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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÃNCIA
CENTRO DE EDUCAÇÃO
CURSO DE PEDAGOGIA A DISTÂNCIA
JOGOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL: O Brincar, O Descobrir,
O Aprender, O Ser Feliz...
MARIA ANIKELY DE OLIVEIRA FONTES
LUÍS GOMES/RN
2016
MARIA ANIKELY DE OLIVEIRA FONTES
JOGOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL: O Brincar, O Descobrir,
O Aprender, O Ser Feliz...
Artigo Científico apresentado ao Curso de
Pedagogia, na modalidade a distância, do
Centro de Educação, da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, como
requisito parcial para obtenção do título de
Licenciatura em Pedagogia, sob a
orientação da professora Mestra Maria das
Dôres da Silva Timóteo da Câmara.
LUÍS GOMES/RN
2016
JOGOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL: O Brincar, O Descobrir,
O Aprender, O Ser Feliz...
Por
MARIA ANIKELY DE OLIVEIRA FONTES
Artigo Científico apresentado ao Curso de
Pedagogia, na modalidade à distância, do
Centro de Educação, da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, como
requisito parcial para obtenção do título de
Licenciatura em Pedagogia.
BANCA EXAMINADORA
____________________________________________________
Me. Maria das Dôres da Silva Timóteo da Câmara (Orientadora)
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
_____________________________________________________
Me. Joaracy Lima de Paula
Instituto Federal do Rio grande do Norte
______________________________________________________
Me. Massilde Martins da Costa Lígia Pereira
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
JOGOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL: O Brincar, O Descobrir,
O Aprender, O Ser Feliz...
Maria Anikely de Oliveira Fontes1
Me. Maria das Dôres da Silva Timóteo da Câmara2
RESUMO
A presente pesquisa traz a ludicidade como tema de estudo, esse tema é relevante por
reconhecer e apontar a ludicidade como um ponto importante para o desenvolvimento da
criança. Traz como objetivo geral compreender a importância do brincar para o processo
de aprendizagem e construção do conhecimento. Os objetivos específicos são:
compreender que na Educação Infantil é necessário um ensino diferenciado, onde a criança
aprenda brincando para sentir a cada dia o desejo de conhecer o novo; estimular a
utilização de jogos e brincadeiras em sala de aula; apresentar estratégias de como fazer uso
dos jogos e brincadeiras de modo sistematizado e que tenha o conhecimento como ganho.
A problemática discutida foi à utilização dos jogos e brincadeiras na Educação Infantil
usados não apenas como meios de distração para a criança, mas como agente instigador e
facilitador da aprendizagem. A abordagem teórico-metodológica está fundamentada em
Rousseau (1995), Vygotsky (1998), Piaget (1978), Froebel (1912) entre outros. A pesquisa
aplicada foi do tipo qualitativa por meio da pesquisa in loco e aplicação de questionário
com perguntas abertas e fechadas. Como aprendizado ficou a evidência da importância do
brincar livre para a criança e ainda a necessidade da inclusão e/ou melhoramento da
ludicidade na Educação Infantil considerando os seus benefícios para o desenvolvimento
natural da criança.
Palavras-chave: Ludicidade. Criança. Educação Infantil.
ABSTRACT
This investigative study is relevant for recognizing and pointing to playfulness as a
strategy for child development. The general objective is to understand the importance of
playing as a development agent in the process of learning and building knowledge. The
specific objectives are: to understand that in Early Childhood Education, a differentiated
teaching is necessary, where the child learns by joking to feel each day the desire to know
the new; Stimulate the use of games and games in the classroom; Present strategies of how
to make use of the games and games in a systematized way and that has the knowledge as
gain. The problem discussed was the use of games and games in Early Childhood
Education used not only as means of distraction for the child, but as an instigator and
facilitator of learning. As a base, Rousseau (1995), Vygotsky (1998), Piaget (1978),
Froebel (1912) and others were studied. The applied research was of the qualitative type
through the in loco research and application of questionnaire with open and closed
questions. As learning was evidence of the importance of free play for the child and also
1 Graduanda em Pedagogia – [email protected]
2 Professora Mestra da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
the need for inclusion and / or improvement of playfulness in Early Childhood Education
considering its benefits for the natural development of the child.
Keywords: Ludicidade. Child. Play. Development.
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
1.1 QUEM BRINCA NA INFÂNCIA SERÁ UM ADULTO SEMPRE FELIZ...
Quando as Brincadeiras Brincam
Licença meu bom barqueiro
A mim deixai passar
Na ponte da aliança Não
posso me demorar
Pois sou pobre, pobre, pobre
Preciso logo chegar
Eu sei que nesta rua
Vive um anjo a vagar
Também sei que nesta rua
Samba Lê lê vem dançar
Licença meu bom barqueiro
Licença que eu vou brincar
Dorinha Timóteo
CÂMARA, 2016
A discussão que vem sendo criada em torno da ludicidade mediante seu efeito
positivo, por meio de brincadeiras e jogos é incontestável. Isso por que o brincar na vida da
criança se faz necessário por desenvolver no ser humano os aspectos físico, social, cultural,
afetivo, emocional e cognitivo.
Para tanto, Santos descreve o lúdico como:
(...) uma necessidade do ser humano em qualquer idade e não pode ser
vista apenas como diversão. O desenvolvimento do aspecto lúdico facilita
a aprendizagem, o desenvolvimento pessoal, social e cultural, colabora
para uma boa saúde mental, prepara para um estado interior fértil, facilita
os processos de socialização, comunicação, expressão e construção de
conhecimento. (SANTOS, 2002 p. 12).
Para o autor acima, o lúdico representa uma grande necessidade para o ser humano.
A dimensão dada ao significado do lúdico na vida, em todas as suas fases, é a
comprovação dos grandes benefícios que as brincadeiras e jogos são capazes de fazer na
vida de todos.
Desse modo, não podemos aceitar e/ou concordar em a ludicidade ficar de fora de
sala de aula ou interpretada apenas como um momento recreativo, um entretenimento para
passar o tempo, sem que esses momentos lúdicos sejam observados e considerados pelos
educadores que permeiam a vida desses brincantes.
Afinal, o modelo atual de ensino, repudia somente a transmissão do conteúdo
disciplinar para a criança, como se essa fosse apenas um receptor sem ação/percepção de
mundo. Para uma aprendizagem eficaz é preciso à interação da criança para que ela
mesma construa seu próprio conhecimento. Nesse caso, as brincadeiras e jogos são
considerados instigadores a aprendizagem.
Assim, Carvalho diz:
(...) o ensino absorvido de maneira lúdica, passa a adquirir um aspecto
significativo e afetivo no curso do desenvolvimento da inteligência da
criança, já que ela se modifica de ato puramente transmissor a ato
transformador em ludicidade, denotando-se, portanto em jogo.
Portanto, brincando se aprende muito mais, pois o momento vivenciado,
ressignifica-se diante do olhar infantil. Podemos exemplificar através da cantiga popular de
roda “Atirei o pau no gato”, onde toda criança que já tenha passado do ensino infantil
eternizou em sua mente esta cantiga. Atualmente essa mesma cantiga ganhou uma nova
versão que diz:
Não atire o pau no gato (to-to)
Porque isso (Isso-Isso)
Não se faz (faz-faz)
O gatinho (nho-nho)
É nosso amigo (go-go)
Não devemos maltratar
Os Animais
Miau!
Nessa nova versão, a sociedade viu a necessidade de mudança, no entanto, a letra
da cantiga mudou, mas a brincadeira manteve-se com a mesma ludicidade que a eternizou.
A nova versão apresenta valores agregados à brincadeira. Através dessa alteração na letra
da cantiga popular a criança vai adquirindo valores morais de ética e respeito para com os
animais. Quem é mãe e que vivenciou junto com o filho essa cantiga, sabe que a criança
passou a ser uma protetora dos animais, quando passando a defendê-los e cuidando dos
mesmos. Assim, percebemos a ressignificação que os jogos e brincadeiras propiciam em
nossas vidas. Como esse exemplo, existem outros ao qual a brincadeira ou jogo precisou
ser modificado para adquirir mais sentido na vida particular intelectual da criança.
Assim, esta pesquisa traz como objetivo geral compreender a importância do
brincar enquanto agente de desenvolvimento no processo de aprendizagem e construção do
conhecimento, e como objetivos específicos mostrar que na Educação Infantil é necessário
um ensino diferenciado, onde a criança aprenda brincando e seja motivada a descobrir o
novo; estimular a utilização de jogos e brincadeiras em sala de aula; apresentar estratégias
de como fazer uso dos jogos e brincadeiras de modo sistematizado e que tenha o
conhecimento como ganho.
