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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE AGRONOMIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DO SOLO
ANÁLISE DO DESEMPENHO DE UMA HASTE SULCADORA DE SEMEADORA-ADUBADORA, EM DIFERENTES TEORES DE ÁGUA NO
SOLO, VELOCIDADES E PROFUNDIDADES DE TRABALHO
Carla Tatiana Chaves Cepik Dissertação de mestrado
Porto Alegre, 2002
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE AGRONOMIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DO SOLO
ANÁLISE DO DESEMPENHO DE UMA HASTE SULCADORA DE SEMEADORA-ADUBADORA, EM DIFERENTES TEORES DE ÁGUA NO
SOLO, VELOCIDADES E PROFUNDIDADES DE TRABALHO
Carla Tatiana Chaves Cepik Engenheira Agrícola (ULBRA)
Dissertação apresentada como um dos requisitos à obtenção do Grau de Mestre
em Ciência do Solo
Porto Alegre (RS) Brasil Agosto de 2002
AGRADECIMENTOS
Ao prof. Carlos Ricardo Trein, pela orientação, amizade e ensinamentos
em dinâmica dos solos.
Ao prof. Renato Levien, por sua colaboração no decorrer do curso, sua
paciência e vontade de ajudar sempre.
Aos demais professores do PPGCS que tive convívio diário, pois é no
cotidiano que estabelecemos e fortificamos as boas relações pessoais.
Ao Programa de Pós-Graduação em Ciência do Solo e ao
Departamento de Solos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS,
pela oportunidade de estar aqui.
Aos funcionários do Departamento de Solos e do PPGCS, pela
presteza e dedicação, em especial ao Jader, Denise e Maria do Carmo.
Ao projeto CNPq-PRONEX-SOLOS, pelos recursos financeiros e aos
seus funcionários, Tec. Agra Agostinho de Oliveira e Cíntia Pereira, pela
colaboração.
À CAPES pela concessão da bolsa de estudos.
Aos colegas de turma: Alaerto Marcolan, Leandro Volk, Juliana Gomes,
Maria Helena Lunardi e Pedrinho Spigolon pela forte amizade e colaboração nos
momentos necessários.
Em especial, aos colegas da área de relação solo-máquina, Ricardo
Herzog e Josué Beutler pelo auxílio imensurável no trabalho de campo e pelos
bons momentos que já passamos juntos.
Às colegas Margarete Nicolodi e Cátia Gonçalves pela alegria diária e
companheirismo.
Aos bolsistas Caio e Marciel pelo apoio operacional nos trabalhos de
campo.
Às minhas amigas de sempre: Simone, Denise e Lia que me abriram os
olhos para a área acadêmica e que, somente por tê-las como amigas, a vida já é
mais leve.
ix
Aos meus amigos Luis Renato e Janete por tornar a vida profissional
mais agradável e pela amizade que construímos ao longo dos anos.
Aos meus pais, Otto e Janisse, que me ensinaram os pilares da
conduta pessoal: honestidade, responsabilidade e respeito ao próximo.
À tia Olga por sua presença amiga e carinhosa.
Ao Marco Cepik por sua dedicação e ombro amigo, e por ter nos
proporcionado o convívio com Eliane, com ela, a vida não parece tão neurótica. E
aos dois, pelos sobrinhos maravilhosos: Hannah e Arthur, futuro desta família.
À Ana Paula Cepik, pela visão prática, pelas boas risadas que já demos
na vida e pelo convívio com Fabiano, a pessoa com mais energia que já conheci.
Aos meus sogros, Sigfried e Hildegard e ao meu cunhado Ricardo, pelo
convívio harmonioso e o apoio sempre presente.
Ao Brune, por seu amor e paciência, e por esses 13 anos de vida
juntos. Sem seu apoio, inclusive financeiro, eu não teria chegado onde cheguei.
Aos meus filhos: Matheus e Thiago pelo amor incondicional, a alegria e
carinho. Sem eles, a vida não é possível, com eles, o milagre da vida é explicado.
Agradeço à Deus, por não ter deixado minha vida passar em branco,
pela oportunidade de marcar presença neste mundo e na vida das pessoas com
quem convivi.
OBRIGADA!!!
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ANÁLISE DO DESEMPENHO DE UMA HASTE SULCADORA DE SEMEADORA-ADUBADORA, EM DIFERENTES TEORES DE ÁGUA NO SOLO, VELOCIDADES E PROFUNDIDADES DE TRABALHO Autor: Carla Tatiana Chaves Cepik Orientador: Prof. PhD. Carlos Ricardo Trein RESUMO
A semeadura direta é um dos sistemas de manejo do solo mais eficientes atualmente utilizado no país. No entanto, em áreas onde existe integração lavoura-pecuária ou onde o solo é trafegado em condições inadequadas, pode ocorrer compactação da camada superficial. Áreas afetadas pela compactação superficial não necessitam ser descompactadas ou revolvidas, se uma boa germinação e desenvolvimento da cultura forem alcançados com o solo bem condicionado somente pelos sulcadores da semeadora. Para optar por um ou outro tipo, ou combinação de sulcadores, é necessário que sejam conhecidas as interações entre a semeadora e o solo, em diversos estados de consistência do solo e operação da semeadora-adubadora. Os objetivos deste estudo foram determinar a força de tração demandada pelas hastes sulcadoras de adubo, além da área de solo mobilizado pela haste, em duas profundidades de trabalho e em diferentes estados de consistência de um Argissolo Vermelho Distrófico típico. Os dados de demanda de tração e performance do trator, adquiridos por instrumentação eletrônica especialmente desenvolvida para este fim, mostraram que ocorreu um aumento na demanda de tração com o aumento da profundidade de atuação da haste. A magnitude depende do estado de consistência do solo, aumentando 75% em solo úmido, 130% em solo friável e 84% em solo seco, quando a profundidade passa de 0,06 m para 0,12 m. O aumento da velocidade não influenciou na força de tração proporcionada pela haste em solo seco ou úmido, mas no solo friável ocasionou aumento na demanda de tração. O volume de solo mobilizado pelo sulcador foi maior em solo seco e na profundidade de 0,12 m. A maior potência específica necessária para romper este solo foi de 0,19 kW por centímetro de profundidade de atuação da haste.
________________________ 1 Dissertação de Mestrado, PPG em Ciência do Solo, Faculdade de Agronomia, UFRGS. Porto Alegre. (63p.) Agosto, 2002. Recursos financeiros do CNPq – Pronex e CAPES.
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SOIL LOOSENING BY KNIFE TYPE COULTER RELATED TO SOIL MOISTURE AND PLANTER’S WORKING SPEED AND DEPTH.1
Author: Carla Tatiana Chaves Cepik Adviser: Prof. PhD. Carlos Ricardo Trein ABSTRACT
Direct drilling or planting systems are among the most successful agricultural alternatives in use in the country. Some areas where cattle raising and grain production share the same grounds, or where soils are trafficked in moist conditions may show compaction of the upper layers. Compacted soil areas may not need to be chiseled or plowed, if seed germination and good growing standards are reached by the initial soil conditioning solely by planter’s coulters. To choose between two coulters, or among several coulter combination it is necessary to know the interactions between coulters and soil at diverse moisture levels. The specific aims of present work are the knowledge of coulter draft requirements on an Paleudult at different soil moisture condition. Draft requirements and tractor performance data, recorded electronically by a device specially developed for this work, showed that the draft increased with an increase of working depth. The magnitude of the increase ranged 75% in moist soil, 130% in friable one and 84% in dry soil when the coulter worked at 0,12 m instead of 0,06 m depth level. Working speed increases had no effect on draft when soil was dry or moist; it increased, however at friable soil and higher working depth. Displaced soil was always higher at 0,12 m working depth. It was also higher when working on dry soil. The highest specific power requirement to loosen the soil was attained with the knife coulter working at 0,12 m depth and was 0,19 kW per centimeter depth. _______________________ 1 M.Sc. Dissertation in Soil Science. PPG em Ciência do Solo. PPG em Ciência do Solo, Faculdade de Agronomia, UFRGS. Porto Alegre. (61p.) August, 2002. Financial support by CNPq – Pronex and CAPES.
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 1
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA................................................................................ 3
2.1 Semeadura e adubação.................................................................................... 3
2.2 Elementos sulcadores de solo .......................................................................... 4
2.3 Efeitos da compactação do solo ..................................................................... 12
2.4 Resistência do solo ao penetrômetro.............................................................. 13
3. MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................. 15
3.1 Localização, solo e características climáticas da região da área
experimental ......................................................................................................... 15
3.2 Histórico e adequação da área experimental.................................................. 16
3.3 Tratamentos.................................................................................................... 16
3.4 Delineamento experimental e análise estatística ............................................ 16
3.5 Máquinas e equipamentos para a condução dos ensaios à campo ............................. 17
3.6 Equipamentos e instrumentação para coleta de dados à campo....................18 3.6.1 Perfilômetro.................................................................................................. 18
3.6.2 Penetrógrafo com armazenamento eletrônico de dados ............................. 18
3.6.3 Haste instrumentada.................................................................................... 19
3.6.3.1 Características estruturais e dimensionais................................................ 19
3.6.3.2 Instalação da instrumentação eletrônica no suporte da haste .................. 20
3.6.3.3 Curvas de calibração da haste.................................................................. 20
3.6.4 Sensor de deslocamento da roda odométrica.............................................. 21
3.6.5 Sensor de deslocamento das rodas traseiras do trator................................ 21
3.6.6 Sensor de rotação do motor......................................................................... 22
3.6.7 Sistema de aquisição, armazenamento e transferência de dados de campo............................................................................................................22
3.7 Insumos agrícolas........................................................................................... 23
3.8 Amostragens e determinações ....................................................................... 23
3.8.1 A campo....................................................................................................... 23
3.8.1.1 Coleta de amostras para análise química do solo .................................... 23
xiii
3.8.1.2 Coleta de amostras e avaliações físicas do solo ...................................... 24
3.8.1.3 Avaliações efetuadas durante a operação de semeadura de soja............ 25
3.8.1.4 Avaliações efetuadas após a operação de semeadura da soja ................ 26
3.8.2 Em laboratório.............................................................................................. 26
3.8.2.1 Densidade do solo .................................................................................... 26
3.8.2.2 Densidade de partículas sólidas do solo................................................... 26
3.8.2.3 Teor de água no solo ................................................................................ 27
3.8.2.4 Porosidade total, macroporosidade e microporosidade ............................ 27
3.8.2.5 Limites de Atterberg.................................................................................. 28
3.8.2.6 Força de tração na haste sulcadora de adubo.......................................... 29
3.8.2.7 Potência demandada pelas hastes da semeadora-adubadora ................. 29
3.8.2.8 Patinagem dos rodados traseiros do trator ............................................... 29
3.8.2.9 Volume de solo mobilizado pela haste sulcadora de adubo ..................... 29
3.8.2.10 Força de tração na haste sulcadora de adubo em função do volume de solo mobilizado.........................................................................................30
3.8.2.11 Força de tração da haste sulcadora de adubo em função da profundidade máxima do sulco.....................................................................................30
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................ 31
4.1 Caracterização inicial da área e instalação do experimento ........................... 31
4.1.1 Atributos físicos............................................................................................ 31
4.2 Análise dos resultados obtidos ....................................................................... 33
4.2.1 Força de tração na haste ............................................................................. 33
4.2.2 Potência demandada pelas hastes da semeadora-adubadora .................... 35
4.2.3 Patinagem dos rodados traseiros do trator .................................................. 37
4.2.4 Profundidade máxima do sulco provocado pela haste sulcadora de adubo 39
4.2.5 Volume de solo mobilizado pela haste sulcadora de adubo ........................ 41
4.2.6 Força de tração na haste em função do volume de solo mobilizado ........... 42
4.2.7 Força de tração na haste sulcadora em função da profundidade máxima do
sulco..............................................................................................................43
5. CONCLUSÕES................................................................................................. 45
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................. 47
7. APÊNDICE........................................................................................................ 53
8. RESUMO BIOGRÁFICO................................................................................... 61
xiv
RELAÇÃO DE TABELAS
1. Análise química de um Argissolo Vermelho Distrófico típico na
profundidade de 0 a 0,20 m ..................................................................... 16
2. Atributos físicos de um Argissolo Vermelho Distrófico típico.................... 32
3. Teor de água no solo em um Argissolo Vermelho Distrófico típico nos
diferentes estados de consistência do solo.............................................. 32
