universidade federal do rio grande do norte … · e por último, e não menos importante sou grata...

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RAPHAELA CECÍLIA THÉ MAIA DE ARRUDA FALCÃO CONSUMO DE ALIMENTOS PROCESSADOS E ULTRAPROCESSADOS EM ADOLESCENTES: ASSOCIAÇÕES COM A PREVALÊNCIA DE INADEQUAÇÃO DE NUTRIENTES E OS FATORES DE RISCO CARDIOMETABÓLICOS NATAL/RN 2017 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO

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RAPHAELA CECÍLIA THÉ MAIA DE ARRUDA FALCÃO

CONSUMO DE ALIMENTOS PROCESSADOS E ULTRAPROCESSADOS EM

ADOLESCENTES: ASSOCIAÇÕES COM A PREVALÊNCIA DE INADEQUAÇÃO

DE NUTRIENTES E OS FATORES DE RISCO CARDIOMETABÓLICOS

NATAL/RN

2017

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO

1

RAPHAELA CECÍLIA THÉ MAIA DE ARRUDA FALCÃO

CONSUMO DE ALIMENTOS PROCESSADOS E ULTRAPROCESSADOS EM

ADOLESCENTES: ASSOCIAÇÕES COM A PREVALÊNCIA DE INADEQUAÇÃO DE

NUTRIENTES E OS FATORES DE RISCO CARDIOMETABÓLICOS

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Nutrição, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Nutrição. Orientadora: Prof. Dra. Karine Cavalcanti Maurício de Sena Evangelista Coorientadora: Prof. Dra. Severina Carla Vieira Cunha de Lima

NATAL/RN

2017

2

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede

Falcão, Raphaela Cecília Thé Maia de Arruda. Consumo de alimentos processados e ultraprocessados em

adolescentes: associações com a prevalência de inadequação de

nutrientes e os fatores de risco cardiometabólicos / Raphaela

Cecília Thé Maia de Arruda Falcão. - 2018. 96 f.: il.

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do

Norte, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em

Nutrição. Natal, RN, 2018.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Karine Cavalcanti Maurício de Sena Evangelista.

Coorientador: Prof.ª Dr.ª Severina Carla Vieira Cunha de Lima.

1. Adolescente - Dissertação. 2. Alimentos industrializados -

Dissertação. 3. Consumo de alimentos - Dissertação. 4.

Micronutrientes - Dissertação. 5. Fatores de risco - Dissertação.

I. Evangelista, Karine Cavalcanti Maurício de Sena. II. Lima,

Severina Carla Vieira Cunha de. III. Título.

RN/UF/BCZM CDU 612.395-053.2

3

RAPHAELA CECÍLIA THÉ MAIA DE ARRUDA FALCÃO

CONSUMO DE ALIMENTOS PROCESSADOS E ULTRAPROCESSADOS EM

ADOLESCENTES: ASSOCIAÇÕES COM A PREVALÊNCIA DE INADEQUAÇÃO DE

NUTRIENTES E OS FATORES DE RISCO CARDIOMETABÓLICOS

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Nutrição

da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial à obtenção

do título de Mestre em Nutrição.

Aprovada em 30 de novembro de 2017.

Profa. Dra. Lucia de Fátima Campos Pedrosa

Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Nutrição Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

BANCA EXAMINADORA

Profa. Dra. Karine Cavalcanti Maurício Sena Evangelista

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

Orientadora

Profa. Dra. Bruna Leal Lima Maciel

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

Membro Interno

Profa. Dra. Flávia Emília Leite de Lima Ferreira

Universidade Federal da Paraíba – UFPB

Membro Externo

4

Ao meu querido avô Constantino (in memorian) por me

incentivar a sonhar e, sobretudo, a lutar pelas minhas escolhas...

5

AGRADECIMENTOS

Agradecer no dicionário quer dizer manifestar gratidão, render graças,

reconhecer. Porém, mais do que isso a gratidão é um sentimento nobre, que vem

acompanhada de outros sentimentos como amor, amizade, fidelidade,

companheirismo...

Então, sou grata a Deus, por sua infinita bondade, misericórdia, paciência

e por toda sua fidelidade como meu Pai em permitir a concretização de mais um

passo em minha vida. Sou grata a Ele por guardar meu vovozinho ao seu lado,

permitindo que ele assista, de onde estiver, a conclusão de mais essa etapa na

minha vida.

Sou grata aos meus pais, Miriam e João Baptista, por não medirem

esforços durante a minha vida escolar e acadêmica, para que eu tivesse acesso a

ensino de qualidade. Obrigada por assumirem a responsabilidade de criar e educar

um ser. Obrigada por todos os ensinamentos e valores transmitidos que me

tornaram quem sou hoje.

Sou grata a minha irmã Renata, por sempre torcer por mim, por ser

confidente, por ser uma “leoa” querendo me defender das rasteiras da vida, por

escutar por inúmeras vezes meus lamentos e puxar minha orelha, acalmando-me e

dizendo que ia dar certo.

Sou grata a minha família e a família do meu esposo (que é minha

também) por entender minhas ausências e torcer pelo meu crescimento e minhas

vitórias, mas, além disso, sou grata por serem meu refúgio e boas companhias nos

dias difíceis.

Sou grata aos meus amigos, companheiros que nunca me abandonaram,

e que sempre perguntavam incansavelmente quando essa fase iria acabar (rsrsrs).

Obrigada pelas boas vibrações!

Sou grata as minhas orientadoras Karine Sena e Severina Carla por me

acolherem em um momento difícil da jornada, por acreditarem em mim e por

fazerem parte da minha trajetória acadêmica de forma tão leve. Agradeço também

as professoras Célia Márcia, Clélia Lyra, Liana Galvão e Lucia Pedrosa, por

disponibilizarem os dados da pesquisa para que eles pudessem ser trabalhados sob

uma nova ótica.

6

Sou grata pela minha turma de mestrado, a menor do PPGNUT, mas a

maior em amor e amizade que Programa poderia ter. Com vocês os dias foram mais

leves.

Sou grata pelas minhas companheiras de trabalho da SEMEC de

Parnamirim e do Hotel Holiday Inn que permitiram e entenderam as minhas

ausências e minhas trocas de escala para concretização desse trabalho.

E por último, e não menos importante sou grata ao meu esposo Leandro

Leitão por ser essa pessoa que caminha ao meu lado, que ora junto comigo, que

virou madrugadas só para me fazer companhia, que me faz ser forte e me ensina

diariamente que a vida vale a pena quando sonhamos juntos. Obrigada pelo seu

apoio incondicional!

Obrigada a todos que direta ou indiretamente contribuíram para

concretização desse trabalho.

Como é bom agradecer!

7

“Pedi e se vos dará. Buscai e achareis. Batei e vos será aberto. Porque todo aquele que pede, recebe. Quem

busca, acha. A quem bate, se abrirá.”

Mateus 7: 7-8.

8

RESUMO

Os hábitos alimentares na adolescência são caracterizados pelo elevado

consumo de alimentos processados e ultraprocessados, e podem ter como

consequência a deficiência de micronutrientes e a ocorrência precoce de doenças

crônicas não-transmissíveis. Este estudo teve como objetivo avaliar o consumo de

alimentos processados e ultraprocessados e as relações com a prevalência da

inadequação de nutrientes e os fatores de risco cardiometabólicos em adolescentes.

Foi realizado estudo transversal com 444 adolescentes de escolas públicas no

município de Natal, Nordeste do Brasil. Investigou-se as variáveis história familiar de

fatores de risco para doença cardiovascular, escolaridade materna, estado

nutricional antropométrico, maturação sexual, pressão arterial e perfil lipídico. Os

dados de consumo alimentar e dietético foram obtidos por dois recordatórios de 24

horas. Os alimentos consumidos foram classificados quanto ao tipo de

processamento. Estimou-se a prevalência de inadequação de micronutrientes

utilizando a Estimated Average Requirement - EAR como ponto de corte, exceto

para o ferro em que foi utilizado o método da abordagem probabilística manualmente

determinada. Foi realizada uma regressão logística ordinal para estimar a relação

entre o consumo de alimentos processados e ultraprocessados com a prevalência

de inadequação de micronutrientes e com os fatores de risco cardiomatebólicos. No

P25-P50 o consumo de alimentos processados foi de 10,4 (1,2)% e o de

ultraprocessados foi de 31,5 (2,2)%, do total de energia. Registrou-se elevadas

prevalências de inadequação de consumo das vitaminas D, folato, vitamina E, cálcio

e selênio, em ambos os sexos. O maior consumo de alimentos processados foi

positivamente associado ao aumento na prevalência de inadequação de vitamina B1

(p=0,04; RP 0,55) e selênio (p<0,01; RP=1,97) e o maior consumo de alimentos

ultraprocessados foi associado a inadequação de vitamina B1 (p=0,03; RP=0,49) e

de zinco (p<0,01; RP=0,49). O maior consumo de processados foi associado a

hipercolesterolemia (p= 0,04; RP= 3,08) e a hipertrigliceridemia (p= 0,02; RP= 3,79).

A baixa escolaridade materna também foi associada ao maior consumo de alimentos

processados (p< 0,01; RP= 1,72) e ultraprocessados (p= 0,03; RP= 0,36). O

consumo excessivo de alimentos processados e ultraprocessados por adolescentes

associa-se ao aumento da prevalência de inadequação de nutrientes, principalmente

9

vitamina B1, selênio e zinco, bem como a fatores de risco cardiometabólicos,

implicando em prejuízos nas condições de saúde a curto e longo prazo.

Palavras-chave: adolescente, alimentos industrializados, consumo de alimentos,

micronutrientes, fatores de risco.

10

ABSTRACT

Eating habits in adolescence are characterized by high consumption of

processed and ultraprocessed foods and may result in micronutrient deficiency and

the early occurrence of chronic noncommunicable diseases. This study aimed to

evaluate the consumption of processed and ultraprocessed foods and the

relationships between the prevalence of nutrient inadequacy and cardiometabolic risk

factors in adolescents. A cross-sectional study was conducted with 444 adolescents

from public schools in the city of Natal, Northeastern Brazil. The variables family

history of risk factors for cardiovascular disease, maternal schooling, anthropometric

nutritional status, sexual maturation, blood pressure and lipid profile were

investigated. Dietary and food intake data were obtained by two 24-hour recalls. The

foods consumed were classified according to the type of processing. The prevalence

of micronutrient inadequacy was estimated using the Estimated Average

Requirement (EAR) as the cut-off point, except for the iron in which the manually

determined probabilistic approach was used. An ordinal logistic regression was

performed to estimate the relationship between the consumption of processed and

ultraprocessed foods and the prevalence of micronutrient inadequacy and

cardiomathobolic risk factors. At P25-P50 the consumption of processed foods was

10.4 (1.2)% and the ultraprocessed consumption was 31.5 (2.2)%, of the total

energy. There was a high prevalence of inadequate intake of vitamins D, folate,

vitamin E, calcium and selenium in both sexes. The higher intake of processed foods

was positively associated with an increase in the prevalence of inadequate vitamin

B1 (p = 0.04, PR 0.55) and selenium (p <0.01, PR = 1.97) and higher intake of (p =

0.03, PR = 0.49) and zinc (p <0.01, PR = 0.49). The highest processed consumption

was associated with hypercholesterolemia (p = 0.04, PR = 3.08) and

hypertriglyceridemia (p = 0.02, PR = 3.79). Low maternal schooling was also

associated with higher consumption of processed (p <0.01, PR = 1.72) and

ultraprocessed foods (p = 0.03, PR = 0.36). Excessive consumption of processed

and ultraprocessed foods by adolescents is associated with an increase in the

prevalence of inadequate nutrients, especially vitamin B1, selenium and zinc, as well

as cardiometabolic risk factors, implying short-term and long-term health losses.

11

Key words: adolescent, industrialized foods, food consumption, micronutrients, risk

factors.

12

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Quadro 1 – Classificação dos alimentos quanto a extensão e propósito de seu

processamento.

Quadro 2 – Pontos de corte de IMC-para-idade estabelecidos para adolescentes.

Quadro 3 – Valores referenciais do perfil lipídico para faixa etária entre 2 e 19 anos.

Quadro 4 – Classificação dos alimentos baseado no seu processamento industrial.

Quadro 5 – Intervalos de distribuição aceitável de macronutrientes (AMDR) para

adolescentes.

Figura 1 – Fluxograma do plano de amostragem do estudo original

Figura 2 – Fluxograma da amostra dos participantes do estudo.

13

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Probabilidade de inadequação de ingestão de ferro (mg/d) e associação

com os intervalos de ingestão usual em adolescentes, por faixa etária e

sexo.

14

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AMDR Acceptable Macronutrient Distribution Range (Intervalos

de Distribuição Aceitável de Macronutrientes)

CT Colesterol Total

DRI Dietary Reference Intakes (Ingestão Dietética de

Referência)

EAR Estimated Average Requeriment (Requerimento Médio

Estimado)

HDL High Density Lipoprotein (Lipoproteína de Alta Densidade)

IMC Índice de Massa Corporal

IOM Institute of Medicine

LDL Low Density Lipoprotein (Lipoproteína de Baixa

Densidade)

MSM Multiple Source Method

PeNSE Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar

POF Pesquisa de Orçamentos Familiares

R24h Recordatório Alimentar de 24 horas

RP Razão de Prevalência

TG Triglicerídeos

UL Tolerable Upper Intake Level (Nível de Ingestão Máximo

Tolerável)

15

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................... 16

2 CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA............................................................. 18

3 OBJETIVOS....................................................................................................... 19

3.1 OBJETIVO GERAL..................................................................................... 19

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS....................................................................... 19

4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................................................................. 20

4.1 ADOLESCÊNCIA........................................................................................ 20

4.2 CONSUMO ALIMENTAR NA ADOLESCÊNCIA........................................ 21

4.3 CONSUMO DE ALIMENTOS PROCESSADOS E

ULTRAPROCESSADOS E ASSOCIAÇÕES COM A INADEQUAÇÃO DE

NUTRIENTES E FATORES DE RISCO CARDIOMETABÓLICOS EM

ADOLESCENTES............................................................................................... 22

5 METODOLOGIA.................................................................................................. 27

5.1 TIPO DE ESTUDO E ASPECTOS ÉTICOS................................................. 27

5.2 PLANO AMOSTRAL..................................................................................... 27

5.3 COLETA DE DADOS E VARIÁVEIS ESTUDADAS..................................... 29

5.4 AVALIAÇÃO DO CONSUMO ALIMENTAR E DIETÉTICO.......................... 32

5.5 INGESTÃO HABITUAL DE NUTRIENTES E PREVALÊNCIA DE

INADEQUAÇÃO.................................................................................................. 34

5.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA............................................................................... 36

6 ARTIGOS PRODUZIDOS.................................................................................... 38

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................. 88

REFERÊNCIAS...................................................................................................... 90

16

1 INTRODUÇÃO

A adolescência, período que compreende a faixa etária de 10 a 19 anos,

é uma fase importante de grandes mudanças físicas e psicológicas. As

transformações que ocorrem nesse período da vida são influenciadas pelos

familiares, amizades, valores, regras sociais, culturais e condições socioeconômicas,

repercutindo sobre o comportamento, incluindo o alimentar1,2.

Considerando que os adolescentes têm suas necessidades de energia e

nutrientes aumentadas, as mudanças no comportamento alimentar desse grupo

podem refletir em diversas desordens relacionadas com a nutrição e perdurar até a

idade adulta, expondo-os a riscos nutricionais e ao surgimento de algumas doenças

crônicas3. Nessa fase da vida, muitas vezes se observa o aumento no consumo de

lanches de alto teor energético e pobre em nutrientes, omissão de refeições,

consumo de fast-food nas refeições e lanches, levando a um maior consumo de

alimentos processados e ultraprocessados4,5.

Essa tendência de consumo de alimentos processados e

ultraprocessados vêm sendo confirmada em estudos realizados nas populações do

mundo inteiro, como o estudo desenvolvido com adolescentes europeus6 e o estudo

desenvolvido com adolescentes do Nordeste do Brasil7, que demonstraram que

nessa faixa etária há uma tendência a consumir menos frutas e hortaliças e

aumentar o consumo de alimentos à base de carnes, gorduras e doces.

Considerando esses alimentos, foi proposta a Classificação NOVA8 que

agrupa os alimentos de acordo com grau de processamento a que foram

submetidos. De acordo com essa classificação, os alimentos processados são

produtos fabricados essencialmente com a adição de sal ou açúcar a um alimento in

natura ou minimamente processado, como os legumes em conserva, as frutas em

calda, os queijos e os pães. Por outro lado, os alimentos ultraprocessados,

correspondem aos produtos cuja fabricação envolve diversas técnicas de

processamento e adição de vários ingredientes, em sua maioria de uso

exclusivamente industrial. Esses alimentos são representados pelos refrigerantes,

biscoitos recheados, “salgadinhos de pacote” e macarrão instantâneo8.

