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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ JÉSSICA CAROLINE MARAN TRATAMENTOS SILVICULTURAIS COMO SUBSÍDIO AO ORDENAMENTO FLORESTAL POR TALHÕES EM UM FRAGMENTO DE FLORESTA OMBRÓFILA MISTA CURITIBA 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

JÉSSICA CAROLINE MARAN

TRATAMENTOS SILVICULTURAIS COMO SUBSÍDIO AO ORDENAMENTO

FLORESTAL POR TALHÕES EM UM FRAGMENTO DE

FLORESTA OMBRÓFILA MISTA

CURITIBA

2016

JÉSSICA CAROLINE MARAN

TRATAMENTOS SILVICULTURAIS COMO SUBSÍDIO AO ORDENAMENTO

FLORESTAL POR TALHÕES EM UM FRAGMENTO DE

FLORESTA OMBRÓFILA MISTA

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Engenharia Florestal, Área de Concentração em Manejo Florestal, Setor de Ciências Agrárias, Universidade Federal do Paraná, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Engenharia Florestal. Orientador: Prof. Dr. Afonso Figueiredo Filho Co-Orientador (a): Dra. Maria Augusta D. Rosot

CURITIBA

2016

Ficha catalográfica elaborada pela

Biblioteca de Ciências Florestais e da Madeira - UFPR

Maran, Jéssica Caroline

Tratamentos silviculturais como subsídio ao ordenamento florestal por talhões

em um fragmento de floresta ombrófila mista / Jéssica Caroline Maran. – Curitiba,

2016.

114 f. : il.

Orientador: Prof. Dr. Afonso Figueiredo Filho

Coorientador: Profª. Drª. Maria Augusta D. Rosot

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências

Agrárias, Programa de Pós -Graduação em Engenharia Florestal. Defesa:

Curitiba, 29/03/2016.

Área de concentração: Manejo Florestal.

1. Florestas. 2. Manejo florestal. 3. Sistemas silviculturais. 4. Mata Atlântica.

5. Teses. I. Figueiredo Filho, Afonso. II. Rosot, Maria Augusta D. III. Universidade

Federal do Paraná, Setor de Ciências Agrárias. IV. Título.

CDD – 634.9

CDU – 634.0.2

A todos aqueles que acreditam no Manejo Florestal Sustentável como um elemento decisivo para perpetuar a sobrevivência da

Araucaria angustifolia dedico este trabalho.

AGRADECIMENTOS

A meus pais, Marilene Eva Guerro Maran e Moacir Scalon Maran, pelo constante

apoio, dedicação e carinho.

Aos meus orientadores, Afonso Figueiredo Filho e Maria Augusta Doetzer Rosot, que

depositaram sua confiança em mim, agradeço pela nobre oportunidade, excelente

orientação e amizade.

A toda a equipe do Laboratório de Monitoramento Ambiental, da Embrapa Florestas,

Denise Jeton Cardoso, Luziane Franciscon, Marilice Cordeiro Garrastazu, Naíssa

Batista da Luz e Clauber Rogério da Costa, por me acompanharem nessa jornada,

aconselhando e auxiliando, sempre que possível.

Ao pesquisador André Eduardo Biscaia de Lacerda, e aos técnicos Arnaldo de Oliveira

Soares e Carlos Roberto Urio por todo o conhecimento compartilhado a respeito da

área de estudo, e pelo acompanhamento as visitas em campo e levantamento de

dados, muito obrigada.

Aos membros da banca examinadora, Nelson Carlos Rosot, Yeda Maria Malheiros de

Oliveira e Fernando Luiz Dlugosz, pelas sugestões e ideias compartilhadas, que

ajudaram no enriquecimento deste trabalho.

As amigas e colegas de profissão, Ana Paula Marques Martins, Mariana Stang e

Viviane Helena Palma, que tive o prazer de conhecer por meio do Programa de Pós-

Graduação.

Ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Florestal da Universidade Federal

do Paraná, pela oportunidade do desenvolvimento desta pesquisa e à Coordenação

de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, pela bolsa de estudos concedida.

“ A menos que modifiquemos nossa maneira de pensar, não seremos capazes de resolver os problemas causados pela forma

como nos acostumamos a ver o mundo. ”

Albert Einstein

RESUMO

A Floresta Ombrófila Mista (FOM), integrante do Bioma Mata Atlântica, é a formação florestal mais característica do Sul do Brasil. Entretanto, a maioria de seus remanescentes encontra-se empobrecida pela extração predatória e seletiva praticada no passado, que resultou em diversas transformações dessa paisagem, formando um mosaico de fragmentos em diferentes estágios sucessionais, com grandes variações florísticas e estrutural. O presente estudo objetivou a definição de tratamentos silviculturais gerais para as diferentes subtipologias encontradas em um fragmento de FOM, como subsídio ao ordenamento florestal por talhões, por entender-se que formações que apresentam composições específicas de espécies, em distintos estágios de desenvolvimento e número de estratos, requerem diferentes abordagens no que diz respeito ao manejo florestal sustentável de seus recursos; sendo este o caminho mais eficaz para garantir a conservação da floresta. Especificamente, objetivou-se classificar e mapear as subtipologias florestais do fragmento objeto de estudo, por meio da técnica de interpretação visual de uma imagem satelitária de alta resolução (WorldView-2): empregando parâmetros texturais, espectrais e de composição florística, associados à análise de informações de inventário florestal. Objetivou-se também estabelecer critérios para o talhonamento da área, realizado em ambiente SIG, por meio do cruzamento das camadas de uso e cobertura da terra (subtipologias), hidrografia e rede viária. Adicionalmente foram definidas técnicas silviculturais gerais por unidade silvicultural, adaptadas da literatura, partindo de um modelo mais simples, considerando os objetivos e particularidades de cada subtipologia. Assim, a metodologia empregada envolveu três diferentes etapas principais: i) compilação e análise de informações disponíveis sobre a área de estudo; ii) divisão territorial; iii) descrição e definição de técnicas silviculturais gerais por unidade silvicultural. Como resultado, caracterizaram-se áreas de uso restrito para o manejo florestal, bem como seis subtipologias florestais em diferentes estágios de desenvolvimento na escala sucessional, agrupadas em quatro unidades silviculturais (US): Floresta com araucária (FA); Floresta estruturada (FE); Floresta degradada (FD); e Vegetação de solos úmidos (SU). O talhonamento gerou 252 talhões, sendo 84 destes correspondentes a zonas de uso restrito e 168 referentes às áreas passíveis de manejo, para as quais regimes silviculturais gerais foram prescritos, considerando as diferentes US. Para todas as unidades silviculturais, aponta-se a importância do manejo da taquara, inibidora do processo sucessional. No caso da US-FA, objetivando uma floresta regulada, propõe-se uma intervenção por meio do método de seleção; para a US-FE pretende-se preparar a floresta para a futura produção de bens e serviços, por meio de cortes de melhoramento e plantios de adensamento; tratando-se da US-FD, por ser uma área muito degradada e ainda em estágio inicial de desenvolvimento, objetiva-se a restauração deste ecossistema, mas com aproveitamento de Mimosa scabrella (bracatinga), manejando-a por meio do raleio, além da utilização de sistemas de recomposição e enriquecimento para tais áreas. Tratamentos silviculturais também foram propostos para as áreas de APP, como a obtenção de produtos florestais não madeireiros, bem como a continuidade das operações nas áreas abrangidas pelas parcelas experimentais (PE) já instaladas na área de estudo por pesquisadores da Embrapa Florestas. Palavras-chave: Manejo. Floresta com Araucária. Subtipologias. Unidades

Silviculturais. WorldView-2.

ABSTRACT

The Mixed Ombrophylous Forest (OMF), which is part of the Atlantic Forest Biome, is the most prominent forest formation of Southern Brazil. Due to predatory and selective extraction, the remaining remnants of the OMF have become increasingly impoverished in recent years. This has resulted in several landscape transformations, forming a mosaic of fragments in varying successional stages, with large floristic and structural variations. This study aimed to define silvicultural treatments specific to the different sub-typologies found within an OMF fragment, as a subsidy to the forest management by stands. As the Araucaria Forest, sub-typologies present specific species compositions, at various stages of development with a range of strata, it is necessary to develop sustainable forest management techniques specific to the composition of each sub-typology in order to ensure forest conservation. More specifically, the objective of this research was to classify and map the forest sub-typologies of the study area by visual interpretation of a very high-resolution satellite imagery (WorldView-2) using textural, spectral and floristic composition parameters associated with available forest inventory information. As well, the study aimed to establish a criteria for the division of the study area into homogeneous stands, which was performed in a GIS environment using overlaying operations with the following layers: land use and land cover (sub-typologies), hydrography and roads. Furthermore, general silvicultural techniques adapted from literature were defined for each silvicultural unit, departing from a simpler model and considering the objectives and characteristics of each forest formation. Therefore, the methodology involved three primary components: i) compilation and analysis of available information about the study area; ii) territorial division; iii) description and definition of general silvicultural techniques for silvicultural units. As a result, areas of restricted use for forest management, as well as six forest sub-typologies in different phases of succession, were grouped into four silvicultural units (SU): Forest with araucaria (FA), Structured forest (SF), Degraded forest (DF), and wet soils vegetation (WS). The division of the area generated 252 stands, 84 of which corresponded to restricted areas, and 168 related to manageable areas, for which general silvicultural systems were prescribed based on the different SU. It was noted for all silvicultural units the importance of bamboo management, as it is an inhibitor of successional processes. In the case of SU-FA, as the goal is to achieve a regulated forest, the selection method is proposed as a method of intervention. For the SU-EF, the objective is to prepare the forest for future production of goods and services, which will be achieved through improvement cuts and high-density plantings. In regards to the SU-DF, as this area is very degraded and in early stages of development, the goal is to restore this ecosystem through enrichment plantings, while simultaneously managing the pioneer species Mimosa scabrella for commercial purposes. Silvicultural treatments have also been proposed for the permanent preservation areas (PPA), which include obtaining non timber forest products, as well as the continuation of operations in the areas corresponding to the experimental plots (EP) already installed in the study area by researchers from Embrapa Forestry.

Key-Words: Forest Management. Araucaria Forest. Sub-typologies. Silvicultural Units. WorldView-2.

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – MAPA DE LOCALIZAÇÃO DA ESTAÇÃO EXPERIMENTAL DA

EMBRAPA EM CAÇADOR - SC (EEEC). .......................................... 35

FIGURA 2 – BANDAS ESPECTRAIS DO SENSOR WORLDVIEW-2. ................... 41

FIGURA 3 – ASPECTO DAS COMPOSIÇÕES COLORIDAS SELECIONADAS

PARA O MAPEAMENTO DA ÁREA DE ESTUDO, UTILIZANDO AS

BANDAS DO SENSOR WORLDVIEW-2: R8G6B3 (A); R7G5B3 (B)..

........................................................................................................... 45

FIGURA 4 – ASPECTO DAS IMAGENS PANCROMÁTICA, MULTIESPECTRAL E

SUA RESPECTIVA FUSÃO, PARA A ÁREA DE ESTUDO. .............. 45

FIGURA 5 – LOCALIZAÇÃO DOS PONTOS DE CONTROLE UTILIZADOS PARA

CONFERÊNCIA DO MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DAS

SUBTIPOLOGIAS IDENTIFICADAS NA ÁREA, COM DETALHE EM

TRÊS DIFERENTES PONTOS. ......................................................... 47

FIGURA 6 – ESQUEMA DEMONSTRATIVO DO PROCESSO DE

ORDENAMENTO APLICADO À ESTAÇÃO EXPERIMENTAL DA

EMBRAPA, EM CAÇADOR – SC, A PARTIR DO CRUZAMENTO DE

DIFERENTES CAMADAS EM AMBIENTE SIG. ................................ 51

FIGURA 7 – PROCESSO DE CRIAÇÃO DOS TALHÕES PARA FINS

OPERACIONAIS – PARTINDO DA DIVISÃO DA ÁREA EM

SUBTIPOLOGIAS (A), TALHONAMENTO (B) ATÉ A AGREGAÇÃO DE

POLÍGONOS COM MENOS DE 1 HECTARE A TALHÕES

ADJACENTES DE MAIORES PROPORÇÕES (C). .......................... 52

FIGURA 8 – CARACTERÍZAÇÃO DOS RIOS PERENES (A) E INTERMITENTES

(B) QUE PERCORREM A ÁREA DA ESTAÇÃO EXPERIMENTAL DA

EMBRAPA, EM CAÇADOR - SC. ...................................................... 55

FIGURA 9 – CARACTERIZAÇÃO DAS VÁRZEAS OBSERVADAS NA ÁREA DA

ESTAÇÃO EXPERIMENTAL DA EMBRAPA, EM CAÇADOR - SC. .. 56

FIGURA 10 – MAPA TEMÁTICO DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE

(APP) NA ESTAÇÃO EXPERIMENTAL DA EMBRAPA, EM CAÇADOR

- SC. ................................................................................................... 57

FIGURA 11 – LOCALIZAÇÃO DE UMA DAS CINCO ÁREAS DE MONITORAMENTO

DA REGENERAÇÃO NATURAL NA ÁREA DE ESTUDO, COM

PARCELAS INSTALADAS EM 2007. ................................................ 59

FIGURA 12 – LOCALIZAÇÃO DAS PARCELAS EXPERIMENTAIS DO PLANTIO DE

ENRIQUECIMENTO COM MUDAS DE Araucaria angustifolia NA

ÁREA DE ESTUDO, INSTALADAS EM 2011. ................................... 61

FIGURA 13 – LOCALIZAÇÃO DAS PARCELAS EXPERIMENTAIS DO PLANTIO DE

Araucaria angustifolia DERIVADO DE MUDAS E SEMENTES NA

ÁREA DE ESTUDO, INSTALADAS EM 2012. ................................... 63

FIGURA 14 – LOCALIZAÇÃO DAS PARCELAS EXPERIMENTAIS DO PLANTIO DE

Ilex paraguariensis SOB COBERTURA, NA ÁREA DE ESTUDO,

INSTALADAS EM 2014. .................................................................... 66

FIGURA 15 – ÁREA EXPERIMENTAL 1, DESTINADA AO MANEJO DE ERVAIS

SOB COBERTURA, ANTES DA REMOÇÃO DA TAQUARA-LIXA (A);

APÓS O SEU CONTROLE MECÂNICO (B); COM A MARCAÇÃO DO

PLANTIO UTILIZANDO-SE ESTACAS (C) E; APÓS A GERMINAÇÃO

DAS BRACATINGAS ORIGINADAS POR SEMEADURA A LANÇO

(D).. .................................................................................................... 67

FIGURA 16 – LOCALIZAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DOS SISTEMAS

AGROFLORESTAIS, NA ÁREA DE ESTUDO, INSTALADOS EM

2011.. ................................................................................................. 70

FIGURA 17 – RESPOSTA ESPECTRAL DAS ÁREAS EM ESTÁGIO INICIAL DE

REGENERAÇÃO NATURAL, NA IMAGEM PANCROMÁTICA E NAS

COMPOSIÇÕES NRG E N2REG. ..................................................... 74

FIGURA 18 – ÁREA COM PRESENÇA DE VEGETAÇÃO EM ESTÁGIO INICIAL DE

REGENERAÇÃO NATURAL: AGRUPAMENTO DENSO DE Mimosa

scabrella (A); AGRUPAMENTO DE M. scabrella COM INDIVÍDUOS DE

OUTRAS ESPÉCIES PIONEIRAS (B); AGRUPAMENTO DE M.

scabrella COM MUITOS INDIVÍDUOS DE OUTRAS ESPÉCIES

(C)....... ............................................................................................... 75

FIGURA 19 – ÁREAS EM ESTÁGIO SECUNDÁRIO INICIAL DE REGENERAÇÃO

NATURAL (A), COM PRESENÇA MASSIVA DE TAQUARA-LIXA EM

SEU SUB-BOSQUE (B). .................................................................... 76

FIGURA 20 – RESPOSTA ESPECTRAL DAS ÁREAS DE VEGETAÇÃO EM

ESTÁGIO INTERMEDIÁRIO DE REGENERAÇÃO, NA IMAGEM

PANCROMÁTICA E NAS COMPOSIÇÕES NRG E N2REG. ............ 78

FIGURA 21 – ÁREAS EM ESTÁGIO INTERMEDIÁRIO DE REGENERAÇÃO

NATURAL – SUBTIPOLOGIA “ASSOCIAÇÃO

CAMBOATÁ/CANELAS” – SEM A PRESENÇA DE TAQUARA (A) E

COM A PRESENÇA DE TAQUARA EM SEU SUB-BOSQUE (B). .... 78

FIGURA 22 – RESPOSTA ESPECTRAL DAS ÁREAS DE VEGETAÇÃO

SECUNDÁRIA EM ESTÁGIO AVANÇADO DE REGENERAÇÃO, COM

PREDOMINÂNCIA DE CANELAS, NA IMAGEM PANCROMÁTICA E

NAS COMPOSIÇÕES NRG E N2REG. ............................................. 80

FIGURA 23 – ÁREAS EM ESTÁGIO AVANÇADO DE REGENERAÇÃO NATURAL –

SUBTIPOLOGIA “CANELAS” (A) (B) – COM PRESENÇA DE

Dicksonia sellowiana (C) E GRAMÍNEAS (D) NO SUB-BOSQUE. .... 80

FIGURA 24 – RESPOSTA ESPECTRAL DAS ÁREAS DE VEGETAÇÃO

SECUNDÁRIA EM ESTÁGIO AVANÇADO DE REGENERAÇÃO, COM

PREDOMINÂNCIA DE ARAUCÁRIA, NA IMAGEM PANCROMÁTICA

E NAS COMPOSIÇÕES NRG E N2REG. .......................................... 82

FIGURA 25 – ÁREAS EM ESTÁGIO AVANÇADO DE REGENERAÇÃO NATURAL –

SUBTIPOLOGIA “PREDOMINÂNCIA DE ARAUCÁRIA” (A) – COM

PRESENÇA DE Dicksonia sellowiana NO SUB-BOSQUE (B). ......... 82

FIGURA 26 – RESPOSTA ESPECTRAL DAS ÁREAS DE VEGETAÇÃO

SECUNDÁRIA EM ESTÁGIO AVANÇADO DE REGENERAÇÃO, COM

PRESENÇA DE ARAUCÁRIA EM BAIXA DENSIDADE, NA IMAGEM

PANCROMÁTICA E NAS COMPOSIÇÕES NRG E N2REG. ............ 83

FIGURA 27 – RESPOSTA ESPECTRAL DA VEGETAÇÃO SECUNDÁRIA EM

ÁREAS ÚMIDAS, COM ESTÁGIO DE REGENERAÇÃO NÃO

DEFINIDO, NA IMAGEM PANCROMÁTICA E NAS COMPOSIÇÕES

NRG E N2REG. ................................................................................. 84

FIGURA 28 – ÁREAS COM ESTÁGIO DE REGENERAÇÃO NATURAL NÃO

DEFINIDO – SUBTIPOLOGIA “VEGETAÇÃO DE SOLOS ÚMIDOS”

(A) (B). ............................................................................................... 85

FIGURA 29 – RESPOSTA ESPECTRAL DE DIFERENTES USOS DO SOLO NA

COMPOSIÇÃO N2REG: ÁREAS DE VÁRZEA (A); CORPOS D’ÁGUA

(B); ESTRADA (C); SOLO EXPOSTO (D);

AGRICULTURA/FRUTICULTURA (E); GALPÃO (F). ........................ 86

FIGURA 30 – MAPA TEMÁTICO DAS SUBTIPOLOGIAS FLORESTAIS PARA A

ÁREA DE ESTUDO, OBTIDO POR MEIO DE INTERPRETAÇÃO

VISUAL. ............................................................................................. 88

FIGURA 31 – MAPA TEMÁTICO DOS ESTÁGIOS SUCESSIONAIS DA

VEGETAÇÃO PARA A ÁREA DE ESTUDO OBTIDO POR MEIO DE

ESPÉCIES CARACTERÍSTICAS. ...................................................... 89

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................... 14

2 OBJETIVOS ............................................................................................. 17

2.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................... 17

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................... 17

3 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................... 18

3.1 A FLORESTA OMBRÓFILA MISTA ......................................................... 18

3.1.1 Histórico da Floresta Ombrófila Mista na região do Contestado .............. 23

3.2 O MANEJO FLORESTAL ......................................................................... 27

3.2.1 Silvicultura ................................................................................................ 28

3.2.2 Ordenamento florestal e o método de ordenamento por talhões ............. 30

4 MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................ 34

4.1 COMPILAÇÃO E ANÁLISE DE INFORMAÇÕES DISPONÍVEIS ............. 34

4.1.1 Caracterização da área de estudo............................................................ 34

4.1.1.1 Informações geológicas e edáficas .......................................................... 35 4.1.1.2 Informações climáticas ............................................................................. 36 4.1.1.3 Informações hidrográficas e hidrológicas ................................................. 37 4.1.1.4 Estudos e inventários florísticos ............................................................... 38 4.1.2 Base cartográfica e material de apoio ...................................................... 40

4.1.2.1 Imagem de satélite ................................................................................... 41 4.1.2.1.1 Descrição do sensor WorldView-2 ............................................................ 41

4.2 DIVISÃO TERRITORIAL .......................................................................... 42

4.2.1 Mapeamento e definição de zonas com restrição de uso ......................... 42

4.2.1.1 Zonas com restrições legais de uso ......................................................... 42 4.2.1.2 Zonas com restrições operacionais de uso .............................................. 43 4.2.2 Mapeamento e definição das zonas passíveis de manejo ....................... 44

4.2.2.1 Definição de classes homogêneas do meio físico .................................... 44 4.2.2.1.1 Identificação e verificação das subtipologias em campo .......................... 46

4.2.2.2 Definição de Unidades Silviculturais (US) ................................................ 47 4.2.2.3 Talhonamento........................................................................................... 49 4.2.2.4 Agregação de talhões para fins operacionais ........................................... 50 4.3 DEFINIÇÃO E DESCRIÇÃO DE TÉCNICAS SILVICULTURAIS ............. 52

4.3.1 Definição de tratamentos silviculturais gerais por unidade silvicultural

(US) .......................................................................................................... 53

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................... 54

5.1 DIVISÃO TERRITORIAL .......................................................................... 54

5.1.1 Descrição das zonas com restrição de uso .............................................. 54

5.1.1.1 Zonas com restrições legais de uso ......................................................... 54 5.1.1.2 Zonas com restrições operacionais de uso .............................................. 56 5.1.1.2.1 Parcelas de monitoramento da regeneração natural ................................ 56

5.1.1.2.2 Plantio de enriquecimento com mudas de Araucaria angustifolia ............ 59

5.1.1.2.3 Plantio de Araucaria angustifolia derivado de mudas e sementes ........... 62

5.1.1.2.4 Recuperação de áreas visando o manejo de ervais sob cobertura .......... 64

5.1.1.2.5 Sistemas agroflorestais ............................................................................ 69

5.1.2 Descrição das unidades homogêneas de mapeamento (subtipologias) ... 72

5.1.2.1 Floresta em estágio inicial de regeneração natural .................................. 73 5.1.2.2 Floresta em estágio médio de regeneração natural ................................. 77 5.1.2.3 Floresta em estágio avançado de regeneração natural ............................ 78 5.1.2.3.1 Canelas .................................................................................................... 79

5.1.2.3.2 Predominância de araucária ..................................................................... 81

5.1.2.3.3 Baixa densidade de araucária .................................................................. 83

5.1.2.4 Vegetação com estágio de regeneração natural não definido .................. 84 5.1.2.5 Outros tipos de uso e cobertura da terra .................................................. 85 5.1.2.6 Observações gerais sobre o mapeamento ............................................... 86 5.1.3 Talhonamento........................................................................................... 87

5.2 DEFINIÇÃO DE TÉCNICAS SILVICULTURAIS GERAIS POR UNIDADE

SILVICULTURAL (US) ............................................................................. 91

5.2.1 Proposição de tratamentos silviculturais gerais por unidade silvicultural . 91

5.2.1.1 Tratamento proposto para a floresta com presença de araucária (FA) .... 92 5.2.1.2 Tratamento proposto para a floresta estruturada (FE) ............................. 95 5.2.1.3 Tratamento proposto para a floresta degradada (FD) .............................. 96 5.2.2 Proposição de tratamentos silviculturais gerais por zona com uso

restrito ...................................................................................................... 97

5.2.2.1 Tratamento proposto para as zonas com restrições legais de uso (APP) 97 5.2.2.2 Tratamento proposto para as zonas com restrições operacionais de uso

(PE) .......................................................................................................... 99

6 CONCLUSÃO ........................................................................................ 101

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 103

14

1 INTRODUÇÃO

As florestas, de forma geral, constituem um dos mais valiosos recursos

naturais: são centros de biodiversidade, abrigando dezenas de milhares de espécies

de plantas, animais e microrganismos; constituem importantes reguladores do clima,

da drenagem da água da chuva, além de serem eficientes protetoras do solo;

adicionalmente, são imprescindíveis fontes de recursos para o homem, como madeira,

além da celulose, resinas, taninos e óleos essenciais, entre outros produtos florestais

não madeireiros (BACKES, 2009b). A Floresta Ombrófila Mista (FOM), por sua vez,

constitui um dos mais exuberantes e representativos ecossistemas do Brasil,

abrigando uma das poucas espécies de coníferas de ocorrência subtropical no

Hemisfério Sul do Continente Americano: a Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze.