4. Força de tração (N) na haste sulcadora de adubo em um Argissolo
Vermelho Distrófico típico em solo seco (média de três repetições). ....... 33
5. Força de tração (N) na haste sulcadora de adubo em um Argissolo
Vermelho Distrófico típico em solo friável (média de três repetições). ..... 33
6. Força de tração (N) na haste sulcadora de adubo em um Argissolo
Vermelho Distrófico típico em solo úmido (média de três repetições)...... 33
7. Potência demandada (kW) pelas hastes sulcadoras de adubo da
semeadora-adubadora em um Argissolo Vermelho Distrófico típico em
solo seco. (média de três repetições)....................................................... 35
8. Potência demandada (kW) pelas hastes sulcadoras de adubo da
semeadora-adubadora em um Argissolo Vermelho Distrófico típico em
solo friável. (média de três repetições)..................................................... 36
9. Potência demandada (kW) pelas hastes sulcadoras de adubo da
semeadora-adubadora em um Argissolo Vermelho Distrófico típico em
solo úmido (média de três repetições). .................................................... 36
10. Patinagem dos rodados traseiros (%) em um Argissolo Vermelho
Distrófico típico em solo seco (média de três repetições). ....................... 37
11. Patinagem dos rodados traseiros (%) em um Argissolo Vermelho Distrófico típico em solo friável (média de três repetições). 37
12. Patinagem dos rodados traseiros (%) em um Argissolo Vermelho
Distrófico típico em solo úmido (média de três repetições). ..................... 38
13. Profundidade máxima do sulco (m) provocado pela haste sulcadora de
adubo em um Argissolo Vermelho Distrófico típico em solo seco (média
de três repetições).................................................................................... 39
xv
14. Profundidade máxima do sulco (m) provocado pela haste sulcadora de
adubo em um Argissolo Vermelho Distrófico típico em solo friável
(média de três repetições)........................................................................ 39
15. Profundidade máxima do sulco (m) provocado pela haste sulcadora de
adubo em um Argissolo Vermelho Distrófico típico em solo úmido
(média de três repetições)........................................................................ 40
16. Volume de solo mobilizado pela haste sulcadora de adubo (m3 -1ha ) em
um Argissolo Vermelho Distrófico típico em solo seco (média de três
repetições). .............................................................................................. 41
17. Volume de solo mobilizado pela haste sulcadora de adubo (m3 ha-1) em
um Argissolo Vermelho Distrófico típico em solo friável (média de três
repetições). .............................................................................................. 41
18. Volume de solo mobilizado pela haste sulcadora de adubo (m3 ha-1) em
um Argissolo Vermelho Distrófico típico em solo úmido (média de três
repetições). .............................................................................................. 41
19. Força de tração na haste sulcadora em função do volume de solo
mobilizado (N m3 ha-1) em um Argissolo Vermelho Distrófico típico em
solo seco (média de três repetições)........................................................ 42
20. Força de tração na haste sulcadora em função do volume de solo
mobilizado (N m3 ha-1) em um Argissolo Vermelho Distrófico típico em
solo friável (média de três repetições)...................................................... 42
21. Força de tração na haste sulcadora em função do volume de solo
mobilizado (N m3 ha-1) em um Argissolo Vermelho Distrófico típico em
solo úmido (média de três repetições). .................................................... 43
22. Força de tração na haste sulcadora em função da profundidade máxima
do sulco (N m-1) em um Argissolo Vermelho Distrófico típico em solo
seco (média de três repetições). .............................................................. 43
23. Força de tração na haste sulcadora em função da profundidade máxima
do sulco (N m-1) em um Argissolo Vermelho Distrófico típico em solo
friável (média de três repetições). ............................................................ 44
xvi
24. Força de tração na haste sulcadora em função da profundidade máxima
do sulco (N m-1) em um Argissolo Vermelho Distrófico típico em solo
úmido (média de três repetições). ............................................................ 44
xvii
RELAÇÃO DE FIGURAS
1. Vista frontal do perfilômetro ........................................................................ 18
2. Vista frontal e lateral do penetrógrafo eletrônico......................................... 19
3. Detalhe de instalação dos estensômetros .................................................. 20
4. Detalhe do sensor de deslocamento da roda odométrica ........................... 21
5. Detalhe do sensor de deslocamento instalado na roda traseira do
trator......................................................................................................... 22
2
1. INTRODUÇÃO
As preocupações em relação à eficiência dos sistemas de preparo
do solo são crescentes na agricultura em todo o mundo. Para aumentar a
eficiência no processo produtivo da agricultura, novos tipos de preparo do solo
vêm sendo propostos visando minimizar e/ou eliminar as perdas de solo por
erosão que são características de preparos convencionais de solo e
semeadura, quando executados erroneamente.
Dentre as alternativas que estão sendo utilizadas no país desde a
década de 70, destaca-se a técnica conhecida por semeadura direta,
atualmente bastante difundida entre produtores agrícolas, totalizando
14 milhões de ha no Brasil. No entanto, em áreas onde este sistema está
implantado há mais tempo ou onde existe a integração lavoura-pecuária, pode
ocorrer compactação superficial do solo. Essa compactação pode ocorrer
devido ao tráfego de máquinas em solos com elevado teor de água ou devido a
utilização inadequada da técnica de semeadura direta. Alguns dos efeitos
negativos da compactação são o aumento da resistência mecânica ao
crescimento radicular, a redução na capacidade de infiltração da água no solo
e na aeração do mesmo, desta forma, afetando a produtividade agrícola. Para
resolver o problema causado pela compactação da camada superficial do solo,
muitos agricultores retornam aos métodos de preparo tradicionais, com
revolvimento parcial ou total do solo.
Muitas áreas afetadas por compactação superficial não
necessitariam ser descompactadas ou revolvidas, caso as semeadoras-
adubadoras fossem melhor utilizadas, posicionando corretamente a semente
de forma a proporcionar uma boa germinação, mesmo em solos com diferentes
teores de água. O que existe no momento, é o uso de um mesmo tipo de
2
3
sulcador, numa mesma configuração e regulagem, que deve produzir sulcos
satisfatórios, tanto em solo plástico, como em condições de solo seco. É
sabido, porém, que o solo comporta-se diferentemente quando contém
diferentes teores de água. Assim, é lógico depreender que as condições de
abertura do sulco em que a semente deverá se desenvolver serão diferentes
em cada uma das situações e que ocorrerão diferenças na eficiência
operacional do conjunto trator/semeadora-adubadora. Essas variações podem
tornar o processo de semeadura economicamente inviável, devido a gastos
energéticos elevados ou emergência das plântulas não satisfatória.
A geometria e configuração dos sulcadores devem levar em
consideração as funções dos mesmos, quais sejam, efetuar uma boa
mobilização do solo na linha de semeadura, sem muita perturbação da
superfície, permitindo a quebra de possíveis camadas compactadas e a
diminuição da resistência do solo às raízes. Além disto, devem permitir que
ocorra uma pequena mobilização superficial do solo, evitando a incorporação
de resíduos com a conseqüente exposição total do solo, exigindo também uma
baixa demanda de esforço de tração para a penetração da haste sulcadora no
solo.
Considerando que a haste sulcadora fixa é utilizada em praticamente
80% das semeadoras-adubadoras em operação no Brasil, foi conduzido um
experimento visando o entendimento do funcionamento de hastes sulcadoras
de semeadoras-adubadoras em condições de campo natural recém dessecado.
Os objetivos do presente trabalho foram determinar a força de tração
e o volume de solo mobilizado pelas hastes sulcadoras, bem como a variação
destes fatores em função dos estados de consistência do solo, da velocidade
de operação do conjunto trator/semeadora-adubadora e da profundidade de
atuação da haste sulcadora.
3
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1.Semeadura e adubação
Dentre as operações necessárias para a implantação de uma
cultura, a semeadura é uma das mais importantes. A eficiência da mesma é
avaliada quando da emergência de plântulas, sendo a correção de áreas mal
semeadas muito difícil. Uma lavoura mal semeada terá problemas no
estabelecimento de uma boa população, problemas devido à competição por
invasoras e poderá ter sua produtividade final muito reduzida. Os fatores que
afetam a semeadura podem estar relacionados com as sementes, o solo, a
máquina, o clima e, até mesmo, com a forma de operação da máquina.
Analisando o fator máquina, a função básica de uma semeadora é
dosar e colocar no solo as sementes para a implantação das culturas. Caso ela
dose ainda adubos e/ou fertilizantes, é chamada de semeadora-adubadora
(Balastreire, 1990). O desempenho de semeadoras-adubadoras, a correta
regulagem e operação influenciam diretamente na produtividade das culturas.
O corte eficiente dos restos culturais, a abertura do sulco e a deposição de
sementes e adubo em profundidades corretas e em contato com o solo,
juntamente com a regularidade de dosagem de sementes, são essenciais a
uma eficiente operação de semeadura.
Segundo Casão Júnior et al. (2000a), para utilizar a semeadura
direta em determinados locais, há necessidade de solucionar problemas por
ocasião de sua instalação como, por exemplo: compactação do solo, baixos
teores de matéria orgânica, baixa fertilidade do solo, presença de invasoras e
aumento do consumo energético em função de uma seleção inadequada das
máquinas existentes no mercado. A adaptação das máquinas às realidades
regionais é de suma importância para a eficiência da técnica.
4
Segundo Machado et al. (1996), as máquinas para semeadura e
adubação podem ser classificadas segundo diversas características, entre elas,
o tipo de engate à fonte de potência (de arrasto ou montada) e o tipo de
distribuição de sementes (à lanço, em linha de precisão e em linha de fluxo
contínuo).
As semeadoras-adubadoras são constituídas basicamente de
chassi, depósitos de sementes e de adubo, mecanismos dosadores de
sementes e de adubo, condutores de semente e de adubo, discos de corte de
resíduos, elementos sulcadores para deposição sementes e adubo,
mecanismos cobridores de sementes, rodas compactadoras, rodas de controle
de profundidade de semeadura, rodas de sustentação e de acionamento dos
mecanismos de transmissão e marcadores de linhas (Coelho, 1996).
As configurações das semeadoras-adubadoras podem variar
dependendo da região em que serão utilizadas e da cultura a ser implantada.
Para utilização das semeadoras-adubadoras em sistemas conservacionistas,
os componentes que podem ser variados são os discos de corte de resíduos e
os elementos sulcadores para deposição de sementes e de adubo (Levien,
1999).
2.2.Elementos sulcadores de solo
Sulcadores são elementos mecânicos utilizados em semeadoras,
que além dos rodados, estabelecem a relação entre o solo e a máquina de
semeadura. Sua função principal é a abertura do sulco para deposição de
fertilizantes e/ou sementes no solo, em uma profundidade adequada para cada
cultura, propiciando condições ideais de germinação e desenvolvimento inicial
de plantas (Balastreire, 1990). Para efetuar corretamente suas funções, é
necessário que os elementos sulcadores estejam em bom estado de
conservação, já que desgastados, tendem a abrir sulcos irregulares, tanto no
formato, como na profundidade (Machado et al., 1996).
Portella (1983) e Balastreire (1990) mencionam que existem três
tipos principais de sulcadores: facões ou hastes, discos simples e discos
duplos. Os facões ou hastes são normalmente utilizados em terrenos que já
sofreram preparo e livre de tocos, pedras ou restos de cultura sobre a
4
5
superfície. Os sulcadores de discos simples são utilizados em terrenos onde
podem existir restos de cultura, ou até mesmo pequenas pedras ou raízes,
sendo mais utilizados em culturas de inverno. Já os sulcadores de discos
duplos aliam a capacidade de trabalhar em terrenos com restos de cultura e
têm uma boa precisão de abertura de sulco.
Bertol et al. (1997) desenvolveram estudo relacionando diferentes
tipos de sulcadores, com as variáveis rugosidade e cobertura vegetal.
Concluíram que sendo a cobertura do solo comprovadamente eficaz quanto ao
controle de invasoras, é desejável utilizar sulcadores que proporcionem menor
largura de sulco, protegendo a linha de semeadura de possíveis invasoras e da
competição por elas gerada com a cultura estabelecida. Entre os sulcadores
utilizados (disco duplo defasado, disco duplo e disco côncavo), o de disco
côncavo foi o que mais reduziu a cobertura do solo, o que pode ser explicado
pelo fato do deslocamento se dar em ângulo em relação à direção de trabalho,
abrindo sulcos mais largos. No entanto, a produtividade de grãos não foi
afetada pelos mecanismos sulcadores da semeadora utilizada.
Casão Júnior et al. (1998) verificaram que os sulcadores do tipo
facão podem possuir diferentes ângulos de ataque que facilitam sua
penetração no solo. Isto evita que as semeadoras equipadas com este
mecanismo, dependam somente da transferência de peso da máquina para
promover a penetração dos discos de corte dos resíduos e dos discos duplos
(sulcadores para deposição das sementes) no solo. Outro fator de destaque é
que estes promoveram preparo localizado, atingindo boas profundidades (0,08
a 0,15 m), onde foi depositado o adubo.
Um dos problemas inicialmente enfrentados na adoção de preparos
conservacionistas e semeadoras-adubadoras que empregam hastes para a
abertura de sulcos, era o embuchamento causado pelos restos culturais
existentes sobre a superfície do solo (Derpsch et al., 1986). Este problema foi
resolvido pelo emprego de discos de corte de resíduos, colocados à frente das
hastes.