Com o objetivo de diminuir as consequências à saúde, o Guia Alimentar

para População Brasileira recomenda o aumento da ingestão de alimentos in natura

e diminuição do consumo de alimentos processados e ultraprocessados9, pois o

17

consumo desses favorece a dieta de baixa qualidade, elevada ingestão de calorias e

gorduras e dieta com baixa densidade de micronutrientes10.

O consumo de alimentos processados e ultraprocessados favorece

elevadas prevalências de inadequação de micronutrientes, como demonstrado no

estudo de Veiga et al11 em que os adolescentes apresentaram elevadas

prevalências de inadequação para cálcio, fósforo e vitaminas A, E e C, e o consumo

de sódio ultrapassa à ingestão máxima tolerável para maioria dessa população.

A ingestão desses alimentos tem sido relacionada a fatores de risco

cardiometabólicos como o aumento de sobrepeso e ganho de gordura abdominal,

alteração na homeostase da insulina e glicose, desordens lipídicas e de

lipoproteínas, indução do sistema de inflamação e de estresse oxidativo. O aumento

da participação dos alimentos processados e ultraprocessados na dieta também

favorece ao aumento do risco de desenvolvimento de diabetes, síndrome metabólica

e doenças cardiovasculares10.

Dessa maneira, é essencial que haja uma nutrição adequada nessa fase

da vida, pois garantirá o alcance do potencial biológico esperado para um saudável

crescimento e desenvolvimento12. Estudos envolvendo o consumo desses alimentos

estão frequentemente sendo realizados por pesquisadores do mundo inteiro. No

entanto, poucos estudos demonstram a relação entre o consumo de alimentos

processados e ultraprocessados com a inadequação de consumo de micronutrientes

e com os fatores de risco cardiometabólicos em adolescentes.

Diante das consequências de uma alimentação baseada em alimentos

processados e ultraprocessados nessa fase da vida, ressalta-se a importância de

estudar o consumo alimentar e dietético de adolescentes, conhecendo o tipo de

alimento consumido, considerando o grau de processamento desses alimentos,

assim como avaliar as associações entre o consumo desses alimentos na

inadequação de nutrientes e os fatores de risco cardiometabólicos. Essas

informações sobre o consumo alimentar dos adolescentes de escolas públicas do

município de Natal, Rio Grande do Norte, poderão fundamentar estratégias para a

melhoria da saúde nessa fase da vida, prevenindo complicações na idade adulta.

18

2 CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA

A transição saudável da adolescência para a idade adulta aumenta a

perspectiva de vida futura13. Portanto, estudar o consumo alimentar e dietético de

adolescentes desperta interesse, pois hábitos alimentares inadequados são

considerados fatores de risco, tanto para a desnutrição e as deficiências de

micronutrientes, quanto para a ocorrência precoce de doenças crônicas, como

obesidade, hipertensão arterial, diabetes mellitus e dislipidemias14, 11.

No Brasil, a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE)

demonstrou que o consumo de alimentos industrializados atinge todos os níveis

socioeconômicos e regiões do país, confirmando o crescente aumento no consumo

de ultraprocessados salgados dentre os adolescentes brasileiros15. Em um estudo

com população de jovens do sul do Brasil com idade de 20 a 23 anos, foi registrado

que o maior consumo de alimentos ultraprocessados esteve associado a elevadas

prevalências de inadequação de ingestão de cálcio, sódio e ferro16. Considerando

uma população mais jovem com idade acima de 10 anos, Louzada et al17 também

verificaram que o consumo de ultraprocessados esteve relacionado com

prevalências de inadequação de consumo de vitamina B12, vitamina D, vitamina E,

niacina, piridoxina, cobre, ferro, fósforo, magnésio, selênio e zinco.

Em relação aos fatores de risco cardiometabólicos, Tavares et al18

identificaram associações entre o consumo de alimentos processados e

ultraprocessados e maiores prevalências de síndrome metabólica, alterações no

perfil lipídico, caracterizada pela diminuição do HDL-c, aumento da pressão arterial e

glicemia em adolescentes.

Considerando a escassez de estudos sobre essa temática em

adolescentes escolares da região Nordeste, atrelado ao fato do ambiente escolar ser

um grande influenciador na formação do indivíduo e um espaço importante para o

monitoramento de fatores de risco e proteção dos escolares, conhecer o consumo

alimentar e dietético dos adolescentes e associar a desfechos de inadequação do

consumo de vitaminas e minerais, bem como a fatores de risco cardiometabólicos,

poderá fornecer subsídios para o desenvolvimento de ações de assistência e

intervenção, contribuindo para a definição de políticas públicas no campo da

alimentação e nutrição, voltadas para esse público.

19

3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar o consumo de alimentos processados e ultraprocessados e as

associações com a prevalência da inadequação de nutrientes e os fatores de risco

cardiometabólicos em adolescentes.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Classificar os alimentos consumidos quanto ao tipo de processamento;

Descrever o consumo dietético e estimar a ingestão habitual de nutrientes;

Determinar a prevalência de inadequação de micronutrientes;

Identificar a relação entre o consumo de alimentos processados e

ultraprocessados e a prevalência da inadequação de micronutrientes;

Associar o consumo de alimentos processados e ultraprocessados com as

variáveis do perfil antropométrico, glicemia de jejum, perfil lipídico e pressão

arterial.

20

4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

4.1 ADOLESCÊNCIA

A Organização Mundial da Saúde define adolescentes como aqueles

indivíduos entre 10 e 19 anos de idade, e utiliza a definição de jovens para aqueles

com idade entre 10 e 24 anos19. A geração atual de jovens é de aproximadamente

1,8 bilhão, o que equivale a aproximadamente 25% da população mundial de 7,3

bilhões, de acordo com o relatório de 2014 do Fundo de População das Nações

Unidas13. A adolescência é marcada pela transição entre a infância e a idade adulta,

em que ocorrem intensas mudanças físicas, psicológicas e sociais, com intensa

alteração hormonal20. Essa fase é marcada pelo aumento da autonomia e

independência em relação à família, além da experimentação de novas vivências e

comportamentos15.

A segunda década da vida pode ser dividida em duas fases:

adolescência inicial (10 a 14 anos) e adolescência tardia (15 a 19 anos). A

adolescência inicial é caracterizada pelo crescimento e desenvolvimento dos órgãos

sexuais e características sexuais secundárias, compreendendo uma fase de

ansiedade para o indivíduo que está passando por essas transformações. Na

adolescência tardia, embora as principais mudanças corporais já tenham ocorrido, é

a fase que os adolescentes ganham mais clareza e confiança em sua própria

identidade e opiniões21.

Como na primeira infância, a adolescência é um período que os

padrões comportamentais e de estilos de vida vão afetar a saúde na idade adulta22.

O aumento das necessidades energéticas e de nutrientes característicos dessa fase,

e o estabelecimento de hábitos alimentares inadequados, podem refletir em diversas

desordens relacionadas com a nutrição que podem perdurar até a idade adulta3.

Uma atenção especial à alimentação nessa época da vida é de

fundamental importância, pois uma nutrição adequada irá auxiliar no alcance do

potencial biológico esperado para o desenvolvimento e crescimento desses

indivíduos12. Assim, desenvolver comportamentos saudáveis, como alimentação

adequada, em idades precoces, constitui um mecanismo relevante de promoção da

saúde15.

21

4.2 CONSUMO ALIMENTAR NA ADOLESCÊNCIA

Durante a adolescência, o consumo de dietas de baixa qualidade

nutricional, favorece aos riscos à saúde imediatos, como o ganho de peso, a

mineralização óssea inadequada e a baixa performance acadêmica. Além disso,

contribui também para a presença de fatores de riscos para as doenças crônicas,

que perduram até a idade adulta23. Os hábitos alimentares adquiridos na

adolescência são influenciados por fatores como acelerado ritmo de vida, poder

aquisitivo, inserção das mães no mercado de trabalho, além da influência da mídia,

por meio de propagandas atraentes que estimulam o consumo excessivo de

produtos industrializados com alto grau de processamento24,25.

Além disso, é nessa fase da vida que os indivíduos começam a

exercitar a independência em relação às escolhas alimentares e os alimentos

processados e ultraprocessados por serem prontamente disponíveis para consumo,

tornam-se mais atraentes para os adolescentes26.

No Brasil, o Guia Alimentar para a População Brasileira9, faz

recomendações sobre as escolhas alimentares saudáveis, porém observa-se a

disparidade entre as recomendações e o que geralmente é consumido,

principalmente pela população de adolescentes27.

A PeNSE (2015) investigou o consumo alimentar de adolescentes

estudantes de todo o Brasil identificando tanto o consumo de alimentos marcadores

de alimentação saudável, quanto àqueles marcadores de alimentação não saudável.

Para os classificados no grupo de alimentação saudável, aproximadamente 61% dos

escolares consumiam feijão, 38% legumes e 33% frutas frescas, em cinco ou mais

dias da semana. Entretanto, para os marcadores de alimentação não saudável, mais

de 41% dos escolares consumiam guloseimas (doces, balas e chocolates), 14%

salgados fritos, 27% refrigerante e 31% ultraprocessados salgados, em cinco ou

mais dias da semana15.

Souza et al5, confirmaram esses achados quando também

identificaram que a dieta de adolescentes brasileiros foi caracterizada pela ingestão

de alimentos tradicionais como arroz e feijão, mas também pela alta ingestão de

açúcar proveniente do consumo de bebidas açucaradas e alimentos processados.

Essas disparidades entre o que é recomendado e o que de fato é

consumido também ocorrem em outros países do mundo, como demonstrado na

22

investigação multicêntrica HELENA (Healthy Lifestyle in Europe by Nutrition in

Adolescence) que revelou que os adolescentes europeus consomem a metade da

quantidade de frutas e vegetais e menos de dois terços de leite e produtos lácteos

em comparação com as recomendações, porém consomem quantidade elevada de

carnes, gorduras e doces do que é recomendado6.

Sendo assim, o aumento no consumo de refeições essencialmente

calóricas, provenientes de alimentos com alto grau de processamento e prontos para

o consumo28, reforçam a necessidade de diagnosticar e monitorar o consumo

alimentar no plano individual, pois a alimentação pode ser preditora de situações de

risco nutricional e de saúde para a população29.

Portanto, conhecer sobre o consumo alimentar, considerando o grau

de processamento industrial dos alimentos, também pode auxiliar na prevenção de

doenças cardiometabólicas, uma vez que o consumo desses produtos está

diretamente relacionado à densidade energética da dieta, demonstrando o potencial

deletério desses alimentos para a saúde17.

4.3 CONSUMO DE ALIMENTOS PROCESSADOS E ULTRAPROCESSADOS E

ASSOCIAÇÕES COM A INADEQUAÇÃO DE NUTRIENTES E FATORES DE

RISCO CARDIOMETABÓLICOS EM ADOLESCENTES

De acordo com Monteiro et al30,31 os alimentos podem ser classificados

em quatro grupos, considerando o tipo de processamento empregado, sendo: (1)

alimentos in natura ou minimamente processados, (2) ingredientes culinários

processados, (3) alimentos processados e (4) alimentos ultraprocessados. O quadro

1 apresenta as definições e exemplos de alimentos de cada grupo.

23

Quadro 1 – Classificação dos alimentos quanto a extensão e propósito de seu processamento.

Grupo de Alimento Extensão e propósito de processamento Exemplos

Grupo 1: Alimentos in natura ou minimamente processados

Os alimentos in natura são aqueles obtidos diretamente de plantas ou animais e adquiridos para consumo sem que tenham sofrido qualquer alteração após deixarem a natureza.

Sementes, frutos, folhas, caules, raízes, músculos, vísceras, ovos, leite e também cogumelos e algas e a água logo após sua separação da natureza.

Os alimentos minimamente processados são alimentos in natura que, antes de sua aquisição, foram submetidos a limpeza, remoção de partes não comestíveis ou não desejadas, secagem, embalagem, pasteurização, resfriamento, congelamento, fermentação e outros processos que não adicionam substâncias ao alimento original.

Cereais, leguminosas, leites e carnes.

Grupo 2: Ingredientes culinários processados

Geralmente são utilizados para temperar e cozinhar alimentos in natura ou minimamente processados e raramente são consumidos isoladamente

Óleos vegetais, gorduras, sal e açúcar

Grupo 3: Alimentos Processados

São produtos industrializados feitos essencialmente com a adição de sal ou açúcar (e eventualmente óleo ou vinagre) a um alimento in natura ou minimamente processado. Esses alimentos sofreram modificações relativamente simples com o objetivo de aumentar a duração e a palatabilidade.

Conservas de legumes, cereais, leguminosas e peixes, frutas em calda, carnes salgadas (carne seca, charque, bacon, presunto), queijos e pães feitos com farinha de trigo, água e sal (e leveduras usadas para fermentar a farinha).

Grupo 4: Alimentos Ultraprocessados

São formulações industriais prontas para consumo e feitas inteira ou majoritariamente de substâncias extraídas de alimentos, derivadas de constituintes de alimentos ou sintetizadas em laboratório com base em matérias orgânicas

Biscoitos doces e salgados, salgadinhos tipo chips, barras de cereal, cereal matinal, guloseimas em geral, sorvete, lanches do tipo fast food, macarrão instantâneo, vários tipos de pratos prontos ou semiprontos, refrigerantes, sucos artificiais, bebidas energéticas e bebidas lácteas. Pães e outros panificados são ultraprocessados quando, além de farinha de trigo, leveduras, água e sal, seus ingredientes incluem substâncias como gordura vegetal hidrogenada, açúcar, amido, soro de leite, emulsificantes e outros aditivos.

Fonte: Monteiro e Louzada (2015)31; Monteiro et al (2016)8.

24

Atualmente, há uma maior disponibilidade de alimentos prontos para

consumo, com alto grau de processamento, conhecidos como alimentos

processados e ultraprocessados. Esses alimentos têm elevada densidade

energética, além de possuírem grandes quantidades de gorduras, açúcar, sal e

aditivos químicos32. Essa mudança nos hábitos alimentares tradicionais, baseados

em alimentos in natura ou minimamente processados, pelo aumento da oferta e do

acesso a alimentos ultraprocessados tem sido considerado um fator determinante

para explicar a relação entre a ingestão de alimentos e as condições de saúde da

população31.

Estudo com adolescentes indianos mostrou que mais de 30% não

apresentavam nenhum tipo de consumo de vegetais, entretanto, cerca de 70%

consumiam três ou mais porções de lanches de alta densidade energética33. Outros

achados revelaram que na população chilena (indivíduos acima de 2 anos de idade),

os alimentos ultraprocessados representaram 28,6% da ingestão total de energia e

58,6% do consumo de açúcares de adição34. Na dieta de adolescentes brasileiros, o

consumo de alimentos ultraprocessados representaram 30% do total de energia

consumida35. Esses alimentos ultraprocessados foram positivamente associados ao

consumo de gorduras, colesterol, sódio, ferro, cálcio e calorias16.

Os adolescentes apresentam um consumo excessivo de refrigerantes,

açúcares e lanches tipo fast food que contém alto teor de gordura, principalmente

saturada, e baixa ingestão de fibras e potássio36. Estudo utilizando dados da

Pesquisa de Orçamentos Familiares da população brasileira (POF 2008-2009)

demonstrou que o alto consumo de alimentos ultraprocessados está inversamente

associado com o conteúdo de vitamina B12, vitamina D, vitamina E, niacina,

piridoxina, cobre, ferro, fósforo, magnésio, selênio e zinco17. Nesse sentido, destaca-

se a importância de se avaliar, juntamente com os alimentos processados e

ultraprocessados, a prevalência de inadequação da ingestão de micronutrientes que

identifica os indivíduos em situações de risco para deficiências nutricionais37,38.

Uma elevada prevalência de inadequação de micronutrientes em

adolescentes brasileiros tem sido observada, sendo maiores para cálcio (>95%) e

vitamina E (100%), fósforo (entre 54% e 69%) e vitamina A (entre 66% e 85%), e em

menor proporção para vitamina C (entre 27% e 49%)11. Ademais, estudos sobre a

prevalência de inadequação das vitaminas do complexo B, como B12, B6 e folato,

têm merecido destaque como nutrientes-chave envolvidos na manutenção da saúde

25

e na prevenção de doenças39. Estudo com adolescentes avaliando a ingestão e

concentrações séricas de folato, B6 e B12, registrou baixas prevalências de

inadequação dessas vitaminas, provavelmente em decorrência da melhoria do

acesso e disponibilidade de alimentos, fontes dietéticas das vitaminas, nos

domicílios, inclusive dos alimentos processados que contêm, entre os ingredientes,

as farinhas fortificadas com ácido fólico40.

Quanto à relação do consumo de alimentos processados e

ultraprocessados com a qualidade nutricional, estudos vem demonstrando que

esses alimentos são extremamente inferiores nutricionalmente quando comparados

a alimentos in natura ou minimamente processados, apresentando relação

significativa e positiva com o conteúdo de carboidratos, açúcares livres, gorduras

totais, saturadas e trans, e densidade energética. Enquanto apresentam relação

inversa com o conteúdo de proteínas, fibras e micronutrientes (entre esses,

vitaminas A, B12, C e E, além de cálcio e zinco)41,42.

