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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
PROGRAMA DE RECURSOS HUMANOS DA ANP-PRH 43
ENGENHARIA DE PETRÓLEO
RELATÓRIO DE CONCLUSÃO
MODELAGEM E DESENVOLVIMENTO DE UM BANCO DE
DADOS DE ESCOAMENTO MULTIFÁSICO
Discente: Fábio Pereira dos Santos
Orientador: Msc. Célio Gurgel Amorim
Natal/RN, Abril de 2015
Trabalho de Conclusão do PRH ANP-43 ____________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________Fábio Pereira dos Santos 2
Fábio Pereira dos Santos
MODELAGEM E DESENVOLVIMENTO DE UM BANCO DE
DADOS DE ESCOAMENTO MULTIFÁSICO
Relatório de conclusão do programa de recursos humanos ANP-43, realizado durante o curso de Engenharia de Petróleo pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Natal/RN, Abril de 2015
Trabalho de Conclusão do PRH ANP-43 ____________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________Fábio Pereira dos Santos 3
DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho a minha mãe,
Milene Pereira dos Santos e a meu
pai, Flávio Francisco dos Santos, por
todo esforço, dedicação e carinho
que ofereceram a mim, desde o
momento que eu vim ao mundo. Sou
imensamente grato por tudo que
fizeram. Muito obrigado!
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AGRADECIMENTOS
A Deus em primeiro lugar, por ter me dado saúde e sabedoria. E por sempre me
ter concedido força de vontade nos momentos mais difíceis.
À minha mãe, Milene Pereira dos Santos, por todo o apoio, ajuda e acima de
tudo, pelo carinho que tem por mim. E ao meu pai, Flávio Francisco dos Santos,
que dedicou a sua vida para que eu tivesse uma boa educação, e que aliás, me
ensinou conhecimentos preciosos.
Aos meus irmãos, Leandro Pereira dos Santos e Michele Pereira dos Santos,
por me encorajarem a acreditar nos meus objetivos e por todo o esforço e
paciência a mim dedicados.
Ao meu orientador e amigo, Célio Gurgel Amorim, por todo o ensinamento,
dedicação e paciência que teve por mim, durante a realização desse projeto.
Aos professores do Curso de Engenharia de Petróleo, que contribuíram direta
ou indiretamente na realização desse trabalho.
Aos colegas de curso, pela amizade e por todo o conhecimento compartilhado
ao longo da minha graduação.
À Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), por ter me dado todo
o suporte e infraestrutura necessária a realização desse trabalho.
Ao PRH/ANP-43 por todo o apoio financeiro.
Ao FINEP, MCTI e ANP pelas contribuições cedidas a minha pesquisa.
A todos muito obrigado!
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RESUMO
O escoamento de petróleo nas tubulações de produção é uma das etapas
mais delicadas e importantes na etapa de produção. Esse escoamento pode ser
de dois tipos: fluxo monofásico e fluxo multifásico. O fluxo monofásico trata-se
apenas do escoamento de uma fase, que pode ser o petróleo bruto, enquanto
que no fluxo multifásico pode-se encontrar, além do petróleo, água, gás e
partículas sólidos. Desde meados do século XX, diversos autores propuseram
correlações que pudessem prever a queda de pressão no sistema de
escoamento multifásico. Essas correlações sofreram, com o tempo, diversas
melhorias, tornando-se mais confiáveis e condizentes com a realidade
observada nos poços de petróleo. Ao passar dos anos, muitas dessas
correlações entraram em desuso, ao mesmo tempo em que gradativamente
surgiam novas maneiras de cálculo para o gradiente de pressão. A partir de
então, se tornavam mais comuns os métodos mecanicistas e modelos
computacionais, os quais apresentavam erros bem menores de interpretação do
fenômeno multifásico. Apesar da maneira de cálculo do gradiente de pressão ter
evoluindo com o passar dos anos, sempre houve a necessidade de possuir
dados reais de campos, a fim de que esses métodos pudessem ser
desenvolvidos, modelados e testados. Foi com esse intuito que o presente
trabalho se predispõe a criar um banco de dados de escoamento multifásico,
contemplando os principais parâmetros de poços.
Palavras-chave: Banco de dados, Fluxo multifásico, Escoamento multifásico.
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 9
1.1 Objetivos ................................................................................................. 10
2 ASPECTOS TEÓRICOS ............................................................................... 12
2.1 Fluxo multifásico em Tubulação Vertical ................................................. 12
2.1 Padrão de Escoamento ........................................................................... 13
2.1.1 Padrão Bolha .................................................................................... 14
2.1.2 Padrão Golfada ................................................................................. 15
2.1.3 Padrão de Transição ......................................................................... 15
2.1.4 Neblina .............................................................................................. 16
2.3 Complexidade do Fluxo Multifásico ......................................................... 16
2.4 Cálculo do Gradiente de Pressão do Fluxo Multifásico ........................... 17
2.4.1 Correlações Empíricas ...................................................................... 18
2.4.1 Métodos Mecanicistas ...................................................................... 25
3 MATERIAIS E MÉTODOS............................................................................. 27
3.1 Ferramentas Computacionais ................................................................. 27
3.2 Dados de poços de petróleo ................................................................... 28
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................. 31
4.1 Estatística dos dados .............................................................................. 33
4.2 Análise dos dados ................................................................................... 33
5 CONSIDERAÇÃO FINAIS ............................................................................. 39
6 REFERÊNCIAS ............................................................................................. 41
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LISTA DE IMAGENS
Figura 1. Padrões de Escoamento. Fonte: ORKISZEWSKI, 1967. ................. 14
Figura 2. Esquemático para determinação do gradiente de pressão. ............. 19
Figura 3. Vazão de Produção de líquido (BPD). Fonte: TAKACS, 2005. ........ 21
Figura 4. Razão Gás-Líquido (ft³/bbl.). Fonte: TAKACS, 2005. ....................... 21
Figura 5. Correlação para o Fator de Fricção de Poettman e Carpenter. ........ 24
Figura 6. Planilhas de Dados Excel. ................................................................ 28
Figura 7. Dados de poços................................................................................ 32
Figura 8. Histograma da profundidade do poços em metros. .......................... 34
Figura 9. Histograma do diâmetro dos poços. ................................................. 34
Figura 10. Histograma do °API. ....................................................................... 35
