universidade federal do rio grande do norte centro … · tratamento com os extratos eh, ec e ea....

100
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA ANA KARINA DE LIMA NASCIMENTO ATIVIDADE IMUNOMODULADORA DE DIFERENTES EXTRATOS OBTIDOS DA ESPÉCIE Plukenetia volubilis Linneo (EUPHORBIACEAE stricto sensu) NATAL 2017

Upload: others

Post on 27-Jun-2020

4 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

1

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE BIOCIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA

ANA KARINA DE LIMA NASCIMENTO

ATIVIDADE IMUNOMODULADORA DE DIFERENTES

EXTRATOS OBTIDOS DA ESPÉCIE Plukenetia volubilis Linneo (EUPHORBIACEAE stricto sensu)

NATAL 2017

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

2

ANA KARINA DE LIMA NASCIMENTO

ATIVIDADE IMUNOMODULADORA DE DIFERENTES EXTRATOS OBTIDOS DA ESPÉCIE Plukenetia volubilis Linneo

(EUPHORBIACEAE stricto sensu) Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Bioquímica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial para obtenção do título de Doutor em Bioquímica. Orientadora: Katia Castanho Scortecci. Coorientador: Hugo Alexandre de Oliveira Rocha.

NATAL 2017

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição
Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

Nascimento, Ana Karina de Lima. Atividade imunomoduladora de diferentes extratos obtidos daespécie Plukenetia volubilis Linneo (EUPHORBIACEAE strictosensu) / Ana Karina de Lima Nascimento. - Natal, 2018. 98 f.: il.

Tese (Doutorado) - Universidade Federal do Rio Grande doNorte. Centro de Biociências. Programa de Pós-Graduação emBioquímica. Orientadora: Profa. Dra. Katia Castanho Scortecci. Coorientador: Prof. Dr. Hugo Alexandre de Oliveira Rocha.

1. Bioquímica - Tese. 2. Resposta inflamatória - Tese. 3.Citocinas - Tese. 4. Óxido nítrico - Tese. 5. Células RAW -Tese. 6. Ensaios in vivo - Tese. 7. Amendoim inca - Tese. I.Scortecci, Katia Castanho. II. Rocha, Hugo Alexandre deOliveira. III. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. IV.Título.

RN/UF/BSE-CB CDU 577

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRNSistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Leopoldo Nelson - Centro de Biociências - CB

Elaborado por KATIA REJANE DA SILVA - CRB-15/351

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

3

Atividade imunomoduladora de diferentes extratos obtidos da espécie Plukenetia volubilis Linneo (Euphorbiaceae stricto sensu)

RESUMO

A inflamação é um mecanismo de resposta do hospedeiro contra agressões e injúrias e que deve ser finamente regulada para evitar o desequilíbrio homeostático do organismo, prevenindo também o surgimento de doenças. Em virtude da ocorrência de efeitos adversos associados aos imunomoduladores sintéticos, tais como problemas cardiovasculares e gastrointestinais, a busca por imunomoduladores de fontes naturais, especificamente de origem vegetal, tem se tornado uma boa alternativa no desenvolvimento de novos agentes terapêuticos. Dentro desse contexto, a espécie Plukenetia volubilis L., pertencente à família Euphorbiaceae stricto sensu (ss), se enquadra como uma representante do reino vegetal de alto valor biológico. Há ocorrência de relatos etnobotânicos de sua utilização no tratamento de lesões de pele, sendo necessária uma comprovação científica destes dados. Deste modo, o objetivo do presente trabalho foi avaliar a atividade imunomoduladora in vitro e in vivo de extratos de folhas da espécie Plukenetia volubilis Linneo. Para isto, foram realizados testes in vitro utilizando macrófagos da linhagem RAW 264.7 e in vivo utilizando camundongos BALB/C. Os resultados do presente trabalho mostram que os extratos de P. volubilis estimularam a atividade de redução do composto MTT pelas desidrogenases mitocondriais dos macrófagos com ausência de citotoxicidade nas concentrações utilizadas (100, 250 e 500 µg/mL). Macrófagos estimulados com LPS e tratados com os diferentes extratos apresentaram redução significativa na produção de óxido nítrico (NO), em comparação com o controle. As porcentagens de produção de NO para os extratos metanólico (EM), aquoso (EA), hexânico (EH), etanólico (EE) e clorofórmico (EC) foram de 56%, 64%, 64,1%, 65% e 72%, respectivamente. Com relação à dosagem de citocinas e à quantificação da expressão relativa de seus genes, verificou-se que para a maioria houve uma redução da expressão, com exceção de TNF-α que apresentou expressão relativa acima do controle após tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição do fator de transcrição NfΚB, enquanto que para TNF-α seu mecanismo de ação supostamente ocorre por outra via independente. No ensaio in vivo os extratos EA e EE inibiram a migração de leucócitos para cavidade peritoneal de camundongos induzidos a peritonite. Desta forma, conclui-se que os compostos presentes nos extratos de folhas de P. volubilis são agentes promissores no desenvolvimento de novas formas alternativas para o tratamento de doenças inflamatórias, uma vez que agem modulando a resposta inflamatória por meio da modulação na síntese das citocinas. Palavras-chave: Resposta inflamatória, citocinas, óxido nítrico, células RAW, ensaios in vivo, qRT-PCR, amendoim inca.

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

4

Immunomodulatory activity of different extracts obtained from the species Plukenetia volubilis Linneo (Euphorbiaceae stricto sensu)

ABSTRACT

Inflammation is a response from the organism to aggression and injuries. This process may be finely regulated to prevent the emergence of diseases. Due to the importance of this field, the research of potential plants with immunomodulators activities has receiving an important role. Considering this aspect, in this work it was analyzed the effect of different plant extracts from Plukenetia volubilis L. (Euphorbiaceae stricto sensu ss) for the immunomodulatory activity. In vitro tests were performed using RAW 264.7 macrophages and in vivo tests using BALB/C mice. The results of the present work has shown that the extracts of P. volubilis stimulated the activity of MTT reduction by the mitochondrial dehydrogenases of the macrophages and that there was no cytotoxicity at the concentrations used (100, 250 and 500 μg / mL). Macrophages stimulated with LPS and treated with the different extracts presented a significant reduction in the production of nitric oxide (NO), in comparison with a control group. The percentages of NO production for methanolic (ME), aqueous (AE), hexane (HE), ethanolic (EE) and chloroform (CE) extracts were 56%, 64%, 64.1, 65% and 72% , respectively. Regarding to the cytokine dosage and the quantification of the relative expression of their genes, there has been verified a reduction of the synthesis and expression, exception for TNF-α which presented relative expression above the control after treatment with extracts HE, CE and AE. This extracts probably act by inhibiting COX-2 and iNOS via inhibition of the NfΚB transcription factor, whereas TNF-α mechanism of action is supposed to happen by another independent pathway. AE and EE extracts inhibited the migration of leukocytes to the peritoneal cavity of mice induced to peritonitis, in the in vivo assay. Therefore, the conclusion is that the compounds present in leaf extracts of P. volubilis are promising agents in the development of new alternative forms for the treatment of inflammatory diseases, since they act modulating the inflammatory response by the synthesis of cytokines.

Keywords: Inflammatory response, cytokines, nitric oxide, RAW cells, in vivo assays, qRT-PCR, Inca peanut.

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

5

Dedico esta obra a minha família, em especial aos meus pais, Maria Nazaré de Lima e Luiz Antônio do Nascimento, vocês são os verdadeiros responsáveis pela pessoa que me tornei. Dedico também ao meu padrinho Expedito Alves de Lima (in memoria), a minha vó Esmerina Esmeraldina de Lima (in memoria). E ao meu namorado, amigo e companheiro de todas as horas João Nóbrega.

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

6

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por me permitir chegar até aqui, mesmo diante de todas as dificuldades no meio do caminho.

Ao Programa de Pós-graduação em Bioquímica, à UFRN e à CAPES, por possibilitar

a execução deste trabalho.

Aos professores Kátia e Hugo, pela orientação e compreensão em alguns momentos difíceis.

Aos amigos e colegas do departamento de Bioquímica, em especial aqueles do

BIOPOL e Grupo de Plantas, pelos momentos compartilhados durante esses anos e por toda ajuda cedida durante os experimentos.

Aos professores Matheus Pedrosa e Silvana Zucolotto e às suas alunas Maíra Lima

e Júlia Morais, pela colaboração.

Aos professores Leandro Costa, Susana Moreira e Naisandra Farias, pelas contribuições na qualificação.

Aos colegas, diretores e coordenadores das instituições em que trabalho, pelo

incentivo e compreensão nesta reta final.

Aos meus alunos, pela confiança que depositam em mim e por me fazerem acreditar no poder transformador da Educação.

Aos amigos que me incentivam e torcem pelo meu sucesso.

Á minha família, por ser meu alicerce, por me compreender e me dá o apoio

necessário para que eu enfretasse os desafios.

Á minha mãe, que é o meu exemplo de força e perseverança, minha inspiração para que eu dê o melhor de mim.

À minha madrinha Madalena, que através da sua fé inabalável nos dá forças para

continuarmos seguindo em frente.

A João, meu eterno namorado, amigo e companheiro, que pacientemente me encarajou a concluir essa importante etapa da minha vida. E aos seus pais, Vanda e

Barbosa, por me acolherem como filha e por me apoiarem constantemente.

Ao meu irmão (Neto), por me conceder o prazer de ser tia nesse ano de 2017. Em meio as perdas e dificuldades enfrentadas pela nossa família neste ano, a chegada de Isabella nos trouxe mais amor e resiliência para superarmos as adversidades.

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

7

“Leve na sua memória para o resto de sua vida, as coisas boas que surgiram no meio das dificuldades. Elas serão uma prova de sua capacidade em vencer

as provas e lhe darão confiança na presença divina, que nos auxilia em qualquer situação, em qualquer tempo, diante de qualquer obstáculo. ”

Chico Xavier

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

8

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Estrutura química das principais classes de polifenóis. ..................... 19

Figura 2: Estrutura básica de um Flavonoide ....................................................... 20

Figura 3: Estrutura química das principais classes de Flavonoides. ................. 21

Figura 4: Estrutura química de alguns terpenoides ............................................. 22

Figura 5: Plukenetia volubilis cultivada no município de Parnamirim – Rio

Grande do Norte ...................................................................................................... 25

Figura 6: Fenômenos da inflamação e sua relação com os sinais cardinais .... 29

Figura 7: Representação das principais células do sistema imune inato .......... 34

Figura 8: Representação esquemática das classes de macrófagos M1 e M2.... 35

Figura 9: Diferentes subgrupos de macrófagos diferenciados a partir de

monócitos e as respectivas citocinas produzidas por cada tipo celular ........... 40

Figura 10: Diferentes isoformas da óxido nítrico sintase (NOS) ......................... 44

Figura 11: Vias canônicas e não-canônicas de NfΚB .......................................... 45

Figura 12: Esquema representativo das análises realizadas com extratos de

Plukenetia volubilis ................................................................................................. 50

Figura 13: Fluxograma representando as etapas do experimento de indução de

peritonite por carragenana. .................................................................................... 57

Figura 14: Viabilidade de células Raw tratadas com extratos de Plukenetia

volubilis .................................................................................................................... 60

Figura 15: Efeito dos diferentes extratos de Plukenetia volubilis na concentração

de 100 µg/mL em macrófagos Raw estimulados com LPS (2 µg/mL) ................. 61

Figura 16: Efeito de diferentes extratos de Plukenetia volubilis na expressão de

(A) óxido nítrico sintase (iNOS) e (B) COX-2, em macrófagos Raw estimulados

com LPS (2 µg/mL) .................................................................................................. 62

Figura 17: Efeito de diferentes extratos de Plukenetia volubilis na expressão do

mRNA de NfΚB (A) e NfΚB p50 (B) em macrófagos Raw estimulados com LPS (2

µg/mL) ...................................................................................................................... 63

Figura 18: Efeito de extratos de Plukenetia volubilis na expressão e síntese de

TNFα em macrófagos Raw estimulados com LPS (2 µg/mL) .............................. 64

Figura 19: Efeito de extratos de Plukenetia volubilis na síntese e expressão de

IL-1β e IL-6 em macrófagos Raw estimulados com LPS (2 µg/mL) ..................... 65

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

9

Figura 20: Efeito de extratos de Plukenetia volubilis na expressão e síntese de

IL-1α em macrófagos Raw estimulados com LPS (2 µg/mL) ............................... 66

Figura 21: Efeito dos extratos aquoso (EA) e etanólico (EE) em peritonite

induzida por carragenana. ...................................................................................... 67

Figura 22: Efeito dos extratos aquoso (EA) e etanólico (EE) na expressão relativa

dos genes iNOS (A) e COX2 (B). ............................................................................ 69

Figura 23: Efeito dos extratos aquoso (EA) e etanólico (EE) na expressão relativa

do gene NfKB (A) e sua subunidade NfKB p50 (B). ............................................. 70

Figura 24: Efeito dos extratos aquoso (EA) e etanólico (EE) na expressão relativa

do gene TNF. ............................................................................................................ 71

Figura 25: Efeito dos extratos aquoso (EA) e etanólico (EE) na expressão relativa

de IL-6 ....................................................................................................................... 72

Figura 26: Efeito dos extratos aquoso (EA) e etanólico (EE) na expressão relativa

de IL-1α e IL-1β. ....................................................................................................... 73

Figura 27: Modelo proposto para o mecanismo de ação dos extratos de

Plukenetia volubilis. ................................................................................................ 85

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

10

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Classificação taxonômica de Plukenetia volubilis..................................24

TABELA 2 - Sequência dos primers de genes associados a resposta imune utilizados

para RT-

qPCR..........................................................................................................................54

TABELA 3 - Distribuição dos grupos para avaliar atividade anti-inflamatória in vivo dos

extratos aquoso e etanólico de Plukenetia volubilis pelo modelo de indução de

peritonite por

carragenana...............................................................................................................56

TABELA 4 - Efeito dos extratos aquoso (EA) e etanólico (EE) de Plukenetia volubilis

na migração de leucócitos do exsudato peritoneal de camundongos induzidos a

peritonite por

carragenana...............................................................................................................68

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

11

LISTA DE ABREVIATURAS / SIGLAS

AINES – Anti-inflamatórios não esteroide

BAFF – Fator de ativação de células B

CCD – Cromatografia em camada delgada

cDNA – DNA complementar

CEUA – Comitê de ética no uso de animais

CLAE – Cromatografia líquida de alta eficiência

c-NOS – Óxido nítrico sintase constitutiva

COBEA – Comitê Brasileiro de Experimentação

COX – Cicloxigenase

DEXA – Dexametasona

DMEM – Meio de cultura Dulbeco

DMSO – Dimetilsufóxido

DNA – Ácido desoxiribonucléico

EA – Extrato aquoso

EC – Extrato clorofórmico

EE – Extrato etanólico

EF – Fator de elongação

EH – Extrato hexânico

EM – Extrato metanólico

e-NOS – Óxido nítrico sintase endotelial

i.v – Intravenoso

IL – Interleucina

INF-γ – Interferon gama

iNOS – Óxido nítrico sintase induzível

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

12

Ip – Intraperitoneal

LPS – Lipopolissacarídeo

LTβ-R – Receptor de linfotoxina beta

MAPK – Proteína quinase ativada por mitógenos

MTT – (3-(4,5-Dimethylthiazol-2-yl)-2,5-Diphenyltetrazolium Bromide

NfκB – Fator nuclear kappa B

NIK – Cinase indutora de NFkB

n-NOS – Óxido nítrico sintase neuronal

NO – Óxido nítrico

NOS – Óxido nítrico sintase

OMS – Organização Mundial de Saúde

OPD – Ortofenilenodiamino

PBS – Tampão fosfato salino

PK – Plukenetia volubilis

RNA – Ácido ribonucléico

RNAm – RNA mensageiro

TNF – Fator de necrose tumoral

U.V – Ultravioleta

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

13

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 15

1.1 Produtos naturais e plantas medicinais ........................................................... 15

1.2 Fitoquímicos .................................................................................................... 18

1.3 Considerações gerais sobre Plukenetia volubilis ............................................. 23

1.4 Plantas medicinais x Inflamação ...................................................................... 27

1.5 Modulação do sistema imunológico ................................................................. 33

1.6 Mediadores da inflamação ............................................................................... 38

1.6.1 Fator de necrose tumoral (TNF-α) ................................................................ 41

1.6.2 Interleucina 1 (IL-1) ....................................................................................... 41

1.6.2 Interleucina 6 (IL-6) ....................................................................................... 42

1.6.2 Interleucina 12 (IL-12) ................................................................................... 42

1.6.3 Óxido nítrico .................................................................................................. 43

1.7 Fatores de transcrição ..................................................................................... 44

1.7.1 Fator nuclear kappa B – NfkB ....................................................................... 44

1.7.2 MAPK ............................................................................................................ 46

2.1 Geral ................................................................................................................ 48

2.2 Específicos ...................................................................................................... 48

3 MATERIAIS E MÉTODOS ..................................................................................... 49

3.1 Material vegetal ............................................................................................... 49

3.2 Preparação dos extratos .................................................................................. 49

3.3 Ensaios in vitro ................................................................................................ 51

3.3.1 Teste de viabilidade celular – MTT ............................................................... 51

3.3.2 Determinação de nitrito ................................................................................. 51

3.3.3 Dosagem de citocinas por ELISA ................................................................. 52

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

14

3.3.4 Extração de RNA de macrófagos RAW 264.7 .............................................. 52

3.3.5 Análise da expressão por qRT-PCR sistema in vitro .................................... 53

3.4 Ensaios in vivo ................................................................................................. 54

3.4.1 Animais ......................................................................................................... 54

3.4.2 Indução de peritonite por carragenana ......................................................... 55

3.4.3 Análise da expressão por qRT-PCR sistema in vitro .................................... 57

3.5 Análise estatística ............................................................................................ 58

3.6 Comitê de ética de animais (CEUA) ................................................................ 58

4 RESULTADOS ....................................................................................................... 59

4.1 Ensaios in vitro ................................................................................................ 59

4.1.1 Efeito dos extratos de Plukenetia volubilis na redução do composto MTT em

células RAW 264.7 ................................................................................................ 59

4.1.2 Extratos de P. volubilis inibem a produção de óxido nítrico (NO) e COX-2 em

células RAW 264.7 estimuladas com LPS via inibição de NfκB ............................ 60

4.1.3 Efeito dos extratos de P. volubilis na produção de citocinas ........................ 63

4.2 Ensaios in vivo ................................................................................................. 66

4.2.1 Efeito dos extratos EA e EE em peritonite induzida por carragenana .......... 66

4.2.2 Análise da expressão por qRT-PCR ............................................................. 68

5 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 74

6 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 84

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 86

ANEXOS ................................................................................................................... 98

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

15

1 INTRODUÇÃO

1.1 Produtos naturais e plantas medicinais

Desde a antiguidade a humanidade tem utilizado a natureza para atender suas

necessidades básicas, principalmente no que se refere à atenção e cuidados com a

saúde. A utilização de produtos de origem vegetal, em especial, tem configurado uma

prática milenar que tem como base os conhecimentos em medicina tradicional

adquiridos ao longo do tempo, com os primeiros registros, datando de cerca de 2600

a.C na Mesopotâmia. Relatos de povos de diferentes culturas continuam

desempenhando um papel essencial na área da saúde, dando subsídio para novas

pesquisas que visam, principalmente, desenvolver novas moléculas com potencial uso

no combate a doenças (CRAGG; NEWMAN, 2013; DAVID; WOLFENDER; DIAS,

2014).

O conhecimento adquirido a partir de diferentes culturas contribuíram

substancialmente com o uso racional das plantas para o tratamento de uma variedade

de problemas de saúde. A exemplo disto, podemos citar i) a Medicina Egípcia que

data a partir de 2900 a.C. com relatos de mais 700 remédios, sendo a maior parte

delas de origem vegetal; ii) a medicina chinesa documentada ao longo dos séculos,

com primeiro registro por volta de 1100 a.C, contendo 52 prescrições; iii) o sistema de

medicina ayurvédico indiano com documentações a partir de 1000 a.C e com cerca

de 500 preparações relatadas; iv) além dos povos gregos e romanos com

contribuições significantes para o desenvolvimento do uso terapêutico de plantas no

antigo mundo ocidental (CRAGG; NEWMAN, 2013; ATANASOV et al., 2015).

Atualmente, esses conhecimentos continuam exercendo importante papel nos

cuidados primários com a saúde e estima-se que grande parte dos medicamentos

comercializados tenham suas origens diretas ou indiretas a partir de fontes vegetais.

Apesar do histórico milenar de utilização das plantas pelos seres humanos para

diversos fins, essa ligação entre os compostos naturais vegetais e suas propriedades

foi estabelecida somente há cerca de 200 anos, quando Sertürner isolou a morfina

(um metabólito intermediário natural da classe dos alcaloides) a partir do ópio e então

comprovou a atividade narcótica deste composto purificado. A partir disto, os esforços

para obtenção de produtos naturais com propriedades farmacológicas, bem como a

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

16

dosagem efetiva utilizada e modificações funcionais visando melhoria das atividades

farmacológicas, tornou-se prioridade de pesquisadores da área de produtos naturais

(STANIEK et al., 2014).

Plantas medicinais são consideradas uma fonte valiosa de produtos naturais que

funcionam como matéria-prima para desenvolvimento de novos agentes terapêuticos.

Nos dias atuais, uma gama de fármacos disponíveis na indústria é obtida a partir de

compostos vegetais ou de seus derivados (ATANASOV et al., 2015). Contudo,

algumas barreiras têm dificultado o descobrimento de novos compostos bioativos

derivados de plantas, principalmente devido à alta complexidade e necessidade de

pesquisas com abordagem interdisciplinar. Além disso, preocupações concernentes a

exploração da biodiversidade para obtenção de produtos naturais também contribuiu

para que houvesse uma diminuição no interesse por pesquisas de compostos naturais

como fonte de novos fármacos (HARVEY; EDRADA-EBEL; QUINN, 2015).

Todavia, os compostos de origem natural ainda são considerados a melhor

opção para desenvolvimento de novas alternativas farmacêuticas quando comparado

com a construção de biblioteca de compostos sintéticos, principalmente porque tais

compostos, muitas vezes são bem sucedidos como medicamento, pelo fato de

apresentarem propriedade de “semelhança metabólica”, o que significa que estas

substâncias além de serem biologicamente ativas, poderão ser substratos para um ou

mais dos sistemas transportadores e fornecer compostos ao seu local de ação

intracelular (ATANASOV et al., 2015; HARVEY; EDRADA-EBEL; QUINN, 2015).

