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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA SILVAN FREIRE DA CUNHA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO LICITAÇÕES SUSTENTÁVEIS: CONSTRUÇÃO DE UM NOVO MODELO DE GESTÃO PARA AS COMPRAS PÚBLICAS NO ÂMBITO DO IFPB CAMPUS CAMPINA GRANDE NATAL 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA

SILVAN FREIRE DA CUNHA

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

LICITAÇÕES SUSTENTÁVEIS: CONSTRUÇÃO DE UM NOVO MODELO DE GESTÃO

PARA AS COMPRAS PÚBLICAS NO ÂMBITO DO IFPB – CAMPUS CAMPINA

GRANDE

NATAL

2018

Proposta de Intervenção apresentado ao

Programa de Pós-Graduação em Gestão Pública

da Universidade Federal do Rio Grande do

Norte, como requisito obrigatório para a

obtenção do título de mestre.

Orientadora: Maria Arlete Duarte de Araújo, Dra.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA

SILVAN FREIRE DA CUNHA

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

LICITAÇÕES SUSTENTÁVEIS: CONSTRUÇÃO DE UM NOVO MODELO DE GESTÃO

PARA AS COMPRAS PÚBLICAS NO ÂMBITO DO IFPB – CAMPUS CAMPINA

GRANDE

NATAL

2018

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências Sociais Aplicadas - CCSA

Cunha, Silvan Freire da.

Licitações Sustentáveis: construção de um novo modelo de gestão

para as compras públicas no âmbito do IFPB - Campus Campina Grande / Silvan Freire da Cunha. - 2018.

147f.: il.

Dissertação (Mestrado em Gestão Pública) - Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências Sociais

Aplicadas, Programa de Pós-Graduação em Gestão Pública. Natal, RN, 2018.

Orientador: Prof.ª Dr.ª Maria Arlete Duarte de Araújo.

1. Licitações - Dissertação. 2. Legislação ambiental -

Dissertação. 3. Sustentabilidade - Dissertação. 4. Boas práticas

sustentáveis - - Dissertação. I. Araújo, Maria Arlete Duarte de.

II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/UF/Biblioteca Setorial do CCSA CDU 35:347.238.8

Proposta de Intervenção apresentado ao

Programa de Pós-Graduação em Gestão Pública

da Universidade Federal do Rio Grande do

Norte, como requisito obrigatório para a

obtenção do título de mestre.

Orientadora: Maria Arlete Duarte de Araújo, Dra.

SILVAN FREIRE DA CUNHA

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

LICITAÇÕES SUSTENTÁVEIS: CONSTRUÇÃO DE UM NOVO MODELO DE GESTÃO

PARA AS COMPRAS PÚBLICAS NO ÂMBITO DO IFPB – CAMPUS CAMPINA

GRANDE

Aprovado em: 26/02/2018

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________________________

Prof.ª Maria Arlete Duarte de Araújo, Dra.

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Presidente

_____________________________________________________________

Prof. Antônio Alves Filho, Dr.

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Examinador Interno

_____________________________________________________________

Prof. James Batista Vieira, Dr.

Universidade Federal da Paraíba

Examinador Externo

AGRADECIMENTOS

A Deus pelo dom da vida, por todas as dádivas concedidas e pelas pessoas que cruzaram

meu caminho e me ajudaram a ser o que sou.

A minha mãe por todas as lutas que travou para que seus filhos sobrevivessem e

alcançassem um lugar ao Sol.

A minha amada esposa pelo apoio incondicional e por ter arcado com minha ausência

em muitos momentos que precisou de mim.

A minha querida orientadora, professora Maria Arlete Duarte de Araújo pela paciência,

apoio, incentivos e contribuições para este trabalho.

A todos os professores do PPGP, em especial Antônio, Dinah, Fábio, Hironobu,

Jomária, Kaio, Pâmela, Teresa e Thiago, a quem hoje posso chamar de amigos, por todas as

lições, aprendizados e boa convivência.

A minha coordenadora Aluska Farias de Oliveira Amaral pelo apoio, incentivo e por

permitir minha ausência ao trabalho tantas vezes e ter acumulado as atividades que eram de

minha responsabilidade.

A todos os meus colegas de mestrado, em especial Adriana, Danielle, Fabrício, Isabelle

Jessyka, Jorge, Kafran, Paula e Ubaldino, com os quais convivi de forma mais próxima e

aprendi a admirar e respeitar.

Sem a presença de todos vocês essa conquista não seria a mesma, pois o caminho até

aqui ficou muito mais agradável e o fardo que carreguei se tornou muito mais leve. Obrigado a

todos e que Deus os abençoe.

RESUMO

Essa proposta de intervenção objetiva construir um modelo de compras para o IFPB – Campus

Campina Grande, em consonância com a legislação ambiental vigente e com os pressupostos

da sustentabilidade e proteção ao meio ambiente. Para construir um modelo de licitações

sustentáveis adequado à realidade do IFPB – Campus Campina Grande, avaliou-se uma série

de modelos implementados por órgãos e instituições públicas federais e outros sugeridos por

associações dedicadas à temática, além de uma ampla pesquisa na legislação federal que trata

de licitações públicas. Além disso, foram realizadas entrevistas com os diretores, chefes de

departamento, servidores do setor de licitações da instituição e os principais coordenadores

demandantes dos grupos de materiais mais solicitados, para verificar se há respaldo por parte

da gestão para implementação das modificações propostas. Como resultados, foram propostos

a inclusão de critérios de sustentabilidade nos processos licitatórios de aquisição de bens,

alterações nos editais licitatórios para adaptá-los à legislação ambiental, normas de

implementação e métodos de avaliação dos resultados a serem alcançados para que as correções

necessárias sejam efetuadas. As entrevistas apontaram que os participantes são favoráveis e

estão dispostos a implementar as alterações sugeridas, porém, é necessário superar algumas

barreiras como a falta de pessoal capacitado, a inércia e falta de incentivo da gestão, ausência

de um processo de comunicação, relutância de alguns atores envolvidos, escassez de mercado,

dentre outras.

Palavras-chave: Licitações; Legislação Ambiental; Sustentabilidade; Boas Práticas

Sustentáveis

ABSTRACT

This intervention proposal aims to build a shopping model for the IFPB - Campus Campina

Grande, in accordance with the current environmental legislation and the assumptions of

sustainability and protection of the environment. To build a sustainable bidding model

appropriate to the IFPB Campus Campina Grande reality, it was evaluated a series of models

implemented by federal and other public bodies and institutions suggested by associations

dedicated to the theme, as well as an extensive research in federal legislation that deals with

public biddings. In addition, interviews were conducted with the directors, department heads,

bidding servers of the institution and the main requesting coordinators of the most requested

groups of materials, to verify if there is support by the management to implement the proposed

modifications. As results, it was proposed to include sustainability criteria in bidding processes

for the acquisition of material goods, amendments in the bidding documents to adapt them to

environmental legislation, implementation and evaluation methods of the results to be achieved

so that the corrections are improved Interviews indicate that participants are favorable and they

are willing to implement the suggested changes, however, it is necessary to overcome some

barriers, such as the lack of trained personnel, inertia and lack of management incentive,

absence of a communication process, reluctance of some actors involved, market scarcity,

among others.

Keywords: Bidding; Environmental Legislation; Sustainability; Good Practices Sustainable.

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

A3P Agência Ambiental na Administração Pública

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ACV Análise do Ciclo de Vida

AGU Advocacia Geral da União

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

ATPF Autorização para Transporte de Produtos Florestais

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Social

BRF Retardadores de Chamas Bromados

CATMAT Catálogo de Materiais

CEFET-PB Centro Federal de Educação Tecnológica da Paraíba

CERFLOR Certificação Florestal

CFC Clorofluorcarboneto

CISAP Comissão Interministerial de Sustentabilidade na Administração Pública

CNUMAD Conferência da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

CONAB Companhia Nacional de Abastecimento

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

COP Conferência das Partes

COV Compostos Orgânicos Voláteis

CPS Compras Públicas Sustentáveis

CTF/APP Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras e

Utilizadoras de Recursos Ambientais

DOF Documento de Origem Florestal

DOU Diário Oficial da União

EAA Escola de Aprendizes Artífices

EAF Escola Agrotécnica Federal

ENAP Escola Nacional de Administração Pública

ENCE Etiqueta Nacional de Conservação de Energia

EPEAT Electronic Product Environmental Assessment Tool

ESAF Escola de Administração Fazendária

ETF-PB Escola Técnica Federal da Paraíba

FSC Forestry Stewardship Council

GEE Gases de Efeito Estufa

IARC Agência Internacional de Pesquisa em Câncer

IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICLEI Governos Locais pela Sustentabilidade

IEC Comissão Eletrotécnica Internacional

IFPB Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba

IN Instrução Normativa

INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia

IRP Intenção de Registro de Preços

ISO Organização Internacional de Normalização

LINACH Lista Nacional de Agentes Cancerígenos para Humanos

ME/EPP Microempresas e Empresas de Pequeno Porte

MIT Massachusetts Institute of Tecnology

MMA Ministério do Meio Ambiente

MPOG Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão

MTE Ministério do Trabalho e Emprego

NBR Norma Brasileira Regulamentadora

ONU Organização das Nações Unidas

PAC Programa de Aceleração do Crescimento

PBB Bromobifenilas

PBDE Éteres de Bromobifenilas

PBE Programa Brasileiro de Etiquetagem

PEFC Programme for the Endorsement of Forest Certification

PDE Plano de Desenvolvimento de Educação Pública

PIB Produto Interno Bruto

PLS Plano de Gestão de Logística Sustentável

PNUMA Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

PNRS Política Nacional de Resíduos Sólidos

PPCS Plano de Ação para Produção e Consumo Sustentável

PROCEL Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica

PROCONVE Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores

PVA Acetato de Polivinila

PVC Policloreto de Polivinila

RDC Regime Diferenciado de Contratações Públicas

RoHS Restriction of Hazardous Substances

SAEB Secretaria da Administração do Estado da Bahia

SAIC Secretaria de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental

SDO Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio

SIASG Sistema Integrado de Administração de Serviços Gerais

SISORG Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica

SISG Sistema de Serviços Gerais

SLTI Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação

SRP Sistema de Registro de Preços

STF Supremo Tribunal Federal

SUS Sistema Único de Saúde

TCU Tribunal de Contas da União

UFSC Universidade Federal de Santa Catarina

UNDESA Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas

VoIP Voice over Internet Protocol

YFP Yers Framework Programmes

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Fases da licitação 26

Figura 2 – Tipos de licitação 27

Figura 3 – Limites de valor da licitação 28

Figura 4 – Modalidades da licitação 30

Figura 5 – Características do pregão 32

Figura 6 – Características do Sistema de Registro de Preços 35

Figura 7 – Organograma IFPB-CG 61

Figura 8 – Organograma IFPB-CG – Continuação 61

Figura 9 – Modalidades e Procedimentos para Compras IFPB-CG 62

Figura 10 – Evolução dos Gastos IFPB-CG 63

Figura 11 – Etapas da Análise de Conteúdo 69

Figura 12 – Etapa 1 – Pré-Análise dos Dados 70

Figura 13 – Aspectos Mais Citados Pelos Entrevistados 81

Figura 14 – Fluxo do Processo de Compras Atual 84

Figura 15 – Plano Geral para Implementação da CPS 88

Figura 16 – Plano para Implementação da Compra Pública Sustentável 90

Figura 17 – Fluxo de Compras Incluindo Critérios Sustentáveis 92

Figura 18 – Plano de Ação Sugerido 94

Figura 19 – Metodologia para Elaboração do PLS 110

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Ações nas quais podem ser aplicadas o RDC 36

Quadro 2 – Sugestões de Obrigações Ambientais 48

Quadro 3 – Sugestão de Boas Práticas Sustentáveis 55

Quadro 4 – Volume de Gastos por item do IFPB-CG 66

Quadro 5 – Objetivos Específicos Referentes à Coleta de Dados para

Elaboração do Diagnóstico 68

Quadro 6 – Objetivos Específicos Referente à Fase de Proposição 72

Quadro 7 – Exemplos de Critérios de Sustentabilidade 96

Quadro 8 – Certificados e Documentos Solicitados na Fase de Aceitação 98

Quadro 9 – Grupos de Materiais, Critérios e Métodos de Comprovação 100

Quadro 10 – Obrigações Ambientais da Contratada 105

Quadro 11 – Meta Proposta 2018 108

Quadro 12 – Lista de Verificação para Avaliar Necessidade da Compra 108

Quadro 13 – Lista de Verificação Pregão Eletrônico 109

Quadro 14 – Metodologia para Elaboração do PLS 110

Quadro 15 – Eixos Temáticos Mínimos do PLS 115

Quadro 16 – Metas e Ações Propostas para Implementação da CPS 118

Quadro 17 – Modelo de Inventário para Compras Sustentáveis 120

Quadro 18 – Cursos de Capacitação em Licitações Públicas Sustentáveis 121

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Processo de Codificação das Categorias de Análise 75

Tabela 2 – Aspectos Facilitadores Internos Apontados 76

Tabela 3 – Aspectos Facilitadores Externos Apontados 77

Tabela 4 – Barreiras Internas Apontadas 78

Tabela 5 – Barreiras Externas Apontadas 79

Tabela 6 – Percepções em Relação às Compras Públicas Sustentáveis 80

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 16

2 REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................... 23

2.1 LICITAÇÕES PÚBLICAS .................................................................................... 23

2.2 LICITAÇÕES SUSTENTÁVEIS .......................................................................... 38

2.2.1 Iniciativas Relativas à Construção do Conceito de CPS ....................................... 38

2.2.2 Licitação Sustentável – Conceito e Aspectos Legais ............................................ 40

2.2.3 Iniciativas Vinculadas às Compras Públicas Sustentáveis no Brasil ..................... 49

3 CARACTERIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO ...................................................... 58

4. METODOLOGIA ................................................................................................ 64

4.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA ..................................................................... 64

4.2 LOCUS DA PESQUISA ....................................................................................... 65

4.3 OBJETO DA PESQUISA...................................................................................... 65

4.4 SUJEITOS DA PESQUISA .................................................................................. 67

4.5 COLETA DOS DADOS ........................................................................................ 67

4.6 ANÁLISE DOS DADOS ...................................................................................... 68

5 COMPREENDENDO O MODELO ATUAL DE COMPRAS ....................... 73

5.1 IMPRESSÕES INICIAIS SOBRE O MODELO ATUAL DE COMPRAS ......... 73

5.2 ANÁLISE DAS ENTREVISTAS ......................................................................... 74

5.3 MAPEAMENTO DO FLUXO DE COMPRAS ATUAL ..................................... 82

6 CONSTRUINDO UM MODELO DE COMPRAS PÚBLICAS

SUSTENTÁVEIS .................................................................................................................... 86

6.1 PROCEDIMENTOS PARA IMPLEMENTAÇÃO DE COMPRA

SUSTENTÁVEL ...................................................................................................................... 89

6.1.1 Plano Geral para Implementação da CPS .............................................................. 89

6.1.1.1 Alocação de Responsabilidade e Envolvimento dos Atores ................................. 90

6.1.1.2 Elaboração De Um Plano De Ação ....................................................................... 93

6.1.1.2.1 Primeira Etapa: Avaliar a Necessidade da Compra ............................................... 94

6.1.1.2.2 Segunda Etapa: Planejamento da Compra Sustentável ......................................... 95

6.1.1.3 O Monitoramento................................................................................................. 107

6.2 ELABORAÇÃO DO PLANO DE GESTÃO DE LOGÍSTICA SUSTENTÁVEL

(PLS) E INCLUSÃO DA CPS ............................................................................................... 109

6.2.1 Eixos Temáticos................................................................................................... 114

6.2.2 Propostas de Metas, Ações e Indicadores para o Eixo Compras Sustentáveis .... 117

6.3 CAPACITAÇÃO E COMUNICAÇÃO .............................................................. 121

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 124

REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 127

ANEXO A – QUADRO DE NORMAS ................................................................................ 141

APÊNDICE A – ROTEIRO PARA ENTREVISTA 1 .......................................................... 144

APÊNDICE B – ROTEIRO PARA ENTREVISTA 2 .......................................................... 145

APÊNDICE C – ROTEIRO PARA ENTREVISTA 3 .......................................................... 146

APÊNDICE D – ROTEIRO PARA ENTREVISTA 4 .......................................................... 147

16

1. INTRODUÇÃO

O modelo produtivo predatório que foi implementado pelo capitalismo, aliado ao padrão

de consumo praticado até os dias de hoje têm levado ao uso indiscriminado dos recursos

naturais1. Tudo isso resulta em um quadro que pode contribuir para o esgotamento dos recursos

naturais, a contaminação e o envenenamento dos recursos hídricos, dos solos, do ar, o aumento

das temperaturas do planeta e consequente diminuição da qualidade de vida das populações.

Essa problemática tornou-se um dos maiores desafios da humanidade dada a dificuldade

de conciliar o crescimento econômico com a preservação do meio ambiente. Embora não haja

unanimidade, há um entendimento por parte de muitos estudiosos como Barbieri (2007),

Bursztyn e Bursztyn (2006), Scotto (2010), Roncaglio (2008), Sachs (2009), Brasil (2016a),

dentre outros, que não podemos mais manter os atuais padrões de produção e consumo, sob o

risco de a natureza não suportar mais tantas agressões, gerando assim um colapso para a vida

no planeta.

Muitos autores, a exemplo de Betiol et al. (2012), entendem que as questões econômicas

estão cada vez mais intrinsecamente ligadas às demandas ambientais e sociais. Dessa forma,

conciliar economia, preservação do meio ambiente e os dilemas sociais é um desafio inadiável

por causa dos impactos da ação antrópica que tem colocado em risco a disponibilidade de

recursos naturais “dentro de padrões mínimos para a saúde e a qualidade dos ambientes que

sustentam a biodiversidade e o próprio ser humano, atraído cada vez mais para o meio urbano

com suas necessidades e seus apelos de consumo” (BETIOL et al., 2012, p. 123).

Essas reflexões trazem à tona a necessidade de repensar os padrões de produção e

consumo, não só dos indivíduos como também das instituições, sobretudo das organizações

públicas que têm por obrigação dar exemplo de boas práticas e conduzir o mercado rumo a uma

economia mais sustentável.

É nesse cenário que surgem as licitações sustentáveis como uma estratégia que pode

trazer resultados positivos na luta pela preservação do meio ambiente e no combate às

desigualdades sociais, induzindo novas posturas dos setores produtivos e do próprio poder

público, devido a sua atuação como grande consumidor.

As Licitações Sustentáveis ganham destaque no Brasil a partir da edição da Lei nº

12.349/2010, que alterou o artigo 3º da Lei nº 8.666/1993 (Lei das Licitações e Contratações

1 De acordo com Betiol et al. (2012), o modelo de consumo da atualidade provém dos Estados Unidos no início

do século XX, quando a produção industrial superou a demanda, levando os profissionais de marketing a

desenvolverem campanhas de incentivo ao consumismo.

17

Administrativas de 21 de junho de 1993), incluindo a persecução do desenvolvimento nacional

sustentável como um dos objetivos do processo licitatório.

Essa nova redação dada ao caput do art. 3º da Lei de Licitações elevou o

desenvolvimento nacional sustentável ao patamar dos princípios da isonomia e da seleção da

proposta mais vantajosa, trazendo para o processo licitatório um novo propósito que vai além

da mera vantagem econômica (COSTA, 2011).

Antes dessas alterações, o processo licitatório visava tão-somente a eficiência dos gastos

públicos, buscando obter a melhor qualidade pelo menor preço, demonstrando seu caráter

econômico-orçamentário e técnico. Porém, os inúmeros problemas ambientais, como por

exemplo a crise climática, impõem aos governos a adoção de medidas que contribuam para

minimizar a crise ambiental (SCALIONI, 2015).

Impõe-se, a partir de então, uma reformulação em todo o processo licitatório no intuito

de atender à legislação ambiental sem desrespeitar as demais normas. Para Costa (2011, p. 11),

“a introdução de critérios de sustentabilidade nas compras públicas traz uma nova forma de

planejar, executar e controlar as licitações, tornando-as ainda mais complexas”.

Assim, a Lei 12.349/2010 pode contribuir para a integração entre o chamado tripé da

sustentabilidade (ambiental, social e econômico) e os princípios e fundamentos da República

Federativa do Brasil, quais sejam, cidadania, dignidade da pessoa humana, erradicação da

pobreza, redução das desigualdades sociais e regionais, preservação do meio ambiente etc.

Tudo isso para que o desenvolvimento objetivado alcance muito mais do que conquistas

econômicas (BRASIL, 2016a).

Diante dessa nova conjuntura, o gestor público tem enorme responsabilidade, pois é ele

quem materializa, por meio do edital, as regras que irão possibilitar a ampliação da oferta de

produtos e serviços mais sustentáveis e inovadores, moldando o setor privado (ICLEI, 2012),

tornando viável “a livre concorrência, o menor custo financeiro, social e ambiental, de modo a

garantir que a proposta mais vantajosa seja realmente mais vantajosa para o conjunto da

sociedade, que, em última instância, é a detentora do bem público” (BRASIL, 2014a, p. 3).

Embora ainda haja um longo caminho a ser percorrido para que as licitações sustentáveis

sejam institucionalizadas, a literatura apresenta um número razoável de estudos que tratam da

temática sob as mais variadas óticas. Uma das vertentes trabalha a perspectiva dos servidores,

buscando compreender a percepção e o papel desempenhado por esses profissionais na

implementação das Compras Públicas Sustentáveis (CPS).

Os estudos desenvolvidos apontam uma série de causas que dificultam a implementação

das licitações sustentáveis. Dentre elas, a falta de capacitação, resistência motivada por aspectos

18

culturais e o baixo conhecimento sobre temas como desenvolvimento sustentável, licitações

sustentáveis e legislação correlata, critérios de sustentabilidade ambiental na escolha e

especificação técnica do objeto, além da falta de conscientização dos compradores públicos e

dos consumidores finais e padronização de comportamentos e mudança da cultura

organizacional (MENDES, 2014; ROCHA, 2014; NONATO, 2015; SANTOS, 2016;

BARBARA, 2016; LUCENA, 2016)

Mais especificamente sob a ótica da gestão, a literatura aponta falhas nos mais variados

aspectos, como o pouco acompanhamento dos resultados e impactos das medidas

(ALENCASTRO, 2014; ROCHA, 2014); a ausência de metas claras e objetivas, falta de apoio

da gestão (ALENCASTRO, 2014; LUCENA, 2016); falta de planejamento institucional

(ROCHA, 2014; ALENCASTRO, 2014); iniciativas incipientes, necessitando de ampliação e

aprimoramento para institucionalização (CYPRESTE, 2013; ROCHA, 2014; GENEROSO,

2014; LUCENA, 2016); inexistência de estratégia ou metodologia para implementação das

CPS, falta de padronização de processos organizacionais, especialmente na descrição e inserção

de critérios de sustentabilidade nos bens a serem adquiridos (BIAGE, 2014; GENEROSO,

2014; JESUS, 2014; SOUSA, 2015; SOUZA, 2016; FERNANDES, 2016); baixa adesão dos

órgãos públicos às licitações sustentáveis (NEVES, 2013; FERNANDES, 2016); inobservância

ou negligência com os instrumentos legais e institucionais (ALENCASTRO, 2014; MENDES,

2014); inexistência de apoio político (MENDES, 2014).

No que diz respeito à perspectiva dos fornecedores, algumas pesquisas destacam a

existência de dificuldades por parte do poder público de criar sinergia entre fornecedores e

consumidores (IZAR, 2015); despreparo dos fornecedores para atender as necessidades do setor

público por produtos sustentáveis, resultante de desconhecimento sobre a temática (FONSECA,

2013); falta o envolvimento dos fornecedores e alinhamento da cadeia de abastecimento

(MENDES, 2014).

Vale ressaltar que as licitações sustentáveis – como instrumento de gestão ambiental à

disposição do Poder Público – reveste-se de grande valia para a sustentabilidade, uma vez que

o poder de compras do Governo Federal é bastante expressivo. Para termos uma ideia, só em

2015 as aquisições de equipamentos e materiais permanentes e de materiais de consumo

somaram R$ 5.608.498.824,41 (cinco bilhões, seiscentos e oito milhões, quatrocentos e noventa

e oito mil e oitocentos e vinte e quatro reais e quarenta e um centavos) de acordo com dados do

Relatório dos Gastos Diretos do Portal da Transparência. Esse valor representa

aproximadamente 9,50% do PIB daquele ano que, segundo dados divulgados pela Coordenação

de Contas Nacionais do IBGE, girou em torno de 5,904 trilhões de reais.

19

Considerando apenas a Rede Federal de Educação, os investimentos com materiais

(consumo e permanente) foram da ordem de R$ 1.319.412.627,66 (Um bilhão, trezentos e

dezenove milhões, quatrocentos e doze mil, seiscentos e vinte e sete reais e sessenta e seis

centavos) no ano de 2015, segundo o Portal da Transparência.

No âmbito do IFPB, autarquia integrante da Rede Federal de Educação, os gastos com

bens (permanente e consumo) em 2015 somaram R$ 15.097.696,43 (Quinze milhões, noventa

e sete mil e seiscentos e noventa e seis mil reais e quarenta e três centavos), de acordo com o

Portal da Transparência.

O IFPB conta com 21 unidades espalhadas em todo estado, entre campus, campus

avançado e campus em fase de implantação. As unidades em fase de implantação são

gerenciadas pela Reitoria, que tem sede na capital, João Pessoa (Portal IFPB, 2017). A

instituição conta com um quadro de pessoal que gira em torno de 2.200 (Dois mil e duzentos)

servidores que atende a uma comunidade discente formada por aproximadamente 28.000 (Vinte

e oito mil) alunos (IFPB, 2015).

Quanto ao Campus Campina Grande, suas atividades iniciaram-se em 2006 e seus

primeiros cursos foram ofertados a partir de 2007. Atualmente, essa unidade oferece 12 cursos

técnicos (entre integrados e subsequentes) e 6 cursos superiores (entre bacharelados,

licenciaturas e tecnólogos) (PORTAL IFPB, 2016). Para o funcionamento dessa estrutura foram

gastos, só com materiais (permanente e consumo), em torno de R$ 2.325.812,47 (Dois milhões,

trezentos e vinte e cinco mil e oitocentos e doze reais e quarenta e sete centavos) no ano de

2015 (PORTAL DA TRANSPARÊNCIA, 2015).

Diante das responsabilidades e compromissos com o meio ambiente, o IFPB adotou

algumas iniciativas de incentivo à sustentabilidade que são norteadas pela Resolução nº

132/2015 que trata da Política Ambiental no âmbito do IFPB. Essa norma deu origem a algumas

ações em várias frentes de atuação, sejam elas coordenadas pela gestão ou mesmo em exemplos

isolados por iniciativa dos servidores.

Dentre essas ações podemos destacar o Programa Gestão Sustentável do IFPB que

consiste, dentre outras ações, em edital para recepção de projetos sustentáveis em diversas

áreas. Há também as feiras, salões e oficinas de sustentabilidade, a Semana de Meio Ambiente

e outros eventos periódicos. Destaque-se também o recente Projeto IFPB sem Papel, iniciativa

que consiste na implementação do processo eletrônico. Além disso, algumas iniciativas como

coleta seletiva, economia de energia e uso racional da água compõem a política de

sustentabilidade da instituição. Essas iniciativas são muito aquém do esperado para atender a

missão institucional do IFPB, sobretudo porque a instituição tem em sua grade de serviços a

20

oferta de cursos na área ambiental, como é o caso de Controle Ambiental, Tecnologia em

Gestão Ambiental, Meio Ambiente etc. nos níveis técnico e superior.

No que diz respeito às licitações, não há uma política consistente, efetiva e disseminada

de aplicação de critérios de sustentabilidade nas compras, ou seja, não há uma prática

institucionalizada e coordenada. Apenas a Reitoria tem adotado em seus editais algumas

exigências ambientais, como é o caso dos critérios previstos na Instrução Normativa Secretaria

de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão

– SLTI/MPOG nº 01, de 19/01/2010. Além disso, em alguns editais exige-se cumprimento de

normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), Selo de Conservação de

Energia do INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia) e a diretiva RoHS - (Restriction of

Hazardous Substances). Conforme esclarece Brescansin et al. (2015), essa norma – publicada

pela União Europeia em 2003 e atualizada em 2011 (nova RoHS) – tem o intuito de restringir

o uso de certas substâncias perigosas (chumbo, cádmio, mercúrio, cromo hexavalente,

bromobifenilas – PBB e éteres de bromobifenilas – PBDE) em equipamentos eletroeletrônicos.

Saliente-se ainda que, “no Brasil mesmo não existindo legislação similar à RoHS, observa-se

que alguns fabricantes de computadores, aqui instalados, adotaram essa diretiva para

comercialização no mercado interno e para exportação” (BRESCANSIN, et al., 2015, p. 1).

No âmbito do IFPB – Campus Campina Grande são raras as exigências de critérios de

sustentabilidade nas compras e contratações. Dentre as poucas ocorrências de inclusão de

critérios sustentáveis, pode-se mencionar a aquisição de itens de Tecnologia da Informação que

obedecem a Diretiva RoHS e a compra de ar-condicionado com exigência de Selo de

Conservação de Energia do INMETRO ambos resultantes de pregões realizados em 2014; a

aquisição de papel reciclado obtido por meio de adesão a uma ata de registro de preços de 2013

e, por fim, a compra de lâmpadas de LED por meio de um certame operacionalizado em 2017.

Assim, as iniciativas têm sido isoladas e pouco abrangentes, demonstrando que não há

uma política efetiva e consistente em prol da sustentabilidade, desperdiçando assim, um

instrumento que poderia trazer resultados positivos na luta contra a degradação do meio

ambiente. Além disso, não há discussão nem planejamento para tratar da questão e criar

soluções efetivas que ajudem a tornar as licitações sustentáveis uma realidade, uma vez que

essa é uma obrigação legal decorrente não só da Lei 12.349/2010, como também da própria

Constituição.

Diante dessa situação torna-se imperativo um projeto de intervenção que tenha como

foco o processo de compras do IFPB – Campus Campina Grande, para que o mesmo possa se

dar em consonância com a legislação vigente, sobretudo a Lei 12.349/2010, aos Decretos

21

7.746/2012 e 9.178/2017 e as Instruções Normativas 01/2010, 10/2012 e 2/2014 do Ministério

do Planejamento, Orçamento e Gestão e de outras normas, como as sugeridas pelo INMETRO,

ABNT, CONAMA, diretiva RoHS, etc.

A adaptação dos procedimentos de compras da instituição às normas legais referentes à

sustentabilidade ambiental das licitações e a busca pela proteção ao meio ambiente representam

as principais justificativas deste projeto de intervenção, que tem como objetivo geral: elaborar

uma proposta de compras públicas sustentáveis baseada na legislação vigente e em consonância

com os programas, planos e ações governamentais que estabelecem critérios de sustentabilidade

nas aquisições públicas, com o propósito de nortear os processos licitatórios do IFPB – Campus

Campina Grande, articulando essa nova proposta com a Política Ambiental da instituição.

Para alcançar o objetivo geral, propõe-se os seguintes objetivos específicos:

1. Averiguar a percepção dos principais requisitantes em relação a inclusão de

critérios de sustentabilidade nos itens solicitados por eles;

2. Elencar as principais barreiras e desafios da implementação das compras

públicas sustentáveis na visão dos atores envolvidos nesse processo;

3. Verificar quais são os fatores facilitadores para implementação das compras

sustentáveis no âmbito da instituição;

4. Mapear o fluxo do processo de compras e sequenciar o processo decisório para

verificar em quais etapas os critérios de sustentabilidade podem ser implementados;

5. Levantar sugestões dos entrevistados para construção do modelo de intervenção

que será proposto;

6. Propor um modelo de inventário para acompanhamento da progressão da

inclusão de critérios de sustentabilidade ambiental nas aquisições;

7. Validar as alterações propostas junto aos gestores da instituição e demais atores

responsáveis pelo processo licitatório.

Para lograr êxito e alcançar os objetivos especificados acima, a presente proposta de

intervenção adota a seguinte estruturação: o primeiro capítulo refere-se a essa introdução com

a apresentação inicial do tema, a justificativa e os objetivos propostos; o Capítulos 2 aborda a

base teórica de suporte para elaboração da proposta de intervenção; o Capítulo 3 trata da

caracterização da Instituição, com os dados históricos, estatísticos sobre a importância social

do IFPB Campus Campina Grande; o Capítulo 4 discute a Metodologia, abordando de forma

detalhada as ações desenvolvidas e etapas para alcançar os objetivos da presente proposta de

intervenção; o Capítulo 5 diz respeito à Análise dos Dados que versa sobre os aspectos gerais

da análise, apresenta informações para compreensão do Modelo Atual de Compras, no âmbito

22

do IFPB – Campus Campina Grande; o Capítulo 6 apresenta a construção do novo modelo de

compras com a inclusão de critérios de sustentabilidade para os bens (consumo e permanente)

a serem adquiridos pela instituição; e, por fim, o Capítulo 7 refere-se às Considerações Finais,

onde se enfatiza a viabilidade do modelo de compras sustentáveis proposto.

23

2 REVISÃO DA LITERATURA

Esse capítulo aborda a base teórica de suporte para elaboração da proposta de

intervenção. Mais especificamente, trata-se aqui do funcionamento do processo licitatório no

serviço público federal, das licitações sustentáveis e suas principais finalidades, iniciativas e

ferramentas em prol da sustentabilidade no processo licitatório e demais características que

configuram esses procedimentos.