Klein & Boller (1995), avaliando a resposta da cultura do milho em
diferentes manejos (semeadura direta, preparo do solo com arado de discos +
grade de discos, ou com escarificação + grade de discos e escarificador
protótipo), verificaram que no tratamento semeadura direta, a produtividade de
5
6
grãos da cultura do milho foi afetada positivamente pela utilização do sulcador
facão na camada superficial do solo (0 – 0,05 m). Neste estudo, os maiores
valores de densidade do solo foram determinados na camada superficial (0 –
0,05 m), o que demonstra compactação.
Portella et al. (1997) não encontraram diferenças significativas no
índice de emergência de plantas de milho, em função dos elementos
sulcadores e compactadores das semeadoras de precisão testadas, em
semeadura direta. Em solos com baixo teor de água, aquelas equipadas com o
sulcador tipo facão colocaram sementes em maior profundidade do que as com
discos duplos. Nos mais úmidos, ocorreu o contrário, indicando problemas de
embuchamento ou aderência de solo ao facão.
Mello & Takahashi (2000), compararam dois elementos sulcadores
(discos duplos desencontrados e haste sulcadora) e dois tipos de rodas
compactadoras (em “V” e côncava) na semeadura do milho e concluíram que
com a combinação da haste sulcadora e roda compactadora côncava foram
obtidas as maiores produtividades de grãos da cultura. Já com os discos
desencontrados, mas com mesmo tipo de roda compactadora, obtiveram as
menores populações de plantas de milho.
Takahashi et al. (2001) analisaram a distribuição espacial de
sementes de milho em semeadura direta, com dois tipos de sulcadores (hastes
e discos duplos) e com dois tipos de rodas compactadoras(em “V” e côncava).
Concluíram que o mecanismo rompedor de hastes abriu sulcos mais
profundos, depositando o adubo e as sementes à profundidades maiores que o
mecanismo rompedor de discos. A combinação haste e roda compactadora
côncava apresentou valores médios de profundidade de 0,143 m, contra
0,068 m na configuração discos duplos e roda compactadora côncava.
Oliveira et al. (2000a) comparando duas hastes sulcadoras, com
diferentes geometrias, constataram que mais do que o tipo de haste, é
importante a correta regulagem de profundidade e escolha do teor de água no
solo apropriado à operação de semeadura. A menor profundidade de trabalho
(0,075 m) apresentou menores larguras de sulco e menor área de solo
mobilizado. Com a seleção das profundidades de trabalho, nos solos com
teores de água diferentes, é possível reduzir a mobilização do mesmo.
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Oliveira et al. (2000b), analisando o desempenho operacional de
uma semeadora-adubadora para semeadura direta com haste sulcadora de
adubo, em dois solos com diferentes tipos de cobertura vegetal e em duas
velocidades (5 e 7 km h-1), concluíram que a profundidade média de
semeadura observada ficou próxima dos valores previstos na regulagem
(0,06 m). Também observaram que a semeadora-adubadora apresentou
índices de deslizamento aceitáveis para o tipo de rodado apresentado. Os
valores de potência demandada pelo motor foram inferiores aos indicados pelo
fabricante para as condições de solo e cobertura testados.
Dallmeyer et al. (1986) analisando oito configurações de linhas de
semeadura, como facas rotativas, discos duplos e sulcadores do tipo cinzel,
com e sem disco de corte de resíduos e sulcadores de adubo e sementes do
tipo discos simples, discos duplos e hastes sulcadoras, concluíram que o
aumento na velocidade de operação tendeu a diminuir as diferenças entre os
mecanismos testados e diminuir o volume de solo mobilizado, sendo que os
maiores volumes foram obtidos com o sulcador do tipo cinzel.
Mahl et al. (2001) avaliaram a distribuição longitudinal e a
profundidade de deposição de sementes de milho utilizando uma semeadora-
adubadora em semeadura direta, variaram a velocidade de operação (4,4; 8,1
e 9,9 km h-1) e o mecanismo sulcador (hastes e discos duplos). Concluíram que
o aumento da velocidade operacional afetou significativamente a distribuição
longitudinal das sementes, mas não afetou a profundidade de deposição das
mesmas. Já os mecanismos sulcadores influenciaram significativamente a
profundidade de deposição de sementes. A haste sulcadora de adubo
apresentou as maiores profundidades em relação ao disco duplo, mas não
houve efeito significativo quanto a distribuição das sementes na linha de
semeadura.
Silva et al. (2001), verificaram que o aumento da velocidade de
deslocamento acarretou uma diminuição significativa da cobertura do solo e
que não houve influência significativa da velocidade sobre a área de solo
mobilizado. O mecanismo sulcador tipo haste resultou em área mobilizada
27,33% superior quando comparada a área de solo mobilizada pelos discos
duplos. Também resultou em maior profundidade de deposição de sementes e
menor número de sementes expostas. Observaram que a cobertura do solo
7
8
não foi influenciada pelo mecanismo sulcador. Em relação à velocidade de
deslocamento, não houve diferença quanto a área mobilizada de solo. Também
não houve interação entre os mecanismos sulcadores e as velocidades de
deslocamento.
Silva et al. (2000) analisaram o desempenho de uma semeadora-
adubadora em semeadura direta de milho, em diferentes velocidades de
deslocamento (3,0; 6,0; 9,0 e 11,2 km h-1) e em duas profundidades de
adubação (0,05 e 0,10 m). Concluíram que o número de sementes de milho na
linha foi afetado pelas velocidades mais elevadas da semeadora-adubadora
(9,0 e 11,2 km h-1), diminuindo a quantidade de sementes distribuídas em
relação às demais velocidades citadas. A maior população de plantas foi obtida
utilizando-se a velocidade de 6,0 km h-1 e 0,10 m de profundidade da haste
sulcadora de adubo. A profundidade média de semeadura não foi alterada
pelas variações da velocidade de operação e pelas profundidades de
adubação, ficando em torno de 0,036 m. Concluíram ainda que, a massa da
semeadora-adubadora, em regime de trabalho, estabeleceu uma força vertical
suficiente para manter uniformes a abertura dos sulcos no solo e a
profundidade de semeadura, independente da velocidade de operação do
conjunto.
Siqueira et al. (2000), comparando hastes do tipo facão, de
diferentes dimensões, fixadas em um suporte acoplado ao engate de três
pontos de um carro dinamométrico, verificaram que os teores de água do solo
(0,30 e 0,32 kg kg-1) não afetaram a velocidade de deslocamento, os esforços,
o momento e a potência requerida no motor. No entanto, a maior profundidade
de trabalho (0,125 m) resultou em maiores valores de momento, força vertical e
horizontal medidos na haste e potência demandada na barra de tração, nas
duas configurações de hastes. A velocidade de deslocamento e o momento
foram afetados pela profundidade de trabalho (0,075 e 0,125 m), com menor
valor de velocidade (3,96 km h-1) para a maior profundidade e maior momento
(720,8 N m). Segundo os mesmos autores, a geometria das hastes afetou as
forças verticais e horizontais, sendo possível utilizar essas variações para
alterações em projetos de hastes sulcadoras de adubo.
Siqueira et al. (2001a) verificaram o comportamento energético de
13 tipos de hastes sulcadoras de semeadoras-adubadoras utilizadas em
8
9
semeadura direta. Os resultados indicaram variações de 714% (64 a 524 N) na
força vertical e de 60% (1376 a 2201 N) na demanda de esforço horizontal. A
força horizontal específica variou 59% (111 a 177 N cm-1) enquanto o momento
medido na haste variou 67% (956 a 1595 N m). Os resultados demostraram
que é possível alterar estes esforços com mudanças na geometria do
mecanismo rompedor do solo, uma vez que a geometria da haste influi
diretamente nas forças e no momento.
Siqueira et al. (2001b) também avaliaram o desempenho energético
de quatro semeadoras-adubadoras diferenciadas quanto aos discos de corte
de resíduos, hastes sulcadoras de adubo e discos duplos para a deposição de
sementes, em duas velocidades (4,7 e 8,3 km h-1). Na avaliação geral do grupo
de semeadoras, a menor velocidade de operação resultou em menores força
de tração, potência e consumo de energia. As semeadoras-adubadoras
apresentaram desempenhos diferenciados quanto ao esforço de tração (de 5,7
a 13,1 kN), potência na barra de tração (de 10,5 a 24,2 kW) e consumo de
energia por área (de 6,4 a 12,2 kW h ha-1), indicando que é possível selecionar
semeadoras-adubadoras para a semeadura direta com menores exigências
energéticas.
Fey et al. (2001) avaliaram a produtividade do milho utilizando
diferentes configurações de discos lisos de corte de resíduos, com diâmetros
de 0,381 e 0,432 m e mecanismos sulcadores do tipo discos duplos, guilhotina
e facão para deposição de adubo em um Latossolo Vermelho Eutroférrico com
teor de água variando entre 0,22 e 0,24 kg kg-1 no momento da semeadura, na
camada superficial. Concluíram que o mecanismo sulcador do tipo facão
apresentou a maior profundidade de sulco para a deposição de adubo
(0,115 m) e o de discos duplos menor profundidade de deposição de adubo
(0,080 m). Nos mecanismos disco e guilhotina houve redução da profundidade
de deposição no solo com maior teor de água.
Em estudo de forças atuantes em elementos sulcadores de
semeadoras comerciais para plantio direto, Portella (1983), mediu os valores
de 70,50; 71,28 e 39,85 kgf, respectivamente em disco simples, disco duplo e
faca rompedora, para um rompimento de camada de 0,05 m superficiais do
solo, em semeadura direta.
9
10
Casão Júnior et al. (1998), estudando o efeito do teor de água no
solo verificaram que a força de tração exigida pela semeadora-adubadora
testada aumentou em função da velocidade de deslocamento, profundidade de
atuação do sulcador do tipo facão e o teor de água do solo, quando esse
passou da condição friável à plástica.
Casão Júnior et al. (2000a), analisando o desempenho energético e
operacional de uma semeadora-adubadora em plantio direto nos solos tipo
Latossolo Roxo e Terra Roxa Estruturada, verificaram que o uso de haste
sulcadora foi importante para a manutenção da profundidade desejada em
semeadura direta. Com o aumento da velocidade de trabalho houve redução
na profundidade do sulco, bem como a ocorrência de áreas com muito solo
descoberto na linha de semeadura.
Casão Júnior et al. (2000b), analisando esforço de tração de uma
semeadora-adubadora equipada com hastes sulcadoras com ângulo de ataque
de 21o, verificaram que esta promoveu uma força vertical de 1481 N, o que
ocasionou uma força de sucção, dispensando uso de lastros para o correto
desempenho dos elementos sulcadores do solo. A força horizontal foi
responsável por 98% do esforço de tração exigido pelas semeadoras.
Casão Júnior et al. (2000c), avaliando semeadoras-adubadoras,
constataram que hastes sulcadoras com ângulo de ataque com 20º e
espessura da ponteira de 0,02 m, têm apresentado bons resultados, pois as
hastes sulcadoras podem ter um esforço vertical, que reduz a necessidade de
peso adicional à semeadora-adubadora.
Leite et al. (2001) avaliaram a demanda de força de tração na
semeadura do milho em diferentes métodos de preparo do solo (convencional,
reduzido e semeadura direta) e dois espaçamentos entre linhas. Os resultados
mostraram que a exigência de força de tração foi 24,3% maior nos tratamentos
com escarificação em relação à semeadura direta. Foi utilizada uma
semeadora-adubadora de arrasto, com quatro linhas de semeadura com
espaçamento de 0,90 m e seis linhas de semeadura com espaçamento de
0,45 m, equipada com disco de corte de resíduos em cada linha de semeadura,
bem como discos duplos para deposição de sementes e adubo.
Collins & Fowler (1996) trabalhando com diferentes hastes
sulcadoras e diferentes solos, verificaram que a geometria da haste influiu
10
11
diretamente no esforço de tração e que a largura da haste e seu ângulo de
ataque foram os elementos mais importantes. Este estudo também mostrou
que o tipo de solo teve grande influência no esforço de tração, pois nos solos
argilosos a exigência de tração foi, em média, 24% maior do que em solos
arenosos. Observaram que em velocidades de deslocamento de 6 a 10 km h-1,
a força de tração aumentou em 4% para cada incremento de 1 km h-1 e, em
20%, para cada aumento de 0,01 m de profundidade de trabalho do sulcador
de adubo (de 0,01 a 0,05 m).
Conforme a American Society of Agricultural Engineers - ASAE
(1999), a força de tração necessária para a operação de semeadoras de grão
graúdos, em linha (semeadoras de precisão), na direção horizontal do
deslocamento, já incluída a resistência ao deslocamento da máquina, com bom
leito de semeadura, é de 3400 N por linha de semeadura, tendo uma variação
de 35%. Estes dados estão disponíveis como referência para dimensionamento
de tratores que operam com semeadoras-adubadoras.
Chaudhuri (2001), com avaliações feitas em laboratório e a campo,
concluiu que o ângulo de ataque das hastes sulcadoras de semeadoras-
adubadoras influenciou diretamente as forças verticais e horizontais, sendo os
menores esforços de tração obtidos com ângulos de ataque entre 25 e 30º.
