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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS ABINADABE JACKSON DE MELO METAGENÔMICA: BUSCA DE NOVOS GENES ENVOLVIDOS COM A BIODEGRADAÇÃO DE HIDROCARBONETOS E SÍNTESE DE BIOSSURFACTANTES NATAL RN 2012

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

ABINADABE JACKSON DE MELO

METAGENÔMICA: BUSCA DE NOVOS GENES ENVOLVIDOS COM A

BIODEGRADAÇÃO DE HIDROCARBONETOS E SÍNTESE

DE BIOSSURFACTANTES

NATAL – RN 2012

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ABINADABE JACKSON DE MELO

METAGENÔMICA: BUSCA DE NOVOS GENES ENVOLVIDOS COM A

BIODEGRADAÇÃO DE HIDROCARBONETOS E SÍNTESE

DE BIOSSURFACTANTES

Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito para obtenção do título de Mestre em Ciências Biológicas.

Orientador: Prof.ª Dra Lucymara Fassarella Agnez

NATAL – RN

2012

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Catalogação da Publicação na Fonte / Bibliotecário Raimundo Muniz de Oliveira

CRB15-429

Melo, Abinadabe Jackson de. Metagenômica: busca de novos genes envolvidos com a biodegradação de hidrocarbonetos / Abinadabe Jackson de Melo. – Natal, RN, 2012. 66 f. : il.

Orientadora Lucymara Fassarella Agnez.

.

Dissertação (Mestrado em Ciências Biológicas) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Biociências. Programa de Pós Graduação em Ciências Biológicas.

1. Genômica microbiana – Dissertação 2. Metagenômica – Dissertação. 3. Microrganismo – Dissertação. 4. Biodegradação. 5. Hidrocarboneto. I. Agnez, Lucymara Fassarella. II. Título.

RN CDU 575.111:579

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A minha família, a pedra angular da minha vida, que

sempre está presente em todos os momentos me ensinando a lutar com muita determinação

pelos meus sonhos.

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AGRADECIMENTOS

A minha família, especialmente, a meu pai José Cícero de Melo e a minha mãe Maria Selma dos Santos de Melo, pelas lições e por investirem tudo na minha formação.

A minha orientadora professora Dra Lucymara Fassarela por tudo, pela confiança, pela brilhante orientação, pelos sábios conselhos que levarei para vida toda.

Aos “metagenômincos”, Rita, Del, Uaska, Fernanda, Larissa “briba “ André Fonseca, Fabíola Marques, Sinara Carla, Jéssica Paiva, Edson, Tatiana Pereira,Bia e Ralfo, pelo espírito de equipe e de união em todos os momentos. Sem eles eu não conseguiria!

A família LBMG/LAMA, amigos inenarráveis ! Especialmente a Thayse, Daniele Maria, Juliana, Julianeee, Fafa, Kellya, Lelinha, Iza, Aninha Sales Mariènne,Amanda, Isabella (a galega), Déborah, Joana, Jana Dara, Tatiana Bressel, Ana Paula, Marcos Felipe, Felipe, Gabriel Gralha, Adilson, Naldo,Leonam Cris, Cecília, Karol Melo, Sara, Paulinho, Jessica Fernanda, Fanny, Djair, Luiz Sodré, Rai, Daniel Chaves, Fabão, Vivi, Rayssa,Geka e as professoras Silvia Regina e Katia Scortecci !

As Dras Viviane Amaral e Keronninn Bessa pelas críticas e sugestões na banca de qualificação.

A Dra Magnólia Fernandes Florêncio de Araújo pela participação na banca de defesa.

Ao Dr Demetrius A.M Araujo Araújo pela participação na banca de defesa.

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) pelo apoio financeiro.

A Deus, sobretudo, a quem devo toda honra e toda glória para todo sempre !

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RESUMO

Atividades industriais, derramamentos de petróleo e seus derivados, bem como a combustão incompleta de combustíveis fósseis têm causado um grande acúmulo de hidrocarbonetos no meio ambiente. O número de microrganismos no planeta é estimado em 1030, sendo os procariotos os mais abundantes. Eles colonizaram diversos ambientes durante milhares de anos, incluindo aqueles considerados extremos e representam uma fonte inexplorada de diversidade genética e metabólica com um grande potencial biotecnológico. Sabe-se que muitos microrganismos possuem vias metabólicas complexas atuando na biodegradação de hidrocarbonetos derivados de petróleo e, em muitos ecossistemas, existe uma comunidade autóctone capaz de realizar essa função. A metagenômica tem revolucionado a Microbiologia permitindo o acesso às comunidades microbianas não cultiváveis, sendo uma potente ferramenta para elucidação de suas funções ecológicas, dos perfis metabólicos, bem como para identificação de novas biomoléculas. Assim, o presente estudo aplicou abordagens metagenômicas não apenas para seleção funcional de genes envolvidos nos processos de biodegradação e biossurfactação de hidrocarbonetos derivados do petróleo, mas também para descrição da composição taxonômica e metabólica de dois metagenomas de microbiota aquática. Foram analisadas 123.116 (365 ± 118 pb) e 127.563 sequências (352 ± 120 pb) dos metagenomas marinho e estuarino, respectivamente. Oito clones foram encontrados, sendo quatro envolvidos na biodegradação de petróleo e quatro capazes de emulsificar querosene, indicando a habilidade de sintetizar biossurfactantes. Portanto, as análises metagenômicas realizadas foram eficientes não apenas na busca de bioprodutos de interesse biotecnológico como também na análise do perfil funcional e taxonômico dos metagenomas estudados. Palavras chave: Genômica microbiana. Metagenômica. Microrganismo. Biodegradação. Hidrocarboneto.

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ABSTRACT

Industrial activities, oil spills and its derivatives, as well as the incomplete

combustion of fossil fuels have caused a great accumulation of hydrocarbons in the environment. The number of microorganisms on the planet is estimated at 1030 and prokaryotes the most abundant. They colonized diverse environments for thousands of years, including those considered extreme and represent an untapped source of metabolic and genetic diversity with a large biotechnological potential. It is also known that certain microorganisms have the enzymatic capacity to degrade petroleum hydrocarbons and, in many ecosystems, there is an indigenous community capable of performing this function. The metagenomic has revolutionized the microbiology allowing access uncultured microbial communities, being a powerful tool for elucidation of their ecological functions and metabolic profiles, as well as for identification of new biomolecules. Thus, this study applied metagenomic approaches not only for functional selection of genes involved in biodegradation and emulsification processes of the petroleum-derived hydrocarbons, but also to describe the taxonomic and metabolic composition of two metagenomes from aquatic microbiome. We analyzed 123.116 (365 ± 118 bp) and 127.563 sequences (352 ± 120 bp) of marine and estuarine metagenomes, respectively. Eight clones were found, four involved in the petroleum biodegradation and four were able to emulsify kerosene indicating their abilities in biosurfactants synthesis. Therefore, the metagenomic analyses performed were efficient not only in the search of bioproducts of biotechnological interest and in the analysis of the functional and taxonomic profile of the metagenomes studied as well.

Key words: Microbial genomic. Metagenomic.

Microorganism.Biodegradation.Hydrocarbon.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................ 14

1.1 PETRÓLEO: BENEFÍCIOS, IMPACTOS E BIORREMEDIAÇÃO........................... 14

1.2

1.2.1

Biodegradação De Hidrocarbonetos........................................................................

GENES E ENZIMAS ENVOLVIDOS COM A BIODEGRADAÇÃO DE

HIDROCARBONETOS POR BACTÉRIAS..............................................................

15

16

1.3

1.3.1

BIOSSURFACTANTES............................................................................................

GENES ENVOLVIDOS COM A SÍNTESE DE BIOSSURFACTANTES BACTERIANOS.......................................................................................................

18

20

1.4 METAGENÔMICA: DESCOBERTA DO DESCONHECIDO................................... 21

1.4.1 METAGENÔMICA: ABORDAGEM FUNCIONAL E BASEADA EM SEQUÊNCIA.. 23

2 JUSTIFICATIVA....................................................................................................... 26

3 OBJETIVOS............................................................................................................. 27

3.1 GERAIS.................................................................................................................... 27

3.2 ESPECÍFICOS.......................................................................................................... 28

4 MATERIAL E MÉTODOS......................................................................................... 28

4.1 COLETA DAS AMOSTRAS AMBIENTAIS............................................................... 28

4.2 ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS............................................................................... 29

4.3 EXTRAÇÃO DO eDNA............................................................................................. 29

4.4 CONSTRUÇÃO DAS BIBLIOTECAS METAGENÔMICAS...................................... 29

4.4.1 TRATAMENTO DAS EXTREMIDADES DOS FRAGMENTOS GERADOS POR

SONICAÇÃO............................................................................................................

30

4.4.2 PURIFICAÇÃO DOS INSERTOS TRATADOS........................................................ 30

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4.4.3 PREPARAÇÃO DO VETOR PBC SK................................................................ 30

4.4.4 CLONAGEM DO EDNA..................................................................................... 31

4.5 SEÇÃO FUNCIONAL......................................................................................... 33

4.5.1 TESTE QUALITATIVO DE BIODEGRADAÇÃO DE HIDROCARBONETOS.... 33

4.5.2 HABILIDADE DE SINTETIZAR BIOSSURFACTANTES................................... 33

4.5.3 CONFIRMAÇÃO DA PRESENÇA DOS INSERTOS AMBIENTAIS.................. 34

4.6 SEQUENCIAMENTOS....................................................................................... 35

4.7 ANÁLISES DE BIOINFORMÁTICA.................................................................... 36

5 RESULTADOS................................................................................................... 38

5.1 BIBLIOTECAS METAGENÔMICAS................................................................... 38

5.2 ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS DAS AMOSTRAS AMBIENTAIS..................... 38

5.3 HABILIDADE DE SINTETIZAR BIOSSURFACTANTES................................... 39

5.4 BIODEGRADAÇÃO DE HIDROCARBONETOS................................................ 42

5.5 DADOS GERAIS, COMPOSIÇÃO TAXONÔMICA E METABÓLICA DOS

METAGENOMAS...............................................................................................

44

6 DISCUSSÃO...................................................................................................... 50

7 CONCLUSÕES.................................................................................................. 56

8 REFERÊNCIAS BLIOGRÁFICAS..................................................................... 57

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Esquema mostrando as abordagens metagenômicas: análise

funcional e análise baseada em sequência................................

24

Figura 2. Esquema resumindo a estratégia usada nesse estudo.............. 37

Figura 3. Teste de emulsificação............................................................... 41

Figura 4. Teste de confirmação da atividade de biodegradação............... 42

Figura 5. Curvas de rarefação dos metagenomas EST (azul) e MAR

(vermelho)...................................................................................

44

Figura 6. Composição taxonômica relativa (domínio) dos metagenomas

EST e MAR............................................................................

45

Figura 7. Composição taxonômica (filo) dos metagenomas EST e

MAR.....................................................................................

45

Figura 8. Composição taxonômica (classe) dos metagenomas EST e

MAR.....................................................................................

46

Figura 9. Composição metabólica (nível 1 do MG-RAST) dos

metagenomas.............................................................................

47

Figura 10. Perfil metabólico representado pelo mapa de vias do KEGG..... 48

Figura 11. Perfil de distribuição de algumas proteínas relacionada à

atividade de biodegradação de hidrocarbonetos (a) e de

alguns genes envolvidos na síntese de biossurfactantes

conhecidos (b)............................................................................

49

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Análise físico-química de amostras de água do estuário

jundiaí/potengí (Natal/RN) e da praia de pirangí do norte

(Parnamirim/RN).........................................................................

38

Tabela 2. Clones positivos para o teste de emulsificação de

querosene..................................................................................

39

Tabela 3. Melhores resultados do blastx dos clones positivos para

síntese de biossurfactantes........................................................

