universidade federal do rio grande do norte · pdf fileque há pra se ganhar pra quem...

37
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE EDUCAÇÃO CURSO DE GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA ADRYELLE FERREIRA DE OLIVEIRA POBREZA: COMO ESSE FENÔMENO INFLUENCIA NO PROCESSO EDUCATIVO ESCOLAR NATAL-RN 2016.2

Upload: ngonga

Post on 01-Feb-2018

220 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · PDF fileque há pra se ganhar pra quem está no fundo do poço ... Jogo do bicho Cês sonham comigo o tempo inteiro O capitalismo é

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE EDUCAÇÃO

CURSO DE GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA

ADRYELLE FERREIRA DE OLIVEIRA

POBREZA: COMO ESSE FENÔMENO INFLUENCIA NO PROCESSO

EDUCATIVO ESCOLAR

NATAL-RN

2016.2

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · PDF fileque há pra se ganhar pra quem está no fundo do poço ... Jogo do bicho Cês sonham comigo o tempo inteiro O capitalismo é

ADRYELLE FERREIRA DE OLIVEIRA

POBREZA: COMO ESSE FENÔMENO INFLUENCIA NO PROCESSO

EDUCATIVO ESCOLAR

Artigo de conclusão de curso apresentada ao Curso de graduação em

Pedagogia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, com o

objetivo maior de expressar conhecimentos que possam contribuir

para área educativa assim como para a obtenção do titulo de

graduanda.

Orientador (a): Prof. (a) Dr. (a) Kilza Fernanda de Moreira Viveiros

NATAL-RN

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · PDF fileque há pra se ganhar pra quem está no fundo do poço ... Jogo do bicho Cês sonham comigo o tempo inteiro O capitalismo é

2016.2

ADRYELLE FERREIRA DE OLIVEIRA

POBREZA: COMO ESSE FENÔMENO INFLUENCIA NO PROCESSO

EDUCATIVO ESCOLAR

Artigo de conclusão de curso apresentada ao Curso de graduação em

Pedagogia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, com o

objetivo maior de expressar conhecimentos que possam contribuir

para área educativa assim como para a obtenção do titulo de

graduanda.

Aprovada em de de 2016

BANCA EXAMINADORA

Prof. (a) Dr. (a) Kilza Fernanda de Moreira Viveiros – Orientadora

Departamento de Fundamentos e Políticas da Educação – UFRN

Primeiro/a Examinador/a

Prof. Dr. Moisés Dias Sobrinho

Segundo/a Examinador/a

Prof. Alexandre Remo Miranda de Araújo

NATAL-RN

2016.2

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · PDF fileque há pra se ganhar pra quem está no fundo do poço ... Jogo do bicho Cês sonham comigo o tempo inteiro O capitalismo é

A todos que resistem e encontra-se em

situação de pobreza.

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · PDF fileque há pra se ganhar pra quem está no fundo do poço ... Jogo do bicho Cês sonham comigo o tempo inteiro O capitalismo é

AGRADECIMENTOS

À Deus, que até hoje tem me fortalecido na sua graça e misericórdia e ao meu

grande Mestre Jesus Cristo que me inspirou com sua simplicidade e capacidade de amar

sem distinção, mostrando-me o caminho da igualdade perante os homens.

À minha família, em especial a minha mãe Elita Maria Ferreira que mais do que

ninguém me ensinou passos para libertação do meu ser feminista, a meu irmão

Josinaldo Lucas Ferreira o mais liberto e despreocupado que conheci minha tia Maria

Filomena Ferreira, Tio Messias Ferreira e Expedito Joaquim da Silva por acreditarem

em mim, e aos demais familiares, pelo amor e incentivo.

O meu “pet” Tina, a cachorra mais linda, alegre e carinhosa que me deixa

exageradamente feliz e que me acompanha nas madrugadas de estudo.

Ao meu amor, Daniel Carneiro Oliveira que em sua infinita paciência e

colaboração vem deixando meus últimos anos com cores quentes.

À Kátia Maria Serrano Carneiro Oliveira minha sogra que sabiamente me acolhe

com seus conselhos eficazes e a minha cunhada Elisa Beatriz Carneiro Oliveira que com

sua energia me deixa alto-astral e feliz. Ao meu sogro Antônio Francisco, sua esposa

Amanda Bezerra e a mais nova bebê que está por vir, agradeço pela amizade e

companheirismo. À Zuzu (Zuleide) que cuida de mim com muito amor.

Ao meu psicólogo Tiago Dantas Martins que diariamente me ouve

atenciosamente e se dispõe sempre a ajudar.

À criatura mais brilhante que já conheci minha orientadora e também mãe

professora Dra. Kilza Fernanda de Viveiros Moreira que me acolheu e muito me

ensinou e ensina nesse caminho que a vida nos reserva sempre bons momentos.

Aos meus amigos de curso e vida Alessandra Nascimento Silva, Louise

Sayonara Guedes, Sônia Cristina de Jesus Lopes, Richardson de Lima e Thayanne Érika

de Assis que sempre estiveram colaborando para minha formação pedagógica e humana.

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · PDF fileque há pra se ganhar pra quem está no fundo do poço ... Jogo do bicho Cês sonham comigo o tempo inteiro O capitalismo é

Á todos e todas, professoras, bolsistas e supervisoras da Escola Municipal

Professora Emília Ramos que de alguma forma contribuíram para minha formação, em

especial as professoras Ana Lúcia de Lima e Helena Rufino que sabiamente me

auxiliaram ensinando-me a ser alfabetizadora e principalmente educadora. Agradeço,

também, a oportunidade de participar do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação

à Docência PIBID/pedagogia possibilitando a mim durante três anos e meio a

experiência enriquecedora de tornar-me atuante pedagogicamente em uma instituição

pública de ensino.

E finalmente agradeço a mulher selvagem que existe dentro de mim que me

inspira por natureza me fazendo sempre mais curiosa, resistente e forte.

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · PDF fileque há pra se ganhar pra quem está no fundo do poço ... Jogo do bicho Cês sonham comigo o tempo inteiro O capitalismo é

Pão de Cada Dia

(Autor e data desconhecidos)

(Interprete: Gabriel O Pensador)

Mais um dia de trabalho querido diário

Eu ralo feito otário e ganho menos do que

eu valho mas necessito de salário que é

bem menos que o necessário

Hoje os rodoviários tão em greve por

melhores honorários e eu procuro um que

me leve

Eu tenho horário

Não posso chegar atrasado não posso ser

descontado

Se eu falar que foi greve meu chefe pode

ficar desconfiado

E se o desgraçado quiser me dar um pé na

bunda eu vou pro olho da rua e rapidinho

ele arruma outro pobre coitado

Desempregado desesperado é que mais tem

(olha o ônibus!!) Hein?

Já vem lotado gente pra cacete vidro

quebrado (Foi piquete) motorista com um

porrete do lado

Ele furou a greve porque também teme

ficar desempregado

Deixar seu filho desamparado

Quem sabe ser despejado do barraco

(E o aluguel lá no morro também já ta

puxado

Eu nem sei se eu tô sendo otário ou esperto

Eu tô aqui mas também tô torcendo pra

greve dar certo)

Eu fico calado porque eu também tô

preocupado

O meu salário até o fim do mês já ta

contado e o meu moleque tá todo gripado

Se eu tiver um imprevisto eu vou ter que

comprar remédio

Num sei como é que eu faço

Eu num sô médico

Se precisar eu vou ter que pedir um vale na

batalha

Como um esfomeado pede uma migalha

E o canalha lá pode até negar e aí vai ser

pior

Porque o meu único ganha-pão é esse meu

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · PDF fileque há pra se ganhar pra quem está no fundo do poço ... Jogo do bicho Cês sonham comigo o tempo inteiro O capitalismo é

suor

Preciso do pão de cada dia e num sô filho

do padeiro

Então preciso do dinheiro

Eu tô no meu carro

Me olho no espelho...

Eu acho hilário

Eles acham que eu num trabalho só porque

eu sou um "empresário"

Meus funcionários devem achar que eu sou

um porco mercenário

Mas eu num sô nenhum milionário

Pra ser mais claro eu tô num mato sem

cachorro

Se eu corro o bicho pega

Se eu fico o bicho come

Pra quem vou pedir socorro?

Chapolim? Super-homem?

As despesas me consomem

Os lucros são poucos e ainda tenho que

pagar meus homens e zelar pelo meu nome

Que Sufoco! O governo num ajuda

Empréstimo de banco nem pensar!

Sem contar faculdade dos filhos pra pagar

Eles pensam que eu sou marajá!! (Num

dá?)

Não vai dar "Insensível você diz" mas é

impossível eu te aumentar "impossível te

fazer feliz"

Eu nunca quis ver meus empregados

cansados com fome

Mas o aumento tá negado

Agora some que eu tô ocupado no telefone

Eu não sou Raul Pelegrini

Essas coisas me deprimem e tal "Mas é que

eu tenho que manter a minha fama de

mau"

Durão afinal eu sou o patrão

Não posso ser sentimental

Porque eu não tenho dinheiro de sobra

Talvez tenha que demitir mão de obra com

urgência

Eu não consigo dormir

Não consigo superar a concorrência

Não sei se eu vou infartar ou se eu vou à

falência

Preciso do pão de cada dia e num sô filho

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · PDF fileque há pra se ganhar pra quem está no fundo do poço ... Jogo do bicho Cês sonham comigo o tempo inteiro O capitalismo é

do padeiro

Então preciso do dinheiro

(Melhor do que dar um peixe a um homem

é ensiná-lo a pescar)

Então em ensina onde eu pesco grana

porque peixe só tem se comprar

Tem que pagar pra comer

Tem que pagar pra dormir

Tem que pagar pra beber pra esquecer e

até pra morrer tem que ter pois vão te pedir

(dinheiro) pro enterro (dinheiro) pro

caixão (dinheiro) pro velório (dinheiro) pro

sermão

Também é caro parir

Pagaram pr'eu entrar e eu rezo pra num

sair daqui

E eu tenho que me cuidar porque o

dinheiro mesmo pode interferir no nosso

destino

Fazer o sino tocar

Influenciar qualquer menino a nos matar

Você não sabe o que é capaz de fazer por

dinheiro alguém que não tem nada a perder

e vê a TV do mundo inteiro mostrar tudo o

que há pra se ganhar pra quem está no

fundo do poço

O único caminho é pro alto nem que seja

por cima do seu cadáver

Moço

Eu vejo isso o tempo inteiro

Eu sou coveiro (sério?)

