universidade federal do parÁ instituto de ciÊncias da...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute
INSTITUTO DE CIEcircNCIAS DA EDUCACcedilAtildeO
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM EDUCACcedilAtildeO
MESTRADO ACADEcircMICO EM EDUCACcedilAtildeO
HERYKA CRUZ NOGUEIRA
O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS (PAR) E SUAS IMPLICACcedilOtildeES PARA A
GESTAtildeO DA EDUCACcedilAtildeO NA REDE MUNICIPAL DE EDUCACcedilAtildeO DE
SANTANAAP
BELEacuteM-PA
2016
HERYKA CRUZ NOGUEIRA
O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS (PAR) E SUAS IMPLICACcedilOtildeES PARA A
GESTAtildeO DA EDUCACcedilAtildeO NA REDE MUNICIPAL DE EDUCACcedilAtildeO DE
SANTANAAP
Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo
em Educaccedilatildeo Mestrado em Educaccedilatildeo da Universidade
Federal do Paraacute ndash UFPA como requisito para obtenccedilatildeo
do tiacutetulo de Mestre em Educaccedilatildeo
Linha de Pesquisa Poliacuteticas Puacuteblicas Educacionais
Orientadora Profa Dra Dalva Valente Guimaratildees
Gutierres
BELEacuteM-PA
2016
Dados Internacionais de Catalogaccedilatildeo-na-Publicaccedilatildeo (CIP)
Sistema de Bibliotecas da UFPA
Nogueira Heryka Cruz 1979-
O Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) e suas implicaccedilotildees para a
gestatildeo da educacatildeo na rede municipal de educaccedilatildeo de SantanaAP
Heryka Cruz Nogueira - 2016
Orientadora Dalva Valente Guimaratildees Gutierres Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Universidade Federal do Paraacute
Instituto de Ciecircncias da Educaccedilatildeo Programa de Poacutes-
Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Beleacutem 2016
1 Escolas - Organizaccedilatildeo e administraccedilatildeo - Santana (AP) 2
Escolas municipais - Avaliaccedilatildeo
- Santana (AP) 3 Educaccedilatildeo e Estado I Tiacutetulo
CDD 22 ed 3712098116
HERYKA CRUZ NOGUEIRA
O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS (PAR) E SUAS IMPLICACcedilOtildeES PARA A
GESTAtildeO DA EDUCACcedilAtildeO NA REDE MUNICIPAL DE EDUCACcedilAtildeO DE
SANTANAAP
Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em
Educaccedilatildeo da Universidade Federal do Paraacute ndash UFPA como
requisito para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Educaccedilatildeo
Orientadora Profa Dra Dalva Valente Guimaratildees Gutierres
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________________
Profa Dra Dalva Valente Guimaratildees Gutierres
Universidade Federal do Paraacute - UFPA
(Orientadora)
_______________________________________________
Profa Dra Vera Luacutecia Jacob Chaves
Universidade Federal do Paraacute - UFPA
(Examinador Interno)
_______________________________________________
Profa Dra Luciane Terra dos Santos Garcia
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
(Examinador Externo)
_______________________________________________
Profa Dra Arlete Maria Monte Camargo
Universidade Federal do Paraacute - UFPA
(Examinador Interno - Suplente)
______________________________________________
Profa Dra Magna Franccedila
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
(Examinador Externo - Suplente)
Dissertaccedilatildeo aprovada em 24 de Junho de 2016
BELEacuteM-PA
2016
O capitalismo eacute ndash em sua anaacutelise final ndash incompatiacutevel com a
democracia se por ldquodemocraciardquo entendemos tal como o indica sua
significaccedilatildeo literal o poder popular ou o governo do povo Natildeo existe
um capitalismo governado pelo poder popular no qual o desejo das
pessoas seja privilegiado ao dos imperativos do ganho e da
acumulaccedilatildeo e no qual os requisitos da maximizaccedilatildeo do benefiacutecio natildeo
ditem as condiccedilotildees mais baacutesicas de vida O capitalismo eacute
estruturalmente antiteacutetico em relaccedilatildeo agrave democracia (WOOD 2006 p
382)
AGRADECIMENTOS
Agrave DEUS que me concede o dom da vida e estaacute sempre guiando os meus passos
iluminando os meus caminhos e tramando a minha existecircncia
Agrave minha famiacutelia pelo amor muacutetuo e incondicional aqui me refiro ao meu pai
LAEcircNIO NOGUEIRA exemplo de homem dedicado inteligente esforccedilado e de grande
coraccedilatildeo um ser humano espetacular A minha matildee SOCORRO CRUZ pela dedicaccedilatildeo e
incentivo mesmo sabendo que o caminho que escolhi natildeo seria faacutecil Aos meus irmatildeos LAENIO
JUacuteNIOR e BRUNO NOGUEIRA pelo carinho
Destaco aqui um agradecimento especial a minha orientadora a Dra DALVA
VALENTE GUIMARAtildeES GUTIERRES pela acolhida pelo carinho pela rigorosidade teoacuterica
e pelas valiosiacutessimas contribuiccedilotildees que dispensou a esse trabalho
A Profa Dra VERA LUacuteCIA JACOB CHAVES pelas contribuiccedilotildees decisivas na
banca de qualificaccedilatildeo e de defesa desta dissertaccedilatildeo Suas orientaccedilotildees materializadas em elogios
e criacuteticas foram fundamentais para a finalizaccedilatildeo deste estudo
A Profa Dra ODETE CRUZ MENDES pelo compartilhamento de experiecircncias no
estudo sobre a gestatildeo educacional as suas observaccedilotildees muito contribuiacuteram para a maturaccedilatildeo
da temaacutetica
A Profa Profa Dra LUCIANE TERRA DOS SANTOS GARCIA da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte por ter aceitado o convite de participar da banca de defesa e
pelas valiosas contribuiccedilotildees
A todos os MEUS PROFESSORES do Instituto de Ciecircncias da Educaccedilatildeo
vinculados ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da UFPA que com seus valiosos
ensinamentos de alguma forma contribuiacuteram para a construccedilatildeo desse trabalho
A UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute por oportunizar cursos de poacutes-
graduaccedilatildeo Stricto Sensu e contribuir para a melhoria da educaccedilatildeo no Norte do paiacutes
Aos meus COLEGAS DA TURMA DO MESTRADO 2014 os quais
compartilhamos anguacutestias incertezas duacutevidas mas tambeacutem alegrias
A Profa Dra ILMA BARLETA da UNIFAP pela troca de experiecircncias sobre a
Gestatildeo Educacional no PAR
Aos companheiros do GEPESUFPA e do GEFINUFPA por todo aprendizado que
compartilhamos nesse dois anos
Um agradecimento especial aos servidores da SECRETARIA MUNICIPAL DE
EDUCACcedilAtildeO DE SANTANAAP e aos Conselheiros que fazem a Educaccedilatildeo do municiacutepio de
Santana e que compreendem a importacircncia das possiacuteveis contribuiccedilotildees para o municiacutepio de um
estudo aprofundado sobre a gestatildeo educacional os meus agradecimentos
A DEISIANNE CASTRO pela companhia e que junto comigo viveu a expectativa
dessa conquista
A MARINEIDE ALMEIDA e JOSINETE ALMEIDA pelas conversas pela troca
de experiecircncias e por me ceder estadia sem essa ajuda natildeo seria possiacutevel concluir o mestrado
na cidade de Beleacutem do Paraacute
Por fim agradeccedilo a todos que de alguma forma contribuiacuteram direta ou
indiretamente para o longo doloroso e excitante processo de elaboraccedilatildeo deste texto
RESUMO
Este estudo analisa o Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) e as suas implicaccedilotildees para a gestatildeo educacional
na rede municipal de SantanaAP na perspectiva de analisar seus efeitos na democratizaccedilatildeo da gestatildeo
com ecircnfase nas diferentes concepccedilotildees de gestatildeo utilizadas em acircmbito educacional municipal tendo
como paracircmetro a organizaccedilatildeo da educaccedilatildeo atual em um contexto permeado de mudanccedilas na estrutura
administrativa do paiacutes originadas a partir do Plano de Reforma do Estado Brasileiro nos anos de 1990
que propotildee accedilotildees de organizaccedilatildeo do Estado e de gestatildeo gerencial voltadas para atender os anseios de
uma sociedade capitalista Partiu-se do pressuposto de que a gestatildeo democraacutetica da educaccedilatildeo natildeo pode
ser vista em abstrato e portanto no sistema capitalista a participaccedilatildeo a descentralizaccedilatildeo e a autonomia
que satildeo elementos constitutivos da democracia ganham nuances contraditoacuterias Como metodologia
utilizou-se a anaacutelise documental e entrevistas semiestruturadas com a equipe gestora da rede municipal
de educaccedilatildeo de Santana ndash Amapaacute a Equipe Teacutecnica Local de elaboraccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas
(PAR) integrantes do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar do
Conselho Escolar do Conselho do FUNDEB e diretor escolar A intenccedilatildeo foi analisar a Dimensatildeo
Gestatildeo Educacional do PAR focalizando a Aacuterea ldquoGestatildeo democraacuteticardquo a partir de seis Indicadores
Existecircncia de Conselhos Escolares Existecircncia composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho Municipal de
Educaccedilatildeo Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do
Conselho do Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos
Profissionais da Educaccedilatildeo Criteacuterios para escolha da Direccedilatildeo Escolar e Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc
Local do Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo Os resultados obtidos evidenciou a histoacuterica fragilidade
da democratizaccedilatildeo da gestatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana pois os mecanismos que poderiam
viabilizar a participaccedilatildeo a descentralizaccedilatildeo e a autonomia que satildeo os conselhos municipais de controle
social tem funcionado precariamente Os criteacuterios de escolha de diretores excluem as formas
democraacuteticas de participaccedilatildeo da comunidade escolar como a eleiccedilatildeo e favorecem as praacuteticas
centralizadoras de nomeaccedilatildeo A gestatildeo dos recursos financeiros da educaccedilatildeo eacute centralizada na prefeitura
municipal dificultando a participaccedilatildeo da populaccedilatildeo no controle social Com o PAR houve expansatildeo do
nuacutemero de Conselhos escolares o que pode potencializar a participaccedilatildeo dos sujeitos no controle social
dos recursos e outras formas de descentralizaccedilatildeo das decisotildees Isso a depender da correlaccedilatildeo de forccedilas
locais historicamente permeada por formas patrimonialistas de gestatildeo que com o PAR ganharam
nuances de gerencialismo
PALAVRAS-CHAVE Gestatildeo Educacional Plano de Accedilotildees Articuladas Poliacutetica Educacional Rede
Municipal de Ensino de Santana - Amapaacute
ABSTRACT
This study analyses the Articulated Plan of Actions (PAR) and its implications for the educational
management in the municipal network of Santana in the State of Amapaacute with a view to analyze its
effects in the democratization of the management emphasizing the different conceptions of the
management used in the sphere of municipal education having as baseline the organization of the
current education in a context permeated of changes in the administrative structure of the country
originated from the Reform Plan of the Brazilian State in the years of 1990 that propose actions of
organization of the State and of management oriented to serve the expectations of a capitalist society
It is assumed that the democratic management of the education cannot be sight in an abstract way and
therefore in the capitalist system the participation the decentralization and the autonomy that are
constitutive elements of the democracy they get contradictory nuances It was used as methodology the
documental analyze and the semi structured interview with the team manager of the municipal network
of the education in Santana ndash Amapaacute ndash the technical local Team of elaboration of the Articulated Plan
of Actions (PAR) the participating of the Municipal Council of Education the School Council the Fund
for Maintenance and Development of Basic School and Valorization of Professionals (FUNDEB) and
School Director The purpose was to analyze the Dimension School Management of PAR focusing at
the area ldquoDemocratic Managementrdquo from six indicators existence of schools councils existence
composition and operation of the Municipal Education Council composition and operation of the
School Meals Council composition and operation of the Fund for Maintenance and Development of
Basic School and Valorization of Professionals criteria for the choice of the school director and the
existence and operation of the local committee of the All for Education Commitment The results
obtained put in evidence the historic fragility of the democratization of the education management in
Santana City because the mechanism that could permit the participation the decentralization and the
autonomy that are the municipal education councils they have been worked precariously The criteria
of choice of the directors exclude the democratic manners of participation of the school community as
the election for example and they promote the centralized practices of appointment The management
of the financial resources of the education is centralized at the municipal government turning the
participation of the population in the social control more and more difficult There was expansion of the
number of school councils which can ramp up the participation of individuals in the social control of
the resources and other ways of decentralization of the decisions It depends of the correlation of local
forces historically permeated for patrimonial manners of management that get with PAR a
manageralism nuance
KEY-WORDS Educational Management Articulated Plan of Actions Educational Policy Municipal
Network Learning of Santana ndash Amapaacute
LISTA DE QUADROS
Quadro 01 - Sujeitos da pesquisa 30
Quadro 02 - Funccedilotildees e objetivos do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo 63
Quadro 03 - Composiccedilatildeo do FUNDEB por esfera administrativa 72
Quadro 04 - Eixos de Accedilatildeo do Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo 82
Quadro 05 - Descriccedilatildeo das atribuiccedilotildees do MEC e do Municiacutepio na execuccedilatildeo do PAR municipal
92
Quadro 06 - Descriccedilatildeo dos documentos orientadores para elaboraccedilatildeo do PAR 95
Quadro 07 - Dimensatildeo 1 Gestatildeo Educacional (1ordf Versatildeo do PAR) 97
Quadro 08 - Dimensatildeo 1 Gestatildeo Educacional (2ordf Versatildeo do PAR) 98
Quadro 09 - Santana Secretaacuterios Municipais de Educaccedilatildeo (2005 ndash 2015) 98
Quadro 10 - Pontuaccedilatildeo dos Indicadores da gestatildeo democraacutetica do 1ordm e 2ordm PAR 140
Quadro 11 - Santana Diagnoacutestico do indicador do Conselho Escolar 142
Quadro 12 - Santana Receitas do PDDE por programa para as escolas da rede municipal
(2007 ndash 2014) 145
Quadro 13 - Santana Diagnoacutestico do indicador Conselho Municipal de Educaccedilatildeo 148
Quadro 14 - Santana Composiccedilatildeo do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo 150
Quadro 15 - Santana Diagnoacutestico do indicador do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar 151
Quadro 16 - Santana Diagnoacutestico do indicador do Conselho do Conselho do FUNDEB 154
Quadro 17 - Santana Composiccedilatildeo do CACS e FUNDEB 155
Quadro 18 - Santana Diagnoacutestico do Indicador Criteacuterios para a Escolha de Diretores 157
Quadro 19 - Santana Diagnoacutestico do indicador Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do
Compromisso 158
Quadro 20 - Santana Composiccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromisso 159
LISTA DE TABELAS
Tabela 01 - Produccedilatildeo escrita sobre o Plano de Accedilotildees Articuladas de 2009 a 2015 22
Tabela 02 - Nordm de Publicaccedilotildees sobre o Plano de Accedilotildees Articuladas por temaacutetica e fonte no
periacuteodo 2009 a 2015 22
Tabela 03 - Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica no Brasil (2005 a 2013) 89
Tabela 04 - Quantidade de Indicadores Aacuterea e Dimensotildees no 1ordm PAR (2007 - 2010) 91
Tabela 05 - Quantidade de Indicadores Aacuterea e Dimensotildees no 2ordm PAR (2011 - 2014) 92
Tabela 06 - Santana IDHM e seus componentes nas suas duas uacuteltimas deacutecadas 111
Tabela 07 - Dados gerais em relaccedilatildeo aos municiacutepios do estado do Amapaacute 111
Tabela 08 - Santana Matriacuteculas na educaccedilatildeo baacutesica por esfera administrativa 121
Tabela 09 - Santana IDEB do ensino fundamental (anos iniciais) em relaccedilatildeo ao estado
do Amapaacute e ao Brasil (2005 ndash 2013) 122
Tabela 10 - Santana Receitas de Impostos Proacuteprios 124
Tabela 11 - Santana Receitas do FUNDEB (2007 ndash 2014) 125
Tabela 12 - Santana Receitas do Salaacuterio Educaccedilatildeo e dos Programas do FNDE 129
Tabela 13 - Santana Receitas decorrentes do PAR (2009 ndash 2014) 129
Tabela 14 - Santana Despesas com a Funccedilatildeo Educaccedilatildeo (2007 ndash 2014) 133
Tabela 15 - Santana Miacutenimo de Aplicaccedilatildeo em MDE (2007 ndash 2014) 133
Tabela 16 - Santana Miacutenimo de Aplicaccedilatildeo do FUNDEB em remuneraccedilatildeo de professores134
Tabela 17 - Santana Siacutentese das pontuaccedilotildees das Dimensotildees do 1ordm PAR 138
Tabela 18 - Santana Siacutentese das pontuaccedilotildees das Dimensotildees do 2ordm PAR 139
Tabela 19 - Santana Total de Recursos do PDDE recebidos pelas Caixas Escolares da
Rede municipal no periacuteodo de 2007-2014 147
LISTA DE FIGURAS E GRAacuteFICOS
Figura 01 - Vista do municiacutepio de Santana-Amapaacute 102
Figura 02 - Monumento em homenagem a Santa Ana na entrada do municiacutepio 104
Figura 03 - Localizaccedilatildeo do municiacutepio de Santana no Estado do Amapaacute 105
Figura 04 - Localizaccedilatildeo Estrateacutegica do Porto de Santana para exportaccedilatildeo para outros paiacuteses
105
Figura 05 - Porto de Santana para importaccedilatildeo e exportaccedilatildeo 108
Figura 06 - Ferrovia que liga Santana a Serra do Navio para o transporte de mineacuterios 109
Figura 07 - Foto da sede da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de Santana 115
Figura 08 - Estrutura organizacional dos oacutergatildeos da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo (SEME)
116
Graacutefico 01 - Santana Nordm de escolas da rede municipal de ensino 2007-2014 119
Graacutefico 02 - Santana Nuacutemero de docentes atuando na rede municipal de ensino 2007-2014
120
Graacutefico 03 - SANTANA Receitas da Educaccedilatildeo em relaccedilatildeo as despesas com a funccedilatildeo educaccedilatildeo
- 2009 131
Graacutefico 04 - SANTANA Receitas da Educaccedilatildeo em relaccedilatildeo as despesas com a funccedilatildeo educaccedilatildeo
ndash 2013 132
Graacutefico 05 - Total de repasses do PDDE para as escolas da rede municipal 2007 ndash 2014 146
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ALCMS - Aacuterea de Livre Comeacutercio de Macapaacute e Santana
ANDES ndash Sindicato Nacional dos Docentes das Instituiccedilotildees de Ensino Superior
ANPAE - Associaccedilatildeo Nacional de Poliacutetica e Administraccedilatildeo da Educaccedilatildeo
ANPED - Associaccedilatildeo Nacional de Poacutes-Graduaccedilatildeo e Pesquisa em Educaccedilatildeo
AP - Amapaacute
BIRD - Banco Interamericano de Desenvolvimento
BM - Banco Mundial
CAE - Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar
CBE - Conferecircncia Brasileira de Educaccedilatildeo
CE - Conselho Escolar
CF - Constituiccedilatildeo Federal do Brasil
CME - Conselho Municipal de Educaccedilatildeo
CNE - Conselho Nacional de Educaccedilatildeo
CONSU - Conselho Superior Universitaacuterio
EEXs - Entidades Executoras
EF - Ensino Fundamental
EI - Educaccedilatildeo Infantil
ENADE - Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes
ENEM - Exame Nacional do Ensino Meacutedio
FHC - Fernando Henrique Cardoso
FMI - Fundo Monetaacuterio Internacional
FNDE - Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo
FNDEP - Foacuterum Nacional em Defesa da Escola Puacuteblica na LDB
FPM ndash Fundo de Participaccedilatildeo dos Municiacutepios
FUNDEB - Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo
dos Profissionais da Educaccedilatildeo
FUNDEF - Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorizaccedilatildeo
do Magisteacuterio
GEFIN - Grupo de Estudos em Financiamento da Educaccedilatildeo
GEPES - Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Ensino Superior
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
ICMS - Imposto sobre Circulaccedilatildeo de Mercadorias e Serviccedilos
ICOMI - Induacutestria e Comeacutercio de Mineacuterios
IDEB - Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica
IDH - Iacutendice de Desenvolvimento Humano
INEP - Iacutendice Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira
LDBN - Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional
LOM - Lei Orgacircnica do Municiacutepio
LRF - Lei de Responsabilidade Fiscal
MARE - Ministeacuterio da Administraccedilatildeo e Reforma do Estado
MEC - Ministeacuterio da Educaccedilatildeo
OBEDUC - Programa Observatoacuterio da Educaccedilatildeo
OCDE - Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo e o Desenvolvimento Econocircmico
ONG - Organizaccedilatildeo Natildeo-Governamental
PBA - Programa Brasil Alfabetizado
PAC - Plano de Aceleraccedilatildeo do Crescimento
PAR - Plano de Accedilotildees Articuladas
PCEMS - Plano de Carreiras da Educaccedilatildeo do Municiacutepio de Santana
PCNs - Paracircmetros Curriculares Nacionais
PDE - Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo
PDRAE - Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado
PDDE - Programa Dinheiro Direto na Escola
PIB - Produto Interno Bruto
PME - Plano Municipal da Educaccedilatildeo
PMS ndash Prefeitura Municipal de Santana
PMCTE - Plano de Metas Compromisso Todos Pela Educaccedilatildeo
PNAE - Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar
PNATE - Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar
PNE - Plano Nacional da Educaccedilatildeo
PNUD - Programa das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento
PSE - Programa Nacional de Sauacutede Escolar
SAEB - Sistema Nacional de Educaccedilatildeo Baacutesica
SECADI - Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo Diversidade e Inclusatildeo
SEME - Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de Santana
SFCI - Secretaria Federal de Controle Interno
SINDUEAP - Sindicato dos Docentes da Universidade do Estado do Amapaacute
SIMEC - Sistema Integrado de Monitoramento Execuccedilatildeo e Controle
SIOPE - Sistema de Informaccedilotildees sobre Orccedilamentos Puacuteblicos em Educaccedilatildeo
SUFRAMA - Superintendecircncia da Zona Franca de Manaus
TPE - Todos Pela Educaccedilatildeo
TCU - Tribunal de Contas da uniatildeo
UEXs - Unidades Executoras
UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte
UFU - Universidade Federal de Uberlacircndia
UEAP - Universidade do Estado do Amapaacute
UNDIME - Uniatildeo Nacional dos Dirigentes Municipais em Educaccedilatildeo
UNCME - Uniatildeo Nacional dos Conselhos Municipais de Educaccedilatildeo
UNESCO - Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a Educaccedilatildeo a Ciecircncia e a Cultura
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO 16
11 A POLIacuteTICA DE GESTAtildeO DA EDUCACcedilAtildeO NO BRASIL 33
11 O CAPITALISMO E CRISE 33
12 A REFORMA DO ESTADO BRASILEIRO E SUAS IMPLICACcedilOtildeES PARA A GESTAtildeO
DA EDUCACcedilAtildeO 41
121 As poliacuteticas educacionais no Brasil e a gestatildeo da educaccedilatildeo 46
13 DESCENTRALIZACcedilAtildeO AUTONOMIA E PARTICIPACcedilAtildeO MECANISMOS DE
DEMOCRATIZACcedilAtildeO DAS ESTRUTURAS DE PODER 51
131 Descentralizaccedilatildeo 51
132 Autonomia 54
133 Participaccedilatildeo 56
14 OS CONSELHOS DE CONTROLE SOCIAL COMO MECANISMOS DE
DEMOCRATIZACcedilAtildeO DA GESTAtildeO EDUCACIONAL 58
141 O Conselho Municipal de Educaccedilatildeo 61
142 O Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar 63
143 Os Conselhos Escolares 67
144 O Conselho de Acompanhamento e Controle Social do FUNDEB 70
15 OS CRITEacuteRIOS PARA A ESCOLHA DE DIRETOR ESCOLAR 74
2 A GESTAtildeO EDUCACIONAL NO CONTEXTO DO PLANO DE
DESENVOLVIMENTO DA EDUCACcedilAtildeO (PDE) DO PLANO DE METAS
COMPROMISSO TODOS PELA EDUCACcedilAtildeO E DO PLANO DE ACcedilOtildeES
ARTICULADAS 79
21 A GESTAtildeO EDUCACIONAL E O PLANO DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCACcedilAtildeO
(PDE) 79
22 A GESTAtildeO EDUCACIONAL E O PLANO DE METAS COMPROMISSO TODOS PELA
EDUCACcedilAtildeO (PMCTE) 84
23 A GESTAtildeO EDUCACIONAL E O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS (PAR) 91
231 A dimensatildeo Gestatildeo Democraacutetica no Plano de Accedilotildees Articuladas 97
3 A GESTAtildeO EDUCACIONAL NO CONTEXTO DO PLANO DE ACcedilOtildeES
ARTICULADAS NO MUNICIacutePIO DE SANTANA - AMAPAacute 102
31 O CONTEXTO HISTOacuteRICO DO MUNICIacutePIO DE SANTANA 102
311 Santana cidade portuaacuteria do Amapaacute 103
312 Santana Localizaccedilatildeo e condiccedilotildees geograacuteficas 105
313 A exportaccedilatildeo de mineacuterios da Amazocircnia Amapaense 106
314 Santana Aspectos gerais 110
32 A POLIacuteTICA EDUCACIONAL NO MUNICIacutePIO DE SANTANA-AMAPAacute 112
321 Estrutura organizacional do Sistema Municipal de Educaccedilatildeo de Santana 114
322 A educaccedilatildeo municipal em nuacutemeros 119
323 O financiamento da educaccedilatildeo na rede municipal de educaccedilatildeo de Santana 123
33 O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS E A DIMENSAtildeO GESTAtildeO DA EDUCACcedilAtildeO NA
REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE SANTANA - AMAPAacute (2007 ndash 2014) 134
34 OS INDICADORES DE GESTAtildeO DEMOCRAacuteTICA DO PAR DA REDE MUNICIPAL
DE SANTANA - AMAPAacute (2007-2014) 140
341 Existecircncia composiccedilatildeo e funcionamento dos Conselhos Escolares (CE) 141
342 Existecircncia composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (CME) 148
343 Conselho Municipal de Alimentaccedilatildeo Escolar (CAE) 151
344 Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de Controle Social do FUNDEB 153
345 Criteacuterios para a escolha de Diretores escolares do municiacutepio de Santana 156
346 Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromisso 158
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 160
REFEREcircNCIAS 167
APEcircNDICES 177
ANEXOS 189
16
INTRODUCcedilAtildeO
A ORIGEM DO ESTUDO
O presente estudo visa a identificar as implicaccedilotildees do Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR)
para a gestatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana no Estado do Amapaacute A escolha do tema
da pesquisa sobre a gestatildeo da educaccedilatildeo tem relaccedilatildeo com algumas experiecircncias da minha vida
profissional nas escolas puacuteblicas e privadas como professora coordenadora e gestora em
escolas do ensino fundamental onde tive a oportunidade de aprender com os desafios impostos
a cada funccedilatildeo Durante o periacuteodo de 2000 a 2010 atuei na educaccedilatildeo baacutesica e nos anos de 2010
e 2011 fui convidada a participar da elaboraccedilatildeo de projetos educacionais na Secretaria de
Educaccedilatildeo do Estado relacionados ao Plano de Desenvolvimento da EducaccedilatildeoPlano de Metas
Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo onde assessorei pedagogicamente e elaborei projetos para
a rede estadual de ensino do Amapaacute participando inclusive das reuniotildees para a construccedilatildeo do
PAR
A participaccedilatildeo no Sindicato dos Docentes da Universidade do Estado do Amapaacute
(SINDUEAP)Associaccedilatildeo Nacional dos Docentes do Ensino Superior (ANDES) como parte
da diretoria no periacuteodo de 2012 a 2015 e representante sindical no Conselho Superior
Universitaacuterio (CONSU-UEAP) oportunizou-me a discussatildeo das poliacuteticas educacionais
decorrentes da redefiniccedilatildeo do papel do Estado especialmente aquelas relacionadas agrave gestatildeo da
educaccedilatildeo Os eventos1 dos quais participei agrave eacutepoca debatiam a gestatildeo da educaccedilatildeo e a
necessidade emergente de compreendermos a poliacutetica educacional no plano nacional e os
desafios impostos pelos organismos internacionais no paiacutes Os debates e as discussotildees tanto no
SINDUEAPANDES quanto no CONSU-UEAP foram de muita importacircncia para minha
formaccedilatildeo poliacutetica momentos em que pude vivenciar o exerciacutecio da participaccedilatildeo e da
democracia
Ao ingressar no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da Universidade Federal do
Paraacute (UFPA) em 2014 no curso de Mestrado propus um projeto para investigar a concepccedilatildeo
1Foacuterum das Licenciaturas (AP) nos anos de 2013 2014 e 2015 o Congresso Estadual de Educaccedilatildeo (AP) em 2013
as Conferecircncias Municipais de Educaccedilatildeo em 2013 e 2014 a Conferecircncia Estadual de Educaccedilatildeo (AP) em 2014 e
2015 Seminaacuterio da Uniatildeo Nacional dos Dirigentes Municipais de Educaccedilatildeo ndash UNDIME (AP) Aleacutem disso venho
participando de outros eventos relacionados ao tema como o Simpoacutesio Nacional de Poliacutetica e Administraccedilatildeo da
Educaccedilatildeo (ANPAE) em (PE) 2015 XII Seminaacuterio Nacional de Poliacuteticas Educacionais e Curriacuteculo (PA) em 2014
I Seminaacuterio Internacional de Poliacuteticas Puacuteblicas Educacionais Cultura e Formaccedilatildeo de Professores (PA) em 2015
I Congresso Internacional de Educaccedilatildeo do Amapaacute (AP)
17
da poliacutetica educacional proposta no Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo e como
se deu a elaboraccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas pelos municiacutepios de BarcarenaPA e
SantanaAP Nesse periacuteodo tive contato com o Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Ensino
Superior (GEPES) da UFPA que jaacute desenvolvia uma pesquisa nacional em rede com a
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e a Universidade Federal de Uberlacircndia
(UFU) vinculada ao Programa Observatoacuterio da Educaccedilatildeo (OBEDUC) e intitulada ldquoAvaliaccedilatildeo
do Plano de Accedilotildees Articuladas um estudo nos municiacutepios do Rio Grande do Norte Paraacute e
Minas Gerais no periacuteodo de 2007 a 2012rdquo A partir de entatildeo passei a integrar o GEPES e a
participar das reuniotildees dos estudos e das pesquisas sobre o PAR as quais foram fundamentais
na definiccedilatildeo da metodologia utilizadas nesse trabalho Com a evoluccedilatildeo das orientaccedilotildees e do
processo de pesquisa constatamos as dificuldades de realizar a pesquisa em dois municiacutepios de
estados diferentes E assim definimos a escolha somente pelo municiacutepio de SantanaAP por se
localizar na regiatildeo em que resido e trabalho o que tenderia a facilitar o acesso agraves informaccedilotildees
durante a pesquisa
PROBLEMA E PROBLEMAacuteTICA
A poliacutetica de gestatildeo da educaccedilatildeo no Brasil proposta no governo Fernando Henrique
Cardoso (1995-2002) reforccedilou o discurso de vincular o investimento em educaccedilatildeo ao
crescimento econocircmico a partir de um novo papel para a escola e um novo padratildeo de gestatildeo
educacional que se adequasse agraves exigecircncias internacionais da loacutegica do mercado (CAMINI
2013 SAVIANI 2009) Dando continuidade a esse modelo de gestatildeo da educaccedilatildeo o governo
Lula (2003-2010) lanccedilou o Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo (PMCTE) por
meio do Decreto nordm 6094 de 24 de abril de 2007 como programa estrateacutegico do Plano de
Desenvolvimento da Educaccedilatildeo (PDE)2
Nos documentos oficiais o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (MEC) apresentou o PMCTE em
que afirmou que o novo Plano vem atender a uma conjugaccedilatildeo de esforccedilos atraveacutes da ldquoadesatildeo
voluntaacuteriardquo dos estados Distrito Federal e municiacutepios que em regime de colaboraccedilatildeo
2O PDE na concepccedilatildeo do MEC pretende dar uma visatildeo sistecircmica de educaccedilatildeo articulando o desenvolvimento da
educaccedilatildeo ao desenvolvimento econocircmico e social do paiacutes Para isso o PDE desenvolve mecanismos objetivos de
avaliaccedilatildeo que permite assegurar ao mesmo tempo a responsabilizaccedilatildeo e a mobilizaccedilatildeo social em busca da
qualidade da educaccedilatildeo baacutesica Segundo o documento do MEC ldquoo PDE estaacute sustentado em seis pilares i) visatildeo
sistecircmica da educaccedilatildeo ii) territorialidade iii) desenvolvimento iv) regime de colaboraccedilatildeo v) responsabilizaccedilatildeo
vi) mobilizaccedilatildeo socialrdquo (BRASIL-MEC sd p11)
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procuram oferecer agraves famiacutelias e agrave comunidade melhorias na qualidade da educaccedilatildeo baacutesica O
PMCTE estaacute pautado em 28 diretrizes3 que orientam como deve ser realizado os esforccedilos em
regime de colaboraccedilatildeo para atingir os melhores resultados da educaccedilatildeo Para isso o MEC
vinculou o apoio teacutecnico e financeiro aos estados e municiacutepios a partir da assinatura do termo
de adesatildeo
Esse movimento proposto pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo precisa ser entendido dentro do
contexto histoacuterico e social em que essa poliacutetica se apresenta uma vez que as relaccedilotildees entre a
Uniatildeo os Estados e os Municiacutepios tecircm sido ldquoconflitivas e natildeo resolvidas em diferentes aspectos
que envolvem a organizaccedilatildeo e o funcionamento da gestatildeo puacuteblicardquo (CAMINI 2010 p 01)
Historicamente adaptado por arranjos poliacuteticos e territoriais o federalismo brasileiro
enquanto instituiccedilatildeo eacute republicano natildeo se caracterizando pela centralizaccedilatildeo de poder do
governo ao contraacuterio busca distribuir a muitos centros ldquocuja autoridade natildeo resulta da
delegaccedilatildeo de um poder central mas eacute conferida por sufraacutegio popularrdquo (ALMEIDA 1994 p
20) Eacute nesse contexto que o MEC atraveacutes do PMCTE convoca aleacutem da participaccedilatildeo dos entes
da federaccedilatildeo a sociedade civil e as entidades privadas nessa articulaccedilatildeo que em ldquoregime de
colaboraccedilatildeordquo responsabiliza a todos pela melhoria da qualidade da educaccedilatildeo Para ldquomedirrdquo a
evoluccedilatildeo dessa qualidade o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo criou o Iacutendice de Desenvolvimento da
Educaccedilatildeo Baacutesica (IDEB) um instrumento que utiliza os resultados de avaliaccedilotildees que satildeo
realizadas pelo proacuteprio MEC para ldquoaferirrdquo o desempenho das escolas dos Municiacutepios e dos
Estados
Seguindo o contorno para a implementaccedilatildeo dessa poliacutetica nos estados e municiacutepios o
MEC criou no mesmo Decreto nordm 6094 referente ao Plano de Metas Compromisso Todos Pela
Educaccedilatildeo (PMCTE) o Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) que eacute o instrumento de planejamento
que possui quatro dimensotildees por meio do qual se efetiva essa poliacutetica O PAR eacute denominado
pelo MEC como um ldquoconjunto articulado de accedilotildees apoiado teacutecnica ou financeiramente pelo
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo que visa ao cumprimento das metas do Compromisso e agrave observacircncia
das suas diretrizesrdquo (BRASIL 2007 p6) Eacute um instrumento de planejamento multidimensional
composto por quatro dimensotildees (1) gestatildeo educacional (2) a formaccedilatildeo de professores e dos
profissionais de serviccedilo e apoio escolar (3) as praacuteticas pedagoacutegicas e avaliaccedilatildeo e (4)
infraestrutura e recursos pedagoacutegicos Cada uma delas se desmembra em aacutereas e indicadores
Na elaboraccedilatildeo do planejamento cada indicador se divide em accedilotildees e sub-accedilotildees O PAR eacute
coordenado pelas secretarias municipais ou estaduais de educaccedilatildeo mas deve ser elaborado com
3 As 28 diretrizes do Plano de Metas Compromisso Todos Pela Educaccedilatildeo estatildeo disponiacuteveis no anexo I do trabalho
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a participaccedilatildeo de uma equipe local composta de gestores professores e da comunidade local
A intenccedilatildeo do MEC eacute que o PAR estabeleccedila um regime de colaboraccedilatildeo entre os entes federados
e a sociedade civil objetivando a implantaccedilatildeo de um Sistema Nacional de Educaccedilatildeo (BRASIL
2007)
Os estados e os municiacutepios ao assinarem o termo de adesatildeo junto ao MEC
automaticamente aderem agraves diretrizes do PMCTE o que implica se responsabilizar pelas regras
diretrizes e compromissos estabelecidos pelo Plano Dessa forma Pinho e Sacramento (2009)
constataram que o Plano de Accedilotildees Articuladas eacute a poliacutetica educacional brasileira que representa
a consolidaccedilatildeo da accountability4 os autores afirmam que a palavra accountability tem sido
comumente traduzida como ldquoresponsabilizaccedilatildeordquo esse conceito foi ressignificado desde a
Reforma do Estado na deacutecada de 1990 com o interesse de produzir mudanccedilas na administraccedilatildeo
puacuteblica burocraacutetica do paiacutes direcionando-a para uma administraccedilatildeo puramente gerencial sob a
perspectiva da loacutegica do mercado e sob o argumento da modernizaccedilatildeo e de melhorias para o
serviccedilo puacuteblico a partir do controle por resultados
Dessa forma Pinho e Sacramento (2009) esquematizam como se organiza esse processo
da accountability que
() nasce com a assunccedilatildeo por uma pessoa da responsabilizaccedilatildeo delegada por outra
da qual se exige a prestaccedilatildeo de contas sendo que a anaacutelise dessas contas pode levar agrave
responsabilizaccedilatildeo Representando-a ainda que num esquema bem simples temos
ldquoArdquo delega responsabilidade para ldquoBrdquo reg ldquoBrdquo ao assumir a responsabilidade deve
prestar contas de seus atos para ldquoArdquo reg ldquoArdquo analisa os atos de ldquoBrdquo reg feita tal anaacutelise
ldquoArdquo premia ou castiga ldquoBrdquo (PINHO SACRAMENTO 2009 p 1350)
Assim o PAR constitui-se em um exemplo do processo de responsabilizaccedilatildeo a partir do
accountability pois configura-se como um instrumento de planejamento e consolidaccedilatildeo de
resultados aferidos por meio do Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo que define metas
semelhantes mas que pelas dimensotildees continentais diversidade cultural desigualdades
econocircmicas poliacuteticas e sociais do paiacutes satildeo executadas em contextos distintos
O Plano de Accedilotildees Articuladas apresentou duas versotildees jaacute concluiacutedas de acordo com os
ciclos plurianuais do MEC a primeira de 2007 a 2010 e a segunda de 2011 a 2014 No Estado
4A origem da accountability remonta agraves deacutecadas de 1980 e 1990 com as experiecircncias realizadas na Inglaterra por
Margareth Thatcher (Reino Unido 1988) e nos Estados Unidos introduzida no governo de Ronald Reagan (EUA
1983) e consolidadas no governo George W Bush (EUA 2001) (ANDRADE 2008) O termo tem sido traduzido
no Brasil como ldquoresponsabilizaccedilatildeordquo (objetiva e subjetiva) e prestaccedilatildeo de contas (transparecircncia) (PINTO e
SACRAMENTO 2009)
20
do Amapaacute o ex-ministro da educaccedilatildeo Fernando Haddad5 e o atual governador o Antonio
Waldez Goacutees6 estiveram no dia 7 de agosto de 2007 em uma cerimocircnia realizada no Teatro das
Bacabeiras na qual atraveacutes da assinatura do termo de adesatildeo estabeleceram o compromisso
ao Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo O municiacutepio de Santana tambeacutem aderiu
ao PMCTE dois anos depois quando o prefeito municipal de Santana Antocircnio Nogueira de
Sousa7 assinou em 27 de agosto de 2009 o Termo de Cooperaccedilatildeo Teacutecnica Nordm 23456 (anexo)
Nesse sentido o municiacutepio de Santana-AP somente implantou o PAR dois anos apoacutes o
iniacutecio dos ciclos8 indicados pelo MEC No Termo de Cooperaccedilatildeo Teacutecnica a claacuteusula quarta
indica que o prazo de duraccedilatildeo da adesatildeo ao Compromisso foi previsto para ldquo04 (quatro) anos
a partir da data de sua assinatura com possibilidade de prorrogaccedilatildeo por igual ou inferior periacuteodo
()rdquo (MEC 2009 p 2) Por conseguinte o periacuteodo de duraccedilatildeo do Termo de Cooperaccedilatildeo
Teacutecnica entre o MEC e a prefeitura de Santana para viabilizar o primeiro ciclo seria de 2009 a
2012 entretanto foi finalizado antecipadamente em 2010 visto que a partir de 2011 o
municiacutepio planejou um novo PAR que perdurou ateacute 2014
Este trabalho se ocupou em analisar os dois ciclos do PAR que o municiacutepio de Santana
ndash AP participou no periacuteodo de 2009 a 20149 buscando compreender a poliacutetica de gestatildeo
educacional que culminou na emergecircncia da implantaccedilatildeo do PAR A partir do Plano de Accedilotildees
Articuladas analisam-se nessa pesquisa os seguintes indicadores da gestatildeo democraacutetica (1)
existecircncia de Conselhos Escolares (2) existecircncia composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho
Municipal de Educaccedilatildeo (3) composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar (4)
composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho do Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo
Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo (FUNDEB) (5) criteacuterios para escolha
da Direccedilatildeo Escolar10 e (6) existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromisso
A questatildeo central da pesquisa busca desvelar quais as implicaccedilotildees do PAR para a gestatildeo
da educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana no estado do Amapaacute Assim sendo a fim de responder a
5 Fernando Haddad foi Ministro da Educaccedilatildeo nos governos Lula e Dilma no periacuteodo de 29 de julho de 2005 a 24
de janeiro de 2012 6 Antonio Waldez Goacutees estaacute no seu terceiro mandato (2003 - 2006) (2007 - 2010) e (2015 ndash em exerciacutecio) como
governador do estado do Amapaacute pelo Partido Democraacutetico Trabalhista (PDT) 7Antonio Nogueira de Sousa foi prefeito do municiacutepio de Santana ndash Amapaacute por dois mandatos (2005 ndash 2008) e
(2009 -2012) pelo Partido dos Trabalhadores (PT) 8 O primeiro ciclo corresponde ao periacuteodo de 2007 a 2010 e o segundo ciclo ao periacuteodo de 2011 a 2014 9 No municiacutepio de Santana as discussotildees sobre o PAR com visitas das equipes do MEC iniciaram em 2007
Entretanto o termo de adesatildeo ao 1ordm PAR somente foi assinado no ano de 2009 e em 2011 foi elaborado um novo
PAR no municiacutepio com duraccedilatildeo do ciclo 2011-2014 Isto implica dizer que o 1ordm PAR teve a duraccedilatildeo somente de
dois anos 10 Esse indicador estaacute presente nas duas versotildees do PAR entretanto no 1ordm PAR ele aparece na aacuterea da gestatildeo
democraacutetica e no 2ordm PAR ele estaacute como um indicador de outra aacuterea a de gestatildeo de pessoas
21
questatildeo central outros questionamentos foram levantados para o aprofundamento da temaacutetica
sendo eles
1- Qual o contexto econocircmico poliacutetico e social foi criada a poliacutetica de gestatildeo que deu
origem ao Plano de Accedilotildees Articuladas
2- Que concepccedilotildees de gestatildeo permeiam o Plano de Metas Compromisso Todos pela
Educaccedilatildeo e o PAR
3- Quais as implicaccedilotildees do PAR para a gestatildeo da educaccedilatildeo na rede municipal de educaccedilatildeo
de Santana-Amapaacute no que se refere aos indicadores de gestatildeo democraacutetica
A pesquisa teve como recorte histoacuterico os anos situados entre 2007 a 2014 periacuteodo em
que teoricamente ocorreram os dois ciclos do Plano de Accedilotildees Articuladas (1ordm PAR e 2ordm PAR)
seguida agraves orientaccedilotildees do MEC
JUSTIFICATIVA
A decisatildeo de estudar a gestatildeo da educaccedilatildeo a partir do Plano de Accedilotildees Articuladas eacute
desafiadora pois o PAR eacute uma poliacutetica puacuteblica que estaacute em andamento e poucos ainda satildeo os
estudos sobre ela Na perspectiva de conhecer e acompanhar a trajetoacuteria dos estudos jaacute
realizados sobre esse instrumento de planejamento realizamos um levantamento das
publicaccedilotildees tendo como fonte a base de dados da Associaccedilatildeo Nacional de Poliacutetica e
Administraccedilatildeo em Educaccedilatildeo (ANPAE) da Associaccedilatildeo Nacional de Poacutes-graduaccedilatildeo e Pesquisa
(ANPED) e os artigos cientiacuteficos da Scientific Eletronic Library Online (SciELO)11 no periacuteodo
de 2009 a 2015 cujo resultado foi o seguinte
Tabela 01 ndash Produccedilatildeo escrita sobre o Plano de Accedilotildees Articuladas de 2009 a 2015
ANO ANPED SciELO ANPAE TOTAL
2009 0 0 0 0
2010 1 0 0 1
2011 0 0 9 9
2012 1 1 1 3
2013 0 1 3 4
2014 3 1 4 8
2015 1 - 10 11
TOTAL 6 3 27 36
Fonte ANPED SciELO e ANPAE Levantamento realizado ateacute setembro de 2015
11 O Scientific Electronic Library Online eacute um portal de revistas brasileiras que organiza e publica textos completos
de revistas na Internet Produz e divulga indicadores do uso e impacto desses perioacutedicos
22
Seguindo as diretrizes metodoloacutegicas12 foram encontradas 36 publicaccedilotildees entre os anos
de 2009 a 2015 sendo 06 na ANPED 03 nos cadernos de pesquisa da SciELO e 27 publicaccedilotildees
na Associaccedilatildeo Nacional de Poliacutetica e Administraccedilatildeo em Educaccedilatildeo ndash ANPAE Observamos na
tabela 01 que os anos de 2011 2014 e 2015 apresentaram maior nuacutemero de publicaccedilotildees
Apesar da implantaccedilatildeo do PAR ter se dado a partir de 2007 constatamos que os estudos
e as publicaccedilotildees sobre o tema ainda satildeo muito escassos A implantaccedilatildeo do PAR foi
caracterizada por distintas orientaccedilotildees e reformulaccedilotildees ao longo do processo (CAMINI 2009)
e talvez por isso muito pouco se tenha compreendido e escrito sobre o PAR nos anos 2009 e
2010 Quanto agraves temaacuteticas tratadas como objeto de estudo no periacuteodo de 2009 a 2015 por fonte
pesquisada identificaram-se as seguintes
Tabela 02 ndash Nordm de Publicaccedilotildees sobre o PAR por temaacutetica e fonte no periacuteodo 2009 a 2015
TEMAacuteTICAS ANPAE ANPED SciELO TOTAL
Avaliaccedilatildeo da implantaccedilatildeo do PAR nos
municiacutepios
6 5 0 11
Planejamento de poliacuteticas educacionais no PAR 5 0 1 6
Praacuteticas PedagoacutegicasFormaccedilatildeo de Professores
no PAR
4 0 1 5
Gestatildeo Educacional no PAR 8 0 0 8
Infraestrutura e Recursos Pedagoacutegicos 1 0 0 1
Levantamento Bibliograacutefico sobre o PAR 2 0 0 2
O PAR no contexto do Federalismo 2 0 1 3
TOTAL 28 5 3 36 Elaborado pela autora
A temaacutetica mais citada nas publicaccedilotildees foi a Avaliaccedilatildeo da implantaccedilatildeo do Plano de
Accedilotildees Articuladas (PAR) nos municiacutepios que se destacou e inquietou os estudiosos no periacuteodo
apresentando 11 publicaccedilotildees Os temas sobre planejamento das poliacuteticas educacionais no
Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) contou com 06 trabalhos A gestatildeo educacional aparece
com 08 trabalhos e as praacuteticas pedagoacutegicas e formaccedilatildeo de professores no PAR com 05
trabalhos Com menos publicaccedilotildees destacam-se as temaacuteticas infraestrutura e recursos
pedagoacutegicos com 01 trabalho o levantamento bibliograacutefico sobre o PAR com 02 trabalhos e o
PAR no contexto do Federalismo com 03 trabalhos Em um periacuteodo de sete anos foram
12 A busca pelas publicaccedilotildees foi realizada nos siacutetios da internet e para a triagem das informaccedilotildees foi utilizada a
expressatildeo-chave plano de accedilotildees articuladas que deveria constar no tiacutetulo das publicaccedilotildees Para uma revisatildeo de
rastreamento foram ainda utilizadas as palavras SciELO ANPAE e ANPED O levantamento foi realizado ateacute o
mecircs de setembro de 2015
23
publicados apenas 36 trabalhos sobre o PAR em revistas e anais especializados nacionalmente
em educaccedilatildeo
O tema que abordo nesse trabalho eacute sobre a Gestatildeo Educacional que teve somente 08
publicaccedilotildees no periacuteodo de 2009 a 2015 em revistas e anais e nenhum desses estudos publicados
eram relacionados ao estado do Amapaacute e nem ao municiacutepio de Santana Entretanto na capital
do Estado Macapaacute foi encontrada uma tese de doutorado intitulada ldquoA gestatildeo educacional no
Plano de Accedilotildees Articuladas do municiacutepio de Macapaacute concepccedilotildees e desafiosrdquo de autoria da
professora Ilma de Andrade Barleta defendida no ano de 2015 na Universidade Federal do
Paraacute A referida tese faz um estudo sobre a gestatildeo educacional do Plano de Accedilotildees Articuladas
no municiacutepio de Macapaacute-AP
Consideramos de extrema relevacircncia para a compreensatildeo das poliacuteticas puacuteblicas
educacionais no paiacutes particularmente da poliacutetica de gestatildeo educacional a partir da chegada do
PAR que se ampliem os estudos sobre esse tema razatildeo pela qual justifico esse trabalho O
estudo acerca da gestatildeo educacional a comeccedilar do Plano de Accedilotildees Articuladas no municiacutepio
de SantanaAP justifica-se tambeacutem pela necessidade imposta em funccedilatildeo das minhas
experiecircncias profissionais anteriormente descritas quando explicito a origem do estudo e as
experiecircncias atuais como professora do curso de pedagogia na Universidade do Estado do
Amapaacute ndash UEAP Instiga-me conhecer o modelo de gestatildeo educacional que se implementa na
rede municipal de ensino de Santana a datar do PAR na perspectiva de melhor contribuir com
o debate acerca da educaccedilatildeo puacuteblica municipal e identificar as iniciativas que se aproximam da
materializaccedilatildeo de uma gestatildeo democraacutetica e participativa no meu entendimento a concepccedilatildeo
mais compatiacutevel com uma visatildeo emancipadora de homem
O foco da gestatildeo democraacutetica estaacute na garantia da participaccedilatildeo na gestatildeo da educaccedilatildeo
como direito de cidadania (PARO 2007) A gestatildeo democraacutetica do ensino puacuteblico estaacute presente
desde a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e na Lei de Diretrizes e Bases - LDB de 1996 e se revela
atraveacutes da participaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo no projeto pedagoacutegico da escola e da
participaccedilatildeo das comunidades escolar e local em Conselhos de Educaccedilatildeo A descentralizaccedilatildeo
nas decisotildees administrativas financeiras e pedagoacutegicas bem como a eleiccedilatildeo de diretores e a
instalaccedilatildeo de conselhos escolares deliberativos tambeacutem fazem parte dos mecanismos para
democratizaccedilatildeo da educaccedilatildeo Embora notadamente a legislaccedilatildeo educacional por si soacute natildeo
garanta a efetivaccedilatildeo de uma praacutetica democraacutetica ela representa um grande passo nesse sentido
24
A partir de 1995 com a Reforma do Estado Brasileiro vimos emergir no cenaacuterio
nacional a concepccedilatildeo de gestatildeo gerencial como modelo preferencial13 para a administraccedilatildeo
puacuteblica que se traduz em accedilotildees de regulaccedilatildeo e controle do sistema educacional e da escola
adotando o princiacutepio mercadoloacutegico como indicador de resultados em todas as esferas sociais
definindo formas de poderes e de relaccedilatildeo com a demanda social Eacute uma gestatildeo centrada na
visatildeo de cidadatildeo-cliente e focada em resultados quantitativos (PERONI 2008)
Apresentando diferentes concepccedilotildees de gestatildeo puacuteblica essa pesquisa busca responder a
problemaacutetica a partir da anaacutelise das poliacuteticas educacionais que permeiam o Plano de
Desenvolvimento da Educaccedilatildeo o Plano de Metas Compromisso Todos Pela Educaccedilatildeo e o Plano
de Accedilotildees Articuladas A seguir trataremos dos objetivos gerais e especiacuteficos do presente
trabalho
OBJETIVO GERAL E ESPECIacuteFICOS
Analisar as implicaccedilotildees do Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) para a gestatildeo educacional
na rede municipal de educaccedilatildeo de Santana ndash Amapaacute no contexto da redefiniccedilatildeo do papel do
Estado
Considerando os pressupostos teoacuterico-metodoloacutegicos adotados o objetivo geral
desdobrou-se nos seguintes objetivos especiacuteficos
Analisar a poliacutetica de gestatildeo da educaccedilatildeo no Brasil e a emergecircncia do PAR no contexto
do capitalismo e da Reforma do Estado brasileiro a partir da deacutecada de 1990
Analisar as concepccedilotildees de gestatildeo educacional que permeia o PAR no contexto do PDE
e do Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo
Analisar as implicaccedilotildees do PAR para a gestatildeo da educaccedilatildeo na rede municipal de
educaccedilatildeo de Santana-Amapaacute no que se refere aos indicadores de gestatildeo democraacutetica
13 Esse novo modelo de gestatildeo puacuteblica eacute apresentado no Plano de Desenvolvimento e Reforma do Aparelho do
Estado Brasileiro (MARE 1995)
25
REFEREcircNCIAS TEOacuteRICO-METODOLOacuteGICAS
O presente estudo analisou as implicaccedilotildees do Plano de Accedilotildees Articuladas com foco na
gestatildeo da educaccedilatildeo na rede municipal de educaccedilatildeo de Santana ndash Amapaacute na busca de
compreender a realidade em que essa poliacutetica educacional foi constituiacuteda e em quais
circunstacircncias essa poliacutetica foi implementada estabelecendo conexotildees com as questotildees sociais
poliacuteticas histoacutericas e econocircmicas Marx (1969 p16) afirma que ldquoa investigaccedilatildeo tem de
apoderar-se da mateacuteria em seus pormenores de analisar suas diferentes formas de
desenvolvimento e de perquirir a conexatildeo iacutentima que haacute entre elasrdquo
Para o estudo da gestatildeo educacional a partir do Plano de Accedilotildees Articuladas no municiacutepio
de Santana levaram-se em consideraccedilatildeo as relaccedilotildees com o contexto histoacuterico social poliacutetico
e econocircmico em que esta poliacutetica puacuteblica foi constituiacuteda Entende-se que a poliacutetica de gestatildeo
reflete as contradiccedilotildees tiacutepicas que se revelam no contexto capitalista Nesse sentido
aproximamos-nos de abordagens que tecircm como referencial o materialismo histoacuterico dialeacutetico
definido por Frigotto (1995)
O pressuposto fundamental da anaacutelise materialista histoacuterica eacute de que os fatos sociais
natildeo satildeo descolados de uma materialidade objetiva e subjetiva e portanto a
construccedilatildeo do conhecimento histoacuterico implica o esforccedilo de abstraccedilatildeo e teorizaccedilatildeo do
movimento dialeacutetico (conflitante contraditoacuterio mediado) da realidade Trata-se de
um esforccedilo de ir agrave raiz das determinaccedilotildees muacuteltiplas e diversas (nem todas igualmente
importantes) que constituem determinado fenocircmeno Apreender as determinaccedilotildees do
nuacutecleo fundamental de um fenocircmeno sem o que este fenocircmeno natildeo se constituiria eacute
o exerciacutecio por excelecircncia da teorizaccedilatildeo histoacuterica de ascender do empiacuterico
contextualizado particularizado e de iniacutecio para o pensamento caoacutetico - ao concreto
pensado ou conhecimento Conhecimento que por ser histoacuterico e complexo e por
limites do sujeito que conhece eacute sempre relativo (FRIGOTTO 1995 p 17-18)
Nesse contexto eacute importante destacar as contradiccedilotildees sociais poliacuteticas e econocircmicas
que permeiam as concepccedilotildees de gestatildeo da educaccedilatildeo ancoradas no modelo de gestatildeo gerencial
e no modelo de gestatildeo democraacutetica O primeiro modelo se utiliza de conceitos associados agrave
administraccedilatildeo empresarial comprometida com a ideia de mercado utilizando-se de conceitos
como eficiecircncia eficaacutecia controle de resultados e descentralizaccedilatildeo dentre outros No segundo
modelo a gestatildeo eacute compartilhada e estaacute amparada em instrumentos de democratizaccedilatildeo como a
participaccedilatildeo e a autonomia nos processos de decisatildeo e planejamento da educaccedilatildeo Este modelo
busca democratizar toda a estrutura do sistema de ensino incluindo a escola
26
Segundo Yin (2001 p 32) o estudo de caso eacute a estrateacutegia mais escolhida quando eacute
preciso responder a questotildees do tipo ldquocomordquo e ldquopor quecircrdquo e ainda quando o pesquisador
possui pouco controle sobre os eventos pesquisados ldquoeacute uma investigaccedilatildeo empiacuterica de um
fenocircmeno contemporacircneo dentro de um contexto da vida real sendo que os limites entre o
fenocircmeno e o contexto natildeo estatildeo claramente definidosrdquo
Assim compreende-se que o estudo de caso tem como propoacutesito orientar o pesquisador
para o contato direto com o seu objeto de pesquisa oferecendo a este uma fonte de informaccedilotildees
capaz de favorecer o encontro das respostas que deseja Como expotildee Gil (1996) o estudo de
caso apresenta trecircs vantagens
a) O estiacutemulo a novas descobertas Em virtude da flexibilidade do planejamento do
estudo de caso o pesquisador ao longo de seu processo manteacutem-se atento a novas
descobertas Eacute frequente o pesquisador dispor de um plano inicial e ao longo da
pesquisa ter o seu interesse despertado por outros aspectos que natildeo havia previsto E
muitas vezes o estudo desses aspectos torna-se mais relevante para a soluccedilatildeo do
problema do que os considerados inicialmente Daiacute porque o estudo de caso eacute
altamente recomendado para a realizaccedilatildeo de estudos exploratoacuterios
b) A ecircnfase na totalidade No estudo de caso o pesquisador volta-se para a
multiplicidade de dimensotildees de um problema focalizando-o como um todo Dessa
forma supera-se um problema muito comum sobretudo nos levantamentos em que a
anaacutelise individual da pessoa desaparece em favor da anaacutelise de traccedilos
c) A simplicidade dos procedimentos Os procedimentos de coleta e anaacutelise de dados
adotados no estudo de caso quando comparados com os exigidos por outros tipos de
delineamento satildeo bastante simples (GIL 1996 p59-60)
Quanto agrave determinaccedilatildeo do nuacutemero de casos optou-se por um uacutenico caso a rede
municipal de educaccedilatildeo de Santana no Amapaacute dadas as especificidades do objeto de estudo
desta pesquisa as implicaccedilotildees do PAR para a gestatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana
Nesta pesquisa buscamos identificar as implicaccedilotildees do PAR para a gestatildeo educacional
no municiacutepio de Santana no periacuteodo de 2007 a 201414 Optamos por focalizar apenas a aacuterea
ldquoGestatildeo Democraacutetica articulaccedilatildeo e desenvolvimento dos sistemas de ensinordquo e 06 indicadores
dessa aacuterea sendo eles (1) existecircncia de conselhos escolares (2) existecircncia composiccedilatildeo e
atuaccedilatildeo do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (3) composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de
Alimentaccedilatildeo Escolar (4) composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho do Fundo de Manutenccedilatildeo e
Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo (5)
14 Nesse estudo mesmo o PAR em Santana ter iniciado somente em 2009 fizemos um levantamento desde o ano
de 2007 ateacute 2014 ano em que iniciou a elaboraccedilatildeo do PAR nos estados e municiacutepio para que pudeacutessemos ter uma
anaacutelise de como foi a sua chegada e como se encontrava o municiacutepio
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criteacuterios para escolha da direccedilatildeo escolar15 e (6) existecircncia e atuaccedilatildeo do comitecirc local do
compromisso16 O recorte temporal dessa pesquisa eacute o periacuteodo de 2007 a 2014 enfocando
estudos sobre o PAR no municiacutepio de Santana nas suas duas versotildees
A escolha das categorias descentralizaccedilatildeo participaccedilatildeo e autonomia para este
trabalho eacute devido ao fato de que de acordo com vaacuterios autores (PARO 2012 MENDONCcedilA
2009 WERLE 2007) esses indicadores podem potencializar a gestatildeo democraacutetica
De acordo com Viriato (2004) a descentralizaccedilatildeo tem sido um termo muito utilizado
como oposiccedilatildeo a centralizaccedilatildeo que eacute uma caracteriacutestica da gestatildeo autoritaacuteria muito embora
com as mudanccedilas nas funccedilotildees do Estado a descentralizaccedilatildeo aparece com uma nova
configuraccedilatildeo a de desconcentraccedilatildeo de tarefas do niacutevel nacional e regional para o niacutevel local
(VIRIATO 2004)
Para Bordenave (2013) a participaccedilatildeo eacute uma vivecircncia coletiva e natildeo individual de
modo que somente se pode aprender na praacutexis grupal A participaccedilatildeo pode tanto se prestar para
objetivos emancipatoacuterios de cidadania e de autonomia dos sujeitos como para a manutenccedilatildeo
de situaccedilotildees de centralizaccedilatildeo do poder decisoacuterio e do controle de muitos por poucos Portanto
o conceito toma significado diverso dependendo do contexto e dos sujeitos envolvidos
O conceito de autonomia estaacute ligado etimologicamente agrave ideia de autogoverno ou seja
agrave faculdade que os indiviacuteduos ou organizaccedilotildees tecircm de se regerem por regras proacuteprias No
contexto mais amplo da poliacutetica educacional mais recente a autonomia tem mostrado relaccedilatildeo
com a tentativa de resolver problemas de crise de governabilidade do sistema de ensino com o
discurso de ldquogoverno sobrecarregadordquo transferindo autoridade e responsabilidade do bem
puacuteblico para o grupo diretamente envolvido na accedilatildeo e assim se desfazendo das suas obrigaccedilotildees
para com a populaccedilatildeo (BARROSO 2013)
Essas categorias do objeto seratildeo aprofundadas no primeiro capiacutetulo do presente
trabalho
Como teacutecnicas de coleta de dados optou-se pela anaacutelise documental e entrevista
semiestruturada A revisatildeo bibliograacutefica parte integrante do estudo tem auxiliado na
compreensatildeo dos conceitos na historicidade do objeto na perspectiva de compreender a
poliacutetica de gestatildeo educacional no Brasil e as suas inter-relaccedilotildees com o PAR
A anaacutelise documental eacute um tipo de ldquoestudo descritivo que fornece ao investigador a
possibilidade de reunir uma grande quantidade de informaccedilatildeo sobre leis de educaccedilatildeo processos
15 Esse indicador estaacute presente nas duas versotildees do PAR entretanto no 1ordm PAR ele estaacute presente na aacuterea da gestatildeo
democraacutetica e no 2ordm PAR ele aparece como um indicador de outra aacuterea a de gestatildeo de pessoas 16 Esse indicador foi implantado na 2ordm versatildeo do PAR na aacuterea da gestatildeo democraacutetica
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e condiccedilotildees requisitos e dados livros e textos etcrdquo (TRIVINtildeOS 1987 p 111) na busca de
resolver problemas pois possibilita ampliar o entendimento de objetos que precisam de uma
anaacutelise a partir da contextualizaccedilatildeo histoacuterica e sociocultural para se revelar
Dentre os documentos analisados destacamos
1) O Decreto nordm 60942007 (dispotildee sobre a implementaccedilatildeo do Plano de Metas Compromisso
Todos pela Educaccedilatildeo pela Uniatildeo Federal em regime de colaboraccedilatildeo com municiacutepios
Distrito Federal e estados aleacutem da participaccedilatildeo das famiacutelias e da comunidade mediante
programas e accedilotildees de assistecircncia teacutecnica e financeira visando agrave mobilizaccedilatildeo social pela
melhoria da qualidade da educaccedilatildeo baacutesica) e legislaccedilotildees correlatas
2) O Manual de Orientaccedilotildees Gerais para Elaboraccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas editado
pelo MEC na 1ordf e 2ordf versatildeo
3) O Termo de Cooperaccedilatildeo Teacutecnica Nordm 23456 do PMCTE assinado entre o Ministeacuterio da
Educaccedilatildeo e o municiacutepio de SantanaAP e seus anexos do PAR
4) A Lei Orgacircnica do municiacutepio de Santana promulgada em 14 de julho de 1992 revisada e
atualizada em 11 de maio de 2000
5) O Diagnoacutestico do 1ordm PAR e 2ordm PAR do municiacutepio de SantanaAP emitido atraveacutes do
Sistema Integrado de Monitoramento do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (SIMEC)
6) O Relatoacuterio Puacuteblico de Monitoramento do 2ordm PAR do municiacutepio de SantanaAP e seus
anexos
7) A Lei Municipal nordm 36698 que cria o Conselho Municipal de Educaccedilatildeo de SantanaAP
8) A Lei Municipal nordm 4882001 que institui o Conselho Municipal de Alimentaccedilatildeo Escolar
de SantanaAP
9) Os documentos legais que definem os criteacuterios de escolha de diretores escolares em
SantanaAP
10) O Decreto Municipal nordm 490 de 03 de abril de 2013 que implementa a composiccedilatildeo do
comitecirc do compromisso em SantanaAP
11) A Lei Municipal nordm 7972007 - PMS que cria o FUNDEB e o Conselho de
Acompanhamento Controle Social Comprovaccedilatildeo e Fiscalizaccedilatildeo dos Recursos ndash CACS
do municiacutepio de Santana
12) O Programa de fortalecimento dos conselhos escolares do municiacutepio de SantanaAP
Os dados educacionais econocircmicos sociais e financeiros relativos ao municiacutepio de
SantanaAP foram coletados a partir do site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
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Educacionais Aniacutesio Teixeira (INEP) do Sistema de Informaccedilotildees sobre Orccedilamentos Puacuteblicos
em Educaccedilatildeo (SIOPE) Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo (FNDE) Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e dos relatoacuterios do Sistema Integrado de
Monitoramento Execuccedilatildeo e Controle (SIMEC)
No que se refere agraves entrevistas Alves-Mazzotti (2000 p22) aponta que ldquoa entrevista
possui natureza interativa supera o questionaacuterio ao possibilitar o estudo em profundidade de
temas complexosrdquo sendo portanto mais adequada para dirimir duacutevidas e esclarecer aspectos
difusos do objeto
A entrevista realizada foi do tipo semiestruturada que conforme Trivintildeos (1987 p152)
ldquo[] favorece natildeo soacute a descriccedilatildeo dos fenocircmenos sociais mas tambeacutem sua explicaccedilatildeo e a
compreensatildeo de sua totalidade []rdquo aleacutem de manter a presenccedila consciente e atuante do
pesquisador no processo de coleta de informaccedilotildees Para o autor
a entrevista semiestruturada tem como caracteriacutestica questionamentos baacutesicos que satildeo
apoiados em teorias e hipoacuteteses que se relacionam ao tema da pesquisa Os
questionamentos dariam frutos a novas hipoacuteteses surgidas a partir das respostas dos
informantes O foco principal seria colocado pelo investigador-entrevistador
(TRIVINtildeOS 1987 p 146)
Esse modelo de entrevista teve como foco os objetivos pretendidos da pesquisa e dessa
forma foram elaborados roteiros (ver anexos ) com perguntas principais complementadas por
outras questotildees que surgiram durante as respostas emitidas em circunstacircncias momentacircneas da
entrevista a fim de favorecer a apreensatildeo do objeto
Nessa pesquisa as entrevistas versaram sobre a gestatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio de
Santana a partir do Plano de Accedilotildees Articuladas e se pautaram na verificaccedilatildeo da democratizaccedilatildeo
das relaccedilotildees de poder no acircmbito da gestatildeo (participaccedilatildeo autonomia e descentralizaccedilatildeo) por
meio dos conselhos de controle social indicados no PAR sendo Conselho Municipal de
Educaccedilatildeo Conselho Municipal de Alimentaccedilatildeo Escolar Conselhos Escolares e Conselho do
FUNDEB Foram verificados ainda os criteacuterios adotados pela rede municipal de ensino de
SantanaAP para a escolha dos Diretores Escolares e a equipe do Comitecirc Local do
Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo
O quadro 1 demonstra os sujeitos da pesquisa cujos roteiros de entrevista encontram-
se em anexo
30
Quadro 1 Sujeitos da pesquisa e Nordm de entrevistas realizadas
Elaborado pela autora
No ato da entrevista foi assinado pelo entrevistado o ldquoTermo de Consentimento Livre e
Esclarecidordquo18 para a participaccedilatildeo na pesquisa que visa a esclarecer os objetivos e sua forma
de participaccedilatildeo assegurando-lhe o sigilo na sua identidade e das informaccedilotildees a serem utilizadas
exclusivamente para fins cientiacuteficos
Os documentos foram levantados no segundo semestre de 2015 no banco de dados do
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (INEP Brasil Escola FNDE entre outros) e no municiacutepio de Santana
na Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo no sindicato dos servidores puacuteblicos municipais de
Santana e na Cacircmara Municipal Alguns documentos importantes para essa pesquisa natildeo foram
17 Das quinze entrevistas programadas doze foram realizadas No entanto alguns entrevistados ocupavam mais
de uma representaccedilatildeo como o presidente do Conselho do FUNDEB que tambeacutem assume o posto de Diretor escolar
As entrevistas com os membros do Comitecirc Local do Compromisso natildeo foram realizadas devido o comitecirc natildeo estaacute
em atuaccedilatildeo 18 Ver no apecircndice A
Nordm Sujeito da pesquisa Quantidade
01 O (A) gestor (a) da rede municipal de ensino de Santana-AP 01
02 Teacutecnicos que coordenaram a implantaccedilatildeo elaboraccedilatildeo do 1ordm PAR e
2ordm do PAR no municiacutepio 02
03 Membro da equipe teacutecnica da SEME que trata dos Conselhos
Escolares 01
04 Membro do Conselho Escolar de representaccedilatildeo natildeo-governamental 01
05 Membro do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo da representaccedilatildeo
governamental 01
06 Membro do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo da representaccedilatildeo
natildeo-governamental 01
07 Membro do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar da representaccedilatildeo
governamental 01
08 Membro do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar da representaccedilatildeo
natildeo-governamental 01
09 Representante do Sindicato dos professores da educaccedilatildeo baacutesica 01
10 Membro do Comitecirc Local do Compromisso da representaccedilatildeo
governamental 00
11 Membro do Comitecirc Local do Compromisso da representaccedilatildeo natildeo-
governamental 00
12 Membro do Conselho de Controle Social do FUNDEB da
representaccedilatildeo governamental 01
13 Membro do Conselho de Controle Social do FUNDEB da
representaccedilatildeo natildeo-governamental 00
14 Diretor escolar ndash membro nato do Conselho Escolar 01
Total de entrevistados 1217
31
encontrados inicialmente como eacute o caso do Plano de Trabalho do primeiro PAR e o seu
monitoramento ausente nos arquivos da SEMEC da coordenaccedilatildeo do PAR e no banco de dados
do SIMEC Posteriormente foi encontrado mas incompleto em arquivo pessoal de uma das
entrevistadas
As entrevistas foram realizadas entre dezembro de 2015 e marccedilo de 2016 com os
membros dos conselhos sindicato teacutecnicos e gestor da rede municipal de ensino de Santana
perfazendo um total de doze sujeitos entrevistados As entrevistas seguiram roteiro preacutevio
contemplando aspectos da relaccedilatildeo do MEC com o municiacutepio por meio do PAR informaccedilotildees
acerca da descentralizaccedilatildeo nas decisotildees da gestatildeo e da participaccedilatildeo bem como da autonomia
dos conselhos no contexto da gestatildeo da educaccedilatildeo municipal
O loacutecus da pesquisa
O municiacutepio de Santana loacutecus da pesquisa eacute o segundo municiacutepio mais populoso do
Amapaacute com 101262 habitantes segundo dados do IBGE de 2010 estaacute localizado na regiatildeo
metropolitana de Macapaacute capital do Estado do Amapaacute A escolha do municiacutepio se deu em razatildeo
de este ser um dos municiacutepios de maior populaccedilatildeo do Estado ter aderido ao PAR e pela
proximidade de acesso agraves informaccedilotildees necessaacuterias ao esclarecimento da problemaacutetica em
questatildeo
A ESTRUTURA DA DISSERTACcedilAtildeO
A dissertaccedilatildeo eacute composta de trecircs capiacutetulos assim dispostos o primeiro intitulado ldquoA
poliacutetica de gestatildeo da educaccedilatildeo no Brasilrdquo versaraacute sobre a poliacutetica de gestatildeo da educaccedilatildeo no
contexto de redefiniccedilatildeo do papel do Estado explicitando abordagens teoacutericas sobre as
concepccedilotildees de gestatildeo da educaccedilatildeo no Brasil nas uacuteltimas deacutecadas a gestatildeo democraacutetica
instituiacuteda a partir da Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 e da Lei de
Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional de 1996 com base nas lutas implementadas na deacutecada
de 1980 e o modelo de gestatildeo gerencial proposto pelo Plano Diretor da Reforma do Aparelho
do Estado Brasileiro a partir de meados da deacutecada de 1990
O segundo capiacutetulo denominado ldquoA gestatildeo educacional no contexto do Plano de
Desenvolvimento da Educaccedilatildeo (PDE) do Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo
e do Plano de Accedilotildees Articuladasrdquo trataraacute de caracterizar e discutir as concepccedilotildees de gestatildeo da
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educaccedilatildeo presentes na poliacutetica educacional do Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo do
Plano de Metas Compromisso Todos Pela Educaccedilatildeo e do Plano de Accedilotildees Articuladas Trata-se
de evidenciar as singularidades e similaridades da poliacutetica de gestatildeo da educaccedilatildeo engendrada a
partir do instrumento de planejamento da educaccedilatildeo nos municiacutepios proposto no PAR
O terceiro capiacutetulo intitulado ldquoA gestatildeo educacional no contexto do Plano de Accedilotildees
Articuladas no municiacutepio de Santana-Amapaacuterdquo tem como objetivo caracterizar a educaccedilatildeo no
municiacutepio de Santana e analisar a partir de documentos e das entrevistas aos sujeitos as
implicaccedilotildees do PAR para a gestatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio de SantanaAP Tal anaacutelise se
baseou em seis indicadores da Gestatildeo Democraacutetica do PAR (1) existecircncia de conselhos
escolares (CE) (2) existecircncia composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (3)
composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar (CAE) (4) composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo
do Conselho do Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de
Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo (FUNDEB) (5) criteacuterios para escolha da direccedilatildeo
escolar19 e (6) Existecircncia e atuaccedilatildeo do comitecirc local do compromisso O objetivo foi avaliar se
o PAR trouxe consequecircncias para o modelo de gestatildeo adotado pela rede municipal de educaccedilatildeo
de Santana-AP se possibilitou a descentralizaccedilatildeo da gestatildeo a maior participaccedilatildeo da
comunidade na tomada de decisotildees enfim se por meio do PAR a gestatildeo da rede municipal de
ensino vem construindo maiores possibilidades de autonomia e participaccedilatildeo dos sujeitos
Nas consideraccedilotildees finais apresentamos os resultados dessa pesquisa em que a poliacutetica
traccedilada pelo Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo atraveacutes do PAR foi
implantada na rede municipal de ensino de Santana Fazendo uma reflexatildeo sobre os resultados
alcanccedilados nessa pesquisa e relacionando-os ao referencial teoacuterico que embasaram a concepccedilatildeo
de democratizaccedilatildeo da educaccedilatildeo adotada podemos afirmar que a praacutetica a gestatildeo educacional
do municiacutepio de Santana apresentou-se patrimonialista com traccedilos de uma gestatildeo gerencialista
pois natildeo tem ocorrido a descentralizaccedilatildeo da gestatildeo na rede municipal de ensino com a
participaccedilatildeo efetiva da sociedade nos conselhos de controle social Os recursos financeiros
relativos agrave educaccedilatildeo municipal de Santana satildeo centralizados na Prefeitura dificultando o
planejamento participativo da educaccedilatildeo no municiacutepio E os sujeitos envolvidos nos Conselhos
de Controle Social encontram dificuldades em atuar devido agraves proacuteprias condiccedilotildees de
funcionamento seja de local de transporte ou mesmo de acesso as informaccedilotildees jaacute que estas
encontram-se centralizadas
19 Esse indicador estaacute presente nas duas versotildees do PAR entretanto no 1ordm PAR ele estaacute presente na aacuterea da gestatildeo
democraacutetica e no 2ordm PAR ele aparece como um indicador de outra aacuterea a de gestatildeo de pessoas
33
1 A POLIacuteTICA DE GESTAtildeO DA EDUCACcedilAtildeO NO BRASIL
Este capiacutetulo trata das poliacuteticas de gestatildeo da educaccedilatildeo no Brasil na perspectiva de se
compreender o processo que desencadeou a proposta de gestatildeo educacional que permeia o
Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo o Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo
(PMTE) e o Plano de Accedilotildees Articuladas Para isso em um primeiro momento abordaremos
contexto de institucionalizaccedilatildeo da gestatildeo democraacutetica e seus vaacuterios mecanismos e em um
segundo momento enfocaremos a proposta de gestatildeo gerencial para a administraccedilatildeo puacuteblica a
partir do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado de 199520 no contexto de redefiniccedilatildeo
do papel do Estado
11 O CAPITALISMO E A CRISE
A compreensatildeo de como se constituiu a crise do Estado e do seu papel no contexto da
sociedade capitalista satildeo importantes para situarmos historicamente os conflitos que vecircm
ocorrendo no mundo moderno e particularmente no Brasil que giram em torno de interesses
diversos na organizaccedilatildeo social poliacutetica e econocircmica O que reflete certamente na tomada de
decisatildeo do Estado que promove accedilotildees a favor do capital ou a favor das exigecircncias da sociedade
A crise do capital atingiu as poliacuteticas educacionais no Brasil na deacutecada de 1990 reflexo
de um cenaacuterio de transformaccedilotildees que vinha se formando internacionalmente desde a deacutecada de
1970 quando o capitalismo daacute sinais de esgotamento e entra em crise de amplas proporccedilotildees
Essa crise tem fortes repercussotildees no papel do Estado que desde o poacutes-guerra vinha
assumindo o papel de controle dos ciclos econocircmicos como Estado de bem-estar social21
De acordo com Antunes (1999) essa eacute uma crise estrutural que se desencadeou a partir
da crise do fordismo e keynesianismo com a queda da taxa de lucros em funccedilatildeo do aumento da
forccedila de trabalho resultante das lutas operaacuterias e sociais ocorridas em deacutecadas anteriores e do
controle de regulaccedilatildeo principalmente em paiacuteses capitalistas E afirma o autor que a crise do
20O Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado (1995) foi elaborado pelo Ministeacuterio da Administraccedilatildeo
Federal e da Reforma do Estado na gestatildeo de Bresser Pereira no Governo Fernando Henrique Cardoso que
definiu objetivos e estabeleceu diretrizes para a reforma da administraccedilatildeo puacuteblica brasileira Segundo este Plano
o Estado deve assumir um papel menos executor ou prestador direto de serviccedilos e atuar mais como regulador e
avaliador das poliacuteticas puacuteblicas 21 O ldquoEstado de bem-estar socialrdquo ou ldquoWelfare Staterdquo de John Maynard Keynes ldquotinha o papel de controlar os
ciclos econocircmicos combinando poliacuteticas fiscais e monetaacuterias As poliacuteticas eram direcionadas para o investimento
puacuteblico principalmente para os setores vinculados ao crescimento da produccedilatildeo e o consumo de massa que tinham
tambeacutem o objetivo de garantir o pleno emprego O salaacuterio social era complementado pelos governos atraveacutes da
seguridade social assistecircncia meacutedica educaccedilatildeo habitaccedilatildeo O Estado acabava exercendo tambeacutem o papel de
regular direta ou indiretamente os acordos salariais e os direitos dos trabalhadores na produccedilatildeordquo (PERONI 2003
p 22)
34
Estado eacute uma consequecircncia da crise capitalista e natildeo a causa dessa forma o capitalismo como
resposta a sua proacutepria crise se reorganiza e reconfigura o sistema ideoloacutegico e poliacutetico de
dominaccedilatildeo apresentando ldquoo neoliberalismo com a privatizaccedilatildeo do Estado a
desregulamentaccedilatildeo dos direitos do trabalho e a desmontagem do setor produtivo estatalrdquo
(ANTUNES 1999 p31)
Segundo Meszaacuteros (2002) a Crise eacute a manifestaccedilatildeo ldquodo espectro da incontrolabilidade
totalrdquo do capital quando se evidencia o aacutepice de sua incapacidade civilizatoacuteria e sua face mais
destrutiva possiacutevel De acordo com o autor a incontrolabilidade do capital satildeo inerentes ao
sistema capitalista que por estarem na base estrutural da relaccedilatildeo entre capital-trabalho natildeo
podem ser remediados de forma radical sob pena de comprometer a sobrevivecircncia do sistema
A crise de acordo com Antunes (1999) Meacuteszaacuteros (2011) Peroni (2006) e Harvey
(2008) natildeo se encontra no Estado e sim na estrutura do capital Meszaacuteros (2011) afirma que
eacute necessaacuterio esclarecer as diferenccedilas relevantes entre tipos ou modalidades de crise pois uma
crise na esfera social pode ser considerada uma lsquocrise perioacutedicaconjunturalrsquo ou uma lsquocrise
estrutural fundamentalrsquo A lsquocrise perioacutedicarsquo ou lsquoconjunturalrsquo pode ser severa poreacutem haacute formas
mais ou menos de solucionaacute-las com sucesso dentro da estrutura estabelecida Jaacute a lsquocrise
estrutural fundamentalrsquo afeta a proacutepria estrutura em sua totalidade como afirma o autor
a crise em nossos dias natildeo eacute compreensiacutevel sem que seja referida agrave ampla estrutura
social global Isso significa que a fim de esclarecer a natureza da persistente e cada
vez mais grave crise em todo o mundo hoje devemos focar a atenccedilatildeo na crise do
sistema do capital em sua inteireza pois a crise do capital que ora estamos
experimentando eacute uma crise estrutural que tudo abrange (MESZAacuteROS 2011 p3)
Com efeito a crise estrutural natildeo pode ser conceituada em termos das categorias de crise
perioacutedica ou conjuntural pois haacute uma diferenccedila crucial entre elas enquanto a crise perioacutedica
desdobra-se dentro da sua estrutura a outra abrange tudo e deve ser analisada na totalidade a
partir de uma avaliaccedilatildeo adequada da natureza da crise econocircmica e social de nossos dias
Por outro lado os defensores de um projeto fundamentado no neoliberalismo ndash
Fernando Henrique Cardoso Bresser Pereira e Fernando Collor de Melo ndash afirmam que desde
a deacutecada de 80 o Estado brasileiro estaacute em crise porque ao tentar se legitimar gastou mais do
que podia no atendimento agraves necessidades da populaccedilatildeo em poliacuteticas sociais e provocando
desse modo a crise fiscal Destaca-se que os serviccedilos puacuteblicos eram os principais causadores
da crise e por isso era necessaacuterio reconstruir as funccedilotildees e a organizaccedilatildeo do Estado
35
Dessa forma a globalizaccedilatildeo da economia foi uma das alternativas encontradas pelos
neoliberais para sair da crise destacando as privatizaccedilotildees e a reforma administrativa com a
desregulamentaccedilatildeo dos mercados e liberalizaccedilatildeo comercial e financeira Para Bresser Pereira
(1996) se aplicadas tais poliacuteticas reformistas a reforma neoliberal e a social democraacutetica o
paiacutes estaria apto para o crescimento econocircmico pois a
() diferenccedila entre uma proposta de reforma neoliberal e uma social democraacutetica estaacute
no fato de que o objetivo da primeira e retirar o Estado da economia enquanto que o
da segunda eacute aumentar a governanccedila do Estado eacute dar ao Estado meios financeiros e
administrativos para que ele possa intervir efetivamente sempre que o mercado natildeo
tiver condiccedilotildees de coordenar adequadamente a economia (BRESSER-PEREIRA
1996 p 1 - 2)
Partindo desse contexto neoliberal para superar a crise brasileira e assegurado por
Bresser Pereira em 1995 atendendo aos interesses do mercado o governo brasileiro implantou
o Ministeacuterio da Administraccedilatildeo e Reforma do Estado (MARE) com a finalidade de reformar o
Estado brasileiro Destaca-se que nesse mesmo ano ndash 1995 no primeiro ano de governo
Fernando Henrique Cardoso - eacute lanccedilado o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado
(PDRAE) que sugere uma reforma na administraccedilatildeo do Estado para a superaccedilatildeo da crise e
oferece uma seacuterie de accedilotildees e estrateacutegias que devem ser tomadas pelas instituiccedilotildees considerando-
as como inadiaacuteveis sendo elas
(1) o ajustamento fiscal duradouro (2) reformas econocircmicas orientadas para o
mercado que acompanhadas de uma poliacutetica industrial e tecnoloacutegica garantam a
concorrecircncia interna e criem as condiccedilotildees para o enfrentamento da competiccedilatildeo
internacional (3) a reforma da previdecircncia social (4) a inovaccedilatildeo dos instrumentos de
poliacutetica social proporcionando maior abrangecircncia e promovendo melhor qualidade
para os serviccedilos sociais e (5) a reforma do aparelho do Estado com vistas a aumentar
sua ldquogovernanccedilardquo ou seja sua capacidade de implementar de forma eficiente poliacuteticas
puacuteblicas (BRASIL 1995 p 11)
Como o resultado de um pacote de mudanccedilas no Estado o PDRAE propotildee alternativas
para combater a crise instalada no Estado Brasileiro sendo que essas propostas se movimentam
no sentido de reduzir o papel do Estado e os direitos conquistados na Constituiccedilatildeo Federal de
1988 como as poliacuteticas sociais e os direitos trabalhistas Nesse sentido as conquistas sociais
que estavam garantidas na Constituiccedilatildeo como o direito agrave educaccedilatildeo sauacutede transportes
puacuteblicos seguranccedila entre outros devem ser ldquocomprados e regidos pela feacuterrea loacutegica das leis
do mercado Na realidade o objetivo maior eacute a ideia de um lsquoEstado miacutenimorsquo que significa o
36
Estado suficiente e necessaacuterio unicamente para os interesses da reproduccedilatildeo do capitalrdquo
(FRIGOTTO 1995 p 83-84)
Cabe ressaltar que o projeto capitalista de reformar o Estado Brasileiro busca uma
relaccedilatildeo entre os setores puacuteblicos e privados utilizando de estrateacutegias de manipulaccedilatildeo para
superaccedilatildeo da crise O projeto capitalista eacute permeado de estrateacutegias de acordo com Peroni
(2006) o qual cita quatro delas a Reestruturaccedilatildeo Produtiva a Globalizaccedilatildeo o Neoliberalismo
e a Terceira Via que tentam viabilizar e condicionar o aumento do lucro atraveacutes da aproximaccedilatildeo
do mercado com o Estado
A primeira delas a lsquoreestruturaccedilatildeo produtivarsquo pressupotildee a intensificaccedilatildeo das
transformaccedilotildees no processo produtivo e essa foi uma das respostas agrave crise do capital e agrave crise
da acumulaccedilatildeo que teve iniacutecio em 1973 que com base no avanccedilo tecnoloacutegico e no toyotismo22
se apoiou
na flexibilidade dos processos dos mercados de trabalho dos produtos e padrotildees de
consumo Caracteriza-se pelo surgimento de setores de produccedilatildeo inteiramente novos
novas maneiras de fornecimento de serviccedilos financeiros novos mercados e
sobretudo taxas altamente intensificadas de inovaccedilatildeo comercial tecnoloacutegica e
organizacional (HARVEY 2003 p 140)
Com a produccedilatildeo fabril flexibilizada e informatizada ndash tiacutepico da acumulaccedilatildeo do capital
ndash houve uma queda no operariado manual e estaacutevel isso resultou na expansatildeo da precarizaccedilatildeo
do trabalho (contrataccedilatildeo temporaacuteria trabalho em tempo parcial) Nessa compreensatildeo o capital
pode ateacute precarizar e subutilizar a matildeo de obra mas o desenvolvimento tecnoloacutegico natildeo pode
substituir a capacidade intelectual do homem poreacutem consegue reproduzir na sociedade a ideia
dos valores empresariais e mercadoloacutegicos Com a reestruturaccedilatildeo produtiva a classe
trabalhadora fragmentou-se heterogeneizou-se e complexificou-se mas ainda assim natildeo corre
o risco de desaparecer (ANTUNES 2003)
Uma outra estrateacutegia utilizada para superar a crise do capitalismo eacute a lsquoglobalizaccedilatildeorsquo No
final do seacutec XX os desdobramentos do capitalismo em sua forma de acumular riquezas e assim
superar a crise desafiam a praacutetica e o pensamento social Segundo Chesnais (1996) o uso do
termo globalizaccedilatildeo eacute insuficiente para a compreensatildeo do processo de internacionalizaccedilatildeo do
22 O Toyotismo segundo Antunes (2005) eacute uma forma de organizaccedilatildeo do trabalho na faacutebrica da Toyota no Japatildeo
nos anos apoacutes 1945 que apresentava as seguintes caracteriacutesticas produccedilatildeo vinculada a demanda processo de
produccedilatildeo flexiacutevel possibilitando a um mesmo operaacuterio operar vaacuterias maacutequinas e desenvolver vaacuterias funccedilotildees A
produccedilatildeo em geral eacute horizontalizada ou seja grande parte da produccedilatildeo eacute terceirizada e subcontratada para deixar
as empresas mais ldquoenxutasrdquo ou mais ldquolevesrdquo
37
capital atual ela denominou entatildeo de mundializaccedilatildeo do capital23 por se tratar de um regime de
acumulaccedilatildeo predominantemente financeira configurando um espaccedilo conectado mundialmente
Essas conexotildees que tecircm como cenaacuterio o mundo em tempo real e que movimenta o capital
financeiro satildeo possiacuteveis a partir dos
Sistemas de comunicaccedilatildeo por sateacutelite e por cabo aliados agraves novas tecnologias de
informaccedilatildeo e agrave microeletrocircnica possibilitam a conexatildeo em tempo real dos mercados
das financcedilas e da produccedilatildeo As transformaccedilotildees que estatildeo ocorrendo no interior do
capitalismo inauguram de forma intensa ou mediatizada uma nova forma de estar no
mundo (CHESNAIS 1996 p 34)
Nesse contexto a globalizaccedilatildeo ocorre a partir da configuraccedilatildeo geopoliacutetica dos mercados
internacionais que fazem conexotildees com outros mercados operados por investidores
financeiros24 que avaliam e decidem sobre ldquoa participaccedilatildeo de tal paiacutes na rede em graus que
diferem de um compartimento a outro (cacircmbio obrigaccedilotildees accedilotildees etc)rdquo (CHESNAIS 1996 p
45) demarcando dessa maneira o paiacutes que quebra e o que estabiliza
Na verdade como afirma Frigotto (2001 p 36) trata-se de uma ldquoformaccedilatildeo de
oligopoacutelios e megacorporaccedilotildees mediante a fusatildeo ou alianccedilas entre grandes empresasrdquo Esse
processo inclui principalmente o grupo de paiacuteses mais ricos (Estados Unidos Canadaacute Japatildeo
Alemanha Franccedila Reino Unido e Itaacutelia) Esses paiacuteses se reuacutenem periodicamente para
resguardar os seus interesses e alertar que a livre concorrecircncia existe somente ateacute certo ponto
De toda forma considera o autor que o principal entre os problemas da globalizaccedilatildeo eacute uma
eventual desigualdade social por ela proporcionada em que o poder e a renda encontram-se em
maior parte concentrados nas matildeos de uma minoria burguesa o que atrela a questatildeo agraves
contradiccedilotildees do projeto capitalista
Uma outra estrateacutegia usada para superaccedilatildeo da crise do capital eacute o lsquoNeoliberalismorsquo tida
como uma ideologia impulsionada pelas teorias econocircmicas capitalistas que defende a natildeo
participaccedilatildeo do Estado na economia pois segundo essa ideologia o Estado eacute o principal
responsaacutevel por anomalias no funcionamento do mercado livre onde deve haver total liberdade
para garantir o crescimento econocircmico e o desenvolvimento social de um paiacutes Por outro lado
Peroni (2006) afirma que o neoliberalismo atua na privatizaccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos pelo
23 A lsquomundializaccedilatildeo do capitalrsquo eacute ldquoa capacidade estrateacutegica de todo grande grupo oligopolista voltado para a
produccedilatildeo manufatureira ou para as principais atividades de serviccedilos de adotar por conta proacutepria um enfoque e
condutas lsquoglobaisrsquordquo () incluindo-se a esfera financeira (CHESNAIS 1996 p 17) 24Os investidores institucionais segundo Chesnais (2005) satildeo organismos tais como fundos de pensatildeo fundos
coletivos de aplicaccedilatildeo sociedades de seguro bancos que administram sociedades de investimento que teriam feito
da descentralizaccedilatildeo dos lucros natildeo reinvestidos das empresas e das famiacutelias (planos de previdecircncia privados
poupanccedila salarial) um trampolim para a aquisiccedilatildeo de acumulaccedilatildeo financeira de grande proporccedilatildeo
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repasse da sua execuccedilatildeo ao mercado busca a racionalizaccedilatildeo dos recursos e a diminuiccedilatildeo dos
gastos do Estado com as poliacuteticas sociais e educacionais restringindo assim a atuaccedilatildeo das
instituiccedilotildees puacuteblicas o que tem gerado contradiccedilotildees quanto ao papel social do Estado impliacutecito
na Constituiccedilatildeo Federal Brasileira de 1988
A lsquoTerceira viarsquo eacute outra estrateacutegia utilizada pela teoria neoliberal para vencer a crise
Segundo os teoacutericos defensores do neoliberalismo a proposta da Terceira Via pressupotildee um
Estado democraacutetico que tem como principais caracteriacutesticas a ldquodescentralizaccedilatildeo dupla
democratizaccedilatildeo renovaccedilatildeo da esfera puacuteblica-transparecircncia eficiecircncia administrativa
mecanismos de democracia direta e governo como administrador de riscosrdquo (GIDDENS 2001
p 87) Por outro lado Peroni e Caetano (2012) criticam as estrateacutegias da teoria neoliberal que
buscam a racionalizaccedilatildeo dos recursos e o esvaziamento do poder das instituiccedilotildees transferindo
a execuccedilatildeo das poliacuteticas sociais para o terceiro setor ldquoque eacute caracterizado como o puacuteblico natildeo-
estatalrdquo (PERONI CAETANO 2012 p 4) ou seja para a sociedade civil utilizando-se do
discurso da democratizaccedilatildeo e da participaccedilatildeo sem romper com o neoliberalismo
Caracterizada como uma ldquoarena de interesses contraditoacuterios e conflituososrdquo (VIEIRA
2007 p59) a gestatildeo puacuteblica se materializa na praacutetica das poliacuteticas traccediladas pelo poder puacuteblico
qualificando-se como uma ldquotarefa complexa e cheia de meandrosrdquo (VIEIRA 2007 p59)
Vieira (2007) e Paro (2005) compartilham da mesma ideia de que os valores estatildeo impliacutecitos
nas intencionalidades poliacuteticas nas condiccedilotildees dadas para a implementaccedilatildeo onde estaacute a base
material da gestatildeo puacuteblica com recursos materiais e financeiros e ainda de condiccedilotildees poliacuteticas
favoraacuteveis para concretizaccedilatildeo
Acerca desse debate sobre a gestatildeo puacuteblica uma tendecircncia internacional de reformas na
administraccedilatildeo puacuteblica na gestatildeo das poliacuteticas sociais e educacionais vem se formando nos
paiacuteses da Ameacuterica Latina a partir dos anos de 1990 inclusive no Brasil reflexo da crise
mundial que atingiu os paiacuteses centrais na deacutecada de 1980 A introduccedilatildeo de princiacutepios da
administraccedilatildeo empresarial no setor puacuteblico foi uma das mudanccedilas no padratildeo de organizaccedilatildeo e
gestatildeo que Lima (1997) denominou de paradigma da educaccedilatildeo contaacutebil (LIMA 1997 p 43
grifos do autor) Esse paradigma no Brasil se constitui por meio da Terceira Via nas parcerias
puacuteblico-privadas nos ldquonovos contratos de gestatildeordquo na compra de materiais didaacutetico-
pedagoacutegicos do setor privado nas avaliaccedilotildees com foco nos resultados no controle da eficiecircncia
e qualidade das instituiccedilotildees educativas
Essas medidas derivam de dois fatores principais das restriccedilotildees orccedilamentaacuterias dos
Estados em razatildeo do aprofundamento da crise financeira e econocircmica que se espalhara por todo
o mundo globalizado atingindo seu aacutepice em 2008 e da implantaccedilatildeo de princiacutepios do
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ldquomovimento denominado New Public Management (NPM)rdquo (MARINI 2003 p 47) nas accedilotildees
dos governos
O modelo de gestatildeo gerencial ou ainda o termo Nova Gerecircncia Puacuteblica (New Public
Management mdash NPM) eacute frequentemente utilizado em muitos dos paiacuteses-membros25 da
Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econocircmico - OCDE O termo parece
descrever certo tipo de reforma administrativa que sob orientaccedilotildees da OCDE tem contribuiacutedo
para a elaboraccedilatildeo de uma visatildeo mais econocircmica e gerencial da administraccedilatildeo governamental
vinculada aos interesses do mercado capitalista e apoiada pela poliacutetica neoliberal de modo que
natildeo possibilita a participaccedilatildeo de todos Nesses termos o gerencialismo26 seria portanto
O modelo de aplicaccedilatildeo dos princiacutepios gerenciais do setor empresarial privado ao setor
puacuteblico Em termos praacuteticos essa concepccedilatildeo restrita da NPM implica numa ecircnfase da
gerecircncia de contratos na introduccedilatildeo de mecanismos de mercado no setor puacuteblico e na
vinculaccedilatildeo estabelecida entre o pagamento e o desempenho (ORMOND 1999 p73)
Nesse sentido o modelo de gestatildeo gerencial ou gerencialismo importado das empresas
privadas eacute reproduzido para o serviccedilo puacuteblico mesmo quando essa tendecircncia internacional da
administraccedilatildeo natildeo se materializa da mesma forma em todos os paiacuteses que a implantaram Em
alguns paiacuteses esse modelo deu certo e prosperou jaacute em outros encontrou reaccedilatildeo sendo ldquodebatido
ou introduzido gradualmente ou de forma mitigada mas em todo o caso conquistou adeptos
concentrou atenccedilotildees e motivou ataques e resistecircncias como nenhum outrordquo (LIMA 1997 p
47)
A reforma na administraccedilatildeo puacuteblica na perspectiva do gerencialismo de acordo com
Abruacutecio (2010) tem a descentralizaccedilatildeo como um mecanismo adotado internamente pelas
empresas privadas com o objetivo de garantir a eficiecircncia e eficaacutecia no controle da gestatildeo de
resultados no planejamento estrateacutegico no controle por meio de avaliaccedilotildees de desempenho
nacionais estaduais e municipais no controle das accedilotildees individuais (responsabilizaccedilatildeo) e na
emissatildeo de relatoacuterios administrativos
Natildeo diferentemente de outros paiacuteses da Ameacuterica Latina no Brasil Bresser Pereira
(2007) afirma que esse novo modelo vem se estruturando no paiacutes e que envolve organizaccedilotildees
estatais puacuteblicas natildeo estatais corporativas e privadas Essas organizaccedilotildees se relacionam em
25 Paiacuteses membros da OCDE ndash Aacuteustria Beacutelgica Dinamarca Franccedila Greacutecia Islacircndia Irlanda Itaacutelia Luxemburgo
Noruega Paiacuteses Baixos Portugal Reino Unido Sueacutecia Suiacuteccedila Turquia Alemanha Espanha Canadaacute USA Japatildeo
Finlacircndia Austraacutelia Nova Zelacircndia Repuacuteblica Checa Meacutexico Hungria Polocircnia Coreia do Sul Eslovaacutequia
Chile Eslovecircnia e Israel
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redes e essas relaccedilotildees satildeo identificadas como parcerias entre instituiccedilotildees puacuteblico-privadas-
terceiro setor O autor traz referecircncias em defesa desse modelo que segundo ele para o
desenvolvimento do paiacutes eacute necessaacuterio um consenso entre diferentes setores da sociedade O
autor demonstra que ldquoum consenso pleno eacute impossiacutevel mas um consenso que una empresaacuterios
do setor produtivo trabalhadores teacutecnicos do governo e classes meacutedias profissionais - um
acordo nacional portanto ndash estaacute hoje em processo de formaccedilatildeordquo (BRESSER-PEREIRA 2007
p 163)
Assim novas relaccedilotildees entre o Estado o mercado e a sociedade civil se formam no paiacutes
Eacute como uma revoluccedilatildeo passiva que busca rearticular natildeo soacute a produccedilatildeo como tambeacutem regular
as novas relaccedilotildees humanas e sociais pois o controle do capital natildeo incide somente na extraccedilatildeo
da mais-valia mas ainda nessas articulaccedilotildees promovidas em torno de um consenso entre as
classes que organizam essas negociaccedilotildees e acordos no paiacutes
Desde o governo Fernando Henrique Cardoso jaacute vinha se formando um movimento de
ldquoparceriasrdquo que foi prosseguido no governo do Presidente Lula por meio do consenso com o
objetivo de acomodar e harmonizar a governanccedila puacuteblica Nesse sentido o consenso27 entre o
Estado e setores da sociedade civil vem seguindo no sentido de modificar as relaccedilotildees de poder
em um ldquonovo contratordquo em que o setor privado e o terceiro setor passaram a responsabilizar-se
pelos serviccedilos sociais que antes eram de responsabilidade do Estado Esses ldquonovos contratosrdquo
tem como foco princiacutepios gerenciais de mercado baseados na eficiecircncia na eficaacutecia na
flexibilidade dos contratos para atingir os resultados
No proacuteximo toacutepico vamos tratar dessas ldquonovas relaccedilotildeesrdquo que estatildeo ancoradas na
redefiniccedilatildeo do papel do Estado por meio do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado
Brasileiro de 1995 e na participaccedilatildeo das estruturas de poder com significativas implicaccedilotildees no
acircmbito das poliacuteticas educacionais e da gestatildeo da educaccedilatildeo
27 O consenso (ativo ou passivo) numa sociedade capitalista eacute organizado pela burguesia e por liderar esse bloco
deteacutem a hegemonia porque consegue ir aleacutem dos seus interesses econocircmicos imediatos para manter articuladas
forccedilas heterogecircneas numa accedilatildeo essencialmente poliacutetica que impeccedila o rompimento dos contrastes existentes entre
elas (GRAMSCI 2000) O Estado dizia Gramsci eacute sempre uma combinaccedilatildeo dialeacutetica de hegemonia e coerccedilatildeo
assim o exerciacutecio normal da hegemonia no terreno tornado claacutessico do regime parlamentar caracteriza-se pela
combinaccedilatildeo da forccedila e do consenso que se equilibram de modo variado sem que a forccedila suplante muito o consenso
mas ao contraacuterio tentando fazer com que a forccedila pareccedila apoiada no consenso da maioria expresso pelos chamados
oacutergatildeos da opiniatildeo puacuteblica (GRAMSCI 2000 p 95)
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12 A REFORMA DO ESTADO BRASILEIRO E SUAS IMPLICACcedilOtildeES PARA A GESTAtildeO
DA EDUCACcedilAtildeO
Esse toacutepico trata da Reforma do Estado brasileiro e os seus reflexos na educaccedilatildeo
brasileira a partir de dois modelos de gestatildeo o gerencial e o democraacutetico
A ideia de reformar o Estado no Brasil teve iniacutecio nos anos 90 como reflexo da crise
instalada no paiacutes De um lado Bresser Pereira no Plano de Reforma do Aparelho do Estado
brasileiro argumenta que era necessaacuteria e urgente uma reforma de Estado para superar a
ineficiecircncia o burocratismo e o mau serviccedilo prestado agrave populaccedilatildeo principalmente na aacuterea
social A partir de entatildeo dentro de uma visatildeo neoliberal eacute criado durante o governo do
Presidente Fernando Henrique Cardoso pelo entatildeo Ministro Luiz Carlos Bresser Pereira em
1995 o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado Brasileiro (PDRAE) sob a
justificativa de que o Estado deveria assumir um papel menos executor ou prestador direto de
serviccedilos pois a administraccedilatildeo deveria se realizar por meio de ldquocontratos de gestatildeordquo que
definisse com clareza os objetivos ou indicadores de desempenho das instituiccedilotildees puacuteblicas e
permitisse o controle por resultados Desse modo caberia ao Estado ser o oacutergatildeo coordenador
financiador e regulador dos serviccedilos Por outro lado defensores do Estado democraacutetico
contestam que essas medidas afrontam veementemente os direitos sociais jaacute conquistados e
garantidos sob muita luta dos trabalhadores na Constituiccedilatildeo Federal de 1988
Propagando a imagem de que as atividades do setor puacuteblico-estatal natildeo atendem as
necessidades sociais baacutesicas da populaccedilatildeo pois o Estado estaacute ineficiente improdutivo e
antieconocircmico eacute articulado uma Reforma no Estado para que atenda a um novo modelo de
gestatildeo que tem o setor privado como paracircmetro de eficiecircncia efetividade e produtividade
podendo responder agraves demandas sociais de forma menos burocraacutetica e com maior rapidez As
poliacuteticas neoliberais se posicionam contrariamente agraves poliacuteticas distributivas de bem-estar social
e afirmam que o Estado que prioriza essas questotildees sociais eacute visto como um Estado de mal-
estar social Nesse sentido essas poliacuteticas neoliberais trabalham para racionalizar os custos
financeiros do Estado com gastos em sauacutede educaccedilatildeo habitaccedilatildeo transporte puacuteblico pensotildees
e aposentadorias reduzindo ainda as importaccedilotildees e incentivando a exportaccedilatildeo
Segundo Neves (2005) essa teoria de cunho neoliberal se sustentava na tese do ldquoEstado
miacutenimordquo que de produtor direto de bens e serviccedilos o Estado passou a coordenador de
iniciativas privadas ldquointrojetando nas instituiccedilotildees puacuteblicas estatais noccedilotildees de eficiecircncia
produtividade e racionalidade inerentes agrave loacutegica do capital (NEVES 2005 p 92) O caminho
42
que estaacute sendo proposto no PDRAE eacute justamente impor a privatizaccedilatildeo como a principal poliacutetica
de Estado seguindo as orientaccedilotildees internacionais do Banco Mundial e do Fundo Monetaacuterio
Internacional
Essa discussatildeo do Estado de bem-estar social eacute apresentada por Fiori (1997) e
demonstra uma complexa rede de determinaccedilotildees econocircmicas ideoloacutegicas e poliacuteticas que define
e diferencia o Estado de bem-estar social de outras eacutepocas e de outras experiecircncias nacionais
Para o autor a realidade de paiacuteses como os Estados Unidos a Europa o Japatildeo e o Brasil satildeo
diferentes e em razatildeo disso o que se apresenta como o Estado de bem-estar social em um paiacutes
natildeo pode ser padronizado da mesma forma em outro pois deve-se levar em conta algumas
questotildees centrais como ldquoformas de financiamento pela extensatildeo de serviccedilos pelo peso do
setor puacuteblico pelo seu grau de sensibilidade aos sistemas puacuteblicos pela sua forma de
organizaccedilatildeo institucional etcrdquo (FIORI 1997 p 135)
No texto do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado (PDRAE) a proposta de
Reforma do Estado eacute apresentada sob uma nova configuraccedilatildeo na estrutura do Estado que se
divide em trecircs diferentes setores o nuacutecleo estrateacutegico as atividades exclusivas e os serviccedilos
natildeo exclusivos Cada um deles corresponde a um modelo de gestatildeo com diferentes abrangecircncias
e consequecircncias para a democratizaccedilatildeo dos direitos a saber
O Nuacutecleo estrateacutegico - Corresponde ao governo em sentido lato Eacute o setor que define
as leis e as poliacuteticas puacuteblicas e cobra o seu cumprimento Eacute portanto o setor onde as
decisotildees estrateacutegicas satildeo tomadas Corresponde aos Poderes Legislativo e Judiciaacuterio
ao Ministeacuterio Puacuteblico e no poder executivo ao Presidente da Repuacuteblica aos ministros
e aos seus auxiliares e assessores diretos responsaacuteveis pelo planejamento e
formulaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas
Atividades exclusivas - Eacute o setor em que satildeo prestados serviccedilos que soacute o Estado pode
realizar Satildeo serviccedilos em que se exerce o poder extroverso do Estado - o poder de
regulamentar fiscalizar fomentar Como exemplos temos a cobranccedila e fiscalizaccedilatildeo
dos impostos a poliacutecia a previdecircncia social baacutesica o serviccedilo de desemprego a
fiscalizaccedilatildeo do cumprimento de normas sanitaacuterias o serviccedilo de tracircnsito a compra de
serviccedilos de sauacutede pelo Estado o controle do meio ambiente o subsiacutedio agrave educaccedilatildeo
baacutesica o serviccedilo de emissatildeo de passaportes etc
Os Serviccedilos Natildeo Exclusivos - Corresponde ao setor onde o Estado atua
simultaneamente com outras organizaccedilotildees puacuteblicas natildeo-estatais e privadas As
instituiccedilotildees desse setor natildeo possuem o poder de Estado Este entretanto estaacute presente
porque os serviccedilos envolvem direitos humanos fundamentais como os da educaccedilatildeo
e da sauacutede ou porque possuem ldquoeconomias externasrdquo relevantes na medida que
produzem ganhos que natildeo podem ser apropriados por esses serviccedilos atraveacutes do
mercado As economias produzidas imediatamente se espalham para o resto da
sociedade natildeo podendo ser transformadas em lucros Satildeo exemplos deste setor as
universidades os hospitais os centros de pesquisa e os museus (BRASIL MARE
1995 p41) [grifos nossos]
43
No PDRAE o nuacutecleo estrateacutegico corresponde a alta cuacutepula dos trecircs poderes (executivo
legislativo e judiciaacuterio) e seus assessores diretos no paiacutes que satildeo os responsaacuteveis pelo
planejamento das poliacuteticas puacuteblicas a serem implantadas no paiacutes Nos serviccedilos exclusivos estaacute
o poder do Estado como regulamentador fiscalizador e fomentador das poliacuteticas puacuteblicas Os
serviccedilos natildeo-exclusivos onde estatildeo algumas poliacuteticas sociais que antes estavam sobre a atuaccedilatildeo
do Estado passam a ter os serviccedilos oferecidos tambeacutem pelas instituiccedilotildees puacuteblicas natildeo-estatais
e privadas
Ora veja-se que nesses serviccedilos natildeo-exclusivos do Estado estatildeo presentes alguns
direitos humanos fundamentais legalmente constituiacutedos de acordo com a Constituiccedilatildeo Federal
de 1988 como a educaccedilatildeo e a sauacutede Entretanto o PDRAE ao retirar do Estado a
obrigatoriedade na oferta desses serviccedilos essenciais conquistados pela populaccedilatildeo e transferi-lo
para as instituiccedilotildees puacuteblicas natildeo-estatais privadas e terceiro setor estatildeo portanto abrindo
espaccedilos para o setor privado agir Assim com todas as formas de ldquoeficiecircnciardquo e ldquoeficaacuteciardquo que
o setor privado gerencia os seus empreendimentos particulares reproduz-se esse mesmo
modelo principalmente em setores essenciais como a sauacutede e a educaccedilatildeo trazendo para o
serviccedilo puacuteblico uma nova loacutegica de produtividade e competitividade caracteriacutesticas do
neoliberalismo Em defesa dessa flexibilidade da vertente neoliberal Cardoso (2003 p15)
afirma que ldquo() a produccedilatildeo de bens e serviccedilos pode e deve ser transferida agrave sociedade agrave
iniciativa privada com grande eficiecircncia e com menor custo para o consumidorrdquo
O PDRAE sugere a ldquodescentralizaccedilatildeo de serviccedilosrdquo como elemento estimulador da
democratizaccedilatildeo da accedilatildeo estatal no entanto nem sempre funciona pois ela se apresenta muitas
vezes apenas como uma forma mais eficiente de controle dos gastos puacuteblicos Assim sob o
argumento da participaccedilatildeo coletiva toda a sociedade eacute convocada a contribuir com os serviccedilos
que antes eram de responsabilidade do Estado por meio do discurso da ldquoresponsabilidade
socialrdquo e da colaboraccedilatildeo ldquovoluntaacuteriardquo em razatildeo da qual todos passam a ser responsabilizados
pela oferta dos serviccedilos principalmente passando a ideia de eficiecircncia atraveacutes das parcerias
puacuteblico-privadas Esse modelo de Reforma do Estado baseado nos preceitos da mundializaccedilatildeo
do capital nos pressupostos neoliberais influenciaram as reformas tambeacutem no acircmbito
educacional e tem recebido duras criacuteticas de vaacuterios estudiosos da educaccedilatildeo no paiacutes como Neves
(2005) Peroni (2006) Gutierres (2010) Neto e Castro (2011)
Para os autores a redefiniccedilatildeo do papel do Estado tem traccedilado um novo rumo para a
educaccedilatildeo brasileira retirando inclusive direitos legalmente constituiacutedos Em se tratando das
poliacuteticas educacionais esse novo regulamento se propotildee a minimizar e controlar os custos com
44
a educaccedilatildeo e atender ao maior nuacutemero de pessoas com serviccedilos educacionais prestados por
terceiros e natildeo mais como um direito social assegurado pelo Estado
Ao final do entatildeo governo Fernando Henrique Cardoso em 2002 foi eleito para
Presidecircncia da Repuacuteblica Luiz Inaacutecio Lula da Silva dentro de uma coalizatildeo de partidos de
centro-esquerda que abrangeu aleacutem do Partido dos Trabalhadores (PT) o Partido Comunista
do Brasil (PCdoB) o Partido Liberal (PL) o Partido da Mobilizaccedilatildeo Nacional (PMN) e o
Partido Comunista Brasileiro (PCB) Ao final de quatro anos em novo pleito eleitoral Lula da
Silva eacute reeleito em nova coalizatildeo partidaacuteria formada pelo Partido dos Trabalhadores (PT) pelo
Partido Comunista do Brasil (PCdoB) pelo Partido Liberal (PL) e pelo Partido Republicano
Brasileiro (PRB) para uma nova fase de governo que se estendeu ateacute 2010
Com Lula da Silva agrave frente da Presidecircncia da Repuacuteblica (2003-2010) trecircs Ministros de
Estado da Educaccedilatildeo estiveram agrave frente do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo quais sejam Cristovatildeo
Buarque em 2003 Tarso Genro 2004 e 2005 e Fernando Haddad de 2005 a 2010 Na
oportunidade estabeleceram ldquonovasrdquo poliacuteticas puacuteblicas para a educaccedilatildeo durante os oito anos de
governo Lula De acordo com FREITAS e SILVA (2015)
as poliacuteticas educacionais levadas a efeito pelo governo federal ao longo do primeiro
mandato de Lula da Silva agrave frente da Presidecircncia da Repuacuteblica de 2003 a 2007 o que
se apresenta eacute que vaacuterios pressupostos e propostas acabam por reforccedilar seu caraacuteter de
continuidade e reafirmaccedilatildeo da loacutegica do capital e da perspectiva que orientava tais
poliacuteticas desde a uacuteltima deacutecada do seacuteculo XX e primeiros anos do seacuteculo XXI
(FREITAS e SILVA 2015)
Dessa forma o que se observa eacute que o governo Lula da Silva deu continuidade as
poliacuteticas de mercado neoliberal consolidada no processo de globalizaccedilatildeo pelo ainda presidente
Fernando Henrique Cardoso mas que jaacute era tambeacutem reflexos do capital internacional desde os
governos Collor de Mello e Itamar Franco
O iniacutecio do segundo mandato do governo Lula (2007-2010) trouxe um marco
importante apresentado como um novo orientador e como uma nova perspectiva na conduccedilatildeo
das poliacuteticas educacionais com o anuacutencio do Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo e no seu
contexto do Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo
dos Profissionais da Educaccedilatildeo (FUNDEB) instituiacutedo pela Medida Provisoacuteria nordm 3392006 que
posteriormente fora convertida na Lei nordm 114942007
Embora o governo de Lula da Silva e o de sua sucessora Dilma Rousseff tenha
apresentado para o paiacutes uma proposta de crescimento econocircmico e de transferecircncia de renda o
programa de frente poliacutetica denominado por Boito Juacutenior (2012) de ldquoneodesenvolvimentistardquo
45
o qual comeccedilou a se formar no decorrer da deacutecada de 1990 e apresentou contradiccedilotildees frente a
algumas reformas apresenta semelhanccedilas em seus traccedilos mais gerais com as propostas lanccediladas
pelo governo de Fernando Henrique Cardoso no periacuteodo desenvolvimentista e populista28
Boito (2012 p 5) denomina o ldquoneodesenvolvimentismordquo de ldquoo desenvolvimentismo da eacutepoca
do capitalismo neoliberalrdquo e jaacute adverte que o tema eacute complexo Afirma que os governos Lula
da Silva e Dilma Rousseff lanccedilaram matildeo de alguns elementos importantes que ficaram de fora
da proposta do governo de Fernando Henrique Cardoso Senatildeo veja-se
a) poliacuteticas de recuperaccedilatildeo do salaacuterio miacutenimo e de transferecircncia de renda que
aumentaram o poder aquisitivo das camadas mais pobres isto eacute daqueles que
apresentam maior propensatildeo ao consumo b) forte elevaccedilatildeo da dotaccedilatildeo orccedilamentaacuteria
do Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico (BNDES) para financiamento
das grandes empresas nacionais a uma taxa de juro favorecida ou subsidiada c)
poliacutetica externa de apoio agraves grandes empresas brasileiras ou instaladas no Brasil para
exportaccedilatildeo de mercadorias e de capitais (DALLA COSTA 2012) d) poliacutetica
econocircmica anticiacuteclica ndash medidas para manter a demanda agregada nos momentos de
crise econocircmica e e) incremento do investimento estatal em infraestrutura (BOITO
2012 p5)
Esses elementos econocircmicos na poliacutetica buscavam o crescimento econocircmico do
capitalismo brasileiro com alguma transferecircncia de renda embora o faccedila sem romper com os
limites dados pelo modelo econocircmico neoliberal vigente no paiacutes O neodesenvolvimentismo
seria nessa loacutegica dos governos Lula da Silva e Dilma Rousseff a poliacutetica de desenvolvimento
possiacutevel dentro dos limites dados pelo modelo capitalista neoliberal
Nessa loacutegica Neto e Castro (2011) afirmam que o PDRAE insere-se na loacutegica desse
processo de adaptaccedilatildeo agraves novas exigecircncias do capital ao mesmo tempo em que o Estado deixa
de ser o responsaacutevel direto pelo desenvolvimento econocircmico e social cedendo para o mercado
essa tarefa para se fortalecer na funccedilatildeo de promotor e regulador desse desenvolvimento Nesta
direccedilatildeo a reforma educacional em consonacircncia com as orientaccedilotildees mercadoloacutegicas tem
priorizado os seguintes eixos
a) focalizaccedilatildeo de programas ndash procura-se substituir o acesso universal aos direitos
sociais e bens puacuteblicos por acesso seletivo b) descentralizaccedilatildeo ndash possibilita a
utilizaccedilatildeo de estrateacutegias para propiciar a democratizaccedilatildeo do Estado e a busca de maior
justiccedila social c) privatizaccedilatildeo ndash entendida no seu sentido mais amplo como a
transferecircncia das responsabilidades puacuteblicas para organizaccedilotildees ou entidades privada
d) desregulamentaccedilatildeo ndash que tem por objetivo criar um novo quadro legal com vistas
a diminuir a interferecircncia dos poderes puacuteblicos sobre os empreendimentos
educacionais privados (NETO e CASTRO 2011 p 2)
28 Consultar o texto na iacutentegra As bases poliacuteticas do neodesenvolvimentismo (BOITO 2012)
46
Essas diretrizes vecircm influenciando a poliacutetica educacional que tem interferido
diretamente na organizaccedilatildeo e na gestatildeo do sistema educacional na formulaccedilatildeo e na conduccedilatildeo
das poliacuteticas determinando novos papeacuteis e funccedilotildees para os profissionais da educaccedilatildeo em todos
os niacuteveis de atuaccedilatildeo
Nesse contexto podemos afirmar que essas reformas neoliberais de ldquoajustesrdquo estrutural
presentes no Plano Diretor de Reforma do Aparelho do Estado Brasileiro trazem o modelo de
gestatildeo com base no gerencialismo que com o apoio dos organismos internacionais
influenciados pelo Banco Mundial (BM) e pelo Fundo Monetaacuterio Internacional (FMI)
apresentaram elementos conceituais para uma visatildeo mais econocircmica e gerencial da
administraccedilatildeo puacuteblica com ecircnfase na gerecircncia de contratos com instituiccedilotildees privadas na
introduccedilatildeo de mecanismos de mercado no setor puacuteblico e a vinculaccedilatildeo da remuneraccedilatildeo com o
desempenho
121 As Poliacuteticas Educacionais no Brasil e a Gestatildeo da Educaccedilatildeo
Primeiramente faz-se necessaacuterio esclarecer que natildeo existem poliacuteticas puacuteblicas sem
poliacutetica As poliacuteticas puacuteblicas se referem pois as iniciativas governamentais as diretrizes os
programas os planos e as accedilotildees que estatildeo vinculadas aos interesses de uma determinada
sociedade Uma poliacutetica educacional eacute um caso particular de poliacutetica social uma vez que trata
das questotildees educacionais e busca dar condiccedilotildees para que as iniciativas governamentais sejam
aplicadas Para tanto o planejamento e a gestatildeo dessa poliacutetica educacional precisa ser bem
formulado Segundo Camini (2009)
a poliacutetica e as poliacuteticas implementadas percorrem um trajeto na sua construccedilatildeo que
natildeo eacute linear por que eacute feito de movimentaccedilatildeo com oscilaccedilotildees avanccedilos e recuos
estando sujeitas a mudanccedilas acreacutescimos e supressotildees sofrendo portanto influecircncias
em todas as suas fases dependendo dos contextos e sujeitos envolvidos no processo
de formulaccedilatildeo e execuccedilatildeo (CAMINI 2009 p 22)
A elaboraccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas educacionais reflete um campo de disputa de vaacuterios
interesses muitas vezes antagocircnicos entre os sujeitos que se mobilizam para materializar as
poliacuteticas que possam beneficiar os seus interesses individuais plurais ou de um grupo Embora
essa materialidade esteja nos registros escritos ndash oficiais ou natildeo ndash organizados por sujeitos que
47
ali participaram do planejamento da poliacutetica isso natildeo quer dizer que elas sejam implementadas
Rua (1997) afirma que
A rigor uma decisatildeo em poliacutetica puacuteblica representa apenas um amontoado de
intenccedilotildees sobre a soluccedilatildeo de um problema expressas na forma de determinaccedilotildees
legais decretos resoluccedilotildees etc etc Nada disso garante que a decisatildeo se transforme
em accedilatildeo e que a demanda que deu origem ao processo seja efetivamente atendida Ou
seja natildeo existe um viacutenculo ou relaccedilatildeo direta entre o fato de uma decisatildeo ter sido
tomada e a sua implementaccedilatildeo E tambeacutem natildeo existe relaccedilatildeo ou viacutenculo direto entre
o conteuacutedo da decisatildeo e o resultado da implementaccedilatildeo (RUA 1997 p11)
As poliacuteticas nacionais nesse caso destaca-se o objeto deste estudo o Plano de Metas
Compromisso Todos Pela EducaccedilatildeoPlano de Accedilotildees Articuladas eacute um conjunto de intenccedilotildees de
uma poliacutetica governamental viabilizada por meio de decreto presidencial que natildeo explica a
origem da poliacutetica e nem o seu fim O Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica (IDEB)
eacute um indicador para verificaccedilatildeo do cumprimento das metas fixadas por esta poliacutetica por meio
do Termo de Adesatildeo ao Compromisso Todos Pela Educaccedilatildeo ndash eixo do Plano de
Desenvolvimento da Educaccedilatildeo ndash como um meio de justificar a implantaccedilatildeo da poliacutetica em todos
os estados e municiacutepios do paiacutes Para viabilizar a implantaccedilatildeo dessa poliacutetica eacute apresentado o
Plano de Accedilotildees Articuladas um instrumento destinado aos estados e municiacutepios para fazer o
planejamento da educaccedilatildeo de forma a atender a metas fixadas por esta poliacutetica Eacute certo que
uma poliacutetica dessa proporccedilatildeo traz consigo uma complexidade na implantaccedilatildeo Tratar-se-aacute deste
tema mais especificamente na 2ordf sessatildeo desse estudo
As intenccedilotildees dos governos e da sociedade civil se diferem e se revelam no processo
histoacuterico da democracia no Brasil A democracia tem se revelado com significados e conceitos
diferenciados em muitos espaccedilos e sob diferentes formas na educaccedilatildeo por exemplo
lsquomodismosrsquo tomam conta da educaccedilatildeo puacuteblica e afirmam serem democraacuteticos Monteiro (2007)
explica
A palavra democracia eacute polissecircmica podendo pois possuir vaacuterios significados
dependendo dos interesses particulares de quem a encampa moldando o discurso
democraacutetico a diferentes situaccedilotildees e pode ser utilizada ateacute para designar coisas
antagocircnicas Os poliacuteticos brasileiros por exemplo soacute consideram anti-democraacuteticos
os outros Mas uma coisa eacute comum falar em democracia envolve sempre algo de
positividade de liberdade (MONTEIRO 2007 p 55)
Nesse contexto moldam-se os discursos democraacuteticos dependendo dos interesses
particulares No Brasil nos paiacuteses da Europa e em outros paiacuteses latino-americanos os partidos
de esquerda e os partidos mais progressistas tecircm assumido a bandeira da democracia como valor
48
universal no caso do Brasil essa bandeira se fortaleceu devido ao longo periacuteodo de ditadura
militar no paiacutes que perdurou por vinte e um anos (1964-1985) Entretanto as criacuteticas a esse
modelo satildeo de ordem principalmente capitalista que propagam ldquoa ideologia do Estado neutro
a serviccedilo do bem comum o que se constitui numa falaacuteciardquo (MONTEIRO 2007 p 56)
A democracia deve ser vista em um panorama mais amplo e natildeo somente como um valor
universal representada atraveacutes das eleiccedilotildees diretas livres como se automaticamente essas
relaccedilotildees se transformassem Segundo Coutinho (2002 p17) ldquoo que tem valor universal eacute esse
processo de democratizaccedilatildeo que se expressa essencialmente numa crescente socializaccedilatildeo da
participaccedilatildeo poliacuteticardquo No Brasil os defensores do neoliberalismo afirmam que jaacute estamos
vivendo a democracia com a globalizaccedilatildeo o acesso a informaccedilatildeo a participaccedilatildeo no mercado
de trabalho etc por outro lado os defensores mais da esquerda oferecem resistecircncia de que a
democracia deve ser defendida como um valor universal e que ela precisa ser ampliada e
qualificada para evitar o reaparecimento de governos autoritaacuterios e a volta da ditadura Ou seja
para existir uma democratizaccedilatildeo plena eacute necessaacuteria uma combinaccedilatildeo de elementos essenciais
como ldquoa socializaccedilatildeo da participaccedilatildeo poliacutetica com a socializaccedilatildeo do poder o que significa que
a plena realizaccedilatildeo da democracia implica a superaccedilatildeo da ordem social capitalista da
apropriaccedilatildeo privada natildeo soacute dos meios de produccedilatildeo mas tambeacutem do poder de Estado []rdquo
(COUTINHO 2002 p 17) A conquista de uma democracia direta e participativa deve comeccedilar
na escola como um aprendizado sendo por isso importante a participaccedilatildeo e a abertura de
espaccedilos organizados de participaccedilatildeo no seu interior para que os sujeitos escolares que estatildeo
envolvidos nos processos possam debater e tomar suas decisotildees
Em se tratando da educaccedilatildeo puacuteblica nos uacuteltimos anos considera-se indispensaacutevel
relembrar as lutas histoacutericas para a institucionalizaccedilatildeo da gestatildeo democraacutetica como princiacutepio
da educaccedilatildeo que foi inscrita na Constituiccedilatildeo Federal Brasileira de 1988 apoacutes forte pressatildeo dos
educadores que participaram da IV Conferecircncia Brasileira de Educaccedilatildeo (CBE) em 1986
oportunidade em que escreveram uma Carta conhecida como ldquoCarta de Goiacircniardquo a qual
solicitava que fossem inseridos na Constituiccedilatildeo vinte e um princiacutepios baacutesicos que atualmente
entravam a efetiva democratizaccedilatildeo da sociedade Poreacutem o texto da Constituiccedilatildeo Federal
Brasileira de 1988 resumiu toda a solicitaccedilatildeo dos educadores organizados na simples expressatildeo
ldquogestatildeo democraacutetica do ensino puacuteblico na forma da leirdquo A Lei de Diretrizes e Bases da
Educaccedilatildeo Nacional (LDBEN) de 1996 que eacute a Lei da educaccedilatildeo no paiacutes em seu art 14 tambeacutem
soacute reafirmou o princiacutepio da gestatildeo democraacutetica com a seguinte redaccedilatildeo ldquoI - participaccedilatildeo dos
profissionais da educaccedilatildeo na elaboraccedilatildeo dos projetos pedagoacutegicos da escolardquo e II - a
ldquoparticipaccedilatildeo das comunidades escolar e local em Conselhos Escolares ou equivalentesrdquo No
49
art 15 destaca-se ldquoos sistemas de ensino asseguraratildeo agraves unidades escolares puacuteblicas de
educaccedilatildeo baacutesica que os integram progressivos graus de autonomia pedagoacutegica e administrativa
e de gestatildeo financeira observadas as normas gerais de direito financeiro puacuteblicordquo (BRASIL
1996 p 8)
Dessa forma a Constituiccedilatildeo Federal e a LDB trataram rapidamente e natildeo detalharam
como se daria a forma de regulamentaccedilatildeo e legitimaccedilatildeo da gestatildeo democraacutetica aleacutem de natildeo
apontarem como se daria a criaccedilatildeo de oacutergatildeos colegiados que poderiam contribuir com o debate
democraacutetico e participativo com o controle social das obrigaccedilotildees do Estado para com a
educaccedilatildeo puacuteblica Entretanto vemos alguns sinais de flexibilizaccedilatildeo presentes na LDB
orientados pela Reforma do Estado na educaccedilatildeo como a flexibilizaccedilatildeo curricular flexibilizaccedilatildeo
nas questotildees administrativas e financeiras da escola com a implementaccedilatildeo dos processos de
descentralizaccedilatildeo e da autonomia para as redes escolares e ainda a possibilidade de aceleraccedilatildeo e
aproveitamento de estudos avanccedilo de seacuteries de estudos
Poreacutem natildeo podemos afirmar que existe na praacutetica uma gestatildeo democraacutetica nas escolas
sem a participaccedilatildeo ativa dos envolvidos nos debates e na construccedilatildeo de uma cultura social e
poliacutetica que viabilize a implantaccedilatildeo e a atuaccedilatildeo efetiva dos conselhos de controle social com
autonomia pedagoacutegica administrativa e financeira Nos casos em que a gestatildeo natildeo eacute
compartilhada estamos diante de uma falsa gestatildeo democraacutetica Para Cury (1997 p 201) a
gestatildeo ldquonatildeo eacute soacute o ato de administrar um bem fora de si mas algo que se traz em si por que
nele estaacute contido E o conteuacutedo do seu bem eacute a proacutepria capacidade de participaccedilatildeo sinal maior
da democraciardquo
Como um princiacutepio constitucional a gestatildeo democraacutetica atinge a totalidade do ensino
puacuteblico Para isso eacute necessaacuterio democratizar as escolas e toda a estrutura dos sistemas de ensino
em toda a sua organizaccedilatildeo atraveacutes dos mecanismos potencializadores de gestatildeo democraacutetica
que possibilitem a interaccedilatildeo uns com os outros e natildeo serem atos isolados Esses mecanismos
democratizadores que permitem a participaccedilatildeo na gestatildeo da escola satildeo a ldquoeleiccedilatildeo de diretores
a instalaccedilatildeo de conselhos escolares deliberativos descentralizaccedilatildeo administrativa financeira e
pedagoacutegicardquo (MENDONCcedilA 2000 p21) Cabe refletir que a escola eacute uma instituiccedilatildeo que tem
potencial poliacutetico e social portanto quando ela natildeo eacute democratizada atraveacutes da participaccedilatildeo
ela eacute moldada para atender aos interesses econocircmicos e patrimonialista da elite dominante
desprezando os reais objetivos especiacuteficos da educaccedilatildeo a formaccedilatildeo humana
Por outro lado os estudos recentes de Barroso (1996) e Dourado (2007) tecircm
demonstrado que os discursos tanto governamental quanto o empresarial se encontram na
necessidade de estimular a autonomia da escola a partir da gestatildeo da educaccedilatildeo baacutesica E assim
50
controlar os sistemas educacionais atraveacutes dos instrumentos nacionais de avaliaccedilatildeo (ENEM
ENADE IDEB) A estimulaccedilatildeo da participaccedilatildeo da comunidade escolar na resoluccedilatildeo de
questotildees administrativas financeiras e voluntaacuterias da escola tem sido uma estrateacutegia que vai
ldquono sentido de transferir poderes e funccedilotildees do niacutevel nacional e regional para o niacutevel local
reconhecendo a escola como um lugar central de gestatildeo e a comunidade local (em particular os
pais dos alunos) como um parceiro essencial na tomada de decisatildeordquo (BARROSO 1996 p02)
Nesse contexto observamos a contradiccedilatildeo em que se assenta a implantaccedilatildeo do Plano de
Accedilotildees Articuladas nos estados e municiacutepios longe de se constituir aos olhos do movimento
dos educadores como uma praacutetica democraacutetica de gestatildeo o PAR que eacute um instrumento de
planejamento presente no Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo constituiu-se e
implementou-se sem levar em consideraccedilatildeo a participaccedilatildeo no debate coletivo com os estados e
municiacutepios na construccedilatildeo desse instrumento mas que foi uma decisatildeo poliacutetica sustentada no
consentimento social
No aspecto poliacutetico Gutierres (2010 p70) afirma que a ldquogestatildeo envolve assimetrias de
poder soacute passiacuteveis de serem minimizadas pela gestatildeo democraacutetica que muito mais do que
compartilhamento de tarefas supotildee divisatildeo de poder de respeito muacutetuo pela condiccedilatildeo de
sujeito de todos os que participam do processordquo Dessa forma a participaccedilatildeo eacute imprescindiacutevel
para que haja de fato a democracia o que a constitui um dos requisitos principais Para que os
processos de gestatildeo democraacutetica da escola sejam atingidos eacute necessaacuterio que as estruturas de
poder do sistema de ensino tenham como base mecanismos de participaccedilatildeo nos processos de
deliberaccedilotildees colegiadas
Em oposiccedilatildeo ao modelo de gestatildeo democraacutetica que valoriza a participaccedilatildeo da sociedade
na efetivaccedilatildeo de praacuteticas de democratizaccedilatildeo da educaccedilatildeo o modelo de gestatildeo gerencialista
admite e prioriza os interesses privados sobre o puacuteblico gerando a desobrigaccedilatildeo do Estado
quanto agraves suas responsabilidades ao mesmo tempo em que adota e aceita mecanismos de
controle privados como a avaliaccedilatildeo e os resultados
Todavia o que tem se observado no Brasil nas uacuteltimas deacutecadas eacute a convivecircncia teoacuterica
desses dois modelos de gestatildeo da educaccedilatildeo a gestatildeo democraacutetica e a gestatildeo gerencialista
Essas perspectivas tecircm se materializado no Plano de Reforma do Estado de 1995 e nas poliacuteticas
educacionais de governo implantadas atraveacutes do Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo do
Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo e do Plano de Accedilotildees Articuladas os quais
cercam este objeto de estudo Poreacutem para que essas poliacuteticas de gestatildeo da educaccedilatildeo se
materializem tanto na perspectiva democraacutetica quanto na gerencial alguns mecanismos de
51
poder satildeo utilizados em diferentes contextos e espaccedilos e ateacute dialogando entre si sob as diversas
formas que buscam representar uma educaccedilatildeo democratizada Eacute o que se vecirc a seguir
13 DESCENTRALIZACcedilAtildeO AUTONOMIA E PARTICIPACcedilAtildeO MECANISMOS DE
DEMOCRATIZACcedilAtildeO DAS ESTRUTURAS DE PODER
Nesse toacutepico discutir-se-atildeo acerca dos trecircs mecanismos de democratizaccedilatildeo a
descentralizaccedilatildeo a autonomia e a participaccedilatildeo e as suas formas de materialidade na poliacutetica e
na gestatildeo da educaccedilatildeo
131 Descentralizaccedilatildeo
O termo ldquodescentralizaccedilatildeordquo tem sido cada vez mais incorporado pelas poliacuteticas puacuteblicas
educacionais que sem infringir as regras de harmonia do conceito caracteriza-se como a natildeo
centralizaccedilatildeo da gestatildeo autoritaacuteria Entretanto esse conceito guarda ambiguidades pois no
Brasil o Plano Diretor de Reforma do Estado Brasileiro (PDRAE) reconfigurou as funccedilotildees do
Estado descentralizando-a para a administraccedilatildeo puacuteblica embora nesse modo o que se tem eacute
uma desconcentraccedilatildeo de tarefas
Na educaccedilatildeo a descentralizaccedilatildeo como em vaacuterios paiacuteses evoluiu em duas direccedilotildees
opostas um movimento de centralizaccedilatildeo e paralelamente transferecircncia de novas competecircncias
para a escola No caso do Brasil como entes federativos os municiacutepios ldquoresguardados pelo
princiacutepio da soberania assumem a gestatildeo de poliacuteticas puacuteblicas sob a prerrogativa de adesatildeo
precisando portanto ser incentivados para talrdquo (ARRETCHE 1999 p 114)
De modo a favorecer a compreensatildeo das ambiguidades do termo descentralizaccedilatildeo
Novaes e Fialho (2010 p 586) apresentam quatro variaccedilotildees sendo a) desconcentraccedilatildeo se
caracteriza pela transferecircncia ou delegaccedilatildeo de autoridade ou ainda de competecircncias de accedilatildeo
do governo central para as regiotildees e localidades b) delegaccedilatildeo manteacutem uma cadeia hieraacuterquica
que toma as decisotildees e transfere responsabilidades no entanto a autoridade se mantem sobre o
controle da unidade que a delegou c) devoluccedilatildeo caracteriza-se pelo fortalecimento e
autonomia dos governos regionais e locais que natildeo requer o controle direto do governo central
e d) a privatizaccedilatildeo caracterizada pela progressiva transferecircncia de controle governamental da
educaccedilatildeo convertendo as escolas puacuteblicas em escolas privadas
52
Neto e Castro (2011) afirmam que o processo de descentralizaccedilatildeo atualmente em
desenvolvimento no sistema educacional natildeo foi necessariamente resultado das conquistas
democraacuteticas por parte dos movimentos sociais O que tem ocorrido eacute que na educaccedilatildeo a
descentralizaccedilatildeo tem reduzido a accedilatildeo estatal de praacuteticas de gestatildeo proacuteprias do setor privado e
com isso procura-se diminuir a hierarquia propiciando a entrada do setor privado no sistema
possibilitando decisotildees mais proacuteximas do local de execuccedilatildeo dessas poliacuteticas
A descentralizaccedilatildeo a partir do modelo federativo brasileiro acarretou um niacutevel de
autonomia poliacutetica para os estados e municiacutepios inclusive na formulaccedilatildeo de poliacuteticas locais
devido agraves propostas de separaccedilatildeo nos arranjos institucionais O desenho do federalismo
brasileiro apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 determina a inclusatildeo do municiacutepio como ente
federativo29 O art 18 define a Organizaccedilatildeo Poliacutetico-Administrativa do Estado e prevecirc que ldquoA
organizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa da Repuacuteblica Federativa do Brasil compreende a Uniatildeo os
Estados o Distrito Federal e os municiacutepios todos autocircnomos nos termos desta constituiccedilatildeordquo
(CFBRASIL 1988) Uma federaccedilatildeo para Cury (2010) eacute a uniatildeo de membros federados que
formam uma soacute entidade soberana que seria o Estado Nacional no qual as unidades federadas
subnacionais (estados e municiacutepios) no caso do Brasil gozam de autonomia dentro dos limites
jurisdicionais atribuiacutedos e especificados
Um caso de descentralizaccedilatildeodesconcentraccedilatildeo de tarefas se daacute na administraccedilatildeo das
escolas ndash agora financiadas pelos municiacutepios ndash no Brasil estaacute sob a responsabilidade das
secretarias municipais de educaccedilatildeo que entre as suas principais funccedilotildees estatildeo definir as
poliacuteticas municipais de educaccedilatildeo e estabelecer por meio do plano municipal de educaccedilatildeo as
prioridades as estrateacutegias e as accedilotildees necessaacuterias para cumprir seu compromisso legal Cada
municiacutepio pode optar por criar seu proacuteprio sistema de ensino ou integrar-se ao sistema estadual
Para dar materialidade agrave descentralizaccedilatildeo da gestatildeo na perspectiva da democratizaccedilatildeo
nos uacuteltimos anos vem sendo implementada a poliacutetica de criaccedilatildeo de conselhos em acircmbito
municipal e escolar no Brasil Os municiacutepios que optam por criar seu proacuteprio sistema podem
ter seu oacutergatildeo consultivo o Conselho Municipal de Educaccedilatildeo um organismo colegiado
integrado por representantes da comunidade e da administraccedilatildeo puacuteblica que atua como
mediador entre a sociedade civil e o poder executivo local na discussatildeo elaboraccedilatildeo e
implementaccedilatildeo da poliacutetica de educaccedilatildeo municipal (MORDUCHOWICZ ARANGO 2010)
29 O Art 1ordm da Constituiccedilatildeo Federal apresenta a seguinte redaccedilatildeo ldquoA Repuacuteblica Federativa do Brasil formada
pela uniatildeo indissoluacutevel dos Estados Municiacutepios e Distrito Federal constitui-se em Estado democraacutetico de direito
(BRASIL 1988)
53
Com a implantaccedilatildeo dos conselhos nas unidades escolares estas passam a ter a
autonomia para tomarem decisotildees de problemas administrativos pedagoacutegicos e financeiros e
devem prestar contas ao poder central ndash governo federal ndash pelo sucesso ou fracasso das suas
decisotildees que atraveacutes da assinatura dos ldquocontratos de gestatildeordquo de ldquotermos de adesatildeordquo agraves poliacuteticas
neoliberais e das decisotildees colegiadas responsabilizam-se pelo andamento das unidades
escolares Nesse sentido o que haacute eacute uma desconcentraccedilatildeo de poder com a delegaccedilatildeo de tarefas
para as unidades escolares sendo o governo federal o oacutergatildeo regulador e centralizador da
poliacutetica
As propostas de mudanccedilas nos arranjos institucionais satildeo mais difiacuteceis de serem
concretizadas no federalismo No caso do Brasil as constituiccedilotildees brasileiras natildeo preveem regras
para secessatildeo A esse respeito a Constituiccedilatildeo de 1988 define que nenhuma emenda
constitucional poderaacute abolir ldquoa forma federativa do Estadordquo (CF88 art 60 inciso I do sect 4ordm)
tornando-se essa uma claacuteusula peacutetrea30 Jaacute no caso dos formatos institucionais mais flexiacuteveis
ldquoa descentralizaccedilatildeo supotildee um movimento no qual uma autoridade central devolve ou delega
poderes mas natildeo apenas isso se tais poderes jaacute estatildeo descentralizados pode recentralizaacute-losrdquo
(KINCAID 2002 apud MORDUCHOWICZ ARANGO 2010 p126)
Segundo Cury (2010 p153) existem trecircs modelos de federalismo primeiro o
federalismo centriacutepeto que se caracteriza pelo fortalecimento do poder da Uniatildeo segundo o
federalismo centriacutefugo no qual haacute um fortalecimento do poder do Estado membro sobre o da
Uniatildeo com uma consideraacutevel autonomia daqueles e terceiro o federalismo de cooperaccedilatildeo no
qual se busca um equiliacutebrio de poderes entre a Uniatildeo e os Estados-membros estabelecendo
laccedilos de colaboraccedilatildeo na distribuiccedilatildeo das muacuteltiplas competecircncias por meio de atividades
planejadas e articuladas entre si objetivando fins comuns
Nesse caso o federalismo de cooperaccedilatildeo eacute o que se assemelha a poliacutetica proposta no
PMCTPE e na construccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) que a partir da adesatildeo pelos
municiacutepios ao Compromisso propotildee um regime de colaboraccedilatildeo embora na praacutetica a execuccedilatildeo
do PAR seja permeada de contradiccedilotildees entre discursos democraacuteticos praacuteticas centralizadoras e
colaboraccedilatildeo entre os entes federativos
As reformas educativas na deacutecada de 1990 ldquoredimensionam a polaridade centralizaccedilatildeo-
descentralizaccedilatildeordquo (OLIVEIRA 2000 p 13) isto eacute enquanto se descentralizava a gestatildeo e o
30 De acordo com Gutierres (2015) as claacuteusulas peacutetreas satildeo assim denominadas porque natildeo podem ser modificadas
por meio de emendas Constitucionais sob pena de se alterar a configuraccedilatildeo do Estado de Direito o que soacute pode
ser feito mediante uma nova Constituiccedilatildeo Aleacutem da forma federativa de Estado o artigo 60 da CF88 menciona
como claacuteusulas peacutetreas o voto direto secreto universal e perioacutedico a separaccedilatildeo dos Poderes os direitos e
garantias individuais
54
financiamento com o advento do FUNDEFFUNDEB centralizava-se o processo de avaliaccedilatildeo
e controle do sistema estabelecendo-se ldquopadrotildees de qualidaderdquo sob a afericcedilatildeo pelos criteacuterios
do mercado atraveacutes de diversos instrumentos que vatildeo de exames padronizados a construccedilatildeo de
indicadores sobre a infraestrutura ao corpo docente e discente
132 Autonomia
A autonomia estaacute presente na gestatildeo da educaccedilatildeo entretanto cada modelo de gestatildeo
tanto o democraacutetico como o gerencial apresentam a sua bandeira dentro das suas concepccedilotildees
sobre o que seria a autonomia e de como ela se revela no seu modelo de gestatildeo a partir da
concepccedilatildeo teoacuterica empregada
Na perspectiva da gestatildeo gerencial a concepccedilatildeo de autonomia apresenta-se como uma
contraposiccedilatildeo agrave centralizaccedilatildeo e agrave burocratizaccedilatildeo aleacutem de estar relacionada agrave liberdade para
captar recursos no mercado E ainda eacute imputada a responsabilidade no gestor pelo sucesso ou
fracasso e natildeo do sistema como um todo dessa forma o gestor passar a ser o uacutenico responsaacutevel
pelas accedilotildees produtos decisotildees e eacute obrigado a prestar contas das metas a serem alcanccediladas
assim como os professores ou seja o rendimento escolar e as metas atendem as regras preacute-
estabelecidas pelo mercado
Nesse modelo de gestatildeo gerencialista a ldquoautonomia eacute individualrdquo eacute centralizada no
gestor a autoridade capaz de exercecirc-la Esse tipo de autonomia eacute denominado por Afonso
(2010) de ldquoautonomia do cheferdquo em detrimento da ldquoautonomia institucionalrdquo que pressupotildee o
coletivo e nesse caso
Trata-se de uma autoridade cuja legitimidade adveacutem agora da revalorizaccedilatildeo neoliberal
do direito de gerir ndash direito esse por sua vez apresentado como altamente convergente
com a ideia conservadora que vecirc a gestatildeo como uma espeacutecie de tecnologia moral a
serviccedilo da ordem social poliacutetica e econocircmica (AFONSO 2010 p13)
A autonomia da administraccedilatildeo por maior que pareccedila ser eacute sempre uma autonomia
relativa jaacute que estaacute sempre ligada aos objetivos da coisa administrada No capitalismo tem
como objetivo o capital e natildeo lhe eacute concedida a liberdade de contrariar os interesses da
propriedade privada e das classes detentoras do poder poliacutetico e econocircmico
Nesse contexto as unidades escolares tambeacutem tecircm sido submetidas agrave loacutegica imediatista
mercantil com a inclusatildeo de poliacuteticas puacuteblicas resultantes da reforma educacional como os
Paracircmetros Curriculares Nacionais as parcerias puacuteblico-privadas entre o Instituto Ayrton
55
Senna e as redes municipais de ensino A poliacutetica governamental brasileira vem
descaracterizando a autonomia da escola pois os documentos proposto nesses dois exemplos
apontam para o
planejamento de ensino bem como a realizaccedilatildeo de programas de capacitaccedilatildeo docente
que fazem parte de uma nova relaccedilatildeo Estadosociedade conduzida pelo projeto
neoliberal tentando provocar uma participaccedilatildeo direta entre instituiccedilotildees e trabalhador
valorizando a accedilatildeo do ldquoterceiro setorrdquo e descartando a accedilatildeo dos sindicatos e
associaccedilotildees representativas num movimento estrateacutegico de formaccedilatildeo de consenso
(CAMINI 2009 p 46)
Essa centralizaccedilatildeo na definiccedilatildeo da operacionalizaccedilatildeo das poliacuteticas educacionais afetam
o funcionamento da autonomia da escola enquanto instituiccedilatildeo de caraacuteter puacuteblico Nesses
documentos e em propostas pedagoacutegicas tecircm demarcado conteuacutedos que atendem a loacutegica do
mercado e da poliacutetica implantada poreacutem todos com discursos muito teacutecnicos
A autonomia escolar na concepccedilatildeo democraacutetica eacute para Barroso (2013 p 26-27) ldquoum
campo de forccedilas onde se confrontam e se equilibram diferentes detentores de influecircncia
(interna e externa) dos quais se destacam o governo a administraccedilatildeo professores alunos pais
e outros membros da sociedade localrdquo E essa coletividade se edifica na ldquoconfluecircncia de vaacuterias
loacutegicas e interesses sejam poliacuteticos gestionaacuterios profissionais e pedagoacutegicos (BARROSO
2013 p167)
A autonomia escolar tatildeo defendida nos discursos oficiais como diretriz de uma poliacutetica
de governo exige a superaccedilatildeo da centralizaccedilatildeo e a uniformizaccedilatildeo Eacute necessaacuterio que os sistemas
se organizem para que as estruturas formais do sistema permitam um novo tipo de
relacionamento com a participaccedilatildeo ativa das escolas dialogando com os sistemas de educaccedilatildeo
a partir das suas realidades (MENDONCcedilA 2000)
Barroso (2013) afirma que as escolas satildeo espaccedilos privilegiados para o diaacutelogo e a
construccedilatildeo da sua identidade e autonomia pois atraveacutes da participaccedilatildeo coletiva da comunidade
na elaboraccedilatildeo do Projeto Poliacutetico-Pedagoacutegico eacute um dos principais mecanismos apontados
como momentos de expressatildeo coletiva da comunidade escolar na busca da sua identidade e de
sua autonomia O autor ainda nos revela que a autonomia pressupotildee a liberdade (e capacidade)
de decidir ela natildeo se confunde com a ldquoindependecircnciardquo assim a autonomia eacute um conceito
relativo
56
133 Participaccedilatildeo
A participaccedilatildeo eacute um dos principais mecanismos de democratizaccedilatildeo natildeo eacute um conteuacutedo
que se possa transmitir mas uma mentalidade e um comportamento com ele coerente Eacute uma
vivecircncia coletiva de modo que somente se pode aprender na praacutexis grupal ou seja soacute se aprende
a participar participando A participaccedilatildeo eacute entatildeo entendida como uma necessidade humana e
como um elemento central da vida poliacutetica contemporacircnea (BORDENAVE 2013)
O significado de participaccedilatildeo possui sentidos diferenciados ldquoincluindo desde
comunicar anunciar informar e fazer saber ateacute tomar-se parte e associar-se (WERLE 2003
p 19) Nesse sentido a participaccedilatildeo supotildee a relaccedilatildeo entre sujeitos autocircnomos que trocam
experiecircncias vivecircncias que estabelecem diaacutelogo e que em grupo constroem o conhecimento e
se reconstroem Eacute um mecanismo importante para a concretizaccedilatildeo das finalidades da educaccedilatildeo
e a implantaccedilatildeo da gestatildeo democraacutetica que surgiu no campo das relaccedilotildees sociais em meados de
1980 como uma forma de mediaccedilatildeo para combater as posturas autoritaacuterias e hieraacuterquicas dos
diretores de escola advindas da teoria claacutessica da administraccedilatildeo na deacutecada de 1970 (PARO
2005 ADRIAtildeO e CAMARGO 2007)
Por outro lado Chaves e Gutierres (2014) afirmam que o conceito de participaccedilatildeo foi
ressignificado a partir da concepccedilatildeo neoliberal como uma forma de incorporaacute-la ao sistema
gerencial que longe dos objetivos essencialmente democraacuteticos propostos pela Constituiccedilatildeo
Federal de 1988 o termo participaccedilatildeo significa
a possibilidade dos sujeitos elegerem seus gerentes dentro de uma organizaccedilatildeo social
facilitando assim o processo de tomada de decisatildeo Eacute uma visatildeo restrita ligada a
concepccedilatildeo de democracia representativa o que de fato natildeo garante a participaccedilatildeo
efetiva dos sujeitos no processo da tomada de decisatildeo cabendo a estes apenas a
execuccedilatildeo das atividades decididas pelos que estatildeo no comando das accedilotildees (CHAVES
GUTIERRES 2014 p8)
Nesse contexto a participaccedilatildeo pode tanto servir para objetivos emancipatoacuterios de
cidadania e de autonomia dos sujeitos como para a manutenccedilatildeo de situaccedilotildees de centralizaccedilatildeo
do poder decisoacuterio e do controle de muitos por poucos Por outro lado quando haacute uma
democracia participativa ela promove ldquoa subida da populaccedilatildeo a niacuteveis cada vez mais elevados
de participaccedilatildeo decisoacuteria acabando com a divisatildeo de funccedilotildees entre os que planejam e decidem
laacute em cima e os que executam e sofrem as consequecircncias das decisotildees caacute em baixordquo
(BORDENAVE 2013 p34)
57
Por isso as condiccedilotildees de participaccedilatildeo no mundo atual satildeo essencialmente conflituosas
e a participaccedilatildeo natildeo pode ser estudada sem referecircncia ao conflito social Sobre isso o autor
ainda enfatiza que a participaccedilatildeo pode ser vista natildeo soacute como uma necessidade humana mais
ainda como algo diferente se analisado as estruturas de poder e as forccedilas que se opotildee a
participaccedilatildeo das classes que estatildeo impliacutecitas no processo
A ideia associada de processos e participaccedilatildeo daacute origem ao conceito de processos
participativos que ldquoimplica refletir sobre um conjunto de elementos que constituem
relacionamentos entre pessoas e grupos com diferentes niacuteveis de abrangecircncia inclusatildeo e
conflituosidade historicamente constituiacutedos e particularizados de maneira institucionalrdquo
(WERLE 2003 p 19) Esses processos participativos constroem a ideia de sucessatildeo de
mudanccedilas de momentos e de formas que se seguem e transformam uma situaccedilatildeo
De acordo com Werle (2003) algumas propostas satildeo necessaacuterias para se discutir os
processos participativos na Educaccedilatildeo Baacutesica como a) instituir estruturas participativas nas
escolas e nos sistemas de ensino b) definir temas que satildeo expressos na agenda das estruturas
participativas c) participaccedilatildeo como construccedilatildeo histoacuterica d) os atores e niacutevel de participaccedilatildeo de
cada um dos segmentos representados e) os processos participativos como foco educativo
considerando a articulaccedilatildeo o esforccedilo formativo e a constituiccedilatildeo desses colegiados f) niacuteveis de
participaccedilatildeo poliacutetica g) formaccedilatildeo para a accedilatildeo poliacutetica h) sociedade ciacutevica em que seja possiacutevel
todos os cidadatildeos aprenderem e praticarem a democracia i) processos de representaccedilatildeo
coletiva j) profissionalismo docente e participaccedilatildeo e k) processos participativos e estrutura
institucional31
Para Bordenave (2013) a participaccedilatildeo se daacute na coletividade e natildeo na representatividade
e enfatiza
se desejarmos considerar a participaccedilatildeo como algo diferente de uma simples relaccedilatildeo
humana ou de um conjunto de ldquotruquesrdquo para integrar os indiviacuteduos e as coletividades
locais nos programas de tipo assistencial ou educativo natildeo podemos fugir a anaacutelise
da estrutura de poder e da sua frequente oposiccedilatildeo a toda tentativa de participaccedilatildeo que
coloque em julgamento as classes dirigentes e seus privileacutegios (BORDENAVE 2013
p 41)
Embora a participaccedilatildeo seja considerada um elemento importante para o
desenvolvimento e aperfeiccediloamento das poliacuteticas puacuteblicas Neves (2008) assinala que o
processo participativo tende a enfrentar limitaccedilotildees na construccedilatildeo da democracia e nas
31 Ler Werle (2003) em que a autora descreve cada um desses processos de participaccedilatildeo
58
instituiccedilotildees puacuteblicas pois o incentivo do Estado pode representar a desconcentraccedilatildeo de
responsabilidades que antes eram suas para a sociedade civil dando ldquototal apoio a matrizes
liberais e de caraacuteter privado no trato das questotildees puacuteblicasrdquo (NEVES 2008 p16)
O Plano de Accedilotildees Articuladas objeto central desse estudo eacute um instrumento que
organiza o planejamento das redes estaduais e municipais de ensino no paiacutes eacute complexo pelas
diferentes dimensotildees que abrange para a sua elaboraccedilatildeo e execuccedilatildeo Segundo tecircm demonstrado
os estudos de Sousa (2011) e Camini (2009) natildeo houve compartilhamento de decisotildees sobre a
implantaccedilatildeo dessa poliacutetica e nem contou com a participaccedilatildeo coletiva e nem representativa dos
diversos estados e municiacutepios Essa ausecircncia se deu pela forma que essa poliacutetica foi criada
atraveacutes de um decreto presidencial sem a participaccedilatildeo dos envolvidos no processo local
14 OS CONSELHOS DE CONTROLE SOCIAL COMO MECANISMOS DE
DEMOCRATIZACcedilAtildeO DA GESTAtildeO EDUCACIONAL
Esse toacutepico trataraacute dos Conselhos de Educaccedilatildeo principalmente dos Conselhos de
Controle Social presentes no Plano de Accedilotildees Articuladas as formas em que se deu a
composiccedilatildeo as funccedilotildees os objetivos e as formas de atuaccedilatildeo de cada Conselho sendo o
Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (CME) o Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar (CAE) o
Conselho do FUNDEB e o Conselho Escolar Trataraacute tambeacutem de outros mecanismos de
democratizaccedilatildeo presentes no PAR como criteacuterios para escolha de Diretores Escolares e o
Comitecirc Local do Compromisso
A organizaccedilatildeo da gestatildeo educacional no Brasil atualmente compreende os oacutergatildeos
executivos no acircmbito da Uniatildeo dos estados e dos municiacutepios (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo
Secretarias Estaduais e Secretarias Municipais de Educaccedilatildeo) e a disseminaccedilatildeo dos Conselhos
(Conselho Nacional de Educaccedilatildeo Conselhos Estaduais de Educaccedilatildeo e Conselhos Municipais
de Educaccedilatildeo) que apoacutes redemocratizaccedilatildeo do paiacutes nos anos de 1980 e com a Constituiccedilatildeo
Federal de 1988 ldquoestabeleceu a criaccedilatildeo dos conselhos como condiccedilatildeo obrigatoacuteria para a gestatildeo
de programas de governordquo (BRAGA 2015) No acircmbito da gestatildeo escolar a Lei nordm 939496
previu ainda a criaccedilatildeo de conselhos escolares
59
O Conselho Nacional de Educaccedilatildeo (CNE) regulamentado pela Lei nordm 913195 tem
suas origens no ano de 193132 quando foi criado o Conselho Nacional de Educaccedilatildeo pelo
Decreto nordm 19850193133 (CURY 2000) Os Conselhos Estaduais de Educaccedilatildeo foram criados
pela primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo (LDB) Lei nordm 402461 e os conselhos
municipais apesar de contarem com amparo legal para criaccedilatildeo facultativa desde 1971 (Lei
569271) somente com a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 eacute que passaram a se organizar com
mais autonomia
A origem etimoloacutegica da palavra Conselho remete ao sentido da participaccedilatildeo pois
ldquoConselho vem do latim Consilium Por sua vez consilium proveacutem do verbo consuloconsulere
significando tanto ouvir algueacutem quanto submeter algo a deliberaccedilatildeo de algueacutem apoacutes uma
ponderaccedilatildeo refletida prudente e de bom senso (CURY 2000 p47 itaacutelicos no original)
Dessa forma os conselhos tecircm como desafio a busca da co-gestatildeo das poliacuteticas puacuteblicas
e constituir-se em canal de participaccedilatildeo popular na realizaccedilatildeo do interesse puacuteblico Para que os
processos democraacuteticos de gestatildeo cheguem ateacute a escola eacute conveniente lembrar que as estruturas
de poder dos sistemas de ensino precisam ser atingidas por mecanismos que se baseiam
principalmente em participaccedilatildeo e nos processos de decisotildees coletivas Essa participaccedilatildeo se
reflete na compreensatildeo de que os sistemas de ensino e as escolas precisam dialogar e natildeo podem
ser compreendidas separadamente ou isoladas uma da outra
De acordo com Werle (2003) natildeo existe Conselho no vazio ou seja ele eacute o que a
comunidade educacional estabelece constitui o que ela faz para operacionalizar isso Cada
Conselho tem a face das relaccedilotildees que nele se estabelecem Se estabelecer relaccedilotildees de
responsabilidade respeito e construccedilatildeo assim vatildeo se constituir as funccedilotildees consultivas
deliberativas fiscalizadoras e quaisquer outras assumidas pelo Conselho Mas se as relaccedilotildees
forem distanciadas e burocraacuteticas o Conselho vai assumir entatildeo um papel muito mais de
homologar decisotildees do que de discutir e promover os reais interesses e mudanccedilas que a
comunidade escolar requer
Os conselhos de educaccedilatildeo satildeo oacutergatildeos normatizadores de aconselhamento controle
fiscalizaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo do sistema de ensino ao longo da deacutecada de 1990 surgiram tambeacutem
em acircmbito dos sistemas de educaccedilatildeo os Conselhos de Controle Social na ldquoperspectiva de
32Vale assinalar entretanto que os conselhos de educaccedilatildeo existem no Brasil desde o Impeacuterio Vinculados ao
Coleacutegio Pedro II tais conselhos serviam para a ldquonormatizaccedilatildeo do ensino superior entatildeo existente na capital e em
algumas proviacutenciasrdquo (CURY 2000 p46) 33Esse Decreto teve vigecircncia ateacute 1936 quando foi substituiacutedo pela Lei nordm 1746 Em 1961a Lei nordm 402461
transforma o CNE em Conselho Federal de Educaccedilatildeo (CFE) que foi extinto em 1994 pelo governo de Itamar
Franco pela medida Provisoacuteria 6611994 (CURY 2000) No ano seguinte o Conselho recebeu novamente a
nomenclatura de Conselho Nacional de Educaccedilatildeo pela Lei nordm 913195
60
descentralizaccedilatildeo dos poderes decisoacuteriosrdquo (SANTOS e GUTIERRES 2010 p 8) por meio de
um significativo arcabouccedilo juriacutedico como parte dos desdobramentos da CF de 1988 tais como
a LDB 939496 (art 72) a Emenda Constitucional nordm 14 de 1996 que criou o Fundo de
Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorizaccedilatildeo do Magisteacuterio ndash
FUNDEF e da Lei nordm 942496 que o regulamentou a Lei complementar nordm 1012000 chamada
de Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) a Emenda Constitucional nordm 53 de 24122006 e a
Lei nordm 11494 de 20062007 que cria e regulamenta o Fundo de Desenvolvimento Manutenccedilatildeo
da Educaccedilatildeo Baacutesica e Valorizaccedilatildeo do Magisteacuterio ndash FUNDEB Estes dispositivos legais preveem
a existecircncia e participaccedilatildeo na gestatildeo da educaccedilatildeo dos conselhos de controle social
As poliacuteticas traccediladas pelo Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo e do Plano de Metas
Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo propotildee a atuaccedilatildeo dos conselhos educacionais com accedilotildees
que possam descentralizar estimulando a participaccedilatildeo utilizando propostas de gestatildeo
democraacutetica da educaccedilatildeo nos estados e municiacutepios Destacamos as diretrizes que envolvem a
participaccedilatildeo e atuaccedilatildeo dos Conselhos e de oacutergatildeos colegiados nos incisos XX XXI XXII
XXIII XXV e XXVIII elencados abaixo
XX - acompanhar e avaliar com participaccedilatildeo da comunidade e do Conselho de
Educaccedilatildeo as poliacuteticas puacuteblicas na aacuterea de educaccedilatildeo e garantir condiccedilotildees sobretudo
institucionais de continuidade das accedilotildees efetivas preservando a memoacuteria daquelas
realizadas
XXI - zelar pela transparecircncia da gestatildeo puacuteblica na aacuterea da educaccedilatildeo garantindo o
funcionamento efetivo autocircnomo e articulado dos conselhos de controle social
XXII - promover a gestatildeo participativa na rede de ensino
XXIII - elaborar plano de educaccedilatildeo e instalar Conselho de Educaccedilatildeo quando
inexistentes
XXV - fomentar e apoiar os conselhos escolares envolvendo as famiacutelias dos
educandos com as atribuiccedilotildees dentre outras de zelar pela manutenccedilatildeo da escola e
pelo monitoramento das accedilotildees e consecuccedilatildeo das metas do compromisso
XXVIII - organizar um comitecirc local do Compromisso com representantes das
associaccedilotildees de empresaacuterios trabalhadores sociedade civil Ministeacuterio Puacuteblico
Conselho Tutelar e dirigentes do sistema educacional puacuteblico encarregado da
mobilizaccedilatildeo da sociedade e do acompanhamento das metas de evoluccedilatildeo do IDEB
(BRASIL 2007 p 2 Grifos negrito nosso)
Como se observa nas diretrizes do PDEPlano de Metas estatildeo previstos a implantaccedilatildeo
e atuaccedilatildeo dos diversos conselhos educacionais nos estados e municiacutepios para que atendam ao
modelo de gestatildeo gerencial proposto no Plano de Accedilotildees Articuladas
Os Conselhos tecircm diferentes funccedilotildees a principal delas eacute o caraacuteter normativo embora
os conselhos realizem diversas outras accedilotildees dentro das suas competecircncias como opinar (caraacuteter
consultivo) deliberar e fiscalizar Em geral o caraacuteter deliberativo atribui ao Conselho
61
competecircncia para regulamentar o funcionamento do sistema de ensino e interpretar a correta
aplicaccedilatildeo da lei no seu acircmbito A definiccedilatildeo de diretrizes curriculares credenciamento de
instituiccedilotildees e outras atribuiccedilotildees satildeo competecircncias tradicionais dos conselhos (BRASIL 2007)
O caraacuteter consultivo ou deliberativo diz respeito agrave natureza da funccedilatildeo do Conselho apesar de
nem sempre o caraacuteter consultivo ou deliberativo estar claramente explicitado nas normas que
instituem os conselhos
141 O Conselho Municipal de Educaccedilatildeo
A criaccedilatildeo e organizaccedilatildeo dos Conselhos Municipais de Educaccedilatildeo (CME) eacute um processo
que se delineou no paiacutes a partir da promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 A referida
Constituiccedilatildeo representou importante marco para o processo de afirmaccedilatildeo poliacutetica dos
municiacutepios na qualidade de ceacutelula de gestatildeo puacuteblica e em particular para o campo juriacutedico
normativo da educaccedilatildeo que ganhou reforccedilo em 1996 com a Lei de Diretrizes e Bases da
Educaccedilatildeo Nacional (LDBEN n 939496) A criaccedilatildeo de sistema proacuteprio de ensino nos termos
da Constituiccedilatildeo88 preconiza que a organizaccedilatildeo da educaccedilatildeo nos municiacutepios natildeo pode
prescindir de estruturas administrativas e do estabelecimento de bases legais condutoras do
ensino a ser provido em territoacuterio brasileiro
Na esfera municipal os municiacutepios criam os seus Conselhos Municipais de Educaccedilatildeo
(CME) mediante lei municipal que vai definir a composiccedilatildeo baacutesica do oacutergatildeo o nuacutemero de
membros efetivos e substitutos e os mandatos Depois da sanccedilatildeo do Executivo inicia-se o
processo de escolha dos membros As primeiras sessotildees satildeo dedicadas agrave elaboraccedilatildeo do
regimento interno que definiraacute a frequecircncia de reuniotildees a divisatildeo em comissotildees e a tramitaccedilatildeo
das decisotildees Com o objetivo de garantir a ampla participaccedilatildeo da sociedade e respeitando a
competecircncia teacutecnica exigida para o exerciacutecio das atribuiccedilotildees dos conselheiros o CME poderaacute
ser composto por representantes de pais estudantes professores associaccedilotildees de moradores
sindicatos Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e demais oacutergatildeos e entidades ligados agrave educaccedilatildeo
municipal ndash dos setores puacuteblico e privado ndash escolhidos democraticamente pelos segmentos que
o representam
Sobre as funccedilotildees dos Conselhos de Educaccedilatildeo Paz (2004) considera que os conselhos
satildeo oacutergatildeos com perfil identificado com a gestatildeo democraacutetica pelo fato de terem suas funccedilotildees
atreladas ao ato de mobilizar de agregar experientes militantes da educaccedilatildeo especialmente
62
educadores e estudiosos que lutam em prol de formas legiacutetimas de participaccedilatildeo da sociedade
nos oacutergatildeos puacuteblicos
Os Conselhos Municipais de Educaccedilatildeo satildeo fundamentais para a autonomia dos sistemas
municipais de educaccedilatildeo e possuem funccedilotildees variadas mas que devem garantir a gestatildeo
democraacutetica da educaccedilatildeo e a perspectiva de um ensino de qualidade no municiacutepio Souza (2009)
lanccedila uma luz significativa em torno da questatildeo ao entender que
Natildeo se trata apenas de accedilotildees democraacuteticas ou de processos participativos de tomada
de decisotildees trata-se antes de tudo de accedilotildees voltadas agrave educaccedilatildeo poliacutetica na medida
em que satildeo accedilotildees que criam e recriam alternativas mais democraacuteticas no cotidiano
escolar no que se refere em especial agraves relaccedilotildees de poder ali presentes (SOUZA
2009 p 126)
O Conselho Municipal de Educaccedilatildeo tem o papel de articulador e de mediador das
questotildees educacionais da sociedade local junto ao gestor da educaccedilatildeo municipal pois
Eacute um oacutergatildeo de ampla representatividade com funccedilotildees normativas consultivas
mobilizadoras e fiscalizadoras Ocupa posiccedilatildeo fundamental na efetivaccedilatildeo da gestatildeo
democraacutetica da rede ou do sistema de ensino bem como na consolidaccedilatildeo da
autonomia dos municiacutepios no gerenciamento de suas poliacuteticas educacionais devendo
para tanto estabelecer diaacutelogo contiacutenuo com a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo
(UNDIME 2012 p132)
O Conselho Municipal de Educaccedilatildeo eacute de suma importacircncia para a educaccedilatildeo municipal
por estabelecer o controle social e a participaccedilatildeo dando representatividade e legitimidade frente
agrave comunidade local de cada um dos integrantes do Conselho Constitui um oacutergatildeo de
interlocuccedilatildeo entre a sociedade e o poder puacuteblico participando da formulaccedilatildeo implantaccedilatildeo
supervisatildeo e avaliaccedilatildeo das poliacuteticas educacionais do municiacutepio da defesa do direito de todos agrave
educaccedilatildeo com qualidade social e mobilizando os poderes puacuteblicos municipais quanto agraves suas
responsabilidades no atendimento das demandas dos diversos segmentos em conformidade
com as poliacuteticas puacuteblicas da educaccedilatildeo
De acordo com o quadro a seguir UNDIME (2012) aponta quatro funccedilotildees dos
Conselhos Municipais de Educaccedilatildeo Eacute o que podemos observar no quadro 02 bem como os
objetivos de cada funccedilatildeo
63
Quadro 02 - Funccedilotildees e objetivos do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (CME)
FUNCcedilOtildeES OBJETIVOS
Consultiva
Tratar sobre a exposiccedilatildeo e o julgamento acerca de determinados
assuntos tais como projetos programas educacionais e experiecircncias
pedagoacutegicas renovadoras do executivo e das escolas e
Responder a consultas sobre leis educacionais e suas aplicaccedilotildees submetidas a ele por entidades da sociedade puacuteblica ou civil (Secretaria
Municipal da Educaccedilatildeo escolas universidades sindicatos Cacircmara
Municipal Ministeacuterio Puacuteblico) cidadatildeos ou grupos de cidadatildeos
Fiscalizadora
Acompanhar a transferecircncia e controle da aplicaccedilatildeo de recursos para a
Educaccedilatildeo no municiacutepio
Fiscalizar o cumprimento do Plano Municipal de Educaccedilatildeo (PME)
Fiscalizar o desempenho do Sistema Municipal de Ensino e do PME
Fiscalizar as medidas e os programas para a formaccedilatildeo de professores
Fiscalizar os acordos e convecircnios e
Fiscalizar as questotildees educacionais que lhes forem submetidas pelas escolas Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo Cacircmara Municipal e outros
Deliberativa Elaborar seu regimento e plano de atividades
Tomar medidas para melhoria do fluxo e do rendimento escolar e
Buscar formas de se relacionar com a comunidade entre outras
Normativa
Autorizar o funcionamento das escolas da rede municipal
Autorizar o funcionamento das instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Infantil das
redes privada particular comunitaacuteria confessional e filantroacutepica
(quando o municiacutepio tiver Sistema Municipal de Ensino implantado) e
Elaborar as normas complementares para o sistema de ensino Fonte Caderno UNDIME 2012
A participaccedilatildeo na elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Educaccedilatildeo (PME) com criacuteticas e
sugestotildees eacute uma das atribuiccedilotildees dos membros dos Conselhos Municipais de Educaccedilatildeo bem
como autorizar o funcionamento de escolas fiscalizar e acompanhar a execuccedilatildeo de recursos
educacionais dentre outras
142 O Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar
No Brasil a poliacutetica de alimentaccedilatildeo teve iniacutecio ainda no ano de 1955 como um
programa assistencialista Entretanto somente a partir da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 no
artigo 208 inciso VII alterado pela Emenda Constitucional nordm 592009 eacute que a alimentaccedilatildeo
escolar surgiu como direito Embora ainda com recursos centralizados eacute no ano de 1994 com
a Lei nordm 89132009 que ocorre agrave descentralizaccedilatildeo dos recursos do Programa para os
64
municiacutepios por meio de convecircnios exigindo-se a criaccedilatildeo de conselhos de acompanhamento a
fim de responsabilizar-se pelo controle social
A Lei nordm 119472009 de 16 de junho de 2009 revogou a Lei nordm 89132009 e criou o
Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar (PNAE) aos alunos da educaccedilatildeo baacutesica com o
repasse de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo ndash FNDE sem
convecircnios acordos ou contratos mas diretamente em conta bancaacuteria especiacutefica por meio do
Programa Dinheiro Direto na Escola
De acordo com o art 4ordm da Lei nordm 119472009 o Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo
Escolar tem por objetivo contribuir para o crescimento e o desenvolvimento biopsicossocial
para a aprendizagem para o rendimento escolar e para a formaccedilatildeo de haacutebitos alimentares
saudaacuteveis dos alunos atraveacutes de accedilotildees educacionais alimentares e nutricionais aleacutem da oferta
de refeiccedilotildees que garantam as suas necessidades nutricionais durante o periacuteodo letivo (BRASIL
2009) De acordo com Castro (2009) essa poliacutetica social busca realizar a promoccedilatildeo social
gerando oportunidades e resultados tanto para os indiviacuteduos como para os grupos sociais da
solidariedade social garantindo seguranccedila aos indiviacuteduos em situaccedilotildees de incapacidade
vulnerabilidade ou risco
No que se refere aos recursos para financiamento do Programa o art 5ordm da Lei nordm
119472009 esclarece que seratildeo consignados no orccedilamento da Uniatildeo para execuccedilatildeo do PNAE
e seratildeo repassados em parcelas aos Estados ao Distrito Federal aos Municiacutepios e agraves escolas
federais pelo FNDE em conformidade com o disposto no art 208 da Constituiccedilatildeo Federal e
observadas agraves disposiccedilotildees mencionadas abaixo
Art 5ordm ()
sect 1o A transferecircncia dos recursos financeiros objetivando a execuccedilatildeo do PNAE seraacute
efetivada automaticamente pelo FNDE sem necessidade de convecircnio ajuste acordo
ou contrato mediante depoacutesito em conta corrente especiacutefica
sect 2o Os recursos financeiros de que trata o sect 1o deveratildeo ser incluiacutedos nos orccedilamentos
dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios atendidos e seratildeo utilizados
exclusivamente na aquisiccedilatildeo de gecircneros alimentiacutecios
sect 3o Os saldos dos recursos financeiros recebidos agrave conta do PNAE existentes em 31
de dezembro deveratildeo ser reprogramados para o exerciacutecio subsequente com estrita
observacircncia ao objeto de sua transferecircncia nos termos disciplinados pelo Conselho
Deliberativo do FNDE
sect 4o O montante dos recursos financeiros de que trata o sect 1o seraacute calculado com base
no nuacutemero de alunos devidamente matriculados na educaccedilatildeo baacutesica puacuteblica de cada
um dos entes governamentais conforme os dados oficiais de matriacutecula obtidos no
censo escolar realizado pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo
sect 5o Para os fins deste artigo a criteacuterio do FNDE seratildeo considerados como parte da
rede estadual municipal e distrital ainda os alunos matriculados em
I - creches preacute-escolas e escolas do ensino fundamental e meacutedio qualificadas como
entidades filantroacutepicas ou por elas mantidas inclusive as de educaccedilatildeo especial
65
II - creches preacute-escolas e escolas comunitaacuterias de ensino fundamental e meacutedio
conveniadas com os Estados o Distrito Federal e os Municiacutepios (LEI
11147BRASIL 2009)
A execuccedilatildeo dos repasses financeiros ficaraacute a cargo dos entes federados que receberatildeo
os recursos atraveacutes do Programa Dinheiro Direto na Escola e deveratildeo ser destinados de acordo
com o art 23 da mesma Lei ldquoagrave cobertura de despesas de custeio manutenccedilatildeo e de pequenos
investimentos que concorram para a garantia do funcionamento e melhoria da infraestrutura
fiacutesica e pedagoacutegica dos estabelecimentos de ensinordquo Deveratildeo ser respeitadas as normas e
particularidades dos valores per capita das escolas ldquoque oferecem educaccedilatildeo especial de forma
inclusiva ou especializada de modo a assegurar de acordo com os objetivos do PDDE o
adequado atendimento agraves necessidades dessa modalidade educacionalrdquo (LEI 11147BRASIL
2009)
Os Conselhos de Alimentaccedilatildeo Escolar satildeo oacutergatildeos colegiados de caraacuteter fiscalizador
permanente deliberativo e de assessoramento Deveratildeo ser instituiacutedos de acordo com o art 18
no acircmbito dos Estados o Distrito Federal e os Municiacutepios e deveratildeo ser compostos da seguinte
forma
I - 1 (um) representante indicado pelo Poder Executivo do respectivo ente federado
II - 2 (dois) representantes das entidades de trabalhadores da educaccedilatildeo e de discentes
indicados pelo respectivo oacutergatildeo de representaccedilatildeo a serem escolhidos por meio de
assembleia especiacutefica
III - 2 (dois) representantes de pais de alunos indicados pelos Conselhos Escolares
Associaccedilotildees de Pais e Mestres ou entidades similares escolhidos por meio de
assembleia especiacutefica
IV - 2 (dois) representantes indicados por entidades civis organizadas escolhidos em
assembleia especiacutefica
sect 1o Os Estados o Distrito Federal e os Municiacutepios poderatildeo a seu criteacuterio ampliar a
composiccedilatildeo dos membros do CAE desde que obedecida a proporcionalidade definida
nos incisos deste artigo
sect 2o Cada membro titular do CAE teraacute 1 (um) suplente do mesmo segmento
representado
sect 3o Os membros teratildeo mandato de 4 (quatro) anos podendo ser reconduzidos de
acordo com a indicaccedilatildeo dos seus respectivos segmentos
sect 4o A presidecircncia e a vice-presidecircncia do CAE somente poderatildeo ser exercidas pelos
representantes indicados nos incisos II III e IV deste artigo
sect 5o O exerciacutecio do mandato de conselheiros do CAE eacute considerado serviccedilo puacuteblico
relevante natildeo remunerado
sect 6o Caberaacute aos Estados ao Distrito Federal e aos Municiacutepios informar ao FNDE a
composiccedilatildeo do seu respectivo CAE na forma estabelecida pelo Conselho
Deliberativo do FNDE (LEI 11147BRASIL 2009)
A duraccedilatildeo do mandato eacute de quatro anos e eacute considerado serviccedilo puacuteblico relevante natildeo
remunerado O CAE deve fiscalizar a execuccedilatildeo do programa sem prejuiacutezo da atuaccedilatildeo dos
66
demais oacutergatildeos de controle interno e externo ou seja do Tribunal de Contas da Uniatildeo (TCU)
da Secretaria Federal de Controle Interno (SFCI) e do Ministeacuterio Puacuteblico
As competecircncias do CAE estatildeo explicitas na Lei nordm 11947 de 16 de junho de 2009 em
seu art 19 conforme demonstrado abaixo
I - acompanhar e fiscalizar o cumprimento das diretrizes estabelecidas na forma do
art 2o desta Lei
II - acompanhar e fiscalizar a aplicaccedilatildeo dos recursos destinados agrave alimentaccedilatildeo escolar
III - zelar pela qualidade dos alimentos em especial quanto agraves condiccedilotildees higiecircnicas
bem como a aceitabilidade dos cardaacutepios oferecidos
IV - receber o relatoacuterio anual de gestatildeo do PNAE e emitir parecer conclusivo a
respeito aprovando ou reprovando a execuccedilatildeo do Programa
Paraacutegrafo uacutenico Os CAEs poderatildeo desenvolver suas atribuiccedilotildees em regime de
cooperaccedilatildeo com os Conselhos de Seguranccedila Alimentar e Nutricional estaduais e
municipais e demais conselhos afins e deveratildeo observar as diretrizes estabelecidas
pelo Conselho Nacional de Seguranccedila Alimentar e Nutricional ndash CONSEA
(CAEBRASIL 2009)
Como forma de controle social os Conselhos satildeo responsaacuteveis por acompanhar e
monitorar os recursos federais repassados pelo FNDE aos entes federados para a alimentaccedilatildeo
escolar devendo inclusive garantir boas praacuteticas sanitaacuterias e de higiene dos alimentos Para
facilitar a realizaccedilatildeo dessas accedilotildees eacute necessaacuterio que o CAE estabeleccedila um planejamento de
atividades fiscalizadoras e de acompanhamento
Aleacutem disso devem-se observar as seguintes diretrizes da alimentaccedilatildeo escolar quando
do acompanhamento e fiscalizaccedilatildeo do programa
Art 2o Satildeo diretrizes da alimentaccedilatildeo escolar I - o emprego da alimentaccedilatildeo saudaacutevel e adequada compreendendo o uso de alimentos
variados seguros que respeitem a cultura as tradiccedilotildees e os haacutebitos alimentares
saudaacuteveis contribuindo para o crescimento e o desenvolvimento dos alunos e para a
melhoria do rendimento escolar em conformidade com a sua faixa etaacuteria e seu estado
de sauacutede inclusive dos que necessitam de atenccedilatildeo especiacutefica
II - a inclusatildeo da educaccedilatildeo alimentar e nutricional no processo de ensino e
aprendizagem que perpassa pelo curriacuteculo escolar abordando o tema alimentaccedilatildeo e
nutriccedilatildeo e o desenvolvimento de praacuteticas saudaacuteveis de vida na perspectiva da
seguranccedila alimentar e nutricional
III - a universalidade do atendimento aos alunos matriculados na rede puacuteblica de
educaccedilatildeo baacutesica
IV - a participaccedilatildeo da comunidade no controle social no acompanhamento das accedilotildees
realizadas pelos Estados pelo Distrito Federal e pelos Municiacutepios para garantir a
oferta da alimentaccedilatildeo escolar saudaacutevel e adequada
V - o apoio ao desenvolvimento sustentaacutevel com incentivos para a aquisiccedilatildeo de
gecircneros alimentiacutecios diversificados produzidos em acircmbito local e preferencialmente
pela agricultura familiar e pelos empreendedores familiares rurais priorizando as
comunidades tradicionais indiacutegenas e de remanescentes de quilombos
VI - o direito agrave alimentaccedilatildeo escolar visando a garantir seguranccedila alimentar e
nutricional dos alunos com acesso de forma igualitaacuteria respeitando as diferenccedilas
bioloacutegicas entre idades e condiccedilotildees de sauacutede dos alunos que necessitem de atenccedilatildeo
67
especiacutefica e aqueles que se encontram em vulnerabilidade social (LEI
11147BRASIL 2009)
Considerando o previsto na Lei nordm 119472009 o CAE tem um papel importante no
acompanhamento e fiscalizaccedilatildeo da aplicaccedilatildeo dos recursos financeiros e na garantia da qualidade
da alimentaccedilatildeo desde a compra ateacute a distribuiccedilatildeo nas escolas e ainda tem possibilidade de
aprovar ou rejeitar a prestaccedilatildeo de contas relativa agrave execuccedilatildeo do PNAE
143 Os Conselhos Escolares
As discussotildees sobre educaccedilatildeo introduzem propostas de gestatildeo administrativa de
autonomia e participaccedilatildeo Os sistemas de ensino e as poliacuteticas educacionais continuam sendo a
chave para o enfrentamento das questotildees educacionais muito embora as discussotildees agora
passam a ser voltadas para a escola isto parte do entendimento de que ldquoa defesa do interesse
puacuteblico natildeo estaacute exclusivamente nas matildeos do Estado mas compartilhado com a comunidade
mais proacutexima agrave escolardquo (WERLE 2003 p 46) Os Conselhos Escolares se apresentam nesse
contexto como um espaccedilo de co-participaccedilatildeo e co-responsabilidade entre famiacutelia a sociedade
e o Estado atuando como mecanismo de controle defesa e promoccedilatildeo da educaccedilatildeo puacuteblica
No acircmbito da gestatildeo escolar em meados da deacutecada de 1980 um dos principais
questionamentos era a excessiva concentraccedilatildeo de poder nas matildeos de um uacutenico indiviacuteduo o
diretor da escola Por isso os movimentos organizados pelos educadores na eacutepoca defendiam
de forma acentuada as propostas de gestatildeo colegiada que propunham a inserccedilatildeo de toda a
comunidade escolar ou ampliaccedilatildeo dos envolvidos no processo educativo nos espaccedilos de decisatildeo
da escola (MENDONCcedilA 2000 ADRIAtildeO e CAMARGO 2007)
Tais lutas culminaram com a aprovaccedilatildeo do princiacutepio da gestatildeo democraacutetica na
Constituiccedilatildeo Federal de 1988 no seu artigo 206 inciso VI ldquogestatildeo democraacutetica do ensino
puacuteblico na forma da leirdquo e a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional (LDB) que vem
dar os desdobramentos desse princiacutepio em seu art 14 indicando que
Os sistemas de ensino definiratildeo as normas de gestatildeo democraacutetica do ensino puacuteblico
na educaccedilatildeo baacutesica de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes
princiacutepios
I ndash participaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo na elaboraccedilatildeo do projeto poliacutetico-
pedagoacutegico da escola
68
II ndash participaccedilatildeo das comunidades escolar e local em Conselhos Escolares ou
equivalentes (BRASIL 1996 grifos em negrito nossos)
Dessa forma eacute estabelecida a gestatildeo democraacutetica como princiacutepio que deve orientar as
praacuteticas das instituiccedilotildees puacuteblicas escolares no Brasil indicando que os profissionais da
educaccedilatildeo colaborem na elaboraccedilatildeo do documento que nortearaacute as atividades da escola onde
trabalham e a participaccedilatildeo da comunidade escolar (aqui entendidas como estudantes pais
professores funcionaacuterios e direccedilatildeo) e local (entidades e organizaccedilotildees da sociedade civil
identificadas com o projeto da escola) em espaccedilos de discussatildeo e participaccedilatildeo social que
promovam a gestatildeo democraacutetica
Os Conselhos Escolares satildeo compreendidos como ldquoespaccedilos de autonomia e
participaccedilatildeo comprometido com a defesa do ensino puacuteblico gratuito e da valorizaccedilatildeo do
professorrdquo conforme ensina Werle (2003 p 49) e que podem se constituir em locais de
vivecircncia simboacutelica entre pais alunos e professores mas para implantar tais mudanccedilas as
escolas teriam que passar por profundas modificaccedilotildees organizacionais nos colegiados pois os
conselhos se configuram como espaccedilos de relaccedilotildees e exerciacutecio do poder envolvendo
autorizaccedilatildeo e influecircncia entre as partes
Nesse sentido a proacutepria percepccedilatildeo que os diferentes atores desenvolvem sobre o poder
real influenciam nas relaccedilotildees de poder Abranches (2003) tambeacutem colabora com as ideias de
Werle (2003) quando afirma que o Conselho pode ser caracterizado como um oacutergatildeo de decisotildees
coletivas capaz de superar a praacutetica do individualismo e do grupismo e informa que se a
comunidade representativa for realmente dos diferentes segmentos da comunidade escolar ela
deveraacute alterar progressivamente a natureza da gestatildeo da escola e da educaccedilatildeo bem como
intervir na qualidade dos serviccedilos prestados pela escola
Os sistemas de ensino devem organizar os seus Conselhos Escolares de acordo com os
integrantes dos segmentos representativos da escola sendo professores funcionaacuterios alunos
pais e comunidade local Quanto a escolha dos conselheiros Veiga (2007) indica as seguintes
formas a) aquelas que satildeo definidas em regimento interno de cada conselho b) diretoria eleita
pela Assembleia sendo elegiacuteveis professores pais e profissionais da educaccedilatildeo c) escolhidos
em assembleia geral de cada segmento e eleitos por seus pares onde o diretor eacute membro nato e
d) eleiccedilatildeo mediante chapas organizadas e respeitando a proporcionalidade
Desta forma constituir e institucionalizar um conselho escolar que sirva para fortalecer
o empoderamento e a participaccedilatildeo eacute uma tarefa complexa mas possiacutevel Eacute um espaccedilo de
69
discussatildeo e debate substituindo a cultura patrimonialista pela cultura participativa e cidadatilde
(NAVARRO et al 2004 p 33)
Os Conselhos Escolares satildeo compreendidos como um foacuterum importante e significativo
e as posiccedilotildees dos representantes eleitos nas reuniotildees confere grau de representatividade pela
comunidade escolar Essa representatividade do Conselho estaacute relacionada agrave posse de
instrumentos materiais e culturais dos seus componentes e com a linguagem clara convincente
e adequada ao contexto (WERLE 2003) Por outro lado o Conselho Escolar eacute para o MEC um
oacutergatildeo de representaccedilatildeo das comunidades escolares e local onde satildeo discutidas definidas e
acompanhadas as atividades da escola podendo constituir um espaccedilo de discussatildeo de caraacuteter
consultivo respondendo a consultas sobre leis educacionais e suas aplicaccedilotildees deliberativo
quando toma decisotildees democraticamente fiscalizador acompanhando a aplicaccedilatildeo dos recursos
na escola e mobilizador incentivando a participaccedilatildeo direta dos envolvidos (BRASIL 2004)
Natildeo eacute suficiente afirmar que uma escola democraacutetica eacute aquela em que um colegiado
edifica uma decisatildeo de baixo para cima Eacute necessaacuteria uma mudanccedila no sistema educativo e uma
mudanccedila na loacutegica organizacional de todo o sistema Para Werle (2003 p 11) o poder natildeo estaacute
nos Conselhos Escolares e sim na competecircncia social dos representantes que caso natildeo os
faccedilam nas reuniotildees ldquopoderatildeo sofrer uma relaccedilatildeo de constrangimento e desapossamento de
espaccedilos de poderrdquo
A criaccedilatildeo das estruturas participativas nas escolas e nos sistemas de ensino constituem
um dos primeiros passos para a gestatildeo participativa ou gestatildeo ldquocompartilhadardquo poreacutem muitas
vezes a forma como satildeo constituiacutedos esses conselhos na composiccedilatildeo da sua estrutura e a forma
de implantaccedilatildeo atraveacutes de leis estaduais ou municipais satildeo contraditoacuterias porquanto sendo
constituiacutedo por pessoas eleitas representando os segmentos da comunidade escolar natildeo haveria
espaccedilo para componentes natildeo-eleitos pelos segmentos da escola
Nesse sentido a comunidade escolar quando se ausenta de participar e atuar da
construccedilatildeo coletiva dos processos democraacuteticos que satildeo as reuniotildees dos Conselhos Escolares
e quando apenas toma conhecimento das decisotildees da direccedilatildeo estaacute permitindo que outras
pessoas decidam Nesse caso estamos diante de uma participaccedilatildeo da gestatildeo que mais se
caracteriza como concessatildeo ndash cedendo a outros o seu direito de opinar de demonstrar seu ponto
de vista em favor de outrem ndash do que com democratizaccedilatildeo
70
144 O Conselho de Acompanhamento e Controle Social do Fundo de Manutenccedilatildeo e
Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo
(FUNDEB)
O Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos
Profissionais da Educaccedilatildeo (FUNDEB) foi criado pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006
Sua estrutura e finalidade encontram-se estatuiacutedas na Lei nordm 11494 de 20 de junho de 2007 e
pelo Decreto federal nordm 6253 de 13 de novembro de 2007 (BRASIL 2007)
O FUNDEB possui um montante de recursos gigantescos no que concerne ao
financiamento da educaccedilatildeo pois financia accedilotildees de manutenccedilatildeo e desenvolvimento da educaccedilatildeo
baacutesica puacuteblica independentemente da modalidade em que o ensino eacute oferecido (regular
especial ou de jovens e adultos) da sua duraccedilatildeo (Ensino Fundamental de oito ou de nove anos)
da idade dos alunos (crianccedilas jovens ou adultos) do turno de atendimento (matutino eou
vespertino ou noturno) e da localizaccedilatildeo da escola (zona urbana zona rural aacuterea indiacutegena ou
quilombola) de toda a educaccedilatildeo baacutesica em todos os municiacutepios brasileiros conforme
estabelecido nos sect 2ordm e 3ordm do art 211 da Constituiccedilatildeo
O FUNDEB eacute um fundo de natureza contaacutebil e de acircmbito estadual sendo 27 fundos
estaduais formado na quase totalidade por recursos provenientes dos impostos e transferecircncias
dos estados Distrito Federal e municiacutepios vinculados agrave educaccedilatildeo por forccedila do disposto no art
212 da Constituiccedilatildeo Federal e com o art 69 da LDB cabe a Uniatildeo a aplicaccedilatildeo nunca menos
que 18 e aos estados e municiacutepios no miacutenimo 25 da receita resultante de impostos
compreendida a proveniente de transferecircncias na Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento do Ensino ndash
MDE 34 podendo ainda de acordo com a LDB a possibilidade de ampliaccedilatildeo desses percentuais
de acordo com as Constituiccedilotildees Estaduais e Leis Orgacircnicas Municipais
Ainda compotildee o FUNDEB aleacutem desses recursos a tiacutetulo de complementaccedilatildeo uma
parcela de recursos federais sempre que no acircmbito de cada Estado seu valor por aluno natildeo
alcanccedilar o miacutenimo definido nacionalmente Independentemente da origem todo o recurso
gerado eacute redistribuiacutedo para aplicaccedilatildeo exclusiva na educaccedilatildeo baacutesica
A vigecircncia estabelecida para o FUNDEB eacute para o periacuteodo de 14 anos 2007-2020 Sua
implantaccedilatildeo comeccedilou em 1ordm de janeiro de 2007 e foi concluiacuteda em 2009 quando o total de
alunos matriculados na rede puacuteblica foi considerado na distribuiccedilatildeo dos recursos e o percentual
34 As despesas da ldquomanutenccedilatildeo e desenvolvimento do ensinordquo - MDE estatildeo previstas nos artigos 70 e 71 da LDB
que define quais as despesas podem e que natildeo podem ser utilizadas para efeito do MDE
71
de contribuiccedilatildeo dos estados Distrito Federal e municiacutepios atingiu o patamar de 20 para a
formaccedilatildeo do Fundo
As fontes de recursos para a educaccedilatildeo conforme a LDB no seu art 68 satildeo as receitas
provenientes de impostos da Uniatildeo dos Estados e dos Municiacutepios as receitas de transferecircncias
constitucionais e outras transferecircncias as receitas do Salaacuterio Educaccedilatildeo e de outras contribuiccedilotildees
sociais e as de incentivos fiscais e outros recursos previstos em Lei As principais fontes
financiadoras da educaccedilatildeo satildeo as receitas de impostos e o salaacuterio educaccedilatildeo pois ldquorepresentam
em termos de volume de recursos e de regularidade a receita que tem financiado a expansatildeo e
a qualificaccedilatildeo da educaccedilatildeo puacuteblica no paiacutesrdquo (FARENZENA 2006 p 82) Ou seja os
Municiacutepios devem utilizar recursos do FUNDEB na educaccedilatildeo infantil e no ensino fundamental
e os Estados no ensino fundamental e meacutedio sendo o miacutenimo de 60 na remuneraccedilatildeo dos
profissionais do magisteacuterio da educaccedilatildeo baacutesica puacuteblica e o restante dos recursos em outras
despesas de manutenccedilatildeo e desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica puacuteblica
O artigo 10 da Lei nordm 114942007 trata da distribuiccedilatildeo proporcional de recursos dos
Fundos que deve levar em conta as seguintes diferenccedilas entre etapas modalidades e tipos de
estabelecimento de ensino para que atenda toda a educaccedilatildeo baacutesica dentro das suas
especificidades sendo
I - creche em tempo integral
II - preacute-escola em tempo integral
III - creche em tempo parcial
IV - preacute-escola em tempo parcial
V - anos iniciais do ensino fundamental urbano
VI - anos iniciais do ensino fundamental no campo
VII - anos finais do ensino fundamental urbano
VIII - anos finais do ensino fundamental no campo
IX- ensino fundamental em tempo integral
X - ensino meacutedio urbano
XI - ensino meacutedio no campo
XII - ensino meacutedio em tempo integral
XIII - ensino meacutedio integrado agrave educaccedilatildeo profissional
XIV - educaccedilatildeo especial
XV - educaccedilatildeo indiacutegena e quilombola
XVI - educaccedilatildeo de jovens e adultos com avaliaccedilatildeo no processo
XVII - educaccedilatildeo de jovens e adultos integrada agrave educaccedilatildeo profissional de niacutevel meacutedio
com avaliaccedilatildeo no processo (BRASIL 2007)
A composiccedilatildeo do Conselho do FUNDEB apresenta-se em trecircs niacuteveis federal estadual e
municipal O acompanhamento e o controle social sobre a distribuiccedilatildeo a transferecircncia e a
aplicaccedilatildeo dos recursos dos Fundos devem ser exercidos junto aos respectivos governos no
acircmbito da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios por conselhos instituiacutedos
especificamente para esse fim Os conselhos seratildeo criados por legislaccedilatildeo especiacutefica editada no
72
pertinente acircmbito governamental observados os seguintes criteacuterios de composiccedilatildeo expressos
na Lei nordm 114942007 (BRASIL 2007)
Quadro 03 Composiccedilatildeo do Conselho de Controle Social do FUNDEB por esfera administrativa
Federal
(No miacutenimo 14 membros)
Estadual
(No miacutenimo 12 membros)
Municipal
(No miacutenimo 9 membros)
a) ateacute 4 (quatro)
representantes do Ministeacuterio
da Educaccedilatildeo
b) 1 (um) representante do
Ministeacuterio da Fazenda
c) 1 (um) representante do
Ministeacuterio do Planejamento
Orccedilamento e Gestatildeo
d) 1 (um) representante do
Conselho Nacional de
Educaccedilatildeo
e) 1 (um) representante do
Conselho Nacional de
Secretaacuterios de Estado da
Educaccedilatildeo - CONSED
f) 1 (um) representante da
Confederaccedilatildeo Nacional dos
Trabalhadores em Educaccedilatildeo
- CNTE
g) 1 (um) representante da
Uniatildeo Nacional dos
Dirigentes Municipais de
Educaccedilatildeo - UNDIME
h) 2 (dois) representantes dos
pais de alunos da educaccedilatildeo
baacutesica puacuteblica
i) 2 (dois) representantes dos
estudantes da educaccedilatildeo
baacutesica puacuteblica um dos quais
indicado pela Uniatildeo
Brasileira de Estudantes
Secundaristas - UBES
a) 3 (trecircs) representantes do
Poder Executivo estadual
dos quais pelo menos 1 (um)
do oacutergatildeo estadual
responsaacutevel pela educaccedilatildeo
baacutesica
b) 2 (dois) representantes dos
Poderes Executivos
Municipais
c) 1 (um) representante do
Conselho Estadual de
Educaccedilatildeo
d) 1 (um) representante da
seccional da Uniatildeo Nacional
dos Dirigentes Municipais de
Educaccedilatildeo - UNDIME
e) 1 (um) representante da
seccional da Confederaccedilatildeo
Nacional dos Trabalhadores
em Educaccedilatildeo - CNTE
f) 2 (dois) representantes dos
pais de alunos da educaccedilatildeo
baacutesica puacuteblica
g) 2 (dois) representantes dos
estudantes da educaccedilatildeo
baacutesica puacuteblica 1 (um) dos
quais indicado pela entidade
estadual de estudantes
secundaristas
a) 2 (dois) representantes do
Poder Executivo Municipal
dos quais pelo menos 1 (um)
da Secretaria Municipal de
Educaccedilatildeo ou oacutergatildeo
educacional equivalente
b) 1 (um) representante dos
professores da educaccedilatildeo baacutesica
puacuteblica
c) 1 (um) representante dos
diretores das escolas baacutesicas
puacuteblicas
d) 1 (um) representante dos
servidores teacutecnico-
administrativos das escolas
baacutesicas puacuteblicas
e) 2 (dois) representantes dos
pais de alunos da educaccedilatildeo
baacutesica puacuteblica
f) 2 (dois) representantes dos
estudantes da educaccedilatildeo baacutesica
puacuteblica um dos quais indicado
pela entidade de estudantes
secundaristas
sect 2o Integraratildeo ainda os
conselhos municipais dos
Fundos quando houver 1
(um) representante do
respectivo Conselho
Municipal de Educaccedilatildeo e 1
(um) representante do
Conselho Tutelar a que se
refere a Lei no 8069 de 13 de
julho de 1990 indicados por
seus pares
Fonte Lei Federal Nordm 114942007
73
A Lei nordm 114942007 aponta algumas orientaccedilotildees e estabelece restriccedilotildees na
composiccedilatildeo do Conselho de Controle Social do FUNDEB Na Lei os membros do Conselho
podem constituir seus representantes por indicaccedilatildeo eleiccedilatildeo e representaccedilatildeo conforme
estabelece o art 24 sect 3ordm
I - pelos dirigentes dos oacutergatildeos federais estaduais municipais e do Distrito Federal e
das entidades de classes organizadas nos casos das representaccedilotildees dessas instacircncias
II - nos casos dos representantes dos diretores pais de alunos e estudantes pelo
conjunto dos estabelecimentos ou entidades de acircmbito nacional estadual ou
municipal conforme o caso em processo eletivo organizado para esse fim pelos
respectivos pares
III - nos casos de representantes de professores e servidores pelas entidades sindicais
da respectiva categoria (BRASIL 2007)
Ainda sobre a composiccedilatildeo do Conselho a Lei Nordm 114942007 no art 24 sect 5ordm destaca
o impedimento dos Conselheiros que tenham relaccedilatildeo de parentesco submissatildeo hieraacuterquica ou
prestem serviccedilos para o poder executivo local
sect 5o Satildeo impedidos de integrar os conselhos a que se refere o caput deste artigo
I - cocircnjuge e parentes consanguiacuteneos ou afins ateacute 3o (terceiro) grau do Presidente e
do Vice-Presidente da Repuacuteblica dos Ministros de Estado do Governador e do Vice-
Governador do Prefeito e do Vice-Prefeito e dos Secretaacuterios Estaduais Distritais ou
Municipais
II - tesoureiro contador ou funcionaacuterio de empresa de assessoria ou consultoria que
prestem serviccedilos relacionados agrave administraccedilatildeo ou controle interno dos recursos do
Fundo bem como cocircnjuges parentes consanguiacuteneos ou afins ateacute 3o (terceiro) grau
desses profissionais
III - estudantes que natildeo sejam emancipados
IV - pais de alunos que
a) exerccedilam cargos ou funccedilotildees puacuteblicas de livre nomeaccedilatildeo e exoneraccedilatildeo no acircmbito dos
oacutergatildeos do respectivo Poder Executivo gestor dos recursos ou
b) prestem serviccedilos terceirizados no acircmbito dos Poderes Executivos em que atuam os
respectivos conselhos
sect 6o O presidente dos conselhos previstos no caput deste artigo seraacute eleito por seus
pares em reuniatildeo do colegiado sendo impedido de ocupar a funccedilatildeo o representante
do governo gestor dos recursos do Fundo no acircmbito da Uniatildeo dos Estados do Distrito
Federal e dos Municiacutepios (BRASIL 2007)
A atuaccedilatildeo dos membros do conselho deve ser baseada na autonomia e sem viacutenculo
institucional ao Poder Executivo local O periacuteodo do mandato dos seus membros eacute de dois anos
podendo ser reconduzidos uma uacutenica vez
O desempenho da funccedilatildeo de conselheiro do FUNDEB eacute considerado de extrema
relevacircncia social sendo uma atividade natildeo remunerada A Uniatildeo os Estados o Distrito Federal
74
e os Municiacutepios devem garantir a infraestrutura e as condiccedilotildees materiais adequadas agrave execuccedilatildeo
plena das competecircncias dos conselhos Os conselhos tecircm no acircmbito de suas respectivas esferas
governamentais de atuaccedilatildeo a incumbecircncia de ainda supervisionar o censo escolar anual e a
elaboraccedilatildeo da proposta orccedilamentaacuteria anual ldquocom o objetivo de concorrer para o regular e
tempestivo tratamento e encaminhamento dos dados estatiacutesticos e financeiros que alicerccedilam a
operacionalizaccedilatildeo dos Fundosrdquo (Art 24 sect 9ordm Lei nordm 11494 BRASIL 2007)
Aleacutem do FUNDEB cabe ao CACS o acompanhamento e a fiscalizaccedilatildeo do Programa de
Transporte escolar (PNATE)
15 CRITEacuteRIOS PARA A ESCOLHA DE DIRETOR ESCOLAR
A participaccedilatildeo nas formas de escolha do diretor escolar representada pela definiccedilatildeo de
criteacuterios para essa escolha que tecircm sido muito presente na pauta de lutas das organizaccedilotildees de
educadores desde a deacutecada de 1980 Natildeo obstante por ser mateacuteria de difiacutecil consenso a
Constituiccedilatildeo de 1988 e a LDB de 1996 satildeo geneacutericas ao tratar do tema limitando-se a delegar
aos sistemas de ensino a sua regulamentaccedilatildeo Eacute assim que de acordo com Mendonccedila (2000)
tais criteacuterios satildeo os mais diversos nas leis estaduais do paiacutes Por se tratar de um paiacutes que
comporta mais de 5600 municiacutepios com possibilidade de criaccedilatildeo de sistema proacuteprio de ensino
pode-se em potencial ter uma diversidade muito maior de criteacuterios
Com base nos estudos de Mendonccedila (2000) Paro (2003) e Dourado (2007) podemos
afirmar que o provimento do cargo de diretor escolar das escolas puacuteblicas tem ocorrido
basicamente de cinco formas 1) livre indicaccedilatildeo pelos poderes puacuteblicos 2) ascensatildeo na carreira
3) aprovaccedilatildeo em concurso puacuteblico 4) eleiccedilatildeo e posterior indicaccedilatildeo em lista triacuteplice e 5) eleiccedilatildeo
direta E cada uma dessas categorias traz consigo as concepccedilotildees de gestatildeo de um governo e
maior ou menor grau de participaccedilatildeo dos envolvidos na escolha
Em relaccedilatildeo ao criteacuterio de escolha de diretores escolares por indicaccedilatildeo ou nomeaccedilatildeo
Mendonccedila (2000) Paro (2007) e Dourado (2007) argumentam que esta eacute a forma de acesso na
qual os representantes poliacuteticos (governadores e prefeitos) podem indicar os gestores escolares
que acharem apropriados ao cargo Assim o criteacuterio de escolha de diretores atraveacutes de indicaccedilatildeo
vincula o trabalho do diretor com quem o indicou quase sempre um poliacutetico ou teacutecnico das
Secretarias de Educaccedilatildeo Seu compromisso portanto eacute com quem o colocou naquele cargo e
natildeo com a comunidade escolar Nesse caso ldquoo papel do diretor ao prescindir do respaldo da
comunidade escolar caracteriza-se como instrumentalizador de praacuteticas autoritaacuterias
75
evidenciando forte ingerecircncia do Estado na gestatildeo da escola (DOURADO 2007 p 83) A
indicaccedilatildeo para cargos puacuteblicos estaacute nas raiacutezes do Estado patrimonialista que marcou fortemente
a origem do Estado brasileiro o pode ser percebida na admissatildeo dos diretores cujos criteacuterios
satildeo essencialmente subjetivos e pessoais (MENDONCcedilA 2000) A categoria ldquonomeaccedilatildeordquo para
Paro (2007) ldquotraz consigo as marcas do clientelismo poliacutetico sendo por isso uma das mais
criticadas e inclusive muito presente nos sistemas de ensinordquo (PARO 2007 p 19) Com base
em dados do observatoacuterio de monitoramento das metas do PNE35 ateacute 2013 essa forma de
escolha de diretores ainda era presente em 50 das escolas brasileiras sendo portanto a que
prevalece no Brasil
Quanto ao criteacuterio de provimento de diretores escolares por meio do concurso os que
o defendem alegam que apresenta virtudes como ldquoa objetividade a coibiccedilatildeo do clientelismo e
a possibilidade de afericcedilatildeo do conhecimento teacutecnico do candidatordquo (PARO 2003 p19) Esse
criteacuterio de escolha estaacute ancorado na ideia de que o domiacutenio da competecircncia teacutecnica pelo
candidato eacute um requisito essencial para o exerciacutecio da funccedilatildeo Dessa forma a seleccedilatildeo atraveacutes
de concurso puacuteblico eacute defendida pela sua imparcialidade e porque o diretor concursado estaria
ldquomenos submisso agraves variantes poliacuteticas da escola e do sistema de ensino uma vez que o
concurso puacuteblico parece garantir a moralidade e a transparecircncia necessaacuterias na lotaccedilatildeo de
qualquer cargo puacuteblicordquo (SOUZA 2007 p 167)
Mendonccedila (2000) adverte que a permanecircncia de diretores nas unidades escolares por
concurso para a escolha de diretores estaacute vinculado tambeacutem ldquoa uma concepccedilatildeo da direccedilatildeo de
escola como carreira e por meio dele a ocupaccedilatildeo da funccedilatildeo tem caraacuteter permanenterdquo
(MENDONCcedilA 2000 p 191) Natildeo obstante concordamos com Paro (2015) quando argumenta
que o concurso eacute democraacutetico apenas aparentemente pois ldquoo diretor tem o direito de concorrer
ao cargo e escolher a escola onde vai trabalhar mas a comunidade escolar tem de aceitar esse
diretor sem conhececirc-lo e sem um processo democraacutetico de escolhardquo (PARO 2015 p 117)
Aleacutem disso ldquonatildeo eacute verdade que o processo de escolha possa se resumir numa qualidade teacutecnica
() pois o diretor exerce uma accedilatildeo poliacutetica como representante do Estado diante de seus
dirigidosrdquo (IDEM p117)
35 O Observatoacuterio da Educaccedilatildeo eacute uma plataforma online que tem como objetivo monitorar os indicadores referentes
a cada uma das 20 metas do Plano Nacional de Educaccedilatildeo (PNE) e de suas respectivas estrateacutegias e oferecer
anaacutelises sobre as poliacuteticas puacuteblicas educacionais jaacute existentes e que seratildeo implementadas ao longo dos dez anos
de vigecircncia do Plano Consta no seguinte endereccedilo httpwwwobservatoriodopneorgbrmetas-pne19-gestao-
democraticaindicadores
76
O diretor de carreira segundo Dourado (2007) eacute uma modalidade pouco utilizada
Neste caso o acesso ao cargo eacute vinculado a criteacuterios como tempo de serviccedilo escolarizaccedilatildeo
merecimento eou distinccedilatildeo entre outros Representa uma tentativa de aplicaccedilatildeo no setor
puacuteblico da meritocracia livrando da participaccedilatildeo da comunidade escolar a escolha de seu
dirigente
A indicaccedilatildeo por meio de listas triacuteplices secircxtuplas ou a combinaccedilatildeo de processos
(modalidade mista) consiste na consulta agrave comunidade escolar para a indicaccedilatildeo de nomes em
nuacutemero de trecircs ou seis possiacuteveis dirigentes cabendo ao poder executivo nomear o diretor dentre
os nomes escolhidos eou submetecirc-los a uma segunda fase que consiste em provas ou
atividades de avaliaccedilatildeo de sua capacidade cognitiva para a gestatildeo da educaccedilatildeo Na modalidade
mista apesar da participaccedilatildeo da comunidade na primeira fase cabe ao poder executivo fazer a
indicaccedilatildeo final do diretor onde corre-se o risco de ocorrer uma indicaccedilatildeo por criteacuterios natildeo
poliacutetico-pedagoacutegicos com uma suposta legitimaccedilatildeo da comunidade escolar uma forma de
burlar o sistema de escolha democraacutetica em nome do discurso de participaccedilatildeodemocratizaccedilatildeo
das relaccedilotildees escolares Outra modalidade mista eacute apontada por Vieira (2006) em que a escolha
de diretores escolares ocorre em duas fases de seleccedilatildeo A primeira fase dar-se-aacute por meio de
concurso que classifica os gestores e na segunda fase os classificados no concurso satildeo
colocados em aceitaccedilatildeo da comunidade e dos segmentos da escola atraveacutes da eleiccedilatildeo com a
participaccedilatildeo coletiva para a aprovaccedilatildeo de suas propostas na gestatildeo que assumiraacute (VIEIRA
2006)
O criteacuterio eleiccedilotildees diretas para a escolha de diretores escolares eacute entendida por
Mendonccedila (2000) Paro (2003 2007) e Souza (2007) como a forma mais democraacutetica na qual
a comunidade poderaacute votar no gestor mais qualificado para exercer as funccedilotildees pertinentes ao
cargo Para Souza diretor eleito
natildeo eacute por natureza do processo eletivo mais compromissado com a educaccedilatildeo puacuteblica
de qualidade para todosas mas a eleiccedilatildeo eacute o instrumento que potencialmente permite
agrave comunidade escolar controlar as accedilotildees do dirigente escolar no sentido de levaacute-lo a
se comprometer com este princiacutepio (SOUZA 2007 p 174)
A eleiccedilatildeo de diretores escolares fortalece o poder poliacutetico no interior das escolas e
consequentemente reduz a intervenccedilatildeo do Estado sobre elas e dessa forma a escola torna-se
mais autocircnoma e capaz de promover relaccedilotildees mais democraacuteticas em seu interior Embora a
eleiccedilatildeo natildeo seja a soluccedilatildeo para todos os problemas da escola puacuteblica e envolva riscos ainda ldquoeacute
77
a forma civilizada de exercer o poder entre sujeitosrdquo e ldquoconfere aos eleitos uma autoridade
legiacutetimardquo (PARO 2015 p 118)
No que diz respeito agraves diferentes experiecircncias de gestatildeo democraacutetica principalmente
quando trata das eleiccedilotildees de diretores e funcionamento de colegiados os resultados apontam
que ldquoesses processos continuam excessivamente centrados em pessoas com interferecircncias
poliacutetico partidaacuterias aliciamento de votos entre outros problemasrdquo (MENDONCcedilA 2000 p12)
Esses problemas se revelam na intervenccedilatildeo indevida de diretores indicando os nomes para
compor os colegiados de deliberaccedilatildeo assegurando que o controle da instituiccedilatildeo continue em
suas matildeos e ressalta que isso impede a participaccedilatildeo mais espontacircnea da comunidade escolar Eacute
importante que tenhamos a compreensatildeo de que eacute necessaacuterio que haja na escola natildeo um ldquocheferdquo
mas um colaborador que embora tenha responsabilidade junto ao Estado natildeo esteja atrelado
apenas ao seu poder colocando-se acima dos demais mas ao contraacuterio que sua autoridade com
a responsabilidade seja distribuiacuteda dentre os membros da escola
Nesse contexto compreendemos que a forma mais democraacutetica e que permite maior
participaccedilatildeo da comunidade escolar na escolha dos seus diretores escolares eacute a eleiccedilatildeo direta
Por isso o debate deve se fazer presente natildeo soacute nas unidades escolares mas em todo o sistema
de ensino como um momento coletivo de amadurecimento poliacutetico participativo e de
construccedilatildeo de um processo democraacutetico da gestatildeo escolar que legitime o desempenho da funccedilatildeo
de diretor e que respeite as deliberaccedilotildees coletivas
Mais recentemente o Plano Nacional de Educaccedilatildeo (2014-2024) aprovado pela Lei nordm
13005 de 25 de junho de 2014 reafirma em seu inciso VI do Art 2ordm a ldquopromoccedilatildeo do princiacutepio
da gestatildeo democraacutetica da educaccedilatildeo puacuteblicardquo No entanto o caput da Meta 19 propotildee ldquoassegurar
condiccedilotildees () para a efetivaccedilatildeo da gestatildeo democraacutetica da educaccedilatildeo associada a criteacuterios
teacutecnicos de meacuterito e desempenho e agrave consulta puacuteblica agrave comunidade escolar no acircmbito das
escolas puacuteblicas prevendo recursos e apoio teacutecnico da Uniatildeo para tantordquo (grifos nossos)
O detalhamento da meta 19 pressupotildee estrateacutegias que condicionam o repasse de
transferecircncias voluntaacuterias da Uniatildeo da aacuterea da educaccedilatildeo para os municiacutepios que tenham
aprovado legislaccedilatildeo especiacutefica regulamentando mateacuteria a esse respeito Embora os criteacuterios se
associem a alguma forma de participaccedilatildeo da comunidade o PNE vem estimulando que os
municiacutepios adotem em legislaccedilotildees a nomeaccedilatildeo dos diretores e diretoras de escola a partir de
criteacuterios teacutecnicos de meacuterito e desempenho o que corrobora a persistecircncia da gestatildeo de cunho
gerencialista proposta no Plano Diretor de Reforma do Estado (PDRAE) aprovado no governo
de Fernando Henrique Cardoso
78
Por fim constatamos que a poliacutetica de gestatildeo da educaccedilatildeo brasileira segue no sentido
de democratizar o sistema de ensino atraveacutes do acesso permanecircncia e garantia da educaccedilatildeo de
qualidade Para isso sugerem a participaccedilatildeo atraveacutes da garantia da existecircncia de conselhos
representativos de controle social e de eleiccedilotildees diretas para diretores escolares por meio da
comunidade escolar e da sociedade civil tanto na construccedilatildeo de poliacuteticas quanto no controle
social indicando a transparecircncia nas accedilotildees e na gestatildeo dos recursos puacuteblicos
79
2 A GESTAtildeO EDUCACIONAL NO CONTEXTO DO PLANO DE
DESENVOLVIMENTO DA EDUCACcedilAtildeO (PDE) DO PLANO DE METAS
COMPROMISSO TODOS PELA EDUCACcedilAtildeO E DO PLANO DE ACcedilOtildeES
ARTICULADAS
Este capiacutetulo trataraacute de dar continuidade agrave discussatildeo do capiacutetulo anterior sobre as
poliacuteticas educacionais adotadas no Brasil apoacutes a Reforma do Estado que tecircm traccedilado novos
rumos para a gestatildeo da educaccedilatildeo Especificamente seraacute abordado nesse capiacutetulo o modelo de
gestatildeo da educaccedilatildeo adotado no Brasil no qual estaacute inserido o Plano de Desenvolvimento da
Educaccedilatildeo o Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo e o Plano de Accedilotildees
Articuladas e as suas formas de materializaccedilatildeo
21 A GESTAtildeO EDUCACIONAL E O PLANO DE DESENVOLVIMENTO DA
EDUCACcedilAtildeO (PDE)
As poliacuteticas educacionais implementadas no Brasil possuem uma historicidade na sua
construccedilatildeo que natildeo segue em linha reta isto eacute eacute cheia de curvas e oscilaccedilotildees pelo caminho
com avanccedilos e retrocessos sendo influenciadas em todas as suas fases seja por contextos
histoacutericos distintos seja pela disputa entre os sujeitos envolvidos no processo ou por grupos de
interesses e de percepccedilotildees diferentes da realidade que estatildeo presentes no momento da sua
implementaccedilatildeo e execuccedilatildeo Poreacutem eacute o resultado das relaccedilotildees sociais inerentes ao processo de
construccedilatildeo dessas poliacuteticas
O primeiro Plano Nacional de Educaccedilatildeo foi elaborado para uma deacutecada (2001-2010) no
Brasil natildeo atingiu os objetivos esperados pois desde a sua elaboraccedilatildeo ateacute o envio ao Congresso
Nacional em 1997 existiam visotildees distintas dos rumos da educaccedilatildeo do paiacutes Eacute tanto que dois
Planos foram enviados um que representava a proposta do governo FHC na eacutepoca e o outro
que representava a sociedade civil construiacutedo a partir das organizaccedilotildees de classes Um periacuteodo
turbulento pois
() a apresentaccedilatildeo de dois planos nacionais de educaccedilatildeo um do governo e outro da
sociedade civil evidencia o atual estaacutegio de correlaccedilatildeo de forccedilas sociais no campo
educacional do Brasil do final dos anos de 1990 materializado no acirramento do
conflito entre duas propostas de sociedade e de educaccedilatildeo ndash a proposta liberal-
80
corporativa e a proposta democraacutetica das massas ndash que vem se embatendo desde o
final dos anos de 1980 () (NEVES 2000 p 148)
Dessa forma com os embates que se arrastavam no Congresso Nacional por deputados
contra e a favor e sindicatos De posse dos dois planos e dos embates realizou-se um texto
substitutivo em junho de 2000 que consolidasse parte proposta do governo e outra parte da
sociedade civil representada Embora votado na cacircmara dos deputados e no senado o texto foi
sancionado pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso com vetos principalmente no que se
tratava de investimentos e financiamento da educaccedilatildeo principalmente na educaccedilatildeo superior
Nesse contexto eacute notoacuteria a falta de compromisso do governo FHC com os investimentos na
educaccedilatildeo em que o seu governo o tem como gasto e natildeo como investimento Eacute importante
destacar aqui que uma boa educaccedilatildeo baacutesica seraacute o resultado de uma boa educaccedilatildeo superior e
que as universidades tem um papel estrateacutegico no desenvolvimento das naccedilotildees
No campo poliacutetico o primeiro governo Lula (2003-2006) foi marcado pela continuidade
das poliacuteticas educacionais traccediladas no governo FHC que realizou as reformas educacionais de
longo alcance sob os olhares do mercado A expectativa dos educadores era que a partir do
governo Lula essa loacutegica neoliberal que mudou os rumos da educaccedilatildeo baacutesica a superior fosse
rompida Entretanto segundo Andrade de Oliveira (2009) natildeo foi o que ocorreu a loacutegica
neoliberal foi mantida Assim no primeiro mandato de Lula natildeo houve poliacuteticas puacuteblicas
educacionais regulares e fortes o suficiente para alterar a poliacutetica planejada pelo governo FHC
A autora afirma que ocorreram sim alguns programas e projetos focalizados principalmente
para os mais vulneraacuteveis mas que natildeo se constituiu em uma poliacutetica puacuteblica Somente no
finalzinho do primeiro mandato eacute que foi criado o Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento
da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo (FUNDEB) proposto pela
Emenda Constitucional Nordm 53 de 2006 que ampliou o Fundo de Manutenccedilatildeo e
Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorizaccedilatildeo do Magisteacuterio (FUNDEF) sendo
esse fundo o principal mecanismo de financiamento da educaccedilatildeo que passou a atender a trecircs
etapas educaccedilatildeo infantil ensino fundamental e ensino meacutedio Poreacutem sem romper com a loacutegica
neoliberal Andrade Oliveira (2009 p 203) afirma que o que se observou foi ldquoo governo
assumir de alguma forma a loacutegica existente e passar a professar a inclusatildeo social no lugar do
direito universal agrave educaccedilatildeordquo
Nesse cenaacuterio marcado por poliacuteticas educacionais focais imediatistas e de pouca
regularidade o Presidente Lula durante a campanha para a reeleiccedilatildeo destacou a educaccedilatildeo
como foco principal do seu governo apoacutes a vitoacuteria nas urnas no discurso de posse em 01 de
janeiro de 2007 e reforccedilou priorizar a educaccedilatildeo no segundo governo Em 24 de abril de 2007
81
apresenta o Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo como parte do Programa de Aceleraccedilatildeo do
Crescimento (PAC) que ele denominou de PAC da Educaccedilatildeo A cerimocircnia contou com a
participaccedilatildeo do Presidente da Repuacuteblica Luiz Inaacutecio Lula da Silva e do Ministro da Educaccedilatildeo
Fernando Haddad e ainda Paulo Renato (ex-ministro da educaccedilatildeo do governo FHC) e
Cristovam Buarque (Ministro de Educaccedilatildeo do primeiro governo Lula) aleacutem da participaccedilatildeo de
setores da iniciativa privada e gestores puacuteblicos
Camini (2009) critica a implantaccedilatildeo de uma poliacutetica puacuteblica lanccedilada como uma decisatildeo
poliacutetica sem contar com uma ampla discussatildeo coletiva dos segmentos da sociedade que seratildeo
atingidos diretamente ou mesmo indiretamente Para a autora a presenccedila de representantes de
instituiccedilotildees privadas em parceria com o setor puacuteblico de educaccedilatildeo lanccedila o Plano de
Desenvolvimento da Educaccedilatildeo (PDE) sendo que nessas ldquoparceriasrdquo muitas vezes estatildeo
impliacutecitas a loacutegica de mercado o que reduz as condiccedilotildees de democratizaccedilatildeo visto que na
legislaccedilatildeo as instituiccedilotildees privadas natildeo permitem a participaccedilatildeo da populaccedilatildeo nas decisotildees
ficando a cargo exclusivamente do mercado ditar as suas regras
Jaacute no entendimento do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo o PDE pela visatildeo sistecircmica que o
caracteriza [] ldquoprocura enfocar a educaccedilatildeo em todo o territoacuterio da naccedilatildeo considerando com o
mesmo cuidado e atenccedilatildeo cada uma das suas partes do bairro do paiacutes em seu conjunto dando
efetividade ao princiacutepio constitucional do ldquoregime de colaboraccedilatildeordquordquo (SAVIANI 2009 p 16)
afirma que O PDE estaacute sustentado em seis pilares i) visatildeo sistecircmica da educaccedilatildeo ii)
territorialidade iii) desenvolvimento iv) regime de colaboraccedilatildeo v) responsabilizaccedilatildeo e vi)
mobilizaccedilatildeo social
O ldquoPDE aparece como um grande guarda-chuvardquo (SAVIANI 2009 p 5) que cobre
praticamente todos os programas e aacutereas com foco na educaccedilatildeo baacutesica superior profissional
tecnoloacutegica alfabetizaccedilatildeo e diversidade abrangendo as modalidades de ensino e accedilotildees de
melhorias na infraestrutura No que se refere aos eixos de accedilotildees do Plano de Desenvolvimento
da Educaccedilatildeo (PDE) direcionadas as aacutereas do sistema educacional apresentamos o quadro a
seguir
82
Quadro 04 - Eixos de Accedilatildeo do Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo (PDE)
Eixos Accedilotildees do PDE
Educaccedilatildeo
Baacutesica
1 Melhoria do IDEB da escola puacuteblica e
2 Melhoria da gestatildeo escolar da qualidade do ensino e do fluxo escolar
valorizaccedilatildeo e qualificaccedilatildeo de professores e profissionais da educaccedilatildeo
inclusatildeo digital e apoio ao aluno e agrave escola
Alfabetizaccedilatildeo
e Educaccedilatildeo
Continuada
1 Reduzir a taxa de analfabetismo e o nuacutemero absoluto de analfabetos
2 Atender jovens e adultos de 15 anos ou mais
3 Prioridade para os municiacutepios com taxa de analfabetismo superior a 35
e
4 O Brasil Alfabetizado tem por meta atender 15 milhatildeo de alfabetizandos
por ano
Ensino
Profissional e
Tecnoloacutegico
1 Ampliar a rede de ensino profissional e tecnoloacutegico do Paiacutes
2 Que cada municiacutepio tenha pelo menos 1 escola oferecendo educaccedilatildeo
profissional e
3 A prioridade seraacute para cidades tendo como referecircncia as economias locais
e regionais e reforccedilando a articulaccedilatildeo da escola puacuteblica em especial o
ensino meacutedio e a EJA com a educaccedilatildeo profissional em todas as modalidades
e niacuteveis
Ensino
Superior
1 Ampliar e democratizar o acesso ao ensino superior do Paiacutes
2 A ampliaccedilatildeo de vagas nas instituiccedilotildees federais de ensino superior se faraacute
por meio de ofertas de bolsas do Programa Universidade para Todos
(PROUNI) articulado ao Financiamento Estudantil (FIES) e
3 Atraveacutes da Reestruturaccedilatildeo e Expansatildeo das Universidades Federais
(REUNI) as universidades apresentaratildeo planos de expansatildeo da oferta
Dobrar o nuacutemero de alunos nas Instituiccedilotildees Federais de Ensino (IFES) no
Brasil em 10 anos Fonte BRASIL 2007
Esses eixos correspondem agrave atuaccedilatildeo do PDE que segundo Saviani (2009) tem um
