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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENFERMAGEM AURORA DE AFONSO COSTA CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM E LICENCIATURA JÉSSICA DE SOUZA CARVALHO CANDIDO CONSTRUÇÃO DE UM PROTOCOLO DE ENFERMAGEM CIPE ® PARA PACIENTES COM LESÕES TISSULARES: MAPEAMENTO CRUZADO NITERÓI 2013

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

    ESCOLA DE ENFERMAGEM AURORA DE AFONSO COSTA

    CURSO DE GRADUAO EM ENFERMAGEM E LICENCIATURA

    JSSICA DE SOUZA CARVALHO CANDIDO

    CONSTRUO DE UM PROTOCOLO DE ENFERMAGEM CIPE PARA

    PACIENTES COM LESES TISSULARES: MAPEAMENTO CRUZADO

    NITERI

    2013

  • JSSICA DE SOUZA CARVALHO CANDIDO

    CONSTRUO DE UM PROTOCOLO DE ENFERMAGEM CIPE PARA

    PACIENTES COM LESES TISSULARES: MAPEAMENTO CRUZADO

    Trabalho de Concluso de Curso apresentado ao Curso de Graduao em Enfermagem e Licenciatura da Universidade Federal Fluminense, como requisito para a obteno do ttulo de Enfermeiro e Licenciado em Enfermagem.

    Orientadora: Prof. Dra. ROSIMERE FERREIRA SANTANA

    Niteri

    2013

  • C 217 Candido, Jssica de Souza Carvalho. Construo de um protocolo de enfermagem CIPEpara

    pacientes com leses tissulares: mapeamento cruzado/ Jssica de Souza Carvalho Candido. Niteri: [s.n.], 2013.

    98 f.

    Trabalho de Concluso de Curso (Graduao em Enfermagem) - Universidade Federal Fluminense, 2013.

    Orientador: Prof. Rosimere Ferreira Santana.

    1. Avaliao em Enfermagem. 2. Higiene da Pele. 3. lcera Varicosa. 4. Diagnstico de enfermagem. 5. Cuidados de enfermagem. I. Ttulo.

    CDD 610.73

  • JSSICA DE SOUZA CARVALHO CANDIDO

    CONSTRUO DE UM PROTOCOLO DE ENFERMAGEM CIPE PARA PACIENTES

    COM LESES TISSULARES: MAPEAMENTO CRUZADO

    Trabalho de Concluso de Curso apresentado ao Curso de Graduao em Enfermagem e Licenciatura da Universidade Federal Fluminense, como requisito para a obteno do ttulo de Enfermeiro e Licenciado em Enfermagem.

    Aprovado em: 17/12/2013.

    BANCA EXAMINADORA

    ______________________________________________________________________ Prof. Dr. ROSIMERE FERREIRA SANTANA Presidente

    Universidade Federal Fluminense(UFF)

    ______________________________________________________________________ Prof. Dr. PATRCIA DOS SANTOS CLARO FULY- 1 Examinador

    Universidade Federal Fluminense (UFF)

    ______________________________________________________________________ Enf. Ms.DOUTORANDA VIVIANE PINTO MARTINS BARRETO 2 Examinador

    Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO)

    ______________________________________________________________________ Prof. Dr. BEATRIZ GUITTON R. BAPTISTA DE OLIVEIRA Suplente

    Universidade Federal Fluminense (UFF)

    Niteri 2013

  • DEDICATRIA

    Dedico este trabalho a minha av Geni de Souza, por ser a minha

    fora e a minha vontade de alcanar os objetivos deste projeto.

    Minha luz, minha vontade de cuidar, meu desejo que querer o bem e

    cultivar sabedoria para lidar com os pacientes portadores de leses.

    A bondade em pessoa.

  • AGRADECIMENTOS

    Primeiramente e, sobretudo a Deus, pela mais forte presena em minha trajetria. Agradecer a Deus uma forma de dizer a Ele que sempre vamos precisar de suas mos para conquistar outras coisas mais.

    Aos meus pais Rosngela e Joel Candido. No existem palavras que eu possa escrever para falar de tanto amor. Em vocs vejo fora, vontade, superao, carinho, apoio e amor. Obrigado por tudo.

    minha madrinha Andra Barboza, a educadora mais competente que conheo, por sempre me incentivar, me mostrar o caminho correto, discutir comigo sobre educao, ensino superior e a importncia deste para a realizao de uma vida profissional.

    Ao meu irmo Rmulo Candido, e a todos os meus primos e tios, por me oferecerem colo nos momentos em que mais precisei. Por no deixarem eu me sentir sozinha, mesmo morando longe, durante todos esses anos de faculdade.

    todos os meus amigos de Trs Rios, aqueles que de certa forma estiveram sempre comigo, torcendo e desejando o bem, para que tudo desse certo em minha vida. Especialmente minhas queridas amigas Fernanda Candido, Vanessa Juvenal e Adalgisa Emanuelle.

    minha orientadora Rosi, por me ajudar profissionalmente e pessoalmente. Por acreditar em mim e junto transformar meu sonho em realidade. Obrigado por se importar com o prximo e com esse jeito carinhoso, mostrar a todos a grande enfermeira, lder e mulher que voc .

    s minhas queridas enfermeiras mestres, especialistas e doutoras, Viviane Martins, Ftima Harab e Euzeli Brando. Por me apresentarem ao mundo dos clientes portadores de leses de pele, despertando ainda mais o interesse nessa rea. Obrigado por fazerem do aprendizado no um trabalho, mas um contentamento.

    A todos os professores que passaram pela minha trajetria na universidade. Por fazer com que me sentisse pessoa de valor, por me ajudarem a descobrir o que fazer de melhor, e assim faz-lo, faz-lo cada vez melhor.

    A todos os meus colegas de faculdade, em especial Raquel Carolina, Taynara Almeida e Bruna de Paula. Por me ajudarem na realizao deste trabalho, por ser minha segunda famlia, por estarem comigo nos momentos mais importantes da graduao e por fazerem desse momento, to maravilhoso em minha vida.

    A todos os profissionais que trabalham no Hospital Universitrio Antnio Pedro, em especial enfermeiros e tcnicos de enfermagem. Cada um de vocs deixou uma semente de sabedoria plantada em meu jardim.

    E, por ltimo a todas as pessoas portadoras de leses de pele. Vocs so minha fonte de inspirao. por vocs que tenho vontade de aprender cada vez mais.

    Meus sinceros agradecimentos!

  • O que mais me surpreende na

    humanidade so os homens

    Porque perdem a sade para juntar dinheiro,

    depois perdem dinheiro para recuperar a sade.

    E por pensarem ansiosamente no futuro,

    esquecem do presente de tal forma que

    acabam por no viver nem o presente nem o futuro.

    E vivem como se nunca fossem morrer

    e morrem como se nunca tivessem vivido.

    Dalai Lama

  • RESUMO

    Introduo: Objetivo Geral: Comparar diagnsticos, intervenes e resultados de

    enfermagem registrados nos pronturios dos pacientes do HUAP com a classificao CIPE.

    Adotou-se a Teoria do Autocuidado de Orem como referencial terico. Mtodo: Estudo

    retrospectivo e observacional, com abordagem quantitativa, que empregar o mapeamento

    cruzado como ferramenta metodolgica. O cenrio do estudo foi um Ambulatrio de Reparo

    de Feridas de um Hospital Universitrio, Niteri- RJ. Amostra censitria composta por 81

    pacientes portadores de leses de qualquer etiologia, de ambos os sexos, com 5 ou mais

    atendimentos de enfermagem no ano de 2012. O levantamento dos termos ocorreu atravs de

    um formulrio para coleta de dados. Para anlise dos dadosutilizou-se a estatstica descritiva

    simples. A pesquisa consta aprovado quanto aos preceitos ticos (FM/ UFF/ HU n

    219.752/08-03-2013).Resultados:Obteve-se 41 diagnsticos diferentes, dentre estes, 15

    relacionados diretamente pele denominados de ferida comprometida(21,59%) seguidos de

    sinais de infeco atual no local da ferida(18,76%), e ferida atual(14,65%); 12

    diagnsticos de desvio de sade mapeados como dor aguda(33,89), edema atual(17,79%)

    e processo circulatrio comprometido(14,40%) como os mais frequentes. Outros 7

    diagnsticos universais habilidade para caminhar comprometida(74,57), habilidade para

    comunicar comprometida(6,77%) e habilidade para fazer higiene comprometida (3,37%). E,

    ainda 7 diagnsticos de desenvolvimento habilidade para desempenhar manuteno da sade

    comprometida(25,57%), aderncia ao regime medicamentoso comprometido(23,08%) e

    aceitao do estado de sade comprometido(14,28%). Mapeou-se 56 intervenes

    diferentes, 11 (19,64%) totalmente compensatrias, e outras 45 (69,65%) de apoio e

    educao. Subdividiu-se os totais de termos das intervenes (2489) segundo o referencial

    terico em 1868(75,02%) relacionados ao cuidado com a pele, 375(15,05%) ao apoio e,

    225(9,03%) a educao/orientao. Os resultados de enfermagem francamente mapeados

    foram ferida melhorada (47,05%), iniciado cicatrizao de ferida (13,23%) e

    cicatrizao de ferida atual (10,29%).Concluso/Implicaes para a prtica de

    enfermagem:O mtodo do mapeamento cruzado permitiu identificar os principais elementos

    da prtica,atendendo a recomendao de elaborao de um protocolo de enfermagem

    aplicvel ao Ambulatrio de Reparo de Feridas.Descritores: Avaliao em enfermagem,

    Higiene da pele, lcera varicosa,Diagnstico de enfermagem, Cuidados de enfermagem.

  • ABSTRACT

    Introduction:Aims: To compare diagnoses, interventions and nursing outcomes from

    medical records of patients with HUAP CIPE rating. Adopted the theory of Orem Self-care

    as a theoretical framework.Methods: Retrospective observational study with quantitative

    approach, which will employ the cross-mapping as a methodological tool . The study setting

    was one Outpatient Wound Repair of a University, Niteri - RJ Hospital. Census sample

    consisted of 81 patients with lesions of any cause, of both sexes, with 5 or more nursing care

    in the year 2012. The survey of terms occurred via a form for data collection. For data

    analysis we used the simple descriptive statistics. The research appears as the ethical precepts

    approved (FM / UFF / HU No 219.752/08-03-2013). Results: We obtained 41 different

    diagnoses , among these, 15 related directly to the skin called " impaired wound" (21.59% )

    followed by " signs of current infection at the wound site " ( 18.76 % ) , and "current wound "

    ( 14.65% ) ; 12 bypass mapped diagnostic health as " acute pain " ( 33.89 ) , "current edema "

    ( 17.79 % ) and " compromised circulatory process " ( 14.40% ) as the most frequent . Other 7

    universal diagnostic " walking ability impaired " ( 74.57 ) , " compromised ability to

    communicate " ( 6.77 % ) and " ability to make poor hygiene ( 3.37 % ) . And yet 7

    diagnostics development ' ability to perform maintenance of compromised health" (25.57%), "

    adherence to medication regime committed " (23.08 %) and " acceptance of compromised

    health status " (14.28%) . Mapped at 56 different interventions 11 (19.64%) fully

    compensatory, and other 45 (69.65 %) of support and education. Was subdivided totals terms

    of interventions (2489) according to the theory in 1868 (75.02 %) related to skin care, 375

    (15.05%) support , and 225 (9.03 %) to education / guidance. The results were mapped

    nursing frankly "enhanced wound" (47.05 %), "start wound healing " (13.23 %) and " Current

    wound healing ( 10.29 %). Conclusion / Implications for nursing practice: The method of

    cross-mapping allowed to identify the main elements of the practice, given the

    recommendation to establish a nursing protocol applicable to the Outpatient Wound Repair.