Esta pesquisa está fundamentada no pensamento dos seguintes teóricos: Rousseau
(1995), que defende que a criança deve ser livre para fazer suas atividades. Ainda segundo
pensamento do autor, a criança é um ser superior ao adulto, pois ela tem uma condição
natural e original da humanidade. Para Rousseau: “Repito-o, a educação do homem
começa com seu nascimento; antes de falar, antes de compreender, já ele se instrui. A
experiência adianta-se às lições; no momento em que conhece sua ama, já muito ele
adquiriu” (ROUSSEAU, 1995, p.42).
Conforme Rousseau fica evidente sua valorização à criança e ainda a defesa desta
de dar esta criança, uma vida sem interrupções e bloqueios. Nas palavras do autor, a
criança desde que nasce já adquire um sentimento que deve ser respeitado e considerado
pelo adulto.
Froebel (1912) criador e fundador do jardim de infância defende a importância dos
jogos e brincadeiras na vida da criança, e que os mesmos são essenciais para o
desenvolvimento saudável infantil. Este autor desenvolveu inúmeros trabalhos de
contribuição pedagógica defendendo seu pensamento a respeito do tema em debate, dentre
alguns podemos citar a obra “as atividades espontâneas adquirem um desenvolvimento
verdadeiro” nesta obra, percebe-se a preocupação do auto já a partir do título.
A brincadeira é uma atividade espiritual mais pura do homem neste
estágio e, ao mesmo tempo, típica da vida humana enquanto um todo da
vida natural interna ao homem e de todas as coisas. Ela dá alegria,
liberdade, contentamento, descanso externo e interno, paz com o mundo...
A criança que brinca sempre, com determinação auto-ativa, perseverança,
esquecendo sua fadiga física, pode certamente torna-se um homem
determinado, capa de autosacrifício para a promoção do seu bem e de
outros... Como sempre indicamos o brincar em qualquer tempo não é
trivial, é altamente sério e de profunda significação (Froebel, 1912c, p.
55).
Conforme o autor acima, o ato de brincar além de ser muito saudável, pode e deve
ser realizado por qualquer pessoa, em qualquer idade, sendo para a criança essencial, pois é
determinante para a qualidade do futuro homem que teremos em sociedade.
Vygotsky (1998) valoriza o brinquedo, pois segundo ele o brinquedo cria uma zona
de desenvolvimento proximal da criança. Ou seja, a criança aprende a partir do
conhecimento adquirido e também pelo que lhe está próximo, assim reconhece o brinquedo
como proximal capaz de fazer a criança pensar e agir a partir da contextualização.
O brinquedo cria na criança uma zona de desenvolvimento proximal, que
é por ele definida como a distância entre o nível de desenvolvimento real,
que se costuma determinar através da solução independente de problemas
e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução
de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com
companheiros mais capazes. (VYGOTSKY, 1998, p.112).
Desse modo, Vygotsky em seus pensamentos é firme na valorização ao brinquedo
como um estímulo ao desenvolvimento da criança. Para ele, o brinquedo é a forma que
mais inspiração a criança a encontrar nas etapas das brincadeiras o seu desenvolvimento
natural.
Piaget (1978) relata mais sobre os jogos, dividindo-os por faixa etária, ou seja,
desde a primeira infância até a pré-adolescência. Nessa divisão, o autor conduz um estudo
ao longo do desenvolvimento da criança, o que para ele o jogo é um estímulo que refletirá
na vida futura da criança.
Assim Piaget apud Rizzi (1997) classificou os jogos correspondendo a um tipo de
estrutura mental: jogo de exercício sensório-motor; jogo simbólico; jogo de regras.
Jogo do exercício sensório-motor: é um jogo em que sua finalidade é o
próprio prazer do funcionamento, constitui-se em repetição de gestos e
movimentos simples como agitar os braços, caminhar, pular, ao descobrir
suas funções, há um sentimento de felicidade. Jogos Simbólicos: Consiste
em satisfazer o “eu” por meio de uma transformação do real em função
dos desejos, ou seja, tem a função de assimilar a realidade, ela incorpora
a seu mundo, objetos, pessoas ou acontecimentos significativos e os
reproduz através de suas brincadeiras. Jogos de faz de conta que
possibilita à criança sonhar e fantasiar revela angústias, conflitos e medos
aliviando tensões e frustrações são importantes para que se trabalhe
diferentes tipos de sentimentos e a forma de lidarmos com eles. Jogos de
Regras: como o próprio nome diz o jogo de regras se caracteriza pela
existência de uma série de leis impostas pelo grupo, sendo que quem
descumprir será penalizado, é uma forte competição entre os
participantes, geralmente jogado em parceria e um conjunto de
obrigações o que o faz tornar-se social, são importantes para que a
criança entenda que nem sempre levamos vantagens. Aprendendo assim,
a lidar com as emoções (PIAGET, 1978, p. 148).
Conforme o autor, essa divisão trata da evolução mental da própria criança. Ou
seja, quando ainda muito pequena o jogo específico para esta é o sensório motor, pois tem
a funcionalidade apenas de movimentos leigos da criança assim como as descobertas que
começam a surgir. Mais adiante, o jogo simbólico já passa a ter mais sentido, pois é
quando a criança passa a se ver vivenciando dentro daquele jogo, assim inicia uma
assimilação do real. Já o jogo de regras é quando a criança já possui uma compreensão
para entender as regras essenciais para o andamento de um jogo.
A criança necessita de tempo e de liberdade para chegar ao seu desenvolvimento
natural de maneira saudável e feliz.
Portanto, esta pesquisa está voltada para o estudo dos jogos e brincadeiras na
Educação Infantil. Está estruturada da seguinte forma: Considerações Iniciais, que
apresenta um esboço geral de apresentação organizacional do estudo aqui colocado. Onde
apontamos o objetivo geral deste assim como os objetivos específicos traçados para o
desenvolvimento positivo deste estudo. Abordagem Teórico-Metodológica, que
apresenta os teóricos que fundamentam o estudo; Desenvolvimento que traz a essência do
estudo, apresentando os seguintes temas: É brincando que se aprende... é brincando que se
é feliz... Neste tópico foi dado ênfase ao ato de brincar, a valorização desse momento único
e a importância do mesmo para a criança; A educação Infantil: uma viagem de descobertas,
que apresenta o processo histórico da Educação Infantil de forma geral; a importância da
ludicidade para o desenvolvimento infantil, neste, mostra-se, por meio das brincadeiras e
jogos, o quanto a ludicidade é importante para o desenvolvimento da criança; no tópico
seguinte mostram-se os jogos como uma aprendizagem brincante. Apresentamos as
brincadeiras e jogos como metodologia eficaz no processo de ensino/aprendizagem na
Educação Infantil, para concluir o desenvolvimento do estudo, apresentamos a pesquisa.
Mostrando uma pesquisa de campo numa escola da zona rural do município do Riacho de
Santana/RN, onde foi aplicado um questionário aos alunos e profissionais da escola como
forma de avaliar a importância dada a ludicidade na referida instituição.
Através desse embasamento e empenho aplicado para o sucesso deste, almejamos
conseguir responder a todos os anseios realizados desde o início deste projeto, e que este
significativo trabalho sirva em algum determinado tempo para outros pesquisadores como
fonte de estudo e discussão com relação ao tema aqui abordado.
Assim, convido você para entrar nessa roda e brincar conosco, pois quem brinca na
Infância será um adulto sempre feliz...
Ciranda, cirandinha
Vamos todos cirandar,
Vamos dar a meia volta
Volta e meia vamos dar
...
(Cantiga de roda do Cancioneiro Popular Brasileiro)
2. ABORDAGEM TEÓRICO-METODOLÓGICA
2.1 BRINCAR É DESCOBRIR AS CONSTANTES BELEZAS DA VIDA
Todos os dias me refaço,
Pois não me entendo completude,
Mas... Infinito, inquieto, inconcluso....
Dorinha Timóteo
CÂMARA, 2016
A pesquisa é a forma mais utilizada e significativa de procurar resultados e/ou
soluções para uma problemática lançada. Assim, para conseguir subsídios fundamentados
foram realizados estudos de obras já publicadas de autores críticos que abordam a temática
como Rousseau (1995), Vygotsky (1998), Piaget (1978), Froebel (1912) entre outros.
A pesquisa é do tipo qualitativa, pois de acordo com Oliveira M. M. (2007, p.60),
“a pesquisa qualitativa pode ser caracterizada como sendo um estudo detalhado de um
determinado fato, objeto, grupo de pessoas ou ator social e fenômenos da realidade”.
