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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTE CCHLA CENTRO SUPERIOR DO SERIDÓ CERES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA MESTRADO PROFISSIONAL CARLOS EDUARDO DE ARAÚJO O CONTEÚDO DE ENERGIA EÓLICA NO ENSINO DE GEOGRAFIA NATAL-RN 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTE – CCHLA

CENTRO SUPERIOR DO SERIDÓ – CERES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA –

MESTRADO PROFISSIONAL

CARLOS EDUARDO DE ARAÚJO

O CONTEÚDO DE ENERGIA EÓLICA NO ENSINO DE

GEOGRAFIA

NATAL-RN

2018

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CARLOS EDUARDO DE ARAÚJO

O CONTEÚDO DE ENERGIA EÓLICA NO ENSINO DE

GEOGRAFIA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Geografia – Mestrado profissional (GEOPROF) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito para obtenção do título de Mestre em Geografia. Orientador: Prof. Dr. Diógenes Félix da Silva Costa

NATAL-RN

2018

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Profª. Maria Lúcia da Costa

Bezerra - ­ CERES­-Caicó

Araújo, Carlos Eduardo de.

O conteúdo de Energia Eólica no Ensino de Geografia / Carlos

Eduardo de Araújo. - Natal, 2018.

89 f.: il.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do

Norte, Centro de Ciências Humanas, Letras e Arte - CCHLA,

Programa de Pós-Graduação em Geografia (GEOPROF) - Mestrado

Profissional.

Orientador: Diógenes Felix da Silva Costa.

1. Livro Didático - Dissertação. 2. Energia Eólica -

Dissertação. 3. Ensino de Geografia - Dissertação. 4. Conteúdo -

Dissertação. I. Costa, Diógenes Felix da Silva. II. Título.

RN/UF/BS - Caicó CDU 91:621.548

Elaborado por RITA DE CASSIA PEREIRA DE ARAUJO - CRB-15/804

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CARLOS EDUARDO DE ARAÚJO

O CONTEÚDO DE ENERGIA EÓLICA NO ENSINO DE GEOGRAFIA

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Geografia – Mestrado

profissional (GEOPROF) da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte como

requisito para obtenção do título de

Mestre em Geografia.

Apresentada em: ____/____/____.

BANCA EXAMINADORA

PROF. DR. DIÓGENES FÉLIX DA SILVA COSTA

(orientador)

PROF. DRA. SANDRA KELLY DE ARAÚJO – GEOPROF/UFRN

(Examinadora Interna)

PROF. DR. MANOEL CIRÍCIO PEREIRA NETO

Programa de Pós-Graduação em Geografia – PPGEO/UERN

(Examinador Externo)

NATAL-RN

2018

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Dedico este trabalho ao grande espírito

que nos guia em cada jornada.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço ao universo por ter me guiado até os momentos que vivi e

sobrevivi neste trabalho de mestrado. Acima de tudo, sou grato por todas as

ajudas e oportunidades que me foram concedidas, para que eu realizasse esta

experiência de dissertar.

O importante é sentir que o melhor do caminho foi absorvido, sem a

ganância do diploma, e sim, com o prazer de conhecer uma infinidade de

ideias. Agradeço, pois, à sabedoria capitada de cada elemento vivo que me

tornou confiável e resistente a desistir.

Aos espíritos elevados, ao meu mestre interior, dou graças! Pela

sabedoria capaz de reagir a conflitos comuns diante de incertezas.

A minha família, agradeço muito! Àqueles que, presencialmente ou em

vibração, destinaram uma parcela de energia para admirar meu trabalho, me

transmitir confiança e me causar reflexões.

Ao meu pai (in memoriam), que emana uma energia bela sobre mim.

A minha mãe, Dorinha, minha âncora forte e mágica, pelas coisas

impossíveis que faz.

Ao meu irmão de serenidade virginiana, sentinela do que pode nos

desviar, a quem sou grato e admiro. Sempre atento ao ponto de chegada e, em

meio a vários projetos e listas incansáveis de afazeres, ajudou-me quando

preciso.

A minha mulher, Kelly, e ao meu filho, Dudu, aos quais tenho toda

gratidão pela paciência e exaltação com minhas alegrias e também tristezas.

Pessoas incomensuráveis!

Ao meu orientador, Diógenes Félix, a quem admiro. Assim como a vários

professores de quem conheço a fala: Eugênia Dantas, Ione Morais, Celso

Locatel, Dozena.

A outros professores também sou grato imensamente pela troca de

ideias: Eriberto Moreira, Iaponan Bastos, que se somam a outros de outros

afazeres.... e Francielly veio “depois”, pra revisar minha escrita. Sou grato!

Aos mestres Ivo Maia e Manuel Ubiratan, o Corvo das Tempestades.

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Destaco, agora, duas pessoas especiais para a escrita deste singelo

trabalho: Ilton Soares e Glênio Tavares. Um orientador e outro debatedor. Ao

primeiro, sou muito grato, tanto que posso dizer que seria impossível chegar

até aqui sem sua ajuda. Sem as caminhadas filosóficas com o segundo

também seria difícil alcançar a dimensão que acho que alcancei, mesmo sem

saber expressar muito bem. Agradeço pela sabedoria alcançada.

Aos amigos de Curso, à galera do GEOPROF, seja de Caicó, seja de

Natal, agradeço de coração pelas experiências vividas!

A todos que contribuíram de alguma forma para este trabalho.

Muita gratidão a todos!

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RESUMO

No âmbito da geografia escolar, o conteúdo energia eólica se destaca na compreensão da sua necessidade como fonte de energia, sua importância para vida em sociedade e para as atividades humanas, possuindo forte relação com o espaço geográfico. Dentro da perspectiva espacial, esse conteúdo relaciona-se com diferentes aspectos da realidade - economia, política, ambiente, sociedade, cultura etc. Situá-lo na perspectiva espacial e trabalhando sua espacialidade, suas implicações socioambientais e suas relações com as dimensões da realidade, resultará na sua compreensão como inerente no entendimento do espaço geográfico. Diante disso, esta pesquisa propõe-se a analisar o conteúdo da energia eólica e seu desenvolvimento no ensino de geografia. Além de a entender como se apresenta esse conteúdo no ensino de geografia, a relação entre este e o professor e as relações intensas com a metodologia e os recursos de ensino, Este trabalho justifica-se como a contribuição que a pesquisa poderá trazer para a compreensão das relações que envolvem esses variados elementos do processo de ensino. O percurso metodológico dá-se, inicialmente, com o levantamento bibliográfico, seguido de análise do conteúdo de energia eólica presente nos livros didáticos e de aplicação de questionário com professores de geografia. Apesar da importância da energia eólica enquanto atividade econômica em expansão, sua abordagem na geografia escolar ainda possui lacunas em não apresentar sua espacialidade e seus impactos socioambientais, cruciais para entendê-lo dentro da perspectiva geográfica. O conteúdo de energia eólica presente em livros didáticos atuais também necessita de complementação, principalmente no que se refere a materiais que foquem esse tema na perspectiva geográfica, principalmente outros recursos de ensino, como paradidáticos, mapas, e jogos, além de novas metodologias. Palavras-chave: Ensino de Geografia, Livro didático, Conteúdos, Energia

Eólica.

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ABSTRACT

In school geography scope, Wind Power theme stands out due to its attribution as a

power source as well as its relevance for the social life and human activities, while it is

strongly related to the geographic space. According to space perspective, this subject-

matter is related to many reality aspects, along with economics, politics, environment,

society, culture, etc. The present work locates this topic according to space perspective

while describes its spatiality, its socio-environmental implications and its relations with

reality dimensions, in order to understand it as inherent to recognition of geographic

space. On this, the aim of the present research was to analyze the theme of Wind Power

and its development in the teaching of geography. The understanding of how this topic

presents itself in the teaching of geography; the affinity between the teacher and this

matter, as well as the relation between the theme and methodology and teaching

resources constitute the contribution that this research can bring to the understanding of

the relationships that involve these many elements of the teaching process. The applied

methodology consisted of a bibliographic survey followed by analysis of the Wind

Power theme found in textbooks, as well as application of questionnaire directed to

geography teachers. Despite the importance of wind energy as an expanding economic

activity, studies on this subject in school geography still have gaps regarding the non-

verification of the spatiality and its social and environmental impacts, which are crucial

to understanding the subject within the geographical perspective. The content on Wind

Power in textbooks is also insufficient and needs complementation, remarkably with

regard to contents that focuses on this theme from a geographical perspective, mostly

teaching resources alternative to traditional ones, such as extra-textbooks, maps and

games, in addition to new methodologies.

Keywords: Geography teaching, Textbook, Teaching Topics, Wind Power.

.

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LISTAS

Figura 1 Texto e imagem presentes no Livro L09; ............................ 56

Figura 2 Infográfico presente no Livro L02; ....................................... 57

Quadro 01 Listagem de impactos positivos e negativos dos Parques

Eólicos; ................................................................................

33

Quadro 02 Lista de livros didáticos analisados; ..................................... 54

Quadro 03 Identificação de infográfico, imagens e número de páginas; 55

Quadro 04 Local de atuação dos professores e tempo de docência;

....

62

Quadro 05 O conteúdo inserido na geografia escolar; .......................... 65

Quadro 06 O conteúdo faz conexão com outros temas; ....................... 67

Quadro 07 Como os professores desenvolvem o tema na escola; ....... 68

Quadro 08 Materiais utilizados para desenvolver o tema da energia

eólica; ...................................................................................

70

Quadro 09 Como os professores desenvolvem o tema na escola; ....... 72

Gráfico 01 Tempo de docência do grupo de professores pesquisados; 63

Gráfico 02 Relação do Tema Energia Eólica com o Ensino de

Geografia; ..........................................................................

66

Gráfico 03 Presença de contextualização do tema Energia Eólica com

outros assuntos no livro didático utilizado; ..........................

67

Gráfico 04 Docentes que realizam projetos e/ou atividades com o

tema Energia Eólica; ..........................................................

69

Gráfico 05 Utilização de outros recursos didáticos para trabalhar o

tema da Energia Eólica; .....................................................

71

Gráfico 06 Elementos sugeridos pelos professores para o trabalho do

tema de energia eólica; ........................................................

73

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................ 12

1 O ENSINO DE GEOGRAFIA E OS CONTEÚDOS ............................ 17

1.1 Dos conteúdos ao ensino ............................................................. 23

2 A ENERGIA EÓLICA E O ESPAÇO GEOGRÁFICO ........................ 28

3 O LIVRO DIDÁTICO E O CONTEÚDO DE ENERGIA EÓLICA ........ 42

3.1 A energia eólica nos livros didáticos............................................. 49

4 PERCURSO METODOLÓGICO ........................................................ 52

5 ANÁLISE DO CONTEUDO DE ENERGIA EÓLICA NOS LIVROS

DIDÁTICOS ........................................................................................

56

6 ANÁLISE DO QUESTIONÁRIO APLICADO AOS PROFESSORES 64

CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................... 78

REFERÊNCIAS .......................................................................................... 81

APÊNDICES ............................................................................................... 87

APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO APLICADO AOS PROFESSORES DE

GEOGRAFIA DO ENSINO MÉDIO .............................................................

88

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INTRODUÇÃO

O ensino de geografia desenvolve, na escola, a partir de conteúdos, os

conhecimentos da ciência geográfica. Estes, selecionados e definidos,

somados aos saberes geográficos gerados em outras fontes de informação,

tomam forma a partir da transposição didática, formando assim o currículo da

geografia escolar.

Ao planejar seu ensino, o professor compreende o conteúdo como

plataforma em que se desenvolvem os diversos conhecimentos geográficos e a

partir destes busca atingir seus objetivos.

Com esses objetivos, que compreendem a construção de um saber

geográfico, ao trabalhar conceitos e categorias relacionados a esse saber, o

professor tem o propósito de levar ao aluno a capacidade de realizarem uma

análise dos fenômenos do ponto de vista espacial, sendo esta a perspectiva

empregada pela geografia escolar para explicar os fenômenos.

Apreender as espacialidades desses fenômenos, situar o fenômeno na

relação global-local, apreender as implicações das atividades humanas nas

diferentes dimensões – sociais, econômicas, ambientais, políticas e culturais –

são os objetivos que estão na base de cada conteúdo.

Surge, nesse contexto, a necessidade de analisarmos os conteúdos

trabalhados pelo professor de geografia. Esta análise desponta como elemento

imprescindível de reflexão no ensino dos saberes geográficos, principalmente

como um elemento importante para reflexão sobre a práxis educativa, na

intenção de ser um questionamento sobre a presença de certo conteúdo no

currículo da geografia escolar.

Diante desse entendimento, a reflexão sobre os conteúdos serve como

exercício epistemológico do ensino de geografia, interligando este elemento –

conteúdo - às demais partes do ensinar. A partir desse contexto, surgem

desdobramentos: quanto à reflexão e às conexões entre o conteúdo e os

recursos didáticos a serem utilizados em sala de aula ou fora dela; quanto às

relações entre o conteúdo e os conceitos possíveis de se trabalhar, como

exemplos dessa rede em que o conteúdo possui função importante para

concretização da ação educativa.

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Entre os vários conteúdos da geografia escolar, o tema sobre “fontes de

energia” abarca os conhecimentos das diferentes formas de produção de

energia elétrica - elemento importante para sociedade e para suas atividades -,

se revelando como elemento central para o desenvolvimento sócio-histórico, da

sociedade. Associado a esse tema, tem-se também a necessidade de se

pensar as atividades, direta e indiretamente, associadas a ele. Principalmente

no âmbito dos setores econômicos (ex. produção, comércio, consumo) e do

desenvolvimento.

A abordagem desse tema da geografia na escola se dá a partir de sua

função na vida social e suas implicações no espaço. Tem-se assim uma

reflexão pautada, tanto na discussão de combustíveis, como também na sua

relação com o uso dos recursos naturais, sua importância nas indústrias, nas

produções agropecuárias e na realização de atividades comerciais, por

exemplo.

No âmbito da geografia escolar, o conteúdo sobre fontes de energia se

fortalece na discussão dos diferentes modos de produção de energia,

apresentando não só formas de produzir, mas também suas características

associadas aos impactos que provocam, seus benefícios socioambientais e o

debate entre fontes de energia que está associada às concepções de

ambiente, preservação, sustentabilidade entre outros temas.

O tema “fontes de energia” apresenta também as concepções sobre

fontes de energia tradicionais e alternativas. A primeira contempla as fontes

como hidrelétrica e termelétrica. A segunda compreende as fontes alternativas,

como energia solar, biomassa e energia eólica. Esta última desponta como a

principal fonte alternativa desenvolvida atualmente no planeta

(HOFSTAETTER, 2016).

Especificamente no âmbito da geografia escolar no Brasil, o conteúdo

energia eólica se destaca na compreensão da sua necessidade como fonte de

energia, sua importância para vida em sociedade e para as atividades

humanas, possuindo forte relação com o espaço geográfico.

Dentro da perspectiva espacial, esse conteúdo está relacionado com

diferentes aspectos da realidade – economia, política, ambiente, sociedade,

cultura etc. Neste sentido, torna-se necessária sua compreensão nas diferentes

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escalas (local, regional e global), entendendo-se sua espacialidade e demais

elementos que o associam na dinâmica geográfica.

Ao estudá-la nesse intuito, percebe-se a lacuna nos livros didáticos

acerca da sua espacialidade, suas implicações no espaço e relação com outros

elementos da realidade, problemáticas socioambientais etc.

Esse conteúdo, ao ser estudado e direcionado ao encontro dos saberes

geográficos, se especifica enquanto conteúdo próprio da geografia, por receber

o enfoque espacial, considerando-se que a geografia escolar se delineia e

constitui seu currículo com temas potenciais para o trabalho dos

conhecimentos geográficos (CAVALCANTI, 2003).

Nesse entendimento, tem-se diante do conteúdo sobre fontes de

energia, e, especificamente, sobre o conteúdo da energia eólica, a necessidade

de construí-los e evidenciá-los dentro do currículo da geografia escolar.

Portanto, situar esse conteúdo na perspectiva espacial, trabalhando sua

espacialidade, suas implicações socioambientais e suas relações com as

dimensões da realidade, resultará na sua compreensão como inerente no

entendimento do espaço geográfico. Assim, ele surge ao professor e ao aluno

de geografia, como elemento geográfico essencial no entendimento das fontes

de energia no mundo e da continuidade das diferentes atividades humanas.

Nesse cenário de relações aprofundadas que envolvem o ensino dos

saberes geográficos, analisar como se apresenta o conteúdo de energia eólica

no ensino de geografia, assim como avaliar a relação entre o professor e esse

conteúdo, justifica-se como a contribuição que a pesquisa poderá trazer para a

compreensão das relações que envolvem os variados elementos do processo

de ensino.

Enquanto professor – e estudioso entusiasmado com as novas

propostas para a educação – diante desse cenário que se apresenta, almeja-se

uma melhoria profunda do ensino de geografia e compreende-se que esta não

seja apenas uma transformação do conteúdo em si, mas também uma

mudança no pensamento de quem faz a geografia propedêutica.

Destacando-se também que uma das necessidades principais é que a

geografia escolar apresente em seus conteúdos uma aproximação mais capilar

do que se apreende na realidade atual, ao exemplo da implantação dos

parques eólicos e as reais transformações que provocam no espaço.

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Nesse sentido, a presente pesquisa pretende responder a seguinte

problema: como o conteúdo de energia eólica está sendo trabalhado

atualmente no ensino de geografia?

Tendo como orientação a problemática apresentada, o objetivo geral

desta dissertação é analisar o conteúdo da energia eólica e seu

desenvolvimento no ensino de geografia. Objetivo intrínseco para a

compreensão não deste conteúdo, mas para apreender os aspectos

relacionados aos conteúdos trabalhados no espaço escolar, o qual ressoa em

diferentes dimensões do processo educativo. Assim, os objetivos específicos

formulados são:

(01) identificar como se apresenta o tema da energia eólica nos livros

didáticos utilizados por professores de geografia nas escolas públicas de

ensino médio; Através deste ponto, será possível apreender os aspectos que

se destacam sobre a energia eólica nos livros atuais;

(02) caracterizar as implicações decorrentes da instalação dos parques

eólicos, relacionando e debatendo-os na perspectiva geográfica; Ao concretizar

este objetivo teremos um apanhado de informações pertinentes à esta

atividade em atual desenvolvimento no mundo, no Brasil e, principalmente, no

estado do Rio Grande do Norte;

(03) realizar consulta aos professores sobre a abordagem do conteúdo

de energia eólica, a fim de apreender os desafios que se põem para colocar

esse conteúdo na perspectiva da geografia escolar. Ao realizar este objetivo,

obteremos um diagnóstico capilar sobre as considerações que o professor

estabelece ao abordar o tema em foco;

Diante do problema formulado e através dos objetivos, geral e

específicos, a serem cumpridos formulam-se duas hipóteses, a saber:

(01) apesar da importância da energia eólica enquanto atividade

econômica em expansão no Brasil, principalmente na região nordeste, com

destaque para o estado do Rio Grande do Norte, sua abordagem na geografia

escolar ainda possui lacunas em não apresentar sua espacialidade e seus

impactos socioambientais, cruciais para entendê-lo dentro da perspectiva

geográfica; e

(02) o conteúdo de energia eólica presente em livros didáticos atuais

necessita de complementação, mesmo no que se refere aos materiais que

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apresentem os aspectos apontados nesta introdução e que visem a discutir o

tema na perspectiva geográfica. É preciso, pois, complementá-los com outros

recursos de ensino, como paradidáticos, mapas e jogos, além de novas

metodologias.