    Keywords:Nursing assessment, Skin Care, Varicose ulcer, Nursing diagnosis, Nursing care.

  • RESMEN

    Introduccin:Objetivo General: Para comparar los diagnsticos, intervenciones y resultados

    de enfermera de lashistorias clnicas de los pacientes conHuap CIPE

    calificacin.Aprobadalateora de Orem Autocuidado como marco terico. Mtodos:Estudio

    observacional retrospectivo con enfoque cuantitativo, que dar empleo a la cruz - lacartografa

    como herramienta metodolgica . El mbitodelestudiofue uno AmbulatorioWoundRepair de

    una Universidad , Hospital Niteri -RJ. La muestradel Censo consistien 81 pacientes con

    lesiones de cualquier causa, de ambos sexos , con 5 o ms laatencin de enfermeraenelao

    2012 . La encuesta de los trminos se produjo a travs de unformulario para larecogida de

    datos. Para elanlisis de losdatos se utilizla estadstica descriptiva simples. La investigacin

    aparece como lospreceptos ticos aprobados (FM / UFF / HU No 219.752/08-03-2013 ).

    Resultados: Se hanobtenido 41 diagnsticos diferentes, entre ellos , 15 relacionados

    directamente a lapielllamada "heridacondiscapacidad " (21,59 %) , seguido de " signos de

    infeccinactivaenel lugar de laherida " (18,76 %), y " heridaactual " (14,65% ); 12

    Bypassasignalasalud de diagnstico como" dolor agudo "( 33,89 ), " edema actual" (17,79 %)

    y "procesocirculatorio comprometida " (14,40 %) como el ms frecuente . Otros7universales

    diagnstico "lacapacidad de caminarcondiscapacidad" (74,57 ) , "capacidad comprometida

    para comunicarse " ( 6,77 %) y " capacidad de hacer una mala higiene ( 3,37 %). Y sin

    embargo, eldesarrollo de los diagnsticos 7 ' capacidad para realizar elmantenimiento de

    lasaludenpeligro " (25,57%)," laadhesin al rgimen de medicacin comprometido " (23,08%)

    y" laaceptacin de lacondicin de salud comprometida " (14,28%). Asignada a las 56

    intervenciones diferentes, 11 (19,64%) totalmente compensatorios, y otros 45 (69,65 %) de

    apoyo y educacin . Se subdividilostotales trminos de intervenciones (2489) de acuerdo a

    lateoraen 1868 (75,02 %) enrelacinconel cuidado de lapiel, 375 (15,05 %) de apoyo, y 225

    (9,03 %) a educacin / orientacin. Los resultados fueronasignadas de enfermer ,francamente

    "heridamejorado" (47,05 %), "empezar lacicatrizacin de heridas " (13,23 %) y " lacuracin

    de heridasactual (10,29 %). Conclusin / Implicaciones para laprctica de laenfermera : El

    mtodo de mapeo cruzado permiti identificar losprincipales elementos de laprctica ,

    teniendoencuentalarecomendacin de establecerun protocolo de enfermeraaplicable a

    lareparacin de heridas de pacientes ambulatorios. Palabras clave:Atencin de Enfermera,

    Cuidado de lapiel, lcera varicosa, Diagnstico de enfermera, Cuidados de Enfermera.

    SUMRIO

  • 1.INTRODUO

    1.1. MOTIVAO .................................................................................................................15

    ...................................................................................................................15

    1.2. DELIMITAO DO PROBLEMA .................................................................................16

    1.3. OBJETO DE ESTUDO......................................................................................................20

    1.4. QUESTO NORTEADORA............................................................................................20

    1.5. OBJETIVOS......................................................................................................................20

    1.5.1. Objetivo Geral.................................................................................................................20

    1.5.2. Objetivos Especficos......................................................................................................20

    1.6. JUSTIFICATIVA...............................................................................................................21

    1.7. RELEVNCIA..................................................................................................................25

    2.1. REFERENCIAL TEMTICO

    2.1.1.CUIDADO DE ENFERMAGEM AO PACIENTE COM LESO TISSULAR............27

    ...........................................................................................27

    2.1.2SISTEMATIZAO DA ASSISTNCIA DE ENFERMAGEM..................................30

    2.1.3SISTEMAS DE CLASSIFICAO................................................................................33

    2.1.3.1. Classificao Internacional para Prtica de Enfermagem (CIPE).............................34

    2.2. REFERENCIAL TERICO..............................................................................................37

    3. MTODO

    3.1. ABORDAGEM E TIPO DE ESTUDO.............................................................................41

    ..............................................................................................................................41

    3.2. LOCAL DA PESQUISA ..................................................................................................42

    3.3. SUJEITOS DO ESTUDO..................................................................................................42

    3.4. COLETA DE DADOS.......................................................................................................43

    3.5. ANLISE DOS DADOS..................................................................................................44

    3.6. ASPCTOS TICOS.........................................................................................................46

    4. RESULTADOS

    4.1. DIAGNSTICOS DE ENFERMAGEM...........................................................................47

    ....................................................................................................................47

    4.2. INTERVENES DE ENFERMAGEM..........................................................................52

    4.3. RESULTADOS DE ENFERMAGEM..............................................................................59

    4.4. TERMOS NO MAPEADOS...........................................................................................62

  • 5. DISCUSSO

    .......................................................................................................................63

    6. PRODUTO

    6.1 PROTOCOLO.....................................................................................................................74

    ............................................................................................................................73

    6.2 VERSO DO PROTOCOLO................................................................................................75

    7. CONCLUSO

    ......................................................................................................................77

    REFERNCIAS

    ........................................................................................................................80

    APNDICES

    APNDICE A ..........................................................................................................................89

    ............................................................................................................................89

    APNDICE B ..........................................................................................................................90

    ANEXO

    ANEXO A ................................................................................................................................96

    ....................................................................................................................................96

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1. Frequncia de diagnsticos de enfermagem relacionados pele, mapeados em pacientes atendidos no Ambulatrio de Reparo de Feridas do HUAP. EEAAC/UFF. Niteri, 2013

    Tabela 2. Frequncia de diagnsticos de enfermagem relacionados ao desvio de sade mapeados segundo a Classificao CIPE em pacientes atendidos no Ambulatrio de Reparo de Feridas do HUAP. EEAAC/UFF. Niteri, 2013.

    Tabela 3. Frequncia de diagnsticos universais, mapeados em pacientes atendidos no Ambulatrio de Reparo de Feridas do HUAP. EEAAC/UFF. Niteri, 2013.

    Tabela 4. Frequncia de diagnsticos de enfermagem relacionados ao desenvolvimento, segundo a Classificao CIPE, mapeados em pacientes atendidos no Ambulatrio de Reparo de Feridas do HUAP. EEAAC/UFF. Niteri, 2013.

    Tabela 5.Frequncia de intervenes de enfermagem, totalmente compensatrias, relacionadas realizao do curativo mapeados em pacientes atendidos no Ambulatrio de Reparo de Feridas do HUAP. EEAAC/UFF. Niteri, 2013. Tabela 6. Frequncia de aparecimento dos principais produtos utilizados nas feridas dos pacientes atendidos no Ambulatrio de Reparo de Feridas do HUAP. EEAAC/UFF. Niteri, 2013. Tabela 7. Frequncia de intervenes relacionadas a apoio para o paciente, mapeados em pacientes atendidos no Ambulatrio de Reparo de Feridas do HUAP. EEAAC/UFF. Niteri, 2013

    Tabela 8. Frequncia de intervenes relacionadas a educao para o paciente, mapeados em pacientes atendidos no Ambulatrio de Reparo de Feridas do HUAP. EEAAC/UFF. Niteri, 2013

    Tabela 9. Frequncia de resultados clnicos de enfermagem segundo a classificao CIPE, mapeados em pacientes atendidos no Ambulatrio de Reparo de Feridas do HUAP. EEAAC/UFF. Niteri, 2013

    Tabela 10. Frequncia de resultados de satisfao segundo a classificao CIPE, mapeados em pacientes atendidos no Ambulatrio de Reparo de Feridas do HUAP. EEAAC/UFF. Niteri, 2013.

    Tabela 11.Frequncia de resultados de satisfao segundo a classificao CIPE, mapeados em pacientes atendidos no Ambulatrio de Reparo de Feridas do HUAP. EEAAC/UFF. Niteri, 2013

    Tabela 12. Frequncia de aparecimento dos termos no mapeados de acordo com a classificao CIPE HUAP. EEAAC/UFF. Niteri, 2013.

  • LISTA DE SIGLAS

    MCTI Ministrio da Cincia, Tecnologia e Inovao

    CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico

    MEC Ministrio da Educao

    CAPES Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior

    PROCAD Pr-Reitoria de Graduao

    UFF Universidade Federal Fluminense

    EEAAC Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa

    EE/USP Escola de Enfermagem da Universidade de So Paulo

    TCC Trabalho de Concluso de Curso

    ETP Ensino Terico-Prtico

    SAE Sistematizao da Assistncia de Enfermagem

    MAE Metodologia da Assistncia de Enfermagem

    PE Processo de Enfermagem

    HUAP Hospital Universitrio Antnio Pedro

    COFEN Conselho Federal de Enfermagem

    CIPE Classificao Internacional para a Prtica d Enfermagem

    NANDA American NursingAssociation Associao Americana de Enfermagem

    Internacional

    LILACS Literatura da Amrica Latina e Caribe

    MEDLINE Medical Literature Analysis and Retrieval System Online

    BDENF Base de Dados da Enfermagem

    CINAHL Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature

    NIC NursingInterventionClassification Classificao das Intervenes de Enfermagem

    NOC NursingOutcomesClassification Classificao dos Resultados de Enfermagem

    GESAE Grupo de Estudos de Sistematizao da Assistncia de Enfermagem

    MMHG Milmetros de Mercrio

    SUS Sistema nico de Sade

    UMLS Sistema Unificado de Linguagem Mdica

    ICNP International Classification for Nursing Practice

    CIPE Classificao Internacional para a Prtica de Enfermagem

    FM Faculdade de Medicina

  • HGT Hemoglicoteste

    HAS Hipertenso Arterial Sistmica

    AGE cidos Graxos Essenciais

    MSD Membro Superior Direito

    IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica

    HAS Hipertenso Arterial Sistmica

    IASP Associao Internacional de Estudos da dor

    DE Diagnstico de Enfermagem

  • 1.

