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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM ENFERMAGEM
CURSO DE DOUTORADO
CLÁUDIA CRISTIANE FILGUEIRA MARTINS RODRIGUES
AMBIENTE HOSPITALAR:
Clima Organizacional x Estresse na equipe de enfermagem
Natal
Agosto/2016
CLÁUDIA CRISTIANE FILGUEIRA MARTINS RODRIGUES
AMBIENTE HOSPITALAR:
Clima Organizacional x Estresse na equipe de enfermagem
Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação
em Enfermagem da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte (PGENF-UFRN), como
requisito para a obtenção do título de Doutor em
Enfermagem
Área de Concentração: Enfermagem na atenção a
saúde
Linha de Pesquisa: Desenvolvimento tecnológico
em saúde
Orientadora: Viviane Euzébia Pereira Santos
Natal
Agosto/2016
Catalogação da Publicação na Fonte
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Sistema de Bibliotecas
Biblioteca Central Zila Mamede / Setor de Informação e Referência
Rodrigues, Cláudia Cristiane Filgueira Martins.
Ambiente hospitalar: clima organizacional x estresse na equipe de
enfermagem. / Claudia Cristiane Filgueira Martins Rodrigues. - 2016.
113 f. : il.
Tese (doutorado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em
Enfermagem. Natal, RN, 2016.
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Viviane Euzébia Pereira Santos.
1. Cultura organizacional - Tese. 2. Enfermagem - Tese. 3. Estresse
organizacional - Tese. I. Santos, Viviane Euzébia Pereira. II. Título.
RN/UF/BCZM CDU 658.3:614.21
FOLHA DE APROVAÇÃO
CLÁUDIA CRISTIANE FILGUEIRA MARTINS RODRIGUES
AMBIENTE HOSPITALAR:
Clima Organizacional x Estresse na equipe de enfermagem
Aprovado em: 19 de agosto de 2016
__________________________________
Profª Drª Viviane Euzébia Pereira Santos (Orientadora)
Departamento de Enfermagem da UFRN
_______________________________________
Profª Drª Eliane Cardia de Pinho (Avaliadora Externa)
Instituto Federal do Rio Grande
________________________________
Prof Dr Alcivan Nunes Vieira (Avaliador Externo)
Departamento de Enfermagem da UERN
________________________________
Prof Dr Marcos Antonio Ferreira Júnior (Avaliador Interno)
Departamento de Enfermagem da UFRN
______________________________________
Profª Drª Quênia Camille Soares Martins (Avaliadora Interno)
Departamento de Enfermagem da UFRN
Dedico esta tese aos profissionais de enfermagem
que em seu cotidiano de atuação vivenciam
momentos de estresse diário.
AGRADECIMENTOS
A Deus,
Por me guiar e me conduzir até a concretização deste momento.
Aos meus pais, Sebastião e Luzia
Vocês são o meu alicerce da educação, amor e família. Me ensinaram a não desistir diante
das dificuldades e a lutar em busca de meus sonhos. Agradeço pelo exemplo de pessoas e
profissionais, pelo amor incondicional dedicado a mim e aos meus irmãos e pela
compreensão nos momentos em que não pude estar presente. Sou grata pelas palavras de
incentivo diárias que se tornavam uma nova motivação a cada dia. Amo vocês!
Aos meus irmãos, Max e Carol, e meu sobrinho Theo
A Max, agradeço por todas as demonstrações de carinho, apoio e amizade de sempre. A
Carol, por toda cumplicidade e amor que nos une. E, ao meu lindinho Theo, por compreender
a ausência de titia, mas que estava sempre disposto a brincar e a sorrir comigo em todas as
horas.
Ao meu marido Alexandre
Você foi parte dessa jornada desde o início. Compreendeu, como ninguém, minhas angústias,
dúvidas, medos e incertezas. Mas soube me acalmar e me acompanhar a cada novo passo.
Agradeço pela paciência, pelas palavras de incentivo e demonstrações amor diárias. Você foi
fundamental para a concretização deste sonho. Amo você!
À minha orientadora Viviane
Uma mãe acadêmica, que me acolheu, me direcionou e me conduziu com dedicação nos
caminhos da pós-graduação. Agradeço pelo exemplo de professora que és, pelas conversas
diárias, e também pelo apoio e incentivo. Tudo isso contribuiu de forma imensurável ao meu
crescimento como pessoa e profissional. Muito obrigada!
A todos os membros da banca de avaliação
Que teceram contribuições ricas e valiosas para a consolidação deste trabalho.
Às minhas amigas Pétala e Diana
Pétala, te agradeço imensamente por sua amizade, pelas nossas conversas, pelos momentos
de descontração e de concentração que tivemos no decorrer de todo este período. És um
grande exemplo de profissional dedicada e de amiga.
Diana, você foi importante para a concretização deste sonho. Suas palavras de incentivo e
seu exemplo de dedicação foram fortes aliados para me motivar a construir este trabalho.
Aos bolsistas de iniciação científica
Flávia, Larissa, Manacés e Camila Mariz, o que dizer de vocês?! Vocês participaram
ativamente para a construção deste sonho. Agradeço a disponibilidade; por estarem sempre
presentes no decorrer desta caminhada, pelo incentivo que me deram a cada novo encontro.
Sou grata por todos os momentos que tivemos juntos, principalmente os momentos de
descontração e grandes risadas no decorrer da coleta de dados e construção do banco.
Aos membros do Grupo de Pesquisa Labtec
Pelos momentos de aprendizado e crescimento coletivo que nos fortaleceram como
estudantes de pós-graduação. Com vocês eu pude vivenciar o sentido e espírito de equipe,
pensamento no outro.
Agradeço em especial a: Kisna, Andrea, Yole, Micheline, Suzane, Lílian, Soraya, Fernanda,
que colaboraram comigo na coleta de dados, por estarem sempre por perto para auxiliar no
que fosse preciso.
À ESUFRN
Meu local de trabalho, que me proporciona dia a dia a enfrentar novos desafios de ensinar.
Agradeço a todos pela colaboração e compreensão para a construção deste trabalho.
Ao CNPq
Por subsidiar este estudo.
Aos profissionais de enfermagem do HUOL
Aos que aceitaram participar deste estudo, em todos os momentos de coleta de dados,
agradeço imensamente a disponibilidade e a disposição! Espero contribuir para a melhoria
do cotidiano de trabalho de vocês.
RODRIGUES, C.C.F.M. AMBIENTE HOSPITALAR: Clima Organizacional x Estresse
na equipe de enfermagem. 2016. 113f. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em
Enfermagem, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal/RN, 2016.
RESUMO
O estresse ocupacional está presente em diversos ambientes de trabalho em virtude das
constantes mudanças tecnológicas, produtivas e sociais ocorridas nos últimos anos. Assim,
pesquisas que fomentam a discussão da relação do trabalhador e de seu local de atuação são
relevantes, pois permitem a identificação de aspectos inerentes ao ambiente laboral e
possibilitam um diagnóstico das principais necessidades organizacionais que podem levar ao
estresse ocupacional. Neste sentido, o estudo em tela teve por objetivo analisar a relação entre
o clima organizacional e o estresse da equipe de enfermagem de um hospital universitário.
Esta pesquisa foi dividida em duas etapas, com abordagens metodológicas distintas para cada
uma delas. A primeira constituiu-se de um estudo transversal com abordagem quantitativa. A
coleta de dados foi realizada em fevereiro de 2015. A amostra do estudo contou com 319
profissionais de enfermagem que estavam inseridos em setores de atendimento ao paciente
internado, a saber: as Unidades de Clínica Médica e Clínica Cirúrgica, Terapia Intensiva,
Centro Cirúrgico e Diálise. Foram aplicados os seguintes instrumentos: um questionário
sociodemográfico, o Inventário de Sinais e Sintomas de Lipp e a escala de avaliação do clima
organizacional. As análises realizadas foram dos tipos univariadas e bivariadas, com nível de
significância de 5%. A segunda etapa do estudo foi do tipo coorte. Participaram 69
profissionais de enfermagem que atuavam havia até três meses nos setores de assistência ao
paciente adulto do referido hospital. A coleta de dados foi realizada de fevereiro de 2015 a
fevereiro de 2016. A análise de dados foi por meio da análise de sobrevida. Cabe destacar que
o estudo seguiu os princípios éticos e legais que regem a pesquisa científica em seres
humanos do Conselho Nacional de Saúde, e foi aprovado por Comitê de Ética em Pesquisa,
pelo Parecer 925.477, de 18 de dezembro de 2014, sob o número CAAE:
273.935.146.000.0553-7. Os resultados indicaram que o estresse esteve presente em 22,5% da
amostra investigada, em que se destacaram as fases de resistência e de exaustão. As maiores
frequências foram encontradas nos trabalhadores com até 30 anos, casados, com filhos e que
atuavam nas enfermarias no turno da manhã. Com relação ao clima organizacional, foi
possível constatar que o fator condições de trabalho foi avaliado como o de maior satisfação
entre os profissionais do estudo; entretanto o fator processo decisório foi pontuado como o de
maior insatisfação. Com relação à análise do clima organizacional total, identificou-se que os
profissionais de enfermagem que atuavam havia menos de um ano e que trabalhavam nos
setores fechados tiveram uma percepção positiva do clima organizacional dessa instituição.
No que se refere à relação entre o clima organizacional total e o estresse ocupacional da
equipe de enfermagem, evidenciou-se diferença estatisticamente significativa em que os
profissionais que pontuaram menores escores do clima organizacional total apresentaram
sintomatologia do estresse ocupacional. Ademais, a análise do estresse nos profissionais de
enfermagem em seu primeiro ano de atuação na instituição demonstrou que 55% dos
profissionais não desenvolveram estresse ao longo do período de um ano. Entretanto, 45%
apresentaram estresse em algum momento no decorrer da coleta de dados. Fato este associado
a uma probabilidade de não desenvolver estresse de 68% nos primeiros três meses de atuação.
Desse modo, pode-se afirmar que o clima organizacional desse ambiente de trabalho
influencia as respostas de estresse nos membros da equipe de enfermagem investigada.
Assim, conclui-se que o ambiente hospitalar no contexto estudado conduz a reações de tensão
e desgaste nos profissionais de enfermagem, o que reflete em sinais e sintomas de estresse.
Descritores: Enfermagem; Estresse organizacional; Cultura Organizacional; Ambiente de
Trabalho.
RODRIGUES, C.C.F.M. HOSPITAL ENVIRONMENT: Organizational Climate x Stress
in the nursing team. 2016. 113p. Doctoral thesis. Graduate Nursing Program, Federal
University of Rio Grande do Norte, Natal/RN, 2016.
ABSTRACT
Occupational stress is present in several work environments as a result of the constant
technological, productive and social changes that occurred over the past few years. Thus,
surveys fostering the discussion of the relationship of workers and of their workplaces are
relevant as they allow us to identify aspects inherent to the work environment and enable a
diagnosis of the main organizational needs that may lead to occupational stress. Accordingly,
the study in question was aimed at analyzing the relationship between the organizational
climate and the stress of the nursing team of a university hospital. This study was divided into
two steps, with different methodological approaches for each of them. The first was made up
of a cross-sectional study with quantitative approach. Data collection was performed in
February 2015. The study sample had the participation of 319 nursing professionals who were
inserted in the sectors of caring for hospitalized patients, namely: Medical Clinic and Surgical
Clinic Facilities, Intensive Care, Surgical Center, and Dialysis. We applied the following
tools: a sociodemographic questionnaire, the Lipp’s Inventory of Signs and Symptoms and
the organizational climate assessment scale. The conducted analyzes were typified as
univariate and bivariate, with a significance level of 5%. The second step of this study was
typified as a cohort. It had the participation of 69 nursing professionals who worked up to
three months in sectors for caring for adult patients of the aforementioned hospital. Data
collection was performed from February 2015 to February 2016. Data analysis took place by
means of survival analysis. It is worth highlighting that this study has followed the ethical and
legal principles governing scientific research with human beings, devised by the National
Health Council, and was approved by the Research Ethics Committee, through the Opinion
925.477, from December 18th
, 2014, under the CAAE number: 273.935.146.000.0553-7. The
results pointed out that stress was present in 22.5% of the investigated sample, where the
phases of resistance and exhaustion stood out. The higher frequencies were found in workers
aged up to 30, married, with children and who worked in the nursing wards during the
morning shift. Regarding the organizational climate, it was possible to find that the factor
related to work conditions was assessed as the most satisfactory among the surveyed
professionals; however, the factor related to decision process was indicated as the most
unsatisfactory. Regarding the analysis of the total organizational climate, we identified that
the nursing professionals who worked for less than a year and that worked in closed sectors
had a positive perception of the organizational climate of this institution. With respect to the
relationship between the total organizational climate and the occupational stress of the nursing
team, we found a statistically significant difference in which the professionals who had lower
scores of the total organizational climate showed symptomatology of occupational stress.
Moreover, the analysis of stress in nursing professionals in its first year of work in the
institution demonstrated that 55% of professionals did not develop stress throughout a one-
year period. Nevertheless, 45% showed stress at some point over the course of data collection.
This fact was associated with a survival rate of 68% of not developing stress in the first three
months of activity. Therefore, one can assert that the organizational climate of this work
environment has an influence on the stress responses in the members of the investigated
nursing team. Thus, we have concluded that the hospital environment in the surveyed context
is conducive to reactions of tension and depletion in the nursing professionals, which results
in signs and symptoms of stress.
Keywords: Nursing; Organizational Stress; Organizational Culture; Work Environment.
LISTA DE SIGLAS
CAAE Certificado de apresentação para Apreciação Ética
CC Centro Cirúrgico
CLIMOR Escala de Avaliação do Clima Organizacional
CNS Conselho Nacional de Saúde
DP Desvio Padrão
EBSERH Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares
ECO Escala do Clima Organizacional
HUOL Hospital Universitário Onofre Lopes
IC Intervalo de Confiança
ISSL Inventário de Sinais e Sintomas de Lipp
OIT Organização Internacional do Trabalho
OMS Organização Mundial da Saúde
OR Odss Ratio
SAG Síndrome de Adaptação Geral
SUS Sistema Único de Saúde
TCLE Termo De Consentimento Livre E Esclarecido
UCC Unidades de Clínica Cirúrgica
UCM Unidades de Clínica Médica
UD Unidade de Diálise
UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte
UTI Unidade de terapia Intensiva
LISTA DE FIGURAS
Figura1- Representação dos profissionais de enfermagem que participarão da etapa
longitudinal do estudo........................................................................................................
29
Figura 2- Amostra final dos profissionais de enfermagem que participaram da coorte.
(N=67). Natal/RN, 2016 ...................................................................................................
30
Figura 3- Variáveis sociodemográficas e laborais que podem influenciar o estresse e o
clima organizacional..........................................................................................................
33
LISTA DE FIGURAS MANUSCRITO 3
Figura 1- Fase do estresse dos profissionais de enfermagem. Natal/RN,
2015....................................................................................................................................
69
Figura 2- Clima organizacional da instituição e fatores analisados. Natal/RN,
2015.....................................................................................................................................
69
LISTA DE FIGURAS MANUSCRITO 4
Figura 1- Fluxograma ilustrativo da amostra e população do estudo. Natal/RN,
2016.....................................................................................................................................
82
Figura 2- Curva de sobrevida do estresse nos profissionais de enfermagem, no decorrer
de um ano. Natal/RN, 2016.................................................................................................
82
LISTA DE QUADROS
Quadro1- Delineamento do Estudo.................................................................................... 26
Quadro 2- Distribuição dos profissionais de enfermagem participantes do estudo........... 28
Quadro 3- Variáveis sociodemográficas do estudo............................................................ 31
Quadro 4- Resultados e Discussão dos dados da tese. Natal/RN, 2016.............................
37
LISTA DE TABELAS
MANUSCRITO 1
Tabela 1 - Características sociodemográficas da população do estudo. (N=319)
Natal/RN, 2016.............................................................................................................
42
Tabela 2 - Comparação da presença do estresse segundo as características
sociodemográficas dos profissionais. (N=319). Natal/RN, 2016.................................
43
Tabela 3 - Razão de chances não ajustada e ajustada à presença do estresse. (N=319). Natak/RN
Natal/RN, 2016..............................................................................................................
45
MANUSCRITO 2
Tabela 1- Análise descritiva das variáveis do instrumento CLIMOR (N=319).
Natal/RN, 2016.............................................................................................................
57
Tabela 2- Distribuição da satisfação profissional com relação aos fatores de
mensuração do clima organizacional, Natal/RN, 2016.................................................
58
Tabela 3- Escore de pontuação do clima organizacional total entre as variáveis que
influenciam laborais apresentadas pela equipe de enfermagem. Natal/RN, 2016........
59
MANUSCRITO 3
Tabela 1 – Clima organizacional total e a presença do estresse entre os membros da
equipe de enfermagem. Natal/RN, 2016.......................................................................
70
Tabela 2- Correlação entre os fatores e pontuação total do CLIMOR e as fases do
estresse conforme o ISSL (N=319). Natal/RN, 2016....................................................
70
MANUSCRITO 4
Tabela 1- Presença de estresse no decorrer de 1 ano nos profissionais de
enfermagem. (N=69). Natal/RN, 2016.........................................................................
82
Tabela 2 – Característica sociodemográficas e laborais das variáveis conforme a
presença ou não de estresse. (N=69). Natal/RN, 2016..................................................
82
SUMÁRIO
1.INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 18
1.1 Justificativa ....................................................................................................................... 21
2 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 24
2.1 Objetivo Geral .................................................................................................................. 24
2.2 Objetivos Específicos ........................................................................................................ 24
3 REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................................. 25
4. METODO ............................................................................................................................ 26
4.1 Tipo de estudo ................................................................................................................... 26
4.2 Local do Estudo ................................................................................................................ 27
4.3 População e Amostra ........................................................................................................ 27
4.3.1 População e Amostra: etapa transversal .......................................................................... 28
4.3.2 População e Amostra: etapa coorte ................................................................................. 28
4.4 Coleta de Dados ................................................................................................................ 30
4.4.1 Coleta de Dados: etapa transversal .................................................................................. 30
4.4.2 Coleta de dados: etapa longitudinal ................................................................................. 30
4.5 Instrumentos de Coleta de Dados.................................................................................... 31
4.5.1 Instrumento Sociodemográfico........................................................................................ 31
4.5.2 Instrumento de Sinais e Sintomas do Estresse de Lipp ................................................... 32
4.5.3 Escala de Avaliação do Clima Organizacional................................................................ 32
4.7 Análise de dados ............................................................................................................... 33
4.7.1 Análise de dados do estresse ........................................................................................... 33
4.7.2 Analise de dados do clima organizacional ...................................................................... 34
4.7.3 Análise de dados da associação: Clima organizacional e do estresse ............................. 35
4.7.4 Análise de dados dos fatores de risco para o desenvolvimento do estresse em membros
da equipe de enfermagem ......................................................................................................... 35
4.8 Aspectos éticos .................................................................................................................. 36
5 RESULTADOS .................................................................................................................... 37
5.1 Manuscrito 1: Ambiente hospitalar: estresse ocupacional no cotidiano dos
profissionais de enfermagem ................................................................................................. 38
5.2 Manuscrito 2: Clima Organizacional: Satisfação laboral dos profissionais de
enfermagem de um Hospital Univeristário .......................................................................... 53
5.3 Manuscrito 3: Clima organizacional e sua interface com o estresse em profissionais
de enfermagem........................................................................................................................65
5.4 Manuscrito 4: Fatores de risco para o desenvolvimento do estresse ocupacional em
profissionais de enfermagem..................................................................................................77
6 CONCLUSÃO .....................................................................................................................89
REFERENCIAS ..................................................................................................................... 91
APÊNDICE A..........................................................................................................................96
APÊNDICE B..........................................................................................................................97
ANEXO A................................................................................................................................99
ANEXO B...............................................................................................................................107
ANEXO C..............................................................................................................................109
ANEXO D..............................................................................................................................110
18
1. INTRODUÇÃO
A atividade laboral envolve aspectos psíquicos e físicos, e pode representar o
equilíbrio e a consequente satisfação profissional, como também ser fonte de desordens e
adoecimento ao trabalhador, fato este que relaciona o prazer e o sofrimento no ambiente
de trabalho (DEJOURS, 2015).
