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UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal Carolina Mata Machado Barbosa Chaves DIAGNOSE NUTRICIONAL DE ENXOFRE EM EUCALIPTO POR ANÁLISE NÃO DESTRUTIVA Diamantina - MG 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI

Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal

Carolina Mata Machado Barbosa Chaves

DIAGNOSE NUTRICIONAL DE ENXOFRE EM EUCALIPTO POR ANÁLISE NÃO

DESTRUTIVA

Diamantina - MG

2017

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Carolina Mata Machado Barbosa Chaves

DIAGNOSE NUTRICIONAL DE ENXOFRE EM EUCALIPTO POR ANÁLISE NÃO

DESTRUTIVA

Dissertação apresentada ao programa de Pós-

Graduação em Produção Vegetal da Universidade

Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, como

requisito parcial para obtenção do título de Mestre.

Orientador: Prof. Dr. Enilson de Barros Silva

Coorientador: Prof. Dr. Reynaldo Santana Campos

Diamantina - MG

2017

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FICHA CATALOGRAFICA

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ii

“Não é a espécie mais forte que sobrevive

tampouco a mais inteligente.

É a mais adaptável às mudanças.”

(Charles Darwin)

OFEREÇO

Aos meus pais, por sempre me apoiarem em todas as minhas decisões.

Aos meus irmãos pelo carinho e incentivo.

Ao meu filho Henrique (in memoriam) por me fazer quem sou hoje.

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iii

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeço a Deus por me permitir estar aqui hoje, concluindo

mais uma etapa da minha vida acadêmica e profissional.

Aos meus pais Breno e Maria do Carmo por todo o esforço feito para que eu

chegasse até aqui, mesmo com todas as dificuldades que surgiram ao longo do caminho.

Aos meus irmãos Hugo, Déborah e Felipe pelo incentivo e pela ajuda todas as

vezes que precisei.

À Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) pela

oportunidade de realização da graduação e pós-graduação nessa instituição em que tenho

orgulho de fazer parte.

A Coordenadoria de Aperfeiçoamento do Pessoal de Nível Superior (CAPES),

pela concessão da bolsa de estudo, à FAPEMIG e ao CNPq pelo apoio financeiro ao projeto.

Ao professor Enilson de Barros Silva, pela orientação na pós-graduação, sempre

com paciência e disposição para me ensinar e ajudar nessa pesquisa.

À Pós-doutoranda Lauana Santos por toda a ajuda em tão pouco tempo, pela

disponibilidade e por todo o conhecimento compartilhado comigo durante a correção dessa

dissertação.

Ao Professor Reynaldo Campos Santana, pela orientação durante a graduação e

pelo incentivo a continuar meus estudos, ingressando na pós-graduação após meu retorno do

intercâmbio.

Ao Luiz Felipe Ramalho e Matheus Sarmento, por todas as manhãs que

trabalhamos juntos no viveiro da Ciência Florestal, e também pela ajuda na análise dos dados

do trabalho.

Aos amigos do NEFERT, Evander Alves Ferreira, Igor Santos Alves, Sávio

Magalhães, pela ajuda nos trabalhos e convívio durante as pesquisas.

Aos amigos do Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal, Bárbara Cruz,

Rodrigo Gomes, Samuel Moreira, pela ajuda pessoal e profissional durante o mestrado.

Aos amigos que fiz em Diamantina que com certeza levarei para a vida toda, Laís,

Rafaela, Valéria, dentre tantos outros.

Por fim ao meu filho Henrique, que veio para me ensinar a ser uma pessoa melhor

e a correr atrás dos meus sonhos mesmo nos momentos mais difíceis.

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RESUMO

CHAVES. Carolina Mata Machado Barbosa. Diagnose nutricional de enxofre em eucalipto

por análise não destrutiva. 2017. 35p. (Dissertação - Mestrado em Produção Vegetal) -

Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Diamantina, 2017.

O enxofre (S) é um nutriente essencial para crescimento e metabolismo das plantas, e sua

deficiência pode limitar a produtividade de muitas culturas. A adaptação de técnicas

específicas de análise espectral para a determinação do estresse nutricional causado por este

nutriente pode permitir a detecção precoce da sua deficiência e suplementação de precisão na

adubação corretiva das plantas. Esse experimento foi conduzido com o objetivo de determinar

se a reflectância foliar obtida através do mini espectrômetro pode ser utilizada para detectar a

deficiência de S em mudas de Eucalyptus urophylla. Durante 90 dias as mudas foram

cultivadas em solução nutritiva de Clark modificada completa (sem omissão de S) e com

omissão de S. Os sintomas visuais de deficiência de S foram observados e fotografados

semanalmente. A cada 15 dias foram avaliados altura e diâmetro das plantas e leituras nas

folhas diagnósticos, com o mini espectrômetro. Ao final de cada avaliação, amostras de folhas

diagnósticos foram preparadas e submetidas às análises químicas do material vegetal dos

teores de nutrientes, posteriormente as mudas foram separadas em raízes, caule e folhas para

obtenção da massa seca total e dos seus componentes. Após calcular a primeira derivada das

reflectâncias obtidas nas leituras com o mini espectrômetro, obteve-se a posição dos pontos de

inflexão. Foi realizado ainda um estudo de regressão linear múltipla entre os teores de

nutrientes das folhas diagnósticos como variáveis dependentes, e a produção de massa seca da

parte aérea e valores obtidos para o IPP como variáveis independentes. A deficiência de S

causou alterações nas propriedades morfológicas e fisiológicas das plantas de Eucalyptus, o

que refletiu nas mudanças das propriedades espectrais foliares da espécie em questão. Os

sintomas visuais de deficiência de S iniciaram-se aos 28 dias após a aplicação dos tratamentos

(DAT), intensificando-se ao longo do experimento. Foi observado clorose nas folhas novas,

caule mais delgado e redução no crescimento das mudas quando comparados ao tratamento

completo. A análise nutricional detectou redução nas concentrações de S foliar e deficiência

do nutriente nas plantas aos 45 DAT. Contudo, somente aos 75 dias a deficiência de S alterou

a reflectância das mudas com omissão de S, deslocando o ponto de inflexão para

comprimentos de ondas mais curtos (± 700 m), ou seja, quando o aparelho (mini

espectrômetro) conseguiu detectar deficiência nutricional de S nas plantas de Eucalyptus. A

deficiência de S também reduziu a altura, diâmetro e produção de massa seca total e dos seus

componentes aos 75 DAT. A posição do ponto de inflexão e a massa seca da parte aérea

apresentaram alta correlação com a concentração de S foliar. As análises de regressão linear

múltipla e de correlação simples indicaram que os valores de reflectância foliar estimados

pelo mini espectrômetro e pela massa seca da parte aérea estavam estreitamente

correlacionados com as concentrações de S nas folhas das mudas de Eucalyptus (r2=0,99). Os

resultados obtidos sugerem que a reflectância espectral demonstra alto potencial como

ferramenta diagnóstico para estimar a concentração de S foliar em Eucalyptus por meio do

mini espectrômetro.

Palavras-chave: Deficiência nutricional, reflectância foliar, ponto de inflexão.

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ABSTRACT

CHAVES. Carolina Mata Machado Barbosa. Nutritional diagnosis in eucalyptus by non-

destructive analysis. 2017. 35p. (Dissertation - Masters in Plant Production) - Universidade

Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Diamantina, 2017.

Sulfur (S) is an essential nutrient for plant growth and metabolism, its deficiency can limit the

productivity of many crops. The adaptation of specific remote sensing and spectral analysis

techniques for the determination of nutrient stress in plants could allow early detection and

precise supplementation for corrective fertilization. This experiment was conducted with the

objective of determining if the leaf reflectance obtained through the mini spectrometer can be

used to detect S deficiency in Eucalyptus urophylla seedlings. During 90 days the seedlings

were grown in complete nutrient solution of Clark (without omission of S) and with omission

of S. The visual symptoms of S deficiency were observed and photographed weekly. Every 15

days, plants height and diameter were evaluated, and readings on the diagnostic leaf were

taken with the mini spectrometer. At the end of each evaluation the samples of the diagnostic

leaves were prepared and submitted to the chemical analyzes of nutrient contents of the plant

material, later the seedlings were separated into roots, stem and leaves to obtain the mass of

total dry matter and its components. After calculating the first derivative of the reflectances

obtained in the readings with the mini-spectrometer, the position of the inflection points was

obtained. A multiple linear regression study was carried out between the nutrient contents of

the diagnostic leaves as dependent variables and the shoot dry matter yield and values

obtained for the position of the inflection points as independent variables. Sulfur deficiency

caused changes in the morphological and physiological properties of Eucalyptus plants, which

reflected changes in the leaf spectral properties of the species. The visual symptoms of S

deficiency began at 28 days after application of the treatments, intensifying throughout the

experiment. It was observed chlorosis in the new leaves, slender stem and reduction in the

growth of the seedlings when compared to the complete treatment. Nutritional analysis

detected a reduction in the foliar S concentrations and nutrient deficiency in plants at 45 days

after application of the treatments. However, only at 75 days S deficiency altered the

reflectance of the seedlings under S omission, shifting the inflection point to shorter

wavelengths (± 700 m),that is, when the device (mini spectrometer) was able to detect

nutritional deficiency of S in Eucalyptus plants. Sulfur deficiency also reduced the height,

diameter and yield of total dry mass and its components at 75 days after application of the

treatments. The position of the inflection point and the shoot dry mass presented a high

correlation with the concentration of leaf sulfur. Multiple linear regression and simple

correlation analyzes indicated that leaf reflectance values estimated by the mini spectrometer

and through MSPA were closely correlated with the concentrations of S in the leaves of the

Eucalyptus seedlings (r2 = 0.99).The results obtained suggest that the spectral reflectance

demonstrates high potential as a diagnostic tool to estimate the leaf sulfur concentration in

Eucalyptus using the mini-spectrometer.