Figura 11. Histograma da vazão de óleo em barril por dia. ............................. 36
Figura 12. Histograma da Pressão de cabeça do poço em psi. ...................... 36
Figura 13. Histograma da Pressão de fundo do poço em psi. ......................... 37
Figura 14. Correlação (Vazão de óleo x ∆P). .................................................. 38
Figura 15. Correlação (Comprimento x Pressão de Fundo). ........................... 38
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Correlações empíricas e suas respectivas categorias. .................... 20
Tabela 2. Dados de produção. ......................................................................... 30
Tabela 3. Análise estatística dos dados. .......................................................... 33
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
∆P – Variação da Pressão
°C – Grau Celsius
°F – Grau Fahrenheit
Ap – Área transversal
Bbl – Barril
Bg – Fator Volume-Formação do gás
Bo – Fator Volume-Formação do óleo
BPD – Barril por dia
cP – Centipoise
d – diâmetro
f – fator de fricção
fo – Fluxo fracionário de óleo
ft – unidade de medida “pés”
fw – Fluxo fracionário de água
g – Gravidade
OVIP – OLGA Validation and Improvement Program
Pf – Pressão de Fundo
qg – Vazão de gás
ql – vazão do líquido
qo – Vazão de óleo
qw – Vazão de água
RAO – Razão Água-Óleo
RGL – Razão Gás-Líquido
RGO – Razão Gás-Óleo
Rs – Razão de Solubilidade
Scf – Pé cúbico padrão
SPE – Society of Petroleum Engineers
Tf – Temperatura de fundo
TUFFP– Tulsa University Fluid Flow Project
VBA – Visual Basic for Aplications
Vm – Velocidade da mistura
Vsg – Velocidade Superficial do gás
Vsl – Velocidade Superficial do líquido
ρg – Densidade do gás
ρm – Densidade da mistura
ρo – Densidade do óleo
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1. INTRODUÇÃO
Durante a produção de petróleo pelas tubulações, pode ocorrer o fluxo de
apenas uma fase, a qual dar-se o nome de escoamento monofásico. Entretanto,
é sabido que grande parte dos poços de petróleo produz não apenas o petróleo
bruto, mas também frações de água e gases, e por vezes, partículas sólidas,
como areia e parafinas. Esse fluxo simultâneo de diferentes componentes ao
longo da tubulação de produção chama-se escoamento multifásico. Esse tipo de
escoamento pode ocorrer tanto em trechos verticais da tubulação, como em
trechos inclinados e horizontais.
Conforme SUTTON e LANGLINAIS (1988), o escoamento de multifásico
em tubulações, como é comumente visto na indústria de petróleo e gás, tem sido
investigado tanto experimentalmente como teoricamente. Um particular
interesse tem sido mostrado no fluxo combinado de óleo, água e gás em
tubulações verticais, tanto na produção por método naturais, como por método
de elevação artificial (gás-lift).
O eficiente escoamento de petróleo e gás pelas tubulações requer
determinada capacidade para se prever o comportamento do fluxo ao longo da
tubulação. Normalmente, os poços de petróleo produzem uma mistura de gás e
líquidos, e devido as diferentes características físico-químicas entre as fases, o
escoamento multifásico é significativamente mais complexo que o escoamento
monofásico. Entretanto, nas últimas décadas, foram desenvolvidos inúmeros
métodos e correlações para compreensão do escoamento multifásico. Em geral,
as correlações são válidas a uma estreita faixa de valores dentro de uma variável
- vazão de óleo, por exemplo - e em decorrência disso, pode-se usar mais de um
método de cálculo para a predição do gradiente de pressão de uma tubulação.
A importância das correlações empíricas, modelos mecanicistas e
computacionais voltadas ao escoamento multifásico está na capacidade de
determinar informações como: perda de carga, variação da temperatura e
velocidades de escorregamento entre fases. Informações como as citadas são
importantes, por exemplo, no dimensionamento dos equipamentos de produção
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e separação, nas etapas de tratamento e processamento, na área de segurança
operacional, entre outras.
Para que haja a formulação ou validação de novas correlações há a
necessidade de se possuírem determinados dados de campo, além de
informações das propriedades físico-químico do petróleo. Esses dados incluem
usualmente as vazões de escoamento das fases óleo, água e gás; o diâmetro e
o comprimento da tubulação, além do ângulo de inclinação; pressões e
temperaturas de fundo e cabeça de poço; °API do óleo; e outras características.
Dados reais de poços são importantes não apenas na área de elevação
natural ou artificial do petróleo, mas em inúmeras outras áreas do setor
petrolífero. Atualmente, inúmeras pesquisas são realizadas com o objetivo de:
oferecer soluções para problemas encontrados no campo; elaborar métodos
mais eficientes na produção do petróleo; propiciar melhorias nas etapas de
processamento; facilitar o transporte dos fluidos; reduzir os custos inerentes à
produção, entre outros. Para que muitas dessas pesquisas possam ser
realizadas, há a necessidade de se obter parâmetros coletadas em poços de
petróleo.
1.1 Objetivos
É de notório conhecimento a importância do entendimento do fluxo
multifásico nas tubulações de produção de petróleo. Sendo assim inúmeras
pesquisas estão sendo realizadas com a finalidade de propor correlações
empíricas, métodos mecanicistas e modelos computacionais, que possam
calcular a queda de pressão em um sistema de produção de petróleo.
Esse trabalho tem como objetivo realizar um levantamento de quais dados
de poços são necessários no cálculo da queda de pressão do escoamento
multifásico. E então, prosseguir com uma busca de dados de poços em fontes
diversas, como: artigos científicos, banco de teses, revistas especializadas e
centros de pesquisa e ensino.
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De posse do conjunto de informações de poços, será procedida a
modelagem e posterior alimentação do banco de dados. O trabalho também
realiza uma análise dos dados obtidos, abordando aspectos estatísticos e
elaborando-se histogramas e correlações de interesse.
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2. ASPECTOS TEÓRICOS
O modo como ocorre a queda de pressão no fluxo multifásico é bem
diferente quando comparado ao fluxo monofásico. Parte das diferenças
observadas decorre da existência, na maioria dos casos, de uma interface onde
o gás desliza através do líquido, gerando superfícies de diferentes
características, dependendo do padrão de fluxo observado. O escoamento
simultâneo de petróleo, água e gás pode gerar uma determinada turbulência no
fluxo, sendo acentuada à medida que os fluidos se aproximam da superfície,
devido à gradativa diminuição da pressão do sistema.
2.1 Fluxo multifásico em Tubulação Vertical
Prever com precisão a queda de pressão em tubulações verticais de
petróleo costuma ser uma tarefa laboriosa. O escoamento multifásico pode ser
complexo de se modelar com apenas uma correlação, pois o fenômeno da queda
de pressão é gerado em virtude de um conjunto de variáveis. Sendo possível o
uso de mais de uma correlação para abranger todo o escopo de variação do
sistema multifásico.
