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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA RICHERLIDA HELENA TEIXEIRA DA SILVA IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL: FORMAÇÃO E EVOLUÇÃO DA REDE GEOGRÁFICA POTIGUAR NATAL/RN 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS LETRAS E ARTES

DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA

RICHERLIDA HELENA TEIXEIRA DA SILVA

IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL: FORMAÇÃO E EVOLUÇÃO DA REDE

GEOGRÁFICA POTIGUAR

NATAL/RN

2018

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RICHERLIDA HELENA TEIXEIRA DA SILVA

IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL: FORMAÇÃO E EVOLUÇÃO DA REDE

GEOGRÁFICA POTIGUAR

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)

apresentado ao Departamento de Geografia, da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte,

como requisito para obtenção do título de

bacharel em Geografia.

Orientador: Prof. Dr. Edu Silvestre de

Albuquerque.

NATAL/RN

2018

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Ao Eterno que me sustenta e que

me deu as mulheres mais

preciosas da minha vida: Dona

Fátima, dona Helena, Gabriela e

Maellem.

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AGRADECIMENTOS

Àquele criador de tudo que existe na terra e além dela, dono do tempo e do espaço. Ao

poderoso que governa sobre tudo com justiça e poder absoluto, seu território é imensurável,

tal como Ele é. Àquele que criou o íntimo do meu ser e o conhece perfeitamente, que me

teceu no ventre da minha mãe e até hoje provê tudo que necessito para sobreviver. Ao único

Deus, meu amado Salvador. Vendo toda a depravação do meu coração, enquanto ainda estava

morta em meus pecados, amou-me com amor que jamais entenderei. A Ele toda a minha

gratidão, a Ele toda a glória e louvor. A Ele dedico minha existência, dedico meu curso e à

Ele dedico este trabalho. Só o conclui porque fui pega nos braços e recebi consolo e força.

Creio, na verdade, que esta foi uma oportunidade preciosa de conhecê-lo ainda mais e de

provar de sua grandeza.

Uma das minhas principais "linguagens do amor" é a chamada "Palavras de

afirmação" e, por isso, preciso me conter para não tornar meus agradecimentos um capítulo da

monografia. Depois que dediquei um parágrafo inteiro de agradecimento a Deus, continuo o

fazendo em todo texto. Não se trata de um primeiro lugar que tributo, pois reconheço que está

em todos os outros lugares também, de suas mãos provém tudo. Contudo, necessito falar

sobre pessoas tão importantes que Ele usou, detalhista como é, para me abençoar neste

percurso. Minha mãe, Fátima, é a minha maior incentivadora e, certamente, a pessoa que mais

amo em toda a vida. Meu pai, Ricardo, é o homem que me ensinou desde muito nova a

importância do estudo, que me deu as broncas e formou consideravelmente meu caráter.

Gabriela e Maellem, minhas duas irmãs mais novas, são aquelas que despertaram meu lado

materno e que mais me fazem derramar lágrimas em oração para que um dia conheçam o

próprio Amor. Ah! Também foram as fornecedoras das melhores massagens quando eu

chegava derrubada pela rotina. Helena, minha vó, foi a pessoa que primeiro me apresentou a

Cristo e que impediu a minha mãe (Aos 16 anos me colocou no mundo) de me dar danoninhos

ao invés de leite. Tios e tias, primos e primas. Muito obrigada a todos vocês, que estão

comigo desde o nascimento e que colaboraram para que eu estivesse onde estou, para que eu

me tornasse quem sou.

Fazer uma pesquisa com um cunho religioso em uma universidade pública no Brasil é,

no mínimo, uma aventura. Encontrar alguém que me orientasse academicamente foi dureza.

Este é um motivo que, mais uma vez, leva-me a agradecer imensamente a Deus! O professor

Edu foi uma grata surpresa durante minha reta final de curso. Sempre prestativo, flexível e, de

fato, interessado em me guiar para que realizasse um bom trabalho. Estendo meus

agradecimentos a outros professores que contribuíram direta ou indiretamente em minha

formação como geógrafa, especialmente: Professor Edilson, Zuleide, Fransualdo, Maria

Pontes, Juliana e Rodrigo. A UFRN me deu bons amigos, parceiros de artigos científicos e

nas andanças pelo mundo: Lucas Soares, Matheus Fortunato, Emanoel Wemerson, Pedro

Máximo, ao Centro Acadêmico e toda a turma 2015.1 - A Geografia jamais conhecerá um

time como o nosso! Uma das melhores experiências vividas nos últimos tempos por mim foi a

de lecionar junto à melhor equipe - Aos amigos do Barco Escola Chama-Maré também

direciono meu amor e gratidão aqui.

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Aos pastores da Igreja Presbiteriana do Brasil que cooperaram com esta pesquisa,

receberam-me em suas igrejas de forma atenciosa, conversaram e me incentivaram - mesmo

diante de agendas lotadas e muitas atribuições: Ao meu pastor amado, o Reverendo Diogo

Jorge Gonçalo, da Igreja Presbiteriana do Pirangi; Ao Rev. Marcos Tadeu, da Igreja

Presbiteriana de Natal; Ao Rev. José Romeu, da Igreja Presbiteriana Memorial; Ao Rev.

Marcos Severo, da Igreja Presbiteriana de Mossoró.

O livro de Provérbios fala repetidamente sobre os bons amigos que, nos momentos de

angústia, mostram-se como irmãos; que às vezes nos ferem para que possamos continuar a

viver e que nos anima quando queremos parar. Tenho experimentado isso como mais uma

forma graciosa do Criador de cuidar de mim: Letícia, Nath, Nathércia e Geórgia - Como tem

sido bom e intenso crescer com vocês. Larissa, Duda, Thayse - Minhas eternas renovadas,

amigas de infância! Marie e Rebeca, com quem tenho dividido a vivência do verdadeiro

Discipulado - é um privilégio! Pedro e Cristóvão, minha rede de apoio geográfico. Isaque

Guilguer e Mateus, minha rede de apoio da história. Everton, Jamisson, Cleanderson e Daniel

Bastos, que exercem TODAS as funções de irmãos mais velhos. Aos amigos das próximas

resenhas da vida; aos amados da Assembleia de Deus - Lírio das Serras e setor 16, que me

viram crescer e foram também como minha segunda família. Aos meus tão preciosos irmãos

da Igreja Presbiteriana do Pirangi: Diego foi meu "guia rápido de consultas presbiteriano"

durante os últimos meses; Mariane, a melhor assistente social que o mundo já teve notícias e

que me ajudou de tantas formas que nem sei contar; Débora, que confiou a mim seu livro

autografado por Franklin Ferreira para que eu tivesse um norte sobre a história da Igreja e à

todos os outros queridos que fazem parte da UMP - é muita gente, não dá pra citar todos os

nomes. Aos queridos amigos da melhor CRUmunidade: Tem sido maravilhoso viver, junto à

vocês, a missão que Deus nos deu também aqui na UFRN - Até que cada estudante conheça

alguém que verdadeiramente segue a Cristo.

Encerro aqui, em um misto de alegria infinita e tensão por saber que poderia citar mil

nomes importantíssimos para mim e que amo. Eu não mereço nada disso e as palavras jamais

serão suficientes para descrever a euforia que sinto agora.

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“Pois todas as coisas foram

criadas por Ele, e tudo existe por meio

dele e para Ele. Glória a Deus para

sempre. Amém!” (Romanos 11:36)

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RESUMO

Este trabalho consiste em uma análise descritiva da formação do território-rede da Igreja

Presbiteriana do Brasil (IPB) no Rio Grande do Norte, uma das denominações mais antigas

no estado. Sua origem remete à Reforma Protestante, no século XVI, estabelecendo assim um

tipo de domínio religioso que se desenvolveu em diversas áreas da sociedade. O objetivo

deste trabalho é compreender como o território da IPB foi estabelecido no Rio Grande do

Norte, desde a fundação da primeira igreja, em 1882, na cidade de Mossoró. Elaboramos

cartogramas da distribuição dos templos, seguida da análise da correlação com variáveis

demográficas e socioeconômicas. Sabendo que a noção geográfica de território está

relacionada ao exercício de algum tipo de poder, o proselitismo da fé protestante se destaca no

caso em estudo, razão pela qual também estudamos sua forma de organização interna através

de documentos oficiais da igreja. Para que os fins fossem alcançados, utilizamos dados

estatísticos dos municípios do estado obtidos junto a órgãos como o Instituto Brasileiro de

Geografia Estatística, e por meio da própria IPB que forneceu as localizações de templos.

Entrevistas foram realizadas com lideranças da IPB no RN para esclarecimento sobre pontos

importantes da pesquisa, tornando possível uma visualização mais precisa do cenário para o

estado.

Palavras-chave: Território-rede. Igreja Presbiteriana do Brasil. Geografia da Religião.

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ABSTRACT

This paper consists of a descriptive analysis of the formation of the territory of the

Presbyterian Church of Brasil (IPD) in Rio Grande do Norte, being one of the most ancient

denominations in the State. Its origin goes as far as the Protestant Reformation, in the 16th

century, establishing a kind of religious domination that developed in diverse areas of the

society. The goal of this paper is to understand how the IPB's territory was established in Rio

Grande do Nortem since the foundation of the first church, in 1882, in the city of Mossoró.

We draw cartograms of the distribution of the temples, followed by an analysis of the

correlation with demographic and socioeconomic variables. Bein aware that the geographic

notion of territory is related to the exercise of some kind of power, the proselytism of the

evangelical faith stands out in this study, reason why we also study the inner organization of

the church through its official documents. In order to fulfill these goals, we use statystical data

from the municipalities, obtained from agencies as the Brazilian Institute of Statystical

Geography, e from IPB itself, that provided us with location of the temples. We also

conducted interviews with the leaders of IPB in the State, to clarify important topics of our

research, allowing for a more precise visualization of the scenario for the state.

Keywords: Territory. Presbyterian Church of Brazil. Geography of the Religion.

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LISTA DE SIGLAS

BCW Breve Catecismo de Westminster

CE Comissão Executiva

CEPAC Centro Presbiteriano de Apoio à Criança

CGADB Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil

CMW Catecismo Maior de Westminster

CNADB Convenção Nacional das Assembleias de Deus no Brasil

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDHM Índice de Desenvolvimento Humano Municipal

IPB Igreja Presbiteriana do Brasil

IPN Igreja Presbiteriana de Natal

IPP Igreja Presbiteriana do Pirangi

IURD Igreja Universal do Reino de Deus

JMN Junta de Missões Nacionais

PIB Produto Interno Bruto

PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

PPTG Presbitério Potiguar

SAF Sociedade Auxiliadora Feminina

SC Supremo Concílio

SPB Sínodo da Paraíba

SPRN Sínodo Paraíba Rio Grande do Norte

SRN Sínodo Rio Grande do Norte

SUDENE Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste

UMP União da Mocidade Presbiteriana

UPH União Presbiteriana de Homens

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LISTA DE GRÁFICOS E FIGURAS

Gráfico 01 - Distribuição de fiéis por grupos religiosos no RN - 2010

Gráfico 02 - Distribuição de fiéis por grupos religiosos Pentecostais no RN - 2010

Quadro 01 - Quadro comparativo conceitual entre Território e rede em Rogério Haesbaert

(2004)

Figura 01- Organograma de organização interna da Igreja Presbiteriana do Brasil

Figura 02 -Antigo Sínodo Paraíba Rio Grande do Norte da Igreja Presbiteriana do Brasil

Figura 03 - Primeira Igreja Presbiteriana do Brasil em Natal

Figura 04 - Evolução histórica da Igreja Presbiteriana do Brasil no RN

Gráfico 03 - Número de municípios com templos da Igreja Presbiteriana do Brasil no RN

1982/2000

Quadro 02 - Primeiros povoados no RN em 1807

Figura 05 - Carta topográfica das Províncias do RN e Paraíba. J. deVilliers de l’Île d’Adam

Quadro 03 - Períodos de criação dos municípios do Rio Grande do Norte

Figura 06 - Presença da IPB nos municípios do Rio Grande do Norte

Figura 07 - Mesorregiões do Rio Grande do Norte

Figura 06- Ano de fundação da Igreja Presbiteriana do Brasil nos municípios do Rio Grande

do Norte

Figura 07 - Número de implantação de templos da Igreja Presbiteriana do Brasil nos anos no

Rio Grande do Norte

Quadro 04 - Anos de Fundação de igrejas em municípios do RN

Figura 08 - Áreas de abrangência dos presbitérios da Igreja Presbiteriana do Brasil no Rio

Grande do Norte

Figura 09 - Relação entre templos da Igreja Presbiteriana do Brasil e IDHM no Rio Grande do

