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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO Caroline Franco Zanon APLICAÇÃO DE UM PROGRAMA DE EXTRAÇÃO DE DADOS ATRAVÉS DA TÉCNICA DE WEB SCRAPING PARA DETERMINAÇÃO DO PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS PACIENTES DA CLÍNICA DE ESTOMATOLOGIA DA FACULDADE DE ODONTOLOGIA DA UFRJ CADASTRADOS NO SOFTWARE ESTOMATO WEB Rio de Janeiro 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

Caroline Franco Zanon

APLICAÇÃO DE UM PROGRAMA DE EXTRAÇÃO DE DADOS ATRAVÉS DA TÉCNICA DE WEB SCRAPING PARA DETERMINAÇÃO DO PERFIL

EPIDEMIOLÓGICO DOS PACIENTES DA CLÍNICA DE ESTOMATOLOGIA DA FACULDADE DE ODONTOLOGIA DA UFRJ CADASTRADOS NO

SOFTWARE ESTOMATO WEB

Rio de Janeiro

2017

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APLICAÇÃO DE UM PROGRAMA DE EXTRAÇÃO DE DADOS ATRAVÉS DA TÉCNICA DE WEB SCRAPING PARA DETERMINAÇÃO DO PERFIL

EPIDEMIOLÓGICO DOS PACIENTES DA CLÍNICA DE ESTOMATOLOGIA DA FACULDADE DE ODONTOLOGIA DA UFRJ CADASTRADOS NO

SOFTWARE ESTOMATO WEB

Caroline Franco Zanon

Orientadora: Profª. Drª. Michelle Agostini

Rio de Janeiro

2017

Dissertação apresentada ao Mestrado Profissional em Clínica Odontológica da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como requisito parcial para obtenção de grau de Mestre.

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CIP - Catalogação na Publicação

Elaborado pelo Sistema de Geração Automática da UFRJ com osdados fornecidos pelo(a) autor(a).

ZZ33aaZanon, Caroline Franco APLICAÇÃO DE UM PROGRAMA DE EXTRAÇÃO DE DADOS ATRAVÉS DA TÉCNICA DE WEB SCRAPING PARA DETERMINAÇÃO DO PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS PACIENTES DA CLÍNICA DE ESTOMATOLOGIA DA FACULDADE DE ODONTOLOGIA DA UFRJ CADASTRADOS NO SOFTWARE ESTOMATO WEB / CarolineFranco Zanon. -- Rio de Janeiro, 2017. 61 f.

Orientadora: Michelle Agostini. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal doRio de Janeiro, Faculdade de Odontologia, Programade Pós-Graduação em Odontologia, 2017.

1. Estomatologia. 2. Patologia Bucal. 3.Sistemas Computadorizados de Registros Médicos. 4.Doenças da Boca. 5. Levantamento Epidemiológico. I.Agostini, Michelle, orient. II. Título.

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APLICAÇÃO DE UM PROGRAMA DE EXTRAÇÃO DE DADOS ATRAVÉS DA TÉCNICA DE WEB SCRAPINGPARA DETERMINAÇÃO DO PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS PACIENTES DA CLÍNICA DE ESTOMATOLOGIA DA FACULDADE DE ODONTOLOGIA DA UFRJ CADASTRADOS NO SOFTWARE ESTOMATO WEB.

Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós – graduação em Odontologia (Mestrado Profissional), Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Odontologia.

Rio de Janeiro, _______ de __________________________ de 2017.

Aprovada por: _______________________________________________________________ Michelle Agostini Doutora (Membro da Banca Examinadora) Departamento de Patologia e Diagnóstico Oral, Faculdade de Odontologia, UFRJ _______________________________________________________________Sandra Regina Torres Doutora (Membro da Banca Examinadora) Departamento de Patologia e Diagnóstico Oral, Faculdade de Odontologia, UFRJ _______________________________________________________________ Mônica Israel Doutora (Membro da Banca Examinadora) Professora Adjunta de Estomatologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, UERJ

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__________________________________________________DEDICATÓRIA

À minha amada avó Maria de Lourdes Gandolpho (in memorian), obrigada por ser a base da minha vida. Agradeço por ter me dedicado sempre o seu amor incondicional, e por jamais ter poupado esforços para me ajudar a atingir meus objetivos e me fazer feliz! Agradeço por toda a dedicação na minha criação, fato que me permitiu sempre chegar mais longe, e fez com que fosse possível ser quem sou hoje. Palavras não são capazes de descrever o amor que sinto por você, a enorme falta que você me faz e o quanto tenho para lhe agradecer! À ela, minha avó, minha mãe, meu alicerce, meu porto seguro, dedico meu eterno amor e gratidão!

“Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós.”

Antoine de Saint-Exupéry

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______________________________________________AGRADECIMENTOS

A Deus, agradeço por me conceder tantas graças e por ser o meu guia, me permitindo realizar meus sonhos.

“Por isso não temas, pois estou contigo; não tenhas medo, pois sou o teu Deus. Eu o fortalecerei e o ajudarei; eu o segurarei com a minha mão direita vitoriosa.”

Isaías 41:10

À minha família,

“Esteja eu onde estiver, meu coração estará sempre com minha família onde o amor e o apoio são sinceros e inesgotáveis.”

Autor Desconhecido

Ao meu amado marido Diego de Almeida Zanon, agradeço por todo amor, apoio, carinho e dedicação. Agradeço pela sua paciência, e por estar sempre disposto a me ajudar. Agradeço por suas palavras e visões positivas, por seu companheirismo, por estar sempre ao meu lado, acreditando no meu melhor e no meu potencial. Você esteve ao meu lado sendo meu alicerce em vários momentos importantes da minha vida, e eu jamais seria uma pessoa completa se não tivesse você! Só tenho a agradecer também por toda sua incrível contribuição profissional e sua dedicação, que permitiram a construção desse trabalho. Obrigada por tudo! Te amo demais!

“A suprema felicidade da vida é ter a convicção de que somos amados.”

Victor Hugo

À minha mãe Carmen Lucia de Souza Franco, obrigada por todo o, carinho e amor. Você é a base da minha vida, me ensinou a crescer e escolher um ótimo caminho. Admiro sua coragem, e sua força, você é um exemplo para mim. Te amo!

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Ao meu pai Davidson Alves Franco, obrigada pelo seu apoio incondicional, por sempre acreditar em mim, obrigada por nunca medir esforços para me ver feliz, e por fazer de mim uma pessoa melhor. Você também é à base da minha vida, te amo!

À minha amada irmã, Cássia de Souza Franco, minha princesa e minha cúmplice, obrigada pelo amor, carinho, respeito e amizade. Agradeço a você por me ouvir nos momentos de angústias e incertezas, por me entender com apenas um olhar, e me motivar sempre a atingir o meu melhor. Desculpa pelos momentos de ausência, e obrigada por estar sempre disposta a me ajudar. Você é um sonho realizado pra mim, te amo demais!

“Irmãos são amigos com um laço ainda mais forte que a amizade e tão poderoso como o amor!”

Autor Desconhecido

À minha amada madrinha Teresa Cristina Rodrigues de Souza, minha segunda mãe, obrigada por acreditar em mim e me apoiar incondicionalmente. Obrigada pela palavra amiga, e por sempre me encorajar a seguir em frente, nunca medindo esforços para me ajudar a enfrentar os momentos difíceis. Você também é base da minha vida! Te amo!

Aos meus familiares, agradeço pela torcida, amor, carinho e apoio. Em especial, à Maria de Lourdes de Almeida Zanon e a Vanessa de Almeida Zanon.

Aos Professores,

“Se eu vi mais longe, foi por estar sobre ombros de gigantes.”

Isaac Newton

À minha orientadora Professora Doutora Michelle Agostini, obrigada por contribuir para minha formação de Mestre. Agradeço por todo carinho, preocupação, ensinamentos e pelo aprendizado profissional e pessoal. Eu me orgulho em ser sua aluna, e admiro toda a sua dedicação e competência. Agradeço por ter tido a oportunidade de conviver com uma profissional brilhante como você, obrigada pela confiança!

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À Professora Doutora Ellen Brilhante Cortezzi, agradeço por todo conhecimento transmitido, por sanar minhas dúvidas no decorrer do desenvolvimento deste projeto. Você é um exemplo de dedicação, e eu agradeço por todo carinho e ensinamentos. Obrigada por sempre estar disposta a ajudar!

À Professora Doutora Sandra Regina Torres, sua ajuda foi fundamental para este trabalho. Obrigada pela estatística, cálculos e auxílio com as tabelas. Muito obrigada!

Aos Professores do Programa de Mestrado Profissional em Clínica Odontológica (FO/UFRJ), agradeço por compartilharem suas experiências e seus ensinamentos. Obrigada pela oportunidade de crescimento pessoal e profissional através de cada aula, seminários, clínicas, congressos, painéis, trabalhos e palavras de apoio!

"Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina".

Cora Coralina

Aos meus amigos,

“Amigos são a família que nos permitiram escolher.”

William Shakespeare

Aos amigos de uma vida Tatiana Di Blasi, Pedro Philipi de Assis Lucena, Orlando Vinícius Valença Ferreira da Silva e Rodrigo Couto Macedo, vocês são extremamente especiais pra mim, os irmãos que a vida me deu! Obrigada a todos pelo carinho, apoio, incentivo, desabafos, angústias, alegrias e aprendizados compartilhados. Vocês estiveram presentes nos momentos mais importantes da minha vida e serei eternamente grata por ter o privilégio de ter vocês como AMIGOS! Amo vocês!

À amiga Ticianne Ruas de Meirelles Benites, eterna dupla e presente da odontologia para minha vida, obrigada pela amizade sincera, apoio,

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incentivo e carinho! Você também foi outra irmã que a vida me deu. Agradeço por você está presente nos melhores momentos da minha vida! Te adoro!

À amiga Brenda de Souza Moura, obrigada pelas conversas, amizade, companheirismo, apoio, risadas, cantorias no carro na volta para casa e pelo carinho de sempre! Partilhamos uma longa caminhada e agradeço por sua amizade, e por estar sempre disposta e pronta para ajudar.

À amiga Mara Regina Rocha Pereira, agradeço por todo carinho, pelo convívio maravilhoso e pela amizade construída nesses dois anos. Você é uma excelente profissional, e uma pessoa maravilhosa. Obrigada por sua amizade!

Aos amigos de turma do mestrado, nossa convivência foi ESSENCIAL para que esta jornada fosse concluída com sucesso. Obrigada pela troca de experiências, e por compartilharem os momentos dessa caminhada. Aprendi muito com cada um de vocês, muito SUCESSO a todos!

“Tenho preferência por pessoas que sorriem sem motivo, abraçam de graça e amam de verdade!”

Tatiana Zanella

Outros agradecimentos,

A todos os funcionários do Departamento de Diagnóstico Oral, obrigada pela ajuda, suporte, paciência e dedicação. Nada funcionaria sem todos vocês!

À Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, obrigada pelo suporte, pela excelente qualidade de ensino e pesquisa, que foram essenciais para o desenvolvimento deste trabalho.

A todas as pessoas que contribuíram de alguma forma, direta ou indiretamente, para a conclusão deste trabalho, muito obrigada!

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RESUMO

O serviço de Estomatologia da Faculdade de Odontologia da Universidade

Federal do Rio de Janeiro (FO-UFRJ) se dedica ao diagnóstico e tratamento de

pacientes com lesões bucais há 40 anos. Recentemente, um sistema digital de

gerenciamento de dados de pacientes denominado Estomato Web foi

implementado neste serviço. Esse sistema gera prontuários eletrônicos, onde é

possível armazenar digitalmente os dados da anamnese, bem como fotos

clínicas, exames de imagem e exames complementares, permitindo o

estabelecimento de um banco de dados único, facilitando o manejo clínico dos

pacientes e o gerenciamento e análise dos dados. O objetivo deste estudo foi a

aplicação de um programa de extração de dados para determinar o perfil

epidemiológico dos pacientes da Clínica de Estomatologia da FO-UFRJ

cadastrados no Estomato Web. Como este software não fornece ferramentas

para análises estatísticas ou a possibilidade de extrair ou exportar um grande

conjunto de dados de uma única vez, o programa EstomatoWeb Scraper foi

criado através da técnica denominada Web scraping, possibilitando a coleta

dos dados em poucos minutos e a exportação para planilhas do Excel. Os

parâmetros coletados e analisados foram: (1) cidade e bairro de origem (área

programática), (2) gênero, (3) idade, (4) hábitos (fumo e ingestão de bebidas

alcoólicas) e (5) diagnóstico final. Os dados de 343 pacientes cadastrados

foram coletados. Destes, 128 foram excluídos porque estavam incompletos e

somente 215 eram válidos para análise estatística, sendo 148 do gênero

feminino e 48 do gênero masculino. A idade variou de 1 a 89 anos, com média

de 53 anos. O Município do Rio de Janeiro foi o que apresentou o maior

número de indivíduos, sendo os bairros mais prevalentes a Ilha do Governador

e Bonsucesso. Dos indivíduos incluídos no estudo, 11,2% eram tabagistas e

12,6% etilistas. As condições patológicas mais frequentes neste estudo foram:

neuralgia do trigêmeo (8,8%), hiperplasia fibrosa (5,5%), disfunção

temporomandibular e líquen plano (3,7%), carcinoma de células escamosas

(3,2%), granuloma piogênico e a síndrome da ardência bucal (2,79%). Este foi

um estudo inicial da aplicação do programa Estomato Web Scraper, o qual foi

realizado com a primeira amostra de pacientes da Clínica de Estomatologia da

FO/UFRJ cadastrados no Estomato Web. O uso do programa Estomato Web

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Scraper facilita a coleta, avaliação e interpretação dos dados registrados no

Estomato Web e poderá ser útil para futuros estudos multicêntricos na área de

Estomatologia no Brasil.