O caminho percorrido pelos fluidos do reservatório através da tubulação
de produção consome a maior parte da pressão disponível pelo sistema. Por
isso, é importante realizar uma avaliação precisa da distribuição da pressão ao
longo da tubulação. A determinação do perfil de pressão ao longo da tubulação
de produção possibilita:
Projetar equipamentos de elevação artificial (gas-lift, bombeio
mecânico, etc.);
Calcular o efeito da redução de diâmetro e estranguladores sobre o
fluxo;
Determinar a vida produtiva dos poços;
Utilizar os dados e resultados obtidos no ajuste de novas correlações.
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2.1 Padrão de Escoamento
Um dos aspectos mais importantes no fluxo multifásico em tubulações de
produção de petróleo é a geometria e a distribuição das fases sob condições de
fluxo. Esta distribuição geométrica das fases é normalmente chamada de regime
ou padrão de escoamento.
Segundo AZIZ e GOVIER (1972), o escoamento de petróleo e gás pelas
tubulações é um fenômeno complexo, e a modelagem desse sistema deve levar
em consideração a existência de alguns regimes de fluxo ao longo da tubulação.
Os padrões de escoamento do fluxo multifásico dependem de alguns
fatores, entre eles, ângulo de inclinação da tubulação, direção do fluxo e
parâmetros físico-químicos dos fluidos envolvidos. A maioria dos pesquisadores
reconhece a existência de quatro regimes de escoamento, são eles: bolha,
golfada, transição e neblina. Geralmente aparecem na tubulação
progressivamente nesta mesma ordem, devido ao aumento do fluxo de gás em
relação à fase líquida. Esse fato ocorre em condições normais de produção de
petróleo, porque o gás em solução escapa gradativamente do óleo à medida que
sobe para a superfície, resultando em um aumento da velocidade do gás. O gás
liberado a partir da solução se expande devido à redução de pressão na direção
ascendente, aumentando ainda mais a velocidade do gás. Esse aumento
contínuo da velocidade do gás faz aparecer os diversos padrões de fluxo, e que
podem ser visualizados na Figura 1.
Os padrões de escoamento são importantes, pois: afeta o fenômeno de
hold up; simula a dinâmica de transferência de calor; determina que fase esteja
em contato com a parede da tubulação; e determina as condições de operação
das instalações de produção.
Entre os fatores que interferem nos padrões de escoamento, podem-se
citar:
RGL (Razão Gás-Líquido);
Pressão (Expansão do gás);
Geometria da tubulação (diâmetro e ângulo de inclinação);
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Propriedades dos fluidos (viscosidade, densidade, tensão superficial,
etc.).
Prever a ocorrência dos padrões de escoamento e as suas localizações
na tubulação é uma tarefa usualmente difícil. Correlações empíricas ou modelos
mecanicistas são usados para predizer o comportamento do escoamento em
vários regimes de fluxo. Basicamente, os cálculos de regimes de fluxo são
baseadas em dados de sistemas de baixa pressão, desprezando a transferência
de massa entre as fases. Assim sendo, estes cálculos podem ser inadequados
para sistemas com altas pressões e poços com altas temperaturas.
Os principais padrões de escoamento em tubulações verticais são
mostrados na Figura 1.
Figura 1. Padrões de Escoamento. Fonte: ORKISZEWSKI, 1967.
2.1.1 Padrão Bolha
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De acordo CEBALLOS e ARDILA (2012), nesse padrão de escoamento a
tubulação é preenchida quase que exclusivamente pela fase líquida, enquanto
que a fase gás está presente na forma de pequenas bolhas distribuídas
aleatoriamente.
A fase líquida se move a uma velocidade bem uniforme, enquanto que as
bolhas de gás se movem a diferentes velocidades, dependendo de seus
respectivos diâmetros. É importante notar que, com exceção da densidade, a
fase gás possui um efeito mínimo no gradiente de pressão, e que a parede do
tubo está sempre em contato com a fase líquida.
2.1.2 Padrão Golfada
No padrão de golfada a fase gasosa está mais pronunciada, apesar de a
fase líquida ainda ser contínua. As pequenas bolhas de gás se juntam e formam
bolhas maiores e estáveis, de forma e tamanho similar ao diâmetro da tubulação.
As bolhas são separadas pela fase líquida que ainda contínua sendo a fase
dominante. Nota-se que a velocidade das bolhas é muito maior que a velocidade
do líquido, e que a velocidade desta não é constante. Enquanto as bolhas da
tubulação se movem para cima, em direção do fluxo, o líquido da película que
rodeiam as bolhas pode-se mover para baixo. Esta variação das velocidades dos
líquidos pode resultar em uma variação das perdas por fricção na parede da
tubulação, como também numa variação do hold up do líquido (ORKISZEWSKI,
1967).
2.1.3 Padrão de Transição
É nesse padrão de fluxo que ocorre a inversão da fase contínua que agora
passa a ser a fase gás. A camada de líquido que separava as bolhas de gás
praticamente desaparece nesse padrão de fluxo, e a fase gasosa passa ser a
dominante. O gás arrasta consigo uma significativa quantidade de líquido,
apesar dos efeitos da fase líquida serem mínimos. A fase gás é a que determina
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os efeitos mais expressivos no fluxo. Nessa fase, as bolhas costumam ser
instáveis e colapsam, gerando turbulências e dispersão de ambas as fases
(ORKISZEWSKI, 1967).
2.1.4 Neblina
Nesse tipo de padrão de fluxo o gás é a fase contínua, o qual arrasta e
transporta a fase líquida. Uma película de líquido molha a parede da tubulação,
mas seus efeitos são secundários quando comparados aos efeitos
proporcionados pela fase gasosa (CEBALLOS e ARDILA, 2012).
2.3 Complexidade do Fluxo Multifásico
O fluxo multifásico acontece quando há o movimento simultâneo de
petróleo, água e gás na tubulação. O seu comportamento é bastante complexo
devido a existência de diversos fatores como: turbulência, fronteiras de
separação entre as fases, e diferença de densidades. Como mencionado
anteriormente, a interface entre as fases pode resultar em várias configurações
conhecidas como padrões de escoamento. E como dito, o padrão de
escoamento resultante dependerá das condições de fluxo, das propriedades do
fluido e da geometria da tubulação. Os padrões de fluxo mais importantes são
os do tipo Golfada e Transição, já que ambos aparecem com maior frequência
no escoamento multifásico de poços de petróleo. Outro fato importante para
ressaltar é que os padrões de fluxo são um conceito subjetivo e qualitativo, pois
eles não são incorporados diretamente como um parâmetro nas equações
matemáticas.