objetivo ambicioso de elevar o niacutevel da educaccedilatildeo brasileira aos patamares dos paiacuteses
desenvolvidos ateacute o ano de 2022 Para tanto vem ampliando seus programas e hoje conta com
a adesatildeo de todos os estados e municiacutepios atraveacutes da assinatura do Termo de Adesatildeo ao
PMCTE onde satildeo chamados a responsabilizar-se com as metas preacute-estabelecidas pelo Plano
Dessa forma a execuccedilatildeo dos programas e projetos do PDE por parte dos estados e
municiacutepios tem promovido mudanccedilas substanciais principalmente na gestatildeo educacional e
escolar visto que com o Plano de Metas do Compromisso e o Plano de Accedilotildees Articuladas
organizam toda uma articulaccedilatildeo para materializar as metas propostas Para Sousa (2011 p 06)
ldquoo efeito mais perceptiacutevel das alteraccedilotildees promovidas pelo PDE no relacionamento do MEC
com os entes federativos reside no condicionamento de todas as transferecircncias voluntaacuterias da
Uniatildeo aos estados e municiacutepiosrdquo a partir da assinatura do termo de compromisso do PMCTE
e a responsabilidade dos estados e municiacutepios quanto ao cumprimento das suas diretrizes
83
Permeado de termos como ldquodemocraciardquo ldquocolaboraccedilatildeordquo e ldquoparceriardquo que foram
introduzidos e utilizados a partir de uma visatildeo neoliberal A poliacutetica educacional e de gestatildeo
propugnada pelo Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo estabelece o Plano de Metas
Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo e orienta os Estados e os Municiacutepios a elaborarem os seus
Planos de Accedilatildeo Articuladas seguindo o modelo proposto pelo MEC mantendo assim a
centralidade das decisotildees no acircmbito da Uniatildeo e desconcentrando a realizaccedilatildeo das tarefas para
os estados e os municiacutepios agindo como um oacutergatildeo coordenador da poliacutetica e dos resultados
alcanccedilados pelos demais entes federados E nesse sentido eacute que se observa o modelo de gestatildeo
gerencial em que estaacute inserido o PMCTE pois os estados e municiacutepios passam a ter que seguir
as diretrizes a partir do Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) como instrumento de planejamento
para o alcance das metas definidas
As divergecircncias em que se sustentam o PDE e o Plano de Metas Compromisso Todos
pela Educaccedilatildeo seja nas diretrizes instituiacutedas no desenvolvimento dos programas nas accedilotildees
implementadas e nos resultados alcanccedilados eacute tambeacutem por que o PDE natildeo foi uma poliacutetica
construiacuteda historicamente com a participaccedilatildeo coletiva dos envolvidos nos debates ela foi
determinada a partir de uma decisatildeo poliacutetica de governo dessa forma tem apresentado
ambiguidades e incoerecircncias na sua implantaccedilatildeo e execuccedilatildeo
A relaccedilatildeo democraacutetica e o regime de colaboraccedilatildeo entre os entes federados parece ser
mais uma ambiguidade pois de acordo com Camini (2011 p166-167) existe uma prevalecircncia
do MEC como instacircncia superior ldquoque encobre sob a forma de delegaccedilatildeo descentralizaccedilatildeo
ou auxiacutelio uma relaccedilatildeo que implica certa passividade e adesatildeo dos demais entes regionaisrdquo
Ainda assim existe tambeacutem uma ldquopermeabilidade que envolve praacuteticas e procedimentos
poliacutetico-administrativos e que permite e favorece a penetraccedilatildeo das intenccedilotildees e accedilotildees de umas
instacircncias sobre as outrasrdquo (idem grifos nossos)
Nesse sentido entende-se que as reformas propostas e implementadas no Brasil a partir
dos anos de 1990 tecircm apontado para o enfraquecimento do Estado em sua funccedilatildeo social As
novas concepccedilotildees abordagens meacutetodos de planejamento e as novas praacuteticas de gestatildeo tecircm
levado a educaccedilatildeo a apresentar caracteriacutesticas diferentes daquelas propostas pela Constituiccedilatildeo
Federal Brasileira de 1988 em que a educaccedilatildeo era um direito social fundamental e quando
ofertado em estabelecimento puacuteblico seria gratuito aleacutem da garantia do padratildeo de qualidade e
da gestatildeo democraacutetica do ensino puacuteblico As novas concepccedilotildees tecircm viabilizado um processo de
racionalizaccedilatildeo mercantil em favor da empresa privada as quais com a alternativa da terceira
via e com as parcerias com o poder puacuteblico buscam influenciar a definiccedilatildeo das poliacuteticas
puacuteblicas sendo o PDE um exemplo disso pois fomenta parcerias entre instituiccedilotildees privadas e
84
os sistemas puacuteblicos de educaccedilatildeo uma vez que nessas ldquoparceriasrdquo muitas vezes estatildeo
impliacutecitas a loacutegica de mercado com modelos de gestatildeo gerencial e instrumentos de controle
fortalecendo a competitividade entre as escolas e diminuindo a autonomia das instituiccedilotildees
puacuteblicas educacionais
O proacuteximo toacutepico trataraacute mais especificamente de um dos eixos de accedilatildeo do PDE ndash o
Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo ndash bem como as suas diretrizes e a sua
interface com a gestatildeo educacional
22 A GESTAtildeO EDUCACIONAL E O PLANO DE METAS COMPROMISSO TODOS PELA
EDUCACcedilAtildeO
A origem do Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo se deu a partir de um
movimento denominado Movimento Todos pela Educaccedilatildeo (MTPE) um movimento que se
apresenta como apoliacutetico e apartidaacuterio e congrega a sociedade civil organizada educadores e
gestores puacuteblicos sendo mantido por grupos empresariais36 cujo Conselho de Governanccedila eacute
composto majoritariamente por grandes liacutederes empresariais37 O movimento TPE foi criado
ainda em 2005 por um grupo de liacutederes empresariais no momento em que a valorizaccedilatildeo da
educaccedilatildeo comeccedilou a se tornar relevante para a formaccedilatildeo de trabalhadores brasileiros Em 2006
o movimento TPE lanccedilou o projeto ldquocompromisso todos pela educaccedilatildeordquo o qual foi
impulsionado para o congresso sob o tiacutetulo de ldquoAccedilotildees de Responsabilidade Social em
Educaccedilatildeo melhores praacuteticas na Ameacuterica Latinardquo (BERNARDI 2014)
Dessa forma com os liacutederes empresariais envolvidos na composiccedilatildeo do Conselho do
TPE sendo maioria majoritaacuteria nesse espaccedilo de decisatildeo logo estes tinham a prerrogativa de
decidir sobre as accedilotildees e os programas educacionais seguindo na direccedilatildeo de colocar o mercado
como a soluccedilatildeo para os problemas da educaccedilatildeo atendendo a loacutegica da gestatildeo empresarial e
apontando caminhos que devem ser seguidos pela educaccedilatildeo tendo o mercado como paracircmetro
36
As principais empresas mantenedoras satildeo Gerdau Fundaccedilatildeo Educar DPaschoal Fundaccedilatildeo Bradesco Fundaccedilatildeo
Itauacute Instituto Natura Fundaccedilatildeo Vale Itauacute BBA etc os parceiros satildeo entre outros Rede Globo Grupo ABC
Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) Instituto Ayrton Senna Editora Saraiva Itauacute Cultural
Microsoft Editora Moderna 37 Em 2011 o Conselho de Governanccedila apresentava a seguinte composiccedilatildeo Jorge Gerdau Johannpeter
(Presidente) Ana Maria dos Santos Diniz (Grupo Patildeo de Accediluacutecar) Antocircnio Jacinto Matias (Fundaccedilatildeo Itauacute Social)
Beatriz Johannpeter (Fundaccedilatildeo Gerdau) Daniel Feffer (Dirigente da Suzano Papel e Celulose SA) Danilo Santos
de Miranda (Diretor do SESC SP) Denise Aguiar Alvarez (Fundaccedilatildeo Bradesco) Fernatildeo Bracher (Banco Itauacute)
Joseacute Roberto Marinho (Fundaccedilatildeo Roberto MarinhoOrganizaccedilotildees Globo) Luiacutes Norberto Pascoal (Grupo
DPaschoal) Millu Villela Ricardo Henriques (Unibanco) Viviane Senna (Instituto Ayrton Senna) dentre outros
empresaacuterios
85
e como uacutenica alternativa para o desenvolvimento social e econocircmico de sucesso De acordo
com Voss (2011)
pois a ecircnfase central das reformas educacionais contemporacircneas natildeo eacute a expansatildeo da
escolarizaccedilatildeo mas a equidade entendida como a oferta eficiente e eficaz do ensino
de modo a garantir condiccedilotildees de aquisiccedilatildeo de habilidades e informaccedilotildees que permitam
competir no mercado profissional (VOSS 2011 p 45)
Enquanto iniciativa de classe a praacutetica do movimento TPE se traduz numa tentativa de
transformar a educaccedilatildeo num mercado lucrativo e voltado para atender a qualificaccedilatildeo
profissional no mercado de trabalho utilizando-se de uma poliacutetica de forte cunho gerencialista
Shiroma (2011) afirma que essa intensa aproximaccedilatildeo entre governo e iniciativa privada
demonstra a articulaccedilatildeo que caracteriza a formaccedilatildeo de ldquoredes interorganizacionaisrdquo que tecircm
como foco fortalecer as instituiccedilotildees privadas com a articulaccedilatildeo do poder puacuteblico estabelecendo
ldquonovas formas de regulaccedilatildeo da educaccedilatildeordquo
De acordo com Freitas (2007) quando o MEC privilegiou o empresariado como
possiacuteveis liacutederes que traduziriam as melhorias na educaccedilatildeo ele deixou de lado as entidades
educacionais sindicais e acadecircmicas no processo de elaboraccedilatildeo do PMCTE Ele afastou ldquooutros
interlocutores que estatildeo haacute mais de duas deacutecadas participando dos diferentes foacuteruns de definiccedilatildeo
das poliacuteticas tanto em niacutevel do proacuteprio Ministeacuterio quanto da proacutepria sociedade [] (FREITAS
2007 p 01)rdquo
O movimento TPM segundo Shiroma Garcia e Campos (2011 p233) foi ldquocriado por
um grupo de intelectuais orgacircnicos do capitalrdquo que definiu como objetivos propiciar as
condiccedilotildees de acesso de alfabetizaccedilatildeo e de sucesso escolar a ampliaccedilatildeo de recursos investidos
na educaccedilatildeo baacutesica e a melhoria da gestatildeo desses recursos que estatildeo traduzidos em cinco metas
a serem atingidas ateacute 2022 a saber
Meta 1 ndash Toda crianccedila e jovem de 4 a 17 anos na escola
Meta 2 ndash Toda crianccedila plenamente alfabetizada ateacute os 8 anos
Meta 3 ndash Todo aluno com aprendizado adequado ao seu ano
Meta 4 ndash Todo jovem com Ensino Meacutedio ateacute os 19 anos
Meta 5 ndash O investimento em educaccedilatildeo ampliado e bem gerido
(TODOS PELA EDUCACcedilAtildeO 2016)
Dessa maneira o governo federal colaborando com as aspiraccedilotildees do movimento TPE
lanccedilou o Decreto ndeg 60942007 que dispotildee sobre a implementaccedilatildeo do Plano de Metas
86
Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo na perspectiva de comprometer os estados e municiacutepios
com tais metas e instituir o Plano de Accedilotildees Articuladas como uma ferramenta gerencial delas
Eacute decretado entatildeo o Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo (PMCTE) como uma
poliacutetica governamental ou seja um conjunto de medidas e metas para o paiacutes estabelecido por
meio do Decreto 6094 de 24 de abril de 2007 Eacute portanto um ato do poder executivo e natildeo
uma lei e estaacute ligado ao eixo do Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo que envolve accedilotildees em
diferentes aacutereas da economia para impulsionar o crescimento econocircmico do paiacutes
Para Luce e Farenzena (2007 p11) a poliacutetica do PMCTE ldquocomo estrateacutegia metas e
meios foi concebida centralmente mas sua execuccedilatildeo eacute descentralizadardquo embora a execuccedilatildeo
sofra intervenccedilatildeo direta do MEC como poder centralizador que oferece assistecircncia na
formulaccedilatildeo dos planos suporte financeiro aleacutem de coordenar e controlar em torno de diretrizes
gerais previamente estabelecidas o desempenho das escolas a partir das bases de dados e
ainda daacute atribuiccedilotildees agraves redes escolares municipaisestaduais com baixos iacutendices educacionais
a fim de melhorar a qualidade da educaccedilatildeo Essa forma de descentralizar as accedilotildees mas controlar
eacute caracterizada como uma ldquodescentralizaccedilatildeo convergenterdquo ou ldquodescentralizaccedilatildeo monitoradardquo
(LUCE FARENZENA 2007 p 11) do MEC em relaccedilatildeo ao ente federativo jaacute que o Plano de
Accedilotildees Articuladas (PAR) e o IDEB estrategicamente realizam o planejamento e o
monitoramento das accedilotildees
Nesse contexto o PDEPlano de Metas eacute para Farenzena (2009) uma poliacutetica de
colaboraccedilatildeo entre os governos e parceiros com caracteriacutesticas e concepccedilotildees que favorecem a
centralizaccedilatildeo e descentralizaccedilatildeo A autora afirma que nessas relaccedilotildees colaborativas entre a
Uniatildeo os estados os municiacutepios e o Distrito Federal bem como nas parcerias com empresaacuterios
e outras instituiccedilotildees puacuteblicas observa-se que a centralizaccedilatildeo eacute na Uniatildeo Por outro lado o FNDE
ndash MEC ndash afirma que ocorre na verdade o Regime de Colaboraccedilatildeo como um compartilhamento
de competecircncias poliacuteticas teacutecnicas e financeiras para a execuccedilatildeo de programas de manutenccedilatildeo
e desenvolvimento da educaccedilatildeo de forma a auxiliar na atuaccedilatildeo dos entes federados sem ferir-
lhes a autonomia
De acordo com Celina Souza (2001) a poliacutetica conservadora de reduccedilatildeo do tamanho do
Estado centralizaccedilatildeo nas decisotildees e a desconcentraccedilatildeo da implementaccedilatildeo de poliacuteticas retirou
da esfera estadual obrigaccedilotildees que antes era da sua administraccedilatildeo o que deixou uma lacuna
nessa instacircncia intermediaacuteria Em contraponto a isso a Uniatildeo reduziu o poder do Estado e se
aproximou dos municiacutepios podendo implantar diretamente suas poliacuteticas sem mais o intermeacutedio
do Estado
87
As diretrizes38 que fazem parte do PMCTE tecircm como objetivo a melhoria da educaccedilatildeo
no paiacutes sem o objetivo de esgotar o assunto razatildeo por que se destacaraacute neste trabalho somente
as diretrizes que estatildeo relacionadas aos indicadores da gestatildeo democraacutetica objeto deste estudo
()
XVIII ndash fixar regras claras considerados meacuterito e desempenho para nomeaccedilatildeo e
exoneraccedilatildeo de diretor de escola
XIX ndash Divulgar na escola e na comunidade os dados relativos a aacuterea da educaccedilatildeo
com ecircnfase no Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica (IDEB) referido no
art 3ordm
XX - acompanhar e avaliar com participaccedilatildeo da comunidade e do Conselho de
Educaccedilatildeo as poliacuteticas puacuteblicas na aacuterea de educaccedilatildeo e garantir condiccedilotildees sobretudo
institucionais de continuidade das accedilotildees efetivas preservando a memoacuteria daquelas
realizadas
XXI ndash zelar pela transparecircncia da gestatildeo puacuteblica na aacuterea da educaccedilatildeo garantindo o
funcionamento efetivo autocircnomo e articulado dos conselhos de controle social
XXII ndash promover a gestatildeo participativa na rede de ensino
XXIII - elaborar plano de educaccedilatildeo e instalar Conselho de Educaccedilatildeo quando
inexistentes
XXIV integrar os programas da aacuterea da educaccedilatildeo com os de outras aacutereas como sauacutede
esporte assistecircncia social cultura dentre outras com vista ao fortalecimento da
identidade do educando com sua escola
XXV ndash fomentar e apoiar os conselhos escolares envolvendo as famiacutelias dos
educandos com as atribuiccedilotildees dentre outras de zelar pela manutenccedilatildeo da escola e
pelo monitoramento das accedilotildees e consecuccedilatildeo das metas do compromisso
()
XXVIII ndash organizar um comitecirc local do Compromisso com representantes das
associaccedilotildees de empresaacuterios trabalhadores sociedade civil Ministeacuterio Puacuteblico
Conselho Tutelar e dirigentes do sistema educacional puacuteblico encarregado da
mobilizaccedilatildeo da sociedade e do acompanhamento das metas de evoluccedilatildeo do IDEB
(BRASIL 2007)
As diretrizes tecircm demonstrado as accedilotildees que devem ser realizadas para atingir o padratildeo
de qualidade da educaccedilatildeo a partir da assinatura do Termo de Adesatildeo ao Compromisso
estabelecido entre os entes federados para atingir as metas propostas pelo IDEB sem adentrar a
autonomia de cada ente Entretanto alerta Saviani (2009) eacute preciso ter atenccedilatildeo pois de acordo
com o autor a loacutegica que embasa a proposta do Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo eacute uma
loacutegica de mercado que pode ser traduzida como uma ldquopedagogia de resultadosrdquo39
Nessa conjuntura o que se revela eacute que a gestatildeo da educaccedilatildeo no segundo mandato do
governo Lula se estrutura e se organiza com uma gestatildeo gerencial que tem como foco os
resultados seguindo os mesmos modelos de gestatildeo centralizados e determinados a partir da
experiecircncia de setores privados Dessa forma Saviani (2009 p 45) afirma que essa loacutegica eacute
38 As diretrizes do PMCTE na iacutentegra estatildeo disponiacuteveis no anexo do trabalho 39 O governo equipa-se com instrumentos de avaliaccedilatildeo dos produtos forccedilando com isso que o processo se ajuste
agraves exigecircncias postas pela demanda das empresas (SAVIANI 2007a p3)
88
direcionada pelo mercado pelo mecanismo das chamadas ldquopedagogias das competecircnciasrdquo e ldquoda
qualidade totalrdquo que visa agrave satisfaccedilatildeo dos clientes e usa da linguagem empresarial nas escolas
afirmando que ldquoaqueles que ensinam satildeo prestadores de serviccedilo aqueles que aprendem satildeo os
clientes e a educaccedilatildeo pode ser produzida com qualidade variaacutevelrdquo O autor considera positivo
que as empresas defendam a ampliaccedilatildeo dos recursos para a educaccedilatildeo entretanto critica
veementemente as que querem se apropriar dos recursos puacuteblicos pedindo isenccedilatildeo fiscal
reduccedilatildeo de impostos perdatildeo de diacutevidas e incentivos agrave produccedilatildeo
Nesse contexto o PDEPMCTE atrelou a permanecircncia na escola agrave qualidade do ensino
e para isso instituiu o IDEB que ldquoeacute uma composiccedilatildeo do resultado dos alunos em avaliaccedilotildees
nacionais como a Prova Brasil e o Sistema de Avaliaccedilatildeo do Ensino Baacutesico (SAEB) com as
taxas de aprovaccedilatildeo e evasatildeo de cada escolardquo (SAVIANI 2007 p03) que ldquoafererdquo o desempenho
de escolas municiacutepios estados e do paiacutes e define a poliacutetica de investimento de recursos na
Educaccedilatildeo Esses dados satildeo administrados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Aniacutesio Teixeira (INEP)
O IDEB inicia a sua histoacuteria no Brasil em 2005 a partir de onde foram estabelecidas
metas bienais de qualidade a serem atingidas natildeo apenas pelo paiacutes mas tambeacutem por cada escola
municiacutepio e estado A loacutegica eacute a de que cada instacircncia federativa evolua de forma a contribuir
em conjunto para que o Brasil atinja o patamar educacional da meacutedia dos paiacuteses da Organizaccedilatildeo
para a Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econocircmico (OCDE) Isso significa progredir em termos
numeacutericos da meacutedia nacional 38 registrada em 2005 na primeira fase do ensino fundamental
para um IDEB igual a 60 em 2022 ano do bicentenaacuterio da Independecircncia do Brasil (INEP
2014)
As metas programadas do IDEB no Brasil nos anos iniciais e finais do ensino
fundamental e no ensino meacutedio no periacuteodo de 2005 a 2013 pelo Instituto Nacional de Estudos
e Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira (INEP) estatildeo expliacutecitas na tabela abaixo
89
Tabela 03 - Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica no Brasil (2005 a 2013)
Anos iniciais do ensino fundamental no Brasil
IDEB observado Metas
2005 2007 2009 2011 2013 2007 2009 2011 2013 2021
Estadual 39 43 49 51 54 40 43 47 50 61
Municipal 34 40 44 47 49 35 38 42 45 57
Privada 59 60 64 65 67 60 63 66 68 75
Puacuteblica 36 40 44 47 49 36 40 44 47 58
BRASIL 38 42 46 50 52 39 42 46 49 60
Anos finais do ensino fundamental no Brasil
2005 2007 2009 2011 2013 2007 2009 2011 2013 2021
Estadual 33 36 38 39 40 33 35 38 42 53
Municipal 31 34 36 38 38 31 33 35 39 51
Privada 58 58 59 59 60 58 60 62 65 73
Puacuteblica 32 35 37 39 40 33 34 37 41 52
BRASIL 35 38 40 41 42 35 37 39 44 55
Ensino meacutedio no Brasil
2005 2007 2009 2011 2013 2007 2009 2011 2013 2021
Estadual 30 32 34 34 34 31 32 33 36 49
Privada 56 56 56 57 54 56 57 58 60 70
Puacuteblica 31 32 34 34 34 31 32 33 36 49
BRASIL 34 35 36 37 37 34 35 37 39 52
Fonte INEP (2015)
Na avaliaccedilatildeo do INEP o Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica (IDEB)
mostra que o paiacutes ultrapassou as metas previstas para os anos iniciais (1ordm ao 5ordm ano) do ensino
fundamental em 03 pontos O IDEB nacional nessa etapa ficou em 52 enquanto em 2011
havia sido de 50 As instituiccedilotildees privadas em 2011 e 2013 natildeo atingiram as metas propostas
embora tenham apresentado no total geral das instituiccedilotildees puacuteblicas estaduais e municipais o
melhor desempenho aferido pelo IDEB
Em se tratando dos anos finais do ensino fundamental de acordo com a avaliaccedilatildeo do
INEP o paiacutes ultrapassou as metas previstas pelo IDEB de 2011 em 02 pontos poreacutem em 2013
natildeo conseguiu atingir a meta que era de 44 ficando com 02 pontos abaixo da meta
90
programada O IDEB nacional nessa etapa ficou em 42 em 2013 e nenhuma esfera conseguiu
atingir as metas propostas nem a rede puacuteblica e nem a privada
Jaacute no ensino meacutedio o IDEB na avaliaccedilatildeo do INEP demonstra que o paiacutes em 2013 natildeo
conseguiu atingir as metas propostas que era de 39 atingindo somente 37 o mesmo IDEB
observado em 2011 As metas para o IDEB nacional era de 39 e nem a rede puacuteblica e nem a
privada atingiu as metas propostas
Para o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo a avaliaccedilatildeo estaacute refletindo a realidade das unidades de
ensino isso permite identificar os pontos de estrangulamento e tomar medidas para sanaacute-los
atuando nos municiacutepios prioritaacuterios aqueles com pior desempenho no IDEB e reforccedilando neles
o apoio teacutecnico e financeiro previstos na Constituiccedilatildeo
Por outro lado Freitas (2015) questiona esse modelo de avaliaccedilatildeo proposto pelo IDEB
e afirma que esse modelo eacute uma tendecircncia internacional neoliberal que foi aplicada nos Estados
Unidos a partir do final dos anos 80 e que inclusive nesse paiacutes esse modelo de poliacutetica
puacuteblica demonstrou falecircncia e serviu apenas para abrir as portas para o sucesso da privatizaccedilatildeo
da educaccedilatildeo puacuteblica Esse mesmo reflexo se vecirc no Brasil um modelo de avaliaccedilatildeo de larga
escala nacional que deixou de ser amostral para ser censitaacuteria na tentativa de ldquoresponsabilizarrdquo
cada escola eacute o que justamente propotildee o Movimento Todos pela Educaccedilatildeo ndash a
responsabilizaccedilatildeo das redes puacuteblicas municipaisestaduais pelo sucesso ou fracasso nos
resultados ndash cabendo ao governo central (MEC) a coordenaccedilatildeo dessa poliacutetica
Nesse sentido o IDEB natildeo pode ser sinocircnimo de qualidade pois embalados pela
ldquoresponsabilizaccedilatildeordquo as escolas e os professores estatildeo sendo pressionados pelo melhor
desempenho o que tende a maquiar os iacutendices do IDEB desconsiderando a importacircncia da
aprendizagem e dos fatores extraescolares Com esses processos de padronizaccedilatildeo
metodoloacutegica as escolas estatildeo longe de conseguir explicar a realidade da qualidade da
aprendizagem
Sob o ponto de vista da implantaccedilatildeo do Plano de Metas Compromisso Todos Pela
Educaccedilatildeo (PMCTE) nos municiacutepios o Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) eacute um dos eixos
integrantes sendo um instrumento operacional de planejamento criado pelo MEC que segundo
ele facilita o planejamento da implantaccedilatildeo do regime de colaboraccedilatildeo que antes era dificultado
pela descontinuidade e troca de governos a cada eleiccedilatildeo Mas no campo da gestatildeo educacional
quais as mudanccedilas que permeiam o PAR Eacute o que seraacute visto a seguir
91
23 A GESTAtildeO EDUCACIONAL E O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS
As bases para implantaccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) foram definidas
conforme Decreto nordm 6094 de 24 de Abril de 2007 editado pela Presidecircncia da Repuacuteblica que
dispotildee sobre a implementaccedilatildeo do Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo pela
Uniatildeo em regime de colaboraccedilatildeo com Municiacutepios Distrito Federal e Estados aleacutem da
participaccedilatildeo das famiacutelias e da comunidade mediante programas e accedilotildees de assistecircncia teacutecnica
e financeira visando a mobilizaccedilatildeo social pela melhoria da qualidade da educaccedilatildeo baacutesica A
seguir seraacute visto como se estrutura e se organiza o Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) como
instrumento de planejamento proposto pelo MEC para viabilizar a poliacutetica do PDEPMCTE
O Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) estaacute na sua 3ordf versatildeo A primeira versatildeo foi
prevista para planejamento e execuccedilatildeo no periacuteodo compreendido entre 2007 e 2010 a segunda
versatildeo jaacute com algumas modificaccedilotildees que seratildeo tratadas a seguir foi planejada para o periacuteodo
de 2011 a 2014 e a terceira versatildeo receacutem-lanccedilada prevista para o periacuteodo de 2016 a 201940
Neste estudo focalizamos a dimensatildeo gestatildeo educacional nas duas primeiras versotildees do
PAR mais especificamente alguns indicadores da aacuterea gestatildeo democraacutetica Nas duas primeiras
versotildees o PAR estaacute dividido em 4 grandes dimensotildees sendo (1) a gestatildeo educacional (2) a
formaccedilatildeo de professores e dos profissionais de serviccedilo e apoio escolar (3) as praacuteticas
pedagoacutegicas e avaliaccedilatildeo e (4) infraestrutura e recursos pedagoacutegicos
Para se ter um panorama geral das duas versotildees do PAR ndash a 1ordf versatildeo do PAR (2007-
2010) e a 2ordf versatildeo do PAR (2011-2014) ndash disponibilizamos nas tabelas 4 e 5 a quantidade de
indicadores por aacuterea e dimensatildeo dispostas em cada uma delas (o detalhamento das aacutereas e
indicadores estatildeo disponiacuteveis nos anexos)
Tabela 04 ndash Quantidade de indicadores por aacuterea e dimensatildeo na 1ordf versatildeo do PAR (2007-2010)
Dimensotildees Aacutereas Indicadores
Gestatildeo educacional 5 20
A formaccedilatildeo de professores e dos profissionais de
serviccedilo e apoio escolar 5 10
Praacuteticas Pedagoacutegicas e Avaliaccedilatildeo 2 8
Infraestrutura fiacutesica e recursos pedagoacutegicos 3 14
Total de dimensotildees 04 15 52 Fonte Elaborado pelo autor a partir do manual do PAR
40 Em 01 de fevereiro de 2016 os teacutecnicos do SIMEC enviaram documento aos dirigentes do municiacutepio de
SantanaAP no qual apresentam as novas condiccedilotildees teacutecnicas para operacionalizaccedilatildeo do PAR 2016 a 2019 Esta 3ordf
versatildeo natildeo constitui objeto de anaacutelise neste trabalho
92
Tabela 05 ndash Quantidade de indicadores por aacuterea e dimensatildeo na 2ordf versatildeo do PAR (2011-2014)
Dimensotildees Aacutereas Indicadores
Gestatildeo educacional 5 28
A formaccedilatildeo de professores e dos profissionais de
serviccedilo e apoio escolar
5 17
Praacuteticas Pedagoacutegicas e Avaliaccedilatildeo 3 15
Infraestrutura Fiacutesica e recursos pedagoacutegicos 4 22
Total de dimensotildees 04 17 82 Fonte Elaborado pela autora a partir do manual do PAR
Como podemos observar nas tabelas 4 e 5 as duas versotildees possuem as mesmas
dimensotildees Jaacute em relaccedilatildeo agraves aacutereas e aos indicadores houve ampliaccedilatildeo tanto no nuacutemero de aacutereas
quanto no de indicadores pois a 1ordf versatildeo do PAR possuiacutea 15 aacutereas e 52 indicadores e a 2ordf
versatildeo apresentou 17 aacutereas e 82 indicadores Observou-se ainda em ambas as versotildees que a
maior parte dos indicadores se concentram na dimensatildeo gestatildeo educacional Houve acreacutescimo
no nuacutemero de indicadores em todas as dimensotildees Duas dimensotildees tiveram o nuacutemero de aacutereas
ampliadas ndash uma aacuterea em cada ndash sendo as dimensotildees Praacuteticas Pedagoacutegicas e Avaliaccedilatildeo e a
Infraestrutura Fiacutesica e recursos pedagoacutegicos
Para a realizaccedilatildeo da implementaccedilatildeo do PAR eacute necessaacuterio seguir uma dinacircmica que
possui trecircs etapas o diagnoacutestico da realidade da educaccedilatildeo e a elaboraccedilatildeo do plano satildeo as
duas primeiras etapas sendo que ambos estatildeo na esfera do municiacutepioestado enquanto que a
terceira etapa eacute a anaacutelise teacutecnica realizada pela Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica do Ministeacuterio
da Educaccedilatildeo e pelo FNDE Depois da anaacutelise teacutecnica o municiacutepio assina um Termo de
Cooperaccedilatildeo com o MEC do qual constam os programas aprovados e classificados segundo a
prioridade municipal O quadro a seguir detalha como se daacute as formas de execuccedilatildeo do PAR
Quadro 5 Descriccedilatildeo das atribuiccedilotildees do MEC e do Municiacutepio na execuccedilatildeo do PAR municipal
Forma de Execuccedilatildeo Descriccedilatildeo
Assistecircncia teacutecnica do MEC
O MEC oferece apoio teacutecnico para a realizaccedilatildeo da sub-accedilatildeo
seja disponibilizando recursos materiais seja
disponibilizando vagas para formaccedilatildeo Eacute preciso ficar atento
para a contrapartida do municiacutepio Por exemplo quando o
MEC oferece vagas em cursos de formaccedilatildeo e material para
os cursistas a secretaria municipal de educaccedilatildeo deve
garantir a participaccedilatildeo dos gestores escolares ou
coordenadores pedagoacutegicos assumindo o transporte
93
alimentaccedilatildeo e hospedagem quando houver atividade fora do
municiacutepio
Assistecircncia financeira do
MEC
Ministeacuterio transfere recursos financeiros (transferecircncia
voluntaacuteria) para que a secretaria municipal de educaccedilatildeo
realize a sub-accedilatildeo
Financiamento do BNDES
(Banco Nacional de
Desenvolvimento Econocircmico
e Social)
O municiacutepio pode apresentar projetos de financiamento para
o BNDES nas seguintes aacutereas construccedilatildeo ampliaccedilatildeo
adequaccedilatildeo ou reforma da secretaria municipal de educaccedilatildeo
o mobiliaacuterio e equipamentos para a secretaria municipal de
educaccedilatildeo aquisiccedilatildeo de computadores portaacuteteis com
conteuacutedo pedagoacutegicos pelo Programa um Computador por
aluno a aquisiccedilatildeo de veiacuteculo apropriado para o transporte
escolar terrestre (ocircnibus) pelo Programa Caminho da
Escola
Executada pelo Municiacutepio Quando a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo eacute a responsaacutevel
pela implementaccedilatildeo da sub-accedilatildeo Fonte Brasil (2007)
Segundo o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo a elaboraccedilatildeo do PAR no acircmbito do municiacutepio deve
contar com a participaccedilatildeo dos gestores da educaccedilatildeo teacutecnicos e educadores locais que apoiados
em um diagnoacutestico da realidade escolar permitam-lhes a anaacutelise compartilhada da gestatildeo do
sistema educacional e a partir daiacute possam propor accedilotildees para a melhoria da qualidade da
educaccedilatildeo
Entretanto esse caso eacute um exemplo de descentralizaccedilatildeocentralizaccedilatildeo das tarefas pois
como se observa nesse movimento de implantaccedilatildeo do PAR existe a descentralizaccedilatildeo por parte
do MEC para que o municiacutepio no PAR pontue a sua realidade educacional a partir da discussatildeo
com as suas equipes locais mas deve seguir ldquoa cartilhardquo do planejamento elaborado pelo MEC
ndash o PAR ndash ou seja o municiacutepio segue como um mero executor da poliacutetica imposta pelo
PMCTE cabendo ao MEC o controle gerencial das accedilotildees desenvolvidas ou natildeo pelo municiacutepio
Ainda assim com o objetivo de auxiliar na implantaccedilatildeo do PAR o MEC tomou duas
providecircncias fez parceria com 17 universidades puacuteblicas e com o Centro de Estudos e
Pesquisas em Educaccedilatildeo e Cultura e Accedilatildeo Comunitaacuteria (CENPEC) para que essas instituiccedilotildees
auxiliem as prefeituras nas tarefas de diagnoacutestico e elaboraccedilatildeo dos planos e contratou uma
equipe de consultores que foi aos municiacutepios prioritaacuterios ndash aqueles com os mais baixos no
IDEB ndash para prestar assistecircncia teacutecnica local (FNDEPAR 2012) A ideia eacute conseguir mapear
a educaccedilatildeo no paiacutes para gerenciar
Nesse contexto de ldquocompartilhamentordquo a partir do ldquoRegime de Colaboraccedilatildeordquo a
assistecircncia teacutecnica e financeira aos programas e accedilotildees educacionais dos Estados Municiacutepios e
94
do Distrito Federal ficam sob a responsabilidade do MEC sendo que para isso os entes
federados devem assinar o Termo de Adesatildeo ao Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo e sob a
responsabilidade dos estados e dos municiacutepios a elaboraccedilatildeo de um Plano de Accedilotildees Articuladas
- PAR conforme Decreto da Presidecircncia da Repuacuteblica nordm 6094 de 24 de abril de 2007
Resoluccedilotildees nordm 29 de 20 de junho de 2007 e nordm 49 de 27 de setembro de 2007-FNDEMEC
No caso da transferecircncia de recursos o municiacutepio precisa assinar um convecircnio que eacute analisado
para aprovaccedilatildeo a cada ano (BRASIL 2013)
Para o preenchimento do PAR o MEC faz um documento que orienta os gestores
municipais de educaccedilatildeo a proceder o preenchimento no sistema SIMEC Os indicadores de cada
dimensatildeo no PAR satildeo pontuados de forma detalhada no Instrumento de Campo enviado pelo
MEC de acordo com situaccedilotildees variadas de cada realidade educacional local e correspondem a
quatro niacuteveis A metodologia adotada utiliza apenas criteacuterios de pontuaccedilatildeo entre 1 2 3 ou 4
As indicaccedilotildees descritas no Instrumento de Campo do MEC fazem parte de um diagnoacutestico e a
partir dele desenvolvem um conjunto de accedilotildees que servem de esteio para a elaboraccedilatildeo do PAR
local
A pontuaccedilatildeo 4 deve ser atribuiacuteda quando haacute uma situaccedilatildeo plenamente positiva natildeo
sendo permitidas ressalvas negativas no instrumento Jaacute a pontuaccedilatildeo 3 descreve uma situaccedilatildeo
satisfatoacuteria mas comporta ressalvas negativas desde que estas natildeo sejam do ponto de vista
quantitativo superiores aos aspectos positivos A pontuaccedilatildeo 2 descreve uma situaccedilatildeo
insuficiente e por isso aponta mais aspectos negativos do que positivos A pontuaccedilatildeo 1 deve
ser atribuiacuteda quando se defronta com uma situaccedilatildeo criacutetica ou seja haacute somente aspectos
negativos ou uma situaccedilatildeo inexistente Eacute possiacutevel tambeacutem atribuir a um dado indicador a
condiccedilatildeo de NSA (natildeo se aplica) quando a equipe local responsaacutevel pela elaboraccedilatildeo do PAR
depara-se com ausecircncia de informaccedilatildeo ou quando a descriccedilatildeo contida no Instrumento
encaminhado pelo MEC natildeo condiz com a realidade local (BRASIL 2008)
Quando algum indicador recebe a pontuaccedilatildeo 1 ou 2 o sistema gera de forma
automaacutetica uma mensagem de alerta indicando que a nota estaacute baixa Tal situaccedilatildeo requer
necessariamente o planejamento e cadastro imediato de accedilotildees com demandas claras a fim de
reverter a condiccedilatildeo negativa desse indicador Somente os indicadores que receberam a
pontuaccedilatildeo 1 e 2 podem gerar accedilotildees Tais accedilotildees podem contar com apoio financeiro eou teacutecnico
do MEC (BRASIL 2008 BRASIL 2009)
95
Quadro 6 Descriccedilatildeo dos documentos orientadores para elaboraccedilatildeo do PAR
Documento Descriccedilatildeo
Indicadores Demograacuteficos e
Educacionais (IDE)
Composto por um conjunto de tabelas que apresentam dados
demograacuteficos e educacionais para cada Municiacutepio Estado e
Distrito Federal Seu objetivo principal consiste em auxiliar
os entes federados a conhecerem melhor o perfil de suas
respectivas redes de ensino e populaccedilotildees As informaccedilotildees satildeo
populaccedilatildeo taxa de escolarizaccedilatildeo IDEB nuacutemero de escolas
de matriacuteculas de funccedilotildees docentes entre outros
Legislaccedilatildeo - Bases Legais
Alguns documentos que deveratildeo ser utilizados como
referecircncia o Plano Nacional de Educaccedilatildeo (PNE) os Planos
Estadual e Municipal de Educaccedilatildeo (quando houver) o Plano
de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo (PDE) do Ministeacuterio da
Educaccedilatildeo e o Decreto 6094 de 24 de abril de 2007 que
dispotildee sobre a implementaccedilatildeo do Plano de Metas
Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo As Resoluccedilotildees do
FNDE que estabelecem os criteacuterios os paracircmetros e os
procedimentos para a operacionalizaccedilatildeo da assistecircncia
financeira suplementar e voluntaacuteria a projetos educacionais
no acircmbito do Plano de Metas do PDE
Questotildees Pontuais
Como parte integrante do diagnoacutestico da situaccedilatildeo educacional
local o municiacutepio informa sobre itens que satildeo de grande
relevacircncia na construccedilatildeo da qualidade do ensino Esses itens
aparecem no sistema como ldquoQuestotildees Pontuaisrdquo em um total
de 15 questotildees
Fonte (BRASIL 2013)
Para a implantaccedilatildeo o monitoramento e a avaliaccedilatildeo do PAR nos estados e municiacutepios
as orientaccedilotildees estatildeo descritas nas resoluccedilotildees do FNDE nordm 29 e nordm 49 de 2007 que indicam a
possibilidade de consultoria disponibilizada pelo MEC e que o PAR seraacute elaborado em regime
de colaboraccedilatildeo com dirigentes e teacutecnicos dos entes da federaccedilatildeo aderentes configurando-se
base para a celebraccedilatildeo dos convecircnios de assistecircncia financeira a projetos educacionais pelo
FNDEMEC Tais documentos ainda observam que apoacutes concluiacuteda a accedilatildeo desenvolvida in loco
a equipe de consultores do MEC apresenta o PAR constituiacutedo dos seguintes itens a)
Diagnoacutestico do Contexto Educacional b) Accedilotildees a serem implementadas e os respectivos
resultados e c) metas a atingir para o desenvolvimento do IDEB
O Monitoramento da execuccedilatildeo do convecircnio e das metas fixadas na Adesatildeo ao
Compromisso seraacute feito com base em relatoacuterios teacutecnicos e visitas in loco A avaliaccedilatildeo do
cumprimento das metas de aceleraccedilatildeo do desenvolvimento da educaccedilatildeo constantes do Plano
96
de Accedilotildees Articuladas (PAR) dos municiacutepios brasileiros em niacutevel nacional seraacute realizada pelo
MEC sendo que essa avaliaccedilatildeo deveraacute ser composta por um projeto amplo envolvendo
parcerias com a Uniatildeo Nacional de Dirigentes Municipais de Educaccedilatildeo (UNDIME) Conselho
dos Secretaacuterios Estaduais de Educaccedilatildeo (CONSED) Uniatildeo Nacional dos Conselhos Municipais
de Educaccedilatildeo (UNCME) Foacuterum Nacional dos Conselhos Estaduais de Educaccedilatildeo Instituiccedilotildees
de Ensino Superior e outros oacutergatildeos de representaccedilatildeo ou entidades especializadas para este fim
Esse monitoramento ldquofaz parte da estrateacutegia de organizaccedilatildeo acompanhamento e
avaliaccedilatildeo das metas relacionadas ao apoio teacutecnico do MEC e das accedilotildees executadas diretamente
pelo municiacutepio bem como o traccedilado de novas estrateacutegiasrdquo (CAMINI p 543 2010) Em niacutevel
municipal o monitoramento eacute realizado pelo Comitecirc Local do Compromisso que eacute o
responsaacutevel pelo acompanhamento da execuccedilatildeo do PAR no municiacutepio Tal acompanhamento
requer o preenchimento das condiccedilotildees de desenvolvimento das accedilotildees diretamente no moacutedulo
teacutecnico-operacional no Sistema Integrado de Acompanhamento das Accedilotildees do MEC (SIMEC)
De acordo com Camini (2010) o relatoacuterio do monitoramento eacute tomado como base na
avaliaccedilatildeo dos progressos e das limitaccedilotildees da Uniatildeo e dos municiacutepios e eacute por assim dizer um
termocircmetro para anaacutelise e revisatildeo das accedilotildees propostas para atingir as metas do PAR Para o
MEC o monitoramento eacute parte do processo de planejamento pois possibilita o levantamento
de elementos que podem vir a subsidiar a reflexatildeo o debate e possiacuteveis mudanccedilas das
estrateacutegias de intervenccedilatildeo em torno da situaccedilatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio Dessa forma o
processo de acompanhamento e avaliaccedilatildeo do PAR
() revela-se necessaacuterio para a qualificaccedilatildeo de uma poliacutetica governamental Envolve
a ideia de controle social contribuindo inclusive para assegurar o melhor uso e
transparecircncia na aplicaccedilatildeo dos recursos educacionais Nesse sentido o
acompanhamento e a avaliaccedilatildeo satildeo entendidos como medidas para maior
responsabilizaccedilatildeo aprendizado accedilatildeo pedagoacutegica reafirmaccedilatildeo da poliacutetica puacuteblica
troca de informaccedilotildees fornecimento de orientaccedilotildees formaccedilatildeo permanente das equipes
e do Comitecirc Para isso destaca-se a importacircncia da articulaccedilatildeo dos foacuteruns jaacute
existentes (conselhos constituiacutedos) no sentido de superar limitaccedilotildees no seu
funcionamento as quais podem ser debitadas agrave falta de cultura de participaccedilatildeo
existente na sociedade em consequecircncia dos curtos periacuteodos de democracia
experimentados ateacute hoje no Brasil mas fundamentalmente resultam das praacuteticas de
gestatildeo autoritaacuterias e centralizadoras de poder (CAMINI 2010 p 544 grifos meus)
No caso de municiacutepios ou estados inadimplentes natildeo conseguirem cumprir com os
compromissos assumidos o MEC propotildee que sejam redimensionadas as accedilotildees com vistas a natildeo
comprometer os resultados do alcance das metas A autora chama a atenccedilatildeo para a participaccedilatildeo
dos conselhos de controle social que satildeo convocados no plano como metas a serem cumpridas
para dar transparecircncia e compartilhar as responsabilidades com a sociedade civil como forma
97
de consolidar a poliacutetica implantada sob o aval da sociedade Embora essa proposta de
participaccedilatildeo e democratizaccedilatildeo esteja permeada de accedilotildees gerenciais
231 A Dimensatildeo Gestatildeo Democraacutetica no Plano de Accedilotildees Articuladas
A Dimensatildeo Gestatildeo Educacional no Plano de Accedilotildees Articuladas estaacute presente nas duas
versotildees do PAR No PAR (1ordf versatildeo) a dimensatildeo 1 Gestatildeo Educacional estaacute dividida em cinco
aacutereas a saber (1) Gestatildeo democraacutetica articulaccedilatildeo e desenvolvimento dos sistemas de ensino
(2) Desenvolvimento da educaccedilatildeo baacutesica accedilotildees que visem agrave sua universalizaccedilatildeo agrave melhoria da
qualidade do ensino e da aprendizagem assegurando a equidade nas condiccedilotildees de acesso e
permanecircncia e conclusatildeo na idade adequada (3) Comunicaccedilatildeo com a sociedade (4) Suficiecircncia
e estabilidade da equipe escolar e (5) Gestatildeo de financcedilas Cada aacuterea estaacute desmembrada em
indicadores de atuaccedilatildeo
O quadro 7 apresenta um panorama geral da Dimensatildeo 1 (Gestatildeo Educacional) nas suas
5 Aacutereas e seus 20 Indicadores do 1ordm PAR
Quadro 7 - Dimensatildeo 1 Gestatildeo Educacional (1ordf versatildeo do PAR)
DIMENSAtildeO 1 GESTAtildeO EDUCACIONAL
Aacutereas Indicadores
1 Gestatildeo Democraacutetica
Articulaccedilatildeo e
Desenvolvimento dos
Sistemas de Ensino
1Existecircncia de Conselhos Escolares (CE)
2 Existecircncia composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho Municipal de
Educaccedilatildeo
3 Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar ndash
CAE
4 Existecircncia de Projeto Pedagoacutegico (PP) nas escolas e grau de
participaccedilatildeo dos professores e do CE na elaboraccedilatildeo dos mesmos
de orientaccedilatildeo da SME e de consideraccedilatildeo das especificidades de
cada escola
5 Criteacuterios para escolha da Direccedilatildeo Escolar
6 Existecircncia acompanhamento e avaliaccedilatildeo do Plano Municipal
de Educaccedilatildeo (PME) desenvolvido com base no Plano Nacional
de Educaccedilatildeo ndash PNE
7 Plano de Carreira para o magisteacuterio
8 Estaacutegio probatoacuterio efetivando os professores e outros
profissionais da educaccedilatildeo e
9 Plano de Carreira dos Profissionais de serviccedilo e apoio escolar
2 Desenvolvimento da
Educaccedilatildeo Baacutesica accedilotildees
que visem a sua
universalizaccedilatildeo a
melhoria das condiccedilotildees
de qualidade da
1 Implantaccedilatildeo e organizaccedilatildeo do Ensino Fundamental de 09
anos
2 Existecircncia de atividades no contraturno
3 Divulgaccedilatildeo e anaacutelise dos resultados das avaliaccedilotildees oficiais do
MEC
98
educaccedilatildeo assegurando a
equidade nas condiccedilotildees
de acesso e permanecircncia e
conclusatildeo na idade
adequada
3 Comunicaccedilatildeo com a
Sociedade
1 Existecircncia de parcerias externas para realizaccedilatildeo de atividades
complementares
2 Existecircncia de parcerias externas para execuccedilatildeoadoccedilatildeo de
metodologias especiacuteficas
3 Relaccedilatildeo com a comunidade Promoccedilatildeo de atividades e
utilizaccedilatildeo da escola como espaccedilo comunitaacuterio
4 Manutenccedilatildeo ou recuperaccedilatildeo de espaccedilos e equipamentos
puacuteblicos da cidade que podem ser utilizados pela comunidade
escolar
4 Suficiecircncia e
estabilidade da equipe
escolar
1 Quantidade de professores suficiente
2 Caacutelculo anualsemestral do nuacutemero de remoccedilotildees e
substituiccedilotildees de professores
5 Gestatildeo de Financcedilas
1 Cumprimento do dispositivo constitucional de
vinculaccedilatildeo dos recursos da educaccedilatildeo e
2 Aplicaccedilatildeo dos recursos de redistribuiccedilatildeo e
complementaccedilatildeo do FUNDEB
Total de aacutereas 05 Total de indicadores 20 Fonte PARBrasil (2007)
Jaacute na 2ordf versatildeo do PAR disposto no quadro 8 a Dimensatildeo 1 (Gestatildeo Educacional)
tambeacutem estaacute composta por 5 aacutereas e passa a ter 28 indicadores As aacutereas da dimensatildeo 1 satildeo as
seguintes (1) Gestatildeo democraacutetica articulaccedilatildeo e desenvolvimento dos sistemas de ensino (2)
Gestatildeo de Pessoas (3) Conhecimento e utilizaccedilatildeo de informaccedilatildeo (4) Gestatildeo de Financcedilas e (5)
Comunicaccedilatildeo e interaccedilatildeo com a sociedade
Quadro 8 - Dimensatildeo 1 Gestatildeo Educacional (2ordf versatildeo do PAR)
DIMENSAtildeO 1 GESTAtildeO EDUCACIONAL
Aacutereas Indicadores
1 Gestatildeo Democraacutetica
Articulaccedilatildeo e
Desenvolvimento dos
Sistemas de Ensino
1 Existecircncia acompanhamento e avaliaccedilatildeo do Plano
Municipal de Educaccedilatildeo (PME) desenvolvido com base no
PNE
2 Existecircncia composiccedilatildeo competecircncia e atuaccedilatildeo do CME
3 Existecircncia e funcionamento de Conselhos Escolares (CE)
4 Existecircncia de Projeto Pedagoacutegico (PP) nas escolas
inclusive nas de alfabetizaccedilatildeo de jovens e adultos (AJA) e de
EJA participaccedilatildeo dos professores e do conselho escolar na
sua elaboraccedilatildeo orientaccedilatildeo da secretaria municipal de
educaccedilatildeo e de consideraccedilatildeo das especificidades de cada
escola
5 Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho do FUNDEB
99
6 Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de Alimentaccedilatildeo
Escolar (CAE) e
7 Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromisso
2 Gestatildeo de Pessoas
1 Quadro de servidores da secretaria municipal de educaccedilatildeo
(SME)
2 Criteacuterios para a escolha de diretor escolar
3 Presenccedila de coordenadores ou supervisores pedagoacutegicos
nas escolas
4 Quadro de professores
5 Estaacutegio probatoacuterio efetivando os professores e outros
profissionais da educaccedilatildeo
6 Plano de carreira do magisteacuterio
7 Plano de carreiras dos profissionais de serviccedilo e apoio
escolar
8 Piso salarial nacional do professor e
9 Existecircncia de professores para o exerciacutecio da funccedilatildeo
docente no atendimento educacional especializado (AEE)
complementar ao ensino regular Existecircncia de professores
para o exerciacutecio da funccedilatildeo docente AEE complementar ao
ensino regular
3 Conhecimento e utilizaccedilatildeo
de informaccedilatildeo
1 Existecircncia de um sistema informatizado de gestatildeo escolar
que integre a rede municipal de ensino
2 Conhecimento da situaccedilatildeo das escolas da rede
3 Conhecimento e utilizaccedilatildeo de dados de analfabetismo e
escolaridade de jovens e adultos
4 Acompanhamento e registro da frequecircncia dos alunos
beneficiados pelo Programa Bolsa Famiacutelia (PBF)
5 Existecircncia e monitoramento do acesso e permanecircncia de
pessoas com deficiecircncia de 0 a 18 anos beneficiaacuterias do
Benefiacutecio da Prestaccedilatildeo Continuada (BPC) e
6 Formas de registro da frequecircncia
4 Gestatildeo de Financcedilas
1 Existecircncia de equipe gestora capacitada para o
gerenciamento dos recursos para a educaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo
do Sistema de Informaccedilotildees sobre Orccedilamentos Puacuteblicos
em Educaccedilatildeo (SIOPE) e
2 Cumprimento do dispositivo constitucional de
vinculaccedilatildeo dos recursos da educaccedilatildeo
3 Aplicaccedilatildeo dos recursos de redistribuiccedilatildeo e
complementaccedilatildeo do FUNDEB
5 Comunicaccedilatildeo e interaccedilatildeo
com a sociedade
1 Divulgaccedilatildeo e anaacutelise dos resultados das avaliaccedilotildees do
MEC
2 Existecircncia de parcerias externas para a realizaccedilatildeo de
atividades complementares que visem a formaccedilatildeo integral dos alunos e
3 Relaccedilatildeo com a comunidadepromoccedilatildeo de atividades e
utilizaccedilatildeo da escola como espaccedilo comunitaacuterio
Total de aacutereas 05 Total de indicadores 28 Fonte PARBrasil (2011)
100
As aacutereas e indicadores dessa dimensatildeo 1 (Gestatildeo Educacional) em muitos casos foram
alteradas de uma versatildeo para outra Faremos um recorte a respeito da aacuterea 1 (Gestatildeo
Democraacutetica) que eacute o principal objeto desse estudo
Analisando as duas versotildees observou-se uma diminuiccedilatildeo de indicadores na aacuterea 1
(Gestatildeo Democraacutetica) de 9 na 1ordf versatildeo para 7 na 2ordf versatildeo Dessa forma as alteraccedilotildees
revelaram na aacuterea 1 (Gestatildeo Democraacutetica) da 2ordf versatildeo a presenccedila de dois novos indicadores
o Conselho do FUNDEB e o Comitecirc Local do Compromisso que podem ajudar a fortalecer o
Controle Social Ainda foi observado o remanejamento de 4 indicadores da aacuterea 1 (Gestatildeo
Democraacutetica) da 1ordf versatildeo para a aacuterea 2 (Gestatildeo de Pessoas) da 2ordf versatildeo do PAR sendo eles
Criteacuterios para escolha da Direccedilatildeo Escolar Plano de Carreira para o magisteacuterio Estaacutegio
probatoacuterio efetivando os professores e outros profissionais da educaccedilatildeo e Plano de Carreira
dos Profissionais de serviccedilo e apoio escolar
A aacuterea da Gestatildeo Democraacutetica observada a intenccedilatildeo de cada indicador remete-nos agrave
compreensatildeo da necessidade da construccedilatildeo de processos formativos de participaccedilatildeo da
sociedade civil nos processos de compartilhamento de poder e na conquista da autonomia na
tomada de decisotildees em relaccedilatildeo a educaccedilatildeo Para isso eacute necessaacuterio a iniciativa implantaccedilatildeo e
funcionamento dos conselhos de controle social para que atinja os objetivos o qual se propotildee
Nesse sentido o MEC (2011) sugere uma que ldquoequipe localrdquo seja composta pelas
pessoas que elaboram implementam e monitoram a execuccedilatildeo do PAR enquanto o ldquocomitecirc
localrdquo fica encarregado da mobilizaccedilatildeo da sociedade e do acompanhamento das metas de
evoluccedilatildeo do IDEB A equipe teacutecnica local deve entatildeo proceder o diagnoacutestico atribuindo as
pontuaccedilotildees com base nos documentos orientados pelo MEC e de acordo com a realidade
educacional local
Segundo o MEC (2013) a ldquoEquipe Localrdquo e o ldquoComitecirc Localrdquo satildeo experiecircncias de
participaccedilatildeo democraacutetica que orientam e fortalecem a gestatildeo da educaccedilatildeo baacutesica puacuteblica em
cada municiacutepio brasileiro constituindo-se num aprendizado coletivo dos processos decisoacuterios
a serem enfrentados pela populaccedilatildeo Vale ressaltar que a equipe local natildeo deve ser confundida
com o comitecirc local O ideal eacute que a ldquoequipe localrdquo e ldquocomitecirc localrdquo sejam compostos por
membros distintos com exceccedilatildeo do (a) dirigente municipal de educaccedilatildeo que iraacute compor ambos
O municiacutepio pode convidar os segmentos da sociedade que considerar importantes e todos os
membros da equipe devem participar ativamente do planejamento frisando-se que uma equipe
local para elaboraccedilatildeo do PAR natildeo poderaacute ser composta por somente duas pessoas (MEC 2011)
A Equipe Local pode contemplar a presenccedila dos seguintes segmentos dirigente
municipal de educaccedilatildeo teacutecnicos da secretaria municipal de educaccedilatildeo representante dos
101
diretores de escola representante dos professores da zona urbana representante dos professores
da zona rural representante dos coordenadores ou supervisores escolares representante do
quadro teacutecnico-administrativo das escolas representante dos conselhos escolares e
representante do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (quando houver) O municiacutepio pode
convidar outros segmentos que considerar importante e todos os membros da equipe devem
participar ativamente do planejamento
O Comitecirc Local tem um papel essencialmente mobilizador e de acompanhamento das
accedilotildees e das metas sendo sua composiccedilatildeo ampliada para aleacutem das organizaccedilotildees educacionais
Para a participaccedilatildeo no comitecirc recomenda-se oacutergatildeos e entidades que compotildeem a sociedade civil
tais como o Ministeacuterio Puacuteblico os sindicatos a Cacircmara Municipal as associaccedilotildees de
moradores as ONGs os Conselhos as Igrejas e a populaccedilatildeo em geral Do ponto de vista
administrativo para a constituiccedilatildeo da Equipe Local natildeo eacute necessaacuterio um ato legal com
publicaccedilatildeo de portaria no Diaacuterio Oficial do municiacutepio Contudo para a criaccedilatildeo do Comitecirc Local
do Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo sua instituiccedilatildeo e composiccedilatildeo devem ser feitos por meio
de ato legal publicado no Diaacuterio Oficial do municiacutepio (MEC 2013) Natildeo se deve portanto
confundi-lo com a equipe local
Finalmente apoacutes a apresentaccedilatildeo desse capiacutetulo que tratou de instrumentalizar o
funcionamento do PAR a partir da compreensatildeo da poliacutetica educacional que o concebeu
enfatizadas no Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo e no Plano de Metas Compromisso
Todos pela Educaccedilatildeo far-se-aacute um estudo especiacutefico na rede municipal de educaccedilatildeo de Santana-
Amapaacute no qual seis indicadores da aacuterea gestatildeo democraacutetica foram definidos com o objetivo de
analisar as implicaccedilotildees do 1ordm e do 2ordm PAR para a gestatildeo educacional no municiacutepio O proacuteximo
capiacutetulo se ocuparaacute de analisar tais indicadores
102
3 A GESTAtildeO EDUCACIONAL NO CONTEXTO DO PLANO DE ACcedilOtildeES
ARTICULADAS NO MUNICIacutePIO DE SANTANAAMAPAacute
A anaacutelise das implicaccedilotildees do PAR para a poliacutetica de gestatildeo educacional no municiacutepio
de Santana natildeo pode prescindir de uma anaacutelise preliminar das condiccedilotildees concretas em que se
desenvolve tal poliacutetica Nesta perspectiva o presente capiacutetulo traz primeiramente uma
abordagem do contexto histoacuterico social econocircmico e educacional do municiacutepio de Santana no
Amapaacute Em seguida apresentamos as condiccedilotildees materiais que poderatildeo viabilizar a efetivaccedilatildeo
da poliacutetica educacional ou seja a gestatildeo educacional e como parte dessa gestatildeo o
financiamento da educaccedilatildeo Apresentaremos tambeacutem as anaacutelises dos indicadores de gestatildeo
democraacutetica presentes no municiacutepio e definidos na metodologia da pesquisa sendo eles
Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar Conselho Escolar Conselho Municipal de Educaccedilatildeo
Conselho do FUNDEB Comitecirc Local do Compromisso Sindicato e Gestores da rede municipal
de ensino de Santana sobre as implicaccedilotildees do Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) para a gestatildeo
da educaccedilatildeo a partir do diagnoacutestico educacional dos indicadores
31 CONTEXTO HISTOacuteRICO ASPECTOS SOCIOECONOcircMICO E DADOS GERAIS DO
MUNICIacutePIO DE SANTANA ndash AMAPAacute
Figura 01 Vista do municiacutepio de Santana-Amapaacute
Fonte memorial-stnblogspotcombr (consultado em maio de 2015)
103
311 Santana cidade portuaacuteria do Amapaacute
A histoacuteria do municiacutepio de Santana no Estado do Amapaacute em muitos aspectos
aproxima-se do que ocorrera com a capital do estado o municiacutepio de Macapaacute no sentido de
que quando o governador do Estado do Gratildeo-Paraacute e Maranhatildeo (capitatildeo-general Mendonccedila
Furtado) fundou a vila de Satildeo Joseacute de Macapaacute no dia 4 de fevereiro de 1758 prosseguiu viagem
para a capitania de Satildeo Joseacute do Rio Negro e deparou-se com a ilha de Santana situada agrave
margem esquerda do rio Amazonas elevando-a agrave categoria de povoado
Os primeiros habitantes eram moradores de origem europeia principalmente
portugueses mesticcedilos vindos do Paraacute e iacutendios da naccedilatildeo tucujus Estes uacuteltimos vindos de
aldeamentos originaacuterios do rio Negro eram chefiados por Francisco Portilho de Melo que fugia
das autoridades fiscais paraenses em decorrecircncia de estar atuando no comeacutercio clandestino
Francisco Portilho de Melo foi o primeiro desbravador da ilha de Santana aleacutem de foragido da
lei era um escravocrata e portanto exigia respeito das tribos que dominava Apesar de ser
por muito tempo perseguido pelas autoridades lusitanas Portilho recebia apoio dos mercados
de Beleacutem logicamente interessados no traacutefico de matildeo-de-obra nativa Aproveitando-se disto ndash
e da viagem de demarcaccedilatildeo e estabelecimento da capitania do Rio Negro realizada por
Mendonccedila Furtado (1758) ndash e ao mesmo tempo tentando melhorar sua imagem resolveu
cooperar com Mendonccedila Furtado (governador do Gratildeo-Paraacute e Maranhatildeo) dando-lhe
informaccedilotildees preciosas sobre a Amazocircnia que ele tatildeo bem conhecia
De sua alianccedila com Mendonccedila Furtado obteve o tiacutetulo de Capitatildeo e Diretor do povoado
de Santana Em troca teria de remanejar aproximadamente quinhentos silviacutecolas mais
conhecidos por tucuju com matildeo-de-obra escrava e barata para a construccedilatildeo da Fortaleza de Satildeo
Joseacute de Macapaacute que estavam na eacutepoca sob sua guarda e chefia Em caso contraacuterio teria que
importar da Europa a custos altiacutessimos Com esse acordo o governador do Estado do Gratildeo-
Paraacute e Maranhatildeo deu continuidade ao projeto de construccedilatildeo da Fortaleza de Satildeo Joseacute de Macapaacute
e ampliou a produccedilatildeo agriacutecola Este fato provocou bastante insatisfaccedilatildeo por parte dos iacutendios
que tiveram de se afastar de seu habitat natural e enfrentar condiccedilotildees bastante prejudiciais a sua
vida e a sua cultura
Concentrando-se na ilha de Santana Portilho de Melo conviveu com a reduccedilatildeo bastante
acentuada da forccedila de trabalho Muitos iacutendios fugiram esconderam-se ou simplesmente
desapareceram outros morreram em consequecircncia dos maus-tratos e doenccedilas tropicais
104
Figura 02 Monumento em homenagem a Santa Ana na entrada do municiacutepio
Fonte memorial-stnblogspotcombr (consultado em maio de 2015)
Fonte Foto extraiacuteda do site httpwwwcidade-brasilcombrmunicipio-santanahtml
O nome ldquoSantanardquo eacute uma homenagem a Nossa Senhora de SantrsquoAna de quem os
europeus e seus descendentes entre eles Francisco Portilho eram devotos
Santana foi elevado agrave categoria de municiacutepio atraveacutes do Decreto-Lei Nordm 7369 de 17 de
dezembro de 1987 Haroldo da Silva Oliveira era o agente distrital de Santana no periacuteodo junho
de 1986 a 07 de julho de 1988 O municiacutepio de Santana teve o seu primeiro prefeito nomeado
com mandato de 8 de julho a 31 de dezembro de 1988 Apoacutes as eleiccedilotildees que ocorreram ainda
em 1988 o prefeito eleito Rosemiro Rocha Freires pelo voto direto tomou posse para o
mandato para o periacuteodo de (1989-1992)
O municiacutepio de Santana tem atualmente como prefeito o Sr Robson Santana Rocha Freires
(2013-2016) do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) que durante a eleiccedilatildeo em 2012 coligou com o
Partido dos Democratas (DEM) e obteve 4178 sendo o 7ordm prefeito de Santana O atual prefeito
Robson Rocha eacute filho do primeiro prefeito eleito do municiacutepio de Santana que governou Santana
por dois mandatos o Sr Rosemiro Rocha Freires41 eacute tambeacutem irmatildeo da deputada estadual Elizamira
do Socorro Arraes Freires (Mira Rocha) eleita em 2015 para o terceiro mandato42
41O Sr Rosemiro Rocha Freires foi eleito para governar o municiacutepio de Santana nos periacuteodos (1989-1992) e (2001-2004)
No municiacutepio de Santana nessa eacutepoca natildeo havia reeleiccedilatildeo E nos periacuteodos entre (1993-1996) e (1997-2000) que natildeo
podia ser reeleito o Sr Rosemiro Rocha Freires foi deputado estadual (SANTANA 2016) 42Mira Rocha foi eleita como deputada estadual nas legislaturas V (2007-2011) VI (2011-2015) e VII (2015-
2019) (ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO AMAPAacute 2016)
105
312 Santana Localizaccedilatildeo e condiccedilotildees geograacuteficas
O municiacutepio de Santana fica a 16 km de Macapaacute capital do Estado com quem faz uma
conurbaccedilatildeo formando a Regiatildeo Metropolitana de Macapaacute Localiza-se no sul do Estado faz
limites com os municiacutepios de Macapaacute Mazagatildeo e Porto Grande A sede ndash Santana ndash fica agraves
margens do lado esquerdo do Rio Amazonas43 com uma aacuterea de 159970 km2 possui ainda
em 2009 as seguintes comunidades e distritos Ilha de Santana Igarapeacute da Fortaleza Igarapeacute
do Lago Anauerapucu Piaccedilacaacute e Pirativa
Dadas as condiccedilotildees geograacuteficas adequadas ao escoamento industrial e comercial via
fluvial foi escolhido o Canal Norte do Rio Amazonas que pela sua profundidade propicia faacutecil
navegabilidade aos navios de grande calado e por se tratar de uma cidade portuaacuteria foi
construiacutedo em Santana um cais flutuante que acompanha o movimento das mareacutes pela sua
profundidade e faacutecil navegabilidade permitindo assim o acesso de navios cargueiros de grande
porte
Figura 03 Localizaccedilatildeo do municiacutepio de Santana no Figura 04 Localizaccedilatildeo Estrateacutegica do Porto
Estado do Amapaacute para a exportaccedilatildeo para outros paiacuteses
As imagens acima demonstram a localizaccedilatildeo do municiacutepio de Santana e do Porto de
Santana bem como o seu faacutecil acesso ao canal norte e ao oceano atlacircntico para a importaccedilatildeo e
43 O Rio Amazonas eacute o maior rio em volume de aacutegua do mundo com 6516 km de comprimento nasce nos Andes
Peruanos e percorre pela floresta amazocircnica na Regiatildeo Norte do Brasil o Rio Amazonas tem um quinto do
suprimento de aacutegua doce do mundo
106
exportaccedilatildeo de mercadorias para paiacuteses industrializados do Ocidente e Oriente como a Europa
Estados Unidos e Japatildeo
Como atraccedilotildees turiacutesticas no municiacutepio satildeo conhecidas o porto de embarque e desembarque
de produtos importados cavacos de pinho e a ilha de Santana esta fica do outro lado da cidade que
tem inclusive alguns balneaacuterios agrave margem dos rios bastante frequentados aos finais de semana Haacute
em Santana vaacuterios rios e Igarapeacutes os rios mais importantes satildeo Amazonas Matapi Maruanum
Tributaacuterio Piassacaacute Vila Nova Igarapeacute do Lago e Igarapeacute da Fortaleza
313 A exportaccedilatildeo de mineacuterios da Amazocircnia Amapaense
Com a descoberta das jazidas de manganecircs no municiacutepio de Serra do Navio-AP pelo
caboclo Maacuterio Cruz e posteriormente a abertura de concorrecircncia puacuteblica para a concessatildeo de
exploraccedilatildeo de mineacuterio em que saiu vitoriosa a Induacutestria e Comeacutercio de Mineacuterios (ICOMI) para
explorar o mineacuterio por cinquenta anos (1947-1997) Serra do Navio e Santana experimentaram
um crescimento populacional significativo com a instalaccedilatildeo da empresa ICOMI para a
exploraccedilatildeo de manganecircs em Serra do Navio e a construccedilatildeo do Porto em Santana para a sua
exportaccedilatildeo
O relatoacuterio do Observatoacuterio Nacional sobre a ICOMI no Amapaacute (2003) afirmou acerca
do manganecircs que tratava-se de um mineral relativamente escasso e naquela eacutepoca foram
estabelecidas contrapartidas do setor privado pela exploraccedilatildeo daquela mina A perspectiva de
operaccedilatildeo da empresa e os termos do arrendamento eram apontados no discurso oficial e de
amplos setores da sociedade como fundamentais para o desenvolvimento do Amapaacute
(OBSERVATOacuteRIO NACIOCIAL 2003)
Por outro lado Luxemburgo (1988) revela que as empresas capitalistas principalmente
as multinacionais especialmente na virada do seacuteculo XIX para o seacuteculo XX quando a
acumulaccedilatildeo de capital expandiu-se buscaram cada vez mais as mateacuterias-primas como base
material da mais-valia Para a autora eacute nas sociedades que ela conceitua de economia natural
que se encontra em maior quantidade essa base material das forccedilas produtivas ldquoEacute o caso por
exemplo da terra com suas riquezas minerais seus prados bosques e forccedilas hidraacuteulicas enfim
dos rebanhos dos povos primitivos dedicados ao pastoreiordquo (1988 p 319) Eacute o caso que temos
observado da realidade saqueada natildeo soacute do Amapaacute mas de toda a Amazocircnia por empresas
estrangeiras
107
Dessa forma os acordos poliacuteticos e mercadoloacutegicos levavam agraves concessotildees em que
tinham como objetivo principal atender as necessidades operacionais do mercado No contrato
de concessatildeo e em sucessivos outros contratos firmados estava aleacutem do direito a exploraccedilatildeo
pela empresa a construccedilatildeo de um porto em Santana uma ferrovia de 200 km de extensatildeo que
ligasse Santana a Serra do Navio (ICOMI 1960)
Com a Guerra Fria44 a Uniatildeo Sovieacutetica bloqueou a exportaccedilatildeo de manganecircs para os
Estados Unidos E a reserva de mineacuterios no Amapaacute passou a ser vista como estrateacutegica para os
americanos Poreacutem alguns entraves de infraestrutura como acesso as minas e a exportaccedilatildeo
foram identificados e seria necessaacuterio um investimento muito alto de recursos que dificilmente
fosse encontrado no Brasil
A proacutepria presidecircncia da repuacuteblica entatildeo ocupada por Getuacutelio Vargas a propoacutesito da
obtenccedilatildeo de financiamento para a ICOMI declarava em 1953 que o projeto era
ldquoeconomicamente vantajoso do ponto de vista nacionalrdquo (ICOMI 1972 2) tanto que o
Congresso Nacional autorizou o governo federal a dar garantia do Tesouro Nacional a
empreacutestimo ateacute o montante principal de 35 milhotildees de doacutelares americanos ndash em valores de 1953
mdash a ser contraiacutedo pela ICOMI no International Bank for Reconstruction and Devellopment
(OBSERVATOacuteRIO NACIONAL 2003) O creacutedito colocado agrave disposiccedilatildeo da empresa ateacute o
limite de US$ 675 milhotildees mdash em valores de 1953 mdash foi superior ao que a empresa necessitava
para atender agraves despesas com a instalaccedilatildeo do projeto Tanto que natildeo utilizou a totalidade dos
recursos que lhes foram disponibilizados pelo banco deles sacou natildeo mais do que US$ 55
milhotildees em valores da eacutepoca (ICOMI 1968 p 5)
44 A Guerra Fria que teve seu iniacutecio logo apoacutes a Segunda Guerra Mundial (1945) e a extinccedilatildeo da Uniatildeo Sovieacutetica
(1991) eacute a designaccedilatildeo atribuiacuteda ao periacuteodo histoacuterico de disputas estrateacutegicas e conflitos indiretos entre os Estados
Unidos e a Uniatildeo Sovieacutetica disputando a hegemonia poliacutetica econocircmica e militar no mundo Disponiacutevel em
httpwwwsohistoriacombref2guerrafria
108
Figura 05 Porto de Santana para importaccedilatildeo e exportaccedilatildeo
Fonte memorial-stnblogspotcombr (consultado em maio de 2015)
Com a construccedilatildeo do Porto no braccedilo norte do Rio Amazonas em Santana no ano de 1956
e inauguraccedilatildeo em 1957 pela empresa ICOMI SA hoje conhecido como Porto de Santana45 em
frente agrave ilha de Santana gerando subempregos atraindo pessoas de vaacuterias partes do paiacutes sob
possibilidade de ganhos e incentivando o comeacutercio local tudo isso tinha um objetivo a chamada
Acumulaccedilatildeo Primitiva que se realizou sobre as diversas colocircnias dominadas pelas naccedilotildees
imperialistas europeias e foi direcionada no sentido de reforccedilar a exportaccedilatildeo das mateacuterias-
primas necessaacuterias agrave acumulaccedilatildeo de capital (LUXEMBRUGO 1988)
O Porto46 instalado e funcionando embarca 1200 toneladas de mineacuterio por hora e tem
atracado mais de 50 navios por ano em busca de manganecircs muito utilizado para artefatos
manufaturados presentes no nosso dia-a-dia
Como a matildeo-de-obra no estado ainda era pouco qualificada foi necessaacuterio trazer pessoas
de fora bem como alojar os funcionaacuterios da empresa em tracircnsito Serra do NavioSantanaSerra
do Navio para isso a ICOMI construiu um nuacutecleo habitacional de trabalhadores em Santana
ainda nos anos de 1950 a conhecida Vila Amazonas A empresa preparou toda a infraestrutura
45 O porto eacute administrado pela Companhia Docas de Santana minus CDSA desde 2002 e eacute vinculada agrave Prefeitura
Municipal de Santana Estaacute localizado na margem esquerda do rio Amazonas no canal de Santana em frente agrave
ilha de mesmo nome a 18 km da cidade de Macapaacute capital do Estado do Amapaacute 46 Esse cais flutuante usado como um terminal privado da mineradora Anglo foi destruiacutedo por um deslizamento e
afundou em marccedilo de 2013 cuja infraestrutura do porto era utilizada para o carregamento do mineacuterio
109
de saneamento baacutesico um hospital um clube recreativo escola e supermercado para oferecer
melhores condiccedilotildees de moradia aos seus operaacuterios (ICOMI 1960)
A principal finalidade da ferrovia Santana-Serra do Navio era transportar os operaacuterios e
escoar o carregamento de mineacuterio em virtude da inviabilidade do transporte por via mariacutetima
Com o iniacutecio das obras da ferrovia SantanaSerra do Navio para dar vazatildeo agrave exportaccedilatildeo dos
mineacuterios de ferro o Estado cresceu e a sua populaccedilatildeo tambeacutem gerou empregos e parecia estar
vivendo o mais alto niacutevel de desenvolvimento da sua histoacuteria
Figura 06 Ferrovia que liga Santana a Serra do Navio para o transporte de mineacuterios
Fonte memorial-stnblogspotcombr (consultado em maio de 2015)
No decorrer dos anos a ICOMI promoveu uma evoluccedilatildeo progressiva econocircmica e
social no Territoacuterio Federal do Amapaacute pois antes da sua chegada ao Amapaacute havia poucos
habitantes e a economia baseava-se no cultivo de subsistecircncia extrativismo madeireiro e
pequeno comeacutercio Outra empresa a Brumasa Madeiras SA induacutestria de compensado ligada
ao grupo Caemi mineraccedilatildeo foi instalada nos anos de 1960 em Santana provocando a criaccedilatildeo
de outro porto para a cidade destinado ao embarque de pinho para exportaccedilatildeo e desembarque
de navios contendo produtos importados Eacute tambeacutem em Santana que se localiza o Distrito
Industrial do Amapaacute agrave margem esquerda do rio Matapi afluente do rio Amazonas
Com o iniacutecio do esgotamento das jazidas manganiacuteferas e com o fim das operaccedilotildees da
empresa ICOMI em 1997 que era muito importante para a economia do ex-territoacuterio restaram
os problemas sociais deixados pela saiacuteda da empresa no Amapaacute desemprego danos ambientais
contaminaccedilatildeo de lenccediloacuteis freaacuteticos na aacuterea do porto da ICOMI em Santana como tambeacutem de
cursos drsquoaacutegua nas proximidades daquela aacuterea contaminaccedilatildeo por arsecircnio em pessoas residentes
110
na Vila do Elesbatildeo proacuteximo ao porto o sucateamento da induacutestria no Amapaacute e o abandono das
aacutereas exploradas por quase 50 anos (OBSERVATOacuteRIO NACIONAL 2003)
Entatildeo em 1991 os poliacuteticos amapaenses buscavam alternativas econocircmicas para o
comeacutercio do Amapaacute e articularam junto ao Governo Federal a implantaccedilatildeo da aacuterea de livre
comeacutercio de Macapaacute e Santana no intuito de impedir que a economia do Estado estagnasse
Por outro lado a implantaccedilatildeo da aacuterea de livre comeacutercio de Macapaacute e Santana instigou o
crescimento populacional de todo o Estado O resultado deste superpovoamento provocou um
processo de urbanizaccedilatildeo desordenada com consequentes problemas sociais
Segundo o Relatoacuterio da Superintendecircncia da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA) de
2014 a economia do municiacutepio de Santana eacute baseada em serviccedilos induacutestria agropecuaacuteria
Apresenta a relaccedilatildeo de 178 empresas cadastradas na Suframa das quais a atividade comercial
representa 91 seguidas de serviccedilos e induacutestria sem projeto ambas com 793 de
participaccedilatildeo
Santana manteacutem sob o seu domiacutenio o Distrito Industrial do Amapaacute cujo parque tem sofrido
progressivamente constantes alteraccedilotildees com a saiacuteda de empresas como a ICOMI e mais
recentemente a faacutebrica da Coca-Cola entretanto haacute indiacutecios da chegada de trecircs novas faacutebricas ldquoduas
satildeo de raccedilatildeo e uma de cimentordquo (NAFES 2016 p 1) Laacute funcionam as empresas Floacuterida e Equador
com faacutebricas de palmitos de accedilaiacute ISA Peixe (induacutestria de pescados) CIMACER (faacutebrica de tijolos)
FACEPA (que trabalha na reciclagem de papel) CHAMPION (responsaacutevel pela plantaccedilatildeo de
pinho) dentre outras a Aacuterea de Livre Comeacutercio de Macapaacute e Santana ndash ALCMS ajuda a fazer a
vida econocircmica do municiacutepio embora haacute pontos negativos que impedem a fixaccedilatildeo de empresas no
Amapaacute como a dificuldade de transporte fluvial as peacutessimas condiccedilotildees do Porto as frequentes faltas
de energia internet de peacutessima qualidade Os funcionaacuterios do serviccedilo puacuteblico satildeo os que recebem as
maiores remuneraccedilotildees movimentando o comeacutercio
314 Aspectos gerais do municiacutepio de Santana
Segundo o censo realizado pelo Programa das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento
(PNUD) em 2013 o Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) da populaccedilatildeo Santanense foi
0692 o que tem ocupado o 3ordm lugar no ranking do Estado do Amapaacute ficando atraacutes dos municiacutepios
de Macapaacute com 0733 e Serra do Navio 0709 o que de acordo com os padrotildees do PNUD eacute
considerado alto E no total dos municiacutepios brasileiros ocupa a 2134ordf posiccedilatildeo
111
Tabela 06 ndash Santana IDHM e seus componentes nas uacuteltimas duas deacutecadas
COMPONENTES 1991 2000 2010
IDHM da Educaccedilatildeo 0203 0408 0638
de 5 a 6 anos na escola 2363 5881 8266
de 11 a 13 anos nos anos finais do fundamental
regular seriado ou com fundamental completo
3055 5503 8275
de 18 a 20 anos com meacutedio completo 690 1831 382
de 15 a 17 anos com fundamental completo 1407 3174 6121
de 18 anos ou mais com fundamental completo 2371 4041 5932
RENDA 0575 0597 0654
Renda per capita (em R$) 28703 32883 46924
LONGEVIDADE 0662 0728 0794
Esperanccedila de vida ao nascer (em anos) 6474 6868 7265
IDHM 0426 0562 0692
Fonte PNUD (2013)
As informaccedilotildees da tabela acima revelam que o componente da Educaccedilatildeo foi o que mais
evoluiu e se desenvolveu no periacuteodo de 1991 a 2010 O IDHM que era de 0562 em 2000 passou
para 0692 em 2010 - uma taxa de crescimento de 231 o que eacute considerada meacutedia pelo
PNUD A distacircncia entre o IDHM do municiacutepio e o limite maacuteximo do iacutendice que eacute 1 foi
reduzido em 7032 entre 2000 e 2010 Nesse periacuteodo a dimensatildeo cujo iacutendice mais cresceu
em termos absolutos foi Educaccedilatildeo (com crescimento de 0230) seguida por Longevidade e por
Renda
No que se refere aos dados gerais dos 16 municiacutepios do Estado do Amapaacute na tabela 07
podemos fazer uma comparaccedilatildeo de Santana em relaccedilatildeo aos demais municiacutepios
Tabela 07 ndash Santana Dados gerais em relaccedilatildeo aos municiacutepios do Estado do Amapaacute - 2010
Municiacutepio Populaccedilatildeo
2010
Aacuterea
territorial
Densidade
demograacutef
PIB
(mil)
Part PIB
Estado
Amapaacute 8069 12 916786 09 106494 102
Calccediloene 9000 133 1423132 06 149671 156
Cutias 4696 070 210907 22 75476 072
Ferreira Gomes 5802 086 496950 12 122276 117
Itaubal 4265 064 162285 25 49147 050
Laranjal do Jari 39942 596 3097190 13 466827 452
Macapaacute 398204 595 650212 621 6453597 614
Mazagatildeo 17032 254 1313098 13 176336 169
Oiapoque 20509 306 2262529 09 290832 279
Pedra Branca do
Amapari 10772 160 956292 11 269988 266
Porto Grande 16809 251 445342 38 226635 220
112
Pracuuacuteba 3793 056 495059 08 50290 055
Santana 101262 1517 156940 641 1594983 1538
Serra do Navio 4380 065 772079 06 101175 097
Tartarugalzinho 12563 187 675762 19 147649 145
Vitoacuteria do Jari 12428 185 248289 50 138163 143
Total 669526 100 14282852 - 10419539 100
Fonte IBGECidades (2015)
Os municiacutepios em que se concentra a maior populaccedilatildeo satildeo os que compotildeem a Regiatildeo
Metropolitana a capital Macapaacute e Santana que juntas tem 7467 da populaccedilatildeo do Estado
Santana corresponde a 1517 do total de habitantes eacute o segundo municiacutepio mais populoso do
Estado com 101262 habitantes A populaccedilatildeo dos outros 14 municiacutepios juntos possui 2533
ou seja um quarto da populaccedilatildeo total do estado
No que diz respeito ao Produto Interno Bruto (PIB) os dados da tabela 07 mostram que
o municiacutepio de Santana em 2010 apresentou significativa participaccedilatildeo na economia do Estado
sendo responsaacutevel por 1538 do PIB o segundo que mais contribuiu com a economia do
Estado do Amapaacute
Os dados relativos ao municiacutepio de Santana satildeo de difiacutecil acesso por natildeo haver uma
historicidade organizaccedilatildeo consolidaccedilatildeo transparecircncia e publicidade desses dados no site da
prefeitura ou mesmo em literaturas especiacuteficas sobre o municiacutepio Em grande parte os dados
publicados encontrados satildeo relativos ao Porto de Santana e a exportaccedilatildeo dos mineacuterios
Historicizar e analisar a gestatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana a partir das poliacuteticas
educacionais implantadas natildeo tecircm sido tarefa faacutecil eacute o que tentaremos desenvolver no proacuteximo
item desse estudo
32 A POLIacuteTICA EDUCACIONAL DA REDE MUNICIPAL DE EDUCACcedilAtildeO DE
SANTANAAP
A poliacutetica de educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana-Amapaacute se baseia na Constituiccedilatildeo
Federal de 1988 na Constituiccedilatildeo do Estado do Amapaacute de 1991 (atualizada ateacute a Emenda
Constitucional nordm 0044 2009) na Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional de 1996 Lei
Orgacircnica do Municiacutepio de Santana de 2002 Lei do Sistema Municipal de Ensino de 2002 o
Plano Municipal de Educaccedilatildeo e o Plano de Carreiras da Educaccedilatildeo do Municiacutepio de Santana e
outras leis especiacuteficas Eacute notoacuterio observar durante a leitura dos documentos legais do municiacutepio
113
de Santana a reproduccedilatildeo da legislaccedilatildeo federal e estadual no municiacutepio seguindo a risca as
orientaccedilotildees das leis superiores
A Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional Nordm 9394 de 20 de dezembro de 1996
dispotildee sobre os deveres que os municiacutepios possuem em relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo nestes termos o
art 11 aponta que os municiacutepios incumbir-se-atildeo de
I - organizar manter e desenvolver os oacutergatildeos e instituiccedilotildees oficiais dos seus sistemas
de ensino integrando-os agraves poliacuteticas e planos educacionais da Uniatildeo e dos Estados
II - exercer accedilatildeo redistributiva em relaccedilatildeo agraves suas escolas
III - baixar normas complementares para o seu sistema de ensino
IV - autorizar credenciar e supervisionar os estabelecimentos do seu sistema de
ensino
V - oferecer a educaccedilatildeo infantil em creches e preacute-escolas e com prioridade o ensino
fundamental permitida agrave atuaccedilatildeo em outros niacuteveis de ensino somente quando
estiverem atendidas plenamente as necessidades de sua aacuterea de competecircncia e com
recursos acima dos percentuais miacutenimos vinculados pela Constituiccedilatildeo Federal agrave
manutenccedilatildeo e desenvolvimento do ensino
VI - assumir o transporte escolar dos alunos da rede municipal (Incluiacutedo pela Lei nordm
10709 de 3172003)
Paraacutegrafo uacutenico Os Municiacutepios poderatildeo optar ainda por se integrar ao sistema
estadual de ensino ou compor com ele um sistema uacutenico de educaccedilatildeo baacutesica (BRASIL
1996)
De acordo com a LDB o municiacutepio tem a incumbecircncia de oferecer a educaccedilatildeo infantil
e com prioridade o ensino fundamental da mesma forma eacute enfatizada na Lei Orgacircnica do
Municiacutepio de Santana (LOM) referendando tais incumbecircncias nos artigos 145 e 146 afirmando
que as bases da organizaccedilatildeo do Sistema de Ensino Municipal devem respeitar os princiacutepios
expostos no art 280 da Constituiccedilatildeo Estadual bem como os princiacutepios estabelecidos na CF
Art 280 As instituiccedilotildees educacionais de qualquer natureza ministraratildeo o ensino com
base nos princiacutepios estabelecidos na Constituiccedilatildeo Federal e mais os seguintes
I - direito de acesso e permanecircncia na escola a qualquer pessoa vedadas distinccedilotildees
baseadas na origem raccedila sexo idade religiatildeo preferecircncia poliacutetica ou classe social
II - pluralismo de ideias e de concepccedilotildees filosoacuteficas poliacuteticas esteacuteticas religiosas e
pedagoacutegicas que conduzam o educando agrave formaccedilatildeo de uma postura social proacutepria
III - valorizaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo como garantia na forma da lei de
plano de carreira para o magisteacuterio puacuteblico com vencimentos no miacutenimo em
isonomia com as demais categorias funcionais para as quais se exija idecircntica
escolaridade com ingresso exclusivamente por concurso puacuteblico de provas e tiacutetulos
realizado periodicamente sob o regime juriacutedico uacutenico adotado pelo Estado para seus
servidores civis e com base no Estatuto do Magisteacuterio
IV - liberdade de pensar aprender ensinar pesquisar e divulgar o pensamento a arte
o saber e o conhecimento
V - reinvestimento em educaccedilatildeo no acircmbito do Estado do percentual que for
estabelecido em lei dos lucros auferidos pelas instituiccedilotildees privadas de ensino
estabelecido no Amapaacute
114
VI - gratuidade de ensino em estabelecimentos mantidos pelo Poder Puacuteblico vedada
a cobranccedila de taxas ou contribuiccedilotildees de qualquer natureza ainda que facultativa
VII - garantia de padratildeo de qualidade em todo o sistema de ensino a ser fixado em lei
VIII - manutenccedilatildeo no acircmbito do Estado em originais ou duplicatas arquivadas por
qualquer meio em seus oacutergatildeos de consulta dos resultados de pesquisa bases de dados
e acervos cientiacuteficos bibliograacuteficos e tecnoloacutegicos colecionados no exerciacutecio de
atividade educacional revertendo em favor do Estado o material acumulado na
hipoacutetese de fechamento extinccedilatildeo ou transferecircncia da instituiccedilatildeo de ensino aqui
estabelecida
IX - direito de organizaccedilatildeo autocircnoma dos diversos segmentos da comunidade escolar
X - preservaccedilatildeo dos valores educacionais regionais e locais (AMAPAacute 2011 p 92)
Segundo tais documentos a educaccedilatildeo como direito de todos e dever do estado e do
municiacutepio tem como princiacutepios a democracia que estaacute tambeacutem no Plano de Carreiras da
Educaccedilatildeo do Municiacutepio de Santana (PCEMS) na Lei Nordm 849 de 2010 nos art 42 e 43 onde se
lecirc
Art 42 - as escolas puacuteblicas do municiacutepio desenvolveratildeo suas atividades de ensino
dentro do espiacuterito democraacutetico e participativo sem preconceitos de raccedila sexo cor
idade opccedilatildeo religiosa poliacutetico-partidaacuterias e quaisquer outras formas de
discriminaccedilatildeo incentivando a participaccedilatildeo da comunidade na elaboraccedilatildeo e exerciacutecio
da proposta pedagoacutegica (SANTANAPCEMS 2010 p 16 grifos nossos)
Art 43 - as escolas puacuteblicas obedeceratildeo ao princiacutepio da gestatildeo democraacutetica atraveacutes
da I ndash participaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo estudantes pais servidores e
representantes da comunidade tanto nas atividades de ensino quanto nas de gestatildeo
participando de conselhos e outros oacutergatildeos normativos e deliberativos bem como no
processo de eleiccedilatildeo de seus dirigentes II ndashgarantia de acesso agraves informaccedilotildees teacutecnicas
administrativas e pedagoacutegicas da escola III ndash gerecircncia de recursos financeiros
repassados pela Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo IV ndash transparecircncia no recebimento
e aplicaccedilatildeo dos recursos financeiros (SANTANAPCEMS 2010 p 16 grifos
nossos)
Os documentos que se referem agrave poliacutetica educacional do municiacutepio de Santana apontam
para os princiacutepios de uma gestatildeo educacional municipal que se pautam na gestatildeo democraacutetica
no pluralismo de concepccedilotildees pedagoacutegicas e no direito agrave organizaccedilatildeo dos diversos segmentos
da comunidade escolar Mas como tais princiacutepios se materializam na organizaccedilatildeo da educaccedilatildeo
municipal Eacute o que veremos a seguir
321 A estrutura organizacional do Sistema Municipal de Educaccedilatildeo de Santana
A organizaccedilatildeo da educaccedilatildeo municipal estaacute sob a responsabilidade da Prefeitura
Municipal de Santana tem como oacutergatildeo gestor a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo (SEME)
115
localizada na Avenida Santana Nordm 2913 no Bairro Paraiacuteso bem no complexo de preacutedios da
Prefeitura Municipal de Santana (PMS) A instalaccedilatildeo fiacutesica da SEME apesar do preacutedio ser novo
estaacute mal distribuiacuteda ou natildeo comporta toda a demanda necessaacuteria agrave organizaccedilatildeo administrativa
financeira e pedagoacutegica da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo
Figura 07 Foto da sede da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de Santana
Fonte santanadoamapablogspotcom
O Sistema Municipal de Ensino de Santana foi criado atraveacutes da Lei municipal Nordm 0609
de 2002 e de acordo com o artigo 2ordm eacute composto I - Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo II -
Conselho Municipal de Educaccedilatildeo III - Comissatildeo Permanente do Magisteacuterio e IV - pelas
Instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Infantil Ensino Fundamental e Educaccedilatildeo Especial mantidas eou
administradas pelo poder puacuteblico municipal e pelas instituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil e especial
criadas e mantidas pela iniciativa privada (SANTANA 2002)
A Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de Santana tem em sua estrutura teacutecnico-
pedagoacutegico e administrativo oacutergatildeos e teacutecnicos que devem ser responsaacuteveis por pesquisa
informaccedilotildees e o planejamento adequado e atualizado para que possam subsidiar os programas
e projetos voltados agrave comunidade escolar Durante a pesquisa foi possiacutevel identificar que os
funcionaacuterios da SEME trabalham amontoados em salas com mesas e cadeiras coladas uma a
outra e sem espaccedilo suficiente para exercer o seu proacuteprio serviccedilo e atendimento ao puacuteblico Isso
foi observado em vaacuterios setores na SEME No organograma estaacute organizada a disponibilizaccedilatildeo
dos oacutergatildeos da secretaria conforme a Legislaccedilatildeo Municipal Nordm 0760 de 2006
116
Figura 08 SANTANA Estrutura organizacional dos oacutergatildeos da Secretaria Municipal de
Educaccedilatildeo (SEME)
Fonte Anexo da Lei Nordm 7602006 - PMS
De acordo com a estrutura organizacional a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo tem na
sua composiccedilatildeo
- Secretaacuterio (a) Municipal de Educaccedilatildeo
- Assessoria Executiva
- Chefia de Gabinete
- A Coordenadoria de Assuntos Educacionais que eacute composta pelos seguintes departamentos
- Departamento de Ensino e Apoio Pedagoacutegico
- Departamento de Inspeccedilatildeo e Organizaccedilatildeo Escolar
- Departamento de Apoio
- Departamento de Educaccedilatildeo no Campo
- Departamento de Tecnologia Educacional e Miacutedia
- A Coordenadoria Administrativa e Financeira que eacute composta por
- Departamento de Recursos Humanos
- Departamento de Orccedilamento Financeiro e Contabilidade
117
- Divisatildeo de Acompanhamento de Contrato Convecircnio e Licitaccedilatildeo
- Gestor Escolar
- Departamento de Serviccedilo Material e Patrimocircnio
- Departamento de Assistecircncia ao Educando
- A Coordenadoria do Poacutelo da Universidade Aberta do Brasil
- A Coordenadoria de Planejamento e Projetos
No que se refere a Coordenadoria de Assuntos Educacionais foi observado durante a
pesquisa e nos relatoacuterios analisados diversas atividades de cunho pedagoacutegico realizados e de
controle de matriacuteculas O Departamento de Orccedilamento Financeiro e Contabilidade setor
vinculado a Coordenadoria Administrativa e Financeira da SEME parece estar mais ligada ao
Prefeito Municipal do que a Secretaacuteria de Educaccedilatildeo dada a falta de autonomia financeira da
SEME devido a natildeo descentralizaccedilatildeo das questotildees financeiras por parte do prefeito para a
Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de Santana
De 2005 a 2015 atuaram como gestores da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de Santana
sete secretaacuterios conforme demonstra o quadro 9
Quadro 9 Santana Secretaacuterios Municipais de Educaccedilatildeo (2005 a 2015)
Periacuteodo Secretaacuterio(a) Municipal de
Educaccedilatildeo Partido Prefeito
2005 a 2009 Kleber Nascimento Rocha PT Antonio Nogueira
2010 Raimundo Vasques
Ivancy Magno de Oliveira PT Antonio Nogueira
2011 e 2012 Tercio da Silva Correia PT Antonio Nogueira
2013 Melquises Pereira de Lima e
Carlos Sergio Monteiro PR Robson Santana Rocha Freires
2014 Carlos Sergio Monteiro PR Robson Santana Rocha Freires
2015 -
Atualmente Antocircnia de Moraes Guedes PR Robson Santana Rocha Freires
Fonte SEME - Elaborado pela autora
O Secretaacuterio que teve mais tempo no cargo cinco anos foi o Sr Kleber Nascimento
Rocha que esteve agrave frente da pasta da SEME durante a primeira gestatildeo do prefeito Antonio
Nogueira (2005-2008) do Partido dos Trabalhadores e ateacute o primeiro ano (2009) do segundo
mandato do prefeito reeleito Nos uacuteltimos trecircs anos do segundo mandato do prefeito passaram
pela SEME trecircs outros Secretaacuterios de Educaccedilatildeo Municipal Raimundo Vasques Ivancy Magno
de Oliveira e Tercio da Silva Correia A partir de 2013 com a mudanccedila de gestatildeo na Prefeitura
Municipal tendo o Sr Robson Santana Rocha Freires (2013-2016) passaram pela pasta da
118
educaccedilatildeo trecircs outros Secretaacuterios Melquises Pereira de Lima Carlos Sergio Monteiro e Antocircnia
de Moraes Guedes (atual)
O Conselho Municipal de Educaccedilatildeo que eacute um oacutergatildeo colegiado pertencente ao Sistema
Municipal de Ensino tem funccedilatildeo consultiva normativa deliberativa e recursal da poliacutetica de
educaccedilatildeo do municiacutepio de Santana A Lei Orgacircnica do Municiacutepio de Santana (LOM) prevecirc a
criaccedilatildeo de normas para o funcionamento do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo e que a cada dois
anos seraacute convocada uma Conferecircncia Municipal de Educaccedilatildeo formada por representaccedilotildees dos
vaacuterios segmentos sociais para avaliar a situaccedilatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio e estabelecer a
diretrizes da poliacutetica municipal de educaccedilatildeo (SANTANA 2000) Apesar do que apresenta a
legislaccedilatildeo municipal o municiacutepio natildeo tem conseguido colocar em praacutetica o que preconiza a sua
legislaccedilatildeo no que se refere a atuaccedilatildeo efetiva desse oacutergatildeo colegiado
Faz parte ainda do Sistema municipal de educaccedilatildeo a Comissatildeo Permanente do
Magisteacuterio composta por representantes dos docentes teacutecnicos educacionais procurador
juriacutedico do municiacutepio secretaria municipal de educaccedilatildeo e secretaria de administraccedilatildeo Esta
Comissatildeo tem a competecircncia de elaborar instrumentos coordenar e orientar o processo
avaliativo anual do magisteacuterio municipal e por atribuiccedilotildees que regulamentam o estatuto do
magisteacuterio puacuteblico de Santana (SANTANA 2002) Compotildee ainda o Sistema Municipal de
Educaccedilatildeo as instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas que deveratildeo ofertar o ensino puacuteblico ou privado
atendendo agraves normas pareceres e resoluccedilotildees emanadas pelo Sistema Municipal de Ensino
A Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo deveraacute desenvolver em consonacircncia com entidades
educacionais do Estado e da Uniatildeo programas suplementares de assistecircncia ao educando
como materiais didaacuteticos escolares assistecircncia agrave sauacutede e seguridade social alimentaccedilatildeo
escolar transporte escolar bolsa famiacutelia assistecircncia social psicoloacutegica e fonoaudioloacutegica
Como observamos a lei orienta a autonomia e a participaccedilatildeo da comunidade e dos
profissionais da educaccedilatildeo nas accedilotildees pedagoacutegicas administrativas e em conselhos escolares
Poreacutem em momento algum se refere agrave autonomia financeira O atendimento da educaccedilatildeo
infantil e do ensino fundamental vem se realizando desde que Santana era ainda um Distrito de
Macapaacute47 e vem gradativamente sendo municipalizados como veremos no toacutepico a seguir
47 De acordo com a Lei Federal nordm 7639 de 17-12-1987 o distrito de Santana eacute desmembrado do municiacutepio de
Macapaacute e eacute elevado agrave categoria de municiacutepio
119
322 A Educaccedilatildeo municipal de Santana em nuacutemeros
O Sistema Municipal de Educaccedilatildeo foi criado em 2002 embora natildeo tenha organizado na
praacutetica o seu funcionamento articulado para a composiccedilatildeo do sistema a educaccedilatildeo funciona
ainda como rede municipal Em 2007 possuiacutea 23 escolas para funcionamento da educaccedilatildeo
infantil ensino fundamental e EJA e em 2014 esse nuacutemero passou para 31 escolas tendo um
aumento de 26 no nuacutemero de escolas na rede no periacuteodo O graacutefico 1 apresenta uma pequena
evoluccedilatildeo no periacuteodo
Graacutefico 1 Santana Nordm de escolas da rede municipal de ensino 2007-2014
Fonte Dados da SEMESantana ndash Elaborado pela autora
Eacute importante destacar no entanto que aleacutem das 31 escolas a rede municipal conta com
17 anexos48 distribuiacutedos entre zona urbana e rural
O quadro de docentes do municiacutepio de Santana tambeacutem nos revela um pouco da situaccedilatildeo
da educaccedilatildeo municipal O concurso puacuteblico49 realizado pela Prefeitura Municipal de Santana
no ano de 2007 e a uacuteltima convocaccedilatildeo de aprovados no ano de 2009 vem contribuindo para o
aumento de docentes vinculados ao quadro permanente como se pode acompanhar no graacutefico
2 a seguir
48 A situaccedilatildeo dessas escolas anexas eacute bastante instaacutevel visto que satildeo preacutedios alugados Na zona rural pode ser ateacute
mesmo salas de aula funcionando em casas de moradia ou em Igrejas 49 Edital nordm 012006 que ofertou 667 cargos para o municiacutepio em diversas aacutereas (administrativa engenharia
teacutecnica sauacutede e magisteacuterio) No que se refere aos cargos para a educaccedilatildeo destacamos 20 cargos para auxiliar de
disciplina 122 para professor da educaccedilatildeo baacutesica I 52 para professores da educaccedilatildeo baacutesica II (portuguecircs
matemaacutetica geografia histoacuteria ciecircncias ciecircncias da religiatildeo educaccedilatildeo fiacutesica inglecircs e artes) 22 para orientador
supervisor e psicopedagogo
23 2426 27 27 27
31 31
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
120
Graacutefico 2 Santana Nuacutemero de docentes atuando na rede municipal de ensino 2007-2014
Fonte SEMESantana ndash Elaborado pela autora
O nuacutemero de docentes50 no graacutefico 02 em atuaccedilatildeo nas escolas em 2007 era de 480
docentes e em 2009 eram de 593 o que reflete um aumento de quase 20 no nuacutemero de
docentes atuando nas escolas puacuteblicas municipais de Santana Eacute importante destacar que
principalmente nos anos de 2007 e 2008 haviam vaacuterios docentes contratados temporariamente
sem concurso puacuteblico atuando nas escolas municipais essa praacutetica ainda existe no municiacutepio
As matriacuteculas no municiacutepio de Santana ocorrem em escolas da rede estadual rede
municipal e no setor privado De acordo com a tabela 08 de uma forma geral a rede estadual
sempre teve uma forte influecircncia no municiacutepio concentrando a maior parte das matriacuteculas por
exemplo em 2014 absorveu 56 do universo de matriacuteculas no municiacutepio Jaacute a rede municipal
tinha sob sua responsabilidade 317 do nuacutemero de matriacuteculas registrado no municiacutepio e o
setor privado correspondia a 123 de matriacuteculas
50 Os nuacutemeros que compotildeem os docentes em atuaccedilatildeo nas escolas puacuteblicas satildeo de docentes concursados
contratados ou cedidos
480523
593 593 593 593 581 584
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
121
Tabela 08 ndash Santana Matriacuteculas na Educaccedilatildeo Baacutesica por esfera administrativa 2007-2014
Dependecircncia
NiacutevelModalidade 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Rede Estadual
Ed Infantil (creche e preacute-escola) 1296 250 67 9 0 0 0 0
Ens Fund (anos iniciais) 6687 6746 6271 6069 5898 5672 4971 4405
Ensino Fund (anos finais) 6784 7063 7272 7726 7846 7816 7552 7470
Ensino Meacutedio 5708 5897 5922 5676 5294 5240 5003 5454
EJA (Ens Fund) 1584 1614 1676 1595 1710 1574 1302 46
EJA (Ens Meacutedio) 826 841 957 1085 1422 1335 0 0
Educaccedilatildeo Especial 141 172 229 181 281 343 330 347
Total 23026 22583 22394 22332 22451 21980 19158 17722
Rede Municipal
Ed Infantil (creche e preacute-escola) 1345 1933 2006 2023 2011 2577 3169 3201
Ens Fund (anos iniciais) 4078 4089 4429 4330 4432 4859 5253 5622
Ens Fund (anos finais) 1146 986 933 961 852 683 539 487
Ensino Meacutedio 0 0 0 0 0 0 0 0
EJA (Ens Fund) 709 641 581 583 596 633 549 528
EJA (Ens Meacutedio) 0 0 0 0 0 0 0 0
Ed Especial 81 89 111 118 140 163 155 201
Total 7359 7738 8060 8015 8031 8915 9665 10039
Setor Privado
Ed Infantil (creche e preacute-escola) 1936 1598 1560 1425 1558 1335 965 914
Ens Fund (anos iniciais) 1828 1678 1623 1601 1703 1473 1418 1446
Ens Fund (anos finais) 754 845 772 753 852 885 927 932
Ensino Meacutedio 488 408 383 376 434 451 435 404
EJA (Ens Fund) 144 59 134 137 91 48 15 35
EJA (Ens Meacutedio) 43 35 39 36 36 72 35 63
Ed Especial 101 04 09 118 128 139 129 110
Total 5294 4627 4520 4446 4802 4403 3924 3904
Fonte CENSOINEP (2014) ndash Elaborado pela autora
Inclui Educaccedilatildeo de Jovens e Adultos (EJA) presencial e semipresencial
Inclui os alunos de toda a educaccedilatildeo baacutesica e da EJA
A rede estadual mesmo tendo o maior nuacutemero de matriacuteculas vem reduzindo esse nuacutemero
a partir de 2013 quando principalmente natildeo ofertou a modalidade de Educaccedilatildeo de Jovens e
Adultos em niacutevel meacutedio Destacamos ainda a reduccedilatildeo em 2008 nas matriacuteculas na educaccedilatildeo
infantil e que em 2011 finalizou a oferta neste niacutevel de ensino O ensino fundamental (anos
iniciais) na rede estadual eacute responsaacutevel por 439 do total de matriacuteculas na rede puacuteblica
enquanto que a rede municipal absorveu 561 em 2014
A rede municipal a partir de 2008 vem aumentando o nuacutemero de matriacuteculas na educaccedilatildeo
infantil em decorrecircncia da municipalizaccedilatildeo e em 2011 eacute a responsaacutevel por toda a demanda da
educaccedilatildeo infantil puacuteblica Observou-se ainda a reduccedilatildeo nas matriacuteculas nos anos finais no ensino
fundamental que tambeacutem tinha sob sua responsabilidade em 2007 eram 1146 matriculas e em
122
2014 reduziu para 487 como podemos observar na tabela No setor privado as matriacuteculas
foram visivelmente reduzidas no decorrer do periacuteodo em estudo Somente no ensino
fundamental eacute que vem aumentando discretamente nos uacuteltimos 3 anos
O processo de municipalizaccedilatildeo iniciado em 2008 na educaccedilatildeo infantil e em 2009 no
ensino fundamental segue as orientaccedilotildees do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado
(PDRAE) que propotildee a passagem da administraccedilatildeo puacuteblica baseada em princiacutepios racionais-
burocraacuteticos Em que busca
() o fortalecimento das funccedilotildees de regulaccedilatildeo e de coordenaccedilatildeo do Estado
particularmente no niacutevel federal e a progressiva descentralizaccedilatildeo vertical para os
niacuteveis estadual e municipal das funccedilotildees executivas no campo da prestaccedilatildeo de serviccedilos
sociais e de infraestrutura (PDRAE 1995 p 18)
Nesse contexto descentralizar teria o objetivo de tornar a administraccedilatildeo puacuteblica mais
flexiacutevel e eficiente reduzindo custos e propiciando mais qualidade ao serviccedilo puacuteblico por meio
do gerencialismo tendo o governo federal o controle dos resultados das avaliaccedilotildees de
desempenho dos Estados e municiacutepios
No que se refere ao Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo (IDEB) apesar de
compreendermos que os dados numeacutericos registrados no IDEB natildeo revelam a qualidade da
aprendizagem os dados observados colocam o municiacutepio de Santana com uma evoluccedilatildeo no
ensino fundamental (anos iniciais) maior do que a rede estadual Eacute o que podemos constatar na
tabela 09 a seguir
Tabela 09 ndash SANTANA IDEB do Ensino Fundamental (anos iniciais) em relaccedilatildeo ao Estado
do Amapaacute e ao Brasil (2005-2013)
Esfera Ideb Observado Metas Projetadas
2005 2007 2009 2011 2013 2007 2009 2011 2013 2021
BRASIL 38 42 46 50 52 39 42 46 49 60
AMAPAacute 32 34 38 41 40 32 36 40 43 54
SANTANA 31 38 39 48 46 31 35 39 42 54
Fonte INEPMEC (2015)
Desde 2005 a meacutedia do IDEB nacional observado tem atingido as metas propostas Jaacute
em relaccedilatildeo ao estado do Amapaacute o IDEB estaacute bem aqueacutem em relaccedilatildeo agrave meacutedia nacional apesar
de ter evoluiacutedo e atingido as metas propostas nas avaliaccedilotildees dos anos de 2007 2009 e 2011 no
ano de 2013 a meacutedia do estado reduziu para 40 O municiacutepio de Santana mesmo natildeo atingindo
123
a meacutedia nacional possui um coeficiente superior ao do estado sendo o municiacutepio do estado
com melhor evoluccedilatildeo no IDEB o que atingiu todas as metas projetadas desde o ano de 2007
No entanto eacute preciso relativizar o resultado de tais indicadores pois eles natildeo representam de
fato a qualidade visto que esta eacute de difiacutecil mensuraccedilatildeo e pressupotildee muita complexidade
(PARO 2005)
Satildeo vaacuterios fatores que podem estar influenciando o alcance das metas do IDEB mas eacute
necessaacuterio realizar um estudo mais rigoroso para desvelar os motivos dessa evoluccedilatildeo O que
podemos adiantar eacute que as escolas da rede municipal receberam vaacuterios programas federais o
que possibilitou ajuda financeira para a rede atraveacutes de impostos e de repasses federais
inclusive recursos do Plano de Accedilotildees Articuladas que eacute o que apresentaremos a seguir
323 O financiamento da educaccedilatildeo na rede municipal de Santana
A anaacutelise da democratizaccedilatildeo da gestatildeo da educaccedilatildeo a partir do PAR requer que se
conheccedila as potencialidades de financiamento das accedilotildees educativas pois a viabilidade das accedilotildees
decorrentes do PAR soacute seraacute possiacutevel se houver financiamento compatiacutevel para tal Este item
visa avaliar as condiccedilotildees financeiras do municiacutepio de Santana no periacuteodo da pesquisa
A Carta Magna de 1988 em seu Artigo 212 estabelece os percentuais miacutenimos
necessaacuterios para custeio da educaccedilatildeo indicando que
A Uniatildeo aplicaraacute anualmente nunca menos de dezoito e os Estados o Distrito
Federal e os Municiacutepios vinte e cinco por cento no miacutenimo da receita resultante de
impostos compreendida a proveniente de transferecircncias na manutenccedilatildeo e
desenvolvimento do ensino (BRASIL 1998)
O artigo 212 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 ao estabelecer o percentual miacutenimo para
a manutenccedilatildeo e desenvolvimento do ensino reitera que esse montante natildeo pode ser menor nem
desviado para outras finalidades ou seja eacute uma verba vinculada protegida de qualquer disputa
poliacutetica e de outras necessidades emergenciais De acordo com a Constituiccedilatildeo de 1988 os
recursos para a manutenccedilatildeo do ensino satildeo provenientes das seguintes fontes a) Receitas
oriundas de impostos da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios b) Receitas
de transferecircncias constitucionais e outras transferecircncias c) Receitas do salaacuterio educaccedilatildeo e de
outras contribuiccedilotildees sociais d) Receitas de incentivos fiscais e outros recursos previstos em lei
124
Todavia as principais fontes de financiamento da educaccedilatildeo satildeo as receitas de impostos
e a contribuiccedilatildeo do salaacuterio educaccedilatildeo as quais juntas ldquorepresentam em termos de volume de
recursos e de regularidade a receita que tem financiado a expansatildeo e a qualificaccedilatildeo da educaccedilatildeo
puacuteblica no paiacutesrdquo (FARENZENA 2006 p 82) No caso do municiacutepio de Santana a arrecadaccedilatildeo
de impostos proacuteprios51 e os respectivos 25 que devem ser destinados ao financiamento da
educaccedilatildeo apresentaram os seguintes valores abaixo discriminados
Tabela 10 Santana Receitas de Impostos Proacuteprios (2007-2014)
Ano Total de Impostos 25 para Educaccedilatildeo
2007 459613833 114903450
2008 396271016 99067750
2009 554775786 138693925
2010 592155846 148038950
2011 633078892 158269700
2012 888456697 222114150
2013 951274674 237818650
2014 Fonte SIOPE Tabela Elaborada pala autora Nota1 Dados natildeo disponiacuteveis
Nota 2 Valores nominais
Os recursos para a educaccedilatildeo referentes aos 25 dos impostos proacuteprios do municiacutepio satildeo
relativamente pequenos considerando a totalidade das despesas com a educaccedilatildeo como se veraacute
mais adiante Ainda assim representam uma importante fonte de recursos para financiamento
da educaccedilatildeo municipal
O municiacutepio de Santana conta tambeacutem com as receitas do Fundo de Manutenccedilatildeo e
Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo
(FUNDEB)52 Os recursos dessa fonte satildeo provenientes de impostos e transferecircncias dos
estados municiacutepios e do Distrito Federal vinculados agrave educaccedilatildeo de acordo com o artigo 212
da Constituiccedilatildeo Federal que satildeo recolhidos pela Uniatildeo e redistribuiacutedos aos estados municiacutepios
e Distrito Federal proporcionalmente ao valor custo-aluno definido nacionalmente para o
financiamento de accedilotildees de manutenccedilatildeo e desenvolvimento da educaccedilatildeo baacutesica puacuteblica Do total
51 Os recursos proacuteprios satildeo o IPTU-Imposto Predial Territorial Urbano ISS-Imposto sobre Serviccedilos ITBI-Imposto
sobre Transmissatildeo de Bens Imoacuteveis IRRF-Imposto sobre a Renda dos Servidores Municipais
52 Criado pela Emenda Constitucional nordm 532006 e regulamentado pela Lei nordm 1149407 o FUNDEB eacute constituiacutedo
por 20 (vinte por cento) das receitas das seguintes fontes Fundo de Participaccedilatildeo dos Estados (FPE) Fundo de
Participaccedilatildeo dos Municiacutepios (FPM) Imposto sobre Circulaccedilatildeo de Mercadorias e Serviccedilos (ICMS) (incluindo os
recursos relativos agrave desoneraccedilatildeo de exportaccedilotildees de que trata a Lei Complementar nordm 8796) Imposto sobre
Produtos Industrializados proporcional agraves exportaccedilotildees (IPI- EXP) Imposto sobre Transmissatildeo Causa Mortis e
Doaccedilotildees de quaisquer bens ou direitos (ITCMD) Imposto sobre a Propriedade de Veiacuteculos Automotores (IPVA)
Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR) receitas da diacutevida ativa e de juros e multas incidentes sobre
as fontes citadas (GUTIERRES 2010)
125
dos recursos pelo menos 60 (sessenta por cento) devem ser direcionados para o pagamento
dos profissionais do magisteacuterio em efetivo exerciacutecio De 2007 a 2014 o municiacutepio
recebeu os seguintes valores do FUNDEB
Tabela 11 ndash Santana Receitas do FUNDEB (2007-2014)
Ano Valor Anual Complementaccedilatildeo
da Uniatildeo
Aplicaccedilatildeo
Financeira Total
2007 1109287221 0 845321 1110132542
2008 1492822529 0 920937 1493743466
2009 1612599591 0 0 1612599591
2010 1818239589 0 0 1818239589
2011 2164454715 0 0 2164454715
2012 2377015638 0 378076 2377393714
2013 2740767217 0 2448386 2743215603
2014 Fonte SIOPEFNDE ndash Organizado pela autora Nota 1 Os valores referente a 2014 natildeo estavam disponiacuteveis
para consulta no SIOPE Nota 2 valores nominais
Conforme as informaccedilotildees da tabela 11 o municiacutepio de Santana natildeo recebe receitas de
Complementaccedilatildeo da Uniatildeo Isso significa que os recursos redistribuiacutedos no acircmbito do Estado
satildeo suficientes para alcanccedilar o valor-aluno miacutenimo nacional estabelecido natildeo implicando assim
em complementaccedilatildeo da Uniatildeo53
Outra importante fonte de recursos para a educaccedilatildeo recebida pelo municiacutepio eacute o Salaacuterio
Educaccedilatildeo54 recolhido pelas empresas calculado com base na aliacutequota de 25 sobre o total de
remuneraccedilotildees pagas ou creditadas a qualquer tiacutetulo aos segurados empregados O FNDE tem
uma funccedilatildeo redistributiva55 da contribuiccedilatildeo social do salaacuterio-educaccedilatildeo A cota estadual e
53 O Estado do Amapaacute e seus municiacutepios vecircm sistematicamente alcanccedilando valores por aluno acima do valor
miacutenimo anual definido nacionalmente A Portaria interministerial nordm 11 de 30 de dezembro de 2015 por exemplo
definiu os valores anuais para 2016 na qual o valor para o ensino fundamental dos anos iniciais urbanas
considerado o paracircmetro para as demais etapas e modalidades foi estabelecido em RS273987 O estado do
Amapaacute alcanccedilou R$380396 por aluno nesta etapa da educaccedilatildeo baacutesica portanto bem acima do miacutenimo nacional
estabelecido 54 O Salaacuterio Educaccedilatildeo foi criado pela Lei nordm 4440 de 27101964 (MELCHIOR 1987) e sofreu diversas
modificaccedilotildees desde essa data Em dezembro de 2006 foi alterado pela EC nordm 53 e regulamentado pela Lei nordm
114572007 base de sua execuccedilatildeo atual 55Do montante arrecadado e apoacutes as deduccedilotildees previstas em lei (taxa de administraccedilatildeo dos valores arrecadados pela
Receita Federal do Brasil devoluccedilatildeo de receitas e outras) o restante eacute distribuiacutedo em cotas pelo FNDE observada
em 90 (noventa por cento) de seu valor a arrecadaccedilatildeo realizada em cada estado e no Distrito Federal da seguinte
forma A) cota federal ndash correspondente a 13 do montante dos recursos eacute destinada ao FNDE e aplicada no
financiamento de programas e projetos voltados para a educaccedilatildeo baacutesica de forma a propiciar a reduccedilatildeo dos
desniacuteveis soacutecio educacionais entre os municiacutepios e os estados brasileiros B) cota estadual e municipal ndash
correspondente a 23 do montante dos recursos eacute creditada mensal e automaticamente em favor das secretarias de
educaccedilatildeo dos estados do Distrito Federal e dos municiacutepios para o financiamento de programas projetos e accedilotildees
voltados para a educaccedilatildeo baacutesica Os 10 restantes do montante da arrecadaccedilatildeo do salaacuterio-educaccedilatildeo satildeo aplicados
pelo FNDE em programas projetos e accedilotildees voltados para a educaccedilatildeo baacutesica (Lei nordm 114572007)
126
municipal da contribuiccedilatildeo social do salaacuterio-educaccedilatildeo eacute integralmente redistribuiacuteda entre os
estados e seus municiacutepios de forma proporcional ao nuacutemero de alunos matriculados na
educaccedilatildeo baacutesica das respectivas redes de ensino apurado no censo escolar do exerciacutecio anterior
ao da distribuiccedilatildeo
Os demais programas do FNDE tais como Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo
Escolar (PNAE) Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) Programa Nacional de Apoio
ao Transporte do Escolar (PNATE) Programa Brasil Alfabetizado (PBA) e Programa Nacional
de Sauacutede do Escolar (PNSE) criados para contribuir para o acesso e a permanecircncia do aluno na
escola tambeacutem vem compondo as fontes de recursos para o ensino em Santana
O Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar (PNAE) eacute considerado o mais antigo
programa social brasileiro vinculado agrave educaccedilatildeo (BALABAN 2006) Ateacute o ano de 1998 o
Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar (PNAE) era gerenciado pela Fundaccedilatildeo de Apoio
ao Estudante ndash FAE A partir desse ano sua gestatildeo foi transferida para o Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educaccedilatildeo ndash FNDE por meio da Lei nordm 9649 de 27051999 que tambeacutem
extinguiu a FAE Atualmente o PNAE eacute coordenado nacionalmente pelo FNDE responsaacutevel
pelo repasse dos recursos financeiros para aquisiccedilatildeo de alimentos cabendo aos Estados e
Municiacutepios complementar estes recursos aleacutem de cobrir os custos operacionais (BRASIL
2000) O PNAE atende os alunos de toda a educaccedilatildeo baacutesica matriculados em escolas puacuteblicas
filantroacutepicas e em entidades comunitaacuterias (conveniadas com o poder puacuteblico) por meio da
transferecircncia de recursos financeiros
Conforme a Resoluccedilatildeo nordm 67 de 28 de dezembro de 2009 o valor repassado pela Uniatildeo
a Estados e Municiacutepios por dia letivo para cada aluno pelo PNAE eacute definido de acordo com a
etapa e modalidade de ensino Creches R$ 100 Preacute-escola R$ 050 Escolas indiacutegenas e
quilombolas R$ 060 Ensino fundamental meacutedio e educaccedilatildeo de jovens e adultos R$ 030
Ensino integral R$ 100 Alunos do Programa Mais Educaccedilatildeo R$ 090 alunos que frequentam
o Atendimento Educacional Especializado no contraturno R$ 050 Com a Resoluccedilatildeo nordm 8 de
14 de maio de 2012 o valor per capita da alimentaccedilatildeo escolar foi atualizado passando de R$
060 para R$ 100 entre os alunos matriculados nas creches e de R$ 030 para R$ 050 entre
os alunos matriculados no ensino fundamental A Lei nordm 119472009 que regulamenta o PNAE
estabelece a necessidade de ldquoparticipaccedilatildeo da comunidade no controle social no
acompanhamento das accedilotildees realizadas pelos Estados pelo Distrito Federal e pelos Municiacutepios
para garantir a oferta da alimentaccedilatildeo escolar saudaacutevel e adequadardquo (Art 2ordm II BRASIL 2009)
Balaban (2006) afirma que a partir da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 verificou-se a
adoccedilatildeo de praacuteticas democraacuteticas representativas e participativas surgiram entatildeo os conselhos
127
configurados como espaccedilos puacuteblicos de articulaccedilatildeo entre governo e sociedade Um exemplo
disso eacute o Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar (CAE) que eacute composto por entidades colegiadas
integradas por representantes dos diversos segmentos da sociedade definido em Lei Municipal
O PDDE56 foi criado em 1995 por meio da Resoluccedilatildeo nordm 12 de 10 de maio de 1995
(recebendo inicialmente o nome de PMDE ndash Programa de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento do
Ensino Fundamental)57 com o objetivo de cumprir a funccedilatildeo redistributiva da Uniatildeo aos sistemas
puacuteblicos de ensino de acordo com o disposto no artigo 211 da CF88 A partir de 1997 o
Programa passou a exigir a criaccedilatildeo de Unidades Executoras (UEx) entidades de direito privado
como condiccedilatildeo para o recebimento dos recursos diretamente pelas escolas De 2004 em diante
a exigecircncia era de que as escolas com mais de 50 alunos obrigatoriamente teriam que criar UEx
para participar do programa Ateacute o ano de 2008 o PDDE abrangia apenas as escolas puacuteblicas
de ensino fundamental com a ediccedilatildeo da Medida Provisoacuteria nordm 455 de 28 de janeiro2009
(transformada posteriormente na Lei nordm 11947 de 16 de junho de 2009) o programa foi
ampliado para toda a educaccedilatildeo baacutesica incluindo portanto ensino meacutedio e educaccedilatildeo infantil
Os recursos do PDDE destinam-se ldquoagrave cobertura de despesas de custeio manutenccedilatildeo e de
pequenos investimentos que concorram para a garantia do funcionamento e melhoria da
infraestrutura fiacutesica e pedagoacutegica dos estabelecimentos de ensinordquo (Art 23 da Lei nordm 11947
de 16 de junho de 2009) Os recursos podem ser repassados agraves Entidades Executoras ndash EEXs
no caso as prefeituras ou diretamente agraves escolas se estas tiverem constituiacutedo suas Unidades
Executoras ndash UEXs
O Ministeacuterio da Educaccedilatildeo executa atualmente dois programas voltados ao transporte de
estudantes o Caminho da Escola e o PNATE que visam atender alunos moradores da zona
rural O Programa Caminho da Escola foi criado pela Resoluccedilatildeo nordm 3 de 28 de marccedilo de 2007
Por meio deste programa o Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social
(BNDES) concede uma linha de creacutedito para a aquisiccedilatildeo de ocircnibus mini-ocircnibus e micro-ocircnibus
zero quilocircmetro e embarcaccedilotildees novas pelos Estados e Municiacutepios O Programa Nacional de
Apoio ao Transporte do Escolar - PNATE foi instituiacutedo pela Lei nordm 10880 de 9 de junho de
2004 com o objetivo de garantir o acesso e a permanecircncia dos alunos nos estabelecimentos
escolares do ensino fundamental puacuteblico residentes em aacuterea rural que utilizem transporte
56 Sobre esse programa eacute importante consultar uma publicaccedilatildeo do INEP da pesquisa intitulada ldquoPrograma Dinheiro
Direto na Escola uma proposta de redefiniccedilatildeo do papel do Estado na Educaccedilatildeo (2003-2005)rdquo que congregou os
Estado de SP PI PA MS e RS cujos resultados foram publicados pelo INEP em 2006 sob a coordenaccedilatildeo das
professoras Drordf Vera Maria Vidal Peroni e Drordf Thereza Adriatildeo 57Ateacute 1998 este programa denominou-se PMDE A denominaccedilatildeo Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE)
apareceu pela primeira vez com a Medida Provisoacuteria nordm 1784 de 14 de dezembro de 1998 e posteriormente com a
Medida Provisoacuteria nordm 2100shy32 de 24 de maio de 2001
128
escolar por meio de assistecircncia financeira em caraacuteter suplementar aos Estados Distrito
Federal e Municiacutepios O caacutelculo do montante de recursos financeiros destinados aos Estados
ao Distrito Federal e aos Municiacutepios tem como base o quantitativo de alunos da zona rural
transportados e a respectiva informaccedilatildeo acerca destes no censo escolar do ano anterior O valor
per capitaano varia entre R$ 12073 e R$ 17224 de acordo com a aacuterea rural do Municiacutepio a
populaccedilatildeo moradora do campo e a posiccedilatildeo do Municiacutepio na linha de pobreza (GUTIERRES
2015) O PNATE eacute monitorado diretamente pelo conselho do FUNDEB que analisa e fiscaliza
os gastos com o programa
O Programa Brasil Alfabetizado (PBA) foi criado pelo Decreto nordm 4834 de 08 de
setembro de 200358 com o objetivo de universalizaccedilatildeo da alfabetizaccedilatildeo de jovens e adultos de
quinze anos ou mais no paiacutes59 (GUTIERRES 2015)
Quanto ao Programa Nacional de Sauacutede Escolar (PSE) este tem como objetivo
ldquocontribuir para a formaccedilatildeo integral dos estudantes por meio de accedilotildees de promoccedilatildeo prevenccedilatildeo
e atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo (Art1ordm do Decreto nordm 62862007) com vistas ao enfrentamento das
vulnerabilidades que comprometem o pleno desenvolvimento de crianccedilas e jovens da rede
puacuteblica de ensino Dentre as accedilotildees passiacuteveis de serem financiadas por este programa destacam-
se
Art 4ordm As accedilotildees em sauacutede previstas no acircmbito do PSE consideraratildeo a atenccedilatildeo
promoccedilatildeo prevenccedilatildeo e assistecircncia e seratildeo desenvolvidas articuladamente com a rede
de educaccedilatildeo puacuteblica baacutesica e em conformidade com os princiacutepios e diretrizes do SUS
podendo compreender as seguintes accedilotildees entre outras I - avaliaccedilatildeo cliacutenica II -
avaliaccedilatildeo nutricional III - promoccedilatildeo da alimentaccedilatildeo saudaacutevel IV - avaliaccedilatildeo
oftalmoloacutegica V - avaliaccedilatildeo da sauacutede e higiene bucal VI - avaliaccedilatildeo auditiva VII -
avaliaccedilatildeo psicossocial VIII - atualizaccedilatildeo e controle do calendaacuterio vacinal IX -
reduccedilatildeo da morbimortalidade por acidentes e violecircncias X - prevenccedilatildeo e reduccedilatildeo do
consumo do aacutelcool XI - prevenccedilatildeo do uso de drogas XII - promoccedilatildeo da sauacutede sexual
e da sauacutede reprodutiva XIII - controle do tabagismo e outros fatores de risco de
cacircncer XIV - educaccedilatildeo permanente em sauacutede XV - atividade fiacutesica e sauacutede XVI -
promoccedilatildeo da cultura da prevenccedilatildeo no acircmbito escolar e XVII - inclusatildeo das temaacuteticas
de educaccedilatildeo em sauacutede no projeto poliacutetico pedagoacutegico das escolas (BRASIL 2007)
58 Esse decreto foi revogado pelo Decreto nordm 6093 de 24 de abril de 2007 atualmente em vigor 59 Esta natildeo foi a primeira iniciativa governamental neste sentido Em 1967 o governo militar lanccedilou o Movimento
Brasileiro de Alfabetizaccedilatildeo o MOBRAL atraveacutes da Lei Nordm 5379 de 15 de dezembro de 1967 No Governo de
Fernando Henrique Cardoso a sociedade foi convocada a se co-responsabilizar pela manutenccedilatildeo da EJA por meio
de parcerias estabelecidas pelo Programa Alfabetizaccedilatildeo Solidaacuteria (Alfa Sol Outro programa do Governo Federal
que visava o atendimento da EJA era o Projeto Recomeccedilo que foi criado em 2001 com o objetivo de dar maior
atendimento agrave populaccedilatildeo do Norte e Nordeste que acumulavam maior nuacutemero de pessoas analfabetas
(GUTIERRES 2015)
129
Os valores oriundos do Salaacuterio Educaccedilatildeo dos programas do FNDE (PNAE PDDE
PNATE PBA e PSE) recebidos pelo municiacutepio de Santana repassados para a prefeitura
municipal de 2007 a 2014 satildeo discriminados a seguir
Tabela 12 ndash Santana Receitas do Salaacuterio Educaccedilatildeo e de Programas do FNDE (2007-2014)
Ano Salaacuterio
Educaccedilatildeo PNAE PDDE PNATE PBA PSE
2007 16415179 37338400 126720 33326 52 1020000 1318600
2008 21769862 23785282 2712553 1723000
2009 23220460 49427860 267690 5455186 876000
2010 26559002 78761520 9969750 2960500
2011 33659670 78594000 9969750 2646500
2012 37685871 92398800 11643843
2013 50488456 105353200 7594146 3243273
2014 63533128 53101200 1493368 3277986
Fonte FNDE Nota 1 Tabela organizada pela autora Nota 2 Os valores indisponiacuteveis no site do FNDE Nota
2 valores nominais
As receitas do FNDE satildeo importantes como fontes complementares para a garantia do
direito agrave educaccedilatildeo No caso do Salaacuterio Educaccedilatildeo e do PNAE do PNATE e do PBA estes
constituiacuteram fluxo permanente ao longo do periacuteodo60 O PDDE foi repassado para a prefeitura
somente nos anos de 2007 e de 2009 visto que a partir de 2009 a maior parte das escolas
municipais jaacute haviam constituiacutedo suas Unidades Executoras ndash UEXs passando a receber
diretamente os recursos desse programa O Programa Sauacutede do Escolar (PSE) apresentou
recursos apenas no ano de 2007 Outras receitas tambeacutem chegaram ao municiacutepio por meio de
programas mais diretamente vinculados ao Plano de Accedilotildees Articuladas ndash PAR no periacuteodo de
2009 a 2014
Tabela 13 ndash Santana Receitas decorrentes do PAR 2009 - 2014
Programa 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Caminho da
EscolaTransporte Aces 209970 331650 132000
Mobiliaacuterio Escolar (PAR) 193073
Infraestrutura Ed Baacutesica 1 385609
Proinfacircncia ndash Const Esc
Educ Infantil 581600 872400 3922052
Brasil Carinhoso 170960
Quadras de Esporte 304896
Projovem urbano 38760
Total 209730 331650 193073 581600 1004400 4436668 Fonte FNDE Tabela elaborada pela autora
60 Apenas no ano de 2012 natildeo constam informaccedilotildees sobre os recursos do Programa Brasil alfabetizado PBA para
o municiacutepio de Santana
130
O municiacutepio de Santana recebeu recursos dos seguintes programas em decorrecircncia do
PAR Caminho da Escola para aquisiccedilatildeo de ocircnibus Escolar recursos para mobiliaacuterio escolar e
infraestrutura da educaccedilatildeo baacutesica Proinfacircncia para construccedilatildeo de escolas de educaccedilatildeo Infantil
Brasil Carinhoso para construccedilatildeo de creches recursos para a construccedilatildeo de quadras esportivas
e referentes a programa Projovem urbano
O caminho da escola ou Transporte Acessiacutevel eacute uma accedilatildeo que segundo o MEC visa
promover a inclusatildeo escolar por meio da garantia das condiccedilotildees de acesso e permanecircncia na
escola apoiando agrave disponibilizaccedilatildeo de transporte escolar Para esse fim o municiacutepio de Santana
recebeu recursos em trecircs anos 2009 2010 e 2013 totalizando R$ 67362000 no periacuteodo Jaacute o
programa Mobiliaacuterio Escolar eacute uma accedilatildeo do FNDE que tem por objetivo renovar e padronizar
os mobiliaacuterios das escolas tendo o municiacutepio recebido o valor de R$19307300 no ano de
2011 Por meio do Programa Infraestrutura escolar que subsidia accedilotildees de construccedilatildeo de
escolas da educaccedilatildeo baacutesica o municiacutepio angariou R$ 138560900 O programa Proinfacircncia
que se destina agrave assistecircncia financeira aos municiacutepios para a construccedilatildeo reforma e aquisiccedilatildeo de
equipamentos e mobiliaacuterio para a educaccedilatildeo infantil foi o que mais propiciou recursos ao
municiacutepio de Santana Por meio dele a secretaria de educaccedilatildeo captou o valor de
R$537605200
O municiacutepio tambeacutem recebeu recursos do Programa Brasil Carinhoso que segundo a
Resoluccedilatildeo nordm 192014FNDEMEC tem o seu desenvolvimento integrado em vaacuterias vertentes e
uma delas eacute expandir a quantidade de matriacuteculas de crianccedilas entre 0 e 48 meses cujas famiacutelias
sejam beneficiaacuterias do Programa Bolsa Famiacutelia (PBF) em creches puacuteblicas ou conveniadas O
Programa consiste na transferecircncia automaacutetica de recursos financeiros sem necessidade de
convecircnio ou outro instrumento para custear despesas com manutenccedilatildeo e desenvolvimento da
educaccedilatildeo infantil contribuir com as accedilotildees de cuidado integral seguranccedila alimentar e
nutricional garantir o acesso e a permanecircncia da crianccedila na educaccedilatildeo infantil No caso de
Santana foram recebidos R$ 17096000 no ano de 2014 referente a 143 crianccedilas Para a accedilatildeo
Construccedilatildeo de quadras esportivas foram repassados R$ 30489600 de acordo com as
necessidades demonstradas pelo municiacutepio quando da elaboraccedilatildeo do PAR O programa
Projovem tem como objetivo elevar a escolaridade de jovens com idade entre 18 e 29 anos
que saibam ler e escrever e natildeo tenham concluiacutedo o ensino fundamental visando agrave conclusatildeo
desta etapa por meio da modalidade de Educaccedilatildeo de Jovens e Adultos integrada agrave qualificaccedilatildeo
profissional e o desenvolvimento de accedilotildees comunitaacuterias com exerciacutecio da cidadania na forma
de curso Para accedilotildees referentes ao cumprimento dos objetivos deste programa o municiacutepio
recebeu o valor de R$ 3876000 somente no ano de 2014
131
Para efeito de dimensionar os valores proporcionais de cada uma das fontes analisadas
vejamos os graacuteficos a seguir relativos ao ano de 2009 ano em que se aportaram os primeiros
recursos oriundos do PAR e o ano de 2013 visto que os recursos relativos ao ano de 2014 natildeo
foram informados no SIOPE
Graacutefico 3 SANTANA Receitas da Educaccedilatildeo em relaccedilatildeo as despesas com a funccedilatildeo educaccedilatildeo
- 2009
Fonte FNDE Graacutefico elaborado pela autora
Sem duacutevida a maior parte das receitas que mantem a educaccedilatildeo municipal de Santana
satildeo os oriundos do FUNDEB Em 2009 eles representaram 87 do total enquanto a segunda
maior fonte foram os recursos proacuteprios na base de 8 das receitas do ano As receitas relativas
aos Programas decorrentes do Plano de Accedilotildees Articuladas no ano de 2009 representavam 1
do total Todavia no ano de 2013 essa proporcionalidade sofreu ligeira alteraccedilatildeo como se pode
conferir no graacutefico a seguir
Recursos Proacuteprios 1386939
8
FUNDEB 16125995 87
Salaacuterio Educaccedilatildeo 232204
1
FNDE 560265 3
PAR 209730 1
Receitas da Educaccedilatildeo em Santana 2009
Recursos Proacuteprios FUNDEB Salaacuterio Educaccedilatildeo FNDE PAR
132
Graacutefico 4 SANTANA Receitas da Educaccedilatildeo em relaccedilatildeo as despesas com a funccedilatildeo educaccedilatildeo
- 2013
Fonte FNDE Graacutefico elaborado pela autora
Os recursos do FUNDEB passaram a representar 84 do total das receitas em educaccedilatildeo
em 2013 enquanto os do PAR passaram a representar 3 Houve tambeacutem aumento
proporcional dos recursos do FNDE e do Salaacuterio Educaccedilatildeo Como podemos perceber no
graacutefico eacute notoacuterio o montante de recursos destinados agrave educaccedilatildeo com um valor de mais de R$
27 milhotildees ao ano Jaacute os recursos do PAR correspondem a somente 3 do valor das receitas
do municiacutepio pouco mais de R$ 1 milhatildeo de reais Eacute importante tambeacutem deixar claro que os
recursos do PAR natildeo satildeo recursos a mais pois este natildeo recebe complementaccedilatildeo da Uniatildeo
As despesas com a funccedilatildeo educaccedilatildeo realizadas no periacuteodo da pesquisa nos mostram a
totalidade dos recursos gastos com a educaccedilatildeo no periacuteodo de 2007 a 2014 A tabela a seguir
demonstra o total dessas despesas bem como o valor gasto com cada sub-funccedilatildeo
Recursos Proacuteprios 2378186
7
FUNDEB 27432156 84
Salaacuterio Educaccedilatildeo 635331
2
FNDE 11619054
PAR 1004400 3
Receitas da Educaccedilatildeo em Santana 2013
Recursos Proacuteprios FUNDEB Salaacuterio Educaccedilatildeo FNDE PAR
133
Tabela 14 ndash Santana Despesas com a Funccedilatildeo Educaccedilatildeo (2007-2014)
Sub-
Funccedilotildees 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
EF 14910367 18487032 19191537 19707136 17957976 20624296 21804153
ES 1000 191125 2000 - - - -
EI 709597 435087 996814 5809173 8196777 9434598 13015450
EJA 5186 17361 292230 1176888 1387621 1429476 1261614
E Esp 16300 - 8551 - - - -
Outros 164151 215413 237968 270781 336596 389801 461471
Total 15806603 19346021 20729102 26963979 27878970 31878173 36542690
Fonte SIOPE Legenda EF ndash Ensino Fundamental ES ndash Educaccedilatildeo Superior EI ndash Educaccedilatildeo Infantil EJA ndash
Educaccedilatildeo de Jovens e Adultos EESP ndash Educaccedilatildeo Especial Outros gastos com educaccedilatildeo Baacutesica
Natildeo estava disponiacutevel no SIOPE as despesas do ano de 2014
Observa-se na tabela 14 que os maiores gastos foram realizados com a sub-funccedilatildeo
ensino fundamental que em todos os anos esteve acima de 50 Todavia tais gastos vecircm
diminuindo pois se em 2007 representava 9433 do total em 2014 representava apenas
5966 do montante dispendido em educaccedilatildeo Por outro lado os gastos com a educaccedilatildeo infantil
vecircm aumentando pois em 2007 eram apenas 44 do total e em 2014 passaram a representar
356 do total da funccedilatildeo educaccedilatildeo
Quanto agrave gestatildeo dos recursos observamos que o municiacutepio de Santana vem aplicando o
previsto na Constituiccedilatildeo Federal na manutenccedilatildeo e desenvolvimento do ensino na maioria dos
anos pois conforme a tabela 15 de 2007 a 2014 o miacutenimo aplicado foi de 25 exceto no ano
de 2007 quando essa taxa foi de apenas 1938
Tabela 15 Santana Miacutenimo de Aplicaccedilatildeo em MDE (2007-2014)
Ano ()
2007 1938
2008 2525
2009 2515
2010 3196
2011 2614
2012 2743
2013 2630
2014 Fonte SIOPE Tabela elaborada pela autora
Os dados tambeacutem revelam que o ano de 2014 foi muito criacutetico do ponto de vista
financeiro para o municiacutepio pois os dados estatildeo ausentes na base SIOPE Tais dados tem como
origem a Secretaria de Fazenda eacute possiacutevel que a prestaccedilatildeo de contas natildeo tenha sido realizada
naquele ano
134
Quanto agrave aplicaccedilatildeo do miacutenimo de 60 do FUNDEB com a remuneraccedilatildeo dos professores
previstos em Lei temos o seguinte quadro
Tabela 16 Santana Miacutenimo de Aplicaccedilatildeo do FUNDEB em Remuneraccedilatildeo de Professores
(2007-2014)
Ano Valor ()
2007 666079525 6963
2008 896246079 6091
2009 967559754 8959
2010 1090943753 9574
2011 1298672829 9622
2012 1426436228 9221
2013 1645929362 9448
2014 Fonte SIOPE Nota 1 Dados ausentes no SIOPE Tabela elaborada pela autora
De 2007 a 2013 apenas nos anos de 2007 o percentual foi proacuteximo de 60 Nos
demais anos foram de mais de 69 do total dos recursos Tal situaccedilatildeo requer aprofundamento
da pesquisa a fim de identificar as causas para as taxas elevadas Todavia como o municiacutepio
apresenta taxas muito baixas de arrecadaccedilatildeo proacutepria o municiacutepio de Santana manteacutem a
educaccedilatildeo basicamente com recursos do FUNDEB
Por fim cabe ressaltar no que se refere agrave gestatildeo financeira da educaccedilatildeo que os recursos
destinados agrave funccedilatildeo educaccedilatildeo sejam do FUNDEB ou de Programas ou Projetos ainda
continuam centralizados na Prefeitura Municipal e natildeo satildeo repassados ao oacutergatildeo responsaacutevel
pela gestatildeo da educaccedilatildeo no caso para a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo para que possa
executaacute-los de acordo com o seu planejamento Tal situaccedilatildeo contraria a perspectiva de
descentralizaccedilatildeo da gestatildeo dos recursos financeiros conforme preceitua a LDB em seu art 69
sect 5ordm e as poliacuteticas educacionais recentes Mas como o PAR tem interferido nessa dinacircmica de
gestatildeo educacional da rede municipal
33 O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS E A DIMENSAtildeO GESTAtildeO DA EDUCACcedilAtildeO
NA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE SANTANA (2007-2014)
O PDEPlano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo tem o Plano de Accedilotildees
Articuladas como a principal ferramenta de planejamento da educaccedilatildeo para a construccedilatildeo da
gestatildeo democraacutetica nos sistemas municipais de educaccedilatildeo
135
No municiacutepio de Santana o processo de implantaccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas teve
iniacutecio ainda em 2007 apoacutes a divulgaccedilatildeo dos resultados do Iacutendice de Desenvolvimento da
Educaccedilatildeo Baacutesica com as conversas e discussotildees sobre o Plano pois de acordo com a
coordenadora da eacutepoca
() quando foi jaacute em 2007 natildeo demorou muito para eles virem ateacute Santana foi logo
apoacutes os resultados do IDEB uma equipe do MEC e nos orientar natildeo fazia muito
tempo que tiacutenhamos realizado o planejamento estrateacutegico do municiacutepio eles nos
orientaram como deveriacuteamos proceder para o planejamento estrateacutegico e a colocaccedilatildeo
das informaccedilotildees na plataforma do SIMEC para noacutes natildeo foi difiacutecil pois jaacute tiacutenhamos
acabado de realizar nosso planejamento entatildeo foi praticamente transferir as
informaccedilotildees para a plataforma (Coordenaccedilatildeo do 1ordm PAR)
O municiacutepio de Santana atingiu as metas previstas pelo IDEB jaacute em 2007 e mesmo
assim estava nos registros do MEC como um dos municiacutepios prioritaacuterios para a visita da equipe
do MEC e a implantaccedilatildeo do Compromisso Dessa forma logo apoacutes o lanccedilamento do Decreto
nordm 60942007 se observou que grande parte dos municiacutepios brasileiros assinaram o Termo de
Adesatildeo independente de atingir ou natildeo as metas do IDEB e no municiacutepio de Santana a
coordenadora do PAR no periacuteodo da implantaccedilatildeo afirma ldquonoacutes natildeo tivemos escolha foi uma
imposiccedilatildeo do MEC para que implantaacutessemos e realizaacutessemos o preenchimento das informaccedilotildees
no sistemardquo (Coordenadora do 1ordm PAR)
O Termo de Cooperaccedilatildeo Teacutecnica entre a Prefeitura Municipal de Santana e o MEC
previa o prazo de 4 anos a partir da data da sua assinatura que foi em 2009 ldquocom possibilidade
de prorrogaccedilatildeo por igual ou inferior periacuteodo podendo ser rescindido por iniciativa de qualquer
das partes ()rdquo(MEC 2009 p2) Acerca do Termo de Compromisso e do periacuteodo de
prorrogaccedilatildeo do PAR as Coordenadoras entrevistadas natildeo souberam informar ou natildeo
lembravam
Durante o periacuteodo de levantamento documental da pesquisa tratamos os dados a partir
dos dois ciclos de planejamento do Plano de Accedilotildees Articuladas no municiacutepio Nessa pesquisa
utilizamos o Termo de Cooperaccedilatildeo Teacutecnica Nordm 23456 o planejamento estrateacutegico do municiacutepio
e a siacutentese do diagnoacutestico dos indicadores do municiacutepio
Os dados relativos ao 1ordm PAR do municiacutepio natildeo foram localizados nem nos arquivos
fiacutesicos da SEME e nem na Coordenaccedilatildeo do PAR poreacutem durante as visitas aos sujeitos
entrevistados eacute que conseguimos coletar alguns dados relativos ao 1ordm PAR o que ajudou na
construccedilatildeo da anaacutelise da historicidade do PAR em Santana As entrevistas viabilizaram
136
esclarecimentos e complementaccedilatildeo de informaccedilotildees sobre o 1ordm PAR e assim encontramos a
seguinte declaraccedilatildeo sobre o processo de elaboraccedilatildeo do 1ordm PAR
O primeiro PAR ocorreu de forma muito apressada sem uma discussatildeo com os
participantes da rede municipal de ensino Recebemos uma equipe do MEC que
orientou a elaboraccedilatildeo e disse como deveriacuteamos preencher na plataforma Natildeo foi
muito discutido ateacute porque natildeo tiacutenhamos alguns conselhos implantados mas foi
elaborado pelos setores da SEME (Coordenadora do 1ordm PAR)
Foi um lsquodiagnoacutestico de gabinetersquo em muitos indicadores as pontuaccedilotildees foram 1 e 2
devido natildeo ter a documentaccedilatildeo organizada regimento frequecircncia na reuniatildeo dos
conselhos atas ou que ainda estavam em fase de criaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo como eacute o caso
do PME (Coordenadora do 2ordm PAR)
A equipe teacutecnica local do 1ordm PAR foi composta por quinze membros sendo um
dirigente municipal oito representantes dos teacutecnicos da SEME dois representantes dos
professores um representante dos supervisores escolares um representante do quadro teacutecnico-
administrativo um representante do conselho escolar e um representante do conselho municipal
de educaccedilatildeo
O diagnoacutestico da educaccedilatildeo municipal relativo ao 2ordm PAR para o ciclo de 2011 a 2014
foi realizado pela equipe local composta pelos mesmos membros que compuseram a equipe do
1ordm PAR municipal e foi enviado ao MEC no dia 30092011 Poreacutem segundo a Coordenaccedilatildeo
do 2ordm PAR o Plano de Trabalho com as sub-accedilotildees foram enviadas para anaacutelise do MEC
posteriormente em 10092012 isto eacute quase um ano depois Segundo a coordenadora do 2ordm
PAR
Essa demora no envio para a elaboraccedilatildeo do Plano de Trabalho se deu devido agrave
dimensatildeo 4 infraestrutura ldquoque requeria informaccedilotildees adicionais de engenheiros
topoacutegrafos legalizaccedilatildeo e doaccedilatildeo de terrenos para a construccedilatildeo de escolas e creches
para o municiacutepio (Coordenadora do 2ordm PAR)
Observamos que os periacuteodos de planejamento no 1ordm e 2ordm PAR natildeo correspondem aos
periacuteodos orientados pelo MEC que seria 2007 a 2010 e de 2011 a 2014 Existe um lapso
temporal entre o planejamento e a execuccedilatildeo do PAR a assinatura do termo de compromisso e
os ciclos de duraccedilatildeo do PAR no municiacutepio Entretanto o manual de orientaccedilotildees do PAR (2011-
2014) afirma que esse planejamento eacute voluntaacuterio e natildeo haacute exigecircncia quanto ao cumprimento de
prazos
137
A adesatildeo ao Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo assinada pelos
municiacutepios estados e Distrito Federal ocorreu de forma voluntaacuteria e foi realizada
por todos os entes federados () Sendo uma accedilatildeo voluntaacuteria o Ministeacuterio da
Educaccedilatildeo natildeo estabelece prazos para elaboraccedilatildeo e conclusatildeo do PAR no sistema
Eacute de interesse dos municiacutepios estados e Distrito Federal terem o PAR elaborado e
enviado para anaacutelise do MECFNDE no SIMEC uma vez que a partir do Decreto No
6094 de 24 de abril de 2007 as accedilotildees de assistecircncia teacutecnica e financeira (apoio
suplementar e voluntaacuterio) do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo seratildeo norteadas pela adesatildeo ao
Plano de Metas e elaboraccedilatildeo do PAR no SIMEC O PAR seraacute base para termo de
convecircnio ou de cooperaccedilatildeo firmado entre o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e o ente apoiado
(MECPAR 2011 p 40 grifos nossos)
As praacuteticas dos teacutecnicos do MEC tecircm se apresentado contraditoacuterias ao seu discurso
quando afirmam em seus documentos oficiais ser ldquovoluntaacuteriardquo a adesatildeo do municiacutepio ao
PDEPlano de Metas Entretanto na praacutetica o que ocorre eacute quase uma imposiccedilatildeo aos municiacutepios
para a implantaccedilatildeo do PAR visto que condiciona o financiamento de algumas accedilotildees agrave adesatildeo
ao PAR A Lei nordm 126952012 define as quatro dimensotildees abrangidas pelo PAR passiveis de
serem financiadas ou receberem apoio teacutecnico do MEC sendo elas
Art 2o - O PAR seraacute elaborado pelos entes federados e pactuado com o Ministeacuterio da
Educaccedilatildeo a partir das accedilotildees programas e atividades definidas pelo Comitecirc
Estrateacutegico do PAR de que trata o art 3o [] sect 1o A elaboraccedilatildeo do PAR seraacute
precedida de um diagnoacutestico da situaccedilatildeo educacional estruturado em 4 (quatro)
dimensotildees []I - gestatildeo educacional []II - formaccedilatildeo de profissionais de
educaccedilatildeo []III - praacuteticas pedagoacutegicas e avaliaccedilatildeo [] IV -infraestrutura fiacutesica e
recursos pedagoacutegicos (BRASIL 2012)
Aleacutem disso os resultados do IDEB por parte do MEC refletem as condiccedilotildees para o
financiamento das accedilotildees como que alertam Adriatildeo e Garcia (2008 p 792) quando afirmam que
a adesatildeo ao Compromisso pode reduzir ldquoos processos pedagoacutegicos ao preparo para os exames
externos considerando-se que os resultados das avaliaccedilotildees concorreratildeo para o aumento dos
recursosrdquo
A ideia da poliacutetica do planejamento multidimensional e articulado com os entes
federados eacute interessante com a intermediaccedilatildeo das universidades e outras organizaccedilotildees
educacionais como a UNDIME e sindicatos educacionais auxiliam na implantaccedilatildeo da poliacutetica
e a prioridade na alocaccedilatildeo dos recursos sem interferecircncias poliacutetico-partidaacuterias Para Luce e
Farenzena (2007 p 11) a poliacutetica do MEC se caracteriza como uma ldquodescentralizaccedilatildeo
convergenterdquo levando em consideraccedilatildeo a prestaccedilatildeo de contas dos entes que aderem ao
Compromisso ou ainda tambeacutem pode ser caracterizada como uma descentralizaccedilatildeo
138
monitorada considerando a exigecircncia de um Planejamento de Accedilotildees Articuladas (PAR) e pela
existecircncia do IDEB em que eacute tomado como medida de avaliaccedilatildeo das accedilotildees que foram ou natildeo
realizadas Dessa forma os discursos da descentralizaccedilatildeo e da autonomia dos entes federados
entram em contradiccedilatildeo quanto a implantaccedilatildeo dessa poliacutetica
O Relatoacuterio Puacuteblico da siacutentese do diagnoacutestico do 1ordm PAR no municiacutepio de SantanaAP
nos indica a situaccedilatildeo de cada dimensatildeo conforme a avaliaccedilatildeo da equipe teacutecnica local por ocasiatildeo
da elaboraccedilatildeo do PAR A tabela 16 nos demonstra tal situaccedilatildeo
Tabela 17 Santana Siacutentese das pontuaccedilotildees das Dimensotildees do 1ordm PAR
Dimensotildees Pontuaccedilotildees
Total 4 3 2 1 na
1Gestatildeo Educacional 0 6 6 7 1 20
2 Formaccedilatildeo de Professores e de
Profissionais de Serviccedilos e Apoio Escolar 1 2 1 6 0 10
3 Praacuteticas Pedagoacutegicas e Avaliaccedilatildeo 1 3 2 2 0 08
4 Infraestrutura Fiacutesica e Recursos
Pedagoacutegicos 0 1 8 5 0 13
Total 2 12 17 20 1 52 Fonte SIMECMEC (2009)
De acordo com a tabela 16 o municiacutepio de Santana recebeu maior nuacutemero de pontuaccedilatildeo
1 e 2 que totalizam 71 do total de indicadores o que demonstra que haacute na rede uma situaccedilatildeo
mais para ruim do que boa As dimensotildees Gestatildeo Educacional e Infraestrutura Fiacutesica e Recursos
Pedagoacutegicos foram as responsaacuteveis pelo maior nuacutemero de pontuaccedilotildees 1 e 2 revelando estar
nessas dimensotildees as maiores fragilidades As pontuaccedilotildees 3 e 4 que representam uma situaccedilatildeo
boa ou oacutetima poreacutem correspondem apenas a 269 dos indicadores do 1ordm PAR
Em relaccedilatildeo agrave dimensatildeo da Gestatildeo Educacional 30 dos indicadores receberam
pontuaccedilatildeo 3 que eacute considerada boa segundo a avaliaccedilatildeo do MEC E 70 das pontuaccedilotildees da
gestatildeo foram 1 ou 2 o que expressa uma situaccedilatildeo insatisfatoacuteria
A elaboraccedilatildeo do 2ordm Plano de Accedilotildees Articuladas no municiacutepio de Santana ciclo 2011 a
2014 foi realizado no 2ordm semestre de 2011 com a participaccedilatildeo da equipe local
Segundo informaccedilotildees dos entrevistados a elaboraccedilatildeo do 2ordm PAR
Foi feita atraveacutes de reuniatildeo da equipe local envolvendo vaacuterios segmentos entre eles
a secretaacuteria diretores de todos os departamentos representantes de professores tanto
da zona rural como da urbana pedagogos da zona rural e urbana representantes de
diretores representantes de conselho escolar e representantes do conselho municipal
de educaccedilatildeo noacutes tivemos toda essa equipe reunidas 3 vezes por semana tanto de manhatilde
como a tarde onde eram feitos diagnoacutesticos e anaacutelise (Coordenadora do 2ordm PAR)
139
A siacutentese dos resultados do diagnoacutestico do 2ordm PAR realizado pela equipe local do
municiacutepio estaacute disponiacutevel na tabela 18 a seguir
Tabela 18 Santana Siacutentese das pontuaccedilotildees das Dimensotildees do 2ordm PAR
Dimensotildees Pontuaccedilotildees
4 3 2 1 na Total
1Gestatildeo Educacional 0 9 16 3 0 28
2 Formaccedilatildeo de Professores e de
Profissionais de Serviccedilos e Apoio Escolar 0 7 5 4 1 17
3 Praacuteticas Pedagoacutegicas e Avaliaccedilatildeo 0 9 5 1 0 15
4 Infraestrutura Fiacutesica e Recursos
Pedagoacutegicos 0 0 14 8 0 22
Total 0 25 40 16 1 82 Fonte SIMECMEC (2015)
Como podemos analisar na tabela 18 nenhum indicador recebeu a pontuaccedilatildeo 4 Quase
50 dos indicadores obtiveram a pontuaccedilatildeo 2 se somarmos as pontuaccedilotildees 1 e 2 obteremos um
total de 682 de indicadores o que descreve uma situaccedilatildeo insuficiente e por isso aponta mais
aspectos negativos e de situaccedilatildeo criacutetica ao municiacutepio As dimensotildees gestatildeo educacional e
infraestrutura fiacutesica e recursos pedagoacutegicos tem sido os principais responsaacuteveis pela situaccedilatildeo
insuficiente
E se comparamos o 1ordm e 2ordm diagnoacutestico do PAR em um panorama geral podemos
perceber que 71 das pontuaccedilotildees 1 e 2 estatildeo no 1ordm PAR e no 2ordm PAR satildeo 682 isto eacute houve
uma quase insignificante alteraccedilatildeo na situaccedilatildeo do municiacutepio em relaccedilatildeo aos indicadores
Inclusive 2 indicadores que demonstravam pontuaccedilatildeo 4 no 1ordm PAR natildeo mais apareceram no 2ordm
PAR
Em relaccedilatildeo agrave dimensatildeo Gestatildeo Educacional no 2ordm PAR 678 dos indicadores
apresentaram-se com insatisfatoacuterios ou criacuteticos Se comparados ao 1ordm PAR em que 70 dos
indicadores tambeacutem foram pontuados como insatisfatoacuterios ou criacuteticos observa-se que nessa
dimensatildeo teve uma quase insignificante evoluccedilatildeo de 22 a mais
No que se refere ainda a baixa pontuaccedilatildeo de indicadores de Infraestrutura Fiacutesica e
Recursos Pedagoacutegicos no 1ordm e 2ordm PAR pudemos identificar atraveacutes dos termos de compromisso
(Extrato de execuccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas - PAR) disponiacuteveis em consulta puacuteblica
no SIMEC (2015) planejamento para investimentos nessa dimensatildeo (4) em indicadores da
aacuterea 2 sendo
a) seis termos de compromisso relativos a compra de mobiliaacuterio equipamentos e materiais
didaacuteticos e pedagoacutegicos (accedilotildees e sub-accedilotildees do indicador 4211)
140
b) um termo de compromisso de infraestrutura (reforma) de unidades escolares que ofertam EF
na zona urbana (accedilotildees e sub-accedilotildees do indicador - 425emenda parlamentar)
c) aquisiccedilatildeo de nove ocircnibus escolares (accedilotildees e sub-accedilotildees do indicador - 4212)
d) quatro escolas comtempladas com construccedilatildeoampliaccedilatildeo de salas de aula para a educaccedilatildeo do
campo indiacutegena ou quilombola (accedilotildees e sub-accedilotildees do indicador 4210)
e) duas escolas comtempladas com construccedilatildeoampliaccedilatildeo de salas de aula de EF na zona urbana
(accedilotildees e sub-accedilotildees do indicador 429) (MECPAR 2015)
A coordenadora do 2ordm PAR afirma que ldquoo prefeito natildeo tinha a noccedilatildeo do que era o PAR
quando ele soube que era para receber recursos toda a atenccedilatildeo comeccedilou a ser dada para a
elaboraccedilatildeo do PARrdquo Natildeo obstante os recursos decorrentes do PAR considerando a totalidade
das receitas para com o financiamento da funccedilatildeo educaccedilatildeo no municiacutepio satildeo iacutenfimos conforme
jaacute demonstramos anteriormente Para o ano de 2009 representou 1 e em 2013 apenas 3 do
total das receitas
O que tambeacutem temos observado eacute que muitos dos recursos que foram alocados ainda no
1ordm PAR foram prorrogados e estatildeo em execuccedilatildeo e natildeo foram ainda concluiacutedos por parte do
municiacutepio como eacute o caso daqueles destinados agrave construccedilatildeo de creches Mas quais as
implicaccedilotildees do PAR para a democratizaccedilatildeo da gestatildeo A anaacutelise dos principais indicadores a
seguir nos daraacute pistas a esse respeito
34 OS INDICADORES DA GESTAtildeO DEMOCRAacuteTICA DO PLANO DE ACcedilOtildeES
ARTICULADAS NA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE SANTANA (2007-2014)
Os indicadores de gestatildeo democraacutetica no 1ordm e 2ordm PAR que satildeo objetos desse estudo satildeo
seis Conselho Escolar Conselho Municipal de Educaccedilatildeo Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar
Comitecirc Local do Compromisso Conselho do FUNDEB e Criteacuterios para a escolha de Diretores
A pontuaccedilatildeo que revela o diagnoacutestico da situaccedilatildeo a respeito de cada indicador realizado
por ocasiatildeo do 1ordm PAR (2007) e do 2ordm PAR (2011) demonstrada a seguir nos subsidiaraacute a anaacutelise
da evoluccedilatildeo do desenvolvimento das condiccedilotildees de democratizaccedilatildeo da gestatildeo em Santana
Quadro 10 ndash Santana Pontuaccedilatildeo dos indicadores de gestatildeo democraacutetica no 1ordm e 2ordm PAR
PAR CE CME CAE Comitecirc
Local
Conselho do
FUNDEB
Criteacuterios para a Escolha
de Diretores
1ordm PAR
(2007-2010) 3 1 1 1
2ordm PAR
(2011-2014) 3 3 2 1 2 3
Fonte SIMEC ndash Elaborado pela autora Nota 1 Indicador ausente no 1ordm PAR Nota 2 No 2ordm PAR
esse indicador foi remanejado para a Dimensatildeo Gestatildeo de Pessoas
141
No quadro 10 o diagnoacutestico situacional da gestatildeo democraacutetica da educaccedilatildeo no
municiacutepio de Santana informado pela SEME indicou que no 1ordm PAR dos quatro indicadores
analisados61 em trecircs deles (Existecircncia e funcionamento de CME Existecircncia e funcionamento
do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar e Criteacuterios para escolha de diretores) a pontuaccedilatildeo
atribuiacuteda foi 1 o que demonstra uma situaccedilatildeo muito criacutetica revelando aspectos negativos
Apenas um indicador foi diagnosticado com a pontuaccedilatildeo 3 (Existecircncia e funcionamento de
Conselho escolar) que descreve uma situaccedilatildeo satisfatoacuteria Jaacute no 2ordm PAR dos seis indicadores
analisados trecircs indicadores receberam a pontuaccedilatildeo 3 (Existecircncia e funcionamento de Conselho
escolar Existecircncia e funcionamento de CME e Criteacuterios para escolha de diretores) dois
indicadores receberam pontuaccedilatildeo 2 (Existecircncia e funcionamento do Conselho de Alimentaccedilatildeo
Escolar e Existecircncia e funcionamento do Conselho do FUNDEB) Apenas o Escolar um
indicador recebeu pontuaccedilatildeo 1 (Comitecirc Local)
Essa situaccedilatildeo deveraacute ser analisada mais detalhadamente em cada indicador nos itens a
seguir na perspectiva de compreender as implicaccedilotildees do PAR para a democratizaccedilatildeo da gestatildeo
por meio da anaacutelise do funcionamento de cada um desses indicadores no acircmbito da rede
municipal
341 Existecircncia composiccedilatildeo e funcionamento dos Conselhos Escolares (CE)
O municiacutepio de Santana desde 1994 jaacute dispotildee da sua lei especiacutefica Nordm 15394 que trata
sobre a criaccedilatildeo do Conselho Escolar nos estabelecimentos do sistema municipal de ensino A
existecircncia de Conselhos Escolares na rede municipal de Santana eacute tambeacutem mencionada na Lei
Orgacircnica do Municiacutepio promulgada em 1992 revisada e atualizada no ano de 2000 em seu
art 159 e 160 define as funccedilotildees do CE e a elaboraccedilatildeo de um regimento da escola que seja
participativo
Art 159 ndash As escolas puacuteblicas municipais contaratildeo com conselhos escolares
constituiacutedos pela direccedilatildeo da escola e representantes dos segmentos da comunidade
escolar com funccedilotildees consultiva deliberativa e fiscalizadora na forma da Lei
Art 160 ndash Os estabelecimentos de ensino deveratildeo ter um regimento elaborado pela
Comunidade Escolar homologado pelo conselho da escola e submetido a posterior
aprovaccedilatildeo do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (SANTANA 2000 p 34)
Entretanto a rede municipal justificou que possui escolas que natildeo tem os Conselhos
Escolares constituiacutedos principalmente ldquoporque ainda tem funcionaacuterios do contrato
administrativo ou seja natildeo satildeo efetivos e esta eacute uma das exigecircncias conforme o estatuto do
61Dos seis indicadores focalizados neste trabalho dois deles natildeo constavam no primeiro PAR (o Comitecirc Local e
Conselho do FUNDEB)
142
conselho escolarrdquo (Conselheira do CE - governamental) Como podemos analisar ainda haacute
funcionaacuterios puacuteblicos admitidos por contratos administrativos sem estabilidade no cargo e sem
passar por provas e tiacutetulos
Os Conselhos Escolares satildeo de grande importacircncia por serem os incentivadores da
participaccedilatildeo contribuindo para a construccedilatildeo de uma cultura democraacutetica que rompa com a
loacutegica do poder centralizador das decisotildees de um pequeno grupo estimulando assim um local
de exerciacutecio contiacutenuo e cotidiano do diaacutelogo e da negociaccedilatildeo ldquoum espaccedilo de aprendizagem
participativa democraacutetica e de empowerment de seus componentes () que se desenvolvem
como construccedilatildeo da comunidade escolar a democracia estaraacute sendo construiacuteda ativamente e
vivenciada em processos concretosrdquo (WERLE 2003 p 11)
A composiccedilatildeo do Conselho Escolar no municiacutepio de Santana eacute de 9 (nove) conselheiros
sendo um titular e um suplente de cada segmento da comunidade escolar O diretor da Unidade
Escolar eacute membro ldquonatordquo e natildeo passa por eleiccedilatildeo tendo sua participaccedilatildeo garantida no CE mas
natildeo poderaacute ser o presidente (SANTANA 2000) No instante em que a uma legislaccedilatildeo daacute
poderes a integrantes dos Conselhos natildeo passarem por eleiccedilatildeo estatildeo utilizando de
procedimentos antidemocraacuteticos visto que os conselhos representam a participaccedilatildeo nas
discussotildees e o poder de tomar decisotildees
Nesse caso os direitos civis de uma comunidade em que envolve a efetiva participaccedilatildeo
com engajamento nas questotildees de interesse puacuteblico envolve tambeacutem igualdade poliacutetica entre
todos os participantes participaccedilatildeo ativa toleracircncia voluntariedade e o espaccedilo deve ser
propiacutecio para concordar ou discordar dos pontos de vista propostos sem constrangimento
passividade ou imposiccedilotildees
O quadro 11 apresenta o diagnoacutestico realizado pela equipe local do municiacutepio quanto
ao indicador ldquoExistecircncia de Conselhos Escolares (CE)rdquo no 1ordm e 2ordm PAR
Quadro 11 - SANTANA Diagnoacutestico do Indicador Conselho Escolar
PAR Indicador Pontuaccedilatildeo
1ordf versatildeo do PAR
(2007-2010) Existecircncia de Conselhos Escolares 3
2ordf versatildeo do PAR
(2011-2014)
Existecircncia e funcionamento de
Conselhos Escolares 3
Fonte SIMEC ndash Elaborado pela autora
De acordo com o quadro 11 o indicador ldquoExistecircncia de Conselhos Escolaresrdquo no 1ordm PAR
(2007-2010) recebeu a pontuaccedilatildeo 3 o que de acordo com as convenccedilotildees do MEC significa
que haacute conselhos escolares atuantes em pelo menos 50 das escolas da rede que a secretaria
143
sugeria e orientava a implantaccedilatildeo dos CE e que as escolas da rede em parte se mobilizavam
para implantar CE
No 2ordm PAR (2011-2014) o indicador ldquoExistecircncia e funcionamento de Conselhos
Escolaresrdquo por ocasiatildeo da pontuaccedilatildeo 3 gerou cinco sub-accedilotildees a serem realizadas pela SEME
como
a) qualificar os teacutecnicos da SEME que satildeo responsaacuteveis pela implantaccedilatildeo e
fortalecimento dos conselhos escolares b) instituir um grupo articulador de
criaccedilatildeo e fortalecimento dos conselhos escolares e de outros documentos
relacionados a gestatildeo democraacutetica da escola c) sensibilizar a comunidade escolar
e local dentre eles pais professores diretores escolares demais funcionaacuterios da
escola e comunidade sobre a importacircncia da gestatildeo democraacutetica na escola e
mobilizaacute-la para a implantaccedilatildeo do conselho escolar onde ele natildeo existir e)
monitorar e apoiar a atuaccedilatildeo dos conselhos na rede de ensino f) incentivar a
integraccedilatildeo entre os conselhos escolares (PAR 2011-2014)
b)
Segundo uma entrevistada integrante do Conselho Escolar que faz parte da equipe de
fortalecimento dos conselhos escolares as sub-accedilotildees que se referem ao monitoramento e apoio
aos conselhos escolares bem como a integraccedilatildeo entre eles natildeo ocorreram
Quando perguntamos agrave Conselheira sobre a existecircncia implantaccedilatildeo e funcionamento
dos CE na rede municipal de ensino ela assim descreveu o processo
90 das escolas tecircm Conselhos Escolares implantados por que as mesmas trabalham
com caixas escolares e os representantes do caixa escolar satildeo eleitos dentro da
composiccedilatildeo do Conselho Escolar Ficando entendido que o caixa escolar eacute o oacutergatildeo
que trabalha com o recurso financeiro da unidade escolar e eacute tirado de dentro da
composiccedilatildeo do Conselho Escolar () na implantaccedilatildeo dos conselhos escolares a SEME
vem para as escolas faz uma assembleia sensibiliza todos os envolvidos na escola e
mostra o que eacute o conselho qual a funccedilatildeo do conselho mostra o que pode e o que natildeo
pode fazer orienta de acordo com as leis e orientamos que faccedilam as assembleias por
segmento Eacute assim que orientamos (Conselheira Escolar)
No que diz respeito ao funcionamento dos Conselhos Escolares a conselheira avalia que
A implantaccedilatildeo eacute uma beleza jaacute o funcionamento eacute uma dificuldade pois a gente
percebe que haacute uma negaccedilatildeo Os proacuteprios pais dizem que o conselho escolar natildeo
funciona ou natildeo tem tempo de participar Os Caixas escolares as pessoas tecircm medo
de se envolverem com as questotildees financeiras e natildeo querem participar (Conselheira
Escolar)
Como podemos perceber na fala da entrevistada os conselhos satildeo implantados
principalmente por ser uma exigecircncia da Uniatildeo para a composiccedilatildeo dos caixas escolares pois
somente dessa forma as escolas teratildeo acesso aos recursos Sendo que o Conselho Escolar pode
exercer tambeacutem a funccedilatildeo de Unidade Executora (UEx) responsaacutevel por receber os recursos
do PDDE (Programa Dinheiro Direto na Escola) Mas sua atuaccedilatildeo natildeo deve se restringir apenas
agraves accedilotildees financeiras Outro aspecto interessante diz respeito ao fato de que quando o conselho
144
escolar natildeo exerce a funccedilatildeo de Unidade Executora natildeo haacute necessidade de registraacute-lo em
cartoacuterio Mas mesmo natildeo sendo a Unidade Executora o conselho escolar deve participar do
planejamento e da execuccedilatildeo dos recursos financeiros (MECPAR 2011)
No levantamento de dados do Sistema de Informaccedilotildees sobre Orccedilamentos Puacuteblicos em
Educaccedilatildeo (SIOPE) natildeo encontramos registrados no municiacutepio de Santana os lsquoConselhos
Escolaresrsquo como Unidades Executoras o que foram encontrados foram lsquoCaixas Escolaresrsquo De
acordo com o MEC as Caixas Escolares satildeo unidades executoras com personalidade juriacutedica
de direito privado com CNPJ sem fins lucrativos Eacute portanto categoria de associaccedilatildeo natildeo
pertence agrave administraccedilatildeo puacuteblica eacute apenas vinculada agrave escola As Caixas Escolares tecircm como
objetivo gerir a verba transferida por isso chamada de Unidade Executora Portanto todas as
escolas devem possuir sua Caixa Escolar e aquelas escolas com pequena quantidade de alunos
(ateacute 50 alunos) eacute facultativa a criaccedilatildeo da unidade executora Nesta situaccedilatildeo a escola recebe o
recurso por meio da Prefeitura ou da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo (MECFNDE)
Para receber os recursos do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) as escolas
puacuteblicas do municiacutepio precisaram criar suas Caixas Escolares Os recursos do PDDE servem
para compra de material de consumo manutenccedilatildeo conservaccedilatildeo e reparos na unidade escolar
e pequenos investimentos em bens permanentes Servem tambeacutem para accedilotildees previstas na
escola incluindo acessibilidade programaccedilotildees culturais educaccedilatildeo integral atletas na escola
dentre outros
Nesse sentido o discurso da ldquodescentralizaccedilatildeo administrativardquo que eacute um dos
mecanismos segundo Bresser-Pereira (1996) para a organizaccedilatildeo institucional e eacute um dos
objetivos da Reforma do Estado que envolve mudanccedilas na gestatildeo e no funcionamento dos
sistemas de ensino em que as Unidades Escolares tecircm entatildeo uma autonomia relativa pois esta
deveraacute ser gerenciada pelo poder central atraveacutes dos mecanismos de controle E sendo os caixas
escolares instituiccedilotildees de direito privado natildeo pertencentes as escolas puacuteblicas o que observamos
nesse caso eacute uma instituiccedilatildeo privada dentro de uma instituiccedilatildeo puacuteblica como nos alertava
Peroni (2005) onde a loacutegica que prevalece eacute a da gestatildeo privada
No que diz respeito aos recursos financeiros da educaccedilatildeo ao municiacutepio destacamos os
repasses realizados ao municiacutepio pelo governo federal atraveacutes de diversos Programas as escolas
da rede municipal de ensino de Santana por meio dos caixas escolares tais como PDDE ndash
Educaccedilatildeo Baacutesica PDDE ndash Atleta na Escola PDDE ndash Acessibilidade PDDE ndash Educaccedilatildeo
Integral PDDE ndash Escola Campo PDDE ndash Escola Sustentaacutevel PDDE ndash Cultura na Escola PDE
ndash escola
145
No que diz respeito agraves receitas com repasses diretamente as escolas da rede municipal
de Santana fizemos um levantamento financeiro anual do periacuteodo desde a chegada do PAR ao
municiacutepio O quadro 12 apresenta o montante financeiro anual recebido pelas escolas por meio
das Caixas Escolares
Quadro 12 ndash Santana Receitas do PDDE por Programa para as escolas da rede municipal de
Santana (2007-2014)
Ano Programas Nordm de escolas
atendidas
Total de Recursos
Recebidos
2007
PDDE ndash Educaccedilatildeo Baacutesica 10 5672840
PDE ndash Escola 01 3100000
Total em R$ - 8772840
2008
PDDE ndash Educaccedilatildeo Baacutesica 11 7241850
PDDE ndash Acessibilidade 01 1600000
Total em R$ - 8841850
2009
PDDE ndash Educaccedilatildeo Baacutesica 19 13994210
PDDE ndash Educaccedilatildeo Integral 10 27959202
PDE ndash Escola 08 11400000
Total em R$ - 53353412
2010
PDDE ndash Educaccedilatildeo Baacutesica 20 15587050
PDDE ndash Educaccedilatildeo Integral 10 32808372
Total em R$ - 48395422
2011
PDDEndash Educaccedilatildeo Baacutesica 04 2252310
PDDE ndash Acessibilidade 01 700000
Total em R$ - 2952310
2012
PDDE ndash Educaccedilatildeo Baacutesica 28 15916648
PDDE ndash Acessibilidade 06 5660000
PDDE ndash Escola Campo 04 7380000
PDDE ndash Educaccedilatildeo Integral 20 66015986
PDE ndash Escola 04 15100000
Total em R$ - 110072634
2013
PDDE ndash Educaccedilatildeo Baacutesica 28 24390000
PDDE ndash Estrutura (Acessibilidade) 10 9660000
PDDE ndash Estrutura (Escola Campo) 02 3000000
PDDE ndash Qualidade (Escola Sustentaacutevel) 06 5600000
PDDE ndash Qualidade (Atleta na Escola) 05 578700
PDDE ndash Educaccedilatildeo Integral 22 95435872
Total em R$ - 138664572
2014 PDDE ndash Educaccedilatildeo Baacutesica 3462 12998402
62 O municiacutepio de Santana no ano de 2014 possui 31 escolas e 17 anexos de escolas Entretanto o repasse do
PDDE no ano de 2014 foi para 34 caixas escolares Nessa pesquisa natildeo conseguimos identificar o porquecirc de 34
caixas escolares terem recebido o recurso
146
PDDE ndash Estrutura (Acessibilidade) 03 3740000
PDDE ndash Qualidade (Atleta na Escola) 10 1212900
PDDE ndash Qualidade (Cultura na Escola) 05 6100000
PDDE ndash Educaccedilatildeo Integral 25 59463154
Total em R$ - 83514456
Total Geral em R$ - 454567496
Fonte FNDESIOPE (2015) ndash Organizado pela autora
De acordo com o quadro 12 podemos perceber um volume de repasses no montante de
R$ 454567496 para as escolas puacuteblicas da rede municipal em um periacuteodo de 8 anos Se
compararmos o recurso do ano de 2007 com o de 2014 os recursos aumentaram 945 e se
comparado ao ano de 2013 o crescimento foi de 1580
Nos dados do SIOPE podemos identificar o volume de recursos repassados diretamente
as caixas escolares das escolas puacuteblicas da rede municipal de Santana Os recursos referem-se
aos Programas criados a partir do PDEPlano de Metas
Graacutefico 5 ndash Total de repasses do PDDE para as escolas da rede municipal 2007 - 2014
Fonte SIOPE (2016)
Como podemos observar no graacutefico 5 comparando os anos de 2007 e 2014 houve um
elevado crescimento nos repasses financeiros destinados aos caixas escolares das escolas
municipais O quadro 12 indica os programas que foram implantados e a quantidade de escolas
que receberam esses programas atraveacutes das caixas escolares
Os dados revelam tambeacutem um aumento no nuacutemero de caixas escolares que em 2007
eram 10 e em 2014 jaacute haviam 34 implantadas O quadro 12 aponta um crescimento nos valores
dos repasses a partir de 2009 isso pode ter ocorrido devido a assinatura do Termo de Adesatildeo
000
20000000
40000000
60000000
80000000
100000000
120000000
140000000
160000000
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
147
ao Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo entre o governo federal e o municiacutepio de Santana e
consequentemente a incorporaccedilatildeo dos programas no acircmbito do PAR no municiacutepio
Os programas estatildeo sendo criados gradativamente no municiacutepio agrave medida que as
escolas organizam os seus Conselhos Escolares os primeiros programas foram o PDDE e o
PDE ndash Escola em 2007 o PDE-Acessibilidade eacute criado em 2008 o Programa Educaccedilatildeo Integral
em 2009 em 2012 o programa Educaccedilatildeo do Campo no ano de 2013 eacute a vez dos programas
Atleta na Escola e Escola Sustentaacutevel e em 2014 o programa Cultura na Escola tambeacutem foi
contemplado para o municiacutepio
O Programa Educaccedilatildeo Integral foi implantado no ano de 2009 em 10 escolas municipais
chegando a 25 escolas no ano de 2014 Eacute o Programa que mais tem absorvido recursos do
FNDE no total de R$ 281682586 em 5 anos63 atingindo 62 do valor total das receitas que
foi de R$ 454567496 destinados aos caixas escolares das escolas puacuteblicas municipais de
Santana
Tabela 19 ndash Santana Total de Recursos do PDDE recebidos pelas Caixas Escolares da rede
municipal no periacuteodo de 2007-2014
Ano Nordm de caixas escolares Total de Recursos
Recebidos
2007 10 8772840
2008 11 8841850
2009 19 53353412
2010 20 48395422
2011 04 2952310
2012 28 110072634
2013 28 138664572
2014 34 83514456
Fonte FNDESIOPE
Os dados da tabela 19 mostram que o nuacutemero de caixas escolares tem crescido na rede
municipal em 2007 eram apenas 10 caixas escolares e em 2014 jaacute eram 34 Em 2011 observou-
se uma queda no nuacutemero de caixas escolares que receberam recursos isso pode ter ocorrido
devido a natildeo prestaccedilatildeo de contas ao FNDE nesse caso os caixas escolares ficam na condiccedilatildeo
de inadimplentes e natildeo recebem recursos ateacute efetivarem a prestaccedilatildeo de contas
Eacute notoacuterio no documento ldquoPrograma Nacional de Fortalecimento dos Conselhos
Escolaresrdquo elaborado pelo MEC e proposto ao municiacutepio de Santana e consequentemente as
63O Programa Educaccedilatildeo Integral transferiu recursos para o municiacutepio nos anos 2009 2010 2012 2013 e 2014
148
unidades escolares A desconcentraccedilatildeo de tarefas do MEC para as unidades escolares fazem
com que as escolas se preocupem mais em atingir as metas propostas pelo MEC do que com os
procedimentos pedagoacutegicos para a melhoria da qualidade da educaccedilatildeo A ideia eacute de um modelo
gerencial para educaccedilatildeo onde a poliacutetica eacute planejada verticalmente e descentralizada na sua
execuccedilatildeo Nesse exemplo cabe ao MEC a centralizaccedilatildeo das informaccedilotildees e aos municiacutepios a
execuccedilatildeo dos 13 (treze) itens que satildeo atribuiacutedos aos membros do CE e que perpassam desde a
promoccedilatildeo discussatildeo criaccedilatildeo assessoramento fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo integraccedilatildeo ateacute garantias
de aprovaccedilatildeo encaminhamento e divulgaccedilatildeo de accedilotildees
Embora a caixa escolar seja parte do Conselho Escolar o que constatamos foi a pouca
participaccedilatildeo dos conselheiros nas reuniotildees do CE nas escolas da rede municipal o que
inviabiliza a construccedilatildeo de uma gestatildeo democraacutetica e um planejamento coletivo para a
construccedilatildeo da autonomia da escola
342 Existecircncia composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (CME)
No que diz respeito ao diagnoacutestico desse indicador da gestatildeo no municiacutepio de Santana
nas duas versotildees do PAR foi o seguinte
Quadro 13 Santana Diagnoacutestico do Indicador Conselho Municipal de Educaccedilatildeo
PAR Indicador Pontuaccedilatildeo
1ordf versatildeo do PAR
(2007-2010)
Existecircncia composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do
Conselho Municipal de Educaccedilatildeo 1
2ordf versatildeo do PAR
(2011-2014)
Existecircncia composiccedilatildeo competecircncia e atuaccedilatildeo do
Conselho Municipal de Educaccedilatildeo 3
Fonte SIMEC ndash Elaborado pela autora
Notadamente houve um avanccedilo na pontuaccedilatildeo entre os diferentes anos A pontuaccedilatildeo 1
expressa conforme o MEC ldquoquando natildeo existe um CME implementado ou quando o CME
existente eacute apenas formalrdquo Embora exista lei aprovada desde 1998 o Conselho foi
diagnosticado pela equipe que elaborou o 1ordm PAR como inexistente ou natildeo funcionava Na 2ordf
versatildeo do PAR o CME foi diagnosticado com pontuaccedilatildeo 3 A conselheira entrevistada
justificou essa pontuaccedilatildeo devido a melhor organizaccedilatildeo da documentaccedilatildeo e que
Existe o Conselho Municipal de Educaccedilatildeo - CME com regimento interno escolha
democraacutetica dos conselheiros poreacutem nem todos os segmentos estatildeo representados o
CME zela pelo cumprimento das normas natildeo auxilia a SEME no planejamento
149
municipal da Educaccedilatildeo na distribuiccedilatildeo de recursos no acompanhamento e avaliaccedilatildeo
das accedilotildees educacionais (Conselheira do CME - Representante governamental)
Nesse sentido existe a pouca representatividade na composiccedilatildeo do CME da sociedade
civil o CME tambeacutem fica inviabilizado de realizar algumas accedilotildees devido agrave falta de
transparecircncia nos recursos financeiros que impedem o debate e o planejamento coletivo das
accedilotildees junto a SEME a natildeo representaccedilatildeo da sociedade civil no CME inviabilizando assim a
participaccedilatildeo do CME Poreacutem segundo a conselheira o CME tem auxiliado no planejamento
municipal da Educaccedilatildeo bem como no acompanhamento e avaliaccedilatildeo das accedilotildees educacionais do
IDEB
Como se pode perceber na resposta da entrevistada eacute que a democratizaccedilatildeo da educaccedilatildeo
natildeo tem ocorrido no municiacutepio pois a SEME natildeo tem autonomia para gerenciar o seu proacuteprio
orccedilamento e nem o CME pois segundo a Lei Municipal Nordm 366 de 1998 o Conselho tem o
papel somente de ldquoassessorarrdquo a poliacutetica e da legislaccedilatildeo educacional municipal O que retira a
autonomia poliacutetica dos conselheiros de participar de todos os temas relativos agrave educaccedilatildeo
municipal
Dessa forma aponta como necessidade para a melhoria da atuaccedilatildeo do CME
A descentralizaccedilatildeo dos recursos financeiros da prefeitura para a Secretaria Municipal
de Educaccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo da representatividade na composiccedilatildeo do conselho que
garanta a participaccedilatildeo da sociedade civil com auxiacutelio de um estudo envolvendo
profissionais do MEC (Conselheira do CME - Representante governamental)
O Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (CME) foi criado pela Lei Nordm 366 de 14 de abril de
1998 no seu art 1ordm aponta que o CME eacute criado ldquocom a finalidade baacutesica de assessorar o
Governo Municipal na formulaccedilatildeo da poliacutetica e legislaccedilatildeo educacional do municiacutepiordquo
(SANTANA 1998) e apresenta 21 finalidades para o CME
I ndash Normatizar procedimentos educacionais no acircmbito do municiacutepio analisar ou
propor programas projetos ou atividades de expansatildeo e aperfeiccediloamento ()
II ndash Analisar autorizar o funcionamento de unidades escolares de direito privado e
reconhecer unidades escolares ()
III ndash Sugerir diretrizes ()
IV ndash Promover a) O acompanhamento e o controle social na aplicaccedilatildeo de recursos
()
IX - Supervisionar a realizaccedilatildeo do Censo Escolar anual
()
XIII- Avaliar o ensino ministrado pela Administraccedilatildeo Municipal e recomendar
diretrizes agrave sua expansatildeo e aperfeiccediloamento
XX ndash Aprovar o calendaacuterio
() (SANTANA 1998 p 01-03) [destaque em negrito nossos]
150
Ao observar as finalidades do CME percebe-se que o oacutergatildeo eacute responsaacutevel pela
orientaccedilatildeo na conduccedilatildeo do Sistema Municipal de Educaccedilatildeo de Santana da formulaccedilatildeo da
poliacutetica da legislaccedilatildeo educacional e pelas accedilotildees destacadas entendemos que o CME tem caraacuteter
mais amplo consultivo deliberativo normativo e fiscalizador De acordo com a Lei Nordm
3661998 - PMS o conselho eacute composto por
Quadro 14 ndash Santana Composiccedilatildeo do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (CME)
Membros
I ndash um representante da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo
II ndash um representante dos professores municipais
III ndash um representante dos diretores das escolas puacuteblicas municipais
IV ndash um representante dos servidores das escolas puacuteblicas do ensino municipal
V ndash um representante dos Conselhos escolares municipais
VI ndash um representante dos estabelecimentos particulares de ensino fundamental
VII ndash um representante do oacutergatildeo estadual de ensino sediado no municiacutepio
Fonte Prefeitura Municipal de Santana ndash Elaborado pela autora
A lei de criaccedilatildeo do Conselho natildeo menciona aspectos quanto agrave paridade de seus membros
entre representantes do poder puacuteblico e da sociedade civil No que se refere aos criteacuterios de
escolha destacamos no sect4ordm do art 2ordm da Lei 3661998 - PMS que uma parte dos representantes
poderatildeo ser escolhidos democraticamente em assembleias e os demais devem ser indicados ldquoos
representantes II III IV e V seratildeo escolhidos em assembleias especialmente convocadas e os
demais seratildeo indicados por suas entidades para nomeaccedilatildeo do prefeitordquo (SANTANA 1998 p
4) Entretanto a proacutepria composiccedilatildeo do CME deixa clara a disparidade entre poder puacuteblico e
sociedade civil quando natildeo eacute proposto na composiccedilatildeo da Associaccedilatildeo de pais e mestres os
sindicatos as Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais o Ministeacuterio Puacuteblico dentre outros oacutergatildeos
de representaccedilatildeo colegiada
Os representantes do CME apoacutes escolhidos satildeo nomeados pelo prefeito para o mandato
de 04 (quatro) anos podendo este tempo ser renovado por mais um mandato O presidente do
Conselho ficaraacute por dois anos podendo ser reeleito As reuniotildees ordinaacuterias devem ocorrer
quinzenalmente e extraordinariamente sempre que convocados
De acordo com uma representante do CME entrevistada
() as reuniotildees ateacute ocorrem mas as coisas natildeo satildeo encaminhadas como deveriam natildeo
haacute regulamentaccedilatildeo das resoluccedilotildees () a gente assessora a SEME como teacutecnica da
SEME mas deveria ser pelo CME embora o CME esses tempos esteja mais atuante
para a aprovaccedilatildeo do Plano Municipal de Educaccedilatildeo (Representante do CME -
Representante governamental)
151
Podemos assim perceber que existe o CME no municiacutepio a composiccedilatildeo se daacute
praticamente pelo poder puacuteblico e existe pouca efetividade na atuaccedilatildeo na execuccedilatildeo das suas
competecircncias enquanto oacutergatildeo colegiado do CME Dessa forma compreendemos que o
Conselho Municipal de Educaccedilatildeo natildeo estaacute atuando conforme o que se define em lei como suas
competecircncias Aleacutem de haver pouca participaccedilatildeo dos membros do CME no que se refere ao
acompanhamento da execuccedilatildeo dos recursos da educaccedilatildeo ele eacute pouco atuante na resoluccedilatildeo das
demandas e accedilotildees que deveriam ser executadas pelo Conselho
O fato de o CME natildeo contar com integrantes da sociedade civil com atuaccedilatildeo criacutetica e
comprometidas com a efetividade das poliacuteticas puacuteblicas o que pode ser um dos motivos pelo
qual natildeo haacute efetividade nas accedilotildees e pouco tem contribuiacutedo com a democratizaccedilatildeo e a autonomia
da gestatildeo
343 Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho Municipal de Alimentaccedilatildeo Escolar (CAE)
No municiacutepio de SantanaAP o Conselho Municipal de Alimentaccedilatildeo Escolar ndash CAE foi
instituiacutedo pela Lei Nordm 488 de 10 de maio de 2001 anteriormente existia outra Lei Nordm 458 de
1999 ndash PMS que foi revogada Segundo a Lei atual Nordm 4882001 o CAE de Santana apresenta
as seguintes caracteriacutesticas eacute um oacutergatildeo que tem caraacuteter consultivo orientador normativo
fiscalizador e de funcionamento permanente
No Art 8ordm da Lei municipal Nordm 4882001 indica a composiccedilatildeo do CAE que deve ter 07
(sete) representantes titulares e 07 (sete) suplentes dentre os quais estatildeo representantes do poder
puacuteblico governamental e da sociedade civil sendo um Representante do Poder Executivo um
Representante do Poder Legislativo dois Representantes dos Professores dois Representantes
dos Pais dos Alunos um Representante de outros segmentos da Sociedade Os representantes
do CAE satildeo indicados pelos Chefes dos Poderes Executivo e Legislativo bem como pelas
respectivas entidades indicadas no art 8ordm e satildeo nomeados por ato do Prefeito
No diagnoacutestico realizado pelo municiacutepio no PAR esse indicador obteve as seguintes
pontuaccedilotildees
Quadro 15 Santana Diagnoacutestico do Indicador Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar
PAR Indicador Pontuaccedilatildeo
1ordf versatildeo do PAR
(2007-2010)
Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do
Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar 1
2ordf versatildeo do PAR
(2011-2014)
Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do
Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar 2
Fonte SIMEC (2015)
152
Quanto agrave avaliaccedilatildeo do 1ordm PAR nesse indicador o municiacutepio de Santana recebeu a
pontuaccedilatildeo 1 o que caracteriza que o Conselho existe formalmente apenas para receber o
recurso do Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar (PNAE) ou que pode natildeo estar atuando
da forma como se prevecirc que funcione Ou seja pode natildeo estar atuando na fiscalizaccedilatildeo e nem
no acompanhamento de execuccedilatildeo dos recursos e de distribuiccedilatildeo da merenda
No 2ordm PAR a pontuaccedilatildeo indicada foi 2 o que implica dizer de acordo com o MEC que
eacute quando o CAE natildeo eacute representado por todos os segmentos natildeo existe um regimento
interno as reuniotildees natildeo satildeo regulares raramente acontece a fiscalizaccedilatildeo da aplicaccedilatildeo
dos recursos transferidos o CAE natildeo acompanha a compra nem a distribuiccedilatildeo dos
alimentosprodutos nas escolas natildeo estaacute atento as boas praacuteticas sanitaacuterias de higiene
e ao objetivo de formaccedilatildeo dos bons haacutebitos (MECSIMEC 2011)
Segundo a Conselheira da Representaccedilatildeo governamental que participou da equipe local
para a elaboraccedilatildeo do 2ordm PAR justificou a pontuaccedilatildeo 2 em que ldquoo CAE tem representaccedilatildeo de
todos os segmentos conforme lei 119472009 possui um regimento interno e fiscaliza
parcialmente a aplicaccedilatildeo dos recursos transferidos mas as reuniotildees natildeo satildeo regulares devido a
rotatividade (Conselheira do CAE - Representaccedilatildeo governamental) Para a realizaccedilatildeo de accedilotildees
para reverter essa realidade sugerem que o CAE
organize um calendaacuterio de reuniotildees para garantir o acompanhamento da compra dos
alimentosprodutos distribuiacutedos nas escolas a fiscalizaccedilatildeo dos recursos financeiros a
qualidade dos alimentos e agraves boas praacuteticas sanitaacuterias de higiene e ao objetivo de
formaccedilatildeo de bons haacutebitos alimentares Garantir ainda que os conselheiros participem
de cursos do PNAE (Conselheira do CAE - Representaccedilatildeo governamental)
Embora muitas accedilotildees natildeo sejam monitoradas pela Coordenaccedilatildeo do PAR foi possiacutevel
durante as entrevistas percebermos que algumas accedilotildees propostas ainda no 1ordm PAR como as
formaccedilotildees e preparaccedilotildees dos Conselheiros em programas especiacuteficos ocorreram Embora a
conselheira representante do governo afirme que natildeo haacute regularidade nas reuniotildees um
representante da sociedade civil afirmou durante a entrevista que as reuniotildees do CAE
ldquoacontecem duas vezes por semanardquo e sobre a atuaccedilatildeo do CAE afirma que eacute
() um oacutergatildeo deliberativo e fiscalizador que serve pra fiscalizar os recursos oriundos
do FNDE e PNAE pra compra de alimentaccedilatildeo escolar nas escolas Eu diria que noacutes
temos atuado precariamente pelo fato de natildeo termos uma estrutura Noacutes temos uma
sala em uma casa que eacute alugada que funcionam os conselhos Laacute satildeo trecircs conselhos
que funcionam numa sala minuacutescula e quando coincidem as reuniotildees temos que
adiar e mais noacutes natildeo temos transportes natildeo temos carro agrave disposiccedilatildeo natildeo temos
153
combustiacutevel pra colocar no nosso transporte pra fazer a fiscalizaccedilatildeo (Conselheiro
CAE - Representante da sociedade civil)
No que se refere a participaccedilatildeo segundo o representante o CAE eacute atuante e soacute natildeo faz
mais por que o municiacutepio natildeo daacute a devida estrutura mas que cobram em ata fazem relatoacuterio e
encaminham Segundo ele o CAE eacute muito ativo
mas infelizmente o poder puacuteblico natildeo daacute atenccedilatildeo devida para que possamos melhorar
cada vez mais a nossa fiscalizaccedilatildeo ateacute porque pra eles eacute conveniente que noacutes natildeo
fiscalize embora a gente sabe que nem tudo anda como deveria andar A gente sabe
que falta merenda escolar as escolas estatildeo deterioradas as cozinhas das escolas natildeo
tecircm estrutura natildeo seguem o cardaacutepio (Representante do CAE da sociedade civil)
Quanto agrave autonomia a fiscalizaccedilatildeo e recebimento de recursos o representante do CAE
afirma que a autonomia eacute bem limitada pois
Raramente somos convidados pela PMS ou SEME para discutir sobre a merenda
encontramos um conselho parado um conselho inerte por falta de interesse e temos
dois anos de prestaccedilatildeo de conta por fazer e ainda tivemos que ficar um
tempo regularizando o conselho para evitar que as crianccedilas em 2015 deixassem de ter
merenda escolar (Representante do CAE da sociedade civil)
Dessa forma apesar da boa participaccedilatildeo e atuaccedilatildeo do CAE a proacutepria PMS inviabiliza
algumas accedilotildees para que os conselhos funcionem Eacute importante destacar que os recursos da
educaccedilatildeo satildeo centralizados na Prefeitura Municipal de Santana e natildeo ocorre a descentralizaccedilatildeo
desses recursos para a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo inviabilizando assim a possibilidade
de discussatildeo de participaccedilatildeo dos representantes da educaccedilatildeo nas definiccedilotildees da aplicaccedilatildeo dos
recursos
344 Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de Controle Social do Fundo de Manutenccedilatildeo e
Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo
(FUNDEB)
A ideia de um fundo de educaccedilatildeo puacuteblica nacional de forma autocircnoma foi pensada desde
os pioneiros da educaccedilatildeo em 1932 ao propor uma vinculaccedilatildeo e a autonomia dos recursos para
o financiamento da educaccedilatildeo independente das mudanccedilas poliacuteticas dos administradores onde
o importante era que tivesse uma separaccedilatildeo dos montantes para fins educacionais aleacutem do
acompanhamento e da fiscalizaccedilatildeo pela sociedade desses fundos (LIMA 2006) A participaccedilatildeo
154
da sociedade civil nos conselhos eacute de fato uma participaccedilatildeo social representada por
organizaccedilotildees seja ela em defesa dos trabalhadores seja em defesa dos empresaacuterios
No diagnoacutestico realizado pela equipe local do PAR no municiacutepio o indicador
Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho do Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo
Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo ndash CACS-FUNDEB somente aparece na
2ordf versatildeo do PAR
Quadro 16 Diagnoacutestico do Indicador Conselho de Controle Social do FUNDEB
PAR Indicador Pontuaccedilatildeo
2ordf versatildeo do PAR
(2011-2014)
Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do
Conselho do FUNDEB 2
Fonte SIMEC (2015)
A pontuaccedilatildeo 2 indicada no quadro 16 pela equipe local segundo as convenccedilotildees do
MEC eacute atribuiacuteda quando o Conselho do FUNDEB ou cacircmara de financiamento do Conselho
Municipal de Educaccedilatildeo natildeo eacute representado por todos os segmentos (conforme norma ndash Lei
114942007) natildeo existe um regimento interno as reuniotildees natildeo satildeo regulares raramente
acontece o acompanhamento e o controle social sobre a distribuiccedilatildeo a transferecircncia e a
aplicaccedilatildeo dos recursos dos Fundos (FUNDEB PNATE Programa de Apoio aos Sistema de
Ensino para Atendimento agrave EJA) o Conselho nem sempre promove ampla publicidade agrave
aplicaccedilatildeo dos recursos
Nesse sentido a equipe local diagnosticou com uma pontuaccedilatildeo 2 no municiacutepio que eacute
uma situaccedilatildeo insuficiente em relaccedilatildeo ao Conselho do FUNDEB o que gerou accedilotildees a serem
realizadas pelo municiacutepio como ldquoa substituiccedilatildeo de representantes de pais que sejam atuantes e
que participem das reuniotildees a transferecircncia do gerenciamento de recursos do FUNDEB e
PNATE da prefeitura para a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo para melhorar a transparecircncia
dos investimentosrdquo (Equipe LocalPAR 2011-2014)
O Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos
Profissionais da Educaccedilatildeo (FUNDEB) de natureza contaacutebil e o Conselho de
Acompanhamento Controle Social Comprovaccedilatildeo e Fiscalizaccedilatildeo dos recursos do referido
fundo foram criados conjuntamente no acircmbito do municiacutepio de Santana atraveacutes da Lei Nordm
07972007 de 28 de dezembro de 2007
O Decreto 05282015 nomeia 11 integrantes do Conselho de Acompanhamento e
Controle Social (CACS) e como podemos perceber natildeo eacute paritaacuterio sendo
155
Quadro 17 Santana Composiccedilatildeo do CACS e FUNDEB
Membros
01 (Um) Representante da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo
01 (Um) Representante do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo
01 (Um) Representante da Prefeitura Municipal de Santana
01 (Um) Representante do Conselho Tutelar do Municiacutepio de Santana
01 (Um) Representante dos Professores da rede puacuteblica municipal
01 (Um) Representante dos Auxiliares Educacionais da rede puacuteblica municipal
01 (Um) Representante dos Diretores de Escolas puacuteblicas municipais
02 (Dois) Representantes dos pais de alunos da rede puacuteblica municipal
02 (Dois) Representantes dos alunos da rede puacuteblica municipal
Fonte Prefeitura Municipal de Santana
De acordo com a pontuaccedilatildeo 2 do indicador pela equipe local o Conselho do FUNDEB
natildeo tem uma composiccedilatildeo paritaacuteria e nem estava atuando dentro da Lei 11494 de 2007 pois de
acordo com o artigo 5o da Lei
sect 6o O presidente dos conselhos previstos no caput deste artigo seraacute eleito por seus
pares em reuniatildeo do colegiado sendo impedido de ocupar a funccedilatildeo o representante
do governo gestor dos recursos do Fundo no acircmbito da Uniatildeo dos Estados do Distrito
Federal e dos Municiacutepios
sect 7o Os conselhos dos Fundos atuaratildeo com autonomia sem vinculaccedilatildeo ou
subordinaccedilatildeo institucional ao Poder Executivo local e seratildeo renovados
periodicamente ao final de cada mandato dos seus membros
sect 8o A atuaccedilatildeo dos membros dos conselhos dos Fundos
I - natildeo seraacute remunerada
II - eacute considerada atividade de relevante interesse social
III - assegura isenccedilatildeo da obrigatoriedade de testemunhar sobre informaccedilotildees recebidas
ou prestadas em razatildeo do exerciacutecio de suas atividades de conselheiro e sobre as
pessoas que lhes confiarem ou deles receberem informaccedilotildees
IV - veda quando os conselheiros forem representantes de professores e diretores ou
de servidores das escolas puacuteblicas no curso do mandato
a) exoneraccedilatildeo ou demissatildeo do cargo ou emprego sem justa causa ou transferecircncia
involuntaacuteria do estabelecimento de ensino em que atuam
b) atribuiccedilatildeo de falta injustificada ao serviccedilo em funccedilatildeo das atividades do conselho
c) afastamento involuntaacuterio e injustificado da condiccedilatildeo de conselheiro antes do
teacutermino do mandato para o qual tenha sido designado
V - veda quando os conselheiros forem representantes de estudantes em atividades
do conselho no curso do mandato atribuiccedilatildeo de falta injustificada nas atividades
escolares (BRASIL 2007 grifos negrito nossos)
Durante a entrevista realizada com o presidente do Conselho do FUNDEB o mesmo
informou ser diretor da escola Sabendo que a funccedilatildeo de diretor eacute de livre nomeaccedilatildeo e
exoneraccedilatildeo do prefeito o presidente do Conselho natildeo poderia assumir a funccedilatildeo de conselheiro
devido ao seu viacutenculo de cargo de confianccedila com o governo municipal
Segundo o entrevistado ele participa das reuniotildees do FUNDEB desde 2012 mas nunca
participou das reuniotildees do PAR desconhece a pontuaccedilatildeo do indicador do Conselho do
156
FUNDEB no PAR de 2011-2014 somente este ano que estatildeo construindo o PAR de 2016 a
2019 eacute que estaacute participando da equipe local Afirmou que estaacute como presidente do Conselho
do FUNDEB desde 30 de dezembro de 2015 As reuniotildees ocorrem mensalmente com a
presenccedila dos conselheiros e a fiscalizaccedilatildeo ocorre quando solicitamos a prefeitura atraveacutes de
ofiacutecios agraves documentaccedilotildees para o Conselho
Fazemos a prestaccedilatildeo de contas juntamente com o CACS pois os membros do CACS
satildeo os mesmos do FUNDEB fiscalizamos junto ao banco e a prefeitura a entrada de
recursos no municiacutepio e se as despesas estatildeo sendo pagos dentro dos limites do
percentual certo e de aplicaccedilatildeo obrigatoacuteria recursos esses do FNDE e do PNATE
Observamos tudo as rotas a seguranccedila se o combustiacutevel foi suficiente e organizamos
a fiscalizaccedilatildeo trimestralmente Os recursos do CAE tambeacutem passam por noacutes apesar
deles terem mais autonomia a gente valida o deles Ou seja todos os recursos da
educaccedilatildeo que entra no municiacutepio passam por noacutes do Conselho do FUNDEB
(Representante do FUNDEB ndash Representante governamental)
Quanto aos repasses que chegam ao municiacutepio de Santana atraveacutes do Estado satildeo
() o FPM e ICMS que eacute de 20 jaacute foi 22 mas jaacute caiu para 13 para 20 e hoje
o valor corresponde a 13 de novo com essa crise a arrecadaccedilatildeo do estado diminuiu
logo o repasse diminuiu tambeacutem Atualmente o municiacutepio deixou de arrecadar devido
o porto ter afundado e os impostos vecircm quase tudo exclusivamente do governo federal
(Representante do FUNDEB - Representante governamental)
Dessa forma o municiacutepio natildeo estaacute cumprindo com o repasse dos 25 para a educaccedilatildeo
dos impostos proacuteprios
A proacutepria equipe local reconhece as dificuldades enfrentadas pela pouca frequecircncia no
conselho da participaccedilatildeo da sociedade civil e o natildeo repasse dos recursos financeiros para a
Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e a centralizaccedilatildeo na prefeitura municipal dificulta e
inviabiliza a execuccedilatildeo do planejamento da SEME e torna a aplicaccedilatildeo dos recursos centralizados
e sem a devida e correta fiscalizaccedilatildeo pela sociedade civil dificultando a descentralizaccedilatildeo e a
viabilidade dos debates para a construccedilatildeo de uma gestatildeo democraacutetica participativa e autocircnoma
345 Criteacuterios para escolha de diretores no municiacutepio de Santana
A escolha de diretores escolares por via democraacuteticas atraveacutes da participaccedilatildeo da
comunidade na escolha fortalece o poder poliacutetico no interior das escolas e consequentemente
reduz a intervenccedilatildeo do Estado sobre elas e dessa forma a escola torna-se mais autocircnoma e
capaz de promover relaccedilotildees mais democraacuteticas em seu interior
157
Segundo os relatoacuterios do Plano de Accedilotildees Articuladas nas suas duas versotildees
apresentaram o seguinte diagnoacutestico
Quadro 18 Diagnoacutestico do Indicador Criteacuterios para a Escolha de Diretores
PAR Criteacuterios para a Escolha de Diretores
1ordm PAR (2007-2010) 1
2ordm PAR (2011-2014) 3 Fonte SIMEC (2015)
De acordo com o quadro 18 o indicador da gestatildeo educacional do PAR sobre os criteacuterios
para a escolha de diretores de escola foi diagnosticado pela equipe de elaboraccedilatildeo do PAR com
a pontuaccedilatildeo 1 que equivale agrave situaccedilatildeo de ausecircncia de criteacuterios para escolha da direccedilatildeo das
escolas No entanto no 2ordm PAR recebeu a pontuaccedilatildeo 3 que equivale uma situaccedilatildeo boa Em
termos de legislaccedilatildeo de fato as leis municipais elegem a gestatildeo democraacutetica como princiacutepio
Mas na praacutetica o que prevalece eacute o criteacuterio da nomeaccedilatildeo pura e simples tatildeo ao gosto dos
gestores comprometidos com modelos de gestatildeo patrimonialista e clientelista
No que se refere agrave gestatildeo dos sistemas de ensino o PMCTE prevecirc
XVIII ndash fixar regras claras considerados meacuterito e desempenho para nomeaccedilatildeo e
exoneraccedilatildeo de diretor de escola
XIX ndash zelar pela transparecircncia da gestatildeo puacuteblica na aacuterea da educaccedilatildeo garantindo o
funcionamento efetivo autocircnomo e articulado dos conselhos de controle social
XXII ndash promover a gestatildeo participativa na rede de ensino
XXIII ndash elaborar plano de educaccedilatildeo e instalar Conselho de Educaccedilatildeo quando
inexistente
XXV ndash fomentar e apoiar os conselhos escolares envolvendo as famiacutelias dos
educandos com as atribuiccedilotildees dentre outras de zelar pela manutenccedilatildeo da escola e
pelo monitoramento das accedilotildees e consecuccedilatildeo das metas do compromisso (BRASIL
2007)
O inciso XVIII prevecirc a criaccedilatildeo de criteacuterios para o provimento do cargo de diretor escolar
com base no meacuterito e no desempenho individual o que pode lhe atribuir grande
responsabilizaccedilatildeo pelo sucesso ou pelo fracasso da gestatildeo No entanto a construccedilatildeo
democraacutetica da educaccedilatildeo requer requisitos que vatildeo aleacutem da competecircncia teacutecnica do diretor
incluindo processo eletivo tendo em vista a ldquolegitimidade poliacutetica necessaacuteria ao desempenho de
suas funccedilotildeesrdquo (PARO 2007 p 81) e isto natildeo eacute considerado no Decreto
A gestatildeo das escolas puacuteblicas tem dois artigos especiacuteficos da Lei Nordm 0849 2010 do
Plano de Carreiras da Educaccedilatildeo do Municiacutepio de Santana (PCEMS) onde indica que a gestatildeo
das escolas puacuteblicas devem obedecer ao princiacutepio da gestatildeo democraacutetica com eleiccedilatildeo para
158
diretores Entretanto a mesma Lei natildeo cita e nem regulamenta como deve ocorrer afirma
somente que esse tema deve ser tratado conforme art 46 em uma ldquoLei especiacutefica mediante
proposta discutida entre o Chefe do Poder Executivo e o Conselho Permanente da Gestatildeo da
Carreirardquo (SANTANA 2010 p 16)
Ateacute entatildeo cinco anos se passaram estamos no final do ano de 2015 e o municiacutepio natildeo
possui nenhuma regulamentaccedilatildeo ou lei complementar sobre os criteacuterios da eleiccedilatildeo e todos eles
satildeo nomeados por indicaccedilatildeo pelo prefeito municipal demonstrando que natildeo haacute interesse em
aprovar a Lei especiacutefica citada no PCEMS para que ocorra de fato a gestatildeo democraacutetica nas
escolas puacuteblicas
346 - Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromisso
O Comitecirc Local do Compromisso eacute segundo os conselhos de controle social da gestatildeo
democraacutetica do PAR o mais recente instituiacutedo pelo municiacutepio atraveacutes do Decreto Municipal
Nordm 490 de 03 de abril de 2013 que foi criado para acompanhar o cumprimento das metas
estabelecidas pelo Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica Segundo o diagnoacutestico do
PAR o 1ordm PAR natildeo havia esse indicador
Quadro 19 Diagnoacutestico do indicador Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromisso
PAR Comitecirc Local
1ordm PAR (2007-2010)
2ordm PAR (2011-2014) 1
O Comitecirc Local do Compromisso foi implantado somente no 2ordm PAR como indicador
da gestatildeo democraacutetica da educaccedilatildeo ldquoexistecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromissordquo
O Comitecirc Local tem um papel essencialmente mobilizador sendo sua composiccedilatildeo ampliada
para aleacutem das organizaccedilotildees educacionais com participaccedilatildeo por exemplo do Ministeacuterio
Puacuteblico dos sindicatos das associaccedilotildees de moradores das ONGs dos Conselhos das Igrejas
e da populaccedilatildeo em geral
Entretanto foi observado como diagnoacutestico do 2ordm PAR a pontuaccedilatildeo 1 o que implica
dizer que natildeo existia ou natildeo funcionava o Comitecirc Local do Compromisso No Decreto
municipal de criaccedilatildeo do Comitecirc existe uma composiccedilatildeo de 6 membros sendo
159
Quadro 20 SANTANA Composiccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromisso
Membros
Um representante da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo
Um representante do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo
Um representante da Promotoria da Justiccedila
Um representante da Cacircmara dos vereadores
Um representante da Sociedade Civil - igreja
Um representante dos Diretores de escolas
Fonte Prefeitura Municipal de Santana ndash Elaborado pela autora
Com informaccedilotildees desencontradas pela SEME esse comitecirc encontrava-se sem atuaccedilatildeo
durante o periacuteodo da pesquisa
Eacute no contexto de atitudes praacuteticas e accedilotildees patrimonialistas que se caracteriza a confusatildeo
entre o puacuteblico que serve a um interesse coletivo e o privado que serve aos interesses
individualizados Os representantes em nome de uma coletividade tomam como seus os cargos
os recursos e os funcionaacuterios na busca de fazer as suas vontades E na educaccedilatildeo puacuteblica essas
praacuteticas implicam no direito usurpado de uma educaccedilatildeo puacuteblica e de qualidade social As
relaccedilotildees patrimonialistas satildeo oriundas de um poder pessoal que se quer levar para a gestatildeo
puacuteblica Esse tipo de comportamento na gestatildeo da educaccedilatildeo puacuteblica interfere no funcionamento
dos conselhos na medida em que os representantes natildeo veem ali um espaccedilo em defesa da
educaccedilatildeo puacuteblica
Notadamente nos conselhos estudados nessa pesquisa foram observadas as
dificuldades ou ausecircncia de condiccedilotildees de funcionamento no que se refere a espaccedilo fiacutesico
ausecircncia de transporte para fiscalizaccedilatildeo falta de transparecircncia nos recursos composiccedilatildeo dos
conselhos natildeo-paritaacuteria pouca atenccedilatildeo as iacutenfimas manifestaccedilotildees de representaccedilatildeo coletiva na
pesquisa O que pode ainda ser caracterizada como neopatrimonialista que eacute quando o gestor
puacuteblico nega a legitimidade do conselho como instacircncia representativa
160
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
O estudo se ocupou de analisar as implicaccedilotildees do PAR para a gestatildeo da educaccedilatildeo na
rede municipal de Santana no Amapaacute na perspectiva de avaliar seus efeitos na democratizaccedilatildeo
da gestatildeo Partiu-se do pressuposto de que a democratizaccedilatildeo da gestatildeo natildeo pode ser vista em
abstrato e portanto no sistema capitalista a participaccedilatildeo a descentralizaccedilatildeo e a autonomia
elementos constitutivos da democracia ganham nuances contraditoacuterias pois expressam a
correlaccedilatildeo de forccedilas entre as classes sociais
A pesquisa partiu da seguinte questatildeo central Quais as implicaccedilotildees do PAR para a
gestatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana no Estado do Amapaacute Considerando o pressuposto
teoacuterico assumido entende-se que a gestatildeo da educaccedilatildeo em uma sociedade sob a hegemonia do
capitalismo natildeo pode ser vista sem a concretude das accedilotildees que a permeiam Assim ao longo da
histoacuteria da educaccedilatildeo no paiacutes os representantes do capital sempre procuraram manter o seu
projeto poliacutetico e social de dominaccedilatildeo e tornar a classe trabalhadora cada vez mais afastada da
participaccedilatildeo seja nas decisotildees poliacuteticas seja do usufruto dos bens produzidos No Brasil ao
longo da Primeira Repuacuteblica Brasileira as oligarquias se revezavam no poder e se utilizavam
do Estado como meio para perpetuar as suas praacuteticas patrimonialistas e clientelistas O governo
de Getuacutelio Vargas manteve o poder ateacute o momento em que atendia ao projeto hegemocircnico O
golpe militar de 1964 demonstrou essa articulaccedilatildeo e o poder de dominaccedilatildeo da oligarquia e do
Estado brasileiro No acircmbito desse governo a gestatildeo da educaccedilatildeo se manteve centralizada e
burocratizada espraiando para estados e municiacutepios tal modelo A deacutecada de 1980 trouxe as
lutas populares em prol da democracia que levaram agrave derrocada do regime militar e instituiacuteram
uma nova Constituiccedilatildeo Federal em 1988 que pretendia uma nova forma de controle social do
Estado pelas garantias de participaccedilatildeo da sociedade nas questotildees poliacuteticas e sociais do paiacutes
viabilizando a cidadania como direito e instituindo o princiacutepio da gestatildeo democraacutetica na
educaccedilatildeo
Eacute o momento em que tivemos a implementaccedilatildeo das primeiras iniciativas de
democratizaccedilatildeo das relaccedilotildees de poder no acircmbito das escolas por meio da criaccedilatildeo de conselhos
escolares de conselhos municipais de educaccedilatildeo de conselhos de controle social de recursos
como o da merenda escolar de escolha de diretores de escolas por meio de eleiccedilatildeo de
elaboraccedilatildeo do projeto poliacutetico pedagoacutegico da escola de forma participativa entre outras No
entanto ao lado de tais iniciativas de gestatildeo da educaccedilatildeo democratizantes persistiram os
modelos de gestatildeo centralizada patrimonialista e burocraacutetica Paralelamente a essas conquistas
brasileiras a crise internacional do capital e as estrateacutegias utilizadas para a sua superaccedilatildeo como
161
a reestruturaccedilatildeo produtiva a globalizaccedilatildeo o neoliberalismo e a terceira via vecircm provocando
inuacutemeras transformaccedilotildees na vida material objetiva e subjetiva com alteraccedilotildees substanciais nas
formas de gestatildeo e participaccedilatildeo (PERONI 2006) Nesta perspectiva o Plano Diretor de
Reforma do Aparelho do Estado (PDRAE) propotildee a redefiniccedilatildeo do papel do Estado em 1995
com grandes implicaccedilotildees para a gestatildeo puacuteblica ao propor a gestatildeo gerencial modelo oriundo
do setor empresarial Tal modelo baseia-se na descentralizaccedilatildeo do atendimento das poliacuteticas
sociais por meio de privatizaccedilatildeo da publicizaccedilatildeo da terceirizaccedilatildeo e das parcerias puacuteblico-
privadas na gestatildeo dos serviccedilos puacuteblicos com o fim de maximizar a eficiecircncia e a eficaacutecia
O mercado passa a ser o grande paracircmetro de excelecircncia para o serviccedilo puacuteblico e por
isso haacute que seguir a mesma loacutegica Haacute grande incentivo na ldquoparticipaccedilatildeo socialrdquo na gestatildeo
puacuteblica Contudo a natureza dessa participaccedilatildeo social eacute modificada pois natildeo se trata mais de
viabiliza-la como direito de cidadania mas com fins utilitaristas de tornar a gestatildeo puacuteblica mais
eficiente e eficaz materializando assim a gestatildeo gerencial E o cidadatildeo agora passa a ser
adjetivado como ldquoclienterdquo consumidor de poliacuteticas puacuteblicas e neste aspecto natildeo mais visto
como aquele que exige porque eacute um cidadatildeo de direitos
Essas mudanccedilas no modelo de gestatildeo refletem o contexto de crise do capital e de ajuste
fiscal desse momento histoacuterico que visava reconstituir as taxas de lucro e para isso vinha
diminuindo sistematicamente os investimentos em poliacuteticas sociais Os usuaacuterios passam a ser
chamados a lsquoparticiparrsquo como executores de poliacuteticas por meio de parcerias como fiscais de
recursos puacuteblicos nos conselhos de controle social como voluntaacuterios em ONGs ou similares
A lsquoparticipaccedilatildeorsquo do usuaacuterio do serviccedilo puacuteblico poderia ser uacutetil em pelo menos dois aspectos
primeiro porque ao priorizar a gestatildeo de tais poliacuteticas por meio de parcerias com ONGs ou
projetos pontuais onde essas massas poderiam atuar a baixo custo ou como voluntaacuterios nesses
projetos isso poderia diminuir o custo das poliacuteticas sociais e ao mesmo tempo conter a massa
de desempregados segundo porque na medida em que ao estimular a participaccedilatildeo dos usuaacuterios
na definiccedilatildeo de prioridades ldquoestrateacutegicasrdquo ou mesmo de se tornarem ldquofiscaisrdquo da aplicaccedilatildeo dos
recursos os efeitos de tais participaccedilotildees contribuiriam para se fazer mais com menos e assim
atingir os objetivos de diminuiccedilatildeo dos gastos em educaccedilatildeo Aleacutem de conter as demandas por
emprego a inserccedilatildeo de voluntaacuterios e outras formas de participaccedilatildeo nos conselhos de controle
poderiam tambeacutem viabilizar os consensos necessaacuterios para a manutenccedilatildeo da hegemonia dos
que tecircm poder como assinalava Gramsci
Tais iniciativas ocorreram com mais ecircnfase no governo de Fernando Henrique Cardoso
Contudo os governos de Luiz Inaacutecio Lula da Silva e de Dilma Rousseff mesmo apresentando
162
projetos de governo agrave esquerda do espectro poliacutetico nacional natildeo apresentaram ruptura radical
com esse modelo
Em relaccedilatildeo agrave gestatildeo da educaccedilatildeo embora o Plano de Metas Compromisso Todos pela
Educaccedilatildeo e o PAR recomendem e incentivem a expansatildeo e implementaccedilatildeo de mecanismos que
podem potencializar a gestatildeo democraacutetica tais como Conselhos Escolares Conselho Municipal
de Educaccedilatildeo Conselho Municipal de Alimentaccedilatildeo Escolar Conselho do FUNDEB por outro
lado apresentam outros mecanismos mais afeitos ao modelo de gestatildeo gerencial como o
accountability que representa a responsabilizaccedilatildeo pelos resultados repassada para os entes
federados e para a sociedade local a exemplo dos resultados do IDEB Neste aspecto com a
implantaccedilatildeo do PAR pelos municiacutepios o MEC descentralizadesconcentra a execuccedilatildeo das accedilotildees
passando a agir como oacutergatildeo financiador de algumas delas mas principalmente como
regulamentador e controlador dos resultados da educaccedilatildeo municipal
Conforme definido neste trabalho a anaacutelise da gestatildeo da educaccedilatildeo na perspectiva de sua
democratizaccedilatildeo no municiacutepio de SantanaAP se deu a partir de seis indicadores da aacuterea Gestatildeo
Democraacutetica contida no Plano de Accedilotildees Articuladas que foram Existecircncia de Conselhos
Escolares Existecircncia composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo Composiccedilatildeo
e atuaccedilatildeo do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho do Fundo
de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da
Educaccedilatildeo Criteacuterios para escolha da Direccedilatildeo Escolar e Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local
do Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo Como paracircmetros de anaacutelise utilizamos os elementos
constitutivos da democratizaccedilatildeo da gestatildeo como a descentralizaccedilatildeo a participaccedilatildeo e a
autonomia Quanto agraves implicaccedilotildees do PAR para a gestatildeo educacional no municiacutepio de Santana
os resultados apontam que
Os conselhos escolares existem no municiacutepio de Santana desde o final da deacutecada de
1990 mas com a intensificaccedilatildeo da descentralizaccedilatildeo de recursos por meio dos programas do
PDE-Escola advindos do PAR e do proacuteprio PDDE a dinacircmica de criaccedilatildeo e funcionamento
desses conselhos vem se redimensionando O nuacutemero de caixas escolares que em 2007 eram
10 em 2014 passaram para 34 O volume de recursos administrados tambeacutem aumentou
bastante pois de 2007 para 2014 os recursos recebidos aumentaram em 945 Se comparado
o ano de 2007 ao ano de 2013 o crescimento foi de 1580 Entretanto estes conselhos tecircm
assumindo um caraacuteter mais burocraacutetico do que articulador de accedilotildees com promoccedilatildeo de
participaccedilatildeo ampliada Pelo que revela a fala dos entrevistados haacute dificuldade de participaccedilatildeo
de seus membros pelos mais diversos motivos A dinacircmica de funcionamento do Conselho
escolar na rede municipal de Santana limita-se praticamente ao gerenciamento da Caixa Escolar
163
em relaccedilatildeo aos recursos do PDDE o que leva a concluir que o conselho pouco tem atuado como
promotor da autonomia da escola Embora no 1ordm e no 2ordm PAR esse indicador tenha recebido
pontuaccedilatildeo 3 o que representa boa atuaccedilatildeo em pelo menos 50 das escolas observou-se que
os conselhos escolares da rede municipal de Santana tecircm atuado mais no sentido da execuccedilatildeo
dos recursos secundarizando esse espaccedilo como tomada de decisatildeo e de construccedilatildeo de
autonomia no interior da escola puacuteblica ao praticamente se eximir de abordar outros temas de
interesse da escola para aleacutem da gestatildeo financeira
O Conselho Municipal de Educaccedilatildeo ainda que exista em lei no municiacutepio desde 1998
esse oacutergatildeo natildeo funciona adequadamente No primeiro PAR esse indicador recebeu pontuaccedilatildeo
miacutenima o que representa funcionamento ruim No segundo PAR recebeu pontuaccedilatildeo 3 o que
representa melhoria No entanto as informaccedilotildees coletadas revelaram que natildeo haacute paridade entre
os representantes governamentais e natildeo governamentais o que compromete a igualdade e o
direito de participaccedilatildeo popular na gestatildeo haacute pouca participaccedilatildeo dos membros do CME no que
se refere ao acompanhamento da execuccedilatildeo dos recursos da educaccedilatildeo o CME eacute pouco atuante
na resoluccedilatildeo das demandas compatiacuteveis com suas atribuiccedilotildees Por tais fatores evidenciados
conclui-se que embora o CME tenha melhorado sua atuaccedilatildeo a partir do segundo PAR sua
contribuiccedilatildeo para a democratizaccedilatildeo da gestatildeo ainda eacute incipiente
O municiacutepio de SantanaAP tambeacutem conta com Conselho de Controle Social da
Alimentaccedilatildeo Escolar (CAE) instituiacutedo pela Lei nordm 458 de 1999 ndash PMS posteriormente
substituiacuteda pela Lei Nordm 488 de 10 de maio de 2001 focalizado como o terceiro indicador No
primeiro PAR esse indicador recebeu a pontuaccedilatildeo 1 ou seja o Conselho existia formalmente
apenas para receber o recurso do Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar (PNAE) e poderia
natildeo estar atuando conforme suas atribuiccedilotildees previstas seja na fiscalizaccedilatildeo ou no
acompanhamento da execuccedilatildeo dos recursos e de distribuiccedilatildeo da merenda No segundo PAR
essa pontuaccedilatildeo mudou para 2 o que indica o CAE apesar de apresentar alguma melhora em
seu funcionamento ainda natildeo era representado por todos os segmentos que raramente
acontecia a fiscalizaccedilatildeo da aplicaccedilatildeo dos recursos transferidos enfim que o CAE natildeo
acompanhava a compra nem a distribuiccedilatildeo dos alimentosprodutos nas escolas e continuava
pouco atento agraves boas praacuteticas sanitaacuterias e de higiene nos locais de preparo da alimentaccedilatildeo
escolar
Vale ressaltar que os recursos do Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar (PNAE)
que deveriam ser fiscalizados em sua execuccedilatildeo pelo CAE em Santana satildeo significativos e
superiores aos recursos do Salaacuterio Educaccedilatildeo em todos os anos da pesquisa As fontes
consultadas indicam um ldquoconselho parado um conselho inerte por falta de interesserdquo que por
164
pelo menos dois anos apresentou atraso na prestaccedilatildeo de contas Aleacutem disso falta infraestrutura
para reuniotildees transporte para visita agraves escolas do campo e mesmo formaccedilatildeo aos conselheiros
que lhes possibilite acompanhar a execuccedilatildeo dos recursos e a fiscalizar a distribuiccedilatildeo dos
produtos da merenda escolar A pouca participaccedilatildeo dos conselheiros do CAE tanto no periacuteodo
do primeiro quanto do segundo PAR nos permite afirmar que o aumento da pontuaccedilatildeo em
relaccedilatildeo a esse indicador satildeo meramente formais e natildeo se traduzem em mudanccedilas reais no
sentido do controle social dos recursos e de praacuteticas democraacuteticas
O quarto indicador Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho do Fundo de Manutenccedilatildeo e
Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo ndash
CACS-FUNDEB eacute um indicador que aparece apenas no segundo PAR visto que no primeiro
o FUNDEB ainda estava iniciando sua implantaccedilatildeo Do ponto de vista da legislaccedilatildeo municipal
o Conselho foi criado pela Lei nordm 0797 de 28 de dezembro de 2007 A pontuaccedilatildeo recebida neste
segundo PAR foi 2 o que significa que o Conselho natildeo eacute representado por todos os segmentos
(conforme norma ndash Lei 114942007) natildeo existe um regimento interno as reuniotildees natildeo satildeo
regulares raramente acontece o acompanhamento e o controle social sobre a distribuiccedilatildeo a
transferecircncia e a aplicaccedilatildeo dos recursos dos Fundos (FUNDEB PNATE Programa de Apoio
aos Sistema de Ensino para Atendimento agrave EJA) o Conselho nem sempre promove ampla
publicidade agrave aplicaccedilatildeo dos recursos
De fato o controle social dos recursos da educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana parece ser
difiacutecil tarefa a comeccedilar pelo fato da gestatildeo de tais recursos serem centralizadas no governo
municipal contrariando o que recomenda a LDB que indica a descentralizaccedilatildeo de tais recursos
para o oacutergatildeo gestor no caso a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo a SEME e pela falta de
participaccedilatildeo dos conselheiros nas reuniotildees Tal situaccedilatildeo inclusive gerou accedilotildees a serem
realizadas pelo municiacutepio como ldquotransferir a responsabilidade do gerenciamento de recursos
do FUNDEB e PNATE da prefeitura para a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo para melhorar a
transparecircncia dos investimentosrdquo A transferecircncia de responsabilidade da gestatildeo dos recursos
poderia natildeo soacute facilitar o planejamento das accedilotildees educacionais mas melhorar o controle social
dos recursos puacuteblicos O fato de que o ano de 2014 apresenta ausecircncia de dados financeiros no
SIOPE em relaccedilatildeo ao municiacutepio reflete tambeacutem a possibilidade de que haja dificuldade quanto
agraves prestaccedilotildees de contas da execuccedilatildeo dos recursos para este ano Essa situaccedilatildeo tende a dificultar
ou mesmo inviabilizar a gestatildeo democraacutetica pela negaccedilatildeo do princiacutepio da transparecircncia na
gestatildeo do recurso puacuteblico
A escolha de diretores de escolas puacuteblicas eacute entre os indicadores analisados o ponto mais
obscuro O indicador da gestatildeo educacional do PAR sobre os criteacuterios da escolha para diretores
165
de escola foi diagnosticado pela equipe de elaboraccedilatildeo do PAR com a pontuaccedilatildeo 1 que equivale
agrave situaccedilatildeo de lsquoausecircncia de criteacuterios para escolha da direccedilatildeo das escolasrsquo No entanto no 2ordm PAR
recebeu a pontuaccedilatildeo 3 que equivale uma situaccedilatildeo boa Em termos de legislaccedilatildeo de fato as leis
municipais elegem a gestatildeo democraacutetica como princiacutepio como no caso da Lei nordm 0849 do ano
de 2010 que trata do Plano de Carreiras da Educaccedilatildeo do Municiacutepio de Santana (PCEMS) onde
se prevecirc inclusive a eleiccedilatildeo direta como criteacuterio No entanto a mesma lei remete o tema para
regulamentaccedilotildees posteriores o que nunca aconteceu Na praacutetica o que prevalece eacute o criteacuterio da
nomeaccedilatildeo pura e simples tatildeo ao gosto dos gestores comprometidos com modelos de gestatildeo
patrimonialista e clientelista Em relaccedilatildeo a esse indicador o PAR soacute alterou a pontuaccedilatildeo As
praacuteticas continuam as mesmas
Em relaccedilatildeo ao uacuteltimo indicador Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do
Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo verificou-se que o comitecirc foi criado pelo Decreto
Municipal Nordm 490 de 03 de abril de 2013 para acompanhar o cumprimento das metas
estabelecidas pelo PAR e eacute bastante avanccedilado em sua composiccedilatildeo No entanto eacute recente no
municiacutepio e talvez por isso natildeo tem exercido o seu papel de mobilizar a sociedade para a
participaccedilatildeo e acompanhamento das accedilotildees do PAR na perspectiva de sua efetividade
Natildeo se pode negar o meacuterito do PAR para a organizaccedilatildeo e o planejamento das accedilotildees
educacionais na rede municipal de ensino de Santana que apoacutes o PAR passou a melhor
reconhecer suas fragilidades e desafios No entanto o estudo evidenciou a histoacuterica fragilidade
da democratizaccedilatildeo da gestatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana pois os conselhos
municipais de controle social e escolares mecanismos que poderiam viabilizar a participaccedilatildeo
a descentralizaccedilatildeo e autonomia nas decisotildees funcionam precariamente Os criteacuterios de escolha
de diretores excluem as formas democraacuteticas de participaccedilatildeo na escolha e favorecem as praacuteticas
centralizadas de nomeaccedilatildeo A gestatildeo dos recursos da educaccedilatildeo eacute centralizada no governo
municipal dificultando o controle social Com o PAR houve expansatildeo do nuacutemero de
Conselhos escolares e municipais o que permitiu o aumento das pontuaccedilotildees nos indicadores e
pode vir a potencializar a participaccedilatildeo dos sujeitos no controle social dos recursos e outras
formas de descentralizaccedilatildeo das decisotildees Isso a depender da correlaccedilatildeo de forccedilas locais
historicamente permeada por formas patrimonialistas e clientelistas de gestatildeo Com o PAR
esses modelos ganharam nuances de gerencialismo Parece um paradoxo que se exija da
Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo que viabilize as accedilotildees previstas no PAR para atingir as metas
e resultados da avaliaccedilatildeo do IDEB em busca da qualidade da educaccedilatildeo com acompanhamento
e o controle social dos conselhos sobre os recursos e accedilotildees mas mantendo os recursos
166
centralizados sob a gestatildeo da Prefeitura Municipal de Santana Qual a autonomia possiacutevel nestas
condiccedilotildees Onde fica a descentralizaccedilatildeo Esta sequer chegou ao oacutergatildeo gestor
O municiacutepio de Santana tem vinte e oito anos de existecircncia nessa condiccedilatildeo pois fazia
parte do Territoacuterio Federal do Amapaacute extinto pela Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Antes existia
como distrito de Macapaacute Talvez por ser um municiacutepio novo guarde ainda fortes marcas do
clientelismo e patrimonialismo que o gerou Com pouca tradiccedilatildeo democraacutetica as praacuteticas
centralizadoras de gestatildeo educacional satildeo reveladas no cotidiano das accedilotildees que contradizem o
posto nas leis municipais e ateacute nacionais
A anaacutelise aqui apresentada para a poliacutetica puacuteblica municipal evidenciada a partir da
adesatildeo do municiacutepio de Santana ao PAR expotildee os limites e contradiccedilotildees de poliacuteticas formuladas
em niacutevel nacional e executadas em niacutevel local bem como a correlaccedilatildeo de forccedilas poliacuteticas e
