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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
ESCOLA DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
LABORATÓRIO DE TECNOLOGIA, GESTÃO DE NEGÓCIOS E MEIO AMBIENTE
MESTRADO EM SISTEMAS DE GESTÃO
ALEXANDRE DOS REIS
ANÁLISE DAS COMPETÊNCIAS DAS LIDERANÇAS EM EMPRESAS
PROJETIZADAS
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em
Sistemas de Gestão da Universidade Federal
Fluminense, como exigência parcial para obtenção do
título de Mestre em Sistemas de Gestão. Área de
Concentração: Organizações e Estratégia. Linha de
Pesquisa: Qualidade Total.
Orientador:
Prof. Sérgio Luiz Braga França, D.Sc.
Niterói
2015
Ficha Catalográfica
R 375 Reis, Alexandre dos.
Análise das competências das lideranças em empresas projetizadas /
Alexandre dos Reis. – Niterói, RJ: 2015.
82 f.
Orientador: Sérgio Luiz Braga França.
Dissertação (Mestrado em Sistemas de Gestão) – Universidade
Federal Fluminense, 2015.
Bibliografia: f. 74-82.
1. Liderança. 2. Governança corporativa. 3. Cultura organizacional.
4. Gerenciamento de projetos. I. Título.
CDD 658.4092
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Fig. 1 - Hierarquia das Questões, f. 14
Fig. 2 - Sistema de Governança Corporativa, segundo o Cadbury Report, f.24
Fig. 3 - Níveis de cultura segundo Schein, f. 28
Fig. 4 - Tabela de confiabilidade do Alfa de Cronbach, f. 48
Fig. 5 - Estrutura Organizacional predominante dentre os pesquisados, f. 59
Fig. 6 - Conhecimento das características da Estrutura Projetizada, f. 61
Fig. 7 - Competências essenciais para um líder, f. 63
Fig. 8 - Formas de contratar um líder – 1ª análise das respostas do Q7, f. 63
Fig. 9 - Formas de contratar um líder – depuração e análise das respostas da Q7, f. 64
Fig. 10 - Percentual da receita da companhia oriunda de projetos, f. 65
Fig. 11 - A proporção de faturamento de cada estrutura organizacional, advindo de projetos, f.
65
Fig. 12 - Quantos gerentes se envolvem por projeto?, f. 66
Fig. 13 - Percentual de empresas que trabalham com projetos, f. 67
Fig. 14 - Percentual de pesquisados que conhece Estrutura Projetizada, f. 67
Fig. 15 - Percentual de pesquisados dispostos a trabalhar em Estrutura Projetizada, f. 68
Fig. 16 - Média de tempo em que trabalha no estabelecimento?, f. 68
Fig. 17 - Último grau de instrução dos pesquisados, f. 69
Fig. 18 - Divisão por gênero dos respondentes, f. 69
Fig. 19 - Faixa etária dos pesquisados, f. 69
Fig. 20 - Mapa Mental sobre liderança, f. 71
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CEO Chief Executive Office
ERJ Estado do Rio de Janeiro
GC Governança Corporativa
GRH Gestão de Recursos Humanos
IBGC Instituto Brasileiro de Governança Corporativa
RAIS Relação Anual de Informações Sociais
RH Recursos Humanos
SFIRJAN Sistema da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro
RESUMO
O estudo que ora se apresenta busca investigar a relação entre as lideranças e as empresas, tendo
como ponto de partida uma listagem com os maiores clientes/arrecadadores compulsórios do
SFIRJAN. É universo da pesquisa, portanto, empresas localizadas no Estado do Rio de Janeiro,
majoritariamente enquadradas por sua atividade econômica como indústria.
Assim, dentro desse objetivo, busca-se qualificar e quantificar os valores, competências, perfis
e expectativas das empresas sobre seus líderes, como elas formam essas lideranças, quem são
os líderes atuais das companhias-alvo e, como esses enxergam a estrutura da mesma. A
dissertação traz, portanto, uma pesquisa exploratória com executivos brasileiros das
companhias foco do escopo, além da referência bibliográfica que traz conceitos de tipos de
liderança, história da liderança, ambiente corporativo, governança corporativa e estruturas
projetizadas. Assim, buscou-se aprofundar conceitos até então pouco explorados, ajudando a
entender os impactos da liderança em empresas de estrutura projetizada.
Palavras-chave: liderança; estrutura projetizada; gestão de projetos; governança corporativa.
ABSTRACT
The following study investigates the relationship between leaders and businesses, taking as its
starting point a listing with the largest customers/compulsory collecting for SFIRJAN. It
universe of research, therefore, companies located in the State of Rio de Janeiro, mostly
governed by its economic activity as industry. Within this goal, we will qualify and quantify
the values, skills, profiles and expectations of the companies on their leaders, how they form
these leaders, who are the current leaders of the target companies, and how these leaders see
the structure of his/her companies.
This dissertation brings therefore an exploratory study of Brazilian executives from companies
focus the scope, plus a bibliographic reference that brings concepts of types of leadership,
history of leadership, corporate environment, corporate governance and projectized structures.
Thus, we sought to deepen concepts little explored, helping to understand the impact of
leadership in projectized structure companies.
Keywords: leadership; projectized structure; project management; corporate governance.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO, p. 10
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA, p. 10
1.2 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA, p. 12
1.3 OBJETIVOS DA PESQUISA, p. 13
1.3.1 Objetivo Geral, p. 13
1.3.2 Objetivos Específicos, p. 13
1.4 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA, p. 13
1.5 QUESTÕES DA PESQUISA, p. 14
1.6 ESTRUTURA DA PESQUISA, p. 15
2 REVISÃO DA LITERATURA, p. 17
2.1 GOVERNANÇA CORPORATIVA, p. 21
2.1.1 Governança Corporativa: Definição, p. 21
2.1.2 Governança Corporativa: Histórico, p. 23
2.2 BEM-ESTAR, CULTURA E CLIMA ORGANIZACIONAL, p. 26
2.2.1 Bem-estar organizacional, p. 26
2.2.2 Cultura organizacional, p. 26
2.2.3 Clima organizacional, p. 28
2.3 LIDERANÇA: COMPETÊNCIAS, ESTILOS E OUTRAS ABORDAGENS, p. 29
2.3.1 O líder e o gerenciamento, p. 30
2.3.2 Os estilos de liderança: contingencial, transformacional e transacional, p. 31
2.3.3 Teorias da liderança, p. 33
2.3.3.1 Teoria dos traços de personalidade, p. 33
2.3.3.2 Teoria Neocarismática, p. 33
2.3.3.3 Teoria comportamental e funcional, p. 34
2.3.3.4 Teoria da Liderança Visionária, p. 35
2.3.3.5 Teoria da Liderança Servidora, p. 35
2.3.3.6 Teoria da Liderança Distribuída, p. 36
2.3.3.7 Teoria da Liderança Baseada em Princípios, p. 37
2.3.4 Competência do líder, p. 38
2.4 ESTRUTURA PROJETIZADA, p. 39
2.5 GESTÃO DE PROJETOS: CONTEXTUALIZAÇÃO, p. 41
3 METODOLOGIA DA PESQUISA, p. 43
3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA, p. 43
3.1.1 Realizando o Desenho Amostral, p. 44
3.1.2 Definição de Alfa de Cronbach: Uma estimativa estatística da consistência interna,
p. 46
3.1.3 Medida e Interpretação dos valores do Alfa de Cronbach, p. 47
3.1.4 Pressuposto do Alfa de Cronbach, p. 48
3.1.5 Divulgação e utilização do coeficiente alfa, p. 48
3.2 QUESTIONÁRIO, p. 49
3.2.1 Primeiro Segmento – A Utilização, p. 50
3.2.2 Segundo Segmento – Conhecimento (Questões de 02 a 05), p. 50
3.2.3 Terceiro Segmento – A Liderança (Questões de 06 a 07), p. 52
3.2.4 Quarto Segmento – O Benefício (Questão 08), p. 53
3.2.5 Quinto Segmento – A Oportunidade – (Questões 09 a 12), p. 53
3.2.6 Segmento Final – Perfil – (Questões 13 a 16), p. 54
3.4 ANÁLISE E TRATAMENTO DOS DADOS, p. 55
4 O PERFIL DA LIDERANÇA EM EMPRESAS PROJETIZADAS, p. 57
4.1 PESQUISA AMOSTRAL E TESTE DO ALPHA DE CRONBACH, p. 57
4.2 PESQUISA FINAL E O ALPHA DE CRONBACH, p. 57
4.3 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS, p. 58
4.3.1 Respostas do Primeiro Segmento – Utilização, p. 58
4.3.2 Respostas ao Segundo Segmento – Conhecimento, p. 60
4.3.3 Respostas ao Terceiro Segmento – A Liderança, p. 62
4.3.4 Respostas ao Quarto Segmento – O Benefício, p. 64
4.3.5 Respostas ao Quinto Segmento – A Oportunidade, p. 66
4.3.6 Respostas ao Segmento Final – Perfil, p. 68
4.4 ANÁLISE CRÍTICA DAS COMPETÊNCIAS, p. 69
5 CONCLUSÕES, p. 72
6 REFERÊNCIAS, p. 75
1 INTRODUÇÃO
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA
O advento da globalização, a internacionalização da economia e consequente expansão
dos meios de comunicação trouxeram reflexos importantes ao cenário econômico. O mercado
ficou extremamente dinâmico e competitivo, acirrando a concorrência e exigindo que as
empresas buscassem um diferencial que não era possível ser encontrado somente em tecnologia,
recursos e processos. No longo prazo a vantagem competitiva gerada pelas inovações, perdia
seu valor, pois tudo podia ser copiado, melhorado ou adaptado. Seres humanos, no entanto,
ainda não podem ser mimetizados.
Com base nesse contexto, é impossível negligenciar a importância que passou a ter a
gestão estratégica de pessoas e, por consequência lógica, a temática da liderança e suas
vertentes, capazes de alterar de maneira significativa a dinâmica interna das companhias.
Assim, ao pensar-se nos conceitos de estratégias empresariais, tem sido debatido com
cada vez mais aprofundamento o peso das relações humanas enquanto potenciais geradoras de
resultados nas empresas que tendem a gerir seus negócios com ênfase em relacionamentos
interpessoais, buscando-se uma visão compartilhada. (GODINHO, 2011)
A preocupação com esse ambiente de trabalho e a relação dos líderes traz efeitos para
áreas diversas, como a saúde ocupacional e as questões do bem–estar, já que a valorização das
organizações tem sido associada aos seus ativos intangíveis, constituídos por recursos valiosos,
raros e insubstituíveis, que garantem vantagem competitiva em longo prazo (Kayo, Kimura,
Martin, & Nakamura, 2006), e nesse campo entram, sem dúvida, seus recursos humanos e, por
subsequência, as lideranças capazes de lidar com esses recursos.
São justamente essas práticas da Gestão de Recursos Humanos (GRH) que tem sido
abordadas nos últimos anos, com especial destaque para o conceito de “força das práticas de
GRH”, apresentado por Bowen e Ostroff (2004), o qual distingue as práticas de GRH por
conseguirem transmitir mensagens caracterizadas por elevada distintividade, concordância e
consenso. Fica claro que os sistemas de GRH conseguem fortalecer situações organizacionais,
como seu clima, cultura e bem-estar, de modo a fomentar um contexto social que conduz a uma
interpretação/compreensão partilhada, influenciando a percepção que os colaboradores têm de
sua empresa e, consequentemente, na performance da mesma.
Dentro dessa dinâmica de mudanças globais e valores cada vez mais estigmatizados,
essa pesquisa faz-se fundamental para responder perguntas importantes sobre esse inestimável
valor presente nas companhias: os recursos humanos.
Assim, é cada vez mais importante entender o valor, perfil, modelo, técnica e
funcionamento das lideranças em empresas de estrutura projetizada, vendo esse cenário através
da perspectiva de nosso grupo de perspectiva, aquele de maiores clientes/arrecadadores
compulsórios do Sistema FIRJAN. São essas companhias participantes daquele grupo que
obtiveram grande taxa de sucesso em resultados financeiros concomitantemente aos prêmios e
boas posições conquistadas nas listagens de melhores empresas para se trabalhar, também
fartamente espalhados pelo mercado local.
Deve-se entender que a taxa de sucesso de uma empresa é resultado de uma equação
de diversas variáveis, dentre as quais está o conjunto de competências de um líder que o permite
transitar sob os vários perfis de liderança existentes, sem que perca o foco principal que é o da
geração de resultados. Não pode-se esquecer, ainda, do necessário valor que deve-se considerar
aos parâmetros do universo corporativo, intrinsicamente ligado aos líderes, como as questões
relacionadas à cultura, clima e bem-estar organizacional, governança corporativa, gestão de
projetos, dentre outros.
De todas as competências de um líder, a de maior impacto para resultado é a
capacidade de construir um cenário futuro sustentável e traduzi-lo para sua base de liderados
criando valor pessoal na busca do resultado junto às partes interessadas. Cabe ao líder o
empenho na descoberta de novas oportunidades, confrontando-as com as adversidades do
mercado e gerando sempre novas decisões, pois só é possível enfrentar o futuro se os talentos
da organização estiverem conectados com os desafios do novo ambiente. (PEREIRA, 2010)
A relevância do presente estudo não está calcada apenas em apresentar mais material
informativo acerca dos diversos modelos de liderança existentes e sua aplicabilidade, assunto
este que pode ser facilmente encontrado na literatura, mas, também em apresentar o que
possivelmente são as competências essenciais para ser um líder atual e futuro.
O aprofundamento no tema possibilitará o uso do conhecimento adquirido, aplicando-
o de forma prática no Sistema FIRJAN, onde exerço um cargo executivo, avaliando a situação
atual, traçando cenários para as próximas décadas e desenvolvendo um conceito adequado de
liderança que me permita alcançar a tão almejada liderança sustentável.
1.2 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA
O meio empresarial tem vivido momentos de grande reflexão sobre a gestão de pessoas
em função da falta de profissionais qualificados em diversas áreas e principalmente no que
tange a gestão de pessoas com foco em liderança. (SANT’ANNA, CAMPOS & LÓTFI, 2012)
Dentro de estruturas corporativas cada vez mais padronizadas, o mundo empresarial
tem vivido uma mudança de modelo mental sobre liderança, enxergando novos paradigmas que
envolvem a liderança em temáticas como a governança corporativa, o clima organizacional e
as estruturas das companhias no cenário atual.
Tendo em vista esses novos paradigmas que surgem com novos modelos de estruturas
organizacionais (orientado a projetos, baseado em projetos, dentre outros) e suas interações com
as lideranças, não é possível considerar como certas as respostas já dadas.
Afinal de contas, quais são os modelos de estruturas organizacionais percebidos pelas
lideranças? Há, realmente, um crescente foco no modelo de trabalho com/para projetos?
Existem características mínimas para definir um líder? Como as empresas tem
contratado/desenvolvido as lideranças dentro de seus quadros funcionais? Quem são os líderes
atuais nas empresas que fazem parte de nosso escopo de pesquisa?
São essas as perguntas para as quais busca-se respostas ao longo desse trabalho, não
somente através da revisão bibliográfica, mas também no questionário apresentado aos
executivos das empresas-alvo da pesquisa.
Essa pesquisa se apresenta como contribuição para gestão de pessoas em atividades
empresariais, focada em trazer o que tem sido produzido no mundo corporativo de mais nos
últimos tempos no que tange às lideranças em empresas de estrutura projetizada, focando, em
especial, no desenvolvimento de políticas para gestão de líderes, nas boas práticas na construção
de novos líderes; na análise das relações das principais competências desejadas pelas empresas
com foco em resultado; no confronto dos valores de liderança atual com o futuro líder e no
prospecto das novas competências que serão exigidas no futuro para uma liderança com foco
em resultado.