Um fenômeno importante observado no fluxo multifásico é proporcionado
pelo gás disperso, pois este tende a fluir mais rapidamente que o líquido. O efeito
do deslizamento faz com que as condições do fluxo estejam sujeitas às
propriedades dos fluidos, e seu entendimento depende de métodos que levem
em consideração esse fato.
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Entre os parâmetros que afetam o comportamento do fluxo, pode-se citar:
Velocidade Superficial;
Viscosidade;
Tensão Superficial;
Densidade do óleo e do gás;
Diâmetro e Comprimento da tubulação;
Ângulo de Inclinação e Rugosidade da tubulação.
2.4 Cálculo do Gradiente de Pressão do Fluxo Multifásico
As equações para o cálculo do gradiente de pressão no escoamento
monofásico são relativamente simples, e usa os princípios da conservação de
massa e da quantidade de movimento linear. Os mesmos princípios são usados
para o cálculo do gradiente de pressão no escoamento multifásico, contudo a
presença de duas ou três fases torna o seu entendimento muito mais complexo.
Atualmente, os métodos usados para prever o gradiente de pressão
podem ser classificados em três tipos: correlações empíricas, modelos
mecanicistas e modelos computacionais. Este presente trabalho aborda apenas
os dois primeiros métodos.
As correlações empíricas desenvolvem relações entre parâmetros
importantes do sistema, os quais, em grande parte, foram elaborados a partir de
dados experimentais. Estas correlações foram feitas para determinados regimes
de fluxo e deslizamento e podem fornecer bons resultados, mas se limitam as
mesmas condições propostas pelo experimento de origem.
Os modelos mecanicistas aproximam o fenômeno físico levando em conta
os processos mais importantes, deixando de lado efeitos secundários que
podem complicar o processo. Esse método pode fornecer uma precisão
satisfatória.
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2.4.1 Correlações Empíricas
Desde a segunda metade do século XX, várias correlações empíricas
foram desenvolvidas com o intuito de calcular a queda de pressão e o hold up
do líquido em tubulações de produção de petróleo, as quais estejam sob o
regime de fluxo multifásico. Inicialmente, os modelos empíricos tratavam o
escoamento multifásico como o fluxo de uma mistura homogênea de líquido e
gás. Esta primeira abordagem ignorava o deslizamento entre as fases, e por
causa do pobre modelo físico adotado, a precisão nos resultados era baixa.
Entretanto, com o passar dos anos, houve uma evolução nas correlações
empíricas devido a inserção do hold up nos modelos de cálculo, explicitando
assim, o efeito de deslizamento entre as fases. Esses modelos mais recentes
incluíam também uma análise dos diferentes arranjos espaciais entre as fases,
dessa forma, os diferentes padrões de escoamento começaram a ser
considerados.
A modelagem de correlações empíricas necessita preferencialmente de
dados reais de poços. Por conseguinte, o cálculo do gradiente de pressão em
uma tubulação passa a ser mais condizente com a realidade, portanto mais
preciso. Na Figura 2, observa-se as principais variáveis requeridas pela maioria
das correlações empíricas.
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Figura 2. Esquemático para determinação do gradiente de pressão.
Para BRILL e MUKHERJEE (1999), as correlações empíricas podem ser
separadas levando em consideração a similaridade nos conceitos teóricos. Os
métodos publicados por diferentes autores foram distribuídos em três categorias:
categorias I, II, III.
Nas correlações de categoria I, nem o deslizamento entre as fases, nem
os padrões de fluxo foram considerados. Consequentemente, as velocidades de
ascensão do líquido e do gás eram as mesmas. Nessas correlações o hold up
não era utilizado no cálculo da densidade e não havia distinção entre os
diferentes padrões de fluxo.
Nas correlações de categoria II, os padrões de fluxo continuavam a ser
ignorados, entretanto já se consideravam o deslizamento entre as fases. Sendo
assim, os autores já tratavam que o líquido e o gás se deslocavam a diferentes
velocidades dentro da tubulação. O hold up e o fator de fricção eram calculados,
e usados no cálculo do gradiente de pressão.
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Nas correlações de categoria III, o deslocamento entre as fases e os
padrões de fluxo são considerados. O hold up do líquido era utilizado no cálculo
da densidade, visto que sua determinação levava em consideração alguns
conceitos de escorregamento entre fases. Nessas correlações, a predição do
hold up e do fator de fricção só eram feitos após o estabelecimento do padrão
de fluxo predominante no sistema. Portanto, o método usado no cálculo do
gradiente de pressão também dependia do padrão de fluxo atuante.
Na Tabela 1, podem-se ver os principais autores que propuseram
correlações de fluxo multifásico e a que categorias eles pertencem.
Tabela 1. Correlações empíricas e suas respectivas categorias.
Correlações Empíricas para fluxo Vertical
Categoria Autores
I
Poettmann and Carpenter Baxendell and Thomas Fancher and Brown Hagedorn and Brown Gaither et al.
II
Gray Asheim Hagedorn and Brown
III
Duns and Ros Orkiszewski Aziz et al. Chierici et al. Beggs and Brill Mukherjee and Brill
É pertinente enfatizar que entre as correlações apresentadas na Tabela
1, às propostas por Beggs e Brill e Mukherjee e Brill (1999) foram desenvolvidas
para o cálculo do gradiente de pressão em quaisquer ângulos de inclinação da
tubulação.
O range de aplicabilidade dos modelos de fluxo multifásico depende de
vários fatores, tais como: diâmetro da tubulação, °API do óleo, RGL, vazão de
óleo, gás e água. O efeito dessas variáveis na estimativa do perfil de pressão
em um poço pode variar de uma correlação para outra. Nas Figura 3 e Figura 4,
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observa-se o range de aplicabilidade das principais correlações para as
variáveis, vazão de líquido e RGL, respectivamente.
Figura 3. Vazão de Produção de líquido (BPD). Fonte: TAKACS, 2005.
Figura 4. Razão Gás-Líquido (ft³/bbl.). Fonte: TAKACS, 2005.
2.4.1.1 Poettman e Carpenter
O método de cálculo desenvolvido por Poettman e Carpenter (1952) pode
ser considerado como um método semi-empírico. Está correlação se enquadra
na categoria I, a qual desconsidera os efeitos provocados pelo escorregamentos
entre as fases, como também a existência dos padrões de escoamento. O
modelo foi criado a partir de dados de 34 poços surgentes e 15 poços de gás-lift.