Dentre essas desordens de origem ocupacionais destaca-se o estresse. Conforme a
Organização Internacional do Trabalho (OIT) este é conceituado como um conjunto de
fenômenos psicológicos e/ou físicos que se apresentam no organismo do trabalhador e que
podem afetar sua saúde, qualidade de vida e relacionamento com seus pares no ambiente
de atuação profissional, além de trazer consequências ao convívio familiar (OIT, 2012).
Desse modo, o estresse está intrinsecamente relacionado com um desgaste anormal
do corpo humano e/ou uma diminuição da aptidão para o trabalho, além de ser ocasionado,
basicamente, por uma capacidade prolongada de o indivíduo tolerar, superar e/ou se
adaptar às exigências de natureza psíquica existentes no seu ambiente laboral (FRANÇA e
FERRARI, 2012).
O termo estresse foi utilizado pela primeira vez na área da saúde pelo médico
fisiologista Hans Selye, em 1926, ao perceber que algumas pessoas apresentavam queixas
de ordem psicofisiológica, como fadiga, pressão alta, desânimo e falta de apetite (SELYE,
1965; FRANÇA e FERRARI, 2012).
Selye (1965, p.33), passou a conceituá-lo como “um resultado inespecífico de
qualquer demanda sobre o corpo, seja de efeito mental ou somático, e que o estressor é
todo agente de demanda que provoca uma reação de estresse, seja de natureza física,
mental ou emocional”.
Para que essa desordem aconteça, o organismo tem que sofrer influência direta de
eventos estressores, ou seja, elementos desencadeadores do estresse. Caso esse evento
perdure, por um tempo indeterminado, poderá ser considerado uma fonte tensão ou um
processo inespecífico de efeito mental ou somático, capaz de envolver as tentativas de
defesas do organismo e a adaptação do corpo a esse agente, e, assim, uma reação do
estresse (SELYE, 1965).
Dentre as respostas fisiológicas ao agente estressor destacam-se: hipertensão
arterial; aumento da sudorese; taquicardia; bruxismo; mãos e pés frios; tensão muscular;
náuseas. A nível psicológico podem ser elencadas: ansiedade, tensão, angústia, insônia,
19
alienação, dúvidas quanto a si, preocupação excessiva, hipersensibilidade emotiva, dentre
outros (GUIMARÃES e LIPP, 2011).
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) cerca de 90% da população
mundial sofre com o estresse, o que, muitas vezes, está associado a uma epidemia no atual
contexto da sociedade devido ao ritmo acelerado de vida que os indivíduos convivem, e
aos gastos que isso pode acarretar ao sistema público de saúde (OMS, 2009).
Com isso, o estresse passou a ser um fator predisponente, desencadeante e
coadjuvante de múltiplas doenças e manifestações psicossomáticas capaz de prejudicar a
qualidade de vida e saúde dos indivíduos que o vivenciam (BENAVENTE, COSTA,
2011).
Esses estressores podem ser enfrentados pelo indivíduo na dimensão pessoal e/ou
profissional. Na vida pessoal, apresenta-se como em conflitos familiares, relações difíceis
e diminuição de tempo para o lazer.
No ambiente de trabalho, os desencadeadores do estresse ganham destaque, pois é
neste local que o trabalhador passa a ter contato com situações que envolvem a
competitividade e as exigências cotidianas de cada profissão, o que pode gerar tensão
emocional, angústia, sofrimento e, consequentemente, o confronto frequente com o agente
estressor (DEJOURS, 2015).
Há tempos se estuda a relação entre o sujeito e o ambiente laboral. Uma vez que o
trabalho constitui um dos domínios centrais da vida humana, o que o leva a integrar
grande parte do tempo da pessoa quer a trabalhar, quer a forma-se para atuar
profissionalmente (GONÇALVES, NEVES, MORIN, 2010).
Torna-se, com isso, necessário considerar que o processo laboral exerce grande
influência na rotina de vida de cada indivíduo, bem como no convívio com determinadas
situações e nos enfrentamentos no espaço de atuação profissional que podem repercutir no
cotidiano do trabalhador (PELOGIO et.al. 2013; GUIDO et.al, 2012).
Dentre esses ambientes laborais, evidencia-se o setor saúde no contexto hospitalar,
uma vez que os profissionais que nele atuam estão entre as ocupações passíveis a
desenvolver o estresse, em virtude dos aspectos inerentes a este ambiente que
desempenham suas funções. Pois, por vezes, estão envolvidos em situações de dor,
sofrimento, doenças e morte, a depender do local de atuação, em maior ou menor
frequência.
20
Além disso, o ambiente hospitalar é um local que congrega uma rotina dinâmica e
específica, permeada por estressores inerentes deste espaço laboral, que podem representar
o convívio com uma realidade estressante para os trabalhadores que nele atuam.
Entre as profissões destaca-se o profissional de enfermagem, uma vez que são os
responsáveis diretos pela assistência prestada ao paciente, pela organização do setor
hospitalar, bem como por atividades administrativas e burocráticas diversas (UMANN,
2011; SCHIMIDT et.al. 2013; CAMPOS e DAVID, 2014;).
É necessário considerar, ainda, que os trabalhadores da enfermagem estão inseridos
em um ambiente de envolvimento emocional e psicológico, com rotinas de trabalho
diárias de seis, doze ou vinte e quatro horas, somam-se ainda condições insalubres do
ambiente laboral, bem como a sobrecarga de serviços e a insuficiência de insumos para
manter um cuidado de qualidade (FRANÇA e FERRARI, 2012; INOUE et.al. 2013).
Além disso, é importante considerar como esta organização lida com esses
trabalhadores, o que influencia diretamente no comportamento dos funcionários e no
enfrentamento das situações de estresse que esse profissional convive diariamente.
A conduta que um trabalhador possui em seu ambiente de atuação profissional
permite evidenciar as características da relação do trabalhador com o seu local de trabalho,
assim pode-se investigar a interação, a satisfação e a comunicação entre os funcionários e
a instituição (SANTOS et.al, 2011).
Diante disto, o clima organizacional contribui para a identificação da satisfação e
da relação trabalhador versus ambiente profissional. Para Chiavenatto (2011), o clima
organizacional está diretamente associado com a motivação, em uma perspectiva mais
ampla e flexível da influência ambiental. Ou seja, refere-se a atmosfera do local de
atuação profissional e as pessoas que convivem com esse meio organizacional, bem como
o grau motivacional envolvido.
O conceito de clima organizacional consiste em uma percepção compartilhada
pelos empregados quanto às políticas e práticas da organização. Assim, é um produto e ao
mesmo tempo um resultado de um contexto mutável de percepções diversas acerca de
como o indivíduo interage com seu ambiente de trabalho (RUEDA e SANTOS, 2011).
A investigação do clima organizacional de uma instituição de saúde permite
correlacionar os problemas ocorridos nesta, bem como a manutenção dos aspectos
considerados como positivos pelos colaboradores/trabalhadores (RUEDA e SANTOS,
2011 e PEROSSI e AQUINO, 2013).
21
Na área da saúde, há um expressivo número de estudos que analisam o clima
organizacional de hospitais a partir da percepção dos seus colaboradores (BASTOS, 2001;
TAMAYO, 2008; PUENTE-PALACIOS, PACHECO, SEVERINO, 2013; PEROSSI e
AQUINO 2013).
Esses estudos apontam que a análise do clima de uma instituição pode ser
mensurada em várias escalas aplicadas aos funcionários em seu ambiente de trabalho. São
exemplos dessas: Escala de Avaliação para as Organizações de Saúde (MENEZES et.al.,
2009); Escala do Clima Organizacional (ECO) (MARTINS, et.al. 2004) e Escala de
Avaliação do Clima Organizacional (CLIMOR) (RUEDA e SANTOS, 2011).
Para este estudo será considerado o conceito de clima organizacional proposto por
Rueda e Santos (2011), bem como sua escala de avaliação CLIMOR. Desse modo, o clima
da instituição hospitalar será compreendido como o resultante das características
específicas da rotina hospitalar, de elementos que interagem com este, bem como sua
dinâmica de funcionamento.
Nesta perspectiva, o estudo em tela busca questionar qual a relação entre o clima
organizacional e o estresse da equipe de enfermagem no ambiente hospitalar? E,
parte do pressuposto que o clima organizacional é um fator predisponente e que pode
conduzir a reações de tensões e, por conseguinte de estresse nos trabalhadores de
enfermagem no ambiente hospitalar.
1.1 Justificativa
No contexto social das últimas décadas, independente da profissão ou do local de
trabalho, é impossível não se deparar com condições e situações que desencadeiam o
estresse no trabalhador. Afinal, vive-se na era das mudanças repentinas, e esse processo de
adaptação do organismo é altamente estressante (CAPRA, 2014).
Tais exigências no mundo do trabalho influenciam diretamente o setor saúde e sua
dinâmica laboral, o que acarreta repercussões na organização e força de trabalho, bem
como na saúde dos profissionais.
É importante reconhecer que o tipo de trabalho que o profissional desempenha,
assim como suas relações com o ambiente de atuação, com os demais membros da equipe
multiprofissional, com os pacientes, são determinantes para o contato direto, com os
agentes estressores.
22
Nesse contexto, o ambiente profissional deve ser entendido em uma perspectiva
complexa, e que envolve não apenas os aspectos do trabalho em si, mas também as
relações interpessoais, a subjetividade do trabalhador e a organização do ambiente de
atuação profissional (AZAMBUJA, et.al., 2010).
A enfermagem, por representar um elo entre os membros da equipe
multiprofissional, os pacientes e a instituição hospitalar, e por desempenhar cuidados
diretos aos pacientes, é reconhecida como uma profissão de risco para o desenvolvimento
e adoecimento pelo estresse nesse ambiente de atuação (SILVA, ROTENBERG,
FISCHER, 2011).
Esses profissionais executam suas funções e tem como especificidade o
componente afetivo como parte integrante da prática laboral. Necessitam estabelecer elos
para que seu trabalho se realize, no entanto, em uma relação profissional, mediada por
normas, horários, salários, interrupções de escala, altas, dor, sofrimento e/ou óbitos, os
vínculos podem não ser efetivos e eficazes para a melhora do quadro do paciente (LAGO;
CODO, 2013).
Os técnicos de enfermagem e enfermeiros, nas instituições hospitalares, também
estão expostos a situações de elevada tensão emocional, associadas às longas jornadas de
trabalho, condições de insalubridade, baixos salários e duplo emprego, fatores que
aumentam, a possibilidade de adoecimento, absenteísmo e estresse (ROCHA; MARTINO,
2010).
Schimidt et al (2013) enunciam que além dessas características, há uma relação
inversamente proporcional entre o quantitativo de trabalhadores de enfermagem e a
complexidade das tarefas, o que pode gerar tensão, fadiga e esgotamento profissional, e
estes são fatores responsáveis por situações de estresse ocupacional.
Desse modo, os eventos estressores são comuns na maioria das instituições e
setores em que a enfermagem está inserida. Porém, há uma necessidade de se investigar e
comparar cada realidade, cada setor institucional, a fim de se desvelar o processo de
estresse vivenciado pela equipe de enfermagem.
Face ao exposto e na busca por respostas ao questionamento elencado
anteriormente, este trabalho é relevante pelas implicações que o estresse ocupacional
acarreta à área da saúde/enfermagem na atualidade. Como também, a avaliação do clima
organizacional possibilitou uma investigação do ambiente interno, e identificou as
principais necessidades dos aspectos organizacionais avaliadas pelos trabalhadores e sua
relação com as reações de tensão e estresse vivenciadas por este profissional.
23
Assim, a pesquisa destes aspectos permitiu a identificação das exigências típicas de
um cotidiano em saúde e se essas influenciam ou não o desenvolvimento do estresse
nestes trabalhadores.
Os resultados deste estudo possibilitaram aos trabalhadores de enfermagem da
instituição estudada a identificação do estresse e seus principais sinais e sintomas, bem
como uma avaliação de aspectos organizacionais que influenciam no desencadeamento de
reações de estresse nesses profissionais.
Dessa maneira, trouxe implicações para a melhoria da qualidade de vida laboral e
pessoal e a prevenção de doenças psicossomáticas e da síndrome de Burnout.
O estudo também se destaca como de relevância para as Políticas de Saúde do
Trabalhador e para a enfermagem uma vez que contribui cientificamente com a temática
do estresse ainda pouco valorizada por essas políticas, de forma a promover discussões e
reflexões sobre o cuidar de si no ambiente de trabalho.
24
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Analisar a relação entre o clima organizacional e o estresse da equipe de
enfermagem de um hospital universitário.
2.2 Objetivos Específicos
Mensurar o estresse entre os membros da equipe de enfermagem;
Mensurar o Clima Organizacional entre os membros da equipe de
enfermagem;
Avaliar o estresse da equipe de enfermagem e sua relação com o clima
organizacional do ambiente de trabalho;
Avaliar os fatores de risco para o desenvolvimento do estresse em membros
da equipe de enfermagem
25
3 REFERENCIAL TEÓRICO
No referencial teórico deste estudo foram abordados os conceitos do filósofo e
médico francês Georges Canguilhem (1904-1995) em sua tese de doutorado. Esta foi
publicada em livro pela primeira vez em 1966, intitulada “O normal e o patológico”.
Assim, a fim de auxiliar a compreensão do ambiente de trabalho e sua influencia no
estresse ocupacional, optou-se por utilizar esse referencial teórico por trazer em sua
essência os conceitos de normal, patológico, saúde e doença.
O material referente a esta secção foi elaborado na disciplina de Filosofia e
Epistemologia da Ciência, o qual resultou na construção de um artigo que após as
contribuições das professoras da disciplina foi submetido e publicado na revista Ciência e
Transformação Social (ANEXO A).
26
4. METODO
Nesta secção são apresentados os materiais e procedimentos metodológicos
utilizados para a realização desse estudo. Assim, foi elaborado o quadro 1 para a melhor
visualização do delineamento.
Quadro1- Delineamento de pesquisa por fase do estudo. Natal/RN, 2016
Metodologia
Delineamento
de pesquisa Mensuração
do estresse
Mensuração
do clima de
organização
Análise do
estresse e do
clima
organizacional
Avaliação dos
fatores de risco
para o
desenvolvimento
do estresse
Tipo do estudo
Transversal,
descritivo
Transversal,
descritivo
Transversal,
descritivo
Coorte
Local do estudo Setores de internação adulto de um Hospital Universitário do Nordeste do
Brasil
Amostra 319 319 319 69
Coleta de
dados
Fevereiro de 2015 2015 a 2016
Instrumento de
Coleta de
dados
Instrumento Sociodemográfico
Instrumento de
Coleta de
dados
Inventário dos
Sinais Sintomas
de Lipp (ISSL)
Escala de
avaliação
CLIMOR
Inventário dos Sinais Sintomas de
Lipp e Escala de avaliação CLIMOR
Fonte: Dados da Pesquisa, 2016.
4.1. Tipo de estudo
O presente estudo é do tipo quantitativo e dividido em duas formas de abordagem:
transversal e coorte.
No estudo quantitativo, o pesquisador parte de parâmetros (características
mensuráveis) para serem classificadas e analisadas na busca do estabelecimento da relação
entre causa e efeito das variáveis.
A pesquisa transversal consiste no estudo do fenômeno analisado contemplado no
decorrer de uma única coleta de dados, de forma temporal (POLI, BECK, 2012). Desse
modo, a fim de realizar a mensuração de forma pontual do estresse, do clima
organizacional e do cruzamento dessas duas variáveis foi realizada esse tipo de
abordagem.
27
A outra forma na qual o estudo encontra-se estruturado é a abordagem de coorte.
No estudo de coorte, o pesquisador define datas de início e final do seguimento dos
participantes e no decorrer deste intervalo são colhidas informações sobre a exposição de
interesse, bem como suas covariáveis (TRIOLA, 2014).
Assim, para avaliar os fatores de risco para o desenvolvimento do estresse em
membros da equipe de enfermagem as informações referentes ao estresse foram coletadas
no decorrer de um ano, em intervalos regulares de três meses.
4.2 Local do estudo
O local do estudo foi o Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL), mais
especificamente nas unidades que prestam atendimento especifico a pacientes adultos
internados e que possuem equipe de enfermagem. Logo, os locais da pesquisa foram: as
Unidades de Clínica Médica (UCM), Unidades de Clínica Cirúrgica (UCC), Unidade de
terapia Intensiva (UTI), Centro Cirúrgico (CC) e Unidade de Diálise (UD).
A escolha do campo se deu pelo fato de ser um hospital de referência para o estado
do Rio Grande do Norte, que atende à demanda adulta relacionado à rede do Sistema
Único de Saúde (SUS), na assistência das diversas especialidades da medicina,
fisioterapia, farmácia, serviço social, nutrição, odontologia, psicologia e enfermagem.
Atualmente, possui 240 leitos, entre as enfermarias de clínicas médica e cirúrgica,
20 leitos de UTI adulto, e 12 salas de cirurgia. Além disso, o HUOL ainda conta com 85
salas de ambulatórios para o atendimento a população, salas de aula, auditórios e um
centro de diagnóstico por imagem (FERNANDES, MARTINS, 2013).
Caracteriza-se por ser um dos três hospitais de ensino da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte (UFRN), e apresenta como missão o ensino, a pesquisa, a extensão e
a assistência.
Conta com a atuação de cerca de 1500 profissionais de saúde, e, aproximadamente
1000 alunos de graduação das mais diversas áreas da saúde e 120 residentes
multiprofissionais envolvidos na cura, prevenção, promoção e/ou reabilitação de doenças e
agravos à saúde e promoção à saúde.
4.3 População e Amostra
A população de um estudo corresponde ao universo de pessoas que podem ser
investigadas. Já a amostra é um subconjunto dos elementos dessa população (POLLIT,
28
BECK 2012). Assim, nas subsecções a seguir são abordadas as amostras para as duas
abordagens do estudo.
