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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA ENERGIA E FENÔMENOS DE TRANSPORTE CONSTRUÇÃO E OPERAÇÃO DE UM HIGRÔMETRO por Jorge Grass 159131 Filipe Geiger 159164 George Haeffner 160866 Trabalho Final da Disciplina de Medições Térmicas Profs. Paulo Smith Schneider e Cristiano Frandalozo Maidana Porto Alegre, Janeiro de 2012

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

ESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA

ENERGIA E FENÔMENOS DE TRANSPORTE

CONSTRUÇÃO E OPERAÇÃO DE UM HIGRÔMETRO

por

Jorge Grass – 159131

Filipe Geiger – 159164

George Haeffner – 160866

Trabalho Final da Disciplina de Medições Térmicas

Profs. Paulo Smith Schneider e Cristiano Frandalozo Maidana

Porto Alegre, Janeiro de 2012

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RESUMO

O presente trabalho consiste na instrumentação, projeto, desenvolvimento e análise de um

higrômetro de cabelo, utilizado para medir a umidade. O princípio fundamental do sistema é a

expansão ou contração do comprimento com a variação da umidade. Para isso, foi utilizada uma

configuração de montagem que submete este sistema a um escoamento com diferentes

temperaturas e umidades. Objetivou-se a calibração da medição de umidade dentro de uma faixa

específica entre 20% e 70%. Foram realizadas diversas medições para determinar sua eficiência,

eficácia e produtividade. O projeto foi realizado com a utilização de fios de cabelo humano

ligados a um medidor de deslocamento sensível para poder captar as pequenas variações no

comprimento. Ao final da calibração verificou-se que o sistema escolhido realmente tem uma

variação com a umidade e pode mensurar a mesma possuindo, segundo nossa montagem, 9,90%

de erro médio nas medições realizadas.

Palavras-chave: higrômetro, cabelo, medição, umidade relativa.

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ABSTRACT

This work consists of instrumentation, design, development and analysis of a hair

hygrometer, used to measure humidity. The fundamental principle of the system is the expansion

or contraction of the length and the variation of moisture. For this, we used a mount

configuration that this system undergoes a runoff with different temperatures and humidities.

The objective of the measurement of moisture measurement within a specific range between

20% and 70%. Several measurements were performed in order to have values to raise its

efficiency, effectiveness and productivity. The project was conducted with the use of human hair

strands attached to a displacement gauge sensitive in order to capture the small variations in

length. At the end of calibration verified that the chosen system really has a variation with

moisture and can measure possessing the same, according to our assembly, 9.90% of average

error in measurements.

Keywords: hygrometer, hair, measuring relative humidity.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 5

2. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 5

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................................. 6

3.1. UMIDADE ........................................................................................................................................... 6 3.1.1. O ar atmosférico ...................................................................................................................... 6 3.1.2. Diagramas psicrométricos e variação de umidade ................................................................. 6

3.1.2.1. Aquecimento do ar úmido .................................................................................................................... 6 3.1.2.2. Mistura adiabática de ar úmido com vapor de água ............................................................................. 7

3.1.3. Tipos de higrômetros ............................................................................................................... 7 3.1.3.1. Higrômetros químicos ......................................................................................................................... 8 3.1.3.2. Higrômetros de condensação ............................................................................................................... 8 3.1.3.1. Higrômetros de cabelo ......................................................................................................................... 8 3.1.3.2. Higrômetros de anel cilíndrico pendular ............................................................................................ 10 3.1.3.3. Higrômetros de tiras metálicas........................................................................................................... 10 3.1.3.4. Higrômetros elétricos ......................................................................................................................... 10

3.1. INCERTEZA DE MEDIÇÃO .................................................................................................................. 10 3.2. CALIBRAÇÃO ................................................................................................................................... 12

4. MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................................... 12

4.1. CONSTRUÇÃO DO MEDIDOR DE UMIDADE ....................................................................................... 12 4.2. BANCADA DE TESTES ....................................................................................................................... 14 4.3. MEDIÇÕES ....................................................................................................................................... 15

4.3.1. Calibração do Medidor ......................................................................................................... 15

5. VALIDAÇÃO E RESULTADOS ............................................................................................ 18

5.1. MEDIÇÕES ....................................................................................................................................... 18

6. CONCLUSÃO .......................................................................................................................... 21

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................... 22

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1. INTRODUÇÃO

A medição da umidade relativa do ar é a razão entre a pressão parcial de vapor de água e

a pressão de vapor nas condições de equilíbrio (pressão de saturação). Este é um parâmetro que

referência a quantidade de água presente no ar. É de interesse de indústrias agropecuárias,

químicas, metalúrgicas, de alimentos, entre outras.