Adicionalmente, os produtos naturais possuem considerável variedade de

estrutura química, quando comparados com produtos sintéticos, o que corrobora para

sua ampla utilização como fonte de componentes bioativos e como protagonistas na

descoberta de novos medicamentos (LAHLOU, 2013; DAVID; WOLFENDER; DIAS,

2014).

Os avanços nos estudos científicos com abordagem de produtos naturais com

ação farmacológica proporcionaram uma melhor investigação das plantas para

entender seu potencial terapêutico. Seguido destes avanços, foi observado um

aumento no número de fármacos desenvolvidos a partir de fontes naturais como, por

exemplo, a descoberta do antibiótico penicilina; o isolamento do paclitaxel (taxol), um

potente anticancerígeno utilizado no tratamento do câncer de mama e obtido a partir

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

17

da casca de Taxus brevifolia; o composto galegina obtido a partir de Galega officinalis

L. que é utilizado como molde para síntese de metformina, fármaco usado do

tratamento para diabetes; a artemisinina, composto de origem vegetal, obtido da

espécie Artemisia annua e que é utilizado no tratamento da malária; além de diversos

outros exemplos de compostos vegetais que foram isolados e tiveram seu sua eficácia

comprovada no tratamento de uma variedade de enfermidades (KINGHORN et al.,

2011; CRAGG; NEWMAN, 2013; DAVID; WOLFENDER; DIAS, 2014).

Além dos fármacos baseados em produtos naturais, que são comercializados

pela indústria farmacêutica como compostos purificados, existem também as

preparações feitas à base de plantas ou com seus princípios ativos, que incluem os

suplementos dietéticos e nutricionais, e extratos utilizados na medicina tradicional, que

não necessariamente passaram por processos de purificação, mas que possuem

extrema importância para os cuidados com a saúde de populações sem acesso a

medicina moderna (WOLFENDER; DIAS, 2014). Dessa forma, define-se estas

utilizações populares como fitoterápicos, os quais são produtos obtidos de uma planta

medicinal, ou de seus derivados, exceto substâncias isoladas, com finalidade

profilática, curativa ou paliativa e são, em muitos casos, recomendados pela

Organização Mundial de Saúde (OMS), pois são ricos em compostos bioativos que

atuam na prevenção e tratamento de doenças (BRASIL, 2014; DAVID; WOLFENDER;

DIAS, 2014).

Nos últimos anos, avanços têm sido observados no campo de utilização de

plantas medicinais no Brasil, onde tem ocorrido a realização de eventos para

discussões acerca do tema, bem como elaboração de um Formulário de Fitoterápicos

da Farmacopeia Brasileira (BRASIL, 2011) e um Memento Fitoterápico (BRASIL,

2016) contendo informações sobre algumas das espécies utilizadas na medicina

popular brasileira. As informações contidas neste memento vão desde a identificação

botânica da espécie vegetal, aos seus nomes populares, indicações terapêuticas,

contraindicações, precauções de uso, efeitos adversos, formas farmacêuticas,

interações medicamentosas, vias de administração, sobredosagens, principais

classes químicas presentes em cada espécie e informações sobre segurança e

eficácia obtidas a partir de ensaios não-clínicos e clínicos (BRASIL, 2014). A

elaboração de materiais com este teor e de publicações científicas nesta área, firmam

a importância da utilização segura e racional das plantas para os cuidados

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

18

terapêuticos da população no país e é o resultado da implementação da Política

Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos no Brasil.

1.2 Fitoquímicos

Define-se como fitoquímicos os constituintes presentes em organismos vegetais

que são sintetizados como produtos do metabolismo da planta e que desempenham

papéis benéficos na manutenção da saúde em seres humanos, inclusive atuando na

prevenção e tratamento de doenças (KABIR et al., 2013). Fazem parte deste grupo os

polifenóis, terpenos, alcaloides, taninos, saponinas, entre outros. O mecanismo de

ação dos fitoquímicos nos sistemas biológicos se dá principalmente em virtude da sua

capacidade antioxidante, e as atividades farmacológicas desempenhadas por estes

compostos incluem: atividade anticancerígena, anti-inflamatória, antiobesidade,

antimicrobiana, antifúngica, alémde atuar na quimioprevenção de doenças,

principalmente do câncer e de doenças crônicas originadas a partir de processos

inflamatórios, tais como diabetes, desordens neurológicas e doenças autoimunes

(KINGHORN et al., 2011; SCHNEIDER et al., 2013; WILLIANS et al., 2013;

GONZÁLEZ-CASTEJÓN; RODRIGUES-CASADO, 2011; KOTECHA et al., 2016;

CILLA et al., 2016).

Os polifenóis constituem um dos principais grupos de fitoquímicos com ampla

variedade de compostos presentes em frutas, vegetais e legumes. São caracterizados

pela presença de pelo menos um anel fenólico com grupos hidroxilas como

substituintes no anel aromático (KABIR et al., 2013; WILLIANS et al., 2013). De acordo

com sua estrutura e com o tipo e número de elementos estruturais ligados ao anel, os

polifenóis são categorizados em diferentes classes: flavonoides, ácidos fenólicos,

ácidos hidroxinâmicos e estilbenos (Figura 1), classe da qual faz parte o composto

resveratrol. Este possui diversas propriedades farmacológicas, dentre as quais

citamos as atividades: anticâncer, antiagregante plaquetário, anti-inflamatória,

antioxidante e antialérgica, sendo um dos compostos naturais de plantas de

importante relevância na prevenção e tratamento de doenças (KABIR et al., 2013;

GAMBINI et al., 2015).

Atualmente, são conhecidos mais de 8000 polifenóis na natureza e suas funções

nas plantas são bem estabelecidas, estando envolvidas em processos de

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

19

pigmentação, reprodução e defesa contra patógenos (SERAFINI; PELUSO;

RAGUZZINI, 2010; TSAO, 2016). A espécie aqui estudada, Plukenetia volubilis L.,

apresenta em sua constituição compostos fenólicos, em especial os do tipo

flavonoides como já descrito em estudos anteriores (NASCIMENTO et al., 2013).

Figura 1: Estrutura química das principais classes de polifenóis encontrados em plantas. Os compostos são classificados de acordo com o número e a posição dos substituintes no anel fenólico (Fonte: Adaptado de Hollman et al., 2011).

Os flavonoides são compostos naturais com variável estrutura fenólica, porém,

basicamente eles possuem um esqueleto com 15 carbonos consistindo de dois anéis

benzenos (representados por A e B na figura 2), ligados via anel pirano heterocíclico

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

20

(representado por C - Figura 2). Eles podem ser divididos em várias classes, variando

no nível de oxidação e padrão de substituição nos anéis. Como componente da dieta

de humanos, os flavonoides apresentam inúmeras propriedades de promoção da

saúde, e seus efeitos benéficos giram em torno, fundamentalmente, da sua

capacidade antioxidante. Essa propriedade é responsável por conferir efeitos

protetores contra doenças infecciosas e doenças degenerativas, associadas

principalmente ao estresse oxidativo, dentre as quais podemos citar as doenças

cardiovasculares, o câncer, o diabetes, Alzheimer. (SCALBERT et al., 2005; KUMAR;

PANDEY, 2013; TSAO, 2016).

Figura 2: Estrutura básica de um Flavonoide. Os flavonoides são compostos de dois anéis benzenos (A e B) ligados por um anel pirano heterocíclico (C) (Fonte: KUMAR; PANDEY, 2013).

Na literatura são encontrados relatos dos benefícios dos flavonoides na

promoção da saúde e prevenção de doenças. Como mencionado anteriormente, isto

deve-se em grande parte a sua capacidade antioxidante, em que os grupos hidroxilas

funcionais medeiam os efeitos antioxidantes através do sequestro de radicais livres

e/ou quelação de íons metálicos. Desta forma, os flavonoides podem atuar inibindo os

danos oxidativos que são causados pela produção exacerbada de espécies reativas

de oxigênio, e, deste modo, evitam a ocorrência de danos teciduais causados por tais

substâncias e que estão correlacionadas com processos inflamatórios, além de

estarem envolvidos em uma amplitude de desordens metabólicas e doenças

(GARCÍA-LAFUENTE et al., 2009; KUMAR; PANDEY, 2013).

As atividades biológicas destes fitoquímicos são relatadas como sendo

estrutura-dependente, ou seja, a constituição e os grupos químicos presentes como

substituintes nos anéis benzeno são os responsáveis por desempenhar os efeitos

farmacológicos destes compostos. Deste modo, a diversidade estrutural encontrada

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

21

nesta classe pode explicar também a sua vasta aplicabilidade terapêutica (Figura 3)

(KUMAR; PANDEY, 2013; SERAFINI; PELUSO; RAGUZZINI, 2010).

Figura 3: Estrutura química das principais classes de Flavonoides. Os flavonoides são categorizados em diferentes classes de acordo com a constituição química e a posição dos substituintes nos anéis benzeno (Fonte: Adaptado de Rathee et al., 2009).

Além dos flavonoides, outra classe de metabólitos intermediários presentes nos

vegetais que também possui importância para a pesquisa de novos agentes

terapêuticos, são os terpenoides ou terpenos. Estes compostos representam uma das

maiores e mais ampla classe de fitoquímicos, com cerca de 4000 constituintes.

Exercem funções primordiais para o crescimento e desenvolvimento das plantas, uma

vez que atuam protegendo estes organismos contras diferentes tipos de agentes

estressores, incluindo estresses bióticos e abióticos. A utilização dos terpenos de

origem vegetal pela espécie humana compreende uma prática tradicional, sendo

empregados na alimentação, na indústria farmacêutica e química, e mais

recentemente vêm sendo utilizados para a produção de biocombustíveis (THOLL,

2015; TUONG; WALKER; RAJA, 2015).

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

22

Todos os terpenoides são derivados do isopreno, uma molécula com cinco

unidades de carbono, possuindo como fórmula geral (C5H8)n, onde “n” refere-se ao

número de unidades de isopreno. Deste modo, tais metabólitos são classificados em

monoterpenos, diterpenos, oligoterpenos e politerpenos (Figura 4) (SHARMA;

THULASINGAM; NAGARAJAN, 2016). A diversidade na estrutura química destas

substâncias contribui para as numerosas propriedades farmacológicas associadas a

estes fitoquímicos. Vários estudos demonstram que terpenoides possuem atividades

antitumoral, antioxidante, anti-inflamatória, além de possuir eficácia comprovada no

tratamento de doenças dermatológicas (TUONG; WALKER; RAJA, 2015; SHARMA;

THULASINGAM; NAGARAJAN, 2016).

Figura 4: Estrutura química de alguns terpenoides. Os terpenos são classificados de acordo com o número de unidade de isopreno em: Monoterpenos, diterpenos, triterpenos e tetraterpenos.

Outra classe de fitoquímicos de importância terapêutica e que foi relatada

presente na constituição química de P. volubilis são as saponinas. Estes compostos

ocorrem naturalmente nos vegetais e apresentam como principal característica a

capacidade de formar espuma em solução aquosa (NASCIMENTO et al., 2013). Do

ponto de vista químico, as saponinas são divididas em dois grupos: as esteroidais e

as triterpenoides. São consideradas tóxicas quando em contato direto com o sangue,

pois possuem propriedade hemolítica, causando ruptura dos eritrócitos, porém,

quando ingeridas via oral são hidrolisadas em seus constituintes, açúcar e aglicona

(sapogenina), e nenhum desses componentes apresenta atividade hemolítica, além

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

23

de serem absorvidas em baixas doses pela mucosa gastrointestinal. Suas principais

propriedades farmacológicas incluem: atividade anti-inflamatória, expectorante e

diurética, sendo também bastante utilizada para acelerar a absorção pelo organismo

de outras substâncias farmacologicamente ativas. As saponinas esteroidais são

utilizadas como matéria-prima para fabricação comercial de hormônios sexuais

(ELDIN; DUNFORD, 2001; GONSALVES et al., 1999).

Dentro desse contexto, percebe-se que as plantas, de um modo geral, são boas

fontes de produtos químicos, com ênfase para os metabólitos intermediários ou

especiais, substâncias que exercem diferentes propriedades farmacológicas quando

ingeridas, e que, por este motivo, são consideradas promissoras para o

desenvolvimento de novos medicamentos.

1.3 Considerações gerais sobre Plukenetia volubilis

A família Euphorbiaceae é considerada uma das maiores famílias de plantas com

flores, sendo composta por mais de 300 gêneros e 8000 espécies. Seus membros são

amplamente distribuídos por todo o mundo, sendo algumas espécies habitantes de

regiões de clima tropical, que sobrevivem a condições de deserto quente e seco,

enquanto outras são árvores e ervas que habitam florestas. Trata-se de uma família

bastante heterogênea do ponto de vista químico, fator que contribui também para a

grande diversidade de atividades biológicas (MWINE; DAMME, 2011; KOTHALE;

ROTHE; PAWADE, 2011).

Essa ampla diversidade é associada a grande capacidade adaptativa destas

plantas, uma vez que espécies de Euphorbiaceae estão presentes em todos os tipos

de habitats e dessa forma são expostas a diferentes fatores estressantes como

temperatura, salinidade e estresse hídrico. A exposição a esses agentes, juntamente

com fatores genéticos, é capaz de induzir resposta adaptativa da planta, por meio da

síntese de substâncias químicas, que desempenham funções de defesa. Tais

substâncias são denominadas metabólitos intermediários, que provavelmente são

responsáveis também pela natureza medicinal da família (MWINE; DAMME, 2011).

Devido à abrangência territorial da família Euphorbiaceae, bem como a ausência

de características em comum das espécies a ela pertencentes, foi proposta uma nova

subdivisão da família. Estudos baseados em sequências de DNA proporcionaram a

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

24

subdivisão em cinco famílias distintas, nomeadamente: Euphorbiaceae Stricto sensu,

Pandaceae, Phyllanthaceae, Picrodendraceae e Putranjivaceae (TOKUOKA, 2007;

MWINE; DAMME, 2011). De acordo com o sistema de classificação APGII, a família

Euphorbiaceae está inserida na ordem Malpiguiales, sendo a Euphorbiaceae lato

sensu (Pandaceae, Phyllanthaceae, Picrodendraceae e Putranjivaceae) composta por

espécies cujo fruto possui dois óvulos por lóculos, enquanto que a Euphorbiaceae

Stricto sensu possui frutos uniovulados e estão subdivididas em 3 subfamílias,

Acalyphoideae, Crotonoideae e Euphorbioideae (WURDACK; HOFFMANN; CHASE,

2005; RODRIGUES, 2007).

Assim como a complexidade de classificação, a etnomedicina da família

Ephorbiaceae também apresenta grande diversidade. Dentro desse cenário, a

espécie Plukenetia volubilis L. pertencente a Euphorbiaceae stricto sensu, enquadra-

se como uma representante de grande valor econômico, nutricional e medicinal.

Conhecida popularmente pelas denominações: amendoim inca, saca inca e

amendoim selvagem, Plukenetia volibilis L. (Tabela 1) é uma planta nativa de florestas

de altas altitudes da região Andina da América do Sul, cresce bem na região da

floresta Amazônica e é amplamente cultivada no Peru, sendo utilizada como

componente da dieta de várias tribos nativas da região. A ocorrência desta espécie

também se estende pela Amazônia brasileira, venezuelana e colombiana (HAMAKER

et al., 1992; GUTIÉRREZ; ROSADA; JIMÉNEZ, 2011).

Tabela 1: Classificação taxonômica de Plukenetia volubilis L.

Família Euphorbiaceae Stricto sensu

Subfamília Acalyphoideae

Ordem Malpighiales

Gênero Plukenetia

Espécie Plukenetia volubilis

Nomes popularesSaca inca, amendoim inca, amendoim

selvagem.

Classificação taxonômica

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

25

Plukenetia volubilis (Figura 5) pode crescer até dois metros de altura, suas folhas

possuem comprimento de 10-12 cm e uma largura de 8-10 cm. A florescência ocorre

cerca de cinco meses após o plantio. Os frutos desta planta apresentam formato

tetralobular, consistindo geralmente em quatro lóbulos, mas apresentando espécies

com até sete lóbulos, cada um contendo uma semente com cotilédones brancos e

duros (Figura 5). As frutas são verdes, porém adquirem coloração marrom quando

amadurecem e as sementes possuem diâmetro de 1,5-2 cm e pesam cerca de 45 a

100 gramas (HAMAKER et al., 1992; PROFOUND, 2012).

Figura 5: Plukenetia volubilis cultivada no município de Parnamirim – Rio Grande do Norte (-05° 47 '42'' 35° 12'34''). Fontes: Acervo pessoal - B & T World Seeds - https://www.123rf.com/stock-

photo/plukenetia_volubilis.html.

Relatos na literatura apontam para utilização de P. volubilis por tribos indígenas

do Peru com finalidade alimentícia, acredita-se que sua presença data dos tempos

pré-hispânicos, uma vez que representações desta planta e de seus frutos foram

encontrados em vasos e túmulos incas, motivo pelo qual adotou-se o nome popular

“saca inca”. As sementes tostadas e folhas cozidas de P. volubilis também são

utilizadas como uma importante fonte de macro nutrientes e compostos bioativos,

sendo as sementes consideradas boas fontes nutricionais, com altos índices de

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

26

vitaminas, proteínas e ácidos graxos essenciais, como ômega 3, 6 e 9 (KUMAR et al.,

2014; GUILLÉN et al., 2003; FOLLEGATTI-ROMERO, 2009; PRADO et al., 2011).

Os elevados teores de ácidos graxos poli-insaturados nas sementes de P.

volubilis têm sido associados a redução dos níveis de triglicerídeos pós-prandial em

adultos (HUAMÁN et al., 2008). Além disso, o óleo obtido das sementes apresenta

valores consideráveis de γ- e δ-tocoferois (CHIRINOS et al., 2015). Ademais, relatos

etnobotânicos indicam a utilização deste óleo e de folhas desta espécie pela

população local da Amazônia para tratar lesões de pele, agindo no processo de

cicatrização de feridas (GONZALEZ-ASPAJO et al., 2015).

De acordo com Gonzalez-Aspajo et al. (2015), atualmente P. volubilis é bastante

utilizada pela população que vive em sua área de cultivo, especialmente na Amazônia

Peruana. As pessoas que vivem nesta região fazem uso do óleo obtido a partir de sua

semente para cuidados diários de pele, com o propósito de rejuvenescimento, além

de aplicarem o óleo em lesões da epiderme. Por este motivo, o óleo de saca inca é

atualmente comercializado na Europa na forma de cremes para pele, formulado com

outros ingredientes (PROFOUND, 2012). Apesar de não existirem dados científicos

que confirmem as propriedades cicatrizante e anti-inflamatórias das folhas de P.

volubilis acredita-se que esta parte da planta também possua constituintes que atuam

no processo de cura de lesões teciduais.

Dados obtidos anteriormente pelo nosso grupo demonstram que folhas de P.

volubilis possuem um perfil de constituintes químicos diversificado. Análises de

cromatografia em camada delgada (CCD) possibilitaram a identificação de classes de

compostos como terpenos, saponinas, polifenóis e flavonoides, o que demonstra a

ampla variabilidade fitoquímica presente nos extratos de folhas da espécie e corrobora

a potencialidade desta planta como matéria-prima de componentes bioativos com

atividades biológicas e farmacológicas, além da importância para indústria alimentícia,

de cosméticos, bem como para economia regional (NASCIMENTO et al., 2013).

Neste mesmo estudo (NASCIMENTO et al., 2013) foi observado que extratos de

P. volubilis possuem atividade antioxidante e que o mecanismo de ação ocorre,

provavelmente, pela capacidade de doação de elétrons e/ou íons H+ pelos

constituintes presentes nos extratos. Além disso, os extratos aquoso, metanólico e

hexânico de folhas de P. volubilis inibiram a proliferação de células tumorais de câncer

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

27

de útero (HeLa) e de câncer de pulmão (A549), sendo os extratos metanólico e

hexânico responsáveis por causar alterações morfológicas no núcleo de células HeLa,

enquanto que os extratos aquoso e hexânico induziram apoptose nas fases inicial e

tardia na mesma linhagem celular. Tais achados reforçam a necessidade de

continuidade nas pesquisas com esta planta e vislumbram resultados proeminentes

no sentindo de identificação de novos compostos que apresentem eficácia

terapêutica.

No Peru, P. volubilis representa um alto potencial econômico, evidenciado pela

comercialização do óleo, obtido a partir das sementes (GONZALEZ-ASPARJO et al.,

2015). Por outro lado, no Brasil, a espécie em questão, não é explorada a nível

comercial, sendo sua utilização apenas de maneira artesanal (BORDIGNON et al.,

2012). Apesar disso, diante dos relatos expostos acerca desta espécie, percebe-se

que a mesma se apresenta como uma cultivar promissora em diversos setores da

indústria, dando indicativos de que, no futuro, ela pode vir a ser utilizada como fonte

para exploração e obtenção de novos subprodutos aqui no Brasil e, desta forma,

contribuir para o crescimento econômico do país, podendo inclusive se estabelecer

como uma cultivar de relevância econômica no estado do Rio Grande do Norte.

1.4 Plantas medicinais x Inflamação

A inflamação é uma resposta protetora direcionada para eliminar a causa inicial

de uma lesão, bem como células e tecidos necróticos oriundos de um insulto original.

Este processo de defesa e proteção é constituído de diferentes etapas e compreende

a nossa resposta imunitária inata e adaptativa (KUMMAR; ABBAS; ASTER, 2013.

NOURSHARGH; ALON, 2014; KARIN; CLEVERS, 2016). A resposta inflamatória é

dividida em basicamente dois tipos: Inflamação aguda e inflamação crônica. No

primeiro tipo, ocorre uma resposta rápida e de curta duração, sendo caracterizada

pela exsudação de líquido e proteínas plasmáticas e um acúmulo de leucócitos,

predominantemente neutrófilos (NOURSHARGH; ALON, 2014). Enquanto que o

segundo, compreende uma resposta mais prolongada e insidiosa, sendo o influxo de

linfócitos e macrófagos com proliferação vascular associada a fibrose (cicatrização),

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

28

suas principais características (KUMMAR; ABBAS; ASTER, 2013; RUBIO-PEREZ;

MORILLAS-RUIZ, 2012; KARIN; CLEVERS, 2016). A).