Esses achados reafirmam que o consumo de alimentos

ultraprocessados está diretamente relacionado à densidade energética da dieta e ao

conteúdo de gorduras saturadas, gorduras trans e açúcar livre, demonstrando

potencial altamente prejudicial relacionado ao aumento do risco de obesidade,

diabetes, doenças cardiovasculares e alguns tipos de câncer43.

No que se refere às relações entre o grau de processamento dos

alimentos e a presença de fatores de risco cardiometabólicos, em estudo realizado

no Brasil foi registrado que a disponibilidade domiciliar de produtos ultraprocessados

foi positivamente associada à maior prevalência de excesso de peso e obesidade

em todas as faixas etárias44. Rezende et al45 verificaram relação direta entre o

elevado consumo de bebidas açucaradas, alimentos processados e carnes

vermelhas, com a mortalidade por doenças coronarianas e cardiovasculares na

população brasileira, em todas as faixas etárias (acima de 10 anos de idade).

A relação entre o consumo de alimentos ultraprocessados e

morbimortalidade, também foi evidenciada por Tavares et al18, em estudo

desenvolvido numa cidade do Rio de Janeiro, Brasil, que encontraram associações

entre o consumo desses alimentos e síndrome metabólica em adolescentes,

refletindo no aumento do sobrepeso, redução de HDL-c, elevação da glicose

plasmática, aumento da pressão sanguínea e dos triglicerídeos.

26

No Irã, foi identificado que o consumo de lanches ultraprocessados

teve efeitos indesejáveis na incidência de síndrome metabólica e os lanches

salgados (batatas fritas, pipoca e salgadinhos de pacote) aumentaram o risco de

incidência de hipertensão arterial em crianças e adolescentes, na faixa etária de 6 a

18 anos46.

A composição desses alimentos favorece a aterogênese, processo que

tem início com a formação de estrias gordurosas que são precursoras das placas

ateroscleróticas. Na adolescência essas placas atingem as coronárias e progridem

em outras fases do ciclo de vida47. Além desses desfechos, o consumo de alimentos

processados e ultraprocessados contribuem com a epidemia de obesidade,

aumentando significativamente o índice de massa corporal (IMC) em adolescentes35.

Resultados semelhantes foram encontrados no México, em estudo desenvolvido

com adolescentes que identificou dois padrões alimentares, entre eles o padrão “de

transição”, caracterizado pelo consumo de carnes processadas, alimentos

mexicanos e bebidas açucaradas, que foi associado com a maior adiposidade em

adolescentes48.

Essas informações podem ser confirmadas por meio de uma revisão

sistemática, o qual avaliou 26 estudos que associaram o consumo de alimentos

ultraprocessados e a gordura corporal na infância e adolescência, demonstrando

uma associação positiva entre o consumo de alimentos ultraprocessados e o

desfecho aumento da gordura corporal49.

Nesse sentido, estudar o consumo alimentar em adolescentes e

conhecer a ingestão de alimentos processados e ultraprocessados permitirá

associações com o estado nutricional, correlacionando esses dados à prevalência

de inadequação de consumo de micronutrientes e aos fatores de risco

cardiometabólicos. A relevância do presente estudo fundamenta-se na oferta de

subsídios para o desenvolvimento de ações de assistência e intervenção na

segunda década da vida, contribuindo para a definição de políticas públicas no

campo da alimentação e nutrição que visem a prevenção de complicações futuras,

com a diminuição da participação dietética desses alimentos que são responsáveis

pela determinação da qualidade nutricional das dietas no Brasil50.

27

5 METODOLOGIA

5.1 TIPO DE ESTUDO E ASPECTOS ÉTICOS

Este estudo foi caracterizado como transversal e considerou a

avaliação do banco de dados de um estudo maior intitulado Fatores de risco para

DCV entre Adolescentes beneficiários do Programa Nacional de Alimentação

Escolar – Natal/RN da UFRN (CNPq 428287/2006-2) desenvolvido em adolescentes

estudantes de escolas públicas no município de Natal, durante o período de 2007 e

2008.

O estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa

da Universidade Federal do Rio Grande do Norte sob o parecer nº 112/06. O Termo

de Consentimento Livre e Esclarecido foi assinado por todos os adolescentes e seus

pais e responsáveis.

5.2 PLANO AMOSTRAL

O plano amostral foi definido por amostragem randomizada

estratificada em dois estágios, baseada em uma população de 39.920 alunos do

ensino fundamental de 66 escolas municipais, considerando os quatro distritos

sanitários da cidade (NNORTE= 19.270, NSUL= 4.128, NLESTE= 3.728, NOESTE= 12.794)

de Natal/RN. Para isso foi desenvolvido um estudo piloto em quatro escolas, sendo

uma em cada distrito da cidade com o objetivo de estimar a prevalência para

alteração no perfil lipídico em cada distrito. Considerou-se o erro máximo de 4% e

perdas amostrais de 30%, resultando em tamanho amostral de 483 adolescentes.

Amostragem estratificada com Alocação de Neyman foi realizada para definir o

tamanho amostral em cada distrito, resultando n= 21 escolas.

O plano amostral do estudo principal encontra-se representado na

figura 1, conforme descrito por Lima et al51.

28

Figura 1 – Fluxograma do plano de amostragem do estudo original

Os critérios de inclusão corresponderam à frequência regular do

adolescente na escola e faixa etária de interesse (10 a 19 anos). Os critérios de

exclusão corresponderam à presença de síndromes genéticas associadas à

obesidade ou a outras doenças, gravidez na adolescência, adolescentes com

necessidades especiais ou que faziam uso de medicações que pudessem alterar os

resultados dos testes bioquímicos.

Para o presente estudo, foram obtidos dados do consumo dietético de

450 adolescentes. Houve a exclusão de informações de três adolescentes pela

ausência de dados antropométricos, bioquímicos e de pressão arterial. Também

foram excluídos do estudo dados de três adolescentes, por apresentarem consumo

alimentar < 500 e > 5000 kcal/dia52, resultando numa população final de 444

adolescentes (Figura 2).

29

Figura 2 – Fluxograma da amostra dos participantes do estudo.

5.3 COLETA DE DADOS E VARIÁVEIS ESTUDADAS

A coleta de dados foi realizada por entrevistas estruturadas utilizando-

se questionários padronizados para a obtenção das informações sobre identificação

do adolescente, conforme procedimentos descritos por Lima et al51 e Lyra53. Para o

presente estudo foram consideradas as seguintes variáveis: (1) história familiar de

fatores de risco para doença cardiovascular, definida quando pelo menos um dos

pais possuíam diagnóstico auto referido de diabetes, hipertensão arterial,

dislipidemia e obesidade; (2) escolaridade materna, categorizada como não

alfabetizada, ou como possuindo ensino fundamental, ensino médio ou ensino

superior; (3) estado nutricional antropométrico, maturação sexual, pressão arterial,

glicemia de jejum e perfil lipídico (colesterol total, colesterol não-HDL, HDL-c, LDL-c

e triglicerídeos).

Todas as medidas antropométricas foram realizadas em duplicata.

Medidas de peso e estatura foram realizadas utilizando balança eletrônica com

30

capacidade de 150 Kg e precisão de 100g, para a aferição do peso, e estadiômetro

portátil com precisão de 1mm para a aferição da altura. O Índice de Massa Corporal

(IMC) foi calculado considerando a relação entre o peso (Kg) e a altura (em metros)

ao quadrado. A classificação nutricional foi feita por meio do índice antropométrico

IMC-para-idade, utilizando o z-escore como ponte de corte, seguindo a classificação

proposta pela WHO (2007)54, conforme descrito pelo Sistema de Vigilância Alimentar

e Nutricional (2011)55 no Quadro 2.

Quadro 2 – Pontos de corte de IMC-para-idade estabelecidos para adolescentes

VALORES CRÍTICOS DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL

< Percentil 0,1 < Escore-z -3 Magreza acentuada

≥ Percentil 0,1 e < Percentil 3

≥ Escore-z -3 e < Escore-z -2

Magreza

> Percentil 3 e < Percentil 85

≥ Escore-z -2 e ≤ Escore-z +1

Eutrofia

> Percentil 85 e ≤ Percentil 97

≥ Escore-z +1 e < Escore-z +2

Sobrepeso

> Percentil 97 e ≤ Percentil 99,9

≥ Escore-z +2 e ≤ Escore-z +3

Obesidade

> Percentil 99,9 > Escore-z +3 Obesidade grave

Fonte: Brasil (2011)55.

O perímetro do abdome foi medido no ponto médio entre a última

costela e a crista ilíaca, usando fita antropométrica inelástica. Quando houve

diferença superior a 0,5 cm entre as duas primeiras aferições, foi realizada a terceira

avaliação. Essa medida foi utilizada para classificação da obesidade central, que foi

definida como uma variável dicotômica (sim/não), se o perímetro do abdome (cm) ≥

percentil 75 da população de referência do estudo de Fernández et al56.

O estágio de maturação sexual foi avaliado por uma equipe médica de

acordo com o método de Tanner, considerando o desenvolvimento das mamas e

genitais em estágio de 1 a 5, para o sexo feminino e para o sexo masculino,

respectivamente57,58. Os adolescentes foram classificados como pré-púbere (estágio

1), púbere inicial (estágios 2 e 3) e púbere final (estágios 4 e 5).

A pressão arterial foi aferida utilizando esfigmomanômetro de mesa, de

coluna de mercúrio e um estetoscópio profissional, em dois momentos distintos e em

duplicata, tanto para a sistólica, quanto para a diastólica, utilizando a média como

pressão arterial final. Foram utilizadas como ponto de corte as recomendações da

31

American Academy of Pediatrics que considera sexo e idade ajustados ao percentil

da estatura/idade do avaliado59. Valores abaixo do percentil 90 foram classificados

como normais e valores ≥ percentil 90 foram classificados em pressão arterial

elevada (limítrofe, estágios 1 e 2).

Para a coleta de dados bioquímicos foi realizada coleta de 5 mL de

sangue após jejum de 10-12 horas, pela equipe técnica do laboratório. Foram

realizadas as seguintes análises bioquímicas: glicemia de jejum, colesterol total

(CT), colesterol não-HDL, HDL-c, LDL-c e triglicerídeos (TG).

Para classificação de diabetes foi utilizado os pontos de corte da

Diretriz da Sociedade Brasileira de Diabetes (2015-2016), que classifica a glicemia

de jejum < 100mg/dL como normal e ≥ 100mg/dL como alterada60.

Foram utilizados como pontos de corte para as variáveis de perfil

lipídico os valores propostos pela V Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção

da Aterosclerose61, que tem valores desejáveis para a faixa etária de 2 a 19 anos,

conforme demonstrado na Tabela 1. Para classificação do colesterol não-HDL foi

utilizado o ponto de corte < 123 mg/dL51. Quando os valores de perfil lipídico foram

diferentes das concentrações recomendadas desejáveis, considerou-se como

concentrações alteradas.

A definição de dislipidemia mista foi realizada conforme

recomendações propostas pela a Sociedade Brasileira de Cardiologia61, que

considera a dislipidemia mista quando os valores de LDL-c ≥ 160mg/dL e TG ≥ 150

mg/dL. Entretanto, para esse estudo, a classificação em dislipidemia mista

considerou a alteração de pelo menos duas das variáveis lipídicas estudadas (CT,

LDL-c, HDL-c, TG).

Quadro 3 - Valores referenciais do perfil lipídico para faixa etária entre 2 e 19 anos

Variáveis lipídicas Valores (mg/dL)

Desejáveis Limítrofes Elevados

CT < 150 150 – 169 ≥ 170

LDL-C < 100 100 – 129 ≥ 130

HDL-C ≥ 45 - -

TG < 100 100 – 129 ≥ 130

Fonte: V Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose (2013)61.

32

5.4 AVALIAÇÃO DO CONSUMO ALIMENTAR E DIETÉTICO

A descrição da coleta e análises dos dados do consumo alimentar e

dietético encontra-se definida na publicação de Lima et al62. Os dados do consumo

alimentar foram obtidos por meio de dois R24h, realizados com intervalo de 30-45

dias, aplicados por equipe treinada, utilizando o auxílio de álbuns fotográficos de

medidas caseiras com utensílios e porções, desenvolvidos para esse fim.

A estimativa do consumo de energia, macronutrientes e fibra foi

efetuada por meio do software Virtual Nutri Plus®63. A informação nutricional dos

alimentos foi obtida a partir da Tabela Brasileira de Composição de Alimentos -

TACO (2006)64, National Nutrient Database for Standart Reference – USDA (2004)65

e rótulos dos alimentos (consultados no ano de 2008). Os dados produzidos no

software Virtual Nutri 2.0 Plus®63 foram exportados para uma planilha de Excel® e

organizados em tabelas dinâmicas.

Para o presente estudo, os alimentos consumidos pelos adolescentes

foram classificados quanto ao tipo de processamento, de acordo com a “NOVA

Classificação de alimentos baseada na extensão e propósito do seu

processamento”, proposta por Monteiro et al30, em processados e ultraprocessados.

Após a classificação quanto ao tipo de processamento, os alimentos foram

agrupados utilizando uma adaptação da categorização proposta no estudo de

Louzada et al43, de acordo com o Quadro 4.

33

Quadro 4 – Classificação dos alimentos baseado no seu processamento industrial

Classificação dos alimentos

Grupos de alimentos Descrição

PROCESSADOS

Pão Francês Pão feito com farinha de trigo, água, levedura e sal (mas não contendo outras substâncias como gordura hidrogenada e aditivos químicos).

Queijos Queijos feitos de leite e sal.

Carnes processadas Carnes salgadas, peixes enlatados e peixes conservados em óleo.

Frutas e vegetais enlatados Conservas de legumes, milho ou ervilhas, frutas em xarope e frutas cristalizadas.

ULTRAPROCESSADOS

Bolos, tortas e biscoitos Produtos assados com ingredientes que incluem substâncias como gordura vegetal hidrogenada, açúcar, amido, soro de leite, emulsionantes e outros aditivos.

Pratos de fast-food Hambúrgueres de todos os tipos, cachorro quente, salgados fritos e assados ou similares.

Bebidas adoçadas com açúcar Refrigerantes, sucos artificiais em pó e de caixinha.

Pães fatiados Pães fatiados, pães processados de hambúrguer ou cachorro quente, pães doces e outros pães com aditivos químicos.

Produtos de confeitaria Doces processados e doces em geral (doces, sorvetes, chocolates, gelatina e pudim).

Snacks Petiscos do tipo chips e salgadinhos de milho de pacote.

Carnes ultraprocessadas Todos os tipos de linguiças e salsichas (de frango, suína e mista), mortadela e carnes ultraprocessadas.

Refeições prontas ou semi-prontas para consumo

Pizzas, massas congeladas ou pratos de carne, macarrão instantâneo e sopas em pó.

Bebidas lácteas adoçadas Bebidas lácteas adoçadas e aromatizadas.

Outros alimentos ultraprocessados Margarina, molhos processados, barra de cereais e cereais matinais.

Adaptado de Louzada et al (2015)43.

34

5.5 INGESTÃO HABITUAL DE NUTRIENTES E PREVALÊNCIA DE

INADEQUAÇÃO

A ingestão alimentar habitual dos adolescentes foi estimada pelo

Multiple Source Method (MSM), com o objetivo de atenuar a variância intrapessoal.

O MSM é um método estatístico, desenvolvido em 2006, que estima o consumo

habitual, usando a probabilidade de consumo e a quantidade consumida, ou a

combinação de ambas estimativas, removendo o erro de medição dos dados66.

Foi analisado, quantitativamente, o consumo de energia, proteína,

carboidrato, lipídeo, fibra e micronutrientes, sendo comparados com as Referências

de Ingestão Dietéticas (DRI), segundo idade e sexo67,68. A adequação dos

macronutrientes da alimentação foi avaliada com base nos valores recomendados

pelo Institute of Medicine (IOM), que define o Acceptable Macronutrient Distribution

Range (AMDR), considerando os seguintes intervalos de distribuição aceitáveis para

adolescentes: 45 a 65% para carboidrato, 25 a 35% para lipídeo e 10 a 30% para

proteína, conforme apresentado no Quadro 567.

Quadro 5– Intervalos de distribuição aceitável de macronutrientes (AMDR) para

adolescentes

Macronutrientes Intervalo (percentual de energia)

Gordura total 25 – 35%

Carboidrato 45 – 65%

Proteína 10 – 30%

Fonte: IOM (2006)67.

Para a estimativa da prevalência de inadequação de micronutrientes

no grupo de adolescentes, foi utilizada a EAR como ponto de corte69. A EAR

(Estimated Average Requeriment) é a estimativa de referência apropriada para a

avaliação da inadequação de ingestão de nutrientes, pois reflete o nível médio de

ingestão diária de nutrientes que é estimada para atender aos requisitos da metade

dos indivíduos saudáveis para um determinado estágio da vida e sexo37,67.

