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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO CURSO DE GRADUAÇÃO EM BIBLIOTECONOMIA PAULO EDUARDO SILVA OLIVEIRA NETO FONTES DE INFORMAÇÃO CATÓLICAS: conceitos, tipos e usos NATAL RN 2019

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Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Biblioteconomia. Orientadora: Profª. Drª. ... Figura 2 Tratado

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO

CURSO DE GRADUAÇÃO EM BIBLIOTECONOMIA

PAULO EDUARDO SILVA OLIVEIRA NETO

FONTES DE INFORMAÇÃO CATÓLICAS:

conceitos, tipos e usos

NATAL – RN

2019

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PAULO EDUARDO SILVA OLIVEIRA NETO

FONTES DE INFORMAÇÃO CATÓLICAS:

CONCEITOS, TIPOS E USOS

Monografia apresentada ao Curso de

Graduação em Biblioteconomia do

Departamento de Ciência da Informação da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte,

como requisito parcial à obtenção do título de

Bacharel em Biblioteconomia.

Orientadora: Profª. Drª. Mônica Marques

Carvalho Gallotti.

NATAL – RN

2019

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CDU 002:2 RN/ UF/ DECIN

O48f Oliveira Neto, Paulo Eduardo Silva.

Fontes de informação católicas: conceitos, tipos e usos / Paulo Eduardo Silva

Oliveira Neto. – Natal: UFRN, 2019

Orientadora: Monica Marques Carvalho Gallotti (Dra)

Monografia (Bacharelado) – Universidade Federal do Rio Grande do

Norte. Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Departamento de

Biblioteconomia. Curso de Graduação em Biblioteconomia.

1. Fontes de Informação – Igreja Católica. 2. Unidades de Informação – Igreja

Católica. 3. Tipologias documentais católicas. 4. Memória. I Gallotti, Monica

Marques Carvalho II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III.

Título.

CATALOGAÇÃO DA PUBLICAÇÃO NA FONTE

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PAULO EDUARDO SILVA OLIVEIRA NETO

FONTES DE INFORMAÇÃO CATÓLICAS:

CONCEITOS, TIPOS E USOS

Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Biblioteconomia

do Departamento de Ciência da Informação da Universidade Federal

do Rio Grande do Norte, como requisito parcial à obtenção do título

de Bacharel em Biblioteconomia.

Data de aprovação ___/___/_____.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________

Prof.ª Drª. Monica Marques Carvalho Gallotti

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

__________________________________________

Prof.ª Drª. Luciana de Albuquerque Moreira

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

(Membro da banca Examinadora)

__________________________________________

Prof. MsC. Francisco de Assis Noberto Galdino de Araújo

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

(Membro da banca Examinadora)

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“Realmente não há coisa mais gloriosa, mais

honrosa, mais nobre, que fazer parte da Igreja,

santa, católica, apostólica, romana, na qual nos

tornamos membros de tão venerando corpo; nos

governa uma tão excelsa cabeça; nos inunda o

mesmo Espírito divino; a mesma doutrina, enfim,

e o mesmo Pão dos Anjos nos alimenta neste

exílio terreno, até que, finalmente, vamos gozar

no céu da mesma bem-aventurança sempiterna.”

(Venerável Pio XII – Carta Encíclica Mystici

Corporis)

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Dedico este trabalho a todos os grandes homens

que formaram o tesouro da fé católica, dando,

muitas vezes, suas vidas para salvaguardar a

mesma fé que receberam de Cristo.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente, a Deus, por guiar-me, através da Sua Igreja, pela Verdade.

Agradeço aos meus pais, pelo auxílio, amor e renúncias realizadas por mim.

Agradeço à Prof. Mônica Gallotti, por ter me orientado e norteado em tantas ocasiões de

dúvidas no decorrer desta pesquisa.

Agradeço a todos, em especial minha noiva, que incentivaram a realização deste trabalho,

reconhecendo seu potencial e a importância.

Por fim, agradeço a inspiração de todos os santos e santas, os quais intercedem

constantemente por mim e por toda a Igreja.

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RESUMO

O registro e preservação da informação ao longo do tempo têm sido tradicionalmente feito por

meio das instituições tais como bibliotecas, arquivos e museus. Nesse sentido, algumas

instituições, como a Igreja Católica tem tido um papel preponderante neste contexto, uma vez

que desde sua origem, existiu uma preocupação de registro de informação por meio da

Tradição eclesiástica. Os registros emanados neste âmbito servem de suporte e contribuem

para a perpetuação da memória social e cultural da sociedade. São variadas as tipologias de

fontes de informação geradas por este tipo de instituição e faz-se necessário a sua

identificação. Este trabalho visa propor uma identificação e categorização das fontes de

informação geradas e utilizadas pela Igreja Católica. Especificamente visa apontar os tipos e

as funções das fontes de informação no âmbito eclesiástico, bem como identificar,

caracterizar os tipos de unidades de informação eclesiais e como são realizadas ações de

disseminação da informação nesse contexto. Além de resgatar aspectos históricos, a

metodologia utilizada para tal foi a de pesquisa bibliográfica sobre o assunto, e uma

investigação de campo em unidades de informação ligadas a Igreja Católica. Espera-se, ao

final que a identificação e caracterização da tipologia de fontes de informação mencionadas

anteriormente possa contribuir e agregar valor para a base de conhecimento da área.

Palavras-chave: Fontes de Informação – Igreja Católica. Unidades de Informação – Igreja

Católica. Tipologias documentais católicas. Memória.

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ABSTRACT

Information preservation over time has traditionally been done through institutions such as

libraries, archives and museums. In this sense, some institutions, such as the Catholic Church,

have played a major role in this context. Ecclesiastical Tradition has propitiated a large array

of information sources. These sources support and contribute to the perpetuation of society's

social and cultural memory. The typologies of these sources are varied making it necessary to

categorize and identify them. This work aims to propose an identification and categorization

of the information sources generated and used by the Catholic Church. Specifically, it aims to

identify their types and functions in the ecclesiastical field, as well as to identify, characterize

ecclesial information units and how information dissemination actions are carried out in this

context. Besides analyzing corresponding historical aspects, the methodology used for this

work bibliographical research on the subject, and a field investigation in information units

linked to the Catholic Church. In the end, it is hoped that the identification and

characterization of the information sources mentioned above can contribute and add value to

the knowledge base of the area.

Key-Words: Information Sources – Catholic Church. Information Units – Catholic Church.

Catholic documentary typologies. Memory.

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LISTA DE FIGURAS E QUADROS

Figura 1 Descrição dos tipos de fontes de informação........................................................................ 25

Figura 2 Tratado da Verdadeira devoção à Santíssima Virgem Maria......................................... 41

Figura 3 Bula Papal Quo Primum Tempore......................................................................................... 41

Figura 4 Carta Encíclica Pascendi Dominici Gregis........................................................................... 42

Figura 5 Certidão de Batismo............................................................................................................... 42

Quadro 1 Fontes de informação católicas de acordo com cada unidade de informação............. 38

Quadro 2 Tipologias documentais de fontes de informação católicas.............................................. 40

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO..................................................................................................... 11

2. O USO E DESENVOLVIMENTO DA INFORMAÇÃO ATRAVÉS DOS

TEMPOS....................................................................................................................

16

2.1 Conceito de informação e seu uso........................................................................ 16

2.2 Evolução histórica rumo a sociedade da informação....................................... 18

3. FONTES DE INFORMAÇÃO E SUAS CARACTERÍSTICAS...................... 24

3.1 As fontes de informação digitais.......................................................................... 26

4. CONSIDERAÇÕES BREVES SOBRE A IGREJA CATÓLICA E

ORGANIZAÇÃO E PRESERVAÇÃO DA INFORMAÇÃO..............................

32

4.1 Classificação das fontes........................................................................................ 36

4.2 Tipologia documental........................................................................................... 39

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................... 44

REFERÊNCIAS........................................................................................................ 46

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1 INTRODUÇÃO

A Igreja Católica, enquanto instituição, tem seu legado e a sua própria história

intimamente relacionados com a informação. Em se tratando da própria história, foi a

Igreja o único vínculo de unidade social após a queda do Império Romano e a entrada

no Medievo. Pela ótica da preservação, partiu da Igreja a organização da informação e

dos produtos de conhecimento durante o período medieval, possibilitando, hoje, o

acesso de indivíduos aos conhecimentos e ciências que tiveram, em muitos casos, suas

gêneses na Idade Média.

Ao longo da história – ao menos no mundo ocidental – destes dois mil anos de

cristandade, boa parte da mediação entre a informação e o homem foi mantida pela

Igreja Católica.

A fé cristã, sendo o norte para os indivíduos, era orientada pela Igreja. Portanto,

nada mais óbvio e consequente que, em uma sociedade cuja experiência, fatos e atos

culminavam sempre para a fé do povo, fosse por meio da religião que o saber viesse a

ser gerenciado. Em várias partes da história mundial – sobretudo após o nascimento de

Cristo –, percebe-se a influência eclesial para o acesso da sociedade civil ao mundo das

informações.

No Brasil, país em que 64,6% da população se declara católica, segundo o Censo

de20101. Sendo assim, a vivência da fé, configurada na religião católica, é parte da vida

da maioria dos cidadãos brasileiros. Essa vivência é representada ou materializada por

uma série de documentos, materiais informacionais presentes em diversificados tipos de

unidades de informação e locais de preservação; todos remetendo à identidade de cada

católico e à profissão de fé de cada um.

O presente estudo teve como gênese o interesse de pesquisa da parte do autor acerca

das tipologias e fontes informacionais que fazem parte da Igreja Católica, bem como o

uso de cada uma delas e dos seus fins, sendo, ao mesmo tempo, uma motivação

intrínseca – quanto aos aspectos pessoais do interesse de pesquisa – e extrínseca – em se

tratando da inserção pessoal no meio eclesial e no grupo de usuários de unidades de

informação da Igreja Católica.