2.1 LICITAÇÕES PÚBLICAS

Muitos autores se debruçaram sobre a missão de elaborar um conceito para licitação,

como é o caso do eminente jurista Celso Antônio Bandeira de Mello que inclui em seu conceito

os principais aspectos, princípios e finalidades. Nas suas palavras licitação seria:

“Um certame que as entidades governamentais devem promover e no qual abrem

disputa entre os interessados em com elas travar determinadas relações de conteúdo

patrimonial, para escolher a proposta mais vantajosa às conveniências públicas.

Estriba-se na ideia de competição, a ser travada isonomicamente entre os que

preenchem os atributos e aptidões necessários ao bom cumprimento das obrigações

que se propõem assumir” (MELLO, 2010, p. 483).

De forma mais abrangente e levando em consideração a nova finalidade do processo

licitatório, o consagrado autor Hely Lopes Meirelles propõe o seguinte conceito:

“Licitação é o procedimento administrativo mediante o qual a Administração Pública

seleciona a proposta mais vantajosa para o contrato de seu interesse, inclusive o da

promoção do desenvolvimento econômico sustentável e fortalecimento de cadeias

produtivas de bens e serviços domésticos. Como procedimento, desenvolve-se através

de uma sucessão ordenada de atos vinculantes para a: Administração e para os

licitantes, o que propicia igual oportunidade a todos os interessados e atua como fator

de eficiência e moralidade nos negócios administrativos. Tem como pressuposto a

competição” (MEIRELLES, 2016, p. 310).

Outro renomado autor que propôs uma definição para licitação foi Marçal Justen Filho

(2014), trazendo para o conceito a inclusão do desenvolvimento nacional sustentável e a

necessidade de competência específica para o ato. Segundo o autor licitação é:

“...um procedimento administrativo disciplinado por lei e por um ato administrativo

prévio, que determina critérios objetivos visando a seleção da proposta de contratação

mais vantajosa e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável, com

observância do princípio da isonomia, conduzido por um órgão dotado de

competência específica” (JUSTEN FILHO, 2014, p. 495).

24

Analisando esses conceitos e a legislação vigente, pode-se inferir que o processo

licitatório persegue pelo menos três objetivos principais: busca pela oferta mais vantajosa para

a Administração Pública; tratamento isonômico daqueles que desejam contratar com o serviço

público; e, sua mais recente missão que é contribuir para a promoção do desenvolvimento

nacional sustentável.

No Brasil – com exceção das dispensas e inexigibilidades previstas em lei – a

contratação de serviços e de aquisição de bens deve ser antecedida por processo licitatório,

conforme determinado por diversos diplomas legislativos, a começar pela Constituição Federal

de 1988 que em seu art. 37, inciso XXI estabelece:

“XXI – ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras

e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure

igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam

obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da

lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica

indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações”.

As regras atinentes aos procedimentos licitatórios estão estabelecidas em legislação

específica. Além da Constituição Federal há um número considerável de normas que tratam

dessa temática, como por exemplo: Lei 10.520/2002 (instituiu a modalidade pregão para a

aquisição de bens e serviços comuns); 12.462/2011 (Regime Diferenciado de Contratações

Públicas – RDC); Lei 12.349/2010 (promoção do desenvolvimento nacional sustentável); Lei

Complementar 123/2006 (tratamento diferenciado e favorecido de microempresas e empresas

de pequeno porte – ME/EPP); além de uma série de decretos que regulamentam essas leis.

No âmbito federal, em razão do comando emanado pelo art. 22, XXVII da Constituição

Federal de 1988 que “reserva à União competência para legislar sobre normas gerais de licitação

e contratação”, a União editou a Lei 8.666/1993 que regulamenta o processo licitatório,

estabelecendo normas gerais para este instituto legal, conforme depreende-se do caput do seu

art. 1º:

“Esta Lei estabelece normas gerais sobre licitações e contratos administrativos

pertinentes a obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações e locações

no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios”

(BRASIL, 1993).

Quanto aos princípios que regem o processo licitatório, podemos extraí-los do art. 3º da

Lei de Licitação e Contratos. Essa lei esclarece que tais princípios se aplicam a quaisquer

modalidades licitatórias. O art. 3º da Lei 8.666/993, dispõe que as licitações serão processadas

25

e julgadas na conformidade dos seguintes princípios: legalidade, impessoalidade, moralidade,

igualdade entre os licitantes, publicidade, probidade administrativa, vinculação ao instrumento

convocatório, julgamento objetivo.

Além dos princípios expressos na lei, os estudiosos da matéria apontam outros

princípios implícitos que permeiam o processo licitatório. Di Pietro (2014), por exemplo,

acrescenta aos já citados os princípios da ampla defesa e da licitação sustentável. Meirelles

(2016), por sua vez, elenca os seguintes princípios, além dos expressos em lei: procedimento

formal, sigilo das propostas, vinculação aos termos do instrumento convocatório e adjudicação

compulsória. Já Justen Filho (2014) inclui, dentre outros princípios o da eficiência e da

proporcionalidade.

No que diz respeito aos aspectos procedimentais, a licitação inicia-se com a instauração

do processo administrativo pela repartição interessada com o aval da autoridade competente

para sua realização. Em seguida, o processo deve ser autuado, protocolado e numerado para

formalização e acompanhamento de todos os interessados (CARVALHO FILHO, 2014). Esses

procedimentos compõem a etapa interna da licitação. Completado esse ciclo, inicia-se a etapa

externa que deve obediência à seguinte sequência: “audiência pública; edital ou convite de

convocação dos interessados; habilitação dos licitantes; julgamento das propostas; adjudicação

e homologação” (MEIRELLES, 2016, p. 337).

A audiência pública só se faz necessária quando o valor estimado for considerado de

grande vulto, ou seja, 100 vezes o limite previsto no art. 23, I, “c” da Lei Geral de Licitações.

Assim, excetuando a audiência pública, pode-se desmembrar a licitação nas seguintes fases: a)

edital – ato pelo qual são convocados os interessados e estabelecidas as condições que irão reger

o certame, que deve ter divulgação oficial e particular obrigatória; b) habilitação – ato no qual

se analisa a documentação (jurídica, técnica, econômico-financeira, fiscal e trabalhista) e os

requisitos pessoais dos licitantes, habilitando-os ou não; c) julgamento das propostas com a

classificação – ato no qual as propostas são confrontadas e classificadas para determinação do

vencedor a quem deverá ser adjudicado o objeto da licitação; d) adjudicação – ato pelo qual se

atribui ao vencedor (aquele que tenha apresentado proposta mais vantajosa para a

administração) o objeto da licitação para a subsequente efetivação do contrato; e) homologação

– ato de controle pelo qual a autoridade competente confirma a classificação das propostas e

ratifica a adjudicação do objeto da licitação ao proponente vencedor (MEIRELLES, 2016;

MELLO, 2013; DI PIETRO, 2014).

A Figura 1 ilustra de forma mais simplificada como se desenvolvem as fases do processo

licitatório, levando em consideração todos os passos até a sua conclusão, quando então, deve

26

ser encaminhado ao setor financeiro para emissão do empenho e posterior envio ao patrimônio

e/ou almoxarifado. Por fim, esse último setor remete os empenhos ao fornecedor e aguarda o

recebimento dos materiais.

Figura 1 – Fases da Licitação

Fonte: Elaborado pelo autor com base na Lei 8.666/1993

Quanto aos tipos de licitação há que se considerar os fatores de julgamento da proposta

e as características do objeto licitado para definição do tipo de licitação mais adequado. Dessa

forma, pode ser que, em determinado caso o fator preponderante seja o interesse econômico,

em outros seja técnico ou mesmo a combinação desses dois (MEIRELLES, 2016).

Com base nessas ponderações, pode-se delinear três tipos: de menor preço, de melhor

técnica, de técnica e preço. Além dessas, há o tipo maior lance ou oferta, utilizada nos casos de

alienação de bens ou concessão de direito de uso real. A Lei 8.666/93 estabelece, em seu art.

45, § 1º, os Tipos de Licitação, aplicadas em todas, exceto na modalidade concurso, conforme

descrição abaixo:

“I – a de menor preço – quando o critério de seleção da proposta mais vantajosa para

a Administração determinar que será vencedor o licitante que apresentar a proposta

de acordo com as especificações do edital ou convite e ofertar o menor preço;

II – a de melhor técnica;

III – a de técnica e preço;

IV – a de maior lance ou oferta – nos casos de alienação de bens ou concessão de

direito real de uso”.

27

No que diz respeito aos limites, o art. 23 da mesma lei, esclarece que as modalidades de

licitação serão determinadas em função dos seguintes limites, tendo em vista o valor estimado

da contratação:

“I - Para obras e serviços de engenharia:

a) Convite - até R$ 150.000,00;

b) Tomada de Preços - até R$ 1.500.000,00;

c) Concorrência: acima de R$ 1.500.000,00.

II - Para compras e serviços não referidos no inciso anterior:

a) Convite - até R$ 80.000,00;

b) Tomada de preços - até R$ 650.000,00;

c) Concorrência - acima de R$ 650.000,00”.

Para facilitar o entendimento sobre os tipos de licitação (que não devem ser confundidos

com as modalidades), observe-se a Figura 2 para que se perceba que os tipos se referem a forma

de julgamento do certame.

Figura 2 – Tipos de Licitação

Fonte: Elaborado pelo autor com base na Lei 8.666/1993

A Figura 3 esclarece um pouco mais sobre como se dividem os limites, demonstrando

que as obras e serviços de engenharia têm limites mais elevados do que as compras e serviços

que não sejam de engenharia.

28

Figura 3 – Limites da Licitação

Fonte: Elaborado pelo autor com base na Lei 8.666/1993

Concernente às modalidades de licitação, a Lei nº 8.666/93 criou cinco, que são

determinadas em função de limites para cada tipo de contratação. São elas: concorrência,

tomada de preços, convite, concurso e leilão. Além dessas modalidades, destacam-se também

o Pregão (presencial e eletrônico), o Regime Diferenciado de Contratação (RDC) e

procedimento chamado Sistema de Registro de Preços (SRP). Abaixo, detalhar-se-á cada um

deles.

a) Concorrência

Esta modalidade está prevista no art. 22, § 1º, da Lei n. 8.666/93. Nela podem participar

quaisquer interessados que, na fase inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir os

requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital para execução de seu item.

b) Tomada de Preços

Prevista no art. 22, § 2º, a Tomada de Preços é a modalidade de licitação entre

interessados devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as condições exigidas para

cadastramento até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas, observada a

necessária qualificação.

29

c) Convite

Prevista no art. 22, § 3º, Convite é a modalidade de licitação entre interessados do ramo

pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de 3

(três) pela unidade administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia do instrumento

convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na correspondente especialidade que

manifestarem seu interesse com antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação

das propostas.

d) Concurso

Prevista no art. 22, § 4º, Concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer

interessados para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de

prêmios ou remuneração aos vencedores, conforme critérios constantes de edital publicado na

imprensa oficial com antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco) dias.

e) Leilão

Prevista no art. 22, § 4º, Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados

para a venda de bens móveis inservíveis para a administração ou de produtos legalmente

apreendidos ou penhorados, ou para a alienação de bens imóveis, prevista no art. 19, a quem

oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação.

A Figura 4 apresenta outras características sobre as modalidades para uma melhor

compreender como e em quais casos, cada uma delas pode ser aplicada. Salientando-se que no

caso das modalidades, nada impede que se utilize a concorrência nos demais casos e assim

sucessivamente.

30

Figura 4 – Modalidades de Licitação

Fonte: Elaborado pelo autor com base na Lei 8.666/1993

f) Licitação Dispensada, Dispensável e Inexigibilidade

Sabe-se que a regra geral para as contratações públicas é a obrigatoriedade de realização

de processo licitatório tanto para a aquisição de materiais (consumo e permanente) quanto para

serviços e obras. Porém, a Lei de Licitações prevê algumas situações em que a obrigatoriedade

de um certame fica afastada. Essas hipóteses podem ser enquadradas como Licitação

Dispensada, Licitação Dispensável e Inexigibilidade.

Os artigos 17, 24 e 25 da Lei 8.666/93 tratam dessas exceções. Licitação dispensada é

aquela em que a lei declarou-a como tal, ou seja, não se faz licitação. Já com relação à licitação

dispensável, a Administração pode dispensar se assim lhe convier. Por fim, a licitação

inexigível é aplicada quando houver inviabilidade de competição. Em relação a esses casos, di

Pietro assim se posiciona:

“A diferença básica entre as duas hipóteses está no fato de que, na dispensa, há

possibilidade de competição que justifique a licitação; de modo que a lei faculta a

dispensa, que fica inserida na competência discricionária da Administração. Nos casos

de inexigibilidade, não há possibilidade de competição, porque só existe um objeto ou

uma pessoa que atenda às necessidades da Administração; a licitação é, portanto,

inviável” (DI PIETRO, 2014, p. 395).

31

Além das modalidades apontadas pela Lei 8.666/1993, o legislador inovou na criação

de outros modelos e procedimentos, visando o aperfeiçoamento do regime de licitações para

que alcance da economicidade e modernização dos certames.

g) Pregão

Não obstante, o § 8º do art. 22 da Lei 8.666/1993 vede a criação de outras modalidades

de licitação ou sua combinação, a Lei nº 10.520/2002 instituiu, no âmbito da União, Estados,

Distrito Federal e Municípios, nos termos do art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, a

modalidade de licitação denominada Pregão para aquisição de bens e serviços comuns. Para

Mello (2013), a edição da Lei 10.520/2002 remedia o vício de criação de nova modalidade, por

ter esta lei caráter de norma geral, elaborada posteriormente à Lei 8.666/1993, o que para o

autor supracitado, não configuraria afronta ou alteração de norma legal anterior, fato que

permitiria a coexistência do pregão com às demais modalidades.

Nos dizeres de Celso Antônio Bandeira de Mello, o pregão “pode ser entendido como a

modalidade de licitação para aquisição de bens e serviços comuns qualquer que seja o valor

estimado da contratação, em que a disputa pelo fornecimento é feita por meio de propostas e

lances em sessão pública” (MELLO, 2013, p. 574).

O Decreto nº 3.555/2000 é quem regulamenta a modalidade Pregão no âmbito da União

para o Pregão Presencial e, em seu art. 2º dá-nos a seguinte definição: “é a modalidade de

licitação em que a disputa pelo fornecimento de bens ou serviços comuns é feita em sessão

pública por meio de propostas de preços escritas e lances verbais”.

O parágrafo único do art. 1º “considera bens e serviços comuns aqueles cujos padrões

de desempenho e qualidade possam ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de

especificações usuais no mercado”.

Muitos autores, a exemplo de Mello (2013), Justen Filho (2014), di Pietro (2014) e

Meirelles (2016), questionam essa definição devido a sua imprecisão. No caso do último autor

supracitado, o mesmo defende que:

“O conceito legal é insuficiente, visto que, a rigor, todos os bens licitados devem ser

objetivamente definidos, em descrição sucinta e clara (Lei 8.666/93, art. 40, 1). O que

caracteriza os bens e serviços comuns é sua padronização, ou seja, a possibilidade de

substituição de uns por outros com o mesmo padrão de qualidade e eficiência. No

pregão o fator técnico não é levado em consideração, mas apenas o fator preço. O

Dec. 3.555, de 8.8.2000 regulamenta a matéria, contendo o Anexo II, que relaciona

os bens e serviços comuns. A lista é apenas exemplificativa e serve para orientar o

administrador na caracterização do bem ou do serviço comum. O essencial é que o

objeto licitado possa ser definido por meio de especificações usuais no mercado, o

32

que não impede a exigência de requisitos mínimos de qualidade” (MEIRELLES,

2016, p. 399).

Quanto ao Pregão Eletrônico, este é regulamentado pelo Decreto nº 5.450/2005,

esclarecendo que “o pregão, na forma eletrônica, como modalidade de licitação do tipo menor

preço, realizar-se-á quando a disputa pelo fornecimento de bens ou serviços comuns for feita à

distância em sessão pública, por meio de sistema que promova a comunicação pela internet”.

Vale salientar que, segundo o art. 4º do Decreto n. 5.450/2005 nas licitações para

aquisições de bens e serviços comuns, será preferencial a utilização de pregão eletrônico, salvo

os casos de comprovada a inviabilidade.

As regras do pregão também são inovadoras e simples. É prevista inversão das fases de

habilitação e classificação dos licitantes. A inversão permite que seja examinada somente a

documentação do participante que tenha apresentado a melhor proposta. O procedimento que

vem sendo adotado nas concorrências obriga ao prévio exame da documentação de habilitação

apresentada por todos os participantes, acarretando desnecessária lentidão na conclusão da

licitação (MEIRELLES, 2016; MELLO, 2013; DI PIETRO, 2014; CARVALHO FILHO,

2014).

A Figura 5 apresenta uma visão geral e sintética para que se possa visualizar de forma

mais clara o funcionamento e os detalhes dessa nova modalidade denominada Pregão que foi

instituída pela Lei 10.520/2002.

Figura 5 – Características do Pregão

Fonte: Elaborado pelo autor com base na Lei 10.520/2002

33

Nos próximos subitens, discute-se dois novos mecanismos que não são propriamente

modalidades de licitação, mas sim um conjunto de procedimentos que têm por finalidade

racionalizar e facilitar os processos de aquisição de materiais e serviços. São eles o Sistema de

Registro de Preços (SRP) e o Regime Diferenciado de Contratações (RDC).

h) Sistema de Registro de Preços (SRP)

O Sistema de Registro de Preços (SRP) tem previsão na Lei 8.666/1993, cujo art. 15, II,

determina que as compras, sempre que possível, deverão ser processadas por meio de SRP. O

Decreto 7.892/2013 é a norma que regulamenta o SRP, definindo-o como “o conjunto de

procedimentos para registro formal de preços relativos à prestação de serviços e aquisição de

bens, para contratações futuras” (art. 2º, I do decreto).

Meirelles (2016) enfatiza que essa norma visa racionalizar e simplificar o processo de

contratação, dotando-a de maior eficiência. Ademais, conforme expõe di Pietro, essa ferramenta

“facilita as contratações futuras, evitando que, a cada vez, seja realizado novo procedimento de

licitação” (DI PIETRO, 2014, p. 444), contribuindo para a economicidade dos processos

licitatórios.

Conforme depreendemos do art. 1º do Decreto, essa norma aplica-se apenas no âmbito

da administração pública federal direta, autárquica e fundacional, fundos especiais, empresas

públicas, sociedades de economia mista e demais entidades controladas, direta ou indiretamente

pela União.

Compõem o SRP: Órgão Gerenciador, Órgão Participante, Órgão Não-Participante. Os

incisos III, IV e V do art. 2º, definem cada um desses elementos conforme abaixo:

“III - Órgão gerenciador - órgão ou entidade da administração pública federal

responsável pela condução do conjunto de procedimentos para registro de preços e

gerenciamento da ata de registro de preços dele decorrente;

IV - Órgão participante - órgão ou entidade da administração pública que participa

dos procedimentos iniciais do Sistema de Registro de Preços e integra a ata de registro

de preços;

V - Órgão não participante - órgão ou entidade da administração pública que, não

tendo participado dos procedimentos iniciais da licitação, atendidos os requisitos desta

norma, faz adesão à ata de registro de preços”.

Segundo o art. 3º, o Sistema de Registro de Preços poderá ser adotado nas seguintes

hipóteses:

“I - quando, pelas características do bem ou serviço, houver necessidade de

contratações frequentes;

34

II - quando for conveniente a aquisição de bens com previsão de entregas parceladas

ou contratação de serviços remunerados por unidade de medida ou em regime de

tarefa;

III - quando for conveniente a aquisição de bens ou a contratação de serviços para

atendimento a mais de um órgão ou entidade, ou a programas de governo; ou,

IV - quando, pela natureza do objeto, não for possível definir previamente o

quantitativo a ser demandado pela Administração”.

Antes do processo licitatório que dará origem ao SRP, há o procedimento conhecido

como Intenção de Registro de Preços de que trata o art. 4º do Decreto 7.892/2013, que deverá

ser utilizado pelos órgãos e entidades integrantes do SIASG – Sistema de Administração de

Serviços Gerais, com a finalidade de registrar e divulgar os itens que se pretende licitar, além

de consolidar informações relativas à estimativa individual e total de consumo e confirmar junto

aos órgãos participantes a sua concordância com o objeto a ser licitado (incisos II e V do art. 5º

do decreto).

Após a realização do pregão, o SRP resulta em uma Ata de Registro de Preços que é um

documento vinculativo, obrigacional, com característica de compromisso para futura

contratação, em que se registram os preços, fornecedores, órgãos participantes e condições a

serem praticadas, conforme as disposições contidas no instrumento convocatório e propostas

apresentadas (art. 2º, II do decreto).

De acordo com o § 3º do art. 15 da Lei de Licitações, o SRP deve observar as seguintes

condições: (I) os preços registrados serão sempre selecionados através da modalidade

concorrência; (II) estipulação prévia do sistema de controle e de atualização dos preços

registrados; (III) a validade dos registros não excederá de um ano. Mesmo diante da

determinação de utilização da modalidade concorrência, no caso de aquisição de “bens e

serviços comuns”, o registro de preços poderá ser realizado por meio da modalidade “pregão”,

de acordo com o previsto no art. 11 da Lei 10.520/2002

Importante mencionar ainda que, de acordo com o art. 15, § 4º da Lei 8.666/1993, a

existência de preços registrados não obriga a Administração a firmar as contratações que deles

poderão advir, ficando-lhe facultada a utilização de outros meios, respeitada a legislação

relativa às licitações, sendo assegurado ao beneficiário do registro preferência em igualdade de

condições.

Para auxiliar na compreensão do Sistema de Registro de Preços, elaborou-se a Figura 6

que aponta alguns dos principais aspectos e detalhes da estruturação desse procedimento

especial criado para mitigar os efeitos negativos da escassez de recursos.

35

Figura 6 – Características do Sistema de Registro de Preços

Fonte: Elaborado pelo autor com base no Decreto 7.892/2013

i) Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC)

O Regime Diferenciado de Contratação Pública (RDC), visa modernizar e acelerar os

processos licitatórios. Esse regime foi editado com vigência temporária para atender as

demandas dos grandes eventos esportivos realizados no Brasil e, posteriormente, foi ampliado

para uma série de ações estratégicas.

O RDC foi instituído pela Lei nº 12.462, de 04 de agosto de 2011, para ser aplicado

exclusivamente às licitações e contratos necessários à realização dos seguintes eventos:

I – Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016;

II – Copa das Confederações da Fifa 2013 e Copa do Mundo 2014; e

III – obras de infraestrutura e de contratação de serviços para os aeroportos das capitais

dos Estados da Federação distantes até 350 km das cidades sedes dos mundiais referidos nos

incisos I e II.

Devido as alterações posteriores, o RDC passou a ser aplicado a uma série de ações que

ampliou muito o escopo de atuação desse regime, conforme depreende-se das informações

constantes do Quadro 1.

36

Quadro 1 – Ações nas quais podem ser aplicadas o RDC

Às ações integrantes do Programa de Aceleração do

Crescimento – PAC

Conforme Lei nº 12.688, de 18

de julho de 2012

Às obras e serviços de engenharia no âmbito dos

sistemas de ensino público

Nos termos da Lei nº 12.722, de

20 de outubro de 2012

Às obras e serviços de engenharia celebrados no âmbito

do Sistema Único de Saúde – SUS

Conforme Lei nº 12.745, de 19

de dezembro de 2012

Às ações da Companhia Nacional de Abastecimento –

Conab relacionadas a reforma, modernização, ampliação

ou construção de unidades armazenadoras próprias

destinadas à conservação de produtos agropecuários em

ambiente natural

Conforme Lei nº 12.873, de 24

de outubro de 2013

De forma subsidiária nas licitações destinadas à

concessão de porto organizado e ao arrendamento de

instalação portuária

Conforme art. 66 da Lei de nº

12.815, de 05 de junho de 2013

Às obras e serviços de engenharia para construção,

ampliação e reforma e administração de

estabelecimentos penais e de unidades de atendimento

socioeducativo

Incluído pela Lei nº

13.190/2015

Às ações no âmbito da segurança pública Incluído pela Lei nº

13.190/2015

Às obras e serviços de engenharia, relacionadas a

melhorias na mobilidade urbana ou ampliação de

infraestrutura logística

Incluído pela Lei nº

13.190/2015

À formalização de contratos de locação de bens móveis e

imóveis pela administração, nos quais o locador realiza

prévia aquisição, construção ou reforma substancial, com

ou sem aparelhamento de bens, por si mesmo ou por

terceiros, do bem especificado pela administração

Incluído pela Lei nº

13.190/2015

Às ações em órgãos e entidades dedicados à ciência, à

tecnologia e à inovação

Incluído pela Lei nº

13.243/2016

Fonte: Elaborado pelo autor com base na Lei 12.462/2011

Com essas alterações substanciais e amplas, pode-se dizer que o RDC deixou de ter

vigência temporária, uma vez que muitas das ações acrescidas pelas leis supracitadas têm

caráter perene devido às suas características.

No entendimento de Justen Filho (2014), a Lei 12.462/2011 não revogou a Lei

8.666/1993, nem a Lei 10.520/2002, uma vez que cabe ao gestor optar pelo regime que melhor

lhe convier. Porém, o autor acredita que o RDC, dada a obtenção de resultados satisfatórios e

de sua maior flexibilidade em relação aos procedimentos – se comparado à Lei Geral das

37

Licitações – esse novo regime conduzirá no futuro à revogação das leis anteriores (JUSTEN

FILHO, 2014, p. 500).

Analisando a norma que instituiu o RDC, di Pietro (2014) enumera, de forma sintética,

algumas inovações inseridas por esse novo regime, seja em relação à licitação ou ao contrato,

conforme descrição abaixo:

“a) ampliação dos objetivos da licitação (art. 1º, § 1º);

b) inclusão do princípio da economicidade e do desenvolvimento nacional

sustentável (art. 32); (grifo nosso)

c) restrições à publicidade do orçamento estimado (art. 62);

d) inversão nas fases de habilitação e julgamento (art. 12);

e) novos critérios de julgamento (art. 18);

f) previsão de procedimentos auxiliares das licitações (art. 29);

g) previsão da possibilidade de exigência de amostra para a pré-qualificação e para o

julgamento (art. 7º, II);

h) possibilidade de remuneração variável vinculada ao desempenho da contratada (art.

10);

i) previsão da contratação simultânea ou possibilidade de contratação de mais de uma

empresa para realizar o mesmo serviço (art. 11);

j) previsão da contratação integrada entre os regimes de execução do contrato (art.

82)” (DI PIETRO, 2014, p. 456).

Outra alteração relevante foi a ampliação dos objetivos da licitação. De acordo com o

art. 1º da Lei do RDC, foram acrescentados os seguintes objetivos: I – ampliar a eficiência nas

contratações públicas e a competitividade entre os licitantes; II – promover a troca de

experiências e tecnologias em busca da melhor relação entre custos e benefícios para o setor

público; III – incentivar a inovação tecnológica; e IV – assegurar o tratamento isonômico entre

os licitantes e a seleção da proposta mais vantajosa para a Administração Pública. Os princípios

também foram ampliados. Conforme menciona o art. 3º da norma ora analisada, foram incluídos

os seguintes princípios: o da economicidade e o do desenvolvimento nacional sustentável,

este último já retratado pela lei 12.349/2010 e, pela própria Constituição em seu art. 170, V que

foi alterado pela Emenda Constitucional nº 42/2003.

Como se pode perceber, o processo licitatório em âmbito federal possui regras e escopo

bem definidos e sua normatização é ampla e muito detalhada. A modernização e a praticidade

têm sido implementadas pelo legislador que busca por meio de novos instrumentos legais, trazer

mais agilidade e eficiência para as contratações públicas.

Nesse percurso, o poder público tem inserido cada vez mais a variável sustentabilidade

socioambiental aos processos licitatórios, demonstrando preocupação com o equilíbrio

ambiental e com a redução das desigualdades sociais. Os tópicos a seguir abordam essas

questões sobre o procedimento que ficou conhecido como Licitações Sustentáveis.

38

2.2 LICITAÇÕES SUSTENTÁVEIS

Esse subtópico trata das licitações sustentáveis (conceito, finalidade, amparo legal etc.).

Esse tema ganhou relevância diante da percepção de que os governos são grandes consumidores

de produtos e serviços para atendimento do seu mister. Assim, os estudiosos de políticas

públicas de meio ambiente passaram a refletir sobre a utilização do poder de compras do serviço

público como um indutor de práticas sustentáveis, tanto por parte do poder público, quanto por

parte dos fornecedores.

2.2.1 Iniciativas relativas à construção do conceito de compras públicas sustentáveis

O tema compras públicas sustentáveis começou a ser discutido mundialmente a partir

das ideias da Agenda 21, que resultou da Conferência da ONU sobre Meio Ambiente e

Desenvolvimento (CNUMAD) em 1992, conhecida como Rio 92 ou Eco 92. Esse documento

consiste em um plano elaborado com o intuito de ser aplicado em todas as esferas

governamentais e adotado por todos os atores sociais com atuação relevante, buscando integrar

as dimensões econômica, social e ambiental, promovendo assim, os princípios do

desenvolvimento sustentável (ICLEI, 2008, p. 21).

Uma das partes mais relevantes desse documento, para efeitos dessa discussão é o

Capítulo 4 que trata da mudança dos padrões de consumo, quando são prescritos os seguintes

objetivos: a promoção de padrões de consumo que reduzam as pressões ambientais, além de

atender as necessidades básicas da humanidade e o desenvolvimento de uma melhor

compreensão do papel do consumo e da forma de se implantar padrões de consumo mais

sustentáveis (SANTOS, 2013, p. 42). O capítulo supracitado também enfatiza, dentre uma série

de atividades, a importância do exercício das lideranças governamentais como um fator

decisivo para otimizar os processos de aquisições públicas, sob a ótica da sustentabilidade

(BRASIL, 2014a, p. 5).

Ainda em relação ao Capítulo 4, a Agenda 21 propõe que o cerne do conceito de

licitação sustentável é a mudança nos padrões de consumo. O documento ressalta ainda que os

governos podem ser grandes consumidores, ocupando muitas vezes, um papel expressivo no

cenário econômico dos países. Sendo assim, o poder público pode exercer uma influência

significativa sobre o comportamento empresarial, induzindo estes a adotarem posturas mais

condizentes com o meio ambiente (FERNANDES, 2016, p. 41).

39

A partir da implementação da Agenda 21, muitos países começaram a usar o poder de

compras das instituições públicas como uma prática estratégica de incentivo, passando a

incorporar critérios de sustentabilidade ambiental aos processos de aquisição de bens e

contratação de serviços (VALENTE, 2011, p. 4). Com isso, as licitações e as demais formas de

contratação devem obedecer a preferência por fornecedores e produtos de menor impacto

ambiental (ROSSATO E VAN BELLEN, 2011, p. 12).

A sustentabilidade das licitações voltou a ser tratada novamente na Cúpula Mundial

sobre Desenvolvimento Sustentável de Joanesburgo, em 2002, conhecida como Rio+10. Esse

encontro buscou ratificar as ações orientadas pela Agenda 21 “impulsionando as autoridades

públicas a ‘promover políticas de contratação pública que favoreçam o desenvolvimento e a

difusão de mercadorias e serviços favoráveis ao meio ambiente’” (SILVA, GUIMARÃES E

SILVA, 2012, p. 52).

Nessa reunião, lançou-se o chamado Plano de Implementação de Joanesburgo, cujo

capítulo III foi intitulado de “Alteração dos Padrões Insustentáveis de Produção e Consumo”.

Neste capítulo, uma das medidas preconizadas, no item 19-c, foi a de “promover as políticas de

compras públicas que incentivem o desenvolvimento e a disseminação de bens e serviços

ambientalmente saudáveis” (TORRES, 2011, p. 104).

Na conferência supracitada foi aprovado o Plano de Joanesburgo, que propôs a

elaboração de um conjunto de programas com duração de dez anos. As propostas que

compunham esse plano foram idealizadas e orientadas pelo PNUMA e pelo Departamento de

Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas (UNDESA), por meio de um processo

lançado em 2003, conhecido como Processo de Marrakesh, em homenagem à cidade onde

ocorreu a primeira reunião após o Plano de Johanesburgo (PORTILHO e RUSSO, 2008;

BARCESSAT, 2011; ICLEI, 2012; ONU, 2012; ALENCASTRO, 2014; BÁRBARA, 2015).

A adesão ao Processo de Marrakesh resulta em uma obrigação, qual seja, desenvolver

um Plano de Ação. Para ajudar nesta tarefa, foram criados manuais metodológicos, a criação

de forças-tarefas e de grupos de trabalho com o objetivo de identificar as experiências mais

avançadas de Produção e Consumo Sustentável nos países mais desenvolvidos e difundi-las

(PORTILHO e RUSSO, 2008; BARCESSAT, 2011; ICLEI, 2012; ONU, 2012;

ALENCASTRO, 2014; BÁRBARA, 2015).