Key words: Nutritional deficiency, foliar reflectance, inflection point

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LISTA DE FIGURAS

CAPÍTULO II: Reflectância foliar de Eucalyptus urophylla em resposta a deficiência de

enxofre

Figura 1. Leitura do espectro de reflectância foliar pelo mini espectrômetro de folha CI-710.

.................................................................................................................................................. 14

Figura 2. Mudas de Eucalyptus urophylla submetidas a diferentes tratamentos, aos 45 dias

após aplicação dos tratamentos: A) folhas de plantas supridas com solução nutritiva completa,

B) folhas de plantas com omissão de enxofre; C) aspecto geral de plantas supridas com

solução nutritiva completa D) aspecto geral de plantas com omissão de enxofre ................... 16

Figura 3. Altura de mudas (a), diâmetro do caule (b), produção de massa seca das folhas (c),

da parte aérea (d), das raízes (e) e total (f) de mudas de Eucalyptus urophylla em solução

completa (controle) e omissão de enxofre (-S). ........................................................................ 18

Figura 4. Posição do ponto de inflexão (a) e concentração de S (b) na massa de matéria seca

da folha diagnóstico (b) de Eucalyptus urophylla com solução completa e omissão de S (-S).

.................................................................................................................................................. 19

Figura 5. Distribuição gráfica dos resíduos padronizados para as regressões lineares múltiplas

de todos os nutrientes na folha diagnósticos de mudas de Eucalyptus urophylla com os valores

estimados da posição do ponto de inflexão (IPP) e massa seca da parte aérea (MSPA) e a

correlação linear simples (r) entre os valores de IPP e de MSPA observados ......................... 21

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LISTA DE TABELAS

CAPÍTULO II: Reflectância foliar de Eucalyptus urophylla em resposta a deficiência de

enxofre

Tabela 1. Resumo da análise de variância e respectivos níveis de significância para posição

do ponto de inflexão (IPP), altura de mudas (H), diâmetro do caule (DC), produção de massa

de matéria seca das folhas (MSF), da parte aérea (MSPA), das raízes (MSR) e total (MST) de

mudas de Eucalyptus urophylla. ............................................................................................... 17

Tabela 2. Resumo da análise de variância e respectivos níveis de significância para

concentração de nutrientes na folha diagnóstico de mudas de Eucalyptus urophylla. ............. 19

Tabela 3. Parâmetro das equações de regressão linear múltipla entre dos teores dos nutrientes

na folha diagnóstico de mudas de Eucalyptus urophylla como variáveis independentes e

posição do ponto de inflexão (IPP) e massa seca da parte aérea (MSPA) de mudas de

eucalipto como variável dependente......................................................................................... 20

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SUMÁRIO

RESUMO .................................................................................................................................. iv

ABSTRACT .............................................................................................................................. v

LISTA DE FIGURAS .............................................................................................................. vi

LISTA DE TABELAS ............................................................................................................ vii

INTRODUÇÃO GERAL ......................................................................................................... 2

CAPÍTULO I. REVISÃO: Reflectância espectral foliar e sua relação com a posição do

ponto de inflexão (IPP) .......................................................................................................... 3

1. Princípios básicos da espectroscopia ................................................................................... 3

2. Posição do ponto de inflexão (IPP) e propriedades espectrais foliares ............................... 4

3. Uso do mini espectrômetro na estimativa de componentes bioquímicos ............................ 5

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 6

CAPÍTULO II. Reflectância foliar de Eucalyptus urophylla em resposta a deficiência de

enxofre ..................................................................................................................................... 9

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 9

2. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................ 12

2.1. Material vegetal e condições experimentais .............................................................. 12

2.2. Avaliações do material vegetal .................................................................................. 13

2.3. Análise de dados ........................................................................................................ 14

3. RESULTADOS ................................................................................................................ 15

3.1. Sintomatologias visuais ................................................................................................. 15

3.2. Crescimento da planta e produção de matéria seca ....................................................... 16

3.3. Concentração de enxofre nas folhas e posição do ponto de inflexão (IPP) ................... 17

4. DISCUSSÃO ....................................................................................................................... 21

4.1. Diagnose nutricional convencional e a estimada pelo mini espectrômetro ................... 21

4.2. Relação entre a reflectância espectral foliar e a concentração de enxofre foliar ........... 22

4.3. Crescimento das plantas em resposta a deficiência de enxofre.....................................25

5. CONCLUSÃO ................................................................................................................. 27

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 27

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 28

8. APÊNDICE………………………………………………………………………...……33

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INTRODUÇÃO GERAL

O enxofre juntamente com o nitrogênio está presente em todas as funções e processos

vitais das plantas, desde a absorção iônica até a diferenciação celular, o que explica a relação

direta destes dois nutrientes com crescimento e a produção vegetal. Dentre os sintomas de

deficiência desse nutriente, podemos destacar a ausência do pigmento clorofila, que manifesta

como clorose nas folhas mais novas das plantas. Levando-se em consideração a importância

deste macronutriente para a manutenção do bom desenvolvimento das plantas, destaca-se a

necessidade do estudo da sua deficiência e suas consequências em espécies florestais que são

relativamente escassos, sobretudo para a cultura do eucalipto.

Atualmente os estudos nutricionais são feitos através da técnica de análise foliar, a

qual disponibiliza as respectivas concentrações de cada nutriente presente nas amostras. Essa

técnica requer a coleta de amostras em campo, secagem em estufa e, posteriormente, análise

feita em laboratório. O tempo para obtenção dos dados é relativo, sendo dependente da

disponibilidade do laboratório e do pesquisador responsável. Além disso, existe um custo

expressivo para que essas análises sejam realizadas.

O fato de não existir na literatura muitas pesquisas com métodos não destrutivos e de

simples realização reforça a necessidade em criar-se uma ferramenta que possa ser utilizada

em campo e que forneça dados confiáveis para avaliação do estado nutricional das plantas. A

espectrometria pode fornecer esses dados, possibilitando uma análise nutricional completa,

precisa e rápida no próprio local da plantação. Esse tipo de análise nutricional, juntamente

com técnicas estatísticas facilitará a detecção rápida de problemas nutricionais de

povoamentos florestais.

O mini espectrômetro foliar foi desenvolvido para medir a transmissão, absorção e

reflexão da luz utilizando substâncias biológicas dentro de uma ampla gama de comprimentos

de onda que cobrem a região do visível e do infravermelho próximo. Medições do espectro de

transmissão e absorção são as aplicações mais utilizadas dos espectrômetros. O espectro pode

ser usado para a quantificação de concentrações químicas, análises de cor, estudos de reações

fotoquímicas como a fotossíntese, por exemplo, e ainda a quantificação de propriedades

físicas e ópticas como a espessura de película, índice de refração e coeficiente de extinção.

Essa pesquisa foi desenvolvida com o objetivo de determinar se a reflectância foliar obtida

através do mini espectrômetro pode ser utilizada para detectar a deficiência de S em mudas de

Eucalyptus urophylla

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CAPÍTULO I

REVISÃO: REFLECTÂNCIA ESPECTRAL FOLIAR E SUA RELAÇÃO COM A

POSIÇÃO DO PONTO DE INFLEXÃO (IPP)

1. Princípios básicos da espectroscopia

No começo do século 20, uma das maiores descobertas da física foi perceber que a luz

possui propriedades de partículas e ondas. Uma onda é caracterizada pelo comprimento de

onda (λ), que é a distância entre cristas de ondas sucessivas. Já a Frequência (ν) é o número de

cristas que passam por um observador em um determinado tempo. A luz é também uma

partícula que podemos chamar de fóton. A luz solar é como se fosse uma chuva de fótons de

diferentes frequências. Os olhos são capazes de enxergar apenas uma pequena extensão dessas

frequências, a região da luz visível do espectro eletromagnético (TAIZ & ZEIGER, 2010). A

região do visível ou região da radiação fotossinteticamente ativa corresponde à faixa espectral

entre 400 a 700 m, onde a absorção de luz é alta e o índice de reflectância é baixo (NOVO,

1989). A luz de frequências levemente altas (ou comprimentos de onda baixos) encontra-se na

região ultravioleta do espectro, enquanto a luz de frequências levemente baixas (ou

comprimentos de onda mais longos) encontra-se na região do infravermelho (TAIZ &

ZEIGER, 2010). Uma das regiões do espectro muito utilizada em estudos nas áreas da

agricultura, indústria de papel e celulose, biomedicina, entre outras, é a Região do

Infravermelho Próximo que se situa na faixa de 700 a 1.300 m (WOLD, 1978; SHENK &

WESTERHAUS, 1993; OSBORNE; FEARN; HINDLE, 1993; BERTRAND, 2002). Nesta

região a quantidade de luz refletida e transmitida é maior, e a porcentagem de radiação

absorvida é menor (MOREIRA, 1997).