Um fato a ser notado é que o óleo, a água e o gás foram alocados em apenas
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uma fase, sendo assim, a presente correlação não se predispõe a calcular o hold
up do líquido e do gás.
Essa correlação possui um determinado range de aplicabilidade, entre
eles cita-se:
Tubulações de diâmetro de 2”, 2 ½”, 3”;
Vazão entre 400 e 1000 bpd;
RGL < 1500 scf / bbl;
Viscosidade menores que 5cP.
POETTMAN E CARPENTER (1952), afirmam que os procedimentos de
cálculo desenvolvidos por eles, permitem a obtenção da pressão de fundo do
poço quando do escoamento em tubulações de petróleo, e desde que sejam
conhecidos os dados de superfície. E, em casos de poços com gás-lift, há a
possibilidade de calcular a profundidade, pressão e vazão com o qual o gás será
injetado.
O procedimento de cálculo do gradiente de pressão para o método de
Poettman e Carpenter é mostrado a seguir. É imprescindível possuir alguns
parâmetros, que podem ser obtidos diretamente no campo ou obtidos por meios
de correlações. Os dados necessários são: Vazão de óleo (qosc), vazão de gás
(qgsc), Razão Gás-Óleo (RGO), Fator volume formação do óleo (Bo), Fator
volume formação do gás (Bg), Razão de Solubilidade (Rs), diâmetro do poço (d),
pressão de fundo (Pf), temperatura de fundo (Tf), densidade do óleo (ρo),
densidade da água (ρw).
Os cálculos a seguir foram realizados considerando o modelo Black-Oil.
1. Inicialmente calcula-se a área transversal da tubulação, por onde percorre
o fluxo, pela expressão:
𝐴𝑝 = 𝜋
4𝑑2 [1]
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2. Calcula-se a vazão de óleo nas condições de Pressão e Temperatura na
tubulação.
𝑞𝑜 = 𝑞𝑜(𝑠𝑐) . 𝐵𝑜 [2]
3. Encontra-se a velocidade superficial do líquido.
𝑉𝑠𝑙 = 𝑞𝑙 𝐴𝑝⁄ [3]
4. Determina-se a vazão do gás.
𝑞𝑔 = [𝑞𝑔(𝑠𝑐) − 𝑞𝑜(𝑠𝑐). 𝑅𝑠 − 𝑞𝑤(𝑠𝑐). 𝑅𝑠𝑤]. 𝐵𝑔 [4]
5. Calcula-se a velocidade superficial do gás.
𝑉𝑠𝑔 = 𝑞𝑔 𝐴𝑝⁄ [5]
6. A velocidade total da mistura é definido por:
𝑉𝑚 = 𝑉𝑠𝑙 + 𝑉𝑠𝑔 [6]
7. Encontra-se o volume fracionário do líquido pela expressão:
𝜆𝑙 =𝑞𝑙
𝑞𝑙 + 𝑞𝑔 [7]
Trabalho de Conclusão do PRH ANP-43 ____________________________________________________________________________
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8. Em seguida, calcula-se a densidade da mistura líquida.
𝜌𝑙 = 𝜌𝑜. 𝑓𝑜 + 𝜌𝑤. 𝑓𝑤 [8]
9. Determina-se a densidade da mistura, desconsiderando o
escorregamento entre fases.
𝜌𝑚 = 𝜌𝑙. 𝜆𝑙 + 𝜌𝑔. (1 − 𝜆𝑙) [9]
10. Tem-se que determinar o fator de fricção. Para tal, multiplica-se os
parâmetros encontrados nas equações [6] e [9] com o diâmetro da
tubulação, em seguida, insere-se o valor encontrado na Figura 5 para
obter o Fator de Fricção.
𝜌𝑚. 𝑉𝑚. 𝑑 [10]
Figura 5. Correlação para o Fator de Fricção de Poettman e Carpenter.
Fonte: BRILL e MUKHERJEE (1999).
Trabalho de Conclusão do PRH ANP-43 ____________________________________________________________________________
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11. Com o valor do Fator de Fricção obtido na Figura 5, pode-se determinar
o gradiente de pressão do sistema, utilizando a equação [11].
𝑑𝑝
𝑑𝑍=
𝑓 . 𝜌𝑚 . 𝑉𝑚²
2 . 𝑑+ 𝜌𝑚. 𝑔. 𝑠𝑒𝑛𝜃 [11]
Da equação acima, pode-se inferir que se a tubulação for vertical, o
segundo termo da soma ficaria apenas em função da densidade da mistura e da
gravidade. Esse cálculo do gradiente de pressão considera apenas as perdas
ocasionadas pela fricção e as perdas ocasionadas pelo o movimento ascendente
do fluido. Essa correlação pode produzir resultados satisfatórios apenas para
poços com vazões moderadas, onde o padrão de fluxo seria o de pequenas
bolhas dispersas, essa condição contemplaria o não deslizamento das fases.
A correlação de Poettman e Carpenter, assim como as demais
correlações pertencentes a categoria I, deixaram de ser utilizadas no cálculo do
gradiente de pressão do fluxo multifásico. Elas foram correlações pioneiras, e se
tornaram fonte de inspiração para os trabalhos posteriores.
2.4.2 Métodos Mecanicistas
Os métodos de cálculos empíricos, pela sua natureza, não podem cobrir
toda a gama de parâmetros observados nas operações de extração do petróleo,
e sua aplicabilidade é limitada pela base de dados utilizada na sua construção.
Gradualmente, as pesquisas voltadas à modelagens empíricas do fluxo
multifásico perderam espaço para uma análise mais abrangente do problema.
Estes pesquisadores adotaram um modelo de abordagem partindo de conceitos
físicos do fluxo de diferentes fluidos, e desenvolveram relações com os
parâmetros do sistema. Dessa maneira eles foram além do que as correlações
empíricas eram capazes e alargaram os intervalos de aplicabilidade dos
modelos.
Para TAKACS (2005), os modelos mecanicistas usados no cálculo da
queda de pressão em tubulações verticais de fluxo multifásico costumam serem
Trabalho de Conclusão do PRH ANP-43 ____________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________Fábio Pereira dos Santos 26
caracterizados por uma determinação abrangente do padrão de fluxo
predominante em várias profundidades. O cálculo de alguns parâmetros de fluxo,
como densidade da mistura e coeficiente de atrito, são realizados usando
fórmulas desenvolvidas a partir da modelagem mecânica do padrão de fluxo em
particular.
