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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA ENERGIA E FENÔMENOS DE TRANSPORTE CONSTRUÇÃO DE UM MEDIDOR DE UMIDADE POR PRINCÍPIO DE VARIAÇÃO DE COMPRIMENTO por Dante La Porta Neto Guilherme Reis Gustavo Correa Silva Trabalho Final da Disciplina de Medições Térmicas Professor Paulo Smith Schneider [email protected] Porto Alegre, janeiro de 2013.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

ESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA

ENERGIA E FENÔMENOS DE TRANSPORTE

CONSTRUÇÃO DE UM MEDIDOR DE UMIDADE POR PRINCÍPIO DE VARIAÇÃO DE

COMPRIMENTO

por

Dante La Porta Neto

Guilherme Reis

Gustavo Correa Silva

Trabalho Final da Disciplina de Medições Térmicas

Professor Paulo Smith Schneider

[email protected]

Porto Alegre, janeiro de 2013.

1

RESUMO

No presente trabalho é desenvolvido um sistema de medição de umidade que atende as

características específicas de medição de 20 a 70%, com baixa incerteza de medição e com baixa

perda de carga. O medidor projetado neste trabalho baseia-se no princípio de variação do com-

primento através da absorção de vapor d’água com o aumento de umidade relativa do ambiente

onde está inserido o aparelho. Para construir este sistema, foram utilizadas duas hastes de ferro

como eixo da alavanca e como material higroscópico utilizou-se crina de cavalo. O medidor de

umidade é calibrado através de medições experimentais feitas no Laboratório de Estudos Térmi-

cos e Aerodinâmicos (LETA). Os resultados são obtidos através da variação do comprimento L

da crina animal, que ampliado um fator S e calibrando-o com medidor padrão, possibilita a leitu-

ra do valor de umidade presente no escoamento da tubulação. O instrumento de medição constru-

ído obteve um erro médio em torno de 7% na leitura do valor de umidade relativa. O equipamen-

to mostrou desempenho satisfatório atingindo o seu objetivo de medir a umidade relativa com

baixo erro sendo montado com baixo custo de construção.

PALAVRAS-CHAVES: Medidor de umidade, material higroscópico, crina de cavalo.

ABSTRACT

In this paper we developed a humidity measurement system that serves the particular char-

acteristics measuring 20 to 70%, with low measurement uncertainty and with low load loss. The

meter designed in this work is based on the principle of change in length by absorbing water

vapor with increasing relative humidity of the environment where the appliance is inserted. To

construct this system, we used two iron rods as the lever shaft and used as a hygroscopic material

is horsehair. The moisture meter is calibrated by experimental measurements made at the Labor-

atory of Aerodynamic and Thermal Studies (LETA). Results are obtained by varying the length

L of animal hair, which amplified a factor S and calibrating with the standard meter, enables the

reading of the value of moisture present in the flow pipe. Measuring instrument built-ido ob-

tained an average error of about 7% in reading relative humidity value. The equip-ment showed

satisfactory performance reaching its goal of measuring relative humidity with low error being

fitted with low construction cost.

KEYWORDS: Humidity meter, hygroscopic material, horsehair.

2

SUMÁRIO

Pág.

1. INTRODUÇÃO......................................................................................................................3

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...............................................................................................3

3. FUNDAMENTAÇÃO ...........................................................................................................5

3.1 HIGROSCOPIA...............................................................................................................5

3.2 PARÂMETROS DE UMIDADE.....................................................................................7

3.3 TEMPERATURA............................................................................................................7

3.4 CALIBRAÇÃO................................................................................................................8

4. METODOLOGIA..................................................................................................................9

4.1 CONCEITO DO PROJETO.............................................................................................9

4.2 FABRICAÇÃO..............................................................................................................10

5. VALIDAÇÃO DO EXPERIMENTO..................................................................................11

6. RESULTADOS....................................................................................................................11

7. CONCLUSÕES....................................................................................................................12

8. REFERÊNCIAS...................................................................................................................13

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Higrômetro de múltiplos elementos modificadores de comprimento.............................3

Figura 2 - Higrômetro capaz de guardar as variações da umidade relativa do ambiente................4

Figura 3 - Esboço do instrumento construído..................................................................................4

Figura 4: Forma do medidor quando se varia a umidade relativa...................................................4

Figura 5 - Isotermas de adsorção d’água do milho..........................................................................6

Figura 6 - Isotermas de adsorção e dessorção, representando o fenômeno de histerese.................6

