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Ricardo Fernandes dos Santos

DESENVOLVIMENTO DE PASTAS CIMENTANTES CONTENDO NANOSSÍLICA

COMO MATERIAL ESTENDEDOR PARA APLICAÇÃO EM FASES INICIAIS, DE

POÇOS PETROLÍFEROS, SUBMETIDAS À BAIXA TEMPERATURA (5°C ± 3ºC).

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

graduação em Química da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, como

requisito para obtenção do título de Mestre

em Química.

Orientador (a): Júlio Cezar de Oliveira Freitas

NATAL/RN

2014

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Setor de Informação e Referência

Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede

Santos, Ricardo Fernandes dos.

Desenvolvimento de pastas cimentantes contendo nanossílica como material

estendedor para aplicação em fases iniciais, de poços petrolíferos, submetidas à

baixa temperatura (5°C ± 3ºC) / Ricardo Fernandes dos Santos. – Natal, RN,

2014.

68f.

Orientador: Júlio Cezar de Oliveira Freitas.

Dissertação (Mestrado em Química) – Universidade Federal do Rio Grande

do Norte. Instituto de Química. Programa de Pós-Graduação em Química.

1. Cimentação – Dissertação. 2. Pasta cimentante - Dissertação. 3. Poços de

petróleo - Dissertação. 4. Estendedor - Dissertação. 5. Nanossílica. I. Freitas,

Júlio Cezar de Oliveira. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III.

Título.

RN/UF/BCZM CDU 622.257.1

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“Dedico esta dissertação a todos aqueles que

de alguma forma contribuíram para realização

desta etapa da minha vida acadêmica, e em

especial a minha mãe, Sandra Helena da Silva

Gomes, por me aguentar em todos os

momentos: destes os mais árduos aos mais

serenos e tranquilos, sempre com muito amor,

firmeza e críticas, quando necessário.”

“Vou fazer um versinho...”.

(Ricardo Fernandes)

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos que de alguma forma contribuíram para realização deste trabalho, e

por toda estrutura oferecida pelo Núcleo Tecnologia em Cimentação de Poços de Petróleo.

Ao Químico de Petróleo Sênior da Petrobras, Gilson Campos, pela colaboração

técnica discutida neste trabalho.

E gostaria de fazer um agradecimento especial ao professor Dr. Julio Cezar de Oliveira

Freitas e a Professora Dr.ª Sibele Berenice Castella Pergher pela paciência e por toda

confiança que sempre depositaram em minha pessoa para realização deste trabalho.

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Resumo

A melhoria no desempenho de aglomerantes hidráulicos, a base de cimento Portland,

consiste na seleção e aplicação criteriosa de materiais que promovam uma maior durabilidade

e redução de custos com manutenção. Existe uma grande variedade de aditivos químicos

utilizados em pastas de cimento Portland para cimentação de poços petrolíferos. Estes são

projetados para se trabalhar em temperaturas abaixo de 0 ° C (em zonas congeladas da terra) a

300 ° C (na recuperação térmica e poços geotérmicos); faixas de pressão próximas a ambiente

(em poços rasos) até mais de 200 MPa (em poços profundos). Sendo assim, os aditivos

tornam possível a adequação das pastas de cimento para aplicação em diversas condições.

Dentre os materiais utilizados, em pastas de cimento Portland, para poços petrolíferos, os de

escala nanométrica vêm sendo aplicados com bons resultados. A nanossílica, constituída por

uma dispersão de partículas de SiO2, em escala nanométrica, quando utilizada em sistemas de

cimento melhora as características plásticas e mecânicas do material endurecido. Essa

dispersão é comercialmente utilizada como material de preenchimento, modificador de

propriedades reológicas e/ou em recuperação de processos da construção civil. Também é

usada em muitas formulações de produtos, como tintas, plásticos, borrachas sintéticas,

adesivos, selantes ou materiais isolantes. Com base no exposto, este trabalho tem como

objetivo avaliar o desempenho da nanossílica como aditivo estendedor em pastas de cimento

submetidas à baixa temperatura (5°C ± 3°C): fases iniciais de poços petrolíferos marítimos.

Foram formuladas pastas de cimento, com densidades 11,0;12,0; e 13,0 ppg, e concentrações

de 0; 0,5;1,0 e 1,5 gpc . As pastas foram submetidas à baixa temperatura (5°C ± 3°C) e, sua

avaliação, realizada através de ensaios reológicos, estabilidade, água livre e resistência à

compressão, de acordo com os procedimentos estabelecidos pela API SPEC 10A. Também

foram realizados ensaios de caracterização térmica (TG/DTA) e cristalográfica (DRX). O uso

da nanossílica promoveu redução de 30% do volume de água livre e aumentou o valor da

resistência à compressão em 54,2 %, em relação à pasta padrão. Desta forma, a nanossílica se

apresentou como um material promissor para aplicação em pastas de cimento utilizadas em

fases iniciais de poços petrolíferos com baixa temperatura.

Palavras – Chave: Cimentação. Pasta Cimentante. Poços de Petróleo. Estendedor.

Nanossílica.

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Abstract

The improved performance of hydraulic binders, the base of Portland cement, consists

in the careful selection and application of materials that promote greater durability and

reduced maintenance costs There is a wide variety of chemical additives used in Portland

cement slurries for cementing oil wells. These are designed to work in temperatures below 0 °

C (frozen areas of land) to 300 ° C (thermal recovery wells and geothermal); pressure ranges

near ambient pressure (in shallow wells) to greater than 200 MPa (in deep wells). Thus,

additives make possible the adaptation of the cement slurries for application under various

conditions. Among the materials used in Portland cement slurry, for oil wells, the materials

with nanometer scale have been applied with good results. The nanossílica, formed by a

dispersion of SiO2 particles, in the nanometer scale, when used in cement systems improves

the plastic characteristics and mechanical properties of the hardened material. This dispersion

is used commercially as filler material, modifier of rheological properties and / or in recovery

processes construction. It is also used in many product formulations such as paints, plastics,

synthetic rubbers, adhesives, sealants and insulating materials Based on the above, this study

aims to evaluate the performance of nanossílica as extender additive and improver of the

performance of cement slurries subjected to low temperatures (5 ° C ± 3 ° C) for application

to early stages of marine oil wells. Cement slurries were formulated, with densities 11.0;12.0

and 13.0 ppg, and concentrations of 0; 0.5, 1.0 and 1.5%. The cement slurries were subjected

to cold temperatures (5 ° C ± 3 ° C), and its evaluation performed by tests rheological

stability, free water and compressive strength in accordance with the procedures set by API

SPEC 10A. Thermal characterization tests (TG / DTA) and crystallographic (XRD) were also

performed. The use of nanossílica promoted reduction of 30% of the volume of free water and

increased compression resistance value of 54.2% with respect to the default cement slurry.

Therefore, nanossílica presented as a promising material for use in cement slurries used in the

early stages of low-temperature oil wells.

Keywords: Cementation. Cement Slurry. Oil Wells. Extender . Nanossilica.

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LISTA DE FIGURAS

Figuras 3.1- Variação de Temperatura da Pasta Cimentante na Operação de Cimentação das

Fases Inicias de Poços Petrolíferos Marítimo...........................................................................17

Figura 3.2. Esquema de poço com falha de cimentação (THOMAS,2004)..............................18

Figura 3.3. (a) Tampão de abandono e (b) Tampão de cimento (COSTA, 2004)....................19

Figura 3.4. (a) Falha na cimentação e (b) Squeeze de cimento para correção da falha

(FREITAS,2010).......................................................................................................................20

Figura 3.5. Efeito da concentração de Bentonita na resistência compressiva em 24

horas.(NELSON,1990)..............................................................................................................26

Figura 3.6 Comparação entre o processo de hidratação de uma pasta de cimento “Tradicional”

e uma pasta com adição de Nanossílica. ..................................................................................30

Figura 4.1. Fluxograma de divisão dos grupos de pastas produzidas.......................................36

Figura4.2. Tubo decantador......................................................................................................40

Figura 5.1. Influência da Nanossílica na Curva de Fluxo das pastas do grupo A.....................43

Figura 5.2. Influência da Nanossílica na Curva de Viscosidade das pastas do Grupo A.........44

Figura 5.3. Influência da Nanossílica na Curva de Fluxo das pastas do grupo B.....................61

Figura 5.4. Influência da Nanossílica na Curva de Viscosidade das pastas do Grupo B..........61

Figura 5.5. Influência da Nanossílica na Curva de Fluxo das pastas do grupo C.....................62

Figura 5.6. Influência da Nanossílica na Curva de Viscosidade das pastas do Grupo C..........62

Figura 5.7. Ensaios de Água Livre para pastas do Grupo A.....................................................46

Figura 5.8. Ensaios de Água Livre para pastas do Grupo B.....................................................47

Figura 5.9. Ensaios de Água Livre para pastas do Grupo C.....................................................47

Figura 5.10. Resistência a Compressão em função da concentração de nanossílica, Grupo

A................................................................................................................................................49

Figura 5.11. Resistência a Compressão em função da concentração de nanossílica, Grupo

B................................................................................................................................................49

Figura5.12. Resistência a Compressão em função da concentração de nanossílica, Grupo

C................................................................................................................................................50

Figura 5.12. Difratogramas de Raios-X para pastas curadas por 24 horas...............................53

Figura 5.13. Difratogramas de Raios-X para pastas curadas por 7 dias...................................53

Figura 5.14. Difratogramas de Raios-X para pastas curadas por 28 dias.................................54

Figura 5.15. Curva de TG e DTA para pasta C1, com tempo de cura de 24 horas..................63

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Figura 5.16. Curva de TG e DTA para pasta C2, com tempo de cura de 24 horas..................63

Figura 5.17. Curva de TG e DTA para pasta C4, com tempo de cura de 24 horas..................64

Figura 5.18. Curva de TG e DTA para pasta B1, com tempo de cura de 7 dias......................64

Figura 5.19. Curva de TG e DTA para pasta B2, com tempo de cura de 7 dias......................65

Figura 5.20. Curva de TG e DTA para pasta C4, com tempo de cura de 7 dias......................65

Figura 5.21. Curva de TG e DTA para pasta A1, com tempo de cura de 28 dias....................66

Figura 5.22. Curva de TG e DTA para pasta C2, com tempo de cura de 28 dias....................66

Figura 5.23. Curva de TG e DTA para pasta C4, com tempo de cura de 28 dias....................67

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LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1 – Requisitos químicos dos cimentos Classe G e H estabelecido pela NBR -

9831...........................................................................................................................................22

Tabela 3.2 – Comparação entre as Bentonitas Pre-Hidratada e Hidratada em relação as

propriedades das pastas. (Nelson,1990)....................................................................................27

Tabela 4.1 – Materiais utilizados para formulação das pastas de cimento...............................33

Tabela 4.2 – Quantificação das fases cristalinas do Blend da Holcim....................................33

Tabela 4.3. Formulação das pastas para laboratório.................................................................36

Tabela 5.1 – Valores dos índices de comportamento das pastas fabricadas.............................68

Tabela 5.2 – Ensaios de Estabilidade das pastas do grupo B....................................................45

Tabela 5.3 – Ensaios de Estabilidade das pastas do grupo C....................................................45