econocircmicas do momento histoacuterico As accedilotildees pleiteadas pelo PAR no sentido de democratizar a
gestatildeo da educaccedilatildeo da rede municipal de Santana natildeo tecircm conseguido se materializar na praacutetica
dos gestores Quando muito tais intencionalidades se inscrevem no acircmbito da legislaccedilatildeo
municipal e com isso tem alterado as pontuaccedilotildees de avaliaccedilatildeo do PAR O grande desafio eacute
implementar uma gestatildeo educacional pela qual as pessoas possam participar em igualdade de
condiccedilotildees fazendo emergir a sua condiccedilatildeo de sujeitos histoacutericos na busca por uma educaccedilatildeo
de qualidade social para todos e isto soacute seraacute possiacutevel se a gestatildeo for democraacutetica
167
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VOSS Dulce M O Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo (PDE) contextos e discursos
Cadernos da Educaccedilatildeo UFPel janabr 2011
WERLE Flaacutevia O C Conselhos Escolares implicaccedilotildees na Gestatildeo da Escola Baacutesica DPampA
2003
WOOD Ellen M Democracia contra o capitalismo Traduccedilatildeo de Paulo Seacutergio Castanheira Satildeo
Paulo Boitempo 2003
YIN R Estudo de caso planejamento e meacutetodos Porto Alegre Bookman 2001
Sites consultados
httpportalmecgovbrdmdocumentslivro_final_proconselho07pdf
176
httpwwwfndegovbrprogramasparpar-consultasitem944-dimensC3A3o-1-
gestC3A3o-educacional-C3A1rea-1
httpwwwfndegovbrprogramasparpar-monitoramento
httpcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=160060ampidtema=117ampsearch=am
apa|santana|ensino-matriculas-docentes-e-rede-escolar-2012
httpwwwdataescolabrasilinepgovbrdataEscolaBrasil
httpwwwinepgovbr
httpsimecmecgovbrparcarregaTermosphp
httpportalmecgovbrsebarquivospdfPro_conscme-topdf
httpportalmecgovbrindexphpoption=com_docmanampview=downloadampalias=9400-
manualelaboracao-par-municipal-1114-pdfampcategory_slug=novembro-2011-
pdfampItemid=30192
httpwwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2007-20102007LeiL11494htmart46
httpwwwplanaltogovbrccivil_03_ato2007-20102009leil11947htm
177
APEcircNDICE
178
APEcircNDICE A
SERVICcedilO PUacuteBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute
INSTITUTO DE CIEcircNCIAS DA EDUCACcedilAtildeO
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM EDUCACcedilAtildeO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA PARTICIPACcedilAtildeO
EM PESQUISA
Caro(a) colega professor(a)
Venho por meio desse documento convidaacute-lo(a) a participar como voluntaacuterio (a) da pesquisa
supracitada que tem como responsaacutevel a aluna da poacutes-graduaccedilatildeo Heryka Cruz Nogueira que
estaacute sob a orientaccedilatildeo da Profa Dra Dalva Valente Guimaratildees Gutierres do curso de Mestrado
em Educaccedilatildeo da Universidade Federal do Paraacute (UFPA) A pesquisadora pode ser contatada pelo
e-mail herykaueapgmailcom e pelo celular (96) 98121-6399
Apoacutes ser esclarecido(a) sobre a pesquisa no caso de aceitar fazer parte do estudo assine
ao final do documento que estaraacute em duas vias Uma delas eacute sua e a outra do pesquisador
responsaacutevel Em caso de recusa vocecirc natildeo seraacute penalizado de forma alguma Informo que esta
pesquisa segue o que estaacute previsto em termos eacuteticos
TIacuteTULO DA PESQUISA O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS (PAR) E A GESTAtildeO
DA EDUCACcedilAtildeO NA REDE MUNICIPAL DE SANTANAAP
O municiacutepio de SantanaAP foi selecionado para essa pesquisa que tem como objetivo
identificar as implicaccedilotildees do Plano de Accedilotildees Articuladas para a gestatildeo da educaccedilatildeo do
municiacutepio Para realizaccedilatildeo da pesquisa aleacutem dos dados coletados em documentos seraacute
necessaacuterio obter informaccedilotildees por meio de entrevistas que seratildeo gravadas e transcritas
Asseguro ao (agrave) senhor (a) que a pesquisa eacute estritamente cientiacutefica sua identidade seraacute mantida
sob sigilo e anonimato e as informaccedilotildees colhidas seratildeo usadas exclusivamente na pesquisa
supracitada os resultados desta seratildeo publicados apenas em revistas cientiacuteficas e em eventos
cientiacuteficos e estaraacute disponiacutevel a todos os interessados As entrevistas seratildeo gravadas no local de
trabalho do entrevistado e teraacute a duraccedilatildeo de 10 a 25 minutos Utilizarei nomes fictiacutecios para
preservar sua identidade ou ainda apenas a indicaccedilatildeo geneacuterica de ldquoentrevistadordquo ou ldquoprofessorrdquo
Somente seraacute efetivada a entrevista apoacutes a assinatura do termo de consentimento da participaccedilatildeo
179
da pessoa como sujeito da pesquisa O entrevistado tem o direito de a qualquer momento
durante ou apoacutes a entrevista retirar seu consentimento obrigando o pesquisador a natildeo utilizar
as informaccedilotildees porventura registradas ou de natildeo responder perguntas incocircmodas O
entrevistado natildeo incorreraacute em qualquer sanccedilatildeo ou penalidade caso retire o seu consentimento
O entrevistado fica ciente que eacute voluntaacuterio e natildeo receberaacute nenhum incentivo financeiro ou
gratificaccedilatildeo para participar da pesquisa
Desde jaacute agradeccedilo sua valiosa contribuiccedilatildeo para a pesquisa disponibilizando sua
atenccedilatildeo e tempo posto que se sabe dos inuacutemeros compromissos diaacuterios assumidos A
pesquisadora se coloca agrave disposiccedilatildeo para as possiacuteveis duacutevidas ou informaccedilotildees necessaacuterias
Beleacutem 14 de dezembro de 2015
__________________________
Assinatura
Entrevistado ciente __________________________________________________
Assinatura
180
APEcircNDICE B
SERVICcedilO PUacuteBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute
INSTITUTO DE CIEcircNCIAS DA EDUCACcedilAtildeO
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM EDUCACcedilAtildeO
ROTEIRO DE ENTREVISTA
Dimensatildeo Gestatildeo Educacional
Sujeitos a serem entrevistados 01 - Secretaacuterio (a) Municipal de Educaccedilatildeo ou Teacutecnico que
conhece o processo de elaboraccedilatildeo do PAR
I - IDENTIFICACcedilAtildeO
1 Nome ______________________________________________________________
2 Formaccedilatildeo _________________________________________________________________
3 Instituiccedilatildeo ou oacutergatildeo a qual pertence ____________________________________________
4 Cargo ou funccedilatildeo que ocupa na rede municipal de SantanaAP
_________________________________________________________________________
II ndash QUESTOtildeES NORTEADORAS
1 Fale sobre como foi a chegada do PAR no municiacutepio
2 Fale sobre como se deu o diagnoacutestico dos indicadores do PAR
3 Quem participou da implantaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo do PAR E como ocorreu
4 Apoacutes o diagnoacutestico do municiacutepio qual foi o proacuteximo passo da equipe que elaborou o PAR
5 Como eacute realizado o acompanhamentoavaliaccedilatildeo das accedilotildees e sub-accedilotildees do PAR no
municiacutepio
6 Quais os criteacuterios para escolha de diretores escolares no municiacutepio
181
APEcircNDICE C
SERVICcedilO PUacuteBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute
INSTITUTO DE CIEcircNCIAS DA EDUCACcedilAtildeO
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM EDUCACcedilAtildeO
ROTEIRO DE ENTREVISTA
Indicador Conselhos Escolares (CE)
Sujeitos a serem entrevistados 01 - Membro da equipe teacutecnica da Secretaria Municipal de
Educaccedilatildeo que trate dos Conselhos Escolares (2012 a 2015)
I - IDENTIFICACcedilAtildeO
1 Nome ___________________________________________________________________
2 Formaccedilatildeo _________________________________________________________________
3 Instituiccedilatildeosetor ou oacutergatildeo a qual pertence _______________________________________
4 Cargo ou funccedilatildeo que ocupa na rede municipal de SantanaAP
_________________________________________________________________________
II ndash QUESTOtildeES NORTEADORAS
1 Fale como se deu a elaboraccedilatildeo do PAR por parte dos Conselhos Escolares
2 Todas as escolas do municiacutepio tem implantado o Conselho Escolar
3 Fale sobre os criteacuterios de escolha dos diretores escolares
4 Qual a participaccedilatildeo do diretor na composiccedilatildeo do Conselho Escolar
5 Como a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo acompanha a implantaccedilatildeo dos Conselhos
Escolares
182
APEcircNDICE D
SERVICcedilO PUacuteBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute
INSTITUTO DE CIEcircNCIAS DA EDUCACcedilAtildeO
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM EDUCACcedilAtildeO
ROTEIRO DE ENTREVISTA
Indicador Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (CME)
Sujeitos a serem entrevistados 02 - Conselheiros (2012 a 2015)
( ) Membro da equipe teacutecnica da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo (governamental) que
trate do Conselho Municipal
( ) Membro do Conselho Municipal que natildeo seja representante governamental
I - IDENTIFICACcedilAtildeO
1 Nome ______________________________________________________________
2 Formaccedilatildeo _________________________________________________________________
3 Instituiccedilatildeo setor e oacutergatildeo a qual pertence _______________________________________
4 Cargo ou funccedilatildeo que ocupa na rede Municipal de SantanaAP
_________________________________________________________________________
II ndash QUESTOtildeES NORTEADORAS
1 Fale sobre a participaccedilatildeo do CME na elaboraccedilatildeo do PAR
2 Quem compotildee e como se deu a escolha dos conselheiros
3 O CME possui alguma autonomia em relaccedilatildeo as decisotildees da SME na distribuiccedilatildeo dos
recursos financeiros
4 Como o CME tem acompanhado o planejamento e as accedilotildees educacionais no municiacutepio
183
APEcircNDICE E
SERVICcedilO PUacuteBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute
INSTITUTO DE CIEcircNCIAS DA EDUCACcedilAtildeO
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM EDUCACcedilAtildeO
ROTEIRO DE ENTREVISTA
Indicador Conselho Municipal de Alimentaccedilatildeo Escolar (CAE)
Sujeitos a serem entrevistados 02
( ) Membro da equipe teacutecnica da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo representante do CAE
( ) Membro do CAE que seja representante natildeo-governamental
I - IDENTIFICACcedilAtildeO
1 Nome ______________________________________________________________
2 Formaccedilatildeo ____________________________________________________________
3 Instituiccedilatildeosetor ou oacutergatildeo a qual pertence __________________________________
4 Cargo ou funccedilatildeo que ocupa na rede municipal de educaccedilatildeo de SantanaAP
_____________________________________________________________________
II ndash QUESTOtildeES NORTEADORAS
1 Fale sobre como se deu a participaccedilatildeo do CAE na elaboraccedilatildeo do PAR
2 Quem representa o CAE E qual a periodicidade das reuniotildees
3 De que forma o CAE fiscaliza a aplicaccedilatildeo dos recursos financeiros
4 O CAE participou de algum curso de formaccedilatildeo
184
APEcircNDICE F
SERVICcedilO PUacuteBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute
INSTITUTO DE CIEcircNCIAS DA EDUCACcedilAtildeO
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM EDUCACcedilAtildeO
ROTEIRO DE ENTREVISTA
Indicador Comitecirc Local do Compromisso
Sujeitos a serem entrevistados 02
( ) Membro da equipe teacutecnica da SME representante do Comitecirc Local
( ) Membro do Comitecirc Local que seja representante natildeo-governamental
I - IDENTIFICACcedilAtildeO
1 Nome ______________________________________________________________
2 Formaccedilatildeo ____________________________________________________________
3 Instituiccedilatildeosetor ou oacutergatildeo a qual pertence __________________________________
4 Cargo ou funccedilatildeo que ocupa na rede municipal de educaccedilatildeo de SantanaAP
_____________________________________________________________________
II ndash QUESTOtildeES NORTEADORAS
1 Como eacute constituiacutedo o Comitecirc Local
2 Como o Comitecirc local tem feito o trabalho de mobilizaccedilatildeo da comunidade diante do
PAR
185
APEcircNDICE G
SERVICcedilO PUacuteBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute
INSTITUTO DE CIEcircNCIAS DA EDUCACcedilAtildeO
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM EDUCACcedilAtildeO
ROTEIRO DE ENTREVISTA
Indicador Criteacuterios para Escolha de Diretores
Sujeitos a serem entrevistados 01
( ) Membro da equipe teacutecnica ndash Coordenaccedilatildeo de Ensino
I - IDENTIFICACcedilAtildeO
1 Nome ______________________________________________________________
2 Formaccedilatildeo ___________________________________________________________
3 Instituiccedilatildeo ou oacutergatildeo a qual pertence _______________________________________
4 Cargo ou funccedilatildeo que ocupa na rede municipal de SantanaAP
_____________________________________________________________________
II ndash QUESTOtildeES NORTEADORAS
1 Quais os procedimentos e criteacuterios utilizados na escolha do diretor da escola
2 Quais as caracteriacutesticas que a SEMED destacaria como mais relevantes no perfil do
diretor da escola na rede de ensino
3 A Coordenaccedilatildeo de ensino tem participado da elaboraccedilatildeo do PAR Fale sobre como se
deu essa participaccedilatildeo
186
APEcircNDICE H
Relaccedilatildeo de trabalhos sobre o Plano de Accedilotildees Articuladas encontrados nas bases de dados da
ANPAE ANPED e SciELO (2011 e 2015)
ANPAE
SOUSA
Bartolomeu
O Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) como instrumento de planejamento
da educaccedilatildeo o que haacute de novo httpwwwanpaeorgbr
simposio2011cdrom2011PDFs
trabalhosCompletoscomunicacoesRelatos0079pdf
ANPAE
2011
FARENZENA
SCHUCH E
MOSNA
Implementaccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas em Municiacutepios do Rio
Grande Do Sul uma avaliaccedilatildeo Disponiacutevel em
httpwwwanpaeorgbrsimposio2011 cdrom
2011PDFstrabalhosCompletoscomunicacoesRelatos0414pdf
ANPAE
2011
DAMASCENO
Alberto e SANTOS
Eacutemina
Planejando a educaccedilatildeo municipal a experiecircncia do PAR no Paraacute
Disponiacutevel em
httpwwwanpaeorgbrsimposio2011cdrom2011PDFstrabalhosCo
mpletoscomunicacoesRelatos0174pdf
ANPAE
2011
BELLO Isabel
Melero
O Plano De Accedilotildees Articuladas como estrateacutegia organizacional dos
sistemas puacuteblicos de ensino avanccedilos limites e possibilidades 2011
Disponiacutevel em
httpwwwanpaeorgbrsimposio2011cdrom2011PDFstrabalhosCo
mpletoscomunicacoesRelatos0234pdf
ANPAE
2011
RODRIGUES
ARAUacuteJO E
SOUSA
A Gestatildeo Educacional nos Planos de Accedilotildees Articuladas (PAR) de
municiacutepios paraibanos Disponiacutevel em
httpwwwanpaeorgbrsimposio2011cdrom2011PDFstrabalhosCo
mpletoscomunicacoesRelatos0404pdf
ANPAE
2011
OLIVEIRA e
SENNA
O Plano de Accedilotildees Articuladas no contexto do PDE a dimensatildeo gestatildeo
educacional no par de municiacutepios sul-mato-grossenses Disponiacutevel em
httpwwwanpaeorgbrsimposio2011cdrom
2011PDFstrabalhosCompletoscomunicacoesRelatos0453pdf
ANPAE
2011
MAFASSIOLI E
MARCHAND
Plano de Accedilotildees Articuladas competecircncias dos entes federados na sua
implementaccedilatildeo ANPAE 2011 Disponiacutevel em
httpwwwanpaeorgbrsimposio2011cdrom2011PDFstrabalhosCo
mpletoscomunicacoesRelatos0057pdf
ANPAE
2011
SCHNEIDER
PASQUAL E
DURLI
O PDE e as metas do PAR para a formaccedilatildeo de professores da educaccedilatildeo
baacutesica Ensaio aval pol puacutebl Educ Rio de Janeiro v 20 n 75 p 303-
324 abrjun 2012
ANPAE
2012
OLIVEIRA
SCAFF E SENNA
O Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) no acircmbito dos planos plurianuais
do governo Lula implicaccedilotildees em municiacutepios brasileiros
httpwwwanpaeorgbriberoamericano2012TrabalhosReginaTereza
CestariDeOliveira_res_int_GT7pdf
ANPAE
2012
VALENTE
GUIMARAtildeES E
FREITAS
O Plano De Accedilotildees Articuladas de Ituiutaba ndash MG Uma Anaacutelise das
Praacuteticas Pedagoacutegicas e da Avaliaccedilatildeo Disponiacutevel em
httpwwwanpaeorgbrsimposio26
1comunicacoesClaudileneAbadiaFreitasGuimaraes-ComunicacaoOral-
intpdf
ANPAE
2013
CORREA Joatildeo J A Centralidade do ldquoPDErdquo e do ldquoPARrdquo no acesso agrave poliacutetica educacional
a experiecircncia de gestatildeo na microrregiatildeo de Foz do Iguaccedilu no Paranaacute
RBPAE 2013 Disponiacutevel em
httpseerufrgsbrindexphprbpaearticleview4282227122
ANPAE 2013
FERREIRA E e
BASTOS Roberta
Poliacuteticas educacionais e planejamento o PAR como objeto de
investigaccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwanpaeorgbrsimposio26
1comunicacoesElizaBartolozziFerreira-ComunicacaoOral-intpdf
ANPAE
2013
OLIVEIRA Beatriz
A
Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) a consolidaccedilatildeo da accountability na
poliacutetica educacional brasileira ANPAE 2013 Disponiacutevel em
httpwwwanpaeorgbrsimposio26
1comunicacoesBeatrizAlvesDeOliveira-ComunicacaoOral - intpdf
ANPAE
2013
187
Ana Elizabeth Maia
de Albuquerque
O ARRANJO FEDERALISTA BRASILEIRO E AS POLIacuteTICAS DE
INDUCcedilAtildeO DA UNIAtildeO UMA ANAacuteLISE DO PLANO DE ACcedilOtildeES
ARTICULADAS DO MINISTEacuteRIO DA EDUCACcedilAtildeO
httpwwwanpaeorgbrIBERO_AMERICANO_IVGT5GT5_Comu
nicacaoAnaElizabethMaiadeAlbuquerque_GT5_integralpdf
ANPAE
2014
Alzira Batalha
Alcantara
GESTAtildeO DEMOCRAacuteTICA NO AcircMBITO DO PLANO DE ACcedilOtildeES
ARTICULADAS PARTICIPACcedilAtildeO FORMAL OU SUBSTANCIAL
httpwwwanpaeorgbrIBERO_AMERICANO_IVGT1GT1_Comu
nicacaoAlziraBatalhaAlcantara_GT1_integralpdf
ANPAE
2014
Raimundo Sousa
Gestatildeo da educaccedilatildeo apontamentos iniciais sobre a implementaccedilatildeo do
Plano de Accedilotildees Articuladas em Altamira-PA
httpwwwanpaeorgbrIBERO_AMERICANO_IVGT1GT1_Relato
RaimundoSousa_GT1_integralpdf
ANPAE
2014
Vanessa Socorro
Silva Costa
O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS NO PARAacute PROCESSOS
INSTITUIacuteDOS E CONTRADICcedilOtildeES
httpwwwanpaeorgbrIBERO_AMERICANO_IVGT5GT5_Comu
nicacaoVanessaSocorroSilvaCosta_GT5_Integralpdf
ANPAE
2014
Gildeci Santos
Pereira e
Odete da Cruz
Mendes
PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS (PAR) CONFIGURACcedilOtildeES
DA GESTAtildeO EDUCACIONAL NA REDE DE ENSINO MUNICIPAL
ANPAE
2015
Heryka Cruz
Nogueira e Dalva
Valente G
Gutierres
O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS AS PRODUCcedilOtildeES
ESCRITAS NO PERIacuteODO DE 2009 A 2013
ANPAE 2015
Maria Isabel Soares
Feitosa e Maria
Alice de M Aranda
O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS NO PROCESSO DE
DISSEMINACcedilAtildeO DA INFORMACcedilAtildeO CIENTIacuteFICA
ANPAE 2015
Severino Vilar de
Albuquerque
GESTAtildeO EDUCACIONAL E QUALIDADE DA EDUCACcedilAtildeO OS
DILEMAS DA IMPLANTACcedilAtildeO DO PLANO DE ACcedilOtildeES
ARTICULADAS (PAR)
ANPAE 2015
Laacutezara Cristina da
Silva
PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS (PAR) E A FORMACcedilAtildeO
DOCENTE DESAFIOS E IMPLICACcedilOtildeES NA REGIAtildeO DO
TRIAcircNGULO MINEIRO PARA A EDUCACcedilAtildeO INCLUSIVA
ANPAE 2015
Amanda Higino F
de Sousa
Gersonita Paulino
de S Cruz
O PLANEJAMENTO EDUCACIONAL DO MUNICIacutePIO DE
NATALRN ATRAVEacuteS DO PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS
(2007-2011) UMA ANAacuteLISE DA DIMENSAtildeO DE PRAacuteTICAS
PEDAGOacuteGICAS E AVALIACcedilAtildeO
ANPAE 2015
Daniela Cunha
Terto
Alda Maria Duarte
A Castro
PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS NO CONTEXTO DO
FEDERALISMO BRASILEIRO ESTRATEacuteGIA DE COOPERACcedilAtildeO
INTERGOVERNAMENTAL
ANPAE 2015
Maria Aparecida R
da Silva Ceacutezar
O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS E A AUTONOMIA DO
MUNICIacutePIO NA GESTAtildeO EDUCACIONAL
ANPAE 2015
Maria Goretti
Cabral Barbalho
Gilneide Maria de
Oliveira Lobo
PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS 2007- 2011 UMA ANAacuteLISE
DA DIMENSAtildeO INFRAESTRUTURA FIacuteSICA E RECURSOS
PEDAGOacuteGICOS EM MOSSOROacuteRN
ANPAE 2015
Marilda Pasqual
Schneider
PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS (PAR) E AS CONDICcedilOtildeES DE
MELHORIA DA QUALIDADE EDUCACIONAL
ANPAE 2015
ANPED
DAMASCENO
Alberto e SANTOS
Emina
Controle social na educaccedilatildeo municipal os planos de accedilotildees Articuladas
e o desafio da construccedilatildeo do novo sistema nacional de educaccedilatildeo na
Amazocircnia Disponiacutevel em
http33reuniaoanpedorgbr33encontroappwebrootfilesfileTrabal
hos20em20PDFGT05-6712--Intpdf
ANPED
2010
MAFASSIOLI
Andreacuteia da S
Plano de Accedilotildees Articuladas uma avaliaccedilatildeo da implementaccedilatildeo no
municiacutepio de GravataiacuteRS Disponiacutevel em
httpwwwportalanpedsulcombr2012homephplink=gruposampacao
ANPED
SUL
2012
188
=listar_trabalhosampnome=GT0520E2809320Estado20e2
0PolC3ADtica20Educacionalampid=105
Liane Maria
Bernardi
Alexandre Joseacute
Rossi
Lucia Hugo Uczak
Do movimento Todos pela Educaccedilatildeo ao Plano de Accedilotildees Articuladas e
Guia de Tecnologias empresaacuterios interlocutores e clientes do estado
httpxanpedsulfaedudescbrarq_pdf596-0pdf
ANPED
SUL
2014
A implementaccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas no municiacutepio de
Sorocaba - SP limites e possibilidades para efetivaccedilatildeo do regime de
colaboraccedilatildeo
httpsanpedsudeste2014fileswordpresscom201507flc3a1via-leila-
da-silva-paulo-gomes-limapdf
ANPED
SUDEST
E
2014
O Plano De Accedilatildeo Articulada e o municiacutepio de Portel no Arquipeacutelago de
Marajoacute
httpsanpedsudeste2014fileswordpresscom201507jose-carlos-
martins-cardoso-antc3b4nio-chizzottipdf
ANPED
SUDEST
E
2014
O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS E A FORMACcedilAtildeO DE
PROFESSORES EM SERVICcedilO NA GESTAtildeO DA EDUCACcedilAtildeO
MUNICIPAL
http37reuniaoanpedorgbrwp-
contentuploads201502PC3B4ster-GT08-3683pdf
ANPED 2015
SciELO
DUARTE Marisa
R e JUNQUEIRA
Deacuteborah S
A propagaccedilatildeo de novos modos de regulaccedilatildeo no sistema educacional
brasileiro o Plano de Accedilotildees Articuladas e as relaccedilotildees entre as escolas e
a Uniatildeo Pro-Posiccedilotildees v 24 n 2 (71) p 165-193 maioago 2013
SciELO 2013
Federalismo e planejamento educacional no exerciacutecio do PAR SciELO 2014
189
ANEXOS
190
DIRETRIZES DO PLANO DE METAS COMPROMISSO TODOS PELA
EDUCACcedilAtildeO
I estabelecer como foco a aprendizagem apontando resultados concretos a atingir
II alfabetizar as crianccedilas ateacute no maacuteximo os oito anos de idade aferindo os resultados por exame perioacutedico
especiacutefico
III acompanhar cada aluno da rede individualmente mediante registro da sua frequecircncia e do seu desempenho em
avaliaccedilotildees que devem ser realizadas periodicamente
IV combater a repetecircncia dadas as especificidades de cada rede pela adoccedilatildeo de praacuteticas como aulas de reforccedilo no
contra turno estudos de recuperaccedilatildeo e progressatildeo parcial
V combater a evasatildeo pelo acompanhamento individual das razotildees da natildeo frequecircncia do educando e sua superaccedilatildeo
VI matricular o aluno na escola mais proacutexima da sua residecircncia
VII ampliar as possibilidades de permanecircncia do educando sob responsabilidade da escola para aleacutem da jornada
regular
VIII valorizar a formaccedilatildeo eacutetica artiacutestica e a educaccedilatildeo fiacutesica
IX garantir o acesso e permanecircncia das pessoas com necessidades educacionais especiais nas classes comuns do
ensino regular fortalecendo a inclusatildeo educacional nas escolas puacuteblicas
X promover a educaccedilatildeo infantil
XI manter programa de alfabetizaccedilatildeo de jovens e adultos
XII instituir programa proacuteprio ou em regime de colaboraccedilatildeo para formaccedilatildeo inicial e continuada de profissionais da
educaccedilatildeo
XIII implantar plano de carreira cargos e salaacuterios para os profissionais da educaccedilatildeo privilegiando o meacuterito a
formaccedilatildeo e a avaliaccedilatildeo do desempenho
XIV valorizar o meacuterito do trabalhador da educaccedilatildeo representado pelo desempenho eficiente no trabalho
dedicaccedilatildeo assiduidade pontualidade responsabilidade realizaccedilatildeo de projetos e trabalhos especializados cursos
de atualizaccedilatildeo e desenvolvimento profissional
XV dar consequumlecircncia ao periacuteodo probatoacuterio tornando o professor efetivo estaacutevel apoacutes avaliaccedilatildeo de preferecircncia
externa ao sistema educacional local
XVI envolver todos os professores na discussatildeo e elaboraccedilatildeo do projeto poliacutetico pedagoacutegico respeitadas as
especificidades de cada escola
XVII incorporar ao nuacutecleo gestor da escola coordenadores pedagoacutegicos que acompanhem as dificuldades
enfrentadas pelo professor
XVIII fixar regras claras considerados meacuterito e desempenho para nomeaccedilatildeo e exoneraccedilatildeo de diretor de escola
XIX divulgar na escola e na comunidade os dados relativos agrave aacuterea da educaccedilatildeo com ecircnfase no Iacutendice de
Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica IDEB referido no art 3o
XX acompanhar e avaliar com participaccedilatildeo da comunidade e do Conselho de Educaccedilatildeo as poliacuteticas puacuteblicas na
aacuterea de educaccedilatildeo e garantir condiccedilotildees sobretudo institucionais de continuidade das accedilotildees efetivas preservando
a memoacuteria daquelas realizadas
XXI zelar pela transparecircncia da gestatildeo puacuteblica na aacuterea da educaccedilatildeo garantindo o funcionamento efetivo
autocircnomo e articulado dos conselhos de controle social
XXII promover a gestatildeo participativa na rede de ensino
XXIII elaborar plano de educaccedilatildeo e instalar Conselho de Educaccedilatildeo quando inexistentes
XXIV integrar os programas da aacuterea da educaccedilatildeo com os de outras aacutereas como sauacutede esporte assistecircncia social
cultura dentre outras com vista ao fortalecimento da identidade do educando com sua escola
XXV fomentar e apoiar os conselhos escolares envolvendo as famiacutelias dos educandos com as atribuiccedilotildees
dentre outras de zelar pela manutenccedilatildeo da escola e pelo monitoramento das accedilotildees e consecuccedilatildeo das metas do
compromisso
191
XXXVI transformar a escola num espaccedilo comunitaacuterio e manter ou recuperar aqueles espaccedilos e equipamentos
puacuteblicos da cidade que possam ser utilizados pela comunidade escolar
XXVII firmar parcerias externas agrave comunidade escolar visando a melhoria da infra-estrutura da escola ou a
promoccedilatildeo de projetos socioculturais e accedilotildees educativas
XXVIII organizar um comitecirc local do Compromisso com representantes das associaccedilotildees de empresaacuterios
trabalhadores sociedade civil Ministeacuterio Puacuteblico Conselho Tutelar e dirigentes do sistema educacional puacuteblico
encarregado da mobilizaccedilatildeo da sociedade e do acompanhamento das metas de evoluccedilatildeo do IDEB
192
ANEXO
PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS ndash 1ordf VERSAtildeO
DIMENSAtildeO 1 GESTAtildeO EDUCACIONAL
193
PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS ndash 1ordf VERSAtildeO
DIMENSAtildeO 2 FORMACcedilAtildeO DE PROFESSORES E DOS PROFISSIONAIS DE SERVICcedilO
E APOIO ESCOLAR
DIMENSAtildeO 3 PRAacuteTICAS PEDAGOacuteGICAS E AVALIACcedilAtildeO
194
PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS ndash 1ordf VERSAtildeO
DIMENSAtildeO 4 INFRA-ESTRUTURA FIacuteSICA E RECURSOS PEDAGOacuteGICOS
195
ANEXO
PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS ndash 2ordf VERSAtildeO
Dimensatildeo 1 ndash Gestatildeo Educacional
Aacuterea 1 - Gestatildeo
Democraacutetica
Articulaccedilatildeo e
Desenvolvimento dos
Sistemas de Ensino
1 Existecircncia acompanhamento e avaliaccedilatildeo do Plano Municipal de
Educaccedilatildeo (PME) desenvolvido com base no Plano Nacional de
Educaccedilatildeo (PNE)
2 Existecircncia composiccedilatildeo competecircncia e atuaccedilatildeo do Conselho
Municipal de Educaccedilatildeo (CME)
3 Existecircncia e funcionamento de conselhos escolares (CE)
4 Existecircncia de projeto pedagoacutegico (PP) nas escolas inclusive nas de
alfabetizaccedilatildeo de jovens e adultos (AJA) e de educaccedilatildeo de jovens e
adultos (EJA) participaccedilatildeo dos professores e do conselho escolar na sua
elaboraccedilatildeo orientaccedilatildeo da secretaria municipal de educaccedilatildeo e
consideraccedilatildeo das especificidades de cada escola
5 Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho do Fundo de Manutenccedilatildeo e
Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos
Profissionais da Educaccedilatildeo (Fundeb)
6 Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar (CAE)
7 Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromisso
Aacuterea 2 ndash Gestatildeo de
pessoas
1 Quadro de servidores da secretaria municipal de educaccedilatildeo (SME)
2 Criteacuterios para escolha da direccedilatildeo escolar
3 Presenccedila de coordenadores ou supervisores pedagoacutegicos nas escolas
4 Quadro de professores
5 Estaacutegio probatoacuterio efetivando os professores e outros profissionais da
Educaccedilatildeo
6 Plano de carreira para o magisteacuterio
7 Plano de carreira dos profissionais de serviccedilo e apoio escolar
8 Piso salarial nacional do professor
9 Existecircncia de professores para o exerciacutecio da funccedilatildeo docente no
atendimento educacional especializado (AEE) complementar ao ensino
regular
Aacuterea 3 ndash Conhecimento
e utilizaccedilatildeo de
informaccedilatildeo
1 Existecircncia de um sistema informatizado de gestatildeo escolar que integre
a rede municipal de ensino
2 Conhecimento da situaccedilatildeo das escolas da rede
3 Conhecimento e utilizaccedilatildeo dos dados de analfabetismo e escolaridade
de jovens e adultos
4 Acompanhamento e registro da frequecircncia dos alunos beneficiados
pelo Programa Bolsa Famiacutelia (PBF)
5 Existecircncia de monitoramento do acesso e permanecircncia de pessoas
com deficiecircncia de 0 a 18 anos beneficiaacuterias do Benefiacutecio da Prestaccedilatildeo
Continuada (BPC) 6 Formas de registro da frequecircncia
Aacuterea 4 ndash Gestatildeo de
financcedilas
1 Existecircncia de equipe gestora capacitada para o gerenciamento dos
recursos para a Educaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo do Sistema de Informaccedilotildees sobre
Orccedilamentos Puacuteblicos em Educaccedilatildeo (Siope)
2 Cumprimento do dispositivo constitucional de vinculaccedilatildeo dos
recursos da Educaccedilatildeo
3 Aplicaccedilatildeo dos recursos de redistribuiccedilatildeo e complementaccedilatildeo do Fundo
de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de
Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo (Fundeb)
196
Aacuterea 5 ndash Comunicaccedilatildeo
e interaccedilatildeo com a
sociedade
1 Divulgaccedilatildeo e anaacutelise dos resultados das avaliaccedilotildees oficiais do MEC
2 Existecircncia de parcerias externas para realizaccedilatildeo de atividades
complementares que visem agrave formaccedilatildeo integral dos alunos
3 Relaccedilatildeo com a comunidade promoccedilatildeo de atividades e utilizaccedilatildeo da
escola como espaccedilo comunitaacuterio Total de aacutereas 05 28 indicadores
Dimensatildeo 2 ndash Formaccedilatildeo de Professores e de Profissionais de Serviccedilo e Apoio Escolar
Aacuterea 1 Formaccedilatildeo
Inicial de Professores
da Educaccedilatildeo Baacutesica
1 Habilitaccedilatildeo dos professores que atuam nas creches
2 Habilitaccedilatildeo dos professores que atuam na preacute-escola
3 Habilitaccedilatildeo dos professores que atuam nos anosseacuteries iniciais do
ensino fundamental incluindo professores da educaccedilatildeo de jovens e
adultos (EJA)
4 Habilitaccedilatildeo dos professores que atuam nos anosseacuteries finais do
ensino fundamental incluindo professores da educaccedilatildeo de jovens e
adultos (EJA)
Aacuterea 2 Formaccedilatildeo
Continuada de
Professores da
Educaccedilatildeo Baacutesica
1 Existecircncia e implementaccedilatildeo de poliacuteticas para a formaccedilatildeo continuada
de professores que atuam na educaccedilatildeo infantil
2 Existecircncia e implementaccedilatildeo de poliacuteticas para a formaccedilatildeo continuada
de professores que visem qualificar a praacutetica de ensino da leituraescrita
da Matemaacutetica e dos demais componentes curriculares nos anosseacuteries
iniciais do ensino fundamental incluindo professores da educaccedilatildeo de
jovens e adultos (EJA)
3 Existecircncia e implementaccedilatildeo de poliacuteticas para a formaccedilatildeo continuada
de professores que visem agrave melhoria da qualidade de aprendizagem de
todos os componentes curriculares nos anosseacuteries finais do ensino
fundamental incluindo professores da educaccedilatildeo de jovens e adultos
(EJA)
4 Existecircncia e implementaccedilatildeo de poliacuteticas para a formaccedilatildeo continuada
de professores que visem ao desenvolvimento de praacuteticas educacionais
inclusivas na classe comum em todas as etapas e modalidades Aacuterea 3 Formaccedilatildeo de
professores da
Educaccedilatildeo Baacutesica para
atuaccedilatildeo em educaccedilatildeo
especial escolas do
campo comunidades
quilombolas ou
indiacutegenas
1 Formaccedilatildeo dos professores da educaccedilatildeo baacutesica que atuam no
atendimento educacional especializado (AEE)
2 Formaccedilatildeo dos professores que atuam em escolas do campo
3 Formaccedilatildeo dos professores que atuam em escolas de comunidades
quilombolas
4 Qualificaccedilatildeo dos professores que atuam em escolas de comunidades
indiacutegenas
Aacuterea 4 Formaccedilatildeo de
professores da
educaccedilatildeo baacutesica para
cumprimento das Leis
979599 1063903
1152507 e 1164508
1 Existecircncia e implementaccedilatildeo de poliacuteticas para a formaccedilatildeo de
professores visando ao cumprimento das Leis 979599 1063903
1152507 e 1164508
Aacuterea 5 Formaccedilatildeo de
Profissionais da
Educaccedilatildeo e Outros
Representantes da
Comunidade Escolar
1 Participaccedilatildeo dos gestores de unidades escolares em programas de
formaccedilatildeo especiacutefica
2 Existecircncia e implementaccedilatildeo de poliacuteticas para formaccedilatildeo continuada
das equipes pedagoacutegicas
3 Participaccedilatildeo de gestores equipes pedagoacutegicas profissionais de
serviccedilos e apoio escolar em programas de formaccedilatildeo para a educaccedilatildeo
inclusiva
197
4 Participaccedilatildeo dos profissionais de serviccedilo e apoio escolar e de outros
representantes da comunidade escolar em programas de formaccedilatildeo
especiacutefica
Total de aacutereas 05 17 indicadores
Dimensatildeo 3 ndash Praacuteticas Pedagoacutegicas e Avaliaccedilatildeo
Aacuterea 1 Organizaccedilatildeo da
Rede de Ensino
1 Implantaccedilatildeo e organizaccedilatildeo do ensino fundamental de 9 anos
2 Implantaccedilatildeo e organizaccedilatildeo do ensino obrigatoacuterio dos 4 aos 17 anos
3 Existecircncia de poliacutetica de educaccedilatildeo em tempo integral atividades que
ampliam a jornada escolar do estudante para no miacutenimo sete horas
diaacuterias nos cinco dias por semana
4 Poliacutetica de correccedilatildeo de fluxo
5 Existecircncia de accedilotildees para a superaccedilatildeo do abandono e da evasatildeo escolar
6 Atendimento agrave demanda de educaccedilatildeo de jovens e adultos (EJA)
7 Oferta do atendimento educacional especializado (AEE)
complementar ou suplementar agrave escolarizaccedilatildeo
Aacuterea 2 Organizaccedilatildeo das
praacuteticas pedagoacutegicas
1 Existecircncia de proposta curricular para a rede de ensino
2 Processo de escolha do livro didaacutetico
3 Existecircnciaadoccedilatildeo de metodologias especiacuteficas para a alfabetizaccedilatildeo
4 Existecircncia de programas de incentivo agrave leitura para o professor e o
aluno incluindo a educaccedilatildeo de jovens e adultos (EJA)
5 Estiacutemulo agraves praacuteticas pedagoacutegicas fora do espaccedilo escolar com
ampliaccedilatildeo das oportunidades de aprendizagem
6 Reuniotildees pedagoacutegicas e horaacuterios de trabalhos pedagoacutegicos para
discussatildeo dos conteuacutedos e metodologias de ensino
Aacuterea 3 Avaliaccedilatildeo da
Aprendizagem dos
Alunos e Tempo para
Assistecircncia
IndividualColetiva aos
Alunos que Apresentam
Dificuldade de
Aprendizagem
1 Formas de avaliaccedilatildeo da aprendizagem dos alunos
2 Utilizaccedilatildeo do tempo para assistecircncia individual coletiva aos alunos
que apresentam dificuldade de aprendizagem
Total de aacutereas 03 15 indicadores
Dimensatildeo 4 ndash Infraestrutura Fiacutesica e Recursos Pedagoacutegicos
Aacuterea 1 Instalaccedilotildees
fiacutesicas da secretaria
municipal de educaccedilatildeo
1 Condiccedilotildees da infraestrutura fiacutesica existente da secretaria municipal de
educaccedilatildeo
2 Condiccedilotildees de mobiliaacuterio e equipamentos da secretaria municipal de
educaccedilatildeo
Aacuterea 2 Condiccedilotildees da
rede fiacutesica escolar
existente
1 Biblioteca instalaccedilotildees e espaccedilo fiacutesico
2 Acessibilidade arquitetocircnica nos ambientes escolares
3 Infraestrutura fiacutesica existente condiccedilotildees das unidades escolares que
ofertam a educaccedilatildeo infantil na aacuterea urbana
4 Infraestrutura fiacutesica existente condiccedilotildees das unidades escolares que
ofertam a educaccedilatildeo infantil no campo comunidades indiacutegenas eou
quilombolas
5 Infraestrutura fiacutesica existente condiccedilotildees das unidades escolares que
ofertam o ensino fundamental na aacuterea urbana
198
6 Infraestrutura fiacutesica existente condiccedilotildees das unidades escolares que
ofertam o ensino fundamental no campo comunidades indiacutegenas eou
quilombolas
7 Necessidade de novos preacutedios escolares existecircncia de preacutedios
escolares para atendimento agrave demanda da educaccedilatildeo infantil na aacuterea
urbana
8 Necessidade de novos preacutedios escolares existecircncia de preacutedios
escolares para atendimento agrave demanda da educaccedilatildeo infantil no campo
comunidades indiacutegenas eou quilombolas
9 Necessidade de novos preacutedios escolares existecircncia de preacutedios
escolares para atendimento agrave demanda do ensino fundamental na aacuterea
urbana
10 Necessidade de novos preacutedios escolares existecircncia de preacutedios
escolares para atendimento agrave demanda do ensino fundamental no campo
comunidades indiacutegenas eou quilombolas
11 Condiccedilotildees de mobiliaacuterio e equipamentos escolares quantidade
qualidade e acessibilidade
12 Existecircncia de transporte escolar para alunos da rede atendimento agrave
demanda agraves condiccedilotildees de qualidade e de acessibilidade
Aacuterea 3 Uso de
Tecnologias
1 Existecircncia e funcionalidade dos laboratoacuterios de Ciecircncias e de
Informaacutetica nas escolas de ensino fundamental
2 Existecircncia de computadores ligados agrave rede mundial de computadores
e utilizaccedilatildeo de recursos de Informaacutetica para atualizaccedilatildeo de conteuacutedos e
realizaccedilatildeo de pesquisas
3 Existecircncia de sala de recursos multifuncionais e utilizaccedilatildeo para o
atendimento educacional especializado (AEE)
4 Utilizaccedilatildeo de processos ferramentas e materiais de natureza
pedagoacutegica preacute-qualificados pelo MEC
Aacuterea 4 Recursos
pedagoacutegicos para o
desenvolvimento de
praacuteticas pedagoacutegicas que
considerem a
diversidade das
demandas educacionais
1 Existecircncia suficiecircncia diversidade e acessibilidade do acervo
bibliograacutefico (de referecircncia e literatura)
2 Existecircncia suficiecircncia diversidade e acessibilidade de materiais
pedagoacutegicos
3 Suficiecircncia diversidade e acessibilidade dos equipamentos e
materiais esportivos
4 Produccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de materiais didaacuteticos para a educaccedilatildeo de jovens
e adultos (EJA) e para a diversidade Total de aacutereas 04 22 indicadores
HERYKA CRUZ NOGUEIRA
O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS (PAR) E SUAS IMPLICACcedilOtildeES PARA A
GESTAtildeO DA EDUCACcedilAtildeO NA REDE MUNICIPAL DE EDUCACcedilAtildeO DE
SANTANAAP
Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo
em Educaccedilatildeo Mestrado em Educaccedilatildeo da Universidade
Federal do Paraacute ndash UFPA como requisito para obtenccedilatildeo
do tiacutetulo de Mestre em Educaccedilatildeo
Linha de Pesquisa Poliacuteticas Puacuteblicas Educacionais
Orientadora Profa Dra Dalva Valente Guimaratildees
Gutierres
BELEacuteM-PA
2016
Dados Internacionais de Catalogaccedilatildeo-na-Publicaccedilatildeo (CIP)
Sistema de Bibliotecas da UFPA
Nogueira Heryka Cruz 1979-
O Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) e suas implicaccedilotildees para a
gestatildeo da educacatildeo na rede municipal de educaccedilatildeo de SantanaAP
Heryka Cruz Nogueira - 2016
Orientadora Dalva Valente Guimaratildees Gutierres Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Universidade Federal do Paraacute
Instituto de Ciecircncias da Educaccedilatildeo Programa de Poacutes-
Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Beleacutem 2016
1 Escolas - Organizaccedilatildeo e administraccedilatildeo - Santana (AP) 2
Escolas municipais - Avaliaccedilatildeo
- Santana (AP) 3 Educaccedilatildeo e Estado I Tiacutetulo
CDD 22 ed 3712098116
HERYKA CRUZ NOGUEIRA
O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS (PAR) E SUAS IMPLICACcedilOtildeES PARA A
GESTAtildeO DA EDUCACcedilAtildeO NA REDE MUNICIPAL DE EDUCACcedilAtildeO DE
SANTANAAP
Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em
Educaccedilatildeo da Universidade Federal do Paraacute ndash UFPA como
requisito para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Educaccedilatildeo
Orientadora Profa Dra Dalva Valente Guimaratildees Gutierres
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________________
Profa Dra Dalva Valente Guimaratildees Gutierres
Universidade Federal do Paraacute - UFPA
(Orientadora)
_______________________________________________
Profa Dra Vera Luacutecia Jacob Chaves
Universidade Federal do Paraacute - UFPA
(Examinador Interno)
_______________________________________________
Profa Dra Luciane Terra dos Santos Garcia
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
(Examinador Externo)
_______________________________________________
Profa Dra Arlete Maria Monte Camargo
Universidade Federal do Paraacute - UFPA
(Examinador Interno - Suplente)
______________________________________________
Profa Dra Magna Franccedila
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
(Examinador Externo - Suplente)
Dissertaccedilatildeo aprovada em 24 de Junho de 2016
BELEacuteM-PA
2016
O capitalismo eacute ndash em sua anaacutelise final ndash incompatiacutevel com a
democracia se por ldquodemocraciardquo entendemos tal como o indica sua
significaccedilatildeo literal o poder popular ou o governo do povo Natildeo existe
um capitalismo governado pelo poder popular no qual o desejo das
pessoas seja privilegiado ao dos imperativos do ganho e da
acumulaccedilatildeo e no qual os requisitos da maximizaccedilatildeo do benefiacutecio natildeo
ditem as condiccedilotildees mais baacutesicas de vida O capitalismo eacute
estruturalmente antiteacutetico em relaccedilatildeo agrave democracia (WOOD 2006 p
382)
AGRADECIMENTOS
Agrave DEUS que me concede o dom da vida e estaacute sempre guiando os meus passos
iluminando os meus caminhos e tramando a minha existecircncia
Agrave minha famiacutelia pelo amor muacutetuo e incondicional aqui me refiro ao meu pai
LAEcircNIO NOGUEIRA exemplo de homem dedicado inteligente esforccedilado e de grande
coraccedilatildeo um ser humano espetacular A minha matildee SOCORRO CRUZ pela dedicaccedilatildeo e
incentivo mesmo sabendo que o caminho que escolhi natildeo seria faacutecil Aos meus irmatildeos LAENIO
JUacuteNIOR e BRUNO NOGUEIRA pelo carinho
Destaco aqui um agradecimento especial a minha orientadora a Dra DALVA
VALENTE GUIMARAtildeES GUTIERRES pela acolhida pelo carinho pela rigorosidade teoacuterica
e pelas valiosiacutessimas contribuiccedilotildees que dispensou a esse trabalho
A Profa Dra VERA LUacuteCIA JACOB CHAVES pelas contribuiccedilotildees decisivas na
banca de qualificaccedilatildeo e de defesa desta dissertaccedilatildeo Suas orientaccedilotildees materializadas em elogios
e criacuteticas foram fundamentais para a finalizaccedilatildeo deste estudo
A Profa Dra ODETE CRUZ MENDES pelo compartilhamento de experiecircncias no
estudo sobre a gestatildeo educacional as suas observaccedilotildees muito contribuiacuteram para a maturaccedilatildeo
da temaacutetica
A Profa Profa Dra LUCIANE TERRA DOS SANTOS GARCIA da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte por ter aceitado o convite de participar da banca de defesa e
pelas valiosas contribuiccedilotildees
A todos os MEUS PROFESSORES do Instituto de Ciecircncias da Educaccedilatildeo
vinculados ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da UFPA que com seus valiosos
ensinamentos de alguma forma contribuiacuteram para a construccedilatildeo desse trabalho
A UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute por oportunizar cursos de poacutes-
graduaccedilatildeo Stricto Sensu e contribuir para a melhoria da educaccedilatildeo no Norte do paiacutes
Aos meus COLEGAS DA TURMA DO MESTRADO 2014 os quais
compartilhamos anguacutestias incertezas duacutevidas mas tambeacutem alegrias
A Profa Dra ILMA BARLETA da UNIFAP pela troca de experiecircncias sobre a
Gestatildeo Educacional no PAR
Aos companheiros do GEPESUFPA e do GEFINUFPA por todo aprendizado que
compartilhamos nesse dois anos
Um agradecimento especial aos servidores da SECRETARIA MUNICIPAL DE
EDUCACcedilAtildeO DE SANTANAAP e aos Conselheiros que fazem a Educaccedilatildeo do municiacutepio de
Santana e que compreendem a importacircncia das possiacuteveis contribuiccedilotildees para o municiacutepio de um
estudo aprofundado sobre a gestatildeo educacional os meus agradecimentos
A DEISIANNE CASTRO pela companhia e que junto comigo viveu a expectativa
dessa conquista
A MARINEIDE ALMEIDA e JOSINETE ALMEIDA pelas conversas pela troca
de experiecircncias e por me ceder estadia sem essa ajuda natildeo seria possiacutevel concluir o mestrado
na cidade de Beleacutem do Paraacute
Por fim agradeccedilo a todos que de alguma forma contribuiacuteram direta ou
indiretamente para o longo doloroso e excitante processo de elaboraccedilatildeo deste texto
RESUMO
Este estudo analisa o Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) e as suas implicaccedilotildees para a gestatildeo educacional
na rede municipal de SantanaAP na perspectiva de analisar seus efeitos na democratizaccedilatildeo da gestatildeo
com ecircnfase nas diferentes concepccedilotildees de gestatildeo utilizadas em acircmbito educacional municipal tendo
como paracircmetro a organizaccedilatildeo da educaccedilatildeo atual em um contexto permeado de mudanccedilas na estrutura
administrativa do paiacutes originadas a partir do Plano de Reforma do Estado Brasileiro nos anos de 1990
que propotildee accedilotildees de organizaccedilatildeo do Estado e de gestatildeo gerencial voltadas para atender os anseios de
uma sociedade capitalista Partiu-se do pressuposto de que a gestatildeo democraacutetica da educaccedilatildeo natildeo pode
ser vista em abstrato e portanto no sistema capitalista a participaccedilatildeo a descentralizaccedilatildeo e a autonomia
que satildeo elementos constitutivos da democracia ganham nuances contraditoacuterias Como metodologia
utilizou-se a anaacutelise documental e entrevistas semiestruturadas com a equipe gestora da rede municipal
de educaccedilatildeo de Santana ndash Amapaacute a Equipe Teacutecnica Local de elaboraccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas
(PAR) integrantes do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar do
Conselho Escolar do Conselho do FUNDEB e diretor escolar A intenccedilatildeo foi analisar a Dimensatildeo
Gestatildeo Educacional do PAR focalizando a Aacuterea ldquoGestatildeo democraacuteticardquo a partir de seis Indicadores
Existecircncia de Conselhos Escolares Existecircncia composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho Municipal de
Educaccedilatildeo Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do
Conselho do Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos
Profissionais da Educaccedilatildeo Criteacuterios para escolha da Direccedilatildeo Escolar e Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc
Local do Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo Os resultados obtidos evidenciou a histoacuterica fragilidade
da democratizaccedilatildeo da gestatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana pois os mecanismos que poderiam
viabilizar a participaccedilatildeo a descentralizaccedilatildeo e a autonomia que satildeo os conselhos municipais de controle
social tem funcionado precariamente Os criteacuterios de escolha de diretores excluem as formas
democraacuteticas de participaccedilatildeo da comunidade escolar como a eleiccedilatildeo e favorecem as praacuteticas
centralizadoras de nomeaccedilatildeo A gestatildeo dos recursos financeiros da educaccedilatildeo eacute centralizada na prefeitura
municipal dificultando a participaccedilatildeo da populaccedilatildeo no controle social Com o PAR houve expansatildeo do
nuacutemero de Conselhos escolares o que pode potencializar a participaccedilatildeo dos sujeitos no controle social
dos recursos e outras formas de descentralizaccedilatildeo das decisotildees Isso a depender da correlaccedilatildeo de forccedilas
locais historicamente permeada por formas patrimonialistas de gestatildeo que com o PAR ganharam
nuances de gerencialismo
PALAVRAS-CHAVE Gestatildeo Educacional Plano de Accedilotildees Articuladas Poliacutetica Educacional Rede
Municipal de Ensino de Santana - Amapaacute
ABSTRACT
This study analyses the Articulated Plan of Actions (PAR) and its implications for the educational
management in the municipal network of Santana in the State of Amapaacute with a view to analyze its
effects in the democratization of the management emphasizing the different conceptions of the
management used in the sphere of municipal education having as baseline the organization of the
current education in a context permeated of changes in the administrative structure of the country
originated from the Reform Plan of the Brazilian State in the years of 1990 that propose actions of
organization of the State and of management oriented to serve the expectations of a capitalist society
It is assumed that the democratic management of the education cannot be sight in an abstract way and
therefore in the capitalist system the participation the decentralization and the autonomy that are
constitutive elements of the democracy they get contradictory nuances It was used as methodology the
documental analyze and the semi structured interview with the team manager of the municipal network
of the education in Santana ndash Amapaacute ndash the technical local Team of elaboration of the Articulated Plan
of Actions (PAR) the participating of the Municipal Council of Education the School Council the Fund
for Maintenance and Development of Basic School and Valorization of Professionals (FUNDEB) and
School Director The purpose was to analyze the Dimension School Management of PAR focusing at
the area ldquoDemocratic Managementrdquo from six indicators existence of schools councils existence
composition and operation of the Municipal Education Council composition and operation of the
School Meals Council composition and operation of the Fund for Maintenance and Development of
Basic School and Valorization of Professionals criteria for the choice of the school director and the
existence and operation of the local committee of the All for Education Commitment The results
obtained put in evidence the historic fragility of the democratization of the education management in
Santana City because the mechanism that could permit the participation the decentralization and the
autonomy that are the municipal education councils they have been worked precariously The criteria
of choice of the directors exclude the democratic manners of participation of the school community as
the election for example and they promote the centralized practices of appointment The management
of the financial resources of the education is centralized at the municipal government turning the
participation of the population in the social control more and more difficult There was expansion of the
number of school councils which can ramp up the participation of individuals in the social control of
the resources and other ways of decentralization of the decisions It depends of the correlation of local
forces historically permeated for patrimonial manners of management that get with PAR a
manageralism nuance
KEY-WORDS Educational Management Articulated Plan of Actions Educational Policy Municipal
Network Learning of Santana ndash Amapaacute
LISTA DE QUADROS
Quadro 01 - Sujeitos da pesquisa 30
Quadro 02 - Funccedilotildees e objetivos do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo 63
Quadro 03 - Composiccedilatildeo do FUNDEB por esfera administrativa 72
Quadro 04 - Eixos de Accedilatildeo do Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo 82
Quadro 05 - Descriccedilatildeo das atribuiccedilotildees do MEC e do Municiacutepio na execuccedilatildeo do PAR municipal
92
Quadro 06 - Descriccedilatildeo dos documentos orientadores para elaboraccedilatildeo do PAR 95
Quadro 07 - Dimensatildeo 1 Gestatildeo Educacional (1ordf Versatildeo do PAR) 97
Quadro 08 - Dimensatildeo 1 Gestatildeo Educacional (2ordf Versatildeo do PAR) 98
Quadro 09 - Santana Secretaacuterios Municipais de Educaccedilatildeo (2005 ndash 2015) 98
Quadro 10 - Pontuaccedilatildeo dos Indicadores da gestatildeo democraacutetica do 1ordm e 2ordm PAR 140
Quadro 11 - Santana Diagnoacutestico do indicador do Conselho Escolar 142
Quadro 12 - Santana Receitas do PDDE por programa para as escolas da rede municipal
(2007 ndash 2014) 145
Quadro 13 - Santana Diagnoacutestico do indicador Conselho Municipal de Educaccedilatildeo 148
Quadro 14 - Santana Composiccedilatildeo do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo 150
Quadro 15 - Santana Diagnoacutestico do indicador do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar 151
Quadro 16 - Santana Diagnoacutestico do indicador do Conselho do Conselho do FUNDEB 154
Quadro 17 - Santana Composiccedilatildeo do CACS e FUNDEB 155
Quadro 18 - Santana Diagnoacutestico do Indicador Criteacuterios para a Escolha de Diretores 157
Quadro 19 - Santana Diagnoacutestico do indicador Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do
Compromisso 158
Quadro 20 - Santana Composiccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromisso 159
LISTA DE TABELAS
Tabela 01 - Produccedilatildeo escrita sobre o Plano de Accedilotildees Articuladas de 2009 a 2015 22
Tabela 02 - Nordm de Publicaccedilotildees sobre o Plano de Accedilotildees Articuladas por temaacutetica e fonte no
periacuteodo 2009 a 2015 22
Tabela 03 - Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica no Brasil (2005 a 2013) 89
Tabela 04 - Quantidade de Indicadores Aacuterea e Dimensotildees no 1ordm PAR (2007 - 2010) 91
Tabela 05 - Quantidade de Indicadores Aacuterea e Dimensotildees no 2ordm PAR (2011 - 2014) 92
Tabela 06 - Santana IDHM e seus componentes nas suas duas uacuteltimas deacutecadas 111
Tabela 07 - Dados gerais em relaccedilatildeo aos municiacutepios do estado do Amapaacute 111
Tabela 08 - Santana Matriacuteculas na educaccedilatildeo baacutesica por esfera administrativa 121
Tabela 09 - Santana IDEB do ensino fundamental (anos iniciais) em relaccedilatildeo ao estado
do Amapaacute e ao Brasil (2005 ndash 2013) 122
Tabela 10 - Santana Receitas de Impostos Proacuteprios 124
Tabela 11 - Santana Receitas do FUNDEB (2007 ndash 2014) 125
Tabela 12 - Santana Receitas do Salaacuterio Educaccedilatildeo e dos Programas do FNDE 129
Tabela 13 - Santana Receitas decorrentes do PAR (2009 ndash 2014) 129
Tabela 14 - Santana Despesas com a Funccedilatildeo Educaccedilatildeo (2007 ndash 2014) 133
Tabela 15 - Santana Miacutenimo de Aplicaccedilatildeo em MDE (2007 ndash 2014) 133
Tabela 16 - Santana Miacutenimo de Aplicaccedilatildeo do FUNDEB em remuneraccedilatildeo de professores134
Tabela 17 - Santana Siacutentese das pontuaccedilotildees das Dimensotildees do 1ordm PAR 138
Tabela 18 - Santana Siacutentese das pontuaccedilotildees das Dimensotildees do 2ordm PAR 139
Tabela 19 - Santana Total de Recursos do PDDE recebidos pelas Caixas Escolares da
Rede municipal no periacuteodo de 2007-2014 147
LISTA DE FIGURAS E GRAacuteFICOS
Figura 01 - Vista do municiacutepio de Santana-Amapaacute 102
Figura 02 - Monumento em homenagem a Santa Ana na entrada do municiacutepio 104
Figura 03 - Localizaccedilatildeo do municiacutepio de Santana no Estado do Amapaacute 105
Figura 04 - Localizaccedilatildeo Estrateacutegica do Porto de Santana para exportaccedilatildeo para outros paiacuteses
105
Figura 05 - Porto de Santana para importaccedilatildeo e exportaccedilatildeo 108
Figura 06 - Ferrovia que liga Santana a Serra do Navio para o transporte de mineacuterios 109
Figura 07 - Foto da sede da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de Santana 115
Figura 08 - Estrutura organizacional dos oacutergatildeos da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo (SEME)
116
Graacutefico 01 - Santana Nordm de escolas da rede municipal de ensino 2007-2014 119
Graacutefico 02 - Santana Nuacutemero de docentes atuando na rede municipal de ensino 2007-2014
120
Graacutefico 03 - SANTANA Receitas da Educaccedilatildeo em relaccedilatildeo as despesas com a funccedilatildeo educaccedilatildeo
- 2009 131
Graacutefico 04 - SANTANA Receitas da Educaccedilatildeo em relaccedilatildeo as despesas com a funccedilatildeo educaccedilatildeo
ndash 2013 132
Graacutefico 05 - Total de repasses do PDDE para as escolas da rede municipal 2007 ndash 2014 146
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ALCMS - Aacuterea de Livre Comeacutercio de Macapaacute e Santana
ANDES ndash Sindicato Nacional dos Docentes das Instituiccedilotildees de Ensino Superior
ANPAE - Associaccedilatildeo Nacional de Poliacutetica e Administraccedilatildeo da Educaccedilatildeo
ANPED - Associaccedilatildeo Nacional de Poacutes-Graduaccedilatildeo e Pesquisa em Educaccedilatildeo
AP - Amapaacute
BIRD - Banco Interamericano de Desenvolvimento
BM - Banco Mundial
CAE - Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar
CBE - Conferecircncia Brasileira de Educaccedilatildeo
CE - Conselho Escolar
CF - Constituiccedilatildeo Federal do Brasil
CME - Conselho Municipal de Educaccedilatildeo
CNE - Conselho Nacional de Educaccedilatildeo
CONSU - Conselho Superior Universitaacuterio
EEXs - Entidades Executoras
EF - Ensino Fundamental
EI - Educaccedilatildeo Infantil
ENADE - Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes
ENEM - Exame Nacional do Ensino Meacutedio
FHC - Fernando Henrique Cardoso
FMI - Fundo Monetaacuterio Internacional
FNDE - Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo
FNDEP - Foacuterum Nacional em Defesa da Escola Puacuteblica na LDB
FPM ndash Fundo de Participaccedilatildeo dos Municiacutepios
FUNDEB - Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo
dos Profissionais da Educaccedilatildeo
FUNDEF - Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorizaccedilatildeo
do Magisteacuterio
GEFIN - Grupo de Estudos em Financiamento da Educaccedilatildeo
GEPES - Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Ensino Superior
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
ICMS - Imposto sobre Circulaccedilatildeo de Mercadorias e Serviccedilos
ICOMI - Induacutestria e Comeacutercio de Mineacuterios
IDEB - Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica
IDH - Iacutendice de Desenvolvimento Humano
INEP - Iacutendice Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira
LDBN - Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional
LOM - Lei Orgacircnica do Municiacutepio
LRF - Lei de Responsabilidade Fiscal
MARE - Ministeacuterio da Administraccedilatildeo e Reforma do Estado
MEC - Ministeacuterio da Educaccedilatildeo
OBEDUC - Programa Observatoacuterio da Educaccedilatildeo
OCDE - Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo e o Desenvolvimento Econocircmico
ONG - Organizaccedilatildeo Natildeo-Governamental
PBA - Programa Brasil Alfabetizado
PAC - Plano de Aceleraccedilatildeo do Crescimento
PAR - Plano de Accedilotildees Articuladas
PCEMS - Plano de Carreiras da Educaccedilatildeo do Municiacutepio de Santana
PCNs - Paracircmetros Curriculares Nacionais
PDE - Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo
PDRAE - Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado
PDDE - Programa Dinheiro Direto na Escola
PIB - Produto Interno Bruto
PME - Plano Municipal da Educaccedilatildeo
PMS ndash Prefeitura Municipal de Santana
PMCTE - Plano de Metas Compromisso Todos Pela Educaccedilatildeo
PNAE - Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar
PNATE - Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar
PNE - Plano Nacional da Educaccedilatildeo
PNUD - Programa das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento
PSE - Programa Nacional de Sauacutede Escolar
SAEB - Sistema Nacional de Educaccedilatildeo Baacutesica
SECADI - Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo Diversidade e Inclusatildeo
SEME - Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de Santana
SFCI - Secretaria Federal de Controle Interno
SINDUEAP - Sindicato dos Docentes da Universidade do Estado do Amapaacute
SIMEC - Sistema Integrado de Monitoramento Execuccedilatildeo e Controle
SIOPE - Sistema de Informaccedilotildees sobre Orccedilamentos Puacuteblicos em Educaccedilatildeo
SUFRAMA - Superintendecircncia da Zona Franca de Manaus
TPE - Todos Pela Educaccedilatildeo
TCU - Tribunal de Contas da uniatildeo
UEXs - Unidades Executoras
UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte
UFU - Universidade Federal de Uberlacircndia
UEAP - Universidade do Estado do Amapaacute
UNDIME - Uniatildeo Nacional dos Dirigentes Municipais em Educaccedilatildeo
UNCME - Uniatildeo Nacional dos Conselhos Municipais de Educaccedilatildeo
UNESCO - Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a Educaccedilatildeo a Ciecircncia e a Cultura
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO 16
11 A POLIacuteTICA DE GESTAtildeO DA EDUCACcedilAtildeO NO BRASIL 33
11 O CAPITALISMO E CRISE 33
12 A REFORMA DO ESTADO BRASILEIRO E SUAS IMPLICACcedilOtildeES PARA A GESTAtildeO
DA EDUCACcedilAtildeO 41
121 As poliacuteticas educacionais no Brasil e a gestatildeo da educaccedilatildeo 46
13 DESCENTRALIZACcedilAtildeO AUTONOMIA E PARTICIPACcedilAtildeO MECANISMOS DE
DEMOCRATIZACcedilAtildeO DAS ESTRUTURAS DE PODER 51
131 Descentralizaccedilatildeo 51
132 Autonomia 54
133 Participaccedilatildeo 56
14 OS CONSELHOS DE CONTROLE SOCIAL COMO MECANISMOS DE
DEMOCRATIZACcedilAtildeO DA GESTAtildeO EDUCACIONAL 58
141 O Conselho Municipal de Educaccedilatildeo 61
142 O Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar 63
143 Os Conselhos Escolares 67
144 O Conselho de Acompanhamento e Controle Social do FUNDEB 70
15 OS CRITEacuteRIOS PARA A ESCOLHA DE DIRETOR ESCOLAR 74
2 A GESTAtildeO EDUCACIONAL NO CONTEXTO DO PLANO DE
DESENVOLVIMENTO DA EDUCACcedilAtildeO (PDE) DO PLANO DE METAS
COMPROMISSO TODOS PELA EDUCACcedilAtildeO E DO PLANO DE ACcedilOtildeES
ARTICULADAS 79
21 A GESTAtildeO EDUCACIONAL E O PLANO DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCACcedilAtildeO
(PDE) 79
22 A GESTAtildeO EDUCACIONAL E O PLANO DE METAS COMPROMISSO TODOS PELA
EDUCACcedilAtildeO (PMCTE) 84
23 A GESTAtildeO EDUCACIONAL E O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS (PAR) 91
231 A dimensatildeo Gestatildeo Democraacutetica no Plano de Accedilotildees Articuladas 97
3 A GESTAtildeO EDUCACIONAL NO CONTEXTO DO PLANO DE ACcedilOtildeES
ARTICULADAS NO MUNICIacutePIO DE SANTANA - AMAPAacute 102
31 O CONTEXTO HISTOacuteRICO DO MUNICIacutePIO DE SANTANA 102
311 Santana cidade portuaacuteria do Amapaacute 103
312 Santana Localizaccedilatildeo e condiccedilotildees geograacuteficas 105
313 A exportaccedilatildeo de mineacuterios da Amazocircnia Amapaense 106
314 Santana Aspectos gerais 110
32 A POLIacuteTICA EDUCACIONAL NO MUNICIacutePIO DE SANTANA-AMAPAacute 112
321 Estrutura organizacional do Sistema Municipal de Educaccedilatildeo de Santana 114
322 A educaccedilatildeo municipal em nuacutemeros 119
323 O financiamento da educaccedilatildeo na rede municipal de educaccedilatildeo de Santana 123
33 O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS E A DIMENSAtildeO GESTAtildeO DA EDUCACcedilAtildeO NA
REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE SANTANA - AMAPAacute (2007 ndash 2014) 134
34 OS INDICADORES DE GESTAtildeO DEMOCRAacuteTICA DO PAR DA REDE MUNICIPAL
DE SANTANA - AMAPAacute (2007-2014) 140
341 Existecircncia composiccedilatildeo e funcionamento dos Conselhos Escolares (CE) 141
342 Existecircncia composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (CME) 148
343 Conselho Municipal de Alimentaccedilatildeo Escolar (CAE) 151
344 Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de Controle Social do FUNDEB 153
345 Criteacuterios para a escolha de Diretores escolares do municiacutepio de Santana 156
346 Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromisso 158
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 160
REFEREcircNCIAS 167
APEcircNDICES 177
ANEXOS 189
16
INTRODUCcedilAtildeO
A ORIGEM DO ESTUDO
O presente estudo visa a identificar as implicaccedilotildees do Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR)
para a gestatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana no Estado do Amapaacute A escolha do tema
da pesquisa sobre a gestatildeo da educaccedilatildeo tem relaccedilatildeo com algumas experiecircncias da minha vida
profissional nas escolas puacuteblicas e privadas como professora coordenadora e gestora em
escolas do ensino fundamental onde tive a oportunidade de aprender com os desafios impostos
a cada funccedilatildeo Durante o periacuteodo de 2000 a 2010 atuei na educaccedilatildeo baacutesica e nos anos de 2010
e 2011 fui convidada a participar da elaboraccedilatildeo de projetos educacionais na Secretaria de
Educaccedilatildeo do Estado relacionados ao Plano de Desenvolvimento da EducaccedilatildeoPlano de Metas
Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo onde assessorei pedagogicamente e elaborei projetos para
a rede estadual de ensino do Amapaacute participando inclusive das reuniotildees para a construccedilatildeo do
PAR
A participaccedilatildeo no Sindicato dos Docentes da Universidade do Estado do Amapaacute
(SINDUEAP)Associaccedilatildeo Nacional dos Docentes do Ensino Superior (ANDES) como parte
da diretoria no periacuteodo de 2012 a 2015 e representante sindical no Conselho Superior
Universitaacuterio (CONSU-UEAP) oportunizou-me a discussatildeo das poliacuteticas educacionais
decorrentes da redefiniccedilatildeo do papel do Estado especialmente aquelas relacionadas agrave gestatildeo da
educaccedilatildeo Os eventos1 dos quais participei agrave eacutepoca debatiam a gestatildeo da educaccedilatildeo e a
necessidade emergente de compreendermos a poliacutetica educacional no plano nacional e os
desafios impostos pelos organismos internacionais no paiacutes Os debates e as discussotildees tanto no
SINDUEAPANDES quanto no CONSU-UEAP foram de muita importacircncia para minha
formaccedilatildeo poliacutetica momentos em que pude vivenciar o exerciacutecio da participaccedilatildeo e da
democracia
Ao ingressar no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da Universidade Federal do
Paraacute (UFPA) em 2014 no curso de Mestrado propus um projeto para investigar a concepccedilatildeo
1Foacuterum das Licenciaturas (AP) nos anos de 2013 2014 e 2015 o Congresso Estadual de Educaccedilatildeo (AP) em 2013
as Conferecircncias Municipais de Educaccedilatildeo em 2013 e 2014 a Conferecircncia Estadual de Educaccedilatildeo (AP) em 2014 e
2015 Seminaacuterio da Uniatildeo Nacional dos Dirigentes Municipais de Educaccedilatildeo ndash UNDIME (AP) Aleacutem disso venho
participando de outros eventos relacionados ao tema como o Simpoacutesio Nacional de Poliacutetica e Administraccedilatildeo da
Educaccedilatildeo (ANPAE) em (PE) 2015 XII Seminaacuterio Nacional de Poliacuteticas Educacionais e Curriacuteculo (PA) em 2014
I Seminaacuterio Internacional de Poliacuteticas Puacuteblicas Educacionais Cultura e Formaccedilatildeo de Professores (PA) em 2015
I Congresso Internacional de Educaccedilatildeo do Amapaacute (AP)
17
da poliacutetica educacional proposta no Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo e como
se deu a elaboraccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas pelos municiacutepios de BarcarenaPA e
SantanaAP Nesse periacuteodo tive contato com o Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Ensino
Superior (GEPES) da UFPA que jaacute desenvolvia uma pesquisa nacional em rede com a
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e a Universidade Federal de Uberlacircndia
(UFU) vinculada ao Programa Observatoacuterio da Educaccedilatildeo (OBEDUC) e intitulada ldquoAvaliaccedilatildeo
do Plano de Accedilotildees Articuladas um estudo nos municiacutepios do Rio Grande do Norte Paraacute e
Minas Gerais no periacuteodo de 2007 a 2012rdquo A partir de entatildeo passei a integrar o GEPES e a
participar das reuniotildees dos estudos e das pesquisas sobre o PAR as quais foram fundamentais
na definiccedilatildeo da metodologia utilizadas nesse trabalho Com a evoluccedilatildeo das orientaccedilotildees e do
processo de pesquisa constatamos as dificuldades de realizar a pesquisa em dois municiacutepios de
estados diferentes E assim definimos a escolha somente pelo municiacutepio de SantanaAP por se
localizar na regiatildeo em que resido e trabalho o que tenderia a facilitar o acesso agraves informaccedilotildees
durante a pesquisa
PROBLEMA E PROBLEMAacuteTICA
A poliacutetica de gestatildeo da educaccedilatildeo no Brasil proposta no governo Fernando Henrique
Cardoso (1995-2002) reforccedilou o discurso de vincular o investimento em educaccedilatildeo ao
crescimento econocircmico a partir de um novo papel para a escola e um novo padratildeo de gestatildeo
educacional que se adequasse agraves exigecircncias internacionais da loacutegica do mercado (CAMINI
2013 SAVIANI 2009) Dando continuidade a esse modelo de gestatildeo da educaccedilatildeo o governo
Lula (2003-2010) lanccedilou o Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo (PMCTE) por
meio do Decreto nordm 6094 de 24 de abril de 2007 como programa estrateacutegico do Plano de
Desenvolvimento da Educaccedilatildeo (PDE)2
Nos documentos oficiais o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (MEC) apresentou o PMCTE em
que afirmou que o novo Plano vem atender a uma conjugaccedilatildeo de esforccedilos atraveacutes da ldquoadesatildeo
voluntaacuteriardquo dos estados Distrito Federal e municiacutepios que em regime de colaboraccedilatildeo
2O PDE na concepccedilatildeo do MEC pretende dar uma visatildeo sistecircmica de educaccedilatildeo articulando o desenvolvimento da
educaccedilatildeo ao desenvolvimento econocircmico e social do paiacutes Para isso o PDE desenvolve mecanismos objetivos de
avaliaccedilatildeo que permite assegurar ao mesmo tempo a responsabilizaccedilatildeo e a mobilizaccedilatildeo social em busca da
qualidade da educaccedilatildeo baacutesica Segundo o documento do MEC ldquoo PDE estaacute sustentado em seis pilares i) visatildeo
sistecircmica da educaccedilatildeo ii) territorialidade iii) desenvolvimento iv) regime de colaboraccedilatildeo v) responsabilizaccedilatildeo
vi) mobilizaccedilatildeo socialrdquo (BRASIL-MEC sd p11)
18
procuram oferecer agraves famiacutelias e agrave comunidade melhorias na qualidade da educaccedilatildeo baacutesica O
PMCTE estaacute pautado em 28 diretrizes3 que orientam como deve ser realizado os esforccedilos em
regime de colaboraccedilatildeo para atingir os melhores resultados da educaccedilatildeo Para isso o MEC
vinculou o apoio teacutecnico e financeiro aos estados e municiacutepios a partir da assinatura do termo
de adesatildeo
Esse movimento proposto pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo precisa ser entendido dentro do
contexto histoacuterico e social em que essa poliacutetica se apresenta uma vez que as relaccedilotildees entre a
Uniatildeo os Estados e os Municiacutepios tecircm sido ldquoconflitivas e natildeo resolvidas em diferentes aspectos
que envolvem a organizaccedilatildeo e o funcionamento da gestatildeo puacuteblicardquo (CAMINI 2010 p 01)
Historicamente adaptado por arranjos poliacuteticos e territoriais o federalismo brasileiro
enquanto instituiccedilatildeo eacute republicano natildeo se caracterizando pela centralizaccedilatildeo de poder do
governo ao contraacuterio busca distribuir a muitos centros ldquocuja autoridade natildeo resulta da
delegaccedilatildeo de um poder central mas eacute conferida por sufraacutegio popularrdquo (ALMEIDA 1994 p
20) Eacute nesse contexto que o MEC atraveacutes do PMCTE convoca aleacutem da participaccedilatildeo dos entes
da federaccedilatildeo a sociedade civil e as entidades privadas nessa articulaccedilatildeo que em ldquoregime de
colaboraccedilatildeordquo responsabiliza a todos pela melhoria da qualidade da educaccedilatildeo Para ldquomedirrdquo a
evoluccedilatildeo dessa qualidade o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo criou o Iacutendice de Desenvolvimento da
Educaccedilatildeo Baacutesica (IDEB) um instrumento que utiliza os resultados de avaliaccedilotildees que satildeo
realizadas pelo proacuteprio MEC para ldquoaferirrdquo o desempenho das escolas dos Municiacutepios e dos
Estados
Seguindo o contorno para a implementaccedilatildeo dessa poliacutetica nos estados e municiacutepios o
MEC criou no mesmo Decreto nordm 6094 referente ao Plano de Metas Compromisso Todos Pela
Educaccedilatildeo (PMCTE) o Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) que eacute o instrumento de planejamento
que possui quatro dimensotildees por meio do qual se efetiva essa poliacutetica O PAR eacute denominado
pelo MEC como um ldquoconjunto articulado de accedilotildees apoiado teacutecnica ou financeiramente pelo
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo que visa ao cumprimento das metas do Compromisso e agrave observacircncia
das suas diretrizesrdquo (BRASIL 2007 p6) Eacute um instrumento de planejamento multidimensional
composto por quatro dimensotildees (1) gestatildeo educacional (2) a formaccedilatildeo de professores e dos
profissionais de serviccedilo e apoio escolar (3) as praacuteticas pedagoacutegicas e avaliaccedilatildeo e (4)
infraestrutura e recursos pedagoacutegicos Cada uma delas se desmembra em aacutereas e indicadores
Na elaboraccedilatildeo do planejamento cada indicador se divide em accedilotildees e sub-accedilotildees O PAR eacute
coordenado pelas secretarias municipais ou estaduais de educaccedilatildeo mas deve ser elaborado com
3 As 28 diretrizes do Plano de Metas Compromisso Todos Pela Educaccedilatildeo estatildeo disponiacuteveis no anexo I do trabalho
19
a participaccedilatildeo de uma equipe local composta de gestores professores e da comunidade local
A intenccedilatildeo do MEC eacute que o PAR estabeleccedila um regime de colaboraccedilatildeo entre os entes federados
e a sociedade civil objetivando a implantaccedilatildeo de um Sistema Nacional de Educaccedilatildeo (BRASIL
2007)
Os estados e os municiacutepios ao assinarem o termo de adesatildeo junto ao MEC
automaticamente aderem agraves diretrizes do PMCTE o que implica se responsabilizar pelas regras
diretrizes e compromissos estabelecidos pelo Plano Dessa forma Pinho e Sacramento (2009)
constataram que o Plano de Accedilotildees Articuladas eacute a poliacutetica educacional brasileira que representa
a consolidaccedilatildeo da accountability4 os autores afirmam que a palavra accountability tem sido
comumente traduzida como ldquoresponsabilizaccedilatildeordquo esse conceito foi ressignificado desde a
Reforma do Estado na deacutecada de 1990 com o interesse de produzir mudanccedilas na administraccedilatildeo
puacuteblica burocraacutetica do paiacutes direcionando-a para uma administraccedilatildeo puramente gerencial sob a
perspectiva da loacutegica do mercado e sob o argumento da modernizaccedilatildeo e de melhorias para o
serviccedilo puacuteblico a partir do controle por resultados
Dessa forma Pinho e Sacramento (2009) esquematizam como se organiza esse processo
da accountability que
() nasce com a assunccedilatildeo por uma pessoa da responsabilizaccedilatildeo delegada por outra
da qual se exige a prestaccedilatildeo de contas sendo que a anaacutelise dessas contas pode levar agrave
responsabilizaccedilatildeo Representando-a ainda que num esquema bem simples temos
ldquoArdquo delega responsabilidade para ldquoBrdquo reg ldquoBrdquo ao assumir a responsabilidade deve
prestar contas de seus atos para ldquoArdquo reg ldquoArdquo analisa os atos de ldquoBrdquo reg feita tal anaacutelise
ldquoArdquo premia ou castiga ldquoBrdquo (PINHO SACRAMENTO 2009 p 1350)
Assim o PAR constitui-se em um exemplo do processo de responsabilizaccedilatildeo a partir do
accountability pois configura-se como um instrumento de planejamento e consolidaccedilatildeo de
resultados aferidos por meio do Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo que define metas
semelhantes mas que pelas dimensotildees continentais diversidade cultural desigualdades
econocircmicas poliacuteticas e sociais do paiacutes satildeo executadas em contextos distintos
O Plano de Accedilotildees Articuladas apresentou duas versotildees jaacute concluiacutedas de acordo com os
ciclos plurianuais do MEC a primeira de 2007 a 2010 e a segunda de 2011 a 2014 No Estado
4A origem da accountability remonta agraves deacutecadas de 1980 e 1990 com as experiecircncias realizadas na Inglaterra por
Margareth Thatcher (Reino Unido 1988) e nos Estados Unidos introduzida no governo de Ronald Reagan (EUA
1983) e consolidadas no governo George W Bush (EUA 2001) (ANDRADE 2008) O termo tem sido traduzido
no Brasil como ldquoresponsabilizaccedilatildeordquo (objetiva e subjetiva) e prestaccedilatildeo de contas (transparecircncia) (PINTO e
SACRAMENTO 2009)
20
do Amapaacute o ex-ministro da educaccedilatildeo Fernando Haddad5 e o atual governador o Antonio
Waldez Goacutees6 estiveram no dia 7 de agosto de 2007 em uma cerimocircnia realizada no Teatro das
Bacabeiras na qual atraveacutes da assinatura do termo de adesatildeo estabeleceram o compromisso
ao Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo O municiacutepio de Santana tambeacutem aderiu
ao PMCTE dois anos depois quando o prefeito municipal de Santana Antocircnio Nogueira de
Sousa7 assinou em 27 de agosto de 2009 o Termo de Cooperaccedilatildeo Teacutecnica Nordm 23456 (anexo)
Nesse sentido o municiacutepio de Santana-AP somente implantou o PAR dois anos apoacutes o
iniacutecio dos ciclos8 indicados pelo MEC No Termo de Cooperaccedilatildeo Teacutecnica a claacuteusula quarta
indica que o prazo de duraccedilatildeo da adesatildeo ao Compromisso foi previsto para ldquo04 (quatro) anos
a partir da data de sua assinatura com possibilidade de prorrogaccedilatildeo por igual ou inferior periacuteodo
()rdquo (MEC 2009 p 2) Por conseguinte o periacuteodo de duraccedilatildeo do Termo de Cooperaccedilatildeo
Teacutecnica entre o MEC e a prefeitura de Santana para viabilizar o primeiro ciclo seria de 2009 a
2012 entretanto foi finalizado antecipadamente em 2010 visto que a partir de 2011 o
municiacutepio planejou um novo PAR que perdurou ateacute 2014
Este trabalho se ocupou em analisar os dois ciclos do PAR que o municiacutepio de Santana
ndash AP participou no periacuteodo de 2009 a 20149 buscando compreender a poliacutetica de gestatildeo
educacional que culminou na emergecircncia da implantaccedilatildeo do PAR A partir do Plano de Accedilotildees
Articuladas analisam-se nessa pesquisa os seguintes indicadores da gestatildeo democraacutetica (1)
existecircncia de Conselhos Escolares (2) existecircncia composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho
Municipal de Educaccedilatildeo (3) composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar (4)
composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho do Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo
Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo (FUNDEB) (5) criteacuterios para escolha
da Direccedilatildeo Escolar10 e (6) existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromisso
A questatildeo central da pesquisa busca desvelar quais as implicaccedilotildees do PAR para a gestatildeo
da educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana no estado do Amapaacute Assim sendo a fim de responder a
5 Fernando Haddad foi Ministro da Educaccedilatildeo nos governos Lula e Dilma no periacuteodo de 29 de julho de 2005 a 24
de janeiro de 2012 6 Antonio Waldez Goacutees estaacute no seu terceiro mandato (2003 - 2006) (2007 - 2010) e (2015 ndash em exerciacutecio) como
governador do estado do Amapaacute pelo Partido Democraacutetico Trabalhista (PDT) 7Antonio Nogueira de Sousa foi prefeito do municiacutepio de Santana ndash Amapaacute por dois mandatos (2005 ndash 2008) e
(2009 -2012) pelo Partido dos Trabalhadores (PT) 8 O primeiro ciclo corresponde ao periacuteodo de 2007 a 2010 e o segundo ciclo ao periacuteodo de 2011 a 2014 9 No municiacutepio de Santana as discussotildees sobre o PAR com visitas das equipes do MEC iniciaram em 2007
Entretanto o termo de adesatildeo ao 1ordm PAR somente foi assinado no ano de 2009 e em 2011 foi elaborado um novo
PAR no municiacutepio com duraccedilatildeo do ciclo 2011-2014 Isto implica dizer que o 1ordm PAR teve a duraccedilatildeo somente de
dois anos 10 Esse indicador estaacute presente nas duas versotildees do PAR entretanto no 1ordm PAR ele aparece na aacuterea da gestatildeo
democraacutetica e no 2ordm PAR ele estaacute como um indicador de outra aacuterea a de gestatildeo de pessoas
21
questatildeo central outros questionamentos foram levantados para o aprofundamento da temaacutetica
sendo eles
1- Qual o contexto econocircmico poliacutetico e social foi criada a poliacutetica de gestatildeo que deu
origem ao Plano de Accedilotildees Articuladas
2- Que concepccedilotildees de gestatildeo permeiam o Plano de Metas Compromisso Todos pela
Educaccedilatildeo e o PAR
3- Quais as implicaccedilotildees do PAR para a gestatildeo da educaccedilatildeo na rede municipal de educaccedilatildeo
de Santana-Amapaacute no que se refere aos indicadores de gestatildeo democraacutetica
A pesquisa teve como recorte histoacuterico os anos situados entre 2007 a 2014 periacuteodo em
que teoricamente ocorreram os dois ciclos do Plano de Accedilotildees Articuladas (1ordm PAR e 2ordm PAR)
seguida agraves orientaccedilotildees do MEC
JUSTIFICATIVA
A decisatildeo de estudar a gestatildeo da educaccedilatildeo a partir do Plano de Accedilotildees Articuladas eacute
desafiadora pois o PAR eacute uma poliacutetica puacuteblica que estaacute em andamento e poucos ainda satildeo os
estudos sobre ela Na perspectiva de conhecer e acompanhar a trajetoacuteria dos estudos jaacute
realizados sobre esse instrumento de planejamento realizamos um levantamento das
publicaccedilotildees tendo como fonte a base de dados da Associaccedilatildeo Nacional de Poliacutetica e
Administraccedilatildeo em Educaccedilatildeo (ANPAE) da Associaccedilatildeo Nacional de Poacutes-graduaccedilatildeo e Pesquisa
(ANPED) e os artigos cientiacuteficos da Scientific Eletronic Library Online (SciELO)11 no periacuteodo
de 2009 a 2015 cujo resultado foi o seguinte
Tabela 01 ndash Produccedilatildeo escrita sobre o Plano de Accedilotildees Articuladas de 2009 a 2015
ANO ANPED SciELO ANPAE TOTAL
2009 0 0 0 0
2010 1 0 0 1
2011 0 0 9 9
2012 1 1 1 3
2013 0 1 3 4
2014 3 1 4 8
2015 1 - 10 11
TOTAL 6 3 27 36
Fonte ANPED SciELO e ANPAE Levantamento realizado ateacute setembro de 2015
11 O Scientific Electronic Library Online eacute um portal de revistas brasileiras que organiza e publica textos completos
de revistas na Internet Produz e divulga indicadores do uso e impacto desses perioacutedicos
22
Seguindo as diretrizes metodoloacutegicas12 foram encontradas 36 publicaccedilotildees entre os anos
de 2009 a 2015 sendo 06 na ANPED 03 nos cadernos de pesquisa da SciELO e 27 publicaccedilotildees
na Associaccedilatildeo Nacional de Poliacutetica e Administraccedilatildeo em Educaccedilatildeo ndash ANPAE Observamos na
tabela 01 que os anos de 2011 2014 e 2015 apresentaram maior nuacutemero de publicaccedilotildees
Apesar da implantaccedilatildeo do PAR ter se dado a partir de 2007 constatamos que os estudos
e as publicaccedilotildees sobre o tema ainda satildeo muito escassos A implantaccedilatildeo do PAR foi
caracterizada por distintas orientaccedilotildees e reformulaccedilotildees ao longo do processo (CAMINI 2009)
e talvez por isso muito pouco se tenha compreendido e escrito sobre o PAR nos anos 2009 e
2010 Quanto agraves temaacuteticas tratadas como objeto de estudo no periacuteodo de 2009 a 2015 por fonte
pesquisada identificaram-se as seguintes
Tabela 02 ndash Nordm de Publicaccedilotildees sobre o PAR por temaacutetica e fonte no periacuteodo 2009 a 2015
TEMAacuteTICAS ANPAE ANPED SciELO TOTAL
Avaliaccedilatildeo da implantaccedilatildeo do PAR nos
municiacutepios
6 5 0 11
Planejamento de poliacuteticas educacionais no PAR 5 0 1 6
Praacuteticas PedagoacutegicasFormaccedilatildeo de Professores
no PAR
4 0 1 5
Gestatildeo Educacional no PAR 8 0 0 8
Infraestrutura e Recursos Pedagoacutegicos 1 0 0 1
Levantamento Bibliograacutefico sobre o PAR 2 0 0 2
O PAR no contexto do Federalismo 2 0 1 3
TOTAL 28 5 3 36 Elaborado pela autora
A temaacutetica mais citada nas publicaccedilotildees foi a Avaliaccedilatildeo da implantaccedilatildeo do Plano de
Accedilotildees Articuladas (PAR) nos municiacutepios que se destacou e inquietou os estudiosos no periacuteodo
apresentando 11 publicaccedilotildees Os temas sobre planejamento das poliacuteticas educacionais no
Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) contou com 06 trabalhos A gestatildeo educacional aparece
com 08 trabalhos e as praacuteticas pedagoacutegicas e formaccedilatildeo de professores no PAR com 05
trabalhos Com menos publicaccedilotildees destacam-se as temaacuteticas infraestrutura e recursos
pedagoacutegicos com 01 trabalho o levantamento bibliograacutefico sobre o PAR com 02 trabalhos e o
PAR no contexto do Federalismo com 03 trabalhos Em um periacuteodo de sete anos foram
12 A busca pelas publicaccedilotildees foi realizada nos siacutetios da internet e para a triagem das informaccedilotildees foi utilizada a
expressatildeo-chave plano de accedilotildees articuladas que deveria constar no tiacutetulo das publicaccedilotildees Para uma revisatildeo de
rastreamento foram ainda utilizadas as palavras SciELO ANPAE e ANPED O levantamento foi realizado ateacute o
mecircs de setembro de 2015
23
publicados apenas 36 trabalhos sobre o PAR em revistas e anais especializados nacionalmente
em educaccedilatildeo
O tema que abordo nesse trabalho eacute sobre a Gestatildeo Educacional que teve somente 08
publicaccedilotildees no periacuteodo de 2009 a 2015 em revistas e anais e nenhum desses estudos publicados
eram relacionados ao estado do Amapaacute e nem ao municiacutepio de Santana Entretanto na capital
do Estado Macapaacute foi encontrada uma tese de doutorado intitulada ldquoA gestatildeo educacional no
Plano de Accedilotildees Articuladas do municiacutepio de Macapaacute concepccedilotildees e desafiosrdquo de autoria da
professora Ilma de Andrade Barleta defendida no ano de 2015 na Universidade Federal do
Paraacute A referida tese faz um estudo sobre a gestatildeo educacional do Plano de Accedilotildees Articuladas
no municiacutepio de Macapaacute-AP
Consideramos de extrema relevacircncia para a compreensatildeo das poliacuteticas puacuteblicas
educacionais no paiacutes particularmente da poliacutetica de gestatildeo educacional a partir da chegada do
PAR que se ampliem os estudos sobre esse tema razatildeo pela qual justifico esse trabalho O
estudo acerca da gestatildeo educacional a comeccedilar do Plano de Accedilotildees Articuladas no municiacutepio
de SantanaAP justifica-se tambeacutem pela necessidade imposta em funccedilatildeo das minhas
experiecircncias profissionais anteriormente descritas quando explicito a origem do estudo e as
experiecircncias atuais como professora do curso de pedagogia na Universidade do Estado do
Amapaacute ndash UEAP Instiga-me conhecer o modelo de gestatildeo educacional que se implementa na
rede municipal de ensino de Santana a datar do PAR na perspectiva de melhor contribuir com
o debate acerca da educaccedilatildeo puacuteblica municipal e identificar as iniciativas que se aproximam da
materializaccedilatildeo de uma gestatildeo democraacutetica e participativa no meu entendimento a concepccedilatildeo
mais compatiacutevel com uma visatildeo emancipadora de homem
O foco da gestatildeo democraacutetica estaacute na garantia da participaccedilatildeo na gestatildeo da educaccedilatildeo
como direito de cidadania (PARO 2007) A gestatildeo democraacutetica do ensino puacuteblico estaacute presente
desde a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e na Lei de Diretrizes e Bases - LDB de 1996 e se revela
atraveacutes da participaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo no projeto pedagoacutegico da escola e da
participaccedilatildeo das comunidades escolar e local em Conselhos de Educaccedilatildeo A descentralizaccedilatildeo
nas decisotildees administrativas financeiras e pedagoacutegicas bem como a eleiccedilatildeo de diretores e a
instalaccedilatildeo de conselhos escolares deliberativos tambeacutem fazem parte dos mecanismos para
democratizaccedilatildeo da educaccedilatildeo Embora notadamente a legislaccedilatildeo educacional por si soacute natildeo
garanta a efetivaccedilatildeo de uma praacutetica democraacutetica ela representa um grande passo nesse sentido
24
A partir de 1995 com a Reforma do Estado Brasileiro vimos emergir no cenaacuterio
nacional a concepccedilatildeo de gestatildeo gerencial como modelo preferencial13 para a administraccedilatildeo
puacuteblica que se traduz em accedilotildees de regulaccedilatildeo e controle do sistema educacional e da escola
adotando o princiacutepio mercadoloacutegico como indicador de resultados em todas as esferas sociais
definindo formas de poderes e de relaccedilatildeo com a demanda social Eacute uma gestatildeo centrada na
visatildeo de cidadatildeo-cliente e focada em resultados quantitativos (PERONI 2008)
Apresentando diferentes concepccedilotildees de gestatildeo puacuteblica essa pesquisa busca responder a
problemaacutetica a partir da anaacutelise das poliacuteticas educacionais que permeiam o Plano de
Desenvolvimento da Educaccedilatildeo o Plano de Metas Compromisso Todos Pela Educaccedilatildeo e o Plano
de Accedilotildees Articuladas A seguir trataremos dos objetivos gerais e especiacuteficos do presente
trabalho
OBJETIVO GERAL E ESPECIacuteFICOS
Analisar as implicaccedilotildees do Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) para a gestatildeo educacional
na rede municipal de educaccedilatildeo de Santana ndash Amapaacute no contexto da redefiniccedilatildeo do papel do
Estado
Considerando os pressupostos teoacuterico-metodoloacutegicos adotados o objetivo geral
desdobrou-se nos seguintes objetivos especiacuteficos
Analisar a poliacutetica de gestatildeo da educaccedilatildeo no Brasil e a emergecircncia do PAR no contexto
do capitalismo e da Reforma do Estado brasileiro a partir da deacutecada de 1990
Analisar as concepccedilotildees de gestatildeo educacional que permeia o PAR no contexto do PDE
e do Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo
Analisar as implicaccedilotildees do PAR para a gestatildeo da educaccedilatildeo na rede municipal de
educaccedilatildeo de Santana-Amapaacute no que se refere aos indicadores de gestatildeo democraacutetica
13 Esse novo modelo de gestatildeo puacuteblica eacute apresentado no Plano de Desenvolvimento e Reforma do Aparelho do
Estado Brasileiro (MARE 1995)
25
REFEREcircNCIAS TEOacuteRICO-METODOLOacuteGICAS
O presente estudo analisou as implicaccedilotildees do Plano de Accedilotildees Articuladas com foco na
gestatildeo da educaccedilatildeo na rede municipal de educaccedilatildeo de Santana ndash Amapaacute na busca de
compreender a realidade em que essa poliacutetica educacional foi constituiacuteda e em quais
circunstacircncias essa poliacutetica foi implementada estabelecendo conexotildees com as questotildees sociais
poliacuteticas histoacutericas e econocircmicas Marx (1969 p16) afirma que ldquoa investigaccedilatildeo tem de
apoderar-se da mateacuteria em seus pormenores de analisar suas diferentes formas de
desenvolvimento e de perquirir a conexatildeo iacutentima que haacute entre elasrdquo
Para o estudo da gestatildeo educacional a partir do Plano de Accedilotildees Articuladas no municiacutepio
de Santana levaram-se em consideraccedilatildeo as relaccedilotildees com o contexto histoacuterico social poliacutetico
e econocircmico em que esta poliacutetica puacuteblica foi constituiacuteda Entende-se que a poliacutetica de gestatildeo
reflete as contradiccedilotildees tiacutepicas que se revelam no contexto capitalista Nesse sentido
aproximamos-nos de abordagens que tecircm como referencial o materialismo histoacuterico dialeacutetico
definido por Frigotto (1995)
O pressuposto fundamental da anaacutelise materialista histoacuterica eacute de que os fatos sociais
natildeo satildeo descolados de uma materialidade objetiva e subjetiva e portanto a
construccedilatildeo do conhecimento histoacuterico implica o esforccedilo de abstraccedilatildeo e teorizaccedilatildeo do
movimento dialeacutetico (conflitante contraditoacuterio mediado) da realidade Trata-se de
um esforccedilo de ir agrave raiz das determinaccedilotildees muacuteltiplas e diversas (nem todas igualmente
importantes) que constituem determinado fenocircmeno Apreender as determinaccedilotildees do
nuacutecleo fundamental de um fenocircmeno sem o que este fenocircmeno natildeo se constituiria eacute
o exerciacutecio por excelecircncia da teorizaccedilatildeo histoacuterica de ascender do empiacuterico
contextualizado particularizado e de iniacutecio para o pensamento caoacutetico - ao concreto
pensado ou conhecimento Conhecimento que por ser histoacuterico e complexo e por
limites do sujeito que conhece eacute sempre relativo (FRIGOTTO 1995 p 17-18)
Nesse contexto eacute importante destacar as contradiccedilotildees sociais poliacuteticas e econocircmicas
que permeiam as concepccedilotildees de gestatildeo da educaccedilatildeo ancoradas no modelo de gestatildeo gerencial
e no modelo de gestatildeo democraacutetica O primeiro modelo se utiliza de conceitos associados agrave
administraccedilatildeo empresarial comprometida com a ideia de mercado utilizando-se de conceitos
como eficiecircncia eficaacutecia controle de resultados e descentralizaccedilatildeo dentre outros No segundo
modelo a gestatildeo eacute compartilhada e estaacute amparada em instrumentos de democratizaccedilatildeo como a
participaccedilatildeo e a autonomia nos processos de decisatildeo e planejamento da educaccedilatildeo Este modelo
busca democratizar toda a estrutura do sistema de ensino incluindo a escola
26
Segundo Yin (2001 p 32) o estudo de caso eacute a estrateacutegia mais escolhida quando eacute
preciso responder a questotildees do tipo ldquocomordquo e ldquopor quecircrdquo e ainda quando o pesquisador
possui pouco controle sobre os eventos pesquisados ldquoeacute uma investigaccedilatildeo empiacuterica de um
fenocircmeno contemporacircneo dentro de um contexto da vida real sendo que os limites entre o
fenocircmeno e o contexto natildeo estatildeo claramente definidosrdquo
Assim compreende-se que o estudo de caso tem como propoacutesito orientar o pesquisador
para o contato direto com o seu objeto de pesquisa oferecendo a este uma fonte de informaccedilotildees
capaz de favorecer o encontro das respostas que deseja Como expotildee Gil (1996) o estudo de
caso apresenta trecircs vantagens
a) O estiacutemulo a novas descobertas Em virtude da flexibilidade do planejamento do
estudo de caso o pesquisador ao longo de seu processo manteacutem-se atento a novas
descobertas Eacute frequente o pesquisador dispor de um plano inicial e ao longo da
pesquisa ter o seu interesse despertado por outros aspectos que natildeo havia previsto E
muitas vezes o estudo desses aspectos torna-se mais relevante para a soluccedilatildeo do
problema do que os considerados inicialmente Daiacute porque o estudo de caso eacute
altamente recomendado para a realizaccedilatildeo de estudos exploratoacuterios
b) A ecircnfase na totalidade No estudo de caso o pesquisador volta-se para a
multiplicidade de dimensotildees de um problema focalizando-o como um todo Dessa
forma supera-se um problema muito comum sobretudo nos levantamentos em que a
anaacutelise individual da pessoa desaparece em favor da anaacutelise de traccedilos
c) A simplicidade dos procedimentos Os procedimentos de coleta e anaacutelise de dados
adotados no estudo de caso quando comparados com os exigidos por outros tipos de
delineamento satildeo bastante simples (GIL 1996 p59-60)
Quanto agrave determinaccedilatildeo do nuacutemero de casos optou-se por um uacutenico caso a rede
municipal de educaccedilatildeo de Santana no Amapaacute dadas as especificidades do objeto de estudo
desta pesquisa as implicaccedilotildees do PAR para a gestatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana
Nesta pesquisa buscamos identificar as implicaccedilotildees do PAR para a gestatildeo educacional
no municiacutepio de Santana no periacuteodo de 2007 a 201414 Optamos por focalizar apenas a aacuterea
ldquoGestatildeo Democraacutetica articulaccedilatildeo e desenvolvimento dos sistemas de ensinordquo e 06 indicadores
dessa aacuterea sendo eles (1) existecircncia de conselhos escolares (2) existecircncia composiccedilatildeo e
atuaccedilatildeo do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (3) composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de
Alimentaccedilatildeo Escolar (4) composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho do Fundo de Manutenccedilatildeo e
Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo (5)
14 Nesse estudo mesmo o PAR em Santana ter iniciado somente em 2009 fizemos um levantamento desde o ano
de 2007 ateacute 2014 ano em que iniciou a elaboraccedilatildeo do PAR nos estados e municiacutepio para que pudeacutessemos ter uma
anaacutelise de como foi a sua chegada e como se encontrava o municiacutepio
27
criteacuterios para escolha da direccedilatildeo escolar15 e (6) existecircncia e atuaccedilatildeo do comitecirc local do
compromisso16 O recorte temporal dessa pesquisa eacute o periacuteodo de 2007 a 2014 enfocando
estudos sobre o PAR no municiacutepio de Santana nas suas duas versotildees
A escolha das categorias descentralizaccedilatildeo participaccedilatildeo e autonomia para este
trabalho eacute devido ao fato de que de acordo com vaacuterios autores (PARO 2012 MENDONCcedilA
2009 WERLE 2007) esses indicadores podem potencializar a gestatildeo democraacutetica
De acordo com Viriato (2004) a descentralizaccedilatildeo tem sido um termo muito utilizado
como oposiccedilatildeo a centralizaccedilatildeo que eacute uma caracteriacutestica da gestatildeo autoritaacuteria muito embora
com as mudanccedilas nas funccedilotildees do Estado a descentralizaccedilatildeo aparece com uma nova
configuraccedilatildeo a de desconcentraccedilatildeo de tarefas do niacutevel nacional e regional para o niacutevel local
(VIRIATO 2004)
Para Bordenave (2013) a participaccedilatildeo eacute uma vivecircncia coletiva e natildeo individual de
modo que somente se pode aprender na praacutexis grupal A participaccedilatildeo pode tanto se prestar para
objetivos emancipatoacuterios de cidadania e de autonomia dos sujeitos como para a manutenccedilatildeo
de situaccedilotildees de centralizaccedilatildeo do poder decisoacuterio e do controle de muitos por poucos Portanto
o conceito toma significado diverso dependendo do contexto e dos sujeitos envolvidos
O conceito de autonomia estaacute ligado etimologicamente agrave ideia de autogoverno ou seja
agrave faculdade que os indiviacuteduos ou organizaccedilotildees tecircm de se regerem por regras proacuteprias No
contexto mais amplo da poliacutetica educacional mais recente a autonomia tem mostrado relaccedilatildeo
com a tentativa de resolver problemas de crise de governabilidade do sistema de ensino com o
discurso de ldquogoverno sobrecarregadordquo transferindo autoridade e responsabilidade do bem
puacuteblico para o grupo diretamente envolvido na accedilatildeo e assim se desfazendo das suas obrigaccedilotildees
para com a populaccedilatildeo (BARROSO 2013)
Essas categorias do objeto seratildeo aprofundadas no primeiro capiacutetulo do presente
trabalho
Como teacutecnicas de coleta de dados optou-se pela anaacutelise documental e entrevista
semiestruturada A revisatildeo bibliograacutefica parte integrante do estudo tem auxiliado na
compreensatildeo dos conceitos na historicidade do objeto na perspectiva de compreender a
poliacutetica de gestatildeo educacional no Brasil e as suas inter-relaccedilotildees com o PAR
A anaacutelise documental eacute um tipo de ldquoestudo descritivo que fornece ao investigador a
possibilidade de reunir uma grande quantidade de informaccedilatildeo sobre leis de educaccedilatildeo processos
15 Esse indicador estaacute presente nas duas versotildees do PAR entretanto no 1ordm PAR ele estaacute presente na aacuterea da gestatildeo
democraacutetica e no 2ordm PAR ele aparece como um indicador de outra aacuterea a de gestatildeo de pessoas 16 Esse indicador foi implantado na 2ordm versatildeo do PAR na aacuterea da gestatildeo democraacutetica
28
e condiccedilotildees requisitos e dados livros e textos etcrdquo (TRIVINtildeOS 1987 p 111) na busca de
resolver problemas pois possibilita ampliar o entendimento de objetos que precisam de uma
anaacutelise a partir da contextualizaccedilatildeo histoacuterica e sociocultural para se revelar
Dentre os documentos analisados destacamos
1) O Decreto nordm 60942007 (dispotildee sobre a implementaccedilatildeo do Plano de Metas Compromisso
Todos pela Educaccedilatildeo pela Uniatildeo Federal em regime de colaboraccedilatildeo com municiacutepios
Distrito Federal e estados aleacutem da participaccedilatildeo das famiacutelias e da comunidade mediante
programas e accedilotildees de assistecircncia teacutecnica e financeira visando agrave mobilizaccedilatildeo social pela
melhoria da qualidade da educaccedilatildeo baacutesica) e legislaccedilotildees correlatas
2) O Manual de Orientaccedilotildees Gerais para Elaboraccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas editado
pelo MEC na 1ordf e 2ordf versatildeo
3) O Termo de Cooperaccedilatildeo Teacutecnica Nordm 23456 do PMCTE assinado entre o Ministeacuterio da
Educaccedilatildeo e o municiacutepio de SantanaAP e seus anexos do PAR
4) A Lei Orgacircnica do municiacutepio de Santana promulgada em 14 de julho de 1992 revisada e
atualizada em 11 de maio de 2000
5) O Diagnoacutestico do 1ordm PAR e 2ordm PAR do municiacutepio de SantanaAP emitido atraveacutes do
Sistema Integrado de Monitoramento do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (SIMEC)
6) O Relatoacuterio Puacuteblico de Monitoramento do 2ordm PAR do municiacutepio de SantanaAP e seus
anexos
7) A Lei Municipal nordm 36698 que cria o Conselho Municipal de Educaccedilatildeo de SantanaAP
8) A Lei Municipal nordm 4882001 que institui o Conselho Municipal de Alimentaccedilatildeo Escolar
de SantanaAP
9) Os documentos legais que definem os criteacuterios de escolha de diretores escolares em
SantanaAP
10) O Decreto Municipal nordm 490 de 03 de abril de 2013 que implementa a composiccedilatildeo do
comitecirc do compromisso em SantanaAP
11) A Lei Municipal nordm 7972007 - PMS que cria o FUNDEB e o Conselho de
Acompanhamento Controle Social Comprovaccedilatildeo e Fiscalizaccedilatildeo dos Recursos ndash CACS
do municiacutepio de Santana
12) O Programa de fortalecimento dos conselhos escolares do municiacutepio de SantanaAP
Os dados educacionais econocircmicos sociais e financeiros relativos ao municiacutepio de
SantanaAP foram coletados a partir do site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
29
Educacionais Aniacutesio Teixeira (INEP) do Sistema de Informaccedilotildees sobre Orccedilamentos Puacuteblicos
em Educaccedilatildeo (SIOPE) Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo (FNDE) Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e dos relatoacuterios do Sistema Integrado de
Monitoramento Execuccedilatildeo e Controle (SIMEC)
No que se refere agraves entrevistas Alves-Mazzotti (2000 p22) aponta que ldquoa entrevista
possui natureza interativa supera o questionaacuterio ao possibilitar o estudo em profundidade de
temas complexosrdquo sendo portanto mais adequada para dirimir duacutevidas e esclarecer aspectos
difusos do objeto
A entrevista realizada foi do tipo semiestruturada que conforme Trivintildeos (1987 p152)
ldquo[] favorece natildeo soacute a descriccedilatildeo dos fenocircmenos sociais mas tambeacutem sua explicaccedilatildeo e a
compreensatildeo de sua totalidade []rdquo aleacutem de manter a presenccedila consciente e atuante do
pesquisador no processo de coleta de informaccedilotildees Para o autor
a entrevista semiestruturada tem como caracteriacutestica questionamentos baacutesicos que satildeo
apoiados em teorias e hipoacuteteses que se relacionam ao tema da pesquisa Os
questionamentos dariam frutos a novas hipoacuteteses surgidas a partir das respostas dos
informantes O foco principal seria colocado pelo investigador-entrevistador
(TRIVINtildeOS 1987 p 146)
Esse modelo de entrevista teve como foco os objetivos pretendidos da pesquisa e dessa
forma foram elaborados roteiros (ver anexos ) com perguntas principais complementadas por
outras questotildees que surgiram durante as respostas emitidas em circunstacircncias momentacircneas da
entrevista a fim de favorecer a apreensatildeo do objeto
Nessa pesquisa as entrevistas versaram sobre a gestatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio de
Santana a partir do Plano de Accedilotildees Articuladas e se pautaram na verificaccedilatildeo da democratizaccedilatildeo
das relaccedilotildees de poder no acircmbito da gestatildeo (participaccedilatildeo autonomia e descentralizaccedilatildeo) por
meio dos conselhos de controle social indicados no PAR sendo Conselho Municipal de
Educaccedilatildeo Conselho Municipal de Alimentaccedilatildeo Escolar Conselhos Escolares e Conselho do
FUNDEB Foram verificados ainda os criteacuterios adotados pela rede municipal de ensino de
SantanaAP para a escolha dos Diretores Escolares e a equipe do Comitecirc Local do
Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo
O quadro 1 demonstra os sujeitos da pesquisa cujos roteiros de entrevista encontram-
se em anexo
30
Quadro 1 Sujeitos da pesquisa e Nordm de entrevistas realizadas
Elaborado pela autora
No ato da entrevista foi assinado pelo entrevistado o ldquoTermo de Consentimento Livre e
Esclarecidordquo18 para a participaccedilatildeo na pesquisa que visa a esclarecer os objetivos e sua forma
de participaccedilatildeo assegurando-lhe o sigilo na sua identidade e das informaccedilotildees a serem utilizadas
exclusivamente para fins cientiacuteficos
Os documentos foram levantados no segundo semestre de 2015 no banco de dados do
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (INEP Brasil Escola FNDE entre outros) e no municiacutepio de Santana
na Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo no sindicato dos servidores puacuteblicos municipais de
Santana e na Cacircmara Municipal Alguns documentos importantes para essa pesquisa natildeo foram
17 Das quinze entrevistas programadas doze foram realizadas No entanto alguns entrevistados ocupavam mais
de uma representaccedilatildeo como o presidente do Conselho do FUNDEB que tambeacutem assume o posto de Diretor escolar
As entrevistas com os membros do Comitecirc Local do Compromisso natildeo foram realizadas devido o comitecirc natildeo estaacute
em atuaccedilatildeo 18 Ver no apecircndice A
Nordm Sujeito da pesquisa Quantidade
01 O (A) gestor (a) da rede municipal de ensino de Santana-AP 01
02 Teacutecnicos que coordenaram a implantaccedilatildeo elaboraccedilatildeo do 1ordm PAR e
2ordm do PAR no municiacutepio 02
03 Membro da equipe teacutecnica da SEME que trata dos Conselhos
Escolares 01
04 Membro do Conselho Escolar de representaccedilatildeo natildeo-governamental 01
05 Membro do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo da representaccedilatildeo
governamental 01
06 Membro do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo da representaccedilatildeo
natildeo-governamental 01
07 Membro do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar da representaccedilatildeo
governamental 01
08 Membro do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar da representaccedilatildeo
natildeo-governamental 01
09 Representante do Sindicato dos professores da educaccedilatildeo baacutesica 01
10 Membro do Comitecirc Local do Compromisso da representaccedilatildeo
governamental 00
11 Membro do Comitecirc Local do Compromisso da representaccedilatildeo natildeo-
governamental 00
12 Membro do Conselho de Controle Social do FUNDEB da
representaccedilatildeo governamental 01
13 Membro do Conselho de Controle Social do FUNDEB da
representaccedilatildeo natildeo-governamental 00
14 Diretor escolar ndash membro nato do Conselho Escolar 01
Total de entrevistados 1217
31
encontrados inicialmente como eacute o caso do Plano de Trabalho do primeiro PAR e o seu
monitoramento ausente nos arquivos da SEMEC da coordenaccedilatildeo do PAR e no banco de dados
do SIMEC Posteriormente foi encontrado mas incompleto em arquivo pessoal de uma das
entrevistadas
As entrevistas foram realizadas entre dezembro de 2015 e marccedilo de 2016 com os
membros dos conselhos sindicato teacutecnicos e gestor da rede municipal de ensino de Santana
perfazendo um total de doze sujeitos entrevistados As entrevistas seguiram roteiro preacutevio
contemplando aspectos da relaccedilatildeo do MEC com o municiacutepio por meio do PAR informaccedilotildees
acerca da descentralizaccedilatildeo nas decisotildees da gestatildeo e da participaccedilatildeo bem como da autonomia
dos conselhos no contexto da gestatildeo da educaccedilatildeo municipal
O loacutecus da pesquisa
O municiacutepio de Santana loacutecus da pesquisa eacute o segundo municiacutepio mais populoso do
Amapaacute com 101262 habitantes segundo dados do IBGE de 2010 estaacute localizado na regiatildeo
metropolitana de Macapaacute capital do Estado do Amapaacute A escolha do municiacutepio se deu em razatildeo
de este ser um dos municiacutepios de maior populaccedilatildeo do Estado ter aderido ao PAR e pela
proximidade de acesso agraves informaccedilotildees necessaacuterias ao esclarecimento da problemaacutetica em
questatildeo
A ESTRUTURA DA DISSERTACcedilAtildeO
A dissertaccedilatildeo eacute composta de trecircs capiacutetulos assim dispostos o primeiro intitulado ldquoA
poliacutetica de gestatildeo da educaccedilatildeo no Brasilrdquo versaraacute sobre a poliacutetica de gestatildeo da educaccedilatildeo no
contexto de redefiniccedilatildeo do papel do Estado explicitando abordagens teoacutericas sobre as
concepccedilotildees de gestatildeo da educaccedilatildeo no Brasil nas uacuteltimas deacutecadas a gestatildeo democraacutetica
instituiacuteda a partir da Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 e da Lei de
Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional de 1996 com base nas lutas implementadas na deacutecada
de 1980 e o modelo de gestatildeo gerencial proposto pelo Plano Diretor da Reforma do Aparelho
do Estado Brasileiro a partir de meados da deacutecada de 1990
O segundo capiacutetulo denominado ldquoA gestatildeo educacional no contexto do Plano de
Desenvolvimento da Educaccedilatildeo (PDE) do Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo
e do Plano de Accedilotildees Articuladasrdquo trataraacute de caracterizar e discutir as concepccedilotildees de gestatildeo da
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educaccedilatildeo presentes na poliacutetica educacional do Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo do
Plano de Metas Compromisso Todos Pela Educaccedilatildeo e do Plano de Accedilotildees Articuladas Trata-se
de evidenciar as singularidades e similaridades da poliacutetica de gestatildeo da educaccedilatildeo engendrada a
partir do instrumento de planejamento da educaccedilatildeo nos municiacutepios proposto no PAR
O terceiro capiacutetulo intitulado ldquoA gestatildeo educacional no contexto do Plano de Accedilotildees
Articuladas no municiacutepio de Santana-Amapaacuterdquo tem como objetivo caracterizar a educaccedilatildeo no
municiacutepio de Santana e analisar a partir de documentos e das entrevistas aos sujeitos as
implicaccedilotildees do PAR para a gestatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio de SantanaAP Tal anaacutelise se
baseou em seis indicadores da Gestatildeo Democraacutetica do PAR (1) existecircncia de conselhos
escolares (CE) (2) existecircncia composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (3)
composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar (CAE) (4) composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo
do Conselho do Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de
Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo (FUNDEB) (5) criteacuterios para escolha da direccedilatildeo
escolar19 e (6) Existecircncia e atuaccedilatildeo do comitecirc local do compromisso O objetivo foi avaliar se
o PAR trouxe consequecircncias para o modelo de gestatildeo adotado pela rede municipal de educaccedilatildeo
de Santana-AP se possibilitou a descentralizaccedilatildeo da gestatildeo a maior participaccedilatildeo da
comunidade na tomada de decisotildees enfim se por meio do PAR a gestatildeo da rede municipal de
ensino vem construindo maiores possibilidades de autonomia e participaccedilatildeo dos sujeitos
Nas consideraccedilotildees finais apresentamos os resultados dessa pesquisa em que a poliacutetica
traccedilada pelo Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo atraveacutes do PAR foi
implantada na rede municipal de ensino de Santana Fazendo uma reflexatildeo sobre os resultados
alcanccedilados nessa pesquisa e relacionando-os ao referencial teoacuterico que embasaram a concepccedilatildeo
de democratizaccedilatildeo da educaccedilatildeo adotada podemos afirmar que a praacutetica a gestatildeo educacional
do municiacutepio de Santana apresentou-se patrimonialista com traccedilos de uma gestatildeo gerencialista
pois natildeo tem ocorrido a descentralizaccedilatildeo da gestatildeo na rede municipal de ensino com a
participaccedilatildeo efetiva da sociedade nos conselhos de controle social Os recursos financeiros
relativos agrave educaccedilatildeo municipal de Santana satildeo centralizados na Prefeitura dificultando o
planejamento participativo da educaccedilatildeo no municiacutepio E os sujeitos envolvidos nos Conselhos
de Controle Social encontram dificuldades em atuar devido agraves proacuteprias condiccedilotildees de
funcionamento seja de local de transporte ou mesmo de acesso as informaccedilotildees jaacute que estas
encontram-se centralizadas
19 Esse indicador estaacute presente nas duas versotildees do PAR entretanto no 1ordm PAR ele estaacute presente na aacuterea da gestatildeo
democraacutetica e no 2ordm PAR ele aparece como um indicador de outra aacuterea a de gestatildeo de pessoas
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1 A POLIacuteTICA DE GESTAtildeO DA EDUCACcedilAtildeO NO BRASIL
Este capiacutetulo trata das poliacuteticas de gestatildeo da educaccedilatildeo no Brasil na perspectiva de se
compreender o processo que desencadeou a proposta de gestatildeo educacional que permeia o
Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo o Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo
(PMTE) e o Plano de Accedilotildees Articuladas Para isso em um primeiro momento abordaremos
contexto de institucionalizaccedilatildeo da gestatildeo democraacutetica e seus vaacuterios mecanismos e em um
segundo momento enfocaremos a proposta de gestatildeo gerencial para a administraccedilatildeo puacuteblica a
partir do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado de 199520 no contexto de redefiniccedilatildeo
do papel do Estado
11 O CAPITALISMO E A CRISE
A compreensatildeo de como se constituiu a crise do Estado e do seu papel no contexto da
sociedade capitalista satildeo importantes para situarmos historicamente os conflitos que vecircm
ocorrendo no mundo moderno e particularmente no Brasil que giram em torno de interesses
diversos na organizaccedilatildeo social poliacutetica e econocircmica O que reflete certamente na tomada de
decisatildeo do Estado que promove accedilotildees a favor do capital ou a favor das exigecircncias da sociedade
A crise do capital atingiu as poliacuteticas educacionais no Brasil na deacutecada de 1990 reflexo
de um cenaacuterio de transformaccedilotildees que vinha se formando internacionalmente desde a deacutecada de
1970 quando o capitalismo daacute sinais de esgotamento e entra em crise de amplas proporccedilotildees
Essa crise tem fortes repercussotildees no papel do Estado que desde o poacutes-guerra vinha
assumindo o papel de controle dos ciclos econocircmicos como Estado de bem-estar social21
De acordo com Antunes (1999) essa eacute uma crise estrutural que se desencadeou a partir
da crise do fordismo e keynesianismo com a queda da taxa de lucros em funccedilatildeo do aumento da
forccedila de trabalho resultante das lutas operaacuterias e sociais ocorridas em deacutecadas anteriores e do
controle de regulaccedilatildeo principalmente em paiacuteses capitalistas E afirma o autor que a crise do
20O Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado (1995) foi elaborado pelo Ministeacuterio da Administraccedilatildeo
Federal e da Reforma do Estado na gestatildeo de Bresser Pereira no Governo Fernando Henrique Cardoso que
definiu objetivos e estabeleceu diretrizes para a reforma da administraccedilatildeo puacuteblica brasileira Segundo este Plano
o Estado deve assumir um papel menos executor ou prestador direto de serviccedilos e atuar mais como regulador e
avaliador das poliacuteticas puacuteblicas 21 O ldquoEstado de bem-estar socialrdquo ou ldquoWelfare Staterdquo de John Maynard Keynes ldquotinha o papel de controlar os
ciclos econocircmicos combinando poliacuteticas fiscais e monetaacuterias As poliacuteticas eram direcionadas para o investimento
puacuteblico principalmente para os setores vinculados ao crescimento da produccedilatildeo e o consumo de massa que tinham
tambeacutem o objetivo de garantir o pleno emprego O salaacuterio social era complementado pelos governos atraveacutes da
seguridade social assistecircncia meacutedica educaccedilatildeo habitaccedilatildeo O Estado acabava exercendo tambeacutem o papel de
regular direta ou indiretamente os acordos salariais e os direitos dos trabalhadores na produccedilatildeordquo (PERONI 2003
p 22)
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Estado eacute uma consequecircncia da crise capitalista e natildeo a causa dessa forma o capitalismo como
resposta a sua proacutepria crise se reorganiza e reconfigura o sistema ideoloacutegico e poliacutetico de
dominaccedilatildeo apresentando ldquoo neoliberalismo com a privatizaccedilatildeo do Estado a
desregulamentaccedilatildeo dos direitos do trabalho e a desmontagem do setor produtivo estatalrdquo
(ANTUNES 1999 p31)
Segundo Meszaacuteros (2002) a Crise eacute a manifestaccedilatildeo ldquodo espectro da incontrolabilidade
totalrdquo do capital quando se evidencia o aacutepice de sua incapacidade civilizatoacuteria e sua face mais
destrutiva possiacutevel De acordo com o autor a incontrolabilidade do capital satildeo inerentes ao
sistema capitalista que por estarem na base estrutural da relaccedilatildeo entre capital-trabalho natildeo
podem ser remediados de forma radical sob pena de comprometer a sobrevivecircncia do sistema
A crise de acordo com Antunes (1999) Meacuteszaacuteros (2011) Peroni (2006) e Harvey
(2008) natildeo se encontra no Estado e sim na estrutura do capital Meszaacuteros (2011) afirma que
eacute necessaacuterio esclarecer as diferenccedilas relevantes entre tipos ou modalidades de crise pois uma
crise na esfera social pode ser considerada uma lsquocrise perioacutedicaconjunturalrsquo ou uma lsquocrise
estrutural fundamentalrsquo A lsquocrise perioacutedicarsquo ou lsquoconjunturalrsquo pode ser severa poreacutem haacute formas
mais ou menos de solucionaacute-las com sucesso dentro da estrutura estabelecida Jaacute a lsquocrise
estrutural fundamentalrsquo afeta a proacutepria estrutura em sua totalidade como afirma o autor
a crise em nossos dias natildeo eacute compreensiacutevel sem que seja referida agrave ampla estrutura
social global Isso significa que a fim de esclarecer a natureza da persistente e cada
vez mais grave crise em todo o mundo hoje devemos focar a atenccedilatildeo na crise do
sistema do capital em sua inteireza pois a crise do capital que ora estamos
experimentando eacute uma crise estrutural que tudo abrange (MESZAacuteROS 2011 p3)
Com efeito a crise estrutural natildeo pode ser conceituada em termos das categorias de crise
perioacutedica ou conjuntural pois haacute uma diferenccedila crucial entre elas enquanto a crise perioacutedica
desdobra-se dentro da sua estrutura a outra abrange tudo e deve ser analisada na totalidade a
partir de uma avaliaccedilatildeo adequada da natureza da crise econocircmica e social de nossos dias
Por outro lado os defensores de um projeto fundamentado no neoliberalismo ndash
Fernando Henrique Cardoso Bresser Pereira e Fernando Collor de Melo ndash afirmam que desde
a deacutecada de 80 o Estado brasileiro estaacute em crise porque ao tentar se legitimar gastou mais do
que podia no atendimento agraves necessidades da populaccedilatildeo em poliacuteticas sociais e provocando
desse modo a crise fiscal Destaca-se que os serviccedilos puacuteblicos eram os principais causadores
da crise e por isso era necessaacuterio reconstruir as funccedilotildees e a organizaccedilatildeo do Estado
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Dessa forma a globalizaccedilatildeo da economia foi uma das alternativas encontradas pelos
neoliberais para sair da crise destacando as privatizaccedilotildees e a reforma administrativa com a
desregulamentaccedilatildeo dos mercados e liberalizaccedilatildeo comercial e financeira Para Bresser Pereira
(1996) se aplicadas tais poliacuteticas reformistas a reforma neoliberal e a social democraacutetica o
paiacutes estaria apto para o crescimento econocircmico pois a
() diferenccedila entre uma proposta de reforma neoliberal e uma social democraacutetica estaacute
no fato de que o objetivo da primeira e retirar o Estado da economia enquanto que o
da segunda eacute aumentar a governanccedila do Estado eacute dar ao Estado meios financeiros e
administrativos para que ele possa intervir efetivamente sempre que o mercado natildeo
tiver condiccedilotildees de coordenar adequadamente a economia (BRESSER-PEREIRA
1996 p 1 - 2)
Partindo desse contexto neoliberal para superar a crise brasileira e assegurado por
Bresser Pereira em 1995 atendendo aos interesses do mercado o governo brasileiro implantou
o Ministeacuterio da Administraccedilatildeo e Reforma do Estado (MARE) com a finalidade de reformar o
Estado brasileiro Destaca-se que nesse mesmo ano ndash 1995 no primeiro ano de governo
Fernando Henrique Cardoso - eacute lanccedilado o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado
(PDRAE) que sugere uma reforma na administraccedilatildeo do Estado para a superaccedilatildeo da crise e
oferece uma seacuterie de accedilotildees e estrateacutegias que devem ser tomadas pelas instituiccedilotildees considerando-
as como inadiaacuteveis sendo elas
(1) o ajustamento fiscal duradouro (2) reformas econocircmicas orientadas para o
mercado que acompanhadas de uma poliacutetica industrial e tecnoloacutegica garantam a
concorrecircncia interna e criem as condiccedilotildees para o enfrentamento da competiccedilatildeo
internacional (3) a reforma da previdecircncia social (4) a inovaccedilatildeo dos instrumentos de
poliacutetica social proporcionando maior abrangecircncia e promovendo melhor qualidade
para os serviccedilos sociais e (5) a reforma do aparelho do Estado com vistas a aumentar
sua ldquogovernanccedilardquo ou seja sua capacidade de implementar de forma eficiente poliacuteticas
puacuteblicas (BRASIL 1995 p 11)
Como o resultado de um pacote de mudanccedilas no Estado o PDRAE propotildee alternativas
para combater a crise instalada no Estado Brasileiro sendo que essas propostas se movimentam
no sentido de reduzir o papel do Estado e os direitos conquistados na Constituiccedilatildeo Federal de
1988 como as poliacuteticas sociais e os direitos trabalhistas Nesse sentido as conquistas sociais
que estavam garantidas na Constituiccedilatildeo como o direito agrave educaccedilatildeo sauacutede transportes
puacuteblicos seguranccedila entre outros devem ser ldquocomprados e regidos pela feacuterrea loacutegica das leis
do mercado Na realidade o objetivo maior eacute a ideia de um lsquoEstado miacutenimorsquo que significa o
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Estado suficiente e necessaacuterio unicamente para os interesses da reproduccedilatildeo do capitalrdquo
(FRIGOTTO 1995 p 83-84)
Cabe ressaltar que o projeto capitalista de reformar o Estado Brasileiro busca uma
relaccedilatildeo entre os setores puacuteblicos e privados utilizando de estrateacutegias de manipulaccedilatildeo para
superaccedilatildeo da crise O projeto capitalista eacute permeado de estrateacutegias de acordo com Peroni
(2006) o qual cita quatro delas a Reestruturaccedilatildeo Produtiva a Globalizaccedilatildeo o Neoliberalismo
e a Terceira Via que tentam viabilizar e condicionar o aumento do lucro atraveacutes da aproximaccedilatildeo
do mercado com o Estado
A primeira delas a lsquoreestruturaccedilatildeo produtivarsquo pressupotildee a intensificaccedilatildeo das
transformaccedilotildees no processo produtivo e essa foi uma das respostas agrave crise do capital e agrave crise
da acumulaccedilatildeo que teve iniacutecio em 1973 que com base no avanccedilo tecnoloacutegico e no toyotismo22
se apoiou
na flexibilidade dos processos dos mercados de trabalho dos produtos e padrotildees de
consumo Caracteriza-se pelo surgimento de setores de produccedilatildeo inteiramente novos
novas maneiras de fornecimento de serviccedilos financeiros novos mercados e
sobretudo taxas altamente intensificadas de inovaccedilatildeo comercial tecnoloacutegica e
organizacional (HARVEY 2003 p 140)
Com a produccedilatildeo fabril flexibilizada e informatizada ndash tiacutepico da acumulaccedilatildeo do capital
ndash houve uma queda no operariado manual e estaacutevel isso resultou na expansatildeo da precarizaccedilatildeo
do trabalho (contrataccedilatildeo temporaacuteria trabalho em tempo parcial) Nessa compreensatildeo o capital
pode ateacute precarizar e subutilizar a matildeo de obra mas o desenvolvimento tecnoloacutegico natildeo pode
substituir a capacidade intelectual do homem poreacutem consegue reproduzir na sociedade a ideia
dos valores empresariais e mercadoloacutegicos Com a reestruturaccedilatildeo produtiva a classe
trabalhadora fragmentou-se heterogeneizou-se e complexificou-se mas ainda assim natildeo corre
o risco de desaparecer (ANTUNES 2003)
Uma outra estrateacutegia utilizada para superar a crise do capitalismo eacute a lsquoglobalizaccedilatildeorsquo No
final do seacutec XX os desdobramentos do capitalismo em sua forma de acumular riquezas e assim
superar a crise desafiam a praacutetica e o pensamento social Segundo Chesnais (1996) o uso do
termo globalizaccedilatildeo eacute insuficiente para a compreensatildeo do processo de internacionalizaccedilatildeo do
22 O Toyotismo segundo Antunes (2005) eacute uma forma de organizaccedilatildeo do trabalho na faacutebrica da Toyota no Japatildeo
nos anos apoacutes 1945 que apresentava as seguintes caracteriacutesticas produccedilatildeo vinculada a demanda processo de
produccedilatildeo flexiacutevel possibilitando a um mesmo operaacuterio operar vaacuterias maacutequinas e desenvolver vaacuterias funccedilotildees A
produccedilatildeo em geral eacute horizontalizada ou seja grande parte da produccedilatildeo eacute terceirizada e subcontratada para deixar
as empresas mais ldquoenxutasrdquo ou mais ldquolevesrdquo
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capital atual ela denominou entatildeo de mundializaccedilatildeo do capital23 por se tratar de um regime de
acumulaccedilatildeo predominantemente financeira configurando um espaccedilo conectado mundialmente
Essas conexotildees que tecircm como cenaacuterio o mundo em tempo real e que movimenta o capital
financeiro satildeo possiacuteveis a partir dos
Sistemas de comunicaccedilatildeo por sateacutelite e por cabo aliados agraves novas tecnologias de
informaccedilatildeo e agrave microeletrocircnica possibilitam a conexatildeo em tempo real dos mercados
das financcedilas e da produccedilatildeo As transformaccedilotildees que estatildeo ocorrendo no interior do
capitalismo inauguram de forma intensa ou mediatizada uma nova forma de estar no
mundo (CHESNAIS 1996 p 34)
Nesse contexto a globalizaccedilatildeo ocorre a partir da configuraccedilatildeo geopoliacutetica dos mercados
internacionais que fazem conexotildees com outros mercados operados por investidores
financeiros24 que avaliam e decidem sobre ldquoa participaccedilatildeo de tal paiacutes na rede em graus que
diferem de um compartimento a outro (cacircmbio obrigaccedilotildees accedilotildees etc)rdquo (CHESNAIS 1996 p
45) demarcando dessa maneira o paiacutes que quebra e o que estabiliza
Na verdade como afirma Frigotto (2001 p 36) trata-se de uma ldquoformaccedilatildeo de
oligopoacutelios e megacorporaccedilotildees mediante a fusatildeo ou alianccedilas entre grandes empresasrdquo Esse
processo inclui principalmente o grupo de paiacuteses mais ricos (Estados Unidos Canadaacute Japatildeo
Alemanha Franccedila Reino Unido e Itaacutelia) Esses paiacuteses se reuacutenem periodicamente para
resguardar os seus interesses e alertar que a livre concorrecircncia existe somente ateacute certo ponto
De toda forma considera o autor que o principal entre os problemas da globalizaccedilatildeo eacute uma
eventual desigualdade social por ela proporcionada em que o poder e a renda encontram-se em
maior parte concentrados nas matildeos de uma minoria burguesa o que atrela a questatildeo agraves
contradiccedilotildees do projeto capitalista
Uma outra estrateacutegia usada para superaccedilatildeo da crise do capital eacute o lsquoNeoliberalismorsquo tida
como uma ideologia impulsionada pelas teorias econocircmicas capitalistas que defende a natildeo
participaccedilatildeo do Estado na economia pois segundo essa ideologia o Estado eacute o principal
responsaacutevel por anomalias no funcionamento do mercado livre onde deve haver total liberdade
para garantir o crescimento econocircmico e o desenvolvimento social de um paiacutes Por outro lado
Peroni (2006) afirma que o neoliberalismo atua na privatizaccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos pelo
23 A lsquomundializaccedilatildeo do capitalrsquo eacute ldquoa capacidade estrateacutegica de todo grande grupo oligopolista voltado para a
produccedilatildeo manufatureira ou para as principais atividades de serviccedilos de adotar por conta proacutepria um enfoque e
condutas lsquoglobaisrsquordquo () incluindo-se a esfera financeira (CHESNAIS 1996 p 17) 24Os investidores institucionais segundo Chesnais (2005) satildeo organismos tais como fundos de pensatildeo fundos
coletivos de aplicaccedilatildeo sociedades de seguro bancos que administram sociedades de investimento que teriam feito
da descentralizaccedilatildeo dos lucros natildeo reinvestidos das empresas e das famiacutelias (planos de previdecircncia privados
poupanccedila salarial) um trampolim para a aquisiccedilatildeo de acumulaccedilatildeo financeira de grande proporccedilatildeo
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repasse da sua execuccedilatildeo ao mercado busca a racionalizaccedilatildeo dos recursos e a diminuiccedilatildeo dos
gastos do Estado com as poliacuteticas sociais e educacionais restringindo assim a atuaccedilatildeo das
instituiccedilotildees puacuteblicas o que tem gerado contradiccedilotildees quanto ao papel social do Estado impliacutecito
na Constituiccedilatildeo Federal Brasileira de 1988
A lsquoTerceira viarsquo eacute outra estrateacutegia utilizada pela teoria neoliberal para vencer a crise
Segundo os teoacutericos defensores do neoliberalismo a proposta da Terceira Via pressupotildee um
Estado democraacutetico que tem como principais caracteriacutesticas a ldquodescentralizaccedilatildeo dupla
democratizaccedilatildeo renovaccedilatildeo da esfera puacuteblica-transparecircncia eficiecircncia administrativa
mecanismos de democracia direta e governo como administrador de riscosrdquo (GIDDENS 2001
p 87) Por outro lado Peroni e Caetano (2012) criticam as estrateacutegias da teoria neoliberal que
buscam a racionalizaccedilatildeo dos recursos e o esvaziamento do poder das instituiccedilotildees transferindo
a execuccedilatildeo das poliacuteticas sociais para o terceiro setor ldquoque eacute caracterizado como o puacuteblico natildeo-
estatalrdquo (PERONI CAETANO 2012 p 4) ou seja para a sociedade civil utilizando-se do
discurso da democratizaccedilatildeo e da participaccedilatildeo sem romper com o neoliberalismo
Caracterizada como uma ldquoarena de interesses contraditoacuterios e conflituososrdquo (VIEIRA
2007 p59) a gestatildeo puacuteblica se materializa na praacutetica das poliacuteticas traccediladas pelo poder puacuteblico
qualificando-se como uma ldquotarefa complexa e cheia de meandrosrdquo (VIEIRA 2007 p59)
Vieira (2007) e Paro (2005) compartilham da mesma ideia de que os valores estatildeo impliacutecitos
nas intencionalidades poliacuteticas nas condiccedilotildees dadas para a implementaccedilatildeo onde estaacute a base
material da gestatildeo puacuteblica com recursos materiais e financeiros e ainda de condiccedilotildees poliacuteticas
favoraacuteveis para concretizaccedilatildeo
Acerca desse debate sobre a gestatildeo puacuteblica uma tendecircncia internacional de reformas na
administraccedilatildeo puacuteblica na gestatildeo das poliacuteticas sociais e educacionais vem se formando nos
paiacuteses da Ameacuterica Latina a partir dos anos de 1990 inclusive no Brasil reflexo da crise
mundial que atingiu os paiacuteses centrais na deacutecada de 1980 A introduccedilatildeo de princiacutepios da
administraccedilatildeo empresarial no setor puacuteblico foi uma das mudanccedilas no padratildeo de organizaccedilatildeo e
gestatildeo que Lima (1997) denominou de paradigma da educaccedilatildeo contaacutebil (LIMA 1997 p 43
grifos do autor) Esse paradigma no Brasil se constitui por meio da Terceira Via nas parcerias
puacuteblico-privadas nos ldquonovos contratos de gestatildeordquo na compra de materiais didaacutetico-
pedagoacutegicos do setor privado nas avaliaccedilotildees com foco nos resultados no controle da eficiecircncia
e qualidade das instituiccedilotildees educativas
Essas medidas derivam de dois fatores principais das restriccedilotildees orccedilamentaacuterias dos
Estados em razatildeo do aprofundamento da crise financeira e econocircmica que se espalhara por todo
o mundo globalizado atingindo seu aacutepice em 2008 e da implantaccedilatildeo de princiacutepios do
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ldquomovimento denominado New Public Management (NPM)rdquo (MARINI 2003 p 47) nas accedilotildees
dos governos
O modelo de gestatildeo gerencial ou ainda o termo Nova Gerecircncia Puacuteblica (New Public
Management mdash NPM) eacute frequentemente utilizado em muitos dos paiacuteses-membros25 da
Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econocircmico - OCDE O termo parece
descrever certo tipo de reforma administrativa que sob orientaccedilotildees da OCDE tem contribuiacutedo
para a elaboraccedilatildeo de uma visatildeo mais econocircmica e gerencial da administraccedilatildeo governamental
vinculada aos interesses do mercado capitalista e apoiada pela poliacutetica neoliberal de modo que
natildeo possibilita a participaccedilatildeo de todos Nesses termos o gerencialismo26 seria portanto
O modelo de aplicaccedilatildeo dos princiacutepios gerenciais do setor empresarial privado ao setor
puacuteblico Em termos praacuteticos essa concepccedilatildeo restrita da NPM implica numa ecircnfase da
gerecircncia de contratos na introduccedilatildeo de mecanismos de mercado no setor puacuteblico e na
vinculaccedilatildeo estabelecida entre o pagamento e o desempenho (ORMOND 1999 p73)
Nesse sentido o modelo de gestatildeo gerencial ou gerencialismo importado das empresas
privadas eacute reproduzido para o serviccedilo puacuteblico mesmo quando essa tendecircncia internacional da
administraccedilatildeo natildeo se materializa da mesma forma em todos os paiacuteses que a implantaram Em
alguns paiacuteses esse modelo deu certo e prosperou jaacute em outros encontrou reaccedilatildeo sendo ldquodebatido
ou introduzido gradualmente ou de forma mitigada mas em todo o caso conquistou adeptos
concentrou atenccedilotildees e motivou ataques e resistecircncias como nenhum outrordquo (LIMA 1997 p
47)
A reforma na administraccedilatildeo puacuteblica na perspectiva do gerencialismo de acordo com
Abruacutecio (2010) tem a descentralizaccedilatildeo como um mecanismo adotado internamente pelas
empresas privadas com o objetivo de garantir a eficiecircncia e eficaacutecia no controle da gestatildeo de
resultados no planejamento estrateacutegico no controle por meio de avaliaccedilotildees de desempenho
nacionais estaduais e municipais no controle das accedilotildees individuais (responsabilizaccedilatildeo) e na
emissatildeo de relatoacuterios administrativos
Natildeo diferentemente de outros paiacuteses da Ameacuterica Latina no Brasil Bresser Pereira
(2007) afirma que esse novo modelo vem se estruturando no paiacutes e que envolve organizaccedilotildees
estatais puacuteblicas natildeo estatais corporativas e privadas Essas organizaccedilotildees se relacionam em
25 Paiacuteses membros da OCDE ndash Aacuteustria Beacutelgica Dinamarca Franccedila Greacutecia Islacircndia Irlanda Itaacutelia Luxemburgo
Noruega Paiacuteses Baixos Portugal Reino Unido Sueacutecia Suiacuteccedila Turquia Alemanha Espanha Canadaacute USA Japatildeo
Finlacircndia Austraacutelia Nova Zelacircndia Repuacuteblica Checa Meacutexico Hungria Polocircnia Coreia do Sul Eslovaacutequia
Chile Eslovecircnia e Israel
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redes e essas relaccedilotildees satildeo identificadas como parcerias entre instituiccedilotildees puacuteblico-privadas-
terceiro setor O autor traz referecircncias em defesa desse modelo que segundo ele para o
desenvolvimento do paiacutes eacute necessaacuterio um consenso entre diferentes setores da sociedade O
autor demonstra que ldquoum consenso pleno eacute impossiacutevel mas um consenso que una empresaacuterios
do setor produtivo trabalhadores teacutecnicos do governo e classes meacutedias profissionais - um
acordo nacional portanto ndash estaacute hoje em processo de formaccedilatildeordquo (BRESSER-PEREIRA 2007
p 163)
Assim novas relaccedilotildees entre o Estado o mercado e a sociedade civil se formam no paiacutes
Eacute como uma revoluccedilatildeo passiva que busca rearticular natildeo soacute a produccedilatildeo como tambeacutem regular
as novas relaccedilotildees humanas e sociais pois o controle do capital natildeo incide somente na extraccedilatildeo
da mais-valia mas ainda nessas articulaccedilotildees promovidas em torno de um consenso entre as
classes que organizam essas negociaccedilotildees e acordos no paiacutes
Desde o governo Fernando Henrique Cardoso jaacute vinha se formando um movimento de
ldquoparceriasrdquo que foi prosseguido no governo do Presidente Lula por meio do consenso com o
objetivo de acomodar e harmonizar a governanccedila puacuteblica Nesse sentido o consenso27 entre o
Estado e setores da sociedade civil vem seguindo no sentido de modificar as relaccedilotildees de poder
em um ldquonovo contratordquo em que o setor privado e o terceiro setor passaram a responsabilizar-se
pelos serviccedilos sociais que antes eram de responsabilidade do Estado Esses ldquonovos contratosrdquo
tem como foco princiacutepios gerenciais de mercado baseados na eficiecircncia na eficaacutecia na
flexibilidade dos contratos para atingir os resultados
No proacuteximo toacutepico vamos tratar dessas ldquonovas relaccedilotildeesrdquo que estatildeo ancoradas na
redefiniccedilatildeo do papel do Estado por meio do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado
Brasileiro de 1995 e na participaccedilatildeo das estruturas de poder com significativas implicaccedilotildees no
acircmbito das poliacuteticas educacionais e da gestatildeo da educaccedilatildeo
27 O consenso (ativo ou passivo) numa sociedade capitalista eacute organizado pela burguesia e por liderar esse bloco
deteacutem a hegemonia porque consegue ir aleacutem dos seus interesses econocircmicos imediatos para manter articuladas
forccedilas heterogecircneas numa accedilatildeo essencialmente poliacutetica que impeccedila o rompimento dos contrastes existentes entre
elas (GRAMSCI 2000) O Estado dizia Gramsci eacute sempre uma combinaccedilatildeo dialeacutetica de hegemonia e coerccedilatildeo
assim o exerciacutecio normal da hegemonia no terreno tornado claacutessico do regime parlamentar caracteriza-se pela
combinaccedilatildeo da forccedila e do consenso que se equilibram de modo variado sem que a forccedila suplante muito o consenso
mas ao contraacuterio tentando fazer com que a forccedila pareccedila apoiada no consenso da maioria expresso pelos chamados
oacutergatildeos da opiniatildeo puacuteblica (GRAMSCI 2000 p 95)
41
12 A REFORMA DO ESTADO BRASILEIRO E SUAS IMPLICACcedilOtildeES PARA A GESTAtildeO
DA EDUCACcedilAtildeO
Esse toacutepico trata da Reforma do Estado brasileiro e os seus reflexos na educaccedilatildeo
brasileira a partir de dois modelos de gestatildeo o gerencial e o democraacutetico
A ideia de reformar o Estado no Brasil teve iniacutecio nos anos 90 como reflexo da crise
instalada no paiacutes De um lado Bresser Pereira no Plano de Reforma do Aparelho do Estado
brasileiro argumenta que era necessaacuteria e urgente uma reforma de Estado para superar a
ineficiecircncia o burocratismo e o mau serviccedilo prestado agrave populaccedilatildeo principalmente na aacuterea
social A partir de entatildeo dentro de uma visatildeo neoliberal eacute criado durante o governo do
Presidente Fernando Henrique Cardoso pelo entatildeo Ministro Luiz Carlos Bresser Pereira em
1995 o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado Brasileiro (PDRAE) sob a
justificativa de que o Estado deveria assumir um papel menos executor ou prestador direto de
serviccedilos pois a administraccedilatildeo deveria se realizar por meio de ldquocontratos de gestatildeordquo que
definisse com clareza os objetivos ou indicadores de desempenho das instituiccedilotildees puacuteblicas e
permitisse o controle por resultados Desse modo caberia ao Estado ser o oacutergatildeo coordenador
financiador e regulador dos serviccedilos Por outro lado defensores do Estado democraacutetico
contestam que essas medidas afrontam veementemente os direitos sociais jaacute conquistados e
garantidos sob muita luta dos trabalhadores na Constituiccedilatildeo Federal de 1988
Propagando a imagem de que as atividades do setor puacuteblico-estatal natildeo atendem as
necessidades sociais baacutesicas da populaccedilatildeo pois o Estado estaacute ineficiente improdutivo e
antieconocircmico eacute articulado uma Reforma no Estado para que atenda a um novo modelo de
gestatildeo que tem o setor privado como paracircmetro de eficiecircncia efetividade e produtividade
podendo responder agraves demandas sociais de forma menos burocraacutetica e com maior rapidez As
poliacuteticas neoliberais se posicionam contrariamente agraves poliacuteticas distributivas de bem-estar social
e afirmam que o Estado que prioriza essas questotildees sociais eacute visto como um Estado de mal-
estar social Nesse sentido essas poliacuteticas neoliberais trabalham para racionalizar os custos
financeiros do Estado com gastos em sauacutede educaccedilatildeo habitaccedilatildeo transporte puacuteblico pensotildees
e aposentadorias reduzindo ainda as importaccedilotildees e incentivando a exportaccedilatildeo
Segundo Neves (2005) essa teoria de cunho neoliberal se sustentava na tese do ldquoEstado
miacutenimordquo que de produtor direto de bens e serviccedilos o Estado passou a coordenador de
iniciativas privadas ldquointrojetando nas instituiccedilotildees puacuteblicas estatais noccedilotildees de eficiecircncia
produtividade e racionalidade inerentes agrave loacutegica do capital (NEVES 2005 p 92) O caminho
42
que estaacute sendo proposto no PDRAE eacute justamente impor a privatizaccedilatildeo como a principal poliacutetica
de Estado seguindo as orientaccedilotildees internacionais do Banco Mundial e do Fundo Monetaacuterio
Internacional
Essa discussatildeo do Estado de bem-estar social eacute apresentada por Fiori (1997) e
demonstra uma complexa rede de determinaccedilotildees econocircmicas ideoloacutegicas e poliacuteticas que define
e diferencia o Estado de bem-estar social de outras eacutepocas e de outras experiecircncias nacionais
Para o autor a realidade de paiacuteses como os Estados Unidos a Europa o Japatildeo e o Brasil satildeo
diferentes e em razatildeo disso o que se apresenta como o Estado de bem-estar social em um paiacutes
natildeo pode ser padronizado da mesma forma em outro pois deve-se levar em conta algumas
questotildees centrais como ldquoformas de financiamento pela extensatildeo de serviccedilos pelo peso do
setor puacuteblico pelo seu grau de sensibilidade aos sistemas puacuteblicos pela sua forma de
organizaccedilatildeo institucional etcrdquo (FIORI 1997 p 135)
No texto do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado (PDRAE) a proposta de
Reforma do Estado eacute apresentada sob uma nova configuraccedilatildeo na estrutura do Estado que se
divide em trecircs diferentes setores o nuacutecleo estrateacutegico as atividades exclusivas e os serviccedilos
natildeo exclusivos Cada um deles corresponde a um modelo de gestatildeo com diferentes abrangecircncias
e consequecircncias para a democratizaccedilatildeo dos direitos a saber
O Nuacutecleo estrateacutegico - Corresponde ao governo em sentido lato Eacute o setor que define
as leis e as poliacuteticas puacuteblicas e cobra o seu cumprimento Eacute portanto o setor onde as
decisotildees estrateacutegicas satildeo tomadas Corresponde aos Poderes Legislativo e Judiciaacuterio
ao Ministeacuterio Puacuteblico e no poder executivo ao Presidente da Repuacuteblica aos ministros
e aos seus auxiliares e assessores diretos responsaacuteveis pelo planejamento e
formulaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas
Atividades exclusivas - Eacute o setor em que satildeo prestados serviccedilos que soacute o Estado pode
realizar Satildeo serviccedilos em que se exerce o poder extroverso do Estado - o poder de
regulamentar fiscalizar fomentar Como exemplos temos a cobranccedila e fiscalizaccedilatildeo
dos impostos a poliacutecia a previdecircncia social baacutesica o serviccedilo de desemprego a
fiscalizaccedilatildeo do cumprimento de normas sanitaacuterias o serviccedilo de tracircnsito a compra de
serviccedilos de sauacutede pelo Estado o controle do meio ambiente o subsiacutedio agrave educaccedilatildeo
baacutesica o serviccedilo de emissatildeo de passaportes etc
Os Serviccedilos Natildeo Exclusivos - Corresponde ao setor onde o Estado atua
simultaneamente com outras organizaccedilotildees puacuteblicas natildeo-estatais e privadas As
instituiccedilotildees desse setor natildeo possuem o poder de Estado Este entretanto estaacute presente
porque os serviccedilos envolvem direitos humanos fundamentais como os da educaccedilatildeo
e da sauacutede ou porque possuem ldquoeconomias externasrdquo relevantes na medida que
produzem ganhos que natildeo podem ser apropriados por esses serviccedilos atraveacutes do
mercado As economias produzidas imediatamente se espalham para o resto da
sociedade natildeo podendo ser transformadas em lucros Satildeo exemplos deste setor as
universidades os hospitais os centros de pesquisa e os museus (BRASIL MARE
1995 p41) [grifos nossos]
43
No PDRAE o nuacutecleo estrateacutegico corresponde a alta cuacutepula dos trecircs poderes (executivo
legislativo e judiciaacuterio) e seus assessores diretos no paiacutes que satildeo os responsaacuteveis pelo
planejamento das poliacuteticas puacuteblicas a serem implantadas no paiacutes Nos serviccedilos exclusivos estaacute
o poder do Estado como regulamentador fiscalizador e fomentador das poliacuteticas puacuteblicas Os
serviccedilos natildeo-exclusivos onde estatildeo algumas poliacuteticas sociais que antes estavam sobre a atuaccedilatildeo
do Estado passam a ter os serviccedilos oferecidos tambeacutem pelas instituiccedilotildees puacuteblicas natildeo-estatais
e privadas
Ora veja-se que nesses serviccedilos natildeo-exclusivos do Estado estatildeo presentes alguns
direitos humanos fundamentais legalmente constituiacutedos de acordo com a Constituiccedilatildeo Federal
de 1988 como a educaccedilatildeo e a sauacutede Entretanto o PDRAE ao retirar do Estado a
obrigatoriedade na oferta desses serviccedilos essenciais conquistados pela populaccedilatildeo e transferi-lo
para as instituiccedilotildees puacuteblicas natildeo-estatais privadas e terceiro setor estatildeo portanto abrindo
espaccedilos para o setor privado agir Assim com todas as formas de ldquoeficiecircnciardquo e ldquoeficaacuteciardquo que
o setor privado gerencia os seus empreendimentos particulares reproduz-se esse mesmo
modelo principalmente em setores essenciais como a sauacutede e a educaccedilatildeo trazendo para o
serviccedilo puacuteblico uma nova loacutegica de produtividade e competitividade caracteriacutesticas do
neoliberalismo Em defesa dessa flexibilidade da vertente neoliberal Cardoso (2003 p15)
afirma que ldquo() a produccedilatildeo de bens e serviccedilos pode e deve ser transferida agrave sociedade agrave
iniciativa privada com grande eficiecircncia e com menor custo para o consumidorrdquo
O PDRAE sugere a ldquodescentralizaccedilatildeo de serviccedilosrdquo como elemento estimulador da
democratizaccedilatildeo da accedilatildeo estatal no entanto nem sempre funciona pois ela se apresenta muitas
vezes apenas como uma forma mais eficiente de controle dos gastos puacuteblicos Assim sob o
argumento da participaccedilatildeo coletiva toda a sociedade eacute convocada a contribuir com os serviccedilos
que antes eram de responsabilidade do Estado por meio do discurso da ldquoresponsabilidade
socialrdquo e da colaboraccedilatildeo ldquovoluntaacuteriardquo em razatildeo da qual todos passam a ser responsabilizados
pela oferta dos serviccedilos principalmente passando a ideia de eficiecircncia atraveacutes das parcerias
puacuteblico-privadas Esse modelo de Reforma do Estado baseado nos preceitos da mundializaccedilatildeo
do capital nos pressupostos neoliberais influenciaram as reformas tambeacutem no acircmbito
educacional e tem recebido duras criacuteticas de vaacuterios estudiosos da educaccedilatildeo no paiacutes como Neves
(2005) Peroni (2006) Gutierres (2010) Neto e Castro (2011)
Para os autores a redefiniccedilatildeo do papel do Estado tem traccedilado um novo rumo para a
educaccedilatildeo brasileira retirando inclusive direitos legalmente constituiacutedos Em se tratando das
poliacuteticas educacionais esse novo regulamento se propotildee a minimizar e controlar os custos com
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a educaccedilatildeo e atender ao maior nuacutemero de pessoas com serviccedilos educacionais prestados por
terceiros e natildeo mais como um direito social assegurado pelo Estado
Ao final do entatildeo governo Fernando Henrique Cardoso em 2002 foi eleito para
Presidecircncia da Repuacuteblica Luiz Inaacutecio Lula da Silva dentro de uma coalizatildeo de partidos de
centro-esquerda que abrangeu aleacutem do Partido dos Trabalhadores (PT) o Partido Comunista
do Brasil (PCdoB) o Partido Liberal (PL) o Partido da Mobilizaccedilatildeo Nacional (PMN) e o
Partido Comunista Brasileiro (PCB) Ao final de quatro anos em novo pleito eleitoral Lula da
Silva eacute reeleito em nova coalizatildeo partidaacuteria formada pelo Partido dos Trabalhadores (PT) pelo
Partido Comunista do Brasil (PCdoB) pelo Partido Liberal (PL) e pelo Partido Republicano
Brasileiro (PRB) para uma nova fase de governo que se estendeu ateacute 2010
Com Lula da Silva agrave frente da Presidecircncia da Repuacuteblica (2003-2010) trecircs Ministros de
Estado da Educaccedilatildeo estiveram agrave frente do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo quais sejam Cristovatildeo
Buarque em 2003 Tarso Genro 2004 e 2005 e Fernando Haddad de 2005 a 2010 Na
oportunidade estabeleceram ldquonovasrdquo poliacuteticas puacuteblicas para a educaccedilatildeo durante os oito anos de
governo Lula De acordo com FREITAS e SILVA (2015)
as poliacuteticas educacionais levadas a efeito pelo governo federal ao longo do primeiro
mandato de Lula da Silva agrave frente da Presidecircncia da Repuacuteblica de 2003 a 2007 o que
se apresenta eacute que vaacuterios pressupostos e propostas acabam por reforccedilar seu caraacuteter de
continuidade e reafirmaccedilatildeo da loacutegica do capital e da perspectiva que orientava tais
poliacuteticas desde a uacuteltima deacutecada do seacuteculo XX e primeiros anos do seacuteculo XXI
(FREITAS e SILVA 2015)
Dessa forma o que se observa eacute que o governo Lula da Silva deu continuidade as
poliacuteticas de mercado neoliberal consolidada no processo de globalizaccedilatildeo pelo ainda presidente
Fernando Henrique Cardoso mas que jaacute era tambeacutem reflexos do capital internacional desde os
governos Collor de Mello e Itamar Franco
O iniacutecio do segundo mandato do governo Lula (2007-2010) trouxe um marco
importante apresentado como um novo orientador e como uma nova perspectiva na conduccedilatildeo
das poliacuteticas educacionais com o anuacutencio do Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo e no seu
contexto do Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo
dos Profissionais da Educaccedilatildeo (FUNDEB) instituiacutedo pela Medida Provisoacuteria nordm 3392006 que
posteriormente fora convertida na Lei nordm 114942007
Embora o governo de Lula da Silva e o de sua sucessora Dilma Rousseff tenha
apresentado para o paiacutes uma proposta de crescimento econocircmico e de transferecircncia de renda o
programa de frente poliacutetica denominado por Boito Juacutenior (2012) de ldquoneodesenvolvimentistardquo
45
o qual comeccedilou a se formar no decorrer da deacutecada de 1990 e apresentou contradiccedilotildees frente a
algumas reformas apresenta semelhanccedilas em seus traccedilos mais gerais com as propostas lanccediladas
pelo governo de Fernando Henrique Cardoso no periacuteodo desenvolvimentista e populista28
Boito (2012 p 5) denomina o ldquoneodesenvolvimentismordquo de ldquoo desenvolvimentismo da eacutepoca
do capitalismo neoliberalrdquo e jaacute adverte que o tema eacute complexo Afirma que os governos Lula
da Silva e Dilma Rousseff lanccedilaram matildeo de alguns elementos importantes que ficaram de fora
da proposta do governo de Fernando Henrique Cardoso Senatildeo veja-se
a) poliacuteticas de recuperaccedilatildeo do salaacuterio miacutenimo e de transferecircncia de renda que
aumentaram o poder aquisitivo das camadas mais pobres isto eacute daqueles que
apresentam maior propensatildeo ao consumo b) forte elevaccedilatildeo da dotaccedilatildeo orccedilamentaacuteria
do Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico (BNDES) para financiamento
das grandes empresas nacionais a uma taxa de juro favorecida ou subsidiada c)
poliacutetica externa de apoio agraves grandes empresas brasileiras ou instaladas no Brasil para
exportaccedilatildeo de mercadorias e de capitais (DALLA COSTA 2012) d) poliacutetica
econocircmica anticiacuteclica ndash medidas para manter a demanda agregada nos momentos de
crise econocircmica e e) incremento do investimento estatal em infraestrutura (BOITO
2012 p5)
Esses elementos econocircmicos na poliacutetica buscavam o crescimento econocircmico do
capitalismo brasileiro com alguma transferecircncia de renda embora o faccedila sem romper com os
limites dados pelo modelo econocircmico neoliberal vigente no paiacutes O neodesenvolvimentismo
seria nessa loacutegica dos governos Lula da Silva e Dilma Rousseff a poliacutetica de desenvolvimento
possiacutevel dentro dos limites dados pelo modelo capitalista neoliberal
Nessa loacutegica Neto e Castro (2011) afirmam que o PDRAE insere-se na loacutegica desse
processo de adaptaccedilatildeo agraves novas exigecircncias do capital ao mesmo tempo em que o Estado deixa
de ser o responsaacutevel direto pelo desenvolvimento econocircmico e social cedendo para o mercado
essa tarefa para se fortalecer na funccedilatildeo de promotor e regulador desse desenvolvimento Nesta
direccedilatildeo a reforma educacional em consonacircncia com as orientaccedilotildees mercadoloacutegicas tem
priorizado os seguintes eixos
a) focalizaccedilatildeo de programas ndash procura-se substituir o acesso universal aos direitos
sociais e bens puacuteblicos por acesso seletivo b) descentralizaccedilatildeo ndash possibilita a
utilizaccedilatildeo de estrateacutegias para propiciar a democratizaccedilatildeo do Estado e a busca de maior
justiccedila social c) privatizaccedilatildeo ndash entendida no seu sentido mais amplo como a
transferecircncia das responsabilidades puacuteblicas para organizaccedilotildees ou entidades privada
d) desregulamentaccedilatildeo ndash que tem por objetivo criar um novo quadro legal com vistas
a diminuir a interferecircncia dos poderes puacuteblicos sobre os empreendimentos
educacionais privados (NETO e CASTRO 2011 p 2)
28 Consultar o texto na iacutentegra As bases poliacuteticas do neodesenvolvimentismo (BOITO 2012)
46
Essas diretrizes vecircm influenciando a poliacutetica educacional que tem interferido
diretamente na organizaccedilatildeo e na gestatildeo do sistema educacional na formulaccedilatildeo e na conduccedilatildeo
das poliacuteticas determinando novos papeacuteis e funccedilotildees para os profissionais da educaccedilatildeo em todos
os niacuteveis de atuaccedilatildeo
Nesse contexto podemos afirmar que essas reformas neoliberais de ldquoajustesrdquo estrutural
presentes no Plano Diretor de Reforma do Aparelho do Estado Brasileiro trazem o modelo de
gestatildeo com base no gerencialismo que com o apoio dos organismos internacionais
influenciados pelo Banco Mundial (BM) e pelo Fundo Monetaacuterio Internacional (FMI)
apresentaram elementos conceituais para uma visatildeo mais econocircmica e gerencial da
administraccedilatildeo puacuteblica com ecircnfase na gerecircncia de contratos com instituiccedilotildees privadas na
introduccedilatildeo de mecanismos de mercado no setor puacuteblico e a vinculaccedilatildeo da remuneraccedilatildeo com o
desempenho
121 As Poliacuteticas Educacionais no Brasil e a Gestatildeo da Educaccedilatildeo
Primeiramente faz-se necessaacuterio esclarecer que natildeo existem poliacuteticas puacuteblicas sem
poliacutetica As poliacuteticas puacuteblicas se referem pois as iniciativas governamentais as diretrizes os
programas os planos e as accedilotildees que estatildeo vinculadas aos interesses de uma determinada
sociedade Uma poliacutetica educacional eacute um caso particular de poliacutetica social uma vez que trata
das questotildees educacionais e busca dar condiccedilotildees para que as iniciativas governamentais sejam
aplicadas Para tanto o planejamento e a gestatildeo dessa poliacutetica educacional precisa ser bem
formulado Segundo Camini (2009)
a poliacutetica e as poliacuteticas implementadas percorrem um trajeto na sua construccedilatildeo que
natildeo eacute linear por que eacute feito de movimentaccedilatildeo com oscilaccedilotildees avanccedilos e recuos
estando sujeitas a mudanccedilas acreacutescimos e supressotildees sofrendo portanto influecircncias
em todas as suas fases dependendo dos contextos e sujeitos envolvidos no processo
de formulaccedilatildeo e execuccedilatildeo (CAMINI 2009 p 22)
A elaboraccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas educacionais reflete um campo de disputa de vaacuterios
interesses muitas vezes antagocircnicos entre os sujeitos que se mobilizam para materializar as
poliacuteticas que possam beneficiar os seus interesses individuais plurais ou de um grupo Embora
essa materialidade esteja nos registros escritos ndash oficiais ou natildeo ndash organizados por sujeitos que
47
ali participaram do planejamento da poliacutetica isso natildeo quer dizer que elas sejam implementadas
Rua (1997) afirma que
A rigor uma decisatildeo em poliacutetica puacuteblica representa apenas um amontoado de
intenccedilotildees sobre a soluccedilatildeo de um problema expressas na forma de determinaccedilotildees
legais decretos resoluccedilotildees etc etc Nada disso garante que a decisatildeo se transforme
em accedilatildeo e que a demanda que deu origem ao processo seja efetivamente atendida Ou
seja natildeo existe um viacutenculo ou relaccedilatildeo direta entre o fato de uma decisatildeo ter sido
tomada e a sua implementaccedilatildeo E tambeacutem natildeo existe relaccedilatildeo ou viacutenculo direto entre
o conteuacutedo da decisatildeo e o resultado da implementaccedilatildeo (RUA 1997 p11)
As poliacuteticas nacionais nesse caso destaca-se o objeto deste estudo o Plano de Metas
Compromisso Todos Pela EducaccedilatildeoPlano de Accedilotildees Articuladas eacute um conjunto de intenccedilotildees de
uma poliacutetica governamental viabilizada por meio de decreto presidencial que natildeo explica a
origem da poliacutetica e nem o seu fim O Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica (IDEB)
eacute um indicador para verificaccedilatildeo do cumprimento das metas fixadas por esta poliacutetica por meio
do Termo de Adesatildeo ao Compromisso Todos Pela Educaccedilatildeo ndash eixo do Plano de
Desenvolvimento da Educaccedilatildeo ndash como um meio de justificar a implantaccedilatildeo da poliacutetica em todos
os estados e municiacutepios do paiacutes Para viabilizar a implantaccedilatildeo dessa poliacutetica eacute apresentado o
Plano de Accedilotildees Articuladas um instrumento destinado aos estados e municiacutepios para fazer o
planejamento da educaccedilatildeo de forma a atender a metas fixadas por esta poliacutetica Eacute certo que
uma poliacutetica dessa proporccedilatildeo traz consigo uma complexidade na implantaccedilatildeo Tratar-se-aacute deste
tema mais especificamente na 2ordf sessatildeo desse estudo
As intenccedilotildees dos governos e da sociedade civil se diferem e se revelam no processo
histoacuterico da democracia no Brasil A democracia tem se revelado com significados e conceitos
diferenciados em muitos espaccedilos e sob diferentes formas na educaccedilatildeo por exemplo
lsquomodismosrsquo tomam conta da educaccedilatildeo puacuteblica e afirmam serem democraacuteticos Monteiro (2007)
explica
A palavra democracia eacute polissecircmica podendo pois possuir vaacuterios significados
dependendo dos interesses particulares de quem a encampa moldando o discurso
democraacutetico a diferentes situaccedilotildees e pode ser utilizada ateacute para designar coisas
antagocircnicas Os poliacuteticos brasileiros por exemplo soacute consideram anti-democraacuteticos
os outros Mas uma coisa eacute comum falar em democracia envolve sempre algo de
positividade de liberdade (MONTEIRO 2007 p 55)
Nesse contexto moldam-se os discursos democraacuteticos dependendo dos interesses
particulares No Brasil nos paiacuteses da Europa e em outros paiacuteses latino-americanos os partidos
de esquerda e os partidos mais progressistas tecircm assumido a bandeira da democracia como valor
48
universal no caso do Brasil essa bandeira se fortaleceu devido ao longo periacuteodo de ditadura
militar no paiacutes que perdurou por vinte e um anos (1964-1985) Entretanto as criacuteticas a esse
modelo satildeo de ordem principalmente capitalista que propagam ldquoa ideologia do Estado neutro
a serviccedilo do bem comum o que se constitui numa falaacuteciardquo (MONTEIRO 2007 p 56)
A democracia deve ser vista em um panorama mais amplo e natildeo somente como um valor
universal representada atraveacutes das eleiccedilotildees diretas livres como se automaticamente essas
relaccedilotildees se transformassem Segundo Coutinho (2002 p17) ldquoo que tem valor universal eacute esse
processo de democratizaccedilatildeo que se expressa essencialmente numa crescente socializaccedilatildeo da
participaccedilatildeo poliacuteticardquo No Brasil os defensores do neoliberalismo afirmam que jaacute estamos
vivendo a democracia com a globalizaccedilatildeo o acesso a informaccedilatildeo a participaccedilatildeo no mercado
de trabalho etc por outro lado os defensores mais da esquerda oferecem resistecircncia de que a
democracia deve ser defendida como um valor universal e que ela precisa ser ampliada e
qualificada para evitar o reaparecimento de governos autoritaacuterios e a volta da ditadura Ou seja
para existir uma democratizaccedilatildeo plena eacute necessaacuteria uma combinaccedilatildeo de elementos essenciais
como ldquoa socializaccedilatildeo da participaccedilatildeo poliacutetica com a socializaccedilatildeo do poder o que significa que
a plena realizaccedilatildeo da democracia implica a superaccedilatildeo da ordem social capitalista da
apropriaccedilatildeo privada natildeo soacute dos meios de produccedilatildeo mas tambeacutem do poder de Estado []rdquo
(COUTINHO 2002 p 17) A conquista de uma democracia direta e participativa deve comeccedilar
na escola como um aprendizado sendo por isso importante a participaccedilatildeo e a abertura de
espaccedilos organizados de participaccedilatildeo no seu interior para que os sujeitos escolares que estatildeo
envolvidos nos processos possam debater e tomar suas decisotildees
Em se tratando da educaccedilatildeo puacuteblica nos uacuteltimos anos considera-se indispensaacutevel
relembrar as lutas histoacutericas para a institucionalizaccedilatildeo da gestatildeo democraacutetica como princiacutepio
da educaccedilatildeo que foi inscrita na Constituiccedilatildeo Federal Brasileira de 1988 apoacutes forte pressatildeo dos
educadores que participaram da IV Conferecircncia Brasileira de Educaccedilatildeo (CBE) em 1986
oportunidade em que escreveram uma Carta conhecida como ldquoCarta de Goiacircniardquo a qual
solicitava que fossem inseridos na Constituiccedilatildeo vinte e um princiacutepios baacutesicos que atualmente
entravam a efetiva democratizaccedilatildeo da sociedade Poreacutem o texto da Constituiccedilatildeo Federal
Brasileira de 1988 resumiu toda a solicitaccedilatildeo dos educadores organizados na simples expressatildeo
ldquogestatildeo democraacutetica do ensino puacuteblico na forma da leirdquo A Lei de Diretrizes e Bases da
Educaccedilatildeo Nacional (LDBEN) de 1996 que eacute a Lei da educaccedilatildeo no paiacutes em seu art 14 tambeacutem
soacute reafirmou o princiacutepio da gestatildeo democraacutetica com a seguinte redaccedilatildeo ldquoI - participaccedilatildeo dos
profissionais da educaccedilatildeo na elaboraccedilatildeo dos projetos pedagoacutegicos da escolardquo e II - a
ldquoparticipaccedilatildeo das comunidades escolar e local em Conselhos Escolares ou equivalentesrdquo No
49
art 15 destaca-se ldquoos sistemas de ensino asseguraratildeo agraves unidades escolares puacuteblicas de
educaccedilatildeo baacutesica que os integram progressivos graus de autonomia pedagoacutegica e administrativa
e de gestatildeo financeira observadas as normas gerais de direito financeiro puacuteblicordquo (BRASIL
1996 p 8)
Dessa forma a Constituiccedilatildeo Federal e a LDB trataram rapidamente e natildeo detalharam
como se daria a forma de regulamentaccedilatildeo e legitimaccedilatildeo da gestatildeo democraacutetica aleacutem de natildeo
apontarem como se daria a criaccedilatildeo de oacutergatildeos colegiados que poderiam contribuir com o debate
democraacutetico e participativo com o controle social das obrigaccedilotildees do Estado para com a
educaccedilatildeo puacuteblica Entretanto vemos alguns sinais de flexibilizaccedilatildeo presentes na LDB
orientados pela Reforma do Estado na educaccedilatildeo como a flexibilizaccedilatildeo curricular flexibilizaccedilatildeo
nas questotildees administrativas e financeiras da escola com a implementaccedilatildeo dos processos de
descentralizaccedilatildeo e da autonomia para as redes escolares e ainda a possibilidade de aceleraccedilatildeo e
aproveitamento de estudos avanccedilo de seacuteries de estudos
Poreacutem natildeo podemos afirmar que existe na praacutetica uma gestatildeo democraacutetica nas escolas
sem a participaccedilatildeo ativa dos envolvidos nos debates e na construccedilatildeo de uma cultura social e
poliacutetica que viabilize a implantaccedilatildeo e a atuaccedilatildeo efetiva dos conselhos de controle social com
autonomia pedagoacutegica administrativa e financeira Nos casos em que a gestatildeo natildeo eacute
compartilhada estamos diante de uma falsa gestatildeo democraacutetica Para Cury (1997 p 201) a
gestatildeo ldquonatildeo eacute soacute o ato de administrar um bem fora de si mas algo que se traz em si por que
nele estaacute contido E o conteuacutedo do seu bem eacute a proacutepria capacidade de participaccedilatildeo sinal maior
da democraciardquo
Como um princiacutepio constitucional a gestatildeo democraacutetica atinge a totalidade do ensino
puacuteblico Para isso eacute necessaacuterio democratizar as escolas e toda a estrutura dos sistemas de ensino
em toda a sua organizaccedilatildeo atraveacutes dos mecanismos potencializadores de gestatildeo democraacutetica
que possibilitem a interaccedilatildeo uns com os outros e natildeo serem atos isolados Esses mecanismos
democratizadores que permitem a participaccedilatildeo na gestatildeo da escola satildeo a ldquoeleiccedilatildeo de diretores
a instalaccedilatildeo de conselhos escolares deliberativos descentralizaccedilatildeo administrativa financeira e
pedagoacutegicardquo (MENDONCcedilA 2000 p21) Cabe refletir que a escola eacute uma instituiccedilatildeo que tem
potencial poliacutetico e social portanto quando ela natildeo eacute democratizada atraveacutes da participaccedilatildeo
ela eacute moldada para atender aos interesses econocircmicos e patrimonialista da elite dominante
desprezando os reais objetivos especiacuteficos da educaccedilatildeo a formaccedilatildeo humana
Por outro lado os estudos recentes de Barroso (1996) e Dourado (2007) tecircm
demonstrado que os discursos tanto governamental quanto o empresarial se encontram na
necessidade de estimular a autonomia da escola a partir da gestatildeo da educaccedilatildeo baacutesica E assim
50
controlar os sistemas educacionais atraveacutes dos instrumentos nacionais de avaliaccedilatildeo (ENEM
ENADE IDEB) A estimulaccedilatildeo da participaccedilatildeo da comunidade escolar na resoluccedilatildeo de
questotildees administrativas financeiras e voluntaacuterias da escola tem sido uma estrateacutegia que vai
ldquono sentido de transferir poderes e funccedilotildees do niacutevel nacional e regional para o niacutevel local
reconhecendo a escola como um lugar central de gestatildeo e a comunidade local (em particular os
pais dos alunos) como um parceiro essencial na tomada de decisatildeordquo (BARROSO 1996 p02)
Nesse contexto observamos a contradiccedilatildeo em que se assenta a implantaccedilatildeo do Plano de
Accedilotildees Articuladas nos estados e municiacutepios longe de se constituir aos olhos do movimento
dos educadores como uma praacutetica democraacutetica de gestatildeo o PAR que eacute um instrumento de
planejamento presente no Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo constituiu-se e
implementou-se sem levar em consideraccedilatildeo a participaccedilatildeo no debate coletivo com os estados e
municiacutepios na construccedilatildeo desse instrumento mas que foi uma decisatildeo poliacutetica sustentada no
consentimento social
No aspecto poliacutetico Gutierres (2010 p70) afirma que a ldquogestatildeo envolve assimetrias de
poder soacute passiacuteveis de serem minimizadas pela gestatildeo democraacutetica que muito mais do que
compartilhamento de tarefas supotildee divisatildeo de poder de respeito muacutetuo pela condiccedilatildeo de
sujeito de todos os que participam do processordquo Dessa forma a participaccedilatildeo eacute imprescindiacutevel
para que haja de fato a democracia o que a constitui um dos requisitos principais Para que os
processos de gestatildeo democraacutetica da escola sejam atingidos eacute necessaacuterio que as estruturas de
poder do sistema de ensino tenham como base mecanismos de participaccedilatildeo nos processos de
deliberaccedilotildees colegiadas
Em oposiccedilatildeo ao modelo de gestatildeo democraacutetica que valoriza a participaccedilatildeo da sociedade
na efetivaccedilatildeo de praacuteticas de democratizaccedilatildeo da educaccedilatildeo o modelo de gestatildeo gerencialista
admite e prioriza os interesses privados sobre o puacuteblico gerando a desobrigaccedilatildeo do Estado
quanto agraves suas responsabilidades ao mesmo tempo em que adota e aceita mecanismos de
controle privados como a avaliaccedilatildeo e os resultados
Todavia o que tem se observado no Brasil nas uacuteltimas deacutecadas eacute a convivecircncia teoacuterica
desses dois modelos de gestatildeo da educaccedilatildeo a gestatildeo democraacutetica e a gestatildeo gerencialista
Essas perspectivas tecircm se materializado no Plano de Reforma do Estado de 1995 e nas poliacuteticas
educacionais de governo implantadas atraveacutes do Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo do
Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo e do Plano de Accedilotildees Articuladas os quais
cercam este objeto de estudo Poreacutem para que essas poliacuteticas de gestatildeo da educaccedilatildeo se
materializem tanto na perspectiva democraacutetica quanto na gerencial alguns mecanismos de
51
poder satildeo utilizados em diferentes contextos e espaccedilos e ateacute dialogando entre si sob as diversas
formas que buscam representar uma educaccedilatildeo democratizada Eacute o que se vecirc a seguir
13 DESCENTRALIZACcedilAtildeO AUTONOMIA E PARTICIPACcedilAtildeO MECANISMOS DE
DEMOCRATIZACcedilAtildeO DAS ESTRUTURAS DE PODER
Nesse toacutepico discutir-se-atildeo acerca dos trecircs mecanismos de democratizaccedilatildeo a
descentralizaccedilatildeo a autonomia e a participaccedilatildeo e as suas formas de materialidade na poliacutetica e
na gestatildeo da educaccedilatildeo
131 Descentralizaccedilatildeo
O termo ldquodescentralizaccedilatildeordquo tem sido cada vez mais incorporado pelas poliacuteticas puacuteblicas
educacionais que sem infringir as regras de harmonia do conceito caracteriza-se como a natildeo
centralizaccedilatildeo da gestatildeo autoritaacuteria Entretanto esse conceito guarda ambiguidades pois no
Brasil o Plano Diretor de Reforma do Estado Brasileiro (PDRAE) reconfigurou as funccedilotildees do
Estado descentralizando-a para a administraccedilatildeo puacuteblica embora nesse modo o que se tem eacute
uma desconcentraccedilatildeo de tarefas
Na educaccedilatildeo a descentralizaccedilatildeo como em vaacuterios paiacuteses evoluiu em duas direccedilotildees
opostas um movimento de centralizaccedilatildeo e paralelamente transferecircncia de novas competecircncias
para a escola No caso do Brasil como entes federativos os municiacutepios ldquoresguardados pelo
princiacutepio da soberania assumem a gestatildeo de poliacuteticas puacuteblicas sob a prerrogativa de adesatildeo
precisando portanto ser incentivados para talrdquo (ARRETCHE 1999 p 114)
De modo a favorecer a compreensatildeo das ambiguidades do termo descentralizaccedilatildeo
Novaes e Fialho (2010 p 586) apresentam quatro variaccedilotildees sendo a) desconcentraccedilatildeo se
caracteriza pela transferecircncia ou delegaccedilatildeo de autoridade ou ainda de competecircncias de accedilatildeo
do governo central para as regiotildees e localidades b) delegaccedilatildeo manteacutem uma cadeia hieraacuterquica
que toma as decisotildees e transfere responsabilidades no entanto a autoridade se mantem sobre o
controle da unidade que a delegou c) devoluccedilatildeo caracteriza-se pelo fortalecimento e
autonomia dos governos regionais e locais que natildeo requer o controle direto do governo central
e d) a privatizaccedilatildeo caracterizada pela progressiva transferecircncia de controle governamental da
educaccedilatildeo convertendo as escolas puacuteblicas em escolas privadas
52
Neto e Castro (2011) afirmam que o processo de descentralizaccedilatildeo atualmente em
desenvolvimento no sistema educacional natildeo foi necessariamente resultado das conquistas
democraacuteticas por parte dos movimentos sociais O que tem ocorrido eacute que na educaccedilatildeo a
descentralizaccedilatildeo tem reduzido a accedilatildeo estatal de praacuteticas de gestatildeo proacuteprias do setor privado e
com isso procura-se diminuir a hierarquia propiciando a entrada do setor privado no sistema
possibilitando decisotildees mais proacuteximas do local de execuccedilatildeo dessas poliacuteticas
A descentralizaccedilatildeo a partir do modelo federativo brasileiro acarretou um niacutevel de
autonomia poliacutetica para os estados e municiacutepios inclusive na formulaccedilatildeo de poliacuteticas locais
devido agraves propostas de separaccedilatildeo nos arranjos institucionais O desenho do federalismo
brasileiro apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 determina a inclusatildeo do municiacutepio como ente
federativo29 O art 18 define a Organizaccedilatildeo Poliacutetico-Administrativa do Estado e prevecirc que ldquoA
organizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa da Repuacuteblica Federativa do Brasil compreende a Uniatildeo os
Estados o Distrito Federal e os municiacutepios todos autocircnomos nos termos desta constituiccedilatildeordquo
(CFBRASIL 1988) Uma federaccedilatildeo para Cury (2010) eacute a uniatildeo de membros federados que
formam uma soacute entidade soberana que seria o Estado Nacional no qual as unidades federadas
subnacionais (estados e municiacutepios) no caso do Brasil gozam de autonomia dentro dos limites
jurisdicionais atribuiacutedos e especificados
Um caso de descentralizaccedilatildeodesconcentraccedilatildeo de tarefas se daacute na administraccedilatildeo das
escolas ndash agora financiadas pelos municiacutepios ndash no Brasil estaacute sob a responsabilidade das
secretarias municipais de educaccedilatildeo que entre as suas principais funccedilotildees estatildeo definir as
poliacuteticas municipais de educaccedilatildeo e estabelecer por meio do plano municipal de educaccedilatildeo as
prioridades as estrateacutegias e as accedilotildees necessaacuterias para cumprir seu compromisso legal Cada
municiacutepio pode optar por criar seu proacuteprio sistema de ensino ou integrar-se ao sistema estadual
Para dar materialidade agrave descentralizaccedilatildeo da gestatildeo na perspectiva da democratizaccedilatildeo
nos uacuteltimos anos vem sendo implementada a poliacutetica de criaccedilatildeo de conselhos em acircmbito
municipal e escolar no Brasil Os municiacutepios que optam por criar seu proacuteprio sistema podem
ter seu oacutergatildeo consultivo o Conselho Municipal de Educaccedilatildeo um organismo colegiado
integrado por representantes da comunidade e da administraccedilatildeo puacuteblica que atua como
mediador entre a sociedade civil e o poder executivo local na discussatildeo elaboraccedilatildeo e
implementaccedilatildeo da poliacutetica de educaccedilatildeo municipal (MORDUCHOWICZ ARANGO 2010)
29 O Art 1ordm da Constituiccedilatildeo Federal apresenta a seguinte redaccedilatildeo ldquoA Repuacuteblica Federativa do Brasil formada
pela uniatildeo indissoluacutevel dos Estados Municiacutepios e Distrito Federal constitui-se em Estado democraacutetico de direito
(BRASIL 1988)
53
Com a implantaccedilatildeo dos conselhos nas unidades escolares estas passam a ter a
autonomia para tomarem decisotildees de problemas administrativos pedagoacutegicos e financeiros e
devem prestar contas ao poder central ndash governo federal ndash pelo sucesso ou fracasso das suas
decisotildees que atraveacutes da assinatura dos ldquocontratos de gestatildeordquo de ldquotermos de adesatildeordquo agraves poliacuteticas
neoliberais e das decisotildees colegiadas responsabilizam-se pelo andamento das unidades
escolares Nesse sentido o que haacute eacute uma desconcentraccedilatildeo de poder com a delegaccedilatildeo de tarefas
para as unidades escolares sendo o governo federal o oacutergatildeo regulador e centralizador da
poliacutetica
As propostas de mudanccedilas nos arranjos institucionais satildeo mais difiacuteceis de serem
concretizadas no federalismo No caso do Brasil as constituiccedilotildees brasileiras natildeo preveem regras
para secessatildeo A esse respeito a Constituiccedilatildeo de 1988 define que nenhuma emenda
constitucional poderaacute abolir ldquoa forma federativa do Estadordquo (CF88 art 60 inciso I do sect 4ordm)
tornando-se essa uma claacuteusula peacutetrea30 Jaacute no caso dos formatos institucionais mais flexiacuteveis
ldquoa descentralizaccedilatildeo supotildee um movimento no qual uma autoridade central devolve ou delega
poderes mas natildeo apenas isso se tais poderes jaacute estatildeo descentralizados pode recentralizaacute-losrdquo
(KINCAID 2002 apud MORDUCHOWICZ ARANGO 2010 p126)
Segundo Cury (2010 p153) existem trecircs modelos de federalismo primeiro o
federalismo centriacutepeto que se caracteriza pelo fortalecimento do poder da Uniatildeo segundo o
federalismo centriacutefugo no qual haacute um fortalecimento do poder do Estado membro sobre o da
Uniatildeo com uma consideraacutevel autonomia daqueles e terceiro o federalismo de cooperaccedilatildeo no
qual se busca um equiliacutebrio de poderes entre a Uniatildeo e os Estados-membros estabelecendo
laccedilos de colaboraccedilatildeo na distribuiccedilatildeo das muacuteltiplas competecircncias por meio de atividades
planejadas e articuladas entre si objetivando fins comuns
Nesse caso o federalismo de cooperaccedilatildeo eacute o que se assemelha a poliacutetica proposta no
PMCTPE e na construccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) que a partir da adesatildeo pelos
municiacutepios ao Compromisso propotildee um regime de colaboraccedilatildeo embora na praacutetica a execuccedilatildeo
do PAR seja permeada de contradiccedilotildees entre discursos democraacuteticos praacuteticas centralizadoras e
colaboraccedilatildeo entre os entes federativos
As reformas educativas na deacutecada de 1990 ldquoredimensionam a polaridade centralizaccedilatildeo-
descentralizaccedilatildeordquo (OLIVEIRA 2000 p 13) isto eacute enquanto se descentralizava a gestatildeo e o
30 De acordo com Gutierres (2015) as claacuteusulas peacutetreas satildeo assim denominadas porque natildeo podem ser modificadas
por meio de emendas Constitucionais sob pena de se alterar a configuraccedilatildeo do Estado de Direito o que soacute pode
ser feito mediante uma nova Constituiccedilatildeo Aleacutem da forma federativa de Estado o artigo 60 da CF88 menciona
como claacuteusulas peacutetreas o voto direto secreto universal e perioacutedico a separaccedilatildeo dos Poderes os direitos e
garantias individuais
54
financiamento com o advento do FUNDEFFUNDEB centralizava-se o processo de avaliaccedilatildeo
e controle do sistema estabelecendo-se ldquopadrotildees de qualidaderdquo sob a afericcedilatildeo pelos criteacuterios
do mercado atraveacutes de diversos instrumentos que vatildeo de exames padronizados a construccedilatildeo de
indicadores sobre a infraestrutura ao corpo docente e discente
132 Autonomia
A autonomia estaacute presente na gestatildeo da educaccedilatildeo entretanto cada modelo de gestatildeo
tanto o democraacutetico como o gerencial apresentam a sua bandeira dentro das suas concepccedilotildees
sobre o que seria a autonomia e de como ela se revela no seu modelo de gestatildeo a partir da
concepccedilatildeo teoacuterica empregada
Na perspectiva da gestatildeo gerencial a concepccedilatildeo de autonomia apresenta-se como uma
contraposiccedilatildeo agrave centralizaccedilatildeo e agrave burocratizaccedilatildeo aleacutem de estar relacionada agrave liberdade para
captar recursos no mercado E ainda eacute imputada a responsabilidade no gestor pelo sucesso ou
fracasso e natildeo do sistema como um todo dessa forma o gestor passar a ser o uacutenico responsaacutevel
pelas accedilotildees produtos decisotildees e eacute obrigado a prestar contas das metas a serem alcanccediladas
assim como os professores ou seja o rendimento escolar e as metas atendem as regras preacute-
estabelecidas pelo mercado
Nesse modelo de gestatildeo gerencialista a ldquoautonomia eacute individualrdquo eacute centralizada no
gestor a autoridade capaz de exercecirc-la Esse tipo de autonomia eacute denominado por Afonso
(2010) de ldquoautonomia do cheferdquo em detrimento da ldquoautonomia institucionalrdquo que pressupotildee o
coletivo e nesse caso
Trata-se de uma autoridade cuja legitimidade adveacutem agora da revalorizaccedilatildeo neoliberal
do direito de gerir ndash direito esse por sua vez apresentado como altamente convergente
com a ideia conservadora que vecirc a gestatildeo como uma espeacutecie de tecnologia moral a
serviccedilo da ordem social poliacutetica e econocircmica (AFONSO 2010 p13)
A autonomia da administraccedilatildeo por maior que pareccedila ser eacute sempre uma autonomia
relativa jaacute que estaacute sempre ligada aos objetivos da coisa administrada No capitalismo tem
como objetivo o capital e natildeo lhe eacute concedida a liberdade de contrariar os interesses da
propriedade privada e das classes detentoras do poder poliacutetico e econocircmico
Nesse contexto as unidades escolares tambeacutem tecircm sido submetidas agrave loacutegica imediatista
mercantil com a inclusatildeo de poliacuteticas puacuteblicas resultantes da reforma educacional como os
Paracircmetros Curriculares Nacionais as parcerias puacuteblico-privadas entre o Instituto Ayrton
55
Senna e as redes municipais de ensino A poliacutetica governamental brasileira vem
descaracterizando a autonomia da escola pois os documentos proposto nesses dois exemplos
apontam para o
planejamento de ensino bem como a realizaccedilatildeo de programas de capacitaccedilatildeo docente
que fazem parte de uma nova relaccedilatildeo Estadosociedade conduzida pelo projeto
neoliberal tentando provocar uma participaccedilatildeo direta entre instituiccedilotildees e trabalhador
valorizando a accedilatildeo do ldquoterceiro setorrdquo e descartando a accedilatildeo dos sindicatos e
associaccedilotildees representativas num movimento estrateacutegico de formaccedilatildeo de consenso
(CAMINI 2009 p 46)
Essa centralizaccedilatildeo na definiccedilatildeo da operacionalizaccedilatildeo das poliacuteticas educacionais afetam
o funcionamento da autonomia da escola enquanto instituiccedilatildeo de caraacuteter puacuteblico Nesses
documentos e em propostas pedagoacutegicas tecircm demarcado conteuacutedos que atendem a loacutegica do
mercado e da poliacutetica implantada poreacutem todos com discursos muito teacutecnicos
A autonomia escolar na concepccedilatildeo democraacutetica eacute para Barroso (2013 p 26-27) ldquoum
campo de forccedilas onde se confrontam e se equilibram diferentes detentores de influecircncia
(interna e externa) dos quais se destacam o governo a administraccedilatildeo professores alunos pais
e outros membros da sociedade localrdquo E essa coletividade se edifica na ldquoconfluecircncia de vaacuterias
loacutegicas e interesses sejam poliacuteticos gestionaacuterios profissionais e pedagoacutegicos (BARROSO
2013 p167)
A autonomia escolar tatildeo defendida nos discursos oficiais como diretriz de uma poliacutetica
de governo exige a superaccedilatildeo da centralizaccedilatildeo e a uniformizaccedilatildeo Eacute necessaacuterio que os sistemas
se organizem para que as estruturas formais do sistema permitam um novo tipo de
relacionamento com a participaccedilatildeo ativa das escolas dialogando com os sistemas de educaccedilatildeo
a partir das suas realidades (MENDONCcedilA 2000)
Barroso (2013) afirma que as escolas satildeo espaccedilos privilegiados para o diaacutelogo e a
construccedilatildeo da sua identidade e autonomia pois atraveacutes da participaccedilatildeo coletiva da comunidade
na elaboraccedilatildeo do Projeto Poliacutetico-Pedagoacutegico eacute um dos principais mecanismos apontados
como momentos de expressatildeo coletiva da comunidade escolar na busca da sua identidade e de
sua autonomia O autor ainda nos revela que a autonomia pressupotildee a liberdade (e capacidade)
de decidir ela natildeo se confunde com a ldquoindependecircnciardquo assim a autonomia eacute um conceito
relativo
56
133 Participaccedilatildeo
A participaccedilatildeo eacute um dos principais mecanismos de democratizaccedilatildeo natildeo eacute um conteuacutedo
que se possa transmitir mas uma mentalidade e um comportamento com ele coerente Eacute uma
vivecircncia coletiva de modo que somente se pode aprender na praacutexis grupal ou seja soacute se aprende
a participar participando A participaccedilatildeo eacute entatildeo entendida como uma necessidade humana e
como um elemento central da vida poliacutetica contemporacircnea (BORDENAVE 2013)
O significado de participaccedilatildeo possui sentidos diferenciados ldquoincluindo desde
comunicar anunciar informar e fazer saber ateacute tomar-se parte e associar-se (WERLE 2003
p 19) Nesse sentido a participaccedilatildeo supotildee a relaccedilatildeo entre sujeitos autocircnomos que trocam
experiecircncias vivecircncias que estabelecem diaacutelogo e que em grupo constroem o conhecimento e
se reconstroem Eacute um mecanismo importante para a concretizaccedilatildeo das finalidades da educaccedilatildeo
e a implantaccedilatildeo da gestatildeo democraacutetica que surgiu no campo das relaccedilotildees sociais em meados de
1980 como uma forma de mediaccedilatildeo para combater as posturas autoritaacuterias e hieraacuterquicas dos
diretores de escola advindas da teoria claacutessica da administraccedilatildeo na deacutecada de 1970 (PARO
2005 ADRIAtildeO e CAMARGO 2007)
Por outro lado Chaves e Gutierres (2014) afirmam que o conceito de participaccedilatildeo foi
ressignificado a partir da concepccedilatildeo neoliberal como uma forma de incorporaacute-la ao sistema
gerencial que longe dos objetivos essencialmente democraacuteticos propostos pela Constituiccedilatildeo
Federal de 1988 o termo participaccedilatildeo significa
a possibilidade dos sujeitos elegerem seus gerentes dentro de uma organizaccedilatildeo social
facilitando assim o processo de tomada de decisatildeo Eacute uma visatildeo restrita ligada a
concepccedilatildeo de democracia representativa o que de fato natildeo garante a participaccedilatildeo
efetiva dos sujeitos no processo da tomada de decisatildeo cabendo a estes apenas a
execuccedilatildeo das atividades decididas pelos que estatildeo no comando das accedilotildees (CHAVES
GUTIERRES 2014 p8)
Nesse contexto a participaccedilatildeo pode tanto servir para objetivos emancipatoacuterios de
cidadania e de autonomia dos sujeitos como para a manutenccedilatildeo de situaccedilotildees de centralizaccedilatildeo
do poder decisoacuterio e do controle de muitos por poucos Por outro lado quando haacute uma
democracia participativa ela promove ldquoa subida da populaccedilatildeo a niacuteveis cada vez mais elevados
de participaccedilatildeo decisoacuteria acabando com a divisatildeo de funccedilotildees entre os que planejam e decidem
laacute em cima e os que executam e sofrem as consequecircncias das decisotildees caacute em baixordquo
(BORDENAVE 2013 p34)
57
Por isso as condiccedilotildees de participaccedilatildeo no mundo atual satildeo essencialmente conflituosas
e a participaccedilatildeo natildeo pode ser estudada sem referecircncia ao conflito social Sobre isso o autor
ainda enfatiza que a participaccedilatildeo pode ser vista natildeo soacute como uma necessidade humana mais
ainda como algo diferente se analisado as estruturas de poder e as forccedilas que se opotildee a
participaccedilatildeo das classes que estatildeo impliacutecitas no processo
A ideia associada de processos e participaccedilatildeo daacute origem ao conceito de processos
participativos que ldquoimplica refletir sobre um conjunto de elementos que constituem
relacionamentos entre pessoas e grupos com diferentes niacuteveis de abrangecircncia inclusatildeo e
conflituosidade historicamente constituiacutedos e particularizados de maneira institucionalrdquo
(WERLE 2003 p 19) Esses processos participativos constroem a ideia de sucessatildeo de
mudanccedilas de momentos e de formas que se seguem e transformam uma situaccedilatildeo
De acordo com Werle (2003) algumas propostas satildeo necessaacuterias para se discutir os
processos participativos na Educaccedilatildeo Baacutesica como a) instituir estruturas participativas nas
escolas e nos sistemas de ensino b) definir temas que satildeo expressos na agenda das estruturas
participativas c) participaccedilatildeo como construccedilatildeo histoacuterica d) os atores e niacutevel de participaccedilatildeo de
cada um dos segmentos representados e) os processos participativos como foco educativo
considerando a articulaccedilatildeo o esforccedilo formativo e a constituiccedilatildeo desses colegiados f) niacuteveis de
participaccedilatildeo poliacutetica g) formaccedilatildeo para a accedilatildeo poliacutetica h) sociedade ciacutevica em que seja possiacutevel
todos os cidadatildeos aprenderem e praticarem a democracia i) processos de representaccedilatildeo
coletiva j) profissionalismo docente e participaccedilatildeo e k) processos participativos e estrutura
institucional31
Para Bordenave (2013) a participaccedilatildeo se daacute na coletividade e natildeo na representatividade
e enfatiza
se desejarmos considerar a participaccedilatildeo como algo diferente de uma simples relaccedilatildeo
humana ou de um conjunto de ldquotruquesrdquo para integrar os indiviacuteduos e as coletividades
locais nos programas de tipo assistencial ou educativo natildeo podemos fugir a anaacutelise
da estrutura de poder e da sua frequente oposiccedilatildeo a toda tentativa de participaccedilatildeo que
coloque em julgamento as classes dirigentes e seus privileacutegios (BORDENAVE 2013
p 41)
Embora a participaccedilatildeo seja considerada um elemento importante para o
desenvolvimento e aperfeiccediloamento das poliacuteticas puacuteblicas Neves (2008) assinala que o
processo participativo tende a enfrentar limitaccedilotildees na construccedilatildeo da democracia e nas
31 Ler Werle (2003) em que a autora descreve cada um desses processos de participaccedilatildeo
58
instituiccedilotildees puacuteblicas pois o incentivo do Estado pode representar a desconcentraccedilatildeo de
responsabilidades que antes eram suas para a sociedade civil dando ldquototal apoio a matrizes
liberais e de caraacuteter privado no trato das questotildees puacuteblicasrdquo (NEVES 2008 p16)
O Plano de Accedilotildees Articuladas objeto central desse estudo eacute um instrumento que
organiza o planejamento das redes estaduais e municipais de ensino no paiacutes eacute complexo pelas
diferentes dimensotildees que abrange para a sua elaboraccedilatildeo e execuccedilatildeo Segundo tecircm demonstrado
os estudos de Sousa (2011) e Camini (2009) natildeo houve compartilhamento de decisotildees sobre a
implantaccedilatildeo dessa poliacutetica e nem contou com a participaccedilatildeo coletiva e nem representativa dos
diversos estados e municiacutepios Essa ausecircncia se deu pela forma que essa poliacutetica foi criada
atraveacutes de um decreto presidencial sem a participaccedilatildeo dos envolvidos no processo local
14 OS CONSELHOS DE CONTROLE SOCIAL COMO MECANISMOS DE
DEMOCRATIZACcedilAtildeO DA GESTAtildeO EDUCACIONAL
Esse toacutepico trataraacute dos Conselhos de Educaccedilatildeo principalmente dos Conselhos de
Controle Social presentes no Plano de Accedilotildees Articuladas as formas em que se deu a
composiccedilatildeo as funccedilotildees os objetivos e as formas de atuaccedilatildeo de cada Conselho sendo o
Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (CME) o Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar (CAE) o
Conselho do FUNDEB e o Conselho Escolar Trataraacute tambeacutem de outros mecanismos de
democratizaccedilatildeo presentes no PAR como criteacuterios para escolha de Diretores Escolares e o
Comitecirc Local do Compromisso
A organizaccedilatildeo da gestatildeo educacional no Brasil atualmente compreende os oacutergatildeos
executivos no acircmbito da Uniatildeo dos estados e dos municiacutepios (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo
Secretarias Estaduais e Secretarias Municipais de Educaccedilatildeo) e a disseminaccedilatildeo dos Conselhos
(Conselho Nacional de Educaccedilatildeo Conselhos Estaduais de Educaccedilatildeo e Conselhos Municipais
de Educaccedilatildeo) que apoacutes redemocratizaccedilatildeo do paiacutes nos anos de 1980 e com a Constituiccedilatildeo
Federal de 1988 ldquoestabeleceu a criaccedilatildeo dos conselhos como condiccedilatildeo obrigatoacuteria para a gestatildeo
de programas de governordquo (BRAGA 2015) No acircmbito da gestatildeo escolar a Lei nordm 939496
previu ainda a criaccedilatildeo de conselhos escolares
59
O Conselho Nacional de Educaccedilatildeo (CNE) regulamentado pela Lei nordm 913195 tem
suas origens no ano de 193132 quando foi criado o Conselho Nacional de Educaccedilatildeo pelo
Decreto nordm 19850193133 (CURY 2000) Os Conselhos Estaduais de Educaccedilatildeo foram criados
pela primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo (LDB) Lei nordm 402461 e os conselhos
municipais apesar de contarem com amparo legal para criaccedilatildeo facultativa desde 1971 (Lei
569271) somente com a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 eacute que passaram a se organizar com
mais autonomia
A origem etimoloacutegica da palavra Conselho remete ao sentido da participaccedilatildeo pois
ldquoConselho vem do latim Consilium Por sua vez consilium proveacutem do verbo consuloconsulere
significando tanto ouvir algueacutem quanto submeter algo a deliberaccedilatildeo de algueacutem apoacutes uma
ponderaccedilatildeo refletida prudente e de bom senso (CURY 2000 p47 itaacutelicos no original)
Dessa forma os conselhos tecircm como desafio a busca da co-gestatildeo das poliacuteticas puacuteblicas
e constituir-se em canal de participaccedilatildeo popular na realizaccedilatildeo do interesse puacuteblico Para que os
processos democraacuteticos de gestatildeo cheguem ateacute a escola eacute conveniente lembrar que as estruturas
de poder dos sistemas de ensino precisam ser atingidas por mecanismos que se baseiam
principalmente em participaccedilatildeo e nos processos de decisotildees coletivas Essa participaccedilatildeo se
reflete na compreensatildeo de que os sistemas de ensino e as escolas precisam dialogar e natildeo podem
ser compreendidas separadamente ou isoladas uma da outra
De acordo com Werle (2003) natildeo existe Conselho no vazio ou seja ele eacute o que a
comunidade educacional estabelece constitui o que ela faz para operacionalizar isso Cada
Conselho tem a face das relaccedilotildees que nele se estabelecem Se estabelecer relaccedilotildees de
responsabilidade respeito e construccedilatildeo assim vatildeo se constituir as funccedilotildees consultivas
deliberativas fiscalizadoras e quaisquer outras assumidas pelo Conselho Mas se as relaccedilotildees
forem distanciadas e burocraacuteticas o Conselho vai assumir entatildeo um papel muito mais de
homologar decisotildees do que de discutir e promover os reais interesses e mudanccedilas que a
comunidade escolar requer
Os conselhos de educaccedilatildeo satildeo oacutergatildeos normatizadores de aconselhamento controle
fiscalizaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo do sistema de ensino ao longo da deacutecada de 1990 surgiram tambeacutem
em acircmbito dos sistemas de educaccedilatildeo os Conselhos de Controle Social na ldquoperspectiva de
32Vale assinalar entretanto que os conselhos de educaccedilatildeo existem no Brasil desde o Impeacuterio Vinculados ao
Coleacutegio Pedro II tais conselhos serviam para a ldquonormatizaccedilatildeo do ensino superior entatildeo existente na capital e em
algumas proviacutenciasrdquo (CURY 2000 p46) 33Esse Decreto teve vigecircncia ateacute 1936 quando foi substituiacutedo pela Lei nordm 1746 Em 1961a Lei nordm 402461
transforma o CNE em Conselho Federal de Educaccedilatildeo (CFE) que foi extinto em 1994 pelo governo de Itamar
Franco pela medida Provisoacuteria 6611994 (CURY 2000) No ano seguinte o Conselho recebeu novamente a
nomenclatura de Conselho Nacional de Educaccedilatildeo pela Lei nordm 913195
60
descentralizaccedilatildeo dos poderes decisoacuteriosrdquo (SANTOS e GUTIERRES 2010 p 8) por meio de
um significativo arcabouccedilo juriacutedico como parte dos desdobramentos da CF de 1988 tais como
a LDB 939496 (art 72) a Emenda Constitucional nordm 14 de 1996 que criou o Fundo de
Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorizaccedilatildeo do Magisteacuterio ndash
FUNDEF e da Lei nordm 942496 que o regulamentou a Lei complementar nordm 1012000 chamada
de Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) a Emenda Constitucional nordm 53 de 24122006 e a
Lei nordm 11494 de 20062007 que cria e regulamenta o Fundo de Desenvolvimento Manutenccedilatildeo
da Educaccedilatildeo Baacutesica e Valorizaccedilatildeo do Magisteacuterio ndash FUNDEB Estes dispositivos legais preveem
a existecircncia e participaccedilatildeo na gestatildeo da educaccedilatildeo dos conselhos de controle social
As poliacuteticas traccediladas pelo Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo e do Plano de Metas
Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo propotildee a atuaccedilatildeo dos conselhos educacionais com accedilotildees
que possam descentralizar estimulando a participaccedilatildeo utilizando propostas de gestatildeo
democraacutetica da educaccedilatildeo nos estados e municiacutepios Destacamos as diretrizes que envolvem a
participaccedilatildeo e atuaccedilatildeo dos Conselhos e de oacutergatildeos colegiados nos incisos XX XXI XXII
XXIII XXV e XXVIII elencados abaixo
XX - acompanhar e avaliar com participaccedilatildeo da comunidade e do Conselho de
Educaccedilatildeo as poliacuteticas puacuteblicas na aacuterea de educaccedilatildeo e garantir condiccedilotildees sobretudo
institucionais de continuidade das accedilotildees efetivas preservando a memoacuteria daquelas
realizadas
XXI - zelar pela transparecircncia da gestatildeo puacuteblica na aacuterea da educaccedilatildeo garantindo o
funcionamento efetivo autocircnomo e articulado dos conselhos de controle social
XXII - promover a gestatildeo participativa na rede de ensino
XXIII - elaborar plano de educaccedilatildeo e instalar Conselho de Educaccedilatildeo quando
inexistentes
XXV - fomentar e apoiar os conselhos escolares envolvendo as famiacutelias dos
educandos com as atribuiccedilotildees dentre outras de zelar pela manutenccedilatildeo da escola e
pelo monitoramento das accedilotildees e consecuccedilatildeo das metas do compromisso
XXVIII - organizar um comitecirc local do Compromisso com representantes das
associaccedilotildees de empresaacuterios trabalhadores sociedade civil Ministeacuterio Puacuteblico
Conselho Tutelar e dirigentes do sistema educacional puacuteblico encarregado da
mobilizaccedilatildeo da sociedade e do acompanhamento das metas de evoluccedilatildeo do IDEB
(BRASIL 2007 p 2 Grifos negrito nosso)
Como se observa nas diretrizes do PDEPlano de Metas estatildeo previstos a implantaccedilatildeo
e atuaccedilatildeo dos diversos conselhos educacionais nos estados e municiacutepios para que atendam ao
modelo de gestatildeo gerencial proposto no Plano de Accedilotildees Articuladas
Os Conselhos tecircm diferentes funccedilotildees a principal delas eacute o caraacuteter normativo embora
os conselhos realizem diversas outras accedilotildees dentro das suas competecircncias como opinar (caraacuteter
consultivo) deliberar e fiscalizar Em geral o caraacuteter deliberativo atribui ao Conselho
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competecircncia para regulamentar o funcionamento do sistema de ensino e interpretar a correta
aplicaccedilatildeo da lei no seu acircmbito A definiccedilatildeo de diretrizes curriculares credenciamento de
instituiccedilotildees e outras atribuiccedilotildees satildeo competecircncias tradicionais dos conselhos (BRASIL 2007)
O caraacuteter consultivo ou deliberativo diz respeito agrave natureza da funccedilatildeo do Conselho apesar de
nem sempre o caraacuteter consultivo ou deliberativo estar claramente explicitado nas normas que
instituem os conselhos
141 O Conselho Municipal de Educaccedilatildeo
A criaccedilatildeo e organizaccedilatildeo dos Conselhos Municipais de Educaccedilatildeo (CME) eacute um processo
que se delineou no paiacutes a partir da promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 A referida
Constituiccedilatildeo representou importante marco para o processo de afirmaccedilatildeo poliacutetica dos
municiacutepios na qualidade de ceacutelula de gestatildeo puacuteblica e em particular para o campo juriacutedico
normativo da educaccedilatildeo que ganhou reforccedilo em 1996 com a Lei de Diretrizes e Bases da
Educaccedilatildeo Nacional (LDBEN n 939496) A criaccedilatildeo de sistema proacuteprio de ensino nos termos
da Constituiccedilatildeo88 preconiza que a organizaccedilatildeo da educaccedilatildeo nos municiacutepios natildeo pode
prescindir de estruturas administrativas e do estabelecimento de bases legais condutoras do
ensino a ser provido em territoacuterio brasileiro
Na esfera municipal os municiacutepios criam os seus Conselhos Municipais de Educaccedilatildeo
(CME) mediante lei municipal que vai definir a composiccedilatildeo baacutesica do oacutergatildeo o nuacutemero de
membros efetivos e substitutos e os mandatos Depois da sanccedilatildeo do Executivo inicia-se o
processo de escolha dos membros As primeiras sessotildees satildeo dedicadas agrave elaboraccedilatildeo do
regimento interno que definiraacute a frequecircncia de reuniotildees a divisatildeo em comissotildees e a tramitaccedilatildeo
das decisotildees Com o objetivo de garantir a ampla participaccedilatildeo da sociedade e respeitando a
competecircncia teacutecnica exigida para o exerciacutecio das atribuiccedilotildees dos conselheiros o CME poderaacute
ser composto por representantes de pais estudantes professores associaccedilotildees de moradores
sindicatos Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e demais oacutergatildeos e entidades ligados agrave educaccedilatildeo
municipal ndash dos setores puacuteblico e privado ndash escolhidos democraticamente pelos segmentos que
o representam
Sobre as funccedilotildees dos Conselhos de Educaccedilatildeo Paz (2004) considera que os conselhos
satildeo oacutergatildeos com perfil identificado com a gestatildeo democraacutetica pelo fato de terem suas funccedilotildees
atreladas ao ato de mobilizar de agregar experientes militantes da educaccedilatildeo especialmente
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educadores e estudiosos que lutam em prol de formas legiacutetimas de participaccedilatildeo da sociedade
nos oacutergatildeos puacuteblicos
Os Conselhos Municipais de Educaccedilatildeo satildeo fundamentais para a autonomia dos sistemas
municipais de educaccedilatildeo e possuem funccedilotildees variadas mas que devem garantir a gestatildeo
democraacutetica da educaccedilatildeo e a perspectiva de um ensino de qualidade no municiacutepio Souza (2009)
lanccedila uma luz significativa em torno da questatildeo ao entender que
Natildeo se trata apenas de accedilotildees democraacuteticas ou de processos participativos de tomada
de decisotildees trata-se antes de tudo de accedilotildees voltadas agrave educaccedilatildeo poliacutetica na medida
em que satildeo accedilotildees que criam e recriam alternativas mais democraacuteticas no cotidiano
escolar no que se refere em especial agraves relaccedilotildees de poder ali presentes (SOUZA
2009 p 126)
O Conselho Municipal de Educaccedilatildeo tem o papel de articulador e de mediador das
questotildees educacionais da sociedade local junto ao gestor da educaccedilatildeo municipal pois
Eacute um oacutergatildeo de ampla representatividade com funccedilotildees normativas consultivas
mobilizadoras e fiscalizadoras Ocupa posiccedilatildeo fundamental na efetivaccedilatildeo da gestatildeo
democraacutetica da rede ou do sistema de ensino bem como na consolidaccedilatildeo da
autonomia dos municiacutepios no gerenciamento de suas poliacuteticas educacionais devendo
para tanto estabelecer diaacutelogo contiacutenuo com a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo
(UNDIME 2012 p132)
O Conselho Municipal de Educaccedilatildeo eacute de suma importacircncia para a educaccedilatildeo municipal
por estabelecer o controle social e a participaccedilatildeo dando representatividade e legitimidade frente
agrave comunidade local de cada um dos integrantes do Conselho Constitui um oacutergatildeo de
interlocuccedilatildeo entre a sociedade e o poder puacuteblico participando da formulaccedilatildeo implantaccedilatildeo
supervisatildeo e avaliaccedilatildeo das poliacuteticas educacionais do municiacutepio da defesa do direito de todos agrave
educaccedilatildeo com qualidade social e mobilizando os poderes puacuteblicos municipais quanto agraves suas
responsabilidades no atendimento das demandas dos diversos segmentos em conformidade
com as poliacuteticas puacuteblicas da educaccedilatildeo
De acordo com o quadro a seguir UNDIME (2012) aponta quatro funccedilotildees dos
Conselhos Municipais de Educaccedilatildeo Eacute o que podemos observar no quadro 02 bem como os
objetivos de cada funccedilatildeo
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Quadro 02 - Funccedilotildees e objetivos do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (CME)
FUNCcedilOtildeES OBJETIVOS
Consultiva
Tratar sobre a exposiccedilatildeo e o julgamento acerca de determinados
assuntos tais como projetos programas educacionais e experiecircncias
pedagoacutegicas renovadoras do executivo e das escolas e
Responder a consultas sobre leis educacionais e suas aplicaccedilotildees submetidas a ele por entidades da sociedade puacuteblica ou civil (Secretaria
Municipal da Educaccedilatildeo escolas universidades sindicatos Cacircmara
Municipal Ministeacuterio Puacuteblico) cidadatildeos ou grupos de cidadatildeos
Fiscalizadora
Acompanhar a transferecircncia e controle da aplicaccedilatildeo de recursos para a
Educaccedilatildeo no municiacutepio
Fiscalizar o cumprimento do Plano Municipal de Educaccedilatildeo (PME)
Fiscalizar o desempenho do Sistema Municipal de Ensino e do PME
Fiscalizar as medidas e os programas para a formaccedilatildeo de professores
Fiscalizar os acordos e convecircnios e
Fiscalizar as questotildees educacionais que lhes forem submetidas pelas escolas Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo Cacircmara Municipal e outros
Deliberativa Elaborar seu regimento e plano de atividades
Tomar medidas para melhoria do fluxo e do rendimento escolar e
Buscar formas de se relacionar com a comunidade entre outras
Normativa
Autorizar o funcionamento das escolas da rede municipal
Autorizar o funcionamento das instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Infantil das
redes privada particular comunitaacuteria confessional e filantroacutepica
(quando o municiacutepio tiver Sistema Municipal de Ensino implantado) e
Elaborar as normas complementares para o sistema de ensino Fonte Caderno UNDIME 2012
A participaccedilatildeo na elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Educaccedilatildeo (PME) com criacuteticas e
sugestotildees eacute uma das atribuiccedilotildees dos membros dos Conselhos Municipais de Educaccedilatildeo bem
como autorizar o funcionamento de escolas fiscalizar e acompanhar a execuccedilatildeo de recursos
educacionais dentre outras
142 O Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar
No Brasil a poliacutetica de alimentaccedilatildeo teve iniacutecio ainda no ano de 1955 como um
programa assistencialista Entretanto somente a partir da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 no
artigo 208 inciso VII alterado pela Emenda Constitucional nordm 592009 eacute que a alimentaccedilatildeo
escolar surgiu como direito Embora ainda com recursos centralizados eacute no ano de 1994 com
a Lei nordm 89132009 que ocorre agrave descentralizaccedilatildeo dos recursos do Programa para os
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municiacutepios por meio de convecircnios exigindo-se a criaccedilatildeo de conselhos de acompanhamento a
fim de responsabilizar-se pelo controle social
A Lei nordm 119472009 de 16 de junho de 2009 revogou a Lei nordm 89132009 e criou o
Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar (PNAE) aos alunos da educaccedilatildeo baacutesica com o
repasse de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo ndash FNDE sem
convecircnios acordos ou contratos mas diretamente em conta bancaacuteria especiacutefica por meio do
Programa Dinheiro Direto na Escola
De acordo com o art 4ordm da Lei nordm 119472009 o Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo
Escolar tem por objetivo contribuir para o crescimento e o desenvolvimento biopsicossocial
para a aprendizagem para o rendimento escolar e para a formaccedilatildeo de haacutebitos alimentares
saudaacuteveis dos alunos atraveacutes de accedilotildees educacionais alimentares e nutricionais aleacutem da oferta
de refeiccedilotildees que garantam as suas necessidades nutricionais durante o periacuteodo letivo (BRASIL
2009) De acordo com Castro (2009) essa poliacutetica social busca realizar a promoccedilatildeo social
gerando oportunidades e resultados tanto para os indiviacuteduos como para os grupos sociais da
solidariedade social garantindo seguranccedila aos indiviacuteduos em situaccedilotildees de incapacidade
vulnerabilidade ou risco
No que se refere aos recursos para financiamento do Programa o art 5ordm da Lei nordm
119472009 esclarece que seratildeo consignados no orccedilamento da Uniatildeo para execuccedilatildeo do PNAE
e seratildeo repassados em parcelas aos Estados ao Distrito Federal aos Municiacutepios e agraves escolas
federais pelo FNDE em conformidade com o disposto no art 208 da Constituiccedilatildeo Federal e
observadas agraves disposiccedilotildees mencionadas abaixo
Art 5ordm ()
sect 1o A transferecircncia dos recursos financeiros objetivando a execuccedilatildeo do PNAE seraacute
efetivada automaticamente pelo FNDE sem necessidade de convecircnio ajuste acordo
ou contrato mediante depoacutesito em conta corrente especiacutefica
sect 2o Os recursos financeiros de que trata o sect 1o deveratildeo ser incluiacutedos nos orccedilamentos
dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios atendidos e seratildeo utilizados
exclusivamente na aquisiccedilatildeo de gecircneros alimentiacutecios
sect 3o Os saldos dos recursos financeiros recebidos agrave conta do PNAE existentes em 31
de dezembro deveratildeo ser reprogramados para o exerciacutecio subsequente com estrita
observacircncia ao objeto de sua transferecircncia nos termos disciplinados pelo Conselho
Deliberativo do FNDE
sect 4o O montante dos recursos financeiros de que trata o sect 1o seraacute calculado com base
no nuacutemero de alunos devidamente matriculados na educaccedilatildeo baacutesica puacuteblica de cada
um dos entes governamentais conforme os dados oficiais de matriacutecula obtidos no
censo escolar realizado pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo
sect 5o Para os fins deste artigo a criteacuterio do FNDE seratildeo considerados como parte da
rede estadual municipal e distrital ainda os alunos matriculados em
I - creches preacute-escolas e escolas do ensino fundamental e meacutedio qualificadas como
entidades filantroacutepicas ou por elas mantidas inclusive as de educaccedilatildeo especial
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II - creches preacute-escolas e escolas comunitaacuterias de ensino fundamental e meacutedio
conveniadas com os Estados o Distrito Federal e os Municiacutepios (LEI
11147BRASIL 2009)
A execuccedilatildeo dos repasses financeiros ficaraacute a cargo dos entes federados que receberatildeo
os recursos atraveacutes do Programa Dinheiro Direto na Escola e deveratildeo ser destinados de acordo
com o art 23 da mesma Lei ldquoagrave cobertura de despesas de custeio manutenccedilatildeo e de pequenos
investimentos que concorram para a garantia do funcionamento e melhoria da infraestrutura
fiacutesica e pedagoacutegica dos estabelecimentos de ensinordquo Deveratildeo ser respeitadas as normas e
particularidades dos valores per capita das escolas ldquoque oferecem educaccedilatildeo especial de forma
inclusiva ou especializada de modo a assegurar de acordo com os objetivos do PDDE o
adequado atendimento agraves necessidades dessa modalidade educacionalrdquo (LEI 11147BRASIL
2009)
Os Conselhos de Alimentaccedilatildeo Escolar satildeo oacutergatildeos colegiados de caraacuteter fiscalizador
permanente deliberativo e de assessoramento Deveratildeo ser instituiacutedos de acordo com o art 18
no acircmbito dos Estados o Distrito Federal e os Municiacutepios e deveratildeo ser compostos da seguinte
forma
I - 1 (um) representante indicado pelo Poder Executivo do respectivo ente federado
II - 2 (dois) representantes das entidades de trabalhadores da educaccedilatildeo e de discentes
indicados pelo respectivo oacutergatildeo de representaccedilatildeo a serem escolhidos por meio de
assembleia especiacutefica
III - 2 (dois) representantes de pais de alunos indicados pelos Conselhos Escolares
Associaccedilotildees de Pais e Mestres ou entidades similares escolhidos por meio de
assembleia especiacutefica
IV - 2 (dois) representantes indicados por entidades civis organizadas escolhidos em
assembleia especiacutefica
sect 1o Os Estados o Distrito Federal e os Municiacutepios poderatildeo a seu criteacuterio ampliar a
composiccedilatildeo dos membros do CAE desde que obedecida a proporcionalidade definida
nos incisos deste artigo
sect 2o Cada membro titular do CAE teraacute 1 (um) suplente do mesmo segmento
representado
sect 3o Os membros teratildeo mandato de 4 (quatro) anos podendo ser reconduzidos de
acordo com a indicaccedilatildeo dos seus respectivos segmentos
sect 4o A presidecircncia e a vice-presidecircncia do CAE somente poderatildeo ser exercidas pelos
representantes indicados nos incisos II III e IV deste artigo
sect 5o O exerciacutecio do mandato de conselheiros do CAE eacute considerado serviccedilo puacuteblico
relevante natildeo remunerado
sect 6o Caberaacute aos Estados ao Distrito Federal e aos Municiacutepios informar ao FNDE a
composiccedilatildeo do seu respectivo CAE na forma estabelecida pelo Conselho
Deliberativo do FNDE (LEI 11147BRASIL 2009)
A duraccedilatildeo do mandato eacute de quatro anos e eacute considerado serviccedilo puacuteblico relevante natildeo
remunerado O CAE deve fiscalizar a execuccedilatildeo do programa sem prejuiacutezo da atuaccedilatildeo dos
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demais oacutergatildeos de controle interno e externo ou seja do Tribunal de Contas da Uniatildeo (TCU)
da Secretaria Federal de Controle Interno (SFCI) e do Ministeacuterio Puacuteblico
As competecircncias do CAE estatildeo explicitas na Lei nordm 11947 de 16 de junho de 2009 em
seu art 19 conforme demonstrado abaixo
I - acompanhar e fiscalizar o cumprimento das diretrizes estabelecidas na forma do
art 2o desta Lei
II - acompanhar e fiscalizar a aplicaccedilatildeo dos recursos destinados agrave alimentaccedilatildeo escolar
III - zelar pela qualidade dos alimentos em especial quanto agraves condiccedilotildees higiecircnicas
bem como a aceitabilidade dos cardaacutepios oferecidos
IV - receber o relatoacuterio anual de gestatildeo do PNAE e emitir parecer conclusivo a
respeito aprovando ou reprovando a execuccedilatildeo do Programa
Paraacutegrafo uacutenico Os CAEs poderatildeo desenvolver suas atribuiccedilotildees em regime de
cooperaccedilatildeo com os Conselhos de Seguranccedila Alimentar e Nutricional estaduais e
municipais e demais conselhos afins e deveratildeo observar as diretrizes estabelecidas
pelo Conselho Nacional de Seguranccedila Alimentar e Nutricional ndash CONSEA
(CAEBRASIL 2009)
Como forma de controle social os Conselhos satildeo responsaacuteveis por acompanhar e
monitorar os recursos federais repassados pelo FNDE aos entes federados para a alimentaccedilatildeo
escolar devendo inclusive garantir boas praacuteticas sanitaacuterias e de higiene dos alimentos Para
facilitar a realizaccedilatildeo dessas accedilotildees eacute necessaacuterio que o CAE estabeleccedila um planejamento de
atividades fiscalizadoras e de acompanhamento
Aleacutem disso devem-se observar as seguintes diretrizes da alimentaccedilatildeo escolar quando
do acompanhamento e fiscalizaccedilatildeo do programa
Art 2o Satildeo diretrizes da alimentaccedilatildeo escolar I - o emprego da alimentaccedilatildeo saudaacutevel e adequada compreendendo o uso de alimentos
variados seguros que respeitem a cultura as tradiccedilotildees e os haacutebitos alimentares
saudaacuteveis contribuindo para o crescimento e o desenvolvimento dos alunos e para a
melhoria do rendimento escolar em conformidade com a sua faixa etaacuteria e seu estado
de sauacutede inclusive dos que necessitam de atenccedilatildeo especiacutefica
II - a inclusatildeo da educaccedilatildeo alimentar e nutricional no processo de ensino e
aprendizagem que perpassa pelo curriacuteculo escolar abordando o tema alimentaccedilatildeo e
nutriccedilatildeo e o desenvolvimento de praacuteticas saudaacuteveis de vida na perspectiva da
seguranccedila alimentar e nutricional
III - a universalidade do atendimento aos alunos matriculados na rede puacuteblica de
educaccedilatildeo baacutesica
IV - a participaccedilatildeo da comunidade no controle social no acompanhamento das accedilotildees
realizadas pelos Estados pelo Distrito Federal e pelos Municiacutepios para garantir a
oferta da alimentaccedilatildeo escolar saudaacutevel e adequada
V - o apoio ao desenvolvimento sustentaacutevel com incentivos para a aquisiccedilatildeo de
gecircneros alimentiacutecios diversificados produzidos em acircmbito local e preferencialmente
pela agricultura familiar e pelos empreendedores familiares rurais priorizando as
comunidades tradicionais indiacutegenas e de remanescentes de quilombos
VI - o direito agrave alimentaccedilatildeo escolar visando a garantir seguranccedila alimentar e
nutricional dos alunos com acesso de forma igualitaacuteria respeitando as diferenccedilas
bioloacutegicas entre idades e condiccedilotildees de sauacutede dos alunos que necessitem de atenccedilatildeo
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especiacutefica e aqueles que se encontram em vulnerabilidade social (LEI
11147BRASIL 2009)
Considerando o previsto na Lei nordm 119472009 o CAE tem um papel importante no
acompanhamento e fiscalizaccedilatildeo da aplicaccedilatildeo dos recursos financeiros e na garantia da qualidade
da alimentaccedilatildeo desde a compra ateacute a distribuiccedilatildeo nas escolas e ainda tem possibilidade de
aprovar ou rejeitar a prestaccedilatildeo de contas relativa agrave execuccedilatildeo do PNAE
143 Os Conselhos Escolares
As discussotildees sobre educaccedilatildeo introduzem propostas de gestatildeo administrativa de
autonomia e participaccedilatildeo Os sistemas de ensino e as poliacuteticas educacionais continuam sendo a
chave para o enfrentamento das questotildees educacionais muito embora as discussotildees agora
passam a ser voltadas para a escola isto parte do entendimento de que ldquoa defesa do interesse
puacuteblico natildeo estaacute exclusivamente nas matildeos do Estado mas compartilhado com a comunidade
mais proacutexima agrave escolardquo (WERLE 2003 p 46) Os Conselhos Escolares se apresentam nesse
contexto como um espaccedilo de co-participaccedilatildeo e co-responsabilidade entre famiacutelia a sociedade
e o Estado atuando como mecanismo de controle defesa e promoccedilatildeo da educaccedilatildeo puacuteblica
No acircmbito da gestatildeo escolar em meados da deacutecada de 1980 um dos principais
questionamentos era a excessiva concentraccedilatildeo de poder nas matildeos de um uacutenico indiviacuteduo o
diretor da escola Por isso os movimentos organizados pelos educadores na eacutepoca defendiam
de forma acentuada as propostas de gestatildeo colegiada que propunham a inserccedilatildeo de toda a
comunidade escolar ou ampliaccedilatildeo dos envolvidos no processo educativo nos espaccedilos de decisatildeo
da escola (MENDONCcedilA 2000 ADRIAtildeO e CAMARGO 2007)
Tais lutas culminaram com a aprovaccedilatildeo do princiacutepio da gestatildeo democraacutetica na
Constituiccedilatildeo Federal de 1988 no seu artigo 206 inciso VI ldquogestatildeo democraacutetica do ensino
puacuteblico na forma da leirdquo e a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional (LDB) que vem
dar os desdobramentos desse princiacutepio em seu art 14 indicando que
Os sistemas de ensino definiratildeo as normas de gestatildeo democraacutetica do ensino puacuteblico
na educaccedilatildeo baacutesica de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes
princiacutepios
I ndash participaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo na elaboraccedilatildeo do projeto poliacutetico-
pedagoacutegico da escola
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II ndash participaccedilatildeo das comunidades escolar e local em Conselhos Escolares ou
equivalentes (BRASIL 1996 grifos em negrito nossos)
Dessa forma eacute estabelecida a gestatildeo democraacutetica como princiacutepio que deve orientar as
praacuteticas das instituiccedilotildees puacuteblicas escolares no Brasil indicando que os profissionais da
educaccedilatildeo colaborem na elaboraccedilatildeo do documento que nortearaacute as atividades da escola onde
trabalham e a participaccedilatildeo da comunidade escolar (aqui entendidas como estudantes pais
professores funcionaacuterios e direccedilatildeo) e local (entidades e organizaccedilotildees da sociedade civil
identificadas com o projeto da escola) em espaccedilos de discussatildeo e participaccedilatildeo social que
promovam a gestatildeo democraacutetica
Os Conselhos Escolares satildeo compreendidos como ldquoespaccedilos de autonomia e
participaccedilatildeo comprometido com a defesa do ensino puacuteblico gratuito e da valorizaccedilatildeo do
professorrdquo conforme ensina Werle (2003 p 49) e que podem se constituir em locais de
vivecircncia simboacutelica entre pais alunos e professores mas para implantar tais mudanccedilas as
escolas teriam que passar por profundas modificaccedilotildees organizacionais nos colegiados pois os