1 De 2000 para 2010, o número de católicos caiu 9%, sendo 73,6% na primeira ocasião, e 64,3% na

última. Os dados podem ser consultados em: < https://bit.ly/2thM353 >.

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Esta pesquisa pretende analisar uma área ainda com pouca representatividade na

literatura – fato atestado no processo de busca de referencial teórico – na Ciência da

Informação, visualizando e descrevendo as tipologias documentais eclesiásticas, abrindo

caminho para futuros estudos complementares e que deem continuidade ao exposto

aqui. Busca-se, então, contribuir com novas informações para uma área que, apesar de

importante, recebeu pouca atenção da comunidade científica. Na segunda dimensão

deste trabalho, procura-se contribuir e ampliar o repertório dos estudos sobre fontes de

informação, partindo de uma ótica macro – nas próprias conceituações comuns

encontradas na bibliografia – para uma ótica micro, estudando um determinado recorte

social – a própria Igreja enquanto instituição – e promovendo uma análise que dê

contribuição teórica e científica para a área em geral.

É necessário, pois, pensar, refletir e produzir mais conhecimento sobre a

importância destas fontes de informação para o meio em que são geradas, acessadas e

disseminadas.

A importância histórica das fontes e tipos documentais católicos são uma das

motivações da pesquisa, uma vez que fizeram e ainda fazem parte da vida comum de

muitos brasileiros, podendo ser considerados então como registros históricos

importantes em determinados contextos da nação. Sob o prisma do impacto e

importância social, o presente trabalho justifica sua elaboração pelo grande número de

indivíduos que estão intimamente relacionados com as fontes de informação eclesiais,

por meio de suas vidas e do cotidiano de cada um, através da expressão de fé comum da

maioria dos brasileiros. Fazer um estudo sobre as fontes e tipos

informacionais/documentais existentes na Igreja Católica Apostólica Romana; o

gerenciamento destes objetos de estudo; a utilidade e fins deles; e a importância de cada

um é estudar também os objetos envolvidos na demanda dos fiéis católicos, que têm na

Igreja não somente uma religião em comum, mas muitas vezes uma unidade de

informação.

Os acervos, arquivos, bibliotecas, tipos documentais utilizados e emitidos em

paróquias e o próprio site do Vaticano são exemplos de fontes pouco – ou nunca –

estudadas, mas que são buscadas por inúmeras pessoas para fins pessoais, científicos ou

até mesmo de trabalho. Em termos gerais, falar de sociedade da informação – como

conhecemos hoje, a qual será também abordada mais à frente – sem citar o caminhar

que a Igreja Católica realizou, não seria plenamente honesto, pois o hoje não pode ser

dissociado do ontem.

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No sentido do que foi exposto anteriormente, surge uma reflexão necessária:

entender o que os católicos utilizam como fonte informacional para a sua própria fé. Se

em todos os âmbitos e aspectos da vida ordinária há a necessidade de cada pessoa em

ser orientada pela informação, independente de qual seja ou da esfera de sua vida onde

será aplicada, se supõe que isso é estendido para a realidade religiosa e no dia-a-dia de

uma instituição bimilenar como a Igreja Católica Apostólica Romana. Nessa breve

reflexão, o estopim deste presente trabalho, surge uma necessidade: entender, além do

que os fiéis buscam, aquilo que a Igreja oferta. A demanda informacional para a

vivência da fé sempre foi uma constante. As Fontes de informações voltadas para o

atendimento de necessidades deste tipo são elaboradas a fim de comunicar os preceitos

da religião e nortear aqueles que demandam informação em caráter eclesial. No âmbito

da Igreja Católica existem variadas tipologias documentais, dentre as quais podemos

citar material bibliográfico teológico, bulas, decretos, tratados, etc. Tudo isto corrobora

para a demanda informacional, embora, nestes casos, sendo observada em caráter

externo.

Observando, de fora para dentro, entendemos a dimensão da influência católica

na biblioteconomia e na gestão do conhecimento. O caminho contrário, porém, é

nebuloso e não nos traz uma visão concreta. Enxergar quais são as fontes usadas – não

necessariamente geradas – na Igreja Católica, em âmbito administrativo, burocrático,

sacramental, entre outros, é uma árdua tarefa que muitas vezes não é feita – ou sequer

pensada.

Faz-se necessário um entendimento maior de a fim de conhecer as fontes

informacionais geradas pela própria Igreja; de onde surgiram; para que servem; como

são gerenciadas; em quais unidades de informação se situam; como se dá o

gerenciamento das mesmas, especialmente ligados ao seu uso e disseminação, etc.

Todas essas questões se enquadram em uma necessidade de investigação: Quais são as

fontes informacionais católicas, como conceituá-las e quais seus usos e tipologias? Para

o atendimento a esta questão de investigação, o estudo tem, como objeto geral,

identificar e categorizar as principais fontes de informação geradas pela Igreja Católica

Apostólica Romana. No que se refere aos objetivos específicos, se busca refletir

teoricamente sobre os conceitos e funções das fontes de informação na sociedade atual,

Apontar os tipos e as funções das fontes de informação no âmbito eclesiástico e

igualmente Apontar as fontes informacionais eclesiais como elementos importantes de

perpetuação da memória social.

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No que diz respeito aos procedimentos metodológicos adotados neste trabalho,

destaca-se que nesta pesquisa foi escolhida, entre todas as abordagens, o método

indutivo, descrito por Marconi e Lakatos (2003, p.86) como um “[...] processo mental

por internédio do qual, partindo de dados particulares, suficientemente constatados,

infere-se uma verdade geral ou universal, não contida nas partes examinadas”.

Aplicando ao trabalho, o método auxilia o recorte de fonte, tipo documental, uso e

unidade estudada, para então encontrar resultados que satisfaçam os de pesquisa.

Como procedimento, utilizar-se-á o método histórico, por meio do qual se

colocam “[...] os fenômenos, como, por exemplo, as instituições, no ambiente social em

que nasceram” (MARCONI; LAKATOS, 2003, p. 107). Este método é eficaz para

trazer o resgate da própria história da Igreja Católica Apostólica Romana enquanto fonte

e geradora de informação; de algumas unidades utilizadas como exemplos e observadas

para a pesquisa; do desenvolvimento orgânico católico do conceito de determinados

tipos documentais (ex.: Batistério, proclamas matrimoniais, dentre outros.); e mesmo

das fontes de informação enquanto objeto de estudo comum da Biblioteconomia e

Ciência da Informação, citando exemplos históricos para nortear os conceitos

apresentados sobre os tipos de fontes, seus usos e fins.

Também será utilizado o método funcionalista, o qual “[...] estuda a sociedade

do ponto de vista da função de suas unidades, isto é, como um sistema organizado de

atividades” (MARCONI, LAKATOS, 2003, p. 110). Sua aplicação serve para

compreender cada fonte de informação não isoladamente, mas enquanto partes de um

sistema encadeado, a exemplo dos Sacramentos, dentre os quais podemos citar o

Batismo, com o documento do Batistério, passando pelas cartas de envio de candidatos

ao sacerdócio para o Seminário (elaborada se organizadas por cada Paróquia, para

serem enviadas ao Reitor de cada Seminário, de maneira a tornar expressa a ciência do

pároco da situação vocacional de um paroquiano seu);pelo certificado da Ordem,

conferindo valor e atestando que um determinado homem recebeu o Sacramento da

Ordem e, portanto, tornou-se diácono e depois padre; e chegando até mesmo às carteiras

de identificação usadas por padres de todo o Brasil, elaboradas em conformidade com a

Conferência Episcopal dos Bispos do Brasil (CNBB).

Por fim, também foi escolhido o método monográfico, para análise de aspectos

particulares e exemplos de grupos em um todo (MARCONI; LAKATOS, 2003, p. 108).

No trabalho sua aplicação ocorre em se tratando de unidades de informação a serem

visitadas para observação e investigação, como bibliotecas, paróquias e arquivos, bem

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como meios virtuais, a exemplo do próprio site do Vaticano, onde são disponibilizadas

bulas, encíclicas e tipos documentais.

Esta pesquisa apresenta caráter documental, utilizando as próprias fontes,

documentos e unidades estudadas; pesquisa bibliográfica que Para Gil (2008, p. 50), “a

pesquisa bibliográfica se constitui numa proposta de se tentar compreender e/ou

explicar um fenômeno a partir de um referencial teórico, que pode ser composto por

livros, artigos científicos, dentre outras fontes”. Para respaldo conceitual, e mesmo

exploração em campo, foram realizadas visitas de campo às unidades de informação

utilizadas no decorrer da pesquisa, como forma de ter maiores dados e base factual na

investigação para apresentar resultados ao final do processo.

Inicialmente serão abordadas as Fontes de Informação com vistas a indicar seus

principais conceitos e tipologia. Nesta mesma seção se fará necessário apontar os

principais conceitos de informação, bem como apontar a evolução deste importante

insumo na sociedade. No capitulo três nos dedicaremos a abordar o assunto das Fontes

de informaçao identificando seus principais conceitos e tipologias. Em seguida, no

capítulo quatro, discorre se sobre a Igreja Católica e seu papel na organização da

informação.

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2 O USO E DESENVOLVIMENTO DA INFORMAÇÃO ATRAVÉS DOS

TEMPOS

Para promovermos um entendimento melhor sobre as Fontes de Informação, sua

gênese, características se faz necessário entender o que seria a informação, como se deu

a sua evolução histórica, os suportes desenvolvidos e a visão da ciência acera da

informação. Portanto, o objetivo deste capitulo é conceituar e caracterizar informação e

também as fontes de informação.