Figura 7 – Esboço da montagem e funcionamento do instrumento...............................................10

Figura 8 – Instrumento montado....................................................................................................11

Figura 9 – Comparação entre Curva Teórica e Média das Medições............................................12

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Vapor máximo absorvido no ar......................................................................................7

Tabela 2: Parâmetros da equação de Henderson modificada para diversos produtos....................8

Tabela 3 – Dados das três medições realizadas.............................................................................12

3

1 INTRODUÇÃO

Por ser um instrumento necessário em diversas áreas da sociedade, o uso de medidores de

umidade vem crescendo muito nos últimos anos. O uso em ar condicionados e em instrumentos

que tem como objetivo prever a ocorrência de chuva são exemplos de comuns de como essa me-

dição é importante no cotidiano da sociedade. Na indústria, bem como na agricultura, o uso de

medidores de umidade é fundamental para controlar e analisar processos. No presente trabalho

admite-se que o material higroscópico que sofre a variação do comprimento, possui as mesmas

propriedades de sorção e dessorção dos grãos, assumindo teorias desenvolvidas focadas para a

industria agrícola. Os medidores de umidade podem ter maior ou menor precisão de acordo com

a finalidade para qual são construídos. O mesmo se aplica a tecnologia empregada na construção

desse tipo de instrumento. Medidores de umidade utilizados para controle de processos na indús-

tria e agricultura são, geralmente, construídos com uso de alta tecnologia empregando processa-

dores e mostradores digitais para que seja possível uma melhor e mais rápida visualização dos

resultados. Entretanto, devido ao uso dessas tecnologias o custo desses medidores é bastante

elevado. Baseado nisso, há, por parte dos desenvolvedores desse instrumento, uma busca por

reduzir os custos de construção ou obtenção de novos métodos de medição.

Foi feito um estudo para analisar diversos métodos de medição de umidade e este trabalho

se propõe a apresentar um instrumento com baixo custo de fabricação, mas que, apesar disso,

consegue obter bons resultados na medição de umidade do ar.

Foi desenvolvido um protótipo de um medidor de umidade com objetivo de obter baixo

custo de fabricação assim como baixa incerteza de medição. Foi verificado que com uma espécie

de alavanca na qual de um lado tem-se material higroscópico e no outro um fundo de escala era

possível medir a umidade presente no escoamento porque conforme aumenta ou diminui a umi-

dade do ar, o material higroscópico aumenta ou diminui seu comprimento, fazendo com que a

alavanca mude sua posição modificando a leitura do valor de umidade.

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Comercialmente este tipo de higrômetro está sendo deixado de lado, cedendo lugar aos

modernos sensores eletrônicos resistivos ou capacitivos de ótima precisão e facilidade na leitura.

As figuras 1 e 2 são exemplos de medidores que se baseiam no efeito da variação do comprimen-

to do elemento modificador causado pela adsorção/sorção de vapor do ambiente: a figura 1 é um

simples medidor que utiliza mais de um elemento modificador, o que deve acarretar em um leve

erro no resultado, pois os fios não estarão submetidos a mesma tensão, logo terão variação de

comprimento diferentes; Já na figura 2 verifica-se um medidor capaz de guardar a variação da

umidade do ambiente em relação ao tempo de medição utilizando um mecanismo de rotação. O

fundamento para ambos é o mesmo: variação do comprimento causada pela variação da umidade

relativa, sendo esta variação do comprimento é amplificada utilizando-se o principio da alavan-

ca:

Figura 1 - Higrômetro de múltiplos elementos modificadores de comprimento.

4

Figura 2 - Higrômetro capaz de guardar as variações da umidade relativa do ambiente.

Com a intenção de obter uma fórmula que relacione variação do comprimento L com a

variação da umidade onde na sessão resultados poderá ser utilizada para determinar tal caracte-

rística do material, desenvolveu-se a relação que nos dá o fator de ampliação do dispositivo em

função dos comprimentos do mesmo.

A figura 3 é um esboço do medidor construído no presente relatório, onde A, B e C são

medidas em metros:

Figura 3 - Esboço do instrumento construído.

A figura 4 abaixo é um esboço de quando temos uma variação na umidade relativa que re-

sulta num aumento das distâncias ∆L e ∆S.

Figura 4 - Forma do medidor quando se varia a umidade relativa.

