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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE UNIDADE ACADÊMICA ESPECIALIZADA ESCOLA DE MÚSICA LICENCIATURA PLENA EM MÚSICA ANUSCA ANERITA DA SILVA A IMPORTÂNCIA DO ENSINO DE MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL NA ESCOLA DOM MARCOLINO DANTAS NATAL/RN 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

UNIDADE ACADÊMICA ESPECIALIZADA

ESCOLA DE MÚSICA

LICENCIATURA PLENA EM MÚSICA

ANUSCA ANERITA DA SILVA

A IMPORTÂNCIA DO ENSINO DE MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL NA

ESCOLA DOM MARCOLINO DANTAS

NATAL/RN

2014

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ANUSCA ANERITA DA SILVA

A IMPORTÂNCIA DO ENSINO DE MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL NA

ESCOLA DOM MARCOLINO DANTAS

Monografia apresentada à Escola de Música da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte,

como requisito parcial a obtenção do título de

Licenciado em Música.

Orientadora: Profª. Drª. Betânia Maria Franklin de

Melo.

NATAL/RN

2014

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ANUSCA ANERITA DA SILVA

A IMPORTÂNCIA DO ENSINO DE MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL NA

ESCOLA DOM MARCOLINO DANTAS

Monografia apresentada à Escola de Música da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte,

como requisito parcial a obtenção do título de

Licenciado em Música.

Aprovada em: ______/_______/_______

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________________________

PROFª. Drª. BETÂNIA MARIA FRANKLIN DE MELO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

(ORIENTADORA)

_________________________________________________________________

PROF. DR. JEAN JOUBERT FREITAS MENDES

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

(1º EXAMINADOR)

_________________________________________________________________

PROF.MSc. JOÃO PAULO DE ARAÚJO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

(2º EXAMINADOR)

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Dedico este trabalho aos meus pais Eula Cassiano da Silva e Paulo Eduardo da Silva,

por me encorajarem a realizar o sonho de cursar a faculdade de Música e também de me

estimularem nesta produção acadêmica.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por ter me dado o dom da música, por me guiar em

todos os momentos orientando minhas decisões.

À minha família, pelo amor, compreensão e dedicação com os quais sempre me tratou

e por me incentivar a acreditar em meus sonhos.

À minha orientadora professora Drª Betânia Maria Franklin Melo, por me conduzir

neste momento tão especial de minha vida e pelo empenho dedicado à elaboração deste

trabalho.

À minha prima Nanci Albuquerque por ter me ajudado nos momentos que tanto

precisei, sempre pronta a me orientar nas decisões dedicando horas ao meu lado, muitas

vezes, abdicando-se de suas atividades.

À meu namorado Rodrigo Alves de Lima, pela paciência e compreensão que teve

comigo durante os momentos de estresse que o fiz passar.

À minha amiga Rozana Galvão, pelos conselhos que a mim foram ofertados, pelas

palavras amigas que sempre eram ditas nos momentos exatos, pelo carinho que sempre teve

comigo.

E, especialmente, à Escola Dom Marcolino Dantas, por ter confiado no meu trabalho

como docente do Ensino Fundamental e Infantil na disciplina de música no qual pude relatar

minha experiência docente.

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“A educação musical não deve visar à formação de possíveis músicos

do amanhã, mas sim à formação integral das crianças de hoje”.

(BRITO, 2003, p. 35).

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RESUMO

O trabalho que ora se apresenta tem como objetivo mostrar a importância e benefícios

do ensino de Música na Educação Infantil como ferramenta pedagógica no auxílio dos

desenvolvimentos cognitivo, motor e afetivo da criança. Adicionalmente, abre-se reflexão

sobre a necessidade de inclusão desse ensino em caráter obrigatório na Educação Infantil,

pelo fato de a música contribuir à evolução das mudanças comportamentais das crianças. O

tema foi abordado com base nos pressupostos metodológicos elaborados por especialistas

brasileiros e estrangeiros no ensino de Música, como: Brito (2003), Drummond (2009a,

2011), Rodrigues; Arrais; Rodrigues (2013), Bastian (2011) e Schafer (1991), e também no

relato de experiência docente da autora deste trabalho no ensino de Música na Educação

Infantil da Escola Dom Marcolino Dantas, da cidade do Natal, Rio Grande do Norte, como

contribuição empírica. Na construção deste texto, incluem-se pesquisas realizadas no campo

artístico, envolvendo o contexto histórico e cultural da música; no campo educacional

brasileiro, sobre a inserção do ensino de Música no currículo, em consulta aos documentos

oficiais: Lei de Diretrizes e Bases da Educação, Parâmetros Curriculares Nacionais e

Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil; no campo científico, acerca do

desenvolvimento e comportamento da criança no decorrer do processo de musicalização.

Palavras-chave: Música. Criança. Educação Infantil.

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ABSTRACT

The work presented here aims at showing the importance and benefits of Music

education in Early Childhood Education as a pedagogical tool to aid in the cognitive, motor,

and emotional development of the child. Additionally, it opens up debate on the need for

inclusion of the teaching of music as mandatory content in kindergarten, because the music

contributes to the evolution of behavioral changes in children. The theme was addressed on

the basis of methodological assumptions developed by national and international specialists in

the teaching of Music, such as: Brito (2003), Drummond (2009a, 2011), Rodrigues; Arrais;

Rodrigues (2013), Bastian (2011) and Schafer (1991), and also on the teaching experience

report of the authoress of this work in Music education in Early Childhood Education at the

Dom Marcolino Dantas School, from Natal, Rio Grande do Norte, as empirical contribution.

In writing this paper, include researches conducted in the artistic field, involving the historical

and cultural context of music; the Brazilian educational field, on including the teaching of

Music in the curriculum, in consultation to the official documents: Lei de Diretrizes e Bases

da Educação, Parâmetros Curriculares Nacionais e Referencial Curricular Nacional

para a Educação Infantil; in the scientific field about the development and behavior of the

child during the process of music education.

Keywords: Music. Child. Early Childhood Education.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Foto 1 - Aspectos semelhantes de uma flauta.......................................................... 12

Foto 2 - Musicalizando............................................................................................ 18

Foto 3 - Sons............................................................................................................ 22

Foto 4 - Fachada da Escola Dom Marcolino Dantas – Natal/RN............................. 27

Foto 5 - Sons do mundo........................................................................................... 29

Foto 6 - Quadra esportiva da Educação Infantil da Escola Dom Marcolino Dantas

– Natal/RN..................................................................................................

29

Foto 7 - Instrumentos................................................................................................ 31

Foto 8 - Livro – Descobrindo sons - v. I, de Elvira Drummond.............................. 32

Foto 9 - Livro – Descobrindo sons - v. II, de Elvira Drummond............................. 33

Foto 10 - Teatro de fantoches..................................................................................... 35

Foto 11 - Emília.......................................................................................................... 35

Foto 12 - Conversando com os alunos....................................................................... 36

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 10

2 A MÚSICA COMO UMA PAISAGEM HISTÓRICA UNIVERSAL.................. 12

2.1 O ensino de Música como paisagem no Brasil...................................................... 13

2.2 A inserção da Música como conteúdo de sala de aula nas escolas brasileiras... 15

3 A EXPERIÊNCIA SONORA DA CRIANÇA......................................................... 17

3.1 Os benefícios da educação musical para as crianças........................................... 18

4 A CRIANÇA E SEUS DESENVOLVIMENTOS: INÍCIO DA COGNIÇÃO

MUSICAL......................................................................................................................

21

4.1 A importância da Música para o desenvolvimento motor infantil..................... 22

4.2 O desenvolvimento afetivo abstraído da sensibilidade musical.......................... 24

5 RELATO DE EXPERIÊNCIA NA ESCOLA DOM MARCOLINO DANTAS.. 27

5.1 Homenagem ao Dia das Crianças 2014................................................................. 34

6 REFLEXÃO FINAL................................................................................................. 37

REFERÊNCIAS............................................................................................................ 38

ANEXO A – Materiais utilizados.................................................................................... 41

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10

1 INTRODUÇÃO

Desde a aprovação da Lei Federal nº 11.769/2008 promulgada e sancionada pelo então

presidente da República Federativa do Brasil, senhor Luiz Inácio Lula da Silva, Art. 26, §6º,

o ensino da Música tornou-se conteúdo obrigatório, mas não exclusivo, do componente

curricular de Arte na Educação Básica. (BRASIL, 2008). Esta é válida para o Ensino Básico e

Infantil em instituições escolares públicas e privadas do país, oportunizando crianças e jovens

de qualquer nível social ter contato com o universo musical e a partir disto, desenvolver a

formação cidadã necessária à convivência em sociedade.

A forma como esse conteúdo tem sido introduzido em sala de aula e a questão

relacionada à formação especializada do docente na área, a partir da execução da referida lei,

trazem inquietações e geram controvérsias entre os profissionais do ensino de Música na

escola, sobretudo, ensino infantil.