Para atender aos objetivos propostos foi desenvolvida uma pesquisa de campo na
Escola Municipal “Francisco Jácome de Lima”, Sítio Catolezinho no município de Riacho
de Santana/RN que oferece Ensino Infantil e Fundamental I. A pesquisa de campo segundo
SANTOS (2004, p. 27) “é aquela que recolhe dados in natura, como percebidos pelo
pesquisador. Normalmente, a pesquisa de campo se faz por observação direta,
levantamento ou estudo de caso”.
Durante a pesquisa foi aplicado um questionário para obtenção dos dados
pretendidos, aos docentes da instituição e também para os alunos do Ensino Infantil e para
uma turma multiseriada do Fundamental I com perguntas abertas e fechadas.
A pesquisa in lócus foi um momento mais marcantes desta pesquisa, pois tivemos o
prazer de conhecer crianças lindas, felizes e especiais na sua individualidade.
Acompanhamos a sua realidade dentro de sala de aula assim como o seu estilo de brincar,
os tipos de brincadeiras desenvolvidas e a interação existente entre aluno/professor.
3 JOGOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL: O Brincar, O
Descobrir, O Aprender, O Ser Feliz...
3.1 É BRINCANDO QUE SE APRENDE... É BRINCANDO QUE SE É FELIZ...
O menino ia no mato E a onça comeu ele.
Depois o caminhão passou por dentro
do corpo do menino
E ele foi contar para a mãe.
A mãe disse: Mas se a onça comeu você,
como é que o caminhão passou por dentro
do seu corpo?
É que o caminhão só passou renteando
meu corpo
E eu desviei depressa.
Olha, mãe, eu só queria inventar
uma poesia.
Eu não preciso de fazer razão.
Manoel de Barros.
O ato de brincar é uma ação natural de toda criança. Para tanto, tornou-se direito
garantido. A Lei de nº 8.069 de 13 de julho de 1990 previsto no Estatuto da Criança e do
Adolescente – ECA em seu capítulo II, art. 16º Inciso IV, diz que toda criança tem o
direito de viver o seu tempo de infância que é o de “brincar, praticar esportes e diverte-se”.
Entende-se, portanto, que o ato de brincar é essencial para o desenvolvimento
psicossocial de uma criança. Desse modo, é relevante também dizer que o brincar se faz
necessário dentro da escola por compreender que é o ambiente ideal para que as
brincadeiras e jogos aconteçam de modo sistematizado.
Diante disso, Santin explica:
O brincar é de fundamental importância para a aprendizagem da criança
por que é através dele que a criança aprende, gradualmente, desenvolve
conceitos de relacionamento casuais ou sociais, o poder de descriminar,
de fazer julgamentos, de analisar e sintetizar, de imaginar, de formular e
inventar ou recriar suas próprias brincadeiras. (SANTIN, 2001, p. 523)
As brincadeiras fazem parte da cultura de um povo e essas são universais. Quando
uma criança brinca aquele momento fica marcado por toda sua vida, pois é significativo e
prazeroso para ela.
Qual o adulto que teve uma infância feliz, vez por outra, não recorda com saudades
de certas brincadeiras que a turminha da rua desenvolvia todas as noites?
É como bem diz o cordel de Ualisson Cangaceiro (2012):
Brincadeira De Criança
Saudades do meu tempo de criança
Em que atirava de baladeira,
Subia e descia a rua
Puxando uma roladeira.
Já fui rico com notas
De carteira de cigarros,
E de latas de óleo fazia
Uma frota de carro.
Com buracos no chão
Jogava bila ou biloca,
Era todo o tempo
Até no recreio da escola.
Já fui piloto em corridas de tampinhas,
Fui samurai com espada e estrelinha.
Estrelinha feita de lata
E a espada de madeira,
Bom era o jogo de barra-bandeira.
Cheio de pipas coloridas
O céu ficava,
De pique-esconde,
Esborracha-mamão
Eu também brincava.
Do cuscuz era o que preocupava
Pois se derrubasse o palito,
Até chegar na marca apanhava.
Desenhava uma garrafa
Riscada no chão,
Todos ficavam dentro
Do famoso garrafão.
Brincadeira boa seu moço!
Era o tal de tô no poço,
Pois quem tinha sorte, descolava,
E com uma bela garota ficava.
(...)
São recordações assim que as crianças devem sentir ao ficarem adultas. Assim, uma
criança que vive no seu mundo infantil, criando e recriando brincadeiras chega à vida
adulta feliz e sem a tristeza de não ter tido uma infância alegre e realizada.
Como bem nos relata Câmara (2012):
Minha infância foi sinônimo de alegria, de colorido, de liberdade, de
brinquedos e maravilhosas brincadeiras, repleta de sonhos que o mundo
da fantasia pode nos proporcionar. As brincadeiras preencheram minha
vida com autoridade. Aqueles momentos de liberdade, sem exigências,
sem cobranças, sem expectativas, plantaram sementes de uma certeza que
estou colhendo agora. Que certeza é essa? É a certeza de que a vida vale a
pena por si só. Certeza de que cada viagem que fazemos na vida é uma
descoberta nova que nos reconstrói e nos abastece da novidade da vida.
Hoje, desfruto da grandeza de ter sido uma criança comprometida com a
liberdade dos brinquedos que movem o direito de ser criança. Eu vivi
minha infância plenamente e essa plenitude foi me seguindo ao longo da
história de minha vida. Hoje, trago dentro de mim a mágica porção de ser
criança necessária à completude da existência do ser humano.
(CÂMARA, 2012, pág. 27).
Os escritos de Câmara acima é a comprovação do que defendemos com relação à
necessidade que a criança tem em viver sua infância com total liberdade, sem tentar moldá-
la. A criança quando vive nessa plenitude, por si só vai descobrindo o que é necessário à
vida para ser feliz. E quando adulta, além do prazer de relembrar uma infância na sua
essência, passa a ser um adulto de atitudes e ciente o quão é necessário sonhar e lutar pelo
seus objetivos, assim como foi na infância, porém com outra dimensão.
Quando a criança brinca sozinha ou com outras crianças, está se desenvolvendo
afetivo-sócio-cognitivamente. Mas, a presença de um adulto, poderá tornar o brincar mais
organizado e sistematizado, de modo, que o desenvolvimento intelectual da criança venha
a florescer, no entanto, concordamos com Zoller quando diz: “Distinguimos como
brincadeira, qualquer atividade vivida no presente de sua realização e desempenhada de
modo emocional sem nenhum propósito que lhe seja exterior” (ZOLLER, 2004. p. 144).
Assim, compreendemos que a presença do adulto, na orientação das brincadeiras das
crianças poderá vir a ser benéfico, desde que este adulto, não faça cobranças de resultados
das brincadeiras, deixando que a mesma seja espontânea e que o aprendizado, naquela
brincadeira, seja natural, como é natural à vivência cotidiana do ser criança brincante.
Assim, o brincar, o descobrir, o aprender, o ser feliz... é algo que compõe o acervo
natural da vida da criança, brincando a criança se desenvolve e cresce com alegria e beleza.
Venha brincar conosco, nessa ciranda da vida, cantando e dançando as mais belas
brincadeiras que a vida nos proporciona.
Como diz a ciranda do cancioneiro do povo mineiro:
Oi vem pra roda tindo lelê
Oi vem pra roda tindo lá lá
Oi vem pra roda tindo lelê
Oi tindo lelê, oi tindo lá, lá...
Afinal é brincando que se aprende... é brincando que se é feliz...
3.2 A EDUCAÇÃO INFANTIL: UMA VIAGEM DE DESCOBERTAS
Escravos de Jó
Jogavam caxangá
Tira, bota
Deixa ficar
Guerreiros com guerreiros
Fazem zigue, zigue, zá.
Brincadeira do Cancioneiro Popular
A brincadeira acima citada que hoje se faz presente nas escolas de Educação
Infantil e que é cantada por toda meninada de modo espontâneo e alegre, nem sempre foi
assim... a medida que o tempo foi passando, a brincadeira foi se transformando,
incorporando novidades, resinificando-se ao gosto dos brincantes.
A educação infantil antes do seu amparo legal era compreendida como uma medida
assistencialista às famílias. Isso porque a família era a responsável exclusiva em inserir a
criança no convívio social de acordo com sua vontade e interesse, desrespeitando
arduamente as necessidades da criança.
Porém, essa percepção foi enfraquecendo a partir do desenvolvimento europeu,
onde houve a necessidade da inclusão da mão de obra feminina no mercado de trabalho.
Como a mulher, neste período, era apenas dona de casa, essa oportunidade de trabalho
desencadeou uma série de preocupações com relação à criança.
Segundo Pinto,
[...] a infância constitui uma realidade que começou a ganhar contornos a
partir dos séculos XVI e XVII. [...] As mudanças de sensibilidade que se
começam a verificar a partir do Renascimento tendem a definir a
integração no mundo adulto cada vez mais tarde e, a marcar, com
fronteiras bem definidas, o tempo da infância, progressivamente ligado ao
conceito da aprendizagem e de escolarização. Importa, no entanto,
sublinhar que se tratou de um movimento extremamente lento,
inicialmente bastante circunscrito às classes mais abastadas. (PINTO,
1997, p. 44).
