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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS CLIMÁTICAS DESASTRES NATURAIS: UMA ANÁLISE DOS DECRETOS DE ESTIAGEM E SECA NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE MARCOS SAMUEL MATIAS RIBEIRO NATAL RN 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS CLIMÁTICAS

DESASTRES NATURAIS: UMA ANÁLISE DOS DECRETOS DE ESTIAGEM E SECA NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE

MARCOS SAMUEL MATIAS RIBEIRO

NATAL – RN

2016

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MARCOS SAMUEL MATIAS RIBEIRO

DESASTRES NATURAIS: UMA ANÁLISE DOS DECRETOS DE ESTIAGEM E SECA NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE

Dissertação apresentada ao Programa

de Pós-Graduação em Ciências

Climáticas do Centro de Ciências

Exatas e da Terra da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte –

UFRN, como parte dos requisitos para

obtenção do titulo de Mestre em

Ciências Climáticas.

Orientadora: Profa. Dra. Maria Helena Constantino Spyrides

Co-orientador: Prof. Dr. Cláudio Moises dos Santos e Silva

NATAL – RN

2016

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MARCOS SAMUEL MATIAS RIBEIRO

DESASTRES NATURAIS: UMA ANÁLISE DOS DECRETOS DE ESTIAGEM

E SECA NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________

– Orientadora –

__________________________________________

– Co-orientador –

__________________________________________

– Examinadora externa –

__________________________________________

– Examinadora interna –

__________________________________________

– Examinador interno –

__________________________________________

– Examinador interno –

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais, Francineide Matias da Silva Ribeiro e Paulo Soares Ribeiro por

todo o incentivo e dedicação, para com a minha pessoa.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a DEUS, pelo dom da vida e por estar ao meu

lado durante toda a minha jornada acadêmica. Em especial durante essa etapa

que não foi fácil, mas com seu amor incondicional esteve presente em cada

momento dando-me forças para prosseguir sempre em frente. Obrigado

Senhor!

A Maria Helena Constantino Spyrides minha querida orientadora, pelo

seu profissionalismo. Obrigado por cada momento compartilhado durante essa

trajetória, pelos ensinamentos transmitidos e por estar ao meu lado sempre que

necessário. Não foi fácil trabalhar com Desastres Naturais, mas como você

mesmo falou, tudo na vida é um desafio, e junto com a senhora, aprendi que

antes mesmo das coisas chegarem a se transformar em um desastre, devemos

nos revestir de coragem e determinação, que tudo se transforma. Obrigado

minha liiindinha.

Ao meu co-orientador Claúdio Moises dos Santos e Silva, pelas

contribuições e ensinamento. O senhor foi de extrema importância para as

nossas discussões com seu olhar peculiar que tem. Muito obrigado por tudo!.

A todos os professores do Programa de Pós-graduação em Ciências

Climáticas, em especial a Lara de Melo Barbosa, por acompanhar toda esta

trajetória, junto com a nossa querida MH. Obrigado professora por todos os

ensinamentos e experiências transmitidos durante esse período, por sempre

estar à disposição de escutar os meus lamentos e aflições.

Ao professor Dr. Paulo Sergio Lúcio, por ceder à rotina computacional

para o cálculo do Índice de Precipitação Padronizado – SPI.

Aos meus pais, Francineide Matias e Paulo Soares por sempre estarem

ao meu lado incentivando e dando força, fazendo-me acreditar que sou capaz.

As palavras são poucas para externar a minha gratidão a vocês, pois se aqui

cheguei, nada teria sido possível sem as vossas presenças em minha vida,

afinal me educaram e fizeram-me crescer como um cidadão digno, pautado

sempre no respeito e na responsabilidade. Amo vocês, meus amores.

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A minha irmã Sarah Raquel, por estar sempre na torcida para que tudo

se concretizasse da melhor forma possível. Obrigado por sempre estar do meu

lado, nos momentos de alegria e aflição.

A Mariana Oliveira Cedraz, irmã que a vida acadêmica me concedeu,

obrigado por tantos momentos compartilhados durante toda essa trajetória.

Você sabe o quanto é importante para mim, tudo isso tem um pouco do seu

incentivo e dedicação para com a minha pessoa.

Aos meus amigos (as), Pollyane, Izabelly, Daniella, Layara, Italo e

Marcelo pelos momentos que juntos passamos durante esse tempo, por cada

momento de ajuda que se dispuseram para com a minha pessoa. Em especial

a Pollyane, que na medida do possível esteve sempre a me ajudar, quando

chegava com as minhas dúvidas e achando que nada dava certo, ela ali estava

aguardando sempre com as palavras certas a serem ditas e suas experiências

que me enchiam de entusiasmos a seguir em frete. Tudo isso não seria

possível se vocês não tivessem me acolhidos e me aconselhado sempre que

cheguei com os meus momentos de angustia.

A todos os meus FAMILIARES e AMIGOS, que sempre estiveram na

torcida para que tudo desse certo da melhor maneira possível e por me

compreenderem nos momentos de ausência durante o dia-a-dia. Vocês foram

muito importantes.

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoa de Nível Superior

(CAPES), pelo incentivo concedido durante todo este período.

A todos aqueles que direto ou indiretamente contribuíram para que aqui

chegasse, e que esse sonho se tornasse realidade.

Muito Obrigado!

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RESUMO

Os Desastres Naturais (DN) são estabelecidos pela ocorrência de fenômenos

naturais em áreas ou regiões habitadas, e caracterizados pelo fato de seu

impacto causar danos à população afetada. Caso não apresente danos à

sociedade ou aconteça em áreas não ocupadas, o fenômeno é considerado

apenas um evento natural. As ocorrências de Desastres Naturais originam

grandes problemas e prejuízos para as sociedades afetadas, além de

ocasionar grandes perdas humanas. O objetivo do trabalho é realizar uma

análise das ocorrências dos DN nas dezenove microrregiões do estado do Rio

Grande do Norte, no período de 1991 a 2012, traçando um paralelo com os

registros ao longo do tempo dos limiares de precipitação. Utilizou-se de

técnicas estatísticas, como análise espacial para a construção de mapas

temáticos de forma a identificar áreas com maior risco, e o teste de qui-

quadrado para verificar associações entre as variáveis. O Índice de

Precipitação Padronizado (SPI) foi considerado, objetivando evidenciar as

condições meteorológicas das áreas analisadas no momento da publicação

dos Decretos de Estado de Emergência ou Calamidade Pública. Os resultados

demonstraram um aumento expressivo de 98,7% nos registros das ocorrências

para o Estado, uma vez que nos 11 (onze) primeiros anos foram registrados

535 ocorrências e nos 11 anos subsequentes foram registrados 1.063, com um

total de 2.447.683 pessoas afetadas por DN. Para o Estado, os fenômenos que

apresentaram maior frequência foram: as estiagem/seca (81,1%), as

enxurradas e as inundações (18,9%), provenientes das relações de fatores

com características entre o natural e social. Os dados apresentaram relações

estatisticamente significativas entre as ocorrências com a precipitação média

acumulada anual. A compreensão deste comportamento ao longo do tempo

levará as autoridades competentes, a identificar as condições que se encontra

a sociedade, possibilitando no direcionamento de ações e políticas públicas

eficazes na gestão para a mitigação do risco a desastres naturais.

Palavra Chave: Fenômenos Naturais; Precipitação; Microrregiões; Índice de

Precipitação Padronizado.

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ABSTRACT

The Natural Disasters (DN) are established by the occurrence of natural

phenomena in areas or regions inhabited, and characterized by the fact that its

impact damage to the affected population. If undamaged to the company or

happen in areas not occupied, the phenomenon is considered just a natural

event. The Natural Disaster occurrences originate great problems and damage

to the affected societies besides causing great human losses. The objective is

to analyze the occurrence of DN in nineteen micro-regions of Rio Grande do

Norte state, in the period 1991-2012, drawing a parallel with the records over

time of rainfall thresholds. We used statistical techniques, as a spatial analysis

to build thematic maps to identify areas with increased risk, and the chi-square

test to verify associations between variables. The Standardized Precipitation

Index (SPI) was considered, aiming to highlight the weather conditions of the

areas analyzed at the time of publication of Decree of the State of Emergency

and Public Calamity. The results showed a significant increase of 98,7% in the

records of events for the state, once in eleven (11) years were first registered

535 occurrences and the subsequent 11 years were recorded 1.063, a total of

2.447,683 people affected by DN. For the state, the phenomena that most

frequently presented were: the drought / dry (81,1%), flash floods and floods

(18,9%), from the relations of factors with characteristics between the natural

and social. The data show statistically significant relationships between the

occurrences for the two periods, and its relationship with the annual cumulative

average rainfall. Understanding this behavior over time will lead the competent

authorities, to identify the conditions that is society, enabling the direct actions

and effective public policies in the management to mitigate the risk of natural

disasters.

Keyword: Natural Phenomena; Precipitation; micro-regions; Standardized

Precipitation Index.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .......................................................................................... 14

2. OBJETIVOS .............................................................................................. 18

2.1 – Objetivo Geral ...................................................................................... 18

2.2 – Objetivos Específicos ........................................................................... 18

3. REVISÃO DE LITERATURA ..................................................................... 19

3.1 – Desastres Naturais ............................................................................... 19

3.2 – Definições e características dos desastres naturais no estado do RN . 23

3.2.1 – Estiagem e Seca ............................................................................ 23

3.2.2 – Enxurradas .................................................................................... 24

3.2.3 – Inundações .................................................................................... 24

3.3 – Sistemas de Informação de Desastres ................................................ 25

3.4 - Sistemas atmosféricos com influencia na região do Estado do Rio

Grande do Norte ........................................................................................... 27

4. MATERIAL E MÉTODOS .......................................................................... 33

4.1 - Área de Estudo ..................................................................................... 33

4.2 – Climatologia do estado do Rio Grande do Norte .................................. 34

4.3 – Análise estatística ................................................................................ 35

4.3.1 – Análise de agrupamentos – cluster ................................................ 37

4.3.2– Teste Qui-quadrado ........................................................................ 39

4.3.3 – Índice de Precipitação Padronizado (SPI) ..................................... 39

5. RESULTADOS E DISCUSSÂO ................................................................ 42

6. CONCLUSÃO ............................................................................................ 64

7. REFERÊNCIAS ......................................................................................... 66

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Definições dos Complexos Convectivos de Mesoescala, baseado

em imagens de satélite.

Tabela 2 - Classificação padrão do Índice de Precipitação Padronizado.

Tabela 3 - Ocorrência dos Desastres Naturais no estado do Rio Grande do

Norte, segundo as 19 microrregiões no período de 1991 a 2012.

Tabela 4 - Ocorrências de desastres naturais no estado do Rio Grande do

Norte no período de 1991 a 2012, para os três grupos formados através da

análise de cluster. Significância e Risco Relativo entre os grupos.

Tabela 5 - Composição de cada grupo através das microrregiões do estado do

Rio Grande do Norte, contendo as informações quanto ao regime de

precipitação médio acumula anual e ocorrências de desastres no período de

1991 a 2012.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1– Classificação dos Desastres Naturais, segundo a COBRADE.

Figura 2– Localização do estado do Rio Grande do Norte e sua divisão

territorial quando mesorregião e microrregião.

Figura 3 – Classificação climática do Estado do Rio Grande do Norte.

Figura 4 – Série histórica das ocorrência de desastres naturais no estado do

Rio Grande do Norte, no período de 1991 a 2012.

Figura 5: Registro de ocorrência de Desastres Naturais para os municípios do

estado do Rio Grande do Norte, entre os anos de 1991 a 2012.

Figura 6 – Série histórica das ocorrências de Desastres Naturais no estado do

Rio Grande do Norte, segundo as 19 microrregiões no período de 1991 a 2012,

e as representações dos anos com atuação de el niño, la ninã e neutro.

Figura 7 – Mapeamento das ocorrências de Desastres Naturais no estado do

Rio Grande do Norte, segundo as 19 microrregiões no período de 1991 a 2012.

Figura 8 – Análise de cluster para o regime de precipitação média acumulada

anual, para as microrregiões do estado do Rio Grande do Norte no período de

1991 a 2012.

Figura 9 – Mapeamento dos grupos formados por meio da análise de cluster,

utilizando-se da precipitação média acumulada anual para o estado do Rio

Grande do Norte no período de 1991 a 2012.

Figura 10 – Análise estatística dos grupos formados a partir da análise de

cluster.

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Figura 11 - Ocorrências de desastres naturais para a microrregião da

Borborema Potiguar, no período de 1991 a 2012.

Figura 12 – Índice de Precipitação Padronizado – SPI, para microrregião da

Borborema Potiguar, no período de 1991 a 2012.

Figura 13 – Ocorrências de desastres naturais para a microrregião de Agreste

Potiguar, no período de 1991 a 2012.

Figura 14 – Índice de Precipitação Padronizado – SPI, para microrregião do

Agreste Potiguar, no período de 1991 a 2012.

Figura 15 – Ocorrências de desastres naturais para a microrregião do Litoral

Nordeste, no período de 1991 a 2012.

Figura 16 – Índice de Precipitação Padronizado – SPI, para microrregião do

Litoral Nordeste, no período de 1991 a 2012.