Descritores: Levantamento Epidemiológico, Patologia Bucal, Doenças da Boca,

Diagnóstico Bucal, Estomatologia, Sistemas Computadorizados de Registros

Médicos.

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ABSTRACT

The Oral Medicine Service of the Dental School of Universidade Federal do Rio

de Janeiro is dedicated to the diagnosis and treatment of patients with oral

lesions for 40 years. Recently, a digital medical record system named Estomato

Web had been implemented in this service. This system generates electronic

records in which information of the patients, like clinical photos, imaging and

laboratory tests can be store digitally, allowing the establishment of a single

database, helping clinical management of the patients and the analysis of data

information through integrated access to different functional domains. The aim

of this study was to applied a data extraction program to determine the

epidemiological profile of the patients of the Stomatology Clinic of FO-UFRJ

registered in the Estomato Web system. This program does not provide tools for

statistical analysis or the ability to extract or export a large set of data at a single

time, The EstomatoWeb Sraper was created through the technique called Web

scraping, allowing data collection in a few minutes and exporting to Excel

spreadsheets. The parameters collected and analyzed were: (1) city and

neighborhood (program area), (2) gender, (3) age, (4) habits (smoking and

alcoholic beverage) and (5) final diagnosis. Data from 343 registered patients

were collected. 128 were excluded because they were incomplete and only 215

were valid for statistics analysis, 148 from female gender and 48 from male

gender. The age varied from 1 to 89 years old, and the mean was 53 years old.

The city of Rio de Janeiro was the one that presented the largest number of

individuals, and the most prevalent neighborhoods were Ilha do Governador

and Bonsucesso. Of the individuals included in the study, 11.2% were smokers

and 12.6% consumed alcohol. The most frequents pathological conditions on

this research were trigeminal neuralgia (8,8%), fibrous hyperplasia (5,5%),

temporomandibular dysfunction and lichen planus (3,7%), squamous cell

carcinoma (3,2%), pyogenic granuloma and oral burning (2,79%). This was an

initial study of the application of the EstomatoWeb Scraper program, which was

carried out with the first sample of patients from the Clinic of Stomatology of the

FO / UFRJ, registered in the Estomato Web. The use of the EstomatoWeb

Scraper program facilitates the collection, evaluation and interpretation of data

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recorded in the Estomato Web and may be useful for future multicentric studies

in the area of oral medicine in Brazil.

Descriptors: Health Surveys, Oral Pathology, Mouth Diseases, Oral Diagnosis,

Oral Medicine, Medical Records Systems, Computerized

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Lista de Ilustrações

Figura 1 – Interface gráfica de fácil manipulação do EstomatoWeb Scraper...13

Figura 2 – Tela para a seleção de informações para extração das informações do Estomato Web....................................................................................................................13

Figura 3 – Tela para o acesso ao software, que é realizado com o mesmo usuário e senha do Estomato Web....................................................................14

Figura 4 – Ambiente do Serviço de Estomatologia da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro no website Estomato Web....................................................................................................................17

Figura 5 – Foto da Clínica do Serviço de Estomatologia da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro...............................................................................................................17

Figura 6 – Dados da ficha clínica do prontuário eletrônico...............................18

Figura 7 – Disponibilidade de busca por nome, CPF, matrícula, diagnóstico clinico e diagnóstico final, fornecido pelo Estomato Web....................................................................................................................19

Figura 8 – Mapa de Áreas Programáticas do Município do Rio de Janeiro de Acordo com o Ministério Saúde.........................................................................21

Figura 9 – Extração dos dados dos pacientes do Estomato Web – novembro de 2016..............................................................................................................24

Figura 10 – Planilha do Microsoft Excel 2007 do Microsoft Office, gerada a partir da extração feita com o programa EstomatoWeb Scraper..............................................................................................................24

Figura 11 – Frequência de pacientes por gênero.............................................25

Figura 12 – Frequência de pacientes por faixa etária.......................................26

Figura 13 – Associação entre gênero e faixa etária..........................................27

Figura 14 – Porcentagem de pacientes por área programática........................28

Figura 15 – Frequência de pacientes fumantes, não fumantes e que pararam de fumar.............................................................................................................29

Figura 16 – Frequência de pacientes etilistas e não etilistas...............................................................................................................29

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Figura 17 – Frequência de pacientes fumantes, não fumantes e que pararam de fumar por gênero..........................................................................................30

Figura 18 – Frequência de pacientes fumantes, não fumantes e que pararam de fumar por faixa etária....................................................................................31

Figura 19 – Frequência de pacientes etilistas e não etilistas por gênero.........32

Figura 20 – Frequência de pacientes etilistas e não etilistas por faixa etária...33

Figura 21 – Diagnósticos mais frequentes de acordo com as diferentes categorias de alterações orais...........................................................................34

Figura 22 – Diagnósticos finais mais frequentes..............................................37

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Lista de Tabelas

Tabela 1 – Associação das diferentes categorias de lesões diagnosticadas nos 215 indivíduos incluídos no estudo com a idade...............................................34

Tabela 2 – Associação das diferentes categorias de lesões diagnosticadas nos 215 indivíduos incluídos no estudo com o gênero.............................................35

Tabela 3 – Correlação das diferentes categorias de lesões diagnosticadas nos 215 indivíduos incluídos no estudo com o hábito de etilismo............................35

Tabela 4 – Correlação das diferentes categorias de lesões diagnosticadas nos 215 indivíduos incluídos no estudo com o hábito do tabagismo........................36

Tabela 5 – Associação das alterações orais mais prevalentes com a idade....37

Tabela 6 – Associação das alterações orais mais prevalentes com gênero....38

Tabela 7 – Associação das alterações orais mais prevalentes com o hábito do tabagismo..........................................................................................................38

Tabela 8 – Associação das alterações orais mais prevalentes com hábito de etilismo...............................................................................................................39

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Lista de Abreviações e Siglas

AP - Áreas programáticas

CV - Coeficiente de Variação

DOM - Document Object Model

FO/UFRJ - Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro

HTML - HyperText Markup Language

HTTP - HyperText Transfer Protocol

IBM - International Business Machines

IBM - International Business Machines

JS - JavaScript

MIT - Massachusetts Institute of Technology

N - Número

RES - Registros eletrônicos de saúde

SC - Santa Catarina

SOBEP - Sociedade Brasileira de Estomatologia e Patologia Oral

SPSS - Statistical Package for the Social Sciences

TCLE - Termo De Consentimento Livre e Esclarecido

UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro

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Lista de Símbolos

% - Porcentagem

* - Asterisco

: Divisão

< - Menor

< - Menor

= - Igual

° - Grau

ª – indicador ordinal

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SUMÁRIO 1 – INTRODUÇÃO .............................................................................................. 1

2 – OBJETIVO GERAL ....................................................................................... 3

2.1 Objetivos Específicos......................................................................................................3

3 – REVISÃO DA LITERATURA ......................................................................... 4

3.1 Tecnologia da Informação..............................................................................................4

3.2 Registros Eletrônicos de Saúde....................................................................................4

3.3 Estomato Web..................................................................................................................6

3.4 Web Scraping...................................................................................................................7

3.5 Estudos Epidemiológicos em Estomatologia...............................................................8

3.6 Prevalência ou Incidência de Lesões de Boca............................................................9

4 – MATERIAIS E MÉTODOS .......................................................................... 11

4.1 Criação do programa EstomatoWeb Scraper............................................................11

4.2 População alvo...............................................................................................................16

4.3 Coleta de dados.............................................................................................................16

4.4 Análise estatística ............................................................................................... 22

4.5 Considerações éticas .......................................................................................... 22

5 – RESULTADOS ............................................................................................ 24

5.1 EstomatoWeb Scraper e coleta dos dados................................................................24

5.2 Perfil epidemiológico dos pacientes da clínica de Estomatologia da UFRJ cadastrados no Estomato Web no período de março de 2014 a setembro de 2016.25

6 – DISCUSSÃO ............................................................................................... 40

7 – CONCLUSÕES ........................................................................................... 51

8 - REFERÊNCIAS ............................................................................................ 52

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1 – INTRODUÇÃO

A adoção da tecnologia de informação em saúde, com sistemas de

registros de prontuários eletrônicos, conduz a uma maior eficiência na coleta de

dados, melhorando a qualidade e a compreensão das informações recolhidas.

A utilização de sistemas digitais específicos para a área de Estomatologia

contribuiu de maneira significativa para o diagnóstico clínico, planejamento de

tratamentos, qualidade do ensino e pesquisa clínica e epidemiológica em

odontologia (Bowens et al., 2010; Brailo et al., 2015). O conhecimento do perfil

dos pacientes atendidos em um Serviço de Estomatologia é de grande

importância, uma vez que os trabalhos epidemiológicos são úteis para o

desenvolvimento de estratégias preventivas e educativas, além de serem

cruciais para diminuir custos, melhorar a qualidade do atendimento oferecido

pelo serviço e servir de referência para inúmeras pesquisas (Pindborg, 1977;

Jones & Franklin., 2006b; Kumar et al., 2006).

Neste contexto, um sistema de gerenciamento de dados de pacientes

para clínicas e serviços de Estomatologia e Patologia Oral baseado em web, o

Estomato Web foi formulado pela Sociedade Brasileira de Estomatologia e

Patologia Oral (SOBEP) em 2007, permitindo que as informações da

anamnese, do exame clínico, dos exames de imagem, exames laboratoriais e

fotografias de pacientes fossem armazenadas digitalmente de maneira

padronizada e posteriormente consultadas para o gerenciamento do serviço e

realização de pesquisas. O Estomato Web foi implementado no serviço de

Estomatologia da Faculdade de Odontologia da UFRJ (FO/UFRJ) em 2014 e

facilitou a coleta e organização dos dados dos pacientes atendidos neste

serviço, permitindo a formação de um banco de dados único, o qual poderá ser

utilizado para fins acadêmicos e de pesquisa. Dessa maneira, com a utilização

deste sistema, o levantamento do perfil epidemiológico dos pacientes atendidos

é facilitado.

O sistema Estomato Web possui ferramentas para consulta,

manipulação e visualização dos dados. Porém, o mesmo não fornece

ferramentas para análises estatísticas ou a possibilidade de extrair ou exportar

um grande conjunto de dados de uma única vez. Além disso, com a ausência

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de mecanismos para integração com outros sistemas, os pesquisadores são

obrigados a copiar os dados manualmente do Estomato Web e inserir os

mesmos em outros sistemas para que análises sejam possíveis. Sendo assim,

o objetivo do presente estudo foi aplicar um programa de extração de dados,

que foi desenvolvido baseado na técnica de web scraping para a

automatização da leitura das informações disponibilizadas pelo Estomato Web.

Este programa foi denominado EstomatoWeb Scraper e foi utilizado para

determinar o perfil epidemiológico dos pacientes da Clínica de Estomatologia

da FO/UFRJ inicialmente cadastrados no Estomato Web. Os parâmetros

coletados e analisados foram: (1) cidade e bairro de origem (área

programática), (2) gênero, (3) idade, (4) hábitos (fumo e ingestão de bebidas

alcoólicas) e (5) diagnóstico final.

O uso do programa EstomatoWeb Scraper facilita a coleta, avaliação e

interpretação dos dados registrados no Estomato Web e poderá ser útil para

futuros estudos multicêntricos na área de Estomatologia no Brasil, pois será

gratuitamente disponibilizado para os usuários deste software após a

finalização deste trabalho.

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2 – OBJETIVO GERAL

Aplicar um programa de extração de dados através da técnica de web

scraping para automatizar a leitura das informações disponibilizadas pelo

software Estomato Web e determinar o perfil epidemiológico dos pacientes da

Clínica de Estomatologia da FO/UFRJ cadastrados neste sistema.

2.1 Objetivos Específicos

• Descrever o perfil dos pacientes atendidos quanto ao gênero, idade,

hábitos (fumo e ingestão de bebidas alcoólicas), cidade e bairro de

origem e diagnóstico final.

• Avaliar a correlação estatística entre os tipos de alterações orais mais

comuns com o gênero, faixa etária, hábitos (fumo e ingestão de bebidas

alcoólicas) e área geográfica.

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3 – REVISÃO DA LITERATURA

3.1 Tecnologia da Informação

A utilização dos sistemas eletrônicos, na área da saúde, há três décadas

estava focada na área administrativa, principalmente em hospitais e

laboratórios, sendo pouco utilizados na prática clínica (Haux, 2006).

Atualmente, esses sistemas estão disponíveis globalmente para todos os

profissionais de saúde (Haux, 2006; Finkeissen et al., 2003; Belle et al., 2013),

sendo utilizados em duas aplicações principais. A primeira delas consiste nos

prontuários eletrônicos, que armazenam os dados da anamnese, fotografias

clínicas dos pacientes, imagens de radiografias, tomografias e informações de

laudos histopatológicos, melhorando a qualidade, segurança e o

armazenamento desses dados em hospitais, ambulatórios e clínicas privadas

(Haux, 2006; Bowens et al., 2010; Schleyer et al., 2011; Kirkpatrick et al., 2013;

Coorevits et al., 2013; Skeie et al., 2014; Brailo et al., 2015). A segunda

consiste dos sistemas de inteligência artificial, os quais possuem como objetivo

a análise da tomada de decisões na clínica, fazendo a interação do software

com o profissional, demonstrando as alternativas de planejamento de

tratamento individual para cada paciente (Finkeissen et al., 2003).