Sem mistério

No cemitério é onde eu cavo o meu pouco

dinheiro

Eu sou importante Deus ta de prova

A todo instante ele me manda gente e eu

sempre abrindo as covas

Até hoje eu não sei se ele me perdoou do

dia em que eu mexi naquele defunto cheio

de dente de ouro

Dei uma de dentista e deixei o rosto do

corpo todo torto

Mas é que eu ganho muito pouco

Aliás eu num tenho nem onde cair morto

Preciso do pão de cada dia e num sô filho

do padeiro

Então preciso do dinheiro

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · PDF fileque há pra se ganhar pra quem está no fundo do poço ... Jogo do bicho Cês sonham comigo o tempo inteiro O capitalismo é

Eu sou PM

Não pense que é fácil

Tem que ser malandro pra viver se

arriscando rondando pra cima e pra baixo

Na corda bamba

Posso tombar na próxima curva e minha

mullher em casa estraga as unhas com

medo de ser viúva

E os meus nervos também não são de aço

Meu caráter muito menos por isso eu

sempre faço meus cambalachos

Com o tráfico eu já tô mancomunado

Quando eu não tô dormindo ou tô

trincando ou extorquindo os viciados

Eu fico rindo e o bolso do uniforme fica

inchado

Hí!Hí! Um cafezinho aqui!

Uma cervejinha ali (tô ligado)

Rá! Eu sei que eu não presto!

Meu colega diz (cê tá exagerando...) Ah

você que é muito honesto!

Detesto lição de moral cê devia fazer igual

e abusar da autoridade

Esse é o único poder que essa droga de

sociedade me dá o prazer de sentir o

gostinho

Não tô nem aí se você prefere bancar o

policial bonzinho

Perfeito

Mas vou continuar do meu jeito

Não sou super herói

E pimenta nos olhos dos outros não dói

E assim como o rato rói a roupa do rei de

Roma eu vou roendo grana

O poder me corrói

Tá me corrompendo e a soma vai crescendo

(Manda!)

Morrer é o que num posso mas quanto aos

negócios fica frio...

Enquanto houver crime no Rio eu num

volto pra casa de bolso vazio

Preciso do pão de cada dia e num sô filho

do padeiro

Então preciso do dinheiro

E eu sou o dinheiro

Todos me amam todos me querem todos

adoram sentir meu cheiro

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · PDF fileque há pra se ganhar pra quem está no fundo do poço ... Jogo do bicho Cês sonham comigo o tempo inteiro O capitalismo é

Mas eu não sou democrático

Eu sou ingrato

Quem mais produz riqueza é quem tem

menos na mesa

Que chato

Pra quem me controla a carne sobra no

prato

Enquanto outros não me conhecem e

comem rato

É fato real

Rato sem sal

Saiu no jornal

Eu sou imundo

Que tal?

Eu sou o grande culpado nesse mundo tão

desigual

E gero o preconceito social: Quem me tem

vive bem quem num tem passa mal (sera?)

Loto

Jogo do bicho

Cês sonham comigo o tempo inteiro

O capitalismo é que nem Silvio Santos (Oi

Tudo por dinheiro!)

É que vocês pensam pequeno

Vocês são um bicho muito ingênuo

O que parece ser o antídoto pode ser o

próprio veneno

E o que parece essencial talvez seja

supérfulo

E o que cês sonham encontra lá longe tão

perto!

A felicidade é uma muleta e vocês são todos

mancos

Ela não cabe numa maleta

Não cabe no cofre

Não cabe em bancos

Qualquer que seja a profissão que você

exerça

Não deixe que a sua (fixação) por Tio

Patinhas lhe suba a cabeça

Vocês humanos estão cegos

Me supervalorizam demais

Cada vez mais

A cada segundo que passa

Deixam seu mundo em constante ameaça

me pondo acima de Deus e o diabo

Desse jeito eu acabo com a sua raça.

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · PDF fileque há pra se ganhar pra quem está no fundo do poço ... Jogo do bicho Cês sonham comigo o tempo inteiro O capitalismo é

1

A POBREZA COMO FENÔMENO INFLUENCIADOR NO PROCESSO

EDUCATIVO ESCOLAR

Autora: Adryelle Ferreira de Oliveira

Orientadora: Kilza Fernanda Moreira de Viveiros

Universidade Federal do Rio Grande do

E-mail: [email protected]

Fundamentos da Educação

RESUMO

O presente artigo tem como finalidade investigativa compreender como a

pobreza pode influenciar no processo educativo escolar a partir de concepção de

docentes em formação do curso de Pedagogia. Esse estudo compreende uma tentativa

de desmistificar o entendimento que se tem sobre pobreza como uma fatalidade.

Resultado de um projeto de pesquisa acadêmico, cujo tema é, Educação, Pobreza e

Desigualdade Social. Esse projeto foi desenvolvido na Universidade Federal do Rio

Grande do Norte, tendo como orientadora a professora Doutora Kilza Fernanda Moreira

de Viveiros. Pensando na pobreza como fato social e almejando respostas para questões

problemas do trabalho, foi realizado um levantamento de dados com alunos do curso de

pedagogia da universidade já citada acima que ingressaram no curso em 2013.1 e que

brevemente estarão atuando como docentes. Para elucidar a pesquisa desenvolvemos

questionário com perguntas direcionadas acerca do objeto investigativo. O que é ser

pobre, o que significa pobreza, são as principais vias de se compreender como o fato

social vem provocando uma grande dimensão de desigualdades. Para tentar explicar

categoricamente o fenômeno da pobreza e suas consequências devastadoras, esse

trabalho compõe-se de um respaldo histórico e contextual dos principais acontecimentos

que de certa forma impulsionaram, as desigualdades. Seguindo a discursão,

encontraremos reflexões acerca da efetivação da escola pública democrática como um

dos recursos para a libertação do povo pobre oprimido, tornando possível o levantar das

suas vozes, entendendo a necessidade da autonomia dessa camada populacional. A

metodologia empregada baseia-se na pesquisa bibliográfica, entrevistas e questionários,

esta última relativa às informações coletadas nos autos das concepções de pobreza.

Portanto, a abordagem do estudo aqui transcrito é eminentemente qualitativa, tendo

como finalidade realizar uma análise social e política, em caráter descritivo e

explicativo, acerca das problemáticas expostas.

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · PDF fileque há pra se ganhar pra quem está no fundo do poço ... Jogo do bicho Cês sonham comigo o tempo inteiro O capitalismo é

2

Palavras-chave: Educação. Pobreza. Desigualdade Social. Formação Docente.

ABSTRACT

The present article has as an investigative purpose to understand how poverty can

influence in the educational process school from the conception of teachers in formation

of the course of Pedagogy. This study comprises an attempt to demystify the

understanding of poverty as a fatality. Result of an academic research project, whose

theme is Education, Poverty and Social Inequality. This project was developed at the

Federal University of Rio Grande do Norte, with the guidance of Professor Kilza

Fernanda Moreira de Viveiros. Thinking about poverty as a social fact and aiming for

answers to problems of work, a survey of data was carried out with students of the

pedagogy course of the university already mentioned above who entered the course in

2013.1 and who will soon be teaching. To elucidate the research we developed a

questionnaire with questions directed about the investigative object. What is to be poor,

which means poverty, are the main ways of understanding how the social fact has

provoked a great dimension of inequalities. In order to try to explain categorically the

phenomenon of poverty and its devastating consequences, this work is made up of

historical and contextual support of the main events that have, to a certain extent,

boosted inequalities. Following the discourse, we will find reflections about the

effectiveness of the democratic public school as one of the resources for the liberation

of the oppressed poor, making it possible to raise their voices, understanding the need

for autonomy of this population. The methodology used is based on bibliographical

research, interviews and questionnaires, the latter concerning the information collected

in the records of the conceptions of poverty. Therefore, the approach of the study

transcribed here is eminently qualitative, with the purpose of carrying out a social and

political analysis, in a descriptive and explanatory character, about the problems

exposed.

Keywords: Education. Poverty. Social inequality. Teacher Training.

INTRODUÇÃO

Esse artigo discute A pobreza como um fenômeno social1. Um fato social como

a pobreza se reconhece pelo poder de opressão externa e interna que exerce sobre os

1 Durkhein, Émile. As Regras do Método Sociológico 2001. Afirma as características distintivas o fato

social: 1° uma exterioridade em relação às consciências individuais; 2° a ação coerciva que exerce ou é

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · PDF fileque há pra se ganhar pra quem está no fundo do poço ... Jogo do bicho Cês sonham comigo o tempo inteiro O capitalismo é

3

indivíduos, fazendo daquele que tenta resistir à coerção um verdadeiro violador de

regras já “predestinadas” a sua condição social.

