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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE BIBLIOTECONOMIA

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE BIBLIOTECONOMIA

Francisco de Assis Noberto Galdino de Araújo

nálise das FFFFontes de IIIInformação: O Caso da

Doutrina Espírita

Orientadora: Profª. Msc. Luciana Moreira Carvalho

NATAL – RN 2008

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

Francisco de Assis Noberto Galdino de Araújo

aso da

Orientadora: Profª. Msc. Luciana Moreira Carvalho

Catalogação da publicação na fonte

Araújo, Francisco de Assis Noberto Galdino de. Análise das fontes de informação : caso da doutrina espírita / Francisco de Assis Noberto Galdino de Araújo. – Natal, 2008. 58 f. : il.

Orientadora : Luciana Moreira Carvalho. Monografia (Bacharelado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências

Sociais Aplicadas. Departamento de Biblioteconomia. Curso de Graduação em Biblioteconomia. 1. Fontes de Informação – Monografia. 2. Doutrina Espírita – Monografia. 3. Fontes de Informação

Espírita – Monografia. I. Carvalho, Luciana Moreira. I. Título. RN/ UF/ DEBIB CDU 025.5:133.9

FRANCISCO DE ASSIS NOBERTO GALDINO DE ARAÚJO

Análise das Fontes de Informação: o caso da Doutrina Espírita

Monografia apresentado à disciplina de Monografia, ministrada pelas professoras Maria do Socorro de Azevedo Borba e Renata Passos Filgueira de Carvalho, do Departamento de Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como pré-requisito para a obtenção do grau de Bacharel em Biblioteconomia. Orientadora: Profª Msc. Luciana Moreira

Carvalho

NATAL – RN 2008

FRANCISCO DE ASSIS NOBERTO GALDINO DE ARAÚJO

Análise das Fontes de Informação: o caso da Doutrina Espírita Monografia apresentado à disciplina de Monografia, ministrada pelas professoras Maria do Socorro de Azevedo Borba e Renata Passos Filgueira de Carvalho, do Departamento de Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como pré-requisito para a obtenção do grau de Bacharel em Biblioteconomia.

Aprovada em: ______/______/______.

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________________________ Professora Msc. Luciana Moreira Carvalho

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Orientadora)

_____________________________________________________________ Professora Msc. Renata Passos Filgueira de Carvalho

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Professora da Disciplina)

_____________________________________________________________ Professora Msc. Antonia de Freitas Neta

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Professora Convidada)

Dedico este trabalho,

A todos aqueles que me ajudaram de forma direta e indireta durante

todo o decorrer da minha vida, em especial nesses último quatro anos vividos

intensamente na Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Dentre eles

destaco, às pessoas mais importantes da minha vida: meu pai João Galdino

(painho), minha mãe Francisca Noberto (mainha) e aos meus irmãos Clarinha e

Armandinho, além de todos os meus familiares e amigos.

AGRADECIMENTO

Bom, mais um ano se passa e com eles várias experiências vividas. Posso

dizer que durante esses vinte e dois anos de vida, passei M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-O-S quatro anos nessa instituição que nos dá tanto orgulho que é a Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Enfrentar um exame tão seletivo como foi o meu primeiro vestibular e passar, no ano de 2005, foi algo muito importante para a minha formação, pois me deu um novo fôlego, algo que precisava sentir. A partir desse momento estava começando a ser escrita mais uma nova página na minha vida. E foi conhecendo os diversos Cursos de Graduação existentes na UFRN que descobri na Biblioteconomia a minha verdadeira vocação. Desta maneira não poderia de deixar de escrever os meus sinceros agradecimentos à algumas pessoas que foram e são tão especiais para mim.

Em primeiro lugar, não posso de deixar de agradecer ao nosso Mestre maior Jesus Cristo, filho de um Pai tão bondoso e de uma Mãe tão amável que nos acolhem com todo o seu Amor durante todos os minutos da nossa vida, sorrindo com as nossas alegrias e nos amparando quando estamos passando por alguma dificuldade.

Em seguida, entram em ação os nossos pais terrestres. Pessoas que nos amam de verdade, que nos ensinam a dar os primeiros passos e que estão sempre caminhando junto conosco para nos amparar em momentos de decisão, como nos momentos alegres também. Posso dizer, com profunda emoção que não poderia ter pais melhores como vocês João Galdino e Francisca Noberto, no qual os chamo carinhosamente de “painho” e “mainha”. Obrigado pelos esforços, passando às vezes por dificuldades para me proporcionar uma boa educação e fazer a pessoa que sou hoje. Agradeço à Deus também por me dar outras duas pessoas que amo muito, que são os meus queridos irmãos Ana Clara (Clarinha) e Armando Augusto (Armandinho), saibam que apesar das nossas brigas e “arengas”, os amo muito e sempre serei grato pelos momentos felizes que vocês me proporcionam. Agradeço também ao amigo e “cunhado” Raphael.

Nesse espaço agradeço também a outras quatro pessoas que considero como sendo a minha “segunda família”. Aos meus tios Evilásio e Rosineide, por serem as pessoas que estão em todos os momentos da minha vida. Agradeço em especial ao meu tio Evilásio por ser uma pessoa admirável, alguém que me apóia e sei que sempre vai estar ao meu lado nos bons e maus momentos. Agradeço também aos meus primos Emily (Milinha) e Evilásio Júnior (Juninho), este último quase um irmão meu.

Não poderia deixar de homenagear também algumas outras pessoas tão importantes para mim, porém que já estão em outra dimensão: ao meu admirável Tio Armando, Maria Augusta (Vovó Cota), Maria da Conceição (Vovó Santa), além de João Galdino (Vovô Galdino), no qual não tive a oportunidade de conhecer, ao Tio Marconi e a Vovó Ceiça. Obrigado por terem sido pessoas tão importantes para a minha formação pessoal, saibam que admiro muito todos vocês e os considero como sendo exemplos de vida.

Saindo do campo familiar, e entrando na parte academia e profissional, não posso deixar de agradecer a outras pessoas tão importantes. Agradeço a todas as professoras do Departamento de Biblioteconomia: Rilda, Andreia (no qual não tive oportunidade de ter aula, mas que sempre foi uma excelente pessoa comigo), Eliane, Terezinha, Fátima, Francisca e Rildeci, por serem pessoas que me deram os

conhecimentos em sala de aula. Porém destaco às grandes amigas Antônia, por ter “puxado um pouco as minhas orelhas” quando fazia parte da Monitoria em M.T.C., mas que foi de essencial importância para o profissional que sou hoje; à professora Socorro Borba por ser aquela pessoa que ajudou na concepção, formação e conclusão desse trabalho; à professora Renata Passos, por ser a pessoa que sempre esteve a disposição da nossa turma para resolver os nossos problemas; à querida amiga Monica por ser a professora que, em um primeiro momento “plantou a sementinha” inicial desse trabalho e a minha querida amiga e orientadora Luciana, por ser a pessoa que acreditou nesse tema tão diferente e polêmico que é o Espiritismo, além de ter tido paciência, no qual sempre me motivou nesse processo de conclusão da monografia.

Entre os amigos de trabalho, agradeço com muita emoção à querida amiga Maria de Lourdes Teixeira, uma pessoa ADMIRÁVEL que acreditou em mim e me fez o bibliotecário que sou hoje. Além disso, não posso deixar de citar os meus amigos de trabalho: Mychelle, Magnólia, Socorro, Syllas, Raiane, Joelma, Ivanny, Régio, Nice, Eriberto, Daniele e Édna ou seja, a equipe da Biblioteca FARN. Agradeço também ao pessoal da Biblioteca Alvamar Furtado Mendonça (Tribunal Regional do Trabalho da 21ª Região), representado pelas amigas Angela Vasconcelos e Cristina Nagachima, além das colegas Socorro, Sônia e Selma.

Dentre os amigos conquistados no Estagio Supervisionado na Biblioteca Central Zila Mamede, destaco o carinho da professora Rildeci Medeiros por sempre está nos auxiliando e nos motivando na nossa vida profissional, principalmente nos concursos, e de todas as bibliotecárias que foram as nossas professoras durante esses quatro meses de estágio: Socorro, Érica, Ana Luiza, Olga, Neide, Antônia, Gersoneide e Cirlene.

Por último, não poderia deixar de mencionar os meus colegas de Curso, como Vanessa, Adriana Marciel, Talita, Débora Olinto, André Palhares, entre outros e os meus colegas de classe, no qual destaco: Lucinete, Rubervânio, Teresa Cristina, Janete, Luzia, Alessandra, Israel, Petrônio, Daniele Belmont, Everton e Ilaydiany.

Acredito ainda que Deus sempre coloca pessoas certas nas nossas vidas. Posso dizer que sou muito feliz por ter amigos, ou melhor, melhores amigos. Entre eles destaco a pessoa do querido amigo Magnus Cunha (Nuse), por ser alguém que me ajudou em diversos aspectos que poderia melhorar e acho que conseguiu. A amiga de todas as horas Yldeney por ser como uma “segunda irmã” no qual a guardo no fundo do meu coração. A amiga Hemanuela (Manú) por ser alguém que admiro e considero como sendo uma pessoa muito especial para mim também, além de eu ser o seu “procurador” nos momentos em que esteve ausente no Estágio Supervisionado. Aos “amigos de café”: Thiago, Edineide, Janete, Luzia, Ilaydiany, e Dalvanira, está ultima por ser a pessoa que sempre esteve ao meu lado e ser alguém que tenho profunda admiração. Por fim às minhas verdadeiras amigas, pessoas que durante um período muito difícil da minha vida, me estenderam a mão e me mostraram que sou uma pessoa importante na vida delas também: Najara, Marciele e Silvana.

A todos vocês, os meus mais sinceros AGRADECIMENTOS.

Francisco de Assis Noberto Galdino de Araújo.

“Ninguém quer saber o que fomos, o que possuíamos, que cargo ocupávamos no mundo; o que conta é a luz que cada um

já tenha conseguido fazer brilhar em si mesmo”. (Francisco Cândido Xavier)

RESUMO

Apresenta considerações sobre as Fontes de Informações disponíveis na Doutrina Espírita. Fala sobre o conceito da palavra Informação, bem como a sua estreita ligação na tríade, formada por Dado, Informação e Conhecimento. Relata sobre como se deu o processo de Explosão da Informação, no qual teve origem através dos primeiros livros manuscritos pelos copistas, passando pelo livro xilografado, culminando na invenção da imprensa por Gutenberg. Mostra como continuou esse processo de disseminação da informação, tendo como elementos importantes o surgimento dos primeiros periódicos até o aparecimento dos computadores, dessa maneira, viabilizando o rápido acesso e facilidade na recuperação da informação. Explana sobre a Doutrina Espírita, falando sobre o conceito de Religião e resgatando historicamente o Espiritismo. Explica que o Espiritismo é uma doutrina que foi oficializada pelo pedagogo e pesquisador Hippolyté Léon Denizard Rivail, mas conhecido pelo pseudônimo de Allan Kardec, no qual comprovou a existência de espíritos, resultando assim na publicação de uma coletânea intitulada de Obras Codificadas da Doutrina Espírita e na editoração da Revista Espírita. Analisa as fontes de informação disponibilizadas aos adeptos pela Doutrina Espírita. Tendo como o objetivo geral analisar as chamadas “Fontes Espíritas”, foi usado como procedimento metodológico a pesquisa bibliográfica em meio impresso e eletrônico, concluindo assim que essas fontes são de essencial importância para os adeptos da Doutrina Espírita. Palavras-chave: Fontes de Informação. Doutrina Espírita. Fontes Espíritas.