4.3.1 População e Amostra: etapa transversal
A amostra do estudo foi composta por 319 profissionais de enfermagem
distribuídos nos setores de internação nos diversos turnos de atuação (matutino, vespertino
e noturno).
Não houve cálculo amostral, pois todos os profissionais que estavam disponíveis e
que aceitaram participar do estudo foram incluídos, o que possibilitou a investigação dos
profissionais envolvidos nesta realidade.
Foi elencado como critério de exclusão os profissionais com atestado médico,
licenças de qualquer natureza, férias ou que estavam impossibilitados de responder o
questionário no momento da coleta dos dados.
Desse modo, o quantitativo de profissionais participantes do estudo, ficou
distribuído conforme o quadro 2.
Quadro 2- Distribuição dos profissionais de enfermagem participantes do estudo(N=319).
Natal/RN, 2016
Unidade Enfermeiro Técnicos em
Enfermagem
Total
Unidade de Clínica
Médica
22 83 105
Unidade de Clínica
Cirúrgica
18 76 94
Unidade de Terapia
Intensiva
14 38 52
Centro Cirúrgico 3 55 58
Unidade de Diálise 3 7 10
Total 60 259 319 Fonte: Dados da Pesquisa, 2016.
4.3.2 População e Amostra: etapa longitudinal
Para a realização dessa etapa da pesquisa, a amostra representativa dos sujeitos, foi
constituída por todos os profissionais de enfermagem que compõe os setores de
atendimento exclusivo aos pacientes.
Foram incluídos os profissionais de enfermagem dos setores supracitados que
estivessem com até três meses completos de trabalho no local de realização da coleta, a
29
escolha desse período de tempo justifica-se pelo modelo do estresse proposto no
Inventário de Sinais e Sintomas de Lipp, no qual a autora coloca esse é o período de tempo
para o desenvolvimento de uma sintomatologia mais grave do estresse.
Com isso, o quantitativo de participantes dessa etapa foi de 87 profissionais de
enfermagem que fizeram parte desta etapa do estudo, distribuídos nos diferentes setores e
turnos de atuação, conforme elucida a figura 1.
Figura 1 - Representação dos profissionais de enfermagem que participaram da etapa
coorte do estudo (N=87). Natal/RN, 2016
Fonte: Dados da Pesquisa, 2016.
Cabe destacar que no decorrer do processo de coleta de dados houve perdas de
alguns participantes do estudo e, alguns participantes se enquadraram em critérios de
exclusão. Desse modo a figura 2, demonstra a amostra final desse estudo.
30
Figura 2 - Amostra final dos profissionais de enfermagem que participaram da coorte
(N=69). Natal/RN, 2016
Fonte: Dados da Pesquisa, 2016.
4.4 Coleta de dados
4.4.1 Coleta de dados da etapa transversal
A coleta de dados da etapa transversal do estudo ocorreu em fevereiro de 2015, no
próprio local e turno de trabalho dos profissionais, em um momento em que estes
pudessem responder, sem comprometer suas atividades no período de atuação. Foi
permitido que o preenchimento dos questionários ocorresse em outro momento, sendo
acordado o dia para a devolução.
4.4.2 Coleta de dados da etapa coorte
A coleta de dados da etapa longitudinal do estudo ocorreu em intervalos de tempo
iguais, a cada três meses no decorrer de um ano, com um total de cinco momentos
distintos. O ponto zero da coleta foi em fevereiro de 2015 e seguiu os meses de maio;
agosto; novembro e por fim fevereiro de 2016. Foi preconizada a primeira semana de cada
trimestre para a aplicação dos instrumentos.
31
Os dados foram coletados no próprio setor de trabalho dos entrevistados, bem
como nos diferentes turnos de trabalho.
4.5 Instrumento de coleta de dados
Esta seção encontra-se subdividia em três tópicos que esclarecem os instrumentos
utilizados para a coleta de informações dos participantes do estudo.
4.5.1 Instrumento sóciodemográfico
O instrumento sóciodemográfico (APÊNDICE A) possui questões referentes à
caracterização dos sujeitos como também questões referentes aos aspectos laborais. A
descrição completa das variáveis, bem como a forma como a sua categorização encontra-
se abordada no quadro 3.
Quadro 3- Variáveis sociodemográficas do estudo. Natal/RN, 2016
Variáveis Critérios
Variáveis Sociodemográficas
Sexo Masculino/feminino
Idade Mensurada em anos
Número de Filhos: Mensurada em números absolutos
Situação Conjugal
Avaliada em categorias: Solteiro(a) /Casado(a) /União
estável/Divorciado(a)/ viúvo(a)
Tempo de Formado: Mensurada em anos
Tempo de Atuação como
Profissional da saúde:
Mensurada em meses
Pratica atividade física Avaliada nas duas categorias: Sim/Não
Horas de sono diárias: Mensurada em horas em horas
Variáveis Laborais
Cargo Avaliada nas duas categorias que fizeram parte da
amostra: Enfermeiro e Técnico de Enfermagem
Turno de trabalho Avaliada em Manhã/tarde/noite
Tempo de Atuação no Setor
que se encontra
Mensurada em meses
Horas de trabalho semanal Mensurada em horas
Possui mais de um vínculo Avaliada nas duas categorias: Sim/ Não
Houve Mudança de setor Avaliada nas duas categorias: Sim/ Não
Fonte: Dados da Pesquisa, 2016.
32
4.5.2 Instrumento de Sinais e Sintomas do estresse de Lipp
O Inventário de Sinais e Sintomas de Lipp, (ISSL) (ANEXO B) visa à definição
das fases do estresse na população estudada. O instrumento possui três tabelas com sinais
e sintomas característicos das quatro fases do estresse, e é ser respondido pelo próprio
sujeito da pesquisa (LIPP, 2000).
O inventário é composto por três quadros que se referem às quatro fases do
estresse. O primeiro quadro (fase de alarme) é composto por 12 sintomas físicos e três
psicológicos; o respondente assinala os sintomas experimentados nas últimas 24h. O
segundo quadro (fase de resistência) é composto de dez sintomas físicos e cinco
psicológicos; os quais correspondem os sintomas percebidos na última semana. A terceira
fase (quase-exaustão) é diagnosticada com base na frequência dos itens assinalados na fase
de resistência. No terceiro quadro (fase de exaustão), composto por 12 sintomas físicos e
11 psicológicos, o respondente assinala os identificados no último mês.
Assim, o inventário permite ao pesquisador identificar, quantitativamente, quais as
fases do estresse em que a amostra envolvida se encontra, bem como, quais são os sinais e
sintomas, físicos e psicológicos mais evidentes.
4.5.3 Escala de Avaliação do clima organizacional
A escala CLIMOR (ANEXO C) foi elaborada e validada por Rueda e Santos
(2011) e, permite uma avaliação dos aspectos intrínsecos do ambiente de trabalho a partir
da pontuação desse constructo pelos trabalhadores. Esta é constituída por 32 itens
distribuídos em cinco fatores:
Fator 1: Comunicação;
Fator 2: integração e satisfação;
Fator 3: Desenvolvimento profissional e benefícios;
Fator 4: Ergonomia e Condições de trabalho;
Fator 5: Processo Decisório
Este instrumento é de fácil aplicação e preenchido pelo próprio sujeito da pesquisa
por meio de uma escala de Likert composta por cinco itens conforme distribuição:
(discordo totalmente, discordo parcialmente, nem concordo/nem discordo, concordo
parcialmente, concordo totalmente), pontuados de 1 a 5 respectivamente (RUEDA e
SANTOS, 2011). O tempo de preenchimento, em média, foi de 15 minutos.
33
Com a pontuação das questões referentes a esses itens, foi gerado o CLIMOR total,
que é a avaliação do trabalhador sobre o clima organizacional em seu ambiente de atuação
profissional.
Os escores médios para cada fator são obtidos somando-se os valores indicados
pelos respondentes. Dessa forma, a pontuação em cada fator poderá variar de 0 a 100. Os
valores entre 0 e 25 pontos indicam insatisfação do sujeito com a dimensão em questão;
valores entre 26 a 75 pontos indicam indiferença; e valores entre 76 a 100 pontos indicam
satisfação (RUEDA e SANTOS, 2011).
Desse modo, ao se levar em consideração os itens pontuados nessas escalas
apresenta-se a figura 3 que contem variáveis, laborais, individuais e sociodemográficas
que foram abordadas no decorrer desse estudo.
Figura 3 - Variáveis preditoras e laborais que podem influenciar o estresse e o clima
organizacional. Natal/RN, 2016
Fonte: Dados da Pesquisa, 2016.
4.7 Análise de dados
4.7.1 Análise do estresse
A análise estatística dos resultados foi desenvolvida nas seguintes etapas: 1)
análise descritiva; 2) análise bivariada; 3) análise multivariada e 4) análise dos resíduos.
Na primeira delas, a análise descritiva os dados foram calculados em medidas de tendência
central e medidas de dispersão, bem como em frequência absoluta (n) e relativa (%) das
variáveis classificatórias.
34
A etapa seguinte envolveu a análise bivariada para verificar a existência ou não de
associação entre cada variável independente como sexo, estado civil, número de filhos e a
presença ou não do estresse.
A relação entre as variáveis classificatórias foi mensurada com o teste qui-
quadrado de Pearson. Para as variáveis quantitativas foram avaliadas as diferenças entre
as médias por meio teste t-student ou teste U de Mann-Whitney, de acordo com a presença
ou não de normalidade das mesmas, verificadas pelo teste de Shapiro-Wilk.
Na análise multivariada, fez-se uma verificação dos fatores associados ao estresse,
foram calculadas a razão de chances (odss ratio –OR) e os seus respectivos intervalos de
confiança (IC95%) através da regressão logística, e a ocorrência ou não do estresse foi a
variável dependente. As variáveis independentes foram: sexo, idade, estado civil, tempo de
formado, tempo de atuação no setor, prática de atividade física, horas de sono diárias,
horas de trabalho semanal, presença do duplo vínculo. As variáveis independentes
categorizadas: horas de sono diárias, horas de trabalho semanal. As covariáveis que
apresentaram nível crítico de p≤0,20 foram consideradas candidatas para permanência no
modelo final.
O ajuste de variáveis potencialmente confundidoras foi realizado por meio da
utilização da técnica multivariada passo a passo, com a inclusão no modelo final das
variáveis significativamente associadas na análise bivariada.
Após a inclusão simultânea de todos os efeitos principais, foram testadas as
interações plausíveis. A seleção do modelo final levou em consideração a análise dos
resíduos, por observação gráfica e significância clínica e epidemiológica. Foram
considerados significativos valores de p≤0,05.
4.7.2 Análise do Clima Organizacional
Os dados provenientes da escala CLIMOR foram digitados em planilhas do
Microsoft Excel Starter 2010, a fim de identificar erros de digitação e casos omissos. Após
foi possível associar as variáveis sociodemográficas e ocupacionais com o grau de
satisfação apresentado pelo sujeito em estudo.
A partir disso, as variáveis categóricas foram analisadas por media e desvio padrão
(DP). O teste de qui-quadrado foi utilizado a fim de identificar possíveis associações das
variáveis que apresentassem significância estatística seguindo um p valor <0,05. Já as
categóricas a partir de frequência absoluta e relativa.
35
4.7.3 Análise de dados da associação: Clima Organizacional e do Estresse
Após a aplicação dos instrumentos, os dados foram tabulados em planilhas do
Microsoft Excel Starter 2010. Em conformidade com as etapas do manual do ISSL e da
escala CLIMOR, para a identificação da associação dos dados sociodemográficos e
ocupacionais com o grau de satisfação apresentado e a fase do estresse pontuada pelo
indivíduo.
As variáveis contínuas foram analisadas por média e desvio padrão (DP) e as
variáveis categóricas a partir de frequência absoluta e relativa. Foi utilizado o teste qui-
quadrado para verificar as associações encontradas e que apresentaram significância
estatística (p<0,05).
4.7.4 Análise de dados fatores de risco para o desenvolvimento do estresse em membros da
equipe de enfermagem
Os dados foram avaliados conforme a análise de sobrevida (CARVALHO, et.al.;
2014). Este tipo de apreciação de dados permitiu investigar o tempo de ocorrência do
evento de interesse. Ou seja, o tempo de desenvolvimento ou do agravamento do estresse
nos profissionais de enfermagem do hospital em estudo no decorrer de um ano, e esse foi
o desfecho principal do estudo.
Foi utilizado o estimulador não paramétrico Kaplan-Meier. Este permite considerar
o tempo de exposição de cada observação no período de análise, ou seja, possibilita a
comparação no desenvolvimento do desfecho, ter estresse, com o tempo de observação,
bem como entre os diferentes grupos de participantes, equipe de enfermagem nos
diferentes ambientes de atuação (CARVALHO, et.al.; 2014).
Os resultados da análise de sobrevida de Kaplan-Meier expressam a probabilidade
de o indivíduo desenvolver o estresse ao longo do tempo quando exposto as variáveis
independentes.
A descrição dos fatores de risco para o desenvolvimento do estresse no decorrer de
um ano, realizou-se uma análise descritiva e bivariada. Na descritiva os dados foram
calculados em medidas de tendência central e medidas de dispersão, bem como em
frequência absoluta (n) e relativa (%).
36
A análise bivariada verificou a existência ou não de associação entre cada variável
sociodemográfica em estudo e a presença ou não de estresse. A relação entre essas
variáveis foi avaliada com o teste qui-quadrado de Pearson ou teste exato de Fisher.
4.8 Aspectos Éticos
O estudo seguiu as recomendações da Resolução 466/12 do Conselho Nacional de
Saúde, dispondo sobre as normas éticas que regulamentam a pesquisa com seres humanos
preservando o caráter voluntário e de anonimato dos sujeitos em estudo. O projeto foi
aprovado por Comitê de Ética e Pesquisa, pelo Parecer 925.477, de 22 de dezembro de
2014, sob o número CAAE: 39637114.0.0000.5537 (ANEXO D).
Previamente ao início da coleta de dados, os participantes foram esclarecidos sobre
os objetivos da pesquisa, bem como as fases do estudo e o processamento da coleta de
dados, além dos riscos de sua participação. Após essa explicação, os participantes foram
convidados a assinar o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) (APENDICE
B).
37
5 RESULTADOS
Os resultados deste estudo estão em conformidade com as Normas Gerais de
Apresentação do Relatório de Pesquisa de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em
Enfermagem na Atenção à Saúde da UFRN – Regimento 2010, em que define a descrição
dos dados provenientes da pesquisa devem ser apresentados sob a forma de manuscritos.
Assim, os resultados e discussões desta tese estão delineados em quatro manuscritos,
apresentado no quadro 5.
Quadro 5 – Resultados e Discussão dos dados da tese. Natal/RN, 2016
Fonte: Dados da Pesquisa, 2016.
Objetivo Manuscrito
Mensurar o estresse entre os
membros da equipe de
enfermagem;
Ambiente hospitalar: estresse ocupacional no
cotidiano dos profissionais de enfermagem
Mensurar o Clima Organizacional
entre os membros da equipe de
enfermagem;
Clima Organizacional: satisfação laboral dos
profissionais de enfermagem de um Hospital
Universitário
Avaliar o estresse da equipe de
enfermagem e sua relação com o
clima organizacional do ambiente
de trabalho;
Clima organizacional e sua interface com o
estresse em profissionais de enfermagem
Avaliar os fatores de risco para o
desenvolvimento do estresse em
membros da equipe de
enfermagem
Fatores de risco para o desenvolvimento do
estresse ocupacional em profissionais de
enfermagem
38
Manuscrito 1: Ambiente hospitalar: estresse ocupacional no cotidiano dos
profissionais de enfermagem
Resumo
Objetivo: Analisar a prevalência de estresse entre os membros da equipe de enfermagem
de um hospital do Nordeste do Brasil.
Métodos: Estudo quantitativo e transversal, com uma amostra de 319 profissionais de
enfermagem pertencentes ao quadro de funcionários do hospital em estudo. A coleta de
dados ocorreu em fevereiro de 2015 e aplicados o questionário sociodemográfico e o
Inventário de Sinais e Sintomas de Lipp. A análise estatística foi realizada por meio de
análise descritiva, bivariada, análise multivariada por meio da regressão logística e análise
dos resíduos. Resultados: A prevalência de estresse na população em estudo foi de 22,5%.
Ademais, verificou-se maior chance de estresse nos profissionais que não praticavam
atividade física (OR=1,95, IC95%1,11-3,48) e que apresentavam menor número de horas
de sono (OR=1,30, IC95%1,05-1,62).
Conclusão: A prevalência de estresse evidenciada na equipe de enfermagem interfere
diretamente na qualidade da assistência, na segurança do paciente e na saúde deste
trabalhador.
Descritores: Enfermagem; Enfermagem do Trabalho; Serviço Hospitalar de Enfermagem;
Saúde do Trabalhador; Estresse psicológico.
39
Introdução
O trabalho oferece grande influência na vida daqueles que o exercem, pois
representa um meio de subsistência, de inserção social e de reconhecimento enquanto
sujeito produtivo em sociedade. Desse modo, pode desencadear sensações de prazer e
satisfação pessoal, como também ser fonte de sofrimento, o que causa insatisfação e o
consequente adoecimento dos trabalhadores.(1)
Esta consequência repercute diretamente em aspectos físicos e mentais desses
indivíduos e pode ser fonte de doenças de origem ocupacional. Dentre essas, destaca-se o
estresse. Este termo é usado para nomear um conjunto de reações fisiológicas e psíquicas
que ocorrem no trabalhador em resposta a agentes estressores provenientes do seu
cotidiano profissional.(2,3)
Estudos(4,5,6)
elencam como principais desencadeadores do estresse relacionado ao
trabalho: a organização do ambiente laboral; as características inerentes a cada profissão, e
as relações interpessoais existentes no cotidiano de atuação.
Neste ínterim, ambientes laborais que exigem de seu trabalhador uma maior
capacidade de adaptação em decorrência do confronto diário com situações estressantes,
são lugares reconhecidos como geradores de estresse ocupacional.
E, dentre esses locais, pesquisas (6,7,8)
apontam o contexto hospitalar, pois é
identificado pelos trabalhadores da saúde como um espaço permeado por estressores como
os aparatos tecnológicos complexos e o sistema técnico-organizacional específico, o que
contribui para o estresse entre esses profissionais.
Além disso, o contato constante com as características inerentes ao trabalho em
saúde, como o convívio com o sofrimento, a compaixão e a empatia, além do confronto
com situações de doenças e morte, pode desencadear nestes profissionais sentimentos de
culpa e de ansiedade e, com isso, o consequente surgimento de desordens físicas e
emocionais.(6)
Nesta perspectiva, os profissionais que compõe a equipe de enfermagem e que
atuam no contexto hospitalar, são trabalhadores passíveis ao desenvolvimento do estresse
em seu ambiente ocupacional. Afinal, vivenciam um cotidiano de riscos e condições
laborais, muitas vezes, desfavoráveis; com uma carga de trabalho excessiva, pois
desempenham tarefas de cunho assistencial, gerencial, administrativas e burocráticas. (9, 10)
Essas circunstâncias evidenciam e tornam-se determinantes para a ocorrência de
alterações biopsíquicas, que podem ser apresentadas como desgaste físicos e psíquicos
40
potenciais ou efetivos.(10)
E, com isso, ocasiona o estresse individual nos membros da
equipe de enfermagem em seu ambiente de trabalho.
