universidade federal do rio grande do norte trabalho de conclusÃo de curso · 2019. 9. 22. ·...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA
GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DE ADSORÇÃO DO CARVÃO DA PIRÓLISE DO
CAPIM ELEFANTE NA REMOÇÃO DO CORANTE TÊXTIL AZUL BRILHANTE CB
Mayara Virgínia de Araújo Galvão
Natal/RN
2019
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Mayara Virgínia de Araújo Galvão
AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DE ADSORÇÃO DO CARVÃO DA PIRÓLISE DO
CAPIM ELEFANTE NA REMOÇÃO DO CORANTE TÊXTIL AZUL BRILHANTE CB
Trabalho de conclusão de curso de
graduação apresentado à Universidade
Federal do Rio Grande do Norte como
requisito para a obtenção do título de
Engenheira Química.
Orientador: Prof. Dr. João Fernandes de
Sousa
Co-Orientadora: Msc. Maitê Medeiros de
Santana e Silva.
2019
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DEDICATÓTIA
Dedico este trabalho de conclusão de curso à minha filha Maísa e a meu esposo
Isaías por todos os momentos preciosos juntos que foram abdicados durante a
realização deste trabalho.
Aos meus pais Ricardo e Vera pelos ensinamentos e educação dados durante
toda a minha vida.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por me dar força e sabedoria nessa trajetória.
À minha filha Maísa Galvão que apesar de me proporcionar mais
responsabilidades, ela é minha inspiração e o seu amor elimina todo o cansaço.
Aos meus pais, Ricardo Galvão e Vera Galvão, por todos os ensinamentos
passados, eles foram a base para que eu chegasse até aqui.
Ao meu esposo Isaías Sousa por todo amor e apoio dado durante minha
graduação.
Ao professor João Fernandes de Sousa pelos ensinamentos passados durante
a realização deste trabalho, bem como durante suas aulas de fenômenos de
transporte.
À doutoranda Maitê Medeiros pela paciência e apoio essencial dado durante
toda a realização do trabalho.
À engenheira química Rosângela Possa pelo apoio dado aos experimentos de
preparação do carvão.
À minha amiga Jéssica Brasil pela ajuda e parceria durante os experimentos.
À empresa vicunha têxtil pelo fornecimento dos corantes têxteis.
A todos os professores que contribuíram para minha formação acadêmica.
A todos que contribuíram direta ou indiretamente para a realização deste
trabalho.
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RESUMO
Nos últimos anos, o Capim Elefante tem sido apontado como uma alternativa
promissora de biomassa para utilização como insumo energético. Através da pirólise,
o pó do capim elefante, originado da moagem da palha seca, se destaca, quando
submetido ao processo de pirólise, por gerar bio-carvão como sub-produto com alto
rendimento. O capim elefante possui estrutura rica em carbono sendo uma alternativa
potencialmente barata para a produção de carvões ativados. Além disso, esse carvão
é constituído de diversos elementos óxidos em sua estrutura. O presente trabalho teve
como objetivo ativar e caracterizar o carvão proveniente da pirólise do capim elefante
e avaliar sua capacidade de adsorção na remoção do corante têxtil Azul Brilhante CB
em efluente sintético. O processo de tratamento e ativação do carvão envolveu as
etapas de pré-lavagem (com etanol automotivo e diclorometano), ativação química
(com HCl 7,5 M e 1,0 M bem como H3PO4 concentrado) e ativação física a 500°C por
2 horas com fluxo de 1ml/min de N2. Finalmente, os carvões foram caracterizados por
FRX, DRX e MEV. Os estudos de adsorção foram realizados em batelada, em um
shaker com velocidade de rotação de 100 rpm e temperatura de 25 oC. As variáveis
estudadas foram: pH do meio (2, 7 e 10) e a concentração da solução do corante (50
e 100 ppm). Foi elaborado um estudo cinético com suposição de um modelo pseudo
de 1ª e 2ª ordem bem como a construção das isotermas de adsorção baseadas no
modelo de Langmuir e Freundlich. Um experimento realizado sem a presença do
adsorvente, porém, apenas com o HCl (pH = 2) e solução do corante, mostrou que 74
% do corante é degradado instantaneamente em um tempo de 30 seg. Com NaOH,
em pH 10, não houve degradação. O percentual de adsorção obtido com o carvão
comercial, em pH 2, T = 25 oC e concentração mássica do carvão de 1 g/L, foi em
torno de 60% em um tempo de 120 min. Porém, o carvão da pirólise ativado com HCl
1,0 M e lavado com etanol, diclorometano e etanol, testado nas mesmas condições
que o carvão comercial, apresentou uma capacidade de adsorção da ordem de 82%
em 250 min. Para o carvão ativado com H3PO4, independente das condições
operatórias, não houve qualquer tipo de interação entre as fases, e, portanto,
nenhuma adsorção. Para o carvão comercial, os resultados experimentais se
adaptaram aos modelos de Langmuir e ao cinético de pseudo 2ª ordem (k2 = 0,00156
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g/mg.min). Já para o carvão da pirólise, foram os modelos de Freundlich e o cinético
de pseudo 1ª ordem (k1 = 0,014 min-1).
Palavras – Chave: Azul Brilhante CB, carvão ativado, pirólise, capim elefante,
processo batelada, adsorção, modelo cinético, isotermas.
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ABSTRACT
In recent years, Elephant Grass has been pointed as a promising alternative for
biomass for use as an energy input. Through pyrolysis, elephant grass powder,
originated from the dry straw grinding, stands out when submitted to the pyrolysis
process, by generating bio-coal as a high yielding by-product. Elephant grass has a
carbon-rich structure and is a potentially inexpensive alternative to the production of
activated charcoal. In addition, this coal is made up of several oxide elements in its
structure. The present work aimed to activate and characterize the charcoal from
elephant grass pyrolysis and to evaluate its adsorption capacity in the removal of Bright
Blue CB textile dye in synthetic effluent. The coal treatment and activation process
involved the prewash steps (with automotive ethanol and dichloromethane), chemical
activation (with 7.5 M and 1.0 M HCl as well as concentrated H3PO4) and physical
activation at 500 °C for 2 hours with 1ml/min N2 flow. Finally, the coals were
characterized by XRF, XRD and SEM. The adsorption studies were performed in
batch, in a shaker with a rotation speed of 100 rpm and a temperature of 25 °C. The
studied variables were: medium pH (2, 7 and 10) and dye solution concentration (50
and 100 ppm). A kinetic study with the assumption of a pseudo 1ª and 2ª order model
was elaborated as well as the construction of adsorption isotherms based on the
Langmuir and Freundlich model. An experiment performed without the adsorbent, but
only with HCl (pH = 2) and dye solution, showed that 74% of the dye is degraded
instantly within 30 sec. With NaOH, at pH 10, there was no degradation. The adsorption
percentage obtained with commercial coal at pH 2, T = 25 °C and coal mass
concentration of 1 g/L was around 60% in a time of 120 min. However, 1.0 M HCl
activated pyrolysis coal washed with ethanol, dichloromethane and ethanol, tested
under the same conditions as commercial coal, had an adsorption capacity of 82% in
250 min. For H3PO4 activated charcoal, regardless of the operating conditions, there
was no interaction between the phases and, therefore, no adsorption. For commercial
coal, the experimental results fit the Langmuir models and the second order pseudo
kinetic (k2 = 0.00156 g / mg.min). For the pyrolysis coal, the Freundlich models and
the first-order pseudo kinetic (k1 = 0.014 min-1) were used.