3.2 Registros Eletrônicos de Saúde

Os registros eletrônicos de saúde (RES) são sistemas que auxiliam a

investigação de doenças, a estratificação dos pacientes e os resultados

clínicos, através de acesso integrado em diferentes domínios funcionais. Eles

permitem um melhor acesso às informações sanitárias e educacionais, além de

aperfeiçoarem o gerenciamento e a análise das informações dos pacientes,

melhorando a prestação de assistência, a segurança dos dados, minimizando

erros médicos e erros de prescrição (Ash et al., 2004; Jones & Franklin 2006b;

Bowens et al., 2010; Coorevits et al., 2013).

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Os RES garantiram um grande avanço nas ciências médicas,

revolucionando os métodos de pesquisa através da automatização do

gerenciamento dos dados clínicos. Os profissionais passam a ter acesso às

informações digitais continuamente, substituindo as informações registradas

em papeis, as quais podem ser perdidas mais facilmente (Ash et al., 2004;

Patrício et al., 2011; Coorevits et al., 2013).

Apesar da utilização dos registros eletrônicos terem ganhado destaque

nos últimos anos, a habilidade dos profissionais de saúde, especialmente os

cirurgiões-dentistas, em utilizar o conhecimento gerado pelos sistemas

inteligentes de prontuários eletrônicos na prática diária ainda é pobremente

desenvolvida (Ash et al., 2004; Schleyer et al., 2011). Muitos profissionais têm

preocupações sobre os efeitos desses sistemas no fluxo de trabalho, na

produtividade e na segurança do sigilo das informações, e por isso, ainda

encontram-se relutantes em integrar esta tecnologia à clínica (Ash et al., 2004;

Bowens et al., 2010; Patrício et al., 2011).

Vários estudos na literatura têm procurado avaliar os motivos das

barreiras dos profissionais de saúde em aceitarem a utilização da tecnologia da

informação (Ash et al., 2004; Haux R., 2006; Boonstra & Broekhuis, 2010;

Bowens et al., 2010; Schleyer et al., 2011; Belle et al., 2013). O trabalho de

Boonstra & Broekhuis (2010), concluiu que apesar dos efeitos positivos do uso

dos registros eletrônicos, a implementação desses sistemas ainda é precária.

Os motivos seriam principalmente relacionados aos altos custos financeiros

decorrentes da instalação, operacionalização e manutenção dos softwares

(Boonstra & Broekhuis, 2010).

Outros motivos citados por Boonstra & Broekhuis (2010) seriam a

dificuldade e limitação técnica de muitos profissionais para operacionalização

desses programas, a demanda de mais tempo para implantação e aprendizado

para utilização dos sistemas eletrônicos. Além disso, alguns profissionais de

saúde acreditam que o uso de computadores durante a avaliação dos

pacientes causaria um grande impacto psicológico nos mesmos. Também, a

falta de conhecimento sobre os aspectos sociais e legais de armazenamento

de dados, além do próprio processo de mudança que advém do gerenciamento

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desta nova tecnologia, ainda impedem a utilização em larga escala desse tipo

de software (Boonstra & Broekhuis, 2010).

3.3 Estomato Web

Na área da Estomatologia e Patologia Oral, em 2015, dez softwares

estavam disponíveis para uso em larga escala para medicina oral (Brailo et al.,

2015). Destes, somente sete estavam disponíveis para serem utilizados fora da

instituição de origem e sem custos adicionais. No continente americano, três

sistemas foram desenvolvidos, e dentre esses, somente um foi desenvolvido na

América do Sul. Esse sistema é o Estomato Web, que é disponibilizado online

pela Sociedade Brasileira de Estomatologia e Patologia Oral (SOBEP) desde

2007, sendo gratuito para qualquer sócio, o qual, vêm sendo utilizado por 17

instituições brasileiras (Brailo et al., 2015).

O Estomato Web é um tipo de registro eletrônico de saúde que permite o

armazenamento e o gerenciamento dos dados de pacientes atendidos em

clínicas e serviços de Estomatologia públicos e privados, permitindo a busca

individual de cada paciente a partir do nome, cadastro de pessoa física,

matrícula, diagnóstico clínico, ou diagnóstico final. É um sistema online onde as

informações são disponibilizadas na “nuvem” e o seu acesso é feito através de

um website com uso de senha, sem necessidade de que um programa

específico precise ser instalado

(http://www.estomatologia.com.br/noticias?codigo=342/acesso julho 2015).

Qualquer sócio da SOBEP pode solicitar a criação de um ambiente, e

este será denominado administrador, o qual fará o gerenciamento do banco de

pacientes e tem o poder de criar ou remover outros usuários. O sistema irá

permitir três níveis de hierarquia, professor, aluno e patologista. Cada ambiente

criado será privado, sem que possa ser visualizado por outros ambientes ou

por usuários sem senha. De acordo com a SOBEP, futuramente, com o

aprimoramento do sistema, poderia ser realizada a compatibilidade entre

bancos de dados (ambientes), permitindo a realização de trabalhos

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epidemiológicos em conjunto entre instituições inscritas nesta sociedade

(http://www.estomatologia.com.br/noticias?codigo=342/acesso julho 2015).

Brailo et al. (2015) abordaram a utilização do Estomato Web em seu

estudo sobre utilização de softwares em Estomatologia. Segundo estes

autores, o programa apresenta como vantagens poder ter sua interface

modificada de acordo com a preferência do usuário, os controles e comandos

são bem identificados, e os dados possuem fácil acesso e excelente

integração. O sistema foi considerado seguro uma vez que somente os

membros da instituição de origem com autorização podem ter acesso aos

dados dos pacientes através de senha. Ainda segundo o mesmo estudo, um

dos principais problemas do uso deste programa em Instituições de Ensino

seria a dificuldade dos alunos de graduação com relação ao gerenciamento do

sistema (Brailo et al., 2015).

3.4 Web Scraping

O desafio atual de utilizar os serviços de armazenamentos de dados de

web sites consiste em lidar com o grande volume de informações e a

dificuldade da realização de triagens válidas das mesmas. Essa triagem

geralmente é feita manualmente, sendo demorada, com o risco de perda de

detalhes valiosos. Em programas como o Estomato Web há ferramentas para

consulta, manipulação, visualização dos dados e realização de buscas de

algumas informações, como idade, tipo de hábito (fumo ou uso de bebida

alcoólica) ou diagnóstico final

(http://www.estomatologia.com.br/noticias?codigo=342/acesso julho 2015). No

entanto, este sistema não fornece ferramentas para análises estatísticas ou a

possibilidade de extrair ou exportar um grande conjunto de dados de uma única

vez. Além disso, com a ausência de mecanismos para integração com outros

sistemas, os pesquisadores são obrigados a copiar os dados manualmente do

Estomato Web e inserir os mesmos em outros sistemas para que análises

sejam realizadas. Portanto, para minimizar vieses relacionados ao erro humano

na coleta dessas informações, a técnica conhecida como web scraping pode

ser utilizada (Tang et al., 2013; Glez – Peña et al., 2014).

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Esta estratégia permite auxiliar a plena operabilidade de dados na área

da saúde. Os programas de web scraping podem realizar a extração de

informações, diminuindo o erro da coleta de dados dos sistemas web (Tang et

al., 2013; Glez – Peña et al., 2014). O web scraping é uma das mais antigas

técnicas de extração de conteúdo de um web site, não necessitando que o

servidor que hospeda o site tenha criado um serviço auxiliar de fornecimento

de informações (Tang et al., 2013; Glez – Peña et al., 2014).

Este tipo de programação trabalha sobre a estrutura do Document

Object Model (DOM) que é construída a partir da interpretação de páginas

HTMLs de um site (Bare et al., 2007; Glez – Peña et al., 2014). O processo

funciona da seguinte forma: um programa, conhecido como web robot, simula a

interação comum entre a navegação dos servidores web por um indivíduo em

um processo de extração de informações convencional. O indivíduo realiza a

extração apenas das informações específicas que desejar.

Com o uso da técnica de web scraping, o código desenvolvido irá

acessar o site, analisar e encontrar o conteúdo específico e irá extrair os dados

de interesse conforme os comandos programados pelo desenvolvedor do

sistema. O web scraping estabelece comunicação com o site de destino

através do protocolo HTTP e coordena as solicitações de resposta das

transações entre um cliente, normalmente um navegador e um servidor web

podendo criar diferentes produtos finais, como planilhas do Excel, bancos de

dados e outros (Glez – Peña et al., 2014).

3.5 Estudos Epidemiológicos em Estomatologia

Os trabalhos que abordam dados epidemiológicos desempenham um

papel muito importante em saúde pública, uma vez que revelam a prevalência

ou incidência de lesões num determinado grupo (Kovacic & Skaleric, 2000).

Estes estudos avaliam e particularizam a distribuição dessas condições

conforme as características próprias do ambiente que estão sendo analisadas

(Kniest et al., 2011), fornecendo um panorama para a compreensão da

extensão e a gravidade das doenças na população (Mumcu et al., 2005).

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Embora diferentes condições possam ser relatadas entre os grupos

selecionados, algumas delas estão relacionadas a aspectos culturais. Na

maioria das vezes, são condições específicas, como idade, gênero e etnia que

podem influenciar significativamente os estudos populacionais. Diversos

autores consideram a idade como fator de grande influência na prevalência das

alterações orais, relatando que adultos e idosos apresentam maior propensão e

risco para desenvolvimento de condições patológicas (Henrique et al., 2009;

Mujica et al., 2008). Desta forma, o histórico dos pacientes irá fornecer

informações importantes para o planejamento, elaboração de planos de

tratamento e condução de ações de promoção de saúde nas populações

estudadas (Jones & Franklin, 2006a; Mendez et al., 2012).

3.6 Prevalência ou Incidência de Lesões de Boca

Na literatura mundial podemos encontrar estudos epidemiológicos que

abordaram a distribuição das lesões de boca em diferentes populações. Como

são inúmeras as condições patológicas que acometem a boca, os autores

costumam realizar a categorização das mesmas para facilitar sua abordagem e

descrição nas pesquisas (Jones & Franklin, 2006a; Jones & Franklin, 2006b;

Shah et al., 2009; Neville et al., 2009; Vale et al., 2013).

Assim, as lesões bucais são normalmente divididas em alterações do

desenvolvimento, anomalias dentárias, doenças da polpa e periápice,

infecções, injúrias físico–químicas, doenças alérgicas e imunológicas, doenças

das glândulas salivares, lesões reacionais e inflamatórias, neoplasias benignas,

lesões potencialmente malignas e malignas, distúrbios hematológicos, doenças

ósseas, cistos do desenvolvimento, cistos e tumores odontogênicos, doenças

sistêmicas, doenças dermatológicas e outras condições patológicas (Neville et

al., 2009).

Alguns autores preferem ainda reduzir o número de grupos, tornando-os

mais amplos, sintetizando a caracterização para deixar mais prática à análise

dos dados. Essa forma de divisão em amplas categorias foi realizada no estudo

de Shah et al. (2009), que dividiram as condições em quatro grupamentos

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(lesões metabólicas, inflamatórias, neoplásicas e do desenvolvimento).

Pesquisas com esse mesmo perfil foram realizadas em diferentes países, e

seus resultados tiveram a tendência de variar de acordo com a área geográfica

das populações investigadas. Apesar dessa propensão de diferença na

epidemiologia das lesões de acordo com a região de origem do grupo avaliado,

trabalhos publicados na Slovênia, Espanha, Turquia, Reino Unido e México,

apresentaram as mesmas entidades como as mais evidenciadas em seus

estudos. Nesses trabalhos, as lesões reacionais, com destaque para a

hiperplasia fibrosa, estomatite protética e úlceras traumáticas, foram as mais

encontradas; seguidas por outras condições como língua fissurada, varizes

linguais e candidíase (Kovacic & Skaleric, 2000; Vallejo et al., 2002; Mumcu et

al., 2005; Jones & Franklin, 2006a; Castellanos & Díaz Guzmán, 2008).

No geral, não existe muita informação disponível sobre lesões de boca

na população brasileira como um todo (Corrêa et al., 2006; Kniest et al., 2011;

Martinelli et al., 2011), e os trabalhos publicados na literatura mundial, também

tendem a abordar faixas etárias específicas (Corrêa et al., 2006; Jones &

Franklin, 2006b; Hipólito et al., 2008; Vale et al., 2013; Kamath et al., 2013). Ou

então, são relatados estudos para condições patológicas individuais, os quais

não avaliam a prevalência dessa alteração na população como um todo (Eisen,

2012; Sousa & Rosa, 2008; Maarbjerg et al., 2014; Alves et al., 2004; Leocádio

et al., 2014; Wu et al., 2015). Um exemplo de pesquisa avaliando o perfil

epidemiológico de um grupo amplo foi a realizada no Centro de Especialidades

Odontológicas do município de Tubarão (SC), onde a candidíase, a hiperplasia

fibrosa inflamatória, a mucocele e o trauma por prótese foram as condições

patológicas mais comuns, seguidas pelo grupo das neoplasias benignas, em

que o lipoma e o papiloma foram as principais entidades identificadas. No

grupo de neoplasias malignas, o carcinoma de células escamosas foi a

condição mais evidenciada (Kniest et al., 2011). No Rio de Janeiro, o trabalho

de Amaral et al., (2016) mostrou a prevalência de alterações orais em um

Serviço de Estomatologia, sendo as mais frequentes a hiperplasia fibrosa,

candidoses, lesões inflamatórias perirradiculares e desordens potencialmente

malignas. Achados semelhantes foram encontrados nos estudos realizados

em diferentes estados: Santa Catarina, Espírito Santo, São Paulo,

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Pernambuco, Ceará (cidade de Fortaleza) e Minas Gerais (Corrêa et al., 2006;

Henrique et al., 2009; Martinelli et al., 2011; Kniest et al., 2011; Saintrain et al.,

2012; Vale et al., 2013). Nestes estudos houve destaque para o cisto dentígero,

que foi o mais prevalente dos cistos odontogênicos, o odontoma composto, o

ameloblastoma e o tumor odontogênico adenomatóide, como os tumores

odontogênicos mais observados.

