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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA PARASITÁRIA Rogério Damião de Souza Júnior AVALIAÇÃO DO MÉTODO FAMACHA © PARA DETECÇÃO DE ANEMIA POR Haemonchus contortus EM REBANHOS CAPRINOS E OVINOS Natal/ 2019

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Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · meu crescimento pessoal e profissional nesse rápido e intenso tempo de mestrado. Chamamos carinhosamente, entre os alunos, nossos

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA PARASITÁRIA

Rogério Damião de Souza Júnior

AVALIAÇÃO DO MÉTODO FAMACHA© PARA DETECÇÃO DE ANEMIA POR

Haemonchus contortus EM REBANHOS CAPRINOS E OVINOS

Natal/ 2019

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ROGÉRIO DAMIÃO DE SOUZA JÚNIOR

AVALIAÇÃO DO MÉTODO FAMACHA© PARA DETECÇÃO DE ANEMIA POR

Haemonchus contortus EM REBANHOS CAPRINOS E OVINOS

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Biologia Parasitária, para obtenção do Título de Mestre em Biologia Parasitária na área de Epidemiologia e Controle de Doenças Infecciosas e Parasitárias.

Orientadora: Professora Doutora Lilian Giotto Zaros de Medeiros.

Natal/ 2019

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede

Souza Júnior, Rogério Damião de. Avaliação do método FAMACHA© para detecção de anemia por Haemonchus contortus em rebanhos caprinos e ovinos / Rogério Damião de Souza Júnior. - 2019. 76f.: il. Dissertação (Mestrado)-Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Biociências, Programa de Pós-Graduação em Biologia Parasitária, Natal, 2019. Orientador: Dra. Lilian Giotto Zaros de Medeiros. 1. Controle parasitário - Dissertação. 2. Sensibilidade - Dissertação. 3. Especificidade - Dissertação. 4. Anemia - Dissertação. I. Medeiros, Lilian Giotto Zaros de. II. Título. RN/UF/BCZM CDU 616.155.194

Elaborado por Raimundo Muniz de Oliveira - CRB-15/429

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Rogério Damião de Souza Júnior

AVALIAÇÃO DO MÉTODO FAMACHA© PARA DETECÇÃO DE ANEMIA POR

Haemonchus contortus EM REBANHOS CAPRINOS E OVINOS

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Biologia Parasitária, para obtenção do Título de Mestre em Biologia Parasitária na área de Epidemiologia e Controle de Doenças Infecciosas e Parasitárias.

Aprovada em 26 de fevereiro de 2019

Banca examinadora

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AGRADECIMENTOS

Meus primeiros agradecimentos são a Deus que mesmo com todas as

atribulações vividas por mim e minha família nos últimos anos me tornou merecedor

e capaz de continuar lutando e conquistando meus objetivos.

Também agradeço a minha família por todo suporte e apoio que recebi em

todas as decisões que tomei ao longo de minha vida, em especial agradeço a minha

mãe, uma mulher forte, honrada, honesta, sincera e trabalhadora que mesmo por

todas as decepções que a vida lhe deu consegui manter nossa família ainda mais

unida. E meu pai que mesmo não sendo perfeito, mostrou a mim e a meus irmãos

que um trabalho duro é sempre recompensador. Amo vocês.

Agradeço a minha orientadora, a professora Lilian Giotto Zaros de Medeiros,

por todos os ensinamentos, orientações e conversas que tanto contribuíram para

meu crescimento pessoal e profissional nesse rápido e intenso tempo de mestrado.

Chamamos carinhosamente, entre os alunos, nossos orientadores de mães e pais

acadêmicos. Se alguém merece ser chamado assim é a senhora, profa, pela sua

forma atenciosa, delicada e segura de orientar seus alunos, parabéns.

Deixo meus agradecimentos ao professor Henrique Rocha de Medeiros, por

toda ajuda nas coletas no GEFOR (EAJ/UFRN) bem como pela disponibilidade para

nosso uso do laboratório de Parasitologia da Escola Agrícola de Jundiaí – UFRN.

Agradeço ao referido professor pelos conselhos para enriquecimento acadêmico e

para vida, também por todos os deslocamentos nos dias das coletas e pelo cuidado

na alimentação da nossa equipe.

Agradeço a professora Stela Antas Urbano da EAJ/UFRN por nos permitir

integrar nossos planos de trabalhos e pela utilização dos animais do plantel da

EAJ/UFRN que estavam sob sua reponsabilidade.

Obrigado, professor Luiz Vieira por todas as contribuições para melhoria do

meu trabalho. Também agradeço a Embrapa Caprinos e Ovinos do Ceará por todos

os anos de parceria com nosso laboratório, o que veio a permitir que a realização

desse trabalho.

Não posso deixar de agradecer também os professores do programa que

tanto doaram para o crescimento profissional de todos nós alunos, assim como

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deixo aqui meu reconhecimento e agradecimento pelo trabalho dos técnicos que

facilitam o trabalho de todos dentro do departamento.

Jamais deixaria de agradecer ao pessoal do laboratório de helmintologia,

Carlikelly Gleicy da Silva, Jorge Lucas Nascimento Souza, Kallyne Rebeca da Costa

Dantas, obrigado pelos ensinamentos e por toda ajuda ao longo desse tempo espero

desenvolver com vocês vários outros trabalhos além de nossa amizade. Agradeço

também pelos amigos da minha turma, que passaram por todas as dificuldades nas

disciplinas (imuno) junto comigo, em especial a minha melhor amiga que se tornou

meu amor, Sara. Espero que conquistar o título de mestre seja apenas nossa

primeira conquista de muitas outras, amor. Amo-te!

Agradeço a CAPES pelo ano de bolsa concedido, mas também aproveito a

oportunidade para deixar minha singela homenagem a todos os órgãos de fomento a

pesquisa no nosso país que fazem e precisam fazer um gigantesco esforço para

manutenção de seus respectivos financiamentos frente a governos que não

valorizam em nada e educação (#EleNão).

Por fim, mas não menos importante agradeço aos animais, que vivem e doam

suas vivas para o progresso da ciência.

A todos vocês, muito obrigado.

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RESUMO

O objetivo do presente estudo foi comparar sensibilidade e especificidade do método

FAMACHA© na detecção de anemia por Haemonchus contortus em rebanhos

caprinos e ovinos. Para isso foram avaliados rebanhos caprinos e ovinos

provenientes da Embrapa Caprinos e Ovinos e da EAJ/UFRN, formados por 264

ovinos mestiços e 256 caprinos mestiços, por um período entre 98 e 225 dias,

totalizando 4568 observações para ovinos e 825 para caprinos. Quatro valores

padrão de volume globular (VG) ≤15%, ≤18%, ≤19%, ≤22%, foram usados para

confirmar a anemia. Foram determinadas a especificidade (Sp) e sensibilidade (Se).

A relação entre FAMACHA©, VG e contagem de ovos por grama de fezes (OPG) foi

calculada através do coeficiente de correlação de Spearman Para avaliar a

concordância entre FAMACHA© e VG, foi calculado o valor Kappa (Ƙ). Em todos os

pontos de corte de VG, a Se do FAMACHA© nos ovinos da Embrapa Caprinos e

Ovinos aumentou quando os animais FAMACHA© 3 foram incluídos como anêmicos

(75% a 92%). A Sp foi maior nos caprinos do que nos ovinos em todos os pontos de

corte de VG quando os animais FAMACHA© 3 não foram incluídos como anêmicos

(99,4% e 99,8%). Para o rebanho ovino da EAJ/UFRN, foram observados maiores

valores de Se quando animais FAMACHA© 3 foram incluídos como anêmicos (48,5%

a 51%). Já a Sp desses animais variou de 88,1% a 90,1% quando os animais

FAMACHA© 3 não foram incluídos como anêmicos. A avaliação do método

FAMACHA© para os caprinos da EAJ/UFRN não foi significativo, uma vez que a

carga parasitária de H. contortus não alcançou o mínimo de 60% recomendado. Os

maiores valores de classificação correta foram encontrados em todos os pontos de

corte de VG para ambos os rebanhos da Embrapa Caprinos e Ovinos quando

FAMACHA© 4 e 5 foram considerados positivos para anemia (75,7% a 91% para

ovinos e 82,1% a 98,5% para caprinos). Nos ovinos da EAJ/UFRN os maiores

valores de classificação correta foram encontrados quando os animais FAMACHA© 3

não foram incluídos como anêmicos (65,13% a 78,2%). O valor Ƙ para ovinos do

rebanho da Embrapa Caprinos e Ovinos variou entre 0,320 < Ƙ < 0,560, sendo maior

quando a categoria FAMACHA© 3 não foi incluída como positiva para anemia,

indicando uma concordância de razoável a moderada. Para os caprinos foi

observado o valor Ƙ=0,620 para o VG ≤19, inferindo-se uma concordância

substancial. No rebanho da EAJ/UFRN, os valores Ƙ indicaram uma concordância

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razoável para os ovinos (0,067 < Ƙ < 0,074) e uma fraca concordância para os

caprinos (Ƙ ≤ 0,02, p>0,05). Estes resultados corroboram a aplicabilidade do método

FAMACHA© em casos de hemocose em ambos os rebanhos. O ponto de corte de

VG ≤15 se mostrou adequado para ambas às espécies por apresentar altos índices

de sensibilidade, porém estudos que objetivem uma melhor padronização dos

pontos de corte do VG em caprinos ainda são necessários para aumentar a Se do

método para essa espécie.

Palavras-chaves: Controle parasitário. Sensibilidade. Especificidade.

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ABSTRACT

The aim of the present study was to compare the sensitivity and specificity of the

FAMACHA© method in the detection of Haemonchus contortus anemia in goats and

sheep. For this, goats and sheep from Embrapa Caprinos e Ovinos and from

EAJ/UFRN, consisting of 264 crossbred sheep and 256 crossbred goats were

evaluated for a period between 98 and 225 days, totaling 4568 observations for

sheep and 825 for goats. Four standard values of globular volume (PCV) ≤15%,

≤18%, ≤19%, ≤22%, were used to confirm anemia. Specificity (Sp) and sensitivity

(Se) were determined. The ratio between FAMACHA©, PCV and egg counts per

gram of faeces (OPG) was calculated using the Spearman correlation coefficient. To

evaluate the concordance between FAMACHA© and PCV, the Kappa value (Ƙ) was

calculated. In all PCV cut-off points, FAMACHA© Se in Embrapa Caprinos e Ovinos

sheep increased when FAMACHA© 3 animals were included as anemic (75% to

92%). Sp was higher in goats than in sheep at all PCV cut-off points when

FAMACHA© 3 animals were not included as anemic (99.4% and 99.8%). For the

EAJ/UFRN sheep herd, higher values of Se were observed when FAMACHA© 3

animals were included as anemic (48.5% to 51%). The Sp of these animals ranged

from 88.1% to 90.1% when FAMACHA© 3 animals were not included as anemic. The

evaluation of the FAMACHA© method for the goats of the EAJ/UFRN was not

significant, since the parasite load of H. contortus did not reach the recommended

minimum of 60%. The highest correct grading values were found at all PCV cut-off

points for both Embrapa Caprinos e Ovinos herds when FAMACHA© 4 and 5 were

considered positive for anemia (75.7% to 91% for sheep and 82.1% % to 98.5% for

goats). In the sheep of the EAJ/UFRN the highest values of correct classification

were found when FAMACHA© 3 animals were not included as anemic (65.13% to

78.2%). The valor value for sheep of the Embrapa Caprinos e Ovinos herd ranged

from 0.320 < Ƙ < 0.560, higher when the FAMACHA© 3 category was not included as

positive for anemia, indicating a reasonable to moderate agreement. For goats, the

value Ƙ = 0.620 for the PCV ≤19 was observed, with substantial agreement being

obtained. In the EAJ/UFRN herd, Ƙ values indicated a reasonable concordance for

sheep (0.067 < Ƙ < 0.074) and poor agreement for goats (Ƙ ≤ 0.02, p> 0.05). These

results corroborate the applicability of the FAMACHA© method in cases of

haemocose in both herds. The PCV ≤15 cutoff point proved to be quite adequate for

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both species because it has high sensitivity indexes, but studies aiming at a better

standardization of PCV cut values in goats are still necessary to increase the Se of

the method for this species.

Keywords: Parasitic control. Sensitivity. Specificity.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Cartão para análise do método FAMACHA© .............................................. 30

Figura 2. Organograma esquematizando as principais etapas da metodologia desse

trabalho. .................................................................................................................... 35

Figura 3. Porcentagem (%) de larvas infectantes de Haemonchus spp.,

Trichostrongylus spp. e Oesophagostomum spp. encontradas nas coproculturas do

rebanho ovino da Embrapa Caprinos e Ovinos durante o período experimental. .... 46

Figura 4. Porcentagem (%) de larvas infectantes de Haemonchus spp.,

Trichostrongylus spp. e Oesophagostomum spp. encontradas nas coproculturas do

rebanho caprino da Embrapa Caprinos e Ovinos durante o período experimental. .. 47

Figura 5. Porcentagem (%) de larvas infectantes de Haemonchus spp.,

Trichostrongylus spp., Strongyloides spp. e Oesophagostomum spp. encontradas

nas coproculturas do rebanho ovino da EAJ/UFRN durante o período experimental.