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Key words: Bright Blue CB, activated carbon, pyrolysis, elephant grass, batch
process, adsorption, kinetic model, isotherms.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Estrutura Molecular do Azul Brilhante CB...................................................24
Figura 2: Etapas do Processo de Adsorção...............................................................28
Figura 3: Diferentes tipos de poros em um sólido quanto à forma: (T) poro de
transporte, (A) poro aberto, (F) poro fechado e (G) poro tipo gaiola..........................30
Figura 4 - Formas possíveis de isotermas de adsorção.............................................37
Figura 5: Fluxograma detalhado da metodologia utilizada.........................................42
Figura 6: Etapas realizadas no estudo da adsorção....................................................50
Figura 7: Comprimento de Onda Máximo da solução do corante Azul Brilhante CB.53
Figura 8: Curva de calibração do corante Azul Brilhante CB para concentrações de 2
a 100 ppm...................................................................................................................54
Figura 9: Difratogramas dos carvões comercial e dos carvões provenientes da
biomassa do capim elefante.......................................................................................57
Figura 10: Análise MEV do carvão comercial (marca dinâmica) ampliada 1000x e
2000x..........................................................................................................................58
Figura 11: Análise MEV do carvão bruto (pirolítico) do capim elefante ampliada 200x
e 500x.........................................................................................................................59
Figura 12: Analise de MEV do carvão ativado com HCl 7,5 M usando o método de
lavagem 1 ampliada 2000x e 3000x...........................................................................59
Figura 13: Analise de MEV do carvão ativado com HCl 1,0 M usando o método de
lavagem 1 ampliada 5000x e 1000x...........................................................................60
Figura 14: Análise de MEV do carvão ativado com HCl 1,0 M usando o método de
lavagem 2 ampliada 2000x e 5000x...........................................................................60
Figura 15: Analise de MEV do carvão ativado com H3PO4 ampliada 5000x e 1000x.61
Figura 16: Cinética de adsorção do carvão comercial em diferentes pH’s...................64
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Figura 17: Cinética de adsorção do carvão comercial para o pH 7, concentração
mássica de carvão = 1g/L, concentração adsorvato = 100 ppm..................................65
Figura 18: Porcentagem de remoção do carvão tratado com HCl 1,0 M em diferentes
pH’s e concentração de carvão de 1 g/L, e comparação com o carvão comercial.......66
Figura 19: Porcentagem de remoção do corante azul brilhante CB para os carvões do
capim elefante em diferentes pH’s concentração de carvão 2g/L..............................67
Figura 20: Cinética de adsorção para o carvão do capim elefante tratado com HCl 1,0
M (método de lavagem 2), pH 2,0 e concentração mássica do carvão= 1 g/L.............68
Figura 21: Ajuste linear ao modelo cinético de pseudo primeira ordem para o carvão
comercial nos pH 10, 2 e 7.........................................................................................70
Figura 22: Ajuste linear ao modelo cinético de pseudo segunda ordem para o carvão
comercial nos pH 10, 2 e 7.........................................................................................71
Figura 23: Ajuste linear ao modelo cinético de pseudo primeira ordem para o carvão
tratado com HCl 1,0 M (método de lavagem 2) pH 2,0..............................................72
Figura 24: Ajuste linear ao modelo cinético de pseudo segunda ordem para o carvão
tratado com HCl 1,0 M (método de lavagem 2) pH 2,0..............................................73
Figura 25: Modelo linearizado de Langmuir para o carvão comercial, concentração de
50 ppm, pH 7,0............................................................................................................74
Figura 26: Modelo linearizado de Freundlich para o carvão comercial, concentração
do corante de 50 ppm, pH 7,0.....................................................................................75
Figura 27: Modelo linearizado de Langmuir para o carvão do capim elefante tratado
com HCl 1,0 M (método de lavagem 2), concentração de 13 ppm de corante e pH
2,0...............................................................................................................................77
Figura 28: Modelo linearizado de Freundlich para o carvão do capim elefante tratado
com HCl 1,0 M (método de lavagem 2), concentração do corante de 50 ppm e pH
2,0...............................................................................................................................78
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Propriedades do Corante Azul Brilhante CB................................................24
Tabela 2: Condições operacionais do processo de adsorção em batelada.................48
Tabela 3: Percentuais da análise FRX dos carvões comercial e capim elefante (bruto
e tratados)...................................................................................................................55
Tabela 4: Degradação do corante (50 ppm) sem adsorvente em diferentes pH’s.....63
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 16
2. OBJETIVOS ...................................................................................................... 19
2.1. Objetivo Geral .......................................................................................... 19
2.2. Objetivos Específicos .............................................................................. 19
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................. 20
3.1. Corantes Têxteis ...................................................................................... 20
3.1.1. Corantes Ácidos .................................................................................... 20
3.1.2. Corantes Básicos ................................................................................... 21
3.1.3. Corantes Dispersos ............................................................................... 21
3.1.4. Corantes Reativos ................................................................................. 21
3.1.5. Corantes Pré-Metalizados ..................................................................... 21
3.1.6. Corantes Sulfurosos .............................................................................. 22
3.1.7. Corantes à Cuba .................................................................................... 22
3.1.8. Corante Azul Brilhante C-B .................................................................... 23
3.2. Tratamento de Efluentes Têxteis ........................................................ 25
3.2.1. Filtração por Membranas ....................................................................... 25
3.2.2. Métodos Oxidativos ............................................................................... 25
3.3. Adsorção .............................................................................................. 26
3.3.1. Parâmetros que Influenciam o Processo de Adsorção ......................... 29
3.3.1.1. Propriedades do Adsorvente....................................................29
3.3.1.2. Propriedades do Adsorvato......................................................31
3.3.1.3. Temperatura.............................................................................31
3.3.1.4. Influência do pH........................................................................31
3.3.1.5. Natureza do Adsorvente...........................................................31
3.4. Carvão Ativado .................................................................................... 31
3.4.1. Preparação do Carvão Ativado ............................................................. 33
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3.5. Cinética e Equilíbrio de Adsorção ...................................................... 34
3.5.1. Modelo de Pseudo Primeira Ordem ...................................................... 34
3.5.2. Modelo de Pseudo Segunda Ordem ..................................................... 35
3.6. Isotermas de Adsorção ...................................................................... 36
3.6.1. Modelo de Langmuir ............................................................................. 38
3.6.2. Modelo de Freundlich ........................................................................... 39
4. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................ 40
4.1 Corante Azul Brilhante CB ..................................................................... 43
4.2. Preparo dos Adsorventes ....................................................................... 43
4.2.1. Etapa de Pré-Lavagem ......................................................................... 44
4.2.2. Ativação Química .................................................................................. 45
4.2.3. Ativação Física...................................................................................... 46
4.3. Caracterização dos Adsorventes ...................................................... 46
4.3.1. Difração de Raio-X (DRX) ..................................................................... 47
4.3.2. Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) ......................................... 47
4.3.3. Fluorescência de Raio-X (FRX) ............................................................ 47
4.4. Estudo da Adsorção ................................................................................ 47
4.4.1. Estudo da degradação do corante ........................................................ 49
4.4.2. Avaliação da Capacidade de Adsorção ................................................ 49
4.4.3. Dispositivo Experimental para o Estudo da Adsorção .......................... 49
4.4.4. Estudo Cinético ..................................................................................... 50
4.4.5. Obtenção da Isoterma .......................................................................... 51
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................ 53
5.1. Curva de Calibração ................................................................................ 53
5.2. Caracterização do Material Adsorvente ............................................. 54
5.2.1. Análise de FRX ..................................................................................... 54
5.2.2. Análise de DRX..................................................................................... 56
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5.2.3. Análise de MEV .................................................................................... 58
5.3. Processo de Adsorção em Batelada ...................................................... 62
5.3.2. Influência da Concentração do Corante no Processo de Adsorção ...... 64
5.3.3. Estudo da Adsorção com o Carvão da Pirólise do Capim Elefante ...... 65
5.4. Modelos Cinéticos ................................................................................... 69
5.4.1. Modelos Cinéticos para o Carvão Comercial ........................................ 70
5.4.2. Modelo Cinético para o Carvão da Pirólise ........................................... 72
5.5. Isotermas de Adsorção ........................................................................... 74
6. CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS............................................................... 80
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 82
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Trabalho de Conclusão de Curso Introdução
16 Mayara Virgínia de A. Galvão
1. INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas, as indústrias, em geral, sofreram um grande processo de
crescimento, acarretando assim um aumento da geração de resíduos (CAMPOS,
2018). Nesse contexto, a busca pelo tratamento e economia do consumo de água tem
crescido significativamente. Por ser o bem mais precioso da humanidade e por ser a
matéria prima mais utilizada, as indústrias e bem como a comunidade acadêmica
procuram alternativas baratas e eficientes de tratá-la a fim de reaproveitá-la e,
consequentemente, diminuir os impactos ambientais e os custos relacionados ao seu
consumo.
As indústrias têxteis são consideradas as que mais contaminam o meio
ambiente. Elas podem consumir de 25 a 250 m³ de água por tonelada de fibra
processada, sendo que o consumo depende do tipo de processo, do equipamento
utilizado, da qualidade do produto final e do tipo de fibra beneficiada (DE SOUZA, et
al.; 2008).
O processo da tinturaria é um dos processos da indústria têxtil que mais
acarreta consumo de água e geração de resíduos, ocasionando grande impacto ao
meio ambiente. Baseia-se na aplicação de corantes aos substratos têxteis, a fim de
modificar ou adicionar uma cor aos mesmos. É a etapa mais complexa dentro das
operações de beneficiamento por envolver uma grande variedade de corantes e
auxiliares de tingimento (CAMPOS, 2018). Dessa forma, os efluentes gerados
apresentam uma diversidade de produtos químicos e corantes. De acordo com SILVA
(2012) a concentração de corantes nos banhos de tingimento pode variar de 10 a
10.000 mg/L dependendo do grau de fixação do corante e do processo de tingimento
utilizado. Antes de serem lançados em corpos d’água, esses efluentes devem atender
às normas estabelecidas na Resolução CONAMA N° 430/201 nacional e Normativa
Conjunta do respectivo estado.
A problemática ambiental associada ao efluente industrial têxtil é bastante
conhecida. Devido à sua própria natureza, a presença dos corantes é facilmente
detectada, sendo visíveis mesmo em concentrações baixas, tais como 1 mg/L (KUNS
et al., 2002). Estes efluentes apresentam composição química variada, baixa
degradabilidade por processos biológicos, elevada DQO (Demanda Química de
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Trabalho de Conclusão de Curso Introdução
Mayara Virgínia de A. Galvão 17
Oxigênio), além da presença de metais pesados e compostos que apresentam alta
toxicidade.
Aproximadamente 10.000 diferentes corantes e pigmentos são usados
industrialmente, o que representa um consumo anual de cerca de 7𝑥105 toneladas no
mundo e 26.500 toneladas somente no Brasil (KUNS et al., 2002). De acordo com
FREITAG (2013), 20% dessa produção é utilizada pela indústria têxtil.
Aproximadamente 20 toneladas/ano de corantes produzidos no Brasil são consumidas
pela indústria têxtil (DALLAGO et al., 2015).
Nessa perspectiva, métodos baratos e eficientes para remoção de corantes de
tais efluentes vêm sendo estudados intensamente. O tratamento de efluentes têxteis
por adsorção, tem se mostrado superior aos outros métodos, devido a sua
flexibilidade, ao baixo custo e à simplicidade de projeto (FURLAN, 2008).