As forças tarefas consistem em iniciativas voluntárias que são lideradas por governos

nacionais que desenvolvem parcerias com várias outras entidades. Cada um desses governos se

responsabiliza por uma série de atividades concretas em nível nacional e regional. Foram

criadas 7 (sete) forças tarefas até o momento: Cooperação com a África, liderada pela

40

Alemanha; Educação e Consumo Sustentável, liderada pela Itália; Construções Sustentáveis,

liderada pela Finlândia; Produtos Sustentáveis, liderada pela Inglaterra; Estilo de vida

sustentável, liderada pela Suécia; Turismo Sustentável, liderada pela França e, a mais relevante

para esse trabalho, que é Compras Públicas Sustentáveis, liderada pela Suíça (PORTILHO e

RUSSO, 2008; BARCESSAT, 2011; BAHIA e ICLEI, 2012; ONU, 2012; ALENCASTRO,

2014; BÁRBARA, 2015).

A criação de uma força-tarefa com foco nas compras públicas sustentáveis, evidencia a

preocupação com a mudança dos padrões de consumo, especialmente no âmbito das aquisições

públicas por meio da criação e desenvolvimento de metodologias de compras sustentáveis,

enfatizando assim, o reconhecimento do papel dos governos nacionais e regionais para o

desenvolvimento sustentável (ALENCASTRO, 2014; BETIOL et al., 2012).

A adesão do Brasil ao Processo de Marrakesh ocorreu em 2007. Em 2008, foi assinada

a Portaria nº 44 que instituiu o Comitê Gestor Nacional de Produção e Consumo Sustentável.

Essa portaria buscou articular instituições públicas, privadas e da sociedade civil para elaborar

o Plano de Ação para a Produção e Consumo Sustentáveis – PPCS que será retratado no

próximo subtópico (MOTTA, 2015; MENDES, 2014; CYPRESTE, 2013; ICLEI, 2012).

Na Rio+20, realizada no ano de 2012, na cidade do Rio de Janeiro, foi aprovado o início

de um segundo ciclo de dez anos do Plano de Implementação de Joanesburgo – período de 2012

a 2022 – visando alcançar metas e objetivos propostos. O capítulo III do aludido plano trata de

mudança nos padrões insustentáveis de produção e consumo (ONU, 2012).

Outra iniciativa que contribuiu para fortalecer a ideia de licitações sustentáveis, foi o

lançamento pela ONU dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) que faz parte

da chamada Agenda 2030 que consiste em um plano de ação idealizado em 2015 por líderes

mundiais para erradicar a pobreza, proteger o planeta e garantir que as pessoas alcancem a paz

e a prosperidade. Dentre esses 17 ODS, destaque-se o de número 12 que consiste em Assegurar

padrões de produção e de consumo sustentáveis. O subitem 12.7 trata especificamente de

promover práticas de compras públicas sustentáveis (ONU, 2015).

Como se pode observar, são várias as iniciativas de governos e organizações

internacionais que tiveram como pretensão estimular práticas de produção e consumo

sustentáveis, especialmente as licitações públicas sustentáveis, cujo conceito será um pouco

mais explorado nas próximas linhas.

2.2.2 Licitação Sustentável – Conceito e Aspectos Legais

41

Muitos autores, como por exemplo Valente (2011), Torres (2012), Brasil (2014a), Brasil

(2013), ICLEI (2012), dentre outros, propuseram um conceito para licitações sustentáveis.

Todos são unânimes em afirmar que se trata da inclusão de critérios de sustentabilidade às

aquisições de bens e serviços.

Aprofundando um pouco mais a temática, Brasil (2014a, p. 2) propõe que a licitação

sustentável busca alinhar-se a uma nova postura para as aquisições públicas, nos seguintes

moldes:

“As contratações públicas sustentáveis representam a adequação da contratação ao

que se chama consumo sustentável. Significa pensar a “proposta mais vantajosa para

a administração” levando-se em conta não apenas o menor preço, mas o custo como

um todo, considerando a manutenção da vida no planeta e o bem-estar social. Vale

lembrar que os recursos naturais do país e sua biodiversidade são recursos públicos e

como tal devem ser preservados” (BRASIL, 2014a, p. 2).

O ICLEI – Governos Locais pela Sustentabilidade (em português), afirma que podemos

considerar uma compra como sendo sustentável, a partir do momento que se reflete sobre a real

necessidade da aquisição, as condições em que o produto foi fabricado (materiais utilizados,

condições de trabalho dos empregados etc.) e, por fim, sobre a o comportamento do produto

em sua vida útil e a sua disposição final (ICLEI, 2012).

Há muitos exemplos de critérios e características sustentáveis que podem ser buscadas

nos produtos e serviços contratados pela Administração Pública. Torres (2012, p. 3), enumera

os seguintes: “menor utilização de recursos naturais em seus processos produtivos, menor

presença de materiais perigosos ou tóxicos, maior vida útil, possibilidade de reutilização ou

reciclagem, geração de menor volume de resíduos”.

A partir desse novo conceito e dessas novas reflexões, a licitação passou a ter mais um

objetivo, a promoção do desenvolvimento nacional sustentável, além dos objetivos tradicionais

de garantir a observância ao princípio constitucional da isonomia, da livre concorrência e da

seleção da proposta mais vantajosa, conforme determinação da nova redação do artigo 3º da

Lei 8.666/1993. Assim a licitação passou a ser um instrumento para viabilização de política

pública em prol do meio ambiente (BRASIL, 2013). Com essa nova visão, passa-se a levar em

conta os impactos socioambientais ocasionados pelas contratações públicas, salientando a

importância da aplicação responsável dos recursos públicos.

Conforme salienta Brasil (2016a), além dos aspectos sociais, da promoção do comércio

justo, a licitação sustentável deve considerar aspectos como:

“...redução do consumo; análise do ciclo de vida do produto (produção, distribuição,

uso e disposição) para determinar a vantajosidade econômica da oferta; estímulo para

42

que os fornecedores assimilem a necessidade premente de oferecer ao mercado, cada

vez mais, obras, produtos e serviços sustentáveis, até que esta nova realidade passe a

representar regra geral e não exceção no mercado brasileiro; fomento da inovação,

tanto na criação de produtos com menor impacto ambiental negativo, quanto no uso

racional destes produtos, minimizando a poluição e a pressão sobre os recursos

naturais” (BRASIL, 2016a, p. 14.).

Nesse cenário, a realização das licitações sustentáveis ressalta a importância do papel

do administrador público, pois esse profissional deve ter habilidade para fazer a necessária

ponderação entre a aplicação do princípio da isonomia e as diretrizes legais e constitucionais

de proteção ao meio ambiente e de desenvolvimento sustentável, sem que nenhum desses

princípios sejam feridos na realização da licitação (VALENTE, 2011).

Portanto, como podemos inferir das reflexões acima, o processo licitatório tem como

missão – além da busca pela proposta mais vantajosa para a administração, em termo de preço

e qualidade, – a persecução da proteção ao meio ambiente e consequente combate aos impactos

socioambientais negativos. Essa nova realidade impõe ao gestor público uma grande

responsabilidade no momento de definir o que comprar e o que contratar, pois deve haver uma

preocupação que vai além das questões econômico-financeiras.

Atualmente, temos muitos instrumentos de comando e controle no ordenamento jurídico

brasileiro direcionados ao desenvolvimento sustentável e ao equilíbrio socioambiental e, de

forma muito específica, em relação à inclusão de critérios de sustentabilidade nas compras

públicas.

Podemos, inicialmente, fazer menção a nossa Carta Magna que foi a primeira

constituição nacional a dedicar um capítulo exclusivo para tratar da proteção ao meio ambiente

como um direito-dever de todos (Cap. VI, CF/1988). Mencione-se também o art. 23, inciso VI

que “estabeleceu como competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos

Municípios: proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas”.

Além disso, o caput do art. 225 determina que:

“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum

do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à

coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.

O supracitado artigo, em seu parágrafo 1º, inciso V, deixa claro ainda a obrigação legal

do Estado em relação ao processo produtivo, vejamos:

“§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:

[...]

43

V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e

substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente”

Assim, conforme defende Brasil (2013, p. 36-37), “o desenvolvimento sustentável está

albergado na Constituição Federal de 1988”, já que nossa Carta Magna deixa claro que o Poder

Público tem por obrigação a defesa e preservação do meio ambiente. Pondere-se que o uso do

poder de compras do serviço público pode contribuir para efetivação da proteção ao meio

ambiente equilibrado.

Mais especificamente em relação às licitações sustentáveis, também há uma vasta

legislação que regulamenta esse procedimento como uma política pública para viabilizar a

preservação do meio ambiente. Nesse sentido, a Constituição Federal de 1988 trata da

possibilidade de tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços

e de seus processos de elaboração e prestação, conforme redação do artigo 170, inciso VI:

“Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre

iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da

justiça social, observados os seguintes princípios:

[...]

VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme

o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e

prestação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19/12/2003)”.

A previsão constitucional da defesa do meio ambiente por meio de medidas como

controle da produção e tratamento diferenciado, serviram de suporte para edição de leis,

decretos e outros instrumentos legais (federais, estaduais e municipais) que normatizam as

licitações sustentáveis. É o caso, por exemplo, das Instruções Normativas 01/2010 e 10/2012 -

SLTI/MPOG. A primeira disciplina a aplicabilidade de critérios de sustentabilidade nas

compras e contratações em âmbito federal; e, a segunda estabelece regras para elaboração dos

Planos de Gestão de Logística Sustentável (PLS) de que trata o art. 16, do Decreto nº 7.746, de

5 de junho de 2012. Cabe aqui mencionar que em decorrência da IN 01/2010, foi editada a

Portaria 02/2010 que regulamenta a compra de tecnologia da informação com critérios

ambientais de sustentabilidade, também chamados T.I. Verde.

Outra norma de grande relevância é a Lei 12.349/2010 que alterou o artigo 3º, caput da

Lei 8.666/1993 para introduzir a promoção do desenvolvimento nacional sustentável como um

dos objetivos do processo licitatório. Assim, o supracitado artigo passou a vigorar com a

seguinte redação:

“A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da

isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a promoção

44

do desenvolvimento nacional sustentável e será processada e julgada em estrita

conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da

moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação

ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos.”

Em razão da edição da Lei 12.349/2010, foi implementado o Decreto nº 7.746/2012 com

a missão de regulamentar o artigo 3º, caput, da Lei n. 8.666/93 dada sua nova finalidade. O

Decreto em questão estabeleceu critérios, práticas e diretrizes gerais para a promoção do

desenvolvimento nacional sustentável por meio das contratações realizadas pela Administração

Pública Federal Direta, Autárquica e Fundacional e pelas Empresas Estatais dependentes, e

institui a Comissão Interministerial de Sustentabilidade na Administração Pública – CISAP.

Em seu artigo 2º, o decreto supracitado, assim dispõe:

“A administração pública federal direta, autárquica e fundacional e as empresas

estatais dependentes poderão adquirir bens e contratar serviços e obras considerando

critérios e práticas de sustentabilidade objetivamente definidos no instrumento

convocatório, conforme o disposto neste Decreto”.

Saliente-se que o Parágrafo Único do mesmo artigo, determina que “a adoção de

critérios e práticas de sustentabilidade deverá ser justificada nos autos e preservar o caráter

competitivo do certame”. Ainda em relação ao Decreto 7.746/2012, o artigo 4º enumera

algumas diretrizes de sustentabilidade que deverão nortear as licitações: I – menor impacto

sobre recursos naturais como flora, fauna, ar, solo e água; II – preferência para materiais,

tecnologias e matérias-primas de origem local; III – maior eficiência na utilização de recursos

naturais como água e energia; IV – maior geração de empregos, preferencialmente com mão de

obra local; V – maior vida útil e menor custo de manutenção do bem e da obra; VI – uso de

inovações que reduzam a pressão sobre recursos naturais; e VII – origem ambientalmente

regular dos recursos naturais utilizados nos bens, serviços e obras.

Mais recentemente, em outubro de 2017, foi sancionado o Decreto 9.178/2017 que

alterou o Decreto 7.746/2012. Uma das principais modificações foi o art. 2º, que passou a

vigorar com a seguinte redação:

“Art. 2º Na aquisição de bens e na contratação de serviços e obras, a administração

pública federal direta, autárquica e fundacional e as empresas estatais dependentes

adotarão critérios e práticas sustentáveis nos instrumentos convocatórios, observado

o disposto neste Decreto”.

45

Como se pode observar, o Decreto 9.178/2017 alterou o verbo “poderão” para

“adotarão”. Portanto, a adoção dos critérios de sustentabilidade nos processos licitatórios deixa

de ser uma opção e passa a ter uma conotação de obrigação.

Existe ainda uma série de diplomas legais que, já há algum tempo, evidenciavam a

necessidade da inclusão da sustentabilidade nas relações de consumo do poder público, como

é o caso da Lei nº 10.257/2001 (Estatuto das cidades), que determinou em seu art. 2º, inciso

VII, a “adoção de padrões de produção e consumo de bens e serviços e de expansão urbana

compatíveis com os limites da sustentabilidade ambiental, social e econômica do Município e

do território sob sua área de influência”. (BRASIL, 2013).

Há também o Decreto 2.783/98 que dispõe sobre proibição de aquisição de produtos ou

equipamentos que contenham ou façam uso das Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio

- SDO, pelos órgãos e pelas entidades da Administração Pública Federal direta, autárquica e

fundacional.

Vale mencionar ainda normas como a Portaria do Ministério do Meio Ambiente - MMA

nº 61/2008, que estabelece práticas de sustentabilidade ambiental nas compras públicas desse

órgão; e, a Lei nº 9.660/1998, que dispõe sobre a substituição gradual da frota oficial de veículos

da administração pública, visando incentivar o uso de veículos movidos a combustíveis

renováveis. Ademais, conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF), “os tratados

internacionais incorporam-se ao ordenamento jurídico brasileiro com força de lei ordinária

federal”, ou seja, os compromissos internacionais em prol da sustentabilidade, assumidos pelo

Estado Brasileiro, podem ser convertidas em lei (BRASIL, 2013, p. 36).

Além disso, conforme orienta Brasil (2016a), ao lado dos fundamentos jurídicos, como

os que foram citados acima, deverão ser utilizados outros instrumentos normativos que emanam

de vários órgãos públicos (como por exemplo, IBAMA, CONAMA, INMETRO e outros),

levando em consideração o objeto a ser licitado. Outras normas atinentes às questões de meio

ambiente e desenvolvimento sustentável podem ser consultadas no Anexo A.

Como podemos perceber, há um número considerável de normas (leis, decretos,

portarias, instruções normativas etc.) que tratam de licitações sustentáveis ou que devem nortear

esse procedimento. Portanto, as licitações sustentáveis devem ser obrigatoriamente

implementadas pelos gestores públicos sob pena de estarem incorrendo em uma ilegalidade.

Para que haja de fato essa implementação, é preciso compreender de que forma ela deve

ocorrer. Inicialmente, é necessário esclarecer que em virtude da determinação imposta pela Lei

8.666/1993 que determina um rol taxativo de obrigações habilitatórias, torna-se inviável a

inserção de critérios de sustentabilidade na fase de habilitação, pois isso pode dar origem a

46

recursos que levarão a retificações ou mesmo anulação do certame, conforme orientação do

Tribunal de Contas da União – TCU exarada em alguns acórdãos como o de nº 1.929/2013 cuja

a redação que trata da decisão transcreve-se abaixo:

“9.5.1. de acordo com a jurisprudência desta Corte, a exigência de apresentação do

certificado EPEAT na categoria Gold, sem permissão de comprovação, por

outros meios, de atendimento aos critérios pretendidos pela Administração,

constitui restrição indevida ao caráter competitivo da licitação e fere o princípio

da isonomia, por se tratar de certificação excessivamente rigorosa que, por ser emitida

somente nos Estados Unidos da America, privilegia as empresas que atuam no

mercado americano (Acórdãos 2.584/2010, 2.403/2012 e 508/2013, todos do

Plenário).”

Sendo assim, a saída para inclusão de critérios de sustentabilidade pode ser viabilizada

na fase de aceitação da proposta, momento em que se pode exigir das licitantes tais

características. Essas exigências podem ser comprovadas por meio de certificados ou outros

documentos, porém, os certificados não podem ter caráter eliminatório e devem permitir tais

comprovações por outros meios alternativos.

A alegação de restrição da competitividade pode ser refutada justificando-se que a

especificação dos itens de forma precisa é uma das obrigações do gestor público. Assim, quando

se faz uma escolha já há, de certa forma, uma restrição (COSTA, 2011). O que não é aceito

pelo TCU é a restrição desproporcional e que inviabilize a competição, conforme decisão

supracitada.

Para tornar possível essa exigência de critérios de sustentabilidade, faz-se necessário

que os setores demandantes ou a própria coordenação responsável pelo processo licitatório

insiram tais obrigações na especificação dos itens a serem adquiridos, ou mesmo, durante a

definição do que vai ser comprado e de que forma. Isso pode ser realizado na fase interna da

licitação, quando podem se reunir o setor demandante e os servidores responsáveis pelo

processo licitatório para definir a inclusão dos critérios de sustentabilidade na descrição dos

itens a serem adquiridos.

Para melhor compreensão das etapas de uma contratação sustentável, utilizaremos nesse

trabalho a divisão de fases proposta por Brasil (2016b), que sugere a divisão da licitação

sustentável em 3 fases: Interna (planejamento); Externa (escolha do fornecedor); e, Execução

Contratual. Para o autor supracitado, os critérios de sustentabilidade devem ser implementados

na fase interna (planejamento) e averiguadas na conferência.

Pode-se entender, então, que no caso de serviços a verificação deve ser feita durante a

execução contratual e no caso de produtos na fase de aceitação e recebimento (BRASIL, 2016b;

47

BETIOL et al, 2012), em consonância com o que determina o artigo 3º do Decreto nº

7.746/2012, que traz a seguinte redação: “os critérios e práticas de sustentabilidade serão

veiculados como especificação técnica do objeto ou como obrigação da contratada”.

Como se observa, não há que se falar em nenhum tipo de inovação. Trata-se, tão

somente, de adequar a especificação de forma que os itens a serem adquiridos possuam

qualidades necessárias à proteção do meio ambiente e a persecução da justiça social que fazem

parte do interesse público (COSTA, 2011).

Ademais, os critérios de julgamento permanecerão os mesmos (menor preço, melhor

técnica, melhor técnica e preço, melhor lance ou oferta). No entanto, conforme salienta Costa

(2011, p. 27) “a escolha da proposta mais vantajosa se dará entre aqueles bens e serviços

oferecidos pelos licitantes que satisfazem o interesse da administração cuja definição e

justificativa constavam previamente do edital do certame”.

Além da legislação e da criação de critérios ambientais, é preciso também levar em

consideração o papel das empresas que também têm grande relevância, pois não adianta criar

um arcabouço legal, orientar e incentivar o setor público a incluir critérios de sustentabilidade,

se o setor privado não estiver inserido nesse contexto.

Embora o objetivo maior das empresas privadas seja o lucro, não se pode ignorar o papel

social e as obrigações ambientais que todos os setores devem assumir, já que a convivência em

sociedade pressupõe muitas responsabilidades. Assim, não cabe somente ao poder público

combater as desigualdades sociais e preservar o meio ambiente, as empresas também precisam

desenvolver seus processos produtivos e atividades de forma responsável e com respeito aos

limites do meio ambiente (FERNANDES, 2016).

Dessa forma, as obrigações ambientais devem fazer parte de qualquer contrato firmado

entre poder público e iniciativa privada, com o intuito de “...garantir que o fornecedor não deixe

de cumprir com os objetivos e critérios de sustentabilidade aos quais aderiu” (BETIOL et al,

2012, p. 112).

A imposição dessas obrigações pode induzir a produção privada de forma mais

sustentável, motivando os empresários a colocarem produtos e serviços mais adequados

ambientalmente a disposição dos compradores. A variável ambiental precisa permear todo o

processo de produção e consumo, já que “não basta apenas a maximização do lucro, o momento

atual é de produzir com responsabilidade, envolvendo a inovação e reconhecendo os

fornecedores como elos estratégicos na busca pela sustentabilidade” (FERNANDES, 2016, p.

49).

48

Conforme enfatiza Garcia e Ribeiro (2012, p. 251), “o desafio é criar parâmetros

objetivos que possam aferir e determinar padrões claros e precisos dos critérios de

sustentabilidade ambiental mensurados no contrato administrativo”. Com o intuito de contribuir

para superação desse desafio, Sant’anna et al (2012, p. 32-34) sugerem uma série de obrigações

que podem fazer parte dos editais e termos de referências, conforme Quadro 2.

Quadro 2 – Sugestões de Obrigações Ambientais

A Contratada deverá responsabilizar-se pela retirada dos resíduos das embalagens do local de entrega e

comprometer-se pela destinação correta dos mesmos, quando solicitado pela Contratante.

Quando da utilização de adesivos, que estes sejam à base de PVA e, quando não possível, de baixa emissão de

formaldeídos.

Quando da utilização de revestimentos em PVC ou laminados de borda, que sejam utilizados adesivos de contato

à base de solventes não-agressivos.

Restringir o uso de materiais não compatíveis com a reutilização e a reciclagem.

Acondicionar, preferencialmente, em embalagens individuais adequadas, com menor volume possível,

utilizando materiais recicláveis, sem prejuízo à máxima proteção dos bens, mas com mínimo desperdício,

quando do transporte ou armazenamento dos bens, conforme Instrução Normativa 01/2010, da SLTI/MPOG.

Indicar como será feita a coleta para correta disposição final do bem pelo fabricante. Quando regulamentados

os acordos setoriais previstos na Lei nº 12305/2010, deverá ser exigida a logística reversa, cabendo ao

fornecedor o recolhimento do material.

As pilhas e/ou baterias devem atender ao disposto nos artigos 14 e 16 da Resolução CONAMA 401/2008.

Somente serão aceitas pilhas e baterias cuja composição respeite os limites máximos de chumbo, cádmio e

mercúrio admitidos nesta resolução, para cada tipo de produto, conforme laudo físico-químico de composição

elaborado por laboratório acreditado pelo INMETRO, nos termos da Instrução Normativa IBAMA n° 08/2012.

Reduzir, quando possível, os Retardadores de Chamas Bromados (BFRs), Clorofluorcarboneto (CFC) e/ou

Polivinilcloreto (PVC) nos conteúdos das carcaças plásticas externas e nas embalagens.

Fornecer produto com os principais componentes identificados, um a um, para facilitar futuras reciclagens.

Fornecer produto de fácil desmontagem, permitindo a separação manual de plásticos para reciclagem.

Identificar as partes do produto que contenham plásticos, segundo a NBR 13230/2008 - Embalagens e

acondicionamento plásticos recicláveis e simbologia.

Que seja fornecida ao consumidor uma descrição das melhores formas de descarte do produto (reutilização,

reciclagem, logística reversa) classificadas em função do seu impacto ambiental. Para cada opção, devem ser

descritas claramente as precauções a tomar para limitar o impacto ambiental. Estas informações devem estar

fixadas de modo a resistir durante a vida útil do produto.

Que seja fornecida ao consumidor notificação sobre o produto identificando elementos que contenham materiais

com necessidades especiais de manipulação.

Conceber o produto de modo que seja possível separar metal de outros componentes, sem a utilização de

ferramentas especiais. Este requisito não se aplica aos metais utilizados em tratamentos de superfície.

Fonte: (SANT’ANNA et al, 2015, p. 32-34)

49

O Quadro 2 traz apenas algumas sugestões de obrigações ambientais que as empresas

devem seguir, sem a pretensão de esgotá-los, já que há uma grande variedade de iniciativas que

abordam essa temática, como é o caso da Agenda A3P, ABNT, Conama etc.

2.2.3 Iniciativas vinculadas às compras públicas sustentáveis no Brasil

Todos os grandes eventos realizados sobre sustentabilidade contribuíram para que o

Brasil formulasse muitas políticas e programas em prol do meio ambiente. O Plano de Ação

para Produção e Consumo Sustentáveis (PPCS) é um bom exemplo dessas ações. Foi lançado

em 2011 pelo Ministério do Meio Ambiente consistindo em um documento que serve de guia

para as ações de governo, do setor produtivo e da sociedade, visando direcionar o Brasil para

padrões mais sustentáveis de produção e consumo e redução da pobreza. O PPCS direciona

seus esforços em 6 áreas distintas: educação para o consumo sustentável; varejo e consumo

sustentável; aumento de reciclagem; construções sustentáveis; compras públicas sustentáveis;

e, Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P) (BRASIL, 2014a). Além do PPCS e da

Agenda A3P, merece destaque o Plano de Gestão de Logística Sustentável criado pelo Decreto

7.746/2012 e regrado pela Instrução Normativa SLTI/MPOG 10/2012.

Essas iniciativas têm como função, dentre outras, utilizar o poder de compras do setor

público como um mecanismo de incentivo à promoção do desenvolvimento nacional

sustentável. A seguir, serão abordados alguns detalhes sobre essas iniciativas.

a) Plano de Ação para Produção e Consumo Sustentáveis (PPCS)

O Plano de Ação para Produção e Consumo Sustentáveis (PPCS), lançado em 2011, é

o documento estruturador das ações governamentais e da sociedade que visa guiar o Brasil rumo

a uma atuação mais sustentável em relação a sua produção de bens e serviços como também

seu consumo. O propósito do PPCS é sistematizar políticas ambientais e de desenvolvimento,

estimulando práticas produtivas sustentáveis e a participação do consumidor na construção de

uma proposta produtiva mais equilibrada com o meio ambiente (BRASIL, 2012).

A implementação do PPCS é conduzida por ações focadas na participação e na

comunicação para oportunizar o engajamento de todos. Dessa forma, ganha relevância o papel

das lideranças como fomentadores e estimuladores, possibilitando a reprodução e multiplicação

50

das iniciativas. Essa estratégia pode afetar os setores produtivos, gerando resultados em escala

crescente (BRASIL, 2012).

O PPCS propõe que as necessidades da sociedade sejam avaliadas para que o poder

público adquira somente o necessário, eliminando os excessos e o desperdício. A ideia é

estimular a ecoeficiência (uso racional dos recursos naturais) e a redução do consumo de

produtos industrializados, como por exemplo, embalagens e sacolas plásticas (BETIOL et al.,

2012, p. 39). O Plano conta com objetivos e metas complementares e de acordo com a proposta

da Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS (ICLEI, 2012, p. 19).

Para caracterizar e diferenciar seus propósitos o PPCS apresenta como missão:

“Fomentar políticas, programas e ações de consumo e produção sustentáveis no País

voltadas a ampliar as soluções para problemas socioambientais, consoante com as

políticas nacionais visando à erradicação da miséria e ao desenvolvimento sustentável,

e, com os compromissos internacionais assumidos pelo Brasil, sobretudo com as

diretrizes do Processo de Marrakesh. Desta forma, contribuirá também para as

mudanças de padrão de produção e consumo, rumo a uma economia de baixo carbono,

que garantam a sustentabilidade das sociedades humanas em harmonia com o Planeta”

(MMA, 2011, p. 11).

O PPCS vem sendo construído desde 2007 baseado “em uma política pública alinhada

às ações do Processo de Marrakech2, visando fomentar no Brasil a adoção de padrões de

produção e consumo sustentáveis” (ALENCASTRO, SILVA E LOPES, 2014, p. 210). Quando

da assinatura desse acordo, o Brasil identificou como um dos seus eixos prioritários as compras

sustentáveis, sendo essa temática colocada no primeiro ciclo do PPCS que ocorreu de 2011 a

2014 (BRASIL, 2014a).

O objetivo de priorizar as compras públicas sustentáveis tem o intuito de fomentar a

adoção de práticas ambientalmente corretas no âmbito da Administração Pública nas três

esferas (federal, estadual e municipal) e em todos os níveis de governo. A medida visa ainda

incentivar o setor produtivo e de serviços no incremento da produção de bens e serviços que

atendam a critérios ambientais e promovam o desenvolvimento sustentável (JESUS, 2014, p.

54). A estratégia é “induzir, por meio dessa dinâmica, a ampliação de atividades compatíveis

com a economia verde ou de baixo carbono” (MMA, 2011, p. 13).

2 Neste encontro foi aprovado o Plano de Johannesburgo, que criou programas globais de ação com duração de 10

anos (10 YFP – “10 Years Framework Programmes”) que apoiassem mudanças nos padrões de produção e

consumo. O primeiro encontro para elaboração desses programas ocorreu em 2003, em Marrakech, Marrocos, da

qual surgiu o Processo de Marrakech, definido como um processo global de consultas, elaboração de iniciativas

que acelerassem a adoção de padrões de produção e consumo sustentáveis envolvendo a participação de governos

nacionais, agências de desenvolvimento, setor privado e sociedade civil, incluindo vários mecanismos (SOUSA,

2015, p. 48).

51

São temas abordados pelo PPCS de forma prioritária: Educação para o consumo

sustentável; Compras Públicas Sustentáveis; Divulgação e capacitação em PCS; Fomento à

produção e consumo sustentável; Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P)

(BRASIL, 2014a), tema que trataremos com mais detalhes no próximo subtópico.

Conforme salienta o Ministério do Meio Ambiente, “o PPCS será sempre uma obra em

progresso, com revisões e correção de rumo constantes, à medida que seus objetivos e metas

forem alcançados ou reavaliados. Mas será também um farol para indicar esses rumos, com um

olhar para o futuro” (MMA, 2011, p. 10).

b) Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P)

De acordo com Brasil (2013), a A3P consiste em um programa de adesão voluntária e

integra as licitações sustentáveis como uma de suas linhas de ação, em atuação conjunta com

os demais eixos temáticos: uso racional de recursos, gestão adequada dos resíduos, qualidade

de vida no trabalho, sensibilização e capacitação de servidores.

A Agenda Ambiental da Administração Pública (A3P) é um programa de adesão

voluntária, por meio do qual incentiva-se a adoção de práticas sustentáveis por parte dos

gestores públicos, com o intuito de gerar economia, com a redução do custo-benefício das

operações da Administração Pública, minimizando os impactos socioambientais negativos.

Trata-se, portanto, de uma proposta de mudança da cultura institucional na busca pela

sustentabilidade que envolve os aspectos econômico, social e ambiental (SOUSA, 2015).

A A3P foi lançada em 1999 pelo Ministério do Meio Ambiente e se institucionalizou

com a edição da Portaria nº 217 que instaurou, no âmbito do Ministério do Meio Ambiente, o

Comitê de Implementação da A3P (MMA, 2008). O objetivo era sensibilizar os gestores

públicos para a importância das questões ambientais, estimulando-os a incorporar princípios e

critérios de gestão ambiental em suas atividades rotineiras (BRASIL, 2009, p. 30).

Valente (2011) considera a A3P um instrumento de indução que visa incentivar a

administração pública a aderir à gestão socioambiental com foco na sustentabilidade. Portanto,

o programa não tem caráter prescritivo ou legal. Assim, de forma voluntária, os gestores

públicos podem adotar critérios ambientais às suas atividades, como por exemplo, nas compras

e contratações de serviços.

Em relação à sua estruturação a A3P foi organizada em cinco eixos temáticos

considerados prioritários: “uso racional dos recursos naturais e bens públicos, gestão adequada

52

dos resíduos gerados, qualidade de vida no ambiente de trabalho, sensibilização e capacitação

dos servidores e licitações sustentáveis” (BRASIL, 2009, p. 36).

No que diz respeito às licitações sustentáveis, os idealizadores e formuladores da A3P

reconhecem a importância das compras públicas como ferramenta indutora da sustentabilidade

ao afirmarem:

“A administração pública deve promover a responsabilidade socioambiental das suas

compras. Licitações que levem à aquisição de produtos e serviços sustentáveis são

importantes não só para a conservação do meio ambiente, mas também apresentam

uma melhor relação custo/benefício a médio ou longo prazo quando comparadas às

que se valem do critério de menor preço. A utilização de recursos públicos para

aquisição de produtos ou contratação de serviços gera impactos significativos na

economia. Nesse contexto, o agente tomador de decisão deve dispor de instrumentos

que lhe permitam tomar decisões fundamentadas nas melhores práticas que envolvam

não só os aspectos econômicos, mas também os ambientais e sociais” (BRASIL, 2009,

p. 47).

Ainda em relação ao setor de compras a A3P recomenda que organizações públicas

adotem uma nova postura, dando preferência a novas estratégias de aquisição e consumo mais

sustentáveis que incorporem, dentre outros, critérios como:

“...a obrigatoriedade de se respeitar a sustentabilidade ambiental como um princípio

geral da compra a ser realizada; a inclusão da necessidade de proteção ambiental como

um critério para a seleção dos produtos e serviços; e a conformidade às leis ambientais

como condição prévia para participação nos processos licitatórios” (BRASIL, 2009,

p. 28).

A A3P também prevê quais critérios de sustentabilidade na aquisição de bens, o poder

público no âmbito federal poderá exigir, dentre os quais pode-se citar:

“• que os bens sejam constituídos, no todo ou em parte, por material reciclado, atóxico,

biodegradável, conforme ABNT NBR - 15448-1 e 15448-2;

• que sejam observados os requisitos ambientais para a obtenção de certificação do

Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial - INMETRO

como produtos sustentáveis ou de menor impacto ambiental em relação aos seus

similares;

• que os bens devam ser, preferencialmente, acondicionados em embalagem

individual adequada, com o menor volume possível, que utilize materiais recicláveis,

de forma a garantir a máxima proteção durante o transporte e o armazenamento; e

• que os bens não contenham substâncias perigosas em concentração acima da

recomendada na diretiva RoHS (Restriction of Certain Hazardous Substances), tais

como mercúrio (Hg), chumbo (Pb), cromo hexavalente (Cr(VI)), cádmio (Cd), bifenil-

polibromados (PBBs), éteres difenil-polibromados (PBDEs)” (BRASIL, 2009, p. 50).