A partir dessa nova concepção com relação ao ser criança, foram pensados e
criados espaços para os filhos de mulheres trabalhadoras e que agora tinham um novo
estilo de vida, porém, esses espaços não apresentavam nenhuma proposta de educação
formal.
É relevante destacar que as instruções dadas às crianças variavam de acordo com a
classe social das mesmas. O Estado priorizava a criança elitizada enquanto a criança pobre
era merecedora de piedade.
Somente a partir do século XVIII, a criança passou a ser o foco educativo dos
adultos. Segundo Oliveira:
[...] a criança começou a ser vista como sujeito de necessidades e objeto
de expectativas e cuidados situados em um período de preparação para o
ingresso no mundo dos adultos, o que tornava a escola [pelo menos para
os que podiam frequentá-la] um instrumento fundamental (OLIVEIRA,
2005, p. 62).
Luzuriaga ainda acrescenta:
[...] no século XVIII, procedem os sistemas nacionais de educação e as
grandes leis de instruções públicas de todos os países europeus e
americanos. Todos levam a escola primária aos últimos confins de seus
territórios, fazendo-a universal, gratuita, obrigatória e, na maior parte
leiga ou extraconfessional. Pode-se dizer que a educação pública, no grau
elementar, fica firmamente estabelecida, com o acréscimo de dois novos
elementos: as escolas da primeira infância e as escolas normais para a
preparação do magistério (LUZURIAGA, 1987, p. 180).
Conforme os autores acima citados, o século XVIII foi decisivo para a valorização
da Educação Infantil e a busca de avanços no setor.
Foi com Friedrich Froebel idealizador do jardim de infância na Alemanha que a
educação para crianças surgiu. Conforme cita Conrad:
O jardim de infância de Froebel foi sustentado pelo pressuposto de que a
comunhão das crianças pequenas entre si já oferece grande potencial
educativo. A educação escolar deve ser antecipada pelo cuidado especial
das forças mentais da criança pequena, Froebel da continuidade aos
pensamentos de Pestalozzi de uma educação materna. Ele estuda e
pesquisa leis da natureza e tenta com isto interpretar o desenvolvimento
do homem. Como filósofo e pedagogo procura explicar ao homem a vida
da natureza. Todas as aparências representam uma totalidade divina, que
por sua vez se desenvolve nas particularidades. Somente quem chegou a
conhecer o todo, pode se dedicar às partes, em que ele enxerga a
totalidade última, Deus. (CONRAD, 2000, p. 45).
No Brasil, a Educação Infantil apareceu no final do século XIX. Em 1875, no Rio
de Janeiro foi fundado o primeiro jardim-de-infância privado, sendo o médico Joaquim
José Meneses Vieira o seu precursor.
Nesse período muitas reivindicações e lutas foram realizadas pelas mulheres que
tinham uma longa jornada de trabalho e exigia um amparo adequado e de qualidade aos
filhos pequenos.
Legalmente foi a partir da Constituição Federal de 1988, que a Educação Infantil
brasileira concedeu o direito, das crianças de 0 a 6 anos, frequentarem creches e pré-
escolas.
Assim, a Constituição Federal, em seu art. 227, determina:
É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao
adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária,
além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão (BRASIL, 1988, p. 340).
Diante do direito adquirido e ficando todos os entes da sociedade responsáveis em
cumprir de forma eficiente a sua parte, a criança passou a ser valorizada e todos os seus
anseios passaram a ser mais respeitados.
Começou então, uma série de melhoramentos e avanços mesmo que ainda lento
mas de muita relevância à Educação Infantil Brasileira. Instituições de amparo e apoio aos
direitos previstos na legislação para com a criança também foram sendo criados e/ou
fortalecidos.
Na década de 1990, foi criado o Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA que
fortaleceu o direito da criança à educação ao mesmo tempo em que estabeleceu
mecanismos de participação e controle social na formulação e na implementação de
políticas para infância.
Em 1994, o Ministério da Educação e Cultura - MEC com o intuito de definir junto
com os gestores municipais e estaduais políticas para a Educação Infantil realizou muitos
encontros e debates acerca da temática. Destes encontros surgiu um documento intitulado
de Políticas Nacionais de Educação Infantil, no qual objetivou a expansão da oferta de
vagas para crianças de 0 a 6 anos e a promoção da melhoria da qualidade do atendimento
em instituições de Educação Infantil.
O MEC em 1995 apontou quatro linhas de ações para a melhoria da qualidade no
atendimento educacional às crianças de 0 a 6 anos. Segundo a Política de Melhoria da
Qualidade da Educação:
A - incentivo à elaboração, implementação e avaliação de propostas
pedagógicas e curriculares; B - promoção da formação e da valorização
dos profissionais que atuam nas creches e nas pré-escolas;
C - apoio aos sistemas de ensino municipais para assumirem sua
responsabilidade com a Educação Infantil; D - criação de um sistema de
informações sobre a educação da criança de 0 a 6 anos. (MEC, 2002, p.
19).
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional no ano de 1996 passou a
considerar a Educação Infantil como a primeira etapa da educação básica, oferecida em
creches e pré-escolas, públicas ou privadas que contempla o público infantil de 0 a 6 anos
de idade com jornada integral ou parcial. A jornada parcial refere-se ao tempo mínimo de
quatro horas diárias e a jornada integral corresponde ao período de tempo igual ou superior
a sete horas diárias na instituição.
Segundo as orientações das Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação
Infantil (2010, p. 14) que reforça “é dever do Estado, garantir a oferta de Educação Infantil
pública, gratuita e de qualidade, sem requisito de seleção”.
Ao Estado, compete formular políticas públicas de implementação de programas e
viabilizar recursos que garantam à criança o direito ao ensino de qualidade e gratuito.
Com essa nova dimensão na Educação Infantil foi possibilitado a valorização do
profissional que atua com crianças, com exigência na habilitação da prática docente
voltada para o social e educacional. Assim, segundo o art. 62 da LDB, a formação de
docentes para atuar na Educação Infantil deverá ser realizada em “nível superior,
admitindo-se, como formação mínima, a oferecida em nível médio, na modalidade
normal”.
Nessa nova conjuntura da educação infantil no Brasil, para não perder o
cumprimento da Lei, foi necessário distinguir as competências de cada ente, ficando assim
definido segundo a Constituição Federal,
A Constituição Federal atribuiu ao Estado o dever de garantir o
atendimento às crianças de 0 a 6 anos em creches e pré-escolas (art. 208,
IV), especificando que à União cabe prestar assistência técnica e
financeira aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios para garantir
equalização das oportunidades e padrão mínimo de qualidade.
Especificando ainda mais, determinou que os municípios atuassem
prioritariamente no Ensino Fundamental e na Educação Infantil (art. 211,
§ 2º). A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB)
estabelece em seu art. 11, inciso V, que os municípios incumbir-se-ão de
“oferecer a Educação Infantil em creches e pré-escolas, e, com
prioridade, o Ensino Fundamental, permitida a atuação em outros níveis
de ensino apenas quando estiverem atendidas plenamente as necessidades
de sua área de competência e com recursos acima dos percentuais
mínimos vinculados pela Constituição Federal à manutenção e ao
desenvolvimento do ensino” (BRASIL, 1988, p. 311).
Ainda assim, metas são traçadas com o objetivo de melhorias, como aponta o Plano
Nacional de Educação como afirma Barros (2008, p. 28):
Em primeiro lugar, determina que sejam elaborados, no prazo de um ano,
padrões de infraestrutura para o funcionamento adequado das instituições
de Educação Infantil. Esses padrões também devem orientar novas
autorizações de funcionamento. O Plano define que o executivo
municipal deve assumir a responsabilidade pelo acompanhamento,
controle e supervisão das creches e pré-escolas. Também exige a
colaboração entre os setores de educação, saúde e assistência, bem como
entre os três níveis de governo, no atendimento à criança de 0 a 6 anos de
idade. E determina a efetiva inclusão das creches no sistema nacional de
estatísticas educacionais. Outra meta importante é assegurar que, em
todos os Municípios, além de outros recursos municipais, 10% (dos 25%)
das verbas de manutenção e desenvolvimento do ensino seja aplicado,
prioritariamente, na Educação Infantil. Para isso, exige a colaboração da
União (BARROS, 2008, p. 28).
Em decorrência dessa responsabilidade constitucional, a cobrança e a fiscalização,
tivemos um aumento significativo do número de matrículas destinadas a crianças de 0 a 6
anos na Rede Pública de Ensino, conforme gráfico 1 abaixo.