4 – MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Aplicação da Técnica de Web Scraping para coleta de dados do software Estomato Web

O sistema Estomato Web possui ferramentas para consulta,

manipulação e visualização dos dados. Porém, o mesmo não fornece

ferramentas para análises estatísticas ou a possibilidade de extrair ou exportar

um grande conjunto de dados de uma única vez. Além disso, com a ausência

de mecanismos para integração com outros sistemas, os pesquisadores são

obrigados a copiar os dados manualmente do Estomato Web e inserir os

mesmos em outros sistemas para que análises sejam possíveis.

Para minimizar vieses relacionados ao erro humano na coleta dessas

informações, optou-se por desenvolver um programa de extração de dados

baseado na técnida de Web Scraping, o qual foi delineado por um engenheiro

da computação em parceria com a clínica de Estomatologia da FO/UFRJ. Este

programa, que foi denominado EstomatoWeb Scraper, realizou a

automatização da leitura das informações disponibilizadas pelo Estomato Web

e possibilitou a exportação das mesmas para arquivos no formato de planilhas

do Excel. Além disso, com a utilização do programa, o tempo de transcrição

dos dados foi reduzido de várias horas para poucos minutos.

Para o desenvolvimento do programa de extração de dados foi solicitada

a autorização da SOBEP para que fosse realizada a automatização da cópia

dos dados do ambiente de serviço criado para a FO/UFRJ. A solicitação foi

avaliada e encaminhada pelo presidente da Sociedade Brasileira de

Estomatologia e Patologia Oral para a equipe técnica que gerencia o website

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(empresa Netwish), para um parecer técnico. Após a análise e teste da

ferramenta, a mesma foi liberada para utilização (Anexo 1).

A técnica conhecida como Web Scraping, que consiste na navegação

automatizada de páginas de um website com a possibilidade de coleta do

conteúdo exibido em cada página. O pesquisador irá, através de um programa

com interface gráfica de fácil manipulação, escolher comandos pré -

estabelecidos pelo código fonte, que é um conjunto de arquivos de texto,

escritos em inglês, em uma linguagem de programação que representa um

conjunto de comandos para o computador executar. E selecionar quais

informações deseja que o programa faça a extração do sistema Estomato Web.

Para a construção deste programa, as seguintes tecnologias foram utilizadas:

linguagem de programação JavaScript, plataforma de execução Node.js e

framework PhantomJS. Para copiar os dados, o pesquisador deverá utilizar o

mesmo usuário e senha do Estomato Web e, terá acesso exclusivamente aos

dados permitidos para este usuário, conforme esquema de segurança do

próprio sistema, mantendo assim o padrão de confidencialidade e restrição de

acesso de informações.

Os pesquisadores desenvolveram uma interface gráfica de fácil

manipulação (Figura 1), onde os usuários do Estomato Web da FO/UFRJ,

puderam escolher comandos pré-estabelecidos pelo código fonte, e

selecionaram quais informações desejavam que o programa extraísse do

sistema Estomato Web. Para a seleção de informações, uma tela foi criada

com os itens: nome, matrícula, data de nascimento, idade no momento do

diagnóstico, sexo, bairro, cidade, estado, fuma, parou de fumar, bebe, parou de

beber, lesão extra-bucal, lesão intra-bucal, localização da lesão, diagnóstico

clínico, exames adicionais, diagnóstico final. Um checkbox foi adicionado ao

lado das informações para permitir que a seleção e cópia dos dados (Figura2)

fosse realizada.

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Figura 1 – Interface gráfica de fácil manipulação do EstomatoWeb Scraper.

Figura 2 – Tela para a seleção de informações para extração das

informações do Estomato Web.

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Para o acesso ao software foi criado um esquema de segurança para

utilização com os mesmos dados de acesso ao Estomato Web (usuário e

senha). Desta forma, o acesso é restrito apenas aos dados permitidos para

este usuário, conforme esquema de segurança do próprio Estomato Web,

mantendo assim o padrão de confidencialidade e restrição de acesso de

informações, e o levantamento epidemiológico do serviço só foi realizado com

a permissão do administrador (Figura 3). O EstomatoWeb Scraper foi instalado

nos computadores dos pesquisadores e em um dos computadores do serviço

de Estomatologia da FO/UFRJ.

Figura 3 – Tela para o acesso ao software, que é realizado com o mesmo usuário e

senha do Estomato Web.

Posteriormente, após a finalização desta pesquisa, o programa

desenvolvido terá o seu código fonte aberto para que outros usuários do site

Estomato Web possam, com facilidade, baixar um instalador e utilizar o

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software, ou, se necessário, adicionar novas funcionalidades para o mesmo.

Para utilizar esta ferramenta, que será disponibilizada no site http://github.com,

o pesquisador precisará de autorização formal do webmaster do Estomato

Web. E após a decisão da SOBEP sobre a autorização quanto à utilização do

programa para o seu uso em pesquisas, os usuários deverão submeter o seu

pedido de utilização do programa ao Comitê de Ética e Pesquisa vinculado à

instituição de origem.

A licença do programa permitirá o uso gratuito do mesmo, modificação

do código fonte para se adequar as buscas de pesquisas específicas,

distribuição do conteúdo original ou modificado, e comercialização, com

cláusulas que restringem o uso do programa, ou de sistemas derivados, para

que o mesmo não exponha publicamente os dados de pacientes sem o

consentimento dos mesmos e sem a autorização do Comitê de Ética e

Pesquisa regional. Esta licença foi baseada nas regras da licença MIT (Anexo

3), que é comumente utilizada em programas de código aberto, sendo

disponibilizada em inglês no site: https://opensource.org/licences/MIT (a

tradução livre da mesma encontra-se disponível no Anexo 4). Entretanto, a

mesma sofreu alterações pela necessidade de proteger a confidencialidade dos

dados dos pacientes (Anexo 5). A privacidade das informações também é

garantida pela forma de acesso que é realizada com o mesmo usuário e senha

do Estomato Web, liberando o acesso exclusivamente aos dados permitidos

para este usuário.

Outro aspecto importante é o levantamento das questões legais de se

utilizar um programa de web scraping. No Brasil, não existe lei que impeça que

tal técnica seja utilizada em conteúdo disponibilizado publicamente na internet

ou acesso para o usuário do sistema Estomato Web cadastrado na SOBEP.

Além disso, os autores do programa deverão ser citados em trabalhos

derivados e não poderão ser responsabilizados pelo uso do programa por

terceiros.

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4.2 População alvo

O presente estudo é classificado como uma pesquisa observacional

transversal descritiva, o qual foi realizado através da coleta de dados dos

prontuários eletrônicos dos pacientes da Clínica de Estomatologia da FO/UFRJ

cadastrados no sistema Estomato Web, atendidos nas quintas-feiras pela

manhã no período de março de 2014 a setembro de 2016. Os critérios de

inclusão para este estudo foram os pacientes cadastrados neste sistema e os

pacientes cujos prontuários eletrônicos se encontravam incompletos e não

possuíam as informações necessárias para a pesquisa foram excluídos.

4.3 Coleta de dados

No Estomato Web, todas as informações são disponibilizadas na

“nuvem” e o acesso é realizado através de um site com uso de senha para

cada usuário, sem a necessidade que um programa específico precise ser

instalado (http://www.estomatologia.com.br/estomatoweb/). A SOBEP criou um

ambiente de acesso para a FO/UFRJ, onde foi possível incluir o logotipo da

Universidade (Figura 4). O acesso para o registro das informações no sistema

é realizado em computadores alocados em cada um dos seis equipamentos de

atendimento do Serviço de Estomatologia da FO/UFRJ (Figura 5).

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Figura 4 – Ambiente do Serviço de Estomatologia da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro no website Estomato Web.http://www.estomatoweb.com.br/acesso novembro de 2016.

Figura 5 – Foto da Clínica do Serviço de Estomatologia da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Um dos professores do Serviço é o administrador e os outros

professores da disciplina de Estomatologia foram cadastrados como usuários

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com senha individual. Dessa forma, o programa garante a privacidade dos

dados obtidos, uma vez que informações inseridas no ambiente criado pela

Faculdade de Odontologia da UFRJ, não poderão ser visualizadas por outros

ambientes ou vice versa, pois o acesso ocorre somente por senha única e

exclusiva. A segurança dos dados armazenados é fornecida pela LOCAWEB, a

mesma empresa responsável pela hospedagem do site da SOBEP que possui

um sólido sistema de back-up de segurança. No início de cada período de

atendimento aos pacientes, o sistema é acessado pelo professor responsável e

os alunos são orientados a realizar o preenchimento dos dados diretamente no

sistema.

Os usuários podem obter dados dos pacientes a partir do acesso aos

itens da ficha eletrônica (Figura 6), e o programa permite que sejam feitas

buscas individuais de cada paciente a partir do nome, cadastro de pessoa

física, matrícula, diagnóstico clínico e diagnóstico final (Figura 7).

Figura 6 – Dados da ficha clínica do prontuário eletrônico. http://www.estomatoweb.com.br/acesso novembro de 2016

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Figura 7 – Disponibilidade de busca por nome, CPF, matrícula, diagnóstico clinico e diagnóstico final, fornecido pelo Estomato Web. http://www.estomatoweb.com.br/acesso novembro de 2016

Os seguintes dados dos pacientes cadastrados no sistema de

documentação digital Estomato Web da clínica de Estomatologia da FO/UFRJ

foram coletados: (1) cidade e bairro de origem (área programática), (2) gênero,

(3) idade, (4) hábitos (tabagista, ex-tabagista ou não tabagista, e usuários de

bebida alcoólica independente de ser etilista social ou não, ex-etilista e não

etilista) e (5) diagnóstico final.

O local de moradia dos pacientes posteriormente foi dividido por

cidades. Os bairros da cidade do Rio de Janeiro foram alocados em grupos de

acordo com a divisão e classificação do Ministério da Saúde em áreas

programáticas. Atualmente, 10 áreas programáticas (Figuras 8) são

identificadas no Município do Rio de Janeiro, sendo:

• AP 1.0 - Benfica, Caju, Catumbi, Centro, Cidade Nova, Estácio,

Gamboa, Mangueira, Paquetá, Rio Comprido, Santa Teresa, Santo

Cristo, São Cristóvão, Saúde e Vasco da Gama.

• AP 2.1 - Botafogo, Catete, Copacabana, Cosme Velho, Flamengo,

Gávea, Glória, Humaitá, Ipanema, Jardim Botânico, Lagoa, Laranjeiras,

Leblon, Leme, Rocinha, São Conrado, Urca e Vidigal.

• AP 2.2 - Alto da Boa Vista, Andaraí, Grajaú, Maracanã, Praça da

Bandeira, Tijuca e Vila Isabel.

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• AP 3.1 - Bonsucesso, Brás de Pina, Complexo do Alemão, Cordovil, Ilha

do Governador, Jardim América, Manguinhos, Maré, Olaria, Parada de

Lucas, Penha Circular, Penha, Ramos e Vigário Geral.

• AP 3.2 - Abolição, Água Santa, Cachambi, Del Castilho, Encantado,

Engenho da Rainha, Engenho de Dentro, Engenho Novo, Higienópolis,

Inhaúma, Jacaré, Jacarezinho, Lins de Vasconcelos, Maria da Graça,

Méier, Piedade, Pilares, Riachuelo, Rocha, Sampaio, São Francisco

Xavier, Todos os Santos e Tomás Coelho.

• AP 3.3 - Acari, Anchieta, Barros Filho, Bento Ribeiro, Campinho,

Cascadura, Cavalcanti, Coelho Neto, Colégio, Costa Barros, Engenheiro

Leal, Guadalupe, Honório Gurgel, Irajá, Madureira, Marechal Hermes,

Oswaldo Cruz, Parque Anchieta, Parque Columbia, Pavuna, Quintino

Bocaiuva, Ricardo de Albuquerque, Rocha Miranda, Turiaçu, Vaz Lobo,

Vicente de Carvalho, Vila da Penha, Vila Kosmos e Vista Alegre.

• AP 4.0 - Barra da Tijuca, Camorim, Cidade de Deus, Grumari,

Itanhangá, Jacarepaguá, Joá, Recreio dos Bandeirantes, Vargem

Grande e Vargem Pequena.

• AP 5.1 - Bangu, Campo dos Afonsos, Deodoro, Jardim Sulacap,

Magalhães Bastos, Padre Miguel, Realengo, Senador Camará e Vila

Militar.

• AP 5.2 - Barra de Guaratiba, Campo Grande, Cosmos, Guaratiba,

Inhoaíba, Santíssimo, Senador Vasconcelos e Pedra de Guaratiba.