Em termos metodológicos, o presente estudo se trata de uma

pesquisa cuja natureza se dá com base na abordagem quali-quantitativa.

Ressalta-se que essa opção se deu em função de possibilitar melhor

compreender, a partir do entendimento e percepção dos professores, a análise

de um conteúdo trabalhado pela geografia escolar, sua relação com o contexto

do ensino de geografia, cujos estudos ainda são recentes.

De forma sintética, as fases do percurso deste trabalho se deram em um

primeiro momento no levantamento bibliográfico sobre ensino de geografia,

conteúdos, livros didáticos, energia eólica e outros elementos. Posteriormente,

foi realizada a análise do conteúdo de energia eólica em livros didáticos.

Buscou-se especificar os elementos que evidenciem a espacialidade da

energia eólica, seus impactos socioambientais e a relação do conteúdo com

conceitos e outros temas da geografia. Em seguida, foi realizada a aplicação

de questionário semiestruturado a dez professores de escolas públicas de

ensino médio das cidades de Ceará-Mirim, João Câmara e Natal/RN.

Postos esses aspectos metodológicos, segue a estrutura da dissertação,

que está organizada em seis capítulos, além dessa introdução e das

considerações finais, onde se dialoga com a questão problema, assim como

identifica-se algumas preocupações, sugestões, deixando “janelas abertas”

para futuros trabalhos.

No primeiro capítulo, têm-se uma revisão teórica sobre o ensino de

geografia e os conteúdos, considerando pontos de discussão atuais que

envolvem a geografia escolar, destacando a importância dos conteúdos na

prática educativa.

No segundo, apresenta-se uma reflexão sobre a energia eólica e suas

implicações no espaço geográfico, descrevendo seus impactos

socioambientais, convergindo para o entendimento desta atividade na

perspectiva geográfica.

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No terceiro capítulo, ocorre a reflexão sobre a energia eólica enquanto

conteúdo da geografia escolar, que envolve a sua presença nos livros didáticos

e o uso destes no ensino de geografia.

Por sua vez, no quarto, versa-se sobre o percurso metodológico

projetado e executado nas diferentes fases da pesquisa.

No quinto capítulo, tem-se a análise do conteúdo de energia eólica

presente nos livros didáticos de geografia utilizados em escolas públicas de

ensino médio, considerando os seguintes aspectos: espacialidade da energia

eólica, seus impactos socioambientais e as relações deste conteúdo com

conceitos e outros temas da geografia.

Por fim, no sexto capítulo, apresenta-se a análise dos questionários

aplicados utilizando-se as fases do método de análise do conteúdo, focando-se

nas questões sobre como os professores apreendem o conteúdo de energia

eólica contido nos livros didáticos, como abordam esse conteúdo e quais os

desafios no desenvolvimento desse tema no ensino de geografia.

As contribuições deste trabalho vão além da simples apreensão de como

está sendo abordado o tema da energia eólica no ensino de geografia. Ao

realizar a reflexão deste conteúdo, teremos adquirido uma compreensão

pertinente sobre como os conteúdos da geografia necessitam de uma

apreciação mais atenta, principalmente quando os objetivos são ressaltados,

para que o alunado compreenda este fenômeno a partir da perspectiva

geográfica.

1 – ENSINO DE GEOGRAFIA E OS CONTEÚDOS

A geografia escolar e os aspectos que a envolvem são, a cada dia,

pensados e repensados, com a finalidade de que cada aula tenha seus

objetivos atingidos. Esses objetivos são colocados para que o aluno, ao

estudar geografia, atinja a compreensão do espaço e a inter-relação com seus

agentes, fenômenos que resultam na produção da dinâmica espacial (

CAVALCANTI, 2012).

Essa finalidade pensada se concretiza no desenvolvimento dos

conteúdos selecionados na geografia escolar, possuindo cada um destes a

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abordagem de conceitos, categorias e saberes da ciência geográfica

(CAVALCANTI, 2012).

A maior parte das propostas e reflexões sobre a educação geográfica

convergem para o ideal de um ensino que resgate seu verdadeiro potencial

transformador e formador de alunos que possam ler o seu espaço,

compreendendo as dinâmicas espaciais e conectando os conhecimentos

geográficos com outros (PEREZ, 2010). Porém, que Ensino de Geografia será

este? Essa disciplina tem realmente capacidade de atingir essa formação?

Quais elementos os conteúdos devem abarcar? Quais os desafios encontrados

pelo professor na abordagem dos conteúdos?

Dessas questões, ressaltam várias outras que compõem o entendimento

complexo que é a educação, sendo importante refletir também sobre: a

formação do professor; sobre o sistema que “rege” as instituições de formação

de professores e a escola pública; a intencionalidade e função social como

professor na escola; a construção do currículo; à formação dos alunos; o

sentido de ser da escola atual; a transposição dos conhecimentos científicos

para o sistema escolar etc (CAVALCANTI, 2006). É nesses e em outros

aspectos que devem se concentrar as preocupações do professor de

Geografia, aquele realmente engajado num ensino interessado na

transformação do indivíduo e do mundo.

Apesar de a ciência geográfica ter passado por várias transformações, a

“face” da geografia encontrada nas escolas ainda é de disciplina descritiva,

descontextualizada e dificilmente aplicada de forma completa (cf. Brabant,

1994). Essa “crise” na geografia escolar é diagnosticada por vários geógrafos

em suas pesquisas: Cavalcanti (2003), Callai (2005; 2013), Castellar (1999),

Pontuschka (2002), Carlos (1994), Kaercher (2007) entre outros. Estes

percebem também a relação de um ensino fragmentado com a má formação

dos professores, tanto conceitual como em sua prática, que acaba por se

refletir no ensino dos conhecimentos geográficos e na formação dos alunos.

Os debates em torno do ensino de geografia levam a pensar sobre o

sistema educacional, influenciado por vários problemas e crises que ressoam

na aprendizagem. Tal reflexão deve ser permanente para a construção de

currículos que sustentem os objetivos dessa disciplina e evidencie nos

conhecimentos/conteúdos selecionados a perspectiva espacial e que colabore

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na atuação/ práxis dos professores (CAVALCANTI, 2003).

O que se compreende de forma geral é uma crise da educação, inserida

numa crise maior que engloba a crise da nossa civilização. A crise do

conhecimento é, de certa forma, causada também pela forma deficiente com

que os conteúdos são trabalhados no ensino de geografia. Ao analisar a

educação, Morin (2013) aponta para uma fragmentação do saber e para a

necessidade de uma reforma do pensamento, explicando que esta pressupõe

“um caráter epistemológico e reflexivo. Epistemologicamente, trata-se de

substituir o paradigma que impõe o conhecimento por disjunção e redução, por

um paradigma que pretende conhecer por distinção e conjunção” (MORIN,

2013, p. 186).

Daí a necessidade de uma reforma do pensar, que significa uma

retomada dos elos de conexão de saberes. Uma junção que possa romper com

a visão compartimentada, fragmentária da ciência moderna. A visão segregada

não permite a visão do todo, da complexidade do saber, explica Morin (2013).

Em relação ao ensino, essa reforma pode ser entendida como uma

mudança na abordagem dos conteúdos em que os vários aspectos sobre

determinado conteúdo (as partes) devem ser evidentes para a compreensão do

tema (o todo) na perspectiva da disciplina, que, no caso da geografia escolar,

será a perspectiva espacial.

Outras pesquisas, como as realizadas por Cavalcanti (2006) e

Albuquerque e Ferreira (2013), destacam outros problemas que influenciam na

condição do professor e na sua prática, como: a formação de currículos formais

distantes da realidade escolar; a falta de políticas de formação; pouco tempo

para práticas; conflito com as orientações impostas pelo Estado; além de

problemas no próprio ensino, em que o papel do professor não passa de mero

explicador, tendo o livro como principal fonte de abordagem de conteúdos;

utilização dos mapas como memorização; e “corrida” para cumprimento do

programa.

Nesse apanhado, colhem-se vários pontos de atenção para uma análise

da prática de ensino e também são de grande importância as proposições de

um fazer geográfico compromissado. Este deve estar amparado na aplicação

de novas metodologias, com o tratamento crítico das temáticas e com o uso de

linguagens alternativas, por exemplo.

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Estas e outras propostas também dependerão da estrutura da escola, da

formação do professor, da realidade local, nos trazendo a compreensão da

complexidade que é o processo de ensinar, suas múltiplas dimensões que

necessitam de uma organização em que todos os elementos devam estar

conectados (MORIN, 2013).

Ao refletir sobre o tema da energia eólica numa perspectiva de leitura

espacial, necessária para compreender sua importância enquanto objeto

transformador dessa dinâmica, tem-se que esse conteúdo se traduz como

importante para o entendimento das transformações espaciais, como enfatiza

Callai (2013).

Considerando-se que o ensino de Geografia deve abarcar reflexões

diante da atividade de produção de energia através dos ventos que se

desenvolvem de forma acelerada e em grande escala em vários lugares, deve-

se compreender e refletir junto com os alunos sobre esses processos que

influenciam diretamente o espaço e que são resultantes de um contexto

mundial, numa trama entre o global e o local.

Abordar, pois, o tema da energia eólica em sala de aula é necessário

para entender a sua espacialidade e suas implicações na dinâmica espacial. E

que, por sua vez, está associado a uma dinâmica espacial e a própria atuação

dos agentes sociais e de suas práticas na produção do espaço, em que o

indivíduo, as corporações e os governos utilizam os espaços, seja com

interesses locais, seja seguindo as pretensões dos agentes globais.

Essa discussão é ratificada por Santos (2014), ao dialogar sobre o fato

de que os interesses dos agentes da lógica global estão voltados para a

utilização dos espaços de forma cada vez mais rentáveis, levando a uma

especialização destes, de acordo com seu potencial, acompanhando uma

dinâmica mundial do sistema político-econômico. Por sua vez, essa

especialização se dá com o uso das técnicas de informações, no contexto da

chamada revolução técnico-científica e informacional, é imprescindível para

sua competição na localização dos espaços e seus potenciais lucrativos.

Essa dinâmica se dá no e pelo espaço, categoria fundamental na

formação de um saber geográfico, pois permite compreender a vida social, indo

além do seu caráter material, englobando subjetividades e simbologias que se

constroem nas inter-relações entre sujeitos e estes com o ambiente em que

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vivem, como explica Lefebvre (2006).

Pensar o espaço é buscar compreender os sentidos dos fatos e ações

causadas pelos agentes sociais, nos permitindo a apreensão da dinâmica dos

espaços, além da reflexão sobre causas e consequências de determinadas

transformações e, principalmente, o entendimento das relações entre o global e

local.

O espaço é a categoria indispensável para a abordagem de conteúdos

como a energia eólica na educação básica. Ao fazê-lo desse modo,

proporciona-se aos alunos a compreensão do espaço e as implicações sociais,

economias, políticas, culturais e ambientais que causa a instalação dos

parques eólicos no espaço em que vivem e também a apreensão da relação

dessa atividade no contexto global ao qual está inserida.

Assim, ao se pensar a dinâmica espacial em que se estar presente

ativamente a geração de energia eólica enquanto atividade econômica, tem-se

então a função de abordar as transformações espaciais, no sentido de fazer

com que o aluno apreenda “a dinamicidade do espaço que resulta de uma

sociedade em movimento e que gera continuamente novas transformações,

novas formas de construção do espaço” (CALLAI, 2013, p. 62).

Este por sua vez, é ao mesmo tempo natural e social, prático e

simbólico, movido por intencionalidades, que são os combustíveis da dinâmica

espacial. Pensar intencionalidades é refletir sobre os agentes dos movimentos

que produzem o espaço, agentes que possuem intenções globais e locais,

influenciados por fatores externos (lógica global) e/ou por fatores internos. Ao

produzirem, os agentes também são produtos desse espaço (LEFEBVRE,

2006).

Santos (2014) indica que a distinção dos lugares se dá pela “diferente

capacidade de oferecer rentabilidade aos investimentos”, acrescentando em

seguida que “se especializam, em função de suas virtualidades naturais, de

sua realidade técnica e de suas vantagens de ordem social” e “os fluxos de

mais-valia que irão beneficiar algumas firmas ou pessoas, que não são

obrigatoriamente locais.” (SANTOS, 2014, p. 247; 251-253).

Assim, pode-se pensar na produção do espaço, colocando o parque

eólico (transformação do meio pela técnica) como materialização da

intencionalidade dos agentes e, ao mesmo tempo, influenciado pelo espaço.

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Como reflete Lefebvre (2006)

O espaço não pode mais ser concebido como passivo, vazio, ou então, como os “produtos”, não tendo outro sentido senão o de ser trocado, o de ser consumido, o de desaparecer. Enquanto produto, por interação ou retroação, o espaço intervém na própria produção: organização do trabalho produtivo, transportes, fluxos de matérias-primas e de energias, redes de repartição de produtos. À sua maneira, produtivo e produtor, o espaço (mal ou bem organizado) entra nas relações de produção e nas forças produtivas. (LEFEBVRE, 2006, p. 37)

É, nesse contexto complexo, que se compreende a atividade de geração

de energia eólica: com sua materialização através dos parques, projetado para

servir a interesses externos, globais, transformando o local onde se instalam,

influenciando na dinâmica espacial, transformando a natureza, as relações dos

agentes e modificando a geografia dos lugares ao construir novas conexões,

intencionalidades e práticas sociais. A relação entre a energia eólica e o

espaço geográfico se propõe ser evidente e precisa, por isso mesmo, ser

debatido no ensino de geografia.

Dispor o conhecimento sobre energia eólica na perspectiva espacial é

um dos aspectos cruciais para o professor do ensino de geografia, pois remete

à organização de conceitos e informações que demostrem sua espacialidade,

sendo um exercício que deve unir à prática a reflexão teórica, preparada junto

com a metodologia adequada para concretização do conteúdo selecionado.

Essa organização também deve considerar outros aspectos importantes, como

o conhecimento do alunado e sua realidade para melhor desenvolvimento do

ensino.

Sobre essa prática, Castellar e Vilhena (2010) indicam que Espera-se, em uma prática de ensino mais dinâmica, que o aluno possa não só dar significado, mas compreender o que está sendo ensinado. Optando por uma metodologia de ensino que envolva o aluno na construção do conhecimento, espera-se que ele estude a partir de situações do cotidiano e relacione o conhecimento aprendido para analisar a realidade, que pode ser local ou global. (CASTELLAR E VILHENA, 2010, p. 6)

O “como ensinar” depende de cada professor e não há fórmulas. Porém,

o professor de geografia deve reconhecer que as ações precisam estar

alicerçadas numa prática consciente no sentido social. Por sua vez, o ensino

como trabalho de reflexão contínua pressupõe uma formação também

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continuada do professor, assim como a atualização dos materiais, dos

objetivos, dos conteúdos, das metodologias, do ensino, da avaliação, da escola

e do aluno. Pensar o ensino de um conteúdo, como o proposto nesta pesquisa,

é refletir a interdependência existente entre os elementos educacionais e seus

agentes, é também propor mudanças e concretizar ações para o

aprimoramento da aprendizagem.

Sobre esse processo, Callai (2011) destaca que

O desafio é como fazer para estabelecer uma relação adequada entre os processos de ensino-aprendizagem curricular e como fazer para administrar uma tensão permanente entre a visão científica e a visão prática dos problemas educativos, da mesma forma que da ciência

geográfica e a geografia escolar curricular. (CALLAI, 2011, p. 131)

Possibilitar a leitura crítica e espacial da realidade é o resultado de um

ensinar crítico de cada conteúdo geográfico. Nas palavras de Callai (2011), a

educação geográfica se caracteriza pela intenção de tornar significativos os

conteúdos para a compreensão da espacialidade.

Assim, pensar sobre a abordagem de um tema da geografia escolar,

como a energia eólica, é também levantar questionamentos sobre os entraves

presentes no ensino de geografia atualmente. No horizonte, projeta-se tornar

esse conteúdo legível para contribuir para retomada do potencial da geografia,

enquanto instrumento de mediação entre o sujeito e o mundo.

1.1 – Dos conteúdos ao ensino

Os conteúdos escolares são resultantes da organização dos

conhecimentos produzidos pela ciência, que passam pelo processo de

transposição, momento em que os conhecimentos são adaptados para a

linguagem escolar e somados às diversas outras fontes de informação, como

jornais e artes, por exemplo.

Na geografia escolar, essa organização tem o intuito de significar

“conteúdos para a compreensão da espacialidade e isso pode acontecer

através da análise geográfica, que exige o desenvolvimento de raciocínios

espaciais” (CALLAI, 2011, p. 131).

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Callai (2011, p. 129) também enfatiza que

Os conteúdos da disciplina são importantes, pois permitem estabelecer a especificidade da disciplina e o diferencial dela em relação as demais áreas de conhecimento. O papel dos conteúdos (...) assume caráter significativo no contexto do currículo da escola básica e se desdobra nos objetivos e intensões de fazer o ensino.

A seleção do que será tratado em sala de aula se remete a construção

do currículo, tendo assim de considerar determinados fatores que norteiam

esse processo de construção do currículo, como por exemplo, a realidade

socioeconômica e cultural do aluno, o projeto político e pedagógico da unidade

de ensino e o planejamento de ensino onde se localizam os objetivos de ensino

(CALLAI, 2011).

Para essa organização do currículo, atualmente um dos elementos que

possui grande influência na seleção dos conteúdos são os livros didáticos, pois

“tradicionalmente, ensinar geografia é uma tarefa que tem sido apoiada

enormemente pelo uso do Livro Didático para disponibilizar os conteúdos”

(CALLAI, 2011, p. 130).

