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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA CURSO DE GEOGRAFIA MARIA ROSÂNGELA GOMES AS PRAÇAS PÚBLICAS E SUAS FUNÇÕES AMBIENTAIS: exemplos para a cidade de Natal/RN NATAL/RN 2009

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA CURSO DE GEOGRAFIA

MARIA ROSÂNGELA GOMES

AS PRAÇAS PÚBLICAS E SUAS FUNÇÕES AMBIENTAIS: exemplos para a cidade

de Natal/RN

NATAL/RN 2009

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MARIA ROSÂNGELA GOMES

AS PRAÇAS PÚBLICAS E SUAS FUNÇÕES AMBIENTAIS: exemplos para a cidade

de Natal/RN

Monografia apresentada ao Curso de Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, para obtenção do título de Bacharel em Geografia.

Orientador: Prof. Dr. Luiz Antonio Cestaro

NATAL/RN 2009

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FICHA CATALOGRÁFICA

Gomes , Maria Rosângela. As praças públicas e suas funções ambientais: exemplos para a cidade de Natal / Maria Rosângela Gomes. – Natal, 2009. 81 f . Orientador: Prof. Luiz Antonio Cestaro. Monografia (Graduação em Geografia) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

1. Geografia - Monografia. 2. Ecossistema urbano - Monografia. 3. Arborização - Monografia. 4. Vegetação urbana – Monografia. 5. Praça Pública 6. Percepção ambiental I. Cestaro, Luiz Antônio. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

UFRN/CCHLA CDU 574

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MARIA ROSÂNGELA GOMES

AS PRAÇAS PÚBLICAS E SUAS FUNÇÕES AMBIENTAIS: exemplos para a cidade

de Natal/RN

Monografia apresentada ao Curso de Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, para obtenção do título de Bacharel em Geografia.

Aprovada em: ___/___/___

BANCA EXAMINADORA:

_____________________________________________________ Prof. Dr. Luiz Antonio Cestaro

(Orientador)

_______________________________________________________ Prof. Dr. Paulo César de Araújo

(Examinador)

_______________________________________________________ Profa. Drª. Zuleide Maria Carvalho Lima

(Examinador)

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AGRADECIMENTOS

A Deus por ter iluminado meu caminho, guiando meus passos na direção certa,

auxiliando-me a galgar um degrau do conhecimento científico entre outros que estão por vir.

Aos meus pais, João Gomes da Silva e Francisca Maria da Silva, pelo afeto, incentivo

e dedicação, sobretudo pela compreensão que tiveram durante os quatro anos da graduação

em que estivemos distante.

Aos meus irmãos Risolene e Marcos, aos meus cunhados Josmário e Ednólia, e

minhas sobrinhas Maelly e Marina, pelo carinho e companheirismo.

Ao meu namorado, Magnus Ronnie, pelo amor, dedicação e incentivo, nessa fase de

minha vida e a valiosa contribuição nos levantamento de campo e tabulação dos dados.

A todas as meninas da casa 24 na Residência Universitária, pela paciência,

compreensão e os laços de amizade que construímos.

Ao Prof. Dr. Luiz Antonio Cestaro, pela atenção, interesse, confiança e orientação no

decorrer do trabalho.

Aos usuários das praças pesquisadas, pela atenção e valiosas contribuições na

realização do levantamento de campo.

À banca examinadora, Prof. Dr. Luiz Antonio Cestaro, Prof. Dr. Paulo César de

Araújo e Profa. Drª. Zuleide Maria Carvalho Lima pelas valiosas contribuições.

Aos professores do Departamento de Geografia da UFRN, que contribuíram

diretamente para minha formação ao longo desses anos de convívio.

À minha amiga Sandra Priscila Alves, pelo companheirismo e amizade que

construímos durante a graduação.

À minha colega de curso Janny Suênia, pela atenção e valiosa contribuição na

elaboração dos mapas.

As minhas colegas, Daniele Rufino e Janaina, pela atenção e valiosa contribuição na

revisão de texto.

A todos os colegas do Curso de Geografia, pelo companheirismo durante esses anos, o

qual torna mais agradável o ambiente acadêmico.

Enfim, a todos que direta ou indiretamente, contribuíram para a realização desse

trabalho.

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RESUMO

A vegetação urbana tem despertado atenção tanto em decorrência da monotonia das cidades, quanto em consequência das necessidades ambientais acentuadas pela expansão urbana e problemas dela decorrentes. Com o processo de urbanização brasileira, o reconhecimento das funções da vegetação passa a justificar, ainda mais, a sua inserção no interior das cidades. Nesse sentido, vale ressaltar que a praça enquanto espaço público constitui, desde os seus primórdios, um referencial urbano marcado pela convivência humana e que evolui em suas funções com a inserção da vegetação em seu espaço. Assim como outras cidades brasileiras, Natal passa por um acelerado crescimento urbano, o que pode condicionar significativa diminuição de diversas áreas verdes públicas, reduzindo a qualidade de vida do cidadão natalense e aumentando o impacto sobre os ecossistemas “naturais” na cidade. O presente trabalho buscou avaliar as funções ambientais das praças públicas de Natal/RN e verificar como a população de usuários e moradores locais interage com as praças. A pesquisa foi realizada especificamente em quatro praças: Augusto Leite, localizada no bairro Barro Vermelho; Aristófanes Fernandes (Praça das Flores) em Petrópolis; Luis Raimundo de Sousa, na Praia do Meio e a Praça Mestre Francisco Valentini em Rocas. Foram considerados: localização, fatores socioeconômicos, distinção nos aspectos físicos e formas de uso. A etapa de campo foi realizada nos meses de setembro e outubro de 2009, para levantamentos da diversidade e estrutura de espécies arbóreas da infraestrutura e aplicação de questionários junto à população de usuários das praças. Os dados coletados foram interpretados através de análises quantitativa e qualitativa, relacionando os resultados com a bibliografia. A pesquisa aponta para uma possível correlação entre o nível socioeconômico do bairro e a presença de equipamentos arquitetônicos e as vegetações dispostas nas praças. Apesar do conhecimento de algumas espécies de vegetais, a maioria dos usuários não percebem as funções que a vegetação desempenha em tais espaços. Para a maioria dos usuários os usos das praças estão diretamente ligados aos equipamentos arquitetônicos para lazer. Mas o que se percebe é que a presença de equipamentos arquitetônicos não é o suficiente para garantir o uso efetivo da praça, sobretudo nos horários diurnos. Observa-se com frequência um descaso e falta de interesse de órgãos públicos e da população no sentido de conhecer as funções da vegetação nos espaços públicos. Avegetação necessita ser percebida além de sua função estética, como um elemento natural capaz de cumprir múltiplas funções no meio urbano.

Palavras-chave: Ecossistema urbano. Arborização. Vegetação urbana. Praça pública.

Percepção ambiental.

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LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Tipos de imóveis em percentagem nos bairros Barro Vermelho, Petrópolis, Praia do Meio e Rocas – (valores arredondados) ...................................................................................26 Figura 2 – Rendimento da População em percentagem nos bairros Barro Vermelho, Petrópolis, Praia do Meio e Rocas – (valores arredondados) ..................................................27 Figura 3 - Praça Augusto Leite ................................................................................................42 Figura 4 - Praça Aristófanes Fernandes ...................................................................................43 Figura 5 - Praça Luís Raimundo de Sousa ...............................................................................45 Figura 6 - Praça Mestre Francisco Valentini ...........................................................................46

Figura 7 - Procedência das espécies arbóreas em percentagem encontradas nas praças Augusto Leite, Aristófanes Fernandes, Luis Raimundo de Sousa e Mestre Francisco Valentini, Natal/RN – (Valores arredondados) .........................................................................................49

Figura 8 - Distribuição de freqüência dos diâmetros dos troncos das árvores em percentagem nas Praças Augusto Leite, Aristófanes Fernandes, Luis Raimundo de Sousa e Mestre Francisco Valentini, Natal/RN..................................................................................................51

Figura 9 - Distribuição de freqüência da altura dos indivíduos analisados em percentagem nas Praças Augusto Leite, Aristófanes Fernandes, Luis Raimundo de Sousae Mestre Francisco Valentini, Nata/RN (Valores arredondados) ............................................................................52 Figura 10 - Procedência dos usuários em percentagem das praças Augusto Leite, Aristófanes Fernandes, Luis Raimundo de Sousa e Mestre Francisco Valentini, Nata/RN (Valores arredondados) ...........................................................................................................................53

Figura 11 - Tipo de lazer pelos usuários em percentagem das praças Augusto Leite, Aristófanes Fernandes, Luís Raimundo de Sousa e Mestre Francisco Valentini, Nata/RN ....55

Figura 12 - Preferência de horário em percentagem no uso da Praça Augusto Leite ..............56

Figura 13 - Preferência de horário em percentagem no uso da Praça Aristófanes Fernandes..57

Figura 14 - Preferência de horário em percentagem no uso da Praça Luis Raimundo de Sousa ...................................................................................................................................................57

Figura 15 - Preferência de horário em percentagem no uso da Praça Mestre Francisco Valentini ...................................................................................................................................58

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Figura 16 - Motivos em percentagem pelo qual os usuários freqüentam as praças Augusto Leite, Aristófanes Fernandes, Luís Raimundo de Sousa e Mestre Francisco Valentini, Nata/RN. ..................................................................................................................................59

Figura 17 - Aspectos negativos em percentagem mencionados pelos usuários das praças Augusto Leite, Aristófanes Fernandes, Luís Raimundo de Sousa e Mestre Francisco Valentini, Nata/RN. ..................................................................................................................................60

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LISTA DE MAPAS

Mapa 1 - Localização dos bairros Barro Vermelho, Petrópolis, Praia do Meio e Rocas,

Natal/RN. .................................................................................................................................23

Mapa 2 - Localização do bairro Barro Vermelho e Praça Augusto Leite ................................25

Mapa 3 - Localização do bairro Petrópolis e Praça Aristófanes Fernandes .............................28

Mapa 4 - Localização do bairro Praia do Meio e Praça Luís Raimundo de Sousa .................30

Mapa 5 - Localização do bairro Rocas e Praça Mestre Francisco Valentini .......................... 33

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Relação das espécies encontradas nas Praças Augusto Leite (P01), Aristófanes

Fernandes (P02), Luis Raimundo de Sousa (P03) e Mestre Francico Valentini (P04), com o

nome popular, científico, família, origem – Or (Nativa – N e Exótica – E) e suas respectivas

porcentagens..............................................................................................................................48

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LISTA DE SIGLAS

AEIS – Áreas Especiais de Interesse Social

EFS – Estado Fitossanitário

RMN – Região Metropolitana de Natal

RN – Rio Grande do Norte

SEMURB – Secretária Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................12

2 A IMPORTÂNCIA DA VEGETAÇÃO NOS ESPAÇOS URBANOS PÚBLICOS .....15

2.1 ESPAÇO URBANO E ESPAÇO PÚBLICO .....................................................................15

2.1.1 Algumas considerações sobre praça ............................................................................16

2.2 NECESSIDADES E FUNÇÕES DA VEGETAÇÃO NO ESPAÇO URBANO ..............17

2.2.1 Arborização Urbana .....................................................................................................18

2.2.2 Vegetação nas praças públicas e suas funções ambientais ........................................19

3 ANÁLISE DAS FUNÇÕES AMBIENTAIS DE PRAÇAS PÚBLICAS : procedimentos

metodológicos .........................................................................................................................22

3.1 ESCOLHA DAS PRAÇAS ................................................................................................22

3.1.1 Caracterização do bairro Barro Vermelho ................................................................24

3.1.2 Caracterização do bairro Petrópolis ...........................................................................27

3.1.3 Caracterização do bairro Praia do Meio ....................................................................29

3.1.4 Caracterização do bairro Rocas ..................................................................................31

3.2 MÉTODOS DE PROCEDIMENTOS ...............................................................................34

3.2.1 Caracterização física das praças ..................................................................................35

3.2.2 Diversidade e estrutura arbórea das praças ...............................................................37

3.2.3 Sobre os freqüentadores das praças ............................................................................38

4 A VEGETAÇÃO EM PRAÇAS PÚBLICAS: os casos das praças ................................41

4.1 CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DAS PRAÇAS ANALISADAS .....................................41

4.1.1 Praça Augusto Leite ......................................................................................................41

4.1.2 Praça Aristófanes Fernandes (Praça das flores) ........................................................43

4.1.3 Praça Luiz Raimundo de Sousa ...................................................................................44

4.1.4 Praça Mestre Francisco Valentini ...............................................................................46

4.2 DIVERSIDADE E ESTRUTURA DAS ESPÉCIES ARBÓREAS NAS PRAÇAS .........47

4.3 INTERAÇÃO E USO DAS PRAÇAS PELOS UTILITÁRIOS E POPULAÇÃO LOCAL

...................................................................................................................................................53

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................65

REFERÊNCIAS .....................................................................................................................67

APÊNDICE ............................................................................................................................70

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1 INTRODUÇÃO

Com o crescimento das cidades e com a concentração da população humana em áreas

urbanas que, no Brasil chega a 81,23% de sua população (IBGE, 2000), tornam-se cada vez

mais necessárias ações que possam melhorar a qualidade de vida no espaço urbano, expressa

por meio da presença de parques, praças e jardins entre outros espaços livres1. A esses

espaços está associada a vegetação que pode proporcionar melhores condições ambientais ao

meio urbano e seus habitantes.

É de fácil constatação o apelo ambiental vivenciado principalmente a partir das

últimas décadas do século XX, expresso entre outros fatores pela necessidade da elevação do

padrão de qualidade de vida humana, refletido dentre outros elementos na maior oferta de

espaços arborizados e tratados paisagisticamente. Nessa perspectiva a vegetação que antes era

banalizada ou mesmo negligenciada, passa a adquirir outro significado no espaço urbano. O

reconhecimento de novas funções da vegetação passa a justificar, ainda mais intensamente, a

sua inserção no interior das cidades (GOMES, 2007). Nesse sentido, a presença de vegetação

em espaços públicos, como praças, as tornam mais atraentes e mais agradáveis para o lazer

dos seus freqüentadores e da população local.

Além de proporcionar lazer e convívio social, deve ser considerada também a função

ambiental ou ecológica da praça, função que está diretamente ligada à presença de vegetação.

Embora se tratem de ambientes totalmente construídos, muitas praças apresentam um

conjunto de espécies espontâneas ou introduzidas, isoladas ou formando comunidades, que

desempenham serviços importantes, muitos deles desconhecidos, mas que se refletem

diretamente no aproveitamento, funcionalidade e uso pela população.