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1. INTRODUÇÃO

O crescente aumento dos registros das ocorrências de Desastres

Naturais (DN) vem sendo observado ao longo das últimas décadas em todo o

planeta, como colocado pelo Centre for Research on the Epidemiology of

Disasters (CRED; 2014) e pelo Centro Universitário de Estudos e Pesquisas

sobre Desastres (CEPED; 2013). Em suas revisões de análise dos dados

pode-se perceber ao longo das últimas décadas este incremento expressivo,

provocando números consideráveis de perdas humanas e materiais para as

sociedades afetadas, além das catastróficas consequências deixadas ao meio

ambiente.

Para Kobiyama et al. (2006) e Vestena (2008), o acréscimo dos registros

tem como um dos fatores principais o aumento das populações, além da

ocupação desordenada e o intenso processo de urbanização e industrialização,

uma vez que, os mesmos são determinados pela relação entre o homem e a

natureza. Em áreas urbanas, pode-se destacar dentre os principais fatores

para desencadear desastres, a impermeabilização do solo, o adensamento das

construções, a conservação de calor e a poluição do ar, enquanto nas áreas

rurais, destacam-se a compactação dos solos, o assoreamento dos rios, os

desmatamentos e as queimadas.

As mudanças climáticas podem se destacar como sendo um fator de

influente nesta temática. Estas alterações podem ser percebidas na sociedade

por meio da ocorrência de eventos extremos, como: a seca (escassez de

água); as precipitações elevadas que ocasionam as enxurradas e as

inundações; os furacões entre outros eventos naturais. Onde estes eventos,

com a influência de ações antropogênicas em algumas situações, podem ser

caracterizados como desastres naturais, ocasionando prejuízos para a

sociedade, além da perda de vidas humanas (PACHAURI, 2010; AMBRIZZI,

2014; SILVA 2014).

Um componente de fundamental importância para a análise da

ocorrência destes eventos, tanto em caráter preventivo, quanto após a sua

prevalência, é verificar, por meio de estudos específicos, a vulnerabilidade das

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regiões em análise, pois facilita na compreensão da real situação em que se

encontram as respectivas áreas. A vulnerabilidade é decorrente da influência

mútua de interações complexas que envolvem os processos físicos e sociais,

nos quais uma população está exposta a um fator de perigo (ocorrência do

fenômeno natural) e sua susceptibilidade e capacidade adaptativa a esse

perigo (CONFALONIERI et al., 2009; CONFALONIERI e BARATA, 2011).

Como colocado por Kienberger et al. (2009) e Silva (2014) a

vulnerabilidade é constituída por três componentes: o risco, caracterizada por

todas as pessoas, ou todas as coisas que se encontram expostas em uma

sociedade; a suscetibilidade, que é a dificuldade de adaptação por parte dos

afetados diante do risco; a capacidade adaptativa, que quantifica a capacidade

dos afetados de uma sociedade se adaptarem aos efeitos e impactos deixados

pelas ocorrências de desastres. Dessa forma, as interações dessas três

componentes descrevem a vulnerabilidade de uma determinada sociedade.

Quanto à vulnerabilidade relacionada à ocorrência de desastres naturais

e avaliações de risco, Cutter (1996) explica que a mesma pode ser

compreendida como a interação entre o risco existente em um determinado

lugar, as características e o grau de exposição da população residente.

Resultante das complexas interações entre relevo, posição geográfica,

natureza da superfície e os sistemas de pressão atuantes, assim é o regime de

precipitação encontrado no Nordeste Brasileiro, que com a influência de

diversos fatores afetam a distribuição das chuvas (KAYANO e ANDREOLI,

2009).

O Nordeste Brasileiro (NEB) apresenta uma alta variabilidade climática

que envolve desde regiões semiáridas, com regime de precipitação acumulada

anual inferior a 500 mm, até regiões úmidas que apresentam altos índices de

precipitações anuais, chegando a quantitativos superiores a 1.500 mm. A alta

variabilidade intra e inter anual da precipitação é ocasionado por diferentes

sistemas meteorológicos atuantes na região do NEB devido à sua grande

extensão territorial (MOURA e SHUKLA, 1981; OLIVEIRA 2014).

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No estado do Rio Grande do Norte, o regime pluviométrico não

apresenta uma distribuição uniforme para todo o território. A região tem

influências de sistemas atmosféricos que influencia no período chuvoso para o

Estado, como é o caso da Zona de Convergência Intertropical - ZCIT, um dos

principais sistemas que ocasiona chuva para o Estado, formado pela

convergência dos ventos alísios de cada hemisfério e que apresenta alterações

na circulação geral da atmosfera. Esta é configurada por uma faixa de nuvens

de grande desenvolvimento vertical e que influencia a região por meio de seu

deslocamento meridional, sendo um dos principais causadores da precipitação

no NEB (UVO, 1989; MOURA e VITORINO, 2012).

Além da Zona de Convergência Intertropical ZCIT, também há a

influência dos Distúrbios Ondulatórios de Leste (DOL) que são perturbações

ondulatórias migratórias dos alísios de leste para oeste nos trópicos com maior

frequência nos meses de maio, junho e julho (NOBRE e MOLION, 1998;

NOBRE e MELO, 2004; TORRES, 2008; TORRES e FERREIRA, 2011).

Ocorrem também os Vórtice Ciclônicos de Altos Níveis VCAN, que são

sistemas fechados de baixa pressão com duração de 2 a 10 dias nos quais o

seu mecanismo de atuação no NEB são entre os meses de dezembro, janeiro

e fevereiro (GAN e KOUSKY, 1982; MISHRA et al. 2001) e as Linhas de

Instabilidade, que são formadas pela circulação da brisa marítima, composta

por um conjunto de nuvens convectivas organizadas em formatos lineares com

maior frequência nos meses de maio e agosto, com maior intensidade nos

anos de La Niña (CAVALCANTI, 1982; FERREIRA e MELLO, 2005).

Como comentado por Santos e Silva et al. (2012), o estado apresenta

características bem típicas quanto à ocorrência de chuva, mudando assim os

períodos chuvosos nas diferentes áreas. O Estado é divido em três regiões que

assumem classificações e características distintas, sendo estas: a região

Litoral, que tem seu período chuvoso nos meses de abril a julho com

precipitações máximas em junho; enquanto as regiões Seridó e Oeste

apresentam o período de chuva entre fevereiro e maio com precipitações

elevadas em março. No entanto, a região Seridó sofre com secas prolongadas

e seus quantitativos são inferiores aos do Oeste Potiguar.

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O presente estudo justifica-se pela necessidade de se compreender a

distribuição espacial das publicações dos decretos de desastres naturais no

Estado, avaliando as condições meteorológicas, através da precipitação, no

período do registro de ocorrência. Buscando um melhor entendimento sobre as

reais condições que desencadearam o decreto de estado de emergência ou

calamidade pública dos municípios no RN. O decreto é um dos critérios para se

contabilizar a ocorrência de DN, uma vez que quando realizado pela

administração pública, espera-se que o município tenha sido afetado por

alguma ocorrência do sistema natural e assim esteja com dificuldades na sua

estruturação física, bem como na qualidade de vida da sociedade,

impossibilitada do uso de seus direitos básicos na saúde, educação e

assistência social.

Diante de tal realidade que se apresenta os dados nos últimos anos

quanto a essas ocorrências, a referida temática torna-se cada vez mais

indispensáveis para a sociedade. O entendimento dos fatores e características

que a ocasiona, vem se tornando imprescindível e de extrema importância.

Portanto, se faz necessário o desenvolvimento de estudos, técnicas e

metodologias que compreendam tais eventos e seus impactos na sociedade,

com intuito de fomentar a mitigação das ocorrências desses acontecimentos,

bem como subsidiar os gestores na esfera municipal, estadual e federal a criar

e direcionar as politicas públicas eficazes para a população em geral.

Quanto à forma de estruturação do referido trabalho, o mesmo é

composto por 4 capítulos, além desta introdução que contém os objetivos do

estudo. O segundo capítulo trata-se da revisão de literatura, abordando os

conceitos, descrições e classificações da ocorrência de um Desastre Natural e

os sistemas de informação. O terceiro capítulo descreve os materiais e

métodos utilizados durante o estudo, mostrando uma descrição da área de

estudo, climatologia do Estado, descrição dos dados utilizados e as

metodologias usadas. O quarto capítulo traz os resultados e discussões do

estudo, um mapeamento dos registros de ocorrências no estado do Rio Grande

do Norte ao longo dos 22 anos e uma análise do comportamento destas

ocorrências frente aos quantitativos pluviométricos através do Índice de

Precipitação Padronizado. O quinto e último capítulo destina-se às

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considerações finais do trabalho, apresentando as perspectivas de estudos

futuros que poderão contribuir cada vez mais para o enriquecimento dos

conhecimentos científicos da referida problemática.

2. OBJETIVOS

2.1 – Objetivo Geral

Analisar as ocorrências de desastres naturais no estado do Rio Grande

do Norte e sua distribuição geográfica, verificando a relação com as

características do regime de precipitação para cada uma das regiões do

Estado, durante o período de 1991 a 2012.

2.2 – Objetivos Específicos

Analisar os registros de desastres naturais no período de 1991 a 2012,

dos dados do Centro de Estudo e Pesquisa em Desastres –

CEPED/UFSC, segundo as microrregiões do estado do Rio Grande do

Norte;

Identificar os padrões de similaridade entre as microrregiões,

considerando a variável precipitação média acumulada anual;

Descrever o comportamento do Índice de Precipitação Padronizado –

SPI, face às ocorrências de desastres naturais;

Avaliar a associação entre a precipitação acumulada anual e as

ocorrências dos registros de desastres naturais do CEPED/UFSC;

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3. REVISÃO DE LITERATURA

3.1 – Desastres Naturais

Caracterizado pela ação de fenômenos naturais na sociedade ou

desequilíbrios humanos, os desastres naturais são impactos de características

bruscas ou não que quando afeta o ambiente e a população, deixa-as

impossibilitadas de retornar às suas atividades cotidianas de caráter imediato

dependendo da proporção do desastre. Os danos ocasionam grandes perdas

humanas e/ou formidáveis perdas materiais, econômicas e ambientais,

chegando a acarretar uma desestabilidade nos serviços essenciais ligados ao

fornecimento de água, luz, comunicação e transporte, bem como nas

atividades comerciais e industriais (MARCELINO, 2007; EIRD, 2009).

Segundo Alcantara-Ayala (2002), o sistema considerado puramente

natural governou o planeta terra por muito tempo, antes mesmo do

aparecimento do Homo Sapiens, os eventos de ordem natural ocorriam, como:

terremotos, vulcões, desabamentos, erupções, entre outros, no entanto,

ameaçava apenas a fauna e a flora predominantes. Após milhares de anos

mais tarde com o aparecimento da presença humana, os eventos passaram a

ser considerados desastres naturais. A transformação deu-se a partir do

momento em que simultaneamente os seres humanos começaram a interagir

com o sistema natural, com a descoberta do fogo e a criação de ferramentas a

partir da oferta de habitats naturais.

Partindo do exposto, pode-se afirmar que para se distinguir um desastre

de um evento natural deve-se levar em consideração pressupostos que

subsidiam a distinção, possibilitando a diferença entre os mesmos. Para isso o

termo desastre natural está relacionado aos agentes geofísicos, ao custo dos

danos, ao número de mortos e aos impactos sobre o sistema social, sendo

esses os fatores necessários para tal diferença (ALEXANDRE 1995, COPPOK

2005).

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The United Nations Office for Disaster Risk Reduction (UNISDR, 2009)

considera desastre como uma grave perturbação do funcionamento de uma

comunidade ou de uma sociedade envolvendo perdas humanas, materiais,

econômicas ou ambientais de grande extensão, cujos impactos excedem a

capacidade da comunidade ou da população afetada de arcar com seus

próprios recursos. O acontecimento e o prevalecimento de um determinado

desastre natural são provenientes de três variáveis, as quais apresentam

características básicas: risco (fenômeno natural, tais como terremoto, tufão ou

erupção vulcânica, secas); exposição (infraestrutura, edifícios, seres humanos

e outras entidades expostas aos riscos) e vulnerabilidade (propensão a sofrer

perdas) (UITTO, 1998).

Segundo Marcelino (2005), os desastres naturais estão associados aos

termos perigo, vulnerabilidade e risco. O perigo seria o processo ou evento que

ocorre naturalmente ou induzido pelo homem com potencial de gerar danos e

prejuízos. A vulnerabilidade é a extensão dos danos e prejuízos potenciais de

dados de um ou vários elementos em uma área afetada por um perigo,

dependendo das condições sociais e econômicas. O risco está relacionado

com a probabilidade das consequências danosas ou perda esperada de vidas,

feridos, propriedades e atividades econômicas e/ou ambientais afetadas,

resultantes da interação entre perigo e vulnerabilidade. Sendo assim, pode-se

dizer que o risco está diretamente relacionado com o perigo e a

vulnerabilidade.

Para serem classificados como uma ocorrência de desastres naturais, a

atuação do evento natural na sociedade afetada, necessita apresentar

características distintas que atendam aos critérios para serem contabilizados

nos bancos de dados. Os fatores para tais caracterizações são baseados nos

números de pessoas afetadas, número de óbitos, declaração de situação de

emergência e declaração de estado de calamidade pública.

Os Desastres Naturais estão diretamente associados às características

físicas do meio ambiente e aos condicionantes antrópicos, principalmente ao

modo de uso e ocupação do solo. Nas últimas décadas o processo de

urbanização nas cidades vem se destacando em grande proporção pela

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21

apropriação indevida do homem em áreas impróprias, tornando as

comunidades cada vez mais vulneráveis em áreas de risco (VESTENA, 2008).

