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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE BIOCIÊNCIAS
CURSO DE BIOMEDICINA
THAIS TEIXEIRA OLIVEIRA
ALTERAÇÃO DA EXPRESSÃO DE GENES RELACIONADOS A DOENÇAS
NEURODEGENERATIVAS EM MODELOS INFLAMATÓRIOS TRATADOS
COM INIBIDORES DE APE1
Natal
Novembro de 2017
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ALTERAÇÃO DA EXPRESSÃO DE GENES RELACIONADOS A DOENÇAS
NEURODEGENERATIVAS EM MODELOS INFLAMATÓRIOS TRATADOS
COM INIBIDORES DE APE1
Por
Thais Teixeira Oliveira
Orientador: Profa. Dra. Lucymara Fassarella Agnez Lima
Natal
Novembro de 2017
Monografia Apresentada à
Coordenação do Curso de
Biomedicina da Universidade Federal
do Rio Grande do Norte, como
Requisito Parcial à Obtenção do
Título de Bacharel em Biomedicina.
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE BIOCIÊNCIAS
CURSO DE BIOMEDICINA
A Monografia alteração da expressão de genes relacionados a doenças
neurodegenerativas em modelos inflamatórios tratados com inibidores de APE1
Elaborada por Thais Teixeira Oliveira
E aprovada por todos os membros da Banca examinadora foi aceita pelo Curso
de Biomedicina e homologada pelos membros da banca, como requisito parcial
à obtenção do título de
BACHAREL EM BIOMEDICINA
Natal, 01 de dezembro de 2017
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________
Dra. Lucymara Fassarella Agnez Lima (Departamento de Biologia molecular e
Genética)
_________________________________________
Dra. Tirzah Braz Petta Lajus (Departamento de biologia celular e genética)
________________________________________
Nome do Professor Examinador 2 (Departamento)
5
AGRADECIMENTOS
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico,
CNPq, instituição financiadora do projeto.
Agradeço a minha orientadora, prof. Dra. Lucymara Fassarella Agnez
Lima, pela oportunidade de aprender a fazer ciência.
Agradeço a todo o grupo de pesquisa que faço parte, especialmente a
Frabrícia, Daniele e Ana Helena, por toda a paciência que tiveram comigo
desde o início.
A meu noivo, minha família e meus amigos, por todo o apoio que me
deram em todas as questões da minha vida.
Aos meus professores e coordenadores do curso de biomedicina, pela
dedicação ao ensino e a esse curso.
Por fim, agradeço a Deus pela oportunidade viver tudo isso!
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RESUMO
A inflamação no sistema nervoso pode levar a perturbação funcional e
morte de neurônios quando se desenvolve de maneira crônica ou exacerbada,
doenças de base infecciosa como Meningite, frequentemente causam
complicações, associadas a espécies reativas de oxigênio (ERO) geradas
durante a inflamação. Devido aos danos causados ao DNA por ERO e sua
relação com a morte neuronal, o papel das vias de reparo de DNA e suas
consequências durante processos inflamatórios vem sendo estudado. Nosso
grupo observou que a ocorrência de polimorfismos em genes da via de reparo
por excisão de bases, foi mais frequente em pacientes com meningite bacteriana,
foram observados aumento na ocorrência de danos no DNA, redução dos níveis
de citocinas e desbalanço na produção de anticorpos nesses pacientes. Visando
investigar melhor o papel da enzima APE1 durante o processo inflamatório,
nosso grupo estabeleceu um modelo de inflamação in vitro, utilizando linhagem
de monócitos (U937) tratadas com lipopolissacarídeo (LPS) e posterior adição
de inibidores específicos para funções da enzima APE1, E3330 e metoxiamina,
e do antioxidante resveratrol. A partir desse modelo, foram obtidos os
transcriptomas dos diferentes tratamentos. Dentre os genes diferencialmente
expressos foram identificados vários genes envolvidos em vias de
neurodegeneração. Foi observado que o tratamento com E3330 e resveratrol
leva a redução de expressão de muitos genes mitocondriais envolvidos com a
patogênese de doenças como Parkinson e Alzheimer.
Palavras-chave: Inflamação. APE1. Neurodegeneração. Estresse oxidativo.
Mitochondria.
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ABSTRACT
Inflammation is one of the main defense mechanisms against pathogens
and antigens, but in the nervous system inflammation can lead to functional
disturbance and death of neurons when it develops in a chronic or exacerbated
way. Infectious diseases, such as meningitidis, which develop in the CNS often
cause complications and neuronal death, many studies have already associated
these complications with reactive oxygen species generated during inflammation.
Due to the damage caused to DNA and its relation to neuronal death, our
research group investigated the relationship of DNA repair enzymes with the
occurrence of bacterial meningitis, in this study we observed that the occurrence
of polymorphisms in genes of the bases excision repair was more frequent in
patients with bacterial meningitis, in addition the amount of DNA damage was
also higher in patients with APE1 and OGG1 polymorphism. To investigate the
anti-inflammatory role of APE1, we performed a sequencing of the monocyte
lineage RNA pool (U937) by observing gene expression alterations after the use
of E3330 inhibitors Methoxyamine and resveratrol, one of the results was the
appearance of many Genes belonging to neurodegeneration pathways with
altered expression after the treatments. This work aimed to investigate these
genes better; we observed that the treatment with E3330 and Resveratrol down
regulates many mitochondrial genes involved in the pathogenesis of diseases
such as Parkinson and Alzheimer.
Keywords: Inflammation. APE1. Neurodegeneration. Oxidative stress. Mitochondria.
8
Sumário LISTA DE ABREVIATURAS .................................................................................................10
LISTA DE FIGURAS...............................................................................................................11
LISTA DE TABELAS ..............................................................................................................13
INTRODUÇÃO.........................................................................................................................14
O estresse oxidativo e seu papel no processo inflamatório ..................................14
O reparo dos danos causados por EROs no DNA ....................................................16
APE1/Ref-1: uma proteína multifuncional ...................................................................18
A associação entre danos no DNA, inflamação e doenças neurodegenerativas
...............................................................................................................................................22
Doença de Alzheimer (DA) ..............................................................................................22
Doença de Parkinson (DP) ..............................................................................................23
Esclerose Lateral amiotrófica (ELA) .............................................................................23
Doença infecciosa no SNC: Meningite .........................................................................24
OBJETIVOS .............................................................................................................................25
OBJETIVO GERAL ................................................................................................................25
OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................................................26
METODOLOGIA .....................................................................................................................26
ANÁLISE DA VIAS ENRIQUECIDAS NAS LISTAS DE TRANSCRITOS .................26
ANÁLISE DE REDES DE INTERAÇÃO PROTEÍNA-PROTEÍNA ...............................26
INDUÇÃO DA INFLAMAÇÃO E TRATAMENTO COM INIBIDOR. ............................27
EXTRAÇÃO DE RNA .........................................................................................................28
q-PCR ...................................................................................................................................28
RESULTADOS ........................................................................................................................29
Genes envolvidos na neurodegeneração tem sua expressão afetada por
inibidores de APE1 durante o processo inflamatório. .............................................29
E3330 ................................................................................................................................32
Metoxiamina....................................................................................................................34
Resveratrol ......................................................................................................................36
Principais reguladores dos genes com expressão modificada por E3330,
Metoxiamina e Resveratrol. ............................................................................................39
E3330 ................................................................................................................................39
Resveratrol ......................................................................................................................40
Metoxiamina....................................................................................................................41
9
Principais clusters contendo genes das vias neurodegenerativas e suas
funções dentro da célula. ................................................................................................42
E3330 ................................................................................................................................42
Metoxiamina....................................................................................................................47
Resveratrol ......................................................................................................................52
EXPRESSÃO DE ALGUNS GENES DA LISTA POR Q-PCR .....................................57
A expressão de ATM não está reduzida somente após o tratamento com
resveratrol, mas também com E3330 e Mettoxiamina..............................................58
E3330 causa Up regulação da Histona deacetilase 1 (HDAC1) ..............................59
A Expressão de NDUFV2 está diminuída no tratamento com E3330 e
metoxiamina .......................................................................................................................60
A expressão de NRF1 não foi alterada em nenhum dos inibidores ......................61
DISCUSSÃO ............................................................................................................................62
CONCLUSÕES .......................................................................................................................69
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................70
10
LISTA DE ABREVIATURAS
EROs - Espécies reativas de oxigênio
ERNs – Espécies reativas de Nitrogênio
BER - base excision repair
APE1 - Apurinic-Apyrimidinic Endonuclease 1
AP - Apurínico/Apirimidinico
UDG - Uracil DNA Glycosylase
MPG - N-Methylpurine DNA Glycosylase
OGG1 - 8-Oxoguanine DNA Glycosylase
NF-kB - Fator Nuclear kappa B
PARP-1 - Poly(ADP-Ribose) Polymerase 1
AP-1 - Activator Protein 1
TNF-α - Tumor Necrosis Factor alfa
LPS – Lipopolissacarídeo
SNPs - single nucleotide polymorphisms
MB – Meningite Bacteriana
HIF-1 - Hypoxia Inducible Factor 1
Egr-1 - Early Growth Response 1
E3330 - (E) - 3 - (5, 6 - dimetoxi - 3 - metil - 1, 4 - dioxociclohexa - 2, 5 - dienil) -
2 - ácido nonilpropenóico
MTX – Metoxiamina
DP – Doença de Parkinson
DA – Doenças de Alzheimer
DH - Doença de Huntington
NRF1 – Nuclear Respiratory Factor 1
DDR – DNA damage response
ATM - Ataxia Telangiectasia Mutated
HDAC1 - Histone Deacetylase 1
NDUFV2 - NADH:Ubiquinone Oxidoreductase Core Subunit V2
11
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Redução do O2 a H2O.
Figura 2. Via de reparo por excisão de bases.
Figura 3. Intersecção entre os genes da neurodegeneração down regulados por
cada tratamento.
Figura 4. Intersecção entre os genes da neurodegeneração up regulados por
cada tratamento.
Figura 5. Cluster 1 de genes down regulados por E3330.
Figura 6. Cluster 2 de genes down regulados por E3330.
Figura 7. Cluster 2 de genes up regulados por E3330.
Figura 8. Cluster 2 de genes up regulados por E3330.
Figura 9. Rede formada pelos genes da neurodegeneração com expressão
alterada por E3330.
Figura 10. Cluster 1 dos genes Up regulados por metoxiamina
Figura 11. Cluster 2 dos genes Up regulados por metoxiamina
Figura 12. Cluster 3 dos genes Up regulados por metoxiamina
Figura 13. Cluster 4 dos genes Up regulados por metoxiamina.
Figura 14. Genes da neurodegeneração com expressão alterada por MTX.
Figura 15. Cluster 1 dos genes down regulados por resveratrol.
Figura 16. Cluster 2 dos genes down regulados por resveratrol.
Figura 17. Cluster 3 dos genes down regulados por resveratrol.
Figura 18. Cluster 4 dos genes down regulados por resveratrol.
Figura 19. Genes da neurodegeneração com expressão alterada por resveratrol.
Figura 20. Alteração da expressão de ATM em células U937
Figura 21. Alteração da expressão de ATM em células U251MG
12
Figura 22. Alteração da expressão de HDAC1 em células U937
Figura 23. Alteração da expressão de HDAC1 em células U251MG
Figura 24. Alteração da expressão de NDFV2 em células U937
Figura 25. Alteração da expressão de NDFV2 em células U251MG
Figura 26. Alteração da expressão de NRF1 em células U937
Figura 27. Alteração da expressão de NRF1 em células U251MG
13
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Sequências dos primers utilizados para qPCR.
Tabela 2. Descrição de genes de vias de neurodegeneração Down regulados
após tratamento com E3330 segundo o DAVID e KEGG.
Tabela 3. Genes Up regulados após tratamento com E3330 envolvidos em vias
de doenças neurodegenerativas segundo DAVID e UNIPROT.
Tabela 4. Genes Up regulados após tratamento com Metoxiamina envolvidos em
vias de doenças neurodegenerativas segundo DAVID e UNIPROT.
Tabela 5. Genes Down regulados após tratamento com Metoxiamina envolvidos
em vias de doenças neurodegenerativas segundo DAVID e UNIPROT.
Tabela 6. Descrição de genes Down regulados após tratamento com Resveratrol
e vias de neurodegeneração em que estão envolvidos segundo o DAVID e
KEGG.
Tabela 7. Descrição de genes Up regulados após tratamento com Resveratrol e
vias de neurodegeneração em que estão envolvidos segundo o DAVID e KEGG.
Tabela 8. Principais fatores de transcrição da rede down regulada por E3330.
Tabela 9. Principais fatores de transcrição da rede down regulada por
Resveratrol.
Tabela 10. Principais fatores de transcrição da rede down regulada por
Metoxiamina.
Tabela 11. Principais fatores de transcrição da rede Up regulada por
Metoxiamina.