As árvores, por suas características naturais, proporcionam muitas vantagens ao

homem que vive na cidade, sob vários aspectos: bem estar psicológico; melhor efeito estético;

sombra para os pedestres e veículos; protegem e direcionam o vento; amortecem os ruídos,

amenizam a poluição sonora; reduzem o impacto da água de chuva e seu escorrimento

superficial; auxiliam na diminuição da temperatura, por meio da absorção dos raios solares e

1 Conforme Cavalheiro et al. (1999) espaços livres constituem em espaços urbanos ao ar livre, destinados a todo o tipo de utilização, que se relacione com caminhada, descanso, passeio, práticas de esporte e em, geral a recreação e entretenimento em horas de ócio; os locais de passeio a pé devem oferecer comodidade e segurança total da calçada em relação aos veículos; os caminhos devem ser agradáveis, variados e pitorescos; os locais onde as pessoas se locomovem por meio motorizado não devem ser considerados como espaços livres. Os espaços livres podem ser privados, potencialmente coletivos ou públicos e podem desempenhar, principalmente, funções estéticas, de lazer e ecológica ambiental, entre outras.

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refrescam o ambiente pela grande quantidade de água transpirada pelas folhas; melhoram a

qualidade do ar e abrigam a fauna silvestre.

Assim como outras cidades brasileiras, Natal é um exemplo de cidade que passa por

um acelerado crescimento urbano, o que pode condicionar significativa diminuição de

diversas áreas verdes 2 públicas, reduzindo a oferta de lazer e diversidade paisagística e, por

conseguinte qualidade de vida do cidadão natalense.

A cidade de Natal possui duzentos e quarenta e seis praças públicas em toda a malha

urbana, distribuídas entre os trinta e seis bairros da cidade nas quatro regiões administrativas,

Zona Norte, Zona Sul, Zona Leste e Zona Oeste (NATAL, 2009). Apesar dessa quantidade

elevada de praças públicas, pouco se conhece de sua estrutura e do papel na qualidade de vida

do morador local. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é avaliar as funções ambientais nas

praças de Natal/RN e verificar como a população de usuários e moradores locais interagem

com as praças.

A pesquisa foi realizada especificamente em quatro praças: Augusto Leite, localizada

no bairro Barro Vermelho; Aristófanes Fernandes (Praça das Flores), em Petrópolis; Luis

Raimundo de Sousa, na Praia do Meio e a Praça Mestre Francisco Valentini, nas Rocas.

Foram considerados: localização, fatores socioeconômicos, distinção nos aspectos físicos,

formas de uso e vegetação arbórea.

Esta monografia encontra-se estruturada em três capítulos e sete subcapítulos,

seguida das considerações finais, referências bibliográficas e apêndices.

O primeiro Capítulo (A importância da vegetação nos espaços urbanos públicos)

trata de uma breve discussão sobre o espaço urbano, sobretudo o espaço público, enfatizando

as necessidades e funções da vegetação no espaço urbano.

No segundo Capítulo (Análise das funções ambientais de praças públicas:

procedimentos metodológicos) expomos uma breve caracterização e localização da área de

estudo e os procedimentos metodológicos utilizado no trabalho de pesquisa.

No terceiro e último Capítulo (A vegetação em praças públicas: os casos das

praças) expomos a situação atual em que se encontram as quatro praças pesquisadas em

termos de infraestrutura, diversidade e estrutura das espécies arbóreas, estado de conservação

2 Conforme Cavalheiro et al. (1999) as áreas verdes correspondem a um tipo especial de espaços livres que tem como elemento principal a vegetação e está deve satisfazer três objetivos principais: ecológico-ambiental, estético e de lazer. A vegetação e solo permeável devem ocupar no mínimo 70% da área total; devem servir á população, proporcionando um uso e condições para recreação. Desse modo, pequenos jardins de ornamentação, canteiros, rotatórias e arborização não corresponde a áreas verdes, mas sim ‘verde de acompanhamento viário’ nos espaços construídos.

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dos elementos naturais e dos construídos, a relação da população de usuários e moradores

locais com as praças, importância e conhecimento das funções ambientais por parte destes.

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2 A IMPORTÂNCIA DA VEGETAÇÃO NOS ESPAÇOS URBANOS PÚBL ICOS

2.1 ESPAÇO URBANO E ESPAÇO PÚBLICO

A cidade enquanto espaço urbano pode ser considerada como “[...] um conjunto

indissociável de que participam, de um lado, certo arranjo de objetos naturais e objetos

sociais, e, de outro, a vida que preenche e os anima, ou seja, a sociedade em movimento”

(SANTOS, 1991, p. 26).

A imagem da malha urbana é o resultado da interação entre os processos naturais e as

intenções humanas no tempo e no espaço, contribuindo para a caracterização e peculiaridade

de cada cidade. Conforme Santos (1991, p. 42),

As mudanças são quantitativas, mas também qualitativas. Se até mesmo nos inícios dos tempos modernos as cidades ainda contavam com jardins, isso vai tornando-se mais raro: o meio urbano é cada vez mais um meio artificial, fabricado por restos de natureza primitiva crescentemente encobertos pelas obras dos homens.

Todas as cidades dispõem de lugares públicos excepcionais que correspondem à

imagem da cidade e da vida social (GOMES, 2006). O espaço público, considerado com

dimensão física da cidade é representado por diferentes formas geométricas e diferentes

formas de usos. Ao mesmo tempo em que modificam o sentido das práticas, simultaneamente

são transformados por estas. Para Gomes (2006, p. 162),

Fisicamente, o espaço público é, antes de mais nada, o lugar, praça, rua, shopping, praia, qualquer tipo de espaço, onde não haja obstáculos à possibilidade de acesso e participação de qualquer tipo de pessoa. Essa condição deve ser uma norma respeitada e revivida, a despeito de todas as diferenças e discórdias entre os inúmeros segmentos sociais que aí circulam e convivem, ou seja, as regras do convívio e do debate devem ser absolutamente respeitadas.

Quando nos referimos a espaços públicos, não cabe falarmos de uniformidade, pois

as práticas sociais estabelecidas em tais lugares são únicas. Tais espaços expressam muito da

particularidade e singularidade das condições onde estão localizados e de seus usuários.

Considerando que o espaço público é o local da convivência em comunidade e do

cotidiano urbano, destacaremos como categoria de análise geográfica para este trabalho o

conceito de lugar, este, entendido como um espaço usado num tempo definido pela ação

cotidiana. Refere-se a espaços banais e reais como a rua, a praça, o bairro, - espaço do vivido.

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O lugar só pode ser compreendido em suas referências, que não são específicas de uma

função ou de uma forma, mas produzidos por um conjunto de sentidos, laços profundos de

identidade entre habitante - habitante, e habitante - lugar, impressos pelo uso (CARLOS,

2004).

2.1.1 Algumas considerações sobre praça

O termo praça implica em inúmeras definições, tanto por parte do poder público,

quanto de pesquisadores e técnicos, tendo em vista a amplitude e variedade de idéias dos

diversos estudiosos. Assim sendo, estamos considerando para tanto, a praça como “[...] o

lugar intencional do encontro, da permanência, dos acontecimentos, de práticas sociais, de

manifestações de vida urbana e comunitária e de prestígio, e, conseqüentemente, de funções

estruturantes e arquiteturas significativas” (LAMAS, 2004, p. 102).

Consideremos ainda o conceito de praça estabelecido no Plano Diretor de Natal de

2007, como “área verde com dimensões, em geral, entre 100m² (cem metros quadrados) e 10

(dez) hectares, destinada ao lazer ativo ou passivo e para manifestações da sociedade,

podendo ser dotados ou não de vegetação” (Lei Complementar nº 082, de 21 de junho de

2007, Capítulo III, Art. 6º).

Enquanto unidades urbanísticas fundamentais para a vida urbana, as praças

desempenham funções indispensáveis na vida social das diversas sociedades nas quais se

inserem. A razão de existência das praças é atender a necessidades humanas de natureza

físico-territorial, às quais as cidades devem oferecer uma resposta (LEITÃO, 2002).

A efetiva função das praças públicas varia conforme sua infraestrutura e localização

na estrutura urbana, conferindo-lhe maior ou menor grau de visibilidade pela comunidade e

usuários. Segundo Melo e Romanine (2008) as praças desempenham funções que estão

diretamente ligadas à qualidade de vida que a cidade oferece aos seus usuários, são elas:

� Psicológica – quando os usuários em contato com os elementos naturais presentes na

praça relaxam e usufruem de momentos de lazer e recreação.

� Ecológica - ligada à presença de vegetação, solo não impermeabilizado, fauna

diversificada, o que promove melhorias no clima da cidade e na qualidade do ar, solo e

água.

� Social- possibilidade de lazer que a praça oferece a população.

� Estética - diversificação da paisagem construída e o embelezamento da cidade.

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� Educativa - está relacionada com a possibilidade que essas áreas oferecem como

ambiente para o desenvolvimento de atividades extraclasse e de programas de educação

ambiental.

Dentre das suas inúmeras possibilidades de lazer que a praça pode oferecer

diretamente aos seus usuários podemos destacar os espaços que a população usa para jogar

dominó, conversar com os amigos, passar o tempo, descansar entre um e outro expediente,

práticas de esportes, celebrações populares, contemplarem e desfrutar da paisagem (LEITÃO,

2002).

A praça pública constitui, desde os seus primórdios, um referencial urbano marcado

pela convivência humana e que evoluiu suas funções juntamente com a inserção do uso de

vegetação em seu espaço. No entanto, a praça, na atualidade, assume muito mais função de

área verde e estética no espaço urbano brasileiro do que como local de convívio da população.

Notadamente, esse fato pode ser observado com maior clareza, nos grandes centros urbanos,

especialmente, nos bairros habitados pelos grupos de mais alta renda, ao contrário dos bairros

populares (GOMES, 2007).

A natureza, em parte representada nas áreas livres públicas, precisa ser repensada no

sentido da valorização do seu papel no funcionamento e metabolismo da cidade (TEIXEIRA;

SANTOS, 2007). O verde é uma necessidade dentro da cidade e precisa estar ao alcance de

todos os cidadãos, tornando o ambiente urbano mais saudável e viável em longo prazo para o

uso humano. A vegetação necessita ser percebida além de sua função estética; necessita ser

vista como um elemento natural capaz de cumprir múltiplas funções no espaço urbano.

2.2 NECESSIDADES E FUNÇÕES DA VEGETAÇÃO NO ESPAÇO URBANO

No Brasil, as conseqüências geradas pela falta de planejamento urbano diante do

contínuo crescimento das cidades, aparecem como uma situação que desperta a atenção de

planejadores e da população no sentido de perceber a vegetação como um componente

estruturador e necessário ao espaço urbano. Essa nova forma de pensar a vegetação no espaço

urbano é expressa, sobretudo, por meio da arborização, que passa a ser vista nas cidades,

como um importante elemento natural, reestruturador do espaço urbano, frente aos inúmeros

benefícios que proporcionam a tais espaços (GOMES; SOARES, 2003).

Conforme Gomes (2007) as áreas com predominância de vegetação, como as praças

ajardinadas, surgem no Brasil ainda no século XVIII e alcançam números mais expressivos no

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decorrer do século XIX. Mas, mesmo nesse período, as cidades brasileiras ainda não

consideravam relevante a presença da vegetação em áreas urbanas, pois o que existia de fato

era uma valorização de espaços construídos, uma paisagem que fosse o oposto da expressão

do rural.

Assim sendo, o espaço urbano construído era afastado completamente da imagem do

rural que compreendia os elementos da natureza. Vale salientar, que, mesmo diante da

relevante valorização de espaços construídos, as cidades brasileiras não apresentavam os

inúmeros problemas sociais que atualmente se fazem presentes, rebatendo diretamente de

forma negativa no Meio Ambiente, situação essa, que em muitos casos colocam a vegetação

como elemento estranho ao meio urbano, quando na verdade não o é.

Percebe-se que, mesmo frente à expansão urbana corrente, a vegetação enquanto

elemento estruturador da paisagem urbana não pode ser negada na cidade, mas deve fazer

parte dela. Em relação à necessidade do uso da vegetação no espaço urbano, Teixeira e Santos

(2007, p. 5) chama atenção no sentido de que,

A observação destes espaços evidencia a necessidade do uso da vegetação para enriquecimento da paisagem e da qualidade do meio ambiente. Torna-se necessário também, o estudo concreto da vegetação que presente nos lugares, deverá ser diferentemente tratada e revelada, pois é importante meio de estruturação espacial, de amenização climática, de orientação e identificação, de valorização das qualidades cênicas, da melhoria do ar e da conseqüente melhoria da qualidade de vida urbana. Através de sua diversidade de cores, estruturas, formas e dimensões, as espécies vegetais não são elementos acessórios, mas sim estruturadores do espaço urbano.

A vegetação vem conquistando aos poucos o espaço urbano brasileiro, tanto em

decorrência da monotonia das cidades quanto em conseqüência das necessidades ambientais

que se fazem presentes devido à expansão urbana e problemas dela decorrentes. Nas cidades

brasileiras a inserção do verde nos espaços urbanos é concomitante à evolução das funções

das praças (GOMES; SOARES, 2003).

2.2.1 Arborização urbana

A arborização urbana refere-se a um serviço público que proporciona à população

conforto ambiental, bem estar psíquico e psicológico, além de proporcionar beleza à paisagem

da cidade por diminuir a dominância do concreto e do asfalto. Ela introduz elementos

naturais, linhas suaves e orgânicas e proporciona identidade às ruas (BIONDI; ALTHAUS,

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2005 apud CADORIN et al 2008). Deve atingir objetivos de melhoria microclimática,

redução da velocidade do vento, diminuição de poluição atmosférica e sonora e de

ornamentação e ser realizada de maneira que haja compatibilidade entre os plantios e as obras

de infraestrutura urbana (MILANO, 1987).

Recomenda-se que uma única espécie não ultrapasse o total de 10 a 15% de

indivíduos arbóreos contidos em uma cidade. Em locais com plantios homogêneos, as árvores

correm o risco de se tornarem alvos fáceis de pragas e doenças, o que acarreta perdas para o

meio urbano. (BIONDI; ALTHAUS, 2005 apud CADORIN et al 2008).

Segundo Melo e Romani (2008) a diversificação de espécies arbóreas recomendadas

para o plantio deve ser selecionada de tal forma que propicie mais cor, visibilidade, conforto

térmico, alimento para a fauna e proteção, possibilitando ao usuário desfrutar de um ambiente

integrado à paisagem nativa, à conservação e à preservação da vegetação, bem como,

comprometendo-o com a responsabilidade social que tem em relação ao ambiente.