A A3P também aborda sobre a iniciativa desenvolvida pelo MPOG de criação de uma

área exclusiva dentro do Portal Compras Governamentais, com a missão de divulgar as listas

dos bens, serviços e obras que utilizam critérios de sustentabilidade ambiental, além dos

exemplos de boas práticas, ações de capacitação, como também um banco de editais de

53

aquisições sustentáveis que podem servir de modelo para as instituições que desejarem

implementar as licitações sustentáveis (BRASIL, 2009, p. 50).

Outras iniciativas também merecem destaque por contribuírem para efetivação das

compras sustentáveis, como é o caso do Guia de Compras Sustentáveis do Ministério do

Planejamento e do Catálogo de Produtos Sustentáveis criado pela SLTI/MPOG, que podem ser

utilizados por vários órgãos como parâmetro para inclusão de critérios de sustentabilidade nas

especificações dos bens e serviços licitados.

c) A Cisap e o Plano de Gestão de Logística Sustentável (PLS)

Com o passar do tempo, a sustentabilidade foi ganhando cada vez mais relevância,

especialmente em relação às compras públicas. Assim, foi elaborado o Decreto nº 7.746 de 05

de junho de 2012, que regulamentou o art. 3º da Lei 8.666/1993, estabelecendo critérios,

práticas e diretrizes para promoção do desenvolvimento nacional sustentável nas aquisições e

contratações realizadas pela administração pública federal. Além disso, este decreto instituiu a

Comissão Interministerial de Sustentabilidade na Administração Pública – Cisap, que visa

tornar mais consistente a política pública de sustentabilidade brasileira (BRASIL, 2014b). O

Decreto buscou multiplicar as iniciativas de inclusão de critérios sustentáveis nas aquisições

governamentais (JESUS, 2014).

Conforme salienta Bicalho (2013, p. 10) a CISAP, em conjunto com a SLTI, “exerce o

papel de ente central da temática da sustentabilidade na Administração Pública federal,

cabendo-lhe o papel de executora das políticas de sustentabilidade, mediante utilização do

certame público para sua efetivação” (BICALHO, 2013, p. 10).

A CISAP possui apenas natureza consultiva e engloba, dentre outras, as seguintes

competências: propor à SLTI as regras para elaboração dos Planos de Gestão de Logística

Sustentável (PLS); e, critérios e práticas de sustentabilidade nas aquisições, contratações,

utilização dos recursos públicos, desfazimento e descarte. Vale salientar que a CISAP

recomenda que “esses critérios de sustentabilidade deverão ser utilizados como parâmetros para

a avaliação e comparação de bens, materiais ou serviços em função do seu impacto ambiental,

social e econômico” (BRASIL, 2014b, p. 6).

A leitura do art. 2º do Decreto 7.746/2012, leva-nos a entender que a aquisição de bens

e contratação de serviços com critérios e práticas sustentáveis é uma faculdade da administração

pública federal, vejamos:

54

“Art. 2o A administração pública federal direta, autárquica e fundacional e as

empresas estatais dependentes poderão adquirir bens e contratar serviços e obras

considerando critérios e práticas de sustentabilidade objetivamente definidos no

instrumento convocatório, conforme o disposto neste Decreto”.

Já o Parágrafo Único do mesmo artigo supracitado, alerta que “a adoção de critérios e

práticas de sustentabilidade deverá ser justificada nos autos e preservar o caráter competitivo

do certame”. O art. 3º, por sua vez, determina que “os critérios e práticas de sustentabilidade de

que trata o art. 2º serão veiculados como especificação técnica do objeto ou como obrigação da

contratada”. Essa imposição se dá em virtude do que prescreve a Lei 8.666/1993, que define

um rol taxativo de documentos, impossibilitando a inovação na fase de habilitação.

O Decreto supracitado estabeleceu ainda em seu art. 4º as diretrizes de sustentabilidade

para a promoção do desenvolvimento nacional sustentável, quais sejam: Menor impacto sobre

recursos naturais como flora, fauna, ar, solo e água; Preferência para materiais, tecnologias e

matérias-primas de origem local; Maior eficiência na utilização de recursos naturais como água

e energia; Maior geração de empregos, preferencialmente com mão de obra local; Maior vida

útil e menor custo de manutenção do bem e da obra; Uso de inovações que reduzam a pressão

sobre recursos naturais; Origem ambientalmente regular dos recursos naturais utilizados nos

bens, serviços e obras (BRASIL, 2014b, p. 7).

No que diz respeito ao Plano de Gestão de Logística Sustentável (PLS), Bicalho (2013)

esclarece que a SLTI, na condição de órgão central do Sistema de Serviços Gerais (SISG),

expediu a Instrução Normativa (IN) nº 10, de 12 de novembro de 2012, estabelecendo as regras

para elaboração, no âmbito da administração pública, dos PLS tratados pelo art. 16 do Decreto

7.746/2012.

O art. 3º da IN supra define os PLS nos seguintes termos:

“...são ferramentas de planejamento com objetivos e responsabilidades definidas,

ações, metas, prazos de execução e mecanismos de monitoramento e avaliação, que

permite ao órgão ou entidade estabelecer práticas de sustentabilidade e racionalização

de gastos e processos na Administração Pública”.

Por sua vez, o art. 2º dessa IN traz diversos outros conceitos relevantes para a temática

da sustentabilidade na administração públicas, dos quais, destacam-se:

“I – logística sustentável: processo de coordenação do fluxo de materiais, de serviços

e de informações, do fornecimento ao desfazimento, que considera a proteção

ambiental, a justiça social e o desenvolvimento econômico equilibrado;

II – critérios de sustentabilidade: parâmetros utilizados para avaliação e comparação

de bens, materiais ou serviços em função do seu impacto ambiental, social e

econômico.

55

XI – compra compartilhada: contratação para um grupo de participantes previamente

estabelecidos, na qual a responsabilidade de condução do processo licitatório e

gerenciamento da ata de registro de preços serão de um órgão ou entidade da

Administração Pública Federal”.

A IN 10/2012 propõe ainda quais os temas que deverão ser abrangidos pelas práticas de

sustentabilidade das instituições públicas federais, dentre os quais merece destaque os

mencionados pelo art. 8º, inciso VI: “compras e contratações sustentáveis, compreendendo,

pelo menos, obras, equipamentos, serviços de vigilância, de limpeza, de telefonia, de

processamento de dados, de apoio administrativo e de manutenção predial”.

Com relação às iniciativas para elaboração dos PLS, ressaltamos, pela sua relevância

para este trabalho, àquelas mencionadas pelo art. 11, incisos III e VI:

“III – Agenda Ambiental na Administração Pública – A3P, coordenado pela

Secretaria de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do Ministério do Meio

Ambiente - SAIC/MMA;

VI – Contratações Públicas Sustentáveis - CPS, coordenada pelo órgão central do

Sistema de Serviços Gerais – SISG, na forma da Instrução Normativa nº 1, de 19 de

janeiro de 2010, da Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação – SLTI/MP”.

Por fim, frise-se o conteúdo do anexo II da IN 10/2012 que aborda sugestões de boas

práticas sustentáveis e de racionalização de gastos com bens e materiais, especialmente em

relação às compras e contratações, conforme consta no Quadro 3.

Quadro 3 – Sugestão de Boas Práticas Sustentáveis

VI – COMPRAS E CONTRATAÇÕES

1. Dar preferência, quando possível, à aquisição de bens reciclados ou recicláveis;

2. Dar preferência à utilização de impressoras que imprimam em frente e verso;

3. Incluir no contrato de reprografia a opção de impressão dos documentos em frente e verso;

4. Dar preferência, quando possível, à aquisição de papéis reciclados, isentos de cloro elementar ou branqueados

a base de oxigênio, peróxido de hidrogênio e ozônio;

5. Incluir nos contratos de copeiragem e serviço de limpeza a adoção de procedimentos que promovam o uso

racional dos recursos e utilizem produtos reciclados, reutilizados e biodegradáveis;

6. Exigir comprovação de origem das madeiras quando da aquisição de bens e na contratação de obras e

serviços;

7. Priorizar, quando possível, o emprego de mão de obra, materiais, tecnologias e matérias-primas de origem

local;

8. Revisar o contrato de limpeza visando à racionalização em razão do real dimensionamento da área objeto do

serviço contratado;

9. Utilizar, quando possível, software de comunicação eletrônica para o envio de mensagens instantâneas

(instant text messaging) ou para a transmissão de voz (Voice over Internet Protocol – VoIP);

(Continua)

56

10. Adotar, quando possível, uma rede de comunicações telefônicas, entre unidades de um mesmo órgão ou

entidade;

11. Revisar normas internas e os contratos de telefonia fixa e móvel visando a racionalização em relação ao

limite de custeio, à distribuição de aparelhos e ao uso particular dos aparelhos;

12. Revisar o contrato de telefonia fixa e móvel visando à adequação do plano contratado com a real necessidade

do órgão ou entidade;

13. Adotar segurança eletrônica, sempre que possível, nos pontos de acesso dos edifícios dos órgãos ou

entidades, visando auxiliar a prestação do serviço de vigilância;

14. Revisar normas internas e os contratos de vigilância visando o real dimensionamento dos postos de trabalho;

15. Substituir, se possível, a segurança armada por desarmada, nos locais internos do órgão ou entidade; e

16. Fomentar compras compartilhadas.

Fonte: IN 10/2012 SLTI/MPOG

Apesar de possuir apenas natureza consultiva, a CISAP pode representar uma fonte de

inspiração para induzir novas práticas das instituições públicas em prol do meio ambiente.

Práticas essas que devem ser incentivadas constantemente pelos gestores públicas para que essa

nova postura faça parta do dia a dia dos servidores.

Como podemos observar programas como a Agenda 21 e a A3P são políticas de caráter

opcional, que não vinculam ou obrigam a adoção de medidas protetivas ao meio ambiente.

Porém, desde 1981, a legislação brasileira demonstra sua preocupação com as questões

ambientais, como por exemplo, a edição da Lei 6.938/1981 que dispõe sobre a Política Nacional

do Meio Ambiente.

Deve-se ressaltar que a Constituição Federal de 1988 dedicou um Capítulo exclusivo ao

Meio Ambiente, demonstrando a importância que o constituinte deu ao tema, norteando a

postura que o país deve adotar frente aos problemas enfrentados, sobretudo diante dos conflitos

de interesse que, muitas vezes, almejam se sobrepor ao bem comum. Afirma a Carta Magna em

seu art. 225:

“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum

do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à

coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.

Pode-se inferir que as licitações sustentáveis têm respaldo legal e devem ser

implementadas, desde que atendidas as orientações emanadas das decisões dos órgãos de

fiscalização, sobretudo em relação a manutenção do princípio da ampla concorrência. Porém, a

defesa desse princípio não pode servir de escusa para obstaculizar o alcance do

desenvolvimento nacional sustentável e consequente combate ao desequilíbrio ambiental e às

desigualdades sociais.

(Conclusão)

57

Para que a implementação da compra sustentável seja bem-sucedida, há que se enfatizar

a importância de um conceito bem definido, de uma legislação clara, da atuação estatal e da

adaptação do setor privado, para que assim, haja integração entre o poder público, mercado e

sociedade em busca desse objetivo.

58

3 CARACTERIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO

O IFPB foi criado a partir da integração de duas instituições: o Centro Federal de

Educação Tecnológica da Paraíba (CEFET-PB) e a Escola Agrotécnica Federal de Sousa (EAF

Sousa). Por sua vez, O CEFET-PB originou-se da Escola Técnica Federal da Paraíba, antes

denominada Escola Técnica Industrial, oriunda do Liceu Industrial e este, da Escola de

Aprendizes Artífices (EAA), que pertenceu a um grupo de dezenove instituições criadas, por

meio do Decreto nº 7.566 de 23 de setembro de 1909, durante o governo do Presidente Nilo

Peçanha. Elas tinham por finalidade ofertar um ensino profissional para atender gratuitamente

àqueles que necessitavam de uma profissão e não podiam pagar pelo ensino. Para tanto, a EAA

começou a funcionar com os cursos que, de acordo com a época, atendiam aos requisitos do

mercado, isto é, Alfaiataria, Marcenaria, Serralharia, Encadernação e Sapataria, realizados em

conjunto com o curso Primário.

Em 1937, por força da Lei nº 378, a Escola transforma-se em Liceu Industrial. Este foi

destinado ao Ensino Profissional em vários ramos e graus. O Decreto nº 4.127/42 transformou

o Liceu Industrial em Escola Industrial de João Pessoa, conhecida também com a denominação

de Escola Industrial Federal da Paraíba, que perdurou até 1959.

Em um cenário de mudanças da educação brasileira, surge a Escola de Economia

Doméstica Rural (1955 a 1979), denominação primeira da EAF Sousa, que nasceu de iniciativa

de um sousense, por meio da Portaria nº 552, de 4 de junho de 1955, com o objetivo de formar

professoras rurais. Posteriormente, por meio do Decreto nº 83.935, de 4 de setembro de 1979,

a EAF – Sousa tem a sua denominação alterada para Escola Agrotécnica Federal de Sousa (EAF

Sousa).

No início dos anos 1960, a já então Escola Técnica Federal da Paraíba (ETF-PB)

implanta os Cursos Técnicos em Construção de Máquinas e Motores e o de Pontes e Estradas,

os primeiros cursos em nível 2º Grau e que vinham atender a demanda da intensificação do

processo de modernização desenvolvimentista do país. Em 1964 foram extintas as oficinas de

Alfaiataria e Artes em Couro, instalando-se as Oficinas de Artes Industriais e Eletricidade. No

ano seguinte pela primeira vez, na sua história, a ETF-PB permitia a entrada de mulher no seu

corpo discente. Enquanto isso, em 11 de outubro de 1963, a EAF – Sousa, por autorização

emanada do Decreto no 52.666, passou a ministrar o Curso Técnico em Economia Doméstica

em nível de 2º grau.

O início dos anos 1980 trouxe dois desdobramentos que impactariam significativamente

a Rede Federal de Educação Tecnológica posteriormente: a oferta dos cursos técnicos especiais,

59

hoje chamados de cursos técnicos subsequentes, e o uso de computadores para propósitos

acadêmicos e administrativos. Outra iniciativa pioneira do período na rede federal foi a oferta

de cursos técnicos especiais na modalidade educação a distância, ministrados pela ETF-PB.

Em 1994, o Presidente Itamar Franco, promulgou a Lei nº 8.948, de 8 de dezembro,

dando início gradativamente à instituição do Sistema Nacional de Educação Tecnológica.

A Escola Técnica Federal da Paraíba se tornou o Centro Federal de Educação

Tecnológica da Paraíba em 1999, denominação mantida até o final de 2008. Esta mudança faz

parte de um processo maior de transformação de Escolas Agrotécnicas e Técnicas Federais em

Centros Federais de Educação Tecnológica. A expansão dos CEFETs permitiu o crescimento

da atuação da Rede Federal de Educação Tecnológica na educação superior tecnológica bem

como na educação profissional com uma maior diversidade de cursos e áreas profissionais

contempladas.

No ano de 2007, o Ministério da Educação publicou o Plano de Desenvolvimento de

Educação Pública (PDE), expondo concepções e metas sobre a educação nacional e por meio

do Decreto nº 6.095/2007, estabeleceu diretrizes para os processos de integração de instituições

federais de educação tecnológica visando à constituição de uma rede de institutos federais.

Ao final de 2008, a Lei nº 11.892/2008 instituiu a Rede Federal de Educação, Ciência e

Tecnologia, possibilitando a implantação do Instituto Federal de Educação, Ciência e

Tecnologia da Paraíba (IFPB). Este, por meio dos seus campi já em funcionamento (Cabedelo,

Cabedelo Centro, Cajazeiras, Campina Grande, Guarabira, João Pessoa, Monteiro, Patos, Picuí,

Princesa Isabel e Sousa), além de outros que estão em processo de implantação (Areia, Catolé

do Rocha, Esperança, Itabaiana, Itaporanga, Mangabeira (João Pessoa), Santa Luzia, Santa

Rita, Soledade e Pedras de Fogo), procura contribuir para o engrandecimento e fortalecimento

do Estado da Paraíba, pela oferta de Educação Profissional e Tecnológica de qualidade a toda

sua população.

Assim, hoje em dia, o IFPB tornou-se uma instituição de educação superior, básica e

profissional, pluricurricular, especializada na oferta de educação profissional e tecnológica,

contemplando os aspectos humanísticos nas diferentes modalidades de ensino, com base na

conjugação de conhecimentos técnicos e tecnológicos com sua prática pedagógica. Sua missão

é preparar profissionais cidadãos com sólida formação humanística e tecnológica para atuarem

no mundo do trabalho e na construção de uma sociedade sustentável, justa e solidária,

integrando o ensino, a pesquisa e a extensão (PORTAL IFPB).

60

Além disso, o IFPB é considerado como referência em ensino profissional no Estado da

Paraíba, oferecendo diversos cursos presenciais e a distância, nas modalidades integrado ao

ensino médio, subsequente, superior e pós-graduação. Todos gratuitos.

Mais especificamente em relação ao campus Campina Grande, para o qual se propõe

este projeto de intervenção, suas atividades iniciaram-se no ano de 2006. Seus primeiros cursos

foram ofertados em 2007, tendo como pioneiro o Curso Superior de Tecnologia em Telemática.

Em seguida foram implantados mais 4 cursos: Mineração, Manutenção e Suporte em

Informática, Petróleo e Gás e Informática.

Atualmente, o Campus Campina Grande oferta cursos divididos em 5 níveis de ensino:

Cursos Superiores de Tecnologia (Construção de Edifícios e Telemática); Cursos Superiores de

Licenciatura (Matemática e Física); Cursos Superiores de Bacharelado (Engenharia da

Computação); Cursos Técnicos Integrados (Mineração, Manutenção e Suporte em Informática,

Petróleo e Gás e Informática – Programas de Computador); e, Cursos Técnicos Subsequentes

(Mineração, Manutenção e Suporte em Informática e Informática – Programas de Computador).

Atualmente, o Campus Campina Grande conta com aproximadamente 3.000 (Três mil) alunos

regularmente matriculados.

A cidade de Campina Grande, situada no agreste paraibano, tem suas atividades

econômicas baseadas em extração mineral, culturas agrícolas, pecuária, indústrias de

transformação, de beneficiamento e de desenvolvimento de software, comércio varejista,

atacadista e tem como ponto forte a indústria de calçados e têxtil. Levando em consideração

esse potencial, o campus do IFPB em Campina Grande procura adequar sua oferta de cursos às

demandas locais da região, atendendo às necessidades da sociedade.

No aspecto organizacional, O IFPB – Campus Campina Grande possui uma Diretoria

Geral que divide suas atividades entre a Diretoria de Administração e Planejamento e a

Diretoria de Ensino, que por sua vez, divide-se em dois Departamentos. Subordinadas a essas

direções e departamentos há uma diversidade de coordenações e seus respectivos

colaboradores. Do quadro permanente de servidores da instituição regidos pelo Regime Jurídico

Único, 87 (oitenta e sete) são técnicos administrativos e 151 (cento e cinquenta e um) docentes.

A instituição conta ainda com professores possuidores de vínculo empregatício, em caráter de

substituição, na forma da lei e 85 funcionários terceirizados distribuídos entre 06 (seis)

empresas contratadas (PORTAL IFPB). As Figuras 7 e 8 apresentam os organogramas do IFPB

– Campus Campina Grande e dão uma ideia da estrutura e da organização de cargos que

compõem essa unidade.

61

Figura 7 – Organograma 1 (IFPB-CG)

Fonte: Portal IFPB (2017)

Figura 8 – Organograma Continuação

Fonte: Portal IFPB (2017)

62

Com toda essa estrutura e números apontados acima, o Campus Campina Grande

tornou-se umas das mais importantes do IFPB, o que poderá conferir à presente proposta de

intervenção uma relevância ainda maior, especialmente se refletirmos sobre a possibilidade

desse novo modelo de compras difundir-se para outras unidades.

Mais especificamente em relação à Coordenação de Compras, esse setor é composto por

3 (três) servidores que atuam como pregoeiros e fazem toda a instrução processual dos certames

realizados. Praticamente todas as aquisições de materiais do Campus Campina Grande são

realizadas por esse setor, tendo como exceções algumas doações, transferências e algumas

aquisições por compras coletivas realizadas pela Reitoria.

Para viabilizar as aquisições, a Coordenação de Compras adota como procedimentos a

adesão ao Sistema de Registro de Preços, a utilização de dispensa de licitação e

operacionalização de pregões eletrônicos. Desde 2015, essa última modalidade vem sendo

utilizada de forma predominante, conforme demonstrado na Figura 9.

Figura 9 – Modalidades e Procedimentos para Compras IFPB-CG

Fonte: Elaborado pelo autor a partir do Painel de Compras do Governo Federal

Essas são as principais estratégias utilizadas para efetuar as aquisições dos bens

necessários para o desempenho das atividades administrativas e acadêmicas do Campus

Campina Grande. Esses procedimentos realizados entre os anos de 2015 a 2017 resultaram na

evolução de gastos conforme apontado na Figura 10.

14

2

11

14

15

17

45

PR

EGÕ

ES

DIS

PEN

SAS

AD

ESÕ

ES

PR

EGÕ

ES

DIS

PEN

SAS

AD

ESÕ

ES

PR

EGÕ

ES

DIS

PEN

SAS

AD

ESÕ

ES

2015 2016 2017

63

Figura 10 – Evolução dos Gastos IFPB-CG

Fonte: Elaborado pelo autor com dados do Portal da Transparência

Como se pode observar, houve uma queda drástica nos investimentos realizados em

2016, que pode ser fruto da crise econômica e política que o país tem enfrentado. Em 2017 já

se pode perceber uma leve recuperação, porém ainda muito distante dos valores investidos em

2015.

R$ 2.325.812,47

R$ 1.191.770,23

R$ 1.377.617,93

R$ 0,00

R$ 500.000,00

R$ 1.000.000,00

R$ 1.500.000,00

R$ 2.000.000,00

R$ 2.500.000,00

1

2015 2016 2017

64

4. METODOLOGIA

O percurso metodológico diz respeito ao conjunto de procedimentos que serão adotados

para atingir os objetivos propostos. Na metodologia define-se o delineamento da pesquisa, os

instrumentos de coleta de dados, a análise dos dados e as correspondentes categorias de análise.

A presente proposta de intervenção possui duas fases. A primeira consiste em fazer um

diagnóstico da situação atual, ou seja, como o processo de compras é realizado, especialmente

no que diz respeito aos aspectos de sustentabilidade ambiental. Esse diagnóstico foi traçado no

capítulo 5 – Compreendendo o Modelo Atual de Compras.

A segunda fase compreende a elaboração de proposições, construídas a partir de

modelos já implementados e das informações geradas pelas entrevistas realizadas. Esse

procedimento foi relatado no capítulo 6 – Construindo um Modelo de Compras Sustentáveis.

Alguns itens da metodologia se aplicam, no entanto, às duas fases mencionadas acima, pois têm

caráter mais genérico.

4.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA

Do ponto de vista de sua natureza, esse estudo adotou características de uma pesquisa

aplicada, uma vez que objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática e imediata em uma

realidade circunstancial, dirigidos à solução de problemas específicos (GIL, 2008, p. 27).

Considerando a abordagem do problema, essa pesquisa classificou-se, predominantemente,

como qualitativa. Nessa abordagem a análise dos dados depende muito da capacidade e do estilo

do pesquisador, uma vez que não há fórmulas ou receitas predefinidas, levando em conta uma

análise sistemática e compreensiva, ou seja, o cerne da abordagem qualitativa é o processo e

seu significado (GIL, 2008). Portanto, a abordagem qualitativa parte do pressuposto da

interpretação e da compreensão por parte do pesquisador que faz a análise dos dados utilizando

inferências, considerando que há uma relação estreita entre a subjetividade dos indivíduos

pesquisados e a realidade objetiva.

No que diz respeito aos procedimentos técnicos, essa pesquisa consistiu em um estudo

de campo, que se caracteriza pela “observação de fatos e fenômenos tal como ocorrem

espontaneamente, na coleta de dados a eles referentes e no registro de variáveis que presumimos

relevantes, para analisá-los” (PRODANOV e FREITAS, 2013, p. 59). Conforme salienta Gil

(2008, p. 57) “os estudos de campo procuram muito mais o aprofundamento das questões

65

propostas do que a distribuição das características da população segundo determinadas

variáveis”.

Quanto aos objetivos, esse estudo enquadrou-se como uma pesquisa explicativa, que

visa “apontar as causas e as consequências dos fenômenos observados e explicar os mecanismos

e os processos envolvidos em todos os pormenores” (VIEIRA, 2010, p. 49). Além disso – como

esse trabalho consiste em uma proposta de implementação de procedimentos para viabilizar

compras públicas sustentáveis – optou-se por uma pesquisa prescritiva, que conforme Bonat

(2009, p. 12), “tem como objetivo a proposição de soluções, as quais fornecem uma resposta

direta ao problema apresentado, ou prescrevem um modelo teórico ideal para delimitar

conceitos que servirão posteriormente de respostas diretas”.

4.2 LOCUS DA PESQUISA

O locus da pesquisa é o IFPB – Campus Campina Grande, instituição de ensino

pertencente à Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica. Esse campus

conta com 240 servidores (entre técnicos e docentes) e atende a um corpo discente em torno de

3.000 alunos.

4.3 OBJETO DA PESQUISA

O objeto da pesquisa consiste na construção de um modelo de compras públicas com a

inclusão de critérios de sustentabilidade ambiental. Essa implementação torna-se ainda mais

relevante diante do volume de gastos que o serviço público demanda. De acordo com dados do

Portal da Transparência e do Compras Governamentais, os gastos do IFPB – Campus Campina

Grande com materiais (consumo e permanente) – que compõem os grupos para os quais se

pretende implementar critérios de sustentabilidade – giraram em torno de R$ 915.145,90

(novecentos e quinze mil, cento e quarenta e cinco reais e noventa centavos) só no ano de 2016,

de acordo com as informações constantes no Quadro 4.

66

Quadro 4 – Volume de Gastos por item do IFPB-CG

Nº DESCRIÇÃO DO SUBITEM VALOR (R$)

1 Material elétrico e eletrônico 39.467,23

2 Material químico e laboratorial 5.174,02

3 Material de processamento de dados 33.227,80

4 Material de alvenaria e carpintaria 239.969,39

5 Material hidráulico 15.786,69

6 Material de expediente 96.071,95

7 Material esportivo 64.301,16

8 Equipamentos para áudio, vídeo e foto 81.637,95

9 Material para manutenção de bens imóveis e instalações 43.895,57

10 Material de proteção e segurança 10.646,70

11 Mobiliário em geral 4.589,95

12 Material de copa e cozinha 4.160,48

13 Material para manutenção de veículos 1.580,00

14 Material de apoio aos portadores de deficiências audiovisuais 48.936,30

15 Máquinas e equipamentos energéticos 80.357,00

16 Material farmacológico 2.926,50

17 Gêneros de alimentação 5.533,65

18 Materiais gráficos e editoriais 16.883,56

19 Combustíveis e lubrificantes automotivos 120.000,00

TOTAL GERAL 915.145,90

Fonte: Elaborado pelo autor com dados do Portal da Transparência

Cada grupo de itens constante do Quadro 4, apresenta características próprias no que

diz respeito aos critérios de sustentabilidade. Alguns já contam com mercados mais

abrangentes, como é o caso de materiais elétricos e eletrônicos, processamento de dados, alguns

itens de expediente (como papel) e mobiliário, dentre outros. Por isso, esses e outros grupos são

mais acessíveis e há mais facilidade na definição das características ambientais. Isso decorre do

fato de já haver um bom número de fornecedores que já trabalham com práticas mais

sustentáveis e que se submetem a aprovação de seus processos para aquisição de certificados

fornecidos por órgãos públicos ou por instituições privadas acreditadas pelo poder público.

67

Por outro lado, há grupos de itens em que há um pouco mais de dificuldade de inserção

de critérios de sustentabilidade, por causa de suas características ou a pouca oferta no mercado.

É o caso de material farmacológico (medicamentos), material químico e laboratorial, material

esportivo etc. Embora já haja algumas iniciativas de fabricação de itens com características

mais sustentáveis por parte das empresas fabricantes, esses itens requerem um pouco mais de

dedicação e incentivos para que o mercado se interesse em oferecê-los.

4.4 SUJEITOS DA PESQUISA

As entrevistas foram realizadas com 3 (três) diretores (geral, administrativo e ensino), 2

(dois) chefes de departamento (ensino técnico e superior), com os 20 (vinte) coordenadores

demandantes dos grupos de materiais mais solicitados e, por fim, com os 3 (três) servidores que

compõem o setor de compras e licitações. A escolha dos mesmos, justifica-se pelo fato de serem

os responsáveis pela descrição dos itens que são adquiridos, pela formatação dos editais e pela

aprovação e autorização das compras.

4.5 COLETA DOS DADOS

Os métodos empregados para coleta dos dados foram: pesquisa bibliográfica, análise

documental e pesquisa de campo (observação in loco, coleta de dados pessoais e entrevistas

semiestruturadas). Conforme salienta Prodanov e Freitas (2013, p. 129), essa triangulação

possibilita a “comparação entre dados oriundos de diferentes fontes no intuito de tornar mais

convincentes e precisas as informações obtidas”, resultando assim em um maior grau de

precisão nas informações levantadas.

Além disso, a pesquisa também fez uso da técnica de observação participante para

melhor compreensão do processo de implementação da política de licitações sustentáveis, tendo

em vista o seu contexto, as características e os mecanismos que a estruturam. Segundo Vergara

(2009, p. 77), a “observação participante é aquela na qual o observador se insere total ou

parcialmente no seu objeto de estudo, vivendo o dia a dia do grupo que pretende estudar”.

Os roteiros de entrevistas consistiram em um bloco de questões sobre barreiras e

aspectos facilitadores, aplicado com todos os entrevistados (Apêndice A). Os outros roteiros

foram específicos para aplicação de acordo com o cargo/função de cada entrevistado

(Apêndices B a D).

68

O Quadro 5 apresenta os objetivos específicos referentes à coleta de dados realizada

para elaborar o diagnóstico que é relatado no capítulo 5 – Compreendendo o Modelo Atual de

Compras. Também são explicitadas nesse quadro as técnicas utilizadas para viabilizar o alcance

dos aludidos objetivos.

Quadro 5 – Objetivos Específicos Referentes à Coleta de Dados para Elaboração do

Diagnóstico

Objetivos Específicos Técnicas Utilizadas para Alcance de

Cada Objetivo

1. Averiguar a percepção dos principais

requisitantes em relação a inclusão de critérios de

sustentabilidade nos itens solicitados por eles

Entrevista Semiestruturada e Análise de

Conteúdo.

2. Elencar as principais barreiras e desafios da

implementação das compras públicas sustentáveis

na visão dos atores envolvidos nesse processo

Entrevista Semiestruturada e Análise de

Conteúdo.

3. Verificar quais são os fatores facilitadores

para implementação das compras sustentáveis no

âmbito da instituição

Entrevista Semiestruturada e Análise de

Conteúdo.

4. Mapear o fluxo do processo de compras e

sequenciar o processo decisório.

Observação participante do processo e

esboço do fluxo de compras com o

Software Bizagi Modeler.

Fonte: Elaborado pelo autor

Após a elaboração dos instrumentos de coleta foram realizadas as entrevistas de forma

individual, de modo reservado, para preservar a intimidade do participante e não causar nenhum

tipo de constrangimento. Utilizou-se equipamento de gravação de voz para posterior

tratamento, conforme detalhado no item 4.6 – Análise dos Dados.

4.6 ANÁLISE DOS DADOS

Os procedimentos analíticos foram principalmente de natureza qualitativa, pois não há

fórmulas ou receitas predefinidas, sendo que a análise dos dados depende da capacidade e do

estilo do pesquisador (GIL, 2008, p. 194). Nessa pesquisa, os dados foram apreciados

utilizando-se a análise de conteúdo das entrevistas, com o intuito de revelar os reais significados

69

que se escondem nas palavras verbalizadas nas informações concedidas pelos entrevistados.

Conforme definição de Severino (2010, p. 121-122), a análise de conteúdo:

“É uma metodologia de tratamento e análise de informações constantes de um

documento, sob forma de discursos pronunciados em diferentes linguagens: escritos,

orais, gestos... Trata-se de compreender criticamente o sentido manifesto ou oculto

das comunicações. Ela descreve, analisa e interpreta as mensagens/enunciados de

todas as formas de discurso, procurando ver o que está por detrás das palavras”

(SEVERINO, 2010, p. 121-122).

Conforme salienta Franco (2005, p. 11): “Cada vez mais a análise de conteúdo passou

a ser utilizada para produzir inferências acerca de dados verbais e/ou símbolos, mas obtidos a

partir de perguntas e observações de interesse de um determinado pesquisador”. Foi exatamente

essa estratégia que direcionou essa pesquisa, pois as entrevistas foram utilizadas para fazer

inferências e identificar as percepções dos sujeitos da pesquisa sobre o tema licitações

sustentáveis com o intuito de utilizar tais inferências para subsidiar a construção do modelo de

intervenção proposto por esse trabalho.