1.3 OBJETIVOS DA PESQUISA
1.3.1 Objetivo Geral
Tomando-se como ponto de partida o cenário até aqui apresentado, esse estudo tem
por objetivo principal analisar as competências buscadas por companhias projetizadas em suas
lideranças e o perfil de tais líderes e como elas os contratam, traçando-se, assim, um mapa
mental sobre a relação entre liderança e empresas de estrutura projetizada.
1.3.2 Objetivos Específicos
Defronte ao conteúdo apresentado, buscar-se-á:
a) Levantar, bibliograficamente e por meio de pesquisa de campo, questões
corporativas ligadas à importância de atuação do líder, como governança
corporativa, clima organizacional, estrutura organizacional em empresas orientadas
para projetos e baseadas em projetos, e a formação de novas lideranças;
b) Apresentar a importância da estrutura projetizada dentro destas companhias, em
termos de faturamento;
c) Identificar as competências necessárias para se definir um líder, visando a
elaboração do mapa mental.
1.4 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA
Dada sua importância para a economia fluminense, resolveu-se delimitar o campo de
pesquisa para as quatrocentas maiores empresas do setor industrial instaladas no ERJ. Seu porte
foi definido com base em sua contribuição compulsória ao SFIRJAN, buscando na lista de
contribuintes compulsórios aqueles que ocuparam as quatrocentas primeiras posições do
ranking no ano de 2013, em nossa área geográfica almejada.
Assim, levou-se em conta o critério da homogeneidade para realizar a abordagem das
empresas, posto que dessa maneira será possível quantificar a importância observada pelos
gestores de RH dos itens que busca-se entender através do questionário aplicado junto aos
mesmos.
Ainda no que tange aos critérios de delimitação da pesquisa, também foi levado em
conta o critério da acessibilidade, pois ainda não existem dados oficiais sobre os elementos
pesquisados no universo delimitado e, dessa forma, limitou-se aos executivos dessas
companhias que estivessem disponíveis para responder a nosso questionário eletrônico, todos
eles de empresas associadas ao SFIRJAN.
1.5 QUESTÕES DA PESQUISA
Com o universo que compõe cada ser humano, como podemos definir os fatores
capazes de apontar para a capacidade de liderar de uma pessoa? É possível identificar um
modelo comportamental correto para um líder? Como identificar sua importância dentre de
estruturas projetizadas, que hoje são tão comumente encontradas em empresas de médio e
grande porte?
Entendendo a nova realidade, onde o líder tem de tratar com perfis profissionais
distintos, mediar conflitos entre as diversas gerações distintas – baby boomer, X e Y –, motivar
pessoas e tirar o melhor de cada uma delas de acordo com as dificuldades situacionais
apresentadas, diversas questões e hipóteses são levantadas:
a) Como os executivos das companhias-alvo entendem o conceito de “empresa
projetizada”?
b) Qual é a importância da estrutura projetizada dentro destas companhias, em termos
de faturamento?
c) Quais são as competências necessárias para se definir um líder?
d) De que maneira essas companhias conseguem novos líderes?
e) Que perfil possuem os líderes atuais: sua idade, sexo, formação, tempo de trabalho
na mesma empresa?
Ao longo deste estudo, tendo como base a experiência profissional deste autor na gestão
de pessoas e como diretor do SFIRJAN ao longo de mais de uma década, e ainda, estruturando-
se na bibliografia que embasa este trabalho, objetivou-se melhor entender essas hipóteses e
questões e avançar na resposta das mesmas.
1.6 ESTRUTURA DA PESQUISA
A presente pesquisa está estruturada em cinco capítulos distintos, com intuito de
melhor organizar os conceitos, conteúdo e proposta trazida por esta dissertação, ajudando a
compreender os resultados buscados e obtidos no curso desta investigação sobre a análise das
competências das lideranças em empresas de estrutura projetizada.
O primeiro capítulo, como já foi possível observar, está reservado a apresentação dos
parâmetros pré-pesquisa, conceitos fundamentais que embasam a existência deste trabalho e
que motivaram os esforços dedicados a esta composição literária, introduzindo a temática,
formulando o problema, revelando a justificativa, os objetivos gerais e específicos e o campo
de delimitação do estudo ora em voga.
No segundo capítulo, realiza-se a apresentação da revisão da literatura encontrada
sobre o universo observado, em especial no que tange às temáticas como, mas não somente,
governança corporativa, bem-estar organizacional, cultura organizacional, estilos de liderança,
competências da liderança, confronto de gerações e a definição de estrutura projetizada.
Pretende-se, aqui, criar uma série de denominadores comuns que permitirão uma equalização
Figura 1: A hierarquia das questões
Fonte: o autor.
de termos e definições capazes de fazer com que melhor entenda-se o que se descortina a frente,
nos capítulos vindouros.
O conteúdo do terceiro capítulo nos revelará sobre a metodologia aplicada ao estudo,
às questões realizadas aos membros do grupo pesquisado, o que se buscava com cada
questionamento.
No quarto capítulo será possível compreender a análise dos dados obtidos, sua
tabulação e apresentação, objetivando responder aos questionamentos levantados ao longo do
trabalho.
Por fim, o quinto capítulo dedica-se a fazer conclusões acerca do trabalho apresentado,
dos dados coletados e das observações acerca da revisão bibliográfica realizada, de modo a
tentar responder ao problema fundamental da pesquisa e conseguir alcançar os objetivos, gerais
e específicos, originalmente almejados quando da idealização e início da produção deste estudo
exploratório.
2 REVISÃO DA LITERATURA
Para fundamentação teórica da pesquisa em questão, foi realizado amplo levantamento
bibliográfico para verificação da existência da definição de conceitos amplamente debatidos
nesse documento, em especial daqueles que dão título à dissertação ora produzida.
Dessa maneira, valendo-se da plataforma CAPES
(http://www.periodicos.capes.gov.br), uma das mais conceituadas no Brasil e que confere
acesso a conteúdo em línguas estrangeiras, concomitantemente ao acesso em língua nacional,
foram realizadas pesquisas com as palavras-chaves relacionadas à temática ora em foco, sobre
liderança e estruturas projetizadas, a fim de conseguir obter o histórico de resultados necessários
à fundamentação deste documento.
As quatro palavras-chaves pesquisadas em 22 de dezembro de 2014 geraram os
seguintes resultados, a saber:
a) Liderança;
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2.1 GOVERNANÇA CORPORATIVA
2.1.1 Governança Corporativa: Definição
Inicialmente, deve-se entender que a busca pelo entendimento do papel e da
importância do líder dentro de empresas de estrutura projetizada está intimamente ligado às
outras condições corporativas, dentre as quais deve-se destacar, antes de qualquer outra, a
governança corporativa.
Advindo do termo anglo-saxônico "Corporate Governance", onde "Governance" teria
origem no verbo latino gobernare, que significa governar, levando ao entendimento de que,
assim, os acionistas "cuidariam" de uma empresa (corporation), segundo revela definição
trazida por VIDIGAL (2000).
Segundo a Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento (OECD, na
sigla em inglês) (2008), governança corporativa é um conjunto de relações entre a gerência
corporativa e o conselho diretivo e demais grupos que possuam algum vínculo direto com a
empresa. A estrutura da governança especifica a atribuição dos direitos e responsabilidades dos
diferentes participantes da empresa, como dirigentes, acionistas e outras partes interessadas e
detalha as regras e procedimentos para tomada de decisões no que se refere aos assuntos
corporativos. Por isso, fornece a estrutura pela qual os objetivos da companhia são definidos,
tanto quanto se definem os meios para atingir estes objetivos e monitorar seu desempenho.
Já a definição de governança corporativa para Lethbridge (1997, p.209) é o conjunto
"dos arranjos institucionais que regem as relações entre acionistas (ou outros grupos) e as
administrações das empresas".
Através de seu endereço na rede mundial de computadores, o Instituto Brasileiro de
Governança Corporativa, IBGC (2004), conceitua governança corporativa como sendo "as
práticas e os relacionamentos entre os Acionistas/Cotistas, Conselho de Administração,
Diretoria, Auditoria Independente e Conselho Fiscal, com a finalidade de otimizar o
desempenho da empresa e facilitar o acesso ao capital".
A visão de governança corporativa também é definida por Shleifer e Vishny (1997),
para quem ela tem a função de agência, ou seja, controlar um conjunto de instrumentos e
mecanismos que tem por finalidade monitorar a gestão e o desempenho das organizações,
fazendo com que o interesse dos administradores esteja de acordo com os interesses dos
proprietários.
Para Siffert Filho (1998, p.124), a expressão "diz respeito aos sistemas de controle e
monitoramento estabelecidos pelos acionistas controladores de uma determinada empresa ou
corporação, de tal modo que os administradores tomem suas decisões sobre a alocação dos
recursos de acordo com o interesse dos proprietários".
Do ponto de vista de Silva e Leal (2007), a governança corporativa não deve ser
limitada às empresas de capital aberto e listadas em bolsa. O conceito está atrelado, na
concepção destes pesquisadores, a qualquer empresa que almeje relações mais transparentes e
confiáveis com as suas partes interessadas. Assim, torna-se relevante o estudo das práticas de
governança das empresas de capital aberto e não listadas, propósito da presente pesquisa.
Uma última definição, também divulgada via internet, adotada pela Comissão de
Valores Mobiliários (CVM, 2003), complementa as anteriores, mencionando que "governança
corporativa é o conjunto de práticas que tem por finalidade otimizar o desempenho de uma
companhia ao proteger todas as partes interessadas, tais como investidores, empregados e
credores, facilitando o acesso ao capital. A análise das práticas de governança corporativa
aplicada ao mercado de capitais envolveria, principalmente: transparência, equidade de
tratamento dos acionistas e prestação de contas".
Além de ter-se registrado, de maneira bastante clara os diversos conceitos de GC
criados por pesquisadores, administradores, institutos e órgãos, é importante reparar o que, ou
porque, algumas delas parecem demonstrar mais preocupações com os direitos dos acionistas,
como a adotada por Siffert Filho (1998), enquanto outras, como curiosamente apresenta a CVM
(2003), registram uma preocupação forte com as suas partes interessadas, ou demais partes
interessadas (credores, fornecedores, empregados, cidadãos e governo).
Essa diferença tem uma razão de ser, muito ligada à história do conceito de GC,
polarizado no grupo de ações anglo-americanas, de um lado, e no conjunto de medidas nipo-
germânicas, do outro, graças às suas adoções a estes modelos em momentos históricos bastante
distintos.
2.1.2 Governança Corporativa: Histórico
Em que impacta o conceito de GC no tema de nossa pesquisa? Ora, ao observar a
história (LODI, 2000) de seu surgimento, fica claro o entendimento em relação à sua influência
no modelo de funcionamento das grandes companhias, das companhias projetizadas e, mais
ainda, no papel das lideranças dentro de modelos de companhias altamente focadas em
resultados para seus acionistas, que, reunidos em seus órgãos de administração, determinam as
diretrizes e objetivos dos executivos-chefes (CEO, ou Chief Executive Office, na sigla em
inglês) das corporações e, por consequência, de toda cadeia de liderança dessas organizações,
definindo, de maneira fundamental, o perfil buscado por essas organizações em tempos atuais.
Assim, deve-se ter um olhar apurado sobre a construção histórica do modelo de GC, o
que nos permitirá entender, de maneira profunda, como ele, em seu formato atual, vem
impactando nos modelos de gestão e liderança, sempre orientados a resultados.
Segundo é possível observar nas referências bibliográficas disponíveis, o surgimento
da GC aconteceu há mais de duas décadas, como resultado de escândalos como o do Guinness,
na Inglaterra, e de algumas companhias de extrema importância nos Estados Unidos, como IBM
e General Motors, que quase foram à falência, sem que tivesse havido qualquer ação do
Conselho de Administração destas empresas no sentido de impedir tal rumo.
Esses fatos dão início a um novo comportamento dos investidores, em especial os
institucionais – como fundos de pensão – que percebem que algo deveria ser feito no sentido
de estabelecer princípios mais adequados de atuação dos Conselhos de Administração. Assim,
dar-se-ia início a uma série de pesquisas com o intuito de estabelecer um novo paradigma
atuação dos organismos diretivos das companhias, que acabou sendo disseminado com o nome
de corporate governance.
O modelo atual, é importante observar, não foi o primeiro na história da concepção da
GC. Quando se pesquisa sua origem, a mesma remonta ao final dos anos 1980 na Inglaterra,
com o sistema dos Clubes de Conselheiros (“Old Boys Networks”, o termo originário em
inglês), que participavam de conselhos das companhias uns dos outros, cruzando interesses e
favores, e criando dificuldades para minoritários e terceiros estranhos àqueles grupos (LODI,
2000).
No que veio a ser a primeira referência teórica sobre o tema, ainda no ano de 1991, Sir
Adrian Cadbury, do Banco da Inglaterra, viria a coordenar o trabalho de um grupo do qual
participariam representantes daquele Banco, da Bolsa de Valores de Londres, do Conselho de
Contadores Certificados e do Conselho de Relatórios Financeiros. Dali sairia, um ano mais
tarde, o que ficou conhecido como The Cadbury Report, na verdade um Código das Melhores
Práticas de Governança Corporativa.
O Cadbury Report descrevia as práticas em quatro grandes linhas: (a) as
responsabilidades do conselho; (b) os membros do conselho; (c) a importância dos membros
independentes no conselho; e (d) a necessidade de comitês do conselho, especificamente um
comitê de auditoria, um comitê de nomeação e um comitê de remuneração. O formato era
claramente inspirado na prática do mercado de capitais norte-americano, já naquela época tido
como o mais avançado do mundo, onde a realidade apresentava blocos de ações detidos por
fundos de pensão e de investimento, minoritários e muito ativos; investidores institucionais;
escritórios de advocacia muito agressivos; dentre outros. Assim, o relatório colocava
conselheiros no centro de qualquer discussão sobre a direção e controle das companhias, como
é possível verificar no modelo apresentada na figura 01.
Figura 1 - Sistema de Governança Corporativa, segundo o Cadbury Report.
Fonte: Lodi, 2000.
Lodi (2000) registra que durante os anos de 1992-93 e nos seguintes, a demissão de
Robert Stempel, presidente da General Motors, e de seu Conselho de Administração, além de
outros presidentes como os da IBM, Kodak, Sears, Compaq, Digital, Time Warner, American
Express e Westinghouse, por pressão de conselhos e grupos de acionistas, marcaria o início da
era da Governança Corporativa. O advogado Ira M. Millstein, professor da Universidade de
Yale, e uma das figuras que mais se destacaram no processo da General Motors, se tornaria o
guru da GC. Diz-se, assim, que a história dos Conselhos passaria a ser dividida em duas grandes
eras: pré-General Motors e pós-General Motors.
A partir desse momento, então, começa um processo relevante para nosso estudo. Se
foi justamente a relação próxima demais entre o principal líder e gestor das empresas acima
mencionadas e seus Conselhos de Administração que gerou as crises pelas quais passaram
gigantes do mercado global, como deveria ser o papel do líder, em que posição ele estaria e o
que deveria buscar? Em outras palavras: que perfil deve ter o líder em tempos pós Cadburry
Report?
Para a GC, o conceito de relação entre o executivo-chefe (e, portanto, líder máximo)
de uma organização e os Conselhos da mesma deveria ser profissionalizado. Aliás, os próprios
Conselhos deveriam passar por uma modernização e reestruturação, a qual envolvia deixar o
estratégico fora das mãos do executivo-chefe, mais voltado à administração e ao operacional da
companhia. Assim, ele deveria estar focado em cumprir objetivos, alcançar metas e entregar
resultados, e não em traçá-los.