Gráfico 1 – Evolução do número de matrículas destinadas a crianças de 0 a 6 anos na Rede
Pública de Ensino na educação
Conforme o quadro demonstrativo percebemos que as creches tiveram um avanço
bem maior do que as pré-escolas. Apesar desse avanço, a Educação Infantil Brasileira
ainda vive um intenso processo de revisão de concepções sobre educação de crianças em
espaços coletivos, e de seleção e fortalecimento de práticas pedagógicas mediadoras de
aprendizagens e do desenvolvimento das crianças.
Esperamos que esse segmento da educação seja levado mais a sério e que mais
vagas sejam abetas e mantidas, além de ser proporcionar aos profissionais da educação
Infantil o respeito que todo profissional merece receber.
Enquanto isso seguimos lutando por mais conquistas na Educação e cantando as
mais belas cirandas de nossa infância...
Oh, cirandeiro, cirandeiro ô,
A pedra do seu anel brilha mais do que o sol.
Oh, cirandeiro, cirandeiro ô,
A pedra do seu anel brilha mais do que o sol
(Fragmento de uma cantiga de ciranda do Cancioneiro Popular Brasileiro)
3.3 A IMPORTÂNCIA DA LUDICIDADE PARA O DESENVOLVIMENTO INFANTIL
Onde está a Margarida
Olê, olê, olá?
Onde está a Margarida
Olêêêêê, meus cavaleiros?
Ela está em seu castelo
Olê, olê, olá
Ela está em seu castelo
Olêêêêê, meus cavaleiros.
(Fragmento de uma cantiga do Cancioneiro Popular)
O ser humano está em constante aprendizagem, sendo a aprendizagem infinita.
Nunca saberemos exatamente tudo. Mas o nosso meio proporciona o ritmo de
aprendizagem.
É interessante favorecer espaços e oportunidades para se criar um despertar para as
crianças desde cedo. Por esse motivo consideramos de imensa importância e necessidade a
fazer-se presente na infância de todo ser humano em todos os ambientes em que este viva e
conviva.
Assim, o lúdico se apresenta como ferramenta de melhoramento para o
desenvolvimento infantil que proporcionará à criança na sua etapa de vida ímpar,
momentos únicos de alegria, diversão e descobrimentos.
Descobrimentos estes que serão talvez a base do seu futuro. Descobrimentos que
lhes fará um adulto de bom senso, um adulto crítico e ao mesmo tempo sensível a tudo que
lhe rodeia.
Assim, vale atentar para a importante dos adultos valorizarem a gestão do tempo
junto às crianças, pois a modernidade, os jogos eletrônicos, televisão, celular, etc não
domine a infância e que a vida corrida dos pais, o estilo de vida mecânico atual não se
sobressaia e não tome conta do desenvolvimento infantil.
Nesse contexto, Santos (2000, p. 09) traz a seguinte reflexão:
[...] e a gente olha e não se vê, a gente vê, mas não percebe, a gente
percebe, mas não sente, mas não ama e, se a gente não ama a criança, a
vida que ela representa, as infinitas possibilidades de manifestação dessa
vida que ela traz, a gente não investe nessa vida, a gente não educa e se a
gente não educa no espaço de tempo de educar, a gente mata, ou melhor,
a gente não educa para a vida; a gente educa para a morte das infinitas
possibilidades. A gente educa (se é que se pode dizer assim) para uma
morte em vida: a invisibilidade (TRINDADE; SANTOS, 2000, p. 09).
Assim, faz-se necessário refletir sobre a gestão do tempo junto as nossas crianças,
afinal, o que quero e/ou desejo para um filho meu? Que se torne um robô ou uma criança
que fala sério, mesmo quando está brincando, uma criança dinâmica, que com o seu olhar
crítico, perceba o quanto é bom ser livre, espontâneo e alegre? É preciso ter cuidado hoje,
investir na infância para que as crianças de hoje, sejam adultos alegres, felizes, livres,
realizados, plenos.
Assim, reconhecemos que o brincar deve está presente durante toda a vida do ser
humano e, sobretudo, na infância ou seja, de 0 a 12 anos incompletos. Segundo o Estatuto
da Criança e do Adolescente - ECA no seu art. 2º, GARCIA (2002) comenta, “Ao brincar,
o sujeito ensaia, treina, aprende, se distrai, sim; mas se constrói; afirma, assimila,
reorganiza, descobre e inventa formas, enfrenta os enigmas, os desafios, as oportunidades e
as imposições que a vida lhe apresenta” (GARCIA , 2002, p. 56).
Portanto, diante do exposto, concordamos de que a ludicidade, indiscutivelmente, é
essencial a vida do ser humano.
Ah, eu entrei na roda,
Eu entrei na roda dança
Eu entrei na roda dança
Eu não sei dançar
...
(Fragmento de uma cantiga de roda do Cancioneiro Popular)
3.4 JOGOS, UMA APRENDIZAGEM BRINCANTE
Um homem bateu a
minha porta
e eu bri.
Senhoras e senhores, ponha a mão
no chão.
Senhoras e senhores dê uma
rodadinha
e vá pro olho da rua.
Cantiga do folclore brasileiro que embala a
brincadeira de pular corda
A utilização de jogos e brincadeiras como estratégia metodológica no processo de
ensino/aprendizagem tem se tornado cada vez mais forte entre educadores e pesquisadores,
antes considerada como perda de tempo.
Essa mudança de pensamento, ocorreu devido o reconhecimento de que durante
uma brincadeira ou jogo a criança estimula o raciocínio, a troca de ideias e determinação
da criança em tomar decisões.
Assim a ousadia de levar para dentro da escola o mundo propriamente da criança
foi convincente. Afinal, quando a criança chega à escola, traz consigo, um acervo
riquíssimo de conhecimento de mundo e que deve ser respeitado. E como diz Freire (1996,
p. 30) “ensinar implica em respeitar os saberes dos educandos e, não simplesmente,
transferir os conteúdos sem discutir o porquê daqueles conteúdos”.
Para Vygotsky os jogos e brincadeiras traduzem o significado de alguns objetos:
É na atividade de jogo que a criança desenvolve o seu conhecimento do
mundo adulto e é também nela que surgem os primeiros sinais de uma
capacidade especificamente humana, a capacidade de imaginar (...).
Brincando a criança cria situações fictícias, transformando com algumas
ações o significado de alguns objetos. (VYGOTSKY, 1991, p. 122).
Diante do pensamento do autor, constatamos que é pertinente dizer que a escola
quando leva os jogos e brincadeiras para o plano pedagógico, está estimulando a criança a
ter uma melhor concepção de si, do outro e do mundo que a rodeia. Sendo, esse um dos
principais objetivos traçados pela escola, enquanto instituição formadora do conhecimento.
É importante ressaltar, que para que a brincadeira obtenha sucesso junto à criança, é
necessário que esta se sinta motivada, atraída para participar do jogo e/ou brincadeira, com
espontaneidade, alegria e disposição.
O jogo é uma atividade educacional muito importante para as crianças. O mesmo
poderá vir a ser uma estratégia de reeducação e investigação, de um educador atento, para
diagnosticar possíveis problemas de ordem sócio-afetivas, cognitiva ou psicomotora.
Assim, Araújo (1992) descreve como os jogos poderão contribuir para o
desenvolvimento da criança.
Na área cognitiva, os jogos:
Desenvolvem na criança a capacidade de observação do meio à sua volta, através
de comparações de semelhanças e diferenças;
Permitem a elaboração de certas estruturas: classificação, ordenação, estruturação
do tempo e espaço, primeiros elementos de lógica, através de resolução de
problemas simples;
Facilitam a comunicação e expressão.
Na área motora, os jogos:
Permitem às crianças ocasiões para criarem e construírem seus próprios brinquedos
aperfeiçoando as suas habilidades;
Permitem que as crianças possam avaliar suas competências motoras sendo
motivadas a se ultrapassarem pelo auto-desafio.
Na área sócio-afetiva os jogos:
Permitem que as crianças se libertem do egocentrismo;
Permitem às crianças a viverem situações de colaboração, competição e também de
oposição;
Permitem às crianças a conhecerem regras respeitando o parceiro, aumentando seus
contatos sociais.
Portanto, diante dos benefícios apontados acima, concordamos com o princípio de
que, indiscutivelmente, os jogos são essenciais que aconteçam dentro e fora do ambiente
escolar com frequência para o bem da própria criança.
Atentamos para a necessidade das instituições de ensino investir na formação de
educadores preparados e comprometidos com a importância da ludicidade, pois, está
confirmado que o brincar contribui significantemente para o desenvolvimento da criança.