Todas as reações inflamatórias apresentam uma sequência de eventos

semelhantes, com participação efetiva dos linfócitos e modificações dos vasos

sanguíneos. Tais etapas compreendem uma série de eventos, sendo elas: (I) Etapa

irritativa, caracterizada pela liberação de mediadores e moléculas de alarme; (II) etapa

vascular, onde ocorre modificações vasculares locais; (III) etapa exsudativa, com

exsudação plasmática e celular; (IV) fenômenos alterativos, com lesões degenerativas

e necróticas; (V) momento resolutivo, que consiste em eventos que terminam ou

resolvem o processo; e (VI) fenômenos reparativos, representados por proliferação

conjuntiva ou regeneração do tecido lesado (FILHO, 2011). Apesar desta divisão

didática, os fenômenos inflamatórios não ocorrem de maneira isolada, ao contrário,

eles acontecem simultaneamente, na maioria dos casos, embora seu início se dê em

momentos sucessivos (FILHO, 2011; KUMAR et al., 2011).

A ocorrência dos fenômenos inflamatórios desencadeia uma série de sinais, que

muitas, vezes são perceptíveis a olho nu, principalmente quando acometem órgãos

externos, como por exemplo: garganta, pele e cavidade bucal. Esses sinais ficaram

conhecidos, desde a antiguidade, como sinais cardinais da inflamação e são eles:

calor, rubor, tumor e dor (FILHO, 2011). A figura 6 ilustra a relação que existe entre

os fenômenos da inflamação e os sinais cardinais, onde percebe-se que a exposição

a um determinado agente inflamatório promove uma resposta mediante ocorrência

dos diferentes fenômenos citados anteriormente, e que estes fenômenos, por sua vez,

são responsáveis pelo surgimento dos sinais cardinais (Figura 6).

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

29

Figura 6: Fenômenos da inflamação e sua relação com os sinais cardinais (Fonte: FILHO, 2011).

A duração e o prosseguimento de todas as etapas da inflamação determinam a

cura da lesão. Por outro lado, a persistência em etapas específicas, como um longo

período realizando fenômenos alterativos, por exemplo, culmina em uma inflamação

crônica que pode evoluir para inflamação crônica persistente (Figura 6) (FILHO, 2011;

KUMAR et al., 2011). Por este motivo, a regulação da resposta inflamatória

compreende um importante mecanismo de controle corpóreo e requer uma fina

regulação das vias de sinalização envolvidas neste processo.

A utilização de extratos e produtos obtidos a partir de plantas medicinais na

modulação do sistema imune tem sido um hábito recorrente da população de diversos

países, principalmente daqueles em desenvolvimento. Embora os mecanismos exatos

pelos quais os compostos presentes nessas plantas atuam ainda não estejam

completamente elucidados, compreende-se que eles possam agir na promoção dos

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

30

eventos da inflamação e que desta forma minimizem os riscos de uma resposta

inflamatória descontrolada e prolongada (ZHANG; TSAO, 2016; MARTEL et al., 2017).

Apesar de, nos últimos anos, a influência dos medicamentos à base de plantas terem

sofrido uma redução, muitas empresas farmacêuticas continuam a utilizar plantas

como fontes de novos fármacos, sendo estimado que cerca de metade dos

medicamentos atuais sejam derivados direta ou indiretamente de fontes naturais

(ZHANG; TSAO, 2016; MARTEL et al., 2017). Nos Estados Unidos, por exemplo, o

consumo de fitoterápicos e suplementos à base de produtos naturais representam

uma venda anual de 5 bilhões de dólares, reforçando a importância destas fontes

naturais, especialmente das plantas, para os cuidados com a saúde humana

(MARTEL et al., 2017).

As doenças de caráter inflamatório representam uma variedade de distúrbios

que consiste em sérios problemas de saúde, pois afetam milhares de pessoas em

todo o mundo e representam a base para o desenvolvimento de diversas desordens,

como exemplos podemos citar: as doenças autoimunes, doenças cardiovasculares,

desordens neurodegenerativas como o Alzheimer, inflamação de pele, obesidade e

até mesmo o câncer (FÜRST; ZÜNDORF, 2014; MAIONE et al., 2015).

Apesar disso, as opções de terapias anti-inflamatórias atualmente disponíveis

são basicamente os medicamentos anti-inflamatórios não esteroides (AINES),

glicocorticoides, e fármacos imunossupressores (WANG et al., 2013). Embora exista

uma ampla gama de substâncias disponíveis na indústria farmacêutica, estes tipos de

tratamento são, para alguns casos, ineficientes ou apresentam efeitos colaterais

indesejáveis. A utilização dos AINES por exemplo, está diretamente relacionada a

efeitos colaterais cardiovasculares e gastrointestinais, sendo necessária o

estabelecimento de estratégias para diminuir tais riscos (BRUNE; PATRIGNANI,

2015). Desta forma, a pesquisa por novas formas de tratamento para as doenças de

caráter inflamatório apresenta-se como uma necessidade emergente percebida pelos

cientistas e profissionais da saúde. Dentro desse contexto, as plantas se enquadram

como uma excelente fonte na busca de novos agentes terapêuticos que atuem na

modulação da inflamação, pois seus compostos podem agir em diferentes vias e

dessa forma atuam minimizando os efeitos colaterais associados aos tratamentos

convencionais (WANG et al., 2013; FÜRST; ZÜNDORF, 2014).

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

31

A importância das plantas para o tratamento de doenças inflamatórias não se

resume apenas aos fármacos à base de plantas comercializados industrialmente

(Fitoterápicos ou fitofármacos), extratos de plantas também são utilizados como

terapia anti-inflamatória na medicina popular e têm sua eficácia descrita através de

pesquisas e relatos populares (SULTANA; SAIFY, 2012). Os extratos vegetais

constituem uma mistura complexa de compostos que podem afetar várias vias

fisiológicas no corpo, essa abordagem pode ser considerada uma boa estratégia para

o tratamento de muitas doenças crônicas, uma vez que o desenvolvimento de tais

patologias ocorre através do envolvimento de múltiplas vias de sinalização.

Atualmente, o tratamento para essas desordens consiste na utilização de diferentes

fármacos que atuam em diferentes alvos moleculares, o que representa um

tratamento de certa forma dispendioso (MARTEL et al., 2017).

Além disso, interações sinérgicas podem ocorrer entre moléculas encontradas

nos extratos ou entre os compostos dos extratos e fármacos convencionais (MARTEL

et al., 2017), por este motivo, a utilização de preparações à base de plantas, extratos,

chás, dentre outros, pode servir como um adjuvante no combate a doenças

inflamatórias crônicas que requerem modulação de diferentes vias moleculares.

Diversos exemplos de extratos de plantas com atividade anti-inflamatória são

descritos na literatura, dentre os quais cita-se: Echinacea purpurea L. (Asteraceae),

Hamamelis virginiana L. (Hamamelidaceae), Tanacetum vulgare L. (Asteraceae),

Urtica dioica L. (Urticaeae), Rheum palmatum L. (Polygonaceae), Arnica montona L.

(Asteraceae), Allium sativum L. (Liliaceae), Heterotheca inuloides Cass. (Asteraceae),

Angelica sinensis (Oliv.) Diels (Umbelliferae) e Artemisia species (Asteraceae). É

importante destacar que, para a maioria destes extratos relatados, o mecanismo de

ação ocorre por interferência nas vias das enzimas cicloxigenase (COX) e 5-

lipoxigenase (5-LOX) (SULTANA; SAIFY, 2012; AL-SNAFI, 2016).

Com relação às espécies da família Euphorbiaceae, é notória sua importância

no tratamento de doenças inflamatórias e, na literatura, são relatados exemplos de

plantas pertencentes a esta família que possuem atividade anti-inflamatória ou que

atuam modulando o sistema imunológico em animais. A exemplo disto, as espécies

do gênero Jatropha são conhecidas por apresentaram propriedades benéficas na

redução de inflamação induzida por edema de pata, além de agirem inibindo a

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

32

ativação do sistema complemento in vitro (SABANDAR et al., 2012). Pesquisas

desenvolvidas por Silva e colaboradores (2014) demonstraram o potencial anti-

inflamatório Jatropha gossypiifolia L., conhecida popularmente por pinhão-roxo.

Nesse estudo foi observada a capacidade do extrato aquoso de Jatropha gossypiifolia

em reduzir o edema de pata induzido pela administração de carragenana, onde o pico

do efeito inibitório ocorreu 3 horas após a injeção do agente indutor (carragenana).

Este período corresponde a fase de produção de prostaglandinas, o que levou os

autores a sugerirem, que neste caso, os extratos provavelmente inibem a síntese da

cicloxigenase, enzima que atua diretamente na produção de prostaglandinas.

Da mesma forma, o gênero Euphorbia também representa uma boa alternativa

na busca por agentes que atuem minimizando os danos de processos inflamatórios.

Extratos de plantas pertencentes a este gênero são citados por possuírem capacidade

de modulação do sistema imune (BOROUJERDNIA et al., 2014). Upadhyay e

colaboradores (2017) avaliaram a ação de extratos de Euphorbia hirta em células de

macrófagos RAW246.7 induzidas por lipopolissacarídeo bacteriano (LPS) e em

camundongos com edema de pata, induzido com carragenana, e perceberam que o

extrato metanólico desta planta inibiu a produção de citocinas pró-inflamatórias,

incluindo fator de necrose tumoral (TNF-α), interleucina-6 (IL-6) e interleucina 1-β (IL-

1β), além de reduzir o edema de maneira similar ao fármaco diclofenaco (UPADHYAY

et al., 2017). Outras espécies como Phyllanthus acidus, Jatropha curcas, Croton

cordiifolius e Ricinus communis também são descritas pela sua capacidade de

modularem a resposta inflamatória e, dessa forma, serem consideradas importantes

como potenciais alvos para obtenção de um novo produto natural eficaz no tratamento

de doenças inflamatórias (NEMUDZIVHADI; PETERMASOKO, 2014; ALVES et al.,

2017; PRAYITNO; FITRIA; ELMANDA, 2016).

Diante do exposto, percebe-se que a família Euphorbiaceae apresenta

importante valor etnobotânico e farmacológico, sendo fundamental a triagem de novas

espécies desta família, uma vez que muitas ainda são pouco exploradas. Nesse

contexto, Plukenetia volubilis apresenta poucos relatos de estudos científicos, porém

é uma espécie bastante conhecida e utilizada pela população local da Amazônia para

diversas finalidades, inclusive com propriedade terapêutica no tratamento de lesões

de pele (GONZALEZ-ASPAJO et al., 2015).

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

33

1.5 Modulação do sistema imunológico

A imunidade pode ser definida como um mecanismo de defesa contra agentes

estranhos, que incluem microrganismos inteiros ou partes deles, macromoléculas, tais

como proteínas e polissacarídeos, e substâncias químicas diversas. A resposta

imunológica, por sua vez, compreende os mecanismos celulares e moleculares

envolvidos no combate ao agente agressor (ABBAS; LICTHMAN; PILLAI, 2008;

ABBAS; LICTHMAN, 2015).

O sistema imunológico é composto por uma série de células e moléculas

responsáveis por desencadear uma resposta mediante agressões ou injúrias e, desta

forma, é de fundamental importância para manutenção da saúde. Baseado na sua

função, o sistema imune é categorizado em dois tipos diferentes: sistema imune inato

(não específico) (Figura 7) e sistema imune adaptativo (específico ou adquirido). De

acordo com Abbas (2015) a imunidade inata refere-se a resposta imunológica que

todos os indivíduos saudáveis possuem. Trata-se de um mecanismo de defesa natural

que serve para bloquear a entrada de microrganismos e para eliminar aqueles que

conseguem penetrar nos tecidos do hospedeiro, consistindo de mecanismos celulares

e bioquímicos, que já existem antes mesmo das infecções e que estão aptos para

responder rapidamente a injúrias e lesões. Por outro lado, a imunidade adquirida é

definida como um tipo de defesa estimulada por agentes infecciosos, tendo como

principais características sua especificidade para moléculas distintas e sua

capacidade de “lembrar” e responder com mais intensidade em exposições repetidas

ao mesmo microrganismo. Os principais mediadores do sistema imune inato, que

direcionam uma resposta instantânea ao agente agressor, incluem as citocinas,

proteínas de fase aguda, macrófagos, monócitos, moléculas do sistema complemento

e neutrófilos (Figura 7), enquanto que a resposta mediada pelo sistema imune

adaptativo envolve reações específicas contra antígenos e é desencadeada

principalmente por linfócitos T e B (JANTAN; AHMAD; BUKARI, 2015; KARIN;

CLEVERS, 2016).

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

34

Figura 7: Representação das principais células do sistema imune inato. Ênfase para os macrófagos, que são importantes células de defesa pertencentes ao sistema mononuclear fagocitário (Adaptado de JANTAN; AHMAD; BUKARI, 2015).

Dentre as células do sistema imune inato, os macrófagos, que constituem uma

importante linha de defesa dos hospedeiros, são células pertencentes ao sistema

mononuclear fagocitário, estando presentes em todos os órgãos no tecido conjuntivo

(BRÜNE et al., 2013). Os macrófagos possuem funções bastante versáteis que

envolvem defesa do hospedeiro e imunidade contra patógenos invasores, incluindo

bactérias, vírus, fungos e parasitas. Estas células possuem uma variedade de

receptores de superfície, mediadores intracelulares e moléculas secretoras para

reconhecimento, englobamento (fagocitose) e destruição de microrganismos, além de

atuarem na regulação de outros tipos de células imunes, participando da

apresentação de antígenos aos linfócitos (ARIEL et al., 2012; ZHANG; WANG, 2014;

DUQUE; DESCONTEAUX, 2014).

Os macrófagos se desenvolvem a partir de células troncos hematopoiéticas na

medula óssea e são recrutadas para circulação periférica. Um exemplo da diversidade

funcional dos macrófagos pode ser visualizado a partir das diferentes denominações

que apresentam de acordo com o órgão aonde estão localizados , assim temos: as

células de Kupffer no fígado, micróglia no sistema nervoso, células de Langerhans

residentes na pele, macrófagos medulares e do seio subcapsular nos linfonodos,

macrófagos alveolares no pulmão, histiócitos presentes no tecido conjuntivo

intersticial e os osteoclastos responsáveis pela reabsorção óssea no tecido

esquelético, refletindo deste modo, a especialização de macrófagos em diferentes

microambientes de vários órgãos e tecidos, todos os quais diferenciaram-se

principalmente de monócitos circulantes (BRÜNE et al., 2013; ZHANG; WANG, 2014).

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

35

Além disso, dependendo de diferentes fatores, os macrófagos inflamatórios

podem ser subdivididos em duas categorias, macrófagos classicamente ativados (M1)

e macrófagos alternativamente ativados (M2), conforme mostra a figura 8. O primeiro

subgrupo, macrófagos M1, são responsáveis por participar e promover a resposta

imune tipo 1, estimulando o aumento da síntese de citocinas pró-inflamatórias, de

espécies reativas de oxigênio e nitrogênio, aumento da fagocitose mediada pelo

complemento e da apresentação de antígenos, este tipo de resposta é ativado por

substâncias como interferon gama (IFN-γ) e LPS. Enquanto que os macrófagos M2

participam e promovem a resposta imune tipo 2, em resposta a infecção parasitária,

asma e doenças alérgicas (ZHANG; WANG, 2014; KOH; DIPIETRO, 2013;

MARTINEZ; GORDON, 2014). Neste trabalho avaliamos a resposta de macrófagos

classicamente ativados M1 por LPS e avaliamos in vitro a produção de moduladores

da inflamação.

Figura 8: Representação esquemática das classes de macrófagos M1 e M2. Onde M1 são macrófagos classicamente ativados e M2 macrófagos alternativamente ativados (Fonte: BROCK, 2012. https://www.caymanchem.com/Article/2177).

Se por um lado a inflamação é considerada um mecanismo evolutivo de extrema

importância à sobrevivência dos vertebrados, por outro lado, os próprios mecanismos

de defesa que protegem os indivíduos contra infecções e substâncias estranhas

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

36

podem resultar em dano tecidual e, até mesmo, culminar em doenças, caso a resposta

imunológica não ocorra de maneira equilibrada (ABBAS; LICTHMAN; PILLAI, 2015;

KARIN; CLEVERS, 2016). Dentro desse contexto o processo inflamatório se

caracteriza como uma forma generalizada de resposta do hospedeiro à perturbação

da homeostase, corresponde à defesa contra infecções, injúrias e exposição a

patógenos, sua principal função é destruir rapidamente a fonte causadora de

perturbação, remover o tecido danificado e restaurar a homeostase no organismo.

Contudo, uma resposta inflamatória exacerbada e descontrolada pode resultar em

efeitos deletérios ao hospedeiro, com excessivos danos colaterais e surgimentos de

doenças autoimunes, como artrite reumatoide, diabetes e esclerose múltipla

(MEDZHITOV, 2008; ASHLEY et al., 2012; BRÜNE et al., 2013; KARIN; CLEVERS,

2016).

Deste modo, a resposta inflamatória deve ser bem orquestrada para que os

danos ao hospedeiro sejam minimizados ao máximo, garantindo o retorno ao estado

de equilíbrio do organismo (ASHLEY et al., 2012). A modulação do sistema

imunológico compreende a regulação da resposta imune e pode envolver a indução,

expressão, amplificação ou inibição de qualquer etapa desta resposta. Este processo

se dá através do aumento ou diminuição da capacidade de resposta de um organismo,

o qual ocorre por meio da ação de substâncias que atuam tanto na resposta imune

inata quanto na adaptativa (MUKHERJEE et al., 2014; JANTAN; AHMAD; BUKCHARI,

2015). Tais substâncias são chamadas de imunomoduladores, agentes biológicos ou

sintéticos, que agem no sistema imunológico, estimulando, suprimindo ou modulando

qualquer componente do sistema imune inato ou adaptativo. A capacidade de modular

a resposta imunológica está diretamente relacionada com a promoção da saúde, pois

age através do fortalecimento da defesa dos hospedeiros em combater diferentes

doenças e, por este motivo, a procura por novos compostos que exerçam esta

atividade tem se tornado uma área de interesse por pesquisadores (ALAMGIR;

UDDIN, 2010; ARCHANA et al., 2011).

Os imunomoduladores são geralmente categorizados em imunoadjuvantes,

imunoestimulantes e imunossupressores. Os imunoadjuvantes são utilizados na

prática clínica com o intuito de aumentar a eficácia de vacinas, já os

imunoestimulantes agem como forma de ativar ou induzir mediadores ou

componentes do sistema imune, enquanto que os imunossupressores são utilizados

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

37

no controle de reações imunes após transplantes de órgãos, bem como no tratamento

de infecções associadas a imunopatologias, reação de hipersensibilidade e doenças

autoimunes (JANTAN; AHMAD; BUKCHARI, 2015).

Apesar de existirem, atualmente, imunomoduladores disponíveis na indústria de

medicamentos, muitos deles possuem diversas limitações e efeitos adversos

associados, sendo necessária a busca por novos agentes que possuam maior

segurança e eficácia comprovadas. A respeito disto, os produtos de origem vegetal,

bem como os extratos obtidos a partir de plantas, se apresentam como potentes

agentes imunomoduladores, sendo alvos de extensivas pesquisas, isso deve-se ao

fato de apresentarem menores efeitos colaterais tóxicos e possuírem maior

biodisponibilidade, podendo ser usados por um longo período (GRIGORE, 2013;

MUKHERJEE et al., 2014). Compostos pertencentes as classes dos fenólicos, óleos

essenciais, esteroides, terpenos, alcaloides entre outros, têm demonstrado um efeito

imunomodulador promissor e merecem especial atenção no âmbito do

desenvolvimento de novos agentes terapêuticos que venham a complementar as

terapias atuais (MUKHERJEE et al., 2014; JANTAN; AHMAD; BUKCHARI, 2015).

Os compostos fenólicos são substâncias presentes nas plantas que possuem

muitas propriedades comprovadas, dentre elas os efeitos benéficos nas doenças

cardiovasculares, diabetes e câncer, que estão relacionados, principalmente, com as

atividades antioxidante e anti-inflamatória desses compostos. Os polifenóis são

responsáveis por modularem a resposta imunológica através do aumento da

capacidade fagocitária de macrófagos e indução da proliferação de macrófagos e

neutrófilos. Destaca-se ainda que essa indução ocorre majoritariamente pela

interferência nas vias de sinalização reguladas por proteíno-quinase ativadas por

mitógenos (MAPK) e pelo fator de transcrição nuclear kappa B (NF-κB) (GRIGORE,

2013). Além disso, existem também compostos fenólicos que inibem a secreção de

várias moléculas pró-inflamatórias de macrófagos ou sua migração, tais como:

polifenóis presentes na uva, flavonoides como quercetina e canferol, dentre outros

(MOSSALAYI et al., 2014).

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

38

1.6 Mediadores da inflamação

Injurias inflamatórias induzem a liberação de uma variedade de mediadores

químicos, conhecidos por citocinas e quimiocinas. Estas substâncias orquestram um

infiltrado de células de defesa para o local do dano, com o intuito de reestabelecer o

equilíbrio e restaurar a integridade do tecido (LANDSKRON et al., 2014; MAIONE et

al., 2015). As citocinas são proteínas de baixo peso molecular que funcionam como

moléculas de sinalização mediando a comunicação intercelular. São sintetizadas por

uma variedade de células, principalmente pelas células do sistema imunológico,

essencialmente macrófagos e linfócitos (SOFRONIEW, 2013; LANDSKRON et al.,

2014; DUQUE; DESCONTEAUX, 2014).

Estas moléculas atuam regulando o sistema imunológico tanto no estado de

saúde quanto em processos patológicos, seu mecanismo de ação baseia-se na

ligação a receptores de superfície celular específicos, e deste modo, geram a ativação

de uma cascata de sinalização celular afetando diretamente a função da célula. Este

processo de regulação inclui a ativação ou supressão de diversos genes através de

seus fatores de transcrição, podendo resultar na produção de outras citocinas, em um

aumento no número de receptores de superfície para outras moléculas ou,

eventualmente, na inibição do próprio efeito da citocina (STOW; MURRAY, 2013;

DUQUE; DESCONTEAUX, 2014).

As citocinas são essenciais para o funcionamento dos macrófagos, elas

medeiam o desenvolvimento de uma efetiva resposta imune e influenciam o

microambiente destas células. Os diferentes subgrupos de macrófagos diferem

drasticamente nas citocinas que secretam e, consequentemente, nas funções

estabelecidas por estas células em cada órgão ou tecido em que se localizam

(DUQUE; DESCONTEAUX, 2014). Na figura 9 é possível compreender a subdivisão

dos tipos de macrófagos originados a partir dos monócitos, onde nota-se que os

macrófagos de classe M1 são ativados por substâncias como LPS e IFN-γ em

resposta a infecções microbianas ou na supressão de tumor, e que nesse tipo de

resposta são produzidas as citocinas TNF-α, IL-1β, IL-6, IL-12 e IL-23. Por outro lado,

macrófagos de classe M2 atuam em processos de cicatrização de feridas e reparo

tecidual, na imunossupressão e promoção de tumor, produzindo citocinas como IL-10,

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

39

o fator de transformação do crescimento beta (TGF-β), IL-1Ra, IL-1 β, IL-6 e IL-10

(Figura 9) (ARIEL et al., 2012; DUQUE; DESCONTEAUX, 2014).