Uma arborização bem planejada reflete a preocupação com a qualidade do ambiente

urbano onde se busca a utilização dos benefícios ecológicos, econômicos e sociais que a

vegetação pode proporcionar na qualidade de vida dos usuários (MELO; ROMANI, 2008).

2.2.2 Vegetação nas praças públicas e suas funções ambientais

A praça pública destaca-se por ser um elemento de grande permanência nas cidades e

de grandes intencionalidades na estrutura urbana. Sua inserção nas cidades confere

características próprias de cada local, o que reflete diferentes traçados e composições

vegetais. (MELO; ROMANINE, 2008). Apresenta-se como elemento básico na configuração

e estruturação da paisagem urbana (LAMAS, 2004). Surgem como locais de lazer preferidos

da sociedade por estar associada à presença do verde em tais locais (GOMES; SOARES,

2003). Nesse sentido Gomes e Soares (2003, p. 27) enfatizam que,

Considera-se que devido à precariedade dos sistemas de lazer na maior parte das cidades brasileiras e à crescente dificuldade de acesso por parte de grande parcela da população, torna-se fundamental a conservação do verde nos diversos espaços públicos urbanos, pois somente desta forma pode-se conseguir garantir o mínimo de qualidade de vida à população.

Considerando que a praça enquanto espaço público constitui desde os seus

primórdios, um referencial urbano marcado pela convivência humana e que evoluem em suas

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funções juntamente com a inserção do uso de vegetação em seu espaço, daí concordamos com

Gomes (2007, p.16) ao afirmar que,

A praça pública, como local da convivência em comunidade e do cotidiano urbano, precisa ser priorizada na cidade para que assuma não somente o seu papel de área de lazer, mas, sobretudo, de área verde, contribuindo dessa forma como um aparelho importantíssimo na regulação do clima urbano. Nesse sentido, a presença da vegetação, principalmente através da arborização em espaços públicos, como as praças, os tornam mais atraentes e mais adequados à realização do lazer, especialmente nos horários diurnos, possibilitando a valorização da paisagem urbana, enriquecida substancialmente pela estética dos espaços livres públicos.

Os espaços públicos são resultantes e possibilitadores das relações sócioespacial

estabelecidas no meio urbano. Assim sendo, a praça enquanto espaço público deve

desempenhar a qualidade de uso comum ou coletivo, de livre acesso à população e não fazer

emergir uma representação estática e simplificada da “Natureza” no contexto urbano, sem

nenhuma continuidade com práticas sociais, que possam dar-lhe algum conteúdo e

significado.

Dentre as funções que as praças públicas desempenham na malha urbana, a função

ecológica ou ambiental mencionada por Leitão (2002), está diretamente relacionada à

presença de vegetação em tais espaços, permitindo condições de solo não impermeabilizado,

fauna mais diversificada, melhorias no clima da cidade e na qualidade do ar, água e solo.

No que se refere às contribuições da vegetação na atuação para a melhoria do meio

urbano, Gomes e Soares (2003), destacam como função da vegetação em espaços urbanos:

� Atuação na composição atmosférica - por meio da fixação de poeira e matérias residuais;

reciclagem de gases através de mecanismos fotossintéticos; ação purificadora por fixação de

gases tóxicos e depuração bacteriana e de outros microorganismos.

� Amortecimento dos ruídos – A vegetação atua como barreiras acústicas na redução dos

ruídos correntes na cidade.

� Equilíbrio entre solo, clima e vegetação - por meio da suavização de temperaturas

externas; conservação da umidade do solo atenuando sua temperatura; redução da velocidade

do vento; permeabilidade e fertilidade do solo; influência no balanço hídrico e abrigo para a

fauna local.

� Estético - destaca a valorização do aspecto visual e ornamental do espaço urbano, quebra

da monotonia da paisagem das cidades, caracterização de espaços que contribuem para

interação entre atividades humanas e o meio ambiente.

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Assim sendo, a perda das árvores nas ruas e praças tem consequências de longo

alcance para o ambiente urbano, tais como: aumento dos ruídos corretes nas ruas da cidade,

redução de mecanismos fotossintéticos, aumento de temperatura, redução de permeabilidade,

umidade e fertilidade do solo e fauna local, perda de conforto nos espaços de lazer e prazer

estético entre outros.

A instabilidade microclimática e as poluições atmosféricas, hídricas, sonora e visual

dos centros urbanos provocam distúrbios biológicos e psicológicos aos habitantes que podem

ser comprovadamente minimizados pelo uso adequado de vegetação nas cidades; desse modo

é essencial melhorar o planejamento e a manutenção da arborização em centros urbanos

(MILANO, 1987).

A vegetação urbana muita vezes é vista e incorporada na cidade apenas como um

embelezamento artificial. “Mesmo aqueles que procuram introduzir a natureza na cidade, na

forma de parques e jardins, frequentemente vêem a cidade como algo estranho à natureza e a

si mesmo como introdutores de um pedaço da natureza na cidade” (SPIRN, 1995, p. 21).

Cada ação numa parte do sistema produz perturbações em muitas outras, as quais,

por sua vez, podem iniciar novas mudanças, o que faz com que uma visão fragmentada dos

sistemas seja perigosa e cara. O efeito acumulativo de muita dessas mudanças e a maneira

como são percebidas, de formas isoladas, podem causar uma soma com consequências ainda

mais graves ao homem e ao espaço urbano como um todo.

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3 ANALISE DAS FUNÇÕES AMBIENTAIS DE PRAÇAS PÚBLICAS:

procedimentos metodológicos

Para análise das funções ambientais das praças públicas de Natal, enfatizamos:

localização, histórico, situação dos imóveis e classe de rendimento das quatro praças públicas

pesquisadas. Destacamos os métodos de procedimentos adotados na pesquisa e as respectivas

definições adotadas para classificar a situação das praças em relação à infraestrutura, estado

de conservação de elementos naturais e construído, estrutura e diversidade arbórea e sobre os

freqüentadores das praças.

Para escolha e caracterização dos bairros as quais as praças públicas pesquisadas

estão localizadas, utilizamos dos limites estabelecidos pela Prefeitura Municipal de Natal,

onde define bairro como [...] “um setor da cidade, com limites e forma geométrica legalmente

definidos, no qual se contatam elementos característicos que lhe são peculiares” (NATAL,

2007).

A escolha das praças públicas pesquisadas levou em conta estarem localizadas em

bairros com predominância de imóveis residenciais, considerando-se que em área

marcadamente residenciais as praças públicas dentre suas inúmeras funções indicam uma

maior relação dos moradores com tais espaços públicos.

Outro fator para a escolha é por estarem localizadas em bairros pertencentes à mesma

região administrativa e, no entanto, apresentarem situações socioeconômicas muito distintas,

sobretudo quanto a classe de rendimento. As características socioeconômicas da população

que utiliza um determinado espaço é um importante indicador na especificidade de uma praça,

pois, conforme Leitão (2002), cada praça ou parque atende a necessidades urbanísticas

específicas, tanto no que se refere à cidade quanto no que diz respeito às pessoas.

3.1 ESCOLHA DAS PRAÇAS

A pesquisa foi realizada especificamente em quatro praças: Augusto Leite, localizada

no bairro Barro Vermelho; Aristófanes Fernandes (Praça das Flores), em Petrópolis; Luis

Raimundo de Sousa, na Praia do Meio e a Praça; Mestre Francisco Valentini em Rocas (Mapa

1).

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Mapa 1: Localização dos bairros Barro Vermelho, Petrópolis, Praia do Meio e Rocas, Natal/RN. Fonte: Base cartográfica- SEMURB, 2008.

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3.1.1 Caracterização do bairro Barro Vermelho

O bairro Barro Vermelho está localizado na Região Administrativa Leste da cidade

de Natal, fazendo limite ao norte com o bairro de Cidade Alta/Tirol, ao sul com Lagoa Seca e

Alecrim, ao Leste com Tirol, a oeste com o Alecrim (Mapa 2). Faz parte da Zona Adensável

estabelecida no macrozoneamento da Lei Complementar n°. 082 de junho de 2007, que

dispõe sobre o Novo Plano Diretor de Natal (PDN/2007).

O bairro possui área total de 94,7 ha., com estimativa de 7.141 de população

residente e densidade demográfica de 75,41 hab/ha no ano de 2008. Atualmente conta com

três praças públicas distribuídas em sua área (NATAL, 2009) das quais a Praça Augusto Leite

foi selecionada para este trabalho (Mapa 2).

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Mapa 2 - Localização do bairro Barro Vermelho e Praça Augusto Leite Fonte: Base cartográfica- SEMURB, 2008.

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Barro vermelho é um dos mais recentes bairros de Natal. Anteriormente compunha

uma área de casas de veraneio distante do mar e da mata. Tinha grande importância para a

cidade como local de lazer, destacando-se em 1844, o atual Balde, como balneário e ponto de

Seresta. Após 1905, com o aparecimento de outros pontos de lazer pela cidade, Barro

Vermelho perde sua importância como local de lazer.

A área que corresponde ao Barro Vermelho passou a condição de bairro após o

desmembramento do bairro Lagoa Seca, pela Lei nº. 4.327, de 05 de abril de 1993, e

oficializada em publicação no Diário Oficial do estado em 07 de setembro de 1994.

Quanto à predominância de imóveis residenciais, destacamos que o referido bairro,

apresenta 83% de imóveis residenciais (Figura 1).

Figura 1 – Tipos de imóveis em percentagem nos bairros Barro Vermelho, Petrópolis, Praia do Meio e Rocas – (valores arredondados) Fonte: SEMURB, 2007 (Adaptado por GOMES, M. R. 2009)

Sobre os aspectos socioeconômicos do bairro, este apresenta um percentual de

população residente com renda mensal de 3% sem rendimento, 4% até um salário mínimo,

42% de três a dez salários mínimos, 51 % com mais de dez salários mínimos (Figura 2).

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Figura 2 – Rendimento da População em percentagem nos bairros Barro Vermelho, Petrópolis, Praia do Meio e Rocas – (valores arredondados) Fonte: SEMURB, 2007 (Adaptado por GOMES, M. R. 2009)

3.1.2 Caracterização do bairro Petrópolis

O bairro Petrópolis está localizado na Região Administrativa Leste da cidade de

Natal, fazendo limite ao norte com o bairro Rocas/Praia do Meio, ao sul Tirol, ao leste Areia

Preta/ Mãe Luíza e a oeste com Cidade Alta (Mapa 3). Faz parte da Zona Adensável

estabelecida no macrozoneamento da Lei Complementar n°. 082 de junho de 2007, que

dispõe sobre o Novo Plano Diretor de Natal (PDN/2007).

O bairro corresponde a uma área total de 77,63 ha. com estimativa no ano de 2008

para 6.699 de população residente e densidade demográfica 86,29 hab/ha. Atualmente conta

com quatro praças públicas distribuídas em sua área (NATAL, 2009), das quais a Praça

Aristófanes Fernandes foi selecionada para este trabalho (Mapa 3).

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Mapa 3- Localização do bairro Petrópolis e Praça Aristófanes Fernandes. Fonte: Base cartográfica- SEMURB, 2008.

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Em 1901, Petrópolis e Tirol correspondiam ao terceiro bairro da cidade de Natal,

conhecidos como bairro Cidade Nova. A área era ocupada por vivendas, quitandas e granjas.

Posteriormente em 1904, criam-se os bairros de Petrópolis e Tirol, representando a primeira

forma de ordenamento urbano de Natal. Atualmente faz parte de uma área da cidade com

grande concentração de empreendimentos de luxo e de alto padrão imobiliário.

Petrópolis passa a condição de bairro pela Lei n.º 251 de 30 de setembro de 1947

com posterior redefinição de seus limites na Lei nº. 4.330, de 05 de abril de 1993, oficializada

quando da sua publicação no Diário Oficial do Estado em 07 de setembro de 1994 (NATAL,

2007).

Quanto à predominância de imóveis residenciais, o referido bairro, apresenta 68,%

de seus imóveis residenciais (Figura 1).

No quesito classe de rendimento da população residente, podemos destacar que 3%

não possuem rendimento, 6% com até um salário mínimo, 31% de três a dez salários

mínimos, 60 % com mais de dez salários mínimos (Figura 2).

3.1.3 Caracterização do bairro Praia do Meio

O bairro Praia do meio está localizado na Região Administrativa Leste da cidade de

Natal, fazendo limite ao norte com o bairro de Santos Reis, ao Sul com Areia Preta e

Petrópolis, ao leste Oceano Atlântico e a Oeste com Rocas (Mapa 4). Faz parte da Zona

Adensável estabelecida no macrozoneamento da Lei Complementar n°. 082 de junho de 2007,

que dispõe sobre o Novo Plano Diretor de Natal (PDN/2007).

O bairro corresponde a uma área total de 48,93ha., com um total estimado de 4.764

população residente e densidade demográfica 97,36 hab/ha no ano de 2008. Atualmente conta

com sete praças públicas distribuídas em sua área (NATAL, 2009) das quais a Praça Luís

Raimundo de Sousa foi selecionada para este trabalho (Mapa 4).

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Mapa 4 - Localização do bairro Praia do Meio e Praça Luís Raimundo de Sousa. Fonte: Base cartográfica- SEMURB, 2008.

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Antes conhecido como Ponta do Morcego, a área passa a se chamar Praia do Meio na

ocasião da inauguração da primeira casa construída na Avenida Beira Mar, atual Avenida

Manoel Joaquim de Oliveira. O atual nome se deu em virtude da casa ficar entre a Ponta do

Morcego e a Praia do Forte. Posteriormente, com o avanço da população vinda das Rocas,

transpôs as areias dos morros, atingindo a antiga Ponta do Morcego e se espraiando até

Petrópolis. Vale salientar que o hábito de tomar banho no mar é mais marcante no final do

século 20, pois até então as praias natalenses era utilizada exclusivamente pelos pescadores.

Durante anos, a Praia do Meio foi local dos principais eventos ao ar livre da cidade, a

destacar o Hotel dos Reis Magos, marco na história da hotelaria da cidade do Natal desde a

década de 1960. Empreendimentos como bares, restaurantes, boates entre outros também se

instalavam no local. Mas com o passar do tempo, foi se transferindo para outro local, tendo,

inclusive, ocorrido o fechamento do hotel e a perda de investimentos na área.

Em 1991 o poder público dotou a praia de uma área de lazer. Quatro anos mais

tarde, em 1996, foi construído um deck de madeira de dois metros de largura, contornando a

Ponta do Morcego, oferecendo, do local, uma vista privilegiada do nosso litoral. Nessa área se

concentra bares, restaurantes, boates e uma ferinha de artesanato nos finais de semana. No

final de 2001, com o propósito de revitalizar as atividades que funcionam como suporte ao

lazer, realizou-se, a revitalização desta área da cidade.

