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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO DIRETORIA DE PESQUISA
PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA
RELATÓRIO TÉCNICO - CIENTÍFICO Período: Agosto/2014 a Julho/2015 ( ) PARCIAL ( x ) FINAL IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO
Título do Projeto de Pesquisa (ao qual está vinculado o Plano de Trabalho): Caracterização morfológica e molecular de helmintos parasitos de anfíbios e répteis na Amazônia Nome do Orientador: Prof. Dr. Adriano Penha Furtado Titulação do Orientador: Doutorado Faculdade: Universidade Federal do Pará (UFPA) Unidade: Instituto de Ciências Biológicas Laboratório: Laboratório de Biologia Celular e Helmintologia Profª. Dra. Reinalda Marisa Lanfredi (LBCH) Título do Plano de Trabalho: Identificação taxonômica de trematoda parasito de intestino delgado de Norops ortonii Cope, 1868 (Squamata: Polychrotidae) coletados na flona de Caxiuanã-PA. Nome do Bolsista: Felipe dos Reis Lima Tipo de Bolsa: ( x) PIBIC/CNPq
( ) PIBIC/UFPA ( ) PIBIC/INTERIOR ( ) PIBIC/FAPESPA ( ) PRODOUTOR ( ) PARD – renovação ( ) PIBIC/PIAD
( ) PIBIC/AF-CNPq ( ) PIBIC/AF-UFPA ( ) PIBITI
( ) PADRC
INTRODUÇÃO
As relações parasita-hospedeiro são fatores importantes no estudo da dinâmica
de populações e estrutura de comunidades (Ernst & Ernst, 1980). Diversas
espécies de répteis habitam o bioma amazônico, entre estes estão os lagartos;
estes representam importantes componentes da cadeia alimentar neste bioma.
A fauna amazônica é pouco conhecida, por isso é fundamental mais estudos
sobre as diferentes espécies de répteis que habitam esse local, pois ainda são
insuficientes os estudos desenvolvidos nessa região para responder diversos
questionamentos acerca deste grupo. Exemplo disso é a freqüência com que
são descritas novas espécies (Hoogmoed et al., 2009; Miralles & Carranza,
2010). A descrição taxonômica de parasitos também é uma área da biologia
pouco explorada na região amazônica, por isso faz-se necessário mais estudos
para a melhor compreensão das relações entre estes seres e seus
hospedeiros.
Os lagartos da espécie Norops ortonii Cope, 1868 (Squamata: Polychrotidae)
apresentam distribuição entre os estados do norte e nordeste do Brasil, como
Acre, Amazonas, Pará, Rondônia, Bahia e Sergipe. Apresentam hábitos
diurnos e alimentação variada, sendo importantes para o estudo da
helmintologia no Brasil e na Amazônia.
JUSTIFICATIVA
Diversos fatores tornam os lagartos excelentes modelos para uma variedade
de estudos ecológicos, incluindo o parasitismo: ocorrem com certa abundância,
a maioria possui hábitos diurnos, a fácil observação, captura e manuseio (Vitt
et al. 2008). Lagartos apresentam uma ampla fauna parasitária, e as principais
formas de infecção são pela ingestão de presas infectadas, ingestão de
material vegetal contaminado, coprofagia, geofagia ou penetração ativa pelas
larvas (Anderson, 2000), evidenciando que a infecção por helmintos encontra-
se relacionada à sua dieta, modo de forrageamento e habitat (Telford, 1970;
Goldberg & Bursey, 1992), além dos fatores abióticos, como o clima (Eisen &
Wrigth, 2001). A filogenia dos hospedeiros também contribui no
estabelecimento das infracomunidades de parasitas (Poulin & Mouillot, 2003).
Os parasitos fornecem informações sobre a ecologia do hospedeiro,
comportamento e suas interações tróficas. Como os complexos ciclos de vida
estão integrados às teias alimentares, os parasitos podem ser valiosos
indicadores das relações tróficas, da estrutura das teias alimentares e
preferências alimentares do hospedeiro (Brooks e Hoberg 2000). Devido a
diversidade de lagartos conhecidos para o Brasil, e considerando que grande
parte das espécies ocorre nos biomas localizados na região central do país
(Pantanal e Cerrado), enfatiza-se, portanto, a extrema importância do
desenvolvimento de novos estudos sobre helmintos parasitos de lagartos
amazônicos, uma vez que, quando uma espécie de vertebrado está sobre
ameaça, sua infracomunidade também estará ameaçada de extinção.
