo de

evolução de 6 a 10 anos, com área de 1 a 15cm2

A Associação Européia para Gerenciamento de Feridas (EWMA – European Wound

Management Association), em seu posicionamento de 2005, relatou que feridas com maiores

áreas de extensão, em geral, apresentam maiores índices de infecções quando comparadas às

lesões de menor tamanho. Esse dado difere do encontrado neste estudo, tendo em vista que se

observou uma asociação, mesmo que pequena (razão de prevalência = 0,48), das feridas com

áreas de 1 a 15cm

, localizadas nos maléolos e de etiologia

venosa. Essas também foram características dos pacientes em uso de placa de poliuretano,

exceto quanto ao tempo de evolução das lesões, que, nesse grupo, foi, principalmente, de 6 a

12 meses, o que corrobora os achados do estudo realizado por Sant’Ana et al (2012).

2

A placa de poliuretano esteve associada nesta pesquisa a não resolução de infecção nas

feridas, ao contrário do que relatam Leaper et al (2013), o que pode ocorrer em decorrência do

papel dos indivíduos envolvidos no processo de cuidado a feridas. A placa de poliuretano foi

um produto empregado exclusivamente na Policlínica Comunitária da Engenhoca, local ao

qual os pacientes compareciam diariamente para que seus curativos fossem realizados pelos

profissionais da equipe de enfermagem do setor.

com o desenvolvimento de infecção na lesão. Essa divergência pode

ocorrer em decorrência da multifatoriedade intrínseca ao processo de reparo tecidual, que

inclui, dentre outras coisas, a etiologia da ferida.

Pode-se inferir, com isso, que estes pacientes não responsabilizam a si próprios pelo

cuidado de suas lesões, mas sim, a equipe de saúde que os assistia. Envolver o paciente em

seu próprio cuidado é responsabilidade da equipe de enfermagem, a medida que, dentre outras

coisas, fornece orientações quanto às medidas adequadas de realização do curativo no

domícílio, incluindo informações sobre o controle de infecções.

A responsabilidade pelo cuidado e, consequentemente, pelos resultados de redução da

contaminação/infecção, ou, ainda, de cicatrização das feridas, era dos profissionais, tendo em

vista que estes pacientes ou seus respectivos cuidadores não realizam seus próprios curativos,

o que aponta, mais uma vez, para a multifatoriedade do processo de cicatrização, neste caso,

em sua dimensão subjetiva, no que tange aos papéis desenvolvidos pelos sujeitos atuantes no

processo de cuidado.

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72

5.2. Identificação de P. aeruginosa nas feridas crônicas

Verificou-se crescimento microbiano na maior parte dos espécimes clínicos coletados

dos pacientes em uso de gel de carboximetilcelulose a 2% e em todos os casos, naqueles em

uso de placa de poliuretano, tanto na primeira quanto na segunda consulta de enfermagem.

Entretanto, as características clínicas das feridas dos pacientes em uso de gel de

carboximetilcelulose a 2% permitem afirmar que a maioria deles não apresentava infecção nas

feridas, isto é, estavam colonizadas (SILVA et al, 2011; MARTINS et al, 2010; O’MEARA et

al, 2014). Poucos foram os casos em que se observou eritema, exsudato purulento ou,

piossanguinolento em grande quantidade, tanto ao se observar os dados referentes a primeira

quanto à segunda consulta de enfermagem.

Os relatos de dor, por sua vez, foram mais frequentes nas primeiras consultas em

ambos os grupos, assim como, a presença de tecido desvitalizado recobrindo mais de 51% do

leito ou de tecido necrosado na ferida, o que pode ter ocorrido em virtude do uso desses

produtos nas lesões. O gel de carboximetilcelulose atua como desbridante autolítico, isto é, a

destruição de tecido desvitalizado ocorre pela ação de enzimas do exsudato que permanece

em contato com a úlcera (RODRIGUES et al, 2015). Da mesma maneira, a placa de

poliuretano também promove desbridamento autolítico, com uma grande capacidade de

absorção de exsudados, evitando vazamentos, manchas e odores, mantém a pele perilesional

intacta e não produzem traumas quando removido (GUILLÉN-SOLÀ et al, 2013).

Apesar disso, os pacientes em uso de placa de poliuretano apresentaram com mais

frequência exsudato purulento ou piossanguinolento em grande ou média quantidade, o que

pode indicar maiores índices de infecções nas feridas.

Destaca-se que, até o momento, foi possível isolar P. aeruginosa em mais da metade

das avaliações realizadas. Basu et al (2009) afirmam que se trata do microrganismo mais

comumente encontrado em feridas com áreas menores de 20cm2

O cálculo da razão de prevalência para verificação da associação entre a presença de

P. aeruginosa nas feridas crônicas como fator de risco para o desenvolvimento de infecção

nas feridas permitiu a confirmação de que se trata, realmente, de um fator de risco,

corroborando o estudo realizado por Mihai et al (2014). Recomendam-se, por isso, medidas

para descolonização de P. aeruginosa em feridas crônicas.

, como a maior parte das

lesões incluídas neste estudo.

Por fim, cabe destacar que, quando se avalia a microbiota de feridas, ao comparar

pacientes tratados previamente com antibióticos com aqueles não tratados com essas drogas,

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observou-se que as feridas daqueles previamente tratados com antimicrobianos foram

caracterizadas pelo aumento da abundância de espécies da família Pseudomonadaceae

(PRICE et al, 2009). Apesar disso, não foi isolada nenhuma cepa de P. aeruginosa a partir das

feridas dos dois pacientes em uso de gel de carboximetilcelulose a 2% que fizeram uso de

antibióticos durante a coleta de dados.

5.3. Testes de susceptibilidade aos antimicrobianos por disco-difusão e presença de genes de

virulência exoS e exoU

Pelo perfil de susceptibilidade aos antimicrobianos apresentado tratam-se de cepas, em

geral, pouco resistentes. Os maiores índices de resistência foram para os aminoglicosídeos

(gentamicina), quinolonas (ciprofloxacino) e monobactâmicos (aztreonam).

Os aminoglicosídeos, como a gentamicina, atuam inicialmente na membrana celular

externa das bactérias, criando fissuras e resultando na perda de conteúdo intracelular, para

maior absorção do antibiótico, atividade essa que é a maior responsável pelo potencial

bactericida desses antimicrobianos (GONZALEZ et al, 1998).