O ensino de geografia proporciona formar amplas competências no

aluno, pois

aprender a observar, descrever, comparar, estabelecer relações e correlações, tirar conclusões, fazer sínteses são habilidades necessárias para a vida cotidiana. Por intermédio da Geografia, que encaminhe a estudar, conhecer e representar os espaços vividos, essas habilidades poderão ser desencadeadas. Mas sempre como caminhos, como instrumentos para dar conta de algo maior. (CALLAI, 2005, p. 245)

Essas competências básicas a serem estimuladas/desenvolvidas estão

contidas no planejamento de ensino dos professores – ao menos deveria estar

–, compreendendo elementos que estimulem a reflexão do ensino do conteúdo

e sua estruturação para atingir, ou ao menos, encaminhar esforços para

alcançar tais habilidades e demais objetivos.

Convergindo com os planos da política nacional da educação brasileira,

para promover estas competências e habilidades, o ensino contextualizado é o

caminho que proporciona essa sistematização em que a

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materialização de um ensino voltado para o desenvolvimento de competências, habilidades e conceitos e, concomitantemente, centrado na associação ensino-pesquisa como prática permanente, é (...) promovida pela realização de atividades a serem realizadas pelos educandos que tornem significativos e contextualizados os conhecimentos que esses educandos vierem a construir/reconstruir.

(BRASIL, 2000, p. 36)

Nessa construção, o que se propõe é que a geografia na escola deve

centrar-se na averiguação dos fatos e desdobramentos das atividades

humanas no espaço. Segundo Callai (2011, p. 133), a centralidade da

geografia escolar é a “verificação de como as ações da sociedade se

concretizam/materializam no espaço que nos encaminha a discutir a nossa

realidade”.

Portanto, os professores de geografia devem levantar constantemente

em suas reflexões as questões sobre os conhecimentos abordados em sala de

aula e a relação destes com a realidade dos alunos. A geografia como uma

disciplina plural deve ter sua produção de conhecimentos voltada para a

realidade social, econômica, política e cultural sobre a qual se pretende

entender e se promover um plano aberto que mantenha relação com vários

aspectos e conhecimentos.

Nesse processo, os alunos são os construtores dos novos

conhecimentos. Os pontos de vista – que refletem a união entre pré-

concepções e a verificação – sempre darão novos rumos e interpretações ao

conteúdo. Em outra perspectiva, o professor deve ser o mediador desse

processo, incentivando a pesquisa como momento indispensável para

desvincular o aluno do pensamento abstrato, por alguns momentos, e levá-lo a

verificar o objeto problematizado em sala de aula, possibilitando o contato com

as ferramentas de pesquisa e as múltiplas leituras dos conteúdos.

Sobre o ensino de geografia, Rego; Castrogiovanni; Kaercher (2011, p.

80) destacam que

A construção do conhecimento é um processo que combina vários fatores: a construção de conceitos a partir dos referenciais socioculturais dos alunos; a estruturação de um currículo escolar mais integrado, tendo o aluno como sujeito de seu processo de aprendizagem; e um professor autor de suas ações didáticas, dando maior significado ao fazer pedagógico (ensino) e à aprendizagem. (REGO; CASTROGIOVANNI; KAERCHER, 2011, p. 80)

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Entende-se ser importante que, na forma de abordagem do conteúdo,

ocorra o levantamento dos conhecimentos prévios dos alunos, que serão

confrontados com novos saberes, a fim de promover uma ressignificação e

produção de novas ideias sobre o tema. Assim, tem-se uma concepção de

aprendizagem significativa, que faça parte da vivência do aluno.

Como destaca Libâneo (1994, p. 70)

o que importa é que os conhecimentos sistematizados sejam confrontados com as experiências sócio-culturais e a vida concreta dos alunos, como meio de aprendizagem e melhor solidez na assimilação dos conteúdos. (...) postula para o ensino a tarefa de propiciar aos alunos o desenvolvimento de suas capacidades e

habilidades intelectuais”. (LIBÂNEO,1994, p. 70)

Esse exercício de mediação do professor deve se tornar gradativamente

uma ação sólida no sentido de construir um ensino experiente e focado nos

objetivos por ele elaborado e aperfeiçoado. Assim, pode-se direcionar

atividades que envolvam os alunos para que estabeleçam relações efetivas

entre o que já conhecem e o que podem conhecer “com a ajuda do professor,

como resultado de um trabalho consistente e processual.” (ALBUQUERQUE,

2013, p. 389).

Nessa perspectiva, a intenção (sempre presente na ação do professor) é

manter em mente o confronto do tema proposto com a realidade que compõe o

espaço do aluno. Assim, o intuito do professor é crucial para se formar um

ambiente que instigue os estudantes na busca de conhecimentos e,

principalmente, que tanto estes como aqueles compreendam as formas de

acesso, valorizando o diálogo para a construção de concepções. Segundo

Cavalcanti (2003, p. 12) é, ao ampliar os conhecimentos, ultrapassando os

limites do senso comum, confrontando os diferentes tipos de conhecimentos,

desenvolvendo “capacidades operativas do pensamento abstrato”, esses

processos “podem ser potencializados com práticas intencionais de intervenção

pedagógica”.

Esse processo resultará no “movimento” em que o aluno, ao

confrontar/reconstruir suas abstrações e conhecimentos, tem em si reforçada

sua estrutura cognitiva para avançar para conhecimentos mais complexos. É,

nesse contexto, que surge a importância de se trabalhar conceitos e temas que

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tenham relação com a realidade dos alunos, tornando-os mais significativos,

contribuindo para uma visão em que o ensino da geografia escolar pode

promover o estabelecimento, “em sala de aula, um diálogo entre os alunos a

partir do lugar da vivência de cada um. A realização desse diálogo coloca em

prática o princípio educacional que respeita a experiência dos alunos” (VLACH,

2006, p. 62).

Ao abordar os conteúdos de forma significativa para o aluno, tem-se a

concepção de que

“a tarefa docente consiste em organizar, programar, dar sequência aos conteúdos, de forma que o aluno possa realizar uma aprendizagem significativa, encaixando novos conhecimentos em sua estrutura cognitiva prévia e evitando, portanto, uma aprendizagem baseada apenas na memorização”.

(CASTELLAR, 1999, p. 50)

Nesse caminho, Callai (2011, p. 133) enfatiza, em seus estudos sobre os

conteúdos da geografia escolar, que “é fundamental problematizar e

contextualizar o conteúdo a ser trabalhado”, no sentido de transformá-los em

informações e constituir as bases para a construção do conhecimento.

O que se objetiva nessa discussão é destacar o elemento conteúdo no

processo de ensino, sendo ele uma via pela qual assinalamos e afirmamos a

área específica da geografia escolar. É também a partir do conteúdo que se

busca efetivar os objetivos, servindo então como via para despertar

competências e habilidades, além do trabalho de compreensão e aplicação dos

conceitos geográficos, construindo um saber no aluno para capacitá-lo a

realizar uma análise espacial. Nessa compreensão, percebe-se que a análise

espacial depende então dos conteúdos que são os conhecimentos da realidade

em diferentes escalas.

Diante dessa reflexão, as ações que tomam os professores para a

prática educativa instigadora, partem dos conteúdos para o ensino, significando

um exercício epistemológico, de reflexão sobre o sentido de ser daquele

conteúdo dentro da esfera da geografia, retomando objetivos postos para o

ensino deste tema e, ao mesmo tempo, (re)significando o ensino enquanto uma

das plataformas de (re)construção dos saberes geográficos.

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2 - A ENERGIA EÓLICA E O ESPAÇO GEOGRÁFICO

O propósito deste capítulo é desenvolver uma reflexão acerca da

energia eólica e sua conexão com o espaço geográficos, na busca de

apreender elementos que indiquem sua espacialidade, elencar seus impactos

socioambientais, evidentes no processo de instalação dos parques eólicos, e

sua relação com outros temas da geografia.

Elaborar essa reflexão surge da necessidade de compreender os

aspectos que apresentam a energia eólica na perspectiva espacial, geográfica,

seguindo para sua concretização enquanto conteúdo da geografia escolar.

Torna-se então uma reflexão que dialoga não só com a avaliação dos

impactos socioambientais da energia eólica, mas também com um conjunto

integrado de informações para entender as implicações desse fenômeno nas

dinâmicas espaciais em que se concretizam, entendendo-o como produtor do

espaço.

Parte-se da situação da energia eólica enquanto fonte de energia

alternativa, como também como energia renovável, seguindo para suas

implicações, sendo perpassado pelo conceito de espaço.

Nesse sentido, entende-se por energias renováveis as fontes de geração

de energia que possuem melhor recuperação e que são consideradas limpas,

renovando-se mais facilmente do que as fontes tradicionais como o petróleo.

Atualmente, as energias renováveis representam uma mudança no sistema de

produção energética mundial, tomadas como sinônimo de sustentabilidade,

pois, além de sua renovação, possui como atração a baixa produção de

resíduos e poluentes (FERREIRA, 2008).

A energia renovável apresenta benefícios não somente para combater

problemas ligados ao meio ambiente, como as mudanças climáticas, mas

também problemas econômicos, como a crise do petróleo. Segundo Improta

(2008), a energia renovável também pode vir a contribuir para a solução de

problemas sociais, como a falta de serviços básicos de energia, que ainda

afeta um terço da população mundial. Sendo um sistema de geração de

energia do Brasil que possui forte predominância de usinas hidrelétricas, a

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busca por fontes renováveis surge também diminuir os riscos hidrológicos, no

suprimento de energia elétrica do país (MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA,

2016).

O Brasil acompanha o movimento global de fomentar as energias

renováveis, criando uma Política Nacional sobre Mudanças Climáticas, a partir

de investimentos para fomentar iniciativas de uso de fontes alternativas e

limpas de energia, destacando-se a produção de energia eólica1.

A fomentação da produção de energia eólica faz parte do Mecanismo de

Desenvolvimento Limpo (MDL), como foi definido no protocolo de Quioto, com

a intenção de reduzir a emissão de gases que possam interferir no processo

natural do efeito estufa2. Surgem, a partir de 2001, as políticas de incentivo ao

desenvolvimento de fontes alternativas, como foi o Programa de Incentivo as

Fontes Renováveis de Energia Elétrica (PROINFA) e os leilões que buscam

também promover fontes alternativas como a solar e biomassa, como afirma a

Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL, 2005).

Carvalho (2003) relata que a geração de eletricidade eólica tem crescido

nos últimos vinte anos e representa, proporcionalmente, a fonte de energia que

mais se desenvolve no mundo. O Centro de Estratégias em Recursos Naturais

e Energia (CERNE, 2014) relata que cerca de 90 países possuem usinas

eólicas comerciais e 22 deles são capazes de gerar pelo menos 1 GW. Informa

também que, em 2005, a Alemanha liderava o ranking dos países em produção

de energia a partir de fonte eólica e, em 2008, foi ultrapassada pelos EUA e

que, desde 2010, a China é o maior produtor de energia eólica. A Dinamarca

detém a maior participação de fonte eólica em matriz energética nacional: 30%.

O Boletim das Eólicas - elaborado pela Câmara de Comercialização de Energia

1 Os direcionamentos do governo brasileiro convergem para o apoio à pesquisas e

investimentos na geração de energia através do vento dentro do contexto global, como podemos presenciar em manchetes encontradas no site do Ministério do Meio Ambiente.

2 A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (UNFCCC, na

sigla em inglês) reúne anualmente representantes dos países ligados ao Protocolo de Quioto na Conferência das Partes (COP) para acompanhar o acordo e ações desenvolvidas, registrando e apresentando para consulta, dados sobre a emissão de poluentes. Dados sobre análise de emissão de CO2 por parques eólicos instalados em diferentes países podem ser consultados no site oficial deste órgão (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2016).

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Elétrica (CCEE) - indica que o mês de abril de 2014 foi encerrado com 130

usinas eólicas em operação no Brasil.

Segundo dados recentes, encontrados no Wind Power Concil (WPC),

empresa de referência em análises sobre a atividade eólica e no estudo

Logística de Energia 2015 – Redes e fluxos do território, elaborado pelo

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Rio Grande do Norte é o

maior produtor de energia eólica do Brasil, com 31,3% da energia eólica

produzida no país, indicando também que o setor tem crescido 461% entre

2010 e 2014. O pólo de produção de energia eólica do Rio Grande do Norte

compreende cerca de 40 cidades. Apesar da concentração de parques na

região do Mato Grande3, as transformações atingem todo o Estado, através da

formação das redes econômicas entre os municípios.

O fator da localização geográfica é produtivamente importante,

compreendendo um potencial definido pela altitude e a velocidade média dos

ventos, ou seja, revelando áreas consideradas com maior quantidade de

matéria-prima, o que representa maior rentabilidade e lucratividade.

Reportando-se à geografia escolar, apresentar os territórios de produção

e, consequentemente, os locais de instalação dos parques eólicos, é evidenciar

alguns elementos da espacialidade da energia eólica, pois demonstra sua

expansão no espaço, relacionado a potencialidade daquele determinado lugar.

Apresentar esses dados da localização dos maiores produtores é iniciar uma

análise da energia eólica na perspectiva espacial que deve ser complementado

com outros elementos.

Retornando à análise da energia eólica, destaca-se que outros fatores

também são importantes para a implantação dos parques. Em alguns casos,

outros indicadores se tornam mais importante do que o potencial eólico de um

lugar, para que sejam instalados os parques, como por exemplo, a abundância

de mão-de-obra barata para serviços menos especializados, licenciamento e

legislação ambiental “frágil/flexível”, carências sociais (pouca circulação de

renda), baixa especulação fundiária, boa rede de transporte e escoamento,

3 A região do Mato Grande compreende os municípios de João Câmara, Bento Fernandes, Jandaíra, Maxaranguape, Parazinho, Pedra Grande, Pureza, Poço Branco, Rio do Fogo, São Miguel do Gostoso, Taipu e Touros.

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fragilidade das comunidades rurais em relação ao entendimento dos processos

de licenciamento e burocráticos e espaços com poucas políticas públicas

socioambientais, aspectos observados e apreendidos em trabalho de campo.

Apreendido em pesquisa, os principais pontos argumentados pelas

empresas para a instalação de parques eólicos para a produção de eletricidade

são: a abundância de ventos, a propriedade de ser inesgotável e custo

relativamente barato em relação a outros meios de produção, além da geração

de empregos e investimentos, elementos que, segundo esse discurso, dão à

energia eólica a base da nova produção energética do Brasil (BRASIL, 2016).

Outros motivos encontrados no discurso para a implantação de parques

eólicos estão na comparação com outros tipos de geração de energia,

ressaltando-se que

a energia nuclear gera altos riscos de acidentes radioativos, as hidrelétricas implicam na inundação de áreas territoriais e as termoelétricas na emissão de gases. Nessa perspectiva, os danos ambientais são mínimos na implantação dos aerogeradores de energia. (BARCELLA, BRAMBILLA, 2012, p. 08)

Aponta-se também como atrativo a coincidência da época de menor

capacidade dos reservatórios das hidroelétricas serem exatamente nos

períodos de melhores ventos, significando uma complementaridade entre as

fontes (IMPROTA, 2008).

Em revistas e reportagens direcionadas à produção eólica no RN, exalta-

se o cenário atual de evolução do potencial produzido, articulando um discurso

evolutivo da atividade com dados de investimentos com valores em bilhões e

indicando uma projeção de crescimento. Porém, não se trata das questões que

envolvem suas implicações nos lugares, os impactos socioambientais locais, as

transformações ocorridas, muitas delas irreversíveis.

Várias empresas que discutem a energia eólica e defendem sua

fomentação, apoiados pelo discurso governamental4, focam no aspecto

econômico e no alcance de metas para eficiência energética. Por vezes, não

4 Estudos divulgados pelo Ministério do Meio Ambiente e órgãos do ramo de energias

renováveis, como em comungam com o discursos dos países da Europa, como podemos verificar na Diretiva de 2012 da União Europeia, relativo à eficiência energética (BRASIL, 2016).

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são levados ao debate o fato de outras mudanças que se tornam cruciais na

transformação dos espaços, questões sociais e ambientais que a instalação de

parques eólicos também provocam.

Pensar sobre os discursos produzidos e apreender outras

transformações não “divulgadas” são movimentos de análise necessários para

se compreender as transformações reais dessa atividade econômica, sua

influência nos lugares e na produção do espaço (HARVEY, 2005).

Reportando-se novamente à geografia escolar, outro aspecto necessário

para a abordagem do tema da energia eólica na perspectiva espacial é

evidenciar e debater os impactos socioambientais causados pela implantação

de parques eólicos. Representam as transformações diretas e indiretas na

dinâmica dos espaços causadas por essa atividade. Devem ser analisadas em

separado e juntas, pois formam esse conjunto de impactos socioambientais

que não afetam somente o local de instalação, mas ressoa em diferentes

lugares e até em regiões.

Verifica-se que vários estudos realizam análises dos impactos dos

parques eólicos, quantificando-os e apontando suas magnitudes,

principalmente em Estudos de Impacto Ambiental e Relatórios de Impacto

Ambiental (EIA/RIMA), porém, é necessário considerando aspectos do

cotidiano das comunidades na totalidade, pensar os impactos em diferentes

dimensões.

Qualquer atividade humana causa impacto, tanto negativo como

positivo. Essa afirmação é válida para todas as atividades, seja individual, de

pequeno potencial, seja de médio ou grande porte, como são os impactos

causados pelas industriais (CUNHA; GUERRA, 2009). A indústria de produção

de energia a partir dos ventos não é externa a essa assertiva. Apesar de ser

considerada, no discurso de muitos, como energia limpa, é preciso verificar

suas implicações e ir além do que é divulgado.

A análise básica e mais encontrada dos impactos causados pelos

parques eólicos tem como base a ideia de refletir sobre como mitigar, amenizar

ou até mesmo eliminar os impactos causados, “tendo assim que ser realizada

uma avaliação de impacto ambiental, revelando a magnitude destes para com

a natureza e a sociedade que é afetada.” (CUNHA; GUERRA, 2009, p. 89).

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É imprescindível pensar os impactos em diferentes escalas. Ao tomar o

impacto da supressão vegetal como exemplo, verifica-se que, frequentemente,

as medidas mitigadoras das empresas consistem em aplicar programas de

resgate de fauna, seguidas de programas como corte racional do material

lenhoso e recuperação ou replantio de espécies nativas que foram

desmatadas. Porém, sob uma análise mais detalhada, veremos que a

supressão vegetal influenciou negativamente todo o bioma, causando

desequilíbrio ambiental, afugentando os animais, mudanças na geodinâmica,

destruindo áreas de reprodução, entre outros problemas que também influencia

na sociedade local e regional. É, a partir de uma análise como essa, que se

percebe a real grandeza das transformações (HOFSTAETTER, 2016).