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

40

Figura 9: Subgrupos de macrófagos diferenciados a partir de monócitos e as respectivas citocinas produzidas por cada tipo celular. Macrófagos de classe M1 são ativados por LPS e IFN-γ e produzem as citocinas TNF-α, IL-1β, IL-6, IL-12 e IL-23, enquanto macrófagos M2 agem em processos de cicatrização de feridas e reparo tecidual, na imunossupressão e promoção de tumor, e produzem as citocinas: IL-10, o TGF-β, IL-1Ra, IL-1 β, IL-6 e IL-10 (Fonte: Duque; Desconteaux, 2014).

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

41

Dependendo da função que desempenham no organismo, as citocinas são

classificadas em citocinas anti-inflamatórias ou citocinas pró-inflamatórias. Apesar

desta classificação, a produção de ambas deve ser muito bem regulada, para que seja

mantida a homeostase do corpo. A superexpressão de citocinas pró-inflamatórias tem

sido associada com várias desordens neuropsiquiátricas, como depressão e doenças

neurodegenerativas, incluindo o Alzheimer e mal de Parkinson, por exemplo

(BORSINI et al., 2015). As interleucinas (ILs) são citocinas secretadas principalmente

por leucócitos e que atuam em outros tipos de células semelhantes, tais como

macrófagos, células B e T. As ILs são responsáveis por uma variedade de respostas

em células e tecidos, elas agem na modulação do crescimento, diferenciação e

ativação celular durante a resposta imunológica (BROCKER ET AL., 2010).

Para ilustrar a importância das citocinas na resposta do hospedeiro a infecções

por patógenos, especificamente as de origem bacteriana ocasionada por LPS,

descreveremos a seguir o papel das citocinas que foram analisadas no presente

estudo.

1.6.1 Fator de necrose tumoral (TNF-α)

O fator de necrose tumoral (do inglês tumoral necrose fator alpha TNF-α) é uma

glicoproteína que contém 185 aminoácidos. Inicialmente esta molécula foi descrita por

sua habilidade em induzir necrose em células tumorais. Sua função na resposta imune

compreende a indução de vasodilatação e perda da permeabilidade vascular, fator

propício para infiltração de linfócitos, neutrófilos e monócitos, os quais são atraídos

para o local da inflamação através da liberação de quimiocinas. Nos macrófagos, TNF-

α é liberado para o meio extracelular pelas vias de secreção constitutiva, que são

ativadas por estímulos, tais como presença de agentes patogênicos, sendo, portanto,

essa citocina a primeira a ser sintetizada em resposta a patógenos (STOW; MURRAY,

2013; DUQUE; DESCONTEAUX, 2014).

1.6.2 Interleucina 1 (IL-1)

Existem basicamente três formas de interleucina 1: IL-1α, IL-1β e IL-1Ra. IL-1α

e IL-1β são consideradas citocinas fortemente pró-inflamatórias, apesar disto a

similaridade estrutural entra ambas é de cerca de 25%, apenas. São codificadas por

genes distintos, porém se ligam ao mesmo receptor (IL-1R1) (GARLANDA;

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

42

DINARELLO; MANTOVANI, 2013). Semelhante à TNF, a IL-1β é produzida

endogenamente e liberada logo nos estágios iniciais de infecções, lesões e estresse

(DUQUE; DESCONTEAUX, 2014). IL-1β é sintetizada principalmente por monócitos

e macrófagos, embora possa ser produzido por células Natural Killer (NK), células B,

células dendríticas, fibroblastos e células epiteliais. O mecanismo de ação desta

citocina se baseia na indução da produção de proteínas de fase aguda durante a

inflamação, atuando diretamente no sistema nervoso central para induzir a febre e a

síntese de prostaglandinas. Além disso, IL-1β aumenta a expressão dos genes que a

produzem, sendo, portanto, autorregulada (GARLANDA; DINARELLO; MANTOVANI,

2013; MURRAY; STOW, 2014; DUQUE; DESCONTEAUX, 2014).

O precursor de IL-1α está presente constitutivamente em camadas epiteliais de

todo o trato gastrointestinal, pulmão, fígado, rim, células endoteliais e astrócitos. Em

condições de morte celular por necrose, como ocorre em doenças isquêmicas, como

infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral, insuficiência renal e necrose tumoral,

o precursor de IL-1α é liberado. Desta forma, o precursor de IL-1α é ativado

completamente e inicia a cascata de citocinas e quimiocinas inflamatórias

(GARLANDA; DINARELLO; MANTOVANI, 2013).

1.6.2 Interleucina 6 (IL-6)

A interleucina 6 (IL-6) é uma citocina pleiotrópica, ou seja, atua sobre diferente

tipos de células, possui tanto funções pró-inflamatórias quanto anti-inflamatórias que

afetam uma variedade de processos bioquímicos e fisiológicos. Assim como TNF e IL-

1β, a IL-6 é um pirógeno endógeno que promove febre e a produção de proteínas de

fase aguda a partir do fígado. IL-6 juntamente com outras citocinas pró-inflamatórias

estão envolvidas em desordens como doença de Crohn’s e artrite reumatoide

(DUQUE; DESCONTEAUX, 2014; MURRAY; STOW, 2014).

1.6.2 Interleucina 12 (IL-12)

IL-12 é uma citocina de destacado papel durante a defesa contra doenças

infecciosas e câncer, sendo sintetizada, primordialmente, por monócitos, macrófagos

e outras células apresentadoras de antígenos. Trata-se de uma citocina

heterodimérica, constituída por duas subunidades (p40 e p35). Age em sinergismo

com TNF e outras citocinas pró-inflamatórias para induzir a produção de IFN-γ e a

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

43

citotoxicidade de células NK e células T CD8. Dentre suas principais funções, destaca-

se sua capacidade de inibir a angiogênese e, por este motivo, IL-12 se configura como

um alvo em patologias autoimunes e no câncer (MURRAY; STOW, 2014; DUQUE;

DESCONTEAUX, 2014).

1.6.3 Óxido nítrico

Óxido nítrico (do inglês Nitric oxid NO) é um radical livre de curta duração que

está envolvido em diversos processos biológicos (FARO et al., 2014; DUSSE; VIEIRA;

CARVALHO, 2003). É comumente conhecido como fator relaxante derivado do

endotélio, regula o tônus vascular e o fluxo sanguíneo e, portanto, o fornecimento de

oxigênio, causando vasodilatação. Além disso, NO regula diversos outros processos,

como a neurotransmissão, motilidade gástrica, cicatrização de feridas, respiração

mitocondrial, apoptose e inflamação (BOGDAN, 2015).

Durante a inflamação esse radical livre é sintetizado como um mediador que

pode ter efeitos tanto pró-inflamatórios como anti-inflamatórios, do mesmo modo que

outras moléculas solúveis produzidas, tais como: leucotrienos, histamina, bradicinina,

fator ativador de plaquetas, interleucinas e espécies reativas de oxigênio (EROs). A

função dessas moléculas é destruir um patógeno ou a causa da inflamação,

protegendo dessa maneira o tecido danificado e evitando a propagação da lesão

(FARO et al., 2014; LEI et al., 2013).

Todavia, NO também possui efeito deletério, sendo potencialmente tóxico

quando sintetizado em grandes quantidades, em situações de estresse oxidativo e

deficiência do sistema antioxidante (DUSSE; VIEIRA; CARVALHO, 2003; BOGDAN,

2015). Por este motivo, estudos envolvendo NO tem se tornado alvo de pesquisadores

e da indústria farmacêutica.

A produção dessa molécula mensageira ocorre a partir da oxidação do

aminoácido L-arginina, que é convertido em L-citrulina. Esta reação é catalisada pela

enzima óxido nítrico sintase (NOS), a qual possui diferentes isoformas, sendo elas

agrupadas em duas categorias: (I) NOS constitutiva, representada pela NOS neuronal

(n-NOS, tipo I), NOS endotelial (e-NOS, tipo III) e a (II) NOS induzível, que é a óxido

nítrico sintase induzível (iNOS) (Figura 10) (LI; HORKE; FÖRSTERMANN, 2014;

DUSSE; VIEIRA; CARVALHO, 2003; LEI et al., 2013).

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

44

Figura 10: Diferentes isoformas da óxido nítrico sintase (NOS). A enzima NOS é subdividida em dois tipos, de acordo com sua síntese: NOS constitutiva (e-NOS e n-NOS) e NOS induzível (i-NOS). (Fonte: DUSSE; VIEIRA; CARVALHO, 2003).

1.7 Fatores de transcrição

1.7.1 Fator nuclear kappa B – NfkB

A família de fatores de transcrição NfkB é composta por cinco membros

altamente conservados: NfkB1 (p50/102), NfkB2 (p52/p100), RelA/p65, RelB e c-Rel.

Estas proteínas formam homo e heterodímeros que regulam a expressão de

aproximadamente400 genes alvos, atuando em processos como: resposta imune,

sobrevivência celular, apoptose, proliferação celular, plasticidade sináptica e memória

(BRADFORD; BALDWIN, 2014). Defeitos nas vias de ativação de NfkB corresponde

a um dos fatores que desencadeiam várias doenças, incluindo doenças autoimunes,

neurodegenerativas, como o mal de Alzheimer, diabetes, asma, aterosclerose e

câncer (BRADFORD; BALDWIN, 2014; HAYDEN; GHOSH, 2014; SERASANAMBATI;

CHILAKAPATI, 2016).

Em células em repouso, NfkB se encontra no citoplasma, na sua forma inativa,

ligado a um de seus inibidores, que incluem IkBα, IkBβ, IkBγ, p105 e p100, dentre os

quais IkBα é a mais abundante. O complexo NfkB/IkB é ativado através da fosforilação

em dois resíduos de serina bem conservados na porção N-terminal de proteínas IkB,

quando isso ocorre NfkB é translocado para o núcleo onde se liga ao DNA para regular

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

45

a expressão de seus genes alvos. Dentre os genes regulados por NfkB estão: genes

codificadores de citocinas (tais como, TNF, IL-1, IL-6, IL-8), de quimiocinas, COX-2,

iNOS, moléculas de adesão, proteínas reguladoras do ciclo celular e fatores

angiogênicos (SERASANAMBATI; CHILAKAPATI, 2016). A ativação é induzida por

uma variedade de agentes, incluindo estresses, vírus, bactérias, estímulos

inflamatórios, citocinas, radicais livres, agentes carcinogênicos e endotoxinas

(BRADFORD; BALDWIN, 2014). A figura 11 ilustra as vias pelas quais NfΚB pode ser

regulada, que são basicamente de duas formas: via canônica e via não canônica.

Figura 11: Vias canônicas e não-canônicas de NfΚB. A regulação do fator de transcrição ocorre por duas vias distintas: (I) a via canônica, na qual a ativação acontece por meio de estímulos com substâncias como LPS e citocinas; (II) e a via não-canônica, onde a ativação ocorre por fator de ativação de células B (BAFF), proteína CD40 e ligantes do receptor de linfotoxina beta (LTβ-R) (Fonte: BRADFORD; BALDWIN, 2014).

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

46

Na via de sinalização canônica o heterodímero RelA/p50 se encontra inativo em

situações de repouso, permanecendo ligado a proteína inibidora IΚB, a qual age

bloqueando a sequência de ligação nuclear e, dessa forma, inativando o

heterodímero. Sob condições de estímulo, tais como exposição a LPS e citocinas

como IL-1β e TNF, a cascata de sinalização é ativada promovendo a ubiquitinação da

proteína IΚΚBα e induzindo a sua degradação no proteassoma 26S. Deste modo, o

heterodímero, agora na sua forma livre, está apto para ser translocado ao núcleo e se

ligar a sítios ΚB dentro de regiões reguladoras e promotores de genes envolvidos na

regulação da apoptose, resposta imunológica e proliferação celular (BRADFORD;

BALDWIN, 2014; SERASANAMBATI; CHILAKAPATI, 2016).

A via não canônica, por sua vez, é controlada pela regulação do complexo IΚΚBα

com o heterodímero p52-Relb e ocorre durante o desenvolvimento de órgãos linfoides

responsáveis pela geração de células B e linfócitos T (SERASANAMBATI;

CHILAKAPATI, 2016). Essa via é ativada por fator de ativação de células B (BAFF),

proteína CD40 e ligantes do receptor de linfotoxina beta (LTβ-R) que ativam a quinase

indutora de NFkB (NIK), a qual fosforila e ativa o homodímero de IΚΚBα, promovendo

a fosforilação e consequente processamento proteolítico do precursor p100 a p52. A

partir de então, o heterodímero livre Relb- p52 pode entrar no núcleo e promover a

transcrição de uma variedade de genes envolvidos na homeostase das células B, bem

como desenvolvimento e diferenciação celular (Figura 11) (BRADFORD; BALDWIN,

2014; SERASANAMBATI; CHILAKAPATI, 2016). Em virtude do seu envolvimento na

regulação de uma variedade de processos, incluindo a resposta imunológica, NFkB é

considerado um importante alvo em pesquisas que visam a obtenção de tratamento

para doenças inflamatórias e autoimunes, por este motivo, no presente estudo,

avaliamos a capacidade de modulação dos extratos de P. volubilis sobre a expressão

de NFkB.

1.7.2 MAPK

Em conjunto com a ativação do fator de transcrição NFkB, a ativação de

proteíno-quinases ativadas por mitógenos (MAPK) também constitui uma via de

regulação chave na resposta imunológica contra agentes patogênicos ou danos

teciduais (ARTHUR; LEY, 2013). Na superfície de células imunes, como macrófagos

e células dendríticas (CD), são expressos receptores chamados de receptores de

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

47

reconhecimento padrão (PRRs), os quais reconhecem componentes microbianos

invariantes, denominados padrões moleculares associados a patógenos (PAMPs).

Esse reconhecimento leva a ativação do sistema imune inato, induzindo a expressão

de diversos genes que são responsáveis por codificar proteínas que estão envolvidas

diretamente na eliminação do patógeno como, por exemplo, peptídeos antimicrobiano,

iNOS, citocinas e quimiocinas, que promovem o recrutamento de outras células

imunes adicionais (ARTHUR; LEY, 2013).

Macrófagos expressam diferentes classes de PRRs, incluindo receptores Toll-

like (TLRs), receptores RIG-I-like (RLRs), receptores tipo NOD (NLRs) e receptores

de lectina tipo C (CLRs). Embora os mecanismos de sinalização do receptor-proximal

variem, todos esses PRRs ativam as vias de MAPK e NFkB, e por este motivo essas

duas vias são de fundamental importância para o desencadeamento de uma resposta

imune, sendo, portanto, alvos para tratamento de desordens de caráter inflamatório

(ARTHUR; LEY, 2013).

Em células de mamíferos, 14 MAPKs já foram descritas, dentre as quais as

quinases ativadas por sinal extracelular (ERK1 e ERK2), p38a e c-jun N-terminal

quinase (JNK1 e JNK2) têm sido extensivamente estudadas no contexto da resposta

imunológica (ARTHUR; LEY, 2013; SABIO; DAVIS, 2014).

Diante do exposto, a presente pesquisa visa subsidiar a busca por novos agentes

terapêuticos que modulem a resposta inflamatória, propiciando uma alternativa para

o tratamento de desordens inflamatórias. Plukenetia volubilis compreende uma fonte

promissora de fitoquímicos biologicamente ativos, como mostrado em estudos

anteriores. Foi demonstrado que seu perfil fitoquímico é constituído por polifenóis,

flavonoides, terpenos e saponinas, assim como foram relatadas as atividades

antioxidante e antiproliferativa dos seus extratos.

Esta planta possui alto valor nutricional e terapêutico, além de existirem relatos

etnobotânicos de sua utilização popular no tratamento de lesões na pele e na

alimentação de tribos indígenas. Por estes motivos, os estudos com esta espécie

merecem atenção especial no sentido de comprovar cientificamente sua utilização

popular, bem como, com o intuito de, no futuro, utilizá-la no desenvolvimento de novos

medicamentos fitoterápicos.

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

48

2 OBJETIVOS

2.1 Geral

Avaliar a atividade imunomoduladora in vitro e in vivo de extratos de folhas da

espécie Plukenetia volubilis Linneo.

2.2 Específicos

Avaliar a capacidade imunomoduladora dos diferentes extratos obtidos a partir

de folhas frescas de Plukenetia volubilis, sendo eles: extrato clorofórmico (EC), extrato

hexânico (EH), extrato metanólico (EM), extrato etanólico (EE) e extrato aquoso (EA);

Verificar a viabilidade celular de macrófagos da linhagem RAW 264.7 submetidos

a tratamento com os diferentes extratos;

Analisar a produção de nitrito nas células submetidas a tratamento como

indicador da produção de óxido nítrico;

Quantificar o nível das citocinas inflamatórias IL6, IL-12, IL-1β e TNF-α no meio

de cultura de células RAW 264.7 tratadas com os extratos de P. volubilis;

Avaliar o nível de expressão relativa dos mediadores inflamatórios iNOS, Cox-2,

NfkB, NfkB P50, TNF-α, IL-1α, IL-1β e IL-6 em células RAW 264.7 após tratamento

com os extratos, usando PCR em tempo real;

Avaliar a capacidade de inibição da migração de leucócitos dos extratos aquoso

(EA) e etanólico (EE) em camundongos BALB/C induzidos a peritonite por tratamento

com carragenana;

Mensurar a expressão relativa dos mediadores da inflamação inflamatórios iNOS,

Cox-2, NfkB, NfkB P50, TNF-α, IL-1α, IL-1β e IL-6 no fígado dos camundongos após

o experimento de indução de peritonite.

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

49

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Material vegetal

Sementes da espécie Plukenetia volubilis foram adquiridas por meio da compra

em um site na internet e então foram cultivadas na cidade de Parnamirim/RN (-05° 47

'42'' 35° 12'34''), com condições de rega e em vasos contendo terra vegetal e areia

(1:1, p/p), conforme descrito em Nascimento et al., 2013. Folhas frescas de plantas

com idade de aproximadamentos 5 meses, foram coletadas para preparação dos

extratos. A identificação foi realizada pelo botânico Dr. Jomar Jardim e depositada no

herbário da Universidade Federal do Rio Grande do Norte com o número 10854.

3.2 Preparação dos extratos

Folhas frescas de Plukenetia volubilis foram trituradas manualmente e divididas

em partes iguais para extração dos compostos com diferentes solventes de caráter

apolar e polar, seguindo a proporção de 1:10 (p/v). Os solventes utilizados foram

metanol (MeOH), etanol (EtOH), clorofórmio, hexano e água. Estes materiais foram

transferidos para erlenmeyers e posteriormente adicionado cada solvente, com isso o

material foi submetido à agitação, em mesa agitadora a 50 rpm por, aproximadamente,

24 h. Em seguida os extratos foram filtrados, em papel filtro whatman nº 1 e secos em

rotavapor, a 40 °C. Os extratos obtidos foram pesados e ressuspendidos em

Dimetilsufóxido (DMSO) (CRQ/Nuclear) para uma concentração final de 10 mg/mL,

solução estoque e, posteriormente, foram submetidos às diferentes análises conforme

detalhado na figura 12.

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

50

Figura 12: Esquema representativo das análises realizadas com extratos de Plukenetia volubilis. Os extratos obtidos de folhas de P. volubilis foram submetidos a diferentes análises in vitro e in vivo.

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

51

3.3 Ensaios in vitro

3.3.1 Teste de viabilidade celular – MTT

Para avaliação da viabilidade celular de macrófagos em resposta ao tratamento

com os extratos de P. volublis, foi utilizado neste estudo a linhagem de macrófagos

murino RAW 264.7, que foram cultivadas em meio de cultura Eagle modificado

Dulbecco (DMEM), suplementado com soro fetal bovino e antibióticos penicilina e

estreptomicina (10 mL/L). Para o ensaio, as células foram plaqueadas em placas de

96 poços, a uma densidade de 5 x 103 células/poço, em 200 µL do meio, permitindo a

adesão por 16 h, a 37 °C e 5% de CO2. Depois desse período, o meio de cultura foi

trocado por meio contendo extratos em diferentes concentrações do extrato (100, 250

e 500 µg/mL), por períodos de 24, 48 e 72 h de cultivo celular. Estas concentrações

foram selecionadas com base em estudos anteriores de Nascimento et al. (2013).

Após a incubação, o meio contendo os extratos foi removido e então aplicado o

composto MTT (3-(4,5-Dimethylthiazol-2-yl)-2,5-diphenyltetrazolium bromide) (5

mg/mL) (Sigma-M5655), em meio fresco DMEM, para determinar os efeitos sobre a

proliferação celular como descrito em detalhe em Nascimento et al. (2013). A

porcentagem de proliferação celular foi calculada pela seguinte fórmula:

%de proliferação celular = Abs. da amostra 570 nm x 100

Abs. do controle 570 nm

3.3.2 Determinação de nitrito

Células da linhagem RAW 264.7 foram plaqueadas em microplacas de 24 poços,

a uma densidade de 2 x 105 cels/poço usando meio DMEM. Após um período de 24 h

para aderência das células na placa, o meio foi removido e um novo meio contendo

os extratos na concentração de 100 µg/mL foi adcionado. Esta concentração foi

utilizada tendo em vista a não citotoxicidade apresentada no ensaio do MTT. As

células foram incubadas com extrato na presença e ausência de LPS (2 µg/mL) por

24 horas. Após esse período o meio de cultura foi removido e utilizado para

determinação de nitrito. O acúmulo de nitrito no meio de cultura foi determinado como

um indicativo da produção de NO, baseado na reação de Griess (GREEN et al., 1982).

Resumidamente, 50 µL do meio de cultura foi misturado com um volume igual de

Page 54: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

52

reagente de Griess (volumes iguais de 1% (w/v) de sulfanilamida em 5% (v/v), ácido

fosfórico e 0,1% (w/v) de HCl-naphthylethylenediamide), incubados à temperatura

ambiente durante 10 min e, em seguida, a absorbância foi medida a 540 nm, utilizando

um leitor de microplacas.