O bairro apresenta tendências a verticalização e foco de interesse da iniciativa

privada em investir no local. Em 1993, o bairro teve seus limites definidos pela Lei nº. 4.328,

de 05 de abril de 1993, oficializada quando da sua publicação no Diário Oficial do Estado em

07 de setembro de 1994 (NATAL, 2007).

Quanto à predominância de imóveis residenciais, o bairro Praia do Meio apresenta

90% de seus imóveis residenciais (Figura 1).

Sobre os aspectos socioeconômicos do bairro, este apresenta um percentual de

população residente com renda mensal de 11% sem rendimento, 30% até um salário mínimo,

49% de três a dez salários mínimos, 10% com mais de dez salários mínimos (Figura 2).

3.1.4 Caracterização do bairro Rocas

O bairro Rocas está localizado na Região Administrativa Leste da cidade de Natal,

fazendo limite ao norte com o bairro de Santos Reis, ao Sul com Petrópolis/Ribeira, ao oeste

com a Ribeira (Mapa 5). Faz parte da Zona Adensável estabelecida no macrozoneamento da

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Lei Complementar n°. 082 de junho de 2007, que dispõe sobre o Novo Plano Diretor de Natal

(PDN/2007).

O bairro corresponde a uma área total de 66,1ha., com um total estimado de 11.061

população residente e densidade demográfica 167,34 hab/ha no ano de 2008. Atualmente

conta com sete praças públicas distribuídas em sua área (NATAL, 2009). Para tanto, teremos

como estudo de caso a Praça Mestre Francisco Valentini (Mapa 5).

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Mapa 5 - Localização do bairro Rocas e Praça Mestre Francisco Valentini Fonte: Base cartográfica- SEMURB, 2008.

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As Rocas é um dos mais antigos bairros da cidade de Natal. A princípio o atual

bairro correspondia a uma área de morada de pescadores. Após o ano de 1897, com a

contratação de operários pelo Porto e a necessidade de morarem próximo do local de trabalho,

acentua-se o crescimento da área e com posterior surgimento de pequenos comércios. É a

partir dos pescadores locais e operários das obras do porto que surge as Rocas, tornando-se

uma área atrativa a população pobre da cidade. O bairro se expandiu rapidamente, de maneira

desordenada e sem planejamento. Grande parte de suas ruas e calçadas são estreitas e de

difícil acesso aos veículos.

As Rocas somente passa a se definir como bairro a partir da Lei n.º 251/47 de 30 de

setembro de 1947, com posterior redefinição em seus limites pela Lei n.º 4.330, de 05 de abril

de 1993 e oficializada em publicação no Diário Oficial do estado em 07 de setembro de 1994

(NATAL, 2007).

Quanto aos tipos de imóveis o bairro apresenta 88% de seus imóveis residenciais

(Figura 1).

Sobre aspectos socioeconômicos do bairro podemos destacar a classe de rendimento

da população residente, com um percentual de 9% sem renda mensal, 25% da população com

renda mensal até um salário mínimo, 62% com três a dez salários mínimos, 4% com mais de

dez salários mínimos (Figura 2).

3.2 MÉTODOS DE PROCEDIMENTOS

A etapa de campo foi realizada nos meses de setembro e outubro de 2009 em dias e

horários diferentes da semana, buscando dados com finalidade de caracterizar as quatro praças

pesquisadas em termos de estrutura da vegetação, infraestrutura e estado de conservação dos

elementos naturais e construídos (Apêndice E), diversidade e estrutura de espécies arbóreas

plantadas (Apêndice F) e aplicação de questionários com os usuários das praças (Apêndice

G).

Foram realizadas no período entrevistas com os usuários das praças, com formulários

fechados e abertos, a fim de averiguar a relação da população de usuários e de moradores

locais com as praças, e a importância e conhecimento das funções ambientais das mesmas.

Para tanto, utilizamos de amostra probabilística, tendo como critério a repetição das respostas

dos entrevistados. Foram entrevistadas dez pessoas em cada praça. Na segunda fase, os dados

coletados foram interpretados através de análises quantitativa e qualitativa, relacionando os

resultados com a bibliografia.

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3.2.1 Caracterização física das praças

Para caracterização das praças foram considerados os itens que se seguem:

� Nome da praça: de acordo com a placa existente no local e caso não possuísse seria

obtido e/ou junto aos documentos online da SEMURB;

� Código: a cada praça foi atribuído um código identificador: Praça Augusto Leite (P01),

Praça Aristófanes Fernandes (P02), Praça Luis Raimundo de Sousa (P03), Praça Mestre

Francisco Valentini (P04).

� Localização: rua em que se localiza a praça.

� Bairro : bairro onde a praça está localizada;

� Última reforma: de acordo com a data registrada na placa de identificação da praça.

� Área total de cada praça: medida em m²;

� Número total de espécies arbóreas: Os indivíduos arbóreos foram classificados em

grupos de espécies;

� Área permeável: consideramos toda área não pavimentada e que permita a infiltração da

água. Para tanto, estimamos entre quatro classes: de 0 a 25%; de 25 a 50%; de 50 a 75%

e de 75 a 100%.

� Área verde: foi estimada com base na proporção de sombra das árvores projetadas sobre

o solo. Estimamos entre as classes: de 0 a 25%; de 25 a 50%; de 50 a 75% e de 75 a

100%.

� Adensamento da vegetação: partindo de observações nas praças, consideramos três

situações de adensamento nas praças: forte presença de árvores dominando a paisagem;

praça com árvores esparsa e praça sem árvores.

� Compactação da vegetação arbórea: foi observada a forma como se encontra a copa

das árvores das praças, para tanto consideremos: copa das árvores se tocando, formando

um dossel na maior parte da praça; copas de algumas árvores apenas se tocando e a maior

parte das árvores com suas copas isoladas e copas das árvores totalmente isoladas.

� Altura média da vegetação: foi estimada entre: acima de 5m; entre 3 e 5m; entre 1 e 3m;

abaixo de 1m.

O estado de conservação dos elementos naturais e construídos também foi levado em

consideração mediante observações no local. Os elementos construídos foram: gramado,

canteiros, árvores, arbustos e limpeza. Estes foram classificados quanto ao estado de

conservação em bom, razoável, ruim e inexistente. Para tanto, definimos:

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� Gramados:

- bom: apresentam-se bem vegetados, baixa incidência de plantas invasoras, sem folhas e

aparados;

- razoável: apresentam-se com média incidência de plantas invasoras, poucas folhas e

aparados;

- ruim: apresentam-se com alta incidência de plantas invasoras, muitas folhas e não aparados;

- inexistente: não apresentam nenhum tipo de cobertura com gramado.

� Canteiros:

- bom: com baixa incidência de plantas invasoras, sem folhas e com delimitação;

- razoável: com média incidência de plantas invasoras, com pequenas folhas e com

delimitação;

- ruim: alta incidência de plantas invasoras, com grandes folhas e sem delimitações;

- inexistência: não apresenta nenhum tipo de cobertura vegetal.

� Árvores e arbustos:

- bom: com podas de condução e limpeza, sem pragas e doenças;

- razoável: com podas de condução e limpeza, com pequena incidência de pragas e doenças;

-ruim: sem podas de condução e limpeza, alta incidência de pragas e doenças;

- inexistente: não apresentam nenhum tipo de árvore e arbusto.

� Limpeza:

- bom: sem lixo no passeio, no gramado ou nos canteiros;

- razoável: com pequena quantidade de lixo no passeio, no gramado ou no canteiro;

- ruim: com grande quantidade de lixo no passeio, no gramado e no canteiro;

- inexistente: não apresentam nenhum tipo de limpeza.

Quanto aos elementos construídos presentes na praça, foram levantados: bancos, vias

de circulação, equipamento para diversão infantil, equipamentos para esportes, espelhos

d’água, iluminação, sanitários, construções, lixeira, telefone público e outros elementos de

interesse. Em seguida consideramos o estado de conservação dos elementos entre:

- bom: todos com pintura em bom estado, sem remendos, e sem rachaduras;

- razoável: alguns apresentam pintura com pequenas manchas e/ou remendos e rachadura;

- ruim: todos com pintura estragada, com remendos e rachaduras;

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- inexistente: não apresenta o elemento arquitetônico em específico.

Ainda para caracterização das praças foi levantado à existência de comércio e

serviço, quantidade, estrutura (fixo ou ambulante), proprietário, localização (em relação à

praça) dias e período de funcionamento e a existência ou não de funcionários para cuidar da

praça.

3.2.2 Diversidade e estrutura arbórea das praças

Para caracterização da arborização nas quatro praças públicas selecionadas foi feito o

levantamento de todas as árvores com alturas superiores a 1m de altura, considerando que

plantas inferiores a esse valor apresentam grandes riscos de morte, sobretudo, pelas supostas

depredações que venham a sofrer. Para o levantamento estamos considerando árvores como

sendo uma planta lenhosa com mais de 4 m de altura, com tronco definido e copa ramificada

quando em seu estado adulto. (LORENZI et al., 2003).

A obtenção da altura das árvores foi feito por meio de estimativas e para medirmos o

diâmetro, usamos fita métrica. Em ambos os casos atribuímos quatro classes de classificação,

conforme proposto por Cestaro et. al. (2003). São elas:

� Altura (m) - classe 1: <2 m; classe 2: entre 2 e 6 m; classe 3: entre 6 e 10 m e classe 4:

>10 m.

� Diâmetro do tronco (cm) - classe 1: <5 cm; classe 2: entre 5 e 20 cm; classe 3: entre

20 e 50 cm e classe 4: >50 cm.

Quanto ao estado fitossanitário as árvores estão classificadas em quatro grupos

(CESTARO et al.,2003):

� Grupo 1 - Saudável: exuberante, desenvolvimento normal de ramos e da copa, copa com

formato regular, evidências de brotação e de reprodução, folhagem abundante e com

coloração verde intensa;

� Grupo 2 - Regular: copa com formação irregular ou sob poda drástica, mas com

brotação normal, quantidade normal de folhas;

� Grupo 3 - Fraca ou doente: sinais da presença de pragas (pulgões, lagartas, insetos...)

causando sérios danos à folhagem ou aos ramos/tronco, copa irregular e pouco densa;

� Grupo 4 - Definhando: árvore viva, mas sem folhas em período anormal.

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Foi observada a ocorrência de podas ou não nas árvores localizadas nas praças. Quanto

à ocorrência de podas, estas estão separadas em três grupos:

� Condução: quando realizada para retirada de ramos secos, doentes ou mal formados, sem

alterar a estrutura típica da espécie;

� Drástica: quando realizada para retirada de ramos grossos, alterando a estrutura da

espécie;

� Inexistente: não apresenta sinais de poda.

Além desses, também foram feitos levantamentos sobre o local onde as árvores estão

localizadas, considerando tais aspectos:

� Local adequado – visualmente a árvore se encontra em um local apropriado ao seu

desenvolvimento fisionômico;

� Atrapalha pedestre – visualmente é possível observar que a forma e o local onde a

árvore se encontra na praça atrapalham a passagem do pedestre;

� Quebra de calçada – visualmente percebe que as calçadas se encontram quebradas

devido ao a má localização e porte da árvore não proporcional ao local;

� Sinais de vandalismo: as árvores observadas apresentam pichações e aglutinação de

resíduos sólidos entre outros do tipo.

Para identificação e classificação das espécies arbóreas foi observada à planta e caso

não fosse possível sua identificação no local, recolhia-se uma folha e/ou ramo e fotos para

posterior identificação com base na leitura específica, além de consulta ao professor

orientador da pesquisa. Após a identificação, as espécies foram separadas em três grupos,

quanto à procedência, conforme proposto por Santos, Bergallo e Rocha (2008):

� Nativas: quando apresenta uma ocorrência natural em determinado bioma ou em

determinada região de um bioma;

� Exóticas: quando vem de outro bioma;

� Não identificadas: plantas que não foram identificadas até o momento.

3.2.3 Sobre os frequentadores das praças

Além dos aspectos referentes à infraestrutura nas praças, também foram levantados

dados a respeito dos seus freqüentadores, a fim de verificar como a população de usuários e

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39

de moradores locais interagem com as praças. Os dados foram obtidos junto às pessoas

presentes nas praças.

Foram aplicados 10 questionários com perguntas abertas e fechadas, em dias e

horários diferentes da semana em cada praça. Utilizamos amostra probabilística, tendo como

critério a repetição das respostas dos entrevistados, somando um total de 40 questionários.

Com a aplicação dos questionários aos utilitários, sobretudo com as perguntas abertas,

pretendeu-se avaliar o grau de importância e de conhecimento das funções ambientais ligadas

diretamente a vegetação por parte da população usuária e residente nas proximidades das

praças.

� Sexo dos freqüentadores: masculino ou feminino;

� Faixa etária: de 0-14 anos; de 15-39 anos; de 40-59 anos; de 60 anos ou mais.

� Ocupação: referente ao tipo de trabalho ou profissão que o entrevistado exerce ou

exerceu.

� Frequência a praça:

- Costuma vir com freqüência: freqüenta a praça pelo menos uma vez durante a semana;

- Ocasionalmente: quase nunca freqüenta a praça;

- Está de passagem: não é freqüentador da praça, apenas estava de passagem.

� Horário que frequenta a praça: manhã, tarde, noite.

� Sobre a opção de horário: pergunta aberta para o entrevistado sobre os motivos da

escolha do horário que ele frequenta a praça.

� Forma de usos:

- Lazer ativo: quando a população pratica esportes, jogos com bola, caminhada e utilização de

“playground”;

- Lazer passivo: quando a população apenas contempla a paisagem, senta nos bancos para

conversar, pratica a leitura ou jogos de cartas e dominó entre outros.

� Companhia:

- Sempre sozinho: o entrevistado nunca vem acompanhado de outras pessoas a praça;

- Algumas vezes acompanhado: o entrevistado vai acompanhado de outras pessoas a praça;

- Sempre acompanhado: o entrevistado sempre está acompanhado de outras pessoas ao ir à

praça;

� Tempo de permanência na praça:

- Pouco: no máximo 30 min;

- Razoável: no máximo 1 h e 30 min.

-Muito: mais de 1 h e 30 min.

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� Procedência da população:

- Próxima: os utilitários residem próximos da Praça (distância no máximo 10 minutos de

caminhada);

- Distante: os usuários distam mais de 10 minutos de caminhada e/ou utiliza algum meio de

transporte.

� Bairro que reside: o mesmo bairro da praça, outro bairro.