Os desastres naturais são caracterizados e classificados por diferentes

naturezas e que se distribuem nas diferentes formas, nas quais cada

classificação tem suas características e peculiaridades de formação (Figura

01). A referida classificação apresentada é uma adaptação daquela

proveniente da Codificação Brasileira de Desastres estabelecida em cinco

grupos distintos. Neste trabalho esta classificação foi adaptada e reorganizada

para ser apresentada em três grupos, no qual os fenômenos meteorológicos

englobam os de natureza hidrológica e climatológica.

Figura 1– Classificação dos Desastres Naturais, segundo a COBRADE.

Fonte: Autoria própria com informações da COBRADE, segundo BRASIL (2012)

A classificação dos desastres naturais não ocorre apenas pela sua

origem natural ao qual este é ligado. Após sua ocorrência, o mesmo ainda

pode ser avaliado e classificado de acordo com sua intensidade e forma com

que afeta a sociedade, de modo a requerer, de forma diferenciada, o

planejamento de ações e atividades que visem à reestruturação da área

atingida. Segundo Kobiyama et al. (2006), estes podem ser classificados em

quatro níveis distintos:

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22

NIVEL I – são todas as ocorrências de pequeno porte, as quais seus

prejuízos e impactos deixados não preponderam tanta relevância, também

conhecidos como acidentes. Neste nível, o prejuízo deixado é inferior a 5% do

PIB municipal, mesmo assim é uma situação na qual é superável com recursos

municipais próprios disponíveis pela administração;

NIVEL II – compreende todas as ocorrências de média escala, as quais

os impactos causados apresentam certo grau de importância e os danos são

expressivos. Mesmo não sendo tão consideráveis, os estragos causados

geram despesas em torno de 5% a 10% do PIB municipal. Esse nível é

superável pela sociedade, ou seja, pelo município, desde que se tenha um bom

planejamento e empenho na mobilização de uma administração com

características diferenciadas;

NIVEL III – ocorrências de grande intensidade que acarretam danos e

prejuízos expressivos. Seu déficit após a ocorrência gira em torno de 10% a

30% do PIB municipal. A reestruturação da sociedade afetada pode ser

reestabelecida com recursos locais, desde que se tenha ajuda dos governos

estadual e federal. Neste caso é decretada situação de emergência por parte

da administração;

NIVEL IV – é a classificação com maior intensidade, na qual seus

impactos, bem como os seus danos, são bastante expressivos. O prejuízo

acarretado é maior que 30% do PIB municipal e a situação devastadora não é

superável pelo município, caso o mesmo não receba ajuda externa.

Eventualmente essas ajudas são oriundas de doações internacionais. Neste

caso, é decretado estado de calamidade pública.

A coleta e o armazenamento dos dados sobre desastres naturais são

realizados por centros de pesquisas mundiais e nacionais, que se dispõe a

agrupar em um só local as informações referentes a cada ocorrência,

possibilitando análises e estudo ao longo do tempo. Este entendimento viabiliza

a tomada de ações preventivas quanto à prevalência dos desastres, bem como

a identificação de áreas de risco.

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23

Como proposto por Marcelino (2006), a análise desta problemática ao

longo dos tempos, bem como a busca por esses tipos de dados vem se

tornando cada vez mais importante. No entanto, é de suma importância

conhecer precisamente a qualidade das informações já existentes pelo mundo,

uma vez que são utilizadas na tomada de decisões importantes para com a

sociedade.

3.2 – Definições e características dos desastres naturais no estado do RN

De acordo com o Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre

Desastres, a classificação utilizada foi realizada segundo a origem dos

desastres, baseada na última reclassificação da Codificação Brasileira de

Desastres - COBRADE, desenvolvida pela Defesa Civil Nacional, na qual traz

as seguintes definições abaixo listadas para cada uma das categorias.

3.2.1 – Estiagem e Seca

Classificadas como fenômenos de natureza climatológica, são

ocasionadas pela influência na redução das precipitações pluviométricas,

ausência de chuvas previstas para um determinado período, atraso no período

chuvoso, no qual a perda de umidade do solo é superior à sua reposição

(CASTRO, 2003; BRASIL, 2012), sendo responsáveis por provocar

desequilíbrios hidrológicos, graves problemas na agricultura e pecuária entre

outros seguimentos da sociedade. Importantes estudos mostram à

consequência que decorre na saúde humana, os impactos nutricionais, a

queda nos padrões de higiene pessoal e ambiental, epidemias de doenças

infecciosas, aumento das doenças diarreicas derivadas das más condições

sanitárias (CONFALONIERI, 2001; THOMPSON; CAIRNCROSS, 2002).

O fenômeno de estiagem é caracterizado quando existe um atraso

superior a quinze dias do início da temporada chuvosa ou quando os meses

chuvosos têm médias de precipitação pluviométrica mensal inferior a 60% das

médias mensais durante o período (CASTRO, 2003).

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24

A seca é compreendida como uma estiagem com período prolongado, a

qual produz a redução ou interrupção nas reservas hídricas existentes,

ocasionando diversos problemas para a sociedade, nos diferentes seguimentos

tais como: econômico, cultural, social e ecológico. Segundo Castro (1997),

esse fenômeno pode assumir diferentes classificações, sendo estas:

climatológicas, quando o acumulado de chuva dentro de um período é inferior

ao valor normal esperado; hidrológicas, que é gerada pelo déficit de água nos

estoques dos rios, açudes e lagoas; edáficas, quando se constatam déficits de

umidade no solo (KOBIYAMA et al., 2006).

3.2.2 – Enxurradas

Classificado como fenômeno de natureza natural, inserido no grupo que

compõe os desastres hidrológicos, as enxurradas são provocadas pelas

precipitações intensas e concentradas, estando relacionada ao escoamento

superficial. Como colocado pela Classificação e Codificação Brasileira de

Desastres - COBRADE, este fenômeno apresenta a seguinte definição:

“Escoamento superficial de alta velocidade e energia, provocado

por chuvas intensas e concentradas, normalmente em bacias de

relevo acidentado. Caracterizada pela elevação súbita das vazões

de determinada drenagem e transbordamento brusco da calha

fluvial. Apresenta grande poder destrutivo” (BRASIL, 2012).

3.2.3 – Inundações

As inundações são desastres classificados como de natureza natural e

enquadra-se no grupo dos desastres hidrológicos, sua ocorrência se dá a partir

de precipitações. Para a Classificação e Codificação Brasileira de Desastres –

COBRADE – estas são definidas como:

“Submersão de áreas fora dos limites normais de um curso de

água em zonas que normalmente não se encontram submersas.

O transbordamento ocorre de modo gradual, geralmente

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ocasionado por chuvas prolongadas em áreas de planície”

(BRASIL, 2012).

3.3 – Sistemas de Informação de Desastres

O maior problema encontrado entre pesquisadores da referida temática

é a falta de uniformização e padronização da forma com que são coletadas as

informações referentes aos desastres. Problema este que inviabiliza o

desenvolvimento de estudos científicos, devido à discrepância existente entre

as informações fornecidas sobre um mesmo evento, bem como a falta de

clareza das características metodológicas utilizadas em suas coletas de

informações (MARCELINO, 2006; COUTINHO, 2010).

Em nível mundial tem-se em torno de cinco bancos de dados, os quais

contêm informações das mencionadas ocorrências de forma geral. O que à

diferenciam são suas características metodológicas, como também a forma

com que estes são disponibilizados para os que o procuram (COUTINHO,

2010). Os sistemas de informação existentes são:

EM-DAT – Emergency Events Database, de acesso público, é

gerenciado pelo Centre for Research on the Epidemiology of Disasters, da

Universidade de Louvain, na Bélgica. Contém registros desde o ano de 1900,

nos quais suas atualizações são realizadas diariamente. Os critérios utilizados

para que seja contabilizado como uma ocorrência é: 10 ou mais mortes e/ou

100 ou mais pessoas afetadas e/ou declaração de estado de emergência e/ou

pedido de assistência internacional (Estado de Calamidade Pública). Os

referidos dados estão organizados por países, contendo a localização da

ocorrência (latitude, longitude, cidade, estado), data, número de pessoas

mortas; feridas; afetadas, número de desalojados, bem como, dados e custos

estimados.

NatCad – Mantido pelo Munich Reinsurance Company, possui sede em

Munique na Alemanha. Seu acesso é privado, pelo fato do mesmo pertencer a

um grupo privado, tendo parte de suas informações disponibilizadas ao público

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26

por meio de relatórios disponíveis no website e consultas com aplicações em

mapas. As demais informações são restritas aos clientes. Seu banco de dados

contempla catástrofes naturais desde 79 AC até os dias atuais, sendo inseridos

pelos países de ocorrência e suas informações registradas são: localização,

data, número de pessoas mortas, feridas, afetadas e danos e custos

estimados.

Sigma – administrado pelo Swiss Reinsurance Company, mantém sede

em Zurique na Suíça. Seu acesso é de característica privada e, como o

NatCad, fornece informações por meio de relatórios. Contempla os registros

de eventos de desastres desde 1970 até os dias atuais, excluindo a seca, bem

como desastres causados pelo homem. Seus critérios de inclusão são: 20 ou

mais pessoas mortas e/ou 50 ou mais pessoas feridas e/ou 2.000 desalojados

e/ou perdas econômicas acima de 70 milhões de dólares.

Disaster Database Project – é um projeto de acesso público, mantido

pela Universidade de Richmond. Não se limita apenas a desastres naturais, os

critérios para inclusão no banco de dados são todos aqueles eventos que

representam uma ameaça à vida, propriedade ou ambiente e/ou de alguma

forma exigiu a utilização de procedimentos de emergências e/ou que tenha

provocado algum impacto significativo na comunidade. As informações incluem

localização (latitude e longitude, quando disponível), data e hora, descrição

geral do evento e uma subdivisão do evento em cinco fases, que compreende:

ocorrência, desenvolvimento, impactos, resposta, recuperação.

Glide – Global Disaster Identifier Number, de natureza pública, é um

projeto mantido pela Asian Disaster Reduction Center (ADRC), em colaboração

com instituições internacionais. Os eventos são registrados por países e as

informações nele contidos são: o número do GLIDE, localização, data,

descrição geral do evento, perdas humanas e econômicas e a fonte da

informação.

No Brasil tem, como fonte de dados, os registros realizados pela Defesa

Civil. No entanto, a Universidade Federal de Santa Catarina dispõe do Centro

Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres - CEPED, que em

parceria com a Secretaria Nacional da Defesa Civil desenvolveram o trabalho

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de pesquisa com o objetivo de disponibilizar e produzir informações referentes

ao período de 22 anos, entre os anos de 1991 e 2012. Estão disponíveis por

meio de 27 volumes de Atlas, dentre os quais 26 são estaduais e um federal.

3.4 - Sistemas atmosféricos com influencia na região do Estado do

Rio Grande do Norte

Associado ao regime de precipitação encontra-se a atuação de sistemas

meteorológicos que são de fundamental importância para se compreender a

dinâmica da chuva (Reboita et al. 2010), tendo-se em vista que a ocorrências

dos desastres naturais são provenientes do seu excesso ou déficit. O estado

do Rio Grande do Norte encontra-se inserido na região do Nordeste Brasileiro -

NEB, que apresenta uma alta variabilidade inter e intra anual. Muitos são os

sistemas atmosféricos que atuam nesta região influenciando no regime e

volume pluviométrico destas localidades. Como colocado por Marengo (2008),

esta alta variabilidade apresentada faz com que seja observado desde o clima

semiárido nos interiores do NEB com acumulados de precipitação anual inferior

a 500 mm, até o clima mais chuvoso com precipitações superior a 1.500 mm

em seus acumulados anuais.

Entre esses mecanismos de grande influencia no regime de

precipitação, podem-se destacar para a região do estado do Rio Grande do

Norte alguns sistemas que são essenciais nesta variabilidade interanual como

é o caso dos fenômenos El Niño e La Niña, bem como os intra anuais, sendo o

caso da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), dos Vórtices Ciclônicos de

Altos Níveis (VCANs), os Distúrbios Ondulatórios de Leste (DOL) e dos

Sistemas Convectivos de Mesoescala (SCM) quanto aos registros dos

Complexos Convectivos de Mesoescala (CCM) e as Linhas de Instabilidades

(LI). A descrição destes mecanismos estão expostos a seguir:

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a) Variabilidade Interanual – El Niño

O fenômeno climático El Niño é classificado como de escala global e

caracterizado pela anomalia de aquecimento na temperatura das águas

superficiais e sub-superficiais do oceano Pacífico Tropical, com predominância

na região equatorial e que apresenta interferências na circulação geral da

atmosfera. De acordo com a intensidade de atuação o mesmo pode ser

classificado como fraco; moderado ou forte e suas anomalias climáticas

associadas a esse fenômeno são desastrosas e que provocam sérios prejuízos

econômicos e ambientais.

Sua atuação ocasiona para a região do NEB, onde se localiza o estado

do Rio Grande do Norte, períodos extensos com baixos quantitativos de

precipitação (Melo, 1999; Chen e Chung, 2015).

b) Variabilidade Interanual – La Niña

Oposto ao El Niño, o fenômeno La Niña consiste no resfriamento

anômalo com diminuição da temperatura da superfície das águas do Oceano

Pacífico Tropical. Em anos de La Niña os efeitos são distintos daqueles

provocados pelo El Niño em algumas das regiões.