2.1 CONCEITO DE INFORMAÇÃO E SEU USO

Antes de enfatizar o que seriam as fontes de informação, faz-se necessário

promover um entendimento do que seria a informação em si. Wurman (1991, p.138)

afirma que a informação é a matéria-prima que alimenta toda a comunicação, pois a

motivação básica de qualquer comunicação está em transmitir de uma mente para outra

algo que será recebido como informação nova. A relação entre informação e

comunicação aqui levantada é extremamente pertinente, uma vez que, enxergando sob o

prisma de uma instituição eclesiástica, a comunicação e a informação caminham lado a

lado.

Quando um indivíduo emite uma informação, a disseminando em níveis de

impacto e de público diversos, o faz para que aqueles que a detenham – o público-alvo –

façam daquele aglomerado de dados um conhecimento perene. Nas palavras de Le

Coadic (1996, p. 5), “a informação é um conhecimento inscrito (gravado) sob a forma

escrita (impressa ou numérica), oral ou audiovisual”. É partindo dessas concepções

acerca do que é informação que pode-se traçar de forma mais concreta o que seriam as

fontes de informação.

A informação em si depende de uma dinâmica, tanto na sua produção quanto

recebimento e assimilação – para a construção do que concebemos como sendo

conhecimento. McGarry (1999, p. 11) expressa que “[...] a informação deve ser

ordenada, estruturada ou contida de alguma forma, senão permanecerá amorfa e

inutilizável. [...] A informação deve ser representada para nós de alguma forma, e

transmitida por algum tipo de canal. [...] a informação documentária pode estar contida

em qualquer coisa que uma pessoa escreva, componha, imprimam desenhe ou transmita

por meios similares”.

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Destaca-se, pois, a expressão “amorfa e inutilizável”, ambos usados para

classificar a informação quando não estruturada e ordenada para algum fim – no caso, o

de externar e comunicar.

Segundo Le Coadic (1996, p. 5), a informação pode ser “[...] um conhecimento

inscrito sob a forma escrita, oral ou audiovisual. Ela comporta um elemento de sentido e

é transmitida a um ser consciente por meio de uma mensagem inscrita.

Wersig (1993), por sua vez, afirma que "informação é conhecimento em ação

[...] como algo que serve de apoio a uma ação específica em uma situação específica, na

premissa de que todo comportamento humano necessita de algum tipo de

conhecimento". Encontramos sentido ao refletirmos sobre a relação de causa e efeito

entre informação e conhecimento: a transmissão da primeira e a sua consequente

aplicação geram o segundo. A informação é, pois, aquilo que é transmitido com o fim

de assimilação da parte de terceiros.

Conforme Silva (2006, p. 83), ambos os processos são complexos e interligados

sendo a comunicação a ação de comunicar-se, de partilhar, de dividir, transmitir a

informação, o seu conteúdo e receber outra mensagem como resposta, que por extensão

geram uma conversação promovendo a comunicabilidade entre os indivíduos.

Ao estudarmos a informação, muitas vezes nos deparamos com a chamada

“tríade”: dado, informação e conhecimento. A respeito de cada termo e seu conceito,

Fernandez-Molina (1994, p. 328) faz uma descrição: “[...] os dados são informação

potencial, que somente são percebidos por um receptor se forem convertidos em

informação e esta passa a converter-se em conhecimento no momento em que produz

uma modificação na estrutura do conhecimento do receptor”. Com base nisso,

visualizamos a informação como um conjunto de dados a assumirem forma para um

processo posterior de comunicação – gerando, então, o dito conhecimento. Contudo, o

processo de transformação de um para o outro não é o mesmo do processo de busca.

Fazendo o caminho inverso, entendemos que o conhecimento só é gerado a

partir da aplicação, ao menos interna, sem contar as consequências sociais, na vida

daquele que recebeu uma informação. Para isso, o processo de busca por informação é

uma etapa imprescindível, sem a qual não haverá o ciclo de geração de conhecimento. A

informação só poderá ser perpetuada e acessada uma vez que é registrada em algum tipo

de suporte. Nesse sentido, existem diversos tipos de suportes que são considerados

fontes de informação.

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2.2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA RUMO À SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO.

Dentro do tema de pesquisa, é necessário abordar historicamente a relação entre

a Igreja Católica Apostólica Romana e informação. Para isso, também deve-se trazer um

relato histórico do desenvolvimento orgânico do corpo eclesial.

Há divergências no campo teológico se a Igreja Católica Apostólica Romana

surgiu na Cruz (no Sacrifício de Cristo) ou em Pentecostes – episódio bíblico que narra

o envio de dons e carismas do Espírito Santo aos apóstolos. Independentemente, sabe-se

que, já no século 100 d.C, havia um corpo magisterial de bispos e padres e uma legião

de leigos e fiéis que aumentava a cada dia, gerando a crise humanitária de perseguição

religiosa no império romano. No ano 313, o imperador Constantino, que havia se

tornado católico, publicou o Édito de Milão, documento que proibiu a perseguição aos

cristãos. Coincidentemente, foi através de um tipo documental que a Igreja sairia das

catacumbas e passaria a professar publicamente sua fé.

Nos anos posteriores, o catolicismo cresce mais ainda. Como prova dos passos

dados pela religião, destacam-se alguns outros documentos, como o Édito de

Tessalônica, do imperador Teodósio, tornando-o o credo oficial do Império Romano, ou

os documentos do Concílio2 de Nicéia, ocorrido em 325, e Constantinopla, em 381, que

refutaram e condenaram o arianismo3.

Ao longo dos tempos, o cristianismo vai tornando-se cristandade. Não é mais

uma fé, mas também formou uma civilização. Reinos são convertidos, e com eles a

relação entre Igreja e Estado torna-se íntima. Com os Tempos Bárbaros (400 – 1050), os

nobres europeus terão papel fundamental na proteção da Igreja, a qual, por sua vez,

seria curadora das primeiras formações de acervos.

Um exemplo das consequências deste contato e de “troca” de proteções é o

ponto alto do período medieval, com o Papa Inocêncio III (1198-1216), o qual ficou

conhecido como “embaixador do Rei dos reis”, pela diplomacia com a nobreza, a qual

trouxe para a humanidade grandes contributos informacionais e intelectuais (AQUINO,

2015).

2 Reunião de bispos do mundo inteiro com o Sumo Pontífice, realizada com o intuito de discutir questões

importantes, combater heresias e confirmar a fé. Ocorreram 21 concílios na história da Igreja, sendo o

último, o Vaticano II (1962-1965) o único não dogmático – que não proclamou dogma algum. 3 Heresia dos primeiros séculos difundida por um presbítero chamado Ário. Basicamente é a ideia de que

Cristo não era verdadeiramente homem e Deus, mas somente homem. Se contrapõe à Doutrina da

Santíssima Trindade.

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Destacando o período medieval4, pode se afirmar que o mesmo se identifica uma

sociedade sem maiores acessos à educação. A pobreza do Império Romano alastrou-se à

Idade Média, e a não total eficácia das bibliotecas públicas romanas teve como

consequência a estagnação intelectual do povo. A alfabetização era para poucos, e

coube ao Magistério (as autoridades da Igreja) a manutenção do saber por meio da

escrita, que era contextualizada junto com a Liturgia e a profissão de fé (MCGARRY,

1999).

Essa relação se torna mais evidente quando enxergamos o legado da cultura do

mundo antigo e da sociedade cristã misturadas, ambas norteando o que a Igreja

transmitiria à humanidade durante o período medieval (LE GOFF, 2007, p. 32). Será o

historicismo e o registro da história o norte da divulgação do conhecimento medieval, a

exemplo da enciclopédia, gênero preferido de clérigos e leigos com instrução, uma vez

que oferece um resgate cultural de outrora para a construção do futuro (LE GOFF,

2007).

Com o passar do tempo, o arcabouço historiográfico presente nas universidades

e mosteiros mostra uma nova utilidade. Por meio da chamada “prensa de Gutenberg”, a

informação presente nos livros torna-se mais disseminada dispersa, sendo acessada mais

facilmente, conforme a sociedade ia se tornando alfabetizada e aderindo ao hábito de

procurar as fontes literárias existentes. “Essa nova situação de acessibilidade dos livros-

de papel e impresso – acabou sendo um estímulo ao conhecimento das letras e à

absorção de conhecimento” (MILANESI, 2002, p. 25).

A informação, que até aquele momento não era atrelada a outro meio senão a

biblioteca, torna-se não mais um bem “místico”, mas uma ponte ao saber. Conforme

Milanesi (2002, p. 7), “[...] em O Nome da Rosa, [...] emerge a figura misteriosa do

bibliotecário do convento, que levava a chave de um mundo complexo e misterioso [...],

no Renascimento ele surge como um guia de ajuda na caminhada por um mundo novo e

aberto”. O contexto de abertura dos meios de informação é o início do Renascimento. A

partir dele, duas formas de enxergar um bem informacional são colocadas lado a lado:

no Ocidente, a escrita e a cultura romana, enquanto no Oriente, o mundo bizantino

aderia à cultura helênica, tendo elementos romanos e pagãos em seu meio.

4 Apesar da importância da contextualização histórica, não é o objetivo deste trabalho esgotar o assunto

nessa área.

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Em termos de evolução histórica os séculos seguintes se caracterizaram por

mudanças constantes e revoluções seguidas umas das outras, principalmente em virtude

do desenvolvimento de novas ferramentas e tecnologias que possibilitaram a formação

das estruturas sociais que serviriam de base para a ascensão de uma nova forma de se

produzir, lidar e receber informação, intimamente ligada com os passos da

industrialização e de aprimoramento do que, mais tarde, seria chamado de “recurso

digital”.

