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UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO Maria de Lourdes Neres da Silva LEVANTAMENTO PEDOLÓGICO E AVALIAÇÃO DO USO DO SOLO EM UMA ÁREA IRRIGADA NO SUBMÉDIO SÃO FRANCISCO Petrolina PE 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO

Maria de Lourdes Neres da Silva

LEVANTAMENTO PEDOLÓGICO E AVALIAÇÃO DO USO

DO SOLO EM UMA ÁREA IRRIGADA NO SUBMÉDIO SÃO

FRANCISCO

Petrolina PE

2015

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MARIA DE LOURDES NERES DA SILVA

LEVANTAMENTO PEDOLÓGICO E AVALIAÇÃO DO USO

DO SOLO EM UMA ÁREA IRRIGADA NO SUBMÉDIO SÃO

FRANCISCO

Petrolina PE

2015

Trabalho apresentado a

Universidade Federal do Vale do

São Francisco – UNIVASF,

Campus Ciências Agrárias, como

requisito da obtenção do título de

Graduado.

Orientador: Prof. José Jorge

Sousa Carvalho.

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S586l Silva, Maria de Lourdes Neres da.

Levantamento Pedológico e Avaliação do Uso do Solo em uma Área Irrigada no

Submédio São Francisco / Maria de Lourdes Neres da Silva. – Petrolina, 2015.

67 f. : il. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciências biológicas) -

Universidade Federal do Vale do São Francisco, Campus Ciências Agrárias, 2015. Orientador: José Jorge Sousa Carvalho.

1. Solos. 2. Pedologia. 3. Solo - avaliação. I. Título. II. Universidade Federal do Vale do

São Francisco.

CDD: 631.4

CDD: 027.7

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Aos meus avós, João de Deus Nery e Rita Lima da Soledade, que juntos me

ensinaram a amar a vida, a terra, a natureza!

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AGRADECIMENTOS

Pelo dom imerecido da vida, pela força sempre concedida nos momentos mais

difíceis, pela coragem para perseverar e jamais desistir, por me fazer enxergar a

beleza da vida e me encantar a cada dia com a complexidade do universo, por permitir

que neste momento eu realize o sonho de uma vida inteira, agradeço a Deus, “Pois

as suas qualidades invisíveis são claramente vistas desde a criação do mundo em

diante, porque são percebidas por meio das coisas feitas, mesmo seu sempiterno

poder e Divindade” (Romanos 1:20).

Agradeço a minha família pelo apoio incondicional e acolhimento sempre

reconfortante, em especial aos meus avós maternos e a minha mãe, Helena, por

serem o exemplo de pessoas corajosas e honestas que busco seguir sempre, e as

minhas irmãs e irmão, pela alegria constante e a paciência infinita comigo...

Aos meus amigos, indistintamente, que contribuíram, cada um ao seu próprio

modo, para a realização desse projeto de vida, que é a minha graduação, em especial

a Sara Raquel, que tem cheiro de algodão doce em manhãs primaveris, a Débora

Carine, que me inspira a doce fragrância da paz, a Joerlandes Rodrigues, por todas

as conversas descontraídas e risos extraídos de mim nos momentos mais

necessários, bem como aos meus amigos e amigas de casa e residência, em especial

a Uêdija Dias, por todo o companheirismo e por me ajudar a fazer de um espaço

comum o meu lar...

Ao senhor Ivanildo Roque Alves, por ceder a área da fazenda Brazil Fruit para

a realização deste trabalho...

A UFRB, em especial a Ronaldo Pedreira e a Flávia Moreira, por todo empenho

em me auxiliar com as análises laboratoriais necessárias para este trabalho...

Aos meus professores da UNIVASF, que contribuíram para o meu

desenvolvimento profissional e pessoal, nessa aventura da vida que é o aprendizado...

Aos professores Fábio C. Nunes e Gileno S. Moreira, pela disponibilidade em

contribuir para a melhoria deste trabalho...

E claro, ao meu orientador, José Jorge Sousa Carvalho, que em um ano de

trabalho e orientação, me ensinou a enxergar melhor o caminho que quero trilhar, a

profissional que quero ser e a pessoa que desejo me tornar, evoluindo sempre no

processo diário da construção da vida.

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RESUMO

Com o avanço tecnológico e o crescimento populacional, a necessidade de se

produzir mais alimentos cresce continuamente. Com isso, a busca por novas terras

cultiváveis tem resultado no uso indiscriminado do solo, na maioria das vezes com um

sistema de manejo inapropriado, o que tem sido uma das principais causas de

problemas como erosão, degradação e perda de fertilidade. No Submédio São

Francisco, a inclusão da irrigação tem impulsionado a fruticultura na região. No

entanto, estudos de classificação de solos em escala de detalhe para essas áreas

produtoras ainda são escassos. Assim, o trabalho teve por objetivo realizar um

levantamento pedológico detalhado e avaliar o uso das terras em uma propriedade de

fruticultura irrigada no Submédio São Francisco. Foram realizadas atividades de

escritório, de campo e de laboratório. As atividades de escritório consistiram em

aquisição de mapas da propriedade e dados referentes ao uso da terra e manejo

empregado, além da ordenação de todos os dados obtidos na pesquisa. Em campo,

o trabalho baseou-se em abertura de trincheiras e coleta de amostras do solo que

seguiram para análises das propriedades físicas e químicas em laboratório. Os solos

da área foram classificados como Argissolo Vermelho Amarelo Eutrófico A fraco, argila

de atividade baixa e relevo plano e Argissolo Vermelho Amarelo Eutrófico A fraco,

argila de atividade baixa e relevo suave ondulado. Com os resultados obtidos em

campo e no laboratório, foram elaborados os mapas de classes de solo, capacidade

de uso das terras, classes de terra para irrigação e de qualidade ambiental. O

mapeamento da Capacidade de Uso das Terras revelou que a área estudada se

enquadra na Classe III, configurando terras que apresentam problemas complexos de

conservação, mas que podem ser cultivadas com culturas anuais ou mesmo

permanentes, se realizado o manejo adequado. Já o mapeamento de Classes de

Terra para Irrigação, classifica a área como terra que, se explorada em alto nível

tecnológico e determinado sistema de irrigação, apresenta produtividade média. Em

relação a Qualidade Ambiental, as areas de cultivo apresentam potencial de uso para

desenvolvimento de atividades agrícolas, apresentando, porém, os riscos ambientais

relacionados a contaminação do solo por agrotóxicos, perda de fertilidade e riscos de

compactação do solo, enquanto que para a Reserva Legal, os riscos mais pertinentes

são inerentes ao desmatamento e a perda da diversidade biológica.

Palavras-chave: Pedologia. Classificação de Solos. Argissolo. Fruticultura irrigada.

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ABSTRACT

Due to advances in technology and population growth, the need to produce more food

grows continuously. Thus, search for new cultivable lands has resulted in the

indiscriminate use of land, most of the time with an inappropriate management system,

which has been a major cause of problems such as erosion, degradation and loss of

fertility. In the Submedium São Francisco, the inclusion of irrigation has driven the fruit

growing in the region. However, soil taxonomy studies in detail scale for these

producing areas are still scarce. Thus, this study aimed to conduct a detailed soil

survey and to evaluate the use of land in irrigated fruit growing property in the

Submedium São Francisco. Office, field and laboratory activities were conducted.

Office activities consisted of acquisition of the property maps and data on land use and

crop management as well as the arrangement of all the data collected in the survey.

In the field, the work was based on opening trenches and collecting soil samples and

then followed for analysis of physical and chemical properties in the laboratory. The

soils on the area were classified as Eutrophic Red Yellow Argisol A weak, low activity

clay and relief plan and Eutrophic Red Yellow Argisol A weak, low activity clay and

gently rolling relief. Based on the results obtained in the field and in the laboratory, the

maps of soil types, land use capability, ground levels of irrigation water and

environmental quality were developed. Mapping capacity of Use of Lands revealed that

the study area falls under Class III, setting land that present complex conservation

problems but can be grown with annual or permanent crops if done proper

management. The Land Classes mapping for irrigation classifies the area as land

exploited in high technology and certain level irrigation system has an average

productivity. Regarding Environmental Quality, cultivation areas have potential use for

development of agricultural activities, presenting, however, environmental risks related

to soil contamination by pesticides, loss of fertility and risk of soil compaction, while for

the Reserve Legal, the most relevant risks are inherent to deforestation and loss of

biodiversity.

Key-words: Pedology. Soil Taxonomy. Argisol. Irrigated fruit.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO-----------------------------------------------------------------

09

2. REVISÃO DE LITERATURA----------------------------------------------

11

2.1. A DESCOBERTA DO SOLO COMO BASE PARA OS SISTEMAS AGRÍCOLAS------------------------------------------

11

2.2. O SURGIMENTO DA PEDOLOGIA COMO CIÊNCIA -----

12

2.3. LEVANTAMENTOS PEDOLÓGICOS NO BRASIL----------

13

2.4. A FRUTICULTURA IRRIGADA E O USO DO SOLO NO VALE DO SÃO FRANCISCO-------------------------------------

14

3. MATERIAIS E MÉTODOS--------------------------------------------------

16

3.1. ÁREA DE ESTUDO-------------------------------------------------

16

3.2. MÉTODOS DE TRABALHO--------------------------------------

19

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES-----------------------------------------

21

4.1. CARACTERIZAÇÃO PEDOLÓGICA E CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS------------------------------------------------------------

21

4.2. CAPACIDADE DE USO DAS TERRAS------------------------

41

4.3. CLASSES DE TERRA PARA IRRIGAÇÃO-------------------

45

4.4. QUALIDADE AMBIENTAL-----------------------------------------

50

4.5. PRÁTICAS DE MANEJO RECOMENDADAS----------------

55

5. CONCLUSÕES----------------------------------------------------------------

58

6. REFERÊNCIAS---------------------------------------------------------------

59

APÊNDICE------------------------------------------------------------

63

ANEXO----------------------------------------------------------------- 67

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1. INTRODUÇÃO

O solo pode ser definido como uma coleção de corpos naturais formando um

sistema dinâmico e tridimensional, composto por partes sólidas, líquidas e gasosas

provenientes de materiais orgânicos, minerais e de matéria viva, podendo ser

vegetado na natureza ou ainda modificado pela ação antrópica (EMBRAPA, 2013).

De acordo com Primavesi (2002), o solo representa a base que sustenta a vida na

terra, sendo o manejo adequado desse recurso a chave para a prosperidade e bem

estar das nações.

De fato, o solo constitui a base de sustentação dos sistemas agrícolas, no

entanto, quando cultivados de forma intensiva e prolongada, tornam-se limitados,

perdendo sua fertilidade natural (RONQUIM, 2010). A agricultura moderna concentra-

se na produção em larga escala, com a exploração extensiva do solo através da

monocultura, da irrigação, do uso de agroquímicos e trânsito de máquinas pesadas,

que com o tempo torna o solo compacto, colaborando para a degradação deste

recurso (ABREU, 2007).

No semiárido brasileiro, a agricultura encontra ainda outros obstáculos, como a

distribuição irregular das chuvas, taxas elevadas de evaporação, solos rasos e

recursos hídricos escassos, fatores limitantes para o desenvolvimento da agricultura

na região (SANTOS et al., 2012). Para a manutenção e melhor exploração dos

recursos naturais nesse ambiente, faz-se necessário estudos que descrevam os

principais solos do semiárido em escala de detalhe, com informações que abranjam a

morfologia, as propriedades físicas e químicas, a capacidade de uso, as limitações

existentes e dados sobre fertilidade. Estas informações são essenciais para o

gerenciamento dos solos, da água e das espécies vegetais presentes na região,

garantindo a produção de alimentos e diversos serviços ambientais gerados por estes

recursos (CUNHA et al., 2010).

Com o advento de novas tecnologias aliadas à busca por novos meios de

produção, a irrigação surgiu para expandir as fronteiras agrícolas, tornando-se o meio

mais viável para tornar produtiva a região semiárida (LOPES; ANDRADE; CHAVES,

2008). Diante dessa nova possibilidade, o governo brasileiro passou a implantar, na

segunda metade do século XX, os perímetros irrigados no Vale do São Francisco,

criando Pólos de produção agrícola que são referência no cenário nacional

(CORREIA, ARAÚJO; CAVALCANTI, 2000).