Na região do NEB em anos de atuação se apresenta períodos de

chuvas com maior frequência, o que consequentemente proporciona um maior

quantitativo no volume pluviométrico, beneficiando boa parte da região que

tanto sofre recorrentemente com a escassez de chuva.

c) Variabilidade Intra-anual – Zona de Convergência Intertropical

(ZCIT)

A Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) é formada pela confluência

dos ventos alísios dos hemisférios norte e sul, que quando convergem para a

mesma região ocasiona a formação das nuvens através da ascendência do ar

quente e úmido, influenciando na configuração da circulação geral da

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atmosfera. Seu deslocamento encontra-se relacionado aos padrões da TSM –

Temperatura da Superfície do Mar, onde normalmente nos meses de agosto-

setembro encontra-se na posição ao norte com aproximadamente 14ºN e nos

meses de fevereiro a abril para sua posição mais ao sul em aproximadamente

2 a 4ºS (Uvo, 1989; Ferreira e Mello, 2005).

A migração sazonal da ZCIT juntamente com os fatores que ocasionam

o fortalecimento e enfraquecimento dos alísios dos hemisférios norte e sul

configura-se como de fundamental importância na formação da estação

chuvosa da região norte do NEB (Uvo, 1998). A ZCIT pode chegar a atingir ate

5ºS em anos que se apresentam chuvoso, o que ocasiona grandes

quantitativos pluviométricos (Melo et al., 2009).

Como colocado por Marengo 2008, o sistema de maior influencia e que

ocasiona chuva no norte do Nordeste Brasileiro abrangendo a maior parte da

região Semiárida é a ZCIT, onde sua estação chuvosa ocorre entre os meses

de fevereiro a maio, coincidindo com o deslocamento ao sul da ZCIT

d) Variabilidade Intra-anual – Vórtice Ciclônico de Altos Níveis

(VCAN)

Segundo Kousky e Gan (1981), os VCAN são circulações ciclônicas

onde os ventos em altos níveis da atmosfera giram em sentido horário fazendo

com que o ar seco dos níveis mais altos desça para a superfície, formando

assim, no centro do vórtice movimento subsidente (com ar seco e frio) que

inibe a formação de nuvens em seu centro. Todavia se origina na periferia

desse sistema meteorológico movimentos ascendentes (com ar quente e

úmido), que proporciona a formação de nuvens.

Os VCAN que influenciam na precipitação da região do NEB, têm sua

origem no oceano Atlântico e em sua trajetória de deslocamento que

geralmente é de leste a oeste, adentra ao continente atingindo assim a região.

Sua atuação tem uma maior frequência entre os meses de janeiro e fevereiro

(Gan e Kousky, 1982) e é classificado um sistema de escala sinótica.

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e) Variabilidade Intra-anual – Distúrbios Ondulatórios de Leste

Os Distúrbios Ondulatórios de Leste (DOL) são classificados como

sistemas de escala sinótica e são constituídos pelas perturbações ondulatórias

que migram dos ventos alísios de leste para oeste (Torres, 2008), sendo ele

um dos principais propulsores de precipitação para a região leste do estado do

Rio Grande do Norte. Estes distúrbios originam-se por sua vez, na costa da

África e se propagam ate a costa brasileira, chegado em alguns casos a

adentrar ao continente sul-americano (Yamazaki e Rao, 1977).

Os DOL têm um período de atuação de aproximadamente 4 dias com

velocidade de deslocamento em torno de 10 m/s e comprimento de onda

aproximadamente 4.000 km (Torres e Ferreira, 2011), além de contribuir,

principalmente, no acumulado de precipitação da região leste do NEB (Moura

et al., 2009; Hounsou-gbo et al., 2015; Gomes et al., 2015). Os meses que se

tem maior atuação são entre maio, junho e julho.

f) Variabilidade Intra-anual – Sistemas Convectivos de Mesoescala

(SCM)

Estabelecidos pelo aglomerado de nuvens convectivas e que

proporcionam área com contínua precipitação, os Sistemas Convectivos de

Mesoescala podem assumir várias formas e serem parcialmente estratiformes

e parcialmente convectivos (Houze, 1993; Machado & Rossow, 1993). Os que

apresentam formato circular são classificados como Complexos Convectivos de

Mesoescala (CCM) e os que se configuram em forma de linhas são

denominados de Linhas de Instabilidade (LI). No entanto, caso se exibam de

formas irregulares, o mesmo é designado como SCM – Sistema Convectivo de

Mesoescala.

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g) Complexos Convectivos de Mesoescala (CCM)

Os Complexos Convectivos de Mesoescala são estabelecidos como um

aglomerado de nuvens cumulonimbus que se apresentam em um formato

circular. O tempo de duração varia de 6 a 12 horas e sua formação se dá de

forma rápida. Os critérios deliberados por Maddox (1980), baseados em

estudos das imagens de satélite no espectro de onda do infravermelho para

classificação deste sistema, levam em consideração diferentes fatores

descritos na Tabela 1.

Tabela 1 – Definições dos Complexos Convectivos de Mesoescala (CCM),

baseado em imagens de satélite.

Critérios Características Físicas

Tamanho

A - Camada de nuvens de temperatura de brilho no

infravermelho continuamente ≤ -32°C com área ≥

100000 Km2;

B - No interior da região definida acima deve haver

nuvens frias com temperatura ≤ -52°C e com área

≥ 50000 Km2;

Duração As definições de tamanho A e B devem ser

observadas por um período ≥ 6 horas;

Máxima extensão A camada de nuvens frias contínuas (com

temperatura ≤ -32°C) atinge o maior tamanho;

Forma A excentricidade (eixo menor/eixo maior) ≥ 0,7 no

momento de maior extensão;

Início Ocorre quando as definições de tamanho A e B

são inicialmente observadas;

Término Ocorre quando as definições de tamanho A e B

não são mais observadas.

Fonte: Adaptado de Maddox (1980)

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h) Linhas de Instabilidades (LI)

As linhas de instabilidade são formadas pelo desenvolvimento do

conjunto de nuvens cumulonimbus, organizadas em formato de linha e que se

deslocam uniformemente com o passar do tempo. Sua duração pode variar de

horas até dias. Estas são sistemas convectivos que são identificados por

imagens de satélite. Apresentam precipitação convectiva, associada às

correntes ascendentes e descendentes de escala convectiva e precipitação

estratiforme associada às correntes descendentes de mesoescala (HOUZE,

1993). Em regiões próximas aos trópicos, a precipitação convectiva pode

persistir por várias horas.

Como colocado por Pereira et al. (2014), as bigornas, que também são

denominadas de regiões estratiforme das linhas de instabilidade, são

constituídas por meio das correntes ascendentes de escala convectiva, que

dependendo de sua magnitude não conseguem ultrapassar o limite da

troposfera. Sendo assim, estas acabam se movimentando horizontalmente nos

altos níveis. As regiões estratiformes, “bigornas”, podem apresentar de 100 a

500 km de largura, correntes ascendentes e descendentes de mesoescala na

qual podem perdurar por vários dias. Quando as LI são identificadas através

das imagens de satélite, na maioria das vezes a região estratiforme é a

responsável por trilhar a direção de propagação do sistema.

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4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1 - Área de Estudo

O estado do Rio Grande do Norte é uma das 09 unidades da federação

brasileira que compõem a região Nordeste. Compreende uma área de

52.811,126 Km², correspondendo a 3,42% da área do NEB. Sua população,

segundo o Censo Demográfico de 2010 IBGE (2010), é de 3.168.133

habitantes. O Estado é composto por 167 municípios, os quais são organizados

em 04 mesorregiões e 19 microrregiões (Figura 2).

Figura 2– Localização do estado do Rio Grande do Norte e sua divisão territorial quando mesorregião e microrregião.

Fonte: IDEMA

(A)Nordeste Brasileiro (B)Estado do Rio G. do Norte

(C) (Mesorregião (D)Microrregião

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4.2 – Climatologia do estado do Rio Grande do Norte

Segundo o Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente

do Rio Grande do Norte – IDEMA, em seu relatório do perfil do Estado,

apresenta a classificação climática por meio de cinco divisões, cada uma com

suas características e peculiaridades que abrangem todo o Estado. Sendo

estas descritas como:

Clima úmido - pequena área do litoral do Estado que vai do Município

de Baía Formosa ao de Nísia Floresta. A média anual de chuvas fica acima de

1.200 milímetros. Na classificação de KOPPEN (1948), equivale ao tropical

chuvoso, com verão seco e com a estação chuvosa prolongando-se até os

meses de julho/agosto.

Clima sub-úmido - vai do litoral de Parnamirim/Natal até o litoral de

Touros, abrange trechos da região serrana de Luís Gomes, Martins, Portalegre

e as partes mais elevadas da Serra João do Vale. As médias pluviométricas

anuais situam-se entre 800 e 1.200 milímetros de chuvas. Equivale na

classificação de KOPPEN ao clima tropical chuvoso, com inverno seco e com a

estação chuvosa prolongando-se até o mês de julho.

Clima sub-úmido seco - esse tipo de clima abrange áreas da Chapada

do Apodi e das Serras de Santana, São Bernardo e Serra Negra do Norte. As

médias de precipitação situam-se entre 600 e 800 milímetros de chuvas por

ano. Na classificação de KOPPEN esse clima equivale à transição entre o

Tropical Típico (Aw) e o Semi- árido (Bs).

Clima semiárido - abrange o Vale do Açu, parte do Seridó e do Sertão

Central e o litoral que vai de São Miguel do Gostoso ao município de Areia

Branca. Portanto, é o de maior abrangência no território estadual. Neste clima,

as médias de precipitação variam de 400 a 600 milímetros de chuvas por ano.

Na Classificação de KOPPEN equivale ao clima semi-árido (Bs).

Clima semiárido intenso - é o clima mais seco do Estado, a média

anual fica em torno 400 milímetros de chuvas. Esse tipo climático equivale na

classificação de KOPPEN ao Clima-Árido (Bw) e abrange os territórios

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municipais de Equador, Parelhas e Carnaúba dos Dantas no Seridó e São

Tomé, Lajes, Pedro Avelino, Fernando Pedrosa, Angicos e Afonso Bezerra.

Observa-se na Figura 3, a distribuição espaço-temporal da classificação

climática do estado do Rio Grande do Norte.

Figura 3 – Classificação climática do Estado do Rio Grande do Norte.

Fonte: IDEMA

4.3 – Análise estatística

Os dados referentes aos registros das ocorrências de Desastres

Naturais no Estado foram obtidos pelo Atlas de Desastres Naturais – Volume

Rio Grande do Norte, do Centro Universitário de Estudo e Pesquisa em

Desastres Naturais, da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC, que

em parceria com a Secretaria Nacional de Defesa Civil, tem o gerenciamento

dos registros de desastres no território nacional ocorridos nos últimos 22 anos,

compreendendo o período de 1991 a 2012, referentes às 26 unidades da

federação e contando com um volume que traz uma análise a nível nacional

(CEPED, 2013).

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As informações foram digitadas para cada um dos municípios que

compõem o estado do Rio Grande do Norte, no qual, após a organização dos

dados, estes foram submetidos a uma análise descritiva para se verificar o

comportamento da série ao longo do período em estudo, bem como as

informações básicas que os dados poderiam fornecer em caráter de estudos

preliminares. Os quantitativos de ocorrências em cada um dos municípios

foram agrupados, com intuito de se obter as informações em nível das 19

microrregiões do Estado.

O banco de dados compreende um total de 1.602 registros, que são

classificados em diferentes naturezas. No entanto, em análises preliminares

das informações, verificou-se que dentre as classificações de desastres

existentes para o Estado, algumas não demonstravam valores expressivos, ou

seja, tem ocorrências raras para o período em análise. Portanto, desprezaram-

se quatro informações, sendo estas: 02 alagamentos, 01 vendaval e 01 erosão,

passando a serem utilizados 1.598 registros considerados como

Estiagem/Seca, Inundações e Enxurradas, sendo estes os mais frequentes

respectivamente.

Considerou-se, neste estudo, a classificação de desastres de acordo

com o CEPED, no qual foi realizada segundo a origem dos desastres, baseada

na última reclassificação da Codificação Brasileira de Desastres (COBRADE)

desenvolvida pela Defesa Civil Nacional.

Dando prosseguimento ao estudo, os dados foram processados em uma

análise de estudo espacial, através de técnicas de geoprocessamento

buscando identificar os padrões de comportamento dos mesmos ao longo do

período e apontar as áreas mais afetadas pelas ocorrências dos desastres.

Para a análise climática, utilizou-se a precipitação mensal dos

municípios do RN, obtidas da rede de pluviômetros que são distribuídos nos

interiores do Estado. Esse conjunto de dados é gerenciado pela Empresa de

Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio Grande do Norte (EMPARN),

vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura, da Pecuária e da Pesca.

Consideraram-se as informações de 145 municípios, por demonstrarem

maiores consistências nos dados após uma análise estatística realizada em

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37

trabalhos anteriormente realizados. Para o preenchimento de dados faltantes

na série histórica, foi utilizada a técnica de imputação multivariada MICE –

Multivariate Imputation by Chained Equations, através do método da média

preditiva PMM – Preditive Mean Matching.