Um material alternativo estudado atualmente como adsorvente é o carvão
proveniente da pirólise do Capim Elefante que, obtido na forma de pó, pode ser
empregado em substituição ao carvão vegetal e aplicado como adsorvente de líquidos
e gases, entre outras possibilidades.
Por apresentar altos níveis de produção de biomassa, a utilização do Capim
Elefante como matéria prima para a produção de bio-óleo e bio-gás tem crescido nos
últimos anos, aumentando, consequentemente a produção de bio-carvão (MARAFON
et al., 2016; QUESADA, 2005; NUNES, 2006).
. Com base nesse contexto, o presente trabalho objetiva tratar e caracterizar o
carvão ativado proveniente da pirólise do Capim Elefante e estudar sua eficiência no
processo de adsorção para remoção do corante têxtil Azul Brilhante CB em solução.
O carvão pirolítico utilizado neste trabalho foi produzido e fornecido pelo
Laboratório de Biomassa e Biocombustíveis, do Departamento de Engenharia
Química, localizado no Núcleo de Tecnologia Industrial – NTI, da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, que desde 2008 até o presente vem desenvolvendo
pesquisas que tratam a pirólise de diferentes pós de biomassas (serragem, capim
elefante, lodo de esgoto doméstico, àveloz, casca de coco seco), visando à produção
de bio-óleo e, consequentemente, o bio-carvão como subproduto. A planta pirolítica
utilizada para esse fim é constituída de um reator fluidizado em regime de
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Trabalho de Conclusão de Curso Introdução
Mayara Virgínia de A. Galvão 18
borbulhamento, utilizando como matéria prima o pó do Capim Elefante com 10% de
umidade. A temperatura do processo foi de 500 oC e o rendimento em carvão foi de
49% (projeto Petrobrás, 2008 – 2013).
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Trabalho de Conclusão de Curso Objetivos
19 Mayara Virgínia de A. Galvão
2. OBJETIVOS
2.1. Objetivo Geral
O principal objetivo deste trabalho consiste no tratamento e na ativação química
e física do carvão proveniente da pirólise do Capim Elefante utilizando-o como
adsorvente, na remoção do corante têxtil azul brilhante CB presente em solução.
2.2. Objetivos Específicos
Para alcançar com êxito o objetivo principal deste trabalho foi necessário
realizar etapas essenciais que viabilizam a realização dos experimentos, bem como
permitem analisar e estudar os dados obtidos, a fim de obter conclusões
fundamentadas. Essas etapas constituem os objetivos específicos, são eles:
Avaliar o método de pré-lavagem do carvão pirolítico tendo em vistas a
adsorção do corante;
Estudar a eficiência da ativação química do carvão da pirólise com HCl e
H3PO4;
Avaliar a capacidade de adsorção do carvão comercial e compará-la com a do
carvão da pirólise;
Avaliar o efeito do pH e da concentração da solução do azul brilhante CB no
processo de adsorção;
Determinar o tempo de equilíbrio de adsorção;
Estimar a velocidade com que a adsorção ocorre através do estudo cinético
pseudo de 1ª e 2ª ordem;
Averiguar se os dados experimentais se adequem às isotermas de Langmuir e
Freundlich;
Avaliar a afinidade entre a superfície do adsorvente e o adsorvato através do
cálculo da constante de equilíbrio (modelo de Langmuir) e/ou da constante
ligada à capacidade de adsorção (modelo de Freundlich).
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Trabalho de Conclusão de Curso Revisão Bibliográfica
20 Mayara Virgínia de A. Galvão
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1. Corantes Têxteis
Atualmente, com a crescente produção de diferentes fibras e outros materiais
que requerem tingimento, inúmeros corantes sintéticos são fabricados
constantemente para atenderem às necessidades de cada tipo de material têxtil.
Consequente, maior é a quantidade de efluentes têxteis gerados que, quando não
tratados adequadamente, comprometem tanto o meio ambiente quanto a saúde
pública.
Os corantes sintéticos são moléculas estáveis, pertencente à família dos
compostos orgânicos (CARDOSO, 2010), que apresentam dois grupos principais em
sua estrutura: um grupo cromóforo, responsável pela cor e um grupo funcional, que
se liga às fibras do substrato (SCREMIN, 2015). Dessa forma, o tratamento de um
efluente contaminado com corante consiste na remoção de cor e ocorre devido a
modificações no grupo cromóforo responsável pela cor. Essas modificações podem
ser provenientes não só da oxidação da molécula, mas também da redução do grupo
cromóforo (VASCONCELOS, et al., 2016).
Os corantes podem ser classificados de acordo com sua estrutura química ou
de acordo com a forma de fixação à fibra têxtil, que podem ocorrer de quatro formas:
interações de Van der Waals, ligações de hidrogênio, ligações iônicas ou covalentes.
Devido à complexidade das estruturas químicas das moléculas de corante, a
classificação de acordo com o modo de aplicação é a mais utilizada. As principais
classes de corantes de acordo com o modo de fixação são: Corantes Ácidos, Básicos,
Diretos, Dispersos, Reativos, Pré-metalizados, Sulfurosos e à Cuba (YAGUB et al.,
2014).
3.1.1. Corantes Ácidos
São compostos aniônicos que apresentam até três grupos sulfônicos ou
carboxílicos em sua estrutura molecular, o que lhes confere solubilidade em água e
afinidade às fibras proteicas e poliamídicas. São facilmente aplicáveis, apresentam
grande variedade de cores e relativo brilho (GUARATINI; ZANONI, 2000). A ligação
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Trabalho de Conclusão de Curso Revisão Bibliográfica
21 Mayara Virgínia de A. Galvão
corante/fibra resulta de ligações iônicas entre corante e substrato, esta interação é
moderada.
3.1.2. Corantes Básicos
São, usualmente, formados por hidrocloretos ou sais de bases orgânicas,
solúveis em água (BALDO, 2014). O processo de tingimento ocorre com a formação
de ligações iônicas entre o cátion da molécula do corante e os grupos aniônicos da
fibra (TARELHO, 2011).
3.1.3. Corantes Dispersos
Os corantes dispersos são compostos neutros e hidrofóbicos insolúveis ou
pouco solúveis em água. São aplicados sob forma de suspensões de compostos
orgânicos finamente divididos (1 a 4 µm) (TARELHO, 2011). O tingimento é feito com
auxílio de estabilizadores como o fenol, o cresol ou o ácido benzoico, sendo que o
grau de solubilidade do corante, embora muito pequeno, influencia diretamente no
processo e na qualidade da tintura (GUARATINI; ZANONI, 2000).
3.1.4. Corantes Reativos
Os corantes reativos possuem elevada solubilidade em água e contêm um ou
mais grupos reativos capazes de se ligar covalentemente a substratos como fibras
celulósicas, fibras proteicas e poliamidas (GUARATINI; ZANONI, 2000). Esta ligação
confere estabilidade à cor do tecido tingido se comparado a outros tipos de corante
em que o processo de coloração acontece por meio de ligação de menor intensidade
(RUTZ, 2007).
3.1.5. Corantes Pré-Metalizados
São favoráveis principalmente para tintura de fibras proteicas e poliamidas.
Estes corantes são distinguidos pela presença de um grupo hidroxila ou carboxila na
posição orto em relação ao grupo cromóforo azo, permitindo a formação de complexos
com íons metálicos. Neste tipo de tintura aproveita-se a capacidade de interação entre
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Trabalho de Conclusão de Curso Revisão Bibliográfica
22 Mayara Virgínia de A. Galvão
o metal e os grupamentos funcionais portadores de pares de elétrons livres. A
desvantagem ecológica desse tipo de corante está associada ao conteúdo de metal
nas aguas residuais (GUARATINI; ZANONI, 2000).
3.1.6. Corantes Sulfurosos
É uma classe de corantes que após a aplicação se caracterizam por compostos
macromoleculares com pontes de polissulfetos, os quais são altamente insolúveis em
água. Tem sido utilizada principalmente na tintura de fibras celulósicas, conferindo as
cores verde oliva, azul marinho, marrom e preto apresentando boa fixação, contudo
usualmente apresentam resíduos tóxicos (GUARATINI; ZANONI, 2000).
3.1.7. Corantes à Cuba
Esta classe de corantes é baseada nos índigos, tioindigóides e antraquinóis.
São insolúveis em água, mas podem ser parcialmente solubilizados, obtendo-se
compostos “leuco”, por ação do hidróxido de sódio e um agente redutor, como o
hidrossulfito de sódio. No final do processo, o corante é restaurado devido ao processo
de oxidação pela exposição ao ar. É mais aplicado a tintura de algodão, embora outros
materiais possam ser empregados devido as boas propriedades de fixação destes
corantes (GUARATINI; ZANONI, 2000).
Os corantes reativos são amplamente utilizados na indústria têxtil em todo o
mundo para o tingimento de fibras de algodão, principalmente por causa das
características tais como um melhor processo de tingimento, cores brilhantes e
reduzido consumo de energia (PERALTA- ZAMORA et al, 2003).
Atualmente, os corantes reativos correspondem de 20 a 30% do mercado de
tinturas e apresentam baixa taxa de fixação, consequentemente, a DQO dos efluentes
das operações de tinturaria e lavagem é alta. Isso se dá, particularmente, com os
corantes mono-reativos. Deve-se ressaltar que a etapa de tingimento pode utilizar um
grande número de corantes (SILVA, 2012). No entanto, 15% deles são descarregadas
nos efluentes (ABDEL-ATY et al., 2013).