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Nos perímetros irrigados dessa região, boa parte dos agricultores praticam um

manejo inadequado e uma irrigação rudimentar, sem instruções técnicas, levando à

perdas na fertilidade do solo e na produção. Apesar do uso intensivo do solo e do

crescimento das regiões produtores em função da fruticultura irrigada, ainda são

escassos estudos que avaliem o impacto dessa nova dinâmica imposta sobre os

solos, com o uso de agroquímicos e técnicas impróprias de manejo que podem estar

alterando as propriedades morfológicas, físicas e químicas destas áreas (RIBEIRO,

2007).

Para um melhor aproveitamento do solo e da água na região, visando o

desenvolvimento de uma agricultura sustentável, o monitoramento dos recursos

disponíveis é essencial, permitindo que o solo, estando equilibrado, continue

desempenhando suas funções naturais, ou seja, a sustentação da produtividade e a

promoção da saúde vegetal e ambiental, culminando por fim na manutenção dos

ecossistemas (ARAÚJO; MONTEIRO, 2007; TEÓFILO; SARTORI; ZIMBACK, 2011).

Assim, este trabalho teve como objetivos mapear as classes de solos de uma

área irrigada no Submédio São Francisco, através de um levantamento pedológico

detalhado, na escala de 1:10.000; Avaliar a capacidade de uso das terras, bem como

as classes de terras apropriadas à irrigação e a qualidade ambiental, além da

elaboração de um plano de manejo, com o intuito de auxiliar o produtor no

gerenciamento adequado dos recursos disponíveis, garantido menor impacto

ambiental para a região e a sustentabilidade da sua área de produção.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. A DESCOBERTA DO SOLO COMO BASE PARA OS

SISTEMAS AGRÍCOLAS

Desde as civilizações mais antigas, quando o homem descobriu a capacidade

dos solos em produzir alimentos e começou a separar as terras mais produtivas das

menos produtivas, o solo passou a ser visto como um dos recursos naturais mais

relevantes, juntamente com a água, tornando-se a base primordial da agricultura

(BLAINEY, 2007; LEPSCH, 2010).

As primeiras produções agrícolas surgiram no período neolítico, há menos de

10 mil anos e eram praticadas sempre próximas de rios, onde as terras já eram

naturalmente férteis. Nesta mesma época, começou a ser implantado nas zonas

áridas (Mesopotâmia, Vales do Nilo e do Indu, Oásis e nos vales do Império Inca) os

sistemas agrários hidráulicos com cultivos de inundação ou cultivos irrigados

(MAZOYER; ROUDART, 2010).

Com o avanço tecnológico e o crescimento populacional, a necessidade de se

produzir mais alimentos também cresceu, aumentando a demanda por terras férteis,

fazendo com que mais áreas fossem ocupadas pela agricultura, ampliando assim as

fronteiras agrícolas (SOUZA; SILVA; COSTA, 2009).

A busca por novas terras cultiváveis resultou em um uso indiscriminado e

acelerado do solo, na maioria das vezes com um sistema de manejo inapropriado e

sem muita preocupação com a conservação desse recurso, o que tem sido uma das

principais causas de problemas como erosão, degradação e perda de fertilidade dos

solos (ARAÚJO; MONTEIRO, 2007). Além disso, estudos tem demostrado que solos

cultivados tornam-se limitados com o passar dos anos, visto que a prática de cultivos

seguidos tendem a diminuir a sua capacidade produtiva (RONQUIM, 2010). Perdas

nas propriedades físicas e químicas do solo reduzem sua capacidade de sustentar o

crescimento e desenvolvimento de plantas, causando impactos diretos no meio rural,

e consequentemente, no meio urbano (REICHERT; REINERT; BRAIDA, 2003).

Diante da dinâmica agrícola imposta aos ecossistemas ao longo de 10 mil anos

de exploração do solo para cultivos agrícolas, com a iminente degradação deste

recurso e o possível declínio da agricultura convencional, tornou-se necessário

estudos que avaliassem o potencial das terras, com elaboração de inventários

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sistemáticos, mapeamento e monitoramento dos solos agricultáveis, visando a

melhoria de práticas no campo (CAMARGO; ALVAREZ; BAVEYE, 2010).

2.2. O SURGIMENTO DA PEDOLOGIA COMO CIÊNCIA

A pedologia surgiu como ciência no final do século XIX, sendo desmembrada

de outras ciências, como a Geologia e a Geomorfologia, quando os estudiosos

passaram a reconhecer o solo como um corpo natural, independente e com morfologia

distinta. Data deste mesmo período a elaboração das primeiras classificações naturais

dos solos, sendo os primeiros trabalhos da pedologia atribuídos ao russo Dokuchaev,

com a primeira classificação de solos apresentada em 1886 e a segunda em 1900.

Na sequência, vieram os trabalhos de Sibirtsev, com modificações no trabalho de

Dokuchaev e logo após, dando sequência aos trabalhos pioneiros dos Russos, vieram

os estudos de Zakharov, Glinka, Gedroiz, e também dos americanos Hilgard, Whitney,

Coffey e posteriormente Marbut (SCHAEFER; MARQUES; CAMPOS, 1997).

A ascensão dos estudos pedológicos de Dokuchaev e posteriormente de seus

seguidores foi impulsionada, em grande parte, pela necessidade que a ciência estava

vivenciando de desenvolver estratégias para recuperar a fertilidade dos solos, esvaída

pela exploração irracional deste recurso e agravada pela erosão; Fazer zoneamento

de unidades de solos, agrupando as classes apropriadas para determinadas culturas;

Neutralizar a acidez do solo; Elevar a fertilidade natural de solos originalmente pobres

quimicamente, além de evitar os danos causados pela erosão (IBGE, 2007).

Um acontecimento importante para a pedologia, assim como para todos os

ramos da Ciência do Solo, foi a fundação da Sociedade Internacional de Ciência do

Solo, em 1924, onde a Pedologia passou a ser conhecida como “gênese, classificação

e cartografia dos solos”, unindo-se às demais subdisplinas até então reconhecidas:

Física do Solo, Química do Solo e Biologia do Solo. Mais tarde, em 1927, durante o

primeiro Congresso Internacional de Ciência do Solo, realizado nos Estados Unidos e

durante uma excursão técnica realizada após o congresso, os cientistas americanos

puderam enfim trocar experiências com os cientistas russos, ao examinarem solos no

campo, tornando este evento um marco para o estudo dos solos (LEPSCH, 2011).

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2.3. LEVANTAMENTOS PEDOLÓGICOS NO BRASIL

O surgimento dos levantamentos pedológicos no âmbito nacional está

diretamente relacionado ao desenvolvimento agrícola e a industrialização do país,

visto que o Brasil tem na agricultura uma das principais bases da sua economia

(CARVALHO; NUNES; ANTUNES, 2013).

Inicialmente, os levantamentos pedológicos eram chamados de estudos

agrológicos e começaram a ser desenvolvidos no Nordeste pelo Departamento

Nacional de Obras Contra as secas (DNOCS), que na década de 30 realizou os

primeiros levantamentos de solos na região, quando então foram implantados os

sistemas de irrigação, com a construção dos grandes açudes. Posteriormente, os

reconhecimentos agrológicos foram intensificados, com a fundação do Instituto

Experimental da Região Seca, em 1942 e mais tarde denominado Instituto José

Augusto Trindade (RIBEIRO, 2007).

Os levantamentos sistemáticos do território nacional tiveram início em 1947, com

a criação da Comissão de Solos do Ministério da Agricultura. No entanto, nas décadas

de 50/60, os estudos de solos concentravam-se nas áreas produtoras de café e cana

de açúcar nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Nessa mesma

época, o desenvolvimento da indústria e a necessidade de maior produção agrícola

fez com que os estados próximos à São Paulo passassem a ofertar suas áreas como

novas terras à serem cultivadas, acontecimento que intensificou os levantamentos de

solos na região sudeste. Somente em1969 foi que surgiram os primeiros compêndios

de pedologia com enfoque brasileiro (SCHAEFER; MARQUES; CAMPOS, 1997;

CARVALHO; NUNES; ANTUNES, 2013).

Hoje, o território nacional encontra-se totalmente mapeado apenas no nível

exploratório/esquemático, sendo escassos levantamentos pedológicos em escalas de

detalhes. Estudos de mapeamento das classes de solo, de capacidade de uso das

terras, de classes de terra para irrigação e de qualidade ambiental faz-se necessário

especialmente no semiárido nordestino, tendo em vista as condições naturais

encontradas na região, como distribuição irregular das chuvas, taxas elevadas de

evaporação, solos rasos e recursos hídricos escassos. Tais fatores são limitantes para

o desenvolvimento da agricultura na região (SCHAEFER; MARQUES; CAMPOS,

1997; SANTOS et al, 2012).

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2.4. A FRUTICULTURA IRRIGADA E O USO DO SOLO NO VALE

DO SÃO FRANCISCO

A formação pedológica encontrada no Vale do São Francisco está diretamente

relacionada ao clima, ao material de origem, aos organismos, ao relevo e ao tempo.

Os solos predominantes na região são os das classes dos Latossolos e Argissolos,

mas também ocorrem os Neossolos Quartzarênicos, Planossolos, Cambissolos,

Vertissolos, Luvissolos e Neossolos Litólicos (CUNHA et al, 2008).

O uso do solo no Vale do São Francisco tem se intensificado nos últimos anos,

com a inclusão da irrigação, introduzida na região pelo Governo Federal na década

de 60, através do Programa Plurianual de Irrigação - PPI, compreendendo parte dos

planos da Política Nacional de Desenvolvimento – PND do Governo. Os primeiros

estudos para implantação do pólo de irrigação Petrolina PE/Juazeiro BA foram

desenvolvidos sob orientação da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste

– SUDENE, a qual deveria avaliar o potencial agrícola do Vale do São Francisco

(SANTOS; RIBEIRO, 2000; ORTEGA; SOBEL, 2010).

Através dos estudos desenvolvidos pela SUDENE sobre os solos do Submédio

São Francisco, várias áreas foram classificadas como propícias ao desenvolvimento

da agricultura irrigada. Segundo os levantamentos realizados, à margem esquerda do

rio os solos predominantes são os de texturas leves e médias, ao passo que na

margem direita são encontrados solos de texturas médias e pesadas. À partir destes

estudos, foram implantados nestas áreas os projetos de irrigação. Os primeiros

perímetros criados foram Bebedouro (Petrolina – PE) e Mandacaru (Juazeiro –BA),

passando a funcionar em 1968, tornando-se os pioneiros em irrigação na região.

Posteriormente, foram criados os projetos Curaçá, Maniçoba, Tourão e também o

Projeto Senador Nilo Coelho (PSNC), totalizando 80.000 hectares. (SILVA et al.,

2005).

O PSNC foi instituído em duas fases, sendo a primeira em 1984, chamando-se

Nilo Coelho, e a segunda em 1996, com subdivisão do seu território e a implantação

do Maria Tereza. O PSNC é considerado hoje o maior perímetro público do Brasil,

abrangendo uma área total de 40.763 ha, dos quais 21.640 ha são irrigáveis, sendo

41,4% das áreas destinadas a empresas e 58,6% destinadas a colonos. Além destes

em funcionamento, mais de 40.000 hectares estão em fase de implantação,

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correspondente aos projetos do Salitre (Juazeiro – BA) e Pontal (Petrolina – PE)

(CODEVASF, 2006; ORTEGA; SOBEL, 2010).

Atualmente, o Vale configura como o principal produtor e exportador de uvas

de mesa no Brasil. A implantação dos perímetros irrigados possibilitou ainda o

desenvolvimento de culturas como manga, coco, banana, acerola, cebola, melão e

tomate, entre outras (CUNHA et al, 2008). No entanto, o avanço da fruticultura irrigada

e o uso indiscriminado das terras, sem levar em consideração suas potencialidades e

graus de fragilidade dos agroecossistemas pode resultar em degradação do solo,

erosão, perda de fertilidade e, por fim, perda da sua capacidade produtiva (PEREIRA,

2002).

Além dos estudos básicos iniciais desenvolvidos pela SUDENE, o crescente

desenvolvimento da fruticultura no Vale tornou necessário que estudos mais precisos

caracterizassem morfologicamente os solos do Submédio São Francisco, como os

realizados por Pereira e Siqueira (1979), Pereira e Cordeiro (1987), Silva (1989);

Ribeiro, Santos e Ferreira (1991), Santos, Mermut e Ribeiro (1991) e Santos e Ribeiro

(2000). No entanto, ainda são escassos estudos pedológicos em escala de detalhe e

trabalhos que avaliem o impacto ambiental causado ao longo dos anos, considerando

o uso intensivo da irrigação, uso de agroquímicos e técnicas impróprias de manejo,

que podem estar alterando as propriedades morfológicas, físicas e químicas destas

áreas produtoras (RIBEIRO, 2007).