Em seguida os dados do volume pluviométrico dos municípios foram

reorganizados com intuito de se obter as informações para as 19 microrregiões

do Estado. Através destas informações, calculou-se o Índice de Precipitação

Padronizado (SPI), para realizar uma ilustração do comportamento assumido

por cada microrregião quanto ao volume pluviométrico. Bem como, buscou-se

verificar a similaridade entre as regiões do Estado, através de uma análise

estatística de agrupamentos/cluster.

Para se verificar as possíveis associações, foram utilizadas de

metodologias como o teste de Qui-quadrado de Pearson, com intuito de

verificar a significância estatística entre a relação do quantitativo pluviométrico

das regiões com as ocorrências dos desastres naturais que foram registrados

pelo CEPED.

4.3.1 – Análise de agrupamentos – cluster

Utilizou-se a análise de agrupamentos (cluster), por meio do método

hierárquico, com Distância Euclidiana como medida de dissimilaridade e o

método de ligação de Ward, com o intuito de identificar os padrões de

similaridade entre as microrregiões, considerando a variável precipitação média

acumulada anual. O objetivo é classificar cada elemento em análise, por meio

de grupos de forma que os elementos pertencentes a cada um deles sejam

similares entre si, de forma a obter-se homogeneidade dentro dos grupos e

heterogeneidade entre eles (MINGOTI, 2005).

Para cada um dos elementos composto no conjunto de dados, tem-se

um vetor medida, determinado por:

[ ], j = 1,2,3, ..., n (1)

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38

no qual equivale ao valor observado da variável “i”, avaliado no elemento

“j”.

O método de ligação de Ward é baseado na mudança de variação entre

e dentro de cada um dos grupos formados no processo do agrupamento, o

mesmo propõe-se a produzir grupos com aproximadamente o mesmo número de

elementos e tem como base principal os princípios de análise de variância

(MINGOTI, 2005).

Em sua metodologia cada elemento é considerado como um único

conglomerado e em cada passo do algoritmo de agrupamento, calcula-se a

soma de quadrados dentro de cada conglomerado. Esta soma é o quadrado da

distância Euclidiana de cada elemento amostral pertencente ao conglomerado

em relação ao correspondente vetor de médias do conglomerado, ou seja:

∑ (2)

sendo: ni o número de elementos no conglomerado, Ci quando se está no passo k

do processo de agrupamento; Xij é o vetor de observações do j-ésimo elemento

amostral que pertence ao i-ésimo conglomerado e SSi representa a soma de

quadrados correspondente ao conglomerado Ci.

No passo k, a soma de quadrados total dentro dos grupos é determinada

por:

∑ (3)

no qual gk é o número de grupos existentes quando se está no passo k. E para

se obter a distância entre os conglomerados C e Cj, tem-se:

(4)

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39

4.3.2 – Teste Qui-quadrado

Utilizou-se o teste de qui-quadrado de Pearson com o objetivo de

verificar a existência de associações entre a natureza dos desastres e os

grupos formados segundo o volume de precipitação das microrregiões.

Esta metodologia trata-se de um teste não paramétrico, ou seja, não

depende de parâmetros populacionais como média e variância. O mesmo

objetiva verificar se a frequência absoluta observada de uma variável é

significativamente diferente da distribuição de frequência absoluta esperada.

Evidentemente, pode-se dizer que dois grupos se comportam de forma

semelhante se as diferenças entre as frequências observadas e as esperadas

em cada categoria forem muito pequenas, próximas a zero.

O teste é utilizado para verificar se a frequência com que um

determinado acontecimento observado em uma amostra se desvia

significativamente ou não da frequência com que ele é esperado na condição

de independência entre os mesmos. A estatística do teste é obtida por:

(5)

com distribuição Qui-quadrado com (r-1)x(c-1) graus de liberdade, sendo r e c o

número de categorias das respectivas variáveis.

4.3.3 – Índice de Precipitação Padronizado (SPI)

Estabelecido como um dos métodos de monitoramento e análise das

condições que quantifica o déficit ou excesso de precipitação em diferentes

escalas de tempo, o SPI tem como objetivo principal auxiliar e orientar os

tomadores de decisões no estudo de políticas e ações de prevenção às

consequências danosas ocasionadas pelos fenômenos meteorológicos. A

técnica foi desenvolvida por McKee et al. (1993), permitindo o monitoramento

probabilístico da variabilidade temporal dos totais pluviométricos, comparáveis

em diferentes regiões e períodos (MACEDO et al. 2010; BLAIN, 2011).

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40

Diversos estudos desenvolvidos apresentam a descrição do algoritmo de

cálculo para este índice, bem como expõem suas diversas aplicações

demonstrando o seu potencial quanto ao monitoramento. Em seu cálculo, os

quantitativos de precipitações da região em estudo são modelados através da

distribuição Gama, definida pela função distribuição de probabilidade:

(6)

no qual o parâmetro de forma é α > 0, o parâmetro de escala é β > 0, a

quantidade de chuva precipitada é x > 0 e a função gama é descrita por:

(7)

Na função densidade de probabilidade Gama, os parâmetros α e β são

estimados utilizando-se as equações de máxima verossimilhança, dadas por:

) e

(8)

sendo A, a estatística obtida pela equação ∑

, n é o número de

precipitações observadas e à precipitação média.

Como a função Gama não é definida para x = 0 e sabendo-se que os

dados de precipitação podem conter zeros, a probabilidade acumulada é dada

por: , sendo G(x) a função acumulada de probabilidade

da Gama:

dt (9)

sendo “q” a probabilidade de ocorrer valores nulos, m o número de zeros em

uma série de precipitação, logo q=m/n. Portanto, como colocado por

Abramowitz e Stegun (1965), a relação estabelecida entre as distribuições de

probabilidade Gama e Normal é obtida por:

(

) (10)

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41

(

) (11)

sendo, = 2,515; = 0,803; = 0,010; = 1,433; = 0,189; = 0,001 em

que “t” é obtido por:

√ (

( ) ) (12)

√ (

( ) ) (13)

A escala de classificação do SPI assume valores que quando menores

ou iguais a -2 indicam “seca extrema”, se maiores ou iguais a +2 “umidade

extrema” (Tabela 2). Devido a sua normalização, o SPI pode representar climas

úmidos e secos, podendo realizar o monitoramento de períodos úmidos e

secos (TSAKIRIS e VANGELIS 2004).

Tabela 2– Classificação padrão do Índice de Precipitação Padronizado

Valores do SPI Classificação

> 2,0 Extremamente úmido 1,5 ≤ SPI < 2,0 Muito úmido 1,0 ≤ SPI < 1,5 Moderadamente úmido

-0,99 ≤ SPI < 1,0 Normal -1,49 ≤ SPI ≤ -1,0 Moderadamente seco -1,99 ≤ SPI < -1,5 Severamente seco

SPI ≤ - 2,0 Extremamente seco

Fonte: ALBUQUERQUE e MENDES (2009)

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42

5. RESULTADOS E DISCUSSÂO

Durante os 22 anos de análise dos dados, o estado do Rio Grande do

Norte contabilizou um total de 1.598 ocorrências de Desastres Naturais, sendo

esses de naturezas de Estiagem/Seca, Inundações e Enxurradas. Se

observarmos na série histórica dos dados (Figura 4), percebe-se uma

tendência crescente nos registros, mesmo os anos de 1993, 1998, 2010 e 2011

não seguirem os mesmos padrões de comportamento, que possivelmente

podem estar associados à atuação de sistemas meteorológicos nestes

respectivos anos, como é o caso da atuação do El Niño ou La Niña, dentre

outros sistemas.

O incremento significativo nas ocorrências e na intensidade com que os

mesmos estão acontecendo vem sendo observado ao longo das últimas

décadas. Como colocado por Marcelino, (2006) que este aumento é pode-se

estar associado ao crescente aumento das populações ao longo dos anos, bem

como a ocupação e permanência em áreas impróprias na sociedade.

Analisando-se os anos entre 1991 a 2001, pode-se verificar que foram

registrados 535 casos, o equivalente a 33,5% das ocorrências. O período

seguinte, de 2002 a 2012 contabilizou 1.063 casos correspondendo a 66,5% de

todas as ocorrências registradas. Logo, pode-se observar um aumento

expressivo das ocorrências de fenômenos que ocasionaram DN no Estado.

Como colocado por Marcelino (2006), um dos pontos de fundamental

importância a ser levado em consideração, além da importância das

informações de aumento sobre as ocorrências destes eventos, é de extrema

necessidade se conhecer a qualidade das informações, pois se sabe que com

o passar dos anos os sistemas de registo de informações vêm se

aperfeiçoando ao longo do tempo.

Os meses que se destacam com os maiores registros das ocorrências

são os de março, abril e maio, tendo abril o pico dos registros com 342. Os

maiores números de registros entre os municípios afetados no Estado foram

nas cidades de São Tomé e São Paulo do Potengi, ambos localizados na

microrregião Agreste Potiguar, que totalizaram cada um deles 20 ocorrências,

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43

predominantemente os de natureza de estiagem/seca. Como colocado pelo

CEPED (2013), o período dos 22 anos de informações chega a contabilizar um

total de 2.448.766 afetados acarretando, de forma em geral, danos com

prejuízos aos agricultores e ao abastecimento de alimentos, gerando perdas

nas plantações, nas pastagens e gado, dentre outras áreas da sociedade que

acabam também sendo afetadas, levanto em algumas vezes ao caso de

racionamento de água e energia. Outro impacto é na saúde da população com

o aumento da proliferação de doenças, o que acarreta sérios problemas para

os gestores municipais e federais.

Observando-se o mapa temático (Figura 5), pode-se verificar que os

municípios que compõem a região leste do Estado são os que apresentaram os

menores números de ocorrências durante o período em análise, bem como

alguns localizados na mesorregião do Oeste Potiguar. De acordo com as

classificações consideradas e apresentadas no estudo, o período de 1991 a

2012 tem um total de 13 munícipios com poucos registros de ocorrências

durante os 22 anos de análise, no entanto, quando verificado o outro extremo

de classificação referente aos municípios de maiores ocorrências, observam-se

14 cidades com totais de DN elevados, predominantemente na mesorregião

Agreste e Borborema Potiguar.

Figura 4 – Série histórica das ocorrências de desastres naturais no estado do Rio Grande do Norte, no período de 1991 a 2012

Fonte: Autoria própria com dados do CEPED (2013)

05

01

00

15

0

Anos

Oco

rrê

ncia

s

1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

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Figura 5: Registro de ocorrência de Desastres Naturais para os municípios do

estado do Rio Grande do Norte, entre os anos de 1991 a 2012 Fonte: Autoria própria com dados do CEPED (2013).

Quando analisados os quantitativos das ocorrências dos desastres por

microrregiões (Tabela 3), observa-se que o Agreste Potiguar, Borborema

Potiguar e Pau dos Ferros apresentaram os maiores números de ocorrências

durante os 22 anos em análise, totalizando cada um deles 257, 233 e 142,

respectivamente. Entre as que obtiveram os menores registros no total de

ocorrências, encontram-se Natal com 12 ocorrências, seguidas de Macaíba

com 30 e Litoral Sul com 35 registros.

Com o passar dos anos as ocorrências ganharam destaque em

praticamente todas as regiões, apresentando um aumento expressivo em todas

as 19 microrregiões que compõem o Estado, com exceção da microrregião de

Natal. Estes acréscimos nos registros podem estar ligados aos diferentes

fatores que se demonstram influentes na sociedade e que ocasionam as

ocorrências dos DN, como é o caso do crescimento e ocupação desordenada

de áreas indevidas das populações, o aumento dos fenômenos naturais, bem

como a melhoria na qualidade dos registros de informações. Portanto, verifica-

se uma associação estatisticamente significativa (p<0,001) entre as

ocorrências dos desastres quando comparadas entre dois períodos em análise.

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Tabela 3 - Ocorrência dos Desastres Naturais no estado do Rio Grande do

Norte, segundo as 19 microrregiões no período de 1991 a 2012

Microrregiões

Tipo de Desastre

Est./Seca Inundações Enxurradas Total

N % N % N % N %

Agreste 203 79,0 49 19,0 5 2,0 257 16,1

Borborema 202 86,7 18 7,7 13 5,6 233 14,6

P. dos Ferros 121 85,2 17 12,0 4 2,8 142 8,9

S. de Santana 89 87,2 6 5,9 7 6,9 102 6,4

S. Oriental 90 89,1 5 5,0 6 5,9 101 6,3

Angicos 89 90,8 7 7,2 2 2,0 98 6,1

V. do Açu 64 68,0 16 17,0 14 15,0 94 5,9

Umarizal 77 87,5 7 8,0 4 4,5 88 5,5

S. de S. Miguel 57 90,5 4 6,3 2 3,2 63 3,9

Baixa Verde 51 88,0 6 10,3 1 1,7 58 3,6

S. Ocidental 49 90,7 2 3,7 3 5,6 54 3,4

L. Nordeste 39 73,6 12 22,6 2 3,8 53 3,3

C. do Apodi 40 80,0 4 8,0 6 12 50 3,1

Mossoró 36 76,6 7 14,9 4 8,5 47 2,9

Médio Oeste 38 84,5 5 11,1 2 4,4 45 2,8

Macau 26 72,2 7 19,4 3 8,3 36 2,3

Litoral Sul 11 31,4 17 48,6 7 20,0 35 2,2

Macaíba 14 46,7 10 33,3 6 20,0 30 1,9

Natal 0 0,0 7 58,3 5 41,7 12 0,8

Total 1.296 81,1 206 12,9 96 6,0 1598 100.0 Fonte: Elaboração própria com dados do CEPED(2013)

Considerando os dados de natureza de Estiagem/Seca, é possível

observar que são os eventos de maior ocorrência no Estado, representando um

percentual de 81,1% dos registros, com um total de 1.296 casos, afetando boa

parte dos municípios e ocasionando efeitos negativos na economia, no que

tange a produção de alimentos, bem como afeta toda a sociedade no geral.