    INTRODUO

    1.1 Motivao

    O interesse em lidar com clientes portadores de feridas surgiu antes de iniciar a

    graduao, devido a um membro de minha famlia portadora de ulcera venosa h 10 anos. A

    partir de ento surgiu o interesse em compreender o universo do cuidar de leses, afim de que

    ao adquirir conhecimento e experincia para ento retribuir a uma rea vista como necessria.

    J na graduao em enfermagem a aproximao com o cuidar de clientes portadores de

    feridas teve incio durante participaes em projetos de extenso universitria desde o 4

    perodo de graduao em enfermagem junto a Comisso de Preveno, Avaliao e

    Tratamento de Feridas do Hospital Universitrio Antnio Pedro da Universidade Federal

    Fluminense durante 2 anos.

    A partir da vivncia no projeto de extenso surgiram questionamentos relacionados

    maneira como se registra a evoluo dos resultados do cuidado de enfermagem aos clientes

    portadores de feridas.

    E questionou-se como o uso de uma linguagem padronizada poderia influenciar de

    maneira positiva no tratamento das leses. De maneira que beneficiaria tanto a enfermagem

    atravs de uma comunicao interdisciplinar eficaz e entendida por todos os profissionais da

    sade. Quanto aos clientes que seriam atendidos de forma sistematizada, e, igualitria em

    qualquer mbito de sade conforme os preceitos do SUS.

    Alm disso, com a participao em grupos de pesquisa durante a academia, surgiram

    afirmaes de que a sistematizao da assistncia de enfermagem (SAE) torna mais fcil a

    uniformizao do atendimento em enfermagem. Porm surgiram dvidas durante o curso de

  • 16

    graduao em enfermagem de que realmente essa afirmao seria verdadeira, pois seu uso na

    prtica, ainda se d de forma tmida, para isso tornam-se necessrios estudos relacionados ao

    tema.

    Aps buscas em bases bibliogrficas atravs de artigos relacionados sistematizao

    e uso de linguagem padronizada, juntamente com a oportunidade de insero em um projeto

    que envolve essa questo, definiu-se comparar os termos informais utilizados pelos

    enfermeiros em um hospital universitrio com o uso de uma linguagem padronizada,

    utilizando a (CIPE) durante o tratamento dos clientes portadores de feridas, para a partir da,

    contribuir na prtica com os conhecimentos obtidos.

    1.2 Delimitao do Problema

    A pele um importante elemento de proteo do organismo contra qualquer tipo de

    agresso fsica e biolgica, sendo o maior rgo do corpo torna-se indispensvel manter sua

    integridade para um bom funcionamento dos processos fisiolgicos do organismo. A mesma

    est sujeita a agresses que podem levar a alteraes na sua constituio, o que pode se

    caracterizar como uma ferida (MORAIS; OLIVEIRA; SOARES, 2008).

    De acordo com Cunha (2006), cuidar de feridas um processo dinmico, complexo e

    que requer uma ateno especial, principalmente quando se refere a uma leso crnica, o que

    pode interferir na capacidade funcional deste sujeito, ou seja, no potencial de autonomia e

    independncia para os cuidados bsicos de vida diria.

    Com os avanos tecnolgicos, na rea do cuidado aos portadores de feridas, obteve-se

    uma ascenso quanto aos produtos e mtodos utilizados. E, despontou a necessidade da busca

    por um melhor preparo tcnico-cientfico da enfermeira, condizente com as novas tendncias

    e perspectivas (DECLAIR, 2008, p. 35).

    O cuidado prestado clientes portadores de feridas, como tambm daqueles que

    possuem risco para o desenvolvimento de tais leses, e complexo, dado que envolve a

    avaliaodorisco, a escolhadosinsumos, o planejamentodocuidado e a

    qualificaodaequipeinterdisciplinar(BITTAR; PEREIRA; LEMOS, 2006).

    O processo de enfermagem o modelo metodolgico ideal para o enfermeiro aplicar

    seus conhecimentos tcnico-cientficos na prtica assistencial, ea Sistematizao da

    Assistncia de Enfermagem (SAE)favorece o cuidado e a organizao das condies

    necessrias para que ele seja realizado.

    Dessa forma, a SAE situa-se numa esfera institucional, onde aviso de organizao das

    atividades de enfermagem interferediretamente na implantao e implementao do processo

  • 17

    deenfermagem e por assim dizer na metodologia subsidiada em umateoria de enfermagem a

    ser utilizada na prtica. Nesse sentidocabe destacar ainda que o processo de enfermagem

    nico, o quepode se modificar luz do referencial terico da unidade, ametodologia da

    assistnciade enfermagem proposta por cada umadas Tericas de Enfermagem para o trabalho

    processual(FULY; LEITE; LIMA, 2008).

    E, atravs da sistematizao somada ao uso de uma linguagem padronizada

    reconhecida internacionalmente, possvel promover um atendimento integral ao cliente,

    tendo em mo um mtodo de avaliao eficaz, capaz de facilitar e reduzir o tempo de

    atendimento, padronizar a documentao, alm de ser entendido por outros profissionais de

    sade.

    A enfermagem necessita ter seu corpo de linguagem prprio para facilitar a

    comunicao inter e transdisciplinar sem que haja dvidas do que realmente se deseja que o

    outro entenda, ou seja, uma linguagem comum aos profissionais de enfermagem alm de

    esclarecer a comunicao entre eles, servir de apoio tambm para a comunicao com

    profissionais de outras categorias e facilitar tambm escrita nos registros de enfermagem

    Com o avano do conhecimento na rea e a necessidade de pautar o cuidado de

    enfermagem em evidncias cientficas, este estudo aponta uma lacuna, dado que no ocorre

    como se apresentar a seguir estudos sobre os principais diagnsticos, intervenes e

    resultados de enfermagem de clientes portadores de leses tissularesutilizando a CIPE.

    Para a execuo deste projeto, lanar-se-a mo da Classificao para Prtica de

    Enfermagem (CIPE) considerada um sistema de linguagem de enfermagem unificado que

    contempla os fenmenos, intervenes e resultados de enfermagem como elementos primrios

    de sua construo. Essa terminologia internacionalmente padronizada foi desenvolvida pelo

    Conselho Internacional de Enfermagem (CIE) a partir de 1989. Sua estrutura prov a

    representao de uma linguagem comum para melhor descrever a prtica de enfermagem nos

    sistemas de informao em sade (INTERNACIONAL COUNCIL OF NURSING, 2008).

    A realizao deste projeto trar a facilitao da realizao de procedimentos de

    enfermagem relacionados ao cuidado com feridas em pacientes usurios de ambulatrios de

    sade, otimizando tempo e prevendo resultados que poder ser acompanhados e avaliados

    periodicamente pelo profissional de enfermagem. Pois um atendimento assistemtico, ou seja,

    realizado com falhas na periodicidade, baseado no conhecimento pessoal de cada profissional,

    sem avaliaes sistemticas, no prev resultados que possa ser comparado e avaliado.

    Sabe-se que o profissional de enfermagem desempenha um trabalho de extrema

    relevncia no tratamento de feridas. Uma vez que tem maior contato com o mesmo,

  • 18

    acompanha a evoluo da leso, orienta e executa o curativo, bem como detm domnio da

    tcnica. (TUYAMA et al., 2004, p.75)

    Cuidar do paciente com ferida no se resume apenas em cuidar de uma leso, envolve,

    alm disso. O enfermeiro desde a graduao treinado a dirigir uma viso holstica para os

    pacientes, de maneira igualitria, no se restringindo apenas a cura, mas sim ao cuidado

    (CUNHA, 2006).

    Nesse sentido, o uso do processo de enfermagem tem sido uma ferramenta importante

    como instrumento do cuidar, cujo objetivo consiste no favorecimento da prtica de

    enfermagem, uma vez que fornece subsdios metodolgicos para que o cuidado ocorra

    (LEADEBAL et al, 2009).

    As autoras afirmamainda que o processo de enfermagem consiste num mtodo que

    proporciona organizao e direcionamento s atividades de enfermagem. Impulsionado pelo

    reconhecimento da necessidade de um processo de cuidar crtico, reflexivo e alicerado em

    preceitos cientficos, o processo de enfermagem apresenta-se, nesse sentido, como um

    instrumento fundamental para a execuo de uma prtica profissional sistemtica e

    comprovadamente mais eficaz.

    com base nesse instrumento que se busca investigar (coletar dados), diagnosticar,

    planejar, implementar aes e avaliar-lhes os resultados, para atender aos problemas

    individuais da clientela, alvo dos seus cuidados, considerando-a como elemento nico e

    constitudo por esferas ou reas de necessidades distintas, cuja relao resulta no sujeito

    biopsicossocioespiritual.

    Desta forma, a implementao do processo de enfermagem, tornar-se-ia mais vivel se

    existisse um protocolo que atendesse a realidade local, fosse til e aplicvel, considerandoas

    peculiaridades do tratamento de uma leso e o curativo, promovendo a documentao e

    orientao da avaliao do cliente como um todo, enfim, utilizando do universo lingustico do

    cenrio.

    A criao e implantao de um protocolo pela equipe de enfermagem, para o

    acompanhamento dos clientes portadores de feridas essencial, pois representa um

    instrumento seguro para a preveno, acompanhamento e controle dos casos (FAVERI;

    FERNANDES, 2003). Alm disso, com a organizao dos mesmos, poder colaborar com o

    trabalho cotidiano das equipes de sade, qualificando a ateno sade prestada populao

    (SANTOS; 2003)

    Deste modo, reafirmamos que, para uma sistematizao de enfermagem adequada, e

    necessrio organizar os mtodos, o pessoal e os instrumentos (COFEN, 2009). Assim, ter um

  • 19

    instrumento de registro que possibilite a aplicao dos conhecimentos, estabelecendo

    fundamentos para a tomada de decises pode favorecer a implantao do processo de

    enfermagem (ANDRADE; VIEIRA, 2005).

    Sistematizar no sentido amplo da palavra significa reduzir vrios elementos a um

    sistema, entre os quais se possa encontrar ou definir alguma relao. No decorrer de sua

    escalada cientfica, a enfermagem suscitou alguns autores, no intuito de embasar o saber

    emprico correspondente s diversas atividades realizadas no cotidiano, criando os modelos de

    enfermagem que moldam as teorias da profisso. Estabelecer um modelo pensar em

    conceitos aplicveis na prtica e representa um conceito experimental antes de ser utilizado, o

    que leva credibilidade da prtica, j que estrutura de forma racional e sistematizadaas

    atividades, confere segurana em seu fazer (CARRARO; WESTPHALEN, 2006).