De acordo com estudos de Amaral, Silva e Melo (2006), algumas áreas situadas

nos Projetos Senador Nilo Coelho (Petrolina-PE) já apresentam problemas

relacionados à utilização irracional da água de irrigação e aos solos, resultando na

salinização dos mesmos, e consequentemente, em prejuízos e riscos ao meio

ambiente. Dessa forma, a utilização adequada do solo e da água nos perímetros

irrigados no Vale do São Francisco é a única maneira de continuar produzindo nessas

áreas (SANTOS; RIBEIRO, 2000).

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3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1. ÁREA DE ESTUDO

O trabalho foi desenvolvido na fazenda Brazil Fruit, uma propriedade onde se

pratica fruticultura irrigada, localizada no Projeto Senador Nilo Coelho N11, Petrolina

- PE (-9°25’ 11.3” S, -40°41’ 96.6” W), no Submédio São Francisco (Figura 1). A

extensão total da área é de 76,7 hectares (ha), sendo 36,3 ha destinados para

irrigação e 40,4 ha utilizados como área de reserva legal. O clima da região, de acordo

com Köppen, classifica-se como BSwh’ caracterizado como muito quente, semiárido,

tipo estepe. Apresenta temperatura média anual de 26°C e precipitação média anual

de 431,8 mm, sendo os meses de janeiro, fevereiro e março os mais chuvosos. A

vegetação dominante na região é de Caatinga hiperxerófila (MINISTÉRIO DE MINAS

E ENERGIA, 2005).

Figura 1: Localização da área de estudo em Petrolina – PE.

(-9°25’ 11.3” S, -40°41’ 96.6” W)

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3.1.1 Área Irrigada

A área onde se pratica fruticultura irrigada está subdividida em oito subáreas,

com distinção feita de acordo com as culturas e as variedades de cada uma (Figura

2).

Figura 2. Google Earth_2014: Área Irrigada (AI); SA - Subáreas dentro da área irrigada

divididas de acordo com cultivos: SA1 – cultivo de culturas

rápidas; SA2 – cultivo de uva – Thompson e Itália; SA3 – área

nova para cultivo de uva – Itália melhorada; SA4 – cultivo de

manga – Tommy e Haden; SA5 – cultivo de uva – Benitaka

melhorada, Red e Itália; SA6 – cultivo de uva - Itália; SA7 –

cultivo de manga – Tommy e Haden; SA8 – Cultivo de acerola

– Junco; ARL – Área de Reserva Legal; Lago dentro da

ARL

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3.1.2. Área de Reserva Legal

A vegetação da área de reserva legal é composta basicamente por faveleira –

Cnidoscolus quercifolius Pohl (Euphorbiaceae); Fedegoso - Senna macranthera (DC.

ex Collad.) H.S.Irwin & Barneby (Fabaceae); jurema preta - Mimosa tenuiflora (Willd.)

Poir. (Fabaceae); Catingueira – Poincianella microphylla (Mart. ex G. Don) L.P.

Queiroz. (Fabaceae); Pata de vaca – Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud. (Fabaceae);

Xiquexique - Pilocereus gounellei (A. Weber ex K. Schum.) Bly. ex. Rowl) (Cactaceae);

Coroa-de-frade - Melocactus zehntneri (Britton &. Rose) Luetzelburg (Cactaceae);

Pinhão - Jatropha sp (Euphorbiaceae); Alecrim do campo - Baccharis dracunculifolia

DC. (Asteraceae); Caroá – Neoglaziovia variegata (Arruda) Mez (Bromeliaceae);

Baraúna – Schinopsis brasiliensis Engl. (Anacardiaceae); Aroeira - Myracrodruon

urundeuva Allemão (Anacardiaceae); Umbuzeiro – Spondias tuberosa Arruda

(Anacardiaceae); Imburana de cambão – Commiphora leptophloeos (Mart.) Gillett

(Burseraceae); Juazeiro – Ziziphus joazeiro Mart. (Rhamnaceae), além de herbáceas

da Família Malvaceae que compõem a cobertura vegetal do solo ao longo de toda a

área.

Na área de reserva também estão presentes quatro lagos temporários que

atuam como importantes habitats para macrófitas (Heteranthera limosa (sw.) willd –

Pontederiaceae), insetos aquáticos, aves e anfíbios (Figura 3).

Área de Reserva Legal – a) visão geral da área; b) Pilocereus gounellei (Cactaceae); c) Flores de Poincianella microphylla (Fabaceae); d) Flor de Heteranthera limosa (Pontederiaceae); e) Herbáceas da Família Malvaceae recobrindo o solo em áreas de clareira dentro da reserva legal; f) lago dentro da reserva.

Figura 3. M. L. N. Silva_2014:

a) b) c)

d) e) f)

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3.2. MÉTODOS DE TRABALHO

O trabalho desenvolvido foi dividido em três etapas, sendo elas: atividades de

escritório, trabalho de campo e de laboratório.

3.2.1. Atividades de escritório

As atividades de escritório foram realizadas em duas fases:

1. Fase inicial, anterior ao trabalho de campo: consistiu em coletas de

informações pertinentes à área em questão, como clima, relevo, vegetação

geologia, uso atual da terra e técnicas de manejo empregadas na produção,

bem como estudo de mapas da propriedade e escolha dos locais em campo

onde posteriormente seriam realizadas as atividades práticas.

2. Fase posterior ao campo e ao laboratório, que compreendeu:

Registro, classificação e ordenação dos dados obtidos nos trabalhos de campo

e laboratório;

Avaliação dos resultados das análises de laboratório;

Classificação dos solos, com base no documento Critérios para a Distinção de

Classes de Solos e Fases de Unidade de Mapeamento (SNLCS – Sistema

Nacional de Levantamento e Conservação de Solos, 1988), com atualização

das classes de solos realizada com base no Sistema Brasileiro de Classificação

de Solos (EMBRAPA, 2013) e elaboração da legenda preliminar de

identificação dos mesmos. A identificação e subdivisão das diversas classes

de solos foram realizadas em função das seguintes características: saturação

de bases e saturação com alumínio, horizontes diagnósticos, textura,

profundidade efetiva do solo, relevo e drenagem.

Mapeamento dos solos na escala 1:10.000;

Elaboração do mapa e de especificações para avaliação da capacidade de uso

das terras. Foi utilizado como base o Sistema de Capacidade de Uso (LEPSCH

et al., 1991), devido ao nível de detalhe das informações básicas, como solo,

relevo, uso e clima;

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Avaliação das classes de terras para irrigação, com construção do mapa com

as respectivas classes, que foi feita segundo o Manual de Irrigação –

Classificação de Terras para Irrigação (Ministério da Integração Regional,

1993) baseada nas regras do Bureau of Reclamation dos Estados Unidos, e o

Sistema Brasileiro de Classes de Terras para Irrigação: enfoque na Região

Semiárida (EMBRAPA, 2011).

Elaboração do mapa de qualidade ambiental da área estudada, para o qual foi

adotado a metodologia proposta por Nucci (1998), utilizando o método de

reagrupamento em unidades física dos elementos biofísicos (potencial

geoecológico) e dos mapas temáticos (geologia, solo, geomorfologia,

vegetação e ocupação do uso do solo e recursos hídricos)

3.2.2. Trabalho de campo

Em campo, o trabalho consistiu na abertura de trincheiras, com dimensões de

1,6 m (profundidade) x 1,4 m (comprimento) x 1,2 m (largura), em locais previamente

determinados; Marcação dos pontos com GPS para obtenção de mapas

georreferenciados; Descrição morfológica dos perfis abertos, de acordo com o Manual

Técnico de Pedologia (IBGE, 2007 – Ver ficha modelo em anexo); Coleta de

informações sobre o uso atual da terra e coleta de solo para análise, seguindo as

especificações descritas na publicação Critérios para a Distinção de Classes de Solos

e Fases de Unidade de Mapeamento (SNLCS, 1988), com atualizações baseadas no

Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (EMBRAPA, 2013).

3.2.3. Trabalho de laboratório

Em laboratório, foram avaliadas as características físicas e químicas do solo em

estudo, através das análises de granulometria e classificação textural; pH em água e

em KCL (Cloreto de Potássio), utilizando o método potenciométrico, com a relação

1:2,5 de solução de cloreto de potássio normal/solo; Completo Sortivo (Cálcio,

Magnésio, Sódio, Potássio); Valor S (soma das bases); Hidrogênio Trocável; Alumínio

Trocável; Valor T (capacidade total de troca de cátions); Valor V (porcentagem de

saturação de bases); Porcentagem de Alumínio em Relação à Soma S + Al3+. As

análises foram realizadas nos laboratório de Gênese e de Física dos solos da

Universidade Federal do Recôncavo Baiano, em Cruz das Almas – BA, e no

laboratório de Química de Solos da UNIVASF, de acordo com o Manual de Métodos

de Análises de Solo (EMBRAPA - CNPS, 2011).

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4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1. CARACTERIZAÇÃO PEDOLÓGICA E CLASSIFICAÇÃO DE

SOLOS

Os solos presentes na área de estudo foram classificados como Argissolos. No

geral, os solos desta classe são medianamente profundos a profundos, apresentam

boa drenagem ou são moderadamente drenados, com horizonte B textural, textura

média a argilosa, tendo cores vermelhas a amarelas, evidenciadas logo abaixo de um

horizonte A ou E, que apresentam cores mais claras e textura arenosa ou média, com

baixos teores de matéria orgânica. Têm ainda argila de atividade baixa e saturação

por bases variável. Desenvolvem-se à partir de diversos materiais de origem, em

áreas de relevo plano a montanhoso. A maioria apresenta ainda um incremento no

teor de argila, com ou sem decréscimo, do horizonte B para baixo no perfil. A transição

entre os horizontes A e Bt geralmente é clara, abrupta ou gradual (EMBRAPA, 2013).

A mancha de solo encontrada na área foi dividida em três Unidades de

Mapeamento: PVAe1, PVAe2 e PVAe3, de acordo com as características

morfológicas e topográficas encontradas na área (Ver Mapa Detalhado de Solos no

Apêndice A). Para determinar a unidade PVAe1 foram descritos os perfis BF1 e BF2

(BF: Fazenda Brazil Fruit), situados em uma área de relevo plano, sob cultura irrigada

de manga das variedades Tommy Atkins e Haden. A unidade PVAe2 corresponde a

área de descrição do perfil BF3, que situa-se na mesma área irrigada que os perfis

anteriores, porém em uma área de transição de relevo plano para suave ondulado. Já

a unidade PVAe3 corresponde a área dos perfis BF4, BF5 e BF6, em situação de

declive superior a 3%, configurando relevo suave ondulado.

Com base na descrição morfológica dos perfis em campo e das análises físicas

e químicas realizadas em laboratório, foi possível classificar os solos estudados como

Argissolo Vermelho Amarelo Eutrófico A fraco, textura arenosa à média, argila de

atividade baixa e relevo plano (PVAe1 e PVAe2); E Argissolo Vermelho Amarelo

Eutrófico A fraco, textura arenosa à média, argila de atividade baixa e relevo suave

ondulado (PVAe3). De acordo com Oliveira Neto et al. (2013), a ocorrência destes

solos nas áreas onde atuam os projetos de irrigação do Submédio São Francisco,

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deve-se as coberturas sedimentares do Terciário, que constituem os tabuleiros

interioranos presentes na região.

De maneira geral, os seis perfis avaliados apresentam características físicas e

químicas semelhantes, como predominância das cores brunadas nos horizontes

superficiais e subsuperficiais, seguidas pelo amarelo e vermelho nos horizontes mais

profundos. Todos os perfis apresentaram textura arenosa nos primeiros horizontes,

passando para textura franco argilo arenosa nos horizontes subsuperficiais, revelando

um incremento de argila ao longo de todo o perfil. Características de estrutura,

consistência, porosidade, distribuição granulométrica e transição entre os horizontes

também foram semelhantes. (Quadros: 1, 2, 3, 4, 5 e 6).

As análises químicas revelaram que os solos estudados variam de neutros a

levemente ácidos nos horizontes superficiais, passando para ácidos nos horizontes

mais profundos. No entanto, mesmo com os valores baixos de pH, os teores de

nutrientes (Ca, Mg, K) foram considerados altos, bem como a CTC. Já os teores de

Na+ foram considerados baixos, assim como a saturação por alumínio, enquanto que

a saturação por bases foi superior a 50%, o que confere o caráter eutrófico ao solo.