Além desta, muitas outras espécies formam comunidades interativas e diferenciadas

em florística, estrutura e organização ecológica nesta região fitoecológica, sendo

elevado o seu grau de biodiversidade (SANQUETTA; MATTEI, 2006).

O Brasil é um país predominantemente florestal, tanto que a sua própria

história se confunde com a história da exploração de suas florestas. Mais

especificamente, na região Sul, uma das maiores e mais importantes reservas

florestais do país foi intensivamente explorada no último século, fazendo com que os

biomas florestais desta região, sobretudo a Floresta Ombrófila Mista, estejam hoje no

limiar de sua extinção (BACKES, 2009b), restritos a fragmentos de pequeno e médio

porte (FONSECA et al., 2009). Essas áreas, em diferentes graus de antropismo,

compõem atualmente um mosaico de formações em distintas fases sucessionais e

com grandes variações florísticas e estruturais (SANQUETTA; MATTEI, 2006).

Considerando sua área de distribuição atual, apenas uma pequena

percentagem da FOM encontra-se protegida, seja por unidades de proteção

permanente ou por outros tipos de reservas federais, estaduais e municipais. Assim,

a conservação da biodiversidade associada a essa floresta passa necessariamente

por alternativas ecológicas e economicamente sustentáveis para o seu uso em terras

privadas (FONSECA et al., 2009).

Poucos países dispõem de uma diversidade de ecossistemas e de cenários

naturais como o Brasil. No entanto, são ainda raros os programas visando o uso

sustentável desses recursos (BACKES, 2009b), que satisfaçam as necessidades

presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas

15

próprias necessidades. O que tem ocorrido, na verdade, é justamente o oposto, uma

vez que instrumentos legais que privilegiam políticas preservacionistas têm sido

criados, entendendo-se que a única forma lícita de se conservar as florestas é mantê-

las intocadas (CARRERA et al., 2004). Tal tendência deve-se, em parte, ao histórico

de décadas de más intervenções, desde a extração das melhores árvores com a

consequente degradação da composição e estrutura da floresta, até a sua total

remoção para conversão de uso da terra (REYES, 2006); à inexistência de ações de

fomento ao desenvolvimento produtivo florestal (BRUNA, 2006); bem como ao

processo de êxodo rural (CARRERA et al., 2004).

No entanto, a adoção do manejo florestal de uso múltiplo, em toda a extensão

e propriedade que o conceito engloba, representa a medida mais eficaz contra o

avanço da fragmentação da FOM. Ao mesmo tempo, é na busca progressiva e gradual

pelo aumento da eficiência do manejo florestal sustentável em todas as suas

dimensões de forma equilibrada, que a Floresta de Araucária poderá vir a ser

novamente valorizada pelas populações inseridas na sua região de ocorrência natural

(ROSOT, 2007).

A realização de pesquisas sobre o manejo em Floresta de Araucária não tem

sido incentivada, principalmente em função das atuais restrições legais. No entanto, o

estudo desse ecossistema com o objetivo de converter seu potencial de uso em

realidades concretas representa uma possibilidade de valorizar as florestas naturais e

assegurar sua manutenção para as gerações futuras (SOLER MAYOR, 2006). Assim,

por meio do manejo florestal sustentável, a floresta representará uma fonte de

recursos na propriedade rural, pela produção de bens e serviços; garantirá a

conservação da biodiversidade, pela proteção conferida à fauna e à flora que abriga;

integrará a paisagem de forma permanente, constituindo um elemento vivo e dinâmico

e não somente um relicto inativo, mantido na propriedade apenas por força de lei

(ROSOT, 2007).

É inegável que propor um modelo de manejo para a Floresta Ombrófila Mista

representa, hoje, um desafio, pela multiplicidade e fragilidade dos ecossistemas

envolvidos, pelos embates ideológicos ocorridos entre grupos de interesse diversos,

pelos inúmeros fatores e variáveis a considerar quando do planejamento de

operações e pela falta de parâmetros técnicos suficiente e adequadamente validados

por experiências anteriores (ROSOT et al., 2013). No entanto, o manejo das florestas,

se conduzido de maneira adequada, representa uma atividade viável sob o ponto de

16

vista do conceito moderno de sustentabilidade, ou seja, pode ser economicamente

viável, ecologicamente correta e socialmente justa (SANQUETTA; MATTEI, 2006).

Nesse sentido, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) –

unidade Florestas – desenvolve, atualmente, um projeto denominado “Uso e

conservação da araucária na agricultura familiar”, que visa disponibilizar e sistematizar

técnicas de manejo florestal e de sistemas de produção sustentáveis para a

conservação e uso da araucária na agricultura familiar. Tal projeto foi motivado pela

dificuldade existente na interpretação, ou no desconhecimento das possibilidades

legais para o uso da araucária, o que tem levado à “mistificação” desta espécie,

desestimulando tanto o seu manejo em formações naturais quanto o seu plantio em

sistemas diversificados de produção. Para tanto, o projeto se baseia fortemente na

implantação, avaliação e monitoramento de ensaios silviculturais com vistas ao

desenvolvimento de modelos que possam ser replicados nas propriedades rurais.

No âmbito do projeto da Embrapa Florestas está inserida a pesquisa aqui

apresentada, pretendendo-se disponibilizar um referencial teórico e prático para a

adoção do manejo na Floresta de Araucária, visando à sua valorização e conservação,

além de fornecer fundamentos técnico-científicos capazes de embasar a elaboração

e/ou revisão da legislação ambiental relativa ao uso do recurso florestal, bem como

nortear políticas de incentivo a essa atividade.

17

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Este trabalho teve por objetivo definir um conjunto de tratamentos silviculturais

para distintas subtipologias da Floresta Ombrófila Mista presentes em um fragmento

de grandes dimensões, como forma de subsidiar um futuro plano de ordenamento

florestal por talhões a ser aplicado à área de estudo.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Classificar e mapear as subtipologias florestais presentes na área de estudo

com base em imagens digitais de alta resolução;

Estabelecer critérios para o talhonamento e descrever talhões-tipo;

Definir técnicas silviculturais gerais por unidade silvicultural, considerando os

objetivos do manejo e a aptidão de cada talhão;

18

3 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 A FLORESTA OMBRÓFILA MISTA

A Floresta Ombrófila Mista (FOM), integrante do Bioma Mata Atlântica

(BRASIL, 2006), é uma unidade fitoecológica onde se contempla a coexistência de

representantes de duas floras distintas mais antigas: a Temperada Austro-Brasileira e

a Tropical Afro-Brasileira (KOCH; CORRÊA, 2002; RODERJAN et al., 2002; MÄHLER

JUNIOR; LAROCCA, 2009). Também conhecida como “Floresta de Araucária” ou

“Pinheiral” (VELOSO et al, 1991; IBGE, 2012), a FOM é a formação florestal mais

característica do Sul do Brasil (BACKES, 2009b), cuja fisionomia é fortemente

marcada pela dominância da espécie Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze

(Araucariaceae), a gimnosperma nativa de maior importância econômica e biológica

do país (RODERJAN et al., 2002; ANSELMINI, 2005), quase sempre associada à

outra representante das coníferas do Hemisfério Sul, Podocarpus lambertii Klotz

(Podocarpaceae) (VELOSO et al., 1991).

Originalmente a Floresta Ombrófila Mista ocupava cerca de 20 milhões de

hectares (GUERRA et al., 2002; KOCH; CORRÊA, 2002; BACKES, 2009a),

compreendendo as formações florestais típicas e exclusivas dos planaltos da região

Sul do Brasil (RODERJAN et al., 2002), distribuída nos estados do Paraná, Santa

Catarina e Rio Grande do Sul, com disjunções na região Sudeste, concentrando-se

em menores agrupamentos nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais

e Espírito Santo, em áreas de altitude elevada (HUECK, 1972; CARVALHO, 1994;

KOCH; CORRÊA, 2002; BACKES, 2009a; GUERRA et al., 2002). Há, ainda,

pequenas manchas dessa unidade fitogeográfica em países vizinhos, como na

Argentina (no extremo nordeste, na Província de Misiones) e no Paraguai (na região

leste, no Departamento de Alto Paraná) (HUECK, 1972; CARVALHO, 1994; KOCH;

CORRÊA, 2002; RODERJAN et al., 2002; ANSELMINI, 2005).

Dependendo da região, a Floresta de Araucária apresenta diferentes

características em sua composição (KOCH; CORRÊA, 2002). Quatro formações da

Floresta Ombrófila Mista são identificadas pelo Manual Técnico da Vegetação

Brasileira (IBGE, 2012): “aluvial”, localizada em terraços antigos associados à rede

hidrográfica; “submontana”, constituindo disjunções em altitudes inferiores a 400

metros; “montana”, situada aproximadamente entre 400 e 1.000 metros de altitude; e

19

“alto-montana”, compreendendo as altitudes superiores a 1.000 metros. Assim,

espécies que ocorrem de maneira predominante em uma área de floresta surgem de

forma menos destacada em outra ou, ainda, de modo quase inexpressivo (KOCH;

CORRÊA, 2002). Entre as Angiospermas típicas da flora austral observam-se, de

forma geral, representantes das famílias Winteraceae, Aquifoliaceae, Cuninoniaceae

e Rhamnaceae, de hábito arbóreo, e Onagraceae e Griseliniaceae, de hábito arbustivo

ou escandente. Apesar da presença marcante de espécies da flora austral, há

predominância de espécies de origem tropical na composição florística destas matas,

onde se destacam gêneros como Ocotea spp. e Nectandra spp. (Lauraceae) e várias

Myrtaceae neotropicais (VALERIANO, 2010).

No entanto, entre as centenas de espécies arbóreas associadas à araucária,

algumas se destacam de forma especial, tais como Ilex paraguariensis Saint Hilaire

(Aquifoliaceae), Ocotea porosa (Nees) L. Barroso (Lauraceae); O. odorifera (Vell.)

Rohwer; O. pulchella Mart.; Podocarpus lambertii Klotz. (Podocarpaceae); Syagrus

romanzoffiana (Cham.) Glassman (Arecaceae); Tabebuia alba (Cham.) Sandw.

(Bignoniaceae); Cedrela fissilis Vell. (Meliaceae); Cabralea canjerana (Vell.) Mart.

(Meliaceae); Eugenia uniflora L. (Myrtaceae); Campomanesia xanthocarpa Berg.

(Myrtaceae); Sloanea lasiocoma K. Schum. (Elaeocarpaceae); Schinus terebinthifolius

Raddi (Anacardiaceae); Luehea divaricata Mart. & Zucc. (Malvaceae);

Capsicodendron dinisii (Schwacke) Occhioni (Canellaceae); Mimosa scabrella Benth.

(Mimosaceae); Matayba elaeagnoides Radlk. (Sapindaceae); e Gochnatia

polymorpha (Less.) Cabr. (Asteraceae), devido à sua aplicabilidade, uso comercial e

a consequente repercussão econômica (KOCH; CORRÊA, 2002).

A riquíssima biodiversidade encontrada nesta unidade fitogeográfica, que

chegou a cobrir mais de um terço de toda a região, abriga centenas de espécies

vegetais e animais, em um universo complexo e dinâmico (KOCH; CORRÊA, 2002).

No entanto, devido ao intenso processo de exploração predatória iniciado com o

período de colonização do sul do país pelos europeus, e agravado à medida que foram

intensificadas as atividades econômicas, a ocorrência da Floresta de Araucária limita-

se a valores estimados entre 2 a 4% de sua área de cobertura original (GUERRA et

al., 2002; MÄHLER JUNIOR; LAROCCA, 2009). No início do século XX cerca de 35%

da cobertura dos estados do Sul do Brasil estavam ainda representados pela Floresta

Ombrófila Mista (GUERRA et al., 2002); contudo, o avanço da fronteira econômica

sobre as vastas regiões cobertas por pinheirais conseguiu levar essa rica e singular

20

floresta a uma situação de visível degradação biológica, em pouco mais de um século,

sendo evidentes os reflexos da excessiva e irracional exploração madeireira de suas

principais espécies arbóreas (MÄHLER JUNIOR; LAROCCA, 2009). Além disso, o

processo gradativo de conversão do uso da terra resultou em uma intensa

fragmentação deste bioma (ROSOT et al., 2007).

Nos últimos 60 anos houve esforços para criar unidades de conservação que

englobassem remanescentes de Floresta de Araucária. No entanto, o apogeu da

devastação foi anterior à maior parte dessas iniciativas e, com poucas exceções, os

fragmentos remanescentes encontram-se, em grande parte, parcial ou totalmente

descaracterizados como unidades estruturais e funcionais (BACKES, 2009a). Até

meados da década de 1980 não existiam grandes restrições à exploração

indiscriminada das florestas de araucária. Nos chamados “Planos de Exploração

Florestal” era permitida a supressão de praticamente todos os indivíduos com

diâmetros acima de 40 centímetros (SANQUETTA; MATTEI, 2006; BASSO, 2010),

apesar de o resultado do Inventário Florestal Nacional – Paraná/Santa Catarina –

evidenciar que os remanescentes florestais já se encontravam exauridos e

degradados, com a existência de poucas florestas com um volume expressivo de

madeira de araucária (PÉLLICO NETTO, 1984).

Devido ao severo grau de degradação observado no ecossistema que a

abriga, hoje a espécie Araucaria angustifolia, principal elemento da Floresta Ombrófila

Mista, é protegida por lei, sendo a conservação desta unidade fitoecológica

considerada uma questão crítica (VIEIRA; IOB, 2009). A publicação da Resolução nº

278, de 24 de maio de 2001 (CONAMA, 2001), que dispõe contra o corte a exploração

de espécies ameaçadas de extinção da flora da Mata Atlântica, vedou todo e qualquer

aproveitamento comercial dessas espécies – entre elas A. angustifolia, Ocotea

porosa, Ocotea pretiosa e Ocotea catharinensis, todas presentes na FOM – além de

suspender os planos de manejo florestal que se encontravam em execução na sua

área de abrangência (PIRES, 2006).

Entretanto, esta resolução, assim como demais legislações proibitivas, trouxe

muitos resultados negativos citados por Pires (2006, p. 80), tais como a paralisação

de planos de manejo bem executados, que respeitavam a capacidade regenerativa

da floresta, bem como de toda a cadeia produtiva, gerando mais desemprego. Além

disso, esta resolução nivelou bons e maus projetos, impedindo que profissionais

21

responsáveis e idôneos pudessem praticar o que é apregoado na Engenharia

Florestal, isto é, o manejo florestal sustentável (PIRES, 2006).

Carrera et al. (2004, p. 70) apontam diversos casos em que a experiência de

países da América Latina com proibições destinadas a promover a conservação das

florestas tem resultado em efeitos como o aumento do desmatamento, a

desvalorização dos recursos florestais, o aumento da exploração madeireira ilegal,

bem como o aumento da incidência de incêndios criminosos. No caso da Venezuela,

por exemplo, suas florestas nunca foram tão desmatadas quanto durante o período

de proibições, iniciado em 1973 nos territórios ao sul do Rio Orinoco e posteriormente

generalizado a todo o país: as florestas deixaram de ter valor e tornaram-se um

obstáculo para seus proprietários. Tais medidas acabam agindo como incentivos

perversos, segundo os autores, causando indiretamente a degradação de sistemas

florestais, caso o Estado não tenha recursos suficientes para fazer cumprir a lei.

Além disso, outro problema em evidência, no caso da Floresta de Araucária,

é a criação de uma aversão pela espécie A. angustifolia, por parte dos proprietários

rurais, e até mesmo urbanos, que estão assumindo uma postura de eliminação das

novas plântulas da araucária, com medo de que suas propriedades tenham seu uso

ainda mais restringido (PIRES, 2006).

Desta maneira, o maior rigor da legislação, nem sempre acompanhado em

igual proporção por ações de fiscalização, não tem sido eficaz no sentido de coibir

práticas de desmatamento ou conversão do uso do solo para agricultura ou pecuária,

na Floresta de Araucária (ROSOT et al., 2007). O total de desflorestamento

identificado nas áreas dos 17 Estados da Mata Atlântica no período de 2012 a 2013

foi de 23.948 hectares. Comparado à supressão da floresta nativa nos mesmos

estados no período de 2011 a 2012, houve um aumento de 9% na taxa de

desmatamento, que vinha gradativamente caindo desde o primeiro levantamento

realizado pela Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE) (FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA, 2014). Especificamente nos

estados do Sul do país, para o mesmo período, o desflorestamento foi caracterizado

por um aumento de quase 13% com relação aos dados do período anterior (34% no

Estado de Santa Catarina; 50% no Paraná e 43% no Rio Grande do Sul). O

desmatamento observado é, talvez, um dos sintomas mais aparentes da falta de um

bom uso da floresta. Outros, como a degradação e o desaparecimento de espécies,

são menos óbvios, porém mais extensos (LOUMAN; CAMINO, 2004).

22

Além disso, a regeneração da araucária em ambientes pouco perturbados, ou

seja, onde existe muita disputa pela insolação entre árvores adultas, é muito baixa

(KOCH; CORRÊA, 2002). A A. angustifolia apresenta comportamento de espécie

série, necessitando da presença de distúrbios de moderada intensidade para que

possa se regenerar naturalmente e se reciclar na floresta (SOARES, 1979). Em

comparação entre diferentes populações naturais de araucária, foram constatadas

menores taxas de regeneração desta espécie quanto menos perturbada a área

(PULCHALSKY et al., 2006). Estudos efetuados em remanescentes da FOM não

sujeitos a perturbações antrópicas significativas nos últimos 30 ou 40 anos indicam,

ainda, uma possível estagnação do crescimento e declínio nas populações de

araucária (HESS et al., 2010; VALERIANO, 2010).

Resultados recentes têm mostrado que em fragmentos de FOM isentos de

distúrbios, as variáveis ligadas a crescimento e produção, referente a indivíduos de

A. angustifolia, tendem a se manter estáveis ou diminuir ao longo do tempo; por sua

vez, o recrutamento de indivíduos desta espécie é baixo ou inexistente, devido à

intensa competição e a pouca disponibilidade de luz nos estratos inferiores,

explicando a superioridade das taxas de mortalidade em relação às de ingresso que

têm sido observadas (BECKERT et al., 2014). Nestes casos, o que se verifica é uma

gradual diminuição da reprodução da araucária nestes ambientes, com a

predominância de pinheiros velhos que vão, aos poucos, cedendo mais espaço a

outras espécies, como a imbuia e as canelas (KOCH; CORRÊA, 2002), que são as

espécies clímax da comunidade (SOARES, 1979). Isto, aliado ao fato de que as

coníferas são espécies mais rústicas e primitivas, aponta a tendência natural do

processo evolutivo na superfície terrestre, por meio da sua substituição por espécies

latifoliadas, mais evoluídas e especializadas (SOARES, 1979), indicando uma

convergência para o desaparecimento da A. angustifolia nesse tipo de fragmento, se

nenhuma intervenção silvicultural for efetuada (BECKERT et al., 2014).

Dessa forma, a tendência de se proibir qualquer tipo de intervenção da

Floresta de Araucária, mesmo o manejo ecológico (PIRES, 2006), a fim de se

perpetuar a existência de A. angustifolia considerando sua substituição gradual por

outras espécies em povoamentos naturais (MULLER, 1986), pode ter consequências

adversas à manutenção e perpetuação da própria floresta. Assim, muitos autores

apoiam a premissa de que manejar tecnicamente as florestas seria uma melhor forma

de conservá-las (KLEIN, 1968; SCHMIDT et al., 1980; REIS, 1993; SCOLFORO,

23

1997; NUTTO, 2001; MELLO et al., 2003; SANQUETTA et al., 2003; SANQUETTA,

2005; ROSOT et al., 2006; SANQUETTA; MATTEI, 2006; ROSOT, 2007; HESS et al.,

2010). O manejo florestal deve ser entendido como um elemento decisivo para

perpetuar a sobrevivência da A. angustifolia, uma vez que pode contribuir para

estimular a regeneração natural, aumentando, também, as taxas de crescimento das

árvores remanescentes e diminuindo a mortalidade natural na floresta (SANQUETTA,

2005; SANQUETTA; MATTEI, 2006).

A conservação dos últimos remanescentes de Floresta Ombrófila Mista

constitui um grande desafio, pois ao mesmo tempo em que é preciso investir no

aumento da área oficialmente protegida, torna-se também necessário estimular o

manejo sustentável dos recursos advindos da floresta (MELLO et al., 2003). O manejo

dessas florestas é uma alternativa importante para reduzir o desmatamento nos

remanescentes, na medida em que proporciona seu uso de forma sustentável

(VENTUROLI et al., 2015). Esse é o caminho mais eficaz para garantir a conservação

da floresta em um sentido mais amplo, com benefícios diretos e indiretos para toda a

sociedade (SANQUETTA; MATTEI, 2006). A proteção via proibição do uso significa

uma desvalorização do bem que, em muitos casos, tem como consequência a perda

de interesse na conservação da matéria-prima, de forma que o uso restrito com

finalidade de proteger os últimos refúgios restantes desta unidade fitoecológica, bem

como da espécie Araucaria angustifolia, não condiz com o resultado esperado

(NUTTO, 2001).

3.1.1 Histórico da Floresta Ombrófila Mista na região do Contestado

Dominante em todo o Planalto Catarinense, a Floresta de Araucária recebeu

o impacto da ação humana e foi suprimida durante setenta anos, no período de 1920

a 1990, para o sustento da economia regional e estadual (THOMÉ, 1995; TRES et al.,

2011). Muito antes de Caçador se tornar município, onde se localiza a área de estudo

abrangida por este trabalho, praticamente toda a região era coberta por uma Floresta

Ombrófila Mista bastante densa, com alta predominância de A. angustifolia, além de

outras espécies associadas a esta tipologia (ROSOT et al., 2013; ROSOT; SEIDEL,

2015).

A paisagem na região, como se apresenta hoje, foi definida ao longo dos anos

por elementos de ordem social, com a ação dos primeiros colonizadores; de ordem

24

econômica, com a construção da estrada de ferro e a implantação de empresas

florestais; de ordem política, com as políticas de devastação, de recuperação e de

adequação ambiental; e de ordem sistêmica, como as relações de natureza social,

econômica e ambiental (TRES et al., 2011).

Até meados do século XIX a região onde se insere o Município de Caçador

permaneceu relativamente intacta, quando teve início uma nova frente de expansão

da sociedade nacional brasileira, que atingiu as mais diferentes regiões do território

nacional, nas quais vários grupos tribais indígenas ainda se mantinham isolados e

autônomos (LOMBARDI et al., 2003). Na região centro-oeste de Santa Catarina o

cenário da colonização teve como primeiro marco a fixação de uma diversidade de

povos que determinou a vocação econômica da região (TRES et al., 2011). As

primeiras comunidades que se instalaram neste território foram os índios, bugres e

caboclos oriundos da miscigenação de portugueses e espanhóis com os nativos

indígenas das tribos Kaingang, Xoclenge Botocudos. Conhecidos como “mateiros”,

esses caboclos subsistiam por meio da extração da erva-mate, pinhão e pequenas

criações de animais (TRES et al., 2011; ROSOT et al., 2013; ROSOT; SEIDEL, 2015).

Em 1907 deu-se o início da construção da Estrada de Ferro São Paulo – Rio

Grande do Sul no território catarinense, o que trouxe os primeiros imigrantes à região,

em sua maioria descendentes de italianos e alemães vindos do Rio Grande do Sul,

em busca de terras férteis e baratas, com a inauguração da Estação Ferroviária de

“Rio Caçador”, em 5 de maio de 1910 (ROSOT et al., 2013; ROSOT; SEIDEL, 2015).

A princípio a região do Planalto Norte Catarinense era, até a chegada da ferrovia, um

território praticamente explorado somente pelas comunidades tradicionais,

anteriormente citadas (TRES et al., 2011). No entanto, com a construção da estrada

de ferro, o governo cedeu largas faixas de terra que margeavam os trilhos à empresa

estrangeira Southern Brazil Lumber & Colonization Company, para a exploração de

madeiras e para a implantação de projetos de colonização nas zonas adjacentes aos

trilhos (LOMBARDI et al., 2003).