Quando se pensa em pobreza na cidade do Natal, como educadores, logo nos

remetemos a memória do público pertencente às escolas públicas. Pessoalmente

constatei atuando como docente, crianças, jovens e adultos oprimidos pela pobreza.

Pobreza essa muitas vezes observada pelo ponto de vista do oprimido como uma

conjuntura sem perspectiva de êxito social.

A escolha inicial de entrevistar alunos concluintes do curso de pedagogia da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, fundamentalmente aconteceu pela

circunstância de tornarem-se educadores muito brevemente.

Isso implica dizer essencialmente que exerceram uma relevância social capaz de

formar cidadãos considerando as características socioculturais, possibilitando a

autonomia ao educando atuando como canal modificador de expectativas e atitudes,

assumindo a responsabilidade social e humana. Outro fator relevante para escolha

desses sujeitos se deu substancialmente pela responsabilidade coletiva que se deve

assumir ou que pelo menos se deve assumir enquanto educador.

Pensando nos possíveis dados foi direcionada uma pesquisa orientada por

questionário, onde solicitamos a esses alunos e alunas que respondessem sobre o que é

ser pobre, o que significa pobreza, em qual grupo social econômico estão inseridos,

entre outras. A partir daí novas indagações surgiram, o que nos levou a reconhecer a

pobreza e a formação de educadores e educadoras do curso de pedagogia da UFRN

como objeto de estudo, e nessa perspectiva a implicação dessa formação no processo

educativo de milhares de crianças, jovens e adultos que exercem seus direitos

relacionadas à educação frequentando uma escola pública gratuita.

Com isso, passamos a considerar e refletir sobre até onde a pobreza pode

influenciar no processo educativo escolar, tendo em vista que, um dos principais

objetivos da educação se torna a libertação do educando, sobretudo sobre os aspectos,

suscetível de exercer sobre essas mesmas consciências. Aplicação desta definição às práticas construídas

e às correntes sociais. Verificação dessa definição. Outra maneira de caracterizar o fato social: o estado de

independência em que se encontra em relação às suas manifestações individuais. Aplicação desta

definição às práticas construídas e às correntes sociais. (p.31).

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · PDF fileque há pra se ganhar pra quem está no fundo do poço ... Jogo do bicho Cês sonham comigo o tempo inteiro O capitalismo é

4

cognitivo, físico, afetivo, de relação interpessoal e inserção social, ética e estética, tendo

em vista uma formação ampla.

DESENVOLVIMENTO – Surgimento do fenômeno da pobreza e desigualdade social

no Brasil

Um recorte histórico faz-se necessário para que se compreendam muitas

situações do próprio presente. O livro A Consciência Conservadora no Brasil de Paulo

Mercadante (1980), será a principal base para discussão desse primeiro capítulo sobre o

surgimento da pobreza e da desigualdade social no Brasil.

A história nos conta em seus relatos que muito antes dos Português “invadirem”

o Brasil o país já possuía habitantes hoje denominados vulgarmente de “índios”, aqui

não me aterei as questões da invasão portuguesa ao Brasil, mas as implicações políticas,

econômicas e sociais desse período onde Portugal possuía soberania sobre o Brasil.

FLEKNO, (A Relation of ten years traveis s.n. apud MERCADANTE 1980,

p.37) traz um relato de um jesuíta com relação ao seu ponto de vista sobre como no

Brasil se encarava os nativos, descreve ele como “asnos, dolentes e reumáticos (in

serviiudem nati) e só aproveitáveis para labor e servidão, pois a natureza não dotou o

país de outro animal de carga senão eles”.

Aqui seria suficiente analisarmos apenas essa discrição aos nativos e como isso

repercutiu naquela época e principalmente como se reproduz atualmente de maneira que

essas concepções podem indicar indícios de um início de desigualdades no Brasil, visto

que implica na propagação de uma doutrina de soberania humana.

É obvio que o conceito de pobreza empregado em seu sentido atual não pode ser

aplicado à situação dos nativos, tendo em vista que não viviam em um sistema

econômico semelhante ao nosso de acumulação, por exemplo.

No entanto, a condição em que diversos homens nativos foram obrigados a se

submeterem com a “ocupação” dos portugueses, nos fazem refletir um pouco sobre as

exigências muito semelhante as nossas, como por exemplo, a imposição de uma cultura

dominante que exclui aquele que não atende aos padrões exigidos.

Outro momento no Brasil capaz de demostrar agora a cristalização das

inconstâncias sociais, foi o período da iniciação do mercantilismo em paralelo ao fim do

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · PDF fileque há pra se ganhar pra quem está no fundo do poço ... Jogo do bicho Cês sonham comigo o tempo inteiro O capitalismo é

5

feudalismo no século XVIII. A estruturação econômica do mercantilismo

principalmente na Europa existiu com o incentivo por parte da monarquia que por sua

vez, tentava garantir certos prestígios até financeiros a essa classe.

O mercantilismo ganhava espaço e incomodava os senhores feudais ao mesmo

tempo em que aumentava o poder da monarquia, tornando-se a monarquia a instituição

mais importante do Estado Português. Por sua vez o Estado Português adotou uma

“teoria” própria de que era necessária a utilização do monarca para a concentração e a

acumulação pela simples vontade divina, e isso seria para todos os poderes necessários

para o bem-estar coletivo. Segundo MERCADANTE, 1980,

O compromisso entre a nobreza e os mercadores iria definitivamente

empatar o destino histórico da burguesia portuguesa, pois a forma de

explorar o comércio ultramarino não permitia a liberação das forças

econômicas em que devia apoiar-se uma classe aspirante ao domínio

político do país. Durante os séculos de colonização, apesar dos

grandes lucros canalizados para as empresas particulares e para os

comerciantes, não pôde o grupo mercantil português promover a

revolução industrial e consequentemente libertar-se da natureza

mercantil de seu capitalismo (p. 26).

Apesar da teoria mercantilista se denominar a frente até mesmo da política e da

religião, os “mercantilistas” no Brasil adaptaram a teoria de acordo com suas intenções

econômicas. Um exemplo muito claro desse processo é a utilização da religião para

justificar a acumulação de bens e a escravização.

O trabalho manual por sua vez era visto com maus olhos, o trabalho braçal eram

atribuições apenas dos escravos. Apesar dos trabalhos livres e profissões lucrativas

ganharem espaço nesse momento histórico do Brasil, a nobreza sentia-se muito

incomodada a tantas mudanças e tentavam-se manter em suas aparências de

magnificência e em meio a tantas divergências tentou-se iniciar uma conciliação

econômica no Brasil.

O país dividido em sesmarias tentava explorar ao máximo suas terras. Toda a

economia nacional era norteada no sentido de fortalecer a grande exploração rural, que

asfixiava a pequena propriedade. MERCADANTE 1980 descreve (p.46) que na região

dos canaviais os proprietários de pequenos engenhos de açúcar ficam, desde a primeira

safra, tão empenhados em dívidas que, na segunda ou terceira, já se acham perdidos.

Essa situação não é diferente de hoje quando o capital mais vezes em sua concretude se

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · PDF fileque há pra se ganhar pra quem está no fundo do poço ... Jogo do bicho Cês sonham comigo o tempo inteiro O capitalismo é

6

realiza apenas para os grandes proprietários de terras, ou melhor, dizendo os donos do

monopólio, ainda segundo MERCADANTE, 1980,

O povo não tinha a quem recorrer contra a autoridade onipotente;

desarmado, não dispunha nem de independência de ação e do

pensamento, nem do conhecimento prático de qualquer instituição

democrática. Carecia de consciência jurídica, decorrente de costumes

e tradições, para determinar o comportamento dos homens na vida

pública. (p.91)

O país sempre foi marcado por contradições, existia o liberalismo extremado que

se autodenominava revolucionário, mas que tinham medo da revolução, a elite que

exigia reformas, mas que não abria mão de regalias econômicas e ainda os queriam

abertura comercial, mas desejavam a permanência da escravidão. Significativas são as

palavras de Justiniano José da Rocha, “Ação, Reação e Transação”, apud:

MERCADANTE, A Consciência Conservadora no Brasil 1980,

Muitas vezes um partido está no poder, e, todavia, há nos elementos

sociais uma tendência tão contrária às suas ideias que o seu triunfo se

anula, e apenas lhe deixa servir aos interesses individuais e coletivos,

às paixões e às ilusões que os congregaram; até mesmo tão forte é às

vezes essa tendência que o partido, embora ocupe as posições do

domínio e da influência, tem de obedecer-lhe e de servi-la, ainda

contra os seus princípios, e de firmar as convicções que lhe são mais

repugnantes. (p.117)

Em meio a tantas contradições a tentativa de novamente haver uma centralização

nunca deixou de existir, ainda mais quando o liberalismo fracassará. Centralizar o país

significava além de muitas outras questões resistirem às tentativas abolicionistas e

controlar o país com base nos desejos de riquezas e interesses da nobreza, todos

baseados no lucro por intermédio do trabalho servil.