A prevalência de inadequação de micronutrientes no grupo de

adolescentes foi verificada utilizando-se a distribuição que foi ajustada, removendo a

variabilidade intrapessoal. A prevalência corresponde à proporção de indivíduos em

35

que o consumo habitual está abaixo da EAR, de acordo com idade e sexo. Apenas

para o sódio, foi calculada a proporção de indivíduos que em que o consumo

habitual está acima da UL (Torelable Upper Intake Level).

Para calcular a área da curva que corresponde à proporção de

indivíduos com inadequação de consumo, utilizou-se a distribuição normal reduzida

(Z), de acordo com a equação a seguir:

Z= (EAR – média) / dp

Na qual:

EAR= Estimated Average Requeriment do nutriente

média = média ajustada do grupo

dp= desvio padrão da distribuição ajustada

O valor obtido na equação foi consultado na tabela de distribuição Z,

que correspondeu à proporção de indivíduos com consumo abaixo da EAR (ou

acima da UL, no caso do sódio), resultando na prevalência de inadequação do

nutriente. Para o ferro, a estimativa de inadequação de consumo foi calculada por

meio do método da abordagem probabilística manualmente determinada, conforme

estabelecido por IOM70. Essa abordagem é necessária, pois a curva de distribuição

das necessidades de ferro é assimétrica, devido aos processos fisiológicos que

ocorrem na fase da adolescência que têm grandes impactos nas exigências de ferro,

como o estirão de crescimento em ambos os sexos, a menarca nas meninas e o

maior aumento nas concentrações de hemoglobina nos meninos70.

A Tabela 1 apresenta a probabilidade de inadequação de ferro,

segundo sexo e faixa etária. O risco de inadequação corresponde ao número de

adolescentes em cada faixa de ingestão de ferro, multiplicado pela probabilidade de

inadequação. Esse cálculo é realizado para cada faixa de ingestão, obtendo-se ao

final o total de adolescentes com ingestão inadequada. Esse total é apresentado

como percentual do número total de adolescentes de acordo com sexo e faixa etária.

36

Tabela 1 - Probabilidade de inadequação de ingestão de ferro (mg/d) e associação com os intervalos de ingestão usual em adolescentes, por faixa etária e sexo

Fonte: IOM (2006)70. a Intervalos de ingestão usual em adolescentes do sexo feminino de 14 a 18 anos, não usuárias de

contraceptivos orais (mg/d)62

.

5.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Os dados foram analisados de forma descritiva por meio da

distribuição de frequência e intervalo de confiança. A normalidade das variáveis foi

verificada por meio do teste Kolmogorov-Smirnov. Variáveis com distribuição não

normal foram transformadas em logaritmo antes de proceder com os testes.

As variáveis percentual de energia do alimentos processados e

percentual de energia dos alimentos ultraprocessados em relação a energia total

foram transformadas em variáveis qualitativas ordinais com pontos de corte baseado

na distribuição em quartis. As variáveis de micronutrientes também foram

categorizadas dicotomicamente em adequada e inadequada de acordo com os

critérios para sexo e faixa etária.

A análise inferencial para estimar a relação entre o percentual de

energia de alimentos processados e ultraprocessados com características

cardiometabólicas e a prevalência de inadequação de consumo de micronutrientes

foi desenvolvida utilizando Modelos Lineares Generalizáveis (GLM) por meio da

Regressão Logística Ordinal, pois as variáveis de interesse são do tipo ordinal e o

10 a 13 anos 14 a 18 anos

Intervalo de Ingestão usual

Probabilidade de inadequação

Sexo Masculino

Sexo Feminino

Sexo Masculino

Sexo Feminino

a

1 < 3,91 < 3,24

< 5,06 < 4,63

0.96 3,91 - 4,23 3,24 - 3,6

5,06 - 5,42 4,64 - 5,06

0.93 4,24 - 4,59 3,61 - 4,04

5,43 - 5,85 5,07 - 5,61

0.85 4,6 - 5,03 4,05 - 4,59

5,86 - 6,43 5,62 - 6,31

0.75 5,04 - 5,36 4,6 - 4,98

6,44 - 6,89 6,32 - 6,87

0.65 5,37 - 5,64 4,99 - 5,33

6,9 - 7,29 6,88 - 7,39

0.55 5,65 - 5,89 5,34 - 5,66

7,3 - 7,69 7,4 - 7,91

0.45 5,9 - 6,15 5,67 - 6,0

7,7 - 8,08 7,92 - 8,48

0.35 6,16 - 6,43 6,01 - 6,36

8,09 - 8,51 8,49 - 9,15

0.25 6,44 - 6,76 6,37 - 6,78

8,52 - 9,03 9,16 - 10,03

0.15 6,77 - 7,21 6,79 - 7,38

9,04 - 9,74 10,04 - 11,54

0.08 7,22 - 7,58 7,39 - 7,88

9,75 - 10,32 11,55 - 13,08

0.04 7,59 - 7,91 7,89 - 8,34

10,33 - 10,83 13,09 - 14,8

0 > 7,91 > 8,34 > 10,83 > 14,8

37

delineamento do estudo do tipo transversal. Devido ao tipo de delineamento

metodológico, as estimações são de associação e não de causalidade entre as

variáveis percentual de energia e as variáveis cardiometabólicas e prevalência de

inadequação de consumo de micronutrientes. Em termos procedimentais

estatísticos, as variáveis qualitativas percentual de energia foram tratadas como

desfecho no modelo, não interferindo na sua concepção de características

intervenientes no âmbito clínico.

Inicialmente foram construídos modelos brutos em análise bivariada

para selecionar as variáveis de prevalência de inadequação de consumo de

micronutrientes e variáveis cardiometabólicas relacionadas com o percentual de

energia dos alimentos. Em seguida foram criados modelos ajustados e como critério

de seleção e inserção em tal modelo, foram utilizadas as variáveis que

apresentaram valores de p≤0,30 na análise bruta. Em seguida, as variáveis

selecionadas foram inseridas no modelo ajustado através do Método Enter, sendo

então observado o ajuste do modelo final através do Teste de Omnibus para

adequação do modelo ajustado. Em caso de construção de modelos não-

explicativos da relação (p>0,05), as variáveis com redução do poder explicativo do

modelo através do aumento do valor do intercepto e não significância estatística,

foram retiradas para melhor ajuste.

Como medida de efeito da estimação de associação, utilizou-se a

Razão de Prevalência (RP), obtida por meio da exponencialização do coeficiente de

regressão de cada variável. A significância de cada RP foi testada pelo Qui-

quadrado de Wald e o seu intervalo de confiança de 95% (IC95%) foi construído

para RP bruta e ajustada. Adotou-se um nível de significância de 0,05 para

minimizar um erro do tipo I na análise dos modelos brutos, ajustados e das RPs.

Utilizou-se o SPSS®, versão 22.0, para armazenamento e análise dos dados.

38

6 ARTIGOS PRODUZIDOS

6.1 O artigo intitulado “Consumption of processed and ultra-processed foods among

adolescents in Northeastern Brazil: associations with inadequate dietary intake of

micronutrients” foi submetido para publicação no periódico “Public Health Nutrition”,

que possui fator de impacto 2,326 e Qualis A2 CAPES (2017) para área de Nutrição.

39

40

CONSUMPTION OF PROCESSED AND ULTRA-PROCESSED FOODS AMONG

ADOLESCENTS IN NORTHEASTERN BRAZIL: ASSOCIATIONS WITH

INADEQUATE DIETARY INTAKE OF MICRONUTRIENTS

Raphaela Cecília Thé Maia de Arruda Falcão1, Célia Márcia Medeiros de Morais

2, Clélia de

Oliveira Lyra1, Liana Galvão Bacurau Pinheiro

2, Lucia de Fátima Campos Pedrosa

2, Severina

Carla Vieira Cunha Lima2, Karine Cavalcanti Maurício Sena-Evangelista

2*

1 Postgraduate Nutrition Program, Center for Health Sciences, Federal University of Rio

Grande do Norte, Natal RN 59078-970.

2 Department of Nutrition, Center for Health Sciences, Federal University of Rio Grande do

Norte, Natal RN 59078-970, Brazil

* Corresponding author.

Karine Cavalcanti Maurício de Sena Evangelista

Department of Nutrition, Federal University of Rio Grande do Norte, Av. Senador Salgado

Filho, 3000 - Lagoa Nova, CEP: 59078970, Natal, Brazil

Telephone: +55 84 33422291

E-mail: [email protected]

Shortened version of the title: Consumption of processed foods in adolescents

Financial support:

This research was supported by the National Council for Scientific and Technological

Development (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq,

Brazil; grant no. 478287-06-2) and the Research Support Foundation of Rio Grande do Norte

(Fundação de Apoio à Pesquisa do Rio Grande do Norte – FAPERN; Brazil)/ Coordination

for the Improvement of Higher Education Personnel (Coordenação de Aperfeiçoamento de

Pessoal de Nível Superior – CAPES, Brazil - 006/2004).

Conflict of interest: None.

Authorship

CMMM, COL, LGBP, LFCP and SCVCL have participated in formulating the research

question, study design and data collection. RCTMAF, SCVCL and KCMSE have participated

41

in formulating the research question, analyzing the data and writing the article. COL and

RCTMAF have participated in analyzing the data. CMMM, COL, LGBP, LFCP, SCVCL,

RCTMAF and KCMSE have revised the final version of the article.

Disclosure of the ethical standards

All procedures performed in this study were in accordance with the ethical standards of the

institutional and/ or national research committee and with the 1964 Helsinki declaration and

its later amendments or comparable ethical standards. The study was approved by the

Research Ethics Committee of the Federal University of Rio Grande do Norte (UFRN),

protocol 112/06. All participants or their guardians provided written consent.

42

CONSUMPTION OF PROCESSED AND ULTRA-PROCESSED FOODS AMONG

ADOLESCENTS IN NORTHEASTERN BRAZIL: ASSOCIATIONS WITH

INADEQUATE DIETARY INTAKE OF MICRONUTRIENTS

Abstract

Objective: To evaluate the consumption of processed and ultra-processed foods and the

associations with the prevalence of inadequate micronutrient intake in adolescents from

public schools.

Design: Adolescents’ habitual food consumption was evaluated by two 24-hour dietary

recalls (24h). Foods were categorized according to the degree of processing in processed and

ultra-processed foods and distributed into quartiles of energy. Assessment of the prevalence

of micronutrient intake was carried out considering the Estimated Average Requirement

(EAR) as a cut-off point.

Setting: Natal, Rio Grande do Norte, Northeast of Brazil.

Subjects: Representative sample of 444 adolescents from public schools aged 10 to 18 years.

Results: The most consumed processed food groups were French bread and processed meats.

Ultra-processed food groups that stood out were cakes, pies and cookies and sliced breads.

High prevalence of inadequate intake of vitamin D, E, and folate, calcium and selenium were

recorded for both sexes in aged 10 to 13 years and 14 to 19 years. The higher consumption of

processed foods was positively associated with the increase in the prevalence of vitamin B1

inadequate intake (p = 0.04; PR = 0.55) and selenium (p < 0.01; PR = 1.97). Inadequacies of

vitamin B1 and zinc were associated with the proportion of energy from ultra-processed foods

(p = 0.03; PR = 0.49 and p < 0.01; PR = 0.49, respectively).

Conclusions: An excessive consumption of processed and ultra-processed foods may reflect

in an increased prevalence of inadequate micronutrient intake, notably vitamin B1, selenium

and zinc.

Keywords: adolescents, industrialized foods, food consumption, micronutrients

43

Adolescence is an important phase of great physical and psychological changes. The

transformations taking place in this period of life can affect behavior in many aspects,

especially eating behaviors1, 2

. Such changes in food consumption may be associated with the

nutritional transition process that occurs in Brazil and in the world, increasing the risk of

overweight and obesity, type 2 diabetes, hypertension and heart disease3.

Studies conducted in Brazil confirm that changes in eating behavior of adolescents

from different regions are marked by fresh foods (such as fruits and vegetables) and

minimally processed foods consumption reduction, associated with an excessive use of

processed and ultra-processed foods, such as soft drinks, industrialized juices, and sweets.4, 5

.

High consumption of this processed and ultra-processed foods among adolescents leads to an

excessive intake of energy, simple sugars and fat, low consumption of micronutrients and

greater predisposition for the risk factors of cardiometabolic diseases6.

Brazilian government National Adolescent School-based Health Survey (PeNSE 2012)

reinforces these findings and indicates that this new food behavior affects all of Brazil’s

socioeconomic levels and regions. The growing increase in consumption of ultra-processed

salty foods, revealing percentages above the national average (31.3%) in the southern regions

(33.6% %) and southeastern ones (32.9%). In the northeaster region the highest unhealthy

foods consumption was found in the Brazilian state of Pernambuco (39.9%) and the lowest

one in the state of Maranhão (20.3%)7.

Brazil’s northeastern region presents some peculiarities regarding the social inequality

patterns, highlighting low schooling, lower income and less access to health services.

Therefore, besides the consumption of ultra-processed salty foods, adolescents in the

northeastern region present high intakes of bread and cookies. The choice for these foods can

be explained by the region socioeconomic disparities and the price attributed to such foods8, 9

.

Repercussions of processed and ultra-processed foods consumption on the prevalence

of nutrient inadequacies in Brazilian adolescents, especially in the northeastern area, are

scarce. A study carried out in southern Brazil indicates that the higher consumption of ultra-

processed foods has been related to the high prevalence of an inadequate dietary calcium

intake, sodium and iron by Brazilian young people aged 21 to 23 years10. This scenario can be

evidenced earlier, since authors have shown that ultra-processed foods consumption has been

associated with inadequacies in the consumption of vitamins B12, D and E, niacin,

pyridoxine, copper, iron, phosphorus, magnesium, selenium and zinc in individuals aged 10

years or more of age from several regions in Brazil11

.

44

This study fills gaps in knowledge, providing pioneering information on the

relationship between food consumption considering the degree of processing and the

implications on the prevalence of nutrient inadequacy of adolescents in an area in

northeastern Brazil. The choice of the school environment is also a differential since the

school can have great influence in forming individuals and an important site for monitoring

cardiometabolic risk factors and protecting students.

Thus, the objective of this study was to evaluate associations between processed and

ultra-processed foods consumption with the prevalence of inadequate micronutrient intake in

adolescents in northeast Brazil.

Methods

Participants and study design

This cross-sectional study has been conducted with 450 adolescents from public

schools in the city of Natal, northeastern Brazil. Data were collected in the period of 2007 and

2008 during the study titled “Risk factors for cardiovascular disease among adolescents

beneficiary of the Brazilian government National School Lunch Program (PNAE).

The sample plan was defined by a randomized stratified sampling in two stages, based

on a population of 39,920 primary school students from 66 municipal schools, considering the

four sanitary districts of the city (NNORTH = 19,270, NSOUTH = 4,128, NEAST = 3,728, NWEST =

12,794) of the Brazilian city of Natal, RN, as described by Lima et al.12

.

Inclusion criteria corresponded to adolescents’ regular attendance at schools and age

group of interest (10 to 19 years). Exclusion criteria corresponded to the presence of genetic

syndromes associated with obesity or other diseases, adolescent pregnancy, adolescents with

special needs or who used medications that could alter biochemical tests results.

Data collection was performed by structured interviews using standardized

questionnaires to obtain information about adolescents and their families. The following

variables were considered in the present study: (1) Family history of risk factors for

cardiovascular disease defined when at least one parent had a self-reported diagnosis of

diabetes, hypertension, dyslipidemia or obesity; (2) Mothers’ education, categorized as not

literate or having primary, secondary or higher education; (3) Weight and height for

calculating body mass index (BMI), classified according to the Brazilian Ministry of Health

Food and Nutrition Surveillance System (SISVAN) (2011)13

; (4) Sexual maturation, classified

45

according to Tanner scale as prepubertal (stage 1), mid-pubertal (stages 2 and 3) and late

pubertal (stages 4 and 5)14, 15

.

Assessment of food consumption

Food consumption data were obtained by two 24-hour dietary recalls (24h), performed

with an interval of 30-45 days, applied by a trained staff. Photographs of utensils and

containers were used to identify the food-serving items and quantify serving sizes, classified

as small, average, or large. The food nutritional information was obtained from the Brazilian

Food Composition Table16

, the United States Department of Agriculture (USDA) database17

and food labels (consulted in 2008). Participants who presented food consumption < 500 and

> 5000 kcal/day were excluded from the study18

.

Foods consumed by adolescents were classified according to the type of processing

“NOVA classification of foods based on extent and purpose of their processing” proposed by

Monteiro et al.19

. The NOVA classification system categorizes food into four groups,

considering the type of processing used, such as: (1) fresh or minimally processed foods, (2)

processed culinary ingredients, (3) processed and (4) ultra-processed foods19, 20

.