    Nesse contexto,partindo da anlise dos pronturios em busca das evolues de

    enfermagem registradas, sero identificados termos utilizados pela enfermagem para

    caracterizao do atendimento prestado no ambulatrio de feridas.

    Aps essa busca, carece destacar os termos utilizados como problemas para os

    clientes, os termos que denotam as intervenes de enfermagem realizadas pela equipe,

    almdos termos que se enquadram como resultados de enfermagem obtidos com a avaliao

    dos clientes. Termos estes considerados informais devido ao uso de linguagens no

    padronizadas. Cabe considerar que apesar de uma linguagem profissional, cada regio do pas

    possui linguagem, costumes e dialetos diferentes, e este dever ser relativizado.

    Logo, identificar os termos registrados nas evolues de enfermagem e transform-los

    em diagnsticos, intervenes e resultados de enfermagem atravs do uso de uma

    classificao de enfermagem, neste caso, a CIPE, permitir revelar a prtica adotada nesta

    cultura, regio.

    Diante do exposto, torna-se relevante a execuo da Sistematizao da Assistncia de

    Enfermagem e Processo de enfermagem no cuidado aos indivduos com leses, contribuindo

    assim para uma assistncia qualificada e estimulando o registro da ao de enfermagem.

    Delinear os cuidados de enfermagem dispensados pessoa, famlia e comunidade em

    contextos institucionais e no institucionais; possibilitar comparaes de dados; demonstrar

    ou projetar tendncias de prestao de tratamentos e cuidados de enfermagem, bem como

    atribuies de recursos a pacientes com necessidades aliceradas nos diagnsticos de

    enfermagem e o estimulo s investigaes, mediante a vinculao com os dados disponveis

    nos sistemas de informaes (SILVA, et al. 2009).

  • 20

    A classificao CIPE tem sua importncia reconhecida, porm admite-se que, por

    tratar-se de uma classificao internacional e, tendo em vista os progressivos avanos nas

    tecnologias de cuidado para o paciente portador de leso, h ainda necessidade de testar a sua

    aplicabilidade, assim como introduzir as inovaes no campo prtico, no cotidiano dos

    profissionais de Enfermagem no Brasil, como na adequao da Classificao prtica

    (SILVA, 2012 p.21).

    Pois, ao identificar os diagnsticos, intervenes e resultados de enfermagem pr-

    estabelecidos, atravs dos prprios registros da prtica de atendimentos prvios no

    ambulatrio de feridas, poder fomentar a construo de um protocolo de enfermagem,

    baseado na realidade circunscrita, provendo um atendimento sistematizado que prev os

    resultados de enfermagem.

    1.3 Objeto de Estudo

    Registros de enfermagem dos pronturios do ambulatrio de Reparo de Feridas do

    Hospital Universitrio Antnio Pedro (HUAP).

    1.4 Questo Norteadora

    Os termos mapeados, para diagnsticos, intervenes e resultados de enfermagem

    atravs dos registros dos clientes atendidos no ambulatrio de reparo de feridas do HUAP, em

    comparao com a Classificao CIPE, esto de fato estabelecidos internacionalmente para

    essa situao, ou ocorre situaes inovadoras, ou mesmo uma discrepncia entre o descrito no

    pronturio e na Classificao?

    1.5 Objetivos

    1.5.1 Objetivo Geral:

    Comparar diagnsticos, intervenes e resultados de enfermagem registrados nos

    pronturios dos pacientes com a classificao CIPE.

    1.5.2 Objetivos Especficos:

  • 21

    - Identificar no pronturio os principais termos de Enfermagem descritos para os

    problemas do cliente, aes de enfermagem, e resultados obtidos no atendimento de um

    ambulatrio de reparo de feridas;

    - Analisar os termos mapeados com a classificao CIPE, quanto a adequao,

    discrepncia ou necessidade de insero de novos termos;

    - Elaborar um protocolo de enfermagem segundo a CIPE adequado a realidade e ao

    vocabulrio prprio do ambulatrio de reparo de feridas;

    1.6. Justificativa

    A justificativa para a realizao deste trabalho, pauta-se em 2 pilares: primeiro

    ressalta-se uma justificativa poltica para o estudo; logo aps buscou-se artigos cientficos,

    referentes ao temtica em questo, em diferentes bases de dados com a finalidade de encontrar

    referencias a serem citadas, seguidas e/ou comparadas durante a reviso de literatura e

    discusso dos resultados.

    Como justificativa poltica para o desenvolvimento deste trabalho tem-se a resoluo

    do COFEN 358/2009, que dispe sobre a Sistematizao da Assistncia de Enfermagem e a

    implementao do Processo de Enfermagem em ambientes, pblicos ou privados, em que

    ocorre o cuidado profissional de Enfermagem, e d outras providncias.

    Em um segundo momento, analisou-se a base de dados da CINAHL, separadamente

    das outras bases de dados por considera-la importante base para a rea da Enfermagem e que

    d visibilidade ao que publicado nessa rea no mundo.

    A base coordenada pela empresa Ebsco Publishing, possuindo distribuio de ttulos

    indexados para pases da Amrica do Norte, Amrica Latina e Central, Europa, frica e sia

    e, por isso, considerada a base mais completa da rea de enfermagem do mundo e referncia

    na rea da Enfermagem brasileira (ERDMAN et al., 2009).

    Em seguida analisou-se a busca por artigos cientficos relacionados ao tema em outras

    bases de dados, a LILACS, MEDLINE E BDENF. Erdman et al (2009) tambm afirma que

    como canal formal de divulgao de resultados de pesquisas, os peridicos cientficos

    alcanam grande audincia, proporcionada por sua indexao em bases de dados. As bases

    indexadoras representam importante fonte de divulgao do conhecimento produzido pelas

    diferentes reas do saber, junto comunidade cientfica nacional e internacional, alm de

    proporcionarem visibilidade s publicaes.

  • 22

    A busca na base de dados da CINAHL teve recorte temporrio no perodo de 2008 a

    2012 (ltimos 5 anos), relacionando as palavras-chave CIPE e Processos de enfermagem. Em

    um primeiro momento analisou-se o termo CIPE em separado, e em um segundo momento

    cruzou-se os termos CIPE e processos de enfermagem.

    Verificou-se que com o termo CIPE, encontrou-se 17 artigos pr-selecionados. E,ao

    filtrar os artigos encontrados e separ-los por assunto e ttulo principal obteve-se: 6 artigos

    que trata-se da classificao de enfermagem; 4 artigos que tratam de nomenclaturas; 3 da

    educao mdica continuada, 3 artigos que trata-se da classificao internacional para a

    prtica de enfermagem; 3 artigos que trata-se da prtica de enfermagem e 3 artigos que trata-

    se dos registros de enfermagem.

    O primeiro artigo descreve a concepo e desenvolvimento de um sistema baseado em

    conhecimento usado para apoiar a identificao de focos da CIPE (ROSSO; SILVA;

    SACABRIN, 2010).

    Outros 2 artigos descrevem a utilizao da CIPE para a construo de um banco de

    termos com linguagem padronizada para clnicas mdicas de hospitais universitrios. Um

    deles trata-se de uma pesquisa exploratria descritiva que visa identificar na CIPE e em

    outras terminologias de enfermagem os significados dos termos relacionados com fenmenos

    de enfermagem, identificados e mapeados em um clnica mdica de um hospital universitrio

    e objetiva tambm, construir banco de termos identificados na Clnica Mdica e classificados

    na CIPE Verso 1.0, nos Eixos Foco e Julgamento (FURTADO E NOBREGA, 2007).

    Enquanto outro artigo buscava construir um Banco de Termos da Linguagem Especial

    de Enfermagem da Clnica Mdica de um hospital universitrio utilizando a CIPE como

    terminologia de referncia, nesta pesquisa, utilizou-se da ferramenta metodolgica

    mapeamento cruzado (LIMA E NBREGA, 2009).

    Alm dos citados acima, analisou-se um artigo com o objetivo de identificar os termos

    utilizados pelos componentes da equipe de enfermagem, nos registros da Unidade de Terapia

    Intensiva Neonatal (UTIN) de um hospital escola de enfermagem, e cruzar os termos

    identificados com os constantes nos sete eixos de CIPE Verso 1. Neste estudo observa-se

    que foi importante para o conhecimento do vocabulrio utilizado na UTIN, contribuindo para

    a construo de uma nomenclatura especfica para esta unidade (ALBUQUERQUE;

    NBREGA; GARCIA, 2006).

    E, tambm utilizando-se da metodologia empregada na construo de um banco de

    termos da linguagem especial de Enfermagem encontrou-se um estudo descrevendo o

    processo de extrao e padronizao de termos identificados em pronturios de pacientes

  • 23

    internados em uma unidade de tratamento intensivo de adultos, mapeando os termos extrados

    com os termos existentes na CIPE - verso 1.0 e classificando os termos no constantes nos

    sete eixos dessa classificao (TANNURE; CHIANCA; GARCIA, 2009).

    Dessa forma, no se encontrou artigos que tratavam do mapeamento de termos em

    cruzamento com a CIPE na rea do tratamento de leses tissulares.

    Em outra linha metodolgica um artigo descreve a partilha de estratgias pedaggicas

    utilizadas para o ensino da CIPE do Curso de Graduao em Enfermagem de uma faculdade

    do municpio de Vitria/ES, sendo a base da disciplina para o desenvolvimento de

    competncias e habilidades necessrias para a construo de diagnsticos de enfermagem

    (PFEILSTICKER, 2009).

    Ao analisar os termos CIPE e processo de enfermagem com o operador booleano and,

    pode-se identificar 8 artigos expostos na base de dados. Dentre estes artigos, 6 eram de

    origem portuguesa e 2 de origem americana. Dentre os artigos de origem portuguesa 2

    repetiam e j foram analisados quando pesquisados pelo termo CIPE individualizado.

    Outros 4 artigos restantes tratavam-se de desenvolver uma proposta de um instrumento

    para a realizao de exame fsico dos adultos e idosos pelos estudantes de enfermagem. O

    instrumento proposto foi obtido a partir da anlise obtida atravs da angarie dados sobre o

    exame fsico, por meio de reviso da literatura e mapeamento cruzado com a Classificao

    Internacional para a Prtica de Enfermagem (CIPE) para adio, subtrao ou se encaixam

    com a terminologia pr-existente (FREIRE; LIMA; FULY, 2009).

    Um segundo artigo investigou as publicaes brasileiras que fazem uso da CIPE,

    identificando os tipos de pesquisas realizadas sobre o assunto, destaca os catlogos CIPE

    produzidos no Brasil e identifica a produo cientfica de acordo com os estados brasileiros

    (LINS; SANTOS; FULY, 2011).

    Em um outro prope um protocolo de assistncia de enfermagem sistematizada

    voltado ao paciente idoso internado no centro de terapia intensiva utilizando a CIPE, com

    base no referencial de Wanda de Aguiar Horta (SANTOS; FULY; SANTO; LIMA, 2010).