40

Tabela 4. Melhores resultados do blastx dos clones positivos para

atividade de biodegradação........................................................

43

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1 INTRODUÇÃO

1.1 PETRÓLEO: BENEFÍCIOS, IMPACTOS E BIORREMEDIAÇÃO

Atividades industriais, derramamentos de petróleo e seus derivados (tais

como gasolina, diesel e querosene), bem como a combustão incompleta de

combustíveis fósseis têm causado um grande acúmulo de hidrocarbonetos no meio

ambiente (SANTOS et al., 2011a).

O petróleo é uma mistura heterogênea de compostos orgânicos, incluindo

hidrocarbonetos alifáticos (n-alcanos), alicíclicos e aromáticos, com pequenas

quantidades de compostos como oxigênio, nitrogênio e enxofre, que variam em

propriedades físicas e composição de acordo com o reservatório de origem (HAMME

et al., 2003).

Em virtude de ainda ser a principal fonte energética do mundo, este recurso

natural é responsável por grandes movimentações financeiras na economia mundial,

gerando emprego e renda para famílias do mundo inteiro. Neste cenário, o Brasil

certamente deverá alcançar uma posição de destaque no ranking dos grandes

produtores a partir da exploração da recentemente descoberta camada pré-sal.

Todavia, como se sabe, a utilização em larga escala desse recurso gera

impactos ambientais decorrentes da poluição dos solos, aquíferos, mares e da

atmosfera proveniente da alta produção, distribuição e consumo dos derivados do

petróleo. Aproximadamente 0,08 – 0,4% da produção mundial de petróleo acabam

chegando aos oceanos (BARTHA et al., 1986) gerando, sobretudo, impactos

ecológicos a ecossistemas marinhos e terrestres (SANTOS et al., 2011b).

Para minimizar os danos, estratégias visando à contenção e remoção do

contaminante livre ou dissolvido vêm sendo aplicadas na remediação de áreas

contaminadas. Vários métodos podem ser empregados para remover

hidrocarbonetos do solo e de água subterrânea, tais como extração a vapor do solo,

bombeamento e biorremediação (MARIANO, 2006). Tratamentos físicos separam os

contaminantes do solo sem destruí-los ou modificá-los quimicamente, mas

apresentam muitas limitações, destacando-se o alto custo e eficiência relativamente

baixa. Processos biológicos, por outro lado, são alternativas promissoras para

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remover esses contaminantes, principalmente devido à simplicidade e eficiência de

custo quando comparados a outros métodos tradicionais (ALEXANDER, 1994 apud

MARIANO, 2006). Microrganismos podem degradar ou produzir hidrocarbonetos

dependendo da presença de vias metabólicas específicas para cada função em

certas condições ambientais (PEIXOTO et al., 2011).

Biorremediação pode ser considerada como uma nova tecnologia para tratar

locais contaminados mediante o uso de agentes biológicos capazes de modificar ou

decompor poluentes alvos. Estratégias de biorremediação incluem: a utilização de

microrganismos autóctones, ou seja, do próprio local, sem qualquer interferência de

tecnologias ativas de remediação (biorremediação intrínseca ou natural); a adição de

agentes estimulantes como nutrientes, oxigênio e biossurfactantes (bioestimulação);

e a inoculação de consórcios microbianos enriquecidos (bioaumento) (BENTO et al.,

2003). O benefício desses processos é a mineralização do poluente e a

transformação em gás carbônico, água e biomassa. Assim, a biorremediação é

bastante pertinente, já que é natural e seus produtos finais não apresentam riscos

ao meio ambiente.

1.2 BIODEGRADAÇÃO DE HIDROCARBONETOS

Muitos microrganismos possuem a capacidade de degradar hidrocarbonetos

derivados de petróleo e, em muitos ecossistemas, existe uma comunidade autóctone

de microrganismos capazes de realizar essa função, os quais são denominados de

hidrocarbonoclásticos (KATAOKA, 2001 apud MARIANO, 2006). Alguns degradam

alcanos, compostos aromáticos, e outros degradam tanto hidrocarbonetos

parafínicos quanto os aromáticos (ATLAS, 1995).

Alcanos na faixa de C10 e C26 são vistos como os mais facilmente

degradados, porém aromáticos de baixo peso molecular tais como benzeno, tolueno

e xileno, que estão entre os compostos tóxicos encontrados no petróleo, são

também muito facilmente biodegradados por diversos microrganismos marinhos

(ATLAS, 1995).

Os primeiros estudos da utilização de hidrocarbonetos por microrganismos

foram realizados por Sohnger e Kaserer em 1906. Em 1913, Sohnger relatou que

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gasolina, querosene, parafina e óleo de parafina poderiam ser oxidados a gás

carbônico, água e traços de ácidos orgânicos por microrganismos, esses pertenciam

principalmente aos gêneros Mycobacterium e Pseudomonas (BUSHNELL e HAAS,

1941). Posteriormente, as seguintes espécies de bactérias estudadas pelos métodos

tradicionais da microbiologia como Acinetobacter sp., Aeromonas sp., Bacillus sp.,

Escherichia coli, Flavobacterium sp., Klebsiella cepacia, Micrococcus luteus,

Moraxella phenylpiruvica, Nocardia sp., Ochrobactrum anthropi, Pseudomonas

aeruginosa, Pseudomonas sp., Proteus mirabilis, Vibrio sp., Rhodococcus sp.,

Streptomyces sp., Vibrio fisheri e Xanthomonas maltophilia, foram identificadas

como hicrocarbonoclásticas (SORKHOH et al., 1990; AL-HADHRAMI et al., 1995).

De modo geral, vazamentos de petróleo provocam um aumento na

atividade e abundância de microrganismos degradadores de hidrocarbonetos no

local, proporcionando uma alteração na estrutura das comunidades, além de afetar

a função e a integridade do ecossistema (EL-TARABILY, 2002; BRADDOCK et al.,

1996; ATLAS, 1995). A proporção de microrganismos degradadores aumenta de

menos de 1%, em ambientes marinhos não contaminados, para mais de 10%, em

ambientes marinhos contaminados (ATLAS, 1981).

Assim, mudanças na riqueza, diversidade e padrões estruturais das

comunidades microbianas refletem alterações ambientais, que podem ser utilizadas

estrategicamente tanto no monitoramento de impactos quanto como bioindicadores

para biorremediação.

1.2.1 GENES E ENZIMAS ENVOLVIDOS COM A BIODEGRADAÇÃO DE

HIDROCARBONETOS POR BACTÉRIAS

A biodegradação dos inúmeros componentes de petróleo ocorre sob

diferentes condições ambientais (aeróbica ou anaeróbica em variados pHs e

salinidades), graças a uma miríade de enzimas e vias metabólicas (PEIXOTO et al.,

2011). A degradação anaeróbica é catalisada por bactérias anaeróbicas tais como

as bactérias redutoras de sulfato, usando diferentes aceptores finais de elétrons

como nitrato, sulfato e ferro (III) (HAMME et al., 2003). No metabolismo anaeróbico,

geralmente os compostos são convertidos a benzoil-CoA, que é alvo da enzima

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benzoil-CoA redutase (BCR). Vale ressaltar, que esse tipo de degradação é

fundamental em processos de biorremediação onde a disponibilidade de oxigênio é

bastante limitada como em mangues e aquíferos, por exemplo. (SANTOS et al.,

2011a).

Os genes envolvidos nos processos de degradação de compostos orgânicos

estão não apenas localizados em cromossomos, mas em diferentes plasmídeos,

transposons e elementos genéticos integrativos, cujo embaralhamento e fenômenos

de transferência horizontal têm levado a evolução de novas vias degradativas

(PHALE et al., 2007). A base genética e bioquímica da biodegradação de alifáticos

saturados (alcanos), hidrocarbonetos aromáticos e policíclicos aromáticos são as

mais estudadas. Os aspectos fundamentais do metabolismo de n-alcanos e os

genes envolvidos são conhecidos há muito. A via de degradação desse composto

extensivamente caracterizada é codificada pelo plasmídeo OCT de Pseudomonas

oleovorans (VAN BEILEN et al.,1994).

Os principais genes, as vias metabólicas envolvidos na degradação aeróbica

de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos, bem como um modelo para o

metabolismo de alcano, incluindo a localização das proteínas ALK e a regulação dos

genes alk foram revisados por Van Beilen et al (2001). De acordo com esse

trabalho, o operon alkBFGHJKL codifica as enzimas necessárias para conversão de

alcanos a acetil-coenzima A (CoA), ao passo que alkST codifica uma rubredoxin

redutase (ALKT) e um regulador positivo do operon alkBFGHJKL (ALKS).

O catabolismo aeróbico de hidrocarbonetos é mais rápido em virtude da

vantagem metabólica de ter oxigênio (O2) como aceptor de elétron (CAO et al.,

2009). Hidrocarbonetos aromáticos tais como benzeno, tolueno, xileno e naftaleno

podem ser degradados nessas condições. A degradação desses compostos

normalmente serve como etapa inicial na formação de catecol, que uma vez

formado, pode ser consumido gerando compostos que entram no ciclo do ácido

cítrico sendo completamente degradados a CO2 (PEIXOTO et al., 2011).

A hidroxilação de um grupo alquil catalisada por oxigenases é normalmente

a primeira etapa na degradação de compostos orgânicos. Há diversos tipos de

hidroxilases de grupo alquil, incluindo CYP153, uma enzima da superfamília

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citocromo p450 (CYP), e alcano hidroxilase (codificada por alkB) (YERGEAU et al.,

2012).

Embora os anéis aromáticos também precisem ser hidroxilados para serem

degradados, a etapa crucial na degradação de hidrocarbonetos aromáticos é a

abertura do anel aromático hidroxilado, que é catalisada por dioxigenases de

clivagem do anel aromático. Existem três tipos dessas dioxigenases: intradiol,

extradiol e gentisato/homogentisato, que podem ser diferenciadas com base em seu

substrato e na posição onde ocorre a fissão do anel em relação aos grupos

hidroxilas (HARAYAMA et al., 1992).

Como aromáticos são componentes reduzidos, aumentando o estado de

oxidação do núcleo aromático, esses compostos ficam mais susceptíveis a

degradação permitindo aos microrganismos usá-los como única fonte de carbono e

energia. Isso só é possível pela incorporação de oxigênio molecular mediante a

participação das oxigenases, visto que o oxigênio, devido a sua estrutura química

peculiar, é de baixa reatividade (HAYAISHI et al., 1955). Mono-oxigenases (tal como

metano mono-oxigenase) introduzem apenas um átomo de oxigênio a um substrato,

ao passo que dioxigenases introduzem dois átomos ao mesmo substrato (PEIXOTO

et al., 2011).

Portanto, enzimas como catecol dioxigenase, benzeno dioxigenase, tolueno

dioxigenase, bifenil dioxigenase, clorobenzeno dioxigenase, naftaleno dioxigenase e

outras, que estão envolvidas na clivagem do anel aromático, são responsáveis pela

capacidade de degradação de compostos aromáticos em um grande número de

espécies bacterianas (BRODERICK, 1999).

1.3 BIOSSURFACTANTES

Durante a biodegradação de hidrocarbonetos, os microrganismos

degradadores geralmente produzem moléculas adjuvantes chamadas de

biossurfactantes. Entretanto, é comum o uso industrial de moléculas sintéticas com

propriedades semelhantes denominadas surfactantes (MULLIGAN, 2005). Em geral,

surfactantes são moléculas anfipáticas que, em solução aquosa, podem reduzir

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significativamente a tensão superficial por acumular-se na interface e facilitar a

formação de emulsões entre líquidos de diferentes polaridades (MILLER, 1995).