Do advento da construção da ferrovia, aliado à instalação da Southern Brazil

Lumber & Colonization Company iniciou-se um ciclo de maior exploração florestal na

região (TRES et al., 2011). Antes da década de 1910 a exploração madeireira da

floresta com araucária, com exceção de umas poucas serrarias, era apenas destinada

a atender necessidades locais de madeira serrada nas colônias ou das pequenas vilas

que existiam no planalto (CARVALHO; NODARI, 2010).

25

Entre 1909 e 1913, a Lumber adquiriu um total de 3.248 Km² de terras

cobertas por Floresta de Araucária na região. Considerando o volume da produção

diária declarada, por informações e estimativas, calcula-se que, nos seus 40 anos de

funcionamento, a empresa estrangeira explorou mais de 15 milhões de pinheiros na

referida área, além de imbuias, cedros, canelas e perobas (THOMÉ, 1995). Outra

estimativa feita no ano de 1936 indicou que eram produzidas mensalmente 24 mil

dúzias de tábuas de pinheiro (aproximadamente 9.600 m³ de madeira) somente pela

Lumber, enquanto que outras 44 serrarias da cidade de Caçador conseguiam produzir

juntas 32 mil dúzias de tábuas (12.800 m³ de madeira serrada) (THOMÉ, 1995;

DLUGOSZ, 2005). Devido a esta intensa exploração da região, a Lumber é apontada

como sendo o segundo elemento de alavancagem para um ciclo de reforço na

exploração, contribuindo para o processo de transformação da paisagem inicial (TRES

et al., 2011).

A agressão da Lumber não era apenas à natureza, mas também ao elemento

humano que habitava as matas, os caboclos (THOMÉ, 1995). Para estes primeiros

colonizadores, a araucária representava uma das maiores dádivas da natureza, pois

o pinhão garantia a sobrevivência dos animais selvagens e deles próprios (TRES et

al., 2011). Tal agressão, aliada ao fato de que guardas armados da multinacional

expulsavam os caboclos das terras consideradas livres por eles, e da qual extraíam a

erva-mate, alimentou clima de revolta na população sertaneja regional; isso, somado

aos planos de colonização da Lumber com imigrantes estrangeiros, às intrigas

políticas entre os fazendeiros rivais, à questão de limites, ao fanatismo despertado na

religiosidade cabocla, mais ao abandono e ao estado de miséria em que se

encontravam milhares de pessoas, culminou na Guerra do Contestado, no ano de

1913 (THOMÉ, 1995), que se estendeu até 1916, freando o processo de colonização

da região (ROSOT et al., 2013). Devido a tal acontecimento, hoje, o centro-oeste do

Estado de Santa Catarina é conhecido como a “Região do Contestado”.

No entanto, devido ao caráter predatório da exploração florestal realizada na

região, visando exclusivamente à lucratividade do capital, as suas consequências

rapidamente se fizeram sentir (LOMBARDI et al., 2003). Coincidente com esta época

de intensos desmatamentos na floresta com araucária foi promulgado o Código

Florestal, em 1934, bem como leis estaduais na tentativa de conservar as matas

(CARVALHO; NODARI, 2010).

26

Em 1940 o monopólio da Lumber foi desapropriado pelo governo federal, e

consequentemente, iniciou-se uma queda na produção madeireira da região (TRES

et al., 2011). Desde a década de 1950 já se observava uma redução da atividade das

serrarias; entretanto, a partir de 1960 a produção madeireira entrou em declínio,

principalmente graças à redução das reservas florestais de pinheiros (LOMBARDI et

al., 2003).

Na década de 1970 o ramo madeireiro passou por uma crise; isto, aliado ao

fato de que a floresta de araucária não apresentava mais a mesma abundância, devido

à devastação em todo o território do município de Caçador, originou a falência de

muitas serrarias, enquanto outras começaram a investir no reflorestamento com Pinus

sp. (ROSOT et al., 2013). Dessa maneira, a partir da criação da Lei de Incentivos

Fiscais nº 5.106, de 2 de setembro de 1966 (BRASIL, 1966), que permitiu às pessoas

físicas e jurídicas a aplicação de parte do imposto de renda em programas de

reflorestamentos incentivados (TRES et al., 2011), o reflorestamento com Pinus sp.

foi a solução encontrada para suprir a demanda por madeira, o que veio impedir a

falência de várias empresas que, então, passaram a atuar no ramo de

reflorestamento. Com o início do corte das primeiras áreas reflorestadas, as indústrias

começam a beneficiar a madeira, produzindo móveis, papel e papelão (ROSOT et al.,

2013).

No entanto, se no cenário anterior, a política de devastação incentivada pela

chegada das companhias internacionais reduziu os principais recursos da floresta,

esgotando quase que totalmente as populações de araucária e imbuia, devido ao corte

seletivo da floresta original, a lei de incentivos fiscais que caracterizou o fim deste

cenário somente contribuiu para a derrubada do que ainda restava das florestas

nativas (TRES et al., 2011).

Esses fatos foram determinantes no quadro madeireiro do Sul do Brasil e de

certa forma encerraram a “fase do pinheiro” (TRES et al., 2011), marcando o fim do

domínio da araucária como a principal espécie madeirável explorada no país e o início

da fase do pinus como principal produto da indústria madeireira sulina (CARVALHO;

NODARI, 2010). Foi nesse “cenário de recuperação” onde se começou a entender

que as técnicas de produtividade que foram responsáveis por garantir o atual estágio

de desenvolvimento do homem não eram compatíveis com a conservação da natureza

(TRES et al., 2011).

27

O elemento marcante, que serviu como um balanceador da política de

devastação (Lei de Incentivos Fiscais) foi a instituição do Código Florestal Brasileiro

(Lei nº 4.771 de 1965) (BRASIL, 1965) como regulamentação de uma nova política,

agora de preservação (TRES et al., 2011). O momento histórico apontava em direção

a duas diretrizes básicas: explorar racionalmente as florestas nativas e replantar as

áreas devastadas (LOMBARDI et al., 2003).

3.2 O MANEJO FLORESTAL

O manejo florestal é uma atividade que vem sendo praticada há séculos. Sua

origem moderna é a Europa e o Japão e, mais recentemente, outros países, como os

Estados Unidos, o Canadá e também o Brasil, contribuíram para solidificar os

conceitos pioneiros e agregar novos conhecimentos e empregos do manejo florestal

(SANQUETTA; MATTEI, 2006). Este é classicamente definido como a aplicação de

métodos empresariais e princípios técnicos – como a silvicultura – na operação de

uma propriedade florestal (SILVA, 1996). De maneira geral, concentra-se no conceito

da utilização dos recursos florestais de forma sensata e sustentada, de modo que as

gerações futuras possam usufruir dos mesmos benefícios que as gerações presentes

(SCOLFORO, 1997).

No Código Florestal Brasileiro - Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012

(BRASIL, 2012), o manejo florestal recebe a seguinte definição:

“ ... a administração da vegetação natural para a obtenção de benefícios econômicos, sociais e ambientais, respeitando-se os mecanismos de sustentação do ecossistema objeto do manejo e considerando-se, cumulativa ou alternativamente, a utilização de múltiplas espécies madeireiras ou não, de múltiplos produtos e subprodutos da flora, bem como a utilização de outros bens e serviços. ”

Assim, em seu sentido mais amplo, esse pode ser definido como o conjunto

de medidas tomadas em relação à floresta, principalmente de caráter silvicultural,

visando otimizar a produção de determinados bens e/ou serviços de forma sustentável

ao longo do tempo (ROSOT, 2007). São consideradas florestas manejadas

adequadamente aquelas com importância para a conservação de biodiversidade, para

as quais há prescrições de cortes, tratamentos silviculturais e proteção, com o objetivo

de produção comercial e outros benefícios de forma sustentada (SILVA, 2006). O

28

manejo inclui uma exploração cuidadosa (de baixo impacto ambiental), a aplicação de

tratamentos silviculturais à floresta, para regenerar e fazer crescer outra colheita, e o

monitoramento, para ajudar o manejador na tomada de decisões técnicas e

administrativas (SILVA, 1996).

Por fim, o manejo florestal sustentável (MFS) objetiva a conversão de uma

floresta heterogênea, complexa e irregular, a uma mais homogênea, menos complexa

– sem colocar em risco a biodiversidade – e que tenha uma quantidade maior de

espécies comerciais desejáveis, por meio da aplicação de sistemas silviculturais

(HIGUCHI, 1994). A garantia de que as ações de manejo possibilitem a melhoria da

floresta em termos de estrutura, florística, manutenção da capacidade de reprodução

e perpetuação das espécies, além de ordenar os recursos florestais (madeireiros e

não madeireiros) de forma a atingir uma produção com rendimento sustentado,

depende, fundamentalmente, da adoção de métodos de ordenamento florestal

(ROSOT, 2007).

3.2.1 Silvicultura

Em síntese, pode-se planejar a atividade florestal, visando aumentar a

qualidade do produto final e, se possível, sua quantidade, observando em todas as

etapas a viabilidade econômica, social e ambiental do processo produtivo

(SCOLFORO, 1997). Assim, para atingir tais objetivos faz-se o uso dos sistemas

silviculturais – além dos métodos para medição e amostragem, do conhecimento da

estrutura e dinâmica da floresta, dos sistemas de colheita florestal, dos métodos de

análise de investimento e economia ambiental, dos sistemas de comercialização, dos

métodos de classificação da produtividade da floresta e dos modelos de prognose da

floresta, dentre outros (SCOLFORO, 1997).

Os sistemas silviculturais são um conjunto de intervenções do homem na

floresta, por meio dos tratamentos silviculturais, tais como desbastes de árvores, a

remoção e a substituição por novas culturas, de modo a aumentar sua produtividade

(SCOLFORO, 1997). De forma geral, a silvicultura, a partir da definição de um

conjunto de técnicas a serem adotadas na gestão da floresta, tem como finalidade dar

subsídio aos objetivos do manejo, sejam com vistas à produção, ou não

(GONÇALVES et al., 2008).

29

Um sistema silvicultural é caracterizado pelo método de regeneração utilizado,

e pelo arranjo no espaço da cultura em questão, de modo a facilitar sua proteção e

colheita (SCOLFORO, 1997), consistindo em três fases principais: i) colheita ou

exploração de um crescimento prévio; ii) regeneração ou recobrimento das áreas de

colheita; e iii) favorecimento dessa regeneração. Assim sendo, de maneira geral, os

sistemas silviculturais são distinguidos com base na intensidade, na natureza e na

combinação das operações em cada uma dessas fases (SOUZA; JARDIM, 1993).

Pode-se definir os sistemas silviculturais para duas diferentes situações. A

primeira é aquela em que a floresta é produtiva, de forma que, nesse caso, deve-se

estimular a regeneração natural principalmente das espécies de interesse econômico,

propiciando ainda, por meio de refinamentos e corte de liberação, seu maior

desenvolvimento. Uma segunda situação é quando a área objeto do manejo não é

produtiva, do ponto de vista econômico. Nesta situação, deverão ser utilizadas

técnicas de enriquecimento e melhoramento, na tentativa de tornar a floresta

produtiva, podendo, então, ser adotados sistemas de manejo como no primeiro caso

(SCOLFORO, 1997).

A silvicultura clássica desenvolveu-se na Europa, tendo a floresta temperada

como objeto (SILVA, 1996). Entretanto, na floresta temperada a diversidade de

espécies arbóreas é mínima (SILVA, 1996), de forma que para uma mesma biomassa,

ambientes tropicais podem suportar até dez vezes o número de espécies

comparativamente a ambientes temperados (SCHLUTER; RICKLEFS, 19931 apud

GORENSTEIN, 2009). Assim, os sistemas silviculturais utilizados para o manejo

florestal sustentável nos países com florestas tropicais são, na realidade, adaptações

destes modelos clássicos, desenvolvidos para as florestas temperadas (HIGUCHI,

1994).

No entanto, não existe nenhum sistema silvicultural que possa ser aplicado

indistintamente a qualquer tipo de floresta nativa, pois cada floresta requer um sistema

ou, no mínimo, diferentes parâmetros de um mesmo sistema a ela adequados

(SOUZA; JARDIM, 1993). A escolha de um sistema ou outro, e a adaptação do

sistema a um determinado local, depende muito da composição florística, da estrutura

1 SCHLUTER, D.; RICKLEFS, R. E. Species diversity: an introduction to the problem. In: RICKLEFS, R. E.; SCHLUTER, D. (Ed.) Species diversity in ecological communities: historical and geographical perspectives. Chicago: The University of Chicago Press, 1993, p. 1-10.

30

e dinâmica da floresta a manejar, entre outros aspectos ecológicos das espécies

escolhidas e do sítio (RIBEIRO et al., 2002).

Os sistemas silviculturais podem ser divididos em monocíclicos e policíclicos

(LAMPRECHT, 1990; SOUZA; JARDIM, 1993; SCOLFORO, 1997). Os sistemas

monocíclicos são aqueles em que, em escala de compartimento, o ciclo do corte

principal é igual à rotação (SOUZA; JARDIM, 1993); em tais sistemas todo o estoque

de madeira comercializável existente na floresta é explorado em uma única operação

silvicultural (SCOLFORO, 1997). Seu objetivo é a formação de florestas altas,

equiâneas, destinadas a explorações e operações de regeneração, dentro de rotações

previamente estabelecidas (SCOLFORO, 1997).

Por sua vez, no caso dos sistemas policíclicos as operações silviculturais são

aplicadas apenas em uma fração da floresta (talhões), pré-determinada de acordo

com o tamanho da área a ser manejada (SCOLFORO, 1997). O ciclo de corte principal

é menor que a rotação, neste caso, pois a regeneração avançada é retida para

produzir árvores comercializáveis em ciclos posteriores, sendo este sistema

dependente das plântulas da regeneração para produzir uma colheita futura (SOUZA;

JARDIM, 1993). Este tipo de sistema objetiva uma produção contínua de madeira de

espécies comerciais, proporcionando um razoável equilíbrio ecológico e garantindo

uma regeneração natural adequada, além de pouco alterar a composição florística e

a estrutura original da floresta (SCOLFORO, 1997).

3.2.2 Ordenamento florestal e o método de ordenamento por talhões

O ordenamento florestal é um instrumento de planificação da gestão e uso

sustentável dos espaços florestais, podendo ser definido como um sistema de

organização da superfície florestal e, consequentemente, de sua regeneração, que

tem como objetivo principal assegurar a perpetuidade da floresta (MOLINA et al.,

2006). É a organização temporal e espacial das intervenções silviculturais a serem

aplicadas na floresta, objetivando o uso econômico de seus produtos de forma

sustentável por meio do manejo florestal. A sustentabilidade e a multifuncionalidade

têm sido, desde o início, inerentes ao ordenamento florestal; no entanto, tendo em

vista o cenário ambiental atual, demanda-se uma especial sensibilidade quanto à

conservação da biodiversidade e a integridade dos ecossistemas florestais no que diz

respeito ao manejo florestal (GRAU; NICOLAU, 2007).

31

Os modelos de ordenamento florestal devem responder onde, como, quanto

e quando, devem ser aplicados determinados tratamentos silviculturais em uma

unidade de manejo florestal (BALDUCCI et al., 2012). O método de ordenamento por

talhões tem sua origem histórica nos trabalhos publicados por Friedrich Judeich entre

1871 e 1893, na Alemanha (MOLINA, 2003; MOLINA et al., 2006; GRAU; NICOLAU,

2007), e, após uma evolução notável por meio de reformulações e adaptações

(especialmente por Speidel, em 18932 apud MOLINA et al., 2006), está sendo aplicado

com êxito em toda a Europa Central, onde atualmente é usado amplamente.

O ordenamento florestal por talhões sempre engloba a propriedade florestal

como um todo, considerando todas as áreas que participam do patrimônio produtivo,

sem priorizar nenhuma classe de idade em particular ou áreas que apresentem uma

condição privilegiada em termos de estoque ou espécies de maior valor econômico

(ROTHERMEL, 2002; ROSOT, 2007). Como principais características deste método

podem ser citadas (MOLINA, 2003):

A limitação do planejamento a um período muito mais curto de tempo do que

a idade de rotação (normalmente 10 a 20 anos);

A definição de uma unidade mínima de divisão permanente do terreno, que

pode estar subdividido em um ou mais talhões;

O talhão é considerado como uma unidade temporal, e constitui a unidade

básica de inventário, assim como a unidade silvicultural de corte e é definido

em cada ordenamento em função do estado real da floresta, dos objetivos em

nível de propriedade e das necessidades de gestão;

O planejamento em longo prazo é constituído pelos sucessivos

ordenamentos, reduzindo-se sua relevância à definição de um marco genérico

de atuação que norteará coerentemente a gestão em longo prazo;

O rendimento sustentado é assegurado em função do equilíbrio de classes de

idade e do rendimento efetivo do período anterior;

Um dos objetivos prioritários do plano geral é normalizar a evolução da floresta

e a distribuição de idades em seu conjunto;

O planejamento de curto prazo constitui o núcleo do ordenamento e sua

flexibilidade reside na possibilidade de executá-lo de forma independente para

2 SPEIDEL, H. Aus Theorie und praxis der Forstbetriebseinrichtung. Allgemeine Forst und Jagdzeitschrift, n. 69, p. 145-181, 1893.

32

cada talhão em função de suas necessidades e/ou potencialidades

específicas.

A Floresta de Araucária, se manejada, por exemplo, com vistas à produção

de madeira de alta qualidade e valor, de espécies tais como Araucaria angustifolia,

Ocotea porosa, Cedrela fissilis, Cordia thricotoma, entre outras, exigiria rotações

longas e investimentos na regeneração natural. Um sistema desenvolvido a partir de

experiências nas florestas alemãs nas décadas de 1970 e 1980 permite minimizar os

custos relacionados à regeneração natural, produzindo madeira de alto valor somente

à custa de métodos de corte, com base nos conceitos de “floresta permanente” ou

“silvicultura natural” (ROSOT, 2007).

Em contrapartida, em florestas menos desenvolvidas exigem-se intervenções

específicas devido à presença de múltiplas idades em um mesmo local e pela

necessidade de se selecionar e favorecer os indivíduos mais promissores – “árvores

futuro” – dentro de um conjunto natural bastante heterogêneo (ROSOT, 2007). Por

outro lado, as rotações longas não demandam manejo intensivo, diminuindo custos

de mão-de-obra, o que vem de encontro ao preconizado para a administração de um

recurso de baixa produtividade como são as florestas naturais: a melhoria nos

rendimentos é mais factível por meio da minimização de custos do que pelo aumento

dos ingressos (ROTHERMEL, 2002).

O funcionamento natural de uma floresta (ou talhão) envolve uma série de

etapas de desenvolvimento que constituem ciclos que se repetem ao longo do tempo.

Em cada ciclo podem-se observar as seguintes fases: regeneração, crescimento

ótimo, envelhecimento e senescência ou deterioração (ASSMANN, 1970). Para

espécies como A. angustifolia, por exemplo, cuja longevidade média situa-se em torno

dos 200 anos (REITZ; KLEIN, 1966), a fase de senescência é a mais frequente, e é o

que confere o caráter de sobremaduro a muitos dos fragmentos observados hoje na

Floresta Ombrófila Mista.

Em uma floresta submetida a manejo, no entanto, a fase de senescência se

reduz ao período de regeneração e, em função das intervenções planejadas, é

possível otimizar o momento do corte ou retirada dos indivíduos mais maduros,

eliminando-se, assim, um período significativo da fase de envelhecimento. Dessa

forma, a rotação estabelecida em um plano de ordenamento pode ter uma duração

inferior a 50% do ciclo natural de vida da espécie, o que permite afirmar que a floresta

33

natural submetida a intervenções silviculturais é mais produtiva em termos

econômicos tradicionais do que outra sem manejo (VITA, 1996).

Assim, o método de ordenamento por talhões fornece as diretrizes gerais e os

princípios a serem aplicados dentro do manejo florestal. Para cada talhão, o plano de

ordenamento definirá o método silvicultural mais adequado, levando em conta sua

composição de espécies, sua estrutura e seu estágio de desenvolvimento, além dos

objetivos do manejo (ROSOT, 2007).

34

4 MATERIAL E MÉTODOS

A metodologia proposta envolveu três diferentes etapas principais: i)

compilação e análise de informações disponíveis sobre a área de estudo; ii) divisão

territorial; iii) descrição e definição de técnicas silviculturais gerais por unidade

silvicultural (US).

4.1 COMPILAÇÃO E ANÁLISE DE INFORMAÇÕES DISPONÍVEIS

A primeira fase na elaboração de um instrumento de planejamento florestal é

busca e análise de informações sobre a área objeto de estudo, cujo principal objetivo

é identificar aspectos relevantes para a sua gestão, permitindo detectar as

potencialidades bem como possíveis restrições da floresta objeto do manejo (MOLINA

et al., 2011). Assim, a etapa inicial deste trabalho constituiu-se na compilação de

informações já existentes sobre a área objeto de estudo, tais como: informações

geológicas e edáficas, climáticas, hidrográficas e hidrológicas, bem como dados de

estudos e inventários florísticos, além da compilação de recursos cartográficos –

informações necessárias para a preparação e desenvolvimento das etapas

posteriores, apresentadas na sequência:

4.1.1 Caracterização da área de estudo

A área de estudo é representada pela Estação Experimental da Embrapa em

Caçador (EEEC), localizada na região centro-oeste do estado de Santa Catarina,

entre as coordenadas geográficas 50°05’ e 51°00’ de Longitude Oeste de Greenwich

e de 26°50’ e 26°55’ de Latitude Sul (FIGURA 1). Este imóvel compreende uma área

de aproximadamente 1.197 hectares de cobertura florestal, em variadas condições de

conservação, sendo um dos maiores e mais importantes remanescentes contínuos

com vegetação característica da região fitogeográfica Floresta Ombrófila Mista, tanto

em termos de diversidade de espécies quanto em extensão (ROSOT et al., 2008;

ROSOT et al., 2013).

35

FIGURA 1 – MAPA DE LOCALIZAÇÃO DA ESTAÇÃO EXPERIMENTAL DA EMBRAPA EM CAÇADOR - SC (EEEC).

4.1.1.1 Informações geológicas e edáficas

Estudos geomorfológicos mostram que a região de Caçador (SC), onde se

insere a área de estudo do presente trabalho, é contemplada por duas unidades

geológicas: o Planalto Dissecado Iguaçu/Uruguai, com vales profundos e vertentes

escalonadas em patamares, como no caso do Vale do Rio do Peixe, por exemplo; e o

Planalto dos Campos Gerais, com relevo fragmentado em blocos – partes dos campos

de Palmas e de São João de Cima (THOMÉ, 1995; ROSOT et al., 2013).

A área de Estação Experimental é caracterizada por um relevo suave

ondulado com altitude que varia de 920 a 1.060 metros s.n.m. A região está assentada

sobre a formação geológica do grupo São Bento – sequência rochosa que pode ser

enquadrada entre o jurássico e o cretáceo da Era Mesozóica. Dessa maneira, os solos

36

da EEEC são desenvolvidos a partir da decomposição de rochas basálticas da

formação Serra Geral, formada por litologia vulcânica, com a predominância de

meláfiros que, quando preenchidos por calcita, apresentam solo rico e, quando por

sílica, produzem solo pobre em fertilidade (EMBRAPA, 1994; KURASZ et al., 2004;

DLUGOSZ, 2005).

Em levantamento pedológico semidetalhado, realizado especificamente para

esta área, no ano de 2003, foram mapeadas nove classes, inseridas dentro de quatro

ordens de solo dentro do Sistema Brasileiro de Classificação: Cambissolos,

Gleissolos, Nitossolos e Neossolos (KURASZ et al., 2004). A classe predominante foi

a do tipo “Associação de Cambissolo Háplico Tb Distrófico léptico, relevo ondulado +

Neossolo Litólico Distrófico típico, A moderado, textura argilosa, relevo forte

ondulado”, abrangendo uma área de 452,9 hectares, correspondente a quase 40% da

área de estudo (KURASZ et al., 2004).

A relação silte/argila é baixa em quase todos os solos da EEEC, retratando

um estágio avançado de intemperismo na área, onde a textura é essencialmente muito

argilosa (> 60% argila) a argilosa (35 a 60% argila) (KURASZ et al., 2004). Além disso,

em todos os solos amostrados a acidez mostrou-se elevada (< 7) e a saturação por

bases baixa (< 50%), em sua grande maioria, exceto para algumas classes que

apresentam elevados teores de alumínio trocável e matéria orgânica, sendo estes:

Associação de Gleissolo Melânico Tb Eutrófico; Nitossolo Bruno Distrófico típico epi

Eutrófico, A moderado; e Nitossolo bruno Distrófico típico, A proeminente (KURASZ

et al., 2004).