    E o ltimo artigo tratava-se de um estudo de caso, cujo objetivo foi o de aplicar o

    processo de enfermagem baseado na Teoria das Necessidades Bsicas de Horta e da CIPE

    em um paciente idoso que foi hospitalizado e em seu acompanhante. Oito diagnsticos de

    enfermagem foram listados e etiquetados de acordo com as suas necessidades psicobiolgicas

    e psicossociais. Verificou-se tambm que a utilizao da teoria de enfermagem associado aos

    sistemas de classificao inspiram enfermeiros para criar oportunidades cada vez mais

  • 24

    especializadas que permitem a execuo do plano de cuidados (MEDEIROS; NBREGA;

    COSTA, 2012).

    A realizao desta busca aponta uma possvel lacuna sobre estudos que retratem a

    utilizao da classificao CIPE durante a realizao do processo de enfermagem

    relacionado pele, principalmente no que se refere ao cuidado ambulatorial de feridas, fato

    que justifica e ressalta a importncia do desenvolvimento deste trabalho. Atentando-se para a

    restrita produo cientfica na rea de diagnsticos, interveno e resultados de enfermagem

    baseados na CIPE.

    Na realidade brasileira, ainda so poucas as experincias na aplicao destas

    classificaes, que coadunam diagnsticos, intervenes ou resultados, embora existam

    muitos registros de enfermagem com linguagem no padronizada.

    Aps esta anlise na CINAHL, como cumprimento da realizao da justificativa

    buscou-se tambm diferentes artigos cientificos em diferente base de dados com diferentes

    termos a serem cruzados e analisados.

    Para a analise do estado da arte em 3 bases de dados diferentes (LILACS, MDLINE e

    BDENF), com recorte temporrio no perodo de 2008 a 2012 (ltimos 5 anos), considerando

    os termos Pele, Diagnostico de Enfermagem e Processos de enfermagem, apresenta-se a

    seguir um fluxograma correspondente aos artigos selecionados por ttulo e resumo.

    Com os descritores escolhidos obteve-se 5 artigos diferentes dos j citados, o primeiro

    valida as definies operacionais das caractersticas definidoras e fatores de risco dos trs

    diagnsticos de enfermagem, relacionados pele, da NANDA International (NANDA-I), e

    revisava as definies desses diagnsticos (RIBEIRO; LAGES; LOPES, 2012). Outro

    Nmero total de artigos

    13

    Lilacs7

    Selecionados por ttulo e resumo

    3

    Medline1

    Selecionados por ttulo e resumo

    0

    BDENF5

    Selecionados por ttulo e resumo

    2

  • 25

    identifica os diagnsticos de enfermagem em pacientes diabticos em uso de insulina

    (BECKER; TEIXEIRA; ZANETTI, 2008). Neste artigo no se observou termos relacionados

    pele.

    Em outro artigo analisa-se o perfil de diagnsticos de enfermagem do domnio

    Segurana/Proteo, da Taxonomia II da NANDA, na admisso hospitalar de idosos

    (GUEDES; NAKATANI; SANTANA; BACHION, 2009), ressaltando que o cuidado com a

    pele. Outro identifica os diagnsticos de enfermagem em pessoas com diabetes mellitus,

    segundo o modelo conceitual de Orem (TEIXEIRA; ZANETTI; PEREIRA, 2009). E o ltimo

    artigo identifica os principais diagnsticos de enfermagem nacionais, publicados por estudos

    desenvolvidos em unidades de tratamento intensivo (PRADO; BECCARIA; CONTRIN,

    2009).

    Outros artigos no selecionados abordam temas como: sistematizao da assistncia de

    enfermagem em pacientes acometidos por acidentes com aranhas, preveno de lceras por

    presso sem a utilizao especfica do processo de enfermagem, processo de cicatrizao de

    feridas, dentres outros, quedescrevem o cuidado com a pele, porm sem o uso de uma

    linguagem padronizada.

    Portanto, este trabalho justifica-se, pois durante a anlise dos artigos em questo, no

    foi identificado estudos utilizando-se a Taxonomia CIPE para a realizao do processo de

    enfermagem de pacientes portadores de feridas. Destaca-se tambm a importncia de

    introduzir padronizaes e avanos na linguagem nesta rea.

    1.7 Relevncia

    Considerando os pontos anteriormente citados, a relevncia deste estudo est na

    sistematizao do cuidado ao cliente com feridas, j que considera suas especificidades com o

    enfoque no diagnstico, interveno e resultados de enfermagem, o consequente

    conhecimento de sua realidade.

    Da mesma forma que pode contribuir para comparao de pesquisas futuras nesta rea,

    nas quais podem ser aprofundadas as informaes sobre o tema e contribuir para a prtica

    especializada sobre o cuidado a essa clientela.

    Ao definir os principais elementos da prtica de enfermagem identificados atravs da

    anlise dos pronturios, ser possvel promover um atendimento sistematizado ao cliente

    atendido no ambulatrio, alm de contribuir para a valorizao da prtica profissional atravs

  • 26

    do uso de termos padronizados, culminando na criao de um protocolo de enfermagem a ser

    utilizado no ambulatrio.

    Ao ensino pretende-se colocar em prtica a implementao da sistematizao da

    assistncia de enfermagem, um instrumento bastante discutido atualmente nas academias,

    onde professores e alunos devem adquirir experincia para utiliza-lo, e nada melhor do que

    emprega-lo desde a graduao em um espao de ensino como o ambulatiro de feridas do

    HUAP. E, aproveitar-se dele para desenvolver prticas de enfermagem pautadas em raciocnio

    crtico e conhecimento cientfico, com valorizao simultnea e contnua da pesquisa e da

    prtica.

    A formao do enfermeiro deve perpassar pelo ensino e aplicabidade da SAE, para

    que no futuro em suas devidas prticas profissionais, dispor deste instrumento e saber utiliza-

    lo far com que a profisso tenha o to esperado reconhecimento da valorizao profissional,

    seguindo critrios de incluso de linguagem prpria e com isso, maior flexibilidade na

    formulao de raciocnio crtico.

    Para grupo de estudos sobre Sistematizao da Assistncia de Enfermagem (GESAE

    UFF), a aplicabilidade da SAE na prtica clnica junto ao Ambulatrio de Reparo de Feridas

    do HUAP demostra que grupos de estudos sobre o tema alinha parcerias interdisciplinares

    colocando em prtica os conhecimentos de SAE as reas de clnica.

  • 27

    2.1

    REFERENCIAL TEMTICO

    2.1.1CUIDADO DE ENFERMAGEM AO PACIENTE COMLESO TISSULAR

    Qualquer leso que leve soluo de continuidade da pele pode ser chamada de ferida.

    Existem vrias causas do surgimento de uma ferida: pode ser traumtica, intencional, por

    isquemia ou por presso. Uma ferida traumtica pode surgir de um trauma mecnico, qumico

    ou fsico; uma ferida intencional pode ser advinda de uma cirurgia, por exemplo, em ambos os

    tipos de feridas h ruptura de vasos sanguneos, com consequente formao de cogulos. J

    uma ferida isqumica como, por exemplo, uma lcera arterial de perna ou ferida causada por

    presso como, por exemplo, as lceras por presso, so determinadas pela interrupo do

    fluxo sanguneo devido a ocluso local da microcirculao (DEALEY, 2008).

    Blannes (2004, p. 2) compartilha do mesmo ponto de vista ao afirmar que uma ferida

    representada pela interrupo da continuidade de um tecido corpreo, em maior ou em

    menor extenso, causada por qualquer tipo de trauma fsico, qumico, mecnico ou

    desencadeada por uma afeco clnica [...]

    Desta forma, preciso que o enfermeiro entenda primeiramente o que uma ferida,

    para que depois compreenda o seu processo cicatricial, e neste intermeio o aspecto

    biopsicossocial e histrico da ferida em nossa sociedade.

    Logo, acicatrizao de feridas considerada um processo complexo, por isso o

    enfermeiro deve compreender os processos fisiolgicos envolvidos, por vrias razes: a

    compreenso da fisiologia da pele favorece a compreenso do processo de cicatrizao; a

    compreenso da fisiologia da cicatrizao de uma ferida permite a percepo de

    anormalidades; o reconhecimento dos estgios de cicatrizao permite a identificao de

    curativos adequados (DEALEY, 2008).

  • 28

    Tal afirmao corroboracom Brando (2006, p. 241) ao afirmar que para tratar e

    avaliar uma ferida, necessrio ao profissional conhecer a fisiologia da cicatrizao, alm dos

    fatores locais e sistmicos que podem interferir neste processo.

    Quanto a classificao asferidas podem ser consideradascomo crnicas, agudas, pr-

    operatrias ou superficiais. As feridas crnicas so aquelas de longa durao ou recorrncia

    frequente, como exemplo tpicos so as lceras por presso e lceras de pernas. As feridas

    agudas geralmente so feridas traumticas como cortes, abrases, laceraes, queimaduras e

    outras. Estas em geral respondem rapidamente ao tratamento e cicatrizam sem complicaes.

    As feridas ps-operatrias so feridas agudas intencionais que podem cicatrizar por primeira,

    segunda ou terceira inteno. E, as feridas superficiais so aquelas nas quais a epiderme foi

    lesada (DEALEY, 2008).

    O tratamento para feridas vai depender de cada tipo de leso. Deve ser feita uma

    avaliao para uma cobertura ideal que auxiliar no sucesso do tratamento. Sobre isto, Turner

    (2007) definealgumas caractersticas para a escolha da cobertura mais apropriada para manter

    o ambiente propcio para a reparao tissular. So eles: manter umidade na interface

    ferida/cobertura, remover o excesso de exsudato, permitir a troca gasosa, promover

    isolamento trmico, proporcionar proteo contra infeco, ser isento de partculas e

    contaminantes e permitir a remoo sem causar traumas. Alm destas, Dealey (2008)

    acrescenta disponibilidade, flexibilidade, facilidade de manuseio e custo-eficcia.

    Porm, existem mais de 2.000 produtos para tratar feridas no mercado, o que torna a

    escolha do curativo correto uma tarefa difcil e desafiadora. Nesse sentido alguns fatores

    devem ser considerados, segundo Bachion e Pereira (2005, p. 209):

    Fatores relacionados com a ferida e a pele adjacente, como etiologia, tamanho, profundidade, localizao anatmica, volume de exsudato, risco ou presena de infeco, condies da pele adjacente. Fatores relacionados com o paciente, como condies nutricionais, doenas de base, necessidade de controle da dor e preferncias. Fatores relacionados com o curativo, como indicao, contra-indicao, vantagens e desvantagens, disponibilidade, durabilidade, adaptabilidade, e facilidade de uso.