Em seguida, quando já se encontram dentro da célula bacteriana, os aminoglicosídeos

inibem a síntese de proteínas através de uma ligação irreversível aos ribossomos 30S

bacterianos (GONZALEZ et al, 1998). Além disso, os aminoglicosídeos, administrados por

via enteral, tem sua absorção limitada entre epitélios permitindo concentrações elevadas no

local da infecção e minimizar a toxicidade sistêmica (QUON et al, 2015). Quanto aos

mecanismos de resistência, destacam-se as enzimas modificadoras de aminoglicosídeos, com

ênfase para as fosfotransferases, bem como, a superexpressão de bombas de efluxo (MORITA

et al, 2013).

Mama et al (2014), avaliando a susceptibilidade de cepas de P. aeruginosa isoladas de

diferentes tipos de feridas, pelo método de disco-difusão, identificaram cerca de 18% de

resistência a gentamicina. Arabestani et al (2015), por sua vez, encontraram 45% de

resistência a esse antimicrobiano em cepas isoladas de diferentes sítios (vias respiratórias,

sangue, feridas etc). Saderi et al (2015) também relataram baixos índices de susceptibilidade à

gentamicina. Enquanto que dados do SENTRY (GALES et al, 2012), relativos à America

Latina, descrevem resistências de cerca de 35% a gentamicina, demonstrando que os níveis de

resistência podem variar entre diferentes populações bacterianas.

As quinolonas compõe a classe de antibióticos mais potente para o tratamento de

infecções provocadas por P. aeruginosa (MAMA et al, 2014), porém, já há relatos de

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resistência em outras pesquisas (ARABESTANI et al, 2015; ANIL et al, 2013), inclusive na

publicação mais recente a cerca das cepas avaliadas no Programa de Vigilância SENTRY, a

respeito das quais relatou-se 41% de resistência a ciprofloxacino (GALES et al, 2012),

corroborando os dados deste estudo.

Atuam na enzima bacteriana DNA girase (MORITA et al, 2013), envolvida na

replicação do DNA. Um dos principais mecanismos de resistência em P. aeruginosa a esses

antibióticos é a super expressão de bombas de efluxo (MexAB-OprM, MexCD-OprJ, MexEF-

OprN e MexXY-OprM) (MORITA et al, 2013), que, determinam a retirada de moléculas

antimicrobianas do interior da célula bacteriana para o meio extracelular. Destaca-se também

como mecanismo de resistência, a ocorrência de mutações nos genes gyrA, gyrB, parC e

parE, que codificam as subunidades da enzima-alvo das fluoroquinolonas (AGNELLO et al,

2012).

A maior parte das cepas com resistência a ciprofloxacino foram isoladas dos pacientes

tratados com placa de poliuretano, as quais apresentaram tempo de evolução, em geral, entre 6

e 12 meses e foram classificadas prioritariamente como úlceras grau III (com grande

quantidade de tecido desvitalizado), de acordo com critérios propostos por Verdú et al (2009).

Destaca-se também que a maioria delas possuía o diagnóstico de infecção (62,50%), segundo

proposto pelo IDSA (LIPSKY et al 2012). Essas condições clínicas podem estar relacionadas

à maior resistência a quinolonas.

O antimicrobiano aztreonam é um monobactâmico, pertencente ao grupo dos β -

lactâmicos. A resistência bacteriana a esses fármacos têm crescido em isolados clínicos de P.

aeruginosa, como observado nos resultados apresentados neste estudo, e se desenvolve

prioritariamente em virtude da produção de diferentes enzimas de inativação de antibióticos

(RAFIEE et al, 2014; SANTOS et al, 2014). As principais são: ESBL (β -lactamases de

espectro ampliado) e AmpC (hiper-expressão do gene cromossomal cefalosporinase do tipo

C) (RAFIEE et al, 2014). Elas são capazes de hidrolisar o anel β -lactâmico responsável pela

ação bactericida desses fármacos.

Em um estudo feito com amostras de P. aeruginosa derivadas do trato respiratório e

urina, coletadas de pacientes ambulatoriais, verificaram índices elevados de resistência ao

aztreonam (XIAO et al, 2015). Na América Latina verifica-se cerca de 30% de resistência ao

aztreonam, conforme dados do SENTRY, avaliando amostras coletadas entre os anos de 2008

e 2010 (GALES et al, 2012).

Cepas de P. aeruginosa resistentes aos carbapenêmicos têm se tornado um problema

clínico sério nos sistemas de saúde (PAUL et al, 2014). O imipenem é um potente inibidor da

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síntese da parede celular. Como todos os antibióticos beta-lactâmicos, produz seus efeitos

terapêuticos por atravessar a parede celular através de porinas e ligar-se às proteínas de

ligação à penicilina (PBP) na membrana, em células de P. aeruginosa, a mutação da porina

OprD, em conjunto com a produção de AmpC ou aquisição de genes de MBL

(metalobetalactamases), podem provocar resistência ao imipenem (AMEEN et al, 2015).

Cepas de P. aeruginosa isoladas de pacientes hospitalizados em unidades de saúde da

América Latina foram caracterizadas com cerca de 27% de resistência ao imipenem e 34%, a

meropenem (GALES et al, 2012). Dado este distinto do que se observou neste estudo, já que

apenas uma cepa apenas foi resistente ao imipenem, além das três cepas multirresistentes (28,

28* e 29). Essa divergência pode ocorrer devido ao perfil dos pacientes incluídos nesta

pesquisa, por tratarem-se de pacientes ambulatoriais. Nesse sentido, Al-Tawfiq (2007)

afirmou que pacientes internados apresentaram um aumento estatisticamente significativo,

quando comparado a pacientes ambulatoriais, nas taxas de resistência a diversos antibióticos,

incluindo imipenem.

A cepa que apresentou resistência ao imipenem foi obtida a partir de uma ferida com

mais de dez anos de evolução, com cerca de 45 cm2

Em relação às cepas multirresistentes 28, 28* e 29, deve-se destacar que as feridas a

partir das quais estas foram isoladas eram tratadas com placa de poliuretano impregnada com

prata, o que corrobora o fato de que o uso continuado de agentes antimicrobianos tópicos

determinam uma pressão seletiva que leva ao aparecimento de estirpes resistentes aos

antibióticos (MAMA et al, 2014). Por outro lado, Leaper et al (2013) afirmaram que há

poucas evidências que dão suporte a ideia de indução de resistência antimicrobiana em

patógenos humanos decorrentes do uso de anti-sépticos ou antibióticos, como a prata.

, classifica como úlcera grau III (com

grande quantidade de tecido desvitalizado), de acordo com critérios propostos por Verdú et al

(2009). Essas características podem estar relacionadas com maiores níveis de resistência,

porém, para confirmações nesse sentido, seria necessário abordar um número maior de

pacientes com essas mesmas características.

Esses achados discordantes encontrados na literatura apontam para a necessidade de

maiores pesquisas, com rigor metodológico, para definição da relação entre o uso de

antimicrobianos tópicos e o desenvolvimento de resistência antimicrobiana.