No entanto o país continuava necessitando de reformas econômicas, estruturais,

sociais e políticas para o seu bom funcionamento, contudo nenhum dos grupos ali

presentes fossem eles, conservadores, a favor ou contra a reforma, nenhum em seu

estado de comando conseguiu pôr fim a escravidão. Ainda sobre a escravidão

MERCADANTE, 1980 descreve que,

A escravidão delatava as limitações do liberalismo, e não puderam

nunca os radicais incorporar à pregação de seu programa o item

favorável ao abolicionismo. Tornavam-se irresolutos diante da

instituição, e o próprio Visconde de Cairu, paladino das ideias

avançadas do liberalismo econômico, incluía em seu Manual de Política

Ortodoxa a confissão de que “contra o mal da escravaria no Brasil não

cabia no engenho humano achar remédio” e que para provimento de

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · PDF fileque há pra se ganhar pra quem está no fundo do poço ... Jogo do bicho Cês sonham comigo o tempo inteiro O capitalismo é

7

remédio a tamanho mal só nos podia valer a Divina Providência. O

grupo abominava e temia as revoluções, silenciava diante do elemento

servil. A escravatura no Brasil desnaturava mesmo a generosidade dos

socialistas. No manifesto de janeiro de 1849 dois dos itens defendidos

pela revista iriam figurar: o trabalho como garantia de vida para o

cidadão e o comércio a retalho só para brasileiro. Uma ideia tentadiça,

reflexo do movimento francês de 1848, juntada ao ponto de vista

retrógrado da nacionalização do comércio (p.133)

Não é difícil encontrarmos tentativas de respostas, ou melhor, de justificativas

para fundamentar a escravidão como necessária. Presenciamos até mesmo citações

como foi descrita anteriormente onde se põe a responsabilidade em divindades como

única força capaz de deter “tamanha barbaridade”.

A pobreza, por exemplo, é necessária para o funcionamento de muitas

corporações. É imprescindível para o capitalismo e para quem o aceita que ela insista e

persista. Até mesmo algumas das principais instituições religiosas pregam a

“importância” e erroneamente o conformismo em se está em situação de

vulnerabilidade, afirmando com intensões mercantis e não com proposito

evangelísticos, se valendo dos “Livros Sagrados” que a pobreza pode lhes garantir vida

eterna nos céus.

Todas essas fundamentações, sem dificuldades fazem parte de uma coerção

simbólica2 que amedronta cada vez mais o pobre, que ao invés de ajudá-los a

indignarem-se com sua situação de vulnerabilidade os encorajam a aceitar

conformando-os a conjuntura de miséria.

Atualmente vivenciamos em um sistema opressor que escraviza por intermédio

da cultura, do capital, ou da ausência de capital, do saber escolar ou ausência desses, do

saber político e legal, entre muitos outros fatores que serão discutidos adiante.

Intensificação da Pobreza no Século XVIII e XIX

2 BOURDIEU, Pierre (1989). O Poder Simbólico para o autor é o poder subordinado, é uma forma

transformada, quer dizer, irreconhecível, transfigurada e legitimada, das outras formas de poder: só se poder passar para além da alternativa dos modelos energéticos que descrevem as relações sociais como relações de força e dos modelos cibernéticos que fazem delas relações de comunicação, na condição de se descreverem as leis de transformação que regem a transmutação das diferentes espécies de capital em capital simbólico e, em especial, o trabalho de dissimulação e de transfiguração (numa criação das relações de força fazendo ignorar-reconhecer a violência que elas encerram objetivamente e transformando-as assim em poder simbólico, capaz de produzir efeitos reais sem dispêndio aparente de energia. (p.15).

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · PDF fileque há pra se ganhar pra quem está no fundo do poço ... Jogo do bicho Cês sonham comigo o tempo inteiro O capitalismo é

8

Os séculos XVIII e XIX foram marcados por pensamentos ocidentais repletos de

críticas ao sistema feudal da época, principalmente o econômico, político e religioso.

Essas críticas se iniciaram principalmente por intermédio de pensamento Iluminista, que

por sua vez apoiava-se na ciência como razão dos fatos e acontecimentos sociais.

Sobre influência dos pensamentos iluminismo que tinha como finalidade libertar

os homens do medo, tornando-os senhores, no Ocidente Europeu pode constatar a

presença de duas revoluções que muito influenciaram no processo de intensificação da

pobreza, foram elas, a Revolução Francesa e a Revolução Industrial, segundo

MARTINS, (1994, p. 05) “A dupla revolução que este século testemunha - a Industrial

e a Francesa - constituía os dois lados de um mesmo processo, qual seja, a instalação

definitiva da sociedade capitalista”, sendo a segunda a que mais resultou nas grandes

desigualdades sociais.

A Revolução Industrial trouxe um conjunto de transformações comportamentais,

na cultura com implicações para própria sociedade. O homem que antes era considerado

um ser “aprisionado” pelos mitos e magias segundo as teorias iluministas, foi “liberto”

com a revolução, mas tornou-se vítima de novo engano: o progresso da dominação

técnica.

As transformações da Revolução Industrial não estão somente associadas aos

aspectos positivos. As principais mudanças que esse fato histórico ocasionou foram às

desigualdades sociais. Ocorreu nesse período uma grande parcela de pessoas

desempregadas, a substituição do trabalho do homem pela máquina, a precarização do

trabalho humano, entre outros.

Esse progresso transformou-se em poderoso instrumento utilizado pela indústria

cultural para conter o desenvolvimento da consciência das massas. A indústria cultural,

nas palavras de ADORNO (1996 Theodor Adorno sobre a sociologia empírica, “Wesen

und Wirklichkeit des Mensches”, Sociologia II, 1962, apud: COSTA 1989, p.197)

"impede a formação de indivíduos autônomos, independentes, capazes de julgar e de

decidir conscientemente".

A Revolução Industrial que ocorreu no século XVIII foi a instalação definitiva

do capitalismo, segundo MARTINS (1994), o capitalismo,

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · PDF fileque há pra se ganhar pra quem está no fundo do poço ... Jogo do bicho Cês sonham comigo o tempo inteiro O capitalismo é

9

[...] representou o triunfo da indústria capitalista, capitaneada pelo

empresário capitalista que foi pouco a pouco concentrando as

máquinas, as terras e as ferramentas sob o seu controle, convertendo

grandes massas humanas em simples trabalhadores despossuídos. (p. 5

e 6).

Como resultado dessa Revolução e implicações capitalistas ainda se vivencia o

controle que se tem sobre as massas populares em relação as grandes produções, os

instrumentos de trabalho e o saber científico que continuam nas mãos dos empresários

capitalistas como também a precarização da mão de obra como atribuição do pobre.

Talvez a denominação e as diferentes formas de exploração tenham se

modificado, com o avanço da tecnologia existe também um refinamento no tipo de

exploração. Hoje a dominação não se restringe apenas ao campo da força do trabalho, a

dominação está nas imposições de culturas, que por sua vez colabora para a maior

exclusão do pobre na área que deveria ser de convívio social de todos independente de

classe social. Ainda segundo, MARTINS 1994, a Revolução teve grandes

consequências para a sociedade,

Estas transformações, que possuíam um sabor de cataclisma, faziam-

se mais visíveis nas cidades industriais, local para onde convergiam

todas estas modificações e explodiam suas consequências. Estas

cidades passavam por um vertiginoso crescimento demográfico, sem

possuir, no entanto, uma estrutura de moradias, de serviços sanitários,

de saúde, capaz de acolher a população que se deslocava do campo.

Manchester, que constitui um ponto de referência indicativo desses

tempos, por volta do início do século XIX era habitada por setenta mil

habitantes; cinquenta anos depois, possuía trezentas mil pessoas. As

consequências da rápida industrialização e urbanização levadas a cabo

pelo sistema capitalista foram tão visíveis quanto trágicas: aumento

assustador da prostituição, do suicídio, do alcoolismo, do infanticídio,

da criminalidade, da violência, de surtos de epidemia de tifo e cólera

que dizimaram parte da população etc.

O mais lamentável é perceber a grande associação desagradável à pessoas em

vulnerabilidade, onde são por vezes são observadas como improdutivas

economicamente. No entanto nos esquecemos de que muitas das iniciativas como a

Revolução Industrial e a concretização do capitalismo que são fatores consideráveis

para intensificação da pobreza foram materializadas e idealizadas pelas classes

dominantes e não por uma ideia coletiva e/ou democrática que se buscava um

desenvolvimento social igualitário, mas sim a produção e acumulação de capital por

meio da exploração.

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · PDF fileque há pra se ganhar pra quem está no fundo do poço ... Jogo do bicho Cês sonham comigo o tempo inteiro O capitalismo é

10

Existe uma noção prévia de que o pobre só se encontra na situação de

instabilidade por incapacidade de se sobressair da situação, e essas noções são

continuamente impostas a população.

O que é importante deixar esclarecido aqui é que, tanto no Feudalismo como na

modernidade no ápice a Revolução Industrial houve grandes explorações das classes

menos desfavorecidas, desigualdades sociais, entre outros. No entanto foi apenas a

partir da Revolução Industrial que surgiram os conceitos de divisão do trabalho,

proletariado, fim da produção independente, etc. e essas mudanças foram mais violentas

para a sociedade e consequentemente mais convenientes para o então sistema

explorador que continua em atividade até hoje, o capitalismo.

Neoliberalismo e seus efeitos sociais

O neoliberalismo é um sistema econômico que surgiu no final da Segunda

Guerra Mundial propondo mudanças no sistema capitalista daquela época, suas

principais intensões eram um estado não interventor da economia.

Foi necessário preparar as bases de outro tipo de capitalismo, duro e livre de

regras para o futuro. Em 1944 Friedrich Hayek um economista austríaco deu sua

contribuição para a implementação de um sistema neoliberal ao escrever o livro

Caminhos da Servidão, onde deixava claro que “o capitalista perverso ou o espírito

malévolo desta ou daquela nação e a estupidez dos países ou um sistema social que

ainda não foi derrubado por completo reluta em uma crise civilizatória e que produz

efeitos diferentes dos esperados por ‘grandes homens” (p.37).