Também verificou que o aumento na largura das hastes aumentou o esforço de
tração e diminuiu a qualidade de cobertura da semente pelo solo. O teor de
água no solo e sua taxa de evaporação foram responsáveis pela performance
dos sulcos abertos por hastes em semeadura direta. Outra conclusão obtida foi
a de que os discos duplos, como elementos sulcadores, não foram eficientes
em solos densos, e que, em semeadura direta, têm problemas de penetração
no solo, devido a palha em superfície.
Gebresenbet & Johnson (1992) avaliando diferentes tipos de
sulcadores, em relação às suas características dimensionais e construtivas e
performance na operação, evidenciaram que o ângulo de ataque da ponteira e
a velocidade de operação do conjunto influenciaram significativamente o
desempenho operacional em solos argilosos, não tendo influência em solos
arenosos.
Na concepção e fabricação dos mecanismos sulcadores, um dos
principais objetivos é que a ferramenta tenha bom desempenho de operacional,
11
12
com baixo gasto de energia, o que pode ser previsto com modelos de predição
de forças necessárias para a abertura do sulco. Kushwaha & Zhang (1998)
analisando modelos de predição de forças para a abertura do sulco, verificaram
que os efeitos dinâmicos do solo sobre as forças e sobre a energia gasta pela
ferramenta são distintos. Entre os modelos analisados, alguns consideram a
demanda energética, bem como velocidade de operação, aceleração do solo
em relação à ferramenta de abertura do sulco e forças envolvidas neste
processo. Considerar o rendimento da cultura, bem com a dinâmica dos solos
envolvidos no processo, são de grande valia.
2.3. Efeitos da compactação do solo
A compactação do solo afeta as condições do solo em que a
plântula se desenvolverá. As condições de solo mais seriamente afetadas são
aquelas que controlam o teor e transmissão da água, ar, calor e nutrientes, e
que modificam a resistência do solo. A compactação é medida indiretamente
através de um conjunto de parâmetros, que juntos evidenciam ou não a
compactação de um solo. Alguns métodos podem ser citados como: determinar
o volume e a massa de uma amostra de solo, determinar a condutividade de
fluidos, como a água e o ar. Igualmente, a habilidade do solo em transmitir
tensões e a resistência máxima à penetração são úteis como fatores para
mensurar o grau de compactação de um solo (Balastreire, 1990).
A compactação do solo é causada pelo rearranjo de suas partículas
sólidas. O teor de água no solo no momento em que ocorre a compactação é
fator determinante da sua intensidade. Qualquer que seja a operação agrícola,
desde que efetuada com solo com teores de água inadequados, incorrerá em
deterioração de seus atributos físicos (Boeni, 2000).
A definição do teor de água ideal no solo para a execução das
operações agrícolas e a estimativa da deformação que ocorrerá quando as
pressões a ele aplicadas excederem a sua capacidade de suporte de carga são
determinantes para evitar a sua compactação (Silva, 1999).
O estado de compactação do solo depende de vários fatores, entre
os quais destacam-se as características originais de cada solo e as práticas de
manejo empregadas. Goedert et al. (2002), avaliando o estado de
12
13
compactação do solo em áreas cultivadas em semeadura direta, utilizaram
como parâmetros a densidade, porosidade e resistência mecânica do solo à
penetração. Os solos predominantes da região do estudo (Brasília/DF)
apresentaram boas propriedades físicas. Deste modo, o fato de não observar
compactação do solo, após longo período de cultivo, pode ser atribuído ao
adequado manejo empregado nestas áreas. Com base nos dados de
produtividade das culturas, foi possível concluir que o solo não oferece
limitações ao crescimento radicular das plantas, confirmando os dados de
estado de compactação.
2.4. Resistência do solo ao penetrômetro
Segundo Balastreire (1990), a resistência do solo é a habilidade ou
capacidade de um solo, em condição particular, de resistir a uma força
aplicada. Os penetrômetros determinam, através de sondagem, a resistência
mecânica que o solo oferece à penetração de uma ponteira cônica, podendo
correlacionar essa leitura à resistência que o solo oferece à penetração
radicular (Gomes & Peña, 1996).
A média das leituras da resistência do solo à penetração até uma
determinada profundidade chama-se índice de cone. A correlação dos valores
obtidos com o penetrômetro e a penetração radicular deve ser feita com
cuidado, pois a ponteira da haste difere em tamanho e direção de penetração
radicular (Hakansson et al., 1987).
A resistência do solo pode variar devido a diversos aspectos, entre
eles a variação do teor de água no solo, tipo de solo, conteúdo de matéria
orgânica, agregação, resistência à compressão e resistência ao cisalhamento
(Horn & Lebert, 1994). Camargo & Alleoni (1997) ressaltam que quando o
aparelho for operado manualmente, estará passível de variações operacionais,
visto a dificuldade de manter constante o curso e velocidade de penetração da
haste.
Miranda (1986), apud Faganello (1989), cita que a resistência do
solo à penetração é um parâmetro que depende da densidade, teor de água e
tipo de solo. Os valores de resistência do solo à penetração podem ser
utilizados para verificar a mobilização do solo, determinar a eficiência residual
13
14
de implementos de mobilização de solo e avaliar o potencial para o pleno
desenvolvimento de raízes.
Veen & Boone (1990), abordaram o crescimento de raízes de milho
sob influência da resistência mecânica e do teor de água no solo. Concluíram
que o grau de crescimento das raízes primárias e adventícias é afetado
negativamente pela resistência do solo à penetração, mas o efeito do potencial
da água foi positivo. Isto significa que quanto maior for o potencial de água do
solo, tanto mais fácil será o crescimento de raízes. Maiores valores de
resistência mecânica prejudicarão o crescimento das raízes diminuindo o
comprimento e aumentando seu diâmetro. Ressaltam ainda que a resistência
do solo à penetração, assim como o teor de água no solo, influenciam
diretamente o crescimento radicular.
Segundo Campbell et al. (1984), as condições que limitam o
crescimento da raiz ocorrem quando a resistência do solo à penetração excede
2 ou 3 MPa, dependendo do tipo de solo e do tipo de raízes.
Coan (1996) verificou que a profundidade de semeadura da aveia
preta (Avena strigosa Schreb.) não interferiu na resistência mecânica do solo à
penetração, porém, revelou que a compactação na linha de semeadura
aumentou proporcionalmente às cargas aplicadas.
Furlani et al. (2001), analisaram a resistência do solo à penetração
em função da profundidade de semeadura da cultura do milho (0,03; 0,05 e
0,07 m) e da compactação sobre a semente (0; 98,1; 196,2 e 294,3 N) com teor
médio de água no solo de 154 g kg-1. A resistência do solo à penetração à
0,02 m de profundidade apresentou interação significativa entre a profundidade
de semeadura e a compactação sobre a semente. Concluíram que o número
médio de dias para a emergência das plântulas não foi influenciado por
nenhum dos fatores, já a resistência à penetração aumentou em função da
carga de compactação e profundidade de semeadura.
14
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. Localização, solo e características climáticas da região da área experimental
O estudo foi realizado na Estação Experimental Agronômica da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, localizada no km 146 da rodovia
BR 290, município de Eldorado do Sul - RS, entre as latitudes 30° e 30°15’ sul
e longitudes 51°30’ e 51°45’, a oeste de Greenwich. O experimento foi
instalado em área com Argissolo Vermelho Distrófico típico (EMBRAPA,1999),
unidade de mapeamento São Jerônimo (Brasil, 1973). Este solo ocupa uma
área de aproximadamente 1.345 km2, representando aproximadamente 0,5%
da área total do Estado. Apresenta textura do horizonte superficial franco-
argilosa a argilosa, com cascalhos. São solos porosos e profundos,
normalmente apresentando seqüência de horizontes A, B e C, com relevo
predominantemente ondulado. É utilizado principalmente com pastagens e
lavouras de trigo, soja e milho. A Estação Experimental Agronômica situa-se na
região fisiográfica da Depressão Central, a qual caracteriza-se por relevo
constituído de amplas planícies aluviais e pendentes sedimentares onduladas
de grandes extensões. Segundo a classificação de Köeppen, o clima da região
é classificado como “Cfa” – subtropical úmido sem estiagem, com a
temperatura do mês mais frio oscilando entre –3 °C e 18 °C e a do mês mais
quente, superior a 22 °C (Mota, 1961). A precipitação pluviométrica média
anual é de, aproximadamente, 1400 mm, com média mensal de 120 mm
(Bergamaschi & Guadagnin, 1990).
16
3.2. Histórico e adequação da área experimental
-1A área do experimento, com declividade de 0,02 a 0,03 m m ,
estava sem cultivo agrícola há dez anos, sendo a vegetação predominante de
gramíneas da região (campo natural). Para instalação do experimento, a
vegetação foi dessecada com herbicida Glyphosate, na dose de 4 L ha-1 de
produto comercial (Roundup), utilizando-se um pulverizador de barras Após a
demarcação da área experimental, foi realizada correção com calcário
dolomítico, faixa “B” com PRNT de 61,5%, com base na análise química feita
no Laboratório de Análise de Solos do Departamento de Solos da UFRGS
(Tabela 1). O calcário foi aplicado à lanço. Após os trabalhos de adequação
inicial da área, foi implantada a cultura da soja (Glycine max L.), a qual serviu
como cultura teste para os diferentes ensaios realizados.
Tabela 1. Análise química de um Argissolo Vermelho Distrófico típico na profundidade de 0 a 0,20 m
Argila pH Índice P K M.O. Al Ca Mg troc. troc. troc.
g kg-1 H2O SMP mg L-1 Mg L-1 g kg-1 Cmolc L-1 Cmolc L-1 cmolc L-1
330 4,8 5,6 2,7 146 25 0,3 2,2 1,0
3.3. Tratamentos
A semeadura ocorreu em três estados de consistência do solo (seco,
friável e úmido), sendo utilizadas duas profundidades da haste sulcadora de
adubo (P1 = 0,06 m e P2 = 0,12 m) e duas velocidades de operação do
conjunto trator/semeadora-adubadora (V1 = 4,5 km h-1 -1 e V2 = 6,5 km h ). As
dimensões das parcelas experimentais foram de 20 m de comprimento e 3,5 m
de largura, permitindo a passagem do conjunto trator/semeadora-adubadora e
manobras necessárias.
3.4. Delineamento experimental e análise estatística
Foram instalados três experimentos com delineamento de blocos ao
acaso, sendo um para cada estado de consistência do solo, arranjo fatorial
16
17
2 x 2, com três repetições. As comparações de médias obtidas nos ensaios
foram feitas através do teste de Tukey, à probabilidade menor que 0,05.
3.5. Máquinas e equipamentos para condução dos ensaios a campo
Para a adequação da área experimental, instalação e condução do
experimento, foram empregados as seguintes máquinas e implementos:
− Trator marca John Deere, modelo 5600 tração 4x2 com TDA, potência
máxima no motor de 53 kW (75 CV), massa em ordem de marcha de
3520 kg, lastro de 200 kg no eixo dianteiro e 115 kg em cada roda traseira,
pneus traseiros 18.4-30 R1, pneus dianteiros 12.4-24 R1, com pressão de
inflação de 95 e 110 kPa, respectivamente, bitola de 1,65 m nos eixos
dianteiro e traseiro. Para a operação de semeadura não foi acionada a TDA.
Nos ensaios foram utilizadas duas marchas, correspondentes às
velocidades propostas. A rotação do motor (2000 rpm) e a massa do trator
foram mantidas constantes em todos os testes.
− Pulverizador de barras marca Jacto, modelo 401, montado, tanque com
capacidade para 400 L de calda, e barras providas de 19 bicos equipados
com pontas de jato em leque 110-02, espaçados em 0,5 m, pressão de
trabalho de 275 kPa (40 psi), largura útil de 9,5 m.
− Semeadora-adubadora de precisão, marca Vence Tudo, montada,
modelo 11500, utilizada para a semeadura da soja (Glycine max L.) com 5
linhas distanciadas entre si em 0,45 m, com discos de corte lisos para
palha, com diâmetro de 0,36 m instalados à frente de cada linha de
semeadura, sulcadores de adubo do tipo facão com ponteiras de 0,0257 m
de largura máxima, espessura da haste de 0,0127 m e ângulo de ataque de
18o, sulcadores para semente do tipo discos duplos, com diâmetro de
0,33 m, rodas compactadoras de borracha, uma por linha de semeadura,
rodas para acionamento dos dosadores de adubo e sementes com 1,20 m
de diâmetro com pneus 5.00/16–12, dosadores de adubo tipo rotor
transportador dentado horizontal, acionado por rosca sem fim e dosadores
de sementes tipo discos horizontais perfurados, condutores de adubo de
17
18
borracha corrugada e flexíveis e condutores de sementes de plástico rígido.
Capacidade do depósito de adubo é de 200 L e dos depósitos de sementes
é de 35 L cada. A massa total da máquina com semente e adubo é da
ordem de 1110 kg, sendo utilizada essa mesma massa em todos os
ensaios.