Tabela 5.4 – Comparação da Resistência a Compressão da Pasta C3 com uma pasta preparada

com Silicato de Sódio...............................................................................................................51

Tabela 5.5 – Porcentagem de perda de massa de CH para cada tempo de cura e concentração

de nanossílica presente no sistema cimentício..........................................................................56

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LISTA DE ABREVIATURAS

Mpa Mega Pascal

SiO2 Óxido de Silício

ppg Libras por Galão

gpc Galões por centímetro Cúbico

TG Termogravimétrica

DTA Análise Termogarvimétrica Diferencial

DRX Difração de Raio X

Tamb Temperatura Ambiente

MgO Óxido de Magnésio

SO3 Trióxido de Enxofre

C3S Silicato Tricálcico

C3A Aluminato Tricálcico

C4AF Ferro Aluminato Tetracálcico

Na2O Óxido de Sódio

C-S-H Sulfato de Cálcio Hidratado

CaCl2 Cloreto de Cálcio

rpm Rotações por minuto

Ca(OH)2 Hidróxido de Cálcio

psi Libras força por polegada ao quadrado

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 13

2. OBJETIVOS.................................................................................................................................. 15

2.1 Objetivo Geral ....................................................................................................................... 15

2.2 Objetivos Específicos ............................................................................................................ 15

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................................................... 16

3.1 Cimentação de Poços de Petróleo ......................................................................................... 16

3.1.1 Cimentação Primária ..................................................................................................... 16

3.1.2 Cimentação Secundária ................................................................................................. 18

3.1.2.1 Tampões de Cimento.........................................................................................................19

3.1.2.2. Recimentação.....................................................................................................................20

3.1.2.3 Compressão de Cimento ou Squeeze.................................................................................20

3.2 Fatores que Afetam a Cimentação ......................................................................................... 21

3.3 Cimento Portland Utilizado em Poços .................................................................................. 22

3.4 Aditivos Utilizados no Cimento Portland para Cimentação de Poços Petrolíferos ............... 23

3.4.1 Estendedores .................................................................................................................. 25

3.4.1.1 Bentonita ....................................................................................................................... 26

3.4.1.2 Silicato de Sódio ............................................................................................................ 27

3.4.1.3 Pozolanas ....................................................................................................................... 28

3.5 Influência da Nanossílica em Pastas de Cimento .................................................................. 29

3.5.1 Hidratação e Microestrutura .......................................................................................... 29

3.5.2 Alteração das Propriedades do Sistema Cimentante Contendo Nanossílica ................. 31

3.5.2.1 Propriedades Mecânicas ................................................................................................ 31

3.5.2.2 Comportamento Térmico .............................................................................................. 31

3.5.2.3 Lixiviação do Cálcio ..................................................................................................... 32

4. METODOLOGIA EXPERIMENTAL .......................................................................................... 33

4.1 Materiais ................................................................................................................................ 33

4.2 Cálculo e Formulação das Pastas de Cimento ....................................................................... 34

4.3 Ensaios Tecnológicos ............................................................................................................ 37

4.3.1 Mistura das Pastas ......................................................................................................... 37

4.3.2 Homogeneização das Pastas .......................................................................................... 37

4.3.3 Parâmetros Reológicos das Pastas Sintetizadas ............................................................ 37

4.3.4 Estabilidade ................................................................................................................... 39

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4.3.5 Água Livre ..................................................................................................................... 40

4.3.6 Resistência à Compressão ............................................................................................. 41

4.4 Técnicas de Caracterização ................................................................................................... 42

4.4.1 Difração de Raios-X ...................................................................................................... 42

4.4.2 Análise Térmica ............................................................................................................ 42

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................................. 43

5.1 Parâmetros Reológicos das Pastas Formuladas ..................................................................... 43

5.2 Estabilidade ........................................................................................................................... 45

5.3 Água Livre............................................................................................................................. 46

5.4 Resistência a Compressão ..................................................................................................... 49

5.5 Difração de Raios X .............................................................................................................. 52

5.6 Análise Térmica .................................................................................................................... 56

6. CONCLUSÕES ............................................................................................................................. 58

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................... 59

ANEXO I................................................................................................................................................61

ANEXO II. ............................................................................................................................................ 68

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1. INTRODUÇÃO

A melhoria no desempenho de aglomerantes hidráulicos, à base de cimento Portland,

consiste na seleção e aplicação criteriosa de materiais que promovam uma maior durabilidade

e redução de custos com manutenção. Existem duas abordagens para a melhoria dos materiais

de cimento com base no seu desempenho: uma é encontrar materiais alternativos adequados

para substituir os materiais comumente utilizados; e a outra abordagem está ajustando o

desempenho do cimento por aditivos (SINGH et al, 2013).

Considerando a segunda abordagem que ajusta o desempenho do cimento por

aditivos, pode-se destacar a variedade de aditivos utilizados nos sistemas de cimento Portland

para cimentação de poços petrolíferos. Estes sistemas de cimento são usualmente projetados

para se trabalhar em temperaturas abaixo de 0°C (em zonas congeladas da terra) a 300 ° C (na

recuperação térmica e poços geotérmicos); faixas de pressão de próximas a pressão ambiente

(em poços rasos) até mais de 200 MPa (em poços profundos). Além de pressões e

temperaturas extremas, estes cimentos são frequentemente projetados para lidar com

formações fracas ou porosas, fluidos corrosivos e de formações excessivamente

pressurizados. Os aditivos tornam isso possível, por acomodar uma gama de propriedades

para tais condições. Aditivos modificam o comportamento do sistema de cimento, permitindo

a injeção da pasta entre o revestimento e a formação, o rápido desenvolvimento de resistência

à compressão, e adequado isolamento durante o tempo de vida do poço. Atualmente, mais de

100 aditivos para cimentos estão disponíveis, muitos dos quais podem ser fornecidos nos

estados sólidos ou líquidos (NELSON & GUILLOT, 2006).

Zonas naturalmente fraturadas, com histórico de perda de fluido para a formação, ou até

mesmo zonas com baixo gradiente de fratura necessitam o uso de pastas de cimento de baixa

densidade, capaz de reduzir o gradiente hidrostático da coluna de fluido. Os estendedores são

adicionados às pastas de cimento para reduzir a densidade e aumentar seu rendimento. Eles se

dividem basicamente em agregados de baixa densidade; estendedores de água e estendedores

gasosos. O aumento no rendimento das pastas se dá pela redução do consumo do cimento

(Nelson, BARET&MICHAUX, 1990). Portanto, os aditivos estendedores podem trazer

soluções de segurança e custo para um projeto.

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14

Dentre os materiais utilizados como aditivos para sistemas de cimento, os materiais de

escala nanométrica vêm sendo utilizados com bons resultados. O objetivo da aplicação de

aditivos em escala nanométrica em sistemas de cimento é o de melhorar o desempenho do

sistema, alterando algumas características do material, dependendo do aditivo utilizado, por

exemplo: nano - TiO2 possui propriedades autolimpantes , que é executada no mecanismo de

degradação fotocatalítica . Esta degradação decompõe os poluentes ambientais, tais como

NOx, monóxido de carbono , clorofenóis , etc. emitidos a partir de várias fontes poluentes;

nano - Fe2O3, aumenta a resistência à flexão e fornece capacidade de autosensor. As

características de condutividade elétrica da argamassa de cimento incorporado com nano-

Fe2O3 também é uma alteração perceptível. Isto pode ser útil no controle da qualidade em

tempo real das estruturas; nano - Al2O3 resulta em enorme melhoria no módulo de

elasticidade, mas não tanto na resistência à compressão; os nanotubos de carbono / fibras de

carbono aumentam o módulo de elasticidade e resistência à tração na ordem de TPa e GPa ,

respectivamente . A resistência elétrica do sistema também pode ser reduzida com a

incorporação de nanotubos de carbono e fibras de carbono

A nanossílica, constituída por uma dispersão de partículas de SiO2, em escala

nanométrica, quando em sistemas de cimento melhora as características plásticas e do

material endurecido. Partículas em micro e nanoescala de sílica têm um efeito de

preenchimento dos vazios presentes entre os grãos de cimento. Com a composição certa,

contribui para o aumento da resistência à compressão, devido à redução da porosidade capilar,

e rendimento. Ao lado deste efeito físico, a nanossílica tem uma reatividade pozolânica, que é

muito maior em comparação a sílica ativa. Assim, ambos os efeitos são muito importantes no

desenvolvimento de sistemas de cimento de alto desempenho (SINGH et al, 2013).

Com base nas características deste material, este trabalho tem como objetivo avaliar o

desempenho da nanossílica como aditivo estendedor em pastas de cimento submetidas à baixa

temperatura (5°C ± 3°C), para aplicação em fases iniciais de poços petrolíferos marítimos.

Uma vez que o cimento geralmente aplicado nestas fases pode apresentar alto tempo de pega,

baixa resistência e até mesmo falhas que podem comprometer o selo hidráulico, devido às

baixas temperaturas apresentadas durante a operação de cimentação.

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15

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Avaliar o desempenho da nanossílica como aditivo estendedor em pastas de cimento

submetidas à baixa temperatura (5°C ± 3°C), para aplicação em fases iniciais de poços

petrolíferos marítimos.

2.2 Objetivos Específicos

Descrever o comportamento reológico das pastas formuladas através das suas

curvas de fluxo e de viscosidade;

Explicar a influência da nanossílica nos ensaio tecnológicos de:

- Estabilidade;

- Água Livre;

- Resistência a Compressão.

Mostrar que o aumento da concentração de nanossílica no sistema cimentício

aumenta a reatividade pozolânica, mesmo em temperatura baixa;

Relacionar as características macroscópicas das pastas formuladas com a

reação pozolânica da nanossílica e sua dispersão no sistema.

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16

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Cimentação de Poços de Petróleo

A cimentação é uma operação que ocorre após o término da perfuração com o objetivo

de compor a vedação entre as zonas permeáveis ou até mesmo em um único intervalo

permeável, impedindo a intercomunicação de fluidos da formação que ficam por trás do

revestimento, bem como propiciar suporte à coluna de revestimento (OLIVEIRA, 2004;

VLACHOU, 1997). Existem dois tipos de cimentação: a primária e a secundária.

3.1.1 Cimentação Primária

A cimentação primária é de grande importância para a construção de qualquer poço de

petróleo, pois uma cimentação mal elaborada reduz o ciclo de vida do poço e implica em

custos adicionais em sua construção. Este tipo de cimentação é aquela realizada após a

descida de cada coluna de revestimento, e sua qualidade é avaliada, geralmente, por meio de

perfis acústicos corridos por dentro do revestimento (PELIPENKO e FRIGAARD, 2004;

THOMAS, 2001).

A função operacional da cimentação primária é de produzir um selo hidráulico

impermeável cimentante no anular, entretanto, alguns problemas advindos de uma má

elaboração do projeto de pasta, ou até mesmo durante o processo de mistura e bombeio da

pasta no campo de operações, podem provocar problemas na eficiência do selo.

Nas operações de cimentação das fases iniciais de poços marítimos a cimentação

primária ocorre, geralmente, em temperaturas próximas a 4,5° C, o que pode retardar a

hidratação da pasta cimentante ocasionando aumento no tempo de pega, redução da

estabilidade e resistência à compressão do cimento. Deste modo, é necessário se adequar o

sistema cimentício a estas temperaturas baixas para que não possam ocorrer problemas na

operação de cimentação ou até falhas futuras no selo hidráulico. Na Figura 3.1 é possível

visualizar a variação de temperatura da pasta na operação de cimentação das fases iniciais de

poços petrolíferos marítimos profundos.