14
INTRODUÇÃO
O estresse oxidativo e seu papel no processo inflamatório
Em organismos vivos aeróbicos mais de 90% do oxigênio consumido é
reduzido a água pelo citocromo C oxidase, também chamado de complexo IV da
cadeia transportadora de elétrons. Os 10% restantes são reduzidos por meio de
adição de um elétron ao radical ânion superóxido (O2-) e adição de mais um
elétron formando o peróxido de hidrogênio (H2O2), a adição de mais um elétron
ao H2O2 produz o radical Hidroxil (OH-) (Figura. 1). Esses compostos são
quimicamente mais ativos que o oxigênio molecular e por isso são denominados
de espécies reativas de oxigênio (EROs). Os peróxidos lipídicos, peróxidos de
proteínas e de ácidos nucleicos são outros exemplos de EROs. Apesar de 90%
das EROs endógenas serem produzidas pela mitocôndria, o retículo
endoplasmático, membranas nucleares bem como enzimas chamadas de
oxidases também são fontes das espécies reativas.
Apesar de serem sempre associadas aos danos que causam a lipídeos,
proteínas e DNA, as espécies reativas possuem um papel como moléculas de
sinalização para regulação de processos fisiológicos. Um desses processos de
sinalização envolve a oxidação mediada por H2O2 em resíduos de cisteína nas
proteínas, em pH fisiológico os resíduos de cisteína existem como ânions tiolato
Figura 1. Redução do O2 a H2O. O oxigênio pode receber quatro elétrons e
quatro prótons resultando na formação de duas moléculas de H2O ou pode
ser reduzido por adição de um elétron de cada vez, gerando intermediários
reativos, como os radicais superóxido (O2-.), radical Hidroxil (OH-) e o
peróxido de hidrogênio (H2O2).
15
(Cys-S-), quando oxidados por H2O2 formam a Cys-SOH, que altera a
conformação da proteína alterando assim sua função biológica. A forma
sulfenica pode ser reduzida novamente por tiorredoxina (Trx) e glutarredoxina
(Grx) retornando a sua função original (Winterbourn et al. 2008; Finkel et
al.2012), além disso EROs também são produzidas durante a inflamação onde
desenvolvem um papel fundamental no combate a microrganismos invasores.
Em células imunes, enzimas como NADPH oxidase (NOX) e a mieloperoxidase
produzem EROs que atuam no combate aos patógenos (revisado por Fontes et
al. 2014).
Para manutenção da homeostase, a célula possui um mecanismo de
eliminação de EROs através dos antioxidantes, que podem ser classificados em:
antioxidantes não enzimáticos, como: vitamina C (ácido ascórbico), vitamina E
(Tocoferol), carotenoides, polifenois e ácido úrico são exemplos deles; e
antioxidantes enzimáticos, por exemplo, superóxido dismutase (SOD), catalase
(CAT), glutationa peroxidase (GTPx), além das já mencionadas Trx e Grx (Birben
et al 2012). O desequilíbrio entre a produção de espécies reativas e sua
eliminação pelos antioxidantes é chamado de estresse oxidativo, as condições
de estresse podem ocorrer tanto pela diminuição dos mecanismos antioxidantes
como pelo aumento de EROs ou espécies reativas de nitrogênio (ERNs).
É durante o estresse oxidativo que as EROs podem causar danos
significativos a lipídeos, proteínas e ácidos nucleicos. Em lipídeos a oxidação de
um elétron em ácidos graxos poli-insaturados pode desenvolver uma reação de
peroxidação lipídica em cadeia alterando a permeabilidade da membrana celular
(Valko et al, 2007). Já nas proteínas o resíduo de cisteína, já mencionado, é o
mais sensível a oxidação, em condições de estresse a oxidação de proteínas
pode acelerar sua degradação ou alterar sua função, em particular, proteínas
mitocondriais oxidadas podem causar morte celular por necrose ou apoptose
devido a deficiência bioenergética (Brown, 2007). No DNA a oxidação causa
danos principalmente a guanina, resultando na 8-oxoguanina (revisado em
Agnez-Lima et al., 2012) ou gerar quebras de fita do DNA.
Como já mencionado as EROs possuem um papel importante no combate
aos patógenos, muitos estudos já descreveram sua importância na fisiopatologia
da inflamação (revisado por Rosenblatt-velin et al. 2014). O processo
inflamatório nada mais é que o acúmulo de leucócitos e proteínas plasmáticas
16
em um sítio de infecção ou lesão tecidual (Abbas et al. 2012). O reconhecimento
dos patógenos pela célula ocorre por meio dos receptores Toll-like (TLRs). Essa
família de receptores transmitem o sinal através do adaptador MyD88 resultando
na ativação de fatores de transcrição como NF-kB e AP-1. Além de promover a
transcrição de citocinas inflamatórias, a sinalização dependente dos TLRs
resulta na formação de EROs principalmente pela ativação de isoformas da
NADPH oxidase (Ogier-Denis et al. 2008). Como uma espécie de feedback
positivo, a exposição de macrófagos a EROs aumenta os níveis de TLR4
(receptor responsável pelo reconhecimento de LPS) na superfície da membrana
(Powers et al. 2006), esse processo de amplificação da resposta tem sido
chamado de ‘TLR-radical cycle’ e pode representar um importante mecanismo
de manutenção da inflamação crônica em doenças humanas como diabetes,
doenças cardiovasculares e neurodegenerativas (revisado por Lucas e Maes,
2013).
O reparo dos danos causados por EROs no DNA
A maioria das lesões de DNA induzidas por ERO são corrigidas pela via
de reparo por excisão de bases (BER, base excision repair) (revisado em Agnez-
Lima et al., 2012), essa via é a responsável por reparar a maioria das lesões de
base única, causadas por agentes ambientais (fumaça de cigarro e radiação
ionizante) ou endógenos, como as EROs, além de reparar também quebras de
fita simples no DNA. A via requer a atividade coordenada de algumas enzimas
tais como: a) DNA glicosilases capazes de excisar as bases modificadas; b) AP
endonucleases como a APE1, que cliva a ligação 5’fosfodiéster, gerando os
terminais 3’OH e 5’dRP; c) exonucleases (polimerase β, FEN, APE1); d) DNA
polimerases (polimerase β ou polimerase δ/ε com PCNA); e finalmente e)
enzimas de ligação (DNA ligase I e III com XRCC1) (Tell et al., 2009).
Detalhadamente, quando o dano no DNA é reconhecido, dois tipos de
glicosilases podem agir, as monofuncionais, como UDG e MPG, que são
capazes apenas de remover a base danificada resultando em um sítio
apurínico/apirimidinico (AP) clivado por APE1 que por sua vez produz um
terminal 3’ OH e 5’dRP, este último é processado pela DNA Polimerase β
produzindo um terminal 5’P. Já as glicosilases bifuncionais podem clivar a base
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inicialmente modificada e estas são capazes também de agir como
endonuclease, gerando pontas 3’dRP e 5’P (OGG1 e NTH1) ou ainda 3’P e 5’P
(NEILs), esses terminais 3’ precisam ser modificados por APE1 e PNK,
respectivamente, para gerar os terminais 3’OH e 5’P necessários para
continuação da via. (Hegde et al. 2012). A partir do sítio AP clivado a via ainda
pode seguir por dois caminhos diferentes, a polimerase β pode inserir o
nucleotídeo danificado seguida pela ligação da fita pela DNA ligase 3 (Lig3) e
XRCC1 (SP-BER, do inglês Short Pacth) ou as polimerases δ e ε removem
alguns nucleotídeos e promovem o reparo em conjunção com FEN-1, proteína
responsável pelo processamento do terminal 5’, PCNA, uma proteína auxiliar
para a polimerase δ e Lig1, que liga as pontas da fita finalizando assim o reparo
(Figura 2).
Além de reparar o DNA nuclear a via BER é importante para o reparo do
DNA mitocondrial, que devido a sua proximidade com a maior fonte de produção
de EROs na célula possui um mecanismo de reparo eficiente, evitando a
disfunção da organela. A maioria das proteínas que atuam na via BER nuclear
(nBER) também estão presentes na via BER mitocondrial (mtBER), com algumas
Figura 2. Via de reparo por excisão de bases, a base modificada é
removida por uma glicosilase e o sítio abásico é clivado por uma
endonuclease e a via pode seguir por umas das duas subvias A) via curta
onde apenas um nucleotídeo é retirado B) via Longa onde vários nucleotídeos
são removidos (Sykora et al. 2013).
18
exceções como TFAM (Fisher and Clayton 1988), Polγ (Bertazzoni et al. 1977)
estão apenas na mitocôndria e XRCC1 e Polβ presentes apenas no núcleo
(Hansen et al. 2006; Lakshmipathy and Campbell 2000). Apesar disso, mesmo
as proteínas que atuam somente na mitocôndria são codificadas pelo genoma
nuclear (Revisado por Sykora et al. 2013).
A via BER repara também a maioria das lesões causadas ao DNA em
neurônios e isso pode ser atribuído principalmente a: 1) o dano oxidado ao DNA
é um evento recorrente em neurônios devido ao alto consumo de oxigênio e
baixa taxa de produção de antioxidantes; 2) BER repara também o DNA
mitocondrial, que é fundamental para o funcionamento neuronal; 3) BER repara
os danos causados pela atividade fisiológica dos neurônios, como por exemplo
danos induzidos por glutamato (revisado por, Akbari et al. 2015).
APE1/Ref-1: uma proteína multifuncional
A endonuclease apurínica/apirimidínica 1 (APE1) é uma das proteínas
mais importantes da via BER, exercendo assim um papel central na manutenção
da estabilidade genômica. O gene humano da APE1 (APEX1) é composto por
cinco exons, está localizado no cromossomo 14q11.2 e codifica uma proteína de
318 aminoácidos (revisado por Thakur et al. 2014), a região N-Terminal está
relacionada a interação proteína-proteína e localização nuclear. A partir do
aminoácido 35 até o 127 encontra-se a porção redox, e do 127 ao 318 no domínio
C-terminal estão os aminoácidos envolvidos no reparo de DNA. (Revisado por
Tell et al. 2010). APE1 está localizada principalmente no núcleo, e o sinal de
localização nuclear está nos 20 primeiros aminoácidos da porção N-terminal,
porém a proteína também sofre translocação para o citoplasma e para
mitocôndria. Sua expressão é estimulada pela presença de EROs aumentando
assim sua síntese proteica (Hsieh et al. 2001). A APE1 é vital em células de
mamíferos de modo que o knockout do gene é letal nos estágios iniciais do
desenvolvimento de camundongos.
Pós-traducionalmente APE1 pode sofrer modificações como acetilação,
fosforilação e ubiquitinação, que modulam sua atividade, estabilidade, interação
e distribuição intracelular (Bhakat et al.2003). p300 é uma histona
acetiltransferase que é ativada pelo cálcio intracelular, ao acetilar APE1, p300
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aumenta sua ligação aos elementos negativos responsivos a cálcio (nCARE, do
inglês negative calcium response elements) (Bhakat et al. 2003). Além disso,
APE1 também é acetilada quando se liga ao sítio AP no DNA, a acetilação induz
mudanças conformacionais que aumentam sua atividade como endonuclease
(Roychoudhury et al. 2016), já a fosforilação de APE1 por caseína quinase
serina/treonina (CKII) e proteína quinase C (PKC) diminui sua atividade de
reparo (Yacoub et al. 1997) e aumenta a atividade de AP-1 dependente da
redução de APE1 (Hsieh et al. 2001), por fim, a endonuclease pode ser também
ubiquitinada por E3 ubiquitina ligase e degradada por MDM2 (Meisenberg et al.
2012).
Além de agir processando os sítios abásicos através da hidrolise da
ligação 5’fosfodiester como foi detalhado acima, APE1 é também chamada de
Ref1 pois atua reduzindo vários fatores de transcrição como AP-1 (Fos e Jun),
NF-kB, Egr-1, P53 e HIF-1 e aumentando a atividade de ligação destes com o
DNA (Kelley et al., 2012; Tell et al., 2010). Ao reduzir essas proteínas APE1 é
oxidada e por sua vez é reduzida por tiorredoxina. Apesar de não estar
exatamente claro o mecanismo pelo qual APE1 reduz os fatores de transcrição
sabemos que três dos seus resíduos de cisteína são importantes nessa função
(Cys65, Cys93 e Cys99) (Luo et al. 2012).
Alguns dos fatores reduzidos por APE1, como NF-kB e AP-1, são
necessários durante o processo inflamatório para a expressão de citocinas e
quimiocinas pró-inflamatórias. Foi observado que a inibição da porção redox de
APE1 por E3330 inibe a secreção de TNF-α, IL-6, IL-12 e PGE2 em macrófagos
ativados tratados com LPS (Jedinak et al., 2011), outro trabalho observou que
APE1 é um regulador da resposta inflamatória TLR2-dependente e que age
modulando as atividades de NF-kB e HIF-1α, em queratinócitos (Lee et al.,
2009). Já Beak et al. (2016) mostrou que astrócitos ativos tratados com LPS
aumentam a translocação de APE1 para o citoplasma, e a presença de APE1 no
citoplasma interrompeu a acetilação de p65 (subunidade de NF-kB) por p300,
diminuindo assim a atividade de NF-kB.