Portanto, é importante fomentar pesquisas que busquem os principais agravos
relacionados ao estresse e ao ambiente de trabalho; os sinais e/ou sintomas do estresse que
acometem os profissionais de enfermagem para que, assim, estratégias de prevenção e
enfrentamento possam ser implantadas.
Com isso, o estudo em tela, possui as seguintes questões norteadoras: os
profissionais de enfermagem apresentam estresse? Se sim, quais são os níveis de estresse
que a equipe de enfermagem está exposta em seu local de atuação profissional? Há locais
em que os profissionais são mais suscetíveis que outros?
Diante disso, o objetivo deste estudo foi: Analisar a prevalência de estresse entre os
membros da equipe de enfermagem de um hospital do Nordeste do Brasil.
Metodologia
Estudo transversal e descritivo, realizado em setores de internação adulto de um
hospital do nordeste do Brasil, considerado referência para o atendimento clínico e
cirúrgico.
Os participantes foram os profissionais de enfermagem, enfermeiros e técnicos de
enfermagem, que atuavam nas unidades de cuidados diretos aos pacientes, a saber:
Unidades de Clínica Médica (UCM), Unidades de Clínica Cirúrgica (UCC), Unidade de
Terapia Intensiva (UTI), Centro Cirúrgico (CC) e Unidade de Diálise (UD).
A escolha desses setores ocorreu pelo fato de serem unidades em que os
profissionais prestam assistência contínua aos pacientes internados. Além disso,
representam setores de atendimentos distintos o que possibilitou a identificação de
diferenças ou semelhanças estatísticas do evento estresse entre esses ambientes de atuação.
A população do estudo foi composta por todos os profissionais de enfermagem do
referido Hospital, que totalizavam 480 (100%) trabalhadores. A amostra constitui-se de
319 (66,4%) profissionais de ambos os sexos, pertencentes ao quadro de funcionários do
hospital em estudo, nos diversos turnos de atuação (matutino, vespertino e noturno).
Não houve cálculo amostral, pois todos os profissionais que satisfizeram os
critérios de inclusão de atuar no setor ha no mínimo 1 mês, estar disponível para participar
do estudo foram incluídos no estudo.
41
Foi elencado como critério de exclusão: profissionais com atestado médico,
licenças de qualquer natureza, férias ou que estavam impossibilitados de responder aos
questionários no momento da coleta dos dados.
A coleta de dados foi realizada em fevereiro de 2015. Foram utilizados como
instrumentos de coleta de dados dois questionários auto preenchíveis: o sociodemográfico,
para a caracterização dos sujeitos do estudo; e o Inventário de Sinais e Sintomas de Lipp,
2000 (ISSL)(11)
, que permite identificar, a partir da sintomatologia relatada pelos
indivíduos, a presença de estresse, o tipo de sintoma presente: físico, psicológico ou físico-
psicológico, e a fase do estresse: alarme, resistência, quase-exaustão e exaustão.
O inventário é composto por três quadros que se referem às quatro fases do
estresse. O primeiro quadro (fase de alarme) é composto por 12 sintomas físicos e três
psicológicos; o respondente assinala os sintomas experimentados nas últimas 24h. O
segundo quadro (fase de resistência) possui dez sintomas físicos e cinco psicológicos;
sendo assinalados os sintomas percebidos na última semana. No terceiro quadro (fase de
exaustão), está descrito com 12 sintomas físicos e 11 psicológicos; o respondente assinala
os identificados no último mês. A terceira fase (quase exaustão) é diagnosticada com base
na frequência dos itens assinalados na fase de resistência.
A análise estatística dos resultados foi desenvolvida em quatro etapas: análise
descritiva, análise bivariada, análise multivariada e análise dos resíduos. Na análise
descritiva os dados foram calculados em medidas de tendência central e medidas de
dispersão, bem como em frequência absoluta (n) e relativa (%) das variáveis
classificatórias.
A etapa seguinte envolveu a análise bivariada para verificar a existência ou não de
associação entre cada variável independente e a presença ou não do estresse.
A relação entre as variáveis classificatórias foi avaliada com o teste qui-quadrado
de Pearson ou teste exato de Fisher. Enquanto que, para as variáveis quantitativas foram
avaliadas as diferenças entre as médias por meio teste t-student ou teste U de Mann-
Whitney, de acordo com a presença ou não de normalidade das mesmas, verificadas pelo
teste de Shapiro-Wilk.
Na análise multivariada, para os fatores associados ao estresse, calcularam-se a
razão de chances (odss ratio – OR) e os seus respectivos intervalos de confiança (IC95%)
pela regressão logística, e a ocorrência ou não do estresse a variável dependente. As
variáveis independentes foram: sexo, idade, estado civil, tempo de formado, tempo de
atuação no setor, prática de atividade física, horas de sono diárias, horas de trabalho
42
semanal, presença do duplo vínculo. As variáveis independentes categorizadas: horas de
sono diárias, horas de trabalho semanal. As covariáveis que apresentaram nível crítico de
p≤0,20 foram consideradas candidatas para permanência no modelo final.
O ajuste de variáveis potencialmente confundidoras foi realizado por meio da
utilização da técnica multivariada passo a passo, com a inclusão no modelo final das
variáveis significativamente associadas na análise bivariada. Após a inclusão simultânea
de todos os efeitos principais, foram testadas as interações plausíveis. A seleção do
modelo final levou em consideração a análise dos resíduos, por observação gráfica e
significâncias clínica e epidemiológica. Foram considerados significativos valores de
p≤0,05.
Cabe ressaltar que a pesquisa foi realizada conforme os procedimentos éticos
estabelecidos, conforme resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde (CNS), no
que diz respeito à pesquisa com seres humanos. O projeto foi aprovado por Comitê de
Ética e Pesquisa, pelo Parecer 925.477, de 18 de dezembro de 2014, sob o número CAAE:
273.935.146.000.0553-7.
Resultados
Na amostra do estudo houve predominância de 265(83,1%) mulheres, com média
de idade de 34,7 anos (DP=9,3anos). Dessas, 262 (81,8%) atuavam a menos de 12 meses
no hospital em estudo, e 195(61,1%) dos profissionais atuavam em duplo vínculo
empregatício, conforme tabela 1.
Tabela 1 - Características sociodemográficas da população do estudo. (N=319) Natal/RN,
2016
Variável/categoria N(n=319) %
Sexo
Feminino 265 83,1
Masculino 54 16,9
Idade
Até 30 anos 129 40,4
31 a 35 anos 84 26,1
36 a 40 anos 47 14,7
41 a 45 anos 33 10,3
46 a 50 anos 14 4,7
Acima de 50 anos 12 3,8
Estado Civil
Com companheiro 184 57,7
Sem companheiro 135 42,3
Número de Filho
43
Não possui 147 53,9
1 a 4 filhos 172 46,1
Tempo de Atuação no Setor
< 12 meses 261 81,8
>12 meses 58 18,2
Duplo Vínculo
Sim 195 61,1
Não 124 38,9 Fonte: Dados da pesquisa
A aplicação do ISSL identificou que 74 (23,2%) dos participantes apresentam
sintomas de estresse. A fase de maior incidência, a de resistência ao estresse, com 42
(13,1%) dos profissionais. A segunda fase mais pontuada foi a de exaustão, com 15 (4,7%)
dos trabalhadores investigados. Destaca-se que não houve diferença estatisticamente
significativa entre o nível de estresse e a categoria profissional.
Em relação à análise bivariada, foi possível evidenciar as variáveis independentes
associadas ao desfecho, ter ou não estresse. Verificou-se diferença estatisticamente
significativa entre a prática de atividade física e as horas de sono diárias, conforme
apresentado na tabela 2.
Tabela 2 – Comparação da presença do estresse segundo as características
sociodemográficas dos profissionais (N=319). Natal/RN, 2016
Variáveis Estresse Valor de
p
Estresse
Sim Não
N % N %
74 23,2 245 76,8
Sexo
Feminino 62 19,4 201 63,0
0,86* Masculino 12 3,7 44 13,7
Situação
Conjugal
Com
Companheiro
42 13,1 142 44,5
0,85*
Sem
companheiro
32 10,2 103 32,2
Número de
Filhos
Não Possui 42 13,1 130 40,7 0,60*
1 a 4 filhos 32 10,0 115 36,2
Setor de
Atuação
44
Profissional
0,90*
Clínica
médica
24 7,5 82 25,7
Clínica
Cirúrgica
24 7,5 70 21,9
Unidade de
Terapia
Intensiva
12 3,7 40 12,9
Centro
Cirúrgico
11 3,4 46 14,4
Diálise 3 0,9 7 2,1
Tempo de
atuação no
Setor
0,85* < 12 meses 60 18,5 201 64,1
>12 meses 14 4,3 44 13,1
Duplo
Vínculo
Sim 41 12,8 154 48,4 0,25*
Não 33 10,3 91 28,5
Prática
Atividade
Física
Sim 21 6,5 106 33,4 0,02*
Não 53 16,6 139 43,5
Turno
Manhã 34 10,6 85 26,6 0,08*
Tarde 17 5,3 89 27,8
Noite 23 7,5 71 22,2
Variável Mediana Mediana
Horas de
sono
6,61 1,40 7,00 1,22
0,03**
Horas de
trabalho
semanal
37,8 7,84 38,7 9,24 0,50**
Idade 34,4 7,21 34,6 9,93 0,90**
Fonte: dados da pesquisa * teste de Qui-Quadrado de Pearson ** Teste de Mann-Whitney
Na análise multivariada foram incluídas as variáveis: prática de atividade física e
horas de sono diárias, pois apresentaram valor de p≤ 0,20 na análise univariada. Observou-
se que a presença do estresse foi dependente da prática de atividade física e das horas de
sono diárias, ou seja, os profissionais que não praticavam atividade física e que dormiam
menos horas apresentavam maior chance de apresentar estresse, conforme evidenciado na
45
tabela 3. Destaca-se que foi testada a presença de interação entre essas variáveis, no
entanto a mesma não foi estatisticamente significativa.
Tabela 3 - Razão de chances não ajustada e ajustada dos fatores associados à presença do estresse.
Natal/RN, 2016
Variáveis
||OR não ajustada (IC95%) OR ajustada (IC95%)
Atividade Física
Sim
1,90(1,06-3,30) 1,95 (1,11-3,48) Não
Horas de sono
Redução em 1 hora 1,29 (1,03-1,60) 1,30 (1,05-1,62)
Fonte: Dados da Pesquisa || Odds Ratio
Discussão
Os resultados desta pesquisa possibilitaram a identificação de associações entre as
variáveis laborais e sociodemográficas dos profissionais de enfermagem investigados, o
que constitui um importante aspecto para a identificação de possíveis fatores que
influenciam o estresse ocupacional no ambiente hospitalar.
Evidenciou-se que a amostra predominante é do sexo feminino, com média de
idade de 34,4 anos, com estado civil declarado com companheiro, com um a dois filhos e
com uma carga horária semanal de trabalho média de 38,5 horas. Esses resultados foram
semelhantes a estudos realizados sobre o perfil nacional(12)
da enfermagem, bem como
condizentes com a realidade internacional.(13,14)
As características encontradas nessa população apresentam, ainda, implicações
relevantes no que concerne aos fatores estressores na vida desses trabalhadores, uma vez
que a literatura(15)
aponta que as mulheres que trabalham precisam conciliar as atividades
de casa, da vida conjugal, dos cuidados destinados aos filhos e, como estão em idade
produtiva, muitas ainda buscam uma melhor qualificação profissional.
No que se refere aos escores pontuados no ISSL, destaca-se que 76,8% dos
profissionais de enfermagem do presente estudo não obtiveram escores correspondentes às
fases do estresse. Fato este que corroborou com pesquisas(5-16)
realizadas em hospitais
públicos no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul, nos quais grande parte dos
trabalhadores de enfermagem não pontuaram positivamente para o estresse. Tais estudos
46
sugerem que seus participantes estão em contato com condições de trabalho salubres e
utilizam estratégias de minimização do estresse em seu ambiente laboral.
Nesse estudo, tal resultado pode ser reflexo das características da amostra
investigada, uma vez que a literatura(14,15)
aponta que profissionais com filhos e/ou com
um relacionamento estável possuem uma menor propensão a ter sua saúde mental
prejudicada, o que inclui a predisposição ao desenvolvimento do estresse.
Contudo, 23,2% dos trabalhadores analisados apresentaram sintomatologia
expressiva para o estresse, com destaque para a fase de resistência, com 13,1%. De modo
semelhante, estudos(5,17)
que utilizaram o ISSL em profissionais de enfermagem no
ambiente hospitalar, demonstraram que esta fase do estresse foi, igualmente,
predominante.
Essa classificação revela o enfrentamento de situações estressantes o que pode
ocasionar um desgaste no trabalhador que é acumulado ao longo do tempo. Além disso, a
resistência ao estresse promove a liberação do hormônio cortisol no organismo e este gera
a somatização no indivíduo e o torna mais susceptível ao desenvolvimento de desordens
patológicas.(5-17)
A segunda fase de maior pontuação foi a exaustão, presente em 4,7% dos
participantes do estudo. Essa etapa do estresse reflete um desgaste anormal dos
trabalhadores, uma vez que é nesta fase que as desordens já estão em curso no corpo do
sujeito e podem acarretar consequências pessoais, como presença de distúrbios mentais e
desgaste físico.
Tal fato pode influenciar, diretamente, no espaço organizacional e ocasionar a
diminuição da produtividade do trabalhador, a insatisfação e o absenteísmo. Além disso,
pode desencadear consequências diretas no processo de cuidar, o que repercute, desse
modo, na segurança do paciente e na qualidade da assistência prestada por esta equipe.(2)
Sobre este aspecto, um estudo realizado em São Paulo(9)
demonstrou que 70% dos
profissionais de enfermagem identificam o trabalho como uma fonte potencial do estresse,
e quando se encontram desgastados, há uma interferência direta na qualidade da
assistência desempenhada e evidencia, com isso, que o estresse presente no ambiente de
trabalho é um fator negativo para o trabalhador e para o seu labor.
No que se refere à unidade hospitalar de maior predominância do estresse,
destacaram-se as enfermarias de clínicas médica e cirúrgica, com igual percentual- 7,5%, o
que vai de encontro a maioria dos estudos nacionais e internacionais realizados.(18,19,20,
21,22,23,24)
47
Há um grande quantitativo de pesquisas disponíveis na literatura que foram
realizadas em setores fechados como a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e Centro
Cirúrgico (CC) por serem setores que, a princípio, causam um maior estresse aos
profissionais atuantes, em virtude dos instrumentais tecnológicos existentes, bem como da
condição clínica/cirúrgica em que o paciente se encontra.(18,19,20, 21,22,23,24)
Há de se frisar, ainda, que essas atividades também são experimentadas pelos
profissionais de setores abertos já que experimentam situações promotoras de estresse
similares aos dos setores fechados.
Além disso, nos setores abertos a equipe de enfermagem tem um quantitativo
reduzido de funcionários o que interfere no dimensionamento de pessoal e,
consequentemente, na sobrecarga de trabalho, o que se constitui em um fator limitante
para o cuidado seguro e em elemento desencadeador do estresse. (25, 26)
Outro ponto destacado pela literatura, é que os profissionais que atuam em setores
de internação vivenciam a cobrança tanto dos pacientes como de familiares, e de outros
integrantes da equipe de saúde. A convivência em tempo integral com os acompanhantes
dos pacientes propicia que o processo de trabalho seja executado de forma desgastante por
esses trabalhadores. (25, 26)
No que se refere ao turno de trabalho com maior predomínio do estresse, o estudo
em tela evidenciou o período da manhã, com 10,6% dos profissionais de enfermagem com
sintomas das fases do estresse.
É imperativo afirmar que no turno matutino há um grande trânsito de pessoas nas
unidades hospitalares (médicos, estudantes da área da saúde, acompanhantes). Além disso,
há um maior quantitativo de demandas específicas do cuidado como: higiene corporal dos
pacientes; troca de curativos; preparo de transporte; orientações para os doentes e
familiares, o que contribui, desta feita, para a ocorrência de fatores estressantes neste turno
de atuação.(26)
Na realidade investigada, ainda foi possível identificar que os trabalhadores que
possuíam um menor tempo de atuação, até 10 anos, enquanto profissionais de enfermagem
e um menor tempo, até 12 meses, no setor de trabalho, apresentaram uma maior pontuação
para o estresse, fato este, também, apontado também em outros estudos.(5-26)
Esses dados denotam que o pouco tempo de experiência prática pode ser um fator
estressor, já que há uma carência de habilidade cotidiana e de conhecimentos sobre as
rotinas específicas do ambiente de trabalho.
48
Com relação aos aspectos da análise multivariada, destaca-se a atividade física
regular como elemento redutor do estresse, fato este que vai ao encontro da literatura.
Estudos(27,28)
indicam que a prática de exercícios físicos de forma periódica auxilia
os trabalhadores a um bom condicionamento físico e, consequentemente, a uma menor
vulnerabilidade ao estresse laboral. Afinal, melhora a qualidade de vida e saúde desses
trabalhadores e, estimula a liberação de hormônios como a endorfina que fornecem a
sensação de prazer e bem-estar.
Um estudo(28)
verificou os níveis de estresse e o estilo de vida de indivíduos
praticantes e não praticantes de ginastica laboral e identificou correlação positiva entre a
presença de atividade física, o estresse e o domínio relacionamento social, o que é
indicativo de que a realização de atividade física interfere, satisfatoriamente, no
relacionamento pessoal e no convívio com os demais trabalhadores.
Outro aspecto que os resultados dessa pesquisa apontaram foi que a variável
estresse foi dependente das horas de sono diárias dos trabalhadores. Logo, os profissionais
que dormem mais possuem menor chance de ter estresse.
Realidade semelhante a esta também foi abordado pela literatura(29)
. Um estudo
realizado em um hospital público de São Paulo mostrou que há um déficit de 2 horas de
sono frente às necessidades referidas pelos profissionais de enfermagem entrevistados. E,
para 60,53% desses trabalhadores, as horas de sono diárias foram insuficientes para sua
jornada laboral, além disso, houve associação com a variável estresse.
Dado semelhante a estes foram encontrados em uma pesquisa(30)
realizada em dois
hospitais da Austrália com enfermeiros e parteiras. Os participantes investigados referiram
que os níveis de estresse e de exaustão estão em torno de 20% - 40% dos dias de trabalho
e nesse cotidiano também experimentaram distúrbios do sono em mais de 50%, o que
enfatiza a influencia do estresse no sono dos profissionais.
Com os achados apresentados no estudo em tela e em pesquisas anteriores, é
imperativo afirmar que os profissionais de enfermagem atuam em um cotidiano permeado
por fatores estressores, independente do setor que atuam.