Para melhor sistematizar esta constatação Piaget (1998), em seus estudos estabeleceu um
norte aos educadores ao dividir o desenvolvimento infantil em estágios: sensório motor (0
a 2 anos de idade), pré-operatório (2 a 7 anos de idade) e operatório (7 a 12 anos de idade).
Essa é uma demonstração da importância da ludicidade na vida do ser humano. O autor
apresenta um estudo que colabora com o educador, dando-lhe uma melhor visão acerca do
desenvolvimento biológico do educando, e, assim proporcionar um melhor entendimento
no momento de conduzir estratégias metodológicas de ensino que valorize a criança.
Assim Wajskop (2009) defende:
Considerando que a brincadeira deve ocupar um espaço central na
educação infantil, entendo que a professora é figura fundamental
para que isso aconteça, criando os espaços, oferecendo-lhes
material e partilhando das brincadeiras das crianças. Agindo desta
maneira, ela estará possibilitando às mesmas uma forma de acender
às culturas e modo de vida adultos, de forma criativa, social e
partilhada. (WAJSKOP, 2009, p. 112).
Conforme o autor, a necessidade de um profissional preparado é fundamental. Pois
esta fase da educação requer além de uma preparação profissional adequada, também um
preparo físico e uma disposição compatível, uma vez que a figura do professor(a) é
entendida como referência para o bom desempenho das atividades propostas na Educação
Infantil.
Nessa mesma ótica o RCNEI, 1998, contribui dizendo que:
O professor é mediador entre as crianças e os objetos de conhecimento,
organizando e propiciando espaços e situações de aprendizagens que
articulem os recursos e capacidades afetivas, emocionais, sociais e
cognitivas de cada criança aos seus conhecimentos prévios e aos
conteúdos referentes aos diferentes campos de conhecimento humano.
(BRASIL, 1998, p. 30).
Assim, o professor é o orientador/facilitador de atividades que venham incluir jogos
e brincadeiras propiciando à criança uma vivência plena. Utilizando-se da riqueza que o
mundo infantil proporciona às crianças, com todo aparato que a imaginação, a inocência e
a pureza infantil permitem.
Diante desse contexto, apontamos o jogo na Educação Infantil como meio eficaz de
fazer a criança acreditar em si mesmo e depois diante da sua experiência com objetos e
com as vivências do dia a dia, transformar as brincadeiras em conhecimento.
Porém, falta muito para que a Educação Infantil brasileira consiga atingir de forma
homogênea um ensino moderno e eficaz na prática utilizando-se dos jogos e brincadeiras
com mais frequência e objetividade, afinal como diz uma parte da estrofe da música do
Padre Fábio de Melo “a criança acorda e vai brincar/ brincar de viver/ brincando vive.
Assim, convidamos-lhes para jogar, brincar e brincar, afinal quem tem uma
aprendizagem brincante saberá sempre ser um brincante na vida.
3.5 A PESQUISA
Esta etapa foi decisiva para conclusão deste estudo. Foi o momento de observar na
prática o que para nós apresentava-se, apenas, como teoria. A princípio pedimos
autorização a Senhora Diaciete Nunes Ferreira de Lima, Diretora da Escola Municipal
“Francisco Jácome de Lima” localizada no Sítio Catolezinho, zona rural do município de
Riacho de Santana – RN. A instituição de porte pequeno oferece ensino infantil e
fundamental I. Funciona em dois turnos, matutino e vespertino. Conta com um total de 26
alunos. E com 04 (quatro) funcionários sendo 02 (duas) professoras.
O primeiro momento foi apenas de apresentação e observação do dia a dia
dentro da escola, sobretudo dentro de sala de aula.
No segundo momento, aplicamos um questionário de perguntas abertas e
fechadas as duas professoras da Escola, as quais receberam pseudônimos específicos sendo
uma da educação Infantil e a outra do Fundamental Menor. Com a aplicação do
questionário, obtivemos as seguintes respostas:
Professora: Dalila da Educação Infantil (utilizamos pseudônimo para identificar a
professora pesquisada)
1 – Para a senhora o que é ludicidade?
R – É trabalhar com brincadeiras que desenvolva as habilidades motoras da criança.
Pois através de jogos e brincadeiras a criança se sente estimulada para a aprendizagem, o
que vem a ser um processo vivenciado de forma prazerosa.
2 – A senhora considera que a ludicidade é importante para os alunos?
R – ( x ) Sim ( ) Não
3 – A ludicidade é importante para a senhora?
R – ( x ) Sim ( ) Não
4 – A senhora proporciona momentos lúdicos para os seus alunos?
R – ( x ) Sim ( ) Não
5 – Professora, a senhora planeja momentos lúdicos para seus alunos?
R – ( x ) Sim ( ) Não
Se a resposta for SIM, cite cinco atividades lúdicas que a senhora oferece aos seus alunos.
1 – Brincadeira de roda para estimular a coordenação de movimentos com o ritmo.
2 – Brincadeira de amarelinha para vivenciar diferentes formas de equilíbrio.
3 – Construção de brinquedos que estimulem a reflexão sobre formas e tamanhos.
4 – Jogo da memória que envolve estratégias de memorização.
5 – Circuitos: como percurso, linhas e colunas; comparação e quantidade.
Professora: Joaninha do Ensino Fundamental I (utilizamos pseudônimo para identificar a
professora pesquisada)
1 – Para a senhora o que é ludicidade?
R – São todas as atividades que proporcionam a aprendizagem de forma prazerosa.
2 – A senhora considera que a ludicidade é importante para os alunos?
R – ( x ) Sim ( ) Não
3 – A ludicidade é importante para a senhora?
R – ( x ) Sim ( ) Não
R – ( x ) Sim ( ) Não
5 – Professora, a senhora planeja momentos lúdicos para seus alunos?
R – ( x ) Sim ( ) Não
Se a resposta for SIM, cite cinco atividades lúdicas que a senhora oferece aos seus alunos.
1 – Brincadeiras (corda, roda, amarelinha, bola).
2 – Contação de histórias com imitação.
3 – Jogos diversos.
4 – Confecção de fantoches para dramatização.
5 – recorte e colagem.
Diante da observação e da coleta de dados, constatamos que na Educação Infantil
da Escola Municipal “Francisco Jácome de Lima”, localizada no Sítio Catolezinho, zona
rural do município de Riacho de Santana – RN. O lúdico está presente e é realizado, de
forma, consistente, consciente e organizada. A professora da Educação infantil demonstra
ter mais empolgação e envolvimento em trabalhar com a ludicidade no espaço escolar.
No entanto a professora do Ensino Fundamental I, não demonstra a mesma
empolgação e envolvimento nas atividades lúdicas. A turma da mesma é multiseriada (1º
ao 3º) os alunos são mais dispersos, desorganizados e falta da professora um pouco de
participação, empolgação e incentivo junto aos alunos.
Para apresentarmos um quadro mais real das vivências lúdicas da Educação Infantil
da Escola Municipal “Francisco Jácome de Lima”, aplicamos um questionário aos alunos
do Ensino Infantil e aos alunos do Ensino Fundamental I.
Para tanto, foi aplicado um questionário exclusivo para o Ensino Infantil que
conta com um total de 05 alunos, com perguntas abertas e fechadas. A estratégia utilizada
foi ler as perguntas para os alunos e estes respondiam para a investigadora do estudo de
caso as respostas.
Questionário – Ensino Infantil
Aluno: E. A. B. F
1 Você gosta de brincar?
( x ) Sim ( ) não
2 – Em que momento você brinca?
( x ) recreio ( ) em casa ( ) na escola, durante a aula ( ) na rua
3 – A escola em que você estuda organiza brincadeiras para os alunos?
( x ) Sim ( ) não
4 – Sua família brinca com você?
( x ) Sim ( ) não
5 – Se a resposta for SIM, quem brinca com você?
( ) mamãe ( ) papai ( x ) irmão ou irmã ( ) vovó ( ) vovô ( ) outro
6 – Cite cinco brincadeiras que você mais gosta
Boneca;
Quebra-cabeça
Amarelinha;
Formar palavras
Criar navios
Aluno: E. A. B. F
1 Você gosta de brincar?
( x ) Sim ( ) não
2 – Em que momento você brinca?
( ) recreio ( x ) em casa ( ) na escola, durante a aula ( ) na rua
3 – A escola em que você estuda organiza brincadeiras para os alunos?
( x ) Sim ( ) não
4 – Sua família brinca com você?
( x ) Sim ( ) não
5 – Se a resposta for SIM, quem brinca com você?
( ) mamãe ( ) papai ( ) irmão ou irmã ( x ) vovó ( ) vovô ( ) outro
6 – Cite cinco brincadeiras que você mais gosta
Bola;
Bonecos;
Carro;
Formar palavras;
Boliche
Aluno: V. G. C.F
1 Você gosta de brincar?
( x ) Sim ( ) não
2 – Em que momento você brinca?