� Acesso à praça:

- Fácil: com ponto de ônibus nas proximidades e fácil estacionamento para veículos;

- Difícil: sem ponto de ônibus nas proximidades e difícil estacionamento para veículos;

- não sabe: o entrevistado não sabe informar sobre.

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4 A VEGETAÇÃO EM PRAÇAS PÚBLICAS: os casos das praças

Este capítulo mostra os resultados obtidos no levantamento de campo, seguido de

algumas discussões.

4.1 CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DAS PRAÇAS ANALISADAS

Destacamos a atual situação em que se encontram as quatro praças pesquisadas em

termos de infraestrutura, estado de conservação dos elementos naturais e construídos, a

relação da população de usuários e moradores locais com as praças, importância e

conhecimento das funções ambientais por parte destes. Destacamos a diversidade (nome

popular, científico, família, procedência e porcentagem de cada espécie encontrada nas

praças), estrutura da vegetação (circunferência, altura, estado fitossanitário das espécies

arbóreas) bem como outros aspetos relevantes, tais como: tipo de poda, local adequado, se

atrapalha o pedestre e sinais de vandalismo.

4.1.1 Praça Augusto Leite

Está localizada no bairro Barro Vermelho na Rua Joaquim Fagundes. O seu entorno

apresenta forte presença de residências, condomínios verticalizados, comércio local e serviços

e apresenta-se de fácil acesso a população. Possui área total de 4.194 m² e área permeável

estimada entre 25 a 50%, área verde entre 0 a 25%, com um total de vinte e oito indivíduos

arbóreos distribuídos entre treze espécies arbóreas com altura média superior a 5 m.

As árvores presentes na praça se encontram de forma esparsa, com maior parte das

árvores com suas copas isoladas (Figura 3). A sua última reforma data do ano de 2007. Vale

ainda mencionar que a Praça Augusto Leite é uma das praças da cidade de Natal adotadas

pelo Programa “Adote o Verde” 3 da Prefeitura Municipal.

3 "Adote o Verde" é um programa da Prefeitura Municipal de Natal, onde empresas, associações, ONGs, entidades em geral e pessoas físicas podem adotar espaços públicos como parques e praças para cuidar de suas árvores, plantas e canteiros (NATAL, 2009).

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Figura 3: Praça Augusto Leite Foto: GOMES, M. R. set/2009.

A praça possui gramado (Figura 1 do Apêndice A), canteiros, árvores, arbustos todos

em bom estado de conservação. Encontra-se um funcionário da Prefeitura destacado para

atuar na praça cuidando da limpeza e da manutenção da mesma durante a semana. Possui

vinte bancos de alvenaria e vias de circulação, todos em estado de conservação razoável.

Equipamentos para diversão infantil (Figura 2 do Apêndice A) e equipamentos para esporte

em bom estado, a destacar a existência de uma quadra de esportes (Figura 3 do Apêndice A) e

equipamentos de ginástica4 (Figura 4 do Apêndice A). Boa iluminação, a contar com quinze

postes, sete lixeiras em estado de conservação razoável e um telefone público em bom estado.

Quanto ao espelho d’água existente, este se apresenta em estado ruim, pois a água possui

aspecto sujo com presença de resíduos sólidos.

Na praça existe um prédio onde seriam construídos os banheiros, mas que, no entanto

a obra se encontra parada. Apresenta uma cigarreira com ponto de comércio fixo em sua

periferia, onde encontramos: revistas, jornais, lanches entre outros. A cigarreira pertence a

particulares e funciona durante toda semana.

4 Os equipamentos de ginástica existentes na praça correspondem a Academia da Terceira Idade implantada na Praça Augusto Leite no ano de 2009 (NATAL, 2009).

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4.1.2 Praça Aristófanes Fernandes (praça das flores)

Localizada no bairro de Petrópolis na rua Des. Dionísio Filgueira c/ Rua Cel.

Joaquim Manoel. Corresponde a uma área central da cidade de Natal, onde oferece grande

quantidade de comércio e serviços, sobretudo na área de saúde. Possui no seu entorno forte

presença de condomínios verticalizados e apresenta-se de fácil acesso aos seus usuários.

Possui área total de 4.189 m², área permeável estimada entre 0 a 25%, área verde

entre 25 a 50%, com um total de vinte e quatro indivíduos arbóreos distribuídos entre nove

espécies arbóreas com altura média superior a 5 m. A praça apresenta forte presença de

árvores adultas dominando a paisagem, com as copas se tocando, formando um dossel na

maior parte de sua área (Figura 4). Apesar de aparentemente ter sido reformada há pouco

tempo, a praça não possui placa indicando data de inauguração de reforma. A Praça

Aristófanes Fernandes também é uma das praças da cidade de Natal que foi adotada pela

Programa “Adote o Verde”.

Figura 4 - Praça Aristófanes Fernandes Foto: GOMES, M. R. set/2009.

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A praça possui gramado (Figura 1 do Apêndice B), canteiros, árvores e arbustos,

todos em bom estado de conservação, a destacar a existência de um funcionário da Prefeitura

Municipal para limpeza e manutenção a durante a semana. Quanto à existência e conservação

dos elementos arquitetônicos, apresenta boa iluminação, a contar com quatorze postes, seis

bancos de alvenaria em estado de conservação razoável, vias de circulação, equipamentos de

esporte (Figura 2 do Apêndice B) ambos em bom estado, dois sanitários e quatro lixeiras

considerados razoável

Apresenta ponto de comércio fixo no centro de sua área, pertencente a particulares

que funciona durante toda semana (Figura 3 do Apêndice B) serviço bancário (figura 4 do

Apêndice B), ponto de taxi e apresenta-se de fácil acesso à população. Não possui

equipamentos para diversão infantil, espelho d’água, construções e telefone público

4.1.3 Praça Luís Raimundo de Sousa

Localizada no bairro Praia do Meio na Rua Pedro Afonso com a Rua Monte Carlos.

Possui em seu entorno residências, edifícios verticalizados e pequeno comércio local. Possui

área total de 2.936 m², área permeável estimada entre 0 a 25% e área verde entre 0 a 25% de

sua área total. Conta com um total de nove indivíduos arbóreos distribuídos entre três espécies

arbóreas, com altura média entre 3 e 5 m. As árvores encontram-se esparsas com suas copas

totalmente isoladas (Figura 5), logo, a maior parte de sua área permanece no sol nos horários

diurnos. No local, não existe placa com nome da praça e data de reforma. Conforme os

usuários a placa foi retirada por ato de vandalismo. A praça apresenta fácil acesso.

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Figura 5 - Praça Luis Raimundo de Sousa Foto: GOMES, M. R. out/2009.

As árvores e arbustos presentes na praça encontram-se em bom estado de

conservação. O gramado (Figura 1 do Apêndice C) e a limpeza são considerados ruins e não

possui canteiros. Não existe uma pessoa responsável para limpeza permanente da praça e não

possui lixeiras em sua área. A limpeza é feita pela Prefeitura Municipal da cidade de forma

ocasional ou pelos próprios moradores do bairro. Apresenta grande quantidade de lixo em sua

área (Figura 2 do Apêndice C).

A praça possui nove bancos de alvenaria em estado de conservação ruim, vias de

circulação e equipamentos para diversão infantil (Figura 3 do Apêndice C), ambos em

razoável estado de conservação. Equipamentos para esporte (Figura 4 do Apêndice C) e

iluminação em estado de conservação ruim, de modo que o último é feito apenas por um poste

que se encontra com as lâmpadas queimadas e quatro refletores na quadra de esporte (Figura 5

do Apêndice C). Não possui espelho d’água, sanitários, construções, lixeiras e telefone

público. Existe ponto um de comercio fixo na periferia da praça, pertencentes a particulares e

funciona durante toda semana, bem como três pontos de comércio sem estruturas no local

(Figura 6 do Apêndice C).

Apresenta maior movimentação nos horários de final da tarde e a noite, a destacar

que além de espaço de lazer, também é usada como ponto comercial por comerciantes

ambulantes, com venda de bebidas e lanches.

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4.1.4 Praça Mestre Francisco Valentini

Localizada no bairro Rocas na Rua Vila dos Ferroviários / Rua Pereira Simões a

praça Mestre Francisco Valentini possui seu entorno tipicamente residencial e com presença

de pequeno comércio local. Possui área total de 1.590 m², área permeável estimada entre 25 a

50% e área verde entre 25 e 50% de sua área total. Conta com um total de sete indivíduos

arbóreos distribuídos entre duas espécies, com altura média acima de 5 m. As árvores

encontram-se esparsas com suas copas totalmente isoladas (Figura 6), de modo que a maior

parte da praça permanece no sol nos horários diurnos.

Vale mencionar que a sua última reforma data de fevereiro de 2000. Apesar de não

encontrarmos placa no local indicando que é uma praça adotada pela campanha “Adote o

Verde”, os usuários e moradores locais afirmaram que a praça é adotada, mas a placa com

essa informação teria sido retirada por ato de vandalismo. A praça apresenta-se de fácil acesso

aos seus usuários.

Figura 6 - Praça Mestre Francisco Valentini Foto: CESTARO, nov./2009.

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Na praça, as árvores e arbustos presentes encontram-se em bom estado de

conservação. Possui gramado e a limpeza é considerada ruim, a destacar que não existe uma

pessoa responsável pela limpeza permanente da praça e não possui lixeiras em sua área. A

limpeza é feita pela Prefeitura Municipal da cidade de forma ocasional ou pelos próprios

moradores do bairro. A praça apresenta lixo em sua área (Figura 1 do Apêndice D).

A praça possui nove bancos de alvenaria em estado de conservação razoável, vias de

circulação e equipamentos para diversão infantil (Figura 2 do Apêndice D), ambos em bom

estado de conservação. A iluminação é feita por dois postes, mostrando-se insuficiente para

deixar a praça bem iluminada. Não possui espelho d’água, sanitários, construções, lixeiras,

equipamentos para esporte, telefone público e comércio ou serviços

A praça possui pouca movimentação, seus usuários são provenientes das ruas

adjacentes e alunos de uma escola Estadual próxima a esta. O horário de maior uso pela

população é no vespertino e no horário noturno, de modo que se encontra praticamente vazia

durante todo o horário da manhã.

4.2 DIVERSIDADE E ESTRUTURA DAS ESPÉCIES ARBÓREAS NAS PRAÇAS

Após o levantamento em campo, os dados foram analisados quantitativamente,

apontando os seguintes resultados: sessenta e oito indivíduos arbóreos distribuídos entre vinte

e uma espécies, onze famílias botânicas e um total de dez espécies nativas e onze espécies

exóticas (Tabela 1).

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Tabela 1 – Relação das espécies arbóreas encontradas nas Praças Augusto Leite (P01), Aristófanes Fernandes (P02), Luis Raimundo de Sousa (P03) e Mestre Francisco Valentini (P04), com o nome popular, científico, família, origem – Or (Nativa – N e Exótica – E) e suas respectivas porcentagens.

Nome vulgar Espécie Família Or P01 %

P02 %

P03 %

P04 %

Total %

Algodão-do-brejo Hibiscus tiliaceus Malvaceae E 3,57 4,16 55,55 0 10,29

Azeitona Syzygium cumini Myrtaceae E 0 4,16 0 0 1,47

Brasileirinho Erythrina indica Leg. Papilion E 0 8,33 0 0 2,94

Cajarana Spondias sp. Anarcadiaceae N 3,57 0 0 0 1,47

Cajueiro

Anacardium occidentale

Anarcadiaceae

N 3,57 0 0 0 1,47

Carnaubeira

Copernicia prunifera Arecaceae N 0 16,66 0 0 5,88

Cássia-amarela

Senna siamea Leg. Caesalp. E 0 0 0 42,85 4,41

Castanhola Terminália catappa Combretaceae N 3,57 4,16 11,11 0 4,41

Chuva de ouro Cassia fistula Leg. Caesalp. E 0 0 11,11 0 1,47

Coqueiro Cocos nucifera Arecaceae N 28,57 0 22,22 0 14,70

Craibeira Tabebuia áurea Bignoniaceae N 7,14 20,83 0 57,14 16,17

Espinheiro Pithecellobium dulci Leg.- Mimos. E 0 33,33 0 0 11,76

Gameleira Ficus calyptroceras Moraceae N 0 4,16 0 0 1,47

Jamboeiro Syzygium malaccense Myrtaceae E 3,57 0 0 0 1,47

Monguba Pachira aquática Bombacaceae E 3,57 0 0 0 1,47

Palmeira- leque-de-fiji

Pritchardia pacifíca Aracaceae E 3,57 0 0 0 1,47

Palmeira-rabo-de-peixe

Caryota urens Aracaceae E 0 4,16 0 0 1,47

Palmeira-imperial Roystonea sp. Aracaceae E 25 0 0 10,29

Pau-brasil Caesalpinia echinata Leg. Caesalp. N 3,57 0 0 0 1,47

Pau-d’arco-roxo Tabebuia inpetiginosa Bignoniaceae N 7,14 0 0 0 2,94

Sibipiruna Caesalpinia peltophoroides Benth.

Leg. Caesalp. N 3,57 0 0 0 1,47

Total 100, 00%

100, 00%

100, 00%

100, 00%

100, 00%

Fonte: Pesquisa de Campo, set/out - 2009.

Na Praça Augusto Leite foram encontrados 28 indivíduos arbóreos distribuídos em

13 espécies. Na Praça Aristófanes Fernandes foram encontrados vinte e quatro indivíduos

arbóreos distribuídos em nove espécies. Na Praça Luis Raimundo de Sousa, nove indivíduos

distribuídos em quatro espécies e na Praça Mestre Francisco Valentini, sete indivíduos

distribuídos em duas espécies.

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Na Praça Augusto Leite, as duas espécies encontradas em maior quantidade foram:

Cocus nucifera (Coqueiro) com 28,57 e Roystonea sp. (palmeira imperial) com 25 %. Na

Praça Aristófanes Fernandes, destaca-se a presença de Pithecellobium dulci (espinheiro) com

33,33%, Tabebuia áurea (craibeira) com 20,83% e Copernicia prunifera (carnaudeira) com

16,66%. Na Praça Luis Raimundo de Sousa, destaca-se Hibiscus tiliacues (algodão-do-brejo)

com 55,55%, e Cocos nucifer.(coqueiro) com 22,22%. Na Praça Mestre Francisco Valentini,

varia apenas duas espécies, Tabebuia áurea (craibeira) com 57,14% e Senna siamea (cássia

amarela) com 42,85%.