A espectroscopia estuda a interação entre essa radiação eletromagnética e o material

biológico irradiado, essa técnica não mede o constituinte químico de forma direta, ela fornece

a relação entre a luz e as ligações químicas dos constituintes da amostra em estudo (ROSSO,

2010). Todo elemento químico gera um espectro diferente de todos os outros espectros, ou

seja, cada elemento irradia em um determinado comprimento de onda que não é semelhante

aos demais (UNICAMP, Instituto de Geociências, 2013). O termo assinatura espectral é

frequentemente usado para representar esse comportamento de cada material no que se refere

à absorbância, transmitância e reflectância do mesmo (WIBERG, 2004; GIORDANENGO,

2005).

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A radiação solar ao atingir a planta, interage com a mesma de três formas: parte dessa

luz é absorvida por pigmentos contidos nas folhas, parte é refletida e a outra transmitida

(CUNHA, 2004). Do ponto de vista fisiológico e bioquímico a parte que mais se relaciona

com a produtividade da planta é a quantidade de luz absorvida pela mesma, porém devido à

dificuldade e complexidade de medição, a energia refletida têm sido a mais utilizada

(CUNHA, 2004). A reflectância é definida como a razão entre o fluxo de energia refletido e a

radiação incidente na amostra em um determinado comprimento de onda. A reflectância é

adimensional e geralmente expressa em porcentagem assim como a absorbância e

transmitância (HUNTER & HAROLD, 1987).

2. Posição do ponto de inflexão (IPP) e propriedades espectrais foliares

Red edge é o nome dado à mudança abrupta da reflectância na faixa entre 680 - 740

m do espectro, que é causada pela combinação de dois fatores: alta absorção de clorofila que

causa baixa reflectância no vermelho e alta dispersão interna da folha que resulta em

reflectância no infravermelho próximo. (DAWSON & CURRAN, 1998). A posição do Red

edge tem sido utilizada como indicador de estresse sofrido pela planta (COLLINS, 1978;

HORLER; DOCKRAY; BARBER, 1983; ROCK; HOSHIZAKI; MILLER, 1988; BOOCHS

et al, 1990; JAGO & CURRAN, 1995). Desta forma, o Red edge fornece um meio de

distinguir-se a vegetação viva de outros alvos encontrados pelo sensoriamento remoto

(HORLER; DOCKRAY; BARBER, 1983).

Na curva espectral existe um ponto de maior inclinação na região do Red edge, a

posição desse ponto é um indicativo do estado fisiológico da planta (HORLER; DOCKRAY;

BARBER, 1983), podendo ser utilizado diretamente na estimativa do teor de clorofila

(VOGELMANN; ROCK; MOSS, 1993; GITELSON & MERZLYAK, 1996; ZARCO-

TEJADA et al., 2003; ASNER & VITOUSEK, 2005; SIMS et al., 2006). Conhecido como

Inflection Point Position (IPP), posição do ponto de inflexão, este ponto é obtido através do

cálculo da primeira derivada do espectro. Essa derivada fornece uma melhor correlação entre

as concentrações bioquímicas foliares e as amostras (CURRAN, 1989). Os espectros

derivados como o IPP têm sido utilizados para definir e analisar melhor a localização e as

propriedades únicas da borda vermelha (CURRAN et al., 1991). O uso de espectros

derivados, principalmente derivados de primeira ordem, fornece medidas de estresse mais

precisas que os métodos de banda larga (ADAMS; NORVELL; PEVERLY, 1999).

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Esses espectros derivados são utilizados para eliminar constantes aditivas como

mudanças de iluminação, reduzir funções lineares como, por exemplo, aumento linear no

fundo de reflectância com o comprimento de onda e efeitos atmosféricos para as constantes

(DEMETRIADES-SHAH; STEVEN; CLARK, 1990; CURRAN et al., 1991; ADAMS;

PHILPOT; PEVERLY, 1999).

O tecido fotossinteticamente mais ativo nas plantas é o mesófilo das folhas. As células

do mesófilo possuem muitos cloroplastos, que contém pigmentos verdes especializados em

absorção de luz, denominados clorofilas (TAIZ & ZEIGER, 2010). Quando as moléculas de

clorofila absorvem luz elas mudam seu estado eletrônico de acordo com a quantidade de

energia absorvida. A clorofila é um dos principais pigmentos foliares, grande responsável pela

fotossíntese (CURRAN; DUNGAN; GHOLZ, 1990; FILELLA et al., 1995), ela aparece verde

aos olhos porque absorve luz sobretudo nas faixas azul e vermelha do espectro, desta forma

apenas a faixa de luz nos comprimentos de onda verde (em torno de 550 m) é refletida aos

olhos (TAIZ & ZEIGER, 2010). Na região do visível, a reflectância de uma folha em

condições fisiológicas ideais é relativamente baixa e na região do infravermelho próximo é

alta (OLIVEIRA, 2015). A diminuição do teor de clorofila causada por qualquer tipo de

estresse sofrido pela planta aumenta a reflectância em todo o espectro visível (CURRAN;

DUNGAN; GHOLZ, 1990; RICHARDSON; DUIGAN; BERLYN, 2002). Juntamente com o

aumento da reflectância foliar, há alteração no comprimento de onda do IPP que se desloca

em direção a comprimentos de onda mais curtos (GATES et al., 1965; COLLINS, 1978;

AYALA-SILVA & BEYL, 2005). Portanto, uma folha com maior teor de clorofila possui

reflectância de menor intensidade na região do visível, IPP com pico de menor intensidade, e

ainda possui um IPP deslocado em direção ao infravermelho (COLLINS, 1978;

BUSCHMANN & NAGEL, 1993).

3. Uso do mini espectrômetro na estimativa de componentes bioquímicos

Um dos equipamentos muito utilizados dentro da espectroscopia para a obtenção de

dados de incidência de luz e sua interferência no desenvolvimento das plantas é o mini

espectrômetro de folha portátil. Dentre as funcionalidades desse equipamento, estão a

capacidade de escanear e gravar em amplo espectro, de 400 até 950 m. Um espectrômetro é

composto de quatro partes fundamentais: 1) uma fonte luminosa; 2) um sistema de separação

da luz policromática em função de diferentes comprimentos de onda; 3) um sistema para

suporte das amostras e 4) um fotodetector. A radiação infravermelha é emitida pelo

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equipamento numa faixa de comprimento de onda de 750 a 2500 m, interagindo com grupos

funcionais presentes no material. Captores fotossensíveis detectam o feixe de luz após essa

interação entre o equipamento e o material irradiado, produzindo um espectro que é

disponibilizado no tablete acoplado ao espectrômetro (HEIN, 2008).

Diversas são as funções desempenhadas por este aparelho, dentre elas a estimação

rápida de propriedades vegetais, usando índices publicados e aceitos como a estimativa do

verde na folha utilizando-se o Índice de Vegetação de Diferença Normalizada (NDVI) e o

IPP. Esses índices podem ser facilmente medidos simultaneamente com o software

SpectraSnap! que vem disponibilizado juntamente com o aparelho.

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ADAMS, M. L., PHILPOT, W. D., NORVELL, W. A. Yellowness index: an application of

spectral second derivatives to estimate chlorosis of leaves in stressed vegetation.

International Journal of Remote Sensing, v.20, n.18, p.3663-3675, 1999.

ASNER, G. P.; VITOUSEK, P. M. Remote analysis of biological invasion and biochemical

change. Proceedings of the National Academy of Sciences, v.102, n.12, p.4383-4386, 2005.

AYALA-SILVA, T.; BEYL, C. A. Changes in spectral reflectance of wheat leaves in

response to specific macronutrient deficiency. Advances in Space Research, v.35, n.2, p.305

-317, 2005.

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CAPÍTULO II

REFLECTÂNCIA FOLIAR DE Eucalyptus urophylla EM RESPOSTA A

DEFICIÊNCIA DE ENXOFRE

1. INTRODUÇÃO

A área florestada com eucalipto no Brasil é estimada em aproximadamente 5,6

milhões de hectares (ABRAF, 2016). A maior parte desta área está localizada em regiões

caracterizadas por solos de baixa fertilidade. Deficiências de nitrogênio (N), fósforo (P) e

potássio (K) em solos reflorestados são muito comuns e resultam em perdas de 20 a 50% da

produtividade florestal (PONZONI & GONCALVES, 1999). A adubação com enxofre (S) é

necessária para se alcançar boa produtividade, pois o S é um nutriente essencial para o

crescimento e metabolismo das plantas. Contudo, os estudos sobre o efeito da adubação

sulfatada em espécies florestais são relativamente escassos (RESURRECCION et al., 2001;

BRAGA et al., 2014).