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17

Figuras 3.1- Variação de Temperatura da Pasta Cimentante na Operação de Cimentação das Fases Inicias de

Poços Petrolíferos Marítimos.

Fonte: Autor, 2014

Os problemas de eficiência do selo hidráulico podem ser especificamente causados

por: densidade incorreta da pasta, gelificação prematura, aderência deficiente na interface,

fluxo de gás ascendente, entrada de gás na coluna de pasta, contração volumétrica, entre

outros (SANTOS JÚNIOR, 2006; PELIPENKO e FRIGAARD, 2004). Na Figura 3.2

observa-se um caso típico de falha de cimentação.

óleo

Bombeio Cura T(

°C

)

TAmb

4,5

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18

Figura 3.2 - Esquema de poço com falha de cimentação

Fonte: adaptado THOMAS, 2004.

Uma cimentação primária satisfatória está associada a uma boa aderência ao

revestimento à formação rochosa, além do preenchimento de todo o espaço anular. Antes do

bombeamento da pasta de cimento, são feitos exames laboratoriais para garantir o sucesso na

colocação da pasta no anular (SANTOS JÚNIOR, 2006). Embora com toda tecnologia e

cuidados na elaboração e aplicação das pastas em todas as etapas da cimentação, essa

operação nem sempre é realizada com sucesso em toda a extensão do poço, e pode ser

necessária uma nova operação de cimentação para evitar acidentes (NELSON, 1990). Esta

nova etapa de cimentação de correção é conhecida como cimentação secundária.

3.1.2 Cimentação Secundária

Define-se cimentação secundária como toda cimentação realizada visando corrigir

falhas na cimentação primária. Assim sendo, uma cimentação secundária pode ser realizada

Formações

rochosas

adjacentes

Bainha

Cimentante

Tubo de

revestimento

exposto à

formação

com zonas de

gás ou

sulfatos

Falhas de

Cimentação

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19

para: eliminar a entrada de água de uma zona indesejável, reduzir a razão gás∕óleo (RGO)

através do isolamento da zona de gás adjacente a zona de óleo, abandonar zonas depletadas ou

reparar vazamentos na coluna de revestimento.

As cimentações secundárias são classificadas como: tampões de cimento,

recimentação, e compressão de cimento ou Squeeze.

3.1.2.1 Tampões de Cimento

Os tampões de cimento são utilizados nos casos de perda de circulação, abandono total

ou parcial do poço, como base para desvios, etc. A Figura 3.3 mostra exemplos clássicos de

tampão de abandono e tampão de cimento.

Figura 3.3 - (a) Tampão de abandono e (b) Tampão de cimento

Fonte: adaptado COSTA, 2004.

a) b)

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20

Produção de água

3.1.2.2 Recimentação

É a correção da cimentação primária quando o cimento não alcança a altura desejada

no anular. O revestimento é canhoneado em dois pontos e a recimentação só é realizada

quando se consegue circulação pelo anular, através destes canhoneados. Para possibilitar a

circulação com retorno, a pasta é bombeada através da coluna de perfuração, dotada de um

obturador (packer) para permitir a pressurização necessária para a movimentação da pasta

pelo anular.

3.1.2.3 Compressão de Cimento ou Squeeze

Consiste na injeção forçada de cimento sob pressão, visando corrigir localmente a

cimentação primária, sanar vazamentos no revestimento ou selar um determinado intervalo

(vide Figura 3.4).

Figura 3.4 - (a) Falha na cimentação e (b) Squeeze de cimento para correção da falha.

Fonte: adaptado FREITAS, 2010.

a) b)

Squeeze de

Cimento

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21

3.2 Fatores que Afetam a Cimentação

A cimentação primária consiste no posicionamento de uma pasta de cimento no anular

formado pelo revestimento e as paredes do poço, espera-se que a mesma, após a pega,

proporcione:

Aderência mecânica ao revestimento;

Isolamento das formações;

Proteção do revestimento contra corrosão e cargas dinâmicas

decorrentes de operações no seu interior.

Alguns cuidados devem ser tomados no projeto e execução da cimentação primária

para que os requisitos citados sejam atendidos. Os fatores listados abaixo são

reconhecidamente responsáveis pelas deficiências na capacidade de um selante, embora essas

deficiências não se limitem apenas a estes fatores:

Densidade incorreta da pasta, podendo resultar no desbalanceamento

hidrostático e entrada de fluidos na pasta;

Fluido de perfuração e reboco com propriedades inadequadas,

permitindo o fluxo de gás ascendente no anular;

Gelificação prematura, resultando na perda do controle da pressão

hidrostática;

Perda de filtrado excessiva, permitindo a entrada do gás na coluna da

pasta;

Pasta altamente permeável, contribuindo para deficiência no isolamento

hidráulico e resistência ao fluxo de gás;

Contração volumétrica apreciável, devido ao processo de hidratação e

fissuração da bainha de cimento sob tensão, gerando fraturas e

microanulares que permitem a migração de fluidos.

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22

3.3 Cimento Portland Utilizado em Poços

Existem oito classes de cimento (de A a H), segundo a norma API especificação 10A,

que podem ser utilizados para cimentação de poços conforme a profundidade, temperatura e

pressão de trabalho. Entretanto os mais comumente utilizados são os da classe G ou H, por

admitirem o uso de aditivos para ajuste de suas propriedades. Estes são similares

quimicamente, entretanto o cimento de classe H apresenta tamanho de partícula maior.

Ambos são utilizados, geralmente, em temperaturas de 27 °C a aproximadamente 100°C, e

em profundidades da superfície a 2.440m. A Tabela 3.1 apresenta os requisitos químicos para

os cimentos de classe G e H.

Tabela 3.1 – Requisitos químicos dos cimentos Classe G e H estabelecidos pela NBR – 9831.

Requisitos Químicos (NBR-9831) Classe G Classe H Unidades

MgO máx. 6,0 máx. 6,0 %

SO3 máx. 3,0 máx. 3,0 %

Perda ao Fogo máx. 3,0 máx. 3,0 %

Resíduo Insolúvel máx. 0,75 máx. 0,75 %

Cal livre máx. 2,0 máx. 2,0 %

C3S 48 a 65 48 a 65 %

C3A máx. 3 máx. 3 %

2xC3A + C4AF máx. 24 máx. 24 %

Conteúdo alcalino total (Na2O equivalente) máx. 0,75 máx. 0,75 %

Fonte: adaptado NBR – 9831.

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23

3.4 Aditivos Utilizados no Cimento Portland para Cimentação de Poços Petrolíferos

Com o avanço da tecnologia e controle de fabricação dos cimentos, as indústrias de

aditivos químicos foram capazes de desenvolver materiais que ajudam a adequar as

propriedades das pastas às diferentes condições encontras durante os processos de perfuração

e completação de poços petrolíferos.

Durante a perfuração de poços petrolíferos são atravessadas várias camadas de rochas

com propriedades físico-químicas específicas para cada tipo de formação. Além disso, fatores

externos, tais como temperatura e pressão são diretamente proporcionais à profundidade em

que o poço se encontra. Tais fatores devem ser considerados no projeto de pasta de cimento.

Para que uma cimentação seja realizada com sucesso, é essencial que a pasta satisfaça

as seguintes exigências:

- Ser bombeável durante o tempo necessário para sua colocação sob condições

particulares;

- Manter as suspensões estáveis;

- Uma vez no lugar, endurecer rapidamente;

- Manter aderência mecânica ao revestimento e a formação;

- Manter o isolamento das formações;

Dependendo da maneira como os aditivos químicos são selecionados, eles podem

afetar as características das pastas de cimento numa grande variedade de formas, tais como:

- Densidade pode variar de 6,0 a 21,0 lb/Gal;

- A resistência a compressão pode variar de 1,4 MPa a 140MPa;

- O tempo de pega pode ser acelerado ou retardado para produzir um cimento que irá

pegar em poucos segundos ou permanecer fluido por mais de 36 horas;

- O filtrado pode ser reduzido para menos de 25 mL/30 min, quando medido nas

condições API;

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24

- O cimento poder ser resistente a corrosão, quando sua composição química é

modificada;

- A permeabilidade pode ser controlada em poços de baixa temperatura por meio da

densificação ou a temperaturas superiores a 110 ºC utilizando sílica flour;

Atualmente, mais de 100 aditivos para cimentação de poços estão disponíveis, muitos

dos quais podem estar na forma sólida ou líquida. Os quais são classificados em oito

principais categorias:

1. Acelerador: aditivos que diminuem o tempo de pega do cimento e aumenta a taxa de

desenvolvimento de resistência a compressão.

2. Retardador: retarda o tempo de pega do cimento.

3. Estendedores: materiais que diminuem a densidade de um sistema de cimento ou

reduz a quantidade de cimento por unidade de volume do sistema cimentício, podendo

atuar das duas formas simultaneamente.

4. Agente Molhante: aditivos que aumentam a densidade do sistema.

5. Dispersantes: produtos químicos que reduzem a viscosidade de um pasta de cimento.

6. Controladores de filtrado: materiais que controlam vazamento da fase aquosa de um

sistema de cimento para a formação.

7. Controladores de perda de circulação: materiais que controlam a perda da pasta de

cimento para formação.

8. Aditivos especiais: aditivos diversos, tais como anti-espumante, fibras, e partículas

flexíveis.

A maioria dos aditivos é fortemente influenciada pelas propriedades físicas e químicas

do cimento, que são bastante variáveis dentro de uma mesma classificação API ou ISO

(Organização Internacional de Padronização). Consequentemente uma gama de resultados

pode ser obtida com o mesmo designe de pasta. Os principais parâmetros do cimento incluem:

Distribuição Granulométrica;

Distribuição das fases Aluminato e Silicato;

Reatividade das Fases de Hidratação;

Relação Gesso/e conteúdo total de sulfato;

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25

Conteúdo alcalino livre;

Natureza química, quantidade e área superficial específica de produtos iniciais de

hidratação.

3.4.1 Estendedores

Os estendedores de cimento são frequentemente usados para desempenhar um ou

ambas das seguintes funções:

Reduzir a densidade da pasta: A redução da densidade da pasta reduz a

pressão hidrostática durante a cimentação. Isso ajuda a evitar a perda de

circulação por causa da quebra de formações fracas. Adicionalmente, o

número de etapas necessárias para cimentar um poço podem ser reduzidas.

Aumentar o Rendimento da Pasta: reduzindo a quantidade de cimento

necessária para produzir um determinado volume de pasta.

Estendedores podem ser classificados em uma das três categorias:

Estendedores de água: argilas e vários agentes viscosificantes de água são

permitem a adição de mais água. Esses estendedores matem a solução

homogênea e impedem o desenvolvimento de excesso de água livre.

Agregados de Baixa Densidade: Esta categoria consiste em vários materiais

com densidades mais baixas do que a do cimento Portland (3,20 g/cm3). A

densidade da pasta é reduzida quando quantidades significativas de tais

extensores estão presentes.

Estendedores Gasosos: nitrogênio ou ar pode ser usado para preparar os

cimentos de espuma com densidades excepcionalmente baixas, com

resistência a compressão suficiente.