conselhos se configuram como espaccedilos de relaccedilotildees e exerciacutecio do poder envolvendo
autorizaccedilatildeo e influecircncia entre as partes
Nesse sentido a proacutepria percepccedilatildeo que os diferentes atores desenvolvem sobre o poder
real influenciam nas relaccedilotildees de poder Abranches (2003) tambeacutem colabora com as ideias de
Werle (2003) quando afirma que o Conselho pode ser caracterizado como um oacutergatildeo de decisotildees
coletivas capaz de superar a praacutetica do individualismo e do grupismo e informa que se a
comunidade representativa for realmente dos diferentes segmentos da comunidade escolar ela
deveraacute alterar progressivamente a natureza da gestatildeo da escola e da educaccedilatildeo bem como
intervir na qualidade dos serviccedilos prestados pela escola
Os sistemas de ensino devem organizar os seus Conselhos Escolares de acordo com os
integrantes dos segmentos representativos da escola sendo professores funcionaacuterios alunos
pais e comunidade local Quanto a escolha dos conselheiros Veiga (2007) indica as seguintes
formas a) aquelas que satildeo definidas em regimento interno de cada conselho b) diretoria eleita
pela Assembleia sendo elegiacuteveis professores pais e profissionais da educaccedilatildeo c) escolhidos
em assembleia geral de cada segmento e eleitos por seus pares onde o diretor eacute membro nato e
d) eleiccedilatildeo mediante chapas organizadas e respeitando a proporcionalidade
Desta forma constituir e institucionalizar um conselho escolar que sirva para fortalecer
o empoderamento e a participaccedilatildeo eacute uma tarefa complexa mas possiacutevel Eacute um espaccedilo de
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discussatildeo e debate substituindo a cultura patrimonialista pela cultura participativa e cidadatilde
(NAVARRO et al 2004 p 33)
Os Conselhos Escolares satildeo compreendidos como um foacuterum importante e significativo
e as posiccedilotildees dos representantes eleitos nas reuniotildees confere grau de representatividade pela
comunidade escolar Essa representatividade do Conselho estaacute relacionada agrave posse de
instrumentos materiais e culturais dos seus componentes e com a linguagem clara convincente
e adequada ao contexto (WERLE 2003) Por outro lado o Conselho Escolar eacute para o MEC um
oacutergatildeo de representaccedilatildeo das comunidades escolares e local onde satildeo discutidas definidas e
acompanhadas as atividades da escola podendo constituir um espaccedilo de discussatildeo de caraacuteter
consultivo respondendo a consultas sobre leis educacionais e suas aplicaccedilotildees deliberativo
quando toma decisotildees democraticamente fiscalizador acompanhando a aplicaccedilatildeo dos recursos
na escola e mobilizador incentivando a participaccedilatildeo direta dos envolvidos (BRASIL 2004)
Natildeo eacute suficiente afirmar que uma escola democraacutetica eacute aquela em que um colegiado
edifica uma decisatildeo de baixo para cima Eacute necessaacuteria uma mudanccedila no sistema educativo e uma
mudanccedila na loacutegica organizacional de todo o sistema Para Werle (2003 p 11) o poder natildeo estaacute
nos Conselhos Escolares e sim na competecircncia social dos representantes que caso natildeo os
faccedilam nas reuniotildees ldquopoderatildeo sofrer uma relaccedilatildeo de constrangimento e desapossamento de
espaccedilos de poderrdquo
A criaccedilatildeo das estruturas participativas nas escolas e nos sistemas de ensino constituem
um dos primeiros passos para a gestatildeo participativa ou gestatildeo ldquocompartilhadardquo poreacutem muitas
vezes a forma como satildeo constituiacutedos esses conselhos na composiccedilatildeo da sua estrutura e a forma
de implantaccedilatildeo atraveacutes de leis estaduais ou municipais satildeo contraditoacuterias porquanto sendo
constituiacutedo por pessoas eleitas representando os segmentos da comunidade escolar natildeo haveria
espaccedilo para componentes natildeo-eleitos pelos segmentos da escola
Nesse sentido a comunidade escolar quando se ausenta de participar e atuar da
construccedilatildeo coletiva dos processos democraacuteticos que satildeo as reuniotildees dos Conselhos Escolares
e quando apenas toma conhecimento das decisotildees da direccedilatildeo estaacute permitindo que outras
pessoas decidam Nesse caso estamos diante de uma participaccedilatildeo da gestatildeo que mais se
caracteriza como concessatildeo ndash cedendo a outros o seu direito de opinar de demonstrar seu ponto
de vista em favor de outrem ndash do que com democratizaccedilatildeo
70
144 O Conselho de Acompanhamento e Controle Social do Fundo de Manutenccedilatildeo e
Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo
(FUNDEB)
O Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos
Profissionais da Educaccedilatildeo (FUNDEB) foi criado pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006
Sua estrutura e finalidade encontram-se estatuiacutedas na Lei nordm 11494 de 20 de junho de 2007 e
pelo Decreto federal nordm 6253 de 13 de novembro de 2007 (BRASIL 2007)
O FUNDEB possui um montante de recursos gigantescos no que concerne ao
financiamento da educaccedilatildeo pois financia accedilotildees de manutenccedilatildeo e desenvolvimento da educaccedilatildeo
baacutesica puacuteblica independentemente da modalidade em que o ensino eacute oferecido (regular
especial ou de jovens e adultos) da sua duraccedilatildeo (Ensino Fundamental de oito ou de nove anos)
da idade dos alunos (crianccedilas jovens ou adultos) do turno de atendimento (matutino eou
vespertino ou noturno) e da localizaccedilatildeo da escola (zona urbana zona rural aacuterea indiacutegena ou
quilombola) de toda a educaccedilatildeo baacutesica em todos os municiacutepios brasileiros conforme
estabelecido nos sect 2ordm e 3ordm do art 211 da Constituiccedilatildeo
O FUNDEB eacute um fundo de natureza contaacutebil e de acircmbito estadual sendo 27 fundos
estaduais formado na quase totalidade por recursos provenientes dos impostos e transferecircncias
dos estados Distrito Federal e municiacutepios vinculados agrave educaccedilatildeo por forccedila do disposto no art
212 da Constituiccedilatildeo Federal e com o art 69 da LDB cabe a Uniatildeo a aplicaccedilatildeo nunca menos
que 18 e aos estados e municiacutepios no miacutenimo 25 da receita resultante de impostos
compreendida a proveniente de transferecircncias na Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento do Ensino ndash
MDE 34 podendo ainda de acordo com a LDB a possibilidade de ampliaccedilatildeo desses percentuais
de acordo com as Constituiccedilotildees Estaduais e Leis Orgacircnicas Municipais
Ainda compotildee o FUNDEB aleacutem desses recursos a tiacutetulo de complementaccedilatildeo uma
parcela de recursos federais sempre que no acircmbito de cada Estado seu valor por aluno natildeo
alcanccedilar o miacutenimo definido nacionalmente Independentemente da origem todo o recurso
gerado eacute redistribuiacutedo para aplicaccedilatildeo exclusiva na educaccedilatildeo baacutesica
A vigecircncia estabelecida para o FUNDEB eacute para o periacuteodo de 14 anos 2007-2020 Sua
implantaccedilatildeo comeccedilou em 1ordm de janeiro de 2007 e foi concluiacuteda em 2009 quando o total de
alunos matriculados na rede puacuteblica foi considerado na distribuiccedilatildeo dos recursos e o percentual
34 As despesas da ldquomanutenccedilatildeo e desenvolvimento do ensinordquo - MDE estatildeo previstas nos artigos 70 e 71 da LDB
que define quais as despesas podem e que natildeo podem ser utilizadas para efeito do MDE
71
de contribuiccedilatildeo dos estados Distrito Federal e municiacutepios atingiu o patamar de 20 para a
formaccedilatildeo do Fundo
As fontes de recursos para a educaccedilatildeo conforme a LDB no seu art 68 satildeo as receitas
provenientes de impostos da Uniatildeo dos Estados e dos Municiacutepios as receitas de transferecircncias
constitucionais e outras transferecircncias as receitas do Salaacuterio Educaccedilatildeo e de outras contribuiccedilotildees
sociais e as de incentivos fiscais e outros recursos previstos em Lei As principais fontes
financiadoras da educaccedilatildeo satildeo as receitas de impostos e o salaacuterio educaccedilatildeo pois ldquorepresentam
em termos de volume de recursos e de regularidade a receita que tem financiado a expansatildeo e
a qualificaccedilatildeo da educaccedilatildeo puacuteblica no paiacutesrdquo (FARENZENA 2006 p 82) Ou seja os
Municiacutepios devem utilizar recursos do FUNDEB na educaccedilatildeo infantil e no ensino fundamental
e os Estados no ensino fundamental e meacutedio sendo o miacutenimo de 60 na remuneraccedilatildeo dos
profissionais do magisteacuterio da educaccedilatildeo baacutesica puacuteblica e o restante dos recursos em outras
despesas de manutenccedilatildeo e desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica puacuteblica
O artigo 10 da Lei nordm 114942007 trata da distribuiccedilatildeo proporcional de recursos dos
Fundos que deve levar em conta as seguintes diferenccedilas entre etapas modalidades e tipos de
estabelecimento de ensino para que atenda toda a educaccedilatildeo baacutesica dentro das suas
especificidades sendo
I - creche em tempo integral
II - preacute-escola em tempo integral
III - creche em tempo parcial
IV - preacute-escola em tempo parcial
V - anos iniciais do ensino fundamental urbano
VI - anos iniciais do ensino fundamental no campo
VII - anos finais do ensino fundamental urbano
VIII - anos finais do ensino fundamental no campo
IX- ensino fundamental em tempo integral
X - ensino meacutedio urbano
XI - ensino meacutedio no campo
XII - ensino meacutedio em tempo integral
XIII - ensino meacutedio integrado agrave educaccedilatildeo profissional
XIV - educaccedilatildeo especial
XV - educaccedilatildeo indiacutegena e quilombola
XVI - educaccedilatildeo de jovens e adultos com avaliaccedilatildeo no processo
XVII - educaccedilatildeo de jovens e adultos integrada agrave educaccedilatildeo profissional de niacutevel meacutedio
com avaliaccedilatildeo no processo (BRASIL 2007)
A composiccedilatildeo do Conselho do FUNDEB apresenta-se em trecircs niacuteveis federal estadual e
municipal O acompanhamento e o controle social sobre a distribuiccedilatildeo a transferecircncia e a
aplicaccedilatildeo dos recursos dos Fundos devem ser exercidos junto aos respectivos governos no
acircmbito da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios por conselhos instituiacutedos
especificamente para esse fim Os conselhos seratildeo criados por legislaccedilatildeo especiacutefica editada no
72
pertinente acircmbito governamental observados os seguintes criteacuterios de composiccedilatildeo expressos
na Lei nordm 114942007 (BRASIL 2007)
Quadro 03 Composiccedilatildeo do Conselho de Controle Social do FUNDEB por esfera administrativa
Federal
(No miacutenimo 14 membros)
Estadual
(No miacutenimo 12 membros)
Municipal
(No miacutenimo 9 membros)
a) ateacute 4 (quatro)
representantes do Ministeacuterio
da Educaccedilatildeo
b) 1 (um) representante do
Ministeacuterio da Fazenda
c) 1 (um) representante do
Ministeacuterio do Planejamento
Orccedilamento e Gestatildeo
d) 1 (um) representante do
Conselho Nacional de
Educaccedilatildeo
e) 1 (um) representante do
Conselho Nacional de
Secretaacuterios de Estado da
Educaccedilatildeo - CONSED
f) 1 (um) representante da
Confederaccedilatildeo Nacional dos
Trabalhadores em Educaccedilatildeo
- CNTE
g) 1 (um) representante da
Uniatildeo Nacional dos
Dirigentes Municipais de
Educaccedilatildeo - UNDIME
h) 2 (dois) representantes dos
pais de alunos da educaccedilatildeo
baacutesica puacuteblica
i) 2 (dois) representantes dos
estudantes da educaccedilatildeo
baacutesica puacuteblica um dos quais
indicado pela Uniatildeo
Brasileira de Estudantes
Secundaristas - UBES
a) 3 (trecircs) representantes do
Poder Executivo estadual
dos quais pelo menos 1 (um)
do oacutergatildeo estadual
responsaacutevel pela educaccedilatildeo
baacutesica
b) 2 (dois) representantes dos
Poderes Executivos
Municipais
c) 1 (um) representante do
Conselho Estadual de
Educaccedilatildeo
d) 1 (um) representante da
seccional da Uniatildeo Nacional
dos Dirigentes Municipais de
Educaccedilatildeo - UNDIME
e) 1 (um) representante da
seccional da Confederaccedilatildeo
Nacional dos Trabalhadores
em Educaccedilatildeo - CNTE
f) 2 (dois) representantes dos
pais de alunos da educaccedilatildeo
baacutesica puacuteblica
g) 2 (dois) representantes dos
estudantes da educaccedilatildeo
baacutesica puacuteblica 1 (um) dos
quais indicado pela entidade
estadual de estudantes
secundaristas
a) 2 (dois) representantes do
Poder Executivo Municipal
dos quais pelo menos 1 (um)
da Secretaria Municipal de
Educaccedilatildeo ou oacutergatildeo
educacional equivalente
b) 1 (um) representante dos
professores da educaccedilatildeo baacutesica
puacuteblica
c) 1 (um) representante dos
diretores das escolas baacutesicas
puacuteblicas
d) 1 (um) representante dos
servidores teacutecnico-
administrativos das escolas
baacutesicas puacuteblicas
e) 2 (dois) representantes dos
pais de alunos da educaccedilatildeo
baacutesica puacuteblica
f) 2 (dois) representantes dos
estudantes da educaccedilatildeo baacutesica
puacuteblica um dos quais indicado
pela entidade de estudantes
secundaristas
sect 2o Integraratildeo ainda os
conselhos municipais dos
Fundos quando houver 1
(um) representante do
respectivo Conselho
Municipal de Educaccedilatildeo e 1
(um) representante do
Conselho Tutelar a que se
refere a Lei no 8069 de 13 de
julho de 1990 indicados por
seus pares
Fonte Lei Federal Nordm 114942007
73
A Lei nordm 114942007 aponta algumas orientaccedilotildees e estabelece restriccedilotildees na
composiccedilatildeo do Conselho de Controle Social do FUNDEB Na Lei os membros do Conselho
podem constituir seus representantes por indicaccedilatildeo eleiccedilatildeo e representaccedilatildeo conforme
estabelece o art 24 sect 3ordm
I - pelos dirigentes dos oacutergatildeos federais estaduais municipais e do Distrito Federal e
das entidades de classes organizadas nos casos das representaccedilotildees dessas instacircncias
II - nos casos dos representantes dos diretores pais de alunos e estudantes pelo
conjunto dos estabelecimentos ou entidades de acircmbito nacional estadual ou
municipal conforme o caso em processo eletivo organizado para esse fim pelos
respectivos pares
III - nos casos de representantes de professores e servidores pelas entidades sindicais
da respectiva categoria (BRASIL 2007)
Ainda sobre a composiccedilatildeo do Conselho a Lei Nordm 114942007 no art 24 sect 5ordm destaca
o impedimento dos Conselheiros que tenham relaccedilatildeo de parentesco submissatildeo hieraacuterquica ou
prestem serviccedilos para o poder executivo local
sect 5o Satildeo impedidos de integrar os conselhos a que se refere o caput deste artigo
I - cocircnjuge e parentes consanguiacuteneos ou afins ateacute 3o (terceiro) grau do Presidente e
do Vice-Presidente da Repuacuteblica dos Ministros de Estado do Governador e do Vice-
Governador do Prefeito e do Vice-Prefeito e dos Secretaacuterios Estaduais Distritais ou
Municipais
II - tesoureiro contador ou funcionaacuterio de empresa de assessoria ou consultoria que
prestem serviccedilos relacionados agrave administraccedilatildeo ou controle interno dos recursos do
Fundo bem como cocircnjuges parentes consanguiacuteneos ou afins ateacute 3o (terceiro) grau
desses profissionais
III - estudantes que natildeo sejam emancipados
IV - pais de alunos que
a) exerccedilam cargos ou funccedilotildees puacuteblicas de livre nomeaccedilatildeo e exoneraccedilatildeo no acircmbito dos
oacutergatildeos do respectivo Poder Executivo gestor dos recursos ou
b) prestem serviccedilos terceirizados no acircmbito dos Poderes Executivos em que atuam os
respectivos conselhos
sect 6o O presidente dos conselhos previstos no caput deste artigo seraacute eleito por seus
pares em reuniatildeo do colegiado sendo impedido de ocupar a funccedilatildeo o representante
do governo gestor dos recursos do Fundo no acircmbito da Uniatildeo dos Estados do Distrito
Federal e dos Municiacutepios (BRASIL 2007)
A atuaccedilatildeo dos membros do conselho deve ser baseada na autonomia e sem viacutenculo
institucional ao Poder Executivo local O periacuteodo do mandato dos seus membros eacute de dois anos
podendo ser reconduzidos uma uacutenica vez
O desempenho da funccedilatildeo de conselheiro do FUNDEB eacute considerado de extrema
relevacircncia social sendo uma atividade natildeo remunerada A Uniatildeo os Estados o Distrito Federal
74
e os Municiacutepios devem garantir a infraestrutura e as condiccedilotildees materiais adequadas agrave execuccedilatildeo
plena das competecircncias dos conselhos Os conselhos tecircm no acircmbito de suas respectivas esferas
governamentais de atuaccedilatildeo a incumbecircncia de ainda supervisionar o censo escolar anual e a
elaboraccedilatildeo da proposta orccedilamentaacuteria anual ldquocom o objetivo de concorrer para o regular e
tempestivo tratamento e encaminhamento dos dados estatiacutesticos e financeiros que alicerccedilam a
operacionalizaccedilatildeo dos Fundosrdquo (Art 24 sect 9ordm Lei nordm 11494 BRASIL 2007)
Aleacutem do FUNDEB cabe ao CACS o acompanhamento e a fiscalizaccedilatildeo do Programa de
Transporte escolar (PNATE)
15 CRITEacuteRIOS PARA A ESCOLHA DE DIRETOR ESCOLAR
A participaccedilatildeo nas formas de escolha do diretor escolar representada pela definiccedilatildeo de
criteacuterios para essa escolha que tecircm sido muito presente na pauta de lutas das organizaccedilotildees de
educadores desde a deacutecada de 1980 Natildeo obstante por ser mateacuteria de difiacutecil consenso a
Constituiccedilatildeo de 1988 e a LDB de 1996 satildeo geneacutericas ao tratar do tema limitando-se a delegar
aos sistemas de ensino a sua regulamentaccedilatildeo Eacute assim que de acordo com Mendonccedila (2000)
tais criteacuterios satildeo os mais diversos nas leis estaduais do paiacutes Por se tratar de um paiacutes que
comporta mais de 5600 municiacutepios com possibilidade de criaccedilatildeo de sistema proacuteprio de ensino
pode-se em potencial ter uma diversidade muito maior de criteacuterios
Com base nos estudos de Mendonccedila (2000) Paro (2003) e Dourado (2007) podemos
afirmar que o provimento do cargo de diretor escolar das escolas puacuteblicas tem ocorrido
basicamente de cinco formas 1) livre indicaccedilatildeo pelos poderes puacuteblicos 2) ascensatildeo na carreira
3) aprovaccedilatildeo em concurso puacuteblico 4) eleiccedilatildeo e posterior indicaccedilatildeo em lista triacuteplice e 5) eleiccedilatildeo
direta E cada uma dessas categorias traz consigo as concepccedilotildees de gestatildeo de um governo e
maior ou menor grau de participaccedilatildeo dos envolvidos na escolha
Em relaccedilatildeo ao criteacuterio de escolha de diretores escolares por indicaccedilatildeo ou nomeaccedilatildeo
Mendonccedila (2000) Paro (2007) e Dourado (2007) argumentam que esta eacute a forma de acesso na
qual os representantes poliacuteticos (governadores e prefeitos) podem indicar os gestores escolares
que acharem apropriados ao cargo Assim o criteacuterio de escolha de diretores atraveacutes de indicaccedilatildeo
vincula o trabalho do diretor com quem o indicou quase sempre um poliacutetico ou teacutecnico das
Secretarias de Educaccedilatildeo Seu compromisso portanto eacute com quem o colocou naquele cargo e
natildeo com a comunidade escolar Nesse caso ldquoo papel do diretor ao prescindir do respaldo da
comunidade escolar caracteriza-se como instrumentalizador de praacuteticas autoritaacuterias
75
evidenciando forte ingerecircncia do Estado na gestatildeo da escola (DOURADO 2007 p 83) A
indicaccedilatildeo para cargos puacuteblicos estaacute nas raiacutezes do Estado patrimonialista que marcou fortemente
a origem do Estado brasileiro o pode ser percebida na admissatildeo dos diretores cujos criteacuterios
satildeo essencialmente subjetivos e pessoais (MENDONCcedilA 2000) A categoria ldquonomeaccedilatildeordquo para
Paro (2007) ldquotraz consigo as marcas do clientelismo poliacutetico sendo por isso uma das mais
criticadas e inclusive muito presente nos sistemas de ensinordquo (PARO 2007 p 19) Com base
em dados do observatoacuterio de monitoramento das metas do PNE35 ateacute 2013 essa forma de
escolha de diretores ainda era presente em 50 das escolas brasileiras sendo portanto a que
prevalece no Brasil
Quanto ao criteacuterio de provimento de diretores escolares por meio do concurso os que
o defendem alegam que apresenta virtudes como ldquoa objetividade a coibiccedilatildeo do clientelismo e
a possibilidade de afericcedilatildeo do conhecimento teacutecnico do candidatordquo (PARO 2003 p19) Esse
criteacuterio de escolha estaacute ancorado na ideia de que o domiacutenio da competecircncia teacutecnica pelo
candidato eacute um requisito essencial para o exerciacutecio da funccedilatildeo Dessa forma a seleccedilatildeo atraveacutes
de concurso puacuteblico eacute defendida pela sua imparcialidade e porque o diretor concursado estaria
ldquomenos submisso agraves variantes poliacuteticas da escola e do sistema de ensino uma vez que o
concurso puacuteblico parece garantir a moralidade e a transparecircncia necessaacuterias na lotaccedilatildeo de
qualquer cargo puacuteblicordquo (SOUZA 2007 p 167)
Mendonccedila (2000) adverte que a permanecircncia de diretores nas unidades escolares por
concurso para a escolha de diretores estaacute vinculado tambeacutem ldquoa uma concepccedilatildeo da direccedilatildeo de
escola como carreira e por meio dele a ocupaccedilatildeo da funccedilatildeo tem caraacuteter permanenterdquo
(MENDONCcedilA 2000 p 191) Natildeo obstante concordamos com Paro (2015) quando argumenta
que o concurso eacute democraacutetico apenas aparentemente pois ldquoo diretor tem o direito de concorrer
ao cargo e escolher a escola onde vai trabalhar mas a comunidade escolar tem de aceitar esse
diretor sem conhececirc-lo e sem um processo democraacutetico de escolhardquo (PARO 2015 p 117)
Aleacutem disso ldquonatildeo eacute verdade que o processo de escolha possa se resumir numa qualidade teacutecnica
() pois o diretor exerce uma accedilatildeo poliacutetica como representante do Estado diante de seus
dirigidosrdquo (IDEM p117)
35 O Observatoacuterio da Educaccedilatildeo eacute uma plataforma online que tem como objetivo monitorar os indicadores referentes
a cada uma das 20 metas do Plano Nacional de Educaccedilatildeo (PNE) e de suas respectivas estrateacutegias e oferecer
anaacutelises sobre as poliacuteticas puacuteblicas educacionais jaacute existentes e que seratildeo implementadas ao longo dos dez anos
de vigecircncia do Plano Consta no seguinte endereccedilo httpwwwobservatoriodopneorgbrmetas-pne19-gestao-
democraticaindicadores
76
O diretor de carreira segundo Dourado (2007) eacute uma modalidade pouco utilizada
Neste caso o acesso ao cargo eacute vinculado a criteacuterios como tempo de serviccedilo escolarizaccedilatildeo
merecimento eou distinccedilatildeo entre outros Representa uma tentativa de aplicaccedilatildeo no setor
puacuteblico da meritocracia livrando da participaccedilatildeo da comunidade escolar a escolha de seu
dirigente
A indicaccedilatildeo por meio de listas triacuteplices secircxtuplas ou a combinaccedilatildeo de processos
(modalidade mista) consiste na consulta agrave comunidade escolar para a indicaccedilatildeo de nomes em
nuacutemero de trecircs ou seis possiacuteveis dirigentes cabendo ao poder executivo nomear o diretor dentre
os nomes escolhidos eou submetecirc-los a uma segunda fase que consiste em provas ou
atividades de avaliaccedilatildeo de sua capacidade cognitiva para a gestatildeo da educaccedilatildeo Na modalidade
mista apesar da participaccedilatildeo da comunidade na primeira fase cabe ao poder executivo fazer a
indicaccedilatildeo final do diretor onde corre-se o risco de ocorrer uma indicaccedilatildeo por criteacuterios natildeo
poliacutetico-pedagoacutegicos com uma suposta legitimaccedilatildeo da comunidade escolar uma forma de
burlar o sistema de escolha democraacutetica em nome do discurso de participaccedilatildeodemocratizaccedilatildeo
das relaccedilotildees escolares Outra modalidade mista eacute apontada por Vieira (2006) em que a escolha
de diretores escolares ocorre em duas fases de seleccedilatildeo A primeira fase dar-se-aacute por meio de
concurso que classifica os gestores e na segunda fase os classificados no concurso satildeo
colocados em aceitaccedilatildeo da comunidade e dos segmentos da escola atraveacutes da eleiccedilatildeo com a
participaccedilatildeo coletiva para a aprovaccedilatildeo de suas propostas na gestatildeo que assumiraacute (VIEIRA
2006)
O criteacuterio eleiccedilotildees diretas para a escolha de diretores escolares eacute entendida por
Mendonccedila (2000) Paro (2003 2007) e Souza (2007) como a forma mais democraacutetica na qual
a comunidade poderaacute votar no gestor mais qualificado para exercer as funccedilotildees pertinentes ao
cargo Para Souza diretor eleito
natildeo eacute por natureza do processo eletivo mais compromissado com a educaccedilatildeo puacuteblica
de qualidade para todosas mas a eleiccedilatildeo eacute o instrumento que potencialmente permite
agrave comunidade escolar controlar as accedilotildees do dirigente escolar no sentido de levaacute-lo a
se comprometer com este princiacutepio (SOUZA 2007 p 174)
A eleiccedilatildeo de diretores escolares fortalece o poder poliacutetico no interior das escolas e
consequentemente reduz a intervenccedilatildeo do Estado sobre elas e dessa forma a escola torna-se
mais autocircnoma e capaz de promover relaccedilotildees mais democraacuteticas em seu interior Embora a
eleiccedilatildeo natildeo seja a soluccedilatildeo para todos os problemas da escola puacuteblica e envolva riscos ainda ldquoeacute
77
a forma civilizada de exercer o poder entre sujeitosrdquo e ldquoconfere aos eleitos uma autoridade
legiacutetimardquo (PARO 2015 p 118)
No que diz respeito agraves diferentes experiecircncias de gestatildeo democraacutetica principalmente
quando trata das eleiccedilotildees de diretores e funcionamento de colegiados os resultados apontam
que ldquoesses processos continuam excessivamente centrados em pessoas com interferecircncias
poliacutetico partidaacuterias aliciamento de votos entre outros problemasrdquo (MENDONCcedilA 2000 p12)
Esses problemas se revelam na intervenccedilatildeo indevida de diretores indicando os nomes para
compor os colegiados de deliberaccedilatildeo assegurando que o controle da instituiccedilatildeo continue em
suas matildeos e ressalta que isso impede a participaccedilatildeo mais espontacircnea da comunidade escolar Eacute
importante que tenhamos a compreensatildeo de que eacute necessaacuterio que haja na escola natildeo um ldquocheferdquo
mas um colaborador que embora tenha responsabilidade junto ao Estado natildeo esteja atrelado
apenas ao seu poder colocando-se acima dos demais mas ao contraacuterio que sua autoridade com
a responsabilidade seja distribuiacuteda dentre os membros da escola
Nesse contexto compreendemos que a forma mais democraacutetica e que permite maior
participaccedilatildeo da comunidade escolar na escolha dos seus diretores escolares eacute a eleiccedilatildeo direta
Por isso o debate deve se fazer presente natildeo soacute nas unidades escolares mas em todo o sistema
de ensino como um momento coletivo de amadurecimento poliacutetico participativo e de
construccedilatildeo de um processo democraacutetico da gestatildeo escolar que legitime o desempenho da funccedilatildeo
de diretor e que respeite as deliberaccedilotildees coletivas
Mais recentemente o Plano Nacional de Educaccedilatildeo (2014-2024) aprovado pela Lei nordm
13005 de 25 de junho de 2014 reafirma em seu inciso VI do Art 2ordm a ldquopromoccedilatildeo do princiacutepio
da gestatildeo democraacutetica da educaccedilatildeo puacuteblicardquo No entanto o caput da Meta 19 propotildee ldquoassegurar
condiccedilotildees () para a efetivaccedilatildeo da gestatildeo democraacutetica da educaccedilatildeo associada a criteacuterios
teacutecnicos de meacuterito e desempenho e agrave consulta puacuteblica agrave comunidade escolar no acircmbito das
escolas puacuteblicas prevendo recursos e apoio teacutecnico da Uniatildeo para tantordquo (grifos nossos)
O detalhamento da meta 19 pressupotildee estrateacutegias que condicionam o repasse de
transferecircncias voluntaacuterias da Uniatildeo da aacuterea da educaccedilatildeo para os municiacutepios que tenham
aprovado legislaccedilatildeo especiacutefica regulamentando mateacuteria a esse respeito Embora os criteacuterios se
associem a alguma forma de participaccedilatildeo da comunidade o PNE vem estimulando que os
municiacutepios adotem em legislaccedilotildees a nomeaccedilatildeo dos diretores e diretoras de escola a partir de
criteacuterios teacutecnicos de meacuterito e desempenho o que corrobora a persistecircncia da gestatildeo de cunho
gerencialista proposta no Plano Diretor de Reforma do Estado (PDRAE) aprovado no governo
de Fernando Henrique Cardoso
78
Por fim constatamos que a poliacutetica de gestatildeo da educaccedilatildeo brasileira segue no sentido
de democratizar o sistema de ensino atraveacutes do acesso permanecircncia e garantia da educaccedilatildeo de
qualidade Para isso sugerem a participaccedilatildeo atraveacutes da garantia da existecircncia de conselhos
representativos de controle social e de eleiccedilotildees diretas para diretores escolares por meio da
comunidade escolar e da sociedade civil tanto na construccedilatildeo de poliacuteticas quanto no controle
social indicando a transparecircncia nas accedilotildees e na gestatildeo dos recursos puacuteblicos
79
2 A GESTAtildeO EDUCACIONAL NO CONTEXTO DO PLANO DE
DESENVOLVIMENTO DA EDUCACcedilAtildeO (PDE) DO PLANO DE METAS
COMPROMISSO TODOS PELA EDUCACcedilAtildeO E DO PLANO DE ACcedilOtildeES
ARTICULADAS
Este capiacutetulo trataraacute de dar continuidade agrave discussatildeo do capiacutetulo anterior sobre as
poliacuteticas educacionais adotadas no Brasil apoacutes a Reforma do Estado que tecircm traccedilado novos
rumos para a gestatildeo da educaccedilatildeo Especificamente seraacute abordado nesse capiacutetulo o modelo de
gestatildeo da educaccedilatildeo adotado no Brasil no qual estaacute inserido o Plano de Desenvolvimento da
Educaccedilatildeo o Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo e o Plano de Accedilotildees
Articuladas e as suas formas de materializaccedilatildeo
21 A GESTAtildeO EDUCACIONAL E O PLANO DE DESENVOLVIMENTO DA
EDUCACcedilAtildeO (PDE)
As poliacuteticas educacionais implementadas no Brasil possuem uma historicidade na sua
construccedilatildeo que natildeo segue em linha reta isto eacute eacute cheia de curvas e oscilaccedilotildees pelo caminho
com avanccedilos e retrocessos sendo influenciadas em todas as suas fases seja por contextos
histoacutericos distintos seja pela disputa entre os sujeitos envolvidos no processo ou por grupos de
interesses e de percepccedilotildees diferentes da realidade que estatildeo presentes no momento da sua
implementaccedilatildeo e execuccedilatildeo Poreacutem eacute o resultado das relaccedilotildees sociais inerentes ao processo de
construccedilatildeo dessas poliacuteticas
O primeiro Plano Nacional de Educaccedilatildeo foi elaborado para uma deacutecada (2001-2010) no
Brasil natildeo atingiu os objetivos esperados pois desde a sua elaboraccedilatildeo ateacute o envio ao Congresso
Nacional em 1997 existiam visotildees distintas dos rumos da educaccedilatildeo do paiacutes Eacute tanto que dois
Planos foram enviados um que representava a proposta do governo FHC na eacutepoca e o outro
que representava a sociedade civil construiacutedo a partir das organizaccedilotildees de classes Um periacuteodo
turbulento pois
() a apresentaccedilatildeo de dois planos nacionais de educaccedilatildeo um do governo e outro da
sociedade civil evidencia o atual estaacutegio de correlaccedilatildeo de forccedilas sociais no campo
educacional do Brasil do final dos anos de 1990 materializado no acirramento do
conflito entre duas propostas de sociedade e de educaccedilatildeo ndash a proposta liberal-
80
corporativa e a proposta democraacutetica das massas ndash que vem se embatendo desde o
final dos anos de 1980 () (NEVES 2000 p 148)
Dessa forma com os embates que se arrastavam no Congresso Nacional por deputados
contra e a favor e sindicatos De posse dos dois planos e dos embates realizou-se um texto
substitutivo em junho de 2000 que consolidasse parte proposta do governo e outra parte da
sociedade civil representada Embora votado na cacircmara dos deputados e no senado o texto foi
sancionado pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso com vetos principalmente no que se
tratava de investimentos e financiamento da educaccedilatildeo principalmente na educaccedilatildeo superior
Nesse contexto eacute notoacuteria a falta de compromisso do governo FHC com os investimentos na
educaccedilatildeo em que o seu governo o tem como gasto e natildeo como investimento Eacute importante
destacar aqui que uma boa educaccedilatildeo baacutesica seraacute o resultado de uma boa educaccedilatildeo superior e
que as universidades tem um papel estrateacutegico no desenvolvimento das naccedilotildees
No campo poliacutetico o primeiro governo Lula (2003-2006) foi marcado pela continuidade
das poliacuteticas educacionais traccediladas no governo FHC que realizou as reformas educacionais de
longo alcance sob os olhares do mercado A expectativa dos educadores era que a partir do
governo Lula essa loacutegica neoliberal que mudou os rumos da educaccedilatildeo baacutesica a superior fosse
rompida Entretanto segundo Andrade de Oliveira (2009) natildeo foi o que ocorreu a loacutegica
neoliberal foi mantida Assim no primeiro mandato de Lula natildeo houve poliacuteticas puacuteblicas
educacionais regulares e fortes o suficiente para alterar a poliacutetica planejada pelo governo FHC
A autora afirma que ocorreram sim alguns programas e projetos focalizados principalmente
para os mais vulneraacuteveis mas que natildeo se constituiu em uma poliacutetica puacuteblica Somente no
finalzinho do primeiro mandato eacute que foi criado o Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento
da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo (FUNDEB) proposto pela
Emenda Constitucional Nordm 53 de 2006 que ampliou o Fundo de Manutenccedilatildeo e
Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorizaccedilatildeo do Magisteacuterio (FUNDEF) sendo
esse fundo o principal mecanismo de financiamento da educaccedilatildeo que passou a atender a trecircs
etapas educaccedilatildeo infantil ensino fundamental e ensino meacutedio Poreacutem sem romper com a loacutegica
neoliberal Andrade Oliveira (2009 p 203) afirma que o que se observou foi ldquoo governo
assumir de alguma forma a loacutegica existente e passar a professar a inclusatildeo social no lugar do
direito universal agrave educaccedilatildeordquo
Nesse cenaacuterio marcado por poliacuteticas educacionais focais imediatistas e de pouca
regularidade o Presidente Lula durante a campanha para a reeleiccedilatildeo destacou a educaccedilatildeo
como foco principal do seu governo apoacutes a vitoacuteria nas urnas no discurso de posse em 01 de
janeiro de 2007 e reforccedilou priorizar a educaccedilatildeo no segundo governo Em 24 de abril de 2007
81
apresenta o Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo como parte do Programa de Aceleraccedilatildeo do
Crescimento (PAC) que ele denominou de PAC da Educaccedilatildeo A cerimocircnia contou com a
participaccedilatildeo do Presidente da Repuacuteblica Luiz Inaacutecio Lula da Silva e do Ministro da Educaccedilatildeo
Fernando Haddad e ainda Paulo Renato (ex-ministro da educaccedilatildeo do governo FHC) e
Cristovam Buarque (Ministro de Educaccedilatildeo do primeiro governo Lula) aleacutem da participaccedilatildeo de
setores da iniciativa privada e gestores puacuteblicos
Camini (2009) critica a implantaccedilatildeo de uma poliacutetica puacuteblica lanccedilada como uma decisatildeo
poliacutetica sem contar com uma ampla discussatildeo coletiva dos segmentos da sociedade que seratildeo
atingidos diretamente ou mesmo indiretamente Para a autora a presenccedila de representantes de
instituiccedilotildees privadas em parceria com o setor puacuteblico de educaccedilatildeo lanccedila o Plano de
Desenvolvimento da Educaccedilatildeo (PDE) sendo que nessas ldquoparceriasrdquo muitas vezes estatildeo
impliacutecitas a loacutegica de mercado o que reduz as condiccedilotildees de democratizaccedilatildeo visto que na
legislaccedilatildeo as instituiccedilotildees privadas natildeo permitem a participaccedilatildeo da populaccedilatildeo nas decisotildees
ficando a cargo exclusivamente do mercado ditar as suas regras
Jaacute no entendimento do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo o PDE pela visatildeo sistecircmica que o
caracteriza [] ldquoprocura enfocar a educaccedilatildeo em todo o territoacuterio da naccedilatildeo considerando com o
mesmo cuidado e atenccedilatildeo cada uma das suas partes do bairro do paiacutes em seu conjunto dando
efetividade ao princiacutepio constitucional do ldquoregime de colaboraccedilatildeordquordquo (SAVIANI 2009 p 16)
afirma que O PDE estaacute sustentado em seis pilares i) visatildeo sistecircmica da educaccedilatildeo ii)
territorialidade iii) desenvolvimento iv) regime de colaboraccedilatildeo v) responsabilizaccedilatildeo e vi)
mobilizaccedilatildeo social
O ldquoPDE aparece como um grande guarda-chuvardquo (SAVIANI 2009 p 5) que cobre
praticamente todos os programas e aacutereas com foco na educaccedilatildeo baacutesica superior profissional
tecnoloacutegica alfabetizaccedilatildeo e diversidade abrangendo as modalidades de ensino e accedilotildees de
melhorias na infraestrutura No que se refere aos eixos de accedilotildees do Plano de Desenvolvimento
da Educaccedilatildeo (PDE) direcionadas as aacutereas do sistema educacional apresentamos o quadro a
seguir
82
Quadro 04 - Eixos de Accedilatildeo do Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo (PDE)
Eixos Accedilotildees do PDE
Educaccedilatildeo
Baacutesica
1 Melhoria do IDEB da escola puacuteblica e
2 Melhoria da gestatildeo escolar da qualidade do ensino e do fluxo escolar
valorizaccedilatildeo e qualificaccedilatildeo de professores e profissionais da educaccedilatildeo
inclusatildeo digital e apoio ao aluno e agrave escola
Alfabetizaccedilatildeo
e Educaccedilatildeo
Continuada
1 Reduzir a taxa de analfabetismo e o nuacutemero absoluto de analfabetos
2 Atender jovens e adultos de 15 anos ou mais
3 Prioridade para os municiacutepios com taxa de analfabetismo superior a 35
e
4 O Brasil Alfabetizado tem por meta atender 15 milhatildeo de alfabetizandos
por ano
Ensino
Profissional e
Tecnoloacutegico
1 Ampliar a rede de ensino profissional e tecnoloacutegico do Paiacutes
2 Que cada municiacutepio tenha pelo menos 1 escola oferecendo educaccedilatildeo
profissional e
3 A prioridade seraacute para cidades tendo como referecircncia as economias locais
e regionais e reforccedilando a articulaccedilatildeo da escola puacuteblica em especial o
ensino meacutedio e a EJA com a educaccedilatildeo profissional em todas as modalidades
e niacuteveis
Ensino
Superior
1 Ampliar e democratizar o acesso ao ensino superior do Paiacutes
2 A ampliaccedilatildeo de vagas nas instituiccedilotildees federais de ensino superior se faraacute
por meio de ofertas de bolsas do Programa Universidade para Todos
(PROUNI) articulado ao Financiamento Estudantil (FIES) e
3 Atraveacutes da Reestruturaccedilatildeo e Expansatildeo das Universidades Federais
(REUNI) as universidades apresentaratildeo planos de expansatildeo da oferta
Dobrar o nuacutemero de alunos nas Instituiccedilotildees Federais de Ensino (IFES) no
Brasil em 10 anos Fonte BRASIL 2007
Esses eixos correspondem agrave atuaccedilatildeo do PDE que segundo Saviani (2009) tem um
objetivo ambicioso de elevar o niacutevel da educaccedilatildeo brasileira aos patamares dos paiacuteses
desenvolvidos ateacute o ano de 2022 Para tanto vem ampliando seus programas e hoje conta com
a adesatildeo de todos os estados e municiacutepios atraveacutes da assinatura do Termo de Adesatildeo ao
PMCTE onde satildeo chamados a responsabilizar-se com as metas preacute-estabelecidas pelo Plano
Dessa forma a execuccedilatildeo dos programas e projetos do PDE por parte dos estados e
municiacutepios tem promovido mudanccedilas substanciais principalmente na gestatildeo educacional e
escolar visto que com o Plano de Metas do Compromisso e o Plano de Accedilotildees Articuladas
organizam toda uma articulaccedilatildeo para materializar as metas propostas Para Sousa (2011 p 06)
ldquoo efeito mais perceptiacutevel das alteraccedilotildees promovidas pelo PDE no relacionamento do MEC
com os entes federativos reside no condicionamento de todas as transferecircncias voluntaacuterias da
Uniatildeo aos estados e municiacutepiosrdquo a partir da assinatura do termo de compromisso do PMCTE
e a responsabilidade dos estados e municiacutepios quanto ao cumprimento das suas diretrizes
83
Permeado de termos como ldquodemocraciardquo ldquocolaboraccedilatildeordquo e ldquoparceriardquo que foram
introduzidos e utilizados a partir de uma visatildeo neoliberal A poliacutetica educacional e de gestatildeo
propugnada pelo Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo estabelece o Plano de Metas
Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo e orienta os Estados e os Municiacutepios a elaborarem os seus
Planos de Accedilatildeo Articuladas seguindo o modelo proposto pelo MEC mantendo assim a
centralidade das decisotildees no acircmbito da Uniatildeo e desconcentrando a realizaccedilatildeo das tarefas para
os estados e os municiacutepios agindo como um oacutergatildeo coordenador da poliacutetica e dos resultados
alcanccedilados pelos demais entes federados E nesse sentido eacute que se observa o modelo de gestatildeo
gerencial em que estaacute inserido o PMCTE pois os estados e municiacutepios passam a ter que seguir
as diretrizes a partir do Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) como instrumento de planejamento
para o alcance das metas definidas
As divergecircncias em que se sustentam o PDE e o Plano de Metas Compromisso Todos
pela Educaccedilatildeo seja nas diretrizes instituiacutedas no desenvolvimento dos programas nas accedilotildees
implementadas e nos resultados alcanccedilados eacute tambeacutem por que o PDE natildeo foi uma poliacutetica
construiacuteda historicamente com a participaccedilatildeo coletiva dos envolvidos nos debates ela foi
determinada a partir de uma decisatildeo poliacutetica de governo dessa forma tem apresentado
ambiguidades e incoerecircncias na sua implantaccedilatildeo e execuccedilatildeo
A relaccedilatildeo democraacutetica e o regime de colaboraccedilatildeo entre os entes federados parece ser
mais uma ambiguidade pois de acordo com Camini (2011 p166-167) existe uma prevalecircncia
do MEC como instacircncia superior ldquoque encobre sob a forma de delegaccedilatildeo descentralizaccedilatildeo
ou auxiacutelio uma relaccedilatildeo que implica certa passividade e adesatildeo dos demais entes regionaisrdquo
Ainda assim existe tambeacutem uma ldquopermeabilidade que envolve praacuteticas e procedimentos
poliacutetico-administrativos e que permite e favorece a penetraccedilatildeo das intenccedilotildees e accedilotildees de umas
instacircncias sobre as outrasrdquo (idem grifos nossos)
Nesse sentido entende-se que as reformas propostas e implementadas no Brasil a partir
dos anos de 1990 tecircm apontado para o enfraquecimento do Estado em sua funccedilatildeo social As
novas concepccedilotildees abordagens meacutetodos de planejamento e as novas praacuteticas de gestatildeo tecircm
levado a educaccedilatildeo a apresentar caracteriacutesticas diferentes daquelas propostas pela Constituiccedilatildeo
Federal Brasileira de 1988 em que a educaccedilatildeo era um direito social fundamental e quando
ofertado em estabelecimento puacuteblico seria gratuito aleacutem da garantia do padratildeo de qualidade e
da gestatildeo democraacutetica do ensino puacuteblico As novas concepccedilotildees tecircm viabilizado um processo de
racionalizaccedilatildeo mercantil em favor da empresa privada as quais com a alternativa da terceira
via e com as parcerias com o poder puacuteblico buscam influenciar a definiccedilatildeo das poliacuteticas
puacuteblicas sendo o PDE um exemplo disso pois fomenta parcerias entre instituiccedilotildees privadas e
84
os sistemas puacuteblicos de educaccedilatildeo uma vez que nessas ldquoparceriasrdquo muitas vezes estatildeo
impliacutecitas a loacutegica de mercado com modelos de gestatildeo gerencial e instrumentos de controle
fortalecendo a competitividade entre as escolas e diminuindo a autonomia das instituiccedilotildees
puacuteblicas educacionais
O proacuteximo toacutepico trataraacute mais especificamente de um dos eixos de accedilatildeo do PDE ndash o
Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo ndash bem como as suas diretrizes e a sua
interface com a gestatildeo educacional
22 A GESTAtildeO EDUCACIONAL E O PLANO DE METAS COMPROMISSO TODOS PELA
EDUCACcedilAtildeO
A origem do Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo se deu a partir de um
movimento denominado Movimento Todos pela Educaccedilatildeo (MTPE) um movimento que se
apresenta como apoliacutetico e apartidaacuterio e congrega a sociedade civil organizada educadores e
gestores puacuteblicos sendo mantido por grupos empresariais36 cujo Conselho de Governanccedila eacute
composto majoritariamente por grandes liacutederes empresariais37 O movimento TPE foi criado
ainda em 2005 por um grupo de liacutederes empresariais no momento em que a valorizaccedilatildeo da
educaccedilatildeo comeccedilou a se tornar relevante para a formaccedilatildeo de trabalhadores brasileiros Em 2006
o movimento TPE lanccedilou o projeto ldquocompromisso todos pela educaccedilatildeordquo o qual foi
impulsionado para o congresso sob o tiacutetulo de ldquoAccedilotildees de Responsabilidade Social em
Educaccedilatildeo melhores praacuteticas na Ameacuterica Latinardquo (BERNARDI 2014)
Dessa forma com os liacutederes empresariais envolvidos na composiccedilatildeo do Conselho do
TPE sendo maioria majoritaacuteria nesse espaccedilo de decisatildeo logo estes tinham a prerrogativa de
decidir sobre as accedilotildees e os programas educacionais seguindo na direccedilatildeo de colocar o mercado
como a soluccedilatildeo para os problemas da educaccedilatildeo atendendo a loacutegica da gestatildeo empresarial e
apontando caminhos que devem ser seguidos pela educaccedilatildeo tendo o mercado como paracircmetro
36
As principais empresas mantenedoras satildeo Gerdau Fundaccedilatildeo Educar DPaschoal Fundaccedilatildeo Bradesco Fundaccedilatildeo
Itauacute Instituto Natura Fundaccedilatildeo Vale Itauacute BBA etc os parceiros satildeo entre outros Rede Globo Grupo ABC
Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) Instituto Ayrton Senna Editora Saraiva Itauacute Cultural
Microsoft Editora Moderna 37 Em 2011 o Conselho de Governanccedila apresentava a seguinte composiccedilatildeo Jorge Gerdau Johannpeter
(Presidente) Ana Maria dos Santos Diniz (Grupo Patildeo de Accediluacutecar) Antocircnio Jacinto Matias (Fundaccedilatildeo Itauacute Social)
Beatriz Johannpeter (Fundaccedilatildeo Gerdau) Daniel Feffer (Dirigente da Suzano Papel e Celulose SA) Danilo Santos
de Miranda (Diretor do SESC SP) Denise Aguiar Alvarez (Fundaccedilatildeo Bradesco) Fernatildeo Bracher (Banco Itauacute)
Joseacute Roberto Marinho (Fundaccedilatildeo Roberto MarinhoOrganizaccedilotildees Globo) Luiacutes Norberto Pascoal (Grupo
DPaschoal) Millu Villela Ricardo Henriques (Unibanco) Viviane Senna (Instituto Ayrton Senna) dentre outros
empresaacuterios
85
e como uacutenica alternativa para o desenvolvimento social e econocircmico de sucesso De acordo
com Voss (2011)
pois a ecircnfase central das reformas educacionais contemporacircneas natildeo eacute a expansatildeo da
escolarizaccedilatildeo mas a equidade entendida como a oferta eficiente e eficaz do ensino
de modo a garantir condiccedilotildees de aquisiccedilatildeo de habilidades e informaccedilotildees que permitam
competir no mercado profissional (VOSS 2011 p 45)
Enquanto iniciativa de classe a praacutetica do movimento TPE se traduz numa tentativa de
transformar a educaccedilatildeo num mercado lucrativo e voltado para atender a qualificaccedilatildeo
profissional no mercado de trabalho utilizando-se de uma poliacutetica de forte cunho gerencialista
Shiroma (2011) afirma que essa intensa aproximaccedilatildeo entre governo e iniciativa privada
demonstra a articulaccedilatildeo que caracteriza a formaccedilatildeo de ldquoredes interorganizacionaisrdquo que tecircm
como foco fortalecer as instituiccedilotildees privadas com a articulaccedilatildeo do poder puacuteblico estabelecendo
ldquonovas formas de regulaccedilatildeo da educaccedilatildeordquo
De acordo com Freitas (2007) quando o MEC privilegiou o empresariado como
possiacuteveis liacutederes que traduziriam as melhorias na educaccedilatildeo ele deixou de lado as entidades
educacionais sindicais e acadecircmicas no processo de elaboraccedilatildeo do PMCTE Ele afastou ldquooutros
interlocutores que estatildeo haacute mais de duas deacutecadas participando dos diferentes foacuteruns de definiccedilatildeo
das poliacuteticas tanto em niacutevel do proacuteprio Ministeacuterio quanto da proacutepria sociedade [] (FREITAS
2007 p 01)rdquo
O movimento TPM segundo Shiroma Garcia e Campos (2011 p233) foi ldquocriado por
um grupo de intelectuais orgacircnicos do capitalrdquo que definiu como objetivos propiciar as
condiccedilotildees de acesso de alfabetizaccedilatildeo e de sucesso escolar a ampliaccedilatildeo de recursos investidos
na educaccedilatildeo baacutesica e a melhoria da gestatildeo desses recursos que estatildeo traduzidos em cinco metas
a serem atingidas ateacute 2022 a saber
Meta 1 ndash Toda crianccedila e jovem de 4 a 17 anos na escola
Meta 2 ndash Toda crianccedila plenamente alfabetizada ateacute os 8 anos
Meta 3 ndash Todo aluno com aprendizado adequado ao seu ano
Meta 4 ndash Todo jovem com Ensino Meacutedio ateacute os 19 anos
Meta 5 ndash O investimento em educaccedilatildeo ampliado e bem gerido
(TODOS PELA EDUCACcedilAtildeO 2016)
Dessa maneira o governo federal colaborando com as aspiraccedilotildees do movimento TPE
lanccedilou o Decreto ndeg 60942007 que dispotildee sobre a implementaccedilatildeo do Plano de Metas
86
Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo na perspectiva de comprometer os estados e municiacutepios
com tais metas e instituir o Plano de Accedilotildees Articuladas como uma ferramenta gerencial delas
Eacute decretado entatildeo o Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo (PMCTE) como uma
poliacutetica governamental ou seja um conjunto de medidas e metas para o paiacutes estabelecido por
meio do Decreto 6094 de 24 de abril de 2007 Eacute portanto um ato do poder executivo e natildeo
uma lei e estaacute ligado ao eixo do Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo que envolve accedilotildees em
diferentes aacutereas da economia para impulsionar o crescimento econocircmico do paiacutes
Para Luce e Farenzena (2007 p11) a poliacutetica do PMCTE ldquocomo estrateacutegia metas e
meios foi concebida centralmente mas sua execuccedilatildeo eacute descentralizadardquo embora a execuccedilatildeo
sofra intervenccedilatildeo direta do MEC como poder centralizador que oferece assistecircncia na
formulaccedilatildeo dos planos suporte financeiro aleacutem de coordenar e controlar em torno de diretrizes
gerais previamente estabelecidas o desempenho das escolas a partir das bases de dados e
ainda daacute atribuiccedilotildees agraves redes escolares municipaisestaduais com baixos iacutendices educacionais
a fim de melhorar a qualidade da educaccedilatildeo Essa forma de descentralizar as accedilotildees mas controlar
eacute caracterizada como uma ldquodescentralizaccedilatildeo convergenterdquo ou ldquodescentralizaccedilatildeo monitoradardquo
(LUCE FARENZENA 2007 p 11) do MEC em relaccedilatildeo ao ente federativo jaacute que o Plano de
Accedilotildees Articuladas (PAR) e o IDEB estrategicamente realizam o planejamento e o
monitoramento das accedilotildees
Nesse contexto o PDEPlano de Metas eacute para Farenzena (2009) uma poliacutetica de
colaboraccedilatildeo entre os governos e parceiros com caracteriacutesticas e concepccedilotildees que favorecem a
centralizaccedilatildeo e descentralizaccedilatildeo A autora afirma que nessas relaccedilotildees colaborativas entre a
Uniatildeo os estados os municiacutepios e o Distrito Federal bem como nas parcerias com empresaacuterios
e outras instituiccedilotildees puacuteblicas observa-se que a centralizaccedilatildeo eacute na Uniatildeo Por outro lado o FNDE
ndash MEC ndash afirma que ocorre na verdade o Regime de Colaboraccedilatildeo como um compartilhamento
de competecircncias poliacuteticas teacutecnicas e financeiras para a execuccedilatildeo de programas de manutenccedilatildeo
e desenvolvimento da educaccedilatildeo de forma a auxiliar na atuaccedilatildeo dos entes federados sem ferir-
lhes a autonomia
De acordo com Celina Souza (2001) a poliacutetica conservadora de reduccedilatildeo do tamanho do
Estado centralizaccedilatildeo nas decisotildees e a desconcentraccedilatildeo da implementaccedilatildeo de poliacuteticas retirou
da esfera estadual obrigaccedilotildees que antes era da sua administraccedilatildeo o que deixou uma lacuna
nessa instacircncia intermediaacuteria Em contraponto a isso a Uniatildeo reduziu o poder do Estado e se
aproximou dos municiacutepios podendo implantar diretamente suas poliacuteticas sem mais o intermeacutedio
do Estado
87
As diretrizes38 que fazem parte do PMCTE tecircm como objetivo a melhoria da educaccedilatildeo
no paiacutes sem o objetivo de esgotar o assunto razatildeo por que se destacaraacute neste trabalho somente
as diretrizes que estatildeo relacionadas aos indicadores da gestatildeo democraacutetica objeto deste estudo
()
XVIII ndash fixar regras claras considerados meacuterito e desempenho para nomeaccedilatildeo e
exoneraccedilatildeo de diretor de escola
XIX ndash Divulgar na escola e na comunidade os dados relativos a aacuterea da educaccedilatildeo
com ecircnfase no Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica (IDEB) referido no
art 3ordm
XX - acompanhar e avaliar com participaccedilatildeo da comunidade e do Conselho de
Educaccedilatildeo as poliacuteticas puacuteblicas na aacuterea de educaccedilatildeo e garantir condiccedilotildees sobretudo
institucionais de continuidade das accedilotildees efetivas preservando a memoacuteria daquelas
realizadas
XXI ndash zelar pela transparecircncia da gestatildeo puacuteblica na aacuterea da educaccedilatildeo garantindo o
funcionamento efetivo autocircnomo e articulado dos conselhos de controle social
XXII ndash promover a gestatildeo participativa na rede de ensino
XXIII - elaborar plano de educaccedilatildeo e instalar Conselho de Educaccedilatildeo quando
inexistentes
XXIV integrar os programas da aacuterea da educaccedilatildeo com os de outras aacutereas como sauacutede
esporte assistecircncia social cultura dentre outras com vista ao fortalecimento da
identidade do educando com sua escola
XXV ndash fomentar e apoiar os conselhos escolares envolvendo as famiacutelias dos
educandos com as atribuiccedilotildees dentre outras de zelar pela manutenccedilatildeo da escola e
pelo monitoramento das accedilotildees e consecuccedilatildeo das metas do compromisso
()
XXVIII ndash organizar um comitecirc local do Compromisso com representantes das
associaccedilotildees de empresaacuterios trabalhadores sociedade civil Ministeacuterio Puacuteblico
Conselho Tutelar e dirigentes do sistema educacional puacuteblico encarregado da
mobilizaccedilatildeo da sociedade e do acompanhamento das metas de evoluccedilatildeo do IDEB
(BRASIL 2007)
As diretrizes tecircm demonstrado as accedilotildees que devem ser realizadas para atingir o padratildeo
de qualidade da educaccedilatildeo a partir da assinatura do Termo de Adesatildeo ao Compromisso
estabelecido entre os entes federados para atingir as metas propostas pelo IDEB sem adentrar a
autonomia de cada ente Entretanto alerta Saviani (2009) eacute preciso ter atenccedilatildeo pois de acordo
com o autor a loacutegica que embasa a proposta do Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo eacute uma
loacutegica de mercado que pode ser traduzida como uma ldquopedagogia de resultadosrdquo39
Nessa conjuntura o que se revela eacute que a gestatildeo da educaccedilatildeo no segundo mandato do
governo Lula se estrutura e se organiza com uma gestatildeo gerencial que tem como foco os
resultados seguindo os mesmos modelos de gestatildeo centralizados e determinados a partir da
experiecircncia de setores privados Dessa forma Saviani (2009 p 45) afirma que essa loacutegica eacute
38 As diretrizes do PMCTE na iacutentegra estatildeo disponiacuteveis no anexo do trabalho 39 O governo equipa-se com instrumentos de avaliaccedilatildeo dos produtos forccedilando com isso que o processo se ajuste
agraves exigecircncias postas pela demanda das empresas (SAVIANI 2007a p3)
88
direcionada pelo mercado pelo mecanismo das chamadas ldquopedagogias das competecircnciasrdquo e ldquoda
qualidade totalrdquo que visa agrave satisfaccedilatildeo dos clientes e usa da linguagem empresarial nas escolas
afirmando que ldquoaqueles que ensinam satildeo prestadores de serviccedilo aqueles que aprendem satildeo os
clientes e a educaccedilatildeo pode ser produzida com qualidade variaacutevelrdquo O autor considera positivo
que as empresas defendam a ampliaccedilatildeo dos recursos para a educaccedilatildeo entretanto critica
veementemente as que querem se apropriar dos recursos puacuteblicos pedindo isenccedilatildeo fiscal
reduccedilatildeo de impostos perdatildeo de diacutevidas e incentivos agrave produccedilatildeo
Nesse contexto o PDEPMCTE atrelou a permanecircncia na escola agrave qualidade do ensino
e para isso instituiu o IDEB que ldquoeacute uma composiccedilatildeo do resultado dos alunos em avaliaccedilotildees
nacionais como a Prova Brasil e o Sistema de Avaliaccedilatildeo do Ensino Baacutesico (SAEB) com as
taxas de aprovaccedilatildeo e evasatildeo de cada escolardquo (SAVIANI 2007 p03) que ldquoafererdquo o desempenho
de escolas municiacutepios estados e do paiacutes e define a poliacutetica de investimento de recursos na
Educaccedilatildeo Esses dados satildeo administrados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Aniacutesio Teixeira (INEP)
O IDEB inicia a sua histoacuteria no Brasil em 2005 a partir de onde foram estabelecidas
metas bienais de qualidade a serem atingidas natildeo apenas pelo paiacutes mas tambeacutem por cada escola
municiacutepio e estado A loacutegica eacute a de que cada instacircncia federativa evolua de forma a contribuir
em conjunto para que o Brasil atinja o patamar educacional da meacutedia dos paiacuteses da Organizaccedilatildeo
para a Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econocircmico (OCDE) Isso significa progredir em termos
numeacutericos da meacutedia nacional 38 registrada em 2005 na primeira fase do ensino fundamental
para um IDEB igual a 60 em 2022 ano do bicentenaacuterio da Independecircncia do Brasil (INEP
2014)
As metas programadas do IDEB no Brasil nos anos iniciais e finais do ensino
fundamental e no ensino meacutedio no periacuteodo de 2005 a 2013 pelo Instituto Nacional de Estudos
e Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira (INEP) estatildeo expliacutecitas na tabela abaixo
89
Tabela 03 - Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica no Brasil (2005 a 2013)
Anos iniciais do ensino fundamental no Brasil
IDEB observado Metas
2005 2007 2009 2011 2013 2007 2009 2011 2013 2021
Estadual 39 43 49 51 54 40 43 47 50 61
Municipal 34 40 44 47 49 35 38 42 45 57
Privada 59 60 64 65 67 60 63 66 68 75
Puacuteblica 36 40 44 47 49 36 40 44 47 58
BRASIL 38 42 46 50 52 39 42 46 49 60
Anos finais do ensino fundamental no Brasil
2005 2007 2009 2011 2013 2007 2009 2011 2013 2021
Estadual 33 36 38 39 40 33 35 38 42 53
Municipal 31 34 36 38 38 31 33 35 39 51
Privada 58 58 59 59 60 58 60 62 65 73
Puacuteblica 32 35 37 39 40 33 34 37 41 52
BRASIL 35 38 40 41 42 35 37 39 44 55
Ensino meacutedio no Brasil
2005 2007 2009 2011 2013 2007 2009 2011 2013 2021
Estadual 30 32 34 34 34 31 32 33 36 49
Privada 56 56 56 57 54 56 57 58 60 70
Puacuteblica 31 32 34 34 34 31 32 33 36 49
BRASIL 34 35 36 37 37 34 35 37 39 52
Fonte INEP (2015)
Na avaliaccedilatildeo do INEP o Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica (IDEB)
mostra que o paiacutes ultrapassou as metas previstas para os anos iniciais (1ordm ao 5ordm ano) do ensino
fundamental em 03 pontos O IDEB nacional nessa etapa ficou em 52 enquanto em 2011
havia sido de 50 As instituiccedilotildees privadas em 2011 e 2013 natildeo atingiram as metas propostas
embora tenham apresentado no total geral das instituiccedilotildees puacuteblicas estaduais e municipais o
melhor desempenho aferido pelo IDEB
Em se tratando dos anos finais do ensino fundamental de acordo com a avaliaccedilatildeo do
INEP o paiacutes ultrapassou as metas previstas pelo IDEB de 2011 em 02 pontos poreacutem em 2013
natildeo conseguiu atingir a meta que era de 44 ficando com 02 pontos abaixo da meta
90
programada O IDEB nacional nessa etapa ficou em 42 em 2013 e nenhuma esfera conseguiu
atingir as metas propostas nem a rede puacuteblica e nem a privada
Jaacute no ensino meacutedio o IDEB na avaliaccedilatildeo do INEP demonstra que o paiacutes em 2013 natildeo
conseguiu atingir as metas propostas que era de 39 atingindo somente 37 o mesmo IDEB
observado em 2011 As metas para o IDEB nacional era de 39 e nem a rede puacuteblica e nem a
privada atingiu as metas propostas
Para o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo a avaliaccedilatildeo estaacute refletindo a realidade das unidades de
ensino isso permite identificar os pontos de estrangulamento e tomar medidas para sanaacute-los
atuando nos municiacutepios prioritaacuterios aqueles com pior desempenho no IDEB e reforccedilando neles
o apoio teacutecnico e financeiro previstos na Constituiccedilatildeo
Por outro lado Freitas (2015) questiona esse modelo de avaliaccedilatildeo proposto pelo IDEB
e afirma que esse modelo eacute uma tendecircncia internacional neoliberal que foi aplicada nos Estados
Unidos a partir do final dos anos 80 e que inclusive nesse paiacutes esse modelo de poliacutetica
puacuteblica demonstrou falecircncia e serviu apenas para abrir as portas para o sucesso da privatizaccedilatildeo
da educaccedilatildeo puacuteblica Esse mesmo reflexo se vecirc no Brasil um modelo de avaliaccedilatildeo de larga
escala nacional que deixou de ser amostral para ser censitaacuteria na tentativa de ldquoresponsabilizarrdquo
cada escola eacute o que justamente propotildee o Movimento Todos pela Educaccedilatildeo ndash a
responsabilizaccedilatildeo das redes puacuteblicas municipaisestaduais pelo sucesso ou fracasso nos
resultados ndash cabendo ao governo central (MEC) a coordenaccedilatildeo dessa poliacutetica
Nesse sentido o IDEB natildeo pode ser sinocircnimo de qualidade pois embalados pela
ldquoresponsabilizaccedilatildeordquo as escolas e os professores estatildeo sendo pressionados pelo melhor
desempenho o que tende a maquiar os iacutendices do IDEB desconsiderando a importacircncia da
aprendizagem e dos fatores extraescolares Com esses processos de padronizaccedilatildeo
metodoloacutegica as escolas estatildeo longe de conseguir explicar a realidade da qualidade da
aprendizagem
Sob o ponto de vista da implantaccedilatildeo do Plano de Metas Compromisso Todos Pela
Educaccedilatildeo (PMCTE) nos municiacutepios o Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) eacute um dos eixos
integrantes sendo um instrumento operacional de planejamento criado pelo MEC que segundo
ele facilita o planejamento da implantaccedilatildeo do regime de colaboraccedilatildeo que antes era dificultado
pela descontinuidade e troca de governos a cada eleiccedilatildeo Mas no campo da gestatildeo educacional
quais as mudanccedilas que permeiam o PAR Eacute o que seraacute visto a seguir
91
23 A GESTAtildeO EDUCACIONAL E O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS
As bases para implantaccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) foram definidas
conforme Decreto nordm 6094 de 24 de Abril de 2007 editado pela Presidecircncia da Repuacuteblica que
dispotildee sobre a implementaccedilatildeo do Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo pela
Uniatildeo em regime de colaboraccedilatildeo com Municiacutepios Distrito Federal e Estados aleacutem da
participaccedilatildeo das famiacutelias e da comunidade mediante programas e accedilotildees de assistecircncia teacutecnica
e financeira visando a mobilizaccedilatildeo social pela melhoria da qualidade da educaccedilatildeo baacutesica A
seguir seraacute visto como se estrutura e se organiza o Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) como
instrumento de planejamento proposto pelo MEC para viabilizar a poliacutetica do PDEPMCTE
O Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) estaacute na sua 3ordf versatildeo A primeira versatildeo foi
prevista para planejamento e execuccedilatildeo no periacuteodo compreendido entre 2007 e 2010 a segunda
versatildeo jaacute com algumas modificaccedilotildees que seratildeo tratadas a seguir foi planejada para o periacuteodo
de 2011 a 2014 e a terceira versatildeo receacutem-lanccedilada prevista para o periacuteodo de 2016 a 201940
Neste estudo focalizamos a dimensatildeo gestatildeo educacional nas duas primeiras versotildees do
PAR mais especificamente alguns indicadores da aacuterea gestatildeo democraacutetica Nas duas primeiras
versotildees o PAR estaacute dividido em 4 grandes dimensotildees sendo (1) a gestatildeo educacional (2) a
formaccedilatildeo de professores e dos profissionais de serviccedilo e apoio escolar (3) as praacuteticas
pedagoacutegicas e avaliaccedilatildeo e (4) infraestrutura e recursos pedagoacutegicos
Para se ter um panorama geral das duas versotildees do PAR ndash a 1ordf versatildeo do PAR (2007-
2010) e a 2ordf versatildeo do PAR (2011-2014) ndash disponibilizamos nas tabelas 4 e 5 a quantidade de
indicadores por aacuterea e dimensatildeo dispostas em cada uma delas (o detalhamento das aacutereas e
indicadores estatildeo disponiacuteveis nos anexos)
Tabela 04 ndash Quantidade de indicadores por aacuterea e dimensatildeo na 1ordf versatildeo do PAR (2007-2010)
Dimensotildees Aacutereas Indicadores
Gestatildeo educacional 5 20
A formaccedilatildeo de professores e dos profissionais de
serviccedilo e apoio escolar 5 10
Praacuteticas Pedagoacutegicas e Avaliaccedilatildeo 2 8
Infraestrutura fiacutesica e recursos pedagoacutegicos 3 14
Total de dimensotildees 04 15 52 Fonte Elaborado pelo autor a partir do manual do PAR
40 Em 01 de fevereiro de 2016 os teacutecnicos do SIMEC enviaram documento aos dirigentes do municiacutepio de
SantanaAP no qual apresentam as novas condiccedilotildees teacutecnicas para operacionalizaccedilatildeo do PAR 2016 a 2019 Esta 3ordf
versatildeo natildeo constitui objeto de anaacutelise neste trabalho
92
Tabela 05 ndash Quantidade de indicadores por aacuterea e dimensatildeo na 2ordf versatildeo do PAR (2011-2014)
Dimensotildees Aacutereas Indicadores
Gestatildeo educacional 5 28
A formaccedilatildeo de professores e dos profissionais de
serviccedilo e apoio escolar
5 17
Praacuteticas Pedagoacutegicas e Avaliaccedilatildeo 3 15
Infraestrutura Fiacutesica e recursos pedagoacutegicos 4 22
Total de dimensotildees 04 17 82 Fonte Elaborado pela autora a partir do manual do PAR
Como podemos observar nas tabelas 4 e 5 as duas versotildees possuem as mesmas
dimensotildees Jaacute em relaccedilatildeo agraves aacutereas e aos indicadores houve ampliaccedilatildeo tanto no nuacutemero de aacutereas
quanto no de indicadores pois a 1ordf versatildeo do PAR possuiacutea 15 aacutereas e 52 indicadores e a 2ordf
versatildeo apresentou 17 aacutereas e 82 indicadores Observou-se ainda em ambas as versotildees que a
maior parte dos indicadores se concentram na dimensatildeo gestatildeo educacional Houve acreacutescimo
no nuacutemero de indicadores em todas as dimensotildees Duas dimensotildees tiveram o nuacutemero de aacutereas
ampliadas ndash uma aacuterea em cada ndash sendo as dimensotildees Praacuteticas Pedagoacutegicas e Avaliaccedilatildeo e a
Infraestrutura Fiacutesica e recursos pedagoacutegicos
Para a realizaccedilatildeo da implementaccedilatildeo do PAR eacute necessaacuterio seguir uma dinacircmica que
possui trecircs etapas o diagnoacutestico da realidade da educaccedilatildeo e a elaboraccedilatildeo do plano satildeo as
duas primeiras etapas sendo que ambos estatildeo na esfera do municiacutepioestado enquanto que a
terceira etapa eacute a anaacutelise teacutecnica realizada pela Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica do Ministeacuterio
da Educaccedilatildeo e pelo FNDE Depois da anaacutelise teacutecnica o municiacutepio assina um Termo de
Cooperaccedilatildeo com o MEC do qual constam os programas aprovados e classificados segundo a
prioridade municipal O quadro a seguir detalha como se daacute as formas de execuccedilatildeo do PAR
Quadro 5 Descriccedilatildeo das atribuiccedilotildees do MEC e do Municiacutepio na execuccedilatildeo do PAR municipal
Forma de Execuccedilatildeo Descriccedilatildeo
Assistecircncia teacutecnica do MEC
O MEC oferece apoio teacutecnico para a realizaccedilatildeo da sub-accedilatildeo
seja disponibilizando recursos materiais seja
disponibilizando vagas para formaccedilatildeo Eacute preciso ficar atento
para a contrapartida do municiacutepio Por exemplo quando o
MEC oferece vagas em cursos de formaccedilatildeo e material para
os cursistas a secretaria municipal de educaccedilatildeo deve
garantir a participaccedilatildeo dos gestores escolares ou
coordenadores pedagoacutegicos assumindo o transporte
93
alimentaccedilatildeo e hospedagem quando houver atividade fora do
municiacutepio
Assistecircncia financeira do
MEC
Ministeacuterio transfere recursos financeiros (transferecircncia
voluntaacuteria) para que a secretaria municipal de educaccedilatildeo
realize a sub-accedilatildeo
Financiamento do BNDES
(Banco Nacional de
Desenvolvimento Econocircmico
e Social)
O municiacutepio pode apresentar projetos de financiamento para
o BNDES nas seguintes aacutereas construccedilatildeo ampliaccedilatildeo
adequaccedilatildeo ou reforma da secretaria municipal de educaccedilatildeo
o mobiliaacuterio e equipamentos para a secretaria municipal de
educaccedilatildeo aquisiccedilatildeo de computadores portaacuteteis com
conteuacutedo pedagoacutegicos pelo Programa um Computador por
aluno a aquisiccedilatildeo de veiacuteculo apropriado para o transporte
escolar terrestre (ocircnibus) pelo Programa Caminho da
Escola
Executada pelo Municiacutepio Quando a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo eacute a responsaacutevel
pela implementaccedilatildeo da sub-accedilatildeo Fonte Brasil (2007)
Segundo o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo a elaboraccedilatildeo do PAR no acircmbito do municiacutepio deve
contar com a participaccedilatildeo dos gestores da educaccedilatildeo teacutecnicos e educadores locais que apoiados
em um diagnoacutestico da realidade escolar permitam-lhes a anaacutelise compartilhada da gestatildeo do
sistema educacional e a partir daiacute possam propor accedilotildees para a melhoria da qualidade da
educaccedilatildeo
Entretanto esse caso eacute um exemplo de descentralizaccedilatildeocentralizaccedilatildeo das tarefas pois
como se observa nesse movimento de implantaccedilatildeo do PAR existe a descentralizaccedilatildeo por parte
do MEC para que o municiacutepio no PAR pontue a sua realidade educacional a partir da discussatildeo
com as suas equipes locais mas deve seguir ldquoa cartilhardquo do planejamento elaborado pelo MEC
ndash o PAR ndash ou seja o municiacutepio segue como um mero executor da poliacutetica imposta pelo
PMCTE cabendo ao MEC o controle gerencial das accedilotildees desenvolvidas ou natildeo pelo municiacutepio
Ainda assim com o objetivo de auxiliar na implantaccedilatildeo do PAR o MEC tomou duas
providecircncias fez parceria com 17 universidades puacuteblicas e com o Centro de Estudos e
Pesquisas em Educaccedilatildeo e Cultura e Accedilatildeo Comunitaacuteria (CENPEC) para que essas instituiccedilotildees
auxiliem as prefeituras nas tarefas de diagnoacutestico e elaboraccedilatildeo dos planos e contratou uma
equipe de consultores que foi aos municiacutepios prioritaacuterios ndash aqueles com os mais baixos no
IDEB ndash para prestar assistecircncia teacutecnica local (FNDEPAR 2012) A ideia eacute conseguir mapear
a educaccedilatildeo no paiacutes para gerenciar
Nesse contexto de ldquocompartilhamentordquo a partir do ldquoRegime de Colaboraccedilatildeordquo a
assistecircncia teacutecnica e financeira aos programas e accedilotildees educacionais dos Estados Municiacutepios e
94
do Distrito Federal ficam sob a responsabilidade do MEC sendo que para isso os entes
federados devem assinar o Termo de Adesatildeo ao Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo e sob a
responsabilidade dos estados e dos municiacutepios a elaboraccedilatildeo de um Plano de Accedilotildees Articuladas
- PAR conforme Decreto da Presidecircncia da Repuacuteblica nordm 6094 de 24 de abril de 2007
Resoluccedilotildees nordm 29 de 20 de junho de 2007 e nordm 49 de 27 de setembro de 2007-FNDEMEC
No caso da transferecircncia de recursos o municiacutepio precisa assinar um convecircnio que eacute analisado
para aprovaccedilatildeo a cada ano (BRASIL 2013)
Para o preenchimento do PAR o MEC faz um documento que orienta os gestores
municipais de educaccedilatildeo a proceder o preenchimento no sistema SIMEC Os indicadores de cada
dimensatildeo no PAR satildeo pontuados de forma detalhada no Instrumento de Campo enviado pelo
MEC de acordo com situaccedilotildees variadas de cada realidade educacional local e correspondem a
quatro niacuteveis A metodologia adotada utiliza apenas criteacuterios de pontuaccedilatildeo entre 1 2 3 ou 4
As indicaccedilotildees descritas no Instrumento de Campo do MEC fazem parte de um diagnoacutestico e a
partir dele desenvolvem um conjunto de accedilotildees que servem de esteio para a elaboraccedilatildeo do PAR
local
A pontuaccedilatildeo 4 deve ser atribuiacuteda quando haacute uma situaccedilatildeo plenamente positiva natildeo
sendo permitidas ressalvas negativas no instrumento Jaacute a pontuaccedilatildeo 3 descreve uma situaccedilatildeo
satisfatoacuteria mas comporta ressalvas negativas desde que estas natildeo sejam do ponto de vista
quantitativo superiores aos aspectos positivos A pontuaccedilatildeo 2 descreve uma situaccedilatildeo
insuficiente e por isso aponta mais aspectos negativos do que positivos A pontuaccedilatildeo 1 deve
ser atribuiacuteda quando se defronta com uma situaccedilatildeo criacutetica ou seja haacute somente aspectos
negativos ou uma situaccedilatildeo inexistente Eacute possiacutevel tambeacutem atribuir a um dado indicador a
condiccedilatildeo de NSA (natildeo se aplica) quando a equipe local responsaacutevel pela elaboraccedilatildeo do PAR
depara-se com ausecircncia de informaccedilatildeo ou quando a descriccedilatildeo contida no Instrumento
encaminhado pelo MEC natildeo condiz com a realidade local (BRASIL 2008)
Quando algum indicador recebe a pontuaccedilatildeo 1 ou 2 o sistema gera de forma
automaacutetica uma mensagem de alerta indicando que a nota estaacute baixa Tal situaccedilatildeo requer
necessariamente o planejamento e cadastro imediato de accedilotildees com demandas claras a fim de
reverter a condiccedilatildeo negativa desse indicador Somente os indicadores que receberam a
pontuaccedilatildeo 1 e 2 podem gerar accedilotildees Tais accedilotildees podem contar com apoio financeiro eou teacutecnico
do MEC (BRASIL 2008 BRASIL 2009)
95
Quadro 6 Descriccedilatildeo dos documentos orientadores para elaboraccedilatildeo do PAR
Documento Descriccedilatildeo
Indicadores Demograacuteficos e
Educacionais (IDE)
Composto por um conjunto de tabelas que apresentam dados
demograacuteficos e educacionais para cada Municiacutepio Estado e
Distrito Federal Seu objetivo principal consiste em auxiliar
os entes federados a conhecerem melhor o perfil de suas
respectivas redes de ensino e populaccedilotildees As informaccedilotildees satildeo
populaccedilatildeo taxa de escolarizaccedilatildeo IDEB nuacutemero de escolas
de matriacuteculas de funccedilotildees docentes entre outros
Legislaccedilatildeo - Bases Legais
Alguns documentos que deveratildeo ser utilizados como
referecircncia o Plano Nacional de Educaccedilatildeo (PNE) os Planos
Estadual e Municipal de Educaccedilatildeo (quando houver) o Plano
de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo (PDE) do Ministeacuterio da
Educaccedilatildeo e o Decreto 6094 de 24 de abril de 2007 que
dispotildee sobre a implementaccedilatildeo do Plano de Metas
Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo As Resoluccedilotildees do
FNDE que estabelecem os criteacuterios os paracircmetros e os
procedimentos para a operacionalizaccedilatildeo da assistecircncia
financeira suplementar e voluntaacuteria a projetos educacionais
no acircmbito do Plano de Metas do PDE
Questotildees Pontuais
Como parte integrante do diagnoacutestico da situaccedilatildeo educacional
local o municiacutepio informa sobre itens que satildeo de grande
relevacircncia na construccedilatildeo da qualidade do ensino Esses itens
aparecem no sistema como ldquoQuestotildees Pontuaisrdquo em um total
de 15 questotildees
Fonte (BRASIL 2013)
Para a implantaccedilatildeo o monitoramento e a avaliaccedilatildeo do PAR nos estados e municiacutepios
as orientaccedilotildees estatildeo descritas nas resoluccedilotildees do FNDE nordm 29 e nordm 49 de 2007 que indicam a
possibilidade de consultoria disponibilizada pelo MEC e que o PAR seraacute elaborado em regime
de colaboraccedilatildeo com dirigentes e teacutecnicos dos entes da federaccedilatildeo aderentes configurando-se
base para a celebraccedilatildeo dos convecircnios de assistecircncia financeira a projetos educacionais pelo
FNDEMEC Tais documentos ainda observam que apoacutes concluiacuteda a accedilatildeo desenvolvida in loco
a equipe de consultores do MEC apresenta o PAR constituiacutedo dos seguintes itens a)
Diagnoacutestico do Contexto Educacional b) Accedilotildees a serem implementadas e os respectivos
resultados e c) metas a atingir para o desenvolvimento do IDEB
O Monitoramento da execuccedilatildeo do convecircnio e das metas fixadas na Adesatildeo ao
Compromisso seraacute feito com base em relatoacuterios teacutecnicos e visitas in loco A avaliaccedilatildeo do
cumprimento das metas de aceleraccedilatildeo do desenvolvimento da educaccedilatildeo constantes do Plano
96
de Accedilotildees Articuladas (PAR) dos municiacutepios brasileiros em niacutevel nacional seraacute realizada pelo
MEC sendo que essa avaliaccedilatildeo deveraacute ser composta por um projeto amplo envolvendo
parcerias com a Uniatildeo Nacional de Dirigentes Municipais de Educaccedilatildeo (UNDIME) Conselho
dos Secretaacuterios Estaduais de Educaccedilatildeo (CONSED) Uniatildeo Nacional dos Conselhos Municipais
de Educaccedilatildeo (UNCME) Foacuterum Nacional dos Conselhos Estaduais de Educaccedilatildeo Instituiccedilotildees
de Ensino Superior e outros oacutergatildeos de representaccedilatildeo ou entidades especializadas para este fim
Esse monitoramento ldquofaz parte da estrateacutegia de organizaccedilatildeo acompanhamento e
avaliaccedilatildeo das metas relacionadas ao apoio teacutecnico do MEC e das accedilotildees executadas diretamente
pelo municiacutepio bem como o traccedilado de novas estrateacutegiasrdquo (CAMINI p 543 2010) Em niacutevel
municipal o monitoramento eacute realizado pelo Comitecirc Local do Compromisso que eacute o
responsaacutevel pelo acompanhamento da execuccedilatildeo do PAR no municiacutepio Tal acompanhamento
requer o preenchimento das condiccedilotildees de desenvolvimento das accedilotildees diretamente no moacutedulo
teacutecnico-operacional no Sistema Integrado de Acompanhamento das Accedilotildees do MEC (SIMEC)
De acordo com Camini (2010) o relatoacuterio do monitoramento eacute tomado como base na
avaliaccedilatildeo dos progressos e das limitaccedilotildees da Uniatildeo e dos municiacutepios e eacute por assim dizer um
termocircmetro para anaacutelise e revisatildeo das accedilotildees propostas para atingir as metas do PAR Para o
MEC o monitoramento eacute parte do processo de planejamento pois possibilita o levantamento
de elementos que podem vir a subsidiar a reflexatildeo o debate e possiacuteveis mudanccedilas das
estrateacutegias de intervenccedilatildeo em torno da situaccedilatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio Dessa forma o
processo de acompanhamento e avaliaccedilatildeo do PAR
() revela-se necessaacuterio para a qualificaccedilatildeo de uma poliacutetica governamental Envolve
a ideia de controle social contribuindo inclusive para assegurar o melhor uso e
transparecircncia na aplicaccedilatildeo dos recursos educacionais Nesse sentido o
acompanhamento e a avaliaccedilatildeo satildeo entendidos como medidas para maior
responsabilizaccedilatildeo aprendizado accedilatildeo pedagoacutegica reafirmaccedilatildeo da poliacutetica puacuteblica
troca de informaccedilotildees fornecimento de orientaccedilotildees formaccedilatildeo permanente das equipes
e do Comitecirc Para isso destaca-se a importacircncia da articulaccedilatildeo dos foacuteruns jaacute
existentes (conselhos constituiacutedos) no sentido de superar limitaccedilotildees no seu
funcionamento as quais podem ser debitadas agrave falta de cultura de participaccedilatildeo
existente na sociedade em consequecircncia dos curtos periacuteodos de democracia
experimentados ateacute hoje no Brasil mas fundamentalmente resultam das praacuteticas de
gestatildeo autoritaacuterias e centralizadoras de poder (CAMINI 2010 p 544 grifos meus)
No caso de municiacutepios ou estados inadimplentes natildeo conseguirem cumprir com os
compromissos assumidos o MEC propotildee que sejam redimensionadas as accedilotildees com vistas a natildeo
comprometer os resultados do alcance das metas A autora chama a atenccedilatildeo para a participaccedilatildeo
dos conselhos de controle social que satildeo convocados no plano como metas a serem cumpridas
para dar transparecircncia e compartilhar as responsabilidades com a sociedade civil como forma
97
de consolidar a poliacutetica implantada sob o aval da sociedade Embora essa proposta de
participaccedilatildeo e democratizaccedilatildeo esteja permeada de accedilotildees gerenciais
231 A Dimensatildeo Gestatildeo Democraacutetica no Plano de Accedilotildees Articuladas
A Dimensatildeo Gestatildeo Educacional no Plano de Accedilotildees Articuladas estaacute presente nas duas
versotildees do PAR No PAR (1ordf versatildeo) a dimensatildeo 1 Gestatildeo Educacional estaacute dividida em cinco
aacutereas a saber (1) Gestatildeo democraacutetica articulaccedilatildeo e desenvolvimento dos sistemas de ensino
(2) Desenvolvimento da educaccedilatildeo baacutesica accedilotildees que visem agrave sua universalizaccedilatildeo agrave melhoria da
qualidade do ensino e da aprendizagem assegurando a equidade nas condiccedilotildees de acesso e
permanecircncia e conclusatildeo na idade adequada (3) Comunicaccedilatildeo com a sociedade (4) Suficiecircncia
e estabilidade da equipe escolar e (5) Gestatildeo de financcedilas Cada aacuterea estaacute desmembrada em
indicadores de atuaccedilatildeo
O quadro 7 apresenta um panorama geral da Dimensatildeo 1 (Gestatildeo Educacional) nas suas
5 Aacutereas e seus 20 Indicadores do 1ordm PAR
Quadro 7 - Dimensatildeo 1 Gestatildeo Educacional (1ordf versatildeo do PAR)
DIMENSAtildeO 1 GESTAtildeO EDUCACIONAL
Aacutereas Indicadores
1 Gestatildeo Democraacutetica
Articulaccedilatildeo e
Desenvolvimento dos
Sistemas de Ensino
1Existecircncia de Conselhos Escolares (CE)
2 Existecircncia composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho Municipal de
Educaccedilatildeo
3 Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar ndash
CAE
4 Existecircncia de Projeto Pedagoacutegico (PP) nas escolas e grau de
participaccedilatildeo dos professores e do CE na elaboraccedilatildeo dos mesmos
de orientaccedilatildeo da SME e de consideraccedilatildeo das especificidades de
cada escola
5 Criteacuterios para escolha da Direccedilatildeo Escolar
6 Existecircncia acompanhamento e avaliaccedilatildeo do Plano Municipal
de Educaccedilatildeo (PME) desenvolvido com base no Plano Nacional
de Educaccedilatildeo ndash PNE
7 Plano de Carreira para o magisteacuterio
8 Estaacutegio probatoacuterio efetivando os professores e outros
profissionais da educaccedilatildeo e
9 Plano de Carreira dos Profissionais de serviccedilo e apoio escolar
2 Desenvolvimento da
Educaccedilatildeo Baacutesica accedilotildees
que visem a sua
universalizaccedilatildeo a
melhoria das condiccedilotildees
de qualidade da
1 Implantaccedilatildeo e organizaccedilatildeo do Ensino Fundamental de 09
anos
2 Existecircncia de atividades no contraturno
3 Divulgaccedilatildeo e anaacutelise dos resultados das avaliaccedilotildees oficiais do
MEC
98
educaccedilatildeo assegurando a
equidade nas condiccedilotildees
de acesso e permanecircncia e
conclusatildeo na idade
adequada
3 Comunicaccedilatildeo com a
Sociedade
1 Existecircncia de parcerias externas para realizaccedilatildeo de atividades
complementares
2 Existecircncia de parcerias externas para execuccedilatildeoadoccedilatildeo de
metodologias especiacuteficas
3 Relaccedilatildeo com a comunidade Promoccedilatildeo de atividades e
utilizaccedilatildeo da escola como espaccedilo comunitaacuterio
4 Manutenccedilatildeo ou recuperaccedilatildeo de espaccedilos e equipamentos
puacuteblicos da cidade que podem ser utilizados pela comunidade
escolar
4 Suficiecircncia e
estabilidade da equipe
escolar
1 Quantidade de professores suficiente
2 Caacutelculo anualsemestral do nuacutemero de remoccedilotildees e
substituiccedilotildees de professores
5 Gestatildeo de Financcedilas
1 Cumprimento do dispositivo constitucional de
vinculaccedilatildeo dos recursos da educaccedilatildeo e
2 Aplicaccedilatildeo dos recursos de redistribuiccedilatildeo e
complementaccedilatildeo do FUNDEB
Total de aacutereas 05 Total de indicadores 20 Fonte PARBrasil (2007)
Jaacute na 2ordf versatildeo do PAR disposto no quadro 8 a Dimensatildeo 1 (Gestatildeo Educacional)
tambeacutem estaacute composta por 5 aacutereas e passa a ter 28 indicadores As aacutereas da dimensatildeo 1 satildeo as
seguintes (1) Gestatildeo democraacutetica articulaccedilatildeo e desenvolvimento dos sistemas de ensino (2)
Gestatildeo de Pessoas (3) Conhecimento e utilizaccedilatildeo de informaccedilatildeo (4) Gestatildeo de Financcedilas e (5)
Comunicaccedilatildeo e interaccedilatildeo com a sociedade
Quadro 8 - Dimensatildeo 1 Gestatildeo Educacional (2ordf versatildeo do PAR)
DIMENSAtildeO 1 GESTAtildeO EDUCACIONAL
Aacutereas Indicadores
1 Gestatildeo Democraacutetica
Articulaccedilatildeo e
Desenvolvimento dos
Sistemas de Ensino
1 Existecircncia acompanhamento e avaliaccedilatildeo do Plano
Municipal de Educaccedilatildeo (PME) desenvolvido com base no
PNE
2 Existecircncia composiccedilatildeo competecircncia e atuaccedilatildeo do CME
3 Existecircncia e funcionamento de Conselhos Escolares (CE)
4 Existecircncia de Projeto Pedagoacutegico (PP) nas escolas
inclusive nas de alfabetizaccedilatildeo de jovens e adultos (AJA) e de
EJA participaccedilatildeo dos professores e do conselho escolar na
sua elaboraccedilatildeo orientaccedilatildeo da secretaria municipal de
educaccedilatildeo e de consideraccedilatildeo das especificidades de cada
escola
5 Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho do FUNDEB
99
6 Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de Alimentaccedilatildeo
Escolar (CAE) e
7 Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromisso
2 Gestatildeo de Pessoas
1 Quadro de servidores da secretaria municipal de educaccedilatildeo
(SME)
2 Criteacuterios para a escolha de diretor escolar
3 Presenccedila de coordenadores ou supervisores pedagoacutegicos
nas escolas
4 Quadro de professores
5 Estaacutegio probatoacuterio efetivando os professores e outros
profissionais da educaccedilatildeo
6 Plano de carreira do magisteacuterio
7 Plano de carreiras dos profissionais de serviccedilo e apoio
escolar
8 Piso salarial nacional do professor e
9 Existecircncia de professores para o exerciacutecio da funccedilatildeo
docente no atendimento educacional especializado (AEE)
complementar ao ensino regular Existecircncia de professores
para o exerciacutecio da funccedilatildeo docente AEE complementar ao
ensino regular
3 Conhecimento e utilizaccedilatildeo
de informaccedilatildeo
1 Existecircncia de um sistema informatizado de gestatildeo escolar
que integre a rede municipal de ensino
2 Conhecimento da situaccedilatildeo das escolas da rede
3 Conhecimento e utilizaccedilatildeo de dados de analfabetismo e
escolaridade de jovens e adultos
4 Acompanhamento e registro da frequecircncia dos alunos
beneficiados pelo Programa Bolsa Famiacutelia (PBF)
5 Existecircncia e monitoramento do acesso e permanecircncia de
pessoas com deficiecircncia de 0 a 18 anos beneficiaacuterias do
Benefiacutecio da Prestaccedilatildeo Continuada (BPC) e
6 Formas de registro da frequecircncia
4 Gestatildeo de Financcedilas
1 Existecircncia de equipe gestora capacitada para o
gerenciamento dos recursos para a educaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo
do Sistema de Informaccedilotildees sobre Orccedilamentos Puacuteblicos
em Educaccedilatildeo (SIOPE) e
2 Cumprimento do dispositivo constitucional de
vinculaccedilatildeo dos recursos da educaccedilatildeo
3 Aplicaccedilatildeo dos recursos de redistribuiccedilatildeo e
complementaccedilatildeo do FUNDEB
5 Comunicaccedilatildeo e interaccedilatildeo
com a sociedade
1 Divulgaccedilatildeo e anaacutelise dos resultados das avaliaccedilotildees do
MEC
2 Existecircncia de parcerias externas para a realizaccedilatildeo de
atividades complementares que visem a formaccedilatildeo integral dos alunos e
3 Relaccedilatildeo com a comunidadepromoccedilatildeo de atividades e
utilizaccedilatildeo da escola como espaccedilo comunitaacuterio
Total de aacutereas 05 Total de indicadores 28 Fonte PARBrasil (2011)
100
As aacutereas e indicadores dessa dimensatildeo 1 (Gestatildeo Educacional) em muitos casos foram
alteradas de uma versatildeo para outra Faremos um recorte a respeito da aacuterea 1 (Gestatildeo
Democraacutetica) que eacute o principal objeto desse estudo
Analisando as duas versotildees observou-se uma diminuiccedilatildeo de indicadores na aacuterea 1
(Gestatildeo Democraacutetica) de 9 na 1ordf versatildeo para 7 na 2ordf versatildeo Dessa forma as alteraccedilotildees
revelaram na aacuterea 1 (Gestatildeo Democraacutetica) da 2ordf versatildeo a presenccedila de dois novos indicadores
o Conselho do FUNDEB e o Comitecirc Local do Compromisso que podem ajudar a fortalecer o
Controle Social Ainda foi observado o remanejamento de 4 indicadores da aacuterea 1 (Gestatildeo
Democraacutetica) da 1ordf versatildeo para a aacuterea 2 (Gestatildeo de Pessoas) da 2ordf versatildeo do PAR sendo eles
Criteacuterios para escolha da Direccedilatildeo Escolar Plano de Carreira para o magisteacuterio Estaacutegio
probatoacuterio efetivando os professores e outros profissionais da educaccedilatildeo e Plano de Carreira
dos Profissionais de serviccedilo e apoio escolar
A aacuterea da Gestatildeo Democraacutetica observada a intenccedilatildeo de cada indicador remete-nos agrave
compreensatildeo da necessidade da construccedilatildeo de processos formativos de participaccedilatildeo da
sociedade civil nos processos de compartilhamento de poder e na conquista da autonomia na
tomada de decisotildees em relaccedilatildeo a educaccedilatildeo Para isso eacute necessaacuterio a iniciativa implantaccedilatildeo e
funcionamento dos conselhos de controle social para que atinja os objetivos o qual se propotildee
Nesse sentido o MEC (2011) sugere uma que ldquoequipe localrdquo seja composta pelas
pessoas que elaboram implementam e monitoram a execuccedilatildeo do PAR enquanto o ldquocomitecirc
localrdquo fica encarregado da mobilizaccedilatildeo da sociedade e do acompanhamento das metas de
evoluccedilatildeo do IDEB A equipe teacutecnica local deve entatildeo proceder o diagnoacutestico atribuindo as
pontuaccedilotildees com base nos documentos orientados pelo MEC e de acordo com a realidade
educacional local
Segundo o MEC (2013) a ldquoEquipe Localrdquo e o ldquoComitecirc Localrdquo satildeo experiecircncias de
participaccedilatildeo democraacutetica que orientam e fortalecem a gestatildeo da educaccedilatildeo baacutesica puacuteblica em
cada municiacutepio brasileiro constituindo-se num aprendizado coletivo dos processos decisoacuterios
a serem enfrentados pela populaccedilatildeo Vale ressaltar que a equipe local natildeo deve ser confundida
com o comitecirc local O ideal eacute que a ldquoequipe localrdquo e ldquocomitecirc localrdquo sejam compostos por
membros distintos com exceccedilatildeo do (a) dirigente municipal de educaccedilatildeo que iraacute compor ambos
O municiacutepio pode convidar os segmentos da sociedade que considerar importantes e todos os
membros da equipe devem participar ativamente do planejamento frisando-se que uma equipe
local para elaboraccedilatildeo do PAR natildeo poderaacute ser composta por somente duas pessoas (MEC 2011)
A Equipe Local pode contemplar a presenccedila dos seguintes segmentos dirigente
municipal de educaccedilatildeo teacutecnicos da secretaria municipal de educaccedilatildeo representante dos
101
diretores de escola representante dos professores da zona urbana representante dos professores
da zona rural representante dos coordenadores ou supervisores escolares representante do
quadro teacutecnico-administrativo das escolas representante dos conselhos escolares e
representante do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (quando houver) O municiacutepio pode
convidar outros segmentos que considerar importante e todos os membros da equipe devem
participar ativamente do planejamento
O Comitecirc Local tem um papel essencialmente mobilizador e de acompanhamento das
accedilotildees e das metas sendo sua composiccedilatildeo ampliada para aleacutem das organizaccedilotildees educacionais
Para a participaccedilatildeo no comitecirc recomenda-se oacutergatildeos e entidades que compotildeem a sociedade civil
tais como o Ministeacuterio Puacuteblico os sindicatos a Cacircmara Municipal as associaccedilotildees de
moradores as ONGs os Conselhos as Igrejas e a populaccedilatildeo em geral Do ponto de vista
administrativo para a constituiccedilatildeo da Equipe Local natildeo eacute necessaacuterio um ato legal com
publicaccedilatildeo de portaria no Diaacuterio Oficial do municiacutepio Contudo para a criaccedilatildeo do Comitecirc Local
do Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo sua instituiccedilatildeo e composiccedilatildeo devem ser feitos por meio
de ato legal publicado no Diaacuterio Oficial do municiacutepio (MEC 2013) Natildeo se deve portanto
confundi-lo com a equipe local
Finalmente apoacutes a apresentaccedilatildeo desse capiacutetulo que tratou de instrumentalizar o
funcionamento do PAR a partir da compreensatildeo da poliacutetica educacional que o concebeu
enfatizadas no Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo e no Plano de Metas Compromisso
Todos pela Educaccedilatildeo far-se-aacute um estudo especiacutefico na rede municipal de educaccedilatildeo de Santana-
Amapaacute no qual seis indicadores da aacuterea gestatildeo democraacutetica foram definidos com o objetivo de
analisar as implicaccedilotildees do 1ordm e do 2ordm PAR para a gestatildeo educacional no municiacutepio O proacuteximo
capiacutetulo se ocuparaacute de analisar tais indicadores
102
3 A GESTAtildeO EDUCACIONAL NO CONTEXTO DO PLANO DE ACcedilOtildeES
ARTICULADAS NO MUNICIacutePIO DE SANTANAAMAPAacute
A anaacutelise das implicaccedilotildees do PAR para a poliacutetica de gestatildeo educacional no municiacutepio
de Santana natildeo pode prescindir de uma anaacutelise preliminar das condiccedilotildees concretas em que se
desenvolve tal poliacutetica Nesta perspectiva o presente capiacutetulo traz primeiramente uma
abordagem do contexto histoacuterico social econocircmico e educacional do municiacutepio de Santana no
Amapaacute Em seguida apresentamos as condiccedilotildees materiais que poderatildeo viabilizar a efetivaccedilatildeo
da poliacutetica educacional ou seja a gestatildeo educacional e como parte dessa gestatildeo o
financiamento da educaccedilatildeo Apresentaremos tambeacutem as anaacutelises dos indicadores de gestatildeo
democraacutetica presentes no municiacutepio e definidos na metodologia da pesquisa sendo eles
Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar Conselho Escolar Conselho Municipal de Educaccedilatildeo
Conselho do FUNDEB Comitecirc Local do Compromisso Sindicato e Gestores da rede municipal
de ensino de Santana sobre as implicaccedilotildees do Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) para a gestatildeo
da educaccedilatildeo a partir do diagnoacutestico educacional dos indicadores
31 CONTEXTO HISTOacuteRICO ASPECTOS SOCIOECONOcircMICO E DADOS GERAIS DO
MUNICIacutePIO DE SANTANA ndash AMAPAacute
Figura 01 Vista do municiacutepio de Santana-Amapaacute
Fonte memorial-stnblogspotcombr (consultado em maio de 2015)
103
311 Santana cidade portuaacuteria do Amapaacute
A histoacuteria do municiacutepio de Santana no Estado do Amapaacute em muitos aspectos
aproxima-se do que ocorrera com a capital do estado o municiacutepio de Macapaacute no sentido de
que quando o governador do Estado do Gratildeo-Paraacute e Maranhatildeo (capitatildeo-general Mendonccedila
Furtado) fundou a vila de Satildeo Joseacute de Macapaacute no dia 4 de fevereiro de 1758 prosseguiu viagem
para a capitania de Satildeo Joseacute do Rio Negro e deparou-se com a ilha de Santana situada agrave
margem esquerda do rio Amazonas elevando-a agrave categoria de povoado
Os primeiros habitantes eram moradores de origem europeia principalmente
portugueses mesticcedilos vindos do Paraacute e iacutendios da naccedilatildeo tucujus Estes uacuteltimos vindos de
aldeamentos originaacuterios do rio Negro eram chefiados por Francisco Portilho de Melo que fugia
das autoridades fiscais paraenses em decorrecircncia de estar atuando no comeacutercio clandestino
Francisco Portilho de Melo foi o primeiro desbravador da ilha de Santana aleacutem de foragido da
lei era um escravocrata e portanto exigia respeito das tribos que dominava Apesar de ser
por muito tempo perseguido pelas autoridades lusitanas Portilho recebia apoio dos mercados
de Beleacutem logicamente interessados no traacutefico de matildeo-de-obra nativa Aproveitando-se disto ndash
e da viagem de demarcaccedilatildeo e estabelecimento da capitania do Rio Negro realizada por
Mendonccedila Furtado (1758) ndash e ao mesmo tempo tentando melhorar sua imagem resolveu
cooperar com Mendonccedila Furtado (governador do Gratildeo-Paraacute e Maranhatildeo) dando-lhe
informaccedilotildees preciosas sobre a Amazocircnia que ele tatildeo bem conhecia
De sua alianccedila com Mendonccedila Furtado obteve o tiacutetulo de Capitatildeo e Diretor do povoado
de Santana Em troca teria de remanejar aproximadamente quinhentos silviacutecolas mais
conhecidos por tucuju com matildeo-de-obra escrava e barata para a construccedilatildeo da Fortaleza de Satildeo
Joseacute de Macapaacute que estavam na eacutepoca sob sua guarda e chefia Em caso contraacuterio teria que
importar da Europa a custos altiacutessimos Com esse acordo o governador do Estado do Gratildeo-
Paraacute e Maranhatildeo deu continuidade ao projeto de construccedilatildeo da Fortaleza de Satildeo Joseacute de Macapaacute
e ampliou a produccedilatildeo agriacutecola Este fato provocou bastante insatisfaccedilatildeo por parte dos iacutendios
que tiveram de se afastar de seu habitat natural e enfrentar condiccedilotildees bastante prejudiciais a sua
vida e a sua cultura
Concentrando-se na ilha de Santana Portilho de Melo conviveu com a reduccedilatildeo bastante
acentuada da forccedila de trabalho Muitos iacutendios fugiram esconderam-se ou simplesmente
desapareceram outros morreram em consequecircncia dos maus-tratos e doenccedilas tropicais
104
Figura 02 Monumento em homenagem a Santa Ana na entrada do municiacutepio
Fonte memorial-stnblogspotcombr (consultado em maio de 2015)
Fonte Foto extraiacuteda do site httpwwwcidade-brasilcombrmunicipio-santanahtml
O nome ldquoSantanardquo eacute uma homenagem a Nossa Senhora de SantrsquoAna de quem os
europeus e seus descendentes entre eles Francisco Portilho eram devotos
Santana foi elevado agrave categoria de municiacutepio atraveacutes do Decreto-Lei Nordm 7369 de 17 de
dezembro de 1987 Haroldo da Silva Oliveira era o agente distrital de Santana no periacuteodo junho
de 1986 a 07 de julho de 1988 O municiacutepio de Santana teve o seu primeiro prefeito nomeado
com mandato de 8 de julho a 31 de dezembro de 1988 Apoacutes as eleiccedilotildees que ocorreram ainda
em 1988 o prefeito eleito Rosemiro Rocha Freires pelo voto direto tomou posse para o
mandato para o periacuteodo de (1989-1992)
O municiacutepio de Santana tem atualmente como prefeito o Sr Robson Santana Rocha Freires
(2013-2016) do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) que durante a eleiccedilatildeo em 2012 coligou com o
Partido dos Democratas (DEM) e obteve 4178 sendo o 7ordm prefeito de Santana O atual prefeito
Robson Rocha eacute filho do primeiro prefeito eleito do municiacutepio de Santana que governou Santana
por dois mandatos o Sr Rosemiro Rocha Freires41 eacute tambeacutem irmatildeo da deputada estadual Elizamira
do Socorro Arraes Freires (Mira Rocha) eleita em 2015 para o terceiro mandato42
41O Sr Rosemiro Rocha Freires foi eleito para governar o municiacutepio de Santana nos periacuteodos (1989-1992) e (2001-2004)
No municiacutepio de Santana nessa eacutepoca natildeo havia reeleiccedilatildeo E nos periacuteodos entre (1993-1996) e (1997-2000) que natildeo
podia ser reeleito o Sr Rosemiro Rocha Freires foi deputado estadual (SANTANA 2016) 42Mira Rocha foi eleita como deputada estadual nas legislaturas V (2007-2011) VI (2011-2015) e VII (2015-
2019) (ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO AMAPAacute 2016)
105
312 Santana Localizaccedilatildeo e condiccedilotildees geograacuteficas
O municiacutepio de Santana fica a 16 km de Macapaacute capital do Estado com quem faz uma
conurbaccedilatildeo formando a Regiatildeo Metropolitana de Macapaacute Localiza-se no sul do Estado faz
limites com os municiacutepios de Macapaacute Mazagatildeo e Porto Grande A sede ndash Santana ndash fica agraves
margens do lado esquerdo do Rio Amazonas43 com uma aacuterea de 159970 km2 possui ainda
em 2009 as seguintes comunidades e distritos Ilha de Santana Igarapeacute da Fortaleza Igarapeacute
do Lago Anauerapucu Piaccedilacaacute e Pirativa
Dadas as condiccedilotildees geograacuteficas adequadas ao escoamento industrial e comercial via
fluvial foi escolhido o Canal Norte do Rio Amazonas que pela sua profundidade propicia faacutecil
navegabilidade aos navios de grande calado e por se tratar de uma cidade portuaacuteria foi
construiacutedo em Santana um cais flutuante que acompanha o movimento das mareacutes pela sua
profundidade e faacutecil navegabilidade permitindo assim o acesso de navios cargueiros de grande
porte
Figura 03 Localizaccedilatildeo do municiacutepio de Santana no Figura 04 Localizaccedilatildeo Estrateacutegica do Porto
Estado do Amapaacute para a exportaccedilatildeo para outros paiacuteses
As imagens acima demonstram a localizaccedilatildeo do municiacutepio de Santana e do Porto de
Santana bem como o seu faacutecil acesso ao canal norte e ao oceano atlacircntico para a importaccedilatildeo e
43 O Rio Amazonas eacute o maior rio em volume de aacutegua do mundo com 6516 km de comprimento nasce nos Andes
Peruanos e percorre pela floresta amazocircnica na Regiatildeo Norte do Brasil o Rio Amazonas tem um quinto do
suprimento de aacutegua doce do mundo
106
exportaccedilatildeo de mercadorias para paiacuteses industrializados do Ocidente e Oriente como a Europa
Estados Unidos e Japatildeo
Como atraccedilotildees turiacutesticas no municiacutepio satildeo conhecidas o porto de embarque e desembarque
de produtos importados cavacos de pinho e a ilha de Santana esta fica do outro lado da cidade que
tem inclusive alguns balneaacuterios agrave margem dos rios bastante frequentados aos finais de semana Haacute
em Santana vaacuterios rios e Igarapeacutes os rios mais importantes satildeo Amazonas Matapi Maruanum
Tributaacuterio Piassacaacute Vila Nova Igarapeacute do Lago e Igarapeacute da Fortaleza
313 A exportaccedilatildeo de mineacuterios da Amazocircnia Amapaense
Com a descoberta das jazidas de manganecircs no municiacutepio de Serra do Navio-AP pelo
caboclo Maacuterio Cruz e posteriormente a abertura de concorrecircncia puacuteblica para a concessatildeo de
exploraccedilatildeo de mineacuterio em que saiu vitoriosa a Induacutestria e Comeacutercio de Mineacuterios (ICOMI) para
explorar o mineacuterio por cinquenta anos (1947-1997) Serra do Navio e Santana experimentaram
um crescimento populacional significativo com a instalaccedilatildeo da empresa ICOMI para a
exploraccedilatildeo de manganecircs em Serra do Navio e a construccedilatildeo do Porto em Santana para a sua
exportaccedilatildeo
O relatoacuterio do Observatoacuterio Nacional sobre a ICOMI no Amapaacute (2003) afirmou acerca
do manganecircs que tratava-se de um mineral relativamente escasso e naquela eacutepoca foram
estabelecidas contrapartidas do setor privado pela exploraccedilatildeo daquela mina A perspectiva de
operaccedilatildeo da empresa e os termos do arrendamento eram apontados no discurso oficial e de
amplos setores da sociedade como fundamentais para o desenvolvimento do Amapaacute
(OBSERVATOacuteRIO NACIOCIAL 2003)
Por outro lado Luxemburgo (1988) revela que as empresas capitalistas principalmente
as multinacionais especialmente na virada do seacuteculo XIX para o seacuteculo XX quando a
acumulaccedilatildeo de capital expandiu-se buscaram cada vez mais as mateacuterias-primas como base
material da mais-valia Para a autora eacute nas sociedades que ela conceitua de economia natural
que se encontra em maior quantidade essa base material das forccedilas produtivas ldquoEacute o caso por
exemplo da terra com suas riquezas minerais seus prados bosques e forccedilas hidraacuteulicas enfim
dos rebanhos dos povos primitivos dedicados ao pastoreiordquo (1988 p 319) Eacute o caso que temos
observado da realidade saqueada natildeo soacute do Amapaacute mas de toda a Amazocircnia por empresas
estrangeiras
107
Dessa forma os acordos poliacuteticos e mercadoloacutegicos levavam agraves concessotildees em que
tinham como objetivo principal atender as necessidades operacionais do mercado No contrato
de concessatildeo e em sucessivos outros contratos firmados estava aleacutem do direito a exploraccedilatildeo
pela empresa a construccedilatildeo de um porto em Santana uma ferrovia de 200 km de extensatildeo que
ligasse Santana a Serra do Navio (ICOMI 1960)
Com a Guerra Fria44 a Uniatildeo Sovieacutetica bloqueou a exportaccedilatildeo de manganecircs para os
Estados Unidos E a reserva de mineacuterios no Amapaacute passou a ser vista como estrateacutegica para os
americanos Poreacutem alguns entraves de infraestrutura como acesso as minas e a exportaccedilatildeo
foram identificados e seria necessaacuterio um investimento muito alto de recursos que dificilmente
fosse encontrado no Brasil
A proacutepria presidecircncia da repuacuteblica entatildeo ocupada por Getuacutelio Vargas a propoacutesito da
obtenccedilatildeo de financiamento para a ICOMI declarava em 1953 que o projeto era
ldquoeconomicamente vantajoso do ponto de vista nacionalrdquo (ICOMI 1972 2) tanto que o
Congresso Nacional autorizou o governo federal a dar garantia do Tesouro Nacional a
empreacutestimo ateacute o montante principal de 35 milhotildees de doacutelares americanos ndash em valores de 1953
mdash a ser contraiacutedo pela ICOMI no International Bank for Reconstruction and Devellopment
(OBSERVATOacuteRIO NACIONAL 2003) O creacutedito colocado agrave disposiccedilatildeo da empresa ateacute o
limite de US$ 675 milhotildees mdash em valores de 1953 mdash foi superior ao que a empresa necessitava
para atender agraves despesas com a instalaccedilatildeo do projeto Tanto que natildeo utilizou a totalidade dos
recursos que lhes foram disponibilizados pelo banco deles sacou natildeo mais do que US$ 55
milhotildees em valores da eacutepoca (ICOMI 1968 p 5)
44 A Guerra Fria que teve seu iniacutecio logo apoacutes a Segunda Guerra Mundial (1945) e a extinccedilatildeo da Uniatildeo Sovieacutetica
(1991) eacute a designaccedilatildeo atribuiacuteda ao periacuteodo histoacuterico de disputas estrateacutegicas e conflitos indiretos entre os Estados
Unidos e a Uniatildeo Sovieacutetica disputando a hegemonia poliacutetica econocircmica e militar no mundo Disponiacutevel em
httpwwwsohistoriacombref2guerrafria
108
Figura 05 Porto de Santana para importaccedilatildeo e exportaccedilatildeo
Fonte memorial-stnblogspotcombr (consultado em maio de 2015)
Com a construccedilatildeo do Porto no braccedilo norte do Rio Amazonas em Santana no ano de 1956
e inauguraccedilatildeo em 1957 pela empresa ICOMI SA hoje conhecido como Porto de Santana45 em
frente agrave ilha de Santana gerando subempregos atraindo pessoas de vaacuterias partes do paiacutes sob
possibilidade de ganhos e incentivando o comeacutercio local tudo isso tinha um objetivo a chamada
Acumulaccedilatildeo Primitiva que se realizou sobre as diversas colocircnias dominadas pelas naccedilotildees
imperialistas europeias e foi direcionada no sentido de reforccedilar a exportaccedilatildeo das mateacuterias-
primas necessaacuterias agrave acumulaccedilatildeo de capital (LUXEMBRUGO 1988)
O Porto46 instalado e funcionando embarca 1200 toneladas de mineacuterio por hora e tem
atracado mais de 50 navios por ano em busca de manganecircs muito utilizado para artefatos
manufaturados presentes no nosso dia-a-dia
Como a matildeo-de-obra no estado ainda era pouco qualificada foi necessaacuterio trazer pessoas
de fora bem como alojar os funcionaacuterios da empresa em tracircnsito Serra do NavioSantanaSerra
do Navio para isso a ICOMI construiu um nuacutecleo habitacional de trabalhadores em Santana
ainda nos anos de 1950 a conhecida Vila Amazonas A empresa preparou toda a infraestrutura
45 O porto eacute administrado pela Companhia Docas de Santana minus CDSA desde 2002 e eacute vinculada agrave Prefeitura
Municipal de Santana Estaacute localizado na margem esquerda do rio Amazonas no canal de Santana em frente agrave
ilha de mesmo nome a 18 km da cidade de Macapaacute capital do Estado do Amapaacute 46 Esse cais flutuante usado como um terminal privado da mineradora Anglo foi destruiacutedo por um deslizamento e
afundou em marccedilo de 2013 cuja infraestrutura do porto era utilizada para o carregamento do mineacuterio
109
de saneamento baacutesico um hospital um clube recreativo escola e supermercado para oferecer
melhores condiccedilotildees de moradia aos seus operaacuterios (ICOMI 1960)
A principal finalidade da ferrovia Santana-Serra do Navio era transportar os operaacuterios e
escoar o carregamento de mineacuterio em virtude da inviabilidade do transporte por via mariacutetima
Com o iniacutecio das obras da ferrovia SantanaSerra do Navio para dar vazatildeo agrave exportaccedilatildeo dos
mineacuterios de ferro o Estado cresceu e a sua populaccedilatildeo tambeacutem gerou empregos e parecia estar
vivendo o mais alto niacutevel de desenvolvimento da sua histoacuteria
Figura 06 Ferrovia que liga Santana a Serra do Navio para o transporte de mineacuterios
Fonte memorial-stnblogspotcombr (consultado em maio de 2015)
No decorrer dos anos a ICOMI promoveu uma evoluccedilatildeo progressiva econocircmica e
social no Territoacuterio Federal do Amapaacute pois antes da sua chegada ao Amapaacute havia poucos
habitantes e a economia baseava-se no cultivo de subsistecircncia extrativismo madeireiro e
pequeno comeacutercio Outra empresa a Brumasa Madeiras SA induacutestria de compensado ligada
ao grupo Caemi mineraccedilatildeo foi instalada nos anos de 1960 em Santana provocando a criaccedilatildeo
de outro porto para a cidade destinado ao embarque de pinho para exportaccedilatildeo e desembarque
de navios contendo produtos importados Eacute tambeacutem em Santana que se localiza o Distrito
Industrial do Amapaacute agrave margem esquerda do rio Matapi afluente do rio Amazonas
Com o iniacutecio do esgotamento das jazidas manganiacuteferas e com o fim das operaccedilotildees da
empresa ICOMI em 1997 que era muito importante para a economia do ex-territoacuterio restaram
os problemas sociais deixados pela saiacuteda da empresa no Amapaacute desemprego danos ambientais
contaminaccedilatildeo de lenccediloacuteis freaacuteticos na aacuterea do porto da ICOMI em Santana como tambeacutem de
cursos drsquoaacutegua nas proximidades daquela aacuterea contaminaccedilatildeo por arsecircnio em pessoas residentes
110
na Vila do Elesbatildeo proacuteximo ao porto o sucateamento da induacutestria no Amapaacute e o abandono das
aacutereas exploradas por quase 50 anos (OBSERVATOacuteRIO NACIONAL 2003)
Entatildeo em 1991 os poliacuteticos amapaenses buscavam alternativas econocircmicas para o
comeacutercio do Amapaacute e articularam junto ao Governo Federal a implantaccedilatildeo da aacuterea de livre
comeacutercio de Macapaacute e Santana no intuito de impedir que a economia do Estado estagnasse
Por outro lado a implantaccedilatildeo da aacuterea de livre comeacutercio de Macapaacute e Santana instigou o
crescimento populacional de todo o Estado O resultado deste superpovoamento provocou um
processo de urbanizaccedilatildeo desordenada com consequentes problemas sociais
Segundo o Relatoacuterio da Superintendecircncia da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA) de
2014 a economia do municiacutepio de Santana eacute baseada em serviccedilos induacutestria agropecuaacuteria
Apresenta a relaccedilatildeo de 178 empresas cadastradas na Suframa das quais a atividade comercial
representa 91 seguidas de serviccedilos e induacutestria sem projeto ambas com 793 de
participaccedilatildeo
Santana manteacutem sob o seu domiacutenio o Distrito Industrial do Amapaacute cujo parque tem sofrido
progressivamente constantes alteraccedilotildees com a saiacuteda de empresas como a ICOMI e mais
recentemente a faacutebrica da Coca-Cola entretanto haacute indiacutecios da chegada de trecircs novas faacutebricas ldquoduas
satildeo de raccedilatildeo e uma de cimentordquo (NAFES 2016 p 1) Laacute funcionam as empresas Floacuterida e Equador
com faacutebricas de palmitos de accedilaiacute ISA Peixe (induacutestria de pescados) CIMACER (faacutebrica de tijolos)
FACEPA (que trabalha na reciclagem de papel) CHAMPION (responsaacutevel pela plantaccedilatildeo de
pinho) dentre outras a Aacuterea de Livre Comeacutercio de Macapaacute e Santana ndash ALCMS ajuda a fazer a
vida econocircmica do municiacutepio embora haacute pontos negativos que impedem a fixaccedilatildeo de empresas no
Amapaacute como a dificuldade de transporte fluvial as peacutessimas condiccedilotildees do Porto as frequentes faltas
de energia internet de peacutessima qualidade Os funcionaacuterios do serviccedilo puacuteblico satildeo os que recebem as
maiores remuneraccedilotildees movimentando o comeacutercio
314 Aspectos gerais do municiacutepio de Santana
Segundo o censo realizado pelo Programa das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento
(PNUD) em 2013 o Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) da populaccedilatildeo Santanense foi
0692 o que tem ocupado o 3ordm lugar no ranking do Estado do Amapaacute ficando atraacutes dos municiacutepios
de Macapaacute com 0733 e Serra do Navio 0709 o que de acordo com os padrotildees do PNUD eacute
considerado alto E no total dos municiacutepios brasileiros ocupa a 2134ordf posiccedilatildeo
111
Tabela 06 ndash Santana IDHM e seus componentes nas uacuteltimas duas deacutecadas
COMPONENTES 1991 2000 2010
IDHM da Educaccedilatildeo 0203 0408 0638
de 5 a 6 anos na escola 2363 5881 8266
de 11 a 13 anos nos anos finais do fundamental
regular seriado ou com fundamental completo
3055 5503 8275
de 18 a 20 anos com meacutedio completo 690 1831 382
de 15 a 17 anos com fundamental completo 1407 3174 6121
de 18 anos ou mais com fundamental completo 2371 4041 5932
RENDA 0575 0597 0654
Renda per capita (em R$) 28703 32883 46924
LONGEVIDADE 0662 0728 0794
Esperanccedila de vida ao nascer (em anos) 6474 6868 7265
IDHM 0426 0562 0692
Fonte PNUD (2013)
As informaccedilotildees da tabela acima revelam que o componente da Educaccedilatildeo foi o que mais
evoluiu e se desenvolveu no periacuteodo de 1991 a 2010 O IDHM que era de 0562 em 2000 passou
para 0692 em 2010 - uma taxa de crescimento de 231 o que eacute considerada meacutedia pelo
PNUD A distacircncia entre o IDHM do municiacutepio e o limite maacuteximo do iacutendice que eacute 1 foi
reduzido em 7032 entre 2000 e 2010 Nesse periacuteodo a dimensatildeo cujo iacutendice mais cresceu
em termos absolutos foi Educaccedilatildeo (com crescimento de 0230) seguida por Longevidade e por
Renda
No que se refere aos dados gerais dos 16 municiacutepios do Estado do Amapaacute na tabela 07
podemos fazer uma comparaccedilatildeo de Santana em relaccedilatildeo aos demais municiacutepios
Tabela 07 ndash Santana Dados gerais em relaccedilatildeo aos municiacutepios do Estado do Amapaacute - 2010
Municiacutepio Populaccedilatildeo
2010
Aacuterea
territorial
Densidade
demograacutef
PIB
(mil)
Part PIB
Estado
Amapaacute 8069 12 916786 09 106494 102
Calccediloene 9000 133 1423132 06 149671 156
Cutias 4696 070 210907 22 75476 072
Ferreira Gomes 5802 086 496950 12 122276 117
Itaubal 4265 064 162285 25 49147 050
Laranjal do Jari 39942 596 3097190 13 466827 452
Macapaacute 398204 595 650212 621 6453597 614
Mazagatildeo 17032 254 1313098 13 176336 169
Oiapoque 20509 306 2262529 09 290832 279
Pedra Branca do
Amapari 10772 160 956292 11 269988 266
Porto Grande 16809 251 445342 38 226635 220
112
Pracuuacuteba 3793 056 495059 08 50290 055
Santana 101262 1517 156940 641 1594983 1538
Serra do Navio 4380 065 772079 06 101175 097
Tartarugalzinho 12563 187 675762 19 147649 145
Vitoacuteria do Jari 12428 185 248289 50 138163 143
Total 669526 100 14282852 - 10419539 100
Fonte IBGECidades (2015)
Os municiacutepios em que se concentra a maior populaccedilatildeo satildeo os que compotildeem a Regiatildeo
Metropolitana a capital Macapaacute e Santana que juntas tem 7467 da populaccedilatildeo do Estado
Santana corresponde a 1517 do total de habitantes eacute o segundo municiacutepio mais populoso do
Estado com 101262 habitantes A populaccedilatildeo dos outros 14 municiacutepios juntos possui 2533
ou seja um quarto da populaccedilatildeo total do estado
No que diz respeito ao Produto Interno Bruto (PIB) os dados da tabela 07 mostram que
o municiacutepio de Santana em 2010 apresentou significativa participaccedilatildeo na economia do Estado
sendo responsaacutevel por 1538 do PIB o segundo que mais contribuiu com a economia do
Estado do Amapaacute
Os dados relativos ao municiacutepio de Santana satildeo de difiacutecil acesso por natildeo haver uma
historicidade organizaccedilatildeo consolidaccedilatildeo transparecircncia e publicidade desses dados no site da
prefeitura ou mesmo em literaturas especiacuteficas sobre o municiacutepio Em grande parte os dados
publicados encontrados satildeo relativos ao Porto de Santana e a exportaccedilatildeo dos mineacuterios
Historicizar e analisar a gestatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana a partir das poliacuteticas
educacionais implantadas natildeo tecircm sido tarefa faacutecil eacute o que tentaremos desenvolver no proacuteximo
item desse estudo
32 A POLIacuteTICA EDUCACIONAL DA REDE MUNICIPAL DE EDUCACcedilAtildeO DE
SANTANAAP
A poliacutetica de educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana-Amapaacute se baseia na Constituiccedilatildeo
Federal de 1988 na Constituiccedilatildeo do Estado do Amapaacute de 1991 (atualizada ateacute a Emenda
Constitucional nordm 0044 2009) na Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional de 1996 Lei
Orgacircnica do Municiacutepio de Santana de 2002 Lei do Sistema Municipal de Ensino de 2002 o
Plano Municipal de Educaccedilatildeo e o Plano de Carreiras da Educaccedilatildeo do Municiacutepio de Santana e
outras leis especiacuteficas Eacute notoacuterio observar durante a leitura dos documentos legais do municiacutepio
113
de Santana a reproduccedilatildeo da legislaccedilatildeo federal e estadual no municiacutepio seguindo a risca as
orientaccedilotildees das leis superiores
A Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional Nordm 9394 de 20 de dezembro de 1996
dispotildee sobre os deveres que os municiacutepios possuem em relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo nestes termos o
art 11 aponta que os municiacutepios incumbir-se-atildeo de
I - organizar manter e desenvolver os oacutergatildeos e instituiccedilotildees oficiais dos seus sistemas
de ensino integrando-os agraves poliacuteticas e planos educacionais da Uniatildeo e dos Estados
II - exercer accedilatildeo redistributiva em relaccedilatildeo agraves suas escolas
III - baixar normas complementares para o seu sistema de ensino
IV - autorizar credenciar e supervisionar os estabelecimentos do seu sistema de
ensino
V - oferecer a educaccedilatildeo infantil em creches e preacute-escolas e com prioridade o ensino
fundamental permitida agrave atuaccedilatildeo em outros niacuteveis de ensino somente quando
estiverem atendidas plenamente as necessidades de sua aacuterea de competecircncia e com
recursos acima dos percentuais miacutenimos vinculados pela Constituiccedilatildeo Federal agrave
manutenccedilatildeo e desenvolvimento do ensino
VI - assumir o transporte escolar dos alunos da rede municipal (Incluiacutedo pela Lei nordm
10709 de 3172003)
Paraacutegrafo uacutenico Os Municiacutepios poderatildeo optar ainda por se integrar ao sistema
estadual de ensino ou compor com ele um sistema uacutenico de educaccedilatildeo baacutesica (BRASIL
1996)
De acordo com a LDB o municiacutepio tem a incumbecircncia de oferecer a educaccedilatildeo infantil
e com prioridade o ensino fundamental da mesma forma eacute enfatizada na Lei Orgacircnica do
Municiacutepio de Santana (LOM) referendando tais incumbecircncias nos artigos 145 e 146 afirmando
que as bases da organizaccedilatildeo do Sistema de Ensino Municipal devem respeitar os princiacutepios
expostos no art 280 da Constituiccedilatildeo Estadual bem como os princiacutepios estabelecidos na CF
Art 280 As instituiccedilotildees educacionais de qualquer natureza ministraratildeo o ensino com
base nos princiacutepios estabelecidos na Constituiccedilatildeo Federal e mais os seguintes
I - direito de acesso e permanecircncia na escola a qualquer pessoa vedadas distinccedilotildees
baseadas na origem raccedila sexo idade religiatildeo preferecircncia poliacutetica ou classe social
II - pluralismo de ideias e de concepccedilotildees filosoacuteficas poliacuteticas esteacuteticas religiosas e
pedagoacutegicas que conduzam o educando agrave formaccedilatildeo de uma postura social proacutepria
III - valorizaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo como garantia na forma da lei de
plano de carreira para o magisteacuterio puacuteblico com vencimentos no miacutenimo em
isonomia com as demais categorias funcionais para as quais se exija idecircntica
escolaridade com ingresso exclusivamente por concurso puacuteblico de provas e tiacutetulos
realizado periodicamente sob o regime juriacutedico uacutenico adotado pelo Estado para seus
servidores civis e com base no Estatuto do Magisteacuterio
IV - liberdade de pensar aprender ensinar pesquisar e divulgar o pensamento a arte
o saber e o conhecimento
V - reinvestimento em educaccedilatildeo no acircmbito do Estado do percentual que for
estabelecido em lei dos lucros auferidos pelas instituiccedilotildees privadas de ensino
estabelecido no Amapaacute
114
VI - gratuidade de ensino em estabelecimentos mantidos pelo Poder Puacuteblico vedada
a cobranccedila de taxas ou contribuiccedilotildees de qualquer natureza ainda que facultativa
VII - garantia de padratildeo de qualidade em todo o sistema de ensino a ser fixado em lei
VIII - manutenccedilatildeo no acircmbito do Estado em originais ou duplicatas arquivadas por
qualquer meio em seus oacutergatildeos de consulta dos resultados de pesquisa bases de dados
e acervos cientiacuteficos bibliograacuteficos e tecnoloacutegicos colecionados no exerciacutecio de
atividade educacional revertendo em favor do Estado o material acumulado na
hipoacutetese de fechamento extinccedilatildeo ou transferecircncia da instituiccedilatildeo de ensino aqui
estabelecida
IX - direito de organizaccedilatildeo autocircnoma dos diversos segmentos da comunidade escolar
X - preservaccedilatildeo dos valores educacionais regionais e locais (AMAPAacute 2011 p 92)
Segundo tais documentos a educaccedilatildeo como direito de todos e dever do estado e do
municiacutepio tem como princiacutepios a democracia que estaacute tambeacutem no Plano de Carreiras da
Educaccedilatildeo do Municiacutepio de Santana (PCEMS) na Lei Nordm 849 de 2010 nos art 42 e 43 onde se
lecirc
Art 42 - as escolas puacuteblicas do municiacutepio desenvolveratildeo suas atividades de ensino
dentro do espiacuterito democraacutetico e participativo sem preconceitos de raccedila sexo cor
idade opccedilatildeo religiosa poliacutetico-partidaacuterias e quaisquer outras formas de
discriminaccedilatildeo incentivando a participaccedilatildeo da comunidade na elaboraccedilatildeo e exerciacutecio
da proposta pedagoacutegica (SANTANAPCEMS 2010 p 16 grifos nossos)
Art 43 - as escolas puacuteblicas obedeceratildeo ao princiacutepio da gestatildeo democraacutetica atraveacutes
da I ndash participaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo estudantes pais servidores e
representantes da comunidade tanto nas atividades de ensino quanto nas de gestatildeo
participando de conselhos e outros oacutergatildeos normativos e deliberativos bem como no
processo de eleiccedilatildeo de seus dirigentes II ndashgarantia de acesso agraves informaccedilotildees teacutecnicas
administrativas e pedagoacutegicas da escola III ndash gerecircncia de recursos financeiros
repassados pela Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo IV ndash transparecircncia no recebimento
e aplicaccedilatildeo dos recursos financeiros (SANTANAPCEMS 2010 p 16 grifos
nossos)
Os documentos que se referem agrave poliacutetica educacional do municiacutepio de Santana apontam
para os princiacutepios de uma gestatildeo educacional municipal que se pautam na gestatildeo democraacutetica
no pluralismo de concepccedilotildees pedagoacutegicas e no direito agrave organizaccedilatildeo dos diversos segmentos
da comunidade escolar Mas como tais princiacutepios se materializam na organizaccedilatildeo da educaccedilatildeo
municipal Eacute o que veremos a seguir
321 A estrutura organizacional do Sistema Municipal de Educaccedilatildeo de Santana
A organizaccedilatildeo da educaccedilatildeo municipal estaacute sob a responsabilidade da Prefeitura
Municipal de Santana tem como oacutergatildeo gestor a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo (SEME)
115
localizada na Avenida Santana Nordm 2913 no Bairro Paraiacuteso bem no complexo de preacutedios da
Prefeitura Municipal de Santana (PMS) A instalaccedilatildeo fiacutesica da SEME apesar do preacutedio ser novo
estaacute mal distribuiacuteda ou natildeo comporta toda a demanda necessaacuteria agrave organizaccedilatildeo administrativa
financeira e pedagoacutegica da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo
Figura 07 Foto da sede da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de Santana
Fonte santanadoamapablogspotcom
O Sistema Municipal de Ensino de Santana foi criado atraveacutes da Lei municipal Nordm 0609
de 2002 e de acordo com o artigo 2ordm eacute composto I - Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo II -
Conselho Municipal de Educaccedilatildeo III - Comissatildeo Permanente do Magisteacuterio e IV - pelas
Instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Infantil Ensino Fundamental e Educaccedilatildeo Especial mantidas eou
administradas pelo poder puacuteblico municipal e pelas instituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil e especial
criadas e mantidas pela iniciativa privada (SANTANA 2002)
A Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de Santana tem em sua estrutura teacutecnico-
pedagoacutegico e administrativo oacutergatildeos e teacutecnicos que devem ser responsaacuteveis por pesquisa
informaccedilotildees e o planejamento adequado e atualizado para que possam subsidiar os programas
e projetos voltados agrave comunidade escolar Durante a pesquisa foi possiacutevel identificar que os
funcionaacuterios da SEME trabalham amontoados em salas com mesas e cadeiras coladas uma a
outra e sem espaccedilo suficiente para exercer o seu proacuteprio serviccedilo e atendimento ao puacuteblico Isso
foi observado em vaacuterios setores na SEME No organograma estaacute organizada a disponibilizaccedilatildeo
dos oacutergatildeos da secretaria conforme a Legislaccedilatildeo Municipal Nordm 0760 de 2006
116
Figura 08 SANTANA Estrutura organizacional dos oacutergatildeos da Secretaria Municipal de
Educaccedilatildeo (SEME)
Fonte Anexo da Lei Nordm 7602006 - PMS
De acordo com a estrutura organizacional a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo tem na
sua composiccedilatildeo
- Secretaacuterio (a) Municipal de Educaccedilatildeo
- Assessoria Executiva
- Chefia de Gabinete
- A Coordenadoria de Assuntos Educacionais que eacute composta pelos seguintes departamentos
- Departamento de Ensino e Apoio Pedagoacutegico
- Departamento de Inspeccedilatildeo e Organizaccedilatildeo Escolar
- Departamento de Apoio
- Departamento de Educaccedilatildeo no Campo
- Departamento de Tecnologia Educacional e Miacutedia
- A Coordenadoria Administrativa e Financeira que eacute composta por
- Departamento de Recursos Humanos
- Departamento de Orccedilamento Financeiro e Contabilidade
117
- Divisatildeo de Acompanhamento de Contrato Convecircnio e Licitaccedilatildeo
- Gestor Escolar
- Departamento de Serviccedilo Material e Patrimocircnio
- Departamento de Assistecircncia ao Educando
- A Coordenadoria do Poacutelo da Universidade Aberta do Brasil
- A Coordenadoria de Planejamento e Projetos
No que se refere a Coordenadoria de Assuntos Educacionais foi observado durante a
pesquisa e nos relatoacuterios analisados diversas atividades de cunho pedagoacutegico realizados e de
controle de matriacuteculas O Departamento de Orccedilamento Financeiro e Contabilidade setor
vinculado a Coordenadoria Administrativa e Financeira da SEME parece estar mais ligada ao
Prefeito Municipal do que a Secretaacuteria de Educaccedilatildeo dada a falta de autonomia financeira da
SEME devido a natildeo descentralizaccedilatildeo das questotildees financeiras por parte do prefeito para a
Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de Santana
De 2005 a 2015 atuaram como gestores da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de Santana
sete secretaacuterios conforme demonstra o quadro 9
Quadro 9 Santana Secretaacuterios Municipais de Educaccedilatildeo (2005 a 2015)
Periacuteodo Secretaacuterio(a) Municipal de
Educaccedilatildeo Partido Prefeito
2005 a 2009 Kleber Nascimento Rocha PT Antonio Nogueira
2010 Raimundo Vasques
Ivancy Magno de Oliveira PT Antonio Nogueira
2011 e 2012 Tercio da Silva Correia PT Antonio Nogueira
2013 Melquises Pereira de Lima e
Carlos Sergio Monteiro PR Robson Santana Rocha Freires
2014 Carlos Sergio Monteiro PR Robson Santana Rocha Freires
2015 -
Atualmente Antocircnia de Moraes Guedes PR Robson Santana Rocha Freires
Fonte SEME - Elaborado pela autora
O Secretaacuterio que teve mais tempo no cargo cinco anos foi o Sr Kleber Nascimento
Rocha que esteve agrave frente da pasta da SEME durante a primeira gestatildeo do prefeito Antonio
Nogueira (2005-2008) do Partido dos Trabalhadores e ateacute o primeiro ano (2009) do segundo
mandato do prefeito reeleito Nos uacuteltimos trecircs anos do segundo mandato do prefeito passaram
pela SEME trecircs outros Secretaacuterios de Educaccedilatildeo Municipal Raimundo Vasques Ivancy Magno
de Oliveira e Tercio da Silva Correia A partir de 2013 com a mudanccedila de gestatildeo na Prefeitura
Municipal tendo o Sr Robson Santana Rocha Freires (2013-2016) passaram pela pasta da
118
educaccedilatildeo trecircs outros Secretaacuterios Melquises Pereira de Lima Carlos Sergio Monteiro e Antocircnia
de Moraes Guedes (atual)
O Conselho Municipal de Educaccedilatildeo que eacute um oacutergatildeo colegiado pertencente ao Sistema
Municipal de Ensino tem funccedilatildeo consultiva normativa deliberativa e recursal da poliacutetica de
educaccedilatildeo do municiacutepio de Santana A Lei Orgacircnica do Municiacutepio de Santana (LOM) prevecirc a
criaccedilatildeo de normas para o funcionamento do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo e que a cada dois
anos seraacute convocada uma Conferecircncia Municipal de Educaccedilatildeo formada por representaccedilotildees dos
vaacuterios segmentos sociais para avaliar a situaccedilatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio e estabelecer a
diretrizes da poliacutetica municipal de educaccedilatildeo (SANTANA 2000) Apesar do que apresenta a
legislaccedilatildeo municipal o municiacutepio natildeo tem conseguido colocar em praacutetica o que preconiza a sua
legislaccedilatildeo no que se refere a atuaccedilatildeo efetiva desse oacutergatildeo colegiado
Faz parte ainda do Sistema municipal de educaccedilatildeo a Comissatildeo Permanente do
Magisteacuterio composta por representantes dos docentes teacutecnicos educacionais procurador
juriacutedico do municiacutepio secretaria municipal de educaccedilatildeo e secretaria de administraccedilatildeo Esta
Comissatildeo tem a competecircncia de elaborar instrumentos coordenar e orientar o processo
avaliativo anual do magisteacuterio municipal e por atribuiccedilotildees que regulamentam o estatuto do
magisteacuterio puacuteblico de Santana (SANTANA 2002) Compotildee ainda o Sistema Municipal de
Educaccedilatildeo as instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas que deveratildeo ofertar o ensino puacuteblico ou privado
atendendo agraves normas pareceres e resoluccedilotildees emanadas pelo Sistema Municipal de Ensino
A Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo deveraacute desenvolver em consonacircncia com entidades
educacionais do Estado e da Uniatildeo programas suplementares de assistecircncia ao educando
como materiais didaacuteticos escolares assistecircncia agrave sauacutede e seguridade social alimentaccedilatildeo
escolar transporte escolar bolsa famiacutelia assistecircncia social psicoloacutegica e fonoaudioloacutegica
Como observamos a lei orienta a autonomia e a participaccedilatildeo da comunidade e dos
profissionais da educaccedilatildeo nas accedilotildees pedagoacutegicas administrativas e em conselhos escolares
Poreacutem em momento algum se refere agrave autonomia financeira O atendimento da educaccedilatildeo
infantil e do ensino fundamental vem se realizando desde que Santana era ainda um Distrito de
Macapaacute47 e vem gradativamente sendo municipalizados como veremos no toacutepico a seguir
47 De acordo com a Lei Federal nordm 7639 de 17-12-1987 o distrito de Santana eacute desmembrado do municiacutepio de
Macapaacute e eacute elevado agrave categoria de municiacutepio
119
322 A Educaccedilatildeo municipal de Santana em nuacutemeros
O Sistema Municipal de Educaccedilatildeo foi criado em 2002 embora natildeo tenha organizado na
praacutetica o seu funcionamento articulado para a composiccedilatildeo do sistema a educaccedilatildeo funciona
ainda como rede municipal Em 2007 possuiacutea 23 escolas para funcionamento da educaccedilatildeo
infantil ensino fundamental e EJA e em 2014 esse nuacutemero passou para 31 escolas tendo um
aumento de 26 no nuacutemero de escolas na rede no periacuteodo O graacutefico 1 apresenta uma pequena
evoluccedilatildeo no periacuteodo
Graacutefico 1 Santana Nordm de escolas da rede municipal de ensino 2007-2014
Fonte Dados da SEMESantana ndash Elaborado pela autora
Eacute importante destacar no entanto que aleacutem das 31 escolas a rede municipal conta com
17 anexos48 distribuiacutedos entre zona urbana e rural
O quadro de docentes do municiacutepio de Santana tambeacutem nos revela um pouco da situaccedilatildeo
da educaccedilatildeo municipal O concurso puacuteblico49 realizado pela Prefeitura Municipal de Santana
no ano de 2007 e a uacuteltima convocaccedilatildeo de aprovados no ano de 2009 vem contribuindo para o
aumento de docentes vinculados ao quadro permanente como se pode acompanhar no graacutefico
2 a seguir
48 A situaccedilatildeo dessas escolas anexas eacute bastante instaacutevel visto que satildeo preacutedios alugados Na zona rural pode ser ateacute
mesmo salas de aula funcionando em casas de moradia ou em Igrejas 49 Edital nordm 012006 que ofertou 667 cargos para o municiacutepio em diversas aacutereas (administrativa engenharia
teacutecnica sauacutede e magisteacuterio) No que se refere aos cargos para a educaccedilatildeo destacamos 20 cargos para auxiliar de
disciplina 122 para professor da educaccedilatildeo baacutesica I 52 para professores da educaccedilatildeo baacutesica II (portuguecircs
matemaacutetica geografia histoacuteria ciecircncias ciecircncias da religiatildeo educaccedilatildeo fiacutesica inglecircs e artes) 22 para orientador
supervisor e psicopedagogo
23 2426 27 27 27
31 31
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
120
Graacutefico 2 Santana Nuacutemero de docentes atuando na rede municipal de ensino 2007-2014
Fonte SEMESantana ndash Elaborado pela autora
O nuacutemero de docentes50 no graacutefico 02 em atuaccedilatildeo nas escolas em 2007 era de 480
docentes e em 2009 eram de 593 o que reflete um aumento de quase 20 no nuacutemero de
docentes atuando nas escolas puacuteblicas municipais de Santana Eacute importante destacar que
principalmente nos anos de 2007 e 2008 haviam vaacuterios docentes contratados temporariamente
sem concurso puacuteblico atuando nas escolas municipais essa praacutetica ainda existe no municiacutepio
As matriacuteculas no municiacutepio de Santana ocorrem em escolas da rede estadual rede
municipal e no setor privado De acordo com a tabela 08 de uma forma geral a rede estadual
sempre teve uma forte influecircncia no municiacutepio concentrando a maior parte das matriacuteculas por
exemplo em 2014 absorveu 56 do universo de matriacuteculas no municiacutepio Jaacute a rede municipal
tinha sob sua responsabilidade 317 do nuacutemero de matriacuteculas registrado no municiacutepio e o
setor privado correspondia a 123 de matriacuteculas
50 Os nuacutemeros que compotildeem os docentes em atuaccedilatildeo nas escolas puacuteblicas satildeo de docentes concursados
contratados ou cedidos
480523
593 593 593 593 581 584
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
121
Tabela 08 ndash Santana Matriacuteculas na Educaccedilatildeo Baacutesica por esfera administrativa 2007-2014
Dependecircncia
NiacutevelModalidade 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Rede Estadual
Ed Infantil (creche e preacute-escola) 1296 250 67 9 0 0 0 0
Ens Fund (anos iniciais) 6687 6746 6271 6069 5898 5672 4971 4405
Ensino Fund (anos finais) 6784 7063 7272 7726 7846 7816 7552 7470
Ensino Meacutedio 5708 5897 5922 5676 5294 5240 5003 5454
EJA (Ens Fund) 1584 1614 1676 1595 1710 1574 1302 46
EJA (Ens Meacutedio) 826 841 957 1085 1422 1335 0 0
Educaccedilatildeo Especial 141 172 229 181 281 343 330 347
Total 23026 22583 22394 22332 22451 21980 19158 17722
Rede Municipal
Ed Infantil (creche e preacute-escola) 1345 1933 2006 2023 2011 2577 3169 3201
Ens Fund (anos iniciais) 4078 4089 4429 4330 4432 4859 5253 5622
Ens Fund (anos finais) 1146 986 933 961 852 683 539 487
Ensino Meacutedio 0 0 0 0 0 0 0 0
EJA (Ens Fund) 709 641 581 583 596 633 549 528
EJA (Ens Meacutedio) 0 0 0 0 0 0 0 0
Ed Especial 81 89 111 118 140 163 155 201
Total 7359 7738 8060 8015 8031 8915 9665 10039
Setor Privado
Ed Infantil (creche e preacute-escola) 1936 1598 1560 1425 1558 1335 965 914
Ens Fund (anos iniciais) 1828 1678 1623 1601 1703 1473 1418 1446
Ens Fund (anos finais) 754 845 772 753 852 885 927 932
Ensino Meacutedio 488 408 383 376 434 451 435 404
EJA (Ens Fund) 144 59 134 137 91 48 15 35
EJA (Ens Meacutedio) 43 35 39 36 36 72 35 63
Ed Especial 101 04 09 118 128 139 129 110
Total 5294 4627 4520 4446 4802 4403 3924 3904
Fonte CENSOINEP (2014) ndash Elaborado pela autora
Inclui Educaccedilatildeo de Jovens e Adultos (EJA) presencial e semipresencial
Inclui os alunos de toda a educaccedilatildeo baacutesica e da EJA
A rede estadual mesmo tendo o maior nuacutemero de matriacuteculas vem reduzindo esse nuacutemero
a partir de 2013 quando principalmente natildeo ofertou a modalidade de Educaccedilatildeo de Jovens e
Adultos em niacutevel meacutedio Destacamos ainda a reduccedilatildeo em 2008 nas matriacuteculas na educaccedilatildeo
infantil e que em 2011 finalizou a oferta neste niacutevel de ensino O ensino fundamental (anos
iniciais) na rede estadual eacute responsaacutevel por 439 do total de matriacuteculas na rede puacuteblica
enquanto que a rede municipal absorveu 561 em 2014
A rede municipal a partir de 2008 vem aumentando o nuacutemero de matriacuteculas na educaccedilatildeo
infantil em decorrecircncia da municipalizaccedilatildeo e em 2011 eacute a responsaacutevel por toda a demanda da
educaccedilatildeo infantil puacuteblica Observou-se ainda a reduccedilatildeo nas matriacuteculas nos anos finais no ensino
fundamental que tambeacutem tinha sob sua responsabilidade em 2007 eram 1146 matriculas e em
122
2014 reduziu para 487 como podemos observar na tabela No setor privado as matriacuteculas
foram visivelmente reduzidas no decorrer do periacuteodo em estudo Somente no ensino
fundamental eacute que vem aumentando discretamente nos uacuteltimos 3 anos
O processo de municipalizaccedilatildeo iniciado em 2008 na educaccedilatildeo infantil e em 2009 no
ensino fundamental segue as orientaccedilotildees do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado
(PDRAE) que propotildee a passagem da administraccedilatildeo puacuteblica baseada em princiacutepios racionais-
burocraacuteticos Em que busca
() o fortalecimento das funccedilotildees de regulaccedilatildeo e de coordenaccedilatildeo do Estado
particularmente no niacutevel federal e a progressiva descentralizaccedilatildeo vertical para os
niacuteveis estadual e municipal das funccedilotildees executivas no campo da prestaccedilatildeo de serviccedilos
sociais e de infraestrutura (PDRAE 1995 p 18)
Nesse contexto descentralizar teria o objetivo de tornar a administraccedilatildeo puacuteblica mais
flexiacutevel e eficiente reduzindo custos e propiciando mais qualidade ao serviccedilo puacuteblico por meio
do gerencialismo tendo o governo federal o controle dos resultados das avaliaccedilotildees de
desempenho dos Estados e municiacutepios
No que se refere ao Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo (IDEB) apesar de
compreendermos que os dados numeacutericos registrados no IDEB natildeo revelam a qualidade da
aprendizagem os dados observados colocam o municiacutepio de Santana com uma evoluccedilatildeo no
ensino fundamental (anos iniciais) maior do que a rede estadual Eacute o que podemos constatar na
tabela 09 a seguir
Tabela 09 ndash SANTANA IDEB do Ensino Fundamental (anos iniciais) em relaccedilatildeo ao Estado
do Amapaacute e ao Brasil (2005-2013)
Esfera Ideb Observado Metas Projetadas
2005 2007 2009 2011 2013 2007 2009 2011 2013 2021
BRASIL 38 42 46 50 52 39 42 46 49 60
AMAPAacute 32 34 38 41 40 32 36 40 43 54
SANTANA 31 38 39 48 46 31 35 39 42 54
Fonte INEPMEC (2015)
Desde 2005 a meacutedia do IDEB nacional observado tem atingido as metas propostas Jaacute
em relaccedilatildeo ao estado do Amapaacute o IDEB estaacute bem aqueacutem em relaccedilatildeo agrave meacutedia nacional apesar
de ter evoluiacutedo e atingido as metas propostas nas avaliaccedilotildees dos anos de 2007 2009 e 2011 no
ano de 2013 a meacutedia do estado reduziu para 40 O municiacutepio de Santana mesmo natildeo atingindo
123
a meacutedia nacional possui um coeficiente superior ao do estado sendo o municiacutepio do estado
com melhor evoluccedilatildeo no IDEB o que atingiu todas as metas projetadas desde o ano de 2007
No entanto eacute preciso relativizar o resultado de tais indicadores pois eles natildeo representam de
fato a qualidade visto que esta eacute de difiacutecil mensuraccedilatildeo e pressupotildee muita complexidade
(PARO 2005)
Satildeo vaacuterios fatores que podem estar influenciando o alcance das metas do IDEB mas eacute
necessaacuterio realizar um estudo mais rigoroso para desvelar os motivos dessa evoluccedilatildeo O que
podemos adiantar eacute que as escolas da rede municipal receberam vaacuterios programas federais o
que possibilitou ajuda financeira para a rede atraveacutes de impostos e de repasses federais
inclusive recursos do Plano de Accedilotildees Articuladas que eacute o que apresentaremos a seguir
323 O financiamento da educaccedilatildeo na rede municipal de Santana
A anaacutelise da democratizaccedilatildeo da gestatildeo da educaccedilatildeo a partir do PAR requer que se
conheccedila as potencialidades de financiamento das accedilotildees educativas pois a viabilidade das accedilotildees
decorrentes do PAR soacute seraacute possiacutevel se houver financiamento compatiacutevel para tal Este item
visa avaliar as condiccedilotildees financeiras do municiacutepio de Santana no periacuteodo da pesquisa
A Carta Magna de 1988 em seu Artigo 212 estabelece os percentuais miacutenimos
necessaacuterios para custeio da educaccedilatildeo indicando que
A Uniatildeo aplicaraacute anualmente nunca menos de dezoito e os Estados o Distrito
Federal e os Municiacutepios vinte e cinco por cento no miacutenimo da receita resultante de
impostos compreendida a proveniente de transferecircncias na manutenccedilatildeo e
desenvolvimento do ensino (BRASIL 1998)
O artigo 212 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 ao estabelecer o percentual miacutenimo para
a manutenccedilatildeo e desenvolvimento do ensino reitera que esse montante natildeo pode ser menor nem
desviado para outras finalidades ou seja eacute uma verba vinculada protegida de qualquer disputa
poliacutetica e de outras necessidades emergenciais De acordo com a Constituiccedilatildeo de 1988 os
recursos para a manutenccedilatildeo do ensino satildeo provenientes das seguintes fontes a) Receitas
oriundas de impostos da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios b) Receitas
de transferecircncias constitucionais e outras transferecircncias c) Receitas do salaacuterio educaccedilatildeo e de
outras contribuiccedilotildees sociais d) Receitas de incentivos fiscais e outros recursos previstos em lei
124
Todavia as principais fontes de financiamento da educaccedilatildeo satildeo as receitas de impostos
e a contribuiccedilatildeo do salaacuterio educaccedilatildeo as quais juntas ldquorepresentam em termos de volume de
recursos e de regularidade a receita que tem financiado a expansatildeo e a qualificaccedilatildeo da educaccedilatildeo
puacuteblica no paiacutesrdquo (FARENZENA 2006 p 82) No caso do municiacutepio de Santana a arrecadaccedilatildeo
de impostos proacuteprios51 e os respectivos 25 que devem ser destinados ao financiamento da
educaccedilatildeo apresentaram os seguintes valores abaixo discriminados
Tabela 10 Santana Receitas de Impostos Proacuteprios (2007-2014)
Ano Total de Impostos 25 para Educaccedilatildeo
2007 459613833 114903450
2008 396271016 99067750
2009 554775786 138693925
2010 592155846 148038950
2011 633078892 158269700
2012 888456697 222114150
2013 951274674 237818650
2014 Fonte SIOPE Tabela Elaborada pala autora Nota1 Dados natildeo disponiacuteveis
Nota 2 Valores nominais
Os recursos para a educaccedilatildeo referentes aos 25 dos impostos proacuteprios do municiacutepio satildeo
relativamente pequenos considerando a totalidade das despesas com a educaccedilatildeo como se veraacute
mais adiante Ainda assim representam uma importante fonte de recursos para financiamento
da educaccedilatildeo municipal
O municiacutepio de Santana conta tambeacutem com as receitas do Fundo de Manutenccedilatildeo e
Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo
(FUNDEB)52 Os recursos dessa fonte satildeo provenientes de impostos e transferecircncias dos
estados municiacutepios e do Distrito Federal vinculados agrave educaccedilatildeo de acordo com o artigo 212
da Constituiccedilatildeo Federal que satildeo recolhidos pela Uniatildeo e redistribuiacutedos aos estados municiacutepios
e Distrito Federal proporcionalmente ao valor custo-aluno definido nacionalmente para o
financiamento de accedilotildees de manutenccedilatildeo e desenvolvimento da educaccedilatildeo baacutesica puacuteblica Do total
51 Os recursos proacuteprios satildeo o IPTU-Imposto Predial Territorial Urbano ISS-Imposto sobre Serviccedilos ITBI-Imposto
sobre Transmissatildeo de Bens Imoacuteveis IRRF-Imposto sobre a Renda dos Servidores Municipais
52 Criado pela Emenda Constitucional nordm 532006 e regulamentado pela Lei nordm 1149407 o FUNDEB eacute constituiacutedo
por 20 (vinte por cento) das receitas das seguintes fontes Fundo de Participaccedilatildeo dos Estados (FPE) Fundo de
Participaccedilatildeo dos Municiacutepios (FPM) Imposto sobre Circulaccedilatildeo de Mercadorias e Serviccedilos (ICMS) (incluindo os
recursos relativos agrave desoneraccedilatildeo de exportaccedilotildees de que trata a Lei Complementar nordm 8796) Imposto sobre
Produtos Industrializados proporcional agraves exportaccedilotildees (IPI- EXP) Imposto sobre Transmissatildeo Causa Mortis e
Doaccedilotildees de quaisquer bens ou direitos (ITCMD) Imposto sobre a Propriedade de Veiacuteculos Automotores (IPVA)
Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR) receitas da diacutevida ativa e de juros e multas incidentes sobre
as fontes citadas (GUTIERRES 2010)
125
dos recursos pelo menos 60 (sessenta por cento) devem ser direcionados para o pagamento
dos profissionais do magisteacuterio em efetivo exerciacutecio De 2007 a 2014 o municiacutepio
recebeu os seguintes valores do FUNDEB
Tabela 11 ndash Santana Receitas do FUNDEB (2007-2014)
Ano Valor Anual Complementaccedilatildeo
da Uniatildeo
Aplicaccedilatildeo
Financeira Total
2007 1109287221 0 845321 1110132542
2008 1492822529 0 920937 1493743466
2009 1612599591 0 0 1612599591
2010 1818239589 0 0 1818239589
2011 2164454715 0 0 2164454715
2012 2377015638 0 378076 2377393714
2013 2740767217 0 2448386 2743215603
2014 Fonte SIOPEFNDE ndash Organizado pela autora Nota 1 Os valores referente a 2014 natildeo estavam disponiacuteveis
para consulta no SIOPE Nota 2 valores nominais
Conforme as informaccedilotildees da tabela 11 o municiacutepio de Santana natildeo recebe receitas de
Complementaccedilatildeo da Uniatildeo Isso significa que os recursos redistribuiacutedos no acircmbito do Estado
satildeo suficientes para alcanccedilar o valor-aluno miacutenimo nacional estabelecido natildeo implicando assim
em complementaccedilatildeo da Uniatildeo53
Outra importante fonte de recursos para a educaccedilatildeo recebida pelo municiacutepio eacute o Salaacuterio
Educaccedilatildeo54 recolhido pelas empresas calculado com base na aliacutequota de 25 sobre o total de
remuneraccedilotildees pagas ou creditadas a qualquer tiacutetulo aos segurados empregados O FNDE tem
uma funccedilatildeo redistributiva55 da contribuiccedilatildeo social do salaacuterio-educaccedilatildeo A cota estadual e
53 O Estado do Amapaacute e seus municiacutepios vecircm sistematicamente alcanccedilando valores por aluno acima do valor
miacutenimo anual definido nacionalmente A Portaria interministerial nordm 11 de 30 de dezembro de 2015 por exemplo
definiu os valores anuais para 2016 na qual o valor para o ensino fundamental dos anos iniciais urbanas
considerado o paracircmetro para as demais etapas e modalidades foi estabelecido em RS273987 O estado do
Amapaacute alcanccedilou R$380396 por aluno nesta etapa da educaccedilatildeo baacutesica portanto bem acima do miacutenimo nacional
estabelecido 54 O Salaacuterio Educaccedilatildeo foi criado pela Lei nordm 4440 de 27101964 (MELCHIOR 1987) e sofreu diversas
modificaccedilotildees desde essa data Em dezembro de 2006 foi alterado pela EC nordm 53 e regulamentado pela Lei nordm
114572007 base de sua execuccedilatildeo atual 55Do montante arrecadado e apoacutes as deduccedilotildees previstas em lei (taxa de administraccedilatildeo dos valores arrecadados pela
Receita Federal do Brasil devoluccedilatildeo de receitas e outras) o restante eacute distribuiacutedo em cotas pelo FNDE observada
em 90 (noventa por cento) de seu valor a arrecadaccedilatildeo realizada em cada estado e no Distrito Federal da seguinte
forma A) cota federal ndash correspondente a 13 do montante dos recursos eacute destinada ao FNDE e aplicada no
financiamento de programas e projetos voltados para a educaccedilatildeo baacutesica de forma a propiciar a reduccedilatildeo dos
desniacuteveis soacutecio educacionais entre os municiacutepios e os estados brasileiros B) cota estadual e municipal ndash
correspondente a 23 do montante dos recursos eacute creditada mensal e automaticamente em favor das secretarias de
educaccedilatildeo dos estados do Distrito Federal e dos municiacutepios para o financiamento de programas projetos e accedilotildees
voltados para a educaccedilatildeo baacutesica Os 10 restantes do montante da arrecadaccedilatildeo do salaacuterio-educaccedilatildeo satildeo aplicados
pelo FNDE em programas projetos e accedilotildees voltados para a educaccedilatildeo baacutesica (Lei nordm 114572007)
126
municipal da contribuiccedilatildeo social do salaacuterio-educaccedilatildeo eacute integralmente redistribuiacuteda entre os
estados e seus municiacutepios de forma proporcional ao nuacutemero de alunos matriculados na
educaccedilatildeo baacutesica das respectivas redes de ensino apurado no censo escolar do exerciacutecio anterior
ao da distribuiccedilatildeo
Os demais programas do FNDE tais como Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo
Escolar (PNAE) Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) Programa Nacional de Apoio
ao Transporte do Escolar (PNATE) Programa Brasil Alfabetizado (PBA) e Programa Nacional
de Sauacutede do Escolar (PNSE) criados para contribuir para o acesso e a permanecircncia do aluno na
escola tambeacutem vem compondo as fontes de recursos para o ensino em Santana
O Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar (PNAE) eacute considerado o mais antigo
programa social brasileiro vinculado agrave educaccedilatildeo (BALABAN 2006) Ateacute o ano de 1998 o
Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar (PNAE) era gerenciado pela Fundaccedilatildeo de Apoio
ao Estudante ndash FAE A partir desse ano sua gestatildeo foi transferida para o Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educaccedilatildeo ndash FNDE por meio da Lei nordm 9649 de 27051999 que tambeacutem
extinguiu a FAE Atualmente o PNAE eacute coordenado nacionalmente pelo FNDE responsaacutevel
pelo repasse dos recursos financeiros para aquisiccedilatildeo de alimentos cabendo aos Estados e
Municiacutepios complementar estes recursos aleacutem de cobrir os custos operacionais (BRASIL
2000) O PNAE atende os alunos de toda a educaccedilatildeo baacutesica matriculados em escolas puacuteblicas
filantroacutepicas e em entidades comunitaacuterias (conveniadas com o poder puacuteblico) por meio da
transferecircncia de recursos financeiros
Conforme a Resoluccedilatildeo nordm 67 de 28 de dezembro de 2009 o valor repassado pela Uniatildeo
a Estados e Municiacutepios por dia letivo para cada aluno pelo PNAE eacute definido de acordo com a
etapa e modalidade de ensino Creches R$ 100 Preacute-escola R$ 050 Escolas indiacutegenas e
quilombolas R$ 060 Ensino fundamental meacutedio e educaccedilatildeo de jovens e adultos R$ 030
Ensino integral R$ 100 Alunos do Programa Mais Educaccedilatildeo R$ 090 alunos que frequentam
o Atendimento Educacional Especializado no contraturno R$ 050 Com a Resoluccedilatildeo nordm 8 de
14 de maio de 2012 o valor per capita da alimentaccedilatildeo escolar foi atualizado passando de R$
060 para R$ 100 entre os alunos matriculados nas creches e de R$ 030 para R$ 050 entre
os alunos matriculados no ensino fundamental A Lei nordm 119472009 que regulamenta o PNAE
estabelece a necessidade de ldquoparticipaccedilatildeo da comunidade no controle social no
acompanhamento das accedilotildees realizadas pelos Estados pelo Distrito Federal e pelos Municiacutepios
para garantir a oferta da alimentaccedilatildeo escolar saudaacutevel e adequadardquo (Art 2ordm II BRASIL 2009)
Balaban (2006) afirma que a partir da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 verificou-se a
adoccedilatildeo de praacuteticas democraacuteticas representativas e participativas surgiram entatildeo os conselhos
127
configurados como espaccedilos puacuteblicos de articulaccedilatildeo entre governo e sociedade Um exemplo
disso eacute o Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar (CAE) que eacute composto por entidades colegiadas
integradas por representantes dos diversos segmentos da sociedade definido em Lei Municipal
O PDDE56 foi criado em 1995 por meio da Resoluccedilatildeo nordm 12 de 10 de maio de 1995
(recebendo inicialmente o nome de PMDE ndash Programa de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento do
Ensino Fundamental)57 com o objetivo de cumprir a funccedilatildeo redistributiva da Uniatildeo aos sistemas
puacuteblicos de ensino de acordo com o disposto no artigo 211 da CF88 A partir de 1997 o
Programa passou a exigir a criaccedilatildeo de Unidades Executoras (UEx) entidades de direito privado
como condiccedilatildeo para o recebimento dos recursos diretamente pelas escolas De 2004 em diante
a exigecircncia era de que as escolas com mais de 50 alunos obrigatoriamente teriam que criar UEx
para participar do programa Ateacute o ano de 2008 o PDDE abrangia apenas as escolas puacuteblicas
de ensino fundamental com a ediccedilatildeo da Medida Provisoacuteria nordm 455 de 28 de janeiro2009
(transformada posteriormente na Lei nordm 11947 de 16 de junho de 2009) o programa foi
ampliado para toda a educaccedilatildeo baacutesica incluindo portanto ensino meacutedio e educaccedilatildeo infantil
Os recursos do PDDE destinam-se ldquoagrave cobertura de despesas de custeio manutenccedilatildeo e de
pequenos investimentos que concorram para a garantia do funcionamento e melhoria da
infraestrutura fiacutesica e pedagoacutegica dos estabelecimentos de ensinordquo (Art 23 da Lei nordm 11947
de 16 de junho de 2009) Os recursos podem ser repassados agraves Entidades Executoras ndash EEXs
no caso as prefeituras ou diretamente agraves escolas se estas tiverem constituiacutedo suas Unidades
Executoras ndash UEXs
O Ministeacuterio da Educaccedilatildeo executa atualmente dois programas voltados ao transporte de
estudantes o Caminho da Escola e o PNATE que visam atender alunos moradores da zona
rural O Programa Caminho da Escola foi criado pela Resoluccedilatildeo nordm 3 de 28 de marccedilo de 2007
Por meio deste programa o Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social
(BNDES) concede uma linha de creacutedito para a aquisiccedilatildeo de ocircnibus mini-ocircnibus e micro-ocircnibus
zero quilocircmetro e embarcaccedilotildees novas pelos Estados e Municiacutepios O Programa Nacional de
Apoio ao Transporte do Escolar - PNATE foi instituiacutedo pela Lei nordm 10880 de 9 de junho de
2004 com o objetivo de garantir o acesso e a permanecircncia dos alunos nos estabelecimentos
escolares do ensino fundamental puacuteblico residentes em aacuterea rural que utilizem transporte
56 Sobre esse programa eacute importante consultar uma publicaccedilatildeo do INEP da pesquisa intitulada ldquoPrograma Dinheiro
Direto na Escola uma proposta de redefiniccedilatildeo do papel do Estado na Educaccedilatildeo (2003-2005)rdquo que congregou os
Estado de SP PI PA MS e RS cujos resultados foram publicados pelo INEP em 2006 sob a coordenaccedilatildeo das
professoras Drordf Vera Maria Vidal Peroni e Drordf Thereza Adriatildeo 57Ateacute 1998 este programa denominou-se PMDE A denominaccedilatildeo Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE)
apareceu pela primeira vez com a Medida Provisoacuteria nordm 1784 de 14 de dezembro de 1998 e posteriormente com a
Medida Provisoacuteria nordm 2100shy32 de 24 de maio de 2001
128
escolar por meio de assistecircncia financeira em caraacuteter suplementar aos Estados Distrito
Federal e Municiacutepios O caacutelculo do montante de recursos financeiros destinados aos Estados
ao Distrito Federal e aos Municiacutepios tem como base o quantitativo de alunos da zona rural
transportados e a respectiva informaccedilatildeo acerca destes no censo escolar do ano anterior O valor
per capitaano varia entre R$ 12073 e R$ 17224 de acordo com a aacuterea rural do Municiacutepio a
populaccedilatildeo moradora do campo e a posiccedilatildeo do Municiacutepio na linha de pobreza (GUTIERRES
2015) O PNATE eacute monitorado diretamente pelo conselho do FUNDEB que analisa e fiscaliza
os gastos com o programa
O Programa Brasil Alfabetizado (PBA) foi criado pelo Decreto nordm 4834 de 08 de
setembro de 200358 com o objetivo de universalizaccedilatildeo da alfabetizaccedilatildeo de jovens e adultos de
quinze anos ou mais no paiacutes59 (GUTIERRES 2015)
Quanto ao Programa Nacional de Sauacutede Escolar (PSE) este tem como objetivo
ldquocontribuir para a formaccedilatildeo integral dos estudantes por meio de accedilotildees de promoccedilatildeo prevenccedilatildeo
e atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo (Art1ordm do Decreto nordm 62862007) com vistas ao enfrentamento das
vulnerabilidades que comprometem o pleno desenvolvimento de crianccedilas e jovens da rede
puacuteblica de ensino Dentre as accedilotildees passiacuteveis de serem financiadas por este programa destacam-
se
Art 4ordm As accedilotildees em sauacutede previstas no acircmbito do PSE consideraratildeo a atenccedilatildeo
promoccedilatildeo prevenccedilatildeo e assistecircncia e seratildeo desenvolvidas articuladamente com a rede
de educaccedilatildeo puacuteblica baacutesica e em conformidade com os princiacutepios e diretrizes do SUS
podendo compreender as seguintes accedilotildees entre outras I - avaliaccedilatildeo cliacutenica II -
avaliaccedilatildeo nutricional III - promoccedilatildeo da alimentaccedilatildeo saudaacutevel IV - avaliaccedilatildeo
oftalmoloacutegica V - avaliaccedilatildeo da sauacutede e higiene bucal VI - avaliaccedilatildeo auditiva VII -
avaliaccedilatildeo psicossocial VIII - atualizaccedilatildeo e controle do calendaacuterio vacinal IX -
reduccedilatildeo da morbimortalidade por acidentes e violecircncias X - prevenccedilatildeo e reduccedilatildeo do
consumo do aacutelcool XI - prevenccedilatildeo do uso de drogas XII - promoccedilatildeo da sauacutede sexual
e da sauacutede reprodutiva XIII - controle do tabagismo e outros fatores de risco de
cacircncer XIV - educaccedilatildeo permanente em sauacutede XV - atividade fiacutesica e sauacutede XVI -
promoccedilatildeo da cultura da prevenccedilatildeo no acircmbito escolar e XVII - inclusatildeo das temaacuteticas
de educaccedilatildeo em sauacutede no projeto poliacutetico pedagoacutegico das escolas (BRASIL 2007)
58 Esse decreto foi revogado pelo Decreto nordm 6093 de 24 de abril de 2007 atualmente em vigor 59 Esta natildeo foi a primeira iniciativa governamental neste sentido Em 1967 o governo militar lanccedilou o Movimento
Brasileiro de Alfabetizaccedilatildeo o MOBRAL atraveacutes da Lei Nordm 5379 de 15 de dezembro de 1967 No Governo de
Fernando Henrique Cardoso a sociedade foi convocada a se co-responsabilizar pela manutenccedilatildeo da EJA por meio
de parcerias estabelecidas pelo Programa Alfabetizaccedilatildeo Solidaacuteria (Alfa Sol Outro programa do Governo Federal
que visava o atendimento da EJA era o Projeto Recomeccedilo que foi criado em 2001 com o objetivo de dar maior
atendimento agrave populaccedilatildeo do Norte e Nordeste que acumulavam maior nuacutemero de pessoas analfabetas
(GUTIERRES 2015)
129
Os valores oriundos do Salaacuterio Educaccedilatildeo dos programas do FNDE (PNAE PDDE
PNATE PBA e PSE) recebidos pelo municiacutepio de Santana repassados para a prefeitura
municipal de 2007 a 2014 satildeo discriminados a seguir
Tabela 12 ndash Santana Receitas do Salaacuterio Educaccedilatildeo e de Programas do FNDE (2007-2014)
Ano Salaacuterio
Educaccedilatildeo PNAE PDDE PNATE PBA PSE
2007 16415179 37338400 126720 33326 52 1020000 1318600
2008 21769862 23785282 2712553 1723000
2009 23220460 49427860 267690 5455186 876000
2010 26559002 78761520 9969750 2960500
2011 33659670 78594000 9969750 2646500
2012 37685871 92398800 11643843
2013 50488456 105353200 7594146 3243273
2014 63533128 53101200 1493368 3277986
Fonte FNDE Nota 1 Tabela organizada pela autora Nota 2 Os valores indisponiacuteveis no site do FNDE Nota
2 valores nominais
As receitas do FNDE satildeo importantes como fontes complementares para a garantia do
direito agrave educaccedilatildeo No caso do Salaacuterio Educaccedilatildeo e do PNAE do PNATE e do PBA estes
constituiacuteram fluxo permanente ao longo do periacuteodo60 O PDDE foi repassado para a prefeitura
somente nos anos de 2007 e de 2009 visto que a partir de 2009 a maior parte das escolas
municipais jaacute haviam constituiacutedo suas Unidades Executoras ndash UEXs passando a receber
diretamente os recursos desse programa O Programa Sauacutede do Escolar (PSE) apresentou
recursos apenas no ano de 2007 Outras receitas tambeacutem chegaram ao municiacutepio por meio de
programas mais diretamente vinculados ao Plano de Accedilotildees Articuladas ndash PAR no periacuteodo de
2009 a 2014
Tabela 13 ndash Santana Receitas decorrentes do PAR 2009 - 2014
Programa 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Caminho da
EscolaTransporte Aces 209970 331650 132000
Mobiliaacuterio Escolar (PAR) 193073
Infraestrutura Ed Baacutesica 1 385609
Proinfacircncia ndash Const Esc
Educ Infantil 581600 872400 3922052
Brasil Carinhoso 170960
Quadras de Esporte 304896
Projovem urbano 38760
Total 209730 331650 193073 581600 1004400 4436668 Fonte FNDE Tabela elaborada pela autora
60 Apenas no ano de 2012 natildeo constam informaccedilotildees sobre os recursos do Programa Brasil alfabetizado PBA para
o municiacutepio de Santana
130
O municiacutepio de Santana recebeu recursos dos seguintes programas em decorrecircncia do
PAR Caminho da Escola para aquisiccedilatildeo de ocircnibus Escolar recursos para mobiliaacuterio escolar e
infraestrutura da educaccedilatildeo baacutesica Proinfacircncia para construccedilatildeo de escolas de educaccedilatildeo Infantil
Brasil Carinhoso para construccedilatildeo de creches recursos para a construccedilatildeo de quadras esportivas
e referentes a programa Projovem urbano
O caminho da escola ou Transporte Acessiacutevel eacute uma accedilatildeo que segundo o MEC visa
promover a inclusatildeo escolar por meio da garantia das condiccedilotildees de acesso e permanecircncia na
escola apoiando agrave disponibilizaccedilatildeo de transporte escolar Para esse fim o municiacutepio de Santana
recebeu recursos em trecircs anos 2009 2010 e 2013 totalizando R$ 67362000 no periacuteodo Jaacute o
programa Mobiliaacuterio Escolar eacute uma accedilatildeo do FNDE que tem por objetivo renovar e padronizar
os mobiliaacuterios das escolas tendo o municiacutepio recebido o valor de R$19307300 no ano de
2011 Por meio do Programa Infraestrutura escolar que subsidia accedilotildees de construccedilatildeo de
escolas da educaccedilatildeo baacutesica o municiacutepio angariou R$ 138560900 O programa Proinfacircncia
que se destina agrave assistecircncia financeira aos municiacutepios para a construccedilatildeo reforma e aquisiccedilatildeo de
equipamentos e mobiliaacuterio para a educaccedilatildeo infantil foi o que mais propiciou recursos ao
municiacutepio de Santana Por meio dele a secretaria de educaccedilatildeo captou o valor de
R$537605200
O municiacutepio tambeacutem recebeu recursos do Programa Brasil Carinhoso que segundo a
Resoluccedilatildeo nordm 192014FNDEMEC tem o seu desenvolvimento integrado em vaacuterias vertentes e
uma delas eacute expandir a quantidade de matriacuteculas de crianccedilas entre 0 e 48 meses cujas famiacutelias
sejam beneficiaacuterias do Programa Bolsa Famiacutelia (PBF) em creches puacuteblicas ou conveniadas O
Programa consiste na transferecircncia automaacutetica de recursos financeiros sem necessidade de
convecircnio ou outro instrumento para custear despesas com manutenccedilatildeo e desenvolvimento da
educaccedilatildeo infantil contribuir com as accedilotildees de cuidado integral seguranccedila alimentar e
nutricional garantir o acesso e a permanecircncia da crianccedila na educaccedilatildeo infantil No caso de
Santana foram recebidos R$ 17096000 no ano de 2014 referente a 143 crianccedilas Para a accedilatildeo
Construccedilatildeo de quadras esportivas foram repassados R$ 30489600 de acordo com as
necessidades demonstradas pelo municiacutepio quando da elaboraccedilatildeo do PAR O programa
Projovem tem como objetivo elevar a escolaridade de jovens com idade entre 18 e 29 anos
que saibam ler e escrever e natildeo tenham concluiacutedo o ensino fundamental visando agrave conclusatildeo
desta etapa por meio da modalidade de Educaccedilatildeo de Jovens e Adultos integrada agrave qualificaccedilatildeo
profissional e o desenvolvimento de accedilotildees comunitaacuterias com exerciacutecio da cidadania na forma
de curso Para accedilotildees referentes ao cumprimento dos objetivos deste programa o municiacutepio
recebeu o valor de R$ 3876000 somente no ano de 2014
131
Para efeito de dimensionar os valores proporcionais de cada uma das fontes analisadas
vejamos os graacuteficos a seguir relativos ao ano de 2009 ano em que se aportaram os primeiros
recursos oriundos do PAR e o ano de 2013 visto que os recursos relativos ao ano de 2014 natildeo
foram informados no SIOPE
Graacutefico 3 SANTANA Receitas da Educaccedilatildeo em relaccedilatildeo as despesas com a funccedilatildeo educaccedilatildeo
- 2009
Fonte FNDE Graacutefico elaborado pela autora
Sem duacutevida a maior parte das receitas que mantem a educaccedilatildeo municipal de Santana
satildeo os oriundos do FUNDEB Em 2009 eles representaram 87 do total enquanto a segunda
maior fonte foram os recursos proacuteprios na base de 8 das receitas do ano As receitas relativas
aos Programas decorrentes do Plano de Accedilotildees Articuladas no ano de 2009 representavam 1
do total Todavia no ano de 2013 essa proporcionalidade sofreu ligeira alteraccedilatildeo como se pode
conferir no graacutefico a seguir
Recursos Proacuteprios 1386939
8
FUNDEB 16125995 87
Salaacuterio Educaccedilatildeo 232204
1
FNDE 560265 3
PAR 209730 1
Receitas da Educaccedilatildeo em Santana 2009
Recursos Proacuteprios FUNDEB Salaacuterio Educaccedilatildeo FNDE PAR
132
Graacutefico 4 SANTANA Receitas da Educaccedilatildeo em relaccedilatildeo as despesas com a funccedilatildeo educaccedilatildeo
- 2013
Fonte FNDE Graacutefico elaborado pela autora
Os recursos do FUNDEB passaram a representar 84 do total das receitas em educaccedilatildeo
em 2013 enquanto os do PAR passaram a representar 3 Houve tambeacutem aumento
proporcional dos recursos do FNDE e do Salaacuterio Educaccedilatildeo Como podemos perceber no
graacutefico eacute notoacuterio o montante de recursos destinados agrave educaccedilatildeo com um valor de mais de R$
27 milhotildees ao ano Jaacute os recursos do PAR correspondem a somente 3 do valor das receitas
do municiacutepio pouco mais de R$ 1 milhatildeo de reais Eacute importante tambeacutem deixar claro que os
recursos do PAR natildeo satildeo recursos a mais pois este natildeo recebe complementaccedilatildeo da Uniatildeo
As despesas com a funccedilatildeo educaccedilatildeo realizadas no periacuteodo da pesquisa nos mostram a
totalidade dos recursos gastos com a educaccedilatildeo no periacuteodo de 2007 a 2014 A tabela a seguir
demonstra o total dessas despesas bem como o valor gasto com cada sub-funccedilatildeo
Recursos Proacuteprios 2378186
7
FUNDEB 27432156 84
Salaacuterio Educaccedilatildeo 635331
2
FNDE 11619054
PAR 1004400 3
Receitas da Educaccedilatildeo em Santana 2013
Recursos Proacuteprios FUNDEB Salaacuterio Educaccedilatildeo FNDE PAR
133
Tabela 14 ndash Santana Despesas com a Funccedilatildeo Educaccedilatildeo (2007-2014)
Sub-
Funccedilotildees 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
EF 14910367 18487032 19191537 19707136 17957976 20624296 21804153
ES 1000 191125 2000 - - - -
EI 709597 435087 996814 5809173 8196777 9434598 13015450
EJA 5186 17361 292230 1176888 1387621 1429476 1261614
E Esp 16300 - 8551 - - - -
Outros 164151 215413 237968 270781 336596 389801 461471
Total 15806603 19346021 20729102 26963979 27878970 31878173 36542690
Fonte SIOPE Legenda EF ndash Ensino Fundamental ES ndash Educaccedilatildeo Superior EI ndash Educaccedilatildeo Infantil EJA ndash
Educaccedilatildeo de Jovens e Adultos EESP ndash Educaccedilatildeo Especial Outros gastos com educaccedilatildeo Baacutesica
Natildeo estava disponiacutevel no SIOPE as despesas do ano de 2014
Observa-se na tabela 14 que os maiores gastos foram realizados com a sub-funccedilatildeo
ensino fundamental que em todos os anos esteve acima de 50 Todavia tais gastos vecircm
diminuindo pois se em 2007 representava 9433 do total em 2014 representava apenas
5966 do montante dispendido em educaccedilatildeo Por outro lado os gastos com a educaccedilatildeo infantil
vecircm aumentando pois em 2007 eram apenas 44 do total e em 2014 passaram a representar
356 do total da funccedilatildeo educaccedilatildeo
Quanto agrave gestatildeo dos recursos observamos que o municiacutepio de Santana vem aplicando o
previsto na Constituiccedilatildeo Federal na manutenccedilatildeo e desenvolvimento do ensino na maioria dos
anos pois conforme a tabela 15 de 2007 a 2014 o miacutenimo aplicado foi de 25 exceto no ano
de 2007 quando essa taxa foi de apenas 1938
Tabela 15 Santana Miacutenimo de Aplicaccedilatildeo em MDE (2007-2014)
Ano ()
2007 1938
2008 2525
2009 2515
2010 3196
2011 2614
2012 2743
2013 2630
2014 Fonte SIOPE Tabela elaborada pela autora
Os dados tambeacutem revelam que o ano de 2014 foi muito criacutetico do ponto de vista
financeiro para o municiacutepio pois os dados estatildeo ausentes na base SIOPE Tais dados tem como
origem a Secretaria de Fazenda eacute possiacutevel que a prestaccedilatildeo de contas natildeo tenha sido realizada
naquele ano
134
Quanto agrave aplicaccedilatildeo do miacutenimo de 60 do FUNDEB com a remuneraccedilatildeo dos professores
previstos em Lei temos o seguinte quadro
Tabela 16 Santana Miacutenimo de Aplicaccedilatildeo do FUNDEB em Remuneraccedilatildeo de Professores
(2007-2014)
Ano Valor ()
2007 666079525 6963
2008 896246079 6091
2009 967559754 8959
2010 1090943753 9574
2011 1298672829 9622
2012 1426436228 9221
2013 1645929362 9448
2014 Fonte SIOPE Nota 1 Dados ausentes no SIOPE Tabela elaborada pela autora
De 2007 a 2013 apenas nos anos de 2007 o percentual foi proacuteximo de 60 Nos
demais anos foram de mais de 69 do total dos recursos Tal situaccedilatildeo requer aprofundamento
da pesquisa a fim de identificar as causas para as taxas elevadas Todavia como o municiacutepio
apresenta taxas muito baixas de arrecadaccedilatildeo proacutepria o municiacutepio de Santana manteacutem a
educaccedilatildeo basicamente com recursos do FUNDEB
Por fim cabe ressaltar no que se refere agrave gestatildeo financeira da educaccedilatildeo que os recursos
destinados agrave funccedilatildeo educaccedilatildeo sejam do FUNDEB ou de Programas ou Projetos ainda
continuam centralizados na Prefeitura Municipal e natildeo satildeo repassados ao oacutergatildeo responsaacutevel
pela gestatildeo da educaccedilatildeo no caso para a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo para que possa
executaacute-los de acordo com o seu planejamento Tal situaccedilatildeo contraria a perspectiva de
descentralizaccedilatildeo da gestatildeo dos recursos financeiros conforme preceitua a LDB em seu art 69
sect 5ordm e as poliacuteticas educacionais recentes Mas como o PAR tem interferido nessa dinacircmica de
gestatildeo educacional da rede municipal
33 O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS E A DIMENSAtildeO GESTAtildeO DA EDUCACcedilAtildeO
NA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE SANTANA (2007-2014)
O PDEPlano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo tem o Plano de Accedilotildees
Articuladas como a principal ferramenta de planejamento da educaccedilatildeo para a construccedilatildeo da
gestatildeo democraacutetica nos sistemas municipais de educaccedilatildeo
135
No municiacutepio de Santana o processo de implantaccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas teve
iniacutecio ainda em 2007 apoacutes a divulgaccedilatildeo dos resultados do Iacutendice de Desenvolvimento da
Educaccedilatildeo Baacutesica com as conversas e discussotildees sobre o Plano pois de acordo com a
coordenadora da eacutepoca
() quando foi jaacute em 2007 natildeo demorou muito para eles virem ateacute Santana foi logo
apoacutes os resultados do IDEB uma equipe do MEC e nos orientar natildeo fazia muito
tempo que tiacutenhamos realizado o planejamento estrateacutegico do municiacutepio eles nos
orientaram como deveriacuteamos proceder para o planejamento estrateacutegico e a colocaccedilatildeo
das informaccedilotildees na plataforma do SIMEC para noacutes natildeo foi difiacutecil pois jaacute tiacutenhamos
acabado de realizar nosso planejamento entatildeo foi praticamente transferir as
informaccedilotildees para a plataforma (Coordenaccedilatildeo do 1ordm PAR)
O municiacutepio de Santana atingiu as metas previstas pelo IDEB jaacute em 2007 e mesmo
assim estava nos registros do MEC como um dos municiacutepios prioritaacuterios para a visita da equipe
do MEC e a implantaccedilatildeo do Compromisso Dessa forma logo apoacutes o lanccedilamento do Decreto
nordm 60942007 se observou que grande parte dos municiacutepios brasileiros assinaram o Termo de
Adesatildeo independente de atingir ou natildeo as metas do IDEB e no municiacutepio de Santana a
coordenadora do PAR no periacuteodo da implantaccedilatildeo afirma ldquonoacutes natildeo tivemos escolha foi uma
imposiccedilatildeo do MEC para que implantaacutessemos e realizaacutessemos o preenchimento das informaccedilotildees
no sistemardquo (Coordenadora do 1ordm PAR)
O Termo de Cooperaccedilatildeo Teacutecnica entre a Prefeitura Municipal de Santana e o MEC
previa o prazo de 4 anos a partir da data da sua assinatura que foi em 2009 ldquocom possibilidade
de prorrogaccedilatildeo por igual ou inferior periacuteodo podendo ser rescindido por iniciativa de qualquer
das partes ()rdquo(MEC 2009 p2) Acerca do Termo de Compromisso e do periacuteodo de
prorrogaccedilatildeo do PAR as Coordenadoras entrevistadas natildeo souberam informar ou natildeo
lembravam
Durante o periacuteodo de levantamento documental da pesquisa tratamos os dados a partir
dos dois ciclos de planejamento do Plano de Accedilotildees Articuladas no municiacutepio Nessa pesquisa
utilizamos o Termo de Cooperaccedilatildeo Teacutecnica Nordm 23456 o planejamento estrateacutegico do municiacutepio
e a siacutentese do diagnoacutestico dos indicadores do municiacutepio
Os dados relativos ao 1ordm PAR do municiacutepio natildeo foram localizados nem nos arquivos
fiacutesicos da SEME e nem na Coordenaccedilatildeo do PAR poreacutem durante as visitas aos sujeitos
entrevistados eacute que conseguimos coletar alguns dados relativos ao 1ordm PAR o que ajudou na
construccedilatildeo da anaacutelise da historicidade do PAR em Santana As entrevistas viabilizaram
136
esclarecimentos e complementaccedilatildeo de informaccedilotildees sobre o 1ordm PAR e assim encontramos a
seguinte declaraccedilatildeo sobre o processo de elaboraccedilatildeo do 1ordm PAR
O primeiro PAR ocorreu de forma muito apressada sem uma discussatildeo com os
participantes da rede municipal de ensino Recebemos uma equipe do MEC que
orientou a elaboraccedilatildeo e disse como deveriacuteamos preencher na plataforma Natildeo foi
muito discutido ateacute porque natildeo tiacutenhamos alguns conselhos implantados mas foi
elaborado pelos setores da SEME (Coordenadora do 1ordm PAR)
Foi um lsquodiagnoacutestico de gabinetersquo em muitos indicadores as pontuaccedilotildees foram 1 e 2
devido natildeo ter a documentaccedilatildeo organizada regimento frequecircncia na reuniatildeo dos
conselhos atas ou que ainda estavam em fase de criaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo como eacute o caso
do PME (Coordenadora do 2ordm PAR)
A equipe teacutecnica local do 1ordm PAR foi composta por quinze membros sendo um
dirigente municipal oito representantes dos teacutecnicos da SEME dois representantes dos
professores um representante dos supervisores escolares um representante do quadro teacutecnico-
administrativo um representante do conselho escolar e um representante do conselho municipal
de educaccedilatildeo
O diagnoacutestico da educaccedilatildeo municipal relativo ao 2ordm PAR para o ciclo de 2011 a 2014
foi realizado pela equipe local composta pelos mesmos membros que compuseram a equipe do
1ordm PAR municipal e foi enviado ao MEC no dia 30092011 Poreacutem segundo a Coordenaccedilatildeo
do 2ordm PAR o Plano de Trabalho com as sub-accedilotildees foram enviadas para anaacutelise do MEC
posteriormente em 10092012 isto eacute quase um ano depois Segundo a coordenadora do 2ordm
PAR
Essa demora no envio para a elaboraccedilatildeo do Plano de Trabalho se deu devido agrave
dimensatildeo 4 infraestrutura ldquoque requeria informaccedilotildees adicionais de engenheiros
topoacutegrafos legalizaccedilatildeo e doaccedilatildeo de terrenos para a construccedilatildeo de escolas e creches
para o municiacutepio (Coordenadora do 2ordm PAR)
Observamos que os periacuteodos de planejamento no 1ordm e 2ordm PAR natildeo correspondem aos
periacuteodos orientados pelo MEC que seria 2007 a 2010 e de 2011 a 2014 Existe um lapso
temporal entre o planejamento e a execuccedilatildeo do PAR a assinatura do termo de compromisso e
os ciclos de duraccedilatildeo do PAR no municiacutepio Entretanto o manual de orientaccedilotildees do PAR (2011-
2014) afirma que esse planejamento eacute voluntaacuterio e natildeo haacute exigecircncia quanto ao cumprimento de
prazos
137
A adesatildeo ao Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo assinada pelos
municiacutepios estados e Distrito Federal ocorreu de forma voluntaacuteria e foi realizada
por todos os entes federados () Sendo uma accedilatildeo voluntaacuteria o Ministeacuterio da
Educaccedilatildeo natildeo estabelece prazos para elaboraccedilatildeo e conclusatildeo do PAR no sistema
Eacute de interesse dos municiacutepios estados e Distrito Federal terem o PAR elaborado e
enviado para anaacutelise do MECFNDE no SIMEC uma vez que a partir do Decreto No
6094 de 24 de abril de 2007 as accedilotildees de assistecircncia teacutecnica e financeira (apoio
suplementar e voluntaacuterio) do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo seratildeo norteadas pela adesatildeo ao
Plano de Metas e elaboraccedilatildeo do PAR no SIMEC O PAR seraacute base para termo de
convecircnio ou de cooperaccedilatildeo firmado entre o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e o ente apoiado
(MECPAR 2011 p 40 grifos nossos)
As praacuteticas dos teacutecnicos do MEC tecircm se apresentado contraditoacuterias ao seu discurso
quando afirmam em seus documentos oficiais ser ldquovoluntaacuteriardquo a adesatildeo do municiacutepio ao
PDEPlano de Metas Entretanto na praacutetica o que ocorre eacute quase uma imposiccedilatildeo aos municiacutepios
para a implantaccedilatildeo do PAR visto que condiciona o financiamento de algumas accedilotildees agrave adesatildeo
ao PAR A Lei nordm 126952012 define as quatro dimensotildees abrangidas pelo PAR passiveis de
serem financiadas ou receberem apoio teacutecnico do MEC sendo elas
Art 2o - O PAR seraacute elaborado pelos entes federados e pactuado com o Ministeacuterio da
Educaccedilatildeo a partir das accedilotildees programas e atividades definidas pelo Comitecirc
Estrateacutegico do PAR de que trata o art 3o [] sect 1o A elaboraccedilatildeo do PAR seraacute
precedida de um diagnoacutestico da situaccedilatildeo educacional estruturado em 4 (quatro)
dimensotildees []I - gestatildeo educacional []II - formaccedilatildeo de profissionais de
educaccedilatildeo []III - praacuteticas pedagoacutegicas e avaliaccedilatildeo [] IV -infraestrutura fiacutesica e
recursos pedagoacutegicos (BRASIL 2012)
Aleacutem disso os resultados do IDEB por parte do MEC refletem as condiccedilotildees para o
financiamento das accedilotildees como que alertam Adriatildeo e Garcia (2008 p 792) quando afirmam que
a adesatildeo ao Compromisso pode reduzir ldquoos processos pedagoacutegicos ao preparo para os exames
externos considerando-se que os resultados das avaliaccedilotildees concorreratildeo para o aumento dos
recursosrdquo
A ideia da poliacutetica do planejamento multidimensional e articulado com os entes
federados eacute interessante com a intermediaccedilatildeo das universidades e outras organizaccedilotildees
educacionais como a UNDIME e sindicatos educacionais auxiliam na implantaccedilatildeo da poliacutetica
e a prioridade na alocaccedilatildeo dos recursos sem interferecircncias poliacutetico-partidaacuterias Para Luce e
Farenzena (2007 p 11) a poliacutetica do MEC se caracteriza como uma ldquodescentralizaccedilatildeo
convergenterdquo levando em consideraccedilatildeo a prestaccedilatildeo de contas dos entes que aderem ao
Compromisso ou ainda tambeacutem pode ser caracterizada como uma descentralizaccedilatildeo
138
monitorada considerando a exigecircncia de um Planejamento de Accedilotildees Articuladas (PAR) e pela
existecircncia do IDEB em que eacute tomado como medida de avaliaccedilatildeo das accedilotildees que foram ou natildeo
realizadas Dessa forma os discursos da descentralizaccedilatildeo e da autonomia dos entes federados
entram em contradiccedilatildeo quanto a implantaccedilatildeo dessa poliacutetica
O Relatoacuterio Puacuteblico da siacutentese do diagnoacutestico do 1ordm PAR no municiacutepio de SantanaAP
nos indica a situaccedilatildeo de cada dimensatildeo conforme a avaliaccedilatildeo da equipe teacutecnica local por ocasiatildeo
da elaboraccedilatildeo do PAR A tabela 16 nos demonstra tal situaccedilatildeo
Tabela 17 Santana Siacutentese das pontuaccedilotildees das Dimensotildees do 1ordm PAR
Dimensotildees Pontuaccedilotildees
Total 4 3 2 1 na
1Gestatildeo Educacional 0 6 6 7 1 20
2 Formaccedilatildeo de Professores e de
Profissionais de Serviccedilos e Apoio Escolar 1 2 1 6 0 10
3 Praacuteticas Pedagoacutegicas e Avaliaccedilatildeo 1 3 2 2 0 08
4 Infraestrutura Fiacutesica e Recursos
Pedagoacutegicos 0 1 8 5 0 13
Total 2 12 17 20 1 52 Fonte SIMECMEC (2009)
De acordo com a tabela 16 o municiacutepio de Santana recebeu maior nuacutemero de pontuaccedilatildeo
1 e 2 que totalizam 71 do total de indicadores o que demonstra que haacute na rede uma situaccedilatildeo
mais para ruim do que boa As dimensotildees Gestatildeo Educacional e Infraestrutura Fiacutesica e Recursos
Pedagoacutegicos foram as responsaacuteveis pelo maior nuacutemero de pontuaccedilotildees 1 e 2 revelando estar
nessas dimensotildees as maiores fragilidades As pontuaccedilotildees 3 e 4 que representam uma situaccedilatildeo
boa ou oacutetima poreacutem correspondem apenas a 269 dos indicadores do 1ordm PAR
Em relaccedilatildeo agrave dimensatildeo da Gestatildeo Educacional 30 dos indicadores receberam
pontuaccedilatildeo 3 que eacute considerada boa segundo a avaliaccedilatildeo do MEC E 70 das pontuaccedilotildees da
gestatildeo foram 1 ou 2 o que expressa uma situaccedilatildeo insatisfatoacuteria
A elaboraccedilatildeo do 2ordm Plano de Accedilotildees Articuladas no municiacutepio de Santana ciclo 2011 a
2014 foi realizado no 2ordm semestre de 2011 com a participaccedilatildeo da equipe local
Segundo informaccedilotildees dos entrevistados a elaboraccedilatildeo do 2ordm PAR
Foi feita atraveacutes de reuniatildeo da equipe local envolvendo vaacuterios segmentos entre eles
a secretaacuteria diretores de todos os departamentos representantes de professores tanto
da zona rural como da urbana pedagogos da zona rural e urbana representantes de
diretores representantes de conselho escolar e representantes do conselho municipal
de educaccedilatildeo noacutes tivemos toda essa equipe reunidas 3 vezes por semana tanto de manhatilde
como a tarde onde eram feitos diagnoacutesticos e anaacutelise (Coordenadora do 2ordm PAR)
139
A siacutentese dos resultados do diagnoacutestico do 2ordm PAR realizado pela equipe local do
municiacutepio estaacute disponiacutevel na tabela 18 a seguir
Tabela 18 Santana Siacutentese das pontuaccedilotildees das Dimensotildees do 2ordm PAR
Dimensotildees Pontuaccedilotildees
4 3 2 1 na Total
1Gestatildeo Educacional 0 9 16 3 0 28
2 Formaccedilatildeo de Professores e de
Profissionais de Serviccedilos e Apoio Escolar 0 7 5 4 1 17
3 Praacuteticas Pedagoacutegicas e Avaliaccedilatildeo 0 9 5 1 0 15
4 Infraestrutura Fiacutesica e Recursos
Pedagoacutegicos 0 0 14 8 0 22
Total 0 25 40 16 1 82 Fonte SIMECMEC (2015)
Como podemos analisar na tabela 18 nenhum indicador recebeu a pontuaccedilatildeo 4 Quase
50 dos indicadores obtiveram a pontuaccedilatildeo 2 se somarmos as pontuaccedilotildees 1 e 2 obteremos um
total de 682 de indicadores o que descreve uma situaccedilatildeo insuficiente e por isso aponta mais
aspectos negativos e de situaccedilatildeo criacutetica ao municiacutepio As dimensotildees gestatildeo educacional e
infraestrutura fiacutesica e recursos pedagoacutegicos tem sido os principais responsaacuteveis pela situaccedilatildeo
insuficiente
E se comparamos o 1ordm e 2ordm diagnoacutestico do PAR em um panorama geral podemos
perceber que 71 das pontuaccedilotildees 1 e 2 estatildeo no 1ordm PAR e no 2ordm PAR satildeo 682 isto eacute houve
uma quase insignificante alteraccedilatildeo na situaccedilatildeo do municiacutepio em relaccedilatildeo aos indicadores
Inclusive 2 indicadores que demonstravam pontuaccedilatildeo 4 no 1ordm PAR natildeo mais apareceram no 2ordm
PAR
Em relaccedilatildeo agrave dimensatildeo Gestatildeo Educacional no 2ordm PAR 678 dos indicadores
apresentaram-se com insatisfatoacuterios ou criacuteticos Se comparados ao 1ordm PAR em que 70 dos
indicadores tambeacutem foram pontuados como insatisfatoacuterios ou criacuteticos observa-se que nessa
dimensatildeo teve uma quase insignificante evoluccedilatildeo de 22 a mais
No que se refere ainda a baixa pontuaccedilatildeo de indicadores de Infraestrutura Fiacutesica e
Recursos Pedagoacutegicos no 1ordm e 2ordm PAR pudemos identificar atraveacutes dos termos de compromisso
(Extrato de execuccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas - PAR) disponiacuteveis em consulta puacuteblica
no SIMEC (2015) planejamento para investimentos nessa dimensatildeo (4) em indicadores da
aacuterea 2 sendo
a) seis termos de compromisso relativos a compra de mobiliaacuterio equipamentos e materiais
didaacuteticos e pedagoacutegicos (accedilotildees e sub-accedilotildees do indicador 4211)
140
b) um termo de compromisso de infraestrutura (reforma) de unidades escolares que ofertam EF
na zona urbana (accedilotildees e sub-accedilotildees do indicador - 425emenda parlamentar)
c) aquisiccedilatildeo de nove ocircnibus escolares (accedilotildees e sub-accedilotildees do indicador - 4212)
d) quatro escolas comtempladas com construccedilatildeoampliaccedilatildeo de salas de aula para a educaccedilatildeo do
campo indiacutegena ou quilombola (accedilotildees e sub-accedilotildees do indicador 4210)
e) duas escolas comtempladas com construccedilatildeoampliaccedilatildeo de salas de aula de EF na zona urbana
(accedilotildees e sub-accedilotildees do indicador 429) (MECPAR 2015)
A coordenadora do 2ordm PAR afirma que ldquoo prefeito natildeo tinha a noccedilatildeo do que era o PAR
quando ele soube que era para receber recursos toda a atenccedilatildeo comeccedilou a ser dada para a
elaboraccedilatildeo do PARrdquo Natildeo obstante os recursos decorrentes do PAR considerando a totalidade
das receitas para com o financiamento da funccedilatildeo educaccedilatildeo no municiacutepio satildeo iacutenfimos conforme
jaacute demonstramos anteriormente Para o ano de 2009 representou 1 e em 2013 apenas 3 do
total das receitas
O que tambeacutem temos observado eacute que muitos dos recursos que foram alocados ainda no
1ordm PAR foram prorrogados e estatildeo em execuccedilatildeo e natildeo foram ainda concluiacutedos por parte do
municiacutepio como eacute o caso daqueles destinados agrave construccedilatildeo de creches Mas quais as
implicaccedilotildees do PAR para a democratizaccedilatildeo da gestatildeo A anaacutelise dos principais indicadores a
seguir nos daraacute pistas a esse respeito
34 OS INDICADORES DA GESTAtildeO DEMOCRAacuteTICA DO PLANO DE ACcedilOtildeES
ARTICULADAS NA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE SANTANA (2007-2014)
Os indicadores de gestatildeo democraacutetica no 1ordm e 2ordm PAR que satildeo objetos desse estudo satildeo
seis Conselho Escolar Conselho Municipal de Educaccedilatildeo Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar
Comitecirc Local do Compromisso Conselho do FUNDEB e Criteacuterios para a escolha de Diretores
A pontuaccedilatildeo que revela o diagnoacutestico da situaccedilatildeo a respeito de cada indicador realizado
por ocasiatildeo do 1ordm PAR (2007) e do 2ordm PAR (2011) demonstrada a seguir nos subsidiaraacute a anaacutelise
da evoluccedilatildeo do desenvolvimento das condiccedilotildees de democratizaccedilatildeo da gestatildeo em Santana
Quadro 10 ndash Santana Pontuaccedilatildeo dos indicadores de gestatildeo democraacutetica no 1ordm e 2ordm PAR
PAR CE CME CAE Comitecirc
Local
Conselho do
FUNDEB
Criteacuterios para a Escolha
de Diretores
1ordm PAR
(2007-2010) 3 1 1 1
2ordm PAR
(2011-2014) 3 3 2 1 2 3
Fonte SIMEC ndash Elaborado pela autora Nota 1 Indicador ausente no 1ordm PAR Nota 2 No 2ordm PAR
esse indicador foi remanejado para a Dimensatildeo Gestatildeo de Pessoas
141
No quadro 10 o diagnoacutestico situacional da gestatildeo democraacutetica da educaccedilatildeo no
municiacutepio de Santana informado pela SEME indicou que no 1ordm PAR dos quatro indicadores
analisados61 em trecircs deles (Existecircncia e funcionamento de CME Existecircncia e funcionamento
do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar e Criteacuterios para escolha de diretores) a pontuaccedilatildeo
atribuiacuteda foi 1 o que demonstra uma situaccedilatildeo muito criacutetica revelando aspectos negativos
Apenas um indicador foi diagnosticado com a pontuaccedilatildeo 3 (Existecircncia e funcionamento de
Conselho escolar) que descreve uma situaccedilatildeo satisfatoacuteria Jaacute no 2ordm PAR dos seis indicadores
analisados trecircs indicadores receberam a pontuaccedilatildeo 3 (Existecircncia e funcionamento de Conselho
escolar Existecircncia e funcionamento de CME e Criteacuterios para escolha de diretores) dois
indicadores receberam pontuaccedilatildeo 2 (Existecircncia e funcionamento do Conselho de Alimentaccedilatildeo
Escolar e Existecircncia e funcionamento do Conselho do FUNDEB) Apenas o Escolar um
indicador recebeu pontuaccedilatildeo 1 (Comitecirc Local)
Essa situaccedilatildeo deveraacute ser analisada mais detalhadamente em cada indicador nos itens a
seguir na perspectiva de compreender as implicaccedilotildees do PAR para a democratizaccedilatildeo da gestatildeo
por meio da anaacutelise do funcionamento de cada um desses indicadores no acircmbito da rede
municipal
341 Existecircncia composiccedilatildeo e funcionamento dos Conselhos Escolares (CE)
O municiacutepio de Santana desde 1994 jaacute dispotildee da sua lei especiacutefica Nordm 15394 que trata
sobre a criaccedilatildeo do Conselho Escolar nos estabelecimentos do sistema municipal de ensino A
existecircncia de Conselhos Escolares na rede municipal de Santana eacute tambeacutem mencionada na Lei
Orgacircnica do Municiacutepio promulgada em 1992 revisada e atualizada no ano de 2000 em seu
art 159 e 160 define as funccedilotildees do CE e a elaboraccedilatildeo de um regimento da escola que seja
participativo
Art 159 ndash As escolas puacuteblicas municipais contaratildeo com conselhos escolares
constituiacutedos pela direccedilatildeo da escola e representantes dos segmentos da comunidade
escolar com funccedilotildees consultiva deliberativa e fiscalizadora na forma da Lei
Art 160 ndash Os estabelecimentos de ensino deveratildeo ter um regimento elaborado pela
Comunidade Escolar homologado pelo conselho da escola e submetido a posterior
aprovaccedilatildeo do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (SANTANA 2000 p 34)
Entretanto a rede municipal justificou que possui escolas que natildeo tem os Conselhos
Escolares constituiacutedos principalmente ldquoporque ainda tem funcionaacuterios do contrato
administrativo ou seja natildeo satildeo efetivos e esta eacute uma das exigecircncias conforme o estatuto do
61Dos seis indicadores focalizados neste trabalho dois deles natildeo constavam no primeiro PAR (o Comitecirc Local e
Conselho do FUNDEB)
142
conselho escolarrdquo (Conselheira do CE - governamental) Como podemos analisar ainda haacute
funcionaacuterios puacuteblicos admitidos por contratos administrativos sem estabilidade no cargo e sem
passar por provas e tiacutetulos
Os Conselhos Escolares satildeo de grande importacircncia por serem os incentivadores da
participaccedilatildeo contribuindo para a construccedilatildeo de uma cultura democraacutetica que rompa com a
loacutegica do poder centralizador das decisotildees de um pequeno grupo estimulando assim um local
de exerciacutecio contiacutenuo e cotidiano do diaacutelogo e da negociaccedilatildeo ldquoum espaccedilo de aprendizagem
participativa democraacutetica e de empowerment de seus componentes () que se desenvolvem
como construccedilatildeo da comunidade escolar a democracia estaraacute sendo construiacuteda ativamente e
vivenciada em processos concretosrdquo (WERLE 2003 p 11)
A composiccedilatildeo do Conselho Escolar no municiacutepio de Santana eacute de 9 (nove) conselheiros
sendo um titular e um suplente de cada segmento da comunidade escolar O diretor da Unidade
Escolar eacute membro ldquonatordquo e natildeo passa por eleiccedilatildeo tendo sua participaccedilatildeo garantida no CE mas
natildeo poderaacute ser o presidente (SANTANA 2000) No instante em que a uma legislaccedilatildeo daacute
poderes a integrantes dos Conselhos natildeo passarem por eleiccedilatildeo estatildeo utilizando de
procedimentos antidemocraacuteticos visto que os conselhos representam a participaccedilatildeo nas
discussotildees e o poder de tomar decisotildees
Nesse caso os direitos civis de uma comunidade em que envolve a efetiva participaccedilatildeo
com engajamento nas questotildees de interesse puacuteblico envolve tambeacutem igualdade poliacutetica entre
todos os participantes participaccedilatildeo ativa toleracircncia voluntariedade e o espaccedilo deve ser
propiacutecio para concordar ou discordar dos pontos de vista propostos sem constrangimento
passividade ou imposiccedilotildees
O quadro 11 apresenta o diagnoacutestico realizado pela equipe local do municiacutepio quanto
ao indicador ldquoExistecircncia de Conselhos Escolares (CE)rdquo no 1ordm e 2ordm PAR
Quadro 11 - SANTANA Diagnoacutestico do Indicador Conselho Escolar
PAR Indicador Pontuaccedilatildeo
1ordf versatildeo do PAR
(2007-2010) Existecircncia de Conselhos Escolares 3
2ordf versatildeo do PAR
(2011-2014)
Existecircncia e funcionamento de
Conselhos Escolares 3
Fonte SIMEC ndash Elaborado pela autora
De acordo com o quadro 11 o indicador ldquoExistecircncia de Conselhos Escolaresrdquo no 1ordm PAR
(2007-2010) recebeu a pontuaccedilatildeo 3 o que de acordo com as convenccedilotildees do MEC significa
que haacute conselhos escolares atuantes em pelo menos 50 das escolas da rede que a secretaria
143
sugeria e orientava a implantaccedilatildeo dos CE e que as escolas da rede em parte se mobilizavam
para implantar CE
No 2ordm PAR (2011-2014) o indicador ldquoExistecircncia e funcionamento de Conselhos
Escolaresrdquo por ocasiatildeo da pontuaccedilatildeo 3 gerou cinco sub-accedilotildees a serem realizadas pela SEME
como
a) qualificar os teacutecnicos da SEME que satildeo responsaacuteveis pela implantaccedilatildeo e
fortalecimento dos conselhos escolares b) instituir um grupo articulador de
criaccedilatildeo e fortalecimento dos conselhos escolares e de outros documentos
relacionados a gestatildeo democraacutetica da escola c) sensibilizar a comunidade escolar
e local dentre eles pais professores diretores escolares demais funcionaacuterios da
escola e comunidade sobre a importacircncia da gestatildeo democraacutetica na escola e
mobilizaacute-la para a implantaccedilatildeo do conselho escolar onde ele natildeo existir e)
monitorar e apoiar a atuaccedilatildeo dos conselhos na rede de ensino f) incentivar a
integraccedilatildeo entre os conselhos escolares (PAR 2011-2014)
b)
Segundo uma entrevistada integrante do Conselho Escolar que faz parte da equipe de
fortalecimento dos conselhos escolares as sub-accedilotildees que se referem ao monitoramento e apoio
aos conselhos escolares bem como a integraccedilatildeo entre eles natildeo ocorreram
Quando perguntamos agrave Conselheira sobre a existecircncia implantaccedilatildeo e funcionamento
dos CE na rede municipal de ensino ela assim descreveu o processo
90 das escolas tecircm Conselhos Escolares implantados por que as mesmas trabalham
com caixas escolares e os representantes do caixa escolar satildeo eleitos dentro da
composiccedilatildeo do Conselho Escolar Ficando entendido que o caixa escolar eacute o oacutergatildeo
que trabalha com o recurso financeiro da unidade escolar e eacute tirado de dentro da
composiccedilatildeo do Conselho Escolar () na implantaccedilatildeo dos conselhos escolares a SEME
vem para as escolas faz uma assembleia sensibiliza todos os envolvidos na escola e
mostra o que eacute o conselho qual a funccedilatildeo do conselho mostra o que pode e o que natildeo
pode fazer orienta de acordo com as leis e orientamos que faccedilam as assembleias por
segmento Eacute assim que orientamos (Conselheira Escolar)
No que diz respeito ao funcionamento dos Conselhos Escolares a conselheira avalia que
A implantaccedilatildeo eacute uma beleza jaacute o funcionamento eacute uma dificuldade pois a gente
percebe que haacute uma negaccedilatildeo Os proacuteprios pais dizem que o conselho escolar natildeo
funciona ou natildeo tem tempo de participar Os Caixas escolares as pessoas tecircm medo
de se envolverem com as questotildees financeiras e natildeo querem participar (Conselheira
Escolar)
Como podemos perceber na fala da entrevistada os conselhos satildeo implantados
principalmente por ser uma exigecircncia da Uniatildeo para a composiccedilatildeo dos caixas escolares pois
somente dessa forma as escolas teratildeo acesso aos recursos Sendo que o Conselho Escolar pode
exercer tambeacutem a funccedilatildeo de Unidade Executora (UEx) responsaacutevel por receber os recursos
do PDDE (Programa Dinheiro Direto na Escola) Mas sua atuaccedilatildeo natildeo deve se restringir apenas
agraves accedilotildees financeiras Outro aspecto interessante diz respeito ao fato de que quando o conselho
144
escolar natildeo exerce a funccedilatildeo de Unidade Executora natildeo haacute necessidade de registraacute-lo em
cartoacuterio Mas mesmo natildeo sendo a Unidade Executora o conselho escolar deve participar do
planejamento e da execuccedilatildeo dos recursos financeiros (MECPAR 2011)
No levantamento de dados do Sistema de Informaccedilotildees sobre Orccedilamentos Puacuteblicos em
Educaccedilatildeo (SIOPE) natildeo encontramos registrados no municiacutepio de Santana os lsquoConselhos
Escolaresrsquo como Unidades Executoras o que foram encontrados foram lsquoCaixas Escolaresrsquo De
acordo com o MEC as Caixas Escolares satildeo unidades executoras com personalidade juriacutedica
de direito privado com CNPJ sem fins lucrativos Eacute portanto categoria de associaccedilatildeo natildeo
pertence agrave administraccedilatildeo puacuteblica eacute apenas vinculada agrave escola As Caixas Escolares tecircm como
objetivo gerir a verba transferida por isso chamada de Unidade Executora Portanto todas as
escolas devem possuir sua Caixa Escolar e aquelas escolas com pequena quantidade de alunos
(ateacute 50 alunos) eacute facultativa a criaccedilatildeo da unidade executora Nesta situaccedilatildeo a escola recebe o
recurso por meio da Prefeitura ou da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo (MECFNDE)
Para receber os recursos do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) as escolas
puacuteblicas do municiacutepio precisaram criar suas Caixas Escolares Os recursos do PDDE servem
para compra de material de consumo manutenccedilatildeo conservaccedilatildeo e reparos na unidade escolar
e pequenos investimentos em bens permanentes Servem tambeacutem para accedilotildees previstas na
escola incluindo acessibilidade programaccedilotildees culturais educaccedilatildeo integral atletas na escola
dentre outros
Nesse sentido o discurso da ldquodescentralizaccedilatildeo administrativardquo que eacute um dos
mecanismos segundo Bresser-Pereira (1996) para a organizaccedilatildeo institucional e eacute um dos
objetivos da Reforma do Estado que envolve mudanccedilas na gestatildeo e no funcionamento dos
sistemas de ensino em que as Unidades Escolares tecircm entatildeo uma autonomia relativa pois esta
deveraacute ser gerenciada pelo poder central atraveacutes dos mecanismos de controle E sendo os caixas
escolares instituiccedilotildees de direito privado natildeo pertencentes as escolas puacuteblicas o que observamos
nesse caso eacute uma instituiccedilatildeo privada dentro de uma instituiccedilatildeo puacuteblica como nos alertava
Peroni (2005) onde a loacutegica que prevalece eacute a da gestatildeo privada
No que diz respeito aos recursos financeiros da educaccedilatildeo ao municiacutepio destacamos os
repasses realizados ao municiacutepio pelo governo federal atraveacutes de diversos Programas as escolas
da rede municipal de ensino de Santana por meio dos caixas escolares tais como PDDE ndash
Educaccedilatildeo Baacutesica PDDE ndash Atleta na Escola PDDE ndash Acessibilidade PDDE ndash Educaccedilatildeo
Integral PDDE ndash Escola Campo PDDE ndash Escola Sustentaacutevel PDDE ndash Cultura na Escola PDE
ndash escola
145
No que diz respeito agraves receitas com repasses diretamente as escolas da rede municipal
de Santana fizemos um levantamento financeiro anual do periacuteodo desde a chegada do PAR ao
municiacutepio O quadro 12 apresenta o montante financeiro anual recebido pelas escolas por meio
das Caixas Escolares
Quadro 12 ndash Santana Receitas do PDDE por Programa para as escolas da rede municipal de
Santana (2007-2014)
Ano Programas Nordm de escolas
atendidas
Total de Recursos
Recebidos
2007
PDDE ndash Educaccedilatildeo Baacutesica 10 5672840
PDE ndash Escola 01 3100000
Total em R$ - 8772840
2008
PDDE ndash Educaccedilatildeo Baacutesica 11 7241850
PDDE ndash Acessibilidade 01 1600000
Total em R$ - 8841850
2009
PDDE ndash Educaccedilatildeo Baacutesica 19 13994210
PDDE ndash Educaccedilatildeo Integral 10 27959202
PDE ndash Escola 08 11400000
Total em R$ - 53353412
2010
PDDE ndash Educaccedilatildeo Baacutesica 20 15587050
PDDE ndash Educaccedilatildeo Integral 10 32808372
Total em R$ - 48395422
2011
PDDEndash Educaccedilatildeo Baacutesica 04 2252310
PDDE ndash Acessibilidade 01 700000
Total em R$ - 2952310
2012
PDDE ndash Educaccedilatildeo Baacutesica 28 15916648
PDDE ndash Acessibilidade 06 5660000
PDDE ndash Escola Campo 04 7380000
PDDE ndash Educaccedilatildeo Integral 20 66015986
PDE ndash Escola 04 15100000
Total em R$ - 110072634
2013
PDDE ndash Educaccedilatildeo Baacutesica 28 24390000
PDDE ndash Estrutura (Acessibilidade) 10 9660000
PDDE ndash Estrutura (Escola Campo) 02 3000000
PDDE ndash Qualidade (Escola Sustentaacutevel) 06 5600000
PDDE ndash Qualidade (Atleta na Escola) 05 578700
PDDE ndash Educaccedilatildeo Integral 22 95435872
Total em R$ - 138664572
2014 PDDE ndash Educaccedilatildeo Baacutesica 3462 12998402
62 O municiacutepio de Santana no ano de 2014 possui 31 escolas e 17 anexos de escolas Entretanto o repasse do
PDDE no ano de 2014 foi para 34 caixas escolares Nessa pesquisa natildeo conseguimos identificar o porquecirc de 34
caixas escolares terem recebido o recurso
146
PDDE ndash Estrutura (Acessibilidade) 03 3740000
PDDE ndash Qualidade (Atleta na Escola) 10 1212900
PDDE ndash Qualidade (Cultura na Escola) 05 6100000
PDDE ndash Educaccedilatildeo Integral 25 59463154
Total em R$ - 83514456
Total Geral em R$ - 454567496
Fonte FNDESIOPE (2015) ndash Organizado pela autora
De acordo com o quadro 12 podemos perceber um volume de repasses no montante de
R$ 454567496 para as escolas puacuteblicas da rede municipal em um periacuteodo de 8 anos Se
compararmos o recurso do ano de 2007 com o de 2014 os recursos aumentaram 945 e se
comparado ao ano de 2013 o crescimento foi de 1580
Nos dados do SIOPE podemos identificar o volume de recursos repassados diretamente
as caixas escolares das escolas puacuteblicas da rede municipal de Santana Os recursos referem-se
aos Programas criados a partir do PDEPlano de Metas
Graacutefico 5 ndash Total de repasses do PDDE para as escolas da rede municipal 2007 - 2014
Fonte SIOPE (2016)
Como podemos observar no graacutefico 5 comparando os anos de 2007 e 2014 houve um
elevado crescimento nos repasses financeiros destinados aos caixas escolares das escolas
municipais O quadro 12 indica os programas que foram implantados e a quantidade de escolas
que receberam esses programas atraveacutes das caixas escolares
Os dados revelam tambeacutem um aumento no nuacutemero de caixas escolares que em 2007
eram 10 e em 2014 jaacute haviam 34 implantadas O quadro 12 aponta um crescimento nos valores
dos repasses a partir de 2009 isso pode ter ocorrido devido a assinatura do Termo de Adesatildeo
000
20000000
40000000
60000000
80000000
100000000
120000000
140000000
160000000
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
147
ao Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo entre o governo federal e o municiacutepio de Santana e
consequentemente a incorporaccedilatildeo dos programas no acircmbito do PAR no municiacutepio
Os programas estatildeo sendo criados gradativamente no municiacutepio agrave medida que as
escolas organizam os seus Conselhos Escolares os primeiros programas foram o PDDE e o
PDE ndash Escola em 2007 o PDE-Acessibilidade eacute criado em 2008 o Programa Educaccedilatildeo Integral
em 2009 em 2012 o programa Educaccedilatildeo do Campo no ano de 2013 eacute a vez dos programas
Atleta na Escola e Escola Sustentaacutevel e em 2014 o programa Cultura na Escola tambeacutem foi
contemplado para o municiacutepio
O Programa Educaccedilatildeo Integral foi implantado no ano de 2009 em 10 escolas municipais
chegando a 25 escolas no ano de 2014 Eacute o Programa que mais tem absorvido recursos do
FNDE no total de R$ 281682586 em 5 anos63 atingindo 62 do valor total das receitas que
foi de R$ 454567496 destinados aos caixas escolares das escolas puacuteblicas municipais de
Santana
Tabela 19 ndash Santana Total de Recursos do PDDE recebidos pelas Caixas Escolares da rede
municipal no periacuteodo de 2007-2014
Ano Nordm de caixas escolares Total de Recursos
Recebidos
2007 10 8772840
2008 11 8841850
2009 19 53353412
2010 20 48395422
2011 04 2952310
2012 28 110072634
2013 28 138664572
2014 34 83514456
Fonte FNDESIOPE
Os dados da tabela 19 mostram que o nuacutemero de caixas escolares tem crescido na rede
municipal em 2007 eram apenas 10 caixas escolares e em 2014 jaacute eram 34 Em 2011 observou-
se uma queda no nuacutemero de caixas escolares que receberam recursos isso pode ter ocorrido
devido a natildeo prestaccedilatildeo de contas ao FNDE nesse caso os caixas escolares ficam na condiccedilatildeo
de inadimplentes e natildeo recebem recursos ateacute efetivarem a prestaccedilatildeo de contas
Eacute notoacuterio no documento ldquoPrograma Nacional de Fortalecimento dos Conselhos
Escolaresrdquo elaborado pelo MEC e proposto ao municiacutepio de Santana e consequentemente as
63O Programa Educaccedilatildeo Integral transferiu recursos para o municiacutepio nos anos 2009 2010 2012 2013 e 2014
148
unidades escolares A desconcentraccedilatildeo de tarefas do MEC para as unidades escolares fazem
com que as escolas se preocupem mais em atingir as metas propostas pelo MEC do que com os
procedimentos pedagoacutegicos para a melhoria da qualidade da educaccedilatildeo A ideia eacute de um modelo
gerencial para educaccedilatildeo onde a poliacutetica eacute planejada verticalmente e descentralizada na sua
execuccedilatildeo Nesse exemplo cabe ao MEC a centralizaccedilatildeo das informaccedilotildees e aos municiacutepios a
execuccedilatildeo dos 13 (treze) itens que satildeo atribuiacutedos aos membros do CE e que perpassam desde a
promoccedilatildeo discussatildeo criaccedilatildeo assessoramento fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo integraccedilatildeo ateacute garantias
de aprovaccedilatildeo encaminhamento e divulgaccedilatildeo de accedilotildees
Embora a caixa escolar seja parte do Conselho Escolar o que constatamos foi a pouca
participaccedilatildeo dos conselheiros nas reuniotildees do CE nas escolas da rede municipal o que
inviabiliza a construccedilatildeo de uma gestatildeo democraacutetica e um planejamento coletivo para a
construccedilatildeo da autonomia da escola
342 Existecircncia composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (CME)
No que diz respeito ao diagnoacutestico desse indicador da gestatildeo no municiacutepio de Santana
nas duas versotildees do PAR foi o seguinte
Quadro 13 Santana Diagnoacutestico do Indicador Conselho Municipal de Educaccedilatildeo
PAR Indicador Pontuaccedilatildeo
1ordf versatildeo do PAR
(2007-2010)
Existecircncia composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do
Conselho Municipal de Educaccedilatildeo 1
2ordf versatildeo do PAR
(2011-2014)
Existecircncia composiccedilatildeo competecircncia e atuaccedilatildeo do
Conselho Municipal de Educaccedilatildeo 3
Fonte SIMEC ndash Elaborado pela autora
Notadamente houve um avanccedilo na pontuaccedilatildeo entre os diferentes anos A pontuaccedilatildeo 1
expressa conforme o MEC ldquoquando natildeo existe um CME implementado ou quando o CME
existente eacute apenas formalrdquo Embora exista lei aprovada desde 1998 o Conselho foi
diagnosticado pela equipe que elaborou o 1ordm PAR como inexistente ou natildeo funcionava Na 2ordf
versatildeo do PAR o CME foi diagnosticado com pontuaccedilatildeo 3 A conselheira entrevistada
justificou essa pontuaccedilatildeo devido a melhor organizaccedilatildeo da documentaccedilatildeo e que
Existe o Conselho Municipal de Educaccedilatildeo - CME com regimento interno escolha
democraacutetica dos conselheiros poreacutem nem todos os segmentos estatildeo representados o
CME zela pelo cumprimento das normas natildeo auxilia a SEME no planejamento
149
municipal da Educaccedilatildeo na distribuiccedilatildeo de recursos no acompanhamento e avaliaccedilatildeo
das accedilotildees educacionais (Conselheira do CME - Representante governamental)
Nesse sentido existe a pouca representatividade na composiccedilatildeo do CME da sociedade
civil o CME tambeacutem fica inviabilizado de realizar algumas accedilotildees devido agrave falta de
transparecircncia nos recursos financeiros que impedem o debate e o planejamento coletivo das
accedilotildees junto a SEME a natildeo representaccedilatildeo da sociedade civil no CME inviabilizando assim a
participaccedilatildeo do CME Poreacutem segundo a conselheira o CME tem auxiliado no planejamento
municipal da Educaccedilatildeo bem como no acompanhamento e avaliaccedilatildeo das accedilotildees educacionais do
IDEB
Como se pode perceber na resposta da entrevistada eacute que a democratizaccedilatildeo da educaccedilatildeo
natildeo tem ocorrido no municiacutepio pois a SEME natildeo tem autonomia para gerenciar o seu proacuteprio
orccedilamento e nem o CME pois segundo a Lei Municipal Nordm 366 de 1998 o Conselho tem o
papel somente de ldquoassessorarrdquo a poliacutetica e da legislaccedilatildeo educacional municipal O que retira a
autonomia poliacutetica dos conselheiros de participar de todos os temas relativos agrave educaccedilatildeo
municipal
Dessa forma aponta como necessidade para a melhoria da atuaccedilatildeo do CME
A descentralizaccedilatildeo dos recursos financeiros da prefeitura para a Secretaria Municipal
de Educaccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo da representatividade na composiccedilatildeo do conselho que
garanta a participaccedilatildeo da sociedade civil com auxiacutelio de um estudo envolvendo
profissionais do MEC (Conselheira do CME - Representante governamental)
O Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (CME) foi criado pela Lei Nordm 366 de 14 de abril de
1998 no seu art 1ordm aponta que o CME eacute criado ldquocom a finalidade baacutesica de assessorar o
Governo Municipal na formulaccedilatildeo da poliacutetica e legislaccedilatildeo educacional do municiacutepiordquo
(SANTANA 1998) e apresenta 21 finalidades para o CME
I ndash Normatizar procedimentos educacionais no acircmbito do municiacutepio analisar ou
propor programas projetos ou atividades de expansatildeo e aperfeiccediloamento ()
II ndash Analisar autorizar o funcionamento de unidades escolares de direito privado e
reconhecer unidades escolares ()
III ndash Sugerir diretrizes ()
IV ndash Promover a) O acompanhamento e o controle social na aplicaccedilatildeo de recursos
()
IX - Supervisionar a realizaccedilatildeo do Censo Escolar anual
()
XIII- Avaliar o ensino ministrado pela Administraccedilatildeo Municipal e recomendar
diretrizes agrave sua expansatildeo e aperfeiccediloamento
XX ndash Aprovar o calendaacuterio
() (SANTANA 1998 p 01-03) [destaque em negrito nossos]
150
Ao observar as finalidades do CME percebe-se que o oacutergatildeo eacute responsaacutevel pela
orientaccedilatildeo na conduccedilatildeo do Sistema Municipal de Educaccedilatildeo de Santana da formulaccedilatildeo da
poliacutetica da legislaccedilatildeo educacional e pelas accedilotildees destacadas entendemos que o CME tem caraacuteter
mais amplo consultivo deliberativo normativo e fiscalizador De acordo com a Lei Nordm
3661998 - PMS o conselho eacute composto por
Quadro 14 ndash Santana Composiccedilatildeo do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (CME)
Membros
I ndash um representante da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo
II ndash um representante dos professores municipais
III ndash um representante dos diretores das escolas puacuteblicas municipais
IV ndash um representante dos servidores das escolas puacuteblicas do ensino municipal
V ndash um representante dos Conselhos escolares municipais
VI ndash um representante dos estabelecimentos particulares de ensino fundamental
VII ndash um representante do oacutergatildeo estadual de ensino sediado no municiacutepio
Fonte Prefeitura Municipal de Santana ndash Elaborado pela autora
A lei de criaccedilatildeo do Conselho natildeo menciona aspectos quanto agrave paridade de seus membros
entre representantes do poder puacuteblico e da sociedade civil No que se refere aos criteacuterios de
escolha destacamos no sect4ordm do art 2ordm da Lei 3661998 - PMS que uma parte dos representantes
poderatildeo ser escolhidos democraticamente em assembleias e os demais devem ser indicados ldquoos
representantes II III IV e V seratildeo escolhidos em assembleias especialmente convocadas e os
demais seratildeo indicados por suas entidades para nomeaccedilatildeo do prefeitordquo (SANTANA 1998 p
4) Entretanto a proacutepria composiccedilatildeo do CME deixa clara a disparidade entre poder puacuteblico e
sociedade civil quando natildeo eacute proposto na composiccedilatildeo da Associaccedilatildeo de pais e mestres os
sindicatos as Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais o Ministeacuterio Puacuteblico dentre outros oacutergatildeos
de representaccedilatildeo colegiada
Os representantes do CME apoacutes escolhidos satildeo nomeados pelo prefeito para o mandato
de 04 (quatro) anos podendo este tempo ser renovado por mais um mandato O presidente do
Conselho ficaraacute por dois anos podendo ser reeleito As reuniotildees ordinaacuterias devem ocorrer
quinzenalmente e extraordinariamente sempre que convocados
De acordo com uma representante do CME entrevistada
() as reuniotildees ateacute ocorrem mas as coisas natildeo satildeo encaminhadas como deveriam natildeo
haacute regulamentaccedilatildeo das resoluccedilotildees () a gente assessora a SEME como teacutecnica da
SEME mas deveria ser pelo CME embora o CME esses tempos esteja mais atuante
para a aprovaccedilatildeo do Plano Municipal de Educaccedilatildeo (Representante do CME -
Representante governamental)
151
Podemos assim perceber que existe o CME no municiacutepio a composiccedilatildeo se daacute
praticamente pelo poder puacuteblico e existe pouca efetividade na atuaccedilatildeo na execuccedilatildeo das suas
competecircncias enquanto oacutergatildeo colegiado do CME Dessa forma compreendemos que o
Conselho Municipal de Educaccedilatildeo natildeo estaacute atuando conforme o que se define em lei como suas
competecircncias Aleacutem de haver pouca participaccedilatildeo dos membros do CME no que se refere ao
acompanhamento da execuccedilatildeo dos recursos da educaccedilatildeo ele eacute pouco atuante na resoluccedilatildeo das
demandas e accedilotildees que deveriam ser executadas pelo Conselho
O fato de o CME natildeo contar com integrantes da sociedade civil com atuaccedilatildeo criacutetica e
comprometidas com a efetividade das poliacuteticas puacuteblicas o que pode ser um dos motivos pelo
qual natildeo haacute efetividade nas accedilotildees e pouco tem contribuiacutedo com a democratizaccedilatildeo e a autonomia
da gestatildeo
343 Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho Municipal de Alimentaccedilatildeo Escolar (CAE)
No municiacutepio de SantanaAP o Conselho Municipal de Alimentaccedilatildeo Escolar ndash CAE foi
instituiacutedo pela Lei Nordm 488 de 10 de maio de 2001 anteriormente existia outra Lei Nordm 458 de
1999 ndash PMS que foi revogada Segundo a Lei atual Nordm 4882001 o CAE de Santana apresenta
as seguintes caracteriacutesticas eacute um oacutergatildeo que tem caraacuteter consultivo orientador normativo
fiscalizador e de funcionamento permanente
No Art 8ordm da Lei municipal Nordm 4882001 indica a composiccedilatildeo do CAE que deve ter 07
(sete) representantes titulares e 07 (sete) suplentes dentre os quais estatildeo representantes do poder
puacuteblico governamental e da sociedade civil sendo um Representante do Poder Executivo um
Representante do Poder Legislativo dois Representantes dos Professores dois Representantes
dos Pais dos Alunos um Representante de outros segmentos da Sociedade Os representantes
do CAE satildeo indicados pelos Chefes dos Poderes Executivo e Legislativo bem como pelas
respectivas entidades indicadas no art 8ordm e satildeo nomeados por ato do Prefeito
No diagnoacutestico realizado pelo municiacutepio no PAR esse indicador obteve as seguintes
pontuaccedilotildees
Quadro 15 Santana Diagnoacutestico do Indicador Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar
PAR Indicador Pontuaccedilatildeo
1ordf versatildeo do PAR
(2007-2010)
Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do
Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar 1
2ordf versatildeo do PAR
(2011-2014)
Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do
Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar 2
Fonte SIMEC (2015)
152
Quanto agrave avaliaccedilatildeo do 1ordm PAR nesse indicador o municiacutepio de Santana recebeu a
pontuaccedilatildeo 1 o que caracteriza que o Conselho existe formalmente apenas para receber o
recurso do Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar (PNAE) ou que pode natildeo estar atuando
da forma como se prevecirc que funcione Ou seja pode natildeo estar atuando na fiscalizaccedilatildeo e nem
no acompanhamento de execuccedilatildeo dos recursos e de distribuiccedilatildeo da merenda
No 2ordm PAR a pontuaccedilatildeo indicada foi 2 o que implica dizer de acordo com o MEC que
eacute quando o CAE natildeo eacute representado por todos os segmentos natildeo existe um regimento
interno as reuniotildees natildeo satildeo regulares raramente acontece a fiscalizaccedilatildeo da aplicaccedilatildeo
dos recursos transferidos o CAE natildeo acompanha a compra nem a distribuiccedilatildeo dos
alimentosprodutos nas escolas natildeo estaacute atento as boas praacuteticas sanitaacuterias de higiene
e ao objetivo de formaccedilatildeo dos bons haacutebitos (MECSIMEC 2011)
Segundo a Conselheira da Representaccedilatildeo governamental que participou da equipe local
para a elaboraccedilatildeo do 2ordm PAR justificou a pontuaccedilatildeo 2 em que ldquoo CAE tem representaccedilatildeo de
todos os segmentos conforme lei 119472009 possui um regimento interno e fiscaliza
parcialmente a aplicaccedilatildeo dos recursos transferidos mas as reuniotildees natildeo satildeo regulares devido a
rotatividade (Conselheira do CAE - Representaccedilatildeo governamental) Para a realizaccedilatildeo de accedilotildees
para reverter essa realidade sugerem que o CAE
organize um calendaacuterio de reuniotildees para garantir o acompanhamento da compra dos
alimentosprodutos distribuiacutedos nas escolas a fiscalizaccedilatildeo dos recursos financeiros a
qualidade dos alimentos e agraves boas praacuteticas sanitaacuterias de higiene e ao objetivo de
formaccedilatildeo de bons haacutebitos alimentares Garantir ainda que os conselheiros participem
de cursos do PNAE (Conselheira do CAE - Representaccedilatildeo governamental)
Embora muitas accedilotildees natildeo sejam monitoradas pela Coordenaccedilatildeo do PAR foi possiacutevel
durante as entrevistas percebermos que algumas accedilotildees propostas ainda no 1ordm PAR como as
formaccedilotildees e preparaccedilotildees dos Conselheiros em programas especiacuteficos ocorreram Embora a
conselheira representante do governo afirme que natildeo haacute regularidade nas reuniotildees um
representante da sociedade civil afirmou durante a entrevista que as reuniotildees do CAE
ldquoacontecem duas vezes por semanardquo e sobre a atuaccedilatildeo do CAE afirma que eacute
() um oacutergatildeo deliberativo e fiscalizador que serve pra fiscalizar os recursos oriundos
do FNDE e PNAE pra compra de alimentaccedilatildeo escolar nas escolas Eu diria que noacutes
temos atuado precariamente pelo fato de natildeo termos uma estrutura Noacutes temos uma
sala em uma casa que eacute alugada que funcionam os conselhos Laacute satildeo trecircs conselhos
que funcionam numa sala minuacutescula e quando coincidem as reuniotildees temos que
adiar e mais noacutes natildeo temos transportes natildeo temos carro agrave disposiccedilatildeo natildeo temos
153