Ficava claro que os Conselhos não poderiam ser muito grandes e nem compostos por
maioria de membros internos da companhia, bem como os Comitês de Auditoria e de
Remuneração não poderiam ficar sob a influência do CEO da empresa, que também não poderia
ter o cargo de presidentedo Conselho e nem definir o seu próprio salário. Além disso, o
Conselho deveria contratar auditores externos e serem formados por pessoas dentro de uma
idade-limite, não podendo ficar mais de 10 anos no mesmo Conselho.
Observações como essas deixam claro que o fato dos grupos empresariais estarem em
demanda por recursos de acionistas e/ou de terceiros fez com que o foco no líder como figura
carismática, apenas, estava em desuso, revelando que ele deveria ser alguém capaz de se adaptar
a novas perspectivas, onde seria cobrado por conflitos de interesse entre acionistas,
administradores e credores. Assim, não se deve relevar, em momento algum, a importância da
figura da GC quando estudamos a liderança em estruturas empresariais.
2.2 BEM-ESTAR, CULTURA E CLIMA ORGANIZACIONAL
2.2.1 Bem-estar organizacional
Outro dado teórico de fundamental análise é o bem-estar organizacional. Afinal, dentre
os inúmeros impactos causados pelo líder e seu perfil de liderança, não há dúvidas que a relação
entre seu modo de liderar e a sensação de bom relacionamento com a organização está dentre
os principais fatores esperados da liderança no âmbito corporativo.
O estudo deste campo, à propósito, tem sido marcado pela variedade de abordagens e
modelos teóricos (DIENER, 1984; RYFF & SINGER, 2008; WARR, 2007), definitivamente
influenciado pelas pesquisas do bem-estar subjetivo (DIENER, 1984) e do bem-estar
psicológico (RYFF & SINGER, 2008).
São essas linhas de pesquisa que tem guiado a pesquisa sobre o bem-estar
organizacional. A temática, aliás, ainda não se encontra completamente pacificada, de maneira
que além destas principais vertentes, algumas novas vêm surgindo, apresentando leituras que
mesclam conceitos como os apresentados e temáticas não abordadas pelos teóricos
anteriormente citados nesta descritiva.
Com intuito de focar nas teses mais amplamente aceitas, buscou-se a literatura
organizacional que tem definido e operacionalizado o bem-estar no trabalho em termos
hedônicos ou em termos de realização pessoal. A abordagem hedônica refere-se ao bem-estar
no trabalho como as emoções e humores vivenciados pelo trabalhador. Dessa maneira, a
recorrência de emoções intensamente positivas e a vivência de bons humores traria bem-estar,
na medida em que estes fossem superiores aos humores e vivências negativas (DANIELS, 2000;
FERREIRA, SILVA, FERNANDES, & ALMEIDA, 2008).
Do ponto de vista do bem-estar no trabalho como realização pessoal, fica claro que é
a capacidade de desenvolvimento e expressão das capacidades individuais do trabalhador que
geram a sensação de prazer e bem-estar. (WARR, 2007).
2.2.2 Cultura organizacional
As referências bibliográficas apontam a década de 1970 como o ponto de início dos
estudos que envolvem o tema, com aprofundamento e crescimento no volume de pesquisas
voltadas ao entendimento do assunto, graças a fatores que se entrelaçam com as mudanças de
paradigma enfrentadas pela temática da liderança, como a internacionalização da economia, e
globalização das comunicações e o surgimento de novos padrões no que tange à governança
corporativa. (RUSSO, 2010).
Quando se busca uma definição sobre o termo, depara-se com diversas classificações,
que através das décadas recentes, mostram como o vocábulo vem evoluindo, no entendimento
acadêmico. Davis (1984) define a cultura como um padrão de crenças e valores compartilhados
que dão significados aos membros de uma instituição e proporcionam a eles regras para seu
comportamento na organização.
Na visão de Ferro (1991), crenças e pressupostos são as essências da cultura, pois são
formados pelos valores já testados por um grupo e percebidos como válidos para a situação,
sendo capazes de resolver problemas de adaptação externa e integração interna.
Já para Tronpenaars (1996), cultura organizacional é a forma por meio da qual um
grupo de pessoas resolve problemas, sendo sua essência não o que está aparentemente visível,
mas como determinados grupos de pessoas entendem e interpretam o mundo.
No entendimento de Cameron e Quinn (2006) “cada cultura é, geralmente, refletida
pela linguagem única, símbolos, regras e sentimentos etnocêntricos... Uma cultura da
organização é refletida pelo que é valorizado, os estilos de liderança dominantes, a linguagem
e os símbolos, os procedimentos e rotinas, e as definições de sucesso que fazem uma
organização única”.
Russo (2010) defende que o conhecimento da cultura organizacional é fundamental
para a administração e implantação de estratégias e mudanças que visem melhorar o
desempenho de uma organização. Entender quais são as características culturais importantes
para alavancar o desempenho organizacional é extremamente relevante, principalmente com a
necessidade de ser eficiente dentro de mercados cada vez mais competitivos e dinâmicos.
No entanto, acredita-se que quem de melhor maneira apresenta o conjunto de itens que
compõem a cultura organizacional de uma organização foi Schein (2000, p.142) em um
diagrama que representa o que ele chama de três níveis de cultura, como pode-se observar na
figura 2.
Figura 2 - Níveis de cultura segundo Schein.
Fonte: Schein, 2000, p.142.
A análise da figura 2 leva ao entendimento daquilo que, entende-se, mais
profundamente traduz o que a cultura organizacional é nos dias atuais, sendo composta por
artefatos (compreendendo tudo aquilo que é manifestado pelas pessoas e encontra-se visível no
ambiente organizacional tais como tecnologia, arte e todos os padrões de comportamento), por
valores (as crenças esposadas, presentes nos discursos oficiais dos membros da organização, na
comunicação institucional) e por pressupostos ou premissas básicas (itens tão internalizados
que atuam, direcionando, de forma imperceptível, o comportamento das pessoas). Esses
últimos, aliás, que explicariam o comportamento real dos membros de uma organização, ou de
suas diversas divisões, departamentos ou outros subgrupos internos que, eventualmente,
existam chamados de subculturas.
2.2.3 Clima organizacional
O que se pode depreender da análise conjectural e complementar das temáticas do
bem-estar e da cultura organizacional é o chamado clima organizacional. Entender o ambiente
interno de uma corporação, em conjunto com o que ela deva transmitir às suas partes
interessadas nos ajuda a entender mais profundamente com o que estão preocupados os gestores
e os líderes corporativos do mundo contemporâneo.
As referências bibliográficas obtidas durante a presente pesquisa revelam a
importância do clima organizacional para obtenção de bons resultados, revelando o clima
organizacional como responsável pela motivação, o desempenho humano e a satisfação no
trabalho, criando certos tipos de expectativas cujas consequências se seguem em decorrência
de diferentes ações. As pessoas esperam certas recompensas, satisfações e frustrações na base
de suas percepções do clima organizacional. Essas expectativas tendem a conduzir à motivação.
(ADENIKE, 2011; WOLF et al., 2012).
Segundo Bennis (1996, p.6), “clima significa um conjunto de valores ou atitudes que
afetam a maneira pela qual as pessoas se relacionam umas com as outras, tais como sinceridade,
padrões de autoridade, relações sociais, etc”.
Pode-se inferir, portanto, que o clima organizacional é fator intrinsicamente ligado –
mas não somente – à liderança e aos resultados por ela gerados, podendo ser visto, também,
como um conjunto de fatores que interferem na satisfação ou descontentamento no trabalho,
dentre eles a realização, o reconhecimento, o trabalho em si, a responsabilidade e o progresso,
ou a falta destes itens.
Segundo ponderam os autores consultados, um bom clima organizacional traz
intrinsicamente o conceito da satisfação das necessidades pessoais e profissionais dos
indivíduos que compõem aquela organização, evitando a frustração de suas necessidades e a
provocação de sentimentos como insegurança, desconfiança e descontentamento entre os
colaboradores.
Ainda é possível observar que o clima organizacional pode ser definido também como
um conjunto de variáveis que busca identificar os aspectos que precisam ser melhorados, em
busca da satisfação e bem-estar dos colaboradores, tentando identificar as causas que interferem
no ambiente de trabalho, podendo ser estas culturais, comunicacionais, econômicas e
psicológicas.
2.3 LIDERANÇA: COMPETÊNCIAS, ESTILOS E OUTRAS ABORDAGENS
O meio empresarial tem vivido momentos de grande reflexão sobre a gestão de pessoas
em função da carência de profissionais qualificados em diversas áreas e principalmente no que
tange a gestão de pessoas com foco em liderança. (SANT’ANNA, CAMPOS & LÓTFI, 2012).
As variáveis que estão claramente provocando uma mudança de modelo mental sobre
liderança transitam pela gestão do conhecimento, criatividade, convergência de tecnologia e
mídia. Somado a estes fatores está – com grande relevância – também elencada a questão
macroeconômica mundial, principal desafio nas grandes e médias empresas para definir
políticas e fazer gestão do recurso mais escasso desta década: gente.
Essa sequência de mudanças de cenários dinâmicos tem sido abordada, ainda, por
estruturas atuantes de maneira projetizada, caso facilmente constatável ao observar a formação
de grupos multidisciplinares e focados na resolução de uma questão-problema apresentada no
âmbito corporativo proprietário.
Em um cenário como este, é possível buscar por um único perfil de liderança? Que
competências um líder deve ter no momento presente, onde mais do que gerenciar pessoas e
processos, ele tem de lidar com perfis profissionais distintos, mediar conflitos entre as diversas
gerações distintas – baby-boomer, X e Y – motivar pessoas e tirar o melhor de cada uma delas
de acordo com as dificuldades situacionais apresentadas? O estilo de liderança e gerenciamento
de cada líder pode ser padronizado para criação de uma ambiência favorável ao
desenvolvimento dos valores pessoais? Quais são os atributos (se é que eles existem e são
minimamente fixáveis) para definir-se um líder sustentável e do futuro?
2.3.1 O líder e o gerenciamento
Em um estudo que visa identificar a significância da liderança, pesquisar, catalogar,
entender e identificar os tipos de gerenciamento promovidos por diferentes tipos de líderes é
algo que se mostra de fundamental valor.
Dessa maneira, deve-se entender que os gestores possuem estilos diferentes de liderar,
com foco em elementos diferentes do trabalho, gerando influências, comportamentos e, por
consequência, resultados diferentes na interação com seus liderados de acordo com os estilos
de liderar. Dentre os principais estilos observados nas organizações, devem ganhar especial
realce três destes, a saber: estilo de gerenciamento voltado para a tarefa, para o relacionamento
e para a situação (MELO, 2004).
No gerenciamento votado à tarefa, o líder está preocupado em estruturar o seu papel e
o de seus subordinados, designando os empregados para a realização de tarefas, objetivos e
metas organizacionais, definindo padrões de desempenho que possibilitem controle, supervisão
e fiscalização do comportamento de seus subordinados. O líder geralmente utiliza a hierarquia,
as regras e os métodos estabelecidos pela organização para orientar sua atuação. Esse estilo de
liderança costuma ser encontrado em ambientes organizacionais onde predominam a autocracia
e a falta de autonomia e de participação dos empregados nas decisões (MELO, 2004).
Ainda na leitura desse mesmo autor, é possível verificar que a classificação do
gerenciamento voltado ao relacionamento se dá aos líderes que mantém relações de trabalho
calcadas nas relações de confiança e amizade recíproca com seus liderados, priorizando, de
certa maneira, a busca da satisfação dos membros do grupo, com tais relações interpessoais
orientando a atuação do gestor (MELO, 2004).
Em última análise, o estilo de gerenciamento voltado para a situação indica a
compreensão e a atuação da liderança a partir das características do líder, dos seus
comportamentos e das condições de realização do trabalho. Consiste na habilidade do líder
identificar as mudanças do ambiente e se adaptar a elas, variando o seu comportamento de
acordo com a maturidade e a capacidade de execução das tarefas de seus subordinados. As
ações de gerenciamento consideram as variáveis moderadoras na relação entre a liderança e a
eficácia grupal, ou seja, as variáveis de contexto ou situacionais (MELO, 2004).
2.3.2 Os estilos de liderança: contingencial, transformacional e transacional
Mas afinal, um líder deve ter um único estilo? Seria benéfico para as organizações que
cada um dos seus gestores tivesse estilos de liderar engessados, fixos, incapazes de se alterar,
dando sempre a mesma resposta aos seus liderados, agindo dentro das expectativas e de um
modelo específico? Um líder que se adapte a situação estaria agindo para tirar o melhor de sua
equipe ou estaria se limitando a ser guiado pelos humores e tipos de seus liderados?
A eficiência do estilo de liderar no resultado dos liderados, ou mais precisamente a
noção de que o líder é uma figura social central, capaz de influenciar nos objetivos e metas
trabalhados pelos seus seguidores tem sido foco de estudo da academia, com especial destaque
para o trabalho desenvolvido por Dinh and Lord’s (2012), que geraram um modelo articulado
de percepção e efetividade da liderança, demonstrando que há um maior nível de eficácia dos
liderados quando o comportamento de seus líderes é mais estável e equilibrado. A capacidade
do líder de se adaptar as demandas sociais (ambientais) é importante para o atingimento das
metas por parte de sua equipe, e essa noção é especialmente importante para que possamos
relacionar os estilos de liderança com o resultado alcançado pelos mesmos.
Esta discussão se coloca defronte ao conflito que vem sendo estudado há mais de
quatro décadas (HAMSTRA et al., 2014), entre as características do líder contingencial,
transformacional e transacional, como os principais paradigmas no que tange ao
comportamento do líder enquanto fator de influência sobre seus liderados.
A liderança transformacional tem como referência a sensibilidade às próprias
necessidades, bem como aos desejos e às expectativas dos demais, mesmo sem uma consciência
clara. Os líderes transformacionais seriam figuras intelectualmente estimulantes, direcionando
seus seguidores a olharem os desafios de uma nova perspectiva, trazendo, portanto, novos
aprendizados aos mesmos (HETLAND et al. 2011). Para Bass & Avolio (2004) os líderes
transformacionais devem são observados como detentores de iniciativa, sempre buscando
melhorar o desenvolvimento e a inovação de seu grupo de liderados e da organização.
O modelo de liderança transacional aponta para uma relação de troca, de recompensa,
de valorização de acordo com o alcance (ou não) dos objetivos apontados para o indivíduo,
trazendo em si uma noção mais focada no individual, muito comumente gerando uma relação
não-simbiótica entre os membros de uma equipe, que usam uns aos outros para alcançar mais
rapidamente (ou com maior volume) o resultado esperado pelo líder. (ANALOUI et al., 2013;
AVOLIO, 2011)
Na liderança contingencial o líder não tem um modelo de liderança, sendo capaz de
entender o perfil de seus liderados e a situação vivida pela interação destes com o ambiente
micro e macroeconômico. É um estilo de liderança centrada no líder, nos liderados e na
situação. Conforme a maturidade de sua equipe, o líder irá cobrar resultados. (BLANCHARD
e HERSEY, 2007).
Apesar de longos anos terem sido dedicados à comparação entre a efetividade dos
modelos de liderança acima apresentados, ainda não há um consenso sobre qual deles seria mais
adequado de maneira geral. Enquanto alguns estudos nacionais (CARVALHO et al., 2012;
MARCHIORI et al., 2010) e internacionais (GARDNER et al., 2010) apontam para uma maior
efetividade do modelo transformacional - com comprovadas consequências geradas pela ação
do líder em sua equipe, em especial nos campos da performance formal e contextual
(CAVAZOTTE et al., 2013) -, é impossível não reconhecer que o modelo transacional traz um
sistema de grande valia no incentivo aos liderados (AL-ADAILEH AND AL-ATAWI, 2011),
em especial àqueles que estão ligados à gestão de conhecimento, caso dos profissionais mais
comuns em empresas de estrutura projetizada, foco desse estudo. Há, ainda, quem enxergue as
formas de liderança como complementares (FONSECA et al., 2012), dado o resultado de
estudos empíricos que mostram que os resultados positivos da liderança são sempre
vislumbrados pelos liderados, em qualquer dos modelos apresentados.