Nenhum espírito sensato teria duvidado de que as regras primitivas

nas quais foram expressos os princípios da política econômica do

século XIX eram apenas o começo, de que ainda tínhamos muito a

aprender e de que havia ainda imensas possibilidades de progresso no

caminho que vínhamos seguindo. Mas esse progresso só seria

alcançado à medida que conquistássemos um crescente domínio

intelectual das forças que teríamos de empregar. Muitas eram as

tarefas evidentes, como o aperfeiçoamento do sistema monetário e a

prevenção ou o controle do monopólio, e eram ainda mais numerosas

as tarefas menores, mas nem por isso menos importantes, em outros

campos em que o governo sem dúvida possuía enormes poderes para o

bem e para o mal; tudo levava a esperar que, com uma melhor

compreensão dos problemas, algum dia teríamos condições de

empregar com êxito esses poderes. (p.43).

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · PDF fileque há pra se ganhar pra quem está no fundo do poço ... Jogo do bicho Cês sonham comigo o tempo inteiro O capitalismo é

11

É mais que necessário ressaltar que HAYER ao escrever e divulgar suas ideias

liberais estava vivenciando um contexto histórico diferente do nosso atual, ele

vivenciava um fim de uma grande guerra e mais do que isso, uma tentativa de

reconstrução social e um verdadeiro caos econômico. Seria inconveniente analisar uma

obra e criticá-la sem analisar o momento social em que foi escrita, mas o que quero

apresentar e trazer como reflexão é simplesmente a aceitação e aplicação que sua obra

possui nos dias de hoje, tendo como base as grandes desigualdades sociais que essa

doutrina vem causando.

HAYER defende o controle do capital apenas a aqueles que o já possui, a ideia

da liberdade do próprio indivíduo que é pregada por ele se anula ao propor controle do

monopólio. O controle do monopólio nos dias atuais não se restringe apenas ao âmbito

financeiro e ao mesmo tempo está diretamente ligada ao econômico e financeiro.

O que quero dizer, é que existe um monopólio simbólico até mesmo das

instituições que deveriam ser públicas ou aparentam ser mais acessíveis e/ou populares.

A escola é um exemplo desse tipo de poder simbólico3 monopolizado, ao propor que

uma escola “publica” se trabalhe com base em um currículo pautado nas deliberações

das classes dominantes, negligenciamos a clientela principal que são os estudantes em

sua maioria pobres da instituição pública. Ainda sobre esse domínio em O Poder

Simbólico de Pierre Bourdieu (1989)

As ideologias, em oposição ao mito, produto coletivo e coletivamente

apropriado, servem de interesses particulares que tendem a apresentar

como interesses universais ao conjunto do grupo. A cultura dominante

contribui para a integração real da classe dominante (assegurando uma

comunicação imediata entre todos os seus membros e distinguindo-os

das outras classes); para a integração fictícia da sociedade no seu

conjunto, portanto, à desmobilização (falsa consciência) das classes

dominantes; para legitimação da ordem estabelecida por meio do

estabelecimento das destinções (hierárquicas) e para a legitimação

dessas destinções. Este efeito ideológico, produ-lo a cultura dominante

dissimulando a função de divisão na função de comunicação: a cultura

que une (intermediário de comunicação) é também a cultura que

separa (instrumento de distinção) e que legitima as distinções

compelindo todas as culturas (designadas como subculturas) a

definirem-se pela sua distância em relação a cultura dominante. (p.10

e 11)

Começamos a perceber, portanto, que não é apenas a questão econômica que

exclui talvez ela seja o fator mais visível e central, no entanto a exclusão começa na

3 BOURDIEU, Pierre – 1989, op. cit., p.15.

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · PDF fileque há pra se ganhar pra quem está no fundo do poço ... Jogo do bicho Cês sonham comigo o tempo inteiro O capitalismo é

12

maternidade onde se nasce, na ausência do nome do pai no registro de nascimento, na

sua cor da pele, no bairro onde se mora, na escola que frequenta, nos grupos de amigos,

nas músicas que se ouvem e, assim, esses “fatores” vistos muitas vezes como escolhas

pessoas, vão lhe privando de uma cultura denomina de cultura dominante.

Controle do monopólio; cultura; educação; território, entre outros, fazem parte

de uma ideia neoliberal e mais do que isso, da sua visível aplicação no Brasil. É

significativo deixar manifesto que não apenas o sistema neoliberal é propulsor da

pobreza no Brasil, até porque este trabalho apresenta em seu tópico inicial do capítulo

primeiro uma retomada das influências da “colonização” e do domínio português sobre

o Brasil e como isso influenciou na pobreza e na desigualdade social.

No entanto faz-se necessário o questionar e principalmente perceber a que ponto

essa iniciativa econômica vem prejudicando cada vez mais a população pobre e como

isso pode trazer consequências no âmbito educacional, tendo em vista o poderio das

classes dominantes até mesmo no que por direito temos e que nos querem e nos negam

diariamente com intenções claras de manutenção da burguesia e controle do capital da

Nação.

Docentes em formação na área da Pedagogia e a idealização conceitual da pobreza

Como foi visto, as reformas ocorridas no âmbito histórico foram fundamentais

para dar ensejo à transformação dos valores de pobreza ocorridas em nossa sociedade,

fomentando novas decisões da esfera econômica, política e cultural.

Se de um lado a Constituição Federal de 1988 estabelece como direito

fundamentais Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,

garantindo aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do

direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, (art. 5º), além de

estipular que o direito de ninguém será submetido [...] a tratamento desumano ou

degradante, por outro ainda há uma forte hierarquia ordenando as relações sociais,

sustentada por uma cultura de desigualdades de muitos séculos, que subordina aos

pobres a uma educação diferenciada na infância, a condições desfavoráveis no mercado

de trabalho e à realização de tarefas subalternas.

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · PDF fileque há pra se ganhar pra quem está no fundo do poço ... Jogo do bicho Cês sonham comigo o tempo inteiro O capitalismo é

13

E como se não bastasse, persiste o discurso de que tais fatores seriam inerentes à

condição pessoa do pobre como já discutido anteriormente, em razão das diferenças

sociais, como já visto no capítulo anterior.

Quando pensamos em educação também como direito de todos nos

preocupamos também com os mediadores desse processo. O ser professor não se faz

agente sozinho, param nos tornarmos agentes educadores necessitamos de educandos,

porque a educação é mutua, é construção coletiva.

Para responder à questão central do trabalho aqui expresso, até onde a pobreza

pode influências no processo educativo escolar? Foi necessário como nos perguntarmos

incialmente se nossos educadores reconhecem o fenômeno da pobreza.

Dessa forma, busca-se aqui, através dos questionários feitos aos docentes em

formação da UFRN, analisar os seus entendimentos sobre pobreza, com intuito de

perceber como as relações de desigualdade estiveram presentes em suas caminhadas, e

de que forma tais relações interferiram e/ou interferem em suas posições profissionais e

pessoais.

Já sobre as entrevistas, e seus resultas, nas principais e mais reproduzidas

respostas dos entrevistados foi constatado que cerca de 88,88% dos docentes definiram

pobreza como uma “ausência econômica que impedem os pobres de obterem bens

matérias e ascensão social”.

Outro termo muito utilizado nas entrevistas para definir pobreza é a expressão

“condição social”. O termo “condição social” foi analisado e está presente em 100% das

falas dos 88,88% dos entrevistados.

Isso implica dizer, portanto, que na opinião desses entrevistados, a falta de

oportunidade não pode descaracterizar a ausência de interesse do indivíduo pobre, mais

precisamente como descreve um (a) discente ao ser questionado (a) sobre o que é

pobreza, indicou que se tratava de “uma condição gerada pela falta de oportunidade ou

interesse do indivíduo. Pois, quando se tem vontade ‘tudo’ se consegue. Ou seja,

quando o indivíduo quer, procura algo para fazer e ter seu próprio sustento.”

O que chama a atenção nesse ponto da entrevista, é que desses 88,88% de

discentes que assim caracterizaram pobreza, se enquadram e se intitularam como

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · PDF fileque há pra se ganhar pra quem está no fundo do poço ... Jogo do bicho Cês sonham comigo o tempo inteiro O capitalismo é

14

pertencentes do um grupo econômico denominada “classe média” e “baixa classe

alta”4.

O mais interessante é perceber que dentro desse grupo apenas 18,75% tiveram

seus estudos em instituições públicas. Considerável são as palavras de ACKERLY, B.

A. (2000, p. 05, apud: LEÃO, REGO, 2014, p.38) “Já é difícil reconhecer a opressão

que não experimentamos e às vezes é difícil entender e articular até a opressão

experimentada [..]”.

Certamente não necessário vivenciar o problema, até porque não é incomum

observar de pessoas pobres a apresentação de uma postura conformista de sua situação.

No entanto levar em consideração que uma pessoa pobre que cotidianamente lhes é

negado o direito político, social, educacional, entre outros, posicionar-se dessa forma é

compreensível, pois muito possivelmente está mais suscetível a manobras midiáticas,

políticas e econômicas.

Com tudo, não devemos consentir com educadores declarando que a pobreza é

um fator orgânico da sociedade, e que depende individualmente de cada pobre o seu

progresso social. Faz-se necessário pensar seu processo formativo e o quanto isso é

necessário ser revisto, levando em consideração que a maior parte dos discentes da área

de pedagogia está voltada para uma esfera de trabalho de um público em

vulnerabilidade.

Certamente muitas dessas ideias desses educadores em formação não se

distanciam das idealizações reforçadas pela grande mídia e pelas teorias como o

neoliberalismo, capitalismo, etc. Idealizações essas que necessitam de aceitação cada

vez mais, para que se mascare a austeridade dos que enriquecem por meio da pobreza da

maioria.

A imagem dos pobres como ausentes de valores também é reforçada na escrita

dos entrevistados. Muitos discentes com base nos dados coletados associam a pobreza à

violência, a crimes como consumo e venda de drogas, furtos e roubos, mal-educados,

sujos, entre outros.