Para Sütterlin et al (2012), curativos à base de prata têm sido amplamente utilizados

em tratamento de feridas, nos últimos anos, mas os dados sobre a sua atividade

antimicrobiana na prática clínica são limitados. Nessa pesquisa, viu-se que as feridas

avaliadas, mesmo tratadas com produtos impregnados com prata, tinham culturas microbianas

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positivas. Verificou-se também que há a possibilidade de resistência antimicrobiana em

decorrência do uso da prata (resistência induzível), principalmente em bactérias do gênero

Enterobacteriaceae. Por isso, esses autores recomendaram a monitorização da resistência de

microrganismos isolados de feridas tratadas com prata, principalmente em cenários onde a

prata é amplamente utilizada (SÜTTERLIN et al, 2012).

Dessas três cepas multirresistentes, nenhuma apresentou o gene exoU e duas

apresentaram o gene exoS, o que corrobora a virulência dessas cepas, destacando-se o

potencial de disseminação para outros tecidos, característico das estirpes positivas para exoS

(CHO et al, 2014).

Nesse aspecto, deve-se avaliar também os custos gerados ao sistema de saúde. A placa

de poliuretano impregnada com prata (Biatain Ag®) utilizada no setor onde ocorreu a coleta

de dados, custa cerca de R$100,00 (cada unidade, com dimensões de 15cmX15cm; Bisturi

Material Hospitalar, Niterói, RJ, 20/08/15) e tem como indicação principal as feridas

infectadas.Os resultados microbiológicos apontam que seu uso poderia ser substituído, nestes

pacientes, por curativos mais econômicos, o que permitiria a redução de gastos para o sistema,

bem como teria potencial para minimizar a resistência microbiana observada.

A produção das exoenzimas S e U é determinada pela presença dos genes exoS e

exoU, respectivamente. Essas exoenzimas são secretadas pelo sistema de secreção do tipo III

(TTSS), considerado um importante contribuinte para a citotoxicidade e o processo de invasão

em cepas de P. aeruginosa, pois permite que estas bactérias injetem diretamente na célula

hospedeira estas proteínas efetoras (CHO et al, 2014).

A exoenzima S está principalmente envolvida na colonização, invasão e disseminação

de bactérias durante a infecção (JABALAMELI et al, 2012), sendo considerada como a

proteína efetora TTSS mais predominante (CHO et al, 2014), corroborando os achados desta

pesquisa. A grande quantidade de cepas identificadas que albergavam o gene exoS nesta

pesquisa evidencia o risco de disseminação dessas bactérias para outros sítios do organismo

hospedeiro, mesmo que a ferida esteja apenas colonizada.

Além disso, das feridas a partir das quais foram isoladas as 26 cepas que apresentaram

o gene exoS, 38,46% estavam infectadas de acordo com os critérios propostos pela IDSA

(LIPSKY et al, 2012). Isto é, a maioria delas, não apresentava sinais de infecção, o que pode

indicar que esta exoenzima não seja o único fato associado ao processo de infecção aguda.

A expressão da exoenzima U aumenta significativamente a virulência de cepas de P.

aeruginosa (BRADBURY et al, 2010). Garey et al (2008) apontaram que isolados com gene

exoU foram significativamente mais propensos à resistência a imipenem e gentamicina

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(dentre outros) em comparação com isolados positivos para exoS. Neste estudo observou-se

83,33% das cepas com gene exoU apresentaram resistência ou resistência intermediária a,

pelo menos, um antibiótico, dentre eles gentamicina (cepas 1 e 15) e imipenem (cepa 1*,

20*), bem como, aztreonam (cepas 12, 12*, 15*, 24*, 27 e 43). Apenas duas cepas (7 e 37)

foram positivas para exoU, mas não apresentaram resistência a nenhum antimicrobiano.

Todas as cepas positivas para o gene exoU foram isoladas de feridas que não estavam

infectadas segundo os critérios estabelecidos pela IDSA (LIPSKY et al, 2012), indicando que,

apesar de apresentarem um importante fator de virulência, estas cepas não eram responsáveis,

pelo ao menos nos momentos da coleta, por sinais clássicos de infecção, diferentemente do

que ocorre com cepas isoladas de pneumonias hospitalares, nas quais a presença deste gene é

considerada um marcador de virulência (SAWA, 2014; GAREY et al, 2008).

Estudo prévio sugeriu que houvesse relações entre a presença do gene exoU e a

resistência a fluoroquinolonas (AGNELLO et al, 2012), porém, nesta pesquisa não se

verificou essa relação, já que nenhuma das cepas exoU positivas demonstrou resistência a

ciprofloxacino, o que foi também observado por Bradbury et al (2010), demonstrando

resultados divergentes em diferentes populações de P. aeruginosa.

5.4. Diversidade clonal

A manutenção de um mesmo clone bacteriano na ferida em distintas avaliações, na

maioria dos casos avaliados, indica que o desbridamento realizado não tem sido eficiente na

descolonização de P. aeruginosa.

Nesse sentido, cabe relatar que no Ambulatório de Feridas do Hospital Universitário

Antonio Pedro, onde foram coletadas as amostras dos pacientes tratados com gel de

carboximetilcelulose a 2%, é realizado o desbridamento com auxílio de bisturi (“sharp

debridement”), definido por Gethin et al (2015), numa revisão publicada pela Cochrane, como

aquele que envolve a remoção de tecido necrótico ou desvitalizado ou material estranho do

leito ou das bordas da ferida, visando expor o tecido viável, utilizando um bisturi esterilizado,

tesoura, ou ambos e sendo realizado, muitas vezes, à beira do leito ou em uma sala de

procedimento.

Já no Ambulatório de Reparo de Feridas da Policlínica Comunitária da Engenhoca,

onde foram coletas amostras das feridas tratadas com placa de poliuretano, realiza-se o

debridamento mecânico, que envolve o uso de um processo físico ativo para remover os

tecidos inviáveis da ferida. Essa forma de desbridamento não é seletiva, sendo, muitas vezes,

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dolorosa. Gethin et al (2015) relatam ainda que o uso de gazes úmidas nesse método contribui

para o estabelecimento de um ambiente com potencial aumentado para a infecção em grandes

feridas com extensa necrose. Isso pode explicar o aumento da frequência de infecção nas

feridas tratadas neste serviço.

Sabe-se que medidas não antibióticas, como o desbridamento e a irrigação com

solução salina, têm benefícios comprovados em feridas colonizadas (DOW et al, 1999).