In the present study, all foods that were recorded in the two-24h were classified

according to the criteria above. The total amount (grams) consumed of each of the groups and

the percentages of energy of processed and ultra-processed foods in relation to the total

energy were calculated.

After sorting the type of processing, the foods were divided into groups, as proposed

by Louzada et al.21

. The classification of foods in groups of processed and ultra-processed

ones is available as supplementary material.

Adolescents’ habitual dietary intake was estimated by the Multiple Source Method

(MSM) with the objective of attenuating the intrapersonal variance.

The prevalence of inadequate micronutrients intake was estimated according to sex

and age by using the estimated average requirements (EAR) cut-point method22

, except for

iron, whose the prevalence was calculated using the manually determined probabilistic

approach method23

. The prevalence of inadequate intake of each micronutrient was estimated

considering the proportion of individuals with intake below the EAR value. Potassium intake

was evaluated based on adequate intake (AI). The percentage of individuals whose sodium

intake exceeded the tolerable upper intake level (UL) was also calculated23, 24

.

46

Statistical analyses

Descriptive analysis of the data was performed and the data were presented in

frequency distribution and confidence interval 95%. The percentages of energy from

processed and ultra-processed foods in relation to total energy were transformed into ordinal

qualitative variables whose cutoff points based on quartile distribution. Micronutrient

variables were also dichotomically categorized into adequate and inadequate according to

criteria for gender and age group.

Inferential analysis to estimate the relationship between the energy percentage from

processed and ultra-processed foods and the prevalence of inadequate micronutrient intake

was developed using Generalized Linear Models (GLM) through Ordinal Logistic

Regression.

Initially, crude models were constructed in a bivariate analysis to select the prevalence

of inadequate micronutrient intake related to the food energy percentage. Variables that

presented p ≤ 0.30 values in the crude analysis were selected for the adjusted model. Then, the

variables selected were inserted into the model adjusted through the Enter Method and then

the final model adjustment was observed through the Omnibus Test to fit the adjusted model.

In the case of constructing non-explanatory models of the relation (p > 0.05), the less

explanatory variables were removed for better adjustment.

As a measure of the effect of association estimation, the Prevalence Ratio (PR),

obtained by means of exponential involvement of the regression coefficient of each variable,

was used. The significance of each PR was tested by the Wald chi-square test and its 95%

confidence interval (95% CI) was constructed for crude and adjusted PR. A significance level

of 0.05 was adopted to minimize a type I error in the analysis of the crude, adjusted and PR

models. Software package SPSS Statistics® version 22.0 was used for data storage and

analysis.

Results

Of the total of 450 adolescents studied, three adolescents were excluded due to lack of

anthropometric data. Data from three adolescents were also excluded because they presented

food consumption < 500 and > 5000 kcal/day18, resulting in a final population of 444

adolescents.

The general characteristics of the study participants are presented in Table 1. There

was a higher percentage of adolescents between the ages of 10 and 13 years (91.9%), with no

difference in sex distribution (males = 50.2% and females = 49.8%) and 36.9% in the

47

prepubertal stage. It was verified that 36.5% had a positive family history of risk factors for

cardiovascular diseases, 38.0% had mothers with low educational levels (not literate or with

elementary school education) and 21.2% presented overweight/obesity according to the BMI

classification. The average energy consumed was 1921.8 (454.6) kcal/day, with an adequate

percentage intake distribution for carbohydrates (55%), proteins (15%) and total fat (30%).

Table 2 shows the contribution of processed and ultra-processed food groups to

adolescents’ total energetic intake according to these foods intake quartiles in the diet. For

processed foods, intake ranged from 5.8 (1.7) % of total energy in <25th

percentiles to 20.6

(2.9) % in >75th

percentiles. For ultra-processed foods, intake was 21.4 (4.9) % in <25th

percentiles and 61.5 (11.7) % in >75th

percentiles. The least consumed groups of processed

foods were cheeses in which 25th

-50th

percentiles intake reached 0.2 (0.04) % and canned

fruits and vegetables (25th

-50th

percentiles = 0.01 (0.0) % of total energy). For ultra-processed

foods, the least consumed groups were ready-to-eat and semi-ready-to-eat meals in which

25th

-50th

percentiles intake was 0.3 (0.03) % and sweetened milk drinks, for which intake in

25th

-50th

percentiles was 0.2 (0.02) % of total energy.

There was a high prevalence of inadequate intake, corresponding to percentages above

80% in both sexs in the age range of 10-13 years, for vitamins D, folate and E and minerals,

calcium, phosphorus and selenium. For females in this same age range, in addition to these

micronutrients inadequacy, a high prevalence of pyridoxine intake (50.4%) was also observed

(Tables 3).

For the 14-19 age group, both sexs presented a high prevalence of inadequate

micronutrient intake, with percentages above 80% for vitamins D, folate and E and for

calcium and selenium minerals. The lowest prevalence of inadequate intake (percentages

below 20%) were found for iodine, zinc and copper in both sexs. Adolescents in this age

group had 29% of inadequate iron intake. It was observed that, regardless of age and sex,

sodium intake was above the UL, with values exceeding the tolerable upper limit already in

the 10th percentile in which the adolescents with the lowest intake for this micronutrient are

found and it reaches values twice as high as the UL in the 90th percentile (Tables 3).

Associations between intake of processed and ultra-processed foods and prevalence of

micronutrients inadequacy are found in Tables 4 and 5. It was identified in the adjusted model

that vitamin B1 and selenium consumption inadequacy is directly associated with the increase

in processed food consumption proportion (p = 0.04, PR = 0.55 and p < 0.01, PR = 1.97,

respectively). Table 5 shows in the adjusted model that the inadequacies of vitamin B1 and

zinc were associated with the increase in the proportion of energy from ultra-processed foods,

48

respectively (p = 0.03, PR = 0.49) and (p < 0.01, PR = 0.49). Similarly to processed foods, no

association was found between the proportion of energy from ultra-processed foods and the

prevalence of inadequacy of other micronutrients.

Discussion

This study provides pioneering information on the relationship between food intake

considering the degree of processing and the implications on the prevalence of nutrient

inadequacy of adolescents in an area in northeastern Brazil. The high intake of processed

foods and especially the higher intake of ultra-processed foods confirm the findings observed

in other populations of the world and regions of Brazil26, 27, 28

.

One specific result that attracted our attention in our study was the fact that the intake

of processed and ultra-processed foods was evidenced in adolescents who were in the age

range of 10-13 years, with indicators of sexual maturation classified as prepubertal and initial

puberty. This stage corresponds to an accelerated growth, with greater anthropometric and

body composition changes29 demanding an adequate supply of nutrients. Adolescents’ choice

of these foods of low nutritional value may reflect the high prevalence of inadequate

micronutrient intake, essential to guarantee the achievement of the biological potential

expected for healthy growth and development30

.

In Brazil there are publications promoting healthy food, such as the Food Guide for

the Brazilian Population produced by the Brazilian Ministry of Health31

.This official

document addresses principles and recommendations for an adequate and healthy diet.

Findings from the present study reflects on behavioral changes influenced by factors such as

rapidly accelerating pace of life, purchasing power, insertion of women in the labor market,

besides the influence of the media by means of attractive advertisements that stimulate the

excessive intake of industrialized products 32, 33

.

Adolescents’ greater choice of foods from the groups of breads, processed meats and

cakes, pies and cookies observed in the present study confirms the findings of other Brazilian

studies such as the Study of Cardiovascular Risks in Adolescents (ERICA)34

, which has also

shown that adolescents aged 12 -17 years have presented a high prevalence of sweet and salty

bread and cookies consumption, revealing that in the northeastern region bread rolls were

among the five foods most consumed by adolescents. This trend in the food consumption

pattern among Brazilian adolescents has been confirmed by PeNSE since 2012, when high

consumption was observed for sweet and salty cookies, and a high consumption of ultra-

processed salty food35, 7

.

49

Most of the families living in the northeastern region are in unfavorable

socioeconomic contexts and tend to buy more basic and lower cost foods36

, justifying the

greater consumption by the adolescents studied of foods such as breads, cakes and cookies,

which are more affordable, to the detriment of other processed and ultra-processed foods,

such as cheeses, ready-to-eat meals, fast food dishes, bakers’ confections, among others,

considered more expensive. This reality is demonstrated in the study that has evaluated the

impact of the Programa Bolsa Família (Family Allowance Program, a Brazilian government

social welfare program; PBF, in the Portuguese abbreviation) on food consumption, showing

that beneficiary families in the northeastern region tend to consume fresher or minimally

processed foods and that ultra-processed consumption is lower in comparison to non-

beneficiaries of the PBF37

.

Adolescents’ intake of these lower cost foods with low nutritional quality in our study

may reflect on high prevalence of vitamin D, calcium and phosphorus intake inadequacy, with

impact on bone health risks in this stage of life. Similar results of prevalence of calcium

intake inadequacy in adolescents were also found in a study with the Mexican population,

reaching 88.1% in female adolescents and 71.8% in males38

. Another Brazilian study carried

out with adolescents also corroborates with our results when it found high prevalence of

calcium and phosphorus intake inadequacy, a fact explained by the low consumption of milk

and byproducts associated to the increase in consumption of soft drinks and other sugary

drinks39

.

Although 80-90% of vitamin D is endogenously synthesized through sun exposure and

10-20% from diet40

, the high prevalence of vitamin D intake inadequacy observed in our

study indicates an alarming situation, since one of the main actions of this vitamin is in the

regulation of the metabolism of calcium and phosphorus, controlling the processes of

intestinal absorption and renal reabsorption of these ions. Consumption imbalance of these

three micronutrients may reflect inadequate mineralization and bone growth in adolescents

and global bone health in all stages of life41

.

Vitamin E and selenium have also had high prevalence of intake inadequacy in our

study. These micronutrients are recognized for their antioxidant role in the body and their

inadequate intake is worrisome since these antioxidants act in synergism to maintain the

glutathione peroxidase capacity and the imbalance between them can favor oxidative stress,

causing disarrangements in the signaling and/or cell damage42, 43

.

The high prevalence of folate intake inadequacy, was also evidenced in a study by

Fiorentino et al.44

with Senegalese children and adolescents. Food fortification with folate has

50

been implemented in several countries in order to reduce the prevalence of neural tube defects

and associated morbidity and mortality45

.

In Brazil, fortification of wheat and maize flours has come into effect from 2004 with

the addition of 150 mg of folic acid and 4.2 mg of iron per 100 g of flour46

. In this study,

although adolescents have presented high intake of processed and ultra-processed foods made

with flour, a high prevalence of folate inadequacy was found, with percentages of inadequacy

between 99 and 100%. One possible explanation for this fact is the difficulty of obtaining

information about this nutrient in food composition tables. In view of this, the prevalence of

folate intake inadequacy may be overestimated, as well as that of iron.

Sodium intake above the biologically tolerable daily limits (Upper Limit – UL)

corroborates other national and international findings34, 39, 47, 48

. Although the adjusted model

between processed and ultra-processed food intake and the prevalence of sodium intake

inadequacy was not significant to explain the association between the variables, the high

sodium intake by the adolescents in this study may possibly be associated with the high intake

of industrialized foods that are high in sodium, exposing adolescents to nutritional risks34

.

Sodium may be positively associated with components of the metabolic syndrome

such as blood pressure, waist circumference and elevated triglyceride and fasting glycemia

levels49

. The high intake of this micronutrient puts adolescents at risk for the development of

hypertension, obesity and other cardiometabolic diseases.

It is important to highlight the low prevalence of iodine intake inadequacy. Probably,

this low prevalence of inadequacy is due to public policies for iodination of cooking salt in

Brazil, which contribute to control diseases caused by iodine deficiencies50

and the high

consumption of salt evidenced in the results of the study.

A fact that also deserves attention was the prevalence of iron deficiency of

approximately 30% for the females in the age group of 14-18 years. This prevalence of iron

intake inadequacy should be taken into account because at this stage menarche occurs and

dietary iron requirements increase. Iron is an important mineral during adolescence because at

this stage the growth spurt occurs and the growth rate in this period may be more than twice

the average rate for males and 50% higher for females. This fact is linked to a greater need for

dietary iron for this phase of life25

. However, as with folate, these prevalence of inadequacy,

although low, may be overestimated, considering the possible failures of food fortification

data in the composition tables.

Another result worth mentioning in this study was the relationship between the

consumption of processed and ultra-processed foods with the increase in the prevalence of

51

vitamin B1 intake inadequacy. Vitamin B1 exerts a coenzymatic role in carbohydrate

metabolism and also in the conduction of nerve impulses and in aerobic metabolism and its

dietary deficiency can lead to Beriberi’s disease. Among the sources of this vitamin are whole

grains, legumes and leafy vegetables. In the process of refining cereals, as in the production of

white flour and white rice, much of this vitamin is lost51

. This may justify the association of

the prevalence of inadequate vitamin B1 intake with the increase in consumption of processed

and ultra-processed foods, basically consisting of white flours.

Processed foods were also positively related to the prevalence of selenium intake

inadequacy. Selenium has several roles, among them an antioxidant one, participation in the

conversion of thyroid hormones thyroxine (T4) into triiodothyronine (T3) and in the

prevention of non-transmissible chronic diseases such as cardiovascular diseases and some

types of cancer52

.

It was also observed that the higher consumption of ultra-processed foods was

associated with a higher prevalence of zinc intake inadequacy. Zinc has structural, enzymatic

and regulatory roles and is involved in the activity of enzymes, especially those related to the

DNA and RNA synthesis53

. Deficiency of this micronutrient in early adolescence can slow

growth and delay sexual maturation52

. Thus, an adequate intake of zinc by adolescents should

be observed so that it does not favor growth deficits and late sexual maturation.

Our work is not free from limitations. Among the limitations, it is worth mentioning

the cross-sectional study design, which allows only associations between the variables to be

explored, without relation of cause and effect, but this type of study can be very useful to

describe the characteristics of the population and to identify risk groups, facilitating health

actions and planning. Systematic and random mistakes in dietary intake evaluation are

possible. However, the data were collected by trained professionals, who were careful to

ensure the best reliability for information regarding zinc content in the tables used to track

food composition. In addition, statistical techniques were used to minimize the probability of

occurrence of random errors. As positive aspects of the present study, the methodological

rigor in the analysis of food and dietary consumption and the classification of foods as to the

type of processing, following the criteria proposed by Monteiro et al., are highlighted19

.

In conclusion, excessive consumption of processed and ultra-processed foods by

adolescents was associated with an increase in the prevalence of inadequate micronutrient

intake, especially vitamin B1, selenium and zinc, which could lead to short-term and long-

term health harm. Faced with these negative health impacts, we warn about the importance of

limiting the consumption of processed and ultra-processed foods in the diet, especially in

52

adolescence. The results of this study can help formulate public policies that contribute to

health improvement in this stage of life and prevent complications in adulthood.

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57

Table 1 – General characteristics and energy and macronutrients consumption of adolescents

from public schools – Natal, Rio Grande do Norte, Brazil

Variables

n=444

N % IC95%

Sex

Male 223 (50.2) 45.6-54.9

Female 221 (49.8) 45.2-54.4

Sexual maturation

Pre-pubescent 164 (36.9) 32.6-41.5

Initial puberty 113 (25.5) 21.6-29.7

Final puberty 167 (37.6) 33.2-42.2

Family history of risk factors for CVDa

No 173 (39.0) 46.3-56.9

Yes 162 (36.5) 43.1-53.7

Mothers’ educationa

Not literate 17 (3.8) 2.9-7.1

Elementary School 152 (34.2) 35.7-45.6

Secondary school or higher

education 206

(46.4) 49.9-59.9

BMI classification

Eutrophy 332 (74.8) 70.5-78.6

Low weight 18 (4.1) 2.6-6.3

Overweight 62 (14.0) 11.1-17.5

Obesity 32 (7.2) 5.2-10.0

Total energy consumption and

macronutrientsb

Mean Standard

deviation IC95%

Energy adjusted (kcal/d) 1921.8 454.6 1879.4-1964.2

Carbohydrate adjusted (g/d) 264.8 65.4 258.7-270.9

Carbohydrate adjusted (% of total

calories) 55

Protein adjusted (g/d) 72.7 18.5 70.9-74.4

Protein adjusted (% of total

calories) 15

Total fat adjusted (g/d) 63.7 16.4 62.2-65.3

Total fat adjusted (% of total

calories) 30

58

CVD: Cardiovascular disease; a Values may not correspond to the total number of subjects in each group

because there were no data; b Adjusted values refer to results after energy adjustment by intrapersonal

variability. Reference values for macronutrients percentages according to the Acceptable Macronutrient

Distribution Range (AMDR)25

: Carbohydrates: 45 – 65% of total energy intake; Protein: 10 – 30% of total

energy intake; Total fat: 25 – 35% of total energy intake.