Além de regular a transcrição por meio da redução de FTs, APE1 também
participa de complexos proteicos e interage e regula genes de maneira redox-
independente. Um exemplo é o complexo que se liga a região nCARE, já citada
anteriormente, que bloqueia a expressão dos genes do paratormônio e da renina.
20
Já foi observado que um aumento da transcrição e dos níveis proteicos de APE1
aumentam o recrutamento do complexo no promotor do gene do paratormônio
regulando-o negativamente (Okazaki et al. 1994), o mesmo acontece com o gene
da renina (Fuchs et al. 2003). APE1 interage também com EGR-1, que é um fator
de transcrição e supressor tumoral que regula a expressão de genes como p53
e PTEN. Já foi demonstrado que EGR-1 ativa a expressão de PTEN de uma
maneira dependente da acetilação de APE1. Neste mesmo trabalho foi
demonstrado, em células Hela, que o tratamento com HDACs diminui a
acetilação de APE1 e a indução da expressão de PTEN (Fantini et al. 2008).
APE1 também está presente no promotor do fator de crescimento endotelial
vascular (VEGF) juntamente com o complexo transcricional induzido por hipóxia
e interagindo com p300, HIF-1α e STAT3 (Gray et al. 2005), a endonuclease não
somente participa do complexo como também é fundamental para seu
recrutamento (Ziel et al. 2004). Por fim, p53 pode interagir com APE1 de maneira
redox-dependente ou de maneira redox-independente (Jayaraman et al. 1997).
O papel de APE1 como reguladora transcricional inclui também sua
função como endonuclease, estudos recentes têm demonstrado que OGG1 e a
função de endonuclease de APE1 são necessárias para a transcrição de genes
alvos de uma desmetilase conhecida como LSD1 ou KDM1A. Essa proteína é
responsável por desmetilar lisinas na histona 3, sendo capaz de ativar ou reprimir
a transcrição dependendo da lisina desmetilada. Desmetilação da lisina 4 (H3K4)
está associada a repressão transcricional enquanto a desmetilação da lisina 9
(H3K9) está associada a ativação. Ao promover a desmetilação LSD1 produz
H2O2, que causa danos ao DNA, sendo necessário portanto o recrutamento de
OGG1 e APE1 para ocorra o reparo e o remodelamento da cromatina levando a
transcrição (Amente et al. 2010).
APE1 também é capaz de agir como uma endoribonuclease, clivando
sítios AP no RNA e por causa dessa atividade tem sido proposto que a proteína
atua no controle de qualidade do RNA, ou ainda clivar RNAm em sequencias
específicas como acontece com o RNAm de c-myc, (clivado preferencialmente
entre os dinucleotídeos UA e CA). O knockout de APE1 aumenta a estabilidade
e o tempo de meia-vida do RNAm de c-myc, (Barnes et al. 2009).
Até o presente momento as duas funções de APE1, reparo e redox, são
descritas como independentes uma da outra e existem inibidores específicos
21
para cada uma das funções, E3330 ([(2E) -3 - [5 - (2,3 dimetoxi-6-metil-1 ,4-
benzoquinolyl)]-2-nonil-2-propenóico ácido]) é um composto derivado de
quinona com potencial clinico como inibidor da porção redox de APE1. E3330
inibe a expressão genica mediada por NF-kB e a translocação de NF-kB para o
núcleo sem afetar a degradação de IkB alfa (Fishel et al., 2015). Já a
metoxiamina é um derivado da alcoxiamina capaz de bloquear a clivagem do
sítio abásico por APE1, por ligar-se ao produto da DNA glicosilase formando um
sítio refratário para a clivagem de APE1. Dados anteriores indicaram que MTX
aumenta significantemente o efeito antitumoral de agentes quimioterápicos como
carmistine e temozolomida, suportando a ideia de que a inibição do reparo de
sítios AP seria vantajosa em alguns protocolos de terapia contra o câncer (Fishel
et al., 2007).
Resveratrol (3, 4, 5-tri-hidroxiestilbeno-trans) é uma fitoalexina polifenólica
presente no vinho tinto, nas uvas entre outras plantas e possui efeitos
antioxidantes e anticarcinogênico. Apesar de não estar claro, Yang et al. (2005)
demonstrou por meio de análise computacional da estrutura de APE1 que
resveratrol seria capaz de ligar-se a proteína, possivelmente inibindo a mesma,
no mesmo trabalho foi mostrado que resveratrol pode inibir a clivagem de sítios
abásicos de uma maneira concentração dependente de modo que na presença
de resveratrol acima de 20µM o antioxidante foi capaz de inibir o reparo de APE1
(Yang et al., 2005). Porém, nosso grupo observou por meio de Ensaio de excisão
de sítio abásico resveratrol não afeta a função de endonuclease de APE1 (dados
não publicados).
Em um trabalho utilizando os dois inibidores de APE1 e resveratrol após
o tratamento com LPS nosso grupo observou que, tanto a inibição da função
redox quanto a inibição do reparo de DNA afetaram a expressão de citocinas e
quimiocinas em monócitos tratados com LPS por 24h. Após o tratamento com
metoxiamina, resveratrol e E3330 separadamente por 4h observamos uma
diminuição na expressão de TNF-α, IL-8, IL-6, IL-10, MCP-1, MIP-1α e MIP-1β,
(Coutinho, 2013).
O dano ao DNA, o estresse oxidativo e o processo inflamatório são
envolvidos em várias doenças humanas, como câncer, doenças
cardiovasculares e doenças neurodegenerativas.
22
A associação entre danos no DNA, inflamação e doenças
neurodegenerativas
Doenças caracterizadas por uma disfunção progressiva do sistema
nervoso, resultante da perda seletiva de neurônios no cérebro ou medula
espinhal são chamadas de doenças neurodegenerativas. A medida que os
neurônios se degeneram os indivíduos apresentam sintomas tais como, perda
de coordenação ou de memória, quanto mais neurônios morrem os sintomas
ficam progressivamente pior (revisado por Coppedè et al. 2014). As doenças
mais conhecidas são: doença de Parkinson, doença de Alzheimer, doença de
Huntington e Esclerose lateral amiotrófica. A inflamação assim como o estresse
oxidativo e consequentemente os danos causados ao DNA, desenvolvem um
papel importante na fisiopatologia dessas doenças
Doença de Alzheimer (DA)
A DA é caracterizada por uma perda de neurônios principalmente do
neocórtex e hipocampo, causando perda de memória e declínio cognitivo, o
principal marcador histopatológico da doença é a presença de placas
extracelulares formadas por agregados de proteína beta amiloide (Aβ). Já foi
observado que os agregados Aβ recrutam células da microglia e astrócitos para
seu redor e são reconhecidos pelos receptores TLR2 da membrana dessas
células, a interação com os receptores pode ativar a fagocitose promovendo uma
diminuição do número de agregados de Aβ, por outro lado a ativação dos TLRs
ativam a expressão de citocinas, quimiocinas, EROs e ERNs que podem
contribuir com a progressão da doença (revisado por Fischer and Maier, 2015).
A quantidade de danos ao DNA causados por espécies reativas é maior
em pacientes com DA quando comparadas a pacientes controles (Mecocci et al.
1994; Gabbita et al. 1998), e este aumento é ainda mais acentuado no mtDNA
(Wang et al. 2006), muitos estudos sugerem que esse aumento de danos deve-
se a polimorfismos das enzimas de reparo nesses pacientes, outros estudos
indicam que as enzimas podem sofrer modificações pós-traducionais induzidas
por oxidação que causam inativação (Coppedè et al. 2010). APE1 por exemplo,
está mais expressa no cérebro de pacientes com DA, porém, foi demonstrado
23
que Cdk5 interage diretamente com APE1 fosforilando seu resíduo Thr232, o
que leva a redução da atividade de reparo. Esta diminuição está associada a
morte neuronal na DA (Huang et al., 2010; revisado em Thakur et al., 2014).
Doença de Parkinson (DP)
A DP é caracterizada pela perda de neurônios dopaminérgicos na
substância negra, que é responsável pelos sintomas motores característicos da
doença. Os neurônios afetados possuem agregados de proteína chamado de
corpos de lewy formados por α-sinucleína, além disso mutações nos genes da
α-sinucleína, Parquina, PINK-1, e DJ-1 levam a formas hereditárias da doença,
e todas elas levam a disfunção mitocondrial (revisado por Fischer e Maier, 2015).
Da mesma maneira que a Aβ é capaz de ativar células imunes na DA, na DP, a
α-sinucleína também ativa micróglia e astrócitos através do receptor TLR2,
desenvolvendo uma resposta inflamatória e consequentemente produção de
espécies reativas.
Os danos ao DNA causados por EROs em pacientes como DP são mais
numerosos na substância negra, no núcleo caudado, putâmen e córtex cerebral
(Sanchez-Ramos et al. 1994), Corroborando com isso Gencer et al. (2012)
observaram que variantes genéticas de APE1, XRCC1 e XRCC3 são fatores de
risco associados ao desenvolvimento de DP, isso porque o aumento de danos,
devido ao estresse oxidativo, pode levar a perda de neurônios dopaminérgicos.
Esclerose Lateral amiotrófica (ELA)
A esclerose lateral amiotrófica é uma desordem neurodegenerativa
caracterizada por perda de neurônios motores localizados no córtex motor,
tronco cerebral e medula espinhal, causando fraqueza progressiva e morte.
SOD1 foi o primeiro gene a ser identificado em associação com esta doença
estando presente em cerca de 20% dos pacientes com ELA hereditária. SOD1 é
uma superóxido dismutase essencial no combate a radicais livres produzidos
pela respiração mitocondrial. Esta descoberta levou a uma intensa investigação
24
sobre o papel do estresse oxidativo e do dano mitocondrial na ELA (revisado por
Coppedè et al. 2015).
Na ELA também foi observado um aumento de danos ao DNA de
neurônios do córtex motor e na medula espinhal de pacientes com ELA
esporádica e hereditária (Ferrante et al. 1997). Além disso, na ELA esporádica
foi observado uma redução na expressão e na atividade de reparo de APE1
(Kisby et al. 1997).
Doença infecciosa no SNC: Meningite
Leib et al. (1996) já havia observado um envolvimento do estresse
oxidativo na patogênese da injúria cerebral. Segundo este trabalho, moléculas
oxidativas geradas durante a inflamação contribuem para o dano cerebral e
morte neuronal, por necrose ou apoptose, em um modelo de meningite
bacteriana, em ratos. Devido ao crescente número de trabalhos associando
enzimas de reparo de DNA ao processo inflamatório e ao papel necessário,
porém perigoso do estresse oxidativo na inflamação, o nosso grupo resolveu
investigar polimorfismos de um único nucleotídeo (SNPs, single nucleotide
polymorphisms) não-sinônimos em pacientes com meningite. Foram analisados
polimorfismos antes associados com câncer, APE1Asn148Glu,
OGG1Ser326ICys e PARP-1Val762Ala, em pacientes com meningite bacteriana
comparando com um grupo de controle não infectado. Foi observado que o alelo
Glu de APE1 é mais frequente em pacientes com meningite bacteriana (MB) e
que indivíduos portadores deste alelo possuem aumento de danos no DNA,
desbalanço na razão IgG/IgA e diminuição de citocinas como IL-6, IL-1Ra, IL-
8/CXCL8 e MCP-1/CCL2. Os pacientes portadores do alelo Cys de OGG1
também foram mais frequentes no grupo com MB, apresentando também
aumento de danos no DNA e da imunoglobulina IgG, mas não houve redução
dos níveis de citocinas, já com o alelo Ala de PARP-1 o aumento da frequência
no grupo BM não foi significante assim como não houve alteração nos níveis de
citocinas nem imunoglobulinas. Os pacientes com meningite apresentaram
também maior frequência dos SNPs combinados (Silva et al. 2011).
Por causa da associação do polimorfismo de APE1 com MB, nosso grupo
resolveu investigar melhor o papel de APE1 na inflamação. Em um trabalho
25
utilizando os dois inibidores de APE1 e resveratrol após o tratamento com LPS,
nosso grupo observou que, tanto a inibição da função redox quanto a inibição do
reparo de DNA afetaram a expressão de citocinas e quimiocinas em monócitos
tratados com LPS e expostos aos inibidores metoxiamina, resveratrol ou E3330.
Foi observado uma diminuição na expressão de TNF-α, IL-8, IL-6, IL-10, MCP-
1, MIP-1α e MIP-1β, (Coutinho, 2013).
Afim de investigar melhor o efeito global dessas substâncias na célula
durante a inflamação, nosso grupo realizou um sequenciamento dos RNAs
transcritos em monócitos após 24hrs de tratamento com LPS mais 4hrs de
E3330 ou Metoxiamina ou Resveratrol, sendo geradas listas de genes Down
regulados ou Up regulados por cada inibidor. E3330 por exemplo possui 1250
diferencialmente expressos com fold change ≥3 ou ≤ -3, sendo 620 down
regulados e 630 up regulados (Fontes et al. 2016; dados não publicados). Todas
as listas foram submetidas análise de ontologia gênica e biologia de sistemas.