Porém, apesar dos diferentes métodos de debridamento empregados, os clones de P.

aeruginosa mantiveram-se nas feridas em ambas as avaliações, na maioria dos casos

avaliados, permitindo inferir que diferentes resultados não têm sido observados. Por isso,

medidas devem ser adotadas para otimização da descolonização de feridas.

Apesar dos perfis de fragmentação de DNA por PFGE mostrarem essa manutenção de

um mesmo clone bacteriano em ambas as avaliações, na maior parte dos pacientes cujas cepas

foram avaliadas por PFGE (58,33%, excluídas as cepas não tipáveis) verificaram-se variações

fenotípicas através dos resultados dos testes de susceptibilidade aos antimicrobianos, sendo

possível citar como exemplo as cepas derivadas do paciente 1, já que a cepa 1 apresentou

resistência à gentamicina, enquanto que a cepa 1* mostrou resistência intermediária a

aztreonam e ciprofloxacino, além de resistência a imipenem. Esses achados podem ser

justificados por pequenas variações na qualidade dos discos impregnados com

antimicrobianos utilizados nos testes de susceptibilidade (SEJAS et al, 2003).

Ainda quanto às cepas identificadas com mesmo perfil de fragmentação de DNA

identificadas a partir de um mesmo paciente, todas apresentaram mesmas características

genotípicas de virulência (presença dos genes exoS e exoU), confirmando a coerência dos

resultados das avaliações genéticas.

No caso dos pacientes em que houve descolonização, isto é, naqueles a partir de cujas

feridas se identificou cepas de P. aeruginosa na primeira coleta com diferentes perfis de

PFGE em relação às da segunda coleta, todos os três eram tratados com gel de

carboximetilcelulose a 2% e tinham feridas de etiologia venosa. Apresentavam como

diferenças o fato de que a ferida do paciente 9 tinha quatro meses de evolução, enquanto que a

ferida do paciente 14, dez anos de evolução. Ambos não apresentaram condições clínicas

diferentes entre as consultas de enfermagem e tinham feridas com menos de 10 cm2

Por outro lado, o paciente 20 tinha uma ferida com onze anos de evolução e 17 cm

, as quais

não apresentavam sinais clínicos de infecção. 2 de

área. Na primeira consulta, a ferida deste paciente foi avaliada como tendo presença de

exsudato seroso e, na segunda consulta, verificou-se presença de exsudato purulento, o que

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confirma, do ponto de vista clínico, as diferenças verificadas através do PFGE. Além disso,

corroboram essa afirmativa os resultados da avaliação dos fatores de virulência exoS e exoU,

pois a cepa isolada a partir do primeiro swab (cepa 20) apresentava o gene exoS, enquanto que

a cepa isolada a partir do segundo (cepa 20*), albergava o gene exoU, que é frequentemente

encontrado em cepas com virulência mais significativa (BRADBURY et al, 2010).

Essas variações clínicas entre os pacientes que apresentaram cepas diferentes na

primeira e na segunda coleta parecem indicar que não há influência das variáveis clínicas para

identificação da eficiência do processo de descolonização.

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6. CONCLUSÃO

Com isso, pode-se afirmar que a maioria das feridas era de etiologia venosa e, em

geral, não estavam infectadas. Há um risco 4,5 vezes maior para desenvolvimento de infecção

nas feridas dos pacientes com hipertensão arterial sistêmica e insuficiência venosa crônica

quando comparados àqueles que não possuíam essas comorbidades.

Foram avaliadas 43 feridas, tendo sido identificadas cepas de P. aeruginosa a partir de

31 (72,09%). No total, foram coletados 81 swabs, tendo sido isoladas 48 cepas de P.

aeruginosa: 38 dos pacientes tratados com gel de carboximetilcelulose a 2% e dez daqueles

tratados com placa de poliuretano. Verificou-se que há um risco 3,6 vezes maior para

desenvolvimento de infecção nas feridas dos pacientes a partir das quais foram isoladas cepas

de P. aeruginosa quando comparadas às feridas das quais não houve esse isolamento.

As cepas de P. aeruginosa demonstraram baixos índices de resistência antimicrobiana,

destacando-se algumas estirpes com resistência à gentamicina, ciprofloxacino e aztreonam.

Foram identificadas três cepas multirresistentes, cujas feridas a partir das quais foram isoladas

estavam infectadas e eram tratadas com placa de poliuretano impregnada com prata. Além

disso, viu-se que feridas tratadas com placa de poliuretano têm 8,6 vezes mais chances de

desenvolver infecção do que aquelas tratadas com gel de carboximetilcelulose a 2%,

indicando a ineficácia da placa de poliuretano na eliminação da infecção.

Os isolados apresentavam os genes de virulência exoS e exoU, sendo o primeiro mais

prevalente, o que merece destaque tendo em vista o seu papel no potencial de disseminação

bacteriana, quando expresso, mesmo em casos de colonização. Além disso, os resultados

parecem indicar que haja relação entre a presença do gene exoU e a resistência microbiana.

Os desbridamentos realizados nas feridas crônicas não têm sido efetivos para

descolonização de P. aeruginosa, já que um mesmo clone bacteriano foi identificado na ferida

em swabs coletados em diferentes momentos, na maioria dos casos. Não foram identificados

diferentes pacientes com mesma estirpe clonal, o que indica que não há contaminação cruzada

entre pacientes.

Estudos com amostras maiores e estratificadas, que realizem análises multivariadas,

são recomendados para que seja possível fornecer maiores evidências a temática de infecções

em feridas crônicas. Até lá, não se recomenda o uso da placa de poliuretano para controle de

colonização microbiana em feridas crônicas.

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91

__________________________________________________________________________________

CRONOGRAMA

Ano: 2014

Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

1. Pesquisa bibliográfica

2. Análise dos artigos

3. Redação da Introdução e Revisão Bibliográfica

4. Redação do Método e Planejamento (Cronograma)

5. Submissão ao Comitê de Ética em Pesquisa HUAP

6. Seleção dos participantes

7. Coleta de dados

8. Análises microbiológicas

Ano: 2015

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

7. Coleta de dados

8. Análises microbiológicas

9. Redação da discussão

10. Qualificação

12. Confecção de relatório final

13. Defesa da Dissertação

14. Publicações em periódicos científicos

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___________________________________________________________________________

APÊNDICES

APÊNDICE I

REVISÃO INTEGRATIVA – ARTIGO PUBLICADO

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APÊNDICE II

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Projeto: “Microbiologia das lesões tissulares: Avaliações Fenotípicas e Genotípicas”. Pesquisador responsável: Beatriz Guitton Renaud Baptista de Oliveira Instituição a que pertence o pesquisador responsável: Universidade Federal Fluminense Telefones para contato: (21) 992039595 Mestranda Bruna: (21) 97121-6099 Mestranda Fernanda

: (21) 98804-1011

Nome do voluntário: _______________________________________________________ Idade:__________anos R.G.:_______________________________________________ Responsável legal:_________________________________ R.G: ___________________

O(A) senhor(a) está sendo convidado(a) a participar do projeto de pesquisa “Microbiologia das lesões tissulares: Avaliações Fenotípicas e Genotípicas” de responsabilidade do pesquisador Beatriz Guitton Renaud baptista de Oliveira. O objetivo da pesquisa é: analisar os principais microrganismos encontrados em feridas, bem como, a ação dos antibióticos nestes germes.