Norte

Figura 10 - Graduação para a classificação do Índice de Desenvolvimento Humano

Figura 11 - Regiões de Influência do RN (1968)

Quadro 05 - Implantação de templos em municípios de 1945 a 1988

Figura 12 - Relação entre Templos da Igreja Presbiteriana do Brasil e Produto Interno Bruto

dos municípios no Rio Grande do Norte

Figura 13 - Relação entre presença de Igrejas Presbiterianas do Brasil e população por

município

Quadro 06 - Maiores taxas de crescimento entre municípios do RN

Quadro 07 -Relação entre porte de municípios e total de templos do Rio Grande do Norte

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 13

1.1 Problemática da Pesquisa 14

1.2 Procedimentos Metodológicos 17

1.3 Referencial teórico 18

2 A FORMAÇÃO DA IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL

NO ESTADO 25

3 FORMAÇÃO DA REDE-TERRITÓRIO DA

IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL NO ESTADO 30

4 ANÁLISE DE INDICADORES 44

4.1 Índice de Desenvolvimento Humano 44

4.2 Produto Interno Bruto 49

4.3 População 51

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 55

REFERÊNCIAS 58

ANEXOS 61

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1 INTRODUÇÃO

A religiosidade permeia o desenvolvimento da civilização desde os tempos mais

remotos por meio da inserção de valores que transpassam a ordem social. É crivo para

discernir sobre a moralidade, dá origem às leis civis e ainda atua sobre as transações

econômicas e no comportamento dos agentes políticos, direta ou indiretamente. A

humanidade carece de algum tipo de espiritualidade e acredita que melhor está quando regida

por algum ente superior, sejam deuses, governantes ou ideias. Este correspondente político do

plano espiritual pode ser observado não apenas nos Estados Teocráticos, dentro e fora do

Ocidente, mas também nos cultos estatais desde a Grécia e Roma Antigas até os Estados

Modernos de corte hobbesiano.

Se a fé é inerente ao homem, para quem ou a o que está direcionada a fé, não é algo

comum a todos, e nem sua forma de expressão - assim surgem as diferentes religiões e seus

segmentos na história. Diversos ramos da ciência têm se debruçado sobre o fenômeno

religioso em diferentes perspectivas. A Geografia detém-se nas discussões acerca da

identidade e espacialidade do fenômeno religioso através da contribuição de suas principais

categorias de análise: Espaço, Território, Paisagem, Região, Lugar.

Pode-se observar que se os eventos relacionados à religiosidade ocorrem em um

determinado "tempo", ocorrem necessariamente em um “onde” (ROSENDAHL, 2005). A

ideia de que os eventos religiosos ocorrem no espaço geográfico implica no entendimento de

que estes são produzidos por diversos agentes, em contextos de cooperação e conflito,

considerando as assimetrias das relações de poder. O funcionamento interno de comunidades,

seus regimentos, interferem no uso e ocupação do espaço. E, quando esse espaço é observado

a partir do poder que um grupo exerce sobre dado lugar, trata-se do estabelecimento de um

território (RAFFESTIN, 1993; CLAVAL, 2002).

A religião também envolve diferentes paisagens, como trata Rosendahl (2005). Este

autor também considera que a prática social configura um fenômeno de interesse geográfico

quando imprime sua marca cultural no espaço. Essas são as “lentes” escolhidas pelos

geógrafos que se empenham em compreender o fenômeno religioso. A Geografia Cultural é a

vertente que habitualmente estuda as relações entre Geografia e Religião, ainda que não seja a

única capaz de fazê-lo. Como afirma Rosendahl (2005), os estudos geográficos objetivam

explicar o funcionamento das práticas religiosas, identificar e padronizar seu comportamento

espacial. Vê-se que o movimento dado pelas religiões podem ter também uma razão

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instrumental, quando se avalia as capacidades técnicas de cada igreja para apropriarem-se de

novos territórios e, assim, modificá-los.

Em suas investigações sobre o “sagrado e profano” os geógrafos ainda remetem à

categoria de análise do lugar, pela existência dos simbolismos que manifestam valores e

significados àqueles participantes das práticas religiosas. Esse é um avanço da Geografia

Cultural em relação ao modelo proposto por Raffestin (1980), quando apenas transpunha as

categorias marxistas para estabelecer uma espécie de linguagem econômica do fenômeno

religioso, definindo esta como um tipo de “capital religioso” e como um grande mercado.

Sendo assim, o objetivo geral desta pesquisa é compreender a evolução da

territorialização em rede da Igreja Presbiteriana do Brasil no Rio Grande do Norte, em um

recorte temporal de 1882 até a atualidade. Para isto, os objetivos específicos envolvem o

mapeamento da rede de templos da IPB no estado; a identificação dos possíveis fatores

locacionais e populacionais que influenciam a expansão da rede de templos da denominação

no estado; e a descrição da estrutura interna da denominação no que for importante à

compreensão de suas estratégias espaciais expansivas.

1.1 PROBLEMÁTICA DE PESQUISA

Por muito tempo, o Ocidente foi dominado pela Igreja Católica Romana. Ela ditava

cosmovisões e dominava sobre vastas áreas territoriais. Contudo, com a Reforma Protestante

e as ideias iluministas, que traziam o homem para o centro das discussões (FERREIRA,

2016), tem-se notado a diminuição de seu poder sobre a intelectualidade e sociedade em geral,

consequentemente, o recuo de sua potência. Todavia, o protestantismo também não manteve

unidade em suas crenças e políticas internas, ocasionando novos cismas e originando

diferentes denominações dentro da religião cristã.

Nas últimas décadas viu-se surgir mais segmentos religiosos decorrentes da

proliferação do movimento pentecostal. Conforme Araújo (2018), o entendimento dessas

diferenciações religiosas remetem à Teologia e à Antropologia, que estudam mais a fundo os

aspectos sociais e bíblicos. Entretanto, não desconsiderando as questões teológicas, a ciência

geográfica diferencia tais segmentos a partir da observação das materialidades e

imaterialidades particulares das denominações postas nos lugares.

Observando o movimento das denominações religiosas sobre o espaço, nota-se que

acontece segundo o desenvolvimento dos locais que estão inseridos. Em sua origem, como

afirma Araújo (2018), as igrejas pentecostais atuavam segundo a lógica dos “arquipélagos de

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regiões mercantis”, portanto, um território desarticulado. Então, seus métodos de proliferação

de informações se davam por técnicas disponíveis na época que vencessem as barreiras físicas

existentes. Para evitar longas viagens em estradas perigosas entre localidades distantes,

optava-se por construir locais de cultos em áreas mais centrais e criaram-se zonas de

evangelização geridas pelas “igrejas matrizes”. Os dados censitários recentes concernentes a

religiões no Brasil mostram a grande multiplicação do número de evangélicos, enquanto a

Igreja Católica apresentou certo recuo em número de fiéis. Contudo, no meio evangélico há

grande desproporcionalidade, sobretudo nos últimos 30 anos, diante do avanço das vertentes

já citadas - Pentecostais e Neopentecostais - em relação às igrejas históricas, primeiras a

chegarem ao país:

Os resultados do Censo Demográfico 2010

mostram o crescimento da diversidade dos grupos

religiosos no Brasil. A proporção de católicos

seguiu a tendência de redução observada nas duas

décadas anteriores, embora tenha permanecido

majoritária. Em paralelo, consolidou-se o

crescimento da população evangélica, que passou

de 15,4% em 2000 para 22,2% em 2010. Dos que

se declararam evangélicos, 60,0% eram de origem

pentecostal, 18,5%, evangélicos demissão e 21,8

%, evangélicos não determinados. (IBGE, 2010,

n/d)”1

O IBGE reconhece dois grupos protestantes: os evangélicos “Missionários” e os

pentecostais. Os missionários totalizam 59.982 adeptos no Rio Grande do Norte, segundo os

dados do Censo 2010. Esta é a primeira edição em que o IBGE faz a contagem segundo

diferenciações mais específicas dos protestantes. Incluem-se Presbiterianos, Congregacionais,

Batistas, Metodistas, Luteranos e Adventistas.

1Disponível em: https://censo2010.ibge.gov.br/noticias-

censo.html?busca=1&id=3&idnoticia=2170&t=censo-2010-numero-catolicos-cai-aumenta-

evangelicos-espiritas-sem-religiao&view=noticia

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Gráfico 01: Distribuição dos fiéis por grupos religiosos no RN - 2010

Fonte: IBGE, Censo demográfico de 2010

Organização: SILVA, R. H., 2018

Em 2010, os Pentecostais figuram em um total de 328.044 adeptos no Rio Grande do

Norte, distribuídos entre Comunidade Evangélica, Assembleia de Deus, Deus é Amor,

Congregação Cristã no Brasil, Casa da Bênção, Igreja do Evangelho Quadrangular, Maranata,

Vida Nova, O Brasil para Cristo, Igreja Universal do Reino de Deus, dentre outras. Contudo,

embora oficial, essa não é a única categorização das Igrejas Evangélicas.

Gráfico 02 - Distribuição dos fiéis por grupos religiosos pentecostais no RN

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Fonte: IBGE, Censo demográfico de 2010

Organização: SILVA, R. H., 2018

Como mostram os diversos relatos e documentos históricos sobre o protestantismo no

Brasil, o presbiterianismo foi uma das primeiras vertentes a implantar suas igrejas no país,

junto dos Congregacionais e Batistas2. Localizou-se primeiro nos centros urbanos e expandiu

para mais áreas ao longo dos anos, vencendo junto a outras denominações a competição com

a Igreja Católica. Porém, apesar de ser uma das mais antigas, não apresenta tanta notoriedade

se comparada à linha pentecostal e Neopentecostal.

A Igreja Presbiteriana do Brasil foi fundada em 1859, e é a mais antiga das

denominações do presbiterianismo; as outras igrejas são: Igreja Presbiteriana Independente do

Brasil (1903); Igreja Presbiteriana Conservadora (1940); Igreja Presbiteriana Fundamentalista

(1956); Igreja Presbiteriana Renovada do Brasil (1975) e Igreja Presbiteriana Unida do Brasil

(1978) (IPB, 2018). Contudo, o que ocorre em escala nacional também é visto em escala

estadual: Igrejas como Assembleia de Deus, principal expoente Pentecostal e Igreja Universal

do Reino de Deus, principal expoente Neopentecostal, possuem maior número de adeptos,

maior popularidade e expressividade no Rio Grande do Norte.

A longevidade da Igreja Presbiteriana do Brasil, em uma primeira análise, poderia

significar maior poder de influência e abrangência espacial - Como visto, não é o que ocorre.

Este é um fenômeno que foge à lógica geralmente vista e pode ser discutido sob a ótica

geográfica.

1.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Para representação do território-rede da Igreja Presbiteriana do Brasil no recorte

territorial do Rio Grande do Norte, foi realizado levantamento bibliográfico sobre a

espacialidade do fenômeno religioso para fundamentar a discussão teórica. Parte dos dados

utilizados foram coletados de bancos de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE), sobretudo, informações do Censo de 2010, tendo em vista ser o mais

completo quanto as informações necessárias. Sabe-se que o censo brasileiro ocorre a cada dez

anos, contudo, a população de fiéis de cada denominação religiosa só aparece em 2010. Junto

ao IBGE, foram coletados os seguintes dados: População, Índice de Desenvolvimento

2 Todas estas denominações fazem parte do protestantismo histórico, linha reformada influenciada

também pelas ideias de João Calvino.

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Humano e Produto Interno Bruto, segundo o Censo 2010 e outras coletas que são feitas

periodicamente, para correlação e discussão sobre as possibilidades locacionais. Estes podem

ser indicadores importantes para a compreensão de como se configura e funciona no Rio

Grande do Norte o território-rede da Igreja Presbiteriana do Brasil. Além das informações já

colocadas, os mapas também trazem informações mais detalhadas sobre quantidade de igrejas

e congregações em cada município em que a IPB já se instalou. A instituição possui o portal

iCalvinus, onde também foram coletadas informações como a localização dos templos no Rio

Grande do Norte. Ela ainda contribuiu no fornecimento de fontes históricas, a partir da

disponibilização de documentos como atas de relatórios sobre as reuniões do Supremo

Concílio a nível nacional, do Sínodo Rio Grande do Norte - a nível estadual - e de Presbitérios

- a nível local. Nestas reuniões são discutidos os resultados obtidos pela Igreja Presbiteriana

do Brasil, e são traçadas as metas e os procedimentos.