4 Dados do governo federal. Critério para a definição das classes sociais no Brasil. Secretaria de Assuntos

Estratégicos (SAE).

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · PDF fileque há pra se ganhar pra quem está no fundo do poço ... Jogo do bicho Cês sonham comigo o tempo inteiro O capitalismo é

15

Sem dúvidas essas pessoas cheiram a negligencias, exalam desigualdades

sociais, talvez seja mais fácil culpar a vítima que aparenta visivelmente cheiros

considerados ruins do que entender o motivo do seu odor. Porque o que leva o indivíduo

a esse odor cheira consideravelmente pior e em maior escala, sendo que esse odor é

ocultado pelo próprio sistema que oprime. Segundo Leão e Rego, 2014,

A humilhação é dupla: por um lado, o indivíduo é silenciado, por

outro, vê imposta uma descrição que não corresponde à visão que

possui de si mesmo e que representa um desrespeito à sua. Isso pode

ser constatado cotidianamente no Brasil pela maneira na qual os

pobres são descritos pelos membros da classe média e pela própria

mídia (por exemplo, quando o indivíduo pobre é chamado de

“marginal”, de “preguiçoso”, de “vagabundo” ou é acusado de ser

culpado pela sua situação, sem poder em momento nenhum oferecer

sua visão da pobreza). Ao receber esse rótulo de membros perigosos,

inúteis e associais da comunidade, os pobres são de fato excluídos

expressamente dela; porém, espera-se deles, ao mesmo tempo, que se

comportem como membros comprometidos com ela. Os pobres no

Brasil vivem continuamente em uma tensão: por um lado, são

excluídos e humilhados por parte de um sistema econômico e legal

que os prejudica; por outro, recebem o apelo a se considerarem parte

do mesmo sistema e, assim, respeitarem suas regras e normas sociais e

legais. (p. 39).

É notório que a “ordem” social é injusta como também é a fonte geradora,

permanente, desta “tentativa de melhoria social” que se nutre da pobreza e da miséria.

Um sofrimento social evitável que insiste em responsabilizar o pobre e o põe como o

possível reparador de danos sócio desigual, vivenciados muito antes do conceito de

pobreza existir.

Conceituando a definição de pobreza

Até onde sabemos a pobreza é um fenômeno que atinge milhares de pessoas, e

se tratando do Brasil temos uma superabundante amostra desse cenário. Nas escolas

públicas de todo o país podemos constatar essa realidade, onde crianças, jovens e

adultos são vítimas da pobreza. Mas sabemos previamente o que é pobreza, quem são

esses pobres e porque continuam nessa circunstância de vulnerabilidade?

É substancial assimilarmos que a pobreza existe e persiste historicamente por

intermédio das divisões socioterritoriais, de trabalho, de etnia, de gênero, entre outros e

ainda é um dos fenômenos históricos mais brutais que até hoje em pleno século XXI

com todo o progresso da humanidade continua a insistir.

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · PDF fileque há pra se ganhar pra quem está no fundo do poço ... Jogo do bicho Cês sonham comigo o tempo inteiro O capitalismo é

16

Esse padrão de concentração, apropriação e expropriação de renda é um modelo

que continua racista, sexista, empurrando ao desemprego e aos empregos mais precários

os coletivos sociais, étnico-raciais, de gênero, das periferias e dos campos. Esse padrão

racial e sexista de trabalho continua produzindo milhões na pobreza.

Pobreza por sua vez é uma situação na qual as necessidades não são atendidas de

forma adequada. É considerado na Declaração Universal dos Direitos Humanos em seu

Artigo 25°, inciso I:

Toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para lhe assegurar e à

sua família a saúde e o bem-estar, principalmente quanto à alimentação, ao

vestuário, ao alojamento, à assistência médica e ainda quanto aos serviços

sociais necessários, e tem direito à segurança no desemprego, na doença, na

invalidez (...) (s.n.). BRASIL. Constituição da República Federativa do

Brasil de 1988.

Pensando nisso com enfoque primordialmente na educação e sabendo que de

acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais a Educação nos Referências

conceituais, 2013,

Os fundamentos que orientam a Nação brasileira estão definidos

constitucionalmente no artigo 1º da Constituição Federal, que trata dos

princípios fundamentais da cidadania e da dignidade da pessoa humana, do

pluralismo político, dos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa.

Nessas bases, assentam-se os objetivos nacionais e, por consequência, o

projeto educacional brasileiro: construir uma sociedade livre, justa e

solidária; garantir o desenvolvimento nacional; erradicar a pobreza e a

marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; promover o

bem de todos sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer

outras formas de discriminação. (Diretrizes Curriculares Nacionais da

Educação Básica, 2013, p.16).

As Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica que tem como objetivo

reduzir desigualdades e erradicar a pobreza está incontestavelmente certificado que a

pobreza é uma adversidade social real e, portanto, indutora direta no processo de

educação escolar, assim faz-se necessário a seguinte indagação: como a pobreza pode

influenciar o processo educativo escolar?

Discutimos anteriormente que com base nos dados levantados na pesquisa feita

com uma pequena amostra de pedagogos em formação, percebemos em sua maioria das

respostas um discurso muito estigmatizado do que é ser pobre e do que é pobreza, e por

sua vez, trataram a causa como uma fatalidade, isso porque nossos educadores

aparentemente não apresentam um discernimento dessa circunstância.

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · PDF fileque há pra se ganhar pra quem está no fundo do poço ... Jogo do bicho Cês sonham comigo o tempo inteiro O capitalismo é

17

É necessário, portanto, não ignorar, secundarizar a visão da pobreza como

escassez material, privação das condições mais básicas para viver de forma justa e

digna, como ser humano, os corpos não importa a pedagogia e à docência não devem

resistir a dar a centralidade devida às bases materiais do viver, do pensar, do ser sujeito

intelectual e moral. Segundo Paulo Freire (1996),

(...) nas condições da verdadeira aprendizagem os educandos vão se

transformando em reais sujeitos da construção e da reconstrução do saber

ensinado, ao lado do educador, igualmente sujeito do processo. Só assim

podemos falar realmente de saber ensinado, em sua razão de ser e, portanto,

apreendido pelos educandos. Percebe-se, assim, a importância do papel do

educador, o mérito da paz com que viva a certeza de que faz parte de sua

tarefa docente não apenas ensinar os conteúdos, mas também ensinar a

pensar certo. (p. 14).

O docente segundo percebemos, não deve se reduzir ao currículo imposto pelos

detentores do poder, se se respeita a natureza, a origem ou a subjetividade do ser

humano, o ensino dos conteúdos não pode dar-se alheio à formação do educando.

Educar é substantivamente formar. Enquanto educador deve-se reconhecer

precisamente esse fenômeno, pois nos é dado o encargo de observar, comparar, avaliar,

escolher, decidir, intervir, romper e de optar. Devemos por compromisso à profissão nos

fazermos seres éticos, não podemos aceitar a transgressão como um direito, mas como

uma possibilidade. Possibilidade contra que devemos lutar e não diante da qual cruzar

os braços sendo coniventes de uma ordem perversa, irresponsabilizando-as por sua

malvadez, ao atribuir imponderáveis os danos por elas causados aos seres humanos.

A fome e o desemprego no mundo são imoralidades e não fatalidade como o

reacionarismo apregoa com ares de quem sofre por nada poder fazer, a minimização dos

seres humanos, no caso as maiorias compostas de minorias que não perceberam ainda

que junta seria a maioria.

Ser pobre vai muito além de do fato de ter não refeições nutricionais diárias, são

indivíduos invisíveis que não possuem voz alguma, ainda mais se tratando de políticas

públicas que lhes concernem. O pobre é, em suma, considerado mero objeto de políticas

públicas, não sujeito político e isso representa uma forma de perda de autonomia.

Autonomia por sua vez pressupõe um sujeito capaz de se afirmar perante o

outro como ator apto a fundamentar verbalmente suas ações, intenções, desejos e

necessidades. Essas pessoas muitas vezes não possuem consciência do fato de que são

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · PDF fileque há pra se ganhar pra quem está no fundo do poço ... Jogo do bicho Cês sonham comigo o tempo inteiro O capitalismo é

18

vítimas de alguma injustiça, tal humilhação representa uma erosão da autonomia

individual.

Pobreza é a situação na qual as necessidades não são atendidas de forma

adequada, ela é socialmente evitável, as suas causas não são naturais, mas sim

resultados do agir do homem, que está inserido de forma consciente no mundo onde a

globalização oculta ou nela busca penumbrar a reedição intensificada ao máximo,

mesmo que modificada, da medonha malvadez com que o capitalismo aparece na

História.

As condições de vida e de trabalho desse homem pobre isolam-no fisicamente

do grupo durante longos períodos de tempo; adquire, em virtude da brutalidade das

modificações a que se sujeita uma espécie de desenraizamento crônico: nunca mais se

poderá sentir em casa em lugar nenhum, ficará mutilado psicologicamente. O discurso

ideológico procura disfarçar que ela vem intensificando a riqueza de uns poucos e

verticalizando a pobreza e a miséria de milhões. O sistema capitalista alcança no

neoliberalismo o máximo de eficácia de sua malvadez intrínseca.

Quanto a pobreza como fenômeno influenciador no processo educativo escolar,

não é difícil perceber como isso ocorre, é um diagrama, o docente com suas análises

muitas vezes superficiais sobre pobreza, é “agente educador” de uma criança, jovem ou

adulto pobre, que por sua vez, sente-se causador da própria pobreza e por isso

identifica-se como ser inferior sem condições nenhuma de evadir-se de tal condição,

assim, temos dois autômatos que não pensam nem agem por si mesmo, cujas ações

estão subordinadas aos desejos alheios do neoliberalismo, ações estas que não são

previamente refletidas, temos por tanto consentimento entre ambas as partes, um

sistema opressor e um oprimido que se atem de suas responsabilidades de educador, de

libertador, formando assim uma sociedade estrategicamente voltada a servidão da

“aristocracia”.