Muitas são as condicionantes que ocasionam este tipo de evento, interferindo

na frequência com que as mesmas ocorrem e em seu tempo de permanência,

consequentemente, nos danos e prejuízos deixados. Entres os fatores

climáticos, tem-se em escala global o fenômeno climático El Niño – Oscilação

SUL (ENOS), que com o aquecimento das águas do Pacífico ocasiona para a

região Nordeste às baixas precipitações, e consequentemente os períodos de

estiagem prolongada e secas severas.

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Os municípios menos afetados por essas ocorrências foram os

localizados na região leste do Estado. Como colocado pelo CEPED (2013),

isso pode ser devido à localização, a proximidade dos municípios com o mar e

devido ao clima tropical úmido da região, o que proporciona um maior

quantitativo pluviométrico, inclusive com excedentes hídricos em determinadas

localidades.

Observando-se a série histórica dos dados (Figura 6), pode-se observar

um incremento ao longo dos anos. Se observarmos os onze primeiros anos da

série histórica, o quantitativo de ocorrência encontrava-se concentrado em

apenas três anos, diferentemente dos anos posteriores, que apresentou uma

distribuição homogênea destas ocorrências ao longo dos anos. O maior

registro de ocorrências foi observado no ano de 2001, com 156 registros,

seguido dos anos de 2003 e 2012 com 150 e 143 registros, respectivamente.

Os anos com maiores números de ocorrências em todo o período de 22 anos

em análise coincidem com aqueles afetados pelo fenômeno El Niño com

diferentes intensidades, mesmo não sendo a única condicionante que levou os

municípios a realizarem os seus respectivos decretos. Como colocado por

Kobiyama et al. (2006), a forma de relevo e altitude da área podem ser fatores

importantes no regime de precipitação, pois podem condicionar o

deslocamento de massas de ar e, assim, interferir na formação de nuvens, o

que posteriormente ocasionariam as chuvas.

Analisando as ocorrências de acordo com as microrregiões do Estado ao

longo dos anos (Figura 7), percebe-se que as microrregiões do Agreste

Potiguar e Borborema Potiguar registraram os maiores números de casos com

203 e 202 respectivamente, seguidas de Pau dos Ferros, Seridó Oriental,

Angicos e Serra de Santana que também se destacaram com valores

expressivos. A microrregião de Natal foi à única, entre as 19 que compõem o

Estado, que não registrou ocorrências desta natureza para o período em

análise. Avaliando os dados, pode-se perceber que as microrregiões de

Umarizal, Macau, Seridó Ocidental e Litoral Sul apresentaram um

comportamento diferenciado das demais microrregiões, pois os seus

quantitativos tiveram uma redução com o passar dos anos. Macaíba foi à única

microrregião que se manteve com o mesmo quantitativo.

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47

De acordo com o CEPED (2013), os altos índices dessas ocorrências

nas microrregiões do Agreste e Borborema Potiguar, estão associados ao fato

dessas microrregiões estarem em uma área classificada como semiárido

quente, segundo a classificação de Köppen, apresentando precipitações

irregulares que originam períodos de seca, como também, devido à localização

dos municípios em áreas com preponderância das maiores altitudes do Estado,

entre 500 e 800m em geral.

Os desastres classificados como inundações ocuparam o segundo lugar

em registros de ocorrências no Estado, ficando atrás apenas da estiagem e

seca. Ocasionado pela submersão de áreas marginais ao curso de águas, o

Rio Grande do Norte registra no período em análise, um total de 206

ocorrências, 12,9% de todos os casos de desastres naturais no período de

1991 a 2012. Como colocado por Tucci (1993), os episódios de inundações

estão relacionados às características físicas e climatológicas das bacias

hidrográficas, em especial a distribuição espaço-temporal das chuvas.

Analisando-se os registros no período em estudo (Figura 6), o ano de

2004 destacou-se como o de maior quantitativo de ocorrências chegando a 92

casos, seguido dos anos de 2009 e 2000 com 47 e 32 respectivamente. Vale

ressaltar que até o ano de 1999 não houve registros de eventos desta

natureza.

O alto registro de casos no ano de 2004 pode-se estar associado a

atuação de sistemas meteorológicos que ocasionaram precipitações elevadas

para a região. Segundo o CPTEC (2004), em seu Boletim de Informações

Climáticas, às altas precipitações ocorridas em toda a região do NEB no ano de

2004, foram ocasionadas pela atuação da Zona de Convergência Intertropical

(ZCIT) que se apresentou com deslocamento ao sul de sua posição normal que

é em torno do Equador. Bem como ao deslocamento das Frentes Frias para o

norte, e a presença do Vórtice Ciclônico em Altos Níveis sobre o Oceano

Atlântico, por meio de sua periferia em torno do centro do vórtice que ocasiona

o regime de precipitação.

Avaliando os onze primeiros anos do estudo, foram registradas 32

ocorrências no Estado e boa parte das microrregiões não registraram casos

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desta natureza. Quando comparado com um segundo momento,

correspondente aos anos de 2002 a 2012 nota-se um incremento expressivo,

totalizando 174 decretos e todas as microrregiões apresentaram registros, com

exceção da microrregião de Macaíba que se manteve com o mesmo número

de ocorrências anteriormente realizadas.

Em todo o período estudado, a microrregião do Agreste Potiguar

registrou 49 ocorrências, sendo ela a de maior incidência para eventos dessa

natureza (Figura 7), seguida das microrregiões da Borborema Potiguar (18),

Pau dos Ferros (17) e Litoral Sul (17). Por outro lado, a microrregião de Seridó

Ocidental registrou o menor número de ocorrências, totalizando 2 ocorrências

no período.

As enxurradas, dentre os desastres analisados, apresentaram o menor

registro de ocorrências durante os 22 anos em análise. Ao longo do período

chegaram a 96 casos distribuídos pelo Estado. Analisando a série histórica

(Figura 6), pode-se observar que 2008 foi o ano que se notificou a maior

frequência de enxurradas, totalizando 46 registros que representam 48% do

total de casos desta natureza. Como colocado pelo CEPED (2013), neste ano

registrou um alto índice pluviométrico, acima da normalidade. A precipitação

acumulada anual chegou a 926,8 mm distribuídos em 73 dias com chuva, isso

se deu a partir da atuação de vários sistemas atmosféricos atuando

simultaneamente na região do NEB.

Segundo o CPTEC (2008) em seu Boletim de Informações Climáticas, a

Zona de Convergência Intertropical e a formação de cavados em médios e

altos níveis fez com que o mês de março de 2008 tivesse índices elevados de

precipitação. O que pode ter acarretado as ocorrência de enxurradas,

inundações e deslizamentos, com grandes perdas humanas e materiais para

os municípios afetados.

Entre os 22 anos em análise, apenas 2 (duas) microrregião obtiveram

valores superiores a 12 ocorrências, sendo estas o Vale do Açu (14) e

Borborema Potiguar (13). A microrregião de Baixa Verde foi a que teve o menor

registro totalizando apenas 1 (uma) ocorrência dentro do período em análise.

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Núm

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(a) Estiagem e Seca

(b) Inundações

(c) Enxurradas

Figura 6 – Série histórica das ocorrências de Desastres Naturais para o estado do Rio Grande do Norte no período de 1991 a 2012, e as representações dos

anos com atuação de el niño, la ninã e neutro. Fonte: Autoria própria, com dados do CEPED (2013)

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Anos

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Anos

Oco

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me

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co

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(a) GERAL (b) ESTIAGEM E SECA

(c) INUNDAÇÕES (d) ENXURRADAS

Figura 7 – Mapeamento das ocorrências de desastres naturais no estado do Rio Grande do Norte, segundo as

microrregiões no período de 1991 a 2012. Fonte: Autoria própria, com dados CEPED (2013)

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51

Caracterização do Rio Grande do Norte, quanto ao volume pluviométrico.

No objetivo de encontrar similaridade entre as microrregiões do Estado

quanto ao regime de precipitação, aplicou-se a análise estatística de

agrupamentos - “cluster”, que se encontra representado nas Figuras 8 e 9,

mostrando a formação de três grupos, que se assemelham quanto aos

quantitativos pluviométricos por meio da precipitação média acumulada anual.

O primeiro grupo foi formado por dez das dezenove microrregiões do

Estado, sendo estas: Borborema Potiguar, Seridó Oriental, Seridó Ocidental,

Serra de Santana, Angicos, Macau, Vale do Açu, Médio Oeste, Chapada do

Apodi e Mossoró, com características de menores médias de precipitação

média acumulada anual. Como se pode observar na Figura 12, a média para

o Grupo 1 é de 715,01 mm com intervalo de confiança de 95% de [666,84;

763,18]. Isso faz com que, este seja o grupo de menores precipitação para o

estudo. Segundo Santos e Silva et al. (2012), essas microrregiões encontram-

se localizadas nas regiões classificadas como Seridó e Oeste Potiguar,

apresentando seu período de chuva entre os meses de fevereiro a maio, com

precipitações elevadas durante o mês de março. Dentre estas, as que se

enquadram na região Seridó sofrem déficits de precipitação por períodos

extensos. Bem como, vale ressaltar que boa parte dessas microrregiões

encontra-se inserida na região Semiárida Brasileira.

O segundo grupo apresenta um comportamento quanto ao volume de

precipitação semelhante ao primeiro em sua distribuição ao longo dos anos

(Figura 10). No entanto, com valores médios de precipitação maiores,

apresentando 829,60 milímetros e intervalo de confiança calculado para 95%

variando entre [757,31; 901,89]. O Grupo 2 é formado por cinco microrregiões,

sendo duas delas (Baixa Verde e Agreste Potiguar) localizadas próximo ao

litoral, onde essas microrregiões recebem a influência dos distúrbios

ondulatórios de leste, da temperatura da superfície do mar, entre outros fatores

importantes no regime de precipitação.

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · O objetivo do trabalho é realizar ... quando mesorregião e microrregião. ... das ocorrências de Desastres Naturais no estado

52

As demais microrregiões que se assemelham quanto ao volume de

chuva e que compõem este referido grupo, estão localizadas a oeste do

Estado, sendo elas: Umarizal, Pau dos Ferros e Serra de São Miguel. Nesta

região se tem a influência de sistemas como os Complexos Convectivos de

Meso Escala, do Vórtice Ciclônico de Altos Níveis quando atuando dentro do

continente, entre outras características climáticas que tem a região. Um dos

fatores de grande relevância e que pode ocasionar esse maior volume nesta

região localizada a oeste do estado, são as altitudes dos municípios dessas

microrregiões, o que proporciona e caracteriza uma configuração climática

diferencia dos demais ao seu entorno.

O terceiro grupo, formado por quatro microrregiões (Litoral Sul, Macaíba,

Natal e Litoral Nordeste) localizadas no litoral, registraram as maiores médias

de precipitação acumulada anual (Figura 10). Isso se deve ao fato das mesmas

estarem em uma região classificada como úmida e serem bastante afetadas

pela atuação dos sistemas meteorológicos que atuam na parte litorânea, em

especial para o estado do Rio Grande do Norte que são os Distúrbios

Ondulatórios de Leste, bem como a Temperatura da Superfície do Mar (TSM)

entre outros componentes atmosféricos. Este grupo apresentou uma média de

precipitação de 1.339,64 milímetros com intervalo de confiança de 95%

[1.141,39; 1.537,89].

Vale salientar que o estado do Rio Grande do Norte tem boa parte de

sua região territorial inserida no Polígono das Secas, o que cada vez mais

dificulta o regime de precipitação para Estado, com exceção do litoral que é a

única parte do território potiguar que não está inserida na região semiárida do

Brasil.

Como colocado por Marengo (2008), o semiárido Brasileiro sofre pelo

problema crônico da falta de água e suas precipitações anuais são abaixo de

800 mm. Boa parte desta região tem o maior regime de precipitação entre os

meses de fevereiro a maio, tendo a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT)

como um dos principais sistemas meteorológicos responsável pela chuva nesta

região. O mesmo ainda ressalta que provavelmente exista um deslocamento da

população para as cidades ou localidades que sejam permitidas o desenvolver-

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · O objetivo do trabalho é realizar ... quando mesorregião e microrregião. ... das ocorrências de Desastres Naturais no estado

53

Lit. N

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este

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05

10

15

20

25

30

Precipitação média acumulada das Microrregiões do RN

hclust (*, "ward.D")

Microrregiões

Dis

tan

cia

se da agricultura irrigada, caso esta região (semiárida) posteriormente se torne

cada vez mais árida e se tenha uma maior frequência das secas, o que

impedirá na redução da base de sustentação para as atividades humanas.

Figura 8 – Análise de cluster para o regime de precipitação média

acumulada anual, para as microrregiões do estado do Rio Grande do Norte no

período de 1991 a 2012

Fonte: Autoria própria, com dados da EMPARN

Figura 9 - Mapeamento dos grupos formados por meio da análise de

cluster, utilizando-se da precipitação média acumulada anual para o estado do

Rio Grande do Norte no período de 1991 a 2012.