Por análise, o ângulo 1 é igual ao ângulo 2, que chamaremos de α. Assim, com conheci-

mentos básicos de geometria plana, e com a suposição que temos somente pequenos desloca-

mentos, temos que:

(1)

(2)

Fazendo operações, chega-se ao resultado:

(3)

5

Assim, a ampliação resultante da alavanca é proporcional ao comprimento B do braço, à

variação do comprimento da crina e inversamente proporcional à distancia do fio ao parafuso de

sustentação do braço. Com essa equação podemos relacionar a resposta com a variação do com-

primento da crina, e, posteriormente, a variação do comprimento da crina com a variação da u-

midade relativa do ar.

3. FUNDAMENTAÇÃO

3.1 HIGROSCOPIA

O material higroscópico é aquele que tem a capacidade de ceder ou absorver a umidade do

ar até que haja um equilíbrio higroscópico entre material e o meio (ou seja, pressão de vapor da

água dentro do material é igual à pressão de vapor da água contida no ar). Diversos mantimentos,

objetos e até mesmo nossos fios de cabelo possuem essa propriedade, o que em alguns casos,

pode acarretar problemas. Na indústria agrícola/alimentícia este assunto é muito importante na

relação que os ambientes de estocagem de produtos (câmaras ou silos de armazenamento de ali-

mentos onde exige-se um controle rígido da umidade relativa do ar) em relação a um valor má-

ximo que o produto pode ser estocado sem que haja deterioração do produto ou perda de quali-

dade, invalidando assim o produto para comércio. Neste trabalho vamos tomar os efeitos obser-

vados em estudos dirigidos aos grãos e admitir que a crina de cavalo apresenta os mesmos fenô-

menos.

A porção de água absorvida está estreitamente associada com ao material/substância ab-

sorvedora, e isso depende do tipo de ligações químicas que é encontrado na mesma, do quão

grande é o espaço entre as moléculas/células o que culmina no valor final de equilíbrio higroscó-

pico. Nos alimentos, por exemplo, encontra-se também água líquida sob tensão osmótica, o que é

uma espécie de água solvente que retém diferentes substâncias nas células do material biológico,

sendo baixa a variação da mesma quando varia a umidade relativa do ambiente, assumindo um

papel biológico.

Em matéria publicada em seu site Newton C Braga, 2010, o autor comenta sobre esta pro-

priedade do cabelo: “Os fios de cabelo podem alterar seu comprimento de mais de 10% quando a

umidade relativa do ar varia de 0 a 100%”. Destaca-se aqui que o mesmo efeito é observado em

crinas de cavalo, não precisando a mesma porcentagem de variação do comprimento do fio ao

variar de 0-100% a umidade relativa. Tal efeito é preocupante principalmente para músicos, onde

a umidade relativa do ar pode alterar a qualidade do som reproduzido (como por exemplo, violi-

no, violãocelo), pois estes músicos utilizam crina de cavalo na vara utilizada para gerar o som

resultante do atrito entre esta e as cordas, e com uma grande variação da umidade relativa, o som

que ecoará terá sua qualidade alterada.

“Os valores de teor de umidade de equilíbrio dos produtos biológicos dependem, principalmen-

te, da temperatura e da umidade relativa do ar da espécie e/ou variedade do produto. A matu-

ridade fisiológica e o histórico do produto, como também a maneira pela qual o equilíbrio foi

obtido (adsorção ou dessorção), também influenciam na umidade de equilíbrio”,

ou seja, fios de cabelo também sofrem o fenômeno histerese. Os materiais biológicos apresentam

a isoterma de adsorção do tipo mostrado na figura 5. Uma isoterma é simplesmente uma curva

que relaciona o teor de umidade de equilíbrio de um produto versus a umidade relativa do ar ou

atividade de água do produto.

6

Figura 5 - Isotermas de adsorção d’água do milho.

O teor de umidade de equilíbrio de um material higroscópico, para determinada condição

de temperatura e umidade relativa, depende do caminho utilizado para atingir o equilíbrio. As-

sim, para uma mesma umidade relativa, pode haver duas isotermas, denominadas isotermas de

adsorção e de dessorção, obtidas em função das condições experimentais iniciais. Isso porque o

material pode estar com teor de umidade menor ou maior que a umidade de equilíbrio para as

condições do ambiente. Esse fenômeno é denominado histerese. As isotermas têm formato sig-

moidal, sendo que a isoterma de dessorção apresenta valores de umidade de equilíbrio superiores

ao da isoterma de adsorção (figura 6).