3.3.3 Dosagem de citocinas por ELISA

O sobrenadante do meio de cultura obtido das células RAW 264.7 tratadas com

os extratos de P. Volubilis e estimuladas com LPS (2 µg/mL) foi coletado para

determinar o nível das citocinas IL6, IL-12 e IL-1β utilizando o kit da Ebioscience (San

Diego, CA, USA). Para o controle foi utilizada células apenas estimuladas com LPS (2

µg/mL). O método foi realizado conforme descrito por Lima (2015), onde placas de

alta afinidade foram recobertas com anticorpos de captura, diluídos em tampão

carbonato-bicarbonato 0.6 M, pH 9,6. As placas foram incubadas, 16 h a 4°C, lavadas

uma vez com PBS contendo 0,05% de Tween (PBST) e incubadas a 37 °C, durante 2

h, com os sobrenadantes do lavado e as curvas padrão de cada citocina analisada.

As placas foram lavadas seis vezes com PBST 0,05%, os anticorpos secundários

marcados com biotina adicionados aos poços e a reação incubada a 37 °C durante 1

h. As placas, mais uma vez, foram lavadas, adicionando-se o conjugado avidina-

biotina-peroxidase e, em seguida, incubadas durante 45 min a 37 °C. A reação foi

revelada com ortofenilenodiamino (OPD) e a reação parada com ácido sulfúrico 1 N.

A leitura das placas foi realizada a 450 nm (CROWTHER, 2000).

3.3.4 Extração de RNA de macrófagos RAW 264.7

A extração de RNA dos macrófagos RAW 264.7 submetidos a exposição dos

extratos de folhas na concentração de 100 µg/mL foi realizada utilizando o kit

ReliaPrepTM RNA Cell Miniprep (Promega), conforme recomendações do fabricante.

Testes com outros kits foram realizados, sendo este o que apresentou melhor

rendimento de extração, bem como qualidade do RNA extrtaído. O RNA total foi

submetido a tratamento com DNAse (Ambion) e quantificado por espectrofotometria a

260 nm. A pureza do RNA extraído foi analisada no aparelho Nanovue (GE) pelo

índice de 260/280. Em seguida, o cDNA foi sintetizado utilizando 3 µg de RNA total

Page 55: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

53

com o kit cDNA High Capacity (Applied Biosystem), em um volume final de reação de

20 μL. Depois de sintetizado, foi adicionado 180 μL de água tratada com DEPC 0,1%.

3.3.5 Análise da expressão por qRT-PCR sistema in vitro

As reações de PCR em tempo real foram realizadas utilizando o reagente

SYBRGreen (Applied Biosystem), de acordo com as recomendações do fabricante.

Foram utilizados aproximadamente 15 ng (1 µL) de cDNA e 0,5 pmol de primer (4 µL)

em um volume total da reação de 10 µL. O sistema de normalização utilizado foi a

fluorescência ROX e análise quantitativa relativa através do método 2-ΔΔ CT (LIVAK;

SCHMITTGEN, 2001). Com esta abordagem, foi possível avaliar a expressão

de genes associados com a resposta imune como iNOS, COX-2, NfkB, NfkB P50,

TNF-α, IL-1α, IL-1β e IL-6 (LEE et al., 2010). Todos os resultados foram normalizados

com o controle endógeno Fator de Elongação (EF). Foram feitos testes com o controle

β-actina, porém EF se mostrou mais eficiente. O experimento foi realizado em

triplicatas biológicas e técnicas. As sequências dos primers utilizados na pesquisa são

mostradas na tabela 2.

Page 56: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

54

Tabela 2: Iniciadores utilizados nos experimentos de expressão por meio da metodologia de PCR em tempo real.

Primer Sequência

Fator de elongação (EF) Reverse – 5’ GGG TCA GAT TTC TTG ATG GG 3’

Forward – 5’ CTG AAG CGG CTG GCC AAG 3’

Óxido Nítrico Sintase (iNOS)

Reverse – 5’ GGC TGT CAG AGG CTC GTG GCT T 3’

Forward – 5’ CCC TTC CGA AGT TTC TGG CAG 3’

Cicloxigenase 2 (Cox-2) Reverse – 5’ ATG GTC AGT AGA CTT TTA CAG CTC 3’

Forward – 5’ GGA GAG ACT ATC AAG ATA GTG ATC 3’

Fator de Transcrição NFkB

Reverse – 5’ ACC TCC GAA AGC GAG ATA 3’

Forward – 5’ GCT CCT AAG GTG CTG ACA 3’

Fator de transcrição NfKB - Subunidade p50

Reverse – 5’ GGA GGT GGA TGA TGG CTA 3’

Forward – 5’ AGG ACA TGG GAT TTC AGG ATA 3’

Fator de necrose tumoral (TNF-a)

Reverse – 5’ TAC AGG CTT GTC ACT CGA ATT 3’

Forward – 5’ ATG AGC ACA GAA AGC ATG ATC 3’

Interleucina 1 alpha (IL-1a)

Reverse – 5’ CCA AAT GCA TTG AGT GTG CTT TTC 3’

Forward – 5’ TCT GCA TGG CAT TCT TAG GAG GAT 3’

Interleucina 1 Beta (IL-1B)

Reverse – 5’ GAG AGA CCT GAC TTG GCA GAG GAC 3’

Forward – 5’ TAT TCC TAA TGC CTT CCC CAG GAC 3’

Interleucina 6 (IL-6) Reverse – 5’ GCC TCC GAC TTG TGA AGT GGT A 3’

Forward – 5’ CTT GGG ACT GAT GCT GGT GAC A 3’

- amplicon formado entre 90-110 pb.

3.4 Ensaios in vivo

3.4.1 Animais

As análises in vivo foram realizadas com o intuito de verificar se a atividade

imunomoduladora observada nos experimentos com células se repeteria em sistemas

Page 57: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

55

vivos. Os experimentos foram realizados em colaboração com o professor Dr.

Matheus Pedrosa no Laboratório de Biotecnologia e Tecnologia – TECBIOFAR. Para

isto, camundongos machos e fêmeas BALB/c (25-35 g), com 6-8 semanas de idade,

oriundos do biotério do Centro de Ciências da Saúde da UFRN, foram utilizados nos

experimentos. Os animais foram mantidos sob temperatura controlada (22 ± 2 ºC), o

ciclo de luz/escuridão de 12 h e com livre acesso a água e ração comercial. Grupos

de cinco animais foram utilizados em cada grupo e o grupo controle recebeu apenas

solução salina (tabela 3). Todos os experimentos com animais foram aprovados pelo

Comitê de Ética em Experimentação Animal da UFRN (protocolo nº 031/2011) em

conformidade com as diretrizes do Comitê Brasileiro de Experimentação Animal

(COBEA).

3.4.2 Indução de peritonite por carragenana

Os animais foram distribuídos aleatoriamente em 11 grupos como mostra a

tabela 3 (5 animais em cada grupo), onde: (grupo 1) tratados com solução salina;

(grupo 2) tratamento de carragenana; (grupo 3) tratado com dexametasona a 0,5

mg/kg (DEXA); (grupo 4, 5 e 6) tratados com 4, 10 e 20 mg/kg de extrato aquoso de

P. Volubilis, respectivamente; (grupo 7, 8 e 9) tratados com 4, 10 e 20 mg/kg de extrato

etanólico de P. Volubilis; (grupo 10 e 11) tratados somente com solução salina e os

extratos aquoso e etanólico na concentração de 20 mg/kg, respectivamente. As

concentrações utilizadas foram padronizadas através de uma correlação com as

concentrações testadas in vitro.

Page 58: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

56

Tabela 3: Distribuição dos grupos para avaliar atividade antiinflamatória in vivo dos extratos aquoso e etanólico de Plukenetia volubilis pelo modelo de indução de peritonite por carragenana.

Grupos Condições

Grupo 1 Solução salina (PBS)

Grupo 2 Carragenana 1% (mg/mL)

Grupo 3 Dexametasona 0,5 mg/kg

Grupo 4 4 mg/kg

Grupo 5 Extrato Aquoso de PK + Carragenana 1% 10 mg/kg

Grupo 6 20 mg/kg

Grupo 7 4 mg/kg

Grupo 8 Extrato Etanólico de PK + Carragenana 1% 10 mg/kg

Grupo 9 20 mg/kg

Grupo 10 Extrato Aquoso de PK + Solução salina 20 mg/kg

Grupo 11 Extrato Etanólico de PK + Solução salina 20 mg/kg N = 55 animais, 5 animais por grupo PK = Plukenetia volubilis

A peritonite induzida por carragenana foi realizada de acordo com o

procedimento previamente descrito por Bitencourt (2014), com algumas modificações.

Resumidamente, os camundongos foram anestesiados e pré-tratadas com extratos

aquosos (4, 10 e 20 mg/kg, intraperitoneal (ip), P. volubilis), extrato etanólico de P.

volubilis (4, 10 e 20 mg/kg, ip) e dexametasona (DEXA; 0,5 mg/kg, ip, controle

positivo), 30 min depois os animais receberam um injecção ip de 1 mL de carragenana

a 1% diluídos em solução salina (PBS) estéril. Os animais do grupo controle

receberam o mesmo volume de veículo. Quatro horas após a indução da peritonite,

os camundongos foram sujeitos a eutanásia com uma sobredose de tiopental sódico

(> 100 mg/kg) e a sua cavidade peritoneal foi lavada com 2 mL de solução salina

estéril fria. Após 30 segundos de agitação suave, o exsudato foi recuperado. Exudatos

foram centrifugadas a 250 x g durante 10 min, a 4 °C, e a contagem de células totais

foi realizada com uma câmara de Neubauer em microscopio óptico, após diluição de

uma amostra do líquido peritoneal com solução de Turk, solução corante para

evidenciar os leucócitos durante a contagem (Figura 10).

Page 59: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

57

Figura 13: Fluxograma representando as etapas do experimento de indução de peritonite por carragenana. Os animais foram submetidos a diferentes pré-tratamentos - com extratos (EA e EE), nas concentrações de 4, 10 e 20 mg/kg, com dexametasona (DEXA – 0,5 mg/kg) e com solução salina (PBS).

3.4.3 Análise da expressão por qRT-PCR sistema in vitro

Fígados dos camundongos foram coletados, congelados no freezer -80 ºC e

posteriormente foram submetidos a extração de RNA. Para isto, os órgãos foram

triturados em nitrogênio líquido até obter um pó e, em seguida, homogeineizados em

trizol, seguindo o protocolo recomendado pelo fabricante (Invitrogen). Para verificação

da extração, o RNA foi quantificado por espectofluorometria no aparelho Nanodrop e

Page 60: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

58

a qualidade analisada em gel de agarose 2%, evidenciado com o agente

intercalantebrometo de etídio. O passo seguinte foi realizar o tratamento com DNAse

para eliminação de DNA genômico contaminante, seguido pela síntese de cDNA e

análise da expressão dos genes envolvidos no processo de modulação da inflamação,

conforme descrito no item 3.3.4 para células RAW. O aparelho utilizado para análise

de PCR em tempo real foi o ABI 7500 da applied biosystem.

3.5 Análise estatística

As análises estatísticas foram realizadas pelo teste ANOVA usando o programa

Graphpad Prisma 5 (GraphPad Software Inc., San Diego,CA, EUA). Teste de Tukey

pós-teste foi realizado para comparar os grupos diferentes. Diferenças foram

consideradas estatisticamente significativas quando o valor de p foi inferior a 0,05.

3.6 Comitê de ética de animais (CEUA)

A pesquisa com animais fez parte de uma colaboração com o Professor Dr.

Matheus Pedrosa do departamento de Farmácia. As análises realizadas com a

espécie Plukenetia volubils foi acrescentada como um adendo ao seu projeto que foi

aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA) do Centro de

Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, sob protocolo de n°

031/2011.

Page 61: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

59

4 RESULTADOS

4.1 Ensaios in vitro

4.1.1 Efeito dos extratos de Plukenetia volubilis na redução do composto MTT em

células RAW 264.7

Como mostra a figura 14, não foi observada uma inibição na redução do MTT

para maioria dos extratos analisados. Neste ensaio, todos os tratamentos foram

comparados com o controle contendo somente meio de cultura, que representa 100%

de redução do composto pelas enzimas mitocondriais. Nota-se, no tempo de 24 h, que

a atividade redutora do MTT foi, em sua maioria, semelhante ou maior que o controle,

com atividade variando entre 91,2% para o extrato EC (250 µg/mL) e 144% para EH

(250 µg/mL). Nesta condição apenas os extratos EH e EC na maior concentração (500

µg/mL) se mostraram tóxicos para a linhagem RAW 264.7, com redução do MTT de

78,8% e 57,9%, respectivamente. Em 48 h de tratamento foi observado um aumento

na capacidade de redução do MTT, como mostra a atividade do extrato EH em 250 e

500 µg/mL, com redução de 149,4% e 169%, respectivamente. Além disso, os demais

extratos apresentaram atividade semelhantes ao controle, com variação entre 94,3%

e 139,3%, indicando que, neste tempo, os extratos também não induziram alterações

na viabilidade celular dos macrófagos, com exceção apenas para EC (100 µg/mL) que

teve atividade de 74%. Em 72 h verificamos uma maior capacidade de redução do

MTT pelos macrófagos, com a capacidade de redução do MTT chegando a duas

vezes mais do que o controle. A atividade redutora nesta condição variou entre

120,2% para o extrato EH (100 µg/mL) e 225% para EC (500 µg/mL) (Figura 14).

Deste modo, sugere-se que os compostos presentes nos extratos de P. volubilis

podem também induzir a proliferação celular de RAW 264.7.

Page 62: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

60

Figura 14: Viabilidade de células Raw tratadas com extratos de Plukenetia volubilis. Efeito dos extratos (EA = Extrato aquoso; EM = Extrato metanólico; EE = Extrato etanólico; EC = Extrato Clorofórmico; EH = Extrato hexânico) em diferentes concentrações (100, 250 e 500 µg/mL) nos tempos de 24 h (A), 48 h (B) e 72 h (C). As barras representam média e desvio padrão de três experimentos independentes realizados em triplicatas. a,b Letras distintas significam diferença significativa entre as diferentes concentrações do mesmo extrato (p < 0.05).

4.1.2 Extratos de P. volubilis inibem a produção de óxido nítrico (NO) e COX-2 em

células RAW 264.7 estimuladas com LPS via inibição de NfκB

A próxima etapa desta pesquisa foi avaliar quais os efeitos dos extratos na

produção de óxido nítrico (NO) em macrófagos estimulados com LPS. Foi escolhida a

menor concentração do extrato a ser trabalhado, 100 µg/mL, e o tempo de 24 h, já

que não foi observada citotoxicidade nestas condições.

Na ausência de LPS, os resultados obtidos mostraram que não houve diferença

significativa entre o controle e os tratamentos com os extratos na produção de NO.

Por outro lado, quando as células foram estimuladas com LPS e tratadas com os

extratos foi observada uma inibição na produção de nitrito, onde todos os extratos

Page 63: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

61

inibiram significativamente a síntese de NO quando comparados ao controle (Figura

15). O extrato EM foi responsável pela maior redução, com produção de nitrito pelos

macrófagos de 56% em relação ao controle com LPS, que foi considerado como tendo

100% de síntese. Seguido pelos extratos EA, EH e EE que apresentaram percentual

de produção de NO de 64%, 64,1 e 65%, respectivamente. Já o extrato EC teve a

menor capacidade de redução na produção deste modulador inflamatório, com 72%

de síntese de nitrito.

Figura 15: Efeito dos diferentes extratos de Plukenetia volubilis na concentração de 100 µg/mL em macrófagos Raw estimulados com LPS (2 µg/mL). (EH) Extrato hexânico – (EC) Extrato clorofórmico – (EE) Extrato etanólico – (EM) Extrato metanólico – (EA) Extrato aquoso. As barras representam média e desvio padrão de três experimentos independentes, realizados em triplicatas técnicas. Os sinais de (-) e (+) indicam ausência e presença de LPS, respectivamente. A primeira coluna (barra branca) representa o controle na ausência de LPS, enquanto que a segunda (barra preta) se refere ao controle com LPS. a, b, c Letras distintas significam diferença significativa com relação ao grupo controle com LPS (p < 0.05).

Por meio da metodologia de PCR em tempo real (qRT-PCR) foi quantificada a

expressão de iNOS em células RAW 246.7 estimuladas com LPS. Foi utilizada a

concentração de 100 µg/mL para o ensaio, tendo em vista que esta concentração não

foi tóxica e já foi capaz de inibir a síntese de nitrito no teste de dosagem pelo reagente

de Griess. Os resultados revelaram que houve uma diminuição da expressão relativa

de iNOS, mostrando que os extratos de P. volubilis inibem a produção de óxido nítrico,

a nível transcricional (Figura 16A).

Page 64: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

62

Os extratos que apresentaram maior capacidade de inibição foram EH, EC e EA,

com valores para expressão relativa de: 0,18; 0,06 e 0,02, respectivamente, todos

comparados com o controle que possui valor de 1,0 de acordo com a fórmula utilizada

pelo método 2-ΔΔ CT. O resultado de expressão gênica para EA corrobora os dados de

dosagem de nitrito, que também se mostrou como um dos mais efetivos quanto à

inibição de sua síntese. Enquanto que a atividade de EE mostrou-se inferior aos

demais extratos, porém com diferença estatisticamente relevante comparado com o

controle estimulado com LPS (Figura 16A).

A expressão relativa da enzima cicloxigenase 2 (COX-2), também foi avaliada

neste trabalho, tendo em vista sua importância na resposta inflamatória e por ser

regulada diretamente por NO. Foi observado que o tratamento com extratos EH, EC

e EA de P. volubilis atenuou o nível de expressão de COX-2 em macrófagos RAW

246.7 induzidos por LPS, os quais apresentaram expressão relativa de 0,20, 0,18 e

0,12, respectivamente, em comparação com o controle com LPS que teve a expressão

com valor 1,0 (Figura 16B).

Figura 16: Efeito de diferentes extratos de Plukenetia volubilis na expressão de (A) óxido nítrico sintase (iNOS) e (B) COX-2, em macrófagos Raw estimulados com LPS (2 µg/mL). Os resultados foram normalizados com o Fator de elongação (EF) como controle endógeno. (HE) Extrato hexânico – (CE) Extrato clorofórmico – (EE) Extrato etanólico – (ME) Extrato metanólico – (AE) Extrato aquoso. As barras representam média e desvio padrão de três experimentos independentes realizados em triplicatas técnicas. a, b, c Letras distintas significam diferença significativa com relação ao grupo controle com LPS (p < 0.05).

Page 65: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

63

Tanto iNOS como COX-2 são reguladas via fator de transcrição NfΚB, por este

motivo decidimos avaliar o nível de expressão deste gene. Foi observado que as

amostras EH, EC e EA atuaram de maneira semelhante na expressão de NfΚB e NfΚB

p50, os níveis de expressão desses genes variaram entre 0,12 a 0,26, com valores

estatisticamente iguais (p < 0.05), como mostra a Figura 17. Enquanto que EE e EM

não interferiram nos níveis de expressão deste fator de transcrição em comparação

com o controle com LPS. O tratamento de células estimuladas por LPS com os

extratos EH, EC e EA reduziu os níveis de expressão do gene NfΚB e de sua

subunidade NfΚB p50, do mesmo modo que foram capazes de inibir a expressão de

iNOS e COX-2 descritos anteriormente (Figura 16). Desta maneira, o próximo passo

foi investigar a expressão e síntese de algumas citocinas que também possam ser

reguladas por esta mesma via.

Figura 17: Efeito de diferentes extratos de Plukenetia volubilis na expressão do mRNA de NfΚB (A) e NfΚB p50 (B) em macrófagos Raw estimulados com LPS (2 µg/mL). Os resultados foram normalizados com o Fator de elongação (EF) como controle endógeno. (EH) Extrato hexânico – (EC) Extrato clorofórmico – (EE) Extrato etanólico – (EM) Extrato metanólico – (EA) Extrato aquoso. As barras representam média e desvio padrão de três experimentos independentes realizados em triplicatas técnicas. a, b, c Letras distintas significam diferença significativa com relação ao grupo controle com LPS (p < 0.05).

4.1.3 Efeito dos extratos de P. volubilis na produção de citocinas

Nesta pesquisa também foi avaliado como as células RAW 246.7 se comportam

com relação a produção de algumas citocinas envolvidas na resposta inflamatória,

como IL-1α, IL-1β, IL-6 e TNF-α.

Page 66: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

64

Ao avaliarmos a produção de TNF-α a nível transcricional, observamos que

apenas alguns extratos atuaram como indutores da expressão. A figura 18 mostra um

aumento da expressão do gene TNF-α somente nas células tratadas com os extratos

EM e EA, onde os valores obtidos com a expressão relativa foram de 11,2 e 4,8,

respectivamente. Já os demais extratos (EH, EC e EE) apresentaram expressão

relativa próxima sem variação significativa quando comparado ao controle tratado

somente com LPS (Figura 18).

Figura 18: Efeito de extratos de Plukenetia volubilis na expressão de TNFα em macrófagos Raw estimulados com LPS (2 µg/mL). A expressão relativa de TNF-α nas células RAW foi determinada através de qRT-PCR. (EH) Extrato hexânico – (EC) Extrato clorofórmico – (EE) Extrato etanólico – (EM) Extrato metanólico – (EA) Extrato aquoso. As barras representam média e desvio padrão de três experimentos independentes realizados em triplicatas. a, b, c Letras distintas significam diferença significativa com relação ao grupo controle com LPS (p < 0.05).

Com relação a síntese de IL-1β foi observado que a maioria dos extratos (EH,

EE, EM e EA) induziram um aumento na produção desta citocina (Figura 19A),

enquanto que a nível de expressão relativa do gene que codifica IL-1β notou-se um

efeito contrário, onde os extratos EH, EC e EA inibiram a expressão deste gene, já os

extratos EE e EM não mostraram diferença quando comparados com o controle

(Figura 19C). Do mesmo modo, foi observada divergência entre os níveis de

expressão e síntese da citocina IL-6 quando as células foram tratadas com os extratos.

A síntese desta citocina mostrou-se elevada após tratamento com os extratos EH e

EE, não havendo diferença estatística para os demais tratamentos. Ao mesmo tempo

Page 67: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

65

em que houve diminuição da expressão relativa do gene que codifica para a citocina

IL-6 na presença dos extratos EH, EC e EA (Figura 19B e 19 D).

Figura 19: Efeito de extratos de Plukenetia volubilis na síntese e expressão de IL-1β e IL-6 em macrófagos Raw estimulados com LPS (2 µg/mL). O meio de cultura das células RAW foi coletado e utilizado para determinação do nível de IL-1β (A) e IL-6 (B). A expressão relativa de IL-1β (C) e de IL-6 (D) nas células RAW foi determinada através de qRT-PCR. (EH) Extrato hexânico – (EC) Extrato clorofórmico – (EE) Extrato etanólico – (EM) Extrato metanólico – (EA) Extrato aquoso. As barras representam média e desvio padrão de três experimentos independentes realizados em triplicatas. a, b,

c Letras distintas significam diferença significativa com relação ao grupo controle com LPS (p < 0.05).