Relacionando estes resultados, pode-se inferir que o solo estudado apresenta

fertilidade média a alta (EMBRAPA, 2013; Ver tabelas 1, 2, 3, 4, 5 e 6).

Silva et al. (2005) encontraram manchas de Argissolo Vermelho Amarelo

Eutrófico, com características semelhantes ao solo avaliado neste estudo, em áreas

próximas a que está sendo aqui discutida. O solo avaliado pelo autores citados

apresentou textura arenosa/média, pH variando de moderadamente ácido a ácido e

ainda assim teores considerados altos de nutrientes presentes no solo, bem como boa

CTC. Em outro estudo, realizado no perímetro irrigado N2 em Petrolina (PE), Amaral,

Silva e Melo (2006), também classificaram um Argissolo Vermelho Amarelo Eutrófico

que apresentou resultados semelhantes aos encontrados por Silva et al. (2005) e aos

descritos neste trabalho.

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Quadro1. Figura: M.L.N. Silva_2014. Descrição morfológica do perfil BF1:

Descrição Geral

Classificação Anterior: Podzólico Vermelho Amarelo Eutrófico A fraco, textura arenosa/média, argila de atividade baixa e relevo plano.

Classificação SBCS: Argissolo Vermelho Amarelo Eutrófico A fraco, textura arenosa/média, argila de atividade baixa e relevo plano.

Localização: UTM 0344183 UTM 8976821

Situação, declive e cobertura vegetal:

Perfil situado em relevo plano.

Formação geológica: Recobrimento pedimentar de materiais arenoso-argiloso sobre rochas do Pré-Cambriano

Uso atual: Plantio de manga irrigada (variedades Tommy e Haden)

Descrição Morfológica

AP 0-10 cm Bruno amarelado escuro (10 YR 3/4 horizonte úmido), franco arenoso, pequena a média em blocos subangulares, muito friável, ligeiramente plástico e ligeiramente pegajoso, transição plana e gradual.

Perfil BF1 Data: Março/2014 AB 10-22 cm Bruno amarelado escuro (10 YR 4/4 horizonte úmido), franco arenoso, pequena a média em blocos subangulares, firme, ligeiramente plástico e ligeiramente pegajoso, transição difusa.

Unidade de mapeamento: PVAe1

Altitude: 368 m BA 22-40 cm Amarelo (10 YR 7/6) Bruno amarelado (10 YR 5/6), franco argilo arenoso, pequena a média em blocos Drenagem: Bem drenado

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subangulares, friável, plástico e pegajoso, transição difusa.

Rochosidade: Não rochosa Bt1 40-52 cm Amarelo (10 YR 7/6) Bruno amarelado (10 YR 5/6), franco argilo arenoso, pequena em blocos subangulares, friável, plástico e pegajoso, transição difusa.

Pedregosidade: Não pedregosa Bt21 52-83 cm Bruno amarelado (10 YR 5/6 - horizonte úmido), franco argilo arenoso, pequena em blocos subangulares, friável, plástico e pegajoso, transição difusa.

Vegetação Primária: Caatinga Hiperxerófila. Bt22 83-140+ cm Bruno amarelado (10 YR 5/6 - horizonte úmido) franco argilo arenoso, pequena em blocos subangulares, friável, plástico e pegajoso. Mosqueado: vermelho (2,5 YR 4/6), pouco e distinto. Pequenos e médios. Nódulos: muito pouco, pequenos e duros.

Relevo local: Plano. RAÍZES Poucas, Finas e muito finas, raras médias Clima: Semiárido tipo Estepe POROS

Comuns, muito pequenos e pequenos em todos os horizontes

NÓDULOS

Muito pouco, pequenos e duros – Bt22.

Erosão: não aparente OBS.: O perfil foi descrito e coletado quando úmido.

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Tabela 1: Resultado das Análises Físicas e Químicas do perfil BF1.

Registro

Horizonte Composição granulométrica (%) Argila dispersa em água (%)

Classificação textural

Nº Símbolo Profundidade Areia grossa

Areia fina

Silte Argila

1 AP 0 - 10 183,15 600,85 78,0 138 100 Franco arenoso Franco arenoso

Franco argilo arenoso Franco argilo arenoso Franco argilo arenoso Franco argilo arenoso

2 AB 10 - 22 192,95 559.9 92,15 155 129

3 BA 22 - 40 186,7 513,85 62,45 237 182

4 Bt1 40 - 52 188,6 444,05 113,35 254 11

5 Bt21 52 - 83 161,8 440,3 111,9 286 0

6 Bt22 83 – 140+ 153,8 406,7 146,5 293 2

pH

Complexo sortivo em Cmolc/dm³ %

H2O KCL Ca++ Mg++ K+ Na+ SB Al3+ H++Al3+ t T V m

7,38 6,07 3.55 4 0.53 0 8.08 0 3.5 8.08 11.58 9.3 8.01 9.33

10.53 9.55

69.77547 64.51613 71.28589 63.55841 66.76163 56.02094

0 1.639344 1.72117 1.658375 1.402525 13.00813

7,10 5,77 2.1 3.1 0.76 0.04 6 0 3.3 6.1 6,89 5,43 1.85 3 0.82 0.04 5.71 0 2.3 5.81 6,15 5,21 1.9 3.25 0.69 0.09 5.93 0 3.4 6.03 5,82 4,81 2.1 3.6 0.2 1.13 7.03 0 3.5 7.13 4,05 3,63 1.05 3.15 0.02 1.13 5.35 0.6 4.2 6.15

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Quadro 2. Figura: M.L.N. Silva. Descrição morfológica do perfil BF2:

Descrição Geral

Classificação Anterior: Podzólico Vermelho Amarelo Eutrófico A fraco, textura arenosa/média, argila de atividade baixa e relevo plano.

Classificação SBCS: Argissolo Vermelho Amarelo Eutrófico A fraco, textura arenosa/média, argila de atividade baixa e relevo plano.

Localização: UTM 0344292 UTM 8976848

Situação e declividade: Perfil situado em relevo plano, com declividade inferior a 3%.

Formação geológica: Recobrimento pedimentar de materiais arenoso-argiloso sobre rochas do Pré-Cambriano

Uso atual: Plantio de manga irrigada (variedades Tommy e Haden)

Descrição Morfológica

AP 0-05 cm Bruno amarelado claro (10 YR 6/4), Bruno amarelado escuro (10 YR 3/4), franco arenoso, pequena a média em blocos subangulares, ligeiramente duro e friável, ligeiramente plástico e ligeiramente pegajoso, transição plana e clara.

Perfil BF2 Data: Março/2014 AB 5-12 cm Bruno amarelado claro (10 YR 6/4), Bruno amarelado escuro (10 YR 4/4), franco arenoso, pequena a média em blocos subangulares, ligeiramente duro e friável, ligeiramente plástico e ligeiramente pegajoso, transição difusa.

Unidade de mapeamento: PVAe1

Altitude: 368 m BA 12-22 cm

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Drenagem: Bem drenado Amarelo (10 YR 7/6), Bruno amarelado escuro (10 YR 4/6), franco arenoso, pequena em blocos subangulares, duro e firme, pegajoso, ligeiramente plástico, transição difusa.

Rochosidade: Não rochosa Bt1 22-38 cm Amarelo (10 YR 7/6), Bruno amarelado escuro (10 YR 4/6), franco arenoso, pequena em blocos subangulares, duro e friável, plástico e pegajoso, transição difusa.

Pedregosidade: Não pedregosa Bt21 38-48 cm Amarelo brunado (10 YR 6/6), Bruno amarelado (10 YR 5/6), franco argilo arenoso, pequena em blocos subangulares, ligeiramente duro e friável, plástico e pegajoso, transição difusa.

Vegetação Primária: Caatinga Hiperxerófila. Bt22 48-70 cm Amarelo (10 YR 7/6), Bruno amarelado (10 YR 5/6), franco argilo arenoso, pequena em blocos subangulares, ligeiramente duro e friável, ligeiramente plástico e ligeiramente pegajoso, transição difusa.

Relevo local: Plano. Bt23 70-110 cm Amarelo brunado (10 YR 6/6), Bruno amarelado (10 YR 5/6), franco argilo arenoso, pequena em blocos subangulares, ligeiramente duro e friável, plástico e pegajoso, transição difusa. Mosqueado: Vermelho amarelado (5 YR 5/8), pouco, pequeno, distinto.

Bt24 110-160+ cm Amarelo (10 YR 7/6), Bruno amarelado (10 YR 5/8), franco argilo arenoso, pequena em blocos subangulares, moderadamente duro e friável, plástico e pegajoso. Mosqueado: Vermelho (2,5 YR 4/8) pouco, pequeno, distinto.

RAÍZES Poucas, Finas e muito finas, raras médias Clima: Semiárido tipo Estepe POROS Comuns, muito pequenos e pequenos em todos os

horizontes; médios e alguns grandes – AP; Alguns médios e raros grandes – AB; raros médios – BA; Alguns médios – Bt22.

Erosão: não aparente

NÓDULOS Pouco, pequeno e duro nos horizontes Bt23 e Bt24.

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Tabela 2: Resultados das Análises Físicas e Químicas do Perfil BF2:

Registro

Horizonte Composição granulométrica (%) Argila dispersa em água (%)

Classificação textural

Nº Símbolo Profundidade Areia grossa

Areia fina

Silte Argila

7 AP 0 - 05 200,05 555 76,95 168 115 Franco arenoso Franco arenoso Franco arenoso Franco arenoso

Franco argilo arenoso Franco argilo arenoso Franco argilo arenoso Franco argilo arenoso

8 AB 05 - 12 195,3 572,25 87,45 145 111

9 BA 12 - 22 222,6 573,3 45,1 159 106

10 Bt1 22 - 38 178,8 500,25 129,95 191 191

11 Bt21 38 - 48 200,05 459,9 113,05 227 92

12 Bt22 48 - 70 186,4 470,75 115,85 238 2

13 Bt23 70 - 110 156,7 433 172,3 264 0

14 Bt24 110 – 160+ 153,35 393,15 164,5 289 2

pH

Complexo sortivo em Cmolc/dm³ %

H2O KCL Ca++ Mg++ K+ Na+ SB Al3+ H++Al3+ t T V m

6,41 5,89 3.9 6.25 0.61 0 10.76 0 3.6 10.86 14.36 74.93036 0.92081 6,86 5,94 0.95 3.9 0.82 0 5.67 0 3.2 5.77 8.87 63.92334 1.733102 6,76 6,19 2 2.9 1.28 0.04 6.22 0 3.1 6.32 9.32 66.7382 1.582278 6,1 5,63 2.65 4.6 2.12 0.22 9.59 0 3.8 9.69 13.39 71.62061 1.031992 5,42 4,59 1.85 3.1 0.79 0.13 5.87 0 3.5 5.97 9.37 62.64674 1.675042 4,45 4,01 1.3 2.45 0.35 0.13 4.23 0.3 3.5 4.53 7.73 54.72186 6.622517 4,64 4,05 1.55 2.95 0.02 0.09 4.61 0.4 3.8 5.01 8.41 54.8157 7.984032 3,96 3,61 1.6 5.75 0.02 0.95 8.32 0.5 4 8.82 12.32 67.53247 5.668934

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Quadro 3: Figura: M.L.N. Silva _2014. Descrição morfológica do perfil BF3.

Descrição Geral

Classificação Anterior: Podzólico Vermelho Amarelo Eutrófico A fraco, textura arenosa/média, argila de atividade baixa e relevo plano.

Classificação SBCS: Argissolo Vermelho Amarelo Eutrófico A fraco, textura arenosa/média, argila de atividade baixa e relevo plano.

Localização: UTM 0344422 UTM 8976877

Situação e declividade: Perfil situado em relevo plano, com declividade inferior a 3%.

Formação geológica: Recobrimento pedimentar de materiais arenoso-argiloso sobre rochas do Pré-Cambriano

Uso atual: Plantio de manga irrigada (variedades Tommy e Haden)

Descrição Morfológica

AP 0-05 cm Bruno claro acinzentado (10 YR 6/3), Bruno amarelado escuro (10 YR 4/4), franco arenoso, pequena em blocos subangulares, ligeiramente duro e friável, ligeiramente plástico e ligeiramente pegajoso, transição plana e clara.

Perfil BF3 Data: Março/2014 AB 5-17 cm Bruno amarelado claro (10 YR 6/4), Bruno amarelado escuro (10 YR 4/4), franco arenoso, pequena em blocos subangulares, ligeiramente duro e friável, ligeiramente plástico e ligeiramente pegajoso, transição difusa.