4.1.1.2 Informações climáticas

No município de Caçador, o outono e o inverno são estações conhecidas

como de tempo seco, enquanto que o verão e a primavera se caracterizam como

épocas de chuva (LOMBARDI et al., 2003; ROSOT et al., 2013). Segundo a

classificação de Köppen, é uma região de ocorrência de clima tipo Cfb, isto é,

temperado úmido, sem estação seca, com verões frescos e apresentando invernos

rigorosos com geadas severas num período médio de ocorrência de 10 a 25 dias

anualmente (KÖPPEN, 1936; CALDATO et al., 1999; DLUGOSZ, 2005).

O Centro Integrado de Meteorologia e Recursos Hídricos de Santa Catarina

(CLIMERH) possui uma estação meteorológica localizada dentro da área da Estação

37

Experimental da Embrapa. Esta registra diariamente, desde 1942, as informações

climáticas da região (DLUGOSZ, 2005). A temperatura média anual do município varia

de 14 a 16 °C (FIORENTIN et al., 2015), com maiores registros em janeiro e fevereiro

e temperaturas mínimas nos meses de junho e julho (ALVARES et al., 2013).

Predominam os ventos de direção Norte, secundados pelos de direção Nordeste

(THOMÉ, 1995).

A precipitação média mensal ocorre em cerca de 11 dias chuvosos,

perfazendo 137 dias de chuva ao ano (ROSOT et al., 2013). Entre junho e setembro,

essa média é de 9,3 dias com ocorrência de chuva; de dezembro a fevereiro é de 14,5

dias, segundo os mesmos autores. Assim, a precipitação total anual varia de 1.300 a

2.000 mm (FIORENTIN et al., 2015), registrando-se as precipitações mais volumosas

no mês de fevereiro, com 174,8 mm em média (ROSOT et al., 2013).

Segundo informações da estação meteorológica baseada no município, a

média anual da umidade relativa do ar é de cerca de 78% (LOMBARDI et al., 2003;

FIORENTIN et al., 2015), a insolação média anual é de 2.012,3 horas e em média

ocorrem 26,2 geadas por ano, com maior intensidade entre os meses de maio a

setembro (LOMBARDI et al., 2003).

4.1.1.3 Informações hidrográficas e hidrológicas

A região na qual está inserida a área de estudo pertence à bacia hidrográfica

do Rio Uruguai, que se estende pela parte meridional do município, sub-bacia do Rio

do Peixe, estando posicionada à esquerda de sua margem, entre os afluentes do Rio

Castelhano (ao Norte) e Rio do Veado (ao Sul) (LOMBARDI et al., 2003; DLUGOSZ,

2005).

No sentido norte-sul, o município de Caçador é cortado pelo Rio do Peixe, que

constitui sua maior rede hidrográfica, destacando-se os tributários rios Castelhano,

Caçador, XV de Novembro e Veado; a região noroeste de Caçador pertence à bacia

do Rio Jangada (LOMBARDI et al., 2003).

Uma parte do limite nordeste da Estação Experimental se dá pelo Arroio

Paçoca, afluente do Ribeirão do Índio e do Rio Castelhano. Junto ao limite leste da

reserva encontra-se a nascente do Ribeirão Cará, que percorre todo o interior da

reserva, saindo a oeste e indo desaguar logo adiante diretamente no Rio do Peixe

(DLUGOSZ, 2005).

38

4.1.1.4 Estudos e inventários florísticos

A Estação Experimental da Embrapa em Caçador possui cerca de 94% de

sua superfície coberta pela tipologia “Floresta Ombrófila Mista Montana”, onde se

destacam algumas espécies, estas presentes na lista oficial de espécies ameaçadas

de extinção (IBAMA, 1992), e objeto de proibição de corte pela Resolução do

CONAMA 278, de 24 de maio de 2001 (CONAMA, 2001), tais como Araucaria

angustifolia (pinheiro do Paraná), Ocotea porosa (imbuia) e Ocotea catharinensis

(canela preta) (ROSOT et al., 2008; RIVERA et al., 2009; ROSOT et al., 2013).

Rivera (2007, 2009) identificou para esta área de estudo cerca de 72 espécies,

distribuídas dentro de 54 gêneros e 33 famílias botânicas. As famílias Myrtaceae,

Lauraceae, Fabaceae, Flacourtiaceae, Asteraceae, Aquifoliaceae e Sapindaceae são

as que apresentaram maior riqueza de espécies, representando juntas mais de 50%

do número total de espécies encontradas.

Em inventário florestal realizado no ano de 2006 (RIVERA, 2007), a densidade

média foi de 484 árvores.ha-1 e os valores médios de diâmetro à altura do peito (DAP)

e altura total foram de 23,9 cm e 11,7 m, respectivamente. A área basal média

estimada foi de 31,4 m².ha-1. As cinco principais espécies da EEEC, segundo o índice

de valor de importância ampliado (IVIA), foram: Cupania vernalis (covatã), Araucaria

angustifolia (pinheiro), Ocotea porosa (imbuia), Capsicodendron dinisii (pimenteira) e

Prunus brasiliensis (pessegueiro bravo).

Ainda, foi observado que o padrão florístico que caracteriza as áreas de

ocorrência da FOM também é seguido na EEEC e, segundo o índice de diversidade

de Shannon para espécies (3,586) e para famílias (2,827), sua diversidade pode ser

considerada alta, afirma Rivera (2007).

Nas áreas com “predominância” da espécie A. angustifolia foi realizado um

inventário florestal contínuo no período de 2004 a 2013. Desta maneira, essas

medições anuais permitiram a avaliação da dinâmica e do crescimento florestal nesta

subtipologia (ROSOT et al., 2007), para o período analisado. Para tais áreas Lingner

et al. (2007) verificaram a presença de 41 espécies, distribuídas em 32 gêneros e 24

famílias botânicas. No entanto, os autores afirmam que são poucas as espécies que,

de fato, contribuem na composição da fisionomia da floresta. Assim, de acordo com o

valor de importância ampliado (VIA), as espécies mais importantes foram: Araucaria

39

angustifolia, Ocotea porosa, Cupania vernalis, Capsicodendron dinisii e Matayba

elaeagnoides (LINGNER et al., 2007).

O valor médio de DAP observado para esta área em 2007 foi de 46,45 cm,

com incremento médio de 0,535 cm no período de três anos, correspondendo a um

IPA de 0,186 cm.ano-1. As espécies que obtiveram os maiores valores de incremento

periódico anual (IPA) médio foram Cedrela fissilis (0,498 cm.ano-1), Sebastiana

commersoniana (0,407 cm.ano-1), Sloanea monosperma (0,375 cm.ano-1), Luehea

divaricata (0,294 cm.ano-1), Styrax leprosus (0,281 cm.ano-1) e Ocotea porosa (0,266

cm.ano-1) (LINGNER et al., 2007).

Na análise da estratificação vertical, realizada por Lingner et al. (2007),

apenas seis espécies apresentaram indivíduos em todos os estratos da floresta, uma

condição favorável à manutenção desta área, segundo os autores. No entanto, o

mesmo não foi observado no caso de A. angustifolia, que não apresentou indivíduos

no estrato inferior, o que indica que seus níveis de regeneração estão sendo

comprometidos devido ao avanço das folhosas, fator de ocorrência comum em

florestas em estágio avançado (LINGNER et al., 2007).

Sendo assim, as informações dendrométricas disponíveis para apoiar a

realização deste trabalho são oriundas destas duas fontes de dados distintas: 10

parcelas permanentes e 72 parcelas temporárias.

As parcelas permanentes foram instaladas na área de estudo no ano de 2003,

nos estratos caracterizados pela predominância da espécie A. angustifolia, e medidas

anualmente – sempre entre os meses de fevereiro e março, no período de 2004 a

2013. Cada parcela contemplava uma área de 2.500 m² (25 x 100 m), resultando em

uma área total amostrada de 2,5 hectares. Desta forma, durante o período de

acompanhamento foram coletados dados referentes a todos os indivíduos arbóreos

presentes nas parcelas, cujo DAP fosse maior ou igual a 20 cm.

Por sua vez, as parcelas temporárias foram instaladas e medidas no ano de

2006, utilizando-se o método de parcelas múltiplas, sendo estabelecidas 62 parcelas

de 500 m² cada e 10 parcelas de 250 m², totalizando 3,35 hectares de área amostrada,

contemplando todas as formações florestais presentes na área de estudo. Neste caso,

foram consideradas todas as árvores com DAP acima de 10 cm.

Em ambos os inventários os indivíduos amostrados foram identificados em

nível de espécie, coletando-se a partir destes o CAP por meio de trena de aço, a partir

do qual foi determinado o DAP, em centímetros, bem como a altura – comercial, no

40

caso das parcelas permanentes e somente para o primeiro ano, e altura total para os

indivíduos amostrados nas parcelas temporárias inventariadas em 2006.

4.1.2 Base cartográfica e material de apoio

Parte do processo de busca e análise de informações sobre a área objeto de

estudo é também a compilação de recursos cartográficos do espaço florestal a ser

ordenado, para a preparação da cartografia de trabalho e sua posterior edição na

cartografia final do documento de planejamento. Enquadram-se como materiais

importantes nesta etapa os ortofotomapas, curvas de nível, cursos d’agua, afluentes,

lagos, estradas, construções, cultivos; ou qualquer outro tipo de cartografia temática

em uma escala adequada, que permita localizar áreas condicionantes ou

oportunidades para a gestão florestal (MOLINA et al., 2006; 2011).

A área de estudo possui base cartográfica confeccionada a partir da

digitalização manual de uma carta topográfica do município de Caçador, elaborada

pela Diretoria de Serviços Geográficos (DSG) – folha SG-22-Z-A-IV-3, em escala

1:50.000; as informações obtidas de tal carta topográfica corresponderam à

vetorização da hidrografia da área de estudo, rede viária, pontos cotados e curvas de

nível. Os pontos cotados e curvas de nível foram utilizados para gerar o Modelo Digital

de Elevação (MDE) do terreno, bem como camadas de altimetria, declividade e

exposição, derivadas deste MDE (KURASZ, 2005; DLUGOSZ, 2005; ROSOT et al.,

2006; LUZ, 2009).

Neste estudo, foram utilizados, além da base cartográfica previamente citada,

uma imagem de alta definição proveniente do satélite WorldView-2, bem como os

seguintes mapas temáticos gerados em projetos anteriores, que fazem parte do

Sistema de Informações Geográficas (SIG) da Estação Experimental da Embrapa: um

mapa temático de uso e cobertura do solo, desenvolvido por meio da interpretação

visual de uma imagem IKONOS II, de fevereiro de 2004, em composição colorida

R4G3B2 e parâmetros como cor, tonalidade e textura para a definição das classes

tipológicas de vegetação (DLUGOSZ, 2005); um mapa temático de uso e cobertura

do solo desenvolvido por meio do classificador Battacharya, utilizando uma imagem

ALOS, de setembro de 2006, na composição colorida falsa cor R4G3B2 (LUZ, 2009);

um mapa temático dos grupos florísticos, espacializados mediante interpolação spline

(RIVERA, 2007); bem como um mapa de solos (KURASZ, 2005).

41

4.1.2.1 Imagem de satélite

Para elaboração do presente trabalho foram empregadas duas imagens do

sensor WorldView-2, sendo uma pancromática, com resolução espacial de 0,50 metro

e uma multiespectral, com resolução espacial de 2,0 metros, composta por oito

bandas espectrais; ambas ortorretificadas, obedecendo ao Padrão de Exatidão

Cartográfica (PEC) dentro da classe A. As imagens foram obtidas no dia 22 de julho

de 2014, com resolução radiométrica de 11 bits/pixel e ângulo máximo de coleta de

30° off-nadir.

4.1.2.1.1 Descrição do sensor WorldView-2

O sensor orbital WorldView-2 é o primeiro satélite comercial de alta resolução

com 8 bandas multiespectrais (FIGURA 2), desenvolvido e monitorado pela empresa

DigitalGlobe. Foi lançado em outubro de 2009 e opera a uma altitude de 770 Km,

oferecendo 46 cm de resolução espacial na banda pancromática e 1,85 metros nas

multiespectrais, além de uma resolução radiométrica de 11 bits (DIGITALGLOBE,

2013).

FIGURA 2 – BANDAS ESPECTRAIS DO SENSOR WORLDVIEW-2.

FONTE: DIGITALGLOBE (2010).

O referido sistema de imageamento orbital possui uma banda pancromática e

oito bandas multiespectrais, fato este que pode auxiliar na identificação de alvos e

feições, possibilitando inúmeras análises, uma vez que além das quatro bandas

disponíveis tradicionalmente em sensores de alta resolução espacial – como o

vermelho, verde, azul e infravermelho próximo – o satélite possui quatro bandas

adicionais – azul costeiro (coastal), aplicável a trabalhos oceanográficos; amarelo,

indicado para distintas classificações; vermelho limítrofe e infravermelho próximo 2,

42

voltadas para análises e classificações da vegetação e estudos de biomassa

(DIGITALGLOBE, 2010). Mais informações técnicas deste sensor podem ser

observadas no QUADRO 1, na sequência:

QUADRO 1 – ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS DO SISTEMA DE IMAGEAMENTO ORBITAL WORLDVIEW-2.

Altitude 770Km

Sentido da órbita Descendente

Duração da órbita 100 minutos

Tipo de órbita Heliossíncrona

Resolução espacial Pancromática: 50 centímetros Multiespectral: 2 metros

Bandas espectrais

Pancromática: 450 – 800 nm Azul Costeiro: 400 – 450 nm Azul: 450 – 510 nm Verde: 510 – 580 nm Amarelo: 585 – 625 nm Vermelho: 630 – 690 nm Vermelho Limítrofe: 705 – 745 nm Infravermelho Próximo 1: 770 – 895 nm Infravermelho Próximo 2: 860 – 1040 nm

Resolução radiométrica 11 bits por pixel

Comprimento da faixa 16,4 km no Nadir

Ângulo máximo de visada +/- 45° off Nadir (1.036 km)

Capacidade de coleta 975 mil km² por dia

Resolução temporal 1,1 dias 30° off Nadir

Revisita 3,7 dias 20° off Nadir

FONTE: Adaptado de ENGESAT (2014).

4.2 DIVISÃO TERRITORIAL

4.2.1 Mapeamento e definição de zonas com restrição de uso

A primeira etapa no processo de divisão territorial da área de estudo foi o

mapeamento e a definição de áreas com características restritivas a aplicação do

manejo florestal, sendo estas denominadas de zonas com restrições legais de uso ou

zonas com restrições operacionais de uso, descritas na sequência:

4.2.1.1 Zonas com restrições legais de uso

A área da Estação Experimental da Embrapa deve cumprir a Legislação

Ambiental vigente a respeito das Áreas de Preservação Permanente (APP) bem como

43

Reserva Legal (RL), de acordo com o disposto pela Lei 12.651, de maio de 2012

(BRASIL, 2012). Esta lei estabelece critérios para a caracterização de uma APP –

faixas marginais ao longo de cursos d’água, no entorno de nascentes, lagos e lagoas,

encostas com declividade superior a 45º, topos de morro, entre outros, e determina

uma distância mínima de faixa de proteção para cada caso. A legislação vigente afirma

que a vegetação nativa situada nessas faixas deverá ser mantida, sendo permitida

intervenção ou supressão destas áreas somente nas hipóteses de utilidade pública,

de interesse social, ou de baixo impacto ambiental, previstas nessa mesma Lei

(BRASIL, 2012).

As APPs são áreas cuja função ambiental é preservar os recursos hídricos, a

paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitando o fluxo gênico de

fauna e flora e a proteção do solo (BRASIL, 2012). Desta forma, tais áreas

caracterizam espaços com uso restrito, devendo receber tratamento diferenciado no

plano de manejo e ordenamento da propriedade, representando talhões especiais.

Assim, o processo de determinação das APPs ocorreu a partir da geração de buffers,

por meio do software QuantumGIS 2.6, ao longo dos cursos d’água e ao redor de

nascentes, várzeas e demais corpos d’água identificados no mapeamento,

respeitando os critérios definidos no Código Florestal Brasileiro (BRASIL, 2012).

Por sua vez, a Reserva Legal representa uma área localizada no interior da

propriedade, cuja função é assegurar o uso econômico de modo sustentável dos

recursos naturais, sendo exigido, por força da Lei, que todo imóvel mantenha uma

área com 20% de cobertura nativa para tal finalidade (exceto para áreas na Amazônia

Legal, onde os percentuais são maiores) – sem prejuízo da aplicação das normas

sobre as APPs (BRASIL, 2012). Tendo em vista que nas áreas de RL são admitidas

práticas de exploração econômica mediante o manejo florestal sustentável, estas não

representam uma restrição para as atividades a serem propostas neste trabalho.

4.2.1.2 Zonas com restrições operacionais de uso

Desde o ano de 2002, a equipe do Laboratório de Monitoramento Ambiental

desenvolve na Estação Experimental da Embrapa, em Caçador (SC), pesquisas

ligadas à área de silvicultura e manejo para a conservação e uso sustentável da

Floresta com Araucária (EMBRAPA, 2014). Tanto na Estação Experimental, como no

seu entorno, estão sendo conduzidas atividades envolvendo sistemas de produção

44

com a araucária e outras espécies da Floresta Ombrófila Mista, manejo de florestas

nativas e monitoramento. Dessa maneira, tais áreas foram mapeadas, descritas, e

definidas como sendo zonas com limitações em nível operacional, onde nenhuma

atividade, que não seja a própria pesquisa em andamento, deve ser exercida.

4.2.2 Mapeamento e definição das zonas passíveis de manejo

Após a caracterização e mapeamento das zonas com uso restrito partiu-se

para a definição de classes homogêneas da vegetação dentro das áreas apropriadas

a aplicação do manejo florestal, conforme descrito nos itens seguintes:

4.2.2.1 Definição de classes homogêneas do meio físico

A definição das classes homogêneas do meio físico, aqui também tratadas

como subtipologias da Floresta Ombrófila Mista, foi realizada por meio da

interpretação visual da imagem WorldView-2. No entanto, antecedendo este processo,

alguns testes foram realizados para definir a melhor composição colorida a ser

utilizada. Considerando-se apenas aspectos visuais, foram escolhidas duas

composições coloridas para trabalho, R8G6B3 (FIGURA 3 A) e R7G5B3 (FIGURA 3

B), devido à maior clareza de informações que tais composições proporcionaram para

o reconhecimento, identificação e associação das respostas espectrais registradas

pelo sensor às respectivas subtipologias florestais presentes na área de estudo.

Outro método utilizado com a finalidade de facilitar a identificação dos alvos

imageados foi a realização de uma fusão entre a imagem pancromática (0,5 m) e a

multiespectral (2 m), gerando uma imagem sintética multiespectral com alta resolução

espacial (0,5 m) (FIGURA 4). Para tanto, a fusão foi realizada por meio do software

ENVI 4.8, com aplicação do método PC Spectral Sharpening, que consiste em

aprimorar os dados por meio de componentes principais (AGUIAR; BATISTELLA,

2013).

A partir das imagens fusionadas, utilizaram-se as composições coloridas

anteriormente citadas, para o mapeamento das classes de uso e cobertura da terra

na área de estudo. Esta etapa do trabalho foi realizada no software livre QGIS 2.6, por

meio da digitalização das feições poligonais de forma manual, via tela do monitor.

45

FIGURA 3 – ASPECTO DAS COMPOSIÇÕES COLORIDAS SELECIONADAS PARA O MAPEAMENTO DA ÁREA DE ESTUDO, UTILIZANDO AS BANDAS DO SENSOR WORLDVIEW-2: R8G6B3 (A); R7G5B3 (B).

FIGURA 4 – ASPECTO DAS IMAGENS PANCROMÁTICA, MULTIESPECTRAL E SUA RESPECTIVA FUSÃO, PARA A ÁREA DE ESTUDO.

Estruturou-se o mapeamento da área em dois níveis hierárquicos: o primeiro,

referente aos estágios sucessionais da vegetação – vegetação secundária em estágio

inicial, médio ou avançado de regeneração – e, o segundo, quanto às diferentes

subtipologias presentes na área, uma vez que se entende que composições

específicas de espécies distintas requerem diferentes abordagens na sua análise

(KELLERMANN, 2011).

A Resolução do CONAMA, n° 10 de 1993, publicada com o objetivo de

estabelecer parâmetros básicos para a análise dos estágios de sucessão da Mata

Atlântica, definiu como vegetação primária aquela de máxima expressão local, com

grande diversidade biológica, cujos efeitos das ações antrópicas são mínimos, de

forma que não afetam significativamente suas características originais de estrutura e

46

de espécies. A vegetação secundária, ou em regeneração, por sua vez, foi definida

como a vegetação resultante dos processos naturais de sucessão, após a supressão

total ou parcial da vegetação primária, por ações antrópicas ou causas naturais,

podendo ocorrer árvores remanescentes da vegetação primária (CONAMA, 1993).

Desta maneira, a definição das classes de mapeamento da vegetação tomou

por base a presença de espécies características de cada estágio sucessional, com

fisionomia arbórea, que formam o dossel da floresta, subdividindo-se a área de estudo

de acordo com parâmetros texturais, espectrais e de composição florística

identificados em imagem satelitária e em campo – tendo como apoio as parcelas do

inventário realizado no ano de 2006 (RIVERA, 2007), bem como as parcelas

permanentes presentes na área de estudo com informações do período de 2004 a

2013 (BECKERT, 2015).

4.2.2.1.1 Identificação e verificação das subtipologias em campo

Visando a verificação e eventual correção de polígonos cujo uso e cobertura

constituíam dúvida foi realizada uma visita específica à área de estudo. Previamente

à visita, 18 pontos de fácil localização e acesso foram selecionados para identificação

das características da vegetação em campo e análise da respectiva resposta espectral

visualizada na imagem WorldView-2.

Os pontos foram inseridos em áreas próximas às estradas onde o encontro

de duas ou mais subtipologias foi mapeado (FIGURA 5), visando identificar se a

diferenciação observada na imagem também era visível em campo, dentro da floresta.

Sendo assim, para evitar o efeito de borda causado pela estrada, em cada ponto

visitado adentrou-se nas diferentes subtipologias marcadas no mapa, identificando-se

a ocorrência de diferenças estruturais entre elas, bem como a sua composição de

espécies, e as características do sub-bosque presente em cada área, considerando-

se não ser possível a sua identificação a partir do sensoriamento remoto.

Além da visitação dos pontos demarcados, o trabalho em campo também

envolveu o mapeamento das estradas que ainda não constavam na base cartográfica

da área de estudo. Neste levantamento foi utilizado o GPSmap 76CSx, Garmin,

percorrendo-se duas vezes as estradas a serem mapeadas, mensurando-se

aproximadamente 8 Km de estradas, que foram adicionadas à base já existente

composta por cerca de 16 Km descritas como principais e secundárias.

47

FIGURA 5 – LOCALIZAÇÃO DOS PONTOS DE CONTROLE UTILIZADOS PARA CONFERÊNCIA DO MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DAS SUBTIPOLOGIAS IDENTIFICADAS NA ÁREA, COM DETALHE EM TRÊS DIFERENTES PONTOS.

Durante este trabalho de campo – caracterização das subtipologias e

mapeamento da rede viária – também foram coletados outros 49 pontos de controle

para melhoria e correção do mapeamento, bem como para o entendimento da

formação das subtipologias dentro da Estação Experimental da Embrapa. Dentre

essas estão áreas de várzea, rios e nascentes, que confirmam o observado na

imagem WorldView-2 e a base cartográfica utilizada, bem como áreas com a presença

de espécies características no sub-bosque, como xaxins, taquaras ou outras

formações.

4.2.2.2 Definição de Unidades Silviculturais (US)

Unidades Silviculturais (US) são superfícies da floresta onde se aplicam as

mesmas ações silviculturais (COCHMANSKI, 2015). Assim, subtipologias com padrão

estrutural e características próximas e que, portanto, podem receber as mesmas

48

prescrições silviculturais de caráter geral, foram agrupadas em quatro US diferentes,

descritas na sequência:

I. FA (floresta com presença de araucária): esta unidade silvicultural

corresponde a todos os lugares cujo dossel é caracterizado pela presença

espécie Araucaria angustifolia, independentemente de sua condição

estrutural, composição e funcionamento atual. Embora esta US tenha como

característica principal uma espécie dominante, duas situações distintas,

quanto à densidade do dossel, podem ser observadas em sua formação: em

um primeiro caso, a densidade de indivíduos é maior, com inúmeros

exemplares senis da espécie, sendo este tipo de cobertura pertencente à

subtipologia denominada “Predominância de araucária”. Em uma segunda

situação, observa-se um dossel mais aberto e, portanto, menor densidade

desta espécie, o que a faz enquadrar-se na subtipologia “Baixa densidade de

araucária”.