ABSTRACT

The research presents considerations related to Spiritism Information Sources in the Doctrine. It also deals with the Information concept as well as its connection to Data, Information and Knowledge. It relates the process of Information overflow and the first manuscripts done by the copyists, the first xylographical book and the press invention by Gutenberg. The research also emphasizes how the process of information dissemination occurs since the first periodical until the use of computers. There are also explanation on the Spiritism Doctrine that was made official by the educator and researcher Hippolyté Léon Denizard Rivail known as his pseudonym Allan Kardec. The educator comprovated the existance of spirits resulting in the publication of a collection of Codes of the Spirit Doctrine as well as the editing of the Spiritual Periodical. The research aims to analyze these information sources. The methodology used was of bibliographical and electronic research. It is possible to conclude that these sources are essencially important for those who are adepts of the Spiritism Doctrine.

Key Words: Information Fonts. Spiritism Doctrine. Spiritism Information Fonts.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Copista.......................................................................................... 18

Figura 2 – Folha impressa de um Livro Xilográfico........................................ 19

Figura 3 – Johannes Gensfleisch zum Gutenberg......................................... 20

Figura 4 – Impressora aprimorada por Gutenberg......................................... 22

Figura 5 – Journal des Sçavans (Primeiro periódico científico)...................... 24

Figura 6 – Allan Kardec (1804-1869).............................................................. 34

Figura 7 – Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827)....................................... 35

Figura 8 – Obras Básicas de Codificação da Doutrina Espírita...................... 36

Figura 9 – Revista Espírita (1858).................................................................. 38

Figura 10 – Francisco Cândido Xavier (1910-2002)......................................... 41

Figura 11 – Processo de Psicografia................................................................ 47

Figura 12 – Pinturas feitas através do processo de Psicopictografia............... 47

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................... 11

2 FONTES DE INFORMAÇÃO..................................................................... 14

2.1 INFORMAÇÃO........................................................................................... 14

2.2 EXPLOSÃO DA INFORMAÇÃO................................................................ 16

2.2.1 O registro do conhecimento antes da invenção da

imprensa...................................................................................................

17

2.2.2 A invenção e a difusão da imprensa...................................................... 19

2.2.3 Os periódicos científicos......................................................................... 22

2.2.4 A informação através dos meios eletrônicos........................................ 25

3 DOUTRINA ESPÍRITA............................................................................... 27

3.1 BREVE HISTÓRICO SOBRE AS RELIGIÕES.......................................... 27

3.2 ESPIRITISMO............................................................................................ 30

3.2.1 Allan Kardec (1804-1869)......................................................................... 33

3.2.2 Obras básicas de Codificação da Doutrina Espírita............................. 35

3.2.3 Revista Espírita........................................................................................ 37

3.3 ESPIRITISMO NO BRASIL........................................................................ 38

4 FONTES DE INFORMAÇÕES: ANÁLISE APARTIR DA DOUTRINA

ESPÍRITA...................................................................................................

42

4.1 TIPOLOGIA DAS FONTES: ABORDAGEM GERAL................................. 44

4.1.1 Fontes formais da Doutrina Espírita...................................................... 46

4.1.2 Fontes informais da Doutrina Espírita................................................... 49

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................... 52

REFERÊNCIAS.................................................................................................... 54

Francisco de Assis Noberto Galdino de Araújo

Análise das Fontes de Informação: o caso da Doutrina Espírita 11

1 INTRODUÇÃO

O Espiritismo é uma doutrina que sempre causou polêmica, por acreditar

na existência da vida após a morte. Porém percebe-se que cada vez mais o

Espiritismo está ganhando destaque na mídia, conseguindo assim despertar o

interesse de diversas pessoas das mais variadas classes sociais. Embora a

Doutrina tenha nascido na França, mas é no Brasil que o Espiritismo ganha

maior ênfase, no qual, de acordo pesquisas feitas pelo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística – IBGE 1, a religião tem uma representação

considerável no país contando com milhares adeptos.

Após pesquisas na literatura específica da Doutrina Espírita, foi possível

constatar que desde épocas pré-históricas já haviam registros de

manifestações espíritas, porém a Doutrina teve maior evidência através das

pesquisas realizadas por Hippolyte Léon Denizard Rivail, mais conhecido pelo

pseudônimo de Allan Kardec (1804-1869), no qual provou por meio de

investigações, que existem espíritos e que eles estão espalhados por todos os

lugares, influenciando ou não nas atitudes dos “encarnados” 2. O resultado

desse estudo culminou na oficialização do Espiritismo como religião e na

publicação de uma coleção de livros intitulada de Obras Básicas de

Codificação da Doutrina Espírita e na editoração da Revista Espírita.

No Brasil, a Doutrina Espírita começa a ser divulgada no ano de 1865,

através de matérias jornalísticas feitas sobre as chamadas “Mesas Girantes e

Falantes” 3, fenômeno espírita observado na França por Allan Kardec. Através

de informações sobre esse e outros fenômenos acabam por atrair a atenção da

1 Dados disponíveis no site: <http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/tabela/protabl.asp?z=cd&o=7&i=P>. Acesso em: 04 set. 2008. 2 Denominação dada aos seres humanos vivos no espaço terrestre, pelos seguidores da Doutrina Espírita. 3 “Fenômeno provocado pelos Espíritos [...], com a finalidade de chamar a atenção dos estudiosos dos fenômenos psíquicos, a respeito da sobrevivência dos Espíritos e a possibilidade de sua comunicação com o plano físico” (TORCHI, 2007, p. 53).

Francisco de Assis Noberto Galdino de Araújo

Análise das Fontes de Informação: o caso da Doutrina Espírita 12

sociedade e, conseqüentemente, os primeiros adeptos, surgindo assim os

primeiros Centros Espíritas 4.

Em meios a esses acontecimentos, começam a ser publicados uma

grande quantidade de informações a respeito da religião em livros, jornais e

revistas especializadas. Fatores esses que são essenciais para que os adeptos

assimilem as informações, conseguindo assim emitir valor de opinião para si e,

possivelmente, repassando para outros adeptos ou não da Doutrina.

Com base nos conhecimentos teóricos 5, visto durante o Curso de

Graduação em Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio Grande do

Norte (UFRN), foi comprovado que a informação está presente em todos os

campos do conhecimento, cabendo ao profissional bibliotecário buscar, tratar e

disseminar estas informações. Desta maneira foi percebida uma lacuna

existente na literatura com relação ao tema proposto, problemática essa que

despertou o interesse em conhecer mais sobre as Fontes de Informação e

como estas poderiam estar presente na Doutrina Espírita. A partir desse nicho,

houve a preocupação de pesquisar sobre este tema que tem como finalidade

analisar as formas como as informações são disseminadas na Doutrina em

questão.

Estabelecendo como objetivo geral a análise das Fontes de Informação

encontradas na Doutrina Espírita, foi possível estudar o tema sob três

aspectos: a verificação e conceituação sobre o que são Fontes de Informação;

a identificação da Doutrina Espírita na história, culminando na caracterização

da tipologia das fontes de informação disponíveis no Espiritismo, que neste

trabalho serão considerados como “Fontes Espíritas”. Com isso, foi utilizado

como instrumento metodológico a pesquisa bibliográfica, registrado em meio

impresso e eletrônico, através de livros, trabalhos acadêmicos, periódicos,

artigos e endereços eletrônicos (sites).

4 Espécie de templos que concentram as reuniões e as atividades ligadas à Doutrina. 5 Especificamente nas disciplinas História do Livro e das Bibliotecas (professora Antonia de

Freitas Neta); Representação Descritiva II (professora Luciana Moreira Carvalho) e Bibliografia Geral (professora Renata Passos Filgueira de Carvalho).

Francisco de Assis Noberto Galdino de Araújo

Análise das Fontes de Informação: o caso da Doutrina Espírita 13

Fase ao exposto, o tema foi distribuído em três capítulos teóricos: no

primeiro capítulo será feito um regate histórico sobre as Fontes de Informação,

ressaltando desde o seu surgimento até a sua evolução nos dias atuais; em

seguida será explanado sobre a Doutrina Espírita, falando rapidamente sobre

as diversas religiões, explicações essas que são a base principal para o

entendimento dos fundamentos da Doutrina, no qual tem como principal

colaborador o pesquisador Allan Kardec; por fim será analisada as Fontes de

Informação a partir da Doutrina Espírita, apresentando a sua tipologia, bem

como as principais formas de disseminação das informações dentro da

Doutrina.

Desta maneira, pretende-se mostrar nesse trabalho que o Espiritismo é

uma doutrina que produz informações e que estas são disponibilizadas entre os

seus adeptos. Enaltecendo, portanto a diversidade de fontes de informação

existentes na Doutrina Espírita sejam elas impressas, digitais, iconográficas,

gráficas formais e informais. Comprovando assim, que a informação pode ser

encontrada em todos os lugares, independente de crença.

Francisco de Assis Noberto Galdino de Araújo

Análise das Fontes de Informação: o caso da Doutrina Espírita 14

2 FONTES DE INFORMAÇÃO

Este capítulo terá como foco principal o entendimento sobre o que são

Fontes de Informação. Desta maneira tornou-se necessário revisar conceitos

importantes, fatores esses que reforçam o entendimento sobre o que são as

fontes de informação e a sua tipologia. Com base nisso, far-se-á considerações

sobre a etimologia e conceitos a respeito da palavra Informação e sua estreita

ligação com dado e conhecimento; e como foi o processo da chamada

“Explosão da Informação”, fator esse que culminou em uma divisão dos

suportes onde está registrada a informação.

2.1 INFORMAÇÃO

A palavra INFORMAÇÃO acabou se tornando o insumo básico nos dias

atuais, onde tudo gira em torno dela. Desta maneira se faz necessário fazer

uma “viagem” por entre os vários conceitos encontrados em livros, dicionários e

em sites na Internet.

Para cada área do conhecimento, a Informação pode ser aplicada de

uma forma diferente, podendo significar desde a ação de informar algo a

alguém como também a ação de detectar um sinal de existência de diamantes

em um determinado local, por exemplo. No dicionário Houaiss da língua

portuguesa On Line, foram encontrados 18 verbetes para a palavra, porém a

que mais se enquadra para essa pesquisa consiste em: “conhecimento obtido

por meio de investigação ou instrução; esclarecimento, explicação, indicação,

comunicação, informe” (HOUAISS; VILLAR, [200-?]) 6. Embora os dicionários

dêem vários significados para uma mesma palavra, a Informação ainda

continua sendo um enigma, pois intuitivamente sabe-se o que é, mas não se

sabe colocar em palavras o seu significado. “A importância da informação em

6 Documento on-line, não paginado.

Francisco de Assis Noberto Galdino de Araújo

Análise das Fontes de Informação: o caso da Doutrina Espírita 15

nossas vidas e a forma como a estamos encarando estão sendo modificadas, e

não temos muitos estudos sobre a informação em si mesma, continuamos com

um conceito vago do que é informação” (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO,

1999).

Nesse contexto, cabe frisar que a Informação está intrinsecamente

ligada ao Dado e ao Conhecimento, formando assim a tríade Dado –

Informação – Conhecimento. De acordo com Houaiss e Villar ([200-?]), dado é

o “elemento inicial de qualquer ato de conhecimento [...], apresentado de forma

direta e imediata à consciência, e que servirá de base ou pressuposto no

processo cognitivo”, e conhecimento é o “ato ou efeito de apreender

intelectualmente, de perceber um fato ou uma verdade; cognição, percepção”

(HOUAISS; VILLAR, [200-?]) 7. Dessa forma, dado pode ser considerada como

uma base que poderá levar à informação e esta, sendo interpretada e

compreendida, se tornará em conhecimento.