• AP 5.3 - Paciência, Santa Cruz e Sepetiba

(http://cvasrio.blogspot.com.br/2012/02/areas-programaticas-bairros.html

- acesso fevereiro de 2016;

http://www.rio.rj.gov.br/dlstatic/10112/1529762/DLFE-220205.pdf/1.0 -

acesso fevereiro de 2016).

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Figura 8 – Mapa de Áreas Programáticas do Município do Rio

de Janeiro de Acordo com o Ministério Saúde.

Os diagnósticos finais foram categorizados após a extração de acordo

com Neville et al., (2009) com pequenas modificações. Duas categorias

adicionais, sem lesão e preparo para transplante, foram acrescentadas de

acordo com as especificidades de atendimento do serviço de Estomatologia da

FO/UFRJ.

• alterações do desenvolvimento;

• anomalias dentárias;

• doenças da polpa e periápice;

• doença periodontal;

• infecções bacterianas, fúngicas e virais;

• injúrias físico–químicas;

• doenças alérgicas e imunológicas;

• alterações patológicas do epitélio;

• alterações patológicas das glândulas salivares;

• neoplasias benignas dos tecidos moles;

• neoplasias malignas;

• distúrbios hematológicos;

• alterações patológicas dos ossos gnáticos;

• cistos do desenvolvimento;

• cistos e tumores odontogênicos;

• doenças sistêmicas;

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• doenças dermatológicas;

• dor orofacial;

• outras condições patológicas;

• sem lesão;

• preparo transplante hepático;

4.4Análiseestatística

Todas as informações obtidas foram compiladas em planilhas do

programa Microsoft Excel 2007 do Microsoft Office. Para a análise dos dados,

foram utilizadas as ferramentas e fórmulas disponíveis no sistema Excel, como

agregação de dados, média, variância, desvio padrão, dentre outras. A

estrutura dos dados foi sistematicamente dividida em tabelas para melhor

organização, para garantir consistência das informações e permitir que os

resultados fossem analisados com confiabilidade e reprodutibilidade. Esses

dados foram submetidos a análises descritivas e foram analisadas pelo

programa SPSS 20.0 (IBM, Armonk, EUA). O teste qui-quadrado foi utilizado

para verificar a associação entre os dados dicotômicos, e o teste t de Student

para avaliar os dados mensuráveis. O nível de significância escolhido foi p <

0,05.

4.5Consideraçõeséticas

Esta pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética em Pesquisa da

Universidade Federal do Rio de Janeiro e aprovada em 30 de junho de 2016,

apresentando número de protocolo: 56248016.3.0000.5257 (Anexo 2). Os

pesquisadores deste estudo solicitaram perante o Comitê de Ética em

Pesquisa a dispensa da utilização do TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E

ESCLARECIDO – TCLE, tendo em vista que para a realização desta pesquisa

foram utilizados dados secundários obtidos a partir de informações já

coletadas, pois trata - se de um estudo retrospectivo com uso de prontuários

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eletrônicos. Nestes termos, os pesquisadores que participam deste estudo,

comprometeram–se a cumprir todas as diretrizes e normas regulamentadoras

descritas nas Resoluções 466 de 2012, e suas complementares, no que diz

respeito ao sigilo e confidencialidade dos dados utilizados.

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5 – RESULTADOS

5.1 EstomatoWeb Scraper e coleta de dados

O software EstomatoWeb Scraper possibilitou a transferência das informações

dos registros de 343 pacientes que estavam inseridos no programa Estomato

Web em apenas 4 minutos (Figura 9), para uma planilha do Microsoft Excel

2007 do Microsoft Office (Figura 10). Entretanto, esse tempo poderá sofrer

alterações para mais ou para menos, de acordo com a capacidade/qualidade

da conexão com a internet do usuário e pelo número total de pacientes do

banco de dados.

Figura 9 – Extração dos dados dos pacientes do Estomato Web – novembro de 2016.

Figura 10 – Planilha do Microsoft Excel 2007 do Microsoft Office gerada a partir da extração feita com o programa EstomatoWeb Scraper.

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5.2 Perfil epidemiológico dos pacientes da clínica de Estomatologia da UFRJ cadastrados no Estomato Web no período de março de 2014 a setembro de 2016

Após a análise dos dados, um total de 128 indivíduos foram excluídos

do estudo porque as informações estavam incompletas ou mal preenchidas,

restando o número final total de 215 pacientes. As informações foram

analisadas considerando a porcentagem e total de pacientes em cada

categoria selecionada.

Quanto ao gênero, dos 215 pacientes incluídos no estudo, 148 (68,8%)

eram do gênero feminino e 67 (31,2%) do masculino (Figura 11).

Figura 11 – Frequência de pacientes por gênero.

A idade dos 215 pacientes variou de 1 a 89 anos. Posteriormente, os

pacientes foram divididos em 3 grupos maiores para facilitar a análise

estatística, estes grupos foram: jovens, de 0 a 18 anos (27 pacientes, 12,6%),

adultos, de 19 a 59 anos (115 pacientes, 53,5%) e idosos com idade maior ou

igual a 60 anos (73 pacientes, 34%) (Figura12).

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Figura 12 – Frequência de pacientes por faixa etária.

A faixa etária com mais alocações de pacientes foi a de 51 a 60 anos,

seguida pela faixa de 61 a 70 anos, e a média de idade foi de 53 anos. A

associação entre idade e gênero mostrou que no sexo masculino, a idade mais

comum foi de 49 anos, com 1,9% do total de pacientes, e no sexo feminino a

idade mais comum foi de 53 anos, com 4,2% do total da amostra. A divisão por

gênero no grupo de jovens foi de 12 (5,6%) pacientes do sexo masculino, e 15

(7,0%) de pacientes do sexo feminino, no grupo de adultos, 37 (17,2%)

pacientes do sexo masculino e 78 (36,3%) do sexo feminino; já no grupo de

idosos, esse valor foi de 18 (8,4%) de pacientes do sexo masculino e 55

(25,6%) de pacientes do sexo feminino, como pode ser observado na Figura

13.

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Figura 13 – Associação entre gênero e faixa etária.

Com relação à cidade, o Município do Rio de Janeiro foi o que

apresentou o maior número de indivíduos, 140 (65,12%) pacientes. Dos outros

municípios, os que apresentaram o maior número de indivíduos foram: Duque

de Caxias (4,65%), São João de Meriti (3,72%) e São Gonçalo (3,72%).

Dos 160 bairros do município do Rio de Janeiro, foram identificados

indivíduos de 63 bairros, sendo o que apresentou o maior número de pacientes

foi a Ilha do Governador, com 18 pacientes (12,86%). O segundo bairro com

maior prevalência foi Bonsucesso com 9 pacientes (6,47%), seguido pelo bairro

de Jacarepaguá com 8 pacientes (5,71%) e Vila da Penha com 6 pacientes

(4,32%).

Os bairros de origem dos indivíduos moradores da cidade do Rio de

Janeiro foram divididos em áreas programáticas de acordo com a divisão e

classificação do Ministério da Saúde. A área AP 3.1 foi a que apresentou o

maior número de pacientes por bairros, com 41 indivíduos, representando

19,1% do total de pacientes; e a área AP 3.3 foi a segunda área com a maior

prevalência de indivíduos, com 24 pacientes (11,2%). Com relação às outras

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áreas, encontrou-se: 18 (8,4%) indivíduos na área AP 4.0; 11 (5,1%) pacientes

na área AP 3.2; 10 (4,7%) pacientes na área AP 5.1; 9 (4,2%) indivíduos nas

áreas AP 2.1 e AP 2.2; 8 (3,7%) pacientes na área AP 5.2; 7 (3,3%) pacientes

na área AP 1.0; e, 3 (1,4%) pacientes foram identificados na área AP 5.3. Estes

resultados podem ser observados na Figura 14.

Figura 14 – Porcentagem de pacientes por área programática.

De acordo com o gênero, a área programática que apresentou o maior

número de pacientes do sexo masculino foram as áreas AP 3.1 e AP 4.0 com

9(4,2%) pacientes em cada; já para o sexo feminino, as áreas com maior

número de indivíduos foram a área AP3.1 com 32 (14,9%) pacientes, seguida

pela área AP 3.3 com 17 (7,9%). De acordo com a idade, no grupo de jovens, a

área com maior número de pacientes foi a área AP 3.1 com 9 (4,2%)

indivíduos, seguida pela área AP 4.0 com 3 (1,4%) pacientes. No grupo de

adultos, a área AP 3.1 também foi a que apresentou a maior prevalência, com

18 (8,4%) pacientes; seguida pela área AP 3.3 com 15 (7,0%) indivíduos. No

grupo de idosos, a distribuição também foi semelhante ao grupo de jovens e

adultos, com maior freqüência de indivíduos na área AP 3.1 com 14 (6,5%)

pacientes, seguida pela área AP 3.3 com 7 (3,3%) indivíduos identificados

nessa área.

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Com relação aos hábitos, os pacientes não tabagistas foram os mais

prevalentes, com 167 pacientes (77,7%), os tabagistas e ex-tabagistas

apresentaram a mesma frequência, com 24 pacientes em cada grupo (11,2%).

Os pacientes não etilistas também representaram a maioria, com 188

indivíduos (80,4%), ocorrendo menor prevalência de pacientes etilistas, 27

indivíduos (12, 6%) (Figura 15 e 16). Neste estudo, o número de prontuários

válidos que foram analisados, não mostraram pacientes ex-etilistas.

Figura 15 – Frequência de pacientes fumantes, não fumantes e que pararam de

fumar.

Figura 16 – Frequência de pacientes etilistas e não etilistas.

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Quando realizada a associação do hábito de tabagismo com gênero, foi

observado, que dos pacientes tabagistas, não tabagistas, e ex-tabagistas, a

maioria dos pacientes era do gênero feminino. Com uma frequência de 18

pacientes (8,4%), 115 pacientes (53,5%) e 15 pacientes (7%) respectivamente.

Com relação ao gênero masculino a frequência de pacientes foi a seguinte, 6

pacientes tabagistas (2,8%), 52 pacientes não tabagistas (24,2%), e 9 ex-

tabagistas (4,2%), como observado na Figura 17.

Figura 17 – Frequência de pacientes fumantes, não fumantes e que pararam de fumar por gênero.

Considerando a associação do hábito de tabagismo com faixa etária, os

pacientes jovens apresentaram as seguintes porcentagens, 0 pacientes

tabagistas (0%), 27 não tabagistas (12,6%), e 0 pacientes ex-tabagistas (0%).

Dentre os pacientes adultos, 16 pacientes eram tabagistas (7,4%), 86 não

tabagistas (40%), e 13 pacientes ex-tabagistas (6%). Já os pacientes idosos, 8

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pacientes eram tabagistas (3,7%), 54 não tabagistas (25,1%), 11 pacientes ex-

tabagistas (5,1%), como observado na Figura 18.

Figura 18 – Frequência de pacientes fumantes, não fumantes e que pararam de fumar por faixa etária.

Quando realizada a associação do hábito de etilismo com gênero, foi

observado, que nos pacientes etilistas e não etilistas, a maioria dos pacientes

eram do gênero feminino. Com uma frequência de 18 pacientes (8,4%) e 130

pacientes (60,5%) respectivamente. Com relação ao gênero masculino a

frequência de pacientes foi a seguinte, 9 pacientes etilistas (4,2%), 58

pacientes não etilistas (27%) (Figura 19).

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Figura 19 – Frequência de pacientes etilistas e não etilistas por gênero.

Considerando a associação do hábito de etilismo com faixa etária, os

pacientes jovens apresentaram as seguintes porcentagens, 0 pacientes etilistas

(0%) e 27 não etilistas (12,6%). Dentre os pacientes adultos, 21 eram etilistas

(9,8%), e 94 eram não etilistas (43,7%). Já no grupo dos pacientes idosos, 6

eram etilistas (2,8%) e 67 não etilistas (31,2%) como observado na Figura 20.

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Figura 20 – Frequência de pacientes etilistas e não etilistas por faixa etária.

Quando foi realizada a análise dos diagnósticos finais, ao todo, 112

condições foram diagnosticadas na população estudada. Estas, foram

posteriormente divididas em categorias baseadas na classificação de Neville et

al., (2009), com pequenas modificações; sendo adicionadas duas categorias,

sem lesão e preparo para transplante, de acordo com especificidades do

Serviço. As categorias que apresentaram maior prevalência foram a de dor

facial e neuromuscular com 41 casos (19,1%), neoplasias benignas dos tecidos

moles com 23 casos (10,7%), alterações patológicas do epitélio com 17 casos

(7,9%), alterações patológicas das glândulas salivares e neoplasias malignas

com 16 casos cada (7,4%), doenças da polpa e periápice com 15 casos (7%), e

as doenças alérgicas e imunológicas com 14 casos (6,5%), como pode ser

observado na Figura 17. Os pacientes que foram alocados na categoria sem

lesão eram aqueles que não apresentavam alteração da normalidade como

linfonodos aumentados e grânulos de Fordyce. Essa categoria apresentou um

número pequeno de pacientes por grupo 4 (1,9%) e por esse motivo, não foi

realizada correlação estatística para essa categoria.

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Figura 21 – Diagnósticos mais frequentes de acordo com as diferentes categorias de alterações orais.