Esta medição afeta diretamente na qualidade dos produtos produzidos ou determina

outros fatores do processo produtivo, o que a torna muito importante do ponto de vista

tecnológico e econômico.

Um dos equipamentos destinados a mensuração desta variável são denominados

higrômetros. Existem diversos tipos de higrômetros de princípios mecânicos, físicos e químicos,

podendo variar na precisão e custo.

De acordo com a aplicação dos medidores de umidade e a importância econômica que

esta variável possui, este trabalho objetivou a construção de um higrômetro eficiente e de baixo

custo.

2. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Scientific American, 2013, fornece uma abordagem prática para a construção de

higrômetros com fio de cabelo e explica que no higrômetro construído com cabelo humano, um

fio de cabelo é colocado entre um ponto fixo e outro móvel e, segundo a umidade a que está

submetido, ele varia de comprimento, arrastando o ponto móvel. Esse movimento é transmitido a

um ponteiro que se desloca sobre uma escala, na qual estão os valores da umidade relativa.

3B Scientific, 2013 produz um higrômetro de fio de cabelo para a medição da umidade

relativa do ar. Consiste numa armação redonda de matéria plástica com um cabelo humano como

elemento medidor. O cabelo sofreu um tratamento especial de modo a que este reaja quase sem

inércia às mudanças de umidade. A área de medição é de 0% a 100% de umidade relativa em

uma faixa de temperatura de - 35° C até + 65° C com uma precisão da indicação: ± 5% ao custo

de 160,00 reais.

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3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1. Umidade

3.1.1. O ar atmosférico

O nitrogênio e o oxigênio constituem praticamente todo o ar (99%) da atmosfera seca. Os

outros gases, incluindo o gás carbônico, correspondem a apenas 1% da atmosfera (LEMBRO,

2001), podendo conter contaminantes como partículas de poeira, esporos fúngicos, grãos de

pólen, entre outros.

O vapor de água varia em concentração na atmosfera. Durante o ano, ocorrem estações

mais úmidas e mais secas, além disto, alguns locais são bem mais úmidos do que outros. As

concentrações mais altas de vapor de água são encontradas próximas ao equador sobre os

oceanos e florestas tropicais. O vapor de água redistribuir o calor na Terra através de trocas no ar

e a sua condensação produz a chuva (ATKINS e JONES, 2001).

A quantidade de vapor de água no ar varia desde zero (ar seco) até um valor máximo

(saturação), o qual varia de acordo com a temperatura e pressão da mistura. A saturação ocorre

quando a pressão parcial do vapor de água na mistura atinge a pressão de saturação do vapor de

água na temperatura que está a mistura. Esta pressão aumenta exponencialmente com a

temperatura, conforme diagramas psicrométricos.

3.1.2. Diagramas psicrométricos e variação de umidade

3.1.2.1. Aquecimento do ar úmido

Na Figura 1, pode-se observar que com o aumento da temperatura de bulbo seco, a

umidade relativa diminui. Isso se deve ao fato de que a capacidade de absorver água aumenta

conforme o aumento de temperatura.

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3.1.2.2. Mistura adiabática de ar úmido com vapor de água

Também, no diagrama psicrométrico (Figura 1), pode-se verificar que, se a temperatura

de bulbo seco manter-se constante, a umidade relativa do ar aumenta. Por isso, o uso de

termômetros juntamente a higrômetros é importante, para que sejam conhecidas as variáveis que

influenciam no processo e as mesmas possam ser controladas.

Figura 1: Diagrama psicrométrico do ar atmosférico (VALVENCA e TETER, 1971).