As entrevistas semi-abertas foram direcionadas a clérigos e dirigentes da IPB e estão

nos anexos desta monografia. O reverendo Marcos Severo, pastor em Mossoró, e um dos

responsáveis pelo avanço da Igreja Presbiteriana do Brasil em direção ao interior do estado,

colaborou em especial com nossa pesquisa ao fornecer as datas de fundação e um breve

histórico de cada templo no estado, entre outros. As entrevistas com os reverendos Marcos

Tadeu, Jose Romeu e Diogo Jorge também trouxeram esclarecimentos importantes ao

trabalho, especialmente sobre a história da Igreja Presbiteriana do Brasil em Natal e em

Mossoró, sobre a Teologia da denominação e o funcionamento interno; e sobre a questão da

IPB como agente político na sociedade, elucidou a organização “externa” das igreja. Obtidas

as informações necessárias, foram confeccionados cartogramas a partir da utilização de

técnicas de geoprocessamento a fim de melhor compreensão do território-rede da Igreja

Presbiteriana. O software livre utilizado foi o Quantum Gis.

1.3 REFERENCIAL TEÓRICO

O espaço geográfico é o produto das interações entre homem e ambiente. Possui dimensões

econômicas, sociais, culturais e políticas. Porém, outra categoria geográfica nos auxilia na

compreensão da homogeneidade do fenômeno observado nesta pesquisa - o território. Ele já é

utilizado em outras áreas da ciência, como na Biologia, para tratar sobre as áreas de vivências

dos seres vivos. A diferença aqui está na preocupação com o destino, com a construção do

futuro (SANTOS e SILVEIRA, 2001).

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Há discussões sobre uma hierarquização dos conceitos por parte de autores. Santos

(1996) os equivale utilizando o conceito de “Território usado”, ao invés de apenas “território”,

seria “usado” a partir do acréscimo de ciências e técnicas. Raffestin (1993), por sua vez,

assume que o espaço geográfico é anterior ao território.

A produção de um espaço, o território nacional,

espaço físico, balizado, modificado, transformado

pelas redes, circuitos e fluxos que aí se instalam:

rodovias, canais, estradas de ferro, circuitos

comerciais e bancários, auto-estradas e rotas aéreas

etc. O território, nessa perspectiva, um espaço onde

se projetou um trabalho, seja energia e informação,

e que, por conseqüência, revela relações marcadas

pelo poder. O espaço é a "prisão original'', o

território é a prisão que os homens constroem para

si. (RAFFESTIN, 1993, p. 2).

Portanto, este é um conceito com múltiplos significados e usos. Emerge,

principalmente nas discussões políticas da Geografia, como uma categoria de análise.

Entretanto, tem-se visto outras vertentes partindo da perspectiva territorial para a

compreensão de seus fenômenos e objetos de estudo, o caso da Geografia Cultural, onde

relaciona-se às vivências humanas, implicando em uma “politização do espaço” e sua

produção, que projeta interesses econômicos, sociais, culturais e políticos (COSTA, 1992)

Em suma, tem-se o território como projeção de poder em uma área determinada. Seu

estabelecimento envolve atores - os que exercem a influência e aqueles influenciados; suas

políticas ou crenças - que direcionam suas intenções; as estratégias que utilizam para

concretizar seus objetivos; os meios que permitirão isso; os códigos, além do tempo e do

espaço em que ocorrerão (RAFFESTIN, 1993). Outros elementos são necessários para manter

o controle, que o fazem funcionar sistematicamente, conforme tessituras, nós e redes.

Portanto, para além da discussão de território existe a discussão sobre redes e zonas

geográficas. As redes seriam “Um conjunto de localizações geográficas interconectadas entre

si por certo número de ligações” (CORRÊA, 1997, p. 107 apud ARAÚJO, 2018, p.39), uma

infraestrutura que, posta no território, possibilita o transporte de energia, de informação;

ligadas em fixos e fluxos, que lhe conferem caráter de mobilidade. Essas próteses territoriais

são implantadas em diferentes contextos históricos, algumas permanecem, outras já não

existem mais, foram transformados e/ou substituídos.

Sendo assim, o entendimento das mudanças dos limites das áreas de abrangência e

dominação de determinado fenômeno, perpassa pela capacidade de determinados atores

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ativarem pontos e linhas ou mesmo de criá-los (SANTOS, 1999). Elas não existem de

maneira uniforme em seus traços, na concentração deles nos lugares ou em seus usos,

possuem mais de um agente para dirigir, intencionalmente ou não, seu funcionamento. As

redes são também cada vez mais globais, pois as técnicas permitem isso a medida que

avançam no tempo e no espaço, de forma que não se pode mais compreender totalmente

determinado fenômeno considerando apenas um recorte local, esquecendo totalmente o resto.

As dinâmicas de uma rede se dão nesses dois âmbitos, e representam o que serve a esse

propósito de aumento da fluidez:

“Outro dado indispensável ao entendimento das situações ora vigentes é o estudo do

movimento de homens, capitais, produtos, mercadorias, serviços, mensagens, ordens. É

também a história da fluidez do território, hoje balizada por um processo de aceleração”

(SANTOS, 1996, p. 91).

E para que serve a fluidez? Temos uma “rede social” que se dá em função das

pessoas, com mensagens, valores. Ela está no espaço reticulado, aquele cujo está a resposta

aos estímulos das produções, seja de forma material ou imaterial. Tal como o território, tal

como o espaço, rede é poder. Segundo Taylor e Thrift (1982 apud SANTOS, 1996), ela tem

papel importante na construção das estruturas organizacionais. Santos (1996) destaca que as

redes são, por vezes, condição para o exercício do poder. Poder em uma rede significa não só

a capacidade de gerar determinada coisa, mas colocá-la em movimento, transformar em

fluxos. Na atualidade, as informações são transmitidas instantaneamente, de maneira que as

coisas se concretizam não mais em um só lugar, na hora em que se considera adequado,

tornando mais eficaz e produtivo para aqueles que controlam:

Tanto sua constituição como seu uso exige,

todavia, parcelas volumosas de informações que se

distribuem segundo métricas diversas. A natureza

dessa informação e sua presença desigual entre as

pessoas e os lugares tampouco é alheia a esses

conteúdos técnico-científicos. (...) A informação

[é] como recurso, com áreas de abundância e áreas

de carência”. (SANTOS, 1996, p. 93).

Santos (1996) afirma que as redes podem se dar a partir das seguintes situações: da

polarização de pontos de atração e difusão, como as ditas “redes urbanas”; numa projeção

abstrata, como os paralelos e meridianos do globo ou projeções concretas de ligação, como é

o caso das redes hidrográficas. O autor encara a relação de território e rede como algo

processual, que está em nossa realidade. Alguns cientistas tendem a separá-los, outros

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identificam suas similaridades e os agrupam criando a noção de “território-rede”, onde cada

polo pode articular várias redes. Para Haesbaert (2004), não existe um território sem rede, em

“O mito da desterritorialização” ele apresenta um quadro sobre o que seria uma “visão

dicotômica” entre estes conceitos:

Quadro 01 - Quadro comparativo conceitual entre Território e Rede em Rogério Haesbaert

(2004)

Território Rede

Intrínseco Extrínseca

(Mais introvertido) (Mais extrovertida)

Centrípeto Centrífuga

Áreas, superfícies Pontos (nós) e Linhas

Delimita Rompe limites

(Limites) (Fluxos)

Enraizamento Desenraizamento

Mais estável Mais instável

Espaço areolar Espaço reticular

(“Habitação”) (“Circulação”) (Berque)

Espaço de lugares Espaço de fluxos

Métrica topográfica Métrica topológica, não-euclidiana (J. Levy)

Fonte: Adaptado de Haesbaert (2004)

Org.: Silva, R. H., 2018.

Para Haesbaert (2004), cada território, rede ou zona possui uma estratégia espacial que

direciona a sua ocupação. O autor define essas estratégias como: zonal, reticular e

multiterritorial. Essas estratégias espaciais distinguem-se pelos elementos que incorporam em

seus métodos de dominação ou permanência.

Embasando-se também no autor, Araújo (2018) aplica essas definições para a criação

de tipologias geográficas a fim de discutir os diferentes momentos de expansão territorial da

Igreja Universal do Reino de Deus no Brasil. Percebe-se que não há uma separação bem

definida dos diferentes momentos; eles coexistem, porém, em uma maior ênfase em

determinada categoria, conforme o período histórico ou recorte territorial.

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Além dos aspectos geográficos, é necessário ainda uma breve apresentação e

introdução de conteúdos relevantes para a discussão a ser levantada nesta pesquisa. Originado

do judaísmo, o Cristianismo hoje é uma das maiores religiões do mundo. Entretanto, ao longo

da história enfrentou diversos problemas em termos de unidade organizacional. Sua primeira

grande divisão foi o cisma entre católicos romanos e ortodoxos, ocorrida em 1054. Nova

divisão ocorreu em meados do século XVI com a Reforma Protestante, e teve como um de

seus principais líderes o monge alemão Martinho Lutero.

Na Reforma encontramos dois principais grupos: os magisteriais, onde houveram

relações de apoio entre príncipes, magistrados, conselheiros e reformadores - entre eles

luteranos, reformados, anglicanos; e aquela repartição denominada de radicais, com total

rejeição da gerência por parte de “seculares” em questões eclesiásticas, representados pelos

anabatistas. Seus desdobramentos acarretaram na separação, também no Ocidente, entre a

Igreja Católica Apostólica Romana e aqueles que já não comungavam com as mesmas

doutrinas e dogmas do catolicismo, como o luteranismo, o calvinismo, o anglicanismo, entre

outros. A Reforma Protestante visava trazer uma renovação na doutrina, onde um dos

principais termos defendidos era de Justificação pela graça, na ética e na eclesiologia pela

Europa Ocidental (FERREIRA, 2013).

O termo “protestante” surge por volta de 1529, quando os príncipes católicos fizeram

resoluções para o impedimento da chegada do protestantismo em seus territórios. É

impossível falar da história do Brasil sem citar a influência das igrejas cristãs - sobretudo

católicas, tanto é que a primeira ação portuguesa no país foi a realização de uma missa

dirigida pelo frei Henrique de Coimbra (LYRA, 2013). De certa forma, as ações católicas em

terras brasileiras foram uma resposta do Vaticano aos avanços do protestantismo na Europa e

no mundo. Já na perspectiva do pensamento criticista, o catolicismo foi retratado como “uma

religião transportada por navios de guerra e mosquetes europeus para os nativos vulneráveis

da África ou da América do Sul” (LYRA, 2013). Autorizados pela coroa portuguesa, os índios

foram catequizados pelos missionários jesuítas, ensinados nos costumes e na religiosidade e,

posteriormente, os escravos trazidos do continente africano também o foram. Terras foram

desbravadas nessas missões e suas igrejas foram instaladas em diversas capitanias brasileiras.

A cultura foi profundamente influenciada pelo catolicismo, acordos foram firmados com o

Estado e tal simbiose é um dos motivos para a grande aderência dos brasileiros à tal religião.

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É apenas durante o século XIX que o protestantismo chega ao Brasil.3 Segundo Costa

(2009), o país apresentava um cenário onde havia maior possibilidade para a entrada e atuação

dos protestantes: a sociedade sofreu transformações e estava em um processo de formação

para maiores liberdades políticas e econômicas. Nessa perspectiva, a hegemonia católica era

associada a um atraso do alcance das ideias de liberdade por parte de figuras liberais e

políticos republicanos4. Existiam também conflitos internos da própria igreja, escândalos

públicos que “mancharam” a imagem da ordem religiosa. Sendo assim, pode-se dizer que

tivemos duas principais formas de propagação evangélica no país: por missão, aqueles

cristãos que vinham objetivamente para pregarem a fé conhecida, e pela imigração. Durante

os séculos XVI e XVIII, época das capitanias hereditárias, e depois do governo geral,

houveram três tentativas de colonização protestante. De 1555 a 1557, com os franceses

calvinistas, no Rio de Janeiro; em 1624, por holandeses, na Bahia; e de 1630 a 1654,

novamente com os holandeses (FERREIRA, 2013).