Os procedimentos de pesquisa serão: registrar os seus dados clínicos, bem como, realizar fotografia(s) e coleta de material da(s) sua(s) ferida(s) através do swab, feitos em dois momentos com intervalos de 15 dias. Em seguida, os curativos serão feitos segundo a sua necessidade pela equipe de enfermagem participante do projeto. Na presença de sinais e sintomas de infecção na(s) sua(s) ferida(s) e, posterior confirmação laboratorial, o tratamento adequado será garantido ao(à) senhor(a). Ao final da realização da pesquisa, prevista para o segundo semestre de 2015, serão fornecidos ao(à) senhor(a) os resultados destas análises laboratoriais.

O(A) senhor(a) poderá se desligar da pesquisa a qualquer momento, não tendo qualquer prejuízo. Assim como, não haverá auxílio financeiro para sua participação nesta pesquisa.

Eu,_______________________________________________________________ RG nº __________________ li e entendi todas as informações sobre este estudo e todas as minhas perguntas e/ou dúvidas foram respondidas a contento. Portanto consinto voluntariamente participar desta pesquisa.

Niterói, ______ de ____________________________________ de _______

Assinatura

Testemunha

Testemunha

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94

APÊNDICE III

AUTORIZAÇÃO PARA FOTOGRAFIA

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa

Projeto de Pesquisa “Microbiologia das lesões tissulares: Avaliações Fenotípicas e

Genotípicas”

AUTORIZAÇÃO PARA FOTOGRAFIA

Eu, ___________________________________________________, Carteira de

Identidade Nº __________________________________, responsável pelo paciente

___________________________________________________, autorizo a professora

pesquisadora a fotografar e veicular minha imagem, bem como, informações contidas no meu

prontuário hospitalar, para fins didáticos e científicos, sem quaisquer ônus ou restrições.

AUTORIZO, de livre e espontânea vontade, a cessão de direitos da veiculação de

imagens, não recebendo para tanto qualquer tipo de remuneração. Tenho conhecimento de

que é assegurado o anonimato da pessoa fotografada.

Niterói, ______ de ____________________________________ de _______

___________________________________________________

Assinatura do Paciente ou Responsável Legal

Pesquisador que obteve o consentimento: Beatriz Guitton Renaud Baptista de Oliveira

Assinatura: ___________________________________________________

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APÊNDICE IV

PROTOCOLO DE COLETA DE DADOS

PARTE I

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINESE Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa – Faculdade de Farmácia - HUAP

Análise microbiológica de lesões cutâneas crônicas – Profª. Drª. Beatriz Guitton PROTOCOLO I - AVALIAÇÃO DE CLIENTES COM LESÕES ADAPTADO PARA O PROJETO DE PESQUISA ANÁLISE

MICROBIOLÓGICA EM LESÕES Início da participação no projeto: / / Término: / /

I. HISTÓRICO Nome Nº Prontuário

Data de Nascimento Idade Sexo ( 1 ) F ( 0 ) M Escolaridade: ( 0 ) Analfabeto ( 1 ) Fundamental ( 2 ) Médio ( 3 ) Superior (1) comp

(2) incomp Estado Civil

Ocupação Endereço Tel. ( ) Cel. ( ) Bairro Cidade CEP

Classificação da lesão ( 1 ) u. diabética ( 2 ) u. venosa ( 3 ) outra: _________________________

Histórico da lesão Início:

Atendimento: Tratamento atual:

Medicamentos em Uso

Alergias

Tabagismo ( 1 ) sim ( 0 ) não Cigarros/dia: Desde:

Etilismo ( 1 ) sim ( 0 ) não Freqüência: Desde: II. DOENÇAS DE BASE

Diabetes mellitus ( 1 ) sim ( 0 ) não Ano do Diagnóstico:

Hipertensão Arterial ( 1 ) sim ( 0 ) não Ano do Diagnóstico: Insuficiência venosa

crônica ( 1 ) sim ( 0 ) não Ano do Diagnóstico:

Outras doenças ( 1 ) sim ( 0 ) não Qual:

III. AVALIAÇÃO GERAL Glicemia Capilar: P. A. Peso: Altura: IMC

Estado emocional ( 1 ) alegre ( 2 ) tranqüilo ( 3 ) colaborativo ( 4 ) triste ( 5 ) ansioso ( 6 ) preocupado ( 7 ) deprimido ( 8 ) agressivo ( 9 ) apático ( 10 ) Outro: __________________________________________

Dieta ( 1 ) livre ( 2 ) hipossódica ( 3 ) hipocalórica ( 4 ) hipoglicêmica ( 5 ) outra, qual: ___________________ Condições higiênicas ( 1 ) satisfatórias ( 0 ) insatisfatórias, especifique: _______________________________

Deambulação ( 1 ) normal ( 2 ) com auxílio ( 3 ) em cadeira de rodas ( 4 ) acamado ( 5 ) claudicando Atividade

Física ( 1 ) sim ( 0 ) não Qual: Regularidade: vezes/semana

Pulsos presentes ( 1 ) Pedial D ( 2 ) Pedial E ( 3 ) Maleolar D ( 4 ) Maleolar E ( 5 ) Poplíteo D ( 6 ) Poplíteo E

Sensibilidade nos pés (paciente diabético)

1º Dedo Metatarso - DIREITO ( 1 )Presente ( 0 )Ausente ESQUERDO ( 1 )Presente ( 0 )Ausente 3º Dedo Metatarso - DIREITO ( 1 )Presente ( 0 )Ausente ESQUERDO ( 1 )Presente ( 0 )Ausente 5º Dedo Metatarso - DIREITO ( 1 )Presente ( 0 )Ausente ESQUERDO ( 1 )Presente ( 0 )Ausente

IV. EXAMES LABORATORIAIS Glicemia mg/dl Data: Hemoglobina Glicosilada: Data:

Outros exames

Data Assinatura

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PARTE II

ACOMPANHAMENTO DAS LESÕES DOS PACIENTES UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINESE

Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa – Faculdade de Farmácia - HUAP Análise microbiológica de lesões cutâneas crônicas – Profª Beatriz Guitton