Biossurfactantes são surfactantes naturais (biológicos) sintetizados por

microrganismos, fungos, plantas e animais, incluindo os humanos (CHRISTOFI;

IVSHINA, 2002). Assim como os surfactantes sintéticos, os biológicos também

apresentam uma porção hidrofílica e outra hidrofóbica (apolar). A parte hidrofóbica

constitui-se tipicamente de ácidos graxos de cadeia longa, ao passo que a outra

porção pode ser um carboidrato, aminoácido, peptídeos cíclicos, fosfato, ácido

carboxílico ou um álcool (MULLIGAN, 2005). Eles estão agrupados em glicolipídeos,

lipopeptídeos, fosfolipídeos, ácidos graxos, lipídeos neutros e componentes

poliméricos (BIERMANN et al., 1987).

Estas moléculas têm sido exploradas para uma variedade de aplicações

industrial e de biorremediação (BODOUR et al., 2003). De uma perspectiva clínica, é

sabido que alguns têm atividade antibiótica (VOLLENBROICH et al., 1997;

BECHARD et al., 1998) e que pelo menos um biossurfactante rhamnolipídio

produzido por Pseudomonas aeruginosa tem um papel na sua patogênese (SINGH

et al., 2000), além de estudos demonstrarem dados que sugerem importante

envolvimento no crescimento e sobrevivência microbiana no ambiente.

Foi demonstrado que a estrutura do biossurfactante tem um efeito na

solubilização e degradação dos n-alcanos (ZANG; MILLER, 1992) e sua presença

pode levar a um aumento na concentração de compostos hidrofóbicos na fase

aquosa, o que é conseguido através da formação de emulsões óleo/água e

consequente solubilização (CHRISTOFI; IVSHINA, 2002). A formação de emulsões

estáveis de petróleo e água por microrganismos pode aumentar a degradação desse

poluente (BREDHOLT et al., 1998). Nos últimos anos, muitos estudos têm mostrado

que biossurfactantes podem também solubilizar e mobilizar componentes orgânicos

sorvidos no solo (ZANG; MILLER 1992; SCHEIBENBOGEN et al., 1994;

LAFRANCE; LAPOINTE, 1998; PAGE et al., 1999).

Além disso, os biossurfactantes também têm potenciais aplicações na

agricultura, em cosméticos, indústrias farmacêuticas, detergentes, produtos de

cuidado pessoal, processamento de alimentos, indústria têxtil, processamento e

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tratamento de metais, processamento de papel e indústrias de tintas (BANAT et al.,

2000).

Desse modo, esses compostos biológicos apresentam um enorme potencial

biotecnológico como adjuvantes na biorremediação de áreas afetadas por petróleo e

hidrocarbonetos derivados, uma vez que são menos tóxicos e menos persistentes

do que os surfactantes sintéticos (MULLIGAN, 2005).

1.3.1 GENES ENVOLVIDOS COM A SÍNTESE DE BIOSSURFACTANTES

BACTERIANOS

Estudos de genética molecular e bioquímica da síntese de biossurfactantes

bacterianos são melhor compreendidos para as espécies de Bacillus e

Pseudomonas e têm revelado operons, enzimas e as vias metabólicas necessárias

para sua produção. Surfactina, um lipopeptídeo produzido por Bacillus subtilis e

rhamnolipideo, um glicolipídeo produzido por Pseudomonas aeruginosa foram os

primeiros a serem decifrados e são os mais estudados.

Além desses, os genes envolvidos na síntese de outros surfactantes

microbiológicos menos conhecidos tais como viscosina, amphisina, putisolvina,

arthrofactina, alasan, serrawentina, lichenisina e iturina também foram elucidados,

embora mais estudos sejam necessários para uma compreensão mais acurada dos

processos bioquímicos e de regulação da síntese dessas biomoléculas

(PALASHPRIYA et al., 2008).

A biossíntese de surfactina, o primeiro e melhor conhecido biossurfactante

de B.subtilis, é catalisada não-ribossomicamente por um complexo multienzimático

peptídeo sintetase mais conhecido como surfactina sintetase e consiste de três

subunidades protéicas: SRFA, SRFB (ou COMA) e SRFC (PALASHPRIYA et al.,

2008). Essa peptídeosintetase é codificada por três ORFs dispostas no operon srfA

(FABRET et al., 1995). A ORF srfaa contem o sítio ativo para adição de Glu, Leu e

D-Leu; srfab tem o sítio ativo para adição de Val, Asp, e D-Leu; ao passo que srfac

para Leu (GALLI et al., 1994), mas codifica também uma tioesterase de motivo tipo

1 responsável pela terminação do peptídeo. Há ainda a ORF srfad que não está

envolvida na sínese de surfactina. Alguns kilobases downstream do operon srfA está

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o gene sfp, que também é fundamental para síntese desse biossurfactante. SFP é

uma fosfopantenil transferase necessária para ativação da surfactina sintetase

através de modificação pós traducional (LAMBALOT et al., 1996).

Espécies de Pseudomonas são o segundo maior grupo de bactérias

produtoras de biossurfactantes, especificamente rhamnolipídios. Durante o

crescimento de P. aeruginosa as principais moléculas produzidas são mono-

rhamolipídeos e di-rhamnolipídeos através de duas reações sucessivas de

transferência de glicosil, de modo que cada uma é realizada por uma

rhamnosiltransferase diferente (BURGER et al., 1963). Quatro genes denominados

rhla, b, r e i estão dispostos em um operon, transcritos no sentido 5´-rhlabri-3´ e são

suficientes para produção de rhamnolipideo (OCHSNER et al., 1995).

A síntese de mono-ramnolipidios é catalisada pela enzima

rhamnosiltransferase 1, codificada pelos genes rhla e rhlb. A proteína RHLA, que

reside no periplasma, presumivelmente está envolvida na síntese e/ou transporte de

substratos precursores de rhamnosiltransferase ou na estabilização de RHLB, uma

proteína citoplasmática estrutural (OCHSNER et al., 1994). Uma

rhamnosiltransferase 2 é codificada pelo gene rhlc, cuja expressão parece ser

coordenadamente regulada com rhla e rhlb pelo mesmo sistema de quorum sensing

que é codificado pelos genes rhlr e rhli (RAHIM et al. 2001).

1.4 METAGENÔMICA: DESCOBERTA DO DESCONHECIDO

O número de microrganismos no planeta é estimado em 1030, sendo os

procariotos os mais abundantes (TURNBAUGH et al., 2008). Eles colonizaram

diversos ambientes durante milhares de anos, incluindo aqueles que, para a maioria

dos organismos, são considerados extremos.

Além de colonizar o ambiente, os microrganismos habitam outros

organismos e são imprescindíveis para manutenção da vida na Terra, visto que são

os principais componentes das cadeias alimentares, participam dos ciclos

biogeoquímicos, mantêm diversas relações simbióticas com organismos superiores

(PEIXOTO et al., 2011) e representam uma fonte inexplorada de diversidade

genética e metabólica com potencial biotecnológico (DANIEL et al., 2011). Todavia,

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apenas 1% deles pode ser cultivado em laboratório pelos métodos tradicionais

(AMANN et al., 1990).

Nesse contexto, a metagenômica tem revolucionado a Microbiologia abrindo

caminho para o acesso pleno a comunidades microbiológicas de ecossistemas

complexos, tornando-se uma potente ferramenta para exploração da ecologia

(BIDDLE et al., 2008), do perfil metabólico dessas comunidades (DELONG et al.,

2006; TRINGE et al., 2005), bem como para identificação de novas biomoléculas a

partir da construção de bibliotecas contendo DNA de diversas amostras ambientais

tais como solo (HÅRDEMAN et al., 2007; VOGET et al., 2006; WASCHKOWITZ et

al., 2009), sedimentos de superfícies contaminadas (ABULENCIA et al., 2006),

águas subterrâneas (UCHIYAMA et al., 2005), águas superficiais de rios (WU et al.,

2009), geleiras (SIMON et al., 2009), solo do deserto antártico (HEATH et al., 2009),

rúmen de búfalo (DUAN et al., 2009), dentre outros.

O termo metagenoma é derivado do conceito estatístico de meta-análise, o

processo de combinar estatisticamente análises separadas, e genômica, a análise

ampla do material genético de um organismo (SCHLOSS; HANDELSMAN, 2003).

Embora atribua-se a Handelsman et al (1998) a elaboração do termo, este pode ser

adequadamente aplicado para alguns estudos anteriores como o trabalho de

Torsvik et al (1990) que purificaram DNA de uma fração bacteriana isolada do solo;

a pesquisa de Schmidt et al (1991) que, com o intuito de minimizar a seleção de

sequências particulares, caracterizaram sequências de rRNA 16S de uma população

de picoplancton a partir da clonagem direta em fago tendo E. coli como cepa

hospedeira; e o trabalho de Healy et al (1995), no qual obtiveram clones

expressando celulase de um ambiente termofílico a partir da montagem das então

denominadas zoobibliotecas.

Sendo assim, a metagenômica consiste na análise, independente de cultivo,

de genomas presentes em dado hábitat (RIESENFELD et al., 2004). Esse excitante

campo de pesquisa vem obtendo significativo progresso nos últimos anos graças

aos avanços não apenas no desenvolvimento de tecnologias de sequenciamento de

última geração, cuja aplicação resultou na criação de grandes bancos de dados

derivados de vários ambientes, tais como solo e mar (SIMON e DANIEL, 2009), mas

também na geração de novos algoritmos, softwares e ferramentas de bioinformática,

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23

permitindo análises mais robustas da enorme quantidade de dados gerados, o que

vem abrindo caminho para novas aplicações tais como metagenômica comparativa,

metatranscriptômica e metaproteômica (CHISTOSERDOVA, 2010; SJÖLING et al.,

2008).

Além disso, abordagens metagenômicas são ferramentas plausíveis para o

acesso ao perfil taxonômico e metabólico dos mais variados ambientes, como

também para descoberta de produtos de interesse biotecnológico provenientes da

inexplorada diversidade genética de 99% das espécies de microrganismos, embora

esses não possam ser cultivados pelos métodos padrões da microbiologia (AMANN

et al., 1990).

1.4.1 METAGENÔMICA: ABORDAGEM FUNCIONAL E BASEADA EM SEQUÊNCIA

Estudo de metagenomas podem ser divididos em análise funcional e análise

baseada na sequência (GABOR et al., 2007) (Figura 1). A análise funcional

corresponde à seleção de clones de uma biblioteca metagenômica para um fenótipo

particular como tolerância a elevadas concentrações de sal, produção de antibióticos

e inúmeras atividades enzimáticas específicas, e envolve ainda a identificação da

origem filogenética do DNA clonado (DINSDALE et al., 2008).

A construção de bibliotecas metagenômicas é sempre uma tarefa

desafiadora e laboriosa, pois começa com o isolamento de eDNA (DNA ambiental)

de alta qualidade apropriado para clonagem. A qualidade e quantidade da extração

de eDNA depende das características bióticas e abióticas (propriedades físico-

químicas) da amostra. Por exemplo, um problema relacionado ao isolamento de

DNA diretamente do solo, tipo de amostra mais comum em projetos de metagenoma

funcional, é a possibilidade de co-extração de ácidos húmicos e outros

contaminantes, tornando crucial, passos de purificação mais eficientes

(RAJENDHRAN; GUNASEKARAN, 2008). Já a extração de DNA de amostras de

águas marinhas normalmente tem baixo rendimento, visto que os microrganismos

estão mais dispersos na coluna d’água (KENNEDY et al., 2010).

Dependendo do tamanho do inserto desejado, bibliotecas metagenômicas

são montadas usando plasmídeos (até 15 Kb), fosmídeos, cosmídeos (ambos até 40

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Kb), ou cromossomos artificiais de bactérias (>40 Kb) como vetores (SIMON;

DANIEL, 2011). A escolha do vetor depende da qualidade do DNA, dos genes alvos,

e da estratégia de varredura. Bibliotecas contendo pequenos insertos podem ser

aplicadas para identificação de novos biocatalisadores codificados por um só gene

ou por pequenos operons, enquanto bibliotecas de grandes insertos são necessárias

para buscar clusters gênicos maiores, que codificam vias complexas (DANIEL,

2005).