Dentro desta perspectiva, pode-se encontrar vários conceitos e noções

sobre essa tríade em diversas áreas do conhecimento. De acordo com Cintra

(2002, p. 19), da área de Biblioteconomia e Ciência da Informação, diz que o

significado de informação “implica a presença de sinais que envolvem

apresentação, representação ou criação de idéias, segundo uma forma. Em

suma, a informação constitui, ela mesma, um conhecimento potencialmente

transmissível”. Pode-se entender a citação da autora sob o seguinte aspecto:

informação como um bem durável fundamental para o processo de

conhecimento e criação de idéias. Em outra citação, a autora defende que “sob

outro ângulo, pode-se dizer que a informação relaciona-se à identificação de

um ‘sinal’ e supõe uma ‘forma’ passível de ser interpretada como mensagem”

(CINTRA, 2002, p. 19), nesse ponto é explicada o processo de assimilação da

informação.

Sob o ponto de vista da autora Beal (2004, p. 11), ligada a área de

Administração, dados, informação e conhecimento mantém uma relação de

ligação, no qual “transforma-se dados em informação agregando-se valor a

7 Documento on-line, não paginado.

Francisco de Assis Noberto Galdino de Araújo

Análise das Fontes de Informação: o caso da Doutrina Espírita 16

eles; e informação em conhecimento acrescentando-se a ela vários outros

elementos”. De acordo com a autora, dado seria a base principal para a

informação, que geraria o conhecimento, porém, “um conjunto de dados não

produz necessariamente uma informação, nem um conjunto de informação

representa necessariamente um conhecimento” (BEAL, 2004, p. 11). Para se

transformar em uma informação e posteriormente no conhecimento, os dados

de um determinado acontecimento, por exemplo, precisam ser consistentes,

pesquisando e apurando os mesmos. Baseando-se ainda na lógica de Beal,

pode-se citar Oliveira (2004, p. 26) encorpando o pensamento, no qual diz que

“conhecimento é o que a informação passa a ser depois de interpretada”.

Pode-se perceber que, embora vários autores definam o que é

Informação, ela ainda continua sendo um desafio para os seus consumidores.

Porém pode-se ter uma noção de Informação como sendo um conjunto de

dados que levam ao conhecimento.

2.2 EXPLOSÃO DA INFORMAÇÃO

A Explosão da Informação é uma denominação dada ao crescimento

exponencial da divulgação da informação. De acordo com autores da área de

Ciência da Informação, a denominação “Explosão da Informação” teve origem

através de uma outra explosão, ou seja, à Bibliográfica. Devido ao excesso de

informações que começaram a ser disseminados, no qual tem como base

principal à máquina aperfeiçoada por Gutenberg, houve um aumento

considerável do registro do conhecimento, fazendo com que houvesse outros

formatos além do até então livro impresso. Desta maneira, passou-se a ter uma

grande quantidade de informações geradas, dificultado assim a assimilação de

todo o conteúdo produzido.

Face ao exposto, torna-se necessário fazer um resgate histórico sobre

os motivos pelos quais foram essenciais para que houvesse essa explosão

Francisco de Assis Noberto Galdino de Araújo

Análise das Fontes de Informação: o caso da Doutrina Espírita 17

passando desde as formas artesanais de registro do conhecimento, a invenção

da imprensa até a disseminação das informações via meio eletrônico.

2.2.1 O registro do conhecimento antes da invenção da imprensa

Historicamente falando, o processo de divulgação da informação teve

origens através dos primeiros Livros Manuscritos, que de acordo com Martins

(2001), datam desde a Idade Média. Desta maneira, o Livro Manuscrito era

escrito à mão usando como suportes o marfim, bronze, mármore, papiro,

pergaminho ou o papel. Com isso, entram em ação os famosos Copistas. De

acordo com Houaiss e Villar ([200-?]) 8, o verbete copista significa “aquele que,

antes da invenção da imprensa, tinha por profissão copiar, caligraficamente,

manuscritos”. Segundo Riché (2006) 9, o “profissional” copista era uma

atividade desempenhada por monges, no Século V, que copiavam os

manuscritos com a finalidade de se distrair e garantir o seu sustento. Tinham

como principal meta a transcrição da bíblia, que, ainda de acordo com Riché

(2006), “aprendiam e sabiam de cor, sobretudo os salmos”. Desta maneira, os

copistas poderiam ser considerados como sendo os primeiros “editores” de

livros, no qual todos os manuscritos escritos por eles eram acondicionados em

salas secretas dentro dos monastérios, sendo estas consideradas as primeiras

Bibliotecas criadas (CENDÓN et. al., 2005).

8 Documento on-line, não paginado. 9 Documento on-line, não paginado.

Francisco de Assis Noberto Galdino de Araújo

Análise das Fontes de Informação: o caso da Doutrina Espírita 18

Figura 1 - Copista. Fonte: <http://www.agencia.ecclesia.pt/ecclesiaout/snpcultura/fotografias/

vol_scriptorium_390px.jpg>

Seguindo um traço evolutivo no processo de disseminação da

informação, houve momentos de transição, até a publicação do primeiro livro

impresso. Pode-se citar dois momentos importantes nesse processo: o livro

xilográfico (Século II, na China e Século XIII, na Europa), como representante

dos tipos fixos, e a bíblia de Gutenberg (1452), representando os tipos móveis,

ou seja, a invenção da imprensa propriamente dita.

Segundo Martins (2001), o Livro Xilográfico indica o ponto de transição

entre o Livro Manuscrito e a invenção da imprensa, por Gutenberg. A técnica

da xilogravura consistia em usar moldes talhados em madeira, tendo como

primeiro suporte o pano passando posteriormente a ser impresso em papel,

ambos feitos de forma totalmente artesanal. Ainda com base no autor, a

técnica xilográfica teve suas primeiras cópias impressas na China (Século II) e

na Europa (Segunda metade do Século XIII), sendo precedida por um processo

litográfico chinês10. Sobre o primeiro impresso xilográfico, datado de 932,

Martins (2001, p.128) afirma que: “é o mais antigo existente, o que permite

concluir, da sua própria existência, que o processo já era praticado algum

tempo antes”.

10 “Processo de reprodução que consiste em imprimir sobre papel, por meio de prensa, um escrito ou um desenho executado com tinta graxenta sobre uma superfície calcária ou uma placa metálica, ger. de zinco ou alumínio”. (HOUAISS; VILLAR, [200-?])

Francisco de Assis Noberto Galdino de Araújo

Análise das Fontes de Informação: o caso da Doutrina Espírita 19

Com a evolução dos tempos, novas técnicas xilográficas foram surgindo,

no qual, em vez da utilização da madeira, o metal começou a ganhar destaque.

Os textos e figuras, que até então eram talhados totalmente na madeira de

uma única vez (Tipos Fixos), dá lugar a uma forma mais rápida de se imprimir

devido às letras serem soltas (Tipos Móveis) podendo ser impressos mais

palavras em pouco tempo. Fato esse que é a base principal para que fosse

possível chegar à Invenção da Imprensa.

Figura 2 - Folha impressa de um Livro Xilográfico. Fonte: (GIOVANNINI, 1987).

2.2.2 A invenção e a difusão da imprensa

O processo pelo qual foi possível chegar à invenção da imprensa contou

com vários nomes que contribuíram para esse feito, porém o que mais se

destaca neste contexto é o de Johannes Gensfleisch zum Gutenberg.

Considerado como “o pai da imprensa”, Gutenberg nasceu em Mugúncia, na

Alemanha, por volta de 1400 (MARTINS, 2001), vivendo durante cerca de vinte

anos na cidade de Estrasburgo, na França, regressando posteriormente, para a

sua cidade natal. Ainda com base no referido autor, Gutenberg era

especializado na fabricação de espelhos e lapidação de diamantes, porém

Folha impressa

Molde talhado na Madeira

Francisco de Assis Noberto Galdino de Araújo

Análise das Fontes de Informação: o caso da Doutrina Espírita 20

sempre teve fascínio pelos trabalhos de impressão. Desta maneira, formou

sociedade com Andréas Dritziehn, tendo como objetivo montar uma oficina que

fizesse impressões, mas o projeto foi interrompido por causa da morte do seu

sócio, com isso, o inventor teve que regressar para Mungúncia. Na sua cidade

natal, Gutenberg conheceu Johann Fust, que de acordo com Martins (2001), o

emprestou dinheiro necessário para que as suas dívidas fossem sanadas e

para que fosse possível montar uma oficina, fato esse que culminou na

construção de uma máquina de impressão, uma espécie de adaptação de uma

prensa para fazer vinho, o que tornou possível a fabricação de livros em médio

e grande porte para a época. Para tanto, Gutenberg contou ainda com a ajuda

de Pedro Schœffer, genro de Fust, formando assim uma sociedade.

Figura 3 - Johannes Gensfleisch zum Gutenberg. Fonte: <http://www.hdg.de/eurovisionen/images/technik/gutenberg.jpg>.

Ainda resgatando o histórico nos escritos de Martins (2001), foi através

desta máquina “tipográfica” que Gutenberg teve a possibilidade de imprimir o

seu primeiro documento: a Marazin Bible, mais conhecida como “Bíblia de

Gutenberg” ou “Bíblia de 42 linhas”, fato esse que foi considerado como sendo

um marco para a época. Com o passar dos tempos, Gutenberg foi obrigado a

desfazer da sociedade com Fust e Schœffer, no qual deram continuidade à

Francisco de Assis Noberto Galdino de Araújo

Análise das Fontes de Informação: o caso da Doutrina Espírita 21

produção, editando posteriormente o livro Saltério, uma espécie de bíblia onde

estavam escritos 150 salmos do Velho Testamento (HOUAISS; VILLAR, [200-

?]) 11.

Seguindo com o seu projeto fixo de montagem de uma oficina

tipográfica, Gutenberg acabou acumulando muitas dívidas ao longo dos anos,

no qual, em um momento posterior, esses débitos foram quitados com a ajuda

de Konrad Humery, conseguindo assim concluir o seu desejo de montar a sua

própria oficina e, desta maneira, imprimir uma gramática latina intitulada de

Catholicon, além de outros livros.

Analisando todo o contexto que envolve Gutenberg, pode-se ressaltar

que o tipógrafo foi quem aprimorou as técnicas já existentes chegando, em

conseqüência à Invenção da Imprensa com tipos móveis, que de acordo com

Giovannini (1987, p. 94),

Não podemos deixar de ressaltar que na invenção de Gutenberg não havia nada de totalmente novo, já que a descoberta consistia na síntese técnica e no aperfeiçoamento de alguns procedimentos já conhecidos.

De forma geral, é possível concluir que, mesmo que a invenção de

Gutenberg não tenha partido de uma idéia original, mas esse fator representa

um marco na história da humanidade, pois foi a partir deste ponto que a

informação começou a ganhar impulso, devido a sua geração ser feita de forma

mais rápida com relação às outras técnicas de edição de documentos já

existentes.

Nesse sentido, o processo de disseminação de informações ainda

continuou em constante evolução. Desta maneira, a sua difusão seguiu em

passos largos, no qual ainda pode-se destacar os primeiros Incunábulos, que

de acordo com Martins (2001, p. 157), eram “livros impressos até o ano de

1500”. Face ao exposto, ainda pode-se citar o papel dos chamados 11 Documento on-line, não paginado

Francisco de Assis Noberto Galdino de Araújo

Análise das Fontes de Informação: o caso da Doutrina Espírita 22

impressores ambulantes, que eram contratados por estabelecimentos para

executarem obras limitadas, e a multiplicação de oficinas gráficas, no qual teve

por conseqüência o surgimento da concorrência entre elas. Com isso, muitas

destas oficinas acabavam mudando de cidades em busca de melhores lucros.

Fatores esses que foram fundamentais na difusão da imprensa e para que

fosse impresso documentos em grande escala.