A inflexibilidade da escola pública gratuita

Não só as escolas públicas como também a própria universidade é um espaço

que se prega democracia, igualdade, etc. isso porque são instituições do povo,

construídas pelo povo e por intermédio de muita luta, mas que resiste até hoje a adaptar-

se a sua clientela.

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · PDF fileque há pra se ganhar pra quem está no fundo do poço ... Jogo do bicho Cês sonham comigo o tempo inteiro O capitalismo é

19

Em todo esse trabalho de pesquisa também desenvolvi levantamentos

investigativos acerca da opinião de gestores e coordenadores pedagógicos em relação a

pobreza e principalmente sobres os alunos pobres. As opiniões não diferiram das dos

discentes já citados no tópico acima, os gestores e coordenadores pedagógicos de

escolas públicas me afirmaram que a pobreza muitas vezes persiste por falta de interesse

do indivíduo pobre, cupão principalmente a mãe das crianças por serem “sujas e mal-

educadas”. O que me chama atenção ainda nessa fala generalizada é a ideia patriarcal de

que apenas a mulher é responsável pelo cuidado dos filhos, e mais interessante é

perceber que entre os seis entrevistados que me relataram esse “problema” em seus

pontos de vista, cinco eram mulheres “educadoras”.

Como uma instituição pública que atente o público que é pobre pode deduzir

tantas ideias negativas em relação aos seus clientes? Se a pobreza fosse fácil e desejada

de ser combatida, certamente não seria um trabalho descomplicado. Agora se

imaginarmos pessoas pobres lutando contra um sistema que não deseja sua ascensão

esse trabalho de “vitória social” torna-se impossível.

A escola ainda é condizente com as explorações que são feitas por meio dos

sistemas econômicos, culturais e até mesmo político. Ainda existe uma grande

necessidade da escola se posicionar como um espaço revolucionário que é. Ainda não se

compreendeu a função social da escola. Diariamente crianças, jovens e adultos

abandonam a escola por razões indispensáveis de sobrevivência, deixam de frequentar o

ambiente escolar para garantir seu próprio sustento, trabalhando incessantemente nas

ruas ou em trabalhos subalternos, expondo-se a situações de vulnerabilidade. Porque a

escola pública insiste em permanecer entre seus muros frios? De acordo com FREIRE,

1996

Se tivesse claro para nós que foi aprendendo que percebemos ser

possível ensinar, teríamos entendido com facilidade a importância das

experiências informais nas ruas, nas praças, no trabalho, nas salas de

aula das escolas nos pátios dos recreios, em que variados gestos de

alunos, de pessoal administrativo, de pessoal docente se cruzam

cheios de significação (p. 25)

Sabemos que em meio a tantas discursões, não serei hipócrita de negar as

grandes dificuldades que um professor ou gestor transitam, mas a partir do momento

que compreendemos que a luta não é individual e sim coletiva, lutaremos juntos por

uma só causa.

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · PDF fileque há pra se ganhar pra quem está no fundo do poço ... Jogo do bicho Cês sonham comigo o tempo inteiro O capitalismo é

20

Estreitar laços entre escola e sociedade é sim função da escola tendo em vista

que ela possui o conhecimento e o poder de condicionar essa luta, de acordo com

ROCHA E LEÃO, 2014, se realmente nos considerássemos sujeitos moralmente

responsáveis perante os outros, não poderíamos aceitar a situação de absoluta falta de

recursos, de privação, de humilhação e de sofrimento na qual se encontram tantos

indivíduos, p. 44. Até quando vamos permitir que o desenvolvimento econômico,

alimentado pelo desenvolvimento técnico-cientifica nos oprima afirmando que esses

dois últimos sejam garantias de desenvolvimento social?

A instituição pública continua a serviço do capital, mas se refletirmos um pouco

perceberemos a incoerência desse fato. O capitalismo que oprime professores com

salários miseráveis, falta de reconhecimento da classe, entre outros é o mesmo que que

sacrifica o pobre diariamente em favor da sua própria sobrevivência, é preciso entender

mais uma vez que a luta é coletiva, até porque as opressões partem de um mesmo

opressor.

Não é diferente nas escolas que o capitalismo/liberalismo exerce um poder de

concorrencial e estatizante, nas escolas existe a seleção “natural” dos que se adaptam

melhor ao ambiente e a oferta dos conteúdos unificados e padronizados seguindo

orientação da economia.

O que mais chama a atenção nesses processos de junção entre

capitalismo/liberalismo e escola é a aceitação de uma doutrina que segundo ela mesma

precisa existir e que “necessita” explorar para que se mantenha a sociedade como uma

realidade definitiva que se aperfeiçoa para o bem comum, no entanto sabemos para

quem está direcionado esse bem comum. A sociedade contemporânea segundo

LIBÂNIO, OLIVEIRA e TOSCHI, 2003,

[...] designa uma gama de fatores econômicos, sociais, políticos e

culturais que expressam o espirito da época e etapa de

desenvolvimento do capitalismo em que o mundo se encontra

atualmente. Esse termo sugere a ideia de movimentação intensa, ou

seja, de que as pessoas estão em meio a um acelerado processo de

integração e reestruturação capitalista. Exatamente por isso, há quem

diga que a globalização é um conceito ou uma construção ideológica.

[...] nesse conceito esconde-se a ideologia neoliberal, segundo a qual,

para garantir seu desenvolvimento, a um país basta liberalizar a

economia e suprimir formas superadas e degradadas de intervenção

social, de modo que a economia por si mesma se defina e seja criado,

assim, um sistema mundial auto-regulado (p. 51).

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · PDF fileque há pra se ganhar pra quem está no fundo do poço ... Jogo do bicho Cês sonham comigo o tempo inteiro O capitalismo é

21

Todo esse sistema leva o capitalismo a estabelecer, para a escola, finalidades

mais compatíveis com os interesses do mercado, modificando os objetivos e prioridades

da escola, que produzem modificações nos interesses, nas necessidades e nos valores

escolares. Forçam a escola a mudar suas práticas por causa do avanço tecnológico, dos

meios de comunicação, da introdução da informática e por fim induzem alterações de

atitude do professor e no trabalho docente. No entanto a realidade foge do esperado, não

se há investimento por parte do capital nas escolas e sim o sucateamento das mesmas.

Passos para a flexibilização de uma escola democrática que educa

É mais fácil e mais cômodo manter a escola nos padrões já discutidos

anteriormente do que revolucionar ou formar cidadãos críticos. É preciso, porém que

tenhamos na resistência que nos preserva vivos, na compreensão do futuro e presente da

situação de degradação desses seres como problema social e na vocação para o ser mais

como expressão da natureza humana em processo de estar sendo, fundamentos para a

nossa rebeldia e não para a nossa resignação em face das ofensas que nos destroem o

ser.

Não é na resignação, mas na rebeldia em face das injustiças que nos afirmamos.

É a partir de este saber fundamental: mudar é difícil, mas é possível, que vamos

programar nossa ação político-pedagógica, não importa com qual projeto nos

comprometemos, pois se escolhemos ou fomos escolhidos para sermos educadores

devemos, portanto nos assumir enquanto sujeitos moralmente responsáveis perante os

outros, não podemos aceitar por tanto a situação de absoluta falta de recursos, de

privações, de humilhações e de sofrimento na qual se encontram tantos indivíduos.

O problema da pobreza também é nossa responsabilidade, ainda temos voz e

resistência para irmos de encontro às essas doutrinas que nos querem fazer professores

condizentes e insanos. Podemos por intermédio das nossas ações pedagógicas diárias

fazer o outro refletir sobre direitos adulterados.

De outro lado, é tarefa árdua para as escolas e seus (as) gestores (as) não se

deixarem contaminar por essas representações sociais dos (as) pobres. Difícil não ver

crianças, adolescentes e jovens pobres como seres destituídos de valores, preguiçosos,

sem dedicação ao estudo, indisciplinados e até violentos.

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · PDF fileque há pra se ganhar pra quem está no fundo do poço ... Jogo do bicho Cês sonham comigo o tempo inteiro O capitalismo é

22

As representações sociais pesam sobre as representações pedagógicas. Sempre

que predomina uma visão moralista dos graves problemas sociais, tende-se a apelar para

programas socioeducativos, para as escolas e seus profissionais.

Assim, uma pergunta obrigatória se coloca: por que as escolas não reagem, e

continuam aceitando essa sublime missão de salvar os (as) pobres? Podemos respondê-

la da seguinte maneira: as formas de pensar a pobreza como questão moral não são

apenas da sociedade, da mídia e dos programas socioeducativos, mas são também das

escolas e da cultura pedagógicas demasiadamente moralizantes.

A ênfase nessa interpretação moralista da pobreza traz consequências para a

escolarização dos pobres. Isso ocorre porque os esforços escolares não priorizam

garantir seu direito ao conhecimento, mas sua moralização. Logo, os estudantes não

receberão aprendizados sobre as ciências e tecnologias que possam vir a libertá-los, mas

apenas lhes será dado o domínio de habilidades mais elementares de ciências e a

alfabetização na idade determinada como "certa" pelo sistema educacional.

Enquanto a pobreza for pensada como uma questão moral, os currículos para os

pobres continuarão sendo pensados para moralizá-los, não para garantir o direito deles

ao conhecimento, às ciências e às tecnologias. Serão currículos pobres de

conhecimentos e repletos de bons conselhos morais de esforço, trabalho, dedicação e

disciplina.