( x ) recreio ( ) em casa ( ) na escola, durante a aula ( ) na rua
3 – A escola em que você estuda organiza brincadeiras para os alunos?
( x ) Sim ( ) não
4 – Sua família brinca com você?
( x ) Sim ( ) não
5 – Se a resposta for SIM, quem brinca com você?
( x ) mamãe ( ) papai ( ) irmão ou irmã ( ) vovó ( ) vovô ( ) outro
6 – Cite cinco brincadeiras que você mais gosta
Boneco;
Quebra-cabeça
Amarelinha;
Carro;
Boliche.
Aluno: C. M. L. C
1 Você gosta de brincar?
( x ) Sim ( ) não
2 – Em que momento você brinca?
( x ) recreio ( ) em casa ( ) na escola, durante a aula ( ) na rua
3 – A escola em que você estuda organiza brincadeiras para os alunos?
( x ) Sim ( ) não
4 – Sua família brinca com você?
( x ) Sim ( ) não
5 – Se a resposta for SIM, quem brinca com você?
( ) mamãe ( ) papai ( x ) irmão ou irmã ( ) vovó ( ) vovô ( ) outro
6 – Cite cinco brincadeiras que você mais gosta
Boneca;
Ciranda;
Formar palavras;
Casinha;
Jogo dos números.
Aluno: K. A. F. F
1 Você gosta de brincar?
( x ) Sim ( ) não
2 – Em que momento você brinca?
( ) recreio ( x ) em casa ( ) na escola, durante a aula ( ) na rua
3 – A escola em que você estuda organiza brincadeiras para os alunos?
( x ) Sim ( ) não
4 – Sua família brinca com você?
( x ) Sim ( ) não
5 – Se a resposta for SIM, quem brinca com você?
( ) mamãe ( ) papai ( x ) irmão ou irmã ( ) vovó ( ) vovô ( ) outro
6 – Cite cinco brincadeiras que você mais gosta
Carro;
Quebra-cabeça
Amarelinha;
Formar palavras
Bola
Analisando a coleta de dados, percebemos que o ato de brincar é unanimemente
positivo. Fato também marcante é que o ato de brincar se consolida mais no recreio da
escola, ou seja, a criança vê na escola espaço e oportunidade para consolidar sua maior
diversão. Daí a importância de se preparar a escola e os profissionais da educação para
saberem aproveitar esse momento.
Diante dos fatos, 100% das crianças informaram que a escola e a família também
proporcionam e organizam brincadeiras. Sendo esse fato, muito positivo para o
desenvolvimento destas crianças. Outro destaque foi à companhia das brincadeiras dentro
do grupo familiar. Para esta respostas foram mencionados irmãos, avós e a mãe, ou seja,
isso implica afirmar que o ato de brincar não é uma ação específica de criança, pois
segundo resposta de uma das crianças sua companheira de brincadeiras é a mamãe.
Enfim, especificamente essas crianças do Ensino Infantil da Escola Municipal
“Francisco Jácome de Lima” no município de Riacho de Santana, estão tendo sua infância
bem vivida e de acordo com que está escrito nas leis de proteção à criança, a escola tem se
apresentado como um espaço que apoia e proporciona momentos de ludicidade de forma
positiva para o desenvolvimento da criança.
Questionário – Ensino Fundamental I
Total = 05 alunos
Aluna: M. K. L. A – 2º ano
1 Você gosta de brincar?
( x ) Sim ( ) não
2 – Em que momento você brinca?
( ) recreio ( x ) em casa ( ) na escola, durante a aula ( ) na rua
3 – A escola em que você estuda organiza brincadeiras para os alunos?
( x ) Sim ( ) não
4 – Sua família brinca com você?
( ) Sim ( x ) não
5 – Se a resposta for SIM, quem brinca com você?
( ) mamãe ( ) papai ( ) irmão ou irmã ( ) vovó ( ) vovô ( x ) outro
6 – Cite cinco brincadeiras que você mais gosta.
Boneca;
Pega-pega;
Polícia-ladrão;
Tico-teca;
Esconde-esconde.
Aluno: F. M. L. C – 1º ano
1 Você gosta de brincar?
( x ) Sim ( ) não
2 – Em que momento você brinca?
( ) recreio ( x ) em casa ( ) na escola, durante a aula ( ) na rua
3 – A escola em que você estuda organiza brincadeiras para os alunos?
( x ) Sim ( ) não
4 – Sua família brinca com você?
( x ) Sim ( ) não
5 – Se a resposta for SIM, quem brinca com você?
( ) mamãe ( ) papai ( x ) irmão ou irmã ( ) vovó ( ) vovô ( ) outro
6 – Cite cinco brincadeiras que você mais gosta.
Pega-pega;
Esconde-esconde;
Corre cutia;
Carro;
Futebol.
Aluna: V.R.S– 1º ao 3º ano
1 Você gosta de brincar?
( x ) Sim ( ) não
2 – Em que momento você brinca?
( ) recreio ( x ) em casa ( ) na escola, durante a aula ( ) na rua
3 – A escola em que você estuda organiza brincadeiras para os alunos?
( x ) Sim ( ) não
4 – Sua família brinca com você?
( x ) Sim ( ) não
5 – Se a resposta for SIM, quem brinca com você?
( ) mamãe ( ) papai ( x ) irmão ou irmã ( ) vovó ( ) vovô ( ) outro
6 – Cite cinco brincadeiras que você mais gosta.
Pula corda;
Pega-pega;
Boneca;
Tica-trepa;
Amarelinha.
Aluna: M. C. C. F– 1º ao 3º ano
1 Você gosta de brincar?
( x ) Sim ( ) não
2 – Em que momento você brinca?
( ) recreio ( x ) em casa ( ) na escola, durante a aula ( ) na rua
3 – A escola em que você estuda organiza brincadeiras para os alunos?
( x ) Sim ( ) não
4 – Sua família brinca com você?
( x ) Sim ( ) não
5 – Se a resposta for SIM, quem brinca com você?
( ) mamãe ( x ) papai ( ) irmão ou irmã ( ) vovó ( ) vovô ( ) outro
6 – Cite cinco brincadeiras que você mais gosta.
Boneca;
Futebol;
Pic-esconde;
Tica-atrepa;
Escolinha.
Aluna: M. E. S. O – 1º ao 3º ano
1 Você gosta de brincar?
( x ) Sim ( ) não
2 – Em que momento você brinca?
( ) recreio ( x ) em casa ( ) na escola, durante a aula ( ) na rua
3 – A escola em que você estuda organiza brincadeiras para os alunos?
( x ) Sim ( ) não
4 – Sua família brinca com você?
( x ) Sim ( ) não
5 – Se a resposta for SIM, quem brinca com você?
( ) mamãe ( ) papai ( x ) irmão ou irmã ( ) vovó ( ) vovô ( ) outro
6 – Cite cinco brincadeiras que você mais gosta.
Boneca;
Pega-pega;
Vôlei;
Pula corda;
Futebol.
A constatação dos dados coletados junto aos alunos do Ensino Fundamental I,
turma multiseriada, foi um pouco preocupante. Trata-se de crianças com faixa etária de 06
à 09 anos de idade, onde os jogos e brincadeiras devem está mais sistematizados, as regras
já passam a prevalecer, sendo o encaminhamento do professor, mediando a atividade, essa
mediação não foi percebida, os alunos ficavam soltos, totalmente a vontade e sós, sem a
participação da professora, como orientadora da atividade.
Analisando as respostas de todos de forma sequencial, encontramos lacunas
significativas nas respostas, pois enquanto 100% dos alunos entrevistados afirmam que
gostam de brincar e que a escola organiza brincadeiras, os mesmos, também afirmam que
gostam mais de brincar em casa. E aí se questiona o porquê destes alunos não gostarem de
brincar na escola, se todos afirmam que gostam de brincar.
Assim, constatamos, que algo está errado, pois as crianças dizem que gostam de
brincar, mas não percebemos a presença do prazer nos momentos de atividades lúdicas
dentro do ambiente escolar.
Como indagar uma criança sobre o que ela mais gosta de fazer na escola, e esta não
responder que é brincar? Sim, brincar. A escola é um ambiente que deve ser agradável,
espaçoso e onde se encontra o maior número de crianças ao mesmo tempo e com os
mesmos objetivos.
Diante dessa realidade e de acordo com os objetivos pretendidos neste estudo,
sugerimos alguns jogos e brincadeiras às professoras, assim como participamos do
planejamento semanal das aulas seguintes.
Na semana seguinte, a aula iniciou de forma diferente. Cantigas de rodas tiveram
espaço dentro da escola, além de mostrar a valorização e importância da ludicidade para a
vida do ser humano.