Figura 4 - Impressora aprimorada por Gutenberg. Fonte: <http://br.geocities.com/saladefisica9/biografias/gutenberg50.JPG>.

2.2.3 Os periódicos científicos

Com o passar dos tempos, a disseminação da informação foi ganhando

grande força, devido à invenção aprimorada por Gutenberg. Deste modo, torna-

se indispensável ressaltar o a importância dos periódicos de cunho científico

nesse processo. De acordo com Russo, Santos e Santos ([200-?]) 12, já havia a

transferência de informações científicas desde os séculos V e IV a.C., no qual

era caracterizada pela comunicação oral e escrita. Com base nas referidas

autoras, os gregos antigos disseminavam os seus estudos através desses dois

12 Documento on line, não paginado.

Francisco de Assis Noberto Galdino de Araújo

Análise das Fontes de Informação: o caso da Doutrina Espírita 23

canais: enquanto a comunicação oral era feita através de debates e

“discussões filosóficas”, a escrita era feita através dos manuscritos deixados

por filósofos, no qual pode-se destacar Aristóteles (384 a.C. - 322 a.C.), entre

outros.

Por volta do século XVII, a troca de correspondências tornou-se o meio

mais utilizado na transferência de informações, no qual alguns autores

consideram essa comunicação como sendo as “Escolas Invisíveis”.

Percebendo que havia a necessidade de uma discussão coletiva sobre

assuntos específicos de cada área do conhecimento, surge no ano de 1665 o

primeiro periódico de cunho científico, que ainda de acordo com Russo, Santos

e Santos ([200-?]),

Em 1665, em Paris, surgiu o Journal des Sçavans, que pode ser considerada a primeira revista no sentido “moderno”. O primeiro número desse periódico foi editado em 5 de janeiro de 1665 e discutido em 11 de janeiro, na Royal Society of London.

O Journal des Sçavans oferecia aos leitores uma completa bibliografia

dos livros publicados naquela época, bem como “descrever os progressos

científicos e técnicos; registrar as principais decisões jurídicas e publicar

notícias sobre o que acontecia na ‘República das Letras’” (RUSSO; SANTOS;

SANTOS, [200-?]). Nesta mesma época ainda foram lançados outros

periódicos, no qual eram publicados uma espécie de compilação de cartas

trocadas entre os cientistas, cujo trazia informações sobre novas idéias e

pesquisas. De acordo com os estudos feitos pelas referidas autoras, já existia

uma preocupação por parte dos editores daqueles periódicos, de haver uma

avaliação dos textos publicados por um conselho editorial, ou seja,

disponibilizar informações que viessem a atender as necessidades específicas

do público de cada revista.

Francisco de Assis Noberto Galdino de Araújo

Análise das Fontes de Informação: o caso da Doutrina Espírita 24

Figura 5 - Journal des Sçavans (Primeiro periódico científico). Fonte: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/5/5d/1665_ journal_des_scavans_title.jpg/180px-1665_journal_des_scavans_title.jpg>

Com a evolução dos tempos, os periódicos científicos foram sofrendo

modificações, devido às transformações tecnológicas, bem como as exigências

do público acadêmico. Mas é após a Segunda Guerra Mundial (1945) que os

periódicos tornam-se mais específicos, não cobrindo apenas as grandes áreas

do conhecimento, privilegiando assim as particularidades de cada uma delas,

fenômeno esse que alguns autores denominam como sendo a “Explosão

Bibliográfica”.

Segundo Russo, Santos e Santos ([200-?]), o termo Explosão

Bibliográfica foi usado primeiramente pela Royal Society Conference of

Scientific Information, no ano de 1948, no qual detectaram que desde o século

XIX, a publicação de artigos e resenhas em periódicos científicas eram tão

numerosos que tornava-se difícil a assimilação destes pelos cientistas. Desta

maneira, começou a haver uma preocupação, por parte dos editores dos

periódicos em condensar as informações contidas nas revistas, com isso há o

surgimento dos “periódicos de resumo”, que seriam uma versão sucinta de

artigos publicados na época.

Francisco de Assis Noberto Galdino de Araújo

Análise das Fontes de Informação: o caso da Doutrina Espírita 25

Em um momento posterior, as informações científicas seguiram em sua

constante evolução. Desta forma, essas informações ganham impulso devido à

aprimoração das tecnologias existentes, que culminou no surgimento dos

primeiros computadores e outros recursos eletrônicos, desta forma, acabaram

tornando-se elementos fundamentais na dinamização e no repasse de

informações.

2.2.4 A informação através dos meios eletrônicos

A partir do surgimento dos primeiros computadores é que a

disseminação das informações se intensifica. Ainda na mesma época da

Segunda Guerra Mundial, há o desenvolvimento da tecnologia de

processamento de dados culminando assim, no surgimento dos primeiros

computadores, concluindo em uma maior disponibilização de informações. De

acordo com Teixeira e Schiel (1997) 13 diz que, em um primeiro momento,

o computador foi usado para armazenar informações bibliográficas e gerar índices impressos que poderiam ser consultados da mesma maneira que se consultam os índices impressos produzidos manualmente.

Devido a esse armazenamento de informações, houve a necessidade da

criação de bases de dados para o acondicionamento eletrônico das

informações disponibilizadas. Em suma, esses foram os fatores primordiais

para que a informação começasse a ser disponibilizada de forma mais rápida.

Com a constante evolução da tecnologia, surgem outros suportes para o

armazenamento das informações geradas. Se em um primeiro momento essas

informações eram acondicionadas somente na memória dos computadores, em

momentos posteriores essas informações são acondicionadas em dispositivos 13 Documento on-line, não paginado.

Francisco de Assis Noberto Galdino de Araújo

Análise das Fontes de Informação: o caso da Doutrina Espírita 26

móveis compatíveis entre computadores, tais como: disquetes, cd´s-rom,

pendrive e outros.

Neste processo, torna-se indispensável falar sobre o papel da Internet

no processo de transferência da informação. Com base em pesquisas feitas no

artigo de Teixeira e Schiel (1997) 14, em um primeiro momento a Internet foi

denominada de “Arpanet”, no qual surgiu no ano de 1969. Patrocinado pelo

Departamento de Defesa Norte Americano, a “Arpanet” tinha como objetivo

principal, “permitir que engenheiros e cientistas que trabalhavam em projetos

militares em toda a América pudessem compartilhar computadores caros e

outros recursos” (TEIXEIRA; SCHIEL, 1997). Desta maneira, a “Arpanet” foi a

base principal para a Internet que é conhecida nos dia atuais. Usando

Protocolo de Controle de Transmissão (TCP) e Protocolo Internet (IP), como

estrutura tecnológica, a Internet continuou em seu processo de aprimoração.

Com isso, a Internet acaba tornando-se o ponto de partida para que a

informação pudesse ser disseminada de maneira bem mais rápida, com

relação às formas já existentes. É a partir desse pressuposto que começam a

surgir os endereços eletrônicos (mais conhecidos como sites, ou sítios), e-mails

(caixa de correspondências eletrônicas), blog´s (espécie de diários eletrônicos),

e-books (livros virtuais), ou seja, mecanismos que visam manter uma interação

entre os usuários e que são essenciais no processo de transferência da

informação.

Com base no que foi exposto, percebe-se uma grande evolução nos

suportes, onde a informação está armazenada. Se em épocas passadas à

geração de documentos era feita de forma artesanal, após a invenção da

imprensa, a informação ganhou destaque e com a evolução da ciência e da

tecnologia, à sua disseminação tornou-se algo instantâneo. Percebe-se nos

dias atuais, que a informação pode ser disseminada em questão de segundos,

devido à grande rede mundial de computadores. Fator esse que é de

fundamental importância para a produção e disseminação do conhecimento,

aprimorando assim as fontes de informação.

14 Documento on-line, não paginado.

Francisco de Assis Noberto Galdino de Araújo

Análise das Fontes de Informação: o caso da Doutrina Espírita 27

3 DOUTRINA ESPÍRITA

A Doutrina Espírita é o assunto principal desse capítulo. Para tanto, será

comentado sobre o conceito de Religião para posteriormente falar sobre o

Espiritismo. Desta maneira será feito um resgate histórico sobre os

fundamentos da Doutrina, a importância do pedagogo e pesquisador Allan

Kardec para a oficialização do Espiritismo, bem como as Obras de Codificação

da Doutrina Espíritas e a Revista Espírita, finalizando o capítulo esclarecendo

sobre como foi o processo de divulgação da religião no Brasil.

3.1 BREVE HISTÓRICO SOBRE AS RELIGIÕES

Etimologicamente falando, a palavra Religião é oriunda do termo latino

“Religare”, no qual significa religar o ser humano a algo maior, divino. Para um

maior entendimento, é permitido afirmar que Religião é fazer uma ligação direta

entre o homem e Deus, ou Deuses, de acordo com a concepção de algumas

crenças. Com base em Houaiss e Villar ([200-?]) 15, o verbete religião pode ser

compreendido como um “culto prestado a uma divindade; crença na existência

de um ente supremo como causa, fim ou lei universal”. De acordo com Freire

Filho ([200-?]) 16, ainda é permitido afirma que religião pode ser compreendida

como sendo “qualquer sistema de pensamento que proponha ligar o Ser

Humano com um possível Plano Místico, tendo como um dos principais

objetivos ou pressupostos a superação vitoriosa da mortalidade”. Sendo assim,

A palavra Religião engloba necessariamente qualquer forma de aspecto místico e religioso, abrangendo seitas, mitologias e quaisquer outras doutrinas ou formas de pensamento que tenham como característica fundamental um conteúdo Metafísico, ou seja, de além do mundo físico. (VALÉRIO, [200-?])

15 Documento on-line, não paginado. 16 Documento on-line, não paginado.

Francisco de Assis Noberto Galdino de Araújo

Análise das Fontes de Informação: o caso da Doutrina Espírita 28

Face ao exposto, pode-se dizer que o homem sempre teve

questionamentos com relação a sua origem, “de onde veio e para onde vai”,

como também sempre temeu sobre a existência de algum ser maior que

pudesse abonar ou punir os seus erros. Com isso, o homem começou a eleger

seres sobre-humanos, denominados de Deuses, no qual caberia a eles ditarem

as “regras” para o andamento e prosperidade daquelas culturas no qual

estavam inseridos, ou simplesmente para tornar concretas as vontades dos

líderes daquelas sociedades. Para um melhor esclarecimento, esses líderes

afirmavam que os Deuses pediam para que determinadas tarefas fossem

realizadas, que poderiam ser atividades que seriam para o bem comum da

sociedade, como também, para serem feitas barbaridades ao seu bel prazer

entre os membros de daquela sociedade.

Fazendo um sucinto resgate histórico, pode-se dizer que a religião

sempre esteve presente no cotidiano dos homens. De acordo com Maior, A.

(2002), desde épocas pré-históricas já existiam cultos, no qual poderiam ser

denominados como sendo os primeiros eventos religiosos. Segundo o referido

autor, os homens pré-históricos já tinham o costume de enterrar os seus entes

queridos fazendo cerimônias simples, no qual eram deixados com os mortos os

seus pertences pessoais como, por exemplo, armas, dentes de animais,

conchas e outros objetos de valor íntimo. Desta maneira, os homens pré-

históricos já tinham uma pequena noção sobre a importância desses rituais,

porém não sabiam muito bem o significado daquilo, mas que mesmo assim o

praticavam. Ainda de acordo com Maior, A. (2002, p. 24), o homem pré-

histórico “acreditava, portanto, em algo que não compreendia bem, mas que

sentia existir”.

Ao longo dos anos a religião foi ganhando lugar de destaque na história.