Com menor repercussão no campo acadêmico, a liderança contingencial/situacional é
vista com grande presença no mercado, em especial em cenários de empresas projetizadas,
ainda que tenha como principal problema a dependência do nível de maturidade do líder que
aplica tal modelo, e a capacidade deste líder em identificar o nível de maturidade para cada
funcionário avaliado pelo mesmo, fator fundamental para aplicação desse modelo de liderança
(GONÇALVES; MOTA, 2011).
A inexistência de um consenso acerca do melhor modelo a ser adotado na gestão e
liderança de pessoas, algo possível de verificar na literatura, torna ainda mais latente a
necessidade de pesquisar, junto aos agentes mercadológicos, os modelos praticados na região
de abrangência da pesquisa, de modo que possamos verificar in loco a percepção de tais gestores
e das companhias às quais pertencem, reforçando a importância deste documento.
2.3.3 Teorias da liderança
Ainda que os principais debates registrados na literatura ocidental recente sobre a
temática da liderança e seus estilos estejam centrados nos perfis dos líderes transformacionais,
transacionais e contingenciais, seria leviano não considerar, ainda que apenas para efeito de
apresentação, outras teorias da liderança com as quais deparou-se durante o levantamento
bibliográfico que embasa a pesquisa ora apresentada.
Assim, citam-se, nos subitens a seguir outras classificações e teorias bastante
populares.
2.3.3.1 Teoria dos traços de personalidade
A primeira das teorias a ser abordada foi inicialmente defendida por Carlyle em 1910,
e ficou conhecida como a “teoria do Grande Homem”. Para ele, o líder já nascia líder, sendo
indiferente a situação em que se encontraria ou mesmo a equipe que ele estivesse liderando.
Vários autores seguiram essa tese (MONTANA; CHARNOV, 2003), ainda que abordassem
traços distintos da personalidade do suposto líder nato, mas se considerado o somatório desses
modelos apontados, é possível dizer que, para os defensores dessa teoria, o conjunto de traços
comuns que nasceriam com o líder aliariam fatores sociais (impulso de realização, iniciativa e
resistência), sociais (cooperação, habilidades interpessoais e habilidade administrativa),
intelectuais (agressividade, adaptabilidade, entusiasmo e autoconfiança) e físicos (energia,
aparência pessoal, peso e estatura). Para os autores, essas características seriam capazes de
distinguir o líder do resto das pessoas, dando a ele características marcantes de personalidade
por meio das quais pode influenciar o comportamento das demais pessoas.
2.3.3.2 Teoria Neocarismática
Para os estudos que enfatizam esta teoria, o simbolismo, o apelo emocional e o
extraordinário compromisso por parte dos liderados são resultados claros da ação do líder, que
possui comportamentos que os diferenciam dos líderes não carismáticos (ROBBINS, 2005;
MULLER & TURNER, 2005). Para os defensores desta tese, são cinco os dados-chaves para a
percepção da existência do líder carismático: visão e articulação (possuem uma visão expressa
como uma meta idealizada que propõe um futuro melhor que o status quo); risco pessoal (estão
dispostos a correr riscos pessoais, enfrentar altos custos e o auto sacrifício para atingir sua
visão); sensibilidade ao ambiente (são capazes de fazer avaliações realistas das limitações
ambientais e dos recursos necessários para a realização da mudança); sensibilidade para as
necessidades dos liderados (são perceptivos em relação às capacidades dos outros e sensíveis
às suas necessidades e sentimentos); e comportamentos não-convencionais (engajam-se em
comportamentos que são percebidos como novidades e que vão contra as normas).
É uma visão de liderança bastante controversa, já que aponta para figuras que possuem
algo inerente e nato em si: o carisma. Enquanto alguns são defensores de que não há a
possibilidade de se dar carisma à alguém, outros apontam que é possível treinar
“comportamentos carismáticos”, como os listados nessa teoria, para promover um líder inato.
2.3.3.3 Teoria comportamental e funcional
No entendimento de Bowditch e Buono (2002), os diversos padrões ou estilos
comportamentais de líderes e as funções desempenhadas por eles são a base para o
desenvolvimento de sua teoria, que identifica três estilos diferentes de liderança no desempenho
e na satisfação dos integrantes do grupo, em um espectro bastante difuso.
O estilo autocrático enfatizaria a preocupação pela tarefa e se baseia na ideia de que o
líder ou gerente tem todo o poder e autoridade na tomada de decisão, não precisando consultar
os subalternos e esperando que eles obedeçam às ordens sem receber qualquer explicação.
Já no estilo democrático, ao contrário, apresentaria um líder que compartilha conceitos
e sua tomada de decisão com os empregados sob sua liderança, envolvendo-os na execução da
tarefa e na tomada de decisão; é menos diretivo e acentua as preocupações com as relações
humanas.
No outro extremo do espectro estaria o estilo laissez-faire, também conhecido como
estilo da não intervenção, que apresenta um gerente que lidera através de sua participação
mínima e dá aos liderados total liberdade para tomar decisões e solucionar seus problemas.
Ainda de acordo com os autores, os estilos comportamentais de liderança variam de
acordo com a quantidade de liderados, que em maior volume, tenderiam a tornar o líder mais
autocrático, já que uma grande quantidade de funcionários sem uma diretriz ou orientação
precisa do líder, tende a se distanciar da tarefa ou da meta a ser buscada pela organização. Por
outro lado, um pequeno grupo capaz de executar as suas tarefas com eficiência revelaria ao
líder uma maior tendência ao estilo laissez-faire.
2.3.3.4 Teoria da Liderança Visionária
Segundo o que é possível extrair da bibliografia consultada acerca desse modelo, o
líder visionário seria aquele capaz de criar e articular uma visão de futuro realista, atrativa e
acreditável para a organização, que tem como ponto de partida a situação presente e a busca de
sua melhoria. Seria, portanto, alguém de grande capacidade de planejamento, mas, acima de
tudo, de comunicação dessa previsão e meta alcançada, sendo capaz de motivar e criar um
cenário possível para que seus liderados pudessem construir o caminho até o futuro almejado
por ele.
Para Albrecht (apud CAVALCANTI et al., 2005) essa visão é, justamente, o sonho, a
imagem futura do que as partes interessadas desejam que a empresa venha a ser, gerada por
essa capacidade única do líder visionário.
No conceito apresentado por Robbins (2002), essas imagens de futuro devem ser a
ferramenta capaz de inspirar de maneira única os liderados, possibilitando a criação de uma
nova ordem que possa produzir uma diferença para a companhia e suas partes interessadas,
devendo, assim, fornecer uma imagem clara de um futuro melhor
Como se pode observar, essa teoria se afasta levemente do apresentado até aqui, que
coloca o líder como alguém nascido com uma habilidade única de inspirar pessoas e de tomar
decisões factíveis. Ao passo que considera importante, sim, a capacidade carismática do líder,
também valoriza sua força como administrador/gestor, colocando-o como agente de mudança
e motivação para sua equipe.
2.3.3.5 Teoria da Liderança Servidora
Distanciando-se do conceito do líder que faz e aproximando-se de modelos mais
compartilhados e universais de liderar – menos dependentes do carisma e mais focados em
conceitos – o líder-servidor é aquele que tem a capacidade de se entregar pelo grupo que lidera.
Tendo surgido em artigo de Robert K. Greenleaf (apud JAWORSKI, 2000),
denominado “The Servant as Leader” (O Servidor como Líder), esse conceito de liderança,
segundo o autor, tem como ponto de partida um profundo desejo de ajudar as pessoas, seus
liderados e relacionados, colocando as partes interessadas como prioridade em sua forma de
liderar.
Assim, o domínio da liderança estaria estabelecido no ser, não no fazer, sendo a
primeira e mais importante escolha que um líder faz a escolha de servir aquele que lidera, vendo
no seu trabalho a razão fundamental da existência do serviço. De acordo com o autor, a
liderança servidora tem como foco líderes que se dedicam aos outros e à missão da organização
de aprendizagem. Eles encorajam a participação, o compartilhamento de poder e de
informações, reconhecem o valor dos outros, estimulam a criatividade das pessoas, são
completamente comprometidos, dão crédito pelas realizações das pessoas, têm um impulso
natural para aprender, promovem o senso de comunidade.
2.3.3.6 Teoria da Liderança Distribuída
De maneira ainda próxima do conceito do servir, mas ainda mais voltada a capacidade
de empoderar e distribuir sua força, o conceito da liderança distribuída (ou compartilhada) surge
através de Thomas e Velthouse (1990, p.667), na concepção do termo em inglês
“empowerment”, definido por eles como “dar poder a alguém”. Porém, poder tem vários
significados (...) autoridade, de forma que “empowerment” pode significar autorização (...)
capacidade (...). Contudo, poder também significa energia. Assim, também, autorizar pode
significar energizar, que significa fornecer motivação e estímulo. Usa-se a palavra
“empowerment” para referirmo-nos ao conteúdo motivacional deste novo paradigma da
administração.
Assim, o empoderamento do empregado é um processo desenvolvido por meio de
compartilhamento de informação, desenvolvimento e adoçãlço de uma cultura de delegação de
poder, desenvolvimento da competência através de treinamentos e experimentação, suprimento
dos recursos necessários para que o funcionário possa ser efetivo nas tarefas e viabilização de
apoio.
Essa capacidade de distribuir sua energia, sua capacidade e poder de tomar decisões é
que caracteriza esse modelo de liderança como o oposto ao do líder carismático, visto por
muitos como problemático por sua dificuldade de reprodução e pela falta de capacidade de
delegação. Por outro lado, os modelos de gestão compartilhada – ou colegiada – também
apontam para problemas como falta de responsabilização e comprometimento, só sendo
exequível em estruturas de funcionamento maduras.
2.3.3.7 Teoria da Liderança Baseada em Princípios
Dentre as teorias pontuadas, por fim, surge a da liderança baseada em princípios,
originalmente conceituada por Covey (2002), que a classifica em quatro níveis de prática, de
dentro para fora, observando, primeiramente, o nível pessoal (a relação do líder com ele
mesmo), depois o nível interpessoal (do líder com outras pessoas), o nível gerencial (que fala
da responsabilidade do líder de concluir uma tarefa em conjunto com outros) e do nível
organizacional (revelando a responsabilidade de organizar as pessoas, de recrutá-las, treiná-las,
remunerá-las, formar equipes, solucionar os problemas e criar uma estrutura, uma estratégia e
sistemas concordantes).
Para o autor em questão, cada um desses níveis é “necessário, porém insuficiente”,
devendo completar um ao outro, devendo um líder ter todos os níveis preenchidos. Dessa forma,
é fundamental para o líder baseado em princípios a confiabilidade em nível pessoal baseada no
caráter (naquilo que você é como pessoa) e na competência (naquilo que você pode fazer) e a
confiança em nível interpessoal baseada na confiabilidade entre as pessoas. Sendo assim, se
existe confiança entre duas pessoas, elas poderão gozar de uma comunicação clara, empatia,
sinergia e interdependência produtiva. Os outros princípios que compõem os quatro princípios-
chave, além da confiabilidade e a confiança são delegação de poderes e alinhamento. Atuam,
respectivamente, no nível gerencial e organizacional.
É possível observar, portanto, que esta última teoria se encontra em completo
desacordo com a primeira apresentada – a teoria dos traços de personalidade – posto que leva
a entender que a liderança se trata muito mais de um conjunto de conceitos a serem respeitados
do que um somatório de fatores natos que eventualmente estejam concentrados em um único
indivíduo.
É importante ressaltar que o grande volume de teorias tem sido, inclusive, fonte de
obtemperações acerca de sua não-unificação de vários estudiosos. Tal necessidade de se chegar
a uma maior integração entre as pesquisas sobre liderança foi foco de recente trabalho
acadêmico estrangeiro (DERUE et al. 2013), em artigo que revisou e integrou a literatura
referente ao comportamento do líder, tomando os primeiros passos para gerar uma teoria
integrativa sobre como o comportamento e o trato do líder com seus liderados aumenta a
efetividade da liderança.
Esta grande quantidade de teorias pode encontrar dificuldade em se articular graças à
dificuldade em conseguir tratar a liderança como expressão de indivíduos que mobilizam,
articulam e aplicam recursos por meio de relações complexas, sustentadas em aspectos
subjetivos, simbólicos e sensíveis. Para além de mitificar ou ofuscar a compreensão, esses
aspectos jogam luz sobre a natureza social da liderança, considerando que sua gênese se dá num
processo de relação social. (BAÊTA & LIMA, 2013). Como observado por Carvalho Neto
(2010): “[...] no caminho percorrido pelas teorias sobre liderança, a partir dos anos 1980,
incorporou-se também a necessidade de se levar em conta a cultura nacional, em um mundo
onde as diferenças estão cada vez mais presentes, onde o líder deve ter a capacidade de conviver
com a novidade, com a diversidade, com o diferente, tirando o melhor proveito desse embate
para a organização da qual é responsável”.
Independente da teoria a qual venha a ser creditada maior crença, não há dúvidas que
todas elas tentam traçar um conjunto de competências – treináveis ou não, natas ou não,
simultâneas ou não – que deveriam estar presentes para que um líder possa ser assim
considerado. Será que esse conjunto realmente existe? Há um denominador comum entre as
teorias? As lideranças transformacional, transacional e contingencial compartilham de um
conjunto mínimo de fatores que podem ser apontados como competências mínimas de um líder?
2.3.4 Competência do líder
Como as figuras de liderança tem destacado papel no desenvolvimento das sociedades,
em especial daquelas voltadas ao trabalho, há um desejo eterno de entender qual é o conjunto
mínimo de habilidades capazes de fazer com que um determinado indivíduo possa ser capaz de
influenciar, motivar e melhorar os resultados de um grupo que venha a liderar.
Dessa maneira, tem-se falado muito em competência, do “agrupamento de
conhecimentos, habilidades e atitudes correlacionadas, que afeta parte considerável da
atividade de alguém e que pode ser medido contra padrões preestabelecidos, podendo ser
melhorado por meio de treinamento e desenvolvimento” PARRY (1996, p.49).
Já Resende (2000) sugere que existem vários tipos de competências, classificando-as
em oito distintas categorias, complementares e não necessariamente simultâneas em um único
indivíduo: competências técnicas (de domínio apenas de especialistas em determinado assunto),
intelectuais (relacionadas a aptidões mentais), cognitivas (uma mistura de capacidade
intelectual com domínio de conhecimento), relacionais (relativas à capacidade de se relacionar
com o outro), sócio-políticas (referentes ao relacionamento nos acontecimentos sociais),
didático-pedagógicas (voltadas para educação e o ensino), metodológicas (de aplicação das
técnicas e meios de organização de trabalhos e atividades), de liderança (capacidade de
influenciar e conduzir pessoas para diversos fins ou objetivos na vida profissional ou social) e
organizacionais (aquelas aplicadas a diferentes objetivos e formas de organização e gestão
empresarial).
Se for possível listar as competências de um profissional – e, por que não dizer, de um
ser humano – observar-se-á, em última análise, a capacidade de liderar um processo de
entendimento e capacitação desses seres em cada uma dessas habilidades específicas, tornando
assim qualquer um que se esforce, competente, ou capaz de competir. E competição,
definitivamente, é uma palavra que diz respeito ao mundo corporativo e à liderança, já que o
líder deve ser aquele indivíduo capaz de conduzir seus liderados ao processo de “vitória” – ou
sobrevivência – no mundo empresarial.