Especificamente para a construção de parques eólicos no Rio Grande do

Norte, o licenciamento é realizado pelo Instituto de Desenvolvimento

Sustentável e Meio Ambiente (IDEMA)5, que solicita diagnósticos que

contenham a análise dos impactos ambientais. Nesses estudos, principalmente

em EIA/RIMA6, são apresentados análise e quadro dos impactos ambientais na

área de influência do projeto, assim como as medidas mitigadoras a serem

desenvolvidos em todas as fases de implantação da obra.

Como vem sendo analisados em estudos e artigos, esses relatórios

demonstram uma ênfase nos aspectos ambientais e econômicos, em que

poucos são os relatos de impactos sociais mais aprofundados. Diferentemente

do que é constatado nas pesquisas realizadas em campo, foi observada e

relatada uma baixa aceitação das comunidades em relação aos

empreendimentos eólicos, devido os problemas causados (HOFSTAETTER,

2016).

No Quadro 01 abaixo explicitado, destacam-se os principais impactos

divulgados em artigos e estudos (EIA/RIMA) disponíveis em sites de órgãos de

5 http://idema.rn.gov.br/.

6 EIA/RIMA significam, respectivamente, Estudo de Impactos Ambientais e Relatório de

Impactos Ambientais. Estudos solicitados para fins de licenciamento ambiental. Estes diagnósticos solicitados, os critérios adotados para licenciamento e as normas legais são diferentes entre os estados brasileiros, como podemos ver em documento do Ministério do Meio Ambiente o que dificulta o entendimento sobre o licenciamento desta atividade e a sistematização das transformações ocorridas.

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licenciamento ambiental e sites especializados, divididos geralmente em

impactos positivos e negativos.

Quadro 01 – Listagem de impactos positivos e negativos dos Parques Eólicos

Impactos positivos e negativos dos Parques Eólicos

Impactos positivos Impactos negativos

Pequeno espaço para instalação Geração de ruídos

Permite a continuidade de outras atividades Impactos visuais/na paisagem

Melhoria da economia local Impacto na fauna (rotas migratórias)

Geração de emprego Danos ao patrimônio histórico e arqueológico

Arrendamento de terras Interferência eletromagnética

Não afeta diretamente os recursos hídricos Supressão da vegetação

Mudança na paisagem (turismo) Compactação do solo, cortes e aterros

Arrecadação de impostos Afeta diretamente os recursos hídricos

Não oferece risco de contaminação Influência no cotidiano da comunidade

Melhoria nos equipamentos de serviço público

Danos às estruturas públicas das comunidades

Melhoria na estrutura viária Conflitos com as comunidades tradicionais

Fonte: Quadro elaborado com base em EIA/RIMA presentes no site do IDEMA, acessados entre Dezembro de 2016 a março de 2017.

Na maior parte dos estudos, os impactos positivos são ressaltados e

colocados sem conexão com outros impactos, sendo também vistos

isoladamente, como se não influenciassem nas grandes transformações,

muitas vezes ocultadas. Fato presente em aspectos como o impacto visual

que, para muitos autores é negativo, mas é colocado pela Agência Nacional de

Energia Elétrica (ANEEL) como impacto positivo, considerando-se o local de

instalação, defendendo que, mesmo alterando a paisagem natural, esse

impacto pode atrair turistas que gostam de fotos próximas às torres, gerando

renda, emprego, arrecadações e promovendo o desenvolvimento regional.

Pode-se também observar no discurso do Ministério do Meio Ambiente

(2014) sobre os impactos negativos, ressaltando que podem ser minimizadas

e, até mesmo, eliminadas, por meio de planejamento adequado, treinamento e

capacitação de técnicos e aplicação de novas tecnológicas.

Não se pode omitir a relação dos impactos dos parques eólicos que

provocam ou possuem relação com outros problemas como prostituição,

conflitos fundiários entre proprietários, mudanças na geodinâmica,

precarização dos recursos hídricos, baixas condições de trabalho, ocupação

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desordenada causada pelo êxodo de trabalhadores, desrespeito às áreas de

comunidades tradicionais entre outros.

Dentre esses pontos, é importante expor que poucos estudos relatam a

questão da participação das comunidades no processo de aceitação desses

empreendimentos. Podendo-se perceber que “a dimensão social inerente é

quase unanimemente esquecida ou deixada em segundo plano nos estudos

brasileiros e até mesmo nas leis regulamentadoras” (IMPROTA, 2008, p. 15).

A associação das transformações espaciais que provocam os parques

eólicos com os conceitos geográficos e demais temas da geografia são

também elementos que devem ser adaptados e ensinados na geografia

escolar. A intenção é que o alunado compreenda a explicação da geografia,

com o emprego de seus conceitos, em relação à energia eólica e provocando

uma leitura espacial deste fenômeno com os saberes geográficos (SOUZA,

2011).

A busca por conhecimentos sobre o espaço em relação ao potencial de

energia eólica e de outros fatores determinantes é intensa e colocada como um

dos primeiros passos do empreendedor que deseja instalar parques eólicos.

Pode ser exemplificado pelo uso de equipamentos7 ditos de excelência no

diagnóstico dos ventos para avaliar os recursos eólicos e mapear áreas

rentáveis. É de posse desses conhecimentos sobre o espaço e de um discurso

(de sustentabilidade) que as empresas se projetam nesses lugares, porém não

são só esses elementos que dão o aval para a instalação dos parques eólicos.

Identifica-se como outros elementos considerados pelas empresas, além

da localização e seu potencial eólico, elementos como: mão-de-obra

abundante, a fragilidade da legislação ambiental local, as redes de transporte e

escoamento, fraca organização social (principalmente das comunidades

diretamente afetadas) e especulações fundiárias (que rebaixa o valor da terra)

(HOFSTAETTER, 2016).

Esses elementos são indicadores de maior rentabilidade dos negócios,

uma vez que essas vantagens diminuem os custos da obra. A formação de um

7 Entre os equipamentos utilizados atualmente pelas empresas eólicas estão os aparelhos de sensoriamento remoto, como o LIDAR (Light Detection and Ranging, ou “laser radar”) e SODAR (Sound Detection and Ranging).

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exército de trabalhadores, constituído em sua maior parte por trabalhadores de

diferentes municípios e estados, leva a uma precarização das condições de

trabalho, resultando também em baixos salários e grande rotatividade. Já a

fragilidade da legislação ambiental local se refere à rentabilidade que surge

diante de leis menos incisivas, que exijam maior rigor nos diagnósticos

socioambientais e que implique em maiores ações mitigadoras a serem

cumpridas. O uso de áreas de preservação permanente levantam debates e

protestos8 e também a pouca fiscalização fragiliza as análises em áreas de

interesse ecológico, como é o caso do bioma caatinga.

Sobre a rede de transporte e escoamento, as empresas verificam as

rotas de transporte de torres e equipamentos de forma rentável, que

apresentem facilidades de locomoção. O escoamento de sua produção é

representada pelas linhas de transmissão que é atualmente debatida sua

implantação, diante da degradação a biomas, interferências na rede de

comunicação e riscos que apresentam, como é debatido em audiências

públicas para concessão de licenças de instalação de linhas de transmissão.

A fraca organização social das comunidades as tornam frágeis diante

das pressões das empresas eólicas. As comunidades indicam a falta de

informações como principais problemas, somada à falta de fiscalização do

cumprimento de medidas mitigadoras dos impactos sociais, além de estudos

deficientes. E a especulação fundiária faz surgir um exército de reserva de

lugares, conforme aponta Walker apud Santos (2014), movimento que resulta

na desvalorização da terra e em conflitos, favorecendo a rentabilidade dos

empresários com a queda dos preços de arrendamento e compra dos terrenos,

além de contratos que favorecem as empresas e que não são muitas vezes

compreendidos pelos proprietários. Esses elementos são importantes nas

decisões de instalação de parques eólicos, em muitos casos, superando a

importância do potencial eólico do lugar.

É, nesse contexto, que se ressalta que a verificação dos impactos

ambientais deve ser complementada com uma visão sistemática de outras

8 Protestos realizados contra a implantação de parques eólicos em dunas móveis no

município de Galinhos-RN, in Jornal Tribuna do Norte, disponível em: http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/moradores-reagem-a-usinas-eolicas/208373. Acesso em agosto de 2016.

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transformações que não constam nos estudos, mas que estão conectadas, que

ultrapassam a escala do lugar, abrangendo a região em que se instalam os

parques eólicos. Essas transformações possuem ligação com o movimento

global de sustentabilidade, com ações nacionais de fomento da energia

renovável, mas também fortemente ligada ao processo de reprodução do

capital, de mais valia e acumulação. Escalas interligadas que produzem um

movimento dialético de interdependência (SANTOS, 2014).

Partindo agora para as transformações percebidas em pesquisa, na área

econômica, entre as principais transformações está a exaltação da atividade

eólica na mídia como atividade promissora economicamente, o que causou um

êxodo de trabalhadores para os pólos eólicos, provocando assim a formação

de um exército de mão-de-obra, resultando também no inchaço das cidades e

a ocupação desordenada, além da precarização dos serviços públicos em

alguns casos.

O aumento da oferta de trabalho na região, a circulação de capital, a

formação de um novo mercado de comércios e serviços para atender a

demanda de trabalhadores são vistos como principais pontos positivos

proporcionados pelas empresas. Porém, se torna preocupante nas fases em

que os parques são concluídos e os trabalhadores retornam aos municípios de

origem, como foi informado por moradores de comunidades rurais de João

Câmara, enfraquecendo a economia local.

A especulação imobiliária resulta no arrendamento das terras,

considerado importante para a renda dos proprietários e comunidades. Por

outro lado, gera conflitos que envolvem grileiros e posseiros. Para o governo

local, os impostos que são arrecadados são os principais atrativos para a

aceitação dos parques eólicos. As implicações econômicas se estendem

também às cidades vizinhas com o desenvolvimento de comércios e serviços

(HOFSTAETTER, 2016).

No aspecto ambiental, encontra-se entre as principais transformações a

criação de setores públicos específicos para tratar da implantação de parques

eólicos, como o Núcleo de Licenciamento de Parques Eólicos (NUPE) presente

no Instituto de Desenvolvimento sustentável e Meio Ambiente (IDEMA), órgão

de licenciamento estadual do RN. Órgão que também elabora legislação

pertinente à atividade eólica de acordo com as necessidades locais. À

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legislação pertinente à construção de parques eólicos também são discutidas,

alteradas e acrescentadas no âmbito federal, com novas resoluções, ou

envolvendo outros órgãos reguladores e fiscalizadores9.

Essas mudanças surgem da pressão realizada pelas empresas,

chegando até a esfera municipal, que passa a rediscutir o plano diretor, as leis

municipais ambientais, o zoneamento das cidades, a fim de atender ou não às

empresas. Nesse processo, alguns conflitos surgem diante dos problemas

ambientais, como o desmatamento de áreas preservadas, extração mineral

irregular, interferência nos recursos hídricos, uso de áreas de preservação

permanente, como dunas10, agressão a espécies de animais em extinção e a

rotas de aves migratórias11. Estudos sobre biodiversidade e geodiversidade do

RN são intensificados com análises relacionados à instalação de parques.

As implicações nos aspectos ambientais são os mais discutidos em

estudos sobre os parques eólicos, porém está intrínseca sua relação com os

aspectos econômicos e sociais, já que sua transformação influencia na vida

social, na manutenção da ecologia local e na sustentabilidade das

comunidades (HOFSTAETTER, 2016).

No aspecto social, é onde se concentram as principais transformações.

Porém, é a área com poucas análises científicas e carente de estudos de caso.

Encontram-se, entre as principais mudanças na esfera social, a melhoria ou

degradação das estruturas das comunidades (vias, equipamentos públicos);

influência na educação, a partir da criação de cursos direcionados ao ramo de

produção eólica, como o curso de graduação em Tecnologias em Energias

Renováveis implantado no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia

9 Resoluções criadas no Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) e órgão reguladores com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (DNIT) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).

10 Sobre a implantação de parques eólicos em dunas, dois episódios são destaque na

mídia: a implantação do parque eólico Rei do Vento 1 no município de Galinhos/RN e artigos como o de Jeovah Meireles sobre a implantação de parques nas dunas do Ceará (MEIRELES, 2011).

11 Relatórios divulgados pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

(ICMBio) apontam as implicações da instalação dos parques eólicos sobre as rotas migratórias e áreas de preservação (CMBIO, 2015).

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do Rio Grande do Norte (IFRN) de João Câmara/RN após o início da grande

expansão desse mercado.

O aumento de problemas sociais (violência, prostituição, acidentes) é

também preocupante em algumas cidades do RN, que apontam sua ligação

com a vinda de trabalhadores dos parques eólicos. Implicações nos

patrimônios histórico-arqueológicos e conflitos com comunidades tradicionais

também são debatidas no processo de instalação dos parques eólicos.

O benefício da população a partir dos empregos temporários gerados, os

arrendamentos das propriedades e a melhoria das estruturas públicas em

algumas localidades se tornam o grande atrativo para os moradores, mas que,

por vezes, esconde problemas que afetam toda sociedade (IMPROTA, 2008).

Segundo Improta (2008, p. 67),

Ainda por conta da recente história da energia eólica no Brasil, não se sabe muito bem a qualidade da informação transmitida para a população geral e local. Além disso, não se tem conhecimento do nível de participação das comunidades que vivem próximas ao local durante a implantação dos parques eólicos, assim como também não há conhecimento de pesquisa no Brasil sobre os impactos sociais positivos e negativos provocados por estas construções. Outro fator no qual se encontra lacunas é a reação da comunidade local à implantação dos parques eólicos, se houve conflitos com a população e quais os motivos. (IMPROTA, 2008, p. 67)

A compreensão da relação de interdependência entre esses aspectos

nos leva a compreensão do todo, convergindo para um conhecimento

pertinente sobre a essência do objeto pesquisado. Essas transformações e

outras a serem ainda pesquisadas compõem uma análise mais profunda da

atividade de produção energética dos parques eólicos. Implantados em

localidades rurais, pode-se compreender na relação de interdependência e

propagação de seus impactos e implicações nos diferentes aspectos da

realidade social (HOFSTAETTER, 2016).

Nesse sentido, as transformações não se restringem apenas ao local de

instalação, abrangem toda a região e estado, em que se firmam ligações

econômicas, ambientais e/ou sociais. Nessa perspectiva, diante dessas

grandiosas transformações, projeta-se no horizonte uma mudança na geografia

do estado do Rio Grande do Norte sobre a qual é importante pensar.

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Diante da compreensão da interligação dos aspectos entrelaçados

anteriormente, pode-se validar, de forma talvez precipitada, a ideia de uma

nova geografia do Rio Grande do Norte ou, de forma mais específica, pode-se

indicar que são transformações consideráveis que ocorrem no espaço potiguar

através da implantação de parques eólicos.

Essa afirmação assume uma visão além das virtudes econômicas

apontadas no discurso oficial. Entende-se além das transformações

econômicas que se destacam, em síntese, a criação do pólo de indústrias

eólicas, a formação de redes de comércio e serviços, instalação de empresas

do ramo, investimentos públicos e privados, arrecadação de impostos para

municípios, que já se constituem num montante de transformações, tem-se que

averiguar também as mudanças sociais que resultam em novas configurações

da realidade rural e das cidades, melhorias ou precarização das estruturas

públicas, influência no cotidiano, na cultura local, surgimento ou agravamento

de problemas sociais, conflitos, êxodo etc (IMPROTA, 2008).

Também é válido examinar as transformações ambientais que

compreendem a degradação dos biomas a partir da supressão vegetal,

erosões, degradação dos recursos hídricos, uso de áreas de preservação

permanente, riscos geológicos, como aponta estudo realizado por Freitas

(2016).

Deve-se também compreender alguns movimentos que possibilitaram a

necessidade de implantação dos parques eólicos e sua forte representação na

economia atual do Estado. Num olhar histórico, podemos apreender a

economia potiguar, iniciada com o comércio de cana-de-açúcar, seguindo no

século seguinte com a pecuária, junto à produção de algodão, extrativismo e

outras economias que, no século vinte, ocorreram em diferentes espaços e

tempo, não sendo uma sequência linear, mas que converge para uma

acumulação e surgimento de novas fontes de economia. Com a

industrialização outros comércios se expandem, como a fruticultura, o turismo,

a mineração e serviços, estando contida nessa etapa a produção energética e

dentro deste nicho, a implantação de usinas eólicas.

Não só por essa substancial participação atual da energia eólica na

economia do estado, como aponta Hofstaetter (2016), mas também por suas

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implicações na dinâmica dos lugares, nas esferas sociais e ambientais, é que

entendemos essa atividade com força na produção de uma nova geografia.

Assim, as mudanças ocorridas ultrapassam os impactos ambientais

apresentados nos estudos, sendo necessário compreender a relação entre as

implicações, resultando em transformações significativas (HOFSTAETTER,

2016). Ao que parece não é ainda possível uma quantificação das mudanças

espaciais que produz a implantação dos parques eólicos, apenas dos dados

propriamente técnicos, pois apenas qualitativamente pode-se apreender a

produção do espaço ocorrida, envolvendo diferentes agentes e transformações.

Essa análise reflete que a necessidade energética apontada por um

contexto global, verificada nacionalmente no discurso do governo, deve ser lida

com atenção. Uma política de incentivo para a produção de energia limpa é de

suma importância, principalmente para complementar a produção de energia

hidrelétrica e para uma mudança no modelo de geração que tem um histórico

de insustentabilidade e de grandes impactos no Brasil.

A geração de renda que tem proporcionado a ampliação de um mercado

de comércios e serviços tem sua significância, principalmente em áreas como o

nordeste, com grandes carências sociais e econômicas. Porém, o que se

atenta é a necessidade de um maior olhar, principalmente geográfico, que

permita apreender as variadas implicações da produção de energia eólica nos

espaços. Isso requer pesquisa e planejamento adequado, como propõe

Gorayeb e Brannstrom (2016).

Essa breve leitura da energia eólica e do espaço geográfico

intencionou apresentar uma reflexão sobre elementos da espacialidade dos

parques eólicos, apontando sua concretização nos lugares, identificando a

relação da produção de energia eólica relacionada às condições espaciais e

suas transformações na dinâmica espacial dos lugares. Buscou-se também

apreender os principais impactos causados nos lugares em que se instalam os

parques eólicos que atingem aspectos culturais, econômicos, sociais, políticos

e ambientais, destacando-se que os impactos também ressoam, atingindo

outros espaços além do específico de instalação. Somando-se à breve

discussão da produção do espaço, que envolve conceitos geográficos,

concebe-se que são esses elementos que colocam a energia eólica na

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perspectiva da espacial, própria da geografia, e são esses aspectos que devem

estar adaptados para a geografia escolar.