Castells (1999) indica a existência, na história, de duas revoluções industriais,

sendo a primeira destas no século XVIII e a segunda no século seguinte, a partir do

desenvolvimento e uso da eletricidade e do motor de combustão interna. Ele afirma que

“[...] um conjunto de macroinvenções preparou o terreno para o surgimento de

microinvenções nos campos da agropecuária, indústria e tecnologia” (CASTELLS,

1999, p. 71). O autor afirma também que estas invenções tiveram impacto ímpar na

própria sociedade que as recebeu:“Portanto, atuando no processo central de todos os

processos – ou seja, a energia necessária para produzir, distribuir e comunicar – as duas

revoluções industriais difundiram-se por todo o sistema econômico e permearam todo o

tecido social” (CASTELLS, 1999, p. 75).

Com o tempo, o trabalho de aprimoramento tecnológico realizado de acordo

com a capacidade de cada povo e cultura, viria a ser o grande diferencial nos níveis de

construção de uma sociedade mais ligada aos passos dados pelas novas tecnologias.

Segundo Lopes (2009):

[...] capacidade tecnológica e desenvolvimento regional influenciam-

se reciprocamente: a um padrão elevado espacial de adoção de novas

tecnologias será de esperar que correspondam novas atividades

inovadoras, originando novas estruturas territoriais, através da

instalação de empresas mais avançadas ou da reestruturação das

existentes, mais eficientes e competitivas (LOPES, 2009, p. 1000).

O crescimento das novas formas de tecnologia dariam, portanto, crescimento às

nações que as desenvolvessem. Analisando o século passado, percebemos uma

proporcional relação entre o poderio militar das nações e sua relação com novos

aparatos tecnológicos. Ironicamente, é num contexto de guerra que haverá um salto

histórico para os tempos hodiernos:

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Creditam-se ao período da Segunda Guerra Mundial e ao seguinte as

principais descobertas tecnológicas no campo da eletrônica, como o

primeiro computador programável e o transistor, fonte da

microeletrônica, o verdadeiro cerne da revolução da tecnologia da

informação no século XX. (PEREIRA, SILVA, 2010)

A “globalização”, resultado dos choques culturais daquele tempo, vai impor

maior força com o papel da burguesia na produção e acesso à informação. A hegemonia

da curadoria eclesiástica não mais existia, e agora eram os duques e reis – que estavam

no topo da estrutura social – que gerenciavam a informação, financiando a prensa e a

produção de edições de escritos. Com o tempo, a informação passa a ter seu valor, e

com o peso monetário atrelado a um tipo informacional, é cada vez mais cobiçada.

Esses processos sócioeconômicos ganharão maior fôlego nas revoluções

iluministas e no surgimento de uma classe burguesa cada vez mais aparente. Com o

advento do capitalismo, o comércio ganha novos ares, e com ele a própria noção de

informação – e a demanda por ela.

Os frutos da Segunda Grande Guerra seriam acompanhados pelos grandes

Estados, em especial a União Soviética e os Estados Unidos, que, num contexto de

Guerra Fria e disputa ideológica e geopolítica de domínio mundial, travaram uma

intensa batalha a nível tecnológico, expandindo os limites da tecnologia e construindo

redes que aliassem a informação com a inteligência. Segundo Oliveira Neto et al (2018):

Uma vez instituído esse novo sistema de governança mundial

passamos a conviver com a noção de progresso e o início de dois

fenômenos que iriam mudar as relações sociais, econômicas e

informacionais em todo o mundo: um, chamado globalização, e outro

denominado tecnologia. (OLIVEIRA NETO et al, 2018).

Quando esses dois fenômenos ganham força, a forma de disseminar e, ao mesmo

tempo, acessar informação, muda completamente. Com uma nova divisão no mundo

entre Ocidente e Oriente – agora sob as sombras do capitalismo norte-americano e do

comunismo soviético –, o embate político, ideológico, econômico, cultural e

tecnológico traz o advento das chamadas TICs – Tecnologias da Informação e

Comunicação. É no olho do furacão do desenvolvimento tecnológico americano que é

criada a ARPANET, uma rede de computadores que auxiliavam o programa de

tecnologia espacial dos Estados Unidos.

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A ARPANET foi a primeira rede de computadores e entrou em

funcionamento em 1969, conectando seus quatro primeiros nós, ou

seja, universidades americanas. Na década de 80, a ARPANET

encerra suas atividades e cede lugar à Internet. A partir daí, a Internet

parte para sua difusão internacional, sem fronteiras nem rumos.

Assim, conforme a rede se expandia e ganhava mais adeptos, outras

tecnologias relacionadas à Internet foram criadas. Por volta de 1990,

os ‘não iniciados’ ainda tinham dificuldade para usar a Internet e a

capacidade de transmissão ainda era muito limitada.(PEREIRA,

SILVA, 2010)

Com o fim da Guerra Fria e a internet ficando livre do seu contexto militarizado,

novas técnicas de comunicação e troca de informações são desenvolvidas, através dos

chamados protocolos (padrões de comunicação em rede de informática que dá

comandos aos sistemas e aparelhos).

A partir desse momento, a Internet começou a desenvolver-se

rapidamente, como uma rede global de redes informáticas,

desenvolvimento proporcionado pelo desenho original da ARPANET,

baseado numa arquitetura descentralizada de varias camadas (layers) e

protocolos de comunicação abertos. (CASTELLS, 1999, p. 28)

Da mesma forma como a escrita, os suportes informacionais e as maneiras de

ofertar informação, as TICs também mudaram. Temos, hoje, softwares desenvolvidos

para os repositórios digitais, que preservam a produção institucional; as nuvens; data

centers (centro de dados da instituição que os mantém, gerenciando, por meio deles, os

servidores que mantém as informações); bases de dados desenvolvidas para o acesso

remoto e a catalogação cooperativa via meio virtual, etc. São estes os meios atuais e

mais comuns de se ter contato com a informação. Retomando Le Coadic, ao classifica-

la através do formato escrito, oral ou audiovisual (1996, p. 5), entende-se que as atuais

formas nas quais se acha a informação – independente do conjunto de dados que a

forme – são várias, sendo aplicadas a cada tipo de usuário que dela necessita.

Atualmente, o olhar das instituições responsáveis pela organização da

informação vai além dos nossos tempos. A preocupação das bibliotecas e demais

unidades de informação é com a “travessia” do mundo analógico para o digital,

quebrando cada vez mais barreiras físicas e possibilitando um contato com a informação

maior a cada dia da parte dos usuários.

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Apesar da ausência de um uso exclusivo para o conceito de biblioteca

digital, é cada vez mais importante, para a biblioteca, a capacidade de

digitalização de documentos de qualquer natureza, que a instituição

detém de forma característica ou exclusiva – fotografias, coleções

hemerográficas antigas, coleções especiais etc. Este aspecto tem a ver

com a tarefa tradicional da biblioteca, que nada mais é que selecionar,

organizar, preservar e fornecer acesso aos conteúdos culturais. Não

faz muitos anos que esses conteúdos se encontravam apenas no papel,

mas agora estão em formato digital ou em processo de digitalização.”

(ABADAL, ANGLADA, 2017)

Os autores fazem uma reflexão acerca de uma grande consequência desta

“migração” para uma realidade mais próxima das tecnologias: a digitalização dos tipos

informacionais existentes, de maneira a caminhar lado a lado com as novas demandas

de informação, seja em forma de apresentação, seja no conteúdo:

A preservação digital aumenta sua importância em relação direta com o

número de documentos digitais existentes em uma instituição e também

na medida em que estes já nascem digitais – e talvez nunca tenham tido

outra forma. A preservação digital provavelmente afeta os serviços

administrativos, os serviços de arquivo e os de informática, mas será,

sem dúvida, um serviço que as bibliotecas oferecerão. (ABADAL,

ANGLADA, 2017).

É este o atual esforço das unidades de informação: trabalhar todo o potencial que

as atuais tecnologias apresentam, usufruindo delas para uma maior eficácia em atender a

missão de atender as necessidades informacionais de seus usuários. Em seguida, no

próximo capítulo enfatizaremos os aspectos relacionados diretamente às fontes de

informação.

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3 FONTES DE INFORMAÇÃO E SUAS CARACTERÍSITCAS

As fontes de informação, como o próprio termo já é capaz de descrever por si só,

são as nascentes do aglomerado de dados (informação), de onde se retira o necessário

para a produção de conhecimento.

Dessa forma, a disposição de formato no por meio do qual a informação será

encontrada varia de caso em caso. São muitos os suportes, formatos e possibilidades de

visualização de uma mesma informação. Um livro, por exemplo, pode ser encontrado

em formato digital como também físico– e, neste caso, em várias possibilidades de

edição. O acesso a esses tipos documentais em formatos e meios de apresentação

diversos correspondem também às fontes nas quais eles são encontrados. Cada fonte

possibilita a recuperação de uma informação, aplicada para cada tipo de usuário.

Baggio, Costa e Blattmann (2016, p.33) afirmam que fonte de informação é uma “[...]

ferramenta que auxilia na recuperação de informações para usuários inseridos em

diferentes contextos”. Estas fontes são os meios de se encontrar informações precisas,

obedecendo a um recorte de assunto, tempo, autor, título, conteúdo, etc.

Para Rodrigues e Blattmann (2014), fonte de informação é tudo o que gera ou

veicula informação. No campo de estudo da biblioteconomia, compreendemos que as

informações estão presentes em uma relação de oferta e demanda informacional, em

qualquer que seja a unidade de informação em questão. Em um caráter micro,

analisando uma organização – ou instituição -, entendemos que “[...] o acesso às

informações de uma organização pode se dar através dos indivíduos a ela ligados ou dos

documentos que ela gera” (CAMPELLO, 2000). Em outras palavras, a forma de se

acessar uma informação institucional se dá por meio daqueles que formam esta

instituição ou mesmo do caminho contrário: os materiais informacionais que dela

partem para aqueles que demandam tais informações.