.................................................................................................................................. 51

Figura 6. Porcentagem (%) de larvas infectantes de Haemonchus spp.,

Trichostrongylus spp., Strongyloides spp. e Oesophagostomum spp. encontradas

nas coproculturas do rebanho caprino EAJ/UFRN durante o período experimental. 54

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Classes e drogas que o H. contortus já adquiriu resistência. Fonte: KOTZE

e PRICHARD, 2016. .................................................................................................. 27

Tabela 2. Pontos de corte de VG utilizados nesse trabalho, intervalos de VG e

categorias FAMACHA© utilizadas para determinar concordância entre os dois

métodos de diagnóstico de anemia. .......................................................................... 44

Tabela 3. Coeficientes de Spearman entre os marcadores fenotípicos volume

globular (VG), ovos por grama de fezes (OPG) e FAMACHA© nos rebanhos ovinos e

caprinos da Embrapa Caprinos e Ovinos (p<0,001).................................................. 47

Tabela 4. Distribuição em número absoluto (n) e porcentagem (%) de observações

de ovinos e caprinos da Embrapa Caprinos e Ovinos conforme classificação pelo

método FAMACHA© durante todo o período experimental. ....................................... 48

Tabela 5. Número de falsos negativos, falsos positivos, verdadeiro positivo,

verdadeiro negativo e classificações corretas para os intervalos dos pontos de corte

de volume globular (VG) do rebanho ovino da Embrapa Caprinos e Ovinos

considerando FAMACHA© 3, 4 ou 5 como positivos para anemia. ........................... 48

Tabela 6. Número de falsos negativos, falsos positivos, verdadeiros positivos,

verdadeiros negativos e classificações corretas para os intervalos de ponto de corte

de volume globular (VG) do rebanho ovino da Embrapa Caprinos e Ovinos

considerando FAMACHA© 4 ou 5 como positivo para anemia. ................................. 49

Tabela 7. Número de falsos negativos, falsos positivos, verdadeiro positivo,

verdadeiro negativo e classificações corretas para os intervalos dos pontos de corte

de volume globular (VG) do rebanho caprino da Embrapa Caprinos e Ovinos

considerando FAMACHA© 3, 4 ou 5 como positivos para anemia. ........................... 49

Tabela 8. Número de falsos negativos, falsos positivos, verdadeiros positivos,

verdadeiros negativos e classificações corretas para os intervalos de ponto de corte

de volume globular (VG) do rebanho caprino da Embrapa Caprinos e Ovinos

considerando FAMACHA© 4 ou 5 como positivo para anemia. ................................. 49

Tabela 9. Sensibilidade (Se), especificidade (Sp), valor preditivo positivo (VPP), valor

preditivo negativo (VPN), em porcentagem e valor Kappa (Κ) entre FAMACHA© e

volume globular (VG) do rebanho ovino da Embrapa Caprinos e Ovinos de acordo

com os pontos de corte de VG. ................................................................................. 50

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Tabela 10. Sensibilidade (Se), especificidade (Sp), valor preditivo positivo (PPV),

valor preditivo negativo (NPV), em porcentagem e valor Kappa (Κ) entre FAMACHA©

e volume globular (VG) do rebanho caprino da Embrapa Caprinos e Ovinos de

acordo com os pontos de corte de VG. ..................................................................... 50

Tabela 11. Coeficientes de Spearman para correlações entre os marcadores

fenotípicos volume globular (VG), ovos por grama de fezes (OPG) e FAMACHA© no

rebanho ovino da EAJ/UFRN (p<0,001). ................................................................... 51

Tabela 12. Distribuição dos ovinos da EAJ/UFRN em número absoluto (n) e

porcentagem (%) de observações conforme classificação pelo método FAMACHA©

durante o período experimental. ................................................................................ 52

Tabela 13. Número de falsos negativos, falsos positivos, verdadeiro positivo,

verdadeiro negativo e classificações corretas para os intervalos dos pontos de corte

de volume globular (VG) do rebanho ovino da EAJ/UFRN considerando FAMACHA©

3, 4 ou 5 como positivos para anemia. ...................................................................... 52

Tabela 14. Número de falsos negativos, falsos positivos, verdadeiro positivo,

verdadeiro negativo e classificações corretas para os intervalos dos pontos de corte

de volume globular (VG) do rebanho ovino da EAJ/UFRN considerando FAMACHA©

4 e 5 como positivos para anemia. ............................................................................ 53

Tabela 15. Sensibilidade (Se), especificidade (Sp), valor preditivo positivo (VPP),

valor preditivo negativo (VPN), em porcentagem e valor Kappa (Κ) entre FAMACHA©

e volume globular (VG) dos ovinos da EAJ/UFRN de acordo com os pontos de corte

de VG. ....................................................................................................................... 53

Tabela 16. Coeficientes de Spearman para correlações entre os marcadores

fenotípicos volume globular (VG), ovos por grama de fezes (OPG) e FAMACHA© no

rebanho caprino da EAJ/UFRN, (p>0,05). ................................................................. 54

Tabela 17. Distribuição dos animais da EAJ/UFRN em número absoluto (n) e

porcentagem (%) de observações conforme classificação pelo método FAMACHA©

durante o período experimental. ................................................................................ 55

Tabela 18. Número de falsos negativos, falsos positivos, verdadeiro positivo,

verdadeiro negativo e classificações corretas para os intervalos dos pontos de corte

de volume globular (VG) do rebanho caprino da EAJ/UFRN considerando

FAMACHA© 3, 4 e 5 como positivos para anemia. .................................................... 55

Tabela 19. Número de falsos negativos, falsos positivos, verdadeiro positivo,

verdadeiro negativo e classificações corretas para os intervalos dos pontos de corte

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de volume globular (VG) do rebanho caprino da EAJ/UFRN considerando

FAMACHA© 4 e 5 como positivos para anemia. ........................................................ 55

Tabela 20. Sensibilidade (Se), especificidade (Sp), valor preditivo positivo (VPP),

valor preditivo negativo (VPN), em porcentagem e valor Kappa (Κ) entre FAMACHA©

e volume globular (VG) dos caprinos da EAJ/UFRN de acordo com os pontos de

corte de VG. Valores Kappa com P > 0,05. ............................................................... 56

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LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

AR Resistência anti-helmíntica

L3 Larvas infectantes de terceiro estádio

L1 Primeiro estádio larval

L2 Segundo estádio larval

L5 Quinto estádio larval

WAAVP Associação Mundial Para o Avanço da Parasitologia Veterinária

FECRT Teste de redução de contagem de ovos fecais

MALDT Teste de desenvolvimento larval em micro ágar

TEO Teste da eclodibilidade de ovos

TDL Teste de desenvolvimento larvar

VG Volume globular

Se Sensibilidade

TP Verdadeiro positivo

TN Verdadeiro negativo

FN Falso negativo

FP Falso positivo

Sp Especificidade

EAJ Escola Agrícola de Jundiaí

CEUA Comissão de ética no uso de animais

CTI Comitê Técnico Interno

UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte

OPG Ovos por gramas de fezes

EDTA Ácido etilenodiamino tetra-acético

VPN Valor Preditivo Negativo

VPP Valor Preditivo Positivo

Κ Valor Kappa

F1 Categoria FAMACHA 1

F2 Categoria FAMACHA 2

F3 Categoria FAMACHA 3

F4 Categoria FAMACHA 4

F5 Categoria FAMACHA 5

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 19

2 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................. 21

2.1 Importância da caprino-ovinocultura no Brasil.............................................. 21

2.2 Principais gêneros de nematoides gastrintestinais....................................... 22

2.3 Haemonchus sp. .......................................................................................... 23

2.4 Resistência anti-helmíntica........................................................................... 25

2.5 Método FAMACHA© ..................................................................................... 28

2.6 Acurácia do método FAMACHA© ................................................................. 31

3 OBJETIVOS ....................................................................................................... 33

3.1 Objetivo geral ............................................................................................... 33

3.2 Objetivos específicos: .................................................................................. 33

4 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................... 34

4.1 Animais Experimentais ................................................................................. 34

4.1.1 Rebanho Caprino da Embrapa Caprinos e Ovinos ................................ 36

4.1.2 Rebanho Ovino da Embrapa Caprinos e Ovinos ................................... 37

4.1.3 Rebanho Caprino da EAJ/UFRN ........................................................... 38

4.1.4 Rebanho Ovino da EAJ/UFRN .............................................................. 39

4.2 Declaração de ética ...................................................................................... 41

4.3 Exames coproparasitológicos....................................................................... 41

4.4 Exames hematológicos ................................................................................ 42

4.5 Método FAMACHA© ..................................................................................... 43

4.6 Análise estatística ........................................................................................ 45

5 RESULTADOS ................................................................................................... 46

5.1 Rebanho Ovino e Caprino da Embrapa Caprinos e Ovinos ......................... 46

5.2 Rebanho ovino e caprino da EAJ/UFRN ...................................................... 50

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6 DISCUSSÃO ...................................................................................................... 57

7 CONCLUSÕES .................................................................................................. 65

8 REFERÊNCIAS .................................................................................................. 66

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19

1 INTRODUÇÃO

Os nematoides gastrintestinais afetam a produção de pequenos ruminantes

diretamente por meio do atraso no crescimento, perda de peso, redução do

consumo de alimentos, diminuição da produção de leite, baixa fertilidade e até

mesmo causando mortalidade nos animais (COUTINHO et al., 2015). A espécie

hematófaga Haemonchus contortus é de grande importância devido à sua alta

prevalência, patogenicidade e expansão global (MAIA et al., 2014).

No Brasil, principalmente nas regiões semiáridas, o controle parasitário é feito

pela administração de anti-helmínticos, embora, às vezes, sem nenhum padrão

sustentável para esse uso, o que resulta no desenvolvimento de parasitos

resistentes a drogas. O desenvolvimento da resistência anti-helmíntica é um grande

desafio para os sistemas de produção animal e, embora uma variedade de

medicamentos esteja disponível, as perdas em regiões tropicais e semitropicais do

mundo ainda continuam (CHARLIER et al., 2009; REINIGER et al., 2017; FERREIRA

et al., 2019).

As necessidades de tornar os sistemas de produção mais eficientes e

sustentáveis por meio da diminuição da resistência anti-helmíntica e do

desenvolvimento de produtos de origem animal isentos de substâncias químicas,

estimularam a busca por métodos alternativos para o controle parasitário (ZAROS et

al., 2014). Desta forma, o método FAMACHA© (VAN WYK et al., 1997) foi

introduzido para auxiliar no controle de parasitos gastrintestinais hematófagos por

meio de um tratamento alvo seletivo (ARECE-GARCÍA et al., 2016). O método

baseia-se no princípio da correlação entre a cor da conjuntiva ocular e os valores do

VG, identificando animais capazes de resistir a infecções por Haemonchus contortus

(VILELA et al., 2012).

No entanto, este método foi desenvolvido para ovinos e tem sido aplicado em

caprinos sem qualquer adaptação, uma vez que a intensidade da cor da conjuntiva

ocular em caprinos saudáveis é menor em relação à cor da conjuntiva ocular dos

ovinos saudáveis. Essa diferença de cor se deve ao tempo de preenchimento do

capilar ocular dos caprinos ser maior em relação ao dos ovinos (MOLENTO et al.,

2004), e consequentemente, erros de interpretação podem ocorrer, implicando em

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20

mudanças na sensibilidade e especificidade do método (VATTA et al., 2001;

CINTRA et al., 2018), além de baixa praticidade da classificação dos animais quanto

às categorias FAMACHA© em algumas raças (MOORS e GAULY, 2009).

Muitos estudos mostram os benefícios do método FAMACHA© na redução dos

custos com tratamentos dos animais e em casos de resistência a anti-helmínticos.

Desse modo, novos trabalhos são necessários para revalidar o uso do método, bem

como comprovar sua eficiência em rebanhos caprinos. Uma vez o método

padronizado para as duas espécies em diversas condições ambientais do Brasil e

diferentes condições fisiológicas dos animais, poderá auxiliar na melhora do

desempenho produtivo dos rebanhos.

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21

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Importância da caprino-ovinocultura no Brasil

A criação de caprinos e ovinos é uma atividade de grande importância

econômica e social por ser fonte de renda para populações de baixa renda,

mormente nas regiões áridas e semiáridas brasileiras (SOUZA, 2011; FERREIRA et

al., 2019). Para Simplício et al. (2004) a caprino-ovinocultura de corte são atividades

multifuncionais que por tradição são exploradas com tecnologia menos

especializada, com grande parte do laboro sendo exercido por mulheres e crianças.

Os principais produtos dessa atividade que atendem tanto a subsistência das

famílias como o mercado são a pele, o leite, a carne e o esterco (SIMPLÍCIO et al.,

2004).

No Brasil, segundo Pesquisa da Pecuária Municipal realizada pelo IBGE

(2016) são 9.780.533 cabeças de caprinos e 18.433.810 cabeças de ovinos

espalhadas pelo território nacional. Desse total, 63% (11.622.243) dos ovinos e 93%

(9.092.724) dos caprinos estão localizados no Nordeste. O Rio Grande do Norte

contribui com 452.836 e 843.968 cabeças de caprinos e ovinos, respectivamente. O

grande sucesso nos números desses animais nessa região deve-se a capacidade

desses animais adaptarem-se às condições edafoclimáticas adversas ao longo da

maior parte do ano na zona semiárida do Nordeste (SOUZA, 2011).

Ovinos e caprinos fazem parte do repertório dietético humano há muitas

gerações, distribuindo-se por vários territórios com exceção dos polos. A carne

ovina, assim como a caprina, é uma proteína de alto valor biológico com valores

médios de colesterol e gordura menores em relação aos da carne bovina e de aves

(ZAPATA et al., 2001; MUSHI et al., 2010).

Nas últimas duas décadas, impulsionado pela mídia, verifica-se um aumento

do consumo da carne caprina e ovina, devido à maior procura, por parte da

população, por hábitos mais saudáveis e por alimentos com menor teor de gordura e

colesterol (ZAPATA et al., 2001; PESSOA et al., 2018). Com tudo isso,

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aproximadamente metade da carne caprina e ovina consumida no Nordeste provém

de países como Uruguai, Argentina e Nova Zelândia, mostrando que, apesar do

grande rebanho presente na região, a produtividade não atende à demanda do

mercado interno (SOUZA, 2011).

Um dos principais fatores responsáveis pela limitação da expansão da

produtividade é o parasitismo ocasionado por nematoides gastrintestinais. As

endoparasitoses gastrintestinais geram prejuízos na produção, devido aos custos

com prevenção, tratamento, perda de peso nos animais, menor eficiência

reprodutiva e mortalidade, mormente de animais jovens, da ordem de 1,4 bilhão de

dólares (SOUZA, 2011; LINO. Et al., 2016).

Dentre os principais nematoides que infectam uma variedade de

hospedeiros ruminantes e que são de grande importância veterinária (STEVENSON

et al., 1995; TAYLOR et al., 2016) destaca-se o gênero Haemonchus Cobb, 1898

com elevada patogenicidade e de maior importância mundial (HOBERG et al., 2004;

ALMEIDA et al., 2010).

2.2 Principais gêneros de nematoides gastrintestinais

Parasitoses gastrintestinais é o principal desafio de criadores de pequenos

ruminantes, sendo normalmente as infecções mistas o que faz importante

conhecermos as principais características dos principais gêneros de parasitos

encontrados nas infecções dos animais avaliados nesse trabalho.