combustiacutevel pra colocar no nosso transporte pra fazer a fiscalizaccedilatildeo (Conselheiro
CAE - Representante da sociedade civil)
No que se refere a participaccedilatildeo segundo o representante o CAE eacute atuante e soacute natildeo faz
mais por que o municiacutepio natildeo daacute a devida estrutura mas que cobram em ata fazem relatoacuterio e
encaminham Segundo ele o CAE eacute muito ativo
mas infelizmente o poder puacuteblico natildeo daacute atenccedilatildeo devida para que possamos melhorar
cada vez mais a nossa fiscalizaccedilatildeo ateacute porque pra eles eacute conveniente que noacutes natildeo
fiscalize embora a gente sabe que nem tudo anda como deveria andar A gente sabe
que falta merenda escolar as escolas estatildeo deterioradas as cozinhas das escolas natildeo
tecircm estrutura natildeo seguem o cardaacutepio (Representante do CAE da sociedade civil)
Quanto agrave autonomia a fiscalizaccedilatildeo e recebimento de recursos o representante do CAE
afirma que a autonomia eacute bem limitada pois
Raramente somos convidados pela PMS ou SEME para discutir sobre a merenda
encontramos um conselho parado um conselho inerte por falta de interesse e temos
dois anos de prestaccedilatildeo de conta por fazer e ainda tivemos que ficar um
tempo regularizando o conselho para evitar que as crianccedilas em 2015 deixassem de ter
merenda escolar (Representante do CAE da sociedade civil)
Dessa forma apesar da boa participaccedilatildeo e atuaccedilatildeo do CAE a proacutepria PMS inviabiliza
algumas accedilotildees para que os conselhos funcionem Eacute importante destacar que os recursos da
educaccedilatildeo satildeo centralizados na Prefeitura Municipal de Santana e natildeo ocorre a descentralizaccedilatildeo
desses recursos para a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo inviabilizando assim a possibilidade
de discussatildeo de participaccedilatildeo dos representantes da educaccedilatildeo nas definiccedilotildees da aplicaccedilatildeo dos
recursos
344 Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de Controle Social do Fundo de Manutenccedilatildeo e
Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo
(FUNDEB)
A ideia de um fundo de educaccedilatildeo puacuteblica nacional de forma autocircnoma foi pensada desde
os pioneiros da educaccedilatildeo em 1932 ao propor uma vinculaccedilatildeo e a autonomia dos recursos para
o financiamento da educaccedilatildeo independente das mudanccedilas poliacuteticas dos administradores onde
o importante era que tivesse uma separaccedilatildeo dos montantes para fins educacionais aleacutem do
acompanhamento e da fiscalizaccedilatildeo pela sociedade desses fundos (LIMA 2006) A participaccedilatildeo
154
da sociedade civil nos conselhos eacute de fato uma participaccedilatildeo social representada por
organizaccedilotildees seja ela em defesa dos trabalhadores seja em defesa dos empresaacuterios
No diagnoacutestico realizado pela equipe local do PAR no municiacutepio o indicador
Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho do Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo
Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo ndash CACS-FUNDEB somente aparece na
2ordf versatildeo do PAR
Quadro 16 Diagnoacutestico do Indicador Conselho de Controle Social do FUNDEB
PAR Indicador Pontuaccedilatildeo
2ordf versatildeo do PAR
(2011-2014)
Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do
Conselho do FUNDEB 2
Fonte SIMEC (2015)
A pontuaccedilatildeo 2 indicada no quadro 16 pela equipe local segundo as convenccedilotildees do
MEC eacute atribuiacuteda quando o Conselho do FUNDEB ou cacircmara de financiamento do Conselho
Municipal de Educaccedilatildeo natildeo eacute representado por todos os segmentos (conforme norma ndash Lei
114942007) natildeo existe um regimento interno as reuniotildees natildeo satildeo regulares raramente
acontece o acompanhamento e o controle social sobre a distribuiccedilatildeo a transferecircncia e a
aplicaccedilatildeo dos recursos dos Fundos (FUNDEB PNATE Programa de Apoio aos Sistema de
Ensino para Atendimento agrave EJA) o Conselho nem sempre promove ampla publicidade agrave
aplicaccedilatildeo dos recursos
Nesse sentido a equipe local diagnosticou com uma pontuaccedilatildeo 2 no municiacutepio que eacute
uma situaccedilatildeo insuficiente em relaccedilatildeo ao Conselho do FUNDEB o que gerou accedilotildees a serem
realizadas pelo municiacutepio como ldquoa substituiccedilatildeo de representantes de pais que sejam atuantes e
que participem das reuniotildees a transferecircncia do gerenciamento de recursos do FUNDEB e
PNATE da prefeitura para a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo para melhorar a transparecircncia
dos investimentosrdquo (Equipe LocalPAR 2011-2014)
O Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos
Profissionais da Educaccedilatildeo (FUNDEB) de natureza contaacutebil e o Conselho de
Acompanhamento Controle Social Comprovaccedilatildeo e Fiscalizaccedilatildeo dos recursos do referido
fundo foram criados conjuntamente no acircmbito do municiacutepio de Santana atraveacutes da Lei Nordm
07972007 de 28 de dezembro de 2007
O Decreto 05282015 nomeia 11 integrantes do Conselho de Acompanhamento e
Controle Social (CACS) e como podemos perceber natildeo eacute paritaacuterio sendo
155
Quadro 17 Santana Composiccedilatildeo do CACS e FUNDEB
Membros
01 (Um) Representante da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo
01 (Um) Representante do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo
01 (Um) Representante da Prefeitura Municipal de Santana
01 (Um) Representante do Conselho Tutelar do Municiacutepio de Santana
01 (Um) Representante dos Professores da rede puacuteblica municipal
01 (Um) Representante dos Auxiliares Educacionais da rede puacuteblica municipal
01 (Um) Representante dos Diretores de Escolas puacuteblicas municipais
02 (Dois) Representantes dos pais de alunos da rede puacuteblica municipal
02 (Dois) Representantes dos alunos da rede puacuteblica municipal
Fonte Prefeitura Municipal de Santana
De acordo com a pontuaccedilatildeo 2 do indicador pela equipe local o Conselho do FUNDEB
natildeo tem uma composiccedilatildeo paritaacuteria e nem estava atuando dentro da Lei 11494 de 2007 pois de
acordo com o artigo 5o da Lei
sect 6o O presidente dos conselhos previstos no caput deste artigo seraacute eleito por seus
pares em reuniatildeo do colegiado sendo impedido de ocupar a funccedilatildeo o representante
do governo gestor dos recursos do Fundo no acircmbito da Uniatildeo dos Estados do Distrito
Federal e dos Municiacutepios
sect 7o Os conselhos dos Fundos atuaratildeo com autonomia sem vinculaccedilatildeo ou
subordinaccedilatildeo institucional ao Poder Executivo local e seratildeo renovados
periodicamente ao final de cada mandato dos seus membros
sect 8o A atuaccedilatildeo dos membros dos conselhos dos Fundos
I - natildeo seraacute remunerada
II - eacute considerada atividade de relevante interesse social
III - assegura isenccedilatildeo da obrigatoriedade de testemunhar sobre informaccedilotildees recebidas
ou prestadas em razatildeo do exerciacutecio de suas atividades de conselheiro e sobre as
pessoas que lhes confiarem ou deles receberem informaccedilotildees
IV - veda quando os conselheiros forem representantes de professores e diretores ou
de servidores das escolas puacuteblicas no curso do mandato
a) exoneraccedilatildeo ou demissatildeo do cargo ou emprego sem justa causa ou transferecircncia
involuntaacuteria do estabelecimento de ensino em que atuam
b) atribuiccedilatildeo de falta injustificada ao serviccedilo em funccedilatildeo das atividades do conselho
c) afastamento involuntaacuterio e injustificado da condiccedilatildeo de conselheiro antes do
teacutermino do mandato para o qual tenha sido designado
V - veda quando os conselheiros forem representantes de estudantes em atividades
do conselho no curso do mandato atribuiccedilatildeo de falta injustificada nas atividades
escolares (BRASIL 2007 grifos negrito nossos)
Durante a entrevista realizada com o presidente do Conselho do FUNDEB o mesmo
informou ser diretor da escola Sabendo que a funccedilatildeo de diretor eacute de livre nomeaccedilatildeo e
exoneraccedilatildeo do prefeito o presidente do Conselho natildeo poderia assumir a funccedilatildeo de conselheiro
devido ao seu viacutenculo de cargo de confianccedila com o governo municipal
Segundo o entrevistado ele participa das reuniotildees do FUNDEB desde 2012 mas nunca
participou das reuniotildees do PAR desconhece a pontuaccedilatildeo do indicador do Conselho do
156
FUNDEB no PAR de 2011-2014 somente este ano que estatildeo construindo o PAR de 2016 a
2019 eacute que estaacute participando da equipe local Afirmou que estaacute como presidente do Conselho
do FUNDEB desde 30 de dezembro de 2015 As reuniotildees ocorrem mensalmente com a
presenccedila dos conselheiros e a fiscalizaccedilatildeo ocorre quando solicitamos a prefeitura atraveacutes de
ofiacutecios agraves documentaccedilotildees para o Conselho
Fazemos a prestaccedilatildeo de contas juntamente com o CACS pois os membros do CACS
satildeo os mesmos do FUNDEB fiscalizamos junto ao banco e a prefeitura a entrada de
recursos no municiacutepio e se as despesas estatildeo sendo pagos dentro dos limites do
percentual certo e de aplicaccedilatildeo obrigatoacuteria recursos esses do FNDE e do PNATE
Observamos tudo as rotas a seguranccedila se o combustiacutevel foi suficiente e organizamos
a fiscalizaccedilatildeo trimestralmente Os recursos do CAE tambeacutem passam por noacutes apesar
deles terem mais autonomia a gente valida o deles Ou seja todos os recursos da
educaccedilatildeo que entra no municiacutepio passam por noacutes do Conselho do FUNDEB
(Representante do FUNDEB ndash Representante governamental)
Quanto aos repasses que chegam ao municiacutepio de Santana atraveacutes do Estado satildeo
() o FPM e ICMS que eacute de 20 jaacute foi 22 mas jaacute caiu para 13 para 20 e hoje
o valor corresponde a 13 de novo com essa crise a arrecadaccedilatildeo do estado diminuiu
logo o repasse diminuiu tambeacutem Atualmente o municiacutepio deixou de arrecadar devido
o porto ter afundado e os impostos vecircm quase tudo exclusivamente do governo federal
(Representante do FUNDEB - Representante governamental)
Dessa forma o municiacutepio natildeo estaacute cumprindo com o repasse dos 25 para a educaccedilatildeo
dos impostos proacuteprios
A proacutepria equipe local reconhece as dificuldades enfrentadas pela pouca frequecircncia no
conselho da participaccedilatildeo da sociedade civil e o natildeo repasse dos recursos financeiros para a
Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e a centralizaccedilatildeo na prefeitura municipal dificulta e
inviabiliza a execuccedilatildeo do planejamento da SEME e torna a aplicaccedilatildeo dos recursos centralizados
e sem a devida e correta fiscalizaccedilatildeo pela sociedade civil dificultando a descentralizaccedilatildeo e a
viabilidade dos debates para a construccedilatildeo de uma gestatildeo democraacutetica participativa e autocircnoma
345 Criteacuterios para escolha de diretores no municiacutepio de Santana
A escolha de diretores escolares por via democraacuteticas atraveacutes da participaccedilatildeo da
comunidade na escolha fortalece o poder poliacutetico no interior das escolas e consequentemente
reduz a intervenccedilatildeo do Estado sobre elas e dessa forma a escola torna-se mais autocircnoma e
capaz de promover relaccedilotildees mais democraacuteticas em seu interior
157
Segundo os relatoacuterios do Plano de Accedilotildees Articuladas nas suas duas versotildees
apresentaram o seguinte diagnoacutestico
Quadro 18 Diagnoacutestico do Indicador Criteacuterios para a Escolha de Diretores
PAR Criteacuterios para a Escolha de Diretores
1ordm PAR (2007-2010) 1
2ordm PAR (2011-2014) 3 Fonte SIMEC (2015)
De acordo com o quadro 18 o indicador da gestatildeo educacional do PAR sobre os criteacuterios
para a escolha de diretores de escola foi diagnosticado pela equipe de elaboraccedilatildeo do PAR com
a pontuaccedilatildeo 1 que equivale agrave situaccedilatildeo de ausecircncia de criteacuterios para escolha da direccedilatildeo das
escolas No entanto no 2ordm PAR recebeu a pontuaccedilatildeo 3 que equivale uma situaccedilatildeo boa Em
termos de legislaccedilatildeo de fato as leis municipais elegem a gestatildeo democraacutetica como princiacutepio
Mas na praacutetica o que prevalece eacute o criteacuterio da nomeaccedilatildeo pura e simples tatildeo ao gosto dos
gestores comprometidos com modelos de gestatildeo patrimonialista e clientelista
No que se refere agrave gestatildeo dos sistemas de ensino o PMCTE prevecirc
XVIII ndash fixar regras claras considerados meacuterito e desempenho para nomeaccedilatildeo e
exoneraccedilatildeo de diretor de escola
XIX ndash zelar pela transparecircncia da gestatildeo puacuteblica na aacuterea da educaccedilatildeo garantindo o
funcionamento efetivo autocircnomo e articulado dos conselhos de controle social
XXII ndash promover a gestatildeo participativa na rede de ensino
XXIII ndash elaborar plano de educaccedilatildeo e instalar Conselho de Educaccedilatildeo quando
inexistente
XXV ndash fomentar e apoiar os conselhos escolares envolvendo as famiacutelias dos
educandos com as atribuiccedilotildees dentre outras de zelar pela manutenccedilatildeo da escola e
pelo monitoramento das accedilotildees e consecuccedilatildeo das metas do compromisso (BRASIL
2007)
O inciso XVIII prevecirc a criaccedilatildeo de criteacuterios para o provimento do cargo de diretor escolar
com base no meacuterito e no desempenho individual o que pode lhe atribuir grande
responsabilizaccedilatildeo pelo sucesso ou pelo fracasso da gestatildeo No entanto a construccedilatildeo
democraacutetica da educaccedilatildeo requer requisitos que vatildeo aleacutem da competecircncia teacutecnica do diretor
incluindo processo eletivo tendo em vista a ldquolegitimidade poliacutetica necessaacuteria ao desempenho de
suas funccedilotildeesrdquo (PARO 2007 p 81) e isto natildeo eacute considerado no Decreto
A gestatildeo das escolas puacuteblicas tem dois artigos especiacuteficos da Lei Nordm 0849 2010 do
Plano de Carreiras da Educaccedilatildeo do Municiacutepio de Santana (PCEMS) onde indica que a gestatildeo
das escolas puacuteblicas devem obedecer ao princiacutepio da gestatildeo democraacutetica com eleiccedilatildeo para
158
diretores Entretanto a mesma Lei natildeo cita e nem regulamenta como deve ocorrer afirma
somente que esse tema deve ser tratado conforme art 46 em uma ldquoLei especiacutefica mediante
proposta discutida entre o Chefe do Poder Executivo e o Conselho Permanente da Gestatildeo da
Carreirardquo (SANTANA 2010 p 16)
Ateacute entatildeo cinco anos se passaram estamos no final do ano de 2015 e o municiacutepio natildeo
possui nenhuma regulamentaccedilatildeo ou lei complementar sobre os criteacuterios da eleiccedilatildeo e todos eles
satildeo nomeados por indicaccedilatildeo pelo prefeito municipal demonstrando que natildeo haacute interesse em
aprovar a Lei especiacutefica citada no PCEMS para que ocorra de fato a gestatildeo democraacutetica nas
escolas puacuteblicas
346 - Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromisso
O Comitecirc Local do Compromisso eacute segundo os conselhos de controle social da gestatildeo
democraacutetica do PAR o mais recente instituiacutedo pelo municiacutepio atraveacutes do Decreto Municipal
Nordm 490 de 03 de abril de 2013 que foi criado para acompanhar o cumprimento das metas
estabelecidas pelo Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica Segundo o diagnoacutestico do
PAR o 1ordm PAR natildeo havia esse indicador
Quadro 19 Diagnoacutestico do indicador Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromisso
PAR Comitecirc Local
1ordm PAR (2007-2010)
2ordm PAR (2011-2014) 1
O Comitecirc Local do Compromisso foi implantado somente no 2ordm PAR como indicador
da gestatildeo democraacutetica da educaccedilatildeo ldquoexistecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromissordquo
O Comitecirc Local tem um papel essencialmente mobilizador sendo sua composiccedilatildeo ampliada
para aleacutem das organizaccedilotildees educacionais com participaccedilatildeo por exemplo do Ministeacuterio
Puacuteblico dos sindicatos das associaccedilotildees de moradores das ONGs dos Conselhos das Igrejas
e da populaccedilatildeo em geral
Entretanto foi observado como diagnoacutestico do 2ordm PAR a pontuaccedilatildeo 1 o que implica
dizer que natildeo existia ou natildeo funcionava o Comitecirc Local do Compromisso No Decreto
municipal de criaccedilatildeo do Comitecirc existe uma composiccedilatildeo de 6 membros sendo
159
Quadro 20 SANTANA Composiccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromisso
Membros
Um representante da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo
Um representante do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo
Um representante da Promotoria da Justiccedila
Um representante da Cacircmara dos vereadores
Um representante da Sociedade Civil - igreja
Um representante dos Diretores de escolas
Fonte Prefeitura Municipal de Santana ndash Elaborado pela autora
Com informaccedilotildees desencontradas pela SEME esse comitecirc encontrava-se sem atuaccedilatildeo
durante o periacuteodo da pesquisa
Eacute no contexto de atitudes praacuteticas e accedilotildees patrimonialistas que se caracteriza a confusatildeo
entre o puacuteblico que serve a um interesse coletivo e o privado que serve aos interesses
individualizados Os representantes em nome de uma coletividade tomam como seus os cargos
os recursos e os funcionaacuterios na busca de fazer as suas vontades E na educaccedilatildeo puacuteblica essas
praacuteticas implicam no direito usurpado de uma educaccedilatildeo puacuteblica e de qualidade social As
relaccedilotildees patrimonialistas satildeo oriundas de um poder pessoal que se quer levar para a gestatildeo
puacuteblica Esse tipo de comportamento na gestatildeo da educaccedilatildeo puacuteblica interfere no funcionamento
dos conselhos na medida em que os representantes natildeo veem ali um espaccedilo em defesa da
educaccedilatildeo puacuteblica
Notadamente nos conselhos estudados nessa pesquisa foram observadas as
dificuldades ou ausecircncia de condiccedilotildees de funcionamento no que se refere a espaccedilo fiacutesico
ausecircncia de transporte para fiscalizaccedilatildeo falta de transparecircncia nos recursos composiccedilatildeo dos
conselhos natildeo-paritaacuteria pouca atenccedilatildeo as iacutenfimas manifestaccedilotildees de representaccedilatildeo coletiva na
pesquisa O que pode ainda ser caracterizada como neopatrimonialista que eacute quando o gestor
puacuteblico nega a legitimidade do conselho como instacircncia representativa
160
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
O estudo se ocupou de analisar as implicaccedilotildees do PAR para a gestatildeo da educaccedilatildeo na
rede municipal de Santana no Amapaacute na perspectiva de avaliar seus efeitos na democratizaccedilatildeo
da gestatildeo Partiu-se do pressuposto de que a democratizaccedilatildeo da gestatildeo natildeo pode ser vista em
abstrato e portanto no sistema capitalista a participaccedilatildeo a descentralizaccedilatildeo e a autonomia
elementos constitutivos da democracia ganham nuances contraditoacuterias pois expressam a
correlaccedilatildeo de forccedilas entre as classes sociais
A pesquisa partiu da seguinte questatildeo central Quais as implicaccedilotildees do PAR para a
gestatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana no Estado do Amapaacute Considerando o pressuposto
teoacuterico assumido entende-se que a gestatildeo da educaccedilatildeo em uma sociedade sob a hegemonia do
capitalismo natildeo pode ser vista sem a concretude das accedilotildees que a permeiam Assim ao longo da
histoacuteria da educaccedilatildeo no paiacutes os representantes do capital sempre procuraram manter o seu
projeto poliacutetico e social de dominaccedilatildeo e tornar a classe trabalhadora cada vez mais afastada da
participaccedilatildeo seja nas decisotildees poliacuteticas seja do usufruto dos bens produzidos No Brasil ao
longo da Primeira Repuacuteblica Brasileira as oligarquias se revezavam no poder e se utilizavam
do Estado como meio para perpetuar as suas praacuteticas patrimonialistas e clientelistas O governo
de Getuacutelio Vargas manteve o poder ateacute o momento em que atendia ao projeto hegemocircnico O
golpe militar de 1964 demonstrou essa articulaccedilatildeo e o poder de dominaccedilatildeo da oligarquia e do
Estado brasileiro No acircmbito desse governo a gestatildeo da educaccedilatildeo se manteve centralizada e
burocratizada espraiando para estados e municiacutepios tal modelo A deacutecada de 1980 trouxe as
lutas populares em prol da democracia que levaram agrave derrocada do regime militar e instituiacuteram
uma nova Constituiccedilatildeo Federal em 1988 que pretendia uma nova forma de controle social do
Estado pelas garantias de participaccedilatildeo da sociedade nas questotildees poliacuteticas e sociais do paiacutes
viabilizando a cidadania como direito e instituindo o princiacutepio da gestatildeo democraacutetica na
educaccedilatildeo
Eacute o momento em que tivemos a implementaccedilatildeo das primeiras iniciativas de
democratizaccedilatildeo das relaccedilotildees de poder no acircmbito das escolas por meio da criaccedilatildeo de conselhos
escolares de conselhos municipais de educaccedilatildeo de conselhos de controle social de recursos
como o da merenda escolar de escolha de diretores de escolas por meio de eleiccedilatildeo de
elaboraccedilatildeo do projeto poliacutetico pedagoacutegico da escola de forma participativa entre outras No
entanto ao lado de tais iniciativas de gestatildeo da educaccedilatildeo democratizantes persistiram os
modelos de gestatildeo centralizada patrimonialista e burocraacutetica Paralelamente a essas conquistas
brasileiras a crise internacional do capital e as estrateacutegias utilizadas para a sua superaccedilatildeo como
161
a reestruturaccedilatildeo produtiva a globalizaccedilatildeo o neoliberalismo e a terceira via vecircm provocando
inuacutemeras transformaccedilotildees na vida material objetiva e subjetiva com alteraccedilotildees substanciais nas
formas de gestatildeo e participaccedilatildeo (PERONI 2006) Nesta perspectiva o Plano Diretor de
Reforma do Aparelho do Estado (PDRAE) propotildee a redefiniccedilatildeo do papel do Estado em 1995
com grandes implicaccedilotildees para a gestatildeo puacuteblica ao propor a gestatildeo gerencial modelo oriundo
do setor empresarial Tal modelo baseia-se na descentralizaccedilatildeo do atendimento das poliacuteticas
sociais por meio de privatizaccedilatildeo da publicizaccedilatildeo da terceirizaccedilatildeo e das parcerias puacuteblico-
privadas na gestatildeo dos serviccedilos puacuteblicos com o fim de maximizar a eficiecircncia e a eficaacutecia
O mercado passa a ser o grande paracircmetro de excelecircncia para o serviccedilo puacuteblico e por
isso haacute que seguir a mesma loacutegica Haacute grande incentivo na ldquoparticipaccedilatildeo socialrdquo na gestatildeo
puacuteblica Contudo a natureza dessa participaccedilatildeo social eacute modificada pois natildeo se trata mais de
viabiliza-la como direito de cidadania mas com fins utilitaristas de tornar a gestatildeo puacuteblica mais
eficiente e eficaz materializando assim a gestatildeo gerencial E o cidadatildeo agora passa a ser
adjetivado como ldquoclienterdquo consumidor de poliacuteticas puacuteblicas e neste aspecto natildeo mais visto
como aquele que exige porque eacute um cidadatildeo de direitos
Essas mudanccedilas no modelo de gestatildeo refletem o contexto de crise do capital e de ajuste
fiscal desse momento histoacuterico que visava reconstituir as taxas de lucro e para isso vinha
diminuindo sistematicamente os investimentos em poliacuteticas sociais Os usuaacuterios passam a ser
chamados a lsquoparticiparrsquo como executores de poliacuteticas por meio de parcerias como fiscais de
recursos puacuteblicos nos conselhos de controle social como voluntaacuterios em ONGs ou similares
A lsquoparticipaccedilatildeorsquo do usuaacuterio do serviccedilo puacuteblico poderia ser uacutetil em pelo menos dois aspectos
primeiro porque ao priorizar a gestatildeo de tais poliacuteticas por meio de parcerias com ONGs ou
projetos pontuais onde essas massas poderiam atuar a baixo custo ou como voluntaacuterios nesses
projetos isso poderia diminuir o custo das poliacuteticas sociais e ao mesmo tempo conter a massa
de desempregados segundo porque na medida em que ao estimular a participaccedilatildeo dos usuaacuterios
na definiccedilatildeo de prioridades ldquoestrateacutegicasrdquo ou mesmo de se tornarem ldquofiscaisrdquo da aplicaccedilatildeo dos
recursos os efeitos de tais participaccedilotildees contribuiriam para se fazer mais com menos e assim
atingir os objetivos de diminuiccedilatildeo dos gastos em educaccedilatildeo Aleacutem de conter as demandas por
emprego a inserccedilatildeo de voluntaacuterios e outras formas de participaccedilatildeo nos conselhos de controle
poderiam tambeacutem viabilizar os consensos necessaacuterios para a manutenccedilatildeo da hegemonia dos
que tecircm poder como assinalava Gramsci
Tais iniciativas ocorreram com mais ecircnfase no governo de Fernando Henrique Cardoso
Contudo os governos de Luiz Inaacutecio Lula da Silva e de Dilma Rousseff mesmo apresentando
162
projetos de governo agrave esquerda do espectro poliacutetico nacional natildeo apresentaram ruptura radical
com esse modelo
Em relaccedilatildeo agrave gestatildeo da educaccedilatildeo embora o Plano de Metas Compromisso Todos pela
Educaccedilatildeo e o PAR recomendem e incentivem a expansatildeo e implementaccedilatildeo de mecanismos que
podem potencializar a gestatildeo democraacutetica tais como Conselhos Escolares Conselho Municipal
de Educaccedilatildeo Conselho Municipal de Alimentaccedilatildeo Escolar Conselho do FUNDEB por outro
lado apresentam outros mecanismos mais afeitos ao modelo de gestatildeo gerencial como o
accountability que representa a responsabilizaccedilatildeo pelos resultados repassada para os entes
federados e para a sociedade local a exemplo dos resultados do IDEB Neste aspecto com a
implantaccedilatildeo do PAR pelos municiacutepios o MEC descentralizadesconcentra a execuccedilatildeo das accedilotildees
passando a agir como oacutergatildeo financiador de algumas delas mas principalmente como
regulamentador e controlador dos resultados da educaccedilatildeo municipal
Conforme definido neste trabalho a anaacutelise da gestatildeo da educaccedilatildeo na perspectiva de sua
democratizaccedilatildeo no municiacutepio de SantanaAP se deu a partir de seis indicadores da aacuterea Gestatildeo
Democraacutetica contida no Plano de Accedilotildees Articuladas que foram Existecircncia de Conselhos
Escolares Existecircncia composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo Composiccedilatildeo
e atuaccedilatildeo do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho do Fundo
de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da
Educaccedilatildeo Criteacuterios para escolha da Direccedilatildeo Escolar e Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local
do Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo Como paracircmetros de anaacutelise utilizamos os elementos
constitutivos da democratizaccedilatildeo da gestatildeo como a descentralizaccedilatildeo a participaccedilatildeo e a
autonomia Quanto agraves implicaccedilotildees do PAR para a gestatildeo educacional no municiacutepio de Santana
os resultados apontam que
Os conselhos escolares existem no municiacutepio de Santana desde o final da deacutecada de
1990 mas com a intensificaccedilatildeo da descentralizaccedilatildeo de recursos por meio dos programas do
PDE-Escola advindos do PAR e do proacuteprio PDDE a dinacircmica de criaccedilatildeo e funcionamento
desses conselhos vem se redimensionando O nuacutemero de caixas escolares que em 2007 eram
10 em 2014 passaram para 34 O volume de recursos administrados tambeacutem aumentou
bastante pois de 2007 para 2014 os recursos recebidos aumentaram em 945 Se comparado
o ano de 2007 ao ano de 2013 o crescimento foi de 1580 Entretanto estes conselhos tecircm
assumindo um caraacuteter mais burocraacutetico do que articulador de accedilotildees com promoccedilatildeo de
participaccedilatildeo ampliada Pelo que revela a fala dos entrevistados haacute dificuldade de participaccedilatildeo
de seus membros pelos mais diversos motivos A dinacircmica de funcionamento do Conselho
escolar na rede municipal de Santana limita-se praticamente ao gerenciamento da Caixa Escolar
163
em relaccedilatildeo aos recursos do PDDE o que leva a concluir que o conselho pouco tem atuado como
promotor da autonomia da escola Embora no 1ordm e no 2ordm PAR esse indicador tenha recebido
pontuaccedilatildeo 3 o que representa boa atuaccedilatildeo em pelo menos 50 das escolas observou-se que
os conselhos escolares da rede municipal de Santana tecircm atuado mais no sentido da execuccedilatildeo
dos recursos secundarizando esse espaccedilo como tomada de decisatildeo e de construccedilatildeo de
autonomia no interior da escola puacuteblica ao praticamente se eximir de abordar outros temas de
interesse da escola para aleacutem da gestatildeo financeira
O Conselho Municipal de Educaccedilatildeo ainda que exista em lei no municiacutepio desde 1998
esse oacutergatildeo natildeo funciona adequadamente No primeiro PAR esse indicador recebeu pontuaccedilatildeo
miacutenima o que representa funcionamento ruim No segundo PAR recebeu pontuaccedilatildeo 3 o que
representa melhoria No entanto as informaccedilotildees coletadas revelaram que natildeo haacute paridade entre
os representantes governamentais e natildeo governamentais o que compromete a igualdade e o
direito de participaccedilatildeo popular na gestatildeo haacute pouca participaccedilatildeo dos membros do CME no que
se refere ao acompanhamento da execuccedilatildeo dos recursos da educaccedilatildeo o CME eacute pouco atuante
na resoluccedilatildeo das demandas compatiacuteveis com suas atribuiccedilotildees Por tais fatores evidenciados
conclui-se que embora o CME tenha melhorado sua atuaccedilatildeo a partir do segundo PAR sua
contribuiccedilatildeo para a democratizaccedilatildeo da gestatildeo ainda eacute incipiente
O municiacutepio de SantanaAP tambeacutem conta com Conselho de Controle Social da
Alimentaccedilatildeo Escolar (CAE) instituiacutedo pela Lei nordm 458 de 1999 ndash PMS posteriormente
substituiacuteda pela Lei Nordm 488 de 10 de maio de 2001 focalizado como o terceiro indicador No
primeiro PAR esse indicador recebeu a pontuaccedilatildeo 1 ou seja o Conselho existia formalmente
apenas para receber o recurso do Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar (PNAE) e poderia
natildeo estar atuando conforme suas atribuiccedilotildees previstas seja na fiscalizaccedilatildeo ou no
acompanhamento da execuccedilatildeo dos recursos e de distribuiccedilatildeo da merenda No segundo PAR
essa pontuaccedilatildeo mudou para 2 o que indica o CAE apesar de apresentar alguma melhora em
seu funcionamento ainda natildeo era representado por todos os segmentos que raramente
acontecia a fiscalizaccedilatildeo da aplicaccedilatildeo dos recursos transferidos enfim que o CAE natildeo
acompanhava a compra nem a distribuiccedilatildeo dos alimentosprodutos nas escolas e continuava
pouco atento agraves boas praacuteticas sanitaacuterias e de higiene nos locais de preparo da alimentaccedilatildeo
escolar
Vale ressaltar que os recursos do Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar (PNAE)
que deveriam ser fiscalizados em sua execuccedilatildeo pelo CAE em Santana satildeo significativos e
superiores aos recursos do Salaacuterio Educaccedilatildeo em todos os anos da pesquisa As fontes
consultadas indicam um ldquoconselho parado um conselho inerte por falta de interesserdquo que por
164
pelo menos dois anos apresentou atraso na prestaccedilatildeo de contas Aleacutem disso falta infraestrutura
para reuniotildees transporte para visita agraves escolas do campo e mesmo formaccedilatildeo aos conselheiros
que lhes possibilite acompanhar a execuccedilatildeo dos recursos e a fiscalizar a distribuiccedilatildeo dos
produtos da merenda escolar A pouca participaccedilatildeo dos conselheiros do CAE tanto no periacuteodo
do primeiro quanto do segundo PAR nos permite afirmar que o aumento da pontuaccedilatildeo em
relaccedilatildeo a esse indicador satildeo meramente formais e natildeo se traduzem em mudanccedilas reais no
sentido do controle social dos recursos e de praacuteticas democraacuteticas
O quarto indicador Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho do Fundo de Manutenccedilatildeo e
Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo ndash
CACS-FUNDEB eacute um indicador que aparece apenas no segundo PAR visto que no primeiro
o FUNDEB ainda estava iniciando sua implantaccedilatildeo Do ponto de vista da legislaccedilatildeo municipal
o Conselho foi criado pela Lei nordm 0797 de 28 de dezembro de 2007 A pontuaccedilatildeo recebida neste
segundo PAR foi 2 o que significa que o Conselho natildeo eacute representado por todos os segmentos
(conforme norma ndash Lei 114942007) natildeo existe um regimento interno as reuniotildees natildeo satildeo
regulares raramente acontece o acompanhamento e o controle social sobre a distribuiccedilatildeo a
transferecircncia e a aplicaccedilatildeo dos recursos dos Fundos (FUNDEB PNATE Programa de Apoio
aos Sistema de Ensino para Atendimento agrave EJA) o Conselho nem sempre promove ampla
publicidade agrave aplicaccedilatildeo dos recursos
De fato o controle social dos recursos da educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana parece ser
difiacutecil tarefa a comeccedilar pelo fato da gestatildeo de tais recursos serem centralizadas no governo
municipal contrariando o que recomenda a LDB que indica a descentralizaccedilatildeo de tais recursos
para o oacutergatildeo gestor no caso a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo a SEME e pela falta de
participaccedilatildeo dos conselheiros nas reuniotildees Tal situaccedilatildeo inclusive gerou accedilotildees a serem
realizadas pelo municiacutepio como ldquotransferir a responsabilidade do gerenciamento de recursos
do FUNDEB e PNATE da prefeitura para a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo para melhorar a
transparecircncia dos investimentosrdquo A transferecircncia de responsabilidade da gestatildeo dos recursos
poderia natildeo soacute facilitar o planejamento das accedilotildees educacionais mas melhorar o controle social
dos recursos puacuteblicos O fato de que o ano de 2014 apresenta ausecircncia de dados financeiros no
SIOPE em relaccedilatildeo ao municiacutepio reflete tambeacutem a possibilidade de que haja dificuldade quanto
agraves prestaccedilotildees de contas da execuccedilatildeo dos recursos para este ano Essa situaccedilatildeo tende a dificultar
ou mesmo inviabilizar a gestatildeo democraacutetica pela negaccedilatildeo do princiacutepio da transparecircncia na
gestatildeo do recurso puacuteblico
A escolha de diretores de escolas puacuteblicas eacute entre os indicadores analisados o ponto mais
obscuro O indicador da gestatildeo educacional do PAR sobre os criteacuterios da escolha para diretores
165
de escola foi diagnosticado pela equipe de elaboraccedilatildeo do PAR com a pontuaccedilatildeo 1 que equivale
agrave situaccedilatildeo de lsquoausecircncia de criteacuterios para escolha da direccedilatildeo das escolasrsquo No entanto no 2ordm PAR
recebeu a pontuaccedilatildeo 3 que equivale uma situaccedilatildeo boa Em termos de legislaccedilatildeo de fato as leis
municipais elegem a gestatildeo democraacutetica como princiacutepio como no caso da Lei nordm 0849 do ano
de 2010 que trata do Plano de Carreiras da Educaccedilatildeo do Municiacutepio de Santana (PCEMS) onde
se prevecirc inclusive a eleiccedilatildeo direta como criteacuterio No entanto a mesma lei remete o tema para
regulamentaccedilotildees posteriores o que nunca aconteceu Na praacutetica o que prevalece eacute o criteacuterio da
nomeaccedilatildeo pura e simples tatildeo ao gosto dos gestores comprometidos com modelos de gestatildeo
patrimonialista e clientelista Em relaccedilatildeo a esse indicador o PAR soacute alterou a pontuaccedilatildeo As
praacuteticas continuam as mesmas
Em relaccedilatildeo ao uacuteltimo indicador Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do
Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo verificou-se que o comitecirc foi criado pelo Decreto
Municipal Nordm 490 de 03 de abril de 2013 para acompanhar o cumprimento das metas
estabelecidas pelo PAR e eacute bastante avanccedilado em sua composiccedilatildeo No entanto eacute recente no
municiacutepio e talvez por isso natildeo tem exercido o seu papel de mobilizar a sociedade para a
participaccedilatildeo e acompanhamento das accedilotildees do PAR na perspectiva de sua efetividade
Natildeo se pode negar o meacuterito do PAR para a organizaccedilatildeo e o planejamento das accedilotildees
educacionais na rede municipal de ensino de Santana que apoacutes o PAR passou a melhor
reconhecer suas fragilidades e desafios No entanto o estudo evidenciou a histoacuterica fragilidade
da democratizaccedilatildeo da gestatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana pois os conselhos
municipais de controle social e escolares mecanismos que poderiam viabilizar a participaccedilatildeo
a descentralizaccedilatildeo e autonomia nas decisotildees funcionam precariamente Os criteacuterios de escolha
de diretores excluem as formas democraacuteticas de participaccedilatildeo na escolha e favorecem as praacuteticas
centralizadas de nomeaccedilatildeo A gestatildeo dos recursos da educaccedilatildeo eacute centralizada no governo
municipal dificultando o controle social Com o PAR houve expansatildeo do nuacutemero de
Conselhos escolares e municipais o que permitiu o aumento das pontuaccedilotildees nos indicadores e
pode vir a potencializar a participaccedilatildeo dos sujeitos no controle social dos recursos e outras
formas de descentralizaccedilatildeo das decisotildees Isso a depender da correlaccedilatildeo de forccedilas locais
historicamente permeada por formas patrimonialistas e clientelistas de gestatildeo Com o PAR
esses modelos ganharam nuances de gerencialismo Parece um paradoxo que se exija da
Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo que viabilize as accedilotildees previstas no PAR para atingir as metas
e resultados da avaliaccedilatildeo do IDEB em busca da qualidade da educaccedilatildeo com acompanhamento
e o controle social dos conselhos sobre os recursos e accedilotildees mas mantendo os recursos
166
centralizados sob a gestatildeo da Prefeitura Municipal de Santana Qual a autonomia possiacutevel nestas
condiccedilotildees Onde fica a descentralizaccedilatildeo Esta sequer chegou ao oacutergatildeo gestor
O municiacutepio de Santana tem vinte e oito anos de existecircncia nessa condiccedilatildeo pois fazia
parte do Territoacuterio Federal do Amapaacute extinto pela Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Antes existia
como distrito de Macapaacute Talvez por ser um municiacutepio novo guarde ainda fortes marcas do
clientelismo e patrimonialismo que o gerou Com pouca tradiccedilatildeo democraacutetica as praacuteticas
centralizadoras de gestatildeo educacional satildeo reveladas no cotidiano das accedilotildees que contradizem o
posto nas leis municipais e ateacute nacionais
A anaacutelise aqui apresentada para a poliacutetica puacuteblica municipal evidenciada a partir da
adesatildeo do municiacutepio de Santana ao PAR expotildee os limites e contradiccedilotildees de poliacuteticas formuladas
em niacutevel nacional e executadas em niacutevel local bem como a correlaccedilatildeo de forccedilas poliacuteticas e
econocircmicas do momento histoacuterico As accedilotildees pleiteadas pelo PAR no sentido de democratizar a
gestatildeo da educaccedilatildeo da rede municipal de Santana natildeo tecircm conseguido se materializar na praacutetica
dos gestores Quando muito tais intencionalidades se inscrevem no acircmbito da legislaccedilatildeo
municipal e com isso tem alterado as pontuaccedilotildees de avaliaccedilatildeo do PAR O grande desafio eacute
implementar uma gestatildeo educacional pela qual as pessoas possam participar em igualdade de
condiccedilotildees fazendo emergir a sua condiccedilatildeo de sujeitos histoacutericos na busca por uma educaccedilatildeo
de qualidade social para todos e isto soacute seraacute possiacutevel se a gestatildeo for democraacutetica
167
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httpwwwplanaltogovbrccivil_03_ato2007-20102009leil11947htm
177
APEcircNDICE
178
APEcircNDICE A
SERVICcedilO PUacuteBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute
INSTITUTO DE CIEcircNCIAS DA EDUCACcedilAtildeO
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM EDUCACcedilAtildeO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA PARTICIPACcedilAtildeO
EM PESQUISA
Caro(a) colega professor(a)
Venho por meio desse documento convidaacute-lo(a) a participar como voluntaacuterio (a) da pesquisa
supracitada que tem como responsaacutevel a aluna da poacutes-graduaccedilatildeo Heryka Cruz Nogueira que
estaacute sob a orientaccedilatildeo da Profa Dra Dalva Valente Guimaratildees Gutierres do curso de Mestrado
em Educaccedilatildeo da Universidade Federal do Paraacute (UFPA) A pesquisadora pode ser contatada pelo
e-mail herykaueapgmailcom e pelo celular (96) 98121-6399
Apoacutes ser esclarecido(a) sobre a pesquisa no caso de aceitar fazer parte do estudo assine
ao final do documento que estaraacute em duas vias Uma delas eacute sua e a outra do pesquisador
responsaacutevel Em caso de recusa vocecirc natildeo seraacute penalizado de forma alguma Informo que esta
pesquisa segue o que estaacute previsto em termos eacuteticos
TIacuteTULO DA PESQUISA O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS (PAR) E A GESTAtildeO
DA EDUCACcedilAtildeO NA REDE MUNICIPAL DE SANTANAAP
O municiacutepio de SantanaAP foi selecionado para essa pesquisa que tem como objetivo
identificar as implicaccedilotildees do Plano de Accedilotildees Articuladas para a gestatildeo da educaccedilatildeo do
municiacutepio Para realizaccedilatildeo da pesquisa aleacutem dos dados coletados em documentos seraacute
necessaacuterio obter informaccedilotildees por meio de entrevistas que seratildeo gravadas e transcritas
Asseguro ao (agrave) senhor (a) que a pesquisa eacute estritamente cientiacutefica sua identidade seraacute mantida
sob sigilo e anonimato e as informaccedilotildees colhidas seratildeo usadas exclusivamente na pesquisa
supracitada os resultados desta seratildeo publicados apenas em revistas cientiacuteficas e em eventos
cientiacuteficos e estaraacute disponiacutevel a todos os interessados As entrevistas seratildeo gravadas no local de
trabalho do entrevistado e teraacute a duraccedilatildeo de 10 a 25 minutos Utilizarei nomes fictiacutecios para
preservar sua identidade ou ainda apenas a indicaccedilatildeo geneacuterica de ldquoentrevistadordquo ou ldquoprofessorrdquo
Somente seraacute efetivada a entrevista apoacutes a assinatura do termo de consentimento da participaccedilatildeo
179
da pessoa como sujeito da pesquisa O entrevistado tem o direito de a qualquer momento
durante ou apoacutes a entrevista retirar seu consentimento obrigando o pesquisador a natildeo utilizar
as informaccedilotildees porventura registradas ou de natildeo responder perguntas incocircmodas O
entrevistado natildeo incorreraacute em qualquer sanccedilatildeo ou penalidade caso retire o seu consentimento
O entrevistado fica ciente que eacute voluntaacuterio e natildeo receberaacute nenhum incentivo financeiro ou
gratificaccedilatildeo para participar da pesquisa
Desde jaacute agradeccedilo sua valiosa contribuiccedilatildeo para a pesquisa disponibilizando sua
atenccedilatildeo e tempo posto que se sabe dos inuacutemeros compromissos diaacuterios assumidos A
pesquisadora se coloca agrave disposiccedilatildeo para as possiacuteveis duacutevidas ou informaccedilotildees necessaacuterias
Beleacutem 14 de dezembro de 2015
__________________________
Assinatura
Entrevistado ciente __________________________________________________
Assinatura
180
APEcircNDICE B
SERVICcedilO PUacuteBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute
INSTITUTO DE CIEcircNCIAS DA EDUCACcedilAtildeO
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM EDUCACcedilAtildeO
ROTEIRO DE ENTREVISTA
Dimensatildeo Gestatildeo Educacional
Sujeitos a serem entrevistados 01 - Secretaacuterio (a) Municipal de Educaccedilatildeo ou Teacutecnico que
conhece o processo de elaboraccedilatildeo do PAR
I - IDENTIFICACcedilAtildeO
1 Nome ______________________________________________________________
2 Formaccedilatildeo _________________________________________________________________
3 Instituiccedilatildeo ou oacutergatildeo a qual pertence ____________________________________________
4 Cargo ou funccedilatildeo que ocupa na rede municipal de SantanaAP
_________________________________________________________________________
II ndash QUESTOtildeES NORTEADORAS
1 Fale sobre como foi a chegada do PAR no municiacutepio
2 Fale sobre como se deu o diagnoacutestico dos indicadores do PAR
3 Quem participou da implantaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo do PAR E como ocorreu
4 Apoacutes o diagnoacutestico do municiacutepio qual foi o proacuteximo passo da equipe que elaborou o PAR
5 Como eacute realizado o acompanhamentoavaliaccedilatildeo das accedilotildees e sub-accedilotildees do PAR no
municiacutepio
6 Quais os criteacuterios para escolha de diretores escolares no municiacutepio
181
APEcircNDICE C
SERVICcedilO PUacuteBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute
INSTITUTO DE CIEcircNCIAS DA EDUCACcedilAtildeO
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM EDUCACcedilAtildeO
ROTEIRO DE ENTREVISTA
Indicador Conselhos Escolares (CE)
Sujeitos a serem entrevistados 01 - Membro da equipe teacutecnica da Secretaria Municipal de
Educaccedilatildeo que trate dos Conselhos Escolares (2012 a 2015)
I - IDENTIFICACcedilAtildeO
1 Nome ___________________________________________________________________
2 Formaccedilatildeo _________________________________________________________________
3 Instituiccedilatildeosetor ou oacutergatildeo a qual pertence _______________________________________
4 Cargo ou funccedilatildeo que ocupa na rede municipal de SantanaAP
_________________________________________________________________________
II ndash QUESTOtildeES NORTEADORAS
1 Fale como se deu a elaboraccedilatildeo do PAR por parte dos Conselhos Escolares
2 Todas as escolas do municiacutepio tem implantado o Conselho Escolar
3 Fale sobre os criteacuterios de escolha dos diretores escolares
4 Qual a participaccedilatildeo do diretor na composiccedilatildeo do Conselho Escolar
5 Como a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo acompanha a implantaccedilatildeo dos Conselhos
Escolares
182
APEcircNDICE D
SERVICcedilO PUacuteBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute
INSTITUTO DE CIEcircNCIAS DA EDUCACcedilAtildeO
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM EDUCACcedilAtildeO
ROTEIRO DE ENTREVISTA
Indicador Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (CME)
Sujeitos a serem entrevistados 02 - Conselheiros (2012 a 2015)
( ) Membro da equipe teacutecnica da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo (governamental) que
trate do Conselho Municipal
( ) Membro do Conselho Municipal que natildeo seja representante governamental
I - IDENTIFICACcedilAtildeO
1 Nome ______________________________________________________________
2 Formaccedilatildeo _________________________________________________________________
3 Instituiccedilatildeo setor e oacutergatildeo a qual pertence _______________________________________
4 Cargo ou funccedilatildeo que ocupa na rede Municipal de SantanaAP
_________________________________________________________________________
II ndash QUESTOtildeES NORTEADORAS
1 Fale sobre a participaccedilatildeo do CME na elaboraccedilatildeo do PAR
2 Quem compotildee e como se deu a escolha dos conselheiros
3 O CME possui alguma autonomia em relaccedilatildeo as decisotildees da SME na distribuiccedilatildeo dos
recursos financeiros
4 Como o CME tem acompanhado o planejamento e as accedilotildees educacionais no municiacutepio
183
APEcircNDICE E
SERVICcedilO PUacuteBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute
INSTITUTO DE CIEcircNCIAS DA EDUCACcedilAtildeO
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM EDUCACcedilAtildeO
ROTEIRO DE ENTREVISTA
Indicador Conselho Municipal de Alimentaccedilatildeo Escolar (CAE)
Sujeitos a serem entrevistados 02
( ) Membro da equipe teacutecnica da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo representante do CAE
( ) Membro do CAE que seja representante natildeo-governamental
I - IDENTIFICACcedilAtildeO
1 Nome ______________________________________________________________
2 Formaccedilatildeo ____________________________________________________________
3 Instituiccedilatildeosetor ou oacutergatildeo a qual pertence __________________________________
4 Cargo ou funccedilatildeo que ocupa na rede municipal de educaccedilatildeo de SantanaAP
_____________________________________________________________________
II ndash QUESTOtildeES NORTEADORAS
1 Fale sobre como se deu a participaccedilatildeo do CAE na elaboraccedilatildeo do PAR
2 Quem representa o CAE E qual a periodicidade das reuniotildees
3 De que forma o CAE fiscaliza a aplicaccedilatildeo dos recursos financeiros
4 O CAE participou de algum curso de formaccedilatildeo
184
APEcircNDICE F
SERVICcedilO PUacuteBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute
INSTITUTO DE CIEcircNCIAS DA EDUCACcedilAtildeO
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM EDUCACcedilAtildeO
ROTEIRO DE ENTREVISTA
Indicador Comitecirc Local do Compromisso
Sujeitos a serem entrevistados 02
( ) Membro da equipe teacutecnica da SME representante do Comitecirc Local
( ) Membro do Comitecirc Local que seja representante natildeo-governamental
I - IDENTIFICACcedilAtildeO
1 Nome ______________________________________________________________
2 Formaccedilatildeo ____________________________________________________________
3 Instituiccedilatildeosetor ou oacutergatildeo a qual pertence __________________________________
4 Cargo ou funccedilatildeo que ocupa na rede municipal de educaccedilatildeo de SantanaAP
_____________________________________________________________________
II ndash QUESTOtildeES NORTEADORAS
1 Como eacute constituiacutedo o Comitecirc Local
2 Como o Comitecirc local tem feito o trabalho de mobilizaccedilatildeo da comunidade diante do
PAR
185
APEcircNDICE G
SERVICcedilO PUacuteBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute
INSTITUTO DE CIEcircNCIAS DA EDUCACcedilAtildeO
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM EDUCACcedilAtildeO
ROTEIRO DE ENTREVISTA
Indicador Criteacuterios para Escolha de Diretores
Sujeitos a serem entrevistados 01
( ) Membro da equipe teacutecnica ndash Coordenaccedilatildeo de Ensino
I - IDENTIFICACcedilAtildeO
1 Nome ______________________________________________________________
2 Formaccedilatildeo ___________________________________________________________
3 Instituiccedilatildeo ou oacutergatildeo a qual pertence _______________________________________
4 Cargo ou funccedilatildeo que ocupa na rede municipal de SantanaAP
_____________________________________________________________________
II ndash QUESTOtildeES NORTEADORAS
1 Quais os procedimentos e criteacuterios utilizados na escolha do diretor da escola
2 Quais as caracteriacutesticas que a SEMED destacaria como mais relevantes no perfil do
diretor da escola na rede de ensino
3 A Coordenaccedilatildeo de ensino tem participado da elaboraccedilatildeo do PAR Fale sobre como se
deu essa participaccedilatildeo
186
APEcircNDICE H
Relaccedilatildeo de trabalhos sobre o Plano de Accedilotildees Articuladas encontrados nas bases de dados da
ANPAE ANPED e SciELO (2011 e 2015)
ANPAE
SOUSA
Bartolomeu
O Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) como instrumento de planejamento
da educaccedilatildeo o que haacute de novo httpwwwanpaeorgbr
simposio2011cdrom2011PDFs
trabalhosCompletoscomunicacoesRelatos0079pdf
ANPAE
2011
FARENZENA
SCHUCH E
MOSNA
Implementaccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas em Municiacutepios do Rio
Grande Do Sul uma avaliaccedilatildeo Disponiacutevel em
httpwwwanpaeorgbrsimposio2011 cdrom
2011PDFstrabalhosCompletoscomunicacoesRelatos0414pdf
ANPAE
2011
DAMASCENO
Alberto e SANTOS
Eacutemina
Planejando a educaccedilatildeo municipal a experiecircncia do PAR no Paraacute
Disponiacutevel em
httpwwwanpaeorgbrsimposio2011cdrom2011PDFstrabalhosCo
mpletoscomunicacoesRelatos0174pdf
ANPAE
2011
BELLO Isabel
Melero
O Plano De Accedilotildees Articuladas como estrateacutegia organizacional dos
sistemas puacuteblicos de ensino avanccedilos limites e possibilidades 2011
Disponiacutevel em
httpwwwanpaeorgbrsimposio2011cdrom2011PDFstrabalhosCo
mpletoscomunicacoesRelatos0234pdf
ANPAE
2011
RODRIGUES
ARAUacuteJO E
SOUSA
A Gestatildeo Educacional nos Planos de Accedilotildees Articuladas (PAR) de
municiacutepios paraibanos Disponiacutevel em
httpwwwanpaeorgbrsimposio2011cdrom2011PDFstrabalhosCo
mpletoscomunicacoesRelatos0404pdf
ANPAE
2011
OLIVEIRA e
SENNA
O Plano de Accedilotildees Articuladas no contexto do PDE a dimensatildeo gestatildeo
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Pereira e
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PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS (PAR) CONFIGURACcedilOtildeES
DA GESTAtildeO EDUCACIONAL NA REDE DE ENSINO MUNICIPAL
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Heryka Cruz
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Valente G
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O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS AS PRODUCcedilOtildeES
ESCRITAS NO PERIacuteODO DE 2009 A 2013
ANPAE 2015
Maria Isabel Soares
Feitosa e Maria
Alice de M Aranda
O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS NO PROCESSO DE
DISSEMINACcedilAtildeO DA INFORMACcedilAtildeO CIENTIacuteFICA
ANPAE 2015
Severino Vilar de
Albuquerque
GESTAtildeO EDUCACIONAL E QUALIDADE DA EDUCACcedilAtildeO OS
DILEMAS DA IMPLANTACcedilAtildeO DO PLANO DE ACcedilOtildeES
ARTICULADAS (PAR)
ANPAE 2015
Laacutezara Cristina da
Silva
PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS (PAR) E A FORMACcedilAtildeO
DOCENTE DESAFIOS E IMPLICACcedilOtildeES NA REGIAtildeO DO
TRIAcircNGULO MINEIRO PARA A EDUCACcedilAtildeO INCLUSIVA
ANPAE 2015
Amanda Higino F
de Sousa
Gersonita Paulino
de S Cruz
O PLANEJAMENTO EDUCACIONAL DO MUNICIacutePIO DE
NATALRN ATRAVEacuteS DO PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS
(2007-2011) UMA ANAacuteLISE DA DIMENSAtildeO DE PRAacuteTICAS
PEDAGOacuteGICAS E AVALIACcedilAtildeO
ANPAE 2015
Daniela Cunha
Terto
Alda Maria Duarte
A Castro
PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS NO CONTEXTO DO
FEDERALISMO BRASILEIRO ESTRATEacuteGIA DE COOPERACcedilAtildeO
INTERGOVERNAMENTAL
ANPAE 2015
Maria Aparecida R
da Silva Ceacutezar
O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS E A AUTONOMIA DO
MUNICIacutePIO NA GESTAtildeO EDUCACIONAL
ANPAE 2015
Maria Goretti
Cabral Barbalho
Gilneide Maria de
Oliveira Lobo
PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS 2007- 2011 UMA ANAacuteLISE
DA DIMENSAtildeO INFRAESTRUTURA FIacuteSICA E RECURSOS
PEDAGOacuteGICOS EM MOSSOROacuteRN
ANPAE 2015
Marilda Pasqual
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PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS (PAR) E AS CONDICcedilOtildeES DE
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ANPAE 2015
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Controle social na educaccedilatildeo municipal os planos de accedilotildees Articuladas
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Liane Maria
Bernardi
Alexandre Joseacute
Rossi
Lucia Hugo Uczak
Do movimento Todos pela Educaccedilatildeo ao Plano de Accedilotildees Articuladas e
Guia de Tecnologias empresaacuterios interlocutores e clientes do estado
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A implementaccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas no municiacutepio de
Sorocaba - SP limites e possibilidades para efetivaccedilatildeo do regime de
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da-silva-paulo-gomes-limapdf
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O Plano De Accedilatildeo Articulada e o municiacutepio de Portel no Arquipeacutelago de
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SUDEST
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O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS E A FORMACcedilAtildeO DE
PROFESSORES EM SERVICcedilO NA GESTAtildeO DA EDUCACcedilAtildeO
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SciELO
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A propagaccedilatildeo de novos modos de regulaccedilatildeo no sistema educacional
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SciELO 2013
Federalismo e planejamento educacional no exerciacutecio do PAR SciELO 2014
189
ANEXOS
190
DIRETRIZES DO PLANO DE METAS COMPROMISSO TODOS PELA
EDUCACcedilAtildeO
I estabelecer como foco a aprendizagem apontando resultados concretos a atingir
II alfabetizar as crianccedilas ateacute no maacuteximo os oito anos de idade aferindo os resultados por exame perioacutedico
especiacutefico
III acompanhar cada aluno da rede individualmente mediante registro da sua frequecircncia e do seu desempenho em
avaliaccedilotildees que devem ser realizadas periodicamente
IV combater a repetecircncia dadas as especificidades de cada rede pela adoccedilatildeo de praacuteticas como aulas de reforccedilo no
contra turno estudos de recuperaccedilatildeo e progressatildeo parcial
V combater a evasatildeo pelo acompanhamento individual das razotildees da natildeo frequecircncia do educando e sua superaccedilatildeo
VI matricular o aluno na escola mais proacutexima da sua residecircncia
VII ampliar as possibilidades de permanecircncia do educando sob responsabilidade da escola para aleacutem da jornada
regular
VIII valorizar a formaccedilatildeo eacutetica artiacutestica e a educaccedilatildeo fiacutesica
IX garantir o acesso e permanecircncia das pessoas com necessidades educacionais especiais nas classes comuns do
ensino regular fortalecendo a inclusatildeo educacional nas escolas puacuteblicas
X promover a educaccedilatildeo infantil
XI manter programa de alfabetizaccedilatildeo de jovens e adultos
XII instituir programa proacuteprio ou em regime de colaboraccedilatildeo para formaccedilatildeo inicial e continuada de profissionais da
educaccedilatildeo
XIII implantar plano de carreira cargos e salaacuterios para os profissionais da educaccedilatildeo privilegiando o meacuterito a
formaccedilatildeo e a avaliaccedilatildeo do desempenho
XIV valorizar o meacuterito do trabalhador da educaccedilatildeo representado pelo desempenho eficiente no trabalho
dedicaccedilatildeo assiduidade pontualidade responsabilidade realizaccedilatildeo de projetos e trabalhos especializados cursos
de atualizaccedilatildeo e desenvolvimento profissional
XV dar consequumlecircncia ao periacuteodo probatoacuterio tornando o professor efetivo estaacutevel apoacutes avaliaccedilatildeo de preferecircncia
externa ao sistema educacional local
XVI envolver todos os professores na discussatildeo e elaboraccedilatildeo do projeto poliacutetico pedagoacutegico respeitadas as
especificidades de cada escola
XVII incorporar ao nuacutecleo gestor da escola coordenadores pedagoacutegicos que acompanhem as dificuldades
enfrentadas pelo professor
XVIII fixar regras claras considerados meacuterito e desempenho para nomeaccedilatildeo e exoneraccedilatildeo de diretor de escola
XIX divulgar na escola e na comunidade os dados relativos agrave aacuterea da educaccedilatildeo com ecircnfase no Iacutendice de
Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica IDEB referido no art 3o
XX acompanhar e avaliar com participaccedilatildeo da comunidade e do Conselho de Educaccedilatildeo as poliacuteticas puacuteblicas na
aacuterea de educaccedilatildeo e garantir condiccedilotildees sobretudo institucionais de continuidade das accedilotildees efetivas preservando
a memoacuteria daquelas realizadas
XXI zelar pela transparecircncia da gestatildeo puacuteblica na aacuterea da educaccedilatildeo garantindo o funcionamento efetivo
autocircnomo e articulado dos conselhos de controle social
XXII promover a gestatildeo participativa na rede de ensino
XXIII elaborar plano de educaccedilatildeo e instalar Conselho de Educaccedilatildeo quando inexistentes
XXIV integrar os programas da aacuterea da educaccedilatildeo com os de outras aacutereas como sauacutede esporte assistecircncia social
cultura dentre outras com vista ao fortalecimento da identidade do educando com sua escola
XXV fomentar e apoiar os conselhos escolares envolvendo as famiacutelias dos educandos com as atribuiccedilotildees
dentre outras de zelar pela manutenccedilatildeo da escola e pelo monitoramento das accedilotildees e consecuccedilatildeo das metas do
compromisso
191
XXXVI transformar a escola num espaccedilo comunitaacuterio e manter ou recuperar aqueles espaccedilos e equipamentos
puacuteblicos da cidade que possam ser utilizados pela comunidade escolar
XXVII firmar parcerias externas agrave comunidade escolar visando a melhoria da infra-estrutura da escola ou a
promoccedilatildeo de projetos socioculturais e accedilotildees educativas
XXVIII organizar um comitecirc local do Compromisso com representantes das associaccedilotildees de empresaacuterios
trabalhadores sociedade civil Ministeacuterio Puacuteblico Conselho Tutelar e dirigentes do sistema educacional puacuteblico
encarregado da mobilizaccedilatildeo da sociedade e do acompanhamento das metas de evoluccedilatildeo do IDEB
192
ANEXO
PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS ndash 1ordf VERSAtildeO
DIMENSAtildeO 1 GESTAtildeO EDUCACIONAL
193
PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS ndash 1ordf VERSAtildeO
DIMENSAtildeO 2 FORMACcedilAtildeO DE PROFESSORES E DOS PROFISSIONAIS DE SERVICcedilO
E APOIO ESCOLAR
DIMENSAtildeO 3 PRAacuteTICAS PEDAGOacuteGICAS E AVALIACcedilAtildeO
194
PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS ndash 1ordf VERSAtildeO
DIMENSAtildeO 4 INFRA-ESTRUTURA FIacuteSICA E RECURSOS PEDAGOacuteGICOS
195
ANEXO
PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS ndash 2ordf VERSAtildeO
Dimensatildeo 1 ndash Gestatildeo Educacional
Aacuterea 1 - Gestatildeo
Democraacutetica
Articulaccedilatildeo e
Desenvolvimento dos
Sistemas de Ensino
1 Existecircncia acompanhamento e avaliaccedilatildeo do Plano Municipal de
Educaccedilatildeo (PME) desenvolvido com base no Plano Nacional de
Educaccedilatildeo (PNE)
2 Existecircncia composiccedilatildeo competecircncia e atuaccedilatildeo do Conselho
Municipal de Educaccedilatildeo (CME)
3 Existecircncia e funcionamento de conselhos escolares (CE)
4 Existecircncia de projeto pedagoacutegico (PP) nas escolas inclusive nas de
alfabetizaccedilatildeo de jovens e adultos (AJA) e de educaccedilatildeo de jovens e
adultos (EJA) participaccedilatildeo dos professores e do conselho escolar na sua
elaboraccedilatildeo orientaccedilatildeo da secretaria municipal de educaccedilatildeo e
consideraccedilatildeo das especificidades de cada escola
5 Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho do Fundo de Manutenccedilatildeo e
Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos
Profissionais da Educaccedilatildeo (Fundeb)
6 Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar (CAE)
7 Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromisso
Aacuterea 2 ndash Gestatildeo de
pessoas
1 Quadro de servidores da secretaria municipal de educaccedilatildeo (SME)
2 Criteacuterios para escolha da direccedilatildeo escolar
3 Presenccedila de coordenadores ou supervisores pedagoacutegicos nas escolas
4 Quadro de professores
5 Estaacutegio probatoacuterio efetivando os professores e outros profissionais da
Educaccedilatildeo
6 Plano de carreira para o magisteacuterio
7 Plano de carreira dos profissionais de serviccedilo e apoio escolar
8 Piso salarial nacional do professor
9 Existecircncia de professores para o exerciacutecio da funccedilatildeo docente no
atendimento educacional especializado (AEE) complementar ao ensino
regular
Aacuterea 3 ndash Conhecimento
e utilizaccedilatildeo de
informaccedilatildeo
1 Existecircncia de um sistema informatizado de gestatildeo escolar que integre
a rede municipal de ensino
2 Conhecimento da situaccedilatildeo das escolas da rede
3 Conhecimento e utilizaccedilatildeo dos dados de analfabetismo e escolaridade
de jovens e adultos
4 Acompanhamento e registro da frequecircncia dos alunos beneficiados
pelo Programa Bolsa Famiacutelia (PBF)
5 Existecircncia de monitoramento do acesso e permanecircncia de pessoas
com deficiecircncia de 0 a 18 anos beneficiaacuterias do Benefiacutecio da Prestaccedilatildeo
Continuada (BPC) 6 Formas de registro da frequecircncia
Aacuterea 4 ndash Gestatildeo de
financcedilas
1 Existecircncia de equipe gestora capacitada para o gerenciamento dos
recursos para a Educaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo do Sistema de Informaccedilotildees sobre
Orccedilamentos Puacuteblicos em Educaccedilatildeo (Siope)
2 Cumprimento do dispositivo constitucional de vinculaccedilatildeo dos
recursos da Educaccedilatildeo
3 Aplicaccedilatildeo dos recursos de redistribuiccedilatildeo e complementaccedilatildeo do Fundo
de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de
Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo (Fundeb)
196
Aacuterea 5 ndash Comunicaccedilatildeo
e interaccedilatildeo com a
sociedade
1 Divulgaccedilatildeo e anaacutelise dos resultados das avaliaccedilotildees oficiais do MEC
2 Existecircncia de parcerias externas para realizaccedilatildeo de atividades
complementares que visem agrave formaccedilatildeo integral dos alunos
3 Relaccedilatildeo com a comunidade promoccedilatildeo de atividades e utilizaccedilatildeo da
escola como espaccedilo comunitaacuterio Total de aacutereas 05 28 indicadores
Dimensatildeo 2 ndash Formaccedilatildeo de Professores e de Profissionais de Serviccedilo e Apoio Escolar
Aacuterea 1 Formaccedilatildeo
Inicial de Professores
da Educaccedilatildeo Baacutesica
1 Habilitaccedilatildeo dos professores que atuam nas creches
2 Habilitaccedilatildeo dos professores que atuam na preacute-escola
3 Habilitaccedilatildeo dos professores que atuam nos anosseacuteries iniciais do
ensino fundamental incluindo professores da educaccedilatildeo de jovens e
adultos (EJA)
4 Habilitaccedilatildeo dos professores que atuam nos anosseacuteries finais do
ensino fundamental incluindo professores da educaccedilatildeo de jovens e
adultos (EJA)
Aacuterea 2 Formaccedilatildeo
Continuada de
Professores da
Educaccedilatildeo Baacutesica
1 Existecircncia e implementaccedilatildeo de poliacuteticas para a formaccedilatildeo continuada
de professores que atuam na educaccedilatildeo infantil
2 Existecircncia e implementaccedilatildeo de poliacuteticas para a formaccedilatildeo continuada
de professores que visem qualificar a praacutetica de ensino da leituraescrita
da Matemaacutetica e dos demais componentes curriculares nos anosseacuteries
iniciais do ensino fundamental incluindo professores da educaccedilatildeo de
jovens e adultos (EJA)
3 Existecircncia e implementaccedilatildeo de poliacuteticas para a formaccedilatildeo continuada
de professores que visem agrave melhoria da qualidade de aprendizagem de
todos os componentes curriculares nos anosseacuteries finais do ensino
fundamental incluindo professores da educaccedilatildeo de jovens e adultos
(EJA)
4 Existecircncia e implementaccedilatildeo de poliacuteticas para a formaccedilatildeo continuada
de professores que visem ao desenvolvimento de praacuteticas educacionais
inclusivas na classe comum em todas as etapas e modalidades Aacuterea 3 Formaccedilatildeo de
professores da
Educaccedilatildeo Baacutesica para
atuaccedilatildeo em educaccedilatildeo
especial escolas do
campo comunidades
quilombolas ou
indiacutegenas
1 Formaccedilatildeo dos professores da educaccedilatildeo baacutesica que atuam no
atendimento educacional especializado (AEE)
2 Formaccedilatildeo dos professores que atuam em escolas do campo
3 Formaccedilatildeo dos professores que atuam em escolas de comunidades
quilombolas
4 Qualificaccedilatildeo dos professores que atuam em escolas de comunidades
indiacutegenas
Aacuterea 4 Formaccedilatildeo de
professores da
educaccedilatildeo baacutesica para
cumprimento das Leis
979599 1063903
1152507 e 1164508
1 Existecircncia e implementaccedilatildeo de poliacuteticas para a formaccedilatildeo de
professores visando ao cumprimento das Leis 979599 1063903
1152507 e 1164508
Aacuterea 5 Formaccedilatildeo de
Profissionais da
Educaccedilatildeo e Outros
Representantes da
Comunidade Escolar
1 Participaccedilatildeo dos gestores de unidades escolares em programas de
formaccedilatildeo especiacutefica
2 Existecircncia e implementaccedilatildeo de poliacuteticas para formaccedilatildeo continuada
das equipes pedagoacutegicas
3 Participaccedilatildeo de gestores equipes pedagoacutegicas profissionais de
serviccedilos e apoio escolar em programas de formaccedilatildeo para a educaccedilatildeo
inclusiva
197
4 Participaccedilatildeo dos profissionais de serviccedilo e apoio escolar e de outros
representantes da comunidade escolar em programas de formaccedilatildeo
especiacutefica
Total de aacutereas 05 17 indicadores
Dimensatildeo 3 ndash Praacuteticas Pedagoacutegicas e Avaliaccedilatildeo
Aacuterea 1 Organizaccedilatildeo da
Rede de Ensino
1 Implantaccedilatildeo e organizaccedilatildeo do ensino fundamental de 9 anos
2 Implantaccedilatildeo e organizaccedilatildeo do ensino obrigatoacuterio dos 4 aos 17 anos
3 Existecircncia de poliacutetica de educaccedilatildeo em tempo integral atividades que
ampliam a jornada escolar do estudante para no miacutenimo sete horas
diaacuterias nos cinco dias por semana
4 Poliacutetica de correccedilatildeo de fluxo
5 Existecircncia de accedilotildees para a superaccedilatildeo do abandono e da evasatildeo escolar
6 Atendimento agrave demanda de educaccedilatildeo de jovens e adultos (EJA)
7 Oferta do atendimento educacional especializado (AEE)
complementar ou suplementar agrave escolarizaccedilatildeo
Aacuterea 2 Organizaccedilatildeo das
praacuteticas pedagoacutegicas
1 Existecircncia de proposta curricular para a rede de ensino
2 Processo de escolha do livro didaacutetico
3 Existecircnciaadoccedilatildeo de metodologias especiacuteficas para a alfabetizaccedilatildeo
4 Existecircncia de programas de incentivo agrave leitura para o professor e o
aluno incluindo a educaccedilatildeo de jovens e adultos (EJA)
5 Estiacutemulo agraves praacuteticas pedagoacutegicas fora do espaccedilo escolar com
ampliaccedilatildeo das oportunidades de aprendizagem
6 Reuniotildees pedagoacutegicas e horaacuterios de trabalhos pedagoacutegicos para
discussatildeo dos conteuacutedos e metodologias de ensino
Aacuterea 3 Avaliaccedilatildeo da
Aprendizagem dos
Alunos e Tempo para
Assistecircncia
IndividualColetiva aos
Alunos que Apresentam
Dificuldade de
Aprendizagem
1 Formas de avaliaccedilatildeo da aprendizagem dos alunos
2 Utilizaccedilatildeo do tempo para assistecircncia individual coletiva aos alunos
que apresentam dificuldade de aprendizagem
Total de aacutereas 03 15 indicadores
Dimensatildeo 4 ndash Infraestrutura Fiacutesica e Recursos Pedagoacutegicos
Aacuterea 1 Instalaccedilotildees
fiacutesicas da secretaria
municipal de educaccedilatildeo
1 Condiccedilotildees da infraestrutura fiacutesica existente da secretaria municipal de
educaccedilatildeo
2 Condiccedilotildees de mobiliaacuterio e equipamentos da secretaria municipal de
educaccedilatildeo
Aacuterea 2 Condiccedilotildees da
rede fiacutesica escolar
existente
1 Biblioteca instalaccedilotildees e espaccedilo fiacutesico
2 Acessibilidade arquitetocircnica nos ambientes escolares
3 Infraestrutura fiacutesica existente condiccedilotildees das unidades escolares que
ofertam a educaccedilatildeo infantil na aacuterea urbana
4 Infraestrutura fiacutesica existente condiccedilotildees das unidades escolares que
ofertam a educaccedilatildeo infantil no campo comunidades indiacutegenas eou
quilombolas
5 Infraestrutura fiacutesica existente condiccedilotildees das unidades escolares que
ofertam o ensino fundamental na aacuterea urbana
198
6 Infraestrutura fiacutesica existente condiccedilotildees das unidades escolares que
ofertam o ensino fundamental no campo comunidades indiacutegenas eou
quilombolas
7 Necessidade de novos preacutedios escolares existecircncia de preacutedios
escolares para atendimento agrave demanda da educaccedilatildeo infantil na aacuterea
urbana
8 Necessidade de novos preacutedios escolares existecircncia de preacutedios
escolares para atendimento agrave demanda da educaccedilatildeo infantil no campo
comunidades indiacutegenas eou quilombolas
9 Necessidade de novos preacutedios escolares existecircncia de preacutedios
escolares para atendimento agrave demanda do ensino fundamental na aacuterea
urbana
10 Necessidade de novos preacutedios escolares existecircncia de preacutedios
escolares para atendimento agrave demanda do ensino fundamental no campo
comunidades indiacutegenas eou quilombolas
11 Condiccedilotildees de mobiliaacuterio e equipamentos escolares quantidade
qualidade e acessibilidade
12 Existecircncia de transporte escolar para alunos da rede atendimento agrave
demanda agraves condiccedilotildees de qualidade e de acessibilidade
Aacuterea 3 Uso de
Tecnologias
1 Existecircncia e funcionalidade dos laboratoacuterios de Ciecircncias e de
Informaacutetica nas escolas de ensino fundamental
2 Existecircncia de computadores ligados agrave rede mundial de computadores
e utilizaccedilatildeo de recursos de Informaacutetica para atualizaccedilatildeo de conteuacutedos e
realizaccedilatildeo de pesquisas
3 Existecircncia de sala de recursos multifuncionais e utilizaccedilatildeo para o
atendimento educacional especializado (AEE)
4 Utilizaccedilatildeo de processos ferramentas e materiais de natureza
pedagoacutegica preacute-qualificados pelo MEC
Aacuterea 4 Recursos
pedagoacutegicos para o
desenvolvimento de
praacuteticas pedagoacutegicas que
considerem a
diversidade das
demandas educacionais
1 Existecircncia suficiecircncia diversidade e acessibilidade do acervo
bibliograacutefico (de referecircncia e literatura)
2 Existecircncia suficiecircncia diversidade e acessibilidade de materiais
pedagoacutegicos
3 Suficiecircncia diversidade e acessibilidade dos equipamentos e
materiais esportivos
4 Produccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de materiais didaacuteticos para a educaccedilatildeo de jovens
e adultos (EJA) e para a diversidade Total de aacutereas 04 22 indicadores
Dados Internacionais de Catalogaccedilatildeo-na-Publicaccedilatildeo (CIP)
Sistema de Bibliotecas da UFPA
Nogueira Heryka Cruz 1979-
O Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) e suas implicaccedilotildees para a
gestatildeo da educacatildeo na rede municipal de educaccedilatildeo de SantanaAP
Heryka Cruz Nogueira - 2016
Orientadora Dalva Valente Guimaratildees Gutierres Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Universidade Federal do Paraacute
Instituto de Ciecircncias da Educaccedilatildeo Programa de Poacutes-
Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Beleacutem 2016
1 Escolas - Organizaccedilatildeo e administraccedilatildeo - Santana (AP) 2
Escolas municipais - Avaliaccedilatildeo
- Santana (AP) 3 Educaccedilatildeo e Estado I Tiacutetulo
CDD 22 ed 3712098116
HERYKA CRUZ NOGUEIRA
O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS (PAR) E SUAS IMPLICACcedilOtildeES PARA A
GESTAtildeO DA EDUCACcedilAtildeO NA REDE MUNICIPAL DE EDUCACcedilAtildeO DE
SANTANAAP
Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em
Educaccedilatildeo da Universidade Federal do Paraacute ndash UFPA como
requisito para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Educaccedilatildeo
Orientadora Profa Dra Dalva Valente Guimaratildees Gutierres
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________________
Profa Dra Dalva Valente Guimaratildees Gutierres
Universidade Federal do Paraacute - UFPA
(Orientadora)
_______________________________________________
Profa Dra Vera Luacutecia Jacob Chaves
Universidade Federal do Paraacute - UFPA
(Examinador Interno)
_______________________________________________
Profa Dra Luciane Terra dos Santos Garcia
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
(Examinador Externo)
_______________________________________________
Profa Dra Arlete Maria Monte Camargo
Universidade Federal do Paraacute - UFPA
(Examinador Interno - Suplente)
______________________________________________
Profa Dra Magna Franccedila
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
(Examinador Externo - Suplente)
Dissertaccedilatildeo aprovada em 24 de Junho de 2016
BELEacuteM-PA
2016
O capitalismo eacute ndash em sua anaacutelise final ndash incompatiacutevel com a
democracia se por ldquodemocraciardquo entendemos tal como o indica sua
significaccedilatildeo literal o poder popular ou o governo do povo Natildeo existe
um capitalismo governado pelo poder popular no qual o desejo das
pessoas seja privilegiado ao dos imperativos do ganho e da
acumulaccedilatildeo e no qual os requisitos da maximizaccedilatildeo do benefiacutecio natildeo
ditem as condiccedilotildees mais baacutesicas de vida O capitalismo eacute
estruturalmente antiteacutetico em relaccedilatildeo agrave democracia (WOOD 2006 p
382)
AGRADECIMENTOS
Agrave DEUS que me concede o dom da vida e estaacute sempre guiando os meus passos
iluminando os meus caminhos e tramando a minha existecircncia
Agrave minha famiacutelia pelo amor muacutetuo e incondicional aqui me refiro ao meu pai
LAEcircNIO NOGUEIRA exemplo de homem dedicado inteligente esforccedilado e de grande
coraccedilatildeo um ser humano espetacular A minha matildee SOCORRO CRUZ pela dedicaccedilatildeo e
incentivo mesmo sabendo que o caminho que escolhi natildeo seria faacutecil Aos meus irmatildeos LAENIO
JUacuteNIOR e BRUNO NOGUEIRA pelo carinho
Destaco aqui um agradecimento especial a minha orientadora a Dra DALVA
VALENTE GUIMARAtildeES GUTIERRES pela acolhida pelo carinho pela rigorosidade teoacuterica
e pelas valiosiacutessimas contribuiccedilotildees que dispensou a esse trabalho
A Profa Dra VERA LUacuteCIA JACOB CHAVES pelas contribuiccedilotildees decisivas na
banca de qualificaccedilatildeo e de defesa desta dissertaccedilatildeo Suas orientaccedilotildees materializadas em elogios
e criacuteticas foram fundamentais para a finalizaccedilatildeo deste estudo
A Profa Dra ODETE CRUZ MENDES pelo compartilhamento de experiecircncias no
estudo sobre a gestatildeo educacional as suas observaccedilotildees muito contribuiacuteram para a maturaccedilatildeo
da temaacutetica
A Profa Profa Dra LUCIANE TERRA DOS SANTOS GARCIA da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte por ter aceitado o convite de participar da banca de defesa e
pelas valiosas contribuiccedilotildees
A todos os MEUS PROFESSORES do Instituto de Ciecircncias da Educaccedilatildeo
vinculados ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da UFPA que com seus valiosos
ensinamentos de alguma forma contribuiacuteram para a construccedilatildeo desse trabalho
A UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute por oportunizar cursos de poacutes-
graduaccedilatildeo Stricto Sensu e contribuir para a melhoria da educaccedilatildeo no Norte do paiacutes
Aos meus COLEGAS DA TURMA DO MESTRADO 2014 os quais
compartilhamos anguacutestias incertezas duacutevidas mas tambeacutem alegrias
A Profa Dra ILMA BARLETA da UNIFAP pela troca de experiecircncias sobre a
Gestatildeo Educacional no PAR
Aos companheiros do GEPESUFPA e do GEFINUFPA por todo aprendizado que
compartilhamos nesse dois anos
Um agradecimento especial aos servidores da SECRETARIA MUNICIPAL DE
EDUCACcedilAtildeO DE SANTANAAP e aos Conselheiros que fazem a Educaccedilatildeo do municiacutepio de
Santana e que compreendem a importacircncia das possiacuteveis contribuiccedilotildees para o municiacutepio de um
estudo aprofundado sobre a gestatildeo educacional os meus agradecimentos
A DEISIANNE CASTRO pela companhia e que junto comigo viveu a expectativa
dessa conquista
A MARINEIDE ALMEIDA e JOSINETE ALMEIDA pelas conversas pela troca
de experiecircncias e por me ceder estadia sem essa ajuda natildeo seria possiacutevel concluir o mestrado
na cidade de Beleacutem do Paraacute
Por fim agradeccedilo a todos que de alguma forma contribuiacuteram direta ou
indiretamente para o longo doloroso e excitante processo de elaboraccedilatildeo deste texto
RESUMO
Este estudo analisa o Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) e as suas implicaccedilotildees para a gestatildeo educacional
na rede municipal de SantanaAP na perspectiva de analisar seus efeitos na democratizaccedilatildeo da gestatildeo
com ecircnfase nas diferentes concepccedilotildees de gestatildeo utilizadas em acircmbito educacional municipal tendo
como paracircmetro a organizaccedilatildeo da educaccedilatildeo atual em um contexto permeado de mudanccedilas na estrutura
administrativa do paiacutes originadas a partir do Plano de Reforma do Estado Brasileiro nos anos de 1990
que propotildee accedilotildees de organizaccedilatildeo do Estado e de gestatildeo gerencial voltadas para atender os anseios de
uma sociedade capitalista Partiu-se do pressuposto de que a gestatildeo democraacutetica da educaccedilatildeo natildeo pode
ser vista em abstrato e portanto no sistema capitalista a participaccedilatildeo a descentralizaccedilatildeo e a autonomia
que satildeo elementos constitutivos da democracia ganham nuances contraditoacuterias Como metodologia
utilizou-se a anaacutelise documental e entrevistas semiestruturadas com a equipe gestora da rede municipal
de educaccedilatildeo de Santana ndash Amapaacute a Equipe Teacutecnica Local de elaboraccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas
(PAR) integrantes do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar do
Conselho Escolar do Conselho do FUNDEB e diretor escolar A intenccedilatildeo foi analisar a Dimensatildeo
Gestatildeo Educacional do PAR focalizando a Aacuterea ldquoGestatildeo democraacuteticardquo a partir de seis Indicadores
Existecircncia de Conselhos Escolares Existecircncia composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho Municipal de
Educaccedilatildeo Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do
Conselho do Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos
Profissionais da Educaccedilatildeo Criteacuterios para escolha da Direccedilatildeo Escolar e Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc
Local do Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo Os resultados obtidos evidenciou a histoacuterica fragilidade
da democratizaccedilatildeo da gestatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana pois os mecanismos que poderiam
viabilizar a participaccedilatildeo a descentralizaccedilatildeo e a autonomia que satildeo os conselhos municipais de controle
social tem funcionado precariamente Os criteacuterios de escolha de diretores excluem as formas
democraacuteticas de participaccedilatildeo da comunidade escolar como a eleiccedilatildeo e favorecem as praacuteticas
centralizadoras de nomeaccedilatildeo A gestatildeo dos recursos financeiros da educaccedilatildeo eacute centralizada na prefeitura
municipal dificultando a participaccedilatildeo da populaccedilatildeo no controle social Com o PAR houve expansatildeo do
nuacutemero de Conselhos escolares o que pode potencializar a participaccedilatildeo dos sujeitos no controle social
dos recursos e outras formas de descentralizaccedilatildeo das decisotildees Isso a depender da correlaccedilatildeo de forccedilas
locais historicamente permeada por formas patrimonialistas de gestatildeo que com o PAR ganharam
nuances de gerencialismo
PALAVRAS-CHAVE Gestatildeo Educacional Plano de Accedilotildees Articuladas Poliacutetica Educacional Rede
Municipal de Ensino de Santana - Amapaacute
ABSTRACT
This study analyses the Articulated Plan of Actions (PAR) and its implications for the educational
management in the municipal network of Santana in the State of Amapaacute with a view to analyze its
effects in the democratization of the management emphasizing the different conceptions of the
management used in the sphere of municipal education having as baseline the organization of the
current education in a context permeated of changes in the administrative structure of the country
originated from the Reform Plan of the Brazilian State in the years of 1990 that propose actions of
organization of the State and of management oriented to serve the expectations of a capitalist society
It is assumed that the democratic management of the education cannot be sight in an abstract way and
therefore in the capitalist system the participation the decentralization and the autonomy that are
constitutive elements of the democracy they get contradictory nuances It was used as methodology the
documental analyze and the semi structured interview with the team manager of the municipal network
of the education in Santana ndash Amapaacute ndash the technical local Team of elaboration of the Articulated Plan
of Actions (PAR) the participating of the Municipal Council of Education the School Council the Fund
for Maintenance and Development of Basic School and Valorization of Professionals (FUNDEB) and
School Director The purpose was to analyze the Dimension School Management of PAR focusing at
the area ldquoDemocratic Managementrdquo from six indicators existence of schools councils existence
composition and operation of the Municipal Education Council composition and operation of the
School Meals Council composition and operation of the Fund for Maintenance and Development of
Basic School and Valorization of Professionals criteria for the choice of the school director and the
existence and operation of the local committee of the All for Education Commitment The results
obtained put in evidence the historic fragility of the democratization of the education management in
Santana City because the mechanism that could permit the participation the decentralization and the
autonomy that are the municipal education councils they have been worked precariously The criteria
of choice of the directors exclude the democratic manners of participation of the school community as
the election for example and they promote the centralized practices of appointment The management
of the financial resources of the education is centralized at the municipal government turning the
participation of the population in the social control more and more difficult There was expansion of the
number of school councils which can ramp up the participation of individuals in the social control of
the resources and other ways of decentralization of the decisions It depends of the correlation of local
forces historically permeated for patrimonial manners of management that get with PAR a
manageralism nuance
KEY-WORDS Educational Management Articulated Plan of Actions Educational Policy Municipal
Network Learning of Santana ndash Amapaacute
LISTA DE QUADROS
Quadro 01 - Sujeitos da pesquisa 30
Quadro 02 - Funccedilotildees e objetivos do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo 63
Quadro 03 - Composiccedilatildeo do FUNDEB por esfera administrativa 72
Quadro 04 - Eixos de Accedilatildeo do Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo 82
Quadro 05 - Descriccedilatildeo das atribuiccedilotildees do MEC e do Municiacutepio na execuccedilatildeo do PAR municipal
92
Quadro 06 - Descriccedilatildeo dos documentos orientadores para elaboraccedilatildeo do PAR 95
Quadro 07 - Dimensatildeo 1 Gestatildeo Educacional (1ordf Versatildeo do PAR) 97
Quadro 08 - Dimensatildeo 1 Gestatildeo Educacional (2ordf Versatildeo do PAR) 98
Quadro 09 - Santana Secretaacuterios Municipais de Educaccedilatildeo (2005 ndash 2015) 98
Quadro 10 - Pontuaccedilatildeo dos Indicadores da gestatildeo democraacutetica do 1ordm e 2ordm PAR 140
Quadro 11 - Santana Diagnoacutestico do indicador do Conselho Escolar 142
Quadro 12 - Santana Receitas do PDDE por programa para as escolas da rede municipal
(2007 ndash 2014) 145
Quadro 13 - Santana Diagnoacutestico do indicador Conselho Municipal de Educaccedilatildeo 148
Quadro 14 - Santana Composiccedilatildeo do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo 150
Quadro 15 - Santana Diagnoacutestico do indicador do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar 151
Quadro 16 - Santana Diagnoacutestico do indicador do Conselho do Conselho do FUNDEB 154
Quadro 17 - Santana Composiccedilatildeo do CACS e FUNDEB 155
Quadro 18 - Santana Diagnoacutestico do Indicador Criteacuterios para a Escolha de Diretores 157
Quadro 19 - Santana Diagnoacutestico do indicador Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do
Compromisso 158
Quadro 20 - Santana Composiccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromisso 159
LISTA DE TABELAS
Tabela 01 - Produccedilatildeo escrita sobre o Plano de Accedilotildees Articuladas de 2009 a 2015 22
Tabela 02 - Nordm de Publicaccedilotildees sobre o Plano de Accedilotildees Articuladas por temaacutetica e fonte no
periacuteodo 2009 a 2015 22
Tabela 03 - Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica no Brasil (2005 a 2013) 89
Tabela 04 - Quantidade de Indicadores Aacuterea e Dimensotildees no 1ordm PAR (2007 - 2010) 91
Tabela 05 - Quantidade de Indicadores Aacuterea e Dimensotildees no 2ordm PAR (2011 - 2014) 92
Tabela 06 - Santana IDHM e seus componentes nas suas duas uacuteltimas deacutecadas 111
Tabela 07 - Dados gerais em relaccedilatildeo aos municiacutepios do estado do Amapaacute 111
Tabela 08 - Santana Matriacuteculas na educaccedilatildeo baacutesica por esfera administrativa 121
Tabela 09 - Santana IDEB do ensino fundamental (anos iniciais) em relaccedilatildeo ao estado
do Amapaacute e ao Brasil (2005 ndash 2013) 122
Tabela 10 - Santana Receitas de Impostos Proacuteprios 124
Tabela 11 - Santana Receitas do FUNDEB (2007 ndash 2014) 125
Tabela 12 - Santana Receitas do Salaacuterio Educaccedilatildeo e dos Programas do FNDE 129
Tabela 13 - Santana Receitas decorrentes do PAR (2009 ndash 2014) 129
Tabela 14 - Santana Despesas com a Funccedilatildeo Educaccedilatildeo (2007 ndash 2014) 133
Tabela 15 - Santana Miacutenimo de Aplicaccedilatildeo em MDE (2007 ndash 2014) 133
Tabela 16 - Santana Miacutenimo de Aplicaccedilatildeo do FUNDEB em remuneraccedilatildeo de professores134
Tabela 17 - Santana Siacutentese das pontuaccedilotildees das Dimensotildees do 1ordm PAR 138
Tabela 18 - Santana Siacutentese das pontuaccedilotildees das Dimensotildees do 2ordm PAR 139
Tabela 19 - Santana Total de Recursos do PDDE recebidos pelas Caixas Escolares da
Rede municipal no periacuteodo de 2007-2014 147
LISTA DE FIGURAS E GRAacuteFICOS
Figura 01 - Vista do municiacutepio de Santana-Amapaacute 102
Figura 02 - Monumento em homenagem a Santa Ana na entrada do municiacutepio 104
Figura 03 - Localizaccedilatildeo do municiacutepio de Santana no Estado do Amapaacute 105
Figura 04 - Localizaccedilatildeo Estrateacutegica do Porto de Santana para exportaccedilatildeo para outros paiacuteses
105
Figura 05 - Porto de Santana para importaccedilatildeo e exportaccedilatildeo 108
Figura 06 - Ferrovia que liga Santana a Serra do Navio para o transporte de mineacuterios 109
Figura 07 - Foto da sede da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de Santana 115
Figura 08 - Estrutura organizacional dos oacutergatildeos da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo (SEME)
116
Graacutefico 01 - Santana Nordm de escolas da rede municipal de ensino 2007-2014 119
Graacutefico 02 - Santana Nuacutemero de docentes atuando na rede municipal de ensino 2007-2014
120
Graacutefico 03 - SANTANA Receitas da Educaccedilatildeo em relaccedilatildeo as despesas com a funccedilatildeo educaccedilatildeo
- 2009 131
Graacutefico 04 - SANTANA Receitas da Educaccedilatildeo em relaccedilatildeo as despesas com a funccedilatildeo educaccedilatildeo
ndash 2013 132
Graacutefico 05 - Total de repasses do PDDE para as escolas da rede municipal 2007 ndash 2014 146
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ALCMS - Aacuterea de Livre Comeacutercio de Macapaacute e Santana
ANDES ndash Sindicato Nacional dos Docentes das Instituiccedilotildees de Ensino Superior
ANPAE - Associaccedilatildeo Nacional de Poliacutetica e Administraccedilatildeo da Educaccedilatildeo
ANPED - Associaccedilatildeo Nacional de Poacutes-Graduaccedilatildeo e Pesquisa em Educaccedilatildeo
AP - Amapaacute
BIRD - Banco Interamericano de Desenvolvimento
BM - Banco Mundial
CAE - Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar
CBE - Conferecircncia Brasileira de Educaccedilatildeo
CE - Conselho Escolar
CF - Constituiccedilatildeo Federal do Brasil
CME - Conselho Municipal de Educaccedilatildeo
CNE - Conselho Nacional de Educaccedilatildeo
CONSU - Conselho Superior Universitaacuterio
EEXs - Entidades Executoras
EF - Ensino Fundamental
EI - Educaccedilatildeo Infantil
ENADE - Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes
ENEM - Exame Nacional do Ensino Meacutedio
FHC - Fernando Henrique Cardoso
FMI - Fundo Monetaacuterio Internacional
FNDE - Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo
FNDEP - Foacuterum Nacional em Defesa da Escola Puacuteblica na LDB
FPM ndash Fundo de Participaccedilatildeo dos Municiacutepios
FUNDEB - Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo
dos Profissionais da Educaccedilatildeo
FUNDEF - Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorizaccedilatildeo
do Magisteacuterio
GEFIN - Grupo de Estudos em Financiamento da Educaccedilatildeo
GEPES - Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Ensino Superior
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
ICMS - Imposto sobre Circulaccedilatildeo de Mercadorias e Serviccedilos
ICOMI - Induacutestria e Comeacutercio de Mineacuterios
IDEB - Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica
IDH - Iacutendice de Desenvolvimento Humano
INEP - Iacutendice Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira
LDBN - Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional
LOM - Lei Orgacircnica do Municiacutepio
LRF - Lei de Responsabilidade Fiscal
MARE - Ministeacuterio da Administraccedilatildeo e Reforma do Estado
MEC - Ministeacuterio da Educaccedilatildeo
OBEDUC - Programa Observatoacuterio da Educaccedilatildeo
OCDE - Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo e o Desenvolvimento Econocircmico
ONG - Organizaccedilatildeo Natildeo-Governamental
PBA - Programa Brasil Alfabetizado
PAC - Plano de Aceleraccedilatildeo do Crescimento
PAR - Plano de Accedilotildees Articuladas
PCEMS - Plano de Carreiras da Educaccedilatildeo do Municiacutepio de Santana
PCNs - Paracircmetros Curriculares Nacionais
PDE - Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo
PDRAE - Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado
PDDE - Programa Dinheiro Direto na Escola
PIB - Produto Interno Bruto
PME - Plano Municipal da Educaccedilatildeo
PMS ndash Prefeitura Municipal de Santana
PMCTE - Plano de Metas Compromisso Todos Pela Educaccedilatildeo
PNAE - Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar
PNATE - Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar
PNE - Plano Nacional da Educaccedilatildeo
PNUD - Programa das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento
PSE - Programa Nacional de Sauacutede Escolar
SAEB - Sistema Nacional de Educaccedilatildeo Baacutesica
SECADI - Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo Diversidade e Inclusatildeo
SEME - Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de Santana
SFCI - Secretaria Federal de Controle Interno
SINDUEAP - Sindicato dos Docentes da Universidade do Estado do Amapaacute
SIMEC - Sistema Integrado de Monitoramento Execuccedilatildeo e Controle
SIOPE - Sistema de Informaccedilotildees sobre Orccedilamentos Puacuteblicos em Educaccedilatildeo
SUFRAMA - Superintendecircncia da Zona Franca de Manaus
TPE - Todos Pela Educaccedilatildeo
TCU - Tribunal de Contas da uniatildeo
UEXs - Unidades Executoras
UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte
UFU - Universidade Federal de Uberlacircndia
UEAP - Universidade do Estado do Amapaacute
UNDIME - Uniatildeo Nacional dos Dirigentes Municipais em Educaccedilatildeo
UNCME - Uniatildeo Nacional dos Conselhos Municipais de Educaccedilatildeo
UNESCO - Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a Educaccedilatildeo a Ciecircncia e a Cultura
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO 16
11 A POLIacuteTICA DE GESTAtildeO DA EDUCACcedilAtildeO NO BRASIL 33
11 O CAPITALISMO E CRISE 33
12 A REFORMA DO ESTADO BRASILEIRO E SUAS IMPLICACcedilOtildeES PARA A GESTAtildeO
DA EDUCACcedilAtildeO 41
121 As poliacuteticas educacionais no Brasil e a gestatildeo da educaccedilatildeo 46
13 DESCENTRALIZACcedilAtildeO AUTONOMIA E PARTICIPACcedilAtildeO MECANISMOS DE
DEMOCRATIZACcedilAtildeO DAS ESTRUTURAS DE PODER 51
131 Descentralizaccedilatildeo 51
132 Autonomia 54
133 Participaccedilatildeo 56
14 OS CONSELHOS DE CONTROLE SOCIAL COMO MECANISMOS DE
DEMOCRATIZACcedilAtildeO DA GESTAtildeO EDUCACIONAL 58
141 O Conselho Municipal de Educaccedilatildeo 61
142 O Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar 63
143 Os Conselhos Escolares 67
144 O Conselho de Acompanhamento e Controle Social do FUNDEB 70
15 OS CRITEacuteRIOS PARA A ESCOLHA DE DIRETOR ESCOLAR 74
2 A GESTAtildeO EDUCACIONAL NO CONTEXTO DO PLANO DE
DESENVOLVIMENTO DA EDUCACcedilAtildeO (PDE) DO PLANO DE METAS
COMPROMISSO TODOS PELA EDUCACcedilAtildeO E DO PLANO DE ACcedilOtildeES
ARTICULADAS 79
21 A GESTAtildeO EDUCACIONAL E O PLANO DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCACcedilAtildeO
(PDE) 79
22 A GESTAtildeO EDUCACIONAL E O PLANO DE METAS COMPROMISSO TODOS PELA
EDUCACcedilAtildeO (PMCTE) 84
23 A GESTAtildeO EDUCACIONAL E O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS (PAR) 91
231 A dimensatildeo Gestatildeo Democraacutetica no Plano de Accedilotildees Articuladas 97
3 A GESTAtildeO EDUCACIONAL NO CONTEXTO DO PLANO DE ACcedilOtildeES
ARTICULADAS NO MUNICIacutePIO DE SANTANA - AMAPAacute 102
31 O CONTEXTO HISTOacuteRICO DO MUNICIacutePIO DE SANTANA 102
311 Santana cidade portuaacuteria do Amapaacute 103
312 Santana Localizaccedilatildeo e condiccedilotildees geograacuteficas 105
313 A exportaccedilatildeo de mineacuterios da Amazocircnia Amapaense 106
314 Santana Aspectos gerais 110
32 A POLIacuteTICA EDUCACIONAL NO MUNICIacutePIO DE SANTANA-AMAPAacute 112
321 Estrutura organizacional do Sistema Municipal de Educaccedilatildeo de Santana 114
322 A educaccedilatildeo municipal em nuacutemeros 119
323 O financiamento da educaccedilatildeo na rede municipal de educaccedilatildeo de Santana 123
33 O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS E A DIMENSAtildeO GESTAtildeO DA EDUCACcedilAtildeO NA
REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE SANTANA - AMAPAacute (2007 ndash 2014) 134
34 OS INDICADORES DE GESTAtildeO DEMOCRAacuteTICA DO PAR DA REDE MUNICIPAL
DE SANTANA - AMAPAacute (2007-2014) 140
341 Existecircncia composiccedilatildeo e funcionamento dos Conselhos Escolares (CE) 141
342 Existecircncia composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (CME) 148
343 Conselho Municipal de Alimentaccedilatildeo Escolar (CAE) 151
344 Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de Controle Social do FUNDEB 153
345 Criteacuterios para a escolha de Diretores escolares do municiacutepio de Santana 156
346 Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromisso 158
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 160
REFEREcircNCIAS 167
APEcircNDICES 177
ANEXOS 189
16
INTRODUCcedilAtildeO
A ORIGEM DO ESTUDO
O presente estudo visa a identificar as implicaccedilotildees do Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR)
para a gestatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana no Estado do Amapaacute A escolha do tema
da pesquisa sobre a gestatildeo da educaccedilatildeo tem relaccedilatildeo com algumas experiecircncias da minha vida
profissional nas escolas puacuteblicas e privadas como professora coordenadora e gestora em
escolas do ensino fundamental onde tive a oportunidade de aprender com os desafios impostos
a cada funccedilatildeo Durante o periacuteodo de 2000 a 2010 atuei na educaccedilatildeo baacutesica e nos anos de 2010
e 2011 fui convidada a participar da elaboraccedilatildeo de projetos educacionais na Secretaria de
Educaccedilatildeo do Estado relacionados ao Plano de Desenvolvimento da EducaccedilatildeoPlano de Metas
Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo onde assessorei pedagogicamente e elaborei projetos para
a rede estadual de ensino do Amapaacute participando inclusive das reuniotildees para a construccedilatildeo do
PAR
A participaccedilatildeo no Sindicato dos Docentes da Universidade do Estado do Amapaacute
(SINDUEAP)Associaccedilatildeo Nacional dos Docentes do Ensino Superior (ANDES) como parte
da diretoria no periacuteodo de 2012 a 2015 e representante sindical no Conselho Superior
Universitaacuterio (CONSU-UEAP) oportunizou-me a discussatildeo das poliacuteticas educacionais
decorrentes da redefiniccedilatildeo do papel do Estado especialmente aquelas relacionadas agrave gestatildeo da
educaccedilatildeo Os eventos1 dos quais participei agrave eacutepoca debatiam a gestatildeo da educaccedilatildeo e a
necessidade emergente de compreendermos a poliacutetica educacional no plano nacional e os
desafios impostos pelos organismos internacionais no paiacutes Os debates e as discussotildees tanto no
SINDUEAPANDES quanto no CONSU-UEAP foram de muita importacircncia para minha
formaccedilatildeo poliacutetica momentos em que pude vivenciar o exerciacutecio da participaccedilatildeo e da
democracia
Ao ingressar no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da Universidade Federal do
Paraacute (UFPA) em 2014 no curso de Mestrado propus um projeto para investigar a concepccedilatildeo
1Foacuterum das Licenciaturas (AP) nos anos de 2013 2014 e 2015 o Congresso Estadual de Educaccedilatildeo (AP) em 2013
as Conferecircncias Municipais de Educaccedilatildeo em 2013 e 2014 a Conferecircncia Estadual de Educaccedilatildeo (AP) em 2014 e
2015 Seminaacuterio da Uniatildeo Nacional dos Dirigentes Municipais de Educaccedilatildeo ndash UNDIME (AP) Aleacutem disso venho
participando de outros eventos relacionados ao tema como o Simpoacutesio Nacional de Poliacutetica e Administraccedilatildeo da
Educaccedilatildeo (ANPAE) em (PE) 2015 XII Seminaacuterio Nacional de Poliacuteticas Educacionais e Curriacuteculo (PA) em 2014
I Seminaacuterio Internacional de Poliacuteticas Puacuteblicas Educacionais Cultura e Formaccedilatildeo de Professores (PA) em 2015
I Congresso Internacional de Educaccedilatildeo do Amapaacute (AP)
17
da poliacutetica educacional proposta no Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo e como
se deu a elaboraccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas pelos municiacutepios de BarcarenaPA e
SantanaAP Nesse periacuteodo tive contato com o Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Ensino
Superior (GEPES) da UFPA que jaacute desenvolvia uma pesquisa nacional em rede com a
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e a Universidade Federal de Uberlacircndia
(UFU) vinculada ao Programa Observatoacuterio da Educaccedilatildeo (OBEDUC) e intitulada ldquoAvaliaccedilatildeo
do Plano de Accedilotildees Articuladas um estudo nos municiacutepios do Rio Grande do Norte Paraacute e
Minas Gerais no periacuteodo de 2007 a 2012rdquo A partir de entatildeo passei a integrar o GEPES e a
participar das reuniotildees dos estudos e das pesquisas sobre o PAR as quais foram fundamentais
na definiccedilatildeo da metodologia utilizadas nesse trabalho Com a evoluccedilatildeo das orientaccedilotildees e do
processo de pesquisa constatamos as dificuldades de realizar a pesquisa em dois municiacutepios de
estados diferentes E assim definimos a escolha somente pelo municiacutepio de SantanaAP por se
localizar na regiatildeo em que resido e trabalho o que tenderia a facilitar o acesso agraves informaccedilotildees
durante a pesquisa
PROBLEMA E PROBLEMAacuteTICA
A poliacutetica de gestatildeo da educaccedilatildeo no Brasil proposta no governo Fernando Henrique
Cardoso (1995-2002) reforccedilou o discurso de vincular o investimento em educaccedilatildeo ao
crescimento econocircmico a partir de um novo papel para a escola e um novo padratildeo de gestatildeo
educacional que se adequasse agraves exigecircncias internacionais da loacutegica do mercado (CAMINI
2013 SAVIANI 2009) Dando continuidade a esse modelo de gestatildeo da educaccedilatildeo o governo
Lula (2003-2010) lanccedilou o Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo (PMCTE) por
meio do Decreto nordm 6094 de 24 de abril de 2007 como programa estrateacutegico do Plano de
Desenvolvimento da Educaccedilatildeo (PDE)2
Nos documentos oficiais o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (MEC) apresentou o PMCTE em
que afirmou que o novo Plano vem atender a uma conjugaccedilatildeo de esforccedilos atraveacutes da ldquoadesatildeo
voluntaacuteriardquo dos estados Distrito Federal e municiacutepios que em regime de colaboraccedilatildeo
2O PDE na concepccedilatildeo do MEC pretende dar uma visatildeo sistecircmica de educaccedilatildeo articulando o desenvolvimento da
educaccedilatildeo ao desenvolvimento econocircmico e social do paiacutes Para isso o PDE desenvolve mecanismos objetivos de
avaliaccedilatildeo que permite assegurar ao mesmo tempo a responsabilizaccedilatildeo e a mobilizaccedilatildeo social em busca da
qualidade da educaccedilatildeo baacutesica Segundo o documento do MEC ldquoo PDE estaacute sustentado em seis pilares i) visatildeo
sistecircmica da educaccedilatildeo ii) territorialidade iii) desenvolvimento iv) regime de colaboraccedilatildeo v) responsabilizaccedilatildeo
vi) mobilizaccedilatildeo socialrdquo (BRASIL-MEC sd p11)
18
procuram oferecer agraves famiacutelias e agrave comunidade melhorias na qualidade da educaccedilatildeo baacutesica O
PMCTE estaacute pautado em 28 diretrizes3 que orientam como deve ser realizado os esforccedilos em
regime de colaboraccedilatildeo para atingir os melhores resultados da educaccedilatildeo Para isso o MEC
vinculou o apoio teacutecnico e financeiro aos estados e municiacutepios a partir da assinatura do termo
de adesatildeo
Esse movimento proposto pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo precisa ser entendido dentro do
contexto histoacuterico e social em que essa poliacutetica se apresenta uma vez que as relaccedilotildees entre a
Uniatildeo os Estados e os Municiacutepios tecircm sido ldquoconflitivas e natildeo resolvidas em diferentes aspectos
que envolvem a organizaccedilatildeo e o funcionamento da gestatildeo puacuteblicardquo (CAMINI 2010 p 01)
Historicamente adaptado por arranjos poliacuteticos e territoriais o federalismo brasileiro
enquanto instituiccedilatildeo eacute republicano natildeo se caracterizando pela centralizaccedilatildeo de poder do
governo ao contraacuterio busca distribuir a muitos centros ldquocuja autoridade natildeo resulta da
delegaccedilatildeo de um poder central mas eacute conferida por sufraacutegio popularrdquo (ALMEIDA 1994 p
20) Eacute nesse contexto que o MEC atraveacutes do PMCTE convoca aleacutem da participaccedilatildeo dos entes
da federaccedilatildeo a sociedade civil e as entidades privadas nessa articulaccedilatildeo que em ldquoregime de
colaboraccedilatildeordquo responsabiliza a todos pela melhoria da qualidade da educaccedilatildeo Para ldquomedirrdquo a
evoluccedilatildeo dessa qualidade o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo criou o Iacutendice de Desenvolvimento da
Educaccedilatildeo Baacutesica (IDEB) um instrumento que utiliza os resultados de avaliaccedilotildees que satildeo
realizadas pelo proacuteprio MEC para ldquoaferirrdquo o desempenho das escolas dos Municiacutepios e dos
Estados
Seguindo o contorno para a implementaccedilatildeo dessa poliacutetica nos estados e municiacutepios o
MEC criou no mesmo Decreto nordm 6094 referente ao Plano de Metas Compromisso Todos Pela
Educaccedilatildeo (PMCTE) o Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) que eacute o instrumento de planejamento
que possui quatro dimensotildees por meio do qual se efetiva essa poliacutetica O PAR eacute denominado
pelo MEC como um ldquoconjunto articulado de accedilotildees apoiado teacutecnica ou financeiramente pelo
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo que visa ao cumprimento das metas do Compromisso e agrave observacircncia
das suas diretrizesrdquo (BRASIL 2007 p6) Eacute um instrumento de planejamento multidimensional
composto por quatro dimensotildees (1) gestatildeo educacional (2) a formaccedilatildeo de professores e dos
profissionais de serviccedilo e apoio escolar (3) as praacuteticas pedagoacutegicas e avaliaccedilatildeo e (4)
infraestrutura e recursos pedagoacutegicos Cada uma delas se desmembra em aacutereas e indicadores
Na elaboraccedilatildeo do planejamento cada indicador se divide em accedilotildees e sub-accedilotildees O PAR eacute
coordenado pelas secretarias municipais ou estaduais de educaccedilatildeo mas deve ser elaborado com
3 As 28 diretrizes do Plano de Metas Compromisso Todos Pela Educaccedilatildeo estatildeo disponiacuteveis no anexo I do trabalho
19
a participaccedilatildeo de uma equipe local composta de gestores professores e da comunidade local
A intenccedilatildeo do MEC eacute que o PAR estabeleccedila um regime de colaboraccedilatildeo entre os entes federados
e a sociedade civil objetivando a implantaccedilatildeo de um Sistema Nacional de Educaccedilatildeo (BRASIL
2007)
Os estados e os municiacutepios ao assinarem o termo de adesatildeo junto ao MEC
automaticamente aderem agraves diretrizes do PMCTE o que implica se responsabilizar pelas regras
diretrizes e compromissos estabelecidos pelo Plano Dessa forma Pinho e Sacramento (2009)
constataram que o Plano de Accedilotildees Articuladas eacute a poliacutetica educacional brasileira que representa
a consolidaccedilatildeo da accountability4 os autores afirmam que a palavra accountability tem sido
comumente traduzida como ldquoresponsabilizaccedilatildeordquo esse conceito foi ressignificado desde a
Reforma do Estado na deacutecada de 1990 com o interesse de produzir mudanccedilas na administraccedilatildeo
puacuteblica burocraacutetica do paiacutes direcionando-a para uma administraccedilatildeo puramente gerencial sob a
perspectiva da loacutegica do mercado e sob o argumento da modernizaccedilatildeo e de melhorias para o
serviccedilo puacuteblico a partir do controle por resultados
Dessa forma Pinho e Sacramento (2009) esquematizam como se organiza esse processo
da accountability que
() nasce com a assunccedilatildeo por uma pessoa da responsabilizaccedilatildeo delegada por outra
da qual se exige a prestaccedilatildeo de contas sendo que a anaacutelise dessas contas pode levar agrave
responsabilizaccedilatildeo Representando-a ainda que num esquema bem simples temos
ldquoArdquo delega responsabilidade para ldquoBrdquo reg ldquoBrdquo ao assumir a responsabilidade deve
prestar contas de seus atos para ldquoArdquo reg ldquoArdquo analisa os atos de ldquoBrdquo reg feita tal anaacutelise
ldquoArdquo premia ou castiga ldquoBrdquo (PINHO SACRAMENTO 2009 p 1350)
Assim o PAR constitui-se em um exemplo do processo de responsabilizaccedilatildeo a partir do
accountability pois configura-se como um instrumento de planejamento e consolidaccedilatildeo de
resultados aferidos por meio do Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo que define metas
semelhantes mas que pelas dimensotildees continentais diversidade cultural desigualdades
econocircmicas poliacuteticas e sociais do paiacutes satildeo executadas em contextos distintos
O Plano de Accedilotildees Articuladas apresentou duas versotildees jaacute concluiacutedas de acordo com os
ciclos plurianuais do MEC a primeira de 2007 a 2010 e a segunda de 2011 a 2014 No Estado
4A origem da accountability remonta agraves deacutecadas de 1980 e 1990 com as experiecircncias realizadas na Inglaterra por
Margareth Thatcher (Reino Unido 1988) e nos Estados Unidos introduzida no governo de Ronald Reagan (EUA
1983) e consolidadas no governo George W Bush (EUA 2001) (ANDRADE 2008) O termo tem sido traduzido
no Brasil como ldquoresponsabilizaccedilatildeordquo (objetiva e subjetiva) e prestaccedilatildeo de contas (transparecircncia) (PINTO e
SACRAMENTO 2009)
20
do Amapaacute o ex-ministro da educaccedilatildeo Fernando Haddad5 e o atual governador o Antonio
Waldez Goacutees6 estiveram no dia 7 de agosto de 2007 em uma cerimocircnia realizada no Teatro das
Bacabeiras na qual atraveacutes da assinatura do termo de adesatildeo estabeleceram o compromisso
ao Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo O municiacutepio de Santana tambeacutem aderiu
ao PMCTE dois anos depois quando o prefeito municipal de Santana Antocircnio Nogueira de
Sousa7 assinou em 27 de agosto de 2009 o Termo de Cooperaccedilatildeo Teacutecnica Nordm 23456 (anexo)
Nesse sentido o municiacutepio de Santana-AP somente implantou o PAR dois anos apoacutes o
iniacutecio dos ciclos8 indicados pelo MEC No Termo de Cooperaccedilatildeo Teacutecnica a claacuteusula quarta
indica que o prazo de duraccedilatildeo da adesatildeo ao Compromisso foi previsto para ldquo04 (quatro) anos
a partir da data de sua assinatura com possibilidade de prorrogaccedilatildeo por igual ou inferior periacuteodo
()rdquo (MEC 2009 p 2) Por conseguinte o periacuteodo de duraccedilatildeo do Termo de Cooperaccedilatildeo
Teacutecnica entre o MEC e a prefeitura de Santana para viabilizar o primeiro ciclo seria de 2009 a
2012 entretanto foi finalizado antecipadamente em 2010 visto que a partir de 2011 o
municiacutepio planejou um novo PAR que perdurou ateacute 2014
Este trabalho se ocupou em analisar os dois ciclos do PAR que o municiacutepio de Santana
ndash AP participou no periacuteodo de 2009 a 20149 buscando compreender a poliacutetica de gestatildeo
educacional que culminou na emergecircncia da implantaccedilatildeo do PAR A partir do Plano de Accedilotildees
Articuladas analisam-se nessa pesquisa os seguintes indicadores da gestatildeo democraacutetica (1)
existecircncia de Conselhos Escolares (2) existecircncia composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho
Municipal de Educaccedilatildeo (3) composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar (4)
composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho do Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo
Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo (FUNDEB) (5) criteacuterios para escolha
da Direccedilatildeo Escolar10 e (6) existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromisso
A questatildeo central da pesquisa busca desvelar quais as implicaccedilotildees do PAR para a gestatildeo
da educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana no estado do Amapaacute Assim sendo a fim de responder a
5 Fernando Haddad foi Ministro da Educaccedilatildeo nos governos Lula e Dilma no periacuteodo de 29 de julho de 2005 a 24
de janeiro de 2012 6 Antonio Waldez Goacutees estaacute no seu terceiro mandato (2003 - 2006) (2007 - 2010) e (2015 ndash em exerciacutecio) como
governador do estado do Amapaacute pelo Partido Democraacutetico Trabalhista (PDT) 7Antonio Nogueira de Sousa foi prefeito do municiacutepio de Santana ndash Amapaacute por dois mandatos (2005 ndash 2008) e
(2009 -2012) pelo Partido dos Trabalhadores (PT) 8 O primeiro ciclo corresponde ao periacuteodo de 2007 a 2010 e o segundo ciclo ao periacuteodo de 2011 a 2014 9 No municiacutepio de Santana as discussotildees sobre o PAR com visitas das equipes do MEC iniciaram em 2007
Entretanto o termo de adesatildeo ao 1ordm PAR somente foi assinado no ano de 2009 e em 2011 foi elaborado um novo
PAR no municiacutepio com duraccedilatildeo do ciclo 2011-2014 Isto implica dizer que o 1ordm PAR teve a duraccedilatildeo somente de
dois anos 10 Esse indicador estaacute presente nas duas versotildees do PAR entretanto no 1ordm PAR ele aparece na aacuterea da gestatildeo
democraacutetica e no 2ordm PAR ele estaacute como um indicador de outra aacuterea a de gestatildeo de pessoas
21
questatildeo central outros questionamentos foram levantados para o aprofundamento da temaacutetica
sendo eles
1- Qual o contexto econocircmico poliacutetico e social foi criada a poliacutetica de gestatildeo que deu
origem ao Plano de Accedilotildees Articuladas
2- Que concepccedilotildees de gestatildeo permeiam o Plano de Metas Compromisso Todos pela
Educaccedilatildeo e o PAR
3- Quais as implicaccedilotildees do PAR para a gestatildeo da educaccedilatildeo na rede municipal de educaccedilatildeo
de Santana-Amapaacute no que se refere aos indicadores de gestatildeo democraacutetica
A pesquisa teve como recorte histoacuterico os anos situados entre 2007 a 2014 periacuteodo em
que teoricamente ocorreram os dois ciclos do Plano de Accedilotildees Articuladas (1ordm PAR e 2ordm PAR)
seguida agraves orientaccedilotildees do MEC
JUSTIFICATIVA
A decisatildeo de estudar a gestatildeo da educaccedilatildeo a partir do Plano de Accedilotildees Articuladas eacute
desafiadora pois o PAR eacute uma poliacutetica puacuteblica que estaacute em andamento e poucos ainda satildeo os
estudos sobre ela Na perspectiva de conhecer e acompanhar a trajetoacuteria dos estudos jaacute
realizados sobre esse instrumento de planejamento realizamos um levantamento das
publicaccedilotildees tendo como fonte a base de dados da Associaccedilatildeo Nacional de Poliacutetica e
Administraccedilatildeo em Educaccedilatildeo (ANPAE) da Associaccedilatildeo Nacional de Poacutes-graduaccedilatildeo e Pesquisa
(ANPED) e os artigos cientiacuteficos da Scientific Eletronic Library Online (SciELO)11 no periacuteodo
de 2009 a 2015 cujo resultado foi o seguinte
Tabela 01 ndash Produccedilatildeo escrita sobre o Plano de Accedilotildees Articuladas de 2009 a 2015
ANO ANPED SciELO ANPAE TOTAL
2009 0 0 0 0
2010 1 0 0 1
2011 0 0 9 9
2012 1 1 1 3
2013 0 1 3 4
2014 3 1 4 8
2015 1 - 10 11
TOTAL 6 3 27 36
Fonte ANPED SciELO e ANPAE Levantamento realizado ateacute setembro de 2015
11 O Scientific Electronic Library Online eacute um portal de revistas brasileiras que organiza e publica textos completos
de revistas na Internet Produz e divulga indicadores do uso e impacto desses perioacutedicos
22
Seguindo as diretrizes metodoloacutegicas12 foram encontradas 36 publicaccedilotildees entre os anos
de 2009 a 2015 sendo 06 na ANPED 03 nos cadernos de pesquisa da SciELO e 27 publicaccedilotildees
na Associaccedilatildeo Nacional de Poliacutetica e Administraccedilatildeo em Educaccedilatildeo ndash ANPAE Observamos na
tabela 01 que os anos de 2011 2014 e 2015 apresentaram maior nuacutemero de publicaccedilotildees
Apesar da implantaccedilatildeo do PAR ter se dado a partir de 2007 constatamos que os estudos
e as publicaccedilotildees sobre o tema ainda satildeo muito escassos A implantaccedilatildeo do PAR foi
caracterizada por distintas orientaccedilotildees e reformulaccedilotildees ao longo do processo (CAMINI 2009)
e talvez por isso muito pouco se tenha compreendido e escrito sobre o PAR nos anos 2009 e
2010 Quanto agraves temaacuteticas tratadas como objeto de estudo no periacuteodo de 2009 a 2015 por fonte
pesquisada identificaram-se as seguintes
Tabela 02 ndash Nordm de Publicaccedilotildees sobre o PAR por temaacutetica e fonte no periacuteodo 2009 a 2015
TEMAacuteTICAS ANPAE ANPED SciELO TOTAL
Avaliaccedilatildeo da implantaccedilatildeo do PAR nos
municiacutepios
6 5 0 11
Planejamento de poliacuteticas educacionais no PAR 5 0 1 6
Praacuteticas PedagoacutegicasFormaccedilatildeo de Professores
no PAR
4 0 1 5
Gestatildeo Educacional no PAR 8 0 0 8
Infraestrutura e Recursos Pedagoacutegicos 1 0 0 1
Levantamento Bibliograacutefico sobre o PAR 2 0 0 2
O PAR no contexto do Federalismo 2 0 1 3
TOTAL 28 5 3 36 Elaborado pela autora
A temaacutetica mais citada nas publicaccedilotildees foi a Avaliaccedilatildeo da implantaccedilatildeo do Plano de
Accedilotildees Articuladas (PAR) nos municiacutepios que se destacou e inquietou os estudiosos no periacuteodo
apresentando 11 publicaccedilotildees Os temas sobre planejamento das poliacuteticas educacionais no
Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) contou com 06 trabalhos A gestatildeo educacional aparece
com 08 trabalhos e as praacuteticas pedagoacutegicas e formaccedilatildeo de professores no PAR com 05
trabalhos Com menos publicaccedilotildees destacam-se as temaacuteticas infraestrutura e recursos
pedagoacutegicos com 01 trabalho o levantamento bibliograacutefico sobre o PAR com 02 trabalhos e o
PAR no contexto do Federalismo com 03 trabalhos Em um periacuteodo de sete anos foram
12 A busca pelas publicaccedilotildees foi realizada nos siacutetios da internet e para a triagem das informaccedilotildees foi utilizada a
expressatildeo-chave plano de accedilotildees articuladas que deveria constar no tiacutetulo das publicaccedilotildees Para uma revisatildeo de
rastreamento foram ainda utilizadas as palavras SciELO ANPAE e ANPED O levantamento foi realizado ateacute o
mecircs de setembro de 2015
23
publicados apenas 36 trabalhos sobre o PAR em revistas e anais especializados nacionalmente
em educaccedilatildeo
O tema que abordo nesse trabalho eacute sobre a Gestatildeo Educacional que teve somente 08
publicaccedilotildees no periacuteodo de 2009 a 2015 em revistas e anais e nenhum desses estudos publicados
eram relacionados ao estado do Amapaacute e nem ao municiacutepio de Santana Entretanto na capital
do Estado Macapaacute foi encontrada uma tese de doutorado intitulada ldquoA gestatildeo educacional no
Plano de Accedilotildees Articuladas do municiacutepio de Macapaacute concepccedilotildees e desafiosrdquo de autoria da
professora Ilma de Andrade Barleta defendida no ano de 2015 na Universidade Federal do
Paraacute A referida tese faz um estudo sobre a gestatildeo educacional do Plano de Accedilotildees Articuladas
no municiacutepio de Macapaacute-AP
Consideramos de extrema relevacircncia para a compreensatildeo das poliacuteticas puacuteblicas
educacionais no paiacutes particularmente da poliacutetica de gestatildeo educacional a partir da chegada do
PAR que se ampliem os estudos sobre esse tema razatildeo pela qual justifico esse trabalho O
estudo acerca da gestatildeo educacional a comeccedilar do Plano de Accedilotildees Articuladas no municiacutepio
de SantanaAP justifica-se tambeacutem pela necessidade imposta em funccedilatildeo das minhas
experiecircncias profissionais anteriormente descritas quando explicito a origem do estudo e as
experiecircncias atuais como professora do curso de pedagogia na Universidade do Estado do
Amapaacute ndash UEAP Instiga-me conhecer o modelo de gestatildeo educacional que se implementa na
rede municipal de ensino de Santana a datar do PAR na perspectiva de melhor contribuir com
o debate acerca da educaccedilatildeo puacuteblica municipal e identificar as iniciativas que se aproximam da
materializaccedilatildeo de uma gestatildeo democraacutetica e participativa no meu entendimento a concepccedilatildeo
mais compatiacutevel com uma visatildeo emancipadora de homem
O foco da gestatildeo democraacutetica estaacute na garantia da participaccedilatildeo na gestatildeo da educaccedilatildeo
como direito de cidadania (PARO 2007) A gestatildeo democraacutetica do ensino puacuteblico estaacute presente
desde a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e na Lei de Diretrizes e Bases - LDB de 1996 e se revela
atraveacutes da participaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo no projeto pedagoacutegico da escola e da
participaccedilatildeo das comunidades escolar e local em Conselhos de Educaccedilatildeo A descentralizaccedilatildeo
nas decisotildees administrativas financeiras e pedagoacutegicas bem como a eleiccedilatildeo de diretores e a
instalaccedilatildeo de conselhos escolares deliberativos tambeacutem fazem parte dos mecanismos para
democratizaccedilatildeo da educaccedilatildeo Embora notadamente a legislaccedilatildeo educacional por si soacute natildeo
garanta a efetivaccedilatildeo de uma praacutetica democraacutetica ela representa um grande passo nesse sentido
24
A partir de 1995 com a Reforma do Estado Brasileiro vimos emergir no cenaacuterio
nacional a concepccedilatildeo de gestatildeo gerencial como modelo preferencial13 para a administraccedilatildeo
puacuteblica que se traduz em accedilotildees de regulaccedilatildeo e controle do sistema educacional e da escola
adotando o princiacutepio mercadoloacutegico como indicador de resultados em todas as esferas sociais
definindo formas de poderes e de relaccedilatildeo com a demanda social Eacute uma gestatildeo centrada na
visatildeo de cidadatildeo-cliente e focada em resultados quantitativos (PERONI 2008)
Apresentando diferentes concepccedilotildees de gestatildeo puacuteblica essa pesquisa busca responder a
problemaacutetica a partir da anaacutelise das poliacuteticas educacionais que permeiam o Plano de
Desenvolvimento da Educaccedilatildeo o Plano de Metas Compromisso Todos Pela Educaccedilatildeo e o Plano
de Accedilotildees Articuladas A seguir trataremos dos objetivos gerais e especiacuteficos do presente
trabalho
OBJETIVO GERAL E ESPECIacuteFICOS
Analisar as implicaccedilotildees do Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) para a gestatildeo educacional
na rede municipal de educaccedilatildeo de Santana ndash Amapaacute no contexto da redefiniccedilatildeo do papel do
Estado
Considerando os pressupostos teoacuterico-metodoloacutegicos adotados o objetivo geral
desdobrou-se nos seguintes objetivos especiacuteficos
Analisar a poliacutetica de gestatildeo da educaccedilatildeo no Brasil e a emergecircncia do PAR no contexto
do capitalismo e da Reforma do Estado brasileiro a partir da deacutecada de 1990
Analisar as concepccedilotildees de gestatildeo educacional que permeia o PAR no contexto do PDE
e do Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo
Analisar as implicaccedilotildees do PAR para a gestatildeo da educaccedilatildeo na rede municipal de
educaccedilatildeo de Santana-Amapaacute no que se refere aos indicadores de gestatildeo democraacutetica
13 Esse novo modelo de gestatildeo puacuteblica eacute apresentado no Plano de Desenvolvimento e Reforma do Aparelho do
Estado Brasileiro (MARE 1995)
25
REFEREcircNCIAS TEOacuteRICO-METODOLOacuteGICAS
O presente estudo analisou as implicaccedilotildees do Plano de Accedilotildees Articuladas com foco na
gestatildeo da educaccedilatildeo na rede municipal de educaccedilatildeo de Santana ndash Amapaacute na busca de
compreender a realidade em que essa poliacutetica educacional foi constituiacuteda e em quais
circunstacircncias essa poliacutetica foi implementada estabelecendo conexotildees com as questotildees sociais
poliacuteticas histoacutericas e econocircmicas Marx (1969 p16) afirma que ldquoa investigaccedilatildeo tem de
apoderar-se da mateacuteria em seus pormenores de analisar suas diferentes formas de
desenvolvimento e de perquirir a conexatildeo iacutentima que haacute entre elasrdquo
Para o estudo da gestatildeo educacional a partir do Plano de Accedilotildees Articuladas no municiacutepio
de Santana levaram-se em consideraccedilatildeo as relaccedilotildees com o contexto histoacuterico social poliacutetico
e econocircmico em que esta poliacutetica puacuteblica foi constituiacuteda Entende-se que a poliacutetica de gestatildeo
reflete as contradiccedilotildees tiacutepicas que se revelam no contexto capitalista Nesse sentido
aproximamos-nos de abordagens que tecircm como referencial o materialismo histoacuterico dialeacutetico
definido por Frigotto (1995)
O pressuposto fundamental da anaacutelise materialista histoacuterica eacute de que os fatos sociais
natildeo satildeo descolados de uma materialidade objetiva e subjetiva e portanto a
construccedilatildeo do conhecimento histoacuterico implica o esforccedilo de abstraccedilatildeo e teorizaccedilatildeo do
movimento dialeacutetico (conflitante contraditoacuterio mediado) da realidade Trata-se de
um esforccedilo de ir agrave raiz das determinaccedilotildees muacuteltiplas e diversas (nem todas igualmente
importantes) que constituem determinado fenocircmeno Apreender as determinaccedilotildees do
nuacutecleo fundamental de um fenocircmeno sem o que este fenocircmeno natildeo se constituiria eacute
o exerciacutecio por excelecircncia da teorizaccedilatildeo histoacuterica de ascender do empiacuterico
contextualizado particularizado e de iniacutecio para o pensamento caoacutetico - ao concreto
pensado ou conhecimento Conhecimento que por ser histoacuterico e complexo e por
limites do sujeito que conhece eacute sempre relativo (FRIGOTTO 1995 p 17-18)
Nesse contexto eacute importante destacar as contradiccedilotildees sociais poliacuteticas e econocircmicas
que permeiam as concepccedilotildees de gestatildeo da educaccedilatildeo ancoradas no modelo de gestatildeo gerencial
e no modelo de gestatildeo democraacutetica O primeiro modelo se utiliza de conceitos associados agrave
administraccedilatildeo empresarial comprometida com a ideia de mercado utilizando-se de conceitos
como eficiecircncia eficaacutecia controle de resultados e descentralizaccedilatildeo dentre outros No segundo
modelo a gestatildeo eacute compartilhada e estaacute amparada em instrumentos de democratizaccedilatildeo como a
participaccedilatildeo e a autonomia nos processos de decisatildeo e planejamento da educaccedilatildeo Este modelo
busca democratizar toda a estrutura do sistema de ensino incluindo a escola
26
Segundo Yin (2001 p 32) o estudo de caso eacute a estrateacutegia mais escolhida quando eacute
preciso responder a questotildees do tipo ldquocomordquo e ldquopor quecircrdquo e ainda quando o pesquisador
possui pouco controle sobre os eventos pesquisados ldquoeacute uma investigaccedilatildeo empiacuterica de um
fenocircmeno contemporacircneo dentro de um contexto da vida real sendo que os limites entre o
fenocircmeno e o contexto natildeo estatildeo claramente definidosrdquo
Assim compreende-se que o estudo de caso tem como propoacutesito orientar o pesquisador
para o contato direto com o seu objeto de pesquisa oferecendo a este uma fonte de informaccedilotildees
capaz de favorecer o encontro das respostas que deseja Como expotildee Gil (1996) o estudo de
caso apresenta trecircs vantagens
a) O estiacutemulo a novas descobertas Em virtude da flexibilidade do planejamento do
estudo de caso o pesquisador ao longo de seu processo manteacutem-se atento a novas
descobertas Eacute frequente o pesquisador dispor de um plano inicial e ao longo da
pesquisa ter o seu interesse despertado por outros aspectos que natildeo havia previsto E
muitas vezes o estudo desses aspectos torna-se mais relevante para a soluccedilatildeo do
problema do que os considerados inicialmente Daiacute porque o estudo de caso eacute
altamente recomendado para a realizaccedilatildeo de estudos exploratoacuterios
b) A ecircnfase na totalidade No estudo de caso o pesquisador volta-se para a
multiplicidade de dimensotildees de um problema focalizando-o como um todo Dessa
forma supera-se um problema muito comum sobretudo nos levantamentos em que a
anaacutelise individual da pessoa desaparece em favor da anaacutelise de traccedilos
c) A simplicidade dos procedimentos Os procedimentos de coleta e anaacutelise de dados
adotados no estudo de caso quando comparados com os exigidos por outros tipos de
delineamento satildeo bastante simples (GIL 1996 p59-60)
Quanto agrave determinaccedilatildeo do nuacutemero de casos optou-se por um uacutenico caso a rede
municipal de educaccedilatildeo de Santana no Amapaacute dadas as especificidades do objeto de estudo
desta pesquisa as implicaccedilotildees do PAR para a gestatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana
Nesta pesquisa buscamos identificar as implicaccedilotildees do PAR para a gestatildeo educacional
no municiacutepio de Santana no periacuteodo de 2007 a 201414 Optamos por focalizar apenas a aacuterea
ldquoGestatildeo Democraacutetica articulaccedilatildeo e desenvolvimento dos sistemas de ensinordquo e 06 indicadores
dessa aacuterea sendo eles (1) existecircncia de conselhos escolares (2) existecircncia composiccedilatildeo e
atuaccedilatildeo do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (3) composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de
Alimentaccedilatildeo Escolar (4) composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho do Fundo de Manutenccedilatildeo e
Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo (5)
14 Nesse estudo mesmo o PAR em Santana ter iniciado somente em 2009 fizemos um levantamento desde o ano
de 2007 ateacute 2014 ano em que iniciou a elaboraccedilatildeo do PAR nos estados e municiacutepio para que pudeacutessemos ter uma
anaacutelise de como foi a sua chegada e como se encontrava o municiacutepio
27
criteacuterios para escolha da direccedilatildeo escolar15 e (6) existecircncia e atuaccedilatildeo do comitecirc local do
compromisso16 O recorte temporal dessa pesquisa eacute o periacuteodo de 2007 a 2014 enfocando
estudos sobre o PAR no municiacutepio de Santana nas suas duas versotildees
A escolha das categorias descentralizaccedilatildeo participaccedilatildeo e autonomia para este
trabalho eacute devido ao fato de que de acordo com vaacuterios autores (PARO 2012 MENDONCcedilA
2009 WERLE 2007) esses indicadores podem potencializar a gestatildeo democraacutetica
De acordo com Viriato (2004) a descentralizaccedilatildeo tem sido um termo muito utilizado
como oposiccedilatildeo a centralizaccedilatildeo que eacute uma caracteriacutestica da gestatildeo autoritaacuteria muito embora
com as mudanccedilas nas funccedilotildees do Estado a descentralizaccedilatildeo aparece com uma nova
configuraccedilatildeo a de desconcentraccedilatildeo de tarefas do niacutevel nacional e regional para o niacutevel local
(VIRIATO 2004)
Para Bordenave (2013) a participaccedilatildeo eacute uma vivecircncia coletiva e natildeo individual de
modo que somente se pode aprender na praacutexis grupal A participaccedilatildeo pode tanto se prestar para
objetivos emancipatoacuterios de cidadania e de autonomia dos sujeitos como para a manutenccedilatildeo
de situaccedilotildees de centralizaccedilatildeo do poder decisoacuterio e do controle de muitos por poucos Portanto
o conceito toma significado diverso dependendo do contexto e dos sujeitos envolvidos
O conceito de autonomia estaacute ligado etimologicamente agrave ideia de autogoverno ou seja
agrave faculdade que os indiviacuteduos ou organizaccedilotildees tecircm de se regerem por regras proacuteprias No
contexto mais amplo da poliacutetica educacional mais recente a autonomia tem mostrado relaccedilatildeo
com a tentativa de resolver problemas de crise de governabilidade do sistema de ensino com o
discurso de ldquogoverno sobrecarregadordquo transferindo autoridade e responsabilidade do bem
puacuteblico para o grupo diretamente envolvido na accedilatildeo e assim se desfazendo das suas obrigaccedilotildees
para com a populaccedilatildeo (BARROSO 2013)
Essas categorias do objeto seratildeo aprofundadas no primeiro capiacutetulo do presente
trabalho
Como teacutecnicas de coleta de dados optou-se pela anaacutelise documental e entrevista
semiestruturada A revisatildeo bibliograacutefica parte integrante do estudo tem auxiliado na
compreensatildeo dos conceitos na historicidade do objeto na perspectiva de compreender a
poliacutetica de gestatildeo educacional no Brasil e as suas inter-relaccedilotildees com o PAR
A anaacutelise documental eacute um tipo de ldquoestudo descritivo que fornece ao investigador a
possibilidade de reunir uma grande quantidade de informaccedilatildeo sobre leis de educaccedilatildeo processos
15 Esse indicador estaacute presente nas duas versotildees do PAR entretanto no 1ordm PAR ele estaacute presente na aacuterea da gestatildeo
democraacutetica e no 2ordm PAR ele aparece como um indicador de outra aacuterea a de gestatildeo de pessoas 16 Esse indicador foi implantado na 2ordm versatildeo do PAR na aacuterea da gestatildeo democraacutetica
28
e condiccedilotildees requisitos e dados livros e textos etcrdquo (TRIVINtildeOS 1987 p 111) na busca de
resolver problemas pois possibilita ampliar o entendimento de objetos que precisam de uma
anaacutelise a partir da contextualizaccedilatildeo histoacuterica e sociocultural para se revelar
Dentre os documentos analisados destacamos
1) O Decreto nordm 60942007 (dispotildee sobre a implementaccedilatildeo do Plano de Metas Compromisso
Todos pela Educaccedilatildeo pela Uniatildeo Federal em regime de colaboraccedilatildeo com municiacutepios
Distrito Federal e estados aleacutem da participaccedilatildeo das famiacutelias e da comunidade mediante
programas e accedilotildees de assistecircncia teacutecnica e financeira visando agrave mobilizaccedilatildeo social pela
melhoria da qualidade da educaccedilatildeo baacutesica) e legislaccedilotildees correlatas
2) O Manual de Orientaccedilotildees Gerais para Elaboraccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas editado
pelo MEC na 1ordf e 2ordf versatildeo
3) O Termo de Cooperaccedilatildeo Teacutecnica Nordm 23456 do PMCTE assinado entre o Ministeacuterio da
Educaccedilatildeo e o municiacutepio de SantanaAP e seus anexos do PAR
4) A Lei Orgacircnica do municiacutepio de Santana promulgada em 14 de julho de 1992 revisada e
atualizada em 11 de maio de 2000
5) O Diagnoacutestico do 1ordm PAR e 2ordm PAR do municiacutepio de SantanaAP emitido atraveacutes do
Sistema Integrado de Monitoramento do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (SIMEC)
6) O Relatoacuterio Puacuteblico de Monitoramento do 2ordm PAR do municiacutepio de SantanaAP e seus
anexos
7) A Lei Municipal nordm 36698 que cria o Conselho Municipal de Educaccedilatildeo de SantanaAP
8) A Lei Municipal nordm 4882001 que institui o Conselho Municipal de Alimentaccedilatildeo Escolar
de SantanaAP
9) Os documentos legais que definem os criteacuterios de escolha de diretores escolares em
SantanaAP
10) O Decreto Municipal nordm 490 de 03 de abril de 2013 que implementa a composiccedilatildeo do
comitecirc do compromisso em SantanaAP
11) A Lei Municipal nordm 7972007 - PMS que cria o FUNDEB e o Conselho de
Acompanhamento Controle Social Comprovaccedilatildeo e Fiscalizaccedilatildeo dos Recursos ndash CACS
do municiacutepio de Santana
12) O Programa de fortalecimento dos conselhos escolares do municiacutepio de SantanaAP
Os dados educacionais econocircmicos sociais e financeiros relativos ao municiacutepio de
SantanaAP foram coletados a partir do site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
29
Educacionais Aniacutesio Teixeira (INEP) do Sistema de Informaccedilotildees sobre Orccedilamentos Puacuteblicos
em Educaccedilatildeo (SIOPE) Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo (FNDE) Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e dos relatoacuterios do Sistema Integrado de
Monitoramento Execuccedilatildeo e Controle (SIMEC)
No que se refere agraves entrevistas Alves-Mazzotti (2000 p22) aponta que ldquoa entrevista
possui natureza interativa supera o questionaacuterio ao possibilitar o estudo em profundidade de
temas complexosrdquo sendo portanto mais adequada para dirimir duacutevidas e esclarecer aspectos
difusos do objeto
A entrevista realizada foi do tipo semiestruturada que conforme Trivintildeos (1987 p152)
ldquo[] favorece natildeo soacute a descriccedilatildeo dos fenocircmenos sociais mas tambeacutem sua explicaccedilatildeo e a
compreensatildeo de sua totalidade []rdquo aleacutem de manter a presenccedila consciente e atuante do
pesquisador no processo de coleta de informaccedilotildees Para o autor
a entrevista semiestruturada tem como caracteriacutestica questionamentos baacutesicos que satildeo
apoiados em teorias e hipoacuteteses que se relacionam ao tema da pesquisa Os
questionamentos dariam frutos a novas hipoacuteteses surgidas a partir das respostas dos
informantes O foco principal seria colocado pelo investigador-entrevistador
(TRIVINtildeOS 1987 p 146)
Esse modelo de entrevista teve como foco os objetivos pretendidos da pesquisa e dessa
forma foram elaborados roteiros (ver anexos ) com perguntas principais complementadas por
outras questotildees que surgiram durante as respostas emitidas em circunstacircncias momentacircneas da
entrevista a fim de favorecer a apreensatildeo do objeto
Nessa pesquisa as entrevistas versaram sobre a gestatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio de
Santana a partir do Plano de Accedilotildees Articuladas e se pautaram na verificaccedilatildeo da democratizaccedilatildeo
das relaccedilotildees de poder no acircmbito da gestatildeo (participaccedilatildeo autonomia e descentralizaccedilatildeo) por
meio dos conselhos de controle social indicados no PAR sendo Conselho Municipal de
Educaccedilatildeo Conselho Municipal de Alimentaccedilatildeo Escolar Conselhos Escolares e Conselho do
FUNDEB Foram verificados ainda os criteacuterios adotados pela rede municipal de ensino de
SantanaAP para a escolha dos Diretores Escolares e a equipe do Comitecirc Local do
Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo
O quadro 1 demonstra os sujeitos da pesquisa cujos roteiros de entrevista encontram-
se em anexo
30
Quadro 1 Sujeitos da pesquisa e Nordm de entrevistas realizadas
Elaborado pela autora
No ato da entrevista foi assinado pelo entrevistado o ldquoTermo de Consentimento Livre e
Esclarecidordquo18 para a participaccedilatildeo na pesquisa que visa a esclarecer os objetivos e sua forma
de participaccedilatildeo assegurando-lhe o sigilo na sua identidade e das informaccedilotildees a serem utilizadas
exclusivamente para fins cientiacuteficos
Os documentos foram levantados no segundo semestre de 2015 no banco de dados do
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (INEP Brasil Escola FNDE entre outros) e no municiacutepio de Santana
na Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo no sindicato dos servidores puacuteblicos municipais de
Santana e na Cacircmara Municipal Alguns documentos importantes para essa pesquisa natildeo foram
17 Das quinze entrevistas programadas doze foram realizadas No entanto alguns entrevistados ocupavam mais
de uma representaccedilatildeo como o presidente do Conselho do FUNDEB que tambeacutem assume o posto de Diretor escolar
As entrevistas com os membros do Comitecirc Local do Compromisso natildeo foram realizadas devido o comitecirc natildeo estaacute
em atuaccedilatildeo 18 Ver no apecircndice A
Nordm Sujeito da pesquisa Quantidade
01 O (A) gestor (a) da rede municipal de ensino de Santana-AP 01
02 Teacutecnicos que coordenaram a implantaccedilatildeo elaboraccedilatildeo do 1ordm PAR e
2ordm do PAR no municiacutepio 02
03 Membro da equipe teacutecnica da SEME que trata dos Conselhos
Escolares 01
04 Membro do Conselho Escolar de representaccedilatildeo natildeo-governamental 01
05 Membro do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo da representaccedilatildeo
governamental 01
06 Membro do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo da representaccedilatildeo
natildeo-governamental 01
07 Membro do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar da representaccedilatildeo
governamental 01
08 Membro do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar da representaccedilatildeo
natildeo-governamental 01
09 Representante do Sindicato dos professores da educaccedilatildeo baacutesica 01
10 Membro do Comitecirc Local do Compromisso da representaccedilatildeo
governamental 00
11 Membro do Comitecirc Local do Compromisso da representaccedilatildeo natildeo-
governamental 00
12 Membro do Conselho de Controle Social do FUNDEB da
representaccedilatildeo governamental 01
13 Membro do Conselho de Controle Social do FUNDEB da
representaccedilatildeo natildeo-governamental 00
14 Diretor escolar ndash membro nato do Conselho Escolar 01
Total de entrevistados 1217
31
encontrados inicialmente como eacute o caso do Plano de Trabalho do primeiro PAR e o seu
monitoramento ausente nos arquivos da SEMEC da coordenaccedilatildeo do PAR e no banco de dados
do SIMEC Posteriormente foi encontrado mas incompleto em arquivo pessoal de uma das
entrevistadas
As entrevistas foram realizadas entre dezembro de 2015 e marccedilo de 2016 com os
membros dos conselhos sindicato teacutecnicos e gestor da rede municipal de ensino de Santana
perfazendo um total de doze sujeitos entrevistados As entrevistas seguiram roteiro preacutevio
contemplando aspectos da relaccedilatildeo do MEC com o municiacutepio por meio do PAR informaccedilotildees
acerca da descentralizaccedilatildeo nas decisotildees da gestatildeo e da participaccedilatildeo bem como da autonomia
dos conselhos no contexto da gestatildeo da educaccedilatildeo municipal
O loacutecus da pesquisa
O municiacutepio de Santana loacutecus da pesquisa eacute o segundo municiacutepio mais populoso do
Amapaacute com 101262 habitantes segundo dados do IBGE de 2010 estaacute localizado na regiatildeo
metropolitana de Macapaacute capital do Estado do Amapaacute A escolha do municiacutepio se deu em razatildeo
de este ser um dos municiacutepios de maior populaccedilatildeo do Estado ter aderido ao PAR e pela
proximidade de acesso agraves informaccedilotildees necessaacuterias ao esclarecimento da problemaacutetica em
questatildeo
A ESTRUTURA DA DISSERTACcedilAtildeO
A dissertaccedilatildeo eacute composta de trecircs capiacutetulos assim dispostos o primeiro intitulado ldquoA
poliacutetica de gestatildeo da educaccedilatildeo no Brasilrdquo versaraacute sobre a poliacutetica de gestatildeo da educaccedilatildeo no
contexto de redefiniccedilatildeo do papel do Estado explicitando abordagens teoacutericas sobre as
concepccedilotildees de gestatildeo da educaccedilatildeo no Brasil nas uacuteltimas deacutecadas a gestatildeo democraacutetica
instituiacuteda a partir da Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 e da Lei de
Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional de 1996 com base nas lutas implementadas na deacutecada
de 1980 e o modelo de gestatildeo gerencial proposto pelo Plano Diretor da Reforma do Aparelho
do Estado Brasileiro a partir de meados da deacutecada de 1990
O segundo capiacutetulo denominado ldquoA gestatildeo educacional no contexto do Plano de
Desenvolvimento da Educaccedilatildeo (PDE) do Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo
e do Plano de Accedilotildees Articuladasrdquo trataraacute de caracterizar e discutir as concepccedilotildees de gestatildeo da
32
educaccedilatildeo presentes na poliacutetica educacional do Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo do
Plano de Metas Compromisso Todos Pela Educaccedilatildeo e do Plano de Accedilotildees Articuladas Trata-se
de evidenciar as singularidades e similaridades da poliacutetica de gestatildeo da educaccedilatildeo engendrada a
partir do instrumento de planejamento da educaccedilatildeo nos municiacutepios proposto no PAR
O terceiro capiacutetulo intitulado ldquoA gestatildeo educacional no contexto do Plano de Accedilotildees
Articuladas no municiacutepio de Santana-Amapaacuterdquo tem como objetivo caracterizar a educaccedilatildeo no
municiacutepio de Santana e analisar a partir de documentos e das entrevistas aos sujeitos as
implicaccedilotildees do PAR para a gestatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio de SantanaAP Tal anaacutelise se
baseou em seis indicadores da Gestatildeo Democraacutetica do PAR (1) existecircncia de conselhos
escolares (CE) (2) existecircncia composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (3)
composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar (CAE) (4) composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo
do Conselho do Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de
Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo (FUNDEB) (5) criteacuterios para escolha da direccedilatildeo
escolar19 e (6) Existecircncia e atuaccedilatildeo do comitecirc local do compromisso O objetivo foi avaliar se
o PAR trouxe consequecircncias para o modelo de gestatildeo adotado pela rede municipal de educaccedilatildeo
de Santana-AP se possibilitou a descentralizaccedilatildeo da gestatildeo a maior participaccedilatildeo da
comunidade na tomada de decisotildees enfim se por meio do PAR a gestatildeo da rede municipal de
ensino vem construindo maiores possibilidades de autonomia e participaccedilatildeo dos sujeitos
Nas consideraccedilotildees finais apresentamos os resultados dessa pesquisa em que a poliacutetica
traccedilada pelo Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo atraveacutes do PAR foi
implantada na rede municipal de ensino de Santana Fazendo uma reflexatildeo sobre os resultados
alcanccedilados nessa pesquisa e relacionando-os ao referencial teoacuterico que embasaram a concepccedilatildeo
de democratizaccedilatildeo da educaccedilatildeo adotada podemos afirmar que a praacutetica a gestatildeo educacional
do municiacutepio de Santana apresentou-se patrimonialista com traccedilos de uma gestatildeo gerencialista
pois natildeo tem ocorrido a descentralizaccedilatildeo da gestatildeo na rede municipal de ensino com a
participaccedilatildeo efetiva da sociedade nos conselhos de controle social Os recursos financeiros
relativos agrave educaccedilatildeo municipal de Santana satildeo centralizados na Prefeitura dificultando o
planejamento participativo da educaccedilatildeo no municiacutepio E os sujeitos envolvidos nos Conselhos
de Controle Social encontram dificuldades em atuar devido agraves proacuteprias condiccedilotildees de
funcionamento seja de local de transporte ou mesmo de acesso as informaccedilotildees jaacute que estas
encontram-se centralizadas
19 Esse indicador estaacute presente nas duas versotildees do PAR entretanto no 1ordm PAR ele estaacute presente na aacuterea da gestatildeo
democraacutetica e no 2ordm PAR ele aparece como um indicador de outra aacuterea a de gestatildeo de pessoas
33
1 A POLIacuteTICA DE GESTAtildeO DA EDUCACcedilAtildeO NO BRASIL
Este capiacutetulo trata das poliacuteticas de gestatildeo da educaccedilatildeo no Brasil na perspectiva de se
compreender o processo que desencadeou a proposta de gestatildeo educacional que permeia o
Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo o Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo
(PMTE) e o Plano de Accedilotildees Articuladas Para isso em um primeiro momento abordaremos
contexto de institucionalizaccedilatildeo da gestatildeo democraacutetica e seus vaacuterios mecanismos e em um
segundo momento enfocaremos a proposta de gestatildeo gerencial para a administraccedilatildeo puacuteblica a
partir do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado de 199520 no contexto de redefiniccedilatildeo
do papel do Estado
11 O CAPITALISMO E A CRISE
A compreensatildeo de como se constituiu a crise do Estado e do seu papel no contexto da
sociedade capitalista satildeo importantes para situarmos historicamente os conflitos que vecircm
ocorrendo no mundo moderno e particularmente no Brasil que giram em torno de interesses
diversos na organizaccedilatildeo social poliacutetica e econocircmica O que reflete certamente na tomada de
decisatildeo do Estado que promove accedilotildees a favor do capital ou a favor das exigecircncias da sociedade
A crise do capital atingiu as poliacuteticas educacionais no Brasil na deacutecada de 1990 reflexo
de um cenaacuterio de transformaccedilotildees que vinha se formando internacionalmente desde a deacutecada de
1970 quando o capitalismo daacute sinais de esgotamento e entra em crise de amplas proporccedilotildees
Essa crise tem fortes repercussotildees no papel do Estado que desde o poacutes-guerra vinha
assumindo o papel de controle dos ciclos econocircmicos como Estado de bem-estar social21
De acordo com Antunes (1999) essa eacute uma crise estrutural que se desencadeou a partir
da crise do fordismo e keynesianismo com a queda da taxa de lucros em funccedilatildeo do aumento da
forccedila de trabalho resultante das lutas operaacuterias e sociais ocorridas em deacutecadas anteriores e do
controle de regulaccedilatildeo principalmente em paiacuteses capitalistas E afirma o autor que a crise do
20O Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado (1995) foi elaborado pelo Ministeacuterio da Administraccedilatildeo
Federal e da Reforma do Estado na gestatildeo de Bresser Pereira no Governo Fernando Henrique Cardoso que
definiu objetivos e estabeleceu diretrizes para a reforma da administraccedilatildeo puacuteblica brasileira Segundo este Plano
o Estado deve assumir um papel menos executor ou prestador direto de serviccedilos e atuar mais como regulador e
avaliador das poliacuteticas puacuteblicas 21 O ldquoEstado de bem-estar socialrdquo ou ldquoWelfare Staterdquo de John Maynard Keynes ldquotinha o papel de controlar os
ciclos econocircmicos combinando poliacuteticas fiscais e monetaacuterias As poliacuteticas eram direcionadas para o investimento
puacuteblico principalmente para os setores vinculados ao crescimento da produccedilatildeo e o consumo de massa que tinham
tambeacutem o objetivo de garantir o pleno emprego O salaacuterio social era complementado pelos governos atraveacutes da
seguridade social assistecircncia meacutedica educaccedilatildeo habitaccedilatildeo O Estado acabava exercendo tambeacutem o papel de
regular direta ou indiretamente os acordos salariais e os direitos dos trabalhadores na produccedilatildeordquo (PERONI 2003
p 22)
34
Estado eacute uma consequecircncia da crise capitalista e natildeo a causa dessa forma o capitalismo como
resposta a sua proacutepria crise se reorganiza e reconfigura o sistema ideoloacutegico e poliacutetico de
dominaccedilatildeo apresentando ldquoo neoliberalismo com a privatizaccedilatildeo do Estado a
desregulamentaccedilatildeo dos direitos do trabalho e a desmontagem do setor produtivo estatalrdquo
(ANTUNES 1999 p31)
Segundo Meszaacuteros (2002) a Crise eacute a manifestaccedilatildeo ldquodo espectro da incontrolabilidade
totalrdquo do capital quando se evidencia o aacutepice de sua incapacidade civilizatoacuteria e sua face mais
destrutiva possiacutevel De acordo com o autor a incontrolabilidade do capital satildeo inerentes ao
sistema capitalista que por estarem na base estrutural da relaccedilatildeo entre capital-trabalho natildeo
podem ser remediados de forma radical sob pena de comprometer a sobrevivecircncia do sistema
A crise de acordo com Antunes (1999) Meacuteszaacuteros (2011) Peroni (2006) e Harvey
(2008) natildeo se encontra no Estado e sim na estrutura do capital Meszaacuteros (2011) afirma que
eacute necessaacuterio esclarecer as diferenccedilas relevantes entre tipos ou modalidades de crise pois uma
crise na esfera social pode ser considerada uma lsquocrise perioacutedicaconjunturalrsquo ou uma lsquocrise
estrutural fundamentalrsquo A lsquocrise perioacutedicarsquo ou lsquoconjunturalrsquo pode ser severa poreacutem haacute formas
mais ou menos de solucionaacute-las com sucesso dentro da estrutura estabelecida Jaacute a lsquocrise
estrutural fundamentalrsquo afeta a proacutepria estrutura em sua totalidade como afirma o autor
a crise em nossos dias natildeo eacute compreensiacutevel sem que seja referida agrave ampla estrutura
social global Isso significa que a fim de esclarecer a natureza da persistente e cada
vez mais grave crise em todo o mundo hoje devemos focar a atenccedilatildeo na crise do
sistema do capital em sua inteireza pois a crise do capital que ora estamos
experimentando eacute uma crise estrutural que tudo abrange (MESZAacuteROS 2011 p3)
Com efeito a crise estrutural natildeo pode ser conceituada em termos das categorias de crise
perioacutedica ou conjuntural pois haacute uma diferenccedila crucial entre elas enquanto a crise perioacutedica
desdobra-se dentro da sua estrutura a outra abrange tudo e deve ser analisada na totalidade a
partir de uma avaliaccedilatildeo adequada da natureza da crise econocircmica e social de nossos dias
Por outro lado os defensores de um projeto fundamentado no neoliberalismo ndash
Fernando Henrique Cardoso Bresser Pereira e Fernando Collor de Melo ndash afirmam que desde
a deacutecada de 80 o Estado brasileiro estaacute em crise porque ao tentar se legitimar gastou mais do
que podia no atendimento agraves necessidades da populaccedilatildeo em poliacuteticas sociais e provocando
desse modo a crise fiscal Destaca-se que os serviccedilos puacuteblicos eram os principais causadores
da crise e por isso era necessaacuterio reconstruir as funccedilotildees e a organizaccedilatildeo do Estado
35
Dessa forma a globalizaccedilatildeo da economia foi uma das alternativas encontradas pelos
neoliberais para sair da crise destacando as privatizaccedilotildees e a reforma administrativa com a
desregulamentaccedilatildeo dos mercados e liberalizaccedilatildeo comercial e financeira Para Bresser Pereira
(1996) se aplicadas tais poliacuteticas reformistas a reforma neoliberal e a social democraacutetica o
paiacutes estaria apto para o crescimento econocircmico pois a
() diferenccedila entre uma proposta de reforma neoliberal e uma social democraacutetica estaacute
no fato de que o objetivo da primeira e retirar o Estado da economia enquanto que o
da segunda eacute aumentar a governanccedila do Estado eacute dar ao Estado meios financeiros e
administrativos para que ele possa intervir efetivamente sempre que o mercado natildeo
tiver condiccedilotildees de coordenar adequadamente a economia (BRESSER-PEREIRA
1996 p 1 - 2)
Partindo desse contexto neoliberal para superar a crise brasileira e assegurado por
Bresser Pereira em 1995 atendendo aos interesses do mercado o governo brasileiro implantou
o Ministeacuterio da Administraccedilatildeo e Reforma do Estado (MARE) com a finalidade de reformar o
Estado brasileiro Destaca-se que nesse mesmo ano ndash 1995 no primeiro ano de governo
Fernando Henrique Cardoso - eacute lanccedilado o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado
(PDRAE) que sugere uma reforma na administraccedilatildeo do Estado para a superaccedilatildeo da crise e
oferece uma seacuterie de accedilotildees e estrateacutegias que devem ser tomadas pelas instituiccedilotildees considerando-
as como inadiaacuteveis sendo elas
(1) o ajustamento fiscal duradouro (2) reformas econocircmicas orientadas para o
mercado que acompanhadas de uma poliacutetica industrial e tecnoloacutegica garantam a
concorrecircncia interna e criem as condiccedilotildees para o enfrentamento da competiccedilatildeo
internacional (3) a reforma da previdecircncia social (4) a inovaccedilatildeo dos instrumentos de
poliacutetica social proporcionando maior abrangecircncia e promovendo melhor qualidade
para os serviccedilos sociais e (5) a reforma do aparelho do Estado com vistas a aumentar
sua ldquogovernanccedilardquo ou seja sua capacidade de implementar de forma eficiente poliacuteticas
puacuteblicas (BRASIL 1995 p 11)
Como o resultado de um pacote de mudanccedilas no Estado o PDRAE propotildee alternativas
para combater a crise instalada no Estado Brasileiro sendo que essas propostas se movimentam
no sentido de reduzir o papel do Estado e os direitos conquistados na Constituiccedilatildeo Federal de
1988 como as poliacuteticas sociais e os direitos trabalhistas Nesse sentido as conquistas sociais
que estavam garantidas na Constituiccedilatildeo como o direito agrave educaccedilatildeo sauacutede transportes
puacuteblicos seguranccedila entre outros devem ser ldquocomprados e regidos pela feacuterrea loacutegica das leis
do mercado Na realidade o objetivo maior eacute a ideia de um lsquoEstado miacutenimorsquo que significa o
36
Estado suficiente e necessaacuterio unicamente para os interesses da reproduccedilatildeo do capitalrdquo
(FRIGOTTO 1995 p 83-84)
Cabe ressaltar que o projeto capitalista de reformar o Estado Brasileiro busca uma
relaccedilatildeo entre os setores puacuteblicos e privados utilizando de estrateacutegias de manipulaccedilatildeo para
superaccedilatildeo da crise O projeto capitalista eacute permeado de estrateacutegias de acordo com Peroni
(2006) o qual cita quatro delas a Reestruturaccedilatildeo Produtiva a Globalizaccedilatildeo o Neoliberalismo
e a Terceira Via que tentam viabilizar e condicionar o aumento do lucro atraveacutes da aproximaccedilatildeo
do mercado com o Estado
A primeira delas a lsquoreestruturaccedilatildeo produtivarsquo pressupotildee a intensificaccedilatildeo das
transformaccedilotildees no processo produtivo e essa foi uma das respostas agrave crise do capital e agrave crise
da acumulaccedilatildeo que teve iniacutecio em 1973 que com base no avanccedilo tecnoloacutegico e no toyotismo22
se apoiou
na flexibilidade dos processos dos mercados de trabalho dos produtos e padrotildees de
consumo Caracteriza-se pelo surgimento de setores de produccedilatildeo inteiramente novos
novas maneiras de fornecimento de serviccedilos financeiros novos mercados e
sobretudo taxas altamente intensificadas de inovaccedilatildeo comercial tecnoloacutegica e
organizacional (HARVEY 2003 p 140)
Com a produccedilatildeo fabril flexibilizada e informatizada ndash tiacutepico da acumulaccedilatildeo do capital
ndash houve uma queda no operariado manual e estaacutevel isso resultou na expansatildeo da precarizaccedilatildeo
do trabalho (contrataccedilatildeo temporaacuteria trabalho em tempo parcial) Nessa compreensatildeo o capital
pode ateacute precarizar e subutilizar a matildeo de obra mas o desenvolvimento tecnoloacutegico natildeo pode
substituir a capacidade intelectual do homem poreacutem consegue reproduzir na sociedade a ideia
dos valores empresariais e mercadoloacutegicos Com a reestruturaccedilatildeo produtiva a classe
trabalhadora fragmentou-se heterogeneizou-se e complexificou-se mas ainda assim natildeo corre
o risco de desaparecer (ANTUNES 2003)
Uma outra estrateacutegia utilizada para superar a crise do capitalismo eacute a lsquoglobalizaccedilatildeorsquo No
final do seacutec XX os desdobramentos do capitalismo em sua forma de acumular riquezas e assim
superar a crise desafiam a praacutetica e o pensamento social Segundo Chesnais (1996) o uso do
termo globalizaccedilatildeo eacute insuficiente para a compreensatildeo do processo de internacionalizaccedilatildeo do
22 O Toyotismo segundo Antunes (2005) eacute uma forma de organizaccedilatildeo do trabalho na faacutebrica da Toyota no Japatildeo
nos anos apoacutes 1945 que apresentava as seguintes caracteriacutesticas produccedilatildeo vinculada a demanda processo de
produccedilatildeo flexiacutevel possibilitando a um mesmo operaacuterio operar vaacuterias maacutequinas e desenvolver vaacuterias funccedilotildees A
produccedilatildeo em geral eacute horizontalizada ou seja grande parte da produccedilatildeo eacute terceirizada e subcontratada para deixar
as empresas mais ldquoenxutasrdquo ou mais ldquolevesrdquo
37
capital atual ela denominou entatildeo de mundializaccedilatildeo do capital23 por se tratar de um regime de
acumulaccedilatildeo predominantemente financeira configurando um espaccedilo conectado mundialmente
Essas conexotildees que tecircm como cenaacuterio o mundo em tempo real e que movimenta o capital
financeiro satildeo possiacuteveis a partir dos
Sistemas de comunicaccedilatildeo por sateacutelite e por cabo aliados agraves novas tecnologias de
informaccedilatildeo e agrave microeletrocircnica possibilitam a conexatildeo em tempo real dos mercados
das financcedilas e da produccedilatildeo As transformaccedilotildees que estatildeo ocorrendo no interior do
capitalismo inauguram de forma intensa ou mediatizada uma nova forma de estar no
mundo (CHESNAIS 1996 p 34)
Nesse contexto a globalizaccedilatildeo ocorre a partir da configuraccedilatildeo geopoliacutetica dos mercados
internacionais que fazem conexotildees com outros mercados operados por investidores
financeiros24 que avaliam e decidem sobre ldquoa participaccedilatildeo de tal paiacutes na rede em graus que
diferem de um compartimento a outro (cacircmbio obrigaccedilotildees accedilotildees etc)rdquo (CHESNAIS 1996 p
45) demarcando dessa maneira o paiacutes que quebra e o que estabiliza
Na verdade como afirma Frigotto (2001 p 36) trata-se de uma ldquoformaccedilatildeo de
oligopoacutelios e megacorporaccedilotildees mediante a fusatildeo ou alianccedilas entre grandes empresasrdquo Esse
processo inclui principalmente o grupo de paiacuteses mais ricos (Estados Unidos Canadaacute Japatildeo
Alemanha Franccedila Reino Unido e Itaacutelia) Esses paiacuteses se reuacutenem periodicamente para
resguardar os seus interesses e alertar que a livre concorrecircncia existe somente ateacute certo ponto
De toda forma considera o autor que o principal entre os problemas da globalizaccedilatildeo eacute uma
eventual desigualdade social por ela proporcionada em que o poder e a renda encontram-se em
maior parte concentrados nas matildeos de uma minoria burguesa o que atrela a questatildeo agraves
contradiccedilotildees do projeto capitalista
Uma outra estrateacutegia usada para superaccedilatildeo da crise do capital eacute o lsquoNeoliberalismorsquo tida
como uma ideologia impulsionada pelas teorias econocircmicas capitalistas que defende a natildeo
participaccedilatildeo do Estado na economia pois segundo essa ideologia o Estado eacute o principal
responsaacutevel por anomalias no funcionamento do mercado livre onde deve haver total liberdade
para garantir o crescimento econocircmico e o desenvolvimento social de um paiacutes Por outro lado
Peroni (2006) afirma que o neoliberalismo atua na privatizaccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos pelo
23 A lsquomundializaccedilatildeo do capitalrsquo eacute ldquoa capacidade estrateacutegica de todo grande grupo oligopolista voltado para a
produccedilatildeo manufatureira ou para as principais atividades de serviccedilos de adotar por conta proacutepria um enfoque e
condutas lsquoglobaisrsquordquo () incluindo-se a esfera financeira (CHESNAIS 1996 p 17) 24Os investidores institucionais segundo Chesnais (2005) satildeo organismos tais como fundos de pensatildeo fundos
coletivos de aplicaccedilatildeo sociedades de seguro bancos que administram sociedades de investimento que teriam feito
da descentralizaccedilatildeo dos lucros natildeo reinvestidos das empresas e das famiacutelias (planos de previdecircncia privados
poupanccedila salarial) um trampolim para a aquisiccedilatildeo de acumulaccedilatildeo financeira de grande proporccedilatildeo
38
repasse da sua execuccedilatildeo ao mercado busca a racionalizaccedilatildeo dos recursos e a diminuiccedilatildeo dos
gastos do Estado com as poliacuteticas sociais e educacionais restringindo assim a atuaccedilatildeo das
instituiccedilotildees puacuteblicas o que tem gerado contradiccedilotildees quanto ao papel social do Estado impliacutecito
na Constituiccedilatildeo Federal Brasileira de 1988
A lsquoTerceira viarsquo eacute outra estrateacutegia utilizada pela teoria neoliberal para vencer a crise
Segundo os teoacutericos defensores do neoliberalismo a proposta da Terceira Via pressupotildee um
Estado democraacutetico que tem como principais caracteriacutesticas a ldquodescentralizaccedilatildeo dupla
democratizaccedilatildeo renovaccedilatildeo da esfera puacuteblica-transparecircncia eficiecircncia administrativa
mecanismos de democracia direta e governo como administrador de riscosrdquo (GIDDENS 2001
p 87) Por outro lado Peroni e Caetano (2012) criticam as estrateacutegias da teoria neoliberal que
buscam a racionalizaccedilatildeo dos recursos e o esvaziamento do poder das instituiccedilotildees transferindo
a execuccedilatildeo das poliacuteticas sociais para o terceiro setor ldquoque eacute caracterizado como o puacuteblico natildeo-
estatalrdquo (PERONI CAETANO 2012 p 4) ou seja para a sociedade civil utilizando-se do
discurso da democratizaccedilatildeo e da participaccedilatildeo sem romper com o neoliberalismo
Caracterizada como uma ldquoarena de interesses contraditoacuterios e conflituososrdquo (VIEIRA
2007 p59) a gestatildeo puacuteblica se materializa na praacutetica das poliacuteticas traccediladas pelo poder puacuteblico
qualificando-se como uma ldquotarefa complexa e cheia de meandrosrdquo (VIEIRA 2007 p59)
Vieira (2007) e Paro (2005) compartilham da mesma ideia de que os valores estatildeo impliacutecitos
nas intencionalidades poliacuteticas nas condiccedilotildees dadas para a implementaccedilatildeo onde estaacute a base
material da gestatildeo puacuteblica com recursos materiais e financeiros e ainda de condiccedilotildees poliacuteticas
favoraacuteveis para concretizaccedilatildeo
Acerca desse debate sobre a gestatildeo puacuteblica uma tendecircncia internacional de reformas na
administraccedilatildeo puacuteblica na gestatildeo das poliacuteticas sociais e educacionais vem se formando nos
paiacuteses da Ameacuterica Latina a partir dos anos de 1990 inclusive no Brasil reflexo da crise
mundial que atingiu os paiacuteses centrais na deacutecada de 1980 A introduccedilatildeo de princiacutepios da
administraccedilatildeo empresarial no setor puacuteblico foi uma das mudanccedilas no padratildeo de organizaccedilatildeo e
gestatildeo que Lima (1997) denominou de paradigma da educaccedilatildeo contaacutebil (LIMA 1997 p 43
grifos do autor) Esse paradigma no Brasil se constitui por meio da Terceira Via nas parcerias
puacuteblico-privadas nos ldquonovos contratos de gestatildeordquo na compra de materiais didaacutetico-
pedagoacutegicos do setor privado nas avaliaccedilotildees com foco nos resultados no controle da eficiecircncia
e qualidade das instituiccedilotildees educativas
Essas medidas derivam de dois fatores principais das restriccedilotildees orccedilamentaacuterias dos
Estados em razatildeo do aprofundamento da crise financeira e econocircmica que se espalhara por todo
o mundo globalizado atingindo seu aacutepice em 2008 e da implantaccedilatildeo de princiacutepios do
39
ldquomovimento denominado New Public Management (NPM)rdquo (MARINI 2003 p 47) nas accedilotildees
dos governos
O modelo de gestatildeo gerencial ou ainda o termo Nova Gerecircncia Puacuteblica (New Public
Management mdash NPM) eacute frequentemente utilizado em muitos dos paiacuteses-membros25 da
Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econocircmico - OCDE O termo parece
descrever certo tipo de reforma administrativa que sob orientaccedilotildees da OCDE tem contribuiacutedo
para a elaboraccedilatildeo de uma visatildeo mais econocircmica e gerencial da administraccedilatildeo governamental
vinculada aos interesses do mercado capitalista e apoiada pela poliacutetica neoliberal de modo que
natildeo possibilita a participaccedilatildeo de todos Nesses termos o gerencialismo26 seria portanto
O modelo de aplicaccedilatildeo dos princiacutepios gerenciais do setor empresarial privado ao setor
puacuteblico Em termos praacuteticos essa concepccedilatildeo restrita da NPM implica numa ecircnfase da
gerecircncia de contratos na introduccedilatildeo de mecanismos de mercado no setor puacuteblico e na
vinculaccedilatildeo estabelecida entre o pagamento e o desempenho (ORMOND 1999 p73)
Nesse sentido o modelo de gestatildeo gerencial ou gerencialismo importado das empresas
privadas eacute reproduzido para o serviccedilo puacuteblico mesmo quando essa tendecircncia internacional da
administraccedilatildeo natildeo se materializa da mesma forma em todos os paiacuteses que a implantaram Em
alguns paiacuteses esse modelo deu certo e prosperou jaacute em outros encontrou reaccedilatildeo sendo ldquodebatido
ou introduzido gradualmente ou de forma mitigada mas em todo o caso conquistou adeptos
concentrou atenccedilotildees e motivou ataques e resistecircncias como nenhum outrordquo (LIMA 1997 p
47)
A reforma na administraccedilatildeo puacuteblica na perspectiva do gerencialismo de acordo com
Abruacutecio (2010) tem a descentralizaccedilatildeo como um mecanismo adotado internamente pelas
empresas privadas com o objetivo de garantir a eficiecircncia e eficaacutecia no controle da gestatildeo de
resultados no planejamento estrateacutegico no controle por meio de avaliaccedilotildees de desempenho
nacionais estaduais e municipais no controle das accedilotildees individuais (responsabilizaccedilatildeo) e na
emissatildeo de relatoacuterios administrativos
Natildeo diferentemente de outros paiacuteses da Ameacuterica Latina no Brasil Bresser Pereira
(2007) afirma que esse novo modelo vem se estruturando no paiacutes e que envolve organizaccedilotildees
estatais puacuteblicas natildeo estatais corporativas e privadas Essas organizaccedilotildees se relacionam em
25 Paiacuteses membros da OCDE ndash Aacuteustria Beacutelgica Dinamarca Franccedila Greacutecia Islacircndia Irlanda Itaacutelia Luxemburgo
Noruega Paiacuteses Baixos Portugal Reino Unido Sueacutecia Suiacuteccedila Turquia Alemanha Espanha Canadaacute USA Japatildeo
Finlacircndia Austraacutelia Nova Zelacircndia Repuacuteblica Checa Meacutexico Hungria Polocircnia Coreia do Sul Eslovaacutequia
Chile Eslovecircnia e Israel
40
redes e essas relaccedilotildees satildeo identificadas como parcerias entre instituiccedilotildees puacuteblico-privadas-
terceiro setor O autor traz referecircncias em defesa desse modelo que segundo ele para o
desenvolvimento do paiacutes eacute necessaacuterio um consenso entre diferentes setores da sociedade O
autor demonstra que ldquoum consenso pleno eacute impossiacutevel mas um consenso que una empresaacuterios
do setor produtivo trabalhadores teacutecnicos do governo e classes meacutedias profissionais - um
acordo nacional portanto ndash estaacute hoje em processo de formaccedilatildeordquo (BRESSER-PEREIRA 2007
p 163)
Assim novas relaccedilotildees entre o Estado o mercado e a sociedade civil se formam no paiacutes
Eacute como uma revoluccedilatildeo passiva que busca rearticular natildeo soacute a produccedilatildeo como tambeacutem regular
as novas relaccedilotildees humanas e sociais pois o controle do capital natildeo incide somente na extraccedilatildeo
da mais-valia mas ainda nessas articulaccedilotildees promovidas em torno de um consenso entre as
classes que organizam essas negociaccedilotildees e acordos no paiacutes
Desde o governo Fernando Henrique Cardoso jaacute vinha se formando um movimento de
ldquoparceriasrdquo que foi prosseguido no governo do Presidente Lula por meio do consenso com o
objetivo de acomodar e harmonizar a governanccedila puacuteblica Nesse sentido o consenso27 entre o
Estado e setores da sociedade civil vem seguindo no sentido de modificar as relaccedilotildees de poder
em um ldquonovo contratordquo em que o setor privado e o terceiro setor passaram a responsabilizar-se
pelos serviccedilos sociais que antes eram de responsabilidade do Estado Esses ldquonovos contratosrdquo
tem como foco princiacutepios gerenciais de mercado baseados na eficiecircncia na eficaacutecia na
flexibilidade dos contratos para atingir os resultados
No proacuteximo toacutepico vamos tratar dessas ldquonovas relaccedilotildeesrdquo que estatildeo ancoradas na
redefiniccedilatildeo do papel do Estado por meio do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado
Brasileiro de 1995 e na participaccedilatildeo das estruturas de poder com significativas implicaccedilotildees no
acircmbito das poliacuteticas educacionais e da gestatildeo da educaccedilatildeo
27 O consenso (ativo ou passivo) numa sociedade capitalista eacute organizado pela burguesia e por liderar esse bloco
deteacutem a hegemonia porque consegue ir aleacutem dos seus interesses econocircmicos imediatos para manter articuladas
forccedilas heterogecircneas numa accedilatildeo essencialmente poliacutetica que impeccedila o rompimento dos contrastes existentes entre
elas (GRAMSCI 2000) O Estado dizia Gramsci eacute sempre uma combinaccedilatildeo dialeacutetica de hegemonia e coerccedilatildeo
assim o exerciacutecio normal da hegemonia no terreno tornado claacutessico do regime parlamentar caracteriza-se pela
combinaccedilatildeo da forccedila e do consenso que se equilibram de modo variado sem que a forccedila suplante muito o consenso
mas ao contraacuterio tentando fazer com que a forccedila pareccedila apoiada no consenso da maioria expresso pelos chamados
oacutergatildeos da opiniatildeo puacuteblica (GRAMSCI 2000 p 95)
41
12 A REFORMA DO ESTADO BRASILEIRO E SUAS IMPLICACcedilOtildeES PARA A GESTAtildeO
DA EDUCACcedilAtildeO
Esse toacutepico trata da Reforma do Estado brasileiro e os seus reflexos na educaccedilatildeo
brasileira a partir de dois modelos de gestatildeo o gerencial e o democraacutetico
A ideia de reformar o Estado no Brasil teve iniacutecio nos anos 90 como reflexo da crise
instalada no paiacutes De um lado Bresser Pereira no Plano de Reforma do Aparelho do Estado
brasileiro argumenta que era necessaacuteria e urgente uma reforma de Estado para superar a
ineficiecircncia o burocratismo e o mau serviccedilo prestado agrave populaccedilatildeo principalmente na aacuterea
social A partir de entatildeo dentro de uma visatildeo neoliberal eacute criado durante o governo do
Presidente Fernando Henrique Cardoso pelo entatildeo Ministro Luiz Carlos Bresser Pereira em
1995 o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado Brasileiro (PDRAE) sob a
justificativa de que o Estado deveria assumir um papel menos executor ou prestador direto de
serviccedilos pois a administraccedilatildeo deveria se realizar por meio de ldquocontratos de gestatildeordquo que
definisse com clareza os objetivos ou indicadores de desempenho das instituiccedilotildees puacuteblicas e
permitisse o controle por resultados Desse modo caberia ao Estado ser o oacutergatildeo coordenador
financiador e regulador dos serviccedilos Por outro lado defensores do Estado democraacutetico
contestam que essas medidas afrontam veementemente os direitos sociais jaacute conquistados e
garantidos sob muita luta dos trabalhadores na Constituiccedilatildeo Federal de 1988
Propagando a imagem de que as atividades do setor puacuteblico-estatal natildeo atendem as
necessidades sociais baacutesicas da populaccedilatildeo pois o Estado estaacute ineficiente improdutivo e
antieconocircmico eacute articulado uma Reforma no Estado para que atenda a um novo modelo de
gestatildeo que tem o setor privado como paracircmetro de eficiecircncia efetividade e produtividade
podendo responder agraves demandas sociais de forma menos burocraacutetica e com maior rapidez As
poliacuteticas neoliberais se posicionam contrariamente agraves poliacuteticas distributivas de bem-estar social
e afirmam que o Estado que prioriza essas questotildees sociais eacute visto como um Estado de mal-
estar social Nesse sentido essas poliacuteticas neoliberais trabalham para racionalizar os custos
financeiros do Estado com gastos em sauacutede educaccedilatildeo habitaccedilatildeo transporte puacuteblico pensotildees
e aposentadorias reduzindo ainda as importaccedilotildees e incentivando a exportaccedilatildeo
Segundo Neves (2005) essa teoria de cunho neoliberal se sustentava na tese do ldquoEstado
miacutenimordquo que de produtor direto de bens e serviccedilos o Estado passou a coordenador de
iniciativas privadas ldquointrojetando nas instituiccedilotildees puacuteblicas estatais noccedilotildees de eficiecircncia
produtividade e racionalidade inerentes agrave loacutegica do capital (NEVES 2005 p 92) O caminho
42
que estaacute sendo proposto no PDRAE eacute justamente impor a privatizaccedilatildeo como a principal poliacutetica
de Estado seguindo as orientaccedilotildees internacionais do Banco Mundial e do Fundo Monetaacuterio
Internacional
Essa discussatildeo do Estado de bem-estar social eacute apresentada por Fiori (1997) e
demonstra uma complexa rede de determinaccedilotildees econocircmicas ideoloacutegicas e poliacuteticas que define
e diferencia o Estado de bem-estar social de outras eacutepocas e de outras experiecircncias nacionais
Para o autor a realidade de paiacuteses como os Estados Unidos a Europa o Japatildeo e o Brasil satildeo
diferentes e em razatildeo disso o que se apresenta como o Estado de bem-estar social em um paiacutes
natildeo pode ser padronizado da mesma forma em outro pois deve-se levar em conta algumas
questotildees centrais como ldquoformas de financiamento pela extensatildeo de serviccedilos pelo peso do
setor puacuteblico pelo seu grau de sensibilidade aos sistemas puacuteblicos pela sua forma de
organizaccedilatildeo institucional etcrdquo (FIORI 1997 p 135)
No texto do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado (PDRAE) a proposta de
Reforma do Estado eacute apresentada sob uma nova configuraccedilatildeo na estrutura do Estado que se
divide em trecircs diferentes setores o nuacutecleo estrateacutegico as atividades exclusivas e os serviccedilos
natildeo exclusivos Cada um deles corresponde a um modelo de gestatildeo com diferentes abrangecircncias
e consequecircncias para a democratizaccedilatildeo dos direitos a saber
O Nuacutecleo estrateacutegico - Corresponde ao governo em sentido lato Eacute o setor que define
as leis e as poliacuteticas puacuteblicas e cobra o seu cumprimento Eacute portanto o setor onde as
decisotildees estrateacutegicas satildeo tomadas Corresponde aos Poderes Legislativo e Judiciaacuterio
ao Ministeacuterio Puacuteblico e no poder executivo ao Presidente da Repuacuteblica aos ministros
e aos seus auxiliares e assessores diretos responsaacuteveis pelo planejamento e
formulaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas
Atividades exclusivas - Eacute o setor em que satildeo prestados serviccedilos que soacute o Estado pode
realizar Satildeo serviccedilos em que se exerce o poder extroverso do Estado - o poder de
regulamentar fiscalizar fomentar Como exemplos temos a cobranccedila e fiscalizaccedilatildeo
dos impostos a poliacutecia a previdecircncia social baacutesica o serviccedilo de desemprego a
fiscalizaccedilatildeo do cumprimento de normas sanitaacuterias o serviccedilo de tracircnsito a compra de
serviccedilos de sauacutede pelo Estado o controle do meio ambiente o subsiacutedio agrave educaccedilatildeo
baacutesica o serviccedilo de emissatildeo de passaportes etc
Os Serviccedilos Natildeo Exclusivos - Corresponde ao setor onde o Estado atua
simultaneamente com outras organizaccedilotildees puacuteblicas natildeo-estatais e privadas As
instituiccedilotildees desse setor natildeo possuem o poder de Estado Este entretanto estaacute presente
porque os serviccedilos envolvem direitos humanos fundamentais como os da educaccedilatildeo
e da sauacutede ou porque possuem ldquoeconomias externasrdquo relevantes na medida que
produzem ganhos que natildeo podem ser apropriados por esses serviccedilos atraveacutes do
mercado As economias produzidas imediatamente se espalham para o resto da
sociedade natildeo podendo ser transformadas em lucros Satildeo exemplos deste setor as
universidades os hospitais os centros de pesquisa e os museus (BRASIL MARE
1995 p41) [grifos nossos]
43
No PDRAE o nuacutecleo estrateacutegico corresponde a alta cuacutepula dos trecircs poderes (executivo
legislativo e judiciaacuterio) e seus assessores diretos no paiacutes que satildeo os responsaacuteveis pelo
planejamento das poliacuteticas puacuteblicas a serem implantadas no paiacutes Nos serviccedilos exclusivos estaacute
o poder do Estado como regulamentador fiscalizador e fomentador das poliacuteticas puacuteblicas Os
serviccedilos natildeo-exclusivos onde estatildeo algumas poliacuteticas sociais que antes estavam sobre a atuaccedilatildeo
do Estado passam a ter os serviccedilos oferecidos tambeacutem pelas instituiccedilotildees puacuteblicas natildeo-estatais
e privadas
Ora veja-se que nesses serviccedilos natildeo-exclusivos do Estado estatildeo presentes alguns
direitos humanos fundamentais legalmente constituiacutedos de acordo com a Constituiccedilatildeo Federal
de 1988 como a educaccedilatildeo e a sauacutede Entretanto o PDRAE ao retirar do Estado a
obrigatoriedade na oferta desses serviccedilos essenciais conquistados pela populaccedilatildeo e transferi-lo
para as instituiccedilotildees puacuteblicas natildeo-estatais privadas e terceiro setor estatildeo portanto abrindo
espaccedilos para o setor privado agir Assim com todas as formas de ldquoeficiecircnciardquo e ldquoeficaacuteciardquo que
o setor privado gerencia os seus empreendimentos particulares reproduz-se esse mesmo
modelo principalmente em setores essenciais como a sauacutede e a educaccedilatildeo trazendo para o
serviccedilo puacuteblico uma nova loacutegica de produtividade e competitividade caracteriacutesticas do
neoliberalismo Em defesa dessa flexibilidade da vertente neoliberal Cardoso (2003 p15)
afirma que ldquo() a produccedilatildeo de bens e serviccedilos pode e deve ser transferida agrave sociedade agrave
iniciativa privada com grande eficiecircncia e com menor custo para o consumidorrdquo
O PDRAE sugere a ldquodescentralizaccedilatildeo de serviccedilosrdquo como elemento estimulador da
democratizaccedilatildeo da accedilatildeo estatal no entanto nem sempre funciona pois ela se apresenta muitas
vezes apenas como uma forma mais eficiente de controle dos gastos puacuteblicos Assim sob o
argumento da participaccedilatildeo coletiva toda a sociedade eacute convocada a contribuir com os serviccedilos
que antes eram de responsabilidade do Estado por meio do discurso da ldquoresponsabilidade
socialrdquo e da colaboraccedilatildeo ldquovoluntaacuteriardquo em razatildeo da qual todos passam a ser responsabilizados
pela oferta dos serviccedilos principalmente passando a ideia de eficiecircncia atraveacutes das parcerias
puacuteblico-privadas Esse modelo de Reforma do Estado baseado nos preceitos da mundializaccedilatildeo
do capital nos pressupostos neoliberais influenciaram as reformas tambeacutem no acircmbito
educacional e tem recebido duras criacuteticas de vaacuterios estudiosos da educaccedilatildeo no paiacutes como Neves
(2005) Peroni (2006) Gutierres (2010) Neto e Castro (2011)
Para os autores a redefiniccedilatildeo do papel do Estado tem traccedilado um novo rumo para a
educaccedilatildeo brasileira retirando inclusive direitos legalmente constituiacutedos Em se tratando das
poliacuteticas educacionais esse novo regulamento se propotildee a minimizar e controlar os custos com
44
a educaccedilatildeo e atender ao maior nuacutemero de pessoas com serviccedilos educacionais prestados por
terceiros e natildeo mais como um direito social assegurado pelo Estado
Ao final do entatildeo governo Fernando Henrique Cardoso em 2002 foi eleito para
Presidecircncia da Repuacuteblica Luiz Inaacutecio Lula da Silva dentro de uma coalizatildeo de partidos de
centro-esquerda que abrangeu aleacutem do Partido dos Trabalhadores (PT) o Partido Comunista
do Brasil (PCdoB) o Partido Liberal (PL) o Partido da Mobilizaccedilatildeo Nacional (PMN) e o
Partido Comunista Brasileiro (PCB) Ao final de quatro anos em novo pleito eleitoral Lula da
Silva eacute reeleito em nova coalizatildeo partidaacuteria formada pelo Partido dos Trabalhadores (PT) pelo
Partido Comunista do Brasil (PCdoB) pelo Partido Liberal (PL) e pelo Partido Republicano
Brasileiro (PRB) para uma nova fase de governo que se estendeu ateacute 2010
Com Lula da Silva agrave frente da Presidecircncia da Repuacuteblica (2003-2010) trecircs Ministros de
Estado da Educaccedilatildeo estiveram agrave frente do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo quais sejam Cristovatildeo
Buarque em 2003 Tarso Genro 2004 e 2005 e Fernando Haddad de 2005 a 2010 Na
oportunidade estabeleceram ldquonovasrdquo poliacuteticas puacuteblicas para a educaccedilatildeo durante os oito anos de
governo Lula De acordo com FREITAS e SILVA (2015)
as poliacuteticas educacionais levadas a efeito pelo governo federal ao longo do primeiro
mandato de Lula da Silva agrave frente da Presidecircncia da Repuacuteblica de 2003 a 2007 o que
se apresenta eacute que vaacuterios pressupostos e propostas acabam por reforccedilar seu caraacuteter de
continuidade e reafirmaccedilatildeo da loacutegica do capital e da perspectiva que orientava tais
poliacuteticas desde a uacuteltima deacutecada do seacuteculo XX e primeiros anos do seacuteculo XXI
(FREITAS e SILVA 2015)
Dessa forma o que se observa eacute que o governo Lula da Silva deu continuidade as
poliacuteticas de mercado neoliberal consolidada no processo de globalizaccedilatildeo pelo ainda presidente
Fernando Henrique Cardoso mas que jaacute era tambeacutem reflexos do capital internacional desde os
governos Collor de Mello e Itamar Franco
O iniacutecio do segundo mandato do governo Lula (2007-2010) trouxe um marco
importante apresentado como um novo orientador e como uma nova perspectiva na conduccedilatildeo
das poliacuteticas educacionais com o anuacutencio do Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo e no seu
contexto do Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo
dos Profissionais da Educaccedilatildeo (FUNDEB) instituiacutedo pela Medida Provisoacuteria nordm 3392006 que
posteriormente fora convertida na Lei nordm 114942007
Embora o governo de Lula da Silva e o de sua sucessora Dilma Rousseff tenha
apresentado para o paiacutes uma proposta de crescimento econocircmico e de transferecircncia de renda o
programa de frente poliacutetica denominado por Boito Juacutenior (2012) de ldquoneodesenvolvimentistardquo
45
o qual comeccedilou a se formar no decorrer da deacutecada de 1990 e apresentou contradiccedilotildees frente a
algumas reformas apresenta semelhanccedilas em seus traccedilos mais gerais com as propostas lanccediladas
pelo governo de Fernando Henrique Cardoso no periacuteodo desenvolvimentista e populista28
Boito (2012 p 5) denomina o ldquoneodesenvolvimentismordquo de ldquoo desenvolvimentismo da eacutepoca
do capitalismo neoliberalrdquo e jaacute adverte que o tema eacute complexo Afirma que os governos Lula
da Silva e Dilma Rousseff lanccedilaram matildeo de alguns elementos importantes que ficaram de fora
da proposta do governo de Fernando Henrique Cardoso Senatildeo veja-se
a) poliacuteticas de recuperaccedilatildeo do salaacuterio miacutenimo e de transferecircncia de renda que
aumentaram o poder aquisitivo das camadas mais pobres isto eacute daqueles que
apresentam maior propensatildeo ao consumo b) forte elevaccedilatildeo da dotaccedilatildeo orccedilamentaacuteria
do Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico (BNDES) para financiamento
das grandes empresas nacionais a uma taxa de juro favorecida ou subsidiada c)
poliacutetica externa de apoio agraves grandes empresas brasileiras ou instaladas no Brasil para
exportaccedilatildeo de mercadorias e de capitais (DALLA COSTA 2012) d) poliacutetica
econocircmica anticiacuteclica ndash medidas para manter a demanda agregada nos momentos de
crise econocircmica e e) incremento do investimento estatal em infraestrutura (BOITO
2012 p5)
Esses elementos econocircmicos na poliacutetica buscavam o crescimento econocircmico do
capitalismo brasileiro com alguma transferecircncia de renda embora o faccedila sem romper com os
limites dados pelo modelo econocircmico neoliberal vigente no paiacutes O neodesenvolvimentismo
seria nessa loacutegica dos governos Lula da Silva e Dilma Rousseff a poliacutetica de desenvolvimento
possiacutevel dentro dos limites dados pelo modelo capitalista neoliberal
Nessa loacutegica Neto e Castro (2011) afirmam que o PDRAE insere-se na loacutegica desse
processo de adaptaccedilatildeo agraves novas exigecircncias do capital ao mesmo tempo em que o Estado deixa
de ser o responsaacutevel direto pelo desenvolvimento econocircmico e social cedendo para o mercado
essa tarefa para se fortalecer na funccedilatildeo de promotor e regulador desse desenvolvimento Nesta
direccedilatildeo a reforma educacional em consonacircncia com as orientaccedilotildees mercadoloacutegicas tem
priorizado os seguintes eixos
a) focalizaccedilatildeo de programas ndash procura-se substituir o acesso universal aos direitos
sociais e bens puacuteblicos por acesso seletivo b) descentralizaccedilatildeo ndash possibilita a
utilizaccedilatildeo de estrateacutegias para propiciar a democratizaccedilatildeo do Estado e a busca de maior
justiccedila social c) privatizaccedilatildeo ndash entendida no seu sentido mais amplo como a
transferecircncia das responsabilidades puacuteblicas para organizaccedilotildees ou entidades privada
d) desregulamentaccedilatildeo ndash que tem por objetivo criar um novo quadro legal com vistas
a diminuir a interferecircncia dos poderes puacuteblicos sobre os empreendimentos
educacionais privados (NETO e CASTRO 2011 p 2)
28 Consultar o texto na iacutentegra As bases poliacuteticas do neodesenvolvimentismo (BOITO 2012)
46
Essas diretrizes vecircm influenciando a poliacutetica educacional que tem interferido
diretamente na organizaccedilatildeo e na gestatildeo do sistema educacional na formulaccedilatildeo e na conduccedilatildeo
das poliacuteticas determinando novos papeacuteis e funccedilotildees para os profissionais da educaccedilatildeo em todos
os niacuteveis de atuaccedilatildeo
Nesse contexto podemos afirmar que essas reformas neoliberais de ldquoajustesrdquo estrutural
presentes no Plano Diretor de Reforma do Aparelho do Estado Brasileiro trazem o modelo de
gestatildeo com base no gerencialismo que com o apoio dos organismos internacionais
influenciados pelo Banco Mundial (BM) e pelo Fundo Monetaacuterio Internacional (FMI)
apresentaram elementos conceituais para uma visatildeo mais econocircmica e gerencial da
administraccedilatildeo puacuteblica com ecircnfase na gerecircncia de contratos com instituiccedilotildees privadas na
introduccedilatildeo de mecanismos de mercado no setor puacuteblico e a vinculaccedilatildeo da remuneraccedilatildeo com o
desempenho
121 As Poliacuteticas Educacionais no Brasil e a Gestatildeo da Educaccedilatildeo
Primeiramente faz-se necessaacuterio esclarecer que natildeo existem poliacuteticas puacuteblicas sem
poliacutetica As poliacuteticas puacuteblicas se referem pois as iniciativas governamentais as diretrizes os
programas os planos e as accedilotildees que estatildeo vinculadas aos interesses de uma determinada
sociedade Uma poliacutetica educacional eacute um caso particular de poliacutetica social uma vez que trata
das questotildees educacionais e busca dar condiccedilotildees para que as iniciativas governamentais sejam
aplicadas Para tanto o planejamento e a gestatildeo dessa poliacutetica educacional precisa ser bem
formulado Segundo Camini (2009)
a poliacutetica e as poliacuteticas implementadas percorrem um trajeto na sua construccedilatildeo que
natildeo eacute linear por que eacute feito de movimentaccedilatildeo com oscilaccedilotildees avanccedilos e recuos
estando sujeitas a mudanccedilas acreacutescimos e supressotildees sofrendo portanto influecircncias
em todas as suas fases dependendo dos contextos e sujeitos envolvidos no processo
de formulaccedilatildeo e execuccedilatildeo (CAMINI 2009 p 22)
A elaboraccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas educacionais reflete um campo de disputa de vaacuterios
interesses muitas vezes antagocircnicos entre os sujeitos que se mobilizam para materializar as
poliacuteticas que possam beneficiar os seus interesses individuais plurais ou de um grupo Embora
essa materialidade esteja nos registros escritos ndash oficiais ou natildeo ndash organizados por sujeitos que
47
ali participaram do planejamento da poliacutetica isso natildeo quer dizer que elas sejam implementadas
Rua (1997) afirma que
A rigor uma decisatildeo em poliacutetica puacuteblica representa apenas um amontoado de
intenccedilotildees sobre a soluccedilatildeo de um problema expressas na forma de determinaccedilotildees
legais decretos resoluccedilotildees etc etc Nada disso garante que a decisatildeo se transforme
em accedilatildeo e que a demanda que deu origem ao processo seja efetivamente atendida Ou
seja natildeo existe um viacutenculo ou relaccedilatildeo direta entre o fato de uma decisatildeo ter sido
tomada e a sua implementaccedilatildeo E tambeacutem natildeo existe relaccedilatildeo ou viacutenculo direto entre
o conteuacutedo da decisatildeo e o resultado da implementaccedilatildeo (RUA 1997 p11)
As poliacuteticas nacionais nesse caso destaca-se o objeto deste estudo o Plano de Metas
Compromisso Todos Pela EducaccedilatildeoPlano de Accedilotildees Articuladas eacute um conjunto de intenccedilotildees de
uma poliacutetica governamental viabilizada por meio de decreto presidencial que natildeo explica a
origem da poliacutetica e nem o seu fim O Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica (IDEB)
eacute um indicador para verificaccedilatildeo do cumprimento das metas fixadas por esta poliacutetica por meio
do Termo de Adesatildeo ao Compromisso Todos Pela Educaccedilatildeo ndash eixo do Plano de
Desenvolvimento da Educaccedilatildeo ndash como um meio de justificar a implantaccedilatildeo da poliacutetica em todos
os estados e municiacutepios do paiacutes Para viabilizar a implantaccedilatildeo dessa poliacutetica eacute apresentado o
Plano de Accedilotildees Articuladas um instrumento destinado aos estados e municiacutepios para fazer o
planejamento da educaccedilatildeo de forma a atender a metas fixadas por esta poliacutetica Eacute certo que
uma poliacutetica dessa proporccedilatildeo traz consigo uma complexidade na implantaccedilatildeo Tratar-se-aacute deste
tema mais especificamente na 2ordf sessatildeo desse estudo
As intenccedilotildees dos governos e da sociedade civil se diferem e se revelam no processo
histoacuterico da democracia no Brasil A democracia tem se revelado com significados e conceitos
diferenciados em muitos espaccedilos e sob diferentes formas na educaccedilatildeo por exemplo
lsquomodismosrsquo tomam conta da educaccedilatildeo puacuteblica e afirmam serem democraacuteticos Monteiro (2007)
explica
A palavra democracia eacute polissecircmica podendo pois possuir vaacuterios significados
dependendo dos interesses particulares de quem a encampa moldando o discurso
democraacutetico a diferentes situaccedilotildees e pode ser utilizada ateacute para designar coisas
antagocircnicas Os poliacuteticos brasileiros por exemplo soacute consideram anti-democraacuteticos
os outros Mas uma coisa eacute comum falar em democracia envolve sempre algo de
positividade de liberdade (MONTEIRO 2007 p 55)
Nesse contexto moldam-se os discursos democraacuteticos dependendo dos interesses
particulares No Brasil nos paiacuteses da Europa e em outros paiacuteses latino-americanos os partidos
de esquerda e os partidos mais progressistas tecircm assumido a bandeira da democracia como valor
48
universal no caso do Brasil essa bandeira se fortaleceu devido ao longo periacuteodo de ditadura
militar no paiacutes que perdurou por vinte e um anos (1964-1985) Entretanto as criacuteticas a esse
modelo satildeo de ordem principalmente capitalista que propagam ldquoa ideologia do Estado neutro
a serviccedilo do bem comum o que se constitui numa falaacuteciardquo (MONTEIRO 2007 p 56)
A democracia deve ser vista em um panorama mais amplo e natildeo somente como um valor
universal representada atraveacutes das eleiccedilotildees diretas livres como se automaticamente essas
relaccedilotildees se transformassem Segundo Coutinho (2002 p17) ldquoo que tem valor universal eacute esse
processo de democratizaccedilatildeo que se expressa essencialmente numa crescente socializaccedilatildeo da
participaccedilatildeo poliacuteticardquo No Brasil os defensores do neoliberalismo afirmam que jaacute estamos
vivendo a democracia com a globalizaccedilatildeo o acesso a informaccedilatildeo a participaccedilatildeo no mercado
de trabalho etc por outro lado os defensores mais da esquerda oferecem resistecircncia de que a
democracia deve ser defendida como um valor universal e que ela precisa ser ampliada e
qualificada para evitar o reaparecimento de governos autoritaacuterios e a volta da ditadura Ou seja
para existir uma democratizaccedilatildeo plena eacute necessaacuteria uma combinaccedilatildeo de elementos essenciais
como ldquoa socializaccedilatildeo da participaccedilatildeo poliacutetica com a socializaccedilatildeo do poder o que significa que
a plena realizaccedilatildeo da democracia implica a superaccedilatildeo da ordem social capitalista da
apropriaccedilatildeo privada natildeo soacute dos meios de produccedilatildeo mas tambeacutem do poder de Estado []rdquo
(COUTINHO 2002 p 17) A conquista de uma democracia direta e participativa deve comeccedilar
na escola como um aprendizado sendo por isso importante a participaccedilatildeo e a abertura de
espaccedilos organizados de participaccedilatildeo no seu interior para que os sujeitos escolares que estatildeo
envolvidos nos processos possam debater e tomar suas decisotildees
Em se tratando da educaccedilatildeo puacuteblica nos uacuteltimos anos considera-se indispensaacutevel
relembrar as lutas histoacutericas para a institucionalizaccedilatildeo da gestatildeo democraacutetica como princiacutepio
da educaccedilatildeo que foi inscrita na Constituiccedilatildeo Federal Brasileira de 1988 apoacutes forte pressatildeo dos
educadores que participaram da IV Conferecircncia Brasileira de Educaccedilatildeo (CBE) em 1986
oportunidade em que escreveram uma Carta conhecida como ldquoCarta de Goiacircniardquo a qual
solicitava que fossem inseridos na Constituiccedilatildeo vinte e um princiacutepios baacutesicos que atualmente
entravam a efetiva democratizaccedilatildeo da sociedade Poreacutem o texto da Constituiccedilatildeo Federal
Brasileira de 1988 resumiu toda a solicitaccedilatildeo dos educadores organizados na simples expressatildeo
ldquogestatildeo democraacutetica do ensino puacuteblico na forma da leirdquo A Lei de Diretrizes e Bases da
Educaccedilatildeo Nacional (LDBEN) de 1996 que eacute a Lei da educaccedilatildeo no paiacutes em seu art 14 tambeacutem
soacute reafirmou o princiacutepio da gestatildeo democraacutetica com a seguinte redaccedilatildeo ldquoI - participaccedilatildeo dos
profissionais da educaccedilatildeo na elaboraccedilatildeo dos projetos pedagoacutegicos da escolardquo e II - a
ldquoparticipaccedilatildeo das comunidades escolar e local em Conselhos Escolares ou equivalentesrdquo No
49
art 15 destaca-se ldquoos sistemas de ensino asseguraratildeo agraves unidades escolares puacuteblicas de
educaccedilatildeo baacutesica que os integram progressivos graus de autonomia pedagoacutegica e administrativa
e de gestatildeo financeira observadas as normas gerais de direito financeiro puacuteblicordquo (BRASIL
1996 p 8)
Dessa forma a Constituiccedilatildeo Federal e a LDB trataram rapidamente e natildeo detalharam
como se daria a forma de regulamentaccedilatildeo e legitimaccedilatildeo da gestatildeo democraacutetica aleacutem de natildeo
apontarem como se daria a criaccedilatildeo de oacutergatildeos colegiados que poderiam contribuir com o debate
democraacutetico e participativo com o controle social das obrigaccedilotildees do Estado para com a
educaccedilatildeo puacuteblica Entretanto vemos alguns sinais de flexibilizaccedilatildeo presentes na LDB
orientados pela Reforma do Estado na educaccedilatildeo como a flexibilizaccedilatildeo curricular flexibilizaccedilatildeo
nas questotildees administrativas e financeiras da escola com a implementaccedilatildeo dos processos de
descentralizaccedilatildeo e da autonomia para as redes escolares e ainda a possibilidade de aceleraccedilatildeo e
aproveitamento de estudos avanccedilo de seacuteries de estudos
Poreacutem natildeo podemos afirmar que existe na praacutetica uma gestatildeo democraacutetica nas escolas
sem a participaccedilatildeo ativa dos envolvidos nos debates e na construccedilatildeo de uma cultura social e
poliacutetica que viabilize a implantaccedilatildeo e a atuaccedilatildeo efetiva dos conselhos de controle social com
autonomia pedagoacutegica administrativa e financeira Nos casos em que a gestatildeo natildeo eacute
compartilhada estamos diante de uma falsa gestatildeo democraacutetica Para Cury (1997 p 201) a
gestatildeo ldquonatildeo eacute soacute o ato de administrar um bem fora de si mas algo que se traz em si por que
nele estaacute contido E o conteuacutedo do seu bem eacute a proacutepria capacidade de participaccedilatildeo sinal maior
da democraciardquo
Como um princiacutepio constitucional a gestatildeo democraacutetica atinge a totalidade do ensino
puacuteblico Para isso eacute necessaacuterio democratizar as escolas e toda a estrutura dos sistemas de ensino
em toda a sua organizaccedilatildeo atraveacutes dos mecanismos potencializadores de gestatildeo democraacutetica
que possibilitem a interaccedilatildeo uns com os outros e natildeo serem atos isolados Esses mecanismos
democratizadores que permitem a participaccedilatildeo na gestatildeo da escola satildeo a ldquoeleiccedilatildeo de diretores
a instalaccedilatildeo de conselhos escolares deliberativos descentralizaccedilatildeo administrativa financeira e
pedagoacutegicardquo (MENDONCcedilA 2000 p21) Cabe refletir que a escola eacute uma instituiccedilatildeo que tem
potencial poliacutetico e social portanto quando ela natildeo eacute democratizada atraveacutes da participaccedilatildeo
ela eacute moldada para atender aos interesses econocircmicos e patrimonialista da elite dominante
desprezando os reais objetivos especiacuteficos da educaccedilatildeo a formaccedilatildeo humana
Por outro lado os estudos recentes de Barroso (1996) e Dourado (2007) tecircm
demonstrado que os discursos tanto governamental quanto o empresarial se encontram na
necessidade de estimular a autonomia da escola a partir da gestatildeo da educaccedilatildeo baacutesica E assim
50
controlar os sistemas educacionais atraveacutes dos instrumentos nacionais de avaliaccedilatildeo (ENEM
ENADE IDEB) A estimulaccedilatildeo da participaccedilatildeo da comunidade escolar na resoluccedilatildeo de
questotildees administrativas financeiras e voluntaacuterias da escola tem sido uma estrateacutegia que vai
ldquono sentido de transferir poderes e funccedilotildees do niacutevel nacional e regional para o niacutevel local
reconhecendo a escola como um lugar central de gestatildeo e a comunidade local (em particular os
pais dos alunos) como um parceiro essencial na tomada de decisatildeordquo (BARROSO 1996 p02)
Nesse contexto observamos a contradiccedilatildeo em que se assenta a implantaccedilatildeo do Plano de
Accedilotildees Articuladas nos estados e municiacutepios longe de se constituir aos olhos do movimento
dos educadores como uma praacutetica democraacutetica de gestatildeo o PAR que eacute um instrumento de
planejamento presente no Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo constituiu-se e
implementou-se sem levar em consideraccedilatildeo a participaccedilatildeo no debate coletivo com os estados e
municiacutepios na construccedilatildeo desse instrumento mas que foi uma decisatildeo poliacutetica sustentada no
consentimento social
No aspecto poliacutetico Gutierres (2010 p70) afirma que a ldquogestatildeo envolve assimetrias de
poder soacute passiacuteveis de serem minimizadas pela gestatildeo democraacutetica que muito mais do que
compartilhamento de tarefas supotildee divisatildeo de poder de respeito muacutetuo pela condiccedilatildeo de
sujeito de todos os que participam do processordquo Dessa forma a participaccedilatildeo eacute imprescindiacutevel
para que haja de fato a democracia o que a constitui um dos requisitos principais Para que os
processos de gestatildeo democraacutetica da escola sejam atingidos eacute necessaacuterio que as estruturas de
poder do sistema de ensino tenham como base mecanismos de participaccedilatildeo nos processos de
deliberaccedilotildees colegiadas
Em oposiccedilatildeo ao modelo de gestatildeo democraacutetica que valoriza a participaccedilatildeo da sociedade
na efetivaccedilatildeo de praacuteticas de democratizaccedilatildeo da educaccedilatildeo o modelo de gestatildeo gerencialista
admite e prioriza os interesses privados sobre o puacuteblico gerando a desobrigaccedilatildeo do Estado
quanto agraves suas responsabilidades ao mesmo tempo em que adota e aceita mecanismos de
controle privados como a avaliaccedilatildeo e os resultados
Todavia o que tem se observado no Brasil nas uacuteltimas deacutecadas eacute a convivecircncia teoacuterica
desses dois modelos de gestatildeo da educaccedilatildeo a gestatildeo democraacutetica e a gestatildeo gerencialista
Essas perspectivas tecircm se materializado no Plano de Reforma do Estado de 1995 e nas poliacuteticas
educacionais de governo implantadas atraveacutes do Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo do
Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo e do Plano de Accedilotildees Articuladas os quais
cercam este objeto de estudo Poreacutem para que essas poliacuteticas de gestatildeo da educaccedilatildeo se
materializem tanto na perspectiva democraacutetica quanto na gerencial alguns mecanismos de
51
poder satildeo utilizados em diferentes contextos e espaccedilos e ateacute dialogando entre si sob as diversas
formas que buscam representar uma educaccedilatildeo democratizada Eacute o que se vecirc a seguir
13 DESCENTRALIZACcedilAtildeO AUTONOMIA E PARTICIPACcedilAtildeO MECANISMOS DE
DEMOCRATIZACcedilAtildeO DAS ESTRUTURAS DE PODER
Nesse toacutepico discutir-se-atildeo acerca dos trecircs mecanismos de democratizaccedilatildeo a
descentralizaccedilatildeo a autonomia e a participaccedilatildeo e as suas formas de materialidade na poliacutetica e
na gestatildeo da educaccedilatildeo
131 Descentralizaccedilatildeo
O termo ldquodescentralizaccedilatildeordquo tem sido cada vez mais incorporado pelas poliacuteticas puacuteblicas
educacionais que sem infringir as regras de harmonia do conceito caracteriza-se como a natildeo
centralizaccedilatildeo da gestatildeo autoritaacuteria Entretanto esse conceito guarda ambiguidades pois no
Brasil o Plano Diretor de Reforma do Estado Brasileiro (PDRAE) reconfigurou as funccedilotildees do
Estado descentralizando-a para a administraccedilatildeo puacuteblica embora nesse modo o que se tem eacute
uma desconcentraccedilatildeo de tarefas
Na educaccedilatildeo a descentralizaccedilatildeo como em vaacuterios paiacuteses evoluiu em duas direccedilotildees
opostas um movimento de centralizaccedilatildeo e paralelamente transferecircncia de novas competecircncias
para a escola No caso do Brasil como entes federativos os municiacutepios ldquoresguardados pelo
princiacutepio da soberania assumem a gestatildeo de poliacuteticas puacuteblicas sob a prerrogativa de adesatildeo
precisando portanto ser incentivados para talrdquo (ARRETCHE 1999 p 114)
De modo a favorecer a compreensatildeo das ambiguidades do termo descentralizaccedilatildeo
Novaes e Fialho (2010 p 586) apresentam quatro variaccedilotildees sendo a) desconcentraccedilatildeo se
caracteriza pela transferecircncia ou delegaccedilatildeo de autoridade ou ainda de competecircncias de accedilatildeo
do governo central para as regiotildees e localidades b) delegaccedilatildeo manteacutem uma cadeia hieraacuterquica
que toma as decisotildees e transfere responsabilidades no entanto a autoridade se mantem sobre o
controle da unidade que a delegou c) devoluccedilatildeo caracteriza-se pelo fortalecimento e
autonomia dos governos regionais e locais que natildeo requer o controle direto do governo central
e d) a privatizaccedilatildeo caracterizada pela progressiva transferecircncia de controle governamental da
educaccedilatildeo convertendo as escolas puacuteblicas em escolas privadas
52
Neto e Castro (2011) afirmam que o processo de descentralizaccedilatildeo atualmente em
desenvolvimento no sistema educacional natildeo foi necessariamente resultado das conquistas
democraacuteticas por parte dos movimentos sociais O que tem ocorrido eacute que na educaccedilatildeo a
descentralizaccedilatildeo tem reduzido a accedilatildeo estatal de praacuteticas de gestatildeo proacuteprias do setor privado e
com isso procura-se diminuir a hierarquia propiciando a entrada do setor privado no sistema
possibilitando decisotildees mais proacuteximas do local de execuccedilatildeo dessas poliacuteticas
A descentralizaccedilatildeo a partir do modelo federativo brasileiro acarretou um niacutevel de
autonomia poliacutetica para os estados e municiacutepios inclusive na formulaccedilatildeo de poliacuteticas locais
devido agraves propostas de separaccedilatildeo nos arranjos institucionais O desenho do federalismo
brasileiro apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 determina a inclusatildeo do municiacutepio como ente
federativo29 O art 18 define a Organizaccedilatildeo Poliacutetico-Administrativa do Estado e prevecirc que ldquoA
organizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa da Repuacuteblica Federativa do Brasil compreende a Uniatildeo os
Estados o Distrito Federal e os municiacutepios todos autocircnomos nos termos desta constituiccedilatildeordquo
(CFBRASIL 1988) Uma federaccedilatildeo para Cury (2010) eacute a uniatildeo de membros federados que
formam uma soacute entidade soberana que seria o Estado Nacional no qual as unidades federadas
subnacionais (estados e municiacutepios) no caso do Brasil gozam de autonomia dentro dos limites
jurisdicionais atribuiacutedos e especificados
Um caso de descentralizaccedilatildeodesconcentraccedilatildeo de tarefas se daacute na administraccedilatildeo das
escolas ndash agora financiadas pelos municiacutepios ndash no Brasil estaacute sob a responsabilidade das
secretarias municipais de educaccedilatildeo que entre as suas principais funccedilotildees estatildeo definir as
poliacuteticas municipais de educaccedilatildeo e estabelecer por meio do plano municipal de educaccedilatildeo as
prioridades as estrateacutegias e as accedilotildees necessaacuterias para cumprir seu compromisso legal Cada
municiacutepio pode optar por criar seu proacuteprio sistema de ensino ou integrar-se ao sistema estadual
Para dar materialidade agrave descentralizaccedilatildeo da gestatildeo na perspectiva da democratizaccedilatildeo
nos uacuteltimos anos vem sendo implementada a poliacutetica de criaccedilatildeo de conselhos em acircmbito
municipal e escolar no Brasil Os municiacutepios que optam por criar seu proacuteprio sistema podem
ter seu oacutergatildeo consultivo o Conselho Municipal de Educaccedilatildeo um organismo colegiado
integrado por representantes da comunidade e da administraccedilatildeo puacuteblica que atua como
mediador entre a sociedade civil e o poder executivo local na discussatildeo elaboraccedilatildeo e
implementaccedilatildeo da poliacutetica de educaccedilatildeo municipal (MORDUCHOWICZ ARANGO 2010)
29 O Art 1ordm da Constituiccedilatildeo Federal apresenta a seguinte redaccedilatildeo ldquoA Repuacuteblica Federativa do Brasil formada
pela uniatildeo indissoluacutevel dos Estados Municiacutepios e Distrito Federal constitui-se em Estado democraacutetico de direito
(BRASIL 1988)
53
Com a implantaccedilatildeo dos conselhos nas unidades escolares estas passam a ter a
autonomia para tomarem decisotildees de problemas administrativos pedagoacutegicos e financeiros e
devem prestar contas ao poder central ndash governo federal ndash pelo sucesso ou fracasso das suas
decisotildees que atraveacutes da assinatura dos ldquocontratos de gestatildeordquo de ldquotermos de adesatildeordquo agraves poliacuteticas
neoliberais e das decisotildees colegiadas responsabilizam-se pelo andamento das unidades
escolares Nesse sentido o que haacute eacute uma desconcentraccedilatildeo de poder com a delegaccedilatildeo de tarefas
para as unidades escolares sendo o governo federal o oacutergatildeo regulador e centralizador da
poliacutetica
As propostas de mudanccedilas nos arranjos institucionais satildeo mais difiacuteceis de serem
concretizadas no federalismo No caso do Brasil as constituiccedilotildees brasileiras natildeo preveem regras
para secessatildeo A esse respeito a Constituiccedilatildeo de 1988 define que nenhuma emenda
constitucional poderaacute abolir ldquoa forma federativa do Estadordquo (CF88 art 60 inciso I do sect 4ordm)
tornando-se essa uma claacuteusula peacutetrea30 Jaacute no caso dos formatos institucionais mais flexiacuteveis
ldquoa descentralizaccedilatildeo supotildee um movimento no qual uma autoridade central devolve ou delega
poderes mas natildeo apenas isso se tais poderes jaacute estatildeo descentralizados pode recentralizaacute-losrdquo
(KINCAID 2002 apud MORDUCHOWICZ ARANGO 2010 p126)
Segundo Cury (2010 p153) existem trecircs modelos de federalismo primeiro o
federalismo centriacutepeto que se caracteriza pelo fortalecimento do poder da Uniatildeo segundo o
federalismo centriacutefugo no qual haacute um fortalecimento do poder do Estado membro sobre o da
Uniatildeo com uma consideraacutevel autonomia daqueles e terceiro o federalismo de cooperaccedilatildeo no
qual se busca um equiliacutebrio de poderes entre a Uniatildeo e os Estados-membros estabelecendo
laccedilos de colaboraccedilatildeo na distribuiccedilatildeo das muacuteltiplas competecircncias por meio de atividades
planejadas e articuladas entre si objetivando fins comuns
Nesse caso o federalismo de cooperaccedilatildeo eacute o que se assemelha a poliacutetica proposta no
PMCTPE e na construccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) que a partir da adesatildeo pelos
municiacutepios ao Compromisso propotildee um regime de colaboraccedilatildeo embora na praacutetica a execuccedilatildeo
do PAR seja permeada de contradiccedilotildees entre discursos democraacuteticos praacuteticas centralizadoras e
colaboraccedilatildeo entre os entes federativos
As reformas educativas na deacutecada de 1990 ldquoredimensionam a polaridade centralizaccedilatildeo-
descentralizaccedilatildeordquo (OLIVEIRA 2000 p 13) isto eacute enquanto se descentralizava a gestatildeo e o
30 De acordo com Gutierres (2015) as claacuteusulas peacutetreas satildeo assim denominadas porque natildeo podem ser modificadas
por meio de emendas Constitucionais sob pena de se alterar a configuraccedilatildeo do Estado de Direito o que soacute pode
ser feito mediante uma nova Constituiccedilatildeo Aleacutem da forma federativa de Estado o artigo 60 da CF88 menciona
como claacuteusulas peacutetreas o voto direto secreto universal e perioacutedico a separaccedilatildeo dos Poderes os direitos e
garantias individuais
54
financiamento com o advento do FUNDEFFUNDEB centralizava-se o processo de avaliaccedilatildeo
e controle do sistema estabelecendo-se ldquopadrotildees de qualidaderdquo sob a afericcedilatildeo pelos criteacuterios
do mercado atraveacutes de diversos instrumentos que vatildeo de exames padronizados a construccedilatildeo de
indicadores sobre a infraestrutura ao corpo docente e discente
132 Autonomia
A autonomia estaacute presente na gestatildeo da educaccedilatildeo entretanto cada modelo de gestatildeo
tanto o democraacutetico como o gerencial apresentam a sua bandeira dentro das suas concepccedilotildees
sobre o que seria a autonomia e de como ela se revela no seu modelo de gestatildeo a partir da
concepccedilatildeo teoacuterica empregada
Na perspectiva da gestatildeo gerencial a concepccedilatildeo de autonomia apresenta-se como uma
contraposiccedilatildeo agrave centralizaccedilatildeo e agrave burocratizaccedilatildeo aleacutem de estar relacionada agrave liberdade para
captar recursos no mercado E ainda eacute imputada a responsabilidade no gestor pelo sucesso ou
fracasso e natildeo do sistema como um todo dessa forma o gestor passar a ser o uacutenico responsaacutevel
pelas accedilotildees produtos decisotildees e eacute obrigado a prestar contas das metas a serem alcanccediladas
assim como os professores ou seja o rendimento escolar e as metas atendem as regras preacute-
estabelecidas pelo mercado
Nesse modelo de gestatildeo gerencialista a ldquoautonomia eacute individualrdquo eacute centralizada no
gestor a autoridade capaz de exercecirc-la Esse tipo de autonomia eacute denominado por Afonso
(2010) de ldquoautonomia do cheferdquo em detrimento da ldquoautonomia institucionalrdquo que pressupotildee o
coletivo e nesse caso
Trata-se de uma autoridade cuja legitimidade adveacutem agora da revalorizaccedilatildeo neoliberal
do direito de gerir ndash direito esse por sua vez apresentado como altamente convergente
com a ideia conservadora que vecirc a gestatildeo como uma espeacutecie de tecnologia moral a
serviccedilo da ordem social poliacutetica e econocircmica (AFONSO 2010 p13)
A autonomia da administraccedilatildeo por maior que pareccedila ser eacute sempre uma autonomia
relativa jaacute que estaacute sempre ligada aos objetivos da coisa administrada No capitalismo tem
como objetivo o capital e natildeo lhe eacute concedida a liberdade de contrariar os interesses da
propriedade privada e das classes detentoras do poder poliacutetico e econocircmico
Nesse contexto as unidades escolares tambeacutem tecircm sido submetidas agrave loacutegica imediatista
mercantil com a inclusatildeo de poliacuteticas puacuteblicas resultantes da reforma educacional como os
Paracircmetros Curriculares Nacionais as parcerias puacuteblico-privadas entre o Instituto Ayrton
55
Senna e as redes municipais de ensino A poliacutetica governamental brasileira vem
descaracterizando a autonomia da escola pois os documentos proposto nesses dois exemplos
apontam para o
planejamento de ensino bem como a realizaccedilatildeo de programas de capacitaccedilatildeo docente
que fazem parte de uma nova relaccedilatildeo Estadosociedade conduzida pelo projeto
neoliberal tentando provocar uma participaccedilatildeo direta entre instituiccedilotildees e trabalhador
valorizando a accedilatildeo do ldquoterceiro setorrdquo e descartando a accedilatildeo dos sindicatos e
associaccedilotildees representativas num movimento estrateacutegico de formaccedilatildeo de consenso
(CAMINI 2009 p 46)
Essa centralizaccedilatildeo na definiccedilatildeo da operacionalizaccedilatildeo das poliacuteticas educacionais afetam
o funcionamento da autonomia da escola enquanto instituiccedilatildeo de caraacuteter puacuteblico Nesses
documentos e em propostas pedagoacutegicas tecircm demarcado conteuacutedos que atendem a loacutegica do
mercado e da poliacutetica implantada poreacutem todos com discursos muito teacutecnicos
A autonomia escolar na concepccedilatildeo democraacutetica eacute para Barroso (2013 p 26-27) ldquoum
campo de forccedilas onde se confrontam e se equilibram diferentes detentores de influecircncia
(interna e externa) dos quais se destacam o governo a administraccedilatildeo professores alunos pais
e outros membros da sociedade localrdquo E essa coletividade se edifica na ldquoconfluecircncia de vaacuterias
loacutegicas e interesses sejam poliacuteticos gestionaacuterios profissionais e pedagoacutegicos (BARROSO
2013 p167)
A autonomia escolar tatildeo defendida nos discursos oficiais como diretriz de uma poliacutetica
de governo exige a superaccedilatildeo da centralizaccedilatildeo e a uniformizaccedilatildeo Eacute necessaacuterio que os sistemas
se organizem para que as estruturas formais do sistema permitam um novo tipo de
relacionamento com a participaccedilatildeo ativa das escolas dialogando com os sistemas de educaccedilatildeo
a partir das suas realidades (MENDONCcedilA 2000)
Barroso (2013) afirma que as escolas satildeo espaccedilos privilegiados para o diaacutelogo e a
construccedilatildeo da sua identidade e autonomia pois atraveacutes da participaccedilatildeo coletiva da comunidade
na elaboraccedilatildeo do Projeto Poliacutetico-Pedagoacutegico eacute um dos principais mecanismos apontados
como momentos de expressatildeo coletiva da comunidade escolar na busca da sua identidade e de
sua autonomia O autor ainda nos revela que a autonomia pressupotildee a liberdade (e capacidade)
de decidir ela natildeo se confunde com a ldquoindependecircnciardquo assim a autonomia eacute um conceito
relativo
56
133 Participaccedilatildeo
A participaccedilatildeo eacute um dos principais mecanismos de democratizaccedilatildeo natildeo eacute um conteuacutedo
que se possa transmitir mas uma mentalidade e um comportamento com ele coerente Eacute uma
vivecircncia coletiva de modo que somente se pode aprender na praacutexis grupal ou seja soacute se aprende
a participar participando A participaccedilatildeo eacute entatildeo entendida como uma necessidade humana e
como um elemento central da vida poliacutetica contemporacircnea (BORDENAVE 2013)
O significado de participaccedilatildeo possui sentidos diferenciados ldquoincluindo desde
comunicar anunciar informar e fazer saber ateacute tomar-se parte e associar-se (WERLE 2003
p 19) Nesse sentido a participaccedilatildeo supotildee a relaccedilatildeo entre sujeitos autocircnomos que trocam
experiecircncias vivecircncias que estabelecem diaacutelogo e que em grupo constroem o conhecimento e
se reconstroem Eacute um mecanismo importante para a concretizaccedilatildeo das finalidades da educaccedilatildeo
e a implantaccedilatildeo da gestatildeo democraacutetica que surgiu no campo das relaccedilotildees sociais em meados de
1980 como uma forma de mediaccedilatildeo para combater as posturas autoritaacuterias e hieraacuterquicas dos
diretores de escola advindas da teoria claacutessica da administraccedilatildeo na deacutecada de 1970 (PARO
2005 ADRIAtildeO e CAMARGO 2007)
Por outro lado Chaves e Gutierres (2014) afirmam que o conceito de participaccedilatildeo foi
ressignificado a partir da concepccedilatildeo neoliberal como uma forma de incorporaacute-la ao sistema
gerencial que longe dos objetivos essencialmente democraacuteticos propostos pela Constituiccedilatildeo
Federal de 1988 o termo participaccedilatildeo significa
a possibilidade dos sujeitos elegerem seus gerentes dentro de uma organizaccedilatildeo social
facilitando assim o processo de tomada de decisatildeo Eacute uma visatildeo restrita ligada a
concepccedilatildeo de democracia representativa o que de fato natildeo garante a participaccedilatildeo
efetiva dos sujeitos no processo da tomada de decisatildeo cabendo a estes apenas a
execuccedilatildeo das atividades decididas pelos que estatildeo no comando das accedilotildees (CHAVES
GUTIERRES 2014 p8)
Nesse contexto a participaccedilatildeo pode tanto servir para objetivos emancipatoacuterios de
cidadania e de autonomia dos sujeitos como para a manutenccedilatildeo de situaccedilotildees de centralizaccedilatildeo
do poder decisoacuterio e do controle de muitos por poucos Por outro lado quando haacute uma
democracia participativa ela promove ldquoa subida da populaccedilatildeo a niacuteveis cada vez mais elevados
de participaccedilatildeo decisoacuteria acabando com a divisatildeo de funccedilotildees entre os que planejam e decidem
laacute em cima e os que executam e sofrem as consequecircncias das decisotildees caacute em baixordquo
(BORDENAVE 2013 p34)
57
Por isso as condiccedilotildees de participaccedilatildeo no mundo atual satildeo essencialmente conflituosas
e a participaccedilatildeo natildeo pode ser estudada sem referecircncia ao conflito social Sobre isso o autor
ainda enfatiza que a participaccedilatildeo pode ser vista natildeo soacute como uma necessidade humana mais
ainda como algo diferente se analisado as estruturas de poder e as forccedilas que se opotildee a
participaccedilatildeo das classes que estatildeo impliacutecitas no processo
A ideia associada de processos e participaccedilatildeo daacute origem ao conceito de processos
participativos que ldquoimplica refletir sobre um conjunto de elementos que constituem
relacionamentos entre pessoas e grupos com diferentes niacuteveis de abrangecircncia inclusatildeo e
conflituosidade historicamente constituiacutedos e particularizados de maneira institucionalrdquo
(WERLE 2003 p 19) Esses processos participativos constroem a ideia de sucessatildeo de
mudanccedilas de momentos e de formas que se seguem e transformam uma situaccedilatildeo
De acordo com Werle (2003) algumas propostas satildeo necessaacuterias para se discutir os
processos participativos na Educaccedilatildeo Baacutesica como a) instituir estruturas participativas nas