Os alemães trouxeram o pastor luterano Friedrich Sawerbronn, e Johann George

(1779-1850), para o Rio Grande do Sul. Eles vieram para trabalhar em suas profissões, e os

cultos eram feitos na língua alemã. Os luteranos americanos vieram também em 1900, desta

vez em atividades missionárias, e puderam estender seus cultos aos brasileiros, realizando-os

em língua portuguesa, e chegando a 226.687 membros 30 anos depois. Os batistas vindos da

colônia de Santa Bárbara D’Oeste, de São Paulo, pediram à convenção Batista do Sul dos

Estados Unidos da América (EUA) o envio de missionários ao Brasil, originando as Igrejas de

São Jorge e São João Batista no Rio de Janeiro. (FERREIRA, 2013)

O missionário metodista americano Fountain Elliot Pitts foi enviado a América do Sul

e enviou relatórios sobre as possibilidades de evangelização. Nesse caso, Justin Spaulding foi

o responsável por iniciar as ações no Rio de Janeiro. Anos depois, mais missionários das

Igrejas Evangélicas Congregacionais e das Igrejas Presbiterianas americanas chegaram ao

país. A primeira representada pelo Dr. Robert Reid Kalley (1809-1888), em 1855, que lutou

pela liberdade de culto e pela separação entre Igreja e Estado e A segunda por James Cooley

Fletcher. Em 1881 a Igreja Batista enviou ao Brasil William e Anne Bagby (LYRA, 2013). O

3 No Nordeste, a presença protestante se deu inicialmente pelos holandeses nos estados de

Pernambuco e Bahia. A economia açucareira atuava na cena da economia a partir das disputas entre

Portugal e Holanda, que na época estava sendo influenciada pelos ideais da Reforma Protestante. O

príncipe holandês Maurício de Nassau chegou ao Brasil em 23 de janeiro de 1637 trazendo consigo

novas técnicas, com grande comitiva de profissionais e a idéia da liberdade de culto.

4 Sergio Lyra (2013) aponta ainda o visível crescimento das nações colonizadas por puritanos ingleses.

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ano de 1859 foi quando os presbiterianos chegaram ao Brasil. Chamam-se “reformadas”

aquelas igrejas vindas da segunda onda da Reforma, que tem como líderes principais Ulrico

Zuínglio e João Calvino (VICENTE, 2014; FERREIRA, 2013). Abraçam firmemente os

famosos “lemas da reforma”: Sola Fide (Somente a Fé), Sola Gratia (Somente a Graça), Solus

Christus (Somente Cristo), Sola Scriptura (Somente as Escrituras) e Soli Deo Gloria

(Somente a Deus a Glória). Quanto a orientação calvinista, entende-se assim as igrejas que

confirmam as discussões teológicas e tratados iniciados e influenciados por João Calvino5.

Durante os séculos XIX e XX as principais discussões teológicas se davam pelas

questões doutrinárias das Escrituras, escatológicas e sobre a pessoa do Espírito Santo. Nesta

última surge a vertente pentecostal do protestantismo ou os carismáticos, a que possui maior

representatividade no cenário atual. Cresceram no Sul do Pacífico, África, Leste Europeu,

Sudeste da Ásia e América Latina. Os pentecostais clássicos, influenciados indiretamente por

John Wesley e Charles Finney - surgem nos Estados Unidos da América com a “igreja de

santidade” dos metodistas. Exigiam a perfeição cristã, em que o fiel receberia uma 2ª bênção,

chegando a um nível de não ser mais dominado pelo pecado, evidenciado pelas “línguas

estranhas” (texto bíblico retratado nos Atos dos Apóstolos). Ao Brasil chegaram em 1910,

com Luigi Francescon, um ítalo-americano, que dividiu a Igreja Presbiteriana do Brás de São

Paulo, fundando a Congregação Cristã (FERREIRA, 2013).

A Assembleia de Deus iniciou suas atividades no Brasil em 1911, a partir de uma

cisão causada pelos suecos Gunnar Vigren (1879-1833) e Daniel Berg (1884-1963) na

Primeira Igreja Batista, de Belém (Pará). Recentemente, novas divisões foram realizadas,

onde as principais são: Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB) e

Convenção Nacional das Assembleias de Deus (CNADB). Existem ainda os pentecostais

mais centrados nas “curas divinas”, com práticas de exorcismo, uso de músicas mais

populares no culto, como as seguintes instituições: Igreja Evangélica Quadrangular (1950);

Brasil Para Cristo (1955); Igreja Nova Vida (1960); Igreja Deus é amor (1962); e Casa da

Bênção (1964).

5Geralmente resumidas na conhecida “Tulip” - que, em inglês, representaria os cinco pontos do

calvinismo: Total depravity (depravação total), Unconditional election (eleição incondicional, limited

atonement (expiação limitada), irresistible grace (graça irresistível), perseverance of the saints

(perseverança dos santos).

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CAPÍTULO 2

A FORMAÇÃO DA IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL NO ESTADO DO RIO

GRANDE DO NORTE

A Igreja Presbiteriana do Brasil apresenta-se como uma federação de igrejas com uma

história, governo, padrão de culto e vida comunitária comuns e pertence ao grupo de igrejas

históricas reformadas (IPB,2018). Tem sua própria Constituição, identificada como pessoa

jurídica também submissa às leis brasileiras, representada civilmente pela sua Comissão

Executiva que, por meio de Concílios, exerce seu governo (Constituição Presbiteriana, 1950).

Existem os chamados “Símbolos de fé” da IPB, que são documentos antigos adotados como

aquilo que resume bem a compreensão teológica Presbiteriana: Confissão de fé Westiminster

(1646), Breve Catecismo de Westiminster e Catecismo maior de Westiminster (ambos de

1647). Esta adoção remonta aos tempos da reforma, quando era comum as igrejas elegerem

credos para a educação dos cristãos sobre os ensinos bíblicos.

O presbiterianismo6 tem suas raízes fincadas na Europa com os chamados puritanos

7.

Escócia, Irlanda e Inglaterra são os países deste continente que receberam os primeiros

trabalhos e que, posteriormente, seguem também para os Estados Unidos (VICENTE, 2014).

Já nas Américas, chega ao Brasil através de Ashbel Green Simonton - O americano, aos 26

anos de idade, traz ao Brasil o presbiterianismo, fundando a primeira igreja em 1862. O

brasileiro José Manoel da Conceição, um padre convertido ao protestantismo, é o primeiro

pastor brasileiro da denominação. Os trabalhos se iniciam no estado de São Paulo e logo

seguem para Minas Gerais e outros estados do Brasil. Contudo, a preocupação se dá não só

com a implantação de igrejas. Influenciada por sua teologia, a IPB buscou influenciar diversas

instâncias sociais e uma delas foi e continua sendo a educação. Notável exemplo disso foi a

fundação da Universidade Presbiteriana Mackenzie, situada em São Paulo, fundada em 1870.

O movimento presbiteriano surge de um contexto político dos países europeus, que

inclusive influencia os modelos federativos de governo. Sua regência interna é o que define a

6 “Quando a fé reformada chegou às Ilhas Britânicas, recebeu o nome de presbiterianismo – nome que

surgiu com significado teológico, mas também político, a partir do contexto inglês. Os reis escoceses e

ingleses eram defensores do episcopalismo, no qual a igreja era governada por bispos, na época,

nomeados pelo Estado. Isso favorecia o controle da Igreja pelo Estado. A proposta dos puritanos

(calvinistas ingleses) era uma igreja independente do Estado, governada por presbíteros eleitos pelas

congregações locais e organizada em concílios. Dessa ideia surgiu o nome presbiterianismo ou Igrejas

Presbiterianas, destacando a função dos presbíteros no governo das igrejas locais.” (FERREIRA,

2014).

7 Eram chamados de puritanos os calvinistas ingleses que, naquela época, estavam lutando pela

separação entre Igreja e Estado.

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denominação de “presbiterianos”. As igrejas são compostas de indivíduos - membros e

congregados, os primeiros são aqueles que possuem oficialmente direitos e deveres com a

Igreja Presbiteriana do Brasil. Em assembleias, eles elegem ou exoneram a liderança local

(presbíteros e diáconos) e discutem sobre outras questões. Na Constituição Presbiteriana

(1950), ela reconhece seu poder como “Espiritual e administrativo” entre líderes e membros.

Os membros têm sua autoridade ao se reunir em Assembleia quando solicitado pelo Conselho

da Igreja para eleição dos pastores ou exoneração deles, para levantamento de críticas sobre

gestões e administração, aquisição de bens, de acordo com as regras previamente postas nos

regimentos. Na IPB funciona um modelo de governo mais descentralizado do que outras

igrejas adotam. O grupo de presbíteros eleitos, regentes e docentes, formam o conselho da

igreja, que tem como líder e representante o presbítero docente titular. Além deste são

formados outros conselhos, são como agrupamentos unidos por características comuns aos

membros deles: União da Mocidade Presbiteriana (UMP), União Presbiteriana de Homens

(UPH), Sociedade das Auxiliadoras Femininas (SAF), entre outras.

Estabelecido o funcionamento interno, tem-se a “organização de comunidade locais”,

como tratado na Constituição Presbiteriana (1950). E, neste ponto, pode ser visto mais

características interessantes à Geografia pois aqui está contida a expressão territorial da Igreja

Presbiteriana do Brasil. Com a união de até quatro igrejas é formado um presbitério. Com a

união de presbitérios são criados Sínodos. Os Presbitérios e Sínodos são formados, na maioria

das vezes, por questões de proximidade geográfica entre as igrejas que os compõem. Contudo,

não respeitam divisões de bairros, municípios e estados.8 Com a união dos Sínodos, na junção

de suas comitivas, é formado o Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana do Brasil - que

também tem suas organizações particulares.

Figura 01 - Organograma de organização interna da Igreja Presbiteriana do Brasil

8 Em escala estadual, hoje, esses limites são respeitados. Era comum a existência de Sínodos entre dois

estados, como foi o próprio caso do Rio Grande do Norte unido à Paraíba.

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Fonte: IPB (2018).

Os cultos nas Igrejas Presbiterianas do Brasil não são idênticos, não têm uma mesma

ordem de acontecimentos e participações. Isto se dá de acordo com o perfil de cada

comunidade. Entretanto, os símbolos de fé da igreja apontam o que chamam de “princípio

regulador do culto”, que consiste naquilo que consta ou não na Bíblia sobre o que deve estar

inserido neste momento. Eles observam aquilo que é descrito na Bíblia como necessário para

que a celebração ocorra: Leitura de textos bíblicos, momento de cânticos, orações, entre

outros.Também não há regra sobre quantas vezes na semana ou quais são os dias de cultos

públicos, com exceção do dia de domingo que é um ponto muito importante para a IPB:

Deve-se santificar o Domingo com um santo

repouso por todo aquele dia, mesmo das

ocupações e recreações temporais que são

permitidas nos outros dias; empregando todo o

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tempo em exercícios públicos e particulares de

adoração a Deus, Exceto o tempo preciso para

as obras de pura necessidade e misericórdia.

(Breve Catecismo de Westminster, 1643).

Além das reuniões para os cultos públicos, algumas das Igrejas se dedicam à

atividades externas de serviço à comunidade que estão inseridos: Escolas de reforço e línguas,

escola de costura, disponibilização de serviços médicos. Em Umarizal-RN, há o exemplo do

Centro Presbiteriano de Apoio a Criança (CEPAC):

[...] um projeto de ação social em parceria com a

New Life PresbyterianCommunity. O projeto

atende 90 crianças (creche e reforço escolar). São

três salas de aulas, escritório, refeitório, banheiros,

oficina e quadra poli esportiva. O trabalho cresceu

e teve a organização das sociedades internas: SAF,

UMP e UPA. (SEVERO, 2018)9.

No Rio Grande do Norte, a Igreja Presbiteriana do Brasil é uma das principais

denominações a enfrentar embates com a igreja católica que, por muito tempo, gozou de total

hegemonia nos primeiros séculos de colonização. A primeira igreja de Natal - Igreja de Nossa

Senhora da Apresentação - conhecida como antiga catedral, foi construída no ano de 159910

, e

está localizada no Bairro Cidade Alta, com vistas ao estuário do Rio Potengi. Em

praticamente todas as cidades brasileiras, sobretudo costeiras11

, é possível observar a seguinte

lógica de localização: uma Igreja católica construída sobre sítios geomorfológicos mais altos,

que se lançam de forma imponente, destacando-se na paisagem pela desproporção em relação

às casas em seu entorno, ou então na frente de praças, próximas dos poderes policiais e/ou da

prefeitura municipal. No caso da igreja matriz de Natal, tem-se a Praça André de

Albuquerque.

Seguindo a lógica de diversos estados e cidades brasileiras, a disputa entre católicos e

protestantes se repetiria por estas terras. O anti catolicismo no Brasil, inclusive no Rio Grande

do Norte, decorre também dessa forte dominação e das tentativas católicas de proibição no

início da expansão do protestantismo. Segundo Lyra (2013), enquanto o catolicismo ainda

9 Informações contidas no relato redigido pelo Reverendo Marcos Severo.

10 Informação disponivel em: http://www.natal.rn.gov.br/natal/ctd-669.html

11 A história aponta para uma preferência de povoamento do litoral brasileiro no início da colonização

portuguesa: “Frei Vicente do Salvador, que dizia, em 1627, que os portugueses não se aventuravam no

interior, mas se contentavam em “andar arranhando ao longo do mar como caranguejos” (DO

SALVADOR, 1885-1886, p. 8 apud TEIXEIRA, 2017, p. 37).