3 – O LIVRO DIDÁTICO E O CONTEÚDO DE ENERGIA EÓLICA

Recursos didáticos são meios utilizados no ensino para auxiliar no

trabalho de determinados assuntos e que, consequentemente, ajudam no

processo de aprendizagem. Sua necessidade surge no momento de se fazer

com que o aluno compreenda de forma mais aprimorada e/ou prática algum

conteúdo. Os recursos também facilitam o trabalho de ensino, já que muito

deles conseguem sintetizar a ideia geral de um assunto e expressar sua

essência.

Os recursos didáticos-pedagógicos, como também são chamados, são

importantes no exercício de habilidades. São essenciais para proporcionar

momentos de expressão e criação, ou seja, para provocar maior participação e

interação dos alunos (LOPES, 2011).

Para alcançar a eficácia dos recursos, é preciso que os professores

saibam utilizá-los e que sejam previamente pensados: recursos avançados

tecnologicamente, que podem proporcionar uma aprendizagem ampla, podem

se tornar ineficientes por profissionais que desconhecem suas funções.

Diferentes recursos estão disponíveis para o ensino: elementos da

natureza, livros, mapas, fotografia, artes, filmes, rádio, televisão, laboratórios,

computadores, programas, quadro, exposições entre outros. Fica a critério do

professor a utilização de um ou de vários deles, dependendo dos objetivos que

queira apresentar ao trabalhar determinado assunto.

Entre os muitos recursos disponíveis, o mais comum talvez seja o livro

didático, que, enquanto recurso para auxílio no ensino, possui o benefício de

facilitar a aprendizagem ao expor os conteúdos, utilizando-se de mecanismos

que amenizem o rigor científico que há nos assuntos. Como exemplo, temos o

fato de proporem, algumas vezes, formas lúdicas de trabalhar os conteúdos,

podendo potencializar a compreensão e desenvolvimento de habilidades

(PRECIOSO E SALOMÃO, 2014).

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O livro didático é um dos principais recursos de ensino utilizado nas

escolas do Brasil, uma vez que nem todas escolas públicas possuem

estruturas suficientes, como salas de informática, tecnologias e laboratórios,

para oferecer aos alunos. Por isso, o livro didático é considerado a principal

“fonte” de conhecimento, sendo pertinente rever sua configuração, sua

utilidade, sua estrutura e, principalmente, seu limite (SILVA, 2012).

Estando presente na prática educativa do professor, o livro deve ser

tomado como ponto de partida e necessita de complementação, através de

livros paradidáticos, geotecnologias, aulas de campo, pesquisas, projetos e,

principalmente, de novos pontos de vista sobre cada conteúdo.

Para abordar os novos temas da geografia, os livros didáticos sofrem

uma reformulação que não requer um encaixe dentro de um capítulo, como

vem sendo feito, e sim, estabelecer uma relação com os assuntos, inserindo-se

no contexto geral levantado pelo autor e sistematizando-o com os demais

conteúdos do livro.

Esse processo é entendido como pensamento complexo, significando

uma reconexão de temas, reconhecendo o tempo, o espaço e o saber dos

agentes envolvidos, tomando o contexto local para entendimento da realidade

e relacionando-o com o contexto global.

O livro didático é considerado pela maioria dos professores

entrevistados como um dos principais recursos de ensino e tem importante

papel diante dos alunos como material de consulta em sala de aula, sendo, em

muitos casos, o único (SILVA, 2012). Com essa função crucial, analisá-lo é de

fundamental importância enquanto fonte de conhecimento mais difundido na

educação brasileira, e que deve ser valorizado enquanto tal, como destaca

Eustáquio de Sene (2014).

É importante lembrar que a fase atual de produção de livros didáticos é

caracterizada como sendo de renovações, o que levou a uma explosão de

novas obras didáticas e mais possibilidades editoriais a partir dos anos 80,

provocado também pela diversidade de orientações intelectuais, marcado por

múltiplos autores (arquétipo-estrutural e “outros caminhos”), dentre eles:

Melhem Adas; Vesentini, Vlach (ensino fundamental) e Igor Moreira, Eustáquio

de Sena, Douglas Santos, Lucci (ensino médio), reconhecidos na elaboração

de livros didáticos da ultima década.

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Cabe ressaltar que outros fatores levaram a essa multiplicação de

autores e editoras, como indica alguns trabalhos de pesquisa, demostrando um

movimento de enriquecimento das empresas, em detrimento da qualidade do

material. Daí a permanência do caráter informativo sobre o formativo do ensino,

explicada por Ruy Moreira (1987).

Moreira (1987) destaca, na fase atual de produção dos livros didáticos,

uma forte mudança de estruturação e enfoque teórico-conceitual, dependendo

do autor, como o destaque dado à geografia física por alguns autores, por

exemplo. Esse fato é apreendido analisando-se alguns livros didáticos

utilizados atualmente. Porém, é preciso mencionar que vários conteúdos da

geografia escolar ainda necessitam de um tratamento conceitual mais

pertinente, que capacite o aluno para uma leitura espacial. O autor supracitado

destaca também a falta de clareza em relação ao ponto de partida e de

chegada que cada autor estabelece.

O que deve ser analisado também é a coerência dos conteúdos com os

objetivos do ensino de geografia que se propõe para o ensino médio, em

consonância com as Orientações Curriculares para o Ensino Médio (BRASIL,

2008).

A LDB, referente ao Ensino Médio, destaca quatro finalidades a serem

respeitadas, conforme seus artigos, em que se destaca a consolidação e o

aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino fundamental, a

preparação básica para o trabalho e a cidadania, o aprimoramento do

educando como pessoa humana, destacando-se o pensamento crítico, e a

compreensão dos fundamentos científicos-tecnológicos dos processos

produtivos, destacando-se a relação entre teoria e a prática.

Em consonância com a LDB, o PCN do Ensino Médio indica como

diretrizes, em seu artigo 36, que os conteúdos, além das metodologias e as

formas de avaliação, devem ser organizados com o intuito de que o aluno

demonstre-se conexão com outros conhecimentos, necessários ao exercício da

cidadania e de futuras profissões.

Pode-se, então, perceber que as diretrizes convergem para o trabalho

conjunto, em que teoria e prática se integram, apresentando como via o

desenvolvimento de competências e não somente de conteúdos, sendo estes

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apenas os veículos do saber geográfico que devem estar em sintonia com o

processo interdisciplinar e contextualizado.

Porém, alguns professores não acompanharam essa reforma do

pensamento que resultaria do ensino de conteúdos contextualizados com a

realidade concreta dos alunos. Almeida (1999, p. 85) afirma que “é desejável

que o ensino não permaneça no nível da mera constatação daquilo que a

criança pode perceber por si mesma”.

A conexão entre teoria e realidade, no caso desta pesquisa, entre o

conteúdo de energia eólica e os conceitos e categorias da ciência geográfica, é

um dos aspectos imprescindíveis para estar contido no livro didático.

O tema da energia eólica na ciência geográfica é debatido com pouca

frequência, restrito a grupos que discutem elementos como impactos

ambientais decorrentes da implantação dos parques eólicos. Porém, essas

discussões ocorrem sem uma leitura das outras influências dessa atividade e

sua espacialidade, focando-se em geral na avaliação dos impactos que atrai

cientistas predominantemente da área da geografia física.

Verifica-se também uma pequena literatura sobre o tema da energia

eólica nos cursos de ensino de engenharia e nos cursos de física, cada qual

com seu direcionamento, sendo em sua maioria, artigos e teses voltadas para

a dimensão técnica da implantação de aerogeradores.

Encontra-se um bom número de trabalhos realizados em países como

Alemanha e Estados Unidos e sites de órgãos privados e públicos que são

direcionados para análises da produção de energia eólica, em sua maioria

também direcionada para a área técnica, estatística e financeira.

A partir dos anos 90, acompanhando sua expansão em diversos países

e informações de sua necessidade dentro do discurso de desenvolvimento

sustentável e contextos vistos no tópico anterior, a energia eólica se insere

timidamente nos livros didáticos, de forma sucinta e com descrições

superficiais, ainda pouco contextualizadas na realidade do Brasil e fora de uma

análise espacial que analise seu potencial.

Sua influência na dinâmica do espaço, sua relação com os aspectos

globais e locais que o permeiam e seus impactos e influências socioambientais,

econômicos, políticos e culturais também não estão contidos nos textos

trabalhados em sala de aula.

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Atualmente, a abordagem do tema da energia eólica nos livros didáticos,

com destaque aos direcionados ao ensino médio, continuam com informações

superficiais e fragmentadas, apesar de alguns avanços e pesquisas que

expõem informações sobre a energia eólica, como as encontradas em estudos

de impacto ambiental e no ensino de engenharia e física.

É necessário que cheguem à escola: materiais didáticos como livros

paradidáticos, projetos e atividades que ajudem o professor a trabalhar

conceitos geográficos, realizar a contextualização do tema na realidade dos

alunos, promovendo o diálogo de vários pontos de vista.

Os livros didáticos possuem limitações quanto à apresentação dos

conteúdos, pois são desenvolvidos de forma sistemática e abrangente, o que

dificulta a aproximação com as realidades regionais e locais. Esse fato leva à

evidência de que muitos conteúdos são carentes de contextualização na

realidade dos alunos e não despertam para uma leitura crítica, ficando

deslocada também de outros conteúdos (ALBUQUERQUE E FERREIRA,

2013).

Há uma deficiência de estruturas nas escolas que possibilite o acesso à

internet, a bibliotecas e tecnologias que possam servir de fontes

complementares, o que leva a um maior esforço do professor na prática

educativa. É diante desses fatos que o ensino de geografia tem a necessidade

de materiais que complementem e que tragam em seus conteúdos os

elementos para o diálogo entre teoria e a realidade, que possibilite a

aproximação do tema e desperte o interesse dos alunos na investigação de

vários pontos de vista.

Nessa realidade, cabe lembrar que o professor de geografia, precisa

utilizar o livro didático como base inicial, buscando materiais que

complementem o ensino do conteúdo. Porém, deve também dar importância à

escolha do livro didático e buscar e/ou cobrar incentivos como formações

continuadas e materiais de apoio, como livros paradidáticos.

O livro paradidático, como o próprio nome indica, é o material utilizado

em paralelo ao livro didático, em complemento e/ou aprofundamento do

conteúdo escolhido pelo professor (AZEVEDO E ALMEIDA, 2013).

Para entender a razão da criação do termo paradidático, Borelli (1996)

apresenta o sentido do termo paraliteratura, a partir da interpretação da

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formação da palavra com o prefixo para denota tanto o significado de

proximidade - ao lado de, ao longo de - quanto à conotação de acessório,

subsidiário.

Diferente dos livros didáticos, eles não seguem uma seriação e nem

uma sequência de conteúdos conforme preconiza o currículo oficial.

Geralmente, são adotados no processo de ensino e de aprendizagem, como

material de consulta do professor ou como fonte de pesquisa e de apoio às

atividades do educando.

Em sua essência, o paradidático oferece a oportunidade de elaboração

de um conteúdo em que o objeto central, no caso, a energia eólica, possa se

interligar a vários temas e conceitos. Nos textos paradidáticos, os temas

costumam ser apresentados de forma menos comprometida com o isolamento

e a fragmentação, possibilitando assim a relação com outras áreas de

conhecimento.

De acordo com Fernandes,

O livro paradidático é muito utilizado como um complemento ao livro didático. Esta é, inclusive, uma orientação que os autores de livros didáticos fazem aos professores, para o aprofundamento de um determinado tema. Neste sentido, essa pode ser uma forma de uso possível. Mas é importante destacar que a escolha de um tema e o aprofundamento da questão devem ser uma opção do professor. Ele é quem deve escolher, destacar o tema que deve ter um estudo mais apurado. (FERNANDES, 2003, p. 151)

Menezes e Santos (2002) dizem que a importância dos livros

paradidáticos nas escolas aumentou principalmente no final da década de 90, a

partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB). Essa normativa

estabeleceu os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e orientou para a

abordagem de temas transversais relacionados ao desenvolvimento da

cidadania. Dessa forma, abriu-se espaço para o aumento da produção de

obras, que não os livros didáticos, para serem utilizadas em sala de aula.

Para Furlan (2002), os livros paradidáticos vêm sendo cada vez mais

utilizados nas escolas, pois cumprem o papel de aprofundamento conceitual

que o livro didático, muitas vezes, não consegue alcançar.

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Foi na década de 1970 que os livros paradidáticos passaram a ser assim

chamados, conforme apontam Ramos (1987), Munakata (1997), Dalcin (2002),

devido à popularização do gênero. O paradidático também estimula a leitura,

empregando uma linguagem mais acessível, permitindo o trabalho com temas

transversais, ampliando o horizonte do aluno.

O livro paradidático deve estar presente na escola para complementar e

aprofundar o tema a ser focado, além de conter elementos que possibilitem o

debate a partir de vários aspectos que estão relacionados ao tema, assim

como agregar em seu percurso textual a teoria e saberes da disciplina

(AZEVEDO E ALMEIDA, 2013).

A partir do livro didático, em complementação com outros recursos,

outras fontes podem ser buscadas para uma agregação maior de

conhecimento, ficando à disposição dos alunos várias fontes de

conhecimentos. Essa diversidade de materiais, se complementado com outros

recursos didáticos e metodologias de pesquisa como a internet, o uso de

geotecnologias e trabalho de campo com observações e entrevistas, por

exemplo, podem provocar os alunos ao desenvolvimento de múltiplas

inteligências, muitas vezes, não exploradas pela falta desses recursos e de

práticas educativas diferenciadas.

Outro principal objetivo do uso de livros didáticos e paradidáticos é

desmistificar a concepção expressa sobre determinado tema, ou seja,

demonstrar para além de apenas um ponto de vista. Esse mesmo efeito

acontece em relação ao fato de que, muitas vezes, os alunos tomam para si,

para seu discurso, o ponto de vista colocado pelo professor. Esse é um

momento importante, pois leva ao entendimento de que o professor não é

“profeta”, e sim, o mediador no processo de aprendizagem (CAVALCANTI,

2003).

Araújo e Santos (2005) entendem que os livros, na medida em que

facilitam a contextualização de algum tema ou conteúdo, criam uma “ponte”

entre o conhecimento sistematizado e o dia-a-dia do aluno, dando mais

significado àquilo que se aprende, além de facilitar a socialização desse

conhecimento.

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O texto didático apresentará inúmeras utilidades e poderá evidenciar

importantes aspectos da dinâmica da sala de aula, além de trazer até os alunos

informações atualizadas e contextualizadas.

O professor de geografia deve tornar evidentes as múltiplas visões sobre

a produção de energia eólica, realizando uma reflexão com os alunos sobre o

discurso do empreendedor, sobre o discurso da população que é influenciada

pela atividade, sobre o discurso dos órgãos públicos e dos elementos

influenciadores e influenciados por esse processo. Esses discursos podem ser

captados a partir de entrevista em campo, por exemplo, que dependerá da

metodologia aplicada na aula.

Assim, momentos do ensino geográfico que prezem pela utilização de

diferentes ferramentas como o uso de geotecnologia (especificamente, o

Google Earth ©Google), a aula de campo (em parques eólicos) e a construção

de maquetes, possibilitam aos alunos apreenderem diferentes pontos de vista

sobre o conteúdo.

3.1 – A energia eólica nos livros didáticos

O tema da energia eólica é concebido na geografia escolar na

abordagem do conteúdo sobre “fontes de energia”, especificamente ao

desdobrar-se o tópico sobre as fontes alternativas de energia. O

direcionamento tomado segue com o objetivo de demonstrar a energia eólica

como matriz de destaque pela sua importância na produção de energia de

forma sustentável, entendendo-a como via para mitigar problemas ambientais

da atualidade como a emissão de gases e novos meios de complementar a

produção de energia realizada em grande parte pelas hidroelétricas.

Outro debate que envolve a energia eólica é em relação aos seus

impactos socioambientais, considerados de pequena magnitude, se comparado

a outras fontes de energia. Com baixa produção de resíduos e utilização de

matéria-prima limpa, a eólica é destacada também como “fonte de energia

limpa”.

Com sua expansão em vários países e chegando ao Brasil a partir de

políticas de investimento em fontes renováveis de energia, que, por sua vez,

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acompanha propósitos de combate ao aquecimento global, a energia eólica

toma espaço nas discussões científicas que discutem suas potencialidades,

seu destaque na produção de energia e as boas condições espaciais para sua

realização em países tropicais como o Brasil

Conhecimentos sobre essa produção de energia eólica se mostram

dispostos a conceber essa fonte de energia como uma via para práticas

sustentáveis e transformação da realidade socioeconômica dos países, quando

considerada sua participação na produção de energia que favorece as

atividades humanas, principalmente a produção industrial (IMPROTA, 2008).

Na geografia escolar, o destaque dado à produção de energia eólica se

firma nos anos 90 com sua expansão em diferentes continentes, com a

crescente instalação de parques eólicos e com o emprego de tecnologias que

permitem considerá-la atualmente como uma das principais fontes de energia

de alguns países.

A partir desse período, o assunto sobre energia eólica toma contornos

no ensino de geografia ressaltando-se, ainda que timidamente, sua lógica de

produção, ainda sem destaque para as áreas de produção e sua

territorialização, nem atentar-se para os impactos gerados nos espaços em que

se instalavam.

Entre 2000 e 2010, ocorre o período de maior expansão da energia

eólica, a partir da região sul e sudeste e estendendo-se para a região nordeste,

movimentando empresas e, ao mesmo tempo, instigando estudos científicos

sobre suas potencialidades. Apreensões sobre seus impactos socioambientais

se desenvolviam em trabalhos concentrados nas regiões em que se instalavam

e políticas de incentivo, como o desenvolvimento de fundos para a construção

de parques eólicos se intensificaram, principalmente, para seu fomento na

região Nordeste.

Com estudos aprofundados sobre a potencialidade da energia eólica,

desenvolvidos por órgãos públicos, principalmente os que demonstravam as

áreas com maior incidência e frequência de ventos, tem-se então o

mapeamento das áreas de mais incidência para produção de energia a partir

dos ventos.

Essas informações chamaram atenções para a região nordeste pela

concentração de áreas potenciais para a produção de energia eólica, atraindo

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assim investidores e empresários para instalações de parques. Foram então

concebidos diversos projetos de energia eólica havendo uma massiva

instalação de parques eólicos, principalmente nos estados do Ceará, Bahia e

Rio Grande do Norte (HOFSTAETTER, 2016).

No ensino de geografia, o tema ainda se apresentava a partir de

informações básicas sobre seu funcionamento, a tecnologia empregada e

relações de países que se destacavam na produção de energia eólica, como

China, Alemanha e Estados Unidos. Todavia, esse tema ainda se apresenta

sem uma discussão acerca de suas implicações no espaço em que se

instalavam, apesar de que, em algumas regiões, iniciavam-se relatos de

conflitos relacionados principalmente com os impactos ambientais causados na

instalação de parques eólicos.