Usamos como estratégia o brincar com as cantigas de roda, de maneira livre, onde
os alunos sugeriam as cantigas, num segundo momento, fizemos uma roda de conversa
sobre as cantigas de roda, tendo como tema as letras e o significado das mesmas.
Percebemos, a partir dessa estratégia, uma valorização e um olhar diferente para as
cantigas de roda, que antes eram cantadas aleatoriamente.
A escola possui um acervo considerável com relação a jogos e brincadeiras. Muitos
quebra-cabeças, corda, caça-palavras, dominó, boliche entre outros. Além desses, novas
brincadeiras foram incorporadas no dia a dia das crianças por indicação da pesquisadora
deste estudo e também por um trabalho conjunto entre pesquisadora e professoras por mais
brincadeiras e jogos.
Vejamos algumas:
Descobrir O Que Está Mudado
Jogo Do Limão
Bom Dia
Círculos Unificadores
Dança das Cadeiras
No último dia dessa observação e participação ativa no convívio escolar da
instituição foi gratificante perceber que o empenho e dedicação teve resultado positivo.
Pois era visível no olhar das crianças o quanto estavam contentes, motivados e satisfeitas
com a semana inovadora.
Foi gratificante quando as professoras agradeceram e assumiram que estava
faltando ânimo a elas para cumprir ofício de educadora do Ensino Infantil com entusiasmo.
Sendo assim, os objetivos aqui colocados foram atendidos.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
4.1 O AGORA É O TEMPO DE SER FELIZ...
Na Fazenda
Na fazenda tinha galinha
Peru, pato, guiné
Tinha contação de histórias
Feijão verde, milho assado
Cobra, sapo, jacaré
Tinha festa de Santo Antônio,
São João e São Pedro.
Casamento na fogueira
Tinha histórias de dá medo
Na fazenda tinha de tudo!
Fazenda é canto de se ser feliz!!!
Dorinha Timóteo
CÂMARA, 2016
O tema desta investigação foi escolhido desde o princípio, sobretudo pelo seu
significado em sala de aula e pela importância de abrir uma discussão entre os que fazem a
Educação Infantil e de todas as esferas que convivem com crianças.
De modo positivo e satisfatório, os objetivos da pesquisa se concretizaram, pois
diante de tamanha discussão conseguimos mostrar a importância do ser criança, do brincar,
do ser feliz e, principalmente, de saber compreender, respeitar e favorecer momentos de
ludicidade em sala de aula que favoreçam o desenvolvimento sócio-afetivo, intelectual,
físico e outros da criança.
Toda a trajetória deste estudo foi gratificante, pois ganhava mais conhecimento a
respeito da defesa da inclusão da ludicidade desde a educação infantil e continuação nas
séries seguintes. A pesquisa in loco foi um momento ímpar nesta investigação, pois foi
possível vivenciar na prática o que tinha sido estudado apenas teoricamente.
Assim, consideramos que esta pesquisa nos proporcionou muitos aprendizados e
alegrias, no entanto ainda temos muito a pesquisar, considerando que o conhecimento,
como diz o Mestre Paulo Freire, é inacabado, assim, temos a intenção de dar continuidade
ao mesmo, com mais aprofundamento teórico-científico e prático numa possível pós-
graduação. Podendo, ainda, servir de suporte para outros que desejarem discutir sobre o
tema abordado, a ludicidade, os jogos e as brincadeiras na educação infantil são de tal
importância que proporcionam o brincar, o descobrir, o ser feliz...
Entrou por uma porta,
Saiu pela outra
Quem quiser que conte outra.
REFERÊNCIAS
BARROS. M. Poesia Infantil de Manoel de Barros. Disponível em:
>https://ruidurbano.wordpress< acesso em: 03 de nov. de 2016.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n.º 9.394/96. Brasília: DF,
1996.
______ Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental.
Referencial curricular nacional para a educação infantil / Ministério da Educação e do
Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. — Brasília: MEC/SEF, 1998.
CÂMARA. M. D. S. T. Dorinha Timóteo em Poesia, 2016, Disponível em:
http://dorinhapoiesis.blospot.com.br > acesso em 30 de agosto de 2016.
CARVALHO, A. M. C. et. At (org). Brincadeira e cultura: viajando pelo Brasil que
brinca. São Paulo: casa do psicólogo, 1992.
FREIRE, P. (1996). Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa.
19. ed. São Paulo: Paz e Terra.
FROEBEL, Friedrich. The education of man. Trad. Hailmann, W. N. Nova York: D.
Appleton, 1912 c, 1887.
LUZURIAGA. L. História da educação e da pedagogia. São Paulo: Nacional, 1987.
OLIVEIRA. Z. M. R. Educação infantil: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez,
2005.
PIAGET, Jean. A formação do símbolo na criança: Imitação, jogo e sonho, imagem e
representação. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.
PINTO. M. A infância como construção social. In: PINTO. M SARMENTO, M. J. As
crianças – contextos e identidades. Braga: Centro de Estudos da Criança/ Universidade do
Minho – Portugal, 1997.
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Emílio ou da educação. Trad. Sérgio Milliet. 3. Ed. Rio de
Janeiro: Bertrand Brasil, 1995.
SANTOS, Santa Marli Pires dos. O lúdico na formação do educador. 5ed. Vozes,
Petrópolis, 2002.
CANGACEIRO, U. Brincadeira de Criança. Literatura de Cordel, 2012.
VYGOTSKY, L. S. A Formação Social da Mente. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes
Editora Ltda., 1998.
A – Modelo do questionário aplicado aos alunos do Ensino Infantil
1 Você gosta de brincar?
( ) Sim ( ) não
2 – Em que momento você brinca?
( ) recreio ( ) em casa ( ) na escola, durante a aula ( ) na rua
3 – A escola em que você estuda organiza brincadeiras para os alunos?
( ) Sim ( ) não
4 – Sua família brinca com você?
( ) Sim ( ) não
R - 100% responderam que SIM
5 – Se a resposta for SIM, quem brinca com você?
( ) mamãe ( ) papai ( ) irmão ou irmã ( ) vovó ( ) vovô ( ) outro
6 – Cite cinco brincadeiras que você mais gosta
Brincadeiras sugeridas, planejadas e executadas na Educação Infantil e no Ensino
Fundamental
1. Nome da Brincadeira: Descobrir O Que Está Mudado
Idade: Todas
Objetivos Específicos: Memória, perspicácia, observação.
Local: Ar livre e sala
Formação: Círculos
Organização: Pede-se a um aluno que deixe o local e modifica-se alguns objetos de lugar
Execução: Quando o aluno voltar o grupo começará a cantar aumentando ou diminuindo a
intensidade do canto à medida que ele se aproxima ou afasta do que mudou.
2. Nome: Jogo Do Limão
Idade: A partir dos 6 anos.
Objetivos Específicos: Ritmo, atenção
Material: Limão
Local: Quadra, pátio, sala, gramado
Formação: Círculo
Organização: alunos sentados em círculo, tendo um, a posse de um limão
Execução: Os alunos iniciarão a brincadeira cantando: Meu limão, meu limoeiro... ao
mesmo tempo passando o limão aos colegas. Ao findar a canção, o aluno que estiver de
posse do limão será eliminado.
3. Nome: Bom Dia
Idade: A partir dos 7 anos.
Objetivos Específicos: Educação dos sentidos
Material: Lenço
Local: Quadra ou pátio
Formação: Círculos
Organização: alunos em pé em círculo. Um no meio com os olhos vendados.
Execução: os alunos do círculo caminharão e sendo um apontado, dirá: Bom dia! Se o
aluno de olhos vedados identificar a voz do colega, trocará de lugar com este.
4. Nome: Círculos Unificadores
Idade: Todas as idades
Objetivos Específicos: Pronta reação e atenção
Material: CD, Toda CD
Local: Ar livre e salão
Formação: Em círculos de pé
Execução: A turma se desloca ao som da música. Quando esta parar devem formar grupos
de 5 ou 3, anteriormente determinados. Os que sobrarem ficam prisioneiros dentro do
círculo. Termina quando ficar somente um prisioneiro no círculo.
5. Nome: Dança das Cadeiras
Idade: Todas
Objetivos Específicos: Atenção, agilidade
MATERIAL: Cadeira, toca-fitas
LOCAL: Ar livre, salão
Formação: Cadeiras em fileiras aos pares, uma de costas para a outra.
Organização: O número de cadeiras será a menos do que o número de participantes
Execução: Ao som da música, os alunos contornarão as cadeiras. Quando esta parar, todos
procurarão sentar-se. O que sobrar sairá fora e retira-se uma cadeira. Vencerá o último a
sentar.