Rodrigues e Blattmann (2014) ainda distinguem as fontes de informação como

internas e externas, variando de acordo com seus formatos, o conteúdo e a própria

natureza de cada uma delas, ampliando essa distinção em outras categorias:

[...] as fontes de informação ou documento podem abranger

manuscritos e publicações impressas, além de objetos, como amostras

minerais, obras de arte ou peças museológicas, podendo ser divididas

em três categorias: documentos primários, documentos secundários e

documentos terciários. (CUNHA, 2001, apud RODRIGUES;

BLATTMANN, 2014).

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Dentro da categorização das fontes podemos apontar como sendo primárias,

secundárias e terciárias, há o limiar entre cada uma delas, de acordo com o processo de

produção e busca das mesmas – que podemos considerar como parte do processo de

fluxo de informação, anteriormente citado.

Figura 1: Descrição dos tipos de fontes de informação.

Fonte: Gomes e Dumont, 2015.

Os primeiros tipos, denominados como primários, teriam a interferência direta

do autor e são o registro de informações “[...] que estão sendo lançadas, no momento de

sua publicação, no corpo de conhecimento científico e tecnológico” (GROGAN, 1992,

apud MULLER, 2000, p. 31). São estas as fontes procuradas quando se quer ter acesso

direto à “fala” da própria organização que a gerou.

As fontes secundárias “apresentam a informação filtrada e organizada de acordo

com um arranjo definido, dependendo de sua finalidade” (Mueller, 2000, p. 31). Ou

seja, são aquelas que nos dão os documentos e informações primários caracterizados de

maneira particular ao nosso interesse, seja pessoal, financeiro, social ou mesmo

científico. Exemplos gerais são as enciclopédias e dicionários.

Por fim, as fontes terciárias são as guias para as fontes anteriores, a exemplo das

bibliografias, os resumos e indexações, os catálogos coletivos, entre outros. Segundo

Pacheco e Valentim (2010, p. 334), “[...] a categorização das fontes de informação

permite compreender a dimensão de cada uma diante de sua função [...]". Entendemos,

portanto, que compreender cada fonte com suas características próprias; seus usos

particulares e os fins específicos é importante para visualizar a dimensão de suas

funções em caráter organizacional – o que, atrelado ao assunto das fontes de informação

católicas, nos leva à problemática: a falta de categorização dos tipos e fontes

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informacionais/documentais geradas e utilizadas externa e internamente em âmbito

eclesial.

Ao longo da história, a criação e desenvolvimento de fontes de informação

diversas foram se adequando de maneira diretamente proporcional ao próprio

desenvolver da sociedade. Este resgate histórico é visto de forma concreta a partir do

momento que contemplamos a difusão científica na história mundial, a cada tempo e em

cada mudança. Se a ciência é produto do conhecimento, e este por sua vez é gerado a

partir da comunicação entre um meio que emite informação e aquele que a recebe, para

trabalha-la interiormente e gerar um saber, a fonte de informação se encontra na gêse da

busca, e portanto da própria comunicação científica.

3.1 AS FONTES DE INFORMAÇÃO DIGITAIS

Além das diversas formas de se enxergar e, consequentemente, categorizar uma

fonte de informação, há que se avaliar uma possibilidade além do comum: a aplicação

das fontes no ambiente digital.

As tecnologias sempre foram produto do desenvolvimento intelectual humano.

Por tecnologia podemos inferir o significado de “ferramenta”, ou algo que irá auxiliar

na elaboração de uma tarefa. Tigre (2006, p. 72) classifica tecnologia “como

conhecimento sobre técnicas, enquanto as técnicas envolvem aplicações desse

conhecimento em produtos, processos e métodos organizacionais.”

Com a grande corrida tecnológica realizada entre os Estados Unidos e a União

Soviética durante parte significativa do Século XX, o que antes era desenvolvido

timidamente, com praticamente fins unicamente militares, passou a ser procurado e

utilizado por toda a população.

A ciência e a academia não estavam restringidas sob a sombra das duas grande

potências científicas, políticas e bélicas. Sendo assim, o contato com a internet (ou

Arpanet – fruto do trabalho dos Estados Unidos), alguns hardwares e softwares (que

surgiram paulatinamente) potencializaram e fomentaram um desenvolvimento de

pesquisa além do ordinário. Agora a comunidade acadêmica podia dispor de meios com

os quais promover pesquisas.

Como outrora exposto, as fontes são os meios nos quais se encontram as bases e

princípios do acesso as informação para a comunicação científica. Com isso, expandido

os horizontes para além dos catálogos, bibliotecas, arquivos e demais unidades de

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informação que apresentavam produto físico, inaugurou-se a era das fontes de

informação eletrônicas, responsáveis, atualmente, por muito do que se encontra como

contributo de pesquisa acadêmico-científica.

Como o meio tecnológico é globalizado, o acesso a informação – e as formas de

a utilizar – se tornam variados. Em se tratando disto, e da responsabilidade daqueles que

promoverão a manutenção e gerenciamento destas gamas de saberes, Bueno e Blatmann

(2005), destacam que é salutar “[...]conhecer os recursos informacionais disponíveis

para desempenhar com habilidade a pesquisa de conteúdos e tomar atitudes específicas

quanto ao uso ético da informação (leal, sigiloso e confidencial)” (BUENO;

BLATMANN, 2005, p. 4).

Outro elemento que deve ser considerado é a segurança e preservação das fonte

eletrônicas, principalmente ao percebermos que estes novos tipos informacionais têm

características que “não são compartilhadas com os documentos em papel” (LEGGETT;

NURNBERG; SCHNEIDER, 1996, p. 95). A ampliação das possibilidades de

transmissão de informações por meio digital também implica em maiores cuidados com

o que é transmitido, bem como com os receptores do que se transmite. Taubes (1996)

trata de vantagens do formato eletrônico de disposição informacionais, em comparação

com o físico, a exemplo das ferramentas de busca e os recursos de áudio e vídeo. Em

suma, quanto mais maleável for a maneira de disseminar uma informação, mais

cuidados se deve ter com o gerenciamento desta. Se, no passado, o suporte físico –

presente através das bibliotecas – dava segurança aos que detinham a informação, nos

tempos atuais as implicações tecnológicas trazem, ao mesmo tempo, inovação e

preocupação.

Com a informatização do acesso a informação, esta deixa de ser “criação do

intelecto ou resultado da produção científica de um indivíduo, mas aquilo que gera

status, poder e, consequentemente, dinheiro” (OLIVEIRA NETO; SOARES;

VECHIATO, 2017). Segundo Ferreira (1989), a realidade da informação eletrônica

surge “[...] como um quarto setor, capaz de mobilizar uma grande massa de

profissionais e de gerar uma nova sociedade, a chama sociedade da informação”. Neste

novo arranjo social, não temos mais o mundo informacional cercado pelos muros das

academias e outras instituições, mas sim o acesso rápido e total ao que se quer

encontrar. São estes os dois principais pontos a classificar a chamada “sociedade da

informação”: acesso globalizado e integral à fonte informacional; e o uso da informação

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não mais como apenas fruto do trabalho intelectual e científico, mas também como meio

de se ganhar capital e adquirir poder.

Isto ocorre com a ascenção de uma nova realidade digital/virtual, que seria,

futuramente, classificada como Web 2.0:

Em linhas gerais, Web 2.0 diria respeito a uma segunda geração de

serviços e aplicativos da rede e a recursos, tecnologias e conceitos que

permitem um maior grau de interatividade e colaboração na utilização

da Internet (BRESSAN, 2007, p. 2)

Uma realidade paralela a esta é a das Tecnologia da informação e comunicação

(TICs), que trazem inovações tecnológicas mais perenes ainda. As TICs, como qualquer

ferramenta, são utilizadas como forma de melhorar os serviços de informação.

Com o uso das TIC as bibliotecas inovaram produtos e serviços, a

noção de valor agregado a informação ganha corpo, as bibliografias

foram substituídas por bases de dados, os levantamentos

bibliográficos feitos através da cópia xerográfica das fichas

catalograficas são realizadas em poucos minutos em catálogos digitais

[...] a consulta ao catálogo, livros e periódicos eletrônicos podem ser

feitos de qualquer lugar que tenha acesso a internet, suprimindo assim

a distância entre a informação e seu usuário. (RIBEIRO, 2012).

No contexto de relação íntima entre informação e tecnologia, por meio do

processo de desenvolvimento tecnológico pós-guerra fria, a aplicação dos conceitos

anteriormente elencados é mais perene. Pinheiro (2006, p. 2) considera o critério de

análise das fontes de informação como sendo, respectivamente, seus conteúdos e

propósitos. Na sociedade informatizada, o grande meio no qual temos nossas demandas

saciadas é, de fato, o digital. Por meio do acesso à realidade digital/virtual, os mundo de

fontes e unidades de informação dispostas na web surgem, dando-nos inúmeras

possibilidades de uso e acesso.

Embora, com a explosão da informação e o surgimento da chamada sociedade da

informação, este recurso seja visto como um produto informacional produzido e usado

como valor econômico – ou ao menos um meio para se chegar ao fim financeiro –, não

é um trabalho em si impossível, traçar uma fronteira entre cada fonte e como ela se

encontra.

No meio eletrônico/digital, a fronteira entre uma e outra fonte é também visível.

Segundo Reis (2005, p. 17), “[...] a busca, o acesso e o uso de fontes de informação

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facilitam a solução de problemas informacionais e colaboram na geração e inovação do

conhecimento”. Destarte, no contexto da sociedade da informação outrora citada, novas

possibilidades de se assimilar informação são desenvolvidas. Rodrigues e Crespo (2006)

afirmam que as fontes digitais/eletrônicas

[...] tendem a unificar seus serviços e recursos, uma vez que juntam

características que anteriormente faziam parte de apenas um único

tipo de fonte, como os índices impressos. Assim pode-se obter, com

um único recurso, a busca, localização e obtenção do documento,

distinguindo-o do panorama anterior onde, para cada passo, utilizava-

se uma ferramenta diferente.