Não à toa, há, hoje, uma enormidade de profissionais formados por escolas, por
especializações e pela própria sociedade, como pessoas pós-modernas, agressivas, combativas
e competitivas, graças à feroz busca feita, já há algumas décadas, por líderes e seus perfis ditos
possíveis. Mas o meio corporativo busca pessoas pré-formatadas, ou pessoas capazes de criar
novos cenários, de pensar fora-da-caixa e produzir soluções inovadoras, capazes de quebrar
paradigmas e revolucionar a forma como se comporta sua organização, seja interna ou
externamente? (ANTONAKIS, 2011)
Em um universo que transpira mudanças cada vez mais velozes, não há dúvidas que o
líder do século XXI tem que ser aceito pelo grupo a que pertence, conseguir direcionar,
conduzir, perceber a necessidade de compartilhar a liderança dentro do grupo e guiar o mesmo
a apresentar resultados favoráveis à instituição da qual fazem parte, mas para isso, é necessário
que o líder tenha a competência de liderança necessária para exercer a tão difícil tarefa de
liderar.
Historicamente, pode-se observar a evolução dos conceitos de gerenciamento, estilos
de liderança e suas competências. E todos eles mostraram essa evolução porque,
essencialmente, as organizações às quais fazem parte também vêm mudando de maneira
bastante clara e percebida.
2.4 ESTRUTURA PROJETIZADA
Na era da informação, da comunicação na velocidade da luz, não se pode imaginar um
único modelo de empresa. Nos séculos passados, seria possível apontar o modelo onde a
produção era massificada e estratificada. Ainda que o modelo persista em boa parte das linhas
de produções agrícolas e industriais – e, por que não dizer até mesmo no setor de serviços – a
tendência por personalização e diferenciação de produtos vem criando uma figura recente no
universo corporativo: a estrutura projetizada.
Em língua portuguesa, o termo “estrutura projetizada” não encontra grande respaldo
bibliográfico, talvez porque esse conceito ainda seja razoavelmente recente na economia dos
países falantes desta língua. O principal problema é que não há, através dele, diferenciação clara
do que são empresas orientadas a projetos e baseadas em projetos. E essa diferença é
fundamental.
Pesquisas sobre a temática revelam que a nomenclatura “estrutura projetizada”, no
Brasil, não encontra classificação em artigos, teses ou mesmo em outros documentos de valor
acadêmico possível de ser considerado. Para conseguir entender o conceito, teve que se
proceder pesquisa em anuários internacionais, onde foi possível defrontar-se com os conceitos
de “Project-based company” e “Project-oriented company”, fundamentais para que se possa
compreender as diferenças entre empresas que atuam “por projeto” e empresas que atuam com
estruturas projetizadas, ou “voltadas a projeto”.
A definição mais completa, na atualidade, é de Roland Gareis, da University of
Economics and Business Administration, de Viena (Áustria), que relata que “estrutura
projetizada (ou orientada a projetos) é relativa àquelas companhias que frequentemente estão
em projetos ou programas para realização de processos de negócios de largo escopo e
relativamente únicos” (GAREIS, 2003).
Fica clara a diferença, portanto, em relação às chamadas “empresas de projeto”
(project-based company), que são “são organizações em que a maioria dos produtos são feitos
contra projetos sob medida para os clientes. Estes tipos de organizações podem ser stand-alone,
tornando os produtos para os clientes externos, ou subsidiárias de empresas maiores,
produzindo para clientes internos ou externos. Eles também podem ser consórcios de
organizações que colaboram para servir a terceiros.” (KEEGAN e TURNER, 1999)
Portanto, é de fundamental realce o fato de que não se trata, aqui, daquelas empresas
que atuam somente “baseadas em projetos”, já que essas têm características próprias que não
nos remetem às empresas que se encontram em nossa delimitação. A busca desse trabalho está
no entendimento da liderança dentro de empresas “orientadas a projetos”, ou seja, que possuem
sim uma linha de produtos/serviços, mas buscam produzir soluções únicas e, para isso,
dependem cada vez mais da figura do líder.
A partir de agora será possível entender como fundamentaram-se as perguntas que
trarão essas respostas e a análise do conseguido até então.
2.5 GESTÃO DE PROJETOS: CONTEXTUALIZAÇÃO
Dentro desse cenário de globalização cada vez mais veloz e implacável, o número de
empresas que trabalha com projetos vem também crescendo. Apesar do alcance global das
soluções criadas, é improvável que uma mesma ferramenta seja capaz de atender as
necessidades de uma empresa no Brasil e em Cingapura, dadas suas características culturais,
ambientais, sociais, políticas e econômicas. Essas diferenças suscitam intervenções para
mudanças em padrões de produção ou de produtos e serviços, que podem conter, inclusive,
ineditismo no todo ou em partes do resultado dessas alterações.
Toda vez que uma empresa tem que pensar em uma solução única, mesmo que oriunda
de uma ação padrão por ela já tomada, ela tem de se debruçar sobre um novo projeto. No caso
de companhias de grande porte (muitas das quais partícipes das listas de grandes companhias
globais), cada novo produto/serviço movimenta um grande número de colaboradores.
Por que motivo as companhias se veem trabalhando com projetos, dentro de um
cenário que movimenta tantos recursos, sejam eles humanos ou financeiros? Para Shenhar e
Dvir (2007) é justamente a globalização dos mercados que força as empresas a responderem
demandas locais e a competirem por baixo custo no mundo todo, assim como as tecnologias da
informação e da Internet, que promoveram uma revolução nas empresas, revolução esta que
ainda está acontecendo.
Ainda de acordo com esses autores, há duas abordagens sobre a gestão de projetos:
uma tratada como convencional, que se delimita por uma construção de mapa mental e de ações
bastante clara: criação de um resumo que define o trabalho que precisa ser feito, com os
principais produtos/serviços a serem entregues; que gerará denominações de trabalhos
organizados hierarquicamente numa estrutura analítica de projeto – EAP; A EAP monta a
estrutura organizacional do projeto, de onde é montada a rede de atividades do projeto, sobre a
qual são alocados os recursos necessários, finalizando com a montagem do cronograma do
projeto. O objetivo é claro: entregar o projeto dentro do prazo, do orçamento e dentro das
especificações.
No entanto, essa abordagem convencional não é a única. Há também a abordagem
adaptativa, que ainda de acordo com Senhar e Dvir (2007), traz uma gestão de projetos com
modelo mais flexível e adaptativo, focado no sucesso, primordialmente, fazendo com que os
projetos sejam um conjunto de atividades a serem entregues no prazo e no custo para processos
relacionados a negócios que devem entregar resultados de negócio. Assim, o objetivo passa a
ser a análise de benefícios e riscos esperados de um projeto e desenvolver um conjunto de regras
e comportamentos para cada tipo de projeto.
É claro que os diferentes modelos de gestão de projetos trazem benefícios próprios e
desvantagens inerentes às suas naturezas. Enquanto a abordagem tradicional, racional e
normativa, pode trazer padronização e simplificação, a abordagem adaptativa pode ser mais
efetiva num cenário instável e imprevisível como o atual, pois a estratégia de gestão de cada
projeto é adaptada às suas especificidades. (MARQUES JÚNIOR e PLONSKI, 2011).
Independente do modelo adotado por cada uma das organizações, é importante
ressaltar como a gestão de projetos ganhou contornos de padronização de métodos de trabalho.
Ora, se não é possível padronizar a linha de produção em sua totalidade, graças as demandas
locais no cenário global, ao menos a geração de inovação deve se dar através de um organizado
modelo de gestão das mentes e força de colaboradores com alto grau de engajamento, capazes
de enfrentar desafios únicos em cada novo trabalho.
Nesse contexto, o papel da liderança em empresas de estrutura projetizada ou orientada
a projetos ganha suma importância, já que são esses líderes os responsáveis por manter o
engajamento, a integração e a interação entre os recursos disponíveis, sejam eles de que origem
forem.
3 METODOLOGIA DA PESQUISA
O presente capítulo tem por objetivo apresentar as fundamentações e características
que guiaram a construção da pesquisa até aqui apresentada e a partir daqui revelada, com a
apresentação dos resultados da atuação junto aos executivos das companhias que fazem parte
do grupo de estudo delimitado e a análise das respostas dadas por eles aos questionamentos
levantados.
3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA
No momento de construção dessa dissertação, foi verificada a necessidade de buscar
conhecer as características da liderança dentro do universo pesquisado, bem como melhor
entender a estrutura de funcionamento de cada uma das companhias que compõem essa massa
observada.
Ao buscar na literatura sobre os formatos possíveis para que se encontrasse tais
informações junto ao público estudo, deparou-se com o levantamento (ou survey), descrito por
Martins e Teóphilo (2007) como ferramenta adequada para quando o pesquisador quer conhecer
acerca da distribuição de uma variável ou sobre relações entre características de grupos ou
pessoas. Essa mesma estrutura é citada por Collis e Hussey (2005), “uma survey é uma
metodologia positivista na qual uma amostra de sujeitos é retirada de uma população e estudada
para se fazerem inferências sobre essa população”.
Sobre o tipo de levantamento, os autores destacam a possibilidade do mesmo ser
descritivo (utilizado para identificar e contar a frequência de uma população) ou analítico
(focado em determinar se há relação entre diferentes variáveis), podendo ser realizado através
de entrevistas (permitem maior flexibilidade) ou questionários (oferecem maior abrangência).
Na pesquisa ora em voga, o universo pesquisado mostra-se grande na quantidade de
indivíduos que o compõem e na distância entre os mesmos e este pesquisador, o que faz com
que o questionário tenha sido escolhido para viabilizar a realização de tal levantamento. Os
questionários são estruturas que contém uma série ordenada de perguntas a ser respondida pelos
sujeitos sem a necessidade da presença do pesquisador. Esse instrumento tem como base o
problema de pesquisa e, portanto, a base teórica, e as variáveis que se quer determinar. Para
assegurar a qualidade do instrumento, a realização de um ou mais pré-testes é fundamental
(APPOLINARIO, 2006).
Ainda sobre os questionários, é possível afirmar, com base na pesquisa bibliográfica,
que os mesmos podem ser qualitativos /não-métricos (e incluírem questões abertas, de onde se
poderá construir os atributos, características dos respondentes) ou quantitativos / métricos
(voltados a quantia ou magnitude) (HAIR JR. et al., 2005).
Para este trabalho, a possibilidade de se traduzir as respostas em valores quantitativos
e obter uma percepção mais apurada do grande universo pesquisado, é dado de grande valia, e
para isso foi utilizada a Escala de Likert, que permite traduzir uma opinião ou percepção em
um valor numérico, sendo simples para o respondente e para o pesquisador - é fácil de codificar
e analisar (COLLIS & HUSSEY, 2005). Ainda que em seu formato original (desenvolvido em
1932 por Rensis Likert) ela consistisse em um conjunto de afirmações sobre as quais o
respondente manifesta sua reação de maneira simétrica, o formato mais usado atualmente faz
uso de escala ímpar com cinco ou sete pontos, permitindo que o respondente não se posicione
a respeito da questão (HAIR JR. et al., 2005; MARTINS, TEÓPHILO, 2007).
No entanto, Mattar (2008) elenca uma série de vantagens e desvantagens em se utilizar
um questionário contendo questões abertas, de múltiplas escolhas e dicotômicas. O questionário
utilizado durante este estudo de caso foi em parte adaptado a partir da necessidade de conhecer
não só o perfil dos que utilizam a Estrutura Projetizada, mas também de ter conhecimento de
como ela está presente e conhecida em nosso universo estudado. Para as questões dicotômicas
e de Likert, foi realizado um tratamento estatístico, aplicando o coeficiente alfa de Cronbach
(1951) sobre os resultados obtidos, a fim de verificar o grau de confiabilidade destes resultados.
O coeficiente de Cronbach pode ser obtido através de diferentes programas estatísticos, tais
como o OpenStat, SPSS (Statistical Software for Social Sciences), SAS (Statistical Analysis
System) ou Microsoft Excel, tendo sido este último o utilizado na presente dissertação.
3.1.1 Realizando o Desenho Amostral
Existe um teorema clássico da estatística chamado Teorema Central do Limite, que
mostra que a distribuição da variável aleatória média da amostra �̅� em torno da média �̅� do
universo se aproxima cada vez mais da distribuição normal, ou de Gauss à medida que aumenta
o tamanho da amostra, ou seja , �̅� tem distribuição assintoticamente normal.
É essa a propriedade que permite determinar os tamanhos de amostra e construir os
intervalos de confiança.
Os elementos que devem ser levados em consideração na determinação de um tamanho
de amostra aleatória simples são, portanto o coeficiente de confiança, a variância do universo,
o erro máximo de amostragem aceitável e o tamanho do universo, além naturalmente do
orçamento da pesquisa e do seu prazo de execução.
𝑛 =𝑍2(𝑝𝑞)
𝑑2+(𝑍2(𝑝𝑞)|𝑁)
(3.1)
Símbolos usados:
n Tamanho da Amostra
N Tamanho do Universo
Z O valor de Z está associado ao coeficiente de confiança com que se deseja
trabalhar.
Atualmente, o coeficiente de confiança de 95%, Z=1,96, é considerado um dos mais
utilizados no mercado.
𝑝 =∑ 𝑥𝑖
𝑛𝑖=1
𝑛 (3.2)
Proporção de elementos portadores do atributo em estudos na amostra.
A variável 𝑥𝑖assume o valor 1 ou 0 conforme o i-ésimo elemento da amostra possua
ou não o atributo considerado
q = 1- p;
pq Variância da variável qualitativa na amostra usada para estimar a variância da
variável no universo;
d Erro máximo absoluto aceitável na estimativa de um parâmetro qualquer do
universo.
No caso da variável qualitativa ou da estimativa da proporção de elementos no
universo portadores de um qualquer atributo, pode-se usar o procedimento de maximizar a
variância do universo na fórmula do tamanho da amostra, fazendo p.q=0,5. 0,5=0,25, pois o
produto p.q = p.(1-p) passa por um máximo quando p = q=0,5, tendo em vista que p+q=1.
O tamanho do universo N só deve ser levado em consideração se for relativamente
pequeno, pois, à medida que N aumenta, diminui a sua influência na determinação do tamanho
da amostra por estar no denominador da fração 𝑍2𝑠2 𝑁⁄
Normalmente trabalha-se com o coeficiente de confiança de 95% que corresponde, na
formula anterior, a Z= 1,96, pode-se, no entanto, trabalhar com outros coeficientes de confiança.
O erro máximo aceitável de amostragem d pode ser absoluto ou relativo.
3.1.2 Definição de Alfa de Cronbach: Uma estimativa estatística da consistência interna
Segundo apresentado por Hora et. al (2010) “O coeficiente alfa de Cronbach foi
apresentado por Lee J. Cronbach, em 1951, como uma forma de estimar a confiabilidade de um
questionário aplicado em uma pesquisa. O alfa mede a correlação entre respostas em um
questionário através da análise do perfil das respostas dadas pelos respondentes. Trata-se de
uma correlação média entre perguntas. Dado que todos os itens de um questionário utilizam a
mesma escala de medição, o coeficiente α é calculado a partir da variância dos itens individuais
e da variância da soma dos itens de cada avaliador através da seguinte equação”:
(3.3)
onde:
k corresponde ao número de itens do questionário;
s²i corresponde à variância de cada item;
s²Soma corresponde à variância total do questionário, determinada como a soma de
todas as variâncias.
Sob a hipótese de que as variâncias dos pontos são todos iguais, essa relação simplifica
para a correlação média inter-item, e o resultado é conhecido como o alfa artigo padronizado
(ou Spearman-Brown coeficiente de confiabilidade pisou-up).
∝=k(cov var⁄ )
1+(k−1)(cov var⁄ )) (3.4)
onde:
k número de variáveis consideradas;
cov média das covariâncias;
var média das variâncias.