59

Table 2 – Contribution (%) of the processed and ultra-processed food groups in the total energy intake by adolescents from public schools –

Natal, Rio Grande do Norte, Brazil Energy percentage quartiles for processed and ultra-processed foods <P25 P25-P50 P50-P75 >P75 Mean (SD) Mean (SD) Mean (SD) Mean (SD) Processed foods

French Bread 1.7 (0.4) 4.0 (1.3) 8.6 (1.4) 16.4 (4.3)

Cheeses 0.1 (0.03) 0.2 (0.04) 0.5 (0.2) 4.0 (2.9)

Processed meats 1.5 (0.4) 3.0 (0.5) 5.0 (0.7) 9.9 (3.3)

Canned fruits and vegetables 0.00 (0.0) 0.01 (0.0) 0.03 (0.01) 0.2 (0.3)

Total processed foods1 5.8 (1.7) 10.4 (1.2) 14.8 (1.5) 20.6 (2.9)

Ultra-processed foods

Cakes, pies and cookies 7.5 (1.5) 11.4 (1.0) 14.7 (1.1) 19.7 (2.5)

Fast food dishes 0.4 (0.1) 0.7 (0.1) 1.3 (0.4) 8.2 (3.7)

Sugar-sweetened beverages 1.0 (0.2) 1.8 (0.2) 2.6 (0.3) 3.9 (0.8)

Sliced breads 0.9 (0.2) 1.5 (0.2) 5.9 (1.8) 12.7 (3.4)

Bakery products 0.8 (0.2) 1.7 (0.3) 3.1 (0.6) 6.5 (2.5)

Snacks 0.2 (0.1) 0.4 (0.1) 0.9 (0.3) 6.8 (3.7)

Ultra-processed meats 1.0 (0.3) 1.9 (0.3) 3.6 (0.5) 6.3 (1.8)

Ready-to-eat and semi-ready-to-eat meals 0.2 (0.04) 0.3 (0.03) 0.4 (0.04) 3.6 (3.4)

Sweetened milk drinks 0.2 (0.03) 0.2 (0.02) 0.3 (0.04) 3.3 (1.5)

Other ultra-processed foods 1.2 (0.4) 2.5 (0.3) 3.8 (0.4) 6.0 (1.2)

Total ultra-processed foods1 21.4 (4.9) 31.5 (2.2) 41.4 (3.9) 61.5 (11.7)

1Expressed as a percentage of total energy intake.

60

Table 3 – Nutritional recommendations, intake and prevalence of micronutrients inadequate intake in male and female adolescents from public

schools by age group – Natal, Rio Grande do Norte, Brazil

Micronutrients

Male Female

EAR

/UL

Mean (SD) 10th 50th 90th % of

inadequacy

EAR/

UL Mean (SD) 10th 50th 90th

% of

inadequac

y

Age group: 10 to 13 (n = 205)

Age group: 10 to 13 (n = 203)

Vitamin A (µ g/d) 445 885.3 (539.9) 402.4 827.3 1275.3

20.9

420 822.5 (410.7) 334.5 766.6

1308.

4 16.3

Vitamin C (mg/d) 39 162.9 (130.8) 55.6 118.0 338.7 17.1 39 161.5 (144.6) 42.5 106.5 383.3 19.8

Vitamin B1 (mg/d) 0.7 1.1 (0.4) 0.7 1.0 1.6 17.4 0.7 1.1 (0.4) 0.6 1.0 1.5 21.2

Vitamin B2 (mg/d) 0.8 1.1 (0.4) 0.7 1.1 1.7 21.5 0.8 1.1 (0.6) 0.6 1.0 1.6 30.1

Vitamin B6 (mg/d) 0.8 0.9 (0.3) 0.5 0.8 1.3 41.7 0.8 0.8 (0.3) 0.5 0.8 1.2 50.4

Vitamin B12 (µg/d) 1.5 1.7 (1.9) 0.4 1.2 3.5 46.4 1.5 1.5 (1.6) 0.3 1.1 3.3 49.2

Vitamin D (µg/d) 10 0.1 (0.1) 0.1 0.1 0.2 100 10 0.1 (0.1) 0.1 0.1 0.3 100

Niacin (mg/d) 9.0 13.9 (4.7) 8.8 13.5 20.2 14.9 9.0 13.4 (4.5) 8.3 12.6 19.3 16.1

Folate (µg/d) 250 89.8 (48.2) 38.8 78.4 155.6 99.9 250 91. 2 (57.2) 33.4 77.0 163.4 99.7

Vitamin E (mg/d) 9.0 2.9 (1.9) 1.0 2.4 5.6 99.9 9.0 3.1 (2.4) 0.8 2.4 6.0 99.2

Iodine (µg/d) 73 209.9 (60.6) 145.0 207.6 281.8 1.2 73 201.9 (62.3) 133.0 191.6 285.6 1.9

Sodium (mg/d)a

2200 3504.6 (919.6) 2430.0

3369.

8 4640.4

2200 3341.5 (850.4)

2333.

9

3310.

4

4529.

0 –

Calcium (mg/d) 1100 398.8 (140.1) 249.4 367.2 620.1 100 1100 380.4 (128.6) 221.0 353.0 561.0 100

Magnesium (mg/d) 200 275.1 (77.2) 188.0 264.5 372.9 16.6 200 254.5 (72.7) 168.5 249.1 356.2 22.7

Zinc (mg/g) 7.0 10.5 (3.4) 6.8 10.0 14.5 15.2 7.0 9.4 (2.7) 5.9 9.3 12.8 18.7

Phosphorus (mg/d) 1055 876.4 (198.0) 647.6 845.0 1165.1

81.6

1055 829.0 (189.5) 600.8 827.1

1072.

7 88.3

Iron (mg/d) 5.9 11.9 (3.2) 8.1 11.5 16.3 1.3 5.7 11.1 (3.0) 7.4 10.9 15.1 3.6

Copper (µg/d) 540 1.2 (0.8) 0.8 1.1 1.6 19.8 0.54 1.1 (0.6) 0.7 1.0 1.5 17.9

Selenium (µg/d) 35 26.2 (9.9) 14.3 25.2 40.3 81.3 35 25.3 (9.9) 13.6 24.5 37.0 83.6

61

Age group: 14 to 18 (n = 18)

Age group: 14 to 18 (n = 18)

Vitamin A (µ g/d) 630 737.5 (248.7) 293.1 787.2 1064.0

33.4

485

1077.9

(1008.0) 410.9 731.9

2701.

9 27.8

Vitamin C (mg/d) 63 166.4 (143.3) 49.8 134.3 359.0 23.6 56 161.1 (180.1) 34.7 100.8 523.1 28.1

Vitamin B1 (mg/d) 1.0 1.4 (0.8) 0.8 1.3 1.8 30.2 0.9 0.9 (0.2) 0.5 0.9 1.3 47.2

Vitamin B2 (mg/d) 1.1 1.3 (0.5) 0.7 1.1 2.1 37.5 0.9 1.1 (0.4) 0.6 0.9 1.6 33.4

Vitamin B6 (mg/d) 1.1 1.0 (0.3) 0.6 0.9 1.5 62.9 1.0 0.8 (0.3) 0.5 0.7 1.4 74.2

Vitamin B12 (µg/d) 2.0 1.3 (1.0) 0.1 1.0 3.4 75.5 2.0 1.9 (1.6) 0.3 1.7 5.8 51.6

Vitamin D (µg/d) 10 0.2 (0.1) 0.1 0.2 0.3 100 10 0.1 (0.1) 0.1 0.1 0.3 100

Niacin (mg/d) 12 15.8 (5.2) 9.2 15.4 22.7 23.0 11 12.6 (4.7) 7.5 11.6 21.1 37.1

Folate (µg/d) 330 123.1 (87.5) 22.7 109.7 291.1 99.1 330 86.4 (35.3) 42.5 88.7 132.9 100

Vitamin E (mg/d) 12 3.3 (2.9) 0.8 2.6 7.0 99.9 12 4.1 (3.7) 1.1 2.7 8.4 98.4

Iodine (µg/d) 95 226.7 (72.6) 140.2 216.5 351.0 3.5 95 208.5 (78.7) 118.1 189.9 320.3 7.5

Sodium (mg/d)a

2300

4067.1

(1132.5) 2506.1

3972.

1 5779.0

2300 3039.4 (648.9)

2199.

8

2927.

2

4193.

7 –

Calcium (mg/d) 1100 439.3 (117.2) 292.8 436.9 563.8 100 1100 371.3 (125.6) 188.9 385.8 532.7 100

Magnesium (mg/d) 340 332.5 (140.9) 187.7 302.4 491.5 52.0 300 236.4 (63.9) 162.9 218.1 338.8 84.1

Zinc (mg/g) 8.5 11.4 (2.8) 7.6 11.3 14.9 15.2 7.3 8.5 (1.4) 6.6 8.7 10.1 19.2

Phosphorus (mg/d) 1055 959.4 (180.8) 768.9 919.0 1293.2

70.2

1055 811.9 (175.9) 561.0 835.6

1053.

3 91.6

Iron (mg/d) 7.7 13.9 (4.8) 7.4 14.6 19.8 11.1 7.9 10.1 (2.8) 7.4 9.2 14.0 29.2

Copper (µg/d) 685 1.3 (0.5) 0.8 1.2 2.1 13.6 0.685 1.1 (0.4) 0.7 1.0 1.7 17.1

Selenium (µg/d) 45 30.9 (15.1) 12.4 28.4 61.4 82.4 45 24.3 (7.4) 11.5 24.1 33.5 99.7 aValues for prevalence of sodium inadequacy are not presented since values above the UL were considered for this mineral and not values below the EAR as for the other

micronutrients.

62

Table 4 – Models of crude and adjusted association between the micronutrient intake

inadequacy and the proportion of energy from processed foods in adolescents from public

schools – Natal, Rio Grande do Norte, Brazil

Parameter*

Crude Model Adjusted Model

Hypothesis testing

RPbr IC95% Sig.

2 de

Wald Sig. RPajus IC95%

Limit 3rd quartile 0.04 0.84 1.28 (0.10-15.29)

2nd quartile 1.23 0.26 4.06 (0.34-48.38)

1st quartile

4.09 0.04 12.96 (1.08-

155.27)

Vitamin A 0.17

Inadequate 1.39 (0.86-2.24) 1.14 0.28 1.31 (0.79-2.17)

Adequate 1 1

Phosphorus 0.03

Inadequate 1.70 (1.04-2.78) 2.53 0.11 1.56 (0.90-2.71)

Adequate 1 1

Vitamin B1 0.02

Inadequate 0.58 (0.36-0.94) 4.06 0.04 0.55 (0.31-0.98)

Adequate 1 1

Vitamin B2 0.10

Inadequate 0.73 (0.50-1.07) 0.43 0.51 0.84 (0.51-1.38)

Adequate 1 1

Vitamin B6 0.17

Inadequate 0.79 (0.56-1.10) 1.53 0.21 0.76 (0.50-1.16)

Adequate 1 1

Vitamin B12 0.25

Inadequate 1.12 (0.86-1.74) 0.84 0.35 1.19 (0.81-1.73)

Adequate 1 1

Folate 0.26

Inadequate 2.87 (0.45-18.32) 0.45 0.50 1.88 (0.29-11.87)

Adequate 1 1

Sodium 0.97

Inadequate 1.01 (0.54-1.86) 1.77 0.18 5.43 (0.45-65.52)

Adequate 1 1

Selenium <0.01

Inadequate 2.05 (1.31-3.21) 7.69 <0.01 1.97 (1.22-3.17)

Adequate 1 1 *Vitamins D, C, E and niacin and minerals calcium, magnesium, zinc, iron and copper were excluded from the

adjusted model since they presented p > 0.30 values in the crude analysis.

63

Table 5 – Models of crude and adjusted association between the micronutrient intake inadequacy and

the proportion of energy from ultra-processed foods in adolescents from public schools – Natal, Rio

Grande do Norte, Brazil

Parameter*

Crude Model Adjusted Model

Hypothesis testing

RPbr IC95% Sig.

2 de

Wald Sig. RPajus IC95%

Limit 3rd quartile 22.12 0.001 0.014 (0.002-0.08)

2nd quartile 12.01 0.001 0.044 (0.008-0.25)

1st quartile 4.53 0.033 0.149 (0.02-0.85)

Copper 0.03

Inadequate 0.63 (0.41-0.96)

Adequate

Vitamin C <0.001

Inadequate 0.37 (0.18-0.75) 2.40 0.12 0.54 (0.25-1.17)

Adequate 1

Vitamin B1 <0.0001

Inadequate 0.33 (0.19-0.57) 4.56 0.03 0.49 (0.25-0.94)

Adequate 1

Vitamin B2 0.06

Inadequate 0.69 (0.47-1.02) 2.47 0.11 1.50 (0.90-2.50)

Adequate 1

Vitamin B6 <0.001

Inadequate 0.54 (0.38-0.75) 3.04 0.08 0.68 (0.45-1.04)

Adequate 1

Niacin <0.001

Inadequate 0.35 (0.20-0.59) 3.33 0.06 0.57 (0.32-1.04)

Adequate 1

Vitamin E 0.11

Inadequate 0.45 (0.17-1.20) 2.51 0.11 0.44 (0.16-1.21)

Adequate 1

Sodium 0.001

Inadequate 0.27 (0.12-0.59) 0.60 0.43 0.69 (0.28-1.73)

Adequate 1

Magnesium 0.02

Inadequate 0.60 (0.39-0.92) 2.01 0.15 1.47 (0.86-2.50)

Adequate 1

Zinc <0.0001

Inadequate 0.29 (0.17-0.48) 7.60 <0.01 0.43 (0.23-0.78)

64

Adequate 1

Iron <0.01

Inadequate 0.10 (0.02-0.49) 0.73 0.39 0.47 (0.08-2.65)

Adequate 1

*Vitamins A, B12 and folate and minerals phosphorus, iodine and selenium were excluded from the adjusted

model since they presented p > 0.30 values in the crude analysis.

65

Supplementary material

Chart 1 – Classification of foods based on their industrial processing

Food classification Food groups Description

PROCESSED FOODS

French Bread Bread made with wheat flour, water, yeast and salt (but not containing other

substances such as hydrogenated fat and chemical additives).

Cheeses Cheeses made of milk and salt.

Processed meats Salty meats, canned fish and fish preserved in oil.

Canned fruits and vegetables Canned vegetables, maize or peas, fruit in syrup and candied fruits.

ULTRA-PROCESSED

FOODS

Cakes, pies and cookies Products baked with ingredients that include substances such as hydrogenated

vegetable fat, sugar, starch, whey, emulsifiers and other additives.

Fast food dishes Hamburgers of all kinds, hot dogs, fried and baked snacks or similar ones.

Sugar-sweetened beverages Soft drinks, artificial juice powder and carton-packed juices.

Sliced breads Sliced breads, processed hamburger or hot dog breads, sweet rolls and other

breads with chemical additives.

Bakery products Processed sweets and sweets in general (sweets, ice cream, chocolates, gelatin

and pudding).

Snacks Snack food and maize snack in the form of chips.

Ultra-processed meats All kinds of sausages and frankfurters (made of chicken, pork and mixed),

mortadella and ultra-processed meats.

Meals ready or semi-ready for

consumption

Pizzas, frozen pasta or meat dishes, instant noodles and instant soups.

Sweetened milk drinks Sweetened and flavored milk drinks

Other ultra-processed foods Margarine, processed sauces, cereal bars and breakfast cereals. Adapted from Louzada et al. (2015)

21.

66

6.2 O artigo intitulado “Consumo de alimentos processados e ultraprocessados e as

associações com a escolaridade materna e fatores de riscos cardiometabólicos em

adolescentes de escolas públicas” será submetido para publicação no periódico

“Jornal de Pediatria”, que possui fator de impacto 2,081 e Qualis B1 CAPES (2017)

para a área de Nutrição.

67

Consumo de alimentos processados e ultraprocessados e fatores de risco

associados em adolescentes de escolas públicas

Título Abreviado: Consumo de alimentos industrializados por adolescentes

Raphaela CTMA Falcão1, Célia MM Morais2, Clélia O Lyra2, Liana GB Pinheiro2,

Lucia FC Pedrosa3, Severina CVC Lima2, Karine CM Sena-Evangelista2

Autoria: Célia MM Morais, Clélia O Lyra, Liana GB Pinheiro, Lucia FC Pedrosa,

Severina CVC Lima participaram na formulação da questão da pesquisa, projeto do

estudo e coleta dos dados. Raphaela CTMA Falcão, Severina CVC Lima, Karine CM

Sena-Evangelista participaram na formulação da questão de pesquisa, análise dos

dados e redação do artigo. Clélia O Lyra e Raphaela CTMA Falcão participaram da

análise dos dados. Célia MM Morais, Clélia O Lyra, Liana GB Pinheiro, Lucia FC

Pedrosa, Severina CVC Lima, Raphaela CTMA Falcão e Karine CM Sena-

Evangelista revisaram a versão final da redação do artigo.

Declaração de Conflito de interesse: Nada a declarar.