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23 Mayara Virgínia de A. Galvão
Devido a sua própria natureza, os corantes são altamente detectáveis a olho
nu, sendo visíveis em alguns casos mesmo em concentrações tão baixas quanto 1
ppm (1mg/L) (GUARATINI, 2000). De um modo geral, a efetividade da remoção de
cor pode ser avaliada através da análise de espectrofotometria, definido na literatura
(COOPER, 1993).
A poluição no corpo d’agua provocada pelos corantes, além da poluição visual,
interfere no ciclo biológico, sobretudo na fotossíntese da flora aquática, devido à
restrição da passagem de luz para a água (FREITAG, 2013). Além do mais, algumas
classes de corantes podem ser mutagênicas e/ou carcinogênicas (KUNZ, 2002). Por
essas razões ambientais, novas formas de remoção e tratamento desses compostos
vêm sendo estudadas.
3.1.8. Corante Azul Brilhante C-B
O Corante Azul Brilhante C-B, é empregado na indústria têxtil para tingimento
de fibras de algodão, possui aspecto físico sólido (pó) de coloração azul, é uma
substância ou mistura composta majoritariamente pelo corante reactive blue 21 (60 a
100%) e minoritariamente pelo ácido cítrico (1,0 a 3,0%), de acordo com a Ficha de
Informação de Segurança para Produtos Químicos do fabricante HUNTSMAN do
corante (2013).
O corante azul brilhante CB possui fórmula molecular C40H25CuN9O14S5
(Figura 1) e peso molecular 1079.55 g/mol (MOLBASE, 2015).
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24 Mayara Virgínia de A. Galvão
Figura 1: Estrutura Molecular do Azul Brilhante CB.
Fonte: Molbase - Canal de Produtos Químicos.
De acordo com sua estrutura molecular, o átomo de cobre central constitui a
parte cromófora da molécula, uma vez que o íon cobre (II) em solução absorve luz na
região vermelha do espectro e a mistura de comprimentos de onda refletidas fornece
visualmente a cor azul. Quanto aos grupos funcionais presentes na molécula
destacam-se o grupo sulfuril (fórmula geral: (R-SO2-R), o grupo imina (fórmula geral:
RR'C=NR''), o grupo sulfônico (fórmula geral: (R-SO3H) e o grupo hidroxietilsulfonila
fórmula geral: (OH-SO2-R).
O comprimento de onda máximo (λ𝑀Á𝑋) da solução do corante Azul Brilhante
CB corresponde a 582 nanômetros no espectro de absorção no UV-Vis.
A tabela 1 apresenta de forma resumida as propriedades do corante Azul
brilhante CB.
Tabela 1: Propriedades do Corante Azul Brilhante CB.
Estado físico Sólido (pó)
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25 Mayara Virgínia de A. Galvão
Coloração Azul
Peso Molecular (g/mol) 1079.55
Fórmula Molecular C40H26CuN9O14S5
Número CAS 12236-86-1
λmáx (nm) 582
Tipo Ácido Reativo
Densidade (g/cm³) 0,5 a 0,6
Fonte: FISPQ - HUNTSMAN 2013 (Adaptado).
3.2. Tratamento de Efluentes Têxteis
De acordo com BELTRAME (2000) os métodos de tratamentos de efluentes
têxteis aplicados à remoção da cor são classificados como tratamentos terciários e
avançados. Esses métodos são pouco utilizados pelas indústrias têxteis por
apresentarem alto custo. Alguns desses tratamentos são descritos abaixo:
3.2.1. Filtração por Membranas
A técnica de filtração por membranas é aplicada em processos industriais com
o objetivo de concentrar, purificar e melhorar o produto final (BELTRAME, 2000). As
membranas são constituídas por polímeros ou materiais semelhantes com poros
extremamente pequenos (CROSSLEY, 1998).
3.2.2. Métodos Oxidativos
Os métodos oxidativos utilizam agentes oxidantes adequados que atacam os
pontos fracos da molécula de corante para destruir a parte cromófora ou torna-la
biodegradável (BELTRAME, 2000). A seguir, um dos métodos oxidativos mais usados:
a) Ozônio
O ozônio é utilizado na indústria têxtil para remoção de cor. De acordo com
PERKINS (1998), todos os corantes têxteis podem ser descoloridos por ozônio. Os
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26 Mayara Virgínia de A. Galvão
solúveis em água, como os reativos e diretos, reagem rapidamente, enquanto que os
insolúveis reagem mais lentamente.
O custo é alto, mas o sistema pode ser utilizado para grandes volumes e a
reação é considerada rápida. Além disso, também reduz a DQO (BELTRAME, 2000).
A grande desvantagem do sistema é a toxicidade dos produtos formados. As
moléculas de corantes possuem N, Cl e/ou S e a oxidação destas moléculas podem
gerar novas moléculas de toxicidade superior àquela original (COOPER, 1993; HOHN,
1997 e MORAN, 1998).
b) Peróxido de Hidrogênio
A utilização do peróxido de hidrogênio em meio ácido com sais de ferro II
(reagente de Fenton) como catalisador, permite a formação de radicais hidroxilas
intermediários, cujo poder oxidante é superior ao do ozônio (KERMER e RICHTER,
1995). O custo do processo é alto (MORAN, 1998).
c) Cloro
O cloro apresenta um custo efetivo na descoloração do efluente têxtil. Seguido
de uma clarificação biológica, obtém-se uma queda considerável da DQO e toxicidade
(BELTRAME, 2000). Entretanto, a oxidação com cloro ou hipoclorito é acompanhada
de reações paralelas, produzindo compostos organoclorados (KERMER e RICHTER,
1995).
Além dos citados acima, destacam-se os métodos redutivos,
coagulação/floculação, processos eletroquímicos, extração de pares iônicos e
adsorção.
De acordo com KERMER e RICHTER (1995), substâncias orgânicas, como os
corantes, que não se degradam biologicamente, devem ser removidas por adsorção.
O adsorvente mais conhecido e utilizado é o carvão ativado.
3.3. Adsorção
O fenômeno da adsorção é conhecido desde o século XVIII, quando se
observou que certa espécie de carvão retinha em seus poros grandes quantidades de
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27 Mayara Virgínia de A. Galvão
vapor d’água o qual era liberado quando submetido ao aquecimento. Nas últimas
décadas com o avanço das pesquisas e do conhecimento na área bem como o
acentuado desenvolvimento registrado na indústria petroquímica, a adsorção passou
a ser utilizada como uma operação unitária importante dentro da engenharia química
(VALENTE, 2012). Sendo um dos métodos mais comumente empregados no
tratamento terciário de águas residuais.
Adsorção é uma operação de transferência de massa do tipo sólido fluido na
qual se explora a habilidade de certos sólidos, em concentrar na sua superfície
determinadas substâncias existentes em soluções líquidas ou gasosas, o que permite
separá-las dos demais componentes da mistura (GOMIDE, 1997). Uma vez que os
componentes adsorvidos, concentram-se sobre a superfície externa, quanto maior for
esta superfície externa por unidade de massa sólida, tanto mais favorável será a
adsorção. Por isso, geralmente os adsorventes são sólidos com partículas porosas
(RUTHVEN, 1984). A espécie que se acumula na interface do material é normalmente
denominada de adsorvato ou adsorbato; e a superfície sólida na qual o adsorvato se
acumula, de adsorvente ou adsorbente (RUTHVEN, 1984).
De acordo com NASCIMENTO et al., 2014, os processos de separação por
adsorção estão baseados em três mecanismos distintos: o mecanismo estérico, os
mecanismos de equilíbrio e os mecanismos cinéticos. Para o mecanismo estérico, os
poros do material adsorvente possuem dimensões características, as quais permitem
que determinadas moléculas possam entrar, excluindo as demais. Para os
mecanismos de equilíbrio, têm-se as habilidades dos diferentes sólidos para
acomodar diferentes espécies de adsorvatos, que são adsorvidos, preferencialmente,
a outros compostos. O mecanismo cinético está baseado nas diferentes difusividades
das diversas espécies nos poros adsorventes.
Os fenômenos adsortivos são classificados quanto a sua intensidade em dois
tipos, de acordo com a natureza das forças de interação que unem o adsorvato e o
adsorvente: adsorção física e adsorção química.
A adsorção física, ou fisissorção, constitui o princípio da maioria dos processos
de purificação e separação, é um fenômeno reversível onde se observa normalmente
a deposição de mais de uma camada de adsorvato sobre a superfície adsorvente. As
forças atuantes na adsorção física são idênticas as forças de coesão, as forças de
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28 Mayara Virgínia de A. Galvão
Van der Walls, que operam em estados líquido, sólido e gasoso. As energias liberadas
são relativamente baixas e atinge rapidamente o equilíbrio (VALENTE, 2012).
A adsorção química, ou quimissorção, é assim denominada porque neste
processo ocorre efetiva troca de elétrons entre o sólido e a molécula adsorvida,
ocasionando as seguintes características: formação de uma única camada sobre a
superfície sólida, irreversibilidade e liberação de uma quantidade de energia
considerável (da ordem de uma reação química) (VALENTE, 2012). Ou seja, isso
resulta essencialmente numa nova ligação química e, portanto, bem mais forte que no
caso da fisissorção (NASCIMENTO et al., 2014).
De acordo com NASCIMENTO et al., 2014, os conceitos de quimissorção e
fisissorção são distintos, entretanto os dois mecanismos de adsorção não são
completamente independentes. A distinção quanto à espécie ser física ou
quimicamente adsorvida não é muito clara (ADAMSON; GAST, 1997), pois, muitas
vezes, ambos os processos podem ser descritos em termos dos princípios da
adsorção física.