3.6. Equipamentos e instrumentação para a coleta de dados a campo
3.6.1. Perfilômetro O perfilômetro foi confeccionado pelo Departamento de Solos da
FA/UFRGS, com hastes espaçadas em 0,01 m, largura total de 0,35 m e com
regulagem variável de até 0,35 m no sentido vertical.
Figura 1. Vista frontal do perfilômetro
3.6.2. Penetrógrafo com armazenamento eletrônico de dados Foi utilizado um penetrógrafo com armazenamento eletrônico dos
dados, com um cone apresentando ângulo de 30º acoplado em uma haste
metálica. O método usado para o tratamento dos dados foi o descrito em
Forsythe (1975), modificado por Trein (1995).
18
19
Figura 2. Vista frontal e lateral do penetrógrafo eletrônico
3.6.3. Haste instrumentada 3.6.3.1. Características estruturais e dimensionais
A haste é constituída por ferro fundido nodular, GGG 40 e a ponteira
em aço SAE 1045, com as seguintes características estruturais fornecidas pelo
fabricante (VENCE TUDO Implementos):
− Resistência à tração: 40 kgf mm-2 -2 − Limite de escoamento: 25 kgf mm
− Alongamento: 15%
− Resistência à compressão: 80 kgf mm-2
− Resistência à flexão: 80 kgf mm-2
− Dureza Brinel: 135 a 185
As características básicas dimensionais são as seguintes:
− Altura da haste: 0,415 m
− Espessura da haste: 0,0127 m
− Ângulo de ataque: 18o
− Largura máxima da ponteira: 0,0257 m
19
20
Figura 3. Vista lateral da haste sulcadora e do suporte da haste
3.6.3.2. Instalação da instrumentação eletrônica no suporte da haste
Foram instalados no suporte da haste, quatro estensômetros
capazes de medir a deformação da haste quando esta estivesse em operação.
Os estensômetros foram ligados em Pontes de Wheatstone e conectados à
caixa de aquisição dos dados, através de cabos apropriados.
Figura 4. Detalhe de instalação dos estensômetros
20
21
3.6.3.3. Curvas de calibração da haste Antes de cada medição do esforço de tração da haste, em cada
estado de consistência do solo e profundidade de trabalho, a haste foi
calibrada, com o objetivo de relacionar as leituras feitas pelos estensômetros
com os esforços impostos à haste instrumentada, quando em operação. A
haste foi fixada horizontalmente em uma coluna de concreto, com a ponteira da
haste voltada para cima, e gradualmente foram colocadas peças de ferro de
massa conhecida na ponteira da haste. A leitura exibida no display da caixa de
aquisição dos dados foi anotada. Esse procedimento também foi feito para a
retirada dos pesos adicionados. Por meio de uma análise de regressão, foram
calculadas as curvas de calibração para a haste, em cada configuração de
trabalho analisada (Apêndice 1).
3.6.4. Sensor de deslocamento da roda odométrica
Foi instalado um sensor de deslocamento na roda odométrica, o qual
acusa pulsos cada vez que o sensor de proximidade, instalado na mesma,
detecta a passagem de uma massa metálica próxima (entre 0,0010 e
0,0014 m). Essa detecção é feita através dos dentes de uma engrenagem, em
número de 20, que gira solidariamente à roda odométrica. À passagem de cada
dente da engrenagem é contado um pulso.
21
22
Figura 5. Detalhe do sensor de deslocamento da roda odométrica
3.6.5. Sensor de deslocamento das rodas traseiras do trator O mesmo sistema descrito no item 3.6.4. foi instalado nas rodas
traseiras do trator.
Figura 6. Detalhe do sensor de deslocamento instalado na roda traseira do trator
22
23
3.6.6. Sensor de rotação do motor O sensor de rotação do motor consiste de um sensor de proximidade
que detecta uma massa metálica em formato de semi-círculo acoplado à polia
da bomba d’água do trator. Desta forma, a cada giro da árvore de manivelas,
são registrados dois pulsos.
3.6.7. Sistema de aquisição, armazenamento e transferência de dados de campo
O sistema de aquisição de dados, descrito por Machado (2001) é
alimentado por uma bateria de 12 V e o controle dos sinais elétricos feito por
meio de um microcontrolador PIC modelo 16C73A. Possui um display de cristal
líquido de duas linhas com 16 caracteres e um conjunto de teclas que permite a
visualização dos dados, sua seleção e configuração de aquisição. Os dados
adquiridos pelo equipamento são armazenados numa memória RAM, com
capacidade para 8 Kbytes. Esta memória possui uma bateria interna de Lítio,
que mantém os dados gravados, mesmo que o equipamento seja desligado. A
transferência dos dados adquiridos é feita por meio de uma interface RS-232
serial, para um computador portátil (Laptop). A aquisição de dados dá-se por
meio de quatro canais digitais e dois canais analógicos. A caixa de aquisição
dos dados é instalada no console do trator. A frequência da aquisição de dados
é de 2,0 Hz (duas leituras por segundo).
3.7. Insumos agrícolas
− Corretivo: calcário dolomítico da marca Unical, faixa “B” com PRNT de
61,5%. Aplicado à lanço, em superfície, sem incorporação ao solo, na dose
de 3,8 t ha-1.
− Sementes: Sementes de soja (Glycine max L.), variedade FEPAGRO/RS
10, com poder germinativo de 65% e semeada com espaçamento entre
linhas de 0,45 m, na população de 400.000 plantas por hectare,
previamente inoculada com inoculante específico.
23
24
-1− Fertilizante: 300 kg ha de adubo formulado (5 - 30 - 10), aplicado
juntamente com a semeadura.
− Agroquímicos: -1 -1− 4 L ha do herbicida Roundup (Glyphosate, 360 g L ), empregado para
manejo químico (dessecação) da vegetação existente na área do
experimento, antes da aplicação dos tratamentos. -1 -1− 1 L ha do herbicida Robust (Fluazifop, 200 g L + Fomezafen,
250 g L-1), empregado para manejo químico (dessecação) da vegetação
ressurgente na área do experimento.
3.8. Amostragens e determinações 3.8.1. A campo 3.8.1.1. Coleta de amostras para análise química do solo
Foram coletadas 10 subamostras de solo na profundidade entre 0 e
0,20 m, em pontos aleatoriamente determinados na área do experimento. Após
a homogeneização do solo, uma amostra composta de aproximadamente um
quilo de solo foi colocada em saco plástico, identificado e encaminhado ao
Laboratório de Análises do Departamento de Solos da UFRGS, onde a mesma
foi processada e analisada, segundo metodologia descrita em Tedesco et al.
(1995).
3.8.1.2. Coleta de amostras e avaliações físicas do solo a) Densidade do solo
Foram coletadas amostras de solo com estrutura indeformada,
utilizando-se anéis metálicos de volume conhecido, nas profundidades entre
0 e 0,05 m e entre 0,05 e 0,10 m, com 4 repetições por profundidade. Os anéis
foram armazenados em latas de alumínio devidamente numeradas e vedadas.
b) Densidade das partículas do solo
Foram coletadas amostras de solo deformadas na profundidade
entre 0 e 0,14 m, sendo acondicionadas em sacos plásticos vedados.
24
25
c) Porosidade total, macroporosidade e microporosidade do solo Utilizando-se anéis metálicos de volume conhecido, foram coletadas
amostras de solo com estrutura indeformada, nas profundidades entre 0 e
0,05 m e entre 0,05 e 0,10 m, com 4 repetições por profundidade. As amostras
foram acondicionadas em papel alumínio e identificadas.
d) Limites de Atterberg
Foram coletadas amostras de solo deformadas na profundidade
entre 0 e 0,14 m, sendo acondicionadas em sacos plásticos vedados.
e) Resistência do solo à penetração
Para uma caracterização inicial da área quanto à resistência do solo
à penetração, foi feita uma leitura aleatória por bloco, composta de 9 transectas
com observações de 0,10 em 0,10 m em posições conhecidas, totalizando 36
leituras. As leituras foram registradas verticalmente de 0,03 em 0,03 m até a
profundidade de 0,60 m. Juntamente com as leituras feitas pelo penetrógrafo,
descrito no item 3.6.2., foram retiradas amostras, na profundidade entre
0 e 0,20 m, para verificação do teor de água no solo no momento da leitura do
penetrógrafo (Apêndice 2). Essas amostras foram acondicionadas em latas de
alumínio devidamente numeradas e vedadas.
3.8.1.3. Avaliações efetuadas durante a operação de semeadura de soja
a) Rotação do motor do trator
Com um sensor de proximidade junto ao motor do trator, foi possível
medir a rotação do mesmo através de pulsos, para conferir se todos os testes
foram efetuados na mesma velocidade de operação. Nas marchas
selecionadas, o motor apresentou semelhante rotação.
b) Deslocamento da roda odométrica Utilizando-se os sensores de deslocamento, foi medida a rotação da
roda odométrica, localizada lateralmente à haste sulcadora de adubo da
25
26
semeadora-adubadora, no momento dos ensaios, com a finalidade de obter-se
a velocidade real de deslocamento do conjunto trator/semeadora-adubadora.
c) Deslocamento das rodas traseiras do trator
Através de sensores de deslocamento, a rotação das rodas traseiras
do trator foi monitorada, com a finalidade de determinar a patinagem dos
rodados de tração.
d) Força de tração na haste sulcadora de adubo Durante os testes, foram adquiridas leituras de deformação da haste
através dos estensômetros para a obtenção da força de tração instantânea da
haste sulcadora de adubo, instalada na linha central da semeadora-adubadora.
e) Teor de água no solo Foram retiradas amostras de solo para a verificação do teor de água
no solo, nas profundidades entre 0 e 0,07 m e entre 0,07 e 0,14 m. As
amostras de solo foram armazenadas em latas de alumínio devidamente
numeradas e vedadas.
3.8.1.4. Avaliações efetuadas após a operação de semeadura da soja
a) Área de solo mobilizado pela haste sulcadora de adubo Em todos os ensaios, após a passagem do conjunto
trator/semeadora-adubadora, foram obtidas leituras através do perfilômetro.
Foram feitas leituras do perfil superior, e após, foi retirado o solo mobilizado e
feita a leitura do sulco provocado pela haste. Para isto, foram colocadas duas
estacas, lateralmente às linhas de semeadura, as quais serviram como
referência para as leituras efetuadas com o perfilômetro descrito em 3.6.1.
Foram feitas duas leituras após a passagem da semeadora-adubadora e duas
leituras após a retirada do solo mobilizado no sulco. A área de solo mobilizado
foi calculada a partir das leituras de profundidade do sulco (m) e a largura de
trabalho da haste sulcadora de adubo (m).
26
27
b) Profundidade máxima do sulco proporcionado pela haste sulcadora de adubo
Utilizando-se as leituras do perfilômetro, obteve-se os dados
máximos de profundidade para cada sulco, sendo apresentados apresentados
dados médios referentes às repetições. Foram feitas duas leituras por parcela.
3.8.2. Em laboratório 3.8.2.1. Densidade do solo
As amostras de solo coletadas no campo para fins de determinação
da densidade do solo foram colocadas em estufa à 105 °C, até atingirem
massa constante. Após pesadas, dividiu-se o valor da massa de solo seco pelo
volume do anel utilizado na amostragem, segundo descrito em EMBRAPA
(1997). O resultado expresso foi em g cm-3.
3.8.2.2. Densidade das partículas do solo
Foram pesadas 6 amostras de 20 g de solo, acondicionadas em
latas de alumínio de peso conhecido e colocadas na estufa à 105 °C, até
atingirem massa constante. As amostras foram transferidas para balões
volumétricos de 50 mL, adicionando-se álcool etílico em cada balão até
completar o volume aferido. A massa de solo seco foi dividida pela diferença
entre o volume total do balão e o volume de álcool etílico utilizado, conforme
método descrito em EMBRAPA (1997). O resultado foi expresso em g cm-3.
3.8.2.3. Teor de água no solo
Seguindo o método padrão descrito em EMBRAPA (1997) o teor de
água no solo foi determinado por gravimetria, expresso em kg kg-1. Para
determinar o teor de água no solo em base volumétrica, a umidade
gravimétrica foi multiplicada pela densidade do solo.
27
28
3.8.2.4. Porosidade total, macroporosidade e microporosidade
As amostras indeformadas de solo coletadas a campo foram
saturadas por 24 horas e pesadas sobre o mata-borrão, obtendo-se a massa
de solo saturada. Após a pesagem, foram colocadas em funil de vidro com
placa porosa de cerâmica, sendo cobertos com bandeja de plástico e
submetidos a tensão correspondente a 0,6 m de altura de coluna d’água,
extraindo-se assim, a água contida nos macroporos (poros com φ ≥ 0,05 mm).