Um outro ponto analisado nesta pesquisa foi o efeito dos extratos sobre a síntese

e expressão da citocina IL-1α. A figura 20 mostra o nível de expressão desta

interleucina em macrófagos estimulados com LPS e tratados com os diferentes

extratos de P. volubilis. Os resultados mostram que os tratamentos com EH, EC e EA

reduziram os níveis de expressão de IL-1α, onde os valores de expressão relativa

observados foram de 1,0 para o controle com LPS, 0,30 para EC, 0,27 em EH e 0,46

no tratamento com EA. Os extratos EE e EM não apresentaram capacidade de

redução da expressão relativa e os dados se mostraram semelhantes ao controle

(Figura 20).

Page 68: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

66

Figura 20: Efeito de extratos de Plukenetia volubilis na expressão e síntese de IL-1α em macrófagos Raw estimulados com LPS (2 µg/mL). (EH) Extrato hexânico – (EE) Extrato clorofórmico – (EE) Extrato etanólico – (EM) Extrato metanólico – (EA) Extrato aquoso. As barras representam média e desvio padrão de três experimentos independentes realizados em triplicatas. a, b, c Letras distintas significam diferença significativa com relação ao grupo controle com LPS (p < 0.05).

A etapa seguinte desta pesquisa foi analisar como esses mesmo extratos se

comportam em um organismo vivo.

4.2 Ensaios in vivo

4.2.1 Efeito dos extratos EA e EE em peritonite induzida por carragenana

Por meio do estímulo por carragenana é possível induzir uma resposta

inflamatória aguda na cavidade peritoneal com grande aumento na migração de

células polimórficas para o local. Os resultados obtidos mostram que os extratos EA

e EE reduziram significativamente (p<0,05) a migração leucocitária (Figura 21).

Conforme observado na figura 21, o número de leucócitos que migraram para

cavidade peritoneal no grupo de animais induzido a peritonite por carragenana

(representado no gráfico pela barra preta) foi de 19,8 x 106 células/mL, havendo uma

redução deste número quando comparado com os grupos que foram pré-tratados com

o extrato EA nas doses de 10 e 20 mg/kg, com número de leucócitos infiltrados de

8,75 x 106 células/mL e 4 x 106 células/mL. Resultado semelhante ao observado

quando foi utilizado como controle neste experimento o fármaco de referência

dexametasona (DEXA) (9,1 x 106 células/mL).

Page 69: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

67

Com relação aos grupos de animais pré-tratados com o extrato EE nas diferentes

doses, foi observado que todas as concentrações utilizadas reduziram a migração

leucocitária de maneira similar ao tratamento com o fármaco DEXA, onde os números

de leucócitos presentes na cavidade peritoneal foram de 9,7; 8,37 e 8,1 x 106

células/mL, para as doses de 4, 10 e 20 mg/kg, respectivamente. Além disso, para

comprovar a ausência de indução de processo inflamatório pelos extratos, foram

administrados via intraperioneal (i.p) apenas os extratos na concentração de 20

mg/kg. Os resultados demonstram que os extratos EA e EE na ausência de

carragenana não apresentam capacidade de indução da migração de leucócitos e o

número de células presentes no infiltrado assemelha-se ao grupo tratado apenas com

solução salina (Figura 21 e tabela 4).

Figura 21: Efeito dos extratos aquoso (EA) e etanólico (EE) em peritonite induzida por carragenana. Camundongos BALB/C foram pré-tratados (i.p.) com extratos aquosos e etanólico nas doses de 4, 10, e 20 mg/kg ou dexametasona (0,5 mg/kg, i.p.) e alguns minutos depois foram injetados com carragenana 1% (i.p.). Um controle foi realizado utilizando a concentração mais elevada dos extratos (20 mg/kg) e solução salina (PBS) (Barras brancas). A barra preta representa o controle com carragenana. Depois de quatro horas a lavagem peritoneal foi realizada com PBS e a contagem do número de células foi determinada utilizando uma câmara de Neubauer. As barras representam média e desvio padrão dos experimentos. a, b, c Letras distintas significam diferença significativa entre tratamentos e controle.

Page 70: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

68

Tabela 4: Efeito dos extratos aquoso (EA) e etanólico (EE) de Plukenetia volubilis na migração de leucócitos do exsudato peritoneal de camundongos induzidos a peritonite por carragenana.

Tratamento Dose

(mg/kg)

Leucócitos

(106/mL)

Leucócitos

(%)

Inibição

(%)

Salina

2,58 ± 0,97a - -

Carragenana 1 19,8 ± 3,3b 100 0

Dexametasona 0,5 9,1 ± 2,05c 45,9 54,1

EA 4 17,2 ± 0,2b 87,1 12,9

EA 10 8,75 ± 1,25c 44,2 55,8

EA 20 4,0 ± 1,9a 20,2 79,8

EE 4 9,7 ± 2,8c 48,9 51,1

EE 10 8,37 ± 1,3c 42,3 57,7

EE 20 8,1 ± 1,9c 40,9 59,1

Os valores representam médias ± (Desvio padrão) (n=5). a, b, c Letras distintas significam diferença significativa entre tratamentos e controle. (ANOVA seguido de teste de Tukey P < 0,05)

4.2.2 Análise da expressão por qRT-PCR

A expressão relativa dos genes iNOS e COX-2 foi avaliada nos fígados dos

camundongos submetidos a peritonite por carragenana. Os dados mostram que a

expressão de iNOS foi alta para as condições de pré-tratamento com o extrato EA,

nas doses de 4 e 10 mg/kg, com valor de expressão relativa de 4,0 e 4,5,

respectivamente. Enquanto que na dose de 20 mg/kg não houve diferença significativa

em comparação com os controles do experimento (Salina, carragenana e

dexametasona). Na condição de pré-tratamento com o extrato EE, nas doses de 4 e

10 mg/kg, a expressão relativa de iNOS ocorreu de maneira similar aos controles, sem

nenhuma inibição ou indução na transcrição desse gene. Por outro lado, na

concentração de 20 mg/kg desse extrato, notou-se um aumento na expressão relativa

de 1,7 (Figura 22A). Todavia, foi percebido nesta análise, que não houve diferença na

expressão de iNOS nas condições de controle, representados pelas três primeiras

barras do gráfico (Figura 22A), onde os animais tratados apenas com solução salina

apresentaram expressão relativa de iNOS semelhante a animais induzidos a

inflamação com carragenana, bem como aos que foram tratados com fármaco

dexametasona.

Page 71: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

69

Com relação a expressão de COX-2, nota-se uma diferença inicial entre os

controles, onde o grupo dos animais expostos somente a carragenana apresentou

valor de expressão relativa maior que os animais tratados apenas com solução salina

e com dexametasona, demonstrando que houve aumento da expressão desse gene

com a indução da peritonite. Nesta condição o extrato EA na dose de 20 mg/kg reduziu

a expressão de modo similar ao fármaco dexametasona, sendo os valores de

expressão de 0,2 e 0,4, respectivamente (Figura 22B). Do mesmo modo, o extrato EE

na dose de 4 mg/kg também inibiu a expressão de COX-2, apresentando valores de

expressão relativa igual a 0,5 (Figura 22B).

Figura 22: Efeito dos extratos aquoso (EA) e etanólico (EE) na expressão relativa dos genes iNOS (A) e COX2 (B). Camundongos BALB/c foram pré-tratados com os extratos EA e EE nas doses 4, 10 e 20 mg/kg ou dexametasona (0,5 mg/kg) e induzidos a peritonite através da administração de carragenana 1% (i.p). Posteriormente os fígados dos animais foram coletados para análise da expressão por qRT-PCR. Nos gráficos a barra branca representa o grupo de animais controle tratados apenas com solução salina; enquanto que a barra preta corresponde ao grupo de animais induzidos a peritonite por carragenana sem nenhum pré-tratamento. a, b, c Letras distintas significam diferença significativa entre tratamentos e controle.

A análise da expressão relativa do gene NfKB e de sua subunidade NfKB p50

mostrou que houve pouca variação na transcrição desse gene nas condições

avaliadas (Figura 23). Nota-se que para ambos os genes, os controles apresentaram

índices de expressão relativa semelhantes, sugerindo que este fator de transcrição

não sofreu alteração na sua expressão nas condições do experimento (Figura 23 A e

B).

Page 72: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

70

Figura 23: Efeito dos extratos aquoso (EA) e etanólico (EE) na expressão relativa do gene NfKB (A) e sua subunidade NfKB p50 (B). Camundongos BALB/c foram pré-tratados com os extratos EA e EE nas doses 4, 10 e 20 mg/kg ou dexametasona (0,5 mg/kg) e induzidos a peritonite através da administração de carragenana 1% (i.p). Posteriormente os fígados dos animais foram coletados para análise da expressão por qRT-PCR. Nos gráficos a barra branca representa o grupo de animais controle tratados apenas com solução salina; enquanto que a barra preta corresponde ao grupo de animais induzidos a peritonite por carragenana sem nenhum pré-tratamento. a, b, c Letras distintas significam diferença significativa entre tratamentos e controle.

O gene TNF-α apresentou variação da expressão relativa sob condições de

tratamento. Os tratamentos com o extrato EA, nas doses de 4 e 20 mg/kg reduziram

a expressão relativa desse gene quando comparados ao controle com carragenana,

enquanto que a dose de 10 mg/kg não foi capaz de causar alteração na sua

transcrição. O extrato EE na concentração de 4 mg/kg inibiu a transcrição de TNF-α,

ao mesmo tempo que não houve variação na expressão nas doses de 10 e 20 mg/kg

do mesmo extrato (Figura 24).

Page 73: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

71

Figura 24: Efeito dos extratos aquoso (EA) e etanólico (EE) na expressão relativa do gene TNF. Camundongos BALB/c foram pré-tratados com os extratos EA e EE nas doses 4, 10 e 20 mg/kg ou dexametasona (0,5 mg/kg) e induzidos a peritonite através da administração de carragenana 1% (i.p). Posteriormente os fígados dos animais foram coletados para análise da expressão por qRT-PCR. Nos gráficos a barra branca representa o grupo de animais controle tratados apenas com solução salina; enquanto que a barra preta corresponde ao grupo de animais induzidos a peritonite por carragenana sem nenhum pré-tratamento. a, b, c Letras distintas significam diferença significativa entre tratamentos e controle.

A citocina IL-6 teve sua expressão alterada com o pré-tratamento dos extratos

EA e EE. Como mostra a figura 25 houve inibição de sua transcrição nas doses de 4

e 20 mg/kg de EA, e em todas as concentrações de EE (4, 10 e 20 mg/kg), sugerindo

que os extratos inibiram a expressão relativa desta citocina quando comparado ao

grupo de animais controle.

Page 74: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

72

Figura 25: Efeito dos extratos aquoso (EA) e etanólico (EE) na expressão relativa de IL-6. Camundongos BALB/c foram pré-tratados com os extratos EA e EE nas doses 4, 10 e 20 mg/kg ou dexametasona (0,5 mg/kg) e induzidos a peritonite através da administração de carragenana 1% (i.p). Posteriormente os fígados dos animais foram coletados para análise da expressão por qRT-PCR. Nos gráficos a barra branca representa o grupo de animais controle tratados apenas com solução salina; enquanto que a barra preta corresponde ao grupo de animais induzidos a peritonite por carragenana sem nenhum pré-tratamento. a, b, c Letras distintas significam diferença significativa entre tratamentos e controle.

A figura 26 ilustra a expressão relativa das citocinas IL-1α (26A) e IL-1β (26B)

após indução de peritonite com carragenana e pré-tratamento com extratos EA e EE.

Observa-se que para a citocina IL-1α o pré-tratamento com o fármaco dexametasona,

com EA e EE nas doses 4 e 20 mg/kg reduziram a expressão relativa desta citocina

em comparação com os animais do grupo controle (Figura 24 A). De modo

semelhante, IL-1β teve sua transcrição reduzida quando os animais foram pré-

tratados com dexa, EA e EE na dose de 20 mg/kg (Figura 26B).

Page 75: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

73

Figura 26: Efeito dos extratos aquoso (EA) e etanólico (EE) na expressão relativa de IL-1α e IL-1β. Camundongos BALB/c foram pré-tratados com os extratos EA e EE nas doses 4, 10 e 20 mg/kg ou dexametasona (0,5 mg/kg) e induzidos a peritonite através da administração de carragenana 1% (i.p). Posteriormente os fígados dos animais foram coletados para análise da expressão por qRT-PCR. Nos gráficos a barra branca representa o grupo de animais controle tratados apenas com solução salina; enquanto que a barra preta corresponde ao grupo de animais induzidos a peritonite por carragenana sem nenhum pré-tratamento. a, b, c Letras distintas significam diferença significativa entre tratamentos e controle.

Page 76: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

74

5 DISCUSSÃO

Plukenetia volubilis é uma espécie que possui valor econômico e nutricional bem

estabelecido (NASCIMENTO et al., 2013; CHIRINOS et al., 2013). Atualmente sua

importância médica vem sendo revelada através da identificação de constituintes

presentes em suas folhas e sementes, que podem ser utilizados com finalidades

terapêuticas no tratamento de doenças, além de servirem como molde para síntese

de novos fármacos sintéticos, uma vez que compostos naturais oriundos de plantas

já são bem caracterizados quanto ao desempenho de atividades farmacológicas

diversas (CHIRINOS et al., 2013; KUMAR et al., 2014). Dados anteriores do nosso

grupo corroboram o potencial farmacológico de P. volubilis, tendo em vista que foi

relatada a presença de uma variedade de fitoquímicos na sua constituição foliar, onde

compostos como terpenos, flavonoides, compostos fenólicos e saponinas, foram

identificados através de análises qualitativas, além da atividade antioxidante e

antiproliferativa dos extratos de folhas, também descritas anteriormente

(NASCIMENTO et al., 2013).

No presente estudo, objetivou-se primeiramente, avaliar a ação dos extratos de

P. volubilis na viabilidade de macrófagos RAW 264.7. Percebeu-se que os compostos

presentes nos extratos induzem aumento da viabilidade celular, já que os resultados

mostraram que houve aumento na redução do MTT nas células tratadas quando

comparadas com o controle. Este aumento da viabilidade celular também foi

observado anteriormente em fibroblastos 3T3 tratados com os mesmos extratos, nas

mesmas concentrações, sugerindo que os metabólitos presentes em P. volubilis

podem agir de alguma forma induzindo a proliferação destas células (NASCIMENTO

et al. 2013).

Juárez-Vázquez (2013) observou que a canferitrina, um flavonoide isolado da

espécie Justicia spicigera (Acanthaceae), induziu a proliferação de macrófagos

murinos RAW em 15% e 23%, nas concentrações de 10 µM e 25 µM, respectivamente,

relatando que este composto possui capacidade imunomoduladora e que desta forma,

é considerado promissor para atuar no sistema imune, podendo configurar uma nova

estratégia para tratamento de doenças infecciosas e até mesmo o câncer. A

canferitrina é uma flavona (kaempferol-3,7-bisrhamnoside) que em outro estudo foi

descrita por seu efeito citotóxico e antitumoral contra células HeLa (ALONSO-

Page 77: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

75

CASTRO et al., 2012), sendo levantada a hipótese pelos autores de que esta atividade

citotóxica pode ser associada ao estímulo do sistema imune. Em um estudo anterior

nosso, foi possível identificar a presença do flavonoide canferol no extrato metanólico

de P. volubilis e os mesmos extratos também apresentaram atividade citotóxica para

linhagem tumoral HeLa, nas concentrações de 100, 250 e 500 µg/mL (NASCIMENTO

et al., 2013), levando-nos a sugerir uma possível relação entre o aumento da

viabilidade celular de macrófagos RAW 264.7 tratados com extratos de P. volubilis e

a presença de flavonoides do tipo flavona, e que esta atividade imunomoduladora em

macrófagos RAW 264.7 pode estar sendo desempenhada pelos mesmos constituintes

flavonoides que apresentaram toxicidade contra célula cancerígena HeLa, sendo

necessários mais estudos para confirmar esta hipótese.

Agentes imunomoduladores de origem natural têm se tornado alvo de estudos,

visto que muitos imunoestimulantes e imunossupressores utilizados na clínica médica,

muitas vezes apresentam sérios efeitos adversos, incluindo citotoxicidade (JANTAN

et al., 2015). A resposta imunológica é dividida basicamente em resposta imune inata

(sistema imune não-específico) e resposta imune adaptativa (sistema imune adquirido

ou específico). Dentro deste contexto, os macrófagos fazem parte da primeira linha

de defesa de um hospedeiro após a barreira epitelial e, portanto, são componentes do

sistema imune inato (JUÁREZ-VÁZQUEZ et al., 2013; JATAN et al., 2015). O fato dos

extratos de P. volubilis agirem induzindo a proliferação de macrófagos RAW 264.7

despertou o interesse em avaliar mediadores inflamatórios produzido por estas

células. Dentre estas moléculas, o óxido nítrico (NO) desempenha importante papel

como sinal, atuando em processos como dilatação de vasos, transmissão neural,

contração cardíaca, diferenciação de células tronco, proliferação celular e na

imunomodulação (LEI et al., 2013).

Das diferentes isoformas que existem, a óxido nítrico induzível (iNOS) é

conhecida por atuar como importante regulador da inflamação e altos níveis desta

molécula pode causar danos ao organismo, desencadeando doenças autoimunes,

como artrite reumatoide, Alzheimer e outras doenças inflamatórias (BUAPOOL et al.,

2013). Os extratos de P. volubilis suprimiram a produção de NO, bem como a

expressão do gene iNOS. A síntese de NO foi determinada através da quantificação

de nitrito, como um indicador de sua produção e a expressão do gene foi mensurada

por qRT-PCR. Estudos anteriores têm indicado que muitos extratos de plantas ou

Page 78: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

76

compostos isolados possuem atividade imunomoduladora por inibir a produção de

NO. Espécies como Phyllanthus debilis (Euprohrbiaceae), Trigonella foenum graecum

(Fabaceae), Pouteria cambodiana (Sapotacea), Tinospora cordifolia

(Menispermaceae), Centella asiática (Apiaceae), Panax ginseng (Araliaceae), e

Picrorhiza scrophulariiflora (Plantaginaceae) foram descritas por desempenharem

algum efeito no sistema imune (BUAPOOL et al., 2013; YUANDANI et al., 2016).

Yuandani e colabodores (2016) em seu estudo mostraram que compostos

isolados da espécie Phyllantus amarus (Euphorbiaceae) inibiram a produção de NO,

da mesma forma que foi observado no presente estudo esta atividade para extratos

de P. volubilis. Em um estudo com a espécie Pluchea indica foi observado que seus

extratos suprimiram o aumento da síntese de nitrito e expressão de iNOS causado

pelo estímulo de células com LPS (BUAPOOL et al., 2013). Além disso, Cho e

colaboradores (2014), ao avaliar os efeitos do extrato metanólico de Euphorbia

cooperi (Euphorbiaceae) em macrófagos RAW 264.7 estimulados com LPS,

verificaram que as células tratadas com os extratos diminuíram significativamente a

produção de NO de maneira dose-dependente, nas concentrações de 5 a 100 µg/mL,

o mesmo resultado foi observado ao avaliar o nível de expressão de iNOS destas

células, que foi reduzido com o tratamento. Corroborando assim o potencial dos

compostos de origem vegetal, especialmente da família Euphorbiaceae, em inibir a

síntese e expressão de NO e desta forma minimizam os danos causados por uma

resposta imunológica exacerbada.

Outro importante mediador inflamatório avaliado neste trabalho foi a enzima

cicloxigenase-2, responsável pela síntese de prostaglandinas e que pode agir em

resposta a NO e iNOS. Além disso, COX-2 é regulada diretamente por NO, que atua

como modulador de sua atividade enzimática (TSATSANIS, 2006). Extratos de P.

volubilis inibiram a expressão de COX-2, especificamente os extratos EH, EC e EA na

concentração de 100 µg/mL. Dados obtidos por outros autores confirmam esta

atividade de inibição de iNOS e COX-2 como promissora na modulação da resposta

inflamatória (BAK et al., 2012). Extratos de folhas de Sauropus androgynus, espécie

pertencente à família Euphorbiaceae, foram relatados no estudo de Selvi e Baska

(2014) por serem eficientes em inibir a produção destes mediadores em macrófagos

estimulados por LPS, da mesma forma que frações obtidas de Croton campestris

Page 79: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

77

(Euphorbiaceae) também inibiram COX-2 e, consequentemente, a produção de

prostaglandinas (MONTEIRO et al., 2014).

Tanto COX-2 como iNOS são regulados pelo fator de transcrição NfΚB, que é

encontrado, normalmente, no citoplasma ligado a proteína inibidora IΚB. Sob

condições estimulantes NfΚB é ativado e translocado para o núcleo, onde se liga ao

DNA e ativa a transcrição de diversos genes que apresentam sítios de ligação para

NfΚB na região promotora (GHOSH; HAYDEN, 2008; HWANG, 2013). Como nossos

resultados demonstraram a inibição da expressão de iNOS e COX-2 pelos extratos de

P. volubilis, decidimos avaliar também a expressão de NfΚB. Os resultados obtidos

mostraram que os extratos EH, EC e EA agem também inibindo NfΚB, e sua

subunidade NfΚB p50. Como já se sabe NfΚB é ativado em resposta a estímulo por

LPS e desta forma sugerimos que os compostos presentes nestes extratos são

capazes de suprimir esta ativação, reduzindo de maneira satisfatória a expressão do

fator de transcrição NfΚB e, consequentemente, dos genes iNOS e COX-2 (HWANG,

2013).

Dados obtidos por outros autores demonstram que a supressão de NfΚB é um

importante mecanismo de regulação de diversas vias metabólicas, particularmente,

aquelas envolvidas na resposta imune e respostas anti-apoptóticas. Estudos com

representantes da família Euphorbiaceae reforçam que essas plantas possuem

inúmeros compostos capazes de regular este fator de transcrição e que, portanto, são

alvos no desenvolvimento de novos fármacos. Um exemplo disto é o composto

Malloapelta B, isolado da espécie Mallotus apelta, que suprime a ativação de NfΚB

por LPS e desta forma regula negativamente os genes ativados por NfΚB, tais como

COX-2 e iNOS (MA et al., 2014). Além disso, outras espécies têm sido relatadas por

atuarem na inibição de NfΚB e de seus genes alvos, como é o caso de Phyllanthus

acidus, para a qual o extrato metanólico suprime a produção de óxido nítrico e COX-

2, além de reduzir os níveis de NfΚB nuclear (HOSSEN et al., 2015). Extratos fenólicos

e lipofílicos da espécie Jatropha platyphylla também são descritos na literatura como

inibidores de iNOS e COX-2 (AMBRIZ-PEREZ et al., 2016). Diante desses dados

sugere-se que os constituintes químicos presentes nos extratos EH, EC e EA de P.

volubilis provavelmente atuam via NfΚB para suprimir a ação de mediadores da

inflamação, como COX-2 e óxido nítrico.