Conforme DANTAS (2009) e NIEDERSBERG (2012), a dinâmica do processo
de adsorção compreende quatro etapas sucessivas (figura 2):
1. Transporte no seio do fluido;
2. Transporte por difusão através da camada limite – difusão externa;
3. Transporte através dos poros – difusão interna;
4. Adsorção.
Figura 2: Etapas do Processo de Adsorção.
Fonte: Dantas, 2009.
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29 Mayara Virgínia de A. Galvão
3.3.1. Parâmetros que Influenciam o Processo de Adsorção
Os fenômenos de adsorção são resultados de uma combinação entre os tipos
de forças envolvidas na adsorção física e química. Desta forma, são vários os fatores
que influenciam o processo de adsorção como a área superficial, as propriedades do
adsorvente e do adsorvato, a temperatura do sistema, natureza do solvente e o pH do
meio (NASCIMENTO et al., 2014).
3.3.1.1. Propriedades do Adsorvente
O fenômeno de adsorção depende muito do sólido que será usado como
adsorvente. De acordo com VALENTE (2012) as propriedades adsortivas dependem
do tamanho dos poros, da distribuição do tamanho dos poros e da natureza da
superfície sólida. Para que um adsorvente tenha uma capacidade adsortiva
significante, deve apresentar uma grande área superficial específica, o que implica em
uma estrutura altamente porosa.
De acordo com SEKAR et al., 2004, a intensidade da adsorção é proporcional
à área superficial específica, visto que a adsorção é um fenômeno de superfície. Para
partículas maiores, a resistência à difusão é menor e grande parte da superfície
interna da partícula não é disponibilizada para adsorção.
O termo porosidade significa o volume específico de todos os poros (volume
dos poros por grama do adsorvente) (FERNANDES, 2008). Com base nas
propriedades de adsorção, a IUPAC (International Union of Pure and Applied
Chemistry) estabelece uma classificação para os poros, resumida da seguinte forma:
Quanto à dimensão dos poros: aqueles com diâmetro < 20 Å são chamados de
microporos, os que possuem diâmetro entre 20 e 500 Å são denominados mesoporos
para os que apresentam diâmetro > 500 Å são designados macroporos (WEBB e
ORR, 1997). Os microporos contribuem para a maior parte da área superficial e
proporcionam alta capacidade de adsorção para moléculas de dimensões pequenas,
tais como gases e solventes comuns (FERNANDES, 2008). Os mesoporos são
importantes para a adsorção de moléculas grandes, tais como corantes, e
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30 Mayara Virgínia de A. Galvão
proporcionam a maioria da área superficial para carvões impregnados (tratados) com
produtos químicos. Os macroporos são normalmente considerados sem importância
para a adsorção, pois sua função é permitir que as moléculas do adsorvato passem
rapidamente para os poros menores situados mais profundamente dentro da partícula
do CA. Um bom adsorvente deve possuir uma distribuição bem balanceada dos três
tipos de poros, de acordo com a aplicação requerida (FERNANDES, 2008).
Quanto à forma: utiliza-se a expressão poro aberto ou poro fechado para
designar buracos em materiais sólidos. O primeiro corresponde a buracos que se
comunicam com a superfície externa e o segundo corresponde a um buraco isolado,
conforme é representado na figura 3. Se um poro aberto permite o fluxo de um fluido,
é designado poro de transporte e este pode apresentar braços que não contribuem
para o fenômeno de transporte (FERNANDES, 2008).
Figura 3: Diferentes tipos de poros em um sólido quanto à forma: (T) poro de
transporte, (A) poro aberto, (F) poro fechado e (G) poro tipo gaiola.
Fonte: CLAUDINO, 2003.
Os adsorventes mais utilizados em escala industrial atualmente são o carvão
ativado, a sílica-gel, a alumina ativada e as peneiras moleculares (VALENTE, 2012).
De acordo com NASCIMENTO et al., 2014, as características do adsorvente
incluem: área superficial, tamanho do poro, densidade, grupos funcionais presentes
na superfície e hidrofobicidade do material.
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Trabalho de Conclusão de Curso Revisão Bibliográfica
31 Mayara Virgínia de A. Galvão
3.3.1.2. Propriedades do Adsorvato
De acordo com NASCIMENTO et al., 2014, a natureza do adsorvato depende
da polaridade, do tamanho da molécula, da solubilidade e da acidez ou basicidade.
O tamanho da espécie é sempre importante quando a taxa de adsorção é
dependente do transporte intraparticular. Outra característica de forte influência é a
polaridade do adsorvato, uma vez que uma espécie polar terá mais afinidade para o
solvente ou para o adsorvente, conforme a polaridade (DOMINGUES, 2005).
3.3.1.3. Temperatura
Com a elevação da temperatura, a interação entre adsorvente e adsorvato
diminui, uma vez que as moléculas adsorvidas têm maiores energias vibracionais,
sendo consequentemente dessorvidas da superfície. (CURBELO, 2002).
3.3.1.4. Influência do pH
O pH afeta a adsorção na medida em que determina o grau de distribuição das
espécies químicas. A intensidade desse efeito pode ser maior ou menor conforme o
adsorvente, uma vez que as cargas da superfície do adsorvente dependem da sua
composição e das características da superfície (APEEL; MA; RHUEL, 2003).
3.3.1.5. Natureza do Adsorvente
A natureza do adsorvente é outro parâmetro influente na adsorção pelo fato da
estrutura molecular influenciar na taxa de adsorção, que por sua vez é dependente do
grupo funcional presente na superfície do adsorvente (POSSA, 2018).
3.4. Carvão Ativado
O carvão ativado é um adsorvente microporoso, obtido de uma enorme gama
de materiais carbonáceos, tais como: madeira, hulha, lignina, açúcares, casca de coco
dentre outros (BAÇAQUI et al., 2001). A grande área de superfície e variedade de
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Trabalho de Conclusão de Curso Revisão Bibliográfica
32 Mayara Virgínia de A. Galvão
grupos funcionais lhe conferem um alto desempenho para processos de adsorção,
sendo sua estrutura basicamente composta por grafite, com vértices e bordas
acomodando elementos como o oxigênio, nitrogênio e hidrogênio compreendidos em
grupos funcionais (VARQUES et al., 2008).
O carvão ativado é um dos primeiros adsorventes conhecidos e um dos mais
utilizados atualmente (VALENTE, 2012). Sua superfície possui afinidade com
substâncias de caráter orgânico, conferindo-lhe principal aplicação atualmente na
descontaminação de meios aquosos devido a sua elevada capacidade de captura de
moléculas por interação química e à alta taxa de remoção por causa de sua grande
área superficial específica. A aplicação desse material no tratamento de efluentes está
relacionada ainda à redução de material orgânico, principalmente de espécies que
alteram a cor de efluentes (COSTA et al., 2015).
A química da superfície do carvão determina seu teor de umidade,
propriedades catalíticas, caráter ácido-base, adsorção de espécies polares, e está
também relacionada com a presença de outros átomos (heteroátomos) ligados aos
átomos de carbono da estrutura do carvão (EL-SHEIKH et al., 2004).
Quanto maior o conteúdo de oxigênio, mais ácida é a dispersão aquosa do
Carvão Ativado (CA) (BUDINOVA et al., 2006). A presença de grupos ácidos
(carboxílicos, lactônicos, fenólicos, anidridos) na superfície do CA confere
propriedades de trocadores catiônicos, enquanto que carvões ativados que
apresentam baixo conteúdo de oxigênio têm propriedades básicas e são trocadores
aniônicos (KIM et al., 2005).
Grande parte dos estudos com adsorventes buscam o uso de materiais
alternativos de baixo custo e que possam ser aplicados na produção de carvão
ativado, em substituição ao carvão mineral. Materiais que possuem alto teor de
carbono podem ser convertidos em carvão ativado e, por conseguinte, utilizados como
adsorventes (COSTA et al., 2015).
COSTA et al. (2015) estudou a aplicação de carvão ativado de casca de nozes
para adsorção do corante azul de metileno utilizando ativação física por pirólise e
ativação físico-química para a preparação dos carvões ativados. A capacidade de
adsorção obtida para o azul de metileno foi de cerca de 68 mg/g para o carbono
ativado produzido por meios físicos e 104 mg/g para ativação físico-química com
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Trabalho de Conclusão de Curso Revisão Bibliográfica
33 Mayara Virgínia de A. Galvão
ZnCl2. Esta última, mostrou-se satisfatória quando comparada ao carvão ativo
comercial que apresentou a capacidade de adsorção de 112 mg/g.
BRANDÃO (2018) estudou a aplicação de carvão ativado obtido da pirólise do
lodo de esgoto para adsorção do corante azul de metileno. Foi utilizado ativação
química (HCl 7,5 M) seguida da física (700 °C e vazão de 1ml/min de N2). O percentual
de remoção de azul de metileno obtido foi da ordem de 95,6 % para o tempo de 24
horas.
3.4.1. Preparação do Carvão Ativado
O carvão ativado pode ser produzido de várias maneiras e suas características
irão depender da matéria prima utilizada e da forma de ativação. Geralmente é
produzido pela decomposição térmica de material carbonáceo seguido pela ativação
com vapor ou dióxido de carbono em temperaturas elevadas (entre 700 e 1100 °C)
(VALENTE, 2012).
De acordo com PEDROZA (2011) a pirólise é o processo de conversão de
biomassa que mais se destaca por gerar produtos líquidos, sólidos e gasosos (bio-
óleo, bio-carvão e biogás) com valores agregados que podem ser usados como fonte
de combustíveis ou entre outros usos.