Dos sessenta e oito indivíduos arbóreos levantados, 51,47% são de espécies nativas e

48,52% exóticas. Estes percentuais encontram-se assim distribuídos nas respectivas praças:

Augusto Leite, 61% nativas e 39% exóticas; na Aristófanes Fernandes, 46% nativas, 54%

exóticas; Luis Raimundo de Sousa, 33% nativas, 67 exóticas; e Mestre Francisco Valentini,

57% nativas, 43% exóticas (Figura 7). Ao acentuado uso de espécies exóticas nas praças,

pode-se atribuir o maior conhecimento que se tem dessas espécies utilizadas para arborização,

sua maior facilidade de manejo, crescimento rápido e beleza ornamental.

Figura 7 - Procedência das espécies arbóreas em percentagem encontradas nas praças Augusto Leite, Aristófanes Fernandes, Luis Raimundo de Sousa e Mestre Francisco Valentini, Natal/RN – (Valores arredondados) Fonte: Pesquisa de Campo, set/out - 2009.

Um dos grandes problemas para a conservação da biodiversidade em ambientes

urbanos decorre do excessivo uso de espécies exóticas utilizadas no paisagismo das cidades,

acarretando graves efeitos negativos nos ambientes em que são introduzidas. A maioria das

espécies exóticas apresenta rápida proliferação em um novo local, ao mesmo tempo em que

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competem com espécies nativas, ou seja, representa uma ameaça, tendo em vista que afetam o

equilíbrio da flora e fauna locais, além de refletir de forma negativa na qualidade ambiental da

cidade e no bem-estar da população (SANTOS; BERGALLO; ROCHA, 2008).

A Praça Augusto Leite e a Praça Aristófanes Fernandes são as que possuem maior

número de espécies arbóreas, sendo encontradas treze e nove espécies respectivamente, porém

poucas estão bem representadas, pois a maioria está representada por apenas um ou dois

indivíduos no máximo. Na Praça Luis Raimundo de Sousa, tanto é baixa a diversidade de

espécies como a representação por indivíduos, exceto a espécie Hibiscus tiliacues (algodão-

do-brejo) que predomina na vegetação presente. Na Praça Mestre Francisco Valentini apesar

das espécies encontradas estarem bem representadas a considerar o tamanho de sua área,

existe pouca diversidade, pois apresenta apenas duas espécies arbóreas.

Assim sendo, vale destacar o trabalho realizado por Cestaro et al (2003), onde

podemos perceber que essa relação espécie e indivíduo arbóreo também se aplica quando

levamos em consideração não somente a praça, mas todo o bairro. Conforme Cestaro et al

(2003) no bairro de Petrópolis cinco espécies respondem por 48% dos indivíduos, enquanto

outras 26 espécies respondem por apenas 7% dos indivíduos levantados. Nas Rocas a

concentração é ainda maior, com cinco espécies respondendo por 68% dos indivíduos e outras

14 espécies compreendendo 7% dos indivíduos registrados. Quanto à presença de espécies

exóticas, destaca que Petrópolis apresenta 61% das espécies e Rocas com 67%.

A análise da distribuição do diâmetro do caule das árvores nos dá uma ideia da

estrutura etária do conjunto arbóreo. Essa informação se faz importante para que se possa

avaliar a idade das árvores e para planejar a substituição das que são maiores e/ou mais velhas

e que, por isso, oferecem um risco potencial à segurança da população.

Na Praça Augusto Leite, dos vinte e oito indivíduos arbóreos encontrados, as classes

diamétricas mostram maior percentual para árvores com diâmetro superior a 50 cm,

representando 64%, seguida da classe entre 20 e 50 cm com 32%; 4% entre 5 e 20cm e

nenhum indivíduo inferior a 5cm. Na Praça Aristófanes Fernandes, a maior frequência

diamétrica também se encontra na classe superior a 50cm, com 58%; 17% entre 20 e 50cm;

25% entre 5 e 20 cm, e nenhum indivíduo inferior a 5cm (Figura 8).

Na Praça Luis Raimundo de Sousa, a predominância é de árvores com circunferência

entre 20 e 50 cm, com 56% dos indivíduos encontrados; 33% superior a 50 cm; 11% entre 5 e

20cm e nenhum indivíduo com circunferência inferior a 5 cm. Já na Praça Mestre Francisco

Valentini, todos os indivíduos apresentam circunferência superior a 50 cm. Assim, sendo

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percebe-se que a maioria dos indivíduos arbóreos encontrados nas quatro praças pesquisadas

se trata de árvores adultas (Figura 8).

Figura 8 - Distribuição de frequência dos diâmetros dos troncos das árvores em percentagem nas Praças Augusto Leite, Aristófanes Fernandes, Luis Raimundo de Sousa e Mestre Francisco Valentini, Natal/RN. Fonte: Pesquisa de Campo, set/out - 2009.

Vale destacar que apesar de não termos feito levantamento de indivíduos arbóreos

inferiores a 1m de altura, a Praça Augusto Leite apresenta considerável número de árvores

nesse padrão, indicando plantação e/ou reposição de árvores na área. O mesmo não ocorre nas

outras três praças pesquisadas, onde não se observa a presença de indivíduos inferiores a 1m

de altura.

Com relação à altura dos vegetais arbóreos, a Praça Augusto Leite, apresenta 43%

das suas árvores com altura superior a 10m; 25% entre 6 e 10m; 29% entre 2 e 6m; 4%

inferior a 2m. Na Praça Aristófanes Fernandes, 50% dos indivíduos encontrados também

apresentam altura superior a 10m; 17% entre 6 e 10m; 33% entre 2 e 6m (Figura 9).

Na Praça Luis Raimundo de Sousa, 33% das árvores têm altura superior a 10m; 56%,

entre 2 e 6m, 11% inferior a 2m.. Na Praça Mestre Francisco Valentini, 57% das árvores

apresentam altura superior a 10m, 43% entre 6 e 10m. Para todos os casos é considerável a

presença de árvores de médio porte nas áreas estudadas (Figura 9).

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Figura 9 - Distribuição de frequência da altura dos indivíduos analisados em percentagem nas Praças Augusto Leite, Aristófanes Fernandes, Luis Raimundo de Sousa e Mestre Francisco Valentini, Nata/RN (Valores arredondados) Fonte: Pesquisa de Campo, set/out - 2009.

Todos os indivíduos arbóreos levantados nas quatro praças pesquisadas se encontram

em estado fitossanitário saudável. Dos sessenta e oito indivíduos arbóreos levantados, 91,18%

apresentam podas de condução; 8,82% não apresentam podas, correspondendo a alguns

coqueiros e palmeiras. Apesar das árvores não apresentarem podas drásticas que possam

causar danos às árvores, vale destacar que as podas das árvores nas praças Raimundo Luis de

Sousa e Mestre Francisco Valentini são realizadas pelos próprios moradores vizinhos, de

modo que esse serviço é raramente realizado pela Prefeitura Municipal.

Podemos destacar como aspecto positivo das árvores dispostas nas praças

pesquisadas, o fato de que, todas as espécies arbóreas levantadas, encontram-se em locais

adequados ao seu desenvolvimento fisionômico, não atrapalham pedestres, não apresentam

quebra de calçadas e nem significativos sinais de vandalismo. Para este último um percentual

de 2,94 de indivíduos arbóreos apresentam algum sinal de vandalismo, especificamente na

Praça Luis Raimundo de Sousa.

A forma como as árvores estão dispostas nos espaços públicos são fundamentais no

planejamento arbóreo, pois freqüentemente as atividades e os modismos humanos se opõem e

ignoram os processos naturais, sobretudo no arranjo e localização das plantas, mantendo-as

em locais inadequados ao seu desenvolvimento fisionômico, dificultando a sua sobrevivência

na cidade. As principais conseqüências desta realidade podem ser destacadas pela maior

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vulnerabilidade a ocorrência de pragas, doenças e escassa oferta de alimentos e abrigo para

fauna local

4.3 INTERAÇÃO E USO DAS PRAÇAS PELOS UTILITÁRIOS E POPULAÇÃO LOCAL

Na Praça Augusto Leite, 40% dos entrevistados são usuários que moram em Barro

Vermelho, 50% são moradores de outros bairros da cidade e 10% não residem em Natal

(Figura 10). De modo que 60% declararam morar próximos da praça e considerá-la de fácil

acesso, bem como os entrevistados que moram distantes da praça e utilizarem algum meio de

transporte para chegar até o local, o correspondente a 40%.

Figura 10 - Procedência dos usuários em percentagem das praças Augusto Leite, Aristófanes Fernandes, Luis Raimundo de Sousa e Mestre Francisco Valentini, Nata/RN (Valores arredondados) Fonte: Pesquisa de Campo, set/out - 2009.

A Praça Aristófanes Fernandes é frequentada, sobretudo por moradores de outros

bairros, de modo que 90% dos entrevistados residem em outros bairros da cidade, a destacar

que destes, 77,7% são moradores do bairro Mãe Luiza5. Vale salientar que nem um dos

entrevistados reside no bairro de Petrópolis e que 10% não moram na cidade de Natal (Figura

10).

5 O bairro faz parte da zona leste de Natal e faz limite com o bairro de Petrópolis. Teve sua área transformada em Área Especial de Interesse Social – AEIS, pela Lei nº. 4.663, de 31 de julho de 1995, publicada no Diário Oficial do Estado em 02 de agosto de 1995.

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De modo geral os usuários da praça são os adolescentes que estudam em uma escola

estadual localizada próxima, moradores do Bairro de Mãe Luiza que utilizam, sobretudo, os

equipamentos de exercício, os taxistas, as pessoas que procuram o comércio e os serviços

localizados na praça e também se apresenta como local de passagem.

Dos usuários entrevistados, 70% declararam morar próximos da praça e considerá-la

de fácil acesso. O mesmo se aplica os usuários que declaram morar distante da praça e

utilizarem algum meio de transporte para chegar até o local, especificamente 30% dos

entrevistados.

Na Praça Luis Raimundo de Sousa todos os entrevistados são moradores de Natal,

especificamente do Bairro Praia do Meio, em ruas adjacentes a praça e frequentimente

considerá-la de fácil acesso (Figura 10).

Na Praça Mestre Francisco Valentini todos os entrevistados residem na cidade de

Natal, de modo que 90% destes são usuários que moram no bairro Rocas e 10% residem em

outro bairro da cidade Natal (Figura 10). 90% dos entrevistados declararam morar próximo da

praça e 10% distante e utilizarem algum meio de transporte para chegar até o local. Todos

consideram a praça de fácil acesso.

Os usuários da Praça Augusto Leite variam entre crianças, adolescentes, adultos e

idosos. A maioria dos entrevistados, ou seja, 60% deles costumam fazer uso da praça com

freqüência, seja para lazer ativo, 70% ou passivo, 20% e ainda para os dois tipos de lazer,

10% (Figura 11). A destacar que 40% dos entrevistados declararam permanecer na praça por

muito tempo, 50% por tempo razoável e 10% por pouco tempo.

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Figura 11 - Tipo de lazer pelos usuários em percentagem das praças Augusto Leite, Aristófanes Fernandes, Luis Raimundo de Sousa e Mestre Francisco Valentini, Nata/RN Fonte: Pesquisa de Campo, set/out - 2009.

Na Praça Aristófanes Fernandes, seus usuários são adolescentes e adultos, sobretudo

do sexo masculino. A maioria dos entrevistados, 80% costuma fazer uso da praça com

freqüência, seja para lazer ativo, 60% ou passivo, 40% (Figura 11). A destacar que 30% dos

entrevistados declararam permanecer na praça por muito tempo, 40% por tempo razoável e

30% por pouco tempo.

Na Praça Luís Raimundo de Sousa, seus usuários são crianças, adolescentes, adultos

e idosos. De modo que 100% dos entrevistados afirmaram fazer uso da praça com freqüência,

sobressaindo o uso de lazer passivo com 60%, ativo 10%, ativo/passivo 20% e 10% com

outras formas de uso, especificamente para trabalho como vendedor (Figura 11). Quanto ao

tempo de permanência na praça, 40% declararam permanecer por muito tempo, 60% por

tempo razoável.

Na Praça Mestre Francisco Valentini, seus usuários são crianças, adolescentes,

adultos e idosos. De modo que 80% dos entrevistados afirmaram fazer uso da praça com

frequência e 20% de forma ocasional. A acrescentar que sobressai o uso de lazer passivo com

80% e 20% que variam entre ativo e passivo (Figura 11). Vale destacar, que o uso do lazer

ativo esta relacionado ao ato de alguns usuários jogarem bola na praça mesmo essa não

possuindo espaço para isso. Quanto ao tempo de permanência na praça, 30% declararam

permanecer por muito tempo, 40% por tempo razoável e 30% por pouco tempo.

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Quanto à escolha ou preferência de horário que frequenta a praça os entrevistados da

Praça Augusto Leite apontam para um percentual de 30% com preferência pelo horário da

manhã, por ser um horário de temperatura mais amena6; 30% com preferência pelo horário da

tarde, variando em virtude de outras atividades que desempenham durante o dia e 10% variam

entre dois horários, manhã e tarde, também em virtude da temperatura mais agradável. E 30%

com preferência pelo horário da noite, preferência essa ligada diretamente a horários mais

convenientes em virtude de outras atividades que desenvolvem durante os outros turnos

(Figura 12).

Figura 12 - Preferência de horário em percentagem no uso da Praça Augusto Leite Fonte: Pesquisa de Campo, set. - 2009.

Na Praça Aristófanes Fernandes , quanto à escolha ou preferência de horário em que

frequenta a praça, os entrevistados apontam para um percentual de 50% com preferência pelo

horário da manhã, 20% com preferência pelo horário da tarde e 20% reversão entre dois

turnos, todas as preferências ligadas diretamente a horários mais convenientes em virtude de

outras atividades que desenvolvem durante os outros turnos. E 10% com preferência pelo

horário da noite, por ser um horário de temperatura mais amena (Figura 13).

6 Segundo os entrevistados, temperatura amena nos horários da manhã e da tarde está relacionada especificamente até as 9h e após as 16h do dia.respectivamente.

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Figura 13 - Preferência de horário em percentagem no uso da Praça Aristófanes Fernandes. Fonte: Pesquisa de Campo, set/2009.

Na Praça Luis Raimundo de Sousa os usuários entrevistados apontara para um

percentual de 60% com preferência pelo horário da tarde para frequentar a praça, por a

temperatura ser mais amena; 10% por desempenhar outras atividades durante o dia; 30%

variam entre dois horários por outros motivos, entre eles, a praça ser próximo de casa (Figura

14).

Figura 14 - Preferência de horário em percentagem no uso da Praça Luis Raimundo de Sousa Fonte: Pesquisa de Campo, out.- 2009.