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01000

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3000

Volume médio de precipitação mensal para o grupo 1

Mês

Pre

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ita

çã

o

Jan Mar Mai Jul Set Nov

Média

Grupo A – Baixo volume pluviométrico

Grupo B – Médio volume pluviométrico

Grupo C – Alto volume pluviométrico

Figura 10 – Análise estatística dos grupos formados a partir da análise de cluster

Fonte: Autoria própria

01000

3000

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se

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200

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0400

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01000

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5000

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Volume médio de precipitação mensal para o grupo 2

Mês

Pre

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ita

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o

Jan Mar Mai Jul Set Nov

Média

02000

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-500

0500

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-1000

1000

3000

1990 1995 2000 2005 2010

ran

do

m

Time

Decomposition of additive time series

500

1000

1500

2000

2500

3000

Volume médio de precipitação mensal para o grupo 3

Mês

Pre

cip

ita

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o

Jan Mar Mai Jul Set Nov

Média

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2500

ob

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1000

tre

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-200

0200

se

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-500

0500

1500

1990 1995 2000 2005 2010

ran

do

m

Time

Decomposition of additive time series

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Quando analisado os quantitativos de desastres naturais para os grupos

formados (Tabela 4), pode-se perceber que o Grupo 1 que apresentou as

menores médias de precipitação, totalizou 55,8% dos registros de estiagem e

seca, enquanto que o Grupo 3, o de maiores médias de precipitação,

representou apenas 4,9% dos registros desta natureza. Para as ocorrências

provenientes do excesso de precipitação, pode-se observar que as inundações

tiveram maior frequência no Grupo 2, com 40,3% e as enxurradas destacam-se

no Grupo 1, registrando 62,5% dos casos desta classificação.

Observando-se os quantitativos de ocorrências dos desastres,

distribuídos em cada uma das microrregiões que compõem os três grupos

formados (Tabela 5), pode-se verificar que nos Grupos 1 e 2 as microrregiões

da Borborema e Agreste Potiguar destacaram-se com as maiores ocorrências

de estiagem e seca, desastres estes relacionados ao déficit de precipitação.

Porém, estas mesmas microrregiões também apresentaram maiores

ocorrências de inundações e enxurradas, desastres estes relacionados ao

excesso de precipitação.

Este fato interessante das duas microrregiões citadas anteriormente

apresentarem esse comportamento, provavelmente pode estar associado aos

aspectos socioeconômicos e demográficos que são bastantes precários em

ambas regiões. Uma potencial explicação da ocorrência destes registros pode

ser o fato de que são regiões desprovidas de sistemas eficazes quanto ao

escoamento da água em suas cidades, bem como a falta de um sistema de

drenagem e abastecimento eficiente, que permita o fluxo da água percorrer de

forma correta e sem penalizar a sociedade causando-lhe transtornos como os

eventos desta natureza. Vale-se ressaltar que ambas as microrregiões são

detêm o maior número de municípios em sua composição, o que também pode

estar influenciando nestes valores expressivos das ocorrências, já que a

população exposta ao risco seja maior.

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56

Nos eventos registrados como enxurradas, a microrregião que mais

registrou foi o Vale do Açu (14 registros), mesmo estando no grupo de menores

médias de precipitação. Este fato pode estar associado à sua localização, que

se encontra sobre uma das maiores bacias hidrográficas que o Estado possui

(Tabela 5).

Constatou-se associação significativa (p < 0,001) entre os registros de

ocorrências de desastres naturais e o regime de precipitação do estado do Rio

Grande do Norte (Tabela 4).

Calculou-se o risco relativo de desastres entre os grupos com baixas

precipitações, tomando como baseline ou categoria de referência o terceiro

grupo (o de maior precipitação média acumulada anual). Pode-se perceber

(Tabela 4) que o risco de se registrar ocorrências de estiagem e seca nas

microrregiões que compõem os Grupos 1 e 2 é aproximadamente duas vezes

maior que para as microrregiões do litoral, (Grupo 3).

Tabela 4 – Ocorrências de desastres naturais no estado do Rio Grande do Norte no período de 1991 a 2012, para os três grupos formados através da análise de cluster. Significância e Risco Relativo entre os grupos

Grupo

Ocorrências de Desastres Naturais

Estiagem/Seca

Inundações

Enxurradas

Total

Valor – p

N f % N f % N f % N f %

< 0,001

A 723 84,1 77 9,0 60 6,9 860 100

B 509 83,7 83 13,7 16 2,6 608 100

C 64 49,2 46 35,4 20 15,4 130 100

Total 1.296 81,1 206 12,9 96 6,0 1.598 100

Risco Relativo ( ) 1,71 = [1,25 ; 2,34]

Risco Relativo ( ) 1,70 = [1,23 ; 2,35]

Fonte: Autoria própia

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57

Tabela 5 – Composição de cada grupo através das microrregiões do estado do Rio Grande do Norte, contendo as informações

quanto ao regime de precipitação médio acumula anual e ocorrências de desastres no período de 1991 a 2012.

Grupo Microrregião MIM MAX MÉDIA SD IC(95%) Est./Seca Inundações Enxurradas

Grupo A Baixo Volume Pluviométrico

Angicos 194,9 1.517,2 559,1 302,0 [435,7 ; 682,5] 89 7 2

Borborema 233,8 1.372,6 614,8 305,7 [489,9 ; 739,8] 202 18 13

C. Do Apodi 153,3 1.650,6 736,3 347,4 [594,4 ; 878,3] 40 4 6

Macau 186,6 1.144,9 571,9 259,3 [465,9 ; 677,9] 26 7 3

M. Oeste 212,8 1.716,9 759,8 357,1 [613,8 ; 905,7] 38 5 2

Mossoró 127,7 1.408,9 663,8 323,7 [531,5 ; 796,1] 36 7 4

S. Ocidental 273,7 1.649,7 737,8 341,7 [598,2 ; 877,5] 49 2 3

S. Oriental 205,8 1.456,2 630,5 311,1 [503,4 ; 757,7] 90 5 6

S. Santana 186,6 1.739,7 675,1 347,9 [532,9 ; 817,3] 89 6 7

V. do Açu 187,4 1.465,7 680,8 326,6 [547,3 ; 814,3] 64 16 14

Grupo B Médio Volume Pluviométrico

Agreste 437,6 1.540,9 846,0 321,9 [714,5 ; 977,6] 203 49 5

B. Verde 295,1 1.816,3 692,8 366,5 [543,0 ; 842,6] 51 6 1

P. dos Ferros 248,2 1.872,5 823,9 359,1 [677,1 ; 970,7] 121 17 4

S. S. Miguel 279,4 1.835,6 881,7 363,3 [733,2 ; 1.030,1] 57 4 2

Umarizal 339,9 1.844,9 903,6 369,2 [752,7 ; 1.054,5] 77 7 4

Grupo C Alto Volume

Pluviométrico

L. Norte 610,2 2.191,8 1.087,1 408,2 [920,3 ; 1.253,9] 39 12 2

L. Sul 575,2 2.548,9 1.296,9 476,5 [1.102,2 ; 1.491,7] 11 17 7

Macaíba 767,6 2.414,4 1.404,8 461,9 [1.215,9 ; 1.593,6] 14 10 6

Natal 764,0 2.842,8 1.569,8 549,1 [1.345,4 ; 1.794,2] 0 7 5

Fonte: Autoria própria

Page 58: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · O objetivo do trabalho é realizar ... quando mesorregião e microrregião. ... das ocorrências de Desastres Naturais no estado

58

O Índice de Precipitação Padronizado e as Ocorrências de Desastres

Naturais

Selecionaram-se três microrregiões, por meio daquelas que obtiveram

os maiores registros de ocorrências, representando cada um dos

agrupamentos formados na análise de cluster, com o intuito de ilustrar as

associações existentes entre os decretos de desastres naturais, paralelo ao

regime pluviométrico medido pelo Índice de Precipitação Padronizado – SPI.

O SPI foi utilizado por apresentar uma padronização dos quantitativos

pluviométricos permitindo a comparação entre os mesmos, e assim buscar as

possíveis associações com a série dos dados de ocorrências para as

microrregiões do Estado, com ênfase nos registros provenientes do déficit de

precipitação, que são as estiagens e seca. Para os eventos ocasionados

através do excesso de chuva, fica-se inviável realizar as inferências pelo fato

das inundações e enxurradas serem eventos ocasionados de forma

momentânea e não serem viabilizados os dados com data dessas ocorrências.

A microrregião da Borborema Potiguar, representando o grupo A (baixo

volume pluviométrico) da análise de cluster, registrou um total de 233

ocorrências de desastres naturais durante os 22 anos de análise dos dados,

sendo esses registros divididos em 202 ocorrências classificadas como

estiagem/seca, 18 inundações e 13 enxurradas. Pode-se perceber (Figura 11),

que o primeiro ano que apresentou casos de desastres naturais foi em 1993,

com quantitativo em torno de 15 ocorrências de estiagem e seca, onde ao

longo do período constatou-se ausência de inundações e enxurradas até o ano

de 2000.

Analisando-se o Índice de Precipitação Padronizado - SPI (Figura 12),

associando-se ao comportamento dos registros de ocorrências de desastres,

verifica-se que em 1993, o primeiro ano de registro das ocorrências teve início

marcado por um período classificado pelo SPI como seco. Segundo o CPTEC

(2016), entre os anos de 1990 a 1993, constatou-se a atuação do fenômeno El

Niño, que com o aquecimento anômalo das águas do pacífico afeta a região do

Nordeste brasileiro com baixas precipitações. Esta atuação foi classificada

como de forte intensidade. Os demais anos que apresentaram casos de

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SPI - Microrregião Borborema Potiguar

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Borborema Potiguar

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Estiagem/Seca

Enxurrada

Inundação

desastres naturais classificados como estiagem/seca, corroborando assim com

a análise do SPI e possivelmente estão atrelados a anos que de alguma forma

ou de outra tiveram a atuação do fenômeno atmosférico presente, sendo estes

classificados nas diferentes intensidades apresentadas.

Figura 11 – Ocorrências de desastres naturais para a microrregião da Borborema Potiguar, no período de 1991 a 2012.

Fonte: Autoria própria com dados do CEPED

Figura 12 – Índice de Precipitação Padronizado – SPI, para microrregião da

Borborema Potiguar, no período de 1991 a 2012. Fonte: Autoria própria com dados da EMPARN

Núm

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corr

ência

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O Agreste Potiguar, aqui representando o segundo grupo (Grupo B)

formado pelo cluster, foi entre as microrregiões a que obteve o maior número

de registros das ocorrências de DN entre as 19 que compõem o estado do Rio

Grande do Norte. Seu quantitativo chegou a 257 casos, sendo 203

classificados como estiagem/seca, 49 inundações e 05 enxurradas. O ano de

1993 foi o primeiro da série dos dados a registrar ocorrências de DN (Figura

13), sendo esses classificados com natureza de estiagem/seca. Analisando o

SPI (Figura 14), percebe-se que o inicio do ano apresentou-se com indicadores

com valores classificados como seco, consequência de meses anteriores que

já apresentavam tais características de prolongados períodos de estiagem,

bem como a prevalência neste período da atuação de El Niño classificado com

forte intensidade, logo estes fatores influenciaram com que os gestores

realizassem o decreto para tal situação.

Quando verificada a associação existente entre as ocorrências dos

desastres com os quantitativos pluviométricos por meio do SPI, pode-se

observar algumas similaridades e dissimilaridades existentes entre os mesmos.

Verifica-se que os anos de 1993 e 2001 apresentaram características similares

quando ao comportamento, pois tiveram indicadores secos logo no inicio do

ano e registraram picos de ocorrências neste mesmo período.

Logo, percebe-se que o ano de 1998 apresentou condições de

normalidade em seus índices e mesmo assim registraram-se ocorrências de

desastres. Vale salientar que neste período estava tendo a atuação do El Niño

de forte intensidade. Diferentemente, os anos de 2002 e 2003 que

apresentaram índices de classificação úmidos logo no inicio do ano e tiveram

um período prolongado da quadra chuvosa e mesmo assim foram registrados

casos de estiagem e seca. O ano de 2007 apresentou o pico das ocorrências

classificadas como estiagem/seca, que mesmo apresentando condições de

normalidade no inicio do período, foi precedido por anos com atuação do El

Niño.

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Mai

Jun

Jul

Ago

Set

Out

Nov

Dez

Year

Mo

nth

SPI - Microrregião Agreste Potiguar

Figura 13 – Ocorrências de desastres naturais para a microrregião de Agreste

Potiguar, no período de 1991 a 2012. Fonte: Autoria própria com dados do CEPED

Figura 14 – Índice de Precipitação Padronizado – SPI, para microrregião do Agreste Potiguar, no período de 1991 a 2012.

Fonte: Autoria própria com dados da EMPARN

O terceiro grupo (Grupo C – Alto volume pluviométrico) da análise de

cluster será representado pela microrregião do Litoral NE, que durante o

período em análise registrou um total de 53 ocorrências de DN, sendo 39 de

natureza de estiagem/seca, 12 inundações e 2 Enxurradas. Quando

comparado os registro de DN (Figura 15) junto ao Índice de Precipitação

Padronizado (Figura 16), pode-se perceber que os as condições do clima para

a referida microrregião corroboram com as ocorrências de desastres naturais.