Neste ínterim, o estresse vivenciado por estes profissionais é considerado uma
problemática de ordem mundial, em virtude das consequências desencadeadas nesses
trabalhadores, como também na segurança da assistência por eles prestada.
49
CONCLUSÃO
O estresse foi uma variável apresentada em um quantitativo considerável de
profissionais de enfermagem na realidade investigada, com a fase de maior incidência a de
resistência ao estresse, fato este que pode ter uma associação com o enfrentamento de
situações cotidianas vivenciadas nos setores de atuação profissional investigados; como
também, essa fase indica que um processo patológico pode estar em curso.
Dentre os setores que tiveram uma maior frequência do estresse, estiveram as
Unidades de Clínica Médica (UCM) e Unidades de Clínica Cirúrgica (UCC). Além disso,
destaca-se a análise multivariada desse estudo, o que evidenciou as variáveis atividade
física e horas de sono diárias como elementos redutores do estresse. Assim, apresenta-se a
necessidade de propor mudanças organizacionais no ambiente de trabalho, com a
finalidade de dirimir os fatores causadores de estresse no ambiente laboral.
As limitações do presente estudo estiveram relacionadas à utilização do desenho
transversal, que permite apenas a análise das associações entre as variáveis, sem
estabelecer relações de causalidade. Além disso, revela o recorte de um único contexto
investigado, o que pode representar aproximações ou distanciamentos de outras realidades.
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53
Manuscrito 2: CLIMA ORGANIZACIONAL: satisfação laboral dos profissionais de
enfermagem de um Hospital Universitário
RESUMO:
Objetivo: avaliar o clima organizacional e a satisfação laboral dos membros da equipe de
enfermagem de um hospital universitário do nordeste do Brasil. Método: Estudo
transversal descritivo, de abordagem quantitativa no qual participaram 319 profissionais
de enfermagem dos diversos setores de atuação que compõe o hospital em estudo. Foram
aplicados o instrumento sociodemográfico e a escala de avaliação para o clima
organizacional em fevereiro de 2015. A análise dos dados se deu por estatística descritiva
simples. Resultados: o fator condições de trabalho apresentou alto nível de satisfação
entre os profissionais, entretanto o fator processo decisório foi pontuado como
insatisfatório. Com relação à avaliação do clima organizacional total identificou-se que os
profissionais de enfermagem que atuam há menos de um ano e que trabalham nos setores
fechados avaliaram positivamente o clima organizacional da instituição. Conclusão: Esses
resultados apontam o diagnóstico do clima organizacional do hospital investigado como
satisfatório para a população em estudo e sugere melhorias nos aspectos estruturais e de
autonomia desses indivíduos.
Descritores: Enfermagem; Ambiente Hospitalar; Cultura Organizacional
54
Introdução
O clima organizacional se refere à percepção que o trabalhador possui sobre as
políticas e práticas que estão presentes na instituição na qual atua. O que corresponde a
uma análise das dimensões psicológicas, avaliações cognitivas e afetivas desses
indivíduos, bem como aspectos subjetivos e objetivos sobre diferentes elementos de seu
ambiente laboral.(1)
Nesta perspectiva, o clima de uma organização elucida as impressões do
trabalhador com o meio interno da instituição na qual atua. Ou seja, busca analisar a
relação deste profissional com os gestores, condições laborais, normas e procedimentos da
instituição, e com os aspectos motivacionais do ambiente profissional.(1;2)
Autores(3;4)
relatam que a percepção do local de trabalho está diretamente
relacionado com a satisfação laboral dos profissionais envolvidos no serviço. Pois, são as
características específicas desse meio que são capazes de impulsionar, motivar ou causar
frustração e desapontamento nesses trabalhadores.
Assim, é possível denotar que o clima organizacional é o produto e ao mesmo
tempo o resultado de um contexto mutável de impressões diversas acerca de como o
trabalhador interage com o ambiente de trabalho.
Logo, possibilita a identificação de indicadores positivos e/ou negativos da
instituição, o que fomenta ações de melhorias para que haja o equilíbrio e a motivação
desses colaboradores.
Desse modo, estudos(2;3)
evidenciam que a monitorização das percepções que os
profissionais possuem sobre o clima de uma instituição é de suma importância para
compreender os efeitos laborais nos trabalhadores.
O clima organizacional pode ser avaliado pelos colaboradores como um promotor
do desenvolvimento de riscos psicossociais, como o estresse ocupacional. O que gera a má
qualidade de vida no trabalho e reflete na dinâmica produtiva deste profissional.(4)
Neste ínterim, é descrito na literatura(4;5;6;7)
que o ambiente laboral possui
características que são passíveis de serem avaliadas, fato este que possibilita a análise do
clima de uma instituição.
Na área da saúde, essa temática começou a ganhar destaque a partir dos anos 90,
em que estudos(4;5;6;7;8)
passaram a investigar o clima organizacional de hospitais sob a
ótica de avaliação de seus trabalhadores. Essa análise é realizada por intermédio de
instrumentos de avaliação.
55
Nestes há uma série de fatores/dimensões que são passíveis de análise por
intermédio dos trabalhadores, como: relações interpessoais; estilo de direção, estabilidade
no trabalho; disponibilidade de recursos; ergonomia e condições de trabalho, dentre
outros.(5)
Os instrumentos frequentemente utilizados são: a Escala de Avaliação para as
Instituições de Saúde(6)
; Escala do Clima Organizacional (ECO)(7)
e Escala de Avaliação
do Clima Organizacional (CLIMOR).(9)
Cabe destacar que no âmbito hospitalar a avaliação que o profissional faz desse
ambiente é de suma importância para a continuidade de seu trabalho. Por trata-se de um
estabelecimento complexo, que possui especificidades para o seu completo funcionamento
e para a manutenção da qualidade no atendimento. (5)
Destaca-se nesse contexto, a equipe de enfermagem, a qual esta inserida no
cuidado direto ao paciente, possue atribuições de gerenciamento de conflitos e atividades
específicas. O que proporciona a esses trabalhadores o contato com uma realidade
dinâmica e que sofre influencia constante do clima organizacional do setor no qual atua.
Diante disso, este estudo tem como questão norteadora: qual a percepção dos
profissionais de enfermagem acerca do clima organizacional da instituição de saúde em
que atuam?
Para responder a tal questionamento, o estudo teve como objetivo avaliar o clima
organizacional e a satisfação laboral dos membros da equipe de enfermagem de um
hospital universitário do nordeste do Brasil.
Metodologia
Estudo transversal e descritivo, realizado em setores de atendimento adulto de um
hospital do nordeste do Brasil, é considerado uma referência para o cuidado em média e
alta complexidade.
Os participantes foram os profissionais de enfermagem, enfermeiros e técnicos de
enfermagem, que atuavam nas unidades de internação do local de estudo. Esses setores
foram: as Unidade de Clínica Médica, Unidade de Clínica Cirúrgica, Unidade de terapia
Intensiva (UTI), Centro Cirúrgico e Unidade de Diálise.
A escolha desses locais ocorreu pelo fato de serem ambientes de trabalho com
características distintas, o que possibilita a identificação de diferenças e/ou semelhanças
56
estatísticas quanto a mensuração do clima organizacional a partir da análise dos
profissionais nesses inseridos.
A população do estudo foi composta por todos os profissionais de enfermagem do
referido Hospital, que totalizavam 480 (100%) trabalhadores de ambos os sexos,
pertencentes ao quadro de funcionários do hospital em estudo, nos diversos turnos de
atuação (matutino, vespertino e noturno) e que atenderam os critérios de inclusão. Desse
modo, 319 (66,4%) dos profissionais de enfermagem fizeram parte da amostra desse
estudo.
Elencou-se como critério de exclusão: profissionais com atestado médico, licenças
de qualquer natureza, férias ou que estavam impossibilitados de responder o questionário
no momento da coleta dos dados.
A coleta de dados foi realizada em fevereiro de 2015. E, foram utilizados como
instrumentos de coleta de dados dois questionários auto preenchíveis: o sociodemográfico,
para a caracterização dos sujeitos do estudo; e a escala de avaliação do Clima
Organizacional (CLIMOR)(9)
que permite a avaliação de fatores intrínsecos do ambiente
de trabalho, a saber: Comunicação, integração e satisfação; Desenvolvimento profissional
e benefícios; Ergonomia; Condições de trabalho; Processo Decisório.
Este instrumento é constituído por 32 itens que são pontuados pelos sujeitos da
pesquisa por meio de uma escala de Likert distribuída em cinco pontos (discordo
totalmente, discordo parcialmente, nem concordo/nem discordo, concordo parcialmente,
concordo totalmente), pontuados de 1 a 5 respectivamente.(9;10)
Com o somatório da pontuação assinalada pelos participantes na escala de Likert é
gerado um escore que quantifica o clima organizacional total da instituição, bem como os
fatores avaliados.(9;10)
Esse valor também pode ser categorizado em quatro características
de percepção do clima organizacional: baixa; médio baixa; médio alta e alta.
A análise dos dados provenientes dos instrumentos foi desenvolvida em duas
etapas: análise estatística descritiva simples do instrumento CLIMOR, em que foram
calculadas as medidas de tendência central e medidas de dispersão, média (M) e desvio
padrão (DP), bem como o coeficiente de variação.
Realizou-se a análise descritiva simples de cada fator relacionado com os
respectivos cargos dos profissionais entrevistados. E para as variáveis categóricas
apresentadas no instrumento sociodemográfico foram eleitas, a partir da literatura,
variáveis que possam influenciar o clima organizacional total, o que possibilitou o
57
cruzamento dessas. Utilizou-se o teste qui-quadrado para verificar as associações
encontradas e que demonstraram significância estatística (p<0,05).
Cabe ressaltar que a pesquisa seguiu os procedimentos éticos estabelecidos,
conforme resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde (CNS), no que diz respeito
à pesquisa com seres humanos. O projeto foi aprovado por Comitê de Ética e Pesquisa,
pelo Parecer 925.477, sob o número CAAE: 273.935.146.000.0553-7.
Resultados
Os participantes do estudo em tela foram a maioria do sexo feminino 265 (83,1%);
com média de idade de 33,2 anos (DP =8 anos e 7 meses); casados 141 (44,2%); com
filhos 151 (47,3%) e que atuavam em duplo vínculo empregatício 195 (61,1%). Quanto à
categoria profissional 60 (18,8%) eram enfermeiros e 259 (81,2%) técnicos em
enfermagem.
Com a aplicação da escala pode-se realizar o somatório das pontuações da escala
likert, que evidenciou os fatores comunicação, integração e satisfação (M=41,9, DP=8,24),
condições de trabalho (M=13,9, DP=3,73) e o CLIMOR total (M=109,3, DP=18,0) como
características favoráveis da instituição, pois esses escores indicam que os itens foram
avaliados com satisfação média alta pelos profissionais investigados.
Já o fator que apresentou menor satisfação para os trabalhadores foi o processo
decisório (M=7,47, DP=3,19). A pontuação desses fatores está descrita na tabela 1.
Tabela 1- Análise descritiva das variáveis do instrumento CLIMOR (N=319). Natal/RN,
2016
Fatores Mínimo Máximo Média Desvio Padrão Coeficiente de
Variação
Comunicação,
integração e
satisfação
11 56 41,9 8,24 0,19
Desenvolvimento
profissional e
benefícios
7 39 21,2 6,37 0,26
Ergonomia 5 45 21,2 4,83 0,22
Condições de
trabalho
2 28 13,9 3,73 0,26
Processo Decisório 0 22 7,47 3,19 0,42
Climor Total 57 177 109,38 18,0 0,16
Fonte: Dados da pesquisa
58
Com relação aos fatores do clima organizacional e ao cargo desempenhado pelo
profissional foi possível identificar que o fator comunicação, integração e satisfação, bem
como Processo decisório, pontuaram estatisticamente significativo como demonstrado na
tabela 2.
Tabela 2 - Distribuição da satisfação profissional com relação aos fatores de mensuração
do clima organizacional. Natal/RN, 2016
Fator Escore Enfermeiros Técnicos em
Enfermagem
Valor de p*
Comunicação,
integração e
satisfação
N % N %
0,008
Baixo 12 3,7 41 12,8
Médio
Baixo
18 5,6 37 11,5
Médio
Alto
22 6,8 89 27,8
Alto 9 2,8 91 28,5
Desenvolvimento
profissional e
benefícios
Baixo 16 5,0 69 21,6
0,903
Médio
Baixo
22 6,8 79 24,7
Médio
Alto
16 5,0 72 22,5
Alto 7 2,1 37 11,5
Ergonomia Baixo 17 5,3 72 22,5
0,395
Médio
Baixo
25 7,8 75 23,5
Médio
Alto
11 3,4 64 20,0
Alto 8 2,5 46 14,4
Condições de
trabalho
Baixo 5 1,5 20 6,2
0,265 Médio
Baixo
12 3,7 32 10,0
Médio
Alto
16 5,0 49 15,3
Alto 28 8,7 156 48,9
Processo
Decisório
Baixo 20 6,2 149 46,7 0,000
Médio
Baixo
13 4,0 50 15,6
Médio
Alto
10 3,1 33 10,3
Alto 18 5,6 25 7,8
Fonte: Dados da Pesquisa * teste by qui-quadrado
59
No que se refere à análise bivariada entre o desfecho clima organizacional total e a
sua distribuição entre as variáveis categóricas evidenciou-se que o tipo e as características
do setor; o sexo do profissional e o tempo de atuação no setor influenciaram na avaliação
do clima da instituição, conforme apresentado na tabela 3.
Tabela 3 - Escore de pontuação do clima organizacional total entre as variáveis que
influenciam laborais apresentadas pela equipe de enfermagem. Natal/RN, 2016
Variáveis CLIMOR total Valor
de p*
Baixo Médio
Baixo
Médio
Alto
Alto
N % N % N % N %
Setor
0,000 Aberto 41 12,8 56 17,5 51 16,1 52 16,3
Fechado 21 6,7 32 10,1 38 12,1 27 8,4
Sexo
Feminino 54 17,1 77 24,2 77 24,2 55 17,2
0,002 Masculino 8 2,7 11 3,4 12 3,7 24 7,5
Cargo
Enfermeiro 15 25 18 30,0 16 26,6 11 18,4
0,134 Técnico em
enfermagem
47 18,4 71 27,3 72 27,7 69 26,6
Tempo de atuação
no setor
< 1 ano 42 13,1 67 21,0 77 24,2 75 23,5 0,000
>1 ano 21 6,5 21 6,5 12 3,7 4 1,5
Duplo Vínculo
Sim 39 12,4 53 16,6 57 17,9 46 14,4 0,814
Não 23 7,2 35 10,9 32 10,1 33 10,5
Fonte: Dados da Pesquisa * teste by qui-quadrado
Discussões
A análise dos dados revelou que a amostra investigada é majoritariamente
feminina, o que condiz com a literatura nacional, a qual aponta que 83,3% das
profissionais de enfermagem são do referido sexo. Além disso, representa um reflexo
histórico da profissão de enfermagem, que é constituída de mulheres desde o século XIX.
(11;12)
Do mesmo modo, o estudo também evidenciou que são trabalhadores com até 30
anos, casados, com filhos e com o duplo vínculo empregatício. Esses resultados estão em
consonância com pesquisas anteriores (11; 13)
, as quais denotam que os profissionais de
enfermagem, em sua maioria, são adultos jovens que ingressaram a pouco tempo no
mercado de trabalho, estão em plena idade produtiva e, que buscam um aprimoramento na
qualificação profissional.
60
Este aspecto foi abordado em estudos(11; 13)
realizados em São Paulo e no Rio de
janeiro, em que os trabalhadores de enfermagem de nível médio apresentam escolaridade
acima da exigida para o desempenho de suas atribuições. E, dentre os trabalhadores de
nível superior às especializações e cursos de atualizações são os mais procurados.
Outrossim, é importante denotar que esse profissional que trabalha e estuda, por
vezes necessita conciliar as atividades de vida conjugal, familiar, atribuições domésticas o
que pode gerar um fenômeno denominado pela literatura como tripla jornada laboral.(14)
Destaca-se, o nexo causal já estabelecido entre o excesso de trabalho e os
problemas de saúde dos profissionais de enfermagem, fato este que acarreta reflexos
físicos e mentais, bem como problemas osteomusculares. (14)
No que se refere à aplicação da escala de avaliação CLIMOR e o cargo
desempenhado pelos profissionais, o fator comunicação, integração e satisfação foi
avaliado pelos enfermeiros e pelos técnicos em enfermagem como um elemento positivo e
satisfatório para o clima organizacional da referida instituição.
A literatura(15)
aborda que a comunicação é um elemento fundamental no trabalho
da equipe de enfermagem. Uma vez que exerce o papel de elo das relações interpessoais
no ambiente laboral e fortalece o cuidar em saúde bem como a sua eficiência e eficácia e
possibilita a interação entre os profissionais e os pacientes.
Desse modo, a medida que a comunicação e interação entre os membros da equipe
de trabalho são consideradas satisfatórias isso implicará em uma boa repercussão no clima
organizacional e no ambiente de atuação em saúde.
Com relação à avaliação dos outros fatores da escala, identificou-se alta satisfação
profissional no fator condições de trabalho. Cabe destacar que nesta escala esse dado
congrega aspectos gerais vistos como negativos dentro da organização, como questões
salariais e de planejamento.
Vale ressaltar que o hospital deste estudo é gerido pela Empresa Brasileira de
Serviço Hospitalar (EBSERH) desde 2013, e a partir disso esta tem implantado novas
formas de planejamento compatível com as demandas existentes na referida realidade,
como contratação de novos profissionais e manutenção de recursos financeiros. (16)
Sobre este aspecto, estudo realizado em um hospital universitário de Brasília,
também gerido pela Ebserh, apontou que o ambiente dispõe de uma estrutura qualificada e
moderna e oferece aos seus funcionários benefícios, fato este, que estimula a satisfação
profissional em seu ambiente de trabalho. (16)
61
No entanto, as condições laborais são apontadas em alguns estudos(17;18;19)
como
aspectos de ergonomia, que na escala CLIMOR congrega características do ambiente
como temperatura, iluminação e riscos de acidentes.
Fator este identificado pelos profissionais de enfermagem deste estudo como baixa
satisfação, o que corrobora com a literatura(17;18)
pois muitos trabalhadores atuam em
condições insalubres no desempenho de sua função, por vezes há falta de insumos
materiais, recursos humanos o que favorece o estresse no ambiente de trabalho.
Sobre esse aspecto, estudo(20)
realizado em Lisboa com profissionais de
enfermagem que atuam com pacientes toxidependentes revelou baixa satisfação com
ambiente de trabalho. Conforme a pesquisa, esse é um reflexo do confronto com
sentimentos de frustração, ansiedade e improdutividade presentes nesse local de atuação.
No presente estudo outro fator avaliado com baixa satisfação pelos profissionais de
enfermagem foi o processo decisório, o qual abrange aspectos de tomada de decisão.
Logo, esses profissionais demonstraram que possuem uma autonomia escassa.