Após a analises de ontologia, utilizando a ferramenta DAVID, nós
observamos que os três inibidores afetaram a expressão de muitos genes
relacionados a neurodegeneração, e vias como as da Doença de Parkinson
(DP), Doença de Alzheimer (DA) e Doença de Huntington (DH) apareceram
enriquecidas nas nossas listas mesmo se tratando de monócitos. Devido a
importância de APE1 e suas funções na sobrevivência neuronal, este trabalho
visa observar quem são esses genes, quais suas funções e se alguns deles
possuem expressão alterada também em células de Glioma/Astrocitoma.
OBJETIVOS
OBJETIVO GERAL
Contribuir quanto ao conhecimento do envolvido de APE1 na regulação
transcricional durante o processo inflamatório e suas consequências sobre a
expressão de genes relacionados a fisiopatologia de doenças
neurodegenerativas.
26
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Identificar rotas metabólicas as quais os genes de doenças
neurodegenerativas participam;
Identificar mecanismos regulatórios comuns aos genes down e up
regulados por cada um dos tratamentos;
Predizer possíveis proteínas parceiras de APE1 que regulam os
genes da DN e os mecanismos regulatórios envolvidos;
Obter o perfil de expressão de alguns genes de interesse a fim de
validar a resposta do transcriptoma;
Determinar se as respostas observadas em monócitos se aplicam
a outras linhagens.
METODOLOGIA
ANÁLISE DA VIAS ENRIQUECIDAS NAS LISTAS DE TRANSCRITOS
Os transcriptomas gerais dos três tratamentos utilizados no estudo,
incluindo apenas os genes com fold change maior que 2,00, foram submetidos
a análise usando o software online e gratuito DAVID v 6.8, que é capaz de
identificar vias metabólicas enriquecidas nas listas de transcritos, disponibilizado
dados de vários bancos de dados. Os genes submetidos ao software são
agrupados seguindo os critérios: Disease, Functional_Categories;
Gene_Ontology; General Annotations; Literature; Main_Accessions; Pathways;
Protein_Domains; Protein_Interactions; Tissue_Expression. Nós utilizamos as
categorias Disease e Pathways, com dados dos Bancos KEGG e UNIPROT,
respectivamente, para observar se havia enriquecimento de via relacionadas a
neurodegeneração ou doenças neurodegenerativas.
ANÁLISE DE REDES DE INTERAÇÃO PROTEÍNA-PROTEÍNA
As listas de genes com expressão alterada e fold change maior que 2,00
foram submetidas ao String 10.5 para obter redes de interações entre as
proteínas. Foram utilizados todos os tipos de interação presentes na ferramenta
27
(textmining, Experiments, Databases, Co‑expression, Neighborhood, Gene
Fusion e Co‑occurrence) com intuito de analisar o maior número de genes da
lista quanto possível, cada rede montada foi submetida ao Cytoscape, versão
3.5.0, o programa oferece vários plug-ins como MCODE, Bingo e iRegulon.
Os genes envolvidos com neurodegeneração foram pesquisados dentro
das redes montadas pelo cytoscape, e para facilitar essa busca os genes foram
agrupados em clusters usando o plugin MCODE com os seguintes parâmetros:
inclusão de loops, degree cutoff 2, fluff e haircut ativados, node score cutoff de
0.2, K-core 2 e maximum depth de 100. Os clusters formados com Score acima
de 3 foram analisados para a presença dos genes de interesse. As funções
biológicos dos clusters selecionados foram preditas pelo BINGO, selecionando
o organismo Homo Sapiens para análise e considerando vias com significância
estatística (p<0,05).
As redes totais e os clusters foram analisados pelo plug-in iRegulon, O
programa reconhece regiões consensos e busca fatores transcricionais que se
ligam a essas regiões baseado em bancos de dados de chip-seq. A busca é feita
em uma região de 20kb em torno do sítio de início da transcrição, e cada fator
de transcrição resultante possui um escore de enriquecimento normalizado
mínimo (do inglês minimum normalized enrichment score -NES). NES acima de
3 é o valor padrão, acima de 4 tem uma boa significância e acima de 5 tem uma
alta significância (Verfaillie et al. 2015).
Em uma outra abordagem nós submetemos ao iRegulon apenas os genes
relacionados a neurodegeneração para observar os fatores de transcrição
enriquecidos entre eles.
INDUÇÃO DA INFLAMAÇÃO E TRATAMENTO COM INIBIDOR.
As células em suspensão U937, linhagem de monócitos, foram cultivadas
em meio RPMI suplementado com 10% de soro fetal bovino e 100 u/mL de
penicilina, 100 u/mL estreptomicina e mantidas a 37ºC em atmosfera úmida com
5% de CO2. Para indução da resposta inflamatória celular, foi realizado
tratamento com LPS (1 µg/mL) por 24 horas e após isso a inibição da atividade
redox de APE1 com E3330 100 μM, Resveratrol 15 µM e Metoxiamina 6 mM por
mais 4 horas.
28
As células aderidas U251MG, linhagem de Glioma/astrocitoma, foram
cultivadas em meio DMEM, suplementado com 10% de soro fetal bovino e 100
u/mL de penicilina, 100 u/mL estreptomicina e mantidas a 37ºC em atmosfera
úmida com 5% de CO2. O modelo de tratamento foi o mesmo desenvolvido nos
monócitos.
EXTRAÇÃO DE RNA
Com objetivo de confirmar a expressão de alguns genes envolvidos na
neurodegeneração por um método mais específico e validar o resultado do
transcriptoma, assim como observar se a resposta é célula especifica, foi feita a
extração de RNA das células U937 e U251MG.
A extração foi feita com o kit comercial Illustra triplePrep (GE Healthcare)
e a extração seguiu as instruções do fabricante, para recuperar o RNA a mistura
junto com acetona passa por uma mini coluna, onde o RNA fica retido, e é
recuperado através de tampão de eluição. O RNA extraído foi quantificado pelo
fluorímetro Quibit® 2.0 (Invitrogen).
Após a extração o RNA foi convertido em c-DNA utilizando o kit High
Capacity cDNA Reverse Transcription (Applied Biosystem). O mix para
transcrição reversa contém: 10x RT Buffer, 25x dNTP Mix (100mM), 10x RT
Random Primers (200nM), 50U MultiscribeTM Reverse Transcriptase (50U/μL),
água livre de nucleases e o RNA. A solução foi incubada em termociclador
(Mastercycler® ep, EPPENDORF) a 25°C por 10 minutos, seguidos de 120
minutos a 37°C e 5 minutos a 85°C. As amostras foram armazenadas a -80°C.
q-PCR
O c-DNA, foi adicionado ao Mix de reação da PCR (dH2O, Tampão PCR
10X, 50 mM MgCl2, 20 mM dNTP, 10 μM Primers, ROX diluída, SYBR Green
1:50,000, 5 U/μl Taq). As reações foram então adicionadas ao equipamento Step
One (Applied Biosystems, Foster, CA). E submetidas a ciclos de alteração de
temperatura para que as diferentes etapas da reação ocorram primeiramente um
ciclo a 95ºC para ativação, seguido de 40 ciclos, em que se repetem,
29
desnaturação a 95ºC, Anelamento, a uma temperatura que depende do primer
desenhado, e extensão a 72ºC.
Foi analisada a expressão dos genes: NRF1, HDAC1, ATM e NDUFV2.
Utilizando os primers descritos na tabela 1.
Tabela 1: Sequências dos primers utilizados para qPCR.
GENE Primer Forward Primer Reverse
GAPDH GGCATGGACTGTGGTCATGAG TGCACCACCAACTGCTTAGC
ATM GCAGATGACCAAGAATGCAA GGCCTGCTGTATGAGCAAAT
HDAC1 GAGGAAGAGTTCTCCGATTC TCTCCTCTGGGTCTTTCT
NDUFV2 CGAAAGCCAGTTGGAAAG CTCCAGTATGCTGTCAGAG
NRF1 GAGGATGATCCTGGAAGACC AATTCCGTCGATGGTGAGAG
RESULTADOS
Genes envolvidos na neurodegeneração tem sua expressão afetada
por inibidores de APE1 durante o processo inflamatório.
Em trabalhos anteriores nosso grupo realizou RNAseq de células U937
tratadas com LPS para induzir inflamação e co-tratadas com inibidores de APE1
E3330 e Metoxiamina, e com o antioxidante resveratrol, separadamente. Este
experimento gerou duas listas para cada inibidor, sendo uma de genes down
regulados e outra de genes up regulados após o tratamento, estas listas foram
submetidas a analise funcional e de ontologia gênica pelo KEGG e UNIPROT
através do DAVID para descobrir as vias metabólicas enriquecidas nos genes
diferencialmente expressos. Como resultado observamos vias relacionadas a
doenças neurodegenerativas (Doenças de Parkinson, Doença de Huntington e
Doença de Alzheimer) enriquecidas em nossas listas Down reguladas, após o
tratamento com resveratrol e E3330, mas não após o tratamento com
Metoxiamina. Nas listas de genes Up regulados a análise funcional pelo
UNIPROT, indicou a presença de genes relacionados a neurodegeneração
pertencentes a doenças variadas, apenas após o tratamento com E3330 e
Metoxiamina.
30
Na lista de genes down regulados após tratamento com Metoxiamina, não
se observou genes suficientes para que a via de neurodegeneração estivesse
enriquecida no DAVID, porém alguns poucos genes presentes nos tratamentos
de E3330 e Resveratrol, também estão presentes no tratamento com
metoxiamina (figura 3), assim como ocorre com resveratrol e os genes up
regulados (figura 4).
Figura 3. Intersecção entre os genes da neurodegeneração down
regulados por cada tratamento. NDUFB7 foi o único comum a todos os
tratamentos. O tratamento com metoxiamina não down regulou genes
suficientes para que as vias fossem estatisticamente significativas. Alguns dos
genes presentes nos tratamentos de E3330 e Resveratrol estavam presentes
também em metoxiamina, por exemplo ATP5H, NDUFB4, CASP3, PPP3CB.
31
Figura 4. Intersecção entre os genes da neurodegeneração up regulados por cada tratamento. MARS2, AARS e ASCC1 foram up regulados por todos os tratamentos. O tratamento com resveratrol não Up regulou genes suficientes para que as vias fossem estaticamente significativas, porém TECPR2 e ATP13A2 foram up regulados por ele.
32
E3330
Para o inibidor da função redox de APE1 foram encontrados no DAVID
56 genes relacionados a neurodegeneração, sendo 21 Down regulados e 35 Up
regulados (Tabelas 2 e 3).
Tabela 2. Descrição de genes de vias de neurodegeneração Down regulados
após tratamento com E3330 segundo o DAVID e KEGG.
Gene Fold Change Vias de Neurodegeneração
COX8A -7,65442404
Doença de Parkinson, Alzheimer e Huntington
COX7A2 -5,46744574
Doença de Parkinson, Alzheimer e Huntington
UQCR10 -4,92153589
Doença de Parkinson, Alzheimer e Huntington
POLR2J -3,82804674
Doença de Huntington
ATP5H -3,28046745
Doença de Parkinson, Alzheimer e Huntington
UQCRH -3,28046745
Doença de Parkinson, Alzheimer e Huntington
NDUFB7 -3,28046745
Doença de Parkinson, Alzheimer e Huntington
NRF1 -3,28046745
Doença de Huntington
DNAH1 -3,00751252
Doença de Huntington
NDUFB4 -2,7345576
Doença de Parkinson, Alzheimer e Huntington
NDUFA11 -2,7345576
Doença de Parkinson, Alzheimer e Huntington
APH1A -2,5516138
Doença de Alzheimer
ATP2A3 -2,29649416
Doença de Alzheimer
UQCR11 -2,1869783
Doença de Parkinson, Alzheimer e Huntington
COX5B -2,1869783
Doença de Parkinson, Alzheimer e Huntington
NDUFA12 -2,1869783
Doença de Parkinson, Alzheimer e Huntington
PPP3CB
-2,1869783
Doença de Alzheimer
TNFRSF1A -2,12632165
Doença de Alzheimer
33
NDUFB9 -2,02622017
Doença de Parkinson, Alzheimer e Huntington
CASP3 -2,00500835
Doença de Parkinson, Alzheimer e Huntington
PLCB3 -2,00500835
Doença de Alzheimer e Huntington
Tabela 3. Genes Up regulados após tratamento com E3330 envolvidos em vias
de doenças neurodegenerativas segundo DAVID e UNIPROT.