A averiguação dos impactos socioambientais evidenciavam as

implicações negativas dos parques eólicos, principalmente em relação as áreas

de dunas, áreas de preservação ambiental e em outras esferas

(HOFSTAETTER, 2016).

Após os anos de 2010, continua a intensa expansão da instalação de

parques eólicos, principalmente nos estados do Rio Grande do Norte e Ceará,

chegando a destacá-los como maiores produtores de energia eólica do Brasil já

a partir de 2013, como indica revistas especializadas da atividade de produção

de energia (HOFSTAETTER, 2016).

Pelo exposto, verifica-se que o conteúdo sobre energia eólica expresso

em livros didáticos de geografia ainda possui fraca abordagem em relação à

sua espacialidade, seus impactos socioambientais e sua relação com os

conceitos geográficos. Apesar da produção de novos estudos sobre a energia

eólica, principalmente em relação aos seus impactos socioeconômicos, ainda é

necessário um maior esforço junto à educação básica para explicar os

processos maiores que geram as instalações de parques e sua constituição

como pólo de indústrias eólicas. Mesmo com o destaque em pesquisas sobre

diversas perspectivas sobre a energia eólica, a exploração do conteúdo

explorado nos livros didáticos ainda é feito de modo escasso.

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4 – PERCURSO METODOLÓGICO

A presente pesquisa se caracteriza como quali-quantitativa por se valer

de instrumentos mistos para a obtenção de dados relacionados à percepção de

sujeitos a respeito dos processos aos quais estão submetidos e as formas

como lidam com fenômenos complexos, de como os sujeitos a ele se vinculam

e de como ele é interpretado.

Creswell (2010, p. 26) define: “a pesquisa qualitativa é um meio para

explorar e entender o significado que os indivíduos ou grupos atribuem a um

problema social ou humano”. O entendimento de Oliveira (2013) é o de que a

abordagem qualitativa, ao analisar o objeto de estudo, ocorre em um processo

reflexivo a partir de técnicas apropriadas, considerando o contexto peculiar da

realidade deste objeto.

Esta pesquisa qualitativa foi realizada, em parte, junto a professores da

educação básica, considerando o contexto do ensino e a busca de uma

reflexão sobre a abordagem do conteúdo de energia eólica. Tem-se, pois,

como ponto principal, captar as variadas percepções dos entrevistados para

ampliar a apreensão da realidade vivida por estes, aprofundando a questão de

como os entrevistados percebem os fenômenos estudados (OLIVEIRA, 2013).

Diante da problemática e dos objetivos propostos apresentados na

introdução e, sob viés qualitativo, o estudo realizado foi composto por três

fases.

Na primeira fase, foram realizadas as pesquisas bibliográficas que

permitiu tanto a apreensão teórica e conceitual, como documental.

A pesquisa bibliográfica, necessária para uma análise de produções

sobre o estudo proposto, é definida por Oliveira (2013, p. 69) como

“modalidade de estudo e análise de documentos de domínio científico, tais

como livros, enciclopédias, periódicos, ensaios críticos, dicionários e artigos

científicos”.

Sobre o levantamento de informações para construção da reflexão sobre

energia eólica, seus impactos e o espaço geográfico, esta pesquisa se deteve

em uma análise geral, não tanto aprofundada, por não ser este o objetivo

central deste estudo. Entre os dados documentais, a ênfase esteve na coleta

de dados sobre a energia eólica e sobre livros didáticos que foram analisados a

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partir do que apresentam sobre o tema da energia eólica, limitando-se à

escolha de dez edições de diferentes autores e editoras. Essa análise consiste

na segunda fase da pesquisa. Cada livro recebeu uma nomenclatura e

número, conforme quadro apresentado no capítulo de análise dos livros.

Os pontos analisados nos livros foram a apresentação das informações

sobre a energia eólica (dados quantitativos sobre os países produtores e sua

localização), assim como informações qualitativas sobre os impactos

ambientais gerados e sua contextualização, além da relação dessas

informações e suas implicações no espaço geográfico.

No capítulo destinado a análise do conteúdo de energia eólica nos livros

didáticos, a reflexão se deu a partir de três questões norteadoras que

convergiram na busca de elementos que dispusessem sobre o conteúdo de

energia eólica na perspectiva espacial:

(01) há elementos que expõem a espacialidade da energia eólica no

livro?;

(02) são discutidos os impactos socioambientais dos parques eólicos no

espaço?; e

(03) são apresentados conceitos ou temas da geografia, associados ao

conteúdo de energia eólica?

Essas questões se destacam como elementos que “encaixam” o tema

da energia eólica na perspectiva espacial que se deve pelas informações que

elas apresentam. Refere-se a aspectos que localizem a ocorrência de

instalação dos parques eólicos e a relação de interdependência entre o

desenvolvimento dos parques eólicos e os espaços. Acena também para os

impactos dessa atividade nos diferentes espaços, sua ressonância em outros

lugares e em diferentes campos (econômicos, sociais, políticos, culturais e

ambientais). Outro momento é averiguar a relação do tema energia eólica com

os conceitos geográficos e demais assuntos, elementos essenciais para

estarem presentes na abordagem deste assunto na geografia escolar.

Na sequência ocorreu a terceira fase, com a realização do trabalho de

pesquisa junto a professores a partir da aplicação de questionário, estes

enviados por e-mail aos entrevistados, previamente contatados. Os

questonários eram de natureza semiestruturada (anexo 01). Essa estratégia foi

planejada com vistas a proporcionar um melhor espaço para reflexão do

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professor, ocorrendo ainda um diálogo com os entrevistados, através de e-

mails e encontros para discutir melhor as questões.

Vale destacar que também foram realizadas pesquisas de campo em

parques eólicos para apreensão de impactos socioambientais entre janeiro a

julho de 2016, período em que o autor realizou trabalhos em parques de João

Câmara e Ceará-Mirim-RN. Já os questionários foram aplicados durante os

meses de agosto e dezembro de 2016.

O questionário foi o instrumento utilizado na pesquisa junto a

professores de geografia, sendo instrumento de grande contribuição à

dissertação por ser uma via para captar reflexões dos indivíduos/agentes

envolvidos na pesquisa.

Segundo Gil (1995, p. 124), questionário é definido como

A técnica de investigação composta por um número mais ou menos elevado de questões apresentadas por escrito às pessoas, tendo por objetivo o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, expectativas, situações vivenciadas. (GIL, 1995, p. 124)

As perguntas contidas no questionário versam sobre o conteúdo de

energia eólica no ensino de geografia, destacando-se o entendimento do

professor entrevistado em relação ao conteúdo da energia eólica nos livros

didáticos que utiliza; a utilização de materiais complementares para abordagem

desse conteúdo; a averiguação se há ou não uma aproximação do conteúdo de

energia eólica com outros temas da geografia; como desenvolvem o conteúdo

em sala de aula; os desafios presentes no ensino do conteúdo de energia

eólica.

A aplicação desse questionário foi decisiva para apreender informações

de caráter pessoal dos professores, sendo analisadas e relacionadas à análise

dos livros didáticos. Para efetivar a interpretação dos questionários, foi

realizada a leitura a partir da análise de conteúdo. As bases da interpretação

foram analisadas em conjunto, questionadas, buscando uma compreensão das

falas, na tentativa de encaixá-las nas categorias pré-determinadas.

A análise de conteúdo explicada por Bardin (2011) possui forte

expressão para pesquisas de cunho qualitativo. Ele indica que a utilização

dessa análise prevê três fases básicas: pré-análise, exploração do material e

tratamento dos resultados (inferência e a interpretação).

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A primeira fase (pré-análise) consiste na organização das primeiras

impressões sobre os documentos a serem analisados. Obedecendo as regras

de exaustividade (a fim de esgotar a totalidade da comunicação);

representatividade (da amostra que representa o universo); da homogeneidade

(em que os dados se referem ao mesmo tema, obtidas pela mesma técnica);

da pertinência (dos conteúdos necessariamente adaptados ao objetivo da

pesquisa) e da exclusividade (dos elementos serem classificados em mais de

uma categoria).

Seguindo o pensamento de Bardin, essas questões norteadoras serão

transformadas em indicadores, para em seguida serem comparadas para

registros dos dados, contemplando assim a primeira fase.

Na segunda fase, exploração do material, seguiu-se os seguintes

procedimentos: codificação (ou seja, escolha dos recortes das entrevistas e

classificação em razão das características comuns); classificação (agrupar por

tema) e categorização (ordenar para esquematizar). Nessa fase, os recortes

são apropriados ao objetivo do estudo. Então, na terceira fase, foram

realizadas as interpretações dos dados, após o recorte das questões para

melhor entendimento dos pontos, colocados como categorias.

Essas etapas – análise do conteúdo de energia eólica em livros didáticos

utilizados por professores de escolas públicas do ensino médio e a aplicação

de questionário com professores de geografia do ensino médio – formam o

percurso metodológico desta dissertação, acrescentando-se ao levantamento

bibliográfico, já mencionado, sobre autores que discutem o ensino de

geografia, com destaque para autores como Callai (2013), Albuquerque (2013)

e Cavalcanti (2003).

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5 – ANÁLISE DO CONTEÚDO DE ENERGIA EÓLICA NOS LIVROS

DIDÁTICOS

A presente análise foi realizada em livros didáticos utilizados por

professores de geografia do ensino médio, listados no quadro 02. Os livros

escolhidos para análise pertencem às coleções selecionadas pelo Programa

Nacional do Livro Didático (PNLD), instituído pelo Ministério da Educação

(MEC), para serem escolhidos pelos professores das escolas públicas, a serem

utilizados no triênio 2015, 2016 e 2017.

Código Autores Nome do livro Editora Ano

L01 Elian Alabi Lucci, Anselmo Lazaro

Branco e Claudio Mendonça

Território e Sociedade

no mundo globalizado Saraiva 2013

L02 Eustáquio de Sene e João Carlos

Moreira

Geografia Geral e do

Brasil: Espaço

Geográfico e

Globalização

Scipione 2014

L03 Angela Corrêa da Silva, Nelson

Bacic Olic e Ruy Lozano

Geografia Contextos e

Redes Moderna 2013

L04 Levon Boligian e Andressa Alves Geografia espaço e

vivência Saraiva 2013

L05 Alice de Martini e Rogata Soares

Del Gaudio Geografia Ensino Médio IBEP 2013

L06 Lygia Terra, Regina Araújo e Raul

Borges Guimarães

Conexões – Estudos de

Geografia e do Brasil Moderna 2013

L07 Ivone Silveira Sucena Geografia – Ser

Protagonista SM 2013

L08 Edilson Adão e Laercio Furquim Jr. 360º Geografia em

Rede FTD 2014

L09 Clarice Borges e Miguel Paz Tempo de Geografia Editora do

Brasil 2013

L10 Douglas Santos Geografia das Redes Editora do

Brasil 2014

Quadro 2 – Lista de livros didáticos analisados. Elaboração: autor, 2017.

Referente ao livro didático nas escolas públicas, ocorre a distribuição de

livros didáticos pelo Ministério da Educação brasileiro, através do Programa

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Nacional do Livro Didático (PNLD) que realiza a seleção de editoras para a

escolha de livros didáticos para as escolas públicas através de editais. As

editoras selecionadas apresentam seus livros ao governo que realiza encontros

com professores para que escolham os livros que serão utilizados por três anos

(BRASIL, 2016). Após esse período, é realizado novamente esse processo

para escolha de novos livros.

Destaca-se que, geralmente, os livros didáticos são acompanhados de

manuais e mídias digitais contendo direcionamentos dos conteúdos presentes

nos respectivos livros, além de apresentação de metodologias e explicações de

outros recursos. Estes elementos não foram levados em conta neste trabalho.

Foram considerados apenas os materiais repassados pelos professores de

Geografia, onde não mencionaram nem apresentaram mídias digitais, nem

manuais.

A reflexão se deu a partir de três questões norteadoras que convergem

na busca de elementos que coloquem o conteúdo de energia eólica na

perspectiva espacial, a saber:

(01) há elementos que expõem a espacialidade da energia eólica no livro?;

(02) são discutidos os impactos socioambientais dos parques eólicos no

espaço?;

(03) são apresentados conceitos ou temas da geografia, associados ao

conteúdo de energia eólica?

Os livros didáticos selecionados situam o conteúdo de energia eólica,

no tema fontes de energia, sendo que, em alguns livros, o assunto de energia

eólica é abordado no tema meio ambiente, especificamente, na apresentação

das questões socioambientais.

Outro ponto é o tema da energia eólica ser apresentado diferentemente

pelas editoras em relação ao ano (série). A maior parte dos livros didáticos

abordam esse tema nos livros de segundo ano e os demais nos livros

direcionados ao primeiro ano do ensino médio, como evidenciam os livros L01,

L02, L04, L10.

No quadro abaixo (Quadro 03), identificam-se, nos livros analisados, a

presença de infográfico, de imagens e a quantidade de páginas que contém o

conteúdo sobre energia eólica.

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Livro

Analisado

Possui

infográfico

Possui

imagens/foto

Número de

páginas*

L01 Não Sim 02

L02 Sim Não 02

L03 Sim Não 02

L04 Não Sim 01

L05 Não Sim 02

L06 Não Sim 01

L07 Sim Não 02

L08 Sim Sim 02

L09 Não Sim 01

L10 Sim Sim 02

*Número de páginas que contém o conteúdo de energia eólica. Quadro 03 – Identificação de infográfico, imagens e número de páginas; Fonte: elaborado pelo autor, 2017.

Além dessas informações quantitativas, é necessário acrescentar que

em uma leitura qualitativa, o uso de imagens/foto se torna, em alguns casos,

uma forma de ilustração em que as imagens não possuem conexão com o

conteúdo.

Na figura abaixo (Figura 01), apresenta-se um exemplo de exposição do

conteúdo de energia eólica em um livro analisado, com texto e fotografia como

ilustração.

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Figura 1 – Texto e imagem presentes no Livro L09 (cf. Borges; Paz, 2013). Fonte: imagem captada de livro didático;

Pode-se apreender que a discussão em que se inclui a produção de

energia eólica está ligada à necessidade dessa fonte de energia, estando

associada à questão dos impactos ambientais, porém sem citar quais impactos

são gerados na construção de parques eólicos. No texto presente na figura 01,

tem-se também uma comparação entre a produção hidrelétrica e a produção

de energia eólica.

A respeito do uso de infográficos utilizados por boa parte dos livros (L02,

L03, L07, L08 e L10), diferenciando-se a forma, temos alguns de pouca

complexidade e outros com maiores informações. Estes buscam demonstrar a

lógica de produção da energia eólica, evidenciando as etapas de produção, a

mecânica de produção, destacando as partes que compõem os aerogeradores,

a forma de transmissão de energia da torre até o uso doméstico. Os

infográficos também são utilizados para destacar como ocorre a transformação

do vento em energia elétrica, informando os potenciais de produção.

Abaixo, tem-se como exemplo a Figura 02, como um dos infográficos

presentes em um dos livros didáticos analisados.

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Figura 2 – Infográfico presente no livro L02. Fonte: Recorte do livro didático.

Esse infográfico (Figura 02), dentre os presentes nos livros didáticos

analisados, demonstra ser bem elaborado por apresentar informações sobre a

espacialidade da energia eólica (mapas, distribuição na região nordeste e

principais locais produtores) e sobre os impactos (breves informações sobre

impactos no meio ambiente).

A apresentação de infográficos facilita o entendimento por parte do aluno

ao ter em mãos a lógica da produção de energia eólica, percebendo os

componentes e sua lógica de produção. Porém, pela exaltação do caráter

gráfico, em detrimento de informações mais densas, o infográfico torna o

assunto fragmentado, se não houver uma complementação textual que

desenvolva uma leitura geográfica sobre a energia eólica.

Outro ponto a destacar é referente às questões sobre a energia eólica

presentes nos livros. Poucos deles (L04, L05, L07) apresentam questões

relacionadas somente a energia eólica. A maior parte (principalmente os livros

L01, L02, L03, L09 e L10) indica a energia eólica no contexto das questões

sobre fontes de energia, sem evidenciar aquelas específicas para reflexão dos

impactos e espacialidade da energia eólica.

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Outro ponto a ressaltar está relacionado aos impactos socioambientais

dos parques eólicos que, apesar de vários estudos já realizados em nível

nacional e internacional e divulgados em relatórios de agências especializadas,

consta apenas no livro L02, a menção do impacto de ruído e a influência em

rotas migratórias de aves. Os demais, se detêm aos aspectos mecânicos

(divisões de um aerogerador e suas funções na produção de energia) e outros

(L01, L05, L08, L09, L10) se atêm a indicar as potencialidades dos parques e

dos países que os possuem instalados.

Na análise, foi verificado que nenhum dos livros apresenta a discussão

do tema da energia eólica relacionando-o com conceitos geográficos. Apesar

de isso dever ocorrer na abordagem do professor que deve apresentar os

conceitos possíveis de relacionar esse tema aos saberes da geografia, tendo

que despertar para o emprego de conceitos a partir do livro didático, como por

exemplo, apresentar a concepção de impacto ambiental, indispensável na

discussão sobre as implicações dos parques eólicos nos lugares em que se

instalam.

Entre as formas que se podem projetar para trabalhar o conteúdo da

energia eólica associado aos conceitos geográficos, apresentam-se a seguir

alguns exemplos: o trabalho com o conceito de paisagem a partir da

observação dos parques eólicos instalados próximos às comunidades rurais,

acrescentado de uma pesquisa de percepção dos moradores em relação aos

parques instalados, no intuito de saber os impactos na paisagem,

principalmente para aqueles que possuem uma relação maior com seu lugar.

Outro exemplo de relação dos conceitos geográficos com o tema da

energia eólica pode ser o conceito de região, levantando questionamento sobre

as características físicas e socioeconômicas dos lugares em que se instalam os

parques eólicos. O conceito de território também pode ser tomado na

discussão sobre energia eólica, partindo da relação que ocorre, por exemplo,

da presença dos parques eólicos em territórios indígenas.

Ainda sobre o emprego de conceitos geográficos, relacionando-os ao

tema da energia eólica, tem-se a abordagem do conceito de lugar, ao

apreender sobre os impactos de certo parque eólico no território de certa

comunidade; o conceito de paisagem, ao se trabalhar os impactos visuais dos

parques eólicos; o conceito de região, se trabalhada a influência que o parque

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eólico possui nas regiões em que se instala; o conceito de rede, ao se discutir a

conexão entre os municípios que se localizam próximos aos pólos eólicos

(concentração de vários parques), como se presencia na região, que abarca o

maior número de parques eólicos instalados no estado do Rio Grande do

Norte.