3.1.3. Tipos de higrômetros

Os higrômetros são equipamentos de funcionamento simples. É necessário que ele possua

um material sensível a umidade e que este esteja ligado a um mecanismo que transmita algum

tipo de sinal a um ponteiro, dispositivo elétrico, entre outros, que possa mensurar a variação de

umidade. Entre os vários tipos de higrômetro existentes, há aqueles que apresentam uma

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sensibilidade grande e aqueles que apenas indicam se o parâmetro está acima ou abaixo de um

valor referência.

Os principais tipos de higrômetros são:

3.1.3.1. Higrômetros químicos

Operam por absorção, por meio de reações químicas que deslocam o equilíbrio

(Composto azul + água ↔ Composto rosa) de acordo com a quantidade de água absorvida,

conforme exemplo na Figura 2.

Figura 2: higrômetro químico (FELTRE, 2008).

3.1.3.2. Higrômetros de condensação

Utilizam o método denominado “ponto de orvalho”, isto é, a temperatura em que se inicia

a condensação do vapor de água, conforme Figura 3.

3.1.3.1. Higrômetros de cabelo

Baseiam-se nas variações de comprimento de um ou mais fios de cabelo ou de tiras de

plástico, conforme se encontrem secos ou úmidos; o material está sujeito à ação de um

contrapeso e é enrolado em uma polia cujo eixo comporta um ponteiro que se desloca sobre um

mostrador, conforme Figura 4.

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Figura 3: Higrômetro de condensação

(Fonte: http://mfisica.nonio.uminho.pt/patrimonio/alfa/pat_alf_h.html)

Figura 4: Higrômetro de cabelo

Fonte: http://portuguese.alibaba.com/product-gs/hair-hygrometer-355279589.html)

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3.1.3.2. Higrômetros de anel cilíndrico pendular

Constituídos por um tubo de vidro de forma cilíndrica, parcialmente cheio de mercúrio e

fechado em uma das extremidades por uma membrana semipermeável ao vapor de água

ambiente. A tensão desta membrana, agindo sobre o mercúrio, faz o tubo se deslocar em torno de

um eixo conectado a um ponteiro que se move sobre um mostrador.

3.1.3.3. Higrômetros de tiras metálicas

É composto de enroladas helicoidalmente e revestidas de substâncias reagentes à

umidade. A reação higroscópica faz variar o comprimento das tiras metálicas. Este movimento é

transmitido a um eixo fixado na extremidade das tiras metálicas, provido de um ponteiro que se

move sobre um mostrador.

3.1.3.4. Higrômetros elétricos

O funcionamento é baseado normalmente no princípio da variação da condutibilidade

elétrica de sais especiais absorventes (cloreto de lítio, por exemplo) ou no princípio da variação

da capacidade elétrica de um elemento apropriado, em função da umidade relativa.

A Tabela 1 apresenta um consolidado dos principais higrômetros com medidas de

incertezas, unidades típicas de indicação, tolerância a contaminação, entre outros.

Baseado nos tipos de higrômetros conhecidos, o grupo optou por construir um protótipo

de higrômetro de cabelo, devido a sua grande variação de comprimento de acordo com a

umidade e pelo baixo custo do instrumento.

3.1. Incerteza de medição

A grandeza física mensurada em um procedimento experimental é sempre uma

aproximação do valor verdadeiro. Em medições, objetiva-se determinar o melhor valor possível

para a grandeza, e quanto esse pode ser diferente do valor verdadeiro. A incerteza pode ser então

definida como uma indicação de quanto o melhor valor pode diferir do valor verdadeiro, em

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termos de probabilidades, sendo um valor estimado para o erro. A incerteza de medição é obtida

pela análise estatística de uma série de observações, determinando média, desvio padrão,

tamanho da amostra e intervalo de confiança através de dados experimentais [INMETRO, 1998].

Tabela 1: Resumo de algumas características dos principais princípios de medição de

umidade (Fonte: Schneider, 2012).

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3.2. Calibração

Conjunto de operações que estabelece, sob condições especificadas, a relação entre os

valores indicados por um instrumento de medição ou sistema de medição ou valores

representados por uma medida materializada ou material de referência, e os valores

correspondentes das grandezas estabelecidos por padrões [ISO GUM, 1993.]. As condições na

calibração devem ser as mesmas na operação. Para calibração deve ser comparados os resultados

obtidos experimentalmente com os sensores de referência, que no caso do experimento,

determinam temperatura de bulbo seco, umidade relativa e vazão.