    Como tambm sustentado por Mandelbaumet et al. (2003, p. 33), ao afirmar que:

    A escolha da cobertura ou curativo adequado deve considerar a localizao da ferida (rea de proeminncias sseas, regio de dobras), rea da ferida (comprimento x largura), profundidade da leso, quantidade de exsudato presente, existncia de tneis ou cavidades na leso, vitalidade dos tecidos no leito das feridas, condies da borda da ferida, presena de edema, odor, colorao do leito e da rea ao redor da ferida

  • 29

    Segundo o Ministrio da Sade (2000) no Brasil, as feridas constituem um srio

    problema de sade pblica, devido ao grande nmero de doentes com alteraes na

    integridade da pele, embora sejam escassos os registros desses atendimentos. O elevado

    nmero de pessoas com lceras contribui para onerar o gasto pblico, alm de interferir na

    qualidade de vida da populao. Para evitar que isso ocorra, a equipe multiprofissional deve

    propiciar uma assistncia global, atendendo as necessidades biopsicossociais, para melhorar

    as condies de vida.

    De acordo com Jorge e Dantas (2003) a enfermagem no d a importncia necessria

    ao avaliar um paciente portador de feridas, no identificando os fatores que influenciam no

    processo cicatricial. Os profissionais apenas realizam consecutivos curativos em feridas que

    insistem em no cicatrizar e no atentam para o estado nutricional do paciente, para a

    presena de infeces ou doenas de base que retardam a cicatrizao. Ou seja, o

    enfermeirodeve conscientizar-se que o cliente portador de ferida ao buscar pelo atendimento

    por um curativo, no deve resumir-se apenas no curativo ou na ferida, o enfermeiro deve

    primar pela integralidade.

    Assim, durante o exame fsico do cliente portador de feridas, que o momento onde o

    enfermeiro avalia o cliente em sua totalidade, deve identificar problemas, fatores de risco e

    evidencias clnicas, como alteraes na pele em relao a sua colorao, presena de edemas,

    colees lquidas, espessura, rachaduras e perdas teciduais e, da iniciar o processo de tomada

    de deciso (SILVA, 2012).

    Pois, aelaborao do plano de cuidados sofre influncia da idade e da situao geral do

    paciente, e diante de tantas possibilidades apresentadas, o enfermeirodeve buscar evidncias

    para embasar a construo do plano de cuidados. Essas evidncias so fundamentadas pelo

    exame e avaliao de risco da pele, por anamnese e exame fsico e a utilizao de um

    instrumento pode facilitar a avaliao da pele (BORK, 2005).

    Por isso, validar um instrumento de avaliao de feridas crnicas ambulatoriais se

    torna imperativo para a assistncia de enfermagem de excelncia. Pois, o uso de instrumentos

    validados torna-se importante para identificao dos diagnsticos de enfermagem e com isso,

    a elaborao do plano de cuidados individualizado, com base em resultados e intervenes

    padronizadas (SILVA, 2012)

    Dado que aassistncia de enfermagem inicia-se com uma boa investigao do

    paciente, e a declarao acurada do diagnstico, e primordialmentea resoluo deste ser o

    foco do processo de trabalho do enfermeiro.

  • 30

    2.1.2SISTEMATIZAO DA ASSISTNCIA DE ENFERMAGEM

    Em sentido denotativo ou referencial, sistematizar significa tornar algo sistemtico, ou

    seja, ordenado, metdico; coerente com determinada linha de pensamento e/ou de ao. A

    expresso Sistematizao daAssistncia de Enfermagem pode ser entendida como a

    organizao das condies necessrias realizao do Processo de Enfermagem, no que diz

    respeito a mtodo, pessoal e instrumentos (LEOPARDI, 2006; COFEN, 2009).

    A prtica profissional da Enfermagem caracteriza-se por ser, predominantemente, assistemtica e, sempre que iniciamos uma reflexo sobre Sistematizao da Assistncia de Enfermagem, nos deparamos com uma srie de questionamentos a respeito, entre os quais seu significado para os componentes da equipe de enfermagem. H, na literatura nacional da rea, uma profuso de termos associados ao tema, o que tem contribudo para dificultar sua compreenso (GARCIA; NBREGA, 2009, p. 233)

    O enfermeiro ao planejar a assistncia, garante sua responsabilidade junto ao cliente

    assistido, uma vez que o planejamento "permite diagnosticar as necessidades do cliente,

    garante a prescrio adequada dos cuidados, orienta a superviso do desempenho do pessoal,

    a avaliao dos resultados e da qualidade da assistncia porque norteia as aes"(SANTOS et

    al., 2002).

    Sustentado pelalegislao brasileira, atravs da Lei do Exerccio Profissional, Lei n

    7498/86, em seu artigo 8, dispe que aoenfermeiro incumbe (...) a participao na

    elaborao,execuo e avaliao dos planos assistenciais de sade(...) (BRASIL, 1986).

    Sistematizar, individualizar, administrar e assumir o papel de prestador do cuidado de

    enfermagem junto equipe, so metas e desejos que as enfermeiras tm demonstrado em

    encontros da categoria (FIGUEIREDO et al. 2006, p.300). Carraro et al. (2003) consideram

    que a cientificidadeprofissional almejada pelos profissionais de enfermagem e s ser

    alcanada com a utilizao de instrumentos cientficos que subsidiem a prtica profissional.

    Ao arrazoarsobre os instrumentos assumiremos o processo de enfermagem como

    mtodo de utilizao de cuidado a ser utilizado pelos enfermeiros. O significado de Processo

    de Enfermagem segundo Garcia et al. (2004) pode ser definido como: 1) um instrumento

    tecnolgico de que lanamos mo para favorecer o cuidado, para organizar as condies

    necessrias realizao do cuidado e para documentar a prtica profissional; ou 2) um

    modelo metodolgico que nos possibilita identificar, compreender, descrever, explicar e/ou

    predizer as necessidades humanas de indivduos, famlias e coletividades, em face de eventos

  • 31

    do ciclo vital ou de problemas de sade, reais ou potenciais, e determinar que aspectos dessas

    necessidades exigem uma interveno profissional de enfermagem.

    No que concerne s etapas do processo de enfermagem, a literatura consultada aponta

    genericamente cinco etapas: coleta de dados, diagnstico, planejamento, implementao e

    avaliao (CROZETA et al., 2008). Outra definio, mais abrangente, dada por Alfaro-

    Lefevre (2000, p. 29) como sendo: [...] um mtodo sistemtico de prestao de cuidados

    humanizados, que assume as seguintes caractersticas:

    sistemtico por consistir de cinco passos investigao, diagnstico, planejamento, implementao e avaliao [...]. humanizado por basear-se na crena de que medida que planejamos e proporcionamos cuidados, devemos considerar exclusivamente os interesses, os ideais e os desejos do consumidor do atendimento de sade (a pessoa, a famlia, a comunidade).

    Entretanto, a implementao do Processo de Enfermagem demanda habilidades e

    capacidades cognitivas, psicomotoras e afetivas, que ajudam a determinar o fenmeno

    observado e o seu significado; os julgamentos que so feitos e os critrios para sua realizao;

    e as aes principais e alternativas que o fenmeno demanda, para que se alcance um

    determinado resultado.

    Esses aspectos dizem respeito aos elementos da prtica profissional considerados, por

    natureza, inseparavelmente ligados ao Processo de Enfermagem: o que os agentes da

    Enfermagem fazem (aes e intervenes de enfermagem), tendo como base o julgamento

    sobre necessidades humanas especficas (diagnstico de enfermagem), para alcanar

    resultados pelos quais se legalmente responsvel (resultados de enfermagem)

    (INTERNACIONAL COUNCIL OF NURSING, 2005), e portanto, de atividade complexa

    que demanda conhecimentos e habilidades especificas.

    Ao estudar o processo de enfermagem Andre e Vieira (2005) defendem que o nmero

    de fases em que se organiza o processo de enfermagem modifica-se de acordo com diversos

    autores, variando de quatro a seis fases. Esta divergncia de opinies consiste na questo de

    considerar a etapa de diagnstico como uma etapa distinta ou consider-la includa na

    primeira etapa, o histrico. Importante se faz ressaltar que essa diviso em etapas til para

    fins didticos, sendo que, na prtica, o processo de enfermagem deve ser integrado, com suas

    etapas inter-relacionadas.

    Fuly, Leite e Lima (2008) explicitam em sua pesquisa bibliogrfica que atualmente

    existem trs correntes que divergem no emprego dos termos sistematizao da assistncia de

    enfermagem (SAE), processo de enfermagem (PE) e metodologia da assistncia de

  • 32

    enfermagem (MAE): a primeira corrente trata os termos SAE, MAE e PE como termos

    distintos, isso porque a SAE demanda alguma ferramenta a ser utilizada. E por conseguinte,

    estas ferramentas demandam mtodos de trabalho, previstas para a assistncia de

    enfermagem. A segunda corrente trata MAE e PE como sendo termos equivalentes. E existe

    ainda uma terceira corrente afirmando que os trs termos so sinnimos.

    As autoras acrescentam ainda que a SAE situa-se numa esfera institucional, onde a

    viso de organizao das atividades de enfermagem interfere diretamente na implantao e

    implementao do processo de enfermagem. E, por assim dizer uma metodologia subsidiada

    em uma teoria de enfermagem a ser utilizada na prtica. Nesse sentido cabe destacar ainda

    que o processo de enfermagem nico, o que pode se modificar luz do referencial terico

    da unidade, a metodologia da assistncia de enfermagem proposta por cada uma das

    Tericas de Enfermagem para o trabalho processual.

    Concorda-se,deste modo, com Nbrega e Silva (2009), quando defendem a luta pelo

    processo de enfermagem como sendo um caminho para o aprimoramento da profisso, com a

    expectativa de que o mesmo seja adotado na prtica assistencial, no por imposio, mas pelo

    desejo do profissional de prestar uma assistncia de enfermagem individualizada e de

    qualidade.

    Outrossem, Lopes et al. (2007), afirmam que os aspectos intelectuais envolvidos no

    processo do cuidar no ficam evidentes, sendo agravado pelo descaso dos enfermeiros para

    com os registros, o que promove a invisibilidade e falta de reconhecimento, dificultando a

    avaliao da prtica assistencial e, conseqentemente, profissional.

    Esse aspecto refora o valor da sistematizao da assistncia de enfermagem e do

    processo de enfermagem, visto no apenas promover a qualidade da assistncia, como

    tambm contribuir para a visibilidade da enfermagem e com a formalizao da documentao

    das aes.

    Diante do exposto, concorda-se com Souza (2010) que percebe-se uma busca pela

    valorizao e reconhecimento da ao desempenhada na assistncia de enfermagem. Assim,

    reconhece-se a eficcia e valor do trabalho pautado e respaldado em uma metodologia

    amparada por teorias de enfermagem aceitas no mundo cientfico, com vistas qualidade e

    capacidades possveis e ilimitadas dos enfermeiros.

    No entanto, torna-se imprescindvel a padronizao da linguagem, a fim de que essas

    necessidades sejam compreendidas pelos demais profissionais e no somente por aquele que

    os determinou. Assim, uma das limitaes da cincia Enfermagem a falta de uma

    linguagem universal que defina e descreva a prtica profissional.