A pirólise pode ser definida como a degradação térmica do material orgânico
na ausência parcial ou total de um agente oxidante, ou mesmo num ambiente com
uma concentração de oxigênio capaz de impedir a gaseificação intensiva do material
orgânico (VIEIRA et al., 2014). A pirólise ocorre, geralmente, a uma temperatura,
variando de 400°C, até o início do sistema de gaseificação (PEDROZA et al., 2011).
Durante a pirólise, muitos elementos são removidos pela decomposição do
material e o produto formado estará com maior ou menor organização dos
microcristalinos tipo grafite (REINOSO et al.; 1989). Entretanto, os interstícios livres
da matriz carbonosa podem ser parcialmente preenchidos com resíduos de
substâncias betuminosas, alcatrões, entre outros.
Uma alternativa para melhorar as características do carvão para adsorção é
através do processo de ativação, que se divide em ativação física e química. A
ativação física consiste em um tratamento térmico a temperaturas na faixa de 500°C
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Trabalho de Conclusão de Curso Revisão Bibliográfica
34 Mayara Virgínia de A. Galvão
– 1000°C, que pode ser sob fluxo de gás inerte (nitrogênio ou argônio), ou gás
oxidante (vapor de água, CO2 ou ar atmosférico) (NASCIMENTO, 2015). Já na
ativação química o material é tratado com um agente ativador, podendo este ser o
ácido fosfórico (H3PO4), cloreto de zinco (ZnCl2), ácido sulfúrico (H2SO4), hidróxido de
potássio (KOH), entre outros (NASCIMENTO, 2015). O que esses agentes tem em
comum é a capacidade desidratante que influencia na decomposição e formação de
poros. Vale Salientar que podem ser utilizadas ambas ou apenas uma delas.
A etapa de ativação proporciona desobstrução dos poros existentes e a
formação de microporos, resultando em uma estrutura com área superficial
(SCHETTINO JR, 2004). Assim como também forma sítios eletricamente insaturados
na superfície do carvão, que intensifica a capacidade adsortiva do material
(NIEDERSBERG, 2012). O desempenho da etapa de ativação física e/ou química
depende das condições do processo, tais como temperatura, tipo e concentração do
agente ativante (NASCIMENTO, 2015).
3.5. Cinética e Equilíbrio de Adsorção
No processo de adsorção, a chave mais importante para o seu entendimento é
o estudo do equilíbrio de adsorção. O equilíbrio de adsorção é atingido quando o
número de moléculas que chegam à superfície é igual ao número de moléculas que
deixam a superfície do adsorvente em um fluido (GUELFI, 2007).
A cinética de adsorção descreve a velocidade com que as moléculas do
adsorvato são adsorvidas pelo adsorvente (BEZERRA, 2017). De acordo com BORBA
et al. (2012) as equações de cinética são funções que descrevem a taxa de variação
da concentração em relação ao tempo de uma dada espécie no adsorvente e,
fisicamente estas equações representam a etapa controladora do processo de
transferência de massa.
3.5.1. Modelo de Pseudo Primeira Ordem
Umas das equações mais aplicadas para adsorção é a equação de Lagergren
e pode ser representada em sua forma linearizada conforme a equação 1.
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Trabalho de Conclusão de Curso Revisão Bibliográfica
35 Mayara Virgínia de A. Galvão
ln(𝑞𝑒 − 𝑞𝑡) = 𝑙𝑛𝑞𝑒 − 𝐾1𝑡 (1)
Sendo 𝐾1 a constante de velocidade em 𝑚𝑖𝑛−1, 𝑞𝑒 a concentração no
adsorvente no equilíbrio em mg/g e 𝑞𝑡 a concentração no adsorvente no tempo t em
mg/g.
Utilizando a equação 1 para ajuste de dados experimentais é construindo um
gráfico de ln(𝑞𝑒 − 𝑞𝑡) versus t, a constante de velocidade K é calculada por meio do
coeficiente angular.
3.5.2. Modelo de Pseudo Segunda Ordem
O modelo, expresso pela Equação 2, é baseado na capacidade de sorção do
solvente, predizendo o comportamento cinético sobre toda faixa de tempo de
adsorção (SILVA, 2018). O termo “sorção” é um termo comum no caso da relação
entre fases sólida e líquida (concomitantes), e refere-se à transferência geral de
material da fase líquida para as interfaces da fase sólida (YONG, 1992).
𝑑𝑞𝑡
𝑑𝑡= 𝑘2(𝑞𝑒 − 𝑞𝑡)² (2)
Integrando e linearizando a Equação 2, tem-se (NASCIMENTO et al., 2014):
𝑡
𝑞𝑡=
1
𝑘2𝑞𝑒2 +
𝑡
𝑞𝑒 (3)
Em Que,
qe e qt: Quantidades adsorvidas por grama de adsorvente no equilíbrio e no tempo t,
respectivamente (mg/g).
k2: Constante de velocidade de pseudo segunda ordem (g/mg.min), obtido através do
coeficiente linear da reta de (t/qt) versus t.
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Trabalho de Conclusão de Curso Revisão Bibliográfica
36 Mayara Virgínia de A. Galvão
3.6. Isotermas de Adsorção
A distribuição do adsorvato entre a fase fluida e a fase adsorvida envolve um
equilíbrio de fases, que é governado pelos princípios da termodinâmica. Dados de
equilíbrio são geralmente reportados na forma de isotermas, que são diagramas
mostrando a variação da concentração de equilíbrio no sólido adsorvente com a
pressão parcial ou concentração da fase fluida, em uma temperatura específica. A
determinação experimental das isotermas é o primeiro passo no estudo de um novo
sistema adsorvato/adsorvente. A informação daí retirada é importante na estimação
da quantidade total de adsorvente necessária para um certo processo e
consequentemente no dimensionamento dos equipamentos a serem utilizados em tal
processo adsortivo (RUTHVEN, 1984).
A obtenção de uma isoterma de adsorção é um processo simples em que uma
massa de adsorvente é adicionada em um determinado volume (V) de uma série de
soluções com concentrações iniciais (C0) diferentes e conhecidas. Quando o
equilíbrio de adsorção é atingido, temos a concentração final de soluto na solução em
equilíbrio (Ce, em gramas ou mols por litro de solução) e a capacidade de adsorção
do adsorvente no equilíbrio (qe, em massa ou mols de adsorvato, por unidade de
massa de adsorvente). Assim, podemos obter um gráfico de qe versus Ce. Para obter
os valores de Ce, após o equilíbrio ser atingido, separa-se o adsorvente da solução
utilizando um filtro de membrana, papel de filtro ou por centrifugação, e analisa-se a
solução sobrenadante para determinar a concentração residual de adsorvato (Ce).
Esta pode ser determinada por técnicas analíticas (dependendo do adsorvato
utilizado) tais como cromatografia gasosa ou líquida, espectrometria no ultravioleta ou
visível, espectrometria de absorção ou emissão ou outros meios adequados
(NASCIMENTO et al., 2014).
Já para obter valores de qe, devemos fazer um balanço de massa, em que a
quantidade de adsorvato no adsorvente deve ser igual à quantidade de adsorvato
removido da solução, ou, em termos matemáticos (equação 4) (NASCIMENTO et al.,
2014):
𝑞 = (𝐶0 − 𝐶𝑒). 𝑉/𝑚 (4)
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37 Mayara Virgínia de A. Galvão
Onde:
q: capacidade de adsorção (mg/g);
C0: concentração inicial do adsorvato (mg/L);
Ce: concentração do adsorvato no equilíbrio (mg/L);
V: volume da solução (L);
m: massa do adsorvente (g).
Após as determinações de qe e Ce, pode-se construir um gráfico dos valores
de qe versus Ce (qe na ordenada, ou eixo vertical, e Ce na abscissa, ou eixo
horizontal) o qual tem como resultado um gráfico de uma isoterma de adsorção. A
palavra isoterma está relacionada com o fato de que os ensaios são realizados em
temperatura constante (isto é, sob condições isotérmicas) (KINNIBURGH, 1986).
Resumindo, as isotermas são diagramas que mostram a variação da
concentração de equilíbrio no sólido adsorvente com a pressão parcial ou
concentração da fase líquida, em uma determinada temperatura (NASCIMENTO et
al., 2014). Os gráficos assim obtidos podem apresentar-se de várias formas,
fornecendo informações importantes sobre o mecanismo de adsorção como
demonstrado na Figura 4.
Figura 4 - Formas possíveis de isotermas de adsorção.
Fonte: NASCIMENTO et al., 2014.
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38 Mayara Virgínia de A. Galvão
A Figura 4 mostra o comportamento típico de algumas isotermas de adsorção,
definidas como (ALVES, 2007):
Isoterma linear: a massa de adsorvato retida por unidade de massa do
adsorvente é proporcional à concentração de equilíbrio do adsorvato na fase
fluida;
Isoterma favorável: a massa do adsorvato retida por unidade de massa do
adsorvente é alta para uma baixa concentração de equilíbrio do adsorvato na
fase fluida;
Isoterma irreversível: a massa de adsorvato retida por unidade de massa do
adsorvente independe da concentração de equilíbrio do adsorvato na fase fluida;
Isoterma desfavorável: a massa de adsorvato retida por unidade de massa do
adsorvente é baixa mesmo para uma alta concentração de equilíbrio do
adsorvato na fase fluida.
Muitas equações de isotermas foram propostas com dois ou mais parâmetros
para ajustar os dados experimentais sobre os valores de qe versus Ce. Dentre essas,
podemos citar as equações de Langmuir e Freundlich.