O S é absorvido pelas raízes na solução do solo na forma de sulfato (SO42-

) e

transportado para a parte aérea via xilema. Para o S ser assimilado a compostos orgânicos é

necessário que o SO42-

absorvido seja reduzido a sulfeto (S2-

) utilizando energia fornecida

pela molécula de adenosina trifosfato (ATP). As enzimas responsáveis por este processo

encontram-se nas membranas dos cloroplastos, portanto esse processo ocorre em sua maioria

no período luminoso, durante a realização da fotossíntese (FAQUIN, 2005). O S é constituinte

de diversas moléculas orgânicas, como os aminoácidos cisteína, cistina e metionina, que

compõem a maioria das proteínas e as vitaminas biotina, tiamina e a coenzima A (LARBIER

& LECLERCQ, 1992). Os aminoácidos essenciais cisteína e metionina estão envolvidos na

produção de clorofila e na composição da enzima ribulose-1,5 bisfosfatocarboxilase/

oxigenase (Rubisco), os dois principais componentes do aparelho fotossintético. Portanto a

privação de S inibe a síntese de proteínas, leva à degradação da Rubisco, causa clorose nas

folhas mais jovens, e consequentemente reduz a fotossíntese e o crescimento das plantas

(RESURRECCION et al., 2001; VIECELLI, 2017).

Abordagens convencionais para determinar o estado nutricional das plantas, inclusive

do S já estão bem documentadas. Contudo estes métodos exigem esforços consideráveis na

coleta e processamento das amostras, são demorados, tediosos, caros e envolvem amostragem

destrutiva de parte das plantas. Uma desvantagem adicional dos métodos convencionais é que

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as interpretações do teor elementar total nos tecidos geralmente não consideram a distribuição

e forma dos mesmos dentro das células, além disso, existe uma demora entre a amostragem e

a obtenção de resultados das análises laboratoriais (JORGENSEN; CHRISTENSEN; BRO,

2007; LI; LIEW; ASUNDI, 2006). Considerando que a grande maioria das deficiências

nutricionais e a degradação da clorofila alteram a coloração normal das folhas, originando

sintomas visivelmente identificáveis, e que esses sinais visuais são transmitidos através da

percepção da energia eletromagnética refletida, parece provável que a quantificação e

caracterização dessa energia em uma faixa de comprimentos de onda (resposta espectral ou

assinatura espectral) podem ser úteis na detecção e mapeamento do estado nutricional das

plantas (OLLINGER, 2011; PACUMBABA & BEYL, 2011).

Um dos reais desafios na predição da deficiência nutricional através da reflectância

espectral é a capacidade de discriminar as condições de estresse. Com o objetivo de prever a

concentração de um determinado nutriente na planta, é preciso saber diferenciar o nutriente

alvo de outros nutrientes nos espectros obtidos. O principal problema é que a maioria dos

sintomas de estresse nutricional na escala da folha tem efeito similar no espectro de

reflectância (JORGENSEN; CHRISTENSEN; BRO, 2007). As respostas a deficiências de

nutrientes específicos, como ferro (Fe), S, magnésio (Mg) e manganês (Mn), demonstraram

uma notável mudança de reflectância espectral para comprimentos de onda mais curtos

ocorrendo entre as áreas do vermelho e infravermelho próximo (MARIOTTI; ERCOLI;

MASONI, 1996; ADAMS; PHILPOT; PEVERLY, 1999). Medições de reflectância em

plantas deficientes em nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K), S, cálcio (Ca) e magnésio

(Mg) também mostraram que as mesmas continham menos clorofila do que as plantas do

controle e que a clorofila tinha influência dominante na variação do espectro na região do

visível (AL-ABBAS et al.,1974; MARIOTTI; ERCOLI; MASONI, 1996).

A clorofila possui dois picos de absorção de energia no espectro que são utilizados em

sua estimativa, um na região do azul (400 - 500 m) e outro na região do vermelho (620 - 700

m) (LICHTENTHALER, 1987). Entretanto, na região do azul ocorre a absorção de outros

pigmentos foliares que podem interferir na estimativa da clorofila (BUSCHMANN et al.,

1994). Por isso, as regiões do espectro visível mais utilizadas e que proporcionam melhor

estimativa do teor de clorofila são nas regiões com comprimentos de onda na região do verde

(500 - 570 m) e vermelho (620 - 700 m), além da região conhecida como Borda Vermelha

(700 - 750 m) (RICHARDSON; DUIGAN; BERLYN, 2002; GITELSON; GRITZ;

MERZLYAK, 2003; USTIN et al., 2009; CLEVERS & GITELSON, 2013).

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Neste sentido, vários autores desenvolveram índices de vegetação (IVs) que fornecem

boa estimativa do teor de clorofila foliar (USTIN et al., 2009, OLIVEIRA et al., 2017) em

várias espécies, inclusive do eucalipto (DATT, 1998; 1999a, 1999b; SIMS & GAMON,

2002). Dentre os IVs, a Posição do Ponto de Inflexão da Borda Vermelha (IPP) é um dos mais

amplamente utilizados para estimação do teor de clorofila (HORLER; DOCKRAY;

BARBER, 1983; SIMS & GAMON, 2002). As leituras de reflectância relacionadas à

concentração de clorofila são extremamente sensíveis à irradiação variável, a disposição

geométrica do sensor e da superfície, dentre outros fatores, o que pode levar a variações nas

leituras e baixa precisão dos dados. Considerando essas interferências, o IPP é a medida de

reflectância menos sensível a esses fatores (CURRAN; WINDHAM; GHOLZ, 1995), pois é

calculado através da primeira derivada (ou ocasionalmente em segunda) do espectro de

reflectância, que elimina as constantes aditivas causadoras das variações, por exemplo, a

irradiação (DEMETRIADES-SHAH; STEVEN; CLARK, 1990; CHEN & BLACK, 1992).

O IPP é o ponto de maior inclinação no espectro de reflectância da vegetação que

ocorre entre 690 a 740 m. Esse ponto define a Borda Vermelha e marca o limite entre

processos de absorção de clorofila nos comprimentos de onda vermelho e a dispersão foliar

nos comprimentos de onda do infravermelho próximo (CURRAN; DUNGAN; GHOLZ,

1990; CURRAN et al., 1991; CURRAN; WINDHAM; GHOLZ, 1995; DAWSON &

CURRAN, 1998). Além disso, o Red edge é invariável a iluminação e ao local de realização

da leitura com o espectrômetro (CURRAN; WINDHAM; GHOLZ, 1995), tornando-o mais

eficiente. Deficiências nutricionais reduzem a concentração de clorofila foliar, aumentam a

reflectância e diminuem a absorbância, deslocando o IPP para comprimentos de ondas mais

curtos (MARIOTTI; ERCOLI; MASONI, 1996; MASONI; ERCOLI; MARIOTTI, 1996;

ADAMS; NORVELL; PEVERLY, 1999; LIU et al., 2004; PACUMBABA & BEYL, 2011).

Embora a relação entre a clorofila e N vêm sendo amplamente estudada em diferentes

culturas utilizando-se os IVs (TIAN et al., 2011; CLEVERS & GITELSON, 2013;

SCHLEMMER et al., 2013; YAO et al., 2013), inclusive para o eucalipto, obtendo-se altas

correlações entre o teor de N foliar e o IPP (OLIVEIRA et al., 2017), são raros na literatura a

utilização de tais índices na detecção de deficiência de S (AL-ABBAS, 1974; MASONI;

ERCOLI; MARIOTTI, 1996), principalmente quando se trata em descrever as relações entre

as propriedades espectrais foliares e as variáveis morfológicas e fisiológicas das plantas,

especialmente a concentração de S na folha. As propriedades da reflectância espectral estão

intimamente relacionadas a muitos parâmetros morfológicos, fisiológicos e bioquímicos

(exemplo: concentração de nutrientes e clorofila). Sendo que estes parâmetros estão

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associados não só com ambientes de crescimento, mas também com o tipo de espécie e

estádios de crescimento das culturas (ZHAO et al., 2005). Contudo não há relatos de

identificação das relações entre o status de S em plantas de Eucalyptus e as propriedades de

reflectância espectral foliar. O objetivo do presente trabalho foi determinar se a reflectância

foliar pode ser utilizada para detectar a deficiência de enxofre (S) em folhas de eucalipto.

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1. Material vegetal e condições experimentais

O experimento foi realizado em casa de vegetação localizada no Campus JK no

Departamento de Engenharia Florestal da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e

Mucuri (UFVJM), Diamantina, MG (18° 15‟ S, 43° 36‟ W). Foram selecionadas mudas de

Eucalyptus urophylla com 45 dias de idade, 0,19 ± 0,001 m de altura e 3,0 ± 0,5 mm e o

diâmetro do coleto, provenientes da empresa Aperam de Itamarandiba (MG) (18° 15‟ S, 43°

36‟ W). Na instalação do experimento, as mudas tiveram seu sistema radicular lavado em

água corrente para a retirada do substrato e depois com água deionizada. Posteriormente,

foram fixadas em placas de isopor de 0,02 m de espessura e colocadas em vasos com

capacidade para 2 litros de solução nutritiva.