Esse destaque se deu através do desenvolvimento da cultura dos diversos

países. Entre essas culturas, pode-se enfatizar a religião nas civilizações

egípcia, grega e romana. Burilando nos diversos materiais relacionados à

história das religiões, pode-se citar Santos (2003), que embora detenha os

seus estudos na parte artística das épocas, mas que ressalta muito bem a

Francisco de Assis Noberto Galdino de Araújo

Análise das Fontes de Informação: o caso da Doutrina Espírita 29

ligação da arte com a religiosidade. Nesse sentido, a referida autora comenta

que a religiosidade sempre foi considerada como sendo a base principal nas

sociedades, no qual influenciava diretamente na arte, política e na vida dos

cidadãos de forma geral. Enquanto a civilização egípcia tinha a crença na

existência da vida após a morte, no qual as pessoas acreditavam que poderiam

voltar e resgatar tudo o que deixaram nessa existência, como fortunas, jóias,

imóveis, posição social entre outros; a civilização grega cultuava o politeísmo,

ou seja, a crença na existência de diversos deuses, no qual caberia a eles

fazer com que a vida terrena viesse a ser bem sucedida ou não. Por fim,

ressalta que os povos da civilização romana, acreditavam na mitologia e

superstições, no qual segundo Políbio (1985 apud LIMA, 2002) 17, a religião

romana estava acondicionada a “temores invisíveis e por criações semelhantes

a imaginação”.

Todos esses fatores são de suma importância para a formação das

diversas religiões presentes nos dias atuais. Dentre elas pode-se citar o

Cristianismo como sendo a religião de maior destaque. O cristianismo é uma

religião monoteísta, ou seja, acredita na existência de somente um Deus, no

qual é baseada na trajetória de vida de Jesus Cristo, dessa forma, todas as

doutrinas que crêem na existência Dele são denominadas de religiões Cristãs.

Seguindo um grau hierárquico, o cristianismo figura como sendo a base

principal para as grandes denominações religiosas, ou seja, aquelas que

concentram um maior número de adeptos, no Brasil e no mundo, como o

catolicismo e o protestantismo, não deixando de lado a ortodoxia e o

anglicanismo, que são as denominações mais radicais da religião cristã.

Baseando-se nos conceitos e ideais propostos pelo Cristianismo,

surgem outras denominações que incorporam à religião cristã, outras crenças e

é a partir dessa junção que surgem diversas doutrinas, como o Budismo,

Judaísmo, Hinduísmo, Xiísmo, Candomblé, bem como o Espiritismo. Este

como sendo uma doutrina que agrega a concepção cristã ao estudo de

17 Documento on-line, não paginado.

Francisco de Assis Noberto Galdino de Araújo

Análise das Fontes de Informação: o caso da Doutrina Espírita 30

fenômenos sobrenaturais que aconteceram ao longo dos anos, no qual será

abordado no próximo tópico.

3.2 ESPIRITISMO

Na busca de sempre trabalhar com o significado das palavras, nesse

primeiro momento, pode-se resgatar a etimologia do termo “Espiritismo”, que

segundo Houaiss e Villar ([200-?]), é originada através da formação das

palavras spirite, pessoa capaz de entrar em contato com os espíritos dos

mortos, médium; e isme, doutrina, crença, formando assim a expressão

francesa Spiritisme, Espiritismo. Desta maneira, ainda de acordo com o referido

dicionário, o verbete espiritismo pode ser compreendido como sendo,

Doutrina de cunho filosófico-religioso, de aperfeiçoamento moral do homem através de ensinamentos transmitidos por espíritos mais aprimorados de pessoas mortas, que se comunicam com os vivos através dos médiuns. (HOUAISS; VILLAR, [200-?]) 18

O Espiritismo é um assunto que sempre existiu desde épocas passadas,

com isso torna-se importante ressaltar que as manifestações espíritas não

começaram a acontecer somente em meados de 1800, século em que o

conhecimento do espiritismo começou a ganhar destaque. De acordo com

Maior, A. (2002), desde épocas pré-histórias já aconteciam fenômenos que

podem ser considerados como sendo manifestações espíritas. Com base no

referido autor, os homens pré-históricos já possuíam uma pequena noção da

existência da espiritualidade, no qual era percebida através de sonhos, porém

estes não entendiam muito bem, pois pensavam que estes sonhos faziam parte

da realidade. Ao longo das épocas foram acontecendo fenômenos, mas

18 Documento on-line, não paginado.

Francisco de Assis Noberto Galdino de Araújo

Análise das Fontes de Informação: o caso da Doutrina Espírita 31

sempre o assunto foi mantido em sigilo devido às imposições dadas pela Igreja

Católica, por considerar que esses fenômenos eram frutos da imaginação das

pessoas ou obras de Satanás.

Porém, é com a sua oficialização, no ano de 1857, por Allan Kardec, que

a Doutrina Espírita começa a ganhar destaque. Esta data tornou-se importante

por ser o ano em que foi publicado o Livro dos Espíritos, de autoria do próprio

Allan Kardec. De acordo com Torchi (2007, p. 42), “o espiritismo é a ciência da

alma. Trata da natureza, origem e destino dos Espíritos, bem como de suas

relações com o mundo corpóreo”. Desta maneira, o espiritismo tem como

principal foco, o estudo da relação dos espíritos no cotidiano da vida dos seres

vivos no espaço terrestre, ressaltando a crença na existência da vida após a

morte, na possibilidade de comunicação dos espíritos através dos homens, no

qual estes são considerados como médiuns, e nos fenômenos que os espíritos

podem causar.

Com base no que foi explicado, a Doutrina é baseada sob três enfoques:

o filosófico, o científico e o religioso. Fundamentando-se ainda em Torchi

(2007), a visão filosófica da Doutrina Espírita diz respeito às reflexões sobre o

sentido da vida, ou seja, as diversas interpretações que a vida pode originar. “O

Espiritismo é filosofia porque, a partir dos fenômenos e dos fatos, dá uma

interpretação da vida, explicando o porquê das dores, dos sofrimentos e das

desigualdades entre as criaturas” (TORCHI, 2007, p. 79). Sobre o aspecto

científico, o espiritismo procura estudar e comprovar a veracidade dos

fenômenos mediúnicos. “O Espiritismo é ciência porque, à luz da razão e de

critérios lógicos e metodológicos, demonstra experimentalmente a existência

da alma e sua imortalidade, principalmente através do plano físico e o plano

espiritual” (TORCHI, 2007, p. 83-84). Por fim, a doutrina pode ser analisada

sob o ponto de vista religioso, por ter a preocupação de educar moralmente o

homem, cultivando e/ou resgatando a fé dos mesmos, ou seja, religando assim

o homem à Deus. Vê-se, portanto que:

Francisco de Assis Noberto Galdino de Araújo

Análise das Fontes de Informação: o caso da Doutrina Espírita 32

O Espiritismo pode ser considerado Religião, se analisando pela finalidade que tem de proporcionar a transformação moral do homem, retomando os ensinamentos de Cristo, para que sejam aplicados na vida diária de cada pessoa, revivendo o Cristianismo na sua verdadeira expressão de Amor e Caridade, em suma, religando a criatura à sua origem divina. (TORCHI, 2007, p. 92-93).

Para um melhor entendimento sobre o Espiritismo, faz-se necessário

citar uma importante contribuição do chamado “Movimento Espírita” no

processo de divulgação da doutrina. De acordo com a FEDERAÇÃO ESPÍRITA

BRASILEIRA (1996, p. 2), o Movimento Espírita é considerado como:

Conjunto de atividades desenvolvidas organizadamente pelos espíritas, para pôr em prática a Doutrina Espírita, através de instituições, encontros fraternos, congressos, palestras, edições de livros, etc. O Movimento Espírita é, portanto, um meio para se aplicar a Doutrina Espírita, em todos os sentidos, para se divulgar os seus princípios e se exercitar a vivência de suas máximas.

Desta maneira, é permitido concluir que o Movimento Espírita seria as

ações praticadas pelos adeptos da Doutrina Espírita. Seria a forma pelo qual os

ensinamentos são repassados e praticados pelos seguidores, divulgando assim

a Doutrina. Em um primeiro momento o Movimento Espírita teve grande

responsabilidade, pois foi através dele que as pessoas puderam conhecer os

fundamentos da Doutrina. É a partir daí que surgem os primeiros Centros

Espíritas 19, e as Federações que regem a Doutrina em questão, nesse caso

pode-se citar a Federação Espírita Brasileira (FEB) no Brasil. Nos dias atuais o

Movimento Espírita continua em constante crescimento, pois é através dele

que o Espiritismo permanece em constante processo de divulgação, no qual

atrai cada vez mais a atenção das pessoas em encontros, palestras,

congressos e outros.

19 Espécie de templos que concentram as reuniões e as atividades ligadas à Doutrina Espírita.

Francisco de Assis Noberto Galdino de Araújo

Análise das Fontes de Informação: o caso da Doutrina Espírita 33

Porém todos esses acontecimentos não teriam acontecido se não

fossem pelas pesquisas realizadas por Allan Kardec (1804-1869), no qual

figura como sendo a pessoa responsável para que todo esse processo de

divulgação pudesse acontecer. Desta maneira, o sentido não é enaltecer a

pessoa Allan Kardec como um líder religioso ou algo similar, mas sim o papel

que ele desempenhou como pesquisador e divulgador da Doutrina Espírita.

Com isso, faz-se necessário comentar sobre a vida dele e como foi o processo

de conhecimento da Doutrina Espírita na França culminando na sua

disseminação pelo mundo.

3.2.1 Allan Kardec (1804-1869)

Hippolyté Léon Denizard Rivail, mais conhecido pelo pseudônimo de

Allan Kardec, nasceu na França no ano de 1804, e é considerado como o

precursor dos estudos sobre a Doutrina Espírita no mundo. De acordo com

Tochi (2007), Kardec nasceu em uma importante família francesa, no qual

sempre foi uma pessoa totalmente dedicada aos estudos e conhecimento.

Formado em educação, Kardec foi professor e procurou seguir os fundamentos

idealizados por Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827) 20, em sua vida

profissional, no qual ainda pode-se destacar a sua atuação na área contábil e

na tradução de obras estrangeiras, dominando assim, diversas línguas.

20 Pedagogo e educador pioneiro da reforma educacional. (GRANDES NOMES DA EDUCAÇÃO, [200-?])

Francisco de Assis Noberto Galdino de Araújo

Análise das Fontes de Informação: o caso da Doutrina Espírita 34

Figura 6 - Allan Kardec (1804-1869). Fonte: REVISTA CRISTÃ DE ESPIRITISMO. São Paulo: Ed. Minuano, v. 08, n. 55, fev./mar.

2008.

Obrigado a deixar as atividades de educador, devido ao rigoroso regime

educacional daqueles anos, Kardec despertou o seu interesse pelo estudo do

magnetismo, dedicando trinta anos de sua vida ao conhecimento do referido

assunto. Sempre avesso ao misticismo, por viver em uma época marcada pelo

predomínio dos pensamentos Positivistas de Augusto Comte, Allan Kardec

começou a se interessar pelo estudo de um fenômeno que acontecia na época,

no qual atraia a atenção de muitas pessoas, ou seja, as famosas “Mesas

Girantes e Falantes”. Esse fenômeno acontecia através de reuniões praticadas

de maneira livre, no qual eram feitas perguntas fúteis, com relação ao passado,

presente e futuro dos participantes aos espíritos e estes respondiam, através

de movimentos nos objetos, daí o nome do fenômeno.