O primeiro objetivo dos modelos mecanicistas é o de determinar o padrão
de fluxo em um determinado sistema, e para cada padrão de fluxo existe um
modelo matemático específico. Os modelos mecanicistas também inferiram na
delimitação do limite de transição entre os regimes de fluxo.
ANSARI et al. (1994) apresentou um modelo integral para prever o
comportamento do escoamento ascendente de fluxo bifásico. Já Gómez et al
(1999) desenvolveu um modelo mecanicista para a predição do hold up e a
distribuição da queda de pressão em poços direcionais, o modelo pode ser
aplicado a qualquer ângulo de inclinação, desde tubulações horizontais à
verticais.
Entre os modelos mecanicistas de destaque atualmente, pode-se citar o
de Tulsa (1999). Com ele pode-se determinar os regimes de fluxo, a queda de
pressão e o hold up de líquido de tubulações verticais de fluxo multifásico. O
modelo identifica cinco regimes de fluxo: bolha, bolhas dispersas, golfada,
transição e neblina. Esse modelo foi validado usando uma base de dados de
2052 poços provenientes da TUFFP (“Tulsa University Fluid Flow Project”).
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3. MATERIAIS E MÉTODOS
Esse tópico aborda os materiais e métodos utilizados na realização deste
trabalho. Aborda também os aspectos funcionais do software utilizado na criação
do banco de dados, assim como os meios e fontes de captação dos dados. Além
disso, foi realizada uma abordagem teórica das variáveis de poços, enfatizando
quais delas são necessárias para inserção ao banco de dados.
3.1 Ferramentas Computacionais
Existe no mercado várias ferramentas computacionais que podem ser
utilizadas na criação de um banco de dados. Com o intuito de adotar o software
que apresente o maior número de vantagens, esse trabalho avaliou
qualitativamente alguns deles. Os softwares avaliados foram:
Microsoft Acess;
Microsoft Excel;
LibreOffice – Calc;
iWork Numbers;
Gnumeric;
NeoOffice.
Após uma criteriosa análise dos softwares candidatos, optou-se pela
escolha do Excel. Dentre os softwares analisados o Excel é o mais utilizado
atualmente; possui um ambiente computacional intuitivo e de fácil
implementação e utilização; possui uma ampla gama de funcionalidades, além
de apresentar uma enorme capacidade de armazenamento de informações.
O software Excel, ver Figura 6, faz parte do pacote Office da empresa
Microsoft. Esse software é compatível com plataformas do Microsoft Windows,
Apple Inc., além de dispositivos móveis como o Windows Phone, Android e o
iOS. Entre os softwares do gênero, o Excel é o aplicativo dominante no mercado
desde 1993, sendo usado por milhares de pessoas em várias nacionalidades.
Trabalho de Conclusão do PRH ANP-43 ____________________________________________________________________________
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O Excel é uma ferramenta computacional que permite calcular e analisar
dados, além de guardar informações dos mais diversos tipos - por meios de
tabelas ou planilhas. Este software ainda permite criar gráficos, diagramas e
desenhos ilustrativos. O Excel ainda conta com o VBA (Visual Basic for
Aplications), trata-se de uma linguagem de programação inserida no próprio
software, dessa forma o usuário pode criar suas próprias funções, métodos de
cálculo, e meios de análise de dados.
Figura 6. Planilhas de Dados Excel.
3.2 Dados de poços de petróleo
A partir da definição do software a ser utilizado na modelagem do banco
de dados, a etapa seguinte dedicou-se à busca de informações para a
alimentação do banco de dados.
Como é sabido, alguns parâmetros de poços são essenciais no
desenvolvimento e aperfeiçoamento de correlações empíricas, modelos
mecanicistas e simuladores computacionais. Inúmeras empresas do setor
petrolífero, universidades e instituições de pesquisas dispõem de seus próprios
bancos de dados de escoamento multifásico. Entretanto, o acesso a essas
informações costuma ser de difícil acesso por pesquisadores e pela comunidade
científica em geral.
Trabalho de Conclusão do PRH ANP-43 ____________________________________________________________________________
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Entre os importantes bancos de dados que se tem conhecimento pode-se
citar o do projeto TUFFP (“Tulsa University Fluid Flow Project”). Que é um grupo
de pesquisa cooperativa Indústria-universidade com foco em projetos de fluxo
de fluidos multifásicos em tubulações de petróleo. Os projetos de fluxo da
Universidade de Tulsa estão entre os mais bem conceituados do mundo.
Fundada em 1973, desenvolveu grande parte da tecnologia atualmente utilizada
na produção e transporte de petróleo e gás. O TUFFP dispõe de um banco de
dados de escoamento multifásico doado pela Schlumberger, e o objetivo não é
apenas o de manter os dados já obtidos, mas o de ampliar o repositório com
dados contidos na literatura e dados cedidos por demais empresas do setor.
Outro importante banco de dados foi desenvolvido pelo SPT GROUP que
é uma companhia da Schlumberger. Seu ramo de atuação está voltado para a
modelagem de fluxo multifásico na indústria de petróleo e gás. O seu principal
software de simulação dinâmica de escoamento multifásico é o OLGA (2015), e
com o propósito de aperfeiçoar e validar esse software, foi criado o OVIP (“OLGA
Validation and Improvement Program”). O banco de dados da OVIP é um dos
maiores e mais completos bancos de dados de fluxo multifásico já montado.
Em decorrência do difícil acesso às informações presentes nos bancos de
dados de empresas do ramo petrolífero e Universidades. A obtenção de
informações requeridas para a montagem do banco de dados foi feita a partir da
captação de informações em fontes alternativas, entre essas fontes pode-se
citar:
Bancos de Teses e Dissertações de Universidades (Tulsa, Stanford,
Calgary, Texas, Oklahoma, Imperial College, Universidade Industrial
de Santander, UFRJ, Unicamp, etc.);
Periódicos CAPES;
Artigos Científicos e Papers;
Journal of Petroleum Science & Engineering;
International Journal of Oil, Gas and Coal Technology;
SPE (Society of Petroleum Engineers);
One Petro;
Science Direct;
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_______________________________________________________________________Fábio Pereira dos Santos 30
Elsevier.
Na Tabela 2, observa-se um exemplo de conjunto de dados de poços. A
tabela contém informações coletadas em 21 (vinte e um) poços, localizados no
campo de Santiago, Colômbia.
Tabela 2. Dados de produção.
Fonte. PETROBRAS Colombia Limited. Dados de produção do Campo de Santiago.
Julho, 2010.