Enquanto o governo federal não determinar a criação de cursos de atualização,

capacitação ou formações acadêmicas afins para habilitar o(a) professor(a) de arte ao ensino

de Música, o que deve ser amplamente discutido e decidido com propriedade pelo Ministério

de Educação, faz-se necessário pensar em como ministrar o conteúdo e elencar os assuntos

que deverão nortear esse ensino para além do aspecto lúdico que naturalmente o envolve,

passando pelo cuidado adicional de não estagná-lo à apreensão de aspectos meramente

técnicos relativos ao estudo musical.

Somem-se a isso outras questões, dada a importância da inserção do ensino de Música

na escola, reconhecido em lei, como parte integrante e obrigatória à formação global do

indivíduo, uma vez que se percebe que os benefícios que a música exerce sobre as crianças

influem num aprendizado significativo ao desenvolvimento no exercício de habilidades

psicomotoras, além de proporcionar o reconhecimento da diversidade cultural brasileira na

qual estão inseridas.

Este trabalho pretende abrir uma reflexão acerca do questionamento acima, no intuito

de buscar caminhos para uma abordagem pedagógica que contemple a categoria infantil entre

dois a quatro anos de idade, cujos pressupostos metodológicos levem em consideração a

ludicidade, a interatividade e os desenvolvimentos comportamentais cognitivos, destacando

que os aspectos afetivos e motor devem ser desenvolvidos através da música logo na

Educação Infantil.

No teor de pesquisas sobre o processo de musicalização voltado ao público infantil,

foram contempladas obras de autores brasileiros e estrangeiros da área do ensino de Música,

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tais como: Brito (2003), Drummond (2009a, 2011), Rodrigues; Arrais; Rodrigues (2013),

Bastian (2011) e Schafer (1991); como também a experiência, em sala de aula, com alunos da

Educação Infantil na Escola Dom Marcolino Dantas na cidade do Natal-RN. O presente

trabalho divide-se em seis capítulos, na seguinte ordem: inicialmente, apresenta-se a

Introdução; seguido do capítulo II que apresenta a música como uma paisagem histórica

universal; sequencialmente, expõe-se o capítulo III que trata do ensino de Música como

paisagem no Brasil; já o capítulo IV discorre sobre a criança e seus desenvolvimentos,

seguido do capítulo V que relata uma experiência em sala de aula na Educação Infantil e, por

último, apresenta-se uma reflexão final acerca da temática arrolada durante todo o trabalho.

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2 A MÚSICA COMO UMA PAISAGEM HISTÓRICA UNIVERSAL

A música é arte “[...] que mais tardiamente se caracterizou”, segundo as palavras de

Andrade (1980, p. 11) e, neste diapasão, sabe-se que ela representa um fenômeno universal

inserida em nosso cotidiano desde os primórdios da humanidade, atendendo aos mais diversos

fins. Em sítios arqueológicos localizados na Eslovênia, por exemplo, foi encontrado um

objeto feito de osso de urso que se assemelha a uma flauta. Pelos estudos realizados, o

arqueólogo Ivan Turk levantou a hipótese de que o instrumento musical encontrado remonta

há 43 mil anos e, ao que tudo indica, era utilizado por neandertais. (HOURNEAUX, 2011).

Foto 1 – Aspectos semelhantes de uma flauta

Fonte: Hourneaux (2011)

1.

Essa peça, assim como tantas outras anteriormente encontradas e catalogadas mundo

afora por historiadores de arte, ajuda a entender que a necessidade humana de comunicaçao

através da música, importante para os rituais de caça inicialmente, surgiu tão logo se deu o

desenvolvimento da própria linguagem. A habilidade de manejar tais instrumentos se

configurou, pois, como um aliado ao desenvolvimento cognitivo do ser humano.

Nesse momento da história, vendo a música em forma de paisagem, o homem se

descobriu como ser pensante, passou a abstrair suas ideias e, ao realizar movimentos

produtores de som associados ao manejo de um objeto sonoro, começou a revelar suas

emoções e sentimentos, desenvolvendo igualmente o comportamento afetivo. Posteriormente,

a música assumiu um papel fundamental à prática de outras atividades de caráter religioso e

sociocultural, como: em cerimoniais ofertados às divindades e aos mortos; em rituais de

1Documento online não paginado.

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fertilidade e à agricultura e em ocasiões de celebração de casamento e nascimento, por

exemplo.

Assim, pode-se expandir o entendimento a evolução da música seguiu de perto a

evolução da espécie humana, uma vez que, em seu contato com a música ao descobrir a

produção de som ao redor e ao criar, gradualmente, diferentes instrumentos musicais ao longo

dos tempos, o homem adquiriu conhecimento aprofundado sobre si mesmo e sobre o outro a

partir da sensibilização sonora, o que o levou a desenvolver outras funcionalidades da música.

2.1 O ensino de Música como paisagem no Brasil

A história do ensino de Música no Brasil remonta ao século XVI – início do

descobrimento, com o propósito inicial de catequizar as crianças e jovens indígenas das terras

brasilis. Enquanto colônia portuguesa, os padres jesuítas encontraram na música uma

ferramenta educacional auxiliar para o ensino da leitura e da matemática aos nativos. Com o

tempo, estendeu-se não apenas ao ensino do canto religioso, mas também de expressões

populares como as modinhas portuguesas, entre os anos de 1658 e 1661. (CÁRICOL, 2014).

De acordo com registros históricos, o ensino de Música foi inserido no currículo

escolar brasileiro nas instituições educacionais públicas, pela primeira vez, mediante Decreto

Federal nº 331A, de 17 de novembro de 1854, que determinava o aprendizado básico de

noções de música e exercícios de canto. (CÁRICOL, 2014). Desse período em diante, o

ensino de Música sofreu avanços, desafios e retrocessos com a implantação de novos

decretos, principalmente, nas então províncias de São Paulo e Rio de Janeiro no século XIX.

Um dos grandes incentivadores do ensino de Música de qualidade no Brasil foi o

compositor e maestro Heitor Villa-Lobos que propôs a ideia de inserir aulas de canto e de

instrumento para crianças e jovens nas escolas básicas da rede pública, mas, para ele ter êxito

nessa conquista tão importante à educação, contou com a ajuda de outros músicos e de

pessoas influentes na sociedade brasileira na década de 30.

O programa de Villa-Lobos, no entanto, sofreu alguns empecilhos no decorrer de sua

trajetória, pois o mesmo não era professor, e sim um compositor que tinha o ideal de

disseminar a cultura musical brasileira para os brasileiros. Ele viu, entre outras coisas, que as

crianças e adolescentes pouco sabia acerca da cultura musical de sua própria nação. Seu maior

desafio, porém, implicou na falta de profissionais no setor educacional de música, já precário

naquele tempo, em razão da falta de instituições que os capacitassem a um ensino adequado

que compreendesse todos os parâmetros da música não apenas no sentido de se ensinar a tocar

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um instrumento, mas com o objetivo de se buscar um conhecimento contextualizado sobre a

matéria de música.

No decorrer da história musical, a Lei de Diretrizes e Bases (LDB), como o mais

importante documento para a regulamentação do ensino no país, de forma geral, com a Lei nº

4.024/1961, instituiu que o ensino de Música teria por objetivo um ensino democrático e

acessível a toda a população. Em auxílio a essa nova proposta, foram utilizados vários

métodos de grandes educadores musicais estrangeiros como: Zoltán Kodály (da Hungária);

Carl Orff (da Alemanha) e Edgar Willems (da Bélgica). E, em território nacional, foram

referenciados os nomes de Antônio de Sá Pereira, Liddy Chiaffarelli, Gazzy de Sá e H. J.

Koellreutter (alemão naturalizado brasileiro). (CÁRICOL, 2014).

No ano de 1971, o então presidente Médici promulgou a Lei nº 5.692/1971 que tornou

extinta a Educação Musical da grade curricular nacional, dando lugar à matéria de Educação

Artística que englobava os conteúdos de artes cênicas, artes plásticas, música e desenho, sem

privilegiar qualquer um desses conteúdos. (CÁRICOL, 2014). No entanto, não foi o que

ocorreu. Em detrimento das outras linguagens da Arte, os conteúdos relativos às artes

plásticas prevaleceram em sala de aula. Isso sem dizer que se tratava de um ensino de caráter

não obrigatório, o que conduziria o ensino das Artes à função de atividade secundária, muitas

vezes para promover a realização de eventos escolares com a mostra de trabalhos artístico-

plásticos feitos pelos alunos.