3.6.1. Modelo de Langmuir
No modelo de Langmuir pressupõe-se que existe um número definido de sítios
com energia equivalente e as moléculas adsorvidas não interagem umas com as
outras, além disso, a adsorção ocorre em uma monocamada. Cada sítio pode
comportar apenas uma molécula adsorvida (NASCIMENTO et al., 2014). A isoterma
é representada pela equação 5.
𝐶𝑒
𝑞𝑒=
1
𝑞𝑚á𝑥𝐾𝐿+
1
𝑞𝑚á𝑥𝐶𝑒 (5)
Em que:
qe: quantidade do soluto adsorvido por grama de adsorvente no equilíbrio (mg/g);
qmáx: capacidade máxima de adsorção (mg/g);
KL: constante de interação adsorvato/adsorvente (L/mg);
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Trabalho de Conclusão de Curso Revisão Bibliográfica
39 Mayara Virgínia de A. Galvão
Ce: concentração do adsorvato no equilíbrio (mg/L).
KL é a constante de equilíbrio no processo de adsorção (L/mg) que está
relacionada com a energia livre de adsorção, que corresponde à afinidade entre a
superfície do adsorvente e o adsorbato.
3.6.2. Modelo de Freundlich
O modelo de Freundlich, o pioneiro na equalização da relação entre a
concentração do material na solução e a quantidade de material adsorvido (SILVA,
2018). Nele não há formação de monocamadas, descrevendo o equilíbrio entre
camadas heterogêneas, sendo representado pela Equação 6 linearizada (FREITAG,
2013):
log 𝑞𝑒 = log 𝐾𝑓 + 1
𝑛𝑙𝑜𝑔𝐶𝑒 (6)
Onde:
Ce é a concentração do adsorvato final na solução (mg/L);
qe é a quantidade de adsorvato retido no adsorvente (mg/g);
n é a constante ligada com a intensidade de adsorção (Adimensional), sendo n>1:
favorável, n
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Trabalho de Conclusão de Curso Materiais e Métodos
40
4. MATERIAIS E MÉTODOS
Os experimentos tiveram como objetivos tratar o carvão obtido da pirólise do
Capim Elefante com a finalidade de aplicá-lo, em operação batelada, como adsorvente
em solução de Azul Brilhante CB em solução, com perspectivas de tratamento em
efluentes industriais, principalmente nas indústrias têxteis, em razão da não total
fixação desse corante na fibra durante o processo de tingimento.
A metodologia utilizada nesse estudo engloba as etapas de preparação e
caracterização do carvão ativado do capim elefante, preparação da solução do
corante e os ensaios de adsorção, conforme apresentadas abaixo, e, por ordem de
execução:
Etapas de preparação e caracterização do carvão ativado do capim elefante:
Etapa de Pré-lavagem: Análise de 2 métodos de pré-lavagem utilizando
álcool combustível e diclorometano;
Ativação química: utilizando HCl 7,5 M, HCl 1,0 M e H3PO4 concentrado;
Ativação física: Aquecimento em reator tubular a 500°C, durante 2 horas com
vazão de 1ml/min de gás inerte (nitrogênio);
Caracterizações dos carvões obtidos por meio de análises de FRX, DRX e
MEV.
Etapas relativas à preparação da solução do corante azul brilhante CB:
Preparação da solução-mãe (50 ppm e 100 ppm);
Obtenção do comprimento de onda máximo da solução do corante;
Construção da curva de calibração.
Etapas realizadas no estudo de adsorção:
Estudo do pH do meio no processo de adsorção do corante azul brilhante
CB utilizando o carvão comercial;
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Trabalho de Conclusão de Curso Materiais e Métodos
41 Mayara Virgínia de A. Galvão
Influência do pH no processo de adsorção do corante azul brilhante CB
utilizando o carvão tratado e ativado do capim elefante;
Estudo dos modelos cinéticos;
Estudo das isotermas de adsorção.
O fluxograma detalhado da metodologia utilizada é apresentado na Figura 5.
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Trabalho de Conclusão de Curso Materiais e Métodos
42 Mayara Virgínia de A. Galvão
Figura 5: Fluxograma detalhado da metodologia utilizada.
Carvão Brutohmikmm
Fonte: Autora (2019).
Pré – Lavagem
Método 1 Solvente: Diclorometano
Método 2 Solvente: Diclorometano e
Álcool combustível.
Ativação química
Ativação química
HCl 7,5 M
Agitação/2 horas
HCl 1,0 M
Agitação/2 horas
HCl 1,0 M
Agitação/2 horas
H3PO4 concentrado
Agitação 30 min/80°C
Ativação física
Fluxo gasoso N2 1 mL/min
T = 500°C
Caracterização
FRX, DRX e MEV
Solução Azul Brilhante CB
Espectrofotômetro
Curva de Calibração
Ensaios de adsorção
Shaker
100 rpm, T=25°C
Centrifugação
3000 rpm/10 min
Espectrofotômetro
Modelos cinéticos
Isotermas de adsorção
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Trabalho de Conclusão de Curso Materiais e Métodos
43 Mayara Virgínia de A. Galvão
4.1 Corante Azul Brilhante CB
O corante em estudo foi fornecido pela Indústria Vicunha Têxtil, situada no
município de Extremoz no Rio Grande do Norte, ao Laboratório de Biomassa e
Biocombustível, localizado no Núcleo de Tecnologia Industrial, do Departamento de
Engenharia Química da Universidade Federal do Rio Grande do Norte com o intuito
de colaborar com o desenvolvimento de pesquisas no setor têxtil. Informações
relevantes das propriedades do corante estão dispostos na tabela 1 (item 3.1.1).
O método utilizado para análise da concentração do corante presente na
solução, foi através da leitura da absorbância em espectrofotômetro. Para que essa
análise seja possível, é necessário verificar o comprimento de onda máximo do
corante em solução.
Dessa forma, foi preparada uma solução de 50 ppm do corante e, utilizando a
técnica de espectrometria, foi determinado o seu comprimento de onda máximo.
Antes de iniciar os estudos de adsorção, foram feitas soluções variando a
concentração do corante de 0,2 ppm a 100 ppm a fim de construir uma curva de
calibração (concentração versus absorbância). A curva de calibração da solução do
corante foi construída com o objetivo de determinar a concentração de corante
residual presente na solução durante ou após o processo de adsorção.
4.2. Preparo dos Adsorventes
Para estudo do comportamento do carvão do capim elefante como adsorvente
para remoção das moléculas do corante azul brilhante CB da solução, foram
preparados quatro tipos de adsorventes (carvões), utilizando como agentes químicos
ativantes o ácido clorídrico (HCl) 7,5 M e 1,0 M e ácido fosfórico (H3PO4) concentrado,
variando em alguns casos o método de pré-lavagem.
O preparo dos adsorventes envolveu três etapas, sendo elas: pré-lavagem,
ativação química e ativação física.
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Trabalho de Conclusão de Curso Materiais e Métodos
44 Mayara Virgínia de A. Galvão
4.2.1. Etapa de Pré-Lavagem
Após o processo da pirólise, frações de bio-óleo (aerossóis) permanecem
impregnadas no carvão. Para ser utilizado como material adsorvente, é de suma
importância que essas frações de bio-óleo sejam removidas do carvão, uma vez que
elas ocupam seus poros, diminuindo sua área superficial, dificultando o processo de
ativação e impedindo que ocorra o processo de adsorção.
Para a remoção do bio-óleo fez-se necessário a etapa de pré-lavagem do
carvão. Com o intuito de estudar o método de lavagem mais eficiente, a pré-lavagem
foi realizada utilizando dois métodos distintos, sendo aqui denominados de Método 1
e Método 2.
a) Método 1 de Pré-Lavagem
Esse método teve como base o trabalho realizado por POSSA (2018). Utiliza-
se diclorometano (pureza 100,0%, fabricante Synth). O diclorometano é um solvente
de rápida ação de dissolução para substâncias orgânicas apolares (POSSA, 2018).
Na etapa de pré-lavagem pesou-se 10g de carvão bruto em um bécker
adicionando-se 50 mL de diclorometano. A mistura foi submetida à agitação
magnética por 30 minutos à temperatura ambiente, e em seguida, filtrada a vácuo.
Este procedimento foi repetido até que se observasse ausência de traços de bio-óleo.
Na sequência, o carvão foi posto em contato com 100 mL de etanol (C2H5OH) e
deixado sob agitação magnética por 30 minutos à 60ºC. Essa etapa foi realizada com
o intuito de remover o diclorometano do carvão seguida da evaporação do álcool. Ao
final, o material foi lavado com água destilada, a fração líquida da mistura residual foi
filtrada a vácuo, sendo o processo repetido até o pH do filtrado se aproximar da
neutralidade. Após as lavagens, o carvão foi seco em estufa à 100ºC por 24 horas.
b) Método 2 de Pré-Lavagem
Esse método teve como base o trabalho realizado por NASCIMENTO (2015).
Foram utilizados para a pré-lavagem dois solventes invertendo a ordem em relação
ao método 1:
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Trabalho de Conclusão de Curso Materiais e Métodos
45 Mayara Virgínia de A. Galvão
Etanol Hidratado (álcool combustível);
Diclorometano (pureza 100,0%, fabricante Synth).