O passo subsequente à clonagem nos vetores é a transformação num

hospedeiro desejado, sendo as cepas de Escherichia coli as mais usadas em

estudos de metagenoma funcional. Como existem diferenças significativas no modo

de expressão entre diferentes grupos taxonômicos de procariotos e apenas 40% de

atividades enzimáticas podem ser detectados pela clonagem aleatória em E. coli

Figura 1. Esquema mostrando as abordagens metagenômicas: análise funcional e análise baseada em sequência. Na construção de uma biblioteca metagenômica, o eDNA é extraído da amostra, fragmentado por processos físicos ou enzimáticos, clonado no vetor escolhido e por fim este é transformado num hospedeiro (normalmente Escherichia coli). A partir da biblioteca metagenômica faz-se a bioprospecção por novos genes e biomoléculas. O mesmo DNA metagenômico ainda pode ser sequenciado para estudos de biodiversidade e do potencial metabólico da microbiota escolhida. Adaptada de Sleator et al (2008) e Daniel et al (2011).

Amostra Ambiental

Extração

de eDNA

Construção de bibliotecas

metagenômicas

Sequenciamento de genes

marcadores filogenéticos

Sequenciamento

do eDNA

Bioprospecção Acesso à

diversidade taxonômica

Acesso ao potencial

metabólico

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(GABOR et al., 2004) outros hospedeiros, tais como Streptomyces spp (WANG et

al., 2000), Thermus thermophilus (ANGELOV et al., 2009), Sulfolobus solfataricus

(ALBERS et al., 2009) e outras Proteobacterias (CRAIG et al., 2010) têm sido

aplicados para aumentar a faixa de atividades detectáveis nos ensaios funcionais.

Três diferentes tipos de seleção funcional foram descritos na literatura: a)

detecção direta de fenótipos específicos de clones individuais; b) complementação

heteróloga de linhagens hospedeiras ou mutantes; c) expressão gênica induzida

(SIMON; DANIEL, 2009). No primeiro, uma função enzimática pode ser identificada

em clones individuais pela adição do substrato da enzima ao meio de cultura

(proteases, lipases); no segundo linhagens hospedeiras exigem complementação

por genes exógenos para crescimento em condições seletivas, de modo que apenas

clones recombinantes levando o gene alvo e produzindo o correspondente produto

gênico funcional são capazes de crescer (SIMON et al., 2009). A terceira consiste

num sistema de expressão gênica induzida pelo substrato para identificação de

novos genes catabólicos (UCHIYAMA et al., 2005).

A análise baseada na sequência consiste tanto no sequenciamento completo

de clones contendo âncoras filogenéticas como o gene 16S rRNA e o gene de

reparo de DNA radA , que indicam o grupo taxonômico e informação funcional dos

organismos dos quais derivaram tais clones (SINGH et al., 2009), quanto no

sequenciamento aleatório de todo metagenoma para buscar âncoras filogenéticas

em genomas reconstruídos (RIESENFELD et al., 2004; HOFF et al., 2008).

A principal desvantagem em relação à abordagem funcional é a limitação

quanto à identificação de apenas novos membros de famílias gênicas conhecidas.

Em geral, genes alvos são identificados por primers aplicados em abordagens

envolvendo hibridização e PCR, ou por sondas derivadas de regiões conservadas de

genes ou produtos gênicos conhecidos (DANIEL, 2005; HANDELSMAN, 2004).

Assim, embora a seleção baseada na sequência não seja a mais indicada

para prospecção de novos genes ou produtos gênicos inteiros, é possível encontrar

novos genes ao sequenciar todo o metagenoma e, a partir de análises de

bioinformática, inferir a função de novos genes a partir daqueles conhecidos

(DANIEL, 2005; HANDELSMAN, 2004), como foi feito para a descoberta de novas

enzimas funcionais tais como quitinase, álcool oxirredutases, diol desidratases, e

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outras que conferem resistência a antibióticos (SIMON; DANIEL, 2009). A vantagem

dessa estratégia de seleção é a independência da expressão de genes exógenos no

hospedeiro utilizado para construção de uma biblioteca metagenômica (LORENZ et

al., 2002).

Genes novos são um grande desafio a ser vencido, pois se não é observada

similaridade com sequências já descritas, em geral não tem sido possível inferir

funções. Apesar da análise funcional ser a mais indicada para identificação de

clones que expressem um fenótipo particular, seguida da caracterização genética e

bioquímica, a análise do perfil taxonômico e metabólico do metagenoma como todo

permite uma melhor compreensão de fenômenos. Desta forma, análises baseadas

em função e em sequência se complementam, tornando a pesquisa mais robusta.

2 JUSTIFICATIVA

Diversos estudos têm identificado novos produtos gênicos a partir da

abordagem de seleção funcional, dentre eles citam-se: esterase/lipase (HENNE et

al., 2000), protease (GUPTA et al., 2002), álcool oxidoredutase (KNIETSCH et al.,

2003), celulase (REES et al, 2003), dehidratase (KNIETSCH et al., 2003b), amidase

(GABOR et al., 2004), amilase e β-lactamase (GABOR, 2004), poliphenol oxidase

(BELOQUI et al., 2006) endoglucanase (PANG et al., 2009), lipase termoestável

alcalina (MEILLEUR, 2009), e metaloproteases (WASCHKOWITZ et al., 2009),

novas DNA polimerases (SIMON et al., 2009), genes que conferem resistência ao

estresse salino (KAPARDAR et al., 2010), dentre outros.

Apesar do potencial biotecnológico associado à metagenômica, trabalhos

relativos à identificação de novos genes envolvidos na biodegradação de

hidrocarbonetos e na síntese de biossurfactantes por abordagem metagenômica

ainda são escassos. Desta forma a exploração da diversidade microbiana ambiental

poderá contribuir não somente quanto ao desenvolvimento de estratégias de

biorremediação dos impactos ambientais, mas também quanto à exploração e ao

refinamento de petróleo, recurso natural que ainda é a principal fonte energética

mundial.

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O Brasil está entre os países autossuficientes em petróleo e a exploração

plena da camada pré-sal recentemente descoberta deverá impulsioná-lo cada vez

mais para as primeiras posições do ranking mundial. No âmbito estadual, no ano de

2010, o Rio Grande do Norte (RN), o maior produtor do petróleo nacional, em terra,

produziu aproximadamente 333,9 milhões de barris (terra) e 185,7 milhões de barris

(mar), tendo 3.569 poços produtores em terra enquanto no mar possui apenas 100

poços (ANP, 2011), consequentemente o estado é também um potente poluidor dos

seus ecossistemas.

Neste contexto, projetos metagenomas que busquem novos genes e

biocatalisadores de interesse biotecnológico voltados para biorremediação são

urgentes, uma vez que a utilização do petróleo com seus impactos ambientais ainda

continuarão por décadas.

3 OBJETIVO

3.1 GERAIS

O presente trabalho tem como objetivos gerais identificar novos genes

envolvidos na biodegradação de hidrocarbonetos e na síntese de biossurfactantes

por seleção funcional em duas bibliotecas metagenômicas de microbiota aquática e,

analisar a composição taxonômica e metabólica de ambos metagenomas.

3.2 ESPECÍFICOS

Construir duas bibliotecas metagenômicas utilizando DNA extraído de

amostras de água de estuário e mar;

Analisar fisico-quimicamente as amostras (pH, temperatura, oxigênio

dissolvido, condutividade / salinidade e metais );

Selecionar clones envolvidos na biodegradação de hidrocarbonetos e/ou

síntese de biosurfactantes;

Sequenciar e analisar in silico os clones selecionados;

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Analisar comparativamente os perfis taxonômico e metabólico dos

metagenomas;

Identificar nos metagenomas o perfil de distribuição de genes e proteínas

envolvidos em biodegradação de hidrocarbonetos e síntese de

biossurfactantes.

4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 COLETA DAS AMOSTRAS AMBIENTAIS

Os pontos de coleta foram o estuário do rio Jundiaí/Potengí – Natal/RN e a

praia de Pirangi do Norte – Parnamirim/RN. O estuário localiza-se no litoral oriental

do RN, entre a praia de Santa Rita (ao norte) e o Parque das Dunas (ao sul)

situando-se na Bacia Potengi (Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos/RN

– SEMARH, 2009). São diversos os tipos de efluentes que o estuário recebe das

mais diversas atividades: indústrias e distritos industriais, imunizadoras, estações de

tratamento de efluentes, carcinicultura e um hospital. Assim, é um ambiente cujos

microrganismos podem apresentar capacidades metabólicas interessantes do ponto

de vista industrial. A praia de Pirangí possui águas tranquilas e transparentes e

situa-se no litoral sul do estado, à aproximadamente 20 km da capital Natal.

Com o auxílio de uma rede de fitoplâncton com malha de 22 µm de

porosidade, foram coletados, em maré alta, 4 L de água superficial filtrada de um

volume total de aproximadamente 200 L nos dois pontos de coleta: No estuário (S

05º 46.921’, W 035º 14.844’) e outro no mar (S 05º 58.856’, W 035º 07, 225’). As

amostras foram mantidas no gelo em frascos âmbar, previamente esterilizados com

uma solução contendo ácido sulfúrico 100% e ácido nítrico 50% (6:1) e depois

autoclavados, até o momento da extração do eDNA no laboratório em um período de

até 24 h.

4.2 ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS

Os dados de condutividade/salinidade, pH, temperatura e oxigênio dissolvido

foram obtidos em in situ usando um condutivímetro e um pH-metro. As

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concentrações de nitrito, nitrato, chumbo, cromo, cobre, ferro, níquel e zinco nas

amostras de água foram obtidas por espectrofotometria (Espectrofotômetro Micronal

B572) utilizando o kit Vacu-vials® (CHEMetrics) segundo especificações do

fabricante.

4.3 EXTRAÇÃO DO eDNA

Para extração do eDNA foi utilizado o kit Power Water® DNA Isolation

(MoBio Laboratories), com adaptações. Antes da extração, um gradiente de 0,1 – 1

L das amostras de água foram filtradas em membranas com poro de 0,2 µm

(Millipore) com auxílio de uma bomba a vácuo (Millipore, WP6111560) para

padronização do volume mínimo necessário para extração do eDNA. Logo após, as

membranas contendo toda microbiota aderida foram submetidas aos procedimentos

especificados pelo fabricante do kit. O sucesso da extração foi verificado através de

eletroforese em gel de agarose 0,7%, 80 V, 80 mA e as concentrações dosadas em

espectrofotômetro nanovue 18V DC (GE Healthcare Bio-Sciences AB). No final do

processo, as amostras de eDNA resultante de cada extração foram precipitadas com

1/10 V de glicogênio (20 mg/mL), 1/10 V de NaOAc 3M (pH 5,2) e 2 V de etanol

absoluto, e mantidas por 1 h em freezer - 80 ºC, seguida por centrifugação a 12.100

rpm por 20 min, lavagem dos precipitados com etanol 70%, nova centrifugação a

12.100 rpm por 20 min, secadas em speed vacuum (Eppendorf AG) por 10 min a

temperatura ambiente, eluidas em TE (Tris-HCL pH 8; EDTA pH 8) e estocadas a

- 20 ºC.

4.4 CONSTRUÇÃO DAS BIBLIOTECAS METAGENÔMICAS

Para construção das bibliotecas metagenômicas foram utilizados ~20 µg de

eDNA de microbiota estuarina e ~15 µg de microbiota marinha. Ambas as amostras

de eDNA foram sonicadas 4 seg, potência 10 (Vibra cell /Sonics) em volume final de

300 µl em TE, para fragmentação.