Com o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, em 1996, resgata-se o

status do ensino da Arte como componente curricular obrigatório da Educação Básica (Lei nº

9.394/1996). (BRASIL, 1996). Em 2008, um novo avanço veio com o então presidente Luiz

Inácio Lula da Silva que decretou, em Lei nº 11.769/2008, o ensino de Música como conteúdo

obrigatório na grade curricular da educação brasileira. (BRASIL, 2008). O desafio, nesse

sentido, volta a ser a qualificação do professor de Arte para que se trabalhe a música com

propriedade de conhecimento em sala de aula, de maneira proveitosa e não apenas prazerosa,

visando aos desenvolvimentos: cognitivo, afetivo, motor e artístico-cultural dos alunos a

partir da Educação Infantil.

Obviamente, o trabalho realizado na área de música reflete problemas que somam á

ausência de profissionais especializados a pouca (ou nenhuma) formação musical

dos educadores responsáveis pela educação infantil, consequência de um sistema

educacional que se descuidou quase por completo da educação estética de muitas

gerações. (BRITO, 2003, p. 52).

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15

Os governantes devem investir mais na educação construindo mais faculdades, e

oferecendo cursos que qualifiquem os professores no ensino de Música para que a educação

musical brasileira se torne um exemplo em outros países do mundo.

2.2 A inserção da Música como conteúdo de sala de aula nas escolas brasileiras

Antes mesmo de se tornar obrigatório por lei o ensino de Música como conteúdo da

disciplina de Arte nas escolas das redes públicas e privadas do país, algumas instituições

escolares particulares e algumas publicas, com o propósito de oferecer um diferencial para sua

clientela e, possivelmente, aumentar o número de matrículas, já contemplavam essa matéria

em seu currículo. Os objetivos consistiam em despertar nos estudantes o interesse pela teoria

musical, descobrir talentos e estimular a apreciação à música popular brasileira ou mesmo

com a função pura e simples do entretenimento, entre outros.

Com a modificação proposta pela Lei nº 11.769/2008, em alteração à Lei de Diretrizes

e Bases da Educação de 1996 (BRASIL, 2008), o ensino de Música assume outra postura na

estrutura curricular de todas as escolas, públicas ou privadas: deixa de ser visto como uma

forma de entretenimento ou como uma atividade complementar para apresentações artísticas

nos eventos culturais proporcionados pelas instituições escolares para ser trabalhado com

acuidade e profissionalismo, conferindo-lhe, pois, a devida legitimidade e importância.

Como se trata de um enfoque relativamente novo, várias questões acerca de: a quem

compete ministrar as aulas de música, como devem ser abordadas e quais as expectativas

sobre esse ensino, por exemplo, têm sido suscitadas no Brasil por diversos educadores e

especialistas na área de Arte no âmbito das universidades, não apenas nos cursos de Música,

como também em outros cursos cujas habilitações são da área de educação.

No entanto, há outro aspecto relativo ao ensino de Música no Brasil que, por sua

relevância neste trabalho, merece destaque, partindo do princípio estabelecido pela própria

Lei de Diretrizes e Bases da Educação, quando dispõe, em seu Art. 26:

§ 2o O ensino da arte constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos

níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos

alunos. [...] § 6o A música deverá ser conteúdo obrigatório18, mas não exclusivo, do

componente curricular de que trata o § 2o deste artigo. (BRASIL, 1996)2.

2Documento online não paginado.

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16

O artigo referenciado, para interesse desta discussão, refere-se apenas aos

estabelecimentos escolares de Ensino Fundamental e Médio. A partir desse questionamento,

este trabalho usará como viés de discussão as funções atribuídas à música no que concerne à

musicalização infantil, citando, paulatinamente, os benefícios que essa matéria pode trazer

para o desenvolvimento da criança. A princípio, terá por base o objetivo geral do ensino de

Arte no Brasil, no transcorrer do Ensino Fundamental: contribuir para o desenvolvimento

cultural, artístico e estético do aluno, ao desenvolver habilidades e competências de

sensibilidade e cognição nas diversas modalidades em que a Arte se apresenta, possibilitando

o conhecimento, a apreciação, a experimentação, a produção e a valorização do patrimônio

artístico e cultural da humanidade ao longo dos tempos.

Voltando-nos especificamente ao ensino de Música na Educação Infantil, é necessário

buscar abordagens metodológicas que possam corresponder ao objetivo acima citado no que

compete a essa modalidade ou expressão artística, levando-se em consideração as várias fases

do desenvolvimento da criança para que haja uma aprendizagem significativa e

contextualizada, conforme a faixa etária.

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17

3 A EXPERIÊNCIA SONORA DA CRIANÇA

É fato que, em nossa vida intrauterina, temos o primeiro envolvimento com o universo

sonoro ao estarmos em um ambiente de sons provocados pelo corpo da mãe: o sangue que flui

nas veias, a respiração e a movimentação dos intestinos. (BRITO, 2003, p. 35). A partir da 21ª

semana de gestação, o aparelho auditivo do feto já está apto e é capaz de captar ruídos

externos. O musicoterapeuta Fernando de Oliveira Pereira, do Paraná, em seus estudos sobre

Os benefícios da música para o feto e para o bebê, segundo o método Bebê do Futuro

criado por ele mesmo, defende que é importante as mães cantarem canções para seus filhos

ainda no ventre como forma de estabelecer a comunicação pré-natal com eles. (PEREIRA,

[2014]3.

Neste sentido, apoia-se o pensamento de Rodrigues; Arrais; Rodrigues (2013, p. 49):

A infância pode ser moldada por relações de vínculo com vários indivíduos, e sua

escolha depende da qualidade dessas relações. Alargando-se gradualmente do núcleo

mãe-bebê para outros elementos – familiares ou cuidadores –, a vinculação é

fundamental no desenvolvimento de competências comunicacionais e de

relacionamento interpessoal.

Quando nascemos, somos bombardeados de sons diversos, desta vez com maior

intensidade, que vão sendo assimilados e compreendidos a cada dia, isso para os nascidos

com capacidade auditiva considerada normal ou ainda que mínima. Justamente nessa primeira

fase da infância, a música começa a exercer outro papel fundamental além do

desenvolvimento afetivo que une o bebê a quem dele cuida. Trata-se do contato da criança

com o universo da música através das famosas canções de ninar, principalmente no momento

de dormir, construídas, pois, para esse fim. Nessa fase ainda, o bebê é estimulado a se distrair

com canções infantis e cantigas de roda feitas especialmente para auxiliar na ampliação e

memorização do vocabulário inicial que ele deverá aprender, o que mostra a funcionalidade

educativa da música.

Brito (2003, p. 35), em seu livro Música na Educação Infantil, diz que “a criança é um

ser ‘brincante’ e, brincando, faz música, pois assim se relaciona com o mundo que descobre a

cada dia.”

3Documento online não paginado.

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18

Foto 2 - Musicalizando

Fonte: ENVELOPE... (2014)

4.

A criança passa por intensas fases de desenvolvimento no decorrer de sua vida, mas

são três as que estabelecem o pilar principal de sua formação como indivíduo: a fase do

desenvolvimento físico ou motor; do desenvolvimento psicólogo ou cognitivo e a fase do

social ou emocional, as quais se encontram interligadas e são diretamente responsáveis pelo

progresso da educação da criança.

Entretanto, isso não quer dizer que, necessariamente, esses três desenvolvimentos

apareçam todos ao mesmo tempo, pois uma área pode receber mais estímulos do que a outra,

sem deixar que as outras partes também sejam afetadas, direta ou indiretamente, no avanço do

crescimento da criança. Nesse aspecto, Weigel (1988, p. 13) diz que: “Todos os aspectos do

desenvolvimento estão intimamente relacionados e exercem influências uns sobre os outros, a

ponto de não ser possível estimular o desenvolvimento de um deles sem que, ao mesmo

tempo, os outros sejam igualmente afetados”.

A expansão das capacidades intelectual, cognitiva e motora na criança enraíza-se

extremamente nos estímulos externos e na segurança afetiva familiar. As crianças estão

sempre em desenvolvimento. No dia a dia, na prática de tarefas simples e frequentes como na

hora do banho, do lanche, das brincadeiras, pode-se ensinar canções que estimulem o

desenvolvimento delas de uma forma lúdica com temas que enfatizem o amor, o movimento

corporal, a interação, a socialização, o prazer, entre outros sentimentos e sensações para que,

com eles, o aprendizado sobre a vida seja algo mais divertido e emocionante.

3.1 Os benefícios da educação musical para as crianças

Cada etapa do desenvolvimento da criança vai muito além do que se está propenso a

perceber, por essa razão, pais e/ou responsáveis e educadores precisam estar atentos às

4Documento online não paginado.

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19

mudanças que se dão nos campos físico-biológico, intelectual, comportamental e psicológico

do desenvolvimento infantil, mesmo porque, algumas vezes, essas transformações ocorrem

precocemente, dependendo da estrutura familiar, dos traços hereditários, da intervenção da

escola, dos hábitos alimentares, das práticas desportivas, de fatores emocionais ou outros

estímulos externos.