Os cistos e tumores odontogênicos e a dor facial e neuromuscular foram

mais frequentes em adultos e idosos, respectivamente (p = 0,035 e p = 0,002,

respectivamente). Já a categoria de neoplasias benignas dos tecidos moles

apresentou maior frequência no grupo de adultos (p = 0,003). Estes resultados

podem ser observados na Tabela 1.

Tabela 1 – Associação das diferentes categorias de lesões diagnosticadas nos 215 indivíduos incluídos no estudo com a idade.

Categorização das alterações orais

Jovens N= 26

Adultos N= 115

Idosos N= 73

Total N=215 P

Cistos e Tumores Odontogênicos 3 (1,4%) 6 (2,8%) 0 (0,0%) 9 0,035

Dor Orofacial 0 (0,0%) 19 (8,8%) 22 (10,2%) 41 0,002

Doenças Alérgicas e Imunológicas 0 (0,0%) 6 (2,8%) 8 (3,7%) 14 0,102 Doenças da Polpa e Periápice 2 (0,9%) 11 (5,1%) 2 (0,9%) 15 0,200 Infecções Fúngicas, Bacterianas e Virais 3 (1,4%) 4 (1,9%) 2 (0,9%) 9 0,153 Injúrias Físico-químicas 0 (0,0%) 6 (2,8%) 3 (1,4%) 9 0,476 Alterações Patológicas do Epitélio 2 (0,9%) 9(4,2%) 6 (2,8%) 17 0,990 Alterações Patológicas das Glândulas Salivares 3 (1,4%) 7 (3,3%) 6 (2,8%) 16 0,368 Neoplasias Benignas dos Tecidos Moles 1 (0,5%) 20 (9,3%) 2 (0,9%) 23 0,003 Neoplasias Malignas 2 (0,9%) 10 (4,7%) 4(1,9%) 16 0,715

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Não foi observada correlação estatisticamente significante entre as

diferentes categorias de lesões e o gênero dos indivíduos incluídos no estudo

(Tabela 2).

Tabela 2 – Associação das diferentes categorias de lesões diagnosticadas nos 215 indivíduos incluídos no estudo com o gênero.

Gênero

Categorização das alterações orais Masculino

N= 68 Feminino

N= 148 P Cistos e Tumores Odontogênicos 2 (0,9%) 7 (3,3%) 0,724 Dor Orofacial 8 (3,7%) 33 (15,7%) 0,092 Doenças Alérgicas e Imunológicas 2 (0,9%) 12 (5,6%) 0,234 Doenças da Polpa e Periápice 4 (1,9%) 11 (5,1%) 0,781 Infecções Fúngicas, Bacterianas e Virais 4 (1,9%) 5 (2,3%) 0,465 Injúrias Físico-químicas 4 (1,9%) 5 (2,3%) 0,465 Alterações Patológicas do Epitélio 6 (2,8%) 11 (5,1%) 0,786 Alterações Patológicas das Glândulas Salivares 5 (2,3%) 11 (5,1%) 1,000 Neoplasias Benignas dos Tecidos Moles 4 (1,9%) 19(8,8%) 0,158 Neoplasias Malignas 9 (4,2%) 7(3,3%) 0,450

Quando realizada a associação com os hábitos de etilismo e tabagismo,

a frequência de pacientes etilistas que apresentavam Neoplasias malignas foi

maior do que os não etilistas (Tabela 3) e essa frequência foi maior nos

pacientes tabagistas do que nos pacientes não tabagistas (Tabela 4).

Tabela 3 – Correlação das diferentes categorias de lesões diagnosticadas nos 215 indivíduos incluídos no estudo com o hábito de etilismo. Etilismo

Categorização das alterações orais Etilista N= 27

Não Etilista N= 188 P

Cistos e Tumores Odontogênicos 1 (0,5%) 8 (3,7%) 1,000 Dor Orofacial 4 (1,9%) 37 (17,2%) 0,793 Doenças Alérgicas e Imunológicas 1 (0,5%) 13 (6,0%) 1,000 Doenças da Polpa e Periápice 1 (0,5%) 14 (6,5%) 0,700 Infecções Fúngicas, Bacterianas e Virais 1 (0,5%) 8 (3,7%) 1,000 Injúrias Físico-químicas 3 (1,4%) 6 (2,8%) 0,089 Alterações Patológicas do Epitélio 0 (0,0%) 17 (7,9%) 0,138 Alterações Patológicas das Glândulas Salivares 0 (0,0%) 16 (7,4%) 0,231 Neoplasias Benignas dos Tecidos Moles 4 (1,9%) 19 (8,8%) 0,503 Neoplasias Malignas 10 (4,7%) 6 (2,8%) 0,007

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Tabela 4 – Correlação das diferentes categorias de lesões diagnosticadas nos 215 indivíduos incluídos no estudo com o hábito do tabagismo. Tabagismo

Categorização das alterações orais

Fumante N= 24

Não Fumante N=

167

Parou de Fumar N=

24 P Cistos e Tumores Odontogênicos 1 (0,5%) 8 (3,7%) 0 (0,0%) 0,549 Dor Orofacial 6 (2,8%) 32 (14,9%) 3 (1,4%) 0,544 Doenças Alérgicas e Imunológicas 0 (0,0%) 11 (5,1%) 3 (1,4%) 0,214 Doenças da Polpa e Periápice 2 (0,9%) 13 (6,0%) 0 (0,0%) 0,361 Infecções Fúngicas, Bacterianas e Virais 0 (0,0%) 7 (3,3%) 2 (0,9%) 0,354 Injúrias Físico-químicas 1 (0,5%) 6 (2,8%) 2 (0,9%) 0,556 Alterações Patológicas do Epitélio 1 (0,5%) 14 (6,5%) 2 (0,9%) 0,771 Alterações Patológicas das Glândulas Salivares 2 (0,9%) 10 (4,7%) 4 (1,9%) 0,173 Neoplasias Benignas dos Tecidos Moles 3 (1,4%) 17 (7,9%) 3 (1,4%) 0,900 Neoplasias Malígnas 5 (2,3%) 9 (4,2%) 2 (0,9%) 0,026

Com relação aos diagnósticos finais, a condição patológica mais

prevalente nos indivíduos incluídos no presente estudo foi a neuralgia do

trigêmeo, diagnosticada em 19 pacientes (8,8%). Os pacientes que não

apresentavam nenhuma condição patológica representaram a segunda

prevalência, com 13 pacientes (6,0%). As outras alterações orais mais

prevalentes foram a hiperplasia fibrosa com 12 pacientes (5,5%), disfunção

temporomandibular e líquen plano com 8 pacientes em cada (3,7%), o

carcinoma de células escamosas com 7 pacientes (3,2%), o granuloma

piogênico e a síndrome da ardência bucal com 6 pacientes em cada (2,79%),

como pode ser observado na Figura 16.

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Figura 22 – Diagnósticos finais mais frequentes.

A neuralgia do trigêmeo foi mais frequente na faixa etária de idosos (p =

0,01) (Tabela 5). Entretanto, não houve significância quando a mesma foi

correlacionada com gênero e hábitos (Tabelas 6 e 7).

Tabela 5 – Associação das alterações orais mais prevalentes com a idade.

Alterações orais Jovens N= 26

Adultos N= 115

Idosos N= 73

TOTAL N=215 P

Neuralgia do trigêmeo 0 (0,0%) 7 (3,3%) 12 (5,6%) 19 0,011 Hiperplasia fibrosa 1 (0,5%) 9 (4,2%) 2 (0,9%) 12 0,301 Disfunção temporomandibular 0 (0,0%) 5 (2,3%) 3 (1,4%) 8 0,549 Líquen plano 0 (0,0%) 3 (1,4%) 5 (2,3%) 8 0,180 Carcinoma de células escamosas 0 (0,0%) 4 (1,9%) 3 (1,4%) 7 0,578 Síndrome da ardência bucal 0 (0,0%) 2 (0,9%) 4 (1,9%) 6 0,203 Granuloma piogênico 0 (0,0%) 6 (2,8%) 0(0,0%) 6 0,068

Em relação ao gênero, o carcinoma de células escamosas foi mais

comum no gênero masculino (p = 0,032), conforme demonstrado na tabela 6.

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Tabela 6 – Associação das alterações orais mais prevalentes com gênero. Gênero

Alterações orais Masculino

N= 68 Feminino

N= 148 P Neuralgia do trigêmeo 3 (1,4%) 16 (7,4%) 0,194 Hiperplasia fibrosa 2 (0,9%) 10 (4,7%) 0,349 Disfunção temporomandibular 3 (1,4%) 5 (2,3%) 0,707 Líquen plano 2 (0,9%) 6 (2,8%) 1,000 Carcinoma de células escamosas 5 (2,3%) 2(0,9%) 0,032 Síndrome da ardência bucal 1 (0,5%) 5 (2,3%) 0,668 Granuloma piogênico 1 (0,5%) 5 (2,3%) 0,668

Com relação aos hábitos de tabagismo e etilismo, o carcinoma de

células escamosas foi mais comum em pacientes com o hábito do tabagismo (p

= 0,005) e e em pacientes não etilistas (p = 0,042), o que pode ser observado

nas Tabelas 7 e 8. E o líquen plano também foi mais frequente nos pacientes

com o hábito do tabagismo (p = 0,042) (Tabela 7).

Tabela 7 – Associação das alterações orais mais prevalentes com o hábito do tabagismo.

Tabagismo

Alterações orais Fumante

N= 24

Não Fumante N= 167

Parou de Fumar N= 24 P

Neuralgia do trigêmeo 2 (0,9%) 14 (6,5%) 3 (1,4%) 0,799 Hiperplasia fibrosa 1 (0,5%) 8 (3,7%) 3 (1,4%) 0,291 Disfunção temporomandibular 0 (0,0%) 8 (3,7%) 0 (0,0%) 0,303 Líquen plano 0 (0,0%) 5 (2,3%) 3 (1,4%) 0,042 Carcinoma de células escamosas 3 (1,4%) 2 (0,9%) 2 (0,9%) 0,005 Síndrome da ardência bucal 1 (0,5%) 5 (2,3%) 0 (0,0%) 0,643 Granuloma piogênico 0 (0,0%) 6 (2,8%) 0 (0,0%) 0,412

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Tabela 8 – Associação das alterações orais mais prevalentes com hábito de etilismo.

Etilismo

Alterações orais Etilista N= 27

Não Etilista N= 188 P

Neuralgia do trigêmeo 3 (1,4%) 16 (7,4%) 0,714 Hiperplasia fibrosa 2 (0,9%) 10 (4,7%) 0,561 Disfunção temporomandibular 0 (0,0%) 8 (3,7%) 0,600 Líquen plano 1 (0,5%) 7 (3,3%) 1,000 Carcinoma de células escamosas 3 (1,4%) 4 (1,9%) 0,044 Síndrome da ardência bucal 0 (0,0%) 6 (2,8%) 1,000 Granuloma piogênico 1 (0,5%) 5 (2,3%) 0,558

Quanto às outras condições, não foram observadas diferenças

estatísticas em relação à faixa etária, gênero, área programática e hábitos.

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6 – DISCUSSÃO

Atualmente, existe um único sistema de registro eletrônico de saúde

voltado para Estomatologia na América do Sul, o Estomato Web. Este

prontuário eletrônico em odontologia é disponibilizado online pela Sociedade

Brasileira de Estomatologia e Patologia Oral (SOBEP), e já foi avaliado no

trabalho de Brailo et al. (2015), apresentando qualidades muito satisfatórias

para o armazenamento de informações de pacientes e criação de um banco de

dados único. Esse prontuário vem sendo utilizado no Serviço de Estomatologia

da FO/UFRJ desde 2014, e após a implementação deste sistema, assim como

relatado nos estudos de Finkeissen et al. (2003), Bowens et al. (2010) e

Coorevits et al. (2016), o armazenamento e a administração dos dados

coletados dos pacientes foram otimizados, auxiliando na prestação de

assistência, melhorando o fluxo de trabalho e a busca de informações para a

realização de pesquisas clínicas.

As vantagens deste software relatadas no estudo de Brailo et al. (2015)

foram também observadas pelos usuários deste sistema no Serviço de

Estomatologia da FO/UFRJ. O Estomato Web é um programa de fácil

aquisição, uma vez que é disponibilizado online para os sócios da SOBEP, não

precisa ser baixado e instalado nos computadores do serviço e possui acesso

remoto de qualquer computador, o que facilita o acesso ao sistema. Possui

excelente integração com os usuários, e a utilização de login de usuário e

senha garante um padrão de segurança dos dados inseridos no software

(Brailo et al.,2015). Entretanto, este programa apresenta algumas

desvantagens. Como a necessidade de instalação de computadores para o uso

do software, e como o Estomato Web é um sistema online, quando não há

conexão com a internet, ou quando a conexão apresenta uma baixa qualidade,

não há possibilidade de acesso às informações registradas, ou esse acesso

torna-se muito difícil, impedindo o gerenciamento dos dados. Além disso,

podemos citar também como as barreiras de implementação e

operacionalização do programa e a incapacidade do sistema de coletar várias

informações de uma única vez.

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As barreiras observadas durante a utilização do software Estomato Web

foram principalmente relacionadas a utilização e a manipulação do sistema.