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pensava em termos de monopólio da interpretação bíblica - reservada às missas -, os

evangélicos incentivavam a todos – não apenas a uma classe religiosa - o porte da Bíblia e o

debruçamento sobre ela. Assim, pouco a pouco pessoas foram aderindo ao protestantismo e

criando pequenas comunidades de religiosos. Pessoas de diferentes classes sociais -

fazendeiros, professores e empregados - tiveram acesso à Bíblia, dedicaram-se ao seu estudo e

passaram a condenar algumas das práticas católicas, chegando a serem batizadas. Estas

primeiras comunidades também se situaram no bairro de Cidade Alta, como exemplo a Igreja

Presbiteriana de Natal.

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CAPÍTULO 3

FORMAÇÃO DA REDE-TERRITÓRIO DA IPB NO ESTADO

Foi da união de esforços entre as Igrejas Presbiterianas do Brasil nos estados da

Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte que houveram as primeiras implantações de

igrejas na Paraíba e no Rio Grande do Norte: a primeira no município de Betânia (PB), e a

segunda no município de Mossoró (RN). Tais igrejas formaram os presbitérios que originaram

o antigo Sínodo Paraíba - Rio Grande do Norte (SEVERO, 2014).

Figura 02: Antigo Sínodo Paraíba - Rio Grande do Norte da Igreja Presbiteriana do

Brasil

Elaboração: SILVA, R. H., 2018.

O território-rede da Igreja Presbiteriana começa a ser tecido em 1879, quando o Rio

Grande do Norte é visualizado como uma oportunidade de expansão da Igreja Presbiteriana

do Brasil - uma iniciativa dos cristãos pernambucanos, primeiramente. Com o envio

missionário de Francisco Filadelfo de Sousa Pontes e João Mendes Pereira Guerra pelo

reverendo americano John Rocwell Smith, o trabalho começa a partir da disseminação da

mensagem do incentivo à leitura da Bíblia. Em Mossoró que se encontra o registro da

primeira igreja implantada no estado, em 1882. Foram cinco anos de insistência diante dos

bloqueios levantados por católicos na cidade, relatos como do missionário De Lacey Wardlaw

(trabalhava no estado do Ceará) estão guardados na ata da abolição de escravos em Mossoró:

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“Em 1885 organizei uma igreja na Província do Rio Grande do Norte. No ano anterior (1884)

aquela congregação estava decrescente e quando fui organizá-la, uma turba me atacou duas

noites - a primeira com pedras, a segunda com armas de fogo [...]”. (apud SEVERO, 2008).

Apesar das situações de resistência por parte da Igreja Católica aos primeiros protestantes, dos

constantes embates públicos e até mesmo violentos, o número de evangélicos continuava a

crescer. Por exemplo: em 1893, a Igreja Presbiteriana da Cidade Alta contava com cerca de 50

membros, e em 1895, o número era de aproximadamente 200 pessoas, segundo o historiador

Wycleff Souza (2009). Esta é a comunidade da Igreja Presbiteriana do Brasil mais duradoura

que, desde 30 de março de 1963, 81 anos depois ainda vigora (SEVERO, 2008). Ao longo dos

anos as igrejas passaram a ganhar notoriedade na sociedade, expandindo a mais municípios do

Rio Grande do Norte. Os membros pioneiros estavam intencionalmente movidos à fazer com

que mais pessoas fossem convertidas à fé cristã protestante, contrastando com a “comodidade

missiológica” católica Lyra (2013), aumentando a abrangência do território da Igreja

Presbiteriana do Brasil. Pau dos Ferros, Alexandria, Caicó, Jucurutu e Currais Novos, “Eram

pólos que de lá se desenvolviam trabalhos ‘pulverizando’ nos entornos”12

, que já não se

restringiam ao Rio Grande do Norte.

A história mostra as relações interestaduais das igrejas: templos no RN que eram de

responsabilidade da Paraíba (e outras regiões) e, apenas depois, passam a ser geridos pelos

potiguares. A igreja no município de José da Penha é um destes casos: fundada em 1956, só

em 1972 sai do domínio paraibano. A Igreja Presbiteriana em Natal 13

(1896) era apenas uma

congregação sob responsabilidade do estado de Pernambuco.

12

Este é um relato de Luiz Siqueira, filho do Reverendo Manoel Alves Siqueira Bitu (1940), contido

na obra do Rev. Marcos Severo (2008). 13

Situada na Rua Largo Junqueira Aires, N. 533 - Cidade Alta, Natal - RN.

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Figura 03 - Primeira Igreja Presbiteriana do Brasil em Natal

Fonte: Acervo Igreja Presbiteriana do Natal (2018).

Com as informações sobre as datas de fundação das primeiras igrejas nos municípios,

o cartograma a seguir foi elaborado. O objetivo é visualizar as principais áreas escolhidas para

a implantação dos templos da denominação - Igreja Presbiteriana do Brasil:

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Figura 04 - Evolução histórica da Igreja Presbiteriana do Brasil no Rio Grande do Norte

Fonte: IPB Autoria: Richerlida Helena (2018)

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Desde sua chegada ao estado do Rio Grande do Norte, a Igreja Presbiteriana do Brasil

apresenta dois principais picos de crescimento quanto ao número de municípios alcançados:

por volta da década de 1940 e após nos anos 2000.

Gráfico 03 - Número de municípios com templos da Igreja Presbiteriana do Brasil no Rio

Grande do Norte - 1982/2000

Fonte: IPB (2018).

Elaboração: SILVA, R. H., 2018.

A Igreja Presbiteriana do Brasil começa sua atuação em uma localidade marcada por

seus contextos históricos-geográficos e estes não podem ser dispensados para a compreensão

do início de seu território-rede. Os processos de formação territorial do Rio Grande do Norte

estavam ocorrendo quando a IPB inicia sua implantação e compreender isto traz respostas

para a localização das primeiras comunidades presbiterianas no estado, pois a mesma

acompanha seu progresso.

A religião, primeiramente com o catolicismo, é um dos agentes de ocupação da área

estadual, inclusive: “Essas missões estão na origem de algumas das cidades mais antigas do

RN: Extremoz, Nísia Floresta, São José de Mipibu, Arez e Vila Flor, todas situadas na região

litorânea, de ocupação inicial, e Apodi, no oeste potiguar. “ (TEIXEIRA, 2017, n.d.)14

. No

século XVII a interiorização se inicia em função de atividades pecuárias que eram

14

Disponível Em: Https://Journals.Openedition.Org/Confins/12355#Quotation

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desenvolvidas, com a construção de fazendas para a criação de gado, sempre próximos aos

corpos hídricos para abastecimento humano. Há também aldeamentos e movimentos para

catequizar indígenas que já se localizavam no interior. Na época em que o Rio Grande do

Norte era ainda a Capitania do Rio Grande, esteve subordinada às capitanias da Bahia e de

Pernambuco, em diferentes momentos, até 1817, quando se torna independente.

Quadro 02 - Primeiros povoados no RN em 1807

CIDADE OU VILA LOCALIDADES EXISTENTES NO TERMO POPULAÇÃO

Natal (única cidade) Diversas freguesias e povoações, cujos nomes não são

citados.

6 290

Vila de São José de

Mipibu

Papari (Nísia Floresta) 5 180

Vila de Extremoz Porto de Touros (cidade de Touros) 6 286

Vila de Arez Povoação de Goianinha 4 729

Vila Flor

2 483

Vila da Princesa

(Assu)

Povoação de Guamaré (cidade de Guamaré) e “pequenas

povoações”: a ilha de Manoel Gonçalo, Santa Maria do Pé

da Serra e Campo Grande.

5 775

Vila de Portalegre

(Portalegre)

Com 3 freguesias: Portalegre, Pau dos Ferros, Apodi. A

serra de Martins, na segunda freguesia, e as povoações de

Apodi e de Santa Luzia, na terceira, são hoje as cidades de

Martins, Apodi e Mossoró, respectivamente.

12 592

Vila do Príncipe

(Caicó)

Serra do Coité (Macaíba) 5 698

Fonte: Dados adaptados a partir de AHU – RN, Caixa 10, Doc. 629. apud TEIXEIRA (2017).

Em 1848, a configuração do estado começou a apontar para os contornos vistos hoje.

Na história veem-se dificuldades de definir rigidamente os limites estaduais que se encontram

com os estados da Paraíba e do Ceará. Haviam como municípios: Natal, Mipibu, Assu e

Maioridade (que hoje é o município de Martins), 11 vilas: São Gonçalo, Extremoz, Touros,

Goianinha, Vila Flor, Vila dos Matos, Angicos, Príncipe, Acari, Portalegre e Apodi.

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Conforme Teixeira (2017), a população potiguar nesta época foi estimada em 200.000

habitantes.

Figura 05 - Carta topográfica das Províncias do RN e Paraíba. J. deVilliers de l’Île d’Adam

Fonte: TEIXEIRA (2017).

Desta época para a atual, o RN passou por um processo acelerado de incremento

demográfico: “Com 167 municípios atualmente, o RN tem uma população de 3 450 000

habitantes. A população urbana é de 2 662 000, ou 77,16% do total (dados do IBGE, 2015).

Há um salto populacional elevadíssimo de 1 257,67% entre essa população e a de 1900, que

totalizava 274 317 habitantes.” (TEIXEIRA, 2017)15

. Observa-se certa relação entre o

crescimento demográfico do estado, da criação de municípios, bem como das datas de

fundação das primeiras Igrejas Presbiterianas do Brasil, suas localidades e a quantidade de

templos instalados nela para atenderem as demandas específicas de cada localidade.

Comprova-se pelos relatos históricos que muitas igrejas foram iniciadas em função da

15

“Gênese e formação histórica do território potiguar: uma breve análise a partir da cartografia” de

Rubenilson Teixeira, disponível em: https://journals.openedition.org/confins/12355#ftn15

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dinâmica populacional. Famílias que se deslocavam de um município para outro,

corroborando com este processo de interiorização e em outros pilares importantes da

sociedade, e que, na falta de uma igreja iniciavam um novo trabalho. Segundo Teixeira

(2017), é a partir de 1851 que se percebe maior criação de novos municípios, que são

oficializados também segundo a autonomia e maturação social e econômica que a

comunidade obtém e é justamente esse o período onde há número representativo de fundação

de novas igrejas. Essas novas igrejas se localizam em alguns casos no mesmo município a fim

de que atenda melhor à demanda populacional que aumentou durante o tempo.

Quadro 03 - Períodos de criação dos municípios do Rio Grande do Norte

PERÍODO Nº MUNICÍPIOS

1600 - 1700 1

1700 - 1759 0

1760 - 1800 7

1801 - 1850 7

1851 – 1889 14

1890 – 1950 18

1951 – 2000 19

TOTAL (2017) 167

Fonte: Teixeira, 2017, p. 449.

A consolidação do território-rede da Igreja Presbiteriana do Brasil no Rio Grande do

Norte se deu em 2002, quando houve o desmembramento que deu origem ao Sínodo da

Paraíba e Sínodo do Rio Grande do Norte (SRN). Este último é formado inicialmente por três

presbitérios: Presbitério Potiguar, Presbitério Oeste Rio Grandense e Presbitério Seridó. O

Presbitério Potiguar (PPTG), na verdade, é anterior a consolidação do SRN. Data de 1962 e

abarcava a Igreja Presbiteriana de Natal, Igreja Presbiteriana das Rocas e a Igreja

Presbiteriana do Alecrim. Todavia, dadas as regras para a criação de novos presbitérios -

sobre a quantidade mínima de templos, foi incluída também a igreja de Betânia, situada em

Souza, município da Paraíba.

Na IPB as comunidades são classificadas de diferentes formas, segundo seus estágios

de desenvolvimento. Podem ser considerados Pontos de pregação ou Congregações quando as

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Juntas Missionárias ou os Concílios assim os definem, são as primeiras formas de expressão

de interesse em uma implantação. Segundo o Manual Presbiteriano (1999), os presbitérios ou

as Juntas são responsáveis por cuidar destas comunidades até o ponto onde possam se

sustentar sozinhas, em quesitos de quantidade de membros, líderes aptos e capacidade de

auto-sustento financeiro, e assim serem consolidadas como Igrejas. Desta forma, para análise,

foram quantificados apenas as comunidades consideradas congregações e igrejas. Estes dois

tipos se apresentam de forma mais preponderante como fixos para o estabelecimento do

território-rede no estado, suporte aos maiores fluxos de fiéis.16

16

Tabela com a quantidade de congregações e igrejas por município pode ser encontrada nos anexos

deste trabalho.