O carvão pirolítico obtido da pirólise do capim elefante foi posto em contato com
etanol hidratado a temperatura ambiente. A escolha do álcool combustível se deve ao
seu baixo custo em relação ao álcool etílico utilizado em laboratórios e a quantidade
do mesmo utilizado no processo. Para cada 10 g de carvão, foram adicionados 50 mL
de etanol, sob agitação magnética e deixado em repouso por 10 min. Em seguida, a
mistura foi filtrada a vácuo, regando o carvão com mais 150 mL de etanol. O carvão
foi então seco em estufa à 100°C durante 24 horas.
Em seguida, adicionou-se 50 mL de diclorometano, a mistura foi submetida a
agitação magnética, por 30 minutos, a temperatura ambiente, e em seguida, filtrada a
vácuo. Após observação visual da cor do filtrado, no que diz respeito a presença de
traços de bio-óleo, foi realizada uma nova lavagem com o mesmo volume de
diclorometano e mesmo tempo de agitação. Esse procedimento foi repetido 3 vezes.
Na sequência, em um bécker contendo o material, foi adicionado 100 mL de
álcool combustível e deixado sob agitação por 30 minutos à 60ºC. Essa etapa foi
realizada com o intuito de remover o diclorometano do carvão seguida da evaporação
do álcool. Ao final, o material foi lavado com água destilada, a fração líquida da mistura
residual foi filtrada a vácuo e sendo o processo repetido até que o pH do filtrado se
aproximasse da neutralidade. Após as lavagens, o carvão foi seco em estufa à 100ºC
por 24 horas.
4.2.2. Ativação Química
Após a pré-lavagem, o carvão do capim do elefante foi tratado, separadamente,
com dois agentes químicos ativantes, sendo: ácido clorídrico (HCl) e ácido fosfórico
(H3PO4). Sendo que, para o HCl variou-se a concentração, utilizando-se HCl 7,5 M e
HCl 1,0 M. A concentração de 7,5 M do HCl foi utilizada por Possa (2018), no
tratamento do carvão do lodo de esgoto doméstico para adsorção de gases (CO2 e
H2S).
Ácido clorídrico como agente químico
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46 Mayara Virgínia de A. Galvão
Nesse processo, apenas o HCl 7,5 M foi utilizado para o carvão pré lavado pelo
método 1. Porém, para o HCl 1,0 M foram utilizados os carvões pré lavados pelos
métodos 1 e 2.
A ativação química foi feita tomando-se como base o procedimento realizado
por POSSA (2018). Foram misturados 10 g de carvão pré lavado a 50 mL da solução
de HCl, seguido de agitação durante 2 h, filtração a vácuo e secagem em estufa a
100°C durante 24 h.
H3PO4 concentrado
A ativação com H3PO4 concentrado foi feita tomando como base o trabalho
realizado por FERNANDES (2008). Cerca de 20 mL de ácido fosfórico concentrado
foram adicionados a aproximadamente 3g de carvão ativado pré lavado e essa mistura
foi deixada sob agitação em um banho à temperatura de 80ºC durante 30 minutos.
Em seguida, a mistura foi resfriada a temperatura ambiente, filtrada e lavada com água
deionizada até que o resíduo da lavagem atingisse pH 5. O carvão foi seco em estufa
a 100 ºC durante 24 horas.
4.2.3. Ativação Física
Todos os carvões ativados quimicamente foram submetidos a ativação física,
realizada em um reator constituído por um tubo de aço inoxidável e um forno tubular.
O carvão ativado quimicamente foi inserido no tubo e submetido a aquecimento à
temperatura de 500°C, durante 2 horas com vazão de 1ml/min de gás inerte
(nitrogênio). Para finalizar, a amostra foi lavada com água destilada a fim de
neutralizar o pH em torno de 6,5 e logo após foi colocada na estufa por 24 horas à
temperatura de 100 °C.
4.3. Caracterização dos Adsorventes
As técnicas de caracterização utilizadas neste trabalho foram Difratometria e
Fluorescência de Raios X - DRX e FRX e Microscopia Eletrônica de Varredura – MEV.
Tais análises tem por objetivo analisar e avaliar a estrutura do material antes e depois
dos tratamentos neles realizados.
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Trabalho de Conclusão de Curso Materiais e Métodos
47 Mayara Virgínia de A. Galvão
4.3.1. Difração de Raio-X (DRX)
Os Difatogramas foram obtidos utilizando um difratômetro da SHIMADZU,
modelo XRD-700, nas regiões de 5° a 120°, em 2θ com velocidade a 1,20°/min usando
uma radiação de Cu Kα (1,54 Å). Essa análise foi realizada a fim de avaliar a estrutura
cristalina do material.
4.3.2. Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)
A Microscopia Eletrônica de Varredura fornece informações como a
composição, topografia, textura, características da superfície de uma amostra sólida,
formando uma imagem tridimensional. Para realizar essa análise é necessário que a
amostra seja condutora. Para amostras não condutoras – como é o caso do carvão –
é possível torná-las condutoras através de processos de deposição de material
condutor, como por exemplo o recobrimento por deposição de íons metálicos de ouro
(Au).
A amostra do material adsorvente foi primeiramente submetida ao processo de
metalização por meio de recobrimento com ouro utilizando-se um metalizador com
corrente de 30mA por 30 segundos. Em seguida, a amostra foi conduzida ao
microscópio eletrônico de varredura, pertencente ao Laboratório de Caracterização
Estrutural de Materiais do Departamento de Engenharia de Materiais – DEMat da
UFRN.
4.3.3. Fluorescência de Raio-X (FRX)
Com o intuito de analisar quantitativa e qualitativamente a composição das
amostras, foi utilizado o instrumento EDX-720, em atmosfera de ar sintético.
4.4. Estudo da Adsorção
As condições operacionais para o estudo da adsorção em batelada encontram-
se na tabela 2 abaixo.
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48 Mayara Virgínia de A. Galvão
Tabela 2: Condições operacionais do processo de adsorção em batelada.
Condições Operacionais Carvão Comercial Carvões Tratados
Volume de Adsorvato (mL) 50 50
Concentração de Adsorvato (ppm) 50 e 100 50
Concentração de Carvão (g/L) 1 1 e 2
pH 2, 7 e 10 2, 7 e 10
Agitação / rotação (rpm) 100 100
T (°C) 25 25
Fonte: Autora, 2019.
Os estudos de adsorção, em batelada, foram realizados primeiramente com o
carvão ativo comercial, em seguida, com os carvões do capim elefante tratados
quimicamente e fisicamente.
Os estudos de adsorção para o carvão ativado comercial foram realizados
utilizando erlenmeyers de 125 mL com volume de 50 mL de solução de Azul brilhante
CB e concentração de carvão 1 g/L, variando pH (2, 7 e 10) e as concentrações de
adsorvato (50 e 100 ppm). Para agitação da solução utilizou-se um shaker TECNAL,
modelo TE-422, com rotação de 100 rpm e temperatura fixa de 25°C. Para ajuste do
pH das soluções, foram utilizadas soluções 0,1 M de HCl e 0,1M de NaOH, sendo
adicionadas gota a gota até a obtenção do pH desejado.
Já para os carvões tratados (da pirólise), as mesmas condições foram
mantidas, entretanto, foram utilizadas concentrações mássicas de carvão de 1 g/L e
2 g/ L e a concentração de adsorvato de 50 ppm.
O processo foi finalizado até a completa saturação do adsorvente (condição de
equilíbrio). Em seguida, as amostras foram centrifugadas à rotação de 3000 rpm para
separar o material adsorvente da solução de corante e levadas para
espectrofotômetro UV-Vis da marca DRAWELL modelo DU-8200 no laboratório de
Operações Unitárias do Departamento de Engenharia Química da UFRN para avaliar
a concentração do corante azul brilhante CB presente na solução.
Para a análise, foi utilizada uma cubeta de vidro de 1 cm de caminho ótico e
água deionizada como branco (solução livre de analito). A concentração residual do
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Trabalho de Conclusão de Curso Materiais e Métodos
49 Mayara Virgínia de A. Galvão
corante presente na fase líquida foi avaliada através da equação da reta obtida da
curva de calibração.
4.4.1. Estudo da degradação do corante
Nesse experimento foi avaliada a influência do ácido (pH = 2,0) e da base (pH
= 10), na degradação do corante, sem a presença do adsorvente. O tempo de
adsorção foi fixado em 120 minutos. Assim, em dois erlenmeyers de 125 mL foram
adicionados 50 mL da solução de azul brilhante CB (50 ppm). No primeiro, foram
adicionadas gotas de ácido clorídrico 0,1 M até que a solução atingisse o pH 2. No
segundo, foram adicionadas gotas de hidróxido de sódio 0,1 M até que a solução
atingisse o pH 10. Logo após realizar a correção do pH, as amostras foram levadas a
espectrofotômetro e as concentrações residuais de corante foram registradas. O
tempo decorrido do ajuste de pH até a leitura em espectrofotômetro foi de 30
segundos.
4.4.2. Avaliação da Capacidade de Adsorção
A quantidade de corante adsorvido (q, miligrama de corante por grama de
adsorvente) foi calculada pela a Equação 1, apresentada na Fundamentação Teórica
deste estudo.
4.4.3. Dispositivo Experimental para o Estudo da Adsorção
A sequência das etapas realizadas no estudo da adsorção é apresentada na
Figura 6.
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Trabalho de Conclusão de Curso Materiais e Métodos
50 Mayara Virgínia de A. Galvão
Figura 6: Etapas realizadas no estudo da adsorção.
Fonte: BRANDÃO, 2018.
O estudo foi realizado para cada um dos 4 carvões do capim elefante tratados
e, por um período de 24 horas, a fim de identificar