Assim como relatado por Brailo et al. (2015), esse sistema é difícil de ser

preenchido por alunos de graduação, e, além disso, como são inúmeras

informações que precisam ser preenchidas no software, o preenchimento

demanda muito tempo dos profissionais, levando a necessidade de

atendimentos mais demorados para o registro das informações, além da

necessidade de treinamento para sua utilização. A falta de conhecimento sobre

os aspectos do armazenamento dos dados, o preenchimento incompleto ou

incorreto das informações no prontuário eletrônico (Ash et al., 2004; Patrício et

al., 2011; Belle et al., 2013), foram outras barreiras observadas no presente

estudo, as quais acarretaram inclusive a necessidade de exclusão de 128

pacientes.

Fatos semelhantes foram abordados em outros estudos, que afirmaram

que os altos custos financeiros relacionados à instalação, operacionalização,

manutenção dos softwares, e a preocupação dos profissionais sobre os efeitos

desses sistemas no fluxo de trabalho, na produtividade, no tempo que será

necessário para aprender a utilizar os sistemas e na segurança do sigilo das

informações são os principais motivos que impedem a utilização dos

prontuários eletrônicos ou sistemas de tecnologia da informação (Haux., 2006;

Boonstra & Broekhuis 2010; Bowens et al., 2010; Scleyer et al., 2011; Belle et

al., 2013).

Outra desvantagem observada com a utilização do Estomato Web, foi a

dificuldade de realizar a extração de um grande volume de dados (Glez Peña et

al., 2014) de uma única vez. O programa possui ferramentas de busca por

nome, matrícula, diagnóstico clínico e final, doença atual, sexo, idade, raça,

data de entrada, hábitos (fumo ou bebida), mas não permite a possibilidade de

exportar um grande conjunto desses dados, ou até mesmo todas essas

informações de uma única vez. Sendo este um aspecto negativo deste

software, que não permitia compilar o banco de dados em planilhas para que

fosse realizado o gerenciamento de grande volume de informações.

O presente estudo teve como objetivo principal a criação de um

programa de extração de dados do Estomato Web, e a partir deste realizar o

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estabelecimento do perfil epidemiológico dos pacientes do Serviço de

Estomatologia da FO/UFRJ inicialmente cadastrados neste sistema, para testar

o software de extração. Caso a triagem dos dados fosse feita manualmente,

esta seria demorada, e com o risco da perda de detalhes valiosos. Para

minimizar os erros da coleta manual dessas informações, a técnica conhecida

como web scraping foi utilizada. O uso do programa desenvolvido a partir

dessa estrutura, o qual foi denominado EstomatoWeb Scraper garantiu a

otimização da cópia dos dados dos 344 pacientes em 4 minutos, reduzindo de

maneira significativa o tempo da pesquisa. Essa técnica de extração é uma das

mais antigas, e permite um serviço válido de cópia de dados diminuindo o erro

humano quando os sistemas operacionais utilizados, como o software do

Estomato Web, não fornecem a demanda de serviço necessária para o usuário

(Bare et al., 2007; Tang et al., 2013; Glez Peña et al., 2014).

O uso do EstomatoWeb Scraper permitiu compilar as informações dos

pacientes em planilhas do Excel, para posteriormente inseri–las no programa

SPSS, realizar a análise estatística e traçar o perfil epidemiológico dos

pacientes atendidos na clínica de maneira ágil e segura, para que

posteriormente esses dados possam ser utilizados na criação de estratégias

para programas de prevenção e promoção de saúde. Esta técnica não foi

realizada em nenhum outro estudo relacionado a prontuários eletrônicos em

Odontologia ou até mesmo na área Estomatologia, assim como não foram

encontrados trabalhos que abordassem a extração dos dados cadastrados de

prontuários eletrônicos na área odontológica (Glez Peña et al., 2014). O

trabalho de Brailo et al., (2015) que foi o mais completo abordando os sistemas

eletrônicos na área de Estomatologia, realizando inclusive uma abordagem

sobre o Estomato Web, também não avaliou a capacidade de extração de

grande volume de dados nos softwares.

As informações geradas por estudos epidemiológicos são importantes

para entender a prevalência e a frequência de lesões orais, auxiliando no

diagnóstico precoce e tratamento (Jones & Franklin 2006a; Mendez et al.,

2012). Um aspecto importante desta pesquisa foi o fato de as alterações orais

serem avaliadas em um grupo heterogêneo na região Sudeste, similar ao

estudo de Amaral et al., (2016), tendo em vista que poucos trabalhos avaliaram

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as lesões orais no Brasil, principalmente focando na população como um todo,

pois a maioria dos trabalhos tende a focar em grupos ou condições específicas

(Kovacic & Skaleric, 2000; Vallejo et al., 2002; Mumcu et al., 2005; Corrêa et

al., 2006; Jones & Franklin, 2006a; Castellanos & Díaz Guzmán. 2008; Hipólito

et al., 2008; Vale et al., 2013; Kamath et al., 2013).

No presente estudo houve predominância de pacientes do gênero

feminino, representando 68,8% da amostra avaliada, corroborando com

estudos anteriores em que as alterações orais foram mais frequentes em

mulheres. Este fato é geralmente justificado pela maior preocupação destas

com a saúde e com os cuidados corporais do que os homens (Vallejo et al.,

2002; Corrêa et al., 2006; Castellanos et al., 2008; Kniest et al., 2011; Mendez

et al., 2012). Corroborando com os dados da literatura (Mendez et al., 2012), o

carcinoma de células escamosas no presente estudo, foi mais frequente no

gênero masculino. Entretanto, como a amostra é pequena, é necessário que

sejam realizados novos estudos com amostras maiores, uma vez que o número

limitado de indivíduos não permite uma avaliação consistente.

Outro fator de grande importância, o qual está diretamente associado ao

desenvolvimento de algumas condições patológicas orais, é a idade

(Catellanos et al., 2008; Mujica et al., 2008; Henrique et al., 2009; Kniest et al.,

2011). No presente estudo, a prevalência das lesões foi maior no grupo de

adultos. Estudos epidemiológicos anteriores mostraram resultados similares,

onde adultos e idosos apresentaram a maior frequência de alterações

patológicas da cavidade oral. Estes estudos atribuem este resultado ao fato de

que com o aumento da idade, o indivíduo tende a tomar menor cuidado com a

aparência e com a higiene, apresentando também maior índice de perdas

dentárias. Além disso, há um aumento da predisposição para doenças

sistêmicas, as quais podem ser consideradas um fator de risco para o

aparecimento de algumas condições, como a diabetes, alterações auto-imunes

dentre outras (Henrique et al., 2009; Kniest et al., 2008; Mendez et al., 2012).

Nesta pesquisa, as categorias dos cistos e tumores odontogênicos e de

neoplasias benignas dos tecidos moles foram mais comuns na faixa etária de

adultos. A categoria de dor facial e neuromuscular mostrou foi mais prevalente

no grupo de idosos. Quando os diagnósticos finais específicos foram

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analisados separadamente, foi observado que a neuralgia do trigêmeo foi mais

frequente na faixa etária de idosos, conforme também observado em estudos

anteriores (Maarbjerg et al., 2014; Wu et al., 2015). Da mesma forma que as

correlações com gênero, as relacionadas à idade também necessitam de

amostras maiores, uma vez que o número limitado de indivíduos não permite

uma avaliação consistente. Outros trabalhos da literatura também citam um

aumento da prevalência das alterações orais com o aumento da idade, assim

como foi evidenciado nesse estudo, principalmente no grupo dos adultos e

idosos (Mujica et al., 2008; Corrêa et al., 2006).

Assim como gênero e idade, os dados regionais das alterações orais

também podem influenciar na predisposição de uma determinada condição

seja por aspectos étnicos ou socioculturais. Por isso, essas informações podem

auxiliar na criação de estratégias governamentais de promoção de saúde

(Pindborg, 1977; Corrêa et al., 2006; Mujica et al., 2008). Neste estudo, o

município de origem da maioria dos indivíduos foi do Rio de Janeiro, sendo o

bairro de maior prevalência o da Ilha do Governador, seguido por Bonsucesso.

Essa maior prevalência de pacientes dos bairros da Ilha do Governador e

Bonsucesso está provavelmente relacionada com a proximidade geográfica

onde está localizada a Faculdade de Odontologia da UFRJ. A frequência de

pacientes por área programática do Município do Rio de Janeiro foi maior na

região AP 3.1, sendo identificados nessa área os bairros da Ilha do Governador

e Bonsucesso, que também obtiveram as maiores dominâncias dentre outros

bairros. A área AP 3.3 foi à segunda área com a maior prevalência de

indivíduos seguida pela área AP 4.0. Não foram encontradas diferenças

significativas entre as alterações orais, município, bairro ou área programática.

Embora tenham sido realizadas avaliações estatísticas e tenham sido avaliadas

as prevalências das alterações com a região geográfica, não foi possível

realizar uma comparação direta com outros estudos, uma vez que não foram

encontradas informações válidas sobre a frequência das lesões orais por bairro

ou área programática na cidade do Rio de Janeiro. Apesar de alguns

pesquisadores terem buscado determinar a frequência de lesões orais em

diferentes regiões geográficas brasileiras, essas informações ainda são

escassas, principalmente na região Sudeste onde se localiza a FO/UFRJ

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(Corrêa et al., 2006; Henrique et al., 2009; Martinelli et al., 2011; Kniest et al.,

2011; Saintrain et al., 2012; Vale et al., 2013).

Com relação ao hábito do tabagismo, os resultados demonstraram que

11,2% dos indivíduos incluídos no estudo eram tabagistas. Estes dados estão

em concordância com os dados do Ministério da Saúde, que apontou 10,8% de

fumantes na população brasileira em 2014. A maioria dos pacientes fumantes

no presente estudo eram do gênero feminino e do grupo de adultos, as

informações de 2014 relatam que a maior porcentagem de pacientes tabagistas

é do gênero masculino, e maior no grupo de adultos, uma vez que a frequência

de fumantes no país é menor antes dos 25 anos de idade ou após os 65 anos.

A prevalência de pacientes etilistas neste estudo foi de 13%, sendo mais

comum no gênero feminino, e na faixa etária de adultos, similar aos dados do

Ministério da Saúde, que relatam que 12%, da população adulta é etilista e este

hábito é ligeiramente mais comum em pacientes do gênero feminino,

corroborando com os resultados encontrados.

Em alguns trabalhos, para facilitar a análise e interpretação das

condições patológicas, essas foram dividas em categorias, assim como no

presente estudo (Jones & Franklin, 2006a; Jones & Franklin, 2006b; Shah et

al., 2009; Neville et al., 2009; Vale et al., 2013). Entretanto, como ocorreram

variações entre os tipos de categorização, não houve a possibilidade de uma

análise direta de comparação de categorias, assim como foi relatado no

trabalho de Jones & Franklin. (2006a), onde houve dificuldade de associação

em algumas condições. As categorias que apresentaram maior prevalência no

presente estudo foram a de dor facial e neuromuscular, as neoplasias benignas

de tecido mole, as alterações patológicas das glândulas salivares e neoplasias

malignas. Os resultados encontrados diferem de outros trabalhos da literatura,

onde os grupos mais prevalentes foram os das lesões de tecidos moles, as

alterações patológicas dentárias como no estudo de Jones & Franklin (2006b),

as lesões inflamatórias, os cistos odontogênicos, os tumores benignos, as

lesões de desenvolvimento, neoplasias e as desordens potencialmente

malignas (Shah et al.,2008; Mendez et al., 2012; Vale et al., 2013).

A categoria mais prevalente dos trabalhos utilizados como referência

nesta pesquisa foi a de lesões inflamatórias e reacionais (Shah et al., 2009;

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Mendez et al., 2012; Vale et al., 2013). Esta diferença significativa entre a

principal categoria identificada no presente estudo e a categoria mais

prevalente de outros trabalhos pode ser justificada pelo tipo de amostra que foi

utilizada. Considerando que a maioria dos indivíduos incluídos neste estudo

eram oriundos do ambulatório de quinta-feira de manhã do Serviço de

Estomatologia da FO/UFRJ, o qual é referência em dor facial e neuromuscular,

principalmente para o tratamento da neuralgia do trigêmeo, a alta frequência de

pacientes nessa categoria pode ser explicada.

No presente estudo, a hiperplasia fibrosa foi enquadrada na categoria de

neoplasias benignas dos tecidos moles. Apesar do fato desta não ser uma

neoplasia verdadeira, e ser considerada uma lesão reacional, este estudo se

baseou na categorização de Neville et al. (2009), que insere a hiperplasia

fibrosa nesta categoria, sendo esta a segunda mais prevalente. Este resultado

mostra similaridade com outros estudos, como o de Mendez et al, (2012), que

também encontraram alta frequência de pacientes com as condições alocadas

nesta categoria em categorizações similares, como a de lesões reativas e

inflamatórias. Esses autores atribuíram essa alta prevalência ao número de

pacientes edentados, que utilizavam próteses mal adaptadas por longos

períodos, sem que houvesse a substituição, fato que predispõe ao

desenvolvimento de alterações desta natureza.

A categoria dos cistos odontogênicos, ou apenas categoria de cistos

também foi relatada em outros estudos, mostrando alta frequência nos

pacientes avaliados (Jones & Franklin 2006b; Mendez et al., 2012; Vale et al.,

2013). No presente estudo a prevalência dessa categoria foi de 4,2%, sendo

até maior ou similar a outras pesquisas, 2,1% no estudo de Mendez et al.

(2012) e 4,13% no estudo de Vale et al. ( 2013). Nesta categoria, a maior parte

dos pacientes, eram adultos, o que corrobora com estudos anteriores, mas

difere em relação ao gênero, uma vez que a maioria era do gênero feminino,

sendo que nos outros estudos houve prevalência do gênero masculino (Jones

& Franklin 2006b; Mendez et al., 2012; Vale et al., 2013).