OBJETIVOS
OBJETIVO GERAL
- Realizar a identificação taxonômica do trematoda parasito de intestino
delgado de Norops ortonii Cope,1868 (Squamata: Polychrotidae) coletados na
flona de Caxiuanã-PA.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Descrever aspectos morfológicos dos trematodas encontrados.
- Identificar a espécie dos parasitas encontrados.
MATERIAL E MÉTODOS
COLETA DOS HELMINTOS
Os helmintos foram obtidos a partir de espécimes dos lagartos coletados
na flona de Caxiuanã, localizada no município de Melgaço no estado do Pará,
durante a expedição de coleta herpetológica realizada no período de 05 à 12
de março de 2014. Os répteis foram anestesiados e eutanasiados com
Tiopental. Os órgãos internos foram expostos após incisão abdominal seguindo
a linha mediana e acondicionados em placas de Petri contendo solução salina
com Ph 7.2. Em seguida foram analisados através de estereomicroscópio Carl
Zeiss modelo 475032.
Os helmintos observados no intestino delgado foram separados e
fixados em etanol 70% para os procedimentos de microscopia de luz e em
glutaraldeido 2,5% em tampão cacodilato 0,1M contendo 3,5% de sacarose, pH
7.2 para análise em microscopia eletrônica de varredura.
MICROSCOPIA DE LUZ
Os helmintos fixados em etanol foram processados segundo Amato et al.
(1991) para observação e obtenção dos parâmetros morfométricos por
microscopia de luz. A análise morfométrica dos helmintos foi feita com auxílio
de ocular micrométrica, sendo medidos 20 espécimes do parasito estudado. Os
desenhos foram feitos em microscópio de câmara clara Olympus modelo BX-
41.
MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA
Para a microscopia eletrônica de varredura, os trematodas foram pós-fixados
em solução fixadora AFA (ácido acético, formalina e álcool etílico 70%), em
seguida foram lavados em solução salina por 10 minutos e pós-fixados em
tetróxido de ósmio (OsO4) em concentração 1% por 3 horas em capela de
exaustão; após esse período os helmintos foram lavados novamente em
solução salina por 10 minutos e desidratados em bateria alcoólica crescente
(30%, 50%, 70%;) por 30 minutos em cada concentração. As imagens foram
feitas no microscópio (MODELO?)
RESULTADOS De acordo com as análises morfométricas chegou-se a seguinte descrição do
helminto: corpo com extremidades arredondadas medindo 1,32 a 1,67 x 0,35 a
0,59. Tegumento espinhoso abundante na parte ventral. Ventosa oral
subterminal, com 0,16 a 0,22 x 0,15 a 0,21 com a presença de algumas papilas
ao redor da mesma. Ventosa ventral espinhosa com 0,11 a 0,17 x 0,10 a 0,15
com 4 pares de papilas. Faringe presente de aspecto globoso e muscular.
Esôfago presente de comprimento variável. Cecos intestinais estendendo-se
até abaixo da região equatorial do corpo; ceco direito medindo 0,76 a 0,44;
ceco esquerdo medindo 0,49 a 0,81. Poro genital mediano, localizado entre a
ventosa oral e ventral. Bolsa do cirro com 0,118 a 0,255 x 0,034 a 0,056.
Testículos arredondados situados geralmente na zona da ventosa ventral, com
o testículo direito medindo 0,105 a 0,210 x 0,105 a 0,155 e o testículo esquerdo
com 0,118 a 0,168 x 0,115 a 0,200. Ovário arredondado, pós testicular,
geralmente situando-se no campo de um os testículos, medindo 0,089 a 0,136
x 0,089 a 0,136. Vitelinos constituído por folículos relativamente bem
desenvolvidos, se estendendo da zona da ventosa oral até abaixo da zona das
gônadas. Útero com alças que ocupam a região posterior do corpo. Ovos
pardacentos, operculados, com uma saliência ao redor do opérculo, medindo
0,025 a 0,029 x 0,013 a 0,016. Poro excretor terminal.
Após o processamento dos helmintos, foram realizadas fotomicrografias dos
mesmos, com suas estruturas representadas nas figuras abaixo:
Figura 1: Visão geral do trematoda.
Figura 2: Testículo esquerdo (a) e Testículo direito (b) arredondados,
situados na zona da venosa ventral; Ovário (c) arredondado pós-testicular.
Figura 3: Ventosa oral (V.O) e faringe (F) globosa e muscular.
Obteve-se também imagens da microscopia eletrônica de varredura,
destacando-se características da superfície dos trematodas analisados, como
mostrado nas figuras abaixo:
Figura 6: Visão ventral do trematoda, onde observa-se as ventosas oral (v.o) e
ventral (v.v).