II. FE (floresta estruturada): corresponde às florestas com características de

secundárias, mas que já possuem estrutura vertical diversificada, mais ou

menos desenvolvida, e riqueza de espécies arbóreas. Nessa US evidencia-

se, nos estratos superiores, uma importante presença de espécies mais

intolerantes e escassa presença de outras (de maior valor comercial)

tolerantes. Esta é composta pelas áreas com dominância das subtipologias

“Canelas” (estágio avançado de regeneração natural) e “Associação

camboatá/canelas” (estágio médio), que, apesar de estarem classificadas

como pertencentes a estágios de desenvolvimento distintos, apresentam

estrutura semelhante.

III. FD (floresta degradada): US onde há dominância da subtipologia

denominada “Associação bracatinga/vassourão”, e corresponde às áreas da

Estação Experimental que sofreram impactos mais intensos no passado, seja

por exploração madeireira ou por incêndios florestais. Sua estrutura encontra-

se significativamente alterada, com sub-bosque dominado por espécies

agressivas, como a taquara-lixa (Merostachys skvortzovii) e indivíduos do

gênero Chusquea spp., que impedem o desenvolvimento da regeneração

natural na área.

49

IV. SU (vegetação de solos úmidos): vegetação de pequeno porte, na maioria

das vezes arbustiva, com características próprias de vegetação que se

desenvolve em solos com umidade elevada.

Assim, tendo como base as unidades silviculturais acima descritas, para cada

talhão, o plano de ordenamento definirá o método silvicultural mais adequado, levando

em conta sua composição de espécies, sua estrutura e seu estágio de

desenvolvimento, com base nos objetivos do manejo (ROSOT, 2007).

4.2.2.3 Talhonamento

No método de ordenamento florestal por talhões a superfície florestal a ser

ordenada é dividida em unidades territoriais progressivamente menores, os cuarteles,

cantones e rodales, como exposto por Molina et al. (2006, 2011). Adaptando-se esse

método para a realidade das florestas e/ou propriedades da região sul do Brasil tem-

se as unidades de divisão territorial propostas conforme demonstrado na sequência

(QUADRO 2):

QUADRO 2 – UNIDADES DE DIVISÃO TERRITORIAL ADOTADAS NO MÉTODO DE ORDENAMENTO POR TALHÕES.

TIPO DE DIVISÃO

UNIDADE

Permanente

Propriedade Grandes unidades de área, correspondendo à propriedade (500 a 1.000 ha). Subdividem-se em Subtipologias florestais.

Subtipologia florestal

Unidade territorial homogênea em termos de composição de espécies, estágios sucessionais, características ecológicas e silvicultura a aplicar, com limites facilmente identificáveis e distinguíveis em relação a outras subtipologias. Área variável. Pode estar subdividida em talhões.

Temporária Talhão

Unidades territoriais temporárias, definidas em cada ordenamento segundo as características da floresta ou outras variáveis (rios, estradas, zonas com restrições de uso). Sua forma e extensão podem variar de ordenamento a ordenamento segundo a evolução da floresta. Têm sua origem nas subtipologias e nos limites físicos como rios e estradas da propriedade.

FONTE: Adaptado de MOLINA et al. (2011).

Assim, para a Estação Experimental da Embrapa, em Caçador, a primeira

unidade de divisão territorial permanente é representada por toda a área abrangida

pela propriedade (equivalendo ao termo cuartel, empregado no original espanhol). A

segunda unidade de divisão territorial permanente corresponde às unidades

50

homogêneas de mapeamento (cantones), aqui descritas e identificadas como

subtipologias da Floresta Ombrófila Mista.

Por fim, a última unidade de divisão territorial, os talhões (rodales), originaram-

se a partir do cruzamento dos polígonos que representam as subtipologias com as

redes hidrográfica e viária da propriedade, incluindo-se neste processo as zonas com

restrições de uso legal e operacional ( FIGURA 6), uma vez que estas últimas irão

representar talhões especiais, para as quais tratamentos silviculturais diferenciados

daqueles indicados as US serão propostos, devido à particularidade destas zonas.

Dessa forma, os talhões propriamente ditos representam a divisão

administrativa da floresta, porém, têm sua origem nas subtipologias florestais, bem

como nas zonas de uso restrito. Minimamente, existirão tantos talhões quantas forem

as subtipologias. No entanto, descontinuidades físicas, como rios e estradas,

determinam a divisão das subtipologias, gerando dois ou mais talhões.

4.2.2.4 Agregação de talhões para fins operacionais

Considerando que do cruzamento de camadas (subtipologias, hidrografia,

estradas e zonas com restrições de uso) para a geração dos talhões resultaram alguns

polígonos com áreas muito pequenas – de um total de 530 feições, geradas para a

representação dos talhões, mais de 65% (348 polígonos) apresentaram áreas

menores do que 1 hectare – foi necessária a agregação destes polígonos aos talhões

adjacentes com áreas mais representativas, como demonstrado na FIGURA 7,

visando a obtenção de talhões com área de no mínimo 1 hectare, para fins

operacionais.

No processo de agregação dos polígonos aos talhões adjacentes considerou-

se, quando possível, o estágio de desenvolvimento da vegetação – agregando-se

somente polígonos cuja vegetação foi classificada dentro do mesmo estágio de

desenvolvimento (inicial, médio e avançado), ou com apenas um nível de diferença –

não agregando subtipologias muito distintas dentro do mesmo talhão, mas somente

aquelas que pudessem receber os mesmos tratamentos silviculturais. Considerou-se

também a subtipologia propriamente dita, especialmente no caso das formações que

apresentavam a espécie A. angustifolia, agregando-se polígonos com “Predominância

de araucária” somente a polígonos com “Baixa densidade de araucária”, exceto em

casos onde isso não era possível.

51

FIGURA 6 – ESQUEMA DEMONSTRATIVO DO PROCESSO DE ORDENAMENTO APLICADO À ESTAÇÃO EXPERIMENTAL DA EMBRAPA, EM CAÇADOR – SC, A PARTIR DO CRUZAMENTO DE DIFERENTES CAMADAS EM AMBIENTE SIG.

52

FIGURA 7 – PROCESSO DE CRIAÇÃO DOS TALHÕES PARA FINS OPERACIONAIS – PARTINDO DA DIVISÃO DA ÁREA EM SUBTIPOLOGIAS (A), TALHONAMENTO (B) ATÉ A AGREGAÇÃO DE POLÍGONOS COM MENOS DE 1 HECTARE A TALHÕES ADJACENTES DE MAIORES PROPORÇÕES (C).

Com esse processo foi possível reduzir o número de talhões para 168, com

áreas variando de 0,099 a 37,474 hectares e com apenas 16 polígonos apresentando

área menor que 1 hectare – que por algum motivo não puderam ser agregados a

polígonos adjacentes.

4.3 DEFINIÇÃO E DESCRIÇÃO DE TÉCNICAS SILVICULTURAIS

Na técnica de ordenamento por talhões o planejamento em longo prazo é

geral e de caráter orientativo, baseando-se na definição de orientações de gestão

gerais para cada unidade silvicultural (US), assegurando a persistência mediante o

equilíbrio de classes de idade e a distribuição adequada no espaço dos tipos de

cobertura florestal (GOTARREDONA; GARCIA, 2008).

Assim, os regimes silviculturais a serem aplicados em cada talhão são

compostos com base nos regimes silviculturais gerais para a formação vegetal

presente nas US, acrescidos das particularidades que requeira a gestão de cada

talhão em função de sua situação atual, das necessidades detectadas durante o

talhonamento, e dos objetivos e condicionantes do manejo (GOTARREDONA;

GARCIA, 2008).

53

4.3.1 Definição de tratamentos silviculturais gerais por unidade silvicultural (US)

Baseado no exposto no item anterior foram descritos tratamentos silviculturais

gerais por unidade silvicultural (US), adaptados de métodos da literatura, partindo de

um modelo mais simples, considerando-se os atributos de cada US, como

metodologia para o presente trabalho. Também foram propostos tratamentos para as

zonas com restrição de uso, respeitando-se as particularidades de cada uma.

54

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 DIVISÃO TERRITORIAL

5.1.1 Descrição das zonas com restrição de uso

5.1.1.1 Zonas com restrições legais de uso

O processo histórico de ocupação do território brasileiro resultou, em alguns

casos, no aumento das pressões sobre o meio ambiente, em processos erosivos, na

perda de biodiversidade, na contaminação ambiental e em desequilíbrios sociais.

Assim, o desperdício dos recursos naturais decorrente do uso inadequado das terras

é uma realidade a ser enfrentada, levando a repensar essa ocupação para evitar os

erros do passado e promover uma gradual adequação ambiental da atividade rural

(SILVA et al., 2011). Nesse contexto, as Áreas de Preservação Permanente (APPs),

bem como a Reserva Legal (RL), devem ser consideradas como parte fundamental

do planejamento conservacionista das propriedades (SILVA et al., 2011).

Entre os pesquisadores, há consenso de que as áreas marginais a corpos

d’água – sejam elas várzeas ou florestas ripárias – são áreas insubstituíveis em razão

da biodiversidade e de seu alto grau de especialização e endemismo, além dos

serviços ecossistêmicos essenciais que provêm – tais como a regularização

hidrológica (SILVA et al., 2011).

Desta maneira, a APP é definida como uma área protegida, com a função

ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e

a biodiversidade, além de facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e

assegurar o bem-estar das populações humanas (BRASIL, 2012). Para a área de

estudo, as áreas de proteção (APP) definidas contemplaram, conforme orientação da

Lei N° 12.651 (BRASIL, 2012), as faixas marginais ao longo dos cursos d’água

perenes e intermitentes, as áreas no entorno de nascentes, áreas no entorno de lagos

e lagoas, bem como faixas marginais às áreas de várzea.

O conjunto das áreas de preservação permanente delimitadas para a Estação

Experimental da Embrapa engloba uma área de 280,81 ha – representando cerca de

23% do território total –, subdividida em faixas de preservação nas margens de rios,

nascentes, lagos e várzeas, como representado na FIGURA 10.

55

Dentro da área de estudo a rede hidrográfica estende-se por quase 42 Km,

dividindo-se em rios perenes (FIGURA 8 A) e intermitentes (FIGURA 8 B) (com

comprimento de aproximadamente 5 e 36 Km, respectivamente). Todos os rios que

percorrem esta área apresentam largura menor do que 10 m, e, portanto, a faixa

marginal que deve ser mantida nesses casos corresponde a, no mínimo, 30 m. Sendo

assim, as APPs que circundam os rios da Estação Experimental da Embrapa

compreendem uma área de 223,4 hectares.

FIGURA 8 – CARACTERÍZAÇÃO DOS RIOS PERENES (A) E INTERMITENTES (B) QUE

PERCORREM A ÁREA DA ESTAÇÃO EXPERIMENTAL DA EMBRAPA, EM CAÇADOR - SC.

No total, 47 das nascentes que fazem parte desta rede hidrográfica

encontram-se dentro da área da Embrapa. Considerando a faixa com raio de 50 m

exigido pela legislação vigente tem-se, aproximadamente, 36 ha de APP delimitada

visando proteger os locais de afloramento de água subterrânea. Também fazem parte

deste sistema hidrológico dois lagos, oriundos do represamento de cursos d’água

naturais, e as várzeas (FIGURA 9 A e B) – que ocupam cerca de 10 ha, distribuídas

em 33 áreas.

As várzeas são áreas altamente relevantes em termos ecológicos, e por isso

a importância de serem incluídas no conceito das APPs (SILVA et al., 2011), mesmo

que o atual código florestal não o tenha feito. Além de abrigarem uma fauna e flora

particulares, incluindo espécies endêmicas, as várzeas prestam diversos serviços

ecossistêmicos de grande relevância para o homem, dissipando forças erosivas do

escoamento superficial de águas pluviais, funcionando como controladoras de

enchentes, além de terem alta importância biológica, pois fornecem alimento, abrigo

56

e servem como sítios de alimentação e reprodução de muitas espécies em

determinadas épocas do ano (SILVA et al., 2011). Assim, é plenamente justificada a

faixa de 50 m aqui considerada para a proteção permanente de tais áreas, de forma

que estas APPs abrangem uma área de pouco mais de 70 hectares dentro da EEEC.

FIGURA 9 – CARACTERIZAÇÃO DAS VÁRZEAS OBSERVADAS NA ÁREA DA ESTAÇÃO EXPERIMENTAL DA EMBRAPA, EM CAÇADOR - SC.

5.1.1.2 Zonas com restrições operacionais de uso

5.1.1.2.1 Parcelas de monitoramento da regeneração natural

Estudos sobre a regeneração natural em florestas são de grande relevância

para o entendimento do funcionamento ecológico desses ecossistemas, pois

permitem a inferência sobre a dinâmica de comunidades e populações de espécies

arbóreas, que representam uma informação fundamental para o manejo florestal

(SANTOS et al., 2015).

A regeneração natural refere-se às fases iniciais de estabelecimento e

desenvolvimento das plantas e sua boa condição quantitativa e qualitativa possibilita

a preservação, a conservação e a formação de florestas, tanto para proteção integral

como para o seu uso sustentável (KELLERMANN, 2011). Em seu sentido dinâmico,

representa o processo de renovação da cobertura vegetal de uma área e, em um

sentido estático, representa os indivíduos na fase jovem de uma espécie, ou de um

grupo de espécies vegetais, que ocorrem naturalmente numa determinada área (LIMA

FILHO et al., 2002). No que tange ao manejo florestal, a regeneração é a base para a

57 FIGURA 10 – MAPA TEMÁTICO DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE (APP) NA ESTAÇÃO EXPERIMENTAL DA EMBRAPA, EM CAÇADOR

- SC.

58

sustentabilidade e garantia de renovação de recursos extraídos da floresta

(APARÍCIO, 2013).

Contudo, a continuidade do processo sucessional pode não ocorrer por

períodos indefinidos, condicionada por fatores bióticos ou abióticos. No caso

específico da Floresta com Araucária, a taquara tem atuado como inibidora do

processo de regeneração natural, de forma que seu estabelecimento torna o ambiente

menos propício para o recrutamento de espécies tanto de fases iniciais como tardias

de sucessão. Assim, caso as condições permaneçam inalteradas, as taquaras tendem

a excluir ou suprimir as espécies subsequentes (KELLERMANN, 2011).

A forte presença competitiva das taquaras nas florestas com araucária,

notadamente naquelas altamente antropizadas, inibe inequivocamente os processos

demográficos das populações arbóreas e consequentemente da comunidade como

um todo. Tal situação traz grande prejuízo ao estabelecimento, ao desenvolvimento e

à sobrevivência de espécies importantes do ponto de vista conservacionista e de valor

econômico, como a araucária. Para que sejam traçados programas e ações de

restauração florestal e recuperação de áreas degradadas no ecossistema da floresta

com araucária, torna-se indispensável reconhecer o papel que as taquaras exercem

sobre a regeneração das espécies componentes (SANQUETTA et al., 2005).

Com base no fato de que estudos sobre a dinâmica de regeneração natural

são essenciais para a elaboração e aplicação correta dos planos de manejo e

tratamentos silviculturais, permitindo a exploração racional e permanente dos

remanescentes (SILVA et al., 2012), aliado à influência da taquara no processo

sucessional, a equipe de pesquisadores da Embrapa Florestas instalou parcelas de

monitoramento da regeneração natural na EEEC no ano de 2007, objetivando

analisar a diversidade, estrutura e dinâmica deste processo. Tais parcelas se

concentraram em duas subtipologias florestais com fitofisionomias bastante distintas:

áreas em estágio inicial de regeneração natural, com predominância de taquaras em

seu sub-bosque, e áreas em estágio avançado de regeneração, com predominância

de araucária no dossel (FIGURA 11).

Em cada uma das duas subtipologias estudadas foram instaladas 20 parcelas

de 15 x 15 m, nas quais foram marcadas cinco subunidades de 1,5 m x 1,5 m (2,25

m²) em sistema de amostragem em conglomerados, onde efetivamente, realizou-se o

monitoramento da regeneração natural das espécies arbóreas. Desta forma, em cada

subtipologia foram instaladas 100 sub-parcelas, totalizando uma área amostral total

59

de 450 m², distribuídos em 200 parcelas de 2,25 m² (1,5 m x 1,5 m). Resultados deste

estudo para o período de 2007 a 2010, bem como maiores informações, podem ser

encontrados em Kellermann (2011).

FIGURA 11 – LOCALIZAÇÃO DE UMA DAS CINCO ÁREAS DE MONITORAMENTO DA REGENERAÇÃO NATURAL NA ÁREA DE ESTUDO, COM PARCELAS INSTALADAS EM 2007.

5.1.1.2.2 Plantio de enriquecimento com mudas de Araucaria angustifolia

O plantio de enriquecimento é um tratamento silvicultural utilizado quando

o número de indivíduos com alto valor econômico presentes na floresta é insuficiente

ou totalmente inexistente (LAMPRECHT, 1990), o que inviabiliza a aplicação de cortes

nestas áreas (CALDEIRA, 1999). Para se levar a plena produtividade às matas

exploradas de Araucaria angustifolia, bem como as florestas degradadas,

caracterizadas por esta pequena proporção de indivíduos de valor econômico, é

necessário o seu enriquecimento com espécies de alto valor econômico – que se

adaptem às condições ecológicas do ambiente (MOOSMAYER; FONSECA, 1968).

O enriquecimento é baseado no princípio de preservar, nos povoamentos,

todas as árvores de valor econômico e de promover o seu desenvolvimento qualitativo

60

e quantitativo (CARVALHO, 1978). Isso pode ser feito por semeadura direta ou por

plantio de mudas, de uma ou duas espécies, seguido de operações de limpeza e

reposição das falhas quando necessário (CALDEIRA, 1999). O sistema mais

conhecido é o plantio em linhas (LAMPRECHT, 1990), mas existem várias formas

para efetuar o enriquecimento – que pode ser individual, em linhas, em faixas ou

corredores, ou em grupos (CALDEIRA, 1999). Independente do sistema, com o

enriquecimento será possível a criação de florestas de alta produção e ainda poderão

ser aproveitados os efeitos de valorização das árvores já existentes (CARVALHO,

1978).

As florestas secundárias existentes na região Sul do Brasil são resultantes de

uma exploração florestal descontrolada, provocada por uma seleção negativa dos

maciços existentes (CARVALHO, 1978), o que também ocorreu na Estação

Experimental da Embrapa. O método de plantio de enriquecimento é uma técnica que

vem sendo usada em áreas tropicais como uma alternativa de conversão dessas

matas consideradas pobres, em povoamentos de valor comercial garantido

(CARVALHO, 1978).

No entanto, pesquisas têm mostrado que populações de mamíferos, nativos

ou exóticos, podem impactar substancialmente a sobrevivência, crescimento e

regeneração de plântulas, tanto em formações naturais quanto em florestas plantadas.

Tendo em vista a importância da espécie A. angustifolia e o estado de conservação

dos remanescentes florestais que a abrigam, torna-se essencial o entendimento das

perdas devido à predação de mudas e sementes em estratégias que visam o plantio

desta espécie (MARAN et al., 2015).

Com base no exposto, no ano de 2011, foram instaladas unidades de

observação na Estação Experimental da Embrapa, em uma área predominantemente

ocupada por uma floresta secundária em estágio avançado de regeneração natural,

com a presença de indivíduos de A. angustifolia pouco significativa e muito esparsa –

aqui denominada como pertencente à subtipologia “Canelas” (FIGURA 12) –

objetivando analisar a sobrevivência de mudas de A. angustifolia em plantios de

enriquecimento.

O ensaio contém nove parcelas no total. Cada parcela é composta por oito

linhas e oito fileiras, formando um quadrado de dimensões 40 x 40 m, com

espaçamento de 5 x 5 m entre as covas, totalizando 64 covas por parcela. A superfície

total ocupada por este experimento é de 1,44 ha. O preparo da área incluiu limpeza e

61

roçada de herbáceas e retirada de taquara. As covas foram feitas com broca

mecânica. Os tratos culturais efetuados no período da condução do ensaio são a

limpeza nas linhas e o coroamento em torno das mudas.

FIGURA 12 – LOCALIZAÇÃO DAS PARCELAS EXPERIMENTAIS DO PLANTIO DE ENRIQUECIMENTO COM MUDAS DE Araucaria angustifolia NA ÁREA DE ESTUDO, INSTALADAS EM 2011.

As mudas utilizadas neste ensaio foram produzidas em viveiro, com sementes

obtidas de indivíduos localizados em 10 áreas de capões de pinheiros apenas dentro

da Estação Experimental, plantando-se uma muda por cova em todos os tratamentos,

utilizando-se dois tipos de mudas diferentes: mudas pequenas, com altura variando

de 20 a 25 cm e grandes, com altura variando de 40 a 50 cm. O tempo de permanência

em viveiro para tais mudas foi de um e dois anos, respectivamente.

Até o momento, os resultados deste ensaio sugerem que o plantio de mudas

de maiores dimensões pode proporcionar maiores índices de sucesso no

estabelecimento de povoamentos e de plantios para recuperação ambiental com a A.

angustifolia. Mais informações sobre esta área experimental podem ser vistas em

Maran et al. (2015).

62

5.1.1.2.3 Plantio de Araucaria angustifolia derivado de mudas e sementes

A espécie Araucaria angustifolia apresenta um grande potencial na sua região

de ocorrência natural, porém é pouco conhecida em termos de crescimento e

produção, bem como dos fatores que os influenciam, como a qualidade do material

genético, qualidade do sítio e a silvicultura (densidade de plantio, limpeza, poda e

desbaste) (SANTOS, 2006). Além disso, muitos fatores bióticos e abióticos que podem

influenciar também nos índices de sucesso em plantios dessa espécie - seja este

efetuado pela semeadura direta ou a partir de mudas - são também pouco estudados.

Um dos principais fatores limitantes ao desenvolvimento dessa espécie,

quando do plantio direto, é o consumo de suas sementes, popularmente conhecidas

como pinhões, e que servem de alimento para grande parte da fauna que habita as

florestas subtropicais brasileiras (MELLO FILHO et al., 1981). A importância do seu

consumo por animais silvestres dá-se pelo fato de a maturação e queda destas

sementes ocorrer na época de escassez de outras fontes de alimento, sobretudo nos

meses de abril, maio e junho (MULLER, 1986).

Os animais que se alimentam dos pinhões, consumindo uma porção suficiente

para inviabilizar a sua germinação, são considerados predadores de sementes e

podem exercer uma forte influência na população das plantas (VIEIRA; IOB, 2009).

Entretanto, no caso do plantio por meio de mudas, também foram constatados

problemas de predação pela fauna, observando-se a remoção de mudas recém-

plantadas, ocasionada por animais em busca do pinhão ainda ligado ao sistema

radicular em formação (SANQUETTA, 2005; ROSOT et al., 2007b).

Dessa maneira, o desenvolvimento de um sistema de manejo adequado aos

povoamentos de araucária deve estar aliado à identificação dos fatores que possam

limitar o seu desenvolvimento, podendo contribuir para o aumento do interesse de sua

utilização em plantios comerciais, possibilitando a retomada da sua competitividade

no mercado de espécies florestais (SANTOS, 2006).

Assim, tendo em vista a importância desta espécie e o estado de conservação

dos remanescentes florestais que a abrigam, torna-se essencial o entendimento dos

processos de predação de mudas e sementes em estratégias que visam o plantio da

A. angustifolia. Portanto, no ano de 2012, foram instaladas unidades de observação

na Estação Experimental da Embrapa, em uma área previamente ocupada por

agricultura, não apresentando cobertura arbustiva ou arbórea até o momento – aqui

63

denominada como pertencente à subtipologia “Agricultura/Fruticultura”, sem estágio

de regeneração natural definido (FIGURA 13) – objetivando analisar a sobrevivência,

germinação e os danos causados pela fauna às mudas e sementes de A. angustifolia

em condição de povoamento.

FIGURA 13 – LOCALIZAÇÃO DAS PARCELAS EXPERIMENTAIS DO PLANTIO DE Araucaria angustifolia DERIVADO DE MUDAS E SEMENTES NA ÁREA DE ESTUDO, INSTALADAS EM 2012.

O ensaio contém nove parcelas no total. Cada parcela foi composta por seis

linhas e cinco fileiras, formando um retângulo de dimensões 25 x 30 metros, com

espaçamento de 5 x 5 metros entre as covas, totalizando 30 covas por parcela.