Compreender como se dá o processo de aprendizagem em cada fase do

desenvolvimento da criança é essencial para se encaminhar um projeto didático na área de

música que corresponda às expectativas desse público-alvo e que atenda às orientações

curriculares.

Brinquedos, brincadeiras, jogos, acalantos. O trabalho com música na Educação

Infantil precisa de um enfoque novo, que envolva não apenas os aspectos lúdicos, mas que

valorize outros aspectos da formação humana, como o enobrecimento da alma a partir da

sensibilização e socialização, o conhecimento teórico sobre arte e estética, o contexto

histórico e cultural, o prazer e a fruição advindos da apreciação de uma obra de arte musical e

do fazer artístico ao tirar sons melodiosos de um dado instrumento ou da própria voz.

É evidente o poder da música sobre o comportamento de qualquer ser humano,

independentemente da idade, capaz de emocionar de tristeza ou alegria ou provocar agitação

ou tranquilidade. Diante disso, Brito (2003, p. 31) fala que:

É difícil encontrar alguém que não se relacione com a música [...]: escutando,

cantando, dançando, tocando um instrumento, em diferentes momentos e por

diversas razões. [...] Surpreendemo-nos cantando aquela canção que parece ter ‘cola’

e que não sai da nossa cabeça e não resistimos a, pelo menos, mexer os pés,

reagindo a um ritmo envolvente [...].

Mas não é só isso! Condutas sociais e afetivas, capacidade de concentração e

memorização, estímulo à criatividade, expressões corporais e vocais, desenvolvimento da

inteligência são algumas das vantagens que crianças que vivenciam o ensino de Música na

escola, desde os primeiros níveis, têm sobre outras que não passaram por tal experimentação.

São comportamentos advindos do contato com o universo musical, não de forma corriqueira,

mas de uma maneira socialmente contextualizada, trabalhada com seriedade, com objetivos

educacionais claros e viáveis.

Significa transformar a escola, substituindo o ar de um lugar repleto de regras e

normas por um ambiente divertido, hospitaleiro, onde as crianças se sentem mais à vontade,

contribuindo para com as relações interpessoais e fortalecendo os laços que ali se formam

entre professor e aluno e aluno e aluno, sem, contudo, deixar fugir à escola sua função de

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20

provedora da educação formal, à medida que a música também é explorada nos seus aspectos

pedagógicos, históricos, artísticos, culturais e científicos. Bastian (2011, p. 72), em seu

trabalho de pesquisa sobre a importância da música como disciplina escolar e meio para o

desenvolvimento da identidade dos estudantes, afirma:

Os dados dos estudos comprovam sobeja e inconfundivelmente que a prática ativa

da música (em conjunto ou até mesmo solistamente), com seu potencial capaz de

despertar emoções, está apta a mitigar os conflitos da juventude, a melhor controlar

os sentimentos de agressividade, de desconfiança e de autoinsegurança, além de

aumentar e apoiar o crescente esforço por autonomia.

Assim, a educação musical, a partir dos primeiros anos de escolaridade, influenciará

positivamente tanto no que diz respeito à aprendizagem em si sobre esse conteúdo disciplinar,

como também trará benefícios à formação do caráter e identidade da criança e a sua

integração em sala de aula.

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21

4 A CRIANÇA E SEUS DESENVOLVIMENTOS: INÍCIO DA COGNIÇÃO

MUSICAL

Em retomada ao que já foi evidenciado na seção 2 deste trabalho, por intermédio de

pesquisas e experiências realizadas por especialistas na área de música, de obstetrícia e de

pediatria, toma-se conhecimento de que a música exerce um papel muito importante na fase

gestacional do bebê, tranquilizando-o ou agitando-o no ventre de sua genitora. Depois de

nascido, o bebê vai passar por importantes fases de adaptação ao novo mundo que se lhe

apresenta até entrar na próxima etapa de sua vida: a segunda infância (dos 3 aos 6 anos de

idade).

No decorrer de seu crescimento, a criança realiza atividades involuntárias através de

pequenas ações que dizem de sua cognição com o mundo. Elas começam a se integrar com o

meio familiar; em seguida, com a escola, desenvolvendo habilidades como locomoção,

concentração, criatividade, afetividade, entre outros. Sabe-se que cada criança é única, não

existem duas pessoas iguais no mundo e, quanto à inteligência, muitas vezes se diz que,

quando os pais são inteligentes, os filhos também o serão (embora a hereditariedade confirme

tal afirmação, pode acontecer diferente).

Independente da genética, a inteligência pode ser estimulada a partir das relações

interpessoais familiares ou não, o que mostra que o mundo que acolhe a criança é que vai

permitir que suas experiências sejam únicas. Segundo Bastian (2011, p. 96):

As transformações no padrão de inteligência das crianças são significativas ao longo

do tempo, o que, de início, prova, mais uma vez, que a inteligência não é uma

grandeza imutável no discurso da vida, tal como traço hereditário da personalidade,

cunhado por algum gene, mas que ela, com a idade, pode desenvolver-se mediante o

aprendizado ou atrofiar-se por negligência.

A canção tem uma importância no desenvolvimento cognitivo uma vez que, inserida

no dia a dia da criança, seja na hora de dormir, no banho, no lanche, entre outros, permite de

forma espontânea maior interação com a música. Dessa maneira, quanto mais se incentivar a

criança a ouvir e cantar, tanto maiores serão os estímulos para o desenvolvimento da

cognição.

Vale, no entanto, destacar que cada criança tem sua experiência musical diferenciada

das demais. Consequentemente, seu desenvolvimento tem um ritmo próprio que vai se

diferenciar no grupo. Esse ritmo está ligado à resposta dos estímulos de todos os momentos de

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sua vida, reforçando que o aprendizado depende de sua interação com o mundo. Montagner

(1993 apud RODRIGUES; ARRAIS; RODRIGUES, 2013, p. 49) ressalta que:

A passagem do ser limitado unicamente às funções biológicas ao indivíduo social já

não é um salto miraculoso. Constrói-se com escutas e apelos trocados com a mãe,

balbuciamentos do jogo de interações que abre à criança a via do diálogo. As

mímicas, o olhar, o sorriso, as posturas, os gestos, os contatos, a voz, ganham

progressivamente sentido; tornam-se mensagens, trocam conhecimentos e emoções.

Com o intuito de aprimorar o conhecimento cognitivo da criança, pode-se dar a ela um

ambiente repleto de sons, brinquedos musicais ou até mesmo instrumentos musicais para que,

com esses, ela possa experimentar desenvolver habilidades dos conhecimentos intelectual e

imaginativo, entre outros. A música tem o dom de fazer com que as crianças desenvolvam seu

intelecto, aprendendo de uma forma lúdica, construindo inteligência em cima de algo que é

tão comum e frequente para elas. Como diz Bastian (2011, p. 110):

Encontramos uma fundamentação didático-psicológica para a relação entre

musicalidade e inteligência em diversos princípios teóricos sobre a elucidação da

transferência, entre outros, na teoria dos ‘elementos idênticos’, de E. L. Thorndikes,

os quais são comuns no aprendizado – na música, de modo particular –, e no

desenvolvimento cognitivo no geral: música é composição (= nexo), sintaxe e

estrutura de aspiração cognitiva, pois a construção da música tem algo de abstrato,

lógico, figurativo; ela exige a descoberta de formas e de princípios de formas.

Então, pode-se dizer que a música é uma ferramenta de fácil manipulação para o

processo de desenvolvimento cognitivo das crianças, pois elas aprendem, de forma lúdica, no

seu dia a dia, com as canções que irão proporcionar, no decorrer dos seus crescimentos,

aprendizados únicos.

4.1 A importância da Música para o desenvolvimento motor infantil

Foto 3 - Sons

Fonte: MEU... (2013)5.

5Documento online não paginado.

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Desde sua fase uterina, o feto se movimenta no ventre da mãe. Ao nascer, o

desenvolvimento motor aperfeiçoa-se especialmente no primeiro ano de vida das crianças,

quando elas começam a se locomover: rastejar, ficar em pé, e depois andar, por isso é de

fundamental importância que os pais estimulem seus filhos à movimentação corporal num

período assim tão crucial. A música apresenta-se, pois, como uma das ferramentas eficazes ao

auxílio do desenvolvimento motor da criança, uma vez que já é usada em vários momentos do

avanço psicomotor de bebês com idades entre 0 e 24 meses para a aquisição do sentido de

locomoção.

O gesto e o movimento corporal estão intimamente ligados e conectados ao trabalho

musical. A realização musical implica tanto em gesto como em movimento, porque

o som é, também, gesto e movimento vibratório, e o corpo traduz em movimento os

diferentes sons que percebe. Os movimentos de flexão, balanceio, torção,

estiramento etc., e os de locomoção como andar, saltar, correr, saltitar, galopar etc.,

estabelecem relações diretas com os diferentes gestos sonoros. (BRASIL, 1998, v. 3,

p. 61).