Isso recai também em relação aos outros temas e saberes da geografia

possíveis de relacioná-los ao tema, como o saber sobre sustentabilidade

ambiental (ao estudar a energia eólica enquanto meta para a politica de

diminuição da poluição); industrialização e urbanismo (a energia eólica como

fator de urbanização enquanto indústria atrativa para a população pelo fator

econômico); migrações (ao se verificar a população de trabalhadores que se

deslocam para as regiões em que os parques se instalam); questões agrárias

(ao se apreender sobre a especulação imobiliária de terras antes consideradas

improdutivas, mas que são vistas com valorização por serem potenciais áreas

para instalação de torres); questões morfológicas (quando se pretende estudar

as áreas em que se instalam os parques eólicos, podendo ser relacionado

também biomas presentes nesta área).

Outro ponto a destacar é sobre a escolha dos livros didáticos. O

Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) do governo federal projeta

melhorias do livro em conexão com a base curricular comum nacional, sendo o

responsável por abrir edital para editoras participarem de uma seleção de livros

didáticos e, a partir do resultado, as vencedoras receberem a autorização para

enviar seus livros para que os professores realizem a escolha do livro que

queira trabalhar na escola pelos próximos três anos.

Porém, as críticas direcionadas a este processo é referente à escolha do

professor. Alguns apontam que a escolha é realizada pelo professor, mas o

que ocorre em alguns casos é que a decisão final é do Ministério da Educação

que leva outros fatores em consideração, como a questão orçamentária, e

assim, em alguns casos, os livros que são enviados para as escolas são

diferentes daqueles escolhidos pelo corpo docente mesmo após sua escolha.

Esse fato causa descontentamento de alguns professores que escolhem

os livros e não são contemplados. Isso influencia negativamente no ensino,

pois um dos principais critérios considerados pelos professores durante a

escolha dos livros é verificar se estes correspondem ao planejamento de

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ensino, principalmente em relação aos conteúdos contidos no currículo da

disciplina.

Críticas em relação a colocação de imagens são frequentes por

tomarem grandes espaços e reduzirem o texto em informações básicas. A

partir de textos curtos, o assunto é sintetizado, deixando a desejar em relação

a informações importantes como objetivos e características da implantação e

os impactos nos espaços e a influência que os parques eólicos exercem na

produção do espaço, por exemplo.

Outros pontos são os exercícios e as propostas de atividades

pesquisadas nos livros trabalharem com questões, indicação de fontes de

pesquisa e projetos que envolvem as fontes de energia em geral. Encontram-

se questões sobre fontes alternativas e somente algumas específicas sobre

energia eólica.

Na análise sobre a relação do tema com conceitos e outros temas

geográficos se constatou que nenhum dos livros analisados relaciona o

conteúdo da energia eólica com os conceitos e saberes fundamentais da

geografia, assim como não realizam uma leitura espacial dessa atividade

econômica como agente de produção do espaço.

Um dos livros (L09) realiza a ligação do tema das fontes de energia com

o assunto da dinâmica indústria, relacionando a importância das matrizes

energéticas para a produção industrial, indicando a energia eólica como fonte

alternativa e complementar. Nesse caso, observa-se que a energia eólica é

pouco abordada e sem sua indicação enquanto uma das principais fontes

complementares de energia atualmente.

Em uma análise geral, os pontos averiguados sobre o conteúdo de

energia eólica presente nos livros didáticos pesquisados convergem, de forma

geral, para um diagnóstico em que o tema energia eólica continua sendo

apresentado de forma fragmentada, descontextualizada e exposta de forma

técnica, sem ligação com conceitos e categorias da geografia. É necessário,

pois, realizar uma leitura espacial sobre os aspectos da produção do espaço,

as mudanças na dinâmica, transformações nas paisagens, seus impactos e

suas implicações nas comunidades, sua espacialidade e formação de novos

territórios, enfim, é preciso dialogar sobre a participação da energia eólica na

transformação da geografia dos lugares em diferentes aspectos.

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O fato de os livros didáticos analisados neste trabalho retratarem o

conteúdo de forma genérica e fragmentada influencia negativamente na

aprendizagem, tornando o conteúdo desestimulante para os alunos. A busca

pelo estímulo deve ser refletida na busca pela produção de materiais

complementares, como livros paradidáticos, necessários para abarcar maiores

informações para as discussões em sala de aula.

Nesse sentido, lembra Callai (2011) a necessidade de os conteúdos

permitirem estabelecer uma identidade da disciplina geografia e também o

diferencial dela em relação as demais áreas de conhecimento. Porém, é

necessário que esses conteúdos possuam elementos que proporcionem atingir

os objetivos planejados, assumindo que o conteúdo tem “caráter significativo

no contexto do currículo da escola básica e se desdobra nos objetivos e

intensões de fazer o ensino” (CALLAI, 2011, p. 129).

6 – ANÁLISE DO QUESTIONÁRIO APLICADO AOS PROFESSORES

Este Questionário foi aplicado com 10 professores de Geografia do

Ensino Médio, atuantes em escolas localizadas nos municípios de Ceará-Mirim,

Natal e João Câmara/RN. O Objetivo foi apreender os diferentes pontos de

vista dos professores em relação ao conteúdo de energia eólica, focando no

entendimento deste enquanto conteúdo presente no currículo da geografia

escolar. Esta análise busca também apreender as abordagens desse conteúdo

por esses professores, também envolvendo a análise destes sobre como o

assunto está presente nos livros didáticos que utilizam, suas experiências na

prática educativa, suas sugestões e desafios para trabalhar o tema.

Com o objetivo de proporcionar uma reflexão qualitativa, o questionário

(Apêndice 01) foi construído de forma semiestruturada e enviado por e-mail

com a devida comunicação anterior. Posteriormente, foi possível realizar

encontros com alguns professores para discussão das respostas no sentido de

melhorar o entendimento e fazendo fluir outras ideias e questões relacionadas

ao assunto.

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Para garantir o anonimato, foram designados códigos para cada

professor que respondeu ao questionário. As entrevistas levaram a

nomenclatura Professor, abreviado com a letra P e um número, conforme

Quadro 3.

Código Local de atuação Tempo de docência

P01 Professor de escola pública estadual de

Ensino Médio de Ceará-Mirim/RN 09 anos

P02 Professor de escola pública estadual de

Ensino Médio de Ceará-Mirim/RN 08 anos

P03 Professor de escola pública estadual de

Ensino Médio de Ceará-Mirim/RN 08 anos

P04 Professor de escola pública estadual de

Ensino Médio de João Câmara/RN 06 anos

P05 Professor de escola pública estadual de

Ensino Médio de João Câmara/RN 13 anos

P06 Professor de escola pública estadual de

Ensino Médio de João Câmara/RN 07 anos

P07 Professor de escola pública estadual de

Ensino Médio de Natal/RN 04 anos

P08 Professor de escola pública estadual de

Ensino Médio de Natal/RN 05 anos

P09 Professor de escola pública estadual de

Ensino Médio de Natal/RN 03 anos

P10 Professor de escola pública estadual de

Ensino Médio de Natal/RN 10 anos

Quadro 04 – Local de atuação dos professores e tempo de docência.

Elaboração: Autor, 2017.

A escolha da pesquisa por professores da cidade de João Câmara foi

em função de esta cidade possuir o maior número de parques eólicos, alguns

com 15 anos de existência o que indicaria que a apreensão desta atividade por

parte dos professores fosse maior. Em conversa com os docentes, percebe-se

que há impactos positivos e negativos e uma influência maior na dinâmica

espacial, tendo entrevistados maior propriedade sobre o tema da energia

eólica.

Ao contrário dos professores da cidade de Natal, que acessam menos a

realidade de implantação dos parques eólico, uma vez que o mais próximo está

situado na cidade de Ceará-Mirim (aproximadamente 30 km). Para que o

professor possa trabalhar melhor o tema é primordial uma visita de campo/aula

de campo para apreender a realidade de instalação do parque eólico.

Já os professores do município de Ceará-Mirim “receberam”

recentemente um parque eólico. Vivenciam atualmente os impactos e

mudanças provocados por essa atividade. Assim se compreende que os

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professores estão em fase de questionamentos maiores sobre a energia eólica,

principalmente a seus impactos ambientais, como foi comentado pela maior

parte deles.

Estabelecendo-se faixas de anos de docência obtém-se o seguinte

gráfico:

Gráfico 01 – Tempo de docência do grupo de professores pesquisados.

Fonte: Elaboração do autor, 2017.

O gráfico aponta que a maior parte da amostra de professores possui

entre 6 a 9 anos de docência que significa um tempo expressivo de

experiências no ensino de geografia em que adquirem metodologias e revisões

nas abordagens dos assuntos, que convergem para uma melhor organização

do trabalho pedagógico.

Entende-se que

o contato com alunos, professores, com os demais agente escolares, enfim a vida profissional, propriamente dita, proporciona muitas aprendizagens, entre elas a aquisição de saberes sobre como agir em diversas situações, trabalhar determinados conteúdos, explorar o livro didático, abordar um conteúdo, extrair do programa os conteúdos relativos à aprendizagem dos alunos, etc. (BORGES apud ALMEIDA, 2010, p. 01)

Sendo então significativa essa compreensão em relação a amostra da

pesquisa, para que se apreenda suas contribuições considerando-se a

experiência anunciada pelos entrevistados.

30%

50%

20%

Tempo de docência

1 a 5 anos

6 a 9 anos

10 ou mais anos

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Este dado é relevante se compreendermos a experiência como

construtor de uma prática de ensino mais dinâmica, que acumule experiências

que resultam no aprimoramento do ensino e de metodologias que visem ao

desenvolvimento dos conteúdos, além do uso de diferentes recursos e a

compreensão da relação entre teoria e prática na geografia escolar.

Aplicando-se a ideia metodológica de análise de conteúdo, defendida

por Bardin (2011), foi então realizada uma pré-análise, como primeira fase de

apreciação das respostas. Destacou-se as principais questões que deram

suporte para organização e a construção do quadro de indicadores,

considerando a representatividade e pertinência.

A elaboração do quadro de indicadores consistiu, conforme indica Bardin

(2011), na classificação, ou melhor, no agrupamento e ordenamento das

respostas por tema para atender o objetivo do estudo.

Uma parte da amostra demonstra que, apesar de possuírem muitos ou

poucos anos de prática educativa, isso não determina que estes últimos

professores possuam fragilidades, pois vários fatores influenciam na qualidade

do ensino, principalmente a formação do docente e outros aspectos que tanto o

profissional “antigo” no ensino de geografia, como os novos estão sujeitos a

sofrerem.

Abaixo seguem 05 quadros separados por questões norteadoras. Esses

quadros seguem uma organização para facilitar a apreensão das respostas e a

compreensão das análises. Ao término de cada quadro, faz-se a devida análise

das respostas e considerações necessárias.

A primeira questão objetiva respostas sobre a compreensão do

professor, de que modo ele entende a inclusão do tema da energia eólica no

currículo da geografia escolar.

Questão norteadora: “qual relação você estabelece entre o tema da energia eólica e o ensino de geografia?”

Respostas dos

professores

P01: a energia eólica é um tema que se relaciona a produção de energia. No ensino de geografia é importante para se entender o processo de transformação e uso do espaço.

P02: A energia eólica deve ser compreendida como uma atividade econômica em alta exploração e deve ser incluída entre os conteúdos de geografia por influenciar nos espaços que estão presentes.

P03: uma relação de trato essencial, a produção energética através de fontes renováveis como o vento demonstram em sua essência a relação entre a sociedade (que busca meios para facilitar o trabalho humano) e a natureza (que dispõe dos meios para a transformação do trabalho humano).

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P04: A energia eólica está presente nos livros didáticos pelo fato de estar associada ao tema da natureza. Energia eólica significa energia renovável e sustentabilidade das fontes de energia.

P05: Os alunos aprenderem como o homem transforma a energia proveniente dos ventos em energia eólica significa muito para compreender como o homem vem produzindo energia.

P06: Assim como as outras fontes de energia, a energia eólica é indispensável nos dias de hoje.

P07: Estabeleço a relação a partir da ideia de preservação, pela energia eólica estar relacionada à produção de energia limpa e sustentável.

P08: O ensino de geografia deve sim desenvolver esse tema na escola. Saber das fontes de energia capacita os alunos à entender o espaço e como a sociedade utiliza o potencial da natureza.

P09: Energia eólica está ligada diretamente a geografia, consequentemente ao ensino dessa disciplina, pois nessa área se estuda o espaço em suas múltiplas configurações, estando a produção de energia inserida nesse contexto espacial.

P10: O ensino de geografia possui vários temas e deve trabalhar assuntos que tenham relação com sociedade, meio ambiente e atividades econômicas. Assim, a energia eólica segue esta relação.

Quadro 05 – O conteúdo inserido na geografia escolar. Fonte: elaborado pelo autor, 2017.

Quantitativamente, dividiram-se as respostas dos professores em 04

grupos por afinidade de respostas, obtendo-se o seguinte gráfico:

Gráfico 02 – Relação do Tema Energia Eólica com o Ensino de Geografia.

Fonte: Elaboração do autor, 2017.

30%

10% 40%

20%

Relação do Tema Energia Eólica como o Ensino de Geografia

Transformações do espaço

Atividade Econômica

FontesRenováveis/Sustentabilidade

Fonte Energética

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Através do gráfico apreende-se que a maior parte da amostra

compreende o tema da energia eólica relacionado ao assunto de fontes

renováveis e/ou ao tema da sustentabilidade, seguido da relação deste tema

com as transformações espaciais que a esta causa, estando o tema estudado

nesta pesquisa associado à atividade econômica pela minoria da amostra.

Pode-se também identificar a relação que os professores fazem da

utilidade da energia eólica tal qual é difundida enquanto elemento

representativo da sustentabilidade, principalmente quando caracterizada como

“fonte limpa” ou “energia limpa” o que indica seu diferencial na comparação

com outras fontes de energia.

Enquanto transformação do espaço, professores indicam esta relação ao

entender que é importante que a geografia escolar discuta como o homem se

relaciona com a natureza.

Nesse entendimento, sinaliza-se a necessidade de averiguar como o

conteúdo de energia está sendo abordado na geografia escolar e refletir como

ele se apresenta no livro didático de geografia, no sentido de apreender que

elementos evidenciam a energia eólica na perspectiva espacial trabalhada pela

geografia.

A próxima questão objetiva apreender se o livro didático utilizado pelo

professor apresenta uma aproximação do conteúdo de energia eólica com

outros temas e conteúdos da geografia escolar.

Questão norteadora: “Nos livros didáticos que você utiliza, o conteúdo de energia eólica realiza uma contextualização com outros temas?”

Respostas dos

professores

P01: Não, apenas com fontes de energia.

P02: Sim, principalmente com a questão ambiental, a energia eólica é apresentada como alternativa para diminuir a queima de combustíveis fósseis e consequentemente minimizar o problema ambiental.

P03: verifico o tema ligado à sustentabilidade.

P04: Não.

P05: Não. Está dentro do assunto sobre fontes de energia.

P06: Não. Os temas que mais se aproxima é o de meio ambiente.

P07: Não.

P08: O livro não realiza esta contextualização.

P09: geralmente exemplifico nas aulas.

P10: visivelmente com o meio ambiente, destacando o caráter limpo deste tipo de energia. Outras relações ficam por conta do professor.

Quadro 06 – O conteúdo faz conexão com outros temas. Fonte: elaborado pelo autor, 2017.

O gráfico abaixo refere-se ao quadro 06:

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Gráfico 03 – Presença de contextualização do tema Energia Eólica com outros assuntos no

livro didático utilizado.

Fonte: Elaboração do autor, 2017.

A partir do gráfico, apreende-se que, nos livros didáticos utilizados pelos

professores da amostra, a associação do tema recai a fontes de energia.

Apreende-se também que as principais aproximações do tema da

energia eólica são com os temas meio ambiente e fontes de energia. Outros

professores citam a aproximação com o tema da sustentabilidade, destacando

“o caráter limpo deste tipo de energia”, como indica o professor P10.

Este último depoimento sinaliza a ideia de que são presentes nos livros

didáticos os termos “limpo” ou “de baixo impacto”, quando se referem à energia

eólica. Esses termos também são encontrados na literatura científica que

abordam a energia eólica, principalmente nas leituras em que destacam os

pontos positivos da energia eólica, em detrimento ou ocultação dos impactos

negativos. Esses termos podem esconder também implicações maiores sobre

a energia eólica, principalmente referente aos impactos sociais

(HOFSTAETTER, 2016).

Outro destaque em relação a essas respostas é a sinalização de um

aspecto que deva constar nos livros didáticos em que é indispensável que haja

nestes a conexão do conteúdo da energia eólica com outros temas/conteúdos

30%

70%

contextualização do tema Energia Eólica com outros assuntos no livro didático

utilizado

Sim

Não

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da geografia escolar, para que se estabeleça uma relação entre os saberes

geográficos, indispensável para o entendimento da complexidade da geografia,

principalmente, para o estabelecimento de elos entre os fenômenos, levando

ao alunado a teia de relações existentes entre as realidades.

A questão a seguir objetiva apreender como os professores

desenvolvem o tema da energia eólica na escola. Questão crucial para

compreender o desenvolvimento do tema em diferentes práticas educativas,

principalmente em relação à aplicação ode projetos e/ou atividades.

Questão norteadora: “Você já realizou projetos ou atividades que envolvam o tema da energia eólica?”

Respostas dos

professores

P01: Não. Pretendo pesquisar para desenvolver no ultimo bimestre.

P02: Não. Algumas atividades são inseridas nas provas, porém poucas são sobre fontes de energia.

P03: Não.

P04: Não.

P05: já li sobre projetos de aula de campo em parques eólicos, mas ainda não realizei.

P06: Não.

P07: Outros professores da escola já realizaram o projeto da COSERN sobre energias, onde os alunos puderam visitar o Parque eólico de Rio de Fogo. Eu fui apenas para acompanhar.

P08: Não.

P09: Não.

P10: Em uma feira de conhecimento na escola orientei um trabalho sobre fontes de energia e fizemos uma maquete de algumas formas de produção, entre elas a energia eólica, mas nada exclusivamente sobre este tema.

Quadro 07 – Como os professores desenvolvem o tema na escola. Fonte: elaborado pelo autor, 2017.

O gráfico a seguir apresenta o percentual de docentes que realizam

projetos e/ou atividades com o tema Energia Eólica:

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Gráfico 04 – Docentes que realizam projetos e/ou atividades com o tema

Energia Eólica.

Fonte: Elaboração do autor, 2017.

Identifica-se que a maior parte da amostra, 90%, diz não ter realizado

projetos e/ou atividades sobre energia eólica. Entende-se, pois, que esses

professores se detêm, especialmente, ao livro didático, como principal recurso

didático trabalhado em sala de aula, apesar de alguns utilizarem recursos

outros, como veremos nos gráficos a seguir. Alguns professores indicam ter

presenciado projetos e outros ainda afirmam já indicaram atividades com

maquete. Há os que indicam querer empregar o recurso da aula de campo

(P05). Entretanto, este último exemplo ainda está em fase de projeto.