Trabalho de Conclusão do PRH ANP-43 ____________________________________________________________________________
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4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
O banco de dados desenvolvido por esse trabalho contém parâmetros de
substancial interesse ao desenvolvimento de pesquisas na área do escoamento
multifásico de petróleo. O banco de dados contempla propriedades físico-
químicas dos fluidos do reservatório, características físicas dos poços, e
variáveis de campo e de produção do petróleo. Algumas dessas variáveis são
citadas a seguir:
Propriedades dos fluidos:
Viscosidades (óleo e gás);
Densidades (óleo, gás e água);
°API do óleo;
Características físicas do poço:
Diâmetro;
Profundidade;
Variáveis de campo e de produção:
BSW;
Pressões;
Temperaturas;
Razão Gás-Óleo (RGO);
Razão Água-Óleo (RAO);
Na Figura 7, observa-se uma parte do conjunto de informações inseridas
no banco de dados.
Trabalho de Conclusão do PRH ANP-43 ____________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________Fábio Pereira dos Santos 32
Figura 7. Dados de poços.
É importante enfatizar que, com o intento de padronizar as informações,
foi realizado dois bancos de dados em paralelo. Um deles contendo os
parâmetros nas unidades do Sistema Internacional de Medidas (SI) e o outro em
Unidades de Campo. (Vide anexos I e II)
O banco de dados possui um total de 484 (quatrocentos e oitenta e quatro)
conjunto de dados e 27 (vinte e sete) parâmetros abordados. Entretanto, é
importante ressaltar que os dados coletados não são abrangidos pela totalidade
de parâmetros, e que a quantidade de dados e parâmetros abordados depende
exclusivamente da referência de origem.
Devido à grande parte das informações coletadas serem originarias de
outros países, a maioria derivada de países de língua inglesa e espanhola, e
apresentarem siglas e abreviaturas típicas de suas nacionalidades e do setor
petrolífero, foi inserido ao banco de dados um índice com a tradução e significado
das siglas e abreviações utilizadas.
Trabalho de Conclusão do PRH ANP-43 ____________________________________________________________________________
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4.1 Estatística dos dados
O banco de dados final é composto por aproximadamente 500 conjuntos
de dados. Realizou-se uma análise dessas informações com a aplicação de um
estudo estatístico sobre eles.
Esse estudo abrangeu informações estatísticas como: média, maior e
menor valor, moda e desvio padrão. As variáveis abordados na análise foram:
comprimento e diâmetro das tubulações, °API, vazão de óleo, valores de
pressões e temperaturas, RGO e RAO, e densidades da água e do óleo. O
resultado do estudo estatístico pode ser visto na Tabela 3.
Tabela 3. Análise estatística dos dados.
Média Menor valor
Maior valor
Moda Desvio Padrão
Comprimento (ft) 8765 2520 12990 8809 2124,9
Diâmetro (in) 2,98 1,25 8,76 2,992 0,921
°API 28,3 4 54 44 11,43
Vazão de óleo (bbl/d) 1105 6 19375 - 2027,4
Pressão cabeça (psi) 948,8 20 4478 - 891,8
Pressão no Fundo
(psi)
2380 105 6612 - 1307
Temperatura cabeça
(°F)
100,14 52 240,8 104 30,34
Temperatura Fundo
(°F)
195,08 65 296,6 190 38,2
BSW (%) 58,01 0 99,88 - 38,97
4.2 Análise dos dados
Essa seção aborda um conjunto de análises sobre os dados, feitas a partir
de gráficos de histograma. As variáveis estudadas foram as seguintes:
Profundidade e diâmetro dos poços, °API, vazão de óleo, e pressão na cabeça
e no fundo do poço. A partir dessa análise visual, pode-se inferir rapidamente,
Trabalho de Conclusão do PRH ANP-43 ____________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________Fábio Pereira dos Santos 34
como é o comportamento médio do conjunto de dados, tornando-se assim, uma
valiosa ferramenta de consulta.
Figura 8. Histograma da profundidade do poços em metros.
Da análise da Figura 8, nota-se que a maioria dos poços possuem
profundidades entre 2000 e 3500 metros, mais precisamente entre 2500 e 3000
metros. Portanto, o banco de dados possui poucos poços rasos e profundos.
Figura 9. Histograma do diâmetro dos poços.
1
3023
62
137
67
34
0
20
40
60
80
100
120
140
NÚ
MER
O D
E P
OÇ
OS
Profundidade dos Poços
Entre 500 e 1000m
Entre 1000 e 1500m
Entre 1500 e 2000m
Entre 2000 e 2500m
Entre 2500 e 3000m
Entre 3000 e 3500m
Maior que 4000m
22
272
52
20
50
100
150
200
250
300
NÚ
MER
O D
E P
OÇ
OS
Diâmetro dos Poços
Menor que 2 in
Entre 2 e 4 in
Entre 4 e 6 in
Maior que 6 in
Trabalho de Conclusão do PRH ANP-43 ____________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________Fábio Pereira dos Santos 35
A maior parte dos poços possui tubulação de produção com diâmetros
entre 2 e 4 polegadas, sendo 272 poços num total de 328 poços. Nota-se então,
que são tubulações de pequeno diâmetro.
Figura 10. Histograma do °API.
Analisando a Figura 10, nota-se que a maioria do poços contemplados
pelo banco de dados possui um °API entre 20 e 30 (91 poços), ou seja, um
petróleo de média densidade. Observa-se também que apenas 22 poços são de
óleo extremamente pesado.
22
72
91
58
74
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
NÚ
MER
O D
E P
OÇ
OS
°API
Menor que 10° API
Entre 10 e 20 °API
Entre 20 e 30° API
Entre 30 e 40° API
Maior que 40° API
Trabalho de Conclusão do PRH ANP-43 ____________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________Fábio Pereira dos Santos 36
Figura 11. Histograma da vazão de óleo em barril por dia.
Analisando o histograma da Figura 11, percebe-se que a maior parte dos
poços possui uma vazão de produção de óleo inferior a 250 barris por dia.
Figura 12. Histograma da Pressão de cabeça do poço em psi.
A partir da Figura 12, nota-se que para a maioria dos poços a pressão
observada na cabeça do poço é inferior a 1000 psi, e que cerca de 90 (noventa)
poços apresentam pressões entre 1000 e 2000 psi. Observa-se ainda, que são
mínimos os poços que possuem pressões acima de 2000 psi.