Fonte de Financiamento: O projeto de pesquisa intitulado “Fatores de risco para

doenças cardiovasculares entre os beneficiários do Programa de Alimentação

Escolar, Natal, Brasil”, foi financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento

Científico e Tecnológico (CNPq), concessão nº 478287-06-2. O presente trabalho foi

apoiado pelo Edital FAPERN/CAPES (006/2004) que dispõe sobre o “Apoio aos

Programas de Pós-graduação das Instituições de Ensino Superior (IES) do estado

do Rio Grande do Norte”. A FAPERN não teve nenhum papel na concepção, análise

ou redação deste artigo.

68

Consumo de alimentos processados e ultraprocessados e fatores de risco

associados em adolescentes de escolas públicas

Raphaela CTMA Falcão, Célia MM Morais, Clélia O Lyra, Liana GB Pinheiro, Lucia

FC Pedrosa, Severina CVC Lima, Karine CM Sena-Evangelista

Resumo

Objetivo: Avaliar o consumo de alimentos processados e ultraprocessados e as

associações com a escolaridade materna e os fatores de risco cardiometabólicos em

adolescentes de escolas públicas.

Métodos: Estudo transversal realizado com 444 adolescentes de escolas públicas,

na faixa etária de 10 a 19 anos. O consumo habitual foi obtido por dois recordatórios

de 24 horas. Os alimentos consumidos foram classificados quanto ao tipo de

processamento. Realizou-se estatística descritiva e os dados são apresentados em

frequência absoluta e percentual. Estimou-se a relação entre o percentual de

energia de alimentos processados e ultraprocessados com a escolaridade materna e

fatores cardiometabólicos com Modelos Lineares Generalizáveis (GLM) por meio da

Regressão Logística Ordinal.

Resultados: Registrou-se maior percentual de adolescentes na faixa etária entre 10

e 13 anos (91,9%). Dentre os alimentos processados, os mais consumidos foram

“pão francês” (7,7%) e “carnes processadas” (4,8%). No grupo de alimentos

ultraprocessados, foi predominante o consumo de “bolos, tortas e biscoitos” (13,3%)

e “pães fatiados” (5,2%). Verificou-se entre os adolescentes cujas mães possuíam

escolaridade de nível fundamental consumo elevado de alimentos processados (p<

0,01; RP= 1,72), e aqueles adolescentes cujas mães eram não alfabetizadas maior

consumo de alimentos ultraprocessados (p= 0,03; RP= 0,36). O aumento no

consumo de alimentos processados foi associado a hipercolesterolemia (p= 0,04;

RP= 3,08) e a hipertrigliceridemia (p= 0,02; RP= 3,79).

Conclusão: A baixa escolaridade materna foi associada com a escolha por alimentos

processados e ultraprocessados em adolescentes. O consumo de alimentos

processados foi associado a fatores de risco cardiometabólicos importantes, como a

hipercolesterolemia e a hipertrigliceridemia, implicando em prejuízos nas condições

de saúde a curto e longo prazo.

69

Palavras-chaves: adolescente, alimentos industrializados, consumo de alimentos,

fatores de risco.

70

INTRODUÇÃO

As doenças cardiovasculares (DCV) representam umas das principais causas

de morte em todo o mundo, relacionando-se com elevadas taxas de mortes

prematuras. Os fatores de risco atribuíveis as DCV incluem obesidade abdominal,

dislipidemia, hipertensão arterial, resistência à insulina e intolerância à glicose.

Esses fatores estão sendo observados cada vez mais precocemente em grupos de

crianças e adolescentes1.

A dieta é um importante fator modificável para a ocorrência de condições de

risco para as DCV em adolescentes2. O Estudo de Riscos Cardiovasculares em

Adolescentes (ERICA) demonstrou que apesar da dieta dos adolescentes brasileiros

ser composta por alimentos tradicionais, como arroz e feijão, há uma tendência ao

aumento da ingestão de alimentos processados e ultraprocessados3.

Os alimentos processados e ultraprocessados possuem maior densidade

energética e são ricos em açúcares simples e gorduras, repercutindo na piora do

estado de saúde dos adolescentes e uma maior predisposição para o aparecimento

de fatores de risco cardiometabólicos. Autores destacam que a composição desses

alimentos favorece a aterogênese, processo que se inicia na infância com a

formação de estrias gordurosas, e progride lentamente até a idade adulta, quando

ocorrerão as manifestações clínicas decorrentes das placas ateroscleróticas4,5.

Os fatores socioeconômicos, de escolaridade e antropométricos dos pais

pode contribuir para o comportamento alimentar na infância e adolescência, sendo

os pais importantes agentes na diminuição do consumo desses alimentos e na

formação dos hábitos alimentares saudáveis nessa fase da vida6.

Estudos realizados no mundo vêm associando o consumo de alimentos

processados e ultraprocessados as alterações cardiometabólicas em

adolescentes4,2. Além desses desfechos, o consumo de alimentos processados e

ultraprocessados tem sido associado ao aumento significativo do índice de massa

corporal (IMC) em adolescentes, como também a síndrome metabólica, por

contribuir para a diminuição das concentrações de HDL-c, elevação de glicose

plasmática, aumento da pressão sanguínea e dos triglicerídeos7,8.

Considerando que a adolescência é uma fase de oportunidade para formação

de hábitos saudáveis que irão repercutir na idade adulta e a escassez de estudos na

região Nordeste do Brasil que relacionem o consumo de alimentos considerando o

71

grau de processamento com características de escolaridade materna e de fatores de

risco cardiometabólicos, o objetivo do presente estudo foi avaliar o consumo de

alimentos processados e ultraprocessados e as associações com a escolaridade

materna e os fatores de risco cardiometabólicoas em adolescentes de escolas

públicas.

MÉTODOS

Estudo transversal realizado com 450 adolescentes estudantes de escolas

públicas no município de Natal, Nordeste do Brasil. Os dados foram coletados no

período de 2007 e 2008 durante a realização do estudo intitulado “Fatores de risco

para DCV entre Adolescentes beneficiários do Programa Nacional de Alimentação

Escolar – Natal/RN da UFRN”.

O estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte sob o parecer nº 112/06. O Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido foi assinado por todos os adolescentes e seus

pais e responsáveis.

O plano amostral foi definido por amostragem randomizada estratificada em

dois estágios, baseada em uma população de 39.920 alunos do ensino fundamental

de 66 escolas municipais, considerando os quatro distritos sanitários da cidade

(NNORTE= 19.270, NSUL= 4.128, NLESTE= 3.728, NOESTE= 12.794) de Natal/RN. Para

isso foi desenvolvido um estudo piloto em quatro escolas, sendo uma em cada

distrito da cidade com o objetivo de estimar a prevalência para alteração no perfil

lipídico em cada distrito. Considerou-se o erro máximo de 4% e perdas amostrais de

30%, resultando em tamanho amostral de 483 adolescentes. Amostragem

estratificada com Alocação de Neyman foi realizada para definir o tamanho amostral

em cada distrito, resultando n= 21 escolas, conforme descrito por Lima et al9.

Para o presente estudo, foram obtidos dados de consumo alimentar de 450

adolescentes. Foram excluídos três adolescentes pela ausência de dados

antropométricos, bioquímicos e de pressão arterial. Também foram excluídos do

estudo mais três adolescentes por apresentarem consumo alimentar <500 e >5000

kcal/dia10, resultando numa população final de 444 adolescentes.

Foram considerados como critérios de inclusão, adolescentes na faixa etária

de 10 a 19 anos, de ambos os sexos, que apresentavam frequência regular na

escola. Os critérios de exclusão corresponderam à presença de síndromes

72

genéticas associadas à obesidade ou a outras doenças, gravidez na adolescência,

adolescentes com necessidades especiais ou que faziam uso de medicações que

pudessem alterar os resultados dos testes bioquímicos.

A coleta de dados foi realizada por entrevistas estruturadas utilizando-se

questionários padronizados para a obtenção das informações sobre o adolescente e

seus familiares. Todas as medidas antropométricas foram realizadas em duplicata. A

história familiar de fatores de risco para doença cardiovascular foi definida quando

pelo menos um dos pais possuía diagnóstico auto referido de diabetes, hipertensão

arterial, dislipidemia ou obesidade. Foram coletadas informações sobre a

escolaridade materna, categorizando como não alfabetizada ou possuindo ensino

fundamental, ensino médio ou ensino superior.

Medidas de peso e estatura foram realizadas utilizando balança eletrônica

com capacidade de 150 Kg e precisão de 100g, para a aferição do peso, e

estadiômetro portátil com precisão de 1mm para a aferição da altura. O Índice de

massa corporal (IMC) foi calculado e classificado conforme WHO (2007),

considerando os pontos de corte de IMC-para-idade estabelecidos para

adolescentes11.

O perímetro do abdome foi medido no ponto médio entre a última costela e a

crista ilíaca, usando fita antropométrica inelástica. Quando houve diferença superior

a 0,5 cm entre as duas primeiras aferições, foi realizada a terceira avaliação. Essa

medida foi utilizada para classificação da obesidade central, que foi definida como

uma variável dicotômica (sim/não), se o perímetro do abdome (cm) ≥ percentil 75 da

população de referência do estudo de Fernández et al12.

A pressão arterial foi aferida utilizando esfigmomanômetro de mesa, de

coluna de mercúrio e um estetoscópio profissional, em dois momentos distintos e em

duplicata, tanto para a sistólica, quanto para a diastólica, utilizando a média como

pressão arterial final. Considerou-se como ponto de corte as recomendações da

American Academy of Pediatrics13.

Para a coleta de dados bioquímicos foi realizada coleta de 5 mL de sangue

após jejum de 10-12 horas, pela equipe técnica do laboratório. Foram realizadas as

seguintes análises bioquímicas: glicemia de jejum, colesterol total (CT), colesterol

não-HDL, HDL-c, LDL-c e triglicerídeos (TG). Para obter a fração de LDL-c foi

utilizada a equação de Friedewald. O colesterol não-HDL foi estimado pela fórmula:

colesterol não-HDL= colesterol total – HDL-c. Considerou-se os pontos de corte para

73

perfil lipídico os propostos pela Sociedade Brasileira de Cardiologia14. Os

adolescentes foram categorizados de acordo com a classificação da dislipidemia:

dislipidemia mista (considerou-se a alteração de pelo menos duas das variáveis

lipídicas estudadas – CT ≥ 150mg/dL, LDL-c ≥ 100mg/dL, HDL-c < 45mg/dL, TG ≥

100mg/dL), hipercolesterolemia (LDL ≥ 130 mg/dL), hipertrigliceridemia (TG ≥

100mg/dL) ou HDL baixo (HDL-c < 45mg/dL).

Os dados do consumo alimentar foram obtidos por meio de dois recordatórios

de 24h (R24h), realizados com intervalo de 30-45 dias, aplicados por equipe

treinada, na presença dos pais ou responsáveis dos adolescentes, utilizando álbuns

fotográficos contendo fotos de alimentos e bebidas comumente consumidos com as

respectivas medidas caseiras dos utensílios e porções.

A estimativa de consumo de energia, macronutrientes e fibras foi efetuada por

meio do software Virtual Nutri Plus®. A informação nutricional dos alimentos foi

obtida a partir da Tabela Brasileira de Composição de Alimentos - TACO (2006),

National Nutrient Database for Standart Reference – USDA (2004) e rótulos dos

alimentos (consultados no ano de 2008). Para estimar a ingestão alimentar habitual

dos adolescentes foi utilizado o Multiple Source Method (MSM), com o objetivo de

atenuar a variância intrapessoal.

Os alimentos consumidos pelos adolescentes foram classificados quanto ao

tipo de processamento, de acordo com a “NOVA Classificação de alimentos

baseada na extensão e propósito do seu processamento”, proposta por Monteiro et

al15. O sistema de classificação NOVA categoriza os alimentos em quatro grupos,

considerando o tipo de processamento empregado, sendo: (1) alimentos in natura ou

minimamente processados, (2) ingredientes culinários processados, (3) alimentos

processados e (4) alimentos ultraprocessados15,16.

A quantidade total (gramas) consumida de cada um dos grupos foi calculada

e o percentual de energia dos alimentos processados e percentual de energia dos

alimentos ultraprocessados em relação à energia total também foram calculados.

A análise descritiva foi realizada e os dados foram apresentados em

distribuição de frequência e intervalo de confiança. O percentual de energia dos

alimentos processados e o percentual de energia dos alimentos ultraprocessados

em relação à energia total, foram transformados em variáveis qualitativas ordinais

com pontos de corte baseados na distribuição em quartis.

74

A análise inferencial para estimar a relação entre o percentual de energia de

alimentos processados e ultraprocessados com as características sócio

demográficas e cardiometabólicas foi desenvolvida utilizando Modelos Lineares

Generalizáveis (GLM) por meio da Regressão Logística Ordinal.

Inicialmente foram construídos modelos brutos em análise bivariada para

selecionar as variáveis sócio demográficas e cardiometabólicas relacionadas com o

percentual de energia dos alimentos. Foram selecionadas para o modelo ajustado,

as variáveis que apresentaram valores de p≤0,30 na análise bruta. Em seguida, as

variáveis selecionadas foram inseridas no modelo ajustado, por meio do Método

Enter, sendo então observado o ajuste do modelo final por meio do Teste de

Omnibus para adequação do modelo ajustado. Em caso de construção de modelos

não-explicativos da relação (p>0,05), as variáveis menos explicativas

estatisticamente foram retiradas para melhor ajuste.

Como medida de efeito da estimação de associação, utilizou-se a Razão de

Prevalência (RP), obtida por meio da exponencialização do coeficiente de regressão

de cada variável. A significância de cada RP foi testada pelo Qui-quadrado de Wald

e o seu intervalo de confiança de 95% (IC95%) foi construído para RP bruta e

ajustada. Adotou-se um nível de significância de 0,05 para minimizar um erro do tipo

I na análise dos modelos brutos, ajustados e das RPs. Utilizou-se o SPSS®, versão

22.0, para armazenamento e análise dos dados.

RESULTADOS

Dados completos e de interesse para o presente estudo, foram registrados

para 444 adolescentes. Observou-se um maior percentual de adolescentes na faixa

etária entre 10 e 13 anos (91,9%). Não foram encontradas diferenças na distribuição

entre os sexos da população (p=0,925). Dentre os principais resultados para as

variáveis sócio demográficas e cardiometabólicas, constatou-se que 48,4%

apresentaram fatores de risco para história familiar de DCV, 45,1% apresentaram

mães não alfabetizadas ou com ensino fundamental, 21,2% apresentavam excesso

de peso (sobrepeso/obesidade) e 41% apresentavam dislipidemia mista (Tabela 1).

A média de ingestão de energia ajustada foi 1921,8 (454,6) kcal/dia. Os

adolescentes apresentaram percentuais de distribuição de consumo de

macronutrientes de acordo com as recomendações do IOM17 e a ingestão média de

fibra abaixo das recomendações. A média de consumo de alimentos processados foi

75

de 244,7 (118,6) kcal/dia, representando 12,9 (5,8)% do consumo de energia total.

Para os alimentos ultraprocessados, a média de consumo foi de 709,8 (241,3)

kcal/dia, equivalente a 39,0 (16,3)% do consumo de energia total dos adolescentes

(Tabela 1).

A Figura 1 apresenta os principais produtos processados e ultraprocessados

consumidos pelos adolescentes em relação ao percentual de consumo de energia

total, em ordem decrescente. Os alimentos do grupo “pão francês” (7,7% do total de

energia) e “carnes processadas” (4,8% do total de energia) foram os que mais

contribuíram para o consumo de alimentos processados. O consumo de energia

proveniente dos grupos de “bolos, tortas e biscoitos” (13,3% do total de energia) e

“pães fatiados” (5,2% do total de energia) foram os que mais se destacaram em

relação aos alimentos ultraprocessados.

As Tabelas 2 e 3 apresentam as associações entre o consumo de alimentos

processados e ultraprocessados, escolaridade materna e fatores de risco

cardiometabólicos, respectivamente. Evidenciou-se que a hipercolesterolemia (RP=

3,08; p=0,04) e a hipertrigliceridemia (RP= 3,79; p= 0,02) foram mais associadas em

adolescentes com elevada ingestão energética provenientes de alimentos

processados (4° quartil), assim como adolescentes cujas mães têm escolaridade de

nível fundamental (RP=1,72; p< 0,01). Registrou-se associações entre o maior

consumo de alimentos ultraprocessados em adolescentes cujas mães eram não-

alfabetizadas (RP= 0,36; p=0,03). Não foram encontradas associações entre o

consumo de alimentos ultraprocessados e os fatores de risco cardiometabólicos.

DISCUSSÃO

O propósito deste estudo foi analisar as associações entre o consumo de

alimentos processados e ultraprocessados, escolaridade materna e fatores de risco

cardiometabólicos em adolescentes de escolas públicas. O consumo de alimentos

processados foi relacionado significativamente com o aumento de

hipercolesterolemia e hipertrigliceridemia em adolescentes. Outro dado importante

do nosso estudo foi o impacto da escolaridade materna no consumo de alimentos

processados e ultraprocessados pelos adolescentes.