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26

3.4.1.1 Bentonita

A bentonita é um mineral argiloso composto basicamente de montmontrilonita

sódica (NaAl2(AlSi3O10)·2OH). O uso de bentonita é tão comum que a mesma foi tratada em

uma especificação da API. A bentonita pode ser adicionada a qualquer cimento API, e seus

usos mais comuns, além da diminuição da densidade da pasta, são para prevenir a segregação

dos sólidos, reduzir água livre, reduzir filtrado e aumentar o rendimento da pasta. Geralmente,

se limita a concentração de bentonita até 20% de concentração mássica. Acima de 6% é

recomendado o uso de aditivos dispersantes devido à alta viscosidade gerada pelo inchamento

da argila. A maior desvantagem do uso de bentonita é que o aumento da concentração implica

na redução da resistência mecânica, como apresentado na Figura 3.5. Além disso, a

permeabilidade do cimento aumenta o que diminui a resistência do mesmo a fluidos

corrosivos.

Figura 3.5 – Efeito da concentração de Bentonita na resistência compressiva em 24 horas.

Fonte: adaptado NELSON, 1990.

A alta concentração de íons de Ca+ na estrutura da bentonita gera uma inibição na

hidratação. A bentonita pode ser sódica ou cálcica a depender da concentração de íons Na+ ou

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27

Ca2+.

Para ter a função de estendedor deve ser predominantemente sódica, devido essa ter a

capacidade de inchamento.

A bentonita deve ser pré-hidratada para que possua uma boa eficiência, estudos

comprovaram que a bentonita quando pré-hidratada possui uma maior eficiência em relação a

hidratada. Uma concentração de 2% de pré-hidratada apresenta a mesma eficiência de 8% da

bentonita hidratada, como pode ser visto na Tabela 3.2. (Nelson, 1990).

Tabela 3.2 – Comparação entre as Bentonitas Pre-Hidratada e Hidratada em relação as propriedades das pastas.

Bentonita Pre-

Hidratada (%)

Bentonita Hidratada

(%)

Densidade (lb/Gal)

Pre-Hidratada Hidratada

0,5 2 14,8 14,8

1,0 4 14,1 14,2

1,5 6 13,5 13,7

2,0 8 13,1 13,3

2,5 10 12,7 12,9

3,0 12 12,4 12,6

4 16 11,9 12,2

Fonte: adaptado NELSON, 1990.

3.4.1.2 Silicato de Sódio

O Silicato de Sódio é um dos mais utilizados estendedores, possui essa função

utilizada isoladamente, mas geralmente é adicionado as pastas associado ao CaCl2 devido

maior eficiência por formação de um gel de Silicato de Cálcio. Essa estrutura de gel fornece

uma viscosidade suficiente que permite uma grande quantidade de água de mistura sem que

haja separação das partículas e formação de água livre. A maior vantagem desse aditivo é a

sua alta eficiência que facilita sua estocagem e trabalhabilidade. Os silicatos podem ser

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usados nas formas solida e líquida e possuem como funções secundárias a aceleração dos

tempos de pega e reduzem a eficiência dos redutores de filtrado.

3.4.1.3 Pozolanas

As pozolanas são constituídas basicamente de sílica (SiO2) na forma não cristalina,

com algum teor de alumina (Al2O3) e de óxido de ferro (Fe2O3), as pozolanas podem ser

classificadas em pozolanas naturais: como os materiais de origem vulcânica, e os materiais

que tenham sido processados com o propósito de produzir uma pozolana; ou em subprodutos

com propriedades pozolânicas, como os resíduos industriais ou resíduos agrícolas, requerendo

ou não um processamento.

Materiais pozolânicos são materiais silicosos ou silicoaluminosos, que possuem pouca

ou nenhuma atividade aglomerante, mas quando finamente divididos e na presença de água

reagem com o hidróxido de cálcio à temperatura ambiente para formar compostos com

propriedades aglomerantes. (NBR 12653, ABNT 92).

Os materiais pozolânicos reagem com o hidróxido de cálcio (Ca(OH)2) resultando na

formação do silicato de cálcio hidratado (C-S-H). O silicato de cálcio hidratado constitui de

50 a 60% do volume de sólidos de uma pasta de cimento Portland bem hidratada, sendo

principal responsável pelas propriedades mecânicas da pasta. O silicato de cálcio (C-S-H) não

é um composto bem definido, a relação Ca/Si varia entre 0,7 e 2,3, variando com o teor de

água quimicamente combinada, temperatura, e idade de hidratação, podendo assumir diversas

composições estequiométricas.

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3.5 Influência da Nanossílica em Pastas de Cimento

As pastas de cimento com nanossílica incorporada são estudadas, primeiramente, para

compreender os processos de hidratação e evolução da microestrutura, esta abordagem é

utilizada basicamente para o estudo da ciência fundamental por trás da hidratação do cimento.

Já a argamassa de cimento com nanossílica é usada para explorar as propriedades reológicas e

mecânicas que o aditivo pode proporcionar a sistemas cimentícios (SINGH et al, 2013).

3.5.1 Hidratação e Microestrutura

A argamassa de cimento com nanopartículas bem dispersas possui uma microestrutura

densa, mesmo que as nanopartículas sejam adicionadas em pequenas quantidades, devido o

efeito de enchimento preenchendo os vazios entre os grãos de cimento.

A hidratação acelerada da pasta de cimento e a formação mais rápida de hidróxido de

cálcio no período inicial da hidratação são observadas na pasta de cimento com nanossílica

adicionada. Isto ocorre porque a taxa de hidratação depende da área da superfície das

partículas de nanossílica adicionados. Partículas de nanossílica atuam como sítios de

nucleação para acelerar a hidratação. Devido à elevada área superficial e, portanto, alta

velocidade de reação o calor de hidratação também é maior. Desta maneira o tempo de

endurecimento da pasta de cimento e argamassa fresca é reduzido pelo aumento do conteúdo

de nanopartículas de sílica. Quando a nanossílica é adicionada ao cimento, H2SiO42-

é

formado e reage com Ca2+

presente, que forma um silicato de cálcio hidratado (C-S-H)

adicional e estas partículas ficam dispersas na água entre as partículas de cimento e servem de

“semente” para formação de mais fase compacta C-S-H. A formação do C-S-H não é mais

limitada à superfície do grão, como no C3S puro, e pode ocorrer nos poros da estrutura

(SINGH et al, 2013). Vide: reações I, II e III; e Figura 3.6.

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30

.

Água

Cimento

Pa

sta

“T

rad

ici

on

al”

Hidratação

Fases de C-S-H

Poros Capilares

Cimento

Água

Nanossílica

Pa

sta

co

m

par

tíc

ula

s

de

Na

no

síli

ca

Hidratação

Fases de C-S-H

(Adicional)

(I)

(II)

(III)

Fonte: adaptado SINGH, 2013

Figura 3.6 Comparação entre o processo de hidratação de uma pasta de cimento “Tradicional” e uma pasta com adição

de nanossílica

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Além disso, SINGH et al.(2013) mencionam que a resistência à compressão da pasta

de cimento contendo 5% nanossílica foi 64% superior em 1 dia de cura e 35% a 28 dias do

que a pasta de cimento de referência. Nanossílica adicionado à pasta de cimento também

mostra uma redução no tempo de cura, pequena duração do período de indução a hidratação,

redução de tempo para atingir o pico de calor de hidratação e aumento da produção de

hidróxido de cálcio em idades precoces (SINGH et al, 2013).

3.5.2 Alteração das Propriedades do Sistema Cimentante Contendo Nanossílica

A adição de nanossílica em pasta de cimento e argamassa exige mais água para manter

sua viabilidade, visto que há uma maior retenção de água. Deste modo existe uma redução na

propagação do fluxo, uma maior coesão e aumento do limite de escoamento. Para evitar

efeitos adversos sobre a trabalhabilidade Berra et. al (2012). sugerem retardar a adição de

água, em vez de adicionar toda a água de mistura de uma vez, mantendo certa quantidade de

água reservada e adiciona-la um pouco mais tarde. O aumento da viscosidade plástica e

resistência à compressão também é observado com a adição nanossílica à pasta de cimento

(SINGH et al, 2013).

3.5.2.1 Propriedades Mecânicas

A formação de C-S-H muito mais rápido em pastas de cimentos com adição de

nanossílica leva ao aumento de resistência à compressão e flexão. Através da técnica de

nanoidentificação, observa-se que a adição de nanossílica a pasta de cimento aumenta a

dureza e o módulo de elasticidade (SINGH et al, 2013).

3.5.2.2 Comportamento Térmico

A adição de nanossílica a pasta de cimento melhora significativamente a estabilidade

térmica do sistema. Comparando amostras de pastas cimento contento sílica ativada

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adicionada com amostras contendo nanossílica, estas ultimas mostram menor perda de

resistência após exposição a temperaturas elevadas a 500°C (SINGH et al, 2013).

3.5.2.3 Lixiviação do Cálcio

A adição de nanossílica aumenta o comprimento médio das cadeias de silicato. Em

relação ao consumo de cálcio, a nanossílica ajuda na redução da taxa de lixiviação de cálcio,

pois o hidróxido de cálcio é mais suscetível à lixiviação. A porosidade reduzida diminui a

taxa de degradação. Ao aumento do comprimento da cadeia de cadeias de silicato também é

atribuída a maior resistência a ataques químicos e estabilização de cálcio. (SINGH et al,

2013).

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4. METODOLOGIA EXPERIMENTAL

4.1 Materiais

Todos os materiais utilizados para formulação das pastas de cimento para o

desenvolvimento deste trabalho estão listados na Tabela 4..1. E a quantificação das fases

cristalinas do blend utilizado na Tabela 4.2.

Tabela 4..1 – Materiais utilizados para formulação das pastas de cimento.

Materiais Procedência

Blend Holcim

Água destilada LabCim

(CaCl2) Cloreto de

Cálcio PETROBRAS

Dispersão Coloidal

30% de Nanossílica PRODCON

Fonte: Autor, 2014

Tabela 4..2 – Quantificação das fases cristalinas do Blend da Holcim.

Fase Porcentagem

C3S 65 - 75%

C2S 10 - 13%

C4AF 8 - 10%

C3A 7,0 – 9%

MgO 0,1 - 1%

K2S 2 - 4%

Fonte: adaptado, NTCPP (2012)

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4.2 Cálculo e Formulação das Pastas de Cimento

A preparação das pastas de cimento foi realizada de acordo com a norma API RP 10B,

na qual para obtenção dos valores das massas correspondentes a cada concentração de

aditivos utilizados o peso específico da pasta de cimento é fixado, e se atribui as

concentrações desejadas de aditivos sólidos ou líquidos. Os procedimentos de cálculos

utilizados foram os estabelecidos pelo PROCELAB, 2005.

Deste modo, foram formuladas 12 pastas de cimento (1 barril equivalente cada) e

divididas em 3 grupos:

Grupo A: pastas de A1 a A4, onde o peso da pasta é 11,0 lb/gal e ocorre

uma variação na concentração de dispersão coloidal de nanossílica

adicionada: 0;0,5;1,0 e 1,5gpc.