Não se encontrou nenhuma explanação conclusiva na literatura consultada a respeito do

fenômeno de histerese. Uma das explicações é a teoria do “vidro de tinta”, que tem sido apresen-

tada em vários trabalhos. Cientistas tentam explicar o fenômeno com base na contração de volu-

me que ocorre durante a dessorção de umidade no processo de secagem. Isto é, a redução do

volume do produto acarreta diminuição de pontos de ligação disponível para ligações d’água

com as moléculas das substâncias, o que resulta em histerese.

(http://www.newtoncbraga.com.br/index.php/artigos/54-dicas/2261-art352.html, em 27/12/12)

Figura 6 - Isotermas de adsorção e dessorção, representando o fenômeno de histerese.

7

3.2 PARÂMETROS DE UMIDADE

Como o presente trabalho é construído com material higroscópico as propriedades do ar

são de grande importância, uma vez que o material higroscópico irá absorver a umidade presente

no escoamento de ar.

Baseado nisso, temos, abaixo, algumas definições importantes.

Ar seco: mistura de diversos componentes gasosos, com composição relativamente cons-

tante. Pequenas variações nas quantidades dos componentes podem ocorrer com o tempo,

localização geográfica e altitude.

Ar Úmido: mistura binária (dois componentes) de ar seco e vapor d'água. A quantidade de vapor d'água no ar úmido varia de zero (ar seco) até um máximo que depende da tem-

peratura e pressão. Este máximo é a saturação do vapor de água, um estado de equilíbrio

neutro entre o ar úmido e as fases condensadas d'água (líquida ou sólida).

Assim, a massa total de ar úmido (M) pode ser representada por:

(4)

Onde é a massa de ar seco na mistura, kga, e é a massa de vapor d’água na mistura

kgw. BEYER, P.O.

O conhecimento desta equação se faz necessário uma vez que o experimento funciona com

a absorção de umidade e, por isso, fornece o resultado do valor de umidade com base na massa

do material higroscópico.

3.3 TEMPERATURA

Há de relacionar-se que a variação do comprimento esta relacionado com a temperatura do

ambiente, tanto para o material quanto para o ambiente em que o mesmo se encontra. Isso acon-

tece porque para uma dada temperatura e pressão, o ar possui um ponto onde não consegue mais

absorver vapor d’água, chamado de saturação. Abaixo temos uma relação entre temperatura e

Maximo de vapor absorvido pelo ar ambiente a pressão atmosférica.

(http://www.etec.com.br/muda3.html em 13/12/12)

Tabela 1: Vapor máximo absorvido no ar.

8

Abaixo, são apresentadas relações matemáticas de dois modelos de equilíbrio higroscópico

desenvolidas para grãos, onde é umidade relativa. Temperatura em graus Celsius.

(5)

(6)

As equações de Henderson (5 e 6) relacionam a umidade relativa de grãos com a tempera-

tura do ambiente onde se encontram e propriedades do mesmo, as quais podem exemplos na ta-

bela 2:

Tabela 2: Parâmetros da equação de Henderson modificada para diversos produtos. Fonte

NAVARRO e NOYES (2002):

3.4 CALIBRAÇÃO

A calibração nada mais é que o teste ou avaliação de um instrumento de medição em um

laboratório, com referência de outro instrumento de medição da mesma variável de processo que

seja o padrão rastreado. A calibração serve para avaliar em que situação de medição encontra-se

o instrumento de medição, qual o tamanho do seu erro e sua incerteza atual, para que então esse

erro possa ser corrigido e eliminado. Ela tem como objetivo comprovar de maneira oficial a pre-

cisão de medição, a linearidade e a incerteza de medição do instrumento através de um certifica-

do conforme trabalho executado com base em padrões rastreados. (http://www.mecatronicaatual

.com.br/secoes/leitura/738, em 13/12/12).

Além disso, segue abaixo algumas definições importantes para o entendimento do experi-

mento.

Precisão: o valor máximo que um instrumento de medição pode desviar do valor medido

no momento da medição (em relação ao valor medido), e/ou avaliação da qualidade de

medição e desempenho de um instrumento, ou valor máximo que um instrumento de me-

dição pode desviar do valor medido no momento da medição (em relação ao seu span);

Repetibilidade: característica de um instrumento em indicar o mesmo valor medido sob as mesmas condições de operação;

Linearidade: desvio no sinal de saída de medição não proporcional a medição e/ou varia-ção correta da variável medida;

9

Incerteza: porcentagem em que o valor real de medição pode estar errado com uma pro-

babilidade estabelecida

Correção de um Resultado: Valor que adicionado a um resultado não corrigido de uma medição compensa os erros sistemáticos assumidos.