Evidências sugerem que hábitos não saudáveis, incluindo dieta e estilo de

vida, podem ser preditores para o desenvolvimento de fatores de risco

cardiomatebólicos1. Outros estudos têm avaliado as relações entre grupos isolados

76

de alimentos processados e ultraprocessados e fatores de risco cardiometabólicos

em adolescentes18,19. Entretanto, registra-se uma escassez de dados em

adolescentes no Nordeste do Brasil, considerando as relações entre o consumo

desses alimentos como um todo e os fatores de risco cardiometabólicos nessa fase

da vida.

A associação entre a baixa escolaridade das mães dos adolescentes e o

consumo de alimentos processados e ultraprocessados, também foi confirmada em

um estudo semelhante, em que foi demonstrado que o menor nível de escolaridade

das mães esteve associado ao maior número de comportamentos de risco para o

aumento de sobrepeso, como consumo regular de alimentos doces e alimentos fritos

e o consumo irregular de frutas e vegetais20. Esses achados podem ser explicados

pelo fato do nível de escolaridade refletir um menor acesso à informação e

conhecimento, o que pode favorecer a uma menor conscientização das

consequências negativas da alimentação baseada em produtos com alto grau de

processamento na adolescência6.

No nosso estudo, essa associação positiva entre a escolaridade materna e o

maior consumo de alimentos processados e ultraprocessados pode ser justificada

também pelo fato da maior parte dos adolescentes estarem na faixa etária de 10 a

13 anos e ainda não apresentarem autonomia quanto as escolhas alimentares, mas

sim, serem dependentes da alimentação oferecida pelos pais que são responsáveis

pelas compras de casa.

As alterações nos fatores cardiometabólicos que mais se destacaram em

nosso estudo foram as dislipidemias. Esses resultados chamam atenção pelo fato da

maioria dos adolescentes estarem na faixa etária de 10 a 13 anos, ou seja, na

adolescência inicial, caracterizada pelo crescimento e desenvolvimento

acelerados11.

Ressalta-se também que os adolescentes apresentaram percentual

significativo de excesso de peso. Apesar do estado de sobrepeso poder ser

explicado pela falta de atividade física e padrões alimentares não saudáveis que

resultam em excesso de energia, a obesidade em adolescentes também é uma

condição multifatorial resultante da interação complexa entre fatores genéticos e

sociais21. Estudos vêm demonstrando o aumento de sobrepeso e obesidade em

adolescentes em todo o mundo nas últimas décadas, com destaque para o rápido

crescimento em países latino-americanos, como o Brasil21. Dessa maneira, os

77

resultados para sobrepeso e obesidade encontrados no presente estudo são

preocupantes à medida que a exposição continuada ao excesso de peso durante a

adolescência se associa ao aumento de massa gorda na idade adulta22, refletindo

em consequências à saúde e aumento com os gastos em saúde1.

Outro resultado mais impactante do nosso estudo foi o fato do consumo de

alimentos processados e ultraprocessados ter contribuído com aproximadamente

50% da energia total consumida pelos adolescentes, percentual de ingestão maior

que o encontrado em um estudo desenvolvido com adolescentes brasileiros em que

o consumo desses alimentos correspondeu a 30% do total de energia consumida7.

Embora a ingestão desses alimentos tenha sido elevada no nosso estudo, os

adolescentes apresentaram consumo adequado de macronutrientes (carboidratos,

proteínas e gorduras totais), em consonância com os resultados demonstrados pelo

Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes3.

Especificamente os produtos processados e ultraprocessados mais

consumidos foram os derivados de farinha de trigo refinada. Tal consumo pode ser

atribuído ao fato desse estudo ter sido desenvolvido na região Nordeste do Brasil,

em que o poder aquisitivo das famílias é mais baixo, atrelado ao fato desses

produtos serem mais acessíveis financeiramente23. Ademais, o consumo desses

produtos alimentares está diretamente associado a elevada ingestão de açúcares

livres e total, gorduras saturadas e trans, e a baixa ingestão de proteína, fibra

dietética, vitaminas e minerais24.

A composição desses produtos pode ser considerada importante preditora de

risco cardiometabólicos em adolescentes18, uma vez que por serem alimentos

pobres em fibra e ofertarem baixas quantidades de proteína, não promovem a

saciedade e diminuem a resposta glicêmica, favorecendo o ganho de peso25.

Ademais, a elevada ingestão de alimentos processados e ultraprocessados favorece

o aumento da glicemia de jejum, aumento do colesterol total e LDL-c, risco de

hipertensão e a síndrome metabólica26, como evidenciado no presente estudo, que o

maior consumo de alimentos processados aumentou em até três vezes o risco de

desenvolvimento de hipercolesterolemia e hipertrigliceridemia em adolescentes.

A elevação no colesterol pode ser relacionada ao maior risco cardiovascular

em crianças e adolescentes, refletindo em risco de dislipidemia na idade adulta.

Com relação aos triglicerídeos, a produção aumentada ou diminuição no

catabolismo de lipoproteínas ricas em triglicerídeos leva a um quadro de

78

hipertrigliceridemia que influencia diretamente na composição e metabolismo de LDL

e HDL27. Devido a sua composição, o consumo de alimentos processados favorece

ao aumento da lipogênese, a maior secreção de VLDL, redução na oxidação e maior

acúmulo de ácidos graxos nos tecidos e no sangue28. A presença de dislipidemias

nessa faixa etária é preocupante, pois pode levar a progressão da aterosclerose,

com consequente formação de placas fibrosas, que na idade adulta, podem se

romper causando um dano isquêmico29.

Dessa maneira, os achados do presente estudo evidenciam que o consumo

desses alimentos promovem efeitos na saúde cardiometabólica dos adolescentes e

que as estratégias de promoção à alimentação saudável devem ser incentivadas,

com o aumento do consumo de alimentos in natura e diminuição dos processados e

ultraprocessados30.

Embora nossos resultados tenham demonstrado elevado consumo de

alimentos ultraprocessados pelos adolescentes, não houve associação entre o

consumo desses alimentos e os fatores de risco cardiometabólicos. Tal resultado

pode estar relacionado as dificuldades de avaliação do consumo alimentar pelas

informações contidas nas tabelas de composição nutricional de alimentos

disponíveis, sendo, portanto, uma limitação do nosso estudo. No entanto, estudos

que avaliem a associação entre consumo de alimentos e fatores de risco

cardiometabólicos na adolescência devem ser incentivados.

Destaca-se como pontos positivos do estudo o rigor metodológico na análise

do consumo alimentar e dietético e a classificação dos alimentos quanto ao tipo de

processamento, seguindo os critérios propostos por Monteiro et al15.

Diante de tais resultados, o presente estudo contribuiu para adicionar novas

informações sobre a relação entre o consumo de alimentos processados e

ultraprocessados e os fatores de risco cardiometabólicos em adolescentes. Além

disso, apresentou a relação entre o consumo de produtos com alto grau de

processamento e a escolaridade materna, demonstrando a importância do acesso à

educação como fator protetor para boas escolhas alimentares. O presente estudo

pode contribuir para compreensão da etiologia dos fatores de risco

cardiometabólicos e auxiliar na formulação de políticas públicas que tenham como

objetivo a melhoria da saúde nessa fase da vida e prevenção de complicações na

idade adulta, por meio da redução no consumo desses produtos processados e

ultraprocessados.

79

Os resultados do presente estudo permitem concluir que o consumo

excessivo de alimentos processados por adolescentes pode ser associado a fatores

de risco cardiometabólicos, como hipercolesterolemia e hipertrigliceridemia. Além

disso, o elevado consumo de alimentos processados e ultraprocessados relacionou-

se com a baixa escolaridade materna dos adolescentes. Portanto, o consumo de

alimentos processados e ultraprocessados deve ser limitado na adolescência, assim

como políticas públicas que envolvam educação alimentar devem ser estimuladas

para que os responsáveis pelos adolescentes façam melhores escolhas alimentares

a fim de prevenir prejuízos as condições de saúde nessa fase da vida e na idade

adulta.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos a participação dos alunos de Iniciação Científica, Luana Matos,

Suerda Isa Teixeira, Eduardo Paixão da Silva, Isabelli Luara Costa da Silva, Jainara

da Silva Soares e Giovanna Melo de Carvalho, que muito contribuíram na montagem

do banco de consumo alimentar e das discussões nas reuniões científicas.

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83

Tabela 1 - Características gerais e ingestão de energia, macronutrientes e fibra dos

adolescentes de escolas públicas – Natal, Rio Grande do Norte, Brasil

Variáveis n= 444

n % IC

História familiar de fatores de risco para DCVa

Não 173 (51,6) 46,3 – 56,9

Sim 162 (48,4) 43,1 – 53,7

Escolaridade Maternaa

Não alfabetizada 17 (4,6) 2,9 – 7,1

Ensino fundamental 152 (40,5) 35,7 – 45,6

Ensino Médio ou Superior 206 (54,9) 49,9 – 59,9

Classificação do IMC

Eutrofia 332 (74,8) 70,5 – 78,6

Baixo peso 18 (4,0) 2,6 – 6,3

Sobrepeso 62 (14,0) 11,1 – 17,5

Obesidade 32 (7,2) 5,2 – 10,0

Obesidade Central

Não 417 (93,9)

Sim 27 (6,1)

Classificação da Pressão Arterial

Normal 359 (80,9)

Limítrofe 37 (8,3)

Estágio 1 35 (7,9)

Estágio 2 3 (0,7)

Classificação da Glicemia de Jejum

Normal 435 (97,3)

Alterada 9 (2,0)

Classificação das Dislipdemias

Dislipidemia mista 182 (41)

Hipercolesterolemia 36 (8,1)

Hipertrigliceridemia 15 (3,4)

HDL baixo 98 (22,1)

Sem alterações 113 (25,5)

Ingestão dietéticab

MD DP IC

Energia ajustada (kcal/d) 1921,8 (454,6) 1879,4 - 1964,2

Carboidrato ajustado

kcal/d 1059,1 (261,6)

% de calorias totais 55

Proteína ajustada

kcal/d 290,7 (74,1)

84

% de calorias totais 15

Gordura total ajustada

kcal/d 573,8 (148,1)

% de calorias totais 30

Fibra ajustada

g/d 20,4 (6,2)

Alimentos Processados

Energia ajustada 244,7 (118,6)

Contribuição % de energia total 12,9 (5,8)

Alimentos Ultraprocessados

Energia ajustada 709,8 (241,4)

Contribuição % de energia total 39,0 (16,3)

DCV: Doença Cardiovascular; a

Valores podem não corresponder ao número total de sujeitos em

cada grupo porque houve ausência de dados. b

Os valores ajustados referem-se aos resultados após

o ajuste da energia pela variabilidade intrapessoal. Valores de referência de acordo com a Acceptable

Macronutrient Distribution Range (AMDR)21

: Carboidratos: 45 – 65% da ingestão de energia total;

Proteína: 10 – 30% da ingestão de energia total; Gordura Total: 25 – 35% da ingestão de energia

total; Fibra: 26g/d para o sexo feminino e 31 – 38g/d para o sexo masculino.

85

Figura 1 Contribuição (%) dos alimentos processados e ultraprocessados na ingestão dietética de adolescentes de escolas públicas – Natal, Rio Grande do Norte, Brasil

12.9

7.7 4.8

1.2 0.06

39

13.3

5.2 3.4 3.2 3 2.6 2.3 2.1 1.1 1

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45P

erc

en

tual d

e E

nerg

ia T

ota

l

86

Tabela 2 – Modelo bruto e ajustado da associação entre proporção de energia

proveniente de alimentos processados e as características de risco

cardiometabólicos em adolescentes de escolas públicas – Natal, Rio Grande do

Norte, Brasil

Modelo Bruto Modelo Ajustado

Parâmetro RPbr IC Sig 2 de

Wald

Sig RPajus IC

Alimentos Processados

1° quartil 3,23 0,07 0,18 0,02-1,16

2° quartil 0,32 0,57 0,58 0,09-3,72

3° quartil 0,64 0,42 2,12 0,33-13,45

Colesterol Total 0,29

Desejável 0,98 0,64-1,51 1,63 0,20 1,74 0,74-4,06

Limítrofe 0,71 0,43-1,20 1,19 0,27 0,70 0,38-1,31

Aumentado 1 1

HDL 0,04

Desejável 0,75 0,50-0,98 0,11 0,73 0,91 0,53-1,56

Indesejável 1 1

Dislipidemia 0,11

Dislipidemia 1,33 0,88-2,02 3,12 0,07 2,14 0,92-4,99

Hipercolesterolemia 1,09 0,55-2,15 3,96 0,04 3,08 1,01-9,32

Hipertrigliceridemia 3,12 1,13-8,55 5,32 0,02 3,79 1,22-11,79

Baixo 1,61 0,98-2,64 2,19 0,13 1,71 0,84-3,47

Normal 1 1

Escolaridade Materna

Não-alfabetizada 3,86 0,24-59,79 0,44 0,50 1,36 0,54-3,42

Fundamental 4,27 0,31-58,79 7,34 <0,01 1,72 1,16-2,56

Médio/Universitário 1 1

87

Tabela 3 – Modelo bruto e ajustado da associação entre a proporção de energia

proveniente de alimentos ultraprocessados e as características de risco

cardiometabólicos em adolescentes de escolas públicas – Natal, Rio Grande do

Norte, Brasil

Modelo Bruto Modelo Ajustado

Parâmetro RPbr IC Sig 2 de

Wald

Sig RPajus IC

Alim. Ultraprocessados

1° quartil 0,606 0,43 0,34 0,02-4,95

2° quartil 0,001 0,99 0,99 0,07-14,04

3° quartil 0,715 0,39 3,14 0,22-44,59

Escolaridade Materna 0,25

Não-alfabetizada 0,47 0,19-1,16 4,49 0,03 0,36 0,14-0,92

Fundamental 0,99 0,68-1,45 3,28 0,07 0,67 0,44-1,03

Médio/Universitário 1 1

História familiar de

fatores de risco para

DCV

0,28

Não 0,80 0,54-1,18 2,49 0,11 0,71 0,47-1,08

Sim 1 1

LDL-c 0,10

Desejável 1,07 0,76-1,50 0,61 0,43 0,69 0,27-1,73

Indesejável 1 1

Colesterol não-HDL 0,01

Aceitável 1,63 1,08-2,46 3,73 0,06 2,21 1,98-4,98

Aumentado 1 1

88

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados obtidos no presente estudo permitem concluir que o

consumo excessivo de alimentos processados e ultraprocessados por adolescentes

pode refletir no aumento da prevalência de inadequação de nutrientes,

principalmente vitamina B1, selênio e zinco, bem como associar-se a fatores de risco

cardiometabólicos, implicando no aumento do risco para o desenvolvimento de

hipercolesterolemia e hipertrigliceridemia, implicando em prejuízos nas condições de

saúde a curto e longo prazo.

Diante desses achados, essa dissertação pode contribuir para traçar o

perfil de consumo alimentar dos adolescentes escolares no município de Natal,

auxiliando na construção de ferramentas e políticas de saúde voltadas para esse

público, além do incentivo a escolhas por alimentos saudáveis nessa fase da vida.

Destaca-se como pontos fortes desse estudo a utilização de software

estatístico para o ajuste da variabilidade intrapessoal, assim como o tipo de

estatística empregada de regressão logística ordinal, pouco utilizada nos estudos

que tratam do consumo de alimentos.

Com os dados desse estudo foi possível a apresentação de resumo em

forma de pôster no 14° Congresso Nacional da SBAN, que ocorreu em São Paulo,

no mês de agosto do ano de 2017. O trabalho apresentado teve como título

“Consumo de alimentos processados e ultraprocessados em adolescentes

escolares” e está disponível nos anais do congresso.

Além disso, os resultados do estudo permitiram a possibilidade de

publicação de dois artigos em periódicos nacionais e internacionais. O primeiro

intitulado “Consumption of processed and ultra-processed foods among adolescents

in Northeastern Brazil: associations with inadequate dietary intake of micronutrients”

foi submetido ao periódico Public Health Nutrition e o segundo está em processo de

aperfeiçoamento e terá como título “Consumo de alimentos processados e

ultraprocessados e as associações com a escolaridade materna e fatores de riscos

cardiometabólicos em adolescentes de escolas públicas” que será submetido o

Jornal de Pediatria.

Ao longo da formação de Mestre em Nutrição, a pesquisadora se

debruçou em estudar sobre avaliação do consumo alimentar, participando da I

Capacitação de Pesquisa em Nutrição que foram realizados mini cursos de “Análise

89

do consumo habitual utilizando a EAR como ponto de corte”, “Análise do consumo

habitual utilizando o MSM” e “Utilização de software de análise de consumo

alimentar e dietético”.

Diante das análises feitas e resultados obtidos, aponta-se a necessidade

de se avaliar o consumo alimentar e dietético de adolescentes e incentivar o

consumo de alimentos in natura em detrimento dos alimentos processados e

ultraprocessados, para uma transição para vida adulta de forma saudável.

90

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