As mudas passaram pela adaptação da solução nutritiva completa (com todos os

macros e micronutrientes), para garantir condições nutritivas semelhantes a todos os

indivíduos. Para isso, utilizou-se solução completa com forca iônica de 10, 25, 50, 75 até 100

% da concentração de nutrientes sugerida na metodologia, conforme proposta por Clark

(1975), por 35 dias, e renovação de solução a cada sete dias. A solução nutritiva foi aerada

artificialmente com compressor de ar. O pH da solução foi mantido a 5,3 ± 0,3 e quando

necessário, foram feitas as correções com HCl 0,1 mol L-1

ou NaOH 1,0 mol L-1

. Manter o pH

nessa faixa foi necessário para ter prontamente disponíveis os macro e micronutrientes

presentes nas soluções nutritivas

Após o período de adaptação à solução nutritiva completa, iniciou-se a aplicação dos

tratamentos das soluções completa e com omissões de S com 100% de força, renovadas a

cada cinco dias, permanecendo durante 90 dias. Os tratamentos foram dispostos em

delineamento experimental em blocos casualizados, com dois tratamentos e três repetições,

considerando uma planta por vaso. Os tratamentos foram compostos por uma solução

nutritiva completa (controle) e por uma solução com omissão de enxofre (-S). As soluções

foram preparadas com reagentes puros (P.A.), sendo que a solução nutritiva completa segundo

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Clark (1975) modificada teve a seguinte composição química em macronutrientes (mg L-1

):

N=114,2; P=2,2; K= 70,2; Ca=104,4; Mg= 14,4; S=16, e em micronutrientes (μg L-1

): B=209;

Cu=32; Fe=2128; Mn=385; Zn=131.

2.2. Avaliações do material vegetal

As sintomatologias visuais de deficiências foram descritas e fotografadas em sete

tempos em intervalo de 15 dias, durante 90 dias, assim como a caracterização morfológica e

as leituras pelo mini espectrômetro (Figura 1). As mudas foram selecionadas para análise de

acordo com a média de altura e diâmetro, variando para mais e menos 5% da média de altura

e diâmetro apresentados pela muda mais desenvolvida. A altura da parte aérea, em cm, foi

medida com régua graduada, a 5 cm da superfície da raiz. O diâmetro, em mm, foi medido

com paquímetro digital, na região do coleto.

Utilizou-se o mini espectrômetro foliar portátil CI-710 (CID, Inc., Camas,

Washington, USA) (Figura 1), em cada tempo de avaliação das mudas de eucalipto. As

leituras foram feitas no lado esquerdo das folhas maduras, a 10 mm da borda inferior, sendo

aproximadamente quatro medições por muda. O aparelho realiza mensurações de absorbância,

transmitância e reflectância, na região do visível e infravermelho próximo nos comprimentos

de onda de 400 a 900 m, sendo a faixa espectral fornecida por meio de uma luz de LED azul

e lâmpada incandescente. A captura do feixe luminoso é realizada pelo sensor Toshiba

TCD1304AP Linear CCD, que apresenta resolução de 3648 pixels com comprimento de 8 x

200 µm por pixel, e relação sinal/ruído de 300:1 com sinal cheio. Antes de se proceder a

leitura foliar com o CI-710 procedia-se a leitura do padrão branco que o acompanha. Este

procedimento foi realizado de cinco em cinco amostras.

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Figura 1. Leitura do espectro de reflectância foliar pelo mini espectrômetro de folha CI-710.

No final de cada avaliação as folhas avaliadas pelo aparelho foram coletadas,

identificadas e acondicionadas em saco de papel e secadas em estufa com circulação de ar a

65 ºC até obtenção de peso constante. O mesmo procedimento foi realizado para a obtenção

da biomassa da massa de matéria seca, após as mudas serem seccionadas em raízes, caule e

folhas. Ao atingir peso constante, o material seco foi pesado em balança analítica com

precisão. Posteriormente, as folhas diagnóstico secas foram trituradas e submetidas à análise

química para determinação das concentrações de nutrientes de acordo com metodologia

descrita por Silva (2009). Análises destrutivas foram feitas com o objetivo de comparar as

informações obtidas com o aparelho através da reflectância foliar com a altura de mudas,

diâmetro do caule; massa seca das folhas, da parte aérea, das raízes e total das mudas de

eucalipto.

2.3.Análise de dados

O software utilizado para interpretação das leituras feitas pelo aparelho foi o

SPECTRA-SNAP que vem disponibilizado juntamente com o equipamento. Antes da seleção

dos dados, aplicou-se o filtro de alisamento de Savitzky-Golay (SAVITZKY & GOLAY,

1964) em todos os espectros foliares mensurados, com o objetivo de suavizar o espectro, ou

seja, retirar os ruídos ocasionados pela leitura do mini espectrômetro. O procedimento de

alisamento foi realizado, no entanto não houve alteração nas características da curva espectral.

Os dados fornecidos pelo SpectraSnap! foram selecionados no Microsoft Excel e

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posteriormente rodados no programa R de análise estatística para o cálculo da primeira

derivada do espectro. A primeira derivada dos dados fornece o Inflection Point Position (IPP),

que é o ponto de maior inclinação da curva espectral. Após selecionados os dados de

interesse,

Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias de solução nutritiva

completa e com omissão de enxofre (-S) foram comparadas pelo teste de F a 5 % no decorrer

dos tempos de avaliação.

Os dados médios das parcelas do experimento foram submetidos a um estudo de

regressão linear múltipla entre os teores de todos os nutrientes das folhas diagnósticos como

variáveis independentes, e considerando-se a produção de matéria seca da parte aérea (MSPA)

das mudas de eucalipto e valores obtidos para o IPP como variável dependente. Para avaliar a

relação da MSPA e IPP com os nutrientes na folha diagnóstico das mudas, foram

considerados: significância da regressão linear múltipla, índice de ajuste (R2 e R

2 ajustado),

significância de cada parâmetro estimado do nutriente da regressão linear múltipla com

MSPA e IPP, estudo da distribuição gráfica de resíduos padronizados (SEBER & LEE, 2003),

valores estimados da MSPA e IPP pelas equações de regressão ajustadas e a correlação linear

simples (r) dos valores observados e estimados da MSPA e IPP.

3. RESULTADOS

3.1. Sintomatologias visuais

Os sintomas visuais de deficiência de enxofre foram avaliados diariamente, durante

todo o período experimental, sendo utilizados como padrão para a diagnose visual. A

deficiência de S causou modificações fisiológicas e morfológicas nas plantas de eucalipto

quando comparado ao controle (Figura 2). Os primeiros sintomas visuais de deficiência

nutricional foram detectados aos 28 dias após aplicação dos tratamentos, quando as folhas

começaram a apresentar coloração um pouco mais clara que as folhas das plantas sem

omissão de S, passando a verde amarela e evoluindo para clorose generalizada das folhas mais

jovens, ao longo do experimento. Em geral a deficiência de S reduziu o crescimento das

plantas, o caule mostrou-se mais delgado e o sistema radicular e o crescimento em altura

reduzido (Figuras 2 e 3).

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Figura 2. Mudas de Eucalyptus urophylla submetidas aos tratamentos com omissão de S e

sem omissão, aos 45 dias após aplicação dos tratamentos: A) folhas de plantas supridas com

solução nutritiva completa, B) folhas de plantas com omissão de enxofre; C) aspecto geral da

parte aérea de plantas supridas com solução nutritiva completa D) aspecto geral da parte aérea

de plantas com omissão de enxofre

3.2. Crescimento da planta e produção de matéria seca

Pela análise de variância (ANOVA) na (Tabela 1, figura 3) é possível observar que até

os 60 dias após aplicação dos tratamentos, as plantas sob omissão de S não diferiram do

controle. Apenas 75 dias após a omissão de S da solução nutritiva, a carência do S reduziu

todos os parâmetros avaliados, altura (H), diâmetro do coleto (DC), produção de massa de

matéria seca total (MST) e de seus componentes: massa seca de raízes (MSR), folhas (MSF) e

parte aérea (MSPA) (Figura 3). De todas as variáveis avaliadas, parece que a deficiência de S

teve menor efeito sobre o diâmetro coleto (Figura 3b).

D

A B

C

Completo COMPLETO -S

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Tabela 1. Resumo da análise de variância e respectivos níveis de significância para posição

do ponto de inflexão (IPP), altura de mudas (H), diâmetro do caule (DC), produção de massa

de matéria seca das folhas (MSF), da parte aérea (MSPA), das raízes (MSR) e total (MST) de

mudas de Eucalyptus urophylla.