escolas e nos sistemas de ensino b) definir temas que satildeo expressos na agenda das estruturas
participativas c) participaccedilatildeo como construccedilatildeo histoacuterica d) os atores e niacutevel de participaccedilatildeo de
cada um dos segmentos representados e) os processos participativos como foco educativo
considerando a articulaccedilatildeo o esforccedilo formativo e a constituiccedilatildeo desses colegiados f) niacuteveis de
participaccedilatildeo poliacutetica g) formaccedilatildeo para a accedilatildeo poliacutetica h) sociedade ciacutevica em que seja possiacutevel
todos os cidadatildeos aprenderem e praticarem a democracia i) processos de representaccedilatildeo
coletiva j) profissionalismo docente e participaccedilatildeo e k) processos participativos e estrutura
institucional31
Para Bordenave (2013) a participaccedilatildeo se daacute na coletividade e natildeo na representatividade
e enfatiza
se desejarmos considerar a participaccedilatildeo como algo diferente de uma simples relaccedilatildeo
humana ou de um conjunto de ldquotruquesrdquo para integrar os indiviacuteduos e as coletividades
locais nos programas de tipo assistencial ou educativo natildeo podemos fugir a anaacutelise
da estrutura de poder e da sua frequente oposiccedilatildeo a toda tentativa de participaccedilatildeo que
coloque em julgamento as classes dirigentes e seus privileacutegios (BORDENAVE 2013
p 41)
Embora a participaccedilatildeo seja considerada um elemento importante para o
desenvolvimento e aperfeiccediloamento das poliacuteticas puacuteblicas Neves (2008) assinala que o
processo participativo tende a enfrentar limitaccedilotildees na construccedilatildeo da democracia e nas
31 Ler Werle (2003) em que a autora descreve cada um desses processos de participaccedilatildeo
58
instituiccedilotildees puacuteblicas pois o incentivo do Estado pode representar a desconcentraccedilatildeo de
responsabilidades que antes eram suas para a sociedade civil dando ldquototal apoio a matrizes
liberais e de caraacuteter privado no trato das questotildees puacuteblicasrdquo (NEVES 2008 p16)
O Plano de Accedilotildees Articuladas objeto central desse estudo eacute um instrumento que
organiza o planejamento das redes estaduais e municipais de ensino no paiacutes eacute complexo pelas
diferentes dimensotildees que abrange para a sua elaboraccedilatildeo e execuccedilatildeo Segundo tecircm demonstrado
os estudos de Sousa (2011) e Camini (2009) natildeo houve compartilhamento de decisotildees sobre a
implantaccedilatildeo dessa poliacutetica e nem contou com a participaccedilatildeo coletiva e nem representativa dos
diversos estados e municiacutepios Essa ausecircncia se deu pela forma que essa poliacutetica foi criada
atraveacutes de um decreto presidencial sem a participaccedilatildeo dos envolvidos no processo local
14 OS CONSELHOS DE CONTROLE SOCIAL COMO MECANISMOS DE
DEMOCRATIZACcedilAtildeO DA GESTAtildeO EDUCACIONAL
Esse toacutepico trataraacute dos Conselhos de Educaccedilatildeo principalmente dos Conselhos de
Controle Social presentes no Plano de Accedilotildees Articuladas as formas em que se deu a
composiccedilatildeo as funccedilotildees os objetivos e as formas de atuaccedilatildeo de cada Conselho sendo o
Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (CME) o Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar (CAE) o
Conselho do FUNDEB e o Conselho Escolar Trataraacute tambeacutem de outros mecanismos de
democratizaccedilatildeo presentes no PAR como criteacuterios para escolha de Diretores Escolares e o
Comitecirc Local do Compromisso
A organizaccedilatildeo da gestatildeo educacional no Brasil atualmente compreende os oacutergatildeos
executivos no acircmbito da Uniatildeo dos estados e dos municiacutepios (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo
Secretarias Estaduais e Secretarias Municipais de Educaccedilatildeo) e a disseminaccedilatildeo dos Conselhos
(Conselho Nacional de Educaccedilatildeo Conselhos Estaduais de Educaccedilatildeo e Conselhos Municipais
de Educaccedilatildeo) que apoacutes redemocratizaccedilatildeo do paiacutes nos anos de 1980 e com a Constituiccedilatildeo
Federal de 1988 ldquoestabeleceu a criaccedilatildeo dos conselhos como condiccedilatildeo obrigatoacuteria para a gestatildeo
de programas de governordquo (BRAGA 2015) No acircmbito da gestatildeo escolar a Lei nordm 939496
previu ainda a criaccedilatildeo de conselhos escolares
59
O Conselho Nacional de Educaccedilatildeo (CNE) regulamentado pela Lei nordm 913195 tem
suas origens no ano de 193132 quando foi criado o Conselho Nacional de Educaccedilatildeo pelo
Decreto nordm 19850193133 (CURY 2000) Os Conselhos Estaduais de Educaccedilatildeo foram criados
pela primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo (LDB) Lei nordm 402461 e os conselhos
municipais apesar de contarem com amparo legal para criaccedilatildeo facultativa desde 1971 (Lei
569271) somente com a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 eacute que passaram a se organizar com
mais autonomia
A origem etimoloacutegica da palavra Conselho remete ao sentido da participaccedilatildeo pois
ldquoConselho vem do latim Consilium Por sua vez consilium proveacutem do verbo consuloconsulere
significando tanto ouvir algueacutem quanto submeter algo a deliberaccedilatildeo de algueacutem apoacutes uma
ponderaccedilatildeo refletida prudente e de bom senso (CURY 2000 p47 itaacutelicos no original)
Dessa forma os conselhos tecircm como desafio a busca da co-gestatildeo das poliacuteticas puacuteblicas
e constituir-se em canal de participaccedilatildeo popular na realizaccedilatildeo do interesse puacuteblico Para que os
processos democraacuteticos de gestatildeo cheguem ateacute a escola eacute conveniente lembrar que as estruturas
de poder dos sistemas de ensino precisam ser atingidas por mecanismos que se baseiam
principalmente em participaccedilatildeo e nos processos de decisotildees coletivas Essa participaccedilatildeo se
reflete na compreensatildeo de que os sistemas de ensino e as escolas precisam dialogar e natildeo podem
ser compreendidas separadamente ou isoladas uma da outra
De acordo com Werle (2003) natildeo existe Conselho no vazio ou seja ele eacute o que a
comunidade educacional estabelece constitui o que ela faz para operacionalizar isso Cada
Conselho tem a face das relaccedilotildees que nele se estabelecem Se estabelecer relaccedilotildees de
responsabilidade respeito e construccedilatildeo assim vatildeo se constituir as funccedilotildees consultivas
deliberativas fiscalizadoras e quaisquer outras assumidas pelo Conselho Mas se as relaccedilotildees
forem distanciadas e burocraacuteticas o Conselho vai assumir entatildeo um papel muito mais de
homologar decisotildees do que de discutir e promover os reais interesses e mudanccedilas que a
comunidade escolar requer
Os conselhos de educaccedilatildeo satildeo oacutergatildeos normatizadores de aconselhamento controle
fiscalizaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo do sistema de ensino ao longo da deacutecada de 1990 surgiram tambeacutem
em acircmbito dos sistemas de educaccedilatildeo os Conselhos de Controle Social na ldquoperspectiva de
32Vale assinalar entretanto que os conselhos de educaccedilatildeo existem no Brasil desde o Impeacuterio Vinculados ao
Coleacutegio Pedro II tais conselhos serviam para a ldquonormatizaccedilatildeo do ensino superior entatildeo existente na capital e em
algumas proviacutenciasrdquo (CURY 2000 p46) 33Esse Decreto teve vigecircncia ateacute 1936 quando foi substituiacutedo pela Lei nordm 1746 Em 1961a Lei nordm 402461
transforma o CNE em Conselho Federal de Educaccedilatildeo (CFE) que foi extinto em 1994 pelo governo de Itamar
Franco pela medida Provisoacuteria 6611994 (CURY 2000) No ano seguinte o Conselho recebeu novamente a
nomenclatura de Conselho Nacional de Educaccedilatildeo pela Lei nordm 913195
60
descentralizaccedilatildeo dos poderes decisoacuteriosrdquo (SANTOS e GUTIERRES 2010 p 8) por meio de
um significativo arcabouccedilo juriacutedico como parte dos desdobramentos da CF de 1988 tais como
a LDB 939496 (art 72) a Emenda Constitucional nordm 14 de 1996 que criou o Fundo de
Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorizaccedilatildeo do Magisteacuterio ndash
FUNDEF e da Lei nordm 942496 que o regulamentou a Lei complementar nordm 1012000 chamada
de Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) a Emenda Constitucional nordm 53 de 24122006 e a
Lei nordm 11494 de 20062007 que cria e regulamenta o Fundo de Desenvolvimento Manutenccedilatildeo
da Educaccedilatildeo Baacutesica e Valorizaccedilatildeo do Magisteacuterio ndash FUNDEB Estes dispositivos legais preveem
a existecircncia e participaccedilatildeo na gestatildeo da educaccedilatildeo dos conselhos de controle social
As poliacuteticas traccediladas pelo Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo e do Plano de Metas
Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo propotildee a atuaccedilatildeo dos conselhos educacionais com accedilotildees
que possam descentralizar estimulando a participaccedilatildeo utilizando propostas de gestatildeo
democraacutetica da educaccedilatildeo nos estados e municiacutepios Destacamos as diretrizes que envolvem a
participaccedilatildeo e atuaccedilatildeo dos Conselhos e de oacutergatildeos colegiados nos incisos XX XXI XXII
XXIII XXV e XXVIII elencados abaixo
XX - acompanhar e avaliar com participaccedilatildeo da comunidade e do Conselho de
Educaccedilatildeo as poliacuteticas puacuteblicas na aacuterea de educaccedilatildeo e garantir condiccedilotildees sobretudo
institucionais de continuidade das accedilotildees efetivas preservando a memoacuteria daquelas
realizadas
XXI - zelar pela transparecircncia da gestatildeo puacuteblica na aacuterea da educaccedilatildeo garantindo o
funcionamento efetivo autocircnomo e articulado dos conselhos de controle social
XXII - promover a gestatildeo participativa na rede de ensino
XXIII - elaborar plano de educaccedilatildeo e instalar Conselho de Educaccedilatildeo quando
inexistentes
XXV - fomentar e apoiar os conselhos escolares envolvendo as famiacutelias dos
educandos com as atribuiccedilotildees dentre outras de zelar pela manutenccedilatildeo da escola e
pelo monitoramento das accedilotildees e consecuccedilatildeo das metas do compromisso
XXVIII - organizar um comitecirc local do Compromisso com representantes das
associaccedilotildees de empresaacuterios trabalhadores sociedade civil Ministeacuterio Puacuteblico
Conselho Tutelar e dirigentes do sistema educacional puacuteblico encarregado da
mobilizaccedilatildeo da sociedade e do acompanhamento das metas de evoluccedilatildeo do IDEB
(BRASIL 2007 p 2 Grifos negrito nosso)
Como se observa nas diretrizes do PDEPlano de Metas estatildeo previstos a implantaccedilatildeo
e atuaccedilatildeo dos diversos conselhos educacionais nos estados e municiacutepios para que atendam ao
modelo de gestatildeo gerencial proposto no Plano de Accedilotildees Articuladas
Os Conselhos tecircm diferentes funccedilotildees a principal delas eacute o caraacuteter normativo embora
os conselhos realizem diversas outras accedilotildees dentro das suas competecircncias como opinar (caraacuteter
consultivo) deliberar e fiscalizar Em geral o caraacuteter deliberativo atribui ao Conselho
61
competecircncia para regulamentar o funcionamento do sistema de ensino e interpretar a correta
aplicaccedilatildeo da lei no seu acircmbito A definiccedilatildeo de diretrizes curriculares credenciamento de
instituiccedilotildees e outras atribuiccedilotildees satildeo competecircncias tradicionais dos conselhos (BRASIL 2007)
O caraacuteter consultivo ou deliberativo diz respeito agrave natureza da funccedilatildeo do Conselho apesar de
nem sempre o caraacuteter consultivo ou deliberativo estar claramente explicitado nas normas que
instituem os conselhos
141 O Conselho Municipal de Educaccedilatildeo
A criaccedilatildeo e organizaccedilatildeo dos Conselhos Municipais de Educaccedilatildeo (CME) eacute um processo
que se delineou no paiacutes a partir da promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 A referida
Constituiccedilatildeo representou importante marco para o processo de afirmaccedilatildeo poliacutetica dos
municiacutepios na qualidade de ceacutelula de gestatildeo puacuteblica e em particular para o campo juriacutedico
normativo da educaccedilatildeo que ganhou reforccedilo em 1996 com a Lei de Diretrizes e Bases da
Educaccedilatildeo Nacional (LDBEN n 939496) A criaccedilatildeo de sistema proacuteprio de ensino nos termos
da Constituiccedilatildeo88 preconiza que a organizaccedilatildeo da educaccedilatildeo nos municiacutepios natildeo pode
prescindir de estruturas administrativas e do estabelecimento de bases legais condutoras do
ensino a ser provido em territoacuterio brasileiro
Na esfera municipal os municiacutepios criam os seus Conselhos Municipais de Educaccedilatildeo
(CME) mediante lei municipal que vai definir a composiccedilatildeo baacutesica do oacutergatildeo o nuacutemero de
membros efetivos e substitutos e os mandatos Depois da sanccedilatildeo do Executivo inicia-se o
processo de escolha dos membros As primeiras sessotildees satildeo dedicadas agrave elaboraccedilatildeo do
regimento interno que definiraacute a frequecircncia de reuniotildees a divisatildeo em comissotildees e a tramitaccedilatildeo
das decisotildees Com o objetivo de garantir a ampla participaccedilatildeo da sociedade e respeitando a
competecircncia teacutecnica exigida para o exerciacutecio das atribuiccedilotildees dos conselheiros o CME poderaacute
ser composto por representantes de pais estudantes professores associaccedilotildees de moradores
sindicatos Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e demais oacutergatildeos e entidades ligados agrave educaccedilatildeo
municipal ndash dos setores puacuteblico e privado ndash escolhidos democraticamente pelos segmentos que
o representam
Sobre as funccedilotildees dos Conselhos de Educaccedilatildeo Paz (2004) considera que os conselhos
satildeo oacutergatildeos com perfil identificado com a gestatildeo democraacutetica pelo fato de terem suas funccedilotildees
atreladas ao ato de mobilizar de agregar experientes militantes da educaccedilatildeo especialmente
62
educadores e estudiosos que lutam em prol de formas legiacutetimas de participaccedilatildeo da sociedade
nos oacutergatildeos puacuteblicos
Os Conselhos Municipais de Educaccedilatildeo satildeo fundamentais para a autonomia dos sistemas
municipais de educaccedilatildeo e possuem funccedilotildees variadas mas que devem garantir a gestatildeo
democraacutetica da educaccedilatildeo e a perspectiva de um ensino de qualidade no municiacutepio Souza (2009)
lanccedila uma luz significativa em torno da questatildeo ao entender que
Natildeo se trata apenas de accedilotildees democraacuteticas ou de processos participativos de tomada
de decisotildees trata-se antes de tudo de accedilotildees voltadas agrave educaccedilatildeo poliacutetica na medida
em que satildeo accedilotildees que criam e recriam alternativas mais democraacuteticas no cotidiano
escolar no que se refere em especial agraves relaccedilotildees de poder ali presentes (SOUZA
2009 p 126)
O Conselho Municipal de Educaccedilatildeo tem o papel de articulador e de mediador das
questotildees educacionais da sociedade local junto ao gestor da educaccedilatildeo municipal pois
Eacute um oacutergatildeo de ampla representatividade com funccedilotildees normativas consultivas
mobilizadoras e fiscalizadoras Ocupa posiccedilatildeo fundamental na efetivaccedilatildeo da gestatildeo
democraacutetica da rede ou do sistema de ensino bem como na consolidaccedilatildeo da
autonomia dos municiacutepios no gerenciamento de suas poliacuteticas educacionais devendo
para tanto estabelecer diaacutelogo contiacutenuo com a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo
(UNDIME 2012 p132)
O Conselho Municipal de Educaccedilatildeo eacute de suma importacircncia para a educaccedilatildeo municipal
por estabelecer o controle social e a participaccedilatildeo dando representatividade e legitimidade frente
agrave comunidade local de cada um dos integrantes do Conselho Constitui um oacutergatildeo de
interlocuccedilatildeo entre a sociedade e o poder puacuteblico participando da formulaccedilatildeo implantaccedilatildeo
supervisatildeo e avaliaccedilatildeo das poliacuteticas educacionais do municiacutepio da defesa do direito de todos agrave
educaccedilatildeo com qualidade social e mobilizando os poderes puacuteblicos municipais quanto agraves suas
responsabilidades no atendimento das demandas dos diversos segmentos em conformidade
com as poliacuteticas puacuteblicas da educaccedilatildeo
De acordo com o quadro a seguir UNDIME (2012) aponta quatro funccedilotildees dos
Conselhos Municipais de Educaccedilatildeo Eacute o que podemos observar no quadro 02 bem como os
objetivos de cada funccedilatildeo
63
Quadro 02 - Funccedilotildees e objetivos do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (CME)
FUNCcedilOtildeES OBJETIVOS
Consultiva
Tratar sobre a exposiccedilatildeo e o julgamento acerca de determinados
assuntos tais como projetos programas educacionais e experiecircncias
pedagoacutegicas renovadoras do executivo e das escolas e
Responder a consultas sobre leis educacionais e suas aplicaccedilotildees submetidas a ele por entidades da sociedade puacuteblica ou civil (Secretaria
Municipal da Educaccedilatildeo escolas universidades sindicatos Cacircmara
Municipal Ministeacuterio Puacuteblico) cidadatildeos ou grupos de cidadatildeos
Fiscalizadora
Acompanhar a transferecircncia e controle da aplicaccedilatildeo de recursos para a
Educaccedilatildeo no municiacutepio
Fiscalizar o cumprimento do Plano Municipal de Educaccedilatildeo (PME)
Fiscalizar o desempenho do Sistema Municipal de Ensino e do PME
Fiscalizar as medidas e os programas para a formaccedilatildeo de professores
Fiscalizar os acordos e convecircnios e
Fiscalizar as questotildees educacionais que lhes forem submetidas pelas escolas Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo Cacircmara Municipal e outros
Deliberativa Elaborar seu regimento e plano de atividades
Tomar medidas para melhoria do fluxo e do rendimento escolar e
Buscar formas de se relacionar com a comunidade entre outras
Normativa
Autorizar o funcionamento das escolas da rede municipal
Autorizar o funcionamento das instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Infantil das
redes privada particular comunitaacuteria confessional e filantroacutepica
(quando o municiacutepio tiver Sistema Municipal de Ensino implantado) e
Elaborar as normas complementares para o sistema de ensino Fonte Caderno UNDIME 2012
A participaccedilatildeo na elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Educaccedilatildeo (PME) com criacuteticas e
sugestotildees eacute uma das atribuiccedilotildees dos membros dos Conselhos Municipais de Educaccedilatildeo bem
como autorizar o funcionamento de escolas fiscalizar e acompanhar a execuccedilatildeo de recursos
educacionais dentre outras
142 O Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar
No Brasil a poliacutetica de alimentaccedilatildeo teve iniacutecio ainda no ano de 1955 como um
programa assistencialista Entretanto somente a partir da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 no
artigo 208 inciso VII alterado pela Emenda Constitucional nordm 592009 eacute que a alimentaccedilatildeo
escolar surgiu como direito Embora ainda com recursos centralizados eacute no ano de 1994 com
a Lei nordm 89132009 que ocorre agrave descentralizaccedilatildeo dos recursos do Programa para os
64
municiacutepios por meio de convecircnios exigindo-se a criaccedilatildeo de conselhos de acompanhamento a
fim de responsabilizar-se pelo controle social
A Lei nordm 119472009 de 16 de junho de 2009 revogou a Lei nordm 89132009 e criou o
Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar (PNAE) aos alunos da educaccedilatildeo baacutesica com o
repasse de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo ndash FNDE sem
convecircnios acordos ou contratos mas diretamente em conta bancaacuteria especiacutefica por meio do
Programa Dinheiro Direto na Escola
De acordo com o art 4ordm da Lei nordm 119472009 o Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo
Escolar tem por objetivo contribuir para o crescimento e o desenvolvimento biopsicossocial
para a aprendizagem para o rendimento escolar e para a formaccedilatildeo de haacutebitos alimentares
saudaacuteveis dos alunos atraveacutes de accedilotildees educacionais alimentares e nutricionais aleacutem da oferta
de refeiccedilotildees que garantam as suas necessidades nutricionais durante o periacuteodo letivo (BRASIL
2009) De acordo com Castro (2009) essa poliacutetica social busca realizar a promoccedilatildeo social
gerando oportunidades e resultados tanto para os indiviacuteduos como para os grupos sociais da
solidariedade social garantindo seguranccedila aos indiviacuteduos em situaccedilotildees de incapacidade
vulnerabilidade ou risco
No que se refere aos recursos para financiamento do Programa o art 5ordm da Lei nordm
119472009 esclarece que seratildeo consignados no orccedilamento da Uniatildeo para execuccedilatildeo do PNAE
e seratildeo repassados em parcelas aos Estados ao Distrito Federal aos Municiacutepios e agraves escolas
federais pelo FNDE em conformidade com o disposto no art 208 da Constituiccedilatildeo Federal e
observadas agraves disposiccedilotildees mencionadas abaixo
Art 5ordm ()
sect 1o A transferecircncia dos recursos financeiros objetivando a execuccedilatildeo do PNAE seraacute
efetivada automaticamente pelo FNDE sem necessidade de convecircnio ajuste acordo
ou contrato mediante depoacutesito em conta corrente especiacutefica
sect 2o Os recursos financeiros de que trata o sect 1o deveratildeo ser incluiacutedos nos orccedilamentos
dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios atendidos e seratildeo utilizados
exclusivamente na aquisiccedilatildeo de gecircneros alimentiacutecios
sect 3o Os saldos dos recursos financeiros recebidos agrave conta do PNAE existentes em 31
de dezembro deveratildeo ser reprogramados para o exerciacutecio subsequente com estrita
observacircncia ao objeto de sua transferecircncia nos termos disciplinados pelo Conselho
Deliberativo do FNDE
sect 4o O montante dos recursos financeiros de que trata o sect 1o seraacute calculado com base
no nuacutemero de alunos devidamente matriculados na educaccedilatildeo baacutesica puacuteblica de cada
um dos entes governamentais conforme os dados oficiais de matriacutecula obtidos no
censo escolar realizado pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo
sect 5o Para os fins deste artigo a criteacuterio do FNDE seratildeo considerados como parte da
rede estadual municipal e distrital ainda os alunos matriculados em
I - creches preacute-escolas e escolas do ensino fundamental e meacutedio qualificadas como
entidades filantroacutepicas ou por elas mantidas inclusive as de educaccedilatildeo especial
65
II - creches preacute-escolas e escolas comunitaacuterias de ensino fundamental e meacutedio
conveniadas com os Estados o Distrito Federal e os Municiacutepios (LEI
11147BRASIL 2009)
A execuccedilatildeo dos repasses financeiros ficaraacute a cargo dos entes federados que receberatildeo
os recursos atraveacutes do Programa Dinheiro Direto na Escola e deveratildeo ser destinados de acordo
com o art 23 da mesma Lei ldquoagrave cobertura de despesas de custeio manutenccedilatildeo e de pequenos
investimentos que concorram para a garantia do funcionamento e melhoria da infraestrutura
fiacutesica e pedagoacutegica dos estabelecimentos de ensinordquo Deveratildeo ser respeitadas as normas e
particularidades dos valores per capita das escolas ldquoque oferecem educaccedilatildeo especial de forma
inclusiva ou especializada de modo a assegurar de acordo com os objetivos do PDDE o
adequado atendimento agraves necessidades dessa modalidade educacionalrdquo (LEI 11147BRASIL
2009)
Os Conselhos de Alimentaccedilatildeo Escolar satildeo oacutergatildeos colegiados de caraacuteter fiscalizador
permanente deliberativo e de assessoramento Deveratildeo ser instituiacutedos de acordo com o art 18
no acircmbito dos Estados o Distrito Federal e os Municiacutepios e deveratildeo ser compostos da seguinte
forma
I - 1 (um) representante indicado pelo Poder Executivo do respectivo ente federado
II - 2 (dois) representantes das entidades de trabalhadores da educaccedilatildeo e de discentes
indicados pelo respectivo oacutergatildeo de representaccedilatildeo a serem escolhidos por meio de
assembleia especiacutefica
III - 2 (dois) representantes de pais de alunos indicados pelos Conselhos Escolares
Associaccedilotildees de Pais e Mestres ou entidades similares escolhidos por meio de
assembleia especiacutefica
IV - 2 (dois) representantes indicados por entidades civis organizadas escolhidos em
assembleia especiacutefica
sect 1o Os Estados o Distrito Federal e os Municiacutepios poderatildeo a seu criteacuterio ampliar a
composiccedilatildeo dos membros do CAE desde que obedecida a proporcionalidade definida
nos incisos deste artigo
sect 2o Cada membro titular do CAE teraacute 1 (um) suplente do mesmo segmento
representado
sect 3o Os membros teratildeo mandato de 4 (quatro) anos podendo ser reconduzidos de
acordo com a indicaccedilatildeo dos seus respectivos segmentos
sect 4o A presidecircncia e a vice-presidecircncia do CAE somente poderatildeo ser exercidas pelos
representantes indicados nos incisos II III e IV deste artigo
sect 5o O exerciacutecio do mandato de conselheiros do CAE eacute considerado serviccedilo puacuteblico
relevante natildeo remunerado
sect 6o Caberaacute aos Estados ao Distrito Federal e aos Municiacutepios informar ao FNDE a
composiccedilatildeo do seu respectivo CAE na forma estabelecida pelo Conselho
Deliberativo do FNDE (LEI 11147BRASIL 2009)
A duraccedilatildeo do mandato eacute de quatro anos e eacute considerado serviccedilo puacuteblico relevante natildeo
remunerado O CAE deve fiscalizar a execuccedilatildeo do programa sem prejuiacutezo da atuaccedilatildeo dos
66
demais oacutergatildeos de controle interno e externo ou seja do Tribunal de Contas da Uniatildeo (TCU)
da Secretaria Federal de Controle Interno (SFCI) e do Ministeacuterio Puacuteblico
As competecircncias do CAE estatildeo explicitas na Lei nordm 11947 de 16 de junho de 2009 em
seu art 19 conforme demonstrado abaixo
I - acompanhar e fiscalizar o cumprimento das diretrizes estabelecidas na forma do
art 2o desta Lei
II - acompanhar e fiscalizar a aplicaccedilatildeo dos recursos destinados agrave alimentaccedilatildeo escolar
III - zelar pela qualidade dos alimentos em especial quanto agraves condiccedilotildees higiecircnicas
bem como a aceitabilidade dos cardaacutepios oferecidos
IV - receber o relatoacuterio anual de gestatildeo do PNAE e emitir parecer conclusivo a
respeito aprovando ou reprovando a execuccedilatildeo do Programa
Paraacutegrafo uacutenico Os CAEs poderatildeo desenvolver suas atribuiccedilotildees em regime de
cooperaccedilatildeo com os Conselhos de Seguranccedila Alimentar e Nutricional estaduais e
municipais e demais conselhos afins e deveratildeo observar as diretrizes estabelecidas
pelo Conselho Nacional de Seguranccedila Alimentar e Nutricional ndash CONSEA
(CAEBRASIL 2009)
Como forma de controle social os Conselhos satildeo responsaacuteveis por acompanhar e
monitorar os recursos federais repassados pelo FNDE aos entes federados para a alimentaccedilatildeo
escolar devendo inclusive garantir boas praacuteticas sanitaacuterias e de higiene dos alimentos Para
facilitar a realizaccedilatildeo dessas accedilotildees eacute necessaacuterio que o CAE estabeleccedila um planejamento de
atividades fiscalizadoras e de acompanhamento
Aleacutem disso devem-se observar as seguintes diretrizes da alimentaccedilatildeo escolar quando
do acompanhamento e fiscalizaccedilatildeo do programa
Art 2o Satildeo diretrizes da alimentaccedilatildeo escolar I - o emprego da alimentaccedilatildeo saudaacutevel e adequada compreendendo o uso de alimentos
variados seguros que respeitem a cultura as tradiccedilotildees e os haacutebitos alimentares
saudaacuteveis contribuindo para o crescimento e o desenvolvimento dos alunos e para a
melhoria do rendimento escolar em conformidade com a sua faixa etaacuteria e seu estado
de sauacutede inclusive dos que necessitam de atenccedilatildeo especiacutefica
II - a inclusatildeo da educaccedilatildeo alimentar e nutricional no processo de ensino e
aprendizagem que perpassa pelo curriacuteculo escolar abordando o tema alimentaccedilatildeo e
nutriccedilatildeo e o desenvolvimento de praacuteticas saudaacuteveis de vida na perspectiva da
seguranccedila alimentar e nutricional
III - a universalidade do atendimento aos alunos matriculados na rede puacuteblica de
educaccedilatildeo baacutesica
IV - a participaccedilatildeo da comunidade no controle social no acompanhamento das accedilotildees
realizadas pelos Estados pelo Distrito Federal e pelos Municiacutepios para garantir a
oferta da alimentaccedilatildeo escolar saudaacutevel e adequada
V - o apoio ao desenvolvimento sustentaacutevel com incentivos para a aquisiccedilatildeo de
gecircneros alimentiacutecios diversificados produzidos em acircmbito local e preferencialmente
pela agricultura familiar e pelos empreendedores familiares rurais priorizando as
comunidades tradicionais indiacutegenas e de remanescentes de quilombos
VI - o direito agrave alimentaccedilatildeo escolar visando a garantir seguranccedila alimentar e
nutricional dos alunos com acesso de forma igualitaacuteria respeitando as diferenccedilas
bioloacutegicas entre idades e condiccedilotildees de sauacutede dos alunos que necessitem de atenccedilatildeo
67
especiacutefica e aqueles que se encontram em vulnerabilidade social (LEI
11147BRASIL 2009)
Considerando o previsto na Lei nordm 119472009 o CAE tem um papel importante no
acompanhamento e fiscalizaccedilatildeo da aplicaccedilatildeo dos recursos financeiros e na garantia da qualidade
da alimentaccedilatildeo desde a compra ateacute a distribuiccedilatildeo nas escolas e ainda tem possibilidade de
aprovar ou rejeitar a prestaccedilatildeo de contas relativa agrave execuccedilatildeo do PNAE
143 Os Conselhos Escolares
As discussotildees sobre educaccedilatildeo introduzem propostas de gestatildeo administrativa de
autonomia e participaccedilatildeo Os sistemas de ensino e as poliacuteticas educacionais continuam sendo a
chave para o enfrentamento das questotildees educacionais muito embora as discussotildees agora
passam a ser voltadas para a escola isto parte do entendimento de que ldquoa defesa do interesse
puacuteblico natildeo estaacute exclusivamente nas matildeos do Estado mas compartilhado com a comunidade
mais proacutexima agrave escolardquo (WERLE 2003 p 46) Os Conselhos Escolares se apresentam nesse
contexto como um espaccedilo de co-participaccedilatildeo e co-responsabilidade entre famiacutelia a sociedade
e o Estado atuando como mecanismo de controle defesa e promoccedilatildeo da educaccedilatildeo puacuteblica
No acircmbito da gestatildeo escolar em meados da deacutecada de 1980 um dos principais
questionamentos era a excessiva concentraccedilatildeo de poder nas matildeos de um uacutenico indiviacuteduo o
diretor da escola Por isso os movimentos organizados pelos educadores na eacutepoca defendiam
de forma acentuada as propostas de gestatildeo colegiada que propunham a inserccedilatildeo de toda a
comunidade escolar ou ampliaccedilatildeo dos envolvidos no processo educativo nos espaccedilos de decisatildeo
da escola (MENDONCcedilA 2000 ADRIAtildeO e CAMARGO 2007)
Tais lutas culminaram com a aprovaccedilatildeo do princiacutepio da gestatildeo democraacutetica na
Constituiccedilatildeo Federal de 1988 no seu artigo 206 inciso VI ldquogestatildeo democraacutetica do ensino
puacuteblico na forma da leirdquo e a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional (LDB) que vem
dar os desdobramentos desse princiacutepio em seu art 14 indicando que
Os sistemas de ensino definiratildeo as normas de gestatildeo democraacutetica do ensino puacuteblico
na educaccedilatildeo baacutesica de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes
princiacutepios
I ndash participaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo na elaboraccedilatildeo do projeto poliacutetico-
pedagoacutegico da escola
68
II ndash participaccedilatildeo das comunidades escolar e local em Conselhos Escolares ou
equivalentes (BRASIL 1996 grifos em negrito nossos)
Dessa forma eacute estabelecida a gestatildeo democraacutetica como princiacutepio que deve orientar as
praacuteticas das instituiccedilotildees puacuteblicas escolares no Brasil indicando que os profissionais da
educaccedilatildeo colaborem na elaboraccedilatildeo do documento que nortearaacute as atividades da escola onde
trabalham e a participaccedilatildeo da comunidade escolar (aqui entendidas como estudantes pais
professores funcionaacuterios e direccedilatildeo) e local (entidades e organizaccedilotildees da sociedade civil
identificadas com o projeto da escola) em espaccedilos de discussatildeo e participaccedilatildeo social que
promovam a gestatildeo democraacutetica
Os Conselhos Escolares satildeo compreendidos como ldquoespaccedilos de autonomia e
participaccedilatildeo comprometido com a defesa do ensino puacuteblico gratuito e da valorizaccedilatildeo do
professorrdquo conforme ensina Werle (2003 p 49) e que podem se constituir em locais de
vivecircncia simboacutelica entre pais alunos e professores mas para implantar tais mudanccedilas as
escolas teriam que passar por profundas modificaccedilotildees organizacionais nos colegiados pois os
conselhos se configuram como espaccedilos de relaccedilotildees e exerciacutecio do poder envolvendo
autorizaccedilatildeo e influecircncia entre as partes
Nesse sentido a proacutepria percepccedilatildeo que os diferentes atores desenvolvem sobre o poder
real influenciam nas relaccedilotildees de poder Abranches (2003) tambeacutem colabora com as ideias de
Werle (2003) quando afirma que o Conselho pode ser caracterizado como um oacutergatildeo de decisotildees
coletivas capaz de superar a praacutetica do individualismo e do grupismo e informa que se a
comunidade representativa for realmente dos diferentes segmentos da comunidade escolar ela
deveraacute alterar progressivamente a natureza da gestatildeo da escola e da educaccedilatildeo bem como
intervir na qualidade dos serviccedilos prestados pela escola
Os sistemas de ensino devem organizar os seus Conselhos Escolares de acordo com os
integrantes dos segmentos representativos da escola sendo professores funcionaacuterios alunos
pais e comunidade local Quanto a escolha dos conselheiros Veiga (2007) indica as seguintes
formas a) aquelas que satildeo definidas em regimento interno de cada conselho b) diretoria eleita
pela Assembleia sendo elegiacuteveis professores pais e profissionais da educaccedilatildeo c) escolhidos
em assembleia geral de cada segmento e eleitos por seus pares onde o diretor eacute membro nato e
d) eleiccedilatildeo mediante chapas organizadas e respeitando a proporcionalidade
Desta forma constituir e institucionalizar um conselho escolar que sirva para fortalecer
o empoderamento e a participaccedilatildeo eacute uma tarefa complexa mas possiacutevel Eacute um espaccedilo de
69
discussatildeo e debate substituindo a cultura patrimonialista pela cultura participativa e cidadatilde
(NAVARRO et al 2004 p 33)
Os Conselhos Escolares satildeo compreendidos como um foacuterum importante e significativo
e as posiccedilotildees dos representantes eleitos nas reuniotildees confere grau de representatividade pela
comunidade escolar Essa representatividade do Conselho estaacute relacionada agrave posse de
instrumentos materiais e culturais dos seus componentes e com a linguagem clara convincente
e adequada ao contexto (WERLE 2003) Por outro lado o Conselho Escolar eacute para o MEC um
oacutergatildeo de representaccedilatildeo das comunidades escolares e local onde satildeo discutidas definidas e
acompanhadas as atividades da escola podendo constituir um espaccedilo de discussatildeo de caraacuteter
consultivo respondendo a consultas sobre leis educacionais e suas aplicaccedilotildees deliberativo
quando toma decisotildees democraticamente fiscalizador acompanhando a aplicaccedilatildeo dos recursos
na escola e mobilizador incentivando a participaccedilatildeo direta dos envolvidos (BRASIL 2004)
Natildeo eacute suficiente afirmar que uma escola democraacutetica eacute aquela em que um colegiado
edifica uma decisatildeo de baixo para cima Eacute necessaacuteria uma mudanccedila no sistema educativo e uma
mudanccedila na loacutegica organizacional de todo o sistema Para Werle (2003 p 11) o poder natildeo estaacute
nos Conselhos Escolares e sim na competecircncia social dos representantes que caso natildeo os
faccedilam nas reuniotildees ldquopoderatildeo sofrer uma relaccedilatildeo de constrangimento e desapossamento de
espaccedilos de poderrdquo
A criaccedilatildeo das estruturas participativas nas escolas e nos sistemas de ensino constituem
um dos primeiros passos para a gestatildeo participativa ou gestatildeo ldquocompartilhadardquo poreacutem muitas
vezes a forma como satildeo constituiacutedos esses conselhos na composiccedilatildeo da sua estrutura e a forma
de implantaccedilatildeo atraveacutes de leis estaduais ou municipais satildeo contraditoacuterias porquanto sendo
constituiacutedo por pessoas eleitas representando os segmentos da comunidade escolar natildeo haveria
espaccedilo para componentes natildeo-eleitos pelos segmentos da escola
Nesse sentido a comunidade escolar quando se ausenta de participar e atuar da
construccedilatildeo coletiva dos processos democraacuteticos que satildeo as reuniotildees dos Conselhos Escolares
e quando apenas toma conhecimento das decisotildees da direccedilatildeo estaacute permitindo que outras
pessoas decidam Nesse caso estamos diante de uma participaccedilatildeo da gestatildeo que mais se
caracteriza como concessatildeo ndash cedendo a outros o seu direito de opinar de demonstrar seu ponto
de vista em favor de outrem ndash do que com democratizaccedilatildeo
70
144 O Conselho de Acompanhamento e Controle Social do Fundo de Manutenccedilatildeo e
Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo
(FUNDEB)
O Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos
Profissionais da Educaccedilatildeo (FUNDEB) foi criado pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006
Sua estrutura e finalidade encontram-se estatuiacutedas na Lei nordm 11494 de 20 de junho de 2007 e
pelo Decreto federal nordm 6253 de 13 de novembro de 2007 (BRASIL 2007)
O FUNDEB possui um montante de recursos gigantescos no que concerne ao
financiamento da educaccedilatildeo pois financia accedilotildees de manutenccedilatildeo e desenvolvimento da educaccedilatildeo
baacutesica puacuteblica independentemente da modalidade em que o ensino eacute oferecido (regular
especial ou de jovens e adultos) da sua duraccedilatildeo (Ensino Fundamental de oito ou de nove anos)
da idade dos alunos (crianccedilas jovens ou adultos) do turno de atendimento (matutino eou
vespertino ou noturno) e da localizaccedilatildeo da escola (zona urbana zona rural aacuterea indiacutegena ou
quilombola) de toda a educaccedilatildeo baacutesica em todos os municiacutepios brasileiros conforme
estabelecido nos sect 2ordm e 3ordm do art 211 da Constituiccedilatildeo
O FUNDEB eacute um fundo de natureza contaacutebil e de acircmbito estadual sendo 27 fundos
estaduais formado na quase totalidade por recursos provenientes dos impostos e transferecircncias
dos estados Distrito Federal e municiacutepios vinculados agrave educaccedilatildeo por forccedila do disposto no art
212 da Constituiccedilatildeo Federal e com o art 69 da LDB cabe a Uniatildeo a aplicaccedilatildeo nunca menos
que 18 e aos estados e municiacutepios no miacutenimo 25 da receita resultante de impostos
compreendida a proveniente de transferecircncias na Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento do Ensino ndash
MDE 34 podendo ainda de acordo com a LDB a possibilidade de ampliaccedilatildeo desses percentuais
de acordo com as Constituiccedilotildees Estaduais e Leis Orgacircnicas Municipais
Ainda compotildee o FUNDEB aleacutem desses recursos a tiacutetulo de complementaccedilatildeo uma
parcela de recursos federais sempre que no acircmbito de cada Estado seu valor por aluno natildeo
alcanccedilar o miacutenimo definido nacionalmente Independentemente da origem todo o recurso
gerado eacute redistribuiacutedo para aplicaccedilatildeo exclusiva na educaccedilatildeo baacutesica
A vigecircncia estabelecida para o FUNDEB eacute para o periacuteodo de 14 anos 2007-2020 Sua
implantaccedilatildeo comeccedilou em 1ordm de janeiro de 2007 e foi concluiacuteda em 2009 quando o total de
alunos matriculados na rede puacuteblica foi considerado na distribuiccedilatildeo dos recursos e o percentual
34 As despesas da ldquomanutenccedilatildeo e desenvolvimento do ensinordquo - MDE estatildeo previstas nos artigos 70 e 71 da LDB
que define quais as despesas podem e que natildeo podem ser utilizadas para efeito do MDE
71
de contribuiccedilatildeo dos estados Distrito Federal e municiacutepios atingiu o patamar de 20 para a
formaccedilatildeo do Fundo
As fontes de recursos para a educaccedilatildeo conforme a LDB no seu art 68 satildeo as receitas
provenientes de impostos da Uniatildeo dos Estados e dos Municiacutepios as receitas de transferecircncias
constitucionais e outras transferecircncias as receitas do Salaacuterio Educaccedilatildeo e de outras contribuiccedilotildees
sociais e as de incentivos fiscais e outros recursos previstos em Lei As principais fontes
financiadoras da educaccedilatildeo satildeo as receitas de impostos e o salaacuterio educaccedilatildeo pois ldquorepresentam
em termos de volume de recursos e de regularidade a receita que tem financiado a expansatildeo e
a qualificaccedilatildeo da educaccedilatildeo puacuteblica no paiacutesrdquo (FARENZENA 2006 p 82) Ou seja os
Municiacutepios devem utilizar recursos do FUNDEB na educaccedilatildeo infantil e no ensino fundamental
e os Estados no ensino fundamental e meacutedio sendo o miacutenimo de 60 na remuneraccedilatildeo dos
profissionais do magisteacuterio da educaccedilatildeo baacutesica puacuteblica e o restante dos recursos em outras
despesas de manutenccedilatildeo e desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica puacuteblica
O artigo 10 da Lei nordm 114942007 trata da distribuiccedilatildeo proporcional de recursos dos
Fundos que deve levar em conta as seguintes diferenccedilas entre etapas modalidades e tipos de
estabelecimento de ensino para que atenda toda a educaccedilatildeo baacutesica dentro das suas
especificidades sendo
I - creche em tempo integral
II - preacute-escola em tempo integral
III - creche em tempo parcial
IV - preacute-escola em tempo parcial
V - anos iniciais do ensino fundamental urbano
VI - anos iniciais do ensino fundamental no campo
VII - anos finais do ensino fundamental urbano
VIII - anos finais do ensino fundamental no campo
IX- ensino fundamental em tempo integral
X - ensino meacutedio urbano
XI - ensino meacutedio no campo
XII - ensino meacutedio em tempo integral
XIII - ensino meacutedio integrado agrave educaccedilatildeo profissional
XIV - educaccedilatildeo especial
XV - educaccedilatildeo indiacutegena e quilombola
XVI - educaccedilatildeo de jovens e adultos com avaliaccedilatildeo no processo
XVII - educaccedilatildeo de jovens e adultos integrada agrave educaccedilatildeo profissional de niacutevel meacutedio
com avaliaccedilatildeo no processo (BRASIL 2007)
A composiccedilatildeo do Conselho do FUNDEB apresenta-se em trecircs niacuteveis federal estadual e
municipal O acompanhamento e o controle social sobre a distribuiccedilatildeo a transferecircncia e a
aplicaccedilatildeo dos recursos dos Fundos devem ser exercidos junto aos respectivos governos no
acircmbito da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios por conselhos instituiacutedos
especificamente para esse fim Os conselhos seratildeo criados por legislaccedilatildeo especiacutefica editada no
72
pertinente acircmbito governamental observados os seguintes criteacuterios de composiccedilatildeo expressos
na Lei nordm 114942007 (BRASIL 2007)
Quadro 03 Composiccedilatildeo do Conselho de Controle Social do FUNDEB por esfera administrativa
Federal
(No miacutenimo 14 membros)
Estadual
(No miacutenimo 12 membros)
Municipal
(No miacutenimo 9 membros)
a) ateacute 4 (quatro)
representantes do Ministeacuterio
da Educaccedilatildeo
b) 1 (um) representante do
Ministeacuterio da Fazenda
c) 1 (um) representante do
Ministeacuterio do Planejamento
Orccedilamento e Gestatildeo
d) 1 (um) representante do
Conselho Nacional de
Educaccedilatildeo
e) 1 (um) representante do
Conselho Nacional de
Secretaacuterios de Estado da
Educaccedilatildeo - CONSED
f) 1 (um) representante da
Confederaccedilatildeo Nacional dos
Trabalhadores em Educaccedilatildeo
- CNTE
g) 1 (um) representante da
Uniatildeo Nacional dos
Dirigentes Municipais de
Educaccedilatildeo - UNDIME
h) 2 (dois) representantes dos
pais de alunos da educaccedilatildeo
baacutesica puacuteblica
i) 2 (dois) representantes dos
estudantes da educaccedilatildeo
baacutesica puacuteblica um dos quais
indicado pela Uniatildeo
Brasileira de Estudantes
Secundaristas - UBES
a) 3 (trecircs) representantes do
Poder Executivo estadual
dos quais pelo menos 1 (um)
do oacutergatildeo estadual
responsaacutevel pela educaccedilatildeo
baacutesica
b) 2 (dois) representantes dos
Poderes Executivos
Municipais
c) 1 (um) representante do
Conselho Estadual de
Educaccedilatildeo
d) 1 (um) representante da
seccional da Uniatildeo Nacional
dos Dirigentes Municipais de
Educaccedilatildeo - UNDIME
e) 1 (um) representante da
seccional da Confederaccedilatildeo
Nacional dos Trabalhadores
em Educaccedilatildeo - CNTE
f) 2 (dois) representantes dos
pais de alunos da educaccedilatildeo
baacutesica puacuteblica
g) 2 (dois) representantes dos
estudantes da educaccedilatildeo
baacutesica puacuteblica 1 (um) dos
quais indicado pela entidade
estadual de estudantes
secundaristas
a) 2 (dois) representantes do
Poder Executivo Municipal
dos quais pelo menos 1 (um)
da Secretaria Municipal de
Educaccedilatildeo ou oacutergatildeo
educacional equivalente
b) 1 (um) representante dos
professores da educaccedilatildeo baacutesica
puacuteblica
c) 1 (um) representante dos
diretores das escolas baacutesicas
puacuteblicas
d) 1 (um) representante dos
servidores teacutecnico-
administrativos das escolas
baacutesicas puacuteblicas
e) 2 (dois) representantes dos
pais de alunos da educaccedilatildeo
baacutesica puacuteblica
f) 2 (dois) representantes dos
estudantes da educaccedilatildeo baacutesica
puacuteblica um dos quais indicado
pela entidade de estudantes
secundaristas
sect 2o Integraratildeo ainda os
conselhos municipais dos
Fundos quando houver 1
(um) representante do
respectivo Conselho
Municipal de Educaccedilatildeo e 1
(um) representante do
Conselho Tutelar a que se
refere a Lei no 8069 de 13 de
julho de 1990 indicados por
seus pares
Fonte Lei Federal Nordm 114942007
73
A Lei nordm 114942007 aponta algumas orientaccedilotildees e estabelece restriccedilotildees na
composiccedilatildeo do Conselho de Controle Social do FUNDEB Na Lei os membros do Conselho
podem constituir seus representantes por indicaccedilatildeo eleiccedilatildeo e representaccedilatildeo conforme
estabelece o art 24 sect 3ordm
I - pelos dirigentes dos oacutergatildeos federais estaduais municipais e do Distrito Federal e
das entidades de classes organizadas nos casos das representaccedilotildees dessas instacircncias
II - nos casos dos representantes dos diretores pais de alunos e estudantes pelo
conjunto dos estabelecimentos ou entidades de acircmbito nacional estadual ou
municipal conforme o caso em processo eletivo organizado para esse fim pelos
respectivos pares
III - nos casos de representantes de professores e servidores pelas entidades sindicais
da respectiva categoria (BRASIL 2007)
Ainda sobre a composiccedilatildeo do Conselho a Lei Nordm 114942007 no art 24 sect 5ordm destaca
o impedimento dos Conselheiros que tenham relaccedilatildeo de parentesco submissatildeo hieraacuterquica ou
prestem serviccedilos para o poder executivo local
sect 5o Satildeo impedidos de integrar os conselhos a que se refere o caput deste artigo
I - cocircnjuge e parentes consanguiacuteneos ou afins ateacute 3o (terceiro) grau do Presidente e
do Vice-Presidente da Repuacuteblica dos Ministros de Estado do Governador e do Vice-
Governador do Prefeito e do Vice-Prefeito e dos Secretaacuterios Estaduais Distritais ou
Municipais
II - tesoureiro contador ou funcionaacuterio de empresa de assessoria ou consultoria que
prestem serviccedilos relacionados agrave administraccedilatildeo ou controle interno dos recursos do
Fundo bem como cocircnjuges parentes consanguiacuteneos ou afins ateacute 3o (terceiro) grau
desses profissionais
III - estudantes que natildeo sejam emancipados
IV - pais de alunos que
a) exerccedilam cargos ou funccedilotildees puacuteblicas de livre nomeaccedilatildeo e exoneraccedilatildeo no acircmbito dos
oacutergatildeos do respectivo Poder Executivo gestor dos recursos ou
b) prestem serviccedilos terceirizados no acircmbito dos Poderes Executivos em que atuam os
respectivos conselhos
sect 6o O presidente dos conselhos previstos no caput deste artigo seraacute eleito por seus
pares em reuniatildeo do colegiado sendo impedido de ocupar a funccedilatildeo o representante
do governo gestor dos recursos do Fundo no acircmbito da Uniatildeo dos Estados do Distrito
Federal e dos Municiacutepios (BRASIL 2007)
A atuaccedilatildeo dos membros do conselho deve ser baseada na autonomia e sem viacutenculo
institucional ao Poder Executivo local O periacuteodo do mandato dos seus membros eacute de dois anos
podendo ser reconduzidos uma uacutenica vez
O desempenho da funccedilatildeo de conselheiro do FUNDEB eacute considerado de extrema
relevacircncia social sendo uma atividade natildeo remunerada A Uniatildeo os Estados o Distrito Federal
74
e os Municiacutepios devem garantir a infraestrutura e as condiccedilotildees materiais adequadas agrave execuccedilatildeo
plena das competecircncias dos conselhos Os conselhos tecircm no acircmbito de suas respectivas esferas
governamentais de atuaccedilatildeo a incumbecircncia de ainda supervisionar o censo escolar anual e a
elaboraccedilatildeo da proposta orccedilamentaacuteria anual ldquocom o objetivo de concorrer para o regular e
tempestivo tratamento e encaminhamento dos dados estatiacutesticos e financeiros que alicerccedilam a
operacionalizaccedilatildeo dos Fundosrdquo (Art 24 sect 9ordm Lei nordm 11494 BRASIL 2007)
Aleacutem do FUNDEB cabe ao CACS o acompanhamento e a fiscalizaccedilatildeo do Programa de
Transporte escolar (PNATE)
15 CRITEacuteRIOS PARA A ESCOLHA DE DIRETOR ESCOLAR
A participaccedilatildeo nas formas de escolha do diretor escolar representada pela definiccedilatildeo de
criteacuterios para essa escolha que tecircm sido muito presente na pauta de lutas das organizaccedilotildees de
educadores desde a deacutecada de 1980 Natildeo obstante por ser mateacuteria de difiacutecil consenso a
Constituiccedilatildeo de 1988 e a LDB de 1996 satildeo geneacutericas ao tratar do tema limitando-se a delegar
aos sistemas de ensino a sua regulamentaccedilatildeo Eacute assim que de acordo com Mendonccedila (2000)
tais criteacuterios satildeo os mais diversos nas leis estaduais do paiacutes Por se tratar de um paiacutes que
comporta mais de 5600 municiacutepios com possibilidade de criaccedilatildeo de sistema proacuteprio de ensino
pode-se em potencial ter uma diversidade muito maior de criteacuterios
Com base nos estudos de Mendonccedila (2000) Paro (2003) e Dourado (2007) podemos
afirmar que o provimento do cargo de diretor escolar das escolas puacuteblicas tem ocorrido
basicamente de cinco formas 1) livre indicaccedilatildeo pelos poderes puacuteblicos 2) ascensatildeo na carreira
3) aprovaccedilatildeo em concurso puacuteblico 4) eleiccedilatildeo e posterior indicaccedilatildeo em lista triacuteplice e 5) eleiccedilatildeo
direta E cada uma dessas categorias traz consigo as concepccedilotildees de gestatildeo de um governo e
maior ou menor grau de participaccedilatildeo dos envolvidos na escolha
Em relaccedilatildeo ao criteacuterio de escolha de diretores escolares por indicaccedilatildeo ou nomeaccedilatildeo
Mendonccedila (2000) Paro (2007) e Dourado (2007) argumentam que esta eacute a forma de acesso na
qual os representantes poliacuteticos (governadores e prefeitos) podem indicar os gestores escolares
que acharem apropriados ao cargo Assim o criteacuterio de escolha de diretores atraveacutes de indicaccedilatildeo
vincula o trabalho do diretor com quem o indicou quase sempre um poliacutetico ou teacutecnico das
Secretarias de Educaccedilatildeo Seu compromisso portanto eacute com quem o colocou naquele cargo e
natildeo com a comunidade escolar Nesse caso ldquoo papel do diretor ao prescindir do respaldo da
comunidade escolar caracteriza-se como instrumentalizador de praacuteticas autoritaacuterias
75
evidenciando forte ingerecircncia do Estado na gestatildeo da escola (DOURADO 2007 p 83) A
indicaccedilatildeo para cargos puacuteblicos estaacute nas raiacutezes do Estado patrimonialista que marcou fortemente
a origem do Estado brasileiro o pode ser percebida na admissatildeo dos diretores cujos criteacuterios
satildeo essencialmente subjetivos e pessoais (MENDONCcedilA 2000) A categoria ldquonomeaccedilatildeordquo para
Paro (2007) ldquotraz consigo as marcas do clientelismo poliacutetico sendo por isso uma das mais
criticadas e inclusive muito presente nos sistemas de ensinordquo (PARO 2007 p 19) Com base
em dados do observatoacuterio de monitoramento das metas do PNE35 ateacute 2013 essa forma de
escolha de diretores ainda era presente em 50 das escolas brasileiras sendo portanto a que
prevalece no Brasil
Quanto ao criteacuterio de provimento de diretores escolares por meio do concurso os que
o defendem alegam que apresenta virtudes como ldquoa objetividade a coibiccedilatildeo do clientelismo e
a possibilidade de afericcedilatildeo do conhecimento teacutecnico do candidatordquo (PARO 2003 p19) Esse
criteacuterio de escolha estaacute ancorado na ideia de que o domiacutenio da competecircncia teacutecnica pelo
candidato eacute um requisito essencial para o exerciacutecio da funccedilatildeo Dessa forma a seleccedilatildeo atraveacutes
de concurso puacuteblico eacute defendida pela sua imparcialidade e porque o diretor concursado estaria
ldquomenos submisso agraves variantes poliacuteticas da escola e do sistema de ensino uma vez que o
concurso puacuteblico parece garantir a moralidade e a transparecircncia necessaacuterias na lotaccedilatildeo de
qualquer cargo puacuteblicordquo (SOUZA 2007 p 167)
Mendonccedila (2000) adverte que a permanecircncia de diretores nas unidades escolares por
concurso para a escolha de diretores estaacute vinculado tambeacutem ldquoa uma concepccedilatildeo da direccedilatildeo de
escola como carreira e por meio dele a ocupaccedilatildeo da funccedilatildeo tem caraacuteter permanenterdquo
(MENDONCcedilA 2000 p 191) Natildeo obstante concordamos com Paro (2015) quando argumenta
que o concurso eacute democraacutetico apenas aparentemente pois ldquoo diretor tem o direito de concorrer
ao cargo e escolher a escola onde vai trabalhar mas a comunidade escolar tem de aceitar esse
diretor sem conhececirc-lo e sem um processo democraacutetico de escolhardquo (PARO 2015 p 117)
Aleacutem disso ldquonatildeo eacute verdade que o processo de escolha possa se resumir numa qualidade teacutecnica
() pois o diretor exerce uma accedilatildeo poliacutetica como representante do Estado diante de seus
dirigidosrdquo (IDEM p117)
35 O Observatoacuterio da Educaccedilatildeo eacute uma plataforma online que tem como objetivo monitorar os indicadores referentes
a cada uma das 20 metas do Plano Nacional de Educaccedilatildeo (PNE) e de suas respectivas estrateacutegias e oferecer
anaacutelises sobre as poliacuteticas puacuteblicas educacionais jaacute existentes e que seratildeo implementadas ao longo dos dez anos
de vigecircncia do Plano Consta no seguinte endereccedilo httpwwwobservatoriodopneorgbrmetas-pne19-gestao-
democraticaindicadores
76
O diretor de carreira segundo Dourado (2007) eacute uma modalidade pouco utilizada
Neste caso o acesso ao cargo eacute vinculado a criteacuterios como tempo de serviccedilo escolarizaccedilatildeo
merecimento eou distinccedilatildeo entre outros Representa uma tentativa de aplicaccedilatildeo no setor
puacuteblico da meritocracia livrando da participaccedilatildeo da comunidade escolar a escolha de seu
dirigente
A indicaccedilatildeo por meio de listas triacuteplices secircxtuplas ou a combinaccedilatildeo de processos
(modalidade mista) consiste na consulta agrave comunidade escolar para a indicaccedilatildeo de nomes em
nuacutemero de trecircs ou seis possiacuteveis dirigentes cabendo ao poder executivo nomear o diretor dentre
os nomes escolhidos eou submetecirc-los a uma segunda fase que consiste em provas ou
atividades de avaliaccedilatildeo de sua capacidade cognitiva para a gestatildeo da educaccedilatildeo Na modalidade
mista apesar da participaccedilatildeo da comunidade na primeira fase cabe ao poder executivo fazer a
indicaccedilatildeo final do diretor onde corre-se o risco de ocorrer uma indicaccedilatildeo por criteacuterios natildeo
poliacutetico-pedagoacutegicos com uma suposta legitimaccedilatildeo da comunidade escolar uma forma de
burlar o sistema de escolha democraacutetica em nome do discurso de participaccedilatildeodemocratizaccedilatildeo
das relaccedilotildees escolares Outra modalidade mista eacute apontada por Vieira (2006) em que a escolha
de diretores escolares ocorre em duas fases de seleccedilatildeo A primeira fase dar-se-aacute por meio de
concurso que classifica os gestores e na segunda fase os classificados no concurso satildeo
colocados em aceitaccedilatildeo da comunidade e dos segmentos da escola atraveacutes da eleiccedilatildeo com a
participaccedilatildeo coletiva para a aprovaccedilatildeo de suas propostas na gestatildeo que assumiraacute (VIEIRA
2006)
O criteacuterio eleiccedilotildees diretas para a escolha de diretores escolares eacute entendida por
Mendonccedila (2000) Paro (2003 2007) e Souza (2007) como a forma mais democraacutetica na qual
a comunidade poderaacute votar no gestor mais qualificado para exercer as funccedilotildees pertinentes ao
cargo Para Souza diretor eleito
natildeo eacute por natureza do processo eletivo mais compromissado com a educaccedilatildeo puacuteblica
de qualidade para todosas mas a eleiccedilatildeo eacute o instrumento que potencialmente permite
agrave comunidade escolar controlar as accedilotildees do dirigente escolar no sentido de levaacute-lo a
se comprometer com este princiacutepio (SOUZA 2007 p 174)
A eleiccedilatildeo de diretores escolares fortalece o poder poliacutetico no interior das escolas e
consequentemente reduz a intervenccedilatildeo do Estado sobre elas e dessa forma a escola torna-se
mais autocircnoma e capaz de promover relaccedilotildees mais democraacuteticas em seu interior Embora a
eleiccedilatildeo natildeo seja a soluccedilatildeo para todos os problemas da escola puacuteblica e envolva riscos ainda ldquoeacute
77
a forma civilizada de exercer o poder entre sujeitosrdquo e ldquoconfere aos eleitos uma autoridade
legiacutetimardquo (PARO 2015 p 118)
No que diz respeito agraves diferentes experiecircncias de gestatildeo democraacutetica principalmente
quando trata das eleiccedilotildees de diretores e funcionamento de colegiados os resultados apontam
que ldquoesses processos continuam excessivamente centrados em pessoas com interferecircncias
poliacutetico partidaacuterias aliciamento de votos entre outros problemasrdquo (MENDONCcedilA 2000 p12)
Esses problemas se revelam na intervenccedilatildeo indevida de diretores indicando os nomes para
compor os colegiados de deliberaccedilatildeo assegurando que o controle da instituiccedilatildeo continue em
suas matildeos e ressalta que isso impede a participaccedilatildeo mais espontacircnea da comunidade escolar Eacute
importante que tenhamos a compreensatildeo de que eacute necessaacuterio que haja na escola natildeo um ldquocheferdquo
mas um colaborador que embora tenha responsabilidade junto ao Estado natildeo esteja atrelado
apenas ao seu poder colocando-se acima dos demais mas ao contraacuterio que sua autoridade com
a responsabilidade seja distribuiacuteda dentre os membros da escola
Nesse contexto compreendemos que a forma mais democraacutetica e que permite maior
participaccedilatildeo da comunidade escolar na escolha dos seus diretores escolares eacute a eleiccedilatildeo direta
Por isso o debate deve se fazer presente natildeo soacute nas unidades escolares mas em todo o sistema
de ensino como um momento coletivo de amadurecimento poliacutetico participativo e de
construccedilatildeo de um processo democraacutetico da gestatildeo escolar que legitime o desempenho da funccedilatildeo
de diretor e que respeite as deliberaccedilotildees coletivas
Mais recentemente o Plano Nacional de Educaccedilatildeo (2014-2024) aprovado pela Lei nordm
13005 de 25 de junho de 2014 reafirma em seu inciso VI do Art 2ordm a ldquopromoccedilatildeo do princiacutepio
da gestatildeo democraacutetica da educaccedilatildeo puacuteblicardquo No entanto o caput da Meta 19 propotildee ldquoassegurar
condiccedilotildees () para a efetivaccedilatildeo da gestatildeo democraacutetica da educaccedilatildeo associada a criteacuterios
teacutecnicos de meacuterito e desempenho e agrave consulta puacuteblica agrave comunidade escolar no acircmbito das
escolas puacuteblicas prevendo recursos e apoio teacutecnico da Uniatildeo para tantordquo (grifos nossos)
O detalhamento da meta 19 pressupotildee estrateacutegias que condicionam o repasse de
transferecircncias voluntaacuterias da Uniatildeo da aacuterea da educaccedilatildeo para os municiacutepios que tenham
aprovado legislaccedilatildeo especiacutefica regulamentando mateacuteria a esse respeito Embora os criteacuterios se
associem a alguma forma de participaccedilatildeo da comunidade o PNE vem estimulando que os
municiacutepios adotem em legislaccedilotildees a nomeaccedilatildeo dos diretores e diretoras de escola a partir de
criteacuterios teacutecnicos de meacuterito e desempenho o que corrobora a persistecircncia da gestatildeo de cunho
gerencialista proposta no Plano Diretor de Reforma do Estado (PDRAE) aprovado no governo
de Fernando Henrique Cardoso
78
Por fim constatamos que a poliacutetica de gestatildeo da educaccedilatildeo brasileira segue no sentido
de democratizar o sistema de ensino atraveacutes do acesso permanecircncia e garantia da educaccedilatildeo de
qualidade Para isso sugerem a participaccedilatildeo atraveacutes da garantia da existecircncia de conselhos
representativos de controle social e de eleiccedilotildees diretas para diretores escolares por meio da
comunidade escolar e da sociedade civil tanto na construccedilatildeo de poliacuteticas quanto no controle
social indicando a transparecircncia nas accedilotildees e na gestatildeo dos recursos puacuteblicos
79
2 A GESTAtildeO EDUCACIONAL NO CONTEXTO DO PLANO DE
DESENVOLVIMENTO DA EDUCACcedilAtildeO (PDE) DO PLANO DE METAS
COMPROMISSO TODOS PELA EDUCACcedilAtildeO E DO PLANO DE ACcedilOtildeES
ARTICULADAS
Este capiacutetulo trataraacute de dar continuidade agrave discussatildeo do capiacutetulo anterior sobre as
poliacuteticas educacionais adotadas no Brasil apoacutes a Reforma do Estado que tecircm traccedilado novos
rumos para a gestatildeo da educaccedilatildeo Especificamente seraacute abordado nesse capiacutetulo o modelo de
gestatildeo da educaccedilatildeo adotado no Brasil no qual estaacute inserido o Plano de Desenvolvimento da
Educaccedilatildeo o Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo e o Plano de Accedilotildees
Articuladas e as suas formas de materializaccedilatildeo
21 A GESTAtildeO EDUCACIONAL E O PLANO DE DESENVOLVIMENTO DA
EDUCACcedilAtildeO (PDE)
As poliacuteticas educacionais implementadas no Brasil possuem uma historicidade na sua
construccedilatildeo que natildeo segue em linha reta isto eacute eacute cheia de curvas e oscilaccedilotildees pelo caminho
com avanccedilos e retrocessos sendo influenciadas em todas as suas fases seja por contextos
histoacutericos distintos seja pela disputa entre os sujeitos envolvidos no processo ou por grupos de
interesses e de percepccedilotildees diferentes da realidade que estatildeo presentes no momento da sua
implementaccedilatildeo e execuccedilatildeo Poreacutem eacute o resultado das relaccedilotildees sociais inerentes ao processo de
construccedilatildeo dessas poliacuteticas
O primeiro Plano Nacional de Educaccedilatildeo foi elaborado para uma deacutecada (2001-2010) no
Brasil natildeo atingiu os objetivos esperados pois desde a sua elaboraccedilatildeo ateacute o envio ao Congresso
Nacional em 1997 existiam visotildees distintas dos rumos da educaccedilatildeo do paiacutes Eacute tanto que dois
Planos foram enviados um que representava a proposta do governo FHC na eacutepoca e o outro
que representava a sociedade civil construiacutedo a partir das organizaccedilotildees de classes Um periacuteodo
turbulento pois
() a apresentaccedilatildeo de dois planos nacionais de educaccedilatildeo um do governo e outro da
sociedade civil evidencia o atual estaacutegio de correlaccedilatildeo de forccedilas sociais no campo
educacional do Brasil do final dos anos de 1990 materializado no acirramento do
conflito entre duas propostas de sociedade e de educaccedilatildeo ndash a proposta liberal-
80
corporativa e a proposta democraacutetica das massas ndash que vem se embatendo desde o
final dos anos de 1980 () (NEVES 2000 p 148)
Dessa forma com os embates que se arrastavam no Congresso Nacional por deputados
contra e a favor e sindicatos De posse dos dois planos e dos embates realizou-se um texto
substitutivo em junho de 2000 que consolidasse parte proposta do governo e outra parte da
sociedade civil representada Embora votado na cacircmara dos deputados e no senado o texto foi
sancionado pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso com vetos principalmente no que se
tratava de investimentos e financiamento da educaccedilatildeo principalmente na educaccedilatildeo superior
Nesse contexto eacute notoacuteria a falta de compromisso do governo FHC com os investimentos na
educaccedilatildeo em que o seu governo o tem como gasto e natildeo como investimento Eacute importante
destacar aqui que uma boa educaccedilatildeo baacutesica seraacute o resultado de uma boa educaccedilatildeo superior e
que as universidades tem um papel estrateacutegico no desenvolvimento das naccedilotildees
No campo poliacutetico o primeiro governo Lula (2003-2006) foi marcado pela continuidade
das poliacuteticas educacionais traccediladas no governo FHC que realizou as reformas educacionais de
longo alcance sob os olhares do mercado A expectativa dos educadores era que a partir do
governo Lula essa loacutegica neoliberal que mudou os rumos da educaccedilatildeo baacutesica a superior fosse
rompida Entretanto segundo Andrade de Oliveira (2009) natildeo foi o que ocorreu a loacutegica
neoliberal foi mantida Assim no primeiro mandato de Lula natildeo houve poliacuteticas puacuteblicas
educacionais regulares e fortes o suficiente para alterar a poliacutetica planejada pelo governo FHC
A autora afirma que ocorreram sim alguns programas e projetos focalizados principalmente
para os mais vulneraacuteveis mas que natildeo se constituiu em uma poliacutetica puacuteblica Somente no
finalzinho do primeiro mandato eacute que foi criado o Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento
da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo (FUNDEB) proposto pela
Emenda Constitucional Nordm 53 de 2006 que ampliou o Fundo de Manutenccedilatildeo e
Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorizaccedilatildeo do Magisteacuterio (FUNDEF) sendo
esse fundo o principal mecanismo de financiamento da educaccedilatildeo que passou a atender a trecircs
etapas educaccedilatildeo infantil ensino fundamental e ensino meacutedio Poreacutem sem romper com a loacutegica
neoliberal Andrade Oliveira (2009 p 203) afirma que o que se observou foi ldquoo governo
assumir de alguma forma a loacutegica existente e passar a professar a inclusatildeo social no lugar do
direito universal agrave educaccedilatildeordquo
Nesse cenaacuterio marcado por poliacuteticas educacionais focais imediatistas e de pouca
regularidade o Presidente Lula durante a campanha para a reeleiccedilatildeo destacou a educaccedilatildeo
como foco principal do seu governo apoacutes a vitoacuteria nas urnas no discurso de posse em 01 de
janeiro de 2007 e reforccedilou priorizar a educaccedilatildeo no segundo governo Em 24 de abril de 2007
81
apresenta o Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo como parte do Programa de Aceleraccedilatildeo do
Crescimento (PAC) que ele denominou de PAC da Educaccedilatildeo A cerimocircnia contou com a
participaccedilatildeo do Presidente da Repuacuteblica Luiz Inaacutecio Lula da Silva e do Ministro da Educaccedilatildeo
Fernando Haddad e ainda Paulo Renato (ex-ministro da educaccedilatildeo do governo FHC) e
Cristovam Buarque (Ministro de Educaccedilatildeo do primeiro governo Lula) aleacutem da participaccedilatildeo de
setores da iniciativa privada e gestores puacuteblicos
Camini (2009) critica a implantaccedilatildeo de uma poliacutetica puacuteblica lanccedilada como uma decisatildeo
poliacutetica sem contar com uma ampla discussatildeo coletiva dos segmentos da sociedade que seratildeo
atingidos diretamente ou mesmo indiretamente Para a autora a presenccedila de representantes de
instituiccedilotildees privadas em parceria com o setor puacuteblico de educaccedilatildeo lanccedila o Plano de
Desenvolvimento da Educaccedilatildeo (PDE) sendo que nessas ldquoparceriasrdquo muitas vezes estatildeo
impliacutecitas a loacutegica de mercado o que reduz as condiccedilotildees de democratizaccedilatildeo visto que na
legislaccedilatildeo as instituiccedilotildees privadas natildeo permitem a participaccedilatildeo da populaccedilatildeo nas decisotildees
ficando a cargo exclusivamente do mercado ditar as suas regras
Jaacute no entendimento do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo o PDE pela visatildeo sistecircmica que o
caracteriza [] ldquoprocura enfocar a educaccedilatildeo em todo o territoacuterio da naccedilatildeo considerando com o
mesmo cuidado e atenccedilatildeo cada uma das suas partes do bairro do paiacutes em seu conjunto dando
efetividade ao princiacutepio constitucional do ldquoregime de colaboraccedilatildeordquordquo (SAVIANI 2009 p 16)
afirma que O PDE estaacute sustentado em seis pilares i) visatildeo sistecircmica da educaccedilatildeo ii)
territorialidade iii) desenvolvimento iv) regime de colaboraccedilatildeo v) responsabilizaccedilatildeo e vi)
mobilizaccedilatildeo social
O ldquoPDE aparece como um grande guarda-chuvardquo (SAVIANI 2009 p 5) que cobre
praticamente todos os programas e aacutereas com foco na educaccedilatildeo baacutesica superior profissional
tecnoloacutegica alfabetizaccedilatildeo e diversidade abrangendo as modalidades de ensino e accedilotildees de
melhorias na infraestrutura No que se refere aos eixos de accedilotildees do Plano de Desenvolvimento
da Educaccedilatildeo (PDE) direcionadas as aacutereas do sistema educacional apresentamos o quadro a
seguir
82
Quadro 04 - Eixos de Accedilatildeo do Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo (PDE)
Eixos Accedilotildees do PDE
Educaccedilatildeo
Baacutesica
1 Melhoria do IDEB da escola puacuteblica e
2 Melhoria da gestatildeo escolar da qualidade do ensino e do fluxo escolar
valorizaccedilatildeo e qualificaccedilatildeo de professores e profissionais da educaccedilatildeo
inclusatildeo digital e apoio ao aluno e agrave escola
Alfabetizaccedilatildeo
e Educaccedilatildeo
Continuada
1 Reduzir a taxa de analfabetismo e o nuacutemero absoluto de analfabetos
2 Atender jovens e adultos de 15 anos ou mais
3 Prioridade para os municiacutepios com taxa de analfabetismo superior a 35
e
4 O Brasil Alfabetizado tem por meta atender 15 milhatildeo de alfabetizandos
por ano
Ensino
Profissional e
Tecnoloacutegico
1 Ampliar a rede de ensino profissional e tecnoloacutegico do Paiacutes
2 Que cada municiacutepio tenha pelo menos 1 escola oferecendo educaccedilatildeo
profissional e
3 A prioridade seraacute para cidades tendo como referecircncia as economias locais
e regionais e reforccedilando a articulaccedilatildeo da escola puacuteblica em especial o
ensino meacutedio e a EJA com a educaccedilatildeo profissional em todas as modalidades
e niacuteveis
Ensino
Superior
1 Ampliar e democratizar o acesso ao ensino superior do Paiacutes
2 A ampliaccedilatildeo de vagas nas instituiccedilotildees federais de ensino superior se faraacute
por meio de ofertas de bolsas do Programa Universidade para Todos
(PROUNI) articulado ao Financiamento Estudantil (FIES) e
3 Atraveacutes da Reestruturaccedilatildeo e Expansatildeo das Universidades Federais
(REUNI) as universidades apresentaratildeo planos de expansatildeo da oferta
Dobrar o nuacutemero de alunos nas Instituiccedilotildees Federais de Ensino (IFES) no
Brasil em 10 anos Fonte BRASIL 2007
Esses eixos correspondem agrave atuaccedilatildeo do PDE que segundo Saviani (2009) tem um
objetivo ambicioso de elevar o niacutevel da educaccedilatildeo brasileira aos patamares dos paiacuteses
desenvolvidos ateacute o ano de 2022 Para tanto vem ampliando seus programas e hoje conta com
a adesatildeo de todos os estados e municiacutepios atraveacutes da assinatura do Termo de Adesatildeo ao
PMCTE onde satildeo chamados a responsabilizar-se com as metas preacute-estabelecidas pelo Plano
Dessa forma a execuccedilatildeo dos programas e projetos do PDE por parte dos estados e
municiacutepios tem promovido mudanccedilas substanciais principalmente na gestatildeo educacional e
escolar visto que com o Plano de Metas do Compromisso e o Plano de Accedilotildees Articuladas
organizam toda uma articulaccedilatildeo para materializar as metas propostas Para Sousa (2011 p 06)
ldquoo efeito mais perceptiacutevel das alteraccedilotildees promovidas pelo PDE no relacionamento do MEC
com os entes federativos reside no condicionamento de todas as transferecircncias voluntaacuterias da
Uniatildeo aos estados e municiacutepiosrdquo a partir da assinatura do termo de compromisso do PMCTE
e a responsabilidade dos estados e municiacutepios quanto ao cumprimento das suas diretrizes
83
Permeado de termos como ldquodemocraciardquo ldquocolaboraccedilatildeordquo e ldquoparceriardquo que foram
introduzidos e utilizados a partir de uma visatildeo neoliberal A poliacutetica educacional e de gestatildeo
propugnada pelo Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo estabelece o Plano de Metas
Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo e orienta os Estados e os Municiacutepios a elaborarem os seus
Planos de Accedilatildeo Articuladas seguindo o modelo proposto pelo MEC mantendo assim a
centralidade das decisotildees no acircmbito da Uniatildeo e desconcentrando a realizaccedilatildeo das tarefas para
os estados e os municiacutepios agindo como um oacutergatildeo coordenador da poliacutetica e dos resultados
alcanccedilados pelos demais entes federados E nesse sentido eacute que se observa o modelo de gestatildeo
gerencial em que estaacute inserido o PMCTE pois os estados e municiacutepios passam a ter que seguir
as diretrizes a partir do Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) como instrumento de planejamento
para o alcance das metas definidas
As divergecircncias em que se sustentam o PDE e o Plano de Metas Compromisso Todos
pela Educaccedilatildeo seja nas diretrizes instituiacutedas no desenvolvimento dos programas nas accedilotildees
implementadas e nos resultados alcanccedilados eacute tambeacutem por que o PDE natildeo foi uma poliacutetica
construiacuteda historicamente com a participaccedilatildeo coletiva dos envolvidos nos debates ela foi
determinada a partir de uma decisatildeo poliacutetica de governo dessa forma tem apresentado
ambiguidades e incoerecircncias na sua implantaccedilatildeo e execuccedilatildeo
A relaccedilatildeo democraacutetica e o regime de colaboraccedilatildeo entre os entes federados parece ser
mais uma ambiguidade pois de acordo com Camini (2011 p166-167) existe uma prevalecircncia
do MEC como instacircncia superior ldquoque encobre sob a forma de delegaccedilatildeo descentralizaccedilatildeo
ou auxiacutelio uma relaccedilatildeo que implica certa passividade e adesatildeo dos demais entes regionaisrdquo
Ainda assim existe tambeacutem uma ldquopermeabilidade que envolve praacuteticas e procedimentos
poliacutetico-administrativos e que permite e favorece a penetraccedilatildeo das intenccedilotildees e accedilotildees de umas
instacircncias sobre as outrasrdquo (idem grifos nossos)
Nesse sentido entende-se que as reformas propostas e implementadas no Brasil a partir
dos anos de 1990 tecircm apontado para o enfraquecimento do Estado em sua funccedilatildeo social As
novas concepccedilotildees abordagens meacutetodos de planejamento e as novas praacuteticas de gestatildeo tecircm
levado a educaccedilatildeo a apresentar caracteriacutesticas diferentes daquelas propostas pela Constituiccedilatildeo
Federal Brasileira de 1988 em que a educaccedilatildeo era um direito social fundamental e quando
ofertado em estabelecimento puacuteblico seria gratuito aleacutem da garantia do padratildeo de qualidade e
da gestatildeo democraacutetica do ensino puacuteblico As novas concepccedilotildees tecircm viabilizado um processo de
racionalizaccedilatildeo mercantil em favor da empresa privada as quais com a alternativa da terceira
via e com as parcerias com o poder puacuteblico buscam influenciar a definiccedilatildeo das poliacuteticas
puacuteblicas sendo o PDE um exemplo disso pois fomenta parcerias entre instituiccedilotildees privadas e
84
os sistemas puacuteblicos de educaccedilatildeo uma vez que nessas ldquoparceriasrdquo muitas vezes estatildeo
impliacutecitas a loacutegica de mercado com modelos de gestatildeo gerencial e instrumentos de controle
fortalecendo a competitividade entre as escolas e diminuindo a autonomia das instituiccedilotildees
puacuteblicas educacionais
O proacuteximo toacutepico trataraacute mais especificamente de um dos eixos de accedilatildeo do PDE ndash o
Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo ndash bem como as suas diretrizes e a sua
interface com a gestatildeo educacional
22 A GESTAtildeO EDUCACIONAL E O PLANO DE METAS COMPROMISSO TODOS PELA
EDUCACcedilAtildeO
A origem do Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo se deu a partir de um
movimento denominado Movimento Todos pela Educaccedilatildeo (MTPE) um movimento que se
apresenta como apoliacutetico e apartidaacuterio e congrega a sociedade civil organizada educadores e
gestores puacuteblicos sendo mantido por grupos empresariais36 cujo Conselho de Governanccedila eacute
composto majoritariamente por grandes liacutederes empresariais37 O movimento TPE foi criado
ainda em 2005 por um grupo de liacutederes empresariais no momento em que a valorizaccedilatildeo da
educaccedilatildeo comeccedilou a se tornar relevante para a formaccedilatildeo de trabalhadores brasileiros Em 2006
o movimento TPE lanccedilou o projeto ldquocompromisso todos pela educaccedilatildeordquo o qual foi
impulsionado para o congresso sob o tiacutetulo de ldquoAccedilotildees de Responsabilidade Social em
Educaccedilatildeo melhores praacuteticas na Ameacuterica Latinardquo (BERNARDI 2014)
Dessa forma com os liacutederes empresariais envolvidos na composiccedilatildeo do Conselho do
TPE sendo maioria majoritaacuteria nesse espaccedilo de decisatildeo logo estes tinham a prerrogativa de
decidir sobre as accedilotildees e os programas educacionais seguindo na direccedilatildeo de colocar o mercado
como a soluccedilatildeo para os problemas da educaccedilatildeo atendendo a loacutegica da gestatildeo empresarial e
apontando caminhos que devem ser seguidos pela educaccedilatildeo tendo o mercado como paracircmetro
36
As principais empresas mantenedoras satildeo Gerdau Fundaccedilatildeo Educar DPaschoal Fundaccedilatildeo Bradesco Fundaccedilatildeo
Itauacute Instituto Natura Fundaccedilatildeo Vale Itauacute BBA etc os parceiros satildeo entre outros Rede Globo Grupo ABC
Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) Instituto Ayrton Senna Editora Saraiva Itauacute Cultural
Microsoft Editora Moderna 37 Em 2011 o Conselho de Governanccedila apresentava a seguinte composiccedilatildeo Jorge Gerdau Johannpeter
(Presidente) Ana Maria dos Santos Diniz (Grupo Patildeo de Accediluacutecar) Antocircnio Jacinto Matias (Fundaccedilatildeo Itauacute Social)
Beatriz Johannpeter (Fundaccedilatildeo Gerdau) Daniel Feffer (Dirigente da Suzano Papel e Celulose SA) Danilo Santos
de Miranda (Diretor do SESC SP) Denise Aguiar Alvarez (Fundaccedilatildeo Bradesco) Fernatildeo Bracher (Banco Itauacute)
Joseacute Roberto Marinho (Fundaccedilatildeo Roberto MarinhoOrganizaccedilotildees Globo) Luiacutes Norberto Pascoal (Grupo
DPaschoal) Millu Villela Ricardo Henriques (Unibanco) Viviane Senna (Instituto Ayrton Senna) dentre outros
empresaacuterios
85
e como uacutenica alternativa para o desenvolvimento social e econocircmico de sucesso De acordo
com Voss (2011)
pois a ecircnfase central das reformas educacionais contemporacircneas natildeo eacute a expansatildeo da
escolarizaccedilatildeo mas a equidade entendida como a oferta eficiente e eficaz do ensino
de modo a garantir condiccedilotildees de aquisiccedilatildeo de habilidades e informaccedilotildees que permitam
competir no mercado profissional (VOSS 2011 p 45)
Enquanto iniciativa de classe a praacutetica do movimento TPE se traduz numa tentativa de
transformar a educaccedilatildeo num mercado lucrativo e voltado para atender a qualificaccedilatildeo
profissional no mercado de trabalho utilizando-se de uma poliacutetica de forte cunho gerencialista
Shiroma (2011) afirma que essa intensa aproximaccedilatildeo entre governo e iniciativa privada
demonstra a articulaccedilatildeo que caracteriza a formaccedilatildeo de ldquoredes interorganizacionaisrdquo que tecircm
como foco fortalecer as instituiccedilotildees privadas com a articulaccedilatildeo do poder puacuteblico estabelecendo
ldquonovas formas de regulaccedilatildeo da educaccedilatildeordquo
De acordo com Freitas (2007) quando o MEC privilegiou o empresariado como
possiacuteveis liacutederes que traduziriam as melhorias na educaccedilatildeo ele deixou de lado as entidades
educacionais sindicais e acadecircmicas no processo de elaboraccedilatildeo do PMCTE Ele afastou ldquooutros
interlocutores que estatildeo haacute mais de duas deacutecadas participando dos diferentes foacuteruns de definiccedilatildeo
das poliacuteticas tanto em niacutevel do proacuteprio Ministeacuterio quanto da proacutepria sociedade [] (FREITAS
2007 p 01)rdquo
O movimento TPM segundo Shiroma Garcia e Campos (2011 p233) foi ldquocriado por
um grupo de intelectuais orgacircnicos do capitalrdquo que definiu como objetivos propiciar as
condiccedilotildees de acesso de alfabetizaccedilatildeo e de sucesso escolar a ampliaccedilatildeo de recursos investidos
na educaccedilatildeo baacutesica e a melhoria da gestatildeo desses recursos que estatildeo traduzidos em cinco metas
a serem atingidas ateacute 2022 a saber
Meta 1 ndash Toda crianccedila e jovem de 4 a 17 anos na escola
Meta 2 ndash Toda crianccedila plenamente alfabetizada ateacute os 8 anos
Meta 3 ndash Todo aluno com aprendizado adequado ao seu ano
Meta 4 ndash Todo jovem com Ensino Meacutedio ateacute os 19 anos
Meta 5 ndash O investimento em educaccedilatildeo ampliado e bem gerido
(TODOS PELA EDUCACcedilAtildeO 2016)
Dessa maneira o governo federal colaborando com as aspiraccedilotildees do movimento TPE
lanccedilou o Decreto ndeg 60942007 que dispotildee sobre a implementaccedilatildeo do Plano de Metas
86
Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo na perspectiva de comprometer os estados e municiacutepios
com tais metas e instituir o Plano de Accedilotildees Articuladas como uma ferramenta gerencial delas
Eacute decretado entatildeo o Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo (PMCTE) como uma
poliacutetica governamental ou seja um conjunto de medidas e metas para o paiacutes estabelecido por
meio do Decreto 6094 de 24 de abril de 2007 Eacute portanto um ato do poder executivo e natildeo
uma lei e estaacute ligado ao eixo do Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo que envolve accedilotildees em
diferentes aacutereas da economia para impulsionar o crescimento econocircmico do paiacutes
Para Luce e Farenzena (2007 p11) a poliacutetica do PMCTE ldquocomo estrateacutegia metas e
meios foi concebida centralmente mas sua execuccedilatildeo eacute descentralizadardquo embora a execuccedilatildeo
sofra intervenccedilatildeo direta do MEC como poder centralizador que oferece assistecircncia na
formulaccedilatildeo dos planos suporte financeiro aleacutem de coordenar e controlar em torno de diretrizes
gerais previamente estabelecidas o desempenho das escolas a partir das bases de dados e
ainda daacute atribuiccedilotildees agraves redes escolares municipaisestaduais com baixos iacutendices educacionais
a fim de melhorar a qualidade da educaccedilatildeo Essa forma de descentralizar as accedilotildees mas controlar
eacute caracterizada como uma ldquodescentralizaccedilatildeo convergenterdquo ou ldquodescentralizaccedilatildeo monitoradardquo
(LUCE FARENZENA 2007 p 11) do MEC em relaccedilatildeo ao ente federativo jaacute que o Plano de
Accedilotildees Articuladas (PAR) e o IDEB estrategicamente realizam o planejamento e o
monitoramento das accedilotildees
Nesse contexto o PDEPlano de Metas eacute para Farenzena (2009) uma poliacutetica de
colaboraccedilatildeo entre os governos e parceiros com caracteriacutesticas e concepccedilotildees que favorecem a
centralizaccedilatildeo e descentralizaccedilatildeo A autora afirma que nessas relaccedilotildees colaborativas entre a
Uniatildeo os estados os municiacutepios e o Distrito Federal bem como nas parcerias com empresaacuterios
e outras instituiccedilotildees puacuteblicas observa-se que a centralizaccedilatildeo eacute na Uniatildeo Por outro lado o FNDE
ndash MEC ndash afirma que ocorre na verdade o Regime de Colaboraccedilatildeo como um compartilhamento
de competecircncias poliacuteticas teacutecnicas e financeiras para a execuccedilatildeo de programas de manutenccedilatildeo
e desenvolvimento da educaccedilatildeo de forma a auxiliar na atuaccedilatildeo dos entes federados sem ferir-
lhes a autonomia
De acordo com Celina Souza (2001) a poliacutetica conservadora de reduccedilatildeo do tamanho do
Estado centralizaccedilatildeo nas decisotildees e a desconcentraccedilatildeo da implementaccedilatildeo de poliacuteticas retirou
da esfera estadual obrigaccedilotildees que antes era da sua administraccedilatildeo o que deixou uma lacuna
nessa instacircncia intermediaacuteria Em contraponto a isso a Uniatildeo reduziu o poder do Estado e se
aproximou dos municiacutepios podendo implantar diretamente suas poliacuteticas sem mais o intermeacutedio
do Estado
87
As diretrizes38 que fazem parte do PMCTE tecircm como objetivo a melhoria da educaccedilatildeo
no paiacutes sem o objetivo de esgotar o assunto razatildeo por que se destacaraacute neste trabalho somente
as diretrizes que estatildeo relacionadas aos indicadores da gestatildeo democraacutetica objeto deste estudo
()
XVIII ndash fixar regras claras considerados meacuterito e desempenho para nomeaccedilatildeo e
exoneraccedilatildeo de diretor de escola
XIX ndash Divulgar na escola e na comunidade os dados relativos a aacuterea da educaccedilatildeo
com ecircnfase no Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica (IDEB) referido no
art 3ordm
XX - acompanhar e avaliar com participaccedilatildeo da comunidade e do Conselho de
Educaccedilatildeo as poliacuteticas puacuteblicas na aacuterea de educaccedilatildeo e garantir condiccedilotildees sobretudo
institucionais de continuidade das accedilotildees efetivas preservando a memoacuteria daquelas
realizadas
XXI ndash zelar pela transparecircncia da gestatildeo puacuteblica na aacuterea da educaccedilatildeo garantindo o
funcionamento efetivo autocircnomo e articulado dos conselhos de controle social
XXII ndash promover a gestatildeo participativa na rede de ensino
XXIII - elaborar plano de educaccedilatildeo e instalar Conselho de Educaccedilatildeo quando
inexistentes
XXIV integrar os programas da aacuterea da educaccedilatildeo com os de outras aacutereas como sauacutede
esporte assistecircncia social cultura dentre outras com vista ao fortalecimento da
identidade do educando com sua escola
XXV ndash fomentar e apoiar os conselhos escolares envolvendo as famiacutelias dos
educandos com as atribuiccedilotildees dentre outras de zelar pela manutenccedilatildeo da escola e
pelo monitoramento das accedilotildees e consecuccedilatildeo das metas do compromisso
()
XXVIII ndash organizar um comitecirc local do Compromisso com representantes das
associaccedilotildees de empresaacuterios trabalhadores sociedade civil Ministeacuterio Puacuteblico
Conselho Tutelar e dirigentes do sistema educacional puacuteblico encarregado da
mobilizaccedilatildeo da sociedade e do acompanhamento das metas de evoluccedilatildeo do IDEB
(BRASIL 2007)
As diretrizes tecircm demonstrado as accedilotildees que devem ser realizadas para atingir o padratildeo
de qualidade da educaccedilatildeo a partir da assinatura do Termo de Adesatildeo ao Compromisso
estabelecido entre os entes federados para atingir as metas propostas pelo IDEB sem adentrar a
autonomia de cada ente Entretanto alerta Saviani (2009) eacute preciso ter atenccedilatildeo pois de acordo
com o autor a loacutegica que embasa a proposta do Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo eacute uma
loacutegica de mercado que pode ser traduzida como uma ldquopedagogia de resultadosrdquo39
Nessa conjuntura o que se revela eacute que a gestatildeo da educaccedilatildeo no segundo mandato do
governo Lula se estrutura e se organiza com uma gestatildeo gerencial que tem como foco os
resultados seguindo os mesmos modelos de gestatildeo centralizados e determinados a partir da
experiecircncia de setores privados Dessa forma Saviani (2009 p 45) afirma que essa loacutegica eacute
38 As diretrizes do PMCTE na iacutentegra estatildeo disponiacuteveis no anexo do trabalho 39 O governo equipa-se com instrumentos de avaliaccedilatildeo dos produtos forccedilando com isso que o processo se ajuste
agraves exigecircncias postas pela demanda das empresas (SAVIANI 2007a p3)
88
direcionada pelo mercado pelo mecanismo das chamadas ldquopedagogias das competecircnciasrdquo e ldquoda
qualidade totalrdquo que visa agrave satisfaccedilatildeo dos clientes e usa da linguagem empresarial nas escolas
afirmando que ldquoaqueles que ensinam satildeo prestadores de serviccedilo aqueles que aprendem satildeo os
clientes e a educaccedilatildeo pode ser produzida com qualidade variaacutevelrdquo O autor considera positivo
que as empresas defendam a ampliaccedilatildeo dos recursos para a educaccedilatildeo entretanto critica
veementemente as que querem se apropriar dos recursos puacuteblicos pedindo isenccedilatildeo fiscal
reduccedilatildeo de impostos perdatildeo de diacutevidas e incentivos agrave produccedilatildeo
Nesse contexto o PDEPMCTE atrelou a permanecircncia na escola agrave qualidade do ensino
e para isso instituiu o IDEB que ldquoeacute uma composiccedilatildeo do resultado dos alunos em avaliaccedilotildees
nacionais como a Prova Brasil e o Sistema de Avaliaccedilatildeo do Ensino Baacutesico (SAEB) com as
taxas de aprovaccedilatildeo e evasatildeo de cada escolardquo (SAVIANI 2007 p03) que ldquoafererdquo o desempenho
de escolas municiacutepios estados e do paiacutes e define a poliacutetica de investimento de recursos na
Educaccedilatildeo Esses dados satildeo administrados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Aniacutesio Teixeira (INEP)
O IDEB inicia a sua histoacuteria no Brasil em 2005 a partir de onde foram estabelecidas
metas bienais de qualidade a serem atingidas natildeo apenas pelo paiacutes mas tambeacutem por cada escola
municiacutepio e estado A loacutegica eacute a de que cada instacircncia federativa evolua de forma a contribuir
em conjunto para que o Brasil atinja o patamar educacional da meacutedia dos paiacuteses da Organizaccedilatildeo
para a Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econocircmico (OCDE) Isso significa progredir em termos
numeacutericos da meacutedia nacional 38 registrada em 2005 na primeira fase do ensino fundamental
para um IDEB igual a 60 em 2022 ano do bicentenaacuterio da Independecircncia do Brasil (INEP
2014)
As metas programadas do IDEB no Brasil nos anos iniciais e finais do ensino
fundamental e no ensino meacutedio no periacuteodo de 2005 a 2013 pelo Instituto Nacional de Estudos
e Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira (INEP) estatildeo expliacutecitas na tabela abaixo
89
Tabela 03 - Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica no Brasil (2005 a 2013)
Anos iniciais do ensino fundamental no Brasil
IDEB observado Metas
2005 2007 2009 2011 2013 2007 2009 2011 2013 2021
Estadual 39 43 49 51 54 40 43 47 50 61
Municipal 34 40 44 47 49 35 38 42 45 57
Privada 59 60 64 65 67 60 63 66 68 75
Puacuteblica 36 40 44 47 49 36 40 44 47 58
BRASIL 38 42 46 50 52 39 42 46 49 60
Anos finais do ensino fundamental no Brasil
2005 2007 2009 2011 2013 2007 2009 2011 2013 2021
Estadual 33 36 38 39 40 33 35 38 42 53
Municipal 31 34 36 38 38 31 33 35 39 51
Privada 58 58 59 59 60 58 60 62 65 73
Puacuteblica 32 35 37 39 40 33 34 37 41 52
BRASIL 35 38 40 41 42 35 37 39 44 55
Ensino meacutedio no Brasil
2005 2007 2009 2011 2013 2007 2009 2011 2013 2021
Estadual 30 32 34 34 34 31 32 33 36 49
Privada 56 56 56 57 54 56 57 58 60 70
Puacuteblica 31 32 34 34 34 31 32 33 36 49
BRASIL 34 35 36 37 37 34 35 37 39 52
Fonte INEP (2015)
Na avaliaccedilatildeo do INEP o Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica (IDEB)
mostra que o paiacutes ultrapassou as metas previstas para os anos iniciais (1ordm ao 5ordm ano) do ensino
fundamental em 03 pontos O IDEB nacional nessa etapa ficou em 52 enquanto em 2011
havia sido de 50 As instituiccedilotildees privadas em 2011 e 2013 natildeo atingiram as metas propostas
embora tenham apresentado no total geral das instituiccedilotildees puacuteblicas estaduais e municipais o
melhor desempenho aferido pelo IDEB
Em se tratando dos anos finais do ensino fundamental de acordo com a avaliaccedilatildeo do
INEP o paiacutes ultrapassou as metas previstas pelo IDEB de 2011 em 02 pontos poreacutem em 2013
natildeo conseguiu atingir a meta que era de 44 ficando com 02 pontos abaixo da meta
90
programada O IDEB nacional nessa etapa ficou em 42 em 2013 e nenhuma esfera conseguiu
atingir as metas propostas nem a rede puacuteblica e nem a privada
Jaacute no ensino meacutedio o IDEB na avaliaccedilatildeo do INEP demonstra que o paiacutes em 2013 natildeo
conseguiu atingir as metas propostas que era de 39 atingindo somente 37 o mesmo IDEB
observado em 2011 As metas para o IDEB nacional era de 39 e nem a rede puacuteblica e nem a
privada atingiu as metas propostas
Para o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo a avaliaccedilatildeo estaacute refletindo a realidade das unidades de
ensino isso permite identificar os pontos de estrangulamento e tomar medidas para sanaacute-los
atuando nos municiacutepios prioritaacuterios aqueles com pior desempenho no IDEB e reforccedilando neles
o apoio teacutecnico e financeiro previstos na Constituiccedilatildeo
Por outro lado Freitas (2015) questiona esse modelo de avaliaccedilatildeo proposto pelo IDEB
e afirma que esse modelo eacute uma tendecircncia internacional neoliberal que foi aplicada nos Estados
Unidos a partir do final dos anos 80 e que inclusive nesse paiacutes esse modelo de poliacutetica
puacuteblica demonstrou falecircncia e serviu apenas para abrir as portas para o sucesso da privatizaccedilatildeo
da educaccedilatildeo puacuteblica Esse mesmo reflexo se vecirc no Brasil um modelo de avaliaccedilatildeo de larga
escala nacional que deixou de ser amostral para ser censitaacuteria na tentativa de ldquoresponsabilizarrdquo
cada escola eacute o que justamente propotildee o Movimento Todos pela Educaccedilatildeo ndash a
responsabilizaccedilatildeo das redes puacuteblicas municipaisestaduais pelo sucesso ou fracasso nos
resultados ndash cabendo ao governo central (MEC) a coordenaccedilatildeo dessa poliacutetica
Nesse sentido o IDEB natildeo pode ser sinocircnimo de qualidade pois embalados pela
ldquoresponsabilizaccedilatildeordquo as escolas e os professores estatildeo sendo pressionados pelo melhor
desempenho o que tende a maquiar os iacutendices do IDEB desconsiderando a importacircncia da
aprendizagem e dos fatores extraescolares Com esses processos de padronizaccedilatildeo
metodoloacutegica as escolas estatildeo longe de conseguir explicar a realidade da qualidade da
aprendizagem
Sob o ponto de vista da implantaccedilatildeo do Plano de Metas Compromisso Todos Pela
Educaccedilatildeo (PMCTE) nos municiacutepios o Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) eacute um dos eixos
integrantes sendo um instrumento operacional de planejamento criado pelo MEC que segundo
ele facilita o planejamento da implantaccedilatildeo do regime de colaboraccedilatildeo que antes era dificultado
pela descontinuidade e troca de governos a cada eleiccedilatildeo Mas no campo da gestatildeo educacional
quais as mudanccedilas que permeiam o PAR Eacute o que seraacute visto a seguir
91
23 A GESTAtildeO EDUCACIONAL E O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS
As bases para implantaccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) foram definidas
conforme Decreto nordm 6094 de 24 de Abril de 2007 editado pela Presidecircncia da Repuacuteblica que
dispotildee sobre a implementaccedilatildeo do Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo pela
Uniatildeo em regime de colaboraccedilatildeo com Municiacutepios Distrito Federal e Estados aleacutem da
participaccedilatildeo das famiacutelias e da comunidade mediante programas e accedilotildees de assistecircncia teacutecnica
e financeira visando a mobilizaccedilatildeo social pela melhoria da qualidade da educaccedilatildeo baacutesica A
seguir seraacute visto como se estrutura e se organiza o Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) como
instrumento de planejamento proposto pelo MEC para viabilizar a poliacutetica do PDEPMCTE
O Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) estaacute na sua 3ordf versatildeo A primeira versatildeo foi
prevista para planejamento e execuccedilatildeo no periacuteodo compreendido entre 2007 e 2010 a segunda
versatildeo jaacute com algumas modificaccedilotildees que seratildeo tratadas a seguir foi planejada para o periacuteodo
de 2011 a 2014 e a terceira versatildeo receacutem-lanccedilada prevista para o periacuteodo de 2016 a 201940
Neste estudo focalizamos a dimensatildeo gestatildeo educacional nas duas primeiras versotildees do
PAR mais especificamente alguns indicadores da aacuterea gestatildeo democraacutetica Nas duas primeiras
versotildees o PAR estaacute dividido em 4 grandes dimensotildees sendo (1) a gestatildeo educacional (2) a
formaccedilatildeo de professores e dos profissionais de serviccedilo e apoio escolar (3) as praacuteticas
pedagoacutegicas e avaliaccedilatildeo e (4) infraestrutura e recursos pedagoacutegicos
Para se ter um panorama geral das duas versotildees do PAR ndash a 1ordf versatildeo do PAR (2007-
2010) e a 2ordf versatildeo do PAR (2011-2014) ndash disponibilizamos nas tabelas 4 e 5 a quantidade de
indicadores por aacuterea e dimensatildeo dispostas em cada uma delas (o detalhamento das aacutereas e
indicadores estatildeo disponiacuteveis nos anexos)
Tabela 04 ndash Quantidade de indicadores por aacuterea e dimensatildeo na 1ordf versatildeo do PAR (2007-2010)
Dimensotildees Aacutereas Indicadores
Gestatildeo educacional 5 20
A formaccedilatildeo de professores e dos profissionais de
serviccedilo e apoio escolar 5 10
Praacuteticas Pedagoacutegicas e Avaliaccedilatildeo 2 8
Infraestrutura fiacutesica e recursos pedagoacutegicos 3 14
Total de dimensotildees 04 15 52 Fonte Elaborado pelo autor a partir do manual do PAR
40 Em 01 de fevereiro de 2016 os teacutecnicos do SIMEC enviaram documento aos dirigentes do municiacutepio de
SantanaAP no qual apresentam as novas condiccedilotildees teacutecnicas para operacionalizaccedilatildeo do PAR 2016 a 2019 Esta 3ordf
versatildeo natildeo constitui objeto de anaacutelise neste trabalho
92
Tabela 05 ndash Quantidade de indicadores por aacuterea e dimensatildeo na 2ordf versatildeo do PAR (2011-2014)
Dimensotildees Aacutereas Indicadores
Gestatildeo educacional 5 28
A formaccedilatildeo de professores e dos profissionais de
serviccedilo e apoio escolar
5 17
Praacuteticas Pedagoacutegicas e Avaliaccedilatildeo 3 15
Infraestrutura Fiacutesica e recursos pedagoacutegicos 4 22
Total de dimensotildees 04 17 82 Fonte Elaborado pela autora a partir do manual do PAR
Como podemos observar nas tabelas 4 e 5 as duas versotildees possuem as mesmas
dimensotildees Jaacute em relaccedilatildeo agraves aacutereas e aos indicadores houve ampliaccedilatildeo tanto no nuacutemero de aacutereas
quanto no de indicadores pois a 1ordf versatildeo do PAR possuiacutea 15 aacutereas e 52 indicadores e a 2ordf
versatildeo apresentou 17 aacutereas e 82 indicadores Observou-se ainda em ambas as versotildees que a
maior parte dos indicadores se concentram na dimensatildeo gestatildeo educacional Houve acreacutescimo
no nuacutemero de indicadores em todas as dimensotildees Duas dimensotildees tiveram o nuacutemero de aacutereas
ampliadas ndash uma aacuterea em cada ndash sendo as dimensotildees Praacuteticas Pedagoacutegicas e Avaliaccedilatildeo e a
Infraestrutura Fiacutesica e recursos pedagoacutegicos
Para a realizaccedilatildeo da implementaccedilatildeo do PAR eacute necessaacuterio seguir uma dinacircmica que
possui trecircs etapas o diagnoacutestico da realidade da educaccedilatildeo e a elaboraccedilatildeo do plano satildeo as
duas primeiras etapas sendo que ambos estatildeo na esfera do municiacutepioestado enquanto que a
terceira etapa eacute a anaacutelise teacutecnica realizada pela Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica do Ministeacuterio
da Educaccedilatildeo e pelo FNDE Depois da anaacutelise teacutecnica o municiacutepio assina um Termo de
Cooperaccedilatildeo com o MEC do qual constam os programas aprovados e classificados segundo a
prioridade municipal O quadro a seguir detalha como se daacute as formas de execuccedilatildeo do PAR
Quadro 5 Descriccedilatildeo das atribuiccedilotildees do MEC e do Municiacutepio na execuccedilatildeo do PAR municipal
Forma de Execuccedilatildeo Descriccedilatildeo
Assistecircncia teacutecnica do MEC
O MEC oferece apoio teacutecnico para a realizaccedilatildeo da sub-accedilatildeo
seja disponibilizando recursos materiais seja
disponibilizando vagas para formaccedilatildeo Eacute preciso ficar atento
para a contrapartida do municiacutepio Por exemplo quando o
MEC oferece vagas em cursos de formaccedilatildeo e material para
os cursistas a secretaria municipal de educaccedilatildeo deve
garantir a participaccedilatildeo dos gestores escolares ou
coordenadores pedagoacutegicos assumindo o transporte
93
alimentaccedilatildeo e hospedagem quando houver atividade fora do
municiacutepio
Assistecircncia financeira do
MEC
Ministeacuterio transfere recursos financeiros (transferecircncia
voluntaacuteria) para que a secretaria municipal de educaccedilatildeo
realize a sub-accedilatildeo
Financiamento do BNDES
(Banco Nacional de
Desenvolvimento Econocircmico
e Social)
O municiacutepio pode apresentar projetos de financiamento para
o BNDES nas seguintes aacutereas construccedilatildeo ampliaccedilatildeo
adequaccedilatildeo ou reforma da secretaria municipal de educaccedilatildeo
o mobiliaacuterio e equipamentos para a secretaria municipal de
educaccedilatildeo aquisiccedilatildeo de computadores portaacuteteis com
conteuacutedo pedagoacutegicos pelo Programa um Computador por
aluno a aquisiccedilatildeo de veiacuteculo apropriado para o transporte
escolar terrestre (ocircnibus) pelo Programa Caminho da
Escola
Executada pelo Municiacutepio Quando a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo eacute a responsaacutevel
pela implementaccedilatildeo da sub-accedilatildeo Fonte Brasil (2007)
Segundo o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo a elaboraccedilatildeo do PAR no acircmbito do municiacutepio deve
contar com a participaccedilatildeo dos gestores da educaccedilatildeo teacutecnicos e educadores locais que apoiados
em um diagnoacutestico da realidade escolar permitam-lhes a anaacutelise compartilhada da gestatildeo do
sistema educacional e a partir daiacute possam propor accedilotildees para a melhoria da qualidade da
educaccedilatildeo
Entretanto esse caso eacute um exemplo de descentralizaccedilatildeocentralizaccedilatildeo das tarefas pois
como se observa nesse movimento de implantaccedilatildeo do PAR existe a descentralizaccedilatildeo por parte
do MEC para que o municiacutepio no PAR pontue a sua realidade educacional a partir da discussatildeo
com as suas equipes locais mas deve seguir ldquoa cartilhardquo do planejamento elaborado pelo MEC
ndash o PAR ndash ou seja o municiacutepio segue como um mero executor da poliacutetica imposta pelo
PMCTE cabendo ao MEC o controle gerencial das accedilotildees desenvolvidas ou natildeo pelo municiacutepio
Ainda assim com o objetivo de auxiliar na implantaccedilatildeo do PAR o MEC tomou duas
providecircncias fez parceria com 17 universidades puacuteblicas e com o Centro de Estudos e
Pesquisas em Educaccedilatildeo e Cultura e Accedilatildeo Comunitaacuteria (CENPEC) para que essas instituiccedilotildees
auxiliem as prefeituras nas tarefas de diagnoacutestico e elaboraccedilatildeo dos planos e contratou uma
equipe de consultores que foi aos municiacutepios prioritaacuterios ndash aqueles com os mais baixos no
IDEB ndash para prestar assistecircncia teacutecnica local (FNDEPAR 2012) A ideia eacute conseguir mapear
a educaccedilatildeo no paiacutes para gerenciar
Nesse contexto de ldquocompartilhamentordquo a partir do ldquoRegime de Colaboraccedilatildeordquo a
assistecircncia teacutecnica e financeira aos programas e accedilotildees educacionais dos Estados Municiacutepios e
94
do Distrito Federal ficam sob a responsabilidade do MEC sendo que para isso os entes
federados devem assinar o Termo de Adesatildeo ao Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo e sob a
responsabilidade dos estados e dos municiacutepios a elaboraccedilatildeo de um Plano de Accedilotildees Articuladas
- PAR conforme Decreto da Presidecircncia da Repuacuteblica nordm 6094 de 24 de abril de 2007
Resoluccedilotildees nordm 29 de 20 de junho de 2007 e nordm 49 de 27 de setembro de 2007-FNDEMEC
No caso da transferecircncia de recursos o municiacutepio precisa assinar um convecircnio que eacute analisado
para aprovaccedilatildeo a cada ano (BRASIL 2013)
Para o preenchimento do PAR o MEC faz um documento que orienta os gestores
municipais de educaccedilatildeo a proceder o preenchimento no sistema SIMEC Os indicadores de cada
dimensatildeo no PAR satildeo pontuados de forma detalhada no Instrumento de Campo enviado pelo
MEC de acordo com situaccedilotildees variadas de cada realidade educacional local e correspondem a
quatro niacuteveis A metodologia adotada utiliza apenas criteacuterios de pontuaccedilatildeo entre 1 2 3 ou 4
As indicaccedilotildees descritas no Instrumento de Campo do MEC fazem parte de um diagnoacutestico e a
partir dele desenvolvem um conjunto de accedilotildees que servem de esteio para a elaboraccedilatildeo do PAR
local
A pontuaccedilatildeo 4 deve ser atribuiacuteda quando haacute uma situaccedilatildeo plenamente positiva natildeo
sendo permitidas ressalvas negativas no instrumento Jaacute a pontuaccedilatildeo 3 descreve uma situaccedilatildeo
satisfatoacuteria mas comporta ressalvas negativas desde que estas natildeo sejam do ponto de vista
quantitativo superiores aos aspectos positivos A pontuaccedilatildeo 2 descreve uma situaccedilatildeo
insuficiente e por isso aponta mais aspectos negativos do que positivos A pontuaccedilatildeo 1 deve
ser atribuiacuteda quando se defronta com uma situaccedilatildeo criacutetica ou seja haacute somente aspectos
negativos ou uma situaccedilatildeo inexistente Eacute possiacutevel tambeacutem atribuir a um dado indicador a
condiccedilatildeo de NSA (natildeo se aplica) quando a equipe local responsaacutevel pela elaboraccedilatildeo do PAR
depara-se com ausecircncia de informaccedilatildeo ou quando a descriccedilatildeo contida no Instrumento
encaminhado pelo MEC natildeo condiz com a realidade local (BRASIL 2008)
Quando algum indicador recebe a pontuaccedilatildeo 1 ou 2 o sistema gera de forma
automaacutetica uma mensagem de alerta indicando que a nota estaacute baixa Tal situaccedilatildeo requer
necessariamente o planejamento e cadastro imediato de accedilotildees com demandas claras a fim de
reverter a condiccedilatildeo negativa desse indicador Somente os indicadores que receberam a
pontuaccedilatildeo 1 e 2 podem gerar accedilotildees Tais accedilotildees podem contar com apoio financeiro eou teacutecnico
do MEC (BRASIL 2008 BRASIL 2009)
95
Quadro 6 Descriccedilatildeo dos documentos orientadores para elaboraccedilatildeo do PAR
Documento Descriccedilatildeo
Indicadores Demograacuteficos e
Educacionais (IDE)
Composto por um conjunto de tabelas que apresentam dados
demograacuteficos e educacionais para cada Municiacutepio Estado e
Distrito Federal Seu objetivo principal consiste em auxiliar
os entes federados a conhecerem melhor o perfil de suas
respectivas redes de ensino e populaccedilotildees As informaccedilotildees satildeo
populaccedilatildeo taxa de escolarizaccedilatildeo IDEB nuacutemero de escolas
de matriacuteculas de funccedilotildees docentes entre outros
Legislaccedilatildeo - Bases Legais
Alguns documentos que deveratildeo ser utilizados como
referecircncia o Plano Nacional de Educaccedilatildeo (PNE) os Planos
Estadual e Municipal de Educaccedilatildeo (quando houver) o Plano
de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo (PDE) do Ministeacuterio da
Educaccedilatildeo e o Decreto 6094 de 24 de abril de 2007 que
dispotildee sobre a implementaccedilatildeo do Plano de Metas
Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo As Resoluccedilotildees do
FNDE que estabelecem os criteacuterios os paracircmetros e os
procedimentos para a operacionalizaccedilatildeo da assistecircncia
financeira suplementar e voluntaacuteria a projetos educacionais
no acircmbito do Plano de Metas do PDE
Questotildees Pontuais
Como parte integrante do diagnoacutestico da situaccedilatildeo educacional
local o municiacutepio informa sobre itens que satildeo de grande
relevacircncia na construccedilatildeo da qualidade do ensino Esses itens
aparecem no sistema como ldquoQuestotildees Pontuaisrdquo em um total
de 15 questotildees
Fonte (BRASIL 2013)
Para a implantaccedilatildeo o monitoramento e a avaliaccedilatildeo do PAR nos estados e municiacutepios
as orientaccedilotildees estatildeo descritas nas resoluccedilotildees do FNDE nordm 29 e nordm 49 de 2007 que indicam a
possibilidade de consultoria disponibilizada pelo MEC e que o PAR seraacute elaborado em regime
de colaboraccedilatildeo com dirigentes e teacutecnicos dos entes da federaccedilatildeo aderentes configurando-se
base para a celebraccedilatildeo dos convecircnios de assistecircncia financeira a projetos educacionais pelo
FNDEMEC Tais documentos ainda observam que apoacutes concluiacuteda a accedilatildeo desenvolvida in loco
a equipe de consultores do MEC apresenta o PAR constituiacutedo dos seguintes itens a)
Diagnoacutestico do Contexto Educacional b) Accedilotildees a serem implementadas e os respectivos
resultados e c) metas a atingir para o desenvolvimento do IDEB
O Monitoramento da execuccedilatildeo do convecircnio e das metas fixadas na Adesatildeo ao
Compromisso seraacute feito com base em relatoacuterios teacutecnicos e visitas in loco A avaliaccedilatildeo do
cumprimento das metas de aceleraccedilatildeo do desenvolvimento da educaccedilatildeo constantes do Plano
96
de Accedilotildees Articuladas (PAR) dos municiacutepios brasileiros em niacutevel nacional seraacute realizada pelo
MEC sendo que essa avaliaccedilatildeo deveraacute ser composta por um projeto amplo envolvendo
parcerias com a Uniatildeo Nacional de Dirigentes Municipais de Educaccedilatildeo (UNDIME) Conselho
dos Secretaacuterios Estaduais de Educaccedilatildeo (CONSED) Uniatildeo Nacional dos Conselhos Municipais
de Educaccedilatildeo (UNCME) Foacuterum Nacional dos Conselhos Estaduais de Educaccedilatildeo Instituiccedilotildees
de Ensino Superior e outros oacutergatildeos de representaccedilatildeo ou entidades especializadas para este fim
Esse monitoramento ldquofaz parte da estrateacutegia de organizaccedilatildeo acompanhamento e
avaliaccedilatildeo das metas relacionadas ao apoio teacutecnico do MEC e das accedilotildees executadas diretamente
pelo municiacutepio bem como o traccedilado de novas estrateacutegiasrdquo (CAMINI p 543 2010) Em niacutevel
municipal o monitoramento eacute realizado pelo Comitecirc Local do Compromisso que eacute o
responsaacutevel pelo acompanhamento da execuccedilatildeo do PAR no municiacutepio Tal acompanhamento
requer o preenchimento das condiccedilotildees de desenvolvimento das accedilotildees diretamente no moacutedulo
teacutecnico-operacional no Sistema Integrado de Acompanhamento das Accedilotildees do MEC (SIMEC)
De acordo com Camini (2010) o relatoacuterio do monitoramento eacute tomado como base na
avaliaccedilatildeo dos progressos e das limitaccedilotildees da Uniatildeo e dos municiacutepios e eacute por assim dizer um
termocircmetro para anaacutelise e revisatildeo das accedilotildees propostas para atingir as metas do PAR Para o
MEC o monitoramento eacute parte do processo de planejamento pois possibilita o levantamento
de elementos que podem vir a subsidiar a reflexatildeo o debate e possiacuteveis mudanccedilas das
estrateacutegias de intervenccedilatildeo em torno da situaccedilatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio Dessa forma o
processo de acompanhamento e avaliaccedilatildeo do PAR
() revela-se necessaacuterio para a qualificaccedilatildeo de uma poliacutetica governamental Envolve
a ideia de controle social contribuindo inclusive para assegurar o melhor uso e
transparecircncia na aplicaccedilatildeo dos recursos educacionais Nesse sentido o
acompanhamento e a avaliaccedilatildeo satildeo entendidos como medidas para maior
responsabilizaccedilatildeo aprendizado accedilatildeo pedagoacutegica reafirmaccedilatildeo da poliacutetica puacuteblica
troca de informaccedilotildees fornecimento de orientaccedilotildees formaccedilatildeo permanente das equipes
e do Comitecirc Para isso destaca-se a importacircncia da articulaccedilatildeo dos foacuteruns jaacute
existentes (conselhos constituiacutedos) no sentido de superar limitaccedilotildees no seu
funcionamento as quais podem ser debitadas agrave falta de cultura de participaccedilatildeo
existente na sociedade em consequecircncia dos curtos periacuteodos de democracia
experimentados ateacute hoje no Brasil mas fundamentalmente resultam das praacuteticas de
gestatildeo autoritaacuterias e centralizadoras de poder (CAMINI 2010 p 544 grifos meus)
No caso de municiacutepios ou estados inadimplentes natildeo conseguirem cumprir com os
compromissos assumidos o MEC propotildee que sejam redimensionadas as accedilotildees com vistas a natildeo
comprometer os resultados do alcance das metas A autora chama a atenccedilatildeo para a participaccedilatildeo
dos conselhos de controle social que satildeo convocados no plano como metas a serem cumpridas
para dar transparecircncia e compartilhar as responsabilidades com a sociedade civil como forma
97
de consolidar a poliacutetica implantada sob o aval da sociedade Embora essa proposta de
participaccedilatildeo e democratizaccedilatildeo esteja permeada de accedilotildees gerenciais
231 A Dimensatildeo Gestatildeo Democraacutetica no Plano de Accedilotildees Articuladas
A Dimensatildeo Gestatildeo Educacional no Plano de Accedilotildees Articuladas estaacute presente nas duas
versotildees do PAR No PAR (1ordf versatildeo) a dimensatildeo 1 Gestatildeo Educacional estaacute dividida em cinco
aacutereas a saber (1) Gestatildeo democraacutetica articulaccedilatildeo e desenvolvimento dos sistemas de ensino
(2) Desenvolvimento da educaccedilatildeo baacutesica accedilotildees que visem agrave sua universalizaccedilatildeo agrave melhoria da
qualidade do ensino e da aprendizagem assegurando a equidade nas condiccedilotildees de acesso e
permanecircncia e conclusatildeo na idade adequada (3) Comunicaccedilatildeo com a sociedade (4) Suficiecircncia
e estabilidade da equipe escolar e (5) Gestatildeo de financcedilas Cada aacuterea estaacute desmembrada em
indicadores de atuaccedilatildeo
O quadro 7 apresenta um panorama geral da Dimensatildeo 1 (Gestatildeo Educacional) nas suas
5 Aacutereas e seus 20 Indicadores do 1ordm PAR
Quadro 7 - Dimensatildeo 1 Gestatildeo Educacional (1ordf versatildeo do PAR)
DIMENSAtildeO 1 GESTAtildeO EDUCACIONAL
Aacutereas Indicadores
1 Gestatildeo Democraacutetica
Articulaccedilatildeo e
Desenvolvimento dos
Sistemas de Ensino
1Existecircncia de Conselhos Escolares (CE)
2 Existecircncia composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho Municipal de
Educaccedilatildeo
3 Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar ndash
CAE
4 Existecircncia de Projeto Pedagoacutegico (PP) nas escolas e grau de
participaccedilatildeo dos professores e do CE na elaboraccedilatildeo dos mesmos
de orientaccedilatildeo da SME e de consideraccedilatildeo das especificidades de
cada escola
5 Criteacuterios para escolha da Direccedilatildeo Escolar
6 Existecircncia acompanhamento e avaliaccedilatildeo do Plano Municipal
de Educaccedilatildeo (PME) desenvolvido com base no Plano Nacional
de Educaccedilatildeo ndash PNE
7 Plano de Carreira para o magisteacuterio
8 Estaacutegio probatoacuterio efetivando os professores e outros
profissionais da educaccedilatildeo e
9 Plano de Carreira dos Profissionais de serviccedilo e apoio escolar
2 Desenvolvimento da
Educaccedilatildeo Baacutesica accedilotildees
que visem a sua
universalizaccedilatildeo a
melhoria das condiccedilotildees
de qualidade da
1 Implantaccedilatildeo e organizaccedilatildeo do Ensino Fundamental de 09
anos
2 Existecircncia de atividades no contraturno
3 Divulgaccedilatildeo e anaacutelise dos resultados das avaliaccedilotildees oficiais do
MEC
98
educaccedilatildeo assegurando a
equidade nas condiccedilotildees
de acesso e permanecircncia e
conclusatildeo na idade
adequada
3 Comunicaccedilatildeo com a
Sociedade
1 Existecircncia de parcerias externas para realizaccedilatildeo de atividades
complementares
2 Existecircncia de parcerias externas para execuccedilatildeoadoccedilatildeo de
metodologias especiacuteficas
3 Relaccedilatildeo com a comunidade Promoccedilatildeo de atividades e
utilizaccedilatildeo da escola como espaccedilo comunitaacuterio
4 Manutenccedilatildeo ou recuperaccedilatildeo de espaccedilos e equipamentos
puacuteblicos da cidade que podem ser utilizados pela comunidade
escolar
4 Suficiecircncia e
estabilidade da equipe
escolar
1 Quantidade de professores suficiente
2 Caacutelculo anualsemestral do nuacutemero de remoccedilotildees e
substituiccedilotildees de professores
5 Gestatildeo de Financcedilas
1 Cumprimento do dispositivo constitucional de
vinculaccedilatildeo dos recursos da educaccedilatildeo e
2 Aplicaccedilatildeo dos recursos de redistribuiccedilatildeo e
complementaccedilatildeo do FUNDEB
Total de aacutereas 05 Total de indicadores 20 Fonte PARBrasil (2007)
Jaacute na 2ordf versatildeo do PAR disposto no quadro 8 a Dimensatildeo 1 (Gestatildeo Educacional)
tambeacutem estaacute composta por 5 aacutereas e passa a ter 28 indicadores As aacutereas da dimensatildeo 1 satildeo as
seguintes (1) Gestatildeo democraacutetica articulaccedilatildeo e desenvolvimento dos sistemas de ensino (2)
Gestatildeo de Pessoas (3) Conhecimento e utilizaccedilatildeo de informaccedilatildeo (4) Gestatildeo de Financcedilas e (5)
Comunicaccedilatildeo e interaccedilatildeo com a sociedade
Quadro 8 - Dimensatildeo 1 Gestatildeo Educacional (2ordf versatildeo do PAR)
DIMENSAtildeO 1 GESTAtildeO EDUCACIONAL
Aacutereas Indicadores
1 Gestatildeo Democraacutetica
Articulaccedilatildeo e
Desenvolvimento dos
Sistemas de Ensino
1 Existecircncia acompanhamento e avaliaccedilatildeo do Plano
Municipal de Educaccedilatildeo (PME) desenvolvido com base no
PNE
2 Existecircncia composiccedilatildeo competecircncia e atuaccedilatildeo do CME
3 Existecircncia e funcionamento de Conselhos Escolares (CE)
4 Existecircncia de Projeto Pedagoacutegico (PP) nas escolas
inclusive nas de alfabetizaccedilatildeo de jovens e adultos (AJA) e de
EJA participaccedilatildeo dos professores e do conselho escolar na
sua elaboraccedilatildeo orientaccedilatildeo da secretaria municipal de
educaccedilatildeo e de consideraccedilatildeo das especificidades de cada
escola
5 Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho do FUNDEB
99
6 Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de Alimentaccedilatildeo
Escolar (CAE) e
7 Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromisso
2 Gestatildeo de Pessoas
1 Quadro de servidores da secretaria municipal de educaccedilatildeo
(SME)
2 Criteacuterios para a escolha de diretor escolar
3 Presenccedila de coordenadores ou supervisores pedagoacutegicos
nas escolas
4 Quadro de professores
5 Estaacutegio probatoacuterio efetivando os professores e outros
profissionais da educaccedilatildeo
6 Plano de carreira do magisteacuterio
7 Plano de carreiras dos profissionais de serviccedilo e apoio
escolar
8 Piso salarial nacional do professor e
9 Existecircncia de professores para o exerciacutecio da funccedilatildeo
docente no atendimento educacional especializado (AEE)
complementar ao ensino regular Existecircncia de professores
para o exerciacutecio da funccedilatildeo docente AEE complementar ao
ensino regular
3 Conhecimento e utilizaccedilatildeo
de informaccedilatildeo
1 Existecircncia de um sistema informatizado de gestatildeo escolar
que integre a rede municipal de ensino
2 Conhecimento da situaccedilatildeo das escolas da rede
3 Conhecimento e utilizaccedilatildeo de dados de analfabetismo e
escolaridade de jovens e adultos
4 Acompanhamento e registro da frequecircncia dos alunos
beneficiados pelo Programa Bolsa Famiacutelia (PBF)
5 Existecircncia e monitoramento do acesso e permanecircncia de
pessoas com deficiecircncia de 0 a 18 anos beneficiaacuterias do
Benefiacutecio da Prestaccedilatildeo Continuada (BPC) e
6 Formas de registro da frequecircncia
4 Gestatildeo de Financcedilas
1 Existecircncia de equipe gestora capacitada para o
gerenciamento dos recursos para a educaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo
do Sistema de Informaccedilotildees sobre Orccedilamentos Puacuteblicos
em Educaccedilatildeo (SIOPE) e
2 Cumprimento do dispositivo constitucional de
vinculaccedilatildeo dos recursos da educaccedilatildeo
3 Aplicaccedilatildeo dos recursos de redistribuiccedilatildeo e
complementaccedilatildeo do FUNDEB
5 Comunicaccedilatildeo e interaccedilatildeo
com a sociedade
1 Divulgaccedilatildeo e anaacutelise dos resultados das avaliaccedilotildees do
MEC
2 Existecircncia de parcerias externas para a realizaccedilatildeo de
atividades complementares que visem a formaccedilatildeo integral dos alunos e
3 Relaccedilatildeo com a comunidadepromoccedilatildeo de atividades e
utilizaccedilatildeo da escola como espaccedilo comunitaacuterio
Total de aacutereas 05 Total de indicadores 28 Fonte PARBrasil (2011)
100
As aacutereas e indicadores dessa dimensatildeo 1 (Gestatildeo Educacional) em muitos casos foram
alteradas de uma versatildeo para outra Faremos um recorte a respeito da aacuterea 1 (Gestatildeo
Democraacutetica) que eacute o principal objeto desse estudo
Analisando as duas versotildees observou-se uma diminuiccedilatildeo de indicadores na aacuterea 1
(Gestatildeo Democraacutetica) de 9 na 1ordf versatildeo para 7 na 2ordf versatildeo Dessa forma as alteraccedilotildees
revelaram na aacuterea 1 (Gestatildeo Democraacutetica) da 2ordf versatildeo a presenccedila de dois novos indicadores
o Conselho do FUNDEB e o Comitecirc Local do Compromisso que podem ajudar a fortalecer o
Controle Social Ainda foi observado o remanejamento de 4 indicadores da aacuterea 1 (Gestatildeo
Democraacutetica) da 1ordf versatildeo para a aacuterea 2 (Gestatildeo de Pessoas) da 2ordf versatildeo do PAR sendo eles
Criteacuterios para escolha da Direccedilatildeo Escolar Plano de Carreira para o magisteacuterio Estaacutegio
probatoacuterio efetivando os professores e outros profissionais da educaccedilatildeo e Plano de Carreira
dos Profissionais de serviccedilo e apoio escolar
A aacuterea da Gestatildeo Democraacutetica observada a intenccedilatildeo de cada indicador remete-nos agrave
compreensatildeo da necessidade da construccedilatildeo de processos formativos de participaccedilatildeo da
sociedade civil nos processos de compartilhamento de poder e na conquista da autonomia na
tomada de decisotildees em relaccedilatildeo a educaccedilatildeo Para isso eacute necessaacuterio a iniciativa implantaccedilatildeo e
funcionamento dos conselhos de controle social para que atinja os objetivos o qual se propotildee
Nesse sentido o MEC (2011) sugere uma que ldquoequipe localrdquo seja composta pelas
pessoas que elaboram implementam e monitoram a execuccedilatildeo do PAR enquanto o ldquocomitecirc
localrdquo fica encarregado da mobilizaccedilatildeo da sociedade e do acompanhamento das metas de
evoluccedilatildeo do IDEB A equipe teacutecnica local deve entatildeo proceder o diagnoacutestico atribuindo as
pontuaccedilotildees com base nos documentos orientados pelo MEC e de acordo com a realidade
educacional local
Segundo o MEC (2013) a ldquoEquipe Localrdquo e o ldquoComitecirc Localrdquo satildeo experiecircncias de
participaccedilatildeo democraacutetica que orientam e fortalecem a gestatildeo da educaccedilatildeo baacutesica puacuteblica em
cada municiacutepio brasileiro constituindo-se num aprendizado coletivo dos processos decisoacuterios
a serem enfrentados pela populaccedilatildeo Vale ressaltar que a equipe local natildeo deve ser confundida
com o comitecirc local O ideal eacute que a ldquoequipe localrdquo e ldquocomitecirc localrdquo sejam compostos por
membros distintos com exceccedilatildeo do (a) dirigente municipal de educaccedilatildeo que iraacute compor ambos
O municiacutepio pode convidar os segmentos da sociedade que considerar importantes e todos os
membros da equipe devem participar ativamente do planejamento frisando-se que uma equipe
local para elaboraccedilatildeo do PAR natildeo poderaacute ser composta por somente duas pessoas (MEC 2011)
A Equipe Local pode contemplar a presenccedila dos seguintes segmentos dirigente
municipal de educaccedilatildeo teacutecnicos da secretaria municipal de educaccedilatildeo representante dos
101
diretores de escola representante dos professores da zona urbana representante dos professores
da zona rural representante dos coordenadores ou supervisores escolares representante do
quadro teacutecnico-administrativo das escolas representante dos conselhos escolares e
representante do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (quando houver) O municiacutepio pode
convidar outros segmentos que considerar importante e todos os membros da equipe devem
participar ativamente do planejamento
O Comitecirc Local tem um papel essencialmente mobilizador e de acompanhamento das
accedilotildees e das metas sendo sua composiccedilatildeo ampliada para aleacutem das organizaccedilotildees educacionais
Para a participaccedilatildeo no comitecirc recomenda-se oacutergatildeos e entidades que compotildeem a sociedade civil
tais como o Ministeacuterio Puacuteblico os sindicatos a Cacircmara Municipal as associaccedilotildees de
moradores as ONGs os Conselhos as Igrejas e a populaccedilatildeo em geral Do ponto de vista
administrativo para a constituiccedilatildeo da Equipe Local natildeo eacute necessaacuterio um ato legal com
publicaccedilatildeo de portaria no Diaacuterio Oficial do municiacutepio Contudo para a criaccedilatildeo do Comitecirc Local
do Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo sua instituiccedilatildeo e composiccedilatildeo devem ser feitos por meio
de ato legal publicado no Diaacuterio Oficial do municiacutepio (MEC 2013) Natildeo se deve portanto
confundi-lo com a equipe local
Finalmente apoacutes a apresentaccedilatildeo desse capiacutetulo que tratou de instrumentalizar o
funcionamento do PAR a partir da compreensatildeo da poliacutetica educacional que o concebeu
enfatizadas no Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo e no Plano de Metas Compromisso
Todos pela Educaccedilatildeo far-se-aacute um estudo especiacutefico na rede municipal de educaccedilatildeo de Santana-
Amapaacute no qual seis indicadores da aacuterea gestatildeo democraacutetica foram definidos com o objetivo de
analisar as implicaccedilotildees do 1ordm e do 2ordm PAR para a gestatildeo educacional no municiacutepio O proacuteximo
capiacutetulo se ocuparaacute de analisar tais indicadores
102
3 A GESTAtildeO EDUCACIONAL NO CONTEXTO DO PLANO DE ACcedilOtildeES
ARTICULADAS NO MUNICIacutePIO DE SANTANAAMAPAacute
A anaacutelise das implicaccedilotildees do PAR para a poliacutetica de gestatildeo educacional no municiacutepio
de Santana natildeo pode prescindir de uma anaacutelise preliminar das condiccedilotildees concretas em que se
desenvolve tal poliacutetica Nesta perspectiva o presente capiacutetulo traz primeiramente uma
abordagem do contexto histoacuterico social econocircmico e educacional do municiacutepio de Santana no
Amapaacute Em seguida apresentamos as condiccedilotildees materiais que poderatildeo viabilizar a efetivaccedilatildeo
da poliacutetica educacional ou seja a gestatildeo educacional e como parte dessa gestatildeo o
financiamento da educaccedilatildeo Apresentaremos tambeacutem as anaacutelises dos indicadores de gestatildeo
democraacutetica presentes no municiacutepio e definidos na metodologia da pesquisa sendo eles
Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar Conselho Escolar Conselho Municipal de Educaccedilatildeo
Conselho do FUNDEB Comitecirc Local do Compromisso Sindicato e Gestores da rede municipal
de ensino de Santana sobre as implicaccedilotildees do Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) para a gestatildeo
da educaccedilatildeo a partir do diagnoacutestico educacional dos indicadores
31 CONTEXTO HISTOacuteRICO ASPECTOS SOCIOECONOcircMICO E DADOS GERAIS DO
MUNICIacutePIO DE SANTANA ndash AMAPAacute
Figura 01 Vista do municiacutepio de Santana-Amapaacute
Fonte memorial-stnblogspotcombr (consultado em maio de 2015)
103
311 Santana cidade portuaacuteria do Amapaacute
A histoacuteria do municiacutepio de Santana no Estado do Amapaacute em muitos aspectos
aproxima-se do que ocorrera com a capital do estado o municiacutepio de Macapaacute no sentido de
que quando o governador do Estado do Gratildeo-Paraacute e Maranhatildeo (capitatildeo-general Mendonccedila
Furtado) fundou a vila de Satildeo Joseacute de Macapaacute no dia 4 de fevereiro de 1758 prosseguiu viagem
para a capitania de Satildeo Joseacute do Rio Negro e deparou-se com a ilha de Santana situada agrave
margem esquerda do rio Amazonas elevando-a agrave categoria de povoado
Os primeiros habitantes eram moradores de origem europeia principalmente
portugueses mesticcedilos vindos do Paraacute e iacutendios da naccedilatildeo tucujus Estes uacuteltimos vindos de
aldeamentos originaacuterios do rio Negro eram chefiados por Francisco Portilho de Melo que fugia
das autoridades fiscais paraenses em decorrecircncia de estar atuando no comeacutercio clandestino
Francisco Portilho de Melo foi o primeiro desbravador da ilha de Santana aleacutem de foragido da
lei era um escravocrata e portanto exigia respeito das tribos que dominava Apesar de ser
por muito tempo perseguido pelas autoridades lusitanas Portilho recebia apoio dos mercados
de Beleacutem logicamente interessados no traacutefico de matildeo-de-obra nativa Aproveitando-se disto ndash
e da viagem de demarcaccedilatildeo e estabelecimento da capitania do Rio Negro realizada por
Mendonccedila Furtado (1758) ndash e ao mesmo tempo tentando melhorar sua imagem resolveu
cooperar com Mendonccedila Furtado (governador do Gratildeo-Paraacute e Maranhatildeo) dando-lhe
informaccedilotildees preciosas sobre a Amazocircnia que ele tatildeo bem conhecia
De sua alianccedila com Mendonccedila Furtado obteve o tiacutetulo de Capitatildeo e Diretor do povoado
de Santana Em troca teria de remanejar aproximadamente quinhentos silviacutecolas mais
conhecidos por tucuju com matildeo-de-obra escrava e barata para a construccedilatildeo da Fortaleza de Satildeo
Joseacute de Macapaacute que estavam na eacutepoca sob sua guarda e chefia Em caso contraacuterio teria que
importar da Europa a custos altiacutessimos Com esse acordo o governador do Estado do Gratildeo-
Paraacute e Maranhatildeo deu continuidade ao projeto de construccedilatildeo da Fortaleza de Satildeo Joseacute de Macapaacute
e ampliou a produccedilatildeo agriacutecola Este fato provocou bastante insatisfaccedilatildeo por parte dos iacutendios
que tiveram de se afastar de seu habitat natural e enfrentar condiccedilotildees bastante prejudiciais a sua
vida e a sua cultura
Concentrando-se na ilha de Santana Portilho de Melo conviveu com a reduccedilatildeo bastante
acentuada da forccedila de trabalho Muitos iacutendios fugiram esconderam-se ou simplesmente
desapareceram outros morreram em consequecircncia dos maus-tratos e doenccedilas tropicais
104
Figura 02 Monumento em homenagem a Santa Ana na entrada do municiacutepio
Fonte memorial-stnblogspotcombr (consultado em maio de 2015)
Fonte Foto extraiacuteda do site httpwwwcidade-brasilcombrmunicipio-santanahtml
O nome ldquoSantanardquo eacute uma homenagem a Nossa Senhora de SantrsquoAna de quem os
europeus e seus descendentes entre eles Francisco Portilho eram devotos
Santana foi elevado agrave categoria de municiacutepio atraveacutes do Decreto-Lei Nordm 7369 de 17 de
dezembro de 1987 Haroldo da Silva Oliveira era o agente distrital de Santana no periacuteodo junho
de 1986 a 07 de julho de 1988 O municiacutepio de Santana teve o seu primeiro prefeito nomeado
com mandato de 8 de julho a 31 de dezembro de 1988 Apoacutes as eleiccedilotildees que ocorreram ainda
em 1988 o prefeito eleito Rosemiro Rocha Freires pelo voto direto tomou posse para o
mandato para o periacuteodo de (1989-1992)
O municiacutepio de Santana tem atualmente como prefeito o Sr Robson Santana Rocha Freires
(2013-2016) do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) que durante a eleiccedilatildeo em 2012 coligou com o
Partido dos Democratas (DEM) e obteve 4178 sendo o 7ordm prefeito de Santana O atual prefeito
Robson Rocha eacute filho do primeiro prefeito eleito do municiacutepio de Santana que governou Santana
por dois mandatos o Sr Rosemiro Rocha Freires41 eacute tambeacutem irmatildeo da deputada estadual Elizamira
do Socorro Arraes Freires (Mira Rocha) eleita em 2015 para o terceiro mandato42
41O Sr Rosemiro Rocha Freires foi eleito para governar o municiacutepio de Santana nos periacuteodos (1989-1992) e (2001-2004)
No municiacutepio de Santana nessa eacutepoca natildeo havia reeleiccedilatildeo E nos periacuteodos entre (1993-1996) e (1997-2000) que natildeo
podia ser reeleito o Sr Rosemiro Rocha Freires foi deputado estadual (SANTANA 2016) 42Mira Rocha foi eleita como deputada estadual nas legislaturas V (2007-2011) VI (2011-2015) e VII (2015-
2019) (ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO AMAPAacute 2016)
105
312 Santana Localizaccedilatildeo e condiccedilotildees geograacuteficas
O municiacutepio de Santana fica a 16 km de Macapaacute capital do Estado com quem faz uma
conurbaccedilatildeo formando a Regiatildeo Metropolitana de Macapaacute Localiza-se no sul do Estado faz
limites com os municiacutepios de Macapaacute Mazagatildeo e Porto Grande A sede ndash Santana ndash fica agraves
margens do lado esquerdo do Rio Amazonas43 com uma aacuterea de 159970 km2 possui ainda
em 2009 as seguintes comunidades e distritos Ilha de Santana Igarapeacute da Fortaleza Igarapeacute
do Lago Anauerapucu Piaccedilacaacute e Pirativa
Dadas as condiccedilotildees geograacuteficas adequadas ao escoamento industrial e comercial via
fluvial foi escolhido o Canal Norte do Rio Amazonas que pela sua profundidade propicia faacutecil
navegabilidade aos navios de grande calado e por se tratar de uma cidade portuaacuteria foi
construiacutedo em Santana um cais flutuante que acompanha o movimento das mareacutes pela sua
profundidade e faacutecil navegabilidade permitindo assim o acesso de navios cargueiros de grande
porte
Figura 03 Localizaccedilatildeo do municiacutepio de Santana no Figura 04 Localizaccedilatildeo Estrateacutegica do Porto
Estado do Amapaacute para a exportaccedilatildeo para outros paiacuteses
As imagens acima demonstram a localizaccedilatildeo do municiacutepio de Santana e do Porto de
Santana bem como o seu faacutecil acesso ao canal norte e ao oceano atlacircntico para a importaccedilatildeo e
43 O Rio Amazonas eacute o maior rio em volume de aacutegua do mundo com 6516 km de comprimento nasce nos Andes
Peruanos e percorre pela floresta amazocircnica na Regiatildeo Norte do Brasil o Rio Amazonas tem um quinto do
suprimento de aacutegua doce do mundo
106
exportaccedilatildeo de mercadorias para paiacuteses industrializados do Ocidente e Oriente como a Europa
Estados Unidos e Japatildeo
Como atraccedilotildees turiacutesticas no municiacutepio satildeo conhecidas o porto de embarque e desembarque
de produtos importados cavacos de pinho e a ilha de Santana esta fica do outro lado da cidade que
tem inclusive alguns balneaacuterios agrave margem dos rios bastante frequentados aos finais de semana Haacute
em Santana vaacuterios rios e Igarapeacutes os rios mais importantes satildeo Amazonas Matapi Maruanum
Tributaacuterio Piassacaacute Vila Nova Igarapeacute do Lago e Igarapeacute da Fortaleza
313 A exportaccedilatildeo de mineacuterios da Amazocircnia Amapaense
Com a descoberta das jazidas de manganecircs no municiacutepio de Serra do Navio-AP pelo
caboclo Maacuterio Cruz e posteriormente a abertura de concorrecircncia puacuteblica para a concessatildeo de
exploraccedilatildeo de mineacuterio em que saiu vitoriosa a Induacutestria e Comeacutercio de Mineacuterios (ICOMI) para
explorar o mineacuterio por cinquenta anos (1947-1997) Serra do Navio e Santana experimentaram
um crescimento populacional significativo com a instalaccedilatildeo da empresa ICOMI para a
exploraccedilatildeo de manganecircs em Serra do Navio e a construccedilatildeo do Porto em Santana para a sua
exportaccedilatildeo
O relatoacuterio do Observatoacuterio Nacional sobre a ICOMI no Amapaacute (2003) afirmou acerca
do manganecircs que tratava-se de um mineral relativamente escasso e naquela eacutepoca foram
estabelecidas contrapartidas do setor privado pela exploraccedilatildeo daquela mina A perspectiva de
operaccedilatildeo da empresa e os termos do arrendamento eram apontados no discurso oficial e de
amplos setores da sociedade como fundamentais para o desenvolvimento do Amapaacute
(OBSERVATOacuteRIO NACIOCIAL 2003)
Por outro lado Luxemburgo (1988) revela que as empresas capitalistas principalmente
as multinacionais especialmente na virada do seacuteculo XIX para o seacuteculo XX quando a
acumulaccedilatildeo de capital expandiu-se buscaram cada vez mais as mateacuterias-primas como base
material da mais-valia Para a autora eacute nas sociedades que ela conceitua de economia natural
que se encontra em maior quantidade essa base material das forccedilas produtivas ldquoEacute o caso por
exemplo da terra com suas riquezas minerais seus prados bosques e forccedilas hidraacuteulicas enfim
dos rebanhos dos povos primitivos dedicados ao pastoreiordquo (1988 p 319) Eacute o caso que temos
observado da realidade saqueada natildeo soacute do Amapaacute mas de toda a Amazocircnia por empresas
estrangeiras
107
Dessa forma os acordos poliacuteticos e mercadoloacutegicos levavam agraves concessotildees em que
tinham como objetivo principal atender as necessidades operacionais do mercado No contrato
de concessatildeo e em sucessivos outros contratos firmados estava aleacutem do direito a exploraccedilatildeo
pela empresa a construccedilatildeo de um porto em Santana uma ferrovia de 200 km de extensatildeo que
ligasse Santana a Serra do Navio (ICOMI 1960)
Com a Guerra Fria44 a Uniatildeo Sovieacutetica bloqueou a exportaccedilatildeo de manganecircs para os
Estados Unidos E a reserva de mineacuterios no Amapaacute passou a ser vista como estrateacutegica para os
americanos Poreacutem alguns entraves de infraestrutura como acesso as minas e a exportaccedilatildeo
foram identificados e seria necessaacuterio um investimento muito alto de recursos que dificilmente
fosse encontrado no Brasil
A proacutepria presidecircncia da repuacuteblica entatildeo ocupada por Getuacutelio Vargas a propoacutesito da
obtenccedilatildeo de financiamento para a ICOMI declarava em 1953 que o projeto era
ldquoeconomicamente vantajoso do ponto de vista nacionalrdquo (ICOMI 1972 2) tanto que o
Congresso Nacional autorizou o governo federal a dar garantia do Tesouro Nacional a
empreacutestimo ateacute o montante principal de 35 milhotildees de doacutelares americanos ndash em valores de 1953
mdash a ser contraiacutedo pela ICOMI no International Bank for Reconstruction and Devellopment
(OBSERVATOacuteRIO NACIONAL 2003) O creacutedito colocado agrave disposiccedilatildeo da empresa ateacute o
limite de US$ 675 milhotildees mdash em valores de 1953 mdash foi superior ao que a empresa necessitava
para atender agraves despesas com a instalaccedilatildeo do projeto Tanto que natildeo utilizou a totalidade dos
recursos que lhes foram disponibilizados pelo banco deles sacou natildeo mais do que US$ 55
milhotildees em valores da eacutepoca (ICOMI 1968 p 5)
44 A Guerra Fria que teve seu iniacutecio logo apoacutes a Segunda Guerra Mundial (1945) e a extinccedilatildeo da Uniatildeo Sovieacutetica
(1991) eacute a designaccedilatildeo atribuiacuteda ao periacuteodo histoacuterico de disputas estrateacutegicas e conflitos indiretos entre os Estados
Unidos e a Uniatildeo Sovieacutetica disputando a hegemonia poliacutetica econocircmica e militar no mundo Disponiacutevel em
httpwwwsohistoriacombref2guerrafria
108
Figura 05 Porto de Santana para importaccedilatildeo e exportaccedilatildeo
Fonte memorial-stnblogspotcombr (consultado em maio de 2015)
Com a construccedilatildeo do Porto no braccedilo norte do Rio Amazonas em Santana no ano de 1956
e inauguraccedilatildeo em 1957 pela empresa ICOMI SA hoje conhecido como Porto de Santana45 em
frente agrave ilha de Santana gerando subempregos atraindo pessoas de vaacuterias partes do paiacutes sob
possibilidade de ganhos e incentivando o comeacutercio local tudo isso tinha um objetivo a chamada
Acumulaccedilatildeo Primitiva que se realizou sobre as diversas colocircnias dominadas pelas naccedilotildees
imperialistas europeias e foi direcionada no sentido de reforccedilar a exportaccedilatildeo das mateacuterias-
primas necessaacuterias agrave acumulaccedilatildeo de capital (LUXEMBRUGO 1988)
O Porto46 instalado e funcionando embarca 1200 toneladas de mineacuterio por hora e tem
atracado mais de 50 navios por ano em busca de manganecircs muito utilizado para artefatos
manufaturados presentes no nosso dia-a-dia
Como a matildeo-de-obra no estado ainda era pouco qualificada foi necessaacuterio trazer pessoas
de fora bem como alojar os funcionaacuterios da empresa em tracircnsito Serra do NavioSantanaSerra
do Navio para isso a ICOMI construiu um nuacutecleo habitacional de trabalhadores em Santana
ainda nos anos de 1950 a conhecida Vila Amazonas A empresa preparou toda a infraestrutura
45 O porto eacute administrado pela Companhia Docas de Santana minus CDSA desde 2002 e eacute vinculada agrave Prefeitura
Municipal de Santana Estaacute localizado na margem esquerda do rio Amazonas no canal de Santana em frente agrave
ilha de mesmo nome a 18 km da cidade de Macapaacute capital do Estado do Amapaacute 46 Esse cais flutuante usado como um terminal privado da mineradora Anglo foi destruiacutedo por um deslizamento e
afundou em marccedilo de 2013 cuja infraestrutura do porto era utilizada para o carregamento do mineacuterio
109
de saneamento baacutesico um hospital um clube recreativo escola e supermercado para oferecer
melhores condiccedilotildees de moradia aos seus operaacuterios (ICOMI 1960)
A principal finalidade da ferrovia Santana-Serra do Navio era transportar os operaacuterios e
escoar o carregamento de mineacuterio em virtude da inviabilidade do transporte por via mariacutetima
Com o iniacutecio das obras da ferrovia SantanaSerra do Navio para dar vazatildeo agrave exportaccedilatildeo dos
mineacuterios de ferro o Estado cresceu e a sua populaccedilatildeo tambeacutem gerou empregos e parecia estar
vivendo o mais alto niacutevel de desenvolvimento da sua histoacuteria
Figura 06 Ferrovia que liga Santana a Serra do Navio para o transporte de mineacuterios
Fonte memorial-stnblogspotcombr (consultado em maio de 2015)
No decorrer dos anos a ICOMI promoveu uma evoluccedilatildeo progressiva econocircmica e
social no Territoacuterio Federal do Amapaacute pois antes da sua chegada ao Amapaacute havia poucos
habitantes e a economia baseava-se no cultivo de subsistecircncia extrativismo madeireiro e
pequeno comeacutercio Outra empresa a Brumasa Madeiras SA induacutestria de compensado ligada
ao grupo Caemi mineraccedilatildeo foi instalada nos anos de 1960 em Santana provocando a criaccedilatildeo
de outro porto para a cidade destinado ao embarque de pinho para exportaccedilatildeo e desembarque
de navios contendo produtos importados Eacute tambeacutem em Santana que se localiza o Distrito
Industrial do Amapaacute agrave margem esquerda do rio Matapi afluente do rio Amazonas
Com o iniacutecio do esgotamento das jazidas manganiacuteferas e com o fim das operaccedilotildees da
empresa ICOMI em 1997 que era muito importante para a economia do ex-territoacuterio restaram
os problemas sociais deixados pela saiacuteda da empresa no Amapaacute desemprego danos ambientais
contaminaccedilatildeo de lenccediloacuteis freaacuteticos na aacuterea do porto da ICOMI em Santana como tambeacutem de
cursos drsquoaacutegua nas proximidades daquela aacuterea contaminaccedilatildeo por arsecircnio em pessoas residentes
110
na Vila do Elesbatildeo proacuteximo ao porto o sucateamento da induacutestria no Amapaacute e o abandono das
aacutereas exploradas por quase 50 anos (OBSERVATOacuteRIO NACIONAL 2003)
Entatildeo em 1991 os poliacuteticos amapaenses buscavam alternativas econocircmicas para o
comeacutercio do Amapaacute e articularam junto ao Governo Federal a implantaccedilatildeo da aacuterea de livre
comeacutercio de Macapaacute e Santana no intuito de impedir que a economia do Estado estagnasse
Por outro lado a implantaccedilatildeo da aacuterea de livre comeacutercio de Macapaacute e Santana instigou o
crescimento populacional de todo o Estado O resultado deste superpovoamento provocou um
processo de urbanizaccedilatildeo desordenada com consequentes problemas sociais
Segundo o Relatoacuterio da Superintendecircncia da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA) de
2014 a economia do municiacutepio de Santana eacute baseada em serviccedilos induacutestria agropecuaacuteria
Apresenta a relaccedilatildeo de 178 empresas cadastradas na Suframa das quais a atividade comercial
representa 91 seguidas de serviccedilos e induacutestria sem projeto ambas com 793 de
participaccedilatildeo
Santana manteacutem sob o seu domiacutenio o Distrito Industrial do Amapaacute cujo parque tem sofrido
progressivamente constantes alteraccedilotildees com a saiacuteda de empresas como a ICOMI e mais
recentemente a faacutebrica da Coca-Cola entretanto haacute indiacutecios da chegada de trecircs novas faacutebricas ldquoduas
satildeo de raccedilatildeo e uma de cimentordquo (NAFES 2016 p 1) Laacute funcionam as empresas Floacuterida e Equador
com faacutebricas de palmitos de accedilaiacute ISA Peixe (induacutestria de pescados) CIMACER (faacutebrica de tijolos)
FACEPA (que trabalha na reciclagem de papel) CHAMPION (responsaacutevel pela plantaccedilatildeo de
pinho) dentre outras a Aacuterea de Livre Comeacutercio de Macapaacute e Santana ndash ALCMS ajuda a fazer a
vida econocircmica do municiacutepio embora haacute pontos negativos que impedem a fixaccedilatildeo de empresas no
Amapaacute como a dificuldade de transporte fluvial as peacutessimas condiccedilotildees do Porto as frequentes faltas
de energia internet de peacutessima qualidade Os funcionaacuterios do serviccedilo puacuteblico satildeo os que recebem as
maiores remuneraccedilotildees movimentando o comeacutercio
314 Aspectos gerais do municiacutepio de Santana
Segundo o censo realizado pelo Programa das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento
(PNUD) em 2013 o Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) da populaccedilatildeo Santanense foi
0692 o que tem ocupado o 3ordm lugar no ranking do Estado do Amapaacute ficando atraacutes dos municiacutepios
de Macapaacute com 0733 e Serra do Navio 0709 o que de acordo com os padrotildees do PNUD eacute
considerado alto E no total dos municiacutepios brasileiros ocupa a 2134ordf posiccedilatildeo
111
Tabela 06 ndash Santana IDHM e seus componentes nas uacuteltimas duas deacutecadas
COMPONENTES 1991 2000 2010
IDHM da Educaccedilatildeo 0203 0408 0638
de 5 a 6 anos na escola 2363 5881 8266
de 11 a 13 anos nos anos finais do fundamental
regular seriado ou com fundamental completo
3055 5503 8275
de 18 a 20 anos com meacutedio completo 690 1831 382
de 15 a 17 anos com fundamental completo 1407 3174 6121
de 18 anos ou mais com fundamental completo 2371 4041 5932
RENDA 0575 0597 0654
Renda per capita (em R$) 28703 32883 46924
LONGEVIDADE 0662 0728 0794
Esperanccedila de vida ao nascer (em anos) 6474 6868 7265
IDHM 0426 0562 0692
Fonte PNUD (2013)
As informaccedilotildees da tabela acima revelam que o componente da Educaccedilatildeo foi o que mais
evoluiu e se desenvolveu no periacuteodo de 1991 a 2010 O IDHM que era de 0562 em 2000 passou
para 0692 em 2010 - uma taxa de crescimento de 231 o que eacute considerada meacutedia pelo
PNUD A distacircncia entre o IDHM do municiacutepio e o limite maacuteximo do iacutendice que eacute 1 foi
reduzido em 7032 entre 2000 e 2010 Nesse periacuteodo a dimensatildeo cujo iacutendice mais cresceu
em termos absolutos foi Educaccedilatildeo (com crescimento de 0230) seguida por Longevidade e por
Renda
No que se refere aos dados gerais dos 16 municiacutepios do Estado do Amapaacute na tabela 07
podemos fazer uma comparaccedilatildeo de Santana em relaccedilatildeo aos demais municiacutepios
Tabela 07 ndash Santana Dados gerais em relaccedilatildeo aos municiacutepios do Estado do Amapaacute - 2010
Municiacutepio Populaccedilatildeo
2010
Aacuterea
territorial
Densidade
demograacutef
PIB
(mil)
Part PIB
Estado
Amapaacute 8069 12 916786 09 106494 102
Calccediloene 9000 133 1423132 06 149671 156
Cutias 4696 070 210907 22 75476 072
Ferreira Gomes 5802 086 496950 12 122276 117
Itaubal 4265 064 162285 25 49147 050
Laranjal do Jari 39942 596 3097190 13 466827 452
Macapaacute 398204 595 650212 621 6453597 614
Mazagatildeo 17032 254 1313098 13 176336 169
Oiapoque 20509 306 2262529 09 290832 279
Pedra Branca do
Amapari 10772 160 956292 11 269988 266
Porto Grande 16809 251 445342 38 226635 220
112
Pracuuacuteba 3793 056 495059 08 50290 055
Santana 101262 1517 156940 641 1594983 1538
Serra do Navio 4380 065 772079 06 101175 097
Tartarugalzinho 12563 187 675762 19 147649 145
Vitoacuteria do Jari 12428 185 248289 50 138163 143
Total 669526 100 14282852 - 10419539 100
Fonte IBGECidades (2015)
Os municiacutepios em que se concentra a maior populaccedilatildeo satildeo os que compotildeem a Regiatildeo
Metropolitana a capital Macapaacute e Santana que juntas tem 7467 da populaccedilatildeo do Estado
Santana corresponde a 1517 do total de habitantes eacute o segundo municiacutepio mais populoso do
Estado com 101262 habitantes A populaccedilatildeo dos outros 14 municiacutepios juntos possui 2533
ou seja um quarto da populaccedilatildeo total do estado
No que diz respeito ao Produto Interno Bruto (PIB) os dados da tabela 07 mostram que
o municiacutepio de Santana em 2010 apresentou significativa participaccedilatildeo na economia do Estado
sendo responsaacutevel por 1538 do PIB o segundo que mais contribuiu com a economia do
Estado do Amapaacute
Os dados relativos ao municiacutepio de Santana satildeo de difiacutecil acesso por natildeo haver uma
historicidade organizaccedilatildeo consolidaccedilatildeo transparecircncia e publicidade desses dados no site da
prefeitura ou mesmo em literaturas especiacuteficas sobre o municiacutepio Em grande parte os dados
publicados encontrados satildeo relativos ao Porto de Santana e a exportaccedilatildeo dos mineacuterios
Historicizar e analisar a gestatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana a partir das poliacuteticas
educacionais implantadas natildeo tecircm sido tarefa faacutecil eacute o que tentaremos desenvolver no proacuteximo
item desse estudo
32 A POLIacuteTICA EDUCACIONAL DA REDE MUNICIPAL DE EDUCACcedilAtildeO DE
SANTANAAP
A poliacutetica de educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana-Amapaacute se baseia na Constituiccedilatildeo
Federal de 1988 na Constituiccedilatildeo do Estado do Amapaacute de 1991 (atualizada ateacute a Emenda
Constitucional nordm 0044 2009) na Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional de 1996 Lei
Orgacircnica do Municiacutepio de Santana de 2002 Lei do Sistema Municipal de Ensino de 2002 o
Plano Municipal de Educaccedilatildeo e o Plano de Carreiras da Educaccedilatildeo do Municiacutepio de Santana e
outras leis especiacuteficas Eacute notoacuterio observar durante a leitura dos documentos legais do municiacutepio
113
de Santana a reproduccedilatildeo da legislaccedilatildeo federal e estadual no municiacutepio seguindo a risca as
orientaccedilotildees das leis superiores
A Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional Nordm 9394 de 20 de dezembro de 1996
dispotildee sobre os deveres que os municiacutepios possuem em relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo nestes termos o
art 11 aponta que os municiacutepios incumbir-se-atildeo de
I - organizar manter e desenvolver os oacutergatildeos e instituiccedilotildees oficiais dos seus sistemas
de ensino integrando-os agraves poliacuteticas e planos educacionais da Uniatildeo e dos Estados
II - exercer accedilatildeo redistributiva em relaccedilatildeo agraves suas escolas
III - baixar normas complementares para o seu sistema de ensino
IV - autorizar credenciar e supervisionar os estabelecimentos do seu sistema de
ensino
V - oferecer a educaccedilatildeo infantil em creches e preacute-escolas e com prioridade o ensino
fundamental permitida agrave atuaccedilatildeo em outros niacuteveis de ensino somente quando
estiverem atendidas plenamente as necessidades de sua aacuterea de competecircncia e com
recursos acima dos percentuais miacutenimos vinculados pela Constituiccedilatildeo Federal agrave
manutenccedilatildeo e desenvolvimento do ensino
VI - assumir o transporte escolar dos alunos da rede municipal (Incluiacutedo pela Lei nordm
10709 de 3172003)
Paraacutegrafo uacutenico Os Municiacutepios poderatildeo optar ainda por se integrar ao sistema
estadual de ensino ou compor com ele um sistema uacutenico de educaccedilatildeo baacutesica (BRASIL
1996)
De acordo com a LDB o municiacutepio tem a incumbecircncia de oferecer a educaccedilatildeo infantil
e com prioridade o ensino fundamental da mesma forma eacute enfatizada na Lei Orgacircnica do
Municiacutepio de Santana (LOM) referendando tais incumbecircncias nos artigos 145 e 146 afirmando
que as bases da organizaccedilatildeo do Sistema de Ensino Municipal devem respeitar os princiacutepios
expostos no art 280 da Constituiccedilatildeo Estadual bem como os princiacutepios estabelecidos na CF
Art 280 As instituiccedilotildees educacionais de qualquer natureza ministraratildeo o ensino com
base nos princiacutepios estabelecidos na Constituiccedilatildeo Federal e mais os seguintes
I - direito de acesso e permanecircncia na escola a qualquer pessoa vedadas distinccedilotildees
baseadas na origem raccedila sexo idade religiatildeo preferecircncia poliacutetica ou classe social
II - pluralismo de ideias e de concepccedilotildees filosoacuteficas poliacuteticas esteacuteticas religiosas e
pedagoacutegicas que conduzam o educando agrave formaccedilatildeo de uma postura social proacutepria
III - valorizaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo como garantia na forma da lei de
plano de carreira para o magisteacuterio puacuteblico com vencimentos no miacutenimo em
isonomia com as demais categorias funcionais para as quais se exija idecircntica
escolaridade com ingresso exclusivamente por concurso puacuteblico de provas e tiacutetulos
realizado periodicamente sob o regime juriacutedico uacutenico adotado pelo Estado para seus
servidores civis e com base no Estatuto do Magisteacuterio
IV - liberdade de pensar aprender ensinar pesquisar e divulgar o pensamento a arte
o saber e o conhecimento
V - reinvestimento em educaccedilatildeo no acircmbito do Estado do percentual que for
estabelecido em lei dos lucros auferidos pelas instituiccedilotildees privadas de ensino
estabelecido no Amapaacute
114
VI - gratuidade de ensino em estabelecimentos mantidos pelo Poder Puacuteblico vedada
a cobranccedila de taxas ou contribuiccedilotildees de qualquer natureza ainda que facultativa
VII - garantia de padratildeo de qualidade em todo o sistema de ensino a ser fixado em lei
VIII - manutenccedilatildeo no acircmbito do Estado em originais ou duplicatas arquivadas por
qualquer meio em seus oacutergatildeos de consulta dos resultados de pesquisa bases de dados
e acervos cientiacuteficos bibliograacuteficos e tecnoloacutegicos colecionados no exerciacutecio de
atividade educacional revertendo em favor do Estado o material acumulado na
hipoacutetese de fechamento extinccedilatildeo ou transferecircncia da instituiccedilatildeo de ensino aqui
estabelecida
IX - direito de organizaccedilatildeo autocircnoma dos diversos segmentos da comunidade escolar
X - preservaccedilatildeo dos valores educacionais regionais e locais (AMAPAacute 2011 p 92)
Segundo tais documentos a educaccedilatildeo como direito de todos e dever do estado e do
municiacutepio tem como princiacutepios a democracia que estaacute tambeacutem no Plano de Carreiras da
Educaccedilatildeo do Municiacutepio de Santana (PCEMS) na Lei Nordm 849 de 2010 nos art 42 e 43 onde se
lecirc
Art 42 - as escolas puacuteblicas do municiacutepio desenvolveratildeo suas atividades de ensino
dentro do espiacuterito democraacutetico e participativo sem preconceitos de raccedila sexo cor
idade opccedilatildeo religiosa poliacutetico-partidaacuterias e quaisquer outras formas de
discriminaccedilatildeo incentivando a participaccedilatildeo da comunidade na elaboraccedilatildeo e exerciacutecio
da proposta pedagoacutegica (SANTANAPCEMS 2010 p 16 grifos nossos)
Art 43 - as escolas puacuteblicas obedeceratildeo ao princiacutepio da gestatildeo democraacutetica atraveacutes
da I ndash participaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo estudantes pais servidores e
representantes da comunidade tanto nas atividades de ensino quanto nas de gestatildeo
participando de conselhos e outros oacutergatildeos normativos e deliberativos bem como no
processo de eleiccedilatildeo de seus dirigentes II ndashgarantia de acesso agraves informaccedilotildees teacutecnicas
administrativas e pedagoacutegicas da escola III ndash gerecircncia de recursos financeiros
repassados pela Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo IV ndash transparecircncia no recebimento
e aplicaccedilatildeo dos recursos financeiros (SANTANAPCEMS 2010 p 16 grifos
nossos)
Os documentos que se referem agrave poliacutetica educacional do municiacutepio de Santana apontam
para os princiacutepios de uma gestatildeo educacional municipal que se pautam na gestatildeo democraacutetica
no pluralismo de concepccedilotildees pedagoacutegicas e no direito agrave organizaccedilatildeo dos diversos segmentos
da comunidade escolar Mas como tais princiacutepios se materializam na organizaccedilatildeo da educaccedilatildeo
municipal Eacute o que veremos a seguir
321 A estrutura organizacional do Sistema Municipal de Educaccedilatildeo de Santana
A organizaccedilatildeo da educaccedilatildeo municipal estaacute sob a responsabilidade da Prefeitura
Municipal de Santana tem como oacutergatildeo gestor a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo (SEME)
115
localizada na Avenida Santana Nordm 2913 no Bairro Paraiacuteso bem no complexo de preacutedios da
Prefeitura Municipal de Santana (PMS) A instalaccedilatildeo fiacutesica da SEME apesar do preacutedio ser novo
estaacute mal distribuiacuteda ou natildeo comporta toda a demanda necessaacuteria agrave organizaccedilatildeo administrativa
financeira e pedagoacutegica da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo
Figura 07 Foto da sede da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de Santana
Fonte santanadoamapablogspotcom
O Sistema Municipal de Ensino de Santana foi criado atraveacutes da Lei municipal Nordm 0609
de 2002 e de acordo com o artigo 2ordm eacute composto I - Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo II -
Conselho Municipal de Educaccedilatildeo III - Comissatildeo Permanente do Magisteacuterio e IV - pelas
Instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Infantil Ensino Fundamental e Educaccedilatildeo Especial mantidas eou
administradas pelo poder puacuteblico municipal e pelas instituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil e especial
criadas e mantidas pela iniciativa privada (SANTANA 2002)
A Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de Santana tem em sua estrutura teacutecnico-
pedagoacutegico e administrativo oacutergatildeos e teacutecnicos que devem ser responsaacuteveis por pesquisa
informaccedilotildees e o planejamento adequado e atualizado para que possam subsidiar os programas
e projetos voltados agrave comunidade escolar Durante a pesquisa foi possiacutevel identificar que os
funcionaacuterios da SEME trabalham amontoados em salas com mesas e cadeiras coladas uma a
outra e sem espaccedilo suficiente para exercer o seu proacuteprio serviccedilo e atendimento ao puacuteblico Isso
foi observado em vaacuterios setores na SEME No organograma estaacute organizada a disponibilizaccedilatildeo
dos oacutergatildeos da secretaria conforme a Legislaccedilatildeo Municipal Nordm 0760 de 2006
116
Figura 08 SANTANA Estrutura organizacional dos oacutergatildeos da Secretaria Municipal de
Educaccedilatildeo (SEME)
Fonte Anexo da Lei Nordm 7602006 - PMS
De acordo com a estrutura organizacional a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo tem na
sua composiccedilatildeo
- Secretaacuterio (a) Municipal de Educaccedilatildeo
- Assessoria Executiva
- Chefia de Gabinete
- A Coordenadoria de Assuntos Educacionais que eacute composta pelos seguintes departamentos
- Departamento de Ensino e Apoio Pedagoacutegico
- Departamento de Inspeccedilatildeo e Organizaccedilatildeo Escolar
- Departamento de Apoio
- Departamento de Educaccedilatildeo no Campo
- Departamento de Tecnologia Educacional e Miacutedia
- A Coordenadoria Administrativa e Financeira que eacute composta por
- Departamento de Recursos Humanos
- Departamento de Orccedilamento Financeiro e Contabilidade
117
- Divisatildeo de Acompanhamento de Contrato Convecircnio e Licitaccedilatildeo
- Gestor Escolar
- Departamento de Serviccedilo Material e Patrimocircnio
- Departamento de Assistecircncia ao Educando
- A Coordenadoria do Poacutelo da Universidade Aberta do Brasil
- A Coordenadoria de Planejamento e Projetos
No que se refere a Coordenadoria de Assuntos Educacionais foi observado durante a
pesquisa e nos relatoacuterios analisados diversas atividades de cunho pedagoacutegico realizados e de
controle de matriacuteculas O Departamento de Orccedilamento Financeiro e Contabilidade setor
vinculado a Coordenadoria Administrativa e Financeira da SEME parece estar mais ligada ao
Prefeito Municipal do que a Secretaacuteria de Educaccedilatildeo dada a falta de autonomia financeira da
SEME devido a natildeo descentralizaccedilatildeo das questotildees financeiras por parte do prefeito para a
Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de Santana
De 2005 a 2015 atuaram como gestores da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de Santana
sete secretaacuterios conforme demonstra o quadro 9
Quadro 9 Santana Secretaacuterios Municipais de Educaccedilatildeo (2005 a 2015)
Periacuteodo Secretaacuterio(a) Municipal de
Educaccedilatildeo Partido Prefeito
2005 a 2009 Kleber Nascimento Rocha PT Antonio Nogueira
2010 Raimundo Vasques
Ivancy Magno de Oliveira PT Antonio Nogueira
2011 e 2012 Tercio da Silva Correia PT Antonio Nogueira
2013 Melquises Pereira de Lima e
Carlos Sergio Monteiro PR Robson Santana Rocha Freires
2014 Carlos Sergio Monteiro PR Robson Santana Rocha Freires
2015 -
Atualmente Antocircnia de Moraes Guedes PR Robson Santana Rocha Freires
Fonte SEME - Elaborado pela autora
O Secretaacuterio que teve mais tempo no cargo cinco anos foi o Sr Kleber Nascimento
Rocha que esteve agrave frente da pasta da SEME durante a primeira gestatildeo do prefeito Antonio
Nogueira (2005-2008) do Partido dos Trabalhadores e ateacute o primeiro ano (2009) do segundo
mandato do prefeito reeleito Nos uacuteltimos trecircs anos do segundo mandato do prefeito passaram
pela SEME trecircs outros Secretaacuterios de Educaccedilatildeo Municipal Raimundo Vasques Ivancy Magno
de Oliveira e Tercio da Silva Correia A partir de 2013 com a mudanccedila de gestatildeo na Prefeitura
Municipal tendo o Sr Robson Santana Rocha Freires (2013-2016) passaram pela pasta da
118
educaccedilatildeo trecircs outros Secretaacuterios Melquises Pereira de Lima Carlos Sergio Monteiro e Antocircnia
de Moraes Guedes (atual)
O Conselho Municipal de Educaccedilatildeo que eacute um oacutergatildeo colegiado pertencente ao Sistema
Municipal de Ensino tem funccedilatildeo consultiva normativa deliberativa e recursal da poliacutetica de
educaccedilatildeo do municiacutepio de Santana A Lei Orgacircnica do Municiacutepio de Santana (LOM) prevecirc a
criaccedilatildeo de normas para o funcionamento do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo e que a cada dois
anos seraacute convocada uma Conferecircncia Municipal de Educaccedilatildeo formada por representaccedilotildees dos
vaacuterios segmentos sociais para avaliar a situaccedilatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio e estabelecer a
diretrizes da poliacutetica municipal de educaccedilatildeo (SANTANA 2000) Apesar do que apresenta a
legislaccedilatildeo municipal o municiacutepio natildeo tem conseguido colocar em praacutetica o que preconiza a sua
legislaccedilatildeo no que se refere a atuaccedilatildeo efetiva desse oacutergatildeo colegiado
Faz parte ainda do Sistema municipal de educaccedilatildeo a Comissatildeo Permanente do
Magisteacuterio composta por representantes dos docentes teacutecnicos educacionais procurador
juriacutedico do municiacutepio secretaria municipal de educaccedilatildeo e secretaria de administraccedilatildeo Esta
Comissatildeo tem a competecircncia de elaborar instrumentos coordenar e orientar o processo
avaliativo anual do magisteacuterio municipal e por atribuiccedilotildees que regulamentam o estatuto do
magisteacuterio puacuteblico de Santana (SANTANA 2002) Compotildee ainda o Sistema Municipal de
Educaccedilatildeo as instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas que deveratildeo ofertar o ensino puacuteblico ou privado
atendendo agraves normas pareceres e resoluccedilotildees emanadas pelo Sistema Municipal de Ensino
A Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo deveraacute desenvolver em consonacircncia com entidades
educacionais do Estado e da Uniatildeo programas suplementares de assistecircncia ao educando
como materiais didaacuteticos escolares assistecircncia agrave sauacutede e seguridade social alimentaccedilatildeo
escolar transporte escolar bolsa famiacutelia assistecircncia social psicoloacutegica e fonoaudioloacutegica
Como observamos a lei orienta a autonomia e a participaccedilatildeo da comunidade e dos
profissionais da educaccedilatildeo nas accedilotildees pedagoacutegicas administrativas e em conselhos escolares
Poreacutem em momento algum se refere agrave autonomia financeira O atendimento da educaccedilatildeo
infantil e do ensino fundamental vem se realizando desde que Santana era ainda um Distrito de
Macapaacute47 e vem gradativamente sendo municipalizados como veremos no toacutepico a seguir
47 De acordo com a Lei Federal nordm 7639 de 17-12-1987 o distrito de Santana eacute desmembrado do municiacutepio de
Macapaacute e eacute elevado agrave categoria de municiacutepio
119
322 A Educaccedilatildeo municipal de Santana em nuacutemeros
O Sistema Municipal de Educaccedilatildeo foi criado em 2002 embora natildeo tenha organizado na
praacutetica o seu funcionamento articulado para a composiccedilatildeo do sistema a educaccedilatildeo funciona
ainda como rede municipal Em 2007 possuiacutea 23 escolas para funcionamento da educaccedilatildeo
infantil ensino fundamental e EJA e em 2014 esse nuacutemero passou para 31 escolas tendo um
aumento de 26 no nuacutemero de escolas na rede no periacuteodo O graacutefico 1 apresenta uma pequena
evoluccedilatildeo no periacuteodo
Graacutefico 1 Santana Nordm de escolas da rede municipal de ensino 2007-2014
Fonte Dados da SEMESantana ndash Elaborado pela autora
Eacute importante destacar no entanto que aleacutem das 31 escolas a rede municipal conta com
17 anexos48 distribuiacutedos entre zona urbana e rural
O quadro de docentes do municiacutepio de Santana tambeacutem nos revela um pouco da situaccedilatildeo
da educaccedilatildeo municipal O concurso puacuteblico49 realizado pela Prefeitura Municipal de Santana
no ano de 2007 e a uacuteltima convocaccedilatildeo de aprovados no ano de 2009 vem contribuindo para o
aumento de docentes vinculados ao quadro permanente como se pode acompanhar no graacutefico
2 a seguir
48 A situaccedilatildeo dessas escolas anexas eacute bastante instaacutevel visto que satildeo preacutedios alugados Na zona rural pode ser ateacute
mesmo salas de aula funcionando em casas de moradia ou em Igrejas 49 Edital nordm 012006 que ofertou 667 cargos para o municiacutepio em diversas aacutereas (administrativa engenharia
teacutecnica sauacutede e magisteacuterio) No que se refere aos cargos para a educaccedilatildeo destacamos 20 cargos para auxiliar de
disciplina 122 para professor da educaccedilatildeo baacutesica I 52 para professores da educaccedilatildeo baacutesica II (portuguecircs
matemaacutetica geografia histoacuteria ciecircncias ciecircncias da religiatildeo educaccedilatildeo fiacutesica inglecircs e artes) 22 para orientador
supervisor e psicopedagogo
23 2426 27 27 27
31 31
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
120
Graacutefico 2 Santana Nuacutemero de docentes atuando na rede municipal de ensino 2007-2014
Fonte SEMESantana ndash Elaborado pela autora
O nuacutemero de docentes50 no graacutefico 02 em atuaccedilatildeo nas escolas em 2007 era de 480
docentes e em 2009 eram de 593 o que reflete um aumento de quase 20 no nuacutemero de
docentes atuando nas escolas puacuteblicas municipais de Santana Eacute importante destacar que
principalmente nos anos de 2007 e 2008 haviam vaacuterios docentes contratados temporariamente
sem concurso puacuteblico atuando nas escolas municipais essa praacutetica ainda existe no municiacutepio
As matriacuteculas no municiacutepio de Santana ocorrem em escolas da rede estadual rede
municipal e no setor privado De acordo com a tabela 08 de uma forma geral a rede estadual
sempre teve uma forte influecircncia no municiacutepio concentrando a maior parte das matriacuteculas por
exemplo em 2014 absorveu 56 do universo de matriacuteculas no municiacutepio Jaacute a rede municipal
tinha sob sua responsabilidade 317 do nuacutemero de matriacuteculas registrado no municiacutepio e o
setor privado correspondia a 123 de matriacuteculas
50 Os nuacutemeros que compotildeem os docentes em atuaccedilatildeo nas escolas puacuteblicas satildeo de docentes concursados
contratados ou cedidos
480523
593 593 593 593 581 584
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
121
Tabela 08 ndash Santana Matriacuteculas na Educaccedilatildeo Baacutesica por esfera administrativa 2007-2014
Dependecircncia
NiacutevelModalidade 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Rede Estadual
Ed Infantil (creche e preacute-escola) 1296 250 67 9 0 0 0 0
Ens Fund (anos iniciais) 6687 6746 6271 6069 5898 5672 4971 4405
Ensino Fund (anos finais) 6784 7063 7272 7726 7846 7816 7552 7470
Ensino Meacutedio 5708 5897 5922 5676 5294 5240 5003 5454
EJA (Ens Fund) 1584 1614 1676 1595 1710 1574 1302 46
EJA (Ens Meacutedio) 826 841 957 1085 1422 1335 0 0
Educaccedilatildeo Especial 141 172 229 181 281 343 330 347
Total 23026 22583 22394 22332 22451 21980 19158 17722
Rede Municipal
Ed Infantil (creche e preacute-escola) 1345 1933 2006 2023 2011 2577 3169 3201
Ens Fund (anos iniciais) 4078 4089 4429 4330 4432 4859 5253 5622
Ens Fund (anos finais) 1146 986 933 961 852 683 539 487
Ensino Meacutedio 0 0 0 0 0 0 0 0
EJA (Ens Fund) 709 641 581 583 596 633 549 528
EJA (Ens Meacutedio) 0 0 0 0 0 0 0 0
Ed Especial 81 89 111 118 140 163 155 201
Total 7359 7738 8060 8015 8031 8915 9665 10039
Setor Privado
Ed Infantil (creche e preacute-escola) 1936 1598 1560 1425 1558 1335 965 914
Ens Fund (anos iniciais) 1828 1678 1623 1601 1703 1473 1418 1446
Ens Fund (anos finais) 754 845 772 753 852 885 927 932
Ensino Meacutedio 488 408 383 376 434 451 435 404
EJA (Ens Fund) 144 59 134 137 91 48 15 35
EJA (Ens Meacutedio) 43 35 39 36 36 72 35 63
Ed Especial 101 04 09 118 128 139 129 110
Total 5294 4627 4520 4446 4802 4403 3924 3904
Fonte CENSOINEP (2014) ndash Elaborado pela autora
Inclui Educaccedilatildeo de Jovens e Adultos (EJA) presencial e semipresencial
Inclui os alunos de toda a educaccedilatildeo baacutesica e da EJA
A rede estadual mesmo tendo o maior nuacutemero de matriacuteculas vem reduzindo esse nuacutemero
a partir de 2013 quando principalmente natildeo ofertou a modalidade de Educaccedilatildeo de Jovens e
Adultos em niacutevel meacutedio Destacamos ainda a reduccedilatildeo em 2008 nas matriacuteculas na educaccedilatildeo
infantil e que em 2011 finalizou a oferta neste niacutevel de ensino O ensino fundamental (anos
iniciais) na rede estadual eacute responsaacutevel por 439 do total de matriacuteculas na rede puacuteblica
enquanto que a rede municipal absorveu 561 em 2014
A rede municipal a partir de 2008 vem aumentando o nuacutemero de matriacuteculas na educaccedilatildeo
infantil em decorrecircncia da municipalizaccedilatildeo e em 2011 eacute a responsaacutevel por toda a demanda da
educaccedilatildeo infantil puacuteblica Observou-se ainda a reduccedilatildeo nas matriacuteculas nos anos finais no ensino
fundamental que tambeacutem tinha sob sua responsabilidade em 2007 eram 1146 matriculas e em
122
2014 reduziu para 487 como podemos observar na tabela No setor privado as matriacuteculas
foram visivelmente reduzidas no decorrer do periacuteodo em estudo Somente no ensino
fundamental eacute que vem aumentando discretamente nos uacuteltimos 3 anos
O processo de municipalizaccedilatildeo iniciado em 2008 na educaccedilatildeo infantil e em 2009 no
ensino fundamental segue as orientaccedilotildees do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado
(PDRAE) que propotildee a passagem da administraccedilatildeo puacuteblica baseada em princiacutepios racionais-
burocraacuteticos Em que busca
() o fortalecimento das funccedilotildees de regulaccedilatildeo e de coordenaccedilatildeo do Estado
particularmente no niacutevel federal e a progressiva descentralizaccedilatildeo vertical para os
niacuteveis estadual e municipal das funccedilotildees executivas no campo da prestaccedilatildeo de serviccedilos
sociais e de infraestrutura (PDRAE 1995 p 18)
Nesse contexto descentralizar teria o objetivo de tornar a administraccedilatildeo puacuteblica mais
flexiacutevel e eficiente reduzindo custos e propiciando mais qualidade ao serviccedilo puacuteblico por meio
do gerencialismo tendo o governo federal o controle dos resultados das avaliaccedilotildees de
desempenho dos Estados e municiacutepios
No que se refere ao Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo (IDEB) apesar de
compreendermos que os dados numeacutericos registrados no IDEB natildeo revelam a qualidade da
aprendizagem os dados observados colocam o municiacutepio de Santana com uma evoluccedilatildeo no
ensino fundamental (anos iniciais) maior do que a rede estadual Eacute o que podemos constatar na
tabela 09 a seguir
Tabela 09 ndash SANTANA IDEB do Ensino Fundamental (anos iniciais) em relaccedilatildeo ao Estado
do Amapaacute e ao Brasil (2005-2013)
Esfera Ideb Observado Metas Projetadas
2005 2007 2009 2011 2013 2007 2009 2011 2013 2021
BRASIL 38 42 46 50 52 39 42 46 49 60
AMAPAacute 32 34 38 41 40 32 36 40 43 54
SANTANA 31 38 39 48 46 31 35 39 42 54
Fonte INEPMEC (2015)
Desde 2005 a meacutedia do IDEB nacional observado tem atingido as metas propostas Jaacute
em relaccedilatildeo ao estado do Amapaacute o IDEB estaacute bem aqueacutem em relaccedilatildeo agrave meacutedia nacional apesar
de ter evoluiacutedo e atingido as metas propostas nas avaliaccedilotildees dos anos de 2007 2009 e 2011 no
ano de 2013 a meacutedia do estado reduziu para 40 O municiacutepio de Santana mesmo natildeo atingindo
123
a meacutedia nacional possui um coeficiente superior ao do estado sendo o municiacutepio do estado
com melhor evoluccedilatildeo no IDEB o que atingiu todas as metas projetadas desde o ano de 2007
No entanto eacute preciso relativizar o resultado de tais indicadores pois eles natildeo representam de
fato a qualidade visto que esta eacute de difiacutecil mensuraccedilatildeo e pressupotildee muita complexidade
(PARO 2005)
Satildeo vaacuterios fatores que podem estar influenciando o alcance das metas do IDEB mas eacute
necessaacuterio realizar um estudo mais rigoroso para desvelar os motivos dessa evoluccedilatildeo O que
podemos adiantar eacute que as escolas da rede municipal receberam vaacuterios programas federais o
que possibilitou ajuda financeira para a rede atraveacutes de impostos e de repasses federais
inclusive recursos do Plano de Accedilotildees Articuladas que eacute o que apresentaremos a seguir
323 O financiamento da educaccedilatildeo na rede municipal de Santana
A anaacutelise da democratizaccedilatildeo da gestatildeo da educaccedilatildeo a partir do PAR requer que se
conheccedila as potencialidades de financiamento das accedilotildees educativas pois a viabilidade das accedilotildees
decorrentes do PAR soacute seraacute possiacutevel se houver financiamento compatiacutevel para tal Este item
visa avaliar as condiccedilotildees financeiras do municiacutepio de Santana no periacuteodo da pesquisa
A Carta Magna de 1988 em seu Artigo 212 estabelece os percentuais miacutenimos
necessaacuterios para custeio da educaccedilatildeo indicando que
A Uniatildeo aplicaraacute anualmente nunca menos de dezoito e os Estados o Distrito
Federal e os Municiacutepios vinte e cinco por cento no miacutenimo da receita resultante de
impostos compreendida a proveniente de transferecircncias na manutenccedilatildeo e
desenvolvimento do ensino (BRASIL 1998)
O artigo 212 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 ao estabelecer o percentual miacutenimo para
a manutenccedilatildeo e desenvolvimento do ensino reitera que esse montante natildeo pode ser menor nem
desviado para outras finalidades ou seja eacute uma verba vinculada protegida de qualquer disputa
poliacutetica e de outras necessidades emergenciais De acordo com a Constituiccedilatildeo de 1988 os
recursos para a manutenccedilatildeo do ensino satildeo provenientes das seguintes fontes a) Receitas
oriundas de impostos da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios b) Receitas
de transferecircncias constitucionais e outras transferecircncias c) Receitas do salaacuterio educaccedilatildeo e de
outras contribuiccedilotildees sociais d) Receitas de incentivos fiscais e outros recursos previstos em lei
124
Todavia as principais fontes de financiamento da educaccedilatildeo satildeo as receitas de impostos
e a contribuiccedilatildeo do salaacuterio educaccedilatildeo as quais juntas ldquorepresentam em termos de volume de
recursos e de regularidade a receita que tem financiado a expansatildeo e a qualificaccedilatildeo da educaccedilatildeo
puacuteblica no paiacutesrdquo (FARENZENA 2006 p 82) No caso do municiacutepio de Santana a arrecadaccedilatildeo
de impostos proacuteprios51 e os respectivos 25 que devem ser destinados ao financiamento da
educaccedilatildeo apresentaram os seguintes valores abaixo discriminados
Tabela 10 Santana Receitas de Impostos Proacuteprios (2007-2014)
Ano Total de Impostos 25 para Educaccedilatildeo
2007 459613833 114903450
2008 396271016 99067750
2009 554775786 138693925
2010 592155846 148038950
2011 633078892 158269700
2012 888456697 222114150
2013 951274674 237818650
2014 Fonte SIOPE Tabela Elaborada pala autora Nota1 Dados natildeo disponiacuteveis
Nota 2 Valores nominais
Os recursos para a educaccedilatildeo referentes aos 25 dos impostos proacuteprios do municiacutepio satildeo
relativamente pequenos considerando a totalidade das despesas com a educaccedilatildeo como se veraacute
mais adiante Ainda assim representam uma importante fonte de recursos para financiamento
da educaccedilatildeo municipal
O municiacutepio de Santana conta tambeacutem com as receitas do Fundo de Manutenccedilatildeo e
Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo
(FUNDEB)52 Os recursos dessa fonte satildeo provenientes de impostos e transferecircncias dos
estados municiacutepios e do Distrito Federal vinculados agrave educaccedilatildeo de acordo com o artigo 212
da Constituiccedilatildeo Federal que satildeo recolhidos pela Uniatildeo e redistribuiacutedos aos estados municiacutepios
e Distrito Federal proporcionalmente ao valor custo-aluno definido nacionalmente para o
financiamento de accedilotildees de manutenccedilatildeo e desenvolvimento da educaccedilatildeo baacutesica puacuteblica Do total
51 Os recursos proacuteprios satildeo o IPTU-Imposto Predial Territorial Urbano ISS-Imposto sobre Serviccedilos ITBI-Imposto
sobre Transmissatildeo de Bens Imoacuteveis IRRF-Imposto sobre a Renda dos Servidores Municipais
52 Criado pela Emenda Constitucional nordm 532006 e regulamentado pela Lei nordm 1149407 o FUNDEB eacute constituiacutedo
por 20 (vinte por cento) das receitas das seguintes fontes Fundo de Participaccedilatildeo dos Estados (FPE) Fundo de
Participaccedilatildeo dos Municiacutepios (FPM) Imposto sobre Circulaccedilatildeo de Mercadorias e Serviccedilos (ICMS) (incluindo os
recursos relativos agrave desoneraccedilatildeo de exportaccedilotildees de que trata a Lei Complementar nordm 8796) Imposto sobre
Produtos Industrializados proporcional agraves exportaccedilotildees (IPI- EXP) Imposto sobre Transmissatildeo Causa Mortis e
Doaccedilotildees de quaisquer bens ou direitos (ITCMD) Imposto sobre a Propriedade de Veiacuteculos Automotores (IPVA)
Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR) receitas da diacutevida ativa e de juros e multas incidentes sobre
as fontes citadas (GUTIERRES 2010)
125
dos recursos pelo menos 60 (sessenta por cento) devem ser direcionados para o pagamento
dos profissionais do magisteacuterio em efetivo exerciacutecio De 2007 a 2014 o municiacutepio
recebeu os seguintes valores do FUNDEB
Tabela 11 ndash Santana Receitas do FUNDEB (2007-2014)
Ano Valor Anual Complementaccedilatildeo
da Uniatildeo
Aplicaccedilatildeo
Financeira Total
2007 1109287221 0 845321 1110132542
2008 1492822529 0 920937 1493743466
2009 1612599591 0 0 1612599591
2010 1818239589 0 0 1818239589
2011 2164454715 0 0 2164454715
2012 2377015638 0 378076 2377393714
2013 2740767217 0 2448386 2743215603
2014 Fonte SIOPEFNDE ndash Organizado pela autora Nota 1 Os valores referente a 2014 natildeo estavam disponiacuteveis
para consulta no SIOPE Nota 2 valores nominais
Conforme as informaccedilotildees da tabela 11 o municiacutepio de Santana natildeo recebe receitas de
Complementaccedilatildeo da Uniatildeo Isso significa que os recursos redistribuiacutedos no acircmbito do Estado
satildeo suficientes para alcanccedilar o valor-aluno miacutenimo nacional estabelecido natildeo implicando assim
em complementaccedilatildeo da Uniatildeo53
Outra importante fonte de recursos para a educaccedilatildeo recebida pelo municiacutepio eacute o Salaacuterio
Educaccedilatildeo54 recolhido pelas empresas calculado com base na aliacutequota de 25 sobre o total de
remuneraccedilotildees pagas ou creditadas a qualquer tiacutetulo aos segurados empregados O FNDE tem
uma funccedilatildeo redistributiva55 da contribuiccedilatildeo social do salaacuterio-educaccedilatildeo A cota estadual e
53 O Estado do Amapaacute e seus municiacutepios vecircm sistematicamente alcanccedilando valores por aluno acima do valor
miacutenimo anual definido nacionalmente A Portaria interministerial nordm 11 de 30 de dezembro de 2015 por exemplo
definiu os valores anuais para 2016 na qual o valor para o ensino fundamental dos anos iniciais urbanas
considerado o paracircmetro para as demais etapas e modalidades foi estabelecido em RS273987 O estado do
Amapaacute alcanccedilou R$380396 por aluno nesta etapa da educaccedilatildeo baacutesica portanto bem acima do miacutenimo nacional
estabelecido 54 O Salaacuterio Educaccedilatildeo foi criado pela Lei nordm 4440 de 27101964 (MELCHIOR 1987) e sofreu diversas
modificaccedilotildees desde essa data Em dezembro de 2006 foi alterado pela EC nordm 53 e regulamentado pela Lei nordm
114572007 base de sua execuccedilatildeo atual 55Do montante arrecadado e apoacutes as deduccedilotildees previstas em lei (taxa de administraccedilatildeo dos valores arrecadados pela
Receita Federal do Brasil devoluccedilatildeo de receitas e outras) o restante eacute distribuiacutedo em cotas pelo FNDE observada
em 90 (noventa por cento) de seu valor a arrecadaccedilatildeo realizada em cada estado e no Distrito Federal da seguinte
forma A) cota federal ndash correspondente a 13 do montante dos recursos eacute destinada ao FNDE e aplicada no
financiamento de programas e projetos voltados para a educaccedilatildeo baacutesica de forma a propiciar a reduccedilatildeo dos
desniacuteveis soacutecio educacionais entre os municiacutepios e os estados brasileiros B) cota estadual e municipal ndash
correspondente a 23 do montante dos recursos eacute creditada mensal e automaticamente em favor das secretarias de
educaccedilatildeo dos estados do Distrito Federal e dos municiacutepios para o financiamento de programas projetos e accedilotildees
voltados para a educaccedilatildeo baacutesica Os 10 restantes do montante da arrecadaccedilatildeo do salaacuterio-educaccedilatildeo satildeo aplicados
pelo FNDE em programas projetos e accedilotildees voltados para a educaccedilatildeo baacutesica (Lei nordm 114572007)
126
municipal da contribuiccedilatildeo social do salaacuterio-educaccedilatildeo eacute integralmente redistribuiacuteda entre os
estados e seus municiacutepios de forma proporcional ao nuacutemero de alunos matriculados na
educaccedilatildeo baacutesica das respectivas redes de ensino apurado no censo escolar do exerciacutecio anterior
ao da distribuiccedilatildeo
Os demais programas do FNDE tais como Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo
Escolar (PNAE) Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) Programa Nacional de Apoio
ao Transporte do Escolar (PNATE) Programa Brasil Alfabetizado (PBA) e Programa Nacional
de Sauacutede do Escolar (PNSE) criados para contribuir para o acesso e a permanecircncia do aluno na
escola tambeacutem vem compondo as fontes de recursos para o ensino em Santana
O Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar (PNAE) eacute considerado o mais antigo
programa social brasileiro vinculado agrave educaccedilatildeo (BALABAN 2006) Ateacute o ano de 1998 o
Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar (PNAE) era gerenciado pela Fundaccedilatildeo de Apoio
ao Estudante ndash FAE A partir desse ano sua gestatildeo foi transferida para o Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educaccedilatildeo ndash FNDE por meio da Lei nordm 9649 de 27051999 que tambeacutem
extinguiu a FAE Atualmente o PNAE eacute coordenado nacionalmente pelo FNDE responsaacutevel
pelo repasse dos recursos financeiros para aquisiccedilatildeo de alimentos cabendo aos Estados e
Municiacutepios complementar estes recursos aleacutem de cobrir os custos operacionais (BRASIL
2000) O PNAE atende os alunos de toda a educaccedilatildeo baacutesica matriculados em escolas puacuteblicas
filantroacutepicas e em entidades comunitaacuterias (conveniadas com o poder puacuteblico) por meio da
transferecircncia de recursos financeiros
Conforme a Resoluccedilatildeo nordm 67 de 28 de dezembro de 2009 o valor repassado pela Uniatildeo
a Estados e Municiacutepios por dia letivo para cada aluno pelo PNAE eacute definido de acordo com a
etapa e modalidade de ensino Creches R$ 100 Preacute-escola R$ 050 Escolas indiacutegenas e
quilombolas R$ 060 Ensino fundamental meacutedio e educaccedilatildeo de jovens e adultos R$ 030
Ensino integral R$ 100 Alunos do Programa Mais Educaccedilatildeo R$ 090 alunos que frequentam
o Atendimento Educacional Especializado no contraturno R$ 050 Com a Resoluccedilatildeo nordm 8 de
14 de maio de 2012 o valor per capita da alimentaccedilatildeo escolar foi atualizado passando de R$
060 para R$ 100 entre os alunos matriculados nas creches e de R$ 030 para R$ 050 entre
os alunos matriculados no ensino fundamental A Lei nordm 119472009 que regulamenta o PNAE
estabelece a necessidade de ldquoparticipaccedilatildeo da comunidade no controle social no
acompanhamento das accedilotildees realizadas pelos Estados pelo Distrito Federal e pelos Municiacutepios
para garantir a oferta da alimentaccedilatildeo escolar saudaacutevel e adequadardquo (Art 2ordm II BRASIL 2009)
Balaban (2006) afirma que a partir da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 verificou-se a
adoccedilatildeo de praacuteticas democraacuteticas representativas e participativas surgiram entatildeo os conselhos
127
configurados como espaccedilos puacuteblicos de articulaccedilatildeo entre governo e sociedade Um exemplo
disso eacute o Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar (CAE) que eacute composto por entidades colegiadas
integradas por representantes dos diversos segmentos da sociedade definido em Lei Municipal
O PDDE56 foi criado em 1995 por meio da Resoluccedilatildeo nordm 12 de 10 de maio de 1995
(recebendo inicialmente o nome de PMDE ndash Programa de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento do
Ensino Fundamental)57 com o objetivo de cumprir a funccedilatildeo redistributiva da Uniatildeo aos sistemas
puacuteblicos de ensino de acordo com o disposto no artigo 211 da CF88 A partir de 1997 o
Programa passou a exigir a criaccedilatildeo de Unidades Executoras (UEx) entidades de direito privado
como condiccedilatildeo para o recebimento dos recursos diretamente pelas escolas De 2004 em diante
a exigecircncia era de que as escolas com mais de 50 alunos obrigatoriamente teriam que criar UEx
para participar do programa Ateacute o ano de 2008 o PDDE abrangia apenas as escolas puacuteblicas
de ensino fundamental com a ediccedilatildeo da Medida Provisoacuteria nordm 455 de 28 de janeiro2009
(transformada posteriormente na Lei nordm 11947 de 16 de junho de 2009) o programa foi
ampliado para toda a educaccedilatildeo baacutesica incluindo portanto ensino meacutedio e educaccedilatildeo infantil
Os recursos do PDDE destinam-se ldquoagrave cobertura de despesas de custeio manutenccedilatildeo e de
pequenos investimentos que concorram para a garantia do funcionamento e melhoria da
infraestrutura fiacutesica e pedagoacutegica dos estabelecimentos de ensinordquo (Art 23 da Lei nordm 11947
de 16 de junho de 2009) Os recursos podem ser repassados agraves Entidades Executoras ndash EEXs
no caso as prefeituras ou diretamente agraves escolas se estas tiverem constituiacutedo suas Unidades
Executoras ndash UEXs
O Ministeacuterio da Educaccedilatildeo executa atualmente dois programas voltados ao transporte de
estudantes o Caminho da Escola e o PNATE que visam atender alunos moradores da zona
rural O Programa Caminho da Escola foi criado pela Resoluccedilatildeo nordm 3 de 28 de marccedilo de 2007
Por meio deste programa o Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social
(BNDES) concede uma linha de creacutedito para a aquisiccedilatildeo de ocircnibus mini-ocircnibus e micro-ocircnibus
zero quilocircmetro e embarcaccedilotildees novas pelos Estados e Municiacutepios O Programa Nacional de
Apoio ao Transporte do Escolar - PNATE foi instituiacutedo pela Lei nordm 10880 de 9 de junho de
2004 com o objetivo de garantir o acesso e a permanecircncia dos alunos nos estabelecimentos
escolares do ensino fundamental puacuteblico residentes em aacuterea rural que utilizem transporte
56 Sobre esse programa eacute importante consultar uma publicaccedilatildeo do INEP da pesquisa intitulada ldquoPrograma Dinheiro
Direto na Escola uma proposta de redefiniccedilatildeo do papel do Estado na Educaccedilatildeo (2003-2005)rdquo que congregou os
Estado de SP PI PA MS e RS cujos resultados foram publicados pelo INEP em 2006 sob a coordenaccedilatildeo das
professoras Drordf Vera Maria Vidal Peroni e Drordf Thereza Adriatildeo 57Ateacute 1998 este programa denominou-se PMDE A denominaccedilatildeo Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE)
apareceu pela primeira vez com a Medida Provisoacuteria nordm 1784 de 14 de dezembro de 1998 e posteriormente com a
Medida Provisoacuteria nordm 2100shy32 de 24 de maio de 2001
128
escolar por meio de assistecircncia financeira em caraacuteter suplementar aos Estados Distrito
Federal e Municiacutepios O caacutelculo do montante de recursos financeiros destinados aos Estados
ao Distrito Federal e aos Municiacutepios tem como base o quantitativo de alunos da zona rural
transportados e a respectiva informaccedilatildeo acerca destes no censo escolar do ano anterior O valor
per capitaano varia entre R$ 12073 e R$ 17224 de acordo com a aacuterea rural do Municiacutepio a
populaccedilatildeo moradora do campo e a posiccedilatildeo do Municiacutepio na linha de pobreza (GUTIERRES
2015) O PNATE eacute monitorado diretamente pelo conselho do FUNDEB que analisa e fiscaliza
os gastos com o programa
O Programa Brasil Alfabetizado (PBA) foi criado pelo Decreto nordm 4834 de 08 de
setembro de 200358 com o objetivo de universalizaccedilatildeo da alfabetizaccedilatildeo de jovens e adultos de
quinze anos ou mais no paiacutes59 (GUTIERRES 2015)
Quanto ao Programa Nacional de Sauacutede Escolar (PSE) este tem como objetivo
ldquocontribuir para a formaccedilatildeo integral dos estudantes por meio de accedilotildees de promoccedilatildeo prevenccedilatildeo
e atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo (Art1ordm do Decreto nordm 62862007) com vistas ao enfrentamento das
vulnerabilidades que comprometem o pleno desenvolvimento de crianccedilas e jovens da rede
puacuteblica de ensino Dentre as accedilotildees passiacuteveis de serem financiadas por este programa destacam-
se
Art 4ordm As accedilotildees em sauacutede previstas no acircmbito do PSE consideraratildeo a atenccedilatildeo
promoccedilatildeo prevenccedilatildeo e assistecircncia e seratildeo desenvolvidas articuladamente com a rede
de educaccedilatildeo puacuteblica baacutesica e em conformidade com os princiacutepios e diretrizes do SUS
podendo compreender as seguintes accedilotildees entre outras I - avaliaccedilatildeo cliacutenica II -
avaliaccedilatildeo nutricional III - promoccedilatildeo da alimentaccedilatildeo saudaacutevel IV - avaliaccedilatildeo
oftalmoloacutegica V - avaliaccedilatildeo da sauacutede e higiene bucal VI - avaliaccedilatildeo auditiva VII -
avaliaccedilatildeo psicossocial VIII - atualizaccedilatildeo e controle do calendaacuterio vacinal IX -
reduccedilatildeo da morbimortalidade por acidentes e violecircncias X - prevenccedilatildeo e reduccedilatildeo do
consumo do aacutelcool XI - prevenccedilatildeo do uso de drogas XII - promoccedilatildeo da sauacutede sexual
e da sauacutede reprodutiva XIII - controle do tabagismo e outros fatores de risco de
cacircncer XIV - educaccedilatildeo permanente em sauacutede XV - atividade fiacutesica e sauacutede XVI -
promoccedilatildeo da cultura da prevenccedilatildeo no acircmbito escolar e XVII - inclusatildeo das temaacuteticas
de educaccedilatildeo em sauacutede no projeto poliacutetico pedagoacutegico das escolas (BRASIL 2007)
58 Esse decreto foi revogado pelo Decreto nordm 6093 de 24 de abril de 2007 atualmente em vigor 59 Esta natildeo foi a primeira iniciativa governamental neste sentido Em 1967 o governo militar lanccedilou o Movimento
Brasileiro de Alfabetizaccedilatildeo o MOBRAL atraveacutes da Lei Nordm 5379 de 15 de dezembro de 1967 No Governo de
Fernando Henrique Cardoso a sociedade foi convocada a se co-responsabilizar pela manutenccedilatildeo da EJA por meio
de parcerias estabelecidas pelo Programa Alfabetizaccedilatildeo Solidaacuteria (Alfa Sol Outro programa do Governo Federal
que visava o atendimento da EJA era o Projeto Recomeccedilo que foi criado em 2001 com o objetivo de dar maior
atendimento agrave populaccedilatildeo do Norte e Nordeste que acumulavam maior nuacutemero de pessoas analfabetas
(GUTIERRES 2015)
129
Os valores oriundos do Salaacuterio Educaccedilatildeo dos programas do FNDE (PNAE PDDE
PNATE PBA e PSE) recebidos pelo municiacutepio de Santana repassados para a prefeitura
municipal de 2007 a 2014 satildeo discriminados a seguir
Tabela 12 ndash Santana Receitas do Salaacuterio Educaccedilatildeo e de Programas do FNDE (2007-2014)
Ano Salaacuterio
Educaccedilatildeo PNAE PDDE PNATE PBA PSE
2007 16415179 37338400 126720 33326 52 1020000 1318600
2008 21769862 23785282 2712553 1723000
2009 23220460 49427860 267690 5455186 876000
2010 26559002 78761520 9969750 2960500
2011 33659670 78594000 9969750 2646500
2012 37685871 92398800 11643843
2013 50488456 105353200 7594146 3243273
2014 63533128 53101200 1493368 3277986
Fonte FNDE Nota 1 Tabela organizada pela autora Nota 2 Os valores indisponiacuteveis no site do FNDE Nota
2 valores nominais
As receitas do FNDE satildeo importantes como fontes complementares para a garantia do
direito agrave educaccedilatildeo No caso do Salaacuterio Educaccedilatildeo e do PNAE do PNATE e do PBA estes
constituiacuteram fluxo permanente ao longo do periacuteodo60 O PDDE foi repassado para a prefeitura
somente nos anos de 2007 e de 2009 visto que a partir de 2009 a maior parte das escolas
municipais jaacute haviam constituiacutedo suas Unidades Executoras ndash UEXs passando a receber
diretamente os recursos desse programa O Programa Sauacutede do Escolar (PSE) apresentou
recursos apenas no ano de 2007 Outras receitas tambeacutem chegaram ao municiacutepio por meio de
programas mais diretamente vinculados ao Plano de Accedilotildees Articuladas ndash PAR no periacuteodo de
2009 a 2014
Tabela 13 ndash Santana Receitas decorrentes do PAR 2009 - 2014
Programa 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Caminho da
EscolaTransporte Aces 209970 331650 132000
Mobiliaacuterio Escolar (PAR) 193073
Infraestrutura Ed Baacutesica 1 385609
Proinfacircncia ndash Const Esc
Educ Infantil 581600 872400 3922052
Brasil Carinhoso 170960
Quadras de Esporte 304896
Projovem urbano 38760
Total 209730 331650 193073 581600 1004400 4436668 Fonte FNDE Tabela elaborada pela autora
60 Apenas no ano de 2012 natildeo constam informaccedilotildees sobre os recursos do Programa Brasil alfabetizado PBA para
o municiacutepio de Santana
130
O municiacutepio de Santana recebeu recursos dos seguintes programas em decorrecircncia do
PAR Caminho da Escola para aquisiccedilatildeo de ocircnibus Escolar recursos para mobiliaacuterio escolar e
infraestrutura da educaccedilatildeo baacutesica Proinfacircncia para construccedilatildeo de escolas de educaccedilatildeo Infantil
Brasil Carinhoso para construccedilatildeo de creches recursos para a construccedilatildeo de quadras esportivas
e referentes a programa Projovem urbano
O caminho da escola ou Transporte Acessiacutevel eacute uma accedilatildeo que segundo o MEC visa
promover a inclusatildeo escolar por meio da garantia das condiccedilotildees de acesso e permanecircncia na
escola apoiando agrave disponibilizaccedilatildeo de transporte escolar Para esse fim o municiacutepio de Santana
recebeu recursos em trecircs anos 2009 2010 e 2013 totalizando R$ 67362000 no periacuteodo Jaacute o
programa Mobiliaacuterio Escolar eacute uma accedilatildeo do FNDE que tem por objetivo renovar e padronizar
os mobiliaacuterios das escolas tendo o municiacutepio recebido o valor de R$19307300 no ano de
2011 Por meio do Programa Infraestrutura escolar que subsidia accedilotildees de construccedilatildeo de
escolas da educaccedilatildeo baacutesica o municiacutepio angariou R$ 138560900 O programa Proinfacircncia
que se destina agrave assistecircncia financeira aos municiacutepios para a construccedilatildeo reforma e aquisiccedilatildeo de
equipamentos e mobiliaacuterio para a educaccedilatildeo infantil foi o que mais propiciou recursos ao
municiacutepio de Santana Por meio dele a secretaria de educaccedilatildeo captou o valor de
R$537605200
O municiacutepio tambeacutem recebeu recursos do Programa Brasil Carinhoso que segundo a
Resoluccedilatildeo nordm 192014FNDEMEC tem o seu desenvolvimento integrado em vaacuterias vertentes e
uma delas eacute expandir a quantidade de matriacuteculas de crianccedilas entre 0 e 48 meses cujas famiacutelias
sejam beneficiaacuterias do Programa Bolsa Famiacutelia (PBF) em creches puacuteblicas ou conveniadas O
Programa consiste na transferecircncia automaacutetica de recursos financeiros sem necessidade de
convecircnio ou outro instrumento para custear despesas com manutenccedilatildeo e desenvolvimento da
educaccedilatildeo infantil contribuir com as accedilotildees de cuidado integral seguranccedila alimentar e
nutricional garantir o acesso e a permanecircncia da crianccedila na educaccedilatildeo infantil No caso de
Santana foram recebidos R$ 17096000 no ano de 2014 referente a 143 crianccedilas Para a accedilatildeo
Construccedilatildeo de quadras esportivas foram repassados R$ 30489600 de acordo com as
necessidades demonstradas pelo municiacutepio quando da elaboraccedilatildeo do PAR O programa
Projovem tem como objetivo elevar a escolaridade de jovens com idade entre 18 e 29 anos
que saibam ler e escrever e natildeo tenham concluiacutedo o ensino fundamental visando agrave conclusatildeo
desta etapa por meio da modalidade de Educaccedilatildeo de Jovens e Adultos integrada agrave qualificaccedilatildeo
profissional e o desenvolvimento de accedilotildees comunitaacuterias com exerciacutecio da cidadania na forma
de curso Para accedilotildees referentes ao cumprimento dos objetivos deste programa o municiacutepio
recebeu o valor de R$ 3876000 somente no ano de 2014
131
Para efeito de dimensionar os valores proporcionais de cada uma das fontes analisadas
vejamos os graacuteficos a seguir relativos ao ano de 2009 ano em que se aportaram os primeiros
recursos oriundos do PAR e o ano de 2013 visto que os recursos relativos ao ano de 2014 natildeo
foram informados no SIOPE
Graacutefico 3 SANTANA Receitas da Educaccedilatildeo em relaccedilatildeo as despesas com a funccedilatildeo educaccedilatildeo
- 2009
Fonte FNDE Graacutefico elaborado pela autora
Sem duacutevida a maior parte das receitas que mantem a educaccedilatildeo municipal de Santana
satildeo os oriundos do FUNDEB Em 2009 eles representaram 87 do total enquanto a segunda
maior fonte foram os recursos proacuteprios na base de 8 das receitas do ano As receitas relativas
aos Programas decorrentes do Plano de Accedilotildees Articuladas no ano de 2009 representavam 1
do total Todavia no ano de 2013 essa proporcionalidade sofreu ligeira alteraccedilatildeo como se pode
conferir no graacutefico a seguir
Recursos Proacuteprios 1386939
8
FUNDEB 16125995 87
Salaacuterio Educaccedilatildeo 232204
1
FNDE 560265 3
PAR 209730 1
Receitas da Educaccedilatildeo em Santana 2009
Recursos Proacuteprios FUNDEB Salaacuterio Educaccedilatildeo FNDE PAR
132
Graacutefico 4 SANTANA Receitas da Educaccedilatildeo em relaccedilatildeo as despesas com a funccedilatildeo educaccedilatildeo
- 2013
Fonte FNDE Graacutefico elaborado pela autora
Os recursos do FUNDEB passaram a representar 84 do total das receitas em educaccedilatildeo
em 2013 enquanto os do PAR passaram a representar 3 Houve tambeacutem aumento
proporcional dos recursos do FNDE e do Salaacuterio Educaccedilatildeo Como podemos perceber no
graacutefico eacute notoacuterio o montante de recursos destinados agrave educaccedilatildeo com um valor de mais de R$
27 milhotildees ao ano Jaacute os recursos do PAR correspondem a somente 3 do valor das receitas
do municiacutepio pouco mais de R$ 1 milhatildeo de reais Eacute importante tambeacutem deixar claro que os
recursos do PAR natildeo satildeo recursos a mais pois este natildeo recebe complementaccedilatildeo da Uniatildeo
As despesas com a funccedilatildeo educaccedilatildeo realizadas no periacuteodo da pesquisa nos mostram a
totalidade dos recursos gastos com a educaccedilatildeo no periacuteodo de 2007 a 2014 A tabela a seguir
demonstra o total dessas despesas bem como o valor gasto com cada sub-funccedilatildeo
Recursos Proacuteprios 2378186
7
FUNDEB 27432156 84
Salaacuterio Educaccedilatildeo 635331
2
FNDE 11619054
PAR 1004400 3
Receitas da Educaccedilatildeo em Santana 2013
Recursos Proacuteprios FUNDEB Salaacuterio Educaccedilatildeo FNDE PAR
133
Tabela 14 ndash Santana Despesas com a Funccedilatildeo Educaccedilatildeo (2007-2014)
Sub-
Funccedilotildees 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
EF 14910367 18487032 19191537 19707136 17957976 20624296 21804153
ES 1000 191125 2000 - - - -
EI 709597 435087 996814 5809173 8196777 9434598 13015450
EJA 5186 17361 292230 1176888 1387621 1429476 1261614
E Esp 16300 - 8551 - - - -
Outros 164151 215413 237968 270781 336596 389801 461471
Total 15806603 19346021 20729102 26963979 27878970 31878173 36542690
Fonte SIOPE Legenda EF ndash Ensino Fundamental ES ndash Educaccedilatildeo Superior EI ndash Educaccedilatildeo Infantil EJA ndash
Educaccedilatildeo de Jovens e Adultos EESP ndash Educaccedilatildeo Especial Outros gastos com educaccedilatildeo Baacutesica
Natildeo estava disponiacutevel no SIOPE as despesas do ano de 2014
Observa-se na tabela 14 que os maiores gastos foram realizados com a sub-funccedilatildeo
ensino fundamental que em todos os anos esteve acima de 50 Todavia tais gastos vecircm
diminuindo pois se em 2007 representava 9433 do total em 2014 representava apenas
5966 do montante dispendido em educaccedilatildeo Por outro lado os gastos com a educaccedilatildeo infantil
vecircm aumentando pois em 2007 eram apenas 44 do total e em 2014 passaram a representar
356 do total da funccedilatildeo educaccedilatildeo
Quanto agrave gestatildeo dos recursos observamos que o municiacutepio de Santana vem aplicando o
previsto na Constituiccedilatildeo Federal na manutenccedilatildeo e desenvolvimento do ensino na maioria dos
anos pois conforme a tabela 15 de 2007 a 2014 o miacutenimo aplicado foi de 25 exceto no ano
de 2007 quando essa taxa foi de apenas 1938
Tabela 15 Santana Miacutenimo de Aplicaccedilatildeo em MDE (2007-2014)
Ano ()
2007 1938
2008 2525
2009 2515
2010 3196
2011 2614
2012 2743
2013 2630
2014 Fonte SIOPE Tabela elaborada pela autora
Os dados tambeacutem revelam que o ano de 2014 foi muito criacutetico do ponto de vista
financeiro para o municiacutepio pois os dados estatildeo ausentes na base SIOPE Tais dados tem como
origem a Secretaria de Fazenda eacute possiacutevel que a prestaccedilatildeo de contas natildeo tenha sido realizada
naquele ano
134
Quanto agrave aplicaccedilatildeo do miacutenimo de 60 do FUNDEB com a remuneraccedilatildeo dos professores
previstos em Lei temos o seguinte quadro
Tabela 16 Santana Miacutenimo de Aplicaccedilatildeo do FUNDEB em Remuneraccedilatildeo de Professores
(2007-2014)
Ano Valor ()
2007 666079525 6963
2008 896246079 6091
2009 967559754 8959
2010 1090943753 9574
2011 1298672829 9622
2012 1426436228 9221
2013 1645929362 9448
2014 Fonte SIOPE Nota 1 Dados ausentes no SIOPE Tabela elaborada pela autora
De 2007 a 2013 apenas nos anos de 2007 o percentual foi proacuteximo de 60 Nos
demais anos foram de mais de 69 do total dos recursos Tal situaccedilatildeo requer aprofundamento
da pesquisa a fim de identificar as causas para as taxas elevadas Todavia como o municiacutepio
apresenta taxas muito baixas de arrecadaccedilatildeo proacutepria o municiacutepio de Santana manteacutem a
educaccedilatildeo basicamente com recursos do FUNDEB
Por fim cabe ressaltar no que se refere agrave gestatildeo financeira da educaccedilatildeo que os recursos
destinados agrave funccedilatildeo educaccedilatildeo sejam do FUNDEB ou de Programas ou Projetos ainda
continuam centralizados na Prefeitura Municipal e natildeo satildeo repassados ao oacutergatildeo responsaacutevel
pela gestatildeo da educaccedilatildeo no caso para a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo para que possa
executaacute-los de acordo com o seu planejamento Tal situaccedilatildeo contraria a perspectiva de
descentralizaccedilatildeo da gestatildeo dos recursos financeiros conforme preceitua a LDB em seu art 69
sect 5ordm e as poliacuteticas educacionais recentes Mas como o PAR tem interferido nessa dinacircmica de
gestatildeo educacional da rede municipal
33 O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS E A DIMENSAtildeO GESTAtildeO DA EDUCACcedilAtildeO
NA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE SANTANA (2007-2014)
O PDEPlano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo tem o Plano de Accedilotildees
Articuladas como a principal ferramenta de planejamento da educaccedilatildeo para a construccedilatildeo da
gestatildeo democraacutetica nos sistemas municipais de educaccedilatildeo
135
No municiacutepio de Santana o processo de implantaccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas teve
iniacutecio ainda em 2007 apoacutes a divulgaccedilatildeo dos resultados do Iacutendice de Desenvolvimento da
Educaccedilatildeo Baacutesica com as conversas e discussotildees sobre o Plano pois de acordo com a
coordenadora da eacutepoca
() quando foi jaacute em 2007 natildeo demorou muito para eles virem ateacute Santana foi logo
apoacutes os resultados do IDEB uma equipe do MEC e nos orientar natildeo fazia muito
tempo que tiacutenhamos realizado o planejamento estrateacutegico do municiacutepio eles nos
orientaram como deveriacuteamos proceder para o planejamento estrateacutegico e a colocaccedilatildeo
das informaccedilotildees na plataforma do SIMEC para noacutes natildeo foi difiacutecil pois jaacute tiacutenhamos
acabado de realizar nosso planejamento entatildeo foi praticamente transferir as
informaccedilotildees para a plataforma (Coordenaccedilatildeo do 1ordm PAR)
O municiacutepio de Santana atingiu as metas previstas pelo IDEB jaacute em 2007 e mesmo
assim estava nos registros do MEC como um dos municiacutepios prioritaacuterios para a visita da equipe
do MEC e a implantaccedilatildeo do Compromisso Dessa forma logo apoacutes o lanccedilamento do Decreto
nordm 60942007 se observou que grande parte dos municiacutepios brasileiros assinaram o Termo de
Adesatildeo independente de atingir ou natildeo as metas do IDEB e no municiacutepio de Santana a
coordenadora do PAR no periacuteodo da implantaccedilatildeo afirma ldquonoacutes natildeo tivemos escolha foi uma
imposiccedilatildeo do MEC para que implantaacutessemos e realizaacutessemos o preenchimento das informaccedilotildees
no sistemardquo (Coordenadora do 1ordm PAR)
O Termo de Cooperaccedilatildeo Teacutecnica entre a Prefeitura Municipal de Santana e o MEC
previa o prazo de 4 anos a partir da data da sua assinatura que foi em 2009 ldquocom possibilidade
de prorrogaccedilatildeo por igual ou inferior periacuteodo podendo ser rescindido por iniciativa de qualquer
das partes ()rdquo(MEC 2009 p2) Acerca do Termo de Compromisso e do periacuteodo de
prorrogaccedilatildeo do PAR as Coordenadoras entrevistadas natildeo souberam informar ou natildeo
lembravam
Durante o periacuteodo de levantamento documental da pesquisa tratamos os dados a partir
dos dois ciclos de planejamento do Plano de Accedilotildees Articuladas no municiacutepio Nessa pesquisa
utilizamos o Termo de Cooperaccedilatildeo Teacutecnica Nordm 23456 o planejamento estrateacutegico do municiacutepio
e a siacutentese do diagnoacutestico dos indicadores do municiacutepio
Os dados relativos ao 1ordm PAR do municiacutepio natildeo foram localizados nem nos arquivos
fiacutesicos da SEME e nem na Coordenaccedilatildeo do PAR poreacutem durante as visitas aos sujeitos
entrevistados eacute que conseguimos coletar alguns dados relativos ao 1ordm PAR o que ajudou na
construccedilatildeo da anaacutelise da historicidade do PAR em Santana As entrevistas viabilizaram
136
esclarecimentos e complementaccedilatildeo de informaccedilotildees sobre o 1ordm PAR e assim encontramos a
seguinte declaraccedilatildeo sobre o processo de elaboraccedilatildeo do 1ordm PAR
O primeiro PAR ocorreu de forma muito apressada sem uma discussatildeo com os
participantes da rede municipal de ensino Recebemos uma equipe do MEC que
orientou a elaboraccedilatildeo e disse como deveriacuteamos preencher na plataforma Natildeo foi
muito discutido ateacute porque natildeo tiacutenhamos alguns conselhos implantados mas foi
elaborado pelos setores da SEME (Coordenadora do 1ordm PAR)
Foi um lsquodiagnoacutestico de gabinetersquo em muitos indicadores as pontuaccedilotildees foram 1 e 2
devido natildeo ter a documentaccedilatildeo organizada regimento frequecircncia na reuniatildeo dos
conselhos atas ou que ainda estavam em fase de criaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo como eacute o caso
do PME (Coordenadora do 2ordm PAR)
A equipe teacutecnica local do 1ordm PAR foi composta por quinze membros sendo um
dirigente municipal oito representantes dos teacutecnicos da SEME dois representantes dos
professores um representante dos supervisores escolares um representante do quadro teacutecnico-
administrativo um representante do conselho escolar e um representante do conselho municipal
de educaccedilatildeo
O diagnoacutestico da educaccedilatildeo municipal relativo ao 2ordm PAR para o ciclo de 2011 a 2014
foi realizado pela equipe local composta pelos mesmos membros que compuseram a equipe do
1ordm PAR municipal e foi enviado ao MEC no dia 30092011 Poreacutem segundo a Coordenaccedilatildeo
do 2ordm PAR o Plano de Trabalho com as sub-accedilotildees foram enviadas para anaacutelise do MEC
posteriormente em 10092012 isto eacute quase um ano depois Segundo a coordenadora do 2ordm
PAR
Essa demora no envio para a elaboraccedilatildeo do Plano de Trabalho se deu devido agrave
dimensatildeo 4 infraestrutura ldquoque requeria informaccedilotildees adicionais de engenheiros
topoacutegrafos legalizaccedilatildeo e doaccedilatildeo de terrenos para a construccedilatildeo de escolas e creches
para o municiacutepio (Coordenadora do 2ordm PAR)
Observamos que os periacuteodos de planejamento no 1ordm e 2ordm PAR natildeo correspondem aos
periacuteodos orientados pelo MEC que seria 2007 a 2010 e de 2011 a 2014 Existe um lapso
temporal entre o planejamento e a execuccedilatildeo do PAR a assinatura do termo de compromisso e
os ciclos de duraccedilatildeo do PAR no municiacutepio Entretanto o manual de orientaccedilotildees do PAR (2011-
2014) afirma que esse planejamento eacute voluntaacuterio e natildeo haacute exigecircncia quanto ao cumprimento de
prazos
137
A adesatildeo ao Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo assinada pelos
municiacutepios estados e Distrito Federal ocorreu de forma voluntaacuteria e foi realizada
por todos os entes federados () Sendo uma accedilatildeo voluntaacuteria o Ministeacuterio da
Educaccedilatildeo natildeo estabelece prazos para elaboraccedilatildeo e conclusatildeo do PAR no sistema
Eacute de interesse dos municiacutepios estados e Distrito Federal terem o PAR elaborado e
enviado para anaacutelise do MECFNDE no SIMEC uma vez que a partir do Decreto No
6094 de 24 de abril de 2007 as accedilotildees de assistecircncia teacutecnica e financeira (apoio
suplementar e voluntaacuterio) do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo seratildeo norteadas pela adesatildeo ao
Plano de Metas e elaboraccedilatildeo do PAR no SIMEC O PAR seraacute base para termo de
convecircnio ou de cooperaccedilatildeo firmado entre o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e o ente apoiado
(MECPAR 2011 p 40 grifos nossos)
As praacuteticas dos teacutecnicos do MEC tecircm se apresentado contraditoacuterias ao seu discurso
quando afirmam em seus documentos oficiais ser ldquovoluntaacuteriardquo a adesatildeo do municiacutepio ao
PDEPlano de Metas Entretanto na praacutetica o que ocorre eacute quase uma imposiccedilatildeo aos municiacutepios
para a implantaccedilatildeo do PAR visto que condiciona o financiamento de algumas accedilotildees agrave adesatildeo
ao PAR A Lei nordm 126952012 define as quatro dimensotildees abrangidas pelo PAR passiveis de
serem financiadas ou receberem apoio teacutecnico do MEC sendo elas
Art 2o - O PAR seraacute elaborado pelos entes federados e pactuado com o Ministeacuterio da
Educaccedilatildeo a partir das accedilotildees programas e atividades definidas pelo Comitecirc
Estrateacutegico do PAR de que trata o art 3o [] sect 1o A elaboraccedilatildeo do PAR seraacute
precedida de um diagnoacutestico da situaccedilatildeo educacional estruturado em 4 (quatro)
dimensotildees []I - gestatildeo educacional []II - formaccedilatildeo de profissionais de
educaccedilatildeo []III - praacuteticas pedagoacutegicas e avaliaccedilatildeo [] IV -infraestrutura fiacutesica e
recursos pedagoacutegicos (BRASIL 2012)
Aleacutem disso os resultados do IDEB por parte do MEC refletem as condiccedilotildees para o
financiamento das accedilotildees como que alertam Adriatildeo e Garcia (2008 p 792) quando afirmam que
a adesatildeo ao Compromisso pode reduzir ldquoos processos pedagoacutegicos ao preparo para os exames
externos considerando-se que os resultados das avaliaccedilotildees concorreratildeo para o aumento dos
recursosrdquo
A ideia da poliacutetica do planejamento multidimensional e articulado com os entes
federados eacute interessante com a intermediaccedilatildeo das universidades e outras organizaccedilotildees
educacionais como a UNDIME e sindicatos educacionais auxiliam na implantaccedilatildeo da poliacutetica
e a prioridade na alocaccedilatildeo dos recursos sem interferecircncias poliacutetico-partidaacuterias Para Luce e
Farenzena (2007 p 11) a poliacutetica do MEC se caracteriza como uma ldquodescentralizaccedilatildeo
convergenterdquo levando em consideraccedilatildeo a prestaccedilatildeo de contas dos entes que aderem ao
Compromisso ou ainda tambeacutem pode ser caracterizada como uma descentralizaccedilatildeo
138
monitorada considerando a exigecircncia de um Planejamento de Accedilotildees Articuladas (PAR) e pela
existecircncia do IDEB em que eacute tomado como medida de avaliaccedilatildeo das accedilotildees que foram ou natildeo
realizadas Dessa forma os discursos da descentralizaccedilatildeo e da autonomia dos entes federados
entram em contradiccedilatildeo quanto a implantaccedilatildeo dessa poliacutetica
O Relatoacuterio Puacuteblico da siacutentese do diagnoacutestico do 1ordm PAR no municiacutepio de SantanaAP
nos indica a situaccedilatildeo de cada dimensatildeo conforme a avaliaccedilatildeo da equipe teacutecnica local por ocasiatildeo
da elaboraccedilatildeo do PAR A tabela 16 nos demonstra tal situaccedilatildeo
Tabela 17 Santana Siacutentese das pontuaccedilotildees das Dimensotildees do 1ordm PAR
Dimensotildees Pontuaccedilotildees
Total 4 3 2 1 na
1Gestatildeo Educacional 0 6 6 7 1 20
2 Formaccedilatildeo de Professores e de
Profissionais de Serviccedilos e Apoio Escolar 1 2 1 6 0 10
3 Praacuteticas Pedagoacutegicas e Avaliaccedilatildeo 1 3 2 2 0 08
4 Infraestrutura Fiacutesica e Recursos
Pedagoacutegicos 0 1 8 5 0 13
Total 2 12 17 20 1 52 Fonte SIMECMEC (2009)
De acordo com a tabela 16 o municiacutepio de Santana recebeu maior nuacutemero de pontuaccedilatildeo
1 e 2 que totalizam 71 do total de indicadores o que demonstra que haacute na rede uma situaccedilatildeo
mais para ruim do que boa As dimensotildees Gestatildeo Educacional e Infraestrutura Fiacutesica e Recursos
Pedagoacutegicos foram as responsaacuteveis pelo maior nuacutemero de pontuaccedilotildees 1 e 2 revelando estar
nessas dimensotildees as maiores fragilidades As pontuaccedilotildees 3 e 4 que representam uma situaccedilatildeo
boa ou oacutetima poreacutem correspondem apenas a 269 dos indicadores do 1ordm PAR
Em relaccedilatildeo agrave dimensatildeo da Gestatildeo Educacional 30 dos indicadores receberam
pontuaccedilatildeo 3 que eacute considerada boa segundo a avaliaccedilatildeo do MEC E 70 das pontuaccedilotildees da
gestatildeo foram 1 ou 2 o que expressa uma situaccedilatildeo insatisfatoacuteria
A elaboraccedilatildeo do 2ordm Plano de Accedilotildees Articuladas no municiacutepio de Santana ciclo 2011 a
2014 foi realizado no 2ordm semestre de 2011 com a participaccedilatildeo da equipe local
Segundo informaccedilotildees dos entrevistados a elaboraccedilatildeo do 2ordm PAR
Foi feita atraveacutes de reuniatildeo da equipe local envolvendo vaacuterios segmentos entre eles
a secretaacuteria diretores de todos os departamentos representantes de professores tanto
da zona rural como da urbana pedagogos da zona rural e urbana representantes de
diretores representantes de conselho escolar e representantes do conselho municipal
de educaccedilatildeo noacutes tivemos toda essa equipe reunidas 3 vezes por semana tanto de manhatilde
como a tarde onde eram feitos diagnoacutesticos e anaacutelise (Coordenadora do 2ordm PAR)
139
A siacutentese dos resultados do diagnoacutestico do 2ordm PAR realizado pela equipe local do
municiacutepio estaacute disponiacutevel na tabela 18 a seguir
Tabela 18 Santana Siacutentese das pontuaccedilotildees das Dimensotildees do 2ordm PAR
Dimensotildees Pontuaccedilotildees
4 3 2 1 na Total
1Gestatildeo Educacional 0 9 16 3 0 28
2 Formaccedilatildeo de Professores e de
Profissionais de Serviccedilos e Apoio Escolar 0 7 5 4 1 17
3 Praacuteticas Pedagoacutegicas e Avaliaccedilatildeo 0 9 5 1 0 15
4 Infraestrutura Fiacutesica e Recursos
Pedagoacutegicos 0 0 14 8 0 22
Total 0 25 40 16 1 82 Fonte SIMECMEC (2015)
Como podemos analisar na tabela 18 nenhum indicador recebeu a pontuaccedilatildeo 4 Quase
50 dos indicadores obtiveram a pontuaccedilatildeo 2 se somarmos as pontuaccedilotildees 1 e 2 obteremos um
total de 682 de indicadores o que descreve uma situaccedilatildeo insuficiente e por isso aponta mais
aspectos negativos e de situaccedilatildeo criacutetica ao municiacutepio As dimensotildees gestatildeo educacional e
infraestrutura fiacutesica e recursos pedagoacutegicos tem sido os principais responsaacuteveis pela situaccedilatildeo
insuficiente
E se comparamos o 1ordm e 2ordm diagnoacutestico do PAR em um panorama geral podemos
perceber que 71 das pontuaccedilotildees 1 e 2 estatildeo no 1ordm PAR e no 2ordm PAR satildeo 682 isto eacute houve
uma quase insignificante alteraccedilatildeo na situaccedilatildeo do municiacutepio em relaccedilatildeo aos indicadores
Inclusive 2 indicadores que demonstravam pontuaccedilatildeo 4 no 1ordm PAR natildeo mais apareceram no 2ordm
PAR
Em relaccedilatildeo agrave dimensatildeo Gestatildeo Educacional no 2ordm PAR 678 dos indicadores
apresentaram-se com insatisfatoacuterios ou criacuteticos Se comparados ao 1ordm PAR em que 70 dos
indicadores tambeacutem foram pontuados como insatisfatoacuterios ou criacuteticos observa-se que nessa
dimensatildeo teve uma quase insignificante evoluccedilatildeo de 22 a mais
No que se refere ainda a baixa pontuaccedilatildeo de indicadores de Infraestrutura Fiacutesica e
Recursos Pedagoacutegicos no 1ordm e 2ordm PAR pudemos identificar atraveacutes dos termos de compromisso
(Extrato de execuccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas - PAR) disponiacuteveis em consulta puacuteblica
no SIMEC (2015) planejamento para investimentos nessa dimensatildeo (4) em indicadores da
aacuterea 2 sendo
a) seis termos de compromisso relativos a compra de mobiliaacuterio equipamentos e materiais
didaacuteticos e pedagoacutegicos (accedilotildees e sub-accedilotildees do indicador 4211)
140
b) um termo de compromisso de infraestrutura (reforma) de unidades escolares que ofertam EF
na zona urbana (accedilotildees e sub-accedilotildees do indicador - 425emenda parlamentar)
c) aquisiccedilatildeo de nove ocircnibus escolares (accedilotildees e sub-accedilotildees do indicador - 4212)
d) quatro escolas comtempladas com construccedilatildeoampliaccedilatildeo de salas de aula para a educaccedilatildeo do
campo indiacutegena ou quilombola (accedilotildees e sub-accedilotildees do indicador 4210)
e) duas escolas comtempladas com construccedilatildeoampliaccedilatildeo de salas de aula de EF na zona urbana
(accedilotildees e sub-accedilotildees do indicador 429) (MECPAR 2015)
A coordenadora do 2ordm PAR afirma que ldquoo prefeito natildeo tinha a noccedilatildeo do que era o PAR
quando ele soube que era para receber recursos toda a atenccedilatildeo comeccedilou a ser dada para a
elaboraccedilatildeo do PARrdquo Natildeo obstante os recursos decorrentes do PAR considerando a totalidade
das receitas para com o financiamento da funccedilatildeo educaccedilatildeo no municiacutepio satildeo iacutenfimos conforme
jaacute demonstramos anteriormente Para o ano de 2009 representou 1 e em 2013 apenas 3 do
total das receitas
O que tambeacutem temos observado eacute que muitos dos recursos que foram alocados ainda no
1ordm PAR foram prorrogados e estatildeo em execuccedilatildeo e natildeo foram ainda concluiacutedos por parte do
municiacutepio como eacute o caso daqueles destinados agrave construccedilatildeo de creches Mas quais as
implicaccedilotildees do PAR para a democratizaccedilatildeo da gestatildeo A anaacutelise dos principais indicadores a
seguir nos daraacute pistas a esse respeito
34 OS INDICADORES DA GESTAtildeO DEMOCRAacuteTICA DO PLANO DE ACcedilOtildeES
ARTICULADAS NA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE SANTANA (2007-2014)
Os indicadores de gestatildeo democraacutetica no 1ordm e 2ordm PAR que satildeo objetos desse estudo satildeo
seis Conselho Escolar Conselho Municipal de Educaccedilatildeo Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar
Comitecirc Local do Compromisso Conselho do FUNDEB e Criteacuterios para a escolha de Diretores
A pontuaccedilatildeo que revela o diagnoacutestico da situaccedilatildeo a respeito de cada indicador realizado