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4.4.1 TRATAMENTO DAS EXTREMIDADES DOS FRAGMENTOS GERADOS POR

SONICAÇÃO

Visto que a sonicação é um processo de fragmentação aleatória, antes da

etapa de clonagem, foi necessário tratar as extremidades dos fragmentos de eDNA

com as enzimas T4 DNA Polimerase (Biolabs) e T4 Polinucleotídeo Quinase

(Biolabs), para gerar pontas cegas e fosforilar a extremidade 5’ dos fragmentos,

respectivamente.

Para tanto, na reação de polimerização foi utilizado: 1,5 µg de DNA

sonicado, 1X tampão NEB2 (Biolabs), 0,5 mM de dNTPs, 2 U de enzima T4 DNA

Polimerase (Biolabs) e água ultrapura autoclavada para o volume final de 80 µL. A

reação foi mantida a 12 ºC por 30 min e logo após a 75 ºC por 20 min, em

termociclador, para inativação da enzima. Na reação de fosforilação, foi adicionado

ao mesmo tubo da reação anterior: 1x tampão da quinase (Biolabs), 2 mM de ATP,

10 U de T4 Polinucleotide quinase (Biolabs) e água ultrapura autoclavada para o

volume final de 90 µL. A reação foi incubada por 10 min a 37 ºC e, para inativação

da enzima, foi mantida a 65 ºC por mais 10 min.

4.4.2 PURIFICAÇÃO DOS INSERTOS TRATADOS

Após o tratamento mencionado, foi realizada uma eletroforese em gel de

agarose 0,7%, 27 V, 27 mA, por 24 h, para purificação dos fragmentos na faixa de

1,5 a 2 kb utilizando o kit GFX PCR DNA and Gel Band (Ge Healthcare) de acordo

com as instruções do fabricante. Um nova eletroforese em gel de agarose 0,7%, 80

V, 80 mA, foi feita para confirmação da purificação.

4.4.3 PREPARAÇÃO DO VETOR PBC SK

O vetor de clonagem utilizado neste trabalho foi o plasmídeo pBC SK

(Stratagene) o qual foi digerido utilizando a enzima EcoRV (Amersham), seguido por

desfosforilação das extremidades do vetor linearizado a fim de diminuir a

probabilidade de recircularização.

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A reação de digestão consistiu em 20 µg de pBC, 20 U de EcoRV

(Amersham), 1x tampão H (Amersham) e água ultrapura autoclavada para o

volume final de 70 µL, sendo mantida por 1 h a 37 ºC. Confirmada a digestão

através de eletroforese em gel de agarose 0,7%, 80 V, 80 mA, foi realizada a reação

de desfosforilação das extremidades do vetor. Para esta reação, 6,5 µg de pBC

digerido foi desfosforilado com 5 U da enzima fosfatase alcalina CIP (Biolabs), 1X

tampão NEB2 (Biolabs) e água ultrapura autoclavada para o volume final de 60 µL,

sendo a reação mantida por 1 h a 37 ºC.

Posteriormente, foi realizada eletroforese em gel de agarose 0,7%, (20 V, 20

mA, por 24 h) do vetor desfosforilado com o fim de isolar do gel apenas o pBC em

sua forma linear, o que foi feito com o Kit GFX PCR DNA and Gel Band (Ge

Healthcare). Após purificação, uma nova eletroforese em gel de agarose 0,7%

permitiu estimar a concentração do vetor desfosforilado e linearizado.

4.4.4 CLONAGEM DO eDNA

Partindo das concentrações conhecidas de cada amostra de eDNA (65

ng/µL MAR e 70 ng/µL EST ) e do vetor desfosforilado, foi estabelecido o volume

necessário de eDNA para cada reação de ligação seguindo a razão 3:1 (eDNA :

vetor). Assim, foi utilizado 1 µL de vetor, 4U de T4 DNA Ligase (Biolabs), 1X tampão

da Ligase (Biolabs) e água ultrapura autoclavada completando o volume final para

25 µL.

As reações foram mantidas a 16 ºC por 16-18 h e, em seguida, precipitadas

para dessalinização e/ou retirada de impurezas com 1/10 V de glicogênio (20

mg/mL), 1/10 V de NaOAc 3M (pH 5,2) e 2 V de etanol absoluto, e mantidas por 1 h

em freezer - 80 ºC, seguida por centrifugação a 12.100 rpm por 20 min, lavagem

dos precipitados com etanol 70%, nova centrifugação a 12.100 rpm por 20 min e,

então, permitidas secar a temperatura ambiente antes da adição de 15 µL de água

ultrapura autoclavada para ressuspender a ligação precipitada e purificada.

Para inserir o DNA transformante na cepa bacteriana DH10B [F- endA1

recA1 galE15 galK16 nupG rpsL ΔlacX74 Φ80lacZΔM15 araD139 Δ(ara,leu) 7697

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mcrA Δ(mrr-hsdRMS-mcrBC) λ-] (GRANT et al.,1990), foi necessário torná-la

eletrocompetente.

Para tanto, ela foi submetida a sucessivas lavagens com água ultrapura e

glicerol 10% gelados. Assim, uma colônia isolada da cepa foi crescida sob agitação

a 37 ºC por 16-18 h em 2 mL de meio de cultura LB (Luria-Bertani) líquido. No dia

seguinte, a cultura foi transferida para erlenmeyer de 2 L contendo 250 mL de meio

LB líquido e mantida a 37 ºC sob agitação de 180 rpm. Obtida a densidade

bacteriana entre 0,6-0,8, a cultura foi então distribuída em tubos de 50 mL, os quais

foram centrifugados a 4 ºC por 15 min a 3.200 rpm. O precipitado obtido foi

ressuspendido em 10 mL de água ultrapura autoclavada gelada e em seguida, o

volume de água foi completado para 45 mL e novamente centrifugado a 4 ºC por 15

min a 3.200 rpm, sendo o processo repetido completando, entretanto, o volume para

25 mL antes de nova centrifugação. O precipitado foi ressuspendido em 5 mL de

glicerol 10% gelado e mais uma vez centrifugado a 4 ºC por 15 min a 3.200 rpm.

Uma alíquota única de 750 μL de glicerol 10% gelado foi utilizada para ressuspender

o precipitado de um dos tubos, sendo a mesma transferida para o tubo seguinte,

ressuspendendo o seu precipitado. O procedimento foi repetido até que os

precipitados de todos os tubos estivessem unidos em um só tubo. Concluído esse

passo, alíquotas de 55 μL foram distribuídas em microtubos previamente resfriados,

e mantidos em freezer - 80 ºC até o momento do uso.

Para a transformação bacteriana, 5 µL de cada reação de ligação foi

adicionado a 55 μL de bactéria competente. A eletroporação foi realizada a 1800 V

(Multiporator, Eppendorf) sendo o volume total ressuspendido em meio líquido LB

previamente resfriado e incubado por 1 h a 37 ºC sob agitação constante de 180

rpm. A seleção dos transformantes foi realizada através de plaqueamento em meio

LB agar suplementado com 25 µg/mL do antibiótico cloranfenicol e 40 µg/mL de X-

gal e incubação a 37 ºC por 22 h. As colônias brancas obtidas foram inoculadas em

placas de 96 poços contendo meio LB suplementado com 25 µg/mL de cloranfenicol

por 22 h a 37 ºC sob agitação a 200 rpm para ser feito estoque, em microplacas de

96 poços, com glicerol 50% e mantidas em freezer - 80 ºC.

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33

4.5 SELEÇÃO FUNCIONAL

Montadas as bibliotecas metagenômicas, deram-se início aos ensaios

funcionais em busca dos genes de interesse para este estudo, sendo analisada

inicialmente a biblioteca contendo eDNA de microbiota estuarina (EST). Para a

realização dos testes de seleção funcional, as colônias das placas-estoque foram

inoculadas, com o auxílio de um replicador, em placas de 96 poços.

4.5.1 TESTE QUALITATIVO DE BIODEGRADAÇÃO DE HIDROCARBONETOS

Para detecção da atividade de biodegradação de hidrocarbonetos do

petróleo, foi realizado teste qualitativo onde 10 µL de cada poço da cultura crescida

em placa de 96 poços foram transferidos para seu poço correspondente em placa de

96 poços (com tampa) contendo em cada um 180 µL de meio LB líquido

suplementado com 25 µg/mL de cloranfenicol, mais uma gota de óleo árabe leve

(OAL), adicionado com auxílio de uma seringa (para aplicação de insulina),

correspondendo a uma alíquota pipetada de ~6 µL de água destilada.

Para confirmação da atividade de biodegradação citada, placas de

poliestireno com 24 poços (com tampa), contendo 100 µL de cultura de cada clone,

1,8 mL de meio LB líquido suplementado com 25 µg/mL de cloranfenicol e uma gota

de óleo árabe leve (OAL), foram utilizadas. Nesse ensaio, DH10B com plasmídeo

vazio (DH10B +pBC Ø) e LB não inoculado foram os controles. Em ambos os

ensaios, a placa-teste foi incubada em estufa a 30 ºC por 15 dias, fotografada no

primeiro e no décimo quinto dia de incubação.

4.5.2 HABILIDADE DE SINTETIZAR BIOSSURFACTANTES

Os clones candidatos que apresentaram indício de atividade de

biodegradação em placas de 96 poços foram avaliados quanto à capacidade de

sintetizar biossurfactantes usando o teste de emulsificação (IQBAL et al., 1995) com

adaptações. Então, para uma varredura preliminar, eles foram inoculados em placas

de 96 poços contendo em cada poço 1 mL de meio YPG (yeast peptone glucose) pH

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34

6,5, composto por extrato de levedura 10 g/L, peptona 10 g/L e glicose 10 g/L

(ZEINALI et al., 2007), suplementado com 25 µg/mL de cloranfenicol, e crescidos por

22 horas a 37 ºC a 200 rpm. No dia seguinte, foi realizado o teste tanto com cultura

quanto com o sobrenadante do seguinte modo: em microtubos foi adicionado 0,5 mL

de querosene, 1 mL da cultura ou do sobrenadante livre de células, e para melhor

visualização 20 µL de azul de metileno 0,05%; os tubos foram agitados em vortex

por 30 seg e imediatamente após, fez-se a análise da capacidade de emulsificação

do querosene. SDS 0,1% foi usado como controle positivo e DH10B + pBC Ø foi o

controle negativo.

Os clones candidatos tidos como positivos foram retransformados em

DH10B e submetidos ao mesmo teste de emulsificação a fim de confirmar a

atividade observada. Nesse ensaio, três colônias isoladas dos clones selecionados

foram inoculadas em 2 mL de meio LB suplementado com 25 µg/mL de cloranfenicol

e crescidas por 16-18 h a 37 ºC em 180 rpm. No dia seguinte, 200 µL da cultura foi

transferida para um tubo de ensaio de 50 mL contendo 9,8 mL de YPG, mais 25

µg/mL de cloranfenicol, e permitidos crescer a 37 ºC a 180 rpm até atingirem a

densidade óptica (D.O 600nm) de 0,4 e 0,8. Na medida em que atingiam as referidas

D.O, 2 mL da cultura ou do sobrenadante foram adicionados nos seus respectivos

tubos de ensaio de 15 mL contendo 2 mL de querosene e 200 µL de azul de

metileno e logo submetidos a agitação em vortex por 1 min. O índice de

emulsificação (E24%) foi aferido pela razão entre a altura da camada de emulsão e

a altura total do sistema (medidas com paquímetro) multiplicada por 100. SDS 0,1%

e DH10B + pBC Ø foram os controles, como supracitado.