4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1. Construção do Medidor de Umidade

Para desenvolver o protótipo foram propostas algumas ideias de projeto, entre elas um

psicrômetro de bulbo seco/úmido, higrômetros de barbante torcido, cabelo e resistivo.

Devido ao limitante nos quesitos de avaliação o psicrômetro foi descartado, restando 3

opções. A partir das alternativas se verificou a disponibilidade dos materiais para a sua

confecção. O higrômetro resistivo não possuía material em lojas para ser construído, sendo assim

foi descartado. Desse modo com as idéias que restaram foram realizados protótipos.

O higrômetro de barbante torcido se mostrou de difícil calibração e com tempo de resposta

muito grande. Foram levantadas duas hipóteses, a primeira de que o atrito existente no

mecanismo pudesse estar interferindo na medição, a segunda relativa ao material do mecanismo

de acionamento que poderia estar absorvendo umidade até a saturação, não estabilizando.

O higrômetro de cabelo pode ser utilizado já que este absorve vapor d’água. A estrutura do

fio de cabelo é formada por cutículas, córtex, complexo da membrana celular e medula, estas são

bastante porosas e, portanto, hidrofílicas, o que faz com que o fio varie de volume e

comprimento quando exposto a diferentes variações de umidade (WAGNER et. al, 2006).

Com essas constatações o medidor que se adequou aos propósitos do trabalho foi o

higrômetro de cabelo.

Foram utilizados os seguintes materiais para a confecção do medidor de umidade relativa:

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Tubulação de PVC de 75mm;

Luva de PVC de 75mm;

Joelho de PVC de 75mm;

Medidor de deslocamento;

Cabelo humano;

Arame;

Superbonder®;

Durepoxi®;

A Figura 5 mostra o medidor já pronto para a sua utilização e a Figura 6 o detalhe do

mecanismo acionador.

Figura 5: Protótipo construído para medição da umidade relativa utilizando cabelo humano

como mecanismo de acionamento.

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Figura 6: Detalhe do cabelo utilizado no mecanismo para medição da umidade relativa.

O medidor foi construído baseado na resposta do cabelo ao estimulo de diferentes

umidades relativas. Assim sendo, uma das extremidades do cabelo foi conectada ao medidor de

deslocamento e a outra, no arame. O medidor e o arame foram dispostos em tubulação de PVC

de forma a permitir uma pré-tensão nos fios, possibilitando a medição da alteração do

comprimento.

A inserção do mecanismo confeccionado na tubulação de PVC ocorreu não só para a

facilidade de manuseio e de aplicação da configuração necessária, mas também para garantir que

o cabelo mantenha constantemente o contado com o ar úmido possibilitando uma diminuição do

erro na medição.

A luva tem a função de conectar a tubulação utilizada na confecção à tubulação da bancada

de testes disponível no LETA.

4.2. Bancada de Testes

O experimento foi confeccionado segundo o edital fornecido. A figura abaixo mostra a

esquematização da bancada em que serão realizados os testes.

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Figura 7: Bancada de testes para calibração e medição da umidade relativa.

(Fonte: Schneider e Maidana, 2012).

Segundo Schneider e Maidana (2012) a bancada funciona da seguinte maneira: “Ar,

succionado por um ventilador, escoa até a seção de teste por meio de uma tubulação, onde será

instalado o medidor construído por cada grupo. Esta tubulação possui um aquecedor elétrico, um

sensor de temperatura/umidade relativa, um umidificador e um sensor de velocidade do ar. A

variação da umidade relativa do ar se dará através da potência térmica dissipada pela resistência

elétrica e através do vapor d’água introduzido pelo umidificador”.

Baseado no funcionamento descrito pelos autores esta bancada será utilizada para

calibração e testes do medidor construído e realização das medições.

4.3. Medições

4.3.1. Calibração do Medidor

O medidor foi levado ao laboratório e conectado à bancada de testes disponível para o

experimento. Os parâmetros foram escolhidos e os pontos correspondentes no marcador foram

registrados gerando a tabela 2.