Gene Fold Change Vias de Neurodegeneração
SLC25A46 12,78353659 neuropatia sensorial e autonômica hereditária tipo 5b
TTBK2 9,14503817 ataxia espinocerebelar
ASCC1 5,47865854 Atrofia muscular espinal
SPAST 5,1821883 paraplegia espástica
GNB4 4,99877875 Doença de Charcot-Marie-Tooth
HACE1 4,26551373 paraplegia espástica
ATXN3 4,11526718 Doença de Machado-Joseph
ATXN2 4,11526718 ataxia espinocerebelar, esclerose lateral amiotrófica e doença de parkinson
C12orf65 3,65801527 paraplegia espástica
KIF1B 3,35318066 Doença de Charcot-Marie-Tooth
EXOSC3 3,29120879 hipoplasia ponto cerebelar
ATXN7 3,13475796 ataxia espinocerebelar 7
PDK3 2,95420385 Doença de Charcot-Marie-Tooth
ENTPD1 2,92551893 paraplegia espástica
TFG 2,7970546 paraplegia espástica
SPG11 2,74351145 Doença de Charcot-Marie-Tooth, Paraplegia espástica e Esclerose lateral amiotrófica
MARS2 2,74351145 ataxia espástica
34
DYNC1H1 2,69361017 Doença de Charcot-Marie-Tooth e Atrofia Muscular espinal
CLN3 2,6122983 LIPOFUSCINOSE CERÓIDE NEURONAL
TRPM7 2,560499 esclerose lateral amiotrófica
WNK1 2,44948476 neuropatia sensorial e autonômica hereditária tipo 2
TECPR2 2,43743642 paraplegia espástica
CHMP2B 2,43743642 esclerose lateral amiotrófica
HEXB 2,40057252 Doença de Sandhoff
VPS37A 2,35106847 paraplegia espástica
SYNJ1 2,35106847 Doença de Parkinson
AARS 2,31650723 Doença de Charcot-Marie-Tooth
PNKP 2,28625954 Ataxia apraxia oculomotora tipo 4
SLC33A1 2,19413919 paraplegia espástica
CWF19L1 2,19413919 ataxia espinocerebelar
ELOVL5 2,15720661 ataxia espinocerebelar
AP4E1 2,05763359 paraplegia espástica
DDHD2 2,0119084 paraplegia espástica
PRPS1 2,00305321 Doença de Charcot-Marie-Tooth
HDAC1
Doença de Huntington
Metoxiamina
A inibição do reparo de DNA por metoxiamina, mesmo tendo mostrado
genes relacionado a DN down regulados não foi suficiente para identificação pelo
DAVID como uma via enriquecida, porém a análise da rede UP regulada resultou
um enriquecimento de genes envolvidos em doenças neurodegenerativas
variadas (Tabela 4 e 5) assim como os genes Up de E3330.
35
Tabela 4. Genes Up regulados após tratamento com Metoxiamina envolvidos em
vias de doenças neurodegenerativas segundo DAVID e UNIPROT.
Gene Fold Change Vias de Neurodegeneração
ATP13A2 2,2333188 Síndrome de kufor-rakeb
CLN3 2,9777584 Lipofuscinose ceróide neuronal
CWF19L1 2,77899878 Ataxia espinocerebelar
DNAJC5 2,83630359 Lipofuscinose ceróide neuronal
FBXO38 2,31653944 Neuropatia motora distal hereditária
TBP 3,90916031 Doença de Parkinson e ataxia espinocerebelar
AP4E1 2,38874046 Paraplegia espástica
AARS 2,43191533 Doença de Charcot-Marie-Tooth
ATXN2 2,17175573 Ataxia espinocerebelar, esclerose lateral amiotrófica e doença de Parkinson
CLN5 5,21221374 Lipofuscinose ceróide neuronal
CHMP2B 4,63072228 Esclerose lateral amiotrófica
DCTN1 2,04364224 Esclerose lateral amiotrófica e Neuropatia motora distal hereditária
ENTPD1 2,08424908 Paraplegia espástica
EXOSC3 3,47374847 Hipoplasia ponto cerebelar
KIF1B 2,60585242 Doença de Charcot-Marie-Tooth
LRSAM1 5,20426829 Doença de Charcot-Marie-Tooth
MARS2 2,8956743 Ataxia espástica
PLA2G6 3,4695122 Doença de Parkinson e distrofia neuroaxonal infantil
PSEN2 3,4695122 Doença de Alzheimer
RTN2 3,4695122 Paraplegia espástica
TECPR2 3,47304171 Paraplegia espástica
TRPM7 2,03498212 Esclerose lateral amiotrófica
36
TPP1 2,18760602 Lipofuscinose ceróide neuronal e Ataxia espinocerebelar
TDP1 2,17175573 Ataxia espinocerebelar
Tabela 5. Genes Down regulados após tratamento com Metoxiamina envolvidos
em vias de doenças neurodegenerativas segundo DAVID e UNIPROT.
Gene Fold Change Vias de Neurodegeneração
ATP5H -3,45342707 Doença de Parkinson, Alzheimer e Huntington
NDUFB4 -2,87873462 Doença de Parkinson, Alzheimer e Huntington
CASP3 -6,33216169 Doença de Parkinson, Alzheimer e Huntington
NDUFB7 -3,45342707 Doença de Parkinson, Alzheimer e Huntington
PPP3CB -2,30228471 Doença de Alzheimer
APH1A -2,14916803 Doença de Alzheimer
DNAH1 -2,11072056 Doença de Huntington
NDUFA8 -2,87785589 Doença de Huntington, Parkinson e Alzheimer
COX7B -4,02987698 Doença de Huntington, Parkinson e Alzheimer
POLR2D -2,07205624 Doença de Huntington
POLR2J3 -2,87785589 Doença de Huntington
CDK5 -2,11072056 Doença de Alzheimer
Resveratrol
Resveratrol foi o composto que mais influenciou genes envolvidos nas
vias de doenças neurodegenerativas causando Down regulação de 47 genes
envolvidos na neurodegeneração (Tabela 6). Como aconteceu com
metoxiamina, os poucos genes Up regulados não foram significantes para a
identificação pelo DAVID, mas estão descritos na tabela 7
37
Tabela 6. Descrição de genes Down regulados após tratamento com Resveratrol
e vias de neurodegeneração em que estão envolvidos segundo o DAVID e
KEGG.
Gene Fold Change
Vias de Neurodegeneração
NDUFV2 -8,61842105 Doença de Huntington, Parkinson e Alzheimer
ATM -7,9002193
Ataxia-telangiectasia
COX7A2 -7,18201754 Doença de Huntington, Parkinson e Alzheimer
UQCR10 -6,46491228
Doença de Huntington, Parkinson e Alzheimer
HSD17B10 -5,02741228 Doença de Alzheimer
UQCRQ -4,30921053
Doença de Huntington, Parkinson e Alzheimer
ATP5G1 -4,30921053 Doença de Huntington, Parkinson e Alzheimer
NRF1 -4,30921053
Doença de Huntington
NDUFB7 -4,30921053 Doença de Parkinson e Alzheimer
CDK5 -3,95065789
Doença de Alzheimer
PPARG -3,59210526 Doença de Huntington
NDUFB2 -3,59210526
Doença de Huntington, Parkinson e Alzheimer
HTRA2 -3,59210526 Doença de Parkinson
NDUFA8 -3,59100877
Doença de Huntington, Parkinson e Alzheimer
SOD1 -3,50329128 Doença de Huntington
COX4I1 -3,32364235
Doença de Huntington, Parkinson e Alzheimer
NAE1 -3,23368075 Doença de Alzheimer
PARK7 -3,07897211
Doença de Parkinson
SLC25A6 -3,01799035 Doença de Huntington, Parkinson
SIN3A -2,99433169
Doença de Huntington
NDUFS7 -2,87490856 Doença de Huntington, Parkinson e Alzheimer
38
SP1 -2,87438289 Doença de Huntington
APAF1 -2,87438289
Doença de Huntington, Parkinson e Alzheimer
DCTN2 -2,87438289
Doença de Huntington
ATP5F1 -2,87421384
Doença de Huntington, Parkinson e Alzheimer
NDUFAB1 -2,8737073
Doença de Huntington, Parkinson e Alzheimer
NDUFC1 -2,87280702
Doença de Huntington, Parkinson e Alzheimer
BID -2,73058359
Doença de Alzheimer
PPP3R1 -2,61268448
Doença de Alzheimer
POLR2J -2,51425439
Doença de Huntington
COX7B -2,51425439
Doença de Huntington, Parkinson e Alzheimer
POLR2B -2,48742616
Doença de Huntington
POLR2J3 -2,39575713
Doença de Huntington
CREB1 -2,39575713
Doença de Huntington
CASP8 -2,33571037
Doença de Huntington e Alzheimer
NDUFB11 -2,33571037
Doença de Huntington, Parkinson e Alzheimer
PLCB2 -2,28619864
Doença de Huntington e Alzheimer
NCSTN -2,27531993
Doença de Alzheimer
SDHA -2,25791288
Doença de Huntington, Parkinson e Alzheimer
POLR2F -2,15570175
Doença de Huntington
CASP9 -2,15570175
Doença de Huntington, Parkinson e Alzheimer
POLR2D -2,15539305
Doença de Huntington
PPP3CA -2,15539305
Doença de Alzheimer
ATP5B -2,10343865
Doença de Huntington, Parkinson e Alzheimer
AP2M1 -2,09319851
Doença de Huntington
39
CAPN1 -2,05264807 Doença de Alzheimer
Tabela 7. Descrição de genes Up regulados após tratamento com Resveratrol e
vias de neurodegeneração em que estão envolvidos segundo o DAVID e KEGG.
Gene Fold Change Vias de Neurodegeneração
ASCC1 6,94817073 Atrofia muscular espinal
TECPR2 5,56358087 paraplegia espástica
ATP13A2 3,1805495 Síndrome de kufor-rakeb
MARS2 3,01526718 ataxia espástica
AARS 2,13372685 Doença de Charcot-Marie-Tooth
Principais reguladores dos genes com expressão modificada por
E3330, Metoxiamina e Resveratrol.
Para identificar as funções biológica e os possíveis reguladores, as listas
incluindo de genes com fold change acima de 2,00 foram submetidas a formação
de redes de interação proteica no STRING. As redes obtidas foram aplicadas no
cytoscape e submetidas a análise dos Plug-ins, MCODE, para formação de
clusters de interação dentro da via total, BINGO, que irá predizer a principais
funções celulares presentes naquele grupo de proteínas e iRegulon para
predizer os fatores de transcrição com mais sítios de ligação entre os genes
alterados. Primeiramente foi realizado o iRegulon das redes totais, afim de
observar os reguladores gerais das redes, e após isso o iRegulon dos genes
relacionados a neurodegeneração.
E3330
A lista de genes down regulados por E3330 durante a inflamação possui
915 genes com Fold Change maior que 2. Após ser submetida ao STRING 879
genes foram reconhecidos formando uma rede de interação que foi analisada no
Cytoscape, que reconheceu 863 desses genes. Estes foram então analisados
no iRegulon, permitindo a identificação de motifs de ligação a fatores de
40
transcrição, considerando sua ocorrência nos genes da rede. O iRegulon
retornou 8 fatores de transcrição que possuem NES acima de três sendo dois
deles com valor de NES acima de quatro são eles, em ordem decrescente de
valor de NES: ELK1, NRF1. NRF1 possui 336 alvos na rede down de E3330 e
além disso está down regulado em E3330 com fold = -3,28, ELK1 por sua vez,
com 584 alvos na Rede, não possui expressão alterada após tratamento com
E3330. (Tabela 8).
Tabela 8. Principais fatores de transcrição da rede down regulada por E3330.
Fatores de transcrição NES Nº de alvos
ELK1 5.802 457
NRF1 4.521 315
A lista de genes Up regulados após o tratamento com E3330 durante a
inflamação possui 2223 genes, como é uma lista grande para o String, que só
suporta dois mil proteínas por vez, ela foi dividida em duas partes e as duas
foram sobrepostas no cytoscape somando 1758 genes, diferente do resultado
da lista Down, o iRegulon desta rede não resultou em nenhum regulador com
NES significativo.
Resveratrol
A rede down regulada por resveratrol também possui 2099 genes com fold
change menor que -2,00, neste caso foram reconhecidos no cytoscape 1770.
Quando analisada no iRegulon, esta rede retornou como principais fatores de
transcrição com NES maior que 4: NRF2 possuindo 1207 possíveis alvos na
rede, apesar de não conter um NES tão significativo NRF1 possui 769 alvos
nessa rede seguido por ELK1, possuindo 540 alvos, estes foram os fatores com
maior número de alvos dentro da rede. (Tabela 9).
41
Tabela 9. Principais fatores de transcrição da rede down regulada por
Resveratrol.
Fatores de transcrição NES Nº de alvos
NRF2 5.844 1207
NRF1 3.853 769
ELK1 3.691 540
Metoxiamina
A lista de genes down regulados por metoxiamina possui 1287 genes com
Fold change menor que -2,00, 1041 deles possuem algum tipo de interação entre
si formando uma rede no cytoscape que, assim como em E3330 e resveratrol,
foi analisada pelo plug-in iRegulon, encontrando seis reguladores com NES
maior que 4, são eles: ETV3, NRF2, ELK4, NRF1, YY1 e ETV6 (Tabela 10).
NRF2 e NRF1 são descritos na literatura como parceiros de APE1 e regulam 629
genes e 396 genes respectivamente.