Page 80: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

78

Pesquisas realizadas anteriormente, mostraram que a composição dos extratos

EC e EH se assemelham, onde foi constatada a presença de terpenos em ambos os

extratos. Por outro lado, o extrato EA apresentou compostos fenólicos,

especificamente flavonoides, saponinas e terpenos na sua constituição

(NASCIMENTO et al., 2013). Baseado nestas análises químicas e nos dados obtidos

na pesquisa atual, sugere-se que a atividade de inibição dos mediadores COX-2,

iNOS e do fator de transcrição NfΚB pode ser desempenhada pelos mesmos

compostos que estão presentes nestes três extratos específicos, uma vez que a

resposta na transcrição desses genes ocorreu de modo semelhante para os três

tratamentos.

Ademais, neste trabalho foi avaliada a produção e o nível de expressão de

algumas citocinas, mediadores moleculares que agem em resposta a estímulos

externos atuando na sinalização e regulação da resposta imune inata e adaptativa

(MUNKHOLM et al., 2013; STOW et al., 2013). Muitas das citocinas são induzidas por

LPS presente na membrana externa de bactérias gram-negativas (ROSSOL et al.,

2011), deste modo, optou-se por analisar o perfil das citocinas que são induzidas nos

macrófagos estimulados e tratados com os extratos de P. volubilis.

Primeiramente, foi quantificada a síntese e expressão relativa do fator de

necrose tumoral (TNF-α) das células, já que esta citocina também pode ser regulada

por NfΚB, e deste modo os compostos presentes nos extratos poderiam também atuar

sobre a sua síntese, tendo em vista que houve ação inibitória para este fator de

transcrição e para alguns genes que são regulados por ele, como descrito

anteriormente. No entanto, foi observado um aumento da síntese e expressão de TNF-

α. Diante disto, nós sugerimos que a expressão de TNF-α se deu em resposta a

ativação de outros fatores de transcrição, que não o NfΚB. Sabe-se que esta citocina

possui múltiplos sítios de ligação a diferentes fatores de transcrição, tais como NfΚB,

C/EBPβ e MAPK e, desta forma, os compostos de P. volubilis provavelmente agem

por uma via independente de NfΚB para síntese de TNF-α (NORSEEN et al., 2012;

DUO et al., 2014). Dados de outros estudos corroboram esta hipótese, Duo e

colaboradores (2014) por exemplo, demostraram em seu trabalho que o aumento da

expressão de TNF-α ocorre em resposta a ativação tanto de NfΚB quanto da via

MAPK.

Page 81: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

79

O aumento da expressão de TNF-α observado após tratamento com os extratos

EH, EC e EA pode ser visto como uma propriedade imunoestimuladora de P. volubilis,

sendo uma característica importante para o aumento dos mecanismos de defesa,

principalmente quando se trata de pessoas imunodeprimidas, como é o caso de

pacientes com câncer. Kim et al. (2013) relatam em seu trabalho a atividade

imunoestimuladora do extrato aquoso de folhas de Artemisia princeps, onde foi

observado que macrófagos pré-tratados com os extratos e estimulados com

interferon-γ apresentaram aumento da expressão de óxido nítrico sintase (iNOs) e de

TNF-α, e que este aumento é resultado de uma regulação positiva da expressão de

NfΚB, bem como de um aumento da sua translocação para o núcleo. Além disso,

extratos de Artemisia princeps possuem efeito imunoestimulador em animais

imunodeprimidos, sendo considerados pelos autores do estudo um bom candidato

para utilização como medicamento com efeito estimulador do sistema imune.

Por outro lado, Al Dhaheri et al. (2013) descrevem a indução de TNF-α como um

processo correlacionado com a indução de apoptose em células cancerígenas, pois

neste caso TNF-α atua como receptor para ativação de capsases que levam as células

ao processo de morte. Em estudos anteriores foi relatado que os fitoconstituintes de

P. volubilis possuem atividade antiproliferativa para as linhagens de células

cancerígenas de cólo de útero (HeLa) e câncer de pulmão A549 (NASCIMENTO et

al., 2013). Porém, para linhagem não tumoral de macrófago RAW 246.6 utilizada no

presente estudo, os extratos de P. volubilis não se mostraram citotóxicos e não

induziram morte nestas células, o que nos leva a sugerir que este mecanismo de

aumento de TNF-α não está relacionado com a indução de apoptose e sim com um

mecanismo de estímulo da resposta imunológica.

Deste modo, os dados encontrados na literatura estão de acordo com o

encontrado na presente pesquisa, com isso, podemos sugerir que os constituintes

fitoquímicos da família Euphorbiaceae atuam de maneira eficiente na modulação de

mediadores do processo de inflamação, minimizando a resposta inflamatória e desta

forma, sendo alvos para desenvolvimento de novos medicamentos para doenças

inflamatórias e/ou autoimunes.

Outro ponto analisado nesta pesquisa, foi o nível de expressão e síntese de

citocinas pró-inflamatórias, tais como interleucina-6, Interleucina-1α e Interleucina-1β,

Page 82: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

80

reguladas por NfΚB e com funções semelhantes a TNF-α, motivos pelos quais foram

selecionadas para este estudo. Nossos dados apontam para uma possível

modificação pós-transcricional paras estas citocinas, tendo em vista que houve um

aumento na sua síntese, ao mesmo tempo em que a expressão gênica apresentou-

se semelhante ao controle (EE e EM) ou reduzida pelo tratamento (EH, EC e EA).

Todavia, é importante destacar que em algumas situações observamos valores muito

altos para quantificação de algumas citocinas, em TNF-α por exemplo os valores

extrapolaram a curva utilizada como padrão, reafimando a necessidade de otimização

na sua quantificação para uma melhor correlação com os dados de expressão relativa.

No entanto, Louis e Bohjanen (2016) descrevem as citocinas como importantes

mediadores de comunicação célula-célula que controlam uma variedade de atividades

celulares, como por exemplo o processo de inflamação. Sendo assim, por

desempenhar papel crucial, as vias de sinalização que controlam a síntese de

citocinas devem ser finamente reguladas através de múltiplos mecanismos, tais como

modificações transcricionais e pós-transcricionais, incluindo estabilização do RNAm

(FALVO et al., 2013; LOUIS; BOHJANEN, 2016).

Ainda de acordo com Louis e Bohjanen (2016) algumas proteínas são capazes

de se ligar às regiões nos transcritos, e deste modo agem recrutando dealinases que

promovem a degradação do RNAm. Contudo, em condições de estímulos por LPS,

células ativam a fosforilação destas proteínas por via das MAPK, impedindo assim o

recrutamento de enzimas que degradem os transcritos e promovendo uma maior

síntese de mediadores inflamatórios, tais como IL-1β e IL-6. Neste caso, sugere-se

que o estímulo por LPS nos macrófagos RAW 264.7 e o tratamento com extratos de

P. volubilis podem ter atuado diretamente sobre proteínas que provocam uma maior

estabilização dos RNAm que codificam as citocinas IL-1β e IL-6, e que isto tenha

promovido um aumento na síntese destas interleucinas, embora tenha sido observado

inibição da expressão relativa destes genes após exposição aos extratos.

A etapa seguinte no presente estudo foi avaliar a atividade anti-inflamatória dos

extratos em condições in vivo, para isto camundongos BALB/C foram utilizados com

o intuito de verificar se a atividade imunomoduladora dos extratos de P. volubilis

apresentada in vitro se repetia nos modelos animais. Para tal, selecionamos os

extratos aquoso (EA) e etanólico (EE). O primeiro foi selecionado tendo como base os

resultados obtidos nos testes in vitro, onde as atividades foram bastante similares aos

Page 83: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

81

extratos EC e EH, o que nos leva a sugerir que provavelmente os compostos

presentes nestes três extratos agem por mecanismo de ação também semelhante.

Além disso, a extração com água é o método mais utilizado pela população quando

se trata do uso de plantas medicinais para cuidados primários com a saúde,

geralmente obtidos a partir da preparação de chás, sendo, portanto, seu estudo de

grande importância para a etnobotânica.

Por outro lado, o extrato etanólico (EE) mostrou-se menos efetivo nos ensaios

anteriores, da mesma forma que o extrato metanólico (EM), se comportando de

maneira contrária aos extratos EA, EC e EH, por este motivo optamos por avaliar sua

atividade in vivo afim de verificar se o mesmo apresenta atividade in vivo por uma via

diferente de EA.

De acordo com Martel e colaboradores (2017) a escolha do solvente para

extração de compostos naturais de plantas e cogumelos, interfere diretamente no

resultado de uma atividade, como na modulação da inflamação, por exemplo.

Diversas pesquisas demonstram que o extrato aquoso e etanólico de uma mesma

planta ou mesmo cogumelo, ativam respostas imunológicas diferentes em células e

animais, indicando que o extrato aquoso geralmente ativa a resposta imunológica,

enquanto que o extrato etanólico inibe a atividade imune (HESHAM A. EL E.; RAJNI

HATTI-KAUL, 2013; LU et al., 2016). Tal fato, parece ser devido a diferença de

solubilidade dos principios ativos encontrados nesses extratos, sendo os compostos

como anticianinas, glicoproteínas, lectinas, polissacarídeos, proteínas/peptídeos,

saponinas e taninos mais encontratos em extrações aquosas, enquanto que nas

extrações com etanol é mais comum encontrarmos os fitoquímicos alcaloides,

flavonoides, lignanas, polifenóis, taninos, terpenoides e esteróis (ILOKI et al., 2015;

JOANA GIL-CHÁVEZ et al., 2013; XU et al., 2017; MARTEL et al., 2017). Desse modo,

a escolha dos extratos EE e EA para prosseguimento das análises fundamentou-se

na busca por propriedades distintas, uma vez que os mesmos se comportaram de

modo diversificados nas análises anteriores.

Estudos anteriores reforçam os resultados encontrados nesta pesquisa, onde

outras plantas pertencentes a família Euphorbiaceae apresentaram propriedades

semelhantes quanto à capacidade de inibição da migração leucocitária. Borges e

colaboradores (2013) por exemplo, relataram em seu estudo que o pré tratamento

Page 84: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

82

com extrato etanólico de Synadenium umbellatum Pax. nas concentrações de 25, 50

e 100 mg/kg reduziu de maneira dose-dependente a migração de leucócitos para

cavidade peritoneal de camundongos induzidos a peritonite por carragenana. Neste

trabalho foi observada uma redução de 21,9%, 36% e 53%, respectivamente,

enquanto que o tratamento com fármaco de referência dexametasona inibiu a

migração em 66,7%, demonstrando que os nossos resultados são promissores, uma

vez que foram utilizadas doses menores com capacidade inibitória bastante

semelhante ao fármaco dexametasona.

Adicionalmente Fabri e colaboradores (2013) relataram em seu estudo a eficácia

do extrato metanólico de Mitracarpus frigidus (Euphorbiaceae) em inibir o

recrutamento de leucócitos para cavidade peritoneal de camundongos induzidos a

peritonite por injeção intraperitoneal de carragenana. O extrato metanólico de

Mitracarpus frigidus (Euphorbiaceae) foi administrado nas doses de 200 e 300 mg/kg,

e inibiu a migração de leucócitos em 78,8% e 83,5%, respectivamente. Sendo,

portanto, estes resultados considerados pelos autores como um dos indicadores de

atividade anti-inflamatória da espécie Mitracarpus frigidus, que provavelmente atua via

inibição da quimiotaxia entre os leucócitos e mediadores pró inflamatórios (FABRI et

al., 2013).

Diversos estudos comprovam que a atividade de modulação do sistema imune

por produtos naturais de origem vegetal é atribuída principalmente aos metabólitos

intermediários presentes nas plantas (JANTAN; AHMAD; BUKHARI, 2015). As

análises fitoquímica de extratos de P. volubilis revelaram que esta planta possui em

sua composição compostos fenólicos, dentre eles os flavonoides, além de análises

anteriores terem demonstrado a presença de terpenos e saponinas (NASCIMENTO

et al., 2013). Yilma e colaboradores (2013) relataram em seu estudo o potencial anti-

inflamatório do flavonoide naringenina em macrófagos infectados com Chlamydia

trachomatis. Na pesquisa os autores verificaram que o tratamento com naringenina

reduziu de maneira satisfatória a produção de citocinas como IL6, TNF, IL10, IL12, IL-

1α e IL-1𝛽 tanto em macrófagos infectados diretamente com a bactéria, como em

macrófagos estimulados com LPS. Do mesmo modo, o flavonoide apigenina foi

relatado por Wang e colaboradores (2014) possuir um efeito anti-inflamatório em

camundongos induzidos a injúria de pulmão por LPS. Os autores sugerem que a

Page 85: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

83

atividade anti-inflamatória da apigenina está relacionada com a inibição da expressão

de COX-2 e NfκB (WANG et al., 2014).

Dentro desta perspectiva, nota-se que P. volubilis possui características que a

torna uma excelente alternativa para o futuro isolamento de compostos fitoquímicos

que possam ser utilizados no tratamento ou como adjuvante dos tratamentos atuais

para doenças de caráter inflamatório.

Page 86: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

84

6 CONCLUSÃO

Com base nesta pesquisa, conclui-se que os compostos de P. Volubilis,

especificamente aqueles presentes nos extratos EH, EC e EA atuam modulando a

resposta imunológica de macrófagos. O mecanismo de ação (figura 27)

provavelmente ocorre pela supressão da ação de LPS nas células, via inibição de

NfΚB, além de atuar por uma via independente ativando a resposta imune através do

aumento da síntese de TNF-α. Além disso, os extratos EE e EA inibem a migração de

leucócitos em camundongos BALB/C com peritonite induzida por carragenana,

indicando que os compostos presentes nas folhas desta planta possuem capacidade

de reduzir o processo inflamatório local. A expressão dos mediadores inflamatórios no

fígado dos camundongos induzidos a peritonite necessita de otimizações quanto ao

tempo de exposição aos tratamentos para uma melhor confirmaçao dos resultados

encontrados in vitro.

A figura 27 representa um modelo proposto para o possível mecanismo de ação

dos compostos presentes nos extratos de P. volubilis na modulação da inflamação.

Sugere-se que tais compostos atuam induzindo a produção de mediadores da

inflamação, os quais induzem a ativação de fenômenos alterativos e resolutivos,

promovendo a cura e cicatrização, e impedindo, dessa maneira a ocorrência de

inflamação crônica ocasionada por uma resposta prolongada e persistente. Deste

modo, os dados recolhidos até o momento tornam esta planta uma fonte promissora

para futura caracterização e isolamento de um produto natural que pode ser usado no

desenvolvimento de novos fármacos imunomoduladores.

Page 87: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

85

Figura 27: Modelo proposto para o mecanismo de ação dos extratos de Plukenetia volubilis. Os extratos EA, EC e EH provavelmente agem via inibição do fator de transcrição NfKB, inibindo também iNOS e COX-2. Enquanto que uma via independente ativa a expressão de TNF-α.

Page 88: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

86

REFERÊNCIAS

ABBAS, A. K.; LICHTMAN, A. H. Imunologia básica. Elsevier Brasil, 2007.

AL DHAHERI, Y. et al. Mitotic Arrest and Apoptosis in Breast Cancer Cells Induced by Origanum majorana Extract: Upregulation of TNF-α and Downregulation of Survivin and Mutant p53. PLoS ONE, v. 8, n. 2, p. 1–14, 2013.

ALICE GRIGORE. Plant Phenolic Compounds as Immunomodulatory Plant Phenolic Compounds as Immunomodulatory Agents. World’s largest Science, Technology & Medicine Open Access book publisher, p. 75–100, 2013.

ALONSO-CASTRO, A. J. et al. Antitumor and immunomodulatory effects of Justicia spicigera Schltdl (Acanthaceae). Journal of ethnopharmacology, v. 141, n. 3, p. 888–94, 2012.

AL-SNAFI, A. E. Medicinal plants with antimicrobial activities (part 2): Plant based review. Scholars Academic Journal of Pharmacy, v. 5, n. 6, p. 142–158, 2016.

AMBRIZ-PÉREZ, D. L. et al. Protective Role of Flavonoids and Lipophilic Compounds from Jatropha platyphylla on the Suppression of Lipopolysaccharide (LPS) - Induced Inflammation in Macrophage Cells. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 64, n. 9, p. 1899–1909, 2016.

ARIEL, A. et al. Macrophages in inflammation and its resolution. Frontiers in Immunology, v. 3, n. NOV, p. 2–3, 2012.

ARTHUR, J. S. C.; LEY, S. C. Mitogen-activated protein kinases in innate immunity. Nature Reviews Immunology, v. 13, n. 9, p. 679–692, 2013.

ASHLEY, N. T.; WEIL, Z. M.; NELSON, R. J. Inflammation: Mechanisms, Costs, and Natural Variation. Annual Review of Ecology, Evolution, and Systematics, v. 43, n. 1, p. 385–406, 2012.

ATANASOV, A. G. et al. Discovery and resupply of pharmacologically active plant-derived natural products: A review. Biotechnology Advances, v. 33, n. 8, p. 1582–1614, 2015.

BAK, M. J., HONG, S. G., LEE, J. W., & JEONG, W. S. Red ginseng marc oil inhibits iNOS and COX-2 via NfΚB and p38 pathways in LPS-stimulated RAW 264.7 macrophages. Molecules. 17(12), 13769–13786, 2012.

Page 89: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

87

BOGDAN, C. Nitric oxide synthase in innate and adaptive immunity: An update. Trends in Immunology, v. 36, n. 3, p. 161–178, 2015.

BORDIGNON, S. R.; AMBROSANO, G. M.; RODRIGUES, P. H. V. Propagação in vitro de Sacha inchi. Ciência Rural, Santa Maria, v. 42, n. 7, p. 1168–1172, 2012.

BORGES, R. et al. Antinociceptive and Anti-Inflammatory Activities of the Ethanolic Extract from Synadenium umbellatum Pax. (Euphorbiaceae ) Leaves and Its Fractions. Evidence-Based Complementary and Alternative Medicine, v. 2013, 2013.

BORSINI, A. et al. The role of inflammatory cytokines as key modulators of neurogenesis. Trends in Neurosciences, v. 38, n. 3, p. 145–157, 2015.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira / Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Brasília: Anvisa, 2011.

BRASIL. Ministério da Saúde. Resolução da diretoria colegiada-RDC nº 10 , de 11 de Março. 2014.

BROCKER, C. et al. Evolutionary divergence and functions of the human interleukin (IL) gene family. Human genomics, v. 5, n. 1, p. 30–55, 2010.

BRÜNE, B. et al. Redox control of inflammation in macrophages. Antioxidants & redox signaling, v. 19, n. 6, p. 595–637, 2013.

BRUNE; PATRIGNANI, P. New insights into the use of currently available non-steroidal anti-inflammatory drugs. Journal of Pain Research, v. 8, p. 105, 2015.

BUAPOOL, D., MONGKOL, N., CHANTIMAL, J., ROYTRAKUL, S., SRISOOK, E.; SRISOOK, K. Molecular mechanism of anti-inflammatory activity of Pluchea indica leaves in macrophages RAW 264.7 and its action in animal models of inflammation. Journal of Ethnopharmacology, 146(2), 495–504, 2013.

CHIRINOS, R. et al. Comparison of the physico-chemical and phytochemical characteristics of the oil of two Plukenetia species. Food Chemistry, v. 173, p. 1203–1206, 2015.

CHIRINOS, R. et al. Sacha inchi (Plukenetia volubilis): A seed source of polyunsaturated fatty acids, tocopherols, phytosterols, phenolic compounds and antioxidant capacity. Food Chemistry, v. 141, n. 3, p. 1732–1739, 2013.

Page 90: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

88

CHO, Y.; LEE, I.; SEO, H.; JU, A.; YOUN, D.; KIM, Y.; CHOUN, J.; CHO, S. Methanol extracts of Euphorbia cooperi inhibit the production of inflammatory mediators by inhibiting the activation of c - Jun N - terminal kinase and p38 in murine macrophages. Molecular Medicine Reports. p. 2663–2668, 2014.

CILLA, A. et al. Dietary phytochemicals in the protection against oxysterol-induced damage. Chemistry and physics of lipids, 2017.

CRAGG, G. M.; NEWMAN, D. J. Natural products: A continuing source of novel drug leads. Biochimica et Biophysica Acta - General Subjects, v. 1830, n. 6, p. 3670–3695, 2013.

DAVID, B.; WOLFENDER, J.-L.; DIAS, D. A. The pharmaceutical industry and natural products: historical status and new trends. Phytochemistry Reviews, v. 14, n. 2, p. 299–315, 2014.

DO PRADO, I. M. et al. Phase equilibrium measurements of sacha inchi oil (Plukenetia volubilis) and CO2 at high pressures. JAOCS, Journal of the American Oil Chemists’ Society, v. 88, n. 8, p. 1263–1269, 2011.

DUO, C.-C., GONG, F.-Y., HE, X.-Y., LI, Y.-M., WANG, J., ZHANG, J.-P., & GAO, X.-M. Soluble Calreticulin Induces Tumor Necrosis Factor-α (TNF-α) and Interleukin (IL)-6 Production by Macrophages through Mitogen-Activated Protein Kinase (MAPK) and NFκB Signaling Pathways. International Journal of Molecular Sciences, 15(2), 2916–2928, 2014.

DUQUE, G. A.; DESCOTEAUX, A. Macrophage cytokines: Involvement in immunity and infectious diseases. Frontiers in Immunology, v. 5, p. 1–12, 2014.

ELDIN, S.; DULFORD, A. Fitoterapia na atenção primária à saúde. São Paulo: ABBA Produção Editorial Ltda, 2001.

FABRI, R. L. et al. Anti-inflammatory and antioxidative effects of the methanolic extract of the aerial parts of Mitracarpus frigidus in established animal models. Journal of Pharmacy and Pharmacology, v. 66, n. 5, p. 722–732, 2014.