A partir dessa caracterização de uso de tais fontes, as autoras citam alguns

exemplos distintos no ambiente digital/eletrônico. São eles: os periódicos científicos

eletrônicos, inseridos em portais, bases de dados ou na rede em geral, viabilizando o

acesso a artigos variados; as bases de dados, as quais permitem várias formas de se

elaborar uma pesquisa, por pontos de acesso, palavras-chave, descritores, etc.; as

ferramentas de busca na internet, as quais são, normalmente, generalistas, filtrando uma

gama enorme de informação a partir de termos de indexação (exemplos: Google, Bing,

etc.); bibliotecas digitais, as quais “combinam recursos tecnológicos e informacionais

para acessos remotos, quebrando barreiras físicas entre eles” (BLATTMANN, 2001, p.

93); entre outras.

Podemos citar, também, os repositórios digitais, que são vistos como fontes a

partir do momento em que orientam o usuário/pesquisador na busca por material

informacional. Gomes e Rosa (2010, p. 7) apontam os repositórios institucionais como

“[...] uma das estratégias mais eficazes de melhoria das condições de disponibilidade e

facilitação do acesso à produção intelectual, acadêmica e científica dos centros

produtores do conhecimento, como as universidades e centros de investigação”. Em

suma, o papel de reunir produções e organizá-las uniformemente por um único meio

caracteriza um repositório como fonte de informação; afinal, em muitas ocasiões é ao

repositório que usuários encaminham suas pesquisas, confiando no crivo deste meio.

Um segundo exemplo são os catálogos – e aqui são abrangidos os catálogos

físicos e também online (os chamados OPACs –, os quais, pela descrição de Paiva

(2011, p. 3), têm “[...] uma função essencial como meio de comunicação, conduzindo o

usuário à informação almejada com o menor número de falhas e a maior quantidade de

possibilidades possíveis”. (PAIVA, 2011, p. 3). Quanto a estes, são agrupados entre as

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fontes de informação por permitirem a comunicação – termo utilizado anteriormente,

neste trabalho – a qual é o elo entre o acesso à informação e a assimilação para a

geração de conhecimento.

Como observado, há fontes que levam para outras fontes, remetendo umas as

outras por meio da comunicação científica (BAGGIO; COSTA; BLATTMANN, 2016,

p.35). Tomando como base que todas utilizam recursos e suportes diversos para a

apresentação e disseminação da informação em canais distintos e para públicos-alvo

também diferentes entre si, há uma fonte em específico que é utilizada como exemplo –

talvez, dentre todos eles, o mais generalista no seu fim – de comunicação para outras

fontes: a bibliografia.

As bibliografias são o norte de uma pesquisa, e portanto o alimento para um

estudo. Se a ciência necessita de comunicação para tornar-se concreta, a bibliografia

permite esta mesma comunicação para práticas científicas diversas.

Segundo Cunha (2010, 36-37):

a bibliografia é uma lista de referências bibliográficas relativas aos

diversos tipos de fontes de informação sobre determinado assunto ou

pessoa. Em geral, é organizado por ordem alfabética ou cronológica

de autores. Em termos de cobertura, pode ser exaustiva ou seletiva,

podendo trazer apenas a referência bibliográfica ou incluir anotações

sobre o item analisado. Os índices, também denominados bibliografias

correntes, em geral indexam novos livros e artigos de periódicos.

Podem incluir Resumos (abstracts) e são publicados com frequência

variada e de modo regular.

O recurso da bibliografia é, pois, a organização das informações que foram

utilizadas para a formação de um conhecimento em específico, e, portanto,

imprescindíveis para a pesquisa em questão elaborada. Enquanto fonte de informação,

pode ser considerada, como outrora chamada, a mais generalista no seu fim último, pois

abrange tudo o que foi acessado, em suportes, fontes, materiais, informações e tipos

variados, permitindo a recuperação da informação.

Em resumo, conforme apresentado e exemplificado, o desenvolvimento das

fontes de informação corresponde ao caminhar da demanda informacional e da

comunicação científica. Não só isso, mas também dentro de cada unidade e meio

informacional há fontes a serem criadas ou aperfeiçoadas para o bom gerenciamento

informacional e uma melhor recuperação da informação. Na sociedade da informação, a

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tecnologia auxiliou nesse processo, dinamizando mais ainda o contato com o que se

demandava em termos informacionais.

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4 CONSIDERAÇOES GERAIS SOBRE A IGREJA CATÓLICA E

ORGANIZAÇÃO E PRESERVAÇAO DA INFORMAÇÃO

Antes de o relacionamento da Igreja Católica com a dinâmica da promoção e

disseminação da informação neste contexto, é importante retomar aspectos históricos

desta relação, para que a haja uma reflexão necessária do problema e do paradigma

histórico associado e que há entre a disseminação informacional e o meio eclesiástico

católico apostólico romano.

Historicamente, há uma problemática envolvendo a visualização dos processos

informacionais no interior da Igreja5, em seu sistema administrativo e burocrático – sem

desconsiderar aquilo que tem relação mais direta com a própria fé, religiosidade e

espiritualidade. É possível acessar tipos e fontes de informação sob o “prisma externo”,

a exemplo de documentos disponibilizados para os fiéis e toda a sociedade civil, além

do que é exposto em meios como o próprio site do Vaticano. Aquilo que é utilizado em

ambiente interno, porém, é de difícil visualização.

Pode-se inferir, sobre a dificuldade em visualizar a dinâmica dos tipos e fontes

informacionais no interior da Igreja enquanto instituição, que isto ocorre, em partes, em

decorrência do fato de que a necessidade de informação não faz parte dos anseios

exclusivos dos que demandam, mas também dos que ofertam (LE COADIC, 1996). Em

resumo, o acesso às fontes informacionais católicas é dificultado pelo paradigma

custodial6 ainda presente na Igreja Católica, cautelosa em preservar, manter e proteger

seus elementos de referência, registro e conhecimento, ao passo que acaba por criar

arestas na busca informacional.

De forma geral, desde os primórdios de sua existência, a Igreja, ao registrar as

informações sociais e religiosas, acaba por atuar como uma das principais instituições

que contribuíram com a perpetuação da memória. Para Le Goff (1984), a memória

enquanto construção social pode ser compreendida por meio do entendimento que a

mesma implica, sugere sua crucialidade, expressa em noções que se remetem

mutuamente: tempo e espaço, suporte e sentido, memória individual e coletiva, tradição

e projeto, acaso e intenção, esquecimento e lembrança: as diferenças de natureza entre

5 Não e nosso intuito esgotar todas as possibilidades neste campo e sim assinalar os fatos principais

relacionados ao papel da Igreja nos processos de preservação e organização da informação 6 Relação entre o interesse eclesial em disseminar as informação geradas na Igreja e a cautela para com a

preservação e manutenção das mesmas.

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sociedades com escrita ou não. Portanto, ao se propor a registrar informações e

armazená-las ao longo do tempo, a Igreja tem contribuido sobremaneira para a

perpertuação dos registros de informação. No entanto, é sabido que a memória não

existe isoladamente, e sim materializa-se por meio de suportes de informação. E, neste

sentido, corroboramos com Ferreira e Amaral (2004, p.138) quando colocam que:

A memória não pode existir sem o suporte técnico, como algo

puramente cerebral; o passado não pode sobreviver sem os suportes

técnicos que nos inscrevem numa determinada cultura, tradição. Posto

que a memória não é possível sem artifícios como a linguagem, a

escrita, falar de memória é falar de esquecimento.

Neste caso, é fundamental analisar os suportes de informação como elementos

preponderantes das variadas unidades de informação. Neste contexto, um dos suportes

mais importantes que garantem o armazenamento da informação com a potencialidade

de gerar conhecimento são as fontes de informação.

Como já destacado anteriormente, as fontes de informação são comumente

distinguidas umas das outras em três tipos principais: primárias, secundárias e terciárias.

Partindo da primeira tipologia, uma fonte primária de caráter eclesial é uma

encíclica papal, documento escrito pelo próprio Papa, com auxílio e assessoria de um

cardeal, por exemplo, com o intuito de exortar e tratar de um tema de relevância.

Destaca-se a encíclica Mit Brennender Sorge, escrita pelo então Papa Pio XI em 1937,

condenando o regime nazista alemão. Esta fonte, publicada originalmente em alemão e

espalhada entre igrejas e comunidades, era acessada diretamente, sendo a própria voz da

instituição que a elaborou – a Igreja Católica.

Para caracterizar as fontes secundárias eclesiais, que filtram e organizam a

informação em arranjos diferentes, de acordo com cada necessidade, destacam-se os

homiliários – obras que apresentam organizações de homilias de um determinado

sacerdote para a posteridade – destacando a obra “Um Caminho de Fé Antigo e Sempre

Novo”, contendo as homilias do Papa Bento XVI. É um tipo de documento que

organiza fontes primárias em uma nova roupagem, de acordo com a necessidade do

público-alvo.

Como fonte terciária, há o próprio site do vaticano

(http://w2.vatican.va/content/vatican/pt.html), que permite o acesso aos vários

documentos e escritos primários, como bulas e encíclicas, além de homilias, orações,

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audiências papais e informações relacionadas à própria Cidade do Vaticano – a Sede da

Igreja Católica.

Dentro do contexto eclesiástico, é possível citar algumas unidades de informação

comuns à própria Ciência da Informação, cada qual com suas ofertas e demandas

informacionais e, em se tratando da realidade na qual estão inseridas, também com suas

finalidade e objetivos de existência na realidade eclesial: bibliotecas, arquivos, museus,

paróquias e portais.