Grupo B: pastas de B1 a B4, onde o peso da pasta é 12,0 lb/gal e ocorre

uma variação na concentração de dispersão coloidal de nanossílica

adicionada: 0;0,5;1,0 e 1,5gpc.

Grupo C: pastas de C1 a C4, onde o peso da pasta é 13,0 lb/gal e ocorre

uma variação na concentração de dispersão coloidal de nanossílica

adicionada: 0;0,5;1,0 e 1,5gpc.

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O fluxograma da Figura 4 .1 contém a divisão dos grupos de pastas formuladas:

Figura 4.1. Fluxograma de divisão dos grupos de pastas formuladas.

Fonte: Autor, 2014.

Formulações das Pastas de Cimento

GRUPO A

Peso 11,0 lb/gal

Pck PASTA A1

0 gpc Nanosílica PASTA B1

0 gpc de Nanosílica PASTA C1

0 gpc de Nanossílica

GRUPO B

Peso 12,0 lb/gal

Pck

GRUPO C

Peso 13,0 lb/gal

Pck

PASTA A2

0,5 gpc Nanosílica

PASTA A3

1,0 gpc Nanosílica

PASTA A4

1,5 gpc Nanosílica

PASTA B2

0,5 gpc de Nanosílica

PASTA B3

1,0 gpc de Nanosílica

PASTA B4

1,5 gpc de Nanosílica

PASTA C2

0,5 gpc de Nanosílica

PASTA C3

1,0 gpc de Nanosílica

PASTA C3

1,5 gpc de Nanosílica

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Na Tabela 4.3 são apresentadas as concentrações dos componentes das

formulações das pastas que foram estudas:

Tabela 4.3. Formulação das pastas para laboratório.

PASTA Blend

(g)

Água destilada

(% ou gpc)

(CaCl2) Cloreto de

Cálcio (% ou gpc)

Nanossílica (% ou gpc)

Densidade da Pasta (lbs/gal)

A1 281,83 180 0,5 0 11

A2 278,99 178 0,5 0,5 11

A3 274,94 177 0,5 1,0 11

A4 271,00 176 0,5 1,5 11

B1 387,81 122 0,5 0 12

B2 382,45 120 0,5 0,5 12

B3 377,24 118 0,5 1,0 12

B4 374,51 115 0,5 1,5 12

C1 493,37 89 0,5 0 13

C2 488,70 86 0,5 0,5 13

C3 480,22 84 0,5 1,0 13

C4 475,79 81 0,5 1,5 13

Fonte: Autor, 2014.

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37

4.3 Ensaios Tecnológicos

4.3.1 Mistura das Pastas

As misturas das pastas foram realizadas em um misturador Chandler modelo 80-60.

Uma vez pronta a água de mistura (água destilada, cloreto de cálcio e nano sílica/ ou água

destilada e cloreto de cálcio), adicionou-se o cimento, através de funil de colo curto pela

abertura central da tampa da jarra. A adição foi realizada sob uma taxa uniforme, a uma

velocidade de 4000 rpm ± 200 rpm, durante 15 segundos. Ininterruptamente, instalou-se a

tampa central e agitou-se a pasta por 35 segundos a uma velocidade de 12000 rpm ± 500 rpm

(NBR 9831, 2006).

4.3.2 Homogeneização das Pastas

Imediatamente após a mistura, realizou-se a homogeneização das pastas, em uma

célula de um consistômetro atmosférico Chandler modelo 1200. As pastas foram vertidas para

o interior da célula do consistômetro e homogeneizadas por 20 min a 150 rpm ± 15 rpm (NBR

9831, 2006). As temperaturas utilizadas durante a homogeneização das pastas foram de 5ºC ±

3 ºC.

4.3.3 Parâmetros Reológicos das Pastas Formuladas

A análise do comportamento reológico das pastas foi realizada através das Curvas de

Fluxo e Viscosidade das pastas formuladas. Estes valores e a construção das curvas foram

obtidos através dos valores de deflexão das pastas no viscosímetro Chandler modelo 3500.

Depois de misturadas e homogeneizadas (NBR 9831, 2006), as pastas foram vertidas

em copo térmico e cisalhadas em viscosímetro aplicando-se várias taxas de cisalhamento, de

acordo com a norma de ensaios reológicos definidas pela API. As leituras foram realizadas

aplicando-se taxas de cisalhamento ascendentes e descendentes a intervalos de 10 segundos,

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mantendo-se a temperatura de 5ºC ± 3 ºC até o final do ensaio. As taxas empregadas foram de

3, 6, 10, 20, 60, 100, 200 e 300 rpm.

Após a leitura de 3 rpm, aumentou-se a velocidade do rotor para 300 rpm, mantendo-a

por 1 min. Em seguida, o motor é desligado e após 10 s, o mesmo foi novamente ligado

acionado a 3 rpm, registrando-se a deflexão máxima observada (Gel inicial - Gi). Desligou-se

mais uma vez o motor por 10 min e, ao final deste tempo, o motor foi ligado, registrando-se a

deflexão máxima observada (Gel final - Gf).

As transformações de rotação em taxa de cisalhamento e de deflexões em tensão de

cisalhamento são dadas pelas equações a seguir:

τ = 0,5109 . (θ) (Equação 1)

γ = 1,705. (N) (Equação 2)

Onde:

τ é a tensão de cisalhamento em Pa;

γ é a taxa de cisalhamento em s-1

;

θ é a deflexão lida no equipamento, adimensional;

N é o número de rotações em RPM.

E a transformação de rotação e deflexão em viscosidade aparente é dada pela equação

que segue:

ᶯ = 300 . (θ/N) (Equação 3)

Em que ᶯ é a viscosidade aparente da pasta.

Em todos os gráficos os valores de tensão e viscosidade são apresentados em valores

logarítmicos para dar uma maior linearidade aos gráficos e consequentes melhores

interpretações.

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39

4.3.4 Estabilidade

Neste ensaio, a pasta, depois de misturada e homogeneizada, foi vertida dentro de um

tubo decantador previamente engraxado. Bateu-se levemente no interior do cilindro com um

bastão de vidro de modo a eliminar as bolhas de ar aprisionadas. Completou-se o volume até

o transbordamento do recipiente, enroscou-se a tampa superior vazada e levou-se o cilindro à

câmara de cura com água à temperatura de 5°C (NBR 9831:2006).

O cilindro foi posicionado verticalmente na câmara, submetendo-o ao processo de cura

por 24 horas. Em seguida, o mesmo foi resfriado em água corrente por 5 mim (NBR 9831:

2006).

Após o resfriamento, desenroscou-se a tampa superior do cilindro, eliminando-se os

fluidos existentes no topo do cilindro por meio de papel absorvente; e com auxílio de uma

seringa, injetou-se um volume, medido em cm3, de água até completar o volume total do

cilindro. Converteu-se esse volume em comprimento, expresso em mm, denominando-se

“Rebaixamento do Topo”, em seguida, utilizou-se um martelo de borracha para retirada do

cilindro de pasta curada endurecida. A amostra foi lavada em água corrente e deixada imersa

em água na temperatura ambiente (NBR 9831: 2006).

Procedeu-se então, o corte do cilindro em 4 partes iguais, identificando as seções da

seguinte maneira: topo (I), intermediárias (II e III) e fundo (IV), recolocando-as em água

novamente por 30 min (NBR 9831: 2006). A figura 4.2 apresenta um tubo decantador com

pasta já endurecida.

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40

Figura 4.2. Tubo decantador.

Fonte: adaptado PROCELAB, 2005.

Cada seção foi presa a um suporte com garra, garantindo maior estabilidade e precisão

na leitura, depois cada seção foi imersa em água em um béquer. Registrou-se o peso da seção

como “Peso da seção na água”. Em seguida, cada seção foi rebaixada e apoiada no fundo do

béquer, de modo que o fio não ficasse tensionado, registrando-se o peso indicado como “Peso

da seção no ar”. Os cálculos dos pesos específicos em lb/gal de cada seção foram

determinados pela Equação 4:

(Equação 4)

4.3.5 Água Livre

Após mistura e homogeneização da pasta, esta foi transferida para uma proveta até o nível

de 250 ml, e lacrada com uma tampa de papel filme. A proveta foi colocada dentro do banho

de gelo a temperatura de 5°C±3°, e assentada de modo a evitar ao máximo as vibrações.

Depois de 2 h, o volume de água sobrenadante, desenvolvida na proveta, foi retirado com

auxílio de uma seringa e pesado em uma balança, analítica de resolução de 0,1g.

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41

O resultado foi utilizado para calcular o teor de água (% AL), em percentual, de

acordo com a seguinte formula:

(Equação 5)

4.3.6 Resistência à Compressão

Para realização deste ensaio as pasta foram misturadas e homogeneizadas, e em

seguida foram vertidas em três moldes plásticos de forma cúbica de 50 mm de aresta, para

cada formulação, e fechados. Depois, foram levados à cura, à temperatura de 5 ºC±3°C e a

pressão atmosférica, em um Banho Termostático Nova Ética Modelo 500/3DE com água, que

possui dimensões adequadas à imersão completa dos moldes e também um sistema de

circulação realizado por um agitador (NBR-9825, 1993).

Os tempos de cura foram de 24 h, 3, 7, e 28 dias de imersão, os moldes foram

removidos do banho, após o tempo especifico de cura de cada um. A ruptura dos mesmos foi

realizada em uma Máquina Universal de Ensaios Shimadzu Autograph Modelo AG-I,

controlada pelo programa TRAPEZIUM 2.

Os ensaios de resistência à compressão foram realizados utilizando uma velocidade de

carregamento de 17,9 KN/min.

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42

4.4 Técnicas de Caracterização

4.4.1 Difração de Raios-X

As amostras foram caracterizadas por difração de raios X em um equipamento da

Shimadzu modelo XRD-7000 utilizando-se uma fonte de radiação de CuKα com voltagem de

30kV, corrente de 30 mA . Os dados foram coletados na velocidade do goniômetro de 0,02°

2θ por passo com tempo de contagem de 1,0 segundo por passo e coletados de 10 a 80º 2θ,

utilizando o spin de 120rpm para diminuir erros causados pela orientação preferencial. A

interpretação qualitativa do espectro foi efetuada por comparação com padrões contidos no

banco de dados JCPDS (ICDD-2002). As amostras utilizadas na caracterização por DRX

foram coletadas após as curas de 24h, 3, 7 e 28 dias.

4.4.2 Análise Térmica

Para a análise termogravimétrica/termogravimétrica diferencial (TG/DTA) foram

pesadas de 10 a 20 mg de amostra em um cadinho de alumina, esta amostra foi submetida a

uma razão de aquecimento de 10° C.min-1

em atmosfera de nitrogênio, da temperatura

ambiente a 800° C. O equipamento utilizado foi uma termobalança TGA 51 Shimadzu.

Através desta técnica foi possível determinar a porcentagem de perda de portlandita nas

pastas nos tempos de cura de 24 horas, 7 e 28 dias, nas concentrações de 0;0,5 e 1,5% de

nanossílica.

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43

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Parâmetros Reológicos das Pastas Formuladas

Os valores das leituras das deflexões lidas no viscosímetro rotativo Chandler 3500,

para cada pasta formulada, possibilitou a construção de curvas de fluxo e viscosidade, as

quais apresentaram comportamentos semelhantes para cada grupo de pastas, como pode ser

visualizado nas Figuras 5.1 e 5.2. As curvas de fluxo e viscosidade para os grupos B e C,

encontram-se no ANEXO I, Figuras 5.3 a 5.6.