Como podemos observar na tabela o valor de temperatura variou apenas nas ultimas

medidas, isso ocorreu devido à impossibilidade de alcançar altas umidades relativas com alta

temperatura. Todas as medições foram efetuadas com a velocidade do ar de 5m/s.

Os valores foram primeiramente obtidos com uma calibração ascendente, ou seja, que

variou de seu menor ao maior valor. Na segunda oportunidade foi realizada uma calibração

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descendente, que vai se seu maior ao menor valor. Os pontos foram interpolados para a

diminuição do erro de medição.

Tabela 2: Valores de temperatura e umidade relativa medidos para calibração ascendente e

descendente.

Ascendente Descendente Valores Médios

T utilizada (°C) umidade relativa (%)

T utilizada (°C) umidade relativa (%)

T utilizada (°C)

umidade relativa (%)

45,0 20,0 44,7 20,4 44,9 20,2

45,0 22,0 45,2 21,6 45,1 21,8

45,9 26,5 45,0 25,7 45,5 26,1

45,1 30,8 43,2 32,0 44,2 31,4

45,5 35,3 45,3 36,7 45,4 36,0

45,4 41,1 45,7 41,5 45,6 41,3

42,7 45,7 44,4 45,1 43,6 45,4

41,4 48,7 43,2 49,1 42,3 48,9

26,4 54,9 28,3 53,4 27,4 54,2

25,8 61,3 24,7 59,3 25,3 60,3

27,2 65,2 24,9 66,6 26,1 65,9

27,6 73,1 27,9 71,3 27,6 73,1

O tempo necessário de espera para estabilização do sistema para realizar a medição foi

fixado em 5 minutos, porém foi possível perceber que este tempo de espera era inferior ao

estipulado, aproximadamente 1 minuto e 20 segundos na medição ascendente e 1 minuto e 50

segundos na medição descendente. Esse dado mostra que o mecanismo tem uma constante de

tempo maior para perder umidade do que para ganhar, comprovando a histerese existente no

sistema.

Os pontos marcados a partir da aferição do instrumento na bancada de testes podem ser

vistos na Figura 8.

Como pode ser observado os valores iniciais, entre 20% e 30%, não tem a mesma escala

dos demais pontos, isso comprova a não linearidade do marcador, visto que a temperatura foi

praticamente a mesma. Ao alterarmos a temperatura nas medições finais, principalmente entre

50% e 60% a escala novamente se alterou, isto demonstra a sensibilidade do sensor à

temperatura.

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Figura 8: Marcações feitas em laboratório para calibração do medidor de umidade.

O medidor construído possui uma escala direta e por isso foi calibrado diretamente com os

valores no marcador. A escala final foi confeccionada e incorporada ao medidor conforme a

Figura 9 abaixo.

Figura 9: Em detalhe a escala gerada pela calibração realizada em laboratório.

Com o medidor calibrado passamos a realizar as medições de valores aleatórios.

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5. VALIDAÇÃO E RESULTADOS

5.1. Medições

Após realização da calibração do instrumento começamos a determinar o erro associado ao

medidor. Nesta etapa fixamos um valor de umidade na bancada de testes e medimos com o

protótipo. A partir dessa metodologia geramos as Tabelas 3 e 4 a seguir.

Tabela 3: Valores de umidade relativa medidos para determinação do erro

T UR ref UR med Erro (%)

44,7 21,3 25 20,77

46,2 25,1 27 17,41

47,1 30,1 34 11,46

43,9 34,2 38 10,80

44,2 39,7 44 11,66

45,2 45,1 50 8,46

45,5 51,4 56 10,66

25,7 55,7 60 9,15

24,3 61,1 64 8,00

25,1 65,1 68 5,75

24,2 70,3 72 4,58

Com os dados da Tabela 3 foi criada a curva de calibração na Figura 10.

Figura 10: Valores das medições de bancada e protótipo interpoladas.

1900ral

1900ral

1900ral

1900ral

1900ral

1900ral

1900ral

1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral

Nu

me

ro d

a m

ed

ição

Umidade Relativa

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Após a primeira aferição realizamos novamente o procedimento e criamos a Tabela 4.