  • 33

    2.1.3 SISTEMAS DE CLASSIFICAO

    A literatura evidencia que a falta de uma linguagem universal que estabelea a

    definio e descrio da sua prtica profissional tem comprometido o desenvolvimento da

    Enfermagem como cincia (GARCIA; NBREGA, 2005).

    Os elementos que descrevem a prtica da Enfermagem so constituintes de um

    processo especfico de trabalho, o qual demanda habilidades e capacidades cognitivas

    (pensamento, raciocnio), psicomotoras (fsicas) e afetivas (emoes, sentimentos e valores),

    alm de conhecimento e percia no uso das tcnicas de resoluo de problemas e liderana na

    implantao do plano de interveno (GARCIA E NBREGA, 2005, p.58).

    Essas habilidades e capacidades ajudam a determinar o que deve ser feito, porque deve

    ser feito, por quem deve ser feito; como deve ser feito, com que deve ser feito e que

    resultados so esperados com a execuo da ao/interveno de enfermagem (para que deve

    ser feito (GARCIA; NBREGA, 2005).

    Segundo a Organizacin Panamericana de la Salud (2001) um fator chave para a

    transio ocorrida no modo de pensar, de falar e de atuar na profisso foi a deciso que se

    tomou, na dcada de 1970, no sentido de se desenvolver sistemas de classificao dos

    conceitos da linguagem profissional relacionados com os diagnsticos de enfermagem e,

    posteriormente, com as intervenes e com os resultados de enfermagem.

    Dessa forma, a enfermagem tem buscado a uniformizao da sua linguagem, atravs

    de vrias iniciativas para o desenvolvimento de Classificaes para sua prtica. Pode-se citar,

    como exemplos, a Taxonomia II da American Nursing Diagnosis Association, atualmente

    denominda de NANDA- Internacional, com sua publicao mais recente em 2012; as

    classificaes desenvolvidas pelos projetos de pesquisa da Universidade de Iowa/USA, os

    quais geraram a Classificao das Intervenes de Enfermagem(NIC) e a Classificao dos

    Resultados de Enfermagem (NOC), ambos com publicaes mais recentes em 2010. E, ainda,

    o Sistema Omaha, o Sistema de Classificao de Cuidados Clnicos (CCC), anteriormente

    denominado de Classificao dos Cuidados Domiciliares de Sade (HHCC);

    Considera-se recente a utilizao destas taxonomias no contexto da prtica de

    enfermagem, mas evidncias apontam que a utilizao destas, seria o sustentculo para o

    desenvolvimento da assistncia de enfermagem considerando a universalidade da linguagem,

    o favorecimento da educao cliente/ famlia, a resultados atingidos com intervenes

    especficas (SANTOS; MAZONI; CARVALHO, 2009).

  • 34

    A Classificao Internacional para prtica de Enfermagem (CIPE), adotada neste

    estudo, foi desenvolvida por iniciativa do Conselho Internacional de Enfermagem (CIE)

    (LUCEMA; BARROS, 2008).

    Tais taxonomias representam a categorizao dos elementos da prtica da

    enfermagem, em interao dinmica com a execuo do processo de enfermagem. Assim, so

    utilizados no mbito do diagnstico, de interveno e resultados de enfermagem. Representam

    os conhecimentos estruturados em grupos ou classes estabelecidas pelas similaridades, e sua

    organizao um processo terico, o qual utiliza abordagens dedutivas e indutivas para sua

    organizao. GarciaeNbrega(2005p. 58) afirmam que as taxonomias estabelecem padres

    de cuidados, que so utilizados internacionalmente, na promoo da qualidade da assistncia

    de enfermagem por meio da sistematizao, registro e quantificao.

    Existe um conflito ideolgico quando se traz tona, a questo do vocabulrio

    padronizado para o registro de enfermagem. Na prtica muitos enfermeiros desconhecem

    esses vocabulrios e abordam os mesmos como se fossem mtodos de assistncia de

    enfermagem, chegando a confundi-los com o prprio processo de enfermagem por assim dizer

    (FULY; LEITE; LIMA, 2008). Porm, os sistemas de classificao convm ao registro

    documentao das etapas do processo de enfermagem.

    Ao comentar sobre os benefcios da utilizao de um sistema de classificao em

    enfermagem, autores identificam a possibilidade de nomear as aes realizadas, facilitar o

    registro dessas aes, reforar a importncia de aes efetivamente realizadas no cotidiano,

    conferir maior visibilidade ao trabalho do enfermeiro e ainda identificar atividades no

    realizadas e discutir os aspectos relacionados sua no realizao, como os legais, estruturais,

    condies de trabalho, entre outros (NAPOLEO; CARVALHO, 2007).

    Este estudo se restringe a apenas um sistemas de classificao: a CIPE, a qual foi

    utilizada na verso 2.0, pelo fato de ser a verso mais recente e atualizada e pela

    disponibilidade destas no perodo de realizao do estudo.

    2.1.3.1 Classificao Internacional para Prtica de Enfermagem (CIPE)

    As linguagens padronizadas na enfermagem possuem um papel fundamental em

    desenvolver e definir os fenmenos e aes da enfermagem, assim como descrever claramente

    as contribuies da enfermagem no cenrio de cuidados sade (LUCENA, 2005).

  • 35

    Ciente deste cenrio, o International Council of Nurses (ICN) organiza a Classificao

    Internacional para a Prtica de Enfermagem (CIPE), um sistema de classificao de termos

    cuja finalidade primria padronizar uma linguagem universal para a Enfermagem,

    representando conceitos e cuidados de sua prtica, permitindo comparao entre dados de

    diferentes populaes e tempos(SILVA et al., 2007).

    Como tambm afirma Silva et al (2009) outra finalidade desse instrumento descrever

    os cuidados de enfermagem dispensados pessoa, famlia e comunidade em contextos

    institucionais e no institucionais; possibilitar comparaes de dados; demonstrar ou projetar

    tendncias de prestao de tratamentos e cuidados de enfermagem, bem como atribuies de

    recursos a pacientes com necessidades aliceradas nos diagnsticos.

    Considera-se a CIPE um instrumento de informao capaz de fornecer dados que

    identifiquem a contribuio da profisso no cuidado da sade e permitir mudanas prticas

    atravs de educao, administrao e pesquisa. Produz, tambm, informaes para o processo

    decisrio do enfermeiro, possibilitando a elaborao de diagnsticos, resultados e

    intervenes de enfermagem(SILVA; MANUCELLI; CUBAS, 2006)

    Ao longo dos anos, a CIPE alterou sua estrutura, contedo e apresentao hierrquica dos termos. As verses Alfa (1996), a Beta (2000) e a Beta 2 (2001), eram experimentais e continham duas classificaes: de fenmenos e de aes de enfermagem. A verso 1.0 (2005) apresentou modificaes significativas, relacionadas reestruturao do modelo multiaxial e incluso de uma ontologia, recurso computacional que classifica conceitos hierarquicamente, viabilizando combinaes e restries entre termos. A verso 1.1 (2008) inova com a incluso de diagnsticos e intervenes pr-combinadas e, em 2009, a verso 2.0 apresentada em resposta ao ajuste necessrio para incluso da CIPE na Famlia de Classificaes Internacionais da OMS (CUBAS et al., 2011, p. 4).

    Muitos pases se envolveram na elaborao da CIPE. No Brasil, a Associao

    Brasileira de Enfermagem (ABEn) desenvolveu, entre 1996 e 2000, o projeto da Classificao

    Internacional das Prticas de Enfermagem em Sade Coletiva (CIPESC), que contribui com

    um inventrio vocabular de termos utilizados na ateno bsica(ERGRY; ANTUNES;

    LOPES, 2010).

    O Conselho Internacional de Enfermagem (2003) apresentou algumas vantagens da

    CIPE: estabelece uma linguagem comum para a prtica de enfermagem, melhorando a

    comunicao profissional; representa os conceitos usados nas prticas locais, em todos os

    idiomas e reas de especialidade; descreve os cuidados de enfermagem prestados s pessoas

    (indivduos, famlias e comunidades) no mbito mundial; possibilita a comparao de dados

    de enfermagem entre populaes de clientes, contextos, reas geogrficas e tempos diversos;

  • 36

    estimula a pesquisa por meio da vinculao de dados disponveis em sistemas de informao

    de enfermagem e de sade; fornece dados sobre a prtica, de modo a influenciar a educao

    em enfermagem e a poltica de sade; projeta tendncias sobre as necessidades dos clientes, a

    prestao de cuidados de enfermagem, utilizao de recursos e resultados dos cuidados de

    enfermagem.

    A CIPE considerada uma tecnologia de informao e, com isso podem fazer com

    que a prtica dos profissionais da enfermagem se torne visvel no conjunto de dados, locais,

    nacionais e internacionais, sobre a sade, de modo a influenciar na elaborao de polticas,

    tais como as de sade e de educao. As tecnologias de informao so, tambm, essenciais

    para auxlio na tomada de decises eficazes e para uma prtica de qualidade, de forma que os

    conhecimentos profissionais adquiridos possam ajudar a conhecer e a compreender melhor os

    assuntos relacionados com a ateno sade (NBREGA; GARCIA, 2008).

    Segundo o Conselho Internacional de Enfermagem (2003), um diagnstico de

    enfermagem segundo a CIPE composto de um conceito dos eixos de classificao dos

    fenmenos de enfermagem e deve incluir: um termo do eixo Foco da Prtica de Enfermagem

    e um termo do eixo Julgamento ou do Eixo Probabilidade; os demais eixos so opcionais e

    complementarese apenas um termo de cada eixo deve ser selecionado para estabelecer o

    diagnstico.

    Para a construo de uma interveno de enfermagem deve-se utilizar um termo do

    eixo ao em conjunto com qualquer outro termo dentre os cinco eixos restantes (foco,

    cliente, meio, localizao e tempo) excetuando-se o eixo julgamento. Os demais eixos so

    opcionais e complementarese apenas um termo de cada eixo deve ser selecionado para

    estabelecer a interveno.

    Finalizando, para formular um resultado de enfermagem, deve-se escolher um termo

    do eixo foco, anteriormente utilizado para designar o diagnstico, e escolher um termo do

    eixo julgamento. Porm desta vez o julgamento deve ser contrrio aquele utilizado para

    compor o diagnstico. Este julgamento pode ser positivo ou negativo, dependendo das

    condies que o cliente apresentar.

  • 37

    2.2 REFERENCIAL TERICO TEORIA DO AUTO-CUIDADO PROPOSTO POR DOROTHEA OREM

    Dorothea E. Orem nasceu em 1914, em Baltimore, Maryland, EUA, formando-se em

    1930, recebendo o ttulo de Bacharel em Cincias e Educao de Enfermagem em 1939 e

    Mestre em Cincias em Educao em Enfermagem em 1945. Obteve Doutorado em Cincias

    em 1945 e novamente em 1980 e 1988; nomeada Membro Honorrio da Academia Americana

    de Enfermagem em 1992. Faleceu aos 92 anos (22 jun 2007) em Savannah, Georgia, onde ela

    passou os ltimos 25 anos de sua vida como consultora e autora (CADDE, 2001).