Figura 5.1. Influência da Nanossílica na Curva de Fluxo das pastas do grupo A.

0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0

-0.4

-0.2

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

1.4

1.6

1.8

2.0

2.2

2.4

Te

nsa

o d

e C

isa

lha

me

nto

(L

og

(

N.m

-2)

)

Taxa de Cisalhamento (Log [ (s-1))

Pasta A1

Pasta A2

Pasta A3

Pasta A4

Fonte: Autor, 2014.

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44

Figura 5.2. Influência da Nanossílica na Curva de Viscosidade das pastas do Grupo A.

0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0

0.8

1.0

1.2

1.4

1.6

1.8

2.0

2.2

2.4

2.6

2.8

3.0

3.2

3.4

Vis

co

sid

ad

e A

pa

ren

te (

Lo

g[

cP

))

Taxa de Cisalhamento (Log [ (s-1))

Pasta A1

Pasta A2

Pasta A3

Pasta A4

Fonte: Autor, 2014.

As curvas de fluxo e viscosidade apresentadas mostram que todas as pastas produzidas

possuem comportamento pseudoplástico, em que o parâmetro reológico n (índice de

comportamento) está sempre menor que um e maior que zero para todas as curvas de fluxo e a

viscosidade de todas as pastas diminui com o aumento da taxa de cisalhamento (MACHADO,

2002). A Tabela 5.1 no ANEXO II apresenta os valores de n para cada pasta, retirados a partir

da equação da reta do modelo pseudoplástico.

A adição de nanossílica as pastas ocasionou alterações nos parâmetros reológicos de

viscosidade e tensão cisalhante, uma vez que é perceptível, nas curvas de fluxo e viscosidade

(Figuras 5.1 a 5.6), um aumento nos valores dos parâmetros à medida que se aumenta a

concentração do aditivo de 0 a 1,5 gpc nas pastas de um mesmo grupo.

As propriedades reológicas de um fluido dependem de fatores como a forma e

tamanho de partículas em suspensão, interação entre as partículas dispersas e entre moléculas

do dispersante, fração do volume de partículas e o tipo de aditivos utilizados na formulação,

fatores os quais foram mantidos constantes em todos os sistemas de modo que as alterações

ocasionadas nos parâmetros reológicos foram causadas unicamente pela adição de

nanossílica. Deste modo, a provável explicação para o aumento da viscosidade e

consequentemente da tensão de cisalhamento nas pastas de cada grupo foi o aumento da

concentração de nanossílica que promove um maior empacotamento das partículas dispersas

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45

no sistema, deste modo diminuindo o volume entre elas e também de água livre, portanto

causando um maior atrito interno entre as partículas sólidas, o que contribui para o aumento

binário da tensão de cisalhamento e viscosidade, mesmo a temperaturas bem abaixo das

ordinárias (MACHADO 2002; RAJAGOPALAN, HIEMENZ, 1997; SENNF et al, 2009;).

5.2 Estabilidade

Os resultados de estabilidade para as pastas dos grupos B e C são apresentados nas

tabelas 5.2 e 5.3. As pastas do grupo A apresentaram rebaixamento de topo maior que 5 mm,

além do que o tempo de 24h não foi suficiente para que elas endurecessem para possibilitar a

remoção do tubo de decantação para realização do teste, sendo consideras instáveis.

Tabela 5.2 – Ensaios de Estabilidade das pastas do grupo B.

Parâmetro

Pasta - Concentração de Nanossílica (gpc)

B1 – 0 B2 - 0,5 B3 - 1,0 B4 - 1,5

∆ρ (fundo-topo) ND* ND 0,14 0,07

Fonte: Autor, 2014

*Teste não desenvolvido

Tabela 5.3 – Ensaios de Estabilidade das pastas do grupo C.

Parâmetro

Pasta - Concentração de Nanossílica (gpc)

C1- 0 C2 - 0,5 C3 - 1,0 C4 - 1,5

∆ρ (fundo-topo) 0,38 0,26 0,19 0,08

Fonte: Autor, 2014

Os resultados apresentados nas tabelas acima mostram uma diminuição na diferença

do peso especifico, da seção de fundo e de topo, com o aumento da concentração do

estendedor. Este aspecto é observado devido ao aumento de partículas coloidais de

nanossílica no sistema, que promovem um maior empacotamento das partículas dispersas nos

sistema que tenderam a um primeiro momento a ficar em suspensão do que sedimentar no

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46

fundo do tubo de decantação. Assim, quanto maior a concentração de nanossílica menor a

diferença de densidade entre as seções devido a melhor distribuição de partículas no sistema

como um todo. (RAJAGOPALAN, HIEMENZ, 1997; SENNF et al, 2009;).

No caso das pastas B1 e B2 ambas apresentaram rebaixamento de topo maior que 5

mm, além do que tempo de 24h não foi suficiente para que elas endurecessem para

possibilitar a remoção do tubo de decantação para realização do teste, sendo consideras

instáveis, assim como as pastas do grupo A. Todas as demais pastas dos grupos B e C

possuíam rebaixamento de topo menor que 5 mm, além da diferença de peso especifico ser

menor do que 0,5, sendo consideradas todas estáveis, mesmo a temperaturas baixas de 5±3°C.

5.3 Água Livre

Os resultados de água livre estão descritos nos gráficos 5.7 a 5.9 para cada

grupo de pastas estudadas.

Figura 5.7. Ensaios de Água Livre para pastas do Grupo A.

0.0 0.5 1.0 1.5

0

5

10

15

20

25

30

35

40

A4-1,20%

A3-4,00%A2-4,80%

Ag

ua

Liv

re (

%)

Concentraçao de Nanosilica (gpsb)

% Agua Livre Grupo A

A1-31,20%

Fonte: Autor, 2014.

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47

Figura 5.8. Ensaios de Água Livre para pastas do Grupo B.

0.0 0.5 1.0 1.5

0

2

4

6

8

10

B4-1,60%B3-1,92%

B2-5,60%

Ag

ua

Liv

re (

%)

Concentraçao de Nanosilica (gpsb)

% Agua Livre Grupo B

B1-6,40%

Fonte: Autor, 2014

Figura 5.9. Ensaios de Água Livre para pastas do Grupo C

0.0 0.5 1.0 1.5

0

1

2

3

4

5

C4-0,72%

Ag

ua

Liv

re (

%)

Concentraçao de Nanosilica (gpsb)

% Agua Livre Grupo C

C1-2,40%

C2-1,28%

C3-0,72%

Fonte: Autor, 2014

Assim como nos ensaios de estabilidade os valores apresentados nos gráficos de

ensaios de água livre também diminuíram com o aumento da concentração do estendedor. O

aumento da concentração de nanossílica promove um maior empacotamento das partículas

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48

dispersas no sistema, deste modo diminuindo o volume entre elas e também de água livre

(SENNF et al, 2009).

É perceptível que o volume de água livre na pasta A1 foi o maior dentre todas as

pastas formuladas, este comportamento se deve ao fato da pasta A1 não possuir estendedor e

ter um volume de Blend menor que as pastas dos outros grupos, visto que é uma pasta de peso

específico 11,0 lb/gal, portanto a relação de volume de Blend por volume de água é menor do

que nas outras pastas, sendo mais facilitada a decantação da pasta no fundo da proveta durante

o teste, devido o maior volume de água.

O menor percentual de água livre foi encontrado nas pastas C3 e C4 devido a presença

do estendedor e o peso das pastas serem 13,0 lb/gal, portanto maior valor da razão volume de

Blend/ volume de água. Com esse resultado foi possível observar que a adição de nanossílica

em concentrações maiores que 1,0 gpc para pastas de peso 13,0 lb/gal não surtiu uma

diminuição significativa na quantidade de água livre quando comparado com a adição de

1,0gpc para pasta do mesmo peso. Isto pode ser explicado pelo fato do volume máximo de

Blend e nanossílica em relação água do sistema ter sido atingido na concentração de 1,0gpc

de nanossílica e qualquer adição superior a esta não acarretará alterações significativas.

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49

5.4 Resistência a Compressão

Os valores de resistência a compressão obtidos para os grupos A, B e C de pastas são

mostrados nos gráficos abaixo (Figuras 5.10 a 5.12).

Figura 5.10. Resistência a Compressão em função da concentração de nanossílica, Grupo A

-0.5 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

Re

sis

tên

cia

a C

om

pre

ssa

o (

psi)

Concentraçao Nano-SiO2 (gpsb)

3 Dias

7 Dias

28 Dias

Fonte: Autor, 2014..

Figura 5.11. Resistência a Compressão em função da concentração de nanossílica, Grupo B.

-0.5 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

Re

sis

tên

cia

a C

om

pre

ssa

o (

psi)

Concentraçao Nano-SiO2 (gpsb)

24 Horas

3 Dias

7 Dias

28 Dias

Fonte: Autor, 2014

(gpc)

(gpc)

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50

-0.5 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

Re

sis

tên

cia

a C

om

pre

ssa

o (

psi)

Concentraçao Nano-SiO2 (gpsb)

24 Horas

3 Dias

7 Dias

28 Dias

Fonte: Autor, 2014.

Nas pastas de todos os grupos foi possível observar elevadas resistências a compressão

para as pastas com nenhuma adição de nanossílica, para qualquer período de cura (24h, 3 dias,

7 dias ou 28 dias), tal fenômeno ocorreu pela formação de um corpo de prova com um fundo

falso e mais denso, devido à facilidade de segregação das partículas do Blend no sistema e

maior formação de água livre na ausência de nanossílica. Além disso, pode se observar um

aumento na resistência à compressão com o aumento do tempo de cura para qualquer grupo

estudado, isto ocorreu devido ao maior período de hidratação possibilitando a maior formação

de fase compacta de silicato de cálcio hidratado.

As pastas do grupo A (Figura 5.10) com concentração de 0,5 gpc de nanossílica

apresentaram uma maior resistência à compressão que as pastas com 1,0 e 1,5 gpc de

nanossílica, o que novamente é explicado pela formação de um corpo de prova menor e mais

denso como fator predominante, e não pela formação de fase compacta de silicato de cálcio

que preenche os vazios do cimento, uma vez que as concentrações maiores possuem menor

resistência a compressão. Com isso pode-se confirmar que a adição de nanossílica a

concentrações, maiores que 0,5 gpc até 1,5 gpc, não causaram alterações significativas na

resistência a compressão para pastas com peso 11,0 lb/gal, curadas a temperatura de 5°C±3°C.

Além disso, não foi possível realizar os testes de 24h com as pastas do grupo A, visto que os

corpos de prova não endureceram o suficiente para realização do teste e se despedaçaram após

remoção dos moldes.

5.12. Resistência a Compressão em função da concentração de nanossílica, Grupo C.

(gpc)

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51

Nos gráficos 5.11 e 5.12, onde se encontram as pastas dos grupos B e C, é possível

observar um aumento da resistência à compressão com o aumento da concentração de

nanossílica que é explicado pela formação extra de silicato de cálcio hidrato a partir de

hidróxido de cálcio através de reação pozolânica, resultando numa maior densificação da

matriz, preenchendo os vazios do sistema cimentício, melhorando a resistência a compressão

(SENNF et al, 2009; SINGH et al, 2013;). As pastas do grupo B de concentração de 0 e

0,5gpc de nanossílica e tempo de cura de 24h não apresentaram corpos de prova endurecidos

suficientes para realização dos teste.