113
27
43 43
22
11 8 104
0
20
40
60
80
100
120
1
NÚ
MER
O D
E P
OÇ
OS
Vazão de Óleo (bbl/d)
Menor que 250 bbl/d
Entre 250 e 500 bbl/d
Entre 500 e 1000 bbl/d
Entre 1000 e 2000 bbl/d
Entre 2000 e 3000 bbl/d
Entre 3000 e 4000 bbl/d
Entre 4000 e 5000 bbl/d
Entre 5000 e 6000 bbl/d
Maior que 6000 bbl/d
194
90
24
6
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
1
NÚ
MER
O D
E P
OÇ
OS
Pressão da cabeça (psi)
Menor que 1000 psi
Entre 1000 e 2000 psi
Entre 2000 e 3000 psi
Maior que 4000 psi
Trabalho de Conclusão do PRH ANP-43 ____________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________Fábio Pereira dos Santos 37
Figura 13. Histograma da Pressão de fundo do poço em psi.
Observando a Figura 13, percebe-se que a maioria dos poços de petróleo
pertencentes ao banco de dados apresentam uma pressão de fundo de poço
situado entre 1000 e 2000 psi. E que uma ínfima quantidade de poços, apenas
9 (nove), possuem uma pressão acima de 5000 psi.
Em conjunto com os histogramas elaborados neste trabalho, também foi
desenvolvido duas correlações:
Correlação da Vazão de óleo x Variação de pressão (∆P);
Correlação do Comprimento do poço x Pressão de fundo de poço;
Ambas as correlações são mostrados nas Figura 14 e Figura 15,
respectivamente.
141
9080
51
9
0
20
40
60
80
100
120
140
160
1
NÚ
MER
O D
E P
OÇ
OS
Pressão de Fundo (psi)
Menor que 1000 psi
Entre 1000 e 2000 psi
Entre 2000 e 3000 psi
Entre 3000 e 4000 psi
Entre 4000 e 5000 psi
Maior que 5000 psi
Trabalho de Conclusão do PRH ANP-43 ____________________________________________________________________________
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Figura 14. Correlação (Vazão de óleo x ∆P).
Figura 15. Correlação (Comprimento x Pressão de Fundo).
Trabalho de Conclusão do PRH ANP-43 ____________________________________________________________________________
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5 CONSIDERAÇÃO FINAIS
Este trabalho teve como objetivo a elaboração de um banco de dados de
escoamento multifásico. Contemplando os parâmetros requeridos na
modelagem de correlações empíricas.
O banco de dados elaborado apresenta um total de 482 conjuntos de
dados, sendo ao todo 27 parâmetros abordados.
Entre os dados obtidos, observou-se que a média dos comprimentos dos
poços é de 8765 pés, o diâmetro médio da tubulação de produção equivale a
2,98 polegadas, 28,3 é o °API médio dos poços, a pressão média de fundo
equivale a 2380 psi, e a temperatura de fundo média observada foi de 195 °F.
Em relação à profundidade dos poços, observou-se que um número
expressivo deles possuem profundidades entre 2500 e 3000m. E que acima e
abaixo dessa profundidade, a quantidade de poços é menor.
Ao analisar o diâmetro dos poços, notou-se que a maior parte deles
apresentam um diâmetro da tubulação entre 2 e 4 polegadas, ou seja,
apresentam um diâmetro reduzido.
Observando-se o °API dos poços inseridos no banco de dados, constatou-
se que boa parte dos poços apresentam °API entre 20 e 30, que é considerado
um petróleo de densidade média. Foi visto também que um número considerado
de poços apresentam °API entre 10 e 20, e também, maiores que 30. Entretanto,
os poços que apresentam óleo extremamente pesado, caracterizados pelo °API
menor que 10, são poucos, apenas vinte e dois poços.
Este trabalho também analisou a vazão de produção de petróleo dos
poços, dessa análise constatou-se que um grande número de poços
apresentava uma vazão menor que 250 barris de petróleo por dia. Um número
significativo de poços possuíam vazões de 250 a 2000 barris de petróleo por dia,
e apenas alguns poços apresentavam vazões superiores a 2000 barris por dia.
Após uma análise das pressões observadas no topo dos poços, verificou-
se que 90% dos poços apresentavam pressões menores a 2000 psi. Enquanto
que uma análise das pressões de fundo mostrou que os dados são bem
Trabalho de Conclusão do PRH ANP-43 ____________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________Fábio Pereira dos Santos 40
dispersos, e que significativa parte dos poços apresentam pressões entre 1000
e 2000 psi, o qual representa 32% de todos os poços.
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6. REFERÊNCIAS
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bore. New Orleans, Louisiana. 1990.
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Journal Canadian Petroleum Technology. Vol. 11, p: 38-48. 1972.
BRILL, J. P. and MUKHERJEE, H. Multiphase Flow in Wells. Society of Petroleum Engineers Inc.
Richardson, Texas. 1999.
CEBALLOS, A. S. M. and ARDILA, D. P. G. Evaluacióm de la Caída de Presión para sistemas
de flujo Bifásico (líquido-gas) em Tuberías verticales. Trabajo de grado presentado como
requísito para optar el título de: Ingeníero de Petróleos. Escuela de Ingeniería de Petróleos.
Bucaramanga. 2012.
CHIERICI, G.L., CIUCCI, G.M., and SCLOCCHI, G. Two-Phase Vertical Flow in Oil Wells -
Prediction of Pressure Drop. Journal of Petroleum Technology. Agosto, 1974. p: 927-938.
EXCEL. Disponível em: <http://www.aprenderexcel.com.br/2013/artigos/o-que-e-excel>. Acesso
em: 24/03/2015.
GOVIER, G. W., and FORAGASI, M. Pressure Drop in Wells Producing Gas and Condensate.
Journal of Canadian Petroleum Technologists, October 1975.
ORKISZEWSKI, J. Predicting Two-Phase Pressure Drops in Vertical Pipe. Journal of Petroleum
Technology. Junho, 1967.
OVIP PROGRAM. Disponível em: http://www.tuffp.utulsa.edu/public_projects/Steady-
State_Multiphase_Flow_Database.html. Acesso em: 24/03/2015.
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POETTMANN, F. H. and CARPENTER, P. G. The Multiphase of Gas, Oil, and Water Through
Vertical Flow Strings with Application to the Design of Gas-lift Installation. Drill. And Prac.., API,
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SUTTON, D. and LANGLINAIS, J. A condensation model for calculating pressure gradients in
condensate wells. Journal of Petroleum Science and Engineering. 1988.
TAKACS, G. Gas Lift Manual. Pennwell Books. Tulsa, Oklahoma. 2005.
TULSA FLUID FLOW PROJECT. Disponível em: <http://www.software.slb.com/pages/SPT-
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