Unidade de mapeamento: PVAe2

Altitude: 362 m BA 17-25 cm Amarelo (10 YR 7/6), Bruno amarelado escuro (10 YR 4/6), franco arenoso, pequena em blocos subangulares, Drenagem: Bem drenado

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muito duro e firme, ligeiramente plástico e pegajoso, transição plana e clara.

Rochosidade: Não rochosa Bt1 25-42 cm Amarelo (10 YR 7/6), Bruno amarelado (10 YR 5/6), franco argilo arenoso, pequena em blocos subangulares, ligeiramente duro e friável, ligeiramente plástico e ligeiramente pegajoso, transição difusa.

Pedregosidade: Não pedregosa Bt21 42-60 cm Amarelo (10 YR 7/6), Bruno amarelado (10 YR 5/6), franco argilo arenoso, pequena em blocos subangulares, ligeiramente duro e friável, ligeiramente plástico e ligeiramente pegajoso, transição difusa.

Vegetação Primária: Caatinga Hiperxerófila. Bt22 60-105 cm Amarelo (10 YR 7/6), Bruno amarelado (10 YR 5/6), franco argilo arenoso, pequena em blocos subangulares, duro e firme, ligeiramente plástico e ligeiramente pegajoso, transição difusa. Mosqueado: Vermelho amarelado (5 YR 5/8), pouco, pequeno e distinto.

Relevo local: Plano. Bt23 105-140+ cm Amarelo (10 YR 7/6), Bruno amarelado (10 YR 5/6), franco argilo arenoso, pequena em blocos subangulares, ligeiramente duro e friável, ligeiramente plástico e ligeiramente pegajoso. Mosqueado: Bruno forte (7,5 YR 5/8), pouco, pequeno e distinto.

RAÍZES Poucas, Finas e muito finas.

Clima: Semiárido tipo Estepe POROS Comuns, pequenos e muito pequenos em todos os horizontes; Alguns médios e raros grandes – AP; Raros médios – AB, BA e Bt21

Erosão: não aparente

NÓDULOS Pouco, pequeno e duro nos horizontes Bt22 e Bt23.

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Tabela 3: Resultados das Análises Físicas e Químicas do Perfil BF3

Registro

Horizonte Composição granulométrica (%) Argila dispersa em água (%)

Classificação textural

Nº Símbolo Profundidade Areia grossa

Areia fina

Silte Argila

15 AP 0 - 05 170 584,35 117,65 128 101 Franco arenoso Franco arenoso Franco arenoso

Franco argilo arenoso Franco argilo arenoso Franco argilo arenoso Franco argilo arenoso Franco argilo arenoso

16 AB 05 - 17 200,2 555.45 96,35 148 123

17 BA 17 - 25 175,7 539,15 142,15 143 132

18 Bt1 25 - 42 167,3 494 110,7 228 210

19 Bt21 42 - 60 131,2 497,55 147,25 224 30

20 Bt22 60 - 105 157,1 448,9 121,0 273 20

21 Bt23 105 – 160+ 159,55 438,2 131,25 271 40

pH

Complexo sortivo em Cmolc/dm³ %

H2O KCL Ca++ Mg++ K+ Na+ SB Al3+ H++Al3+ t T V m

6,75 6,28 2.7 4.25 0.51 0 7.46 0 3.3 7.56 10.76 69.33086 1.322751 6,58 5,57 1.65 2.8 0.56 0 5.01 0 3.3 5.11 8.31 60.28881 1.956947 6,07 5,28 1.4 19.95 0.53 0 21.88 0 3.3 21.98 25.18 86.89436 0.454959 6,68 4,97 1.4 2.8 0.48 0 4.68 0 3.4 4.78 8.08 57.92079 2.09205 5,55 4,32 1.9 2.2 0.33 0 4.43 0 3.9 4.93 8.33 53.18127 10.14199 5,30 4,24 1.3 5 0.05 0 6.35 0 3.6 6.7 9.95 63.8191 5.223881 4,45 4,12 1.05 2.8 0.02 0.13 4 0.3 3.9 4.35 7.9 50.63291 8.045977

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Quadro 4. Figura: M.L.N.Silva_2014. Descrição morfológica do perfil BF4:

Descrição Geral

Classificação Anterior: Podzólico Vermelho Amarelo Eutrófico A fraco, textura arenosa/média, argila de atividade baixa e relevo suave ondulado.

Classificação SBCS: Argissolo Vermelho Amarelo Eutrófico A fraco, textura arenosa/média, argila de atividade baixa e relevo suave ondulado.

Localização: UTM 0344471 UTM 8976928

Situação e declividade: Perfil situado em relevo suave ondulado, com declividade superior a 3%.

Formação geológica: Recobrimento pedimentar de materiais arenoso-argiloso sobre rochas do Pré-Cambriano

Uso atual: Área sendo preparada para cultivo de uva irrigada (Itália melhorada)

Descrição Morfológica

AP 0-08 cm Bruno amarelado (10 YR 5/4), Bruno amarelado escuro (10 YR 4/4), franco arenoso, pequena a média em blocos subangulares, duro e firme, ligeiramente plástico e ligeiramente pegajoso, transição difusa.

Perfil BF4 Data: Março/2014 AB 8-22 cm Bruno amarelado claro (10 YR 6/4), Bruno amarelado escuro (10 YR 4/4), franco arenoso, pequena a média em blocos subangulares, duro e firme, ligeiramente plástico e ligeiramente pegajoso, transição plana e clara.

Unidade de mapeamento: PVAe3

Altitude: 380 m BA 22-37 cm

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Drenagem: Bem drenado Amarelo brunado (10 YR 6/6), Bruno amarelado (10 YR 5/6), franco argilo arenoso, pequena em blocos subangulares, ligeiramente duro e friável, plástico e pegajoso, transição difusa.

Rochosidade: Não rochosa Bt1 37-52 cm Amarelo brunado (10 YR 6/8); Bruno amarelado (10 YR 5/8), franco argilo arenoso, pequena em blocos subangulares, ligeiramente duro e friável, ligeiramente plástico e ligeiramente pegajoso, transição difusa.

Pedregosidade: A partir de 110 cm Bt21 52-88 cm Amarelo (10 YR 7/8); Bruno amarelado (10 YR 5/8), franco argilo arenoso, pequena em blocos subangulares, ligeiramente duro e friável, plástico e pegajoso, transição plana e gradual.

Vegetação Primária: Caatinga Hiperxerófila. Bt22 88-125 cm Amarelo (10 YR 7/6); Amarelo brunado (10 YR 6/8), franco argilo arenoso, pequena em blocos subangulares, macio e friável, plástico e pegajoso, transição difusa. Mosqueado: Vermelho amarelado (5 YR 5/8), pouco, pequeno e distinto.

Relevo local: Suave ondulado. Bt23 125-155+ cm Amarelo (10 YR 8/6); Bruno amarelado (10 YR 5/6), franco argilo arenoso, pequena em blocos subangulares, macio e friável, plástico e pegajoso. Mosqueado: Vermelho amarelado (5 YR 5/8), pouco, pequeno e distinto.

RAÍZES Poucas, Finas e muito finas.

Clima: Semiárido tipo Estepe POROS Comuns, muito pequenos e pequenos em todos os horizontes; Alguns médios e raros grandes – AP e BA; Raros médios – AB, Bt1, Bt21 e Bt23.

Erosão: Laminar moderada

NÓDULOS Muito pouco e pequeno – Bt23.

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Tabela 4: Resultados das Análises Físicas e Químicas do Perfil BF4:

Registro

Horizonte Composição granulométrica (%) Argila dispersa em água (%)

Classificação textural

Nº Símbolo Profundidade Areia grossa

Areia fina

Silte Argila

22 AP 0 - 08 198,25 477,05 129 196 154 Franco arenoso 23 AB 08 - 22 136,2 567,55 129,25 167 115 Franco arenoso 24 BA 22 - 37 121,15 513,55 130,3 235 208 Franco argilo arenoso 25 Bt1 37 - 52 134,6 479,1 118,3 268 16 Franco argilo arenoso 26 Bt21 52 - 88 137 399,7 185,3 278 12 Franco argilo arenoso 27 Bt22 88 - 125 146 432,65 165,35 256 10 Franco argilo arenoso 28 Bt23 125 – 155+ 145,5 410,25 183,25 261 11 Franco argilo arenoso

pH

Complexo sortivo em Cmolc/dm³ %

H2O KCL Ca++ Mg++ K+ Na+ SB Al3+ H++Al3+ t T V m

6,67 6,65 4.4 6.6 0.43 0 11.43 0 3 11.53 14.43 79.20998 0.867303 6,22 5,27 2.1 3.8 0.41 0 6.31 0 3 6.51 9.31 67.77658 3.072197 5,32 4,58 1.45 3.1 0.51 0 5.06 0 3.6 5.16 8.66 58.42956 1.937984 5,11 4,60 1.3 4.8 0.3 0 6.4 0 3.2 6.65 9.6 66.66667 3.759398 4,51 4,29 1.5 3.4 0.2 0 5.1 0.1 3.6 5.45 8.7 58.62069 6.422018 4,61 4,27 1.3 3.1 0.17 0 4.57 0.3 3.7 4.87 8.27 55.25998 6.160164 4,16 3,90 1.1 3.5 0.1 0.04 4.74 0.1 3.7 4.84 8.44 56.16114 2.066116

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Quadro 5: Figura: M.L.N. Silva_2014. Descrição morfológica do perfil BF5:

Descrição Geral

Classificação Anterior: Podzólico Vermelho Amarelo Eutrófico A fraco, textura arenosa/média, argila de atividade baixa e relevo suave ondulado.

Classificação SBCS: Argissolo Vermelho Amarelo Eutrófico A fraco, textura arenosa/média, argila de atividade baixa e relevo suave ondulado.

Localização: UTM 0344559 UTM 897691

Situação e declividade: Perfil situado em relevo suave ondulado, com declividade superior a 3%.

Formação geológica: Recobrimento pedimentar de materiais arenoso-argiloso sobre rochas do Pré-Cambriano

Uso atual: Área sendo preparada para cultivo de uva irrigada (Itália melhorada)

Descrição Morfológica

AP 0-09 cm Bruno (10 YR 5/3); Bruno escuro (10Y 3/3), franco arenoso, pequena a média em blocos subangulares, ligeiramente duro e macio, ligeiramente plástico e ligeiramente pegajoso, transição plana e difusa.

Perfil BF05 Data: Março/2014 AB 9-12 cm Bruno amarelado (10 YR 5/4); Bruno amarelado escuro (10 YR 3/4), franco arenoso, pequena a média em blocos subangulares, muito duro e muito firme, ligeiramente plástico e ligeiramente pegajoso, transição abrupta.

Unidade de mapeamento: PVAe3

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Mosqueado: Vermelho amarelado (5YR 5/6) comum e distinto.

Altitude: 379m BA 12-32 cm Vermelho amarelado (5YR 5/8; 5YR 4/6), franco argilo arenoso, pequena em blocos subangulares, duro e friável, plástico e pegajoso, transição plana e gradual. Mosqueado: Vermelho amarelado (5 YR 5/8), pouco e pouco distinto.

Drenagem: Bem drenado

Rochosidade: Não rochosa Bt1 32-55 cm Bruno forte (7.5YR 5/8; 7.5 YR 4/6), franco argilo arenoso, pequena em blocos subangulares, duro e friável, plástico e pegajoso, transição difusa. Mosqueado: Vermelho amarelado (5 YR 5/8), pouco, distinto.

Pedregosidade: a partir de 130 cm Bt21 55-85 cm Vermelho amarelado (7.5YR 6/8); Bruno forte (7.5 YR 4 /6), franco argiloso arenoso, pequena em blocos subangulares, muito duro e friável, plástico e pegajoso, transição plana e gradual. Mosqueado: Vermelho (10 R 4/8), médio, comum, distinto.

Vegetação Primária: Caatinga Hiperxerófila. Bt22 85-150+ cm Amarelo (10YR 7/6); Amarelo brunado (10Y 6/6), franco argilo arenoso, pequena em blocos subangulares, ligeiramente duro e friável, plástico e pegajoso. Mosqueado: Vermelho (10 R 4/8), médio, comum, distinto.

Relevo local: Suave ondulado. RAÍZES Poucas, finas e muito finas. Raízes horizontalizadas no horizonte AB.

Clima: Semiárido tipo Estepe POROS Comuns, muito pequenos e pequenos em todos os horizontes; Poucos médios e grandes – AP; Médios e alguns grandes – Bt22; Raros médios e raros grandes – BA, Bt1 e Bt21.