A utilização de células rítmicas com simples gestos de movimentação e de canções

que estimulem a movimentação corporal com palmas, batidas com o pé, batidas nas pernas,

deslocamento em forma de marcha, entre outros, constituem um bom exercício para o

desenvolvimento motor da criança.

Do primeiro ao terceiro ano de vida, os bebês ampliam os modos de expressão

musical pelas conquistas vocais e corporais. Podem articular e entoar um maior

número de sons, inclusive os da língua materna, reproduzindo letras simples,

refrões, onomatopeias etc., explorando gestos sonoros, como bater palmas, pernas,

pés, especialmente depois de conquistada a marcha, a capacidade de correr, pular e

movimentar-se acompanhando uma música. (BRASIL, 1998, v. 3, p. 51).

O ritmo e o movimento são dois elementos que coexistem na música e que agregam

valores bastante significativos no decorrer do desenvolvimento infantil. O ritmo possui vários

significados e formas são justamente essas variações que podem acrescentar valor ao

aperfeiçoamento motor da criança, visto que, quando elas cantam, costumam dançar e,

quando dançam, se movimentam e executam ritmos para acompanhar as melodias.

Nos informes do Regulamento Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil

vê-se:

Em todas as culturas as crianças brincam com a música. Jogos e brinquedos

musicais são transmitidos por tradição oral, persistindo nas sociedades urbanas nas

quais a força da cultura de massas é muito intensa, pois são fonte de vivencias e

desenvolvimento expressivo musical. Envolvendo o gesto, o movimento, o canto, a

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dança e o faz - de - conta, esses jogos e brincadeiras são expressões da infância.

(BRASIL, 1998, v. 3, p. 70-71).

A música fornece, obviamente, uma infinidade de ritmos, sejam eles mais lentos ou

mais acelerados. Com todos eles, as crianças se movimentam no andamento da canção,

executando a movimentação de seu corpo ao ritmo da música, qualquer que seja a batida

rítmica (vibrante ou não). A criança sente prazer em se movimentar com música e, ao fazer

isso, trabalha seu equilíbrio e o aprimoramento de sua coordenação motora ao mesmo tempo

em que se diverte dançando, fortalecendo as articulações, tonificando os músculos, auxiliando

na flexibilidade corporal. Isso mostra que a música é uma ferramenta de inegável importância

para o desenvolvimento motor e para o condicionamento físico das crianças.

4.2 O desenvolvimento afetivo abstraído da sensibilidade musical

A afetividade é um estado psicológico do ser, que pode sofrer modificações conforme

as diferentes situações diárias, e está ligada ao amor, ao carinho, à ternura, à amizade, entre

outros, influenciando diretamente no comportamento e na aprendizagem das pessoas. A

ausência ou presença do afeto na vida de uma criança pode determinar seu desenvolvimento e

como se manifestará sua relação com o mundo e com os outros, se ela tornar-se-á um (a)

adulto (a) com um grau maior ou menor de sensibilidade em todos os campos de convivência.

Ainda nas palavras de Brasil (1998, v. 3, p. 51) reitera-se: “Encantados com o que ouvem, os

bebês tentam imitar e responder, criando momentos significativos no desenvolvimento afetivo

e cognitivo, responsáveis pela criação de vínculos tanto com os adultos quanto com a

música”.

O desenvolvimento afetivo do bebê inicia tão logo se dá seu contato com a mãe,

quando ela, carinhosamente, o segura pela primeira vez nos braços e passa-lhe uma sensação

de segurança e bem estar. No decorrer dos meses, a criança vai evoluindo e, com isso, começa

a ampliar suas relações interpessoais ao criar laços afetivos com outras pessoas que passarão a

contribuir para seu desenvolvimento de um modo geral, trazendo-lhe segurança e

determinação e fortalecendo sua autoestima.

Foi só na década passada que os neurocientistas descobriram que a muito de

extraordinário no que se passa no cérebro do bebê quando ele recebe um estímulo

tão simples quanto um carinho da mãe. Como resposta ao gesto, em segundos,

milhares de neurônios se conectam. Essas conexões, as sinapses, podem durar para

sempre ou desaparecer. Se muitas forem criadas e fortalecidas no início da vida, a

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25

criança terá mais chance de ser um adulto saudável, com bom desempenho na

escola, no trabalho e na vida afetiva. (GOIS, 2004)6.

A música configura-se como uma aliada ao se integrar ao desenvolvimento afetivo da

criança. Por meio de canções que estimulem a amizade, a coragem, o respeito, o carinho, o

amor, como algumas canções de ninar, cantigas de roda e de super-heróis, pode-se influenciar

positivamente no comportamento social e afetivo da criança. E cabe aos pais e/ou cuidadores

da criança criar essa ponte, esse primeiro contato entre o universo lúdico e prazeroso da

música e o desenvolvimento da afetividade – concepção defendida por Melo (1985 apud

BRITO, 2003, p. 97) quando diz:

A cantiga de berço, o suave embalo e aconchego nos braços das mães ou amas

carinhosas, foi sempre, em todos os povos, o primeiro gesto de solidariedade ao

recém-nascido. A vida começa, realmente, com o primeiro ninado da parteira, o

acalanto inaugural, recebido sempre pelo bebê com gritos e protestos terríveis.

Porém, não são apenas sentimentos positivos que tais canções podem gerar. O medo e

a maldade também podem ser instigados por canções infantis, como em Boi da Cara Preta,

Dorme neném e Atirei o pau no gato, por exemplo. Isso leva à reflexão sobre que tipos de

músicas devem ser entoados, afinal, para que apenas sentimentos bons e proveitosos venham

à tona na vida das crianças, mesmo porque hoje em dia é muito comum ouvir canções de

cunho popular que incentivam o uso de drogas, a insensibilidade, a violência e o apelo sexual

nas inúmeras estações de rádio espalhadas pelo país.

Já no ambiente escolar, a afetividade da criança começa de uma forma muito

marcante, porque é onde ela irá conhecer novas pessoas que não fazem parte de seu ambiente

familiar ou de seu círculo da amizade mais próximo, tanto que, para a maioria delas, o

primeiro dia de aula é um verdadeiro tormento, pois tudo é muito novo. Nesse momento, elas

passarão a ter uma rotina diferente de seu cotidiano e, para acalmá-las nessa fase de adaptação

e descobertas, a canção aparece como fundamental ferramenta ao estímulo da interação e da

afetividade. Como não poderia deixar de ser, as cantigas de roda e as brincadeiras musicais

fazem-se presentes, estimulando o respeito, o exercício da alteridade, o desenvolvimento do

espírito de grupo, o carinho e a amizade com os novos colegas de sala de aula, tudo para que a

criança se sinta mais confortável e segura no meio escolar.

6Documento online não paginado.

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26

É preciso formar ou restaurar, ao longo da Educação Infantil, o hábito de também

oportunizar, mediante o ensino obrigatório de música nesse sistema de ensino, a introdução ao

estudo de canções populares brasileiras e de clássicos da músicas do mundo para a

sensibilização e iniciação ao conhecimento estético-artístico de obras musicais de renomados

autores, sejam de canções acompanhadas de letras, peças instrumentais ou até de hinos

patrióticos.

Na fase da Educação Infantil, as crianças ainda estão em processo de alfabetização.

Isso exige bom senso na escolha das canções que poderão ser trabalhadas, nos materiais que

serão usados e na metodologia a aplicar para crianças em tão tenra idade (de dois a seis anos).

Assim, a fim de auxiliar no desenvolvimento afetivo das crianças em sala de aula, o ensino de

Música deve permitir que o contato com esse objeto de estudo dê-se de maneira lúdica e

contextualizada, em ambiente agradável (arejado e bem iluminado), com recursos didáticos

diversificados e divertidos, instrumentos e objetos musicais e jogos e brincadeiras com

músicas próprias para a idade.

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5 RELATO DE EXPERIÊNCIA NA ESCOLA DOM MARCOLINO DANTAS

Foto 4 - Fachada da Escola Dom Marcolino Dantas – Natal/RN

Fonte: Gadelha (2014a)

7.

A Escola Dom Marcolino Dantas é uma instituição que está no mercado há 65 anos na

cidade do Natal, localizada à Rua Jaguarari, 1678 – Bairro do Alecrim. Oferece aulas de

Educação Infantil, Fundamental I e II, e Ensino Médio nos períodos da manhã e da tarde nos

moldes da Educação Vicentina – inspirada nos ensinamentos de Jesus Cristo e baseada na

metodologia empregada por São Vicente de Paulo, cuja concepção pedagógica centra-se na

formação integral do indivíduo e no diálogo e vivência dos valores humanos em comunidade,

e atualizada por teorias de aprendizagem defendidas por Paulo Freire, Piaget, Gardner,

Vygotski entre outros pedagogos contemporâneos.