Erro (Error): O erro é a diferença entre o valor medido e o valor verdadeiro ou conven-cional do mensurando e é desconhecido – do contrário uma correção poderia ser feita. O

erro normalmente é composto por duas parcelas: erro sistemático e erro aleatório.

Erro Total (Total Error, Overall Error): O erro total de um instrumento de medição, sob

condições específicas de uso, é a soma dos erros sistemático e aleatório do instrumento.

Valor Verdadeiro: Idealização ou definição de valor de referência que, por força de sua origem, é perfeito, sem desvio-padrão, ou então cujo desvio-padrão pode ser desprezado.

Valor Verdadeiro Convencional: Valor que substitui, para todos os efeitos, o valor verda-deiro, e que está necessariamente associado a uma incerteza.

Variável de Influência (Influence Quantity): Não é objeto da medição, mas influencia o

valor do mensurando ou a indicação final do instrumento de medição.

Faixa de Medição: É o intervalo entre o limite inferior e o limite superior de operação de um instrumento de medição, em que os valores medidos ficam dentro da faixa de incerte-

za estabelecida.

Resolução: É a menor variação entre duas leituras de uma grandeza que pode ser indicada ou registrada pelo sistema de medição.

Sensibilidade: É a variação do sinal de saída correspondente a uma variação da grandeza ou propriedade a medir.

Span: Diferença algébrica entre o limite superior e o limite inferior de operação de um

instrumento de medição.

Erro de zero – desvio do valor de zero indicado quando o valor medido é mesmo zero;

Erro de hysteresis – diferença na quantidade medida causada pela aproximação do valor medido através de valor inferior ou superior;

Erro dinâmico – diferença entre o valor instantâneo indicado e o valor instantâneo medi-

do;

Erro quantitativo – erro resultante de uma resposta que somente pode ser variada em me-dições discretas, como contagem em medição digital.

(http://www.mecatronicaatual.com.br/secoes/leitura/738, em 13/12/12 e SCHNEIDER, P. S.

Medição de Velocidade e Vazão de Fluidos. Departamento de Engenharia

Mecânica, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2011.)

4. METODOLOGIA

4.1 CONCEITO DO PROJETO

Para a execução do presente trabalho, primeiramente, foram estudadas diferentes tipos de

medidores de umidade baseados em diversos princípios de funcionamento como os feitos com

cabelo, crina de cavalo e alguns materiais de origem animal que alteram seu comprimento em

função da umidade e os feitos com materiais que absorvem umidade e assim alteram seu peso

como, por exemplo, papel toalha, sal, grãos (por exemplo, soja e feijão). Entretanto, devido aos

resultados obtidos e a facilidade de construção, operação, leitura dos dados e ampliação dos da-

dos de saída, foi escolhido o medidor baseado no principio de alavanca com utilização de crina

de cavalo, onde uma variação no comprimento da crina amplia um fator a, onde a=

com a uma variação da umidade relativa. De posse te de um pequeno , teremos como dado de

10

saída um valor amplificado “a” vezes, aumentando a sensibilidade do sensor, que após ser

devidamente calibrado, estará pronto para uso.

4.2 FABRICAÇÃO

O aparelho indicador de umidade relativa foi construído de tal forma que uma crina de

cavalo era fixa e tensionada pelo peso de uma alavanca rotativa. Quando a umidade relativa do ar

aumenta e a temperatura permanece constante, a crina de cavalo pode aumentar em até 10% seu

comprimento, variando a posição da alavanca na indicação da umidade relativa à direita na figu-

ra 7. Quando a umidade relativa diminui ocorre o contrário.

Figura 7 – Esboço da montagem e funcionamento do instrumento.

Os materiais usados para construção do modelo foram:

Placa metálica retangular para suporte da crina e da alavanca;

Dois parafusos;

Cinco porcas;

Uma crina de cavalo;

Haste;

Suporte da estrutura;

Agulha;

Durepoxi.

A montagem foi realizada da seguinte forma:

Foi feito primeiramente, dois furos na placa metálica, um localizado no meio da placa na parte superior e outro na parte inferior esquerda, ambos com o diâmetro do parafuso;

Em seguida fixou-se a haste a uma das porcas afim de servir de alavanca do medidor;

Fez-se também dois furos no suporte da estrutura, afim de fixar a placa metálica.