    O modelo criado e desenvolvido do autocuidado proposto por Orem foi desenvolvido

    na dcada de 1950, baseado na premissa de que os indivduos podem cuidar de si prprios

    (VITOR; LOPES; ARAJO, 2010).

    Por ser o cuidado um conceito central para o desenvolvimento dos variados campos de

    pesquisa e interveno na enfermagem consideramos de vital importncia fazer da reflexo e

    da problematizao sobre este conceito um exerccio constante (BUB et al., 2007).

    O autocuidado pode ser conceituado como a realizao de aes dirigidas a si mesmo

    ou ao ambiente a fim de regular o prprio funcionamento de acordo com seus interesses na

    vida, funcionamento integrado e bem-estar (OREM,1

    Constituem deste modo, como a capacidade humana ou o poder de engajar-se no

    autocuidado. Asaes de autocuidado podem ser afetadas por fatores bsicos, tais como idade,

    sexo, estado de desenvolvimento e de sade, orientao scio-cultural, fatores do sistema de

    atendimento sade modalidades de diagnstico e de tratamento, fatores familiares, padres

    1991 apud BUD et al., 2007, p. 155).

    Sendo assim, no modelo de Orem, a meta ajudar as pessoas a satisfazerem suas prprias

    exigncias teraputicas de autocuidado (TORRES, 2005).

    Bub et al., (2007) ainda acrescentam queas aes de autocuidado constituem a prtica

    de atividades que os indivduos desempenham de forma deliberada em seu prprio benefcio

    com o propsito de manter a vida, a sade e o bem-estar. Essas aes so voluntrias e

    intencionais, envolvem a tomada de decises, e tm o propsito de contribuir de forma

    especfica para a integridade estrutural, o funcionamento e o desenvolvimento humano.

    1 OREM, DE. Nursing: concepts of practice. 4th ed. St Louis (USA): Mosby Year Book Inc.; 1991.

  • 38

    da vida, como por exemplo, engajamento regular em atividades, fatores ambientais,

    adequao e disponibilidade de recursos (BUB et al., 2007).

    A teoria constituda por trs construtos tericos autocui dado, dficit de

    autocuidado e sistema de enfermagem.O autocuidado descreve e explica a prtica de cuidados

    executados pela pessoa portadora de uma necessidade para manter a sade e o bem-estar.O

    dficit de autocuidadoconstitui a essncia da Teoria Geral do Dficit de Autocuidado por

    delinear a necessidade da assistncia de enfermagem. E por ltimo o sistema de enfermagem

    descreve e explica como as pessoas so ajudadas por meio da enfermagem (BUB et al., 2006).

    Por isso, sistema de enfermagem o conjunto de aes e interaes dos enfermeiros e

    dos pacientes(COSTA et al., 2007). As aes de enfermagem que fazem parte desta teoria so

    de suporte educativo ou compensatrio que pode ser definido como: Totalmente

    compensatrio quando o cliente no capaz de desempenhar o autocuidado; Parcialmente

    compensatrio quando o cliente e a enfermagem se engajam juntos para desenvolver o

    autocuidado; e Sistema educativo-suportivo quando o cliente necessita de auxlio para a

    tomada de deciso no controle do comportamento (LEOPARDI, 1999).

    Como o conceito de dficit de autocuidado refere-se relao entre o autocuidado e a

    exigncia de autocuidado, est contido na teoria dos sistemas de enfermagem. Ele representa a

    necessidade de autocuidado, a qual, quando reconhecida, ativa um sistema de enfermagem.

    Deste modo, para a enfermagem ser legtima, o dficit de autocuidado precisa existir(VITOR;

    LOPES; ARAJO, 2010).

    De tal modo, conduzindo a compreenso terica dos pressupostos da Teoria de

    Enfermagem Dficit de Autocuidado, onde os seres humanos distinguem-se dos outros seres

    vivos por sua capacidade de refletir sobre si mesmos e seu ambiente, simbolizar o que

    vivenciam e utilizar criaes simblicas no pensamento, na comunicao para fazer coisas

    que so benficas para si mesmos e para os outros. H cinco mtodos de ajuda atravs dos

    quais uma pessoa pode compensar ou superar a dependncia de aes alheias sua

    dependncia para o autocuidado. Mtodos estes que as enfermeiras empregam com pessoas

    dependentes de cuidados: (1) agir ou fazer pelo outro; (2) guiar ou direcionar; (3) prover

    suporte fsico ou psicolgico; (4) proporcionar e manter um ambiente que d suporte ao

    desenvolvimento pessoal; (5) ensinar (OREM,2

    Dentre os metaparadigmas da Teoria do autocuidado, compreende-se por Enfermagem

    comoum servio de cuidado especializado e um mtodo de ajuda no qual cuidar

    1985 apud BUD et al., 2007, p. 154).

    2OREM, DE. Nursing: concepts of practice. St Louis(USA): Mosby Year Book Inc.; 1985.

  • 39

    compreendido como uma sequncia de aes que, se implementadas, vo superar ou

    compensar limitaes na sade de pessoas engajadas em aes reguladoras funcionais e de

    desenvolvimento. Assim como, se preconiza no cuidado aos pacientes com leses tissulares,

    da sua aplicao neste estudo.

    O dficit de autocuidado reporta-se ao ambiente como mbito social da sade quando

    se refere ideia de dependncia social. Isso torna o cuidado de enfermagem um meio de

    promoo, recuperao e reabilitao da autonomia social do indivduo e, consequentemente,

    de sua sade (VITOR; LOPES; ARAJO, 2010).

    Para o portador de leso a sua reabilitao no meio social, apesar de sua atual

    limitao (a ferida) que a maioria das vezes afeta diretamente a vida pessoal, psicolgica e

    social desse individuo, de fundamental importncia para que ele retome ao seu estado de

    sade atravs de um completo bem estar biopsicossocial. A enfermagem deve ensinar e

    promover o autocuidado aos portadores de leses de pele, para que este retome sua autonomia

    social. Fato este que refora a aplicabilidade da teoria neste estudo.

    A teoria do autocuidado de Orem, segundo Luce et al. (1990), tem como premissa

    bsica, a crena de que o ser humano tem habilidades prprias para promover o cuidado de si

    mesmo, e que pode se beneficiar com o cuidado da equipe de enfermagem quando apresentar

    incapacidade de autocuidado ocasionado pela falta de sade. No estudo em questo, o

    indivduo necessita continuar o cuidado com a leso no domiclio, para o sucesso no

    tratamento, aprofundando sua indicao ao estudo.

    possvel considerar que o uso da teoria do autocuidado de Dorothea Orem um

    instrumento vlido, o qual ajudar a promover uma comunicao objetiva entre pesquisador e

    pesquisados, adequando-se de certa forma ao planejamento da assistncia de enfermagem,

    problemtica dessa clientela (TORRES et al., 2004).

    Acredita-se que com a aplicabilidade da teoria de Orem, por meio da prtica de

    enfermagem possvel fazer com que clientes portadores de leses sejam seus prprios

    provedores de sade. Sabe-se que os clientes com feridas possuem limitaes fsicas,

    psicolgicas e sociais, e que com isso causa certa intolerncia a atividade consequentemente

    prejudicando seu autocuidado em diferentes graus.

    Diante do exposto, a partir do desenvolvimento de um instrumento para o ambulatrio

    de feridas cuja finalidade criao de um protocolo de enfermagem para atendimento

    padronizado aos clientes portadores de feridas, e, destacando-se que desde a sua concepo

    arrazoa-se na promoo do autocuidado nos pacientes com leses tissulares de relevncia e,

  • 40

    opta-se por lanar-se mo da teoria de Dorothea Orem como premissa bsica para a

    construo deste protocolo.

  • 41

    3.

    MTODO

    3.1 ABORDAGEM E TIPO DE ESTUDO

    Trata-se de um estudo retrospectivo e observacional dos registros de enfermagem dos

    pronturios de clientes do Ambulatrio de Reparo de Feridas, no Hospital Universitrio

    Antnio Pedro da Universidade Federal Fluminense (HUAP/UFF), por meio da ferramenta

    metodolgica mapeamento cruzado (cross-maping), portanto, de carter quantitativo.

    No desenvolver das linguagens padronizadas da enfermagem, o cross-mapping,

    traduzido como mapeamento cruzado, pode ser identificado como uma ferramenta que

    possibilita a comparao do registro de enfermagemcom outras linguagens, tais como aquelas

    que so utilizadas no cotidiano dos servios ou ainda as de outros sistemas de classificao j

    existentes, entre outras (NONINO et al., 2008).

    O mapeamento cruzado definido como um processo para explicar algo atravs do uso

    de palavras com significado igual ou semelhante ao padronizado (DELANEY

    eMOORHEAD, 1997). Tem sua aplicabilidade nos casos em que se deseja analisar dados

    contidos no processo de enfermagem, nos diferentes campos de cuidado, atravs da

    comparao entre informaes existentes no pronturio do paciente e as classificaes de

    referncia para a prtica de enfermagem (COENEN; RYAN;SUTTON, 1997).

    Nonino et al., (2008) realizaram um estudo de reviso sobre a utilizao do

    mapeamento cruzado na prtica de enfermagem, identificando que essa ferramenta tem sido

    usada predominantemente para mapear linguagens no-padronizadas com linguagens

    padronizadas, assim como se pretende neste estudo.

    E, observa-se que com o mapeamento cruzado as Classificaes de Enfermagem

    podem ser mapeadas com os dados existentes, adaptando-os para uma linguagem padronizada

    a partir de uma linguagem utilizada no cotidiano da enfermagem. Esta forma de adequao

    visa valorizar o raciocnio clnico realizado pelos enfermeiros em sua prtica.

  • 42

    Segundo Lucena e Barros (2005) o mapeamento cruzado um mtodo que pode ser

    til na anlise das linguagens de enfermagem no padronizadas, quando comparadas s

    classificaes de enfermagem, as quais utilizam terminologia uniforme. Sendo o mapeamento

    cruzado uma ferramenta til para padronizar a linguagem no cotidiano da enfermagem, esta

    tornou-se til e recomendada neste estudo.

    3.2. LOCAL DA PESQUISA

    A pesquisa foi desenvolvida no Ambulatrio de Reparo de Feridas do Hospital

    Universitrio Antnio Pedro (HUAP) localizado na cidade de Niteri no Estado do Rio de

    Janeiro. a maior e mais complexa unidade de sade da Grande Niteri e, portanto,

    considerado na hierarquia do SUS como hospital de nvel tercirio e quaternrio, isto ,

    unidade de sade de alta complexidade de atendimento (BRASIL, 2012).

    O ambulatrio de Reparo de Feridas do HUAP foi estruturado em 1993, p