E24% = altura da camada emulsificada x 100

altura total do sistema

4.5.3 CONFIRMAÇÃO DA PRESENÇA DOS INSERTOS AMBIENTAIS

O isolamento do DNA plasmideal dos clones positivos foi feito através de

miniprep (SAMBROOK; RUSSELL, 2001). A fim de verificar a presença dos insertos

clonados em pBC SK foi feita dupla digestão como segue: 0,5 µg de DNA

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35

plasmideal, 3 U das enzimas XhoI e PstI (Amersham), 1X tampão NEB 2 e água

ultrapura autoclavada para o volume final de 25 µL. A reação foi mantida a 37 ºC por

2 h. Foi realizada eletroforese em gel de agarose 0,7%, 80 V, 80 mA usando o pBC

linear vazio e o marcador de peso molecular 1kb DNA ladder (Invitrogen) como

controles para visualizar a presença dos insertos e seus tamanhos relativos.

4.6 SEQUENCIAMENTOS

Os insertos ambientais dos clones positivos para os testes funcionais foram

sequenciados em ambas as extremidades com os primers T3 e T7, separadamente,

utilizando o sequenciador automático Mega-Bace 1000 e o kit DYEnamic ET dye

terminator (MegabaceTM) (Ge Healthcare). Para a reação, foram utilizados 250 ng

de DNA, 4 µL de ET Kit, 3,2 pMol de primer e água ultrapura autoclavada para o

volume final de 10 µL. A reação constituiu de uma etapa inicial de desnaturação por

2 seg a 95 ºC, seguida por 35 ciclos de 20 seg a 95 ºC para desnaturação, 15 seg

para anelamento a 45 ºC e 1 seg a 60 ºC para extensão.

Em seguida, para retirada de sais e/ou resquícios da reação anterior, foi

realizada reação de precipitação utilizando 1/10 do volume de acetato de amônio 7,5

M, 2,5 V de etanol absoluto. A placa foi agitada em vortex, mantida por 15 min a

temperatura ambiente e centrifugada a 4 ºC, 2.430 rpm por 30 min O sobrenadante

foi descartado por inversão em papel absorvente e o precipitado lavado com 150 µL

de etanol a 70% e a placa centrifugada a 4 ºC por 10 min a 2.430 rpm. A placa

invertida sobre papel absorvente foi brevemente centrifugada até 1.215 rpm e o DNA

no poço foi ressuspendido em 10 µL de tampão de amostra. A placa protegida da

luz, utilizando papel alumínio, foi mantida a 4 ºC por 16 horas, quando, ao final

desse período foi injetada no sequenciador automático Mega-Bace 1000.

Para o pirosequenciamento (Sequenciador 454/Roche) dos metagenomas

desse estudo, alíquotas de eDNA EST (354,1 ng/µL; razão 260/280 de 1,79) e MAR

(240,2 ng/µL; razão 260/280 de 1,60) foram enviadas para o Laboratório Nacional de

Computação Científica – Rio de Janeiro/RJ (LNCC).

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36

4.7 ANÁLISES DE BIOINFORMÁTICA

Após montagem dos contigs usando o programa codoncode aligner 3.7.1,

estes foram comparados com sequências de proteínas na base de dados GenBank

não redundante utilizando o BlastX do pacote BLAST

(http://blast.ncbi.nlm.nih.gov/Blast.cgi). As ORFs (preditas no ORF Finder) foram

submetidas ao CLUSTALW para alinhamento com o melhor resultado do blastx de

cada uma. A composição taxonômica e o perfil metabólico dos metagenomas foram

obtidos com o programa MG-RAST 3.0 (MEYER F. et al., 2008) utilizando a

configuração padrão e análises estatísticas feitas com STAMP v.2.0.0 (PARKS e

BEIKO, 2010) desconsiderando as sequências não classificadas e usando “Fisher’s

exact test, two side, DP: Asymptotic - 0,95“. Para verificar a abundância nos

metagenomas tanto de proteínas envolvidas nos processos de biodegradação

quanto de genes conhecidos relacionados à síntese de biossurfactantes, foi feita

uma busca no banco de dados UniProtKB/Swiss-Prot

(http://web.expasy.org/docs/swiss-prot_guideline.htmL) por sequências de referência

curadas; fez-se tblastn contra os metagenomas EST e MAR usando um e-value de

10-5 como ponto de corte e os resultados foram submetidos ao programa HMMER

3.0 (FINN R.D. et al., 2011) para verificação da presença de domínios funcionais.

Por fim, os hits redundantes foram excluídos e os demais contabilizados. A figura 2

apresenta um resumo da metodologia empregada nesse estudo.

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37

Figura 2. Esquema resumindo a estratégia usada nesse estudo. Parte do mesmo eDNA usado para construção das bibliotecas metagenômicas (abordagem funcional) também foi pirosequenciado (454) para análises comparativas do perfil taxonômico e metabólico dos metagenomas.

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38

Tabela 1. Análise Físico-química de Amostras de Água do Estuário Jundiaí/Potengí (Natal/RN) e da Praia de Pirangí do Norte (Parnamirim/RN)

5 RESULTADOS

5.1 BIBLIOTECAS METAGENÔMICAS

Foram construídas duas bibliotecas metagenômicas contendo eDNA de

microbiota estuarina (EST) e marinha (MAR). A biblioteca EST é constituída por

1152 clones e a biblioteca MAR com 1344 clones. Os ensaios de seleção funcional

foram realizados apenas com os clones da biblioteca EST.

5.2 ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS DAS AMOSTRAS AMBIENTAIS

A tabela 1 mostra que os metais cobre, nitrito e níquel apresentaram-se em

quantidade superior aos níveis permitidos pelo CONAMA em ambas amostras

considerando águas salobras de classe 2 (para EST) e águas salinas de classe 1

(para MAR).

* Valores máximos permitidos pela resolução 357/2005 do CONAMA

** Níveis acima dos permitidos pelo CONAMA. *** Valor acima da capacidade de leitura do condutivímetro usado.

PARÂMETROS FISICO - QUÍMICOS

UNIDADE ÁGUAS SALINAS CLASSE 1*

MAR

ÁGUAS SALINAS CLASSE 2*

EST

Nitrito

mg/L

0.070

0.900**

0.200

0.240**

Nitrato mg/L 0.400 0.130 0.700 0.420

Chumbo mg/L 0.010 0.000 0.210 0.000

Cromo mg/L 0.050 0.003 1.100 0.000

Cobre mg/L 0.005 0.540** 0.008 0.750**

Ferro mg/L 0.300 0.240 - 0.300

Níquel mg/L 0.025 0.200** 0.074 0.100**

Zinco mg/L 0.090 0.000 0.120 0.000

Oxigênio Dissolvido mg/L O2 ≥ 6.0 6.31 ≥ 4 6,5

pH 0-14 6,5 – 8,5 9.0 6,5 – 9.0 9.0

Salinidade/Condutividade MiliS/cm - 0π*** - 0π***

Temperatura ºC - 28,5 - 28

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39

Tabela 2. Clones Positivos para o Teste de Emulsificação de Querosene

5.3 HABILIDADE DE SINTETIZAR BIOSSURFACTANTES

Os clones candidatos que já haviam apresentado indício de degradação de

OAL também foram submetidos à varredura inicial para identificar uma possível

habilidade de emulsificação, já que os biossurfactantes são moléculas adjuvantes no

processo de biodegradação (CHRISTOFI; IVSHINA, 2002). Do montante testado

quatro clones confirmaram a atividade de emulsificação de querosene em DO 600nm

0,4 e/ou 0,8. Tanto a cultura quanto o sobrenadante livre de células dos clones

positivos para atividade de síntese de biossurfactantes foram capazes de formar

emulsão com o querosene, mas com diferenças na fase de crescimento bacteriano.

Enquanto os clones 7A4 e 1G12 produziram biossurfactante na fase lag (DO600 0,4)

e na fase exponencial (DO600 0,8), o clone 3C2 apresentou atividade apenas na fase

exponencial e o clone 6E4 só na fase lag (Tabela 2).

TESTE DE EMULSIFICAÇÃO

Clones

Cultura

(E24 % ± dp)

Sobrenadante

(E24 % ± dp)

DO600 0.4

DO600 0.8

DO600 0.4

DO600 0.8

7A4

91,08 % ± 9,4

85,33 % ± 2,8

__

85,66 % ± 11,0

1G12

86,33 % ± 11,0

89 % ± 7,9

70,66 % ± 7,5

__

3C2

__

87 % ± 5

__

74 % ± 11,5

6E4

91,33 % ± 4,0

__

88,66 % ± 2,8

__

DH10B + pBC Ø

53,33 % ± 3,51

52,33 % ± 2,5

55,66 % ± 3,7

58,66 % ± 2,8

SDS 0,1 %

(E24 %= 99 %)

__ = sem atividade.

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Tabela 3. Melhores Resultados do BLASTX dos Clones Positivos para Síntese de Biossurfactantes

A análise BlastX das sequências dos clones positivos para síntese de

biossurfactantes indicou similaridade a uma proteína hipotética de Magnetococcus

sp. para a sequência do clone 7A4; as sequências codificadas pelos clones 1G12,

3C2 e 6E4 foram similares a mesma proteína hipotética de Candidatus Koribacter

versatilis (Tabela 3). Para inferir uma provável função dessas proteínas hipotéticas

foram feitas buscas por domínios conservados no CDD.

Os resultados mostraram que a sequência do clone 7A4 tem um domínio

NADB (Rossmann-fold NAD(P)H/NAD(P)(+) binding) encontrado geralmente em

dehidrogenases de vias metabólicas tais como glicólise e em outras enzimas redox.

De modo geral, a família de proteínas que compartilham esse domínio possui

também um segundo domínio que é responsável por especificamente ligar-se a um

CLONES

ORF /

TAMANHO

BLASTX

E-VALUE (Ident.)

CLUSTALW

Identidade

Forte similaridade

7A4

Frame = -3 /

201aa

Proteína hipotética [Magnetococcus sp.

MC-1]

0.022

(38 %)

5.15 %

3.49 %

1G12

Frame = -3 /

240aa

Proteína hipotética

Acid345_4742 [Candidatus Koribacter

versatilis Ellin345]

2e-22

(41 %)

24.48 %

12.86 %

3C2

Frame = -2 /

172aa

Proteína hipotética

Acid345_4742 [Candidatus Koribacter

versatilis Ellin345]

1e-24

(42 %)

12.86 %

16.49 %

6E4

Frame = -1 /

236aa

Proteína hipotética

Acid345_4742 [Candidatus Koribacter

versatilis Ellin345]

7e-24

(42 %)

25.59 %

11.42 %

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A

B

Figura 3. Teste de emulsificação. A) Teste com a cultura do clone 1G12 (DO600 0.8); B) Teste com o sobrenadante do clone 7A4 (DO600 0.8). SDS 0,1 % e DH10B são os controles positivo e negativo, respectivamente.

7A4 DHA10B+pBC Ø

1G12 DHA10B+pBC Ø

substrato e catalisar uma reação enzimática particular. As proteínas hipotéticas

codificadas pelas sequências dos clones 1G12, 3C2 e 6E4 apresentaram um

domínio de função desconhecida (DUF898), uma grande família de proteínas do

banco de dados Pfam que não foram caracterizadas. Assim, futuros ensaios

funcionais específicos permitirão a caracterização dessas novas proteínas de origem

metagenômica. A figura 3 mostra o ensaio para o teste de emulsificação usado.

SDS 0,1 %

SDS 0,1 %

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42

1G12 DHA10B+pBC Ø

5.4 BIODEGRADAÇÃO DE HIDROCARBONETOS

Nos ensaios funcionais para atividade de biodegradação de hidrocarbonetos

de OAL, do total de 1152 clones testados até o momento 14% apresentaram indício

de atividade em placas de 96 poços após 15 dias de incubação a 30 °C, dos quais 4

confirmaram a atividade em placas de 24 poços no mesmo período de incubação.