Entender a pobreza para repensar os currículos e as práticas educacionais é

permitir cultivar nossa sensibilidade para ouvir e incorporar em nosso exercício

profissional as questões que ecoam das vivências da pobreza.

É preciso que formemos indivíduos capazes de pensar e aprender

permanentemente e que também desenvolva conhecimento, capacidades e qualidades

para o exercício autônomo consciente e crítico da cidadania.

Imagina-se por tanto que pobres tenham as mesmas chances que as nossas, que

lhes falta é trabalho para sair da situação de instabilidade, quando na verdade a palavra

trabalho é aplica em suas vidas em todos os sentidos. O trabalho do pobre mantem a

economia viva, trabalham quase que de graça, fazem o trabalho “sujo” e pesado que os

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · PDF fileque há pra se ganhar pra quem está no fundo do poço ... Jogo do bicho Cês sonham comigo o tempo inteiro O capitalismo é

23

outros se recusem a fazer e recebem em troca a aceitação de sua situação, muitas vezes

carregada de culpa por não conseguirem uma melhor condição de vida.

A pobreza influência negativamente e diariamente milhares de crianças, jovens e

adultos em escolas públicas do Brasil, mas, mais do que isso, as concepções tidas por

docentes absolutamente influenciam em proporções bem maiores.

Foi constatado nesse trabalho por tanto, como é vital refletirmos sobre nossa

formação docente, partindo do princípio que, enquanto mediadores se exercerça uma

função de educar, condição necessária à cidadania. Aqui também foi diagnosticado que

a democratização do acesso, garantia e permanência, faz-se mais do que fundamental,

tendo em vista que a pobreza mais do que nunca exclui e oprime a essa parcela da

população.

Um grande obstáculo a ser enfrentado por nós docentes além da busca contínua

por formação é o incentivo a participação política e efetiva dos pobres. A ausência de

autor respeito é a consequência de uma humilhação que toma a forma de estigmatizar a

pobreza e de culpar os pobres por sua situação, como já falado anteriormente.

Com tudo que já foi exposto e desenvolvido no decorrer desse trabalho, como se

não fosse suficiente as grandes desigualdades sociais, atualmente o Brasil vem perdendo

cada vez mais sua autonomia educacional em especial na educação pública. Uma grande

recessão com relação às perdas educacionais vem mobilizando considerável parcela da

sociedade para essas tomadas de decisões antidemocráticas tidas por unanimidade pelos

representantes públicos.

O período em que estamos vivenciando é de total alerta por suas intenções de

uma autonomia e liberdade econômica dos pais, onde se extrai de políticas públicas para

se manter a estrutura capitalista.

Por fim, é necessário reafirmar que uma sociedade com sujeitos iguais e livres só

existe se houver vínculos de pertinência que os liguem a todos os aspectos da vida

social, como a língua, a memória, as tradições culturais, a educação, saúde, política,

economia, etc. Que mantenhamos nossa perseverança de educadores viva.

Algumas Considerações

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · PDF fileque há pra se ganhar pra quem está no fundo do poço ... Jogo do bicho Cês sonham comigo o tempo inteiro O capitalismo é

24

De acordo com a nossa condição de graduanda no curso de Pedagogia e

participante de uma iniciação cientifica cujos estudos objetivam o estudo da pobreza no

campo educacional é que escolhemos para este trabalho de conclusão de curso estudar

“Educação, pobreza e desigualdades sociais”, objetivando compreender as implicações

da compressão do vocábulo pobreza pelos alunos do último período do curso de

pedagogia.

Tal objetivo remeteu a uma pesquisa de campo norteada por um questionário

semiestruturado aplicado no final do ano de 2015, sendo seus resultados analisados a

luz da compreensão de Bourdieu, Sônia Rocha, Walquiria Leão Rego, Alessandro

Pinzani, Paulo Freire, Emília Viotti, entre outros, e diante do que se estudou

consideramos que: existe uma necessidade de assimilação do conceito de pobreza não

só por parte dos docentes em formação, como também de toda a comunidade escolar,

abrangendo pais, gestores, coordenadores, alunos e funcionários.

Percebeu-se também que a formação docente é fundamental no processo de

entendimento desse fenômeno, assim concluímos também a relevância dos nossos

formadores acadêmicos de se aterem e se inquietarem na perspectiva de sensibilizar-se

com a temática, tendo em vista o poder a libertação da educação.

Finaliza-se assim, que o estudo da pobreza no campo educacional exige um

maior aprofundamento continuo da pesquisa cientifica, tendo em vista as

transformações sociais diárias que nos ocorre. Por fim, reafirma-se a seriedade que

devemos ter enquanto educadores permitindo-nos sensibilizar-se em entender quem são

esses sujeitos pobres e o porquê de estarem em situação de vulnerabilidade e as

implicações legais que lhes concernem estando eles em estado de negligência social.

REFERÊNCIAS

BOOK REVIEWS. Socializing Epistemology: The Social Dimensions of Knowledge

Edited by Frederick F. Schmitt Lanham: Rowan & Littlefield Publishers, Inc., 1994.

315 pp. Reviewed by Patrick J.J. Phillips. Disponível em:

<file:///C:/Users/Adryelle/OneDrive/Documentos/2330-4369-1-PB.pdf> Acesso em: 02

de novembro de 2016.

BOURDIEU, Pierre. A Miséria do mundo – 17. ed. – Petrópolis, RJ: Editora Vozes,

2008.

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · PDF fileque há pra se ganhar pra quem está no fundo do poço ... Jogo do bicho Cês sonham comigo o tempo inteiro O capitalismo é

25

BOURDIEU, Pierre. O Poder Simbólico. Tradução: Fernando Tomaz – Rio de Janeiro:

Editora Bertrand Brasil S.A., 1989.

Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais:

introdução aos parâmetros curriculares nacionais / Secretaria de Educação

Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1997. 126p.

COSTA, Emília Viotti. Da monarquia à república: momentos decisivos – 6.ed. – São

Paulo: Fundação Editora da UNESP, 1999. – (Biblioteca básica).

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS. Adotada e proclamada pela

resolução 217 A (III) da Assembléia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de

1948. Brasília 1998. Disponível em:

http://unesdoc.unesco.org/images/0013/001394/139423por.pdf . Acessado em 30 de

março de 2016.

DURKHEIM, Émile. As Regras do Método Sociológico – 4. ed. – São Paulo: Editora

Martin Claret Ltda, 2011.

Epistemologia social: dimensão social do conhecimento [recurso eletrônico] / org.

Felipe de Matos Müller, Tiegue Vieira Rodrigues. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre:

EDIPUCRS, 2012. ISBN 978-85-397-0176-6 (on-line) 179 p. – (Série Filosofia; 214)

Sistema requerido. Disponível em: <http://ebooks.pucrs.br/edipucrs/Ebooks/Pdf/978-

85-397-0176-6.pdf> Acesso em: 05 de novembro de 2016.

FERNANDES, Valdir. A racionalização da vida como processo histórico: crítica à

racionalidade econômica e ao industrialismo. CADERNOS EBAPE. BR, v. 6, nº 3,

Setembro, 2008. Disponível em: <file:///C:/Users/Adryelle/Desktop/5079-10406-1-

PB.pdf> Acesso em: 02 de novembro de 2016.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários à Prática Educativa.

Editora Paz e Terra, 1996. (Coleção Saberes).

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido – 17. ed. – Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra,

1987.

HAYEK, Friedrich A. O caminho da servidão – São Paulo: Instituto Ludwig von Mises

Brasil, 2010.

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · PDF fileque há pra se ganhar pra quem está no fundo do poço ... Jogo do bicho Cês sonham comigo o tempo inteiro O capitalismo é

26

LAVILLE, CHRISTIAN. A construção do saber: manual de metodologia da pesquisa

em ciências humanas / Christian Laville e Jean Dionne. Tradução: Heloisa Monteiro e

Francisco Settineri. – Porto Alegre, BH: Editora UFMQ 1999.

LE GOFF, Jacques. História e memória. Tradução: Bernardo Leitão – Campinas, SP:

Editora da UNICAMP, 1990. (Coleção Repertórios).

LIBÂNEO, José Carlos. Educação Escolar: Políticas, estruturais e organização / José

Carlos Libânio, João Ferreira de Oliveira, Mirza Seabra Toschi – São Paulo: Editora

Cortez, 2003. – (Coleção Docência em Formação / coordenação Antônio Joaquim

Severino, Selma Garrido Pimenta)

MARTINS, Carlos Benito. O que é Sociologia – 38. ed. – São Paulo: Editora

Brasíliense, 1994. – (Coleção Primeiros Passos).

MERCADANTE, Paulo. A Consciência conservadora no Brasil – 3. ed. – Rio de

Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1980.

Órgão Governamental da Caixa Econômica Federal. Número de Identificação Social.

Disponível em: < http://www.caixa.gov.br/cadastros/nis/Paginas/default.aspx > Acesso

em: 01 de novembro de 2016.

Presidência da República Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos. Constituição da

República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em

<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm> Acesso em: 01

de novembro de 2016.

REGO, Walquiria Leão. PINZANI, Alessandro. Vozes do Bolsa Família: autonomia,

dinheiro e cidadania – 2. ed. – São Paulo: Editora Unesp, 2014.

ROCHA, Sônia. Pobreza no Brasil: afinal, de que se trata? – 3. ed. – Rio de Janeiro:

Editora FGV, 2016.

SIMMEL. G. Sociologia. Estudios Sobre las formas de socialización. v.2. Buenos

Aires. Espasa-Calpe Argentina, S.A., 1939. p.64