A água dos macroporos que deixou a amostra e passou para a bureta,
aumentando o volume de líquido original. Pesou-se novamente as amostras,
antes da colocação em estufa a 105 °C, obtendo-se a massa de solo
submetida a 0,6 m de altura de coluna d’água e após a colocação na estufa à
105 °C, até a obtenção de massa constante da amostra, tendo-se assim, a
massa de solo seco. A macroporosidade foi calculada a partir da diferença
entre a massa de solo saturada e a massa de solo submetida a 0,6 m de altura
de coluna d’água, dividido pelo volume conhecido do anel metálico. Já a
microporosidade foi calculada pela diferença entre a massa de solo submetida
a 0,6 m de altura de coluna d’água e a massa de solo seco, dividido pelo
volume conhecido do anel. A porosidade total foi calculada somando-se a
macroporosidade e a microporosidade. O método do funil de vidro com placa
porosa de cerâmica está descrito detalhadamente em Kiehl (1979) e os
resultados foram apresentados em (cm3 -3 cm ).
3.8.2.5. Limites de Atterberg
As amostras de solo coletadas para este fim, foram inicialmente
passadas em peneira com malha de 0,42 mm. O limite superior e inferior de
plasticidade foram determinados conforme a metodologia descrita em
EMBRAPA (1997). O limite superior de plasticidade foi obtido através da
utilização do aparelho de Casagrande, correspondendo ao teor de água contido
no solo, para o qual um sulco aberto (com a utilização de uma espátula de
dimensões padronizadas) na amostra (30 g de solo), colocada no aparelho
anteriormente citado, fecha-se numa extensão aproximada de 0,013 m, com
28
29
um número de golpes igual a vinte e cinco. O limite inferior de plasticidade foi
obtido através da modelagem de cilindros, feitos a partir das amostras de solo
(10 g de solo), previamente umedecidas, as quais devem apresentar fissuras
quando seu diâmetro é diminuído de 0,006 m para 0,003 m. Esta diminuição de
diâmetro deve ser feita através de movimentos de vai-e-vem da mão do
operador, numa quantidade entre 5 e 10 movimentos, com a amostra colocada
sobre uma placa de vidro. A amostra ao chegar aos 0,003 m de diâmetro deve
apresentar fissuras, tanto transversais quanto longitudinais. Por definição, o
limite inferior de plasticidade é o teor de água contido na amostra de solo,
quando ocorrem essas fissuras. Para determinação do índice de plasticidade,
calcula-se a diferença entre o limite superior e o limite inferior de plasticidade.
Foram feitas seis repetições para cada determinação do índice de plasticidade.
Considerando-se o limite de contração como o teor de água no solo
onde ocorre o ponto de murcha permanente, com isto amostras indeformadas,
retiradas em anéis de volume e massa conhecidos, foram submetidas a
sucções de 15 bar no Extrator de Richards. Após estabilização da amostra,
foram pesadas e colocadas em estufa à 105 oC por 24 a 48 horas ou até a
obtenção de massa constante. Foram então novamente pesadas, obtendo-se a
massa seca de solo. Por diferença entre massa de solo úmido submetida à
sucção de 15 bar e massa de solo seco, obteve-se o teor de água no solo.
3.8.2.6. Força de tração na haste sulcadora de adubo
As leituras feitas pelos estensômetros acoplados à haste sulcadora
de adubo situada na linha central de semeadura, quando o conjunto
trator/semeadora-adubadora estava em operação, foram aplicadas às curvas
de calibração, feitas para as diferentes configurações da haste sulcadora de
adubo (P1 = 0,06 m e P2 = 0,12 m), obtendo-se assim, a força de tração na
haste instrumentada. O dado final de cada ensaio corresponde à média das
leituras feitas durante as corridas para aquisição de dados. Os valores foram
expressos em (N).
29
30
3.8.2.7. Potência demandada pelas hastes da semeadora-adubadora
Através da multiplicação da força de tração (N) medida na haste
sulcadora central da semeadora-adubadora pelo número total de hastes
instaladas na semeadora-adubadora (5 hastes), obteve-se a força de tração
total nas 5 hastes e multiplicando-se pela velocidade real (m s-1) ocorrida em
cada ensaio, obtida através da instrumentação eletrônica e ainda dividindo o
produto por 1000, permitindo assim, o cálculo da potência demandada pelas
hastes da semeadora-adubadora, expressa em quilowatts (kW).
3.8.2.8. Patinagem dos rodados traseiros do trator
Através da diferença entre os dados obtidos para o deslocamento
das rodas traseiras do trator e o deslocamento da roda odométrica e
multiplicando o resultado por 100, foi possível o cálculo da patinagem dos
rodados traseiros (motrizes) do trator, valores expressos em %.
3.8.2.9. Volume de solo mobilizado pela haste sulcadora de adubo
A área de solo mobilizado foi multiplicada pelo comprimento das
linhas de semeadura, permitindo desta forma a obtenção do volume de solo
mobilizado pela haste sulcadora de adubo. Os dados foram expressos em
m3 ha-1.
3.8.2.10. Força de tração na haste sulcadora de adubo em função do volume de solo mobilizado
Dividindo-se os dados de força de tração na haste sulcadora de
adubo pelos dados de volume de solo mobilizado para cada ensaio feito,
obteve-se a relação entre os dois resultados, valores expressos em N m-3 ha.
30
31
3.8.2.11. Força de tração da haste sulcadora de adubo em função da profundidade máxima do sulco
Dividindo-se os dados de força de tração medidos na haste
sulcadora de adubo pelos dados de profundidade máxima do sulco, obteve-se
a relação entre os dois resultados, valores expressos em N cm-1.
31
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. Caracterização inicial da área e instalação do experimento 4.1.1. Atributos físicos
A instalação do experimento ocorreu em solo de campo natural, sem
cultivo agrícola nos últimos 10 anos, no entanto, com pastejo bovino. O solo
apresentava boa estrutura, ao contrário dos solos de lavouras que
normalmente partem do sistema de plantio convencional para a semeadura
direta, com a estrutura degradada.
Observa-se na Tabela 2, elevados valores de densidade do solo nas
duas profundidades analisadas. Bayer (1996), em campo natural, neste mesmo
tipo de solo, verificou densidades do solo entre 1,49 e 1,63 g cm-3. Observa-se,
também, na camada de 0,05 a 0,10 m, valores de macroporosidade menores
que 0,10 cm3 cm-3. Estes valores podem restringir o crescimento radicular e o
desenvolvimento das plantas (Vomocil & Flocker, 1961; Grable & Siemer,
1968). Uma provável explicação para as elevadas densidades do solo e baixo
volume de macroporos na área experimental é que as partículas do solo
tendem a se ajustar umas às outras, quando sob a ação de forças a ele
aplicadas. Estas tensões podem resultar em elevação da densidade do solo.
Barnes et al. (1971), estudaram as compactações máximas em
diferentes granulometrias de solo, misturando diversas quantidades de areia
com o solo. Concluíram que as maiores densidades do solo foram alcançadas
com frações de areia de 500 a 850 g kg-1. Na área experimental utilizada para
este estudo, a distribuição das partículas de solo encontra-se dentro desta
faixa, o que pode significar que o solo da área experimental tenha uma
tendência natural a um maior empacotamento das partículas de solo.
32
Tabela 2. Atributos físicos de um Argissolo Vermelho Distrófico típico
Profundidade (m)
0 – 0,05 0,05 – 0,10 0 – 0,14-3Densidade do solo (g cm ) 1,70 1,67
Densidade dos sólidos (g cm-3) 2,49
Resistência do solo à penetração (kPa)
(Ug = 0,13 kg kg-1) 1928 3Macroporosidade (cm cm-3) 0,10 0,09
3 -3Microporosidade (cm cm ) 0,34 0,31
Porosidade total (cm3 -3 cm ) 0,44 0,40
Limite de liquidez (kg kg-1) 0,23 -1) 0,14 Limite de plasticidade (kg kg
-1Limite de contração (kg kg ) 0,08 -1Índice de Plasticidade (kg kg ) 0,09
Areia (g kg-1) 511,4 489,2
Silte (g kg-1) 163,0 179,1
Argila (g kg-1) 325,6 331,7
Tabela 3. Teor de água no solo em um Argissolo Vermelho Distrófico típico nos diferentes estados de consistência do solo.
Profundidade (m)
Estado de consistência do solo
0 – 0,07 0,07 – 0,14
Umidade gravimétrica (kg kg-1 Seco ) 0,10 0,11
Umidade volumétrica (cm3 cm-3 ) 0,17 0,18
Umidade gravimétrica (kg kg-1 Friável ) 0,14 0,14
Umidade volumétrica (cm3 cm-3 ) 0,24 0,24
Umidade gravimétrica (kg kg-1 Úmido ) 0,23 0,21
Umidade volumétrica (cm3 cm-3 ) 0,40 0,40
Os teores de água no solo foram determinados no momento dos
testes (Tabela 3), para ratificação dos ensaios nos estados de consistência do
solo: seco, friável e úmido, encontram-se na Tabela 2. Nos três ensaios, os
teores de água estão próximos dos Limites superior e inferior de plasticidade.
No ensaio em solo úmido, o teor de água foi maior na profundidade entre 0 e
32
33
0,07 m do que na profundidade entre 0,07 e 0,14 m, isto devido ao fato de ter
chovido no dia anterior ao teste.
4.2. Análise dos resultados obtidos 4.2.1. Força de tração na haste
Os resultados de força de tração na haste sulcadora de adubo,
obtidos nos ensaios realizados, estão expostos nas Tabelas 4, 5 e 6.
Tabela 4. Força de tração (N) na haste sulcadora de adubo em um Argissolo Vermelho Distrófico típico em solo seco (média de três repetições).
-1) Velocidade de operação (km h
Profundidade da haste (m) 4,5 6,5 Média
0,06 399,0 456,1 427,5 b
0,12 769,1 801,8 785,5 a
Média 584,0 A 628,9 A 606,5
Médias seguidas de mesma letra minúscula nas colunas e maiúsculas nas linhas, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05)
Tabela 5. Força de tração (N) na haste sulcadora de adubo em um Argissolo Vermelho Distrófico típico em solo friável (média de três repetições).
-1) Velocidade de operação (km h
Profundidade da haste (m) 4,5 6,5 Média
0,06 612,1 A b 615,4 A b 613,7
0,12 1343,6 B a 1474,2 A a 1408,9
Média 977,8 1044,8 1011,3
Médias seguidas de mesma letra minúscula nas colunas e maiúsculas nas linhas, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05)
Tabela 6. Força de tração (N) na haste sulcadora de adubo em um Argissolo Vermelho Distrófico típico em solo úmido (média de três repetições).
-1) Velocidade de operação (km h
Profundidade da haste (m) 4,5 6,5 Média
0,06 670,8 654,6 662,7 b
0,12 1154,9 1158,8 1156,9 a
Média 912,8 A 906,7 A 909,8
Médias seguidas de mesma letra minúscula nas colunas e maiúsculas nas linhas, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05)
33
34
Nos três ensaios ocorreu aumento da força de tração na haste em
relação ao fator profundidade de ação da haste sulcadora de adubo.
O aumento da força de tração em função do aumento da
profundidade de trabalho do sulcador mostrou-se significativo, num intervalo de
confiança de 95%. Em solo seco, esse aumento da força de tração devido ao
aumento da profundidade de atuação do sulcador foi de 84%. A força de tração
média que era em torno de 428 N para uma profundidade de atuação de
0,06 m, passou a ser de 786 N, quando a profundidade de atuação do sulcador
passou a ser 0,12 m. Já com o solo friável, este aumento é sensivelmente
maior, da ordem de 130%. A demanda de tração do sulcador, que era em torno
de 614 N, passou para cerca de 1409 N. Pode-se depreender deste fato, que o
aumento da quantidade de água no solo, de 0,10 para 0,14 kg kg-1, resultou
num aumento das forças de adesão solo-metal, isto sendo evidenciado nos
testes práticos. Confirmando dados obtidos por Machado (2001).
Quando o solo passa de friável a úmido, ou seja, de 0, 14 para
0,22 kg kg-1, a força que a haste necessitou para rompê-lo a 0,06 m de
profundidade foi de 663 N, enquanto que a 0,12 m, esta foi de 1157 N,
significando um aumento de 75%.
Comparando as forças necessárias em solo úmido, com as forças
necessárias em solo friável, as forças demandadas pela haste sulcadora de
adubo atuando a 0,06 m de profundidade são semelhantes, enquanto que a
0,12 m é menor. Talvez isto seja devido a um efeito de lubrificação pela água
ou da influência da mesma na diminuição das tensões entre as partículas
sólidas de solo.
O efeito do teor de água no aumento das forças de união das
partículas sólidas pode ser visualizado também comparando os volumes de
solo mobilizados pela haste nos ensaios realizados, o que será visto no item
4.2.5.
O efeito da velocidade de atuação da haste sulcadora na força
necessária para o rompimento do solo pode ser observado comparando os
valores médios das colunas das Tabelas 4, 5 e 6, já mencionadas.