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Figura 06 - Presença da IPB nos municípios do Rio Grande do Norte - 2010

Fonte: IBGE, Censo Demográfico de 2010.

Organização: SILVA, R. H., 2018.

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O estado do Rio Grande do Norte pode ser analisado segundo as suas mesorregiões.

Esta é uma metodologia criada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística para

otimizar estudos demográficos, estatísticos e geográficos.

Figura 07 - Mesorregiões do Rio Grande do Norte

Fonte: IBGE, Censo demográfico de 2010.

Organização: SILVA, R. H., 2018.

São 85 templos - Entre Igrejas e Congregações - Presentes em todo o estado do Rio

Grande do Norte. Correlacionando os dois cartogramas, pode-se observar a maior presença da

Igreja Presbiteriana do Brasil na mesorregião do Oeste Potiguar e é por lá que é iniciada a

Rede, com a chegada em Mossoró no ano de 1882. Esta, na verdade, é uma preferência

locacional antiga, dada a observação dos anos de implantação dos templos entres os

municípios do estado.

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Quadro 04 - Anos de fundação de templos da IPB em municípios do RN

MUNICÍPIOS ANO MESORREGIÃO

MOSSORÓ 1882 OESTE POTIGUAR

NATAL 1896 LESTE POTIGUAR

CAICÓ 1945

CENTRAL

POTIGUAR

CURRAIS NOVOS 1945

CENTRAL

POTIGUAR

JUCURUTU 1945 OESTE POTIGUAR

JOSÉ DA PENHA 1972 OESTE POTIGUAR

IPANGUAÇU 1982 OESTE POTIGUAR

ALEXANDRIA 1988 OESTE POTIGUAR

CARAÚBAS 1995 OESTE POTIGUAR

PARNAMIRIM 1996 LESTE POTIGUAR

AÇU 1998 OESTE POTIGUAR

APODI 1998 OESTE POTIGUAR

UMARIZAL 1999 OESTE POTIGUAR

BARAÚNA 2000 OESTE POTIGUAR

MARCELINO VIEIRA 2002 OESTE POTIGUAR

MARTINS 2002 OESTE POTIGUAR

SÃO MIGUEL 2003 OESTE POTIGUAR

SEVERIANO MELO 2003 OESTE POTIGUAR

ITAÚ 2004 OESTE POTIGUAR

ANTÔNIO MARTINS 2005 OESTE POTIGUAR

AUGUSTO SEVERO 2005 OESTE POTIGUAR

GOVERNADOR DIX-SEPT

ROSADO 2006 OESTE POTIGUAR

PARAÚ 2007 OESTE POTIGUAR

PAU DOS FERROS 2007 OESTE POTIGUAR

CARNAUBAIS 2009 OESTE POTIGUAR

UPANEMA 2009 OESTE POTIGUAR

AREIA BRANCA 2014 OESTE POTIGUAR

RODOLFO FERNANDES 2014 OESTE POTIGUAR

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PATU 2018 OESTE POTIGUAR

Fonte: IBGE, Censo demográfico de 2010.

Organização: SILVA, R. H., 2018.

Contudo, o esperado seria que a maior concentração de templo da IPB se verificasse

na mesorregião Leste Potiguar, pela maior concentração populacional e proximidade com

Natal, a capital do estado (Mapa 06). Em lugar de uma territorialização litorânea mais densa,

como é comum em diversos processos de diferentes naturezas, é visto uma interiorização da

presença dessa denominação. Ainda de acordo com o mapa xx, entre o Litoral e a região

Oeste do estado se observa uma lacuna em termos de presença da IPB na porção central

potiguar.

Figura 08 - Áreas de abrangência dos presbitérios da IPB no Rio Grande do Norte

Fonte: IBGE e IPB.

Organização: SILVA, R. H., 2018.

Os Presbitérios da Igreja Presbiteriana do Brasil representam regionalizações criadas

pela própria denominação para fins administrativos, são eles: Alto Oeste, Litorâneo,

Metropolitano, Potiguar, Oeste Potiguar, Rumo ao Sertão e Seridó. As nomeclaturas são

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semelhantes àquelas dadas pelo IBGE para as mesorregiões mas não seguem rigidamente as

limitações. Esta é a parte mais difícil de ser cartografada pois não há uma delimitação

geográfica clara de parte da instituição. É possível que em um mesmo município opere mais

de um Presbitério, como é o caso de Natal, possuindo três deles em sua área: Presbitério

Metropolitano, Presbitério Litorâneo e Presbitério Potiguar.

Esses Presbitérios que compõem o Sínodo não são formados apenas em função de uma

proximidade geográfica entre as igrejas que os constituem, mas também em função de

questões financeiras e políticas. Por exemplo: a Igreja Presbiteriana do Pirangi (IPP), em

Natal, é responsável por implantar uma igreja no município de Macaíba. Até que esta

congregação seja capaz de se sustentar por si só, como a IPP pertence ao Presbitério Potiguar,

Macaíba também participará, ainda que existam igrejas mais próximas pertencentes a outro

Presbitério.

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44

CAPÍTULO 4

ANÁLISE DE INDICADORES

4.1 ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO POR MUNICÍPIO

O Índice de Desenvolvimento Humano consiste em um indicador significativo para

comparar a “qualidade de vida” das comunidades ao levar em conta fatores como renda,

escolaridade e longevidade. Inicialmente usado na classificação entre países, depois passou a

ser utilizado para escalas municipais. No Brasil isto ocorre em 2012 pelo trabalho do

Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD Brasil), o Instituto de Pesquisa

Econômica Aplicada (IPEA) e a Fundação João Pinheiro. Essas instituições utilizaram os

dados fornecidos pelos Censos do IBGE dos anos de 2010, 2000 e 1991, e adaptaram a

metodologia utilizada pela ONU para a realidade brasileira. Todo o cálculo é feito de forma

que o município pode alcançar de 0 a 1 na escala - e quanto mais próximo de 1, melhor o

desempenho da localidade.

Figura 09 - Relação entre templos da IPB e IDHM no Rio Grande do Norte

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Fonte: IBGE, Censo demográfico de 2010.

Organização: SILVA, R. H., 2018.

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Figura 10 - Graduação para a classificação do Índice de Desenvolvimento Humano

Fonte: IPEA (2018).

O estado do Rio Grande do Norte seus IDHMs extremos entre 0,766 (Parnamirim, no

Leste Potiguar) e 0,530 (João Dias, no Oeste Potiguar). Nos primeiros lugares dentre os

IDHM mais altos do estado, estão os municípios que primeiro receberam templos da IPB:

Parnamirim, Natal, Mossoró, Caicó e Currais Novos.

Embora nos demais casos não ocorra uma relação tão evidente entre IDHM e presença

de templos da IPB, observa-se que nos treze municípios de menor IDHM do estado não há

templos da Igreja Presbiteriana do Brasil. Contudo, constata-se haver igrejas da IPB em

cidades com baixos IDHMs. Baraúna e Antônio Martins, ambas no Oeste Potiguar, são os

municípios que possuem templos da Igreja Presbiteriana do Brasil com os menores Índices de

Desenvolvimento Humano, 0,574 e 0,578 respectivamente, ambas inseridas em uma

classificação considerada baixa. Conclui-se que, embora a correlação não seja total entre a

localização de templos da Igreja Presbiteriana do Brasil e IDHM, há um maior número de

templos implantados em municípios de índices considerados médios,

A pesquisa “Regionalização e planejamento no Rio Grande do Norte” 17

traz um

cartograma com as regiões de influência do estado18

. Nele, o Índice de Desenvolvimento

Humano é utilizado como um referencial de observação e é perceptível através da comparação

as semelhanças entre a hierarquia identificada na figura e na gradação de IDHMs entre os

municípios do estado.

17

BARBOSA, Jane Roberta de Assis et. al (2017) 18

Michel Rochefort é criador da metodologia de estudo para Regiões de influência na França, a partir

da hierarquização das localidades conforme o grau de influência de cada uma delas.

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Figura 11 - Regiões de Influência do RN - 1968

Fonte: BARBOSA et. al (2017).

Na época do estudo em tela, foram identificadas três regiões de influência

centralizadas ou polarizadas por três cidades distintas: Natal e Mossoró, ambas no Rio Grande

do Norte, e Campina Grande, na Paraíba. Entretanto, no território do Rio Grande do Norte,

havia ainda grande influência de cidades do Ceará e de Pernambuco, sobretudo no aspecto dos

serviços terciários. Outras cidades que já exerciam forte influência e polarizaram as dinâmicas

com suas prestações de serviços são Currais Novos e Caicó, porém, estas são colocadas em

um segundo nível de hierarquia, conforme aponta Barbosa (2017).

Esse estudo das Regiões Polarizadas do RN data de 1968, e apesar do tempo que se

passou e das mudanças na estrutura econômica e infraestrutura do estado, ainda é possível

identificar a capacidade de atração dos municípios polo apresentados nele. A conformação das

regiões de influência apresentadas é muito semelhante à configuração encontrada no mapa da

presença da Igreja Presbiteriana do Brasil (Ver Figura 06). É justamente no período de

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publicação do referido estudo que são construídos os templos da denominação nas localidades

incluídas nas áreas polarizadas ou mesmo nos municípios polarizadores.

Quadro 05 - Implantação de templos da IPB no RN entre 1945 e 1988

MUNICÍPIO FUNDAÇÃO

ALEXANDRIA 1988

IPANGUAÇU 1982

JOSÉ DA PENHA 1972

JUCURUTU 1945

CURRAIS NOVOS 1945

CAICÓ 1945

Fonte: IBGE, Censo demográfico de 2010.

Organização: SILVA, R. H., 2018.

Alexandria, na mesorregião Oeste Potiguar, está bem próxima do município de

Betânia (PB), na divisa com o estado da Paraíba. De acordo com os relatos do reverendo

Marcos Severo, as duas localidades são ligadas historicamente pois houve forte influência de

Betânia na formação da igreja em Alexandria. José da Penha, na mesma mesorregião, é alvo

de ações de diversas outras cidades, principalmente paraibanas, em períodos diferentes. E em

2002, quando seu templo é revitalizado, recebe ajuda de Pernambuco. Ipanguaçu, também no

Oeste Potiguar, está mais próxima à Mossoró, que foi a responsável por implantar templos

naquele município. Jucurutu está próximo à duas cidades que, apesar de não serem primeiras

nos níveis de hierarquia, também tem grande papel nas regionalizações desde aquela época:

Caicó e Currais Novos. Nota-se, portanto, uma inter relação intensa no âmbito de uma mesma

mesorregião (Ver mapa xx de mesorregião), não só em aspectos das áreas de influência.

Nos registros históricos (COSTA, 1992) são citados tanto casos de membros de igrejas

que migram com suas famílias em busca de melhores condições de vida e oportunidades,

inclusive lideranças, que percebem a importância de novos templos onde as demandas

populacionais se tornaram maiores e atrativas. Em alguns dos casos, estas percepções e

percursos se dão além dos limites estaduais.

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4.2 PRODUTO INTERNO BRUTO

O IBGE junto à órgãos de estatística estaduais e à Superintendência da Zona Franca de

Manaus, são os responsáveis por calcular o Produto Interno Bruto (PIB) dos municípios

brasileiros. Este é um indicador importante para mensurar e comparar a instância econômica

em diferentes localidades. Para isto, são levadas em consideração as principais atividades

capazes de gerar renda, como Agropecuária, Indústria e Serviços: “Destaca-se o valor

adicionado bruto da Administração, saúde e educação públicas e seguridade social, devido à

relevância deste segmento na economia municipal” (IBGE, 2018)19

. Um PIB alto pode

resultar em mais dinheiro disponível, isto é, maior renda e poder aquisitivo familiar.

Figura 12 - Relação entre templos da IPB e PIB dos municípios do RN

Fonte: IBGE, Censo demográfico de 2010.

Organização: SILVA, R. H., 2018.

19

Acesso em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas-novoportal/economicas/contas-nacionais/9088-

produto-?t=conceitos-e-metodos&c=2706505

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Não existem no Rio Grande do Norte muitos municípios com PIB elevado - os

maiores valores estão localizados no Alto Oeste e Litoral. Natal, Parnamirim e Mossoró se

destacam neste aspecto.