Portanto, o experimento foi composto por 270 covas, sendo 135 destinadas ao plantio

de mudas e 135 destinadas à semeadura de pinhões. A superfície total do

experimento foi de 0,675 ha. O preparo das parcelas incluiu roçada prévia, passagem

de grade e de subsolador a 40 cm. Os tratos culturais efetuados no período de

condução do ensaio foram a limpeza do terreno e o coroamento periódico nas covas

em torno das mudas e pinhões, bem como o combate a formigas.

As mudas utilizadas no ensaio foram produzidas em viveiro, com sementes

oriundas da própria área de estudo, coletadas no ano anterior à instalação do

64

experimento. Na época do plantio as mudas tinham 10 meses de idade e uma altura

média de 25 cm. Foram utilizados 300 ml de hidrogel e 100 g de adubo NPK por cova.

Nas parcelas onde ocorreu o plantio direto, utilizaram-se três pinhões por cova,

obtidos por meio de coleta, com um dia de antecedência ao plantio, de diferentes

localidades dentro da Estação Experimental da Embrapa, em Caçador, não recebendo

qualquer tratamento repelente ou fungicida. Neste caso, também foram utilizados

100 g de NPK por cova.

Até o momento tem-se constatado que, apesar de os pinhões semeados

gerarem plântulas mais resistentes e mais bem adaptadas em campo, apresentando

menores taxas de mortalidade natural, os resultados do presente estudo sugerem que

o plantio de mudas pode proporcionar maiores índices de sucesso no estabelecimento

de povoamentos de A. angustifolia. Nesse caso, o fator determinante é a intensidade

de predação da fauna e sua aparente preferência pelas mudas recém-emergidas das

sementes. Por outro lado, a sobrevivência de mudas plantadas depende diretamente

de sua qualidade, vitalidade, cuidados recebidos no viveiro e das condições climáticas

encontradas durante a fase de implantação.

5.1.1.2.4 Recuperação de áreas visando o manejo de ervais sob cobertura

Uma forma de manejar a Floresta de Araucária para a geração de produtos

não madeireiros em consonância com o manejo convencional é o cultivo de erva-mate

no subdossel da floresta ou sob a cobertura de árvores maiores (SANQUETTA;

MATTEI, 2006). Ilex paraguariensis é uma espécie arbórea nativa deste ecossistema,

pertencente à família Aquifoliaceae, de característica clímax e ciófita, podendo ser

plantada à sombra de outras árvores, crescendo bem nas associações dos estágios

sucessionais mais avançados da FOM (CARVALHO, 1994; MARQUES et al., 2012).

No Brasil, a erva-mate tem sido plantada a pleno sol, na maior parte das vezes

em associação com culturas agrícolas intercalares, sendo também prática comum o

adensamento de ervais nativos, seja pelo plantio de mudas na mata raleada, seja pelo

favorecimento e condução da regeneração natural, nos casos em que esta é

abundante (EMBRAPA, 1988).

A erva-mate manejada, ou cultivada sob a cobertura da floresta, é um dos

alicerces da propriedade rural e do sustento das famílias nesse meio (SANQUETTA;

MATTEI, 2006). Adicionalmente, a erva-mate produzida em ervais nativos – por

65

apresentar sabor mais suave – tem se mostrado, atualmente, mais valorizada do que

a oriunda de ervais plantados, apresentando, normalmente, um sobrepreço de até

30% (MARQUES et al., 2012); esta modalidade de manejo se apresenta como uma

maneira de manter a floresta como tal – propiciando seus serviços ambientais, mas

também oportunizando ao proprietário a geração de renda em sua área

(SANQUETTA; MATTEI, 2006).

Assim, sendo considerada uma das riquezas do sub-bosque da Floresta com

Araucária, a erva-mate apresenta um grande potencial econômico, além de

representar uma ótima opção para a condução do manejo sustentado da floresta em

uma perspectiva de uso múltiplo dos recursos naturais (OLIVEIRA FILHO et al., 2008).

Desde o ano de 2014 ervais sob cobertura vêm sendo instalados na Estação

Experimental da Embrapa, visando à recuperação de áreas degradadas e, portando,

a recuperação da cobertura florestal, partindo de modelos que aperfeiçoam o

processo de restauração, ao mesmo tempo em que podem gerar eventual renda.

As parcelas experimentais somam aproximadamente 20 hectares e

encontram-se instaladas em três áreas, de tamanhos e usos prévios distintos

(FIGURA 14): a) Área 1, floresta secundária caracterizada como em estágio avançado

de regeneração natural, incluída na subtipologia “Canelas”, mas com predominância

de taquaras em seu sub-bosque; b) Área 2, floresta secundária em estágio inicial de

regeneração natural, composta pela “Associação bracatingas/vassourão”, também

com predominância de taquaras no sub-bosque, formando uma densa cobertura; c)

Área 3, sem cobertura florestal, localiza-se em uma porção da EEEC destinada ao

cultivo agrícola até o ano de 2009, e posteriormente abandonada, a partir do qual

desenvolveu-se cobertura vegetal de ervas anuais típicas de sistemas agrícolas, como

azevém, ervilhaca, dentre outras..

Para o preparo da Área 1 e controle dos taquarais (FIGURA 15 A) que

ocupavam o sub-bosque dessa porção da EEEC utilizou-se um trator de esteira que

percorreu a área quebrando e derrubando os indivíduos de taquara (FIGURA 15 B).

Após essa etapa realizou-se a semeadura a lanço de sementes de Mimosa scabrella

oriundas de matrizes locais, utilizando-se 3 Kg de sementes por hectare – totalizando

42 Kg considerando a extensão de 14 ha abrangida por este plantio (FIGURA 15 D).

As atividades para esta área incluíram principalmente o controle da taquara,

demandando o uso de um herbicida de amplo espectro, o glifosato, seguida da

marcação (FIGURA 15 C) e plantio de mudas de Ilex paraguariensis, em espaçamento

66

3 x 2 m, e Araucaria angustifolia, seguindo um espaçamento 10 x 10 m. Novas

espécies arbóreas nativas farão parte do plantio de enriquecimento desta área

conforme suas mudas estejam disponíveis.

FIGURA 14 – LOCALIZAÇÃO DAS PARCELAS EXPERIMENTAIS DO PLANTIO DE Ilex paraguariensis SOB COBERTURA, NA ÁREA DE ESTUDO, INSTALADAS EM 2014.

Por sua vez, a estratégia adotada para a recuperação da Área 2, cuja

abrangência é de apenas 1,77 ha, teve como foco o adensamento de erva-mate junto

ao manejo da regeneração natural, após a remoção de toda a taquara que ocupava o

sub-bosque, utilizando um trator de esteira – do mesmo modo como executado para

a área anteriormente citada. O espaçamento utilizado nesse caso foi de 2,5 x 1,5 m.

A manutenção dessa área inclui atividades de controle de taquaras,

coroamento, controle de formigas, replantio de mudas, adubação e condução da

regeneração natural. O desenvolvimento desta tem-se mostrado abundante, em

especial quanto a indivíduos de cedro-rosa (Cedrela fissilis), capororoca (Myrsine

coriacea), imbuia (Ocotea porosa), guaçatunga (Casearia decandra), camboatá

(Cupania vernalis), ariticum (Rollinia rugulosa), pessegueiro-bravo (Prunus

Área 1

Área 2

Área 3

67

brasiliensis), bugreiro (Lithraea brasiliensis), erva-mate (Ilex paraguariensis), caúna

(Ilex brevicuspis), aroeira (Schinus terebinthifolius), pinheiro-do-paraná (Araucaria

angustifolia), vassourão branco (Piptocarpha angustifolia), vassourão-preto

(Vernonanthura discolor), carne-de-vaca (Clethra scabra), canela-guaicá (Ocotea

puberula), guabiroba (Campomanesia xanthocarpa), maria-mole (Symplocus uniflora).

FIGURA 15 – ÁREA EXPERIMENTAL 1, DESTINADA AO MANEJO DE ERVAIS SOB COBERTURA, ANTES DA REMOÇÃO DA TAQUARA-LIXA (A); APÓS O SEU CONTROLE MECÂNICO (B); COM A MARCAÇÃO DO PLANTIO UTILIZANDO-SE ESTACAS (C) E; APÓS A GERMINAÇÃO DAS BRACATINGAS ORIGINADAS POR SEMEADURA A LANÇO (D).

Visto o intenso desenvolvimento de plântulas de variadas espécies na

regeneração natural desta área, pode-se afirmar que o objetivo de diversificação está

sendo alcançado através do manejo destas plantas. Por outro lado, por possuir uma

cobertura arbórea cujo sombreamento é ideal para o desenvolvimento de erva-mate,

o plantio desta espécie irá tornar este local uma “vitrine” para demostrar o manejo

68

florestal que alia a capacidade produtiva de produtos não madeireiros (erva-mate) com

alta diversidade de espécies arbóreas.

Com relação à terceira área (Área 3), o sistema de restauração baseou-se no

plantio de mudas arbóreas de espécies nativas típicas das diferentes fases

sucessionais (QUADRO 3), em espaçamento 2,5 x 1,5 m, com variação do conjunto

das espécies nas linhas de plantio. O preparo da área foi realizado com escarificador

superficial, visando à diminuição da compactação dos solos resultante de décadas de

atividade agrícola no local. Apesar de não eliminada por completo, pois o

desenvolvimento das mudas neste local foi bastante retardado em função desse fator,

certamente esta foi minimizada.

QUADRO 3 – LISTA DE ESPÉCIES ARBÓREAS UTILIZADAS NO PLANTIO DAS ÁREAS EM RECUPERAÇÃO.

FAMÍLIA NOME CIENTÍFICO NOME POPULAR

ANACARDIACEAE Schinus terebinthifolius Raddi Aroeira

ANNONACEAE Rollinia rugulosa Schltdl. Ariticum

AQUIFOLIACEAE Ilex paraguariensis A St.-Hil. Erva-mate

ARAUCARIACEAE Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze Araucária

CELASTRACEAE Maytenus ilicifolia (Schrad.) Planch. Espinheira-santa

EUPHORBIACEAE Sebastiania commersoniana (Baill.) L B. Sm & Downs Branquilho

EUPHORBIACEAE Sebastiania klotzschiana (Müll. Arg.) Müll. Arg. Branquilho

FABACEAE Inga virescens Benth. Ingá

FABACEAE Mimosa scabrella Benth. Bracatinga

FABACEAE Mimosa flocculosa Burkart Bracatinga

FLACOURTIACEAE Casearia decandra Jacq. Guaçatunga-miúda

MELIACEAE Cedrela fissilis Vell. Cedro-rosa

MYRTACEAE Acca sellowiana (O.Berg) Burret Goiaba serrana

MYRTACEAE Campomanesia xanthocarpa (Mart.) O. Berg Guabirova

MYRTACEAE Eugenia florida DC. Guabijú

MYRTACEAE Eugenia involucrata DC. Cerejeira

MYRTACEAE Eugenia pyriformis Cambess. Uvaia

MYRTACEAE Eugenia uniflora Pitanga

MYRTACEAE Myrceugenia acrophylla (O. Berg) Legrand & Klein Guamirim-branco

MYRTACEAE Myrceugenia euosma (O. Berg) D. Legrand Cambuí

MYRTACEAE Psidium cattleianum Sabine Araçá

PODOCARPACEAE Podocarpus lambertii Klotzsch ex Endl. Pinheiro-bravo

ROSACEAE Prunus brasiliensis Dietrich Pessegueiro-bravo

SAPINDACEAE Allophylus edulis (A. St.-Hil., Cambess. & A. Juss.) Radlk Vacum

SAPINDACEAE Cupania vernalis Cambess. Camboatá, cuvatã

SAPINDACEAE Matayba elaeagnoides Radlk. Miguel-pintado

A manutenção do plantio envolveu o controle de formigas cortadeiras,

coroamento das mudas com uso de herbicida e roçadeira costal, replantio, adubação

e poda. Especificamente quanto ao replantio, utilizaram-se mudas principalmente de

aroeira (Schinus terebinthifolius), imbuia (Ocotea porosa), cedro (Cedrela fissilis),

guamirim-branco (Myrceugenia acrophylla), e pessegueiro-bravo (Prunus

69

brasiliensis). Como estratégia para a proteção das mudas plantadas utilizou-se o

manejo da regeneração natural, que neste local se deu principalmente por arbustos

da família Poaceae, e em especial, a espécie Baccharis brachylaenoides, que

promoveu maior sombreamento as mudas, as quais ficaram menos expostas ao

ressecamento do solo e exposição excessiva a insolação.

5.1.1.2.5 Sistemas agroflorestais

Os Sistemas Agroflorestais (SAFs) podem ser definidos como sistemas de

uso da terra que envolvem a combinação de cultivos simultâneos e/ou sequenciais de

espécies arbóreas nativas e/ou introduzidas com culturas agrícolas, hortaliças,

fruteiras e/ou criação de animais (RODIGHERI, 1997). Constituem-se em uma

alternativa de uso da terra para aliar a estabilidade do ecossistema visando à

eficiência e otimização de recursos naturais na produção de forma integrada e

sustentada (SANTOS; PAIVA, 2002).

São sistemas extremamente complexos, tanto no sentido da composição

quanto do manejo, e também visam à segurança alimentar e à geração de renda

familiar, pois incluem o cultivo de espécies econômicas dentro da floresta. Do ponto

de vista ambiental, os sistemas agroflorestais sucessionais podem desempenhar

papeis similares aos de uma floresta natural (RADOMSKI et al., 2014).

No Brasil, especialmente, nos últimos anos, além do aumento da

conscientização da sociedade sobre a importância da preservação ambiental, vêm

sendo executados vários programas de pesquisa e ações visando à conservação e o

aumento da cobertura florestal, quer para a preservação e recuperação de matas

ciliares, recuperação de áreas degradadas, plantios de maciços florestais e/ou através

da implantação de sistemas agroflorestais (RODIGHERI, 1997).

Assim, estes sistemas apresentam grande potencial para estratégias de

desenvolvimento sustentável, pela conservação dos solos e da água, a diminuição do

uso de fertilizantes e defensivos agrícolas, a adequação à pequena produção, a

conservação da biodiversidade e a recuperação de fragmentos florestais e matas

ciliares (AMADOR; VIANA, 1998).

No caso de pequenos produtores familiares, em razão da pouca

disponibilidade de área para o cultivo e sobrevivência da família, as combinações

agroflorestais podem representar uma alternativa de estímulo econômico à

70

recuperação florestal, levando à incorporação do componente arbóreo em

estabelecimentos rurais (RODRIGUES et al., 2007).

Tendo em vista o exposto, modelos de SAF foram desenhados e instalados

com o objetivo de restauração de uma área degradada por uso intensivo com

agricultura na Estação Experimental da Embrapa. A área utilizada para implantação

destes modelos contempla aproximadamente 12 hectares (FIGURA 16), cujo uso até

o ano de 2010 era agricultura em sistema de plantio direto (RADOMSKI et al., 2014).

FIGURA 16 – LOCALIZAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DOS SISTEMAS AGROFLORESTAIS, NA ÁREA

DE ESTUDO, INSTALADOS EM 2011.

Para a sua implantação o preparo do solo foi realizado por meio de roçada da

vegetação com trator e abertura de linhas de plantio com escarificador. Utilizou-se

hidrogel nas covas e a irrigação das mudas foi efetuada nos períodos de estiagem.

Também foi realizado o controle de formigas com iscas químicas, capina na área da

coroa e roçada de manutenção nas entrelinhas (RADOMSKI et al., 2014).

Foram desenvolvidos e implantados sete SAFs, descritos por Radomski et al.

(2014), e apresentados na sequência:

SAF 1 SAF 2

SAF 3,

4 e 5

SAF 6

SAF 7

Testemunha

71

a) SAF 1 – Plantio de Mimosa scabrella e Araucaria angustifolia, consorciado

com agricultura e com introdução de Ilex paraguariensis: Neste SAF foi utilizado o

espaçamento de 6,0 m x 3,0 m para a araucária e 6,0 m x 1,5 m para a bracatinga. A

densidade da araucária neste modelo é de 555 árvores por hectare e de bracatinga

1.111 árvores por hectare. No primeiro ano após a implantação (verão de 2012/13) as

entrelinhas foram ocupadas com agricultura. Em 2014 foi realizada a poda da

bracatinga, com o objetivo tanto de melhoria da qualidade do fuste destas árvores

para produção de madeira sólida, quando para o favorecimento da entrada de luz nas

entrelinhas com araucária. Um primeiro raleio nas linhas de bracatinga foi realizado

em 2015, de forma sistemática, com a introdução da erva-mate (T2) nos espaços

remanescentes.

b) SAF 2 – Plantio de Mimosa scabrella, consorciado com agricultura e com

introdução de Ilex paraguariensis: Neste modelo o espaçamento utilizado para a

bracatinga foi de 6,0 m x 1,5 m, resultando em uma densidade de 1.111 árvores por

hectare. Nos verões 2012/13 e 2013/14 foi efetuado o cultivo intercalar de soja e milho,

respectivamente. Em 2014 iniciou-se o plantio de erva-mate entre e nas linhas de

bracatinga, em espaçamento de 3,0 m x 1,5 m.

c) SAF 3, 4 e 5 – Renques de Araucaria angustifolia e Mimosa scabrella: Foram

estabelecidos 16 renques compostos pelo plantio de araucária (em espaçamento de

16,0 m x 3,0 m – SAF 3), araucária e bracatinga (em espaçamento de 16 m x 1,5 m –

SAF 4), e bracatinga (em espaçamento de 16,0 m x 1,5 m – SAF 5). Entre quatro

destes renques foram estabelecidas áreas de cultivo de seleções de duas frutíferas

nativas selecionadas – a goiaba-serrana (Acca sellowiana) e o araçá (Psidium

catleyanum). Entre os demais renques continua o cultivo em plantio direto, de soja e

milho em rotação, no verão, e a manutenção do azevém e da ervilhaca no inverno,

para manutenção da cobertura do solo.

d) SAF 6 – Plantio de Araucaria angustifolia, com Mimosa floculosa e Ilex

paraguariensis: Este modelo baseia-se no plantio da araucária em espaçamento de

6,0 m x 9,0 m, resultando em uma densidade de 185 árvores de araucária por hectare.

Neste SAF também se efetuou o cultivo intercalar de soja e milho, em 2012/13 e

2013/14, respectivamente. Em função do crescimento mais lento da araucária, definiu-

72

se pelo plantio consorciado da bracatinga-de-campo-mourão, uma espécie

leguminosa, semiperene e de rápido crescimento, utilizada para restauração de áreas

degradadas (CARVALHO, 2002). A bracatinga-de-campo-mourão foi plantada junto

às mudas de araucária por meio de semeadeira do tipo “matraca”, ajustada para o

menor tamanho das sementes. Em 2015 foi introduzida a erva-mate em espaçamento

de 2,0 m x 6,0 m.

e) SAF 7 – Plantio de Araucaria angustifolia, com Mimosa floculosa e frutíferas:

Este modelo baseia-se no plantio da araucária e bracatinga de campo mourão em

espaçamento de 6,0 m x 9,0 m para a araucária, com a semeadura direta de

bracatinga-de-campo-mourão junto às mudas de araucária. Na mesma área também

foi introduzido um “mix” de frutíferas nativas plantadas de forma alternada, utilizando-

se do mesmo espaçamento da araucária, de forma intercalar na linha.

5.1.2 Descrição das unidades homogêneas de mapeamento (subtipologias)

O remanescente florestal que caracteriza a Estação Experimental da

Embrapa, em Caçador (EEEC), apresenta diferentes feições fitofisionômicas que

possuem significativa importância regional. Sua cobertura florestal varia quanto à

estrutura e composição florística, devido a diferenças relativas ocasionadas por

componentes ecológicos e antropogênicos. Desta forma, atualmente são encontrados

nesta área remanescentes primários alterados – tratados aqui como florestas

secundárias em estágio avançado de regeneração natural, devido ao histórico de

exploração da área de estudo – e florestas secundárias, em diversos estágios

sucessionais, que podem conter indivíduos de grande porte e/ou remanescentes da

floresta primária. Estas diferentes subtipologias observadas na área de estudo, por

representarem as mesmas variações que ocorrem ao longo do território ocupado pela

Floresta Ombrófila Mista (FOM), apresentam também os mesmos desafios, tanto para

a sua manutenção como para a sua recuperação.

Na imagem WorldView-2, a discriminação das diferentes subtipologias

presentes na EEEC foi efetuada pela comparação visual da variabilidade apresentada

pelos elementos de interpretação, principalmente cor, tonalidade e textura,

apresentados nas composições NRG e N2REG, aplicadas na ordem RGB; do mesmo

modo como executado por Dlugosz (2005), utilizando uma imagem IKONOS II, para

73

a mesma área. Desta maneira, distinguiram-se, no total, 12 classes de mapeamento,

sendo cinco destas referentes às subtipologias propriamente ditas, e seus respectivos

estágios de desenvolvimento na escala sucessional (inicial, médio e avançado),

enquanto as outras sete classes foram enquadradas a outros tipos de uso e cobertura

do solo – ou por não ser possível determinar em qual estágio de regeneração natural

essas formações se encontravam, ou por não haver cobertura florestal presente, como

no caso de áreas permanentemente alagadas, solo exposto, ou áreas de agricultura.

As características consideradas para a definição de cada classe estão

descritas na sequência, do item 5.1.2.1 ao 5.1.2.5:

5.1.2.1 Floresta em estágio inicial de regeneração natural

A vegetação secundária em estágio inicial do processo sucessional é

caracterizada pela presença, em abundância, de espécies pioneiras, com distribuição

diamétrica de pequena amplitude; sua diversidade biológica é variável, com poucas

espécies arbóreas ou arborescentes, com cobertura vegetal variando de fechada a

aberta (CONAMA, 1993). Dessa maneira, as espécies presentes em uma floresta

neste estágio de regeneração são aquelas que se adaptam à germinação e

crescimento em locais abertos, com muita radiação solar disponível – seja em

clareiras grandes ou até mesmo em locais onde as condições climáticas regionais ou

edáficas não permitem ainda o desenvolvimento de uma tipologia florestal densa

(REIS, 1993).

Geralmente, uma floresta em tal estágio apresenta dominância de poucas

espécies, observada por uma textura e um padrão espectral mais homogêneo

(CINTRA, 2007). Na área de estudo, observa-se a distribuição agregada de uma

espécie em particular, refletida na imagem WorldView-2 por um padrão facilmente

distinguível dos demais, por apresentar coloração vermelho intensa (NRG)/amarelo

vivo (N2REG) e textura fina (FIGURA 17).

A dominância nessas áreas é dada pela presença da espécie Mimosa

scabrella Benth. (Fabaceae), a bracatinga, cujos agrupamentos são responsáveis pela

textura bastante homogênea visualizada na imagem satelitária. Além desta, também

foi constatada, em inventário realizado na área (RIVERA, 2007), bem como em

observações de campo para apoio ao mapeamento, presença das espécies

Piptocarpha angustifolia Dusén e Malme e Vernonia discolor (Spreng.) H. Rob.

74

(Asteraceae) – popularmente conhecidas como vassourão-branco e vassourão-preto,

respectivamente. Todas estas espécies são definidas como espécies pioneiras

nativas por meio da Portaria Nº 51, do Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2009),

sendo também consideradas indicadoras do estágio inicial de regeneração para a

Floresta Ombrófila Mista (CONAMA, 1994a). Devido à representatividade destas

espécies em tais áreas, tal subtipologia foi denominada de “Associação

bracatinga/vassourão”, para referir-se à floresta em estágio inicial de sucessão.

FIGURA 17 – RESPOSTA ESPECTRAL DAS ÁREAS EM ESTÁGIO INICIAL DE REGENERAÇÃO NATURAL, NA IMAGEM PANCROMÁTICA E NAS COMPOSIÇÕES NRG E N2REG.

A associação de bracatinga/vassourão pode ser observada em três

conformações diferentes na área de estudo, de acordo com a densidade do

agrupamento das espécies dominantes e a presença conjunta de indivíduos de outras

espécies e/ou pertencentes a outros estágios sucessionais, muitos remanescentes de

explorações anteriores, que aparecem entre os agrupamentos homogêneos

característicos desta subtipologia. Na FIGURA 18 A, percebe-se a presença maciça

das bracatingas, compondo um dossel quase único e com indivíduos remanescentes,

ou de outras espécies, quase ausentes, da mesma maneira que apresentado na

Figura 18; em comparação, a FIGURA 18 B apresenta um número considerável de

indivíduos de outras espécies pioneiras que podem ser identificados entre os

agrupamentos de bracatinga, em especial o vassourão-branco, ou árvores

remanescentes de explorações passadas; o mesmo ocorrendo na (FIGURA 18 C),

mas neste caso com maiores proporções de outras espécies, entremeadas pelos

agrupamentos de bracatinga.