Cada item, em princípio, deve abordar uma única ideia de cada vez (GIL, 2002), isto
é, os itens devem ser independentes. Se a resposta a determinado item se comporta de maneira
parecida com a resposta de outro item, conclui-se que um explica o outro.
Assim sendo, para se ter um valor adimensional para representar a isenção dos erros
aleatórios das observações (a confiabilidade), dividimos o estimador pela variabilidade total do
questionário, chegando finalmente na fórmula apresentada por Cronbach em 1951
(CRONBACH, 2004).
O Alfa de Cronbach é frequentemente utilizado em pesquisas empíricas que envolvem
testes com vários itens, que abrangem variáveis aleatórias latentes, por exemplo, a avaliação da
qualidade de um questionário com uma métrica de perfil latente.
3.1.3 Medida e Interpretação dos valores do Alfa de Cronbach
O valor assumido pelo Alfa está entre 0 e 1, e quanto mais próximo de 1 estiver seu
valor, maior a fidedignidade das dimensões do construto. Segundo Nunnaly (1978) apud
Miguel (2002) e Dutra (2000), o valor mínimo para Alfa de Cronbach deve ser 0,7 para pesquisa
preliminar, 0,8 para pesquisa básica e de 0,9 para pesquisa aplicada. Hair (1998) trata 0,7 como
mínimo ideal, mas também pode se aceitar 0,6 para pesquisas exploratórias. Entretanto, não
existe consenso quanto à regra colocada acima.
Segundo Pereira (2004, p.87), uma das possibilidades de interpretação do Alfa de
Cronbrach seria considerá-lo um coeficiente de correlação ao quadrado; assim, por exemplo,
quando um estudo tiver um alfa igual a 0,75, estaríamos medindo 75% do impacto real das
variáveis.
Os padrões de confiabilidade requeridos variam entre os tipos de estudos, por exemplo,
os testes de inteligência (cognitivos) tendem a ser mais confiáveis que os testes de atitude e
personalidade.
Em uma determinada amostra com k itens, o Alfa de Cronbrach é definido como uma
correlação média entre os itens, ajustados pela fórmula de Spearman-Brown.
3.1.4 Pressuposto do Alfa de Cronbach
O pressuposto para análise de Alfa de Cronbach é de que os itens (variáveis) são
paralelos, ou seja, as medidas têm pontuações verdadeiras e idênticas e erros não
correlacionados têm variância homogênea. (KONING & FRANSES, 2003).
Assim, a premissa principal a ser observada é que as correlações entre os itens são
positivas, necessitando que seja efetuada previamente análise da matriz de correlação, e, caso
alguma variável violar a premissa, deve-se mudar o sentido de direção, multiplicando seus
valores por -1.
3.1.5 Divulgação e utilização do coeficiente alfa
Se o uso do Alfa de Cronbach vem para dar maior validade e confiabilidade para os
resultados obtidos em um levantamento através de um questionário, qual seria o valor mínimo
esperado para dizer que os índices obtidos são, então, confiáveis? (HORA et. al, 2010).
Vários estudiosos já se debruçaram sobre o assunto (FREITAS & GONÇALVES,
2004; MAÇADA et al., 2000; Oviedo & Campo-Arias, 2005), mas ainda não podemos verificar
um consenso acadêmico sobre qual valor pode confirmar a confiabilidade dos dados medidos.
Enquanto alguns parecem apontar para o valor de 0,70 como mínimo aceitável (FREITAS &
GONÇALVEZ, 2005; URDAN, 2001; OVIEDO & CAMPO-ARIAS, 2005; MILAN & TREZ,
2005). Existem, entretanto, autores que utilizam o alfa sem fazerem nenhuma menção a um
mínimo (SALOMI et al., 2005; XEXEO, 2001; MIGUEL & SALOMI, 2004; MAÇADA et al.,
2000; MATO & VEIGA, 2000).
Ainda assim, devemos ressaltar a recorrência da tabela a seguir em diversos trabalhos:
Figura 3 - Tabela de confiabilidade do Alfa de Cronbach.
Fonte: George & Mallery, 2009.
3.2 QUESTIONÁRIO
No intuito de facilitar a apresentação dos questionamentos aos pesquisados, de melhor
gerenciar e analisar as respostas dadas e, sobretudo, de apresentar de maneira sucinta os dados
que virão a ser compilados para conseguir responder as questões suscitadas pelo presente
estudo, optou-se por dividi-lo em seis segmentos internos, a saber:
a) Primeiro Segmento – Utilização (Questão 01) - Visa descobrir com que formatos
de estruturas organizacionais trabalham empresas pesquisadas, nos permitindo saber
quem está utilizando cada tipo de estrutura;
b) Segundo Segmento – Conhecimento (Questões de 02 a 05) – Tem por objetivo
certificarmo-nos do conhecimento do respondente acerca da estrutura(s) apontada(s)
no Primeiro Segmento;
c) Terceiro Segmento – A Liderança (Questões 06 a 07) – Pretende dar respostas sobre
o perfil de liderança dos que utilizam e têm conhecimento sobre estrutura projetizada,
permitindo-nos saber mais sobre suas características de liderança;
d) Quarto Segmento – O Benefício (Questão 08) – Busca quantificar o ganho que a
estrutura projetizada traz a cada estabelecimento pesquisado;
e) Quinto Segmento – A Oportunidade – (Questões 09 a 12) – Servirá para montarmos
um perfil das empresas que não utilizam a estrutura projetizada, mas que teriam
potencial para investir no conhecimento e propagação da mesma;
f) Segmento final – Perfil – (Questões 13 a 16) - Enfocará na busca da identificação
do pesquisado.
O questionário que foi enviado para os executivos das empresas foi, portanto, uma
ferramenta para buscar entender, de maneira clara e direta, qual são os estandartes sobre o perfil
de liderança buscada nas indústrias do ERJ que atuam em estrutura projetizada. O líder deve
ter que conjunto de competências? Qual deve ser seu modelo de liderança? De onde ele vem,
como é encontrado por essas companhias? Os gestores sabem o que é uma estrutura projetizada?
A seguir, será apresentado um detalhamento das perguntas que foram feitas aos
pesquisados em questionário online enviado aos mesmos.
3.2.1 Primeiro Segmento – A Utilização
Como o foco da dissertação em questão está na busca do entendimento do papel das
lideranças em empresas de estrutura orientada a projetos (projetizadas), a primeira pergunta
visa identificar aqueles pesquisados que não tenham, porventura, sua empresa em tal formato
de atuação. Assim, com a primeira pergunta, busca-se entender o quanto o conceito de
“estrutura projetizada” está presente no consciente corporativo do universo pesquisado.
Assim, a questão 01 foi formatada da seguinte forma:
“Q1: Qual das Estruturas Organizacionais abaixo têm atuação em sua organização?
a) Estrutura Funcional;
b) Estrutura Projetizada;
c) Estrutura Matricial;
d) Nenhuma destas/Não sabe”.
A pergunta é de resposta múltipla escolha, podendo ter uma única opção assinalada
pelo pesquisado. A inspiração para a realização desta pergunta se demonstra no conceito do
trabalho, já que o mesmo visa entender o perfil da liderança em empresas de estrutura
projetizada. Para tal, é importante verificar se o conceito trazido por Gareis (2003) está presente
no dia-a-dia do pesquisado.
3.2.2 Segundo Segmento – Conhecimento (Questões de 02 a 05)
No Segundo Segmento, as perguntas pretendem confirmar os dados típicos das
empresas de estrutura projetizada (GAREIS, 2003; KEEGAN & TURNER, 1999), para que
seja possível averiguar a confiabilidade dos dados respondidos através dos parâmetros já
mencionados no trabalho (CRONBACH, 2004).
Assim, os pesquisados deverão graduar o nível de intensidade da presença percebida
de alguns valores intrínsecos às empresas de estrutura projetizada, marcando uma dentre as
opções disponíveis, que vão de grande intensidade (“Sempre”) para baixa ou nenhuma
intensidade (“Nunca”).
“Q2: Em sua empresa, as pessoas são alocadas por projeto?
a) SIM, Totalmente (SEMPRE);
b) SIM, Parcialmente;
c) Indiferente;
d) NÃO, Parcialmente;
e) NÃO, Totalmente (NUNCA)”.
“Q3: Em sua empresa, as pessoas são alocadas por função?
a) SIM, Totalmente (SEMPRE);
b) SIM, Parcialmente;
c) Indiferente;
d) NÃO, Parcialmente;
e) NÃO, Totalmente (NUNCA)”
“Q4: Existe gerente específico responsável por um projeto?
a) SIM, Totalmente (SEMPRE);
b) SIM, Parcialmente;
c) Indiferente;
d) NÃO, Parcialmente;
e) NÃO, Totalmente (NUNCA)”.
“Q5: Há motivação dos gerentes do projeto em relação ao mesmo?
a) SIM, Totalmente (SEMPRE);
b) SIM, Parcialmente;
c) Indiferente;
d) NÃO Parcialmente;
e) NÃO, Totalmente (NUNCA)”.
3.2.3 Terceiro Segmento – A Liderança (Questões de 06 a 07)
Figura central da pesquisa, o líder e suas características precisam de um segmento
exclusivamente voltado a ele, visando-se entender, dessa forma, uma ampla gama de fatores
relacionados ao líder buscado pelas empresas procuradas por esse estudo.
Ao longo do segmento, duas questões são levantadas, com múltiplas respostas sendo
possíveis em todas elas.
Assim, na questão 06 o pesquisado poderá apontar mais de um dado relevante no que
tange as competências que – em sua opinião – devem estar presentes em um líder de empresa
de estrutura projetizada, todas estas retiradas do trabalho de Resende (2000).
Já na questão 07 buscou-se entender a forma como essas empresas tem chegado aos
seus líderes, se é formando os mesmos ou buscando líderes já prontos, reforçando a
possibilidade de desenvolverem-se (ou não) novas lideranças, como questiona Antonakis
(2011). Os questionamentos são:
“Q6: Quais as competências essenciais para um líder?
a) Técnicas (de domínio apenas de especialistas em determinado assunto);
b) Intelectuais (relacionadas a aptidões mentais);
c) Cognitivas (uma mistura de capacidade intelectual com domínio de conhecimento);
d) Relacionais (relativas à capacidade de se relacionar com o outro);
e) Sócio-políticas (referentes ao relacionamento nos acontecimentos sociais);
f) Didático-pedagógicas (voltadas para educação e o ensino);
g) Metodológicas (de aplicação das técnicas e meios de organização de trabalhos e
atividades);
h) De liderança (capacidade de influenciar e conduzir pessoas para diversos fins ou
objetivos na vida profissional ou social);
i) Organizacionais (aquelas aplicadas a diferentes objetivos e formas de organização
e gestão empresarial)”.
“Q7: Como sua organização busca por líderes?
a) Contratando líderes já formados por outras companhias;
b) Através de estrutura interna de Universidade Corporativa;
c) Contratando pessoas especificamente para esse fim, de acordo com rigoroso teste
de perfil psicológico;
d) Outras formas. (Especificar em até 50 caracteres)”.
3.2.4 Quarto Segmento – O Benefício (Questão 08)
Tendo em vista o universo de empresas pesquisadas, não se pode perder de vista que
todas buscam o maior rendimento possível para o capital (financeiro e humano) aplicado às
suas atividades. Para além disso, todas contam com uma estrutura de GC que traça metas de
crescimento, seja em participação de mercado, seja em faturamento (CVM, 2003; LODI, 2000).
Assim, é de extrema relevância entende os benefícios enxergados de maneira
extremamente pragmática para as companhias que adotam a estrutura projetizada. Para isso, foi
perguntado aos pesquisados o valor percentual representado pelas estruturas projetizadas sobre
o faturamento total da empresa.
A pergunta apresentada foi:
“Q8: Qual foi o percentual da receita de sua empresa, oriunda de projetos, sobre a
receita total? ___________ (digite um valor inteiro entre 000 até 100 - ex."010", representando
10% de participação)”.
3.2.5 Quinto Segmento – A Oportunidade – (Questões 09 a 12)
Voltado àqueles que não marcaram, no Primeiro Segmento, a opção “b) Estrutura
Projetizada”, este Quinto Segmento visa verificar o conhecimento e a oportunidade de aplicação
dos conceitos trazidos por Gareis (2003) dentro do universo corporativo das companhias em
questão. Para isso, traz questão dicotômicas, simples, como previsto por COLLIS & HUSSEY
(2005), facilitando a verificação do entendimento e aplicabilidade do conceito.
Assim, traz as perguntas como a seguir apresentadas:
“Q9: Em sua empresa, quantos gerentes se envolvem num mesmo projeto?_________”.
“Q10: Sua empresa trabalha com projetos?
a) Sim;
b) Não”.
“Q11: Sr (a) conhece ou já ouviu falar sobre Estrutura Projetizada?
a) Sim;
b) Não”.
“Q12: Caso tenha uma chance ou oportunidade, utilizaria esta Estrutura Projetizada em
sua empresa?
a) Sim;
b) Não”.
3.2.6 Segmento Final – Perfil – (Questões 13 a 16)
Com intuito de entender quem são os gestores pesquisados e confrontar os dados com
as respostas dadas, a fim de montar um perfil estatístico de quem são os profissionais que
trabalham em estrutura projetizada no universo pesquisado, o Segmento Final traz perguntas
norteadas para essa função.
Assim, dados como grau de instrução, idade, tempo de trabalho na empresa, dentre
outros, são levantados, na forma como demonstrado a seguir:
“Q13: Há quanto tempo trabalha no estabelecimento?
____! Anos ___! Meses”.
“Q14: Qual seu último grau de instrução?
a) Graduação;
b) Especialização/MBA;
c) Mestrado;
d) Doutorado;
e) Pós-Doutorado/PHD”.
“Q15: Qual seu sexo?
a) Masculino;
b) Feminino”.
“Q16: Qual sua idade?
___! Anos”.
3.4 ANÁLISE E TRATAMENTO DOS DADOS
Tendo como objetivo analisar as competências buscadas por companhias projetizadas
em suas lideranças e o perfil de tais líderes, além de procurar saber como as companhias os
contratam, foram analisados os dados das respostas dadas pelos pesquisados a fim de atender
ao objetivo geral dessa pesquisa.
Para isso, tabulou-se os dados trazidos pelos respondentes através da resposta ao
questionário on-line, transportando os dados para o programa Microsoft Excel, onde foi
possível estabelecer as relações numéricas entre o total de respostas e os grupos específicos.
Inicialmente, realizou-se o teste para checar o Alpha de Cronbach, buscando entender
se existia a pretendida correlação entre as perguntas Q2 a Q5, inicialmente em uma pesquisa
amostral e, posteriormente, para todo o grupo de respondentes.
Excetuando-se a Q8, Q9 e Q16 – perguntas que permitiam uma resposta por extenso -
, em todas as outras foi realizada uma relação simples entre os volumes parciais e o total da
resposta, com objetivo de verificar o modelo mais relevante dentro do universo pesquisado.
Já para as perguntas destacadas, com os diferentes valores de respostas dados, fez-se
necessário o agrupamento de respostas por faixas de acordo com o total de aparições, e,
portanto, de relevância identificada.
Os gráficos apresentados no próximo capítulo trarão, portanto, o percentual de
respostas para cada item em relação ao total de respostas, exceto quando apontado o contrário.
Nos comentários, análises comparativas entre gráficos tem a finalidade de fazer uma discussão
dos dados, apontando para eventuais coerências ou inconsistências que só são possíveis de
serem verificadas a partir desse comparativo entre questionamentos distintos.