No período compreendido entre o século XX até meados de 1950, as atividades que se

destacavam no estado eram agrícolas e extrativas: algodão, cera de carnaúba, açúcar, couro,

sal, agave (sisal), óleos de caroço de algodão e de oiticica. Isto também impulsionou os

setores da indústria para que houvesse processamento das matérias (FELIPE, 2010). Outra

grande atividade foi a mineração, como a Gipsita nos arredores de Mossoró, em um vila que

era chama de São Sebastião, onde hoje se localiza o município de Dix-Sept Rosado; e a

Scheelita em Currais Novos, Santana dos Matos e Lajes, principalmente entre 1940 e 1970.

Contudo, a partir de 1960 verifica-se novas dinâmicas econômicas no estado Por meio

de incentivos governamentais como da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste

(SUDENE), empresas do ramo têxtil20

e da Engenharia Civil tornaram-se agentes importantes

para o reerguimento econômico no Rio Grande do Norte:

Essas mudanças vão refletir diretamente na economia,

pois, em 1950, o setor agropecuário representava

50,1% do Produto Interno Bruto (PIB) estadual,

caindo para 15,7%em 1980. As atividades

econômicas que crescem nesse período são

justamente aquelas desenvolvidas no mundo urbano,

pois, o setor industrial que detinha apenas 8,9% do

PIB, em 1950, sobe para 28,8% em 1980. O setor

terciário (comércio e serviços), que detinha 41% do

PIB do estado, em 1950, sobe para 55,5% em 1980.

(FELIPE, 2010, p. 30 e 31).

Apoiados na isenção de impostos e outros incentivos para fomentar o desenvolvimento

nordestino, surge o polo da produção de frutas na região de Mossoró e Açu, com a

tecnificação das produções; e a partir da década de 70, as atividades relativas ao Petróleo

também despontam nas áreas da chapada do Apodi e nas plataformas marítimas próximas à

Guamaré.

A atividade do turismo representa outro grande pilar econômico do estado, fortalecido

e evidenciado ainda mais com a criação do polo Costa das Dunas. Isto interfere diretamente

no Produto Interno Bruto de alguns municípios que são contemplados com investimentos

20

O professor Lacerda dá os seguintes exemplos de empresas atuantes no RN durante o contexto

apresentado: “T. Barreto – Indústria e Comércio S.A., Confecções Reis Magos S.A., Soriedem S.A.,

Confecções Inharé, Confecções Sucar S.A. e Confecções Guararapes, todas em Natal, com exceção da

ConfecçõesInharé, de Currais Novos, e da Gurarapes que além da unidade de Natal monta outra em

Mossoró.” (FELIPE, 2010, p. 35).

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direcionados a este setor. O estado é atrativo para muitas pessoas e empresas justamente em

função dos produtos turísticos oferecidos. Todavia, é também nesta área em que a presença da

Igreja Presbiteriana do Brasil é fraca .

4.3 POPULAÇÃO POR MUNICÍPIOS

Figura 13 - Relação entre presença de templos da IPB e população por município do RN

Fonte: IBGE, Censo demográfico de 2010.

Organização: SILVA, R. H., 2018.

No Rio Grande do Norte a maior concentração de pessoas se dá nas porções do Litoral

Leste e do Agreste, divisa com o Ceará. No Censo de 2010 figurava no topo do ranking os

municípios de Natal, Mossoró, Parnamirim, São Gonçalo do Amarante, Ceará-Mirim,

Macaíba e Caicó (Ver Anexo 01). Em todos estes municípios se encontram Igrejas

Presbiterianas do Brasil. Natal e Mossoró se destacam. Principalmente nas décadas de 1970,

1980 e 1991, esses municípios apresentaram um grande crescimento demográfico devido às

atividades econômicas centradas nas cidades.

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Quadro 06 - Maiores taxas de crescimento entre municípios do RN - 1970, 1980 e

1991

Municípios 1970 1980 1991

Natal 264.379 416.898 606.556

Parnamirim 14.502 26.377 62.242

São Gonçalo 18.826 3.797 45.363

Macaíba 29.162 31.267 43.397

Ceará-Mirim 37.930 40.100 51.978

Mossoró 97.245 145.989 191.865

Fonte: IBGE apud Felipe (2010).

Os dados do censo de 1980 mostram as

consequências desse processo: 59% da população

estadual vivendo nas áreas urbanas; quando em

1950, esse dado era de apenas 26,2%; e 41%

vivendo em áreas rurais, quando os dados do censo

de 1950 mostravam que 73,8% da nossa população

vivia nas áreas rurais do estado (FELIPE, 2010, p.

30 e 31).

Apesar da mudança na distribuição populacional do estado, a maior quantidade de

templos e a preocupação pela implantação de novos templos - igrejas e congregações - não

está, necessariamente, nos municípios com maior população, se analisarmos aquelas cidades

com implantações recentes. Natal possui um total de 18 templos, Mossoró possui 14 templos,

Parnamirim 6 templos. São Gonçalo possui 1 templo, sendo este considerado ainda uma

congregação, apesar de ser o terceiro município mais populoso. Ceará-Mirim, sendo o quinto

município mais populoso, tem 1 templo também considerado como Congregação e Macaíba,

por sua vez, tem 2 templos - uma congregação e uma igreja: esta lista é a ordem dos

municípios mais populosos do estado, segundo o IBGE. A mesma disparidade é vista em mais

cidades do interior do Rio Grande do Norte, entre a população e o número de igrejas: Caicó,

com uma população estimada em 67.554 e área de 1.228,583 km², conta com apenas uma

igreja e uma congregação, de acordo com os dados obtidos junto à IPB. Enquanto Currais

Novos, com população menor - 44.664 pessoas - e uma área menor - 864,349 km² -, tem um

total de quatro templos. Touros e João Câmara (ambas na Mesorregião Leste Potiguar),

destacam-se no mapa populacional (Ver figura xx) e não possuem nenhuma igreja. Além da

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quantidade de templos e da população que reside em cada município, poderia ser visto o porte

de cada uma dessas comunidades (número de fiéis em cada igreja e tamanho) e então

atestava-se sobre a preferência da denominação por mais igrejas menores em um dado

município ou por menos igrejas com uma capacidade maior de comportar pessoas. A

realidade de cada município sobre questões de locomoção e acessibilidade às igrejas, por

exemplo, pode ser um fator relevante e seria visto em visita a campo em cada uma das

cidades. A tabela a seguir mostra em ordem decrescente o índice populacional dos municípios

do Rio Grande do Norte em que já existem templos presbiterianos e nela é notável certa

desproporcionalidade entre estas duas variáveis.

Quadro 07 - Relação entre porte de municípios e total de templos em municípios do

Rio Grande do Norte

MUNICÍPIOS POPULAÇÃO TOTAL DE TEMPLOS

NATAL 803739 18

MOSSORÓ 259815 14

PARNAMIRIM 202456 6

SÃO GONÇALO DO

AMARANTE 87668 1

CEARÁ-MIRIM 73370 1

69467 2

CAICÓ 67747 2

AÇU 57743 5

CURRAIS NOVOS 45060 4

APODI 36257 1

SANTA CRUZ 35797 1

PAU DOS FERROS 27745 2

BARAÚNA 27667 1

GOIANINHA 22481 1

SÃO MIGUEL 22157 1

CARAÚBAS 20636 1

PARELHAS 20354 2

JUCURUTU 17692 1

LAGOA NOVA 13983 1

IPANGUAÇU 13856 1

ALEXANDRIA 13839 1

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GOVERNADOR DIX-SEPT

ROSADO 13103 2

UPANEMA 12992 1

PATU 11964 1

ACARI 11338 1

UMARIZAL 10659 1

CARNAUBAIS 10592 1

AUGUSTO SEVERO 9742 1

MARCELINO VIEIRA 8265 1

MARTINS 8218 1

PORTALEGRE 7320 1

ANTÔNIO MARTINS 7221 1

SÃO VICENTE 6028 1

JOSÉ DA PENHA 5868 1

ITAÚ 5564 1

ALMINO AFONSO 4876 1

OURO BRANCO 4699 1

PARAÚ 3859 1

Fonte: IBGE e Igreja Presbiteriana do Brasil

Organização: Richerlida Helena

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A história da ciência geográfica é dividida em diferentes momentos e neles vemos

diferentes ênfases teóricas e metodológicas e diferentes recortes do objeto de estudo. O que se

pode observar hoje é a dominação do que se chama de uma Geografia Crítica, que baseada em

um determinado escopo, têm suas discussões direcionadas em pressupostos ideológicos e

filosóficos que moldam seus resultados, muitas vezes, em sentidos contrários às questões da

fé, fomentando até a depreciação e desvalorização da mesma. Os estudos da Geografia sobre

os fenômenos religiosos quando lidos sob esse prisma, em nossa concepção, não permitem um

claro entendimento da continuidade das identidades religiosas em nosso tempo.

Aqui não defendemos uma neutralidade científica, nem a diminuição da relevância de

outros estudos e autores (inclusive, alguns deles foram utilizados nesta pesquisa), mas

buscamos caminhar na contramão, a fim de mostrar uma pesquisa com novos modos de

leitura e uma visão ampliada do fenômeno religioso.

Além das questões acadêmicas, este trabalho pode ser utilizado como uma ferramenta

para que igrejas possam utilizá-lo em suas estratégias espaciais, encorajando-os a analisarem

suas práticas locacionais, entendendo a importância de uma boa articulação territorial para

beneficiamento dos possíveis objetivos almejados por eles. Como demonstra Paul Claval

(1979), existe um custo do poder que é determinado pela configuração espacial da logística, e

isto vale tanto para empresas capitalistas quanto para denominações filantrópicas.

A Igreja Presbiteriana do Brasil está no Rio Grande do Norte há mais de 130 anos,

onde permaneceu firme, apesar das dificuldades iniciais para a implantação no estado e ao

longo de sua história. Todavia, se analisarmos em função da quantidade de templos

implantados e se observarmos outras denominações religiosas, principalmente aquelas que

surgiram e se tornaram notáveis há cerca de 20 anos atrás, poderemos chegar a conclusões

negativas sobre sua expressividade territorial.

Em tempos nas quais a religião se tornou comércio, os templos, em pontos de troca, e

quando a fé é colocada nas redes televisivas como uma grande vitrine, parece que a Igreja

Presbiteriana do Brasil não entrou nesta corrida por dominação e visibilidade, pelo menos não

como é comum. A IPB parece ter suas próprias ferramentas, alcançando resultados através do

ensino, dotando-se de meios eficientes para que sejam inculcados firmemente a mensagem em

que acreditam. Em uma das entrevistas realizadas, um líder fez a seguinte afirmação: “Uma

igreja dessa [da Igreja Presbiteriana do Brasil] tem mais poder do que três igrejas de uma

outra denominação”, referindo-se aos papéis sociais e políticos que a denominação é capaz de

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desempenhar. Antes os meios eram a construção de igrejas, abertura de centros de educação

infantis e universitários, agora também são abertos canais na plataforma do Youtube, por

exemplo.

Ao fim desta pesquisa, não fomos capazes de traçar delimitações de forma

extremamente precisa e expor em um mapa que contivesse todas as variáveis envolvidas - o

território rede é traçado por materialidades e imaterialidades, mas acreditamos ter

demonstrado relações entre a presença de templos e as variáveis demográficas e do PIB, e

secundariamente com a variável IDHM. Os fixos e as materialidades são os templos, elas são

representáveis cartograficamente, mas existem fluxos que também fazem parte da

composição: as pessoas que vêm de outros países, de outros estados, de outros municípios, e

principalmente da comunidade. Não há como apreender a realidade em cartogramas, pois se

houvesse, não seriam chamadas representações.

Agora, com o advento da Internet, as informações se tornaram mais fluidas e velozes,

e nisto também há fortalecimento da IPB. O portal iCalvinus, muito utilizado como base de

dados para a pesquisa é exemplo disto e o próprio site oficial da igreja é extremamente claro

quanto a explicação do funcionamento interno e acessibilidade. Tal como a forma de

organização estabelecida na Igreja Presbiteriana do Brasil, que é descentralizada, as

informações também o são. Cada liderança dá conta de sua própria igreja e, pelo menos nas

informações interessantes ao trabalho, não havia um único banco de dados para obtenção de

todas elas. O trabalho demandou-se muito mais tempo e, em consequência, nem todos os

municípios foram contemplados com o registro de datas de fundação, por exemplo.

Apesar disto, a história da Igreja Presbiteriana do Brasil pode ser reconstituída por

meio de uma série de documentos disponíveis como as atas redigidas das reuniões dos

Sínodos, Presbitérios e Supremo Concílio. Outro fato colaborador para isto é que há uma

grande quantidade de historiadores na IPB que escreveram bons trabalhos e que servem como

base para reconstituir o trajeto geográfico para a formatação do território-rede formado.