Os melhores resultados, portanto, puderam ser observados para as pastas do grupo C

com 1,5gpc de nanossílica, que possuíam pesos específicos de 13,0 lb/gal, o que significa

uma maior quantidade de partículas no sistema (menor quantidade de água) o que possibilita

uma compactação e ocupação maior dos espaços vazios, além da formação de silicato de

cálcio hidratado extra formando assim uma matriz densa e com elevadas resistências (SENNF

et al, 2009; SINGH et al, 2013;).

De modo comparativo para ilustrar a influência da nanossilica na resistência à

compressão, a baixas temperaturas (5°C±3°C), a Tabela 5.4 apresenta dados obtidos por

RIBEIRO (2012) para pastas produzidas com Cimento Portland Classe Especial com Silicato

de Sódio, um estendedor mais comumente utilizado, e os resultados de resistência para pasta

C3 de mesmo peso e concentração de estendor.

Tabela 5.4 – Comparação da Resistência a Compressão da Pasta C3 com uma pasta preparada com Silicato de

Sódio.

Pasta Tempo de Cura Temperatura

(º C)

Resistência a

compressão (psi)

Concentração de

Estendedor (gpc)

**C3 24 horas 5±3 219 1,0

**C3 7 dias 5±3 1270 1,0

*Cimento

Portland Classe

especial com

Silicato de Sódio

*24 horas 38 *375 *1,0

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52

(CIMESA 2010)

*Cimento

Portland Classe

especial com

Silicato de Sódio

(CIMESA 2010)

*7 dias 38 *962 *1,0

*Fonte: adaptado RIBEIRO 2012

**Fonte: Autor, 2014.

Deste modo, é perceptível a influência positiva no aumento da resistência a

compressão com a adição da nanossílica no sistema cimentício a baixa temperatura, uma vez

que os resultados apresentados por RIBEIRO (2012), utilizando silicato de sódio, foram

obtidos a temperatura de 38°C, enquanto que os resultados analisados neste trabalho foram

obtidos a 5°C±3°C, o que de fato deveria retardar a hidratação do cimento e,

consequentemente, reduzir sua resistência. Contudo, percebeu-se que as resistências à

compressão são equivalentes e até superiores quando se utiliza a nanossílica, mesmo em

baixas temperaturas, ao invés do silicato de sódio, um estendor comercialmente mais

utilizado.

5.5 Difração de Raios X

As Figuras 5.12 a 5.14 apresentam os difratogramas de Raios-X para pastas

curadas por 24 horas, 7 dias e 28 dias. Esta caracterização foi realizada para avaliar a

influência da reação pozolânica da nanossílica nas principais fases de hidratação do

cimento

Tabela 5.4 – Comparação da Resistência a Compressão da Pasta C3 com uma pasta preparada com Silicato de

Sódio.

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53

10 20 30 40 50 60 70 80

2graus)

C1

C2

C4

24 Horas

Inte

nsid

ad

e (

cp

s)

P

PP P

C3S

Fonte: Autor, 2014

10 20 30 40 50 60 70 80

PP

P

2graus)

B1P

C3S

B2

C4

7 Dias

Inte

nsid

ad

e (

cp

s)

Fonte: Autor, 2014.

Figura 5.12. Difratogramas de Raios-X para pastas curadas por 24 horas: C1, C2 e C4.

Figura 5.13. Difratogramas de Raios-X para pastas curadas por 7 dias: B1, B2 e C4.

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54

10 20 30 40 50 60 70 80

PP

P

2graus)

A1P

C3S

C2

C4

28 Dias

Inte

nsid

ad

e (

cp

s)

Fonte: Autor, 2014

Os picos identificados nos difratogramas, pela letra P, são referentes à portlandita ou

hidróxido de cálcio (Ca(OH)2), que foi a fase tomada como referência para estudar a reação

de hidratação nas idades iniciais do cimento. Uma vez que o C-S-H formado como produto da

hidratação é uma fase que varia de semicristalina (a temperatura ambiente) a altamente

cristalina (a temperatura elevadas), entretanto não foram elucidadas todas as estruturas

possíveis para esta fase, portanto não sendo facilmente identificada pela técnica de difração

no presente estudo, já que se trabalhou a baixas temperaturas (BLACK et al, 2003). Os picos

destacados encontram-se aproximadamente em 2θ = 18°; 34º; 47º e 65°, e foram identificados

para comparação das intensidades, pois estes sugerem uma relação direta com a quantidade

da fase presente no sistema cimentício.

Em todos os difratogramas é possível observar uma diminuição na intensidade dos

picos de portlandita com o aumento da concentração de nanossílica no sistema cimentício, o

que pode indicar o consumo do hidróxido de cálcio. Tal diminuição, provavelmente, pode ser

explicada pelas seguintes etapas na hidratação:

Figura 5.14. Difratogramas de Raios-X para pastas curadas por 28 dias: A1, C2 e C4.

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55

1° Reação da alita (C3S) e belita (C2S) com água:

(Reação I)

(Reação II)

2° O hidróxido proveniente da hidratação da alita e da belita é solúvel em água:

(Reação III)

3º A nanossílica reage com a água gerando dihidrogenosilicato:

(Reação IV)

Apesar da geração de próton caracterizando um meio ácido, este é consumido

pelos íons hidróxidos do meio gerando mais água.

4° Reação do dihidrogenosilicato com íon cálcio proveniente da hidratação,

gerando silicato de cálcio hidratado adicional:

(Reação V)

Como observado na Reação V a portlandita gerada na hidratação da C3S e da C2S é

consumida pelo dihidrogenosilicato gerado pela Reação (IV) de nanossílica com água. Deste

modo com o aumento da concentração de nanossílica a uma diminuição da quantidade de

hidróxido presente.

Nos gráficos, também é observado à diminuição da intensidade do pico da fase C3S

(aproximadamente 2θ = 29°) com o aumento da concentração de nanossílica, o que é

esperado, uma vez que o aumento do consumo de portlandita deve deslocar a Reação I no

sentido da formação dos produtos. A diminuição da intensidade do pico da fase C3S é tomada

como referência porque a maior parte da portlandita é gerada pela alita que compõe 65 - 75%

do Blend. De acordo com CARVALHO (2002), cálculos estequiométricos concluem que a

hidratação da C3S gera 61% de C-S-H e 31% de hidróxido de cálcio, enquanto a hidratação do

C2S produz 82% de C-S-H e 18% de hidróxido de cálcio.

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56

Deste modo, é possível atribuir o aumento da resistência a compressão, assim como o

aumento da estabilidade nos sistemas em que existia uma maior concentração de nanossílica

pelo fato de quanto maior for o consumo de portlandita maior será a quantidade de fase

compacta de silicato de cálcio hidratado produzida.

5.6 Análise Térmica

As curvas termogravimétricas para análise do percentual de portlandita formada

durante o processo de hidratação, nos tempos de cura de 24 horas, 7 dias e 28 dias, são

apresentadas nas Figuras 5.15 a 5.23, no ANEXO I. Na Tabela 5.5 são apresentadas as perdas

de massa referente à portlandita (CH) para cada grupo de pasta: 24 horas. 7 e 28 dias, que

foram realizadas as análises térmicas.

Tabela 5.5 – Porcentagem de perda de massa de CH para cada tempo de cura e concentração de nanossílica

presente no sistema cimentício.

Pasta Tempo de Cura %CH Concentração de

nanossílica (%)

C1 24 horas 2,38% 0

C2 24 horas 1,95% 0,5

C3 24 horas 2,04% 1,5

B1 7 dias 4,47% 0

B2 7 dias 4,60% 0,5

C4 7 dias 3,41% 1,5

A1 28 dias 3,87 % 0

C2 28 dias 3,63% 0,5

C4 28 dias 3,21% 1,5

Fonte: Autor, 2014.

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57

É possível perceber que ocorreu uma diminuição no percentual de perda de massa de

CH, presente nas pastas, com o aumento da concentração de nanossílica em cada tempo de

cura estudado, o que se pode considerar esperado, devido à reatividade pozolânica da

nanossílica que reage com a portlandita gerando CSH. Portanto, comprovando os resultados

observados nos gráficos de DRX apresentados anteriormente.

Entretanto, pode-se observar que esta diminuição é mais acentuada quando a

concentração de nanossílica passa para 1,5%, visto que a 0,5% a porcentagem de perda de

massa é bastante similar a quando não existe nanossílica presente.

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58

6. CONCLUSÕES

Através dos estudos realizados percebeu-se que a nanossílica atuou na pasta de

cimento como sítio de nucleação acelerando a hidratação e também preenchendo os vazios

entre os grãos de cimento aumentando o grau de compactação das partículas do sistema.

Deste modo, através dos resultados obtidos concluiu-se:

O aumento da concentração de nanossílica nas pastas formuladas causou aumento nos

parâmetros reológicos de tensão cisalhante e viscosidade, o que caracteriza a nanossílica

como aditivo estendedor, mesmo a temperaturas bem abaixo das ordinárias;

Nas pastas em que foi possível a realização do ensaio de estabilidade, todas se

mostraram estáveis, além de existir redução na diferença de peso especifico entre o fundo e o

topo com o aumento da concentração de nanossílica.

Foram observadas reduções sucessivas e significativas de água livre com o aumento

da concentração de nanossílica nas formulações preparadas, que juntamente com os ensaios

de estabilidade acentuaram a característica de estendedor da nanossílica, mesmo em

temperaturas baixas;

Além de propriedades de estendedor a nanossílica aumenta a resistência à compressão

da pasta de cimento, apresentando valores de resistência equiparáveis e até superiores a um

estendedor comercial, mesmo a pasta de cimento com nanossílica sendo curada a

temperaturas muito baixas.

A alta reatividade pozolânica e consequente formação de silicato de cálcio hidratado

adicional explicam a maior resistência mecânica e estabilidade da pasta com nanossílica,

mesmo a temperaturas muito baixas;

Através das técnicas de DRX e TG/DTA foi possível verificar o maior consumo de

portlandita a concentrações mais elevadas de nanossílica, comprovando sua reatividade

pozolânica a temperaturas de 5°C±3°C.

O efeito de empacotamento das partículas do sistema cimentício pela nanossílica

devido sua maior área superficial para interação explica os fenômenos macroscópicos de

reologia, estabilidade e água livre.

Por fim, a nanosilica pode ser considerada eficaz, como aditivo estendedor, para

aplicação em pastas de cimento submetidas a baixas temperaturas.

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59

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BERRA,M. et al. Effects of nanosilica addition on workability and compressive strength of

Portland cement pastes. Construction an Building Materials, 2012 35:666–75.

CARVALHO, A. dos G. de. Energia de Ativação dos Concretos Experimentação e

Modelagem. Tese (Doutorado). Rio de Janeiro, 2002. 134 p. Universidade Federal do Rio de

Janeiro, COPPE.

Drexler, E et al. Unbounding the future: the nanotechnology revolution. New York: William

Morrow; 1991.

MACHADO, J.C.V, Reologia e escoamento de fluidos: ênfase na industria do Petroleo .

editora interciência, Petrobras, Rio de Janeiro, 2002.