FALVO, J. V.; JASENOSKY, L. D.; KRUIDENIER, L.; GOLDFELD, A. E. Epigenetic Control of Cytokine Gene Expression: Regulation of the TNF/LT Locus and T Helper Cell Differentiation. Advances in Immunology, 118 (37), 37-128, 2014.

FILHO, G. B. Bogliolo Patologia. 8a ed. Rio de Janeito: Guanabara Koogan, 2011.

Page 91: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

89

FOLLEGATTI-ROMERO, L. A. et al. Supercritical CO2 extraction of omega-3 rich oil from Sacha inchi (Plukenetia volubilis L.) seeds. The Journal of Supercritical Fluids, v. 49, n. 3, p. 323–329, jul. 2009.

GAMBINI, J. et al. Properties of Resveratrol: In Vitro and In Vivo Studies about Metabolism, Bioavailability, and Biological Effects in Animal Models and Humans. Oxidative Medicine and Cellular Longevity, v. 2015, 2015.

GARCÍA-LAFUENTE, A. et al. Flavonoids as anti-inflammatory agents: Implications in cancer and cardiovascular disease. Inflammation Research, v. 58, n. 9, p. 537–552, 2009.

GARLANDA, C.; DINARELLO, C. A.; MANTOVANI, A. The Interleukin-1 Family: Back to the Future.Cell Press, v. 39, n. 6, p. 1003–1018, 2013.

GHAFOURIAN BOROUJERDNIA, M. et al. Augmentation of lymphocytes activation and T cell modulation by the extracts from some Euphorbia species. Pharmaceutical Biology, v. 52, n. 11, p. 1471–1477, 2014.

GHOSH, S.; HAYDEN, M. S. New regulators of NF-kappaB in inflammation. Nature reviews. Immunology, v. 8, n. 11, p. 837–848, 2008.

GONSALVES, P. E et al. Medicinas Alternativas: Tratamentos não-convencionais. 3ª Ed. São Paulo: IBRASA – Instituição Brasileira de Difusão Cultural, 1999.

GONZALEZ-ASPAJO, G. et al. Sacha Inchi Oil (Plukenetia volubilis L.), effect on adherence of Staphylococus aureus to human skin explant and keratinocytes in vitro. Journal of Ethnopharmacology, v. 171, p. 330–334, 2015.

GONZÁLEZ-CASTEJÓN, M.; RODRIGUEZ-CASADO, A. Dietary phytochemicals and their potential effects on obesity: A review. Pharmacological Research, v. 64, n. 5, p. 438–455, 2011.

GUILLÉN, M. D. et al. Characterization of Sacha Inchi (Plukenetia volubilis L.) Oil by FTIR Spectroscopy and 1H NMR. Comparison with Linseed Oil. Journal of the American Oil Chemists’ Society, v. 80, n. JULY, 2003.

HAMAKER, B. R. et al. 1992 - Amino Acid and Fatty Acid Profiles of the Inca Peanut Sacha Inchi. Cereal Chemistry, v. 69, n. 4, p. 461–463, 1992.

Page 92: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

90

HARVEY, A. L.; EDRADA-EBEL, R.; QUINN, R. J. The re-emergence of natural products for drug discovery in the genomics era. Nature Reviews Drug Discovery, v. 14, n. 2, p. 111–129, 2015.

HAYDEN, M. S.; GHOSH, S. Regulation of NF-κB by TNF family cytokines. Seminars in Immunology, v. 26, n. 3, p. 253–266, 2014.

HESHAM A. EL E.; RAJNI HATTI-KAUL. Mushroom immunomodulators: unique molecules with unlimited applications. Trends in Biotechnology, v. 31, p 668-677, 2013.

HOLLMAN, P. C. H. et al. The Biological Relevance of Direct Antioxidant Effects of Polyphenols for Cardiovascular Health in Humans Is Not Established. The Journal of Nutrition, p. 989–1009, 2011.

HOSSEN, M. J. et al. In vitro and in vivo anti-inflammatory activity of Phyllanthus acidus methanolic extract. Journal of Ethnopharmacology, v. 168, p. 217–228, 2015.

HUAMÁN, J. et al. Efecto de la Plukenetia volubilis Linneo (sacha inchi) en la trigliceridemia posprandial. Anales de la Facultad de Medicina, v. 69, n. 4, p. 263–266, 2008.

HWANG, Y. J. et al. NF-κB-targeted anti-inflammatory activity of Prunella vulgaris var. lilacina in macrophages RAW 264.7. International Journal of Molecular Sciences, v. 14, n. 11, p. 21489–21503, 2013.

IASMINE, A. B. DOS S. A. et al. Chemical composition, antioxidant and topical anti-inflammatory activities of Croton cordiifolius Baill. (Euphorbiaceae). Journal of Medicinal Plants Research, v. 11, n. 2, p. 22–33, 2017.

ILOKI-ASSANGA, S. B. et al. Solvent effects on phytochemical constituent profiles and antioxidant activities, using four different extraction formulations for analysis of Bucida buceras L. and Phoradendron californicum. BMC Research Notes, v. 8, n. 1, p. 396, 2015.

IWASAKI, A.; MEDZHITOV, R. Regulation of adaptive immunity by the innate immune system. Science (New York, N.Y.), v. 327, n. 5963, p. 291–295, 2010.

JANTAN, I.; AHMAD, W.; BUKHARI, S. N. A. Plant-derived immunomodulators: an insight on their preclinical evaluation and clinical trials. Frontiers in Plant Science, v. 6, n. August, p. 1–18, 2015.

Page 93: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

91

JOANA GIL-CHÁVEZ, G. et al. Technologies for Extraction and Production of Bioactive Compounds to be Used as Nutraceuticals and Food Ingredients: An Overview. Comprehensive Reviews in Food Science and Food Safety, v. 12, n. 1, p. 5–23, 2013.

JUÁREZ-VÁZQUEZ, M. D. C; JOSABAD ALONSO-CASTRO, A.; GARCÍA-CARRANCÁ, A. Kaempferitrin induces immunostimulatory effects in vitro. Journal of Ethnopharmacology, v. 148, n. 1, p. 337–340, 2013.

KABIR, M. U. et al. Metabolic engineering of functional phytochemicals. International Food Research Journal, v. 20, n. 1, p. 35–41, 2013.

KARIN, M.; CLEVERS, H. Reparative inflammation takes charge of tissue regeneration. Nature, v. 529, n. 7586, p. 307–315, 2016.

KENNETH J. WURDACK, PETRA HOFFMANN, A. M. W. C. Molecular phylogenetic analysis of uniovulate euphorbiaceae (euphorbiaceae sensu stricto) using plastid RBCL and TRNL-F DNA sequences. American Journal of Botany, v. 92, n. 8, p. 1397–1420, 2005.

KIM, T. H., LEE, S. J., RIM, H. K., SHIN, J. S., JUNG, J. Y., HEO, J. S., LEE, K. T. In vitro and in vivo immunostimulatory effects of hot water extracts from the leaves of Artemisia princeps Pampanini cv. Sajabal. Journal of Ethnopharmacology, 149(1), 254–262. 2013.

KINGHORN, A. D. et al. The classical drug discovery approach to defining bioactive constituents of botanicals. Fitoterapia, v. 82, n. 1, p. 71–79, 2011.

KOEBERLE, A.; WERZ, O. Multi-target approach for natural products in inflammation. Drug Discovery Today, v. 19, n. 12, p. 1871–1882, 2015.

KOH, T. J.; DIPIETRO, L. A. Inflammation and wound healing: the role of the macrophage. Expert Reviews in Molecular Medicine, v. 13, n. 2008, p. e23, 2011.

KOTECHA, R.; TAKAMI, A.; ESPINOZA, J. L. Dietary phytochemicals and cancer chemoprevention: a review of the clinical evidence. Oncotarget; Advance Online Publications: Page 2, v. 7, n. 32, p. 52517–52529, 2016.

KOTHALE, K. V; ROTHE, S. P.; PAWADE, P. N. Phytochemical screening of some Euphorbiaceae members. Journal of Phytology, v. 3, n. 12, p. 60–62, 2011.

Page 94: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

92

KUMAR, B. et al. Sacha inchi (Plukenetia volubilis L.) oil for one pot synthesis of silver nanocatalyst: An ecofriendly approach. Industrial Crops and Products, v. 58, p. 238–243, 2014.

KUMAR, V.; ABBAS, A. K.; ASTER, J. C. Robbins patologia básica. Elsevier Brasil, 2013.

LAHLOU, M. The Success of Natural Products in Drug Discovery. Pharmacology & Pharmacy, v. 4, n. June, p. 17–31, 2013.

LANDSKRON, G. et al. Chronic Inflammation and Cytokines in the Tumor Microenvironment. J Immunol Res, v. 2014:14918, 2014.

LEI, J. et al. Nitric oxide, a protective molecule in the cardiovascular system. Nitric Oxide - Biology and Chemistry, v. 35, p. 175–185, 2013.

LI, H.; HORKE, S.; FÖRSTERMANN, U. Vascular oxidative stress, nitric oxide and atherosclerosis. Atherosclerosis, v. 237, n. 1, p. 208–219, 2014.

LIMA, M. C. J. S. Análise fitoquímica e avaliação das atividades anti-inflamatória, antipeçonhenta e citotóxica de extratos aquosos de Aspidosperma pyrifolium e Ipomoea asarifolia. 2015. Tese (Doutorado em Bioquímica), Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal. 2015.

LO FARO, M. L. et al. Hydrogen sulfide and nitric oxide interactions in inflammation. Nitric Oxide - Biology and Chemistry, v. 41, p. 38–47, 2014.

LOUIS, I. V.-S.; BOHJANEN, P. R. Post-transcriptional Mechanisms in Endocrine Regulation. Springer International Publishing Switzerland, p. 55–70, 2016.

LU, C.-C. et al. Immunomodulatory properties of medicinal mushrooms: differential effects of water and ethanol extracts on NK cell-mediated cytotoxicity. Innate Immunity, v. 22, n. 7, p. 522–533, 2016.

MA, J.; SHi, H.; MI, C.; LI, H. L.; LEE, J. J.; JIM, X. Malloapelta B suppresses LPS-induced NF-κB activation and NF-κB-regulated target gene products. International Immunopharmacology, 2014.

MAIONE, F. et al. Medicinal plants with anti-inflammatory activities. Natural Product Research, n. August 2015, p. 1–10, 2015.

Page 95: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

93

MARTEL, J. et al. Immunomodulatory Properties of Plants and Mushrooms. Trends in Pharmacological Sciences, v. xx, p. 1–15, 2017.

MARTINEZ, F. O.; GORDON, S. The M1 and M2 paradigm of macrophage activation: time for reassessment. F1000Prime Reports, v. 6, n. March, p. 1–13, 2014.

MEDZHITOV, R. Origin and physiological roles of inflammation. Nature, v. 454, n. 7203, p. 428–435, 2008.

MONTEIRO, P; VENDRAMINI-COSTA, D; RUIZ, AL; FOGLIO, MA; CARVALHO, JE. Antiproliferative and anti-inflammatory activity of fraction containing terpenes from Croton campestris A. St.-Hil. (Euphorbiaceae). Planta Medica, Nov, Vol.80(16), pp.1531-1531, 2014.

MOSSALAYI, M. D. et al. Grape polyphenols and propolis mixture inhibits inflammatory mediator release from human leukocytes and reduces clinical scores in experimental arthritis. Phytomedicine, v. 21, n. 3, p. 290–297, 2014.

MUKHERJEE, P. K. et al. Immunomodulatory leads from medicinal plants. Indian Journal of Traditional Knowledge, v. 13, n. 2, p. 235–256, 2014.

MUNKHOLM, K.; VINBERG, M.; VEDEL KESSING, L. Cytokines in bipolar disorder: A systematic review and meta-analysis. Journal of Affective Disorders, 144(1-2), 16–27, 2013.

MURRAY, R. Z.; STOW, J. L. Cytokine secretion in macrophages: SNAREs, Rabs, and membrane trafficking. Frontiers in Immunology, v. 5, p. 1–9, 2014.

MWINE, T. J.; VAN DAMME, P. Why do Euphorbiaceae tick as medicinal plants?: a review of Euphorbiaceae family and its medicinal features. Journal of Medicinal Plants Research, v. 5, n. 5, p. 652–662, 2011.

NASCIMENTO, A. K. L. et al. Antioxidant and antiproliferative activities of leaf extracts from Plukenetia volubilis Linneo (Euphorbiaceae). Evidence-based Complementary and Alternative Medicine, p. 1- 10, 2013.

NEMUDZIVHADI, V.; MASOKO, P. In Vitro Assessment of Cytotoxicity, Antioxidant , and Anti-Inflammatory Activities of Ricinus communis ( Euphorbiaceae ) Leaf Extracts. Evidence-Based Complementary and Alternative Medicine, v. 2014, 2014.

NEURATH, M. F.; ABSTRACT. Cytokines in inflammatory bowel disease. World Journal of Surgery, v. 22, n. 4, p. 382–389, 2014.

Page 96: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

94

NORSEEN, J., HOSOOKA, T., HAMMARSTEDT, A., YORE, M. M., KANT, S., ARYAL, P., KAHN, B. B. Retinol-Binding Protein 4 Inhibits Insulin Signaling in Adipocytes by Inducing Proinflammatory Cytokines in Macrophages through a c-Jun N-Terminal Kinase- and Toll-Like Receptor 4-Dependent and Retinol-Independent Mechanism. Molecular and Cellular Biology, 32(10), 2010–2019, 2012.

NOURSHARGH, S.; ALON, R. Leukocyte Migration into Inflamed Tissues. Immunity, v. 41, n. 5, p. 694–707, 2014.

PILLAI, Shiv; ABBAS, Abul K.; LICHTMAN, Andrew H. H. Imunologia celular e molecular. Elsevier Brasil, 2015.

PROFOUND – ADVISERS IN DEVELOPMENT. Market Brief for Sacha Inchi – An introduction to the European market for Peruvian exporters. Disponível em: www.ThisIsProFound.com. Acesso em: 2012.

RODRIGUES, A. S. As tribos Dalechampieae müll. Arg. E Manihoteae melchior (euphorbiaceae) no distrito federal. 2007. Dissertação (Mestrado em Botânica), Instituto de Biologia – Universidade de Brasília. 2007.

ROSSOL, M., HEINE, H., MEUSCH, U., QUANDT, D., KLEIN, C., SWEET, M. J., & HAUSCHILDT, S. LPS-induced Cytokine Production in Human Monocytes and Macrophages. Critical ReviewsTM in Immunology, 31(5), 379–446, 2011.

RUBIO-PEREZ, J. M.; MORILLAS-RUIZ, J. M. A Review: Inflammatory Process in Alzheimer’s Disease, role of Cytokines. The Scientific World Journal, v. 2012, p. 1–15, 2012.

SCALBERT, A. et al. Dietary Polyphenols and the Prevention of Diseases. Critical Reviews in Food Science and Nutrition, v. 45, n. 4, p. 287–306, 2005.

SCHNEIDER, M. J.; ABDEL-AZIZ, H.; EFFERTH, T. Phytochemicals for the treatment of inflammatory bowel diseases. Phytochemistry Reviews, p. 1–14, 2013.

SELVI, V. S.; BASKAR, A. Attenuation of Cyclooxygenase and Induced Nitric Oxide Synthase and Antioxidant Properties by Sauropus androgynus (L) Merr . Plant Leaves. World Journal of Medical Sciences, v. 11, n. 3, p. 334–341, 2014.

SERAFINI, M.; PELUSO, I.; RAGUZZINI, A. Flavonoids as anti-inflammatory agents. Proceedings of the Nutrition Society, v. 69, n. 3, p. 273–278, 2010.

Page 97: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

95

SERASANAMBATI, M.; CHILAKAPATI, S. R. Function of Nuclear Factor Kappa B (NF-kB) in Human Diseases-A Review. South Indian Journal of Biological Sciences, v. 2, n. 4, p. 368, 2016.

SHARMA, S. H.; THULASINGAM, S.; NAGARAJAN, S. Terpenoids as anti-colon cancer agents - A comprehensive review on its mechanistic perspectives. European Journal of Pharmacology, v. 795, p. 169–178, 2017.

SHASHANK, K.; ABHAY, K. Review Article Chemistry and Biological Activities of Flavonoids: An Overview. The Scientif World J, v. 4, n. 2, p. 32–48, 2013.

SILVA, J. F.; SOARES, L. A. L.; PEDROSA, M. DE F. F. Systemic and Local Anti-Inflammatory Activity of Aqueous Leaf Extract From Jatropha Gossypiifolia L. International Journal of Pharmacy and Pharmaceutical Sciences, v. 6, n. June 2015, p. 4–7, 2014.

STANIEK, A. et al. Natural products – Learning chemistry from plants. Biotechnology Journal, v. 8, n. 3, p 326-336, 2014.

STOW, J. L. et al. Cytokine secretion in macrophages and other cells: Pathways and mediators. Immunobiology, v. 214, n. 7, p. 601–612, 2009.

STOW, J. L.; MURRAY, R. Z. Intracellular trafficking and secretion of inflammatory cytokines. Cytokine & Growth Factor Reviews, 24(3), 227–39, 2013.

SULTANA, N.; SAIFY, Z. S. Naturally Occurring and Synthetic Agents as Potential Anti-Inflammatory and Immunomodulants. Anti-Inflammatory & Anti-Allergy Agents in Medicinal Chemistry, v. 11, n. 1, p. 3–19, 2012.

THOLL, D. Biosynthesis and Biological Functions of Terpenoids in Plants. Advances in biochemical engineering/biotechnology, 2015.

TOKUOKA, T. Molecular phylogenetic analysis of Euphorbiaceae sensu stricto based on plastid and nuclear DNA sequences and ovule and seed character evolution. Journal of Plant Research, v. 120, n. 4, p. 511–522, 2007.

TSATSANIS, C. et al. Signalling networks regulating cyclooxygenase-2. International Journal of Biochemistry and Cell Biology, v. 38, n. 10, p. 1654–1661, 2006.

TUONG, W.; WALKER, L.; SIVAMANI, R. K. Novel Use of Terpenoids for Treatment of Dermatologic Diseases: A Systematic Review of Clinical Trials. The Journal of Alternative and Complementary Medicine, v. 21, n. 5, p. 261–268, 2015.

Page 98: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

96

UPADHYAY, A. et al. Anti-inflammatory Effect of Euphorbia hirta Leaf Extract in Rats and Modulation of Inflammation-Associated Prostaglandins (PGE-2) and Nitric Oxide (NO) Expression in RAW264.7 Macrophage. Journal of Pharmaceutical Sciences and Pharmacology, v. 1, n. 1, p. 68–73, 2014.

VARMAN, A. M. et al. Metabolic engineering of functional phytochemicals. International Food Research Journal, v. 20, n. 1, p. 1805–18011, 2013.

VIVIER, E. et al. Innate or adaptive immunity? The example of natural killer cells. Science, v. 331, n. January, p. 44–49, 2011.

WANG, J. et al. Anti-Inflammatory Effects of Apigenin in Lipopolysaccharide-Induced Inflammatory in Acute Lung Injury by Suppressing COX-2 and NF-kB Pathway. Inflammation, v. 37, n. 6, p. 2085–2090, 2014.

WANG, Q. et al. Naturally derived anti-inflammatory compounds from Chinese medicinal plants. Journal of Ethnopharmacology, v. 146, n. 1, p. 9–39, 2013.

WILLIAMS, D. J. et al. Vegetables containing phytochemicals with potential anti-obesity properties: A review. Food Research International, v. 52, n. 1, p. 323–333, 2013.

XU, D. P. et al. Natural antioxidants in foods and medicinal plants: Extraction, assessment and resources. International Journal of Molecular Sciences, v. 18, n. 1, p. 20–31, 2017.

YILMA, A. N. et al. Flavonoid naringenin: A potential immunomodulator for Chlamydia trachomatis inflammation. Mediators of Inflammation, v. 2013, 2013.

YUANDANI et al. Inhibitory effects of compounds from Phyllanthus amarus on nitric oxide production, lymphocyte proliferation, and cytokine release from phagocytes. Drug Design, Development and Therapy, v. 10, p. 1935–1945, 2016.

ZHANG, H.; TSAO, R. Dietary polyphenols, oxidative stress and antioxidant and anti-inflammatory effects. Current Opinion in Food Science, v. 8, p. 33–42, 2016.

ZHANG, H.; TSAO, R. Dietary polyphenols, oxidative stress and antioxidant and anti-inflammatory effects. Current Opinion in Food Science, v. 8, p. 33–42, 2016.

ZHANG, H.; TSAO, R. Dietary polyphenols, oxidative stress and antioxidant and anti-inflammatory effects. Current Opinion in Food Science, v. 8, p. 33–42, 2016.

Page 99: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

97

ZHANG, L.; WANG, C. C. Inflammatory response of macrophages in infection. Hepatobiliary and Pancreatic Diseases International, v. 13, n. 2, p. 138–152, 2014.

ZÜNDORF, R. F. AND I. Plant-derived anti-inflammatory compounds: Hopes and disappointments regarding the translation of preclinical knowledge into clinical progress. Mediators of Inflammation, v. 2014, p. 1–9, 2014.

Page 100: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · tratamento com os extratos EH, EC e EA. Os extratos EH, EC e EA, provavelmente, agem inibindo COX-2 e iNOS via inibição

98

ANEXOS

ANEXO A

ARTIGOS PUBLICADOS

1. CABRAL, BÁRBARA; SIQUEIRA, EMERSON M.S.; BITENCOURT, MARIANA

A.O.; LIMA, MAÍRA C.J.S.; NASCIMENTO, ANA K. L.; ORTMANN, CAROLINE

F.; CHAVES, VITOR C.; FERNANDES-PEDROSA, MATHEUS F.; ROCHA,

HUGO A.O.; SCORTECCI, KATIA C.; REGINATTO, FLÁVIO H.; GIORDANI,

RAQUEL B.; ZUCOLOTTO, SILVANA M. Phytochemical study and anti-

inflammatory and antioxidant potential of Spondias mombin leaves. Revista

Brasileira de Farmacognosia (Impresso), 2016.

2. MACHADO, RICHELE J.A.; ESTRELA, ANDRÉIA B.; NASCIMENTO, ANA

K.L.; MELO, MENILLA M.A; TORRES-RÊGO, MANOELA; LIMA,

EDELTRURDES O.; ROCHA, HUGO A.O.; CARVALHO, ENEAS; SILVA,

ARNÓBIO A.; FERNANDES-PEDROSA, MATHEUS F. Characterization of

TistH, a multifunctional peptide from the scorpion Tityus stigmurus: Structure,

cytotoxicity and antimicrobial activity. Toxicon (Oxford), 2016.