PROTOCOLO II – FICHA DE ACOMPANHAMENTO DA LESÃO (MENSAL) Identificação

Nome Nº Prontuário: DATA DO 1O DATA DO ÚLTIMO ATENDIMENTO: ATENDIMENTO: Mês: ______________

Localização da lesão: Avaliação complementar

PARÂMETROS DATA DATA

DECALQUE

TAMANHO DA LESÃO

FOTOGRAFIA

Avaliação da lesão PARÂMETROS DATA DATA DATA DATA

TECIDO Granulação: Epitelização:

Esfacelo: Necrose:

(1) 0 ( 2) 1 – 25 ( 3) 26 – 50 ( 4) 51 – 75 ( 5) 76- 100 (1) 0 ( 2) 1 – 25 ( 3) 26 – 50 ( 4) 51 – 75 ( 5) 76- 100 (1) 0 ( 2) 1 – 25 ( 3) 26 – 50 ( 4) 51 – 75 ( 5) 76- 100 (1) 0 ( 2) 1 – 25 ( 3) 26 – 50 ( 4) 51 – 75 ( 5) 76- 100

(1) 0 ( 2) 1 – 25 ( 3) 26 – 50 ( 4) 51 – 75 ( 5) 76- 100 (1) 0 ( 2) 1 – 25 ( 3) 26 – 50 ( 4) 51 – 75 ( 5) 76- 100 (1) 0 ( 2) 1 – 25 ( 3) 26 – 50 ( 4) 51 – 75 ( 5) 76- 100 (1) 0 ( 2) 1 – 25 ( 3) 26 – 50 ( 4) 51 – 75 ( 5) 76- 100

(1) 0 ( 2) 1 – 25 ( 3) 26 – 50 ( 4) 51 – 75 ( 5) 76- 100 (1) 0 ( 2) 1 – 25 ( 3) 26 – 50 ( 4) 51 – 75 ( 5) 76- 100 (1) 0 ( 2) 1 – 25 ( 3) 26 – 50 ( 4) 51 – 75 ( 5) 76- 100 (1) 0 ( 2) 1 – 25 ( 3) 26 – 50 ( 4) 51 – 75 ( 5) 76- 100

(1) 0 ( 2) 1 – 25 ( 3) 26 – 50 ( 4) 51 – 75 ( 5) 76- 100 (1) 0 ( 2) 1 – 25 ( 3) 26 – 50 ( 4) 51 – 75 ( 5) 76- 100 (1) 0 ( 2) 1 – 25 ( 3) 26 – 50 ( 4) 51 – 75 ( 5) 76- 100 (1) 0 ( 2) 1 – 25 ( 3) 26 – 50 ( 4) 51 – 75 ( 5) 76- 100

EXSUDATO

(1) Seroso (2) Serossanguinolento (3) Sanguinolento (4) Purulento (5) Pio sanguinolento

(1) Seroso (2) Serossanguinolento (3) Sanguinolento (4) Purulento (5) Pio sanguinolento

(1) Seroso (2) Serossanguinolento (3) Sanguinolento (4) Purulento (5) Pio sanguinolento

(1) Seroso (2) Serossanguinolento (3) Sanguinolento (4) Purulento (5) Pio sanguinolento

QUANTIDADE

(1) Pouco (2) Médio (3) Grande

(1) Pouco (2) Médio (3) Grande

(1) Pouco (2) Médio (3) Grande

(1) Pouco (2) Médio (3) Grande

PROFUNDIDADE

(1) Superficial (2) Parcial (3) Total

(1) Superficial (2) Parcial (3) Total

(1) Superficial (2) Parcial (3) Total

(1) Superficial (2) Parcial (3) Total

Presença de tecido

em %

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97

PELE ADJACENTE

(1) Hidratada (2) Ressecada (3) Descamativa (4) Macerada (5) Eritema (6) Fibrótica (7) Hipopigmentada (8) Hiperpigmentada (9) Outra: ______________

(1) Hidratada (2) Ressecada (3) Descamativa (4) Macerada (5) Eritema (6) Fibrótica (7) Hipopigmentada (8) Hiperpigmentada (9) Outra: ______________

(1) Hidratada (2) Ressecada (3) Descamativa (4) Macerada (5) Eritema (6) Fibrótica (7) Hipopigmentada (8) Hiperpigmentada (9) Outra: ______________

(1) Hidratada (2) Ressecada (3) Descamativa (4) Macerada (5) Eritema (6) Fibrótica (7) Hipopigmentada (8) Hiperpigmentada (9) Outra: ______________

ODOR FÉTIDO

( 1 ) Sim ( 0 ) Não ( 1 ) Sim ( 0 ) Não ( 1 ) Sim ( 0 ) Não ( 1 ) Sim ( 0 ) Não

DOR ( 1 ) Sim ( 0 ) Não Local: ________________________ Intensidade (0 a 10): _____________

( 1 ) Sim ( 0 ) Não Local: ________________________ Intensidade (0 a 10): _____________

( 1 ) Sim ( 0 ) Não Local: ________________________ Intensidade (0 a 10): _____________

( 1 ) Sim ( 0 ) Não Local: ________________________ Intensidade (0 a 10): _____________

DOR APÓS O USO DO PRODUTO

( 1 ) Sim ( 0 ) Não Local: ________________________ Intensidade (0 a 10): _____________

( 1 ) Sim ( 0 ) Não Local: ________________________ Intensidade (0 a 10): _____________

( 1 ) Sim ( 0 ) Não Local: ________________________ Intensidade (0 a 10): _____________

( 1 ) Sim ( 0 ) Não Local: ________________________ Intensidade (0 a 10): _____________

PRURIDO ( 1 ) Sim ( 0 ) Não Local: ________________________

( 1 ) Sim ( 0 ) Não Local: ________________________

( 1 ) Sim ( 0 ) Não Local: ________________________

( 1 ) Sim ( 0 ) Não Local: ________________________

EDEMA ( 1 ) Sim ( 0 ) Não Local: ________________________ Intensidade ( /+ 4): _____________

( 1 ) Sim ( 0 ) Não Local: ________________________ Intensidade ( /+ 4): _____________

( 1 ) Sim ( 0 ) Não Local: ________________________ Intensidade ( /+ 4): _____________

( 1 ) Sim ( 0 ) Não Local: ________________________ Intensidade ( /+ 4): _____________

QUEIXAS

ORIENTAÇÕES

Sinais clássicos de Infecção

DOR ( 1 ) Sim ( 0 ) Não ( 1 ) Sim ( 0 ) Não ( 1 ) Sim ( 0 ) Não ( 1 ) Sim ( 0 ) Não