Um gênero de importância para os sistemas de produção animal é o

Trichostrongylus sp. Considerado de baixa patogenicidade pode ser encontrado no

abomaso ou no intestino delgado. Este parasito penetra na mucosa abaixo do

epitélio do órgão, lesando-a e provocando exsudações de proteínas séricas. Embora

não seja hematófago, pode levar a um quadro de anemia e diarreia em infecções

maciças, ou mesmo a uma redução dos níveis de aminoácidos (URQUHART et al.,

1998).

Oesophagostomum sp. é um gênero encontrado mundialmente,

principalmente nas áreas tropicais e subtropicais. Esses parasitos não são

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hematófagos e se encontram habitando o intestino grosso dos hospedeiros. Os

sintomas observados diarreia intensa de coloração esverdeada ou mesmo com

estrias de sangue, apatia e anorexia (URQUHART et al., 1998). Diferente do que foi

comentado para o gênero anterior, os parasitos desse gênero são altamente

patogênicos, sobretudo para ovinos jovens, em que a presença de 200 a 300

espécimes adultas podem ocasionar uma infecção severa (UENO e GONÇALVES,

1998).

Strongyloides sp. é mais um gênero de importância para os sistemas de

criação de pequenos ruminantes. Uma característica comum das espécies desse

gênero é que são parasitos fêmeas que vivem na mucosa do intestino delgado dos

hospedeiros. Os sintomas mais comuns encontrados em animais com

estrongiloidose são: apetite reduzido, abdômen retraído, diarreia intermitente,

prostração e pelos sem brilho. A dermatite difusa, inflamação cutânea, edemas e

urticária são sinais cutâneos que normalmente só aparecem quando a infecção é

massiva. Entre os sinais pulmonares destacam-se taquipneia, tosse, estertores e,

em alguns casos, quando favorecida por infecções bacterianas secundárias, surgem

as pneumonias (TAYLOR et al., 2016).

O gênero Haemonchus sp. reúnem espécies hematófagas com alta

prevalência, patogenicidade e expansão global, dentre elas H. contortus que se

destaca como a principal espécie parasito de caprinos e ovinos do planeta

(ALMEIDA et al., 2010; EMERY et al., 2016), por isso deteremos uma maior atenção

a esse gênero.

2.3 Haemonchus sp.

As espécies pertencentes ao gênero Haemonchus são parasitos

hematófagos do abomaso de uma variedade de hospedeiros artiodáctilos, incluindo

espécies de 46 gêneros de Camelidae e Pecora, abrangendo Antilocapridae,

Giraffidae, Cervidae e Bovidae. São classificadas no Filo Nematoda, Classe

Secernentea, Ordem Strongylida, Superfamília Trichostrongyloidea, Família

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Trichostrongylidae, Subfamília Haemonchinae (HOBERG et al., 2004; TAYLOR et

al., 2016).

Haemonchus contortus Rudolphi, 1803 é a principal espécie parasito de

ovinos e caprinos nas regiões tropicais e subtropicais do planeta (HOBERG et al.,

2004; SILVA et al., 2014; EMERY et al., 2016).

Os adultos são facilmente identificados pela localização específica no

abomaso dos hospedeiros e pelo relativo tamanho (1,0 a 3,0 cm), podendo ser

visualizados a olho nu (SILVA et al., 2014; TAYLOR et al., 2016).

Haemonchus sp. é um dos nematoides mais prolíficos. Uma fêmea pode

produzir milhares de ovos por dia, entre 5000 e 15000, e as larvas infectantes ou

larvas de terceiro estádio (L3) nas pastagens, em condições climáticas adequadas,

acumulam-se rapidamente. O período pré-patente (tempo decorrido entre a infecção

do hospedeiro e a maturidade do parasito) de H. contortus é de 17 a 21 dias. Esse

período pode ser mais longo, devido ao fenômeno da hipobiose nas larvas L3 e L4

(larvas de quarto estádio) no hospedeiro, podendo chegar a meses (EMERY et al.,

2016).

Os espécimes adultos de Haemonchus possuem tempo de vida curto,

sobrevivendo no hospedeiro por apenas alguns meses. Os adultos reproduzem-se

no abomaso, produzindo ovos morulados que serão eliminados juntos com as fezes

dos hospedeiros. No ambiente, sob influência de fatores como temperatura e

umidade, ocorre a eclosão dos ovos, iniciando a fase pré-parasitária de vida livre,

caracterizada por três estádios larvais (URQUHART et al., 1998; EMERY et al.,

2016).

Os dois primeiros estádios larvais, L1 (larva de primeiro estádio) e L2 (larva

de segundo estádio) nutrem-se de bactérias do meio, enquanto o terceiro estádio, L3

apresenta cutícula remanescente do seu estádio anterior, o que a protege contra

alterações ambientais, mas também impede a larva de se alimentar, tornando sua

sobrevivência dependente dos nutrientes acumulados no estádio anterior. Os

animais se infectam durante o pasteio, se alimentando de forragens contaminadas

com a larva infectante. No abomaso, essas larvas perdem a bainha, sofrem duas

novas mudas diferenciando-se nas formas adultas (ZAJAC, 2006; EMERY et al.,

2016).

A hematofagia, realizada pelos adultos e pela L5 (larva de quinto estádio),

pode remover até 30 µL de sangue por dia em infecções com carga parasitária

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acima de 500 indivíduos, o que causa anemia severa e morte subsequente (EMERY

et al., 2016).

Além da mortalidade, esse parasito gastrintestinal afeta a produção de

pequenos ruminantes diretamente por meio de crescimento tardio dos animais,

perda de peso, redução do consumo de alimentos, diminuição da produção de leite,

baixa fertilidade (COUTINHO et al., 2015).

O controle parasitário usando anti-helmínticos tem sido a opção mais

conveniente para os criadores reduzirem o parasitismo, embora esse uso de forma

indiscriminada esteja levando à seleção de nematoides resistentes às drogas. O

desenvolvimento da resistência anti-helmíntica é um grande desafio para os

sistemas de produção animal, e apesar de uma variedade de medicamentos

disponíveis, as perdas nas regiões tropicais e semitropicais do mundo ainda

continuam (CHARLIER et al., 2009; REINIGER et al., 2017).

2.4 Resistência anti-helmíntica

Haemonchus contortus é a espécie da família Trichostrongylidae mais

patogênica e com maior número de casos registrados de resistência anti-helmíntica

no mundo (REINIGER et al., 2017).

Resistência anti-helmíntica é definida como uma redução na eficácia de um

tratamento medicamentoso comparada com aquela obtida quando a droga foi

inicialmente liberada para uso comercial (KOTZE e PRICHARD, 2016). Coles et al.

(1992) definiram resistência de acordo com os critérios estabelecidos pela

Associação Mundial para o Avanço da Parasitologia Veterinária (WAAVP) como uma

redução percentual, menor que 95%, na contagem de ovos no teste de redução de

contagem de ovos fecais (FECRT), na população teste, após o tratamento

medicamentoso, com intervalo de confiança menor que 90% (KOTZE e PRICHARD,

2016).

O FECRT é o teste in vivo mais utilizado para o diagnóstico rotineiro de

resistência em parasitos nematoides, embora sendo o menos sensível e confiável

para detecção de resistência é o recomendado pelo WAAVP. As limitações desse

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teste afetam seu amplo uso para H. contortus e outras espécies de parasitos. Essas

limitações incluem os custos da realização do teste, sua inerente falta de precisão,

devido à falta de padronização das técnicas de contagem de ovos fecais e relações

parasito-hospedeiro que afetam a postura de ovos, além de baixa sensibilidade.

Apesar destas deficiências, continua a ser o teste de referência atualmente utilizado

para a detecção de resistência no campo (COLES et al., 1992; COLES et al., 2006;

FORTES e MOLENTO, 2013; KOTZE e PRICHARD, 2016).

Bioensaios in vitro com os estágios de vida livre dos parasitos para medir a

sensibilidade a anti-helmínticos e, portanto, detectar quaisquer mudanças na

sensibilidade que possam indicar que a resistência está surgindo tem sido

alternativas para o FECRT. Esses bioensaios são muito mais baratos que os

FECRTs, relativamente rápidos, evitam quaisquer efeitos dos animais hospedeiros

na relação parasito-hospedeiro e evitam algumas das imprecisões associadas aos

FECRTs. Além disso, tais testes podem usar uma faixa de concentrações dos

fármacos para gerar valores definidos descrevendo o efeito de cada droga na

população de parasitos, por exemplo, metade das concentrações inibitórias máximas

(valores IC50) e razões de resistência (KOTZE e PRICHARD, 2016).

Ainda pode-se definir resistência em relação às concentrações de fármacos

que inibem o desenvolvimento ou a motilidade em 50% ou 99% da população de

parasitos na fase L3, in vitro. Um teste desse tipo bem utilizado é o teste de

desenvolvimento larval em micro ágar (MALDT) que permite a identificação e a

contagem das larvas sobreviventes ao fármaco no final do processo (COLES et al.,

2006; KOTZE e PRICHARD, 2016).

Os principais testes in vitro utilizados, atualmente, são o TEO (teste da

eclodibilidade de ovos) e o TDL (teste de desenvolvimento larvar). Eles avaliam,

respectivamente, a eclosão e o desenvolvimento larval. No TEO emprega-se a

incubação de ovos larvados em concentrações crescentes do anti-helmíntico. No

TDL é realizada a incubação de ovos em soluções líquidas ou ágar, com

concentrações crescentes do anti-helmíntico, para o desenvolvimento das larvas L3

(FORTES e MOLENTO, 2013).

Análises moleculares em busca de mutações alélicas que podem conferir

genes de resistência, como o gene da β – tubulina, também são utilizadas nessa

definição, mesmo assim o resultado do FECRT é o critério mais utilizado para definir

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resistência em infecções por H. contortus bem como em outras parasitoses

gastrintestinais (COLES et al., 2006; KOTZE e PRICHARD, 2016).

Todos esses métodos de análise de resistência apresentam algum grau de

limitação, seja em termos de confiabilidade, aplicabilidade, reprodutibilidade,

sensibilidade, interpretação ou mesmo no custo, além disso, não abrangem todos os

tipos de drogas de ação anti-helmíntica (FORTES e MOLENTO, 2013).

Nas últimas duas décadas diversos estudos têm mostrado o rápido

crescimento da resistência anti-helmíntica por nematoides gastrintestinais, tais como

Molento et al. (2011), Torres-Acosta et al. (2012), na América do Sul, Van Wyk et al.

(1999), na África do Sul, Love e Coles (2002) na Austrália, McKenna (2010) na Nova

Zelândia e Papadopoulos et al. (2012) na Europa. Todos eles alertam para uma

importante ameaça que esse quadro representa para os sistemas de produção

animal. No Brasil, pesquisadores mostram quadros de resistência a múltiplas drogas

em todas as regiões com expressivo número de pequenos ruminantes em rebanhos

de criação. Cezar et al. (2010) na região sul, Veríssimo et al. (2012) na região

Sudeste, Sczesny-Moraes et al. (2010) na região Centro Oeste.

Haemonchus contortus é o tricostrongilídeo mais estudado em relação à

resistência anti-helmíntica, uma vez que tem desenvolvido resistência a todas as

principais classes de drogas (TABELA 1), impactando significativamente na

produção animal em escala mundial (KOTZE; PRICHARD, 2016).

Tabela 1. Classes e drogas que o H. contortus já adquiriu resistência. Fonte: KOTZE e PRICHARD, 2016.

Classe da droga Droga

Benzimidazois

Tiabendazol

Parbendazol

Fenbendazol

Albendazol

Oxfendazol

Mebendazol

Salicilanilidas Rafoxanida

Closantel

Organofosfatos Naftalofos

Imidazotiazois Levamisol

Lactonas macrocíclicas Ivermectina

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Abamectina

Moxidectina

Doramectina

Eprinomectina

Derivados de Amino Acetonitrila Monepantel

As necessidades de tornar os sistemas de produção mais sustentáveis,

diminuindo a resistência anti-helmíntica, estimularam a busca de métodos

alternativos para o controle de parasitos gastrintestinais como H. contortus

(BENAVIDES, 2008; ZAROS et al., 2014).

Dentre esses métodos e estratégias alternativas destaca-se o método

FAMACHA©, que correlaciona a cor da mucosa ocular e os valores do VG,

identificando animais capazes de resistir a infecções por H. contortus (VILELA et al.,

2012; BESIER et al., 2016).

2.5 Método FAMACHA©

No final da década de 1990 parasitologistas e pecuaristas sul-africanos que

enfrentavam dificuldades crescentes no controle de H. contortus, com destaque do

Dr. Faffa Malan, o desenvolvedor da ideia, do qual o nome do método deriva, FAffa

MAlan CHArt, desenvolveram um produto que relacionava as diferentes colorações

da conjuntiva ocular de ovinos com os valores de VG e o grau de infecção por H

contortus, denominado de método FAMACHA© (VAN WYK et al., 1997; VAN WYK e

BATH, 2002).

A introdução do método FAMACHA© permitiu uma nova forma de controle

parasitário por meio de tratamento seletivo, baseado na correlação entre a coloração

da mucosa ocular e os valores do VG, identificando os animais capazes de resistir

ao quadro de anemia provocado nas infecções por H. contortus (VAN WYK et al.,

1997; VILELA et al., 2012; ARECE-GARCÍA et al., 2016; FERREIRA et al., 2019).

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Originalmente destinado a ovinos, o método tornou-se popular em todo o

mundo no início dos anos 2000 (MAHIEU et al., 2007). Com algumas adaptações,

posteriormente, também passou a ser usado em caprinos, embora o tempo de

preenchimento capilar desses animais seja maior em relação aos ovinos e a

intensidade da cor da conjuntiva ocular naqueles animais é menor em relação a

esses (VATTA et al., 2001; MOLENTO et al., 2004).

Ao redor do mundo, diversos e importantes trabalhos estão sendo feitos

validando a eficácia do método como uma importante ferramenta no controle dos

casos de resistência anti-helmíntica nas infecções por H. contortus.

Vatta et al., (2001) em trabalho realizado na África do Sul, demonstra que o

uso do método garante a identificação dos animais que realmente necessitam de

tratamento, o que leva à diminuição do uso de medicamentos e a melhora nos casos

de resistência a anti-helmínticos. Nos Estados Unidos, Kaplan et al., (2004)

demostraram a utilidade, segurança e confiabilidade do método numa abordagem de

tratamento seletivo para o controle de H. contortus, o qual reduziu a pressão de

seleção para resistência anti-helmíntica mantendo a eficácia dos anti-helmínticos no

futuro. Na Europa, destacam-se os estudos realizados por Di Loria et al., (2009) e

Scheuerle et al., (2010), avaliando ovinos e caprinos, respectivamente, no qual

concluíram que o método FAMACHA© é um elemento adicional no controle

parasitário e da resistência anti-helmíntica.