A autonomia na profissão de enfermagem reflete uma limitação na tomada de
decisões e no trabalho em equipe. Uma pesquisa(12)
realizada em Londrina-PR abordou
que apesar de o enfermeiro interagir com outros profissionais da equipe de saúde não
desenvolve seu trabalho de forma totalmente livre, o que gera um desestímulo e
insatisfação no trabalho.
A limitação da autonomia profissional de enfermagem, no seu espaço de cuidado,
pode ser causadora de problemas à saúde do profissional, em função do estresse causado
pela insatisfação no trabalho, o que pode leva-lo a exaustão e a síndrome de Burnout. (21)
No que se refere ao item clima organizacional total, foi possível evidenciar que os
enfermeiros encontram-se com um nível de satisfação média baixa. Já os técnicos em
enfermagem com a satisfação médio alta.
Este fato corroborou com a literatura, a qual apontou que apesar de a equipe de
enfermagem relatar algum grau de satisfação relacionado ao trabalho, ainda há uma série
de dificuldades enfrentadas, como falta de estrutura apropriada para o desempenho das
atividades; sobrecarga de trabalho, baixos salários e desvalorização profissional. (22)
Ao realizar o cruzamento da variável setor de atuação com o clima organizacional
total, identificou-se que os profissionais de enfermagem que atuam em setores fechados
apresentaram um grau de satisfação maior do que os setores abertos.
O que corroborou com dados de um estudo(23)
de hospitais universitários com a
equipe de enfermagem. Foi constatado que apesar de serem setores em que há grande
62
número de demandas e atividades, a maior fonte de satisfação desses profissionais estava
presente: poder ajudar as pessoas.
Pois, ao prestar o cuidado, o trabalhador se sente útil e estimulado pelo que faz. O
que influencia diretamente na melhoria da qualidade de vida no ambiente de trabalho e na
motivação profissional e pessoal, desses trabalhadores. (23)
Além disso, os setores fechados estão organizados em uma dinâmica própria, com
estrutura física e aparato tecnológico que possibilitam uma assistência contínua e de
qualidade aos pacientes, o que reforça a satisfação dos profissionais.(24)
Com relação ao tempo de atuação profissional, evidenciou-se que os membros da
equipe enfermagem que desempenham suas atividades há menos de 1 ano no setor,
avaliaram o clima organizacional da instituição como positivo, a maioria dos participantes
pontuaram com escore de média alta satisfação.
Fato este também abordado em estudos(25)
anteriores. Esses apontam que quanto
maior o tempo de serviço, menor a satisfação no desenvolvimento de atividades. Isso pode
ser um reflexo do distanciamento, apatia e dificuldades de relacionamento interpessoal que
o profissional possa vir a ter em detrimento do tempo de exercício de suas atividades.
Ressalta-se, nessas pesquisas, que apesar de haver a insatisfação no ambiente laboral o
compromisso e a responsabilidade com o ofício continuam.
Conclusão
A pesquisa em tela permitiu a identificação do clima organizacional a partir da
percepção dos profissionais de enfermagem de um hospital universitário. Esses
trabalhadores apontaram o fator condições de trabalho como de maior satisfação
profissional e, o processo decisório como o de menor satisfação em seu ambiente de
atuação profissional.
Fato este que pode estar relacionado às características estruturais da organização
hospitalar estudada e da autonomia desses profissionais na realização de suas atividades.
Dentre os setores de maior satisfação, destacaram-se os setores fechados, o que
reflete na dinâmica desses ambientes. Além disso, os trabalhadores de enfermagem que
executam suas tarefas há menos de um ano avaliaram o clima organizacional como
satisfatório.
Como limitação desta pesquisa, destaca-se que este foi um estudo transversal,
realizado em um único contexto e que reflete acerca de uma realidade pontual. O que pode
representar aproximações ou distanciamentos de outros estudos.
63
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revisão integrativa. Rev Latino-Am. Enfermagem. 2011; 19(4): 9telas.
65
Manuscrito 3: CLIMA ORGANIZACIONAL E SUA INTERFACE COM O
ESTRESSE EM PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM
Resumo
Objetivo: Avaliar o estresse da equipe de enfermagem e sua relação com o clima
organizacional do ambiente de trabalho. Método: Trata-se um estudo transversal de
abordagem quantitativa, realizado com 319 profissionais de enfermagem de um hospital
universitário. A coleta de dados ocorreu em fevereiro de 2015. Foram utilizados como
instrumentos de coleta de dados o questionário sociodemográfico, o inventário de sinais e
sintomas de Lipp e o instrumento de avaliação do clima organizacional. A análise
estatística foi desenvolvida em duas etapas: análise descritiva e análise bivariada. O
projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, sob o número de CAAE:
273.935.146.000.0553-7. Resultados: Verificou-se diferença estatisticamente significativa
entre os domínios do clima organizacional e a presença de estresse, de modo que os
profissionais que avaliaram o clima organizacional com escores mais baixos apresentavam
estresse. Conclusão: O clima organizacional influencia os sintomas de estresse nos
profissionais de enfermagem, o que repercute em seu desenvolvimento profissional e no
processo de trabalho.
Descritores: Enfermagem; Estresse organizacional; Cultura Organizacional
66
Introdução
O estresse ocupacional é um fenômeno preocupante no mundo moderno. Encontra-
se relacionado a graves implicações à saúde dos trabalhadores e, portanto, incide
diretamente na qualidade dos serviços prestados pelas instituições. (1)
Conforme a Organização Internacional do Trabalho, este é conceituado como um
conjunto de fenômenos psicológicos e/ou físicos que se apresentam no trabalhador e que
podem afetar sua saúde, qualidade de vida e relacionamento com seus pares no ambiente
de atuação profissional, além de trazer consequências ao convívio familiar. (2)
A literatura(3)
aponta que nos últimos anos fatores têm contribuído de forma
significativa para o aumento da ocorrência do estresse no âmbito laboral. Dentre eles, as
inúmeras transformações econômicas, sociais e humanas que trouxeram um ritmo
acelerado de produção e, consequentemente, uma maior exigência do trabalhador.
Essas mudanças conduziram ao aumento no número de doenças psicossomáticas,
com efeitos físicos, psicológicos e emocionais.(4)
Dentre essas, destacam-se a fadiga e a
depressão, que podem ser consideradas reações do organismo ao estresse laboral.
Isto acarreta um elevado número de absenteísmo, aumento de doenças relacionadas
ao trabalho, rotatividade de funcionários, intenção de deixar o cargo e diminuição de
satisfação no trabalho.(5)
Dentre os contextos de atuação profissional influenciados pelo estresse, destaca-se
o ambiente hospitalar. Este é caracterizado por excessiva carga de trabalho, rotina
dinâmica e específica, permeada por estressores inerentes a este espaço laboral.(5-6)
Quanto às profissões da área da saúde que estão inseridas nesse contexto, o
profissional de enfermagem é destaque, uma vez que é o responsável direto pela
assistência prestada ao paciente, pela organização do setor hospitalar, bem como por
atividades administrativas e burocráticas diversas.(6)
Publicações(7,8,9)
sobre esta temática evidenciam que a equipe de enfermagem que
atua no contexto hospitalar encontra-se vulnerável ao desenvolvimento do estresse laboral,
o que pode decorrer das rotinas e características próprias deste ambiente de saúde,
somadas às necessidades diretas e intensas específicas da profissão.
Além disso, há um consenso de que os principais estressores que permeiam o
ambiente hospitalar e a rotina das atividades da equipe de enfermagem estão relacionados
ao papel da organização, estrutura e à cultura e ao clima organizacional.(10)
67
É importante denotar que o clima organizacional pode ser definido como a
qualidade do ambiente interno de uma organização e resulta do comportamento e da
conduta de seus membros e, por isso, serve de base para elaboração de intervenções a fim
de alcançar um ambiente favorável para a realização das atividades laborais. (9)
Por conseguinte, a avaliação do clima organizacional e do estresse dos membros da
equipe de enfermagem possibilita a identificação de aspectos que podem influenciar
negativamente a relação desse trabalhador com seu ambiente de atuação profissional.
Assim, o estudo em tela possui como questão norteadora: Qual a relação do clima
organizacional com o estresse no ambiente hospitalar? Diante disso, o objetivo deste
estudo foi: avaliar o estresse da equipe de enfermagem e sua relação com o clima
organizacional do ambiente de trabalho.
Método
Trata-se de um estudo transversal, de abordagem quantitativa, realizado em um
hospital geral público e de referência no atendimento clínico e cirúrgico na Região
Nordeste do Brasil.
A população desta pesquisa foi composta pelos 420 (100%) profissionais da equipe
de enfermagem do referido hospital. Não foi realizado cálculo amostral, pois todos os
trabalhadores que estavam disponíveis e que aceitaram participar foram incluídos no
estudo.
Elencaram-se como critérios de exclusão: profissionais que estavam em atestado
médico, licença de qualquer natureza, férias ou que estavam impossibilitados de responder
os questionários no momento da realização da pesquisa.
A amostra final foi constituída por 319 (66,7%) profissionais de enfermagem,
técnicos de enfermagem e enfermeiros, que estavam distribuídos nos setores de Clínica
Médica (UCM), Clínica Cirúrgica (UCC), Unidade de Terapia Intensiva (UTI), Centro
Cirúrgico (CC) e Unidade de Diálise (UD), e que atuavam nos diversos turnos de atuação
(matutino, vespertino e noturno).
A coleta de dados se realizou em fevereiro de 2015. Foram utilizados os seguintes
instrumentos: questionário sociodemográfico para caracterização dos sujeitos do estudo;
Inventário de Sinais e Sintomas do Estresse (ISSE)11
para avaliação da presença do
estresse na equipe investigada; e Escala de Avaliação do Clima Organizacional
(CLIMOR)12
para verificação do clima organizacional da referida instituição.
68
O ISSL11
é de fácil aplicação e visa identificar de modo objetivo sintomas do
estresse e a fase que essa sintomatologia representa, com base no modelo quadrifásico do
estresse (alarme; resistência; quase exaustão e exaustão).
A escala de avaliação do clima organizacional12
é um instrumento capaz de
mensurar a percepção dos trabalhadores sobre aspectos do ambiente de trabalho como a
comunicação, a integração e satisfação; o desenvolvimento profissional e benefícios; a
ergonomia; as condições de trabalho e a autonomia profissional.
Esses instrumentos foram respondidos durante o turno de trabalho no próprio setor
de atuação, em um local reservado, para que os participantes tivessem privacidade para
reflexão e escolha dos itens das escalas.
A análise estatística foi desenvolvida em duas etapas: análise descritiva e análise
bivariada. Na análise descritiva os dados foram calculados em medidas de tendência
central e medidas de dispersão, bem como em frequência absoluta (n) e relativa (%).
A etapa seguinte envolveu a análise bivariada para verificar a existência ou não de
associação entre cada fator da escala CLIMOR e as fases do estresse conforme o
inventário de sinais e sintomas do estresse. A relação entre essas variáveis foi avaliada
com o teste qui-quadrado de Pearson ou teste exato de Fisher.
Cabe ressaltar que a pesquisa se realizou com base nos procedimentos éticos
estabelecidos, conforme a Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde (CNS), no
que diz respeito à pesquisa com seres humanos. O projeto foi aprovado pelo Comitê de
Ética em Pesquisa, com o Parecer 925.477, de 18 de dezembro de 2014, sob o número de
CAAE: 273.935.146.000.0553-7.
Resultados
Dos participantes do estudo (n=319/100%), 60 (18,8%) eram enfermeiros e 259
(81,2%), técnicos em enfermagem. A amostra foi composta predominantemente por
mulheres (265; 83,1%), com média de idade de 33,2 anos (DP=8 anos e 7 meses); com
companheiro (184; 57,7%) e com filhos (172; 53,9%).
Em relação ao tempo de formado, a média foi de 10,3 anos (DP= 8,24). Quanto ao
tempo de atuação na instituição 261 (81,8%) trabalhavam havia menos de 12 meses no
referido hospital. E, com relação à carga horária de trabalho semanal, a média foi de 38,5
horas (DP =8,9).
69
No que se refere à avaliação da escala do estresse, identificou-se que 245 (76,8%)
dos profissionais da equipe de enfermagem não apresentaram sinais e sintomas de
nenhuma fase do estresse.
No entanto, 74 (23,2%) desses trabalhadores tiveram pontuações correspondentes
às fases do estresse. A de maior prevalência foi a de resistência ao estresse, com 42
(13,1%) dos profissionais, como pode ser visto na Figura 1.
Figura 1- Fase do estresse dos profissionais de enfermagem. Natal/RN, 2016
Fonte: Dados da Pesquisa, 2016
Quanto à análise do clima organizacional e seus fatores, foi possível evidenciar que
o fator condições de trabalho teve uma avaliação positiva dentre as outras características
avaliadas, como visualizado na Figura 2.
Figura 2 - Clima organizacional da instituição e fatores analisados. Natal/RN, 2016
Fonte: Dados da pesquisa, 2016
70
A análise das escalas do estresse e do clima organizacional total da instituição
investigada permitiu a verificação de diferença estatisticamente significativa, de modo que
os profissionais que avaliaram o clima organizacional com escores mais baixos
apresentavam estresse, conforme a Tabela 1.
Tabela 1 – Clima organizacional total e a presença do estresse entre os membros da equipe
de enfermagem. Natal/RN, 2016 Variáveis Teste
P value Escores do Clima Organizacional Status do estresse
Sem estresse Com estresse
0,000*
N % N %
Baixo 33 13,4 29 39,1
Médio Baixo 72 29,3 17 22,9
Médio Alto 69 28,4 20 27,2
Alto 71 28,9 8 10,8
Total 245 100 74 100
Fonte: Dados da Pesquisa, 2016 * teste de Qui-Quadrado de Pearson
No que se refere aos fatores do clima organizacional e à presença de estresse,
verificou-se diferença estatisticamente significativa nos fatores comunicação, integração e
satisfação e desenvolvimento profissional e benefícios, de forma que os trabalhadores que
avaliaram negativamente esses fatores apresentaram sintomas de estresse, como pode ser
visto na Tabela 2.
Tabela 2- Correlação entre os fatores e pontuação total do CLIMOR e as fases do estresse
conforme o ISSL (n=319). Natal/RN, 2016 Variáveis
Dimensões do Clima organizacional Fases do Estresse Teste
p
Value
Sem estresse Com estresse
N % N %
Comunicação, integração
e satisfação
Baixo 29 11,8 24 32,5
0,000*
Médio Baixo 40 16,3 16 21,6
Médio Alto 85 34,6 26 35,1
Alto 91 37,3 8 10,8
Total 245 100 74 100
Desenvolvimento
profissional e benefícios
Baixo 56 22,8 30 40,5
0,001*
Médio Baixo 75 30,6 26 35,1
Médio Alto 80 32,6 8 10,8
Alto 34 13,8 10 13,5
Total 245 100 74 100
Ergonomia
Baixo 58 23,7 31 41,8
0,011* Médio Baixo 83 33,9 17 22,9
Médio Alto 58 23,7 18 24,3
Alto 45 18,7 8 10,8
Total 245 100 74 100
Condições de trabalho
Baixo 17 6,9 8 10,8
0,438* Médio Baixo 31 12,6 13 17,5
Médio Alto 52 21,2 13 17,5
71
Alto 145 59,3 40 54,2
Total 245 100 74 100
Processo Decisório
Baixo 128 52,2 42 56,7
0,709* Médio Baixo 48 19,8 15 20,2
Médio Alto 36 14,6 7 9,6
Alto 33 13,4 10 13,5
Total 245 100 74 100
Fonte: Dados da pesquisa, 2016 * teste de Qui-Quadrado de Pearson
Discussão
A análise dos dados deste estudo identificou um número expressivo de
participantes do sexo feminino, representado por 83,1%. Este fato encontra-se associado
ao contexto histórico da profissão de enfermagem, o qual atribui as práticas do cuidado à
figura da mulher, conforme percebido em outras realidades. (14,15,16)
Entretanto, 16,9% dos profissionais deste estudo eram do sexo masculino, o que
também reflete uma configuração nacional apontada pela pesquisa do perfil da
enfermagem no Brasil. Fenômeno este que é conceituado como a masculinização da
categoria, com o crescente contingente de homens em sua composição. (14,15)
Evidenciou-se, ainda, que os profissionais apresentaram-se com uma média de
idade de 33,2 anos, com companheiros e filhos, além de atuarem em média 10,3 anos
como profissionais da saúde. Esses dados encontram-se condizentes com a caracterização
dos profissionais de enfermagem conforme a literatura nacional(15)
e internacional(16)
.
Esses estudos(15,16)
apontam que essas características correspondem a adultos
jovens que possuem uma maior maturidade profissional e pessoal, pelo fato de já terem
constituído família, e estarem em atuação na área da saúde há um certo tempo, o que
configura segurança no desempenho de suas funções em decorrência do tempo de
experiência prática.
No que se refere à carga horária semanal de trabalho dos profissionais, foi
demonstrado que esses trabalhadores tinham uma jornada laboral de 38,5 horas, reflexos
da presença do duplo vínculo vivenciada pela categoria de enfermagem. (17,18)
Pesquisas(17,18)
realizadas com esses profissionais refletem que muitos buscam o
multiemprego em decorrência da necessidade de obter um melhor rendimento salarial,
bem como devido ao trabalho em turnos facilitar essa dupla jornada.
Essas características podem acarretar consequências à saúde desses trabalhadores
em virtude da ocorrência da tripla jornada laboral. Pois, além de atuarem em um contexto
de dor e sofrimento, ainda têm que conciliar as atividades de casa, vida conjugal, cuidado
72
dos filhos e, por estarem em idade produtiva, muitos buscam uma melhor qualificação
profissional.(16-18)
Os profissionais de enfermagem que se submetem a uma carga horária laboral
extensa e convivem diariamente com o desgaste de suas funções físicas e psicológicas
podem promover prejuízos a si e aos outros que dependem de seu cuidado.
Publicações(19,20)
comprovam que o profissional de enfermagem que se encontra
em um ritmo intenso e desgastante de atuação pode causar falhas na assistência, acidentes
de trabalho, absenteísmo e dificuldades de planejamento pessoal para a manutenção de
períodos de lazer.
Outro dado que se destaca é o fato de 23,2% dos profissionais encontrarem-se com
sintomas que caracterizam alguma fase do estresse. Quanto à fase do estresse, a mais
evidente na amostra foi a de resistência. O que está associado a uma tentativa do
organismo de adaptar-se ao ritmo de atuação. A ocorrência dessa fase corroborou com
pesquisas (21,22)
anteriores realizadas com enfermeiros hospitalares.
Além disso, cabe destacar que as fases de quase exaustão e exaustão também foram
pontuadas nessa amostra, o que pode indicar um início do processo de adoecimento do
corpo físico e mental, como também uma maior vulnerabilidade do organismo a doenças
somáticas e crônicas.