A Escola foi fundada em 1950, inicialmente como um centro de catequese regido por

freiras que vinham do Patronato da Medalha Milagrosa para dar aulas às crianças que

moravam no bairro do Alecrim. Com o tempo, as irmãs sentiram a necessidade de doar um

pouco mais de seu tempo para a caridade e passaram a dar aulas regulares nos períodos da

manhã e da tarde no antigo jardim de infância, a atual Educação Infantil.

Dom Marcolino Dantas foi o primeiro Arcebispo católico da cidade do Natal, a Escola

recebeu esse nome, pois foi ele que doou o terreno para as freiras construírem o centro de

catequese, que hoje é a Escola Dom Marcolino Dantas.

7Documento não paginado.

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Até bem pouco tempo atrás, as aulas de música só eram ofertadas para o Ensino

Fundamental I (que compreende do primeiro ao quinto ano), quando em 2013 a diretora Maria

Socorro de Lima resolveu, em conjunto com a equipe pedagógica da Escola, que o ensino de

Música deveria ser estendido à Educação Infantil (que abrange os níveis I, II, III e IV) com

crianças de dois a quatro anos de idade.

A experiência da autora nessa instituição, como professora de música para o Ensino

Fundamental I, iniciou-se no ano de 2013 para as turmas do 1° ao 5° ano. Com a mudança

curricular supracitada, a mesma foi convidada para ministrar aulas também à Educação

Infantil em seus quatro níveis de escolaridade.

O início do convite foi muito desafiador à autora, pois nunca teria ministrado aulas

para crianças com tão tenra idade. Assim, o primeiro desafio consistiu em buscar formas de

como inserir o conteúdo de música para as crianças, diferente do que se espera na maioria das

vezes: chegar com um instrumento musical e tocar e cantar durante toda a aula. A

preocupação era buscar didáticas voltadas à Educação Infantil para trabalhar o conteúdo das

aulas de forma lúdica, mas também introduzindo os conhecimentos musicais primários

necessários e cabíveis à idade delas.

Depois de várias pesquisas, encontrou-se dois materiais didáticos da professora Elvira

Drummond, que propõe o ensino de Música para crianças a partir de 0 ano de idade,

fundamentais para a experiência da autora como docente: o livro intitulado DOMIDÓ, o qual

traz canções que pretendem estimular e fortalecer a relação pais e bebês (DRUMMOND,

2011), e a coleção Descobrindo sons – volumes I, II e III, em que a música serve para criar a

atmosfera da paisagem sonora de vários ambientes contemplados em histórias infantis,

explorando sons que existem em casa, na rua, na praia, no campo, na cidade, bem como de

outros sons presentes em nosso cotidiano. (DRUMMOND, 2009a). Em seus estudos musicais

sobre o ambiente sonoro, Schafer (1991, p. 177) discorre: “O objeto sonoro pode ser

encontrado, em qualquer parte. Ele é agudo, grave, longo, curto, pesado, forte, contínuo ou

interrompido. Os objetos sonoros podem ser encontrados dentro ou fora das composições

musicais”.

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29

Foto 5 – Sons do mundo

.

Fonte: OUVIR... (2013)8.

O passo seguinte consistiu na elaboração do plano de aula para a Educação Infantil,

introduzindo ideias de Drummond (2009a) e adicionando o próprio conhecimento musical da

autora adquirido no decorrer do processo da educação universitária no curso de Licenciatura

em Música. Após a resolução desse quesito, cuja questão primordial era qual assunto abordar

com crianças tão novas, surgiu o segundo desafio: como aplicar esse conteúdo de música à

Educação Infantil sem torná-lo monótono e desinteressante.

No primeiro bimestre do ano letivo de 2013, algumas dificuldades foram enfrentadas

concernentes à adaptação com a nova turma: a quantidade excessiva de alunos de níveis e

idades diferentes (2 a 4 anos de idade, do I ao III nível da Educação Infantil) todos juntos;

espaço inadequado (quadra esportiva) para o desenvolvimento do trabalho proposto pela

autora; falta de material exclusivo para as aulas de música, tais como: objetos sonoros e

instrumentos musicais; e a necessidade de um monitor para acompanhar as crianças inquietas.

Foto 6 - Quadra esportiva da Educação Infantil da Escola Dom Marcolino Dantas

– Natal/RN

Fonte: Gadelha (2014b)

9.

8Documento online não paginado.

9Documento não paginado.

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Para solucionar tais problemas, solicitou-se, imediatamente, o apoio da coordenação

pedagógica que atendeu parcialmente as necessidades da turma, providenciando dois

auxiliares e adquirindo os objetos sonoros necessários à realização das aulas. No entanto, a

quadra esportiva continuou como o espaço de aula. Nesse período, observou-se que os

alunos, além de não prestarem atenção muitas vezes nas informações que estavam sendo

repassadas a eles, tinham o ímpeto de correr pela quadra – local normalmente usado para a

recreação dos mesmos.

A aula tinha a duração de duas horas corridas, sendo que, praticamente, metade dela

era utilizada para acalmar, ou seja, controlar os alunos e fazê-los prestar atenção. Foi então

que, em busca de soluções para resolver tal problemática, a coordenação pedagógica

concordou em dividir a quantidade de alunos em duas turmas, com carga horária de uma hora

e meia para cada uma, ficando assim: níveis I e II num horário e níveis III e IV em outro.

Sensíveis e notórios foram os avanços, já que, com turmas reduzidas em quantidade de

alunos, trabalhar-se-ia agora com grupos homogêneos em idades próximas e com mais

afinidades entre eles.

No final do ano letivo de 2013, após as provas, houve uma reunião pedagógica com

todos os professores da Escola Dom Marcolino Dantas para um balanço das atividades

pedagógicas realizadas e novas determinações. Por isso, mudanças significativas vieram logo

no início do ano seguinte, tais como: separações das turmas por níveis, segundo a faixa etária;

aquisição de conjuntos de instrumentos musicais para a formação de bandinha rítmica e o

acompanhamento de monitores por turmas. Embora as mudanças citadas tenham representado

uma melhoria para a realização das aulas de música para o ano seguinte, ainda havia o que se

fazer.

Em 2014, portanto, as aulas de música na Educação Infantil da Escola Dom Marcolino

Dantas passaram a ser ministradas todas as quintas-feiras nos turnos matutino e vespertino,

com carga horária de quarenta minutos para cada turma, durante o horário normal de aulas,

trabalhada no sistema bimestral. Por não ser componente curricular obrigatório, não há o

registro de notas nem reprovação.

Assim, no primeiro bimestre, trabalhou-se com os alunos os instrumentos que

pertencem à bandinha rítmica, que são os instrumentos de percussão, tais como: tambores,

caxixis, clavas, pandeiros, platinelas, guizos, maracas, blak-blaks, chocalhos, entre outros. A

forma como esse assunto foi inserido para os alunos ultrapassou o mero conhecimento

material acerca desses instrumentos para seu posterior reconhecimento. Às crianças foi lhes

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dada à oportunidade de conhecer o contexto histórico e cultural de uso desses instrumentos

musicais além de se apresentar a maneira correta de tocar cada um deles.

Foto 7 – Instrumentos

Fonte: BANDINHA... ([20--?])

10.

A culminância das aulas de música no primeiro bimestre na Educação Infantil deu-se

com os alunos, organizados em grupos, tocando os instrumentos que tinham sido mostrados a

eles no decorrer dos primeiros meses. Formou-se, pois, um conjunto musical com cada turma.

Foi um dia de bastante alegria! Eles se sentiram como verdadeiros músicos, todos tocando

juntos, exprimindo a mesma emoção.

No segundo bimestre, trabalhou-se com os educandos os instrumentos do mundo.

Em cada dia de aula, havia um instrumento novo, diferente a ser estudado – ora de corda ora

de sopro, sempre levando em consideração o contexto histórico do instrumento, à família ou

naipe à qual pertencem e a forma como se toca. Vários instrumentos foram mostrados durante

as aulas, tais como: guitarra, teclado, cavaquinho, violino, flauta doce e trompete.

Um dia muito especial do segundo bimestre aconteceu quando a autora levou uma

guitarra infantil à sala de aula. Pode-se observar o brilho dos olhos das crianças ao ver aquele

instrumento que elas tanto pediam para tocar. Conectou-se a guitarra à caixa de som e as

primeiras notas foram tiradas pela autora deste trabalho. Mostrou-se a forma como a guitarra

funcionava acrescida de uma breve exposição do conteúdo histórico do instrumento. Logo

após, cada aluno teve a oportunidade de tocar, tirar sons da guitarra, da maneira que eles

achassem melhor. Isso remeteu a lembrança de uma das máximas de Schafer (1991, p. 227)

quando diz que a “[...] aula deve ser uma hora de mil descobertas”, que professor e aluno se

integrem de uma forma que ambos se ajudem para um bom desenvolvimento em sala de aula.

Vários outros momentos interessantes em sala de aula na Educação Infantil ocorreram

os quais serão aqui compartilhados. No dia em que se levou um cavaquinho, uma das

10

Documento online não paginado.