ERITEMA ( 1 ) Sim ( 0 ) Não ( 1 ) Sim ( 0 ) Não ( 1 ) Sim ( 0 ) Não ( 1 ) Sim ( 0 ) Não CALOR ( 1 ) Sim ( 0 ) Não ( 1 ) Sim ( 0 ) Não ( 1 ) Sim ( 0 ) Não ( 1 ) Sim ( 0 ) Não

EXSUDATO PURULENTO ( 1 ) Sim ( 0 ) Não ( 1 ) Sim ( 0 ) Não ( 1 ) Sim ( 0 ) Não ( 1 ) Sim ( 0 ) Não CICATRIZAÇÃO SEM

EVOLUÇÃO ( 1 ) Sim ( 0 ) Não ( 1 ) Sim ( 0 ) Não ( 1 ) Sim ( 0 ) Não ( 1 ) Sim ( 0 ) Não

DESCOLORAÇÃO DO LEITO DA FERIDA

( 1 ) Sim ( 0 ) Não ( 1 ) Sim ( 0 ) Não ( 1 ) Sim ( 0 ) Não ( 1 ) Sim ( 0 ) Não

GRANULAÇÃO FRIÁVEL ( 1 ) Sim ( 0 ) Não ( 1 ) Sim ( 0 ) Não ( 1 ) Sim ( 0 ) Não ( 1 ) Sim ( 0 ) Não ODOR FÉTIDO ( 1 ) Sim ( 0 ) Não ( 1 ) Sim ( 0 ) Não ( 1 ) Sim ( 0 ) Não ( 1 ) Sim ( 0 ) Não

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TÚNEL PARA TECIDOS MOLES ( 1 ) Sim ( 0 ) Não ( 1 ) Sim ( 0 ) Não ( 1 ) Sim ( 0 ) Não ( 1 ) Sim ( 0 ) Não Extras

Produto utilizado para lubrificação do tecido

perilesional em domicílio

Produto utilizado para lubrificação do tecido

perilesional no ambulatório

Assinatura do responsável pela coleta dos dados

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APÊNDICE V Pacientes, Feridas e Placas de Ágar Cetrimida

Nº Nome Tratamento Local da ferida

Área da ferida (cm2)

Ferida Cetrimida

1ª amostra 2ª amostra

1 ESM Gel de

carboximetil-celulose a 2%

Maléolo Medial D 45 cm²

2 JVO Gel de

carboximetil-celulose a 2%

Face Antero Lateral da

Perna Direita

Circular

3 LFS Gel de

carboximetil-celulose a 2%

Planta Pé D 1,5 cm²

Placa descartada Placa descartada

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100

4 AAF Gel de

carboximetil-celulose a 2%

Região Anterior da

Perna E 2,5 cm²

Placa descartada Placa descartada

5 MBM Gel de

carboximetil-celulose a 2%

Dorso Pé E 16cm²

6 LPP Gel de

carboximetil-celulose a 2%

Terço Médio e

Inferior do Membro

Inferior D

Circular

7 CPS Gel de

carboximetil-celulose a 2%

Maléolo Medial D 12 cm²

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8 TSV Gel de

carboximetil-celulose a 2%

Maléolo Medial E 68 cm²

9 ZCJ Gel de

carboximetil-celulose a 2%

Maléolo Medial E 7 cm²

10 SSA Gel de

carboximetil-celulose a 2%

Dorso Pé D 1 cm²

11 MJC Gel de

carboximetil-celulose a 2%

3º pododácti-lo mão D

Perda Paciente

não compareceu

à 2ª consulta

Perda Paciente não

compareceu à 2ª consulta

Não compareceu à 2ª consulta

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12 MB Gel de

carboximetil-celulose a 2%

Dorso pé D 1,5 cm2

13 JLPS Gel de

carboximetil-celulose a 2%

Maléolo Lateral E 15,5 cm²

14 JMS Gel de

carboximetil-celulose a 2%

Maléolo Medial D 1 cm2

15 MA Gel de

carboximetil-celulose a 2%

Maléolo Lateral E 153 cm²

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103

16 RS Gel de

carboximetil-celulose a 2%

Maléolo Medial D 40 cm²

17 ALC Gel de

carboximetil-celulose a 2%

Maléolo Medial D 4 cm2

Placa descartada

18 RSSS Gel de

carboximetil-celulose a 2%

Maléolo Medial E 11 cm²

19 RMM Gel de

carboximetil-celulose a 2%

Dorso Pé D 8,5 cm²

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104

20 CBC Gel de

carboximetil-celulose a 2%

Maléolo Medial E 17 cm²

21 DFS Gel de

carboximetil-celulose a 2%

Face Anterior do

Terço Médio do Membro Inferior E

2 cm²

Placa descartada

22 NRF Gel de

carboximetil-celulose a 2%

Região Tibial

Anterior D 36 cm²

23 CJP Gel de

carboximetil-celulose a 2%

Região Glútea D 4 cm²

Placa descartada

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105

24 MSOP Gel de

carboximetil-celulose a 2%

Terço Médio

Anterior do Membro Inferior E

19,5 cm²

25 MZV Gel de

carboximetil-celulose a 2%

Maléolo Lateral D 2 cm²

Placa descartada Placa descartada

26 ECF Gel de

carboximetil-celulose a 2%

Planta Pé E 23 cm²

Placa descartada

27 JMP Gel de

carboximetil-celulose a 2%

Dorso Pé D 6,5 cm2

Placa descartada

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28 EL Placa de poliuretano

Maléolo lateral D 1,5 cm2

29 JSC Placa de poliuretano

Maléolo lateral D 15 cm2

30 VLAC Placa de poliuretano

Maléolo lateral D 5 cm2

31 AF Placa de poliuretano

Maléolo medial D 8,5 cm2

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107

32 MLOC Placa de poliuretano

Dorso pé D 14 cm2

33 FC Placa de poliuretano

Maléolo lateral E

Perda Paciente

não compareceu

à 2ª consulta

Perda Paciente não

compareceu à 2ª consulta

Placa descartada Não compareceu à 2ª consulta

34 ML Placa de poliuretano

Circular perna E

Perda Paciente

não compareceu

à 2ª consulta

Perda Paciente não

compareceu à 2ª consulta

Não compareceu à 2ª consulta

35 IMS Gel de

carboximetil-celulose a 2%

Circular de membro

inferior E ----

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36 MJM Gel de

carboximetil-celulose a 2%

Face Antero medial do membro

inferior D

221cm2

37 MDCB Gel de

carboximetil-celulose a 2%

Hallus valgus D 4cm2

Placa descartada

38 ARF Placa de poliuretano

Face anterior do

terço inferior do

MIE

6 cm2

39 JBR Gel de

carboximetil-celulose a 2%

Região posterior da

perna E 76cm2

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40 MCS Gel de

carboximetil-celulose a 2%

Hallus valgus D

Perda Paciente

não compareceu

à 2ª consulta

Não compareceu à 2ª consulta

Não compareceu à 2ª consulta

41 NPS Gel de

carboximetil-celulose a 2%

Região lateral do pé

E 8 cm2

42 JJM Gel de

carboximetil-celulose a 2%

Maléolo Medial E 68 cm2

Placa descartada

43 GGS Gel de

carboximetil-celulose a 2%

Dorso pé E

Ferida epitelizada

na 2ª consulta

Ferida epitelizada na 2ª consulta

Ferida epitelizada na 2ª consulta

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APÊNDICE VI

Relação entre sinais clínicos de infecção nas feridas e perfil de susceptibilidade das cepas de P. aeruginosa