No Brasil, um dos pioneiros no uso do método foi Molento et al., (2004) que

comprovaram a sua aplicabilidade em caprinos e ovinos e usaram-no como

parâmetro clínico na identificação de casos de infecção por H. contortus. Outros

trabalhos, de norte a sul do país, têm demonstrado que o método é de grande

utilidade no controle antiparasitário, como os de Vilela et al., (2012) e Sotomaior et

al., (2012) que concluíram que o método FAMACHA© pode ser usado como uma

abordagem segura e confiável no tratamento seletivo dos animais, reduzindo a

pressão de seleção por meio do uso indiscriminado de anti-helmínticos que leva à

resistência parasitária.

A modernização e atualização do método não pararam ao longo desse

tempo e outras doenças como a tripanossomíase bovina e a fasciolíase em ovinos já

têm sido monitoradas com o seu uso (GRACE et al., 2007; OLAH et al., 2015).

O exame baseia-se na correlação entre a coloração da conjuntiva ocular dos

animais e cinco padrões de cores de um cartão-guia (Figura 1), que auxiliará na

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determinação do grau de anemia dos animais, confirmada pelo exame de sangue

(VG) que mede a percentagem do volume de células vermelhas (VAN WYK et al.,

1997; KAPLAN et al., 2004).

A classificação dos animais quanto ao grau de anemia realizada por meio da

análise do método FAMACHA© segue a seguinte gradação de cores (Figura 1): A(1)

= vermelho robusto, não anêmico; B(2) = vermelho rosado, não anêmico; C(3) =

rosa, levemente anêmico; D(4) = rosa pálido, anêmico; E(5) = branco, gravemente

anêmico (KAPLAN et al., 2004).

Figura 1. Cartão para análise do método FAMACHA

©

Fonte: CHAGAS et al., 2007.

Durante o procedimento, o examinador deve expor a conjuntiva pressionando

a pálpebra superior com o polegar e abaixando a pálpebra inferior com o outro

polegar, evitando a exposição parcial da membrana interna da pálpebra (terceira

pálpebra) e do olho. Então, observa-se a coloração da região mediana da conjuntiva

inferior comparando-a com as cores do cartão-guia, conforme a Figura 1 (CHAGAS

et al., 2007).

Os animais classificados nas categorias FAMACHA 3, 4 e 5 deverão ser

tratados, pois esse resultado significa que estão em quadros clínicos de anemia,

enquanto que os animais classificados nas categorias FAMACHA 1 e 2 não

apresentam sinais de anemia, portanto não devem receber tratamento (VAN WYK e

BATH, 2002; KAPLAN et al., 2004).

Vários fatores podem interferir na eficácia do método FAMACHA©, como a

iluminação ambiente em que o animal é avaliado, a utilização ou não do cartão-guia,

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a frequência de avaliação dos animais, a raça e também as condições fisiológicas,

nutricionais e reprodutivas (MALAN et al., 2001; MAHIEU et al., 2007; MOORS e

GAULY, 2009; MAIA et al., 2014; CINTRA et al., 2018).

Ademais, o tipo de parasito que está infectando o animal é outro fator de

interferência do método, pois a anemia avaliada por ele é atribuída a infecções por

nematoides gastrintestinais hematófagos, como os pertencentes ao gênero

Haemonchus spp. (VAN WYK e BATH, 2002). A carga parasitária nas infecções,

pelos parasitos do referido gênero, também deve ser levada em consideração, não

sendo inferior a 60% (CHAGAS et al., 2007). Não menos importante cuidados no

momento da interpretação dos resultados fornecidos pelos testes estatísticos,

utilizando os dados das análises dos animais pelo método FAMACHA©, ainda

precisam ser tomados.

Segundo Mahieu (2017), os desenvolvedores do método construíram a escala

de valores FAMACHA© e a escala de cores do cartão-guia (Figura 1) com referência

no hematócrito ou volume globular (VG) dos animais, considerado o método “padrão

ouro” para detectar anemia. No entanto, os intervalos de VG correspondentes aos

diferentes valores FAMACHA© não são iguais e não significam a mesma coisa em

termos de fisiologia e patologia. Segundo esse mesmo autor, os valores de

classificação na escala FAMACHA© não devem ser usados para medir o nível de

hemoglobina no sangue dos animais muito menos serem manipulados como dados

numéricos, devendo-se nomear as categorias como “muito saudável”, “saudável”,

“médio”, “anêmico” e “severamente anêmico” ou simplesmente “A”, “B”, “C”, “D” e “E”

para se evitar esse erro.

Considerar os valores de classificação do método FAMACHA© como uma

variável numérica pode levar a conclusões incorretas e falhas na detecção dos

animais anêmicos que precisam receber tratamento (MAHIEU, 2017).

2.6 Acurácia do método FAMACHA©

Índices tipicamente usados para medir a precisão dos testes de diagnóstico

incluem sensibilidade, especificidade e valores preditivos de testes positivos e

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negativos (SWETS, 1988; GJØRUP, 1997) Os critérios de decisão selecionados

para fazer um diagnóstico positivo são eventos críticos para estabelecer a

sensibilidade e especificidade de um teste de diagnóstico (KAPLAN et al., 2004).

Esses critérios de decisão podem ser considerados como a mínima quantidade de

evidência a favor do evento positivo (presença de doença) necessária para emitir um

diagnóstico positivo (SWETS, 1988).

Ao escolher os critérios de decisão, é importante considerar tanto a

probabilidade de um evento positivo, como os benefícios atribuídos a um diagnóstico

(resultado) correto e os custos atribuídos a um diagnóstico incorreto. Quando os

custos de um resultado incorreto (falso negativo) são altos, os critérios de decisão

mais liberais são geralmente preferidos. Mas o uso de critérios tolerantes de decisão

resultará em um diagnóstico positivo sendo feito com relativa frequência e as

proporções de ambos os verdadeiros e falsos positivos serão altas, causando tanto

especificidade reduzida quanto valores preditivos reduzidos para testes positivos

(SWETS, 1988).

Estas questões tornam-se importantes quando se avalia um teste como

FAMACHA© porque não tratar um falso negativo pode significar que um animal

morra, mas é bastante aceitável tratar um animal falso positivo (não anêmico)

(KAPLAN et al., 2004).

A sensibilidade (Se) pode ser definida como a proporção de indivíduos

infectados ou doentes com um teste positivo ou verdadeiro positivo (TP) ou, no caso

do ensaio clínico FAMACHA©, a proporção entre animais realmente anêmicos

(verdadeiro positivo) e todos os animais anêmicos, ou seja, os verdadeiros positivos

e os falsos negativos (FN), {Se = TP × 100 / (TP + FN)}. Especificidade (Sp) é

definida como a proporção de indivíduos saudáveis que testam negativo ou

verdadeiro negativo (TN), isto é, a proporção entre animais verdadeiramente não

anêmicos (TN), identificados pelo método, e todos aqueles realmente não anêmicos,

ou seja, os verdadeiros negativos (TN) e os falsos positivos (FP), {Sp = TN × 100 /

(TN + FP)}. No caso do método FAMACHA©, o valor preditivo negativo (PVN) é a

probabilidade de um animal não ser anêmico quando o resultado do teste for

negativo para anemia e vice-versa para o valor preditivo positivo (VPP), {PVN = TN

× 100 / (TN + FN)}; {PPV = TP × 100 / (TP + FP)} (KAPLAN et al., 2004;

SOTOMAIOR et al., 2012).

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3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo geral

Avaliar a sensibilidade e especificidade do método FAMACHA© entre caprinos

e ovinos.

3.2 Objetivos específicos:

Avaliar o grau de concordância entre a classificação FAMACHA© e VG para

os rebanhos caprinos e ovinos;

Avaliar os valores de ponto de corte de VG nos rebanhos estudados.

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4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Animais Experimentais

Os animais experimentais constituíram-se de rebanhos caprinos e ovinos

provenientes da Embrapa Caprinos e Ovinos e da Escola Agrícola de Jundiaí da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (EAJ/UFRN).

Para melhor compreensão dos processos metodológicos, os rebanhos serão

descritos separadamente e o organograma abaixo ilustra os principais eventos da

metodologia (Figura 2).

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Figura 2. Organograma esquematizando as principais etapas da metodologia desse trabalho.

Animais experimentais

Vermifugação prévia e realização de exames parasitológicos e hematológicos

Caprinos

Embrapa Caprinos e

Ovinos (CE)

232 animais 3 a 5 meses

Machos e fêmeas

98 dias de experimento

com 489 observações

EAJ/UFRN

(RN)

24 animais 3 a 6 meses

Machos (inteiros e castrados)

98 dias de experimento

com 336 observações

Ovinos

Embrapa Caprinos e

Ovinos (CE)

144 animais 3 a 5 meses

Machos e fêmeas

98 dias de experimento

com 1838 observações

EAJ/UFRN

(RN)

120 animiais 6 meses

Machos e fêmeas

225 dias de experimento

com 2730 observações

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4.1.1 Rebanho Caprino da Embrapa Caprinos e Ovinos

Foram avaliados 232 caprinos mestiços (Anglo-Nubiano x Saanen) de ambos

os sexos, mantidos em área de pasto cultivado e irrigado de Panicum maximum cv.

Tanzânia de 2000 m2, dividida em cinco piquetes de 40 m2 cada, naturalmente

contaminados por larvas de nematoides. Cada piquete foi pastejado durante cinco

dias, com um período de descanso de 21 dias cada.

Esses animais foram avaliados em 2 momentos distintos, divididos em dois

rebanhos, sendo:

I. 172 animais mestiços ½ Anglo-Nubiano e ½ Saanen, de ambos os

sexos, com idade variando de cinco a dez meses. Os animais desse

rebanho foram provenientes de três estações de parições diferentes,

sendo 72 animais da primeira, observados no período de abril a maio

de 2008, a segunda formada por 44 animais observados entre julho a

outubro de 2008 e a terceira estação formada por 56 animais

observados no período entre março a maio de 2009, como parte da

dissertação da aluna Camila Loures Benvenuti pertencente ao

Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da Universidade Vale do

Acaraú em parceria com a Embrapa Caprinos e Ovinos (BENVENUTI,

2011).

II. 60 animais mestiços ½ Anglo-Nubiano e ½ Saanen, de ambos os

sexos, com idade variando entre quatro e cinco meses. Esses animais

foram avaliados no período de novembro de 2009 a março de 2010,

como parte da dissertação da aluna Renata Maria Alves Coutinho

pertencente ao Programa de Pós-Graduação em Produção Animal da

UFRN, (COUTINHO, 2012).

Essa área de pastejo bem como os animais avaliados pertence à Embrapa

Caprinos e Ovinos, localizada No Município de Sobral, Estado do Ceará (latitude

3°42'59,01" e longitude 40°23'21,57"). O clima da região é semiárido, com estação

chuvosa de janeiro a junho e precipitação média de 798 mm, equivalendo a 92,55%

da média anual total. A estação seca ocorre entre os meses de julho a dezembro. A

umidade relativa média é de 69% e as temperaturas máxima, média e mínima

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anuais são de 35 °C, 28 °C e 22 °C, respectivamente (NEVES, 2010; BENVENUTI,

2011).

Diariamente, os animais receberam 250g de concentrado, composto por 61%

de milho, 37,6% de farelo de soja, 0,7% de calcário e 0,7% de fosfato bicálcico.

Água e sais minerais foram fornecidos ad libitum. Todos os animais foram

submetidos ao manejo sanitário padrão da Embrapa Caprinos e Ovinos.

Antes do início do experimento, os mesmos foram vermifugados com

Closantel (Diantel® 10 mg/Kg), Ivermectina (Ivomec® 0,2 mg/Kg), Cloridrato de

Levamisol (Ripercol® 7,5 mg/Kg) e Moxdectin (0,2 mg/Kg), a fim de eliminar as

parasitoses pré-existentes.

Após a eliminação das infecções prévias, isto é, três semanas após a última

administração anti-helmíntica, e considerando um período residual de lactonas

macrocíclicas de 18 e 21 dias (MOLENTO et al., 2009), a contagem de ovos por

gramas de fezes (OPG) foi monitorada e negativada. Em seguida, o rebanho foi

alocado na área experimental, onde foram submetidos à infecção natural por larvas

de nematoides gastrintestinais.

O período experimental teve a duração de 98 dias, e amostras de fezes e

sangue foram coletadas a cada sete dias para realização de exames parasitológicos

e hematológicos, bem como para determinar o grau de anemia dos animais pelo

método FAMACHA©, totalizando 489 observações. (BENVENUTI, 2011;

COUTINHO, 2012).

4.1.2 Rebanho Ovino da Embrapa Caprinos e Ovinos

Foram avaliados 144 animais mestiços, sendo 53 (Santa Inês x sem padrão

de raça definido, SPRD), 36 (Dorper x SPRD) e 55 (Somalis x SPRD), com idades

entre 3 e 5 meses e de ambos os sexos.

A área de criação desses animais possuiu 2,5 ha de sistema rotacionado,

dividido em 5 piquetes de aproximadamente 0,5 ha cada, sendo utilizados para

pastejo por seis dias, com 24 dias de descanso. A pastagem foi cultivada e irrigada,

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formada por Panicum maximum cv. Tanzânia, onde os animais tinham acesso à área

sombreada, água e sal mineral ad libitum.

Após o desmame, os animais foram submetidos a tratamentos anti-

helmínticos a fim de deixá-los livre de infecções parasitárias prévias. Foram três

tratamentos durante cinco dias, no dia 1 Closantel (Diantel® 10 mg/Kg) foi

administrado, no dia 3 Ivermectina (Ivomec® 0,2 mg/Kg) e no dia 5 Cloridrato de

Levamisol (Ripercol® 7,5 mg/Kg).