75

FIGURA 18 – ÁREA COM PRESENÇA DE VEGETAÇÃO EM ESTÁGIO INICIAL DE REGENERAÇÃO NATURAL: AGRUPAMENTO DENSO DE Mimosa scabrella (A); AGRUPAMENTO DE M. scabrella COM INDIVÍDUOS DE OUTRAS ESPÉCIES PIONEIRAS (B); AGRUPAMENTO DE M. scabrella COM MUITOS INDIVÍDUOS DE OUTRAS ESPÉCIES (C).

A espécie P. angustifolia, o vassourão-branco, é uma das melhores

indicadoras da vegetação semidevastada no planalto sul brasileiro (CARVALHO,

1994), enquanto a V. discolor, o vassourão-preto, ocorre quase que exclusivamente

em matas que sofreram interferência humana e em formações secundárias

(MARQUES, 2007). Ainda, os bracatingais são formados, via de regra, quando ocorre

o corte raso ou total da vegetação arbórea preexistente e onde existe um estoque de

sementes no solo ou fontes primárias de propágulos capaz de ocupar rapidamente

uma área abandonada (SANQUETTA; MATTEI, 2006).

Assim, as áreas aqui descritas correspondem às florestas que sofreram

exploração madeireira intensa e/ou foram impactadas por incêndios florestais, o que

reduziu fortemente seus níveis de biomassa e volume, bem como alterou

significativamente a sua estrutura e composição florística. Tais alterações criaram

condições para a dominância de espécies de taquara, de forma que o que se observa

em campo são agrupamentos contínuos e densos desses indivíduos cobrindo o sub-

bosque de tal subtipologia (FIGURA 19 B), entremeados por estas espécies pioneiras

arbóreas que compõem um dossel aberto (FIGURA 19 A). A condição observada

nesta subtipologia tem impacto direto na sucessão vegetal pelo fato de que, pela

indisponibilidade de luz causada pelas taquaras, a regeneração de espécies arbóreas

é dificultada.

Uma das espécies de taquara que mais se destaca na área de estudo, bem

como no sub-bosque da Floresta com Araucária, de maneira geral, é Merostachys

skvortzovii Send. (Poaceae), sendo comuns também indivíduos do gênero Chusquea

76

spp. (KELLERMANN, 2011). As áreas da floresta com menor densidade de copas e,

consequentemente, maior incidência de luz, incluindo-se clareiras de origem natural,

possuem as maiores concentrações de taquara (BECKERT et al., 2014). A presença

dessa espécie é constante em todas as subtipologias mapeadas dentro da Estação

Experimental, mas principalmente nas áreas em estágio inicial de regeneração

natural.

FIGURA 19 – ÁREAS EM ESTÁGIO SECUNDÁRIO INICIAL DE REGENERAÇÃO NATURAL (A), COM PRESENÇA MASSIVA DE TAQUARA-LIXA EM SEU SUB-BOSQUE (B).

O monitoramento dos efeitos da ocupação da taquara mostra-a como inibidora

do processo sucessional, de forma que seu estabelecimento torna o ambiente menos

propício para o recrutamento de espécies, tanto de fases iniciais como tardias de

sucessão, de acordo com o modelo sugerido por Connel e Slatyer (19773, apud

Kimmins, 2004). A grande densidade de taquaras, além de atuar como um vetor-chave

de inibição do estabelecimento de plântulas arbóreas, dificultando os processos

regenerativos, reduz o crescimento e acelera o processo de mortalidade de indivíduos

já estabelecidos (SANQUETTA, 2007). Assim, caso as condições permaneçam

inalteradas nestas áreas, a taquara tende a excluir ou suprimir as espécies

subsequentes (KELLERMANN, 2011). A aplicação de tratamentos silviculturais,

visando o controle destas espécies e o acompanhamento da regeneração natural, de

forma a favorecer a evolução do processo sucessional para um estágio mais

avançado torna-se essencial.

3 CONNEL, J. H.; SLATYER, R. O. Mechanisms of succession in natural communities and their role in community stability and organization. The American Naturalist, v. 111, n. 982, p. 1119-1144, 1977.

77

5.1.2.2 Floresta em estágio médio de regeneração natural

Quando a floresta secundária se encontra em estágio intermediário de

sucessão existe um gradiente de adaptação entre as espécies. Tais variações podem

ser induzidas, ou por estágios mais avançados na sucessão de clareiras, ou pela

ocupação de clareiras de porte bem menor (REIS, 1993). As espécies que ocupam

este estágio podem ser caracterizadas como oportunistas – uma vez que conseguem

sobreviver em condições de sombreamento, mas dependem de clareiras para iniciar

o seu desenvolvimento (REIS, 1993). Estas espécies podem também ser divididas em

secundárias iniciais, que apresentam crescimento rápido como as pioneiras, mas

vivem mais tempo que estas; e secundárias tardias, que crescem de forma mais lenta,

preferindo sombreamento quando jovens, mas que aceleram seu crescimento em

busca de luminosidade entre as copas das árvores adultas, atingindo as porções mais

altas da floresta (BLUM, 2008). Assim, as plantas secundárias são indicadoras dos

estágios intermediários da sucessão vegetal.

A floresta neste estágio já apresenta uma diversidade biológica significativa,

quando comparada à de estágio inicial, com cobertura arbórea também variando de

aberta a fechada, mas com a ocorrência eventual de indivíduos emergentes, podendo

constituir estratos diferenciados (CONAMA, 1993). Em alguns casos, ainda é possível

observar algumas espécies com distribuição agregada, porém, a textura revela um

indício de heterogeneidade (CINTRA, 2007), onde se observa a formação de mais de

um estrato. Tal heterogeneidade pode ser visualizada não só no que compete a este

elemento, mas também na resposta espectral, apresentando tons que vão do

vermelho ao roxo, no caso da composição NRG, e variando do amarelo para

diferentes tons de cinza na composição N2REG (FIGURA 20).

Dados do inventário da área de estudo (RIVERA, 2007) e observações em

campo mostram a predominância de Cupania vernalis Cambess. (Sapindaceae) e

Ocotea puberula (Rich.) Nees (Lauraceae) – popularmente conhecidas como

camboatá-vermelho e canela-guaicá, respectivamente, além de outras canelas,

classificadas como espécies indicadoras do estágio médio de regeneração natural

pelas Resoluções do Conama Nº 4 e 2, de 1994 (CONAMA, 1944ab). Para descrever

a subtipologia presente nessas áreas foi criada a denominação “Associação

camboatá/canelas” em referência à floresta em estágio médio de regeneração

natural (FIGURA 21 A).

78

Nestas áreas a regeneração natural ocorre com alta riqueza de espécies,

embora o desenvolvimento das mudas seja severamente reduzido quando o sub-

bosque é dominado pela taquara (FIGURA 21 B), o que ocorre com certa frequência.

A estrutura desta subtipologia permite a aplicação de métodos da silvicultura clássica

para melhorar a sua composição e otimizar a produção de biomassa.

FIGURA 20 – RESPOSTA ESPECTRAL DAS ÁREAS DE VEGETAÇÃO EM ESTÁGIO INTERMEDIÁRIO DE REGENERAÇÃO, NA IMAGEM PANCROMÁTICA E NAS COMPOSIÇÕES NRG E N2REG.

FIGURA 21 – ÁREAS EM ESTÁGIO INTERMEDIÁRIO DE REGENERAÇÃO NATURAL –

SUBTIPOLOGIA “ASSOCIAÇÃO CAMBOATÁ/CANELAS” – SEM A PRESENÇA DE TAQUARA (A) E COM A PRESENÇA DE TAQUARA EM SEU SUB-BOSQUE (B).

5.1.2.3 Floresta em estágio avançado de regeneração natural

A vegetação em estágio avançado de regeneração natural apresenta

fisionomia arbórea dominante sobre as demais, formando um dossel fechado e

relativamente uniforme no porte, podendo também apresentar árvores emergentes;

79

em questão de diversidade biológica, esta é muito grande, devido à complexidade

estrutural, com presença de espécies emergentes, ocorrendo em diferentes graus de

intensidade (CONAMA, 1993). Neste estágio de regeneração as espécies climácicas,

aquelas adaptadas a germinar e crescer dentro da floresta estruturada pelos diversos

estratos, com característica ciófita quando jovem, e heliófita quando adulta (REIS,

1993), caracterizam esta fase da sucessão florestal.

As formações secundárias são, muitas vezes, confundidas com florestas

primárias, devido aos métodos de avaliação empregados, em que as aerofotografias

ou imagens de satélites são o principal instrumento de análise – pois tais métodos não

permitem diferenciações quantitativas. No entanto, a ocorrência de um número muito

menor de espécies dentro das florestas secundárias mostra que, apesar da função

florestal de cobertura do solo ter sido recuperada, os processos dinâmicos internos

ainda ocorrem em escala bem menor do que nas florestas climácicas (REIS, 1993).

Assim, na Estação Experimental da Embrapa são distinguíveis três

subtipologias para a floresta secundária em grau avançado de regeneração natural –

“Canelas”; “Baixa densidade de araucária” e; “Predominância de araucária” –,

descritas na sequência.

5.1.2.3.1 Canelas

No caso desta subtipologia, a textura se torna mais rugosa e não há mais

sinais de dominância de espécies com distribuição agregada, ou seja, a textura é

muito heterogênea, com padrão espectral bastante variado, o que revela um aumento

na diversidade (CINTRA, 2007). Analisando-se a composição NRG, é possível

perceber uma coloração mesclada, variando de vermelho escuro a médio, com pontos

em tons de azul e roxo, apresentando textura grosseira; a mesma variação e textura

ocorrem na composição N2REG, com tons de marrom claro a amarelo (FIGURA 22),

também com pontos azuis, possivelmente caracterizando alguma espécie em floração

no momento em que o imageamento foi realizado. Além disso, na imagem

pancromática é possível perceber quão mais escura torna-se a resposta espectral

para a referida subtipologia em comparação às anteriormente descritas e em menor

grau de desenvolvimento na escala sucessional.

80

FIGURA 22 – RESPOSTA ESPECTRAL DAS ÁREAS DE VEGETAÇÃO SECUNDÁRIA EM ESTÁGIO AVANÇADO DE REGENERAÇÃO, COM PREDOMINÂNCIA DE CANELAS, NA IMAGEM PANCROMÁTICA E NAS COMPOSIÇÕES NRG E N2REG.

FIGURA 23 – ÁREAS EM ESTÁGIO AVANÇADO DE REGENERAÇÃO NATURAL –

SUBTIPOLOGIA “CANELAS” (A) (B) – COM PRESENÇA DE Dicksonia sellowiana (C) E GRAMÍNEAS (D) NO SUB-BOSQUE.

A subtipologia denominada “Canelas” (FIGURA 23 A e B) corresponde às

áreas de ocorrência de exemplares remanescentes da espécie Ocotea porosa (Ness)

Barroso (Lauraceae), a imbuia, bem como outras do mesmo gênero, dentre elas O.

81

pulchella (Nees) Mez (canela-lageana) – advindo daí a denominação para esta

subtipologia. A imbuia, além de representar uma das espécies indicadoras do estágio

avançado de regeneração (CONAMA, 1994a), por ser uma espécie clímax, ocupa o

segundo andar do dossel, formando às vezes populações densas, os chamados

“imbuiais” (CARVALHO, 1994).

Em seu sub-bosque, dentro da área de estudo, podem ser encontradas tanto

populações de Dicksonia sellowiana Hook. (Dicksoniaceae), popularmente conhecida

como xaxim, formações de gramíneas (FIGURA 23 C e D respectivamente), bem

como a presença da taquara em algumas outras áreas.

5.1.2.3.2 Predominância de araucária

Algumas florestas em estágio avançado de regeneração natural podem

apresentar fisionomia semelhante à vegetação primária (CONAMA, 1993), como já foi

citado anteriormente; isto é o que ocorre neste caso, ao observar-se o dossel fechado

e uniforme no porte, devido à completa dominância da espécie Araucaria angustifolia

(Bertol.) Kuntze. No entanto, devido ao histórico de exploração da área, corroborado

por dados de inventário (RIVERA, 2007; BECKERT et al., 2014), e observações em

campo para apoio ao mapeamento, sabe-se que toda a área florestal da EEEC sofreu

influência antrópica no passado, podendo-se dizer que a subtipologia aqui

denominada “Predominância de araucária” é uma floresta secundária, mas com

características primárias, devido ao elevado número de árvores remanescentes.

A resposta espectral, nesse caso, é mais homogênea quando comparada às

demais classes em estágio avançado de regeneração, devido à preponderância da

araucária no dossel da floresta, que proporciona uma textura rugosa para a imagem,

originada pelo padrão bastante característico formado pelas copas da espécie

dominante (FIGURA 24).

Além da A. angustifolia (FIGURA 25 A), constata-se nessas áreas a

participação de Prunus brasiliensis (Cham. & Schltdl.) (Rosaceae) e novamente a

Cupania vernalis (RIVERA, 2007) – popularmente conhecidas como pessegueiro-

bravo e camboatá-vermelho, respectivamente, que, apesar de serem espécies

heliófitas, também são mesófitas e seletivas higrófitas, razão pela qual se adaptam

bem a diferentes condições de cobertura, ocorrendo tanto no interior de matas

primárias como em todos os estágios das formações secundárias (LORENZI, 1992).

82

FIGURA 24 – RESPOSTA ESPECTRAL DAS ÁREAS DE VEGETAÇÃO SECUNDÁRIA EM ESTÁGIO AVANÇADO DE REGENERAÇÃO, COM PREDOMINÂNCIA DE ARAUCÁRIA, NA IMAGEM PANCROMÁTICA E NAS COMPOSIÇÕES NRG E N2REG.

FIGURA 25 – ÁREAS EM ESTÁGIO AVANÇADO DE REGENERAÇÃO NATURAL – SUBTIPOLOGIA “PREDOMINÂNCIA DE ARAUCÁRIA” (A) – COM PRESENÇA DE Dicksonia sellowiana NO SUB-BOSQUE (B).

No sub-bosque desta subtipologia é abundante a presença da espécie

Dicksonia sellowiana (FIGURA 25 B). As condições de subdossel e de maior

sombreamento, encontradas nessa subtipologia, bem como a proximidade de locais

úmidos, propiciam condições favoráveis para esta espécie se desenvolver

(MANTOVANI, 2004). Além disso, sua ocorrência também pode estar relacionada a

uma maior acidez do solo. Mantovani (2004) amostrou nove áreas diferentes com

populações remanescentes de D. sellowiana no estado de Santa Catarina,

encontrando uma variação de 4,2 a 4,8 para o pH do solo nessas áreas.

Observa-se também em algumas destas áreas uma densa cobertura de

gramíneas, incluindo-se Merostachys sp. (taquara), que podem inviabilizar o

estabelecimento de regeneração natural da espécie. Isto, aliado ao fato de que nesta

83

subtipologia o dossel apresenta maior densidade, já com inúmeros indivíduos senis

da espécie, mas que, por seu ciclo de vida, permanecem por longos períodos na

floresta e acabam impedindo a sua própria regeneração, sugere a necessidade de

aplicação de intervenções silviculturais que visem à perpetuação da A. angustifolia.

5.1.2.3.3 Baixa densidade de araucária

No caso da subtipologia denominada “Baixa densidade de araucária”, é

possível distinguir na imagem satelitária a presença de dois estratos: um superior,

formado pela presença de vários indivíduos de Araucaria angustifolia, mas que ocorre

de forma mais esparsa, quando comparado à classe anteriormente descrita; e o outro

com resposta espectral similar ao visualizado na subtipologia “Canelas”, de forma que

é possível notar neste conjunto pontos de coloração vermelho-escura (NRG)/ marrom-

escura (N2REG), de feição rugosa, e uma base em tons mais claros, com pequenas

mesclas em azul (FIGURA 26).

FIGURA 26 – RESPOSTA ESPECTRAL DAS ÁREAS DE VEGETAÇÃO SECUNDÁRIA EM ESTÁGIO AVANÇADO DE REGENERAÇÃO, COM PRESENÇA DE ARAUCÁRIA EM BAIXA DENSIDADE, NA IMAGEM PANCROMÁTICA E NAS COMPOSIÇÕES NRG E N2REG.

Nesse caso, o dossel com menor densidade de pinheiros, portanto, mais

aberto, oferece, em princípio, condições para a regeneração desta floresta. Porém a

regeneração é inexistente em algumas áreas, por haver uma cobertura densa de

taquaras no sub-bosque. Isso indica que, no passado, essa subtipologia sofreu uma

exploração seletiva, dando oportunidade para o desenvolvimento massivo da taquara

84

nessas áreas que à primeira vista aparentam ser cobertas por florestas primárias,

assim como no caso anteriormente relatado.

Embora a situação descrita demande intervenções na floresta, assim como no

caso da subtipologia com predominância de araucária, impedimentos de ordem legal

e políticos inviabilizam seu manejo. Estas subtipologias correm o risco clássico de, ao

não ser manejadas, acabarem por ser abandonadas, com potencial risco de

degradação gradativa de sua estrutura e composição florística, consequência de

alterações anteriores, como desmatamento e queimadas, ou processos atuais, como

fragmentação e invasão de espécies.

5.1.2.4 Vegetação com estágio de regeneração natural não definido

A subtipologia denominada “Vegetação de solos úmidos” não está

associada a nenhum estágio sucessional, por não ser possível definir seu nível de

desenvolvimento somente pela resposta espectral obtida pelo sensor WorldView-2.

Na imagem satelitária, tais áreas são identificadas devido à coloração mesclada em

tons de azul e cinza com textura fina, mais facilmente identificada na composição

N2REG (FIGURA 27).

FIGURA 27 – RESPOSTA ESPECTRAL DA VEGETAÇÃO SECUNDÁRIA EM ÁREAS ÚMIDAS, COM ESTÁGIO DE REGENERAÇÃO NÃO DEFINIDO, NA IMAGEM PANCROMÁTICA E NAS COMPOSIÇÕES NRG E N2REG.

Apesar da influência da umidade sobre a vegetação nessas áreas, a resposta

espectral da água não exerce grande influência nessas regiões (DLUGOSZ, 2005).

Essas são áreas com características próprias de vegetação arbustiva (FIGURA 28 A

85

e B) que se desenvolve sobre solos com umidade elevada, onde o afloramento do

lençol freático e o nível de hidromorfismo não são extremos (KURASZ, 2005).

FIGURA 28 – ÁREAS COM ESTÁGIO DE REGENERAÇÃO NATURAL NÃO DEFINIDO – SUBTIPOLOGIA “VEGETAÇÃO DE SOLOS ÚMIDOS” (A) (B).

5.1.2.5 Outros tipos de uso e cobertura da terra

Para descrever outros tipos de uso e cobertura da terra, além das diferentes

subtipologias da vegetação anteriormente citadas, foram criadas as seguintes classes:

“Várzea”; “Corpos d’água”; “Estradas”; “Solo exposto”; “Agricultura/fruticultura”;

“Galpão” (FIGURA 29).

As áreas cujo uso da terra foi classificado como “Várzea” dizem respeito a

locais com presença de vegetação herbácea e com nível extremo de hidromorfismo,

causado pelo afloramento do lençol freático – o que influencia de maneira direta na

resposta espectral da imagem que apresenta coloração azul acinzentada e textura

fina (N2REG) (FIGURA 29 A), permitindo facilmente a sua diferenciação em relação

às demais classes. As áreas compostas pela presença de “Corpos d’água” também

são facilmente identificáveis, devido à coloração azul escura e textura lisa (FIGURA

29 B).

Para as classes denominadas “Estradas” e “Solo exposto” (FIGURA 29 C e

D, respectivamente) a resposta espectral obtida é a mesma, em tons mesclados de

azul escuro e textura fina, sendo diferenciadas devido ao padrão linear apresentado

pelas estradas. Em contrapartida, as áreas com presença de

“Agricultura/fruticultura” apresentaram comportamentos diferentes, dependendo do

86

cultivo presente na área: coloração amarela – áreas com culturas anuais, de

distribuição rasteira –, ou acinzentada – pomares de maçã e pera –, e textura sempre

fina (FIGURA 29 E). Também foi incluída no mapeamento uma classe denominada

“Galpão” (FIGURA 29 F), em referência à única área construída dentro da EEEC.

FIGURA 29 – RESPOSTA ESPECTRAL DE DIFERENTES USOS DO SOLO NA COMPOSIÇÃO N2REG: ÁREAS DE VÁRZEA (A); CORPOS D’ÁGUA (B); ESTRADA (C); SOLO EXPOSTO (D); AGRICULTURA/FRUTICULTURA (E); GALPÃO (F).

5.1.2.6 Observações gerais sobre o mapeamento

No total foram mapeados 248 polígonos distribuídos entre todas as

subtipologias definidas para a Estação Experimental (TABELA 1). O maior número de

polígonos pertencentes a uma única subtipologia foi mapeado para a “Associação

bracatinga/vassourão”, um total de 50 polígonos, cobrindo uma área de 151,3

hectares, concentrados principalmente na região Leste da EEEC, como pode ser visto

na FIGURA 30; esta foi a área que mais sofreu exploração no passado, encontrando-

se, ainda, estagnada em estágio inicial de sucessão natural.

87

TABELA 1 – QUANTIFICAÇÃO DAS CLASSES MAPEADAS PARA A ÁREA DE ESTUDO.

ESTÁGIO DE DESENVOLVIMENTO

SUBTIPOLOGIA Nº DE

POLÍGONOS ÁREA (ha)

ÁREA (%)

Inicial Associação bracatinga/vassourão 50 151,35 12,64

Médio Associação camboatá/canelas 39 169,67 14,17

Avançado

Predominância de araucária 28 174,83 14,60

Baixa densidade de araucária 32 177,93 14,86

Canelas 28 453,89 37,92

Outros

Agricultura/Fruticultura 6 28,22 2,36

Vegetação de solos úmidos 23 24,12 2,02

Várzea 33 10,01 0,84

Estrada 2 4,50 0,38

Solo exposto 4 1,33 0,11

Lago 2 1,18 0,10

Galpão 1 0,01 0,00

TOTAL 248 1.197 100

Apesar do maior número de polígonos representado pela subtipologia

pertencente ao estágio inicial de regeneração natural, a classe que ocupa a maior

porção da área de estudo é a subtipologia “Canelas”, estendendo-se por 453,9

hectares (quase 40% da área total da EEEC), dentro de apenas 28 polígonos. Esta,

juntamente com as outras classes pertencentes ao estágio de sucessão avançado,

cobre quase 70% da área de estudo. Sua dominância fica evidente ao se observar a

FIGURA 31, onde os estágios sucessionais foram identificados de acordo com a

presença de espécies e/ou grupo de espécies indicadoras de sucessão.

Outras classes mapeadas, onde o estágio sucessional não foi aplicado,

contemplaram uma área de aproximadamente 70 hectares, onde a maior ocupação

foi relativa às áreas de “Agricultura/fruticultura” e por “Vegetação de solos úmidos”; o

maior número de polígonos foi gerado para as áreas de “Várzea”.

5.1.3 Talhonamento

Cada talhão gerado a partir dos cruzamentos, e posterior processo de

agrupamento com fins operacionais, recebeu um código alfanumérico único e

exclusivo, derivado da sigla da unidade silvicultural (FA, FE, FD ou SU) juntamente

88 FIGURA 30 – MAPA TEMÁTICO DAS SUBTIPOLOGIAS FLORESTAIS PARA A ÁREA DE ESTUDO, OBTIDO POR MEIO DE INTERPRETAÇÃO VISUAL.

89

FIGURA 31 – MAPA TEMÁTICO DOS ESTÁGIOS SUCESSIONAIS DA VEGETAÇÃO PARA A ÁREA DE ESTUDO OBTIDO POR MEIO DE ESPÉCIES CARACTERÍSTICAS.

90

com o número de talhões para cada US – assim, talhões definidos pela unidade

silvicultural FA (floresta com araucária) serão denominados com esta sigla

acompanhada do número do talhão (1 até n), por exemplo. No caso de talhões

especiais, correspondentes às zonas de uso restrito, o processo de nomenclatura deu-

se da mesma maneira, adotando-se as siglas APP (áreas de proteção permanente) e

PE (parcelas experimentais) para as áreas com restrições legais e operacionais de

uso, respectivamente.

O talhonamento gerou 252 talhões – 168 referentes às áreas passíveis de

manejo e 83 dentro das zonas de uso restrito. A US com maior número de talhões foi

a FE, abrangendo 76 talhões, com superfície total de aproximadamente 440 hectares,

correspondentes a quase 37% da superfície da área de estudo. Em seguida aparece

a Unidade Silvicultural FA, com 60 talhões, ocupando mais de 23% da superfície total

mapeada.