Figura 7: Visão dorsal, com o poro excretor (PE) na porção terminal.
Figura 8: Detalhe da porção anterior onde observa-se o poro genital (PG)
situado entre a ventosa oral (VO) e ventral (VV).
Figura 9: Detalhe da ventosa oral, onde observa-se várias papilas (indicadas
pelas setas) ao redor da mesma.
Figura 10: Detalhe da porção anterior, onde observa-se uma depressão (seta)
no ápice do helminto, provavelmente com a função de otimizar a aderência ao
intestino do hospedeiro.
Figura 11: Detalhe do poro genital (à esquerda) e ventosa ventral (à direita);
nota-se a presença de espinhos no tegumento do helminto bem como a
presença de papilas ao redor da ventosa ventral.
Figura 12: Detalhe do poro excretor na região terminal.
Figura 13: Ovos, operculados, de aspecto liso, sem espinhos, com uma
pequena saliência (seta) ao redor do opérculo.
De acordo com as características morfológicas apresentadas, constatou-se a
semelhança em vários aspectos com o gênero Mesocoelium, mais
especificamente à espécie Mesocoelium monas (Rudolphi, 1819). Portanto,
fez-se também a comparação das medidas do trematoda obtido com algumas
espécies de Mesocoelium monas descritos em 2 espécies de lagartos
encontrados no brasil, que são Diploglossus lessonae Peracca, 1890
(Squamata: Anguidae) e Mabuya maculata Cope, 1839 (Squamata: Scincidae),
onde encontra-se na tabela abaixo:
Tabela 1: Comparação das medidas (em milímetros) obtidas do trematoda
em estudo com duas espécies de Mesocoelium monas em lagartos
encontrados no brasil.
Mesocoelium/
Norops ortonii
(Pará)
M.monas/
Diploglossus lessonae
(Rio de Janeiro)
M. monas/
mabuya maculata
(Pernambuco)
Comprimento 1,32 a 1,37 1,21 a 2,08 0,92 a 1,71
Largura 0,35 a 0,59 0,69 a 0,90 0,33 a 0,62
Ventosa oral 0,16 a 0,22 x 0,15 a
0,21
0,23 a 0,28 x 0,22 a
0,28
0,17 a 0,23 x 0,17 a
0,23
Ventosa ventral 0,11 a 0,17 x 0,10 a
0,15
0,18 a 0,25 x 0,20 a
0,25
0,10 a 0,17 x 0,10 a
0,18
Bolsa do cirro 0,118 a 0,255 x 0,034
a 0,056
0,157 a 0,217 x 0,043 a
0,061
0,104 a 0,191 x 0,030 a
0,052
Testículo direito 0,10 a 0,21 x 0,10 a
0,15
0,11 a 0,23 x 0,11 a
0,19
0,08 a 0,16 x 0,06 a
0,14
Testículo
esquerdo
0,11 a 0,16 x 0,11 a
0,20
0,11 a 0,22 x 0,10 a
0,18
0,07 a 0,18 x 0,07 a
0,14
Ovário 0,089 a 0,13 x 0,089 a
0,13
0,09 a 0,17 x 0,14 a
0,23
0,06 a 0,13 x 0,05 a
0,11
Ovos 0,025 a 0,029 x 0,013
a 0,016
0,36 a 0,40 x 0,021 a
0,027
0,034 a 0,044 x 0,021 a
0,027
Com relação as medidas comparadas, não houve grandes discrepâncias entre
os três trematodas analisados, porém as medidas dos ovos apresentam
diferenças, sendo que o ovo do trematoda em estudo apresenta medidas
menores em comparação aos ovos dos outros dois helmintos, portanto deve-se
levar em consideração essa disparidade, pois os ovos são importantes fatores
para serem considerados na descrição de espécies de helmintos.
Acredita-se que o trematoda em estudo pertença ao gênero Mesocoelium,
porem mais estudos devem ser realizados para comprovar sua espécie,
embora acredita-se que pertença a espécie Mesocoelium monas (Rudolphi,
1819).
PUBLICAÇÕES:
Não foram gerados dados para publicação.
DIFICULDADES:
Não foram observadas dificuldades no andamento do trabalho.
PARECER DO ORIENTADOR:
A bolsista apresentou empenho abaixo do esperado durante a execução do
trabalho.
Belém, 05 de agosto de 2015.
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ASSINATURA DO ORIENTADOR
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ASSINATURA DO ALUNO