Após a contagem nula nos valores de OPG, constatando que os animais

estavam livres de infecções parasitárias, esses foram submetidos ao desafio em

pastagem nativa de Caatinga naturalmente contaminada por larvas de nematoides

gastrintestinais. O período experimental teve a duração de 98 dias, e amostras de

fezes e sangue foram coletadas a cada sete dias para realização de exames

parasitológicos e hematológicos, bem como para determinar o grau de anemia dos

animais pelo método FAMACHA©, totalizando 1838 observações (NEVES, 2010;

NAVARRO, 2009; ZAROS et al., 2014).

4.1.3 Rebanho Caprino da EAJ/UFRN

Foram utilizados 24 caprinos sem padrão de raça definida (SPRD), machos

sendo 12 inteiros e 12 castrados, com peso inicial médio de 14,5 ± 1,5 Kg,

provenientes do rebanho leiteiro EAJ/UFRN.

Os animais desse rebanho foram avaliados pelo período de março a junho de

2018. Distribuídos em delineamento experimental inteiramente casualizado, em

arranjo fatorial 2x2, em duas condições sexuais e duas fontes de fibra dietéticas,

totalizando quatro tratamentos e seis repetições.

Durante o período experimental, os animais foram confinados em baias

individuais, providas de comedouro e bebedouro, localizadas na própria EAJ/UFRN,

campus Macaíba – RN, Brasil, localizado a 5º53’34” de latitude Sul, 35º21’50” de

longitude Oeste e a 50m de altitude.

As fontes de fibras presentes nas dietas dos animais foram compostas por

palma orelha de elefante mexicana picada em máquina forrageira associada ao

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bagaço de cana-de-açúcar (dieta 1) ou capim elefante com idade de corte de 180

dias (dieta 2). Junto às fibras também foi oferecido concentrado proteico/energético

composto por grão de milho moído (20%), farelo de soja (18,2%), mistura mineral

(1%), cloreto de sódio (0,5%) e ureia (0,3%) e com água e sal ad libitum.

Os animais passaram por um período de 30 dias de adaptação ao manejo em

que foram vermifugados com Ivermectina (0,2 mg/Kg) a fim de livrá-los de

parasitoses anteriores ao período do experimento. À medida que a contagem de

OPG desses animais tornou-se nula, deu-se início ao período experimental, que teve

duração de 98 dias, e amostras de fezes e sangue foram coletadas a cada sete dias

para realização de exames parasitológicos e hematológicos, bem como para

determinar o grau de anemia dos animais pelo método FAMACHA©, totalizando 336

observações.

4.1.4 Rebanho Ovino da EAJ/UFRN

Foram utilizados 132 animais mestiços, ½ Santa Inês e ½ SPRD,

desmamados, de ambos os sexos, com idade média de 6 meses, obtidos

diretamente do próprio plantel da EAJ/UFRN.

Durante o experimento, os animais foram mantidos em cultivares de

gramíneas forrageiras tropicais naturalmente contaminadas por ovos e larvas de

nematoides gastrintestinais.

Esses animais foram avaliados em 3 momentos distintos, divididos em três

rebanhos, sendo:

I. Formado por 48 ovinos machos, com idade aproximada de 6 meses a

1 ano, mestiços ½ sangue Santa Inês e ½ SPRD. As quatro cultivares

utilizadas no pastejo foram: Panicum maximum cv. Aruana; Panicum

maximum cv. Massai; Brachiaria brizantha cv. Piatã e Brachiaria

brizantha cv. Marandu. Esses animais foram avaliados de maio a

agosto de 2011, como parte da dissertação do aluno Alberto Luiz Freire

de Andrade Júnior pertencente ao Programa de Pós-Graduação em

Produção Animal da UFRN (ANDRADE JÚNIOR, 2013).

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II. Formado por 36 ovinos, 24 machos castrados e 12 fêmeas, mestiços ½

sangue Santa Inês e ½ SPRD. Os animais apresentavam inicialmente

quatro meses de idade e foram divididos em quatro grupos (n=9), com

seis machos e três fêmeas cada, e distribuídos aleatoriamente nos

piquetes de Panicum maximum cv. Massai, naturalmente

contaminados por ovos e larvas de nematoides gastrintestinais. Esses

animais foram avaliados durante o período de outubro de 2013 a maio

de 2014, como parte da dissertação da aluna Fernanda Cavalcante

Silva pertencente ao Programa de Pós-Graduação em Produção

Animal da UFRN (SILVA, 2016).

III. Formado por 48 ovinos, com idade aproximada entre 4 meses,

mestiços ½ sangue Santa Inês e ½ SPRD, obtidos do próprio plantel

do da EAJ/UFRN. Os animais foram distribuídos em piquetes para

pastagem com os cultivares Brachiaria brizantha: Marandu, Xaraés,

Piatã e Paiaguás. O período de observações dos animais foi de março

a agosto de 2017, como parte da dissertação da aluna Francisca

Fernanda da Silva Roberto pertencente ao Programa de Pós-

Graduação em Produção Animal da UFRN (ROBERTO, 2018).

A área experimental utilizada para o pastejo possuía 2,88 ha, sendo subdivida

em dois blocos de 1,44 ha, com quatro módulos de 0,36 ha para cada cultivar. Estes

foram divididos em seis piquetes de área 0,06 ha.

Em cada piquete havia bebedouro e saleiro com livre acesso dos animais,

ademais, à noite, os animais eram abrigados em um galpão com baias coletivas

separadas por blocos, de chão batido e coberto, com água e sal ad libitum. Nesse

período os animais também recebiam um concentrado proteico/energético composto

de 63,75% de milho, 30,54% de farelo de soja, 2,28% de ureia pecuária e 3,43% de

sal mineral.

Antes da entrada dos animais nas unidades experimentais, os mesmos foram

vermifugados por via oral com Cloridrato de Levamisol 5% (7,5 mg/Kg), Ivermectina

(0,2 mg/Kg), Closantel sódico a 10% (0,2 mg/Kg), Albendazol a 10% (5 mg/Kg) e

Monepantel (2,5 mg/Kg) a fim de debelar quaisquer infecções prévias. À medida

que a contagem de OPG tornou-se nula, deu-se início ao período experimental, que

teve duração de 225 dias, onde amostras de fezes e sangue foram coletadas a cada

sete dias para realização de exames parasitológicos e hematológicos, bem como

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para determinar o grau de anemia dos animais pelo método FAMACHA©, totalizando

2730 observações para os animais desse rebanho (ANDRADE JÚNIOR, 2013;

SILVA, 2016; ROBERTO, 2018).

4.2 Declaração de ética

Os procedimentos realizados no rebanho caprino e ovino pertencentes à

Embrapa Caprinos e Ovinos foram aprovados pelo Comitê Técnico Interno (CTI) de

Experimentação Animal da Embrapa Caprinos e Ovinos e pelo Comitê de Ética para

Uso Animal em Pesquisa da UVA/Embrapa Caprinos e Ovinos (CEUA), com número

de registro 020.12. Aqueles relacionados aos procedimentos com o rebanho ovino

proveniente da EAJ/UFRN foram aprovados pela Comissão de Ética no Uso de

Animais (CEUA) da UFRN, no protocolo n.º 048/2016. Os procedimentos

relacionados com o rebanho caprino proveniente da EAJ/UFRN foram aprovados

pela Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA) da UFRN, no protocolo n.º

054/2017.

4.3 Exames coproparasitológicos

Semanalmente, amostras fecais foram retiradas diretamente da ampola retal,

de todos os animais, individualmente, para contagem de OPG segundo a técnica de

Gordon e Whitlock (1939) modificada por Ueno e Gonçalves (1998).

A técnica consiste em macerar dois gramas de fezes em um Becker de 100

mL com 58 mL de solução hipersaturada de sacarose. Em seguida o material foi

peneirado em tamís com 80 malhas por polegada, a fim de separar o conteúdo

homogeneizado. Este foi colocado em câmaras McMaster® com duas áreas de 15

mL cada e realizada a contagem de ovos em microscópio óptico com ampliação de

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100x. O total de ovos foi multiplicado por 100, pois cada área de contagem da

câmara corresponde à centésima parte de um grama de fezes.

Com o restante das amostras fecais foram realizadas coproculturas segundo

a metodologia de Roberts e O’Sullivan (1950). Pools de fezes dos caprinos e ovinos

foram macerados e acondicionados em recipientes de vidro de 200 mL devidamente

identificados. Aproximadamente metade do volume de cada recipiente foi ocupada

com as amostras. Em seguida, o material foi umedecido e cada pool parcialmente

fechado, garantindo a aeração do cultivo, a fim de simular o ambiente em que se

encontram as formas de vida livre dos parasitos. Esse procedimento favorece o

desenvolvimento das larvas até o estádio infectante de L3. Assim, cada pool foi

deixado em incubação para o desenvolvimento das larvas.

Após esse período, os recipientes foram preenchidos com água até a

capacidade máxima e tampados com placas de Petri, invertendo-se rapidamente o

conjunto (recipiente mais placa de Petri) evitando o derramamento do líquido. Ao

conjunto era adicionado cinco mL de água e mantido por 4 horas com uma das

extremidades inclinadas, favorecendo a migração das larvas do sobrenadante,

delimitado pelo recipiente, para o espaço da placa de Petri.

Finalizado o período de espera, coletou-se o líquido com auxílio de pipeta,

acondicionando em tubos de ensaios, mantidos na geladeira por no mínimo duas

horas até a identificação das larvas. Aproximadamente 0,1 mL das amostras foram

usadas em cada leitura, no microscópio óptico, lugol foi usado para paralização das

larvas. A identificação das larvas infectantes baseou-se nas características

morfológicas descritas por Keith (1953).

4.4 Exames hematológicos

Amostras de sangue de cada animal, de ambas as espécies, foram coletas, a

cada sete dias diretamente da veia jugular em tubos do tipo vacutainer® contendo o

ácido etilenodiamino tetra-acético (EDTA) como anticoagulante, para determinação

do volume globular (VG) por meio do método do microhematócrito. Os tubos

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capilares foram preenchidos com sangue até ¾ da altura do tubo, submetidos à

centrifugação em uma centrifuga para microhematócrito, Micro Spin, modelo Spin

1000, durante dez minutos a 15000 g. em seguida foi realizado a leitura dos tubos

capilares com o auxilio do cartão de microhematócrito (JAIN, 1993).

4.5 Método FAMACHA©

Os animais foram avaliados, semanalmente, quanto ao grau de anemia pelo

método FAMACHA© (VAN WYK et al., 1997), realizado sempre pela mesma pessoa

em cada localidade, previamente treinada e capaz de comparar a intensidade de cor

da conjuntiva ocular ao cartão FAMACHA©. O avaliador relacionava as diferentes

intensidades de cor da conjuntiva, vermelho robusto, vermelho rosado, rosa, branco

e branco pálido, com as categorias FAMACHA© presentes no cartão-guia, 1, 2, 3, 4 e

5, respectivamente.

No total foram obtidas 489 observações para o rebanho caprino e 1838 para o

rebanho ovino da Embrapa Caprinos e Ovinos e 2730 observações para o rebanho

ovino e 336 para o rebanho caprino da EAJ/UFRN.

A sensibilidade e especificidade do método FAMACHA© foram avaliadas

segundo os critérios estabelecidos por Sotomaior et al. (2012) e Cintra et al. (2018):

I. Animais com FAMACHA© 1 (F1) ou 2 (F2) foram considerados não

anêmicos (teste negativo), enquanto animais com FAMACHA© 3 (F3), 4

(F4) ou 5 (F5) foram considerados anêmicos (teste positivo);

II. Animais com F1, F2 ou F3 foram considerados não anêmicos (teste

negativo) e os animais com F4 ou F5 anêmicos (teste positivo).

Quatro diferentes valores foram considerados para o ponto de corte do VG

(≤15%, ≤18%, ≤19% e ≤22%), uma vez que ainda não existem valores de ponto de

corte padrão estabelecidos para caprinos e ovinos (Tabela 2). Os pontos de corte de

VG ≤ 22% e ≤18% foram escolhidos porque são os dois valores extremos do

intervalo em que os animais são classificados como F3 (VAN WYK e BATH, 2002;

CINTRA et al., 2018). Os pontos de corte de VG ≤19% e ≤15% foram escolhidos,

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pois são bons indicativos de anemia bem como de risco de morte, respectivamente,

tanto em ovinos como em caprinos. (JAIN, 1986; KAPLAN et al., 2004; CINTRA et al.

2018).

Tabela 2. Pontos de corte de VG utilizados nesse trabalho, intervalos de VG e categorias FAMACHA

© utilizadas

para determinar concordância entre os dois métodos de diagnóstico de anemia.

Ponto de corte de VG Intervalos de VG Categorias FAMACHA©

≤ 15 > 30% 1

≤ 18 23 – 30% 2

≤ 19 18 – 22% 3

≤ 22 14 – 17% 4

≤ 15% 5

Um resultado verdadeiro positivo para anemia (TP) foi definido como animais

com F4 e F5 ou F3, F4 e F5 e VG abaixo do ponto de corte; animais com F1 e F2 ou

F1, F2 e F3 e VG acima do ponto de corte foram definidos como negativos

verdadeiros para anemia (TN); enquanto um falso positivo para anemia (FP) foi

definido como animais com F4 e F5 ou F3, F4 e F5 e VG acima do ponto de corte,

animais com F1 e F2 ou F1, F2 e F3 e VG abaixo do ponto de corte foram definidos

como falso negativo para anemia (FN).

Sensibilidade, especificidade, valor preditivo negativo (VPN) e valor preditivo

positivo (VPP) foram obtidos segundo Vatta et al. (2001) e Sotomaior et al (2012). A

sensibilidade (Se) pode ser definida como a proporção de indivíduos infectados ou

doentes com um teste positivo ou verdadeiro positivo (TP) ou, no caso do ensaio

clínico FAMACHA©, a proporção entre animais realmente anêmicos (verdadeiro

positivo) e todos os animais anêmicos, ou seja, os verdadeiros positivos e os falsos

negativos (FN), {Se = TP × 100 / (TP + FN)}. Especificidade (Sp) é definida como a

proporção de indivíduos saudáveis que testam negativo ou verdadeiro negativo (TN),

isto é, a proporção entre animais verdadeiramente não anêmicos (TN), identificados

pelo método, e todos aqueles realmente não anêmicos, ou seja, os verdadeiros

negativos (TN) e os falsos positivos (FP), {Sp = TN × 100 / (TN + FP)}.

O valor preditivo negativo (PVN) é a probabilidade de um animal não ser

anêmico quando o resultado do teste for negativo para anemia e vice-versa para o

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valor preditivo positivo (VPP), {PVN = TN × 100 / (TN + FN)}; {PPV = TP × 100 / (TP

+ FP)} (KAPLAN et al., 2004; SOTOMAIOR et al., 2012).