Pode-se aferir que o trabalho com projetos é dificultado pela ausência de

informações sobre a energia eólica, pois para uma aula de campo é necessário

a abordagem teórica e informações inicialmente, antes do trabalho externo à

escola. Assim, pode-se entender que o desenvolvimento do conteúdo de

energia eólica no ensino de geografia se limita ao uso do conteúdo presente

nos livros didáticos e demais fontes alternativas, sinalizando então a urgência

de materiais complementares, como livros paradidáticos e outras metodologias,

para apresentar ideias e ações.

No quadro abaixo, objetiva-se apreender quais materiais os professores

utilizam para trabalhar o tema da energia eólica. Esta questão significa

10%

90%

Docentes que realizam projetos e/ou atividades com o tema Energia Eólica

Realizam projetos/atividades

Não realizamprojetos/atividades

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perceber a abordagem dos professores e os recursos didáticos que utilizam na

abordagem do tema da energia eólica.

questão norteadora: “você utiliza algum material didático complementar para abordar este tema?”

Respostas dos

professores

P01: Utilizo vídeos encontrados no youtube.

P02: faço buscas na internet de infográficos.

P03: sim. power point e listas de exercício.

P04: não

P05: não exatamente um material específico, mas sim uma metodologia diferente. os alunos fizeram pesquisa em materiais diversos quando trabalhamos esse tema, no qual puderam apresentar por meio de seminários os diferentes tipos de energia, inclusive a eólica.

P06: Sim. Slides e imagens.

P07: Apenas slides

P08: não

P09: não

P10: geralmente utilizo imagens e matérias coletadas da internet para complementar a deficiência do conteúdo no livro didático.

Quadro 08 – Materiais que são utilizados para desenvolver o tema da energia eólica. Fonte: elaborado pelo autor, 2017.

Abaixo temos uma representação gráfica dos materiais utilizados pelos

professores para abordagem do tema energia eólica:

Gráfico 05 – Utilização de outros recursos didáticos para trabalhar o tema da Energia Eólica.

Fonte: Elaboração do autor, 2017.

10%

10%

20%

15% 5%

40%

Utiliza outros recursos didáticos para trabalhar o tema da Energia Eólica

Vídeos

Infográficos

Slides

imagens

lista de exercício

Não (somente o livro didático)

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Os materiais utilizados pelo professor na abordagem do conteúdo da

energia eólica, conforme o gráfico acima, apresentam a necessidade da

produção de materiais complementares, assim como metodologias para

trabalhar esse conteúdo.

Outro aspecto que aflora da análise desse quadro é a diversidade de

recursos utilizados pelos professores: vídeos, infográficos, powerpoint e lista de

exercícios. Meios que aprimoram a abordagem do conteúdo de energia eólica e

facilitam a aprendizagem, dinamizando as aulas.

A utilização desses materiais proporciona realizar a aproximação do

conteúdo de energia eólica com o contexto dos alunos ao permitir, a partir da

pesquisa, inserir em slides, captar vídeos que apresentem a realidade local,

inserir mapas, questões e a relação com outros temas da geografia escolar.

No quadro a seguir, objetiva-se apreender sugestões sobre o que os

professores acham necessário estar contido no livro didático para uma melhor

abordagem do tema da energia eólica.

Essa questão provoca o professor a pensar os elementos essenciais

para colocar o conteúdo da energia eólica na perspectiva espacial, perspectiva

específica da geografia. Nesta reflexão, além de elencar os elementos

espaciais importantes, também se acaba situando a energia eólica enquanto

conteúdo específico da geografia e, por isso, sendo indispensável para a

compreensão das realidades.

Questão norteadora: “O que acha necessário que contenha nos livros didáticos para uma melhor abordagem do tema da energia eólica?”

Respostas dos

professores

P01: Contextualizar o local e o global, as múltiplas relações que aí se estabelecem. Valorizar os conhecimentos prévios dos alunos, ilustrações e atividades mais dinâmicas sobre o tema.

P02: Mapas são fundamentais para os alunos compreenderem. Também é importante apresentar imagens que facilitem a compreensão dos aluno.

P03: Seria importante colocar mapas que indicassem os estados em que tem parques eólicos. Se possível, colocar um específico do nosso estado (Rio Grande do Norte).

P04: Mais detalhes sobre onde estão os parques. Questões para trabalhar nas provas.

P05: Talvez uma abordagem mais contextualizada, não simplesmente a exposição de como funciona uma usina eólica, mas também, a discussão da implicação dessa estratégia para o espaço geográfico.

P06: é importante conter os impactos dos parques eólicos. Aqui em João Câmara os alunos sabem o que é, mas não sabem falar dos impactos que os parques causam.

P07: Penso que deva ter as características gerais e também listar os impactos. Se possível identificar com fotos.

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P08: deveria haver uma localização deste tipo de produção no território brasileiro e uma caracterização dos lugares onde acontece a produção eólica, envolvendo questões econômicas e sociais relativas a esta produção.

P09: Acho necessário colocar os impactos ambientais que ocorrem nas comunidades que os parques eólicos se instalam. Como medem a potência do vento. Etc. P10: Atividades e mapas para trabalhar em sala de aula. Sem mapa o aluno não compreende direito onde ficam os parques. Questões do ENEM.

Quadro 09 – Como os professores desenvolvem o tema na escola. Fonte: elaborado pelo autor, 2017.

O gráfico a seguir é resultante das respostas sobre a questão feita aos

professores do que acham necessário conter nos livros didáticos para uma

melhor abordagem do tema da energia eólica.

Gráfico 06 – Elementos sugeridos pelos professores para o trabalho do tema de energia eólica.

Fonte: Elaboração do autor, 2017.

O gráfico demonstra que prevalece entre os professores da amostra a

necessidade de mapas e elementos de localização cartográfica dos parques

eólicos para subsidiar a abordagem do tema em sala de aula. Em seguida,

tem-se a necessidade de informações sobre os impactos ambientais dos

parques eólicos, fato identificado em poucos livros analisados nesta

dissertação. Este é um ponto forte de discussão, pois, apesar de associarem

essa atividade às questões econômicas, o que se constata na pesquisa é uma

maior necessidade de se trabalhar os impactos que a energia eólica provoca,

revelando-se como a preocupação central dos professores pesquisados.

45%

20%

30%

5%

Elementos sugeridos pelos professores para o tema de Energia Eólica

Mapas/localização cartográfica

Contextualização socioespacial

Impactos ambientais

Questões econômicas

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Ao compreender-se as necessidades, compreende-se também a

ausência desses elementos nos livros utilizados atualmente pelos professores

de geografia. A presença de imagens é reivindicada pelos professores P01,

P02 e P07. O uso de imagens deve levar em conta o uso correto para não ser

confundida com mera ilustração. Para isso, é preciso que a imagem tenha

significado diante do contexto do assunto, estando ligada diretamente à

discussão provocada no livro.

Três professores (P01, P04 e P10) reivindicam a presença de atividades

para serem trabalhadas com os alunos, principalmente questões direcionadas

ao Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), como pede o professor P10.

Outro elemento importante, solicitado pelos professores para que

estejam presentes no livro didático, ao abordar o tema da energia eólica, é a

contextualização do assunto com as realidades locais e globais e também as

implicações provocadas no espaço geográfico. Essa contextualização

demonstra a preocupação dos professores com o isolamento e fragmentação

do conteúdo da energia eólica e que influencia na aprendizagem.

Em uma análise geral, as respostas convergem para a concepção de

que há um descontentamento direcionado a como o conteúdo da energia eólica

vem sendo apresentado nos livros didáticos. A falta de um material que

apresente maiores informações e diferentes pontos de vista e uma ligação com

outros temas e com os próprios saberes geográficos, dificuldade mencionada

pelos professores em relação aos livros que trabalham em suas escolas, é um

problema a ser debatido e para se buscar soluções.

Um professor comentou que “o tema da energia eólica eu trabalho junto

com outras fontes de energia, fazendo um sorteio entre grupos de alunos e

cada grupo defende a fonte de energia que pesquisou.” Essa prática colabora

com a sistematização das características principais de cada fonte de energia,

podendo ser inserida como via para iniciar o reconhecimento da energia eólica

como fonte contemporânea de maior destaque por não produzir resíduos.

Outros pontos são necessários destacar nas análises dos professores.

Sobre a abordagem dos conteúdos em sala de aula, alguns professores

entendem que o público (alunado), infelizmente, “está em um nível aquém do

necessário para leitura e interpretação dos assuntos”, como relata um

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entrevistado, o que exige um empenho maior do professor, além do desafio de

contextualizar.

Alguns professores apontam a “almanaquização” dos conteúdos -

expostos de forma resumida, sem uma leitura científica - e que esse fato se

agrava quando o material didático é destinado ao Exame Nacional do Ensino

Médio (ENEM) que, segundo os professores, traz como ponto negativo a

homogeneização dos conteúdos. Essa compartimentação e isolamento podem

ser uma das causas do desinteresse pelas aulas.

Percebe-se que a maior parte dos professores da amostra se detém ao

livro didático. Apesar de a maioria deles possuírem boa experiência em

docência, o que se identifica é a prevalência do livro didático como principal

recurso didático utilizado em sala de aula, fato também percebido pela

ausência de projetos e/ou atividades relacionadas ao tema da energia eólica,

resultante também da falta de outros materiais didáticos que discutam o tema.

Os depoimentos dos professores analisados anteriormente somam-se à

ideia constatada em nossa análise geral sobre a abordagem do conteúdo da

energia eólica em livros didáticos, em que sua fragmentação está também

presente e que se apreende a falta de materiais complementares, além da

carência de atividades, práticas e projetos que envolva o tema.

Novamente, enfatiza-se a crítica à fragmentação e simplificação como

vem sendo tratado os conteúdos. Tenta-se realizar a religação entre teoria e

realidade, entre os conteúdos e temas. É preciso construir um conhecimento

sobre energia eólica que evidencie seus impactos, sua espacialidade e

evidencie sua relação com os demais temas da geografia escolar e com os

conceitos e saberes da geografia.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O debate sobre os conteúdos da geografia escolar envolvem vários

aspectos necessários para o desenvolvimento do ensino de geografia. Ao

analisar o conteúdo da energia eólica presente no currículo, variados

direcionamentos podem ser tomados.

Neste trabalho, buscou-se apreender os aspectos que tornam esse

conteúdo pertencente à perspectiva espacial, na perspectiva da geografia

escolar.

O processo de pesquisa tem sua valiosa contribuição no momento em

que se apreendem novas informações, fatos e ideias e se repensa o ponto de

partida. Repensar e reescrever, que reflete o aprimorar do trabalho, é a

principal contribuição que uma pesquisa possa dar ao pesquisador,

evidenciando que o mais valioso é o processo de construção e desconstrução

da leitura que se realiza sobre o objeto pesquisado. Precioso também é

apreender novos aspectos e vias para o entendimento do objetivo que se

propõe se enveredar a pesquisar.

As transformações são importantes para o amadurecimento infindável do

nosso ser e do trabalho projetado. Foi o que ocorreu nesta pesquisa, galgada

em etapas que modelaram esta escrita e este pensar que estará sempre

inacabado.

Os momentos mencionados acima indicam vias possíveis para um novo

pensar da geografia escolar, novos meios de abordagem do conteúdo que

necessita de procedimentos importantes como: o professor conhecer e refletir

sobre o conteúdo que planejou trabalhar; buscar empregar diferentes recursos

de ensino; consultar o saber de outros professores e construir materiais que

auxiliem e se agreguem ao livro didático.

A partir desse ponto, o desenvolvimento do conteúdo e o entendimento

da sua relação com o espaço geográfico tornam-se capilares, seja na

verificação da espacialidade, seja a partir da apreensão de seus impactos e

suas relações com temas e conceitos geográficos.

Ao se refletir sobre estas conexões que o tema da energia eólica tem

com o ensino de geografia, entende-se melhor sua espacialidade. Este é o

ponto central que motiva o trabalho desse tema nas aulas de geografia. Fazer

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entender a importância da espacialidade das coisas é o ponto central dos

conteúdos ao serem desenvolvidos pelo professor de geografia, pois que a

espacialidade pode ser entendida como o aspecto central dos conteúdos, para

ser trabalhado na geografia em sala de aula.

Toda reflexão sobre a geografia escolar, sobre a prática de ensino,

sobre os conteúdos e temas são válidas, pois contribuem para uma educação

melhor, no sentido amplo de ensinar a viver. A geografia dá sua contribuição ao

trabalhar a perspectiva espacial diante dos fenômenos.

Diante do cenário encontrado a partir da abordagem do conteúdo de

energia eólico, tendo por base a pesquisa realizada, confirmamos, ao final do

trabalho, as duas hipóteses que deram início a ele.

A primeira hipótese confirmada com esse estudo, afirma que, apesar da

importância da energia eólica enquanto atividade econômica em expansão no

Brasil, principalmente na região nordeste, com destaque para o estado do Rio

Grande do Norte, sua abordagem na geografia escolar ainda possui lacunas

em não apresentar sua espacialidade e seus impactos socioambientais, assim

como a conexão com outros temas da geografia, elementos cruciais para

entendê-lo dentro da perspectiva geográfica.

Esses elementos foram apontados e discutidos ao longo do trabalho e

observou-se que os livros didáticos não apresentam essas informações.

Constatação esta ocorrida não só pela análise dos livros didáticos do ensino

médio, como também a partir de questionário aplicado junto a professores de

geografia do ensino médio, atuantes nas escolas públicas de Ceará-Mirim,

João Câmara e Natal/RN, nas quais se destacam a necessidade de Mapas e

informações de cunho ambiental sobre o tema.

As lacunas presentes foram constatadas ao verificar-se o conteúdo

presentes nos livros didáticos analisados que se detém a aspectos da

produção de energia eólica e a informações fragmentadas sobre a

potencialidade desta atividade. Ao se levar em conta elementos que

apresentem a espacialidade da energia eólica, poucos livros apresentam

informações, que levem ao entendimento de como a energia eólica, na forma

dos parques eólicos, se distribui e atua no espaço.

Ao verificar a existência de elementos que apresentem as diversas

implicações que provocam os parques eólicos nos espaços em que se instalam

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também não foram suficientes para demonstrar os impactos socioambientais,

apesar destes estarem em trabalhos evidenciados, assim como foram listados

na discussão sobre a energia eólica e o espaço geográfico.

Através do questionário aplicado a professores de geografia do ensino

médio atuantes nas escolas públicas foi confirmada que há lacunas nos livros

com os quais trabalham em suas aulas, evidenciando também a carência de

informações sobre espacialidade, impactos e a conexão com outros temas e

conceitos geográficos, além da necessidade de imagens, mapas e informações

cartográficas.

A segunda hipótese, confirmada com este estudo, afirma que o conteúdo

de energia eólica presente em livros didáticos atuais necessita de

complementação, principalmente no que se refere a materiais que apresentem

os aspectos para explicitar este tema na perspectiva geográfica, necessitando

utilizar de outros recursos de ensino, como paradidáticos, mapas, e jogos, além

de novas metodologias.

Para essa proposição, a pesquisa junto aos professores evidenciou

também opiniões que indicaram formas de abordagem do tema da energia

eólica efetivadas de forma fragmentada, devido a falta de informações e

recursos que proporcionassem uma abordagem mais próxima da geografia, ou

seja, que colocasse o tema da energia eólica na perspectiva geográfica,

resultante na quase ausência de projetos e/ou atividades sobre o tema.

Tais constatações apontam para ação de verificação e reflexão dos

conteúdos trabalhados pelo currículo da geografia escolar, tendo como intuito

aprimorar o ensino e aprendizagem dos saberes geográficos em sua totalidade.

Enquanto elemento crucial no ensino, esse conteúdo tem sua

importância na elaboração do planejamento, principalmente, na concretização

dos objetivos da disciplina. O conteúdo necessita de um maior olhar por parte

dos professores, pois é o elemento que reflete a forma de pensar deste, da sua

compreensão do que a geografia escolar deve trabalhar, carregado de

intensões e elos que são estabelecidos para discutir este tema a partir da

perspectiva espacial.

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APÊNDICE

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APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO APLICADO AOS PROFESSORES DE

GEOGRAFIA DO ENSINO MÉDIO DE ESCOLAS PÚBLICAS.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES – CCHLA

CENTRO SUPERIOR DO SERIDÓ – CERES

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA – MESTRADO

PROFISSIONAL - GEOPROF

PROJETO: ENERGIA EÓLICA NO ENSINO DE GEOGRAFIA

Níveis de ensino em que atua: _____________________________________

Tempo de sala de aula: ___________________________________________

Materiais didáticos mais utilizados nas aulas: ________________________

- SOBRE OS NOVOS TEMAS DA GEOGRAFIA ESCOLAR:

01 - Quais novos temas você conhece que estão sendo inseridos na geografia

escolar?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

____________________________________________________________

02 - O que acha da abordagem desses novos conteúdos nos livros didáticos?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

____________________________________________________________

03 - Como você entende a transposição dos conteúdos da geografia

acadêmica para a geografia escolar?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

____________________________________________________________

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- SOBRE O TEMA ENERGIA EÓLICA NO ENSINO DE GEOGRAFIA:

04 - Qual relação você estabelece entre o tema da energia eólica e o ensino de

geografia?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

___________________________________________________________

05 - Como você percebe esse novo tema nos livros didáticos utilizados na sua

escola?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

____________________________________________________________

06 - Nos livros didáticos que você utiliza, o conteúdo de energia eólica realiza

uma aproximação com a realidade dos alunos? Explique.

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

____________________________________________________________

07 - Nos livros didáticos que você utiliza, o conteúdo de energia eólica realiza

uma contextualização com outros temas? Explique.

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

____________________________________________________________

08 - Nos livros didáticos que você utiliza, o conteúdo de energia eólica realiza

uma leitura que relaciona os conhecimentos geográficos (teorias, conceitos e

categorias) e a realidade? Explique.

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

____________________________________________________________

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09 - O livro atende às expectativas dos alunos ou geram duvidas? Quais?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

____________________________________________________________

10 - Você utiliza algum material didático complementar para abordar esse

tema? Não ( ). Sim ( ), quais?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

____________________________________________________________

11 - Você já realizou projetos ou atividades que envolvam o tema da energia

eólica? Explique.

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

____________________________________________________________

12 - O que você acha necessário que contenha nos livros didáticos para uma

melhor abordagem do tema da energia eólica. Explique.

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

____________________________________________________________

13 - Outras questões, observações, comentários, sugestões e

complementações.

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

____________________________________________________________