Baseado nos conhecimentos sobre o Magnetismo, Kardec cogitou a

possibilidade de manipulação física dos objetos, porém verificou que o

fenômeno acontecia através de uma causa maior, inteligente, algo além do

raciocínio dos participantes e totalmente independente de um simples

movimento de mesas. Por essa razão, começou a pesquisar com afinco sobre

o fenômeno, comparecendo com mais freqüência as reuniões. Para comprovar

os seus pensamentos, Kardec, antes das reuniões, elaborava perguntas das

mais simples às mais complexas e percebeu que estas eram respondidas de

maneira profunda, completa. Com isso, compreendeu que existiam espíritos e

que estes, apesar da morte física, “continuavam a ser o que foram em vida,

com suas virtudes e com seus defeitos” (TORCHI, 2007, p. 63).

Francisco de Assis Noberto Galdino de Araújo

Análise das Fontes de Informação: o caso da Doutrina Espírita 35

Posteriormente, através de comunicações espirituais, Allan Kardec ficou

sabendo sobre a sua missão na atual existência, no qual tinha como principal

tarefa a Codificação da Doutrina Espírita. Apesar do seu desânimo, por não se

achar digno de tal tarefa, Kardec foi motivado por amigos e pessoas estudiosas

sobre o assunto a seguir com as suas pesquisas sobre a existência de

espíritos. Desta maneira, começou a coletar materiais de diferentes pessoas,

no qual estudava, classificava e organizava os mesmos, resultando assim, na

publicação das Obras Básicas de Codificação da Doutrina Espírita e na

editoração da Revista Espírita.

Figura 7 - Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827). Fonte: REVISTA CRISTÃ DE ESPIRITISMO. São Paulo: Ed. Minuano, v. 08, n. 55, fev./mar.

2008.

3.2.2 Obras Básicas de Codificação da Doutrina Espírita

As Obras Básicas de Codificação da Doutrina Espírita são alguns dos

resultados obtidos por Allan Kardec no processo de comprovação da existência

de espíritos. Para chegar à conclusão desse trabalho, Kardec utilizou como

instrumento de pesquisa o método “intuitivo-racionalista”, seguindo ainda os

conceitos propostos pelo pedagogo Pestalozzi. De acordo com Torchi (2007),

esse método consistia em analisar experimentalmente os fenômenos, no qual

Francisco de Assis Noberto Galdino de Araújo

Análise das Fontes de Informação: o caso da Doutrina Espírita 36

eram feitas observações diretas, usando ainda o raciocínio lógico e a analogia

para serem extraídos os resultados através da indução, culminando assim na

formulação de teorias gerais da doutrina.

A compilação dessas teorias originou a Codificação, no qual foi dividida

em cinco livros: “O livro dos espíritos” (1857), “O livro dos médiuns” (1861), “O

Evangelho segundo o Espiritismo” (1864), “O céu e o inferno” (1865) e “A

Gênese” (1868). Baseando-se ainda nos estudos de Torchi (2007), no qual faz

um completo resgate sobre a Doutrina Espírita, todos os livros da Codificação

falam sobre assuntos específicos da doutrina: enquanto “O livro dos espíritos”

faz um resumo introdutório para os outros quatro livros da Codificação, “O livro

dos médiuns” estuda sobre a conduta e os procedimentos que os médiuns

devem seguir nos diversos fenômenos de comunicação entre os espíritos e o

homem. Embora haja muitos leigos que pensem que Allan Kardec tenha feito

um evangelho próprio, “O Evangelho segundo o Espiritismo” nada mais é do

que um livro que explica os ensinamentos deixados por Jesus Cristo à luz do

espiritismo. Já “O céu e o inferno” é um livro de cunho penalógico, ou seja,

estuda a situação dos espíritos durante a vida e após a morte, explicando as

causas e efeitos em futuras existências. Por fim “A Gênese”, faz um completo

estudo sobre a origem do Universo, as leis da natureza e as profecias de Jesus

Cristo. Todos esses livros figuram como sendo a base fundamental da Doutrina

Espírita, no qual se destaca ainda à Revista Espírita como principais fontes de

informação para os adeptos, guiando-os assim no processo de conhecimento

da doutrina em questão.

Figura 8 – Obras Básicas de Codificação da Doutrina Espírita. Fonte: Acervo do autor

Francisco de Assis Noberto Galdino de Araújo

Análise das Fontes de Informação: o caso da Doutrina Espírita 37

2.2.3 Revista Espírita

Dando continuidade ao processo de divulgação das idéias espíritas,

Kardec fundou no ano de 1858 (TORCHI, 2007), o primeiro periódico

especializado no Espiritismo. Tratava-se da Revista Espírita: Jornal de Estudos

Psicológicos, um periódico que analisava diversos artigos publicados na época

à luz da Doutrina Espírita. Confirmando esse pensamento, Baldovino (2008, p.

32) afirma que Allan Kardec “constantemente retirava dos periódicos de todo o

mundo artigos que analisava sob a ótica espírita, transcrevendo muitos deles

na Revista, a fim de serem estudados doutrinariamente”.

A Revista Espírita desempenha um importante papel na Doutrina

Espírita, pois foi um dos primeiros canais de divulgação da mesma. Sob sua

rígida coordenação, Kardec procurava investigar e publicar constantemente no

periódico, os resultados de suas pesquisas no campo da doutrina em questão.

Artifício esse que serviram de base para conclusão de alguns dos livros da

Codificação. Desta maneira, a revista pode ser considerada também como

uma obra básica do Espiritismo, pois é através dela que é apresentado o ponto

de vista histórico, literário, científico, filosófico e religioso da Doutrina Espírita.

Como um bom editor, Kardec procurava publicar artigos que atraíssem a

atenção do grande público, tornando-se assim um importante instrumento do

Movimento Espírita na época. Face ao exposto, a Revista era dividida em

seções, que posteriormente tornaram-se fixas, podendo-se citar a Conversas

familiares de Além-Túmulo, Poesias Espíritas, Aos leitores da Revista Espírita,

Boletim da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas entre outras.

Por ser um importante canal na disseminação da Doutrina Espírita, a

Revista Espírita foi incluída nos Anais do Espiritismo, por narrar de forma

detalhada a própria história do espiritismo. De acordo com Baldovino (2008), a

Revista Espírita teve a sua ultima edição publicada em 1869, ano em que Allan

Kardec faleceu, mas que mesmo assim deixou essa ultima edição previamente

editada.

Francisco de Assis Noberto Galdino de Araújo

Análise das Fontes de Informação: o caso da Doutrina Espírita 38

Todos esses fatores são de essencial importância para o conhecimento

da Doutrina Espírita, mas não se pode deixar de citar que houve perseguições,

pela igreja católica à doutrina. Além disso, as Obras Básicas de Codificação da

Doutrina Espírita foram inclusas no Index Librorum Prohibitorum, uma espécie

de catálogo dos livros que não poderiam ser lidos, culminando na queima de

todos os livros da codificação. Embora tenham acontecido esses

acontecimentos, a Doutrina Espírita continuou em seu contínuo processo de

disseminação e é no Brasil que ela ganha maior destaque.

Figura 8 - Revista Espírita (1858). Fonte: REVISTA CRISTÃ DE ESPIRITISMO. São Paulo: Ed. Minuano, v. 08, n. 55, fev./mar.

2008.

3.3 ESPIRITISMO NO BRASIL

A Doutrina Espírita chega ao Brasil por volta do ano de 1865, através

das reportagens publicadas na França sobre as “Mesas Girantes e Falantes”.

De acordo com o Centro Espírita Allan Kardec ([200-?]) 21, antes da sua

oficialização, no ano de 1857, a Doutrina Espírita já era praticada no Brasil

através de reuniões feitas após tratamentos homeopatas, no qual se pode

destacar a figura dos médicos Bento Mure e João Vicente Martins como

21 Documento on line, não paginado.

Francisco de Assis Noberto Galdino de Araújo

Análise das Fontes de Informação: o caso da Doutrina Espírita 39

precursores da Doutrina no país, em meados do ano de 1840. Após os

métodos de tratamento nos pacientes, os médicos aplicavam passes 22 e

falavam sobre a existência de Deus, Jesus Cristo e sobre a prática da

Caridade, no qual figura como sendo o principal objetivo do Espiritismo.

Ainda com base na referida fonte, no ano de 1844 surge à primeira

publicação de ensinamentos baseado nos princípios espíritas, escrito pelo

Marquês de Maricá. Seguindo ainda nesse grau evolutivo, no ano de 1853

nasce o primeiro grupo de estudos dos fenômenos espíritas no Rio de Janeiro,

através do médico homeopata e historiador Melo de Morais. Mas é no ano de

1853 que a Doutrina começa a ganhar destaque de fato, no qual houve a

publicação de artigos relacionados no “Jornal do Commércio”, maior veículo de

comunicação na época. Com esses acontecimentos, aparecem no ano de

1865, os primeiros Centros Espíritas instalados na Bahia e no Rio de Janeiro,

baseados nos padrões estabelecidos por Allan Kardec (CENTRO ESPÍRITA

ALLAN KARDEC, [200-?]).

A Doutrina Espírita realmente finca as suas bases no Brasil com a

publicação do primeiro periódico especializado no Espiritismo “O Reformador” e

com a fundação da Federação Espírita Brasileira (FEB), no ano de 1884.

Formada por Augusto Elias da Silva, a FEB é uma entidade de âmbito nacional

do Movimento Espírita, e tem como principal finalidade a propagação da

Doutrina Espírita no Brasil. De acordo com a Federação Espírita Brasileira

([200-?]) 23, a FEB ganhou maior representatividade com a presidência do

médico e político Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcante, fato de maior sentido

registrado nos Anais do Espiritismo. O Doutor Bezerra de Menezes presidiu a

FEB no biênio de 1888-1889, voltando posteriormente no ano de 1895, no qual

teve a sua gestão marcada pela consolidação da Federação, bem como por

conseguir com que a instituição adquirisse a propriedade dos direitos autorais

da tradução, para a língua portuguesa, das obras escritas por Kardec,

acontecimento esse que figura como sendo de suma importância para a

divulgação da Doutrina no país.

22 “Ato de passar as mãos repetidas vezes por diante ou por cima de pessoa que se pretende magnetizar ou curar pela força mediúnica” (HOUAISS; VILLAR, [200-?]). 23 Documento on line, não paginado.

Francisco de Assis Noberto Galdino de Araújo

Análise das Fontes de Informação: o caso da Doutrina Espírita 40

Em meio a esses episódios, houve um momento delicado no histórico

brasileiro do Espiritismo: a transcrição negativa pelo Código Penal da época

(1890), no qual dizia que o Espiritismo era enquadrado como sendo uma

“transcrição à lei, em alguns de seus dispositivos dúbios” (CENTRO ESPÍRITA

ALLAN KARDEC, [200-?]). Porém, a Constituição Republicana de 1891

estabeleceu parecer favorável, beneficiando assim, todas as atividades das

diversas denominações religiosas praticadas no Brasil, no qual o Espiritismo

também estava incluso.

A Federação Espírita Brasileira seguiu em constante expansão pelo

país, desta maneira foram surgindo as Federações Regionais e houve a

ampliação da divulgação através de diversos livros de cunho espírita, no qual

uma parte é vendida e outra é doada para os Centros espíritas. Nesta mesma

época também houve a publicação da primeira obra psicografada por Francisco

Cândido Xavier, o “Parnaso de Além Túmulo”. Um dos médiuns da maior

destaque no Brasil, Francisco Cândido Xavier (1910-2002) ficou conhecido

simplesmente pelo apelido de Chico Xavier. O médium brasileiro foi um homem

humilde que viveu para disseminar o Espiritismo no Brasil. Oriundo de uma

família pobre, Chico Xavier descobriu desde a infância, a sua mediunidade,

através de visões tidas com a sua mãe já falecida. Ao longo dos anos essas

visões foram sendo aprimoradas e com isso o seu conhecimento sobre a

Doutrina Espírita também. De acordo com Maior, M. (2003), no ano de 1931,

Chico Xavier conheceu o espírito de Emmanuel, no qual foi seu orientador até

o seu falecimento, no ano de 2002. O fruto dessa parceria resultou na

publicação de mais de quatrocentos livros psicografados, no qual o médium

servia de instrumento para que diversos espíritos ditassem os livros, todos

coordenados pelo criterioso espírito de Emmanuel. Entre as obras mais

conhecidas que Xavier psicografou, pode-se citar o “Parnaso do Além-Túmulo”,

“Nosso Lar”, “Pão Nosso” entre outros.