Os indicadores populacionais foram escolhas interessantes para esta pesquisa, pois

como abordado antes, a questão da mercantilização religiosa permeia os imaginários da

população e dos cientistas. Observado o conjunto de índices sociais e econômicos

selecionados, cruzados com as localizações das igrejas, nota-se que há sim uma relação

positiva. No início da história presbiteriana no estado, o trabalho de evangelização e

implantação de templos era feito muito mais por homens e mulheres leigos. Hoje há maior

burocratização e este serviço passou a ser feito muito mais por indivíduos ordenados e

instruídos pela liderança, direcionados para locais onde não existe ainda a presença da

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denominação, e muitas vezes os municípios visualizados não são aqueles com melhores

desempenhos econômicos ou em indicadores sociais, conforme explicitados nas entrevistas

com os líderes.

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REFERÊNCIAS

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VICENTE, Christopher Gomes. OS PROTESTANTES E A IMPLANTAÇÃO DA

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ANEXOS

01. Tabela de síntese de informações para os municípios do Rio Grande do Norte

MUNICÍPIOS

POPULAÇ

ÃO PIB IDHM

CONGRE

GAÇÕES

IGREJA ANO DE

IMPLANTAÇÃO

ACARI 11338 80 848 679 1

AÇU 57743 566 258 661 3 2 1998

AFONSO

BEZERRA 11211 56 374 585

ÁGUA NOVA 2980 18 365 616

ALEXANDRIA 13839 77 897 606 1 1988

ALMINO AFONSO 4876 27 799 624 1

ALTO DO

RODRIGUES 12305 291 935 672

ANGICOS 11549 80 791 624

ANTÔNIO

MARTINS 7221 37 511 578 1

2005

APODI 36257 403 347 639 1 1998

AREIA BRANCA 25315 659 169 682 2014

ARÊS 12924 234 380 606

AUGUSTO

SEVERO 9742 54 806 621

1 2005

BAÍA FORMOSA 8573 241 436 609

BARAÚNA 27667 335 955 574 1 2000

BARCELONA 3950 22 691 566

BENTO

FERNANDES 5527 33 901 582

BODÓ 2425 19 911 629

BOM JESUS 9440 55 446 584

BREJINHO 11577 87 278 592

CAIÇARA DO

NORTE 6016 39 909 574

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CAIÇARA DO RIO

DO VENTO 3308 25 005 587

CAICÓ 67747 697 627 710 1 1 1945

CAMPO

REDONDO 10266 53 453 626

CANGUARETAMA 30916 213 255 579

CARAÚBAS 20636 219 980 638 1 1995

CARNAUBAIS 10592 49 151 589 1 2009

CARNAÚBAS DOS

DANTAS 7429 181 823 659

CEARÁ-MIRIM 73370 477 325 616 1

CERRO CORÁ 10916 64 820 607

CORONEL

EZEQUIEL 5405 29 226 587

CEL. JOÃO

PESSOA 4772 27 440 578

CRUZETA 7967 67 361 654

CURRAIS NOVOS 45060 419 138 691 1 3 1945

DOUTOR

SEVERIANO 6492 36 376 621

ENCANTO 5231 31 089 629

EQUADOR 5822 42 596 623

10475 46 176 558

EXTREMOZ 24569 189 783 660

FELIPE GUERRA 5734 91 593 636

FERNANDO

PEDROZA 2854 19 428 597

FLORÂNIA 8959 57 427 642

FRANCISCO

DANTAS 2874 18 234 606

FRUTUOSO

GOMES 4233 24 601 597

GALINHOS 2159 44 898 564

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GOIANINHA 22481 186 895 638 1

GOV. DIX-SEPT

ROSADO 13103 226 458 592 2

2006

GROSSOS 9393 128 554 664 2004

GUAMARÉ 12404 1 365 226 626

IELMO MARINHO 12171 84 670 550

IPANGUAÇU 13856 93 937 603 1 1982

IPUEIRA 2077 16 739 679

ITAJÁ 6932 63 234 624

ITAÚ 5564 34 537 614 1 2004

JAÇANÃ 7925 43 143 604

JANDAÍRA 6801 36 267 569

JANDUÍS 5345 34 035 615

JANUÁRIO CICCO 9011 53 528 574

JAPI 5522 26 947 569

JARDIM DE

ANGICOS 2607 16 597 565

JARDIM DE

PIRANHAS 13506 95 588 603

JARDIM DO

SERIDÓ 12113 84 423 663

JOÃO CÂMARA 32227 237 229 595

JOÃO DIAS 2601 14 909 530

JOSÉ DA PENHA 5868 32 605 608 1 1972

JUCURUTU 17692 123 729 601 1 1945

JUNDIÁ 3582 20 767 595

LAGOA D'ANTA 6227 43 557 601

LAGOA DE

PEDRAS 6989 37 548 553

LAGOA DE

VELHOS 2668 19 174 589

LAGOA NOVA 13983 86 503 585 1

LAGOA SALGADA 7564 41 547 582

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LAJES 10381 74 045 624

LAJES PINTADAS 4612 25 963 625

LUCRÉCIA 3633 23 079 646

9610 53 253 608

69467 996 786 640 1 1

MACAU 28954 722 244 665 2008

MAJOR SALES 3536 21 048 617

MARCELINO

VIEIRA 8265 48 067 609

1 2002

MARTINS 8218 45 283 622 1 2002

MAXARANGUAPE 10441 61 010 608

MESSIAS

TARGINO 4188 33 249 644

MONTANHAS 11413 63 406 557

MONTE ALEGRE 20685 129 522 609

MONTE DAS

GAMELEIRAS 2261 13 842 598

MOSSORÓ 259815 4 493 958 720 7 7 1882

NATAL 803739 13 291 177 763 5 13 1896

NÍSIA FLORESTA 23784 165 155 622

NOVA CRUZ 35490 263 019 629

OLHO-D'ÁGUA DO

BORGES 4295 25 682 585

OURO BRANCO 4699 35 730 645 1

PARANÁ 3952 21 277 589

PARAÚ 3859 20 243 603 1 2007

PARAZINHO 4845 37 191 549

PARELHAS 20354 154 133 676 1 1

PARNAMIRIM 202456 2 963 518 766 2 4 1996

PASSA E FICA 11100 68 623 606

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PASSAGEM 2895 19 265 589

PATU 11964 77 120 618 1 2018

PAU DOS FERROS 27745 268 140 678 2 2007

PEDRA GRANDE 3521 34 430 559

PEDRA PRETA 2590 17 235 558

PEDRO AVELINO 7171 45 813 583

PEDRO VELHO 14114 82 720 568

PENDÊNCIAS 13432 248 725 631

PILÕES 3453 21 550 614

POÇO BRANCO 13949 69 549 587

PORTALEGRE 7320 40 864 621 1

PORTO DO

MANGUE 5217 217 191 590

PUREZA 8424 51 222 567

RAFAEL

FERNANDES 4692 54 028 608

RAFAEL

GODEIRO 3063 29 792 654

RIACHO DA CRUZ 3165 19 228 584

RIACHO DE

SANTANA 4156 18 902 591

RIACHUELO 7067 26 616 592

RIO DO FOGO 10059 43 497 569

RODOLFO

FERNANDES 4418 68 298 604

2014

RUY BARBOSA 3595 24 166 605

SANTA CRUZ 35797 21 563 635 1

SANTA MARIA 4762 238 741 590

SANTANA DO

MATOS 13809 28 901 591

SANTANA DO

SERIDÓ 2526 89 315 642

SANTO ANTÔNIO 22216 30 561 620

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SÃO BENTO DO

NORTE 2975 145 419 555

SÃO BENTO DO

TRAIRI 3905 28 814 595

SÃO FERNANDO 3401 21 396 608

SÃO FRANCISCO

DO OESTE 3874 39 957 628

SÃO GONÇALO

DO AMARANTE 87668 22 682 661 1

SÃO JOÃO DO

SABUGI 5922 1 291 107 655

SÃO JOSÉ DE

MIPIBU 39776 42 598 611

SÃO JOSÉ DO

CAMPESTRE 39776 360 251 615

SÃO JOSÉ DO

SERIDÓ 12356 63 701 615

SÃO MIGUEL 22157 36 947 606 1 2003

SÃO MIGUEL DO

GOSTOSO 8670 127 214 591

SÃO PAULO DO

POTENGI 15843 73 568 622

SÃO PEDRO 6235 101 274 589

SÃO RAFAEL 6235 36 335 589

SÃO TOMÉ 10827 51 009 585

SÃO VICENTE 6028 56 276 642 1

SENADOR ELÓI

DE SOUZA 5637 36 398 583

SENADOR

GEORGINO

AVELINO 3924 33 688 570

SERRA CAIADA 8768 25 510 563

SERRA DE SÃO

BENTO 5743 25 801 582

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SERRA DO MEL 10287 97 069 614

SERRA NEGRA DO

NORTE 7770 48 289 597

SERRINHA 6581 41 874 592

SERRINHA DOS

PINTOS 4540 24 112 598

SEVERIANO

MELO 5752 34 072 604

2003

5020 27 416 572

TABOLEIRO

GRANDE 2317 15 592 612

TAIPU 11836 95 436 569

TANGARÁ 14175 95 253 608

TENENTE

ANANIAS 9883 55 007 592

TENENTE

LAURENTINO

CRUZ 5406 36 521 623

TIBAU 3687 48 909 635

TIBAU DO SUL 11385 98 500 645

TIMBAÚBA DOS

BATISTAS 2295 15 041 640

TOUROS 31089 273 794 572

TRIUNFO

POTIGUAR 3368 21 579 602

UMARIZAL 10659 73 084 618 1999

UPANEMA 12992 134 237 596 1 2009

VÁRZEA 5239 29 691 626

VENHA-VER 3821 21 211 555

VERA CRUZ 10719 66 254 587

VIÇOSA 1618 10 980 592

VILA FLOR 2872 19 726 576

Elaboração: Richerlida Helena (2018)

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Fonte: iCalvinus (2018)

02. Tabela de grupos religiosos segundo situação de domicílio em 2010

Grupos religiosos Total Urbana Rural

Evangélicas 487 948 418 799 487 948

Evangélicas de Missão 59 982 55 995 59 982

Igreja Evangélica Luterana 1 196 1 106 1 196

Igreja Evangélica Presbiteriana 9 807 9 141 9 807

Igreja Evangélica Metodista 2 337 2 069 2 337

Igreja Evangélica Batista 32 244 30 642 32 244

Igreja Evangélica Congregacional 556 522 556

Igreja Evangélica Adventista 13 734 12 408 13 734

Outras Evangélicas de Missão 108 108 108

Evangélicas de origem pentecostal 328 044 272 827 328 044

Igreja Assembleia de Deus 226 722 183 412 226 722

Igreja Congregação Cristã do Brasil 4 665 3 757 4 665

Igreja o Brasil para Cristo 1 865 1 596 1 865

Igreja Evangelho Quadrangular 2 477 2 047 2 477

Igreja Universal do Reino de Deus 23 678 21 981 23 678

Igreja Casa da Bênção 1 128 1 088 1 128

Igreja Deus é Amor 7 604 6 670 7 604

Igreja Maranata 1 201 1 027 1 201

Igreja Nova Vida 113 100 113

Evangélica renovada não determinada 40 - 40

Comunidade Evangélica 780 762 780

Outras igrejas evangélicas de origem

pentecostal 57 773 50 389 57 773

Evangélica não determinada 99 922 89 976 99 922

Fonte dos dados: IBGE (2010)

Organização: Richerlida Helena (2018)

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03. ROTEIRO DE ENTREVISTA

Breve descrição da Igreja Presbiteriana do Brasil

1) Organização eclesiástica (interna e externa)

2) Como são tomadas as decisões na igreja e em instâncias maiores de organização?

3) Como se dá a “representatividade” da IPB?

4) História da Igreja em Natal e no RN

5) Como está organizada a igreja geograficamente? (Presbitérios, quais os critérios?)

6) Quais seriam os principais fatores a serem considerados pela IPB para a implantação

de uma nova igreja? Como é o processo?

7) Como se dá o processo de desmembramento de uma igreja?

8) Alguma igreja já fechou? Quais são os motivos comuns para que isso ocorra?

9) Como se relaciona a doutrina da igreja com a criação de novos templos?

10) Tem-se visto grande multiplicação de denominações e templos ditos protestantes em

várias escalas geográficas - local e nacional. Como este fenômeno é interpretado?

11) Além dos cultos públicos, quais as outras formas utilizadas para difusão da mensagem

pregada pela igreja?

12) As igrejas buscam se relacionar com a comunidade local?

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