4 O PERFIL DA LIDERANÇA EM EMPRESAS PROJETIZADAS
4.1 PESQUISA AMOSTRAL E TESTE DO ALPHA DE CRONBACH
Para realizar a necessária verificação da inter-relação das perguntas ora realizada,
fazia-se preponderante empreender um teste inicial do questionário com um universo reduzido
e controlado, pertencente ao grupo final pesquisado, mas que pudesse ser contatado mais
rapidamente.
O critério utilizado para seleção dos pesquisados dessa etapa preliminar foi o da
acessibilidade e proximidade. De um universo total de 391 executivos de empresas presentes
na ERJ e de relacionamento com o SFIRJAN, foi selecionado um grupo de 28 executivos para
essa primeira etapa, um total de aproximadamente 7% do coletivo pesquisado.
Tal conjunto de vinte oito executivos foi contatado por e-mail para responder a
pesquisa on-line, no período compreendido entre 25 de janeiro de 2015 e 04 de fevereiro de
2015, tendo que se identificar através de um código alfanumérico passado a cada um deles. Essa
medida foi tomada devido ao alto grau de confidencialidade e rígidos padrões de governança
que possuem as companhias onde trabalham esses executivos, que não poderiam divulgar tais
dados, não fosse de forma confidencial.
Passado o período de respostas, foram coletados onze questionários preenchidos, um
total de 39% dos procurados. Nesse grupo, os resultados obtidos, para o Alpha de Cronbach,
medindo a relação entre as perguntas Q2 a Q5, chegou-se ao resultado de 0,889.
Segundo os parâmetros apresentados anteriormente nesse estudo, o alpha encontrado
estaria dentro do padrão mesmo para autores mais exigentes, revelando que as perguntas
estavam atendendo ao objetivo traçado por esta pesquisa.
4.2 PESQUISA FINAL E O ALPHA DE CRONBACH
Com o bom resultado obtido na pesquisa amostral, restou clarificado que as perguntas
encontravam correlação importante e estavam trazendo, portanto, as respostas buscadas para
composição deste trabalho.
Tendo isto em vista, a pesquisa final começou a ser realizada com o universo total
acessível, dentro do escopo definido para este trabalho e os critérios anteriormente definidos.
A pesquisa final foi realizada no período compreendido entre 28 de fevereiro de 2015
e 1 de abril do mesmo ano, atingindo um total de 391 pesquisados, dos quais 133 responderam
ao questionário, gerando um percentual de 34% de respondentes. Da mesma maneira que foi
feito para o grupo amostral, o presente grupo foi contatado por e-mail para responder a pesquisa
on-line, tendo que se identificar através de um código alfanumérico passado a cada um deles,
visando não violar os rígidos padrões de governança das companhias onde trabalham esses
executivos.
Isto indicou um grau de confiança de 95% e um erro de 7 p.p. (pontos percentuais).
Após a coleta dos questionários, foi possível verificar, entre as perguntas Q2 a Q5 um
alpha de Cronbach no valor de 0,681, bastante próximo de um índice considerado aceitável.
O principal objetivo desta pesquisa, no entanto, não se resolve por este valor, mas sim
pelas respostas dadas pelos executivos consultados, o que vem apresentado a seguir.
4.3 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
Para apresentar os resultados obtidos durante a aplicação do questionário e a análise
dos mesmos, será respeitada a ordem das perguntas realizadas. É importante destacar que os
segmentos definidos para pesquisa (Utilização, Conhecimento, Liderança, Benefício,
Oportunidade e Perfil) serão analisados não somente dentro de um percentual total de respostas,
mas sempre buscando correlacionar-se com itens importantes para entender a relação com o
estilo de gestão de cada companhia.
Dessa maneira, pretende-se não só apresentar os resultados da coleta de dados e seus
percentuais de aparição, mas também a correlação entre eles, de modo a analisar de maneira
mais completa o universo pesquisado e poder, no capítulo seguinte, promover as conclusões
corretas acerca desta pesquisa.
Isto posto, é o que se vê a seguir:
4.3.1 Respostas do Primeiro Segmento – Utilização
Como visto desde o princípio deste trabalho, muito dele se deve a verificação empírica
de que há uma curva crescente quanto ao uso deste modelo de gestão orientado a projetos
(estrutura projetizada) dentro das empresas clientes do SFIRJAN. No primeiro segmento,
questionava-se qual seria o tipo de modelo de gestão que o executivo que respondia a pesquisa
enxergava como o aplicado dentro de sua empresa.
A pergunta era “Q1: Qual das Estruturas Organizacionais abaixo têm atuação em sua
organização?
a) Estrutura Funcional;
b) Estrutura Projetizada;
c) Estrutura Matricial;
d) Nenhuma destas/Não sabe”.
Uma única opção poderia ser marcada pelo respondente. O que foi verificado foi uma
predominância no modelo Funcional, assinalado como o predominante em sua companhia por
um total de 53% dos pesquisados. A estrutura Projetizada, objeto foco do estudo, foi marcada
como prioritária por apenas 5% dos abordados, um total de sete dentro do universo de 133
respostas. Os percentuais estão na figura 4.
Apesar de um número aparentemente baixo se identificar como estrutura projetizada,
as respostas seguintes demonstram um grande grau de incerteza e desconhecimento do que
realmente se trata tal formato de organização empresarial.
Figura 4 - Estrutura Organizacional predominante dentre os pesquisados.
Fonte: Dados da Pesquisa.
A partir da verificação do uso de cada tipo de estrutura organizacional, também foi
possível verificar a relação entre este item e cada uma das respostas subsequentes, o que
viabilizou o apontamento de consistência das respostas em relação conhecimento demonstrado
sobre cada modelo.
5%
11%
31%
53%
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60%
Estrutura Projetizada
Nenhuma destas/Não sabe
Estrutura Matricial
Estrutura Funcional
4.3.2 Respostas ao Segundo Segmento – Conhecimento
Mesmo dentro desta pesquisa, houve dificuldade para achar uma definição acadêmica
que definisse o que eram empresas de projeto (baseadas em projeto) e empresa de estrutura
projetizada (orientadas a projetos). Objetivava-se, então, verificar se os respondentes possuíam
conhecimento de estruturas comuns das empresas de estrutura projetizada (GAREIS, 2003;
KEEGAN e TURNER, 1999).
Para as quatro perguntas que compunham esse segmento, somente uma opção poderia
ser marcada como resposta a cada pergunta, graduando a intensidade da presença percebida dos
valores intrínsecos às empresas de estrutura projetizada, elegendo um dentre as opções de uma
escala que vai de grande intensidade (“Sempre”) para baixa ou nenhuma intensidade (“Nunca”).
Na primeira pergunta desse segmento (Q2 do questionário), perguntou-se “Q2: Em sua
empresa, as pessoas são alocadas por projeto?”. Ainda que a maior parte do universo pesquisado
não se enxergue trabalhando em estrutura projetizada, é possível observar que 59,4% dos
pesquisados verificou positivamente a alocação das pessoas por projeto em sua empresa, com
um grande contingente de respostas concentrado na opção “SIM, parcialmente” (49,6%). A
figura 05 mostra os outros percentuais detalhadamente.
Na segunda pergunta desse segmento (Q3 do questionário), foi indagado “Q3: Em sua
empresa, as pessoas são alocadas por função?”. A absoluta maioria dos respondentes marcou
opções positivas para essa pergunta, em um total de 84,2%, sendo predominante a resposta
“SIM, parcialmente”, com 46,6% das respostas. A designação por funções é típica das
estruturas funcionais e matriciais, ainda que também esteja presente na projetizada, e a resposta
dada pela maioria tem coerência com a Q1. Um descritivo dos percentuais está presente na
Figura 05.
Para a terceira pergunta deste segmento (Q4 do questionário), o questionamento era
“Q4: Existe gerente específico responsável por um projeto?”. Esse tipo de especificação é
bastante comum nos escritórios de gerenciamento de projetos, onde um gerente de projeto
costuma orientar a realização dos projetos. Para a maior parte dos pesquisados, suas empresas
contam com um gerente específico para projetos, já que 82% responderam de maneira positiva
à pergunta, predominando a opção “SIM, parcialmente”, com 44,4% dos respondentes
marcando esta alternativa. A majoritária resposta apresentada não é coerente com a estrutura
funcional marcada pela maior parte dos pesquisados na Q1, já que na estrutura funcional não é
comum a presença de um gerente de projetos.
Na Q5 do questionário, quarta e última pergunta deste segmento, questionou-se “Q5:
Há motivação dos gerentes do projeto em relação ao mesmo?” e foi possível verificar grande
intensidade na presença desse item dentro dessas empresas, já que 87,2% dos pesquisados que
responderam à pesquisa marcaram opções positivas, sendo majoritária a resposta “SIM,
totalmente”, com 51,9% das respostas. Quando respondem que há motivação dos gerentes em
relação aos projetos, novamente os pesquisados não são coerentes com a resposta dada na
primeira pergunta do questionário. Se há motivação no envolvimento com projetos, então há
projetos e a estrutura não deveria ser funcional, em princípio.
Figura 5 - Conhecimento das características da Estrutura Projetizada.
Fonte: Dados da Pesquisa
Se os dados fossem analisados isoladamente, sem ter vista ao primeiro segmento,
poderiam levar a conclusão, sem dúvidas, de que a maior parte das empresas trabalha em
estruturas orientadas ou baseadas em projetos, com especial enfoque para as do primeiro tipo.
A análise dos dados deste segmento em comparação com o primeiro segmento demonstra
grande inconsistência do conhecimento dos gestores acerca das estruturas em que trabalham
(ou que pensam trabalhar) e as características fundamentais para cada tipo de estrutura
organizacional.
10%
38% 38%52%
50%
47% 44%
35%
2%
2% 0%
9%
26%
13%13%
2%13%
2%5%
2%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Em sua empresa, aspessoas são alocadas
por projeto ?
Em sua empresa, aspessoas são alocadas
por função ?
Existe gerenteespecífico responsável
por um Projeto ?
Há motivação dosgerentes do projeto em
relação ao mesmo ?
SIM, Totalmente SIM, Parcialmente Indiferente NÃO, Parcialmente NÃO, Totalmente
4.3.3 Respostas ao Terceiro Segmento – A Liderança
Se uma parte relevante do trabalho em questão fala sobre a estrutura organizacional
das empresas do ERJ, não é falacioso dizer que a grande questão em voga é a liderança, suas
características e forma de acesso das organizações aos líderes, questões que buscou-se
responder nesse terceiro segmento.
Na primeira pergunta do segmento (Q6 do questionário), o questionamento era sobre
as competências necessárias para um líder, na visão dos pesquisados, perguntando: “Q6: Quais
as competências essenciais para um líder?”, com opções baseadas no trabalho de Resende
(2000), sendo possível marcar mais de uma alternativa. O que já era entendido pela observação
empírica se confirmou e questões intimamente ligadas às competências natas dominaram a
maioria das respostas. A quase totalidade dos pesquisados (97%) destacou as competências de
liderança (ou seja, capacidade de influenciar e conduzir pessoas para diversos fins ou objetivos
na vida profissional ou social) como fundamental para um líder. Um volume importante (88%)
destacou também as competências relacionais (relativas à capacidade de se relacionar com o
outro) como importantes para definir um líder, além da competência cognitiva (uma mistura de
capacidade intelectual com domínio de conhecimento), apontada por 83% dos pesquisados
como fundamental para um líder. O total de todos os itens está apresentado na Figura 6.
É importante ressaltar que as três principais competências são dominantes no senso
comum dos pesquisados, apontando uma tendência predominante no imaginário dos atuais
executivos das companhias, com bastante distância para a quarta mais citada competência, a
organizacional, com 63% de respostas.
Nota-se que dentre as três mais citadas, somente a terceira conta com algum tipo de
treinamento, já que demanda o domínio do conhecimento, enquanto as duas primeiras são
majoritariamente natas, habilidades que já se fazem presentes naturalmente nas pessoas. Isso
aponta para uma sensação de que os executivos atuais podem até discursar em contrário, mas
não acreditam na formação de lideranças.
Figura 6 - Competências essenciais para um líder. Fonte: Dados da Pesquisa
Já na segunda pergunta do segmento (Q7 do questionário), “Q7: Como sua
organização busca por líderes?”, objetivava-se entender como as organizações dos pesquisados
alcançavam pessoas que ocupariam as lideranças de suas empresas. A primeira leitura das
respostas apresentou um resultado onde 29% marcou a opção “Outras formas” (Figura 07),
sendo a segunda mais volumosa do gráfico, forçando-nos a reagrupar essas respostas.
Figura 7 - Formas de contratar um líder – 1ª análise das respostas do Q7.
Fonte: Dados da Pesquisa
Foi necessária uma depuração das respostas apresentadas de maneira dissertativa na
Q7, criando-se duas novas categorias de respostas para um novo gráfico. Com tal análise mais
minuciosa realizada, verificou-se que uma parte importante das empresas (17%) busca seus
líderes promovendo funcionários internamente. Se somado esse valor ao volume de executivos
que declarou que sua empresa busca líderes já formados em outras companhias (57%) e
55%
29% 26%20%
%10%20%30%40%50%60%
Contratando líderesjá formados por
outras companhias
Outras formas ?(*) Através de estruturainterna de
UniversidadeCorporativa
Contratando pessoasespecificamente paraesse fim, de acordocom rigoroso teste
de perfil psicológico
21%
29%
31%
33%
47%
63%
83%
88%
97%
% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Técnicas
Sócio-políticas
Didático-pedagógicas
Intelectuais
Metodológicas
Organizacionais
Cognitivas
Relacionais
De liderança
contratando pessoas especificamente para esse fim, através de rigoroso teste psicológico (23%),
será possível observar que uma maioria esmagadora não se preocupa em formar o líder, ou seja,
capacitar dentro de uma estrutura de longo prazo, como universidade corporativa, seus
funcionários para que assumam funções de liderança. Destaque-se o fato de que era possível
marcar mais de uma opção, mas mesmo assim a formação interna, dentro da empresa, dessas
lideranças, recebeu apenas 29% de citações dentre os respondentes, conforme demonstra a
Figura 08.
Cumpre-se, claramente, o objetivo da pergunta, de verificar se os questionamentos
feitos por Antonakis (2011) encontram eco na sociedade empresarial, onde realmente verifica-
se que pouco se faz (ao menos, institucionalmente) para formar líderes, construir e desenvolver
novas lideranças de maneira pragmática e programática.
Figura 8 - Formas de contratar um líder – depuração e análise das respostas da Q7.
Fonte: Dados da Pesquisa
4.3.4 Respostas ao Quarto Segmento – O Benefício
Em um mundo onde os fatores meritocráticos e as metas numéricas são tão presentes
e importantes, em especial em companhias que contam com uma estrutura de GC forte, como
é o caso das pesquisadas nesta obra, é importante verificar o peso do trabalho com projetos
dentro dessas empresas, de modo a perceber o quão importante é, do ponto de vista mais
pragmático possível, o trabalho nesse formato para cada uma das empresas e tipos de estrutura
organizacional.
57%
29%23%
17%
3% 1%0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
Contratandolíderes já
formados poroutras
companhias
Através deestruturainterna de
UniversidadeCorporativa
Contratandopessoas
especificamentepara esse fim, de
acordo comrigoroso teste deperfil psicológico
PromoçãoInterna S/
UniversidadeCorporativa
Mix de opções Outras formas ?
Assim, perguntou-se na única questão desse segmento (Q8 do questionário) “Q8: Qual
foi o percentual da receita de sua empresa, oriunda de projetos, sobre a receita total?”. Nas
respostas, foi possível observar, em aspecto geral, que um número alto (ainda que não a maioria)
de companhias tem em projetos a maior parte de seus rendimentos, como apresentado na Figura
09. Infelizmente, mesmo com os parâmetros de confidencialidade e anonimato que adotamos,
uma parte dos pesquisados preferiu não responder ou alegou a impossibilidade de dar solução
a tal pergunta.