Tabela 10. Principais fatores de transcrição da rede down regulada por
Metoxiamina.
Fatores de transcrição NES Nº de alvos
ETV3 6.451 602
NRF2 5.893 629
ELK4 5.299 493
NRF1 5.021 396
YY1 4.357 126
ETV6 4.109 407
Já a lista de genes Up regulados por metoxiamina possui 1386 genes
estando 1066 na rede analisada pelo iRegulon que encontrou três fatores de
transcrição com NES significativo, CRX, FLI1 e BDP1.
42
Tabela 11. Principais fatores de transcrição da rede Up regulada por
Metoxiamina.
Fatores de transcrição NES Nº de alvos
CRX 5.125 386
FLI1 4.616 688
BDP1 4.033 259
Principais clusters contendo genes das vias neurodegenerativas e
suas funções dentro da célula.
Para facilitar a pesquisa dos genes relacionados a neurodegeneração
dentro da rede formada pelos genes com expressão alterada, a rede foi
submetida ao MCODE que gerou clusters, que foram selecionados pela
presença de nossos genes alvos.
E3330
Como vimos nas tabelas anteriores as vias das Doenças de Parkinson,
Huntington e Alzheimer estão enriquecidas após a inibição da função redox
possuindo 21 genes com expressão alterada, mas o mesmo não acontece após
a inibição do reparo, então foi verificado a posição desses genes dentro da rede
formada pela lista de genes down regulados por E3330.
Foram encontrados alguns clusters com a presença de vários genes
envolvidos na neurodegeneração. O Cluster 1 possui 12 genes das vias de
neurodegeneração (Figura 5A) juntamente com mais 26 genes sendo a maioria
deles envolvidos com a fosforilação oxidativa e cadeia transportadora de
elétrons, segundo o BINGO (Fig. 5B). Além deste outro cluster parece importante
na rede down regulada, o Cluster 2 (Figura 6A) que contém apenas três genes
das vias neurodegenerativas PPP3CB, POLR2J e NRF1, como mostrado
anteriormente NRF1 não somente está presente na rede down regulada como é
um dos principais reguladores de toda a rede.
43
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Geração de energia e metabólitos precursores
Fosforilação Oxidativa
Cadeia Transportadora de elétrons
Síntese de ATP mitocondrial acoplado a cadeiatransportadora
Respiração celular
A
Figura 5. Cluster 1 de genes down regulados por E3330. A) Cada nó representa
uma proteína, e as conectores ligam proteínas que interagem entre si. As proteínas
em verde são aquelas com envolvimento em doenças neurodegenerativas, em
rosa estão genes que interagem com elas e são regulados pelos mesmos
reguladores (nós em vermelho) B) Distribuição dos principais processos biológicos
do Cluster 1 regulado negativamente por E3330 com um p valor com significância
estatística (p-valor<10-6) após análise com o BINGO.
B
44
A lista de genes UP regulados por E3330 contem 35 genes relacionados
a neurodegeneração, mas dentre os genes UP regulados encontram-se genes
envolvidos em doenças mais raras como, ataxia espinocerebelar, paraplegia
espástica, Doença de Charcot-Marie-Tooth, dentro da rede de interação 12
desses genes fazem parte do cluster 1 (Figura 7A), que possui proteínas
pertencentes as vias de metabolismo de macromoléculas, metabolismo de
compostos nitrogenados, resposta celular ao estresse, entre outros. (Figura 7B),
essas proteínas são reguladas por ETV5, YY1 e NFYA.
O segundo cluster dessa rede possui 11 genes relacionados a
neurodegeneração e YY1, FOXP2, RBBP9 e EGR1 como seus principais
reguladores (Figura 8A), suas proteínas participam de vias de modificação pós-
traducional, organização cromossômica, modificação da cromatina, entre outras
(Figura 8B).
Figura 6. Cluster 2 de genes down regulados por E3330. A) cada nó representa
uma proteína, e as conectores ligam proteínas que interagem entre si. As proteínas
em verde são aquelas com envolvimento em doenças neurodegenerativas, em
rosa estão genes que interagem com elas e são regulados pelos mesmos
reguladores (nós em vermelho). Este cluster não apresentou função biológica
estatisticamente significativa.
45
Gráfico 3. Cluster 4 Principais funções encontradas no cluster pelo número
de proteínas relacionadas a tais funções encontradas pelo BINGO (p-valor<
10-6).
B
A
B
0 50 100 150 200 250
Metabolismo celular
Metabolismo de macromoléculas
Metabolismo de compostos nitrogenados
Metabolismo de ácidos nucléicos
Biossíntese de macromoléculas
Metabolismo do DNA
Resposta celular ao estresse
Resposta ao Dano de DNA
Reparo de DNA
Figura 7. Cluster 1 de genes up regulados por E3330. A) cada nó representa
uma proteína, e as conectores ligam proteínas que interagem entre si. As proteínas
em verde são aquelas com envolvimento em doenças neurodegenerativas, em rosa
estão genes que interagem com elas e são regulados pelos mesmos reguladores
(nós em vermelho). B) Distribuição dos principais processos biológicos do Cluster 3
regulado positivamente por E3330 com um p valor com significância estatística (p-
valor<10-6) após análise com o BINGO.
46
A
B
0 50 100 150 200 250 300 350
Regulação de processos biológicos
Metabolismo celular
Metabolismo de macromoléculas
Metabolismo de proteínas
Vias de sinalização
Protein modification process
Vias de sinalização intracelular
Organização cromossômica
Organização da cromatina
Figura 8. Cluster 2 de genes up regulados por E3330. A) cada nó representa
uma proteína, e as conectores ligam proteínas que interagem entre si. As proteínas
em verde são aquelas com envolvimento em doenças neurodegenerativas, em
rosa estão genes que interagem com elas e são regulados pelos mesmos
reguladores (nós em vermelho). B) Distribuição dos principais processos biológicos
do Cluster 2 regulado positivamente por E3330 com um p valor com significância
estatística (p-valor<10-6) após análise com o BINGO.
47
No primeiro cluster os reguladores com maior número de alvos foram
ELF4, KLF4 e NRF2 todos com NES maior que 4, já o segundo cluster possui 4
fatores de transcrição importantes com maior número de alvos dentro do cluster
que são, E2F4, ELK1, JUN e E2F1.
A rede formada apenas pelos genes da neurodegeneração com
expressão alterada por E3330, também foi submetida ao iRegulon (Figura 9),
NRF1 e NRF2 continuaram sendo os principais fatores de transcrição que
regulam estes genes.
Metoxiamina
Tanto o tratamento com E3330 como o tratamento com Metoxiamina
superexpressaram genes relacionados a neurodegeneração. A lista de genes Up
regulados após o tratamento com MTX possui 1362 genes com fold change
maior que 2 e desses apenas 1066 foram reconhecidos pelo cytoscape. A rede
formada possui 21 genes relacionados a neurodegeneração 11 desses genes
Figura 9. Rede formada pelos Genes da neurodegeneração com expressão
alterada por E3330. Sendo em verde os genes Up regulados e em rosa os down
regulados, os nós retangulares representam os reguladores, NRF1 e NRF2 são os
principais fatores de transcrição.
48
apareceram distribuídos nos quatro principais clusters formados pelo MCODE,
que foram chamados de Cluster 1, 2, 3 e 4.
O cluster 1 (Score = 10,79), possui 123 genes incluindo 4 envolvidos em
neurodegeneração (DCTN1, TPP1, KIF1B e LRSAM1) (Figura 10A) a análise
funcional pelo bingo mostrou que o cluster possui proteínas envolvidas com as
funções celulares mostradas na figura 10B, a maioria relacionada ao processo
metabólico de proteínas, este grupo proteico possui sítio de ligação para apenas
um regulador, ZNF35 com 73 alvos dentro do cluster, esse regulador está
classicamente envolvido com diferenciação celular e/ou proliferação.
Figura 10. Cluster 1 dos genes Up regulados por metoxiamina A) cada nó
representa uma proteína, e as conectores ligam proteínas que interagem entre si. As
proteínas em verde são aquelas com envolvimento em doenças neurodegenerativas,
em rosa estão genes que interagem com elas e são regulados pelos mesmos
reguladores (nós em vermelho). B) Distribuição dos principais processos biológicos
do Cluster 1 regulado positivamente por Metoxiamina com um p valor com
significância estatística (p-valor<10-6) após análise com o BINGO.
0 10 20 30 40 50 60
Metabolismo de proteínas
Modificação de macromoléculas
Modificação de proteínas
Modificações pós-traducionais
Modificação de proteína por conjugação depequenas proteínas
Ubiquitinação de proteínas
A
B
49
Já o cluster número 2 possui 104 genes, envolvidos no metabolismo de
ácidos nucléicos, de RNAm e expressão genica, cinco desses genes tem
envolvimento com neurodegeneração, CWF19L1, ENTPD1, ATXN2, DCTN1 e
TBP (Figura 11), 72 genes desse cluster possuem sítio de ligação para ELF4 e
58 possuem sítio de ligação para ETV6.
A
B
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Metabolismo de macromoléculas
Metabolismo de compostos nitrogenados
Metabolismo de ácidos nucleicos
Expressão gênica
Metabolismo de RNA
Processamento de RNA
Splicing
Metabolismo de RNAm
Figura 11. Cluster 2 dos genes Up regulados por metoxiamina A) cada nó
representa uma proteína, e as conectores ligam proteínas que interagem entre si. As
proteínas em verde são aquelas com envolvimento em doenças neurodegenerativas,
em rosa estão genes que interagem com elas e são regulados pelos mesmos
reguladores (nós em vermelho). B) Distribuição dos principais processos biológicos
do Cluster 2 regulado positivamente por Metoxiamina com um p valor com
significância estatística (p-valor<10-6) após análise com o BINGO.
50
O cluster 3 possui 114 genes o que inclui AARS, MARS2 e EXOSC3
(Figura 12A), e reuniu proteínas que interagem entre si envolvidas no processo
de tradução e metabolismo de RNAnc (figura 12B), os reguladores FLI1,
GAPBA/NRF2, ETV1 e MYC obtiveram maior número de alvos na rede.
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Metabolismo celular
Metabolismo de macromoléculas
Expressão Gênica
Metabolismo de compostos nitrogenados
Metabolismo de ácidos nucleicos
Metabolismo de RNA
Tradução
Metabolismo de RNAnc
Processamento de RNAnc
Metabolismo de RNAt
A
B
Figura 12. Cluster 3 dos genes Up regulados por metoxiamina A) cada nó
representa uma proteína, e as conectores ligam proteínas que interagem entre si. As
proteínas em verde são aquelas com envolvimento em doenças neurodegenerativas,
em rosa estão genes que interagem com elas e são regulados pelos mesmos
reguladores (nós em vermelho). B) Distribuição dos principais processos biológicos
do Cluster 3 regulado positivamente por Metoxiamina com um p valor com
significância estatística (p-valor<10-6) após análise com o BINGO.
51
No cluster 4 encontram-se 68 genes incluindo AARS, DCTN1 e KIF1B
(Figura 13), e possui apenas uma função significante indicada pelo bingo, boa
parte de suas proteínas estão envolvidas em processos relacionados com
microtúbulos e possuem sítio de ligação para RFX7, ARID3A e ETV6.
Figura 13. Cluster 4 dos genes Up regulados por metoxiamina. Cada nó
representa uma proteína, e as conectores ligam proteínas que interagem entre si. As
proteínas em verde são aquelas com envolvimento em doenças neurodegenerativas,
em rosa estão genes que interagem com elas e são regulados pelos mesmos
reguladores (nós em vermelho).
52
A rede com todos os genes relacionados a neurodegeneração de
metoxiamina, apontou reguladores variados, indicando a presença, nesse caso,
de uma resposta secundaria (Figura 14).
Resveratrol
A rede de genes Down regulados por resveratrol após indução
inflamatória contém 2098 genes com Fold Change menor que -2,00 destes
apenas 1770 possuem interação entre si e foram reconhecidos pelo cytoscape,
como mostrado na tabela 4 essa rede possui 46 genes envolvidos com o
processo de neurodegeneração e/ou relacionados com doenças
neurodegenerativas. Com uma rede relativamente grande o MCODE formou
muitos clusters com score acima de 3,00 os considerados mais importantes e
que contem genes relacionados a neurodegeneração estão ilustrados abaixo.
O cluster 1 (Figura 15) possui 13 genes da neurodegeneração incluindo
ATM, e suas funções principais são além de expressão gênica, metabolismo de
ácidos nucléicos, metabolismo de RNA e biogênese do complexo
ribonucleoproteína, assim como aconteceu com os outros cluster essas
proteínas foram analisadas quanto aos reguladores para os quais elas possuem
sítio de ligação pelo iRegulon, que resultou em dois reguladores principais NRF2
Figura 14. Genes da neurodegeneração com expressão alterada por MTX.
Sendo em verde os genes Up regulados e em rosa os down regulados, os nós
retangulares representam os reguladores.
53
e ELK1 com 233 e 147 alvos respectivamente, mesmos reguladores que foram
importantes na via completa.