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Quanto à escolha ou preferência de horário em que frequentam a praça, os

entrevistados da Praça Mestre Francisco Valentini apontaram um percentual de 10% com

preferência pelo horário da manhã por considerar o horário menos perigoso (outros motivos);

10% pelo horário da tarde por a temperatura está mais amena; 30% com preferência pelo

horário da noite, preferência essa ligada diretamente a horários mais convenientes em virtude

de outras atividades que desenvolvem durante os outros turnos. E 50% frequentam a praça

pelo menos dois turnos durante o dia, por motivos particulares ou pessoais, o que chamaremos

de outros motivos (Figura 15).

Figura 15 - Preferência de horário em percentagem no uso da Praça Mestre Francisco Valentini Fonte: Pesquisa de Campo, out - 2009.

Para os usuários entrevistados da Praça Augusto Leite, 40% destes, os motivos que

levam a frequentar a praça estão diretamente relacionados ao uso de equipamentos

arquitetônicos, sobretudo os aparelhos de ginástica e de outros equipamentos de esporte; 40%

está relacionado ao ambiente agradável e 20% outros motivos, como a não existência praça no

bairro onde mora (Figura 16).

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Figura 16 - Motivos em percentagem pelo qual os usuários freqüentam as praças Augusto Leite, Aristófanes Fernandes, Luis Raimundo de Sousa e Mestre Francisco Valentini, Nata/RN. Fonte: Pesquisa de Campo, set/out - 2009.

Na Praça Aristófanes Fernandes 70% dos usuários entrevistados freqüentam a praça

em virtude dos equipamentos arquitetônicos para lazer ativo ou passivo, 10% pelo ambiente

agradável que a praça oferece e 20% por outros motivos (Figura 16).

Na Praça Luis Raimundo de Sousa, conforme os usuários entrevistados, para 70%

destes, os motivos que levam a freqüentarem a praça estão relacionados ao uso de

equipamentos arquitetônicos, seja para lazer ativo ou passivo; 10% estão relacionados ao

ambiente agradável que a praça oferece e os outros 20% por outros motivos (Figura 16).

Na Praça Mestre Francisco Valentini, 80% dos usuários entrevistados apontara

freqüentar a praça pelo uso de equipamentos arquitetônicos para lazer passivo, sobretudo,

conversa com amigos, 10% está relacionado ao ambiente agradável que a praça oferece e os

outros 10% por outros motivos (Figura 16).

Em relação aos aspectos positivos, 90% dos entrevistados da praça Augusto Leite

destacara no mínimo um tipo de equipamento arquitetônico em geral utilizados para o lazer

ativo, tais como playground, equipamentos de ginástica e quadra de esporte. Desses apenas

40% mencionaram entre os pontos positivos alguns aspectos relacionados a funções

ambientais ou ecológicas da praça, a exemplo, clima agradável e presença de vegetação. E

10% estão diretamente relacionados a outros motivos como, boa manutenção e limpeza da

praça.

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Em relação aos pontos negativos, 30% dos entrevistados destacam o reduzido

número de árvores e a forma espaça como estas estão dispostas na praça; 30% apontam para

mais manutenção; 30% apontam outros motivos, como falta de segurança e 10% não

souberam responder (Figura 17).

Figura 17 - Aspectos negativos em percentagem mencionados pelos usuários das praças Augusto Leite, Aristófanes Fernandes, Luis Raimundo de Sousa e Mestre Francisco Valentini, Nata/RN. Fonte: Pesquisa de Campo, set/out - 2009.

Na Praça Aristófanes Fernandes, 90% dos usuários entrevistados destacaram como

pontos positivos da praça no mínimo dois aspectos relacionados a funções ambientais ou

ecológicas da praça, tais como: forte presença de vegetação, bem arborizada, sombra, clima

agradável, presença de fauna (pássaros e insetos), esteticamente bonita e ambiente agradável

para lazer. Para os pontos negativos, 30% apontam para falta de manutenção, 40% outros

motivos, como falta de segurança, 20% não mencionaram pontos negativos, 10% não

souberam responder (Figura 17).

Na Praça Luís Raimundo de Sousa, 100% dos entrevistados destacaram entre os

pontos positivos a presença dos equipamentos arquitetônicos para lazer ativo ou passivo. Para

o lazer ativo, o correspondente a 60% onde são destacados playground e a quadra de esporte,

no passivo 40% destacando a praça como local de conversa com os amigos. Em relação aos

pontos negativos, 90% apontam para falta de manutenção, destacando a falta de limpeza da

praça e 10% apontam outros motivos como a falta de segurança (Figura 17).

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Na praça Mestre Francisco Valentini, 50% dos usuários entrevistados destacam como

aspecto positivo da Praça os equipamentos arquitetônicos para lazer ativo ou passivo. No

lazer ativo, o correspondente a 20% onde são destacados playground, no passivo 30%

destacando os bancos para sentar e conversar com os amigos. Para os aspectos negativos, 20%

apontam para falta de manutenção; 60% outros motivos, como violência e falta de segurança;

10% não mencionaram pontos negativos e 10% a falta de equipamentos para lazer (Figura

17).

A respeito do reconhecimento das espécies arbóreas dispostas na praça, 100% dos

utilitários da Praça Augusto Leite, os entrevistados mencionaram no mínimo duas espécies

arbóreas por seu nome popular, entre elas o coqueiro, cajueiro, palmeira, castanhola e jambo.

Quanto à presença de animais na praça, 40% dos entrevistados declararam presença de animal

na praça, especificamente, pássaros e 60% não terem presenciado animais na praça.

Na Praça Aristófanes Fernandes, os usuários mostraram ter dificuldade em

reconhecer as árvores presentes, sendo que 50% dos entrevistados declararam não saber o

nome popular de nenhuma delas e 40% mencionaram conhecer apenas a castanhola, e 10%

citaram mais de três espécies por seus nomes populares, tais como, castanhola, espinheiro e

brasileirinho. Quanto à presença de animais na praça, apenas 20% dos entrevistados

declararam não ter presenciado animais na praça, enquanto que 80% declararam a presença de

animais na praça, especificamente, pássaros, pombos e insetos.

Na Praça Luis Raimundo de Sousa, 70% dos utilitários mencionaram pelo menos

uma espécie arbórea por seu nome popular; 30% afirmaram não conhecer nem uma das

espécies de árvores presentes. Quanto à presença de animais na praça, 100% dos entrevistados

declararam presença de animal, especificamente, animais domésticos, tais como cachorro e

gato.

Na Praça Mestre Francisco Valentini, 100% dos utilitários mencionou não conhecer

nem uma das espécies arbóreas presente na praça. Quanto à presença de animais na praça,

70% dos entrevistados declararam presença de animal, sendo que destes 42,85%

mencionaram pássaros, 57,14% variando entre cavalo, cachorro e gato. E 30% não terem

presenciado animais na praça.

Conforme visto, dentre as quatro praças, a Augusto Leite apresenta maior número e

diversidade de indivíduos arbóreos. Trata-se de um espaço livre bem dotado de equipamentos

arquitetônicos para lazer, atraindo além dos moradores locais, residentes de outros bairros

vizinhos, sobretudo pelos equipamentos para lazer ativo. Mas esse não é um fator que tem

garantido o uso efetivo da praça na maior parte do tempo nos horários diurnos, de modo que a

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concentração de usuários acontece no início da manhã, final da tarde e noite. Vale ressaltar

que nesses horários existe grande concentração de usuários e nos outros horários a praça se

encontra vazia.

Esse fato pode está relacionado não somente a outras atividades que seus usuários

desempenham durante o dia e sim também à quantidade e a forma como a vegetação se

encontra na praça, de forma esparsa, permanecendo a maior parte do tempo no sol em

horários diurnos. Ainda a destacar a pequena porcentagem de área permeável, tornando a

praça ainda mais quente em tais horários e inviável para a população fazer uso de tal espaço,

seja para lazer ativo ou passivo.

Ao que parece, a importância da vegetação em tais espaços não é bem perceptível

aos seus usuários. Apesar do conhecimento que eles têm de algumas espécies de vegetais, não

percebem que a praça poderia ser melhor utilizada enquanto espaço de convívio social, se a

vegetação além de esteticamente atraente, estivesse de forma a visiabilizar os usos durante os

horários diurnos, além de se apresentar como um ambiente atrativo a fauna em ambientes

urbanos.

Na Praça Aristófanes Fernandes, apesar das espécies arbóreas estarem pouco

representadas em número de indivíduos, apresenta considerável número árvores.

Diferentemente das outras três praças pesquisadas, apresenta considerável número de árvores

adultas com copas se tocando, o que mantêm boa parte de sua área na sombra em horários

diurnos. Apresenta pouca movimentação e estruturalmente voltada para o lazer passivo, mas é

notória a presença de usuários durante todo o dia independente de horário.

A estrutura e a forma como a vegetação está disposta na praça oferece condições

para que seus usuários a utilizem mesmo nos horários mais quentes do dia. Apesar de possuir

pouca área permeável, se trata de um ambiente bem ventilado e que apresenta grande número

de pássaros e insetos em sua área, perceptível aos olhos da maioria de seus usuários.

Mesmo sendo uma praça com boa infraestrutura, esteticamente bonita e, sobretudo,

possuir vegetação que proporciona um ambiente mais agradável ao lazer, a mesma não é

frequentada por moradores do bairro de Petrópolis e sim por moradores de outros bairros,

sobretudo por moradores do Bairro de Mãe Luisa. Na concepção de seus usuários, os aspectos

que levam a frequentarem a praça também estão ligados especialmente a presença de

equipamentos arquitetônicos. Apesar de seus usuários perceberem a vegetação presente na

praça como um ponto positivo, a maioria não consegue assimilar a relação que existe entre a

vegetação presente e a utilização da praça por parte destes por mais tempo durante o dia.

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A Praça Luis Raimundo de Sousa está localizada em um bairro de menor classe de

rendimento quando comparado com as praças Augusto Leite e Aristófanes Fernandes.

Apresenta pouca área permeável, poucos indivíduos arbóreos e pouca diversidade em

espécies. As poucas árvores existentes se encontram totalmente esparsas o que torna

praticamente impossível o uso pela população em horários diurnos, de modo que seu uso

ocorre, sobretudo, no final da tarde e a noite. A frequência de seus usuários está ligada

principalmente aos equipamentos arquitetônicos que a praça dispõe.

É dotada de equipamentos para lazer ativo e passivo em precárias condições de

infraestrutura, mas que ainda sim, aparece como espaço público onde os moradores locais

mantêm forte ligação com a praça. Está aparece como uma extensão da casa de seus usuários

no cotidiano urbano. Além de espaço de lazer para população local, também se apresenta

como espaço para comercialização, por vendedores ambulantes que utilizam a área para se

encontrarem com os amigos e como local de trabalho, já que se trata de um local bem

movimentado.

Conforme visto, um dos problemas que a praça apresenta é a falta de manutenção e

violência, a despertar grande insatisfação por parte de seus usuários. Outro fato é a presença

de animais não silvestres no interior da praça.

A maioria de seus usuários mostrou ter conhecimento das espécies de vegetais

dispostas na praça, no entanto não a percebem como um elemento positivo na estrutura da

praça e que está deixa muito a desejar tanto em termos de elementos naturais e construídos.

A Praça Mestre Francisco Valentini também localizada em bairro de baixa classe de

rendimento, é a que apresenta menor número de indivíduos arbóreos e menor diversidade de

espécies, que por sua vez também se encontram de forma esparsa, mas que ainda sim permite

que boa parte de sua área permaneça na sombra em horários diurnos, além de apresentar

considerável a porcentagem de área permeável.

Apesar da existência de poucos equipamentos arquitetônicos para lazer, os poucos

que existem encontram-se em bom a razoável estado de conservação. Sua movimentação está

mais concentrada em horários do final da tarde e noite, predominado o lazer passivo. Seus

usuários estabelecem estreita relação cotidiana com a praça e com os demais usuários, sendo

estes predominantemente residentes no mesmo bairro da praça. A respeito do reconhecimento

das espécies arbóreas dispostas, todos os usuários entrevistados mostraram desconhecer

completamente as espécies presentes na praça.

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Um fator bem destacado entre os entrevistados é a falta de manutenção e segurança

na praça, sendo este último um fator decisivo para que a população local faça pouco uso da

mesma, por considerá-la um local violento, sobretudo à noite.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base nos levantamentos de campo e as leituras sobre a temática em pauta,

observa-se que em muitos casos existe uma falta de interesse de órgãos públicos e até mesmo

da população no sentido de conhecer a fundamental importância que a vegetação desempenha

nos espaços públicos. Desconhecem ou até mesmo ignoram as contribuições da vegetação na

atuação para a melhoria do meio urbano.

Mesmo nas áreas onde se dispõem de considerado número de espécies arbóreas, a

exemplo da Praça Augusto Leite, estas estão muitas mais voltadas para a estética do ambiente

do que para condições que permita a vegetação desempenhar suas inúmeras funções, tornando

a praça mais adequada e ampliando as funcionalidades desses espaços para lazer.

De acordo com os dados da pesquisa, percebe-se que as maiores carências tanto em

infraestrutura como na presença de vegetação, se encontram nas praças localizadas nos bairros

de menor classe de rendimento, especificamente nas praças Luis Raimundo de Sousa e Mestre

Francisco Valentini nos bairros Praia do Meio e Rocas respectivamente. A pesquisa aponta

para uma possível correlação entre o nível socioeconômico do bairro e a presença de

equipamentos arquitetônicos, bem como a vegetação dispostas nas praças.

A praça enquanto expressão pública da cidade deve exercer a função insubstituível

de aglutinador do encontro e da sobrevivência, firmando-se como parte e extensão do

cotidiano urbano. Sua visibilidade e funcionalidade estão ligadas não somente aos seus

equipamentos arquitetônicos, mas a vegetação disposta nesses locais. Assim sendo, estes entre

outros aspectos nos permite reafirmar a praça como espaço livre público potencial para

melhoria da qualidade de vida no meio urbano.

Assim sendo, cabe aos órgãos públicos responsáveis pelo planejamento de tais áreas,

a função de distribuir regulamente as praças ao longo da malha urbana, sem a preocupação de

beneficiar as classes sociais de maior poder aquisitivo, renegando as camadas populares. A

destacar que é especialmente a população de menor poder aquisitivo que necessita de espaços

de lazer que garanta o mínimo de qualidade de vida, considerando que suas condições

financeiras os impossibilitam de usufruírem dos inúmeros ambientes de lazer particulares

existente na cidade.