Figura 9 - Percentual da receita da companhia oriunda de projetos.
Fonte: Dados da Pesquisa
Ainda para a análise das respostas dadas a este questionamento, deve-se fazer um
recorte para entender a importância dos projetos para cada tipo de estrutura organizacional, a
fim de garantir coerência da resposta, verificando se, por exemplo, as empresas declaradas
como de estrutura projetizada na verdade não seriam empresas baseadas em projetos, com 100%
de seu faturamento auferido com os mesmos.
O que se verificou foi a consistência dos dados declarados, demonstrando que, ao
analisar a origem do faturamento e o tipo de estrutura organizacional, havia coerência no
cruzamento dos dados. As empresas de estrutura projetizada declararam ter mais da metade de
seu faturamento (53%) advindo de projetos. Todos os valores para esse cruzamento estão na
Figura 10.
Estruturas Organizacionais
Origem da receita em projetos
Projetizada 53%
Matricial 45%
Nenhuma destas/Não sabe
39%
Funcional 37%
Figura 10 - A proporção de faturamento de cada estrutura organizacional, advindo de projetos.
Fonte: Dados da Pesquisa
21%17%
11%
21% 20%
7%3%
%
5%
10%
15%
20%
25%
00 até 10 11 até 25 26 até 55 56 até 100 Não quisresponder
Não sabe confidenciais
4.3.5 Respostas ao Quinto Segmento – A Oportunidade
Tendo em vista a necessidade de verificar quais seriam as oportunidades para a
implementação de estruturas projetizadas dentro das empresas do ERJ pesquisadas, este
segmento tinha como objetivo a identificação do conhecimento e de tais oportunidades de
aplicação dos conceitos trazidos por Gareis (2003). Focou, pois, em questões dicotômicas,
simples, como previsto por COLLIS & HUSSEY (2005), facilitando a verificação do
entendimento e aplicabilidade do conceito.
Na primeira pergunta deste segmento (Q9 do questionário), perguntou-se “Q9: Em sua
empresa, quantos gerentes se envolvem num mesmo projeto?”, devendo o pesquisado dar a
resposta por extenso, não havendo opção a ser marcada. Agrupamos as respostas como é
possível verificar na Figura 11, de acordo com sua frequência, de modo a facilitar a geração de
dados estatísticos, no que foi possível observar que quase um terço das empresas (30%) envolve
de 01 a 02 gerentes em cada projeto, enquanto 28% congrega de 03 a 04 gerentes em uma
mesma ação.
Figura 11 - Quantos gerentes se envolvem por projeto?
Fonte: Dados da Pesquisa
Como segunda pergunta deste segmento (Q10 do questionário) foi questionado “Q10:
Sua empresa trabalha com projetos?”, havendo apenas as opções “sim” e “não” para serem
marcadas, de forma sempre exclusiva. A maior parte dos pesquisados (82%) respondeu que
sim, o que, mais uma vez, demonstra certa inconsistência com os volumes apresentados na Q1
sobre o tipo de estrutura organizacional de cada empresa. Se a empresa trabalha com projeto,
ela certamente não tem sua estrutura organizacional como funcional, mas sim matricial ou
projetizada. A Figura 12 apresenta os percentuais.
30% 28%
13%
2%5%
22%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
1 a 2 3 a 4 5 e + Não sabe Nenhum Depende doprojeto
Figura 12 - Percentual de empresas que trabalham com projetos.
Fonte: Dados da Pesquisa
A terceira pergunta deste segmento (Q11 do questionário) indagava acerca do
conhecimento sobre a existência da estrutura projetizada, como forma de testar o conhecimento
dos respondentes sobre o assunto. “Q11: Sr (a) conhece ou já ouviu falar sobre Estrutura
Projetizada?” era a pergunta, com opções exclusivas como resposta sendo “sim” e “não”. A
resposta demonstrou uma divisão apertada entre o conhecimento e desconhecimento da
estrutura organizacional em foco, com uma maioria apertada (53%) afirmando conhecer o
formato de estrutura projetizada. Em comparação com outras respostas, mais uma vez revela o
desconhecimento dos respondentes com relação aos formatos teóricos e sua prática empresarial,
já que um percentual substancialmente maior havia informado trabalhar com projetos na Q10.
Figura 13 - Percentual de pesquisados que conhece Estrutura Projetizada
Fonte: Dados da Pesquisa
O penúltimo segmento, em sua quarta pergunta (Q12 do questionário) buscava
entender o grau de interesse dos respondentes na aplicação da Estrutura Projetizada dentro de
sua companhia, indagando “Q12: Caso tenha uma chance ou oportunidade, utilizaria esta
Estrutura Projetizada em sua Empresa?”, pergunta que só permita as respostas “sim” e “não”.
Para quase três quartos dos pesquisados (74%) existe interesse para aplicar tal estrutura
organizacional em sua companhia. A figura 14 revela os dados de ambas as faixas, confirmando
a resposta apresentada nas faixas anteriores, já que a maior parte deles já trabalha com projetos,
82%
18%
SIM
NÃO
53%47%
SIM
NÃO
mas parece desconhecer o que seja a estrutura projetizada e sua já (possível) existente estrutura
dentro da companhia.
Figura 14 - Percentual de pesquisados dispostos a trabalhar em Estrutura Projetizada.
Fonte: Dados da Pesquisa
4.3.6 Respostas ao Segmento Final – Perfil
Para melhor observar o grau de precisão das respostas dadas, era de fundamental
importância identificar o perfil dos pesquisados. Naturalmente, seus cargos, idades, grau de
instrução, dentre outros caracteres nos ajudam a entender não só o quão ampla pode ser sua
visão da empresa em que trabalham como também ajudam a revelar o líder que se encontra nas
empresas nos dias atuais.
Assim, é possível esclarecer que a maior parte dos gestores é do sexo masculino, com
idade superior a 40 anos, tem seu último grau de instrução como Especialização/MBA, ocupa
cargos de gerência, direção ou presidência e trabalha na atual empresa há uma média de 13
anos. As figuras de 15 a 18 ajudam a explicitar essa realidade.
Qual das Estruturas Organizacionais abaixo têm
atuação em sua organização?
Há quanto tempo trabalha
no estabelecimento
Media (Anos)
Estrutura Funcional 14
Estrutura Projetizada 16
Estrutura Matricial 12
Nenhuma destas/Não sabe 13
Total 13
Figura 15 - Média de tempo em que trabalha no estabelecimento?
Fonte: Dados da Pesquisa.
74%
26%
SIM
NÃO
Figura 16 - Último grau de instrução dos pesquisados.
Fonte: Dados da Pesquisa
Figura 17 - Divisão por gênero dos respondentes.
Fonte: Dados da Pesquisa.
Figura 18 - Faixa etária dos pesquisados.
Fonte: Dados da Pesquisa
4.4 ANÁLISE CRÍTICA DAS COMPETÊNCIAS
Visando consolidar o atendimento do objetivo geral da pesquisa, foi realizada uma
análise crítica dos dados apresentados, com especial enfoque na criação desse mapa mental
sobre as competências buscadas por companhias projetizadas em suas lideranças, o perfil de
tais líderes e como elas os contratam.
71%
29%
MASCULINO
FEMININO
27%
24%26%
23%
até 39 anosDe 40 a 49 anosDe 50 a 59 anosMais de 59
17%
65%
13%
4% 1%Graduação
Especialização/MBA
Mestrado
Doutorado
Pós-Doutorado/PhD
Apesar de, inicialmente, focar-se na relação entre lideranças e empresas de estrutura
projetizada foi observado que, independente de como declarassem ser suas estruturas
organizacionais (Funcional, Matricial ou Projetizada), todas elas demonstraram buscar os
mesmos tipos de competências nos líderes, indicando uma tendência para a indiferença das
qualidades do líder dentro dos conjuntos de empresas pesquisadas. Para estas, eles devem ser
capazes de influenciar e conduzir pessoas para diversos fins ou objetivos, devem ser capazes
de se relacionar com o outro e devem ter uma mistura de capacidade intelectual com domínio
de conhecimento, enquadrando o líder, dentro dos critérios apresentados por Resende (2000)
como alguém com competências de liderança, relacionais e cognitivas (fundamentais para,
respectivamente 97%, 88% e 83% dos pesquisados).
Esses dados são relevantes, pois quando cruzados com a forma como as companhias
buscam suas lideranças, apontam uma tendência de não-percepção dos executivos aos
resultados do estudo de Antonakis (2011), que demonstrou que as habilidades carismáticas
podem ser ensinadas. As características implicadas pelo grupo pesquisado como competências
fundamentais para um líder são vistas, portanto, como natas, já que não são trabalhadas através
de estruturas internas.
Ainda sobre o perfil do líder, pode-se apontar uma tendência ao líder com estilo de
gerenciamento voltado ao relacionamento, com maior enfoque nas habilidades interpessoais do
gestor/líder, verificando uma maior relevância de habilidades carismáticas/pessoais no estilo de
gestão do líder, conforme classificado por MELO, 2004.
Sobre a forma como essas empresas pesquisadas contratam/buscam seus novos líderes,
apenas 23% dos pesquisados revelou que suas companhias possuem estruturas de treinamento
internas de longo prazo, como Universidades Corporativas, onde formam suas lideranças. Para
a grande maioria, esses líderes ou vem de fora ou são promovidos para chefia internamente,
sem serem preparados para tal. Como o número de não-formadores supera o número de
formadores, é possível apontar a tendência de que o líder presente nesses grupos tenha
habilidades natas ou empíricas, tendo pouca formação sobre liderar. Com um perfil como esse,
é possível apontar as teorias mais voltadas ao carisma e habilidade interpessoal do líder como
as mais aceitas pelos respondentes, vendo claramente as teorias “dos traços de personalidade”
(MONTANA; CHARNOV, 2003) e “neocarismática” (ROBBINS, 2005; MULLER &
TURNER, 2005) como as que melhor explicitariam tal comportamento.
Essa liderança “empírica” e “nata” encontra eco, inclusive, no próprio grau de
instrução e idade majoritariamente presentes entre os executivos atuais das organizações, na
sua maioria homens com Especialização/MBA (65% dos pesquisados), com idade superior a
40 anos (73% dos respondentes). Com esse perfil, eles mesmos, portanto, não foram
formalmente treinados para ocupar os cargos de liderança (ainda que eventualmente tenham
sido preparados para administração/gestão) ou mesmo para construção científica do
conhecimento, que só se dá em níveis de especialização strictu sensu.
Figura 19 - Mapa Mental sobre liderança.
Fonte: Dados da Pesquisa.
5 CONCLUSÕES
Esta obra chega ao seu final tendo apresentado resultados importantes na consolidação
de alguns conceitos conhecidos, bem como trazendo novo conhecimento acerca do
comportamento das companhias do ERJ em relação às suas lideranças, das expectativas destas
em relação àqueles e sobre a estrutura organizacional destas empresas e sua relação com o
trabalho com/para projetos.
Respondendo à questão feita no início do trabalho acerca de como os executivos das
companhias-alvo entendem o conceito de “empresa projetizada”, é possível afirmar que a
maioria se enxerga trabalhando com a Estrutura Funcional, mas, na verdade, atua em Estrutura
Projetizada, ainda que sem preencher a totalidade das características próprias desse tipo de
estrutura. Enquanto 53% dos pesquisados se enxerga como Estrutura Funcional, 82% diz que
sua empresa trabalha com projetos. É importante lembrar que a Estrutura Funcional atrela os
colaboradores a uma única função, desenvolvendo sempre o mesmo tipo de
solução/produto/serviço, como em um banco ou uma fábrica onde não se desenvolvam novos
produtos, por exemplo.
Quando se busca a resposta para a relevância dos projetos dentro do faturamento,
encontramos 53%, 45% e 37% do faturamento de empresas de estrutura Projetizada, Matricial
e Funcional advindo de projeto, respectivamente. Esse último número revela certa incoerência
nas respostas, que não deve apontar para uma falha das mesmas (ou do questionário), mas sim
para o desconhecimento formal, por parte dos executivos que responderam, das principais
características das estruturas projetizadas, por exemplo, como descrito por Gareis (2003). Esse
conflito de dados nos ajuda a equacionar a questão acerca da existência de um crescente foco
no modelo de trabalho com/para projetos, apontando uma tendência para a afirmação da mesma,
já que é comum, em um cenário de crescimento de um novo paradigma, que haja
desconhecimento sobre os valores formais do mesmo.
Também buscava-se entender quais eram as competências mínimas necessárias para
um líder na atualidade, de onde foi possível observar, pelos resultados do questionário, que
estes devem ter habilidades (dentro dos critérios apresentados por Resende (2000)) como
alguém com competências de liderança, relacionais e cognitivas, portanto capazes de
influenciar e conduzir pessoas para diversos fins ou objetivos, devem ser capazes de se
relacionar com o outro e devem ter uma mistura de capacidade intelectual com domínio de
conhecimento (fundamentais para, respectivamente 97%, 88% e 83% dos pesquisados). Além
disso, deve ter um estilo de gerenciamento voltado ao relacionamento, com maior enfoque nas
habilidades interpessoais do gestor/líder, verificando uma maior relevância de habilidades
carismáticas/pessoais no estilo de gestão do líder, conforme classificado por MELO, 2004.
Devia-se, ainda, entender de que maneira essas companhias conseguem novos líderes,
tendo sido possível observar que a maior parte delas o faz através da contratação de líderes de
outras empresas, contratando especificamente para esse fim ou promovendo internamente sem
preparação de longo prazo para tal conjunto de habilidades que, como vimos, pensam serem
natas.
Por fim, foi possível verificar o perfil do líder atual no universo pesquisado, revelando
que este é, na maioria homens com Especialização/MBA (65% dos pesquisados), com idade
superior a 40 anos (73% dos respondentes).
Se do ponto de vista teórico ficam as questões acima explicitadas como contribuições
importantes dessa pesquisa para a sociedade, do ponto de vista prático ela também cumpre com
sua função de habilitar o autor para construção de novos paradigmas e procedimentos de
trabalho, capacitação e treinamento em ambientes distintos.
Dentro da empresa onde trabalha, o SFIRJAN, poderá, a partir dos dados levantados e
das conclusões realizadas, treinar os funcionários do SFIRJAN, dentro de Escola de Líderes,
sobre esse importante conceito organizacional, já adotado (ainda que parcialmente) por muitas
empresas mas ainda pouco entendido pelos gestores e arraigado na Governança Corporativa.
Como produto para o mercado corporativo, através do Instituto Euvaldo Lodi (braço
de formação em gestão de negócio do SFIRJAN para executivos das corporações), gerará um
novo modelo de treinamento e um claro mapa mental de como aprimorar a gestão dos modelos
organizacionais a partir do conceito de estrutura projetizada e da difusão de dados que
aprofundem o conteúdo.
Para pesquisas futuras, há uma oportunidade de criar um novo modelo mental que
ajude as companhias a entenderem o conceito de estrutura projetizada, como deve ser feita sua
gestão e aplicação na prática, retirados não só da literatura, mas também de estudos de casos
que devem ser conduzidos com os pesquisados dessa pesquisa que concentrem volume de dados
considerável como estrutura projetizada.
Outros fatores importantes a serem pesquisados dizem respeito à baixa participação de
mulheres em cargos de gestão e as motivações para essa realidade, relevante para uma
sociedade que tem mais da metade de sua população constituída por mulheres. Esse novo estudo
poderia propor soluções para a queda dessa barreira.
Por fim, dado que a maior parte dos respondentes revelou não formar os líderes,
buscando essas lideranças já formadas, um novo estudo poderia analisar quais dificuldades os
executivos dessas companhias enxergam na formação de novos líderes e que medidas poderiam
ser tomadas para possibilitar tal formação em maior escala dentro das empresas, e não a partir
de caracteres natos.
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