4.6 Análise estatística

Os dados foram analisados separadamente para cada rebanho em cada

instituição. Os coeficientes de correlação de Spearman foram calculados para cada

espécie usando o IBM PASW Statistics Versão 18 (SPSS Inc., Chicago, EUA) para

examinar a relação entre os valores FAMACHA©, VG e OPG.

Para avaliar a associação entre FAMACHA© e VG, o valor de kappa (Κ) foi

calculado conforme descrito em Thrusfield (2005). Os valores foram classificados da

seguinte maneira: Κ ≥ 0,81 indica concordância quase perfeita; 0,61 ≤ Κ ≤ 0,80

indica concordância substancial; 0,41 ≤ Κ ≤ 0,60 indica concordância moderada;

0,21 ≤ Κ ≤ 0,40 indica concordância razoável; e Κ ≤ 0,2 indica fraca concordância

(ALTMAN, 2011; THRUSFIELD e CHRISTLEY, 2018).

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5 RESULTADOS

5.1 Rebanho Ovino e Caprino da Embrapa Caprinos e Ovinos

Durante todo período experimental, Haemonchus spp. foi o gênero

predominante, com 88% de frequência de larvas infectantes (L3) presentes nas

coproculturas, seguido por Trichostrongylus spp. (8%) e Oesophagostomum spp.

(4%) (Figura 3).

Figura 3. Porcentagem (%) de larvas infectantes de Haemonchus spp., Trichostrongylus spp. e Oesophagostomum spp. encontradas nas coproculturas do rebanho ovino da Embrapa Caprinos e Ovinos durante o período experimental.

No rebanho caprino, o gênero prevalente nas coproculturas também foi

Haemonchus spp. (80%), seguido por Trichostrongylus spp. (19%) e

Oesophagostomum spp. (1%) (Figura 4).

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Oesophagostomum spp. Trichostrongylus spp. Haemonchus spp.

7 14 21 28 35 42 49 56 63 70 77 84 91 98

Po

rce

nta

ge

m d

e la

rva

s in

fecta

nte

s (

L3

)

Dias experimentais

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Figura 4. Porcentagem (%) de larvas infectantes de Haemonchus spp., Trichostrongylus spp. e Oesophagostomum spp. encontradas nas coproculturas do rebanho caprino da Embrapa Caprinos e Ovinos durante o período experimental.

As correlações entre VG e FAMACHA©, VG e OPG, OPG e FAMACHA© foram

significativas (p <0,001) para ovinos e caprinos (Tabela 3).

Tabela 3. Coeficientes de Spearman entre os marcadores fenotípicos volume globular (VG), ovos por grama de fezes (OPG) e FAMACHA

© nos rebanhos ovinos e caprinos da Embrapa Caprinos e Ovinos (p<0,001).

Marcadores

fenotípicos

(Ovinos)

Coeficiente de

Spearman

Marcadores

fenotípicos

(Caprinos)

Coeficiente de

Spearman

VG X FAMACHA© - 0,56 VG X FAMACHA© - 0,39

VG X OPG - 0,57 VG X OPG - 0,59

OPG X FAMACHA© 0,26 OPG X FAMACHA© 0,34

A observação de mucosa ocular mostrou alta frequência de animais

classificados na categoria FAMACHA 2 (F2), em ovinos e caprinos, com 48,3% e

63,3%, respectivamente, enquanto que animais na categoria FAMACHA 5 (F5) foi

observado uma vez no rebanho caprino, correspondendo a 0,05% do rebanho.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Oesophagostomum spp. Trichostrongylus spp. Haemonchus spp.

7 14 21 28 35 42 49 56 63 70 77 84 91 98

Dias experimentais

Po

rce

nta

ge

m d

e la

rva

s in

fecta

nte

s

(L3

)

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A segunda categoria mais observada no rebanho ovino foi FAMACHA 3 (F3),

33,7%, e no rebanho caprino FAMACHA 1 (F1), 24%, como mostra a Tabela 4.

Tabela 4. Distribuição em número absoluto (n) e porcentagem (%) de observações de ovinos e caprinos da Embrapa Caprinos e Ovinos conforme classificação pelo método FAMACHA

© durante

todo o período experimental.

FAMACHA©

Ovinos Caprinos

n % n %

1 39 8 442 24

2 236 48,3 1164 63,3

3 165 33,7 221 12,1

4 32 6,5 10 0,55

5 17 3,5 1 0,05

A porcentagem de classificação correta foi sempre maior para caprinos que

para ovinos, e também maior quando considerados os animais F4 e F5 como

positivos para anemia (Tabelas 5 a 8) em ambos os rebanhos. O número de falsos

positivos, falsos negativos, verdadeiro negativo, verdadeiro positivo e classificação

correta para faixas atribuídas em valores de VG (≤15, ≤18 e ≤22; F3, F4 e F5 ou F4

e F5 como positivo) de rebanhos ovinos e caprinos pode ser visualizado nas Tabelas

5 a 8.

Tabela 5. Número de falsos negativos, falsos positivos, verdadeiro positivo, verdadeiro negativo e classificações corretas para os intervalos dos pontos de corte de volume globular (VG) do rebanho ovino da Embrapa Caprinos e Ovinos considerando FAMACHA

© 3, 4 ou 5 como positivos para anemia.

Ponto

de corte

(VG)

Falsos

Negativos

Falsos

Positivos

Verdadeiros

Negativos

Verdadeiros

Positivos

Classificação

Correta

≤15 5(1,0%) 156(32,0%) 270(55,2%) 58(11,8%) 328(67,0%)

≤18 12(2,4%) 124(25,3%) 263(53,8%) 90(18,4%) 353(72,2%)

≤19 15(3,0%) 117(23,9%) 260(53,2%) 97(19,8%) 357(73,0%)

≤22 40(8,1%) 93(19,0%) 235(48,1%) 121(24,7%) 356(72,8%)

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49

Tabela 6. Número de falsos negativos, falsos positivos, verdadeiros positivos, verdadeiros negativos e classificações corretas para os intervalos de ponto de corte de volume globular (VG) do rebanho ovino da Embrapa Caprinos e Ovinos considerando FAMACHA

© 4 ou 5 como positivo para anemia.

Ponto

de corte

(VG)

Falsos

Negativos

Falsos

Positivos

Verdadeiros

Negativos

Verdadeiros

Positivos

Classificação

Correta

≤15 29(5,9%) 15(3,1%) 411(84,0%) 34(6,9%) 445(91,0%)

≤18 60(12,3%) 7(1,4%) 380(77,7%) 42(8,6%) 422(86,3%)

≤19 70(14,3%) 7(1,4%) 370(75,7%) 42(8,6%) 412(84,2%)

≤22 115(23,5%) 4(0,8%) 325(66,5%) 45(9,2%) 370(75,7%)

Tabela 7. Número de falsos negativos, falsos positivos, verdadeiro positivo, verdadeiro negativo e classificações corretas para os intervalos dos pontos de corte de volume globular (VG) do rebanho caprino da Embrapa Caprinos e Ovinos considerando FAMACHA

© 3, 4 ou 5 como positivos para anemia.

Ponto

de corte

(VG)

Falsos

Negativos

Falsos

Positivos

Verdadeiros

Negativos

Verdadeiros

Positivos

Classificação

Correta

≤15 10(0,5%) 215(11,7%) 1602(87,2%) 7(0,4%) 1609(85,5%)

≤18 44(2,4%) 194(10,5%) 1568(85,3%) 32(1,7%) 1600(87,0%)

≤19 64(3,5%) 185(10,1%) 1542(83,9%) 47(2,5%) 1589(86,4%)

≤22 101(5,5%) 131(7,1%) 1346(73,2%) 131(7,1%) 1492(81,2%)

Tabela 8. Número de falsos negativos, falsos positivos, verdadeiros positivos, verdadeiros negativos e classificações corretas para os intervalos de ponto de corte de volume globular (VG) do rebanho caprino da Embrapa Caprinos e Ovinos considerando FAMACHA

© 4 ou 5 como positivo para anemia.

Ponto

de corte

(VG)

Falsos

Negativos

Falsos

Positivos

Verdadeiros

Negativos

Verdadeiros

Positivos

Classificação

Correta

≤15 16(0,9%) 10(0,5%) 1811(98,5%) 1(0,05%) 1812(98,5%)

≤18 73(4,0%) 8(0,4%) 1753(95,4%) 4(0,21%) 1757(95,6%)

≤19 108(5,9%) 7(0,4%) 1719(93,5%) 4(0,21%) 1723(93,7%)

≤22 327(17,7%) 2(0,1%) 1500(81,6%) 9(0,5%) 1509(82,1%)

A sensibilidade variou de 2,6% a 92%, enquanto a especificidade variou de

63,3% a 99,8%, nas duas espécies, de acordo com os valores de ponto de corte de

VG e FAMACHA© (Tabelas 9 e 10). Nos ovinos, os valores de Kappa indicaram

concordância moderada a razoável, com valores mais altos quando os animais F3

não foram incluídos como teste positivo para anemia (Tabela 9). Por outro lado, na

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50

análise dos caprinos, o maior valor de Kappa indicou concordância substancial para

o valor do VG ≤19, incluindo animais F3 como teste positivo (Tabela 10).

Tabela 9. Sensibilidade (Se), especificidade (Sp), valor preditivo positivo (VPP), valor preditivo negativo (VPN), em porcentagem e valor Kappa (Κ) entre FAMACHA

© e volume globular (VG) do rebanho ovino da Embrapa

Caprinos e Ovinos de acordo com os pontos de corte de VG.

FAMACHA 3, 4 ou 5 FAMACHA 4 ou 5

VG Se Sp VPP VPN Κ Se Sp VPP VPN Κ

≤15 92,0 63,3 27,1 98,1 0,274 54,0 96,4 69,4 93,5 0,557

≤18 88,2 67,9 42,0 95,6 0,400 41,1 98,2 85,7 86,4 0,487

≤19 87,0 70,7 45,3 94,5 0,421 37,5 98,1 85,7 84,1 0,444

≤22 75,0 71,6 56,5 85,4 0,427 28,1 98,8 91,8 73,8 0,327

Tabela 10. Sensibilidade (Se), especificidade (Sp), valor preditivo positivo (PPV), valor preditivo negativo (NPV), em porcentagem e valor Kappa (Κ) entre FAMACHA

© e volume globular (VG) do rebanho caprino da Embrapa

Caprinos e Ovinos de acordo com os pontos de corte de VG.

FAMACHA 3, 4 ou 5 FAMACHA 4 ou 5

VG Se Sp PPV NPV Κ Se Sp PPV NPV Κ

≤15 41,1 87,9 3,0 99,3 0,121 5,9 99,4 9,0 99,1 0,496

≤18 42,1 88,9 14,0 97,3 0,460 5,1 99,5 33,0 96,0 0,222

≤19 42,0 89,2 20,5 96,0 0,620 3,5 99,6 36,0 94,1 0,170

≤22 40,4 91,1 52,7 86,2 0,512 2,6 99,8 81,2 82,1 0,052

5.2 Rebanho ovino e caprino da EAJ/UFRN

Em quase todo período experimental, Haemonchus spp. foi o gênero

predominante, com 71,7% nas coproculturas do rebanho de ovinos, seguido por

Trichostrongylus spp. com 13,9%, Oesophagostomum spp., 7,5% e Strongyloides

spp. com 6,9% (Figura 5).

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51

Figura 5. Porcentagem (%) de larvas infectantes de Haemonchus spp., Trichostrongylus spp., Strongyloides spp. e Oesophagostomum spp. encontradas nas coproculturas do rebanho ovino da EAJ/UFRN durante o período experimental.

As correlações entre VG e FAMACHA©, VG e OPG, OPG e FAMACHA©

foram significativas (p < 0,001) (Tabela 11).

Tabela 11. Coeficientes de Spearman para correlações entre os marcadores fenotípicos volume globular (VG), ovos por grama de fezes (OPG) e FAMACHA

© no rebanho ovino da

EAJ/UFRN (p<0,001).

Marcadores fenotípicos Coeficiente de Spearman

VG X FAMACHA© - 0,0231

VG X OPG - 0,283

OPG X FAMACHA© 0,213

A observação de mucosa ocular mostrou maior frequência dos animais

classificados na categoria F2, com 31,1%, enquanto que o menor número de

observações de animais (86) classificados na categoria F5, correspondendo a 3,2%

do total. O segundo grupo mais observado no rebanho ovino foram dos animais

classificados como F1, 30,3%, como mostra a Tabela 12.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

7 21 35 49 63 77 91 105119133147161175189203217231245259273287301315329343

Porc

enta

gem

de larv

as infe

cta

nte

s L

3

Dias experimentais

Haemonchus spp. Trichostrongylus spp. Strongyloides spp. Oesophagostomum spp.

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52

Tabela 12. Distribuição dos ovinos da EAJ/UFRN em número absoluto (n) e porcentagem (%) de observações conforme classificação pelo método FAMACHA

© durante o período experimental.

FAMACHA©

Ovinos

n %

1 826 30,3

2 850 31,1

3 699 25,6

4 269 9,9

5 86 3,2

A porcentagem de tratamento correto foi sempre maior quando considerados

os animais F4 e F5 como positivos para anemia (Tabelas 13 e 14). O número de

falsos positivos, falsos negativos, verdadeiros negativos, verdadeiros positivos e

classificações corretas para faixas atribuídas em valores de VG (≤15, ≤18 e ≤22; F3,

F4 e F5 ou F4 e F5 como positivo) do rebanho ovino pode ser visto nas Tabelas 13 e

14.

Tabela 13. Número de falsos negativos, falsos positivos, verdadeiro positivo, verdadeiro negativo e classificações corretas para os intervalos dos pontos de corte de volume globular (VG) do rebanho ovino da EAJ/UFRN considerando FAMACHA

© 3, 4 ou 5 como positivos para anemia.