Sinais clássicos de infecção Infecção

(IDSA)

Microrganismo encontrado Perfil de resistência

Produto Paci-

ente 1ª consulta 2ª consulta

1ª coleta de

swab

2ª coleta de

swab

1ª coleta

de swab

2ª coleta de

swab

Gel

de

carb

oxim

etilc

elul

ose

a 2%

1 Dor Dor Ausente P. aeruginosa P. aeruginosa GEN IMP, C IP, AZT

2

Dor, Exsudato purulento,

Predomonância de tecido

desvitalizado, Odor fétido

Dor, Exsudato

purulento, Odor fétido Presente P. aeruginosa P. aeruginosa CIP, GEN CIP

3 Dor Dor Ausente - - - -

4 Ausente Predomonância de

tecido desvitalizado Ausente - - - -

5

Exsudato purulento e

predominância de tecido

desvitalizado

Ausente Presente - P. aeruginosa - Sensível a

todos

6 Dor e predominância de

tecido desvitalizado

Dor, exsudato

purulento e

predominância de

tecido desvitalizado

Presente P. aeruginosa P. aeruginosa AZT Sensível a

todos

7 Ausente Ausente Ausente P. aeruginosa P. aeruginosa Sensível a

todos AZT

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8 Dor e eritema Dor Presente P. aeruginosa P. aeruginosa AZT AZT

9 Dor Dor Ausente P. aeruginosa P. aeruginosa Sensível a

todos

Sensível a

todos

10 Ausente Ausente Ausente P. aeruginosa P. aeruginosa AZT AZT

11 Dor, Predominância de

tecido desvitalizado Perda Presente P. aeruginosa - AZT -

12 Predominância de tecido

desvitalizado Ausente Ausente P. aeruginosa P. aeruginosa AZT AZT

13 Predominância de tecido

desvitalizado

Predominância de

tecido desvitalizado Ausente - P. aeruginosa - AZT

14 Dor e calor Ausente Ausente P. aeruginosa P. aeruginosa Sensível a

todos

Sensível a

todos

15 Ausente Ausente Ausente P. aeruginosa P. aeruginosa GEN AZT, PTZ

16 Dor, Predominância de

tecido desvitalizado

Dor, Predominância de

tecido desvitalizado Presente P. aeruginosa P. aeruginosa AZT

Sensível a

todos

17

Dor, calor, Predominância

de tecido desvitalizado

Dor, Predominância de

tecido desvitalizado Presente - P. aeruginosa -

Sensível a

todos

18 Dor Dor Ausente P. aeruginosa P. aeruginosa Sensível a

todos

Sensível a

todos

19 Ausente Ausente Ausente - - - -

20 Dor Dor, Exsudato Presente P. aeruginosa P. aeruginosa AZT IMP

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purulento

21 Dor Dor Ausente P. aeruginosa - AZT -

22 Dor e calor Dor e calor Presente - - - -

23 Ausente Ausente Ausente - - - -

24 Dor e calor Dor Ausente - P. aeruginosa - AZT

25 Dor Dor Ausente - - - -

26 Ausente Ausente Ausente - - - -

27 Predominância de tecido

desvitalizado

Predominância de

tecido desvitalizado Ausente P. aeruginosa - AZT -

Plac

a (p

rata

)

28

Dor, predominância de

tecido desvitalizado e

exsudato purulento

Dor, predominância de

tecido desvitalizado e

exsudato purulento

Presente P. aeruginosa P. aeruginosa AZT, CIP,

GEN, CAZ

AZT, IMP, CIP,

GEN, MEM,

CAZ, PTZ

29

Dor, Predominância de

tecido desvitalizado e

exsudato purulento

Dor e eritema Presente P. aeruginosa -

AZT, IMP,

CIP, GEN,

MEM

-

30 Dor, Edema Edema, Eritema Presente - - - -

31 Exsudato purulento Exsudato purulento Presente P. aeruginosa P. aeruginosa CIP CIP

Plac

a

(ibu)

32 Ausente Dor Ausente P. aeruginosa P. aeruginosa CIP CIP

33 Ausente Perda Ausente - - - -

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34

Dor, Predominância de

tecido desvitalizado,

Exsudato purulento

Perda Presente P. aeruginosa - Sensível a

todos -

Gel

de

carb

oxim

etil-

celu

lose

a 2

% 35 Dor Dor Ausente P. aeruginosa - AZT -

36 Dor, Edema Dor, Edema Ausente - - - -

37 Ausente Ausente Ausente P. aeruginosa - Sensível a

todos -

Plac

a

(pra

ta)

38 Exsudato purulento,

Eritema Eritema Presente P. aeruginosa P. aeruginosa AZT, CIP CIP

Gel

de

carb

oxim

etil-

celu

lose

a

2%

39 Edema Ausente Ausente - - - -

40 Ausente Perda Ausente P. aeruginosa - CIP -

41 Edema Predominância de

tecido desvitalizado Ausente - - - -

42 Predominância de tecido

desvitalizado

Predominância de

tecido desvitalizado Ausente P. aeruginosa -

Sensível a

todos -

43 Predominância de tecido

desvitalizado, Eritema Ferida cicatrizada Ausente P. aeruginosa - AZT -

IDSA (Infectious Diseases Society of America): Critérios para diagnóstico de infecção em feridas se gundo Lipsky et al 2012 na primeira ou na segunda consulta de enfermagem.

AZT: Aztreonam; IPM: Imipenem; PB: Polimixina B; CIP: Ciprofloxacino; GEN: Gentamicina; MEM: Meropenem; CAZ: Ceftazidime; PTZ: Piperaciclina-tazobactam.

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ANEXOS

ANEXO I

APROVAÇÃO DA PESQUISA PELO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA DA

FACULDADE DE MEDICINA DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ANTÔNIO

PEDRO

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