Francisco de Assis Noberto Galdino de Araújo

Análise das Fontes de Informação: o caso da Doutrina Espírita 41

Figura 10 - Francisco Cândido Xavier (1910-2002). Fonte: <http://www.vinhadeluz.org.br/chico2.JPG>.

Hoje em dia, a Doutrina Espírita conquistou um lugar de destaque no

Brasil, no qual é o país onde a Doutrina é mais conhecida e praticada por uma

considerável parcela da população. De acordo com os dados do CENSO 2000

do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – (IBGE, [200-?]) 24, o

espiritismo tem uma representação considerável no país, contando com cerca

de quase 2,3 milhões de adeptos. De acordo ainda com o IBGE, os praticantes

da Doutrina são na maioria pessoas com boas condições escolares e

financeiras. Todos esses fatores fizeram quem que o Espiritismo ganhasse

uma respeitável posição dentro da Sociedade Brasileira, por ser uma Doutrina

que cultiva a prática da caridade, do amor e respeito entre as pessoas, seja

elas adeptos ou não, ricos ou pobres, dos mais letrados aos que não tiveram

acesso à educação.

24 Documento on line, não paginado.

Francisco de Assis Noberto Galdino de Araújo

Análise das Fontes de Informação: o caso da Doutrina Espírita 42

4 FONTES DE INFORMAÇÕES: ANÁLISE APARTIR DA DOUTRINA

ESPÍRITA

Fontes de Informação, em um sentido geral, é um termo que contempla

vários conceitos. Com isso, foi pesquisado em documentos de autores da área

de Ciência da Informação, um conceito que explicasse com maior riqueza de

detalhes o termo em questão. Face ao exposto, destacam-se os estudos feitos

por Campello, Caldeira e Macedo (1998), no qual dizem que o homem sempre

teve a necessidade de registrar os acontecimentos do seu cotidiano em

diversos tipos de suportes. Desta forma, a junção dos diversos suportes onde

estão registrados as informações culmina no entendimento do que seja Fontes

de Informação.

Dos desenhos das cavernas até a Internet, inúmeras têm sido as formas de expressão usadas, no desejo de perenizar idéias e narrar feitos. O conjunto dessas formas constitui, portanto, a memória cultural da humanidade e, quando elas são disponibilizadas adequadamente, principalmente em coleções organizadas, possibilitam o seu uso e o enriquecimento cultural das sociedades. (CAMPELLO; CALDEIRA; MACEDO, 1998, p. 5)

Nesse sentido, Cunha (2001, p. VIII) reforça a linha de pensamento dos

autores anteriormente citados, expondo um conceito ideal para explicar o que

são Fontes de Informação, no qual diz que: “O conceito de fontes de

informação ou documento é muito amplo, [...] abrange manuscritos e

publicações impressas, além de objetos, como amostras minerais, obras de

arte ou peças museológicas”. Desta maneira, foi possível formular um conceito

próprio sobre Fontes, no qual esta pode ser entendida como sendo um recurso

pelo qual o pesquisador busca informações, seja ela em documentos, contatos

pessoais, observação de uma situação, entre outros. Dessa forma se torna

possível fundamentar as pesquisas, possibilitando assim que outros estudiosos

resgatem essas informações e aprimorem em suas posteriores investigações.

Francisco de Assis Noberto Galdino de Araújo

Análise das Fontes de Informação: o caso da Doutrina Espírita 43

De uma forma mais abrangente, o termo Fontes de Informação ainda

pode ser entendido como:

O termo fonte pode ser empregado como a acepção genérica, compreendendo desde os documentos originais, as obras de fundo, até a página de um almanaque (fontes gráficas); a natureza, a sociedade, o homem, podem ser fontes (diretas) de conhecimento, chamadas por isso fontes de observação. (SPINA, 1974 apud ANDRADE, 2002, p. 53)

Ao longo dos tempos, o conteúdo informacional teve um aumento

considerável, no qual foi percebida através da grande disponibilização de

informações, dificultando assim a assimilação destas pelos usuários, ou

consumidores da informação. Com base nisso, esse grande crescimento do

conteúdo informacional foi considerado como sendo a “Explosão

Informacional”, no qual se deu nas diferentes áreas do conhecimento. Desta

forma, começaram a ser produzidas mais informações, sendo acondicionadas

em suportes que, em um primeiro momento eram gravadas em meio impresso

(Pergaminho, papiro, livros, periódicos, etc.), evoluindo para o meio eletrônico

(Disquete, CD-ROM, sites da Internet, Blogs, E-books, etc.). Embora as fontes

informacionais tenham tido uma grande evolução ao longo dos anos, porém

isso não anulou as fontes registradas em meio impresso, no qual estas ainda

continuam sendo os suportes mais utilizados no processo de registro da

informação.

Esta variedade de fontes está presente em todos os âmbitos da

sociedade. Desta maneira, neste capítulo serão abordadas de forma específica

as fontes de informação ligadas à Doutrina Espírita. Com isso, será

apresentada uma análise das fontes informacionais disponíveis na Doutrina, no

qual será considerada como Fontes Espíritas, expondo a sua tipologia, bem

como estas fontes estão organizadas.

Francisco de Assis Noberto Galdino de Araújo

Análise das Fontes de Informação: o caso da Doutrina Espírita 44

4.1 TIPOLOGIA DAS FONTES: ABORDAGEM GERAL

De uma maneira geral as fontes de informação seguem uma tipologia,

que seria o modo como as informações são registradas em seus diferentes

suportes. Da mesma forma isso acontece com as fontes disponíveis na

Doutrina Espírita, no qual esse repasse de conhecimento está condicionado à

maneira como os adeptos recebem essas informações. Sendo assim, torna-se

necessário abordar os tipos de fontes existentes na área de biblioteconomia

Buscando subsídios na literatura, foi encontrado estudos feitos por

Araújo (2001) sobre o assunto, no qual diz que as fontes de informação podem

ser divididas em dois tipos: Formais e Informais.

• Fontes Formais: É a maneira pelo qual o pesquisador, ou

adepto, adquire informações de forma direta, através de livros,

periódicos, vídeo, homepages, entre outros. Nesse tipo de fonte,

ainda estão inclusos as fontes semi-formais, no qual seria a

maneira pelo qual o pesquisador pode interagir com outros

pesquisadores, através de discussões sobre diversos assuntos

por meio de fóruns temáticos, desenvolvimento de pesquisas, e

outros, utilizando sempre como subsídios textos, e-mail´s,

continuando assim a prática das chamadas “Escolas Invisíveis”;

• Fontes Informais: Nesse tipo de fonte, o pesquisador adquire

informações através de conversas face a face, participação em

congressos, palestras, relatos de experiências. Com isso são

usadas mesmo que indiretamente as fontes formais, uma vez que

o conhecimento sobre determinado assunto é adquirido através

de leituras preliminares em livros e outros meios (impresso e/ou

eletrônico), subsidiando assim as posteriores discussões.

Desta maneira, as Fontes Formais e Informais seguem uma

classificação, que segundo Grogan (1970, apud CUNHA, 2001), estão

qualificadas em três categorias: as fontes primárias, secundárias e terciárias.

Com base nisso, essas fontes podem ser entendidas da seguinte maneira:

Francisco de Assis Noberto Galdino de Araújo

Análise das Fontes de Informação: o caso da Doutrina Espírita 45

• As fontes primárias são documentos que contém novas idéias,

pensamentos, reflexões sobre determinado assunto, no qual

servirão de subsídios para posteriores pesquisas. “Os

documentos primários contém, principalmente, novas informações

ou novas interpretações de idéias e/ou fatos acontecidos”

(GROGAN, 1970 apud CUNHA, 2001, p. XI);

• As fontes secundárias são materiais informacionais construídos

através das fontes primárias, no qual estas são submetidas a uma

condensação ou organização feitas por terceiros. Desta maneira,

os produtos originários das fontes secundárias são chamados de

“Obras de Referências”, no qual o usuário fará apenas uma

consulta rápida ao material informacional. “Os documentos

secundários contém informações sobre documentos primários e

são arranjados segundo um plano definido; são os organizadores

dos documentos primários que guiam o leitor para eles”

(GROGAN, 1970 apud CUNHA, 2001, p. XI);

• As fontes terciárias são informações reorganizadas dos

documentos primários e secundários, não trazendo nenhum

acréscimo intelectual, ajudando assim o usuário na recuperação

de informações.

Documentos terciários: têm como função principal ajudar o leitor na pesquisa de fontes primárias e secundárias, sendo que, na maioria, não trazem nenhum conhecimento ou assunto como um todo, isto é, são sinalizadores de localização ou indicadores sobre os documentos primários ou secundários, além de informação factual. (GROGAN, 1970 apud CUNHA, 2001, p. XI).

Todo esse embasamento teórico tem como finalidade fazer com que a

informação seja organizada, facilitando assim a recuperação desta pelos

usuários, no caso do Espiritismo, os adeptos. Com base no que foi exposto,

pode-se analisar as Fontes Espíritas sob dois aspectos já mencionados por

Araújo (2001): as fontes formais, que incluem livros, periódicos; e as fontes

informais, compreendendo os congressos, palestras e encontros. Porém, nas

Francisco de Assis Noberto Galdino de Araújo

Análise das Fontes de Informação: o caso da Doutrina Espírita 46

Fontes Espíritas há uma peculiaridade, ou seja, a colaboração dos espíritos na

construção das obras, dando-se o nome de Psicografia, para as fontes formais,

e a Psicofonia, nas fontes informais.

4.1.1 Fontes formais da Doutrina Espírita

As fontes formais são documentos registrados, seja ele através do papel

ou do computador. Na Doutrina Espírita, as Fontes de Informação seguem

também a classificação proposta por Grogan (1970 apud CUNHA, 2001),

disponibilizando livros, periódicos, enciclopédias, dicionários, bibliografias, cd´s,

vídeos entre outros, porém há um diferencial com relação às outras áreas: a

influência ou não dos espíritos na concepção dessas obras.

Com isso, o processo de construção dos documentos pode acontecer de

duas maneiras: ou um estudioso da Doutrina pode escrever livros através de

suas próprias reflexões, como é o caso dos livros escritos por Allan Kardec, no

qual foi feito através de suas próprias reflexões e observações, não recebendo

diretamente a influências de espíritos; como também no caso mais comum, um

espírito ditar um material informacional através de um médium, ou seja, a

psicografia, podendo ser citado os livros psicografados por Francisco Cândido

Xavier, no qual houve a influência direta dos espíritos na formação do material

informacional.

De acordo com Kardec (1944, p. 212), “a escrita tem a vantagem de

assinalar, de modo mais material, a intervenção de uma força oculta e de

deixar traços que se podem conservar”. Desta maneira, o processo de

psicografia acontece através da ação do espírito no médium, ou seja, por meio

da influência direta no pensamento, o espírito liga-se ao médium enviando

sinais, no qual serão captados conseguindo assim repassar o conteúdo de uma

mensagem. É com base desse processo que o médium consegue escrever um

documento ditado por um espírito, formando assim uma obra psicografada.