Dotar os espaços públicos de lazer de equipamentos de infraestrutura urbana e

cobertura arbórea suficiente para garantir o conforto térmico da população que utiliza tal

espaço é tarefa essencial, visto que constituem elementos fundamentais de uma praça. Mais

vale destacar, que somente a presença de equipamentos arquitetônicos não é o suficiente para

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garantir o uso efetivo da praça, sobretudo nos horários diurnos. A disposição da vegetação é

um fator importante no que se refere à qualidade dos projetos, que se reflete nos usos e

funcionamento desses espaços de lazer que faz parte do cotidiano das pessoas, especialmente

as que moram em bairros mais carentes.

Num espaço urbano com suas inúmeras contradições, tanto sociais quanto

ambientais, as áreas livres públicas dotadas de vegetação se tornam elemento vital para o

homem, visto que, contribui para a melhoria da qualidade de vida. Por isso, o planejamento

urbano deve privilegiar espaços públicos de fácil acessibilidade com o intuito de favorecer

todas as camadas sociais, dotando-os de equipamentos necessários ao desempenho de suas

funções, privilegiando o uso e a acessibilidade da população e proporcione uma relação

positiva entre homem, vegetação e a fauna, cuja função ecossistêmica é fundamental no meio

urbano.

A ênfase dada às praças públicas se explica pelo fato destas estarem mais próximas

do cotidiano da população em geral. São espaços condicionantes e resultantes da forma de

apropriação destes pela população. Contribuem para identificações únicas no bairro e na

cidade junto à população local. Os acessos e usos são definidos de maneira desigual.

O presente trabalho de pesquisa desenvolvido, além de contribuir diretamente para

estudos mais específicos sobre a vegetação presente nas praças e os tipos de relação existentes

entre o conjunto vegetacional e a relação entre a praça e a população de usuários, também

proporcionou maior distinção dos espaços intra-urbanos na cidade de Natal. Visto que as

praças aparecem na imagem da cidade como pontos isolados, estruturas para fazer face aos

problemas que vem sendo acumulados paralelos ao crescimento da cidade.

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APÊNDICES

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Apêndice A – Praça Augusto Leite: gramado (Figura 1), equipamentos para diversão infantil (Figura 2), quadra de esporte (Figura 3), academia de ginástica para Terceira Idade (Figura 4).

Figura 1 - Gramado bem vegetado, aparado, sem plantas invasoras e folhas. Foto: GOMES, M.R. set/2009

Figura 2 – Equipamentos para diversão infantil com pintura em bom estado, sem remendos, e sem rachaduras; Foto: GOMES, M.R. set/2009

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Figura 3 – Quadra de esportes Foto: GOMES, M.R. set./ 2009

Figura 4 – Equipamentos de ginástica da Academia da Terceira Idade Foto: GOMES, M.R. set./2009

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Apêndice B - Praça Aristófanes Fernandes: gramado (Figura 1), equipamentos de esporte (Figura 2), ponto de comércio (Figura 3), serviços bancário (Figura 4).

Figura 1 – Gramado bem vegetado, aparado, sem plantas invasoras e folhas Foto: GOMES, M.R. set./2009

Figura 2 – Equipamentos para esporte Foto: GOMES, M.R. set.2009

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Figura 3 – Ponto de comércio fixo no centro da praça Foto: GOMES, M.R. set./2009

Figura 4 –Serviço bancário na periferia da praça Foto: GOMES, M.R. set./2009

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Apêndice - C: Praça Luis Raimundo de Sousa: – gramado (Figura 1) lixo na praça (Figura 2), equipamentos para diversão infantil (Figura 3), equipamentos de esporte (Figura 4), quadra de esporte (Figura 5), comércio ambulante (Figura 6).

Figura 1 – Gramado com alta incidência de plantas invasoras. Foto: GOMES, M.R. out./2009

Figura 2 – Lixo na praça Foto: GOMES, M.R. out./2009

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Figura 3 – Equipamentos para diversão infantil com rachaduras e pichados. Foto: GOMES, M.R. out./2009

Figura 4 – Equipamentos para esporte com rachaduras, pichados e cobertos por vegetação. Foto: GOMES, M.R. out./2009

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Figura 5 – Quadra de esportes Foto: GOMES, M.R. out./2009

Figura 6 – Comércio ambulante na periferia da praça Foto: GOMES, M.R. out./2009

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Apêndice D - Praça Mestre Francisco Valentini – Equipamentos diversão infantil (Figura 1), lixo na praça (Figura 2).

Figura 1 – Equipamentos para diversão infantil com pintura em bom estado, sem remendos e sem rachaduras Foto: GOMES, M.R. out./2009

Figura 2 – Lixo na praça Foto: GOMES, M.R. out./2009

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Apêndice E – Formulário para caracterização das praças de Natal/RN.

UFRN – CCHLA – DGE - Projeto A VEGETAÇÃO COMPONENTE DO

ECOSSISTEMA URBANO DE NATAL, RN. FORMULÁRIO 1 - CARACTERIZAÇÃO DA PRAÇA

1. Data ___/___/____ 2. Nome da Praça: ______________________________________ 3. Código: ____________ 4. Ultima reforma ___/___/____ 5. Localização: ___________________________________________ 6. Bairro: ____________________ 7. Área total (m2): ________ 8. Área permeável (%): 0 a 25 ( ); 25 a 50 ( ); 50 a 75 ( ); 75 a 100 ( ) 9. Área verde (%): 0 a 25 ( ); 25 a 50 ( ); 50 a 75 ( ); 75 a 100 ( ) 10. Número total de espécies arbóreas: _______ 11. Adensamento da vegetação: ( ) praça com forte presença de árvores dominando a paisagem ( ) praça com árvores esparsas ( ) praça sem árvores 12. Compactação da vegetação arbórea ( ) copa das árvores se tocando, formando um dossel na maior parte da praça ( ) copas de algumas árvores apenas se tocando e a maior parte das árvores com suas copas isoladas ( ) copas das árvores totalmente isoladas 13. Altura média da vegetação ( ) acima de 5m ( ) entre 3 e 5m ( ) entre 1 e 3m ( ) abaixo de 1m Estado de Conservação 14. Gramados: bom ( ) razoável ( ) ruim ( ) inexistente ( ) 15. Canteiros: bom ( ) razoável ( ) ruim ( ) inexistente ( ) 16. Árvores e arbustos: bom ( ) razoável ( ) ruim ( ) inexistente ( ) 17. Limpeza: bom ( ) razoável ( ) ruim ( ) inexistente ( ) Observações: ________________________________ Elementos arquitetônicos: 17. Bancos: sim ( ) não ( ) qtd: _________

18. Material de que são construídos os bancos: _____________________________ 19. Estado de conservação dos bancos: bom ( ) razoável ( ) ruim ( ) 20. Vias de circulação (caminhos): sim ( ) não ( ) 21. Tipo de base das vias de circulação: ______________________ 22. Estado de conservação das vias de circulação: bom ( ) razoável ( ) ruim ( ) 23. Equipamento para diversão infantil: sim ( ) não ( ) 24. Material de que são construídos os brinquedos: _________________ 25. Estado de conservação dos brinquedos: bom ( ) razoável ( ) ruim ( ) 26. Equipamentos para esportes: sim ( ) não ( ) 27. Quais os equipamentos para esportes existentes? _______________________ 28. De que material são feitos os equipamentos para esportes existentes? ______________ 29. Estado de conservação dos equipamentos de esportes: bom ( ) razoável ( ) ruim ( ) 30. Espelhos d’água: sim ( ) não ( ) 31. Aspecto da água: bom ( ) razoável ( ) ruim ( ) 32. Iluminação: sim ( ) não ( ) qtd: __________ 33. Qual é o equipamento de iluminação? _________________ 34. Estado de conservação do equipamento de iluminação: bom ( ) razoável ( ) ruim ( ) 35. Sanitários: sim ( ) não ( ) 36. Estado de conservação dos sanitários: bom ( ) razoável ( ) ruim ( ) 37. Construções: sim ( ) não ( ) especificar:___________________________________ 38. Estado de conservação das construções: bom ( ) razoável ( ) ruim ( ) 39. Lixeira: sim ( ) não ( ) qtd: __________ 40. De que material são feitas as lixeiras? __________________________ 41. Estado de conservação das lixeiras: bom ( ) razoável ( ) ruim ( ) 42. Telefone público: sim ( ) não ( ) qtd: ________ 43. Estado de conservação dos telefones: bom ( ) razoável ( ) ruim ( ) 44. Outros elementos: sim ( ) não ( ) especificar: _______________________________ Comércio e serviços 45. Existe ponto de comércio e/ou serviço na praça? ( ) sim ( ) não Quantos? ___ 46. Que tipo de comércio? fixo ( ) ambulante ( ) especificar ____________________ 47. Existem funcionários destacados permanentemente para cuidar da praça? ( )sim ( )não Quantos? ___ Observações: _________________________________________________________________________ 48. Responsável pelo preenchimento do questionário: _________________________________________________________________________

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Apêndice F – Formulário para o levantamento da diversidade e estrutura das especés arboreas nas praças de Natal/RN.

UFRN – CCHLA – DGE - Projeto A VEGETAÇÃO COMPONENTE DO ECOSSISTEMA URBANO DE NATAL, RN.

FORMULÁRIO 3 – AS ÁRVORES DA PRAÇA 1. Data: ___/___/ 200__ 2. Nome da praça ______________________________________ 3.Código da praça __________ 4.Pesquisador: ______________________________

n° Espécie ∅ h EFS Tipo de poda?

Local adequado?

Atrapalha pedestres?

Quebra calçada?

Sinais de vandalismo?

Procedência

1 S � N � S � N � S � N � S � N � N � E � NI� 2 C � D � I � S � N � S � N � S � N � S � N � N � E � NI� 3 C � D � I � S � N � S � N � S � N � S � N � N � E � NI� 4 C � D � I � S � N � S � N � S � N � S � N � N � E � NI� 5 C � D � I � S � N � S � N � S � N � S � N � N � E � NI� 6 C � D � I � S � N � S � N � S � N � S � N � N � E � NI� 7 C � D � I � S � N � S � N � S � N � S � N � N � E � NI� 8 C � D � I � S � N � S � N � S � N � S � N � N � E � NI� 9 C � D � I � S � N � S � N � S � N � S � N � N � E � NI�

10 C � D � I � S � N � S � N � S � N � S � N � N � E � NI� 11 C � D � I � S � N � S � N � S � N � S � N � N � E � NI� 12 C � D � I � S � N � S � N � S � N � S � N � N � E � NI� 13 C � D � I � S � N � S � N � S � N � S � N � N � E � NI� 14 C � D � I � S � N � S � N � S � N � S � N � N � E � NI� 15 C � D � I � S � N � S � N � S � N � S � N � N � E � NI� 16 C � D � I � S � N � S � N � S � N � S � N � N � E � NI� 17 C � D � I � S � N � S � N � S � N � S � N � N � E � NI� 18 C � D � I � S � N � S � N � S � N � S � N � N � E � NI� 19 C � D � I � S � N � S � N � S � N � S � N � N � E � NI� 20 C � D � I � S � N � S � N � S � N � S � N � N � E � NI� 21 C � D � I � S � N � S � N � S � N � S � N � N � E � NI� 22 C � D � I � S � N � S � N � S � N � S � N � N � E � NI� 23 C � D � I � S � N � S � N � S � N � S � N � N � E � NI� 24 C � D � I � S � N � S � N � S � N � S � N � N � E � NI� 25 C � D � I � S � N � S � N � S � N � S � N � N � E � NI�

∅∅∅∅ (diâmetro do tronco) h (altura total) EFs (estado fitossanitário)

1: <5cm 1: <2m 1 – saudável: exuberante, desenvolvimento normal de ramos e da copa, copa com formato regular, evidências de brotação e de reprodução, folhagem abundante e com coloração verde intensa.

2: 5-20cm 2: 2-6m 2 – regular: copa com formação irregular ou sob poda drástica, mas c/ brotação normal, quantidade normal de folhas.

3: 20-50cm 3: 6-10m 3 – fraca ou doente: sinais da presença de pragas (pulgões, lagartas, insetos...) causando sérios danos à folhagem ou aos ramos/tronco, copa irregular e pouco densa.

4: >50cm 4: >10m 4 – definhando: árvore viva, mas sem folhas em período anormal.

Poda Procedência D - Drástica N – Nativa C – Condução E – Exótica I- Inexistente NI- Não identificada

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Apêndice G – Formulário para o frequentador das praças de Natal/RN.

UFRN – CCHLA – DGE - Projeto A VEGETAÇÃO COMPONENTE DO ECOSSISTEMA URBANO DE NATAL, RN.

FORMULÁRIO 2 - O FREQUENTADOR DA PRAÇA 1. Data ___/___/____ 2. Código da praça: _________ 3. Pesquisador: ________________ Sobre os Freqüentadores 4. Sexo: feminino ( ) masculino ( ) 5. Faixa etária: de 0-14 ( ) 15-39 ( ) 40-59 ( ) ( ) 60 anos ou mais 6. Ocupação: __________ 7. Quanto a sua freqüência a praça: Costuma vi com freqüência ( ) ocasionalmente ( ) está de passagem ( ) outros _________ (se a resposta for NÃO, está só de passagem, passe para pergunta de número 19 deste questionário) 8. Qual o horário que costuma vir à praça? manhã ( ) tarde ( ) noite ( ) 9. Porque da escolha desse horário? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 10. O que você vem fazer aqui? _______________________________________________ Lazer ativo ( ) lazer passivo ( ) outros ____________ 11.Você vem sozinho ou acompanhada(o)? Sempre sozinho ( ) algumas vezes acompanhado ( ) sempre acompanhado ( ) 12. Por quanto tempo você fica na praça? ____________ Pouco ( ) razoável ( ) muito ( ) 13. Mora próximo da praça: Sim ( ), dista no máximo 10 min de caminhada;

Não ( ), dista mais de 10 minutos de caminhada e/ou utiliza algum meio de transporte. Qual? _________ 14. Bairro que reside? O mesmo bairro da praça ( ) Outro bairro __________ 15. Como você considera o acesso à praça? Fácil ( ) difícil ( ) não sabe ( ) 16. Por qual motivo frequenta essa praça? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 17. Além dessa, frequenta alguma outra praça da cidade? Se sim, qual e por quê? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 18. Quais são as coisas positivas que você observa nessa praça (coisas e sentimentos)? _________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 19. Quais são os aspectos negativos considerados para essa praça? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 20. Você acha que tem alguma coisa que possa ser feita para melhorar essa praça? O quê? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 21. Você conhece as espécies de árvores que existem nessa praça? Pode citar alguma? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 22. Você já observou algum animal nessa praça? De que espécie? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________23. Observaçõe

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