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Extremo de Seca

Enxurrada

Inundação

Núm

ero

de O

corr

ência

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SPI - Microrregião Litoral Nordeste

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Litoral Nordeste

Anos

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1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

Estiagem/Seca

Enxurrada

Inundação

Quando analisados os quantitativos classificados como estiagem/seca,

que estão associados ao déficit de precipitação, percebe-se que nos anos que

foram registrados os maiores quantitativos de DN, o índice apresentou

comportamento esperado. Como são os casos dos anos de 1993, 2001, 2005 e

2007 que mostraram índices classificados como seco no inicio do período,

assim mostrando evidencias de associação com o comportamento observado

nos registros. Com exceção do ano de 1998 que apresentou condições de

normalidade, mas que deve ser levar em consideração a atuação do fenômeno

El Niño de forte intensidade que atuou durante 1997 a 1998.

Figura 15 – Ocorrências de desastres naturais para a microrregião do Litoral Nordeste, no período de 1991 a 2012. Fonte: Autoria própria com dados do CEPED

Figura 16 – Índice de Precipitação Padronizado – SPI, para microrregião do Litoral Nordeste, no período de 1991 a 2012.

Fonte: Autoria própria com dados da EMPARN

Núm

ero

de O

corr

ência

s

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Verificando-se as demais classificações apresentadas, ligadas ao

excesso de precipitação, podemos verificar alguns indícios e evidencias que

apresenta o SPI paralelo aos registros de desastres naturais, mesmo não

sendo uma das metodologias mais adequadas para tais comparações.

Analisado as ocorrências de inundações e enxurradas para as

microrregiões em análise, percebe-se que os anos de 2000, 2004 e 2009 foram

onde se registraram os maiores quantitativos para todas as microrregiões.

Quando verificado o SPI, nota-se que as informações apresentadas na análise

elas exibiram classificações de períodos considerados com extremidades

úmidas no inicio dos referidos anos, trazendo uma antecipação do período

chuvoso ou um prolongamento desta temporada, estendendo-se aos meses de

agosto e setembro. Sendo assim, esses indícios de excesso de precipitação

corroboram com os anos de maiores registros de ocorrências dos desastres

dessas naturezas.

Analisando individualmente cada uma das microrregiões, verificou-se

que as mesmas refletem as características representadas pelo grupo a qual

pertencem de acordo com a análise de agrupamento realizada neste estudo.

As Figuras referentes a estas análises individuais por microrregião encontram-

se no Apêndice, para que possam contribuir com os gestores públicos e

tomadores de decisões quando necessitarem de uma visão mais específica

das suas respectivas regiões para o delineamento de seus projetos e diretrizes

de políticas públicas.

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6. CONCLUSÃO

Os registros de ocorrências dos desastres naturais para o estado do Rio

Grande do Norte, ao longo dos 22 anos de análise, apresentaram um crescente

aumento com o passar do tempo. O acréscimo expressivo representa 98,7%

nos registros das ocorrências para o Estado, uma vez que nos 11 (onze)

primeiros anos, foram registradas 535 ocorrências e nos 11 anos subsequentes

foram registrados 1.063, com um total de 2.447.683 pessoas afetadas por DN.

Este comportamento de incremento dos decretos é observado em toda

literatura, nos diferentes lugares que pode ser considerada a presença de uma

sociedade civil formada sujeita aos fatores naturais.

Para o Estado, os eventos de natureza de estiagem/seca tiveram uma

grande representatividade no quantitativo de ocorrências. Este fato é

preocupante visto que houve um grande número de pessoas afetadas. Entre

as 19 microrregiões do Estado, o Agreste Potiguar foi a que se notificaram os

maiores quantitativos, não sendo necessariamente aquela com maior número

de pessoas afetadas.

Durante o estudo, pode-se constatar a relação estatisticamente

significativa entre as ocorrências de desastres nos dois períodos em estudo e

sua relação com o regime de precipitação, por meio da precipitação média

acumulada anual, avaliada pela relação existente entre o comportamento das

ocorrências e os quantitativos pluviométricos por meio do Índice de

Precipitação Padronizado-SPI para o Estado. Constatou-se também com este

estudo, que em algumas microrregiões mesmo os índices de precipitação não

apresentando evidências de excesso ou déficit, em algumas situações os

gestores públicos realizaram o decreto. O que precisa ser estudado com maior

profundidade as razões dos mesmos decretarem como ocorrência de

desastres.

Um dos grandes desafios é a melhoria na qualidade dos sistemas de

informação sobre desastres naturais. Uma das limitações encontradas no

desenvolvimento do trabalho, como de todos que estudam as ocorrências dos

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desastres, foi à falta de uniformização desses registros, impedindo o

desenvolvimento de estudos que possibilitem o melhor entendimento desta

temática. Embora tenha ocorrido melhoria com o passar dos anos nos sistemas

de informação, a incompatibilidade das fontes de dados impede a

comparabilidade das informações, bem como a incerteza sobre a credibilidade

dos mesmos. Um dos grandes anseios da área, além de se entender o

expressivo aumento apresentado nas últimas décadas, é verificar a qualidade

dos sistemas de informações. Outra limitação enfrentada foi à indisponibilidade

destas informações em meio digital, que poderiam ser públicas e de fácil

acessibilidade.

Entre estes percalços encontrados no desenvolver do estudo, pode-se

destacar a indisponibilidade das informações, como data de inicio e fim da

ocorrência, número de pessoas afetas entre outros elementos que são de

fundamental importância para a análise. O que impossibilita uma avaliação

mais precisa quanto às características meteorológicas que assumem os

municípios no ato do registro dos episódios. Como é o caso particular para se

avaliar mais acuradamente os eventos classificados como enxurradas.

Como perspectiva futura para se complementar o estudo, é de extrema

necessidade entender uma das peças de fundamental importância dentro

dessas ocorrências: as características demográficas e meteorológicas

associadas a estes eventos em cada região, bem como a interação entre os

mesmos. Portanto, pretende-se analisar em estudos futuros a vulnerabilidade

aos desastres naturais, dentro das regiões afetadas, associando-se os

diferentes fatores políticos, sociais, demográficos e meteorológicos a estes

eventos. É de fundamental importância a identificação dos limiares das

variáveis demográficas e meteorológicas associadas às ocorrências de

desastres naturais, com o intuito de trazer a luz das autoridades competentes

para que possam criar sistemas de alerta ou preventivos para a sociedade,

subsidiando os gestores com estudos que possam elucidar no direcionamento

de ações e políticas públicas eficazes na gestão da mitigação do risco a

desastres naturais.

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APÊNDICE

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Estiagem/Seca

Enxurrada

Inundação

APÊNDICE A - Ocorrencias de desastres naturais e Índide de Precipitação

Padronizado na microrregião de Angicos

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Estiagem/Seca

Enxurrada

Inundação

APÊNDICE B - Ocorrencias de desastres naturais e Índide de Precipitação

Padronizado na microrregião de Baixa Verde

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Estiagem/Seca

Enxurrada

Inundação

APÊNDICE C - Ocorrencias de desastres naturais e Índide de Precipitação

Padronizado na microrregião de Serra de Santana

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SPI - Microrregião Chapada do Apodi

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Chapada do Apodi

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Estiagem/Seca

Enxurrada

Inundação

APÊNDICE D - Ocorrencias de desastres naturais e Índide de Precipitação

Padronizado na microrregião de Chapada do Apodi

Page 76: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · O objetivo do trabalho é realizar ... quando mesorregião e microrregião. ... das ocorrências de Desastres Naturais no estado

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SPI - Microrregião Litoral Sul

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Litoral Sul

Anos

Oco

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s

1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

Estiagem/Seca

Enxurrada

Inundação

APÊNDICE E - Ocorrencias de desastres naturais e Índide de Precipitação

Padronizado na microrregião do Litoral Sul

Page 77: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · O objetivo do trabalho é realizar ... quando mesorregião e microrregião. ... das ocorrências de Desastres Naturais no estado

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12

Jan

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago

Set

Out

Nov

Dez

ANO

ME

SE

S

SPI - Microrregião Macaiba

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Macaíba

Anos

Oco

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ncia

s

1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

Estiagem/Seca

Enxurrada

Inundação

APÊNDICE F - Ocorrencias de desastres naturais e Índide de Precipitação

Padronizado na microrregião de Macaíba

Page 78: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · O objetivo do trabalho é realizar ... quando mesorregião e microrregião. ... das ocorrências de Desastres Naturais no estado

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Jan

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Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago

Set

Out

Nov

Dez

ANO

ME

SE

S

SPI - Microrregião Macau

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Macau

Anos

Oco

rrê

ncia

s

1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

Estiagem/Seca

Enxurrada

Inundação

APÊNDICE G - Ocorrencias de desastres naturais e Índide de Precipitação

Padronizado na microrregião de Macau

Page 79: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · O objetivo do trabalho é realizar ... quando mesorregião e microrregião. ... das ocorrências de Desastres Naturais no estado

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Jan

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Mar

Abr

Mai

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Ago

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ANO

ME

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SPI - Microrregião Médio Oeste

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Médio Oeste

Anos

Oco

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ncia

s

1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

Estiagem/Seca

Enxurrada

Inundação

APÊNDICE H - Ocorrencias de desastres naturais e Índide de Precipitação

Padronizado na microrregião de Médio Oeste

Page 80: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · O objetivo do trabalho é realizar ... quando mesorregião e microrregião. ... das ocorrências de Desastres Naturais no estado

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Jan

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Set

Out

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ANO

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S

SPI - Microrregião Mossoró

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Mossoró

Anos

Oco

rrê

ncia

s

1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

Estiagem/Seca

Enxurrada

Inundação

APÊNDICE I - Ocorrencias de desastres naturais e Índide de Precipitação

Padronizado na microrregião de Mossoró

Page 81: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · O objetivo do trabalho é realizar ... quando mesorregião e microrregião. ... das ocorrências de Desastres Naturais no estado

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Jan

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago

Set

Out

Nov

Dez

ANO

ME

SE

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SPI - Microrregião Pau dos Ferros

APÊNDICE J - Ocorrencias de desastres naturais e Índide de Precipitação

Padronizado na microrregião de Pau dos Ferros

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25

Pau dos Ferros

Anos

Oco

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ncia

s

1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

Estiagem/Seca

Enxurrada

Inundação

Page 82: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · O objetivo do trabalho é realizar ... quando mesorregião e microrregião. ... das ocorrências de Desastres Naturais no estado

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ANO

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SPI - Microrregião Seridó Oriental

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Seridó Oriental

Anos

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1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

Estiagem/Seca

Enxurrada

Inundação

APÊNDICE L - Ocorrencias de desastres naturais e Índide de Precipitação

Padronizado na microrregião do Seridó Oriental

Page 83: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · O objetivo do trabalho é realizar ... quando mesorregião e microrregião. ... das ocorrências de Desastres Naturais no estado

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Jan

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SPI - Microrregião Seridó Ocidental

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Seridó Ocidental

Anos

Oco

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ncia

s

1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

Estiagem/Seca

Enxurrada

Inundação

APÊNDICE M - Ocorrencias de desastres naturais e Índide de Precipitação

Padronizado na microrregião do Seridó Ocidental

Page 84: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · O objetivo do trabalho é realizar ... quando mesorregião e microrregião. ... das ocorrências de Desastres Naturais no estado

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ANO

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SPI - Microrregião Serra de São Miguel

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Serra de São Miguel

Anos

Oco

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s

1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

Estiagem/Seca

Enxurrada

Inundação

APÊNDICE N - Ocorrencias de desastres naturais e Índide de Precipitação

Padronizado na microrregião do Serra de São Miguel

Page 85: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · O objetivo do trabalho é realizar ... quando mesorregião e microrregião. ... das ocorrências de Desastres Naturais no estado

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Jan

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago

Set

Out

Nov

Dez

ANO

ME

SE

S

SPI - Microrregião Umarizal

APÊNDICE O - Ocorrencias de desastres naturais e Índide de Precipitação

Padronizado na microrregião de Umarizal

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Umarizal

Anos

Oco

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s

1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

Estiagem/Seca

Enxurrada

Inundação

Page 86: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · O objetivo do trabalho é realizar ... quando mesorregião e microrregião. ... das ocorrências de Desastres Naturais no estado

86

02

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Vale do Açu

Anos

Oco

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ncia

s

1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

Estagem/Seca

Enxurrada

Inundação

APÊNDICE P - Ocorrencias de desastres naturais e Índide de Precipitação

Padronizado na microrregião de Vale do Açu

Page 87: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · O objetivo do trabalho é realizar ... quando mesorregião e microrregião. ... das ocorrências de Desastres Naturais no estado

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Jan

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago

Set

Out

Nov

Dez

ANO

ME

SE

S

SPI - Microrregião Natal

APÊNDICE Q - Ocorrencias de desastres naturais e Índide de Precipitação

Padronizado na microrregião de Natal

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0

Natal

Anos

Oco

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s

1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

Estiagem/Seca

Enxurrada

Inundação

Page 88: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · O objetivo do trabalho é realizar ... quando mesorregião e microrregião. ... das ocorrências de Desastres Naturais no estado

88

ANEXO

Page 89: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · O objetivo do trabalho é realizar ... quando mesorregião e microrregião. ... das ocorrências de Desastres Naturais no estado

89

ANEXO A – Mapa de vulnerabilidade a inundações, para o Estado do Rio Grande do Norte

Page 90: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · O objetivo do trabalho é realizar ... quando mesorregião e microrregião. ... das ocorrências de Desastres Naturais no estado

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