A
B
Figura 15. Cluster 1 dos genes down regulados por resveratrol. A) cada nó representa
uma proteína, e as conectores ligam proteínas que interagem entre si. As proteínas em
verde são aquelas com envolvimento em doenças neurodegenerativas, em rosa estão
genes que interagem com elas e são regulados pelos mesmos reguladores (nós em
vermelho). B) Distribuição dos principais processos biológicos do Cluster 1 regulado
negativamente por resveratrol com um p valor com significância estatística (p-valor<10-6)
após análise com o BINGO.
0 20 40 60 80 100 120 140 160
Metabolismo de compostos nitrogenados
Metabolismo de ácidos nucleicos
Expressão gênica
Metabolismo de RNA
Processamento de RNA
Biossíntese de macromoléculas
Metabolismo de RNAm
Processamento de RNAm
Motagem de complexo macromolecular
Biogênese do complexo ribonucleoproteína
Transcrição
54
O cluster 2 (Figura 16A) reúne proteínas relacionadas ou metabolismo de
proteínas, além de outras funções apontadas pelo BINGO (Figura 16B), contém
16 genes da lista de neurodegeneração também regulados por GABPA além de
SP1 e IRF8.
A
B
Figura 16. Cluster 2 dos genes down regulados por resveratrol A) cada nó
representa uma proteína, e as conectores ligam proteínas que interagem entre si. As
proteínas em verde são aquelas com envolvimento em doenças neurodegenerativas,
em rosa estão genes que interagem com elas e são regulados pelos mesmos
reguladores (nós em vermelho). B) Distribuição dos principais processos biológicos
do Cluster 2 regulado negativamente por resveratrol com um p valor com significância
estatística (p-valor<10-6) após análise com o BINGO.
0 20 40 60 80 100 120 140 160
Metabolismo de macromoléculas
Metabolismo de proteínas
Regulação positiva de processos biológicos
Modificações pós-traducionais
Ciclo celular
Proteólise
Regulação do ciclo celular
Ubiquitinação de proteínas
Regulação da atividade de ligase
55
Os cluster 3 e 4 possuem uma menor quantidade de genes sendo, 11
genes relacionados a doenças neurodegenerativas no cluster 3, bastante
envolvido com transdução de sinal e comunicação celular (Figura 17B) e tendo
como reguladores mais comuns entre seus genes EHF (172 alvos) e CRX (100
alvos) (Figura 17A), e apenas 6 no cluster 4, envolvido em metabolismo de
ácidos nucléicos e organização da cromatina entre outras funções este último
assim como o cluster 1 possui como principais reguladores GABPA e ELK1
(Figura 18).
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Transdução de sinal
Metabolismo de pequenas moléculas
Regulação da comunicação celular
Regulação de vias de sinalização
Transdução de sinal intracelular
Transdução de sinal mediada por GTPase
A
Figura 17. Cluster 3 dos genes down regulados por resveratrol. A) cada nó
representa uma proteína, e as conectores ligam proteínas que interagem entre si. As
proteínas em verde são aquelas com envolvimento em doenças neurodegenerativas,
em rosa estão genes que interagem com elas e são regulados pelos mesmos
reguladores (nós em vermelho). B) Distribuição dos principais processos biológicos
do Cluster 3 regulado negativamente por resveratrol com um p valor com significância
estatística (p-valor<10-6) após análise com o BINGO.
B
56
A
Figura 18. Cluster 4 dos genes down regulados por resveratrol. A) cada nó
representa uma proteína, e as conectores ligam proteínas que interagem entre si. As
proteínas em verde são aquelas com envolvimento em doenças neurodegenerativas,
em rosa estão genes que interagem com elas e são regulados pelos mesmos
reguladores (nós em vermelho). B) Distribuição dos principais processos biológicos
do Cluster 4 regulado negativamente por resveratrol com um p valor com significância
estatística (p-valor<10-6) após análise com o BINGO.
B
0 20 40 60 80 100 120 140 160
Metabolismo celular
Metabolismo de compostos nitrogenados
Metabolismo de ácidos nucleicos
Metabolismo de pequenas moléculas
Organização cromossômica
Organização da cromatina
57
A rede com apenas os genes da neurodegeneração down regulados por
resveratrol, também mostrou NRF1 como regulador principal entre eles,
juntamente com GATA5, CDX2, ZBTB33 e SMAD3.
EXPRESSÃO DE ALGUNS GENES DA LISTA POR Q-PCR
Apesar de tanto o RNAseq quanto a RT-PCR fornecerem resultados sobre
a expressão gênica, a RT-PCR é necessária para validar os resultados
observados no transcriptoma pois é uma técnica mais sensível e mais
sequencia-específica (Costa et al. 2013), portanto alguns genes foram
escolhidos para quantificação relativa de sua expressão afim de confirmar a
alteração de expressão em todos os inibidores.
Além disso o modelo de inflamação com posterior tratamento dos
inibidores de APE1 também foi repetido na linhagem de
glioblastoma/astrocitoma U251MG, que são células mais próximas dos
neurônios.
Figura 19. Genes da neurodegeneração com expressão alterada por
resveratrol. Todos os genes em rosa down regulados, os nós retangulares
representam os reguladores.
58
A expressão de ATM não está reduzida somente após o tratamento
com resveratrol, mas também com E3330 e Mettoxiamina.
Um dos genes escolhidos foi ATM causadora da ataxia telangiectasia. No
Gráfico 1 podemos observar que apesar de ser importante na inflamação o
tratamento com LPS não afetou a expressão de ATM em monócitos, porém o
bloqueio do reparo de DNA durante a inflamação assim como o bloqueio da
função redox de APE1 diminuiu significativamente a expressão de ATM, que foi
down regulado também por Resveratrol. Na linhagem de glioma a expressão de
ATM foi diminuída significativamente após o tratamento com resveratrol e com
metoxiamina, em relação ao controle (Figura 20 e 21).
Figura 20. Alteração da expressão de ATM em células U937. Células
tratadas com LPS e posteriormente com E3330, resveratrol e metoxiamina
*P < 0,05
59
E3330 causa Up regulação da Histona deacetilase 1 (HDAC1)
Após a indução da inflamação com LPS não houve modificação
significativa da expressão de HDAC1 em relação ao controle, porém o
tratamento dos monócitos com E3330 aumentou a expressão de HDAC1
confirmando assim o resultado do RNAseq, no qual HDAC1 encontra-se up
regulada. Já na linhagem de glioma nenhum dos tratamentos alterou
significantemente a expressão de HDAC1.
Figura 21. Alteração da expressão de ATM em células U251MG
tratadas com LPS e posteriormente com E3330, resveratrol e metoxiamina
**P < 0,05 significante em relação ao controle
Figura 22. Alteração da expressão de HDAC1 em células U937 tratadas
com LPS e posteriormente com E3330, resveratrol e Metoxiamina. * P =
0.0065
60
A Expressão de NDUFV2 está diminuída no tratamento com E3330 e
metoxiamina
No transcriptoma a expressão de NDUFV2 foi alterada após a inibição de
porções de APE1, resultado que se repetiu na q-PCR (Figura 24). Foi possível
observar que a inibição da porção redox de APE1 assim como a inibição da
clivagem do sítio AP por metoxiamina, diminuiu a expressão de NDUFV2 quando
comparada ao controle e ao tratado com LPS. Apesar de estar com expressão
um pouco diminuída em resveratrol essa diminuição não foi significativa
contrariando o que diz o RNAseq, no qual NDUFV2 está down regulada apenas
em resveratrol.
Em células U251MG o resultado foi diferente, nem o tratamento apenas
com LPS nem os inibidores afetaram a expressão de NDUFV2 (Figura 25).
Figura 23. Alteração da expressão de HDAC1 em células U251MG
tratadas com LPS e posteriormente com E3330, resveratrol Metoxiamina
61
A expressão de NRF1 não foi alterada em nenhum dos inibidores
NRF1 além de estar down regulado, segundo o RNAseq em células
tratadas com E3330, é um dos principais reguladores das redes down reguladas
de todo os inibidores. Porém na q-PCR não foi possível observar alteração de
expressão estatisticamente significativa em nenhum dos tratamentos, nem em
monócitos nem em astrócitos (Figura 26 e 27, respectivamente).
Figura 24. Alteração da expressão de NDFV2 em células U937
tratadas com LPS e posteriormente com E3330, resveratrol e
metoxiamina *P < 0,05
Figura 25. Alteração da expressão de NDFV2 em células U251MG
tratadas com LPS e posteriormente com E3330, resveratrol e metoxiamina
62
DISCUSSÃO
Conforme descrito anteriormente, APE1 é importante durante a
inflamação, tanto para expressão de genes pró-inflamatórios quanto para
proteção do DNA contra os danos gerados durante o estresse oxidativo. Muitos
autores já investigaram a influência dos danos no DNA na morte de neurônios
durante doenças neurodegenerativas relatando assim APE1 como uma proteína
importante na fisiopatologia dessas doenças (revisado por Fischer and Maier,
Figura 26. Alteração da expressão de NRF1 em células U937 tratadas
com LPS e posteriormente com E3330, resveratrol e metoxiamina
Figura 27. Alteração da expressão de NRF1 em células U251MG
tratadas com LPS e posteriormente com E3330, resveratrol e metoxiamina
63
2015). Porém atualmente sabemos que APE1 possui uma função importante na
regulação transcricional de muitos genes e foi objetivo deste trabalho identificar
possíveis alvos de APE1.
Ao investigar melhor o papel de APE1 na transcrição durante a resposta
inflamatória em monócitos, foi observado que os genes regulados negativamente
pelos tratamentos com E3330, resveratrol e metoxiamina possuem sitio de
ligação para três fatores de transcrição principais NRF1, NRF2 e ELK1, e isso é
evidente não apenas nas redes totais como também nas redes formadas apenas
pelos genes envolvidos com doenças neurodegenerativas.
NRF1 possui 315 alvos na rede de genes down regulados por E3330 e
396 alvos na rede down regulada por metoxiamina, o que pode indicar que tanto
função redox quanto o reparo de DNA podem regular a expressão de alvos de
NRF1, a literatura relaciona NRF1 tanto com APE1 quanto com alguns de seus
parceiros como, LSD1, c-Fos, c-Jun, NF-kB e CREB.
Sabe-se que NRF1 regula expressão de genes mitocondriais em resposta
ao estresse oxidativo, e que esse gene tem sua expressão aumentada após o
estresse, assim como seus genes alvos, Li et al. (2012) em um experimento com
células Hela notaram que APE1, mais precisamente sua função redox, também
possui um papel na função mitocondrial após estresse oxidativo e apesar da
expressão de NRF1 não ser afetada pela diminuição de APE1 ou presença de
APE1 mutada em sua função redox, a expressão dos alvos de NRF1 foi
fortemente afetada. No mesmo estudo a autor provou que NRF1 é
imunoprecipitada com APE1, que essa interação aumenta com estresse
oxidativo e que é dependente de sua função redox, assim como a ligação de
NRF1 ao promotor de seus genes alvos (Li et al. 2012). Além da interação direta
com APE1, NRF1 possui alguns parceiros que se ligam também a seus genes
alvos entre eles c-Jun e c-Fos (Venugopal et al. 1996; Novotny et al. 1998) que
são fatores de transcrição reduzidos por APE1 (Xanthoudakis et al. 1992; Ando
et al. 2015), apesar do transcriptoma indicar down regulação de NRF1 nos
tratamento com resveratrol e E3330, essa alteração na expressão do gene não
foi confirmada nem em nos monócitos nem na linhagem de glioma.
LSD1, é uma lisina desmetilase que foi detectada por chip-seq em 99%
dos sítios de NRF1 em células MCF7, e em mais quatro células: HMEC, LNCaP,
U2OS, SH-SY5Y. (Benner et al. 2013), sabe-se também que LSD1 gera ROS
64
durante a desmetilação e que causa danos ao DNA, por isso a proteína recruta
APE1 e OGG1 e a transcrição dos genes que são alvos de LSD1 pode ser
dependente do recrutamento das enzimas de reparo de DNA (Amente et al.
2010).
Tendo isso em mente a down regulação de alvos de NRF1 após
tratamento com E3330 pode ser atribuída a um dos dois fatores: (1) E3330 pode
estar bloqueando a interação direta de APE1 com NRF1 e diminuindo assim sua
ligação ao DNA para exercer sua função de fator de transcrição (2) E3330
também pode estar diminuindo a ligação de c-Fos e c-Jun ao DNA, já que ambas
são proteínas reduzidas por APE1 e como estas proteínas são parceiras de
NRF1 em alguns genes a falta delas pode estar afetando a transcrição desses
genes. Já metoxiamina pode estar afetando a expressão de alvos de NRF1
devido sua pareceria com LSD1, que requer a função de reparo de DNA para
ativar a transcrição de alguns genes.