A presença desses resultados permitiu constatar que o estresse se encontra presente
no cotidiano desses trabalhadores e influencia de maneira negativa o desempenho de suas
atividades laborais.(18-22)
No que se refere à avaliação do clima organizacional do hospital investigado, os
profissionais da equipe de enfermagem identificaram como positivo o fator condições de
trabalho. É importante observar que este fator reúne domínios gerais da organização, como
as questões salariais e de planejamento de gestão.
Esse hospital, no momento da coleta de dados, passava com mudanças nas formas
de gestão. E, por isso, implantava novas rotinas de planejamento em equipe; contratação
de novos funcionários e remodelamento do desenho organizacional, fato este que pode ter
influenciado a avaliação do clima de trabalho no ambiente investigado.
Os dados provenientes dos dois inventários proporcionou o cruzamento das
variáveis categóricas. Foi possível apontar que as reações de estresse nesses profissionais
eram influenciadas pela sua percepção do clima organizacional total. Pois os profissionais
que avaliaram negativamente o clima organizacional da referida instituição apresentaram
sinais e sintomas de estresse.
73
Sabe-se que o ambiente de trabalho da enfermagem é permeado por estressores
importantes que repercutem na qualidade de vida dos profissionais, os quais são fatores
preditores ao adoecimento desse profissional.(23)
A literatura(24)
destaca que esses estressores são considerados gatilhos para o
comportamento destrutivo e/ou estressante desses trabalhadores. Assim, a alta carga de
trabalho, grau elevado de responsabilidade com os pacientes e com a atmosfera do
cuidado, além das características específicas do clima organizacional são antecedentes do
estresse no ambiente laboral.
Quanto aos fatores do clima organizacional e à presença das fases do estresse,
identificou-se que a comunicação, integração e satisfação e desenvolvimento profissional e
benefícios correlacionaram-se estatisticamente para a presença do estresse. Fato este que
evidencia que uma avaliação negativa desses fatores representa um estressor no cotidiano
laboral dos profissionais.
Esse dado encontra-se em consonância com estudo(25)
realizado com enfermeiros
hospitalares sobre a síndrome de Burnout e sua relação com clima organizacional, o que
demonstra que este fato não é uma realidade local.
Além disso, sabe-se que a comunicação é um elo entre a equipe multiprofissional,
equipe de enfermagem, pacientes e familiares.(26)
E, quando positiva, contribui para o
progresso organizacional, além de auxiliar o trabalhador a desacelerar o processo de
estabelecimento com fatores estressores no local de atuação profissional. (26)
Entretanto, quando o processo comunicativo torna-se um aspecto negativo do
trabalho, passa a influenciar o comportamento dos colaboradores do ambiente de trabalho,
o que acarreta problemas de relacionamento interpessoal entre os membros da equipe.
(26,27)
Desse modo, pode repercutir em insatisfação profissional, relações frágeis com os
colegas de trabalho, e resultar na desmotivação e na baixa realização profissional, aspectos
considerados estressores no ambiente laboral.
Outro fator pontuado com correlação significativa com o estresse foi o de
desenvolvimento profissional e benefícios. Cabe destacar que este congrega aspectos de
educação continuada, possibilidades de promoção, assim como grau de satisfação com os
benefícios da empresa.
Foi possível perceber que na medida em que as expectativas de crescimento
profissional sejam consideras impossíveis de se concretizar, isso se torna um fator de risco
74
para a Síndrome de Burnout e estresse no ambiente de trabalho, como apontado pela
literatura. (25)
A falta de reconhecimento e realização profissional, refletida pela carência de
benefícios e oportunidades, foi relatada como um fator de adoecimento psíquico entre os
trabalhadores.
A inexistência de benefícios e desenvolvimento insatisfatório no local de trabalho
acarreta uma avaliação negativa deste por parte dos profissionais. O que repercute em um
declínio nos sentimentos de competência e na sua capacidade de interagir com outras
pessoas e provoca um sentimento de baixa realização profissional no trabalho.
Esses dados reforçam a afirmativa de que o clima de trabalho tenso e insatisfatório,
associado a uma jornada de trabalho exaustiva, resulta em fatores de estresse para equipe
de enfermagem.
Conclusão
Os resultados deste estudo permitiram concluir que o clima organizacional
influencia e é influenciado pelo estresse dos profissionais de enfermagem em seu contexto
de trabalho. O que ocasiona consequências diretas a nível individual, social e
organizacional.
Além disso, a presença do estresse nesses profissionais também sofre influência
direta do ambiente laboral e do clima de trabalho. Fato este que pode ter uma associação
com situações vivenciadas nos setores de atuação profissional do hospital em estudo.
As limitações do presente estudo estão relacionadas à utilização do desenho
transversal, o qual não possibilita estabelecer uma relação de causalidade entre as
variáveis em estudo. Além disso, desvelou dados em um contexto único investigado, o que
pode representar aproximações ou distanciamento de outras realidades.
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77
Manuscrito 4: Fatores de risco para o desenvolvimento do estresse ocupacional em
profissionais de enfermagem
Resumo
Objetivo: Avaliar os fatores de risco para o desenvolvimento do estresse em membros da
equipe de enfermagem. Método: Estudo de coorte prospectivo, de abordagem
quantitativa. Participaram do estudo 69 profissionais de enfermagem de um hospital
público do Nordeste do Brasil. O tempo zero (T0) foi em fevereiro de 2015 e o tempo final
(T5), fevereiro de 2016. Foram utilizados para a coleta de dados um questionário
sociodemográfico e o inventário de sinais e sintomas do estresse. Os dados foram
avaliados com base no tempo médio para o desenvolvimento do estresse. Resultados:
Denotou-se que 39 (56,5%) profissionais não apresentaram estresse ao longo do período
de um ano. No entanto, 30 (43,5%) tiveram estresse em algum momento da coleta de
dados. O que gerou uma taxa de não desenvolvimento do estresse de 68% no desempenho
de suas atividades. Conclusões: A probabilidade de desenvolver estresse aumenta no
decorrer do tempo de atuação profissional, o que pode ser reflexo de uma rotina permeada
por longas jornadas laborais, duplo vínculo empregatício e atividades específicas da
profissão.
Descritores: Estresse organizacional; Enfermagem; Esgotamento profissional.
78
Introdução
O estresse ocupacional encontra-se presente no cotidiano de atuação dos
profissionais de enfermagem. Fato este que o tornou um tema frequente em publicações e
um importante problema de saúde pública da atualidade.(1)
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) elenca que essa desordem acarreta
impactos negativos diversos nos trabalhadores. As consequências disso podem ser
multiformes e relacionadas a problemas cardíacos e gastrintestinais, doenças
psicossomáticas e psicossociais.(2)
A ocorrência desses distúrbios nos profissionais pode elevar o número de
atestados, afastamentos e tem como consequência, gerar o absenteísmo, além de refletir no
aumento de acidentes laborais, lesões musculoesqueléticas, baixo desempenho,
produtividade e, consequentemente, na insatisfação profissional.
Sobre esse aspecto, estudo(3)
realizado na Europa com os trabalhadores de
enfermagem apontou que a baixa satisfação com o ambiente de atuação e o desejo de
deixar o cargo são reflexos do estresse e desgaste no cotidiano de suas funções.
A pesquisa(3)
referiu, ainda, que aproximadamente 30% desses profissionais
relataram sentir-se esgotados ou cansados em virtude do ritmo de trabalho, o que
demonstra uma relação entre a baixa realização profissional e a tendência de avaliar
negativamente a função desempenhada.
No Brasil, publicações(4,5)
apontam que os trabalhadores de enfermagem
apresentam níveis consideráveis de estresse no desempenho de suas atividades, e que esse
fato pode ter um vínculo com fatores da esfera profissional, como as condições de
trabalho, número de pessoal inadequado para a execução de atividades, carga horária
elevada e relacionamento interpessoal ineficaz.
Cabe destacar que esses aspectos associados com o local onde o trabalho ocorre
constituem um importante elemento para o desenvolvimento do estresse.
Ao considerar o contexto hospitalar, estudos (6,7)
abordam que os membros da
equipe de enfermagem que atuam nesse local sofrem com uma organização laboral
intensa, com ritmo acelerado na execução de suas atividades, falta de autonomia,
fragmentação de tarefas, tudo isso imerso em um cotidiano de alto desenvolvimento
tecnológico, regras e normas.
Por isso torna-se fundamental o estudo dos fatores que podem ser desencadeantes
do estresse na equipe de enfermagem, a fim de estabelecer estratégias para a gestão de
79
problemas organizacionais, melhoria da qualidade de vida e bem-estar no ambiente
laboral, além de incidir em avanços na qualidade assistencial e na segurança do paciente.
Este estudo tem as seguintes questões norteadoras: Qual o risco do profissional de
enfermagem desenvolver estresse no decorrer de sua atuação profissional? Quais os
fatores desencadeantes do estresse na rotina laboral?
Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar os fatores de risco para o
desenvolvimento do estresse em membros da equipe de enfermagem.
Método
Estudo de coorte prospectivo, de abordagem quantitativa, realizado em um hospital
público do Nordeste do Brasil.
A população foi composta por todos os técnicos de enfermagem e enfermeiros, que
trabalhavam em no mínimo três meses nas unidades de atendimento específico a pacientes
adultos.
Nesse sentido, a população foi composta inicialmente por 87 profissionais atuantes
nos setores de Clínica Médica (UCM), Clínica Cirúrgica (UCC), Unidade de Terapia
Intensiva (UTI), Centro Cirúrgico (CC) e Unidade de Diálise (UD), distribuídos nos
diversos turnos (matutino, vespertino e noturno). A Figura 1 demonstra o fluxograma para
a obtenção da amostra deste estudo.
Figura 1- Fluxograma da amostra e população do estudo. Natal/RN, 2016
A coleta dos dados ocorreu em intervalos de tempo iguais, a cada três meses no
decorrer de um ano. O tempo zero (T0) de inclusão dos participantes no estudo foi em
80
fevereiro de 2015 e o tempo final (T4), fevereiro de 2016. Foi preconizada a primeira
semana de cada trimestre para a aplicação dos instrumentos.
Os instrumentos utilizados para a coleta de dados foram um questionário
sociodemográfico para caracterização dos participantes da pesquisa e, para verificação do
estresse, foi aplicado o Inventário de Sinais e Sintomas do Estresse (ISSE)(8
.
O ISSE permite identificar, quantitativamente, se o profissional possui ou não
estresse e ainda classifica-o em fases (alarme, resistência, quase exaustão e exaustão).
Além disso, possibilita a identificação de sinais e sintomas físicos ou psicológicos mais
evidentes.
Os 69 participantes da pesquisa responderam os instrumentos durante o turno de
trabalho no próprio setor de atuação, em um local reservado, para que tivessem
privacidade para reflexão e escolha dos itens dos instrumentos.
Para a identificação do risco de desenvolver estresse ao longo de um ano, os dados
foram avaliados conforme a taxa de aparecimento do desfecho, a qual tomou como
variável dependente a ocorrência de estresse e sua relação com o tempo.
Foi utilizada como técnica de análise de dados a Tábua de vida de seguimento, o
que permitiu estimar para um determinado grupo (coorte), a probabilidade de desenvolver
o estresse no decorrer do primeiro ano de trabalho. E, como teste estatístico foi feito o
long-rank, para um nível de significância de < 0,05%. (9)
Já, para a descrição dos fatores de risco para o desenvolvimento do estresse no
decorrer de um ano, optou-se por realizar uma análise descritiva e bivariada. Na descritiva
os dados foram calculados em medidas de tendência central e medidas de dispersão, bem
como em frequência absoluta (n) e relativa (%).
A análise bivariada verificou a existência de associação entre cada variável
sociodemográfica em estudo e a presença de estresse. A relação entre essas variáveis foi
avaliada com o teste qui-quadrado de Pearson ou teste exato de Fisher.
Cabe destacar que a pesquisa seguiu os procedimentos éticos estabelecidos,
conforme a Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde (CNS), no que diz
respeito à pesquisa com seres humanos. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa, com o Parecer 925.477, de 18 de dezembro de 2014, sob o número de CAAE:
273.935.146.000.0553-7.
81
Resultados
Os trabalhadores desse estudo (N=69) foram avaliados inicialmente quanto às
características sociodemográficas e laborais. Denotou-se que 58 (84,1%) dos profissionais
eram do sexo feminino; apresentaram uma média de idade de 30,8 anos (DP=5,7), 40
(58%) eram casados e 50,7%, sem filhos.
Com relação aos aspectos laborais, observou-se que 43 (62,3%) tinham outro
vínculo empregatício, atuavam no turno da manhã 62 (89,9%) e o tempo de formado era
em média 7 anos (DP= 3,5).
No que se refere à presença de estresse nesses trabalhadores, evidenciou-se que 39
(56,5%) profissionais não desenvolveram estresse ao longo do período de um ano.
Entretanto, 30 (43,5%) tiveram estresse em algum momento da coleta de dados.
Esse fato gerou uma taxa de sobrevida ao estresse de 0,618 nos primeiros três (03)
meses de desempenho de suas atividades e foi diminuindo ao longo do período de tempo
analisado.
Ou seja, o risco de não desenvolver estresse foi de 68% nos primeiros três (03)
meses. Com isso, a análise dos dados demonstrou que a chance de não desenvolver
estresse diminui com o passar do tempo de trabalho. Como pode ser visto na Figura 1.
Figura 1 – Curva global do desenvolvimento do estresse nos profissionais de enfermagem
no intervalo de um ano. Natal-RN, 2016
No que se refere ao tempo de coleta e o surgimento do estresse, foi possível
observar que no primeiro momento da coleta de dados T0 12 (17,3%) profissionais de
enfermagem já apresentaram sinais e sintomas de estresse e por causa disso não foram
100%
68% 65% 62%
56%
82
contabilizados ao longo desta análise. A distribuição da presença do estresse no decorrer
do tempo de coleta analisado está descrito na Tabela 2.
Tabela 1- Presença de estresse no decorrer de um ano nos profissionais de enfermagem
(N=57). Natal/RN, 2016
Intervalo de Tempo
(em meses)
Sem Estresse
Com estresse
N % N %
0-3 57 82,7 10 14,4
3-6 47 68,1 2 2,8
6-9 45 65,2 2 2,8
9-12 43 62,3 4 5,7
Quanto aos possíveis fatores para o desenvolvimento de estresse, foram testadas as
variáveis sociodemográficas e laborais. Estas não apresentaram associação estatística à
presença de estresse, conforme a Tabela 2.
Tabela 2 – Características sociodemográficas e laborais das variáveis conforme a presença
de estresse. Natal/RN, 2016 (N=69)
Variáveis
Desenvolveu
estresse
(N=30)
Não
desenvolveu
estresse
(N=39)
Valor
de
p
N % N %
Sexo
Feminino 26 37,6 32 46,3 0,969
Masculino 4 5,7 7 10,1
Idade
Até 30 anos 16 23,1 20 29 0,689
31 ou mais 14 20,4 19 27,5
Situação Conjugal
Com companheiro 11 15,9 18 26,0 0,614
Sem companheiro 19 27,5 21 30,6
Ter filhos
Sim 19 27,5 17 24,6 0,271
Não 11 15,9 22 31,8
Setor
Aberto 21 30,4 28 40,5 0,994
Fechado 9 13,2 11 15,9
Cargo
Enfermeiro 2 2,8 2 2,8 0,834
Técnico em 28 40,5 37 53,6
83
enfermagem
Horas de sono
diárias
Até 6 horas 14 20,5 16 23,1 0,799
7 horas ou mais 18 26,0 23 33,3
Outro vínculo
Sim 19 27,5 26 37,6 0,400
Não 13 18,8 13 18,8
Prática de atividade
física
Sim 12 17,7 16 23,1 0,775
Não 18 26,0 23 33,3
Discussão
Os resultados apontaram que as características sociodemográficas dos participantes
deste estudo – mulheres, com idade até 30 anos, com companheiro e duplo vínculo –
assemelharam-se com os achados em pesquisas já realizados no contexto nacional(10)
e
internacional(11)
.
O predomínio do sexo feminino é uma constante na profissão de enfermagem e
desse perfil emerge também o contexto de trabalhador com múltiplas atividades: tarefas do
lar, deslocamento para o serviço, busca de uma melhor qualificação e o consequente
distanciamento da família. (10)
Essas demandas evidenciam o confronto de situações estressoras que exigem do
trabalhador uma capacidade de adaptar-se ao ritmo de produção do mercado de trabalho e
sociedade atual. O que pode ocasionar a sobrecarga e acúmulo de funções e desencadear
um quadro de estresse crônico nesses trabalhadores.
Sobre esse aspecto, estudos(12,13)
prévios denotam que há associação entre o sexo
feminino e a ocorrência de distúrbios psíquicos e somáticos como a depressão e a
hipertensão arterial. Fato este que traz consequências diretas para a qualidade de vida e
saúde desses profissionais.
Com relação à presença de estresse nos profissionais de enfermagem no decorrer
de um ano, os resultados permitiram demonstrar que este foi um elemento contínuo ao
longo do estudo.
O que possibilita afirmar que esses trabalhadores vivenciavam no desempenho de
sua função o estresse fisiológico e mental em decorrência das características específicas da
profissão e apresentavam potencial risco para o adoecimento.
É importante observar que o enfrentamento de conflitos diários, como o cuidado
com o paciente 24 horas por dia trabalha em turnos e duplo vínculo, promove o convívio
84
frequente com o sofrimento alheio e com isso demandas de estresse nos profissionais de
enfermagem. (14)
A análise do desenvolvimento do estresse nesse estudo possibilitou identificar que
houve uma diminuição do desenvolvimento do estresse ao longo do tempo de coleta de
dados.
Além disso, é importante destacar que os trabalhadores estudados se encontravam
em contato inicial com a nova rotina laboral e novo emprego, o que já é considerado um
elemento estressor em virtude do período de adaptação às exigências do local de trabalho.
Sobre esse aspecto, a literatura(15)
coloca que o tempo de experiência no serviço é
um fator associado a maiores índices de exaustão emocional, insatisfação no trabalho e
estresse ocupacional e que isso pode acarretar consequências severas para a saúde desse
trabalhador e a qualidade do cuidado prestado ao paciente.
Outro resultado apontado por este estudo é que o intervalo de coleta de maior
incidência do estresse foi o T9. E esse período corresponde a 12 meses de exercício das
atividades laborais dos profissionais de enfermagem analisados.
O que permite afirmar que a necessidade de férias e distanciamento do trabalho é
um item primordial para a melhoria do desenvolvimento profissional.(16)
Pois promove
uma diminuição de demandas estressoras de origem no cotidiano de atuação profissional.
Com relação às variáveis sociodemográficas testadas neste estudo, não foi
visualizada nenhuma correlação estatística com a presença de estresse. Entretanto,
algumas considerações podem ser elencadas a respeito disso.
Realça-se que os profissionais que possuíam idade até 30 anos e não tinham
companheiros apresentaram maiores frequências para a presença do estresse.