As fases da análise de conteúdo, organizam-se de forma cronológica em três etapas, a

saber: 1. Pré-análise; 2. Exploração do Material; e, 3. Tratamento dos Resultados, Inferências

e Interpretação (Bardin, 2011). A Figura 11 abaixo, detalha de forma sintética em que consiste

cada uma dessas etapas.

Figura 11: Etapas da Análise de Conteúdo Segundo Bardin (2011)

Fonte: Adaptado de Bardin (2011)

70

Levando em consideração a divisão feita por Bardin (2011), a primeira etapa desse

trabalho foi viabilizada utilizando-se como instrumento de coleta de dados, entrevistas

semiestruturadas. Como procedimento de registro dos dados, foi utilizada a gravação de áudio

e, para organizar os dados, recorreu-se à transcrição literal, conforme demonstrado na Figura

12.

Figura 12 - Etapa 1 - Pré-Análise

Fonte: Elaborado pelo autor

Após uma leitura flutuante para realizar a Pré-Análise, iniciou-se a Exploração do

Material (segunda etapa) para possibilitar o processo de codificação visando a formulação das

categorias de análise. Conforme salienta Bardin (2011), essa etapa é a mais desafiante e consiste

em fazer uma leitura geral do material para realização de recortes (de palavras, frases e/ou

parágrafos) mais significativas para a pesquisa e que tenham relação com as categorias de

análise. Nas palavras de Franco (2005, p. 57): “A categorização é uma operação de classificação

de elementos constitutivos de um conjunto, por diferenciação seguida de um reagrupamento

baseado em analogias, a partir de critérios definidos”.

As categorias de análise foram definidas de forma mista, ou seja, 4 (quatro) a priori, de

acordo com os objetivos específicos desse trabalho; e, 1 (uma) a posteriori desdobrada dos

aspectos facilitadores, já que foi considerada relevante para a pesquisa, após a leitura do

material. Assim sendo, foram definidos a priori as seguintes categorias: Percepções em Relação

às CPS; Aspectos Facilitadores Identificados; Barreiras Identificadas; e, Sugestões para

Implementação das CPS. A categoria definida a posteriori, foi a seguinte: Vantagens da

Implementação das CPS.

Para realizar as operações de codificação do material, utilizou-se o software de análise

de dados qualitativos Maxqda. Esse aplicativo mostrou-se bastante útil para agilizar o processo

71

de codificação, especialmente nesse caso em que o material é extenso, mais de 300 páginas de

transcrição. Após exportação dos dados para o software Maxqda, foi realizada uma primeira

leitura e tratamento que resultou em uma síntese de seleções para posterior definição do

processo de codificação.

Por sua vez, a análise documental consistiu na avaliação de uma série de modelos

implementados por órgãos e instituições públicas federais e outros sugeridos por associações

dedicadas à temática, como por exemplo: Guia de Contratações Sustentáveis da Justiça do

Trabalho; Guia Nacional de Licitações Sustentáveis da Advocacia Geral da União – AGU; Guia

de Compras Públicas Sustentáveis para a Administração Federal – Livro Azul; Guia Prático de

Licitações Sustentáveis da Consultoria Jurídica Da União no Estado de São Paulo – AGU; Guia

de Compras Públicas do ICLEI (Governos Locais pela Sustentabilidade); Compras Públicas

Sustentáveis – Uma Abordagem Prática (ICLEI); Manual de Contratações Públicas

Sustentáveis do Ministério do Planejamento; dentre outros. Além desses instrumentos, utilizou-

se também como base de apoio documentos como Agenda 21, Agenda Ambiental na

Administração Pública (A3P), Plano de Ação para Produção e Consumo Sustentável (PPCS) e

o Plano de Gestão e Logística Sustentável (PLS). Também foi feita uma análise documental

dos editais licitatórios dos pregões eletrônicos realizados entre os anos de 2011 a 2017 para

verificar a inclusão de critérios de sustentabilidade.

Após o delineamento do diagnóstico iniciou-se a fase de proposição com a identificação

dos aspectos mais relevantes para nortear a construção do modelo proposto. Buscou-se

sintetizar as percepções, barreiras e aspectos facilitadores identificados, bem como as sugestões

apontadas pelos entrevistados, consideradas mais relevantes para esse trabalho.

Os objetivos que dizem respeito a essa fase de proposição, bem como as técnicas

adotadas para alcança-los estão descritos no Quadro 6. Esses objetivos estão ligados à parte

mais prática de construção do modelo de intervenção.

72

Quadro 6 - Objetivos Específicos Referente à Fase de Proposição

Objetivos Específicos Referentes à Fase

de Proposição

Técnicas utilizadas Para Alcance dos

Objetivos

1 Verificar em quais etapas os critérios de

sustentabilidade podem ser implementados;

Consulta aos manuais e à legislação;

2 Colher sugestões dos entrevistados para

construção do modelo de intervenção que

será proposto;

Entrevista semiestruturada e análise de

conteúdo;

3 Propor um modelo de inventário para

acompanhamento da progressão da inclusão

de critérios de sustentabilidade ambiental nas

aquisições;

Consulta a uma manuais, guias e documentos

de instituições governamentais e não-

governamentais que tratam de compras

públicas sustentáveis;

4 Validar as alterações propostas junto aos

gestores da instituição e demais atores

responsáveis pelo processo licitatório.

Exposição do modelo proposto aos diretores e

servidores do setor de licitações.

Fonte: Elaborado pelo autor

Essa fase de proposição também incluiu a identificação das etapas do processo de

compras nas quais os critérios de sustentabilidade poderão ser inseridos. Esse processo foi

oportunizado por meio do Software Bizage Modeller, com o qual traçou-se o novo fluxo

proposto para o processo de compras, conforme demonstrado na Figura 17.

Ademais, com o intuito de obter respaldo para aplicação das alterações aqui sugeridas,

propiciou-se a validação do modelo proposto por meio da apresentação de forma individual aos

diretores e servidores do setor de licitações da instituição locus dessa pesquisa, momento no

qual expôs-se todas as recomendações e orientações apresentadas nesse trabalho.

Por fim, recomendou-se uma lista de verificação para auxiliar na implementação das

correções que se fizerem necessárias, além de um modelo de inventário para acompanhamento

da progressão da inclusão dos critérios. Esses documentos resultaram de pesquisa em modelos

já implementados.

73

5 COMPREENDENDO O MODELO ATUAL DE COMPRAS

Esse subitem apresenta a situação atual do objeto de estudo. Para descrever esse relato,

lançou-se mão das ferramentas de coleta e análise de dados apontados na metodologia, quais

sejam, entrevistas, análise de conteúdo, observação in loco de forma participante e coletas

pessoais de informações. Foram utilizados também os Softwares Maxqda e Bizage Modeller, o

primeiro para auxiliar na análise de conteúdo das entrevistas e no processo de codificação e o

segundo para traçar o fluxo do processo de compras atual. Esse subitem está dividido em três

partes: Impressões Iniciais; Análise das Entrevistas e Mapeamento do Fluxo de Compras Atual.

5.1 Impressões iniciais sobre o modelo atual de compras

Nas incursões ao locus da pesquisa e análise documental realizada nos editais, pode-se

verificar que o modelo atual de compras do IFPB – Campus Campina Grande não considera,

pelo menos de forma sistemática, a inclusão de critérios de sustentabilidade. A literatura aponta

que há diversos fatores que podem ocasionar essa falha nas instituições.

Barata (2007), por exemplo, acredita que as questões ambientais têm um histórico de

implementação lenta no serviço público. Nas licitações, essa situação tende a se agravar, uma

vez que as aquisições de bens na esfera pública é um processo com certo grau de complexidade.

Além disso, cada instituição pública tem demandas e características muito específicas que

podem tornar a implementação de licitações sustentáveis ainda mais difícil.

Outro obstáculo à implementação das licitações sustentáveis é a falta de capacitação dos

servidores públicos em prol da sustentabilidade, conforme aponta Santos (2013). Capacitar o

servidor pode contribuir para melhorar o desempenho, sobretudo quando se trata de novidade

ou quando envolve um pouco mais de complexidade, como é o caso das licitações sustentáveis

que requerem novos conhecimentos, mais trabalho e maiores dificuldades. Tudo isso, pode

gerar alguma resistência dos servidores que precisarão sair de suas zonas de conforto e, para

que isso ocorra, é necessário mantê-los estimulados.

É preciso refletir também sobre a crença de que os fornecedores não se interessam pela

produção e negociação de produtos sustentáveis e que a qualidade desses produtos seria

duvidosa. É importante que todas essas dúvidas sejam sanadas junto aos servidores, sobretudos

os gestores, para que a implementação das licitações sustentáveis seja viabilizada.

Todos esses fatores parecem permear o processo de compras no âmbito do IFPB –

Campus Campina Grande. Além disso, inexiste – pelo menos à primeira vista – a elaboração

74

de uma política ambiental que inclua as licitações sustentáveis no rol de medidas institucionais,

uma vez que existe a obrigação legal e constitucional de implementação de tais procedimentos

por parte dos órgãos públicos.

Não se vislumbra sequer a possibilidade de uma reflexão por parte dos servidores sobre

tais questões que possibilite tornar as licitações sustentáveis uma política que faça parte da

realidade desse órgão.

Saliente-se que, há poucos registros de inclusão de critérios de sustentabilidade

socioambiental nos processos de aquisição dos itens constantes da tabela acima, especialmente

no período compreendido entre os anos de 2012 a 2017. Dentre os raros itens adquiridos com

exigências de critérios de sustentabilidade incluídos nos processos licitatórios da instituição no

período supracitado, estão o papel ofício reciclado, alguns equipamentos de TI com exigência

da diretiva RoHS, lâmpadas de LED e ar-condicionado com Selo de Conservação de Energia

do INMETRO.

Por todas essas razões, esse trabalho pretende intervir nesse processo, investigando

todos esses fatores e propondo a alteração dessa realidade, por meio da adaptação do processo

licitatório do IFPB – Campus Campina Grande à legislação ambiental vigente e aos

pressupostos da sustentabilidade socioambiental.

5.2 Análise das Entrevistas

O momento das entrevistas teve como escopo aferir o grau de compreensão (o que é;

obrigatoriedade legal; como funciona; como implementar etc.), a aprovação e a disposição por

parte dos sujeitos da pesquisa em relação a inclusão de critérios de sustentabilidade nas

aquisições do IFPB – Campus Campina Grande.

Após as entrevistas, utilizou-se a técnica da análise de conteúdo para codificação das

categorias de análise. Após o estabelecimento das relações entre os trechos de texto

selecionados e as categorias de análise (processo de codificação), foi gerada a Tabela 1 que

aponta a quantificação de codificações por categoria de análise.

O processo de análise de conteúdo foi realizado levando em consideração os seguintes

aspectos: Sugestões para Implementação da Compra Pública Sustentável (CPS); Vantagens da

Implementação das CPS; Percepções em Relação às CPS (Diretores e Chefes de Departamento,

Servidores de Licitações e Coordenadores Demandantes); Aspectos Facilitadores Identificados

(Externos e Internos) e Barreiras Identificadas (Externas e Internas). A divisão das categorias

75

Aspectos Facilitadores e Barreiras Identificadas em Internas e Externas, emergiu da avaliação

das entrevistas e da necessidade de fazer uma melhor caracterização desses aspectos.

Tabela 1 – Processo de Codificação das Categorias de Análise

CATEGORIAS DE ANÁLISE

TOTAL DE CODIFICAÇÕES (RELAÇÕES FEITAS) 979

Sugestões para Implementação das CPS 79

Vantagens da Implementação das CPS 60

Percepções em Relação às CPS 434

Diretores e Chefes de Departamento 42

Servidores de Licitações 26

Coordenadores Demandantes 366

Aspectos Facilitadores Identificados 157

Externos 47

Internos 110

Barreiras Identificadas 249

Externas 93

Internas 156

Fonte: Elaborado pelo autor com auxílio do software Maxqda

Posteriormente, deu-se andamento à fase de tratamento dos resultados, inferência e

interpretação. Para viabilizar essa etapa, foi realizada mais uma leitura do material da síntese

de seleções resultante da etapa anterior. Essa releitura permitiu a operacionalização da

classificação e do agrupamento dos elementos considerados mais significativos que constituem

o texto analisado (palavras, frases e/ou parágrafos) nas categorias já definidas, de acordo com

a afinidade entre a categoria e a passagem selecionada. Esse processo foi executado para as 3

(três) categorias definidas a priori, resultando nas Tabelas 2 a 6, que serão analisadas a seguir.

Saliente-se que as porcentagens foram calculadas a partir do total de aspectos apontados

(e não do total de entrevistados). Posteriormente, foram registrados nas categorias criadas com

os respectivos termos relacionados.

A Tabela 2 trata dos aspectos facilitadores internos. Como se pode observar, o aspecto

mais mencionado foi o que diz respeito à capacitação com 54 citações, correspondente a 40%

76

do total dessa categoria. Em seguida, tem-se o aspecto relacionado à atuação da gestão com 32

menções ou 23,5%. O aspecto comunicação teve 30 anotações, equivalente a 22% do total de

registros. Como se pode observar, os respondentes acreditam que a capacitação é um dos

principais aspectos facilitadores. Outro fator que é importante na visão dos participantes é que

a gestão precisa ser mais atuante. Também merece destaque a comunicação, ou seja, para os

entrevistados uma maior difusão de como funciona a CPS pode melhorar os resultados da

implementação.

Alguns autores, a exemplo de Mendes (2014), Rocha (2014), Nonato (2015), Santos

(2016), Bárbara (2016) e Lucena (2016) já desenvolveram pesquisas que apontam para a

necessidade de capacitação dado que ainda há pouco conhecimento sobre a temática de

licitações sustentáveis. As conclusões a que chegaram os autores supracitados e os números

apontados por este trabalho demonstram que de fato a capacitação é um fator relevante para

que a CPS seja implementada com sucesso. Os autores supracitados também apontaram que a

atuação da gestão é um fator determinante para que as compras sustentáveis possam ocorrer de

fato.

Tabela 2 – Aspectos Facilitadores Internos Apontados

ASPECTOS FACILITADORES INTERNOS QUANT. PERCENTUAL

A CAPACITAÇÃO É UM FATOR FACILITADOR: Entendimento (4); Capacitação (12); Treinamento (6); Qualificação (7); Orientação (5); Conhecimento (8); Prática (5); Educação (4); Esclarecimento (3)

54 40%

É NECESSÁRIO QUE HAJA MAIS COMUNICAÇÃO: Transmissão (1); Apresentação (2); Disseminação (2); Conscientização (10); Criar Cultura (2); Comunicação (1); Divulgação (10); Tornar Conhecido (1); Acesso à Informação (1)

30 22%

A GESTÃO PRECISA SER MAIS ATUANTE: Incentivo da Alta Administração (13); Exemplo da Instância Superior (4); Planejamento (6); Maior Número de Servidores (2); Obediência à Lei (7)

32 23,5%

UMA MAIOR ARTICULAÇÃO CONTRIBUI DE FORMA POSITIVA: Interação (2); Debate (1); Reuniões (1); Envolvimento de Todos (4); Sistematização (1); Adesão (1); É Um Elo (1); Diálogo (1); Parceria (1)

13 9,5%

A CPS PROPORCIONA VANTAGENS ECONÔMICAS: Apontar Benefícios (3) Custo Reduz (1); Economia (2); Custo-Benefício Superior (1);

7 5%

TOTAIS DE CITAÇÕES 136 100% Fonte: Elaborado pelo autor

77

A Tabela 3 aborda os aspectos facilitadores externos. Nessa categoria, os entrevistados

indicaram 37 vezes os aspectos legais e atuação dos órgãos de controle como facilitadores

externos, o que representa 53,6% dos que foi registrado nessa categoria. Outro fator relevante

foi o desempenho das empresas, citado 21 vezes (30,4%). Outra parte significante entende que

a atuação das empresas é um fator que pode contribuir para a implementação da CPS.

Alguns autores, a exemplo de Mendes (2014), Rocha (2014), Nonato (2015), Santos

(2016), Barbara (2016) e Lucena (2016), também já abordaram os aspectos legais das licitações

sustentáveis, concluindo que o pouco conhecimento sobre a legislação e sobre os critérios de

sustentabilidade ambiental na escolha e especificação técnica do objeto são fatores que podem

dificultar a compra sustentável. Essas conclusões apontam mais uma vez para a necessidade de

capacitação dos servidores.

No que diz respeito à atuação das empresas, algumas pesquisas destacam a importância

da atuação dos fornecedores, ressaltando o desconhecimento sobre a temática por parte deles

(FONSECA, 2013) e a falta de envolvimento dos mesmos, bem como a ausência de

alinhamento da cadeia de abastecimento (MENDES, 2014).

Tabela 3 – Aspectos Facilitadores Externos Apontados

ASPECTOS FACILITADORES EXTERNOS QUANT PERCENTUAIS

A LEI E A ATUAÇÃO DOS ÓRGÃOS DE CONTROLE FAVORECEM: Legislação (24); Cobrança Órgãos de Controle (13);

37 53,6%

O DESEMPENHO DAS EMPRESAS É UM DIFERENCIAL: Mais Oferta (4); Desenvolvimento de Produtos (3); O Empresariado Divulgar (3); Maior Concorrência (3); Redução De Preços (4); Maior Produção (1); Vantagem Para Empresas (2); Inovação; Preços Mais Competitivos (1)

21 30,4%

AS AÇÕES DO GOVERNO IMPULSIONAM: Programas do Governo (2); Incentivo Fiscal e Tributário (4); Criar Demanda (3); Desenvolver Ferramentas Práticas (2)

11 16%

TOTAL DE CITAÇÕES 69 100% Fonte: Elaborado pelo autor

Na Tabela 4 foram retratadas as barreiras internas. Nessa categoria, houveram 54

citações para a inércia da gestão, o que equivale a 47,37% do total de registros. Além disso, as

questões ligadas aos servidores foram apontadas 48 vezes, o que representa 42,10% do total.

Ou seja, esses dois aspectos juntos, correspondem a quase 90% de tudo que foi mencionado

78

nessa categoria. Assim, percebe-se que na visão dos participantes as principais barreiras

internas estão ligadas à inércia da gestão, à relutância e à falta de conhecimento dos servidores.

Os resultados aqui apontados em relação à inércia da gestão corroboram com algumas

pesquisas já desenvolvidas. Como por exemplo, os trabalhos de: Alencastro (2014) e Lucena

(2016) que indicam a ausência de metas claras e objetivas e falta de apoio; Rocha (2014) e

Alencastro (2014) que trataram da falta de planejamento institucional; Cypreste (2013), Rocha

(2014), Generoso (2014), Lucena (2016) que concluíram que as iniciativas são incipientes;

Biage (2014), Generoso (2014), Jesus (2014), Sousa (2015), Souza (2016) e Fernandes (2016)

demonstrando que inexistem estratégias ou metodologias para implementação da CPS; Neves

(2013) e Fernandes (2016) ressaltando a baixa adesão dos órgãos públicos às licitações

sustentáveis; Alencastro (2014) e Mendes (2014) destacando a inobservância ou negligência

com os instrumentos legais e institucionais; Mendes (2014) enfatizando a inexistência de apoio

político; e, Izar (2015) salientando a existência de dificuldades por parte do poder público de

criar sinergia entre fornecedores e consumidores.

Tabela 4 – Barreiras Internas Apontadas

BARREIRAS INTERNAS QUANT. PERCENTUAIS

A FALTA DE UMA CULTURA SUSTENTÁVEL DIFICULTA: Item Verde Não Tem Qualidade (1); Preconceito (1); O Foco não é sustentabilidade (2); Falta de Cultura Sustentável (2); Imediatismo (2); Falta Conscientização (4)

12 10,53%

A INÉRCIA DA GESTÃO REPRESENTA UM FATOR COMPLICADOR: Falta Vontade Política (7); Inércia da Gestão (9); Falta de Planejamento (3); Não Há Articulação (6); Elevação dos Custos/Orçamento (12); Falta de Tempo (3); Pessoal Insuficiente (6); Falta de Comunicação (4); Mais Trabalho (4);

54 47,37%

A RESISTÊNCIA E O DESCONHECIMENTO DOS SERVIDORES COMPROMETEM: Relutância/Resistência (19); Desconhecimento do Tema/Lei (19); Falta de Capacitação (10)

48 42,10%

TOTAIS DE QUESTÕES APONTADAS 114 100% Fonte: Elaborado pelo autor

A Tabela 5 apresenta as barreiras externas, expondo que as limitações do mercado foram

mencionadas 38 vezes ou 58% do total dos registros dessa categoria, enquanto os fatores ligados

à legislação atual e a inércia dos órgãos de controle alcançaram 20 indicações ou 30% de todas

as citações registradas na categoria. Portanto, os respondentes presumem que as limitações do

mercado representam a principal barreira externa para implementação da CPS.

79

Conforme já comentado, há alguns trabalhos retratando as limitações do mercado. É o

caso dos estudos de Fonseca (2013) que revelaram o despreparo dos fornecedores para atender

as necessidades do setor público por produtos sustentáveis, resultante de desconhecimento

sobre a temática. Além disso, cite-se as pesquisas de Mendes (2014) evidenciando a falta de

envolvimento dos fornecedores e de alinhamento da cadeia de abastecimento com a

sustentabilidade (MENDES, 2014).

Tabela 5 – Barreiras Externas Apontadas

Fonte: Elaborado pelo autor

A Tabela 6 trata das percepções dos servidores sobre CPS. Observa-se que foram feitas

96 citações apontando que a CPS gera efeitos positivos, correspondente a 39,50% do total de

registros nessa categoria. Por outro lado, somaram-se 69 menções ou 28,4%, indicando que as

ações da gestão são insuficientes para implementar a CPS. Portanto, esses dois aspectos

somaram 67,9% do total de citações. Ou seja, os participantes da pesquisa têm uma percepção

positiva da CPS, mas acham que a atuação da gestão ainda é incipiente para implementá-la.

Os dados aqui apurados em relação à atuação da gestão estão em consonância com as

conclusões dos autores supracitados na avaliação da Tabela 4 – Barreiras Internas. No que tange

aos efeitos positivos da CPS, alguns autores também chegaram a conclusões semelhantes. É o

caso de Santos (2017), cuja pesquisa demonstrou que os servidores de determinada instituição

pública têm uma percepção positiva em relação à CPS e acreditam que ela pode trazer

benefícios econômicos, sociais e ambientais. As conclusões de Pereira et al. (2016) também são

similares, pois os entrevistados por esses autores afirmaram que consideram a CPS importante

e são favoráveis à sua implementação. Mencione-se também os estudos de Fernandes (2016)

BARREIRAS EXTERNAS QUANT. PERCENTUAL

A LEGISLAÇÃO ATUAL E A INÉRCIA DOS ÓRGÃOS DE CONTROLE REPRESENTAM UM OBSTÁCULO: Falta de Cobrança dos Órgãos de Controle (2); Legislação Dificulta/Limita (14); Decisões do TCU (1); Questionamento Jurídico (3);

20 30%

AS LIMITAÇÕES DO MERCADO É UM ASPECTO QUE RESTRINGE: Preços Elevados (10); Escassez de Mercado (20); Lobby (4); Adaptação das Empresas (4);

38 58%

A FALTA DE FERRAMENTAS ADMINISTRATIVAS E BUROCRACIA PODEM TRAVAR: Ausência de Ferramentas Práticas (3); Entraves Burocráticos (2); Situação Econômica do Governo (1); Carga Tributária (1); Falta de Incentivo (1)

8 12%

TOTAL DE CITAÇÕES 66 100%

80

que respaldam os dados coletados nessa pesquisa, pois o autor supracitado inferiu que as

licitações sustentáveis ocasionam efeitos positivos, como o fomento de práticas sustentáveis,

incentivo à inovação, retorno econômicos pelo melhor desempenho ambiental, criação de novos

mercados e aumento das margens de lucro por meio de economia de escala.

Tabela 6 – Percepções em Relação às Compras Públicas Sustentáveis

Fonte: Elaborado pelo autor

Como se pode depreender da análise das entrevistas, os aspectos mais citados pelos

participantes da pesquisa foram: capacitação; atuação da gestão; comunicação (facilitadores

internos); legislação, atuação dos órgãos de controle e desempenho das empresas (facilitadores

externos); inércia da gestão, relutância e desconhecimento (barreiras internas); escassez de

mercado, legislação e órgãos de controle (barreiras externas). Além disso, os respondentes

acreditam que inserir critérios de sustentabilidade nas compras gera efeitos positivos e que as

ações da gestão são insuficientes para que essa política seja de fato implementada. Esses

resultados estão em consonância com a literatura existente sobre o tema.

Para facilitar a interpretação dos dados, elaborou-se a Figura 13 que sumariza os

aspectos mais citados pelos entrevistados. Nessa figura, pode-se perceber pelos dados apurados,

PERCEPÇÕES EM RELAÇÃO À CPS QUANT. PERCENTUAL

AS AÇÕES DA GESTÃO SÃO INSUFICIENTES: Não Existe Ação/Iniciativa (23); Não Há Planejamento/Gestão Democrática (9); Não Há Integração/Interação/Comunicação (16); Foco Não é Sustentabilidade (14); Só Vai Ocorrer se Houver Fiscalização (2); Requer Certo Tempo (5);

69 28,4%

OS FORNECEDORES TÊM CONDIÇÕES DE SE ADAPTAR: Podem se adequar (11); Depende das Empresas (8)

19 7,82%

A CPS GERA EFEITOS POSITIVOS E RELEVANTES: É uma Ferramenta Importante (18); É Possível Ser Implementada (17); Contribui de Forma Significativa (9); É um Instrumento de Orientação do Mercado (11); Serve de Exemplo (10); Efeitos Positivos (7); Custo-Benefício Compensa (16); Se Ganhar Escala Passa a Ser Viável (8)

96 39,50%

O CONHECIMENTO SOBRE CPS É EXÍGUO: É Algo Novo/Não Conheço/Conheço Superficialmente (25); É Incumbência do Demandante (5); A Instituição Pode se Adaptar (8)

38 15,64%

PERCEBO QUE HÁ CONSCIÊNCIA AMBIENTAL Existe Consciência Ambiental (13); A Questão de Sustentabilidade é Importante (3); É uma Obrigação da Instituição (5);

21 8,64%

TOTAL DE CITAÇÕES 243 100%

81

que o ambiente é propício para que as mudanças sejam introduzidas. Porém, as informações

colhidas indicam que há necessidade de muitas correções para que de fato a licitação sustentável

seja implementada. Na dimensão interna, os aspectos mais críticos, segundo os entrevistados,

são a inércia da gestão, a resistência e o desconhecimento dos servidores.

Figura 13 – Aspectos Mais Citados Pelos Entrevistados

Fonte: Elaborados pelo autor

Por outro lado, os respondentes têm uma visão muito positiva dessa política pública que

é a compra sustentável e são os próprios entrevistados que apontam os caminhos para o sucesso

na implementação da CPS. Para eles é preciso que haja capacitação dos atores envolvidos, uma

participação mais atuante da gestão e um processo de comunicação para maior difusão dessa

ferramenta. Além disso, os entrevistados fizeram uma série de sugestões cuja aplicabilidade

será avaliada.

As sugestões mais relevantes foram: criação de uma comissão de sustentabilidade para

tratar de CPS e outros temas ligados a meio ambiente; criação de uma instância para avaliar se

os processos de compras estão incluindo critérios de sustentabilidade; elaboração de uma

resolução interna para normatizar as licitações sustentáveis; alteração da lei de licitações para

que o tipo de julgamento do certame passe a ser pelo custo de propriedade e não pelo menor

preço; promover simpósios, palestras, minicursos, capacitações, debates e reuniões gerencias

para tratar sobre CPS; e, confecção de uma cartilha, manual e/ou lista de itens sustentáveis.

As principais vantagens apontadas pelos participantes são os benefícios econômicos,

sociais e ambientais que a licitação sustentável pode oferecer, além de melhorias para a imagem

40,00%

23,50% 22,00%

53,60%

30,40%

47,37%42,10%

58,00%

30,00%39,50%

28,40%

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FACILITADORES INTERNOS FACILITADORES EXTERNOS

BARREIRAS INTERNAS

BARREIRAS EXTERNAS

PERCEPÇÕES

82

da instituição e o fato de servir de exemplo para a comunidade (interna e externa), o que poderia

contribuir para a difusão da sustentabilidade.

Registre-se também, que todos os coordenadores entrevistados afirmaram que estão

dispostos a descrever e solicitar itens sustentáveis para suas coordenações. Além disso, os

diretores e chefes de departamento demonstraram ser favoráveis à implementação das compras

sustentáveis. Quanto aos servidores do setor de licitações, estes também se mostraram

simpáticos à causa ambiental e se propuseram a introduzir as alterações necessárias.

Os aspectos apontados na Figura 13 foram os mais citados e considerados os mais

relevantes pelos entrevistados. Dessa forma, essas informações e as ideias sugeridas serão

utilizadas para subsidiar a construção da intervenção a que se propõe esse trabalho, a qual será

abordada no capítulo 6.

5.3 Mapeamento do Fluxo de Compras Atual

O processo licitatório no âmbito do IFPB – Campus Campina Grande tem início com a

reunião de Planejamento Anual do Orçamento realizada pela Direção Geral. Esse evento ocorre

normalmente ao final de cada ano, quando são convocados todos os diretores e coordenadores,

que são os responsáveis pelas solicitações de materiais e serviços para suprir as demandas da

instituição e assegurar o regular cumprimento de sua missão.

As demandas de cada setor são solicitadas por meio de formulário de pedido de compras

que deve ser aprovado pelo respectivo Diretor Setorial e ratificado pelo Diretor Geral. A

descrição dos itens solicitados é de responsabilidade de cada coordenador ou diretor, devido ao

fato de estes terem o conhecimento técnico para detalhar o material ou serviço necessário, bem

como o quantitativo adequado para atendimento de suas demandas.

Nesse ponto, cabe ressaltar que, salvo raras exceções, não há uma preocupação de inserir

na descrição dos itens solicitados critérios de sustentabilidade. Talvez isso aconteça porque

ainda não foi implementada, pelo menos de forma efetiva, uma proposta de gestão ambiental

na instituição para que haja uma atuação sistêmica junto ao campus.

Após a abertura, o processo de compras é encaminhado para a Coordenação de Compras

e Licitações, momento em que é feita a distribuição para um dos 3 servidores lotados junto a

essa coordenação. O servidor responsável dá sequência à instrução processual por meio das

seguintes etapas: (a) elaboração de orçamento; (b) preparação do Termo de Referência; (c)

formatação do Edital; (d) preenchimento do Check List; (e) fechamento do processo; (f)

encaminhamento para Procuradoria Federal junto ao IFPB para parecer jurídico.

83

No decorrer dessas etapas, define-se a modalidade de licitação que será adotada. Essa

decisão é tomada pela Coordenação de Compras e Licitações e Direção Administrativa, levando

em consideração aspectos como as características dos materiais ou serviços solicitados, a

disponibilidade de recursos e a urgência da aquisição. A modalidade mais utilizada tem sido o

pregão eletrônico por meio do Sistema de Registro de Preços, uma vez que este método permite

que se faça todo o processo sem a necessidade de reserva de recursos (pré-empenho). Essa

estratégia permite minimizar os problemas ocasionados pela escassez de recursos e viabilizar

um melhor planejamento das compras.

Realiza-se também, durante essas etapas, o lançamento dos itens no Portal Compras

Governamentais para registro e posterior agendamento do certame. Caso seja utilizado o

procedimento de Intenção de Registro de Preços (IRP), abre-se prazo para que as instituições e

órgãos possam manifestar interesse em participar do processo.

Caso o parecer da Procuradoria Federal para o processo seja favorável, dá-se seguimento

ao certame com o devido lançamento em campo próprio do Portal Compras Governamentais

para agendamento, divulgação e publicação no Diário Oficial da União.

Abaixo, o mapeamento do fluxo do processo de compras e o sequenciamento do

processo decisório para identificar as etapas nas quais os critérios de sustentabilidade ambiental

podem ser inseridos.

84

Figura 14: Fluxo do Processo de Compras Atual

Fonte: Elaborado pelo autor com auxílio do Software Bizagi Modeler

Salvo raras exceções, em nenhuma dessas etapas considera-se a inclusão de critérios de

sustentabilidade, seja na descrição dos itens pelos coordenadores, seja na elaboração do Termo

85

de Referência ou do Edital. As motivações para esse fenômeno precisam ser aprofundadas, mas

os indícios apontam para diversos fatores que contribuem para que isso aconteça, tais como a

falta de capacitação e comunicação, resistência por questões culturais, despreparo e falta de

envolvimento dos compradores e consumidores, falta de planejamento, inexistência de apoio

institucional dentre outros

86

6 CONSTRUINDO UM MODELO DE COMPRAS PÚBLICAS SUSTENTÁVEIS

O modelo de intervenção aqui proposto buscou atender, no que foi possível, as

informações e percepções apontadas pelos participantes da pesquisa. Sendo assim, levou-se em

consideração que as principais barreiras internas são a inércia da gestão, a resistência e o

desconhecimento do tema. Já os fatores facilitadores internos ressaltados como mais relevantes

foram a capacitação, a atuação da gestão e a comunicação. Nesse trabalho, a atuação da gestão

abrangeu aspectos como planejamento, articulação, fiscalização, vontade política e outros.

Considera-se que todos esses aspectos são indispensáveis para que essa proposta obtenha êxito.