Erosão: Laminar moderada

NÓDULOS Frequentes, pequenos e muito pequenos, duros – Bt22; Muito frequentes e duros – Bt21.

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Tabela 5: Resultados das Análises Químicas e Físicas do Perfil BF5:

Registro

Horizonte Composição granulométrica (%) Argila dispersa em água (%)

Classificação textural

Nº Símbolo Profundidade Areia grossa

Areia fina

Silte Argila

29 AP 0 - 09 152,65 624,35 105 118 104 Franco arenoso 30 AB 09 - 12 166,9 600,2 114,9 118 109 Franco arenoso 31 BA 12 - 32 141,75 467 165,25 226 182 Franco argilo arenoso 32 Bt1 32 - 55 153,55 479,45 115 252 236 Franco argilo arenoso 33 Bt21 55 - 85 120,5 417,8 180,7 281 14 Franco argilo arenoso 34 Bt22 85 – 150+ 149,15 503,7 132,15 215 1 Franco argilo arenoso

pH

Complexo sortivo em Cmolc/dm³ %

H2O KCL Ca++ Mg++ K+ Na+ SB Al3+ H++Al3+ t T V m

6,72 6,16 2.75 4.6 0.41 0 7.76 0 3.3 7.86 11.06 70.16275 1.272265 6,80 5,79 1.75 3.3 0.46 0 5.51 0 3.1 5.61 8.61 63.99535 1.782531 5,48 4,86 2.9 4.9 0.35 0.04 8.19 0 3.5 8.29 11.69 70.05988 1.206273 5,66 5,09 2 4 0.23 0 6.23 0 3.3 6.33 9.53 65.37251 1.579779 4,73 4,40 1.85 3.8 0.04 0 5.69 0.2 3.8 5.89 9.49 59.95785 3.395586 4,16 3,92 0.95 2.8 0.02 0.04 3.81 0.9 4.3 4.71 8.11 46.97904 19.10828

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Quadro 6: Figura: M.L.N.Silva_2014. Descrição morfológica do perfil BF6:

Descrição Geral

Classificação Anterior: Podzólico Vermelho Amarelo Eutrófico A fraco, textura arenosa/média, argila de atividade baixa e relevo suave ondulado.

Classificação SBCS: Argissolo Vermelho Amarelo Eutrófico A fraco, textura arenosa/média, argila de atividade baixa e relevo suave ondulado.

Localização: UTM 0344559 UTM 897691

Situação e declividade: Perfil situado em relevo suave ondulado, com declividade superior a 3%.

Formação geológica: Recobrimento pedimentar de materiais arenoso-argiloso sobre rochas do Pré-Cambriano

Uso atual: Área sendo preparada para cultivo de uva irrigada (Itália melhorada)

Descrição Morfológica

AP 0-10 cm Bruno amarelado claro (10 YR 6/4); Bruno amarelado escuro (10 YR 4/4), franco arenoso, pequena a média em blocos subangulares, ligeiramente duro e friável, ligeiramente plástico e ligeiramente pegajoso, transição plana e clara.

Perfil BF6 Data: Março/2014 AB 10-20 cm Bruno amarelado claro (10 YR 6/4); Bruno amarelado escuro (10 YR 4/4), franco arenoso, pequena em blocos subangulares, ligeiramente duro e friável, ligeiramente plástico e ligeiramente pegajoso, transição abrupta.

Unidade de mapeamento: PVAe3

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Altitude: 378m BA 20-32 cm Amarelo avermelhado (7.5 YR 6/6); Bruno forte (7.5 YR 4/6), franco arenoso, pequena em blocos subangulares, duro e friável, plástico e pegajoso, transição plana e clara.

Drenagem: Bem drenado

Rochosidade: Não rochosa Bt1 32-50 cm Bruno forte (7.5 YR 5/8; 7.5 YR 4/6), franco argilo arenoso, pequena em blocos subangulares, muito duro e firme, plástico e pegajoso, transição plana e clara. Mosqueado: Vermelho (2.5 YR 4/8), pouco e distinto.

Pedregosidade: a partir de 100 cm Bt21 50-85 cm Amarelo avermelhado (7.5 YR 6/6); Bruno forte (7.5 YR 4/6), franco argilo arenoso, pequena em blocos subangulares, duro e friável, plástico e pegajoso, transição difusa. Mosqueado: Vermelho (2.5 YR 4/6) comum e distinto.

Vegetação Primária: Caatinga Hiperxerófila. Bt22 85-145+ cm Bruno amarelado claro (10 YR 6/4); Bruno amarelado (10 YR 5/4), franco argilo arenoso, pequena em blocos subangulares, duro e friável, plástico e pegajoso. Mosqueado 1: Bruno forte (7.5 YR 5/8), pouco, pequeno e distinto; Mosqueado 2: Vermelho amarelado (5 YR 5/8), comum, médio e distinto.

Relevo local: Suave ondulado. RAÍZES Poucas, finas e muito finas

Clima: Semiárido tipo Estepe POROS Comuns, muito pequenos e pequenos em todos os horizontes; Médios e alguns grandes – AP; Alguns médios e raros grandes – AB, BA; Raros médios e raros grandes – Bt1, Bt21 e Bt22.

Erosão: Laminar moderada

NÓDULOS Poucos, pequenos e duros - Bt21 e Bt22.

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Tabela 6: Resultados das Análises Físicas e Químicas do Perfil BF6:

Registro

Horizonte Composição granulométrica (%) Argila dispersa em água (%)

Classificação textural

Nº Símbolo Profundidade Areia grossa

Areia fina

Silte Argila

35 AP 0 - 10 174,25 608,7 151,05 66 87 Franco arenoso 36 AB 10 - 20 163,2 588,2 132,6 116 102 Franco arenoso 37 BA 20 - 32 174,75 540,8 123,45 161 150 Franco arenoso 38 Bt1 32 - 50 200 429 146 225 174 Franco argilo arenoso 39 Bt21 50 - 85 140 397,05 179.95 283 5 Franco argilo arenoso 40 Bt22 85 – 140+ 143,3 431,05 184,65 240 10 Franco argilo arenoso

pH

Complexo sortivo em Cmolc/dm³ %

H2O KCL Ca++ Mg++ K+ Na+ SB Al3+ H++Al3+ t T V m

5,58 4,85 1.75 3.5 0.23 0 5.48 0 3.6 5.58 9.08 60.35242 1.792115 5,06 4,32 4 6.2 0.2 0 10.4 0 3.9 10.5 14.3 72.72727 0.952381 4,64 3,93 0.85 2.45 0.25 0 3.55 0.4 3.9 4.65 7.45 47.65101 23.65591 4,86 3,91 0.7 2.4 0.2 0 3.3 0.3 4.3 3.6 7.6 43.42105 8.333333 4,51 3,82 0.8 2.9 0.1 0 3.8 1.45 4.2 5.25 8 47.5 27.61905 4,57 3,74 0.9 9 0.1 0.04 10.04 1.1 4.9 11.14 14.94 67.20214 9.874327

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42

4.2. CAPACIDADE DE USO DAS TERRAS

O mapeamento das classes de Capacidade de Uso das Terras foi feito com

base na metodologia de Lepsch et al. (1991). De acordo com os autores, para que a

agricultura seja praticada de forma correta e sustentável, o uso adequado das terras

deve estar relacionado com a sua capacidade de uso. Para isso, cada parcela de terra

deve estar sendo utilizada de acordo com a sua capacidade de sustentação e de

produtividade econômica, garantindo que os recursos naturais sejam melhor utilizados

pelo homem, ao mesmo tempo em que se preservam os mesmos para as gerações

futuras.

A partir das informações obtidas no levantamento pedológico realizado, em

conjunto com os fatores limitantes inventariados na área (limitações relacionadas ao

solo, clima, excesso ou escassez de água, limitações devido a erosão ou risco de

erosão) realizou-se a classificação das terras no sistema de capacidade de uso

(Apêndice B).

Na área estudada, foram identificadas três zonas que seguem as Unidades de

Mapeamento determinadas no mapa de Classificação de Solos (Apêndice A), à saber:

PVAe1, PVAe2 e PVAe3 e correspondem à área irrigada da propriedade. Estas

unidades se enquadram na classe III, que configura terras que apresentam problemas

complexos de conservação, mas que podem ser cultivadas com culturas anuais ou

mesmo permanentes, se realizado o manejo adequado. Os principais fatores

limitantes para as unidades descritas estão relacionados ao clima, devido ao longo

período de estiagem típico da região, e à fertilidade dos solos.

Embora neste estudo os solos estejam sendo classificados como eutróficos,

que configuram fertilidade alta, deve-se levar em consideração a textura arenosa e

média, que proporciona maior lixiviação dos nutrientes no solo, além da acidez, que

passa a exigir do produtor práticas de correção. As fórmulas representativas para as

unidades encontradas no estudo são as seguintes:

Legenda da fórmula:

1. III PVAe1 2 5/3 2/2 c f

A - 0

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43

Classe III: designa terras cultiváveis com problemas complexos de conservação e/ou

de manutenção de melhoramentos;

PVAe1: Argissolo Vermelho Amarelo Eutrófico;

2: Profundidade efetiva maior que 2 metros;

5/3: Textura arenosa em superfície e média em subsuperfície;

2/2: Permeabilidade moderada em superfície e moderada em subsuperfície;

A: Relevo Plano, com declividade inferior a 3%;

0: Erosão não aparente;

c: Clima – longo período de estiagem;

f: Fertilidade natural.

Legenda da fórmula:

Classe III: designa terras cultiváveis com problemas complexos de conservação e/ou

de manutenção de melhoramentos;

PVAe2: Argissolo Vermelho Amarelo Eutrófico;

2: Profundidade efetiva maior que 2 metros;

5/3: Textura arenosa em superfície e média em subsuperfície;

2/2: Permeabilidade moderada em superfície e moderada em subsuperfície;

A: Relevo Plano, com declividade inferior a 3%;

0: Erosão não aparente;

c: Clima – longo período de estiagem;

f: Fertilidade natural.

Estas duas unidades apresentam características similares, porém, possuem

aspectos morfológicos distintas. Além disso, a unidade PVAe2 situa-se em uma faixa

de transição de relevo plano pra relevo suave ondulado. A unidade alocada em PVAe1

corresponde a 27,3 % da área estudada, com 20, 9 ha. A área alocada em PVAe2

representa 5,8%, com 4, 4 ha da área total da propriedade.

2. III PVAe2 2 5/3 2/2 c f

A - 0

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44

A necessidade de práticas de conservação está relacionado à classe de solo

predominante em toda a propriedade. Os Argissolos, quando localizados em locais de

relevo plano a suave ondulado podem ser utilizados para diversas culturas, no

entanto, necessitam de correções de acidez e de adubação. Além disso, devido à

grande suscetibilidade à erosão, mesmo em relevo suave ondulado, estes solos

exigem do produtor empenhos relacionados à conservação dos mesmos (CUNHA et

al., 2010).

Legenda da fórmula:

Classe III: designa terras cultiváveis com problemas complexos de conservação e/ou

de manutenção de melhoramentos;

PVAe3: Argissolo Vermelho Amarelo Eutrófico;

2: Profundidade efetiva maior que 2 metros;

5/3: Textura arenosa em superfície e média em subsuperfície;

2/2: Permeabilidade moderada em superfície e moderada em subsuperfície;

B: Relevo Suave ondulado, com declividade superior a 3%;

2: Erosão laminar moderada;

c: Clima – longo período de estiagem;

f: Fertilidade natural.

A unidade de capacidade de uso alocada em PVAe3 corresponde a 14,0% da

área estudada, com 10,7 ha da área total. Esta unidade está situada em terreno com

declividade superior a 3%, configurando relevo suave ondulado, apresentando erosão

laminar moderada. Os solos nesta área apresentaram pedregosidade aparente e uma

quantidade mais acentuada de mosqueados, quando comparados com os solos das

unidades alocadas em PVAe1e PVAe2. Da área total da propriedade, 52,7%, que

corresponde a 40,4 ha, está sendo utilizada como Reserva Legal.