FV GL IPP AM DC MSF MSPA MSR MST

Bloco 2 43,62 27,67 0,46 0,23 4,46 1,06 8,17

Tratamento (T) 1 354,09** 301,60** 13,43** 2,45* 992,98** 58,04** 1531,15**

Tempo (t) 5 18,61 177,46** 14,30** 2,60** 568,02** 66,59** 1021,31**

T dentro t15 1 3,49 0,74 0,11 0,05 0,54 0,14 1,24

T dentro t30 1 168,33* 15,36 0,92 0,00 0,58 0,04 0,94

T dentro t45 1 97,67* 0,43 0,05 0,00 1,22 0,01 1,45

T dentro t60 1 102,47* 3,68 0,05 0,00 1,74 0,01 1,54

T dentro t75 1 149,46* 324,14** 12,44** 3,19* 494,50** 44,55** 835,91**

T dentro t90 1 215,66** 498,68** 17,34** 3,48* 2604,17** 129,46** 3894,87**

Resíduo 22 22,32 10,11 0,83 0,54 30,75 4,20 55,47

Média 704,36 27,95 5,07 1,41 8,47 3,49 11,96

CV (%) 0,67 11,38 18,05 21,76 25,46 28,76 22,26

* e ** significativos ao nível de 5 e 1% pelo teste de F, respectivamente. Tratamentos: solução nutritiva

completa (controle) e omissão de S. Tempo de avaliação: 15, 30, 45, 60, 75 e 90 dias após aplicação dos

tratamentos.

3.3. Concentração de enxofre nas folhas e posição do ponto de inflexão (IPP)

Após 45 dias da omissão do S da solução nutritiva, as plantas com deficiência

apresentaram concentração de S foliar menor que o controle (Tabela 2 e Figura 4b). As

concentrações de S foliar das mudas sob solução nutritiva completa diminuíram ligeiramente

com o aumento da idade da planta (Figura 4b). O efeito da idade da planta na concentração

elementar foi mais pronunciado nas mudas sob deficiência de S (Figura 4b). Durante o

período de avaliação a concentração dos nutrientes não alvo de estudo, N, P, K, Ca, Mg

(Tabela 2), nas folhas não variou com a omissão do S, assim como os micronutrientes Cu, B,

Zn, Fe (Dados não apresentados).

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18

15 30 45 60 75 90

Alt

ura

de m

ud

as

(cm

)

15

20

25

30

35

40

45

50

55

15 30 45 60 75 90

Diâ

metr

o d

o c

au

le (

mm

)

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

15 30 45 60 75 90

Mass

a s

eca d

e f

olh

a (

g)

0

1

2

3

4

15 30 45 60 75 90

Mass

a s

eca d

a p

art

e a

ére

a (

g)

0

10

20

30

40

50

60

15 30 45 60 75 90

Mass

a s

eca d

e r

aíz

es

(g)

0

2

4

6

8

10

12

14

16

15 30 45 60 75 90

Mass

a s

eca t

ota

l (g

)

0

10

20

30

40

50

60

70

Dias após tratamentos

Completo

-S

(a) (b)

(c) (d)

(e) (f)

ab

a

a

a

a

a

a

a b

a

a

b

a

aa

a

a

a

a

a

a

a

b

a

a

a

a

a

a

a

a

b

b

a

a

aa a

a

a

b b

a

a

a

bb

a

aa

aa

bb

a

a

a

a

a

a

a

a

a

a aaa

aaaa

Figura 3. Altura de mudas (a), diâmetro do caule (b), produção de massa seca das folhas (c),

da parte aérea (d), das raízes (e) e total (f) de mudas de Eucalyptus urophylla em solução

completa (controle) e omissão de enxofre (-S). Médias seguidas de mesma letra minúscula

não diferem entre solução completa e omissão de enxofre (-S) pelo teste de F a 5%.

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19

Tabela 2. Resumo da análise de variância e respectivos níveis de significância para

concentração de nutrientes na folha diagnóstico de mudas de Eucalyptus urophylla.

FV GL N P K Ca Mg S

Bloco 2 7,51 1,13 6,19 1,82 0,11 0,03

Tratamento (T) 1 95,74** 1,36 0,05 12,27* 0,06 2,98**

Tempo (t) 5 154,13** 0,79 6,46 2,25 1,98* 1,11**

T dentro t15 1 8,03 0,87 1,76 0,07 0,01 0,01

T dentro t30 1 5,07 0,03 0,71 0,05 0,17 0,07

T dentro t45 1 34,11 0,99 0,01 0,87 0,87 1,34**

T dentro t60 1 33,08 0,01 5,36 1,50 0,19 1,39**

T dentro t75 1 34,44 0,27 0,32 1,53 0,02 1,22**

T dentro t90 1 2,01 0,46 8,27 3,39 0,50 1,08**

Resíduo 26 11,35 0,89 12,10 2,76 0,45 0,12

Média 21,77 1,60 7,39 5,56 3,14 1,71

CV (%) 15,48 29,12 27,04 23,84 21,44 20,69

* e ** significativos ao nível de 5 e 1% pelo teste de F, respectivamente. Tratamentos: solução nutritiva

completa e omissão de S. Tempo de avaliação: 1, 15, 30, 45, 60, 75 e 90 dias após aplicação dos tratamentos.

Os distúrbios metabólicos resultantes das deficiências nutricionais de S influenciaram

a reflectância espectral foliar das mudas (Figuras 2, 3 e 4). Até os 15 dias após aplicação dos

tratamentos, a posição do ponto de inflexão (IPP) apresentou comportamento semelhante

entre as plantas com e sem omissão de S (Figura 4 a).

15 30 45 60 75 90

Posi

ção d

o p

onto

de i

nfl

exão (

nm

)

698

700

702

704

706

708

710

712

714

716

15 30 45 60 75 90

Concentr

ação d

e S

(g k

g-1

)

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

Dias após tratamentos

Completo

-S

(a) (b)

a

a

a

b

a

b

a

b

a

a

b b

aa

b

aa

a aa

a

b b b

Dias após tratamentos

Figura 4. Posição do ponto de inflexão (a) e concentração de S (b) na massa de matéria seca

da folha diagnóstico (b) de mudas de Eucalyptus urophylla em solução completa e omissão de

enxofre (-S). Médias seguidas de mesma letra minúscula não diferem para entre solução

completa e omissão de enxofre pelo teste de F a 5%.

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Contudo, aos 15 dias a deficiência de S alterou a reflectância das mudas sob omissão

deslocando o ponto de inflexão para comprimentos de onda mais curtos (±700 m), porém

somente aos 30 dias foi possível perceber diferença significativa entre as plantas com e sem

deficiência. O aparelho detectou deficiência nutricional nas plantas de eucalipto 30 dias após

a aplicação dos tratamentos (Tabela 1, Figura 4a).

As análises de regressão linear múltipla e de correlação simples indicaram que os

valores de reflectância foliar estimados pelo aparelho (mini espectrômetro) e pela MSPA

estavam estreitamente correlacionados com as concentrações de S nas folhas das mudas de

eucalipto (r2 = 0,99) (Tabela 3, Figura 5).

Tabela 3. Parâmetro das equações de regressão linear múltipla entre dos teores dos nutrientes

na folha diagnóstico de mudas de Eucalyptus urophylla como variáveis independentes e

posição do ponto de inflexão (IPP) e massa seca da parte aérea (MSPA) de mudas de

eucalipto como variável dependente.

Variável independente IPP MSPA

...................................... Parâmetro estimado ......................................

Intercepto 737,1252** 15,6251**

N 1,2199* -0,2184**

P -5,7517* -16,3045**

K -2,8977* -3,0758**

Ca -1,8995* -9,6999**

Mg -6,4946* -29,6966**

S -3,3152* 9,4547**

B 0,2503* 1,3741**

Cu -1,0651* -9,8369**

Fe -0,0788* -0,3949**

Mn -0,0033* -0,0239**

Zn 0,5665* 9,0848**

R2

0,9791 0,9998

R2 ajustado 0,8643 0,9988

* e ** significativo a 5 e 1% pelo teste de t.

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21

698 700 702 704 706 708 710 712 7141,0

0,5

0,0

-0,5

-1,0

698 700 702 704 706 708 710 712 714698

700

702

704

706

708

710

712

714

0 10 20 30 40 501,0

0,5

0,0

-0,5

-1,0

Valores estimados de IPP (nm)

Err

os

pa

dro

niz

ad

os

r = 0,98**

0 10 20 30 40 500

10

20

30

40

50

Va

lore

s o

bse

rv

ad

os

IPP

(n

m)

r = 0,99**V

alo

res

ob

serv

ad

os

MS

PA

(g

va

so-1

)

Err

os

pa

dro

niz

ad

os

Valores estimados de MSPA (g vaso-1

)

Valores estimados de IPP (nm)

Valores estimados de MSPA (g vaso-1

)

Figura 5. Distribuição gráfica dos resíduos padronizados para as regressões lineares múltiplas

de todos os nutrientes na folha diagnósticos de mudas de Eucalyptus urophylla com os valores

estimados da posição do ponto de inflexão (IPP) e massa seca da parte aérea (MSPA) e a

correlação linear simples (r) entre os valores de IPP e de MSPA observados (** significativo a

1% pelo teste de t)

Figura 5.