Tabela 4: Valores medidos de umidade relativa e erro entre a medição da bancada e do

protótipo.

Temperatura UR ref UR med Erro (%)

45,6 20,7 25 17,37

44,7 24,7 29 7,57

44,6 31,4 35 12,96

45,5 35,2 39 11,11

43,7 40,3 45 10,83

43,9 46,1 50 10,86

43,1 49,7 55 8,95

28,9 56,8 62 7,72

23,5 60,4 65 4,75

26,4 64,3 68 4,45

27,2 69,8 73 2,42

E novamente a curva de calibração representada pela Figura 11.

Figura 11: Medição de umidade relativa da bancada e do protótipo interpolados.

Ao analisarmos as tabelas acima podemos determinar o erro associado ao medidor. Como

os valores variaram somente para mais do valor indicado no medidor do laboratório o erro

1900ral

1900ral

1900ral

1900ral

1900ral

1900ral

1900ral

1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral

Nu

me

ro d

a M

ed

ição

Umidade Relativa

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encontrado foi de exatidão, e sistemático. Assim sendo existe a possibilidade de eliminação do

erro sistemático adicionando o erro médio calculado. O erro de exatidão não pode ser contornado

visto que ele é inerente do processo.

Também podemos perceber que o erro do medidor varia segundo a faixa de medição, assim

como foi detectada uma não linearidade do medidor, visto que a faixa entre 20% e 30% é maior

que as outras, o erro nesta mesma faixa é menor que nas outras.

O erro médio das tabelas foi calculado em 9,9% do valor medido. Para realizar um ajuste

na medição coerente ao erro não linear dividimos a calibração em quatro partes e recalculamos

os erros associados. A partir desses valores geramos a tabela a seguir e eles deverão ser

descontados numa nova medição para evitar o erro sistemático.

Tabela 5: Percentual de erros encontrados nas faixas de medição de umidade relativa do

protótipo

Erro na primeira medição (%)

Erro na segunda medição (%)

Média dos erros (%)

16,55 12,63 14,59

10,31 10,94 10,62

9,27 7,14 8,21

5,17 3,44 4,30

Os valores dos erros das Tabela 3 e 4 foram divididos em grupos de três, a partir do

primeiro valor, e em dois no último grupo para gerar valores mais precisos.

Como demonstrado na Tabela 1 era esperado um erro de 5% a 15% por se tratar de um

medidor mecânico. Com base nesse dado, podemos considerar que o medidor está dentro do

padrão esperado, visto que o erro médio foi de 9,90%.

Além disso, podemos observar que apesar do maior percentual de erro ter sido de 20,77

(acima do limite superior de tolerância), o menor valor do erro encontrado foi de 2,42 (abaixo do

limite inferior).

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6. CONCLUSÃO

Foi projetado, construído e experimentado um higrômetro de fio de cabelo para mensurar

umidade relativa do ar em um escoamento determinado por uma bancada de testes do LETA, e

após realização da calibração do instrumento foi determinado o erro médio associado ao medidor

em 9,90%. Comparando com a bibliografia, aonde é esperado um erro de 5% a 15% por se tratar

de um medidor mecânico, é possível considerar que o medidor está dentro do padrão esperado.

Os resultados encontrados com o medidor de umidade com fio de cabelo no escoamento de

ar proposto pelo LETA pode ser tida como aceitável, pois foram coletados dados suficientes para

esta afirmação, e os resultados foram compatíveis com a bancada de referência. O higrômetro de

fio de cabelo construído está apto para mensurar umidade relativa do ar em uma faixa de

operação de 20 a 70% em uma faixa de temperaturas de 27°C a 45°C.

Com os crescentes estudos em meteorologia, climatização e conforto térmico, é de

importante valor acadêmico a construção de novas ferramentas, no caso um medidor de umidade,

para o desenvolvimento de tecnologias e a inserção da teoria na atividade prática. É evidente que

por se tratar de um assunto conhecido, a indústria fornece equipamentos mais simples, exatos e

baratos sobre o problema, entretanto, com a experimentação e validação de protótipos, o aluno

fortalece conhecimento e desenvolve novas habilidades.

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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Metrologia, Rio de Janeiro

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