por ocasiatildeo do 1ordm PAR (2007) e do 2ordm PAR (2011) demonstrada a seguir nos subsidiaraacute a anaacutelise
da evoluccedilatildeo do desenvolvimento das condiccedilotildees de democratizaccedilatildeo da gestatildeo em Santana
Quadro 10 ndash Santana Pontuaccedilatildeo dos indicadores de gestatildeo democraacutetica no 1ordm e 2ordm PAR
PAR CE CME CAE Comitecirc
Local
Conselho do
FUNDEB
Criteacuterios para a Escolha
de Diretores
1ordm PAR
(2007-2010) 3 1 1 1
2ordm PAR
(2011-2014) 3 3 2 1 2 3
Fonte SIMEC ndash Elaborado pela autora Nota 1 Indicador ausente no 1ordm PAR Nota 2 No 2ordm PAR
esse indicador foi remanejado para a Dimensatildeo Gestatildeo de Pessoas
141
No quadro 10 o diagnoacutestico situacional da gestatildeo democraacutetica da educaccedilatildeo no
municiacutepio de Santana informado pela SEME indicou que no 1ordm PAR dos quatro indicadores
analisados61 em trecircs deles (Existecircncia e funcionamento de CME Existecircncia e funcionamento
do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar e Criteacuterios para escolha de diretores) a pontuaccedilatildeo
atribuiacuteda foi 1 o que demonstra uma situaccedilatildeo muito criacutetica revelando aspectos negativos
Apenas um indicador foi diagnosticado com a pontuaccedilatildeo 3 (Existecircncia e funcionamento de
Conselho escolar) que descreve uma situaccedilatildeo satisfatoacuteria Jaacute no 2ordm PAR dos seis indicadores
analisados trecircs indicadores receberam a pontuaccedilatildeo 3 (Existecircncia e funcionamento de Conselho
escolar Existecircncia e funcionamento de CME e Criteacuterios para escolha de diretores) dois
indicadores receberam pontuaccedilatildeo 2 (Existecircncia e funcionamento do Conselho de Alimentaccedilatildeo
Escolar e Existecircncia e funcionamento do Conselho do FUNDEB) Apenas o Escolar um
indicador recebeu pontuaccedilatildeo 1 (Comitecirc Local)
Essa situaccedilatildeo deveraacute ser analisada mais detalhadamente em cada indicador nos itens a
seguir na perspectiva de compreender as implicaccedilotildees do PAR para a democratizaccedilatildeo da gestatildeo
por meio da anaacutelise do funcionamento de cada um desses indicadores no acircmbito da rede
municipal
341 Existecircncia composiccedilatildeo e funcionamento dos Conselhos Escolares (CE)
O municiacutepio de Santana desde 1994 jaacute dispotildee da sua lei especiacutefica Nordm 15394 que trata
sobre a criaccedilatildeo do Conselho Escolar nos estabelecimentos do sistema municipal de ensino A
existecircncia de Conselhos Escolares na rede municipal de Santana eacute tambeacutem mencionada na Lei
Orgacircnica do Municiacutepio promulgada em 1992 revisada e atualizada no ano de 2000 em seu
art 159 e 160 define as funccedilotildees do CE e a elaboraccedilatildeo de um regimento da escola que seja
participativo
Art 159 ndash As escolas puacuteblicas municipais contaratildeo com conselhos escolares
constituiacutedos pela direccedilatildeo da escola e representantes dos segmentos da comunidade
escolar com funccedilotildees consultiva deliberativa e fiscalizadora na forma da Lei
Art 160 ndash Os estabelecimentos de ensino deveratildeo ter um regimento elaborado pela
Comunidade Escolar homologado pelo conselho da escola e submetido a posterior
aprovaccedilatildeo do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (SANTANA 2000 p 34)
Entretanto a rede municipal justificou que possui escolas que natildeo tem os Conselhos
Escolares constituiacutedos principalmente ldquoporque ainda tem funcionaacuterios do contrato
administrativo ou seja natildeo satildeo efetivos e esta eacute uma das exigecircncias conforme o estatuto do
61Dos seis indicadores focalizados neste trabalho dois deles natildeo constavam no primeiro PAR (o Comitecirc Local e
Conselho do FUNDEB)
142
conselho escolarrdquo (Conselheira do CE - governamental) Como podemos analisar ainda haacute
funcionaacuterios puacuteblicos admitidos por contratos administrativos sem estabilidade no cargo e sem
passar por provas e tiacutetulos
Os Conselhos Escolares satildeo de grande importacircncia por serem os incentivadores da
participaccedilatildeo contribuindo para a construccedilatildeo de uma cultura democraacutetica que rompa com a
loacutegica do poder centralizador das decisotildees de um pequeno grupo estimulando assim um local
de exerciacutecio contiacutenuo e cotidiano do diaacutelogo e da negociaccedilatildeo ldquoum espaccedilo de aprendizagem
participativa democraacutetica e de empowerment de seus componentes () que se desenvolvem
como construccedilatildeo da comunidade escolar a democracia estaraacute sendo construiacuteda ativamente e
vivenciada em processos concretosrdquo (WERLE 2003 p 11)
A composiccedilatildeo do Conselho Escolar no municiacutepio de Santana eacute de 9 (nove) conselheiros
sendo um titular e um suplente de cada segmento da comunidade escolar O diretor da Unidade
Escolar eacute membro ldquonatordquo e natildeo passa por eleiccedilatildeo tendo sua participaccedilatildeo garantida no CE mas
natildeo poderaacute ser o presidente (SANTANA 2000) No instante em que a uma legislaccedilatildeo daacute
poderes a integrantes dos Conselhos natildeo passarem por eleiccedilatildeo estatildeo utilizando de
procedimentos antidemocraacuteticos visto que os conselhos representam a participaccedilatildeo nas
discussotildees e o poder de tomar decisotildees
Nesse caso os direitos civis de uma comunidade em que envolve a efetiva participaccedilatildeo
com engajamento nas questotildees de interesse puacuteblico envolve tambeacutem igualdade poliacutetica entre
todos os participantes participaccedilatildeo ativa toleracircncia voluntariedade e o espaccedilo deve ser
propiacutecio para concordar ou discordar dos pontos de vista propostos sem constrangimento
passividade ou imposiccedilotildees
O quadro 11 apresenta o diagnoacutestico realizado pela equipe local do municiacutepio quanto
ao indicador ldquoExistecircncia de Conselhos Escolares (CE)rdquo no 1ordm e 2ordm PAR
Quadro 11 - SANTANA Diagnoacutestico do Indicador Conselho Escolar
PAR Indicador Pontuaccedilatildeo
1ordf versatildeo do PAR
(2007-2010) Existecircncia de Conselhos Escolares 3
2ordf versatildeo do PAR
(2011-2014)
Existecircncia e funcionamento de
Conselhos Escolares 3
Fonte SIMEC ndash Elaborado pela autora
De acordo com o quadro 11 o indicador ldquoExistecircncia de Conselhos Escolaresrdquo no 1ordm PAR
(2007-2010) recebeu a pontuaccedilatildeo 3 o que de acordo com as convenccedilotildees do MEC significa
que haacute conselhos escolares atuantes em pelo menos 50 das escolas da rede que a secretaria
143
sugeria e orientava a implantaccedilatildeo dos CE e que as escolas da rede em parte se mobilizavam
para implantar CE
No 2ordm PAR (2011-2014) o indicador ldquoExistecircncia e funcionamento de Conselhos
Escolaresrdquo por ocasiatildeo da pontuaccedilatildeo 3 gerou cinco sub-accedilotildees a serem realizadas pela SEME
como
a) qualificar os teacutecnicos da SEME que satildeo responsaacuteveis pela implantaccedilatildeo e
fortalecimento dos conselhos escolares b) instituir um grupo articulador de
criaccedilatildeo e fortalecimento dos conselhos escolares e de outros documentos
relacionados a gestatildeo democraacutetica da escola c) sensibilizar a comunidade escolar
e local dentre eles pais professores diretores escolares demais funcionaacuterios da
escola e comunidade sobre a importacircncia da gestatildeo democraacutetica na escola e
mobilizaacute-la para a implantaccedilatildeo do conselho escolar onde ele natildeo existir e)
monitorar e apoiar a atuaccedilatildeo dos conselhos na rede de ensino f) incentivar a
integraccedilatildeo entre os conselhos escolares (PAR 2011-2014)
b)
Segundo uma entrevistada integrante do Conselho Escolar que faz parte da equipe de
fortalecimento dos conselhos escolares as sub-accedilotildees que se referem ao monitoramento e apoio
aos conselhos escolares bem como a integraccedilatildeo entre eles natildeo ocorreram
Quando perguntamos agrave Conselheira sobre a existecircncia implantaccedilatildeo e funcionamento
dos CE na rede municipal de ensino ela assim descreveu o processo
90 das escolas tecircm Conselhos Escolares implantados por que as mesmas trabalham
com caixas escolares e os representantes do caixa escolar satildeo eleitos dentro da
composiccedilatildeo do Conselho Escolar Ficando entendido que o caixa escolar eacute o oacutergatildeo
que trabalha com o recurso financeiro da unidade escolar e eacute tirado de dentro da
composiccedilatildeo do Conselho Escolar () na implantaccedilatildeo dos conselhos escolares a SEME
vem para as escolas faz uma assembleia sensibiliza todos os envolvidos na escola e
mostra o que eacute o conselho qual a funccedilatildeo do conselho mostra o que pode e o que natildeo
pode fazer orienta de acordo com as leis e orientamos que faccedilam as assembleias por
segmento Eacute assim que orientamos (Conselheira Escolar)
No que diz respeito ao funcionamento dos Conselhos Escolares a conselheira avalia que
A implantaccedilatildeo eacute uma beleza jaacute o funcionamento eacute uma dificuldade pois a gente
percebe que haacute uma negaccedilatildeo Os proacuteprios pais dizem que o conselho escolar natildeo
funciona ou natildeo tem tempo de participar Os Caixas escolares as pessoas tecircm medo
de se envolverem com as questotildees financeiras e natildeo querem participar (Conselheira
Escolar)
Como podemos perceber na fala da entrevistada os conselhos satildeo implantados
principalmente por ser uma exigecircncia da Uniatildeo para a composiccedilatildeo dos caixas escolares pois
somente dessa forma as escolas teratildeo acesso aos recursos Sendo que o Conselho Escolar pode
exercer tambeacutem a funccedilatildeo de Unidade Executora (UEx) responsaacutevel por receber os recursos
do PDDE (Programa Dinheiro Direto na Escola) Mas sua atuaccedilatildeo natildeo deve se restringir apenas
agraves accedilotildees financeiras Outro aspecto interessante diz respeito ao fato de que quando o conselho
144
escolar natildeo exerce a funccedilatildeo de Unidade Executora natildeo haacute necessidade de registraacute-lo em
cartoacuterio Mas mesmo natildeo sendo a Unidade Executora o conselho escolar deve participar do
planejamento e da execuccedilatildeo dos recursos financeiros (MECPAR 2011)
No levantamento de dados do Sistema de Informaccedilotildees sobre Orccedilamentos Puacuteblicos em
Educaccedilatildeo (SIOPE) natildeo encontramos registrados no municiacutepio de Santana os lsquoConselhos
Escolaresrsquo como Unidades Executoras o que foram encontrados foram lsquoCaixas Escolaresrsquo De
acordo com o MEC as Caixas Escolares satildeo unidades executoras com personalidade juriacutedica
de direito privado com CNPJ sem fins lucrativos Eacute portanto categoria de associaccedilatildeo natildeo
pertence agrave administraccedilatildeo puacuteblica eacute apenas vinculada agrave escola As Caixas Escolares tecircm como
objetivo gerir a verba transferida por isso chamada de Unidade Executora Portanto todas as
escolas devem possuir sua Caixa Escolar e aquelas escolas com pequena quantidade de alunos
(ateacute 50 alunos) eacute facultativa a criaccedilatildeo da unidade executora Nesta situaccedilatildeo a escola recebe o
recurso por meio da Prefeitura ou da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo (MECFNDE)
Para receber os recursos do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) as escolas
puacuteblicas do municiacutepio precisaram criar suas Caixas Escolares Os recursos do PDDE servem
para compra de material de consumo manutenccedilatildeo conservaccedilatildeo e reparos na unidade escolar
e pequenos investimentos em bens permanentes Servem tambeacutem para accedilotildees previstas na
escola incluindo acessibilidade programaccedilotildees culturais educaccedilatildeo integral atletas na escola
dentre outros
Nesse sentido o discurso da ldquodescentralizaccedilatildeo administrativardquo que eacute um dos
mecanismos segundo Bresser-Pereira (1996) para a organizaccedilatildeo institucional e eacute um dos
objetivos da Reforma do Estado que envolve mudanccedilas na gestatildeo e no funcionamento dos
sistemas de ensino em que as Unidades Escolares tecircm entatildeo uma autonomia relativa pois esta
deveraacute ser gerenciada pelo poder central atraveacutes dos mecanismos de controle E sendo os caixas
escolares instituiccedilotildees de direito privado natildeo pertencentes as escolas puacuteblicas o que observamos
nesse caso eacute uma instituiccedilatildeo privada dentro de uma instituiccedilatildeo puacuteblica como nos alertava
Peroni (2005) onde a loacutegica que prevalece eacute a da gestatildeo privada
No que diz respeito aos recursos financeiros da educaccedilatildeo ao municiacutepio destacamos os
repasses realizados ao municiacutepio pelo governo federal atraveacutes de diversos Programas as escolas
da rede municipal de ensino de Santana por meio dos caixas escolares tais como PDDE ndash
Educaccedilatildeo Baacutesica PDDE ndash Atleta na Escola PDDE ndash Acessibilidade PDDE ndash Educaccedilatildeo
Integral PDDE ndash Escola Campo PDDE ndash Escola Sustentaacutevel PDDE ndash Cultura na Escola PDE
ndash escola
145
No que diz respeito agraves receitas com repasses diretamente as escolas da rede municipal
de Santana fizemos um levantamento financeiro anual do periacuteodo desde a chegada do PAR ao
municiacutepio O quadro 12 apresenta o montante financeiro anual recebido pelas escolas por meio
das Caixas Escolares
Quadro 12 ndash Santana Receitas do PDDE por Programa para as escolas da rede municipal de
Santana (2007-2014)
Ano Programas Nordm de escolas
atendidas
Total de Recursos
Recebidos
2007
PDDE ndash Educaccedilatildeo Baacutesica 10 5672840
PDE ndash Escola 01 3100000
Total em R$ - 8772840
2008
PDDE ndash Educaccedilatildeo Baacutesica 11 7241850
PDDE ndash Acessibilidade 01 1600000
Total em R$ - 8841850
2009
PDDE ndash Educaccedilatildeo Baacutesica 19 13994210
PDDE ndash Educaccedilatildeo Integral 10 27959202
PDE ndash Escola 08 11400000
Total em R$ - 53353412
2010
PDDE ndash Educaccedilatildeo Baacutesica 20 15587050
PDDE ndash Educaccedilatildeo Integral 10 32808372
Total em R$ - 48395422
2011
PDDEndash Educaccedilatildeo Baacutesica 04 2252310
PDDE ndash Acessibilidade 01 700000
Total em R$ - 2952310
2012
PDDE ndash Educaccedilatildeo Baacutesica 28 15916648
PDDE ndash Acessibilidade 06 5660000
PDDE ndash Escola Campo 04 7380000
PDDE ndash Educaccedilatildeo Integral 20 66015986
PDE ndash Escola 04 15100000
Total em R$ - 110072634
2013
PDDE ndash Educaccedilatildeo Baacutesica 28 24390000
PDDE ndash Estrutura (Acessibilidade) 10 9660000
PDDE ndash Estrutura (Escola Campo) 02 3000000
PDDE ndash Qualidade (Escola Sustentaacutevel) 06 5600000
PDDE ndash Qualidade (Atleta na Escola) 05 578700
PDDE ndash Educaccedilatildeo Integral 22 95435872
Total em R$ - 138664572
2014 PDDE ndash Educaccedilatildeo Baacutesica 3462 12998402
62 O municiacutepio de Santana no ano de 2014 possui 31 escolas e 17 anexos de escolas Entretanto o repasse do
PDDE no ano de 2014 foi para 34 caixas escolares Nessa pesquisa natildeo conseguimos identificar o porquecirc de 34
caixas escolares terem recebido o recurso
146
PDDE ndash Estrutura (Acessibilidade) 03 3740000
PDDE ndash Qualidade (Atleta na Escola) 10 1212900
PDDE ndash Qualidade (Cultura na Escola) 05 6100000
PDDE ndash Educaccedilatildeo Integral 25 59463154
Total em R$ - 83514456
Total Geral em R$ - 454567496
Fonte FNDESIOPE (2015) ndash Organizado pela autora
De acordo com o quadro 12 podemos perceber um volume de repasses no montante de
R$ 454567496 para as escolas puacuteblicas da rede municipal em um periacuteodo de 8 anos Se
compararmos o recurso do ano de 2007 com o de 2014 os recursos aumentaram 945 e se
comparado ao ano de 2013 o crescimento foi de 1580
Nos dados do SIOPE podemos identificar o volume de recursos repassados diretamente
as caixas escolares das escolas puacuteblicas da rede municipal de Santana Os recursos referem-se
aos Programas criados a partir do PDEPlano de Metas
Graacutefico 5 ndash Total de repasses do PDDE para as escolas da rede municipal 2007 - 2014
Fonte SIOPE (2016)
Como podemos observar no graacutefico 5 comparando os anos de 2007 e 2014 houve um
elevado crescimento nos repasses financeiros destinados aos caixas escolares das escolas
municipais O quadro 12 indica os programas que foram implantados e a quantidade de escolas
que receberam esses programas atraveacutes das caixas escolares
Os dados revelam tambeacutem um aumento no nuacutemero de caixas escolares que em 2007
eram 10 e em 2014 jaacute haviam 34 implantadas O quadro 12 aponta um crescimento nos valores
dos repasses a partir de 2009 isso pode ter ocorrido devido a assinatura do Termo de Adesatildeo
000
20000000
40000000
60000000
80000000
100000000
120000000
140000000
160000000
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
147
ao Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo entre o governo federal e o municiacutepio de Santana e
consequentemente a incorporaccedilatildeo dos programas no acircmbito do PAR no municiacutepio
Os programas estatildeo sendo criados gradativamente no municiacutepio agrave medida que as
escolas organizam os seus Conselhos Escolares os primeiros programas foram o PDDE e o
PDE ndash Escola em 2007 o PDE-Acessibilidade eacute criado em 2008 o Programa Educaccedilatildeo Integral
em 2009 em 2012 o programa Educaccedilatildeo do Campo no ano de 2013 eacute a vez dos programas
Atleta na Escola e Escola Sustentaacutevel e em 2014 o programa Cultura na Escola tambeacutem foi
contemplado para o municiacutepio
O Programa Educaccedilatildeo Integral foi implantado no ano de 2009 em 10 escolas municipais
chegando a 25 escolas no ano de 2014 Eacute o Programa que mais tem absorvido recursos do
FNDE no total de R$ 281682586 em 5 anos63 atingindo 62 do valor total das receitas que
foi de R$ 454567496 destinados aos caixas escolares das escolas puacuteblicas municipais de
Santana
Tabela 19 ndash Santana Total de Recursos do PDDE recebidos pelas Caixas Escolares da rede
municipal no periacuteodo de 2007-2014
Ano Nordm de caixas escolares Total de Recursos
Recebidos
2007 10 8772840
2008 11 8841850
2009 19 53353412
2010 20 48395422
2011 04 2952310
2012 28 110072634
2013 28 138664572
2014 34 83514456
Fonte FNDESIOPE
Os dados da tabela 19 mostram que o nuacutemero de caixas escolares tem crescido na rede
municipal em 2007 eram apenas 10 caixas escolares e em 2014 jaacute eram 34 Em 2011 observou-
se uma queda no nuacutemero de caixas escolares que receberam recursos isso pode ter ocorrido
devido a natildeo prestaccedilatildeo de contas ao FNDE nesse caso os caixas escolares ficam na condiccedilatildeo
de inadimplentes e natildeo recebem recursos ateacute efetivarem a prestaccedilatildeo de contas
Eacute notoacuterio no documento ldquoPrograma Nacional de Fortalecimento dos Conselhos
Escolaresrdquo elaborado pelo MEC e proposto ao municiacutepio de Santana e consequentemente as
63O Programa Educaccedilatildeo Integral transferiu recursos para o municiacutepio nos anos 2009 2010 2012 2013 e 2014
148
unidades escolares A desconcentraccedilatildeo de tarefas do MEC para as unidades escolares fazem
com que as escolas se preocupem mais em atingir as metas propostas pelo MEC do que com os
procedimentos pedagoacutegicos para a melhoria da qualidade da educaccedilatildeo A ideia eacute de um modelo
gerencial para educaccedilatildeo onde a poliacutetica eacute planejada verticalmente e descentralizada na sua
execuccedilatildeo Nesse exemplo cabe ao MEC a centralizaccedilatildeo das informaccedilotildees e aos municiacutepios a
execuccedilatildeo dos 13 (treze) itens que satildeo atribuiacutedos aos membros do CE e que perpassam desde a
promoccedilatildeo discussatildeo criaccedilatildeo assessoramento fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo integraccedilatildeo ateacute garantias
de aprovaccedilatildeo encaminhamento e divulgaccedilatildeo de accedilotildees
Embora a caixa escolar seja parte do Conselho Escolar o que constatamos foi a pouca
participaccedilatildeo dos conselheiros nas reuniotildees do CE nas escolas da rede municipal o que
inviabiliza a construccedilatildeo de uma gestatildeo democraacutetica e um planejamento coletivo para a
construccedilatildeo da autonomia da escola
342 Existecircncia composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (CME)
No que diz respeito ao diagnoacutestico desse indicador da gestatildeo no municiacutepio de Santana
nas duas versotildees do PAR foi o seguinte
Quadro 13 Santana Diagnoacutestico do Indicador Conselho Municipal de Educaccedilatildeo
PAR Indicador Pontuaccedilatildeo
1ordf versatildeo do PAR
(2007-2010)
Existecircncia composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do
Conselho Municipal de Educaccedilatildeo 1
2ordf versatildeo do PAR
(2011-2014)
Existecircncia composiccedilatildeo competecircncia e atuaccedilatildeo do
Conselho Municipal de Educaccedilatildeo 3
Fonte SIMEC ndash Elaborado pela autora
Notadamente houve um avanccedilo na pontuaccedilatildeo entre os diferentes anos A pontuaccedilatildeo 1
expressa conforme o MEC ldquoquando natildeo existe um CME implementado ou quando o CME
existente eacute apenas formalrdquo Embora exista lei aprovada desde 1998 o Conselho foi
diagnosticado pela equipe que elaborou o 1ordm PAR como inexistente ou natildeo funcionava Na 2ordf
versatildeo do PAR o CME foi diagnosticado com pontuaccedilatildeo 3 A conselheira entrevistada
justificou essa pontuaccedilatildeo devido a melhor organizaccedilatildeo da documentaccedilatildeo e que
Existe o Conselho Municipal de Educaccedilatildeo - CME com regimento interno escolha
democraacutetica dos conselheiros poreacutem nem todos os segmentos estatildeo representados o
CME zela pelo cumprimento das normas natildeo auxilia a SEME no planejamento
149
municipal da Educaccedilatildeo na distribuiccedilatildeo de recursos no acompanhamento e avaliaccedilatildeo
das accedilotildees educacionais (Conselheira do CME - Representante governamental)
Nesse sentido existe a pouca representatividade na composiccedilatildeo do CME da sociedade
civil o CME tambeacutem fica inviabilizado de realizar algumas accedilotildees devido agrave falta de
transparecircncia nos recursos financeiros que impedem o debate e o planejamento coletivo das
accedilotildees junto a SEME a natildeo representaccedilatildeo da sociedade civil no CME inviabilizando assim a
participaccedilatildeo do CME Poreacutem segundo a conselheira o CME tem auxiliado no planejamento
municipal da Educaccedilatildeo bem como no acompanhamento e avaliaccedilatildeo das accedilotildees educacionais do
IDEB
Como se pode perceber na resposta da entrevistada eacute que a democratizaccedilatildeo da educaccedilatildeo
natildeo tem ocorrido no municiacutepio pois a SEME natildeo tem autonomia para gerenciar o seu proacuteprio
orccedilamento e nem o CME pois segundo a Lei Municipal Nordm 366 de 1998 o Conselho tem o
papel somente de ldquoassessorarrdquo a poliacutetica e da legislaccedilatildeo educacional municipal O que retira a
autonomia poliacutetica dos conselheiros de participar de todos os temas relativos agrave educaccedilatildeo
municipal
Dessa forma aponta como necessidade para a melhoria da atuaccedilatildeo do CME
A descentralizaccedilatildeo dos recursos financeiros da prefeitura para a Secretaria Municipal
de Educaccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo da representatividade na composiccedilatildeo do conselho que
garanta a participaccedilatildeo da sociedade civil com auxiacutelio de um estudo envolvendo
profissionais do MEC (Conselheira do CME - Representante governamental)
O Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (CME) foi criado pela Lei Nordm 366 de 14 de abril de
1998 no seu art 1ordm aponta que o CME eacute criado ldquocom a finalidade baacutesica de assessorar o
Governo Municipal na formulaccedilatildeo da poliacutetica e legislaccedilatildeo educacional do municiacutepiordquo
(SANTANA 1998) e apresenta 21 finalidades para o CME
I ndash Normatizar procedimentos educacionais no acircmbito do municiacutepio analisar ou
propor programas projetos ou atividades de expansatildeo e aperfeiccediloamento ()
II ndash Analisar autorizar o funcionamento de unidades escolares de direito privado e
reconhecer unidades escolares ()
III ndash Sugerir diretrizes ()
IV ndash Promover a) O acompanhamento e o controle social na aplicaccedilatildeo de recursos
()
IX - Supervisionar a realizaccedilatildeo do Censo Escolar anual
()
XIII- Avaliar o ensino ministrado pela Administraccedilatildeo Municipal e recomendar
diretrizes agrave sua expansatildeo e aperfeiccediloamento
XX ndash Aprovar o calendaacuterio
() (SANTANA 1998 p 01-03) [destaque em negrito nossos]
150
Ao observar as finalidades do CME percebe-se que o oacutergatildeo eacute responsaacutevel pela
orientaccedilatildeo na conduccedilatildeo do Sistema Municipal de Educaccedilatildeo de Santana da formulaccedilatildeo da
poliacutetica da legislaccedilatildeo educacional e pelas accedilotildees destacadas entendemos que o CME tem caraacuteter
mais amplo consultivo deliberativo normativo e fiscalizador De acordo com a Lei Nordm
3661998 - PMS o conselho eacute composto por
Quadro 14 ndash Santana Composiccedilatildeo do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (CME)
Membros
I ndash um representante da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo
II ndash um representante dos professores municipais
III ndash um representante dos diretores das escolas puacuteblicas municipais
IV ndash um representante dos servidores das escolas puacuteblicas do ensino municipal
V ndash um representante dos Conselhos escolares municipais
VI ndash um representante dos estabelecimentos particulares de ensino fundamental
VII ndash um representante do oacutergatildeo estadual de ensino sediado no municiacutepio
Fonte Prefeitura Municipal de Santana ndash Elaborado pela autora
A lei de criaccedilatildeo do Conselho natildeo menciona aspectos quanto agrave paridade de seus membros
entre representantes do poder puacuteblico e da sociedade civil No que se refere aos criteacuterios de
escolha destacamos no sect4ordm do art 2ordm da Lei 3661998 - PMS que uma parte dos representantes
poderatildeo ser escolhidos democraticamente em assembleias e os demais devem ser indicados ldquoos
representantes II III IV e V seratildeo escolhidos em assembleias especialmente convocadas e os
demais seratildeo indicados por suas entidades para nomeaccedilatildeo do prefeitordquo (SANTANA 1998 p
4) Entretanto a proacutepria composiccedilatildeo do CME deixa clara a disparidade entre poder puacuteblico e
sociedade civil quando natildeo eacute proposto na composiccedilatildeo da Associaccedilatildeo de pais e mestres os
sindicatos as Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais o Ministeacuterio Puacuteblico dentre outros oacutergatildeos
de representaccedilatildeo colegiada
Os representantes do CME apoacutes escolhidos satildeo nomeados pelo prefeito para o mandato
de 04 (quatro) anos podendo este tempo ser renovado por mais um mandato O presidente do
Conselho ficaraacute por dois anos podendo ser reeleito As reuniotildees ordinaacuterias devem ocorrer
quinzenalmente e extraordinariamente sempre que convocados
De acordo com uma representante do CME entrevistada
() as reuniotildees ateacute ocorrem mas as coisas natildeo satildeo encaminhadas como deveriam natildeo
haacute regulamentaccedilatildeo das resoluccedilotildees () a gente assessora a SEME como teacutecnica da
SEME mas deveria ser pelo CME embora o CME esses tempos esteja mais atuante
para a aprovaccedilatildeo do Plano Municipal de Educaccedilatildeo (Representante do CME -
Representante governamental)
151
Podemos assim perceber que existe o CME no municiacutepio a composiccedilatildeo se daacute
praticamente pelo poder puacuteblico e existe pouca efetividade na atuaccedilatildeo na execuccedilatildeo das suas
competecircncias enquanto oacutergatildeo colegiado do CME Dessa forma compreendemos que o
Conselho Municipal de Educaccedilatildeo natildeo estaacute atuando conforme o que se define em lei como suas
competecircncias Aleacutem de haver pouca participaccedilatildeo dos membros do CME no que se refere ao
acompanhamento da execuccedilatildeo dos recursos da educaccedilatildeo ele eacute pouco atuante na resoluccedilatildeo das
demandas e accedilotildees que deveriam ser executadas pelo Conselho
O fato de o CME natildeo contar com integrantes da sociedade civil com atuaccedilatildeo criacutetica e
comprometidas com a efetividade das poliacuteticas puacuteblicas o que pode ser um dos motivos pelo
qual natildeo haacute efetividade nas accedilotildees e pouco tem contribuiacutedo com a democratizaccedilatildeo e a autonomia
da gestatildeo
343 Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho Municipal de Alimentaccedilatildeo Escolar (CAE)
No municiacutepio de SantanaAP o Conselho Municipal de Alimentaccedilatildeo Escolar ndash CAE foi
instituiacutedo pela Lei Nordm 488 de 10 de maio de 2001 anteriormente existia outra Lei Nordm 458 de
1999 ndash PMS que foi revogada Segundo a Lei atual Nordm 4882001 o CAE de Santana apresenta
as seguintes caracteriacutesticas eacute um oacutergatildeo que tem caraacuteter consultivo orientador normativo
fiscalizador e de funcionamento permanente
No Art 8ordm da Lei municipal Nordm 4882001 indica a composiccedilatildeo do CAE que deve ter 07
(sete) representantes titulares e 07 (sete) suplentes dentre os quais estatildeo representantes do poder
puacuteblico governamental e da sociedade civil sendo um Representante do Poder Executivo um
Representante do Poder Legislativo dois Representantes dos Professores dois Representantes
dos Pais dos Alunos um Representante de outros segmentos da Sociedade Os representantes
do CAE satildeo indicados pelos Chefes dos Poderes Executivo e Legislativo bem como pelas
respectivas entidades indicadas no art 8ordm e satildeo nomeados por ato do Prefeito
No diagnoacutestico realizado pelo municiacutepio no PAR esse indicador obteve as seguintes
pontuaccedilotildees
Quadro 15 Santana Diagnoacutestico do Indicador Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar
PAR Indicador Pontuaccedilatildeo
1ordf versatildeo do PAR
(2007-2010)
Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do
Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar 1
2ordf versatildeo do PAR
(2011-2014)
Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do
Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar 2
Fonte SIMEC (2015)
152
Quanto agrave avaliaccedilatildeo do 1ordm PAR nesse indicador o municiacutepio de Santana recebeu a
pontuaccedilatildeo 1 o que caracteriza que o Conselho existe formalmente apenas para receber o
recurso do Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar (PNAE) ou que pode natildeo estar atuando
da forma como se prevecirc que funcione Ou seja pode natildeo estar atuando na fiscalizaccedilatildeo e nem
no acompanhamento de execuccedilatildeo dos recursos e de distribuiccedilatildeo da merenda
No 2ordm PAR a pontuaccedilatildeo indicada foi 2 o que implica dizer de acordo com o MEC que
eacute quando o CAE natildeo eacute representado por todos os segmentos natildeo existe um regimento
interno as reuniotildees natildeo satildeo regulares raramente acontece a fiscalizaccedilatildeo da aplicaccedilatildeo
dos recursos transferidos o CAE natildeo acompanha a compra nem a distribuiccedilatildeo dos
alimentosprodutos nas escolas natildeo estaacute atento as boas praacuteticas sanitaacuterias de higiene
e ao objetivo de formaccedilatildeo dos bons haacutebitos (MECSIMEC 2011)
Segundo a Conselheira da Representaccedilatildeo governamental que participou da equipe local
para a elaboraccedilatildeo do 2ordm PAR justificou a pontuaccedilatildeo 2 em que ldquoo CAE tem representaccedilatildeo de
todos os segmentos conforme lei 119472009 possui um regimento interno e fiscaliza
parcialmente a aplicaccedilatildeo dos recursos transferidos mas as reuniotildees natildeo satildeo regulares devido a
rotatividade (Conselheira do CAE - Representaccedilatildeo governamental) Para a realizaccedilatildeo de accedilotildees
para reverter essa realidade sugerem que o CAE
organize um calendaacuterio de reuniotildees para garantir o acompanhamento da compra dos
alimentosprodutos distribuiacutedos nas escolas a fiscalizaccedilatildeo dos recursos financeiros a
qualidade dos alimentos e agraves boas praacuteticas sanitaacuterias de higiene e ao objetivo de
formaccedilatildeo de bons haacutebitos alimentares Garantir ainda que os conselheiros participem
de cursos do PNAE (Conselheira do CAE - Representaccedilatildeo governamental)
Embora muitas accedilotildees natildeo sejam monitoradas pela Coordenaccedilatildeo do PAR foi possiacutevel
durante as entrevistas percebermos que algumas accedilotildees propostas ainda no 1ordm PAR como as
formaccedilotildees e preparaccedilotildees dos Conselheiros em programas especiacuteficos ocorreram Embora a
conselheira representante do governo afirme que natildeo haacute regularidade nas reuniotildees um
representante da sociedade civil afirmou durante a entrevista que as reuniotildees do CAE
ldquoacontecem duas vezes por semanardquo e sobre a atuaccedilatildeo do CAE afirma que eacute
() um oacutergatildeo deliberativo e fiscalizador que serve pra fiscalizar os recursos oriundos
do FNDE e PNAE pra compra de alimentaccedilatildeo escolar nas escolas Eu diria que noacutes
temos atuado precariamente pelo fato de natildeo termos uma estrutura Noacutes temos uma
sala em uma casa que eacute alugada que funcionam os conselhos Laacute satildeo trecircs conselhos
que funcionam numa sala minuacutescula e quando coincidem as reuniotildees temos que
adiar e mais noacutes natildeo temos transportes natildeo temos carro agrave disposiccedilatildeo natildeo temos
153
combustiacutevel pra colocar no nosso transporte pra fazer a fiscalizaccedilatildeo (Conselheiro
CAE - Representante da sociedade civil)
No que se refere a participaccedilatildeo segundo o representante o CAE eacute atuante e soacute natildeo faz
mais por que o municiacutepio natildeo daacute a devida estrutura mas que cobram em ata fazem relatoacuterio e
encaminham Segundo ele o CAE eacute muito ativo
mas infelizmente o poder puacuteblico natildeo daacute atenccedilatildeo devida para que possamos melhorar
cada vez mais a nossa fiscalizaccedilatildeo ateacute porque pra eles eacute conveniente que noacutes natildeo
fiscalize embora a gente sabe que nem tudo anda como deveria andar A gente sabe
que falta merenda escolar as escolas estatildeo deterioradas as cozinhas das escolas natildeo
tecircm estrutura natildeo seguem o cardaacutepio (Representante do CAE da sociedade civil)
Quanto agrave autonomia a fiscalizaccedilatildeo e recebimento de recursos o representante do CAE
afirma que a autonomia eacute bem limitada pois
Raramente somos convidados pela PMS ou SEME para discutir sobre a merenda
encontramos um conselho parado um conselho inerte por falta de interesse e temos
dois anos de prestaccedilatildeo de conta por fazer e ainda tivemos que ficar um
tempo regularizando o conselho para evitar que as crianccedilas em 2015 deixassem de ter
merenda escolar (Representante do CAE da sociedade civil)
Dessa forma apesar da boa participaccedilatildeo e atuaccedilatildeo do CAE a proacutepria PMS inviabiliza
algumas accedilotildees para que os conselhos funcionem Eacute importante destacar que os recursos da
educaccedilatildeo satildeo centralizados na Prefeitura Municipal de Santana e natildeo ocorre a descentralizaccedilatildeo
desses recursos para a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo inviabilizando assim a possibilidade
de discussatildeo de participaccedilatildeo dos representantes da educaccedilatildeo nas definiccedilotildees da aplicaccedilatildeo dos
recursos
344 Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de Controle Social do Fundo de Manutenccedilatildeo e
Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo
(FUNDEB)
A ideia de um fundo de educaccedilatildeo puacuteblica nacional de forma autocircnoma foi pensada desde
os pioneiros da educaccedilatildeo em 1932 ao propor uma vinculaccedilatildeo e a autonomia dos recursos para
o financiamento da educaccedilatildeo independente das mudanccedilas poliacuteticas dos administradores onde
o importante era que tivesse uma separaccedilatildeo dos montantes para fins educacionais aleacutem do
acompanhamento e da fiscalizaccedilatildeo pela sociedade desses fundos (LIMA 2006) A participaccedilatildeo
154
da sociedade civil nos conselhos eacute de fato uma participaccedilatildeo social representada por
organizaccedilotildees seja ela em defesa dos trabalhadores seja em defesa dos empresaacuterios
No diagnoacutestico realizado pela equipe local do PAR no municiacutepio o indicador
Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho do Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo
Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo ndash CACS-FUNDEB somente aparece na
2ordf versatildeo do PAR
Quadro 16 Diagnoacutestico do Indicador Conselho de Controle Social do FUNDEB
PAR Indicador Pontuaccedilatildeo
2ordf versatildeo do PAR
(2011-2014)
Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do
Conselho do FUNDEB 2
Fonte SIMEC (2015)
A pontuaccedilatildeo 2 indicada no quadro 16 pela equipe local segundo as convenccedilotildees do
MEC eacute atribuiacuteda quando o Conselho do FUNDEB ou cacircmara de financiamento do Conselho
Municipal de Educaccedilatildeo natildeo eacute representado por todos os segmentos (conforme norma ndash Lei
114942007) natildeo existe um regimento interno as reuniotildees natildeo satildeo regulares raramente
acontece o acompanhamento e o controle social sobre a distribuiccedilatildeo a transferecircncia e a
aplicaccedilatildeo dos recursos dos Fundos (FUNDEB PNATE Programa de Apoio aos Sistema de
Ensino para Atendimento agrave EJA) o Conselho nem sempre promove ampla publicidade agrave
aplicaccedilatildeo dos recursos
Nesse sentido a equipe local diagnosticou com uma pontuaccedilatildeo 2 no municiacutepio que eacute
uma situaccedilatildeo insuficiente em relaccedilatildeo ao Conselho do FUNDEB o que gerou accedilotildees a serem
realizadas pelo municiacutepio como ldquoa substituiccedilatildeo de representantes de pais que sejam atuantes e
que participem das reuniotildees a transferecircncia do gerenciamento de recursos do FUNDEB e
PNATE da prefeitura para a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo para melhorar a transparecircncia
dos investimentosrdquo (Equipe LocalPAR 2011-2014)
O Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos
Profissionais da Educaccedilatildeo (FUNDEB) de natureza contaacutebil e o Conselho de
Acompanhamento Controle Social Comprovaccedilatildeo e Fiscalizaccedilatildeo dos recursos do referido
fundo foram criados conjuntamente no acircmbito do municiacutepio de Santana atraveacutes da Lei Nordm
07972007 de 28 de dezembro de 2007
O Decreto 05282015 nomeia 11 integrantes do Conselho de Acompanhamento e
Controle Social (CACS) e como podemos perceber natildeo eacute paritaacuterio sendo
155
Quadro 17 Santana Composiccedilatildeo do CACS e FUNDEB
Membros
01 (Um) Representante da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo
01 (Um) Representante do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo
01 (Um) Representante da Prefeitura Municipal de Santana
01 (Um) Representante do Conselho Tutelar do Municiacutepio de Santana
01 (Um) Representante dos Professores da rede puacuteblica municipal
01 (Um) Representante dos Auxiliares Educacionais da rede puacuteblica municipal
01 (Um) Representante dos Diretores de Escolas puacuteblicas municipais
02 (Dois) Representantes dos pais de alunos da rede puacuteblica municipal
02 (Dois) Representantes dos alunos da rede puacuteblica municipal
Fonte Prefeitura Municipal de Santana
De acordo com a pontuaccedilatildeo 2 do indicador pela equipe local o Conselho do FUNDEB
natildeo tem uma composiccedilatildeo paritaacuteria e nem estava atuando dentro da Lei 11494 de 2007 pois de
acordo com o artigo 5o da Lei
sect 6o O presidente dos conselhos previstos no caput deste artigo seraacute eleito por seus
pares em reuniatildeo do colegiado sendo impedido de ocupar a funccedilatildeo o representante
do governo gestor dos recursos do Fundo no acircmbito da Uniatildeo dos Estados do Distrito
Federal e dos Municiacutepios
sect 7o Os conselhos dos Fundos atuaratildeo com autonomia sem vinculaccedilatildeo ou
subordinaccedilatildeo institucional ao Poder Executivo local e seratildeo renovados
periodicamente ao final de cada mandato dos seus membros
sect 8o A atuaccedilatildeo dos membros dos conselhos dos Fundos
I - natildeo seraacute remunerada
II - eacute considerada atividade de relevante interesse social
III - assegura isenccedilatildeo da obrigatoriedade de testemunhar sobre informaccedilotildees recebidas
ou prestadas em razatildeo do exerciacutecio de suas atividades de conselheiro e sobre as
pessoas que lhes confiarem ou deles receberem informaccedilotildees
IV - veda quando os conselheiros forem representantes de professores e diretores ou
de servidores das escolas puacuteblicas no curso do mandato
a) exoneraccedilatildeo ou demissatildeo do cargo ou emprego sem justa causa ou transferecircncia
involuntaacuteria do estabelecimento de ensino em que atuam
b) atribuiccedilatildeo de falta injustificada ao serviccedilo em funccedilatildeo das atividades do conselho
c) afastamento involuntaacuterio e injustificado da condiccedilatildeo de conselheiro antes do
teacutermino do mandato para o qual tenha sido designado
V - veda quando os conselheiros forem representantes de estudantes em atividades
do conselho no curso do mandato atribuiccedilatildeo de falta injustificada nas atividades
escolares (BRASIL 2007 grifos negrito nossos)
Durante a entrevista realizada com o presidente do Conselho do FUNDEB o mesmo
informou ser diretor da escola Sabendo que a funccedilatildeo de diretor eacute de livre nomeaccedilatildeo e
exoneraccedilatildeo do prefeito o presidente do Conselho natildeo poderia assumir a funccedilatildeo de conselheiro
devido ao seu viacutenculo de cargo de confianccedila com o governo municipal
Segundo o entrevistado ele participa das reuniotildees do FUNDEB desde 2012 mas nunca
participou das reuniotildees do PAR desconhece a pontuaccedilatildeo do indicador do Conselho do
156
FUNDEB no PAR de 2011-2014 somente este ano que estatildeo construindo o PAR de 2016 a
2019 eacute que estaacute participando da equipe local Afirmou que estaacute como presidente do Conselho
do FUNDEB desde 30 de dezembro de 2015 As reuniotildees ocorrem mensalmente com a
presenccedila dos conselheiros e a fiscalizaccedilatildeo ocorre quando solicitamos a prefeitura atraveacutes de
ofiacutecios agraves documentaccedilotildees para o Conselho
Fazemos a prestaccedilatildeo de contas juntamente com o CACS pois os membros do CACS
satildeo os mesmos do FUNDEB fiscalizamos junto ao banco e a prefeitura a entrada de
recursos no municiacutepio e se as despesas estatildeo sendo pagos dentro dos limites do
percentual certo e de aplicaccedilatildeo obrigatoacuteria recursos esses do FNDE e do PNATE
Observamos tudo as rotas a seguranccedila se o combustiacutevel foi suficiente e organizamos
a fiscalizaccedilatildeo trimestralmente Os recursos do CAE tambeacutem passam por noacutes apesar
deles terem mais autonomia a gente valida o deles Ou seja todos os recursos da
educaccedilatildeo que entra no municiacutepio passam por noacutes do Conselho do FUNDEB
(Representante do FUNDEB ndash Representante governamental)
Quanto aos repasses que chegam ao municiacutepio de Santana atraveacutes do Estado satildeo
() o FPM e ICMS que eacute de 20 jaacute foi 22 mas jaacute caiu para 13 para 20 e hoje
o valor corresponde a 13 de novo com essa crise a arrecadaccedilatildeo do estado diminuiu
logo o repasse diminuiu tambeacutem Atualmente o municiacutepio deixou de arrecadar devido
o porto ter afundado e os impostos vecircm quase tudo exclusivamente do governo federal
(Representante do FUNDEB - Representante governamental)
Dessa forma o municiacutepio natildeo estaacute cumprindo com o repasse dos 25 para a educaccedilatildeo
dos impostos proacuteprios
A proacutepria equipe local reconhece as dificuldades enfrentadas pela pouca frequecircncia no
conselho da participaccedilatildeo da sociedade civil e o natildeo repasse dos recursos financeiros para a
Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e a centralizaccedilatildeo na prefeitura municipal dificulta e
inviabiliza a execuccedilatildeo do planejamento da SEME e torna a aplicaccedilatildeo dos recursos centralizados
e sem a devida e correta fiscalizaccedilatildeo pela sociedade civil dificultando a descentralizaccedilatildeo e a
viabilidade dos debates para a construccedilatildeo de uma gestatildeo democraacutetica participativa e autocircnoma
345 Criteacuterios para escolha de diretores no municiacutepio de Santana
A escolha de diretores escolares por via democraacuteticas atraveacutes da participaccedilatildeo da
comunidade na escolha fortalece o poder poliacutetico no interior das escolas e consequentemente
reduz a intervenccedilatildeo do Estado sobre elas e dessa forma a escola torna-se mais autocircnoma e
capaz de promover relaccedilotildees mais democraacuteticas em seu interior
157
Segundo os relatoacuterios do Plano de Accedilotildees Articuladas nas suas duas versotildees
apresentaram o seguinte diagnoacutestico
Quadro 18 Diagnoacutestico do Indicador Criteacuterios para a Escolha de Diretores
PAR Criteacuterios para a Escolha de Diretores
1ordm PAR (2007-2010) 1
2ordm PAR (2011-2014) 3 Fonte SIMEC (2015)
De acordo com o quadro 18 o indicador da gestatildeo educacional do PAR sobre os criteacuterios
para a escolha de diretores de escola foi diagnosticado pela equipe de elaboraccedilatildeo do PAR com
a pontuaccedilatildeo 1 que equivale agrave situaccedilatildeo de ausecircncia de criteacuterios para escolha da direccedilatildeo das
escolas No entanto no 2ordm PAR recebeu a pontuaccedilatildeo 3 que equivale uma situaccedilatildeo boa Em
termos de legislaccedilatildeo de fato as leis municipais elegem a gestatildeo democraacutetica como princiacutepio
Mas na praacutetica o que prevalece eacute o criteacuterio da nomeaccedilatildeo pura e simples tatildeo ao gosto dos
gestores comprometidos com modelos de gestatildeo patrimonialista e clientelista
No que se refere agrave gestatildeo dos sistemas de ensino o PMCTE prevecirc
XVIII ndash fixar regras claras considerados meacuterito e desempenho para nomeaccedilatildeo e
exoneraccedilatildeo de diretor de escola
XIX ndash zelar pela transparecircncia da gestatildeo puacuteblica na aacuterea da educaccedilatildeo garantindo o
funcionamento efetivo autocircnomo e articulado dos conselhos de controle social
XXII ndash promover a gestatildeo participativa na rede de ensino
XXIII ndash elaborar plano de educaccedilatildeo e instalar Conselho de Educaccedilatildeo quando
inexistente
XXV ndash fomentar e apoiar os conselhos escolares envolvendo as famiacutelias dos
educandos com as atribuiccedilotildees dentre outras de zelar pela manutenccedilatildeo da escola e
pelo monitoramento das accedilotildees e consecuccedilatildeo das metas do compromisso (BRASIL
2007)
O inciso XVIII prevecirc a criaccedilatildeo de criteacuterios para o provimento do cargo de diretor escolar
com base no meacuterito e no desempenho individual o que pode lhe atribuir grande
responsabilizaccedilatildeo pelo sucesso ou pelo fracasso da gestatildeo No entanto a construccedilatildeo
democraacutetica da educaccedilatildeo requer requisitos que vatildeo aleacutem da competecircncia teacutecnica do diretor
incluindo processo eletivo tendo em vista a ldquolegitimidade poliacutetica necessaacuteria ao desempenho de
suas funccedilotildeesrdquo (PARO 2007 p 81) e isto natildeo eacute considerado no Decreto
A gestatildeo das escolas puacuteblicas tem dois artigos especiacuteficos da Lei Nordm 0849 2010 do
Plano de Carreiras da Educaccedilatildeo do Municiacutepio de Santana (PCEMS) onde indica que a gestatildeo
das escolas puacuteblicas devem obedecer ao princiacutepio da gestatildeo democraacutetica com eleiccedilatildeo para
158
diretores Entretanto a mesma Lei natildeo cita e nem regulamenta como deve ocorrer afirma
somente que esse tema deve ser tratado conforme art 46 em uma ldquoLei especiacutefica mediante
proposta discutida entre o Chefe do Poder Executivo e o Conselho Permanente da Gestatildeo da
Carreirardquo (SANTANA 2010 p 16)
Ateacute entatildeo cinco anos se passaram estamos no final do ano de 2015 e o municiacutepio natildeo
possui nenhuma regulamentaccedilatildeo ou lei complementar sobre os criteacuterios da eleiccedilatildeo e todos eles
satildeo nomeados por indicaccedilatildeo pelo prefeito municipal demonstrando que natildeo haacute interesse em
aprovar a Lei especiacutefica citada no PCEMS para que ocorra de fato a gestatildeo democraacutetica nas
escolas puacuteblicas
346 - Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromisso
O Comitecirc Local do Compromisso eacute segundo os conselhos de controle social da gestatildeo
democraacutetica do PAR o mais recente instituiacutedo pelo municiacutepio atraveacutes do Decreto Municipal
Nordm 490 de 03 de abril de 2013 que foi criado para acompanhar o cumprimento das metas
estabelecidas pelo Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica Segundo o diagnoacutestico do
PAR o 1ordm PAR natildeo havia esse indicador
Quadro 19 Diagnoacutestico do indicador Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromisso
PAR Comitecirc Local
1ordm PAR (2007-2010)
2ordm PAR (2011-2014) 1
O Comitecirc Local do Compromisso foi implantado somente no 2ordm PAR como indicador
da gestatildeo democraacutetica da educaccedilatildeo ldquoexistecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromissordquo
O Comitecirc Local tem um papel essencialmente mobilizador sendo sua composiccedilatildeo ampliada
para aleacutem das organizaccedilotildees educacionais com participaccedilatildeo por exemplo do Ministeacuterio
Puacuteblico dos sindicatos das associaccedilotildees de moradores das ONGs dos Conselhos das Igrejas
e da populaccedilatildeo em geral
Entretanto foi observado como diagnoacutestico do 2ordm PAR a pontuaccedilatildeo 1 o que implica
dizer que natildeo existia ou natildeo funcionava o Comitecirc Local do Compromisso No Decreto
municipal de criaccedilatildeo do Comitecirc existe uma composiccedilatildeo de 6 membros sendo
159
Quadro 20 SANTANA Composiccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromisso
Membros
Um representante da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo
Um representante do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo
Um representante da Promotoria da Justiccedila
Um representante da Cacircmara dos vereadores
Um representante da Sociedade Civil - igreja
Um representante dos Diretores de escolas
Fonte Prefeitura Municipal de Santana ndash Elaborado pela autora
Com informaccedilotildees desencontradas pela SEME esse comitecirc encontrava-se sem atuaccedilatildeo
durante o periacuteodo da pesquisa
Eacute no contexto de atitudes praacuteticas e accedilotildees patrimonialistas que se caracteriza a confusatildeo
entre o puacuteblico que serve a um interesse coletivo e o privado que serve aos interesses
individualizados Os representantes em nome de uma coletividade tomam como seus os cargos
os recursos e os funcionaacuterios na busca de fazer as suas vontades E na educaccedilatildeo puacuteblica essas
praacuteticas implicam no direito usurpado de uma educaccedilatildeo puacuteblica e de qualidade social As
relaccedilotildees patrimonialistas satildeo oriundas de um poder pessoal que se quer levar para a gestatildeo
puacuteblica Esse tipo de comportamento na gestatildeo da educaccedilatildeo puacuteblica interfere no funcionamento
dos conselhos na medida em que os representantes natildeo veem ali um espaccedilo em defesa da
educaccedilatildeo puacuteblica
Notadamente nos conselhos estudados nessa pesquisa foram observadas as
dificuldades ou ausecircncia de condiccedilotildees de funcionamento no que se refere a espaccedilo fiacutesico
ausecircncia de transporte para fiscalizaccedilatildeo falta de transparecircncia nos recursos composiccedilatildeo dos
conselhos natildeo-paritaacuteria pouca atenccedilatildeo as iacutenfimas manifestaccedilotildees de representaccedilatildeo coletiva na
pesquisa O que pode ainda ser caracterizada como neopatrimonialista que eacute quando o gestor
puacuteblico nega a legitimidade do conselho como instacircncia representativa
160
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
O estudo se ocupou de analisar as implicaccedilotildees do PAR para a gestatildeo da educaccedilatildeo na
rede municipal de Santana no Amapaacute na perspectiva de avaliar seus efeitos na democratizaccedilatildeo
da gestatildeo Partiu-se do pressuposto de que a democratizaccedilatildeo da gestatildeo natildeo pode ser vista em
abstrato e portanto no sistema capitalista a participaccedilatildeo a descentralizaccedilatildeo e a autonomia
elementos constitutivos da democracia ganham nuances contraditoacuterias pois expressam a
correlaccedilatildeo de forccedilas entre as classes sociais
A pesquisa partiu da seguinte questatildeo central Quais as implicaccedilotildees do PAR para a
gestatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana no Estado do Amapaacute Considerando o pressuposto
teoacuterico assumido entende-se que a gestatildeo da educaccedilatildeo em uma sociedade sob a hegemonia do
capitalismo natildeo pode ser vista sem a concretude das accedilotildees que a permeiam Assim ao longo da
histoacuteria da educaccedilatildeo no paiacutes os representantes do capital sempre procuraram manter o seu
projeto poliacutetico e social de dominaccedilatildeo e tornar a classe trabalhadora cada vez mais afastada da
participaccedilatildeo seja nas decisotildees poliacuteticas seja do usufruto dos bens produzidos No Brasil ao
longo da Primeira Repuacuteblica Brasileira as oligarquias se revezavam no poder e se utilizavam
do Estado como meio para perpetuar as suas praacuteticas patrimonialistas e clientelistas O governo
de Getuacutelio Vargas manteve o poder ateacute o momento em que atendia ao projeto hegemocircnico O
golpe militar de 1964 demonstrou essa articulaccedilatildeo e o poder de dominaccedilatildeo da oligarquia e do
Estado brasileiro No acircmbito desse governo a gestatildeo da educaccedilatildeo se manteve centralizada e
burocratizada espraiando para estados e municiacutepios tal modelo A deacutecada de 1980 trouxe as
lutas populares em prol da democracia que levaram agrave derrocada do regime militar e instituiacuteram
uma nova Constituiccedilatildeo Federal em 1988 que pretendia uma nova forma de controle social do
Estado pelas garantias de participaccedilatildeo da sociedade nas questotildees poliacuteticas e sociais do paiacutes
viabilizando a cidadania como direito e instituindo o princiacutepio da gestatildeo democraacutetica na
educaccedilatildeo
Eacute o momento em que tivemos a implementaccedilatildeo das primeiras iniciativas de
democratizaccedilatildeo das relaccedilotildees de poder no acircmbito das escolas por meio da criaccedilatildeo de conselhos
escolares de conselhos municipais de educaccedilatildeo de conselhos de controle social de recursos
como o da merenda escolar de escolha de diretores de escolas por meio de eleiccedilatildeo de
elaboraccedilatildeo do projeto poliacutetico pedagoacutegico da escola de forma participativa entre outras No
entanto ao lado de tais iniciativas de gestatildeo da educaccedilatildeo democratizantes persistiram os
modelos de gestatildeo centralizada patrimonialista e burocraacutetica Paralelamente a essas conquistas
brasileiras a crise internacional do capital e as estrateacutegias utilizadas para a sua superaccedilatildeo como
161
a reestruturaccedilatildeo produtiva a globalizaccedilatildeo o neoliberalismo e a terceira via vecircm provocando
inuacutemeras transformaccedilotildees na vida material objetiva e subjetiva com alteraccedilotildees substanciais nas
formas de gestatildeo e participaccedilatildeo (PERONI 2006) Nesta perspectiva o Plano Diretor de
Reforma do Aparelho do Estado (PDRAE) propotildee a redefiniccedilatildeo do papel do Estado em 1995
com grandes implicaccedilotildees para a gestatildeo puacuteblica ao propor a gestatildeo gerencial modelo oriundo
do setor empresarial Tal modelo baseia-se na descentralizaccedilatildeo do atendimento das poliacuteticas
sociais por meio de privatizaccedilatildeo da publicizaccedilatildeo da terceirizaccedilatildeo e das parcerias puacuteblico-
privadas na gestatildeo dos serviccedilos puacuteblicos com o fim de maximizar a eficiecircncia e a eficaacutecia
O mercado passa a ser o grande paracircmetro de excelecircncia para o serviccedilo puacuteblico e por
isso haacute que seguir a mesma loacutegica Haacute grande incentivo na ldquoparticipaccedilatildeo socialrdquo na gestatildeo
puacuteblica Contudo a natureza dessa participaccedilatildeo social eacute modificada pois natildeo se trata mais de
viabiliza-la como direito de cidadania mas com fins utilitaristas de tornar a gestatildeo puacuteblica mais
eficiente e eficaz materializando assim a gestatildeo gerencial E o cidadatildeo agora passa a ser
adjetivado como ldquoclienterdquo consumidor de poliacuteticas puacuteblicas e neste aspecto natildeo mais visto
como aquele que exige porque eacute um cidadatildeo de direitos
Essas mudanccedilas no modelo de gestatildeo refletem o contexto de crise do capital e de ajuste
fiscal desse momento histoacuterico que visava reconstituir as taxas de lucro e para isso vinha
diminuindo sistematicamente os investimentos em poliacuteticas sociais Os usuaacuterios passam a ser
chamados a lsquoparticiparrsquo como executores de poliacuteticas por meio de parcerias como fiscais de
recursos puacuteblicos nos conselhos de controle social como voluntaacuterios em ONGs ou similares
A lsquoparticipaccedilatildeorsquo do usuaacuterio do serviccedilo puacuteblico poderia ser uacutetil em pelo menos dois aspectos
primeiro porque ao priorizar a gestatildeo de tais poliacuteticas por meio de parcerias com ONGs ou
projetos pontuais onde essas massas poderiam atuar a baixo custo ou como voluntaacuterios nesses
projetos isso poderia diminuir o custo das poliacuteticas sociais e ao mesmo tempo conter a massa
de desempregados segundo porque na medida em que ao estimular a participaccedilatildeo dos usuaacuterios
na definiccedilatildeo de prioridades ldquoestrateacutegicasrdquo ou mesmo de se tornarem ldquofiscaisrdquo da aplicaccedilatildeo dos
recursos os efeitos de tais participaccedilotildees contribuiriam para se fazer mais com menos e assim
atingir os objetivos de diminuiccedilatildeo dos gastos em educaccedilatildeo Aleacutem de conter as demandas por
emprego a inserccedilatildeo de voluntaacuterios e outras formas de participaccedilatildeo nos conselhos de controle
poderiam tambeacutem viabilizar os consensos necessaacuterios para a manutenccedilatildeo da hegemonia dos
que tecircm poder como assinalava Gramsci
Tais iniciativas ocorreram com mais ecircnfase no governo de Fernando Henrique Cardoso
Contudo os governos de Luiz Inaacutecio Lula da Silva e de Dilma Rousseff mesmo apresentando
162
projetos de governo agrave esquerda do espectro poliacutetico nacional natildeo apresentaram ruptura radical
com esse modelo
Em relaccedilatildeo agrave gestatildeo da educaccedilatildeo embora o Plano de Metas Compromisso Todos pela
Educaccedilatildeo e o PAR recomendem e incentivem a expansatildeo e implementaccedilatildeo de mecanismos que
podem potencializar a gestatildeo democraacutetica tais como Conselhos Escolares Conselho Municipal
de Educaccedilatildeo Conselho Municipal de Alimentaccedilatildeo Escolar Conselho do FUNDEB por outro
lado apresentam outros mecanismos mais afeitos ao modelo de gestatildeo gerencial como o
accountability que representa a responsabilizaccedilatildeo pelos resultados repassada para os entes
federados e para a sociedade local a exemplo dos resultados do IDEB Neste aspecto com a
implantaccedilatildeo do PAR pelos municiacutepios o MEC descentralizadesconcentra a execuccedilatildeo das accedilotildees
passando a agir como oacutergatildeo financiador de algumas delas mas principalmente como
regulamentador e controlador dos resultados da educaccedilatildeo municipal
Conforme definido neste trabalho a anaacutelise da gestatildeo da educaccedilatildeo na perspectiva de sua
democratizaccedilatildeo no municiacutepio de SantanaAP se deu a partir de seis indicadores da aacuterea Gestatildeo
Democraacutetica contida no Plano de Accedilotildees Articuladas que foram Existecircncia de Conselhos
Escolares Existecircncia composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo Composiccedilatildeo
e atuaccedilatildeo do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho do Fundo
de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da
Educaccedilatildeo Criteacuterios para escolha da Direccedilatildeo Escolar e Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local
do Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo Como paracircmetros de anaacutelise utilizamos os elementos
constitutivos da democratizaccedilatildeo da gestatildeo como a descentralizaccedilatildeo a participaccedilatildeo e a
autonomia Quanto agraves implicaccedilotildees do PAR para a gestatildeo educacional no municiacutepio de Santana
os resultados apontam que
Os conselhos escolares existem no municiacutepio de Santana desde o final da deacutecada de
1990 mas com a intensificaccedilatildeo da descentralizaccedilatildeo de recursos por meio dos programas do
PDE-Escola advindos do PAR e do proacuteprio PDDE a dinacircmica de criaccedilatildeo e funcionamento
desses conselhos vem se redimensionando O nuacutemero de caixas escolares que em 2007 eram
10 em 2014 passaram para 34 O volume de recursos administrados tambeacutem aumentou
bastante pois de 2007 para 2014 os recursos recebidos aumentaram em 945 Se comparado
o ano de 2007 ao ano de 2013 o crescimento foi de 1580 Entretanto estes conselhos tecircm
assumindo um caraacuteter mais burocraacutetico do que articulador de accedilotildees com promoccedilatildeo de
participaccedilatildeo ampliada Pelo que revela a fala dos entrevistados haacute dificuldade de participaccedilatildeo
de seus membros pelos mais diversos motivos A dinacircmica de funcionamento do Conselho
escolar na rede municipal de Santana limita-se praticamente ao gerenciamento da Caixa Escolar
163
em relaccedilatildeo aos recursos do PDDE o que leva a concluir que o conselho pouco tem atuado como
promotor da autonomia da escola Embora no 1ordm e no 2ordm PAR esse indicador tenha recebido
pontuaccedilatildeo 3 o que representa boa atuaccedilatildeo em pelo menos 50 das escolas observou-se que
os conselhos escolares da rede municipal de Santana tecircm atuado mais no sentido da execuccedilatildeo
dos recursos secundarizando esse espaccedilo como tomada de decisatildeo e de construccedilatildeo de
autonomia no interior da escola puacuteblica ao praticamente se eximir de abordar outros temas de
interesse da escola para aleacutem da gestatildeo financeira
O Conselho Municipal de Educaccedilatildeo ainda que exista em lei no municiacutepio desde 1998
esse oacutergatildeo natildeo funciona adequadamente No primeiro PAR esse indicador recebeu pontuaccedilatildeo
miacutenima o que representa funcionamento ruim No segundo PAR recebeu pontuaccedilatildeo 3 o que
representa melhoria No entanto as informaccedilotildees coletadas revelaram que natildeo haacute paridade entre
os representantes governamentais e natildeo governamentais o que compromete a igualdade e o
direito de participaccedilatildeo popular na gestatildeo haacute pouca participaccedilatildeo dos membros do CME no que
se refere ao acompanhamento da execuccedilatildeo dos recursos da educaccedilatildeo o CME eacute pouco atuante
na resoluccedilatildeo das demandas compatiacuteveis com suas atribuiccedilotildees Por tais fatores evidenciados
conclui-se que embora o CME tenha melhorado sua atuaccedilatildeo a partir do segundo PAR sua
contribuiccedilatildeo para a democratizaccedilatildeo da gestatildeo ainda eacute incipiente
O municiacutepio de SantanaAP tambeacutem conta com Conselho de Controle Social da
Alimentaccedilatildeo Escolar (CAE) instituiacutedo pela Lei nordm 458 de 1999 ndash PMS posteriormente
substituiacuteda pela Lei Nordm 488 de 10 de maio de 2001 focalizado como o terceiro indicador No
primeiro PAR esse indicador recebeu a pontuaccedilatildeo 1 ou seja o Conselho existia formalmente
apenas para receber o recurso do Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar (PNAE) e poderia
natildeo estar atuando conforme suas atribuiccedilotildees previstas seja na fiscalizaccedilatildeo ou no
acompanhamento da execuccedilatildeo dos recursos e de distribuiccedilatildeo da merenda No segundo PAR
essa pontuaccedilatildeo mudou para 2 o que indica o CAE apesar de apresentar alguma melhora em
seu funcionamento ainda natildeo era representado por todos os segmentos que raramente
acontecia a fiscalizaccedilatildeo da aplicaccedilatildeo dos recursos transferidos enfim que o CAE natildeo
acompanhava a compra nem a distribuiccedilatildeo dos alimentosprodutos nas escolas e continuava
pouco atento agraves boas praacuteticas sanitaacuterias e de higiene nos locais de preparo da alimentaccedilatildeo
escolar
Vale ressaltar que os recursos do Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar (PNAE)
que deveriam ser fiscalizados em sua execuccedilatildeo pelo CAE em Santana satildeo significativos e
superiores aos recursos do Salaacuterio Educaccedilatildeo em todos os anos da pesquisa As fontes
consultadas indicam um ldquoconselho parado um conselho inerte por falta de interesserdquo que por
164
pelo menos dois anos apresentou atraso na prestaccedilatildeo de contas Aleacutem disso falta infraestrutura
para reuniotildees transporte para visita agraves escolas do campo e mesmo formaccedilatildeo aos conselheiros
que lhes possibilite acompanhar a execuccedilatildeo dos recursos e a fiscalizar a distribuiccedilatildeo dos
produtos da merenda escolar A pouca participaccedilatildeo dos conselheiros do CAE tanto no periacuteodo
do primeiro quanto do segundo PAR nos permite afirmar que o aumento da pontuaccedilatildeo em
relaccedilatildeo a esse indicador satildeo meramente formais e natildeo se traduzem em mudanccedilas reais no
sentido do controle social dos recursos e de praacuteticas democraacuteticas
O quarto indicador Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho do Fundo de Manutenccedilatildeo e
Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo ndash
CACS-FUNDEB eacute um indicador que aparece apenas no segundo PAR visto que no primeiro
o FUNDEB ainda estava iniciando sua implantaccedilatildeo Do ponto de vista da legislaccedilatildeo municipal
o Conselho foi criado pela Lei nordm 0797 de 28 de dezembro de 2007 A pontuaccedilatildeo recebida neste
segundo PAR foi 2 o que significa que o Conselho natildeo eacute representado por todos os segmentos
(conforme norma ndash Lei 114942007) natildeo existe um regimento interno as reuniotildees natildeo satildeo
regulares raramente acontece o acompanhamento e o controle social sobre a distribuiccedilatildeo a
transferecircncia e a aplicaccedilatildeo dos recursos dos Fundos (FUNDEB PNATE Programa de Apoio
aos Sistema de Ensino para Atendimento agrave EJA) o Conselho nem sempre promove ampla
publicidade agrave aplicaccedilatildeo dos recursos
De fato o controle social dos recursos da educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana parece ser
difiacutecil tarefa a comeccedilar pelo fato da gestatildeo de tais recursos serem centralizadas no governo
municipal contrariando o que recomenda a LDB que indica a descentralizaccedilatildeo de tais recursos
para o oacutergatildeo gestor no caso a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo a SEME e pela falta de
participaccedilatildeo dos conselheiros nas reuniotildees Tal situaccedilatildeo inclusive gerou accedilotildees a serem
realizadas pelo municiacutepio como ldquotransferir a responsabilidade do gerenciamento de recursos
do FUNDEB e PNATE da prefeitura para a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo para melhorar a
transparecircncia dos investimentosrdquo A transferecircncia de responsabilidade da gestatildeo dos recursos
poderia natildeo soacute facilitar o planejamento das accedilotildees educacionais mas melhorar o controle social
dos recursos puacuteblicos O fato de que o ano de 2014 apresenta ausecircncia de dados financeiros no
SIOPE em relaccedilatildeo ao municiacutepio reflete tambeacutem a possibilidade de que haja dificuldade quanto
agraves prestaccedilotildees de contas da execuccedilatildeo dos recursos para este ano Essa situaccedilatildeo tende a dificultar
ou mesmo inviabilizar a gestatildeo democraacutetica pela negaccedilatildeo do princiacutepio da transparecircncia na
gestatildeo do recurso puacuteblico
A escolha de diretores de escolas puacuteblicas eacute entre os indicadores analisados o ponto mais
obscuro O indicador da gestatildeo educacional do PAR sobre os criteacuterios da escolha para diretores
165
de escola foi diagnosticado pela equipe de elaboraccedilatildeo do PAR com a pontuaccedilatildeo 1 que equivale
agrave situaccedilatildeo de lsquoausecircncia de criteacuterios para escolha da direccedilatildeo das escolasrsquo No entanto no 2ordm PAR
recebeu a pontuaccedilatildeo 3 que equivale uma situaccedilatildeo boa Em termos de legislaccedilatildeo de fato as leis
municipais elegem a gestatildeo democraacutetica como princiacutepio como no caso da Lei nordm 0849 do ano
de 2010 que trata do Plano de Carreiras da Educaccedilatildeo do Municiacutepio de Santana (PCEMS) onde
se prevecirc inclusive a eleiccedilatildeo direta como criteacuterio No entanto a mesma lei remete o tema para
regulamentaccedilotildees posteriores o que nunca aconteceu Na praacutetica o que prevalece eacute o criteacuterio da
nomeaccedilatildeo pura e simples tatildeo ao gosto dos gestores comprometidos com modelos de gestatildeo
patrimonialista e clientelista Em relaccedilatildeo a esse indicador o PAR soacute alterou a pontuaccedilatildeo As
praacuteticas continuam as mesmas
Em relaccedilatildeo ao uacuteltimo indicador Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do
Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo verificou-se que o comitecirc foi criado pelo Decreto
Municipal Nordm 490 de 03 de abril de 2013 para acompanhar o cumprimento das metas
estabelecidas pelo PAR e eacute bastante avanccedilado em sua composiccedilatildeo No entanto eacute recente no
municiacutepio e talvez por isso natildeo tem exercido o seu papel de mobilizar a sociedade para a
participaccedilatildeo e acompanhamento das accedilotildees do PAR na perspectiva de sua efetividade
Natildeo se pode negar o meacuterito do PAR para a organizaccedilatildeo e o planejamento das accedilotildees
educacionais na rede municipal de ensino de Santana que apoacutes o PAR passou a melhor
reconhecer suas fragilidades e desafios No entanto o estudo evidenciou a histoacuterica fragilidade
da democratizaccedilatildeo da gestatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana pois os conselhos
municipais de controle social e escolares mecanismos que poderiam viabilizar a participaccedilatildeo
a descentralizaccedilatildeo e autonomia nas decisotildees funcionam precariamente Os criteacuterios de escolha
de diretores excluem as formas democraacuteticas de participaccedilatildeo na escolha e favorecem as praacuteticas
centralizadas de nomeaccedilatildeo A gestatildeo dos recursos da educaccedilatildeo eacute centralizada no governo
municipal dificultando o controle social Com o PAR houve expansatildeo do nuacutemero de
Conselhos escolares e municipais o que permitiu o aumento das pontuaccedilotildees nos indicadores e
pode vir a potencializar a participaccedilatildeo dos sujeitos no controle social dos recursos e outras
formas de descentralizaccedilatildeo das decisotildees Isso a depender da correlaccedilatildeo de forccedilas locais
historicamente permeada por formas patrimonialistas e clientelistas de gestatildeo Com o PAR
esses modelos ganharam nuances de gerencialismo Parece um paradoxo que se exija da
Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo que viabilize as accedilotildees previstas no PAR para atingir as metas
e resultados da avaliaccedilatildeo do IDEB em busca da qualidade da educaccedilatildeo com acompanhamento
e o controle social dos conselhos sobre os recursos e accedilotildees mas mantendo os recursos
166
centralizados sob a gestatildeo da Prefeitura Municipal de Santana Qual a autonomia possiacutevel nestas
condiccedilotildees Onde fica a descentralizaccedilatildeo Esta sequer chegou ao oacutergatildeo gestor
O municiacutepio de Santana tem vinte e oito anos de existecircncia nessa condiccedilatildeo pois fazia
parte do Territoacuterio Federal do Amapaacute extinto pela Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Antes existia
como distrito de Macapaacute Talvez por ser um municiacutepio novo guarde ainda fortes marcas do
clientelismo e patrimonialismo que o gerou Com pouca tradiccedilatildeo democraacutetica as praacuteticas
centralizadoras de gestatildeo educacional satildeo reveladas no cotidiano das accedilotildees que contradizem o
posto nas leis municipais e ateacute nacionais
A anaacutelise aqui apresentada para a poliacutetica puacuteblica municipal evidenciada a partir da
adesatildeo do municiacutepio de Santana ao PAR expotildee os limites e contradiccedilotildees de poliacuteticas formuladas
em niacutevel nacional e executadas em niacutevel local bem como a correlaccedilatildeo de forccedilas poliacuteticas e
econocircmicas do momento histoacuterico As accedilotildees pleiteadas pelo PAR no sentido de democratizar a
gestatildeo da educaccedilatildeo da rede municipal de Santana natildeo tecircm conseguido se materializar na praacutetica
dos gestores Quando muito tais intencionalidades se inscrevem no acircmbito da legislaccedilatildeo
municipal e com isso tem alterado as pontuaccedilotildees de avaliaccedilatildeo do PAR O grande desafio eacute
implementar uma gestatildeo educacional pela qual as pessoas possam participar em igualdade de
condiccedilotildees fazendo emergir a sua condiccedilatildeo de sujeitos histoacutericos na busca por uma educaccedilatildeo
de qualidade social para todos e isto soacute seraacute possiacutevel se a gestatildeo for democraacutetica
167
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httpwwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2007-20102007LeiL11494htmart46
httpwwwplanaltogovbrccivil_03_ato2007-20102009leil11947htm
177
APEcircNDICE
178
APEcircNDICE A
SERVICcedilO PUacuteBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute
INSTITUTO DE CIEcircNCIAS DA EDUCACcedilAtildeO
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM EDUCACcedilAtildeO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA PARTICIPACcedilAtildeO
EM PESQUISA
Caro(a) colega professor(a)
Venho por meio desse documento convidaacute-lo(a) a participar como voluntaacuterio (a) da pesquisa
supracitada que tem como responsaacutevel a aluna da poacutes-graduaccedilatildeo Heryka Cruz Nogueira que
estaacute sob a orientaccedilatildeo da Profa Dra Dalva Valente Guimaratildees Gutierres do curso de Mestrado
em Educaccedilatildeo da Universidade Federal do Paraacute (UFPA) A pesquisadora pode ser contatada pelo
e-mail herykaueapgmailcom e pelo celular (96) 98121-6399
Apoacutes ser esclarecido(a) sobre a pesquisa no caso de aceitar fazer parte do estudo assine
ao final do documento que estaraacute em duas vias Uma delas eacute sua e a outra do pesquisador
responsaacutevel Em caso de recusa vocecirc natildeo seraacute penalizado de forma alguma Informo que esta
pesquisa segue o que estaacute previsto em termos eacuteticos
TIacuteTULO DA PESQUISA O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS (PAR) E A GESTAtildeO
DA EDUCACcedilAtildeO NA REDE MUNICIPAL DE SANTANAAP
O municiacutepio de SantanaAP foi selecionado para essa pesquisa que tem como objetivo
identificar as implicaccedilotildees do Plano de Accedilotildees Articuladas para a gestatildeo da educaccedilatildeo do
municiacutepio Para realizaccedilatildeo da pesquisa aleacutem dos dados coletados em documentos seraacute
necessaacuterio obter informaccedilotildees por meio de entrevistas que seratildeo gravadas e transcritas
Asseguro ao (agrave) senhor (a) que a pesquisa eacute estritamente cientiacutefica sua identidade seraacute mantida
sob sigilo e anonimato e as informaccedilotildees colhidas seratildeo usadas exclusivamente na pesquisa
supracitada os resultados desta seratildeo publicados apenas em revistas cientiacuteficas e em eventos
cientiacuteficos e estaraacute disponiacutevel a todos os interessados As entrevistas seratildeo gravadas no local de
trabalho do entrevistado e teraacute a duraccedilatildeo de 10 a 25 minutos Utilizarei nomes fictiacutecios para
preservar sua identidade ou ainda apenas a indicaccedilatildeo geneacuterica de ldquoentrevistadordquo ou ldquoprofessorrdquo
Somente seraacute efetivada a entrevista apoacutes a assinatura do termo de consentimento da participaccedilatildeo
179
da pessoa como sujeito da pesquisa O entrevistado tem o direito de a qualquer momento
durante ou apoacutes a entrevista retirar seu consentimento obrigando o pesquisador a natildeo utilizar
as informaccedilotildees porventura registradas ou de natildeo responder perguntas incocircmodas O
entrevistado natildeo incorreraacute em qualquer sanccedilatildeo ou penalidade caso retire o seu consentimento
O entrevistado fica ciente que eacute voluntaacuterio e natildeo receberaacute nenhum incentivo financeiro ou
gratificaccedilatildeo para participar da pesquisa
Desde jaacute agradeccedilo sua valiosa contribuiccedilatildeo para a pesquisa disponibilizando sua
atenccedilatildeo e tempo posto que se sabe dos inuacutemeros compromissos diaacuterios assumidos A
pesquisadora se coloca agrave disposiccedilatildeo para as possiacuteveis duacutevidas ou informaccedilotildees necessaacuterias
Beleacutem 14 de dezembro de 2015
__________________________
Assinatura
Entrevistado ciente __________________________________________________
Assinatura
180
APEcircNDICE B
SERVICcedilO PUacuteBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute
INSTITUTO DE CIEcircNCIAS DA EDUCACcedilAtildeO
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM EDUCACcedilAtildeO
ROTEIRO DE ENTREVISTA
Dimensatildeo Gestatildeo Educacional
Sujeitos a serem entrevistados 01 - Secretaacuterio (a) Municipal de Educaccedilatildeo ou Teacutecnico que
conhece o processo de elaboraccedilatildeo do PAR
I - IDENTIFICACcedilAtildeO
1 Nome ______________________________________________________________
2 Formaccedilatildeo _________________________________________________________________
3 Instituiccedilatildeo ou oacutergatildeo a qual pertence ____________________________________________
4 Cargo ou funccedilatildeo que ocupa na rede municipal de SantanaAP
_________________________________________________________________________
II ndash QUESTOtildeES NORTEADORAS
1 Fale sobre como foi a chegada do PAR no municiacutepio
2 Fale sobre como se deu o diagnoacutestico dos indicadores do PAR
3 Quem participou da implantaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo do PAR E como ocorreu
4 Apoacutes o diagnoacutestico do municiacutepio qual foi o proacuteximo passo da equipe que elaborou o PAR
5 Como eacute realizado o acompanhamentoavaliaccedilatildeo das accedilotildees e sub-accedilotildees do PAR no
municiacutepio
6 Quais os criteacuterios para escolha de diretores escolares no municiacutepio
181
APEcircNDICE C
SERVICcedilO PUacuteBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute
INSTITUTO DE CIEcircNCIAS DA EDUCACcedilAtildeO
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM EDUCACcedilAtildeO
ROTEIRO DE ENTREVISTA
Indicador Conselhos Escolares (CE)
Sujeitos a serem entrevistados 01 - Membro da equipe teacutecnica da Secretaria Municipal de
Educaccedilatildeo que trate dos Conselhos Escolares (2012 a 2015)
I - IDENTIFICACcedilAtildeO
1 Nome ___________________________________________________________________
2 Formaccedilatildeo _________________________________________________________________
3 Instituiccedilatildeosetor ou oacutergatildeo a qual pertence _______________________________________
4 Cargo ou funccedilatildeo que ocupa na rede municipal de SantanaAP
_________________________________________________________________________
II ndash QUESTOtildeES NORTEADORAS
1 Fale como se deu a elaboraccedilatildeo do PAR por parte dos Conselhos Escolares
2 Todas as escolas do municiacutepio tem implantado o Conselho Escolar
3 Fale sobre os criteacuterios de escolha dos diretores escolares
4 Qual a participaccedilatildeo do diretor na composiccedilatildeo do Conselho Escolar
5 Como a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo acompanha a implantaccedilatildeo dos Conselhos
Escolares
182
APEcircNDICE D
SERVICcedilO PUacuteBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute
INSTITUTO DE CIEcircNCIAS DA EDUCACcedilAtildeO
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM EDUCACcedilAtildeO
ROTEIRO DE ENTREVISTA
Indicador Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (CME)
Sujeitos a serem entrevistados 02 - Conselheiros (2012 a 2015)
( ) Membro da equipe teacutecnica da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo (governamental) que
trate do Conselho Municipal
( ) Membro do Conselho Municipal que natildeo seja representante governamental
I - IDENTIFICACcedilAtildeO
1 Nome ______________________________________________________________
2 Formaccedilatildeo _________________________________________________________________
3 Instituiccedilatildeo setor e oacutergatildeo a qual pertence _______________________________________
4 Cargo ou funccedilatildeo que ocupa na rede Municipal de SantanaAP
_________________________________________________________________________
II ndash QUESTOtildeES NORTEADORAS
1 Fale sobre a participaccedilatildeo do CME na elaboraccedilatildeo do PAR
2 Quem compotildee e como se deu a escolha dos conselheiros
3 O CME possui alguma autonomia em relaccedilatildeo as decisotildees da SME na distribuiccedilatildeo dos
recursos financeiros
4 Como o CME tem acompanhado o planejamento e as accedilotildees educacionais no municiacutepio
183
APEcircNDICE E
SERVICcedilO PUacuteBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute
INSTITUTO DE CIEcircNCIAS DA EDUCACcedilAtildeO
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM EDUCACcedilAtildeO
ROTEIRO DE ENTREVISTA
Indicador Conselho Municipal de Alimentaccedilatildeo Escolar (CAE)
Sujeitos a serem entrevistados 02
( ) Membro da equipe teacutecnica da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo representante do CAE
( ) Membro do CAE que seja representante natildeo-governamental
I - IDENTIFICACcedilAtildeO
1 Nome ______________________________________________________________
2 Formaccedilatildeo ____________________________________________________________
3 Instituiccedilatildeosetor ou oacutergatildeo a qual pertence __________________________________
4 Cargo ou funccedilatildeo que ocupa na rede municipal de educaccedilatildeo de SantanaAP
_____________________________________________________________________
II ndash QUESTOtildeES NORTEADORAS
1 Fale sobre como se deu a participaccedilatildeo do CAE na elaboraccedilatildeo do PAR
2 Quem representa o CAE E qual a periodicidade das reuniotildees
3 De que forma o CAE fiscaliza a aplicaccedilatildeo dos recursos financeiros
4 O CAE participou de algum curso de formaccedilatildeo
184
APEcircNDICE F
SERVICcedilO PUacuteBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute
INSTITUTO DE CIEcircNCIAS DA EDUCACcedilAtildeO
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM EDUCACcedilAtildeO
ROTEIRO DE ENTREVISTA
Indicador Comitecirc Local do Compromisso
Sujeitos a serem entrevistados 02
( ) Membro da equipe teacutecnica da SME representante do Comitecirc Local
( ) Membro do Comitecirc Local que seja representante natildeo-governamental
I - IDENTIFICACcedilAtildeO
1 Nome ______________________________________________________________
2 Formaccedilatildeo ____________________________________________________________
3 Instituiccedilatildeosetor ou oacutergatildeo a qual pertence __________________________________
4 Cargo ou funccedilatildeo que ocupa na rede municipal de educaccedilatildeo de SantanaAP
_____________________________________________________________________
II ndash QUESTOtildeES NORTEADORAS
1 Como eacute constituiacutedo o Comitecirc Local
2 Como o Comitecirc local tem feito o trabalho de mobilizaccedilatildeo da comunidade diante do
PAR
185
APEcircNDICE G
SERVICcedilO PUacuteBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute
INSTITUTO DE CIEcircNCIAS DA EDUCACcedilAtildeO
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM EDUCACcedilAtildeO
ROTEIRO DE ENTREVISTA
Indicador Criteacuterios para Escolha de Diretores
Sujeitos a serem entrevistados 01
( ) Membro da equipe teacutecnica ndash Coordenaccedilatildeo de Ensino
I - IDENTIFICACcedilAtildeO
1 Nome ______________________________________________________________
2 Formaccedilatildeo ___________________________________________________________
3 Instituiccedilatildeo ou oacutergatildeo a qual pertence _______________________________________
4 Cargo ou funccedilatildeo que ocupa na rede municipal de SantanaAP
_____________________________________________________________________
II ndash QUESTOtildeES NORTEADORAS
1 Quais os procedimentos e criteacuterios utilizados na escolha do diretor da escola
2 Quais as caracteriacutesticas que a SEMED destacaria como mais relevantes no perfil do
diretor da escola na rede de ensino
3 A Coordenaccedilatildeo de ensino tem participado da elaboraccedilatildeo do PAR Fale sobre como se
deu essa participaccedilatildeo
186
APEcircNDICE H
Relaccedilatildeo de trabalhos sobre o Plano de Accedilotildees Articuladas encontrados nas bases de dados da
ANPAE ANPED e SciELO (2011 e 2015)
ANPAE
SOUSA
Bartolomeu
O Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) como instrumento de planejamento
da educaccedilatildeo o que haacute de novo httpwwwanpaeorgbr
simposio2011cdrom2011PDFs
trabalhosCompletoscomunicacoesRelatos0079pdf
ANPAE
2011
FARENZENA
SCHUCH E
MOSNA
Implementaccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas em Municiacutepios do Rio
Grande Do Sul uma avaliaccedilatildeo Disponiacutevel em
httpwwwanpaeorgbrsimposio2011 cdrom
2011PDFstrabalhosCompletoscomunicacoesRelatos0414pdf
ANPAE
2011
DAMASCENO
Alberto e SANTOS
Eacutemina
Planejando a educaccedilatildeo municipal a experiecircncia do PAR no Paraacute
Disponiacutevel em
httpwwwanpaeorgbrsimposio2011cdrom2011PDFstrabalhosCo
mpletoscomunicacoesRelatos0174pdf
ANPAE
2011
BELLO Isabel
Melero
O Plano De Accedilotildees Articuladas como estrateacutegia organizacional dos
sistemas puacuteblicos de ensino avanccedilos limites e possibilidades 2011
Disponiacutevel em
httpwwwanpaeorgbrsimposio2011cdrom2011PDFstrabalhosCo
mpletoscomunicacoesRelatos0234pdf
ANPAE
2011
RODRIGUES
ARAUacuteJO E
SOUSA
A Gestatildeo Educacional nos Planos de Accedilotildees Articuladas (PAR) de
municiacutepios paraibanos Disponiacutevel em
httpwwwanpaeorgbrsimposio2011cdrom2011PDFstrabalhosCo
mpletoscomunicacoesRelatos0404pdf
ANPAE
2011
OLIVEIRA e
SENNA
O Plano de Accedilotildees Articuladas no contexto do PDE a dimensatildeo gestatildeo
educacional no par de municiacutepios sul-mato-grossenses Disponiacutevel em
httpwwwanpaeorgbrsimposio2011cdrom
2011PDFstrabalhosCompletoscomunicacoesRelatos0453pdf
ANPAE
2011
MAFASSIOLI E
MARCHAND
Plano de Accedilotildees Articuladas competecircncias dos entes federados na sua
implementaccedilatildeo ANPAE 2011 Disponiacutevel em
httpwwwanpaeorgbrsimposio2011cdrom2011PDFstrabalhosCo
mpletoscomunicacoesRelatos0057pdf
ANPAE
2011
SCHNEIDER
PASQUAL E
DURLI
O PDE e as metas do PAR para a formaccedilatildeo de professores da educaccedilatildeo
baacutesica Ensaio aval pol puacutebl Educ Rio de Janeiro v 20 n 75 p 303-
324 abrjun 2012
ANPAE
2012
OLIVEIRA
SCAFF E SENNA
O Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) no acircmbito dos planos plurianuais
do governo Lula implicaccedilotildees em municiacutepios brasileiros
httpwwwanpaeorgbriberoamericano2012TrabalhosReginaTereza
CestariDeOliveira_res_int_GT7pdf
ANPAE
2012
VALENTE
GUIMARAtildeES E
FREITAS
O Plano De Accedilotildees Articuladas de Ituiutaba ndash MG Uma Anaacutelise das
Praacuteticas Pedagoacutegicas e da Avaliaccedilatildeo Disponiacutevel em
httpwwwanpaeorgbrsimposio26
1comunicacoesClaudileneAbadiaFreitasGuimaraes-ComunicacaoOral-
intpdf
ANPAE
2013
CORREA Joatildeo J A Centralidade do ldquoPDErdquo e do ldquoPARrdquo no acesso agrave poliacutetica educacional
a experiecircncia de gestatildeo na microrregiatildeo de Foz do Iguaccedilu no Paranaacute
RBPAE 2013 Disponiacutevel em
httpseerufrgsbrindexphprbpaearticleview4282227122
ANPAE 2013
FERREIRA E e
BASTOS Roberta
Poliacuteticas educacionais e planejamento o PAR como objeto de
investigaccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwanpaeorgbrsimposio26
1comunicacoesElizaBartolozziFerreira-ComunicacaoOral-intpdf
ANPAE
2013
OLIVEIRA Beatriz
A
Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) a consolidaccedilatildeo da accountability na
poliacutetica educacional brasileira ANPAE 2013 Disponiacutevel em
httpwwwanpaeorgbrsimposio26
1comunicacoesBeatrizAlvesDeOliveira-ComunicacaoOral - intpdf
ANPAE
2013
187
Ana Elizabeth Maia
de Albuquerque
O ARRANJO FEDERALISTA BRASILEIRO E AS POLIacuteTICAS DE
INDUCcedilAtildeO DA UNIAtildeO UMA ANAacuteLISE DO PLANO DE ACcedilOtildeES
ARTICULADAS DO MINISTEacuteRIO DA EDUCACcedilAtildeO
httpwwwanpaeorgbrIBERO_AMERICANO_IVGT5GT5_Comu
nicacaoAnaElizabethMaiadeAlbuquerque_GT5_integralpdf
ANPAE
2014
Alzira Batalha
Alcantara
GESTAtildeO DEMOCRAacuteTICA NO AcircMBITO DO PLANO DE ACcedilOtildeES
ARTICULADAS PARTICIPACcedilAtildeO FORMAL OU SUBSTANCIAL
httpwwwanpaeorgbrIBERO_AMERICANO_IVGT1GT1_Comu
nicacaoAlziraBatalhaAlcantara_GT1_integralpdf
ANPAE
2014
Raimundo Sousa
Gestatildeo da educaccedilatildeo apontamentos iniciais sobre a implementaccedilatildeo do
Plano de Accedilotildees Articuladas em Altamira-PA
httpwwwanpaeorgbrIBERO_AMERICANO_IVGT1GT1_Relato
RaimundoSousa_GT1_integralpdf
ANPAE
2014
Vanessa Socorro
Silva Costa
O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS NO PARAacute PROCESSOS
INSTITUIacuteDOS E CONTRADICcedilOtildeES
httpwwwanpaeorgbrIBERO_AMERICANO_IVGT5GT5_Comu
nicacaoVanessaSocorroSilvaCosta_GT5_Integralpdf
ANPAE
2014
Gildeci Santos
Pereira e
Odete da Cruz
Mendes
PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS (PAR) CONFIGURACcedilOtildeES
DA GESTAtildeO EDUCACIONAL NA REDE DE ENSINO MUNICIPAL
ANPAE
2015
Heryka Cruz
Nogueira e Dalva
Valente G
Gutierres
O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS AS PRODUCcedilOtildeES
ESCRITAS NO PERIacuteODO DE 2009 A 2013
ANPAE 2015
Maria Isabel Soares
Feitosa e Maria
Alice de M Aranda
O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS NO PROCESSO DE
DISSEMINACcedilAtildeO DA INFORMACcedilAtildeO CIENTIacuteFICA
ANPAE 2015
Severino Vilar de
Albuquerque
GESTAtildeO EDUCACIONAL E QUALIDADE DA EDUCACcedilAtildeO OS
DILEMAS DA IMPLANTACcedilAtildeO DO PLANO DE ACcedilOtildeES
ARTICULADAS (PAR)
ANPAE 2015
Laacutezara Cristina da
Silva
PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS (PAR) E A FORMACcedilAtildeO
DOCENTE DESAFIOS E IMPLICACcedilOtildeES NA REGIAtildeO DO
TRIAcircNGULO MINEIRO PARA A EDUCACcedilAtildeO INCLUSIVA
ANPAE 2015
Amanda Higino F
de Sousa
Gersonita Paulino
de S Cruz
O PLANEJAMENTO EDUCACIONAL DO MUNICIacutePIO DE
NATALRN ATRAVEacuteS DO PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS
(2007-2011) UMA ANAacuteLISE DA DIMENSAtildeO DE PRAacuteTICAS
PEDAGOacuteGICAS E AVALIACcedilAtildeO
ANPAE 2015
Daniela Cunha
Terto
Alda Maria Duarte
A Castro
PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS NO CONTEXTO DO
FEDERALISMO BRASILEIRO ESTRATEacuteGIA DE COOPERACcedilAtildeO
INTERGOVERNAMENTAL
ANPAE 2015
Maria Aparecida R
da Silva Ceacutezar
O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS E A AUTONOMIA DO
MUNICIacutePIO NA GESTAtildeO EDUCACIONAL
ANPAE 2015
Maria Goretti
Cabral Barbalho
Gilneide Maria de
Oliveira Lobo
PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS 2007- 2011 UMA ANAacuteLISE
DA DIMENSAtildeO INFRAESTRUTURA FIacuteSICA E RECURSOS
PEDAGOacuteGICOS EM MOSSOROacuteRN
ANPAE 2015
Marilda Pasqual
Schneider
PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS (PAR) E AS CONDICcedilOtildeES DE
MELHORIA DA QUALIDADE EDUCACIONAL
ANPAE 2015
ANPED
DAMASCENO
Alberto e SANTOS
Emina
Controle social na educaccedilatildeo municipal os planos de accedilotildees Articuladas
e o desafio da construccedilatildeo do novo sistema nacional de educaccedilatildeo na
Amazocircnia Disponiacutevel em
http33reuniaoanpedorgbr33encontroappwebrootfilesfileTrabal
hos20em20PDFGT05-6712--Intpdf
ANPED
2010
MAFASSIOLI
Andreacuteia da S
Plano de Accedilotildees Articuladas uma avaliaccedilatildeo da implementaccedilatildeo no
municiacutepio de GravataiacuteRS Disponiacutevel em
httpwwwportalanpedsulcombr2012homephplink=gruposampacao
ANPED
SUL
2012
188
=listar_trabalhosampnome=GT0520E2809320Estado20e2
0PolC3ADtica20Educacionalampid=105
Liane Maria
Bernardi
Alexandre Joseacute
Rossi
Lucia Hugo Uczak
Do movimento Todos pela Educaccedilatildeo ao Plano de Accedilotildees Articuladas e
Guia de Tecnologias empresaacuterios interlocutores e clientes do estado
httpxanpedsulfaedudescbrarq_pdf596-0pdf
ANPED
SUL
2014
A implementaccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas no municiacutepio de
Sorocaba - SP limites e possibilidades para efetivaccedilatildeo do regime de
colaboraccedilatildeo
httpsanpedsudeste2014fileswordpresscom201507flc3a1via-leila-
da-silva-paulo-gomes-limapdf
ANPED
SUDEST
E
2014
O Plano De Accedilatildeo Articulada e o municiacutepio de Portel no Arquipeacutelago de
Marajoacute
httpsanpedsudeste2014fileswordpresscom201507jose-carlos-
martins-cardoso-antc3b4nio-chizzottipdf
ANPED
SUDEST
E
2014
O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS E A FORMACcedilAtildeO DE
PROFESSORES EM SERVICcedilO NA GESTAtildeO DA EDUCACcedilAtildeO
MUNICIPAL
http37reuniaoanpedorgbrwp-
contentuploads201502PC3B4ster-GT08-3683pdf
ANPED 2015
SciELO
DUARTE Marisa
R e JUNQUEIRA
Deacuteborah S
A propagaccedilatildeo de novos modos de regulaccedilatildeo no sistema educacional
brasileiro o Plano de Accedilotildees Articuladas e as relaccedilotildees entre as escolas e
a Uniatildeo Pro-Posiccedilotildees v 24 n 2 (71) p 165-193 maioago 2013
SciELO 2013
Federalismo e planejamento educacional no exerciacutecio do PAR SciELO 2014
189
ANEXOS
190
DIRETRIZES DO PLANO DE METAS COMPROMISSO TODOS PELA
EDUCACcedilAtildeO
I estabelecer como foco a aprendizagem apontando resultados concretos a atingir
II alfabetizar as crianccedilas ateacute no maacuteximo os oito anos de idade aferindo os resultados por exame perioacutedico
especiacutefico
III acompanhar cada aluno da rede individualmente mediante registro da sua frequecircncia e do seu desempenho em
avaliaccedilotildees que devem ser realizadas periodicamente
IV combater a repetecircncia dadas as especificidades de cada rede pela adoccedilatildeo de praacuteticas como aulas de reforccedilo no
contra turno estudos de recuperaccedilatildeo e progressatildeo parcial
V combater a evasatildeo pelo acompanhamento individual das razotildees da natildeo frequecircncia do educando e sua superaccedilatildeo
VI matricular o aluno na escola mais proacutexima da sua residecircncia
VII ampliar as possibilidades de permanecircncia do educando sob responsabilidade da escola para aleacutem da jornada
regular
VIII valorizar a formaccedilatildeo eacutetica artiacutestica e a educaccedilatildeo fiacutesica
IX garantir o acesso e permanecircncia das pessoas com necessidades educacionais especiais nas classes comuns do
ensino regular fortalecendo a inclusatildeo educacional nas escolas puacuteblicas
X promover a educaccedilatildeo infantil
XI manter programa de alfabetizaccedilatildeo de jovens e adultos
XII instituir programa proacuteprio ou em regime de colaboraccedilatildeo para formaccedilatildeo inicial e continuada de profissionais da
educaccedilatildeo
XIII implantar plano de carreira cargos e salaacuterios para os profissionais da educaccedilatildeo privilegiando o meacuterito a
formaccedilatildeo e a avaliaccedilatildeo do desempenho
XIV valorizar o meacuterito do trabalhador da educaccedilatildeo representado pelo desempenho eficiente no trabalho
dedicaccedilatildeo assiduidade pontualidade responsabilidade realizaccedilatildeo de projetos e trabalhos especializados cursos
de atualizaccedilatildeo e desenvolvimento profissional
XV dar consequumlecircncia ao periacuteodo probatoacuterio tornando o professor efetivo estaacutevel apoacutes avaliaccedilatildeo de preferecircncia
externa ao sistema educacional local
XVI envolver todos os professores na discussatildeo e elaboraccedilatildeo do projeto poliacutetico pedagoacutegico respeitadas as
especificidades de cada escola
XVII incorporar ao nuacutecleo gestor da escola coordenadores pedagoacutegicos que acompanhem as dificuldades
enfrentadas pelo professor
XVIII fixar regras claras considerados meacuterito e desempenho para nomeaccedilatildeo e exoneraccedilatildeo de diretor de escola
XIX divulgar na escola e na comunidade os dados relativos agrave aacuterea da educaccedilatildeo com ecircnfase no Iacutendice de
Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica IDEB referido no art 3o
XX acompanhar e avaliar com participaccedilatildeo da comunidade e do Conselho de Educaccedilatildeo as poliacuteticas puacuteblicas na
aacuterea de educaccedilatildeo e garantir condiccedilotildees sobretudo institucionais de continuidade das accedilotildees efetivas preservando
a memoacuteria daquelas realizadas
XXI zelar pela transparecircncia da gestatildeo puacuteblica na aacuterea da educaccedilatildeo garantindo o funcionamento efetivo
autocircnomo e articulado dos conselhos de controle social
XXII promover a gestatildeo participativa na rede de ensino
XXIII elaborar plano de educaccedilatildeo e instalar Conselho de Educaccedilatildeo quando inexistentes
XXIV integrar os programas da aacuterea da educaccedilatildeo com os de outras aacutereas como sauacutede esporte assistecircncia social
cultura dentre outras com vista ao fortalecimento da identidade do educando com sua escola
XXV fomentar e apoiar os conselhos escolares envolvendo as famiacutelias dos educandos com as atribuiccedilotildees
dentre outras de zelar pela manutenccedilatildeo da escola e pelo monitoramento das accedilotildees e consecuccedilatildeo das metas do
compromisso
191
XXXVI transformar a escola num espaccedilo comunitaacuterio e manter ou recuperar aqueles espaccedilos e equipamentos
puacuteblicos da cidade que possam ser utilizados pela comunidade escolar
XXVII firmar parcerias externas agrave comunidade escolar visando a melhoria da infra-estrutura da escola ou a
promoccedilatildeo de projetos socioculturais e accedilotildees educativas
XXVIII organizar um comitecirc local do Compromisso com representantes das associaccedilotildees de empresaacuterios
trabalhadores sociedade civil Ministeacuterio Puacuteblico Conselho Tutelar e dirigentes do sistema educacional puacuteblico
encarregado da mobilizaccedilatildeo da sociedade e do acompanhamento das metas de evoluccedilatildeo do IDEB
192
ANEXO
PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS ndash 1ordf VERSAtildeO
DIMENSAtildeO 1 GESTAtildeO EDUCACIONAL
193
PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS ndash 1ordf VERSAtildeO
DIMENSAtildeO 2 FORMACcedilAtildeO DE PROFESSORES E DOS PROFISSIONAIS DE SERVICcedilO
E APOIO ESCOLAR
DIMENSAtildeO 3 PRAacuteTICAS PEDAGOacuteGICAS E AVALIACcedilAtildeO
194
PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS ndash 1ordf VERSAtildeO
DIMENSAtildeO 4 INFRA-ESTRUTURA FIacuteSICA E RECURSOS PEDAGOacuteGICOS
195
ANEXO
PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS ndash 2ordf VERSAtildeO
Dimensatildeo 1 ndash Gestatildeo Educacional
Aacuterea 1 - Gestatildeo
Democraacutetica
Articulaccedilatildeo e
Desenvolvimento dos
Sistemas de Ensino
1 Existecircncia acompanhamento e avaliaccedilatildeo do Plano Municipal de
Educaccedilatildeo (PME) desenvolvido com base no Plano Nacional de
Educaccedilatildeo (PNE)
2 Existecircncia composiccedilatildeo competecircncia e atuaccedilatildeo do Conselho
Municipal de Educaccedilatildeo (CME)
3 Existecircncia e funcionamento de conselhos escolares (CE)
4 Existecircncia de projeto pedagoacutegico (PP) nas escolas inclusive nas de
alfabetizaccedilatildeo de jovens e adultos (AJA) e de educaccedilatildeo de jovens e
adultos (EJA) participaccedilatildeo dos professores e do conselho escolar na sua
elaboraccedilatildeo orientaccedilatildeo da secretaria municipal de educaccedilatildeo e
consideraccedilatildeo das especificidades de cada escola
5 Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho do Fundo de Manutenccedilatildeo e
Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos
Profissionais da Educaccedilatildeo (Fundeb)
6 Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar (CAE)
7 Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromisso
Aacuterea 2 ndash Gestatildeo de
pessoas
1 Quadro de servidores da secretaria municipal de educaccedilatildeo (SME)
2 Criteacuterios para escolha da direccedilatildeo escolar
3 Presenccedila de coordenadores ou supervisores pedagoacutegicos nas escolas
4 Quadro de professores
5 Estaacutegio probatoacuterio efetivando os professores e outros profissionais da
Educaccedilatildeo
6 Plano de carreira para o magisteacuterio
7 Plano de carreira dos profissionais de serviccedilo e apoio escolar
8 Piso salarial nacional do professor
9 Existecircncia de professores para o exerciacutecio da funccedilatildeo docente no
atendimento educacional especializado (AEE) complementar ao ensino
regular
Aacuterea 3 ndash Conhecimento
e utilizaccedilatildeo de
informaccedilatildeo
1 Existecircncia de um sistema informatizado de gestatildeo escolar que integre
a rede municipal de ensino
2 Conhecimento da situaccedilatildeo das escolas da rede
3 Conhecimento e utilizaccedilatildeo dos dados de analfabetismo e escolaridade
de jovens e adultos
4 Acompanhamento e registro da frequecircncia dos alunos beneficiados
pelo Programa Bolsa Famiacutelia (PBF)
5 Existecircncia de monitoramento do acesso e permanecircncia de pessoas
com deficiecircncia de 0 a 18 anos beneficiaacuterias do Benefiacutecio da Prestaccedilatildeo
Continuada (BPC) 6 Formas de registro da frequecircncia
Aacuterea 4 ndash Gestatildeo de
financcedilas
1 Existecircncia de equipe gestora capacitada para o gerenciamento dos
recursos para a Educaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo do Sistema de Informaccedilotildees sobre
Orccedilamentos Puacuteblicos em Educaccedilatildeo (Siope)
2 Cumprimento do dispositivo constitucional de vinculaccedilatildeo dos
recursos da Educaccedilatildeo
3 Aplicaccedilatildeo dos recursos de redistribuiccedilatildeo e complementaccedilatildeo do Fundo
de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de
Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo (Fundeb)
196
Aacuterea 5 ndash Comunicaccedilatildeo
e interaccedilatildeo com a
sociedade
1 Divulgaccedilatildeo e anaacutelise dos resultados das avaliaccedilotildees oficiais do MEC
2 Existecircncia de parcerias externas para realizaccedilatildeo de atividades
complementares que visem agrave formaccedilatildeo integral dos alunos
3 Relaccedilatildeo com a comunidade promoccedilatildeo de atividades e utilizaccedilatildeo da
escola como espaccedilo comunitaacuterio Total de aacutereas 05 28 indicadores
Dimensatildeo 2 ndash Formaccedilatildeo de Professores e de Profissionais de Serviccedilo e Apoio Escolar
Aacuterea 1 Formaccedilatildeo
Inicial de Professores
da Educaccedilatildeo Baacutesica
1 Habilitaccedilatildeo dos professores que atuam nas creches
2 Habilitaccedilatildeo dos professores que atuam na preacute-escola
3 Habilitaccedilatildeo dos professores que atuam nos anosseacuteries iniciais do
ensino fundamental incluindo professores da educaccedilatildeo de jovens e
adultos (EJA)
4 Habilitaccedilatildeo dos professores que atuam nos anosseacuteries finais do
ensino fundamental incluindo professores da educaccedilatildeo de jovens e
adultos (EJA)
Aacuterea 2 Formaccedilatildeo
Continuada de
Professores da
Educaccedilatildeo Baacutesica
1 Existecircncia e implementaccedilatildeo de poliacuteticas para a formaccedilatildeo continuada
de professores que atuam na educaccedilatildeo infantil
2 Existecircncia e implementaccedilatildeo de poliacuteticas para a formaccedilatildeo continuada
de professores que visem qualificar a praacutetica de ensino da leituraescrita
da Matemaacutetica e dos demais componentes curriculares nos anosseacuteries
iniciais do ensino fundamental incluindo professores da educaccedilatildeo de
jovens e adultos (EJA)
3 Existecircncia e implementaccedilatildeo de poliacuteticas para a formaccedilatildeo continuada
de professores que visem agrave melhoria da qualidade de aprendizagem de
todos os componentes curriculares nos anosseacuteries finais do ensino
fundamental incluindo professores da educaccedilatildeo de jovens e adultos
(EJA)
4 Existecircncia e implementaccedilatildeo de poliacuteticas para a formaccedilatildeo continuada
de professores que visem ao desenvolvimento de praacuteticas educacionais
inclusivas na classe comum em todas as etapas e modalidades Aacuterea 3 Formaccedilatildeo de
professores da
Educaccedilatildeo Baacutesica para
atuaccedilatildeo em educaccedilatildeo
especial escolas do
campo comunidades
quilombolas ou
indiacutegenas
1 Formaccedilatildeo dos professores da educaccedilatildeo baacutesica que atuam no
atendimento educacional especializado (AEE)
2 Formaccedilatildeo dos professores que atuam em escolas do campo
3 Formaccedilatildeo dos professores que atuam em escolas de comunidades
quilombolas
4 Qualificaccedilatildeo dos professores que atuam em escolas de comunidades
indiacutegenas
Aacuterea 4 Formaccedilatildeo de
professores da
educaccedilatildeo baacutesica para
cumprimento das Leis
979599 1063903
1152507 e 1164508
1 Existecircncia e implementaccedilatildeo de poliacuteticas para a formaccedilatildeo de
professores visando ao cumprimento das Leis 979599 1063903
1152507 e 1164508
Aacuterea 5 Formaccedilatildeo de
Profissionais da
Educaccedilatildeo e Outros
Representantes da
Comunidade Escolar
1 Participaccedilatildeo dos gestores de unidades escolares em programas de
formaccedilatildeo especiacutefica
2 Existecircncia e implementaccedilatildeo de poliacuteticas para formaccedilatildeo continuada
das equipes pedagoacutegicas
3 Participaccedilatildeo de gestores equipes pedagoacutegicas profissionais de
serviccedilos e apoio escolar em programas de formaccedilatildeo para a educaccedilatildeo
inclusiva
197
4 Participaccedilatildeo dos profissionais de serviccedilo e apoio escolar e de outros
representantes da comunidade escolar em programas de formaccedilatildeo
especiacutefica
Total de aacutereas 05 17 indicadores
Dimensatildeo 3 ndash Praacuteticas Pedagoacutegicas e Avaliaccedilatildeo
Aacuterea 1 Organizaccedilatildeo da
Rede de Ensino
1 Implantaccedilatildeo e organizaccedilatildeo do ensino fundamental de 9 anos
2 Implantaccedilatildeo e organizaccedilatildeo do ensino obrigatoacuterio dos 4 aos 17 anos
3 Existecircncia de poliacutetica de educaccedilatildeo em tempo integral atividades que
ampliam a jornada escolar do estudante para no miacutenimo sete horas
diaacuterias nos cinco dias por semana
4 Poliacutetica de correccedilatildeo de fluxo
5 Existecircncia de accedilotildees para a superaccedilatildeo do abandono e da evasatildeo escolar
6 Atendimento agrave demanda de educaccedilatildeo de jovens e adultos (EJA)
7 Oferta do atendimento educacional especializado (AEE)
complementar ou suplementar agrave escolarizaccedilatildeo
Aacuterea 2 Organizaccedilatildeo das
praacuteticas pedagoacutegicas
1 Existecircncia de proposta curricular para a rede de ensino
2 Processo de escolha do livro didaacutetico
3 Existecircnciaadoccedilatildeo de metodologias especiacuteficas para a alfabetizaccedilatildeo
4 Existecircncia de programas de incentivo agrave leitura para o professor e o
aluno incluindo a educaccedilatildeo de jovens e adultos (EJA)
5 Estiacutemulo agraves praacuteticas pedagoacutegicas fora do espaccedilo escolar com
ampliaccedilatildeo das oportunidades de aprendizagem
6 Reuniotildees pedagoacutegicas e horaacuterios de trabalhos pedagoacutegicos para
discussatildeo dos conteuacutedos e metodologias de ensino
Aacuterea 3 Avaliaccedilatildeo da
Aprendizagem dos
Alunos e Tempo para
Assistecircncia
IndividualColetiva aos
Alunos que Apresentam
Dificuldade de
Aprendizagem
1 Formas de avaliaccedilatildeo da aprendizagem dos alunos
2 Utilizaccedilatildeo do tempo para assistecircncia individual coletiva aos alunos
que apresentam dificuldade de aprendizagem
Total de aacutereas 03 15 indicadores
Dimensatildeo 4 ndash Infraestrutura Fiacutesica e Recursos Pedagoacutegicos
Aacuterea 1 Instalaccedilotildees
fiacutesicas da secretaria
municipal de educaccedilatildeo
1 Condiccedilotildees da infraestrutura fiacutesica existente da secretaria municipal de
educaccedilatildeo
2 Condiccedilotildees de mobiliaacuterio e equipamentos da secretaria municipal de
educaccedilatildeo
Aacuterea 2 Condiccedilotildees da
rede fiacutesica escolar
existente
1 Biblioteca instalaccedilotildees e espaccedilo fiacutesico
2 Acessibilidade arquitetocircnica nos ambientes escolares
3 Infraestrutura fiacutesica existente condiccedilotildees das unidades escolares que
ofertam a educaccedilatildeo infantil na aacuterea urbana
4 Infraestrutura fiacutesica existente condiccedilotildees das unidades escolares que
ofertam a educaccedilatildeo infantil no campo comunidades indiacutegenas eou
quilombolas
5 Infraestrutura fiacutesica existente condiccedilotildees das unidades escolares que
ofertam o ensino fundamental na aacuterea urbana
198
6 Infraestrutura fiacutesica existente condiccedilotildees das unidades escolares que
ofertam o ensino fundamental no campo comunidades indiacutegenas eou
quilombolas
7 Necessidade de novos preacutedios escolares existecircncia de preacutedios
escolares para atendimento agrave demanda da educaccedilatildeo infantil na aacuterea
urbana
8 Necessidade de novos preacutedios escolares existecircncia de preacutedios
escolares para atendimento agrave demanda da educaccedilatildeo infantil no campo
comunidades indiacutegenas eou quilombolas
9 Necessidade de novos preacutedios escolares existecircncia de preacutedios
escolares para atendimento agrave demanda do ensino fundamental na aacuterea
urbana
10 Necessidade de novos preacutedios escolares existecircncia de preacutedios
escolares para atendimento agrave demanda do ensino fundamental no campo
comunidades indiacutegenas eou quilombolas
11 Condiccedilotildees de mobiliaacuterio e equipamentos escolares quantidade
qualidade e acessibilidade
12 Existecircncia de transporte escolar para alunos da rede atendimento agrave
demanda agraves condiccedilotildees de qualidade e de acessibilidade
Aacuterea 3 Uso de
Tecnologias
1 Existecircncia e funcionalidade dos laboratoacuterios de Ciecircncias e de
Informaacutetica nas escolas de ensino fundamental
2 Existecircncia de computadores ligados agrave rede mundial de computadores
e utilizaccedilatildeo de recursos de Informaacutetica para atualizaccedilatildeo de conteuacutedos e
realizaccedilatildeo de pesquisas
3 Existecircncia de sala de recursos multifuncionais e utilizaccedilatildeo para o
atendimento educacional especializado (AEE)
4 Utilizaccedilatildeo de processos ferramentas e materiais de natureza
pedagoacutegica preacute-qualificados pelo MEC
Aacuterea 4 Recursos
pedagoacutegicos para o
desenvolvimento de
praacuteticas pedagoacutegicas que
considerem a
diversidade das
demandas educacionais
1 Existecircncia suficiecircncia diversidade e acessibilidade do acervo
bibliograacutefico (de referecircncia e literatura)
2 Existecircncia suficiecircncia diversidade e acessibilidade de materiais
pedagoacutegicos
3 Suficiecircncia diversidade e acessibilidade dos equipamentos e
materiais esportivos
4 Produccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de materiais didaacuteticos para a educaccedilatildeo de jovens
e adultos (EJA) e para a diversidade Total de aacutereas 04 22 indicadores
HERYKA CRUZ NOGUEIRA
O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS (PAR) E SUAS IMPLICACcedilOtildeES PARA A
GESTAtildeO DA EDUCACcedilAtildeO NA REDE MUNICIPAL DE EDUCACcedilAtildeO DE
SANTANAAP
Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em
Educaccedilatildeo da Universidade Federal do Paraacute ndash UFPA como
requisito para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Educaccedilatildeo
Orientadora Profa Dra Dalva Valente Guimaratildees Gutierres
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________________
Profa Dra Dalva Valente Guimaratildees Gutierres
Universidade Federal do Paraacute - UFPA
(Orientadora)
_______________________________________________
Profa Dra Vera Luacutecia Jacob Chaves
Universidade Federal do Paraacute - UFPA
(Examinador Interno)
_______________________________________________
Profa Dra Luciane Terra dos Santos Garcia
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
(Examinador Externo)
_______________________________________________
Profa Dra Arlete Maria Monte Camargo
Universidade Federal do Paraacute - UFPA
(Examinador Interno - Suplente)
______________________________________________
Profa Dra Magna Franccedila
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
(Examinador Externo - Suplente)
Dissertaccedilatildeo aprovada em 24 de Junho de 2016
BELEacuteM-PA
2016
O capitalismo eacute ndash em sua anaacutelise final ndash incompatiacutevel com a
democracia se por ldquodemocraciardquo entendemos tal como o indica sua
significaccedilatildeo literal o poder popular ou o governo do povo Natildeo existe
um capitalismo governado pelo poder popular no qual o desejo das
pessoas seja privilegiado ao dos imperativos do ganho e da
acumulaccedilatildeo e no qual os requisitos da maximizaccedilatildeo do benefiacutecio natildeo
ditem as condiccedilotildees mais baacutesicas de vida O capitalismo eacute
estruturalmente antiteacutetico em relaccedilatildeo agrave democracia (WOOD 2006 p
382)
AGRADECIMENTOS
Agrave DEUS que me concede o dom da vida e estaacute sempre guiando os meus passos
iluminando os meus caminhos e tramando a minha existecircncia
Agrave minha famiacutelia pelo amor muacutetuo e incondicional aqui me refiro ao meu pai
LAEcircNIO NOGUEIRA exemplo de homem dedicado inteligente esforccedilado e de grande
coraccedilatildeo um ser humano espetacular A minha matildee SOCORRO CRUZ pela dedicaccedilatildeo e
incentivo mesmo sabendo que o caminho que escolhi natildeo seria faacutecil Aos meus irmatildeos LAENIO
JUacuteNIOR e BRUNO NOGUEIRA pelo carinho
Destaco aqui um agradecimento especial a minha orientadora a Dra DALVA
VALENTE GUIMARAtildeES GUTIERRES pela acolhida pelo carinho pela rigorosidade teoacuterica
e pelas valiosiacutessimas contribuiccedilotildees que dispensou a esse trabalho
A Profa Dra VERA LUacuteCIA JACOB CHAVES pelas contribuiccedilotildees decisivas na
banca de qualificaccedilatildeo e de defesa desta dissertaccedilatildeo Suas orientaccedilotildees materializadas em elogios
e criacuteticas foram fundamentais para a finalizaccedilatildeo deste estudo
A Profa Dra ODETE CRUZ MENDES pelo compartilhamento de experiecircncias no
estudo sobre a gestatildeo educacional as suas observaccedilotildees muito contribuiacuteram para a maturaccedilatildeo
da temaacutetica
A Profa Profa Dra LUCIANE TERRA DOS SANTOS GARCIA da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte por ter aceitado o convite de participar da banca de defesa e
pelas valiosas contribuiccedilotildees
A todos os MEUS PROFESSORES do Instituto de Ciecircncias da Educaccedilatildeo
vinculados ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da UFPA que com seus valiosos
ensinamentos de alguma forma contribuiacuteram para a construccedilatildeo desse trabalho
A UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute por oportunizar cursos de poacutes-
graduaccedilatildeo Stricto Sensu e contribuir para a melhoria da educaccedilatildeo no Norte do paiacutes
Aos meus COLEGAS DA TURMA DO MESTRADO 2014 os quais
compartilhamos anguacutestias incertezas duacutevidas mas tambeacutem alegrias
A Profa Dra ILMA BARLETA da UNIFAP pela troca de experiecircncias sobre a
Gestatildeo Educacional no PAR
Aos companheiros do GEPESUFPA e do GEFINUFPA por todo aprendizado que
compartilhamos nesse dois anos
Um agradecimento especial aos servidores da SECRETARIA MUNICIPAL DE
EDUCACcedilAtildeO DE SANTANAAP e aos Conselheiros que fazem a Educaccedilatildeo do municiacutepio de
Santana e que compreendem a importacircncia das possiacuteveis contribuiccedilotildees para o municiacutepio de um
estudo aprofundado sobre a gestatildeo educacional os meus agradecimentos
A DEISIANNE CASTRO pela companhia e que junto comigo viveu a expectativa
dessa conquista
A MARINEIDE ALMEIDA e JOSINETE ALMEIDA pelas conversas pela troca
de experiecircncias e por me ceder estadia sem essa ajuda natildeo seria possiacutevel concluir o mestrado
na cidade de Beleacutem do Paraacute
Por fim agradeccedilo a todos que de alguma forma contribuiacuteram direta ou
indiretamente para o longo doloroso e excitante processo de elaboraccedilatildeo deste texto
RESUMO
Este estudo analisa o Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) e as suas implicaccedilotildees para a gestatildeo educacional
na rede municipal de SantanaAP na perspectiva de analisar seus efeitos na democratizaccedilatildeo da gestatildeo
com ecircnfase nas diferentes concepccedilotildees de gestatildeo utilizadas em acircmbito educacional municipal tendo
como paracircmetro a organizaccedilatildeo da educaccedilatildeo atual em um contexto permeado de mudanccedilas na estrutura
administrativa do paiacutes originadas a partir do Plano de Reforma do Estado Brasileiro nos anos de 1990
que propotildee accedilotildees de organizaccedilatildeo do Estado e de gestatildeo gerencial voltadas para atender os anseios de
uma sociedade capitalista Partiu-se do pressuposto de que a gestatildeo democraacutetica da educaccedilatildeo natildeo pode
ser vista em abstrato e portanto no sistema capitalista a participaccedilatildeo a descentralizaccedilatildeo e a autonomia
que satildeo elementos constitutivos da democracia ganham nuances contraditoacuterias Como metodologia
utilizou-se a anaacutelise documental e entrevistas semiestruturadas com a equipe gestora da rede municipal
de educaccedilatildeo de Santana ndash Amapaacute a Equipe Teacutecnica Local de elaboraccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas
(PAR) integrantes do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar do
Conselho Escolar do Conselho do FUNDEB e diretor escolar A intenccedilatildeo foi analisar a Dimensatildeo
Gestatildeo Educacional do PAR focalizando a Aacuterea ldquoGestatildeo democraacuteticardquo a partir de seis Indicadores
Existecircncia de Conselhos Escolares Existecircncia composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho Municipal de
Educaccedilatildeo Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do
Conselho do Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos
Profissionais da Educaccedilatildeo Criteacuterios para escolha da Direccedilatildeo Escolar e Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc
Local do Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo Os resultados obtidos evidenciou a histoacuterica fragilidade
da democratizaccedilatildeo da gestatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana pois os mecanismos que poderiam
viabilizar a participaccedilatildeo a descentralizaccedilatildeo e a autonomia que satildeo os conselhos municipais de controle
social tem funcionado precariamente Os criteacuterios de escolha de diretores excluem as formas
democraacuteticas de participaccedilatildeo da comunidade escolar como a eleiccedilatildeo e favorecem as praacuteticas
centralizadoras de nomeaccedilatildeo A gestatildeo dos recursos financeiros da educaccedilatildeo eacute centralizada na prefeitura
municipal dificultando a participaccedilatildeo da populaccedilatildeo no controle social Com o PAR houve expansatildeo do
nuacutemero de Conselhos escolares o que pode potencializar a participaccedilatildeo dos sujeitos no controle social
dos recursos e outras formas de descentralizaccedilatildeo das decisotildees Isso a depender da correlaccedilatildeo de forccedilas
locais historicamente permeada por formas patrimonialistas de gestatildeo que com o PAR ganharam
nuances de gerencialismo
PALAVRAS-CHAVE Gestatildeo Educacional Plano de Accedilotildees Articuladas Poliacutetica Educacional Rede
Municipal de Ensino de Santana - Amapaacute
ABSTRACT
This study analyses the Articulated Plan of Actions (PAR) and its implications for the educational
management in the municipal network of Santana in the State of Amapaacute with a view to analyze its
effects in the democratization of the management emphasizing the different conceptions of the
management used in the sphere of municipal education having as baseline the organization of the
current education in a context permeated of changes in the administrative structure of the country
originated from the Reform Plan of the Brazilian State in the years of 1990 that propose actions of
organization of the State and of management oriented to serve the expectations of a capitalist society
It is assumed that the democratic management of the education cannot be sight in an abstract way and
therefore in the capitalist system the participation the decentralization and the autonomy that are
constitutive elements of the democracy they get contradictory nuances It was used as methodology the
documental analyze and the semi structured interview with the team manager of the municipal network
of the education in Santana ndash Amapaacute ndash the technical local Team of elaboration of the Articulated Plan
of Actions (PAR) the participating of the Municipal Council of Education the School Council the Fund
for Maintenance and Development of Basic School and Valorization of Professionals (FUNDEB) and
School Director The purpose was to analyze the Dimension School Management of PAR focusing at
the area ldquoDemocratic Managementrdquo from six indicators existence of schools councils existence
composition and operation of the Municipal Education Council composition and operation of the
School Meals Council composition and operation of the Fund for Maintenance and Development of
Basic School and Valorization of Professionals criteria for the choice of the school director and the
existence and operation of the local committee of the All for Education Commitment The results
obtained put in evidence the historic fragility of the democratization of the education management in
Santana City because the mechanism that could permit the participation the decentralization and the
autonomy that are the municipal education councils they have been worked precariously The criteria
of choice of the directors exclude the democratic manners of participation of the school community as
the election for example and they promote the centralized practices of appointment The management
of the financial resources of the education is centralized at the municipal government turning the
participation of the population in the social control more and more difficult There was expansion of the
number of school councils which can ramp up the participation of individuals in the social control of
the resources and other ways of decentralization of the decisions It depends of the correlation of local
forces historically permeated for patrimonial manners of management that get with PAR a
manageralism nuance
KEY-WORDS Educational Management Articulated Plan of Actions Educational Policy Municipal
Network Learning of Santana ndash Amapaacute
LISTA DE QUADROS
Quadro 01 - Sujeitos da pesquisa 30
Quadro 02 - Funccedilotildees e objetivos do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo 63
Quadro 03 - Composiccedilatildeo do FUNDEB por esfera administrativa 72
Quadro 04 - Eixos de Accedilatildeo do Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo 82
Quadro 05 - Descriccedilatildeo das atribuiccedilotildees do MEC e do Municiacutepio na execuccedilatildeo do PAR municipal
92
Quadro 06 - Descriccedilatildeo dos documentos orientadores para elaboraccedilatildeo do PAR 95
Quadro 07 - Dimensatildeo 1 Gestatildeo Educacional (1ordf Versatildeo do PAR) 97
Quadro 08 - Dimensatildeo 1 Gestatildeo Educacional (2ordf Versatildeo do PAR) 98
Quadro 09 - Santana Secretaacuterios Municipais de Educaccedilatildeo (2005 ndash 2015) 98
Quadro 10 - Pontuaccedilatildeo dos Indicadores da gestatildeo democraacutetica do 1ordm e 2ordm PAR 140
Quadro 11 - Santana Diagnoacutestico do indicador do Conselho Escolar 142
Quadro 12 - Santana Receitas do PDDE por programa para as escolas da rede municipal
(2007 ndash 2014) 145
Quadro 13 - Santana Diagnoacutestico do indicador Conselho Municipal de Educaccedilatildeo 148
Quadro 14 - Santana Composiccedilatildeo do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo 150
Quadro 15 - Santana Diagnoacutestico do indicador do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar 151
Quadro 16 - Santana Diagnoacutestico do indicador do Conselho do Conselho do FUNDEB 154
Quadro 17 - Santana Composiccedilatildeo do CACS e FUNDEB 155
Quadro 18 - Santana Diagnoacutestico do Indicador Criteacuterios para a Escolha de Diretores 157
Quadro 19 - Santana Diagnoacutestico do indicador Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do
Compromisso 158
Quadro 20 - Santana Composiccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromisso 159
LISTA DE TABELAS
Tabela 01 - Produccedilatildeo escrita sobre o Plano de Accedilotildees Articuladas de 2009 a 2015 22
Tabela 02 - Nordm de Publicaccedilotildees sobre o Plano de Accedilotildees Articuladas por temaacutetica e fonte no
periacuteodo 2009 a 2015 22
Tabela 03 - Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica no Brasil (2005 a 2013) 89
Tabela 04 - Quantidade de Indicadores Aacuterea e Dimensotildees no 1ordm PAR (2007 - 2010) 91
Tabela 05 - Quantidade de Indicadores Aacuterea e Dimensotildees no 2ordm PAR (2011 - 2014) 92
Tabela 06 - Santana IDHM e seus componentes nas suas duas uacuteltimas deacutecadas 111
Tabela 07 - Dados gerais em relaccedilatildeo aos municiacutepios do estado do Amapaacute 111
Tabela 08 - Santana Matriacuteculas na educaccedilatildeo baacutesica por esfera administrativa 121
Tabela 09 - Santana IDEB do ensino fundamental (anos iniciais) em relaccedilatildeo ao estado
do Amapaacute e ao Brasil (2005 ndash 2013) 122
Tabela 10 - Santana Receitas de Impostos Proacuteprios 124
Tabela 11 - Santana Receitas do FUNDEB (2007 ndash 2014) 125
Tabela 12 - Santana Receitas do Salaacuterio Educaccedilatildeo e dos Programas do FNDE 129
Tabela 13 - Santana Receitas decorrentes do PAR (2009 ndash 2014) 129
Tabela 14 - Santana Despesas com a Funccedilatildeo Educaccedilatildeo (2007 ndash 2014) 133
Tabela 15 - Santana Miacutenimo de Aplicaccedilatildeo em MDE (2007 ndash 2014) 133
Tabela 16 - Santana Miacutenimo de Aplicaccedilatildeo do FUNDEB em remuneraccedilatildeo de professores134
Tabela 17 - Santana Siacutentese das pontuaccedilotildees das Dimensotildees do 1ordm PAR 138
Tabela 18 - Santana Siacutentese das pontuaccedilotildees das Dimensotildees do 2ordm PAR 139
Tabela 19 - Santana Total de Recursos do PDDE recebidos pelas Caixas Escolares da
Rede municipal no periacuteodo de 2007-2014 147
LISTA DE FIGURAS E GRAacuteFICOS
Figura 01 - Vista do municiacutepio de Santana-Amapaacute 102
Figura 02 - Monumento em homenagem a Santa Ana na entrada do municiacutepio 104
Figura 03 - Localizaccedilatildeo do municiacutepio de Santana no Estado do Amapaacute 105
Figura 04 - Localizaccedilatildeo Estrateacutegica do Porto de Santana para exportaccedilatildeo para outros paiacuteses
105
Figura 05 - Porto de Santana para importaccedilatildeo e exportaccedilatildeo 108
Figura 06 - Ferrovia que liga Santana a Serra do Navio para o transporte de mineacuterios 109
Figura 07 - Foto da sede da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de Santana 115
Figura 08 - Estrutura organizacional dos oacutergatildeos da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo (SEME)
116
Graacutefico 01 - Santana Nordm de escolas da rede municipal de ensino 2007-2014 119
Graacutefico 02 - Santana Nuacutemero de docentes atuando na rede municipal de ensino 2007-2014
120
Graacutefico 03 - SANTANA Receitas da Educaccedilatildeo em relaccedilatildeo as despesas com a funccedilatildeo educaccedilatildeo
- 2009 131
Graacutefico 04 - SANTANA Receitas da Educaccedilatildeo em relaccedilatildeo as despesas com a funccedilatildeo educaccedilatildeo
ndash 2013 132
Graacutefico 05 - Total de repasses do PDDE para as escolas da rede municipal 2007 ndash 2014 146
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ALCMS - Aacuterea de Livre Comeacutercio de Macapaacute e Santana
ANDES ndash Sindicato Nacional dos Docentes das Instituiccedilotildees de Ensino Superior
ANPAE - Associaccedilatildeo Nacional de Poliacutetica e Administraccedilatildeo da Educaccedilatildeo
ANPED - Associaccedilatildeo Nacional de Poacutes-Graduaccedilatildeo e Pesquisa em Educaccedilatildeo
AP - Amapaacute
BIRD - Banco Interamericano de Desenvolvimento
BM - Banco Mundial
CAE - Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar
CBE - Conferecircncia Brasileira de Educaccedilatildeo
CE - Conselho Escolar
CF - Constituiccedilatildeo Federal do Brasil
CME - Conselho Municipal de Educaccedilatildeo
CNE - Conselho Nacional de Educaccedilatildeo
CONSU - Conselho Superior Universitaacuterio
EEXs - Entidades Executoras
EF - Ensino Fundamental
EI - Educaccedilatildeo Infantil
ENADE - Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes
ENEM - Exame Nacional do Ensino Meacutedio
FHC - Fernando Henrique Cardoso
FMI - Fundo Monetaacuterio Internacional
FNDE - Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo
FNDEP - Foacuterum Nacional em Defesa da Escola Puacuteblica na LDB
FPM ndash Fundo de Participaccedilatildeo dos Municiacutepios
FUNDEB - Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo
dos Profissionais da Educaccedilatildeo
FUNDEF - Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorizaccedilatildeo
do Magisteacuterio
GEFIN - Grupo de Estudos em Financiamento da Educaccedilatildeo
GEPES - Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Ensino Superior
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
ICMS - Imposto sobre Circulaccedilatildeo de Mercadorias e Serviccedilos
ICOMI - Induacutestria e Comeacutercio de Mineacuterios
IDEB - Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica
IDH - Iacutendice de Desenvolvimento Humano
INEP - Iacutendice Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira
LDBN - Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional
LOM - Lei Orgacircnica do Municiacutepio
LRF - Lei de Responsabilidade Fiscal
MARE - Ministeacuterio da Administraccedilatildeo e Reforma do Estado
MEC - Ministeacuterio da Educaccedilatildeo
OBEDUC - Programa Observatoacuterio da Educaccedilatildeo
OCDE - Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo e o Desenvolvimento Econocircmico
ONG - Organizaccedilatildeo Natildeo-Governamental
PBA - Programa Brasil Alfabetizado
PAC - Plano de Aceleraccedilatildeo do Crescimento
PAR - Plano de Accedilotildees Articuladas
PCEMS - Plano de Carreiras da Educaccedilatildeo do Municiacutepio de Santana
PCNs - Paracircmetros Curriculares Nacionais
PDE - Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo
PDRAE - Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado
PDDE - Programa Dinheiro Direto na Escola
PIB - Produto Interno Bruto
PME - Plano Municipal da Educaccedilatildeo
PMS ndash Prefeitura Municipal de Santana
PMCTE - Plano de Metas Compromisso Todos Pela Educaccedilatildeo
PNAE - Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar
PNATE - Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar
PNE - Plano Nacional da Educaccedilatildeo
PNUD - Programa das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento
PSE - Programa Nacional de Sauacutede Escolar
SAEB - Sistema Nacional de Educaccedilatildeo Baacutesica
SECADI - Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo Diversidade e Inclusatildeo
SEME - Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de Santana
SFCI - Secretaria Federal de Controle Interno
SINDUEAP - Sindicato dos Docentes da Universidade do Estado do Amapaacute
SIMEC - Sistema Integrado de Monitoramento Execuccedilatildeo e Controle
SIOPE - Sistema de Informaccedilotildees sobre Orccedilamentos Puacuteblicos em Educaccedilatildeo
SUFRAMA - Superintendecircncia da Zona Franca de Manaus
TPE - Todos Pela Educaccedilatildeo
TCU - Tribunal de Contas da uniatildeo
UEXs - Unidades Executoras
UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte
UFU - Universidade Federal de Uberlacircndia
UEAP - Universidade do Estado do Amapaacute
UNDIME - Uniatildeo Nacional dos Dirigentes Municipais em Educaccedilatildeo
UNCME - Uniatildeo Nacional dos Conselhos Municipais de Educaccedilatildeo
UNESCO - Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a Educaccedilatildeo a Ciecircncia e a Cultura
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO 16
11 A POLIacuteTICA DE GESTAtildeO DA EDUCACcedilAtildeO NO BRASIL 33
11 O CAPITALISMO E CRISE 33
12 A REFORMA DO ESTADO BRASILEIRO E SUAS IMPLICACcedilOtildeES PARA A GESTAtildeO
DA EDUCACcedilAtildeO 41
121 As poliacuteticas educacionais no Brasil e a gestatildeo da educaccedilatildeo 46
13 DESCENTRALIZACcedilAtildeO AUTONOMIA E PARTICIPACcedilAtildeO MECANISMOS DE
DEMOCRATIZACcedilAtildeO DAS ESTRUTURAS DE PODER 51
131 Descentralizaccedilatildeo 51
132 Autonomia 54
133 Participaccedilatildeo 56
14 OS CONSELHOS DE CONTROLE SOCIAL COMO MECANISMOS DE
DEMOCRATIZACcedilAtildeO DA GESTAtildeO EDUCACIONAL 58
141 O Conselho Municipal de Educaccedilatildeo 61
142 O Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar 63
143 Os Conselhos Escolares 67
144 O Conselho de Acompanhamento e Controle Social do FUNDEB 70
15 OS CRITEacuteRIOS PARA A ESCOLHA DE DIRETOR ESCOLAR 74
2 A GESTAtildeO EDUCACIONAL NO CONTEXTO DO PLANO DE
DESENVOLVIMENTO DA EDUCACcedilAtildeO (PDE) DO PLANO DE METAS
COMPROMISSO TODOS PELA EDUCACcedilAtildeO E DO PLANO DE ACcedilOtildeES
ARTICULADAS 79
21 A GESTAtildeO EDUCACIONAL E O PLANO DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCACcedilAtildeO
(PDE) 79
22 A GESTAtildeO EDUCACIONAL E O PLANO DE METAS COMPROMISSO TODOS PELA
EDUCACcedilAtildeO (PMCTE) 84
23 A GESTAtildeO EDUCACIONAL E O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS (PAR) 91
231 A dimensatildeo Gestatildeo Democraacutetica no Plano de Accedilotildees Articuladas 97
3 A GESTAtildeO EDUCACIONAL NO CONTEXTO DO PLANO DE ACcedilOtildeES
ARTICULADAS NO MUNICIacutePIO DE SANTANA - AMAPAacute 102
31 O CONTEXTO HISTOacuteRICO DO MUNICIacutePIO DE SANTANA 102
311 Santana cidade portuaacuteria do Amapaacute 103
312 Santana Localizaccedilatildeo e condiccedilotildees geograacuteficas 105
313 A exportaccedilatildeo de mineacuterios da Amazocircnia Amapaense 106
314 Santana Aspectos gerais 110
32 A POLIacuteTICA EDUCACIONAL NO MUNICIacutePIO DE SANTANA-AMAPAacute 112
321 Estrutura organizacional do Sistema Municipal de Educaccedilatildeo de Santana 114
322 A educaccedilatildeo municipal em nuacutemeros 119
323 O financiamento da educaccedilatildeo na rede municipal de educaccedilatildeo de Santana 123
33 O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS E A DIMENSAtildeO GESTAtildeO DA EDUCACcedilAtildeO NA
REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE SANTANA - AMAPAacute (2007 ndash 2014) 134
34 OS INDICADORES DE GESTAtildeO DEMOCRAacuteTICA DO PAR DA REDE MUNICIPAL
DE SANTANA - AMAPAacute (2007-2014) 140
341 Existecircncia composiccedilatildeo e funcionamento dos Conselhos Escolares (CE) 141
342 Existecircncia composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (CME) 148
343 Conselho Municipal de Alimentaccedilatildeo Escolar (CAE) 151
344 Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de Controle Social do FUNDEB 153
345 Criteacuterios para a escolha de Diretores escolares do municiacutepio de Santana 156
346 Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromisso 158
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 160
REFEREcircNCIAS 167
APEcircNDICES 177
ANEXOS 189
16
INTRODUCcedilAtildeO
A ORIGEM DO ESTUDO
O presente estudo visa a identificar as implicaccedilotildees do Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR)
para a gestatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana no Estado do Amapaacute A escolha do tema
da pesquisa sobre a gestatildeo da educaccedilatildeo tem relaccedilatildeo com algumas experiecircncias da minha vida
profissional nas escolas puacuteblicas e privadas como professora coordenadora e gestora em
escolas do ensino fundamental onde tive a oportunidade de aprender com os desafios impostos
a cada funccedilatildeo Durante o periacuteodo de 2000 a 2010 atuei na educaccedilatildeo baacutesica e nos anos de 2010
e 2011 fui convidada a participar da elaboraccedilatildeo de projetos educacionais na Secretaria de
Educaccedilatildeo do Estado relacionados ao Plano de Desenvolvimento da EducaccedilatildeoPlano de Metas
Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo onde assessorei pedagogicamente e elaborei projetos para
a rede estadual de ensino do Amapaacute participando inclusive das reuniotildees para a construccedilatildeo do
PAR
A participaccedilatildeo no Sindicato dos Docentes da Universidade do Estado do Amapaacute
(SINDUEAP)Associaccedilatildeo Nacional dos Docentes do Ensino Superior (ANDES) como parte
da diretoria no periacuteodo de 2012 a 2015 e representante sindical no Conselho Superior
Universitaacuterio (CONSU-UEAP) oportunizou-me a discussatildeo das poliacuteticas educacionais
decorrentes da redefiniccedilatildeo do papel do Estado especialmente aquelas relacionadas agrave gestatildeo da
educaccedilatildeo Os eventos1 dos quais participei agrave eacutepoca debatiam a gestatildeo da educaccedilatildeo e a
necessidade emergente de compreendermos a poliacutetica educacional no plano nacional e os
desafios impostos pelos organismos internacionais no paiacutes Os debates e as discussotildees tanto no
SINDUEAPANDES quanto no CONSU-UEAP foram de muita importacircncia para minha
formaccedilatildeo poliacutetica momentos em que pude vivenciar o exerciacutecio da participaccedilatildeo e da
democracia
Ao ingressar no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da Universidade Federal do
Paraacute (UFPA) em 2014 no curso de Mestrado propus um projeto para investigar a concepccedilatildeo
1Foacuterum das Licenciaturas (AP) nos anos de 2013 2014 e 2015 o Congresso Estadual de Educaccedilatildeo (AP) em 2013
as Conferecircncias Municipais de Educaccedilatildeo em 2013 e 2014 a Conferecircncia Estadual de Educaccedilatildeo (AP) em 2014 e
2015 Seminaacuterio da Uniatildeo Nacional dos Dirigentes Municipais de Educaccedilatildeo ndash UNDIME (AP) Aleacutem disso venho
participando de outros eventos relacionados ao tema como o Simpoacutesio Nacional de Poliacutetica e Administraccedilatildeo da
Educaccedilatildeo (ANPAE) em (PE) 2015 XII Seminaacuterio Nacional de Poliacuteticas Educacionais e Curriacuteculo (PA) em 2014
I Seminaacuterio Internacional de Poliacuteticas Puacuteblicas Educacionais Cultura e Formaccedilatildeo de Professores (PA) em 2015
I Congresso Internacional de Educaccedilatildeo do Amapaacute (AP)
17
da poliacutetica educacional proposta no Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo e como
se deu a elaboraccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas pelos municiacutepios de BarcarenaPA e
SantanaAP Nesse periacuteodo tive contato com o Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Ensino
Superior (GEPES) da UFPA que jaacute desenvolvia uma pesquisa nacional em rede com a
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e a Universidade Federal de Uberlacircndia
(UFU) vinculada ao Programa Observatoacuterio da Educaccedilatildeo (OBEDUC) e intitulada ldquoAvaliaccedilatildeo
do Plano de Accedilotildees Articuladas um estudo nos municiacutepios do Rio Grande do Norte Paraacute e
Minas Gerais no periacuteodo de 2007 a 2012rdquo A partir de entatildeo passei a integrar o GEPES e a
participar das reuniotildees dos estudos e das pesquisas sobre o PAR as quais foram fundamentais
na definiccedilatildeo da metodologia utilizadas nesse trabalho Com a evoluccedilatildeo das orientaccedilotildees e do
processo de pesquisa constatamos as dificuldades de realizar a pesquisa em dois municiacutepios de
estados diferentes E assim definimos a escolha somente pelo municiacutepio de SantanaAP por se
localizar na regiatildeo em que resido e trabalho o que tenderia a facilitar o acesso agraves informaccedilotildees
durante a pesquisa
PROBLEMA E PROBLEMAacuteTICA
A poliacutetica de gestatildeo da educaccedilatildeo no Brasil proposta no governo Fernando Henrique
Cardoso (1995-2002) reforccedilou o discurso de vincular o investimento em educaccedilatildeo ao
crescimento econocircmico a partir de um novo papel para a escola e um novo padratildeo de gestatildeo
educacional que se adequasse agraves exigecircncias internacionais da loacutegica do mercado (CAMINI
2013 SAVIANI 2009) Dando continuidade a esse modelo de gestatildeo da educaccedilatildeo o governo
Lula (2003-2010) lanccedilou o Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo (PMCTE) por
meio do Decreto nordm 6094 de 24 de abril de 2007 como programa estrateacutegico do Plano de
Desenvolvimento da Educaccedilatildeo (PDE)2
Nos documentos oficiais o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (MEC) apresentou o PMCTE em
que afirmou que o novo Plano vem atender a uma conjugaccedilatildeo de esforccedilos atraveacutes da ldquoadesatildeo
voluntaacuteriardquo dos estados Distrito Federal e municiacutepios que em regime de colaboraccedilatildeo
2O PDE na concepccedilatildeo do MEC pretende dar uma visatildeo sistecircmica de educaccedilatildeo articulando o desenvolvimento da
educaccedilatildeo ao desenvolvimento econocircmico e social do paiacutes Para isso o PDE desenvolve mecanismos objetivos de
avaliaccedilatildeo que permite assegurar ao mesmo tempo a responsabilizaccedilatildeo e a mobilizaccedilatildeo social em busca da
qualidade da educaccedilatildeo baacutesica Segundo o documento do MEC ldquoo PDE estaacute sustentado em seis pilares i) visatildeo
sistecircmica da educaccedilatildeo ii) territorialidade iii) desenvolvimento iv) regime de colaboraccedilatildeo v) responsabilizaccedilatildeo
vi) mobilizaccedilatildeo socialrdquo (BRASIL-MEC sd p11)
18
procuram oferecer agraves famiacutelias e agrave comunidade melhorias na qualidade da educaccedilatildeo baacutesica O
PMCTE estaacute pautado em 28 diretrizes3 que orientam como deve ser realizado os esforccedilos em
regime de colaboraccedilatildeo para atingir os melhores resultados da educaccedilatildeo Para isso o MEC
vinculou o apoio teacutecnico e financeiro aos estados e municiacutepios a partir da assinatura do termo
de adesatildeo
Esse movimento proposto pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo precisa ser entendido dentro do
contexto histoacuterico e social em que essa poliacutetica se apresenta uma vez que as relaccedilotildees entre a
Uniatildeo os Estados e os Municiacutepios tecircm sido ldquoconflitivas e natildeo resolvidas em diferentes aspectos
que envolvem a organizaccedilatildeo e o funcionamento da gestatildeo puacuteblicardquo (CAMINI 2010 p 01)
Historicamente adaptado por arranjos poliacuteticos e territoriais o federalismo brasileiro
enquanto instituiccedilatildeo eacute republicano natildeo se caracterizando pela centralizaccedilatildeo de poder do
governo ao contraacuterio busca distribuir a muitos centros ldquocuja autoridade natildeo resulta da
delegaccedilatildeo de um poder central mas eacute conferida por sufraacutegio popularrdquo (ALMEIDA 1994 p
20) Eacute nesse contexto que o MEC atraveacutes do PMCTE convoca aleacutem da participaccedilatildeo dos entes
da federaccedilatildeo a sociedade civil e as entidades privadas nessa articulaccedilatildeo que em ldquoregime de
colaboraccedilatildeordquo responsabiliza a todos pela melhoria da qualidade da educaccedilatildeo Para ldquomedirrdquo a
evoluccedilatildeo dessa qualidade o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo criou o Iacutendice de Desenvolvimento da
Educaccedilatildeo Baacutesica (IDEB) um instrumento que utiliza os resultados de avaliaccedilotildees que satildeo
realizadas pelo proacuteprio MEC para ldquoaferirrdquo o desempenho das escolas dos Municiacutepios e dos
Estados
Seguindo o contorno para a implementaccedilatildeo dessa poliacutetica nos estados e municiacutepios o
MEC criou no mesmo Decreto nordm 6094 referente ao Plano de Metas Compromisso Todos Pela
Educaccedilatildeo (PMCTE) o Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) que eacute o instrumento de planejamento
que possui quatro dimensotildees por meio do qual se efetiva essa poliacutetica O PAR eacute denominado
pelo MEC como um ldquoconjunto articulado de accedilotildees apoiado teacutecnica ou financeiramente pelo
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo que visa ao cumprimento das metas do Compromisso e agrave observacircncia
das suas diretrizesrdquo (BRASIL 2007 p6) Eacute um instrumento de planejamento multidimensional
composto por quatro dimensotildees (1) gestatildeo educacional (2) a formaccedilatildeo de professores e dos
profissionais de serviccedilo e apoio escolar (3) as praacuteticas pedagoacutegicas e avaliaccedilatildeo e (4)
infraestrutura e recursos pedagoacutegicos Cada uma delas se desmembra em aacutereas e indicadores
Na elaboraccedilatildeo do planejamento cada indicador se divide em accedilotildees e sub-accedilotildees O PAR eacute
coordenado pelas secretarias municipais ou estaduais de educaccedilatildeo mas deve ser elaborado com
3 As 28 diretrizes do Plano de Metas Compromisso Todos Pela Educaccedilatildeo estatildeo disponiacuteveis no anexo I do trabalho
19
a participaccedilatildeo de uma equipe local composta de gestores professores e da comunidade local
A intenccedilatildeo do MEC eacute que o PAR estabeleccedila um regime de colaboraccedilatildeo entre os entes federados
e a sociedade civil objetivando a implantaccedilatildeo de um Sistema Nacional de Educaccedilatildeo (BRASIL
2007)
Os estados e os municiacutepios ao assinarem o termo de adesatildeo junto ao MEC
automaticamente aderem agraves diretrizes do PMCTE o que implica se responsabilizar pelas regras
diretrizes e compromissos estabelecidos pelo Plano Dessa forma Pinho e Sacramento (2009)
constataram que o Plano de Accedilotildees Articuladas eacute a poliacutetica educacional brasileira que representa
a consolidaccedilatildeo da accountability4 os autores afirmam que a palavra accountability tem sido
comumente traduzida como ldquoresponsabilizaccedilatildeordquo esse conceito foi ressignificado desde a
Reforma do Estado na deacutecada de 1990 com o interesse de produzir mudanccedilas na administraccedilatildeo
puacuteblica burocraacutetica do paiacutes direcionando-a para uma administraccedilatildeo puramente gerencial sob a
perspectiva da loacutegica do mercado e sob o argumento da modernizaccedilatildeo e de melhorias para o
serviccedilo puacuteblico a partir do controle por resultados
Dessa forma Pinho e Sacramento (2009) esquematizam como se organiza esse processo
da accountability que
() nasce com a assunccedilatildeo por uma pessoa da responsabilizaccedilatildeo delegada por outra
da qual se exige a prestaccedilatildeo de contas sendo que a anaacutelise dessas contas pode levar agrave
responsabilizaccedilatildeo Representando-a ainda que num esquema bem simples temos
ldquoArdquo delega responsabilidade para ldquoBrdquo reg ldquoBrdquo ao assumir a responsabilidade deve
prestar contas de seus atos para ldquoArdquo reg ldquoArdquo analisa os atos de ldquoBrdquo reg feita tal anaacutelise
ldquoArdquo premia ou castiga ldquoBrdquo (PINHO SACRAMENTO 2009 p 1350)
Assim o PAR constitui-se em um exemplo do processo de responsabilizaccedilatildeo a partir do
accountability pois configura-se como um instrumento de planejamento e consolidaccedilatildeo de
resultados aferidos por meio do Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo que define metas
semelhantes mas que pelas dimensotildees continentais diversidade cultural desigualdades
econocircmicas poliacuteticas e sociais do paiacutes satildeo executadas em contextos distintos
O Plano de Accedilotildees Articuladas apresentou duas versotildees jaacute concluiacutedas de acordo com os
ciclos plurianuais do MEC a primeira de 2007 a 2010 e a segunda de 2011 a 2014 No Estado
4A origem da accountability remonta agraves deacutecadas de 1980 e 1990 com as experiecircncias realizadas na Inglaterra por
Margareth Thatcher (Reino Unido 1988) e nos Estados Unidos introduzida no governo de Ronald Reagan (EUA
1983) e consolidadas no governo George W Bush (EUA 2001) (ANDRADE 2008) O termo tem sido traduzido
no Brasil como ldquoresponsabilizaccedilatildeordquo (objetiva e subjetiva) e prestaccedilatildeo de contas (transparecircncia) (PINTO e
SACRAMENTO 2009)
20
do Amapaacute o ex-ministro da educaccedilatildeo Fernando Haddad5 e o atual governador o Antonio
Waldez Goacutees6 estiveram no dia 7 de agosto de 2007 em uma cerimocircnia realizada no Teatro das
Bacabeiras na qual atraveacutes da assinatura do termo de adesatildeo estabeleceram o compromisso
ao Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo O municiacutepio de Santana tambeacutem aderiu
ao PMCTE dois anos depois quando o prefeito municipal de Santana Antocircnio Nogueira de
Sousa7 assinou em 27 de agosto de 2009 o Termo de Cooperaccedilatildeo Teacutecnica Nordm 23456 (anexo)
Nesse sentido o municiacutepio de Santana-AP somente implantou o PAR dois anos apoacutes o
iniacutecio dos ciclos8 indicados pelo MEC No Termo de Cooperaccedilatildeo Teacutecnica a claacuteusula quarta
indica que o prazo de duraccedilatildeo da adesatildeo ao Compromisso foi previsto para ldquo04 (quatro) anos
a partir da data de sua assinatura com possibilidade de prorrogaccedilatildeo por igual ou inferior periacuteodo
()rdquo (MEC 2009 p 2) Por conseguinte o periacuteodo de duraccedilatildeo do Termo de Cooperaccedilatildeo
Teacutecnica entre o MEC e a prefeitura de Santana para viabilizar o primeiro ciclo seria de 2009 a
2012 entretanto foi finalizado antecipadamente em 2010 visto que a partir de 2011 o
municiacutepio planejou um novo PAR que perdurou ateacute 2014
Este trabalho se ocupou em analisar os dois ciclos do PAR que o municiacutepio de Santana
ndash AP participou no periacuteodo de 2009 a 20149 buscando compreender a poliacutetica de gestatildeo
educacional que culminou na emergecircncia da implantaccedilatildeo do PAR A partir do Plano de Accedilotildees
Articuladas analisam-se nessa pesquisa os seguintes indicadores da gestatildeo democraacutetica (1)
existecircncia de Conselhos Escolares (2) existecircncia composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho
Municipal de Educaccedilatildeo (3) composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar (4)
composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho do Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo
Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo (FUNDEB) (5) criteacuterios para escolha
da Direccedilatildeo Escolar10 e (6) existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromisso
A questatildeo central da pesquisa busca desvelar quais as implicaccedilotildees do PAR para a gestatildeo
da educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana no estado do Amapaacute Assim sendo a fim de responder a
5 Fernando Haddad foi Ministro da Educaccedilatildeo nos governos Lula e Dilma no periacuteodo de 29 de julho de 2005 a 24
de janeiro de 2012 6 Antonio Waldez Goacutees estaacute no seu terceiro mandato (2003 - 2006) (2007 - 2010) e (2015 ndash em exerciacutecio) como
governador do estado do Amapaacute pelo Partido Democraacutetico Trabalhista (PDT) 7Antonio Nogueira de Sousa foi prefeito do municiacutepio de Santana ndash Amapaacute por dois mandatos (2005 ndash 2008) e
(2009 -2012) pelo Partido dos Trabalhadores (PT) 8 O primeiro ciclo corresponde ao periacuteodo de 2007 a 2010 e o segundo ciclo ao periacuteodo de 2011 a 2014 9 No municiacutepio de Santana as discussotildees sobre o PAR com visitas das equipes do MEC iniciaram em 2007
Entretanto o termo de adesatildeo ao 1ordm PAR somente foi assinado no ano de 2009 e em 2011 foi elaborado um novo
PAR no municiacutepio com duraccedilatildeo do ciclo 2011-2014 Isto implica dizer que o 1ordm PAR teve a duraccedilatildeo somente de
dois anos 10 Esse indicador estaacute presente nas duas versotildees do PAR entretanto no 1ordm PAR ele aparece na aacuterea da gestatildeo
democraacutetica e no 2ordm PAR ele estaacute como um indicador de outra aacuterea a de gestatildeo de pessoas
21
questatildeo central outros questionamentos foram levantados para o aprofundamento da temaacutetica
sendo eles
1- Qual o contexto econocircmico poliacutetico e social foi criada a poliacutetica de gestatildeo que deu
origem ao Plano de Accedilotildees Articuladas
2- Que concepccedilotildees de gestatildeo permeiam o Plano de Metas Compromisso Todos pela
Educaccedilatildeo e o PAR
3- Quais as implicaccedilotildees do PAR para a gestatildeo da educaccedilatildeo na rede municipal de educaccedilatildeo
de Santana-Amapaacute no que se refere aos indicadores de gestatildeo democraacutetica
A pesquisa teve como recorte histoacuterico os anos situados entre 2007 a 2014 periacuteodo em
que teoricamente ocorreram os dois ciclos do Plano de Accedilotildees Articuladas (1ordm PAR e 2ordm PAR)
seguida agraves orientaccedilotildees do MEC
JUSTIFICATIVA
A decisatildeo de estudar a gestatildeo da educaccedilatildeo a partir do Plano de Accedilotildees Articuladas eacute
desafiadora pois o PAR eacute uma poliacutetica puacuteblica que estaacute em andamento e poucos ainda satildeo os
estudos sobre ela Na perspectiva de conhecer e acompanhar a trajetoacuteria dos estudos jaacute
realizados sobre esse instrumento de planejamento realizamos um levantamento das
publicaccedilotildees tendo como fonte a base de dados da Associaccedilatildeo Nacional de Poliacutetica e
Administraccedilatildeo em Educaccedilatildeo (ANPAE) da Associaccedilatildeo Nacional de Poacutes-graduaccedilatildeo e Pesquisa
(ANPED) e os artigos cientiacuteficos da Scientific Eletronic Library Online (SciELO)11 no periacuteodo
de 2009 a 2015 cujo resultado foi o seguinte
Tabela 01 ndash Produccedilatildeo escrita sobre o Plano de Accedilotildees Articuladas de 2009 a 2015
ANO ANPED SciELO ANPAE TOTAL
2009 0 0 0 0
2010 1 0 0 1
2011 0 0 9 9
2012 1 1 1 3
2013 0 1 3 4
2014 3 1 4 8
2015 1 - 10 11
TOTAL 6 3 27 36
Fonte ANPED SciELO e ANPAE Levantamento realizado ateacute setembro de 2015
11 O Scientific Electronic Library Online eacute um portal de revistas brasileiras que organiza e publica textos completos
de revistas na Internet Produz e divulga indicadores do uso e impacto desses perioacutedicos
22
Seguindo as diretrizes metodoloacutegicas12 foram encontradas 36 publicaccedilotildees entre os anos
de 2009 a 2015 sendo 06 na ANPED 03 nos cadernos de pesquisa da SciELO e 27 publicaccedilotildees
na Associaccedilatildeo Nacional de Poliacutetica e Administraccedilatildeo em Educaccedilatildeo ndash ANPAE Observamos na
tabela 01 que os anos de 2011 2014 e 2015 apresentaram maior nuacutemero de publicaccedilotildees
Apesar da implantaccedilatildeo do PAR ter se dado a partir de 2007 constatamos que os estudos
e as publicaccedilotildees sobre o tema ainda satildeo muito escassos A implantaccedilatildeo do PAR foi
caracterizada por distintas orientaccedilotildees e reformulaccedilotildees ao longo do processo (CAMINI 2009)
e talvez por isso muito pouco se tenha compreendido e escrito sobre o PAR nos anos 2009 e
2010 Quanto agraves temaacuteticas tratadas como objeto de estudo no periacuteodo de 2009 a 2015 por fonte
pesquisada identificaram-se as seguintes
Tabela 02 ndash Nordm de Publicaccedilotildees sobre o PAR por temaacutetica e fonte no periacuteodo 2009 a 2015
TEMAacuteTICAS ANPAE ANPED SciELO TOTAL
Avaliaccedilatildeo da implantaccedilatildeo do PAR nos
municiacutepios
6 5 0 11
Planejamento de poliacuteticas educacionais no PAR 5 0 1 6
Praacuteticas PedagoacutegicasFormaccedilatildeo de Professores
no PAR
4 0 1 5
Gestatildeo Educacional no PAR 8 0 0 8
Infraestrutura e Recursos Pedagoacutegicos 1 0 0 1
Levantamento Bibliograacutefico sobre o PAR 2 0 0 2
O PAR no contexto do Federalismo 2 0 1 3
TOTAL 28 5 3 36 Elaborado pela autora
A temaacutetica mais citada nas publicaccedilotildees foi a Avaliaccedilatildeo da implantaccedilatildeo do Plano de
Accedilotildees Articuladas (PAR) nos municiacutepios que se destacou e inquietou os estudiosos no periacuteodo
apresentando 11 publicaccedilotildees Os temas sobre planejamento das poliacuteticas educacionais no
Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) contou com 06 trabalhos A gestatildeo educacional aparece
com 08 trabalhos e as praacuteticas pedagoacutegicas e formaccedilatildeo de professores no PAR com 05
trabalhos Com menos publicaccedilotildees destacam-se as temaacuteticas infraestrutura e recursos
pedagoacutegicos com 01 trabalho o levantamento bibliograacutefico sobre o PAR com 02 trabalhos e o
PAR no contexto do Federalismo com 03 trabalhos Em um periacuteodo de sete anos foram
12 A busca pelas publicaccedilotildees foi realizada nos siacutetios da internet e para a triagem das informaccedilotildees foi utilizada a
expressatildeo-chave plano de accedilotildees articuladas que deveria constar no tiacutetulo das publicaccedilotildees Para uma revisatildeo de
rastreamento foram ainda utilizadas as palavras SciELO ANPAE e ANPED O levantamento foi realizado ateacute o
mecircs de setembro de 2015
23
publicados apenas 36 trabalhos sobre o PAR em revistas e anais especializados nacionalmente
em educaccedilatildeo
O tema que abordo nesse trabalho eacute sobre a Gestatildeo Educacional que teve somente 08
publicaccedilotildees no periacuteodo de 2009 a 2015 em revistas e anais e nenhum desses estudos publicados
eram relacionados ao estado do Amapaacute e nem ao municiacutepio de Santana Entretanto na capital
do Estado Macapaacute foi encontrada uma tese de doutorado intitulada ldquoA gestatildeo educacional no
Plano de Accedilotildees Articuladas do municiacutepio de Macapaacute concepccedilotildees e desafiosrdquo de autoria da
professora Ilma de Andrade Barleta defendida no ano de 2015 na Universidade Federal do
Paraacute A referida tese faz um estudo sobre a gestatildeo educacional do Plano de Accedilotildees Articuladas
no municiacutepio de Macapaacute-AP
Consideramos de extrema relevacircncia para a compreensatildeo das poliacuteticas puacuteblicas
educacionais no paiacutes particularmente da poliacutetica de gestatildeo educacional a partir da chegada do
PAR que se ampliem os estudos sobre esse tema razatildeo pela qual justifico esse trabalho O
estudo acerca da gestatildeo educacional a comeccedilar do Plano de Accedilotildees Articuladas no municiacutepio
de SantanaAP justifica-se tambeacutem pela necessidade imposta em funccedilatildeo das minhas
experiecircncias profissionais anteriormente descritas quando explicito a origem do estudo e as
experiecircncias atuais como professora do curso de pedagogia na Universidade do Estado do
Amapaacute ndash UEAP Instiga-me conhecer o modelo de gestatildeo educacional que se implementa na
rede municipal de ensino de Santana a datar do PAR na perspectiva de melhor contribuir com
o debate acerca da educaccedilatildeo puacuteblica municipal e identificar as iniciativas que se aproximam da
materializaccedilatildeo de uma gestatildeo democraacutetica e participativa no meu entendimento a concepccedilatildeo
mais compatiacutevel com uma visatildeo emancipadora de homem
O foco da gestatildeo democraacutetica estaacute na garantia da participaccedilatildeo na gestatildeo da educaccedilatildeo
como direito de cidadania (PARO 2007) A gestatildeo democraacutetica do ensino puacuteblico estaacute presente
desde a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e na Lei de Diretrizes e Bases - LDB de 1996 e se revela
atraveacutes da participaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo no projeto pedagoacutegico da escola e da
participaccedilatildeo das comunidades escolar e local em Conselhos de Educaccedilatildeo A descentralizaccedilatildeo
nas decisotildees administrativas financeiras e pedagoacutegicas bem como a eleiccedilatildeo de diretores e a
instalaccedilatildeo de conselhos escolares deliberativos tambeacutem fazem parte dos mecanismos para
democratizaccedilatildeo da educaccedilatildeo Embora notadamente a legislaccedilatildeo educacional por si soacute natildeo
garanta a efetivaccedilatildeo de uma praacutetica democraacutetica ela representa um grande passo nesse sentido
24
A partir de 1995 com a Reforma do Estado Brasileiro vimos emergir no cenaacuterio
nacional a concepccedilatildeo de gestatildeo gerencial como modelo preferencial13 para a administraccedilatildeo
puacuteblica que se traduz em accedilotildees de regulaccedilatildeo e controle do sistema educacional e da escola
adotando o princiacutepio mercadoloacutegico como indicador de resultados em todas as esferas sociais
definindo formas de poderes e de relaccedilatildeo com a demanda social Eacute uma gestatildeo centrada na
visatildeo de cidadatildeo-cliente e focada em resultados quantitativos (PERONI 2008)
Apresentando diferentes concepccedilotildees de gestatildeo puacuteblica essa pesquisa busca responder a
problemaacutetica a partir da anaacutelise das poliacuteticas educacionais que permeiam o Plano de
Desenvolvimento da Educaccedilatildeo o Plano de Metas Compromisso Todos Pela Educaccedilatildeo e o Plano
de Accedilotildees Articuladas A seguir trataremos dos objetivos gerais e especiacuteficos do presente
trabalho
OBJETIVO GERAL E ESPECIacuteFICOS
Analisar as implicaccedilotildees do Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) para a gestatildeo educacional
na rede municipal de educaccedilatildeo de Santana ndash Amapaacute no contexto da redefiniccedilatildeo do papel do
Estado
Considerando os pressupostos teoacuterico-metodoloacutegicos adotados o objetivo geral
desdobrou-se nos seguintes objetivos especiacuteficos
Analisar a poliacutetica de gestatildeo da educaccedilatildeo no Brasil e a emergecircncia do PAR no contexto
do capitalismo e da Reforma do Estado brasileiro a partir da deacutecada de 1990
Analisar as concepccedilotildees de gestatildeo educacional que permeia o PAR no contexto do PDE
e do Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo
Analisar as implicaccedilotildees do PAR para a gestatildeo da educaccedilatildeo na rede municipal de
educaccedilatildeo de Santana-Amapaacute no que se refere aos indicadores de gestatildeo democraacutetica
13 Esse novo modelo de gestatildeo puacuteblica eacute apresentado no Plano de Desenvolvimento e Reforma do Aparelho do
Estado Brasileiro (MARE 1995)
25
REFEREcircNCIAS TEOacuteRICO-METODOLOacuteGICAS
O presente estudo analisou as implicaccedilotildees do Plano de Accedilotildees Articuladas com foco na
gestatildeo da educaccedilatildeo na rede municipal de educaccedilatildeo de Santana ndash Amapaacute na busca de
compreender a realidade em que essa poliacutetica educacional foi constituiacuteda e em quais
circunstacircncias essa poliacutetica foi implementada estabelecendo conexotildees com as questotildees sociais
poliacuteticas histoacutericas e econocircmicas Marx (1969 p16) afirma que ldquoa investigaccedilatildeo tem de
apoderar-se da mateacuteria em seus pormenores de analisar suas diferentes formas de
desenvolvimento e de perquirir a conexatildeo iacutentima que haacute entre elasrdquo
Para o estudo da gestatildeo educacional a partir do Plano de Accedilotildees Articuladas no municiacutepio
de Santana levaram-se em consideraccedilatildeo as relaccedilotildees com o contexto histoacuterico social poliacutetico
e econocircmico em que esta poliacutetica puacuteblica foi constituiacuteda Entende-se que a poliacutetica de gestatildeo
reflete as contradiccedilotildees tiacutepicas que se revelam no contexto capitalista Nesse sentido
aproximamos-nos de abordagens que tecircm como referencial o materialismo histoacuterico dialeacutetico
definido por Frigotto (1995)
O pressuposto fundamental da anaacutelise materialista histoacuterica eacute de que os fatos sociais
natildeo satildeo descolados de uma materialidade objetiva e subjetiva e portanto a
construccedilatildeo do conhecimento histoacuterico implica o esforccedilo de abstraccedilatildeo e teorizaccedilatildeo do
movimento dialeacutetico (conflitante contraditoacuterio mediado) da realidade Trata-se de
um esforccedilo de ir agrave raiz das determinaccedilotildees muacuteltiplas e diversas (nem todas igualmente
importantes) que constituem determinado fenocircmeno Apreender as determinaccedilotildees do
nuacutecleo fundamental de um fenocircmeno sem o que este fenocircmeno natildeo se constituiria eacute
o exerciacutecio por excelecircncia da teorizaccedilatildeo histoacuterica de ascender do empiacuterico
contextualizado particularizado e de iniacutecio para o pensamento caoacutetico - ao concreto
pensado ou conhecimento Conhecimento que por ser histoacuterico e complexo e por
limites do sujeito que conhece eacute sempre relativo (FRIGOTTO 1995 p 17-18)
Nesse contexto eacute importante destacar as contradiccedilotildees sociais poliacuteticas e econocircmicas
que permeiam as concepccedilotildees de gestatildeo da educaccedilatildeo ancoradas no modelo de gestatildeo gerencial
e no modelo de gestatildeo democraacutetica O primeiro modelo se utiliza de conceitos associados agrave
administraccedilatildeo empresarial comprometida com a ideia de mercado utilizando-se de conceitos
como eficiecircncia eficaacutecia controle de resultados e descentralizaccedilatildeo dentre outros No segundo
modelo a gestatildeo eacute compartilhada e estaacute amparada em instrumentos de democratizaccedilatildeo como a
participaccedilatildeo e a autonomia nos processos de decisatildeo e planejamento da educaccedilatildeo Este modelo
busca democratizar toda a estrutura do sistema de ensino incluindo a escola
26
Segundo Yin (2001 p 32) o estudo de caso eacute a estrateacutegia mais escolhida quando eacute
preciso responder a questotildees do tipo ldquocomordquo e ldquopor quecircrdquo e ainda quando o pesquisador
possui pouco controle sobre os eventos pesquisados ldquoeacute uma investigaccedilatildeo empiacuterica de um
fenocircmeno contemporacircneo dentro de um contexto da vida real sendo que os limites entre o
fenocircmeno e o contexto natildeo estatildeo claramente definidosrdquo
Assim compreende-se que o estudo de caso tem como propoacutesito orientar o pesquisador
para o contato direto com o seu objeto de pesquisa oferecendo a este uma fonte de informaccedilotildees
capaz de favorecer o encontro das respostas que deseja Como expotildee Gil (1996) o estudo de
caso apresenta trecircs vantagens
a) O estiacutemulo a novas descobertas Em virtude da flexibilidade do planejamento do
estudo de caso o pesquisador ao longo de seu processo manteacutem-se atento a novas
descobertas Eacute frequente o pesquisador dispor de um plano inicial e ao longo da
pesquisa ter o seu interesse despertado por outros aspectos que natildeo havia previsto E
muitas vezes o estudo desses aspectos torna-se mais relevante para a soluccedilatildeo do
problema do que os considerados inicialmente Daiacute porque o estudo de caso eacute
altamente recomendado para a realizaccedilatildeo de estudos exploratoacuterios
b) A ecircnfase na totalidade No estudo de caso o pesquisador volta-se para a
multiplicidade de dimensotildees de um problema focalizando-o como um todo Dessa
forma supera-se um problema muito comum sobretudo nos levantamentos em que a
anaacutelise individual da pessoa desaparece em favor da anaacutelise de traccedilos
c) A simplicidade dos procedimentos Os procedimentos de coleta e anaacutelise de dados
adotados no estudo de caso quando comparados com os exigidos por outros tipos de
delineamento satildeo bastante simples (GIL 1996 p59-60)
Quanto agrave determinaccedilatildeo do nuacutemero de casos optou-se por um uacutenico caso a rede
municipal de educaccedilatildeo de Santana no Amapaacute dadas as especificidades do objeto de estudo
desta pesquisa as implicaccedilotildees do PAR para a gestatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana
Nesta pesquisa buscamos identificar as implicaccedilotildees do PAR para a gestatildeo educacional
no municiacutepio de Santana no periacuteodo de 2007 a 201414 Optamos por focalizar apenas a aacuterea
ldquoGestatildeo Democraacutetica articulaccedilatildeo e desenvolvimento dos sistemas de ensinordquo e 06 indicadores
dessa aacuterea sendo eles (1) existecircncia de conselhos escolares (2) existecircncia composiccedilatildeo e
atuaccedilatildeo do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (3) composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de
Alimentaccedilatildeo Escolar (4) composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho do Fundo de Manutenccedilatildeo e
Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo (5)
14 Nesse estudo mesmo o PAR em Santana ter iniciado somente em 2009 fizemos um levantamento desde o ano
de 2007 ateacute 2014 ano em que iniciou a elaboraccedilatildeo do PAR nos estados e municiacutepio para que pudeacutessemos ter uma
anaacutelise de como foi a sua chegada e como se encontrava o municiacutepio
27
criteacuterios para escolha da direccedilatildeo escolar15 e (6) existecircncia e atuaccedilatildeo do comitecirc local do
compromisso16 O recorte temporal dessa pesquisa eacute o periacuteodo de 2007 a 2014 enfocando
estudos sobre o PAR no municiacutepio de Santana nas suas duas versotildees
A escolha das categorias descentralizaccedilatildeo participaccedilatildeo e autonomia para este
trabalho eacute devido ao fato de que de acordo com vaacuterios autores (PARO 2012 MENDONCcedilA
2009 WERLE 2007) esses indicadores podem potencializar a gestatildeo democraacutetica
De acordo com Viriato (2004) a descentralizaccedilatildeo tem sido um termo muito utilizado
como oposiccedilatildeo a centralizaccedilatildeo que eacute uma caracteriacutestica da gestatildeo autoritaacuteria muito embora
com as mudanccedilas nas funccedilotildees do Estado a descentralizaccedilatildeo aparece com uma nova
configuraccedilatildeo a de desconcentraccedilatildeo de tarefas do niacutevel nacional e regional para o niacutevel local
(VIRIATO 2004)
Para Bordenave (2013) a participaccedilatildeo eacute uma vivecircncia coletiva e natildeo individual de
modo que somente se pode aprender na praacutexis grupal A participaccedilatildeo pode tanto se prestar para
objetivos emancipatoacuterios de cidadania e de autonomia dos sujeitos como para a manutenccedilatildeo
de situaccedilotildees de centralizaccedilatildeo do poder decisoacuterio e do controle de muitos por poucos Portanto
o conceito toma significado diverso dependendo do contexto e dos sujeitos envolvidos
O conceito de autonomia estaacute ligado etimologicamente agrave ideia de autogoverno ou seja
agrave faculdade que os indiviacuteduos ou organizaccedilotildees tecircm de se regerem por regras proacuteprias No
contexto mais amplo da poliacutetica educacional mais recente a autonomia tem mostrado relaccedilatildeo
com a tentativa de resolver problemas de crise de governabilidade do sistema de ensino com o
discurso de ldquogoverno sobrecarregadordquo transferindo autoridade e responsabilidade do bem
puacuteblico para o grupo diretamente envolvido na accedilatildeo e assim se desfazendo das suas obrigaccedilotildees
para com a populaccedilatildeo (BARROSO 2013)
Essas categorias do objeto seratildeo aprofundadas no primeiro capiacutetulo do presente
trabalho
Como teacutecnicas de coleta de dados optou-se pela anaacutelise documental e entrevista
semiestruturada A revisatildeo bibliograacutefica parte integrante do estudo tem auxiliado na
compreensatildeo dos conceitos na historicidade do objeto na perspectiva de compreender a
poliacutetica de gestatildeo educacional no Brasil e as suas inter-relaccedilotildees com o PAR
A anaacutelise documental eacute um tipo de ldquoestudo descritivo que fornece ao investigador a
possibilidade de reunir uma grande quantidade de informaccedilatildeo sobre leis de educaccedilatildeo processos
15 Esse indicador estaacute presente nas duas versotildees do PAR entretanto no 1ordm PAR ele estaacute presente na aacuterea da gestatildeo
democraacutetica e no 2ordm PAR ele aparece como um indicador de outra aacuterea a de gestatildeo de pessoas 16 Esse indicador foi implantado na 2ordm versatildeo do PAR na aacuterea da gestatildeo democraacutetica
28
e condiccedilotildees requisitos e dados livros e textos etcrdquo (TRIVINtildeOS 1987 p 111) na busca de
resolver problemas pois possibilita ampliar o entendimento de objetos que precisam de uma
anaacutelise a partir da contextualizaccedilatildeo histoacuterica e sociocultural para se revelar
Dentre os documentos analisados destacamos
1) O Decreto nordm 60942007 (dispotildee sobre a implementaccedilatildeo do Plano de Metas Compromisso
Todos pela Educaccedilatildeo pela Uniatildeo Federal em regime de colaboraccedilatildeo com municiacutepios
Distrito Federal e estados aleacutem da participaccedilatildeo das famiacutelias e da comunidade mediante
programas e accedilotildees de assistecircncia teacutecnica e financeira visando agrave mobilizaccedilatildeo social pela
melhoria da qualidade da educaccedilatildeo baacutesica) e legislaccedilotildees correlatas
2) O Manual de Orientaccedilotildees Gerais para Elaboraccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas editado
pelo MEC na 1ordf e 2ordf versatildeo
3) O Termo de Cooperaccedilatildeo Teacutecnica Nordm 23456 do PMCTE assinado entre o Ministeacuterio da
Educaccedilatildeo e o municiacutepio de SantanaAP e seus anexos do PAR
4) A Lei Orgacircnica do municiacutepio de Santana promulgada em 14 de julho de 1992 revisada e
atualizada em 11 de maio de 2000
5) O Diagnoacutestico do 1ordm PAR e 2ordm PAR do municiacutepio de SantanaAP emitido atraveacutes do
Sistema Integrado de Monitoramento do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (SIMEC)
6) O Relatoacuterio Puacuteblico de Monitoramento do 2ordm PAR do municiacutepio de SantanaAP e seus
anexos
7) A Lei Municipal nordm 36698 que cria o Conselho Municipal de Educaccedilatildeo de SantanaAP
8) A Lei Municipal nordm 4882001 que institui o Conselho Municipal de Alimentaccedilatildeo Escolar
de SantanaAP
9) Os documentos legais que definem os criteacuterios de escolha de diretores escolares em
SantanaAP
10) O Decreto Municipal nordm 490 de 03 de abril de 2013 que implementa a composiccedilatildeo do
comitecirc do compromisso em SantanaAP
11) A Lei Municipal nordm 7972007 - PMS que cria o FUNDEB e o Conselho de
Acompanhamento Controle Social Comprovaccedilatildeo e Fiscalizaccedilatildeo dos Recursos ndash CACS
do municiacutepio de Santana
12) O Programa de fortalecimento dos conselhos escolares do municiacutepio de SantanaAP
Os dados educacionais econocircmicos sociais e financeiros relativos ao municiacutepio de
SantanaAP foram coletados a partir do site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
29
Educacionais Aniacutesio Teixeira (INEP) do Sistema de Informaccedilotildees sobre Orccedilamentos Puacuteblicos
em Educaccedilatildeo (SIOPE) Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo (FNDE) Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e dos relatoacuterios do Sistema Integrado de
Monitoramento Execuccedilatildeo e Controle (SIMEC)
No que se refere agraves entrevistas Alves-Mazzotti (2000 p22) aponta que ldquoa entrevista
possui natureza interativa supera o questionaacuterio ao possibilitar o estudo em profundidade de
temas complexosrdquo sendo portanto mais adequada para dirimir duacutevidas e esclarecer aspectos
difusos do objeto
A entrevista realizada foi do tipo semiestruturada que conforme Trivintildeos (1987 p152)
ldquo[] favorece natildeo soacute a descriccedilatildeo dos fenocircmenos sociais mas tambeacutem sua explicaccedilatildeo e a
compreensatildeo de sua totalidade []rdquo aleacutem de manter a presenccedila consciente e atuante do
pesquisador no processo de coleta de informaccedilotildees Para o autor
a entrevista semiestruturada tem como caracteriacutestica questionamentos baacutesicos que satildeo
apoiados em teorias e hipoacuteteses que se relacionam ao tema da pesquisa Os
questionamentos dariam frutos a novas hipoacuteteses surgidas a partir das respostas dos
informantes O foco principal seria colocado pelo investigador-entrevistador
(TRIVINtildeOS 1987 p 146)
Esse modelo de entrevista teve como foco os objetivos pretendidos da pesquisa e dessa
forma foram elaborados roteiros (ver anexos ) com perguntas principais complementadas por
outras questotildees que surgiram durante as respostas emitidas em circunstacircncias momentacircneas da
entrevista a fim de favorecer a apreensatildeo do objeto
Nessa pesquisa as entrevistas versaram sobre a gestatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio de
Santana a partir do Plano de Accedilotildees Articuladas e se pautaram na verificaccedilatildeo da democratizaccedilatildeo
das relaccedilotildees de poder no acircmbito da gestatildeo (participaccedilatildeo autonomia e descentralizaccedilatildeo) por
meio dos conselhos de controle social indicados no PAR sendo Conselho Municipal de
Educaccedilatildeo Conselho Municipal de Alimentaccedilatildeo Escolar Conselhos Escolares e Conselho do
FUNDEB Foram verificados ainda os criteacuterios adotados pela rede municipal de ensino de
SantanaAP para a escolha dos Diretores Escolares e a equipe do Comitecirc Local do
Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo
O quadro 1 demonstra os sujeitos da pesquisa cujos roteiros de entrevista encontram-
se em anexo
30
Quadro 1 Sujeitos da pesquisa e Nordm de entrevistas realizadas
Elaborado pela autora
No ato da entrevista foi assinado pelo entrevistado o ldquoTermo de Consentimento Livre e
Esclarecidordquo18 para a participaccedilatildeo na pesquisa que visa a esclarecer os objetivos e sua forma
de participaccedilatildeo assegurando-lhe o sigilo na sua identidade e das informaccedilotildees a serem utilizadas
exclusivamente para fins cientiacuteficos
Os documentos foram levantados no segundo semestre de 2015 no banco de dados do
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (INEP Brasil Escola FNDE entre outros) e no municiacutepio de Santana
na Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo no sindicato dos servidores puacuteblicos municipais de
Santana e na Cacircmara Municipal Alguns documentos importantes para essa pesquisa natildeo foram
17 Das quinze entrevistas programadas doze foram realizadas No entanto alguns entrevistados ocupavam mais
de uma representaccedilatildeo como o presidente do Conselho do FUNDEB que tambeacutem assume o posto de Diretor escolar
As entrevistas com os membros do Comitecirc Local do Compromisso natildeo foram realizadas devido o comitecirc natildeo estaacute
em atuaccedilatildeo 18 Ver no apecircndice A
Nordm Sujeito da pesquisa Quantidade
01 O (A) gestor (a) da rede municipal de ensino de Santana-AP 01
02 Teacutecnicos que coordenaram a implantaccedilatildeo elaboraccedilatildeo do 1ordm PAR e
2ordm do PAR no municiacutepio 02
03 Membro da equipe teacutecnica da SEME que trata dos Conselhos
Escolares 01
04 Membro do Conselho Escolar de representaccedilatildeo natildeo-governamental 01
05 Membro do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo da representaccedilatildeo
governamental 01
06 Membro do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo da representaccedilatildeo
natildeo-governamental 01
07 Membro do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar da representaccedilatildeo
governamental 01
08 Membro do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar da representaccedilatildeo
natildeo-governamental 01
09 Representante do Sindicato dos professores da educaccedilatildeo baacutesica 01
10 Membro do Comitecirc Local do Compromisso da representaccedilatildeo
governamental 00
11 Membro do Comitecirc Local do Compromisso da representaccedilatildeo natildeo-
governamental 00
12 Membro do Conselho de Controle Social do FUNDEB da
representaccedilatildeo governamental 01
13 Membro do Conselho de Controle Social do FUNDEB da
representaccedilatildeo natildeo-governamental 00
14 Diretor escolar ndash membro nato do Conselho Escolar 01
Total de entrevistados 1217
31
encontrados inicialmente como eacute o caso do Plano de Trabalho do primeiro PAR e o seu
monitoramento ausente nos arquivos da SEMEC da coordenaccedilatildeo do PAR e no banco de dados
do SIMEC Posteriormente foi encontrado mas incompleto em arquivo pessoal de uma das
entrevistadas
As entrevistas foram realizadas entre dezembro de 2015 e marccedilo de 2016 com os
membros dos conselhos sindicato teacutecnicos e gestor da rede municipal de ensino de Santana
perfazendo um total de doze sujeitos entrevistados As entrevistas seguiram roteiro preacutevio
contemplando aspectos da relaccedilatildeo do MEC com o municiacutepio por meio do PAR informaccedilotildees
acerca da descentralizaccedilatildeo nas decisotildees da gestatildeo e da participaccedilatildeo bem como da autonomia
dos conselhos no contexto da gestatildeo da educaccedilatildeo municipal
O loacutecus da pesquisa
O municiacutepio de Santana loacutecus da pesquisa eacute o segundo municiacutepio mais populoso do
Amapaacute com 101262 habitantes segundo dados do IBGE de 2010 estaacute localizado na regiatildeo
metropolitana de Macapaacute capital do Estado do Amapaacute A escolha do municiacutepio se deu em razatildeo
de este ser um dos municiacutepios de maior populaccedilatildeo do Estado ter aderido ao PAR e pela
proximidade de acesso agraves informaccedilotildees necessaacuterias ao esclarecimento da problemaacutetica em
questatildeo
A ESTRUTURA DA DISSERTACcedilAtildeO
A dissertaccedilatildeo eacute composta de trecircs capiacutetulos assim dispostos o primeiro intitulado ldquoA
poliacutetica de gestatildeo da educaccedilatildeo no Brasilrdquo versaraacute sobre a poliacutetica de gestatildeo da educaccedilatildeo no
contexto de redefiniccedilatildeo do papel do Estado explicitando abordagens teoacutericas sobre as
concepccedilotildees de gestatildeo da educaccedilatildeo no Brasil nas uacuteltimas deacutecadas a gestatildeo democraacutetica
instituiacuteda a partir da Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 e da Lei de
Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional de 1996 com base nas lutas implementadas na deacutecada
de 1980 e o modelo de gestatildeo gerencial proposto pelo Plano Diretor da Reforma do Aparelho
do Estado Brasileiro a partir de meados da deacutecada de 1990
O segundo capiacutetulo denominado ldquoA gestatildeo educacional no contexto do Plano de
Desenvolvimento da Educaccedilatildeo (PDE) do Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo
e do Plano de Accedilotildees Articuladasrdquo trataraacute de caracterizar e discutir as concepccedilotildees de gestatildeo da
32
educaccedilatildeo presentes na poliacutetica educacional do Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo do
Plano de Metas Compromisso Todos Pela Educaccedilatildeo e do Plano de Accedilotildees Articuladas Trata-se
de evidenciar as singularidades e similaridades da poliacutetica de gestatildeo da educaccedilatildeo engendrada a
partir do instrumento de planejamento da educaccedilatildeo nos municiacutepios proposto no PAR
O terceiro capiacutetulo intitulado ldquoA gestatildeo educacional no contexto do Plano de Accedilotildees
Articuladas no municiacutepio de Santana-Amapaacuterdquo tem como objetivo caracterizar a educaccedilatildeo no
municiacutepio de Santana e analisar a partir de documentos e das entrevistas aos sujeitos as
implicaccedilotildees do PAR para a gestatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio de SantanaAP Tal anaacutelise se
baseou em seis indicadores da Gestatildeo Democraacutetica do PAR (1) existecircncia de conselhos
escolares (CE) (2) existecircncia composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (3)
composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar (CAE) (4) composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo
do Conselho do Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de
Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo (FUNDEB) (5) criteacuterios para escolha da direccedilatildeo
escolar19 e (6) Existecircncia e atuaccedilatildeo do comitecirc local do compromisso O objetivo foi avaliar se
o PAR trouxe consequecircncias para o modelo de gestatildeo adotado pela rede municipal de educaccedilatildeo
de Santana-AP se possibilitou a descentralizaccedilatildeo da gestatildeo a maior participaccedilatildeo da
comunidade na tomada de decisotildees enfim se por meio do PAR a gestatildeo da rede municipal de
ensino vem construindo maiores possibilidades de autonomia e participaccedilatildeo dos sujeitos
Nas consideraccedilotildees finais apresentamos os resultados dessa pesquisa em que a poliacutetica
traccedilada pelo Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo atraveacutes do PAR foi
implantada na rede municipal de ensino de Santana Fazendo uma reflexatildeo sobre os resultados
alcanccedilados nessa pesquisa e relacionando-os ao referencial teoacuterico que embasaram a concepccedilatildeo
de democratizaccedilatildeo da educaccedilatildeo adotada podemos afirmar que a praacutetica a gestatildeo educacional
do municiacutepio de Santana apresentou-se patrimonialista com traccedilos de uma gestatildeo gerencialista
pois natildeo tem ocorrido a descentralizaccedilatildeo da gestatildeo na rede municipal de ensino com a
participaccedilatildeo efetiva da sociedade nos conselhos de controle social Os recursos financeiros
relativos agrave educaccedilatildeo municipal de Santana satildeo centralizados na Prefeitura dificultando o
planejamento participativo da educaccedilatildeo no municiacutepio E os sujeitos envolvidos nos Conselhos
de Controle Social encontram dificuldades em atuar devido agraves proacuteprias condiccedilotildees de
funcionamento seja de local de transporte ou mesmo de acesso as informaccedilotildees jaacute que estas
encontram-se centralizadas
19 Esse indicador estaacute presente nas duas versotildees do PAR entretanto no 1ordm PAR ele estaacute presente na aacuterea da gestatildeo
democraacutetica e no 2ordm PAR ele aparece como um indicador de outra aacuterea a de gestatildeo de pessoas
33
1 A POLIacuteTICA DE GESTAtildeO DA EDUCACcedilAtildeO NO BRASIL
Este capiacutetulo trata das poliacuteticas de gestatildeo da educaccedilatildeo no Brasil na perspectiva de se
compreender o processo que desencadeou a proposta de gestatildeo educacional que permeia o
Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo o Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo
(PMTE) e o Plano de Accedilotildees Articuladas Para isso em um primeiro momento abordaremos
contexto de institucionalizaccedilatildeo da gestatildeo democraacutetica e seus vaacuterios mecanismos e em um
segundo momento enfocaremos a proposta de gestatildeo gerencial para a administraccedilatildeo puacuteblica a
partir do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado de 199520 no contexto de redefiniccedilatildeo
do papel do Estado
11 O CAPITALISMO E A CRISE
A compreensatildeo de como se constituiu a crise do Estado e do seu papel no contexto da
sociedade capitalista satildeo importantes para situarmos historicamente os conflitos que vecircm
ocorrendo no mundo moderno e particularmente no Brasil que giram em torno de interesses
diversos na organizaccedilatildeo social poliacutetica e econocircmica O que reflete certamente na tomada de
decisatildeo do Estado que promove accedilotildees a favor do capital ou a favor das exigecircncias da sociedade
A crise do capital atingiu as poliacuteticas educacionais no Brasil na deacutecada de 1990 reflexo
de um cenaacuterio de transformaccedilotildees que vinha se formando internacionalmente desde a deacutecada de
1970 quando o capitalismo daacute sinais de esgotamento e entra em crise de amplas proporccedilotildees
Essa crise tem fortes repercussotildees no papel do Estado que desde o poacutes-guerra vinha
assumindo o papel de controle dos ciclos econocircmicos como Estado de bem-estar social21
De acordo com Antunes (1999) essa eacute uma crise estrutural que se desencadeou a partir
da crise do fordismo e keynesianismo com a queda da taxa de lucros em funccedilatildeo do aumento da
forccedila de trabalho resultante das lutas operaacuterias e sociais ocorridas em deacutecadas anteriores e do
controle de regulaccedilatildeo principalmente em paiacuteses capitalistas E afirma o autor que a crise do
20O Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado (1995) foi elaborado pelo Ministeacuterio da Administraccedilatildeo
Federal e da Reforma do Estado na gestatildeo de Bresser Pereira no Governo Fernando Henrique Cardoso que
definiu objetivos e estabeleceu diretrizes para a reforma da administraccedilatildeo puacuteblica brasileira Segundo este Plano
o Estado deve assumir um papel menos executor ou prestador direto de serviccedilos e atuar mais como regulador e
avaliador das poliacuteticas puacuteblicas 21 O ldquoEstado de bem-estar socialrdquo ou ldquoWelfare Staterdquo de John Maynard Keynes ldquotinha o papel de controlar os
ciclos econocircmicos combinando poliacuteticas fiscais e monetaacuterias As poliacuteticas eram direcionadas para o investimento
puacuteblico principalmente para os setores vinculados ao crescimento da produccedilatildeo e o consumo de massa que tinham
tambeacutem o objetivo de garantir o pleno emprego O salaacuterio social era complementado pelos governos atraveacutes da
seguridade social assistecircncia meacutedica educaccedilatildeo habitaccedilatildeo O Estado acabava exercendo tambeacutem o papel de
regular direta ou indiretamente os acordos salariais e os direitos dos trabalhadores na produccedilatildeordquo (PERONI 2003
p 22)
34
Estado eacute uma consequecircncia da crise capitalista e natildeo a causa dessa forma o capitalismo como
resposta a sua proacutepria crise se reorganiza e reconfigura o sistema ideoloacutegico e poliacutetico de
dominaccedilatildeo apresentando ldquoo neoliberalismo com a privatizaccedilatildeo do Estado a
desregulamentaccedilatildeo dos direitos do trabalho e a desmontagem do setor produtivo estatalrdquo
(ANTUNES 1999 p31)
Segundo Meszaacuteros (2002) a Crise eacute a manifestaccedilatildeo ldquodo espectro da incontrolabilidade
totalrdquo do capital quando se evidencia o aacutepice de sua incapacidade civilizatoacuteria e sua face mais
destrutiva possiacutevel De acordo com o autor a incontrolabilidade do capital satildeo inerentes ao
sistema capitalista que por estarem na base estrutural da relaccedilatildeo entre capital-trabalho natildeo
podem ser remediados de forma radical sob pena de comprometer a sobrevivecircncia do sistema
A crise de acordo com Antunes (1999) Meacuteszaacuteros (2011) Peroni (2006) e Harvey
(2008) natildeo se encontra no Estado e sim na estrutura do capital Meszaacuteros (2011) afirma que
eacute necessaacuterio esclarecer as diferenccedilas relevantes entre tipos ou modalidades de crise pois uma
crise na esfera social pode ser considerada uma lsquocrise perioacutedicaconjunturalrsquo ou uma lsquocrise
estrutural fundamentalrsquo A lsquocrise perioacutedicarsquo ou lsquoconjunturalrsquo pode ser severa poreacutem haacute formas
mais ou menos de solucionaacute-las com sucesso dentro da estrutura estabelecida Jaacute a lsquocrise
estrutural fundamentalrsquo afeta a proacutepria estrutura em sua totalidade como afirma o autor
a crise em nossos dias natildeo eacute compreensiacutevel sem que seja referida agrave ampla estrutura
social global Isso significa que a fim de esclarecer a natureza da persistente e cada
vez mais grave crise em todo o mundo hoje devemos focar a atenccedilatildeo na crise do
sistema do capital em sua inteireza pois a crise do capital que ora estamos
experimentando eacute uma crise estrutural que tudo abrange (MESZAacuteROS 2011 p3)
Com efeito a crise estrutural natildeo pode ser conceituada em termos das categorias de crise
perioacutedica ou conjuntural pois haacute uma diferenccedila crucial entre elas enquanto a crise perioacutedica
desdobra-se dentro da sua estrutura a outra abrange tudo e deve ser analisada na totalidade a
partir de uma avaliaccedilatildeo adequada da natureza da crise econocircmica e social de nossos dias
Por outro lado os defensores de um projeto fundamentado no neoliberalismo ndash
Fernando Henrique Cardoso Bresser Pereira e Fernando Collor de Melo ndash afirmam que desde
a deacutecada de 80 o Estado brasileiro estaacute em crise porque ao tentar se legitimar gastou mais do
que podia no atendimento agraves necessidades da populaccedilatildeo em poliacuteticas sociais e provocando
desse modo a crise fiscal Destaca-se que os serviccedilos puacuteblicos eram os principais causadores
da crise e por isso era necessaacuterio reconstruir as funccedilotildees e a organizaccedilatildeo do Estado
35
Dessa forma a globalizaccedilatildeo da economia foi uma das alternativas encontradas pelos
neoliberais para sair da crise destacando as privatizaccedilotildees e a reforma administrativa com a
desregulamentaccedilatildeo dos mercados e liberalizaccedilatildeo comercial e financeira Para Bresser Pereira
(1996) se aplicadas tais poliacuteticas reformistas a reforma neoliberal e a social democraacutetica o
paiacutes estaria apto para o crescimento econocircmico pois a
() diferenccedila entre uma proposta de reforma neoliberal e uma social democraacutetica estaacute
no fato de que o objetivo da primeira e retirar o Estado da economia enquanto que o
da segunda eacute aumentar a governanccedila do Estado eacute dar ao Estado meios financeiros e
administrativos para que ele possa intervir efetivamente sempre que o mercado natildeo
tiver condiccedilotildees de coordenar adequadamente a economia (BRESSER-PEREIRA
1996 p 1 - 2)
Partindo desse contexto neoliberal para superar a crise brasileira e assegurado por
Bresser Pereira em 1995 atendendo aos interesses do mercado o governo brasileiro implantou
o Ministeacuterio da Administraccedilatildeo e Reforma do Estado (MARE) com a finalidade de reformar o
Estado brasileiro Destaca-se que nesse mesmo ano ndash 1995 no primeiro ano de governo
Fernando Henrique Cardoso - eacute lanccedilado o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado
(PDRAE) que sugere uma reforma na administraccedilatildeo do Estado para a superaccedilatildeo da crise e
oferece uma seacuterie de accedilotildees e estrateacutegias que devem ser tomadas pelas instituiccedilotildees considerando-
as como inadiaacuteveis sendo elas
(1) o ajustamento fiscal duradouro (2) reformas econocircmicas orientadas para o
mercado que acompanhadas de uma poliacutetica industrial e tecnoloacutegica garantam a
concorrecircncia interna e criem as condiccedilotildees para o enfrentamento da competiccedilatildeo
internacional (3) a reforma da previdecircncia social (4) a inovaccedilatildeo dos instrumentos de
poliacutetica social proporcionando maior abrangecircncia e promovendo melhor qualidade
para os serviccedilos sociais e (5) a reforma do aparelho do Estado com vistas a aumentar
sua ldquogovernanccedilardquo ou seja sua capacidade de implementar de forma eficiente poliacuteticas
puacuteblicas (BRASIL 1995 p 11)
Como o resultado de um pacote de mudanccedilas no Estado o PDRAE propotildee alternativas
para combater a crise instalada no Estado Brasileiro sendo que essas propostas se movimentam
no sentido de reduzir o papel do Estado e os direitos conquistados na Constituiccedilatildeo Federal de
1988 como as poliacuteticas sociais e os direitos trabalhistas Nesse sentido as conquistas sociais
que estavam garantidas na Constituiccedilatildeo como o direito agrave educaccedilatildeo sauacutede transportes
puacuteblicos seguranccedila entre outros devem ser ldquocomprados e regidos pela feacuterrea loacutegica das leis
do mercado Na realidade o objetivo maior eacute a ideia de um lsquoEstado miacutenimorsquo que significa o
36
Estado suficiente e necessaacuterio unicamente para os interesses da reproduccedilatildeo do capitalrdquo
(FRIGOTTO 1995 p 83-84)
Cabe ressaltar que o projeto capitalista de reformar o Estado Brasileiro busca uma
relaccedilatildeo entre os setores puacuteblicos e privados utilizando de estrateacutegias de manipulaccedilatildeo para
superaccedilatildeo da crise O projeto capitalista eacute permeado de estrateacutegias de acordo com Peroni
(2006) o qual cita quatro delas a Reestruturaccedilatildeo Produtiva a Globalizaccedilatildeo o Neoliberalismo
e a Terceira Via que tentam viabilizar e condicionar o aumento do lucro atraveacutes da aproximaccedilatildeo
do mercado com o Estado
A primeira delas a lsquoreestruturaccedilatildeo produtivarsquo pressupotildee a intensificaccedilatildeo das
transformaccedilotildees no processo produtivo e essa foi uma das respostas agrave crise do capital e agrave crise
da acumulaccedilatildeo que teve iniacutecio em 1973 que com base no avanccedilo tecnoloacutegico e no toyotismo22
se apoiou
na flexibilidade dos processos dos mercados de trabalho dos produtos e padrotildees de
consumo Caracteriza-se pelo surgimento de setores de produccedilatildeo inteiramente novos
novas maneiras de fornecimento de serviccedilos financeiros novos mercados e
sobretudo taxas altamente intensificadas de inovaccedilatildeo comercial tecnoloacutegica e
organizacional (HARVEY 2003 p 140)
Com a produccedilatildeo fabril flexibilizada e informatizada ndash tiacutepico da acumulaccedilatildeo do capital
ndash houve uma queda no operariado manual e estaacutevel isso resultou na expansatildeo da precarizaccedilatildeo
do trabalho (contrataccedilatildeo temporaacuteria trabalho em tempo parcial) Nessa compreensatildeo o capital
pode ateacute precarizar e subutilizar a matildeo de obra mas o desenvolvimento tecnoloacutegico natildeo pode
substituir a capacidade intelectual do homem poreacutem consegue reproduzir na sociedade a ideia
dos valores empresariais e mercadoloacutegicos Com a reestruturaccedilatildeo produtiva a classe
trabalhadora fragmentou-se heterogeneizou-se e complexificou-se mas ainda assim natildeo corre
o risco de desaparecer (ANTUNES 2003)
Uma outra estrateacutegia utilizada para superar a crise do capitalismo eacute a lsquoglobalizaccedilatildeorsquo No
final do seacutec XX os desdobramentos do capitalismo em sua forma de acumular riquezas e assim
superar a crise desafiam a praacutetica e o pensamento social Segundo Chesnais (1996) o uso do
termo globalizaccedilatildeo eacute insuficiente para a compreensatildeo do processo de internacionalizaccedilatildeo do
22 O Toyotismo segundo Antunes (2005) eacute uma forma de organizaccedilatildeo do trabalho na faacutebrica da Toyota no Japatildeo
nos anos apoacutes 1945 que apresentava as seguintes caracteriacutesticas produccedilatildeo vinculada a demanda processo de
produccedilatildeo flexiacutevel possibilitando a um mesmo operaacuterio operar vaacuterias maacutequinas e desenvolver vaacuterias funccedilotildees A
produccedilatildeo em geral eacute horizontalizada ou seja grande parte da produccedilatildeo eacute terceirizada e subcontratada para deixar
as empresas mais ldquoenxutasrdquo ou mais ldquolevesrdquo
37
capital atual ela denominou entatildeo de mundializaccedilatildeo do capital23 por se tratar de um regime de
acumulaccedilatildeo predominantemente financeira configurando um espaccedilo conectado mundialmente
Essas conexotildees que tecircm como cenaacuterio o mundo em tempo real e que movimenta o capital
financeiro satildeo possiacuteveis a partir dos
Sistemas de comunicaccedilatildeo por sateacutelite e por cabo aliados agraves novas tecnologias de
informaccedilatildeo e agrave microeletrocircnica possibilitam a conexatildeo em tempo real dos mercados
das financcedilas e da produccedilatildeo As transformaccedilotildees que estatildeo ocorrendo no interior do
capitalismo inauguram de forma intensa ou mediatizada uma nova forma de estar no
mundo (CHESNAIS 1996 p 34)
Nesse contexto a globalizaccedilatildeo ocorre a partir da configuraccedilatildeo geopoliacutetica dos mercados
internacionais que fazem conexotildees com outros mercados operados por investidores
financeiros24 que avaliam e decidem sobre ldquoa participaccedilatildeo de tal paiacutes na rede em graus que
diferem de um compartimento a outro (cacircmbio obrigaccedilotildees accedilotildees etc)rdquo (CHESNAIS 1996 p
45) demarcando dessa maneira o paiacutes que quebra e o que estabiliza
Na verdade como afirma Frigotto (2001 p 36) trata-se de uma ldquoformaccedilatildeo de
oligopoacutelios e megacorporaccedilotildees mediante a fusatildeo ou alianccedilas entre grandes empresasrdquo Esse
processo inclui principalmente o grupo de paiacuteses mais ricos (Estados Unidos Canadaacute Japatildeo
Alemanha Franccedila Reino Unido e Itaacutelia) Esses paiacuteses se reuacutenem periodicamente para
resguardar os seus interesses e alertar que a livre concorrecircncia existe somente ateacute certo ponto
De toda forma considera o autor que o principal entre os problemas da globalizaccedilatildeo eacute uma
eventual desigualdade social por ela proporcionada em que o poder e a renda encontram-se em
maior parte concentrados nas matildeos de uma minoria burguesa o que atrela a questatildeo agraves
contradiccedilotildees do projeto capitalista
Uma outra estrateacutegia usada para superaccedilatildeo da crise do capital eacute o lsquoNeoliberalismorsquo tida
como uma ideologia impulsionada pelas teorias econocircmicas capitalistas que defende a natildeo
participaccedilatildeo do Estado na economia pois segundo essa ideologia o Estado eacute o principal
responsaacutevel por anomalias no funcionamento do mercado livre onde deve haver total liberdade
para garantir o crescimento econocircmico e o desenvolvimento social de um paiacutes Por outro lado
Peroni (2006) afirma que o neoliberalismo atua na privatizaccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos pelo
23 A lsquomundializaccedilatildeo do capitalrsquo eacute ldquoa capacidade estrateacutegica de todo grande grupo oligopolista voltado para a
produccedilatildeo manufatureira ou para as principais atividades de serviccedilos de adotar por conta proacutepria um enfoque e
condutas lsquoglobaisrsquordquo () incluindo-se a esfera financeira (CHESNAIS 1996 p 17) 24Os investidores institucionais segundo Chesnais (2005) satildeo organismos tais como fundos de pensatildeo fundos
coletivos de aplicaccedilatildeo sociedades de seguro bancos que administram sociedades de investimento que teriam feito
da descentralizaccedilatildeo dos lucros natildeo reinvestidos das empresas e das famiacutelias (planos de previdecircncia privados
poupanccedila salarial) um trampolim para a aquisiccedilatildeo de acumulaccedilatildeo financeira de grande proporccedilatildeo
38
repasse da sua execuccedilatildeo ao mercado busca a racionalizaccedilatildeo dos recursos e a diminuiccedilatildeo dos
gastos do Estado com as poliacuteticas sociais e educacionais restringindo assim a atuaccedilatildeo das
instituiccedilotildees puacuteblicas o que tem gerado contradiccedilotildees quanto ao papel social do Estado impliacutecito
na Constituiccedilatildeo Federal Brasileira de 1988
A lsquoTerceira viarsquo eacute outra estrateacutegia utilizada pela teoria neoliberal para vencer a crise
Segundo os teoacutericos defensores do neoliberalismo a proposta da Terceira Via pressupotildee um
Estado democraacutetico que tem como principais caracteriacutesticas a ldquodescentralizaccedilatildeo dupla
democratizaccedilatildeo renovaccedilatildeo da esfera puacuteblica-transparecircncia eficiecircncia administrativa
mecanismos de democracia direta e governo como administrador de riscosrdquo (GIDDENS 2001
p 87) Por outro lado Peroni e Caetano (2012) criticam as estrateacutegias da teoria neoliberal que
buscam a racionalizaccedilatildeo dos recursos e o esvaziamento do poder das instituiccedilotildees transferindo
a execuccedilatildeo das poliacuteticas sociais para o terceiro setor ldquoque eacute caracterizado como o puacuteblico natildeo-
estatalrdquo (PERONI CAETANO 2012 p 4) ou seja para a sociedade civil utilizando-se do
discurso da democratizaccedilatildeo e da participaccedilatildeo sem romper com o neoliberalismo
Caracterizada como uma ldquoarena de interesses contraditoacuterios e conflituososrdquo (VIEIRA
2007 p59) a gestatildeo puacuteblica se materializa na praacutetica das poliacuteticas traccediladas pelo poder puacuteblico
qualificando-se como uma ldquotarefa complexa e cheia de meandrosrdquo (VIEIRA 2007 p59)
Vieira (2007) e Paro (2005) compartilham da mesma ideia de que os valores estatildeo impliacutecitos
nas intencionalidades poliacuteticas nas condiccedilotildees dadas para a implementaccedilatildeo onde estaacute a base
material da gestatildeo puacuteblica com recursos materiais e financeiros e ainda de condiccedilotildees poliacuteticas
favoraacuteveis para concretizaccedilatildeo
Acerca desse debate sobre a gestatildeo puacuteblica uma tendecircncia internacional de reformas na
administraccedilatildeo puacuteblica na gestatildeo das poliacuteticas sociais e educacionais vem se formando nos
paiacuteses da Ameacuterica Latina a partir dos anos de 1990 inclusive no Brasil reflexo da crise
mundial que atingiu os paiacuteses centrais na deacutecada de 1980 A introduccedilatildeo de princiacutepios da
administraccedilatildeo empresarial no setor puacuteblico foi uma das mudanccedilas no padratildeo de organizaccedilatildeo e
gestatildeo que Lima (1997) denominou de paradigma da educaccedilatildeo contaacutebil (LIMA 1997 p 43
grifos do autor) Esse paradigma no Brasil se constitui por meio da Terceira Via nas parcerias
puacuteblico-privadas nos ldquonovos contratos de gestatildeordquo na compra de materiais didaacutetico-
pedagoacutegicos do setor privado nas avaliaccedilotildees com foco nos resultados no controle da eficiecircncia
e qualidade das instituiccedilotildees educativas
Essas medidas derivam de dois fatores principais das restriccedilotildees orccedilamentaacuterias dos
Estados em razatildeo do aprofundamento da crise financeira e econocircmica que se espalhara por todo
o mundo globalizado atingindo seu aacutepice em 2008 e da implantaccedilatildeo de princiacutepios do
39
ldquomovimento denominado New Public Management (NPM)rdquo (MARINI 2003 p 47) nas accedilotildees
dos governos
O modelo de gestatildeo gerencial ou ainda o termo Nova Gerecircncia Puacuteblica (New Public
Management mdash NPM) eacute frequentemente utilizado em muitos dos paiacuteses-membros25 da
Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econocircmico - OCDE O termo parece
descrever certo tipo de reforma administrativa que sob orientaccedilotildees da OCDE tem contribuiacutedo
para a elaboraccedilatildeo de uma visatildeo mais econocircmica e gerencial da administraccedilatildeo governamental
vinculada aos interesses do mercado capitalista e apoiada pela poliacutetica neoliberal de modo que
natildeo possibilita a participaccedilatildeo de todos Nesses termos o gerencialismo26 seria portanto
O modelo de aplicaccedilatildeo dos princiacutepios gerenciais do setor empresarial privado ao setor
puacuteblico Em termos praacuteticos essa concepccedilatildeo restrita da NPM implica numa ecircnfase da
gerecircncia de contratos na introduccedilatildeo de mecanismos de mercado no setor puacuteblico e na
vinculaccedilatildeo estabelecida entre o pagamento e o desempenho (ORMOND 1999 p73)
Nesse sentido o modelo de gestatildeo gerencial ou gerencialismo importado das empresas
privadas eacute reproduzido para o serviccedilo puacuteblico mesmo quando essa tendecircncia internacional da
administraccedilatildeo natildeo se materializa da mesma forma em todos os paiacuteses que a implantaram Em
alguns paiacuteses esse modelo deu certo e prosperou jaacute em outros encontrou reaccedilatildeo sendo ldquodebatido
ou introduzido gradualmente ou de forma mitigada mas em todo o caso conquistou adeptos
concentrou atenccedilotildees e motivou ataques e resistecircncias como nenhum outrordquo (LIMA 1997 p
47)
A reforma na administraccedilatildeo puacuteblica na perspectiva do gerencialismo de acordo com
Abruacutecio (2010) tem a descentralizaccedilatildeo como um mecanismo adotado internamente pelas
empresas privadas com o objetivo de garantir a eficiecircncia e eficaacutecia no controle da gestatildeo de
resultados no planejamento estrateacutegico no controle por meio de avaliaccedilotildees de desempenho
nacionais estaduais e municipais no controle das accedilotildees individuais (responsabilizaccedilatildeo) e na
emissatildeo de relatoacuterios administrativos
Natildeo diferentemente de outros paiacuteses da Ameacuterica Latina no Brasil Bresser Pereira
(2007) afirma que esse novo modelo vem se estruturando no paiacutes e que envolve organizaccedilotildees
estatais puacuteblicas natildeo estatais corporativas e privadas Essas organizaccedilotildees se relacionam em
25 Paiacuteses membros da OCDE ndash Aacuteustria Beacutelgica Dinamarca Franccedila Greacutecia Islacircndia Irlanda Itaacutelia Luxemburgo
Noruega Paiacuteses Baixos Portugal Reino Unido Sueacutecia Suiacuteccedila Turquia Alemanha Espanha Canadaacute USA Japatildeo
Finlacircndia Austraacutelia Nova Zelacircndia Repuacuteblica Checa Meacutexico Hungria Polocircnia Coreia do Sul Eslovaacutequia
Chile Eslovecircnia e Israel
40
redes e essas relaccedilotildees satildeo identificadas como parcerias entre instituiccedilotildees puacuteblico-privadas-
terceiro setor O autor traz referecircncias em defesa desse modelo que segundo ele para o
desenvolvimento do paiacutes eacute necessaacuterio um consenso entre diferentes setores da sociedade O
autor demonstra que ldquoum consenso pleno eacute impossiacutevel mas um consenso que una empresaacuterios
do setor produtivo trabalhadores teacutecnicos do governo e classes meacutedias profissionais - um
acordo nacional portanto ndash estaacute hoje em processo de formaccedilatildeordquo (BRESSER-PEREIRA 2007
p 163)
Assim novas relaccedilotildees entre o Estado o mercado e a sociedade civil se formam no paiacutes
Eacute como uma revoluccedilatildeo passiva que busca rearticular natildeo soacute a produccedilatildeo como tambeacutem regular
as novas relaccedilotildees humanas e sociais pois o controle do capital natildeo incide somente na extraccedilatildeo
da mais-valia mas ainda nessas articulaccedilotildees promovidas em torno de um consenso entre as
classes que organizam essas negociaccedilotildees e acordos no paiacutes
Desde o governo Fernando Henrique Cardoso jaacute vinha se formando um movimento de
ldquoparceriasrdquo que foi prosseguido no governo do Presidente Lula por meio do consenso com o
objetivo de acomodar e harmonizar a governanccedila puacuteblica Nesse sentido o consenso27 entre o
Estado e setores da sociedade civil vem seguindo no sentido de modificar as relaccedilotildees de poder
em um ldquonovo contratordquo em que o setor privado e o terceiro setor passaram a responsabilizar-se
pelos serviccedilos sociais que antes eram de responsabilidade do Estado Esses ldquonovos contratosrdquo
tem como foco princiacutepios gerenciais de mercado baseados na eficiecircncia na eficaacutecia na
flexibilidade dos contratos para atingir os resultados
No proacuteximo toacutepico vamos tratar dessas ldquonovas relaccedilotildeesrdquo que estatildeo ancoradas na
redefiniccedilatildeo do papel do Estado por meio do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado
Brasileiro de 1995 e na participaccedilatildeo das estruturas de poder com significativas implicaccedilotildees no
acircmbito das poliacuteticas educacionais e da gestatildeo da educaccedilatildeo
27 O consenso (ativo ou passivo) numa sociedade capitalista eacute organizado pela burguesia e por liderar esse bloco
deteacutem a hegemonia porque consegue ir aleacutem dos seus interesses econocircmicos imediatos para manter articuladas
forccedilas heterogecircneas numa accedilatildeo essencialmente poliacutetica que impeccedila o rompimento dos contrastes existentes entre
elas (GRAMSCI 2000) O Estado dizia Gramsci eacute sempre uma combinaccedilatildeo dialeacutetica de hegemonia e coerccedilatildeo
assim o exerciacutecio normal da hegemonia no terreno tornado claacutessico do regime parlamentar caracteriza-se pela
combinaccedilatildeo da forccedila e do consenso que se equilibram de modo variado sem que a forccedila suplante muito o consenso
mas ao contraacuterio tentando fazer com que a forccedila pareccedila apoiada no consenso da maioria expresso pelos chamados
oacutergatildeos da opiniatildeo puacuteblica (GRAMSCI 2000 p 95)
41
12 A REFORMA DO ESTADO BRASILEIRO E SUAS IMPLICACcedilOtildeES PARA A GESTAtildeO
DA EDUCACcedilAtildeO
Esse toacutepico trata da Reforma do Estado brasileiro e os seus reflexos na educaccedilatildeo
brasileira a partir de dois modelos de gestatildeo o gerencial e o democraacutetico
A ideia de reformar o Estado no Brasil teve iniacutecio nos anos 90 como reflexo da crise
instalada no paiacutes De um lado Bresser Pereira no Plano de Reforma do Aparelho do Estado
brasileiro argumenta que era necessaacuteria e urgente uma reforma de Estado para superar a
ineficiecircncia o burocratismo e o mau serviccedilo prestado agrave populaccedilatildeo principalmente na aacuterea
social A partir de entatildeo dentro de uma visatildeo neoliberal eacute criado durante o governo do
Presidente Fernando Henrique Cardoso pelo entatildeo Ministro Luiz Carlos Bresser Pereira em
1995 o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado Brasileiro (PDRAE) sob a
justificativa de que o Estado deveria assumir um papel menos executor ou prestador direto de
serviccedilos pois a administraccedilatildeo deveria se realizar por meio de ldquocontratos de gestatildeordquo que
definisse com clareza os objetivos ou indicadores de desempenho das instituiccedilotildees puacuteblicas e
permitisse o controle por resultados Desse modo caberia ao Estado ser o oacutergatildeo coordenador
financiador e regulador dos serviccedilos Por outro lado defensores do Estado democraacutetico
contestam que essas medidas afrontam veementemente os direitos sociais jaacute conquistados e
garantidos sob muita luta dos trabalhadores na Constituiccedilatildeo Federal de 1988
Propagando a imagem de que as atividades do setor puacuteblico-estatal natildeo atendem as
necessidades sociais baacutesicas da populaccedilatildeo pois o Estado estaacute ineficiente improdutivo e
antieconocircmico eacute articulado uma Reforma no Estado para que atenda a um novo modelo de
gestatildeo que tem o setor privado como paracircmetro de eficiecircncia efetividade e produtividade
podendo responder agraves demandas sociais de forma menos burocraacutetica e com maior rapidez As
poliacuteticas neoliberais se posicionam contrariamente agraves poliacuteticas distributivas de bem-estar social
e afirmam que o Estado que prioriza essas questotildees sociais eacute visto como um Estado de mal-
estar social Nesse sentido essas poliacuteticas neoliberais trabalham para racionalizar os custos
financeiros do Estado com gastos em sauacutede educaccedilatildeo habitaccedilatildeo transporte puacuteblico pensotildees
e aposentadorias reduzindo ainda as importaccedilotildees e incentivando a exportaccedilatildeo
Segundo Neves (2005) essa teoria de cunho neoliberal se sustentava na tese do ldquoEstado
miacutenimordquo que de produtor direto de bens e serviccedilos o Estado passou a coordenador de
iniciativas privadas ldquointrojetando nas instituiccedilotildees puacuteblicas estatais noccedilotildees de eficiecircncia
produtividade e racionalidade inerentes agrave loacutegica do capital (NEVES 2005 p 92) O caminho
42
que estaacute sendo proposto no PDRAE eacute justamente impor a privatizaccedilatildeo como a principal poliacutetica
de Estado seguindo as orientaccedilotildees internacionais do Banco Mundial e do Fundo Monetaacuterio
Internacional
Essa discussatildeo do Estado de bem-estar social eacute apresentada por Fiori (1997) e
demonstra uma complexa rede de determinaccedilotildees econocircmicas ideoloacutegicas e poliacuteticas que define
e diferencia o Estado de bem-estar social de outras eacutepocas e de outras experiecircncias nacionais
Para o autor a realidade de paiacuteses como os Estados Unidos a Europa o Japatildeo e o Brasil satildeo
diferentes e em razatildeo disso o que se apresenta como o Estado de bem-estar social em um paiacutes
natildeo pode ser padronizado da mesma forma em outro pois deve-se levar em conta algumas
questotildees centrais como ldquoformas de financiamento pela extensatildeo de serviccedilos pelo peso do
setor puacuteblico pelo seu grau de sensibilidade aos sistemas puacuteblicos pela sua forma de
organizaccedilatildeo institucional etcrdquo (FIORI 1997 p 135)
No texto do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado (PDRAE) a proposta de
Reforma do Estado eacute apresentada sob uma nova configuraccedilatildeo na estrutura do Estado que se
divide em trecircs diferentes setores o nuacutecleo estrateacutegico as atividades exclusivas e os serviccedilos
natildeo exclusivos Cada um deles corresponde a um modelo de gestatildeo com diferentes abrangecircncias
e consequecircncias para a democratizaccedilatildeo dos direitos a saber
O Nuacutecleo estrateacutegico - Corresponde ao governo em sentido lato Eacute o setor que define
as leis e as poliacuteticas puacuteblicas e cobra o seu cumprimento Eacute portanto o setor onde as
decisotildees estrateacutegicas satildeo tomadas Corresponde aos Poderes Legislativo e Judiciaacuterio
ao Ministeacuterio Puacuteblico e no poder executivo ao Presidente da Repuacuteblica aos ministros
e aos seus auxiliares e assessores diretos responsaacuteveis pelo planejamento e
formulaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas
Atividades exclusivas - Eacute o setor em que satildeo prestados serviccedilos que soacute o Estado pode
realizar Satildeo serviccedilos em que se exerce o poder extroverso do Estado - o poder de
regulamentar fiscalizar fomentar Como exemplos temos a cobranccedila e fiscalizaccedilatildeo
dos impostos a poliacutecia a previdecircncia social baacutesica o serviccedilo de desemprego a
fiscalizaccedilatildeo do cumprimento de normas sanitaacuterias o serviccedilo de tracircnsito a compra de
serviccedilos de sauacutede pelo Estado o controle do meio ambiente o subsiacutedio agrave educaccedilatildeo
baacutesica o serviccedilo de emissatildeo de passaportes etc
Os Serviccedilos Natildeo Exclusivos - Corresponde ao setor onde o Estado atua
simultaneamente com outras organizaccedilotildees puacuteblicas natildeo-estatais e privadas As
instituiccedilotildees desse setor natildeo possuem o poder de Estado Este entretanto estaacute presente
porque os serviccedilos envolvem direitos humanos fundamentais como os da educaccedilatildeo
e da sauacutede ou porque possuem ldquoeconomias externasrdquo relevantes na medida que
produzem ganhos que natildeo podem ser apropriados por esses serviccedilos atraveacutes do
mercado As economias produzidas imediatamente se espalham para o resto da
sociedade natildeo podendo ser transformadas em lucros Satildeo exemplos deste setor as
universidades os hospitais os centros de pesquisa e os museus (BRASIL MARE
1995 p41) [grifos nossos]
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No PDRAE o nuacutecleo estrateacutegico corresponde a alta cuacutepula dos trecircs poderes (executivo
legislativo e judiciaacuterio) e seus assessores diretos no paiacutes que satildeo os responsaacuteveis pelo
planejamento das poliacuteticas puacuteblicas a serem implantadas no paiacutes Nos serviccedilos exclusivos estaacute
o poder do Estado como regulamentador fiscalizador e fomentador das poliacuteticas puacuteblicas Os
serviccedilos natildeo-exclusivos onde estatildeo algumas poliacuteticas sociais que antes estavam sobre a atuaccedilatildeo
do Estado passam a ter os serviccedilos oferecidos tambeacutem pelas instituiccedilotildees puacuteblicas natildeo-estatais
e privadas
Ora veja-se que nesses serviccedilos natildeo-exclusivos do Estado estatildeo presentes alguns
direitos humanos fundamentais legalmente constituiacutedos de acordo com a Constituiccedilatildeo Federal
de 1988 como a educaccedilatildeo e a sauacutede Entretanto o PDRAE ao retirar do Estado a
obrigatoriedade na oferta desses serviccedilos essenciais conquistados pela populaccedilatildeo e transferi-lo
para as instituiccedilotildees puacuteblicas natildeo-estatais privadas e terceiro setor estatildeo portanto abrindo
espaccedilos para o setor privado agir Assim com todas as formas de ldquoeficiecircnciardquo e ldquoeficaacuteciardquo que
o setor privado gerencia os seus empreendimentos particulares reproduz-se esse mesmo
modelo principalmente em setores essenciais como a sauacutede e a educaccedilatildeo trazendo para o
serviccedilo puacuteblico uma nova loacutegica de produtividade e competitividade caracteriacutesticas do
neoliberalismo Em defesa dessa flexibilidade da vertente neoliberal Cardoso (2003 p15)
afirma que ldquo() a produccedilatildeo de bens e serviccedilos pode e deve ser transferida agrave sociedade agrave
iniciativa privada com grande eficiecircncia e com menor custo para o consumidorrdquo
O PDRAE sugere a ldquodescentralizaccedilatildeo de serviccedilosrdquo como elemento estimulador da
democratizaccedilatildeo da accedilatildeo estatal no entanto nem sempre funciona pois ela se apresenta muitas
vezes apenas como uma forma mais eficiente de controle dos gastos puacuteblicos Assim sob o
argumento da participaccedilatildeo coletiva toda a sociedade eacute convocada a contribuir com os serviccedilos
que antes eram de responsabilidade do Estado por meio do discurso da ldquoresponsabilidade
socialrdquo e da colaboraccedilatildeo ldquovoluntaacuteriardquo em razatildeo da qual todos passam a ser responsabilizados
pela oferta dos serviccedilos principalmente passando a ideia de eficiecircncia atraveacutes das parcerias
puacuteblico-privadas Esse modelo de Reforma do Estado baseado nos preceitos da mundializaccedilatildeo
do capital nos pressupostos neoliberais influenciaram as reformas tambeacutem no acircmbito
educacional e tem recebido duras criacuteticas de vaacuterios estudiosos da educaccedilatildeo no paiacutes como Neves
(2005) Peroni (2006) Gutierres (2010) Neto e Castro (2011)
Para os autores a redefiniccedilatildeo do papel do Estado tem traccedilado um novo rumo para a
educaccedilatildeo brasileira retirando inclusive direitos legalmente constituiacutedos Em se tratando das
poliacuteticas educacionais esse novo regulamento se propotildee a minimizar e controlar os custos com
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a educaccedilatildeo e atender ao maior nuacutemero de pessoas com serviccedilos educacionais prestados por
terceiros e natildeo mais como um direito social assegurado pelo Estado
Ao final do entatildeo governo Fernando Henrique Cardoso em 2002 foi eleito para
Presidecircncia da Repuacuteblica Luiz Inaacutecio Lula da Silva dentro de uma coalizatildeo de partidos de
centro-esquerda que abrangeu aleacutem do Partido dos Trabalhadores (PT) o Partido Comunista
do Brasil (PCdoB) o Partido Liberal (PL) o Partido da Mobilizaccedilatildeo Nacional (PMN) e o
Partido Comunista Brasileiro (PCB) Ao final de quatro anos em novo pleito eleitoral Lula da
Silva eacute reeleito em nova coalizatildeo partidaacuteria formada pelo Partido dos Trabalhadores (PT) pelo
Partido Comunista do Brasil (PCdoB) pelo Partido Liberal (PL) e pelo Partido Republicano
Brasileiro (PRB) para uma nova fase de governo que se estendeu ateacute 2010
Com Lula da Silva agrave frente da Presidecircncia da Repuacuteblica (2003-2010) trecircs Ministros de
Estado da Educaccedilatildeo estiveram agrave frente do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo quais sejam Cristovatildeo
Buarque em 2003 Tarso Genro 2004 e 2005 e Fernando Haddad de 2005 a 2010 Na
oportunidade estabeleceram ldquonovasrdquo poliacuteticas puacuteblicas para a educaccedilatildeo durante os oito anos de
governo Lula De acordo com FREITAS e SILVA (2015)
as poliacuteticas educacionais levadas a efeito pelo governo federal ao longo do primeiro
mandato de Lula da Silva agrave frente da Presidecircncia da Repuacuteblica de 2003 a 2007 o que
se apresenta eacute que vaacuterios pressupostos e propostas acabam por reforccedilar seu caraacuteter de
continuidade e reafirmaccedilatildeo da loacutegica do capital e da perspectiva que orientava tais
poliacuteticas desde a uacuteltima deacutecada do seacuteculo XX e primeiros anos do seacuteculo XXI
(FREITAS e SILVA 2015)
Dessa forma o que se observa eacute que o governo Lula da Silva deu continuidade as
poliacuteticas de mercado neoliberal consolidada no processo de globalizaccedilatildeo pelo ainda presidente
Fernando Henrique Cardoso mas que jaacute era tambeacutem reflexos do capital internacional desde os
governos Collor de Mello e Itamar Franco
O iniacutecio do segundo mandato do governo Lula (2007-2010) trouxe um marco
importante apresentado como um novo orientador e como uma nova perspectiva na conduccedilatildeo
das poliacuteticas educacionais com o anuacutencio do Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo e no seu
contexto do Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo
dos Profissionais da Educaccedilatildeo (FUNDEB) instituiacutedo pela Medida Provisoacuteria nordm 3392006 que
posteriormente fora convertida na Lei nordm 114942007
Embora o governo de Lula da Silva e o de sua sucessora Dilma Rousseff tenha
apresentado para o paiacutes uma proposta de crescimento econocircmico e de transferecircncia de renda o
programa de frente poliacutetica denominado por Boito Juacutenior (2012) de ldquoneodesenvolvimentistardquo
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o qual comeccedilou a se formar no decorrer da deacutecada de 1990 e apresentou contradiccedilotildees frente a
algumas reformas apresenta semelhanccedilas em seus traccedilos mais gerais com as propostas lanccediladas
pelo governo de Fernando Henrique Cardoso no periacuteodo desenvolvimentista e populista28
Boito (2012 p 5) denomina o ldquoneodesenvolvimentismordquo de ldquoo desenvolvimentismo da eacutepoca
do capitalismo neoliberalrdquo e jaacute adverte que o tema eacute complexo Afirma que os governos Lula
da Silva e Dilma Rousseff lanccedilaram matildeo de alguns elementos importantes que ficaram de fora
da proposta do governo de Fernando Henrique Cardoso Senatildeo veja-se
a) poliacuteticas de recuperaccedilatildeo do salaacuterio miacutenimo e de transferecircncia de renda que
aumentaram o poder aquisitivo das camadas mais pobres isto eacute daqueles que
apresentam maior propensatildeo ao consumo b) forte elevaccedilatildeo da dotaccedilatildeo orccedilamentaacuteria
do Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico (BNDES) para financiamento
das grandes empresas nacionais a uma taxa de juro favorecida ou subsidiada c)
poliacutetica externa de apoio agraves grandes empresas brasileiras ou instaladas no Brasil para
exportaccedilatildeo de mercadorias e de capitais (DALLA COSTA 2012) d) poliacutetica
econocircmica anticiacuteclica ndash medidas para manter a demanda agregada nos momentos de
crise econocircmica e e) incremento do investimento estatal em infraestrutura (BOITO
2012 p5)
Esses elementos econocircmicos na poliacutetica buscavam o crescimento econocircmico do
capitalismo brasileiro com alguma transferecircncia de renda embora o faccedila sem romper com os
limites dados pelo modelo econocircmico neoliberal vigente no paiacutes O neodesenvolvimentismo
seria nessa loacutegica dos governos Lula da Silva e Dilma Rousseff a poliacutetica de desenvolvimento
possiacutevel dentro dos limites dados pelo modelo capitalista neoliberal