3. III PVAe3 2 5/3 2/2 f c

B - 2

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Através do mapeamento das classes de capacidade de uso, é possível

estabelecer as possibilidades de uso e possíveis práticas conservacionistas. Segundo

Rampim et al. (2012), para melhor aproveitamento dos recursos naturais de uma

propriedade rural, é necessário que se faça um planejamento adequado para o uso

da terra, visando evitar o empobrecimento dos solos, ao mesmo tempo em que se

busca aumentar a produtividade das culturas. De acordo com Lepsch et al. (1991), a

separação das glebas de solos de uma propriedade de acordo com a capacidade de

uso é importante para determinar a intensidade de cultivo que pode ser imposto

nessas glebas, sem causar degradação do solo ou diminuição da sua capacidade

produtiva por efeito da erosão, que é uma das principais consequências do uso

inadequado do solo. Além disso, o sistema de capacidade de uso pode nortear o

planejamento de práticas de conservação do solo em áreas agrícolas.

4.3. CLASSES DE TERRA PARA IRRIGAÇÃO

A classificação de terras para irrigação foi feita a partir das informações do

levantamento pedológico realizado, com construção do mapa com as respectivas

classes (Mapa de Classes de Terra para Irrigação – Apêndice C), que foi feita segundo

o Manual de Irrigação – Classificação de Terras para Irrigação (Ministério da

Integração Regional, 1993) baseada nas regras do Bureau of Reclamation dos

Estados Unidos, e o Sistema Brasileiro de Classes de Terras para Irrigação: enfoque

na Região Semiárida - SiBCTI (EMBRAPA, 2011).

Foram identificadas três glebas distintas, de acordo com as unidades de

mapeamento do mapa de classes de solo (Apêndice A) e seguem também as mesmas

unidades e distribuição de áreas do mapeamento de capacidade de uso. Os solos

mapeados foram selecionados quanto ao uso, produtividade, profundidade,

topografia, drenagem, disponibilidade de água, condições de arabilidade e custos de

desenvolvimento e produção. Para cada gleba em questão, foram feitas avaliações

segundo as especificações do Bureau of Reclamation e também do SiBCTI, como

segue:

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Fórmula representativa segundo o Bureau of Reclamation referentes as unidades de

mapeamento PVAe1 e PVAe2:

1. 3S

A22BX Y

Legenda da fórmula:

3: Terras aráveis, de restrita adequabilidade para agricultura irrigada;

S: Deficiência de solo;

A: Uso da terra para agricultura;

2: Produtividade média;

2: desenvolvimento médio;

B: Necessidade de água média;

X: Permeabilidade alta;

Y: Fertilidade Natural.

Fórmula representativa segundo o SiBCTI (2011) referente as unidades de mapeamento

PVAd1 e PVAd2

Legenda da fórmula:

m: Culturas que apresentam alta rentabilidade, com demanda de alta tecnologia;

3: Terra que, se explorada em alto nível tecnológico e determinado sistema de

irrigação, apresenta produtividade média em torno de 75% da situação referência;

C: Clima, com longo período de estiagem;

f: Fertilidade natural.

1.1. m3Cf

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47

Fórmula representativa segundo o Bureau of Reclamation referente a unidade de

mapeamento PVAe3:

2. 3S

𝐻22𝐵𝑋 𝑌

Legenda da fórmula:

3:Terras aráveis, de restrita adequabilidade para agricultura irrigada;

S: Deficiência de solo;

H: Uso da terra: vegetação de herbáceas;

2: Produtividade média;

2: desenvolvimento médio;

B: Necessidade de água média;

X: Permeabilidade alta;

Y: Fertilidade Natural.

Fórmula representativa segundo o SiBCTI (2011) referente a unidade de mapeamento

PVAd3

2.1. m3Cf P

Legenda da fórmula:

m: Culturas que apresentam alta rentabilidade, com demanda de alta tecnologia;

3: Terra que, se explorada em alto nível tecnológico e determinado sistema de

irrigação, apresenta produtividade média em torno de 75% da situação referência;

C: Clima, com longo período de estiagem;

f: Fertilidade natural.

P: Pedregosidade.

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Avaliar o potencial de terras para irrigação é importante para o estabelecimento

de um manejo adequado do solo e das culturas, de acordo com cada classe de solo

presente nas áreas cultivadas. O solo da área estudada atende às necessidades de

profundidade do sistema radicular de cada espécie vegetal lá cultivada. As videiras

(Vitis vinífera L, Vitaceae) possuem um sistema radicular que pode alcançar vários

metros, porém, para a irrigação, deve-se considerar apenas a profundidade efetiva

das raízes, que se situa entre 40 cm e 60 cm (BASSOI et al., 2003).

A mangueira (Mangifera indica L, Anacardiaceae) tem um sistema radicular

efetivo médio de 60 cm e a aceroleira (Malpighia glabra L. Malpighiaceae) de 25 cm

(KONRAD; HERNANDEZ; SANTOS. 2001). Como a pluviosidade na região não

atende às necessidades hídricas dessas culturas, a irrigação é a base de manutenção

desse sistema agrícola. No entanto, deve-se atentar para o sistema de irrigação mais

eficiente para cada cultura e tipo de solo, bem como o melhor manejo. Na fazenda

Brazil Fruit, a irrigação é feita com microaspersão e todas as áreas são circundadas

por um sistema de drenagem para escoamento do excesso de água, o que favorece

também a lixiviação de sais, impedindo o acúmulo destes no subsolo, evitando assim

o processo de salinização (Figura 4).

De acordo com Soares e Costa (2000), a videira pode ser cultivada sob os

sistemas de irrigação por gotejamento, microaspersão, aspersão e por sulcos. No

entanto, deve-se adequar o sistema de irrigação ao tipo de solo da área cultivada. Os

a) Área de uva na fazenda Brazil Fruit (cultivar Thompson) irrigada

com sistema de microaspersão; b) Sistema de drenos entre área

de uva e área de manga.

Figura 4: M.L.N_2014:

a

)

b)

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sistemas de irrigação por gotejamento e por sulcos são indicados para solos argilo-

arenosos e argilosos, enquanto que os sistemas por aspersão e por microaspersão

são mais adequados para solos arenosos e areno-argilosos.

Para a cultura da manga, Simão, Mantovani e Simão (2005), destacam os

sistemas de irrigação localizada como sendo os mais eficientes, com destaque para a

microaspersão, que contribui para o uso racional da água. Com a Política Nacional de

Recursos Hídricos, instituída pela Lei Federal nº 9.433, de 08 de janeiro de 1997,

racionalizar o uso da água tornou-se um fator importante. Assim, ao planejar um

sistema de irrigação para qualquer cultura, o sistema escolhido deverá apresentar

máxima eficiência na distribuição de água.

Na área estudada, a irrigação é determinada pela declividade do terreno e pelas

características climáticas do dia, levando-se em consideração principalmente a

umidade relativa do ar, visto que a uva, principal cultura da fazenda, é bastante

sensível a umidades elevadas. Assim, o volume de água utilizado em cada área varia

diariamente, de acordo com a capacidade de campo, avaliada através de análises de

amostras de solo coletadas com tradagens. Geralmente são empregadas duas horas

de irrigação em dias quentes e ensolarados nas áreas de relevo plano e apenas 1:30

minutos nas áreas de relevo suave ondulado (informações cedidas pelo produtor).

Atualmente, a fazenda Brazil Fruit tem uma produção média de 70 toneladas

por ha (ano) de uvas de mesa, vendidas principalmente para o mercado interno. Essa

produção é considerada elevada, visto que a média das demais propriedades no

perímetro irrigado N11 é de 34 toneladas (ha/ano) (Informações concedidas em

entrevista realizada com o produtor da fazenda).

Essa alta produtividade pode estar relacionada ao sistema de manejo

empregado, na irrigação e na fertilização do solo, com uso periódico de corretivos de

acidez, adubação orgânica e sistemas de drenagem eficientes. Os solos das áreas

plantadas com uva são revestidos com plantações de gramíneas, o que possibilita a

formação de biomassa, enquanto que o raleio das mesmas e das ervas espontâneas

(consideradas daninhas) é realizado pelos animais (ovinos) criados na propriedade.

Nas áreas cultivadas com manga e acerola, o manejo empregado consiste em deixar

na área as plantas leguminosas, enriquecendo o solo e favorecendo a fixação natural

de nitrogênio. O excesso de plantas indesejadas são retiradas da área com trabalho

manual. A propriedade conta ainda com uma extensa área de reserva legal, com bom

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status de conservação, o que favorece a sobrevivência dos polinizadores dessas

culturas, em especial da manga e da acerola, polinizadas por abelhas nativas e

também pela africanizada Apis mellifera (MENDONÇA; MEDEIROS, 2011; VIANA et

al., 2011).

O conhecimento das classes de solos presentes na área, das limitações e

potencialidades dos mesmos, permitirá ao produtor desenvolver um manejo que

melhor se adeque à sua realidade e às necessidades do solo e das plantas cultivadas,

visando o uso racional e sustentável dos recursos naturais disponíveis, colaborando

assim para a conservação dos mesmos.

4.4. QUALIDADE AMBIENTAL

A qualidade ambiental de uma determinada área reflete as condições dos

recursos naturais e culturais existentes no meio, como ar, água, solo, flora, fauna, bem

como patrimônios históricos e culturais. O termo implica em uma complexa definição,

por estar associado às condições físicas, químicas, biológicas, humanas, sociais e

culturais essenciais para a vida na terra (CARIBÉ; DIAS, 2011).

Para a avaliação da qualidade ambiental da área estudada, foi adotada a

metodologia proposta por Nucci (1998), com adaptações para áreas agrícolas,

utilizando o método de reagrupamento em unidades física dos elementos biofísicos

(potencial geoecológico) e dos mapas temáticos (geologia, solo, geomorfologia,

vegetação e ocupação do uso do solo e recursos hídricos).

A área foi dividida em sistemas ambientais, sendo eles: I – Topo, subdividindo-

se em Ia para a unidade de mapeamento PVAe1 e Ib, referente a unidade PVAe2; II

– Encosta, que compreende a unidade de mapeamento PVAe3, sendo subdividida em

IIa, referente a área de Reserva Legal (RL) com caráter mais conservado; IIb, que

compreende uma subdivisão da área de reserva, esta com caráter mais degradado e

IIc, representando a área nova que está sendo preparada para cultivo de uva. O

detalhamento da Avaliação da Qualidade Ambiental pode ser observado no Quadro

7.

A área utilizada para o cultivo de frutíferas na propriedade foi classificada como

apresentando potencialidade para implantação de projetos agropecuários com

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elevado nível tecnológico – Projetos irrigados, apresentando, no entanto, os riscos

ambientais relacionados a contaminação por agrotóxicos, uso inadequado da água de

irrigação, empobrecimento do solo, compactação do solo e perda da diversidade

biológica. Para a RL, os riscos ambientais referem-se a diminuição da diversidade

biológica pela criação de animais livres na área (ovinos e suínos), alteração das

propriedades físicas em decorrência do pisoteio de animais, bem como desmatamento

e perda da vegetação nativa.

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52

Quadro7: Especificações da Avaliação de Qualidade Ambiental da Fazenda Brazil Fruit.

QUALIDADE AMBIENTAL

SISTEMAS

AMBIENTAIS

FUNÇÃO

GEOECOLÓGI-

CA

UNIDADES

DE MAPEA-

MENTO

VARIAVÉIS AMBIENTAIS

CLASSES

DO ESTADO

GEODERIV

A-DO

ÁREA

CAPACIDADE

DE USO

POTENCIAL -

CUP

FUNÇÃO

SOCIOECONÔ-

MICA - FSE

RELAÇÃO

CUP X FSE

PROCESSOS

MORFODI-

NÂMICOS

RISCOS

AMBIENTAIS

Ha %

I – TOPO

Ia

EMISSORA:

Refere-se aos

setores

localizados em

níveis

topográficos

mais elevados

em que a

dinâmica

principal é

garantida

através das

águas pluviais.

Tem como

função garantir

fluxos de

energia e

matéria para

outras partes do

subsistema

vertente.

PVAe1 Área apresenta

potencialidade

para

implantação de

projetos

agropecuários

com elevado

nível

tecnológico –

Projetos

irrigados.

Área utilizada

para plantio de

uva das

variedades

Thompson e

Itália; Plantio de

manga das

variedades

Tommy Atkins e

Haden.

Compatível Erosão não

aparente.

Contaminação por

agrotóxicos; Uso

inadequado da água

de irrigação,

empobrecimento do

solo, compactação

do solo e perda da

diversidade

biológica.

Estabilizado 19,65 25,62

Ib

PVAe2 Área utilizada

para plantio de

uva da variedade

Itália; Plantio de

manga,

variedades:

Tommy Atkins e

Haden; Plantio de

acerola, variedade

Junco.

Compatível Erosão não

aparente.