Ponto

de

corte

(VG)

Falsos

Negativos

Falsos

Positivos

Verdadeiros

Negativos

Verdadeiros

Positivos

Classificação

Correta

≤15 205(7,5%) 814(29,8%) 1479(54,2%) 193(7,1%) 1672(61,3%)

≤18 258(9,5%) 971(35,6%) 1417(51,9%) 253(9,3%) 1670(61,2%)

≤19 283(10,4%) 752(27,6%) 1392(51,0%) 294(10,8%) 1686(61,8%)

≤22 435(15,9%) 608(22,3%) 1240(45,42%) 445(16,3%) 1685(61,7%)

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Tabela 14. Número de falsos negativos, falsos positivos, verdadeiro positivo, verdadeiro negativo e classificações corretas para os intervalos dos pontos de corte de volume globular (VG) do rebanho ovino da EAJ/UFRN considerando FAMACHA

© 4 e 5 como positivos para anemia.

Ponto

de

corte

(VG)

Falsos

Negativos

Falsos

Positivos

Verdadeiros

Negativos

Verdadeiros

Positivos

Classificação

Correta

≤15 315(11,6%) 279(10,2%) 2060(75,5%) 75(2,8%) 2135(78,2%)

≤18 424(15,5%) 255(9,3%) 1949(71,4%) 100(9,3%) 2049(75,05%)

≤19 466(17,1%) 243(9,0%) 1909(61,0%) 112(4,1%) 2021(74,03%)

≤22 709(26,0%) 183(6,8%) 1666(61,0%) 112(4,1%) 1778(65,13%)

A sensibilidade variou de 13,6% a 51%, enquanto a especificidade variou de

59,4% a 90,1% de acordo com os valores de ponto de corte de VG e FAMACHA©

(Tabela 15). Nos ovinos da EAJ/UFRN, os valores Kappa indicaram fraca

concordância, com valores mais altos quando os animais F3 foram incluídos como

teste positivo para anemia (Tabela 15).

Tabela 15. Sensibilidade (Se), especificidade (Sp), valor preditivo positivo (VPP), valor preditivo negativo (VPN), em porcentagem e valor Kappa (Κ) entre FAMACHA

© e volume globular (VG) dos ovinos da EAJ/UFRN de

acordo com os pontos de corte de VG.

FAMACHA 3, 4 ou 5 FAMACHA 4 ou 5

VG Se Sp VPP VPN Κ Se Sp VPP VPN Κ

≤15 48,5 64,5 19,2 87,8 0,074 19,2 88,1 21,2 86,7 0,075

≤18 49,5 59,4 20,7 84,6 0,109 19,1 88,4 28,2 82,1 0,085

≤19 51,0 65,0 28,1 83,1 0,120 19,4 88,7 31,5 80,4 0,094

≤22 50,6 67,1 42,3 74,0 0,167 13,6 90,1 38,0 70,1 0,114

Apesar de Haemonchus spp. ter sido o gênero predominante, com 43,52% de

frequência nas coproculturas do rebanho de caprinos da EAJ, essa prevalência ficou

abaixo de 60%. Os demais gêneros encontrados foram Trichostrongylus spp. com

40,47%, Oesophagostomum spp., 0,02% e Strongyloides spp. com 15,9% (Figura 6).

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Figura 6. Porcentagem (%) de larvas infectantes de Haemonchus spp., Trichostrongylus spp., Strongyloides spp. e Oesophagostomum spp. encontradas nas coproculturas do rebanho caprino EAJ/UFRN durante o período experimental.

Correlações entre VG e FAMACHA©, VG e OPG, OPG e FAMACHA© não

foram significativas (p >0,05) para os caprinos da EAJ/UFRN (Tabela 16).

Tabela 16. Coeficientes de Spearman para correlações entre os marcadores fenotípicos volume globular (VG), ovos por grama de fezes (OPG) e FAMACHA

© no rebanho caprino da

EAJ/UFRN, (p>0,05).

Marcadores fenotípicos Coeficiente de Spearman

VG X FAMACHA© - 0,063

VG X OPG 0,037

OPG X FAMACHA© 0,116

A observação de mucosa ocular mostrou maior frequência dos animais

classificados na categoria F4, com 42,0%, enquanto que o menor número de

observações de animais (20) classificados na categoria F2, correspondendo a 6,0%

do total. O segundo grupo mais observado no rebanho caprino da EAJ/UFRN foram

dos animais classificados como F3, 39,9%. Não existiram animais classificados

como F1 (Tabela 17).

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

7 14 21 28 35 42 49 56 63 70 77 84 91 98

Porc

enta

gem

das larv

as infe

cta

nte

s L

3

Dias experimentais

Haemonchus spp. Trichostrongylus spp. Oesophagostomum spp. Strongyloides spp.

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Tabela 17. Distribuição dos animais da EAJ/UFRN em número absoluto (n) e porcentagem (%) de observações conforme classificação pelo método FAMACHA

© durante o período experimental.

FAMACHA©

Caprinos

n %

1 0 0,0

2 20 6,0

3 114 39,9

4 141 42,0

5 61 18,2

A porcentagem de classificação correta foi sempre maior quando

considerados os animais F4 e F5 como positivos para anemia (Tabelas 18 e 19). O

número de falsos positivos, falsos negativos, verdadeiros negativos, verdadeiros

positivos e classificações corretas para faixas atribuídas em valores de VG (≤15, ≤18

e ≤22; F3, F4 e F5 ou F4 e F5 como positivo) do rebanho caprino pode ser visto nas

Tabelas 17 e 18.

Tabela 18. Número de falsos negativos, falsos positivos, verdadeiro positivo, verdadeiro negativo e classificações corretas para os intervalos dos pontos de corte de volume globular (VG) do rebanho caprino da EAJ/UFRN considerando FAMACHA

© 3, 4 e 5 como positivos para anemia.

Ponto

de corte

(VG)

Falsos

Negativos

Falsos

Positivos

Verdadeiros

Negativos

Verdadeiros

Positivos

Classificação

Correta

≤15 0 (0,0%) 316 (94,05%) 20 (5,95%) 0 (0,0%) 20 (5,95%)

≤18 0 (0,0%) 315 (93,75%) 20 (5,95%) 1 (0,3%) 21 (6,25%)

≤ 19 0 (0,0%) 315 (93,75%) 20 (5,95%) 1 (0,3%) 21 (6,25%)

≤22 0 (0,0%) 191(56,85%) 20 (5,95%) 15 (4,46%) 35 (10,42%)

Tabela 19. Número de falsos negativos, falsos positivos, verdadeiro positivo, verdadeiro negativo e classificações corretas para os intervalos dos pontos de corte de volume globular (VG) do rebanho caprino da EAJ/UFRN considerando FAMACHA

© 4 e 5 como positivos para anemia.

Ponto

de corte

(VG)

Falsos

Negativos

Falsos

Positivos

Verdadeiros

Negativos

Verdadeiros

Positivos

Classificação

Correta

≤15 0 (0,0%) 202(60,12%) 134 (39,88%) 0 (0,0%) 134(39,88%)

≤18 0 (0,0%) 201(59,82%) 134 (39,88%) 1 (0,3%) 135(40,18%)

≤ 19 0 (0,0%) 201(59,82%) 134 (39,88%) 1 (0,3%) 135(40,18%)

≤22 4 (1,19%) 191(56,85%) 130 (38,69%) 22 (6,55%) 152(45,24%)

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A sensibilidade não sofreu variação significativa, enquanto a especificidade

variou de 5,95% a 40,5% de acordo com os valores de ponto de corte de VG e

FAMACHA© (Tabela 20). Nos caprinos da EAJ/UFRN, os valores Kappa indicaram

fraca concordância (p > 0,05), com valores mais altos quando os animais F3 foram

incluídos como teste positivo para anemia (Tabela 20).

Tabela 20. Sensibilidade (Se), especificidade (Sp), valor preditivo positivo (VPP), valor preditivo negativo (VPN), em porcentagem e valor Kappa (Κ) entre FAMACHA

© e volume globular (VG) dos caprinos da EAJ/UFRN de

acordo com os pontos de corte de VG. Valores Kappa com P > 0,05.

FAMACHA 3, 4 ou 5 FAMACHA 4 ou 5

VG Se Sp VPP VPN Κ Se Sp VPP VPN Κ

≤15 ---- 5,95 0,0 100 ----- ---- 39,88 0,0 100 -----

≤18 100 5,97 0,32 100 0,0 100 40 0,5 100 0,004

≤19 100 5,97 0,32 100 0,0 100 40 0,5 100 0,004

≤22 100 9,48 7,28 100 0,006 84,62 40,5 10,33 97,01 0,02

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6 DISCUSSÃO

Na ovino-caprinocultura da região Nordeste do Brasil, os criadores

rotineiramente tratam os rebanhos durante a estação chuvosa com albendazol,

ivermectina, moxidectina ou levamisol sem a devida assistência técnica. O uso

exacerbado de drogas, embora nem sempre de fácil acesso aos produtores, resulta

em seleção de populações de parasitos que são resistentes às doses terapêuticas

de ação anti-helmíntica (LIMA et al., 2010).

Devido à disseminação de populações de parasitos resistentes à maioria dos

anti-helmínticos, o método FAMACHA© foi introduzido para auxiliar no controle

parasitário por meio do tratamento seletivo de animais (VAN WYK et al., 1997; VAN

WYK, 2001; VILELA et al., 2012).

O método foi utilizado em ensaios de campo com o objetivo de identificar

animais que necessitavam de tratamento (animais suscetíveis) ou que não

necessitavam de tratamento (animais resistentes e resilientes) (MOLENTO et al.,

2009). Autores como Malan et al. (2001), Kaplan et al. (2004) e Molento et al. (2004)

relataram que um benefício adicional, além da redução nos custos com tratamento

medicamentoso para todos os animais e redução dos resíduos químicos no

ambiente e nos produtos de origem animais (ZAROS et al., 2014), do uso do método

FAMACHA© é a redução na pressão de seleção nas populações de parasitos

quando comparado ao tratamento preventivo, permitindo a manutenção daqueles

suscetíveis nas populações de refugia.

Vários fatores podem interferir com a eficácia do método FAMACHA©, como a

iluminação ambiente em que o animal é avaliado, a utilização ou não do cartão-guia,

a frequência de avaliação da categoria, a raça do animal, bem como as condições

fisiológicas, nutricionais e reprodutivas dos animais (MALAN et al., 2001; MAHIEU et

al., 2007; MOORS e GAULY, 2009; MAIA et al., 2014; CINTRA et al., 2018), além de

qual parasito está infectando o animal, uma vez que a anemia observada e atribuída

a infecções por nematoides gastrintestinais pode estar associada apenas à

coloração da mucosa quando a infecção é causada por parasitos hematófagos,

como os pertencentes ao gênero Haemonchus spp. (VAN WYK e BATH, 2002).

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58

Neste estudo, Haemonchus spp. foi prevalente nas coproculturas, tanto no

rebanho caprino e ovino da Embrapa Caprinos e Ovinos quanto no rebanho ovino da

EAJ/UFRN, com mais de 80% em ambos os rebanhos daquele grupo e mais de 70%

para esse, durante todo o período experimental, como observado nas Figuras 3 a 5.

Ainda comparando a frequência de parasitos presentes nas coproculturas dos

animais dos dois grupos amostrais, verificou-se que Trichostrongylus spp. e

Oesophagostomum spp. foram o segundo e terceiro gênero, respectivamente, com

maiores frequências, variando de 8% a 19% para o segundo e 1% a 7,5% para o

terceiro colocado. Segundo Kaplan et al. (2004), Scheuerle et al. (2010), Vilela et al.

(2012) e Cintra et al. (2018), estes resultados permitem testar este método para

sensibilidade e especificidade, uma vez que o nível de anemia dos animais pode ser

atribuída a hematofagia provocada pela alta carga parasitária de Haemonchus spp.

Isso não aconteceu nos resultados das coproculturas dos animais do rebanho

caprino da EAJ/UFRN. Mesmo Haemonchus spp. sendo o gênero prevalente com

43,52%, a carga parasitária desse nematoide não alcançou o mínimo de 60%

indicado para utilização do método FAMACHA© como controle (CHAGAS et al.,

2007). Dessa forma, todos os resultados dos testes realizados para avaliação do

método não foram significativos (p > 0,05), o que impossibilitou qualquer inferência

sobre eles, diferente dos demais rebanhos avaliados (Figura 6).

A frequência dos outros gêneros dos parasitos encontrados nos caprinos da

EAJ/UFRN foram: Trichostrongylus spp, 40,47%, Oesophagostomum spp., 0,02% e

Strongyloides spp., 15,99% (Figura 6).

Uma avaliação utilizando o método FAMACHA© pode ainda ser influenciada

pelo treinamento de observadores (VAN WYK e BATH, 2002; MAIA et al., 2014).

Este é um método subjetivo de avaliação, sendo suscetível a erros na classificação

dos animais (ROSALINSKI-MORAES et al., 2012), principalmente se o avaliador não

possuir experiência ou treinamento adequado (MAIA et al., 2015). Nesse estudo,

todas as avaliações e classificações dos animais neste sistema foram feitas por

avaliadores devidamente treinados.

Para avaliar a capacidade do método FAMACHA© em identificar corretamente

os animais anêmicos que necessitam de tratamento, o ponto de corte para o VG

usado para declarar anemia terá um grande impacto nos resultados (KAPLAN et al.,

2004). Como não há um único valor de referência de VG disponível para o

diagnóstico de anemia em caprinos e ovinos (BURKE et al., 2007; SOTOMOAIOR et

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59

al., 2012), foram utilizados quatro valores padrão (≤15, ≤18, ≤19 e ≤22) no

diagnóstico de anemia nestes animais para calcular a sensibilidade e especificidade

do método FAMACHA©.

O ponte de corte VG ≤15 foi escolhido com base em trabalhos publicados por

Kaplan et al. (2004), no qual observaram que nesse VG a sensibilidade do método

FAMACHA© aproxima-se de 100%, incluindo ou não os animais classificados na

categoria F3 como positivos para anemia. Isto é extremamente importante porque

uma vez que o animal é classificado nesta categoria, ele tem um risco maior de

morte e precisa de tratamento de emergência.

Segundo Jain (1986), VG ≤ 19 foi usado porque a variação normal para o VG

em caprinos é 19-38, e em estudos epidemiológicos um VG de 19% ou menor pode

ser usado como uma indicação de anemia em caprinos e ovinos, indicando

necessidade de tratamento de resgate. No entanto, um animal com um VG de 19%

não está em perigo imediato de morte a menos que haja condições severas de

desafio por H. contortus no pasto (Kaplan et al., 2004).