4. DISCUSSÃO

4.1. Diagnose nutricional convencional e a estimada pelo mini espectrômetro

A reflectância foliar utilizando o método do IPP mostrou-se sensível à oferta de S no

presente estudo (Figura 4a), indicando ser uma ferramenta diagnostico útil para a

discriminação do estado de S no E. urophylla, quando este sozinho é o nutriente limitante. A

análise nutricional das folhas diagnóstico detectou deficiência nutricional de S nas mudas de

E. urophylla aos 45 dias após aplicação dos tratamentos (Tabela 2 e Figura 4b). E a diagnose

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nutricional utilizando o mini espectrômetro detectou a deficiência aos 30 dias, ou seja, 15 dias

antes da análise nutricional tradicional feita em laboratório (Tabela 1 e Figura 4a). No entanto

os sintomas visuais de deficiência de S foram detectados aos 28 DAT, isso pode sugerir que

se a leitura fosse realizada em folhas novas e não em folhas diagnóstico, talvez o equipamento

teria diagnosticado a deficiência de S antes da diagnose visual. Em plantios comerciais de

eucalipto a amostragem também é feita coletando folhas maduras, totalmente expandidas, no

terço médio superior das copas das plantas (BELLOTE & SILVA 2000).

Essa diferença entre os métodos nos leva a discutir a eficiência e rapidez dessa

obtenção de dados, uma vez que a análise pelo equipamento é realizada em menos tempo

quando comparada à análise foliar em laboratório. O tempo gasto com a coleta das folhas,

remessa para o laboratório e posterior análise nutricional é em sua maioria superior a 20 dias,

dependendo do laboratório escolhido. A diferença entre a detecção da deficiência de S pelo

equipamento e pela análise foliar foi de 15 dias, período que influencia diretamente na tomada

de decisão da adubação corretiva.

O equipamento mostrou-se capaz de identificar a „fome oculta‟ das mudas, ou seja, ele

detectou a deficiência antes da redução na produção de massa de matéria seca. A diagnose

foliar também foi capaz de identificar a deficiência antes, no entanto, deve-se lembrar de que

procedimentos laboratoriais requerem mão de obra qualificada, aparelhos complexos e

reagentes químicos caros. O desenvolvimento de um método que calibre estes procedimentos

laboratoriais a uma metodologia mais simples e rápida, livre de equipamentos e reagentes

dispendiosos, é de grande interesse na área de análise química foliar e avaliação do status

nutricional de plantas (OLIVEIRA et al., 2017), principalmente em grandes culturas, como

eucalipto.

Neste sentido a escolha entre qual método utilizar para a análise nutricional da planta é

importante levar em consideração, o tempo, custo e efetividade do equipamento e da análise

foliar. Ambos apresentam vantagens e desvantagens, porém, na tomada de decisão de

adubação, o tempo é um fator de extrema importância, visto que ele pode interferir

diretamente no aumento ou redução da produção.

4.2. Relação entre a reflectância espectral foliar e a concentração de enxofre foliar

Os distúrbios metabólicos resultantes da deficiência nutricional de S de eucalipto neste

experimento levaram a uma redução do conteúdo de clorofila foliar e consequentemente a

uma alteração da cor da folha, aumentando a reflectância foliar das mudas. Estas condições

são claramente ilustradas nas (Figuras 2, 3 e 4). Plantas deficientes em S tem menor

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quantidade de clorofila do que plantas bem nutrida, uma vez que a concentração de clorofila

da folha reduz linearmente à medida que a concentração de S da folha diminui (MASONI;

ERCOLI; MARIOTTI, 1996).

Nas plantas bem nutridas, a concentração de S foliar diminuiu ligeiramente de acordo

com a idade da planta, com comportamento semelhante as com deficiência até aos 15 DAT

(Figuras 4b). Embora a concentração de S das folhas tenha diminuído linearmente ao longo do

experimento, somente aos 45 dias DAT a análise nutricional das folhas foi capaz de detectar a

deficiência de S nas mudas de eucalipto, ou seja, quando foi verificado diferença entre as

plantas em omissão e controle (Figura 4b). O comportamento entre a concentração de S foliar

e a posição do ponto de inflexão (IPP) foram semelhantes, uma vez que até os 15 DAT a

posição do ponto de inflexão também apresentou comportamento semelhante entre as plantas

com e sem omissão de S (Figuras 4). Aos 30 dias, foi possível identificar diferença entre os

tratamentos (Figura 4a), visto que a deficiência de S alterou a reflectância das mudas com

deficiência, deslocando o ponto de inflexão para comprimentos de ondas mais curtos (±700

m). Este resultado é consistente com vários relatos que confirmaram que os distúrbios

metabólicos resultantes de deficiência nutricionais levaram a redução do conteúdo de clorofila

foliar com consequente alteração da cor da folha e aumento da reflectância em todo o espectro

visível, e deslocamento do IPP em direção a comprimentos de onda mais curtos (MARIOTTI;

ERCOLI; MASONI, 1996; ZHAO et al., 2005; ZHAO et al., 2007; PACUMBABA & BEYL,

2011). Portanto, o ponto de inflexão centrado em ±700 m pode ser usado para detectar

deficiências de S em plantas de E. urophylla. Respostas espectrais em comprimentos de onda

próximos de 700 m podem ser parcialmente explicadas pela redução da absorção da

clorofila, indicando que o estresse foi suficiente para inibir a produção de clorofila e assim

aumentar a reflectância (CHAPPELLE KIM MCMURTREY, 1992; JORGENSEN;

CHRISTENSEN; BRO, 2007). A concentração de clorofila é geralmente um indicador de

estresse nutricional e estágio de desenvolvimento (senescência) da planta (CURRAN

DUNGAN GHOLZ, 1990, FILLELA & PENUELAS, 1994). A sensibilidade da reflectância à

clorose induzida pelo estresse é alta na faixa de 690-700 m (CARTER, 1993) onde ocorre o

deslocamento da borda vermelha para comprimentos de onda mais curtos devido a menores

concentrações de clorofila e aumento da reflectância (PACUMBABA & BEYL, 2011).

Na Figura 4b é importante observar que a concentração do S sofreu pouca variação ao

longo do período avaliado (90 dias). Por outro lado, o comportamento espectral foliar foi

influenciado pela idade cronológica das mudas (Figura 4a). Mudanças no comportamento

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espectral influenciadas pela idade cronológica das plantas também foram observadas por

ERCOLI et al. (1993) e FILLELA & PENUELAS, (1994). É bem conhecido que a

maturidade das plantas pode ter um efeito sobre a reflectância foliar, geralmente as folhas

mais velhas têm uma reflectância muito maior do que as folhas jovens, o que resulta no

deslocamento do IPP para comprimentos de ondas menores (AYALA-SILVA & BEYL,

2005). No entanto, ainda na Figura 4 é possível observar que nas plantas maduras do controle,

o IPP deslocou-se para comprimentos de onda mais longos, esse mesmo comportamento foi

observado em folhas maduras de ervilha por Horler, Barber, Barringer (1980). Isso indica que

o IPP fornece relações com fatores de desenvolvimento das plantas, como maturidade da

folha, sendo altamente sensível para detectar leves mudanças na clorofila e determinar o

estresse sofrido pela planta de forma prematura (HORLER; DOCKRAY; BARBER, 1983).

Contudo nem sempre se pode dizer que o deslocamento do espectro para comprimentos de

onda mais curtos é característica de plantas estressadas, mas sim uma inibição do

deslocamento normal para comprimentos de ondas mais longos (MILTON; EISWERTH;

AGER, 1991).

As variáveis morfológicas, H, DC, MSR, MSC, MSF, MSPA, MST foram

influenciadas pela deficiência de S somente a partir dos 75 dias após a omissão do nutriente

em questão (Tabela 1, figura 3). Enquanto o aparelho detectou a deficiência as 30 DAT, o que

demonstra que o aparelho é capaz de identificar a deficiência do S antes do comprometimento

de características morfológicas das plantas (Figura 4a).

As análises de regressão linear múltipla e de correlação simples indicaram que os

valores de reflectância foliar estimados pelo aparelho (mini espectrômetro) e pela MSPA

estavam estreitamente correlacionados com as concentrações de S nas folhas de E. urophylla

(r2 = 0,99) (Tabela 4, figura 5). A Tabela 4 mostra a regressão linear múltipla ajustada para

um conjunto de dados observados dependentes, o IPP e MSPA, usando uma combinação

linear de variáveis independentes, a concentração de todos os nutrientes. Em geral, observou-

se que o R2

da MSPA foi superior ao R2

do IPP, isso significa que a MSPA correlacionou

melhor com a concentração dos nutrientes do que o IPP, entretanto é possível perceber que o

Ponto de Inflexão também apresenta uma relação boa com o estado nutricional da planta.