Antes de detalhar o plano de ação e os procedimentos que consubstanciam essa proposta

de intervenção é oportuno fazer uma reflexão mais atenta sobre os aspectos inércia da gestão e

resistência que se destacaram como barreiras internas na visão dos entrevistados.

Quanto à resistência é preciso levar em conta quem pode resistir a essas mudanças e por

quais razões. Talvez a introdução de um tema que para os atores envolvidos ainda seja novo,

contribua para provocar resistência, uma vez que a mudança, pelo menos de início, pode causar

certo desconforto pelo receio de ter que aprender algo novo ou pelo aumento da carga de

trabalho.

De todo modo, a literatura aponta algumas estratégias para superar a barreira da

resistência. Souza e Bruno-Faria (2016), por exemplo, propõem a criação de canais de

comunicação e difusão. Ou seja, a difusão dos conceitos ligados às compras públicas

sustentáveis, bem como o esclarecimento quanto a sua viabilidade, funcionamento e legislação,

pode contribuir para que os efeitos da resistência possam ser minimizados.

Autores como Marques, Borges e Almada (2016) acrescentam que é necessário fazer

um planejamento mais apropriado da mudança. Assim, é preciso implementar a inclusão dos

critérios de sustentabilidade de modo progressivo para reduzir os conflitos e propiciar uma

maior aceitação.

Por outro lado, Domingos e Neiva (2013) indicam que é necessário superar as distorções

e entraves burocráticos, o continuísmo funcional e a falta de incentivo, já que esses fatores

podem restringir a introdução de mudanças nas organizações.

Outros autores como Paiva e Andrade (2013) apontam que a gestão deve priorizar o

acompanhamento sistemático por meio de um plano de ação que possibilite atenuar as

resistências que são consideradas mais expressivas.

Ademais, Souza e Bruno-Faria (2013), ao estudarem organizações brasileiras,

identificaram 10 fatores que podem ajudar na superação da resistência à implementação de

87

mudanças, são eles: Apoio da alta administração; Apoio da gerência de nível médio; Apoio de

grupos de trabalho e colaboradores; Diversidade de competências do grupo responsável pela

implementação; Divulgação de informações acerca da inovação; Estratégias para incorporação

da inovação às rotinas organizacionais; Participação de colaboradores provenientes do meio

externo; Planejamento de ações necessárias à implementação; Reconhecimento do valor e da

necessidade da inovação; Perspectiva sistêmica da inovação e de interações entre unidades

organizacionais (SOUZA e BRUNO-FARIA, 2013, p. 121-123).

Quanto ao aspecto que diz respeito à inércia da gestão é preciso considerar que não se

pode esperar que a atuação dos gestores resulte apenas da ação dos órgãos de controle, quando

esses se fazem presentes para fiscalizar e cobrar. Por isso, é preciso ponderar sobre quais as

motivações que levam os gestores a aparentemente negligenciarem a implementação de

compras sustentáveis, por exemplo.

Talvez haja a necessidade de capacitação do próprio gestor, que por desconhecimento

do tema e das consequências e responsabilizações que possa sofrer, deixa de agir para

implementar determinadas ações. Outra razão da inércia da gestão, talvez tenha origem na falta

de fiscalização e cobrança da comunidade interna, que também pode estar alheia a essas

questões.

É preciso desenvolver estudos mais aprofundados para entender as razões da inércia da

gestão quanto a implementação da compra pública sustentável. No entanto, propõe-se que o

tema seja colocado na pauta do Conselho Diretor da instituição que pode discutir a elaboração

de uma resolução interna tratando desse tema. Alternativamente, a temática pode ser debatida

nas reuniões de planejamento para possibilitar um despertar de consciência e consequentemente

uma atuação mais consistente e sistêmica dos gestores no âmbito do IFPB – Campus Campina

Grande, especialmente no que diz respeito à sustentabilidade nos processos licitatórios.

Feitas essas considerações iniciais, abordar-se-á o plano de ação e os procedimentos

para que as alterações aqui sugeridas sejam aplicadas. Inicialmente, apresenta-se a Figura 15,

que esboça o passo-a-passo do Plano Geral para Implementação da CPS. Nesse esquema, tem-

se uma visão geral e simplificada de como se pretende pôr em prática as ideias recomendadas

nesse trabalho.

88

Figura 15 – Plano Geral para Implementação da CPS

Fonte: Adaptado de BRAIL (2016a); CEFOR (2015); BAHIA e ICLEI (2012)

Além da estratégia indicada na Figura 15, a presente proposta de intervenção prescreve

também a Elaboração do Plano de Gestão de Logística Sustentável (PLS) com a inclusão da

CPS. Esse plano foi inspirado no ciclo PDCA e compõe-se das seguintes etapas: Preparação;

Diagnótico/Medição; Elaboração do PLS; Implementação do Plano; Monitoramento;

Verificação e Avaliação. Elencou-se também a lista de eixos temáticos mínimos que devem

fazer parte do PLS. Ademais, sugeriu-se um conjunto de metas, ações, indicadores e

responsáveis para viabilização do eixo temático compras sustentáveis.

Por fim, o último subtópico do modelo em construção trata mais especificamente da

Capacitação e da Comunicação que na visão dos participantes da pesquisa são dois aspectos

facilitadores que têm grande relevância para que a implementação das compras sustentáveis

seja bem-sucedida.

Quanto aos critérios de sustentabilidade, a proposta é adotar os critérios sugeridos pela

Agenda A3P:

“• que os bens sejam constituídos, no todo ou em parte, por material reciclado, atóxico,

biodegradável, conforme ABNT NBR - 15448-1 e 15448-2;

• que sejam observados os requisitos ambientais para a obtenção de certificação do

Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial - INMETRO

89

como produtos sustentáveis ou de menor impacto ambiental em relação aos seus

similares;

• que os bens devam ser, preferencialmente, acondicionados em embalagem

individual adequada, com o menor volume possível, que utilize materiais recicláveis,

de forma a garantir a máxima proteção durante o transporte e o armazenamento; e

• que os bens não contenham substâncias perigosas em concentração acima da

recomendada na diretiva RoHS (Restriction of Certain Hazardous Substances), tais

como mercúrio (Hg), chumbo (Pb), cromo hexavalente (Cr(VI)), cádmio (Cd), bifenil-

polibromados (PBBs), éteres difenil-polibromados (PBDEs)” (BRASIL, 2009, p. 50).

Além desses parâmetros, sempre que possível, indicou-se critérios como: Selo Procel

(Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica); comprovação de origem da madeira

(DOF – Documento de Origem Florestal) emitido pelo IBAMA; Etiqueta Nacional de

Conservação de Energia (ENCE) do INMETRO para veículos automotores. Dentre outros que

forem necessários de acordo com as características dos itens a serem adquiridos.

6.1 PROCEDIMENTOS PARA IMPLEMENTAÇÃO DE COMPRA SUSTENTÁVEL

A elaboração de um Plano de Ação pode contribuir para que a implementação da

Compra Pública Sustentável seja bem-sucedida. Há muitas ferramentas práticas para

implementação das compras públicas sustentáveis (Manual Procura+ do ICLEI; Manual do

Ministério do Planejamento; Guia da Advocacia Geral da União; Guia da Administração

Pública Federal etc.). Nessa proposta, buscou-se a combinação das estratégias empregadas

nesses e em outros manuais, para na medida do possível, adaptá-los a situação do caso em

estudo.

6.1.1 Plano Geral para Implementação da CPS

O Plano adotado nessa proposta de intervenção, tem como base a metodologia

desenvolvida na Publicação “Compras Públicas Sustentáveis – Uma Abordagem Prática” de

autoria do ICLEI – Governos Locais Pela Sustentabilidade em parceria com a Secretaria da

Administração do Estado da Bahia – SAEB. Essa metodologia adota 7 etapas, em um processo

que segue a sequência constante na Figura 16.

90

Figura 16 – Plano para Implementação da Compra Pública Sustentável

Fonte: BAHIA e ICLEI (2012)

A seguir, detalhar-se-á como serão implementadas essas ações propostas, levando em

consideração as características da instituição objeto dessa proposta e de todas as informações

que foram apontadas pelos entrevistados.

6.1.1.1 Alocação de Responsabilidade e Envolvimento dos Atores

O processo de compras públicas envolve vários atores (demandante, gestor, equipe de

licitação, equipe de patrimônio e almoxarifado, consumidor final etc.). Todos precisam ser

capacitados e inseridos no processo. Para isso, cada um deve saber quais são suas obrigações e

a alocação de responsabilidades deve ser clara para não gerar conflitos.

Conforme já descrito no item 3 (Modelo Atual de Compras), cabe ao coordenador

demandante fazer o levantamento das necessidades do seu setor, descrever os materiais que

pretende adquirir e protocolar o processo de solicitação. Ao Diretor Setorial, superior imediato

do coordenador demandante, cabe aprovar o pedido de compras. Já o Diretor Geral ratifica o

processo e o encaminha para o setor de licitações que operacionaliza o certame. Em seguida o

setor de patrimônio e almoxarifado recebe os materiais provisoriamente e convoca o

coordenador demandante para fazer o recebimento definitivo dos materiais.

91

A aprovação e a ratificação exaradas pelos diretores, leva em consideração apenas os

limites orçamentários e algumas imposições legais que impedem a aquisição de itens de

natureza semelhante no mesmo exercício financeiro. Ou seja, não há nenhuma avaliação quanto

aos critérios de sustentabilidade ambiental durante esse processo. Mesmo sabendo-se que há

obrigação legal de inserção desses critérios nos certames.

Esse projeto de intervenção propõe que essas responsabilidades sejam revistas, de forma

que haja nesse processo a inclusão de critérios de sustentabilidade durante a descrição do item

pelos solicitantes. Além disso, recomenda-se que na aprovação e na ratificação sejam levados

em consideração a inclusão de critérios de sustentabilidade.

Dessa forma, o andamento dos processos de compras obedeceria ao esquema

demonstrado na Figura 17 com as novas responsabilidades que passam a tratar da inclusão,

verificação e aprovação dos critérios de sustentabilidade ambiental conforme orientados pelas

normas vigentes.

92

Figura 17 – Fluxo de Compras Incluindo Critérios Sustentáveis

Fonte: Elaborado pelo autor com auxílio do Software Bizagi Modeler

93

Uma das principais alterações, nessa nova distribuição de responsabilidade, diz respeito

à formação de uma Comissão de Sustentabilidade nas Compras para verificar a inclusão dos

critérios ambientais nos materiais que serão adquiridos. A sugestão é que a comissão seja

formada por 3 servidores devidamente capacitados para desempenho dessas funções. Após a

elaboração do pedido, a comissão avalia se houve inclusão ou não. Em caso negativo, o setor

demandante deverá elaborar uma justificativa. Outra modificação sugerida é a verificação, em

cada setor por onde o processo tramitar, da anuência da Comissão supracitada.

Também se aconselha que na fase de aceitação da proposta do licitante, o pregoeiro, a

equipe de apoio e o setor demandante examinem juntos se houve atendimento aos critérios

ambientais, que podem ser comprovados mediante apresentação de certificados fornecidos por

instituições públicas ou privadas acreditadas.

Por fim, durante o recebimento (provisório e/ou definitivo) dos materiais, os servidores

do setor de patrimônio e almoxarifado convocam o setor demandante para conferirem se os

critérios (gerais e ambientais) estão de acordo com o que foi ofertado pelo fornecedor durante

a realização do certame.

6.1.1.2 Elaboração de um Plano de Ação

O Plano de ação teve inspiração em documentos como: Guia Nacional de Licitações

Sustentáveis da Advocacia Geral da União; Manuais de Compras Sustentáveis dos Ministérios

do Meio Ambiente e do Planejamento; Manual Procura+ do ICLEI; Manual de Compras e

Contratações Sustentáveis da Universidade Federal de Santa Catarina; Contratações públicas

sustentáveis: da teoria à prática da Enap (Escola Nacional de Administração Pública; Guia de

Inclusão de Critérios de Sustentabilidade nas Contratações da Justiça Do Trabalho; Guia de

Compras Públicas Sustentáveis para Administração Federal; dentre outras publicações de

órgãos públicos.

A estratégia desse plano consiste em um passo a passo com 2 (duas) etapas, que foram

divididas em subtópicos, combinando-se as sugestões dos manuais referidos acima para

adaptação ao caso em estudo. Resultando assim, em uma sequência de procedimentos conforme

Figura 18.

94

Figura 18: Plano de Ação Sugerido

Fonte: Adaptado de BRAIL (2016a) e CEFOR (2015)

6.1.1.2.1 Primeira Etapa: Avaliar a Necessidade da Compra

A aquisição de novos materiais deve ser ponderada pelos gestores e por toda equipe,

pensando sempre se há de fato a necessidade da compra. Assim, é preciso que se reflita sobre a

economicidade e racionalidade no gasto público.

Dessa forma, o gestor deve, antes de decidir por uma nova aquisição, consultar junto

com sua equipe, a viabilidade de reutilizar materiais já existentes ou mesmo reduzir o consumo,

desde que não comprometa o andamento dos serviços. É o que recomenda Brasil (2016a), em

consonância com o que dispõe o art. 9º da Lei 12.305/2010.

“Art. 9º. Na gestão e gerenciamento de resíduos sólidos, deve ser observada a seguinte

ordem de prioridade: não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos

resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos”.

Deve-se considerar também o que determina o art. 3º da Lei 10.520/2002, que assim

prescreve: “A fase preparatória do pregão observará o seguinte: I - a autoridade competente

justificará a necessidade de contratação e definirá o objeto do certame (...)”

Outra alternativa que pode ser útil é o instituto do desfazimento, regulamentado pelo

Decreto 99.658/1990 no âmbito da Administração Pública Federal. Essa norma possibilita o

reaproveitamento, a movimentação e a alienação de material, conforme reza seu art. 1º. Essa

1ª ETAPA: AVALIAR A NECESSIDADE DA COMPRA

Possibilidade de Reutilização de Material já

Existente;

Possibilidade de Adquirir Bem Proveniente de

Desfazimento

2ª ETAPA: PLANEJAMENTO DA COMPRA SUSTENTÁVEL

Escolher e Inserir Requisitos Mínimos de

Sustentabilidade;

Definir os Critérios de Comprovação;

Verificar Disponibilidade no Mercado

95

pode ser uma boa ferramenta para o consumo racional e consciente, o que pode significar mais

economia para o erário.

6.1.1.2.2 Segunda Etapa: Planejamento da Compra Sustentável

A aquisição de materiais sustentáveis deve ser implementada gradativamente, sempre

acompanhando os preços e observando a evolução do mercado, conforme recomendam os

princípios da razoabilidade e proporcionalidade (BRASIL, 2014c).

É preciso ter em mente que a inclusão dos critérios de sustentabilidade não pode

restringir a competitividade. Portanto, os requisitos devem ser aplicados com moderação e de

forma justificada para não ferir os princípios licitatórios, conforme depreende-se do art. 3º, §

1º, Inciso I, da Lei de Licitações:

“(...)

§ 1o É vedado aos agentes públicos:

I - admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação, cláusulas ou condições

que comprometam, restrinjam ou frustrem o seu caráter competitivo, inclusive nos

casos de sociedades cooperativas, e estabeleçam preferências ou distinções em razão

da naturalidade, da sede ou domicílio dos licitantes ou de qualquer outra circunstância

impertinente ou irrelevante para o específico objeto do contrato (...)”

Respeitados esses primeiros cuidados indispensáveis, pode-se planejar de que forma

será operacionalizada a inclusão dos critérios ambientais no processo de compras, conforme

indicado na Figura 18. Os procedimentos dessa 2ª Etapa são: 1. Escolher e inserir requisitos

mínimos de sustentabilidade; 2. Definir os critérios de comprovação; e, 3. Verificar

disponibilidade no mercado. A seguir, será detalhado um pouco sobre cada uma dessas fases.

Procedimento 1. Escolher e inserir requisitos mínimos de sustentabilidade:

Os critérios de sustentabilidade podem ser encontrados em diversas normas (leis,

decretos, instruções normativas, resoluções etc.). Eles devem ser guiados por algumas

diretrizes, como por exemplo, os que são apontados pelo Decreto 7.746/2012 que regulamenta

o art. 3º da Lei de Licitações.

“Art. 4º Para os fins do disposto no art. 2º, são considerados critérios e práticas

sustentáveis, entre outras:

I - baixo impacto sobre recursos naturais como flora, fauna, ar, solo e água;

II – preferência para materiais, tecnologias e matérias-primas de origem local;

III – maior eficiência na utilização de recursos naturais como água e energia;

96

IV – maior geração de empregos, preferencialmente com mão de obra local;

V – maior vida útil e menor custo de manutenção do bem e da obra;

VI - uso de inovações que reduzam a pressão sobre recursos naturais;

VII - origem sustentável dos recursos naturais utilizados nos bens, nos serviços e nas

obras; e

VIII - utilização de produtos florestais madeireiros e não madeireiros originários de

manejo florestal sustentável ou de reflorestamento”.

De forma exemplificativa a Advocacia Geral da União aponta uma série de legislações

que tratam de critérios de sustentabilidade, das quais podem ser destacadas (BRASIL, 2016):

“Lei 12.187/2009

(...) as propostas que propiciem maior economia de energia, água e outros recursos

naturais e redução da emissão de gases de efeito estufa e de resíduos;

Lei 12. 305/2010

(...) produtos reciclados e recicláveis; bens, serviços e obras que considerem critérios

compatíveis com padrões de consumo social e ambientalmente sustentáveis;

Art. 5º (...) bens que estes sejam constituídos por material reciclado, atóxico ou

biodegradável”.

De forma didática, o Quadro 7 apresenta uma série de critérios ambientais de

sustentabilidade que podem servir de subsídio orientativo no momento de definição de quais

requisitos podem ser implementados.

Quadro 7 – Exemplos de Critérios de Sustentabilidade

EXEMPLOS DE CRITÉRIOS DE SUSTENTABLIDADE

CRITÉRIOS AMBIENTAIS

PRODUÇÃO ORGÂNICA

Produção orgânica, sem uso de fertilizantes sintéticos de alta solubilidade, agrotóxicos e adubos

químicos, com emprego de técnicas naturais de combate à pragas, doenças e fertilizantes.

EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

Conservação e uso racional de energia.

ORIGEM RENOVÁVEL

Uso de matéria-prima natural renovável (óleos vegetais, corantes naturais, óleos essenciais, entre

outros; produtos à base de água.

TOXICIDADE

Livre ou isento de compostos orgânicos voláteis (COVs) / cloro elementar no processo produtivo /

benzeno / óleo / metais pesados/ materiais tóxicos e/ou perigosos / produtos tóxicos; materiais de

baixa toxicidade e periculosidade.

(Continua)

97

BIODEGRADABILIDADE

Uso/composição de materiais biodegradáveis.

MENOR GRAU DE PERICULOSIDADE

Utilização de substâncias de ação menos tóxica sobre humanos, animais e plantas; redução do risco

de contaminação.

GESTÃO DE RESÍDUOS

Utilização de matéria-prima pós-consumo e/ou reciclada; coleta e destinação final ambientalmente

adequada.

IMPACTOS GLOBAIS

Eliminação ou diminuição das emissões de GEEs (Gases de Efeito Estufa) e/ou substâncias que

afetam a camada de ozônio.

RACIONALIZAÇÃO

Menor consumo de papel, tonner ou tinta; redução do consumo de água.

RASTREABILIDADE

Certificação florestal (produtos madeireiros); produtos originários de manejo florestal sustentável

de florestas nativas ou reflorestamento (produtos não-madeireiros).

Fonte: BAHIA e ICLEI (2012)

Ressalte-se que a lista acima é apenas exemplificativa e que outros critérios podem ser

considerados dependendo de cada caso, como a Análise do Ciclo de Vida (ACV) em aquisições

de bens ou produtos. Como estratégia alternativa, pode-se lançar mão dos diversos catálogos

elaborados pelos mais diversos órgãos públicos, a exemplo do Catmat Sustentável que é o

Catálogo de Materiais do Portal Compras Governamentais do Governo Federal (BRASIL,

2016).

Conforme salienta Advocacia Geral da União, a inserção dos critérios de

sustentabilidade dar-se-á no momento da escolha do material que será licitado, incrementando-

se tais requisitos nas especificações que constarão no termo de referência. Tais critérios deverão

ser descritos de forma clara e objetiva, levando-se em consideração como serão comprovadas

(BRASIL, 2016).

Procedimento 2. Definir os critérios de comprovação:

A fase do certame chamada de aceitação é o momento em que o pregoeiro e equipe de

apoio (podendo ser auxiliado pelo setor demandante) analisam se os requisitos de

sustentabilidade foram incluídos nas especificações do objeto ofertado pelo licitante vencedor.

Essas exigências devem constar na descrição dos itens constantes no Termo de Referência.

(Conclusão)

98

A comprovação dos critérios de sustentabilidade ambiental pode ser viabilizada pelas

mais variadas formas, de modo que não restrinja a competitividade nem acabe direcionando a

escolha para uma marca específica. Assim, podem ser utilizadas opções de comprovação como

as sugeridas pelo Guia de Contratações Sustentáveis da Justiça do Trabalho:

“...inscrição nos rótulos, nas embalagens, informações disponíveis no site do

fabricante e em sites dos órgãos competentes, por apresentação de certificação emitida

por instituição pública oficial, ou por instituição credenciada, ou por qualquer outro

meio de prova que ateste que o bem fornecido cumpre com as exigências do edital”

(BRASIL, 2012, p. 9).

São exemplos de instituições públicas oficiais que emitem certificações e são

acreditadoras: Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), Instituto Nacional de

Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e

Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa),

dentre outras.

Sempre que possível, deve-se observar nas aquisições de bens o atendimento das normas

técnicas elaboradas por essas instituições que visam constatar e dimensionar a utilização de

requisitos mínimos de qualidade, segurança e sustentabilidade (BRASIL, 2012). Há vários

documentos comprobatórios de critérios de sustentabilidade ambiental emitidos pelas

instituições acima referidas. No Quadro 8 consta uma série de certificados que podem ser

solicitados na fase de aceitação da proposta, de acordo com cada caso.

Quadro 8 – Certificados Solicitados na Fase de Aceitação

1. Documento de Origem Florestal-DOF, instituído pela Portaria nº 253 de 18/08/2006, do

Ministério do Meio Ambiente, e Instrução Normativa IBAMA nº 112, de 21/08/2006, válido

por todo o tempo e percurso do transporte e armazenamento, quando se tratar de produtos ou

subprodutos florestais de origem nativa, que exija tal licença obrigatória.

2. Nota Fiscal de transporte de produtos ou subprodutos florestais de origem nativa do

produtor ao fabricante; conforme Instrução Normativa IBAMA nº 112 de 21/08/2006 e Instrução

Normativa 01/2012, do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.

3. Certificado de cadeia de custódia para produtos de origem florestal (Forestry Stewardship

Council - FSC ou Certificação Florestal / Programme for the Endorsement of Forest

Certification - Cerflor/PEFC). Caso a empresa classificada não seja fabricante, ela deve

apresentar documento que comprove que o fabricante do produto possui tal certificação.

Obs.: em que pese se tratar de uma certificação internacional voluntária, a exigência do

selo FSC encontra respaldo no Acórdão 2995/2013-Plenário, onde o relator Ministro Valmir

Campelo concluiu que, considerando que a comprovação da procedência legal da madeira é

condição necessária para sua comercialização, a exigência de atestado de certificação ambiental

(Continua)

99

quanto à madeira utilizada não compromete, em princípio, a competitividade das licitações

públicas.

4. Declaração atualizada e assinada por representante legal da empresa licitante de que os bens

não contenham substâncias perigosas em concentração acima da recomendada na diretiva RoHS

(Restriction of Certain Hazardous Substances), tais como mercúrio (Hg), chumbo (Pb), cromo

hexavalente (Cr(VI)), cádmio (Cd), bifenil-polibromados (PBBs), éteres difenilpolibromados

(PBDEs), conforme Instrução Normativa n° 01/2010, da SLTI/MPOG.

Obs.: o atendimento a este requisito pode, ainda, ser comprovado através da apresentação

de ficha técnica do produto ofertado apresentando as substâncias presentes na composição do

produto ofertado.

5. Selo de Qualidade Beija-flor (Rótulo Ecológico ABNT) referente ao produto a ser

fornecido. Este selo substitui a apresentação de documentação referente ao item 3 da presente

lista. Os produtos que obtêm o Rótulo Ecológico ABNT comprovam ter menor impacto

ambiental que seus similares existentes no mercado, ao longo de todo seu ciclo de vida.

Obs.: para a obtenção do Rótulo Ecológico ABNT, o fabricante deve garantir que toda a

madeira seja obtida de fontes legais; estabelecer um programa de gestão de resíduos que

considere a não geração, redução, o reuso ou reciclagem, assegurando a sua otimização e a

destinação adequada dos resíduos gerados, inclusive os recicláveis; e, apresentar licenças

ambientais à ABNT. Sendo assim, não há necessidade de apresentar os documentos

contemplados pelos itens 3 (certificado de cadeia de custódia).

6. Catálogo técnico com a composição do produto, comprovando que o produto possua

quantidade máxima de 0,1% em peso de halogênios e seus subprodutos em sua composição, e

que as chapas de aço não sejam revestidas com cromo, níquel, estanho e seus compostos. Estes

elementos podem ser permitidos em alguns componentes tais como dobradiças e puxadores.

7. Catálogo técnico das substâncias adicionadas às placas (painéis) de madeira e utilizadas em

qualquer fase de seu processo de fabricação, vetados os compostos a seguir, seus derivados

funcionais ou precursores no local, incluindo como agentes preparatórios, produtos de limpeza

desengordurantes ou na unidade de produção:

Solventes orgânicos halogenados ou agentes de ligação; Aditivos para polímeros de flúor

ou cloro; Os ftalatos: DEHP, DBP, DAP, BBP, DMP, DMT, DEP, DMEP e DIBP; Aziridina ou

poliaziridinas; Pigmentos e aditivos que contenham estanho, chumbo, arsênio, cromo, cobre,

cádmio, mercúrio, estanho, antimônio e seus compostos; Éteres difenilpolibromados, ou de

cadeia curta (≤13ºC) clorada retardadores de chama orgânico; Pentaclorofenol (PCP);

Benzo[a]pireno.

8. Em caso da utilização de madeiras no acondicionamento dos produtos, estas devem ser de

origem legal comprovada por algum certificado de manejo florestal, tal como exposto no item

1. Caso a empresa classificada na licitação não seja fabricante, apresentar documento que

comprove que o fabricante do produto possui tal certificação.

9. Declaração atualizada de que madeira e materiais naturais utilizados no produto não tenham

sido tratados ou impregnados com fungicidas e inseticidas classificados pela Agência

Internacional de Pesquisa em Câncer – IARC como tipo 1 ou 2.

(http://monographs.iarc.fr/ENG/Classification/ClassificationsGroupOrder.pdf) e que não façam

parte da Lista Nacional de Agentes Cancerígenos para Humanos, conforme portaria

Interministerial nº 9 de 7 de outubro de 2014.

Fonte: UFSC (2015)

(Conclusão)

100

Com o intuito de oferecer uma ferramenta de consulta para facilitar a implementação

dos critérios de sustentabilidade ambiental nas aquisições do IFPB – Campus Campina Grande,

o Quadro 9 aponta uma lista com grupos de materiais com respectivos requisitos ambientais e

as alternativas de certificados e documentos comprobatórios de tais características. Essa lista

foi elaborada pelo Conselho Nacional da Justiça do Trabalho em seu Guia de Contratações

Sustentáveis.

Quadro 9 – Grupos de Materiais, Critérios e Métodos de Comprovação

Material de Expediente e de Gráfica:

As aquisições de produtos oriundos da madeira devem observar os critérios da rastreabilidade

e da origem dos insumos de madeira a partir de fontes de manejo sustentável em conformidade

com a norma ABNT NBR 14790:2011, utilizada pelo Cerflor, ou com o padrão FSC-STD-40-

004 V2-1. A comprovação da conformidade deve ser feita por meio do Certificado de Cadeia

de Custódia e/ou Selo de Cadeia de Custódia do Cerflor ou do FSC. Para produtos que utilizem

papel reciclado deve ainda ser observada a conformidade com a norma ABNT NBR

15755:2009 que define esse material com base no conteúdo de fibras recicladas. São produtos

oriundos da madeira, entre outros:

a) Papel, reciclado ou branco; b) Produtos de papel confeccionados em gráfica, tais como

envelopes, pastas classificadoras, agendas, cartões de visita, panfletos, convites, livros de

ponto, protocolo, etc.; c) Envelopes reutilizáveis, confeccionados, preferencialmente, com

papel reciclado; d) Lápis produzidos com madeira certificada ou com material reciclado.

Material de Limpeza e Higiene

a) Materiais menos agressivos ao meio ambiente.

b) Produtos concentrados, preferencialmente.

c) Sabão em barra e detergentes em pó preferencialmente à base de coco ou isentos de fósforo

e, quando inexistentes no mercado, exigência de comprovação de teor que respeite o limite

máximo de concentração de fósforo, conforme Resolução CONAMA nº 359, de 29 de abril de

2005.

d) Os produtos saneantes domissanitários de qualquer natureza devem utilizar substâncias

tensoativas biodegradáveis.

e) Esponjas fabricadas com solvente à base d’água.

f) As aquisições de produtos oriundos da madeira, para fins sanitários, tais como, papel

higiênico, toalha, guardanapo, lenço, devem observar os critérios da rastreabilidade e da

origem dos insumos de madeira a partir de fontes de manejo sustentável em conformidade com

a norma ABNT NBR 14790:2011, utilizada pelo Cerflor, ou com o padrão FSC-STD-40-004

V2-1. A comprovação da conformidade deve ser feita por meio do Certificado da Cadeia de

Custódia e/ou Selo de Cadeia de Custódia do Cerflor ou do FSC.

g) Nas aquisições de produtos usados na limpeza e conservação de ambientes, também

denominados saneantes, tais como álcool, água sanitária, detergentes, ceras, sabões,

(Continua)

101

saponáceos, desinfetantes, inseticidas, devem ser observados os critérios de eficácia e

segurança, comprovados pela regularidade (registro ou notificação) junto à ANVISA.

Obs.: A comprovação da regularização deve ser feita por meio de cópia da publicação do

registro do produto no Diário Oficial da União (DOU), observada sua validade, ou a

apresentação do Comunicado de Aceitação de Notificação, enviado à empresa pela ANVISA

ou consulta à internet da divulgação de Aceitação de Notificação disponível no sítio da

ANVISA na internet em <http://www.anvisa.gov.br/saneantes/index.htm>.

h) Produtos que possuam comercialização em refil.

Gêneros Alimentícios, Material de Copa e Cozinha:

a) Nas aquisições de café, açúcar, frutas, verduras e alimentos em geral convêm que sejam

adquiridos produtos orgânicos (produzidos sem o uso de adubos químicos, defensivos ou

agrotóxicos), sempre que disponíveis no mercado. Devem ser observados os critérios da

origem e da qualidade do produto. A comprovação da conformidade com esses critérios deve

ser feita por meio do selo “Produto Orgânico Brasil” do Sistema Brasileiro de Avaliação da

Conformidade Orgânica (SISORG), aposto no rótulo e/ou na embalagem do produto.

b) Copos e xícaras de material durável como vidro, cerâmica ou aço escovado em substituição

ao copo plástico descartável.

Máquinas e Aparelhos Consumidores de Energia

a) Devem ser adquiridos produtos que apresentem menor consumo e maior eficiência

energética dentro de cada categoria.

b) Para refrigeradores, condicionadores de ar, forno microondas, ventiladores, televisores,

lâmpadas e demais produtos aprovados no Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE) do

Inmetro a comprovação da conformidade com esses critérios dar-se-á pela Etiqueta Nacional

de Conservação de Energia (ENCE), aposta ao produto e/ou em sua embalagem.

c) Deve-se optar pela aquisição de produtos que possuam a ENCE da classe de maior

eficiência, representada pela letra “A”, sempre que haja um número suficiente de produtos e

fabricantes nessa classe. Podem ser aceitos produtos das demais classes quando as condições

de mercado assim o exigirem.

d) Nas aquisições de refrigeradores, condicionadores de ar e demais equipamentos de

refrigeração, devem ser adquiridos produtos que utilizem gases refrigerantes ecológicos,

sempre que disponíveis no mercado.

e) Para a aquisição de aparelhos eletrodomésticos que gerem ruído, como liquidificadores e

aspiradores de pó, devem ser adquiridos produtos que apresentem nível de potência sonora

menor ou igual a 88 dB(A), a ser comprovado pelo selo ruído aposto ao produto e/ou à sua

embalagem, conforme Portaria Inmetro nº 430, de 16 de agosto de 2012, alterada pela Portaria

Inmetro nº 388, de 06 de agosto de 2013.

f) Optar, preferencialmente, pela aquisição de lâmpadas LED.

g) As aquisições de bens de informática, como computadores de mesa (desktops) e

computadores portáteis (notebook, laptop e netbook) devem observar os critérios de segurança,

compatibilidade eletromagnética e eficiência energética previstos na Portaria Inmetro nº

170/12. A comprovação da conformidade com esses critérios deve ser feita mediante

apresentação de certificados e/ou relatórios de ensaios emitidos por instituição acreditada pelo

Inmetro.