A dor facial e neuromuscular foi mais frequente na a faixa etária de

adultos e idosos (Maarbjerg et al., 2014; Wu et al., 2015). Os cistos e tumores

odontogênicos, foram mais comuns no grupo de jovens, também corroborando

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com os dados descritos em estudos anteriores (Jones & Franklin 2006b;

Mendez et al., 2012; Vale et al., 2013; Amaral et al., 2016). A categoria de

neoplasias benignas dos tecidos mole foi mais prevalente no grupo de adultos,

também mostrando resultados similares com outros trabalhos publicados

anteriormente (Shah et al., 2008; Mendez et al., 2012; Saintrain et al., 2012;

Vale et al., 2013).

A categoria de neoplasias malignas foi mais prevalente nos pacientes

etilistas e não tabagistas. Entretanto, considerando o carcinoma de células

escamosas isoladamente, este foi mais comum em pacientes tabagistas e não

etilistas. Esses resultados podem estar relacionados com a baixa quantidade

de indivíduos da amostra, e não representam o esperado para esta associação,

uma vez que a literatura mostra que pacientes tabagistas e etilistas apresentam

maior predisposição para o desenvolvimento de lesões malignas, sendo o

carcinoma de células escamosas o tipo de tumor maligno mais frequente na

boca (Kavicic & Skaleric, 2000; Vallejo et al., 2002; Martinelli et al., 2011;

Mendez et al., 2012). No presente estudo, a prevalência de outras lesões

malignas foi superior ao número de casos de carcinoma de células escamosas,

que geralmente é o mais prevalente em estudos anteriores (Martinelli et al.,

2011; Mendez et al., 2012).

Analisando as alterações orais individualmente, a condição patológica

que foi mais prevalente nesse estudo foi à neuralgia do trigêmeo, seguida pela

hiperplasia fibrosa e líquen plano. Já o carcinoma de células escamosas

aparece em 5° lugar. Estes resultados diferem da maioria dos estudos

brasileiros, que apresentam a hiperplasia fibrosa como lesão mais prevalente,

com 12,6% no estudo de Kniest et al. (2011), 18,3% no estudo de Martinelle et

al. (2011) e 63,4% no estudo de Mendez et al. (2012). A neuralgia do trigêmeo

não aparece como uma das lesões mais prevalentes, uma vez que esta é

descrita como uma alteração incomum (Maarbjerg et al., 2014; Wu et al., 2015).

Este fato também está relacionado com o fato da clínica de Estomatologia da

FO/UFRJ ser referência no tratamento desta condição, o que torna a amostra

viciada, assim como no item das categorias, aumentando sua prevalência e

causando grande divergência com os trabalhos publicados anteriormente.

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No presente estudo, a neuralgia do trigêmeo foi mais comum na faixa

etária de idosos, corroborando com literatura que relata essa condição é mais

frequente em pacientes da 6ª e 7ª décadas de vida (Alves et al., 2004;

Leocádio et al., 2014). Apesar dos relatos da literatura mostrarem que esta

condição é mais comum em mulheres, com relação de 3:2 (Maarbjerg et al.,

2014; Alves et al., 2004; Leocádio et al., 2014; Wu et al., 2015), não houve

nesse trabalho significância estatística quando a neuralgia do trigêmeo foi

correlacionada com gênero, embora sua prevalência tenha sido maior no grupo

de pacientes do gênero feminino 7,4% do que no masculino 1,4%.

A maioria dos estudos epidemiológicos apresenta a hiperplasia fibrosa

como a condição patológica mais frequente nas amostras analisadas (Mumcu

et al., 2005; Corrêa et al., 2006; Castellanos et al., 2008; Mujica et al., 2008;

Kniest et al., 2011; Martinelle et al., 2011; Mendez et al., 2012; Amaral et al.,

2016). Na população do presente estudo, a hiperplasia fibrosa foi a segunda

condição mais prevalente. Já o líquen plano em estudos anteriores apresentou

frequência de 0,5% no estudo de Mumcu et al. (2005), de 3,2% no de Vallejo et

al. (2002) e de 2,3% no estudo de Kavcic & Skaleric (2000), e nos indivíduos

avaliados nesta pesquisa a prevalência foi de 3,7%, sendo ligeiramente maior

do que encontrado nos outros estudos. Diferentemente dos trabalhos

anteriores, que relatam maior prevalência dessa condição em mulheres,

principalmente devido a alterações hormonais (menopausa) e ao estresse

(Kavcic & Skaleric, 2000; Vallejo et al., 2002; Mumcu et al., 2005; Corrêa et al.,

2006), não houve significância estatística desta condição com o gênero

feminino. Um fato interessante foi a maior prevalência desta condição em

pacientes não tabagistas , uma vez que alguns estudos associam esse hábito

aos períodos de exacerbação dessa condição, principalmente na forma erosiva

da doença (Eisen, 2012; Sousa & Rosa; 2008). Esse fato é importante ponto

de discussão, uma vez que existe grande divergência entre autores se o líquen

plano seria ou não uma condição potencialmente maligna e se o etilismo

estaria associado a uma pré–disposição para a transformação (Eisen, 2012;

Sousa & Rosa; 2008). Esta maior frequência de pacientes não tabagistas com

líquen plano pode ser justificada pelo pequeno número de pacientes

analisados.

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A prevalência do carcinoma de células escamosas nesse estudo foi de

3,2%, sendo ligeiramente superior do que em estudos anteriores, como o de

Kniest et al.(2011) que foi de 2,4%, e no de Mendez et al. (2012) que foi de

1,9%. Essa frequência, entretanto, foi inferior ao estudo de Martinelli et al.

(2011), a qual foi de 4,7%. A literatura relata uma predominância pelo gênero

masculino e predileção pela 5ª a 6ª década de vida (Corrêa et al., 2006; Kniest

et al., 2011; Martinelli et al., 2011; Mendez et al., 2012). Neste estudo, houve

maior frequência de pacientes do gênero masculino. Entretanto, a relação

homem:mulher vem diminuindo ao longo dos anos, principalmente pela

mudança de comportamento das mulheres, as quais estão mais expostas aos

fatores de risco. Com relação aos hábitos, esta condição foi mais comum em

pacientes fumantes, também corroborando com os dados da literatura que

atribuem uma maior predisposição ao desenvolvimento do carcinoma nos

indivíduos tabagistas (Corrêa et al., 2006; Kniest et al., 2011; Martinelli et al.,

2011; Mendez et al., 2012). Entretanto, o carcinoma foi mais frequente em

pacientes que não possuíam o hábito do etilismo, mostrando divergência com

dados da literatura, que aponta o etilismo como um fator de risco para o

desenvolvimento do carcinoma de células escamosas de boca, (Corrêa et al.,

2006; Kniest et al., 2011; Martinelli et al., 2011; Mendez et al., 2012). Este fato

também parece estar relacionado ao tamanho amostral do estudo.

Esta pesquisa apresentou algumas limitações. Uma delas foi a amostra

utilizada, que era pequena, o que dificulta a interpretação dos dados e a

análise estatística das informações coletadas. Além disso, foi uma amostra de

conveniência, viciada, o que pode ter gerado resultados divergentes quanto à

prevalência das alterações orais, podendo não corresponder como um todo à

população atendida na FO/UFRJ. Como não há uma concordância entre os

pesquisadores quanto à classificação das lesões em categorias, pode ocorrer

diferenças na comparação dos dados com os estudos publicados, uma vez que

nesses trabalhos, a criação de muitas subcategorias ou a maneira de alocar as

lesões pode ter modificado a frequência dessas condições patológicas.

Portanto, futuros estudos com amostras maiores são necessários para

avaliar o perfil epidemiológico dos pacientes atendidos no Serviço de

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Estomatologia da FO/UFRJ, o que é de fundamental importância para o

desenvolvimento de estratégias preventivas e educativas.

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7 – CONCLUSÕES

• O uso do programa EstomatoWeb Scraper facilita a avaliação,

interpretação e pesquisa de dados registrados no sistema Estomato

Web. Além disso, como este programa será disponibilizado

gratuitamente para os usuários do Estomato Web, poderá ser muito útil

para futuros estudos multicêntricos na área de Estomatologia no Brasil.

• A análise do perfil epidemiológico dos pacientes incluídos neste estudo

revelou prevalência de pacientes do gênero feminino, não tabagistas e

não etilistas oriundos do município do Rio de janeiro, dos bairros da Ilha

do Governador e Bonsucesso.

• A categoria com o maior número de diagnósticos foi a de dor orofacial,

que apresentou maior frequência no grupo de idosos.

• Quando analisados isoladamente, o diagnóstico mais frequente foi à

neuralgia do trigêmeo, que foi mais comum na faixa etária de idosos,

seguido da hiperplasia fibrosa

• O carcinoma de células escamosas, que é considerado um problema de

saúde pública no Brasil, foi a quinta lesão mais frequente, sendo mais

prevalente no gênero masculino e nos pacientes tabagistas.

• Estudos com um número maior de indivíduos são necessários para que

o perfil epidemiológico dos pacientes atendidos no Serviço de

Estomatologia da FO/UFRJ seja corretamente determinado.

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Anexo 1 – Autorização da SOBEP para utilização da técnica de Web scraping.

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Anexo 2 - Aprovação do projeto pelo CEP

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Anexo 3 – Licença MIT. The MIT License (MIT) Copyright (c) <year><copyright holders> Permission is hereby granted, free of charge, to any person obtaining a copy of this software and associated documentation files (the "Software"), to deal in the Software without restriction, including without limitation the rights to use, copy, modify, merge, publish, distribute, sublicense, and/or sell copies of the Software, and to permit persons to whom the Software is furnished to do so, subject to the following conditions: The above copyright notice and this permission notice shall be included in all copies or substantial portions of the Software. THE SOFTWARE IS PROVIDED "AS IS", WITHOUT WARRANTY OF ANY KIND, EXPRESS OR IMPLIED, INCLUDING BUT NOT LIMITED TO THE WARRANTIES OF MERCHANTABILITY, FITNESS FOR A PARTICULAR PURPOSE AND NONINFRINGEMENT. IN NO EVENT SHALL THE AUTHORS OR COPYRIGHT HOLDERS BE LIABLE FOR ANY CLAIM, DAMAGES OR OTHER LIABILITY, WHETHER IN AN ACTION OF CONTRACT, TORT OR OTHERWISE, ARISING FROM, OUT OF OR IN CONNECTION WITH THE SOFTWARE OR THE USE OR OTHER DEALINGS IN THE SOFTWARE.

https://opensource.org/licences/MIT/acessofevereiro de 2016

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Anexo 4 – Tradução livre em português da Licença do MIT. Copyright © Author A permissão é concedida, a título gratuito, para qualquer pessoa que obtenha uma cópia deste software e arquivos de documentação associados (o "Software"), para lidar com o Software sem restrição, incluindo, sem limitação dos direitos de uso, copiar, modificar, mesclar , publicar, distribuir, sublicenciar e / ou vender cópias do Software, e para permitir que as pessoas às quais o Software é fornecido a fazê-lo, mediante as seguintes condições: O aviso de direito autoral acima e este aviso de permissão devem ser incluídos em todas as cópias ou partes substanciais do Software. O Software é fornecido "como está", sem qualquer tipo de garantia, expressa ou implícita, incluindo, mas não se limitando a garantias de comerciabilidade, adequação a uma finalidade específica e não violação. Em nenhum caso os autores ou os detentores dos direitos autorais se responsabilizarão por qualquer reclamação, danos ou qualquer outra responsabilidade, seja em razão de contrato, ato ilícito ou de outra forma, resultantes de ou em conexão com o software ou a utilização ou outras negociações no Software.

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Anexo 5 – Licença para o programa que foi desenvolvido a partir da técnica de Web Scraping. Copyright © <autores> A permissão é concedida, a título gratuito, para qualquer pessoa, desde que obtenha a autorização dos responsáveis da SOBEP pelo Sistema Estomato Web para sua utilização. Os desenvolvedores do código fonte disponibilizarão uma cópia deste software e arquivos de documentação associados (o "Software"), para lidar com o Software, incluindo, observações dos direitos de uso, copiar, modificar, mesclar, publicar, distribuir, sublicenciar e / ou vender cópias do código. O uso do software só será permitido mediante as seguintes condições: - O aviso de direito autoral acima e este aviso de permissão devem ser incluídos em todas as cópias ou partes substanciais do Software. - O desenvolvedor precisa de uma autorização formal do webmaster do sistema Estomato Web para utilização do código em questão ou derivados. - Para utilização do programa em pesquisas, caso tenha sido autorizado pelos reponsáveis do sistema Estomato Web, o seu uso precisará ser autorizado também pelo Comitê de Ética e Pesquisa vinculado à instituição de origem do trabalho. - Esta ferramenta e suas derivadas devem garantir a privacidade dos dados utilizados não identificando os sujeitos cadastrados no Estomato Web, mantendo assim o respeito ao sigilo e confidencialidade. - O Software é fornecido "como está", sem qualquer tipo de garantia, expressa ou implícita, incluindo mas não se limitando a garantias de comerciabilidade, adequação a uma finalidade específica e não violação. - Em nenhum caso os autores ou os detentores dos direitos autorais se responsabilizarão por qualquer reclamação, danos ou qualquer outra responsabilidade, seja em razão de contrato, ato ilícito ou de outra forma, resultantes de ou em conexão com o software ou a utilização ou outras negociações no Software.