Contaminação por

agrotóxicos; Uso

inadequado da água

de irrigação,

empobrecimento do

solo, compactação

do solo e perda da

diversidade

biológica.

Estabilizado 4,44 5,83

II- ENCOSTA

IIa

TRANSMISSO

RA: têm como

função à

PVAe3 Área destinada

para Reserva

Legal

Área destinada

para Reserva

Compatível Erosão não

aparente.

Diminuição da

diversidade

biológica pela

Estabilizado 26,238 34,21

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transmissão dos

fluxos de

energia e

matéria através

das vertentes

íngremes onde o

transporte

predominante se

dá através das

enxurradas

Legal (Área

preservada)

criação de animais

livres na área

(ovinos); Alteração

das propriedades

físicas em

decorrência do

pisoteio de animais.

IIb

Área destinada

para Reserva

Legal

Área degradada,

com implantação

de um campo de

futebol, plantel de

suínos e depósito

de lixos a céu

aberto.

Inadequada. Erosão

laminar

moderada.

Desmatamento,

perda da vegetação

nativa, perda da

diversidade

biológica.

Alterado II 15,55 20,27

IIc Área apresenta

potencialidade

para

implantação de

projetos

agropecuários

com elevado

nível

tecnológico –

Projetos

irrigados.

Área utilizada

para plantio de

uva das

variedades: Itália,

Itália melhorada,

Red e Benitaka

melhorada.

Compatível. Erosão

laminar

moderada.

Contaminação por

agrotóxicos; Uso

inadequado da água

de irrigação,

empobrecimento do

solo, compactação

do solo e perda da

diversidade

biológica.

Estabilizado 10,79 14,07

ÁREA TOTAL

70,70 100

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Os principais agravantes encontrados na propriedade relaciona-se à RL. Foi

observado que a área da reserva que se encontra mais distante das áreas cultivadas,

apresentam-se mais conservadas, com presença de espécies arbóreas nativas, como

Baraúna – Schinopsis brasiliensis Engl. (Anacardiaceae); Aroeira - Myracrodruon

urundeuva Allemão (Anacardiaceae), espécies que constam na Lista Oficial das

Espécies da Flora Brasileira Ameaçadas de Extinção (MMA, 2008), o que torna esta

área um importante sítio para a conservação destas espécies.

Em contrapartida, a área da reserva mais próxima aos campos de cultivos

encontra-se mais degrada. Embora o produtor tenha seguido a especificação do Novo

Código Florestal (2012) de cercar a RL, ainda é mantido nesta área criação de animais

de médio porte (ovinos e suínos), com construção de instalações para estes animais

dentro da RL, além de um campo de futebol e estradas que cortam a reserva (Figura

5). Tais atividades vão de encontro às leis ambientais instituídas no Novo Código

Florestal, o qual esclarece que a Reserva Legal é passível de exploração limitada,

desde que estas não resultem na degradação do solo e demais recursos naturais, e

que sejam adotadas práticas de manejo sustentável.

Manter uma área de reserva legal bem conservada em uma propriedade

agrícola, é importante para a sustentabilidade agrícola e ambiental e mesmo para a

prosperidade da agricultura desenvolvida. Conservar os recursos naturais presentes

na RL favorece a diminuição da quantidade de pragas que podem afetar as culturas

agrícolas; Contribui para o aumento de polinizadores, o que pode garantir maior

produção de frutos, a exemplo da manga e acerola, que são polinizados por abelhas

(MENDONÇA; MEDEIROS, 2011; VIANA et al., 2011), além de garantir abrigo e

alimento para animais silvestres que, encontrando alimento em sua área natural,

deixam de invadir as plantações; Evita a erosão do solo e são fundamentais na

proteção dos rios, nascentes e águas subsuperficiais (OLIVEIRA; WOLSKI, 2012).

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55

Figura 5: M.L.N. Silva_2014: Aspectos de uso e conservação da RL: a) Área

mais conservada; b) área degradada, com ovinos

soltos dentro da RL; c) área de depósito de lixo e

materiais em desuso; d) Instalação onde são

mantidos suínos; e) campo de futebol e f)

estrada, dentro da RL.

a) b)

c) d)

e) f)

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4.5. PRÁTICAS DE MANEJO RECOMENDADAS

4.5.1. Área irrigada

Para melhor aproveitamento das propriedades físicas e químicas do solo da

área estudada, bem como da água utilizada nos cultivos, um manejo de irrigação deve

ser realizado, visando principalmente o uso racional da água, bem como atender de

forma satisfatória as necessidades hídricas de cada cultura. O manejo de irrigação

pode ser feito corretamente com o auxílio de equipamentos como o tensiômetro. Este

equipamento é composto de uma cápsula porosa que liga-se a um tubo que a conecta

a um medidor de tensão (vacuômetro) que indica a tensão com que a água fica retida

no solo. A força de retenção da água no solo afeta diretamente a absorção de água

para as plantas (MEDEIROS et al, 2013).

O tensiômetro atua no manejo da irrigação identificando a hora certa de irrigar

e a quantidade necessária de água a ser utilizada. Para melhor desempenho, o

aparelho deve ser preparado e instalado adequadamente. Deve-se fazer ainda leitura

da tensão da água no solo através do vacuômetro, interpretar corretamente os

resultados e utilização da curva de retenção, além de fazer o cálculo da lâmina a ser

aplicada e do tempo de irrigação (SIMÃO, MANTOVANI; SIMÃO, 2004; MEDEIROS

et al., 2013).

A mangueira e aceroleira são culturas que toleram maiores faixas de déficit ou

de excesso de água. No entanto, para o cultivo da videira, o uso de tensiômetro torna-

se ainda mais necessário, tendo em vista as características peculiares apresentadas

pela cultura. Embora ela se adapte a vários tipos de solos, a videira não tolera solos

que permanecem encharcados por longos períodos (MELLO, 2008). Ao mesmo

tempo, a ocorrência de deficiência hídrica nas plantas deve ser evitada, sendo

necessário manter o solo com disponibilidade de água adequada. Dessa forma, a

cultura pode ser afetada tanto pela deficiência quanto pelo excesso de água, o que

pode comprometer a produtividade e a qualidade dos frutos (CONCEIÇÃO E

MANDELLI, 2008).

Traçar um plano de manejo para irrigação inclui considerar as interações do

solo, da água e do clima com a espécie a ser cultivada. Quando o produtor rural não

adota um método de controle, pode ocorrer irrigação em excesso, devido

principalmente ao temor de que a cultura sofra estresse hídrico e comprometa a

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57

produção. Tal atitude resulta em desperdício de energia e água, e consequentemente,

em maiores gastos para o produtor (SIMÃO, MANTOVANI; SIMÃO, 2004).

4.5.2. Área de Reserva Legal

De acordo com o Novo Código Florestal (2012), em sistemas agrícolas

alocados no ecossistema Caatinga, o produtor deve destinar 20% da sua propriedade

rural para a Reserva Legal. A RL pode ser utilizada pelo produtor para extração de

produtos florestais, como frutos, óleos, criação de abelhas para produção de mel e

mesmo extração de madeira, desde que seja adotado o manejo sustentável.

Dentre os serviços ambientais prestados pela RL em uma área agrícola,

destaca-se a proteção conferida ao solo e aos cursos d’água, sejam eles superficiais

ou subsuperficiais. Quando a vegetação da RL é mantida, esta atua protegendo o solo

contra processos erosivos, garantindo solo de boa qualidade para futuros plantios. A

RL comporta-se também como um filtro, impedindo o carreamento de sedimentos,

adubos químicos e pesticidas para os cursos d’água. Esse serviço prestado resulta

em diminuição dos gastos com aplicação de mais adubos e pesticidas nas lavouras,

além de evitar a poluição e contaminação da água. Além disso, a vegetação favorece

a infiltração da água no solo, recarregando os lençóis freáticos, resultando em mais

água, e de boa qualidade, disponível para irrigação e para a própria manutenção da

RL (BARBIN, 2011).

Para a RL da fazenda Brazil Fruit, devem ser adotados manejos diferenciados

para as duas fases em que se encontra a vegetação local. Para a área considerada

mais conservada (Ver Mapa de Qualidade Ambiental, Apêndice D), podem ser

extraídos recursos florestais, sem que sejam causados danos à flora e a fauna nativa,

como, por exemplo, a extração de óleos essenciais, sementes e frutos de plantas

utilizadas na fitoterapia, na alimentação animal ou mesmo humana, ou ainda a criação

de abelhas, nativas ou africanizadas, para a produção de mel e derivados.

Para a área da RL considerada degradada, recomenda-se o reflorestamento,

segundo as especificações do Novo Código Florestal (2012), que diz que o produtor

pode recuperar parte da RL com espécies florestais comerciais, como frutíferas ou

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produtoras de madeira. No entanto, a monocultura precisa ser evitada, realizando o

plantio das espécies comerciais em consórcio com espécies nativas.

A criação de animais soltos na área, como é feito atualmente, também deve ser

evitada. Tendo em vista que a área destinada à RL corresponde a 52,7% da

propriedade, recomenda-se que o produtor utilize parte dessa área para a construção

de apriscos para os animais, passando a cria-los em sistemas fechados, evitando o

acesso dos mesmo à vegetação e aos demais recursos, já fragilizados, na RL. Nessa

mesma área pode ser construído ainda um pequeno galpão, ou quarto de

armazenagem, onde se possa guardar embalagens vazias e materiais em desuso,

evitando deixá-los expostos na RL, o que pode favorecer a contaminação do solo e

das águas. Em relação às embalagens de fertilizantes e demais produtos químicos,

estas devem ser destinadas à central de recebimento de embalagens vazias de

Petrolina, gerenciada pela Associação do Comércio Agropecuário do Vale do São

Francisco (Acavasf), contribuindo assim com o programa Sistema Campo Limpo.

Por adotar medidas conservacionistas para os recursos naturais presentes em

sua área, o produtor estará na verdade contribuindo para a prosperidade de sua

atividade agrícola e consequentemente evitando gastos com poluição do solo e da

água, erosão, perda de fertilidade dos solos, controle de pragas ou mesmo ausência

de polinizadores (BARBIN, 2011).

"O segredo da vida é o solo, porque do solo dependem as plantas, a água, o clima e nossa

vida. Tudo está interligado. Não existe ser humano sadio se o solo não for sadio e as

plantas bem nutridas". Ana Primavesi

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5. CONCLUSÕES

O levantamento pedológico realizado na área revelou que a Classe de solo que

a constitui é de Argissolo, tendo sido classificadas duas unidades com Argissolo

Vermelho Amarelo Eutrófico A fraco, argila de atividade baixa e relevo plano (PVAe1

e PVAe2) e uma unidade de Argissolo Vermelho Amarelo Eutrófico A fraco, argila de

atividade baixa e relevo suave ondulado (PVAe3).

O mapeamento da Capacidade de Uso das Terras revelou que a área estudada

se enquadra na Classe III, que configura terras que apresentam problemas complexos

de conservação, mas que podem ser cultivadas com culturas anuais ou mesmo

permanentes, se realizado o manejo adequado. Já o mapeamento de Classes de

Terra para Irrigação, a área estudada foi classificada como terra que, se explorada em

alto nível tecnológico e determinado sistema de irrigação, apresenta produtividade

média em torno de 75% da situação referência.

Em relação a Qualidade Ambiental, as areas de cultivo apresentam potencial

de uso desenvolvimento de atividades agrícolas, apresentando, porém, os riscos

ambientais relacionados a contaminação do solo por agrotóxicos, perda de fertilidade

e riscos de compactação do solo, enquanto que para a Reserva Legal, os riscos mais

pertinentes são inerentes ao desmatamento e a perda da diversidade biológica. Para

todos os zoneamentos, os principais fatores limitantes estão relacionados ao clima,

devido ao longo período de estiagem comum à região semiárida e a fertilidade natural

dos solos.

O conhecimento das classes de solos presentes na área, das limitações e

potencialidades dos mesmos gerados nessa pesquisa, permitirá ao produtor

desenvolver um manejo que melhor se adeque à sua realidade e às necessidades do

solo e das plantas cultivadas, visando o uso racional e sustentável dos recursos

naturais disponíveis, colaborando assim para a conservação dos mesmos.

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APÊNDICE A – Mapa Detalhado de Solos

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APÊNDICE B – Mapa de Capacidade de Uso das Terras

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APÊNDICE C – Mapa de Classes de Terra para Irrigação

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APÊNDICE D – Mapa de Qualidade Ambiental

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ANEXO – Modelo de ficha para descrição morfológica dos solos no campo,

IBGE (2007)