Na TABELA 2 é apresentada a relação do número de talhões para cada US e

sua respectiva área:

TABELA 2 – UNIDADES SILVICULTURAIS E ZONAS COM RESTRIÇÃO DE USO DEFINIDAS PARA A ÁREA DE ESTUDO E SUAS RESPECTIVAS SUPERFÍCIES E NÚMERO DE TALHÕES.

UNIDADE SILVICULTURAL (US) NUM. DE TALHÕES ÁREA

TOTAL (ha) (%)

Floresta com araucária (FA) 60 284,44 23,76

Floresta estruturada (FE) 76 441,32 36,87

Floresta degradada (FD) 26 133,84 11,18

Vegetação de solos úmidos (SU) 6 9,13 0,76

Subtotal 168 868,73 72,58

Zonas com restrição legal de uso 23 278,35 23,25

Zonas com restrição operacional de uso 60 44,22 3,69

Subtotal 83 322,57 26,95

Outros (estradas/área construída)

- 5,70 0,48

TOTAL 251 1.197 100

91

5.2 DEFINIÇÃO DE TÉCNICAS SILVICULTURAIS GERAIS POR UNIDADE

SILVICULTURAL (US)

5.2.1 Proposição de tratamentos silviculturais gerais por unidade silvicultural

A vegetação presente na Estação Experimental da Embrapa, em Caçador,

apresenta uma grande diversidade de espécies e estruturas florestais, como pode ser

visto no item 5.1.2 – referente à descrição de cada subtipologia mapeada para a área

de estudo. Essa informação traduziu-se na existência de numerosos talhões e seu

respectivo agrupamento dentro de grupos fisionômicos, as unidades silviculturais

(US). Para cada US definiu-se um regime silvicultural geral, que posteriormente

poderá desdobrar-se no modelo de gestão de cada talhão especificamente, com base

em suas características particulares. O QUADRO 4, apresentado na sequência,

contém o resumo dos regimes silviculturais propostos para cada unidade silvicultural

presente na área de estudo:

QUADRO 4 – UNIDADES SILVICULTURAIS PROPOSTAS E RESPECTIVOS REGIMES GERAIS DE MANEJO.

US TIPO DE TALHÃO (SUBTIPOLOGIAS)

OBJETIVO DO MANEJO REGIME SILVICULTURAL

GERAL

FA

Predominância de araucária

Manutenção do ecossistema, mantendo-se uma proporção entre o número de indivíduos presentes nas classes diamétricas sucessivas: floresta regulada (produção sustentável).

Remoção de exemplares senis ou com problemas fitossanitários; Intervenção por meio do método de seleção com aproveitamento comercial; Controle da taquara. Monitoramento da regeneração natural.

Baixa densidade de araucária

FE

Canelas Preparação da floresta para a futura produção de produtos e serviços.

Cortes de melhoramento; Controle da taquara; Plantios de adensamento e enriquecimento, visando o desenvolvimento do sistema para a produção de madeira e subprodutos (produtos não madeireiros).

Associação camboatá/canelas

FD Associação

bracatinga/vassourão Restauração do

ecossistema.

Limpeza para o controle da taquara; Manejo da espécie Mimosa scabrella por meio do raleio; Intensificação do uso de sistemas de recomposição; Enriquecimento.

SU Vegetação de solos

úmidos

Serviços ambientais. Sem ações de manejo propostas no momento.

Proteção. Sem regime proposto no momento.

Onde: FA= Floresta com presença de araucária; FE = Floresta estruturada; FD = Floresta degradada; SU = Vegetação de solos úmidos.

92

5.2.1.1 Tratamento proposto para a floresta com presença de araucária (FA)

As áreas com presença de A. angustifolia encontram-se em estágio avançado

de desenvolvimento, com estrutura próxima à de uma floresta primária, onde podem

ser encontrados diversos indivíduos senis, e também com características sanitárias

indesejáveis, apresentando podridão no tronco. Tendo em vista que os dados do

inventário realizado no ano de 2006 por Rivera (2007) mostraram que mais de 4% dos

indivíduos por hectare apresentam tronco comprometido por podridão dentro desta

US, propõe-se um corte sanitário/aproveitamento destas árvores.

O objetivo principal do corte de aproveitamento é promover a extração de

material comercial antes de sua inviabilização, quer seja proveniente de árvores

mortas, quer seja de árvores comprometidas pela ação de fungos apodrecedores. Em

outros casos, o denominado corte sanitário, tem como objetivo eliminar árvores

atacadas por insetos ou fungos, visando evitar que tais pragas se propaguem para

outras árvores (ALONSO, 1996). No entanto, tais cortes são indicados apenas quando

o produto originado desta intervenção pode, no mínimo, cobrir os custos da operação,

ou quando as árvores afetadas representam algum perigo para a produção futura do

povoamento – podendo atingir árvores de interesse, por exemplo. Sendo assim, deve-

se analisar a situação de cada árvore em campo, determinando qual volume de

madeira comercializável será retirado e se este é suficiente para arcar com os custos

da operação, visando também alguma margem de lucro. Indivíduos com

características indesejáveis, cujo valor da operação for maior do que o valor do

produto a ser obtido, e que não representam risco para as árvores futuro, não devem

ser retirados – uma vez que, além da operação gerar prejuízo, tais árvores cumprem

seu papel ecológico dentro da floresta, não conflitando com os objetivos do manejo.

Os dados das parcelas permanentes (2004 – 2013) indicam que, para esta

US existem cerca de 184 árvores por hectare, dos quais 56 pertencem à espécie A.

angustifolia, totalizando uma área basal média de 41,45 m².ha-1. A variável área basal,

nesse caso, indica que a floresta já atingiu seu clímax, e encontra-se em fase de

estagnação do crescimento, fato esse corroborado por Beckert (2015), que constatou

redução média constante para esta variável, bem como índices de mortalidade que

superam o recrutamento de indivíduos na área (dentro de um período de nove anos).

Em outros trabalhos realizados na Floresta Ombrófila Mista percebe-se que

os valores supracitados se encontram dentro da variação já encontrada em diferentes

93

remanescentes. Barth Filho (2002) encontrou uma área basal de 25,71 m².ha-1na

região de General Carneiro, no estado do Paraná, com cerca de 440 árvores.ha-1. Por

outro lado, Ribeiro (2004), em São Francisco de Paula, no Rio Grande do Sul,

encontrou uma área basal maior do que a da Estação Experimental de Caçador, com

45,69 m².ha-1, porém com aproximadamente 852 árvores por unidade de área. É

importante ressaltar que qualquer comparação demanda de maiores informações a

respeito das intervenções aplicadas no passado em cada fragmento estudado e de

muitos outros fatores que podem estar influenciando as diferenças detectadas

(FIGUEIREDO FILHO et al., 2010).

No entanto, tais comparações confirmam que a floresta presente nesta US,

na área de estudo, já atingiu seu ápice de produtividade, apresentando agora, em sua

maioria, poucos indivíduos e de grandes dimensões, sendo necessárias ações de

manejo visando a manutenção desta floresta em um estado produtivo e sustentável.

No caso de florestas mistas, que serão manejadas pela primeira vez –

situação em que se encaixa a referida US – pode ser necessária aplicação de cortes

de liberação. Entretanto, como se propõe a remoção de indivíduos com problemas

fitossanitários, deve-se atentar para o nível de abertura do dossel, que não pode ser

muito intenso, além do cuidado na derrubada das árvores de grande porte, para

minimizar os danos que poderão ser causados aos indivíduos remanescentes,

principalmente aos de interesse para o manejo.

Neste grupo de talhões acredita-se que o sistema silvicultural de seleção

seja uma alternativa potencial a ser empregada para estas subtipologias da Floresta

Ombrófila Mista (CRUZ, 2005), pois é especialmente indicado para estrutura de

floresta alta multiânea (ROSOT, 2007). Tal sistema enquadra-se na categoria de

sistemas de regeneração, cujo objetivo é reproduzir povoamentos formados por

espécies secundárias tardias ou clímax, portanto, capazes de permanecer à sombra

por longos períodos, até que se apresente oportunidade para seu desenvolvimento

(McEVOY, 2004). Assim, esse sistema caracteriza-se pela seleção de plantas de

modo que haja uma série contínua de classes de idade na floresta e um contínuo

recrutamento, advindo da regeneração natural.

No referido sistema preveem-se retiradas periódicas de produtos por unidade

silvicultural, ou talhão, nas várias classes de idade, mantendo-se uma proporção entre

o número de indivíduos presentes nas classes diamétricas sucessivas, além de se

efetuar tratamentos que privilegiam a regeneração das espécies de interesse

94

(SCOLFORO, 1997). Longhi (2011) constatou que, para essa subtipologia da Floresta

Ombrófila Mista, cortes seletivos leves e frequentes são mais aconselhados, pois

assim se consegue maior controle e manipulação da floresta, sendo possível a

condução da composição de espécies de interesse e, com isso, mantendo uma

produção a níveis aceitáveis, sem comprometer a sustentabilidade do recurso

florestal.

Sendo assim, para esta US, recomenda-se o corte seletivo de 20% da área

basal, por classe de DAP acima de 40 cm para os indivíduos de A. angustifolia e de

20% da área basal por classe de DAP das demais espécies. O percentual de corte

adotado para as folhosas pode e deve ser revisto baseado nos danos observados

após a remoção das araucárias, em especial as de maiores dimensões, de forma que,

no caso de os danos serem inferiores a 20% deve-se retirar indivíduos até que o total

explorado seja igual a 20% da área basal total das folhosas.

Comparando diferentes percentuais de exploração (20, 30 a 40, e 50 a 60%),

em uma Floresta de Araucária, Longhi (2011) constatou maiores índices de

recuperação no tratamento com remoção de 20% da área basal, principalmente nas

classes iniciais de DAP, que representam o futuro da floresta; verificou, também, neste

mesmo tratamento, os maiores incrementos periódicos anuais (IPA) tanto em área

basal quanto em volume. Com este percentual de remoção o autor afirmou que o ciclo

de regeneração para a recuperação do estoque inicial em volume é de oito anos.

No ensaio realizado por esse autor o tratamento testemunha (sem

intervenções silviculturais) apresentou as mesmas características que a floresta da

Estação Experimental da Embrapa, em Caçador, apresenta hoje: um decréscimo de

indivíduos, com taxas maiores para mortalidade do que para o recrutamento,

ressaltando a necessidade de intervenções, uma vez que estes fragmentos

possivelmente estão superestocados, ou seja, a floresta encontra-se sob

concorrência, o que ocasiona a sucumbência dos indivíduos que estão nos estratos

inferiores, quer seja por falta de luz ou nutrientes (LONGHI, 2011).

Adicionalmente, a aplicação de qualquer ação que ocasione a abertura do

dossel na EEEC deve vir acompanhada de ações de controle e remoção da

taquara, que pode estar associada como espécie inibidora do crescimento da

regeneração natural na Floresta Ombrófila Mista.

Recomenda-se, então, para este grupo de talhões, o monitoramento da

regeneração natural após a aplicação dos tratamentos silviculturais propostos,

95

mantendo-se uma área testemunha para comparação. Resultados de estudos já

realizados dentro desta US indicam que o recrutamento de novos indivíduos de A.

angustifolia é baixo ou quase inexistente (SILVA et al., 2004; LINGNER et al., 2007;

BECKERT et al., 2014; BECKERT, 2015), não apresentando indivíduos no estrato

inferior, o que indica que a sua regeneração está sendo comprometida devido ao

avanço das folhosas – sendo este fato comum em florestas em estágio avançado

(LINGNER et al., 2007), ou pela presença da taquara no sub-bosque. No entanto,

mesmo havendo carência de recrutamento nessas áreas, espera-se que os

tratamentos propostos, bem como o controle da taquara, promovam aberturas

suficientes para o recrutamento e regeneração desta e de outras espécies de

interesse, por vias naturais, não sendo necessário o enriquecimento destas áreas.

5.2.1.2 Tratamento proposto para a floresta estruturada (FE)

Esta unidade silvicultural engloba subtipologias com características

marcantes de florestas secundárias, tanto na estrutura quanto na composição de

espécies, embora uma destas seja enquadrada em estágio avançado de regeneração

natural (“Canelas”) e a outra em estágio médio (“Associação camboatá/canelas”).

Para estas áreas recomenda-se a diminuição da densidade de indivíduos sem

interesse para o manejo, de forma gradativa, evitando a abertura do dossel em grande

escala, bem como minimizando os impactos causados às remanescentes com a

derrubada de indivíduos de maiores, por meio de um corte de melhoramento.

O corte de melhoramento realiza-se de forma exclusiva em florestas

submetidas ao manejo pela primeira vez; caso contrário, os exemplares indesejáveis

do dossel superior já teriam sido extraídos anteriormente. Sua aplicação visa eliminar

a competição vertical produzida por exemplares de maior tamanho, pertencentes a

espécies que não apresentam interesse econômico ou ecológico (ALONSO, 1996). O

corte de melhoramento é ainda indicado para florestas que tenham sofrido exploração

seletiva no passado (ALONSO, 1996), como é o caso da floresta presente na EEEC.

A limpeza e manutenção da taquara também são atividades fundamentais

nessa US. Após esta etapa o sub-bosque mostra-se propício para a produção de Ilex

paraguariensis sob cobertura, por meio do adensamento, mediante o plantio de mudas

produzidas em viveiro, como já vem sendo feito em parcelas experimentais na área

96

de estudo (item 5.1.1.2.4). No manejo de ervais sob cobertura é comum à prática do

raleamento do dossel, mediante o corte e retirada de algumas árvores grandes, e no

subdossel, por meio de roçadas e eliminação de árvores e arbustos de espécies de

pouco valor econômico e que competem com a erva-mate (SANQUETTA; MATTEI,

2006) – de forma que as etapas propostas, como o corte de melhoramento e remoção

da taquara, propiciam o estímulo à regeneração tanto da araucária como da erva-

mate.

5.2.1.3 Tratamento proposto para a floresta degradada (FD)

Representam áreas muito alteradas no passado e que hoje se encontram em

estágio de desenvolvimento inicial, com a dominância de espécies classificadas como

pioneiras, em especial a M. scabrella (bracatinga), que em diversos talhões constitui

formações quase homogêneas, bem como a presença massiva da taquara em seu

sub-bosque, o que vem freando o processo de desenvolvimento natural dessa

vegetação e impedindo a sua evolução para um estágio mais bem desenvolvido.

Dessa forma, a limpeza e o controle da taquara são as principais medidas a serem

consideradas para o manejo desta US.

Recomenda-se para estas áreas, após o controle da taquara, o manejo da M.

scabrella, acompanhado da implantação de um plantio de adensamento e

enriquecimento em linhas, utilizando-se espécies de interesse econômico e ecológico,

como a Araucaria angustifolia, Ocotea porosa, O. odorífera, Cedrela fissilis, por

exemplo.

Para os talhões em processo de transição do estágio de regeneração - onde

a dominância das formações homogêneas constituídas pela M. scabrella não é tão

evidente, de forma que estas são entremeadas por indivíduos de outras espécies - é

necessário eliminar gradativamente as espécies que não são interessantes para o

manejo. Dessa forma propicia-se melhores condições às remanescentes com maior

valor econômico que podem existir nessas áreas, além de manter a limpeza do sub-

bosque e realizar a condução destas espécies de interesse para o manejo.

97

5.2.2 Proposição de tratamentos silviculturais gerais por zona com uso restrito

O QUADRO 5 contém o resumo dos regimes silviculturais propostos para

cada zona de uso restrito presente na área de estudo:

QUADRO 5 – ZONAS COM RESTRIÇÕES DE USO E RESPECTIVOS REGIMES GERAIS DE MANEJO PROPOSTOS.

ZONA TIPO DE

RESTRIÇÂO OBJETIVO DO MANEJO REGIME SILVICULTURAL GERAL

APP Legal

Manutenção do ecossistema. Serviços ambientais. Obtenção e aproveitamento de produtos florestais não madeireiros (PFNM).

Coleta de produtos florestais não madeireiros, como folhas, sementes e frutos. Instalação de caixas de abelhas, visando o aproveitamento do potencial apícola de diversas espécies da FOM.

PE Operacional Diferente para cada talhão. Depende do objetivo de cada área experimental.

Diferente para cada talhão. Depende do objetivo de cada área experimental.

5.2.2.1 Tratamento proposto para as zonas com restrições legais de uso (APP)

A Lei Federal 12.651 (BRASIL, 2012) instituiu que a vegetação situada em

Área de Preservação Permanente deve ser mantida, sendo vedado qualquer tipo de

supressão desta vegetação – exceto em casos de utilidade pública, interesse social,

ou de baixo impacto ambiental. Esta mesma lei caracteriza como atividade de baixo

impacto ambiental a coleta de produtos não madeireiros, como sementes, castanhas

e frutos, bem como o plantio de espécies nativas, desde que tal atividade não implique

na supressão ou descaracterização da vegetação existente, nem prejudique a função

ambiental da área (BRASIL, 2012).

Sendo assim, para os talhões localizados em APP, recomenda-se o manejo

de produtos florestais não madeireiros (PFNM). Em inventário realizado por Sanquetta

et al. (2010) em uma área de Floresta Ombrófila Mista foram identificadas 134

espécies vegetais, sendo que mais de 53% caracterizam-se como fornecedoras de

produtos não madeireiros, validando o potencial de fornecimento de PFNM para estas

áreas. Os autores apontaram, ainda, algumas espécies como “prioritárias”, por se

destacarem no que diz respeito ao fornecimento de PFNM na Floresta Ombrófila

Mista. Entre elas se encontram:

98

a) Schinus terebinthifolius Raddi (Anacardiaceae): a aroeira, também conhecida

atualmente como pimenta rosa, tem seus frutos amplamente comercializados

como condimento (CARVALHO, 1994).

b) Ilex paraguariensis St. Hill. (Aquifoliaceae): as folhas de erva-mate são

tradicionalmente consumidas como erva para chimarrão, ou mate queimado,

demandando pouca modificação da matéria-prima natural; mas também se

derivam destas, alguns produtos baseados em extratos, como mate solúvel

ou refrigerante (CARVALHO, 1994).

c) Araucaria angustifolia (Bert.) O. Kuntze (Araucariaceae): o grande valor desta

espécie, em termos de PFNM, reside nas suas sementes, os pinhões, pois

estes são fonte de proteína servindo para a alimentação humana

(CARVALHO, 1994), sendo utilizados para diversos fins culinários

(SANQUETTA et al., 2010).

d) Cedrela fissilis Vell. (Meliaceae) e Luehea divaricata Mart. (Tiliaceae), o cedro

e o açoita-cavalo tem registros de uso medicinal. A casca do cedro, na forma

de chá, é empregada como tônica, adstringente e excelente no combate à

febre. A casca do açoita-cavalo também é utilizada com finalidade medicinal,

mas nesse caso é empregada no tratamento do reumatismo, ou como

adstringente; suas folhas são usadas em xaropes contra a tosse e bronquite.

São ainda encontradas algumas espécies frutíferas na área de estudo, como

Campomanesia xanthocarpa O. Berg (guabirova), Psidium cattleianum Sabine (araçá)

e Inga sp. (ingá), que são bastante empregadas como alimento in natura ou no preparo

de geleias e doces.

Outra característica passível de ser aproveitada em diversas espécies é seu

potencial apícola. A flora apícola é o conjunto das espécies vegetais capazes de atrair

abelhas para a coleta de pólen, néctar, ou outras substâncias (FALKENBERG;

SIMÕES, 2011). Na área de estudo as espécies identificadas com tal potencialidade

são: Schinus terebinthifolius Raddi (aroeira), Piptocarpha angustifolia Dusén

(vassourão-branco), Vernonia discolor (Spreng.) Less. (vassourão-preto), Sebastiana

commersoniana (Baill.) Smith & Downs (branquilho), Ocotea porosa (Nees) L. Barroso

Barr. (imbuia), Cedrela fissilis Vell. (cedro), Mimosa scabrella Benth. (bracatinga),

Campomanesia xanthocarpa O. Berg (guabirova), Cupania vernalis Camb.

(camboatá), Luehea divaricata Mart. (açoita-cavalo), entre outras. Sendo assim,

99

sugere-se como uma alternativa na utilização das áreas de APP, como atividade de

baixo impacto, a instalação de caixas de abelhas e seu manejo. Dependendo da

região onde forem instaladas pode-se planejar um sistema de produção orgânico,

observado o raio mínimo entre as colmeias e outras zonas onde se apliquem

herbicidas e outros agrotóxicos às lavouras lindeiras à EEEC.

5.2.2.2 Tratamento proposto para as zonas com restrições operacionais de uso

(PE)

a) Parcelas de monitoramento da regeneração natural: tendo em vista que

estas áreas têm como objetivo analisar a estrutura e dinâmica do processo de

regeneração natural em diferentes subtipologias da Floresta Ombrófila Mista,

nenhuma intervenção deve ser realizada, uma vez que poderá influenciar nos

resultados do estudo.

b) Plantio de enriquecimento com mudas de Araucaria angustifolia: para

estas parcelas experimentais está previsto o anelamento de indivíduos que

estejam competindo com as árvores de interesse, seja por luz ou nutrientes,

e não tenham interesse ecológico ou econômico nessas áreas. A limpeza nas

linhas para remoção da taquara também é necessária.

c) Plantio de Araucaria angustifolia derivado de mudas e sementes: tendo

em vista que os resultados deste experimento já foram obtidos e sua

publicação está em processo de espera, as covas com falhas foram

replantadas. Prevê-se replantio eventual e duas limpezas anuais entre as

linhas.

d) Recuperação de áreas visando o manejo de ervais sob cobertura: para a

área 1 está prevista a condução da bracatinga por meio de desbastes e poda,

bem como o coroamento das mudas, roçada nas entrelinhas e limpeza da

taquara; no caso da área 2 as principais atividades a serem desenvolvidas

são o coroamento e a roçada, bem como poda de condução nas mudas

plantadas e da regeneração natural; para a área 3 está previsto o replantio de

mudas e o controle de formigas cortadeiras.

e) Sistemas agroflorestais: as ações futuras para essas áreas incluem a

introdução e avaliação de novas espécies arbóreas na sequência, de forma a

possibilitar o pleno desenvolvimento dos plantios para que ao atingirem sua

100

maturidade, possam servir de vitrine para a difusão e expansão dos modelos

para outras propriedades da região Sul (RADOMSKI et al., 2014).

Adicionalmente, nos arranjos com Mimosa scabrella preveem-se podas de

condução para a produção de madeira para serraria.

101

6 CONCLUSÃO

A análise dos resultados obtidos com esta pesquisa permitiu concluir que:

A utilização da imagem WorldView-2 mostrou-se adequada à classificação e

mapeamento das diferentes subtipologias presentes na área de estudo,

permitindo a caracterização de cada unidade homogênea do meio físico

quando associada a informações de inventário e coleta de dados em campo.

Assim, a interpretação visual da imagem resultou em 12 classes de uso e

cobertura, sendo metade destas de caráter florestal, para as quais foi possível

determinar o estágio de desenvolvimento dentro da escala sucessional por

meio das características apresentadas pela imagem satelitária, exceto no

caso da subtipologia “vegetação de solos úmidos”.

A metodologia utilizada para o talhonamento – realizado por meio do

cruzamento das camadas de uso e cobertura do solo com as camadas

referentes a hidrografia, rede viária e zonas de uso restrito – mostrou-se

simples e de fácil aplicação, mesmo tendo sido necessária a agregação de

talhões com áreas pouco representativas (menores que 1 ha) a talhões

adjacentes.

Das subtipologias florestais derivaram-se quatro Unidades Silviculturais (US),

com características específicas que permitem a aplicação dos mesmos

tratamentos silviculturais gerais, considerando diferentes objetivos para o

manejo de cada uma delas: Floresta com araucária (FA); Floresta estruturada

(FE); Floresta degradada (FD); e Vegetação de solos úmidos (SU).

Concluiu-se que os regimes mais adequados a serem recomendados para

cada US são: no caso da US-FA, objetivando uma floresta regulada,

recomendou-se uma intervenção por meio do método de seleção; para a US-

FE pretende-se preparar a floresta para a futura produção de bens e serviços,

por meio de cortes de melhoramento e plantios de adensamento; tratando-se

da US-FD, por ser uma área muito degradada e ainda em estágio inicial de

desenvolvimento, objetiva-se a restauração deste ecossistema, mas com

aproveitamento de Mimosa scabrella (bracatinga), manejando-a por meio do

raleio, além da utilização de sistemas de recomposição e enriquecimento para

tais áreas. Tratamentos silviculturais também foram propostos para as áreas

de APP, como a obtenção de produtos florestais não madeireiros, bem como

102

a continuidade das operações nas áreas abrangidas pelas parcelas

experimentais (PE) já instaladas na área de estudo por pesquisadores da

Embrapa Florestas.

103

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