Como pode ser visto na figura 4.

DH10B+pBCØ 5G9 7B9 6B7 5H9 7D6

DH10B+pBCØ 5G9 7B9 6B7 5H9 7D6

LB 3A9 5H10 6C8 6E1 LB

LB 3A9 5H10 6C8 6E1 LB

DH10B +pBC Ø

LB não inoculado

Clones em duplicata

As setas indicam atividade após 15

dias/30 ºc.

SDS 0,1 %

Figura 4. Teste de confirmação da atividade de biodegradação. a) placa no 1º dia do ensaio; b) placa no 15º dia de incubação e mapa de localização dos clones na placa.

A) B)

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43

Tabela 4. Melhores Resultados do BLASTX dos Clones Positivos para Atividade de Biodegradação

A análise por BlastX das sequências dos clones positivos para o teste de

biodegradação de OAL indicou similaridade a um receptor dependente de TonB de

Pseudomonas sp. tanto para o clone 6E1 quanto para o 6B7; já a sequência do

clone 5H9 apresentou similaridade a uma proteína hipotética de Xanthobacter

autotrophicus Py2, e a do 6C8 foi similar ao fator sigma 24 da RNA polimerase de

Roseiflexus castenholzii DSM 13941 (Tabela 4). Não foi encontrada a presença de

domínio na proteína hipotética do clone 5H9. Porém, é possível que novos domínios

que ainda não foram descritos no banco de dados estejam presentes nessa

proteína.

CLONES

ORF /

TAMANHO

BLASTX

E-VALUE (Ident.)

CLUSTALW

Identidade

Forte similaridade

6E1

Frame -1 /136aa

Receptor dependente de

TonB [Pseudomonas fluorescens PfO -1]

7e-15 (38 %)

5.88%

2.60%

6B7

Frame = - 2/203aa

Receptor dependente de

TonB [Pseudoalteromonas sp. BSi20311]

5e-04 (68 %)

6.02%

4.86%

5H9

Frame = - 3/201aa

Proteína hipotética

[Xanthobacter autotrophicus Py2]

5e-19 (75 %)

5.15%

3.49%

6C8

Frame = -2

/237aa

Fator sigma 24 da RNA

polimerase [Roseiflexus castenholzii

DSM 13941]

3e-04 (55 %)

14.88%

12.81%

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5.5 DADOS GERAIS,COMPOSIÇÃO TAXONÔMICA E METABÓLICA DOS METAGENOMAS.

Após passarem pelo controle de qualidade do MG-RAST, o metagenoma de

microbiota aquática marinha (MAR) ficou com 123.116 sequências (45.000.469 pb)

com uma média de 365 ± 118 pb e média percentual de conteúdo GC de 47 ± 11%,

ao passo que o metagenoma de microbiota aquática estuarina (EST) com 127.563

sequências (44.976.324 pb) com uma média de 352 ± 120 pb e média percentual de

conteúdo GC de 45 ± 10%. Os metagenomas apresentaram uma riqueza de

espécies praticamente idênticas com as curvas tendendo a um plateau como pode

ser obervado na figura 5.

Conforme a figura 6, nos dois metagenomas observa-se uma predominância

do domínio Bacteria, seguido por Eukaryota, mais abundante no metagenoma MAR,

Viruses, e Archaea. Porém, nota-se uma elevada proporção de sequências não

assinadas pelo MG-RAST, as quais representam o enorme potencial genético ainda

desconhecido desses ambientes, mas que precisa ser explorado.

Figura 5. Curvas de rarefação dos metagenomas EST (em azul) e MAR (em vermelho).

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45

Proteobacteria foi o filo mais abundante em ambos metagenomas, mas com

uma proporção maior no estuário (EST), seguido de Bacteriodetes (mais abundante

em MAR), Actinobacteria (mais frequente em EST), Cyanobacteria (maior em MAR)

e Firmicutes, para o qual não se observa diferença entre as proporções de

sequências correlatas (Figura 7).

Figura 6. Composição taxonômica (Domínio) dos metagenomas EST e MAR.

Não assinado

Proporção (%) Diferença entre as proporções (%)

Intervalo de confiança 95%

Figura 7. Composição taxonômica (Filo) dos metagenomas EST e MAR.

Proporção (%) Diferença entre as proporções (%)

Intervalo de confiança 95%

Não assinado

Va

lor

de

p c

orr

igid

o

Va

lor

de

p c

orr

igid

o

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46

Essa predominância de Proteobacteria é refletida também na composição

taxonômica em nível de classes, pois as mais abundantes pertencem a esse filo.

Como mostra a figura 8, Alphaproteobacteria foi a mais frequente, com perfis

praticamente semelhantes em ambos metagenomas, seguido de

Gammaproteobacteria, mais abundante em EST, Flavobacteria, mais frequente em

MAR, Actinobacteria, Betaproteobacteria, essas também mais abundantes em EST,

e Deltaproteobacteria com uma proporção ligeiramente maior em MAR.

Os perfis metabólicos dos metagenomas EST e MAR em nível 1 do MG-

RAST são bastante similares com pequenas diferenças em poucas categorias. Por

exemplo, a presença de sequências relacionadas ao metabolismo de compostos

aromáticos, função de interesse nesse estudo, possui praticamente a mesma

proporção nos dois metagenomas como indicado pela figura 9.

Não assinado

Va

lor

de

p c

orr

igid

o

Proporção (%) Diferença entre as proporções (%)

Intervalo de confiança 95%

Figura 8. Composição taxonômica (Classe) dos metagenomas EST e MAR.

Não assinado

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47

Va

lor

de

p c

orr

igid

o

Proporção (%) Diferença entre as proporções (%)

Intervalo de confiança 95%

Do mesmo modo, nos perfis representados pelo mapa de vias do KEGG

observa-se que a maioria das vias, destacadas pelas zonas de sobreposição em

rosa, é comum a ambos metagenomas, (Figura 10).

A figura 11 indica que os perfis de distribuição de alguns genes que

codificam proteínas envolvidas na síntese de biossurfactantes conhecidos são

praticamente idênticos para os dois metagenomas. Apenas o gene rhlb do operon

rhlABRI de Pseudomonas sp. esteve presente no metagenoma EST (1,98%). Para

os demais genes desse mesmo operon não houve sequências similares em nenhum

dos metagenomas. Da mesma forma, verifica-se um padrão na distribuição das

proteínas envolvidas nos processos de biodegradação de hidrocarbonetos. Porém,

metano mono-oxigenase (7,21%) e ALKS (0,96%) estão presentes apenas.

% H

ITS

Figura 9. Composição metabólica (Nível 1 do MG-RAST) dos metagenomas.

Phagos, Prophagos,ElementosTransponíveis e Plasmideos

Carboidratos Aminoácidos e Derivados

Metabolismo de DNA

Metabolismo de Fósforo Metabolismo de RNA

Metabolismo de Compostos Aromáticos

Parede Celular e Cápsula

Metabolismo Secundário

Fotossíntese

Transporte de Membrana

Aquisição e Metabolismo de Ferro

Resposta ao Estresse

Cofatores, Vitaminas, Grupos Prostéticos, Pigmentos Nucleosídeos e Nucleotídeos

Ácidos Graxos, Lipídeos e Isoprenoides

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Figura 10. Perfil metabólico representado pelo mapa de vias do KEGG. Em rosa a sobreposição entre as amostras, demonstrando a ocorrência de hits similares às proteínas das vias. As áreas realçadas em azul simbolizam resultados únicos em MAR e em vermelho as vias únicas em EST. (Figura em paisagem).

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Figura 11. Perfis de distribuição de proteínas relacionada à atividade de biodegradação de hidrocarbonetos (a) e de genes envolvidos na síntese de biossurfactantes conhecidos (b).

B)

HIT

S

A)

HIT

S

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6 DISCUSSÃO

O presente trabalho aplicou abordagens metagenômicas de seleção

funcional para buscar novos genes de interesse biotecnológico envolvidos nos

processos de biodegradação de hidrocarbonetos e de síntese de biossurfactantes, e

abordagens baseadas em sequência para analisar os perfis taxonômico e

metabólico de dois metagenomas de microbiota aquática marinha e estuarina.

Os receptores dependentes de TonB consistem em uma família de proteínas

de membrana externa de bactérias Gram-negativas que atuam no reconhecimento e

internalização de complexos Fe3+-sideróforos, bem como de grandes moléculas

(>800 Da), tais como a vitamina B12, por transporte ativo (BRAUN et al., 1998). A

biodegradação de hidrocarbonetos realizada por bactérias, um fenômeno importante

para remediação ambiental, requer a captação desses compostos através da

membrana celular sendo a primeira etapa da biodegradação (BERG et al., 2008).

Além de genes codificantes de enzimas, as vias de degradação de

hidrocarbonetos monoaromáticos tais como benzeno, tolueno, etilbenzeno e xileno

(BTEX) incluem genes codificantes de proteínas de membrana externa. Visto que a

membrana externa de bactérias Gram-negativas é envolta por uma camada

lipopolissacarídica hidrofílica (NIKAIDO, 2003), essas proteínas de membrana são

necessárias para facilitar o transporte de compostos hidrofóbicos através da

membrana externa (BERG et al., 2008). Assim, as proteínas metagenômicas dos

clones 6E1 e 6B7 similares a tais receptores (Tabela 4) podem estar atuando na

captação dos hidrocarbonetos tornando-os substratos acessíveis às vias

metabólicas da cepa de E. coli DH10B.

O reconhecimento dos promotores em Eubacteria é realizado pelo fator de

iniciação sigma (σ), uma subunidade que se liga a RNA polimerase e inicia a

transcrição. As células têm diversos fatores sigmas alternativos que possuem

propriedades de reconhecimento de promotores diferentes. A célula pode fazer

escolhas de seu repertório de fatores sigmas para alterar seu programa

transcricional em resposta a condições específicas de estresse e alterações

morfológicas (GRUBER et al., 2003).

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A bactéria Gram-negativa E. coli, cujos mecanismos de resposta ao estresse

estão bem elucidados, tem dois compartimentos, o citoplasma e o envelope que

inclui a membrana interna, periplasma e a membrana externa. Sabe-se que sistemas

separados de resposta ao estresse celular atuam em cada compartimento (ALBA et

al., 2003). A regulação da resposta ao estresse de envelope, também chamada de

resposta ao estresse extracitoplasmático, difere da resposta ao estresse

citoplasmático porque os sinais de indução são gerados no envelope. Existem duas

vias de resposta ao estresse de envelope bem estudadas, uma dirigida pelo fator σE

ECF (do inglês extracytoplasmic function) ou fator sigma 24, e a outra pelo sistema

CpxAR (RAIVIO et al., 2001).

O fator σE, codificado pelo gene rpoe de E. coli, é ativado por proteínas

desenoveladas no envelope, bem como por estresse de parede celular, para

transcrever diversos genes envolvidos no restabelecimento da integridade do

envelope, enzimas que atuam na biossíntese de lipA (um componente de

lipopolisacarídeo ou LPS) e genes codificantes de proteases (ALBA et al., 2003;

LONETTO et al., 1994). Foi mostrado que outro fator sigma 54 (σ54) é crucial para a

expressão de várias vias catabólícas codificadas por plasmídeos ou

cromossomicamente tais como aquela para o metabolismo de m-xileno codificada

pelo plasmídeo pWW0 TOL (RAMOS et al., 1997).

Visto que o petróleo é uma mistura complexa de hidrocarbonetos tóxicos, a

presença do fator σE no clone 6C8 (Tabela 4) pode contribuir para a resposta ao

estresse através da ativação transcricional de genes relacionados não apenas ao

restabelecimento da integridade do envelope, mas também daqueles possivelmente

envolvidos nos processos de biodegradação de hidrocarbonetos.