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crianças, ao tentar tocar o instrumento, rompeu uma corda e a mesma começou a chorar

dizendo que estava triste porque tinha deixado o cavaquinho doente e que, por essa razão, os

outros amiguinhos não iam mais poder tocar. Esse momento foi deveras emocionante...

Assim, tentou-se acalmá-la, dizendo-lhe que não tinha problema em ter danificado o

instrumento e que, se as outras crianças fossem suas amigas, iriam compreender. Nesses

pressupostos, o fato foi considerado muito importante pela autora ao perceber a preocupação

da criança com os outros alunos.

No terceiro bimestre, alterou-se o enfoque das aulas. Começa-se a trabalhar mais

minuciosamente o material Descobrindo sons, da professora Elvira Drummond, que vem

com o manual do professor e dez livros acompanhados de Compact Disc (CDs) que contam

histórias, indagando sobre vários ambientes sonoros diferenciados para estimular a percepção

auditiva das crianças de uma forma lúdica e prazerosa. (DESCOBRINDO, 2009a).

Foto 8 – Livro – Descobrindo sons - v. I, de Elvira Drummond.

Fonte: DESCOBRINDO... [2009a]

11.

O primeiro contato das crianças, dos níveis I e II, com as histórias do material

utilizado foi de uma enorme alegria, pois elas interagiram com os assuntos abordados, sempre

participando, reproduzindo com a voz os sons dos instrumentos e brinquedos percussivos que

eram oferecidos, com o intuito de fazê-las se sentir parte fundamental das histórias ali

contadas.

A partir da utilização desse material nas aulas de música, foi escolhida a história A

casa do Dudu (DRUMMOND, 2009b). Num determinado momento da contação, ao utilizar

um rádio portátil para reproduzir um dos sons propostos no livro, a autora foi surpreendida

11

Documento online não paginado.

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com a resposta de uma das alunas do nível I à pergunta sobre qual objeto produz aquele som.

Imediatamente, ela gritou que se tratava do som de uma cadeira de balanço. E era de fato, o

som da cadeira de balanço da vovó, uma das personagens do texto apresentado naquela aula.

Surpreendidas, a monitora e a autora se entreolharam espantadas porque não seria assim tão

fácil e rápido para uma criança identificar tal objeto pela sutileza sonora que ele apresenta ao

ser impulsionado para frente e para trás. Perguntou-se àquela menininha como ela havia

descoberto isso, e ela respondeu: - “Lá na minha casa, vovô se balança na cadeirinha dele e

faz assim.” (informação verbal)12. Percebeu-se então, que as crianças, ao ouvirem histórias

como as que o livro conta, costumam associá-las ao seu dia a dia e buscam na memória os

sons aos quais são expostas com frequência. Elas aprendem brincando.

Em outra aula, trabalhou-se a história Um dia na praia que conta sobre uma menina

que foi passear nesse lugar com os pais. (DRUMMOND, 2009c). Os alunos foram

estimulados a descrever os sons que existem na praia, antes mesmo de se contar a história.

Surgiram as mais variadas respostas: o barulho das ondas, o assovio do vento, gritos de

crianças brincando e dos vendedores ambulantes, música vindo de carrinhos ou das barracas

de praia, etc., o que mostra o quanto as crianças estão atentas ao que acontece ao seu redor e

que nenhum som passa despercebido por eles.

Foto 9 – Livro – Descobrindo sons - v. II, de Elvira Drummond.

Fonte: DESCOBRINDO... [2009b]

13.

12

Informação fornecida por uma aluna, do nível I, da Escola Dom Marcolino Dantas, em Natal, em agosto de

2014. 13

Documento online não paginado.

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Com foco nos sons existentes em nossa casa e nos que existem na rua e em outros

locais públicos, deu-se continuidade às aulas no bimestre seguinte, sempre envolvendo os

alunos como parte integradora das histórias contadas, delegando aos mesmos a tarefa de

sonorizar os contos com o objetivo de tornar a aula um momento de descobertas, criação,

interação, descontração e alegria para eles.

5.1 Homenagem ao Dia das Crianças 2014

No mês de outubro, as comemorações ao Dia das Crianças na Escola Dom Marcolino

Dantas durou uma semana inteira (compreendida entre os dias 06 e 11) com palestras, várias

brincadeiras e muita diversão. Nesse ínterim, ocorreu no dia 09 de outubro, a participação da

autora. Sendo professora da Educação Infantil, a mesma caracterizou-se como a boneca

Emília do Sítio do Pica-pau Amarelo, uma das narrativas infantis brasileiras mais importantes,

do escritor Monteiro Lobato, a fim de fazer uma aula de música ainda mais atrativa para a

especial data, trabalhada nos dois turnos.

A aula foi dividida em dois momentos:

No primeiro tempo, foi realizada a contação da história João e Maria na terra da

má educação, criada pela própria autora deste trabalho, utilizando o teatro de fantoches.

(SILVA, 2014)14. O conto narra a vida de João, que era um menino muito mal educado, e de

Maria, sua prima, menina meiga, doce e bastante educada. Maria e a fada Joana tentam,

juntas, torná-lo um bom e educado menino. No decorrer da narrativa, elas usam músicas com

temas relacionados a afeto, bondade, amor e amizade para ensinar João a ser bem

comportado. Diante disso, os alunos foram encorajados a participar da encenação, interagindo

com o personagem João, mostrando-lhe o quão feio e desrespeitoso era ele ser mal educado.

As crianças também ajudaram a entoar as canções executadas durante a peça teatral com os

fantoches, como A formiguinha – cantiga de roda (SILVA; QUINTINHO, [20--?])15, Aos

olhos do Pai, interpretada por Diante do Trono (BESSA, 2002)16, e a música Palavrão, de

Elvira Drummond. (DRUMMOND, 2013)17. Foi uma aula de bastante descontração,

ministrada a todos os alunos dos níveis I, II, III e IV.

14

História criada pela autora, não publicada e não paginada. 15

Documento online não paginado. 16

Documento online não paginado. 17

Documento online não paginado.

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35

Foto 10 – Teatro de fantoches

Fonte: Gadelha (2014c)18

.

O segundo momento da aula foi trabalhado o universo da fantasia das crianças, com

a aparição da personagem Emília. Quando a autora apareceu por trás da armação do teatro de

fantoches, fantasiada da boneca, dizendo que tinha vindo do Sítio do Pica-pau Amarelo, a

criançada foi ao delírio! Começaram todos a gritar que a boneca Emília estava lá o tempo

todo e eles nem desconfiavam. Foi bastante divertido ver que as crianças não haviam

reconhecido a autora. Então se perguntou onde estaria à professora Anusca e em qual escola

ela deveria estar naquele momento.

Foto 11 - Emília

Fonte: Gadelha (2014d)

19.

18

Documento não paginado. 19

Documento não paginado.

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Após essa breve e prazerosa conversa com os alunos, a autora cantou e dançou com as

crianças, mostrando que aquela aula foi planejada com muito amor e carinho para que elas se

sentissem especiais em ter uma personagem do Sítio do Pica-pau Amarelo junto delas.

Foto 12 - Conversando com os alunos

Fonte: Gadelha (2014e)20

.

20

Documento não paginado.

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37

6 REFLEXÃO FINAL

Este trabalho e uma elaboração das atividades desenvolvidas na Escola Dom

Marcolino Dantas na educação infantil. Nele o ensino de música e fundamentado nos

pensadores Brito, Drummond, Bastiam e Schafer. Nesta perspectiva se relata as características

consideradas para este ensino: cognitiva, motora e afetiva. No entanto a aprendizagem e os

desenvolvimentos são características que podem ser observadas na aplicação de atividades

que usem objetos que produz som e instrumentos musicais de diferentes naturezas. Os naipes

dos instrumentos, as brincadeiras, os jogos musicais, as cantigas de ninar e de roda, a música

popular brasileira, as canções de Drummond (2009a, 2011, 2013) e obras musicais universais

foram inseridas nas práticas de vivência.

O texto também menciona conteúdos diversificados e maneiras de trabalhar de forma

lúdica e prazerosa, como por exemplo, temas que podem ser contextualizados com a história e

revelem, tão logo na Educação Infantil, conhecimentos de nossa cultura. Compreendendo o

ensino de Música como recurso educacional importante no universo da criança, observou-se

que, no decorrer das aulas, a criança vai aperfeiçoando a compreensão, cantando mais

facilmente, repetindo os gestos mais espontâneos e, consequentemente, se tornando segura,

determinada e, principalmente, sensível como observamos nas turmas do nível I ao nível IV.

À autora, muito foi acrescentado profissionalmente ao lidar com os autores estudados.