METHA, P.K.; MONTEIRO, P.M., Concrete: Microestructure, properties and materials,

Editora University of Califórnia, 1 ed., Berkeley, 2001.

NELSON, E.B.; GUILLOT D. Well Cementing. Second Edition, Schlumberger, Sugar Land

Texas, 2006.

NELSON, E.B., Well cementing, Saint-Etienne: Schulumberger Educational Services, 1990.

OLIVEIRA, V.C. C, Análise de segurança em operações marítimas de exploração e

produção de petróleo. 2004. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Petróleo),

Universidade de Campina, Campinas, São Paulo.

PELIPENKO, S.; FRIGARD I.A. Mud removal and cement placement during primary

cementing an oil well, Journal of EngineeringMathematics,v.40, p 1-26, 2004;.

RAJAGOPALAN, Raj; HIEMENZ, Paul C.. Principles of colloid and surface chemistry.

3°ed. Califórnia: Marcel Dekker, 1997.

RIBEIRO,D.B; Utilização de nanossílica como aditivo estendedor para pastas cimentantes

de baixa densidade destinadas à cimentação de poços petrolíferos.Dissertação(Mestrado).

Natal, 2012.104 p. Universidade Federal do Rio Grande do Norte, PPGCEM.

SANTOS JUNIOR, B.F., Modificações morfológicas e estruturais de pastas de cimento

aditivadas com termofixos a base de epóxi para utilização em poços de petróleo, Dissertação

de Mestrado em Física, Universidade Federal de Sergipe, Sergipe, 2006.

SENFF, L. et al.; Effect of nano-silica on rheology and fresh properties of cement pastes and

mortars. Construction and Building Materials, 2009.

SINGH, L. P. et al. Beneficial Role of Nanossílica in Cement Based Materials – A Review .

Construction and Building Materials, 2013.

Page 62: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · objetivo avaliar o desempenho da nanossílica como aditivo estendedor em pastas de cimento submetidas à baixa temperatura (5°C

60

TAYLOR, H.F.W, Cement Chemistry, Editora Academic Press, 2 ed., London, 1997.

THOMAS, J.E. Fundamentos de engenharia do petróleo, Editora Interciência. Petrobrás, Rio

de Janeiro, 2001.

VLACHOU, P. V., PIAU, J.M. The influence of the shear field on the microestructural and

chemical evolution of na oil well cement slurry and its rheometric impact, Cement and

Concrete Research, v. 27, p.869, 1997.

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61

ANEXO I

Figura 5.3. Influência da Nanossílica na Curva de Fluxo das pastas do grupo B.

0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

1.4

1.6

1.8

2.0

2.2

2.4

Te

nsa

o d

e C

isa

lha

me

nto

(L

og

(

N.m

-2)

)

Taxa de Cisalhamento (Log [ (s-1))

Pasta B1

Pasta B2

Pasta B3

Pasta B4

Fonte: Autor, 2014

Figura 5.4. Influência da Nanossílica na Curva de Viscosidade das pastas do Grupo B.

0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0

0.8

1.0

1.2

1.4

1.6

1.8

2.0

2.2

2.4

2.6

2.8

3.0

3.2

3.4

Vis

co

sid

ad

e A

pa

ren

te (

Lo

g[

cP

))

Taxa de Cisalhamento (Log [ (s-1))

Pasta B1

Pasta B2

Pasta B3

Pasta B4

Fonte: Autor, 2014.

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62

Figura 5.5. Influência da Nanossílica na Curva de Fluxo das pastas do grupo C.

0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

1.4

1.6

1.8

2.0

2.2

2.4

Te

nsa

o d

e C

isa

lha

me

nto

(L

og

(

N.m

-2)

)

Taxa de Cisalhamento (Log [ (s-1))

Pasta C1

Pasta C2

Pasta C3

Pasta C4

Fonte: Autor, 2014

Figura 5.6. Influência da Nanossílica na Curva de Viscosidade das pastas do Grupo C.

0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0

0.8

1.0

1.2

1.4

1.6

1.8

2.0

2.2

2.4

2.6

2.8

3.0

3.2

3.4

3.6

3.8

Vis

co

sid

ad

e A

pa

ren

te (

Lo

g[

cP

))

Taxa de Cisalhamento (Log [ (s-1))

Pasta C1

Pasta C2

Pasta C3

Pasta C4

Fonte: Autor, 2014

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63

Figura 5.15. Curva de TG e DTA para pasta C1, com tempo de cura de 24 horas.

0 100 200 300 400 500 600 700 800

80

82

84

86

88

90

92

94

96

98

100

3,87%

(0,8167mg)

2,38% (0,5017mg)

Temperatura °C

Ma

ssa

(%

)

2,18% (0,4596mg)

5,00% (1,054mg)

4,70% (0,9908mg)

18,24% (3,8463mg)

Amostra: Pasta C1 Tempo de cura 24 horas

Massa da amostra : 21,08089mg

-30

-25

-20

-15

-10

-5

0

5

DT

A u

V

Fonte: Autor,2014

Figura 5.16. Curva de TG e DTA para pasta C2, com tempo de cura de 24 horas.

0 100 200 300 400 500 600 700 800

80

82

84

86

88

90

92

94

96

98

100

3,46%

1,95% (0,3155mg)

Temperatura °C

Ma

ssa

(%

)

4,41% (0,7140mg)

4,16% (0,6725mg)

5,47% (0,8850mg)

19,67% (3,1831mg)

Amostra: Pasta C2 Tempo de cura: 24 horas

Massa da amostra : 16,1798mg

-30

-25

-20

-15

-10

-5

0

5

(0,5599mg)

DT

A u

V

Fonte: Autor, 2014

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64

Figura 5.17. Curva de TG e DTA para pasta C4, com tempo de cura de 24 horas.

0 100 200 300 400 500 600 700 800

80

82

84

86

88

90

92

94

96

98

100

2,90%

2,04% (0,3478mg)

Temperatura °C

Ma

ssa

(%

)

1,27% (0,21655mg)

5,31% (0,9054mg)

5,37% (0,9156mg)

17,84% (3,1831mg)

Amostra: PastaC4 Tempo de cura: 24 horas

Massa da amostra : 17,05131mg

-30

-25

-20

-15

-10

-5

0

5

(0,4945mg)

DT

A u

V

Fonte: Autor, 2014

Figura 5.18. Curva de TG e DTA para pasta B1, com tempo de cura de 7 dias.

0 100 200 300 400 500 600 700 800

72

76

80

84

88

92

96

100

2,73%

(0,4376mg)

4,47% (0,7165mg)

Temperatura °C

Ma

ssa

(%

)

2,12% (0,3398mg)

7,40% (1,1861mg)

7,20% (1,1541mg)

24,65% (3,9512mg)

Amostra: Pasta B1 Tempo de cura: 7 dias

Massa da amostra : 16, 02959mg

-30

-25

-20

-15

-10

-5

0

5

DT

A u

V

Fonte: Autor, 2014.

Page 67: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · objetivo avaliar o desempenho da nanossílica como aditivo estendedor em pastas de cimento submetidas à baixa temperatura (5°C

65

Figura 5.19. Curva de TG e DTA para pasta B2, com tempo de cura de 7 dias.

0 100 200 300 400 500 600 700 800

72

76

80

84

88

92

96

100

3,34%

(0,6448mg)

4,60% (0,8881mg)

Temperatura °C

Ma

ssa

(%

)

3,49% (0,6738mg)

6,34% (1,2240mg)

8,27% (1,5967mg)

27,23% (5,2574mg)

Amostra: Pasta B2 Tempo de cura; 7 dias

Massa da amostra : 19,3074mg

-30

-25

-20

-15

-10

-5

0

5

DT

A u

V

Fonte: Autor, 2014.

Figura 5.20. Curva de TG e DTA para pasta C4, com tempo de cura de 7 dias.

0 100 200 300 400 500 600 700 800

72

76

80

84

88

92

96

100

3,43%

(0,5516mg)

3,41%(0,5483mg)

Temperatura °C

Ma

ssa

(%

)

3,84% (0,6175mg)

6,05% (0,6175mg)

9,96% (1,6017mg)

28,25% (4,5480mg)

Amostra: Pasta C4 Tempo de Cura: 7dias

Massa da amostra : 16,08209mg

-30

-25

-20

-15

-10

-5

0

5

DT

A u

V

Fonte: Autor, 2014.

Page 68: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · objetivo avaliar o desempenho da nanossílica como aditivo estendedor em pastas de cimento submetidas à baixa temperatura (5°C

66

Figura 5.21. Curva de TG e DTA para pasta A1, com tempo de cura de 28 dias.

0 100 200 300 400 500 600 700 800

72

76

80

84

88

92

96

100

3,14%

(0,3323mg)

3,87%(0,4096mg)

Temperatura °C

Ma

ssa

(%

)

3,81% (0,4032mg)

6,12% (0, 6478mg)

8,14% (0,8616mg)

25,14% (2,6610mg)

Amostra: Pasta A1 Tempo de Cura: 28 dias

Massa da amostra : 10,5851mg

-30

-25

-20

-15

-10

-5

0

5

DT

A u

V

Fonte: Autor, 2014.

Figura 5.22. Curva de TG e DTA para pasta C2, com tempo de cura de 28 dias.

0 100 200 300 400 500 600 700 800

72

76

80

84

88

92

96

100

3,17%

(0,3438mg)

3,63%(0,3937mg)

Temperatura °C

Ma

ssa

(%

)

4,37% (0,4739mg)

4,90% (0, 5314mg)

10,22% (1,1084mg)

26,82% (2,9090mg)

Amostra: Pasta C2 Tempo de Cura: 28 dias

Massa da amostra : 10,8465mg

-30

-25

-20

-15

-10

-5

0

5

DT

A u

V

Fonte: Autor, 2014.

Page 69: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · objetivo avaliar o desempenho da nanossílica como aditivo estendedor em pastas de cimento submetidas à baixa temperatura (5°C

67

Figura 5.23. Curva de TG e DTA para pasta C4, com tempo de cura de 28 dias.

0 100 200 300 400 500 600 700 800

64

68

72

76

80

84

88

92

96

100

3,26%

(0,5598mg)

3,21%(0,5512mg)

Temperatura °C

Ma

ssa

(%

)

10,88% (1,8682mg)

5,15% (0, 8843mg)

9,33% (1,6020mg)

32,73% (5,6201mg)

Amostra: Pasta C4 Tempo de Cura: 28 dias

Massa da amostra : 17,1712mg

-40

-35

-30

-25

-20

-15

-10

-5

0

5

DT

A u

V

Fonte: Autor, 2014

Page 70: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · objetivo avaliar o desempenho da nanossílica como aditivo estendedor em pastas de cimento submetidas à baixa temperatura (5°C

68

ANEXOII

Tabela 5.1 – Valores dos índices de comportamento das pastas fabricadas. (Equação do modelo

pseudoplástico: τ = K . ϒn

)

Pasta Índice de

Comportamento n.

A1 0,3752

A2 0,3164

A3 0,1983

A4

B1

B2

B3

B4

C1

C2

C3

C4

0,2091

0,3648

0,2196

0,1915

0,2077

0,3310

0,2300

0,2733

0,2455

Fonte: Autor, 2014.