Sobre as bibliotecas – e citando também os arquivos –, Berto (2012) afirma que

“tornam-se as fontes primordiais de pesquisa, capazes de refletir determinados modelos

de Igreja, seja por sua organização ou pelos itens neles depositados”. Historicamente,

pode-se destacar a Biblioteca Vaticana, fundada por Nicolau V, em 1450, como fruto da

organização do acervo de papas posteriores, sendo a mais antiga biblioteca da Europa,

possuindo mais de 8,3 mil incunábulos (livros impressos nos primórdios da imprensa,

por volta do século XV, 150 milhares de códices manuscritos, 100 milhares de gravuras

e desenhos, 300 milhares de moedas e medalhas e quase 20 milhares de objetos de valor

artístico) – os quais serão, em um projeto iniciado em 2014, integralmente digitalizados

para aqueles que quiserem acessar o conteúdo, que varia da própria religião e arte até

mesmo à ciência.

Acerca, especificamente, dos arquivos, Bacellar (2005, p. 39), os cita como

“detentores de grandes conjuntos documentais”. Recortando o contexto arquivístico

religioso ao catolicismo, o autor afirma que

[...] compõe-se em especial de registros paroquiais de batismo,

casamento e óbito, processos diversos, livros-tombo das paróquias e

correspondência, organizados pelo nome das paróquias e em ordem

cronológica. (BACELLAR, 2005, p. 40).

A importância dos registros paroquiais e diocesanos de cada fiel – seja em

caráter estatístico, para ter poder do número de indivíduos católicos; seja para registro e

preservação da caminhada de fé particular de cada um – é atestada pelo fato de que “a

Igreja, por intermédio do Padroado Régio, atuava como um autêntico serviço público.”

(BACELLAR, 2005, p. 40).

Segundo o mesmo autor:

O uso dos registros de batismo, casamento e óbito sempre foram

essenciais para os genealogistas, mas, a partir da década de 1960, os

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demógrafos historiadores e historiadores da população passaram a

usar tais fontes de maneira bastante intensa alcançando resultados

expressivos na análise dos padrões demográficos de populações do

passado. (BACELLAR, 2005, p. 40).

Os registros paroquiais e diocesanos, com todos os materiais presentes em seu

interior, e independente dos fins para os quais existem e são desenvolvidos,

compreendem uma grande e valiosa fonte de informação primária para o povo

brasileiro, já que até a proclamação da República, em 1889, coube à Igreja Católica

realizar “os registros e a coleta de informações sobre nascimentos (através dos

batizados), matrimônios e óbitos da população brasileira.” (BOSCHI; BOTELHO,

2008, p. 113). Os tipos documentais encontrados nesta unidade de informação – grande

promotora de fontes de informação primárias – remetem à construção do caráter

nacional a partir dos registros da própria existência de tantos cidadãos brasileiros.

A visão da Igreja sobre a importância de seu patrimônio cultural pode ser

encontrada no documento “As bibliotecas eclesiásticas na missão da Igreja”, elaborado

pela Comissão Pontifícia para os Bens Culturais da Igreja em 19 de março de 1994, na

qual se afirma o compromisso católico em manter “viva a memória, dentro das tradições

das sociedades e culturas , sendo assim um meio insubstituível para colocar as

gerações(...) em contato com tudo o que o evento cristão produziu na história e na

reflexão humana, para não privá-los da experiência que talvez já tenha sido alcançada

pelas gerações anteriores nas pegadas de suas respectivas culturas” (PONTIFÍCIA

COMISSÃO PARA OS BENS CULTURAIS DA IGREJA, 1994).

A biblioteca é, portanto, um patrimônio inalienável da Igreja Católica, sendo

uma unidade que, juntamente com arquivos, permite a guarda e preservação do depósito

cultural e de fé católico. Enquanto os arquivos promovem a pesquisa de fatos, dados e

informações muitas vezes pessoais, relacionando registros da própria cidadania com a fé

católica, as bibliotecas trazem fontes de informação primárias – a exemplo de tratados

teológicos, bulas e encíclicas –, como também secundárias – citando aqui as diversas

enciclopédias e organizações, como o “Compêndio dos símbolos, definições e

declarações de fé e moral”, elaborado pelo teólogo belga Heinrich Denzinger, e, por

fim, terciárias – como o próprio catálogo da biblioteca em si.

Outra fonte de informação eclesial é o próprio site do Vaticano, sendo aqui

classificada como um portal, por redirecionar o usuário para vários tipos informacionais

e documentais, dependendo da necessidade informacional e da própria busca elaborada.

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No site são encontrados documentos, cartas, audiências, homilias, mensagens, orações e

uma aba específica para serviços de informação, referentes ao material relacionado à

imprensa.

Estes são alguns exemplos de unidades de informação, com suas respectivas

fontes e o uso de cada uma delas, abarcando o caráter religioso, de acordo com a

importância pessoal de cada material informacional encontrado; o caráter social,

considerando a relação íntima entre usuários/fiéis com os tipos documentais e

informacionais encontrados; e, por fim, o caráter científico, sendo estas e outras fontes e

unidades necessárias para pesquisas de caráter principalmente histórico, mas que são

úteis para a Ciência da Informação na medida em que se busca entender as formas de se

gerenciar a informação em recortes de realidades distintas daquelas fomentadas no meio

acadêmico.

4.1 CLASSIFICAÇÃO DAS FONTES

Analisando o que foi anteriormente exposto, denota-se a variedade de tipos e

fontes que compreendem o universo informacional católico. Em suas mais variadas

fontes de informação, a Igreja deliberadamente promove um acervo de informações

próprio, além de, quando necessita, utilizar do que está fora de seus muros. O maior

contributo deste trabalho – que, entre outras coisas, expões o trato eclesiástico com a

informação que produz e que utiliza – é a definição das fontes de informação católicas,

a partir das conhecidas definições entre primárias, secundárias e terciárias; as unidades

de informação nas quais estão inseridas; e também o meio de onde são geradas – se são

fruto da produção da Igreja ou se é por ela estudada e utilizada.

Mesmo tratando especificamente dos arquivos, a fala do arcebispo Francesco

Marchisano, então presidente da Pontifícia Comissão para os Bens Culturais da Igreja,

em sua carta sobre a Função Pastoral dos Arquivos Eclesiásticos, de 1997, é cabível a

toda a gama de produção informacional eclesiástica. Sobre este universo, o prelado

afirma que os arquivos:

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[...] merecem, pois, atenção sobre o aspecto tanto histórico quanto

espiritual e permitem compreender o ligame intrínseco destes dois

aspectos na vida da Igreja. De fato, através da história diversificada da

comunidade como registrada nos documentos, os traços da ação de

Cristo são revelados, uma ação que nutre Sua Igreja como um

instrumento universal de salvação e a inspira no caminho da

humanidade. Nos arquivos da Igreja, como o Papa Paulo VI adorava

dizer, são mantidos os vestígios datransitus Domini na história da

humanidade (PONTIFÍCIA COMISSÃO PARA OS BENS

CULTURAIS DA IGREJA, 1997).

O que o arcebispo traz como reflexão é que o gerenciamento da informação

católica trabalha elementos que são fruto da caminhada da própria humanidade. Sendo a

Igreja a instituição mais antiga do mundo – e influenciando nos ditames sociais ao

longo dos dois mil anos de existência –, o que ela mantém, protege e utiliza tem

elementos de todos os arranjos sociais que percorreram igual período histórico.

Categorizar as fontes é, além de um trabalho de elucidação daquilo que se encontra na

Igreja, para auxiliar futuras pesquisas, é também aparar as arestas no entendimento de

duas facetas: o que a humanidade produziu e a Igreja utilizou, e o que a Igreja gerou

para que o homem, católico ou não utilizasse. Como está disposto no documento da

Pontifícia Comissão para Bens Culturais da Igreja (1994), referentes às bibliotecas

eclesiásticas:

A mera existência de bibliotecas eclesiásticas, das quais muitas são de

fundação antiga e de extraordinário valor cultural, constitui um

testemunho decisivo deste esforço irrevogável da Igreja para uma

herança espiritual documentada por uma tradição da biblioteca que ela

considera, ao mesmo tempo, como tanto um bem próprio quanto um

bem universal colocado a serviço da sociedade humana.

Ou seja, a compreensão das fontes presentes nas bibliotecas e demais unidades

de informação existentes no contexto eclesiástico é importante não somente para

entender a relação da igreja com a informação existente dentro da própria organização

eclesial, mas também as influências disto na sociedade global, que muitas vezes recorre

às fontes católicas suprir as demandas que necessita. E, em se tratando do papel

primário ao qual a Igreja deve se debruçar, as mais variadas fontes de informação

dispersas entre variadas unidades de informação são imprescindíveis para a catequese,

evangelização e salvação das almas, já que, ao menos em se tratando das bibliotecas, a

criação destas unidades:

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[...] significaria revitalizar o espírito das velhas bibliotecas

eclesiásticas colocadas a serviço da igreja e da cidade, onde se podem

encontrar testemunhos autênticos e documentados da tradição e onde

se pode encontrar a mensagem que emana da cultura cristã

(PONTIFÍCIA COMISSÃO PARA BENS CULTURAIS DA

IGREJA, 1994).

Buscando satisfazer o objetivo ao qual o tema deste trabalho se propõe, foi

elaborado um quadro classificatório das fontes de informação presentes nas unidades de

informação distintas, sendo consideradas as bibliotecas, pelo acervo que apresentam,

preservam e mantém para consulta; os museus, pela proposta de preservação de

memória; os arquivos, uma vez que são centros de documentação responsáveis pela

guarda e manutenção de materiais informacionais importantes para a memória e gestão

da Igreja (a exemplo do Arquivo da Arquidiocese de Natal, que mantém viva a memória

de fatos da Igreja particular em Natal e também serve de base documental para

necessidades presentes); e as paróquias, as quais utilizam de inúmeros documentos

externos a si mesmas, mas também geram outros, os quais são utilizados como

probatórios durante toda a vida de um fiel católico, como, por exemplo, os batistérios

(certificado de Batismo, que atesta que o indivíduo tornou-se cristão e está incorporado

à Igreja Católica Apostólica Romana) e os certificados matrimoniais, comprovante que

um homem e uma mulher estão unidos sacramentalmente.