O S apresentou uma correlação negativa com IPP, indicando que quanto maior a

concentração de S nas folhas diagnóstico de eucalipto, possivelmente maior teor de clorofila e

menor a intensidade do pico do ponto de inflexão (menor reflectância na região do visível)

(BUSCHMANN & NAGEL, 1993). Em estudo com diversas culturas anuais, constatou-se

que a concentração de clorofila correlacionou linearmente com a posição da borda vermelha,

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contudo o mesmo não aconteceu com a concentração de S nas folhas (MASONI; ERCOLI;

MARIOTTI, 1996). Os erros padronizados dos valores estimados de IPP e MSPA juntamente

com os coeficientes de correlação (r) entre os valores de IPP e de MSPA observados e

estimados (Figura 5), foram utilizados para a comparação dos modelos de regressão linear

múltipla. Na dispersão dos valores estimados e observados os pontos tenderam a se agrupar ao

longo de linhas próximas à linha de 45° tangente (AL-ALAWI; ABDUL-WAHAB;

BAKHEIT, 2008), indicando que não houve superestimação ou subestimação dos dados, com

o erro tendendo a zero, ou seja, o modelo ajustado para IPP e MSPA apresenta alta correlação

(r=0,99) entre valores estimados pelo aparelho (mini espectrômetro) com a concentração de

nutrientes observados, obtidos através de procedimentos de análises laboratoriais (Figura 5).

Isto reforça que dentro das condições estudadas IPP e MSPA podem ser usados como

ferramentas de precisão para detectar a concentração de nutrientes em de mudas de E.

urophylla, sendo comparável aos resultados obtidos em laboratórios. Embora variações nas

concentrações de nutrientes, produção de biomassa e propriedades espectrais se sobrepuseram

(Tabela 1 e 4, figuras 3 e 4) é evidente a importância da reflectância espectral para uso como

ferramenta diagnóstica de estresse nutricional (PACUMBABA & BEYL, 2011) sobretudo em

espécies florestais.

4.3. Crescimento das plantas em resposta a deficiência de enxofre

A deficiência de S não alterou a concentração dos demais nutrientes nas mudas de

eucalipto (Tabela 2), portanto, os sintomas de deficiência e as modificações morfológicas e

fisiológicas observadas nas plantas foram causados apenas pelo nutriente deficiente. Isto

sublinha a importância do S para o crescimento inicial do Eucalyptus urophylla. Por outro

lado, a literatura afirma que a deficiência de um dado nutriente pode causar desordens

bioquímicas modificando a concentração de outros elementos. E os sintomas morfológicos e

fisiológicos de deficiência geralmente não ocorrem pela deficiência de um único elemento,

mas sim pela deficiência combinada de vários nutrientes. (MASONI; ERCOLI; MARIOTTI,

1996). Os sintomas de deficiência visual de nutrientes podem ser uma ferramenta de diagnose

muito poderosa para avaliar o estado nutricional das plantas (AYALA-SILVA & BEYL

2005). A clorose em folhas novas foi o primeiro sintoma visual de carência de S observado

nas mudas de eucalipto, aos 28 dias após aplicação dos tratamentos (Figura 2). Sintomas de

deficiência de S nos estádios iniciais de crescimento também foram observados em milho por

Masoni; Ercoli e Mariotti, (1996). O S está intimamente envolvido na organização da clorofila

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na lamela do cloroplasto (RODRIGUES, 2002), assim sua deficiência pode levar a redução da

clorofila e causar clorose generalizada nas folhas mais jovens, um dos sintomas típicos de

deficiência de S por ser um nutriente de baixa mobilidade na planta. Deficiência de S causa

decréscimo nos conteúdos de clorofila e ribulose-1,5 bisfosfatocarboxilase/oxigenase

(Rubisco), inibição aa síntese de proteínas, redução da fotossíntese e do crescimento das

plantas (MASONI; ERCOLI; MARIOTTI, 1996, RESURRECCION et al., 2001). Os

resultados obtidos neste trabalho são similares aos observados em Eucalyptus globulus, E.

urophylla e E. grandis (ALFENAS et al., 2009), em cedro-australiano (MORETTI et al.,

2011), ipê-roxo (Tabebuia impetiginosa) (SOUZA; VENTURIN; MACEDO, 2006) e

cerejeira (Amburana Acreana) (VIEIRA et al., 2011). Contudo, a omissão do S não causou

sintomas visuais de deficiência em plantas de Eucalyptus citriodora (MAFFEIS et al., 2000) e

pouco afetou o tamanho das plantas e o desenvolvimento das raízes em plantas de cedro rosa

(Cedrela odorata L) (LOCATELLI; MACEDO; VIEIRA, 2006).

A ausência do S também reduziu o crescimento e a produção de biomassa total das

plantas de eucalipto, o caule mostrou-se mais delgado, o sistema radicular reduzido e com

crescimento em altura afetado pelo atrofiamento do ápice das mudas, quando comparado com

as mudas sob solução nutritiva completa (Figura 2 e 3, Tabela 1). A limitação da produção de

biomassa sob omissão de S foi atribuída principalmente à redução do número de folhas

(Figura 2) e consequentemente menor área foliar, o que levou a menor taxa fotossintética e

menor produção de biomassa. Taxas fotossintéticas foliares estão diretamente associadas à

produção de massa de matéria seca vegetal (ZHAO et al., 2005). A omissão do S da solução

nutritiva não resultou em alterações imediatas na altura, diâmetro do coleto e na produção de

MSR, MSF, MSPA e MST das mudas de eucalipto em relação ao controle. Foi possível

identificar redução dessas variáveis apenas aos 75 dias após a aplicação dos tratamentos

(DAT) (Tabela 1, figura 3). Isso pode ter ocorrido devido ao fornecimento desse nutriente

através da solução completa durante 35 dias na fase de adaptação, o que pode ter sido

suficiente para o crescimento inicial das plantas, e, ou as plantas terem recebido quantidades

satisfatórias desse nutriente na adubação de viveiro. Esses dados assemelham-se aos

observados no crescimento inicial de Swietenia macrophylla (WALLAU et al., 2008) e de

Eucalyptus citriodora (MAFFEIS et al., 2000) sob omissão de enxofre.

As reduções das variáveis, H, DC, MSR, MSF, MSPA, MST, 75 dias após a omissão

de S mostram que este é um nutriente importante no desenvolvimento inicial das plantas de E.

urophylla. Como S é constituinte essencial das proteínas e está intimamente envolvido na

organização da clorofila, Rubisco, além de ser componente da ferrodoxina, todas envolvidas

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no processo da fotossíntese, sua deficiência restringe a capacidade fotossintética e

consequentemente a produção de biomassa e o crescimento da planta (RESURRECCION et

al., 2001; RODRIGUES, 2002; VIEIRA; WEBER; SCARAMUZZA, 2016). A produção de

biomassa foliar é uma das características que influenciam no desenvolvimento da parte aérea

e na sobrevivência das plantas no campo, sendo que quanto maior a MSF, maior a capacidade

fotossintética e maior vigor das mudas (VIEIRA; WEBER; SCARAMUZZA, 2016).

5. CONCLUSÃO

A reflectância foliar poder ser utilizada para detectar a deficiência de S em folhas de

eucalipto.

A deficiência de enxofre causou alterações nas concentrações de nutrientes, nas

propriedades morfológicas e fisiológicas das plantas de Eucalyptus, que refletiram nas

mudanças das propriedades espectrais foliares da espécie em questão.

O equipamento detectou a deficiência de enxofre apresentando resultados semelhantes

à diagnose foliar.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em geral, o estresse nutricional causado devido a deficiência de S levou a redução a

concentração do nutriente na planta, seguido de redução no conteúdo de clorofila foliar e o

que levou ao aumento na reflectância na gama VI e IR refletindo diminuição no crescimento

biomassa total. A posição do ponto de inflexão mudou para comprimentos de onda mais

curtos com deficiências de S. Muitas mudanças nas propriedades espectrais podem ocorrer,

dependendo da interação entre as deficiências de um determinado mineral e o nível de

deficiência. Assim, é evidente a importância da reflectância espectral para uso como

ferramenta diagnóstica para o estresse nutricional. Contudo, em geral os resultados do

experimento indicam que há necessidade de mais pesquisas utilizando mini espectrômetro

para determinar deficiências nutricionais em culturas como eucalipto. Embora a determinação

deficiências nutricionais específicos possa requerer refinamento e análise dos dados

espectrais, medições de refletância usando o mini espectrômetro pode ser uma poderosa

técnica não destrutiva para detectar deficiências minerais precoces na cultura do eucalipto se a

deficiência do elemento específico é conhecida, mas a diferenciação entre os nutrientes

individuais pode ser difícil.

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8. APÊNDICE

- ROTINA NO SOFTWARE ESTATÍSTICO R

#Leitura do pacote utilizado para o filtro de alisamento de Savitzky-Golay.

library("signal")

#Leitura do arquivo e procedimento de alisamento dec (decimal), header (cabeçalho)

#OBS: o arquivo está disposto em coluna

An <- read.csv("arquivo.csv",sep = ";",dec = ".", header = T)

An<- t(An)

arquivo1<-as.matrix(A1)

# Savitzky-Golay

Ansg<- t(apply(arquivo1,1,sgolayfilt,p=2,n=111,m=1))

Ansg <- t(A1sg)

#para salvar o arquivo

write.csv(Ansg, file = "nome_dado_ao_arquivo.csv")

Filtro de alisamento Savitzky-Golay

t(apply(matrizdosespectros,1,sgolayfilt,p=2,n=111,m=1))

Onde:

Matrizdoespectro: arquivo para o procedimento

sgolayfilt: filtro de alisamento

p: grau do polinômio a ser adotado

n: janela de dados

m: suavização (0), ou n derivadas do espectro.