Em solo seco ou úmido, o aumento da velocidade de atuação de
4,5 para 6,5 km h-1 não alterou significativamente num intervalo de confiança
de 95%, a força de tração. Já no solo friável, o aumento de 7% no esforço de
34
35
tração (média das profundidades de atuação da haste); mostrou-se
significativo. Entretanto, esse efeito é verificado somente quando o sulcador
atua na profundidade de 0,12 m. Em outras palavras, a força necessária só
aumentou significativamente quando o sulcador atuou mais profundamente.
Isto pode ser devido a uma alteração no formato da falha do solo que, de falha
não confinada no rompimento da camada superficial (0 – 0,06 m) passa a ser
de falha confinada na camada imediatamente inferior (0,06 – 0,12 m).
Para confirmar a alteração do modo de falha e, eventualmente
identificar a profundidade crítica, há necessidade de testes mais detalhados,
que não foram executados no presente trabalho.
Outros autores, entre eles Siqueira et al. (2001a), obtiveram valores
de força de tração de 1376 e 2201 N, comparando treze diferentes modelos de
hastes, atuando numa velocidade média de 5,5 km h-1. A profundidade de
atuação dos sulcadores testados, foi de 0,117 a 0,133 m. Isto em solos já
utilizados para agricultura, não em campo natural.
No presente trabalho, a maior demanda de tração foi obtida no
estado de consistência friável, profundidade de atuação do sulcador de 0,12 m
e velocidade de operação de 6,5 km h-1, sendo que este valor não passou de
1474 N.
A diferença entre os resultados aqui obtidos e aqueles verificados
por Siqueira et al. (2001a) é que esses últimos autores trabalharam em solos
de textura fina (Latossolo Roxo, com 73% de argila), cujas forças coesivas são
maiores que no solo utilizado no presente experimento (Argissolo Vermelho
Distrófico típico com 33% de argila).
4.2.2. Potência demandada pelas hastes da semeadora-adubadora
A potência demandada pelas hastes da semeadora-adubadora
(Tabelas 7, 8 e 9) é uma relação direta com a força de tração e a velocidade
real de operação do conjunto trator/semeadora-adubadora.
35
36
Tabela 7. Potência demandada (kW) pelas cinco hastes sulcadoras de adubo da semeadora-adubadora em um Argissolo Vermelho Distrófico típico em solo seco. (média de três repetições).
-1) Velocidade de operação (km h
Profundidade da haste (m) 4,5 6,5 Média
0,06 2,1 3,9 3,0 b
0,12 4,4 6,4 5,4 a
Média 3,3 B 5,1 A 4,2
Médias seguidas de mesma letra minúscula nas colunas e maiúsculas nas linhas, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05)
Tabela 8. Potência demandada (kW) pelas cinco hastes sulcadoras de adubo da semeadora-adubadora em um Argissolo Vermelho Distrófico típico em solo friável. (média de três repetições).
-1) Velocidade de operação (km h
Profundidade da haste (m) 4,5 6,5 Média
0,06 3,8 5,3 4,6 b
0,12 7,8 11,2 9,5 a
Média 5,8 B 8,3 A 7,0
Médias seguidas de mesma letra minúscula nas colunas e maiúsculas nas linhas, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05)
Tabela 9. Potência demandada (kW) pelas cinco hastes sulcadoras de adubo da semeadora-adubadora em um Argissolo Vermelho Distrófico típico em solo úmido (média de três repetições).
-1) Velocidade de operação (km h
Profundidade da haste (m) 4,5 6,5 Média
0,06 4,0 A b 4,7 A b 4,3 b
0,12 6,6 B a 9,2 A a 7,9 a
Média 5,3 B 6,9 A 6,1
Médias seguidas de mesma letra minúscula nas colunas e maiúsculas nas linhas, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05)
Observando as Tabelas 7 a 9, pode ser visto que nos três estados
de consistência do solo houve aumento da potência demandada quando a
profundidade de atuação da haste sulcadora de adubo passou de 0,06 para
0,12 m, ocorrendo diferença significativa a um nível de 95% de confiança entre
os mesmos. Em relação ao fator velocidade de operação do conjunto
trator/semeadora-adubadora, também houve incremento significativo, no
mesmo nível de confiança anterior, da potência demandada pela haste
36
37
sulcadora de adubo quando a velocidade de operação passou de 4,5 para
6,5 km h-1 em todos os estados de consistência do solo.
Siqueira et al. (2001b), analisando o desempenho de quatro
semeadoras-adubadoras, obtiveram valores de potência específica média entre
0,19 e 0,54 kW linha-1 -1 cm .
Neste trabalho, a maior resistência ao rompimento do solo foi da
ordem de 0,19 kW linha-1 -1 cm . Este valor foi obtido pela divisão da maior
potência demonstrada nas Tabelas 7 a 9 (11,2 kW) pelo número de hastes
sulcadoras (5) e pela profundidade de atuação da haste sulcadora de adubo.
Comparando-se os dados deste trabalho com aqueles obtidos por
Siqueira et al. (2001b), verificou-se que o maior valor de potência específica
média aqui calculado é igual ao valor mínimo descrito por aqueles autores. Isto
caracteriza a diferença da resistência dos solos estudados, visto que as
parcelas de Siqueira et al. (2001b) estavam situadas em solos de textura fina
(Terra Roxa estruturada).
Deve ser ressaltado que as operações efetivadas em todos os
estados de consistência do solo foram feitas com a mesma massa do
trator/semeadora-adubadora, nas marchas propostas e mantendo 2000 rpm no
motor do trator.
4.2.3. Patinagem dos rodados traseiros do trator
A patinagem das rodas traseiras variou com os diferentes teores de
água dos solos, conforme pode ser verificado nas Tabelas 10 a 12.
Tabela 10. Patinagem dos rodados traseiros (%) em um Argissolo Vermelho Distrófico típico em solo seco (média de três repetições).
-1) Velocidade de operação (km h
Profundidade da haste (m) 4,5 6,5 Média
0,06 4,1 10,8 7,4 b
0,12 16,9 20,4 18,7 a
Média 10,5 B 15,6 A 13,0
Médias seguidas de mesma letra minúscula nas colunas e maiúsculas nas linhas, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05)
37
38
Tabela 11. Patinagem dos rodados traseiros (%) em um Argissolo Vermelho Distrófico típico em solo friável (média de três repetições).
-1) Velocidade de operação (km h
Profundidade da haste (m) 4,5 6,5 Média
0,06 5,9 10,9 8,4 b
0,12 15,7 19,1 17,4 a
Média 10,8 B 15,0 A 12,9
Médias seguidas de mesma letra minúscula nas colunas e maiúsculas nas linhas, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05)
Tabela 12. Patinagem dos rodados traseiros (%) em um Argissolo Vermelho Distrófico típico em solo úmido (média de três repetições).
-1) Velocidade de operação (km h
Profundidade da haste (m) 4,5 6,5 Média
0,06 8,0 10,3 9,2 b
0,12 18,8 18,4 18,6 a
Média 13,4 A 14,4 A 13,9
Médias seguidas de mesma letra minúscula nas colunas e maiúsculas nas linhas, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05)
No solo seco a patinagem variou de 4,1 a 20,4%. A patinagem
aumentou quando o sulcador teve sua profundidade de atuação aumentada. A
patinagem era de 7,4% (média das velocidades de deslocamento) quando os
sulcadores atuavam a 0,06 m de profundidade e passou a ser de 18,7%
quando os sulcadores passaram a atuar a 0,12 m.
Também o efeito da velocidade é visível na Tabela 10. O valor de
patinagem na ordem de 10,5% subiu para 15,6% quando a velocidade passou
de 4,5 para 6,5 km h-1.
Em solo friável, os valores de patinagem variaram de 5,9 a 19,1%. A
patinagem aumentou quando a haste sulcadora de adubo teve sua
profundidade de atuação aumentada de 0,06 para 0,12 m. A patinagem que era
de 8,4% (média das velocidades de operação) quando os sulcadores atuavam
a 0,06 m de profundidade passou a ser de 17,4% quando os sulcadores
passaram a atuar em 0,12 m.
A velocidade também tem efeito significativo no aumento da
patinagem, conforme pode ser visto na Tabela 11. A patinagem na ordem de
38
39
10,8% passou a ser de 15,0% quando a velocidade passou de 4,5 para
6,5 km h-1.
Em solo úmido, os valores de patinagem variaram de 5,9 a 19,1%. A
patinagem aumentou quando a haste sulcadora de adubo teve sua
profundidade de atuação aumentada de 0,06 para 0,12 m. A patinagem que era
de 9,2% (média das velocidades de operação) quando os sulcadores atuavam
a 0,06 m de profundidade passou a ser de 13,9% quando os sulcadores
passaram a atuar em 0,12 m de profundidade. Em solo úmido, a velocidade
não teve influência significativa nos dados de patinagem.
4.2.4. Profundidade máxima do sulco provocado pela haste sulcadora de adubo
Através do perfilômetro, foram obtidos os dados de profundidade
máxima do sulco, para os três ensaios executados (Tabelas 13, 14 e 15).
Tabela 13. Profundidade máxima do sulco (m) provocado pela haste sulcadora de adubo em um Argissolo Vermelho Distrófico típico em solo seco (média de três repetições).
-1) Velocidade de operação (km h
Profundidade da haste (m) 4,5 6,5 Média
0,06 0,063 0,060 0,061 b
0,12 0,109 0,107 0,108 a
Média 0,086 A 0,083 A 0,085
Médias seguidas de mesma letra minúscula nas colunas e maiúsculas nas linhas, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05)
Tabela 14. Profundidade máxima do sulco (m) provocado pela haste sulcadora de adubo em um Argissolo Vermelho Distrófico típico em solo friável (média de três repetições).
-1) Velocidade de operação (km h
Profundidade da haste (m) 4,5 6,5 Média
0,06 0,064 0,061 0,063 b
0,12 0,117 0,110 0,114 a
Média 0,091 B 0,086 A 0,088
Médias seguidas de mesma letra minúscula nas colunas e maiúsculas nas linhas, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05)
39
40
Tabela 15. Profundidade máxima do sulco (m) provocado pela haste sulcadora de adubo em um Argissolo Vermelho Distrófico típico em solo úmido (média de três repetições).
-1) Velocidade de operação (km h
Profundidade da haste (m) 4,5 6,5 Média
0,06 0,068 0,065 0,067 b
0,12 0,120 0,116 0,118 a
Média 0,094 A 0,091 A 0,093
Médias seguidas de mesma letra minúscula nas colunas e maiúsculas nas linhas, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05)
Nos ensaios com solo seco, friável ou úmido, as profundidades reais
variaram, na média, de 0,061 a 0,067 m quando o proposto era 0,06 m e de
0,108 a 0,118 m, no caso do sulcador regulado para atingir a profundidade de
atuação 0,12 m, evidenciando que a regulagem nas profundidades propostas
foi atingida.
A variação entre o valor proposto e aqueles obtidos a campo se situa
na ordem de 12% quando o sulco deveria ter 0,06 m de profundidade e em
torno de 10% no caso em que o sulco deveria ter 0,12 m de profundidade.
Observa-se porém, que a profundidade de 0,12 m somente foi atingida quando
o sulcador atuou em velocidade reduzida (4,5 km h-1) e em solo úmido. A
profundidade de 0,06 m, na média, foi ultrapassada, em todos os testes
realizados.
A velocidade afetou os valores da profundidade média real de
penetração do sulcador apenas na condição de solo friável. Nestas condições,
a média das profundidades máximas atingidas foi significativamente maior,
num nível de 95% de significância, quando o sulcador atuou à menor
velocidade.
Em solo seco, no entanto, os valores absolutos das médias das
profundidades atingidas foram os menores dentre todos, apesar de não terem
mostrado diferenças devido à velocidade de operação.
Casão Júnior et al. (2000c), comparando dez modelos de
semeadoras-adubadoras, todas equipadas com hastes sulcadoras de adubo,
constataram a dificuldade geral de regulagem da profundidade do sulcador de
adubo. As máquinas trabalharam entre 0,129 e 0,199 m, valores acima dos
0,10 m requeridos no teste que conduziram. Concluíram, recomendando aos
40
41
fabricantes o desenvolvimento de um dispositivo para a manutenção da
profundidade de atuação da haste sulcadora de adubo.
4.2.5. Volume de solo mobilizado pela haste sulcadora de adubo Seguem os valores de volume de solo mobilizado, obtidos através
do perfilômetro (Tabelas 16 a 18). 3 -1Tabela 16. Volume de solo mobilizado pela haste sulcadora de adubo (m ha )
em um Argissolo Vermelho Distrófico típico em solo seco (média de três repetições).
-1) Velocidade de operação (km h
Profundidade da haste (m) 4,5 6,5 Média
0,06 91,3 99,9 95,6 b
0,12 112,8 107,2 110,0 a
Média 102,0 A 103,5 A 102,8
Médias seguidas de mesma letra minúscula nas colunas e maiúsculas nas linhas, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05)
3 -1Tabela 17. Volume de solo mobilizado pela haste sulcadora de adubo (m ha ) em um Argissolo Vermelho Distrófico típico em solo friável (média de três repetições).