GABPA, também conhecido como NRF2, é um dos mais importantes
fatores de transcrição redox-sensíveis. Durante o estresse oxidativo, NRF2 se
desloca para o núcleo e liga-se a elementos de resposta antioxidante (ARE, do
inglês antoxidant response elements) presentes nos promotores de genes
(Nguyen et al. 2003), além de regular 629 genes da lista geral de metoxiamina,
NRF2 também aparece como regulador de vários clusters e genes relacionados
a neurodegeneração após o tratamento com E3330 (apesar de não aparecer na
rede total) e resveratrol. No transcriptoma de E3330, NRF2 está Up regulado
com Fold change de 2,13 o que pode indicar que o fato deste fator transcricional
aparecer como regulador de tantos genes down regulados por E3330 estar mais
relacionado com alterações pós-traducionais ou interações com APE1.
Outro regulador importante foi ELK1 que além de aparecer também como
um dos principais reguladores das redes down reguladas de E3330 e
Resveratrol, também apareceu como regulador de alguns clusters
principalmente na rede de resveratrol. Não há trabalhos que liguem ELK1
diretamente a APE1, sua expressão não está alterada após o tratamento com
E3330, porém alguns trabalhos descrevem que ELK1 possui um papel durante
a inflamação e que é fosforilada pela via downstream a estimulação da célula
com IL-1, a ativação de ELK1 depende da ativação de ERK1/2, JNK e p38 sendo
a ativação de ERK1/2 controlada por NF-kB. (Kasza, 2013).
65
A inibição de APE1 durante a inflamação em monócitos também altera
expressão de vários genes envolvidos em processos neurodegenerativos, o
bloqueio da função redox de APE1 regulou negativamente muitos genes
mitocondriais associados com a neurodegeneração, a maioria pertencentes ao
complexo I mitocondrial (NDUFA11, NDUFB4, NDUFA12, NDUFB7, NDUFB9).
Em seu estudo Betarbet et al. (2000), percebeu que a inibição sistêmica parcial
do complexo I por rotenona reproduz as características comportamentais e
neuropatológicas da doença de Parkinson, em ratos sprague-dawley e ratos
Lewis. O complexo I também conhecido com NADH desidrogenase possui 47
subunidades e faz parte da cadeia respiratória tendo como função catalisar a
transferência de elétrons do NADH para a coenzima Q, este complexo
juntamente com o complexo III são bastante estudas com relação a produção de
ROS (revisado por Gào et al. 2017) e a disfunção desses complexos levam ao
estresse oxidativo na célula. O tratamento com Resveratrol durante a inflamação
também diminuiu a expressão desses genes (NDUFAB1, NDUFV2, NDUFA8,
NDUFS7, NDUFB2, NDUFC1, NDUFB11, NDUFB7).
Uma das subunidades formadoras do complexo I a NDUFV2 (do inglês,
NADH dehydrogenase ubiquinone flavoprotein 2) é alvo de alguns estudos que
indicam seu polimorfismo em associação com DP (Hattori et al. 1998; Nishioka
et al. 2010), assim como com desordem bipolar (Washizuka et al. 2003) e com
esquizofrenia (Washizuka et al. 2006). Por meio de q-PCR observamos uma
down-regulação de NDUFV2 em relação a LPS tanto em E3330 como em
Metoxiamina, mas a diminuição da expressão no tratamento com resveratrol não
foi estatisticamente significante, e a down-regulação após a inibição de APE1
não se manteve na linhagem astrocitária. Na literatura APE1 e NDUFV2 não
possuem nenhuma relação e a proteína mitocondrial não possui sítio de ligação
para NRF2 como as outras proteínas citadas, porém possui sítio de ligação para
Fos que, como citado, é um dos fatores reduzidos por APE1. Recentemente foi
observado que NDUFV2 é importante na migração radial de neurônios corticais,
além de regular a transição multipolar-bipolar dos neurônios e afetar o
citoesqueleto e a estabilização da tubulina (Chen et al. 2015) o que pode explicar
sua associação com várias doenças do SN.
Durante a inflamação o tratamento com resveratrol foi o que mais regulou
negativamente genes envolvidos com neurodegeneração, Yang et al. (2005)
66
sugeriram que resveratrol é capaz de se ligar a APE1 e que pode ser um
potencial inibidor da proteína, porém esta atividade não foi comprovada in vivo.
Nosso grupo já observou que a atividade de reparo de APE1 não é afetada por
resveratrol diretamente (dados não publicados). Apesar de não estar
comprovada como molécula inibidora de APE1, resveratrol possui outros alvos
já conhecidos dentro da célula, entre eles a sirtuina 1 (SIRT1), que uma proteína
deacetilase NAD-dependente, reguladora chave da respiração mitocondrial,
metabolismo de lipídeos e processo de envelhecimento (revisado por Kulkarni et
al. 2015). Resveratrol tem sido visto como um ativador de SIRT1 promovendo
consequentemente a deacetilação de diversos reguladores transcricionais como
PGC-1alfa (Lagouge et al. 2006). Nosso grupo também observou que resveratrol
diminui a acetilação de APE1 (dados não publicados) provavelmente devido a
ativação de SIRT1. Outro alvo de resveratrol é a cicloxigenase 1, enzima que
catalisa a transformação de ácido araquidônico em mediadores pro-inflamatórios
como as prostaglandinas e é inibida por resveratrol (Jang et al. 1997), assim
como NF-kB (Tsai et al. 1999).
Após 4 horas de tratamento com resveratrol em modelo inflamatório, 46
genes envolvidos com neurodegeneração estavam regulados negativamente.
Os principais cluster de interação que contem esses genes estavam
relacionados com metabolismo de RNA, Biogênese do complexo
ribonucleoproteico, reparo de DNA, resposta ao dano no DNA, comunicação
celular e organização da cromatina. Nestes cluster observamos a presença de
proteínas como NCTSN, que é uma glicoproteína transmembrana capaz de
clivar a proteína precursora da beta-amiloide, NAE1, proteína que liga-se ao
precursor da beta-amiloide, PARK7, e ATM, que encontrou-se regulada
negativamente não somente após o tratamento com resveratrol, mas também
após o tratamento com E3330 e metoxiamina em células U937, a diferença de
expressão também foi vista em U251MG. Porém nesta célula foi significativo
apenas após o tratamento com resveratrol e metoxiamina. Esses dados indicam
fortemente uma influência, direta ou indireta, de APE1 na regulação da
expressão de ATM, essa proteína é causadora da ataxia telangiectasia que é
uma doença autossômica recessiva que tem como características a ataxia,
telangiectasia, envelhecimento precoce, neurodegeneração, resistência a
insulina, entre outras (Kastan et al. 2001), ATM atua como uma quinase cujo a
67
principal função é como parte das vias de resposta ao dano no DNA (DDR, do
inglês DNA damage response) ATM-Chk2 e ATM-ATR-Chk1 são as duas
maiores vias DDR e coordenam o processo de reparo de DNA e a progressão
do ciclo celular (Yan et al. 2015) deficiências nas vias de reparo e nas vias DDR
podem levar a doenças como câncer e doenças neurodegenerativas. (Hegde et
al. 2012) além disso essa proteína possui um possível papel na neurogênese
(Guleria et al. 2016; Carlessi et al. 2009).
No que diz respeito a inflamação, Fang et al (2014) observou que após a
estimulação de células com TNF, ATM é transportada do núcleo para o
citoplasma através de uma via dependente de ROS e que além disso ATM
também possui um papel na regulação da via de NF-kB, seja por regular a taxa
de degradação da IkBα ou por afetar a fosforilação da Ser 276 ativando assim
RelA. O iRegulon indicou que ATM assim como a maioria das proteínas down
reguladas que interagem com ela possuem sítio de ligação para NRF2, que por
sua vez interage diretamente com APE1 e sua atividade depende de sua
interação direta com a porção redox de APE1, interação essa que aumenta sua
atividade de ligação as regiões ARE após indução do estresse oxidativo por
H2O2 (Shan et al. 2015). Além disso a inibição de NRF2 causa repressão
transcricional de ATM e ATR (Khalil et al. 2015), esses dados podem indicar que
no tratamento com E3330 em que há bloqueio da função redox de APE1 durante
a inflamação pode estar diminuindo a atividade de ligação de NRF2 e
consequentemente a transcrição de ATM, ainda é necessário estudar o efeito da
inibição do reparo por metoxiamina na interação entre as duas proteínas.
Os genes up regulados parecem ter pouca relação entre si, e pouca
relação, descrita na literatura, com APE1 e seus parceiros. Porém HDAC1
chamou atenção por interagir com APE1 em alguns complexos de repressão
(Kelly et al. 2013). HDAC1 é uma histona deacetilase bastante envolvida na
regulação da expressão genica, devido a sua habilidade de desacetilar resíduos
de lisinas das histonas resultando em compactação da cromatina (Haberland et
al. 2009) juntamente com HDAC2, a HDAC1 faz parte de alguns complexos
repressores, entre eles, o Sin3A, NuRD e CoREST. No sistema nervoso, HDAC1
e 2 possuem um papel importante no desenvolvimento das células, como
oligodendrócitos e células de Schuwan, (revisado por Kelly et al. 2013). Um
experimento realizado com camundongos R6/2, que expressam o fenótipo da
68
doença de Huntington observou aumento da expressão da proteína em questão
no núcleo estriado, que é bastante afetado pela doença além de observarem que
em cultura um aumento da expressão de HDAC1 reduz a viabilidade de
neurônios corticais em 40% (Bardai et al. 2012). Além de desacetilarem histonas,
catalisam também a desacetilação de muitas proteínas não histonas como, P53,
E2F1, GAT4 e NF-kB (Kelly et al. 2013).
Em um estudo recente Chen et al., (2015) analisou o efeito da exposição
a fumaça de cigarro no pulmão de camundongos, sabendo que esta causava
resposta inflamatória, assim como do extrato desta fumaça em cultura de
macrófagos A exposição a fumaça de cigarro causou danos pulmonares e
aumento dos níveis de citocinas pró-inflamatórias, indicando que gerou
inflamação. A exposição diminuiu a atividade de HDACs devido a diminuição do
nível proteico, apesar de não haver diminuição nos níveis de RNAm, tanto nos
pulmões como em cultura de macrófagos, com a diminuição da atividade das
HDACs observou-se aumento de Histona 3 acetilada na lisina 9, inclusive nos
promotores de TNF, IL-8, MCP-1 e MMP9. Para confirmar o papel de HDAC1 na
repressão dos genes pro-inflamatórios, o knockout de HDAC1 aumentou os
níveis de MCP-1, TNF, IL-8 e MMP9 (Chen et al., 2015).
Na análise da rede de genes up regulados por E3330 HDAC1 encontra-
se no cluster 2 com outras 573 proteínas e interage com 98 delas, as funções
predominantes no cluster são de modificação pós-traducional de proteínas, via
de sinalização intracelular, organização da cromatina e organização
cromossômica entre outros, as proteínas desse cluster possuem sítios de ligação
para 4 reguladores com NES maior que 4, são eles, EGR1, YY1, RBBP9 e
FOXP2, porém HDAC1 possui motif apenas para YY1, fator de transcrição
envolvido em várias vias biológicas importantes capaz de ativar ou reprimir
genes dependendo do contexto (revisado por Gordon et al.2005). Esse fator está
Up regulado apenas na rede de E3330 assim como HDAC1. Dong et al. (2017)
mostraram que YY1 se liga ao promotor de HDAC1 em células de
hepatocarcinoma e promove sua transcrição, assim como no mesmo trabalho foi
demostrado que a superexpressão de HDAC1 também aumenta a expressão de
YY1 sugerindo assim uma regulação reciproca. Apesar disso já foi visto que
E3330 bloqueia a ativação de YY1 induzida por oxLDL (Li et al. 2014)
69
CONCLUSÕES
Neste trabalho foi observado que a inibição das atividades de APE1,
assim como o tratamento de monócitos com resveratrol modificam a expressão
de vários genes relacionados a doenças neurodegenerativas. E3330 e
resveratrol regularam negativamente genes mitocondriais indicando assim que
função redox de APE1 pode ser importante na manutenção da estabilidade da
mitocondrial durante a inflamação. Já a resposta observada após o tratamento
com Metoxiamina pareceu ser secundária, regulando positivamente genes de
diversas funções e vias biológicas.
Foi observado também que NRF1, NRF2 e ELK1 foram os fatores de
transcrição com maior número de alvos down regulados, em ambos os
inibidores, indicando uma interação desses fatores com APE1. A presença de
NRF1 como regulador tanto em E3330 como em metoxiamina, pode indicar que
a regulação desse fator de transcrição não está associada apenas a função
redox de APE1, mas também a sua função de reparo.
Foi confirmado que os inibidores de APE1 alteram a expressão de ATM e
NDUFV2 em monócitos. Porém essa resposta não se repete nas células de
astrocitoma, indicando uma resposta célula-específica.
Por fim, a influência de APE1 em doenças como DP, DH e DA, não parece
ser apenas devido a sua função no reparo de DNA, como já foi descrito antes,
mas também na regulação transcricional que a proteína exerce sobre alguns
genes e essa regulação transcricional não está ligada apenas à sua função redox
como também ao reparo de DNA.
70
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