(Continuação)

(Continua)

102

h) Eletrodomésticos, equipamentos de informática e telecomunicações e demais produtos

eletroeletrônicos não devem conter certas substâncias nocivas ao meio ambiente como

mercúrio, chumbo, cromo hexavalente, cádmio, bifenil-polibromados, éteres

difenilpolibromados, em concentração acima da recomendada pela Diretiva 2002/95/EC do

Parlamento Europeu também conhecida como diretiva RoHS (Restriction of Certain

Hazardous Substances). O atendimento a essa diretriz deve ser comprovado por meio de

certificado ou por declaração do fabricante.

i) A destinação final de produtos eletroeletrônicos e seus componentes deve observar o

disposto no item - Resíduos com Logística Reversa.

Cartuchos de Tinta e de Toner

a) Cartuchos de marca diferente do equipamento a que se destinam devem possuir desempenho

equivalente ao do original. A comprovação desse critério deve ser feita através de relatório de

ensaio emitido por laboratório detentor de Certificado de Acreditação concedido pelo Inmetro,

com escopo de acreditação específico para ensaios mecânicos com base nas normas ABNT

NBR ISO/IEC 24711:2011 e 24712:2011, para cartuchos de tinta e ABNT NBR ISO/IEC

19752:2006 e 19798:2011, para cartuchos de toner.

b) A destinação final de cartuchos deve observar o disposto no item - Resíduos com Logística

Reversa.

Pneus

a) Na aquisição de pneus deve ser exigida como requisito prévio à assinatura do contrato ou

empenho a regularidade do registro do fabricante ou importador no Cadastro Técnico Federal

de Atividades Potencialmente Poluidoras e Utilizadoras de Recursos Ambientais – CTF/APP,

comprovada mediante a apresentação do certificado de regularidade emitido pelo Instituto

Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) conforme Instrução

Normativa Ibama Nº 6 DE 15/03/2013.

b) A destinação final de pneus deve observar o disposto no item Resíduos com Logística

Reversa.

Pilhas e Baterias

a) Pilhas e baterias devem conter, no corpo do produto e/ou em sua embalagem, advertências

quanto aos riscos à saúde humana e ao meio ambiente; identificação do fabricante ou deste e

do importador no caso de produtos importados, a simbologia indicativa da destinação adequada

e informação sobre a necessidade de, após seu uso, serem devolvidos aos revendedores ou à

rede de assistência técnica autorizada; conforme o art. 14, art. 16 e anexo I da Resolução

CONAMA Nº 401 de 4 de novembro de 2008.

b) Os teores de chumbo, cádmio e mercúrio devem estar em conformidade com os limites

máximos estabelecidos pela Resolução CONAMA 401/2008, comprovado pela regularidade

do registro do fabricante ou importador no Cadastro Técnico Federal de Atividades

Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras de Recursos Ambientais - CTF/APP, mediante

apresentação do certificado de regularidade emitido pelo Ibama, conforme Instrução

Normativa Ibama nº 6/2013.

c) A destinação final de pilhas e baterias deve observar o disposto no item Resíduos com

Logística Reversa.

(Continuação)

(Continua)

103

Mobiliário.

a) Todo mobiliário deve estar em conformidade com as normas técnicas da ABNT,

comprovada pela apresentação de relatório de ensaio emitido por laboratório detentor de

Certificado de Acreditação concedido pelo Inmetro, com escopo de acreditação específico para

ensaios mecânicos com base nas normas requeridas. O Relatório de Ensaio deve vir

acompanhado de documentação gráfica (desenho ou fotos) e memorial descritivo com

informação necessária e suficiente para perfeita identificação do modelo ou da linha contendo

o modelo do produto.

b) O mobiliário fabricado com madeira ou seus derivados deve observar os critérios da

rastreabilidade e da origem dos insumos de madeira a partir de fontes de manejo sustentável

em conformidade com a norma ABNT NBR 14790:2011, utilizada pelo Cerflor, ou com o

padrão FSC-SDT-40-004 V2-1. A comprovação da conformidade deve ser feita por meio do

Certificado de Cadeia de Custódia e/ou Selo de Cadeia de Custódia do Cerflor ou do FSC.

c) (...) compatibilizando-se as especificações com os critérios de sustentabilidade aqui

estabelecidos, enfatizando-se, ainda:

I. Para armários e gaveteiros a NBR 13961:2010;

II. Para mesas e estações de trabalho (mesas autoportantes conjugadas com divisórias), a NBR

13966:2008.

d) Cadeiras e poltronas, exceto longarinas e poltronas de auditório, devem estar em

conformidade com a NBR 13962:2006. A espuma, quando existente, deve ser isenta de CFC

e atender a NBR 9178:2003.

e) O mobiliário dos postos de trabalho deve atender aos requisitos da norma regulamentadora

NR-17 do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). A comprovação de atendimento deve ser

feita por meio da apresentação, para linha e modelo, de laudo de ergonomia emitido por

engenheiro de segurança do trabalho ou profissional com especialização em ergonomia

devidamente habilitado para tal finalidade.

Veículos Leves de Passageiros e Comerciais Leves

a) Os veículos leves de passageiros para uso oficial, adquiridos ou locados, devem ser movidos

exclusivamente com combustível renovável ou na forma da tecnologia “flex”.

b) Devem ser adquiridos veículos que apresentem maior eficiência energética e menor

consumo de combustível dentro de cada categoria, em conformidade com os requisitos

constantes no Regulamento de Avaliação da Conformidade para Veículos Leves de

Passageiros e Comerciais Leves. Para modelos das categorias subcompacto, compacto, médio

e grande, a comprovação da conformidade com esses critérios deve ser feita pela ENCE das

classes de maior eficiência, representadas pelas letras “A” ou “B”. Para as demais categorias

previstas na Portaria Inmetro Nº 377, de 29 de setembro de 2011, alterada pela Portaria Inmetro

Nº 522, de 31 de outubro de 2013, na ausência de classe de maior eficiência, podem ser aceitos

veículos da classe representada pela letra “C”.

c) Os veículos a serem adquiridos devem possuir nível de emissão de poluentes dentro dos

limites do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (PROCONVE).

A comprovação da conformidade deve ser feita pela ENCE com a presença de, no mínimo,

uma estrela.

(Continuação)

(Continua)

104

Vestuário

a) Na aquisição de uniformes ou outras vestimentas devem ser utilizados, preferencialmente,

produtos menos poluentes e agressivos ao meio ambiente que utilizem tecidos que tenham em

sua composição fibras oriundas de material reciclável e/ou algodão orgânico.

Assinaturas de Jornais, Revistas e Periódicos

a) Nas aquisições de assinaturas de jornais, revistas e periódicos convém que sejam adquiridas

versões eletrônicas, sempre que disponíveis no mercado.

Resíduos com Logística Reversa

Pilhas e baterias; pneus; lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista;

óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens, bem como produtos eletroeletrônicos e seus

componentes devem observar o sistema de logística reversa nos termos da Lei nº 12.305/2010,

que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, regulamentada pelo Decreto nº

7.404/2010. Deve ser incluída, no termo de referência e na minuta de contrato, cláusula

prevendo a obrigação da coleta, pela contratada, dos resíduos oriundos da contratação, para

fins de devolução ao fabricante ou importador, responsáveis pela sua destinação final

ambientalmente adequada.

a) Pilhas e baterias devem observar a Resolução CONAMA n° 401/2008.

b) Pneus devem observar a Resolução CONAMA nº 416, de 30 de setembro de 2009 e

Instrução Normativa Ibama nº 01, de 25 de janeiro de 2013.

c) Óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens devem observar a Resolução CONAMA nº

362/2005 e Acordo Setorial para a Implantação de Sistema de Logística Reversa de

Embalagens Plásticas Usadas de Lubrificantes.

d) Cartuchos de tinta, de toner e cilindros devem observar os seguintes procedimentos:

I. A sistemática de recolhimento deve indicar as quantidades mínimas de cartuchos e/ou

cilindros a serem recolhidos por evento, o intervalo e os responsáveis pelo recolhimento, bem

como a especificação e detalhamento da sua destinação;

II. Os cartuchos e/ou cilindros usados devem ser permutados, sempre que possível, por

suprimentos novos equivalentes, sem custo adicional, mediante relação de troca estabelecida

em função do número de unidades recolhidas pela contratada.

e) Devem ser considerados apropriados os procedimentos de destinação de cartuchos de tinta,

de toner e cilindros somente quando orientados para:

I. Reaproveitamento ou reutilização das peças e componentes dos suprimentos não sujeitos a

desgastes, efetivados sob supervisão do fabricante dos produtos;

II. Destinação ambientalmente adequada dos resíduos dos suprimentos, devidamente

licenciada pelo órgão ambiental competente, a ser efetivada pelo fabricante ou importador do

produto ou por representante autorizado.

Fonte: BRASIL (2014a); BRASIL (2012)

(Conclusão)

105

A lista de grupos de materiais, normas, critérios e certificados que constam no Quadro

9 não é taxativa, portanto, ela deve ser constantemente ampliada e atualizada por meio de

consultas em sites oficiais, bem como as experiências enfrentadas no dia a dia da instituição.

Pode-se também estabelecer, por meio do instrumento convocatório, a imposição de

algumas exigências (dentro dos limites da lei). Mesmo que algumas dessas obrigações tenham

um caráter muito genérico que dificultam a fiscalização há a possibilidade imposições

produzirem um efeito educativo. Elas podem ser inseridas no item do edital que trata das

obrigações da contratada. A Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC propôs uma série

de obrigações que podem ser impostas à empresa contratada, conforme constam no Quadro 10.

Quadro 10 – Obrigações Ambientais da Contratada

1. A contratada deverá atender à legislação especifica aplicada, no que couber ao objeto

desse certame.

2. A Contratada deverá contribuir para a promoção do desenvolvimento nacional

sustentável no cumprimento de diretrizes e critérios de sustentabilidade ambiental, de acordo

com o Art. 225 da Constituição Federal/1988, e em conformidade com o Art. 3º da Lei nº

8.666/1993 e com o Art. 6º da Instrução Normativa nº 01/2010, da SLTI/MPOG.

3. A Contratada deverá responsabilizar-se pela retirada dos resíduos das embalagens do

local de entrega e comprometer-se pela destinação correta dos mesmos, quando solicitado

pela Contratante.

4. Quando da utilização de adesivos, que estes sejam à base de PVA e, quando não

possível, de baixa emissão de formaldeídos.

5. Quando da utilização de revestimentos em PVC ou laminados de borda, que sejam

utilizados adesivos de contato à base de solventes não-agressivos.

6. Restringir o uso de materiais não compatíveis com a reutilização e a reciclagem.

7. Acondicionar, preferencialmente, em embalagens individuais adequadas, com menor

volume possível, utilizando materiais recicláveis, sem prejuízo à máxima proteção dos bens,

mas com mínimo desperdício, quando do transporte ou armazenamento dos bens, conforme

Instrução Normativa 01/2010, da SLTI/MPOG.

8. Indicar como será feita a coleta para correta disposição final do bem pelo fabricante.

Quando regulamentados os acordos setoriais previstos na Le inº 12305/2010, deverá ser

exigida a logística reversa, cabendo ao fornecedor o recolhimento do material.

9. As pilhas e/ou baterias devem atender ao disposto nos artigos 14 e 16 da Resolução

CONAMA 401/2008. Somente serão aceitas pilhas e baterias cuja composição respeite os

limites máximos de chumbo, cádmio e mercúrio admitidos nesta resolução, para cada tipo de

(Continua)

106

produto, conforme laudo físico-químico decomposição elaborado por laboratório acreditado

pelo INMETRO, nos termos da Instrução Normativa IBAMA n° 08/2012.

10. Reduzir, quando possível, os Retardadores de Chamas Bromados (BFRs),

Clorofluorcarboneto (CFC) e/ou Polivinilcloreto (PVC) no conteúdo das carcaças plásticas

externas e nas embalagens.

11. Fornecer produto com os principais componentes identificados, um a um, para

facilitar futuras reciclagens.

12. Fornecer produto de fácil desmontagem, permitindo a separação manual de plásticos

para reciclagem.

13. Identificar as partes do produto que contenham plásticos, segundo a NBR 13230/2008

- Embalagens e acondicionamento plásticos recicláveis e simbologia.

14. Que seja fornecida ao consumidor uma descrição das melhores formas de descarte do

produto (reutilização, reciclagem, logística reversa) classificadas em função do seu impacto

ambiental. Para cada opção, devem ser descritas claramente as precauções a tomar para

limitar o impacto ambiental. Estas informações devem estar fixadas de modo a resistir

durante a vida útil do produto.

15. Que seja fornecida ao consumidor notificação sobre o produto identificando

elementos que contenham materiais com necessidades especiais de manipulação.

16. Conceber o produto de modo que seja possível separar metal de outros componentes,

sem a utilização de ferramentas especiais. Este requisito não se aplica aos metais utilizados

em tratamentos de superfície.

Fonte: UFSC (2015)

As obrigações sugeridas no Quadro 10 são exemplificativas e podem ser adaptadas,

reduzidas ou ampliadas de acordo com cada caso. O risco de ações que possam travar o certame

é mínimo pois a legislação ambiental é ampla e rigorosa. Além disso, os Tribunais de Contas

têm entendido que a proteção ao meio ambiente se sobrepõe aos interesses particulares.

Procedimento 3. Verificar Disponibilidade no Mercado

A interação com os fornecedores deve ser estimulada visando manter a instituição

atualizada com as inovações, sobretudo no que diz respeito a alternativas mais eficientes e

menos nocivas ao meio ambiente e ao ser humano. Salientando que isso deve ser feito de forma

isenta e igualitária para não haver direcionamentos nos processos licitatórios. As pesquisas de

preços ou orçamentos de itens sustentáveis podem ser utilizados como estratégia para verificar

se o mercado ainda é restrito ou se já há alternativas aos materiais mais tradicionais.

(Conclusão)

107

De acordo com as orientações do ICLEI (2012), o momento de interação com o mercado

pode propiciar o levantamento de critérios ambientais que estão sendo incrementados pelos

fabricantes, como também oportuniza o descobrimento de alternativas sustentáveis que o

mercado atual disponibiliza. O ICLEI aconselha ainda que “esse levantamento deve ser

atualizado conforme necessário para refletir as mudanças no mercado e o progresso atingido

pelo comprador em relação às compras sustentáveis” (ICLEI, 2012, p. 49).

6.1.1.3 O Monitoramento

Os próximos passos do Plano de Implementação da Compra Pública Sustentável (Figura

16) são o Mapeamento das Compras e Seleção de Produtos-Chave, já realizados no Item 3 do

presente projeto de intervenção, que trata do Modelo Atual de Compras. O mapeamento

proposto foi abordado no subitem 6.1.1.1 (Alocação de Responsabilidades e Envolvimento dos

Atores).

A pesquisa de produtos alternativos pode ser viabilizada por meio de consultas aos

Catálogos de Materiais Sustentáveis dos órgãos públicos. A pesquisa de mercado, seja ela

presencial ou por meio da internet, também contribui para proporcionar a criação de uma lista

de itens sustentáveis cada vez mais ampla para atender as necessidades da instituição.

Os últimos passos são a realização das compras sustentáveis e o monitoramento dos

resultados alcançados. Para monitorar os resultados faz-se necessário estabelecer metas

atingíveis, de acordo com a realidade de cada caso. Inicialmente, deve-se propor metas mais

modestas e à medida que as experiências forem tendo êxito, os percentuais podem ser

aumentados paulatinamente. Para não haver conflitos, o ideal seria negociar com os servidores

envolvidos o estabelecimento dessas metas.

Como não há tempo hábil para essa negociação durante a elaboração dessa proposta de

intervenção, sugere-se inicialmente o incremento de um percentual de 25% de inclusão de

critérios de sustentabilidade ambiental aplicados aos grupos de materiais constantes do Quadro

4 – Volume de gastos por item do IFPB Campus Campina Grande, conforme disposto no

Quadro 11. As metas poderão ser revistas a depender do desempenho nos períodos de

acompanhamento.

108

Quadro 11 – Meta Proposta 2018

Meta Proposta Para o Ano de 2018 Indicador Acompanhamento

Incluir 25% de materiais permanentes e

de consumo com critérios de

sustentabilidade.

Porcentagem em relação

aos itens constantes no

Quadro 4

Mensal

Fonte: Elaborado pelo autor

Conforme já abordado é conveniente que se avalie a real necessidade do material antes

da realização do processo licitatório. Essa avaliação pode ser feita pelos demandantes com

supervisão dos gestores. Para essa apreciação, pode-se lançar mão de uma lista de verificação

simples como a que é proposta no Quadro 12.

Quadro 12 – Lista de Verificação para Avaliar Necessidade da Compra

Tópicos a Serem Verificados Antes da Compra Sim/Não Folha Obs.:

A compra é necessária?

Foram consideradas outras alternativas para a compra

como reutilização?

Foram identificados os potenciais impactos ambientais

e sociais associados?

Existe legislação específica para tratar do assunto?

Existe alguma norma específica para tratar do assunto?

Existe algum estudo, resultados de pesquisa, análise de

mercado disponível?

Existe alguma informação disponível relacionado ao

ACV?

Fonte: Adaptado de CEFOR (2015)

Outra alteração que pode surtir efeitos positivos é a colocação de um subitem referente

à inclusão de critérios de sustentabilidade na Lista de Verificação da fase interna do

procedimento licitatório, conforme já orienta a Advocacia Geral da União. O Quadro 13, mostra

no subitem 2.2, a exigência de manifestação quanto aos critérios de sustentabilidade.

109

Quadro 13 – Lista de Verificação Pregão Eletrônico

Atos Administrativos e Documentos a Serem Verificados Sim/Não Folha Obs.:

1. (...)

2. (...)

2.1. (...)

2.2. Há manifestação sobre práticas e/ou critérios de

sustentabilidade economicamente viáveis adotados no

procedimento licitatório (TCU, Ac. 2.380/2012-2ª Câmara)?

Fonte: BRASIL (2017)

6.2 ELABORAÇÃO DO PLANO DE GESTÃO DE LOGÍSTICA SUSTENTÁVEL (PLS)

E INCLUSÃO DA CPS

Conforme já discutido na Revisão da Literatura, “os Planos de Gestão de Logística

Sustentável são ferramentas para o planejamento em logística dos órgãos e entidades e pode ser

implementado por meio de variadas iniciativas detalhadas em um ou mais planos de ação”.

(BRASIL, 2014c, p. 22).

A implementação do PLS é uma obrigação dos órgãos ligados à administração pública

federal direta, autárquica e fundacional e as empresas estatais dependentes, consoante

determina os Decretos Federais 7.746/2012 e 9.178/2017. O PLS deve seguir as orientações

desses decretos, como também da Instrução Normativa SLTI - 10/2012.

Para a proposta de intervenção aqui tratada, decidiu-se adotar a metodologia sugerida

pelo Manual Procura+ que tem como inspiração o ciclo PDCA: Planejar (plan), Fazer (do),

Verificar (check) e agir corretivamente (act) (ICLEI, 2015). Essa mesma sistemática também

foi adotada para elaboração do PLS do Ministério do Planejamento (ICLEI/MP, 2013;

BRASIL, 2014c). Essa estratégia se desdobra em 6 etapas conforme demonstrado na Figura 19.

110

Figura 19 – Metodologia para Elaboração do PLS

Fonte: ICLEI/MP (2013); BRASIL (2014c); ICLEI (2015)

A partir dessa metodologia, foi elaborado o Quadro 14 com as etapas desmembradas em

ações, conforme estratégias adotadas pelo ICLEI e Ministério do Planejamento. Em cada ação,

foi apontado um diagnóstico simplificado, uma vez que o PLS ainda não foi implementado na

instituição objeto de estudo desse trabalho.

Quadro 14 – Metodologia para Elaboração do PLS

Eta

pas

Passos O Que Foi Feito O Que Falta

Pre

para

ção

Criar Comissão Gestora do PLS

Ato normativo para

formação da comissão

Gestora do PLS

Assegurar competências

técnicas, conhecimentos

jurídicos e de gestão na

composição da Comissão do

PLS

Capacitar os membros

da comissão

(Continua)

111

Envolver os servidores

Fazer reuniões para

tratar da importância

do tema e motivar os

servidores

Dia

gn

óst

ico/M

ediç

ão

Atualização/elaboração de

inventário de bens (de acordo

com a IN SEDAP nº 205 de 8 de

abril de 1988).

A última atualização

foi feita em 2016

Emitir ofício para

instaurar comissão de

avaliação do

patrimônio e

almoxarifado

Atualização/elaboração de

inventário de materiais (para

consumo no órgão no período de

1 ano).

Ato normativo para

formação da comissão

Gestora do PLS e

estabelecimento das

competências

Levantamento de práticas de

sustentabilidade e racionalização

do uso de materiais e serviços já

realizados e/ou em andamento.

Já existem algumas

iniciativas isoladas,

conforme apontado na

Introdução desse

trabalho

Gerar relatórios para

possibilitar um

acompanhamento

sistemático

Ela

bora

ção d

o P

LS

Identificar ações possíveis para

melhoria, análise de mercado,

definição de critérios de

sustentabilidade e identificação

de alternativas mais

sustentáveis.

No que se refere a essa

etapa, apenas algumas

iniciativas isoladas

foram identificadas:

uso racional de água e

energia; coleta seletiva;

aquisição de lâmpadas

econômicas e ar-

condicionado com selo

Procel “A”; dentre

outras.

Não há discussão sobre

a implementação de

um Plano de Gestão de

Logísticas Sustentável.

Após a criação da

Comissão Gestora do

PLS, adotar medidas

para viabilizar um

plano sistêmico com a

criação de indicadores

para acompanhamento

(Continuação)

(Continua)

112

Definir planos de ação com

objetivo, detalhamento de ações,

responsáveis (áreas envolvidas),

prazos, cronograma,

metodologia, indicadores,

recursos para cada prática de

sustentabilidade e de

racionalização do uso de

materiais e serviços.

Estabelecer metas para cada

plano de ação acima

mencionado.

Definir ações de divulgação,

conscientização e capacitação.

Elaborar 3 apêndices mínimos:

Apêndice 1 – Inventário de bens

e materiais; Apêndice 2 –

Diagnóstico de Práticas de

Sustentabilidade e de

Racionalização do Uso de

Materiais e Serviços

Implementadas; Apêndice 3 –

Materiais de Consumo

Sustentáveis.

Aprovação do Gestor

Imp

lem

enta

ção d

o

Pla

no

Publicação do PLS em site e

encaminhamento à Secretaria

Executiva da CISAP.

Essa etapa só poderá

ser viabilizada após a

criação da Comissão

Gestora do PLS e

elaboração do plano de

ação

(Continuação)

(Continua)

113

Realização das práticas e ações

previstas.

Mon

itora

men

to

Acompanhamento semestral: Os

resultados alcançados serão

avaliados semestralmente pela

comissão gestora, utilizando, no

mínimo, os indicadores

elencados.

Essa etapa só poderá

ser viabilizada após a

criação da Comissão

Gestora do PLS e

elaboração do plano de

ação

Compartilhamento de soluções

novas, experiências e boas

práticas com outras instituições

e órgãos públicos.

Identificação de desvios,

obstáculos e de necessidade de

ações adicionais.

Ver

ific

açã

o e

Avali

açã

o

Anualmente: Elaboração de

relatório de acompanhamento do

PLS de forma a evidenciar o

desempenho de cada órgão ou

entidade, contendo:

I - Consolidação dos resultados

alcançados;

II – Identificação e definição das

ações a serem desenvolvidas ou

modificadas para o ano

subsequente.

Essa etapa só poderá

ser viabilizada após a

criação da Comissão

Gestora do PLS e

elaboração do plano de

ação

Revisão do PLS.

Fonte: Adaptado de ICLEI/MP (2013); BRASIL (2014c)

(Conclusão)

114

Como se pode depreender do Quadro 14, a primeira ação que precisa ser adotada é a

criação da Comissão Gestora do PLS, pois sem essa medida a implementação dificilmente

ocorrerá, já que as etapas seguintes guardam estreita relação com a criação dessa Comissão.

Consequentemente, as iniciativas continuarão acontecendo de forma isolada e sem o devido

monitoramento, o que pode inviabilizar a política ambiental da instituição.

Essa realidade apontada acima fica evidente quando se analisa as práticas sustentáveis

que têm sido realizadas no IFPB – Campus Campina Grande. Essas medidas são isoladas, sem

acompanhamento e integração com outras ações. Além disso, não há divulgação nem incentivo

para que novas práticas sejam implementadas.

Como exemplo desse cenário, pode-se citar a coleta seletiva instituída no Campus.

Foram instalados os coletores, porém não houve uma campanha educativa, nem sequer se

pensou na destinação final dos resíduos. Essa falta de planejamento inviabilizou essa medida,

uma vez que os resíduos coletados acabam sendo misturados e recolhidos pelos caminhões

coletores da prefeitura.

Outras iniciativas como a redução do consumo de água e de energia também padecem

de falta de planejamento e integração com outras meditas, pois não há construção de indicadores

nem metas estabelecidas. Também há uma tentativa de diminuir o consumo de papel ofício,

adotando-se dentre outras medidas a impressão frente e verso. No entanto, não há um processo

de avaliação ou acompanhamento para verificar os resultados.

A inclusão de critérios de sustentabilidade ambiental nas compras também acontece de

forma isolada e desconexa necessitando, portanto, de uma abordagem mais sistêmica. Toda essa

conjuntura traçada acima, só reforça a importância e a urgência de criação da Comissão Gestora

do PLS e a consequente elaboração desse plano no âmbito do IFPB – Campus Campina Grande.

6.2.1 Eixos Temáticos

A IN nº 10 SLTI/MP elenca uma lista de eixos temáticos mínimos que devem fazer parte

do desenvolvimento do PLS, são eles: I – Materiais de Consumo; II – Energia Elétrica; III –

Água e Esgoto; IV – Coleta Seletiva; V – Qualidade de Vida no Ambiente de Trabalho; VI –

Compras e Contratações, conforme consta detalhado no Quadro 15.

115

Quadro 15 – Eixos Temáticos Mínimos do PLS

I – MATERIAIS DE CONSUMO

Papel

1. Dar preferência ao uso de mensagens eletrônicas (e-mail) na comunicação evitando o uso

do papel; 2. Substituir o uso de documento impresso por documento digital; 3. Imprimir

apenas se necessário; 4. Revisar os documentos antes de imprimir; 5. Controlar o consumo

de papel para impressão e cópias; 6. Programar manutenção ou substituição das impressoras,

em razão de eficiência; 7. Imprimir documentos no modo frente e verso; 8. Reaproveitar o

papel impresso em apenas um lado, para a confecção de blocos de rascunho; 9. Utilizar papel

reciclado ou papel branco produzido sem uso de substâncias cloradas nocivas ao meio

ambiente; e 10. Realizar campanhas de sensibilização para redução do consumo de papel.

Copos Descartáveis

1. Dar preferência para os copos produzidos com materiais que propiciem a reutilização ou a

reciclagem com vistas a minimizar impactos ambientais adversos; e 2. Realizar campanhas

de sensibilização para conscientizar os servidores a reduzirem o consumo de copos

descartáveis.

Cartucho de Impressão

1. Dar preferência à utilização de impressão com estilo de fonte de texto capaz de economizar

tinta ou toner.

II – ENERGIA ELÉTRICA

1. Fazer diagnóstico da situação das instalações elétricas e propor as alterações necessárias

para redução do consumo; 2. Monitorar o consumo de energia; 3. Promover campanhas de

conscientização; 4. Desligar luzes e monitores ao se ausentar do ambiente; 5. Fechar as portas

e janelas quando ligar o ar condicionado; 6. Aproveitar as condições naturais do ambiente de

trabalho – ventilação, iluminação natural; 7. Desligar alguns elevadores nos horários de

menor movimento; 8. Revisar o contrato visando à racionalização em razão da real demanda

de energia elétrica do órgão ou entidade; 9. Dar preferência, quando da substituição, a

aparelhos de ar-condicionado mais modernos e eficientes, visando reduzir o consumo de

energia; 10. Minimizar o consumo de energia reativa excedente e/ou demanda reativa

excedente, visando reduzir a quantidade de reatores ou adquirindo um banco de capacitores;

11. Utilizar, quando possível, sensores de presença em locais de trânsito de pessoas; e 12.

Reduzir a quantidade de lâmpadas, estabelecendo um padrão por m² e estudando a viabilidade

de se trocar as calhas embutidas por calhas "invertidas".

(Continua)

116

III – ÁGUA E ESGOTO

1. Realizar levantamento e monitorar, periodicamente, a situação das instalações hidráulicas

e propor alterações necessárias para redução do consumo; 2. Monitorar o uso da água; 3.

Promover campanhas de conscientização para o não desperdício da água; 4. Dar preferência

a sistema de medição individualizado de consumo de água; 5. Dar preferência a sistema de

reuso de água e de tratamento dos efluentes gerados; 6. Analisar a viabilidade do

aproveitamento da água de chuva, poços artesianos; 7. Criar rotinas acerca da periodicidade

de irrigação de jardins, de forma a estipular períodos padronizados para esta atividade em

cada época do ano; 8. Dar preferência ao uso de descargas e torneiras mais eficientes; e 9.

Dar preferência à lavagem ecológica.

IV – COLETA SELETIVA

1. Promover a implantação da coleta seletiva observada a Resolução do CONAMA nº 275 de

25 de abril de 2001, ou outra legislação que a substituir; 2. Promover a destinação sustentável

dos resíduos coletados; e 3. Implantar a coleta seletiva solidária nos termos do Decreto nº

5.940 de 25 de outubro de 2006, ou outra legislação que a substituir.

V – QUALIDADE DE VIDA NO AMBIENTE DE TRABALHO

1. Adotar medidas para promover um ambiente físico de trabalho seguro e saudável. 2. Adotar

medidas para avaliação e controle da qualidade do ar nos ambientes climatizados. 3. Realizar

manutenção ou substituição de aparelhos que provocam ruídos no ambiente de trabalho; 4.

Promover atividades de integração e de qualidade de vida no local de trabalho; 5. Realizar

campanhas, oficinas, palestras e exposições de sensibilização das práticas sustentáveis para

os servidores com divulgação por meio da intranet, cartazes, etiquetas e informativos; e 6.

Produzir informativos referentes a temas socioambientais, experiências bem-sucedidas e

progressos alcançados pela instituição.

VI – COMPRAS E CONTRATAÇÕES

1. Dar preferência, quando possível, à aquisição de bens reciclados ou recicláveis; 2. Dar

preferência à utilização de impressoras que imprimam em frente e verso; 3. Incluir no

contrato de reprografia a opção de impressão dos documentos em frente e verso; 4. Dar

preferência, quando possível, à aquisição de papéis reciclados, isentos de cloro elementar ou

branqueados a base de oxigênio, peróxido de hidrogênio e ozônio; 5. Incluir nos contratos de

(Continuação)

(Continua)

117

copeiragem e serviço de limpeza a adoção de procedimentos que promovam o uso racional

dos recursos e utilizem produtos reciclados, reutilizados e biodegradáveis; 6. Exigir

comprovação de origem das madeiras quando da aquisição de bens e na contratação de obras

e serviços; 7. Priorizar, quando possível, o emprego de mão de obra, materiais, tecnologias e

matérias-primas de origem local; 8. Revisar o contrato de limpeza visando à racionalização

em razão do real dimensionamento da área objeto do serviço contratado; 9. Utilizar, quando

possível, software de comunicação eletrônica para o envio de mensagens instantâneas

(instant text messaging) ou para a transmissão de voz (Voice over Internet Protocol – VoIP);

10. Adotar, quando possível, uma rede de comunicações telefônicas, entre unidades de um

mesmo órgão ou entidade; 11. Revisar normas internas e os contratos de telefonia fixa e

móvel visando a racionalização em relação ao limite de custeio, à distribuição de aparelhos

e ao uso particular dos aparelhos; 12. Revisar o contrato de telefonia fixa e móvel visando à

adequação do plano contratado com a real necessidade do órgão ou entidade; 13. Adotar

segurança eletrônica, sempre que possível, nos pontos de acesso dos edifícios dos órgãos ou

entidades, visando auxiliar a prestação do serviço de vigilância; 14. Revisar normas internas

e os contratos de vigilância visando o real dimensionamento dos postos de trabalho; 15.

Substituir, se possível, a segurança armada por desarmada, nos locais internos do órgão ou

entidade; 16. Fomentar compras compartilhadas.

Fonte: BRASIL (2014c)

A partir desses eixos temáticos, deve-se elaborar as ações práticas, detalhando como

elas serão realizadas para que as metas sejam atingidas. Com esse propósito, pode-se estruturar

uma série de ações que contenham itens como cronograma, prazos, responsáveis, indicadores,

recursos etc. (BRASIL, 2014c).

6.2.2 Propostas de Metas, Ações e Indicadores para o Eixo Compras Sustentáveis

O estabelecimento de metas tem o papel de nortear a implementação de qualquer

política, estimulando os atores envolvidos durante o transcurso desse processo. Já os

indicadores são importantes para aferir se as metas estão sendo atingidas e para o

acompanhamento dos resultados e aplicações das correções necessárias, caso os resultados não

sejam aqueles esperados no início. Dessa forma, pode-se rever o planejamento e estabelecer

novas metas. O Quadro 16 detalha a sugestão de um conjunto de metas, ações, indicadores e

responsáveis proposta pela intervenção aqui desenvolvida.

(Conclusão)

118

Quadro 16 – Metas e Ações Propostas para Implementação da CPS

Metas Ações Indicadores Responsáveis

Aumentar em

25% o número

de itens

adquiridos com

critérios de

sustentabilidade.