-1) Velocidade de operação (km h
Profundidade da haste (m) 4,5 6,5 Média
0,06 72,2 A b 61,5 A b 66,8
0,12 121,8 B a 135,9 A a 128,8
Média 97,0 98,7 97,8
Médias seguidas de mesma letra minúscula nas colunas e maiúsculas nas linhas, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05)
3 -1Tabela 18. Volume de solo mobilizado pela haste sulcadora de adubo (m ha ) em um Argissolo Vermelho Distrófico típico em solo úmido (média de três repetições).
-1) Velocidade de operação (km h
Profundidade da haste (m) 4,5 6,5 Média
0,06 76,9 67,3 72,1 b
0,12 121,3 129,7 125,5 a
Média 99,1 A 98,5 A 98,8
Médias seguidas de mesma letra minúscula nas colunas e maiúsculas nas linhas, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05)
41
42
Os valores apresentados nas Tabelas 16, 17 e 18, mostraram que o
maior volume de solo mobilizado pela haste sulcadora foi obtido em solo friável
na maior velocidade e maior profundidade (135,9 m3 -1 ha ). Em todos os
ensaios, os maiores valores de volume de solo mobilizado, foram obtidos
quando a profundidade de operação da haste sulcadora foi de 0,12 m, com
valores de 110,0; 128,8 e 125,5 m3 -1 ha , respectivamente para o solo em
consistência seco, friável e úmido. Nos estados de consistência seco e úmido,
não houve diferença significativa em relação ao fator velocidade de operação
do conjunto trator/semeadora-adubadora. Porém, no estado de consistência do
solo friável, a velocidade de operação teve influência significativa no volume de
solo mobilizado a 0,12 m de profundidade. O volume mobilizado quando a
velocidade foi de 6,5 km h-1 foi 11,6% maior do que quando a velocidade foi de
4,5 km h-1.
4.2.6. Força de tração na haste em função do volume de solo mobilizado
A relação entre a força de tração na haste e volume de solo
mobilizado estão demostrados nas Tabelas 19, 20 e 21.
Tabela 19. Força de tração na haste sulcadora em função do volume de solo mobilizado (N m-3 1 ha ) em um Argissolo Vermelho Distrófico típico em solo seco (média de três repetições).
-1) Velocidade de operação (km h
Profundidade da haste (m) 4,5 6,5 Média
0,06 4,4 4,6 4,5 b
0,12 6,9 7,5 7,2 a
Média 5,6 A 6,0 A 5,8
Médias seguidas de mesma letra minúscula nas colunas e maiúsculas nas linhas, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05)
42
43
Tabela 20. Força de tração na haste sulcadora em função do volume de solo mobilizado (N m-3 1 ha ) em um Argissolo Vermelho Distrófico típico em solo friável (média de três repetições).
-1) Velocidade de operação (km h
Profundidade da haste (m) 4,5 6,5 Média
0,06 8,5 10,0 9,2 b
0,12 11,0 10,5 10,7 a
Média 9,7 A 10,2 A 10,0
Médias seguidas de mesma letra minúscula nas colunas e maiúsculas nas linhas, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05)
Tabela 21. Força de tração na haste sulcadora em função do volume de solo mobilizado (N m-3 1 ha ) em um Argissolo Vermelho Distrófico típico em solo úmido (média de três repetições).
-1) Velocidade de operação (km h
Profundidade da haste (m) 4,5 6,5 Média
0,06 8,7 9,7 9,2 a
0,12 9,5 8,9 9,2 a
Média 9,1 A 9,3 A 9,2
Médias seguidas de mesma letra minúscula nas colunas e maiúsculas nas linhas, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05)
Nos estados de consistência seco e friável, houve diferença
significativa em relação ao fator profundidade da haste, apresentando valores
semelhantes, ao redor de 4,5 e 9,2 N m3 -1 ha quando a profundidade foi de
0,06 m e de 7,2 e 10,7 N m3 -1 ha quando a profundidade foi de 0,12 m. Já em
consistência de solo úmido, não houve diferença significativa.
No fator velocidade de operação do conjunto trator/semeadora-
adubadora, não ocorreram diferenças significativas em nenhum dos ensaios.
4.2.7. Força de tração na haste sulcadora em função da
profundidade máxima do sulco
Seguem abaixo, nas tabelas 22, 23 e 24 os dados obtidos de força
de tração na haste em função da profundidade máxima do sulco.
43
44
Tabela 22. Força de tração na haste sulcadora em função da profundidade máxima do sulco (N cm-1) em um Argissolo Vermelho Distrófico típico em solo seco (média de três repetições).
-1) Velocidade de operação (km h
Profundidade da haste (m) 4,5 6,5 Média
0,06 63,3 76,0 69,6 a
0,12 70,6 74,9 72,7 a
Média 66,9 A 75,4 A 71,2
Médias seguidas de mesma letra minúscula nas colunas e maiúsculas nas linhas, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05)
Tabela 23. Força de tração na haste sulcadora em função da profundidade máxima do sulco (N cm-1) em um Argissolo Vermelho Distrófico típico em solo friável (média de três repetições).
-1) Velocidade de operação (km h
Profundidade da haste (m) 4,5 6,5 Média
0,06 95,6 100,9 98,2 b
0,12 114,8 134,0 124,4 a
Média 105,2 B 117,4 A 111,3
Médias seguidas de mesma letra minúscula nas colunas e maiúsculas nas linhas, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05) Tabela 24. Força de tração na haste sulcadora em função da profundidade
máxima do sulco (N cm-1) em um Argissolo Vermelho Distrófico típico em solo úmido (média de três repetições).
-1) Velocidade de operação (km h
Profundidade da haste (m) 4,5 6,5 Média
0,06 98,6 100,7 99,6 a
0,12 96,2 99,9 98,0 a
Média 97,4 A 100,3 A 98,8
Médias seguidas de mesma letra minúscula nas colunas e maiúsculas nas linhas, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05)
Os valores de tração na haste em função da profundidade
máxima do sulco foram apresentados nas Tabelas 22, 23 e 24. O maior valor
obtido nesta relação, foi em solo friável, na velocidade de 6,5 km h-1 e 0,12 m
de profundidade de atuação da haste sulcadora de adubo. Este valor se
encontra dentro do limite de valores encontrados por Siqueira et al. (2001a). Os
dados não apresentaram diferenças significativas, a um nível de significância
de 95%, em relação a profundidade da haste, nos estados de consistência
44
45
seco e úmido. Quanto ao fator velocidade de operação do conjunto
trator/semeadora-adubadora, não ocorreram diferenças significativas nos
estados de consistência seco e úmido, somente evidenciando diferença
significativa, a um nível de 95% de probabilidade no estado friável.
45
5. CONCLUSÕES
Nas condições em que o presente trabalho foi realizado pode-se
concluir que:
1) A força de tração necessária para que a haste sulcadora de
adubo rompesse o solo aumentou com a profundidade de trabalho. O aumento
da profundidade de atuação da haste de 0,06 para 0,12 m, implicou num
acréscimo da força de tração de 84%, 130% e 75% respectivamente para solo
seco, friável e úmido.
2) A demanda de força de tração na haste não foi afetada
significativamente quando a velocidade de atuação passou de 4,5 para
6,5 km h-1, no solo seco e no solo úmido. No solo friável, no entanto, o aumento
da velocidade implicou em 9,72% de aumento na força de tração, quando o
sulcador atuou a 0,12 m.
3) A potência demandada pelas hastes da semeadora-adubadora foi
maior quando a profundidade de trabalho passou de 0,06 para 0,12 m, em
todos os estados de consistência do solo. O aumento da profundidade de
atuação implicou em aumento da potência demandada pelas hastes,
independentemente do estado de consistência do solo. Também, o aumento da
velocidade de operação implicou num aumento da potência demandada pelas
hastes.
4) A maior potência específica foi de 0,19 kW linha-1 cm-1, obtida em
solo friável, na maior velocidade e profundidade de atuação do sulcador
testado.
46
5) A profundidade de atuação dos sulcadores teve influência
significativa sobre a patinagem dos rodados em todos os estados de
consistência do solo. Quando as hastes sulcadoras de adubo foram reguladas
para a atuação a 0,12 m de profundidade, os limites aceitáveis de patinagem,
para esse trator, sem uso da TDA, foram ultrapassados.
6) Em todos os teores de água no solo estudados, as profundidades
de atuação da haste sulcadora de adubo propostas foram atingidas ou
ultrapassadas. A profundidade de 0,12 m somente foi atingida quando a haste
sulcadora de adubo atuou na menor velocidade (4,5 km h-1), em solo úmido. A
profundidade de 0,06 m foi ultrapassada em todos os testes realizados.
7) O maior volume de solo mobilizado pela haste sulcadora foi obtido
em solo friável na maior velocidade e maior profundidade de atuação da haste
sulcadora de adubo (135,9 m3 ha-1). Em todos os ensaios, os maiores volumes
de solo mobilizado foram observados quando a haste sulcadora de adubo
atuava na profundidade de 0,12 m. A maior velocidade de atuação da haste só
causou aumento significativo de volume de solo mobilizado no solo friável,
quando atuando a 0,12 m de profundidade de atuação da haste sulcadora de
adubo.
8) A força de tração na haste em função do volume de solo
mobilizado foi influenciada pela profundidade de atuação da haste somente nos
estados de consistência do solo seco e no solo friável.
46
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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54
Apêndice 1: Curvas de Calibração da haste sulcadora de adubo
Calibração da haste em solo seco, na profundidade P1 = 0,06 m
y = 1,7842x + 0,5572R2 = 0,9812
050
100150200250
0 50 100 150Peso, kg
Def
orm
ação
, mV
Calibração da haste em solo seco, na profundidade P2 = 0,12 m
y = 2,0675x + 16,075R2 = 0,9869
050
100150200250
0 20 40 60 80 100 120Peso, kg
Def
orm
ação
, mV
54
55
Calibração da haste em solo friável, na profundidade P1 = 0,06 m
y = 1,2009x + 14,429R2 = 0,9999
0
50
100
150
200
250
0 50 100 150 200
Peso, kg
Def
orm
ação
, mV
Calibração da haste com solo friável, na profundidade P2 = 0,12 m
y = 1,3182x + 14,914R2 = 0,9994
0
50
100
150
200
250
0 50 100 150 200
Peso, kg
Def
orm
ação
, mV
55
56
Calibração da haste em solo úmido, na profundidade P1 = 0,06 m
y = 1,2549x + 18,538R2 = 0,9944
0
50
100
150
200
250
0 50 100 150 200
Peso (kg)
Def
orm
ação
, mV
Calibração da haste com solo úmido, na profundidade P2 = 0,12 m
y = 1,3443x + 49,167R2 = 0,9997
0
50
100
150
200
250
0 50 100 150
Peso, kg
Def
orm
ação
, mV
56
57
Apêndice 2: Resistência à penetração do Argissolo Vermelho distrófico típico, caracterização inicial da área, com Ug = 0,13 kg kg-1 (4 leituras)
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21L1 L2 L3 L4 LC L6 L7 L8 L9
-551525354555
Profundidade (cm)
Resistência à Penetração (kgf cm-2)
45-55
35-45
25-35
15-25
5-15
-5-5
57
58
58
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21L1 L2 L3 L4 LC L6 L7 L8 L9
-551525354555
Profundidade (cm)
Resistência à Penetração (kgf cm-2)
45-55
35-45
25-35
15-25
5-15
-5-5
59
59
0
3
6
9
12
15
18
21
24
27
30
33
36
39
42
45
48
51
54
57
60L1 L2 L3 L4 LC L6 L7 L8 L9
-551525354555Profundidade (cm
)
Resistência à Penetração (kgf cm-2)
45-55
35-45
25-35
15-25
5-15
-5-5
60
0
3
6
9
12
15
18
21
24
27
30
33
36
39
42
45
48
51
54
57
60L1 L2 L3 L4 LC L6 L7 L8 L9
-551525354555
Profundidade (cm)
Resistência à Penetração (kgf cm-2)
45-55
35-45
25-35
15-25
5-15
-5-5
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8. RESUMO BIOGRÁFICO
Carla Tatiana Chaves Cepik, filha de Otto Cepik e Maria Janisse
Chaves Cepik, nasceu em 11 de julho de 1969, em Carazinho/RS. Estudou no
Colégio Champagnat, onde completou o primeiro e segundo graus. Em 1988,
ingressou na Faculdade de Engenharia Agrícola da Universidade Luterana do
Brasil, graduando-se como Engenheira Agrícola em 1993. Em 1992, ingressou
na empresa AGCO do Brasil, onde ocupou diversos cargos na área técnica,
sendo que a partir de 1998, ocupou o cargo de Engenheira de
Desenvolvimento do Produto. Em agosto de 2000, iniciou seus estudos de
Mestrado em Ciência do Solo no Programa de Pós-Graduação da Faculdade
de Agronomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Casou-se com
Osmar Brune e têm dois filhos: Matheus e Thiago, ambos nascidos em Porto
Alegre. Atualmente, é membro da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo e da
Sociedade Brasileira de Engenharia Agrícola.