Com os parafusos e as porcas, foi fixada a placa metálica no suporte;

A alavanca então é rosqueada no parafuso superior, sendo que o lado da crina de cavalo tem que ficar acima do outro lado da alavanca;

Então a crina de cavalo é presa no parafuso inferior por duas porcas e na parte superior com Durepoxi.

Crina de cavalo

Alavanca

Indicação da Umidade

Relativa

11

No outro lado da haste foi fixada uma agulha com durepoxi, apontando para a escala de

umidade.

Figura 8 – Instrumento montado.

Em seguida foi feita a calibração do medidor na bancada de testes para umidades relativas

entre 20% e 70%. A partir da análise dos dados obtidos, pôde-se obter a curva de operação do

medidor. Dos testes realizados, avaliou-se a repetibilidade e possíveis efeitos que pudessem in-

fluenciar nas medições.

5. VALIDAÇÃO

É necessário considerar o problema de estar trabalhando com um material de difícil manu-

seio e pouco conhecimento sobre o modo como variam suas propriedades. Apesar das situações

citadas, o resultado obtido foi conforme era esperado, isto é, a crina de cavalo aumentou seu ta-

manho com o aumento da umidade. Isto se deve ao fato de que a crina de cavalo é um material

higroscópico, ou seja, tem a capacidade de absorver umidade. A crina de cavalo absorve umida-

de porque as moléculas de água se infiltram entre suas moléculas e toda a sua estrutura molecu-

lar aumenta de volume. Sendo assim, é possível perceber que o instrumento está coerente com a

teoria.

6. RESULTADOS

Foram realizadas medições em três pontos distintos ao longo da variação de umidade. São

estes pontos 20, 50 e 70% de umidade relativa no escoamento. Com essas medições foi possível

chegar à figura 7 mostrada abaixo, que compara o resultado da média das medições com a curva

teórica.

12

Figura 9 – Comparação entre Curva Teórica e Média das Medições.

Os dados para obtenção do gráfico presente na figura 9 acima foram retirados da tabela 3 abaixo.

Tabela 3 – Dados das três medições realizadas.

Embora a curva das Médias das Medições esteja medindo valores um pouco acima da Cur-

va Teórica é possível verificar que ela mantém a mesma forma. Além disso, verificou-se, com

base na tabela 1, que o erro tende a aumentar sensivelmente com o aumento da umidade relativa.

7. CONCLUSÕES

Apesar das dificuldades encontradas durante o processo é possível dizer que o medidor de

umidade foi desenvolvido com sucesso uma vez que os objetivos propostos como - construção

com baixo custo e leitura com baixo erro - foram atingidos. Uma vez que, apesar do trabalho ser

realizado com um material de difícil manuseio, o erro obtido se encontra em torno de 7%. Além

disso, o custo para montagem do equipamento também foi consideravelmente baixo. Portanto,

pode-se concluir que o erro é pequeno e o equipamento pode ser utilizado quando não houver

uma grande exigência tecnológica.

Por fim, podemos citar algumas melhorias como, por exemplo, utilização de algum outro

material que seja mais sensível à variação de umidade ou então alguma modificação na constru-

ção. Podemos exemplificar com a utilização de uma material mais leve na construção da haste

porque isso poderia fazer com que houvesse um maior deslocamento da ponteira fazendo com

que aumentasse a sensibilidade do instrumento. Lembrando sempre que todas alterações sugeri-

das/feitas buscam sempre e melhoria do equipamento.

Valor Real Medição 1 Medição 2 Medição 3 Média Desvio Padrão Erro (%)

20 16 21 27 21,33 5,51 6,67

50 58 50 53 53,67 4,04 7,33

70 70 78 78 75,33 4,62 7,62

13

8 REFERÊNCIAS

BEYER, P.O. Poligrafo de aula. Curso de Climatização. Departamento de Engenharia

Mecânica, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2012.

Autor desconhecido, ETEC- http://www.etec.com.br/muda3.html, em 13/12/12

Autor desconhecido, Mecânica Atual, www.mecatronicaatual.com.br/secoes/leitura/738, em 13/12/12

Braga, http://www.newtoncbraga.com.br/index.php/artigos/54-dicas/2261-art352.html, em

27/12/12

SCHNEIDER, P. S. Medição de Velocidade e Vazão de Fluidos. Departamento de Engenharia

Mecânica, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2011.

Tabela de Avaliação. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Capacidade

de leitura na

faixa indicada

Perda de

carga

Incertezas

Criatividade

Conformidade

com as nor-

mas de reda-

ção do con-

curso