Quadro 1 – Fontes de informação católicas de acordo com cada unidade de informação

Fonte: autoria própria.

Unidades de Informação Fontes Primárias Fontes Secundárias Fontes Terciárias

Bibliotecas Tratados teológicos;

obras de referência

(ex.: Suma Teológica);

Bulas, Encíclicas;

Sermões; etc.

Organizações de obras (ex.:

conjunto de homilias de

Bento XVI); Coleções de

Sermões do Padre Antônio

Vieira; Organizações de

Encíclicas; etc.

Catálogos de obras;

Enciclopédias

eclesiais; etc.

Museus Paramentos; objetos

litúrgicos; pinturas;

cadernos de anotações;

etc.

Arquivos Atas de reuniões de

pastorais; cartas de

sacerdotes e prelados;

Fotografias; etc.

Documentários de redes de

televisão; gravações

audiovisuais; etc.

Paróquias Batistérios; Certidão

de Matrimônio;

Proclamas nupciais;

Catálogos com fontes

primárias; guias para

orientar no trabalho

com o arquivo

paroquial.

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Para a elaboração do quadro classificatório, foram considerados alguns aspectos.

O primeiro foi o contributo científico do estudo, permitindo que novas pesquisas

tenham base teórica para tratar do tema. O segundo foi o conhecimento próprio de cada

espaço, pela vivência no ambiente eclesial, tendo sido realizadas visitas à biblioteca do

Seminário de São Pedro – Seminário da Arquidiocese de Natal, responsável pela

formação dos futuros sacerdotes – e ao Arquivo da Arquidiocese de Natal, para pesquisa

sobre o funcionamento, objetivo e características do corpo informacional presente em

cada uma destas unidades. Quanto aos museus e paróquias, o contato cotidiano com

estas e periódico com aquelas unidades permitiu que houvesse referencial para tais

análises. O terceiro aspecto considerado foi a conceituação de cada tipo de fonte, de

maneira a definir melhor como cada tipo informacional pode vir a ser classificado,

existindo, em algumas unidades, certos tipos de fontes ou não.

4.2 TIPOLOGIA DOCUMENTAL

Ao analisar todas as fontes de informação católicas, bem como esquematizá-las

de acordo com níveis de uso (primário, secundário e terciário) juntamente com as

respectivas unidades nas quais estão inseridas, denota-se que há um grande apelo aos

documentos. Por mais que hajam unidades com fontes diversas, de bibliotecas aos

museus, contendo objetos, paramentos (trajes litúrgicos), obras de arte e outras coisas

mais, os documentos , registros e livros são os mais percebidos e que recebem maior

atenção da gestão de curadoria que a Igreja promove.

Estes documentos são, em sua maior parte, fontes primárias, por serem

produções da própria Igreja, do Magistério, e fruto do desenvolvimento teológico que

mantém-se ao longo dos dois mil anos de existência da Igreja Católica Apostólica

Romana. Por mais que estejam categorizados sob a ótica das fontes e unidades (cf.

Quadro das fontes de informação católicas de acordo com cada unidade de

informação), seus conceitos plenos não foram abordados aqui, e a isto se refere o

presente tópico.

Conceituar os tipos documentais é uma tarefa importante, que dá mais bases para

o estudo e permite uma exploração futura sobre cada uma delas, uma vez que muitos

leigos não entendem concretamente ao que se propõe cada tipo. Para elucidar isto, foi

realizado o quadro a seguir:

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Quadro 2 – Tipologias documentais de fontes de informação católicas

Fonte: autoria própria.

O quadro anterior serve, portanto, para auxiliar o bom entendimento acerca de

conceitos que envolvem determinados tipos documentais, os quais não são tão

explorados, mas que se abrem para um grande arcabouço teórico, científico e passível

de pesquisas.

Para melhor auxiliar na compreensão dos dados apresentados no Quadro 2,

seguem algumas imagens referentes a algumas tipologias documentais apresentadas:

Tipo documental Conceito Exemplo Fonte de

informação

Tratado teológico Estudo formal acerca de

um determinado tema

teológico, expondo uma

opinião teológica acerca

de uma questão.

Tratado da Verdadeira Devoção à

Santíssima Virgem Maria, de São Luis

Maria Grignion de Montfort, por meio

do qual é exposta a chamada “escravidão

de amor” e a necessidade de se ter uma

grande devoção para com Nossa

Senhora.

Primária

Bula papal Alvará passado pelo

Papa ou Pontífice

católico, com força de

lei eclesiástica.

Quo Primum Tempore, do Papa São Pio

V, através da qual foi instituído o Rito

Tridentino.

Primária

Encíclica Carta circular do papa

abordando algum tema

da doutrina católica.

Pascendi Dominici Gregis, de São Pio

X, condenando os erros do modernismo;

Primária

Batistérios Certificados que

comprovam que um

determinado cristão

recebeu o Sacramento

do Batismo.

Primária

Constituição

dogmática

Documento por meio do

qual o Sumo Pontífice

proclama um dogma.

Dei Filius, do Concílio Vaticano I,

confirmando a Doutrina Católica e os

princípios de fé.

Primária

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Figura 2 – Tratado da Verdadeira devoção à Santíssima Virgem Maria

Fonte: Fraternidade Arca de Maria.

Figura 3 – Bula Papal Quo Primum Tempore

Fonte: Editora Permanência.

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Figura 4 – Carta Encíclica Pascendi Dominici Gregis

Fonte: Editora Burns & Oates.

Figura 5 – Certidão de Batismo

Fonte: Arquivo pessoal de Nestor de Oliveira Filho.

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Nos dois quadros elaborados neste trabalho são elencados exemplos através dos

quais pode ser assimilada uma informação. Muitos deles – as fontes primárias em geral

– são publicados através do Magistério (termo que vem de Magisterium / Magister, o

qual está relacionado a “mestre” e, portanto, à autoridade que ensina) Eclesiástico, o

qual é formado pelos bispos e o papa. Cristo criou a Igreja Católica como instituição

que ligasse e desligasse tudo entre o Céu e a terra, de maneira a guiar os homens pela

Sua Doutrina, os Sacramentos, etc (cf. Evangelho de São Mateus 16, 18-20).

É com esta visão que são elaboradas tantas fontes, pois a Igreja reconhece que

sua missão não é ser uma gestora da informação ou estruturar unidades, e sim ser o

meio da salvação das almas. Todo o arcabouço informacional gerado e utilizado pela

Igreja está sempre intimamente ligado com o sentido salvífico de sua existência, e não

pode ser, jamais, dissociado dele.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como visto ao longo do trabalho, o universo de organização informacional,

disposição e uso de fontes de informações e unidades informacionais presentes no

contexto eclesial é vasto. A Igreja Católica Apostólica Romana construiu, ao longo dos

séculos, um enorme acervo de materiais importantes para sua gestão interna e o contato

dos que estão no mundo externo.

A princípio, a informação era apenas um registro da Tradição – com T

maiúsculo, por ser, neste caso, a representação do chamado “depósito da fé” (Depositum

Fidei) – católica, de maneira a preservar o que os católicos, desde o próprio Cristo,

realizavam, com a doutrina, a liturgia, a Missa e demais atos e fatos da fé.

Depois, a informação adquiriu um valor superior, com cada tipo documental

rigorosamente preservado e protegido nas abadias e mosteiros; estudados e lidos por

monges que transcreviam tais obras – religiosas ou seculares – não mais exatamente

para registro, mas para preservação.

Após esta fase histórica, a disseminação da informação ganha força, com cópias

de obras sendo realizadas e as universidades tomando rumos maiores desde sua criação.

Nesta linha contínua, a relação entre Igreja e informação nos traz aos tempos atuais, em

que podemos acessar as fontes católicas através de meios analógicos ou digitais.

Através deste trabalho, as fontes foram detalhadas, de acordo com tipos

documentais categorizados, de maneira a exemplificar cada uma delas. Com a pesquisa

realizada, também foram acrescentadas unidades de informação ao estudo, uma vez que

não há organização da informação sem uma unidade para organizar, tratar, curar e

preservar esta.

Diante do exposto, compreende-se que a pesquisa atingiu os objetivos propostos,

uma vez que visou apontar as fontes de informação existentes no âmbito eclesiástico,

bem como elencar suas tipologias documentais e funções associadas. dependendo de

onde se encontra no fluxo informacional que cruza informações internas e externas da

Igreja.

O que se espera com a conclusão desta pesquisa é que se compreenda a

importância dos registros e da organização informacional católica, necessária, em

muitos aspectos, para a comunidade científica, a promoção de novos conhecimentos e

também a preservação da memória civilizacional; afinal, como já outrora exposto, a

Igreja Católica teve e tem, não somente como instituição religiosa mas também

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enquanto gestora de informação, papel fundamental na construção do arcabouço

científico da humanidade. Contudo, também não se pode enxergar a Igreja como uma

grande unidade de informação, pois separá-la do seu caráter espiritual e doutrinário

seria mutilar a chamada “missão salvífica” de tal instituição.

Espera-se, pois, que este trabalho possa potencialmente servir de suporte a

futuras pesquisas realizados sobre o tema, e que ao agregar ao conjunto com o que foi

publicado anteriormente acerca de tais questões, fomentar o apreço pelo estudo de uma

instituição tão importante para o desenvolvimento intelectual da humanidade. Em

termos gerais, falar de sociedade da informação – como conhecemos hoje – sem citar o

caminhar que a Igreja Católica realizou, não seria plenamente fidedigno em termos

históricos, e mesmo honesto, pois o hoje não pode ser dissociado do ontem.

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