A importância do legado bibliográfico que foi dedicado, dispostos nas obras de Drummond

(2009a, 2011). Como também as leituras de Schafer (1991) e Brito (2003). Entre outros

pedagogos musicais, destaca-se como pensamento central, as palavras de Brito (2003, p. 46):

“A educação musical não deve visar à formação de possíveis músicos do amanhã, mas sim à

formação integral das crianças de hoje.” Este destaque, dado em epígrafe, foi considerado

como uma ferramenta imprescindível para a monografia que é ensinar música desde a

Educação Infantil visto que, nesta fase, o processo do caráter formador do indivíduo é

revelado e a experimentação da música, no que tange o cantar e o ouvir, consegue expandir a

auto expressão nos primeiros anos, estes fatos leva a crer e propor, que o conteúdo de música

se torne obrigatório também na Educação Infantil.

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REFERÊNCIAS

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educacao_detalhes.php?prod=209&rnd=108>. Acesso em: 22 set. 2014.

BASTIAN, Hans Günther. Música na escola: a contribuição do ensino da música no

aprendizado e no convívio social da criança. Tradução de Paulo F. Valério. 3. ed. São Paulo:

Paulinas, 2011. (Coleção clave de sol. Série música e educação).

BESSA, Ana Paula Valadão. Aos olhos do Pai. Intérprete: Diante do Trono. 2002. Música

interpretada pelos fantoches durante a contação da história. Disponível em:

<http://www.youtube.com/watch?v=tw Pl6Cit8Iw>. Acesso em: 8 out. 2014.

BRASIL. Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da

educação nacional. 1996. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/

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______. ______. ______. Referencial curricular nacional para a educação infantil:

conhecimento de mundo. Brasília: MEC/SEF, 1998. v. 3. Disponível

em:<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/ pdf/volume3.pdf>. Acesso em: 10 set. 2014.

______. Lei nº 11. 769, de 18 de agosto de 2008. Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de

1996, Lei de Diretrizes e Bases da Educação, para dispor sobre a obrigatoriedade do ensino da

música na educação básica. Diário Oficial da União República Federativa do Brasil,

Brasília, DF, 19 ago. 2008. Disponível em:<http://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/

index.jsp?jornal=1&pagina=1&data=19/08/2008>. Acesso em: 3 set. 2014.

BRITO, Teca Alencar de. Musica na educação infantil: propostas para a formação integral

da criança. São Paulo: Peirópolis, 2003.

CÁRICOL, Kassìa. Panorama do ensino musical. [20--]. Disponível em:<

http://www.amusicanaescola.com.br/pdf/PanoramaEnsinoMusical.pdf>. Acesso em: 6 set.

2014.

DESCOBRINDO sons vol. I: histórias e canções para musicalização de bebês – 1 ano.

[2009a]. Disponível em:<http://www.elviradrummond.com.br/musicalizacao_de_bebes.

html>. Acesso em: 23 set. 2014.

DESCOBRINDO sons vol. II: histórias e canções para musicalização de bebês – 2 anos.

[2009b]. Disponível em:<http://www.elviradrummond.com.br/musicalizacao_de_bebes.

html>. Acesso em: 23 set. 2014.

DRUMMOND, Elvira. Descobrindo sons: educação musical infantil – [Manual do

professor]. Fortaleza, CE: LMiranda, 2009a. 3v. (Coleção Linguagem e percepção musical,

1).

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______. A casa do Dudu. Fortaleza, CE: LMiranda, 2009b. (Coleção Descobrindo sons, 1).

______. Um dia na praia. Fortaleza, CE: LMiranda, 2009c. (Coleção Descobrindo sons, 1).

______. Efeito domidó: jogos cantados para estimulação de bebês de 0 a 1 ano. Fortaleza,

CE: LMiranda, 2011. (Coleção Musicalização).

______. Palavrão. Intérpretes: Bia Drummond e Tom Drummond. 2013. Música interpretada

pelos fantoches durante a contação da história. Disponível em:<http://www.youtube.com/

watch?v=WuIFDVxOt0s>. Acesso em: 9 out. 2014.

ENVELOPE sonoro *Musicalização e Educação por meio de apresentação de instrumentos

musicais: SESC Santos – 14:00 às 18:00 (gratuito). 2014. Disponível em: <https://

minutocrianca. wordpress.com/tag/shopping-patio-iporanga/>. Acesso em: 5 set. 2014.

GADELHA, Priscila. [Fachada da Escola Dom Marcolino Dantas – Natal/RN]. 2014a. 1

fotografia, color.

______. [Quadra esportiva da Educação Infantil da Escola Dom Marcolino Dantas –

Natal/RN]. 2014b. 1 fotografia, color.

______. [Teatro de fantoches]. 2014c. 1 fotografia, color.

______. [Emília]. 2014d. 1 fotografia, color.

______. [Conversando com os alunos]. 2014e. 1 fotografia, color.

GOIS, Antônio. Menor é melhor. Folha de São Paulo, Rio de Janeiro, 27 jan. 2004. Sinapse

online. Disponível em:<http://www1.folha.uol.com.br/folha/sinapse/ult1063u726.shtml>.

Acesso em: 20 set. 2014.

HOURNEAUX, Edilson. A (verdadeira e completa) história da guitarra. 2011. Disponível

em:<http://luthieria.blog.com/2011/08/08/a-verdadeira-e-completa-historia-da-guitarra/>.

Acesso em: 2 out. 2014.

MED, Bohumil. Teoria da música. 4. ed. Brasília: Musimed, 1996.

MEU filho vai ser assim... 2013. Disponível em:<http://blog.santoangelo.com.br/meu-filho-

vai-ser-assim/>. Acesso em: 30 out. 2014.

OUVIR... 2013. Disponível em:<http://eraumaoutravez.blogspot.com.br/2013_02_01_

archive.html>. Acesso em: 21 set. 2014.

PEREIRA, Fernando de Oliveira. Os benefícios da música para o feto e para o bebê.

[20--?]. Disponível em:<http://bebedofuturo.mus.br/ os-beneficios-da-musica-para-o-feto-e-

para-o-bebe/>. Acesso em: 10 set. 2014.

RODRIGUES, Helena; ARRAIS, Nuno; RODRIGUES, Paulo Maria. Variações sobre temas

de desenvolvimento musical e criação artística para a infância. In: ILARI, Beatriz; BROOCK,

Angelita (Orgs.). Música e educação infantil. Campinas, SP: Papirus, 2013. cap. 2, p. 37-68.

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SCHAFER, R. Murray. O ouvido pensante. Tradução de Marisa Trench de O. Fonterrada,

Maga R. Gomes da Silva e Maria Lúcia Pascoal. São Paulo: UNESP, 1991.

SILVA, Tony; QUINTINO, João. A formiguinha. Intérprete: Sandrinha e a garotada. [20--?].

Cantiga de roda interpretada pelos fantoches durante a contação da história. Disponível

em:<http://letras.mus.br/sandrinha-a-garotada/1512843/>. Acesso em: 9 out. 2014.

SILVA, Anusca Anerita da. João e Maria na terra da má educação. 2014. História criada

pela autora, não publicada.

WEIGEL, Anna Maria Gonçalves. Brincando de música: experiências com sons, ritmos,

música e movimentos na pré-escola. Porto Alegre: Kuarup, 1988.

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ANEXO A – Materiais utilizados

Descobrindo sons – histórias. v. I:

Barulhinhos do corpo;

Os brinquedos de Leo;

O aviãozinho do Luiz;

A casa do Dudu;

Um dia na praia;

Um dia no campo;

Uma rua barulhenta;

No sitio do vovô Mário;

A loja de brinquedos musicais;

Os transportes do Beto

Descobrindo sons – histórias, v. II:

Passeio no mar;

O aniversário da Nanda;

Nina e seus barulhinhos;

A girafa Gigi;

O almoço de Domingo.

Músicas:

Bom Dia... (Elvira Drummond);

O calango (Elvira Drummond);

Pulando (Elvira Drummond);

Quem sabe... (Elvira Drummond);

Sou eu! (Elvira Drummond);

Toc-Toc (Elvira Drummond);

Abro e fecho os olhos. (Elvira Drummond);

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Um beijo pra você. (Elvira Drummond);

Meus brinquedos (Elvira Drummond);

Barquinho de papel (Elvira Drummond);

O palhaço Bochechinha (Elvira Drummond);

Meu tamborzinho (Elvira Drummond);

Meu aviãozinho (Elvira Drummond);

Dona Cobra (Elvira Drummond);

Cadê você? (Elvira Drummond);

O caracol (Elvira Drummond);

O beija- flor (Elvira Drummond);

Grilo cantor (Elvira Drummond);

O mosquito (Elvira Drummond);

O macaco faz assim... (Elvira Drummond);

Minha orquestrinha (Elvira Drummond);

A moto (Elvira Drummond);

Vamos maninha vamos (Elvira Drummond);

O mar (Elvira Drummond);

A girafa e o caracol (Elvira Drummond);

O passeio da girafa (Elvira Drummond).