Porém esse processo de influências não só acontece na concepção de

Francisco de Assis Noberto Galdino de Araújo

Análise das Fontes de Informação: o caso da Doutrina Espírita 47

documentos impressos, ele acontece também na elaboração de pinturas em

quadros, sendo chamado de Psicopictografia, no qual é executado utilizando o

mesmo processo realizado na psicografia.

Figura 11 - Processo de Psicografia. Fonte: <http://joanadarc.wordpress.com/category/emmanuel/>

<http://nucleoaurea.vilabol.uol.com.br/noticias.htm>

Figura 12 – Pinturas feitas através do processo de Psicopictografia Fonte: Acervo do autor.

Fase ao exposto há uma preocupação por parte da Anglo-American

Cataloguing Rules (AACR2r) no tratamento as obras espíritas, ou qualquer tipo

de material informacional que sofrem influência dos espíritos. De acordo com

Francisco de Assis Noberto Galdino de Araújo

Análise das Fontes de Informação: o caso da Doutrina Espírita 48

Ribeiro (2003), as obras espíritas são representadas descritivamente

considerando como autoria principal dos documentos, o nome do próprio

espírito que ditou a obra, e o médium como autor secundário.

Uma comunicação espírita terá a entrada principal pelo cabeçalho apropriado ao espírito, seguindo da palavra (Espírito), [...]. Entrada secundária para o médium ou pessoa que recebeu ou relatou a comunicação. Aos cabeçalhos dos espíritos são aplicadas as mesmas regras para autores pessoais e para entidades. (RIBEIRO, 2003, p. 21-91).

Com base nisso, pode-se entender que a preocupação da AACR2R é

que mesmo que o documento seja ditado por um espírito a um médium, porém

a autoria principal deste deve ser considerada, uma vez que foi o espírito quem

“escreveu” ou ditou o documento, e não o médium que apenas serviu de

instrumento para que determinado material informacional fosse finalizado.

Além da peculiaridade da Psicografia e da Psicopictografia, a Doutrina

ainda origina documentos que não recebem influências dos espíritos. Esses

materiais informacionais são escritos usando como principal base as reflexões

próprias dos autores. São na sua maioria livros doutrinários, artigos de

periódico, material bibliográfico, uma vez que nos anais de congressos a

maioria das comunicações são feitas por escrito, áudio-visual extraídos de

Congressos e Palestras, entre outros que viabilizam a disseminação das

informações para os adeptos da Doutrina. É importante ressaltar que dentro do

Espiritismo ainda há uma preocupação para que os adeptos assimilem

informações consistentes, conhecimentos de cunho acadêmico, não ficando

apenas restritos à filosofia de vida proposta pela Doutrina. De acordo com

pesquisas, foi encontrada a existência de Universidades Espíritas que tem a

finalidade de “desenvolver projetos de pesquisa de interesse espírita, mas

também que ela seja um verdadeiro exemplo de instituição social que segue

fielmente as leis civis e as leis morais” (FONSECA, 2004) 25. Fase ao exposto,

as Universidades Espíritas originam documentos, na sua maioria artigos

25 Documento on-line, não paginado.

Francisco de Assis Noberto Galdino de Araújo

Análise das Fontes de Informação: o caso da Doutrina Espírita 49

escritos pelos alunos, abordando assuntos do cotidiano explicados através de

uma fundamentação teórica baseada no Espiritismo.

Baseado no que foi explicado, ou seja, a união desses materiais

informacionais culmina no que pode ser chamado de Fontes formais da

Doutrina Espírita, exemplificado anteriormente por livros doutrinários, artigos de

periódicos, material bibliográfico e áudio-visual extraídos de Congressos e

Palestras.

4.1.2 Fontes informais da Doutrina Espírita

A fonte de informação informal é outro modo pelo qual o pesquisador

pode produzir e/ou recuperar determinada informação sem a rigidez que um

documento escrito exige, ou seja, é uma maneira desprovida de formalidade.

Neste tipo de fonte de informação, o pesquisador adquire conhecimento

através de conversas face a face, que acontecem em um intervalo no

expediente de trabalho, relato de experiências em reuniões temáticas,

participação em Palestras, Encontros, Congressos, ou seja, é através de

diálogos simples que acontecem no dia-a-dia, que um pesquisador pode

adquirir informações. Porém, para que isso aconteça é necessária uma prévia

vivência de mundo, além de leituras preliminares sobre determinado assunto,

no qual estas serão realizadas através das fontes formais, subsidiando assim

as posteriores discussões. É a partir das fontes informais que os “Colégios

Invisíveis” ainda continuam sendo constituídos, ou seja, reunindo grupos de

pesquisadores discutindo assuntos de interesse comum.

Embora os livros tenham maior destaque dentro da Doutrina Espírita, há

também uma grande ênfase na realização de eventos que tem a finalidade de

manter os adeptos informados sobre os últimos acontecimentos do Movimento

Espírita. É através dos Encontros e Congressos que os adeptos têm a

oportunidade de interagir ou com outros adeptos, saber sobre assuntos atuais

e como estes são vistos à luz do Espiritismo.

Francisco de Assis Noberto Galdino de Araújo

Análise das Fontes de Informação: o caso da Doutrina Espírita 50

Com base na classificação proposta por Grogan (1970), no qual diz que

as Fontes de Informação podem ser classificadas em Primárias, Secundárias e

Terciárias, dentro da Doutrina Espírita não foi possível encontrar as fontes

informais secundárias e terciárias. Desta maneira, o estudo se concentrou na

análise da fonte primária, que neste caso, compreende ser o fruto dos

resultados dos Congressos, Palestras, Simpósios, Encontros. De acordo com

Cunha (2001), a comunicação em eventos, sejam eles científicos ou não, é

feita de maneira mais rápida se for comparada com a publicação de trabalhos

em periódicos ou livros. Com isso, há uma interação entre os participantes

desses eventos, o que proporcionada ao pesquisador avaliar os seus trabalhos

culminando em possíveis correções ou estimulando-o a investigar mais sobre

um assunto.

De um modo geral, a apresentação de trabalhos em eventos proporciona

ao pesquisador que seu trabalho seja avaliado por uma banca examinadora

menos rígida, se comparado com uma seleção para publicação em periódicos

científicos; permite que haja comentários e discussões sobre o assunto por

parte dos participantes, ajudando assim ao pesquisador rever e/ou aprimorar

conceitos; além de proporciona aos participantes informações consistentes

sobre novas idéias. Dependendo do evento, o resultado dessas pesquisas

pode ser publicado em anais ou em documentos que registram os trabalhos

que foram apresentados.

Face ao exposto, a Doutrina Espírita realiza diversos eventos com

variados temas explicados com a fundamentação teórica do Espiritismo.

Nesses eventos são expostos trabalhos realizados pelos adeptos da Doutrina,

venda de livros e quadros psicopictografados, apresentações culturais, entre

outros. Porém os elementos que chamam mais a atenção do público são as

palestras, seção de psicografia e as mensagens faladas por diversos espíritos.

Da mesma forma que acontece nas fontes formais, ou seja, que o espírito pode

se comunicar através da Psicografia e Psicopictografia, nos eventos

organizados pela Doutrina Espírita pode haver os casos de comunicações

feitas por meio da Psicofonia. A Psicofonia é a maneira pela qual o espírito

pode se comunicar utilizando a voz do médium para falar algum tipo de

Francisco de Assis Noberto Galdino de Araújo

Análise das Fontes de Informação: o caso da Doutrina Espírita 51

mensagem. Desta maneira, podem acontecer casos em que ao final do evento

algum espírito incorpore 26 e transmita, através do médium, alguma mensagem

de otimismo ou lições de vida para o público presente no evento. Porém, nos

casos dos Eventos Espíritas, não foram encontrados registros publicados em

anais, nem qualquer menção feita no AACR2r. Percebe-se assim que a

Psicofonia é uma fonte primária, porém informal de informação uma vez que

não há o registro em nenhum suporte de informação.

De um modo geral, as chamadas “Fontes Espíritas” são o produto da

junção entre as fontes formais e informais. Dessa maneira, a psicografia

configura-se como sendo uma fonte primária e formal; e as Palestras,

Congressos, Encontros, bem como as mensagens faladas são caracterizadas

por serem fontes informais e primárias de informação.

26 “Mecanismo inconsciente em que aspectos de outra pessoa são assimilados por um indivíduo por meio de um processo simbólico de ingestão oral”. (HOUAISS; VILLAR, [200-?])

Francisco de Assis Noberto Galdino de Araújo

Análise das Fontes de Informação: o caso da Doutrina Espírita 52

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Todo o processo de pesquisa, seja ela em campo ou bibliográfico,

requer que o pesquisador apresente uma síntese dos resultados obtidos com

tal investigação. Desta maneira o presente trabalho teve como principal

finalidade analisar as fontes de informação, especificando os estudos no caso

da Doutrina Espírita. Com base nisso, foi possível constatar que o Espiritismo

produz e dissemina, entre os seus adeptos, uma grande quantidade de

Informações registrada em diversos tipos de suportes, seja em meio impresso

ou eletrônico. Através dessa pesquisa, ainda foi detectado uma peculiaridade

existente nas chamadas “Fontes Espíritas”, ou seja, a influência direta dos

espíritos na concepção dos documentos, sendo estes denominados de

Psicografia e Psicopictografia.

Face ao exposto, o presente trabalho de pesquisa teve justamente a

intenção de ligar temas aparentemente distintos através de um caminho, nesse

caso as Fontes de Informação, desempenhando assim o papel de elo entre a

área de Ciência da Informação com a Doutrina Espírita. Nesse contexto,

procurou-se observar os diversos suportes onde as “informações espíritas”

podem estar registradas, concentrando uma análise maior nos documentos que

são originados por meio dos espíritos, ou seja, os documentos que sofrem uma

interferência dos espíritos na sua construção.

Partindo desse pressuposto, foi pesquisado em materiais da área de

Ciência da Informação, como seria o melhor tratamento para as Fontes

Espíritas, porém não foram encontrados muitos documentos que falem sobre o

tema abordado, reforçando assim a necessidade de se estudar mais sobre as

Fontes Informacionais do Espiritismo. De acordo com o que foi visto em livros

que padronizam a representação descritiva dos documentos, ficou claro a

existência de uma preocupação com as Fontes Espíritas, sobretudo no que diz

respeito à autoria das obras. Porém é necessário que sejam feitas maiores

análises sobre como tratar os documentos disponibilizados pela doutrina em

questão, detendo maiores observações nos materiais psicografados.

Francisco de Assis Noberto Galdino de Araújo

Análise das Fontes de Informação: o caso da Doutrina Espírita 53

Após essa análise, foi percebida a existência das fontes formais,

sobretudo através das psicografias e informais, por meio das Palestras,

Encontros e Congressos, ressaltando assim que os documentos produzidos

pela Doutrina Espírita são disseminados nas formas primária, secundária e

terciária, comprovando deste modo, que essas fontes precisam ser melhor

estudadas.

Por fim, é deixado sugestões para que sejam feitos estudos específicos

sobre o tratamento das “Fontes Espíritas”, cabendo ao bibliotecário e aos

estudiosos do Espiritismo discutirem as especificidades da Doutrina, chegando

assim a um denominador comum no que diz respeito à disseminação das

informações espíritas. Com isso, fará com que exista uma percepção de que é

possível aplicar os conhecimentos adquiridos durante o Curso de

Biblioteconomia, principalmente na área de representação da informação, em

qualquer tipo de suporte, independente inclusive da religião a que serve. Dessa

forma, pode-se mais uma vez enaltecer o papel da informação na Sociedade,

pode ser percebida em diferentes espaços, suportes e públicos.

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Análise das Fontes de Informação: o caso da Doutrina Espírita 54

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