1. Elaborar o Catálogo de

Materiais Sustentáveis da

unidade

Quantidade de itens

inseridos no catálogo

Setor de

Compras

2. Elaborar lista com critérios

de sustentabilidade para

consultas

Quantidade de

critérios acrescentados

na lista

Setor de

Compras

3. Incluir nos materiais

solicitados os critérios de

sustentabilidade que já

possuem formas de

comprovação (selos e

certificados) de instituições

públicas e outras acreditadas

Quantidade de

critérios inseridos

comparado a

quantidade de itens

Coordenadores

Solicitantes

4. Incluir nos editais as

obrigações ambientais das

licitantes

Quantidade de editais

com obrigações

ambientais

Setor de

Compras

Ampliar o

alcance das

práticas e

políticas

sustentáveis no

setor de

compras.

5. Promover cursos de

capacitação a toda equipe do

setor de compras e demais

servidores responsáveis pelos

pedidos

Quantidade de

servidores capacitados Diretores

6. Incluir o tema compras

sustentáveis nas reuniões de

da instituição e criar grupos de

discussão sobre o tema

Quantidade de

reuniões que

abordaram o tema

Diretores

(Continua)

119

7. Criar um espaço virtual no

Portal IFPB para divulgação

das compras sustentáveis

Quantidade de

processos publicados

nesse espaço

Coordenação de

Comunicação

8. Estimular, por meio de

campanhas educativas, o agir

sustentável nos pedidos de

aquisição, assim como no uso

de materiais e equipamentos.

Quantidade de

campanhas educativas

desenvolvidas

Comissão

Gestora do PLS

9. Fazer levantamentos para

gerar relatórios quantitativos e

qualitativos sobre os

resultados alcançados

Quantidade de

relatórios gerados

Setor de

Compras

Implementar o

PLS na

instituição

10. Formar a Comissão

Gestora do PLS que poderá

também avaliar se nos

materiais que compõem os

pedidos de compras estão

sendo inseridos critérios de

sustentabilidade

Portarias, Resoluções

e ofícios oficializando

a criação da comissão

e suas competências

Diretor Geral

11. Elaborar o Plano de

Gestão de Logística

Sustentável, incluindo nele as

compras sustentáveis.

Quantidade de

reuniões da comissão;

documentos

elaborados; medidas

implementadas

Comissão

Gestora do PLS

Fonte: Elaborado pelo autor

Para acompanhamento da progressão de inclusão de critérios de sustentabilidade nos

materiais adquiridos nos pregões eletrônicos do IFPB – Campus Campina Grande, propõe-se

um modelo de inventário das compras sustentáveis sugerido pelo ICLEI em parceria com o

Ministério do Planejamento, conforme se pode verificar no Quadro 17.

(Conclusão)

120

Quadro 17 – Modelo de Inventário para Acompanhamento das Compras Sustentáveis

Fonte: ICLEI/Ministérios do Planejamento (2013)

SCORECARD DE COMPRAS

Produto

Unidade

de

medida

(unidade,

kg, m2)

Total de

unidades

Adquiridas

Critérios

sustentáveis

foram

usados?

(S/N)

Unidades

adquiridas

de acordo

com os

critérios

identificados

Gasto total

(R$) Total de

unidades

Adquiridas

Critérios

sustentáveis

foram

usados?

(S/N)

Unidades

adquiridas

de acordo

com os

critérios

identificados

Gasto total

(R$)

Unidades

sustentáveis Total

Unidades

sustentáveis Total

2018 2019

121

As ferramentas e os planos de ação propostos nos quadros citados acima podem e devem

ser melhorados constantemente à medida que as experiências mostrarem essa necessidade. Um

processo complexo como a implementação de licitações sustentáveis requer persistência e

tempo para alcançar os resultados esperados, ou seja, é um processo evolutivo que precisa

transpor as mudanças de gestão, transformando-se em uma política perene.

Além disso, todas essas ações precisam estar ancoradas em dois pilares que também têm

grande relevância para que essa proposta alcance êxito, trata-se da capacitação e da

comunicação que foram dois aspectos recorrentes nas falas dos entrevistados. No próximo

subitem abordaremos esses dois aspectos.

6.3 CAPACITAÇÃO E COMUNICAÇÃO

Conforme salientam BAHIA e ICLEI (2012), a implementação de um tema novo, como

é o caso de CPS, demanda investimentos em capacitação. Os autores supracitados apontam que

a relutância em aceitar as mudanças de uma nova filosofia representa uma das maiores barreiras

impostas, conforme também foi demonstrado nesse estudo.

Para suplantar essas barreiras os autores sugerem a capacitação dos envolvidos, pois a

partir do momento que os novos conceitos passam a ser compreendidos, a resistência diminui

e os participantes tornam-se mais abertos às mudanças. Nessa pesquisa, a capacitação foi

colocada como um dos principais fatores facilitadores. Além disso, a falta de capacitação é vista

pelos respondentes como uma das principais barreiras internas. Por isso, sanar essa deficiência

é importante para que a CPS seja implementada.

Muitas instituições públicas e privadas, consideradas renomadas na área de licitações,

ofertam cursos de capacitação voltados para implementação do processo licitatório com

inclusão de critérios sustentáveis. Pensando na economicidade e sem prejuízo da qualidade,

sugere-se a adoção das capacitações ofertadas de forma gratuita pelas instituições públicas

enumeradas no Quadro 18.

Quadro 18 – Cursos de Capacitação em Licitações Públicas Sustentáveis

ENAP – Escola Nacional de Administração Pública

Objetivo: Compreender o que são critérios de sustentabilidade e sua aplicação nas

contratações no Setor Público por meio de sua utilização em termos de referência, projetos

(Continua)

122

básicos, editais para aquisições de bens e contratação de obras e serviços; Elaboração de Planos

de Gestão de Logística Sustentável.

Público-Alvo: Servidores públicos do poder Executivo; Atendimento por demanda.

Carga Horária: 24 horas

Local: Brasília-DF

ESAF – Escola de Administração Fazendária

Objetivo: Capacitar os servidores para o desenvolvimento de práticas sustentáveis com

critérios socioambientais nos procedimentos de aquisição de bens, serviços e obras, explorando

a sustentabilidade dos/nos contratos administrativos e nas ações rotineiras do serviço público,

tornando-os aptos para contratar, gerir e fiscalizar contratos que atendam a política ambiental

e para o uso racional dos materiais e dos recursos naturais.

Público-Alvo: Servidores técnicos e docentes que atuam nos setores de compras e contratações

de produtos e serviços.

Carga Horária: 20 horas

Local: Atendimento na instituição

AGU – Advocacia Geral da União

Objetivo: Capacitação pública promovida pela AGU e parceiros sobre Licitações

Sustentáveis. Haverá palestras e oficinas; a ideia é um evento que possibilite maior interação

entre os presentes e palestrantes, que seja efetivo, prático e com resultados para o incremento

das ações de sustentabilidade na Administração Pública.

Público-Alvo: Membros e servidores da AGU; Magistrados e Procuradores do Estado e

Municípios; Servidores dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário; Advogados;

Estudantes de Direito

Carga horária: 15 horas

Local: Escola da AGU/PE

Fonte: AGU (2015); ESAF (2016); ENAP (2017)

A sugestão inicial é que se faça a capacitação dos servidores ligados ao setor de

licitações, dos diretores, chefes de departamento e coordenadores demandantes. Após essa

primeira providência, pode-se selecionar os mais aptos e mais interessados pela temática para

(Conclusão)

123

iniciar um processo de multiplicação do conhecimento sobre licitações sustentáveis, até que as

ideias fossem disseminadas por toda a comunidade interna.

Outras iniciativas podem contribuir com esse processo de comunicação e propagação

de uma cultura em prol da CPS. Como por exemplo, a realização de workshops, minicursos,

simpósios, palestras etc., durante a Semana de Meio Ambiente que acontece anualmente na

instituição. Além disso, pode-se incluir na matriz curricular de alguns cursos (Administração,

por exemplo), o tema Compras Sustentáveis. Isso poderia ser retratado como tema transversal

dentro do eixo sustentabilidade.

Também há a possibilidade de criação de um jornal eletrônico tratando do tema

Licitações Sustentáveis e outros tópicos que tratem de meio ambiente e sustentabilidade. Essas

publicações podem ser divulgadas no site do IFPB, nas mídias sociais da instituição e nos

endereços eletrônicos dos servidores. O texto da publicação poderia ser feito por servidores

capacitados e a edição e publicização ficaria a cargo da Coordenação de Comunicação do

Campus.

Após essas reflexões, pode-se perceber que tanto a literatura já apontada quanto os dados

apurados nesse trabalho denotam a importância da capacitação e de um processo de

comunicação para que as compras sustentáveis sejam de fato implementadas. Na instituição

aqui analisada, há uma boa estrutura física e de pessoal, como também predisposição dos

gestores e demais atores envolvidos para colocar em prática as alterações ora sugeridas, porém,

ao que tudo indica, é necessário que haja uma maior preocupação com a qualificação do quadro

de servidores, da mesma maneira que se faz oportuno desenvolver um esforço de

sustentabilidade nos processos de compras.

124

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O tema compras públicas sustentáveis começa a se desenhar a partir da década de 1990,

quando se passa a reconhecer o poder público como ator importante na implementação das

políticas ambientais, sobretudo com a elaboração da Agenda 21 que enfatizou a importância do

consumo consciente. Sabe-se que o poder público é um grande consumidor de toda sorte de

produtos e serviços, que pode ser uma ferramenta estratégica que pode modificar o processo

produtivo das empresas no sentido de adotarem práticas mais sustentáveis.

Muitos encontros realizados pela ONU em parceria com governos ao redor do mundo e

entidades dedicadas à causa ambiental, trataram da importância do consumo consciente,

sobretudo do poder público. Nessas grandes conferências, nos quais se idealizou o conceito de

Licitações Sustentáveis – também conhecidas como Ecoaquisição, Compras Verdes, Compra

Ambientalmente Amigável, Licitação Positiva etc. – foram idealizadas muitas iniciativas e

programas para promover essa ferramenta, hoje tão divulgada. Alguns exemplos dessas

iniciativas são: a Campanha Procura+ do ICLEI (Governos Locais pela Sustentabilidade) para

implementação de compras públicas sustentáveis; As 7 Forças-Tarefa de Marrakesh, que

incluía a Compra Pública Sustentável como um plano de ação estratégico; Os 17 Objetivos do

Desenvolvimento Sustentável da ONU, que traz dentre eles o Objetivo 12 – Assegurar padrões

de produção e de consumo sustentáveis, cujo subitem 12.7 trata especificamente de “Promover

práticas de compras públicas sustentáveis, de acordo com as políticas e prioridades nacionais”

(ONU, 2015), dentre outras iniciativas.

O Brasil também embarcou nessa nova filosofia e desenvolveu uma legislação bastante

abrangente que trata de compras sustentáveis de forma direta ou indireta. A começar pela Lei

Geral de Licitações que teve o art. 3º alterado pela Lei 12.349/2010 para inclusão do

Desenvolvimento Nacional Sustentável como um dos objetivos da licitação. Posteriormente,

essa alteração foi regulamentada pelos Decretos 7.746/2012 e 9.178/2017 que passaram a exigir

a inclusão de critérios de sustentabilidade socioambientais nas contratações de materiais e

serviços realizadas pela administração pública federal direta, autárquica e fundacional e pelas

empresas estatais dependentes. Ademais, foram elaboradas uma série de normas (leis, decretos,

instruções normativas, resoluções, portarias etc.) que regulamentam e/ou orientam como

proceder para implementar as compras públicas sustentáveis.

Além de todo esse arcabouço legal, muitos programas e iniciativas foram desenvolvidos

no nosso país para incentivar o consumo consciente e a implementação das chamadas licitações

verdes. Entre esses projetos, estão a Agenda 21 Brasileira que incluiu como objetivo “a

125

produção e o consumo sustentáveis contra a cultura do desperdício”; A Agenda Ambiental na

Administração Pública (A3P) que foi organizada em eixos temáticos, dentre eles as licitações

sustentáveis; O Plano de Ação para Produção e Consumo Sustentáveis (PPCS), cujos temas

abordados como prioridade são, dentre outros, as compras públicas sustentáveis; O Plano de

Gestão de Logística Sustentável (PLS), que traz como sugestão de práticas sustentáveis as

compras e contratações.

Após toda essa estruturação, muitos órgãos públicos começaram a promover essas

práticas, buscando integrar as licitações sustentáveis ao cotidiano de suas atividades. Muitas

instituições conseguiram bons resultados, porém, a literatura aponta que ainda há muitas

barreiras a serem transpostas para que as licitações sustentáveis sejam de fato incorporadas ao

serviço público.

A pesquisa ora apresentada teve como escopo a construção de um modelo de gestão

para as compras públicas do IFPB – Campus Campina Grande, levando em consideração a

inclusão de critérios de sustentabilidade ambiental. No percurso metodológico foram adotados

a análise documental, pesquisa de campo (observação in loco, coleta de dados pessoais e

entrevistas semiestruturadas) e observação participante. Os dados coletados foram apreciados

por meio da técnica de análise de conteúdo das conversações resultantes das entrevistas. As

informações coletadas nas entrevistadas objetivaram subsidiar a construção do novo modelo de

compras sustentáveis proposto.

Após a análise dos dados, os indicadores construídos apontaram uma série de barreiras

percebidas pelos entrevistados (falta de capacitação, ausência de incentivos, inércia da gestão,

inexistência de um processo de comunicação, escassez de mercado, relutância dos envolvidos,

ausência de fiscalização dos órgãos de controle etc.)

Como se pode perceber, muitas barreiras ainda estão presentes nas instituições públicas

quando o assunto é licitação sustentável, demonstrando que é necessário envidar todos os

esforços e ferramentas disponíveis para que essa realidade seja modificada.

Entre os aspectos positivos apontados por essa pesquisa está a percepção por parte dos

entrevistados de que as compras públicas sustentáveis geram muitos efeitos benéficos, como a

contribuição efetiva para melhorias do meio ambiente, um melhor custo-benefício, a capacidade

de orientação do mercado para uma produção mais sustentável, propiciar uma imagem positiva

perante a sociedade etc.

Após a identificação dessas barreiras e aspectos facilitadores, foi proposto uma

sucessão de ações e procedimentos para consubstanciar um plano de implementação baseado

no Plano de Gestão de Logística Sustentável (PLS), no Manuais Procura+ do ICLEI em uma

126

série de manuais de compras públicas sustentáveis de diversos órgãos. O modelo proposto tem

como uma das vantagens, o fato de já ter sido implementado por diversos órgãos de mesma

natureza, necessitando que se faça os devidos ajustes para adaptar-se ao local onde será

desenvolvido.

Essas medidas serviram de base para sugerir uma série de itens sustentáveis, critérios

de sustentabilidade ambiental, métodos de comprovação, obrigações ambientais para os

licitantes, estabelecimento de metas e indicadores, listas de verificação e outras estratégias para

implementar a compras sustentável.

Com relação às limitações, enfatize-se que a ideia inicial era validar esse modelo,

apresentando o mesmo para todos os atores envolvidos no processo de compras para que fosse

avaliado. Porém, essa pretensão não foi atingida por causa das férias docentes e pela exiguidade

do tempo para entrega dessa pesquisa. Essa medida pode ser viabilizada em momento oportuno

para que esse modelo de intervenção seja constantemente melhorado.

Como alternativa a essa limitação, o modelo foi apresentado, de forma individual, aos

servidores do Setor de Compras e Licitações e aos diretores que se mostraram bastante

entusiasmados com a proposta. No entanto, estes salientaram que a formação da Comissão

Gestora do PLS é um processo que deve levar um pouco mais de tempo para ser viabilizada

devido à falta de pessoal qualificado para essa missão. Levantou-se então, a possibilidade de

levar essa discussão para apreciação do Conselho Diretor, momento em que será feita a

apresentação dessa proposta. Assim, embora haja apoio para implementação integral da

proposta, aconselhou-se que inicialmente, busque-se adotar as práticas necessárias para incluir

os critérios de sustentabilidade aqui recomendados e, em momento oportuno, quando for

possível a definição de como será viabilizada a Formação da Comissão Gestora do PLS, esse

plano seja colocado em ação.

Diante de tudo que foi exposto, entende-se que os objetivos propostos por este trabalho

foram atingidos. Por fim, recomenda-se que este modelo seja sempre revisto e atualizado com

a participação de toda comunidade, visando seu constante aperfeiçoamento e adaptação a

realidade local, pois dessa forma haverá maior possibilidade dessa proposta ser bem-sucedido.

127

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Lei no 11.273, de 6 de fevereiro de 2006. Disponível em:

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bens e serviços comuns, e dá outras providências. Disponível em: <

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8.666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal,

institui normas para licitações e contratos da Administração Pública e dá outras providências.

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10.520, de 17 de junho de 2002. Institui, no âmbito da União, Estados, Distrito Federal e

Municípios, nos termos do art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, modalidade de licitação

denominada pregão, para aquisição de bens e serviços comuns, e dá outras providências.

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12.462, de 04 de agosto de 2011. Institui o Regime Diferenciado de Contratações Públicas -

RDC; altera a Lei no 10.683, de 28 de maio de 2003, que dispõe sobre a organização da

Presidência da República e dos Ministérios, a legislação da Agência Nacional de Aviação Civil

(Anac) e a legislação da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero); cria a

Secretaria de Aviação Civil, cargos de Ministro de Estado, cargos em comissão e cargos de

Controlador de Tráfego Aéreo; autoriza a contratação de controladores de tráfego aéreo

temporários; altera as Leis nos 11.182, de 27 de setembro de 2005, 5.862, de 12 de dezembro

de 1972, 8.399, de 7 de janeiro de 1992, 11.526, de 4 de outubro de 2007, 11.458, de 19 de

março de 2007, e 12.350, de 20 de dezembro de 2010, e a Medida Provisória no 2.185-35, de

24 de agosto de 2001; e revoga dispositivos da Lei nº 9.649, de 27 de maio de 1998. Disponível

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Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006. Institui o Estatuto Nacional da

Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte; altera dispositivos das Leis no 8.212 e 8.213,

ambas de 24 de julho de 1991, da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo

Decreto-Lei no 5.452, de 1º de maio de 1943, da Lei no 10.189, de 14 de fevereiro de 2001, da

Lei Complementar no 63, de 11 de janeiro de 1990; e revoga as Leis no 9.317, de 5 de dezembro

de 1996, e 9.841, de 5 de outubro de 1999. Disponível em:

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para estabelecer critérios, práticas e diretrizes para a promoção do desenvolvimento nacional

sustentável nas contratações realizadas pela administração pública federal, e institui a Comissão

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regulamenta o art. 3º da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, para estabelecer critérios, práticas

e diretrizes para a promoção do desenvolvimento nacional sustentável nas contratações

realizadas pela administração pública federal direta, autárquica e fundacional e pelas empresas

estatais dependentes, e institui a Comissão Interministerial de Sustentabilidade na

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141

ANEXO A – Quadro de Normas

LEIS FEDERAIS

Lei nº 6.938/1981 –

Política Nacional do

Meio Ambiente;

Estabelece os princípios da regulamentação ambiental e define, entre seus objetivos,

que é preciso compatibilizar o desenvolvimento econômico-social com a preservação

da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico. Estabelece diretrizes gerais

para todos os entes públicos (poderes Executivo, Judiciário e Legislativo) e para a

sociedade, servindo de fundamento legal genérico para a atuação da administração

na adoção de critérios de sustentabilidade nas compras públicas.

Lei no 9.660/1998 Dispõe sobre a substituição gradual da frota oficial de veículos da administração

pública, visando incentivar o uso de veículos movidos a combustíveis renováveis.

Lei n. 10.257/01 –

Estatuto das Cidades

Art. 2º, Inciso VIII: A adoção de padrões de produção e consumo de bens e serviços

e de expansão urbana compatíveis com os limites da sustentabilidade ambiental,

social e econômica do Município e do território sob sua área de influência.

Lei no 12.187/2009

Política Nacional sobre

Mudança do Clima

Estabelece como uma das diretrizes para a consecução dos objetivos da política o

estímulo e o apoio à manutenção e à promoção de padrões sustentáveis de produção

e consumo e, para tanto, coloca como uma das medidas para a eficácia da política o

estabelecimento de critérios de preferência nas licitações e concorrências públicas

para as propostas que propiciem maior economia de energia, água e outros recursos

naturais e redução da emissão de gases de efeito estufa e de resíduos (Artigo 5o);

Dispõe sobre o estabelecimento de critérios de preferência nas licitações, para as

propostas que propiciem maior economia de energia, água e outros recursos naturais

e redução da emissão de gases de efeito estufa e de resíduos (art. 6º, XII).

Lei nº 12.305/2010

Política Nacional de

Resíduos Sólidos;

Art. 7º. São objetivos da Política Nacional de Resíduos Sólidos:

XI - prioridade, nas aquisições e contratações governamentais, para:

a) produtos reciclados e recicláveis;

b) bens, serviços e obras que considerem critérios compatíveis com padrões de

consumo social e ambientalmente sustentáveis;

DECRETOS FEDERAIS

Decreto no 2.783/1998

Vedou a aquisição de produtos ou equipamentos que contenham ou façam uso de

substâncias que destroem a camada de ozônio (SDO) pelos órgãos e pelas entidades

da administração pública federal direta, autárquica e fundacional.

Decreto no 4.131/2002 Dispõe sobre medidas emergenciais de redução do consumo de energia elétrica no

âmbito da administração pública federal, determinando que, na aquisição de

(Continua)

142

materiais e equipamentos ou contratação de obras e serviços, devem ser adotados

requisitos inerentes à eficiência energética.

INSTRUÇÕES NORMATIVAS SLTI/MPOG

Instrução Normativa

SLTI/MP no 02 de

04/06/2014

Dispõe sobre regras para a aquisição ou locação de máquinas e aparelhos

consumidores de energia pela Administração Pública Federal direta, autárquica e

fundacional, e uso da Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE) nos

projetos e respectivas edificações públicas federais novas ou que recebam retrofit.

RESOLUÇÕES CONAMA

Resolução Conama no

20/1994

Dispõe sobre a instituição do selo ruído, de uso obrigatório para aparelhos

eletrodomésticos que geram ruído em seu funcionamento.

Resolução Conama no

267/2000

Dispõe sobre a proibição da utilização de substâncias que destroem a camada de

ozônio.

Resolução Conama no

307/2002

Estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da

construção civil.

Resolução Conama no

416/2009

Dispõe sobre a prevenção à degradação ambiental causada por pneus inservíveis e

sua destinação ambientalmente adequada, e dá outras providências.

Resolução Conama no

401/2008

Estabelece os limites máximos de chumbo, cádmio e mercúrio para pilhas e baterias

comercializadas no território nacional e os critérios e padrões para o seu

gerenciamento ambientalmente adequado, e dá outras providências.

PORTARIAS MMA

Portaria SLTI/MP no

2/2010

Dispõe sobre as especificações padrão de bens de tecnologias da informação. Em

atendimento à IN no 1/2010 da SLTI/ MP, determina que a administração pública

federal direta, autárquica e fundacional deve contemplar preferencialmente as

especificações de bens com configurações aderentes aos computadores sustentáveis,

também chamados TI Verde, utilizando, assim, materiais que reduzam o impacto

ambiental.

Portaria nº 61 – MMA,

de 15/05/2008

Estabelece práticas de sustentabilidade ambiental a serem observadas pelo MMA e

por suas entidades vinculadas quando das compras públicas.

Portaria nº 43 – MMA,

de 28/01/2009

Proíbe o uso de amianto em obras públicas e veículos de todos os órgãos vinculados

à administração pública;

(Continuação)

(Continua)

143

Portaria nº 23 – MPOG

Estabelece boas práticas de gestão e uso de Energia Elétrica e de Agua nos órgãos e

entidades da Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional e dispõe

sobre o monitoramento de consumo desses bens e serviços.

Portaria MMA nº 253,

de

18/08/2006

Institui o Documento de Origem Florestal - DOF em substituição à Autorização para

Transporte de Produtos Florestais – ATPF.

Portaria

Interministerial nº 09,

de 07/10/2014

Publica a Lista Nacional de Agentes Cancerígenos para Humanos (LINACH), como

referência para formulação de políticas públicas, na forma do anexo a esta Portaria.

PORTARIAS INMETRO

Portaria Inmetro nº

344, de 22/07/2014

Aprovar o aperfeiçoamento dos Requisitos de Avaliação da Conformidade para

Equipamentos para Consumo de Água

Portaria Inmetro nº 77,

de 24/02/2016

Estabelecer que o art. 6° da Portaria Inmetro n° 344/2014 passará a viger com a

seguinte redação: “Art. 6º Determinar que a partir de 24 de julho de 2016, os

Equipamentos para Consumo de Água deverão ser fabricados e importados somente

em conformidade com os Requisitos ora aprovados e devidamente registrados no

Inmetro

Portaria Inmetro nº 20,

de 01/02/2006

Torna compulsória a etiquetagem de refrigeradores e seus assemelhados de uso

doméstico.

Portaria Inmetro nº

497, de 28/12/2011

Torna compulsória a certificação de micro-ondas e delega a fiscalização aos órgãos

conveniados.

Portaria Inmetro nº

174, de 12/04/2012 Regulamento Técnico da Qualidade para Fornos de Micro-ondas.

Portaria Inmetro nº 20,

de 18/01/2012

Requisitos de Avaliação da Conformidade para Ventiladores de Mesa, Parede,

Pedestal e Circuladores de Ar ou aparelhos comercializados para este fim

(Conclusão)

144

APÊNDICE A – Roteiro para Entrevista 1 - Percepção dos Coordenadores Solicitantes

1. Você conhece o termo compras públicas sustentáveis, sabe do que se trata e conhece

alguma norma que regulamenta o assunto?

2. Qual a sua opinião sobre a adoção de critérios de sustentabilidade nas especificações

de bens nos processos de compras do IFPB-CG? Estaria disposto a descrever e solicitar

itens com características sustentáveis para sua coordenação?

3. Você acha importante e acredita que há possibilidade de implementação na unidade?

4. Em sua opinião, até que ponto, o IFPB-CG ao adquirir bens por meio da adoção de

critérios sustentáveis, está contribuindo para a obtenção de um meio ambiente mais

equilibrado?

5. Você acha que a compra sustentável é uma oportunidade para que o governo exerça o

consumo consciente cooperando para um modelo de desenvolvimento que beneficie o meio

ambiente e a sociedade? Por quê?

6. Como o senhor(a) vê a importância dessa política pública na busca pela

sustentabilidade e a defesa do meio ambiente do país?

7. Você percebe em sua área de atuação profissional e/ou a partir de avaliações de outros

colegas alguma alteração significativa nas rotinas e processos de contratações do IFPB-CG

que evidenciem mudanças que revelem concepção e práticas administrativas sustentáveis?

8. Ao reconhecer que a metodologia das licitações sustentáveis exige interação entre todos

os órgãos/setores e atores da instituição com o propósito de fortalecer as práticas

sustentáveis, você identifica a ocorrência de ações voltadas para fomentar/incentivar a

participação da comunidade acadêmica nas práticas das contratações públicas sustentáveis

que revelem compromisso com um planejamento e gestão democrática?

9. Em sua avaliação, tem sido desenvolvida ações de comunicação efetivas voltadas para

a socialização e difusão da nova concepção e práticas de contratações públicas sustentáveis

no IFPB-CG?

10. Você percebe um aumento da consciência ambiental das partes envolvidas no processo

de compras?

11. Você percebe as compras públicas sustentáveis como ferramenta de política ambiental

capaz de modificar o cenário de produção de um país?

12. Você percebe um esforço por parte dos fornecedores para inovarem seus produtos ou

serviços através da inclusão de aspectos ambientalmente responsáveis?

13. Como o(a) senhor(a) observa do ponto de vista econômico, as licitações sustentáveis,

considerando os recursos públicos?

14. Por favor, descreva de forma resumida suas sugestões para adotar critérios de

sustentabilidade nas especificações de bens e serviços da sua unidade.

145

APÊNDICE B – Roteiro para Entrevista 2 - Barreiras e Aspectos Facilitadores Aplicado com

Diretores, Chefes de Departamento, Coordenadores e Servidores de Licitações

1. Quais são as principais oportunidades ao inserir a estratégia das compras públicas

sustentáveis no cotidiano do setor público?

2. Que fatores externos podem contribuir para facilitar/impulsionar a implementação das

compras sustentáveis? (ex.: legislação pertinente, imposição dos órgãos de controle e outros).

3. Que fatores internos podem facilitar/impulsionar o processo de implementação das

compras sustentáveis? (ex.: incentivo da alta administração, comprometimento dos atores

envolvidos, conhecimento disponível).

4. Na sua opinião, quais as barreiras que podem dificultar a implantação das licitações

sustentáveis? (fornecedores, custos, legislação, capacitação etc.). Comente.

5. Os limites impostos pela regulamentação existente prejudicam a inclusão de critérios

ambientalmente sustentáveis no processo de licitação na sua instituição?

6. Você considera que os critérios ambientais utilizados nas licitações discriminam

potenciais licitantes? De que forma?

7. Que fatores externos podem dificultar o processo de implantação das compras

sustentáveis? (ex.: escassez de mercado, barreiras legais).

8. Que fatores internos podem dificultar o processo de implantação das compras

sustentáveis? (ex.: elevação dos custos, relutância dos envolvidos, falta de conhecimento,

dificuldade em especificar adequadamente).

9. As condições atuais das estruturas físicas e o quantitativo de pessoal qualificado nas

instituições públicas, somados à ausência de ferramentas práticas, têm representado uma

barreira à adoção de critérios sustentáveis nos processos de compras? Explique sua resposta.

146

APÊNDICE C – Roteiro para Entrevista 3 - Diretor Geral e Chefes de Departamento

1. Quais são os objetivos estratégicos do IFPB-CG no campo da sustentabilidade ambiental?

E como você acha que as compras sustentáveis poderão estar inseridas dentro da estratégia

institucional?

2. O que o IFPB-CG tem implementado no campo da sustentabilidade ambiental?

3. Você considera que os servidores envolvidos no processo de compras da sua instituição

possuem conhecimento a respeito de questões de sustentabilidade? Explique sua opinião.

4. Você considera importante capacitar os pregoeiros e os profissionais da área de compras

para implementar as compras sustentáveis? Por quê?

5. Quais as principais mudanças institucionais, organizacionais e administrativas necessárias

para que o IFPB-CG tenha sucesso na implantação das compras públicas sustentáveis?

6. Enquanto gestor, como você avalia o nível de aceitação e/ou resistência dos diretores e

coordenadores em relação às inovações exigidas pelas práticas de compras sustentáveis para

melhorar os níveis de efetividade das licitações sustentáveis do IFPB-CG?

7. Na sua avaliação o que falta em termos de práticas inovadoras de gerência para garantir

níveis mais elevados de efetividade das práticas de licitações sustentáveis do IFPB-CG?

8. Como você avalia os níveis de articulação (coordenação; organização; planejar) existentes

entre as instâncias responsáveis pela direção e pelo processo de execução das licitações

sustentáveis no IFPB-CG?

9. Há algum receio de gestores quanto ao aumento dos custos administrativos na implantação

das compras sustentáveis? Explique sua resposta.

10. Quais são as melhorias que a instituição poderia implementar para proporcionar maior

efetividade na aquisição de bens sustentáveis?

11. Qual é a sua sugestão para incentivar a adoção de critérios de sustentabilidade nas

especificações de bens nos processos de compras do IFPB-CG?

147

APÊNDICE D – Roteiro para Entrevista 4 - Servidores do Setor de Licitações

1. Como você compreende os processos de mudanças ocorridos no IFPB-CG na área de

compras públicas, a partir da alteração da Lei 8.666/93 estabelecendo a inclusão de

critérios de sustentabilidade, impondo assim a realização de licitações sustentáveis; e das

Instruções Normativas 01/2010, 10/2012 e 2/2014 do MPOG que orientam sobre esse

procedimento?

2. Você acha que os servidores do setor de licitações necessitam de treinamento para

implementar as licitações sustentáveis nessa instituição? Quais são as principais

deficiências na sua opinião?

3. Como você acha que deveriam ser implementados os critérios sustentáveis nas

licitações?

4. Quais são as suas expectativas com relação à implementação das compras

sustentáveis na área de compras do IFPB-CG?

5. Qual é a sua sugestão para incentivar a adoção de critérios de sustentabilidade nas

especificações de bens nos processos de compras do IFPB-CG?

6. Existe a possibilidade de diálogo com os fornecedores, no período de pré-

qualificação, para o ajuste a respeito dos critérios verdes que serão incluídos no

procedimento licitatório? Como isso acontece?

7. Os limites impostos pela regulamentação prejudicam a inclusão de critérios

ambientalmente sustentáveis no procedimento licitatório da sua instituição? Justifique sua

resposta.

8. Até que ponto a regulamentação existente contribui para a inclusão de critérios verdes

nas compras públicas da sua instituição?

9. Você percebe uma interação entre os diversos departamentos da instituição no que

diz respeito a inclusão de critérios verdes no processo de compras? Justifique sua resposta.

10. Os servidores têm liberdade para tomar decisões sobre a inclusão de critérios de

sustentabilidade? Comente sobre o assunto.

11. Os servidores possuem autonomia para planejar e para executar ações de inclusão de

critérios de sustentabilidade? Comente sobre o assunto.