Pesquisas recentes identificaram que essas características de adulto jovem, sem a
presença de um companheiro são consideradas fatores de risco para o estresse
ocupacional. (17,18)
Uma vez que trabalhadores nessa faixa etária estão no início de suas atividades no
mercado de trabalho, são por vezes inexperientes e buscam a realização profissional
rápida, o que repercute em demandas de estresse.(18)
Ademais, a presença de um companheiro ou de um relacionamento estável pode
ser considerada um fator protetivo ao desenvolvimento da síndrome de Burnout, e estresse
profissional. (18)
85
Nesse sentido, a ausência de um companheiro para auxiliar nas questões familiares
pode representar uma sobrecarga de tarefas com o objetivo de conciliar da melhor forma
possível as tarefas do trabalho e domésticas.(19)
O que pode ocasionar uma maior insegurança de projetos pessoais, perturbação do
equilíbrio emocional e a insatisfação vivenciadas no cotidiano.
Com relação às variáveis laborais, denotou-se que os setores abertos tiveram
maiores frequências para a presença do estresse ocupacional. Esse dado pode ser reflexo
da organização do cuidado nesses setores.
Visto que o setor aberto apresenta como características uma maior quantidade de
pacientes que dependem da assistência contínua dos profissionais de enfermagem.
Outrossim, os familiares estão presentes no decorrer da internação, e por vezes acabam por
questionar o trabalho desses profissionais, o que repercute em situações de estresse na
equipe de enfermagem atuante nesse ambiente. (20,21)
Além disso, os profissionais de enfermagem desse setor se deparam com uma
grande rotatividade de membros da equipe multiprofissional e relacionamento com outras
unidades de atendimento ao paciente. Isso pode acarretar conflitos, falhas de comunicação
e assim o estresse nesses trabalhadores. (22)
Outra variável que foi destaque para a presença do estresse na amostra investigada
foi o duplo vínculo. Publicações(23,24)
indicam que a categoria de enfermagem busca o
multiemprego em decorrência da necessidade de o trabalhador obter uma melhoria no
rendimento salarial, bem como pelo trabalho em turnos facilitar essa dupla jornada.
Cabe ressaltar que, com o contato constante com o ambiente hospitalar somado a
uma carga horária elevada, a sobrecarga de atividades passa a potencializar o convívio
com situações de estresse em sua vida pessoal.
Destarte, os trabalhadores que possuem problemas de saúde mencionam como
possível nexo causal o excesso de trabalho, o que traz como consequências alterações
mentais como o estresse ocupacional/crônico, a síndrome de Burnout, o sofrimento mental
e o desgaste físico, como problemas osteomusculares.(25)
A partir desses resultados e discussões percebe-se que os eventos estressores são
comuns e evidentes no cotidiano do trabalho dos profissionais de enfermagem. O que
repercute em um convívio diário com situações de estresse na rotina de cuidados
direcionados ao paciente.
No que se refere às limitações do estudo, ressalta-se que o tamanho da amostra foi
pequeno para a investigação dos fatores de risco relacionados à ocorrência do estresse.
86
Conclusão
Este estudo aponta que o estresse foi um elemento presente na rotina dos
profissionais de enfermagem. E que este é capaz de gerar um notável desgaste ao
trabalhador.
A partir da estimativa de risco para o desenvolvimento do estresse, durante um
ano, foi demonstrado que este aumenta no decorrer do tempo de atuação, reflexos do
contato contínuo com o cotidiano de longas jornadas laborais, duplo vínculo empregatício
e atividades específicas da profissão.
No que se refere aos fatores para a presença do estresse ocupacional nos
profissionais estudados, não foi evidenciada nenhuma correlação estatística entre as
variáveis laborais e sociodemográficas, mesmo assim, as maiores frequências para a
presença do estresse estiveram presentes nos trabalhadores do sexo feminino, com idade
até os 30 anos, sem companheiros, com filhos, com duplo vínculo empregatício e que
atuavam em setores abertos.
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52.
89
6 CONCLUSÃO
O estudo tomou o ambiente hospitalar e os profissionais de enfermagem como foco
dessa discussão. E verificou que o estresse esteve presente em 23,2% dos profissionais de
enfermagem que compunham o quadro de funcionários do hospital investigado. O que
representa um dado alarmante que influencia a qualidade de vida e saúde desses
profissionais em virtude das consequências que esse evento pode acarretar, ou seja, o
estresse pode representar um processo fisiológico normal ou patológico aos profissionais
estudados
Ao se analisar as fases do estresse, a de maior prevalência foi a de resistência ao
estresse, com 13,1%. Essa fase indica um processo de perda da homeostase no corpo do
trabalhador e evidencia um processo de enfrentamento de possíveis demandas estressoras.
Essas podem ser provenientes do contexto de laboral, uma vez que este
profissional se depara com o excesso de trabalho, carga horária intensa, duplo vínculo e
ainda atividades da família e momentos de lazer.
O que acarreta consequências diretamente na satisfação profissional, qualidade do
cuidado desempenhado e na segurança do paciente.
Também foi possível avaliar que os setores abertos, como as unidades de clínica
médica e de clínica cirúrgica, tiveram um maior percentual (7,5%) de profissionais com
estresse do que os setores fechados, como a unidade de terapia intensiva e o centro
cirúrgico, 3,7% e 3,4%, respectivamente. Fato este que se encontra relacionado à
organização do cuidado nestes ambientes laborais.
Além disso, os profissionais que atuavam no turno da manhã foram identificados
com uma maior incidência do estresse (10,6%), quando comparados àqueles que atuavam
no turno da tarde e da noite.
Isso é uma consequência das inúmeras demandas assistenciais e burocráticas que
estão presentes no decorrer do período da manhã, e que representam um maior volume de
trabalho e, consequentemente, fonte de estresse para esses profissionais.
Este estudo permitiu, ainda, analisar o clima organizacional na percepção dos
profissionais de enfermagem do hospital em estudo. Foi visto que o clima de trabalho total
foi avaliado de forma positiva, o que reflete na satisfação do profissional.
No que se refere aos fatores do clima organizacional, a comunicação, condições de
trabalho foram os que apresentaram melhor avaliação por parte desses profissionais.
90
Outrossim, foi percebido que o setor fechado apresentou uma avaliação do clima
organizacional positiva em comparação com os setores abertos. O que demonstra uma
associação com a dinâmica dessas unidades.
A análise das escalas de avaliação do estresse e do clima organizacional total da
instituição investigada possibilitou a verificação de diferença estatisticamente significativa
do clima organizacional e da presença do estresse, de modo que os profissionais que
avaliaram o clima organizacional com escores mais baixos apresentavam estresse.
Ademais, foi possível analisar o estresse nos profissionais de enfermagem em seu
primeiro ano de atuação na instituição, o que constatou que 55% profissionais não
desenvolveram estresse ao longo do período de um ano. Entretanto, 45% apresentaram
estresse em algum momento no decorrer da coleta de dados.
Esse dado gerou uma taxa de sobrevida de 68% de risco de não desenvolver
estresse nos primeiros três meses e foi diminuindo ao longo de um ano. O que comprova
que o estresse se constituiu em um elemento presente no cotidiano laboral desses
profissionais, e pode ter uma associação com as características sociodemográficas, bem
como com a rotina de cuidado executada no hospital em estudo.
Fato este que responde ao questionamento e confirma a hipótese proposta por essa
tese, ou seja, o clima organizacional do ambiente de trabalho influencia o estresse
ocupacional nos trabalhadores de enfermagem do hospital estudado.
Neste sentido, retorna-se aos conceitos propostos por Canguilhem, o qual coloca que não
se deve dissociar o organismo do indivíduo das suas vivências, cultura e experiências
fisiológicas, psicológicas, sociais e laborais. Afinal, é a junção de todos esses aspectos que
podem repercutir de forma patológica no corpo do sujeito. Com isso, dá-se a necessidade
e relevância de pensar o estresse sob esse prisma. Contudo, ressalta-se que esta pesquisa
foi desenvolvida em um contexto laboral único, o que impossibilita a generalização dessas
afirmações em outras realidades.
Como também houve limitações quanto ao tipo de estudo, coorte. O fato de
acompanhar os indivíduos no decorrer de um período de tempo proporciona também o
contato com a variabilidade biossocial do participante, o que pode ter dificultado a
caracterização de algumas variáveis.
Desse modo, as investigações com amostras maiores de profissionais e coortes
mais longas podem encontrar conclusões diferentes.
Assim, cabe ressaltar que é pertinente desenvolver novos estudos que permitam
avaliar de forma mais profunda a relação das variáveis: estresse e clima organizacional, o
91
que refletirá em um maior conhecimento de possíveis fatores que venham a dificultar a
relação do profissional de enfermagem com seu cotidiano laboral.
92
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2011, p. 1-16
SANTOS, M. T. F. dos; GOMES, M. H. de A. Estresse e Modos de Andar a Vida: uma
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SCHMIDT, D.R. C. et al. Qualidade de vida no trabalho e burnout em trabalhadores de
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96
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out de 2013.
97
APÊNDICE A - Questionário Sociodemográfico
Características do Setor
Setor: ( ) Enfermaria ( ) UTI ( ) Centro Cirúrgico ( ) Diálise
Número de Leitos:________________ Turno de trabalho: ________________
Número de Funcionários de Enfermagem por Turno: ___ Técnicos _____ Enfermeiros: ______
Instrumento Sociodemográfico
Identificação:____________________________________________________________
Idade:
Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino
Situação Conjugal: ( ) Solteiro(a) ( ) Casado(a) ( ) União estável ( )
Divorciado(a) ( ) viúvo(a)
Número de Filhos:
Pessoas que convivem por cômodo familiar:
Cargo ( ) Enfermeiro ( ) Técnico de Enfermagem
Tempo de Formado:
Tempo de Atuação como Profissional da saúde:
Tempo de Atuação no Setor que se Encontra
Horas de trabalho semanal
Possui mais de um vínculo: ( ) sim ( ) Não( ) Qual:
Pratica atividade física ( ) sim ( ) não
Horas de sono diárias:
Houve alguma mudança significativa na sua rotina de vida no último mês? Se sim, qual?
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_________________ ( ) Saúde ( ) Trabalho ( ) vida pessoal
98
APÊNDICE B - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Esclarecimentos
Este é um convite para você participar da pesquisa Ambiente Hospitalar: Clima
Organizacional x Estresse na equipe de enfermagem, sob orientação/ coordenação da(o) Prof.ª
Dr. Dr.(a) Viviane Euzébia Pereira Santos.
Sua participação é voluntária, o que significa que você poderá desistir a qualquer
momento, retirando seu consentimento, sem que isso lhe traga nenhum prejuízo ou penalidade.
Esta pesquisa terá o seguinte objetivo: avaliar o impacto do clima organizacional e sua
influência no estresse para os membros da equipe de enfermagem dos diversos ambientes de
atuação do Hospital Universitário Onofre Lopes – HUOL. Afinal, o estresse relacionado ao
trabalho tornou-se uma epidemia, e pesquisas sobre essa temática auxiliam a compreender o
modo como os trabalhadores enfrentam esse quadro, bem como meios e instrumentos de
amenizá-lo.
Caso decida aceitar o convite, você será submetido(a) ao(s) seguinte(s) procedimento(s):
responder a um instrumento sociodemográfico, um instrumento de mensuração do clima
organizacional e o inventário dos sinais e sintomas do estresse. A coleta se processará durante
um ano de estudo, em intervalos de tempo iguais, de três em três meses, na primeira semana de
cada trimestre.
Os riscos envolvidos com sua participação são: exposição de opiniões pessoais acerca da
temática em estudo, assim como constrangimento e má interpretação do pesquisador sobre as
ideias dos referidos sujeitos que serão minimizados através das seguintes providências: uso de
pseudônimo no momento das entrevistas, assegurando o sigilo, como também será assegurada a
guarda dos dados em local seguro e a divulgação dos resultados será feita de forma a não
identificar os voluntários.
Você terá os seguintes benefícios ao participar da pesquisa: a contribuição para a
comunidade científica, a fim de aprimorar e aumentar a produção científica acerca da temática
abordada.
99
Todas as informações obtidas serão sigilosas e seu nome não será identificado em nenhum
momento. Os dados serão guardados em local seguro e a divulgação dos resultados será feita de
forma a não identificar os voluntários.
Se você tiver algum gasto que seja devido à sua participação na pesquisa, você será
ressarcido, caso solicite.
Em qualquer momento, se você sofrer algum dano comprovadamente decorrente desta
pesquisa, você terá direito à indenização.
Você ficará com uma cópia deste Termo e toda a dúvida que você tiver a respeito desta
pesquisa poderá perguntar diretamente ao orientador do projeto.
Dúvidas a respeito da ética desta pesquisa poderão ser questionadas ao Comitê de Ética
em Pesquisa da UFRN no endereço Avenida Senador Salgado Filho, 3000, Lagoa Nova, Natal-
RN.
Consentimento Livre e Esclarecido
Declaro que compreendi os objetivos desta pesquisa, como ela será realizada, os riscos e
benefícios envolvidos e concordo em participar voluntariamente da pesquisa Ambiente
Hospitalar: Clima Organizacional x Estresse na equipe de enfermagem.
Participante da pesquisa
___________________________________________
Assinatura do Participante da Pesquisa
Pesquisador responsável:
Campus Universitário, s/n, Lagoa Nova, CEP: 59072-970. Depto. de Enfermagem ou pelo
telefone (84) 3215-3837
Comitê de Ética e Pesquisa da UFRN
Avenida: Senador Salgado Filho, 3000, Lagoa Nova, Natal-RN
100
ANEXO A – REFERENCIAL TEÓRICO: ARTIGO PUBLICADO NA REVISTA
SAÚDE E TRANSFORMAÇÃO
Saúde & Transformação Social
Health & Social Change
Pesquisa Teoria e
Metodologia
Estresse: normal ou patológico?
Stress: normal or
pathological?
Cláudia Cristiane Filgueira Martins Rodrigues1
Viviane Euzébia Pereira Santos1
Francis Tourinho2
1 Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
² Universidade Federal de Santa Catarina
Resumo: Trata-se de um ensaio teórico com o propósito de discutir acerca do estresse no mundo moderno. A
fim de subsidiar tal discussão, foram escolhidos os aspectos centrais da obra o Normal e o Patológico de
Georges Canguilhem. Sabe-se que o estresse é um mediador fisiológico que está presente tanto nos
momentos de emoções positivas como nas negativas, e o corpo humano é preparado para enfrentar
situações estressantes pontuais, bem como adaptar-se a elas. No entanto, o que se vivencia na
atualidade é o enfrentamento permanente dessas situações, o que acaba trazendo o colapso para o
organismo e, por conseguinte, as patologias, levando a reflexos sobre o estresse como elemento normal ou
patológico na forma de andar a vida. Palavras-chave: Estresse. Patologia. Corpo Humano
Abstract: This is a reflection that aimed to discuss about the stress as a disease of the modern world. In
order to support such a discussion, we chose the main aspects of the work The Normal and the
Pathological, from Georges Canguilhem. It is known that stress is a physiological mediator that is present both
in moments of positive and negative emotions, and the human body is prepared to face specific stressful
situations, as well as adapt to them. However, what we are currently experiencing is the permanent
confrontation of these situations, which ultimately brings the body to collapse and therefore pathologies,
leading to reflections on stress as normal or pathological element of livin. Keywords: Stress. Pathology. Human
Body.
Resumen: Se trata de una reflexión con el fin de discutir acerca del estrés como enfermedad del
mundo moderno. Con el fin de apoyar esta discusión, fueron elegidos los aspectos centrales del
libro Normal y Patológica, de Georges Canguilhem. El estrés es un mediador fisiológico que está presente
tanto en momentos de emociones positivas como en negativos, y el cuerpo humano está preparado para
enfrentar situaciones de estrés y de adaptarse a ellos. Sin embargo, lo que está experimentando es la
confrontación permanente de estas situaciones, que en última instancia provoca el desplome en el
cuerpo y por lo tanto patologías, lo que lleva a la reflexión sobre el estrés como elemento normal o
patológico en la forma de conducir la vida. Descriptores: Estrés. Patología. Cuerp Humano
.
Sau. & Transf. Soc., ISSN 2178-7085, Florianópolis, v.7, n.1, p.1.-8, 2016.
100
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103
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107
ANEXO B - Inventário de Sinais e Sintomas do Stress de Lipp
INVENTÁRIO DOS SINAIS E SINTOMAS DO STRESS DE LIPP, 2000
Assinale os sintomas que
você tenha percebido nas
últimas 24h
Assinale os sintomas que você tenha
percebido no último mês
Assinale os sintomas que você
tenha percebido nos três
últimos meses
( ) Mãos e/ou pés frios ( ) Problemas com a memória,
esquecimento
( ) Diarreias frequentes
( ) Boca seca ( ) Mal-estar generalizado, sem
causa
( ) Dificuldades sexuais
( ) Nó ou dor no estômago ( ) Formigamento extremidades
(pés/mãos)
( ) Formigamento extremidades
– (mãos/pés)
( ) Aumento de sudorese
(muito suor)
( ) Sensação de desgaste físico
constante
( ) Insônia
( ) Tensão muscular (dor
muscular)
( ) Mudança de apetite ( ) Tiques nervosos
( ) Aperto na
mandíbula/ranger de dente
( ) Surgimento de problemas
dermatológicos (pele)
( ) Hipertensão arterial
confirmada
( ) Diarreia passageira ( ) Hipertensão arterial (pressão alta) () Problemas dermatológicos
prolongados
( ) Insônia, dificuldade de
dormir
( ) Cansaço constante ( ) Mudança extrema de apetite
( )Taquicardia (batimentos
acelerados)
( ) Gastrite prolongada = queimação,
azia
( ) Taquicardia (batimento
acelerado)
( ) Respiração ofegante,
entrecortada
( ) Tontura – sensação de estar
flutuando
( ) Tontura frequente
( ) Hipertensão súbita e
passageira
( ) Sensibilidade emotiva excessiva ( ) Úlcera
( ) Mudança de apetite
(muito ou pouco)
( ) Dúvidas quanto a si próprio ( ) Impossibilidade de trabalhar
( ) Aumento súbito de
motivação
( ) Pensamentos sobre um só assunto ( ) Pesadelos
( ) Entusiasmo súbito ( ) Irritabilidade excessiva ( ) Sensação de incompetência
em todas as áreas
( ) Vontade súbita de novos
projetos
( ) Diminuição da libido=desejo
sexual
( ) Vontade de fugir de tudo
( ) Apatia, vontade de nada
fazer, depressão
( ) Cansaço excessivo
( ) Pensamento constante no
mesmo assunto
( ) Irritabilidade sem causa
aparente
( ) Angústia ou ansiedade diária
( ) Hipersensibilidade emotiva
108
( ) Perda do senso de humor
Resultado: _____________________
FONTE: SUAREZ, Rodrigo. Teste de Lipp – ISS – Inventário de Sinais e Sintomas.
Disponível em:
<http://www.forms.med.br/index.plC=A&V=6B6579776F7264733D2666466F726D49443D3834373
1266163743D73686F77496E646578>.
109
ANEXO C – ESCALA DE AVALIAÇÃO DO CLIMA ORGANIZACIONAL
110
ANEXO D – PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP/UFRN
111
112
113