A capacidade dos sobrenadantes livres de células de emulsificar o

querosene apresentada pelos clones obtidos nesse estudo (Tabela 2) é interessante

do ponto de vista biotecnológico, uma vez que produtos liberados no meio

extracelular simplificam passos de purificação e, portanto, diminui os custos de

produção (ABOUSEOUD et al., 2008). Algumas bactérias e leveduras excretam

biossurfactantes iônicos que emulsificam o substrato de carbono no meio de

crescimento como os ramnolipídios produzidos por diferentes Pseudomonas sp. e

os soforolipídios, produzidos por várias Torulopsis sp (KARANTH, 1999).

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No entanto, outros microrganismos são capazes de modificar a estrutura da

sua parede celular através da síntese de lipopolissacarídios ou biossurfactantes não-

aniônicos, como por exemplo, Candida lipolytica e C. tropicalis, que produzem

lipopolissacarídios ligados à parede celular quando crescem em n-alcanos, e

Rhodococcus erythropolis, Mycobacterium sp. e Arthrobacter sp., que sintetizam

o biossurfactante não-aniônico trealose corinomicolatos (KARANTH, 1999). Do

mesmo modo, a formação de emulsão entre a cultura dos clones encontrados nesse

trabalho e o querosene (Tabela 2) indica também uma produção de biossurfactantes

destinados à parede celular.

Embora a habilidade emulsificante seja uma boa avaliação da produção de

biossurfactante ela não é correlacionada com a redução da tensão superficial e vice-

versa (YOUSSEF et al., 2004). Os biossurfactantes de baixo peso molecular como

glicolipídeos, lipopeptideos e fosfolipídios diminuem eficientemente a tensão

superficial enquanto os polímeros de alto peso molecular são melhores em

estabilizar emulsões (ROSENBERG, 1999). Emulsan, um biossurfactante polimérico

produzido por Acinetobacter calcoaceticus, é um bom bioemulsificante, porém reduz

a tensão superficial para 52 mN/m (ROSENBERG et al., 1979), quando é sabido que

um bom surfactante pode possibilitar a diminuição da tensão superficial da água

destilada de 72 mN/m para 30mN/m (MULLIGAN, 2005). Assim, a avaliação da

tensão superficial trará uma conclusão mais precisa a respeito dos biossurfactantes

produzidos pelos clones metagenômicos.

Nos testes para verificar a habilidade de emulsificação dos clones, os

índices obtidos nesse estudo (Tabela 3) foram superiores ao obtido pela cepa

produtora de biossurfactante Halomonas salaria M27, isolada de sedimento marinho

com histórico de exposição a hidrocarbonetos, a qual apresentou índice de

emulsificação (E24%) de 42.3% em óleo diesel (OLIVERA et al., 2008). Em outro

estudo que visava uma maior produtividade de biossurfactante por Pseudomonas

fluorescens Migula 1895-DSMZ, foram obtidos valores de E24% de 55% para diesel

e querosene, 50% para heptano e 45% para óleo de girassol utilizando diferentes

condições de cultura (ABOUSEOUD et al., 2008).

Foram demonstrados ainda, não apenas o efeito da fonte carbono na

produção de ramnolipidio por Pseudomonas aeruginosa EM1 refletida no índice de

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emulsificação do querosene que alcançou valores de 9%, quando cultivado em

hexano, a 71%, quando em óleo de soja, glicose ou glicerol (WU et al., 2008), mas

também valores de E24% de 46 a 99% para querosene; 23 a 100% para gasolina e

de 40 a 95% para OAL, sendo esses valores alcançados a partir de um consórcio

bacteriano obtido a partir de amostras de sedimento com histórico de derramamento

de petróleo (KREPSKY et al., 2007).

De modo geral, têm sido relatados valores de E24% similares, bem como

inferiores e superiores aos obtidos nesse trabalho, entretanto, a maioria dos

surfactantes de origem microbiana são específicos, solubilizando ou emulsionando

hidrocarbonetos diferentes de forma distinta (KREPSKY et al., 2007;

ABOUSEOUD et al., 2008), o que, por conseguinte, direciona a sua aplicação,

sendo sugerido, portanto, testar os biossurfactantes obtidos pelos clones

metagenômicos em outros substratos além do querosene. Desse modo, posteriores

ensaios de caracterização funcional permitirá um maior esclarecimento de todos os

processos propostos tanto para atividade de biodegradação de hidrocarbonetos

quanto para síntese de novos biossurfactantes.

A análise da composição taxonômica dos metagenomas estudados revelou

a predominância de Proteobacteria (Figura 7), o principal filo do domínio Bacteria

que inclui uma variedade de patógenos, tais como Escherichia, Salmonella, Vibrio,

Helicobacter dentre outros gêneros. Outros gêneros são de vida-livre e responsáveis

pela fixação de nitrogênio. Possuem diversos tipos de metabolismos incluindo

bactérias aeróbias, anaeróbicas facultativas ou obrigatórias, quimioautotróficas e

heterotróficas.

Dentre as classes desse filo, Alphaproteobacteria e Gammaproteobacteria

foram as mais abundantes nos metagenomas analisados, mas a segunda foi

significativamente mais frequente em EST (Figura 8). Alguns Gammaproteobacteria

participam do processo de oxidação de metano,o que pode explicar sua abundancia

no estuário, visto que esse é um ambiente com intensa produção metano.

Hailian et al (2006) estudando a diversidade e distribuição de bactérias

heterotróficas pigmentadas, em águas do oceano pacífico ao sul da china e em um

estuário, usando métodos tradicionais de cultivo e analise de sequencias do gene

16S rRNA, observou uma predominância em águas marinhas de gêneros

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pertencentes à Alphaproteobacteria e Gammaproteobacteria, enquanto no estuário

foram encontrados isolados bacterianos afiliados principalmente a Actinobacteria e

Firmicutes.

Embora não tenha sido mais abundante em relação aos outros filos, no

presente estudo Actinobacteria também foi mais frequente em EST do que em MAR

(Figura 8). As bactérias desse filo são fundamentalmente saprófitas, e as mais

conhecidas são de solo, onde contribuem significativamente para ciclagem de

polímeros complexos como lignocelulose, hemicelulose, pectin, queratina e quitina, e

produtoras de metabólitos secundários, portanto com elevado valor do ponto de vista

farmacológico e comercial. Porém, há evidencias de que Actinomycetes, um grupo

importante desse filo, pode ser encontrado na água e em sedimento do mar

(MORAN et al.,1995).

Um estudo sobre a diversidade e abundancia de comunidades

microbiológicas do mar argentino e do estuário do Rio La Plata usando a técnica de

pirosequenciamento foi realizado por Peressuti et al (2010). Seus resultados

indicaram que Bacteriodetes (Flavobacteria) foi dominante no mar, seguido de

Proteobacteria (Gammaproteobacteria), enquanto no estuário o segundo foi mais

abundante, como foi observado no metagenoma do estuário do Rio Potengí (EST).

Andreote et al (2012), também usou a técnica de pirosequenciamento para

analisar o potencial metabólico e taxonômico de microbiomas de sedimento de

mangues brasileiros e encontrou uma predominância de Deltaproteobacteria e

Gammaproteobacteria, o que corrobora com os dados de Dos Santos et al (2011),

que também usou pirosequenciamento e detectou a predominância desses grupos

em mangues sob condições naturais e após a simulação de um derramamento de

petróleo. Em sedimentos de mangues os organismos relacionados a redução de

sulfato são Deltaproteobacteria, os quais são abundantes indicando a importância de

tal metabolismo nesse ambiente (ANDREOTE et al., 2012)

Abordagens baseadas em sequência permitiu inferir uma semelhança no

perfil de distribuição nos dois metagenomas das proteínas e dos genes elencados.

Isso indica que esses ambientes possuem um potencial metabólico natural parecido

para síntese de biossurfactantes tais como surfactina, para biodegradação de

hidrocarbonetos aromáticos como indicado pela quantidade de sequências similares

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a benzeno dioxigenase, naftaleno dioxigenase, bifenil dioxigenase, tolueno

dioxigenase, catecol 1,2 dioxigenase, catecol 2,3 dioxigenase e para o metabolismo

de alcanos intermediado pelas alcano-hidroxilases ALKB e CYP153 (Figura 11).

Esses enzimas atuam na clivagem do anel aromático e são responsáveis pela

capacidade de degradação de compostos aromáticos em um grande número de

espécies bacterianas (BRODERICK, 1999).

Como aromáticos são componentes reduzidos, aumentando o estado de

oxidação do núcleo aromático, esses compostos ficam mais susceptíveis a

degradação permitindo aos microrganismos usá-los como única fonte de carbono e

energia. Isso só é possível pela incorporação de oxigênio molecular mediante a

participação das oxigenases (mono e dioxigenases), visto que o oxigênio, devido a

sua estrutura química peculiar, é de baixa reatividade (HAYAISHI et al., 1955).

Um estudo de análise metagenômica de amostras de solos, contaminados e

não contaminados com diesel, do alto ártico canadense também verificou a

abundancia de sequências proteicas de referências de alcanos-hidroxilases (como

CYP153 e ALKB) e dioxigenases tais como catecol 2,3 dioxigenase e

protocatechuato 4,5-dioxigenase (extradiol), além de catecol 1,2 dioxigenase e

protocatechuato 3,4-dioxigenase (intradiol) como um indicativo da atividade de

biodegradação de sua comunidade microbiológica antes desse ambiente ter sido

submetido à tratamento de biorremediação, após um mês do início do tratamento e

após um ano em comparação com a amostra de solo não contaminado usado como

controle (YERGEAU et al., 2012).

Apesar dos perfis metabólicos serem praticamente idênticos, como mostrado

pela composição metabólica de nível 1 do MG-RAST e pelo mapa de vias do KEGG,

(Figuras 9 e 10) foi verificada a presença de sequências similares a metano-

oxigenase apenas no metagenoma de microbiota estuarina (Figura 11). Isso pode

ser explicado pela produção desse gás decorrente da atividade de decomposição da

matéria orgânica característica do ecossistema, revelando um potencial

biotecnológico peculiar para novos bioprodutos relacionados ao metabolismo de

metano. A presença em ambos metagenomas de sequências similares aos genes e

ás proteínas conhecidas,mostra também que esses ambientes são uma rica fonte de

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produtos potencialmente aplicáveis a biorremediação e refino de hidrocarbonetos

derivados do petróleo.

A biodiversidades da microbiota desses ambientes representam o quanto há

de inexplorado em relação aos aspectos ecológicos e biotecnológicos. O que

ressalta a necessidade de mais estudos dessa natureza que poderão permitir novos

insights sobra a dinâmica das comunidades microbianas, cuja variabilidade genética

as torna uma fonte inestimável de bioprodutos biotecnologicamente aplicáveis nas

mais diversas áreas, incluindo-se a biorremediação de ambientes impactados por

hidrocarbonetos derivados do petróleo.

7 CONCLUSÕES

A aplicação de abordagens metagenômicas de seleção funcional foi

eficiente na busca de clones portando sequências de novos genes

envolvidos na biodegradação de hidrocarbonetos e na síntese de

biossurfactantes, visto que oito clones biotecnologicamente promissores

foram encontrados a partir de uma biblioteca de eDNA de microbiota

estuarina.

As análises das sequências metagenômicas geradas por

pirosequenciamento indicaram perfis taxonômicos dos metagenomas

estudados com predominância do domínio Bacteria, representado

principalmente por Proteobacteria, cujas classes Gammmaproteobacteria

e Alphaproteobacteria foram as mais frequentes.

Os perfis metabólicos dos metagenoma estudados foram praticamente

idênticos com uma distribuição parecida de genes e proteínas envolvidos

com a biodegradação de hidrocarbonetos e síntese de biossurfactantes.

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