Embora não haja consenso, os valores de referência atuais de normalidade

para VG em ovinos e caprinos são 27-45% e 22-38% (WEISS et al., 2010),

respectivamente. Desse modo, foi usado o VG ≤ 22 porque os animais de ambas as

espécies com VG menor que esse valor são anêmicos, de acordo com os valores de

referência atuais.

Volume globular menor que 18% também foi escolhido por influência do

trabalho de Vatta et al. (2001). A pesquisa sugeriu esse ponto de corte por se tratar

do valor limite entre as categorias 3 e 4 do método FAMACHA© ao se fazer uma

correspondência entre as categorias de classificação do método com intervalos de

valores de VG, atingindo bons valores de sensibilidade para esse ponto de corte.

Além disso, todos esses pontos de corte também nos permitem comparar outros

trabalhos com ovinos e caprinos no Brasil e no mundo (KAPLAN et al., 2004;

BURKE et al., 2007; SOTOMAIOR et al., 2012).

Assim, a grande faixa de pontos de corte (VG ≤15, ≤18, ≤19 e ≤22%) pode

levar a resultados variáveis, portanto, quatro valores foram escolhidos para definir

anemia, além de diferenças no manejo entre os rebanhos, estado reprodutivo,

nutricional e fisiológico dos animais, além da variação no observador do FAMACHA©

motivo pelo qual, mesmo pertencente à mesma raça, o rebanho ovino da Embrapa

Caprinos e Ovinos e o da EAJ/UFRN foram avaliados separadamente.

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Os rebanhos ovino e caprino da Embrapa Caprinos e Ovinos apresentaram

diferentes distribuições para as categorias FAMACHA©, conforme apresentado na

Tabela 4. Os ovinos foram classificados com maior frequência em F2 (48,3%),

seguidos por F3 (33,7%). O rebanho caprino foi classificado principalmente como F2

(63,3%), seguido por F1 (24%). Apenas um animal do rebanho caprino (0,05%) foi

classificado como F5, enquanto 17 do rebanho ovino (3,5%) foram F5.

Esses resultados são semelhantes aos encontrados por Sotomaior et al.

(2012), onde ovinos foram classificados como F2 (35%) e F3 (31,3%), e caprinos

como F2 (41,65%) e F1 (36,7%). Diferenças na qualidade das pastagens podem ter

influenciado a distribuição dos animais nas categorias FAMACHA©, pois o rebanho

caprino foi alocado em pastagens de melhor qualidade, levando a uma melhor

resposta à infecção por nematoides do que ao rebanho ovino.

Assim como visto por Malan et al. (2001) e Sotomaior et al. (2012), também

foram observados níveis mais altos de anemia em ovinos (F3 a F5: 43,7%) em

comparação aos caprinos (F3 a F5: 12,7%), embora nossos resultados sejam

inferiores aos de Sotomaior et al. (2012) (45,8 % para ovinos e 21,7% para

caprinos).

O rebanho ovino da EAJ/UFRN foi classificado em maior frequência em F2

(31,1%) seguido de F1 (30,3%). Apenas 86 animais foram classificados com F5,

correspondendo a 3,2% do total (Tabela 12). Esses animais apresentaram menores

níveis de anemia (F3 a F5: 38,7%) quando comparados aos ovinos da Embrapa,

43,7% (Tabelas 3 e 12) e aos animais do trabalho de Sotomaior et al. (2012), 45,8%.

Essa diferença entre os dois rebanhos de ovinos das duas áreas do

experimento reforça a premissa de que uma pastagem de melhor qualidade pode

melhorar a resposta às infecções por nematoides gastrintestinais. Uma vez que,

animais alimentados com dietas com alto nível de proteína apresentam maior

capacidade imunológica para reagir às infecções por nematoides gastrintestinais,

dentre eles H. contortus (CHAGAS et al., 2007; TOSCAN et al., 2017).

Quanto aos índices de classificações corretas, foram obtidos em todos os

pontos de corte de VG para todos os rebanhos. Os maiores valores foram quando

F4 e F5 foram considerados positivos para anemia (Tabelas 5, 6, 7, 8, 13 e 14). Este

aumento deve-se à diminuição dos valores verdadeiros positivos e ao aumento dos

valores de verdadeiros negativos nas duas espécies analisadas. Isso também

mostra que os avaliadores do método FAMACHA© da Embrapa Caprinos e Ovinos e

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da EAJ/UFRN foram melhor em identificar animais saudáveis (F1 e F2) do que

animais anêmicos (F3, F4 e F5). A subjetividade do método e a falta de experiência

desses avaliadores podem ter contribuído para isso, embora eles tenham recebido

treinamento prévio (ROSALINSKI-MORAES et al., 2012; MAIA et al., 2015).

Em um trabalho semelhante, Sotomaior et al. (2012) também verificaram um

aumento no percentual de classificações corretas, mas justificado por aumento nos

números verdadeiros positivos e diminuição nos verdadeiros negativos, mostrando

que o avaliador do método FAMACHA© neste estudo foi melhor em identificar

animais anêmicos (F4 e F5), diferente do obtido nesse estudo.

Como observado por Kaplan et al. (2004) e Sotomaior et al. (2012), a

sensibilidade do método foi maior nos ovinos do que nos caprinos da Embrapa

Caprinos e Ovinos (Tabelas 9 e 10), com um valor máximo de 92% para ovinos com

um ponto de corte VG ≤15 e F3, F4 e F5 positivo para anemia; e com valor máximo

de 42,1% para caprinos quando ponto de corte VG ≤18 e F3, F4 e F5 como positivos

para anemia. Por outro lado, a especificidade foi maior em caprinos do que no

rebanho ovino (Tabelas 9 e 10), com um valor máximo de 99,8% para caprinos

quando o ponto de corte VG ≤22 e F4, F5 foram positivos para anemia e um valor

máximo para os ovinos de 98,8% quando o ponto de corte de VG ≤22 e F4, F5 foram

positivos para anemia.

As diferenças entre esses resultados são mais evidentes quando se considera

os animais F3 anêmicos. Um aumento na sensibilidade e uma diminuição da

especificidade independentemente do rebanho foi observada (VAN WYK e BATH,

2002; BURKE et al., 2007, FERNANDES et al., 2015). Mais recentemente, Cintra et

al. (2018) que observaram sensibilidade de 66,7% para o VG ≤15 diminuindo para

30,8% quando o VG foi ≤18, considerando F3 positivo para anemia.

Essa diferença pode ser um reflexo direto do treinamento e da experiência do

avaliador do FAMACHA© (VAN WYK e BATH, 2002), uma vez que os avaliadores

das instituições consideradas neste trabalho (Embrapa Caprinos e Ovinos e

EAJ/UFRN) foram melhores na identificação de animais não anêmicos (F1 e F2).

Apesar de treinados, os avaliadores da Embrapa Caprinos e Ovinos e da EAJ/UFRN

podem não ter experiência suficiente, levando-os a cometer certos erros.

Se a sensibilidade aumenta incluindo F3 como positiva para anemia, também

aumenta quando o critério de classificação de anemia por VG é menos restrito (VG

≤15). Considerando este critério para ovinos, a sensibilidade alcançou porcentagens

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de 92% e o número de falsos negativos 1%. Para o rebanho caprino, no mesmo VG,

a sensibilidade máxima foi de 41,1% e o número de falso-negativo foi de 0,5%.

Nossas descobertas para rebanhos caprinos e ovinos são diferentes de Kaplan et al.

(2004), que observaram que essa sensibilidade foi maximizada quando os valores

de classificação nas categorias F3, F4, F5 foram considerados positivos para

anemia e o ponto de corte de VG foi ≤15 para as duas espécies.

Quando os valores F4 e F5 foram usados como critérios de tratamento, a

sensibilidade diminuiu visivelmente, mas houve um aumento concomitante na

especificidade. Além disso, deve-se notar que o número de falsos negativos também

aumentou quando se utilizou um ponto de corte de VG ≤18, variando de 12,3% e

4,0% para ovinos e caprinos, respectivamente (Tabelas 6 e 8).

Segundo Kaplan et al. (2004), este nível não seria considerado aceitável na

maioria das condições de manejo. No entanto, se o ponto de corte mais razoável do

VG ≤15 for utilizado, bem como F3, F4 e F5 como critério de tratamento, a

porcentagem de falsos negativos cai para 1,0% e 0,5% para ovinos e caprinos,

respectivamente (Tabelas 5 e 7). Nesse nível, a morte por anemia seria uma

ocorrência rara, especialmente se outras práticas de manejo fossem usadas para

identificar e tratar os animais com maior risco ou que tivessem sintomas clínicos de

hemoncose (KAPLAN et al., 2004; BURKE et al., 2007; SOTOMAIOR et al., 2012).

Portanto, nossos resultados reforçam a recomendação de Van Wyk e Bath (2002),

para tratar todos os animais classificados como F3, F4 e F5.

Além disso, deve-se destacar que alta sensibilidade é mais importante do que

a alta especificidade ao usar o sistema FAMACHA© tanto para caprinos quanto para

ovinos. A falha em tratar animais que realmente precisam de tratamento (falsos

negativos) os expõe ao risco de morte, enquanto o tratamento de animais que não

precisam de tratamento (falsos positivos) não causa problemas sérios (VATTA et al.,

2001; KAPLAN et al., 2004; SOTOMAIOR et al., 2012; CINTRA et al., 2018) no que

se refere a mortalidade ou morbidade do animal decorrente da infecção, mas ainda

faltam estudos que mostrem quantitativamente os impactos ecológicos do acúmulo

de fármacos no ambiente, além da manutenção do elevado custo para medicar os

animais que não precisariam.

Diferente do que foi observado nos ovinos da Embrapa Caprinos e Ovinos e

também do que parecia um padrão geral observado na literatura para essa espécie,

como nos trabalhos de KAPLAN et al. (2004), SOTOMAIOR et al. (2012) e CINTRA

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et al. (2018), a especificidade foi sempre maior em todos os pontos de corte para VG

incluindo ou não os animais F3 como positivos para anemia, no rebanho da

EAJ/UFRN (Tabela 15).

Os maiores valores da especificidade e consequentemente menores da

sensibilidade foram alcançados quando a categorias F3 não foi incluída como

positiva para anemia. Essa diferença se justifica pela diminuição do número de

animais falsos positivos e verdadeiros positivos e aumento do número de animais

falsos negativos e verdadeiros negativos (Tabelas 13 e 14). Esses resultados podem

ter sido consequência da falta de experiência do avaliador, o que mostra que apenas

um treinamento correto no método não é suficiente para garantir a aplicação correta

do mesmo (ROSALINSKI-MORAES et al., 2012; MAIA et al., 2015).

Maior sensibilidade é mais importante que maior especificidade, pois o custo

de tratar os animais que não precisam (falsos positivos) é menor do que o benefício

de tratar os que realmente precisam (falsos negativos) (VATTA et al., 2001; KAPLAN

et al., 2004). Logo, em situações onde exista inexperiência do avaliador é

imprescindível a aplicação de outras práticas de manejo que identifiquem animais

em risco de morte ou com sintomas de hemoncose clínica (KAPLAN et al., 2004;

BURKE et al., 2007; SOTOMAIOR et al., 2012). Ademais, avaliadores inexperientes

devem ter um maior cuidado na aplicação do método a fim de minimizar todos os

fatores, já comentados, que possam interferir na eficácia dele (MALAN et al., 2001;

MAHIEU et al., 2007; MOORS e GAULY, 2009; MAIA et al., 2014; CINTRA et al.,

2018).

Os valores Kappa do rebanho ovino da Embrapa Caprinos e Ovinos foram

geralmente maiores quando a categoria FAMACHA 3 não foi incluída como positiva

para anemia, indicando uma concordância razoável a moderada. Como em

Sotomaior et al. (2012), foram observadas essas diferenças nos valores Kappa

devido à diminuição no percentual de falso positivos e um consequente aumento no

percentual de classificações corretas (Tabelas 5, 6 e 9). Concomitantemente,

observou-se indesejavelmente um aumento nos falsos negativos.

Essa mesma relação entre as porcentagens de falsos positivos, classificações

corretas e falsos negativos foi observada por Cintra et al. (2018). No entanto, esses

autores encontraram valores de Kappa maiores quando F3 foi incluído como positivo

para anemia. Isso pode indicar que outros fatores fisiológicos podem interferir na

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avaliação do método FAMACHA© (CINTRA et al., 2018), ou mesmo a diferença de

idade dos animais nos dois trabalhos (KAPLAN et al., 2004).

Não foi observado nenhum padrão que justificasse os valores Kappa

encontrados para os caprinos analisados neste estudo, apesar de se ter observado

valores que apresentaram concordância substancial para o VG ≤19 (Tabela 10). Isso

mostra que o método FAMACHA© pode ser aplicado em casos de hemoncose

nesses animais, mas ainda são necessários estudos que busquem uma melhor

padronização dos valores de corte do VG nesta espécie, o que levaria a um

aumento na sensibilidade do método.

Os valores Kappa dos ovinos da EAJ/UFRN foram maiores quando F3 estava

incluído como positivo para anemia, indicando uma fraca concordância (Tabela 15).

Resultado diferente dos ovinos da Embrapa Caprinos e Ovinos e também de

trabalho semelhante como o de Sotomaior et al. (2012).

Assim, como visto por Cintra et al. (2018), esses valores foram concomitantes

com uma diminuição no percentual de falso positivos e um consequente aumento no

percentual de classificações corretas (Tabelas 13 e 14). Ademais, um aumento

indesejável nos falsos negativos também foi observado. Apesar dos valores Kappa

para os animais do rebanho da EAJ/UFRN indicarem uma fraca concordância,

podem ser mais um indício corroborando com a ideia de que outros fatores

fisiológicos podem interferir na avaliação do método FAMACHA© (CINTRA et al.,

2018).

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7 CONCLUSÕES

O método FAMACHA© é uma ferramenta adequada para o controle da

infecção por H. contortus em caprinos e ovinos;

Maior sensibilidade é mais importante do que maior especificidade;

O ponto de corte VG ≤15 se mostrou bastante adequado para ambas as

espécies;

Novos pontos de corte de VG são necessários para caprinos;

Os avaliadores do método da Embrapa Caprinos e Ovinos e da EAJ/UFRN

mostraram-se melhores em identificar animais saudáveis do que animais

anêmicos;

Os valores Kappa indicaram que outros fatores fisiológicos, como o estado

nutricional, sexo, raça e idade dos animais parecem afetar significativamente

a sensibilidade do método em ambas as espécies.

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