Nessa loacutegica Neto e Castro (2011) afirmam que o PDRAE insere-se na loacutegica desse
processo de adaptaccedilatildeo agraves novas exigecircncias do capital ao mesmo tempo em que o Estado deixa
de ser o responsaacutevel direto pelo desenvolvimento econocircmico e social cedendo para o mercado
essa tarefa para se fortalecer na funccedilatildeo de promotor e regulador desse desenvolvimento Nesta
direccedilatildeo a reforma educacional em consonacircncia com as orientaccedilotildees mercadoloacutegicas tem
priorizado os seguintes eixos
a) focalizaccedilatildeo de programas ndash procura-se substituir o acesso universal aos direitos
sociais e bens puacuteblicos por acesso seletivo b) descentralizaccedilatildeo ndash possibilita a
utilizaccedilatildeo de estrateacutegias para propiciar a democratizaccedilatildeo do Estado e a busca de maior
justiccedila social c) privatizaccedilatildeo ndash entendida no seu sentido mais amplo como a
transferecircncia das responsabilidades puacuteblicas para organizaccedilotildees ou entidades privada
d) desregulamentaccedilatildeo ndash que tem por objetivo criar um novo quadro legal com vistas
a diminuir a interferecircncia dos poderes puacuteblicos sobre os empreendimentos
educacionais privados (NETO e CASTRO 2011 p 2)
28 Consultar o texto na iacutentegra As bases poliacuteticas do neodesenvolvimentismo (BOITO 2012)
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Essas diretrizes vecircm influenciando a poliacutetica educacional que tem interferido
diretamente na organizaccedilatildeo e na gestatildeo do sistema educacional na formulaccedilatildeo e na conduccedilatildeo
das poliacuteticas determinando novos papeacuteis e funccedilotildees para os profissionais da educaccedilatildeo em todos
os niacuteveis de atuaccedilatildeo
Nesse contexto podemos afirmar que essas reformas neoliberais de ldquoajustesrdquo estrutural
presentes no Plano Diretor de Reforma do Aparelho do Estado Brasileiro trazem o modelo de
gestatildeo com base no gerencialismo que com o apoio dos organismos internacionais
influenciados pelo Banco Mundial (BM) e pelo Fundo Monetaacuterio Internacional (FMI)
apresentaram elementos conceituais para uma visatildeo mais econocircmica e gerencial da
administraccedilatildeo puacuteblica com ecircnfase na gerecircncia de contratos com instituiccedilotildees privadas na
introduccedilatildeo de mecanismos de mercado no setor puacuteblico e a vinculaccedilatildeo da remuneraccedilatildeo com o
desempenho
121 As Poliacuteticas Educacionais no Brasil e a Gestatildeo da Educaccedilatildeo
Primeiramente faz-se necessaacuterio esclarecer que natildeo existem poliacuteticas puacuteblicas sem
poliacutetica As poliacuteticas puacuteblicas se referem pois as iniciativas governamentais as diretrizes os
programas os planos e as accedilotildees que estatildeo vinculadas aos interesses de uma determinada
sociedade Uma poliacutetica educacional eacute um caso particular de poliacutetica social uma vez que trata
das questotildees educacionais e busca dar condiccedilotildees para que as iniciativas governamentais sejam
aplicadas Para tanto o planejamento e a gestatildeo dessa poliacutetica educacional precisa ser bem
formulado Segundo Camini (2009)
a poliacutetica e as poliacuteticas implementadas percorrem um trajeto na sua construccedilatildeo que
natildeo eacute linear por que eacute feito de movimentaccedilatildeo com oscilaccedilotildees avanccedilos e recuos
estando sujeitas a mudanccedilas acreacutescimos e supressotildees sofrendo portanto influecircncias
em todas as suas fases dependendo dos contextos e sujeitos envolvidos no processo
de formulaccedilatildeo e execuccedilatildeo (CAMINI 2009 p 22)
A elaboraccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas educacionais reflete um campo de disputa de vaacuterios
interesses muitas vezes antagocircnicos entre os sujeitos que se mobilizam para materializar as
poliacuteticas que possam beneficiar os seus interesses individuais plurais ou de um grupo Embora
essa materialidade esteja nos registros escritos ndash oficiais ou natildeo ndash organizados por sujeitos que
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ali participaram do planejamento da poliacutetica isso natildeo quer dizer que elas sejam implementadas
Rua (1997) afirma que
A rigor uma decisatildeo em poliacutetica puacuteblica representa apenas um amontoado de
intenccedilotildees sobre a soluccedilatildeo de um problema expressas na forma de determinaccedilotildees
legais decretos resoluccedilotildees etc etc Nada disso garante que a decisatildeo se transforme
em accedilatildeo e que a demanda que deu origem ao processo seja efetivamente atendida Ou
seja natildeo existe um viacutenculo ou relaccedilatildeo direta entre o fato de uma decisatildeo ter sido
tomada e a sua implementaccedilatildeo E tambeacutem natildeo existe relaccedilatildeo ou viacutenculo direto entre
o conteuacutedo da decisatildeo e o resultado da implementaccedilatildeo (RUA 1997 p11)
As poliacuteticas nacionais nesse caso destaca-se o objeto deste estudo o Plano de Metas
Compromisso Todos Pela EducaccedilatildeoPlano de Accedilotildees Articuladas eacute um conjunto de intenccedilotildees de
uma poliacutetica governamental viabilizada por meio de decreto presidencial que natildeo explica a
origem da poliacutetica e nem o seu fim O Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica (IDEB)
eacute um indicador para verificaccedilatildeo do cumprimento das metas fixadas por esta poliacutetica por meio
do Termo de Adesatildeo ao Compromisso Todos Pela Educaccedilatildeo ndash eixo do Plano de
Desenvolvimento da Educaccedilatildeo ndash como um meio de justificar a implantaccedilatildeo da poliacutetica em todos
os estados e municiacutepios do paiacutes Para viabilizar a implantaccedilatildeo dessa poliacutetica eacute apresentado o
Plano de Accedilotildees Articuladas um instrumento destinado aos estados e municiacutepios para fazer o
planejamento da educaccedilatildeo de forma a atender a metas fixadas por esta poliacutetica Eacute certo que
uma poliacutetica dessa proporccedilatildeo traz consigo uma complexidade na implantaccedilatildeo Tratar-se-aacute deste
tema mais especificamente na 2ordf sessatildeo desse estudo
As intenccedilotildees dos governos e da sociedade civil se diferem e se revelam no processo
histoacuterico da democracia no Brasil A democracia tem se revelado com significados e conceitos
diferenciados em muitos espaccedilos e sob diferentes formas na educaccedilatildeo por exemplo
lsquomodismosrsquo tomam conta da educaccedilatildeo puacuteblica e afirmam serem democraacuteticos Monteiro (2007)
explica
A palavra democracia eacute polissecircmica podendo pois possuir vaacuterios significados
dependendo dos interesses particulares de quem a encampa moldando o discurso
democraacutetico a diferentes situaccedilotildees e pode ser utilizada ateacute para designar coisas
antagocircnicas Os poliacuteticos brasileiros por exemplo soacute consideram anti-democraacuteticos
os outros Mas uma coisa eacute comum falar em democracia envolve sempre algo de
positividade de liberdade (MONTEIRO 2007 p 55)
Nesse contexto moldam-se os discursos democraacuteticos dependendo dos interesses
particulares No Brasil nos paiacuteses da Europa e em outros paiacuteses latino-americanos os partidos
de esquerda e os partidos mais progressistas tecircm assumido a bandeira da democracia como valor
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universal no caso do Brasil essa bandeira se fortaleceu devido ao longo periacuteodo de ditadura
militar no paiacutes que perdurou por vinte e um anos (1964-1985) Entretanto as criacuteticas a esse
modelo satildeo de ordem principalmente capitalista que propagam ldquoa ideologia do Estado neutro
a serviccedilo do bem comum o que se constitui numa falaacuteciardquo (MONTEIRO 2007 p 56)
A democracia deve ser vista em um panorama mais amplo e natildeo somente como um valor
universal representada atraveacutes das eleiccedilotildees diretas livres como se automaticamente essas
relaccedilotildees se transformassem Segundo Coutinho (2002 p17) ldquoo que tem valor universal eacute esse
processo de democratizaccedilatildeo que se expressa essencialmente numa crescente socializaccedilatildeo da
participaccedilatildeo poliacuteticardquo No Brasil os defensores do neoliberalismo afirmam que jaacute estamos
vivendo a democracia com a globalizaccedilatildeo o acesso a informaccedilatildeo a participaccedilatildeo no mercado
de trabalho etc por outro lado os defensores mais da esquerda oferecem resistecircncia de que a
democracia deve ser defendida como um valor universal e que ela precisa ser ampliada e
qualificada para evitar o reaparecimento de governos autoritaacuterios e a volta da ditadura Ou seja
para existir uma democratizaccedilatildeo plena eacute necessaacuteria uma combinaccedilatildeo de elementos essenciais
como ldquoa socializaccedilatildeo da participaccedilatildeo poliacutetica com a socializaccedilatildeo do poder o que significa que
a plena realizaccedilatildeo da democracia implica a superaccedilatildeo da ordem social capitalista da
apropriaccedilatildeo privada natildeo soacute dos meios de produccedilatildeo mas tambeacutem do poder de Estado []rdquo
(COUTINHO 2002 p 17) A conquista de uma democracia direta e participativa deve comeccedilar
na escola como um aprendizado sendo por isso importante a participaccedilatildeo e a abertura de
espaccedilos organizados de participaccedilatildeo no seu interior para que os sujeitos escolares que estatildeo
envolvidos nos processos possam debater e tomar suas decisotildees
Em se tratando da educaccedilatildeo puacuteblica nos uacuteltimos anos considera-se indispensaacutevel
relembrar as lutas histoacutericas para a institucionalizaccedilatildeo da gestatildeo democraacutetica como princiacutepio
da educaccedilatildeo que foi inscrita na Constituiccedilatildeo Federal Brasileira de 1988 apoacutes forte pressatildeo dos
educadores que participaram da IV Conferecircncia Brasileira de Educaccedilatildeo (CBE) em 1986
oportunidade em que escreveram uma Carta conhecida como ldquoCarta de Goiacircniardquo a qual
solicitava que fossem inseridos na Constituiccedilatildeo vinte e um princiacutepios baacutesicos que atualmente
entravam a efetiva democratizaccedilatildeo da sociedade Poreacutem o texto da Constituiccedilatildeo Federal
Brasileira de 1988 resumiu toda a solicitaccedilatildeo dos educadores organizados na simples expressatildeo
ldquogestatildeo democraacutetica do ensino puacuteblico na forma da leirdquo A Lei de Diretrizes e Bases da
Educaccedilatildeo Nacional (LDBEN) de 1996 que eacute a Lei da educaccedilatildeo no paiacutes em seu art 14 tambeacutem
soacute reafirmou o princiacutepio da gestatildeo democraacutetica com a seguinte redaccedilatildeo ldquoI - participaccedilatildeo dos
profissionais da educaccedilatildeo na elaboraccedilatildeo dos projetos pedagoacutegicos da escolardquo e II - a
ldquoparticipaccedilatildeo das comunidades escolar e local em Conselhos Escolares ou equivalentesrdquo No
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art 15 destaca-se ldquoos sistemas de ensino asseguraratildeo agraves unidades escolares puacuteblicas de
educaccedilatildeo baacutesica que os integram progressivos graus de autonomia pedagoacutegica e administrativa
e de gestatildeo financeira observadas as normas gerais de direito financeiro puacuteblicordquo (BRASIL
1996 p 8)
Dessa forma a Constituiccedilatildeo Federal e a LDB trataram rapidamente e natildeo detalharam
como se daria a forma de regulamentaccedilatildeo e legitimaccedilatildeo da gestatildeo democraacutetica aleacutem de natildeo
apontarem como se daria a criaccedilatildeo de oacutergatildeos colegiados que poderiam contribuir com o debate
democraacutetico e participativo com o controle social das obrigaccedilotildees do Estado para com a
educaccedilatildeo puacuteblica Entretanto vemos alguns sinais de flexibilizaccedilatildeo presentes na LDB
orientados pela Reforma do Estado na educaccedilatildeo como a flexibilizaccedilatildeo curricular flexibilizaccedilatildeo
nas questotildees administrativas e financeiras da escola com a implementaccedilatildeo dos processos de
descentralizaccedilatildeo e da autonomia para as redes escolares e ainda a possibilidade de aceleraccedilatildeo e
aproveitamento de estudos avanccedilo de seacuteries de estudos
Poreacutem natildeo podemos afirmar que existe na praacutetica uma gestatildeo democraacutetica nas escolas
sem a participaccedilatildeo ativa dos envolvidos nos debates e na construccedilatildeo de uma cultura social e
poliacutetica que viabilize a implantaccedilatildeo e a atuaccedilatildeo efetiva dos conselhos de controle social com
autonomia pedagoacutegica administrativa e financeira Nos casos em que a gestatildeo natildeo eacute
compartilhada estamos diante de uma falsa gestatildeo democraacutetica Para Cury (1997 p 201) a
gestatildeo ldquonatildeo eacute soacute o ato de administrar um bem fora de si mas algo que se traz em si por que
nele estaacute contido E o conteuacutedo do seu bem eacute a proacutepria capacidade de participaccedilatildeo sinal maior
da democraciardquo
Como um princiacutepio constitucional a gestatildeo democraacutetica atinge a totalidade do ensino
puacuteblico Para isso eacute necessaacuterio democratizar as escolas e toda a estrutura dos sistemas de ensino
em toda a sua organizaccedilatildeo atraveacutes dos mecanismos potencializadores de gestatildeo democraacutetica
que possibilitem a interaccedilatildeo uns com os outros e natildeo serem atos isolados Esses mecanismos
democratizadores que permitem a participaccedilatildeo na gestatildeo da escola satildeo a ldquoeleiccedilatildeo de diretores
a instalaccedilatildeo de conselhos escolares deliberativos descentralizaccedilatildeo administrativa financeira e
pedagoacutegicardquo (MENDONCcedilA 2000 p21) Cabe refletir que a escola eacute uma instituiccedilatildeo que tem
potencial poliacutetico e social portanto quando ela natildeo eacute democratizada atraveacutes da participaccedilatildeo
ela eacute moldada para atender aos interesses econocircmicos e patrimonialista da elite dominante
desprezando os reais objetivos especiacuteficos da educaccedilatildeo a formaccedilatildeo humana
Por outro lado os estudos recentes de Barroso (1996) e Dourado (2007) tecircm
demonstrado que os discursos tanto governamental quanto o empresarial se encontram na
necessidade de estimular a autonomia da escola a partir da gestatildeo da educaccedilatildeo baacutesica E assim
50
controlar os sistemas educacionais atraveacutes dos instrumentos nacionais de avaliaccedilatildeo (ENEM
ENADE IDEB) A estimulaccedilatildeo da participaccedilatildeo da comunidade escolar na resoluccedilatildeo de
questotildees administrativas financeiras e voluntaacuterias da escola tem sido uma estrateacutegia que vai
ldquono sentido de transferir poderes e funccedilotildees do niacutevel nacional e regional para o niacutevel local
reconhecendo a escola como um lugar central de gestatildeo e a comunidade local (em particular os
pais dos alunos) como um parceiro essencial na tomada de decisatildeordquo (BARROSO 1996 p02)
Nesse contexto observamos a contradiccedilatildeo em que se assenta a implantaccedilatildeo do Plano de
Accedilotildees Articuladas nos estados e municiacutepios longe de se constituir aos olhos do movimento
dos educadores como uma praacutetica democraacutetica de gestatildeo o PAR que eacute um instrumento de
planejamento presente no Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo constituiu-se e
implementou-se sem levar em consideraccedilatildeo a participaccedilatildeo no debate coletivo com os estados e
municiacutepios na construccedilatildeo desse instrumento mas que foi uma decisatildeo poliacutetica sustentada no
consentimento social
No aspecto poliacutetico Gutierres (2010 p70) afirma que a ldquogestatildeo envolve assimetrias de
poder soacute passiacuteveis de serem minimizadas pela gestatildeo democraacutetica que muito mais do que
compartilhamento de tarefas supotildee divisatildeo de poder de respeito muacutetuo pela condiccedilatildeo de
sujeito de todos os que participam do processordquo Dessa forma a participaccedilatildeo eacute imprescindiacutevel
para que haja de fato a democracia o que a constitui um dos requisitos principais Para que os
processos de gestatildeo democraacutetica da escola sejam atingidos eacute necessaacuterio que as estruturas de
poder do sistema de ensino tenham como base mecanismos de participaccedilatildeo nos processos de
deliberaccedilotildees colegiadas
Em oposiccedilatildeo ao modelo de gestatildeo democraacutetica que valoriza a participaccedilatildeo da sociedade
na efetivaccedilatildeo de praacuteticas de democratizaccedilatildeo da educaccedilatildeo o modelo de gestatildeo gerencialista
admite e prioriza os interesses privados sobre o puacuteblico gerando a desobrigaccedilatildeo do Estado
quanto agraves suas responsabilidades ao mesmo tempo em que adota e aceita mecanismos de
controle privados como a avaliaccedilatildeo e os resultados
Todavia o que tem se observado no Brasil nas uacuteltimas deacutecadas eacute a convivecircncia teoacuterica
desses dois modelos de gestatildeo da educaccedilatildeo a gestatildeo democraacutetica e a gestatildeo gerencialista
Essas perspectivas tecircm se materializado no Plano de Reforma do Estado de 1995 e nas poliacuteticas
educacionais de governo implantadas atraveacutes do Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo do
Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo e do Plano de Accedilotildees Articuladas os quais
cercam este objeto de estudo Poreacutem para que essas poliacuteticas de gestatildeo da educaccedilatildeo se
materializem tanto na perspectiva democraacutetica quanto na gerencial alguns mecanismos de
51
poder satildeo utilizados em diferentes contextos e espaccedilos e ateacute dialogando entre si sob as diversas
formas que buscam representar uma educaccedilatildeo democratizada Eacute o que se vecirc a seguir
13 DESCENTRALIZACcedilAtildeO AUTONOMIA E PARTICIPACcedilAtildeO MECANISMOS DE
DEMOCRATIZACcedilAtildeO DAS ESTRUTURAS DE PODER
Nesse toacutepico discutir-se-atildeo acerca dos trecircs mecanismos de democratizaccedilatildeo a
descentralizaccedilatildeo a autonomia e a participaccedilatildeo e as suas formas de materialidade na poliacutetica e
na gestatildeo da educaccedilatildeo
131 Descentralizaccedilatildeo
O termo ldquodescentralizaccedilatildeordquo tem sido cada vez mais incorporado pelas poliacuteticas puacuteblicas
educacionais que sem infringir as regras de harmonia do conceito caracteriza-se como a natildeo
centralizaccedilatildeo da gestatildeo autoritaacuteria Entretanto esse conceito guarda ambiguidades pois no
Brasil o Plano Diretor de Reforma do Estado Brasileiro (PDRAE) reconfigurou as funccedilotildees do
Estado descentralizando-a para a administraccedilatildeo puacuteblica embora nesse modo o que se tem eacute
uma desconcentraccedilatildeo de tarefas
Na educaccedilatildeo a descentralizaccedilatildeo como em vaacuterios paiacuteses evoluiu em duas direccedilotildees
opostas um movimento de centralizaccedilatildeo e paralelamente transferecircncia de novas competecircncias
para a escola No caso do Brasil como entes federativos os municiacutepios ldquoresguardados pelo
princiacutepio da soberania assumem a gestatildeo de poliacuteticas puacuteblicas sob a prerrogativa de adesatildeo
precisando portanto ser incentivados para talrdquo (ARRETCHE 1999 p 114)
De modo a favorecer a compreensatildeo das ambiguidades do termo descentralizaccedilatildeo
Novaes e Fialho (2010 p 586) apresentam quatro variaccedilotildees sendo a) desconcentraccedilatildeo se
caracteriza pela transferecircncia ou delegaccedilatildeo de autoridade ou ainda de competecircncias de accedilatildeo
do governo central para as regiotildees e localidades b) delegaccedilatildeo manteacutem uma cadeia hieraacuterquica
que toma as decisotildees e transfere responsabilidades no entanto a autoridade se mantem sobre o
controle da unidade que a delegou c) devoluccedilatildeo caracteriza-se pelo fortalecimento e
autonomia dos governos regionais e locais que natildeo requer o controle direto do governo central
e d) a privatizaccedilatildeo caracterizada pela progressiva transferecircncia de controle governamental da
educaccedilatildeo convertendo as escolas puacuteblicas em escolas privadas
52
Neto e Castro (2011) afirmam que o processo de descentralizaccedilatildeo atualmente em
desenvolvimento no sistema educacional natildeo foi necessariamente resultado das conquistas
democraacuteticas por parte dos movimentos sociais O que tem ocorrido eacute que na educaccedilatildeo a
descentralizaccedilatildeo tem reduzido a accedilatildeo estatal de praacuteticas de gestatildeo proacuteprias do setor privado e
com isso procura-se diminuir a hierarquia propiciando a entrada do setor privado no sistema
possibilitando decisotildees mais proacuteximas do local de execuccedilatildeo dessas poliacuteticas
A descentralizaccedilatildeo a partir do modelo federativo brasileiro acarretou um niacutevel de
autonomia poliacutetica para os estados e municiacutepios inclusive na formulaccedilatildeo de poliacuteticas locais
devido agraves propostas de separaccedilatildeo nos arranjos institucionais O desenho do federalismo
brasileiro apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 determina a inclusatildeo do municiacutepio como ente
federativo29 O art 18 define a Organizaccedilatildeo Poliacutetico-Administrativa do Estado e prevecirc que ldquoA
organizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa da Repuacuteblica Federativa do Brasil compreende a Uniatildeo os
Estados o Distrito Federal e os municiacutepios todos autocircnomos nos termos desta constituiccedilatildeordquo
(CFBRASIL 1988) Uma federaccedilatildeo para Cury (2010) eacute a uniatildeo de membros federados que
formam uma soacute entidade soberana que seria o Estado Nacional no qual as unidades federadas
subnacionais (estados e municiacutepios) no caso do Brasil gozam de autonomia dentro dos limites
jurisdicionais atribuiacutedos e especificados
Um caso de descentralizaccedilatildeodesconcentraccedilatildeo de tarefas se daacute na administraccedilatildeo das
escolas ndash agora financiadas pelos municiacutepios ndash no Brasil estaacute sob a responsabilidade das
secretarias municipais de educaccedilatildeo que entre as suas principais funccedilotildees estatildeo definir as
poliacuteticas municipais de educaccedilatildeo e estabelecer por meio do plano municipal de educaccedilatildeo as
prioridades as estrateacutegias e as accedilotildees necessaacuterias para cumprir seu compromisso legal Cada
municiacutepio pode optar por criar seu proacuteprio sistema de ensino ou integrar-se ao sistema estadual
Para dar materialidade agrave descentralizaccedilatildeo da gestatildeo na perspectiva da democratizaccedilatildeo
nos uacuteltimos anos vem sendo implementada a poliacutetica de criaccedilatildeo de conselhos em acircmbito
municipal e escolar no Brasil Os municiacutepios que optam por criar seu proacuteprio sistema podem
ter seu oacutergatildeo consultivo o Conselho Municipal de Educaccedilatildeo um organismo colegiado
integrado por representantes da comunidade e da administraccedilatildeo puacuteblica que atua como
mediador entre a sociedade civil e o poder executivo local na discussatildeo elaboraccedilatildeo e
implementaccedilatildeo da poliacutetica de educaccedilatildeo municipal (MORDUCHOWICZ ARANGO 2010)
29 O Art 1ordm da Constituiccedilatildeo Federal apresenta a seguinte redaccedilatildeo ldquoA Repuacuteblica Federativa do Brasil formada
pela uniatildeo indissoluacutevel dos Estados Municiacutepios e Distrito Federal constitui-se em Estado democraacutetico de direito
(BRASIL 1988)
53
Com a implantaccedilatildeo dos conselhos nas unidades escolares estas passam a ter a
autonomia para tomarem decisotildees de problemas administrativos pedagoacutegicos e financeiros e
devem prestar contas ao poder central ndash governo federal ndash pelo sucesso ou fracasso das suas
decisotildees que atraveacutes da assinatura dos ldquocontratos de gestatildeordquo de ldquotermos de adesatildeordquo agraves poliacuteticas
neoliberais e das decisotildees colegiadas responsabilizam-se pelo andamento das unidades
escolares Nesse sentido o que haacute eacute uma desconcentraccedilatildeo de poder com a delegaccedilatildeo de tarefas
para as unidades escolares sendo o governo federal o oacutergatildeo regulador e centralizador da
poliacutetica
As propostas de mudanccedilas nos arranjos institucionais satildeo mais difiacuteceis de serem
concretizadas no federalismo No caso do Brasil as constituiccedilotildees brasileiras natildeo preveem regras
para secessatildeo A esse respeito a Constituiccedilatildeo de 1988 define que nenhuma emenda
constitucional poderaacute abolir ldquoa forma federativa do Estadordquo (CF88 art 60 inciso I do sect 4ordm)
tornando-se essa uma claacuteusula peacutetrea30 Jaacute no caso dos formatos institucionais mais flexiacuteveis
ldquoa descentralizaccedilatildeo supotildee um movimento no qual uma autoridade central devolve ou delega
poderes mas natildeo apenas isso se tais poderes jaacute estatildeo descentralizados pode recentralizaacute-losrdquo
(KINCAID 2002 apud MORDUCHOWICZ ARANGO 2010 p126)
Segundo Cury (2010 p153) existem trecircs modelos de federalismo primeiro o
federalismo centriacutepeto que se caracteriza pelo fortalecimento do poder da Uniatildeo segundo o
federalismo centriacutefugo no qual haacute um fortalecimento do poder do Estado membro sobre o da
Uniatildeo com uma consideraacutevel autonomia daqueles e terceiro o federalismo de cooperaccedilatildeo no
qual se busca um equiliacutebrio de poderes entre a Uniatildeo e os Estados-membros estabelecendo
laccedilos de colaboraccedilatildeo na distribuiccedilatildeo das muacuteltiplas competecircncias por meio de atividades
planejadas e articuladas entre si objetivando fins comuns
Nesse caso o federalismo de cooperaccedilatildeo eacute o que se assemelha a poliacutetica proposta no
PMCTPE e na construccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) que a partir da adesatildeo pelos
municiacutepios ao Compromisso propotildee um regime de colaboraccedilatildeo embora na praacutetica a execuccedilatildeo
do PAR seja permeada de contradiccedilotildees entre discursos democraacuteticos praacuteticas centralizadoras e
colaboraccedilatildeo entre os entes federativos
As reformas educativas na deacutecada de 1990 ldquoredimensionam a polaridade centralizaccedilatildeo-
descentralizaccedilatildeordquo (OLIVEIRA 2000 p 13) isto eacute enquanto se descentralizava a gestatildeo e o
30 De acordo com Gutierres (2015) as claacuteusulas peacutetreas satildeo assim denominadas porque natildeo podem ser modificadas
por meio de emendas Constitucionais sob pena de se alterar a configuraccedilatildeo do Estado de Direito o que soacute pode
ser feito mediante uma nova Constituiccedilatildeo Aleacutem da forma federativa de Estado o artigo 60 da CF88 menciona
como claacuteusulas peacutetreas o voto direto secreto universal e perioacutedico a separaccedilatildeo dos Poderes os direitos e
garantias individuais
54
financiamento com o advento do FUNDEFFUNDEB centralizava-se o processo de avaliaccedilatildeo
e controle do sistema estabelecendo-se ldquopadrotildees de qualidaderdquo sob a afericcedilatildeo pelos criteacuterios
do mercado atraveacutes de diversos instrumentos que vatildeo de exames padronizados a construccedilatildeo de
indicadores sobre a infraestrutura ao corpo docente e discente
132 Autonomia
A autonomia estaacute presente na gestatildeo da educaccedilatildeo entretanto cada modelo de gestatildeo
tanto o democraacutetico como o gerencial apresentam a sua bandeira dentro das suas concepccedilotildees
sobre o que seria a autonomia e de como ela se revela no seu modelo de gestatildeo a partir da
concepccedilatildeo teoacuterica empregada
Na perspectiva da gestatildeo gerencial a concepccedilatildeo de autonomia apresenta-se como uma
contraposiccedilatildeo agrave centralizaccedilatildeo e agrave burocratizaccedilatildeo aleacutem de estar relacionada agrave liberdade para
captar recursos no mercado E ainda eacute imputada a responsabilidade no gestor pelo sucesso ou
fracasso e natildeo do sistema como um todo dessa forma o gestor passar a ser o uacutenico responsaacutevel
pelas accedilotildees produtos decisotildees e eacute obrigado a prestar contas das metas a serem alcanccediladas
assim como os professores ou seja o rendimento escolar e as metas atendem as regras preacute-
estabelecidas pelo mercado
Nesse modelo de gestatildeo gerencialista a ldquoautonomia eacute individualrdquo eacute centralizada no
gestor a autoridade capaz de exercecirc-la Esse tipo de autonomia eacute denominado por Afonso
(2010) de ldquoautonomia do cheferdquo em detrimento da ldquoautonomia institucionalrdquo que pressupotildee o
coletivo e nesse caso
Trata-se de uma autoridade cuja legitimidade adveacutem agora da revalorizaccedilatildeo neoliberal
do direito de gerir ndash direito esse por sua vez apresentado como altamente convergente
com a ideia conservadora que vecirc a gestatildeo como uma espeacutecie de tecnologia moral a
serviccedilo da ordem social poliacutetica e econocircmica (AFONSO 2010 p13)
A autonomia da administraccedilatildeo por maior que pareccedila ser eacute sempre uma autonomia
relativa jaacute que estaacute sempre ligada aos objetivos da coisa administrada No capitalismo tem
como objetivo o capital e natildeo lhe eacute concedida a liberdade de contrariar os interesses da
propriedade privada e das classes detentoras do poder poliacutetico e econocircmico
Nesse contexto as unidades escolares tambeacutem tecircm sido submetidas agrave loacutegica imediatista
mercantil com a inclusatildeo de poliacuteticas puacuteblicas resultantes da reforma educacional como os
Paracircmetros Curriculares Nacionais as parcerias puacuteblico-privadas entre o Instituto Ayrton
55
Senna e as redes municipais de ensino A poliacutetica governamental brasileira vem
descaracterizando a autonomia da escola pois os documentos proposto nesses dois exemplos
apontam para o
planejamento de ensino bem como a realizaccedilatildeo de programas de capacitaccedilatildeo docente
que fazem parte de uma nova relaccedilatildeo Estadosociedade conduzida pelo projeto
neoliberal tentando provocar uma participaccedilatildeo direta entre instituiccedilotildees e trabalhador
valorizando a accedilatildeo do ldquoterceiro setorrdquo e descartando a accedilatildeo dos sindicatos e
associaccedilotildees representativas num movimento estrateacutegico de formaccedilatildeo de consenso
(CAMINI 2009 p 46)
Essa centralizaccedilatildeo na definiccedilatildeo da operacionalizaccedilatildeo das poliacuteticas educacionais afetam
o funcionamento da autonomia da escola enquanto instituiccedilatildeo de caraacuteter puacuteblico Nesses
documentos e em propostas pedagoacutegicas tecircm demarcado conteuacutedos que atendem a loacutegica do
mercado e da poliacutetica implantada poreacutem todos com discursos muito teacutecnicos
A autonomia escolar na concepccedilatildeo democraacutetica eacute para Barroso (2013 p 26-27) ldquoum
campo de forccedilas onde se confrontam e se equilibram diferentes detentores de influecircncia
(interna e externa) dos quais se destacam o governo a administraccedilatildeo professores alunos pais
e outros membros da sociedade localrdquo E essa coletividade se edifica na ldquoconfluecircncia de vaacuterias
loacutegicas e interesses sejam poliacuteticos gestionaacuterios profissionais e pedagoacutegicos (BARROSO
2013 p167)
A autonomia escolar tatildeo defendida nos discursos oficiais como diretriz de uma poliacutetica
de governo exige a superaccedilatildeo da centralizaccedilatildeo e a uniformizaccedilatildeo Eacute necessaacuterio que os sistemas
se organizem para que as estruturas formais do sistema permitam um novo tipo de
relacionamento com a participaccedilatildeo ativa das escolas dialogando com os sistemas de educaccedilatildeo
a partir das suas realidades (MENDONCcedilA 2000)
Barroso (2013) afirma que as escolas satildeo espaccedilos privilegiados para o diaacutelogo e a
construccedilatildeo da sua identidade e autonomia pois atraveacutes da participaccedilatildeo coletiva da comunidade
na elaboraccedilatildeo do Projeto Poliacutetico-Pedagoacutegico eacute um dos principais mecanismos apontados
como momentos de expressatildeo coletiva da comunidade escolar na busca da sua identidade e de
sua autonomia O autor ainda nos revela que a autonomia pressupotildee a liberdade (e capacidade)
de decidir ela natildeo se confunde com a ldquoindependecircnciardquo assim a autonomia eacute um conceito
relativo
56
133 Participaccedilatildeo
A participaccedilatildeo eacute um dos principais mecanismos de democratizaccedilatildeo natildeo eacute um conteuacutedo
que se possa transmitir mas uma mentalidade e um comportamento com ele coerente Eacute uma
vivecircncia coletiva de modo que somente se pode aprender na praacutexis grupal ou seja soacute se aprende
a participar participando A participaccedilatildeo eacute entatildeo entendida como uma necessidade humana e
como um elemento central da vida poliacutetica contemporacircnea (BORDENAVE 2013)
O significado de participaccedilatildeo possui sentidos diferenciados ldquoincluindo desde
comunicar anunciar informar e fazer saber ateacute tomar-se parte e associar-se (WERLE 2003
p 19) Nesse sentido a participaccedilatildeo supotildee a relaccedilatildeo entre sujeitos autocircnomos que trocam
experiecircncias vivecircncias que estabelecem diaacutelogo e que em grupo constroem o conhecimento e
se reconstroem Eacute um mecanismo importante para a concretizaccedilatildeo das finalidades da educaccedilatildeo
e a implantaccedilatildeo da gestatildeo democraacutetica que surgiu no campo das relaccedilotildees sociais em meados de
1980 como uma forma de mediaccedilatildeo para combater as posturas autoritaacuterias e hieraacuterquicas dos
diretores de escola advindas da teoria claacutessica da administraccedilatildeo na deacutecada de 1970 (PARO
2005 ADRIAtildeO e CAMARGO 2007)
Por outro lado Chaves e Gutierres (2014) afirmam que o conceito de participaccedilatildeo foi
ressignificado a partir da concepccedilatildeo neoliberal como uma forma de incorporaacute-la ao sistema
gerencial que longe dos objetivos essencialmente democraacuteticos propostos pela Constituiccedilatildeo
Federal de 1988 o termo participaccedilatildeo significa
a possibilidade dos sujeitos elegerem seus gerentes dentro de uma organizaccedilatildeo social
facilitando assim o processo de tomada de decisatildeo Eacute uma visatildeo restrita ligada a
concepccedilatildeo de democracia representativa o que de fato natildeo garante a participaccedilatildeo
efetiva dos sujeitos no processo da tomada de decisatildeo cabendo a estes apenas a
execuccedilatildeo das atividades decididas pelos que estatildeo no comando das accedilotildees (CHAVES
GUTIERRES 2014 p8)
Nesse contexto a participaccedilatildeo pode tanto servir para objetivos emancipatoacuterios de
cidadania e de autonomia dos sujeitos como para a manutenccedilatildeo de situaccedilotildees de centralizaccedilatildeo
do poder decisoacuterio e do controle de muitos por poucos Por outro lado quando haacute uma
democracia participativa ela promove ldquoa subida da populaccedilatildeo a niacuteveis cada vez mais elevados
de participaccedilatildeo decisoacuteria acabando com a divisatildeo de funccedilotildees entre os que planejam e decidem
laacute em cima e os que executam e sofrem as consequecircncias das decisotildees caacute em baixordquo
(BORDENAVE 2013 p34)
57
Por isso as condiccedilotildees de participaccedilatildeo no mundo atual satildeo essencialmente conflituosas
e a participaccedilatildeo natildeo pode ser estudada sem referecircncia ao conflito social Sobre isso o autor
ainda enfatiza que a participaccedilatildeo pode ser vista natildeo soacute como uma necessidade humana mais
ainda como algo diferente se analisado as estruturas de poder e as forccedilas que se opotildee a
participaccedilatildeo das classes que estatildeo impliacutecitas no processo
A ideia associada de processos e participaccedilatildeo daacute origem ao conceito de processos
participativos que ldquoimplica refletir sobre um conjunto de elementos que constituem
relacionamentos entre pessoas e grupos com diferentes niacuteveis de abrangecircncia inclusatildeo e
conflituosidade historicamente constituiacutedos e particularizados de maneira institucionalrdquo
(WERLE 2003 p 19) Esses processos participativos constroem a ideia de sucessatildeo de
mudanccedilas de momentos e de formas que se seguem e transformam uma situaccedilatildeo
De acordo com Werle (2003) algumas propostas satildeo necessaacuterias para se discutir os
processos participativos na Educaccedilatildeo Baacutesica como a) instituir estruturas participativas nas
escolas e nos sistemas de ensino b) definir temas que satildeo expressos na agenda das estruturas
participativas c) participaccedilatildeo como construccedilatildeo histoacuterica d) os atores e niacutevel de participaccedilatildeo de
cada um dos segmentos representados e) os processos participativos como foco educativo
considerando a articulaccedilatildeo o esforccedilo formativo e a constituiccedilatildeo desses colegiados f) niacuteveis de
participaccedilatildeo poliacutetica g) formaccedilatildeo para a accedilatildeo poliacutetica h) sociedade ciacutevica em que seja possiacutevel
todos os cidadatildeos aprenderem e praticarem a democracia i) processos de representaccedilatildeo
coletiva j) profissionalismo docente e participaccedilatildeo e k) processos participativos e estrutura
institucional31
Para Bordenave (2013) a participaccedilatildeo se daacute na coletividade e natildeo na representatividade
e enfatiza
se desejarmos considerar a participaccedilatildeo como algo diferente de uma simples relaccedilatildeo
humana ou de um conjunto de ldquotruquesrdquo para integrar os indiviacuteduos e as coletividades
locais nos programas de tipo assistencial ou educativo natildeo podemos fugir a anaacutelise
da estrutura de poder e da sua frequente oposiccedilatildeo a toda tentativa de participaccedilatildeo que
coloque em julgamento as classes dirigentes e seus privileacutegios (BORDENAVE 2013
p 41)
Embora a participaccedilatildeo seja considerada um elemento importante para o
desenvolvimento e aperfeiccediloamento das poliacuteticas puacuteblicas Neves (2008) assinala que o
processo participativo tende a enfrentar limitaccedilotildees na construccedilatildeo da democracia e nas
31 Ler Werle (2003) em que a autora descreve cada um desses processos de participaccedilatildeo
58
instituiccedilotildees puacuteblicas pois o incentivo do Estado pode representar a desconcentraccedilatildeo de
responsabilidades que antes eram suas para a sociedade civil dando ldquototal apoio a matrizes
liberais e de caraacuteter privado no trato das questotildees puacuteblicasrdquo (NEVES 2008 p16)
O Plano de Accedilotildees Articuladas objeto central desse estudo eacute um instrumento que
organiza o planejamento das redes estaduais e municipais de ensino no paiacutes eacute complexo pelas
diferentes dimensotildees que abrange para a sua elaboraccedilatildeo e execuccedilatildeo Segundo tecircm demonstrado
os estudos de Sousa (2011) e Camini (2009) natildeo houve compartilhamento de decisotildees sobre a
implantaccedilatildeo dessa poliacutetica e nem contou com a participaccedilatildeo coletiva e nem representativa dos
diversos estados e municiacutepios Essa ausecircncia se deu pela forma que essa poliacutetica foi criada
atraveacutes de um decreto presidencial sem a participaccedilatildeo dos envolvidos no processo local
14 OS CONSELHOS DE CONTROLE SOCIAL COMO MECANISMOS DE
DEMOCRATIZACcedilAtildeO DA GESTAtildeO EDUCACIONAL
Esse toacutepico trataraacute dos Conselhos de Educaccedilatildeo principalmente dos Conselhos de
Controle Social presentes no Plano de Accedilotildees Articuladas as formas em que se deu a
composiccedilatildeo as funccedilotildees os objetivos e as formas de atuaccedilatildeo de cada Conselho sendo o
Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (CME) o Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar (CAE) o
Conselho do FUNDEB e o Conselho Escolar Trataraacute tambeacutem de outros mecanismos de
democratizaccedilatildeo presentes no PAR como criteacuterios para escolha de Diretores Escolares e o
Comitecirc Local do Compromisso
A organizaccedilatildeo da gestatildeo educacional no Brasil atualmente compreende os oacutergatildeos
executivos no acircmbito da Uniatildeo dos estados e dos municiacutepios (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo
Secretarias Estaduais e Secretarias Municipais de Educaccedilatildeo) e a disseminaccedilatildeo dos Conselhos
(Conselho Nacional de Educaccedilatildeo Conselhos Estaduais de Educaccedilatildeo e Conselhos Municipais
de Educaccedilatildeo) que apoacutes redemocratizaccedilatildeo do paiacutes nos anos de 1980 e com a Constituiccedilatildeo
Federal de 1988 ldquoestabeleceu a criaccedilatildeo dos conselhos como condiccedilatildeo obrigatoacuteria para a gestatildeo
de programas de governordquo (BRAGA 2015) No acircmbito da gestatildeo escolar a Lei nordm 939496
previu ainda a criaccedilatildeo de conselhos escolares
59
O Conselho Nacional de Educaccedilatildeo (CNE) regulamentado pela Lei nordm 913195 tem
suas origens no ano de 193132 quando foi criado o Conselho Nacional de Educaccedilatildeo pelo
Decreto nordm 19850193133 (CURY 2000) Os Conselhos Estaduais de Educaccedilatildeo foram criados
pela primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo (LDB) Lei nordm 402461 e os conselhos
municipais apesar de contarem com amparo legal para criaccedilatildeo facultativa desde 1971 (Lei
569271) somente com a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 eacute que passaram a se organizar com
mais autonomia
A origem etimoloacutegica da palavra Conselho remete ao sentido da participaccedilatildeo pois
ldquoConselho vem do latim Consilium Por sua vez consilium proveacutem do verbo consuloconsulere
significando tanto ouvir algueacutem quanto submeter algo a deliberaccedilatildeo de algueacutem apoacutes uma
ponderaccedilatildeo refletida prudente e de bom senso (CURY 2000 p47 itaacutelicos no original)
Dessa forma os conselhos tecircm como desafio a busca da co-gestatildeo das poliacuteticas puacuteblicas
e constituir-se em canal de participaccedilatildeo popular na realizaccedilatildeo do interesse puacuteblico Para que os
processos democraacuteticos de gestatildeo cheguem ateacute a escola eacute conveniente lembrar que as estruturas
de poder dos sistemas de ensino precisam ser atingidas por mecanismos que se baseiam
principalmente em participaccedilatildeo e nos processos de decisotildees coletivas Essa participaccedilatildeo se
reflete na compreensatildeo de que os sistemas de ensino e as escolas precisam dialogar e natildeo podem
ser compreendidas separadamente ou isoladas uma da outra
De acordo com Werle (2003) natildeo existe Conselho no vazio ou seja ele eacute o que a
comunidade educacional estabelece constitui o que ela faz para operacionalizar isso Cada
Conselho tem a face das relaccedilotildees que nele se estabelecem Se estabelecer relaccedilotildees de
responsabilidade respeito e construccedilatildeo assim vatildeo se constituir as funccedilotildees consultivas
deliberativas fiscalizadoras e quaisquer outras assumidas pelo Conselho Mas se as relaccedilotildees
forem distanciadas e burocraacuteticas o Conselho vai assumir entatildeo um papel muito mais de
homologar decisotildees do que de discutir e promover os reais interesses e mudanccedilas que a
comunidade escolar requer
Os conselhos de educaccedilatildeo satildeo oacutergatildeos normatizadores de aconselhamento controle
fiscalizaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo do sistema de ensino ao longo da deacutecada de 1990 surgiram tambeacutem
em acircmbito dos sistemas de educaccedilatildeo os Conselhos de Controle Social na ldquoperspectiva de
32Vale assinalar entretanto que os conselhos de educaccedilatildeo existem no Brasil desde o Impeacuterio Vinculados ao
Coleacutegio Pedro II tais conselhos serviam para a ldquonormatizaccedilatildeo do ensino superior entatildeo existente na capital e em
algumas proviacutenciasrdquo (CURY 2000 p46) 33Esse Decreto teve vigecircncia ateacute 1936 quando foi substituiacutedo pela Lei nordm 1746 Em 1961a Lei nordm 402461
transforma o CNE em Conselho Federal de Educaccedilatildeo (CFE) que foi extinto em 1994 pelo governo de Itamar
Franco pela medida Provisoacuteria 6611994 (CURY 2000) No ano seguinte o Conselho recebeu novamente a
nomenclatura de Conselho Nacional de Educaccedilatildeo pela Lei nordm 913195
60
descentralizaccedilatildeo dos poderes decisoacuteriosrdquo (SANTOS e GUTIERRES 2010 p 8) por meio de
um significativo arcabouccedilo juriacutedico como parte dos desdobramentos da CF de 1988 tais como
a LDB 939496 (art 72) a Emenda Constitucional nordm 14 de 1996 que criou o Fundo de
Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorizaccedilatildeo do Magisteacuterio ndash
FUNDEF e da Lei nordm 942496 que o regulamentou a Lei complementar nordm 1012000 chamada
de Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) a Emenda Constitucional nordm 53 de 24122006 e a
Lei nordm 11494 de 20062007 que cria e regulamenta o Fundo de Desenvolvimento Manutenccedilatildeo
da Educaccedilatildeo Baacutesica e Valorizaccedilatildeo do Magisteacuterio ndash FUNDEB Estes dispositivos legais preveem
a existecircncia e participaccedilatildeo na gestatildeo da educaccedilatildeo dos conselhos de controle social
As poliacuteticas traccediladas pelo Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo e do Plano de Metas
Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo propotildee a atuaccedilatildeo dos conselhos educacionais com accedilotildees
que possam descentralizar estimulando a participaccedilatildeo utilizando propostas de gestatildeo
democraacutetica da educaccedilatildeo nos estados e municiacutepios Destacamos as diretrizes que envolvem a
participaccedilatildeo e atuaccedilatildeo dos Conselhos e de oacutergatildeos colegiados nos incisos XX XXI XXII
XXIII XXV e XXVIII elencados abaixo
XX - acompanhar e avaliar com participaccedilatildeo da comunidade e do Conselho de
Educaccedilatildeo as poliacuteticas puacuteblicas na aacuterea de educaccedilatildeo e garantir condiccedilotildees sobretudo
institucionais de continuidade das accedilotildees efetivas preservando a memoacuteria daquelas
realizadas
XXI - zelar pela transparecircncia da gestatildeo puacuteblica na aacuterea da educaccedilatildeo garantindo o
funcionamento efetivo autocircnomo e articulado dos conselhos de controle social
XXII - promover a gestatildeo participativa na rede de ensino
XXIII - elaborar plano de educaccedilatildeo e instalar Conselho de Educaccedilatildeo quando
inexistentes
XXV - fomentar e apoiar os conselhos escolares envolvendo as famiacutelias dos
educandos com as atribuiccedilotildees dentre outras de zelar pela manutenccedilatildeo da escola e
pelo monitoramento das accedilotildees e consecuccedilatildeo das metas do compromisso
XXVIII - organizar um comitecirc local do Compromisso com representantes das
associaccedilotildees de empresaacuterios trabalhadores sociedade civil Ministeacuterio Puacuteblico
Conselho Tutelar e dirigentes do sistema educacional puacuteblico encarregado da
mobilizaccedilatildeo da sociedade e do acompanhamento das metas de evoluccedilatildeo do IDEB
(BRASIL 2007 p 2 Grifos negrito nosso)
Como se observa nas diretrizes do PDEPlano de Metas estatildeo previstos a implantaccedilatildeo
e atuaccedilatildeo dos diversos conselhos educacionais nos estados e municiacutepios para que atendam ao
modelo de gestatildeo gerencial proposto no Plano de Accedilotildees Articuladas
Os Conselhos tecircm diferentes funccedilotildees a principal delas eacute o caraacuteter normativo embora
os conselhos realizem diversas outras accedilotildees dentro das suas competecircncias como opinar (caraacuteter
consultivo) deliberar e fiscalizar Em geral o caraacuteter deliberativo atribui ao Conselho
61
competecircncia para regulamentar o funcionamento do sistema de ensino e interpretar a correta
aplicaccedilatildeo da lei no seu acircmbito A definiccedilatildeo de diretrizes curriculares credenciamento de
instituiccedilotildees e outras atribuiccedilotildees satildeo competecircncias tradicionais dos conselhos (BRASIL 2007)
O caraacuteter consultivo ou deliberativo diz respeito agrave natureza da funccedilatildeo do Conselho apesar de
nem sempre o caraacuteter consultivo ou deliberativo estar claramente explicitado nas normas que
instituem os conselhos
141 O Conselho Municipal de Educaccedilatildeo
A criaccedilatildeo e organizaccedilatildeo dos Conselhos Municipais de Educaccedilatildeo (CME) eacute um processo
que se delineou no paiacutes a partir da promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 A referida
Constituiccedilatildeo representou importante marco para o processo de afirmaccedilatildeo poliacutetica dos
municiacutepios na qualidade de ceacutelula de gestatildeo puacuteblica e em particular para o campo juriacutedico
normativo da educaccedilatildeo que ganhou reforccedilo em 1996 com a Lei de Diretrizes e Bases da
Educaccedilatildeo Nacional (LDBEN n 939496) A criaccedilatildeo de sistema proacuteprio de ensino nos termos
da Constituiccedilatildeo88 preconiza que a organizaccedilatildeo da educaccedilatildeo nos municiacutepios natildeo pode
prescindir de estruturas administrativas e do estabelecimento de bases legais condutoras do
ensino a ser provido em territoacuterio brasileiro
Na esfera municipal os municiacutepios criam os seus Conselhos Municipais de Educaccedilatildeo
(CME) mediante lei municipal que vai definir a composiccedilatildeo baacutesica do oacutergatildeo o nuacutemero de
membros efetivos e substitutos e os mandatos Depois da sanccedilatildeo do Executivo inicia-se o
processo de escolha dos membros As primeiras sessotildees satildeo dedicadas agrave elaboraccedilatildeo do
regimento interno que definiraacute a frequecircncia de reuniotildees a divisatildeo em comissotildees e a tramitaccedilatildeo
das decisotildees Com o objetivo de garantir a ampla participaccedilatildeo da sociedade e respeitando a
competecircncia teacutecnica exigida para o exerciacutecio das atribuiccedilotildees dos conselheiros o CME poderaacute
ser composto por representantes de pais estudantes professores associaccedilotildees de moradores
sindicatos Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e demais oacutergatildeos e entidades ligados agrave educaccedilatildeo
municipal ndash dos setores puacuteblico e privado ndash escolhidos democraticamente pelos segmentos que
o representam
Sobre as funccedilotildees dos Conselhos de Educaccedilatildeo Paz (2004) considera que os conselhos
satildeo oacutergatildeos com perfil identificado com a gestatildeo democraacutetica pelo fato de terem suas funccedilotildees
atreladas ao ato de mobilizar de agregar experientes militantes da educaccedilatildeo especialmente
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educadores e estudiosos que lutam em prol de formas legiacutetimas de participaccedilatildeo da sociedade
nos oacutergatildeos puacuteblicos
Os Conselhos Municipais de Educaccedilatildeo satildeo fundamentais para a autonomia dos sistemas
municipais de educaccedilatildeo e possuem funccedilotildees variadas mas que devem garantir a gestatildeo
democraacutetica da educaccedilatildeo e a perspectiva de um ensino de qualidade no municiacutepio Souza (2009)
lanccedila uma luz significativa em torno da questatildeo ao entender que
Natildeo se trata apenas de accedilotildees democraacuteticas ou de processos participativos de tomada
de decisotildees trata-se antes de tudo de accedilotildees voltadas agrave educaccedilatildeo poliacutetica na medida
em que satildeo accedilotildees que criam e recriam alternativas mais democraacuteticas no cotidiano
escolar no que se refere em especial agraves relaccedilotildees de poder ali presentes (SOUZA
2009 p 126)
O Conselho Municipal de Educaccedilatildeo tem o papel de articulador e de mediador das
questotildees educacionais da sociedade local junto ao gestor da educaccedilatildeo municipal pois
Eacute um oacutergatildeo de ampla representatividade com funccedilotildees normativas consultivas
mobilizadoras e fiscalizadoras Ocupa posiccedilatildeo fundamental na efetivaccedilatildeo da gestatildeo
democraacutetica da rede ou do sistema de ensino bem como na consolidaccedilatildeo da
autonomia dos municiacutepios no gerenciamento de suas poliacuteticas educacionais devendo
para tanto estabelecer diaacutelogo contiacutenuo com a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo
(UNDIME 2012 p132)
O Conselho Municipal de Educaccedilatildeo eacute de suma importacircncia para a educaccedilatildeo municipal
por estabelecer o controle social e a participaccedilatildeo dando representatividade e legitimidade frente
agrave comunidade local de cada um dos integrantes do Conselho Constitui um oacutergatildeo de
interlocuccedilatildeo entre a sociedade e o poder puacuteblico participando da formulaccedilatildeo implantaccedilatildeo
supervisatildeo e avaliaccedilatildeo das poliacuteticas educacionais do municiacutepio da defesa do direito de todos agrave
educaccedilatildeo com qualidade social e mobilizando os poderes puacuteblicos municipais quanto agraves suas
responsabilidades no atendimento das demandas dos diversos segmentos em conformidade
com as poliacuteticas puacuteblicas da educaccedilatildeo
De acordo com o quadro a seguir UNDIME (2012) aponta quatro funccedilotildees dos
Conselhos Municipais de Educaccedilatildeo Eacute o que podemos observar no quadro 02 bem como os
objetivos de cada funccedilatildeo
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Quadro 02 - Funccedilotildees e objetivos do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (CME)
FUNCcedilOtildeES OBJETIVOS
Consultiva
Tratar sobre a exposiccedilatildeo e o julgamento acerca de determinados
assuntos tais como projetos programas educacionais e experiecircncias
pedagoacutegicas renovadoras do executivo e das escolas e
Responder a consultas sobre leis educacionais e suas aplicaccedilotildees submetidas a ele por entidades da sociedade puacuteblica ou civil (Secretaria
Municipal da Educaccedilatildeo escolas universidades sindicatos Cacircmara
Municipal Ministeacuterio Puacuteblico) cidadatildeos ou grupos de cidadatildeos
Fiscalizadora
Acompanhar a transferecircncia e controle da aplicaccedilatildeo de recursos para a
Educaccedilatildeo no municiacutepio
Fiscalizar o cumprimento do Plano Municipal de Educaccedilatildeo (PME)
Fiscalizar o desempenho do Sistema Municipal de Ensino e do PME
Fiscalizar as medidas e os programas para a formaccedilatildeo de professores
Fiscalizar os acordos e convecircnios e
Fiscalizar as questotildees educacionais que lhes forem submetidas pelas escolas Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo Cacircmara Municipal e outros
Deliberativa Elaborar seu regimento e plano de atividades
Tomar medidas para melhoria do fluxo e do rendimento escolar e
Buscar formas de se relacionar com a comunidade entre outras
Normativa
Autorizar o funcionamento das escolas da rede municipal
Autorizar o funcionamento das instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Infantil das
redes privada particular comunitaacuteria confessional e filantroacutepica
(quando o municiacutepio tiver Sistema Municipal de Ensino implantado) e
Elaborar as normas complementares para o sistema de ensino Fonte Caderno UNDIME 2012
A participaccedilatildeo na elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Educaccedilatildeo (PME) com criacuteticas e
sugestotildees eacute uma das atribuiccedilotildees dos membros dos Conselhos Municipais de Educaccedilatildeo bem
como autorizar o funcionamento de escolas fiscalizar e acompanhar a execuccedilatildeo de recursos
educacionais dentre outras
142 O Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar
No Brasil a poliacutetica de alimentaccedilatildeo teve iniacutecio ainda no ano de 1955 como um
programa assistencialista Entretanto somente a partir da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 no
artigo 208 inciso VII alterado pela Emenda Constitucional nordm 592009 eacute que a alimentaccedilatildeo
escolar surgiu como direito Embora ainda com recursos centralizados eacute no ano de 1994 com
a Lei nordm 89132009 que ocorre agrave descentralizaccedilatildeo dos recursos do Programa para os
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municiacutepios por meio de convecircnios exigindo-se a criaccedilatildeo de conselhos de acompanhamento a
fim de responsabilizar-se pelo controle social
A Lei nordm 119472009 de 16 de junho de 2009 revogou a Lei nordm 89132009 e criou o
Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar (PNAE) aos alunos da educaccedilatildeo baacutesica com o
repasse de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo ndash FNDE sem
convecircnios acordos ou contratos mas diretamente em conta bancaacuteria especiacutefica por meio do
Programa Dinheiro Direto na Escola
De acordo com o art 4ordm da Lei nordm 119472009 o Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo
Escolar tem por objetivo contribuir para o crescimento e o desenvolvimento biopsicossocial
para a aprendizagem para o rendimento escolar e para a formaccedilatildeo de haacutebitos alimentares
saudaacuteveis dos alunos atraveacutes de accedilotildees educacionais alimentares e nutricionais aleacutem da oferta
de refeiccedilotildees que garantam as suas necessidades nutricionais durante o periacuteodo letivo (BRASIL
2009) De acordo com Castro (2009) essa poliacutetica social busca realizar a promoccedilatildeo social
gerando oportunidades e resultados tanto para os indiviacuteduos como para os grupos sociais da
solidariedade social garantindo seguranccedila aos indiviacuteduos em situaccedilotildees de incapacidade
vulnerabilidade ou risco
No que se refere aos recursos para financiamento do Programa o art 5ordm da Lei nordm
119472009 esclarece que seratildeo consignados no orccedilamento da Uniatildeo para execuccedilatildeo do PNAE
e seratildeo repassados em parcelas aos Estados ao Distrito Federal aos Municiacutepios e agraves escolas
federais pelo FNDE em conformidade com o disposto no art 208 da Constituiccedilatildeo Federal e
observadas agraves disposiccedilotildees mencionadas abaixo
Art 5ordm ()
sect 1o A transferecircncia dos recursos financeiros objetivando a execuccedilatildeo do PNAE seraacute
efetivada automaticamente pelo FNDE sem necessidade de convecircnio ajuste acordo
ou contrato mediante depoacutesito em conta corrente especiacutefica
sect 2o Os recursos financeiros de que trata o sect 1o deveratildeo ser incluiacutedos nos orccedilamentos
dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios atendidos e seratildeo utilizados
exclusivamente na aquisiccedilatildeo de gecircneros alimentiacutecios
sect 3o Os saldos dos recursos financeiros recebidos agrave conta do PNAE existentes em 31
de dezembro deveratildeo ser reprogramados para o exerciacutecio subsequente com estrita
observacircncia ao objeto de sua transferecircncia nos termos disciplinados pelo Conselho
Deliberativo do FNDE
sect 4o O montante dos recursos financeiros de que trata o sect 1o seraacute calculado com base
no nuacutemero de alunos devidamente matriculados na educaccedilatildeo baacutesica puacuteblica de cada
um dos entes governamentais conforme os dados oficiais de matriacutecula obtidos no
censo escolar realizado pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo
sect 5o Para os fins deste artigo a criteacuterio do FNDE seratildeo considerados como parte da
rede estadual municipal e distrital ainda os alunos matriculados em
I - creches preacute-escolas e escolas do ensino fundamental e meacutedio qualificadas como
entidades filantroacutepicas ou por elas mantidas inclusive as de educaccedilatildeo especial
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II - creches preacute-escolas e escolas comunitaacuterias de ensino fundamental e meacutedio
conveniadas com os Estados o Distrito Federal e os Municiacutepios (LEI
11147BRASIL 2009)
A execuccedilatildeo dos repasses financeiros ficaraacute a cargo dos entes federados que receberatildeo
os recursos atraveacutes do Programa Dinheiro Direto na Escola e deveratildeo ser destinados de acordo
com o art 23 da mesma Lei ldquoagrave cobertura de despesas de custeio manutenccedilatildeo e de pequenos
investimentos que concorram para a garantia do funcionamento e melhoria da infraestrutura
fiacutesica e pedagoacutegica dos estabelecimentos de ensinordquo Deveratildeo ser respeitadas as normas e
particularidades dos valores per capita das escolas ldquoque oferecem educaccedilatildeo especial de forma
inclusiva ou especializada de modo a assegurar de acordo com os objetivos do PDDE o
adequado atendimento agraves necessidades dessa modalidade educacionalrdquo (LEI 11147BRASIL
2009)
Os Conselhos de Alimentaccedilatildeo Escolar satildeo oacutergatildeos colegiados de caraacuteter fiscalizador
permanente deliberativo e de assessoramento Deveratildeo ser instituiacutedos de acordo com o art 18
no acircmbito dos Estados o Distrito Federal e os Municiacutepios e deveratildeo ser compostos da seguinte
forma
I - 1 (um) representante indicado pelo Poder Executivo do respectivo ente federado
II - 2 (dois) representantes das entidades de trabalhadores da educaccedilatildeo e de discentes
indicados pelo respectivo oacutergatildeo de representaccedilatildeo a serem escolhidos por meio de
assembleia especiacutefica
III - 2 (dois) representantes de pais de alunos indicados pelos Conselhos Escolares
Associaccedilotildees de Pais e Mestres ou entidades similares escolhidos por meio de
assembleia especiacutefica
IV - 2 (dois) representantes indicados por entidades civis organizadas escolhidos em
assembleia especiacutefica
sect 1o Os Estados o Distrito Federal e os Municiacutepios poderatildeo a seu criteacuterio ampliar a
composiccedilatildeo dos membros do CAE desde que obedecida a proporcionalidade definida
nos incisos deste artigo
sect 2o Cada membro titular do CAE teraacute 1 (um) suplente do mesmo segmento
representado
sect 3o Os membros teratildeo mandato de 4 (quatro) anos podendo ser reconduzidos de
acordo com a indicaccedilatildeo dos seus respectivos segmentos
sect 4o A presidecircncia e a vice-presidecircncia do CAE somente poderatildeo ser exercidas pelos
representantes indicados nos incisos II III e IV deste artigo
sect 5o O exerciacutecio do mandato de conselheiros do CAE eacute considerado serviccedilo puacuteblico
relevante natildeo remunerado
sect 6o Caberaacute aos Estados ao Distrito Federal e aos Municiacutepios informar ao FNDE a
composiccedilatildeo do seu respectivo CAE na forma estabelecida pelo Conselho
Deliberativo do FNDE (LEI 11147BRASIL 2009)
A duraccedilatildeo do mandato eacute de quatro anos e eacute considerado serviccedilo puacuteblico relevante natildeo
remunerado O CAE deve fiscalizar a execuccedilatildeo do programa sem prejuiacutezo da atuaccedilatildeo dos
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demais oacutergatildeos de controle interno e externo ou seja do Tribunal de Contas da Uniatildeo (TCU)
da Secretaria Federal de Controle Interno (SFCI) e do Ministeacuterio Puacuteblico
As competecircncias do CAE estatildeo explicitas na Lei nordm 11947 de 16 de junho de 2009 em
seu art 19 conforme demonstrado abaixo
I - acompanhar e fiscalizar o cumprimento das diretrizes estabelecidas na forma do
art 2o desta Lei
II - acompanhar e fiscalizar a aplicaccedilatildeo dos recursos destinados agrave alimentaccedilatildeo escolar
III - zelar pela qualidade dos alimentos em especial quanto agraves condiccedilotildees higiecircnicas
bem como a aceitabilidade dos cardaacutepios oferecidos
IV - receber o relatoacuterio anual de gestatildeo do PNAE e emitir parecer conclusivo a
respeito aprovando ou reprovando a execuccedilatildeo do Programa
Paraacutegrafo uacutenico Os CAEs poderatildeo desenvolver suas atribuiccedilotildees em regime de
cooperaccedilatildeo com os Conselhos de Seguranccedila Alimentar e Nutricional estaduais e
municipais e demais conselhos afins e deveratildeo observar as diretrizes estabelecidas
pelo Conselho Nacional de Seguranccedila Alimentar e Nutricional ndash CONSEA
(CAEBRASIL 2009)
Como forma de controle social os Conselhos satildeo responsaacuteveis por acompanhar e
monitorar os recursos federais repassados pelo FNDE aos entes federados para a alimentaccedilatildeo
escolar devendo inclusive garantir boas praacuteticas sanitaacuterias e de higiene dos alimentos Para
facilitar a realizaccedilatildeo dessas accedilotildees eacute necessaacuterio que o CAE estabeleccedila um planejamento de
atividades fiscalizadoras e de acompanhamento
Aleacutem disso devem-se observar as seguintes diretrizes da alimentaccedilatildeo escolar quando
do acompanhamento e fiscalizaccedilatildeo do programa
Art 2o Satildeo diretrizes da alimentaccedilatildeo escolar I - o emprego da alimentaccedilatildeo saudaacutevel e adequada compreendendo o uso de alimentos
variados seguros que respeitem a cultura as tradiccedilotildees e os haacutebitos alimentares
saudaacuteveis contribuindo para o crescimento e o desenvolvimento dos alunos e para a
melhoria do rendimento escolar em conformidade com a sua faixa etaacuteria e seu estado
de sauacutede inclusive dos que necessitam de atenccedilatildeo especiacutefica
II - a inclusatildeo da educaccedilatildeo alimentar e nutricional no processo de ensino e
aprendizagem que perpassa pelo curriacuteculo escolar abordando o tema alimentaccedilatildeo e
nutriccedilatildeo e o desenvolvimento de praacuteticas saudaacuteveis de vida na perspectiva da
seguranccedila alimentar e nutricional
III - a universalidade do atendimento aos alunos matriculados na rede puacuteblica de
educaccedilatildeo baacutesica
IV - a participaccedilatildeo da comunidade no controle social no acompanhamento das accedilotildees
realizadas pelos Estados pelo Distrito Federal e pelos Municiacutepios para garantir a
oferta da alimentaccedilatildeo escolar saudaacutevel e adequada
V - o apoio ao desenvolvimento sustentaacutevel com incentivos para a aquisiccedilatildeo de
gecircneros alimentiacutecios diversificados produzidos em acircmbito local e preferencialmente
pela agricultura familiar e pelos empreendedores familiares rurais priorizando as
comunidades tradicionais indiacutegenas e de remanescentes de quilombos
VI - o direito agrave alimentaccedilatildeo escolar visando a garantir seguranccedila alimentar e
nutricional dos alunos com acesso de forma igualitaacuteria respeitando as diferenccedilas
bioloacutegicas entre idades e condiccedilotildees de sauacutede dos alunos que necessitem de atenccedilatildeo
67
especiacutefica e aqueles que se encontram em vulnerabilidade social (LEI
11147BRASIL 2009)
Considerando o previsto na Lei nordm 119472009 o CAE tem um papel importante no
acompanhamento e fiscalizaccedilatildeo da aplicaccedilatildeo dos recursos financeiros e na garantia da qualidade
da alimentaccedilatildeo desde a compra ateacute a distribuiccedilatildeo nas escolas e ainda tem possibilidade de
aprovar ou rejeitar a prestaccedilatildeo de contas relativa agrave execuccedilatildeo do PNAE
143 Os Conselhos Escolares
As discussotildees sobre educaccedilatildeo introduzem propostas de gestatildeo administrativa de
autonomia e participaccedilatildeo Os sistemas de ensino e as poliacuteticas educacionais continuam sendo a
chave para o enfrentamento das questotildees educacionais muito embora as discussotildees agora
passam a ser voltadas para a escola isto parte do entendimento de que ldquoa defesa do interesse
puacuteblico natildeo estaacute exclusivamente nas matildeos do Estado mas compartilhado com a comunidade
mais proacutexima agrave escolardquo (WERLE 2003 p 46) Os Conselhos Escolares se apresentam nesse
contexto como um espaccedilo de co-participaccedilatildeo e co-responsabilidade entre famiacutelia a sociedade
e o Estado atuando como mecanismo de controle defesa e promoccedilatildeo da educaccedilatildeo puacuteblica
No acircmbito da gestatildeo escolar em meados da deacutecada de 1980 um dos principais
questionamentos era a excessiva concentraccedilatildeo de poder nas matildeos de um uacutenico indiviacuteduo o
diretor da escola Por isso os movimentos organizados pelos educadores na eacutepoca defendiam
de forma acentuada as propostas de gestatildeo colegiada que propunham a inserccedilatildeo de toda a
comunidade escolar ou ampliaccedilatildeo dos envolvidos no processo educativo nos espaccedilos de decisatildeo
da escola (MENDONCcedilA 2000 ADRIAtildeO e CAMARGO 2007)
Tais lutas culminaram com a aprovaccedilatildeo do princiacutepio da gestatildeo democraacutetica na
Constituiccedilatildeo Federal de 1988 no seu artigo 206 inciso VI ldquogestatildeo democraacutetica do ensino
puacuteblico na forma da leirdquo e a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional (LDB) que vem
dar os desdobramentos desse princiacutepio em seu art 14 indicando que
Os sistemas de ensino definiratildeo as normas de gestatildeo democraacutetica do ensino puacuteblico
na educaccedilatildeo baacutesica de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes
princiacutepios
I ndash participaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo na elaboraccedilatildeo do projeto poliacutetico-
pedagoacutegico da escola
68
II ndash participaccedilatildeo das comunidades escolar e local em Conselhos Escolares ou
equivalentes (BRASIL 1996 grifos em negrito nossos)
Dessa forma eacute estabelecida a gestatildeo democraacutetica como princiacutepio que deve orientar as
praacuteticas das instituiccedilotildees puacuteblicas escolares no Brasil indicando que os profissionais da
educaccedilatildeo colaborem na elaboraccedilatildeo do documento que nortearaacute as atividades da escola onde
trabalham e a participaccedilatildeo da comunidade escolar (aqui entendidas como estudantes pais
professores funcionaacuterios e direccedilatildeo) e local (entidades e organizaccedilotildees da sociedade civil
identificadas com o projeto da escola) em espaccedilos de discussatildeo e participaccedilatildeo social que
promovam a gestatildeo democraacutetica
Os Conselhos Escolares satildeo compreendidos como ldquoespaccedilos de autonomia e
participaccedilatildeo comprometido com a defesa do ensino puacuteblico gratuito e da valorizaccedilatildeo do
professorrdquo conforme ensina Werle (2003 p 49) e que podem se constituir em locais de
vivecircncia simboacutelica entre pais alunos e professores mas para implantar tais mudanccedilas as
escolas teriam que passar por profundas modificaccedilotildees organizacionais nos colegiados pois os
conselhos se configuram como espaccedilos de relaccedilotildees e exerciacutecio do poder envolvendo
autorizaccedilatildeo e influecircncia entre as partes
Nesse sentido a proacutepria percepccedilatildeo que os diferentes atores desenvolvem sobre o poder
real influenciam nas relaccedilotildees de poder Abranches (2003) tambeacutem colabora com as ideias de
Werle (2003) quando afirma que o Conselho pode ser caracterizado como um oacutergatildeo de decisotildees
coletivas capaz de superar a praacutetica do individualismo e do grupismo e informa que se a
comunidade representativa for realmente dos diferentes segmentos da comunidade escolar ela
deveraacute alterar progressivamente a natureza da gestatildeo da escola e da educaccedilatildeo bem como
intervir na qualidade dos serviccedilos prestados pela escola
Os sistemas de ensino devem organizar os seus Conselhos Escolares de acordo com os
integrantes dos segmentos representativos da escola sendo professores funcionaacuterios alunos
pais e comunidade local Quanto a escolha dos conselheiros Veiga (2007) indica as seguintes
formas a) aquelas que satildeo definidas em regimento interno de cada conselho b) diretoria eleita
pela Assembleia sendo elegiacuteveis professores pais e profissionais da educaccedilatildeo c) escolhidos
em assembleia geral de cada segmento e eleitos por seus pares onde o diretor eacute membro nato e
d) eleiccedilatildeo mediante chapas organizadas e respeitando a proporcionalidade
Desta forma constituir e institucionalizar um conselho escolar que sirva para fortalecer
o empoderamento e a participaccedilatildeo eacute uma tarefa complexa mas possiacutevel Eacute um espaccedilo de
69
discussatildeo e debate substituindo a cultura patrimonialista pela cultura participativa e cidadatilde
(NAVARRO et al 2004 p 33)
Os Conselhos Escolares satildeo compreendidos como um foacuterum importante e significativo
e as posiccedilotildees dos representantes eleitos nas reuniotildees confere grau de representatividade pela
comunidade escolar Essa representatividade do Conselho estaacute relacionada agrave posse de
instrumentos materiais e culturais dos seus componentes e com a linguagem clara convincente
e adequada ao contexto (WERLE 2003) Por outro lado o Conselho Escolar eacute para o MEC um
oacutergatildeo de representaccedilatildeo das comunidades escolares e local onde satildeo discutidas definidas e
acompanhadas as atividades da escola podendo constituir um espaccedilo de discussatildeo de caraacuteter
consultivo respondendo a consultas sobre leis educacionais e suas aplicaccedilotildees deliberativo
quando toma decisotildees democraticamente fiscalizador acompanhando a aplicaccedilatildeo dos recursos
na escola e mobilizador incentivando a participaccedilatildeo direta dos envolvidos (BRASIL 2004)
Natildeo eacute suficiente afirmar que uma escola democraacutetica eacute aquela em que um colegiado
edifica uma decisatildeo de baixo para cima Eacute necessaacuteria uma mudanccedila no sistema educativo e uma
mudanccedila na loacutegica organizacional de todo o sistema Para Werle (2003 p 11) o poder natildeo estaacute
nos Conselhos Escolares e sim na competecircncia social dos representantes que caso natildeo os
faccedilam nas reuniotildees ldquopoderatildeo sofrer uma relaccedilatildeo de constrangimento e desapossamento de
espaccedilos de poderrdquo
A criaccedilatildeo das estruturas participativas nas escolas e nos sistemas de ensino constituem
um dos primeiros passos para a gestatildeo participativa ou gestatildeo ldquocompartilhadardquo poreacutem muitas
vezes a forma como satildeo constituiacutedos esses conselhos na composiccedilatildeo da sua estrutura e a forma
de implantaccedilatildeo atraveacutes de leis estaduais ou municipais satildeo contraditoacuterias porquanto sendo
constituiacutedo por pessoas eleitas representando os segmentos da comunidade escolar natildeo haveria
espaccedilo para componentes natildeo-eleitos pelos segmentos da escola
Nesse sentido a comunidade escolar quando se ausenta de participar e atuar da
construccedilatildeo coletiva dos processos democraacuteticos que satildeo as reuniotildees dos Conselhos Escolares
e quando apenas toma conhecimento das decisotildees da direccedilatildeo estaacute permitindo que outras
pessoas decidam Nesse caso estamos diante de uma participaccedilatildeo da gestatildeo que mais se
caracteriza como concessatildeo ndash cedendo a outros o seu direito de opinar de demonstrar seu ponto
de vista em favor de outrem ndash do que com democratizaccedilatildeo
70
144 O Conselho de Acompanhamento e Controle Social do Fundo de Manutenccedilatildeo e
Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo
(FUNDEB)
O Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos
Profissionais da Educaccedilatildeo (FUNDEB) foi criado pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006
Sua estrutura e finalidade encontram-se estatuiacutedas na Lei nordm 11494 de 20 de junho de 2007 e
pelo Decreto federal nordm 6253 de 13 de novembro de 2007 (BRASIL 2007)
O FUNDEB possui um montante de recursos gigantescos no que concerne ao
financiamento da educaccedilatildeo pois financia accedilotildees de manutenccedilatildeo e desenvolvimento da educaccedilatildeo
baacutesica puacuteblica independentemente da modalidade em que o ensino eacute oferecido (regular
especial ou de jovens e adultos) da sua duraccedilatildeo (Ensino Fundamental de oito ou de nove anos)
da idade dos alunos (crianccedilas jovens ou adultos) do turno de atendimento (matutino eou
vespertino ou noturno) e da localizaccedilatildeo da escola (zona urbana zona rural aacuterea indiacutegena ou
quilombola) de toda a educaccedilatildeo baacutesica em todos os municiacutepios brasileiros conforme
estabelecido nos sect 2ordm e 3ordm do art 211 da Constituiccedilatildeo
O FUNDEB eacute um fundo de natureza contaacutebil e de acircmbito estadual sendo 27 fundos
estaduais formado na quase totalidade por recursos provenientes dos impostos e transferecircncias
dos estados Distrito Federal e municiacutepios vinculados agrave educaccedilatildeo por forccedila do disposto no art
212 da Constituiccedilatildeo Federal e com o art 69 da LDB cabe a Uniatildeo a aplicaccedilatildeo nunca menos
que 18 e aos estados e municiacutepios no miacutenimo 25 da receita resultante de impostos
compreendida a proveniente de transferecircncias na Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento do Ensino ndash
MDE 34 podendo ainda de acordo com a LDB a possibilidade de ampliaccedilatildeo desses percentuais
de acordo com as Constituiccedilotildees Estaduais e Leis Orgacircnicas Municipais
Ainda compotildee o FUNDEB aleacutem desses recursos a tiacutetulo de complementaccedilatildeo uma
parcela de recursos federais sempre que no acircmbito de cada Estado seu valor por aluno natildeo
alcanccedilar o miacutenimo definido nacionalmente Independentemente da origem todo o recurso
gerado eacute redistribuiacutedo para aplicaccedilatildeo exclusiva na educaccedilatildeo baacutesica
A vigecircncia estabelecida para o FUNDEB eacute para o periacuteodo de 14 anos 2007-2020 Sua
implantaccedilatildeo comeccedilou em 1ordm de janeiro de 2007 e foi concluiacuteda em 2009 quando o total de
alunos matriculados na rede puacuteblica foi considerado na distribuiccedilatildeo dos recursos e o percentual
34 As despesas da ldquomanutenccedilatildeo e desenvolvimento do ensinordquo - MDE estatildeo previstas nos artigos 70 e 71 da LDB
que define quais as despesas podem e que natildeo podem ser utilizadas para efeito do MDE
71
de contribuiccedilatildeo dos estados Distrito Federal e municiacutepios atingiu o patamar de 20 para a
formaccedilatildeo do Fundo
As fontes de recursos para a educaccedilatildeo conforme a LDB no seu art 68 satildeo as receitas
provenientes de impostos da Uniatildeo dos Estados e dos Municiacutepios as receitas de transferecircncias
constitucionais e outras transferecircncias as receitas do Salaacuterio Educaccedilatildeo e de outras contribuiccedilotildees
sociais e as de incentivos fiscais e outros recursos previstos em Lei As principais fontes
financiadoras da educaccedilatildeo satildeo as receitas de impostos e o salaacuterio educaccedilatildeo pois ldquorepresentam
em termos de volume de recursos e de regularidade a receita que tem financiado a expansatildeo e
a qualificaccedilatildeo da educaccedilatildeo puacuteblica no paiacutesrdquo (FARENZENA 2006 p 82) Ou seja os
Municiacutepios devem utilizar recursos do FUNDEB na educaccedilatildeo infantil e no ensino fundamental
e os Estados no ensino fundamental e meacutedio sendo o miacutenimo de 60 na remuneraccedilatildeo dos
profissionais do magisteacuterio da educaccedilatildeo baacutesica puacuteblica e o restante dos recursos em outras
despesas de manutenccedilatildeo e desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica puacuteblica
O artigo 10 da Lei nordm 114942007 trata da distribuiccedilatildeo proporcional de recursos dos
Fundos que deve levar em conta as seguintes diferenccedilas entre etapas modalidades e tipos de
estabelecimento de ensino para que atenda toda a educaccedilatildeo baacutesica dentro das suas
especificidades sendo
I - creche em tempo integral
II - preacute-escola em tempo integral
III - creche em tempo parcial
IV - preacute-escola em tempo parcial
V - anos iniciais do ensino fundamental urbano
VI - anos iniciais do ensino fundamental no campo
VII - anos finais do ensino fundamental urbano
VIII - anos finais do ensino fundamental no campo
IX- ensino fundamental em tempo integral
X - ensino meacutedio urbano
XI - ensino meacutedio no campo
XII - ensino meacutedio em tempo integral
XIII - ensino meacutedio integrado agrave educaccedilatildeo profissional
XIV - educaccedilatildeo especial
XV - educaccedilatildeo indiacutegena e quilombola
XVI - educaccedilatildeo de jovens e adultos com avaliaccedilatildeo no processo
XVII - educaccedilatildeo de jovens e adultos integrada agrave educaccedilatildeo profissional de niacutevel meacutedio
com avaliaccedilatildeo no processo (BRASIL 2007)
A composiccedilatildeo do Conselho do FUNDEB apresenta-se em trecircs niacuteveis federal estadual e
municipal O acompanhamento e o controle social sobre a distribuiccedilatildeo a transferecircncia e a
aplicaccedilatildeo dos recursos dos Fundos devem ser exercidos junto aos respectivos governos no
acircmbito da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios por conselhos instituiacutedos
especificamente para esse fim Os conselhos seratildeo criados por legislaccedilatildeo especiacutefica editada no
72
pertinente acircmbito governamental observados os seguintes criteacuterios de composiccedilatildeo expressos
na Lei nordm 114942007 (BRASIL 2007)
Quadro 03 Composiccedilatildeo do Conselho de Controle Social do FUNDEB por esfera administrativa
Federal
(No miacutenimo 14 membros)
Estadual
(No miacutenimo 12 membros)
Municipal
(No miacutenimo 9 membros)
a) ateacute 4 (quatro)
representantes do Ministeacuterio
da Educaccedilatildeo
b) 1 (um) representante do
Ministeacuterio da Fazenda
c) 1 (um) representante do
Ministeacuterio do Planejamento
Orccedilamento e Gestatildeo
d) 1 (um) representante do
Conselho Nacional de
Educaccedilatildeo
e) 1 (um) representante do
Conselho Nacional de
Secretaacuterios de Estado da
Educaccedilatildeo - CONSED
f) 1 (um) representante da
Confederaccedilatildeo Nacional dos
Trabalhadores em Educaccedilatildeo
- CNTE
g) 1 (um) representante da
Uniatildeo Nacional dos
Dirigentes Municipais de
Educaccedilatildeo - UNDIME
h) 2 (dois) representantes dos
pais de alunos da educaccedilatildeo
baacutesica puacuteblica
i) 2 (dois) representantes dos
estudantes da educaccedilatildeo
baacutesica puacuteblica um dos quais
indicado pela Uniatildeo
Brasileira de Estudantes
Secundaristas - UBES
a) 3 (trecircs) representantes do
Poder Executivo estadual
dos quais pelo menos 1 (um)
do oacutergatildeo estadual
responsaacutevel pela educaccedilatildeo
baacutesica
b) 2 (dois) representantes dos
Poderes Executivos
Municipais
c) 1 (um) representante do
Conselho Estadual de
Educaccedilatildeo
d) 1 (um) representante da
seccional da Uniatildeo Nacional
dos Dirigentes Municipais de
Educaccedilatildeo - UNDIME
e) 1 (um) representante da
seccional da Confederaccedilatildeo
Nacional dos Trabalhadores
em Educaccedilatildeo - CNTE
f) 2 (dois) representantes dos
pais de alunos da educaccedilatildeo
baacutesica puacuteblica
g) 2 (dois) representantes dos
estudantes da educaccedilatildeo
baacutesica puacuteblica 1 (um) dos
quais indicado pela entidade
estadual de estudantes
secundaristas
a) 2 (dois) representantes do
Poder Executivo Municipal
dos quais pelo menos 1 (um)
da Secretaria Municipal de
Educaccedilatildeo ou oacutergatildeo
educacional equivalente
b) 1 (um) representante dos
professores da educaccedilatildeo baacutesica
puacuteblica
c) 1 (um) representante dos
diretores das escolas baacutesicas
puacuteblicas
d) 1 (um) representante dos
servidores teacutecnico-
administrativos das escolas
baacutesicas puacuteblicas
e) 2 (dois) representantes dos
pais de alunos da educaccedilatildeo
baacutesica puacuteblica
f) 2 (dois) representantes dos
estudantes da educaccedilatildeo baacutesica
puacuteblica um dos quais indicado
pela entidade de estudantes
secundaristas
sect 2o Integraratildeo ainda os
conselhos municipais dos
Fundos quando houver 1
(um) representante do
respectivo Conselho
Municipal de Educaccedilatildeo e 1
(um) representante do
Conselho Tutelar a que se
refere a Lei no 8069 de 13 de
julho de 1990 indicados por
seus pares
Fonte Lei Federal Nordm 114942007
73
A Lei nordm 114942007 aponta algumas orientaccedilotildees e estabelece restriccedilotildees na
composiccedilatildeo do Conselho de Controle Social do FUNDEB Na Lei os membros do Conselho
podem constituir seus representantes por indicaccedilatildeo eleiccedilatildeo e representaccedilatildeo conforme
estabelece o art 24 sect 3ordm
I - pelos dirigentes dos oacutergatildeos federais estaduais municipais e do Distrito Federal e
das entidades de classes organizadas nos casos das representaccedilotildees dessas instacircncias
II - nos casos dos representantes dos diretores pais de alunos e estudantes pelo
conjunto dos estabelecimentos ou entidades de acircmbito nacional estadual ou
municipal conforme o caso em processo eletivo organizado para esse fim pelos
respectivos pares
III - nos casos de representantes de professores e servidores pelas entidades sindicais
da respectiva categoria (BRASIL 2007)
Ainda sobre a composiccedilatildeo do Conselho a Lei Nordm 114942007 no art 24 sect 5ordm destaca
o impedimento dos Conselheiros que tenham relaccedilatildeo de parentesco submissatildeo hieraacuterquica ou
prestem serviccedilos para o poder executivo local
sect 5o Satildeo impedidos de integrar os conselhos a que se refere o caput deste artigo
I - cocircnjuge e parentes consanguiacuteneos ou afins ateacute 3o (terceiro) grau do Presidente e
do Vice-Presidente da Repuacuteblica dos Ministros de Estado do Governador e do Vice-
Governador do Prefeito e do Vice-Prefeito e dos Secretaacuterios Estaduais Distritais ou
Municipais
II - tesoureiro contador ou funcionaacuterio de empresa de assessoria ou consultoria que
prestem serviccedilos relacionados agrave administraccedilatildeo ou controle interno dos recursos do
Fundo bem como cocircnjuges parentes consanguiacuteneos ou afins ateacute 3o (terceiro) grau
desses profissionais
III - estudantes que natildeo sejam emancipados
IV - pais de alunos que
a) exerccedilam cargos ou funccedilotildees puacuteblicas de livre nomeaccedilatildeo e exoneraccedilatildeo no acircmbito dos
oacutergatildeos do respectivo Poder Executivo gestor dos recursos ou
b) prestem serviccedilos terceirizados no acircmbito dos Poderes Executivos em que atuam os
respectivos conselhos
sect 6o O presidente dos conselhos previstos no caput deste artigo seraacute eleito por seus
pares em reuniatildeo do colegiado sendo impedido de ocupar a funccedilatildeo o representante
do governo gestor dos recursos do Fundo no acircmbito da Uniatildeo dos Estados do Distrito
Federal e dos Municiacutepios (BRASIL 2007)
A atuaccedilatildeo dos membros do conselho deve ser baseada na autonomia e sem viacutenculo
institucional ao Poder Executivo local O periacuteodo do mandato dos seus membros eacute de dois anos
podendo ser reconduzidos uma uacutenica vez
O desempenho da funccedilatildeo de conselheiro do FUNDEB eacute considerado de extrema
relevacircncia social sendo uma atividade natildeo remunerada A Uniatildeo os Estados o Distrito Federal
74
e os Municiacutepios devem garantir a infraestrutura e as condiccedilotildees materiais adequadas agrave execuccedilatildeo
plena das competecircncias dos conselhos Os conselhos tecircm no acircmbito de suas respectivas esferas
governamentais de atuaccedilatildeo a incumbecircncia de ainda supervisionar o censo escolar anual e a
elaboraccedilatildeo da proposta orccedilamentaacuteria anual ldquocom o objetivo de concorrer para o regular e
tempestivo tratamento e encaminhamento dos dados estatiacutesticos e financeiros que alicerccedilam a
operacionalizaccedilatildeo dos Fundosrdquo (Art 24 sect 9ordm Lei nordm 11494 BRASIL 2007)
Aleacutem do FUNDEB cabe ao CACS o acompanhamento e a fiscalizaccedilatildeo do Programa de
Transporte escolar (PNATE)
15 CRITEacuteRIOS PARA A ESCOLHA DE DIRETOR ESCOLAR
A participaccedilatildeo nas formas de escolha do diretor escolar representada pela definiccedilatildeo de
criteacuterios para essa escolha que tecircm sido muito presente na pauta de lutas das organizaccedilotildees de
educadores desde a deacutecada de 1980 Natildeo obstante por ser mateacuteria de difiacutecil consenso a
Constituiccedilatildeo de 1988 e a LDB de 1996 satildeo geneacutericas ao tratar do tema limitando-se a delegar
aos sistemas de ensino a sua regulamentaccedilatildeo Eacute assim que de acordo com Mendonccedila (2000)
tais criteacuterios satildeo os mais diversos nas leis estaduais do paiacutes Por se tratar de um paiacutes que
comporta mais de 5600 municiacutepios com possibilidade de criaccedilatildeo de sistema proacuteprio de ensino
pode-se em potencial ter uma diversidade muito maior de criteacuterios
Com base nos estudos de Mendonccedila (2000) Paro (2003) e Dourado (2007) podemos
afirmar que o provimento do cargo de diretor escolar das escolas puacuteblicas tem ocorrido
basicamente de cinco formas 1) livre indicaccedilatildeo pelos poderes puacuteblicos 2) ascensatildeo na carreira
3) aprovaccedilatildeo em concurso puacuteblico 4) eleiccedilatildeo e posterior indicaccedilatildeo em lista triacuteplice e 5) eleiccedilatildeo
direta E cada uma dessas categorias traz consigo as concepccedilotildees de gestatildeo de um governo e
maior ou menor grau de participaccedilatildeo dos envolvidos na escolha
Em relaccedilatildeo ao criteacuterio de escolha de diretores escolares por indicaccedilatildeo ou nomeaccedilatildeo
Mendonccedila (2000) Paro (2007) e Dourado (2007) argumentam que esta eacute a forma de acesso na
qual os representantes poliacuteticos (governadores e prefeitos) podem indicar os gestores escolares
que acharem apropriados ao cargo Assim o criteacuterio de escolha de diretores atraveacutes de indicaccedilatildeo
vincula o trabalho do diretor com quem o indicou quase sempre um poliacutetico ou teacutecnico das
Secretarias de Educaccedilatildeo Seu compromisso portanto eacute com quem o colocou naquele cargo e
natildeo com a comunidade escolar Nesse caso ldquoo papel do diretor ao prescindir do respaldo da
comunidade escolar caracteriza-se como instrumentalizador de praacuteticas autoritaacuterias
75
evidenciando forte ingerecircncia do Estado na gestatildeo da escola (DOURADO 2007 p 83) A
indicaccedilatildeo para cargos puacuteblicos estaacute nas raiacutezes do Estado patrimonialista que marcou fortemente
a origem do Estado brasileiro o pode ser percebida na admissatildeo dos diretores cujos criteacuterios
satildeo essencialmente subjetivos e pessoais (MENDONCcedilA 2000) A categoria ldquonomeaccedilatildeordquo para
Paro (2007) ldquotraz consigo as marcas do clientelismo poliacutetico sendo por isso uma das mais
criticadas e inclusive muito presente nos sistemas de ensinordquo (PARO 2007 p 19) Com base
em dados do observatoacuterio de monitoramento das metas do PNE35 ateacute 2013 essa forma de
escolha de diretores ainda era presente em 50 das escolas brasileiras sendo portanto a que
prevalece no Brasil
Quanto ao criteacuterio de provimento de diretores escolares por meio do concurso os que
o defendem alegam que apresenta virtudes como ldquoa objetividade a coibiccedilatildeo do clientelismo e
a possibilidade de afericcedilatildeo do conhecimento teacutecnico do candidatordquo (PARO 2003 p19) Esse
criteacuterio de escolha estaacute ancorado na ideia de que o domiacutenio da competecircncia teacutecnica pelo
candidato eacute um requisito essencial para o exerciacutecio da funccedilatildeo Dessa forma a seleccedilatildeo atraveacutes
de concurso puacuteblico eacute defendida pela sua imparcialidade e porque o diretor concursado estaria
ldquomenos submisso agraves variantes poliacuteticas da escola e do sistema de ensino uma vez que o
concurso puacuteblico parece garantir a moralidade e a transparecircncia necessaacuterias na lotaccedilatildeo de
qualquer cargo puacuteblicordquo (SOUZA 2007 p 167)
Mendonccedila (2000) adverte que a permanecircncia de diretores nas unidades escolares por
concurso para a escolha de diretores estaacute vinculado tambeacutem ldquoa uma concepccedilatildeo da direccedilatildeo de
escola como carreira e por meio dele a ocupaccedilatildeo da funccedilatildeo tem caraacuteter permanenterdquo
(MENDONCcedilA 2000 p 191) Natildeo obstante concordamos com Paro (2015) quando argumenta
que o concurso eacute democraacutetico apenas aparentemente pois ldquoo diretor tem o direito de concorrer
ao cargo e escolher a escola onde vai trabalhar mas a comunidade escolar tem de aceitar esse
diretor sem conhececirc-lo e sem um processo democraacutetico de escolhardquo (PARO 2015 p 117)
Aleacutem disso ldquonatildeo eacute verdade que o processo de escolha possa se resumir numa qualidade teacutecnica
() pois o diretor exerce uma accedilatildeo poliacutetica como representante do Estado diante de seus
dirigidosrdquo (IDEM p117)
35 O Observatoacuterio da Educaccedilatildeo eacute uma plataforma online que tem como objetivo monitorar os indicadores referentes
a cada uma das 20 metas do Plano Nacional de Educaccedilatildeo (PNE) e de suas respectivas estrateacutegias e oferecer
anaacutelises sobre as poliacuteticas puacuteblicas educacionais jaacute existentes e que seratildeo implementadas ao longo dos dez anos
de vigecircncia do Plano Consta no seguinte endereccedilo httpwwwobservatoriodopneorgbrmetas-pne19-gestao-
democraticaindicadores
76
O diretor de carreira segundo Dourado (2007) eacute uma modalidade pouco utilizada
Neste caso o acesso ao cargo eacute vinculado a criteacuterios como tempo de serviccedilo escolarizaccedilatildeo
merecimento eou distinccedilatildeo entre outros Representa uma tentativa de aplicaccedilatildeo no setor
puacuteblico da meritocracia livrando da participaccedilatildeo da comunidade escolar a escolha de seu
dirigente
A indicaccedilatildeo por meio de listas triacuteplices secircxtuplas ou a combinaccedilatildeo de processos
(modalidade mista) consiste na consulta agrave comunidade escolar para a indicaccedilatildeo de nomes em
nuacutemero de trecircs ou seis possiacuteveis dirigentes cabendo ao poder executivo nomear o diretor dentre
os nomes escolhidos eou submetecirc-los a uma segunda fase que consiste em provas ou
atividades de avaliaccedilatildeo de sua capacidade cognitiva para a gestatildeo da educaccedilatildeo Na modalidade
mista apesar da participaccedilatildeo da comunidade na primeira fase cabe ao poder executivo fazer a
indicaccedilatildeo final do diretor onde corre-se o risco de ocorrer uma indicaccedilatildeo por criteacuterios natildeo
poliacutetico-pedagoacutegicos com uma suposta legitimaccedilatildeo da comunidade escolar uma forma de
burlar o sistema de escolha democraacutetica em nome do discurso de participaccedilatildeodemocratizaccedilatildeo
das relaccedilotildees escolares Outra modalidade mista eacute apontada por Vieira (2006) em que a escolha
de diretores escolares ocorre em duas fases de seleccedilatildeo A primeira fase dar-se-aacute por meio de
concurso que classifica os gestores e na segunda fase os classificados no concurso satildeo
colocados em aceitaccedilatildeo da comunidade e dos segmentos da escola atraveacutes da eleiccedilatildeo com a
participaccedilatildeo coletiva para a aprovaccedilatildeo de suas propostas na gestatildeo que assumiraacute (VIEIRA
2006)
O criteacuterio eleiccedilotildees diretas para a escolha de diretores escolares eacute entendida por
Mendonccedila (2000) Paro (2003 2007) e Souza (2007) como a forma mais democraacutetica na qual
a comunidade poderaacute votar no gestor mais qualificado para exercer as funccedilotildees pertinentes ao
cargo Para Souza diretor eleito
natildeo eacute por natureza do processo eletivo mais compromissado com a educaccedilatildeo puacuteblica
de qualidade para todosas mas a eleiccedilatildeo eacute o instrumento que potencialmente permite
agrave comunidade escolar controlar as accedilotildees do dirigente escolar no sentido de levaacute-lo a
se comprometer com este princiacutepio (SOUZA 2007 p 174)
A eleiccedilatildeo de diretores escolares fortalece o poder poliacutetico no interior das escolas e
consequentemente reduz a intervenccedilatildeo do Estado sobre elas e dessa forma a escola torna-se
mais autocircnoma e capaz de promover relaccedilotildees mais democraacuteticas em seu interior Embora a
eleiccedilatildeo natildeo seja a soluccedilatildeo para todos os problemas da escola puacuteblica e envolva riscos ainda ldquoeacute
77
a forma civilizada de exercer o poder entre sujeitosrdquo e ldquoconfere aos eleitos uma autoridade
legiacutetimardquo (PARO 2015 p 118)
No que diz respeito agraves diferentes experiecircncias de gestatildeo democraacutetica principalmente
quando trata das eleiccedilotildees de diretores e funcionamento de colegiados os resultados apontam
que ldquoesses processos continuam excessivamente centrados em pessoas com interferecircncias
poliacutetico partidaacuterias aliciamento de votos entre outros problemasrdquo (MENDONCcedilA 2000 p12)
Esses problemas se revelam na intervenccedilatildeo indevida de diretores indicando os nomes para
compor os colegiados de deliberaccedilatildeo assegurando que o controle da instituiccedilatildeo continue em
suas matildeos e ressalta que isso impede a participaccedilatildeo mais espontacircnea da comunidade escolar Eacute
importante que tenhamos a compreensatildeo de que eacute necessaacuterio que haja na escola natildeo um ldquocheferdquo
mas um colaborador que embora tenha responsabilidade junto ao Estado natildeo esteja atrelado
apenas ao seu poder colocando-se acima dos demais mas ao contraacuterio que sua autoridade com
a responsabilidade seja distribuiacuteda dentre os membros da escola
Nesse contexto compreendemos que a forma mais democraacutetica e que permite maior
participaccedilatildeo da comunidade escolar na escolha dos seus diretores escolares eacute a eleiccedilatildeo direta
Por isso o debate deve se fazer presente natildeo soacute nas unidades escolares mas em todo o sistema
de ensino como um momento coletivo de amadurecimento poliacutetico participativo e de
construccedilatildeo de um processo democraacutetico da gestatildeo escolar que legitime o desempenho da funccedilatildeo
de diretor e que respeite as deliberaccedilotildees coletivas
Mais recentemente o Plano Nacional de Educaccedilatildeo (2014-2024) aprovado pela Lei nordm
13005 de 25 de junho de 2014 reafirma em seu inciso VI do Art 2ordm a ldquopromoccedilatildeo do princiacutepio
da gestatildeo democraacutetica da educaccedilatildeo puacuteblicardquo No entanto o caput da Meta 19 propotildee ldquoassegurar
condiccedilotildees () para a efetivaccedilatildeo da gestatildeo democraacutetica da educaccedilatildeo associada a criteacuterios
teacutecnicos de meacuterito e desempenho e agrave consulta puacuteblica agrave comunidade escolar no acircmbito das
escolas puacuteblicas prevendo recursos e apoio teacutecnico da Uniatildeo para tantordquo (grifos nossos)
O detalhamento da meta 19 pressupotildee estrateacutegias que condicionam o repasse de
transferecircncias voluntaacuterias da Uniatildeo da aacuterea da educaccedilatildeo para os municiacutepios que tenham
aprovado legislaccedilatildeo especiacutefica regulamentando mateacuteria a esse respeito Embora os criteacuterios se
associem a alguma forma de participaccedilatildeo da comunidade o PNE vem estimulando que os
municiacutepios adotem em legislaccedilotildees a nomeaccedilatildeo dos diretores e diretoras de escola a partir de
criteacuterios teacutecnicos de meacuterito e desempenho o que corrobora a persistecircncia da gestatildeo de cunho
gerencialista proposta no Plano Diretor de Reforma do Estado (PDRAE) aprovado no governo
de Fernando Henrique Cardoso
78
Por fim constatamos que a poliacutetica de gestatildeo da educaccedilatildeo brasileira segue no sentido
de democratizar o sistema de ensino atraveacutes do acesso permanecircncia e garantia da educaccedilatildeo de
qualidade Para isso sugerem a participaccedilatildeo atraveacutes da garantia da existecircncia de conselhos
representativos de controle social e de eleiccedilotildees diretas para diretores escolares por meio da
comunidade escolar e da sociedade civil tanto na construccedilatildeo de poliacuteticas quanto no controle
social indicando a transparecircncia nas accedilotildees e na gestatildeo dos recursos puacuteblicos
79
2 A GESTAtildeO EDUCACIONAL NO CONTEXTO DO PLANO DE
DESENVOLVIMENTO DA EDUCACcedilAtildeO (PDE) DO PLANO DE METAS
COMPROMISSO TODOS PELA EDUCACcedilAtildeO E DO PLANO DE ACcedilOtildeES
ARTICULADAS
Este capiacutetulo trataraacute de dar continuidade agrave discussatildeo do capiacutetulo anterior sobre as
poliacuteticas educacionais adotadas no Brasil apoacutes a Reforma do Estado que tecircm traccedilado novos
rumos para a gestatildeo da educaccedilatildeo Especificamente seraacute abordado nesse capiacutetulo o modelo de
gestatildeo da educaccedilatildeo adotado no Brasil no qual estaacute inserido o Plano de Desenvolvimento da
Educaccedilatildeo o Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo e o Plano de Accedilotildees
Articuladas e as suas formas de materializaccedilatildeo
21 A GESTAtildeO EDUCACIONAL E O PLANO DE DESENVOLVIMENTO DA
EDUCACcedilAtildeO (PDE)
As poliacuteticas educacionais implementadas no Brasil possuem uma historicidade na sua
construccedilatildeo que natildeo segue em linha reta isto eacute eacute cheia de curvas e oscilaccedilotildees pelo caminho
com avanccedilos e retrocessos sendo influenciadas em todas as suas fases seja por contextos
histoacutericos distintos seja pela disputa entre os sujeitos envolvidos no processo ou por grupos de
interesses e de percepccedilotildees diferentes da realidade que estatildeo presentes no momento da sua
implementaccedilatildeo e execuccedilatildeo Poreacutem eacute o resultado das relaccedilotildees sociais inerentes ao processo de
construccedilatildeo dessas poliacuteticas
O primeiro Plano Nacional de Educaccedilatildeo foi elaborado para uma deacutecada (2001-2010) no
Brasil natildeo atingiu os objetivos esperados pois desde a sua elaboraccedilatildeo ateacute o envio ao Congresso
Nacional em 1997 existiam visotildees distintas dos rumos da educaccedilatildeo do paiacutes Eacute tanto que dois
Planos foram enviados um que representava a proposta do governo FHC na eacutepoca e o outro
que representava a sociedade civil construiacutedo a partir das organizaccedilotildees de classes Um periacuteodo
turbulento pois
() a apresentaccedilatildeo de dois planos nacionais de educaccedilatildeo um do governo e outro da
sociedade civil evidencia o atual estaacutegio de correlaccedilatildeo de forccedilas sociais no campo
educacional do Brasil do final dos anos de 1990 materializado no acirramento do
conflito entre duas propostas de sociedade e de educaccedilatildeo ndash a proposta liberal-
80
corporativa e a proposta democraacutetica das massas ndash que vem se embatendo desde o
final dos anos de 1980 () (NEVES 2000 p 148)
Dessa forma com os embates que se arrastavam no Congresso Nacional por deputados
contra e a favor e sindicatos De posse dos dois planos e dos embates realizou-se um texto
substitutivo em junho de 2000 que consolidasse parte proposta do governo e outra parte da
sociedade civil representada Embora votado na cacircmara dos deputados e no senado o texto foi
sancionado pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso com vetos principalmente no que se
tratava de investimentos e financiamento da educaccedilatildeo principalmente na educaccedilatildeo superior
Nesse contexto eacute notoacuteria a falta de compromisso do governo FHC com os investimentos na
educaccedilatildeo em que o seu governo o tem como gasto e natildeo como investimento Eacute importante
destacar aqui que uma boa educaccedilatildeo baacutesica seraacute o resultado de uma boa educaccedilatildeo superior e
que as universidades tem um papel estrateacutegico no desenvolvimento das naccedilotildees
No campo poliacutetico o primeiro governo Lula (2003-2006) foi marcado pela continuidade
das poliacuteticas educacionais traccediladas no governo FHC que realizou as reformas educacionais de
longo alcance sob os olhares do mercado A expectativa dos educadores era que a partir do
governo Lula essa loacutegica neoliberal que mudou os rumos da educaccedilatildeo baacutesica a superior fosse
rompida Entretanto segundo Andrade de Oliveira (2009) natildeo foi o que ocorreu a loacutegica
neoliberal foi mantida Assim no primeiro mandato de Lula natildeo houve poliacuteticas puacuteblicas
educacionais regulares e fortes o suficiente para alterar a poliacutetica planejada pelo governo FHC
A autora afirma que ocorreram sim alguns programas e projetos focalizados principalmente
para os mais vulneraacuteveis mas que natildeo se constituiu em uma poliacutetica puacuteblica Somente no
finalzinho do primeiro mandato eacute que foi criado o Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento
da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo (FUNDEB) proposto pela
Emenda Constitucional Nordm 53 de 2006 que ampliou o Fundo de Manutenccedilatildeo e
Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorizaccedilatildeo do Magisteacuterio (FUNDEF) sendo
esse fundo o principal mecanismo de financiamento da educaccedilatildeo que passou a atender a trecircs
etapas educaccedilatildeo infantil ensino fundamental e ensino meacutedio Poreacutem sem romper com a loacutegica
neoliberal Andrade Oliveira (2009 p 203) afirma que o que se observou foi ldquoo governo
assumir de alguma forma a loacutegica existente e passar a professar a inclusatildeo social no lugar do
direito universal agrave educaccedilatildeordquo
Nesse cenaacuterio marcado por poliacuteticas educacionais focais imediatistas e de pouca
regularidade o Presidente Lula durante a campanha para a reeleiccedilatildeo destacou a educaccedilatildeo
como foco principal do seu governo apoacutes a vitoacuteria nas urnas no discurso de posse em 01 de
janeiro de 2007 e reforccedilou priorizar a educaccedilatildeo no segundo governo Em 24 de abril de 2007
81
apresenta o Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo como parte do Programa de Aceleraccedilatildeo do
Crescimento (PAC) que ele denominou de PAC da Educaccedilatildeo A cerimocircnia contou com a
participaccedilatildeo do Presidente da Repuacuteblica Luiz Inaacutecio Lula da Silva e do Ministro da Educaccedilatildeo
Fernando Haddad e ainda Paulo Renato (ex-ministro da educaccedilatildeo do governo FHC) e
Cristovam Buarque (Ministro de Educaccedilatildeo do primeiro governo Lula) aleacutem da participaccedilatildeo de
setores da iniciativa privada e gestores puacuteblicos
Camini (2009) critica a implantaccedilatildeo de uma poliacutetica puacuteblica lanccedilada como uma decisatildeo
poliacutetica sem contar com uma ampla discussatildeo coletiva dos segmentos da sociedade que seratildeo
atingidos diretamente ou mesmo indiretamente Para a autora a presenccedila de representantes de
instituiccedilotildees privadas em parceria com o setor puacuteblico de educaccedilatildeo lanccedila o Plano de
Desenvolvimento da Educaccedilatildeo (PDE) sendo que nessas ldquoparceriasrdquo muitas vezes estatildeo
impliacutecitas a loacutegica de mercado o que reduz as condiccedilotildees de democratizaccedilatildeo visto que na
legislaccedilatildeo as instituiccedilotildees privadas natildeo permitem a participaccedilatildeo da populaccedilatildeo nas decisotildees
ficando a cargo exclusivamente do mercado ditar as suas regras
Jaacute no entendimento do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo o PDE pela visatildeo sistecircmica que o
caracteriza [] ldquoprocura enfocar a educaccedilatildeo em todo o territoacuterio da naccedilatildeo considerando com o
mesmo cuidado e atenccedilatildeo cada uma das suas partes do bairro do paiacutes em seu conjunto dando
efetividade ao princiacutepio constitucional do ldquoregime de colaboraccedilatildeordquordquo (SAVIANI 2009 p 16)
afirma que O PDE estaacute sustentado em seis pilares i) visatildeo sistecircmica da educaccedilatildeo ii)
territorialidade iii) desenvolvimento iv) regime de colaboraccedilatildeo v) responsabilizaccedilatildeo e vi)
mobilizaccedilatildeo social
O ldquoPDE aparece como um grande guarda-chuvardquo (SAVIANI 2009 p 5) que cobre
praticamente todos os programas e aacutereas com foco na educaccedilatildeo baacutesica superior profissional
tecnoloacutegica alfabetizaccedilatildeo e diversidade abrangendo as modalidades de ensino e accedilotildees de
melhorias na infraestrutura No que se refere aos eixos de accedilotildees do Plano de Desenvolvimento
da Educaccedilatildeo (PDE) direcionadas as aacutereas do sistema educacional apresentamos o quadro a
seguir
82
Quadro 04 - Eixos de Accedilatildeo do Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo (PDE)
Eixos Accedilotildees do PDE
Educaccedilatildeo
Baacutesica
1 Melhoria do IDEB da escola puacuteblica e
2 Melhoria da gestatildeo escolar da qualidade do ensino e do fluxo escolar
valorizaccedilatildeo e qualificaccedilatildeo de professores e profissionais da educaccedilatildeo
inclusatildeo digital e apoio ao aluno e agrave escola
Alfabetizaccedilatildeo
e Educaccedilatildeo
Continuada
1 Reduzir a taxa de analfabetismo e o nuacutemero absoluto de analfabetos
2 Atender jovens e adultos de 15 anos ou mais
3 Prioridade para os municiacutepios com taxa de analfabetismo superior a 35
e
4 O Brasil Alfabetizado tem por meta atender 15 milhatildeo de alfabetizandos
por ano
Ensino
Profissional e
Tecnoloacutegico
1 Ampliar a rede de ensino profissional e tecnoloacutegico do Paiacutes
2 Que cada municiacutepio tenha pelo menos 1 escola oferecendo educaccedilatildeo
profissional e
3 A prioridade seraacute para cidades tendo como referecircncia as economias locais
e regionais e reforccedilando a articulaccedilatildeo da escola puacuteblica em especial o
ensino meacutedio e a EJA com a educaccedilatildeo profissional em todas as modalidades
e niacuteveis
Ensino
Superior
1 Ampliar e democratizar o acesso ao ensino superior do Paiacutes
2 A ampliaccedilatildeo de vagas nas instituiccedilotildees federais de ensino superior se faraacute
por meio de ofertas de bolsas do Programa Universidade para Todos
(PROUNI) articulado ao Financiamento Estudantil (FIES) e
3 Atraveacutes da Reestruturaccedilatildeo e Expansatildeo das Universidades Federais
(REUNI) as universidades apresentaratildeo planos de expansatildeo da oferta
Dobrar o nuacutemero de alunos nas Instituiccedilotildees Federais de Ensino (IFES) no
Brasil em 10 anos Fonte BRASIL 2007
Esses eixos correspondem agrave atuaccedilatildeo do PDE que segundo Saviani (2009) tem um
objetivo ambicioso de elevar o niacutevel da educaccedilatildeo brasileira aos patamares dos paiacuteses
desenvolvidos ateacute o ano de 2022 Para tanto vem ampliando seus programas e hoje conta com
a adesatildeo de todos os estados e municiacutepios atraveacutes da assinatura do Termo de Adesatildeo ao
PMCTE onde satildeo chamados a responsabilizar-se com as metas preacute-estabelecidas pelo Plano
Dessa forma a execuccedilatildeo dos programas e projetos do PDE por parte dos estados e
municiacutepios tem promovido mudanccedilas substanciais principalmente na gestatildeo educacional e
escolar visto que com o Plano de Metas do Compromisso e o Plano de Accedilotildees Articuladas
organizam toda uma articulaccedilatildeo para materializar as metas propostas Para Sousa (2011 p 06)
ldquoo efeito mais perceptiacutevel das alteraccedilotildees promovidas pelo PDE no relacionamento do MEC
com os entes federativos reside no condicionamento de todas as transferecircncias voluntaacuterias da
Uniatildeo aos estados e municiacutepiosrdquo a partir da assinatura do termo de compromisso do PMCTE
e a responsabilidade dos estados e municiacutepios quanto ao cumprimento das suas diretrizes
83
Permeado de termos como ldquodemocraciardquo ldquocolaboraccedilatildeordquo e ldquoparceriardquo que foram
introduzidos e utilizados a partir de uma visatildeo neoliberal A poliacutetica educacional e de gestatildeo
propugnada pelo Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo estabelece o Plano de Metas
Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo e orienta os Estados e os Municiacutepios a elaborarem os seus
Planos de Accedilatildeo Articuladas seguindo o modelo proposto pelo MEC mantendo assim a
centralidade das decisotildees no acircmbito da Uniatildeo e desconcentrando a realizaccedilatildeo das tarefas para
os estados e os municiacutepios agindo como um oacutergatildeo coordenador da poliacutetica e dos resultados
alcanccedilados pelos demais entes federados E nesse sentido eacute que se observa o modelo de gestatildeo
gerencial em que estaacute inserido o PMCTE pois os estados e municiacutepios passam a ter que seguir
as diretrizes a partir do Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) como instrumento de planejamento
para o alcance das metas definidas
As divergecircncias em que se sustentam o PDE e o Plano de Metas Compromisso Todos
pela Educaccedilatildeo seja nas diretrizes instituiacutedas no desenvolvimento dos programas nas accedilotildees
implementadas e nos resultados alcanccedilados eacute tambeacutem por que o PDE natildeo foi uma poliacutetica
construiacuteda historicamente com a participaccedilatildeo coletiva dos envolvidos nos debates ela foi
determinada a partir de uma decisatildeo poliacutetica de governo dessa forma tem apresentado
ambiguidades e incoerecircncias na sua implantaccedilatildeo e execuccedilatildeo
A relaccedilatildeo democraacutetica e o regime de colaboraccedilatildeo entre os entes federados parece ser
mais uma ambiguidade pois de acordo com Camini (2011 p166-167) existe uma prevalecircncia
do MEC como instacircncia superior ldquoque encobre sob a forma de delegaccedilatildeo descentralizaccedilatildeo
ou auxiacutelio uma relaccedilatildeo que implica certa passividade e adesatildeo dos demais entes regionaisrdquo
Ainda assim existe tambeacutem uma ldquopermeabilidade que envolve praacuteticas e procedimentos
poliacutetico-administrativos e que permite e favorece a penetraccedilatildeo das intenccedilotildees e accedilotildees de umas
instacircncias sobre as outrasrdquo (idem grifos nossos)
Nesse sentido entende-se que as reformas propostas e implementadas no Brasil a partir
dos anos de 1990 tecircm apontado para o enfraquecimento do Estado em sua funccedilatildeo social As
novas concepccedilotildees abordagens meacutetodos de planejamento e as novas praacuteticas de gestatildeo tecircm
levado a educaccedilatildeo a apresentar caracteriacutesticas diferentes daquelas propostas pela Constituiccedilatildeo
Federal Brasileira de 1988 em que a educaccedilatildeo era um direito social fundamental e quando
ofertado em estabelecimento puacuteblico seria gratuito aleacutem da garantia do padratildeo de qualidade e
da gestatildeo democraacutetica do ensino puacuteblico As novas concepccedilotildees tecircm viabilizado um processo de
racionalizaccedilatildeo mercantil em favor da empresa privada as quais com a alternativa da terceira
via e com as parcerias com o poder puacuteblico buscam influenciar a definiccedilatildeo das poliacuteticas
puacuteblicas sendo o PDE um exemplo disso pois fomenta parcerias entre instituiccedilotildees privadas e
84
os sistemas puacuteblicos de educaccedilatildeo uma vez que nessas ldquoparceriasrdquo muitas vezes estatildeo
impliacutecitas a loacutegica de mercado com modelos de gestatildeo gerencial e instrumentos de controle
fortalecendo a competitividade entre as escolas e diminuindo a autonomia das instituiccedilotildees
puacuteblicas educacionais
O proacuteximo toacutepico trataraacute mais especificamente de um dos eixos de accedilatildeo do PDE ndash o
Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo ndash bem como as suas diretrizes e a sua
interface com a gestatildeo educacional
22 A GESTAtildeO EDUCACIONAL E O PLANO DE METAS COMPROMISSO TODOS PELA
EDUCACcedilAtildeO
A origem do Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo se deu a partir de um
movimento denominado Movimento Todos pela Educaccedilatildeo (MTPE) um movimento que se
apresenta como apoliacutetico e apartidaacuterio e congrega a sociedade civil organizada educadores e
gestores puacuteblicos sendo mantido por grupos empresariais36 cujo Conselho de Governanccedila eacute
composto majoritariamente por grandes liacutederes empresariais37 O movimento TPE foi criado
ainda em 2005 por um grupo de liacutederes empresariais no momento em que a valorizaccedilatildeo da
educaccedilatildeo comeccedilou a se tornar relevante para a formaccedilatildeo de trabalhadores brasileiros Em 2006
o movimento TPE lanccedilou o projeto ldquocompromisso todos pela educaccedilatildeordquo o qual foi
impulsionado para o congresso sob o tiacutetulo de ldquoAccedilotildees de Responsabilidade Social em
Educaccedilatildeo melhores praacuteticas na Ameacuterica Latinardquo (BERNARDI 2014)
Dessa forma com os liacutederes empresariais envolvidos na composiccedilatildeo do Conselho do
TPE sendo maioria majoritaacuteria nesse espaccedilo de decisatildeo logo estes tinham a prerrogativa de
decidir sobre as accedilotildees e os programas educacionais seguindo na direccedilatildeo de colocar o mercado
como a soluccedilatildeo para os problemas da educaccedilatildeo atendendo a loacutegica da gestatildeo empresarial e
apontando caminhos que devem ser seguidos pela educaccedilatildeo tendo o mercado como paracircmetro
36
As principais empresas mantenedoras satildeo Gerdau Fundaccedilatildeo Educar DPaschoal Fundaccedilatildeo Bradesco Fundaccedilatildeo
Itauacute Instituto Natura Fundaccedilatildeo Vale Itauacute BBA etc os parceiros satildeo entre outros Rede Globo Grupo ABC
Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) Instituto Ayrton Senna Editora Saraiva Itauacute Cultural
Microsoft Editora Moderna 37 Em 2011 o Conselho de Governanccedila apresentava a seguinte composiccedilatildeo Jorge Gerdau Johannpeter
(Presidente) Ana Maria dos Santos Diniz (Grupo Patildeo de Accediluacutecar) Antocircnio Jacinto Matias (Fundaccedilatildeo Itauacute Social)
Beatriz Johannpeter (Fundaccedilatildeo Gerdau) Daniel Feffer (Dirigente da Suzano Papel e Celulose SA) Danilo Santos
de Miranda (Diretor do SESC SP) Denise Aguiar Alvarez (Fundaccedilatildeo Bradesco) Fernatildeo Bracher (Banco Itauacute)
Joseacute Roberto Marinho (Fundaccedilatildeo Roberto MarinhoOrganizaccedilotildees Globo) Luiacutes Norberto Pascoal (Grupo
DPaschoal) Millu Villela Ricardo Henriques (Unibanco) Viviane Senna (Instituto Ayrton Senna) dentre outros
empresaacuterios
85
e como uacutenica alternativa para o desenvolvimento social e econocircmico de sucesso De acordo
com Voss (2011)
pois a ecircnfase central das reformas educacionais contemporacircneas natildeo eacute a expansatildeo da
escolarizaccedilatildeo mas a equidade entendida como a oferta eficiente e eficaz do ensino
de modo a garantir condiccedilotildees de aquisiccedilatildeo de habilidades e informaccedilotildees que permitam
competir no mercado profissional (VOSS 2011 p 45)
Enquanto iniciativa de classe a praacutetica do movimento TPE se traduz numa tentativa de
transformar a educaccedilatildeo num mercado lucrativo e voltado para atender a qualificaccedilatildeo
profissional no mercado de trabalho utilizando-se de uma poliacutetica de forte cunho gerencialista
Shiroma (2011) afirma que essa intensa aproximaccedilatildeo entre governo e iniciativa privada
demonstra a articulaccedilatildeo que caracteriza a formaccedilatildeo de ldquoredes interorganizacionaisrdquo que tecircm
como foco fortalecer as instituiccedilotildees privadas com a articulaccedilatildeo do poder puacuteblico estabelecendo
ldquonovas formas de regulaccedilatildeo da educaccedilatildeordquo
De acordo com Freitas (2007) quando o MEC privilegiou o empresariado como
possiacuteveis liacutederes que traduziriam as melhorias na educaccedilatildeo ele deixou de lado as entidades
educacionais sindicais e acadecircmicas no processo de elaboraccedilatildeo do PMCTE Ele afastou ldquooutros
interlocutores que estatildeo haacute mais de duas deacutecadas participando dos diferentes foacuteruns de definiccedilatildeo
das poliacuteticas tanto em niacutevel do proacuteprio Ministeacuterio quanto da proacutepria sociedade [] (FREITAS
2007 p 01)rdquo
O movimento TPM segundo Shiroma Garcia e Campos (2011 p233) foi ldquocriado por
um grupo de intelectuais orgacircnicos do capitalrdquo que definiu como objetivos propiciar as
condiccedilotildees de acesso de alfabetizaccedilatildeo e de sucesso escolar a ampliaccedilatildeo de recursos investidos
na educaccedilatildeo baacutesica e a melhoria da gestatildeo desses recursos que estatildeo traduzidos em cinco metas
a serem atingidas ateacute 2022 a saber
Meta 1 ndash Toda crianccedila e jovem de 4 a 17 anos na escola
Meta 2 ndash Toda crianccedila plenamente alfabetizada ateacute os 8 anos
Meta 3 ndash Todo aluno com aprendizado adequado ao seu ano
Meta 4 ndash Todo jovem com Ensino Meacutedio ateacute os 19 anos
Meta 5 ndash O investimento em educaccedilatildeo ampliado e bem gerido
(TODOS PELA EDUCACcedilAtildeO 2016)
Dessa maneira o governo federal colaborando com as aspiraccedilotildees do movimento TPE
lanccedilou o Decreto ndeg 60942007 que dispotildee sobre a implementaccedilatildeo do Plano de Metas
86
Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo na perspectiva de comprometer os estados e municiacutepios
com tais metas e instituir o Plano de Accedilotildees Articuladas como uma ferramenta gerencial delas
Eacute decretado entatildeo o Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo (PMCTE) como uma
poliacutetica governamental ou seja um conjunto de medidas e metas para o paiacutes estabelecido por
meio do Decreto 6094 de 24 de abril de 2007 Eacute portanto um ato do poder executivo e natildeo
uma lei e estaacute ligado ao eixo do Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo que envolve accedilotildees em
diferentes aacutereas da economia para impulsionar o crescimento econocircmico do paiacutes
Para Luce e Farenzena (2007 p11) a poliacutetica do PMCTE ldquocomo estrateacutegia metas e
meios foi concebida centralmente mas sua execuccedilatildeo eacute descentralizadardquo embora a execuccedilatildeo
sofra intervenccedilatildeo direta do MEC como poder centralizador que oferece assistecircncia na
formulaccedilatildeo dos planos suporte financeiro aleacutem de coordenar e controlar em torno de diretrizes
gerais previamente estabelecidas o desempenho das escolas a partir das bases de dados e
ainda daacute atribuiccedilotildees agraves redes escolares municipaisestaduais com baixos iacutendices educacionais
a fim de melhorar a qualidade da educaccedilatildeo Essa forma de descentralizar as accedilotildees mas controlar
eacute caracterizada como uma ldquodescentralizaccedilatildeo convergenterdquo ou ldquodescentralizaccedilatildeo monitoradardquo
(LUCE FARENZENA 2007 p 11) do MEC em relaccedilatildeo ao ente federativo jaacute que o Plano de
Accedilotildees Articuladas (PAR) e o IDEB estrategicamente realizam o planejamento e o
monitoramento das accedilotildees
Nesse contexto o PDEPlano de Metas eacute para Farenzena (2009) uma poliacutetica de
colaboraccedilatildeo entre os governos e parceiros com caracteriacutesticas e concepccedilotildees que favorecem a
centralizaccedilatildeo e descentralizaccedilatildeo A autora afirma que nessas relaccedilotildees colaborativas entre a
Uniatildeo os estados os municiacutepios e o Distrito Federal bem como nas parcerias com empresaacuterios
e outras instituiccedilotildees puacuteblicas observa-se que a centralizaccedilatildeo eacute na Uniatildeo Por outro lado o FNDE
ndash MEC ndash afirma que ocorre na verdade o Regime de Colaboraccedilatildeo como um compartilhamento
de competecircncias poliacuteticas teacutecnicas e financeiras para a execuccedilatildeo de programas de manutenccedilatildeo
e desenvolvimento da educaccedilatildeo de forma a auxiliar na atuaccedilatildeo dos entes federados sem ferir-
lhes a autonomia
De acordo com Celina Souza (2001) a poliacutetica conservadora de reduccedilatildeo do tamanho do
Estado centralizaccedilatildeo nas decisotildees e a desconcentraccedilatildeo da implementaccedilatildeo de poliacuteticas retirou
da esfera estadual obrigaccedilotildees que antes era da sua administraccedilatildeo o que deixou uma lacuna
nessa instacircncia intermediaacuteria Em contraponto a isso a Uniatildeo reduziu o poder do Estado e se
aproximou dos municiacutepios podendo implantar diretamente suas poliacuteticas sem mais o intermeacutedio
do Estado
87
As diretrizes38 que fazem parte do PMCTE tecircm como objetivo a melhoria da educaccedilatildeo
no paiacutes sem o objetivo de esgotar o assunto razatildeo por que se destacaraacute neste trabalho somente
as diretrizes que estatildeo relacionadas aos indicadores da gestatildeo democraacutetica objeto deste estudo
()
XVIII ndash fixar regras claras considerados meacuterito e desempenho para nomeaccedilatildeo e
exoneraccedilatildeo de diretor de escola
XIX ndash Divulgar na escola e na comunidade os dados relativos a aacuterea da educaccedilatildeo
com ecircnfase no Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica (IDEB) referido no
art 3ordm
XX - acompanhar e avaliar com participaccedilatildeo da comunidade e do Conselho de
Educaccedilatildeo as poliacuteticas puacuteblicas na aacuterea de educaccedilatildeo e garantir condiccedilotildees sobretudo
institucionais de continuidade das accedilotildees efetivas preservando a memoacuteria daquelas
realizadas
XXI ndash zelar pela transparecircncia da gestatildeo puacuteblica na aacuterea da educaccedilatildeo garantindo o
funcionamento efetivo autocircnomo e articulado dos conselhos de controle social
XXII ndash promover a gestatildeo participativa na rede de ensino
XXIII - elaborar plano de educaccedilatildeo e instalar Conselho de Educaccedilatildeo quando
inexistentes
XXIV integrar os programas da aacuterea da educaccedilatildeo com os de outras aacutereas como sauacutede
esporte assistecircncia social cultura dentre outras com vista ao fortalecimento da
identidade do educando com sua escola
XXV ndash fomentar e apoiar os conselhos escolares envolvendo as famiacutelias dos
educandos com as atribuiccedilotildees dentre outras de zelar pela manutenccedilatildeo da escola e
pelo monitoramento das accedilotildees e consecuccedilatildeo das metas do compromisso
()
XXVIII ndash organizar um comitecirc local do Compromisso com representantes das
associaccedilotildees de empresaacuterios trabalhadores sociedade civil Ministeacuterio Puacuteblico
Conselho Tutelar e dirigentes do sistema educacional puacuteblico encarregado da
mobilizaccedilatildeo da sociedade e do acompanhamento das metas de evoluccedilatildeo do IDEB
(BRASIL 2007)
As diretrizes tecircm demonstrado as accedilotildees que devem ser realizadas para atingir o padratildeo
de qualidade da educaccedilatildeo a partir da assinatura do Termo de Adesatildeo ao Compromisso
estabelecido entre os entes federados para atingir as metas propostas pelo IDEB sem adentrar a
autonomia de cada ente Entretanto alerta Saviani (2009) eacute preciso ter atenccedilatildeo pois de acordo
com o autor a loacutegica que embasa a proposta do Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo eacute uma
loacutegica de mercado que pode ser traduzida como uma ldquopedagogia de resultadosrdquo39
Nessa conjuntura o que se revela eacute que a gestatildeo da educaccedilatildeo no segundo mandato do
governo Lula se estrutura e se organiza com uma gestatildeo gerencial que tem como foco os
resultados seguindo os mesmos modelos de gestatildeo centralizados e determinados a partir da
experiecircncia de setores privados Dessa forma Saviani (2009 p 45) afirma que essa loacutegica eacute
38 As diretrizes do PMCTE na iacutentegra estatildeo disponiacuteveis no anexo do trabalho 39 O governo equipa-se com instrumentos de avaliaccedilatildeo dos produtos forccedilando com isso que o processo se ajuste
agraves exigecircncias postas pela demanda das empresas (SAVIANI 2007a p3)
88
direcionada pelo mercado pelo mecanismo das chamadas ldquopedagogias das competecircnciasrdquo e ldquoda
qualidade totalrdquo que visa agrave satisfaccedilatildeo dos clientes e usa da linguagem empresarial nas escolas
afirmando que ldquoaqueles que ensinam satildeo prestadores de serviccedilo aqueles que aprendem satildeo os
clientes e a educaccedilatildeo pode ser produzida com qualidade variaacutevelrdquo O autor considera positivo
que as empresas defendam a ampliaccedilatildeo dos recursos para a educaccedilatildeo entretanto critica
veementemente as que querem se apropriar dos recursos puacuteblicos pedindo isenccedilatildeo fiscal
reduccedilatildeo de impostos perdatildeo de diacutevidas e incentivos agrave produccedilatildeo
Nesse contexto o PDEPMCTE atrelou a permanecircncia na escola agrave qualidade do ensino
e para isso instituiu o IDEB que ldquoeacute uma composiccedilatildeo do resultado dos alunos em avaliaccedilotildees
nacionais como a Prova Brasil e o Sistema de Avaliaccedilatildeo do Ensino Baacutesico (SAEB) com as
taxas de aprovaccedilatildeo e evasatildeo de cada escolardquo (SAVIANI 2007 p03) que ldquoafererdquo o desempenho
de escolas municiacutepios estados e do paiacutes e define a poliacutetica de investimento de recursos na
Educaccedilatildeo Esses dados satildeo administrados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Aniacutesio Teixeira (INEP)
O IDEB inicia a sua histoacuteria no Brasil em 2005 a partir de onde foram estabelecidas
metas bienais de qualidade a serem atingidas natildeo apenas pelo paiacutes mas tambeacutem por cada escola
municiacutepio e estado A loacutegica eacute a de que cada instacircncia federativa evolua de forma a contribuir
em conjunto para que o Brasil atinja o patamar educacional da meacutedia dos paiacuteses da Organizaccedilatildeo
para a Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econocircmico (OCDE) Isso significa progredir em termos
numeacutericos da meacutedia nacional 38 registrada em 2005 na primeira fase do ensino fundamental
para um IDEB igual a 60 em 2022 ano do bicentenaacuterio da Independecircncia do Brasil (INEP
2014)
As metas programadas do IDEB no Brasil nos anos iniciais e finais do ensino
fundamental e no ensino meacutedio no periacuteodo de 2005 a 2013 pelo Instituto Nacional de Estudos
e Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira (INEP) estatildeo expliacutecitas na tabela abaixo
89
Tabela 03 - Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica no Brasil (2005 a 2013)
Anos iniciais do ensino fundamental no Brasil
IDEB observado Metas
2005 2007 2009 2011 2013 2007 2009 2011 2013 2021
Estadual 39 43 49 51 54 40 43 47 50 61
Municipal 34 40 44 47 49 35 38 42 45 57
Privada 59 60 64 65 67 60 63 66 68 75
Puacuteblica 36 40 44 47 49 36 40 44 47 58
BRASIL 38 42 46 50 52 39 42 46 49 60
Anos finais do ensino fundamental no Brasil
2005 2007 2009 2011 2013 2007 2009 2011 2013 2021
Estadual 33 36 38 39 40 33 35 38 42 53
Municipal 31 34 36 38 38 31 33 35 39 51
Privada 58 58 59 59 60 58 60 62 65 73
Puacuteblica 32 35 37 39 40 33 34 37 41 52
BRASIL 35 38 40 41 42 35 37 39 44 55
Ensino meacutedio no Brasil
2005 2007 2009 2011 2013 2007 2009 2011 2013 2021
Estadual 30 32 34 34 34 31 32 33 36 49
Privada 56 56 56 57 54 56 57 58 60 70
Puacuteblica 31 32 34 34 34 31 32 33 36 49
BRASIL 34 35 36 37 37 34 35 37 39 52
Fonte INEP (2015)
Na avaliaccedilatildeo do INEP o Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica (IDEB)
mostra que o paiacutes ultrapassou as metas previstas para os anos iniciais (1ordm ao 5ordm ano) do ensino
fundamental em 03 pontos O IDEB nacional nessa etapa ficou em 52 enquanto em 2011
havia sido de 50 As instituiccedilotildees privadas em 2011 e 2013 natildeo atingiram as metas propostas
embora tenham apresentado no total geral das instituiccedilotildees puacuteblicas estaduais e municipais o
melhor desempenho aferido pelo IDEB
Em se tratando dos anos finais do ensino fundamental de acordo com a avaliaccedilatildeo do
INEP o paiacutes ultrapassou as metas previstas pelo IDEB de 2011 em 02 pontos poreacutem em 2013
natildeo conseguiu atingir a meta que era de 44 ficando com 02 pontos abaixo da meta
90
programada O IDEB nacional nessa etapa ficou em 42 em 2013 e nenhuma esfera conseguiu
atingir as metas propostas nem a rede puacuteblica e nem a privada
Jaacute no ensino meacutedio o IDEB na avaliaccedilatildeo do INEP demonstra que o paiacutes em 2013 natildeo
conseguiu atingir as metas propostas que era de 39 atingindo somente 37 o mesmo IDEB
observado em 2011 As metas para o IDEB nacional era de 39 e nem a rede puacuteblica e nem a
privada atingiu as metas propostas
Para o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo a avaliaccedilatildeo estaacute refletindo a realidade das unidades de
ensino isso permite identificar os pontos de estrangulamento e tomar medidas para sanaacute-los
atuando nos municiacutepios prioritaacuterios aqueles com pior desempenho no IDEB e reforccedilando neles
o apoio teacutecnico e financeiro previstos na Constituiccedilatildeo
Por outro lado Freitas (2015) questiona esse modelo de avaliaccedilatildeo proposto pelo IDEB
e afirma que esse modelo eacute uma tendecircncia internacional neoliberal que foi aplicada nos Estados
Unidos a partir do final dos anos 80 e que inclusive nesse paiacutes esse modelo de poliacutetica
puacuteblica demonstrou falecircncia e serviu apenas para abrir as portas para o sucesso da privatizaccedilatildeo
da educaccedilatildeo puacuteblica Esse mesmo reflexo se vecirc no Brasil um modelo de avaliaccedilatildeo de larga
escala nacional que deixou de ser amostral para ser censitaacuteria na tentativa de ldquoresponsabilizarrdquo
cada escola eacute o que justamente propotildee o Movimento Todos pela Educaccedilatildeo ndash a
responsabilizaccedilatildeo das redes puacuteblicas municipaisestaduais pelo sucesso ou fracasso nos
resultados ndash cabendo ao governo central (MEC) a coordenaccedilatildeo dessa poliacutetica
Nesse sentido o IDEB natildeo pode ser sinocircnimo de qualidade pois embalados pela
ldquoresponsabilizaccedilatildeordquo as escolas e os professores estatildeo sendo pressionados pelo melhor
desempenho o que tende a maquiar os iacutendices do IDEB desconsiderando a importacircncia da
aprendizagem e dos fatores extraescolares Com esses processos de padronizaccedilatildeo
metodoloacutegica as escolas estatildeo longe de conseguir explicar a realidade da qualidade da
aprendizagem
Sob o ponto de vista da implantaccedilatildeo do Plano de Metas Compromisso Todos Pela
Educaccedilatildeo (PMCTE) nos municiacutepios o Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) eacute um dos eixos
integrantes sendo um instrumento operacional de planejamento criado pelo MEC que segundo
ele facilita o planejamento da implantaccedilatildeo do regime de colaboraccedilatildeo que antes era dificultado
pela descontinuidade e troca de governos a cada eleiccedilatildeo Mas no campo da gestatildeo educacional
quais as mudanccedilas que permeiam o PAR Eacute o que seraacute visto a seguir
91
23 A GESTAtildeO EDUCACIONAL E O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS
As bases para implantaccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) foram definidas
conforme Decreto nordm 6094 de 24 de Abril de 2007 editado pela Presidecircncia da Repuacuteblica que
dispotildee sobre a implementaccedilatildeo do Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo pela
Uniatildeo em regime de colaboraccedilatildeo com Municiacutepios Distrito Federal e Estados aleacutem da
participaccedilatildeo das famiacutelias e da comunidade mediante programas e accedilotildees de assistecircncia teacutecnica
e financeira visando a mobilizaccedilatildeo social pela melhoria da qualidade da educaccedilatildeo baacutesica A
seguir seraacute visto como se estrutura e se organiza o Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) como
instrumento de planejamento proposto pelo MEC para viabilizar a poliacutetica do PDEPMCTE
O Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) estaacute na sua 3ordf versatildeo A primeira versatildeo foi
prevista para planejamento e execuccedilatildeo no periacuteodo compreendido entre 2007 e 2010 a segunda
versatildeo jaacute com algumas modificaccedilotildees que seratildeo tratadas a seguir foi planejada para o periacuteodo
de 2011 a 2014 e a terceira versatildeo receacutem-lanccedilada prevista para o periacuteodo de 2016 a 201940
Neste estudo focalizamos a dimensatildeo gestatildeo educacional nas duas primeiras versotildees do
PAR mais especificamente alguns indicadores da aacuterea gestatildeo democraacutetica Nas duas primeiras
versotildees o PAR estaacute dividido em 4 grandes dimensotildees sendo (1) a gestatildeo educacional (2) a
formaccedilatildeo de professores e dos profissionais de serviccedilo e apoio escolar (3) as praacuteticas
pedagoacutegicas e avaliaccedilatildeo e (4) infraestrutura e recursos pedagoacutegicos
Para se ter um panorama geral das duas versotildees do PAR ndash a 1ordf versatildeo do PAR (2007-
2010) e a 2ordf versatildeo do PAR (2011-2014) ndash disponibilizamos nas tabelas 4 e 5 a quantidade de
indicadores por aacuterea e dimensatildeo dispostas em cada uma delas (o detalhamento das aacutereas e
indicadores estatildeo disponiacuteveis nos anexos)
Tabela 04 ndash Quantidade de indicadores por aacuterea e dimensatildeo na 1ordf versatildeo do PAR (2007-2010)
Dimensotildees Aacutereas Indicadores
Gestatildeo educacional 5 20
A formaccedilatildeo de professores e dos profissionais de
serviccedilo e apoio escolar 5 10
Praacuteticas Pedagoacutegicas e Avaliaccedilatildeo 2 8
Infraestrutura fiacutesica e recursos pedagoacutegicos 3 14
Total de dimensotildees 04 15 52 Fonte Elaborado pelo autor a partir do manual do PAR
40 Em 01 de fevereiro de 2016 os teacutecnicos do SIMEC enviaram documento aos dirigentes do municiacutepio de
SantanaAP no qual apresentam as novas condiccedilotildees teacutecnicas para operacionalizaccedilatildeo do PAR 2016 a 2019 Esta 3ordf
versatildeo natildeo constitui objeto de anaacutelise neste trabalho
92
Tabela 05 ndash Quantidade de indicadores por aacuterea e dimensatildeo na 2ordf versatildeo do PAR (2011-2014)
Dimensotildees Aacutereas Indicadores
Gestatildeo educacional 5 28
A formaccedilatildeo de professores e dos profissionais de
serviccedilo e apoio escolar
5 17
Praacuteticas Pedagoacutegicas e Avaliaccedilatildeo 3 15
Infraestrutura Fiacutesica e recursos pedagoacutegicos 4 22
Total de dimensotildees 04 17 82 Fonte Elaborado pela autora a partir do manual do PAR
Como podemos observar nas tabelas 4 e 5 as duas versotildees possuem as mesmas
dimensotildees Jaacute em relaccedilatildeo agraves aacutereas e aos indicadores houve ampliaccedilatildeo tanto no nuacutemero de aacutereas
quanto no de indicadores pois a 1ordf versatildeo do PAR possuiacutea 15 aacutereas e 52 indicadores e a 2ordf
versatildeo apresentou 17 aacutereas e 82 indicadores Observou-se ainda em ambas as versotildees que a
maior parte dos indicadores se concentram na dimensatildeo gestatildeo educacional Houve acreacutescimo
no nuacutemero de indicadores em todas as dimensotildees Duas dimensotildees tiveram o nuacutemero de aacutereas
ampliadas ndash uma aacuterea em cada ndash sendo as dimensotildees Praacuteticas Pedagoacutegicas e Avaliaccedilatildeo e a
Infraestrutura Fiacutesica e recursos pedagoacutegicos
Para a realizaccedilatildeo da implementaccedilatildeo do PAR eacute necessaacuterio seguir uma dinacircmica que
possui trecircs etapas o diagnoacutestico da realidade da educaccedilatildeo e a elaboraccedilatildeo do plano satildeo as
duas primeiras etapas sendo que ambos estatildeo na esfera do municiacutepioestado enquanto que a
terceira etapa eacute a anaacutelise teacutecnica realizada pela Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica do Ministeacuterio
da Educaccedilatildeo e pelo FNDE Depois da anaacutelise teacutecnica o municiacutepio assina um Termo de
Cooperaccedilatildeo com o MEC do qual constam os programas aprovados e classificados segundo a
prioridade municipal O quadro a seguir detalha como se daacute as formas de execuccedilatildeo do PAR
Quadro 5 Descriccedilatildeo das atribuiccedilotildees do MEC e do Municiacutepio na execuccedilatildeo do PAR municipal
Forma de Execuccedilatildeo Descriccedilatildeo
Assistecircncia teacutecnica do MEC
O MEC oferece apoio teacutecnico para a realizaccedilatildeo da sub-accedilatildeo
seja disponibilizando recursos materiais seja
disponibilizando vagas para formaccedilatildeo Eacute preciso ficar atento
para a contrapartida do municiacutepio Por exemplo quando o
MEC oferece vagas em cursos de formaccedilatildeo e material para
os cursistas a secretaria municipal de educaccedilatildeo deve
garantir a participaccedilatildeo dos gestores escolares ou
coordenadores pedagoacutegicos assumindo o transporte
93
alimentaccedilatildeo e hospedagem quando houver atividade fora do
municiacutepio
Assistecircncia financeira do
MEC
Ministeacuterio transfere recursos financeiros (transferecircncia
voluntaacuteria) para que a secretaria municipal de educaccedilatildeo
realize a sub-accedilatildeo
Financiamento do BNDES
(Banco Nacional de
Desenvolvimento Econocircmico
e Social)
O municiacutepio pode apresentar projetos de financiamento para
o BNDES nas seguintes aacutereas construccedilatildeo ampliaccedilatildeo
adequaccedilatildeo ou reforma da secretaria municipal de educaccedilatildeo
o mobiliaacuterio e equipamentos para a secretaria municipal de
educaccedilatildeo aquisiccedilatildeo de computadores portaacuteteis com
conteuacutedo pedagoacutegicos pelo Programa um Computador por
aluno a aquisiccedilatildeo de veiacuteculo apropriado para o transporte
escolar terrestre (ocircnibus) pelo Programa Caminho da
Escola
Executada pelo Municiacutepio Quando a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo eacute a responsaacutevel
pela implementaccedilatildeo da sub-accedilatildeo Fonte Brasil (2007)
Segundo o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo a elaboraccedilatildeo do PAR no acircmbito do municiacutepio deve
contar com a participaccedilatildeo dos gestores da educaccedilatildeo teacutecnicos e educadores locais que apoiados
em um diagnoacutestico da realidade escolar permitam-lhes a anaacutelise compartilhada da gestatildeo do
sistema educacional e a partir daiacute possam propor accedilotildees para a melhoria da qualidade da
educaccedilatildeo
Entretanto esse caso eacute um exemplo de descentralizaccedilatildeocentralizaccedilatildeo das tarefas pois
como se observa nesse movimento de implantaccedilatildeo do PAR existe a descentralizaccedilatildeo por parte
do MEC para que o municiacutepio no PAR pontue a sua realidade educacional a partir da discussatildeo
com as suas equipes locais mas deve seguir ldquoa cartilhardquo do planejamento elaborado pelo MEC
ndash o PAR ndash ou seja o municiacutepio segue como um mero executor da poliacutetica imposta pelo
PMCTE cabendo ao MEC o controle gerencial das accedilotildees desenvolvidas ou natildeo pelo municiacutepio
Ainda assim com o objetivo de auxiliar na implantaccedilatildeo do PAR o MEC tomou duas
providecircncias fez parceria com 17 universidades puacuteblicas e com o Centro de Estudos e
Pesquisas em Educaccedilatildeo e Cultura e Accedilatildeo Comunitaacuteria (CENPEC) para que essas instituiccedilotildees
auxiliem as prefeituras nas tarefas de diagnoacutestico e elaboraccedilatildeo dos planos e contratou uma
equipe de consultores que foi aos municiacutepios prioritaacuterios ndash aqueles com os mais baixos no
IDEB ndash para prestar assistecircncia teacutecnica local (FNDEPAR 2012) A ideia eacute conseguir mapear
a educaccedilatildeo no paiacutes para gerenciar
Nesse contexto de ldquocompartilhamentordquo a partir do ldquoRegime de Colaboraccedilatildeordquo a
assistecircncia teacutecnica e financeira aos programas e accedilotildees educacionais dos Estados Municiacutepios e
94
do Distrito Federal ficam sob a responsabilidade do MEC sendo que para isso os entes
federados devem assinar o Termo de Adesatildeo ao Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo e sob a
responsabilidade dos estados e dos municiacutepios a elaboraccedilatildeo de um Plano de Accedilotildees Articuladas
- PAR conforme Decreto da Presidecircncia da Repuacuteblica nordm 6094 de 24 de abril de 2007
Resoluccedilotildees nordm 29 de 20 de junho de 2007 e nordm 49 de 27 de setembro de 2007-FNDEMEC
No caso da transferecircncia de recursos o municiacutepio precisa assinar um convecircnio que eacute analisado
para aprovaccedilatildeo a cada ano (BRASIL 2013)
Para o preenchimento do PAR o MEC faz um documento que orienta os gestores
municipais de educaccedilatildeo a proceder o preenchimento no sistema SIMEC Os indicadores de cada
dimensatildeo no PAR satildeo pontuados de forma detalhada no Instrumento de Campo enviado pelo
MEC de acordo com situaccedilotildees variadas de cada realidade educacional local e correspondem a
quatro niacuteveis A metodologia adotada utiliza apenas criteacuterios de pontuaccedilatildeo entre 1 2 3 ou 4
As indicaccedilotildees descritas no Instrumento de Campo do MEC fazem parte de um diagnoacutestico e a
partir dele desenvolvem um conjunto de accedilotildees que servem de esteio para a elaboraccedilatildeo do PAR
local
A pontuaccedilatildeo 4 deve ser atribuiacuteda quando haacute uma situaccedilatildeo plenamente positiva natildeo
sendo permitidas ressalvas negativas no instrumento Jaacute a pontuaccedilatildeo 3 descreve uma situaccedilatildeo
satisfatoacuteria mas comporta ressalvas negativas desde que estas natildeo sejam do ponto de vista
quantitativo superiores aos aspectos positivos A pontuaccedilatildeo 2 descreve uma situaccedilatildeo
insuficiente e por isso aponta mais aspectos negativos do que positivos A pontuaccedilatildeo 1 deve
ser atribuiacuteda quando se defronta com uma situaccedilatildeo criacutetica ou seja haacute somente aspectos
negativos ou uma situaccedilatildeo inexistente Eacute possiacutevel tambeacutem atribuir a um dado indicador a
condiccedilatildeo de NSA (natildeo se aplica) quando a equipe local responsaacutevel pela elaboraccedilatildeo do PAR
depara-se com ausecircncia de informaccedilatildeo ou quando a descriccedilatildeo contida no Instrumento
encaminhado pelo MEC natildeo condiz com a realidade local (BRASIL 2008)
Quando algum indicador recebe a pontuaccedilatildeo 1 ou 2 o sistema gera de forma
automaacutetica uma mensagem de alerta indicando que a nota estaacute baixa Tal situaccedilatildeo requer
necessariamente o planejamento e cadastro imediato de accedilotildees com demandas claras a fim de
reverter a condiccedilatildeo negativa desse indicador Somente os indicadores que receberam a
pontuaccedilatildeo 1 e 2 podem gerar accedilotildees Tais accedilotildees podem contar com apoio financeiro eou teacutecnico
do MEC (BRASIL 2008 BRASIL 2009)
95
Quadro 6 Descriccedilatildeo dos documentos orientadores para elaboraccedilatildeo do PAR
Documento Descriccedilatildeo
Indicadores Demograacuteficos e
Educacionais (IDE)
Composto por um conjunto de tabelas que apresentam dados
demograacuteficos e educacionais para cada Municiacutepio Estado e
Distrito Federal Seu objetivo principal consiste em auxiliar
os entes federados a conhecerem melhor o perfil de suas
respectivas redes de ensino e populaccedilotildees As informaccedilotildees satildeo
populaccedilatildeo taxa de escolarizaccedilatildeo IDEB nuacutemero de escolas
de matriacuteculas de funccedilotildees docentes entre outros
Legislaccedilatildeo - Bases Legais
Alguns documentos que deveratildeo ser utilizados como
referecircncia o Plano Nacional de Educaccedilatildeo (PNE) os Planos
Estadual e Municipal de Educaccedilatildeo (quando houver) o Plano
de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo (PDE) do Ministeacuterio da
Educaccedilatildeo e o Decreto 6094 de 24 de abril de 2007 que
dispotildee sobre a implementaccedilatildeo do Plano de Metas
Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo As Resoluccedilotildees do
FNDE que estabelecem os criteacuterios os paracircmetros e os
procedimentos para a operacionalizaccedilatildeo da assistecircncia
financeira suplementar e voluntaacuteria a projetos educacionais
no acircmbito do Plano de Metas do PDE
Questotildees Pontuais
Como parte integrante do diagnoacutestico da situaccedilatildeo educacional
local o municiacutepio informa sobre itens que satildeo de grande
relevacircncia na construccedilatildeo da qualidade do ensino Esses itens
aparecem no sistema como ldquoQuestotildees Pontuaisrdquo em um total
de 15 questotildees
Fonte (BRASIL 2013)
Para a implantaccedilatildeo o monitoramento e a avaliaccedilatildeo do PAR nos estados e municiacutepios
as orientaccedilotildees estatildeo descritas nas resoluccedilotildees do FNDE nordm 29 e nordm 49 de 2007 que indicam a
possibilidade de consultoria disponibilizada pelo MEC e que o PAR seraacute elaborado em regime
de colaboraccedilatildeo com dirigentes e teacutecnicos dos entes da federaccedilatildeo aderentes configurando-se
base para a celebraccedilatildeo dos convecircnios de assistecircncia financeira a projetos educacionais pelo
FNDEMEC Tais documentos ainda observam que apoacutes concluiacuteda a accedilatildeo desenvolvida in loco
a equipe de consultores do MEC apresenta o PAR constituiacutedo dos seguintes itens a)
Diagnoacutestico do Contexto Educacional b) Accedilotildees a serem implementadas e os respectivos
resultados e c) metas a atingir para o desenvolvimento do IDEB
O Monitoramento da execuccedilatildeo do convecircnio e das metas fixadas na Adesatildeo ao
Compromisso seraacute feito com base em relatoacuterios teacutecnicos e visitas in loco A avaliaccedilatildeo do
cumprimento das metas de aceleraccedilatildeo do desenvolvimento da educaccedilatildeo constantes do Plano
96
de Accedilotildees Articuladas (PAR) dos municiacutepios brasileiros em niacutevel nacional seraacute realizada pelo
MEC sendo que essa avaliaccedilatildeo deveraacute ser composta por um projeto amplo envolvendo
parcerias com a Uniatildeo Nacional de Dirigentes Municipais de Educaccedilatildeo (UNDIME) Conselho
dos Secretaacuterios Estaduais de Educaccedilatildeo (CONSED) Uniatildeo Nacional dos Conselhos Municipais
de Educaccedilatildeo (UNCME) Foacuterum Nacional dos Conselhos Estaduais de Educaccedilatildeo Instituiccedilotildees
de Ensino Superior e outros oacutergatildeos de representaccedilatildeo ou entidades especializadas para este fim
Esse monitoramento ldquofaz parte da estrateacutegia de organizaccedilatildeo acompanhamento e
avaliaccedilatildeo das metas relacionadas ao apoio teacutecnico do MEC e das accedilotildees executadas diretamente
pelo municiacutepio bem como o traccedilado de novas estrateacutegiasrdquo (CAMINI p 543 2010) Em niacutevel
municipal o monitoramento eacute realizado pelo Comitecirc Local do Compromisso que eacute o
responsaacutevel pelo acompanhamento da execuccedilatildeo do PAR no municiacutepio Tal acompanhamento
requer o preenchimento das condiccedilotildees de desenvolvimento das accedilotildees diretamente no moacutedulo
teacutecnico-operacional no Sistema Integrado de Acompanhamento das Accedilotildees do MEC (SIMEC)
De acordo com Camini (2010) o relatoacuterio do monitoramento eacute tomado como base na
avaliaccedilatildeo dos progressos e das limitaccedilotildees da Uniatildeo e dos municiacutepios e eacute por assim dizer um
termocircmetro para anaacutelise e revisatildeo das accedilotildees propostas para atingir as metas do PAR Para o
MEC o monitoramento eacute parte do processo de planejamento pois possibilita o levantamento
de elementos que podem vir a subsidiar a reflexatildeo o debate e possiacuteveis mudanccedilas das
estrateacutegias de intervenccedilatildeo em torno da situaccedilatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio Dessa forma o
processo de acompanhamento e avaliaccedilatildeo do PAR
() revela-se necessaacuterio para a qualificaccedilatildeo de uma poliacutetica governamental Envolve
a ideia de controle social contribuindo inclusive para assegurar o melhor uso e
transparecircncia na aplicaccedilatildeo dos recursos educacionais Nesse sentido o
acompanhamento e a avaliaccedilatildeo satildeo entendidos como medidas para maior
responsabilizaccedilatildeo aprendizado accedilatildeo pedagoacutegica reafirmaccedilatildeo da poliacutetica puacuteblica
troca de informaccedilotildees fornecimento de orientaccedilotildees formaccedilatildeo permanente das equipes
e do Comitecirc Para isso destaca-se a importacircncia da articulaccedilatildeo dos foacuteruns jaacute
existentes (conselhos constituiacutedos) no sentido de superar limitaccedilotildees no seu
funcionamento as quais podem ser debitadas agrave falta de cultura de participaccedilatildeo
existente na sociedade em consequecircncia dos curtos periacuteodos de democracia
experimentados ateacute hoje no Brasil mas fundamentalmente resultam das praacuteticas de
gestatildeo autoritaacuterias e centralizadoras de poder (CAMINI 2010 p 544 grifos meus)
No caso de municiacutepios ou estados inadimplentes natildeo conseguirem cumprir com os
compromissos assumidos o MEC propotildee que sejam redimensionadas as accedilotildees com vistas a natildeo
comprometer os resultados do alcance das metas A autora chama a atenccedilatildeo para a participaccedilatildeo
dos conselhos de controle social que satildeo convocados no plano como metas a serem cumpridas
para dar transparecircncia e compartilhar as responsabilidades com a sociedade civil como forma
97
de consolidar a poliacutetica implantada sob o aval da sociedade Embora essa proposta de
participaccedilatildeo e democratizaccedilatildeo esteja permeada de accedilotildees gerenciais
231 A Dimensatildeo Gestatildeo Democraacutetica no Plano de Accedilotildees Articuladas
A Dimensatildeo Gestatildeo Educacional no Plano de Accedilotildees Articuladas estaacute presente nas duas
versotildees do PAR No PAR (1ordf versatildeo) a dimensatildeo 1 Gestatildeo Educacional estaacute dividida em cinco
aacutereas a saber (1) Gestatildeo democraacutetica articulaccedilatildeo e desenvolvimento dos sistemas de ensino
(2) Desenvolvimento da educaccedilatildeo baacutesica accedilotildees que visem agrave sua universalizaccedilatildeo agrave melhoria da
qualidade do ensino e da aprendizagem assegurando a equidade nas condiccedilotildees de acesso e
permanecircncia e conclusatildeo na idade adequada (3) Comunicaccedilatildeo com a sociedade (4) Suficiecircncia
e estabilidade da equipe escolar e (5) Gestatildeo de financcedilas Cada aacuterea estaacute desmembrada em
indicadores de atuaccedilatildeo
O quadro 7 apresenta um panorama geral da Dimensatildeo 1 (Gestatildeo Educacional) nas suas
5 Aacutereas e seus 20 Indicadores do 1ordm PAR
Quadro 7 - Dimensatildeo 1 Gestatildeo Educacional (1ordf versatildeo do PAR)
DIMENSAtildeO 1 GESTAtildeO EDUCACIONAL
Aacutereas Indicadores
1 Gestatildeo Democraacutetica
Articulaccedilatildeo e
Desenvolvimento dos
Sistemas de Ensino
1Existecircncia de Conselhos Escolares (CE)
2 Existecircncia composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho Municipal de
Educaccedilatildeo
3 Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar ndash
CAE
4 Existecircncia de Projeto Pedagoacutegico (PP) nas escolas e grau de
participaccedilatildeo dos professores e do CE na elaboraccedilatildeo dos mesmos
de orientaccedilatildeo da SME e de consideraccedilatildeo das especificidades de
cada escola
5 Criteacuterios para escolha da Direccedilatildeo Escolar
6 Existecircncia acompanhamento e avaliaccedilatildeo do Plano Municipal
de Educaccedilatildeo (PME) desenvolvido com base no Plano Nacional
de Educaccedilatildeo ndash PNE
7 Plano de Carreira para o magisteacuterio
8 Estaacutegio probatoacuterio efetivando os professores e outros
profissionais da educaccedilatildeo e
9 Plano de Carreira dos Profissionais de serviccedilo e apoio escolar
2 Desenvolvimento da
Educaccedilatildeo Baacutesica accedilotildees
que visem a sua
universalizaccedilatildeo a
melhoria das condiccedilotildees
de qualidade da
1 Implantaccedilatildeo e organizaccedilatildeo do Ensino Fundamental de 09
anos
2 Existecircncia de atividades no contraturno
3 Divulgaccedilatildeo e anaacutelise dos resultados das avaliaccedilotildees oficiais do
MEC
98
educaccedilatildeo assegurando a
equidade nas condiccedilotildees
de acesso e permanecircncia e
conclusatildeo na idade
adequada
3 Comunicaccedilatildeo com a
Sociedade
1 Existecircncia de parcerias externas para realizaccedilatildeo de atividades
complementares
2 Existecircncia de parcerias externas para execuccedilatildeoadoccedilatildeo de
metodologias especiacuteficas
3 Relaccedilatildeo com a comunidade Promoccedilatildeo de atividades e
utilizaccedilatildeo da escola como espaccedilo comunitaacuterio
4 Manutenccedilatildeo ou recuperaccedilatildeo de espaccedilos e equipamentos
puacuteblicos da cidade que podem ser utilizados pela comunidade
escolar
4 Suficiecircncia e
estabilidade da equipe
escolar
1 Quantidade de professores suficiente
2 Caacutelculo anualsemestral do nuacutemero de remoccedilotildees e
substituiccedilotildees de professores
5 Gestatildeo de Financcedilas
1 Cumprimento do dispositivo constitucional de
vinculaccedilatildeo dos recursos da educaccedilatildeo e
2 Aplicaccedilatildeo dos recursos de redistribuiccedilatildeo e
complementaccedilatildeo do FUNDEB
Total de aacutereas 05 Total de indicadores 20 Fonte PARBrasil (2007)
Jaacute na 2ordf versatildeo do PAR disposto no quadro 8 a Dimensatildeo 1 (Gestatildeo Educacional)
tambeacutem estaacute composta por 5 aacutereas e passa a ter 28 indicadores As aacutereas da dimensatildeo 1 satildeo as
seguintes (1) Gestatildeo democraacutetica articulaccedilatildeo e desenvolvimento dos sistemas de ensino (2)
Gestatildeo de Pessoas (3) Conhecimento e utilizaccedilatildeo de informaccedilatildeo (4) Gestatildeo de Financcedilas e (5)
Comunicaccedilatildeo e interaccedilatildeo com a sociedade
Quadro 8 - Dimensatildeo 1 Gestatildeo Educacional (2ordf versatildeo do PAR)
DIMENSAtildeO 1 GESTAtildeO EDUCACIONAL
Aacutereas Indicadores
1 Gestatildeo Democraacutetica
Articulaccedilatildeo e
Desenvolvimento dos
Sistemas de Ensino
1 Existecircncia acompanhamento e avaliaccedilatildeo do Plano
Municipal de Educaccedilatildeo (PME) desenvolvido com base no
PNE
2 Existecircncia composiccedilatildeo competecircncia e atuaccedilatildeo do CME
3 Existecircncia e funcionamento de Conselhos Escolares (CE)
4 Existecircncia de Projeto Pedagoacutegico (PP) nas escolas
inclusive nas de alfabetizaccedilatildeo de jovens e adultos (AJA) e de
EJA participaccedilatildeo dos professores e do conselho escolar na
sua elaboraccedilatildeo orientaccedilatildeo da secretaria municipal de
educaccedilatildeo e de consideraccedilatildeo das especificidades de cada
escola
5 Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho do FUNDEB
99
6 Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de Alimentaccedilatildeo
Escolar (CAE) e
7 Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromisso
2 Gestatildeo de Pessoas
1 Quadro de servidores da secretaria municipal de educaccedilatildeo
(SME)
2 Criteacuterios para a escolha de diretor escolar
3 Presenccedila de coordenadores ou supervisores pedagoacutegicos
nas escolas
4 Quadro de professores
5 Estaacutegio probatoacuterio efetivando os professores e outros
profissionais da educaccedilatildeo
6 Plano de carreira do magisteacuterio
7 Plano de carreiras dos profissionais de serviccedilo e apoio
escolar
8 Piso salarial nacional do professor e
9 Existecircncia de professores para o exerciacutecio da funccedilatildeo
docente no atendimento educacional especializado (AEE)
complementar ao ensino regular Existecircncia de professores
para o exerciacutecio da funccedilatildeo docente AEE complementar ao
ensino regular
3 Conhecimento e utilizaccedilatildeo
de informaccedilatildeo
1 Existecircncia de um sistema informatizado de gestatildeo escolar
que integre a rede municipal de ensino
2 Conhecimento da situaccedilatildeo das escolas da rede
3 Conhecimento e utilizaccedilatildeo de dados de analfabetismo e
escolaridade de jovens e adultos
4 Acompanhamento e registro da frequecircncia dos alunos
beneficiados pelo Programa Bolsa Famiacutelia (PBF)
5 Existecircncia e monitoramento do acesso e permanecircncia de
pessoas com deficiecircncia de 0 a 18 anos beneficiaacuterias do
Benefiacutecio da Prestaccedilatildeo Continuada (BPC) e
6 Formas de registro da frequecircncia
4 Gestatildeo de Financcedilas
1 Existecircncia de equipe gestora capacitada para o
gerenciamento dos recursos para a educaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo
do Sistema de Informaccedilotildees sobre Orccedilamentos Puacuteblicos
em Educaccedilatildeo (SIOPE) e
2 Cumprimento do dispositivo constitucional de
vinculaccedilatildeo dos recursos da educaccedilatildeo
3 Aplicaccedilatildeo dos recursos de redistribuiccedilatildeo e
complementaccedilatildeo do FUNDEB
5 Comunicaccedilatildeo e interaccedilatildeo
com a sociedade
1 Divulgaccedilatildeo e anaacutelise dos resultados das avaliaccedilotildees do
MEC
2 Existecircncia de parcerias externas para a realizaccedilatildeo de
atividades complementares que visem a formaccedilatildeo integral dos alunos e
3 Relaccedilatildeo com a comunidadepromoccedilatildeo de atividades e
utilizaccedilatildeo da escola como espaccedilo comunitaacuterio
Total de aacutereas 05 Total de indicadores 28 Fonte PARBrasil (2011)
100
As aacutereas e indicadores dessa dimensatildeo 1 (Gestatildeo Educacional) em muitos casos foram
alteradas de uma versatildeo para outra Faremos um recorte a respeito da aacuterea 1 (Gestatildeo
Democraacutetica) que eacute o principal objeto desse estudo
Analisando as duas versotildees observou-se uma diminuiccedilatildeo de indicadores na aacuterea 1
(Gestatildeo Democraacutetica) de 9 na 1ordf versatildeo para 7 na 2ordf versatildeo Dessa forma as alteraccedilotildees
revelaram na aacuterea 1 (Gestatildeo Democraacutetica) da 2ordf versatildeo a presenccedila de dois novos indicadores
o Conselho do FUNDEB e o Comitecirc Local do Compromisso que podem ajudar a fortalecer o
Controle Social Ainda foi observado o remanejamento de 4 indicadores da aacuterea 1 (Gestatildeo
Democraacutetica) da 1ordf versatildeo para a aacuterea 2 (Gestatildeo de Pessoas) da 2ordf versatildeo do PAR sendo eles
Criteacuterios para escolha da Direccedilatildeo Escolar Plano de Carreira para o magisteacuterio Estaacutegio
probatoacuterio efetivando os professores e outros profissionais da educaccedilatildeo e Plano de Carreira
dos Profissionais de serviccedilo e apoio escolar
A aacuterea da Gestatildeo Democraacutetica observada a intenccedilatildeo de cada indicador remete-nos agrave
compreensatildeo da necessidade da construccedilatildeo de processos formativos de participaccedilatildeo da
sociedade civil nos processos de compartilhamento de poder e na conquista da autonomia na
tomada de decisotildees em relaccedilatildeo a educaccedilatildeo Para isso eacute necessaacuterio a iniciativa implantaccedilatildeo e
funcionamento dos conselhos de controle social para que atinja os objetivos o qual se propotildee
Nesse sentido o MEC (2011) sugere uma que ldquoequipe localrdquo seja composta pelas
pessoas que elaboram implementam e monitoram a execuccedilatildeo do PAR enquanto o ldquocomitecirc
localrdquo fica encarregado da mobilizaccedilatildeo da sociedade e do acompanhamento das metas de
evoluccedilatildeo do IDEB A equipe teacutecnica local deve entatildeo proceder o diagnoacutestico atribuindo as
pontuaccedilotildees com base nos documentos orientados pelo MEC e de acordo com a realidade
educacional local
Segundo o MEC (2013) a ldquoEquipe Localrdquo e o ldquoComitecirc Localrdquo satildeo experiecircncias de
participaccedilatildeo democraacutetica que orientam e fortalecem a gestatildeo da educaccedilatildeo baacutesica puacuteblica em
cada municiacutepio brasileiro constituindo-se num aprendizado coletivo dos processos decisoacuterios
a serem enfrentados pela populaccedilatildeo Vale ressaltar que a equipe local natildeo deve ser confundida
com o comitecirc local O ideal eacute que a ldquoequipe localrdquo e ldquocomitecirc localrdquo sejam compostos por
membros distintos com exceccedilatildeo do (a) dirigente municipal de educaccedilatildeo que iraacute compor ambos
O municiacutepio pode convidar os segmentos da sociedade que considerar importantes e todos os
membros da equipe devem participar ativamente do planejamento frisando-se que uma equipe
local para elaboraccedilatildeo do PAR natildeo poderaacute ser composta por somente duas pessoas (MEC 2011)
A Equipe Local pode contemplar a presenccedila dos seguintes segmentos dirigente
municipal de educaccedilatildeo teacutecnicos da secretaria municipal de educaccedilatildeo representante dos
101
diretores de escola representante dos professores da zona urbana representante dos professores
da zona rural representante dos coordenadores ou supervisores escolares representante do
quadro teacutecnico-administrativo das escolas representante dos conselhos escolares e
representante do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (quando houver) O municiacutepio pode
convidar outros segmentos que considerar importante e todos os membros da equipe devem
participar ativamente do planejamento
O Comitecirc Local tem um papel essencialmente mobilizador e de acompanhamento das
accedilotildees e das metas sendo sua composiccedilatildeo ampliada para aleacutem das organizaccedilotildees educacionais
Para a participaccedilatildeo no comitecirc recomenda-se oacutergatildeos e entidades que compotildeem a sociedade civil
tais como o Ministeacuterio Puacuteblico os sindicatos a Cacircmara Municipal as associaccedilotildees de
moradores as ONGs os Conselhos as Igrejas e a populaccedilatildeo em geral Do ponto de vista
administrativo para a constituiccedilatildeo da Equipe Local natildeo eacute necessaacuterio um ato legal com
publicaccedilatildeo de portaria no Diaacuterio Oficial do municiacutepio Contudo para a criaccedilatildeo do Comitecirc Local
do Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo sua instituiccedilatildeo e composiccedilatildeo devem ser feitos por meio
de ato legal publicado no Diaacuterio Oficial do municiacutepio (MEC 2013) Natildeo se deve portanto
confundi-lo com a equipe local
Finalmente apoacutes a apresentaccedilatildeo desse capiacutetulo que tratou de instrumentalizar o
funcionamento do PAR a partir da compreensatildeo da poliacutetica educacional que o concebeu
enfatizadas no Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo e no Plano de Metas Compromisso
Todos pela Educaccedilatildeo far-se-aacute um estudo especiacutefico na rede municipal de educaccedilatildeo de Santana-
Amapaacute no qual seis indicadores da aacuterea gestatildeo democraacutetica foram definidos com o objetivo de
analisar as implicaccedilotildees do 1ordm e do 2ordm PAR para a gestatildeo educacional no municiacutepio O proacuteximo
capiacutetulo se ocuparaacute de analisar tais indicadores
102
3 A GESTAtildeO EDUCACIONAL NO CONTEXTO DO PLANO DE ACcedilOtildeES
ARTICULADAS NO MUNICIacutePIO DE SANTANAAMAPAacute
A anaacutelise das implicaccedilotildees do PAR para a poliacutetica de gestatildeo educacional no municiacutepio
de Santana natildeo pode prescindir de uma anaacutelise preliminar das condiccedilotildees concretas em que se
desenvolve tal poliacutetica Nesta perspectiva o presente capiacutetulo traz primeiramente uma
abordagem do contexto histoacuterico social econocircmico e educacional do municiacutepio de Santana no
Amapaacute Em seguida apresentamos as condiccedilotildees materiais que poderatildeo viabilizar a efetivaccedilatildeo
da poliacutetica educacional ou seja a gestatildeo educacional e como parte dessa gestatildeo o
financiamento da educaccedilatildeo Apresentaremos tambeacutem as anaacutelises dos indicadores de gestatildeo
democraacutetica presentes no municiacutepio e definidos na metodologia da pesquisa sendo eles
Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar Conselho Escolar Conselho Municipal de Educaccedilatildeo
Conselho do FUNDEB Comitecirc Local do Compromisso Sindicato e Gestores da rede municipal
de ensino de Santana sobre as implicaccedilotildees do Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) para a gestatildeo
da educaccedilatildeo a partir do diagnoacutestico educacional dos indicadores
31 CONTEXTO HISTOacuteRICO ASPECTOS SOCIOECONOcircMICO E DADOS GERAIS DO
MUNICIacutePIO DE SANTANA ndash AMAPAacute
Figura 01 Vista do municiacutepio de Santana-Amapaacute
Fonte memorial-stnblogspotcombr (consultado em maio de 2015)
103
311 Santana cidade portuaacuteria do Amapaacute
A histoacuteria do municiacutepio de Santana no Estado do Amapaacute em muitos aspectos
aproxima-se do que ocorrera com a capital do estado o municiacutepio de Macapaacute no sentido de
que quando o governador do Estado do Gratildeo-Paraacute e Maranhatildeo (capitatildeo-general Mendonccedila
Furtado) fundou a vila de Satildeo Joseacute de Macapaacute no dia 4 de fevereiro de 1758 prosseguiu viagem
para a capitania de Satildeo Joseacute do Rio Negro e deparou-se com a ilha de Santana situada agrave
margem esquerda do rio Amazonas elevando-a agrave categoria de povoado
Os primeiros habitantes eram moradores de origem europeia principalmente
portugueses mesticcedilos vindos do Paraacute e iacutendios da naccedilatildeo tucujus Estes uacuteltimos vindos de
aldeamentos originaacuterios do rio Negro eram chefiados por Francisco Portilho de Melo que fugia
das autoridades fiscais paraenses em decorrecircncia de estar atuando no comeacutercio clandestino
Francisco Portilho de Melo foi o primeiro desbravador da ilha de Santana aleacutem de foragido da
lei era um escravocrata e portanto exigia respeito das tribos que dominava Apesar de ser
por muito tempo perseguido pelas autoridades lusitanas Portilho recebia apoio dos mercados
de Beleacutem logicamente interessados no traacutefico de matildeo-de-obra nativa Aproveitando-se disto ndash
e da viagem de demarcaccedilatildeo e estabelecimento da capitania do Rio Negro realizada por
Mendonccedila Furtado (1758) ndash e ao mesmo tempo tentando melhorar sua imagem resolveu
cooperar com Mendonccedila Furtado (governador do Gratildeo-Paraacute e Maranhatildeo) dando-lhe
informaccedilotildees preciosas sobre a Amazocircnia que ele tatildeo bem conhecia
De sua alianccedila com Mendonccedila Furtado obteve o tiacutetulo de Capitatildeo e Diretor do povoado
de Santana Em troca teria de remanejar aproximadamente quinhentos silviacutecolas mais
conhecidos por tucuju com matildeo-de-obra escrava e barata para a construccedilatildeo da Fortaleza de Satildeo
Joseacute de Macapaacute que estavam na eacutepoca sob sua guarda e chefia Em caso contraacuterio teria que
importar da Europa a custos altiacutessimos Com esse acordo o governador do Estado do Gratildeo-
Paraacute e Maranhatildeo deu continuidade ao projeto de construccedilatildeo da Fortaleza de Satildeo Joseacute de Macapaacute
e ampliou a produccedilatildeo agriacutecola Este fato provocou bastante insatisfaccedilatildeo por parte dos iacutendios
que tiveram de se afastar de seu habitat natural e enfrentar condiccedilotildees bastante prejudiciais a sua
vida e a sua cultura
Concentrando-se na ilha de Santana Portilho de Melo conviveu com a reduccedilatildeo bastante
acentuada da forccedila de trabalho Muitos iacutendios fugiram esconderam-se ou simplesmente
desapareceram outros morreram em consequecircncia dos maus-tratos e doenccedilas tropicais
104
Figura 02 Monumento em homenagem a Santa Ana na entrada do municiacutepio
Fonte memorial-stnblogspotcombr (consultado em maio de 2015)
Fonte Foto extraiacuteda do site httpwwwcidade-brasilcombrmunicipio-santanahtml
O nome ldquoSantanardquo eacute uma homenagem a Nossa Senhora de SantrsquoAna de quem os
europeus e seus descendentes entre eles Francisco Portilho eram devotos
Santana foi elevado agrave categoria de municiacutepio atraveacutes do Decreto-Lei Nordm 7369 de 17 de
dezembro de 1987 Haroldo da Silva Oliveira era o agente distrital de Santana no periacuteodo junho
de 1986 a 07 de julho de 1988 O municiacutepio de Santana teve o seu primeiro prefeito nomeado
com mandato de 8 de julho a 31 de dezembro de 1988 Apoacutes as eleiccedilotildees que ocorreram ainda
em 1988 o prefeito eleito Rosemiro Rocha Freires pelo voto direto tomou posse para o
mandato para o periacuteodo de (1989-1992)
O municiacutepio de Santana tem atualmente como prefeito o Sr Robson Santana Rocha Freires
(2013-2016) do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) que durante a eleiccedilatildeo em 2012 coligou com o
Partido dos Democratas (DEM) e obteve 4178 sendo o 7ordm prefeito de Santana O atual prefeito
Robson Rocha eacute filho do primeiro prefeito eleito do municiacutepio de Santana que governou Santana
por dois mandatos o Sr Rosemiro Rocha Freires41 eacute tambeacutem irmatildeo da deputada estadual Elizamira
do Socorro Arraes Freires (Mira Rocha) eleita em 2015 para o terceiro mandato42
41O Sr Rosemiro Rocha Freires foi eleito para governar o municiacutepio de Santana nos periacuteodos (1989-1992) e (2001-2004)
No municiacutepio de Santana nessa eacutepoca natildeo havia reeleiccedilatildeo E nos periacuteodos entre (1993-1996) e (1997-2000) que natildeo
podia ser reeleito o Sr Rosemiro Rocha Freires foi deputado estadual (SANTANA 2016) 42Mira Rocha foi eleita como deputada estadual nas legislaturas V (2007-2011) VI (2011-2015) e VII (2015-
2019) (ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO AMAPAacute 2016)
105
312 Santana Localizaccedilatildeo e condiccedilotildees geograacuteficas
O municiacutepio de Santana fica a 16 km de Macapaacute capital do Estado com quem faz uma
conurbaccedilatildeo formando a Regiatildeo Metropolitana de Macapaacute Localiza-se no sul do Estado faz
limites com os municiacutepios de Macapaacute Mazagatildeo e Porto Grande A sede ndash Santana ndash fica agraves
margens do lado esquerdo do Rio Amazonas43 com uma aacuterea de 159970 km2 possui ainda
em 2009 as seguintes comunidades e distritos Ilha de Santana Igarapeacute da Fortaleza Igarapeacute
do Lago Anauerapucu Piaccedilacaacute e Pirativa
Dadas as condiccedilotildees geograacuteficas adequadas ao escoamento industrial e comercial via
fluvial foi escolhido o Canal Norte do Rio Amazonas que pela sua profundidade propicia faacutecil
navegabilidade aos navios de grande calado e por se tratar de uma cidade portuaacuteria foi
construiacutedo em Santana um cais flutuante que acompanha o movimento das mareacutes pela sua
profundidade e faacutecil navegabilidade permitindo assim o acesso de navios cargueiros de grande
porte
Figura 03 Localizaccedilatildeo do municiacutepio de Santana no Figura 04 Localizaccedilatildeo Estrateacutegica do Porto
Estado do Amapaacute para a exportaccedilatildeo para outros paiacuteses
As imagens acima demonstram a localizaccedilatildeo do municiacutepio de Santana e do Porto de
Santana bem como o seu faacutecil acesso ao canal norte e ao oceano atlacircntico para a importaccedilatildeo e
43 O Rio Amazonas eacute o maior rio em volume de aacutegua do mundo com 6516 km de comprimento nasce nos Andes
Peruanos e percorre pela floresta amazocircnica na Regiatildeo Norte do Brasil o Rio Amazonas tem um quinto do
suprimento de aacutegua doce do mundo
106
exportaccedilatildeo de mercadorias para paiacuteses industrializados do Ocidente e Oriente como a Europa
Estados Unidos e Japatildeo
Como atraccedilotildees turiacutesticas no municiacutepio satildeo conhecidas o porto de embarque e desembarque
de produtos importados cavacos de pinho e a ilha de Santana esta fica do outro lado da cidade que
tem inclusive alguns balneaacuterios agrave margem dos rios bastante frequentados aos finais de semana Haacute
em Santana vaacuterios rios e Igarapeacutes os rios mais importantes satildeo Amazonas Matapi Maruanum
Tributaacuterio Piassacaacute Vila Nova Igarapeacute do Lago e Igarapeacute da Fortaleza
313 A exportaccedilatildeo de mineacuterios da Amazocircnia Amapaense
Com a descoberta das jazidas de manganecircs no municiacutepio de Serra do Navio-AP pelo
caboclo Maacuterio Cruz e posteriormente a abertura de concorrecircncia puacuteblica para a concessatildeo de
exploraccedilatildeo de mineacuterio em que saiu vitoriosa a Induacutestria e Comeacutercio de Mineacuterios (ICOMI) para
explorar o mineacuterio por cinquenta anos (1947-1997) Serra do Navio e Santana experimentaram
um crescimento populacional significativo com a instalaccedilatildeo da empresa ICOMI para a
exploraccedilatildeo de manganecircs em Serra do Navio e a construccedilatildeo do Porto em Santana para a sua
exportaccedilatildeo
O relatoacuterio do Observatoacuterio Nacional sobre a ICOMI no Amapaacute (2003) afirmou acerca
do manganecircs que tratava-se de um mineral relativamente escasso e naquela eacutepoca foram
estabelecidas contrapartidas do setor privado pela exploraccedilatildeo daquela mina A perspectiva de
operaccedilatildeo da empresa e os termos do arrendamento eram apontados no discurso oficial e de
amplos setores da sociedade como fundamentais para o desenvolvimento do Amapaacute
(OBSERVATOacuteRIO NACIOCIAL 2003)
Por outro lado Luxemburgo (1988) revela que as empresas capitalistas principalmente
as multinacionais especialmente na virada do seacuteculo XIX para o seacuteculo XX quando a
acumulaccedilatildeo de capital expandiu-se buscaram cada vez mais as mateacuterias-primas como base
material da mais-valia Para a autora eacute nas sociedades que ela conceitua de economia natural
que se encontra em maior quantidade essa base material das forccedilas produtivas ldquoEacute o caso por
exemplo da terra com suas riquezas minerais seus prados bosques e forccedilas hidraacuteulicas enfim
dos rebanhos dos povos primitivos dedicados ao pastoreiordquo (1988 p 319) Eacute o caso que temos
observado da realidade saqueada natildeo soacute do Amapaacute mas de toda a Amazocircnia por empresas
estrangeiras
107
Dessa forma os acordos poliacuteticos e mercadoloacutegicos levavam agraves concessotildees em que
tinham como objetivo principal atender as necessidades operacionais do mercado No contrato
de concessatildeo e em sucessivos outros contratos firmados estava aleacutem do direito a exploraccedilatildeo
pela empresa a construccedilatildeo de um porto em Santana uma ferrovia de 200 km de extensatildeo que
ligasse Santana a Serra do Navio (ICOMI 1960)
Com a Guerra Fria44 a Uniatildeo Sovieacutetica bloqueou a exportaccedilatildeo de manganecircs para os
Estados Unidos E a reserva de mineacuterios no Amapaacute passou a ser vista como estrateacutegica para os
americanos Poreacutem alguns entraves de infraestrutura como acesso as minas e a exportaccedilatildeo
foram identificados e seria necessaacuterio um investimento muito alto de recursos que dificilmente
fosse encontrado no Brasil
A proacutepria presidecircncia da repuacuteblica entatildeo ocupada por Getuacutelio Vargas a propoacutesito da
obtenccedilatildeo de financiamento para a ICOMI declarava em 1953 que o projeto era
ldquoeconomicamente vantajoso do ponto de vista nacionalrdquo (ICOMI 1972 2) tanto que o
Congresso Nacional autorizou o governo federal a dar garantia do Tesouro Nacional a
empreacutestimo ateacute o montante principal de 35 milhotildees de doacutelares americanos ndash em valores de 1953
mdash a ser contraiacutedo pela ICOMI no International Bank for Reconstruction and Devellopment
(OBSERVATOacuteRIO NACIONAL 2003) O creacutedito colocado agrave disposiccedilatildeo da empresa ateacute o
limite de US$ 675 milhotildees mdash em valores de 1953 mdash foi superior ao que a empresa necessitava
para atender agraves despesas com a instalaccedilatildeo do projeto Tanto que natildeo utilizou a totalidade dos
recursos que lhes foram disponibilizados pelo banco deles sacou natildeo mais do que US$ 55
milhotildees em valores da eacutepoca (ICOMI 1968 p 5)
44 A Guerra Fria que teve seu iniacutecio logo apoacutes a Segunda Guerra Mundial (1945) e a extinccedilatildeo da Uniatildeo Sovieacutetica
(1991) eacute a designaccedilatildeo atribuiacuteda ao periacuteodo histoacuterico de disputas estrateacutegicas e conflitos indiretos entre os Estados
Unidos e a Uniatildeo Sovieacutetica disputando a hegemonia poliacutetica econocircmica e militar no mundo Disponiacutevel em
httpwwwsohistoriacombref2guerrafria
108
Figura 05 Porto de Santana para importaccedilatildeo e exportaccedilatildeo
Fonte memorial-stnblogspotcombr (consultado em maio de 2015)
Com a construccedilatildeo do Porto no braccedilo norte do Rio Amazonas em Santana no ano de 1956
e inauguraccedilatildeo em 1957 pela empresa ICOMI SA hoje conhecido como Porto de Santana45 em
frente agrave ilha de Santana gerando subempregos atraindo pessoas de vaacuterias partes do paiacutes sob
possibilidade de ganhos e incentivando o comeacutercio local tudo isso tinha um objetivo a chamada
Acumulaccedilatildeo Primitiva que se realizou sobre as diversas colocircnias dominadas pelas naccedilotildees
imperialistas europeias e foi direcionada no sentido de reforccedilar a exportaccedilatildeo das mateacuterias-
primas necessaacuterias agrave acumulaccedilatildeo de capital (LUXEMBRUGO 1988)
O Porto46 instalado e funcionando embarca 1200 toneladas de mineacuterio por hora e tem
atracado mais de 50 navios por ano em busca de manganecircs muito utilizado para artefatos
manufaturados presentes no nosso dia-a-dia
Como a matildeo-de-obra no estado ainda era pouco qualificada foi necessaacuterio trazer pessoas
de fora bem como alojar os funcionaacuterios da empresa em tracircnsito Serra do NavioSantanaSerra
do Navio para isso a ICOMI construiu um nuacutecleo habitacional de trabalhadores em Santana
ainda nos anos de 1950 a conhecida Vila Amazonas A empresa preparou toda a infraestrutura
45 O porto eacute administrado pela Companhia Docas de Santana minus CDSA desde 2002 e eacute vinculada agrave Prefeitura
Municipal de Santana Estaacute localizado na margem esquerda do rio Amazonas no canal de Santana em frente agrave
ilha de mesmo nome a 18 km da cidade de Macapaacute capital do Estado do Amapaacute 46 Esse cais flutuante usado como um terminal privado da mineradora Anglo foi destruiacutedo por um deslizamento e
afundou em marccedilo de 2013 cuja infraestrutura do porto era utilizada para o carregamento do mineacuterio
109
de saneamento baacutesico um hospital um clube recreativo escola e supermercado para oferecer
melhores condiccedilotildees de moradia aos seus operaacuterios (ICOMI 1960)
A principal finalidade da ferrovia Santana-Serra do Navio era transportar os operaacuterios e
escoar o carregamento de mineacuterio em virtude da inviabilidade do transporte por via mariacutetima
Com o iniacutecio das obras da ferrovia SantanaSerra do Navio para dar vazatildeo agrave exportaccedilatildeo dos
mineacuterios de ferro o Estado cresceu e a sua populaccedilatildeo tambeacutem gerou empregos e parecia estar
vivendo o mais alto niacutevel de desenvolvimento da sua histoacuteria
Figura 06 Ferrovia que liga Santana a Serra do Navio para o transporte de mineacuterios
Fonte memorial-stnblogspotcombr (consultado em maio de 2015)
No decorrer dos anos a ICOMI promoveu uma evoluccedilatildeo progressiva econocircmica e
social no Territoacuterio Federal do Amapaacute pois antes da sua chegada ao Amapaacute havia poucos
habitantes e a economia baseava-se no cultivo de subsistecircncia extrativismo madeireiro e
pequeno comeacutercio Outra empresa a Brumasa Madeiras SA induacutestria de compensado ligada
ao grupo Caemi mineraccedilatildeo foi instalada nos anos de 1960 em Santana provocando a criaccedilatildeo
de outro porto para a cidade destinado ao embarque de pinho para exportaccedilatildeo e desembarque
de navios contendo produtos importados Eacute tambeacutem em Santana que se localiza o Distrito
Industrial do Amapaacute agrave margem esquerda do rio Matapi afluente do rio Amazonas
Com o iniacutecio do esgotamento das jazidas manganiacuteferas e com o fim das operaccedilotildees da
empresa ICOMI em 1997 que era muito importante para a economia do ex-territoacuterio restaram
os problemas sociais deixados pela saiacuteda da empresa no Amapaacute desemprego danos ambientais
contaminaccedilatildeo de lenccediloacuteis freaacuteticos na aacuterea do porto da ICOMI em Santana como tambeacutem de
cursos drsquoaacutegua nas proximidades daquela aacuterea contaminaccedilatildeo por arsecircnio em pessoas residentes
110
na Vila do Elesbatildeo proacuteximo ao porto o sucateamento da induacutestria no Amapaacute e o abandono das
aacutereas exploradas por quase 50 anos (OBSERVATOacuteRIO NACIONAL 2003)
Entatildeo em 1991 os poliacuteticos amapaenses buscavam alternativas econocircmicas para o
comeacutercio do Amapaacute e articularam junto ao Governo Federal a implantaccedilatildeo da aacuterea de livre
comeacutercio de Macapaacute e Santana no intuito de impedir que a economia do Estado estagnasse
Por outro lado a implantaccedilatildeo da aacuterea de livre comeacutercio de Macapaacute e Santana instigou o
crescimento populacional de todo o Estado O resultado deste superpovoamento provocou um
processo de urbanizaccedilatildeo desordenada com consequentes problemas sociais
Segundo o Relatoacuterio da Superintendecircncia da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA) de
2014 a economia do municiacutepio de Santana eacute baseada em serviccedilos induacutestria agropecuaacuteria
Apresenta a relaccedilatildeo de 178 empresas cadastradas na Suframa das quais a atividade comercial
representa 91 seguidas de serviccedilos e induacutestria sem projeto ambas com 793 de
participaccedilatildeo
Santana manteacutem sob o seu domiacutenio o Distrito Industrial do Amapaacute cujo parque tem sofrido
progressivamente constantes alteraccedilotildees com a saiacuteda de empresas como a ICOMI e mais
recentemente a faacutebrica da Coca-Cola entretanto haacute indiacutecios da chegada de trecircs novas faacutebricas ldquoduas
satildeo de raccedilatildeo e uma de cimentordquo (NAFES 2016 p 1) Laacute funcionam as empresas Floacuterida e Equador
com faacutebricas de palmitos de accedilaiacute ISA Peixe (induacutestria de pescados) CIMACER (faacutebrica de tijolos)
FACEPA (que trabalha na reciclagem de papel) CHAMPION (responsaacutevel pela plantaccedilatildeo de
pinho) dentre outras a Aacuterea de Livre Comeacutercio de Macapaacute e Santana ndash ALCMS ajuda a fazer a
vida econocircmica do municiacutepio embora haacute pontos negativos que impedem a fixaccedilatildeo de empresas no
Amapaacute como a dificuldade de transporte fluvial as peacutessimas condiccedilotildees do Porto as frequentes faltas
de energia internet de peacutessima qualidade Os funcionaacuterios do serviccedilo puacuteblico satildeo os que recebem as
maiores remuneraccedilotildees movimentando o comeacutercio
314 Aspectos gerais do municiacutepio de Santana
Segundo o censo realizado pelo Programa das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento
(PNUD) em 2013 o Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) da populaccedilatildeo Santanense foi
0692 o que tem ocupado o 3ordm lugar no ranking do Estado do Amapaacute ficando atraacutes dos municiacutepios
de Macapaacute com 0733 e Serra do Navio 0709 o que de acordo com os padrotildees do PNUD eacute
considerado alto E no total dos municiacutepios brasileiros ocupa a 2134ordf posiccedilatildeo
111
Tabela 06 ndash Santana IDHM e seus componentes nas uacuteltimas duas deacutecadas
COMPONENTES 1991 2000 2010
IDHM da Educaccedilatildeo 0203 0408 0638
de 5 a 6 anos na escola 2363 5881 8266
de 11 a 13 anos nos anos finais do fundamental
regular seriado ou com fundamental completo
3055 5503 8275
de 18 a 20 anos com meacutedio completo 690 1831 382
de 15 a 17 anos com fundamental completo 1407 3174 6121
de 18 anos ou mais com fundamental completo 2371 4041 5932
RENDA 0575 0597 0654
Renda per capita (em R$) 28703 32883 46924
LONGEVIDADE 0662 0728 0794
Esperanccedila de vida ao nascer (em anos) 6474 6868 7265
IDHM 0426 0562 0692
Fonte PNUD (2013)
As informaccedilotildees da tabela acima revelam que o componente da Educaccedilatildeo foi o que mais
evoluiu e se desenvolveu no periacuteodo de 1991 a 2010 O IDHM que era de 0562 em 2000 passou
para 0692 em 2010 - uma taxa de crescimento de 231 o que eacute considerada meacutedia pelo
PNUD A distacircncia entre o IDHM do municiacutepio e o limite maacuteximo do iacutendice que eacute 1 foi
reduzido em 7032 entre 2000 e 2010 Nesse periacuteodo a dimensatildeo cujo iacutendice mais cresceu
em termos absolutos foi Educaccedilatildeo (com crescimento de 0230) seguida por Longevidade e por
Renda
No que se refere aos dados gerais dos 16 municiacutepios do Estado do Amapaacute na tabela 07
podemos fazer uma comparaccedilatildeo de Santana em relaccedilatildeo aos demais municiacutepios
Tabela 07 ndash Santana Dados gerais em relaccedilatildeo aos municiacutepios do Estado do Amapaacute - 2010
Municiacutepio Populaccedilatildeo
2010
Aacuterea
territorial
Densidade
demograacutef
PIB
(mil)
Part PIB
Estado
Amapaacute 8069 12 916786 09 106494 102
Calccediloene 9000 133 1423132 06 149671 156
Cutias 4696 070 210907 22 75476 072
Ferreira Gomes 5802 086 496950 12 122276 117
Itaubal 4265 064 162285 25 49147 050
Laranjal do Jari 39942 596 3097190 13 466827 452
Macapaacute 398204 595 650212 621 6453597 614
Mazagatildeo 17032 254 1313098 13 176336 169
Oiapoque 20509 306 2262529 09 290832 279
Pedra Branca do
Amapari 10772 160 956292 11 269988 266
Porto Grande 16809 251 445342 38 226635 220
112
Pracuuacuteba 3793 056 495059 08 50290 055
Santana 101262 1517 156940 641 1594983 1538
Serra do Navio 4380 065 772079 06 101175 097
Tartarugalzinho 12563 187 675762 19 147649 145
Vitoacuteria do Jari 12428 185 248289 50 138163 143
Total 669526 100 14282852 - 10419539 100
Fonte IBGECidades (2015)
Os municiacutepios em que se concentra a maior populaccedilatildeo satildeo os que compotildeem a Regiatildeo
Metropolitana a capital Macapaacute e Santana que juntas tem 7467 da populaccedilatildeo do Estado
Santana corresponde a 1517 do total de habitantes eacute o segundo municiacutepio mais populoso do
Estado com 101262 habitantes A populaccedilatildeo dos outros 14 municiacutepios juntos possui 2533
ou seja um quarto da populaccedilatildeo total do estado
No que diz respeito ao Produto Interno Bruto (PIB) os dados da tabela 07 mostram que
o municiacutepio de Santana em 2010 apresentou significativa participaccedilatildeo na economia do Estado
sendo responsaacutevel por 1538 do PIB o segundo que mais contribuiu com a economia do
Estado do Amapaacute
Os dados relativos ao municiacutepio de Santana satildeo de difiacutecil acesso por natildeo haver uma
historicidade organizaccedilatildeo consolidaccedilatildeo transparecircncia e publicidade desses dados no site da
prefeitura ou mesmo em literaturas especiacuteficas sobre o municiacutepio Em grande parte os dados
publicados encontrados satildeo relativos ao Porto de Santana e a exportaccedilatildeo dos mineacuterios
Historicizar e analisar a gestatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana a partir das poliacuteticas
educacionais implantadas natildeo tecircm sido tarefa faacutecil eacute o que tentaremos desenvolver no proacuteximo
item desse estudo
32 A POLIacuteTICA EDUCACIONAL DA REDE MUNICIPAL DE EDUCACcedilAtildeO DE
SANTANAAP
A poliacutetica de educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana-Amapaacute se baseia na Constituiccedilatildeo
Federal de 1988 na Constituiccedilatildeo do Estado do Amapaacute de 1991 (atualizada ateacute a Emenda
Constitucional nordm 0044 2009) na Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional de 1996 Lei
Orgacircnica do Municiacutepio de Santana de 2002 Lei do Sistema Municipal de Ensino de 2002 o
Plano Municipal de Educaccedilatildeo e o Plano de Carreiras da Educaccedilatildeo do Municiacutepio de Santana e
outras leis especiacuteficas Eacute notoacuterio observar durante a leitura dos documentos legais do municiacutepio
113
de Santana a reproduccedilatildeo da legislaccedilatildeo federal e estadual no municiacutepio seguindo a risca as
orientaccedilotildees das leis superiores
A Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional Nordm 9394 de 20 de dezembro de 1996
dispotildee sobre os deveres que os municiacutepios possuem em relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo nestes termos o
art 11 aponta que os municiacutepios incumbir-se-atildeo de
I - organizar manter e desenvolver os oacutergatildeos e instituiccedilotildees oficiais dos seus sistemas
de ensino integrando-os agraves poliacuteticas e planos educacionais da Uniatildeo e dos Estados
II - exercer accedilatildeo redistributiva em relaccedilatildeo agraves suas escolas
III - baixar normas complementares para o seu sistema de ensino
IV - autorizar credenciar e supervisionar os estabelecimentos do seu sistema de
ensino
V - oferecer a educaccedilatildeo infantil em creches e preacute-escolas e com prioridade o ensino
fundamental permitida agrave atuaccedilatildeo em outros niacuteveis de ensino somente quando
estiverem atendidas plenamente as necessidades de sua aacuterea de competecircncia e com
recursos acima dos percentuais miacutenimos vinculados pela Constituiccedilatildeo Federal agrave
manutenccedilatildeo e desenvolvimento do ensino
VI - assumir o transporte escolar dos alunos da rede municipal (Incluiacutedo pela Lei nordm
10709 de 3172003)
Paraacutegrafo uacutenico Os Municiacutepios poderatildeo optar ainda por se integrar ao sistema
estadual de ensino ou compor com ele um sistema uacutenico de educaccedilatildeo baacutesica (BRASIL
1996)
De acordo com a LDB o municiacutepio tem a incumbecircncia de oferecer a educaccedilatildeo infantil
e com prioridade o ensino fundamental da mesma forma eacute enfatizada na Lei Orgacircnica do
Municiacutepio de Santana (LOM) referendando tais incumbecircncias nos artigos 145 e 146 afirmando
que as bases da organizaccedilatildeo do Sistema de Ensino Municipal devem respeitar os princiacutepios
expostos no art 280 da Constituiccedilatildeo Estadual bem como os princiacutepios estabelecidos na CF
Art 280 As instituiccedilotildees educacionais de qualquer natureza ministraratildeo o ensino com
base nos princiacutepios estabelecidos na Constituiccedilatildeo Federal e mais os seguintes
I - direito de acesso e permanecircncia na escola a qualquer pessoa vedadas distinccedilotildees
baseadas na origem raccedila sexo idade religiatildeo preferecircncia poliacutetica ou classe social
II - pluralismo de ideias e de concepccedilotildees filosoacuteficas poliacuteticas esteacuteticas religiosas e
pedagoacutegicas que conduzam o educando agrave formaccedilatildeo de uma postura social proacutepria
III - valorizaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo como garantia na forma da lei de
plano de carreira para o magisteacuterio puacuteblico com vencimentos no miacutenimo em
isonomia com as demais categorias funcionais para as quais se exija idecircntica
escolaridade com ingresso exclusivamente por concurso puacuteblico de provas e tiacutetulos
realizado periodicamente sob o regime juriacutedico uacutenico adotado pelo Estado para seus
servidores civis e com base no Estatuto do Magisteacuterio
IV - liberdade de pensar aprender ensinar pesquisar e divulgar o pensamento a arte
o saber e o conhecimento
V - reinvestimento em educaccedilatildeo no acircmbito do Estado do percentual que for
estabelecido em lei dos lucros auferidos pelas instituiccedilotildees privadas de ensino
estabelecido no Amapaacute
114
VI - gratuidade de ensino em estabelecimentos mantidos pelo Poder Puacuteblico vedada
a cobranccedila de taxas ou contribuiccedilotildees de qualquer natureza ainda que facultativa
VII - garantia de padratildeo de qualidade em todo o sistema de ensino a ser fixado em lei
VIII - manutenccedilatildeo no acircmbito do Estado em originais ou duplicatas arquivadas por
qualquer meio em seus oacutergatildeos de consulta dos resultados de pesquisa bases de dados
e acervos cientiacuteficos bibliograacuteficos e tecnoloacutegicos colecionados no exerciacutecio de
atividade educacional revertendo em favor do Estado o material acumulado na
hipoacutetese de fechamento extinccedilatildeo ou transferecircncia da instituiccedilatildeo de ensino aqui
estabelecida
IX - direito de organizaccedilatildeo autocircnoma dos diversos segmentos da comunidade escolar
X - preservaccedilatildeo dos valores educacionais regionais e locais (AMAPAacute 2011 p 92)
Segundo tais documentos a educaccedilatildeo como direito de todos e dever do estado e do
municiacutepio tem como princiacutepios a democracia que estaacute tambeacutem no Plano de Carreiras da
Educaccedilatildeo do Municiacutepio de Santana (PCEMS) na Lei Nordm 849 de 2010 nos art 42 e 43 onde se
lecirc
Art 42 - as escolas puacuteblicas do municiacutepio desenvolveratildeo suas atividades de ensino
dentro do espiacuterito democraacutetico e participativo sem preconceitos de raccedila sexo cor
idade opccedilatildeo religiosa poliacutetico-partidaacuterias e quaisquer outras formas de
discriminaccedilatildeo incentivando a participaccedilatildeo da comunidade na elaboraccedilatildeo e exerciacutecio
da proposta pedagoacutegica (SANTANAPCEMS 2010 p 16 grifos nossos)
Art 43 - as escolas puacuteblicas obedeceratildeo ao princiacutepio da gestatildeo democraacutetica atraveacutes
da I ndash participaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo estudantes pais servidores e
representantes da comunidade tanto nas atividades de ensino quanto nas de gestatildeo
participando de conselhos e outros oacutergatildeos normativos e deliberativos bem como no
processo de eleiccedilatildeo de seus dirigentes II ndashgarantia de acesso agraves informaccedilotildees teacutecnicas
administrativas e pedagoacutegicas da escola III ndash gerecircncia de recursos financeiros
repassados pela Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo IV ndash transparecircncia no recebimento
e aplicaccedilatildeo dos recursos financeiros (SANTANAPCEMS 2010 p 16 grifos
nossos)
Os documentos que se referem agrave poliacutetica educacional do municiacutepio de Santana apontam
para os princiacutepios de uma gestatildeo educacional municipal que se pautam na gestatildeo democraacutetica
no pluralismo de concepccedilotildees pedagoacutegicas e no direito agrave organizaccedilatildeo dos diversos segmentos
da comunidade escolar Mas como tais princiacutepios se materializam na organizaccedilatildeo da educaccedilatildeo
municipal Eacute o que veremos a seguir
321 A estrutura organizacional do Sistema Municipal de Educaccedilatildeo de Santana
A organizaccedilatildeo da educaccedilatildeo municipal estaacute sob a responsabilidade da Prefeitura
Municipal de Santana tem como oacutergatildeo gestor a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo (SEME)
115
localizada na Avenida Santana Nordm 2913 no Bairro Paraiacuteso bem no complexo de preacutedios da
Prefeitura Municipal de Santana (PMS) A instalaccedilatildeo fiacutesica da SEME apesar do preacutedio ser novo
estaacute mal distribuiacuteda ou natildeo comporta toda a demanda necessaacuteria agrave organizaccedilatildeo administrativa
financeira e pedagoacutegica da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo
Figura 07 Foto da sede da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de Santana
Fonte santanadoamapablogspotcom
O Sistema Municipal de Ensino de Santana foi criado atraveacutes da Lei municipal Nordm 0609
de 2002 e de acordo com o artigo 2ordm eacute composto I - Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo II -
Conselho Municipal de Educaccedilatildeo III - Comissatildeo Permanente do Magisteacuterio e IV - pelas
Instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Infantil Ensino Fundamental e Educaccedilatildeo Especial mantidas eou
administradas pelo poder puacuteblico municipal e pelas instituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil e especial
criadas e mantidas pela iniciativa privada (SANTANA 2002)
A Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de Santana tem em sua estrutura teacutecnico-
pedagoacutegico e administrativo oacutergatildeos e teacutecnicos que devem ser responsaacuteveis por pesquisa
informaccedilotildees e o planejamento adequado e atualizado para que possam subsidiar os programas
e projetos voltados agrave comunidade escolar Durante a pesquisa foi possiacutevel identificar que os
funcionaacuterios da SEME trabalham amontoados em salas com mesas e cadeiras coladas uma a
outra e sem espaccedilo suficiente para exercer o seu proacuteprio serviccedilo e atendimento ao puacuteblico Isso
foi observado em vaacuterios setores na SEME No organograma estaacute organizada a disponibilizaccedilatildeo
dos oacutergatildeos da secretaria conforme a Legislaccedilatildeo Municipal Nordm 0760 de 2006
116
Figura 08 SANTANA Estrutura organizacional dos oacutergatildeos da Secretaria Municipal de
Educaccedilatildeo (SEME)
Fonte Anexo da Lei Nordm 7602006 - PMS
De acordo com a estrutura organizacional a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo tem na
sua composiccedilatildeo
- Secretaacuterio (a) Municipal de Educaccedilatildeo
- Assessoria Executiva
- Chefia de Gabinete
- A Coordenadoria de Assuntos Educacionais que eacute composta pelos seguintes departamentos
- Departamento de Ensino e Apoio Pedagoacutegico
- Departamento de Inspeccedilatildeo e Organizaccedilatildeo Escolar
- Departamento de Apoio
- Departamento de Educaccedilatildeo no Campo
- Departamento de Tecnologia Educacional e Miacutedia
- A Coordenadoria Administrativa e Financeira que eacute composta por
- Departamento de Recursos Humanos
- Departamento de Orccedilamento Financeiro e Contabilidade
117
- Divisatildeo de Acompanhamento de Contrato Convecircnio e Licitaccedilatildeo
- Gestor Escolar
- Departamento de Serviccedilo Material e Patrimocircnio
- Departamento de Assistecircncia ao Educando
- A Coordenadoria do Poacutelo da Universidade Aberta do Brasil
- A Coordenadoria de Planejamento e Projetos
No que se refere a Coordenadoria de Assuntos Educacionais foi observado durante a
pesquisa e nos relatoacuterios analisados diversas atividades de cunho pedagoacutegico realizados e de
controle de matriacuteculas O Departamento de Orccedilamento Financeiro e Contabilidade setor
vinculado a Coordenadoria Administrativa e Financeira da SEME parece estar mais ligada ao
Prefeito Municipal do que a Secretaacuteria de Educaccedilatildeo dada a falta de autonomia financeira da
SEME devido a natildeo descentralizaccedilatildeo das questotildees financeiras por parte do prefeito para a
Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de Santana
De 2005 a 2015 atuaram como gestores da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de Santana
sete secretaacuterios conforme demonstra o quadro 9
Quadro 9 Santana Secretaacuterios Municipais de Educaccedilatildeo (2005 a 2015)
Periacuteodo Secretaacuterio(a) Municipal de
Educaccedilatildeo Partido Prefeito
2005 a 2009 Kleber Nascimento Rocha PT Antonio Nogueira
2010 Raimundo Vasques
Ivancy Magno de Oliveira PT Antonio Nogueira
2011 e 2012 Tercio da Silva Correia PT Antonio Nogueira
2013 Melquises Pereira de Lima e
Carlos Sergio Monteiro PR Robson Santana Rocha Freires
2014 Carlos Sergio Monteiro PR Robson Santana Rocha Freires
2015 -
Atualmente Antocircnia de Moraes Guedes PR Robson Santana Rocha Freires
Fonte SEME - Elaborado pela autora
O Secretaacuterio que teve mais tempo no cargo cinco anos foi o Sr Kleber Nascimento
Rocha que esteve agrave frente da pasta da SEME durante a primeira gestatildeo do prefeito Antonio
Nogueira (2005-2008) do Partido dos Trabalhadores e ateacute o primeiro ano (2009) do segundo
mandato do prefeito reeleito Nos uacuteltimos trecircs anos do segundo mandato do prefeito passaram
pela SEME trecircs outros Secretaacuterios de Educaccedilatildeo Municipal Raimundo Vasques Ivancy Magno
de Oliveira e Tercio da Silva Correia A partir de 2013 com a mudanccedila de gestatildeo na Prefeitura
Municipal tendo o Sr Robson Santana Rocha Freires (2013-2016) passaram pela pasta da
118
educaccedilatildeo trecircs outros Secretaacuterios Melquises Pereira de Lima Carlos Sergio Monteiro e Antocircnia
de Moraes Guedes (atual)
O Conselho Municipal de Educaccedilatildeo que eacute um oacutergatildeo colegiado pertencente ao Sistema
Municipal de Ensino tem funccedilatildeo consultiva normativa deliberativa e recursal da poliacutetica de
educaccedilatildeo do municiacutepio de Santana A Lei Orgacircnica do Municiacutepio de Santana (LOM) prevecirc a
criaccedilatildeo de normas para o funcionamento do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo e que a cada dois
anos seraacute convocada uma Conferecircncia Municipal de Educaccedilatildeo formada por representaccedilotildees dos
vaacuterios segmentos sociais para avaliar a situaccedilatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio e estabelecer a
diretrizes da poliacutetica municipal de educaccedilatildeo (SANTANA 2000) Apesar do que apresenta a
legislaccedilatildeo municipal o municiacutepio natildeo tem conseguido colocar em praacutetica o que preconiza a sua
legislaccedilatildeo no que se refere a atuaccedilatildeo efetiva desse oacutergatildeo colegiado
Faz parte ainda do Sistema municipal de educaccedilatildeo a Comissatildeo Permanente do
Magisteacuterio composta por representantes dos docentes teacutecnicos educacionais procurador
juriacutedico do municiacutepio secretaria municipal de educaccedilatildeo e secretaria de administraccedilatildeo Esta
Comissatildeo tem a competecircncia de elaborar instrumentos coordenar e orientar o processo
avaliativo anual do magisteacuterio municipal e por atribuiccedilotildees que regulamentam o estatuto do
magisteacuterio puacuteblico de Santana (SANTANA 2002) Compotildee ainda o Sistema Municipal de
Educaccedilatildeo as instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas que deveratildeo ofertar o ensino puacuteblico ou privado
atendendo agraves normas pareceres e resoluccedilotildees emanadas pelo Sistema Municipal de Ensino
A Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo deveraacute desenvolver em consonacircncia com entidades
educacionais do Estado e da Uniatildeo programas suplementares de assistecircncia ao educando
como materiais didaacuteticos escolares assistecircncia agrave sauacutede e seguridade social alimentaccedilatildeo
escolar transporte escolar bolsa famiacutelia assistecircncia social psicoloacutegica e fonoaudioloacutegica
Como observamos a lei orienta a autonomia e a participaccedilatildeo da comunidade e dos
profissionais da educaccedilatildeo nas accedilotildees pedagoacutegicas administrativas e em conselhos escolares
Poreacutem em momento algum se refere agrave autonomia financeira O atendimento da educaccedilatildeo
infantil e do ensino fundamental vem se realizando desde que Santana era ainda um Distrito de
Macapaacute47 e vem gradativamente sendo municipalizados como veremos no toacutepico a seguir
47 De acordo com a Lei Federal nordm 7639 de 17-12-1987 o distrito de Santana eacute desmembrado do municiacutepio de
Macapaacute e eacute elevado agrave categoria de municiacutepio
119
322 A Educaccedilatildeo municipal de Santana em nuacutemeros
O Sistema Municipal de Educaccedilatildeo foi criado em 2002 embora natildeo tenha organizado na
praacutetica o seu funcionamento articulado para a composiccedilatildeo do sistema a educaccedilatildeo funciona
ainda como rede municipal Em 2007 possuiacutea 23 escolas para funcionamento da educaccedilatildeo
infantil ensino fundamental e EJA e em 2014 esse nuacutemero passou para 31 escolas tendo um
aumento de 26 no nuacutemero de escolas na rede no periacuteodo O graacutefico 1 apresenta uma pequena
evoluccedilatildeo no periacuteodo
Graacutefico 1 Santana Nordm de escolas da rede municipal de ensino 2007-2014
Fonte Dados da SEMESantana ndash Elaborado pela autora
Eacute importante destacar no entanto que aleacutem das 31 escolas a rede municipal conta com
17 anexos48 distribuiacutedos entre zona urbana e rural
O quadro de docentes do municiacutepio de Santana tambeacutem nos revela um pouco da situaccedilatildeo
da educaccedilatildeo municipal O concurso puacuteblico49 realizado pela Prefeitura Municipal de Santana
no ano de 2007 e a uacuteltima convocaccedilatildeo de aprovados no ano de 2009 vem contribuindo para o
aumento de docentes vinculados ao quadro permanente como se pode acompanhar no graacutefico
2 a seguir
48 A situaccedilatildeo dessas escolas anexas eacute bastante instaacutevel visto que satildeo preacutedios alugados Na zona rural pode ser ateacute
mesmo salas de aula funcionando em casas de moradia ou em Igrejas 49 Edital nordm 012006 que ofertou 667 cargos para o municiacutepio em diversas aacutereas (administrativa engenharia
teacutecnica sauacutede e magisteacuterio) No que se refere aos cargos para a educaccedilatildeo destacamos 20 cargos para auxiliar de
disciplina 122 para professor da educaccedilatildeo baacutesica I 52 para professores da educaccedilatildeo baacutesica II (portuguecircs
matemaacutetica geografia histoacuteria ciecircncias ciecircncias da religiatildeo educaccedilatildeo fiacutesica inglecircs e artes) 22 para orientador
supervisor e psicopedagogo
23 2426 27 27 27
31 31
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
120
Graacutefico 2 Santana Nuacutemero de docentes atuando na rede municipal de ensino 2007-2014
Fonte SEMESantana ndash Elaborado pela autora
O nuacutemero de docentes50 no graacutefico 02 em atuaccedilatildeo nas escolas em 2007 era de 480
docentes e em 2009 eram de 593 o que reflete um aumento de quase 20 no nuacutemero de
docentes atuando nas escolas puacuteblicas municipais de Santana Eacute importante destacar que
principalmente nos anos de 2007 e 2008 haviam vaacuterios docentes contratados temporariamente
sem concurso puacuteblico atuando nas escolas municipais essa praacutetica ainda existe no municiacutepio
As matriacuteculas no municiacutepio de Santana ocorrem em escolas da rede estadual rede
municipal e no setor privado De acordo com a tabela 08 de uma forma geral a rede estadual
sempre teve uma forte influecircncia no municiacutepio concentrando a maior parte das matriacuteculas por
exemplo em 2014 absorveu 56 do universo de matriacuteculas no municiacutepio Jaacute a rede municipal
tinha sob sua responsabilidade 317 do nuacutemero de matriacuteculas registrado no municiacutepio e o
setor privado correspondia a 123 de matriacuteculas
50 Os nuacutemeros que compotildeem os docentes em atuaccedilatildeo nas escolas puacuteblicas satildeo de docentes concursados
contratados ou cedidos
480523
593 593 593 593 581 584
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
121
Tabela 08 ndash Santana Matriacuteculas na Educaccedilatildeo Baacutesica por esfera administrativa 2007-2014
Dependecircncia
NiacutevelModalidade 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Rede Estadual
Ed Infantil (creche e preacute-escola) 1296 250 67 9 0 0 0 0
Ens Fund (anos iniciais) 6687 6746 6271 6069 5898 5672 4971 4405
Ensino Fund (anos finais) 6784 7063 7272 7726 7846 7816 7552 7470
Ensino Meacutedio 5708 5897 5922 5676 5294 5240 5003 5454
EJA (Ens Fund) 1584 1614 1676 1595 1710 1574 1302 46
EJA (Ens Meacutedio) 826 841 957 1085 1422 1335 0 0
Educaccedilatildeo Especial 141 172 229 181 281 343 330 347
Total 23026 22583 22394 22332 22451 21980 19158 17722
Rede Municipal
Ed Infantil (creche e preacute-escola) 1345 1933 2006 2023 2011 2577 3169 3201
Ens Fund (anos iniciais) 4078 4089 4429 4330 4432 4859 5253 5622
Ens Fund (anos finais) 1146 986 933 961 852 683 539 487
Ensino Meacutedio 0 0 0 0 0 0 0 0
EJA (Ens Fund) 709 641 581 583 596 633 549 528
EJA (Ens Meacutedio) 0 0 0 0 0 0 0 0
Ed Especial 81 89 111 118 140 163 155 201
Total 7359 7738 8060 8015 8031 8915 9665 10039
Setor Privado
Ed Infantil (creche e preacute-escola) 1936 1598 1560 1425 1558 1335 965 914
Ens Fund (anos iniciais) 1828 1678 1623 1601 1703 1473 1418 1446
Ens Fund (anos finais) 754 845 772 753 852 885 927 932
Ensino Meacutedio 488 408 383 376 434 451 435 404
EJA (Ens Fund) 144 59 134 137 91 48 15 35
EJA (Ens Meacutedio) 43 35 39 36 36 72 35 63
Ed Especial 101 04 09 118 128 139 129 110
Total 5294 4627 4520 4446 4802 4403 3924 3904
Fonte CENSOINEP (2014) ndash Elaborado pela autora
Inclui Educaccedilatildeo de Jovens e Adultos (EJA) presencial e semipresencial
Inclui os alunos de toda a educaccedilatildeo baacutesica e da EJA
A rede estadual mesmo tendo o maior nuacutemero de matriacuteculas vem reduzindo esse nuacutemero
a partir de 2013 quando principalmente natildeo ofertou a modalidade de Educaccedilatildeo de Jovens e
Adultos em niacutevel meacutedio Destacamos ainda a reduccedilatildeo em 2008 nas matriacuteculas na educaccedilatildeo
infantil e que em 2011 finalizou a oferta neste niacutevel de ensino O ensino fundamental (anos
iniciais) na rede estadual eacute responsaacutevel por 439 do total de matriacuteculas na rede puacuteblica
enquanto que a rede municipal absorveu 561 em 2014
A rede municipal a partir de 2008 vem aumentando o nuacutemero de matriacuteculas na educaccedilatildeo
infantil em decorrecircncia da municipalizaccedilatildeo e em 2011 eacute a responsaacutevel por toda a demanda da
educaccedilatildeo infantil puacuteblica Observou-se ainda a reduccedilatildeo nas matriacuteculas nos anos finais no ensino
fundamental que tambeacutem tinha sob sua responsabilidade em 2007 eram 1146 matriculas e em
122
2014 reduziu para 487 como podemos observar na tabela No setor privado as matriacuteculas
foram visivelmente reduzidas no decorrer do periacuteodo em estudo Somente no ensino
fundamental eacute que vem aumentando discretamente nos uacuteltimos 3 anos
O processo de municipalizaccedilatildeo iniciado em 2008 na educaccedilatildeo infantil e em 2009 no
ensino fundamental segue as orientaccedilotildees do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado
(PDRAE) que propotildee a passagem da administraccedilatildeo puacuteblica baseada em princiacutepios racionais-
burocraacuteticos Em que busca
() o fortalecimento das funccedilotildees de regulaccedilatildeo e de coordenaccedilatildeo do Estado
particularmente no niacutevel federal e a progressiva descentralizaccedilatildeo vertical para os
niacuteveis estadual e municipal das funccedilotildees executivas no campo da prestaccedilatildeo de serviccedilos
sociais e de infraestrutura (PDRAE 1995 p 18)
Nesse contexto descentralizar teria o objetivo de tornar a administraccedilatildeo puacuteblica mais
flexiacutevel e eficiente reduzindo custos e propiciando mais qualidade ao serviccedilo puacuteblico por meio
do gerencialismo tendo o governo federal o controle dos resultados das avaliaccedilotildees de
desempenho dos Estados e municiacutepios
No que se refere ao Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo (IDEB) apesar de
compreendermos que os dados numeacutericos registrados no IDEB natildeo revelam a qualidade da
aprendizagem os dados observados colocam o municiacutepio de Santana com uma evoluccedilatildeo no
ensino fundamental (anos iniciais) maior do que a rede estadual Eacute o que podemos constatar na
tabela 09 a seguir
Tabela 09 ndash SANTANA IDEB do Ensino Fundamental (anos iniciais) em relaccedilatildeo ao Estado
do Amapaacute e ao Brasil (2005-2013)
Esfera Ideb Observado Metas Projetadas
2005 2007 2009 2011 2013 2007 2009 2011 2013 2021
BRASIL 38 42 46 50 52 39 42 46 49 60
AMAPAacute 32 34 38 41 40 32 36 40 43 54
SANTANA 31 38 39 48 46 31 35 39 42 54
Fonte INEPMEC (2015)
Desde 2005 a meacutedia do IDEB nacional observado tem atingido as metas propostas Jaacute
em relaccedilatildeo ao estado do Amapaacute o IDEB estaacute bem aqueacutem em relaccedilatildeo agrave meacutedia nacional apesar
de ter evoluiacutedo e atingido as metas propostas nas avaliaccedilotildees dos anos de 2007 2009 e 2011 no
ano de 2013 a meacutedia do estado reduziu para 40 O municiacutepio de Santana mesmo natildeo atingindo
123
a meacutedia nacional possui um coeficiente superior ao do estado sendo o municiacutepio do estado
com melhor evoluccedilatildeo no IDEB o que atingiu todas as metas projetadas desde o ano de 2007
No entanto eacute preciso relativizar o resultado de tais indicadores pois eles natildeo representam de
fato a qualidade visto que esta eacute de difiacutecil mensuraccedilatildeo e pressupotildee muita complexidade
(PARO 2005)
Satildeo vaacuterios fatores que podem estar influenciando o alcance das metas do IDEB mas eacute
necessaacuterio realizar um estudo mais rigoroso para desvelar os motivos dessa evoluccedilatildeo O que
podemos adiantar eacute que as escolas da rede municipal receberam vaacuterios programas federais o
que possibilitou ajuda financeira para a rede atraveacutes de impostos e de repasses federais
inclusive recursos do Plano de Accedilotildees Articuladas que eacute o que apresentaremos a seguir
323 O financiamento da educaccedilatildeo na rede municipal de Santana
A anaacutelise da democratizaccedilatildeo da gestatildeo da educaccedilatildeo a partir do PAR requer que se
conheccedila as potencialidades de financiamento das accedilotildees educativas pois a viabilidade das accedilotildees
decorrentes do PAR soacute seraacute possiacutevel se houver financiamento compatiacutevel para tal Este item
visa avaliar as condiccedilotildees financeiras do municiacutepio de Santana no periacuteodo da pesquisa
A Carta Magna de 1988 em seu Artigo 212 estabelece os percentuais miacutenimos
necessaacuterios para custeio da educaccedilatildeo indicando que
A Uniatildeo aplicaraacute anualmente nunca menos de dezoito e os Estados o Distrito
Federal e os Municiacutepios vinte e cinco por cento no miacutenimo da receita resultante de
impostos compreendida a proveniente de transferecircncias na manutenccedilatildeo e
desenvolvimento do ensino (BRASIL 1998)
O artigo 212 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 ao estabelecer o percentual miacutenimo para
a manutenccedilatildeo e desenvolvimento do ensino reitera que esse montante natildeo pode ser menor nem
desviado para outras finalidades ou seja eacute uma verba vinculada protegida de qualquer disputa
poliacutetica e de outras necessidades emergenciais De acordo com a Constituiccedilatildeo de 1988 os
recursos para a manutenccedilatildeo do ensino satildeo provenientes das seguintes fontes a) Receitas
oriundas de impostos da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios b) Receitas
de transferecircncias constitucionais e outras transferecircncias c) Receitas do salaacuterio educaccedilatildeo e de
outras contribuiccedilotildees sociais d) Receitas de incentivos fiscais e outros recursos previstos em lei
124
Todavia as principais fontes de financiamento da educaccedilatildeo satildeo as receitas de impostos
e a contribuiccedilatildeo do salaacuterio educaccedilatildeo as quais juntas ldquorepresentam em termos de volume de
recursos e de regularidade a receita que tem financiado a expansatildeo e a qualificaccedilatildeo da educaccedilatildeo
puacuteblica no paiacutesrdquo (FARENZENA 2006 p 82) No caso do municiacutepio de Santana a arrecadaccedilatildeo
de impostos proacuteprios51 e os respectivos 25 que devem ser destinados ao financiamento da
educaccedilatildeo apresentaram os seguintes valores abaixo discriminados
Tabela 10 Santana Receitas de Impostos Proacuteprios (2007-2014)
Ano Total de Impostos 25 para Educaccedilatildeo
2007 459613833 114903450
2008 396271016 99067750
2009 554775786 138693925
2010 592155846 148038950
2011 633078892 158269700
2012 888456697 222114150
2013 951274674 237818650
2014 Fonte SIOPE Tabela Elaborada pala autora Nota1 Dados natildeo disponiacuteveis
Nota 2 Valores nominais
Os recursos para a educaccedilatildeo referentes aos 25 dos impostos proacuteprios do municiacutepio satildeo
relativamente pequenos considerando a totalidade das despesas com a educaccedilatildeo como se veraacute
mais adiante Ainda assim representam uma importante fonte de recursos para financiamento
da educaccedilatildeo municipal
O municiacutepio de Santana conta tambeacutem com as receitas do Fundo de Manutenccedilatildeo e
Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo
(FUNDEB)52 Os recursos dessa fonte satildeo provenientes de impostos e transferecircncias dos
estados municiacutepios e do Distrito Federal vinculados agrave educaccedilatildeo de acordo com o artigo 212
da Constituiccedilatildeo Federal que satildeo recolhidos pela Uniatildeo e redistribuiacutedos aos estados municiacutepios
e Distrito Federal proporcionalmente ao valor custo-aluno definido nacionalmente para o
financiamento de accedilotildees de manutenccedilatildeo e desenvolvimento da educaccedilatildeo baacutesica puacuteblica Do total
51 Os recursos proacuteprios satildeo o IPTU-Imposto Predial Territorial Urbano ISS-Imposto sobre Serviccedilos ITBI-Imposto
sobre Transmissatildeo de Bens Imoacuteveis IRRF-Imposto sobre a Renda dos Servidores Municipais
52 Criado pela Emenda Constitucional nordm 532006 e regulamentado pela Lei nordm 1149407 o FUNDEB eacute constituiacutedo
por 20 (vinte por cento) das receitas das seguintes fontes Fundo de Participaccedilatildeo dos Estados (FPE) Fundo de
Participaccedilatildeo dos Municiacutepios (FPM) Imposto sobre Circulaccedilatildeo de Mercadorias e Serviccedilos (ICMS) (incluindo os
recursos relativos agrave desoneraccedilatildeo de exportaccedilotildees de que trata a Lei Complementar nordm 8796) Imposto sobre
Produtos Industrializados proporcional agraves exportaccedilotildees (IPI- EXP) Imposto sobre Transmissatildeo Causa Mortis e
Doaccedilotildees de quaisquer bens ou direitos (ITCMD) Imposto sobre a Propriedade de Veiacuteculos Automotores (IPVA)
Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR) receitas da diacutevida ativa e de juros e multas incidentes sobre
as fontes citadas (GUTIERRES 2010)
125
dos recursos pelo menos 60 (sessenta por cento) devem ser direcionados para o pagamento
dos profissionais do magisteacuterio em efetivo exerciacutecio De 2007 a 2014 o municiacutepio
recebeu os seguintes valores do FUNDEB
Tabela 11 ndash Santana Receitas do FUNDEB (2007-2014)
Ano Valor Anual Complementaccedilatildeo
da Uniatildeo
Aplicaccedilatildeo
Financeira Total
2007 1109287221 0 845321 1110132542
2008 1492822529 0 920937 1493743466
2009 1612599591 0 0 1612599591
2010 1818239589 0 0 1818239589
2011 2164454715 0 0 2164454715
2012 2377015638 0 378076 2377393714
2013 2740767217 0 2448386 2743215603
2014 Fonte SIOPEFNDE ndash Organizado pela autora Nota 1 Os valores referente a 2014 natildeo estavam disponiacuteveis
para consulta no SIOPE Nota 2 valores nominais
Conforme as informaccedilotildees da tabela 11 o municiacutepio de Santana natildeo recebe receitas de
Complementaccedilatildeo da Uniatildeo Isso significa que os recursos redistribuiacutedos no acircmbito do Estado
satildeo suficientes para alcanccedilar o valor-aluno miacutenimo nacional estabelecido natildeo implicando assim
em complementaccedilatildeo da Uniatildeo53
Outra importante fonte de recursos para a educaccedilatildeo recebida pelo municiacutepio eacute o Salaacuterio
Educaccedilatildeo54 recolhido pelas empresas calculado com base na aliacutequota de 25 sobre o total de
remuneraccedilotildees pagas ou creditadas a qualquer tiacutetulo aos segurados empregados O FNDE tem
uma funccedilatildeo redistributiva55 da contribuiccedilatildeo social do salaacuterio-educaccedilatildeo A cota estadual e
53 O Estado do Amapaacute e seus municiacutepios vecircm sistematicamente alcanccedilando valores por aluno acima do valor
miacutenimo anual definido nacionalmente A Portaria interministerial nordm 11 de 30 de dezembro de 2015 por exemplo
definiu os valores anuais para 2016 na qual o valor para o ensino fundamental dos anos iniciais urbanas
considerado o paracircmetro para as demais etapas e modalidades foi estabelecido em RS273987 O estado do
Amapaacute alcanccedilou R$380396 por aluno nesta etapa da educaccedilatildeo baacutesica portanto bem acima do miacutenimo nacional
estabelecido 54 O Salaacuterio Educaccedilatildeo foi criado pela Lei nordm 4440 de 27101964 (MELCHIOR 1987) e sofreu diversas
modificaccedilotildees desde essa data Em dezembro de 2006 foi alterado pela EC nordm 53 e regulamentado pela Lei nordm
114572007 base de sua execuccedilatildeo atual 55Do montante arrecadado e apoacutes as deduccedilotildees previstas em lei (taxa de administraccedilatildeo dos valores arrecadados pela
Receita Federal do Brasil devoluccedilatildeo de receitas e outras) o restante eacute distribuiacutedo em cotas pelo FNDE observada
em 90 (noventa por cento) de seu valor a arrecadaccedilatildeo realizada em cada estado e no Distrito Federal da seguinte
forma A) cota federal ndash correspondente a 13 do montante dos recursos eacute destinada ao FNDE e aplicada no
financiamento de programas e projetos voltados para a educaccedilatildeo baacutesica de forma a propiciar a reduccedilatildeo dos
desniacuteveis soacutecio educacionais entre os municiacutepios e os estados brasileiros B) cota estadual e municipal ndash
correspondente a 23 do montante dos recursos eacute creditada mensal e automaticamente em favor das secretarias de
educaccedilatildeo dos estados do Distrito Federal e dos municiacutepios para o financiamento de programas projetos e accedilotildees
voltados para a educaccedilatildeo baacutesica Os 10 restantes do montante da arrecadaccedilatildeo do salaacuterio-educaccedilatildeo satildeo aplicados
pelo FNDE em programas projetos e accedilotildees voltados para a educaccedilatildeo baacutesica (Lei nordm 114572007)
126
municipal da contribuiccedilatildeo social do salaacuterio-educaccedilatildeo eacute integralmente redistribuiacuteda entre os
estados e seus municiacutepios de forma proporcional ao nuacutemero de alunos matriculados na
educaccedilatildeo baacutesica das respectivas redes de ensino apurado no censo escolar do exerciacutecio anterior
ao da distribuiccedilatildeo
Os demais programas do FNDE tais como Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo
Escolar (PNAE) Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) Programa Nacional de Apoio
ao Transporte do Escolar (PNATE) Programa Brasil Alfabetizado (PBA) e Programa Nacional
de Sauacutede do Escolar (PNSE) criados para contribuir para o acesso e a permanecircncia do aluno na
escola tambeacutem vem compondo as fontes de recursos para o ensino em Santana
O Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar (PNAE) eacute considerado o mais antigo
programa social brasileiro vinculado agrave educaccedilatildeo (BALABAN 2006) Ateacute o ano de 1998 o
Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar (PNAE) era gerenciado pela Fundaccedilatildeo de Apoio
ao Estudante ndash FAE A partir desse ano sua gestatildeo foi transferida para o Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educaccedilatildeo ndash FNDE por meio da Lei nordm 9649 de 27051999 que tambeacutem
extinguiu a FAE Atualmente o PNAE eacute coordenado nacionalmente pelo FNDE responsaacutevel
pelo repasse dos recursos financeiros para aquisiccedilatildeo de alimentos cabendo aos Estados e
Municiacutepios complementar estes recursos aleacutem de cobrir os custos operacionais (BRASIL
2000) O PNAE atende os alunos de toda a educaccedilatildeo baacutesica matriculados em escolas puacuteblicas
filantroacutepicas e em entidades comunitaacuterias (conveniadas com o poder puacuteblico) por meio da
transferecircncia de recursos financeiros
Conforme a Resoluccedilatildeo nordm 67 de 28 de dezembro de 2009 o valor repassado pela Uniatildeo
a Estados e Municiacutepios por dia letivo para cada aluno pelo PNAE eacute definido de acordo com a
etapa e modalidade de ensino Creches R$ 100 Preacute-escola R$ 050 Escolas indiacutegenas e
quilombolas R$ 060 Ensino fundamental meacutedio e educaccedilatildeo de jovens e adultos R$ 030
Ensino integral R$ 100 Alunos do Programa Mais Educaccedilatildeo R$ 090 alunos que frequentam
o Atendimento Educacional Especializado no contraturno R$ 050 Com a Resoluccedilatildeo nordm 8 de
14 de maio de 2012 o valor per capita da alimentaccedilatildeo escolar foi atualizado passando de R$
060 para R$ 100 entre os alunos matriculados nas creches e de R$ 030 para R$ 050 entre
os alunos matriculados no ensino fundamental A Lei nordm 119472009 que regulamenta o PNAE
estabelece a necessidade de ldquoparticipaccedilatildeo da comunidade no controle social no
acompanhamento das accedilotildees realizadas pelos Estados pelo Distrito Federal e pelos Municiacutepios
para garantir a oferta da alimentaccedilatildeo escolar saudaacutevel e adequadardquo (Art 2ordm II BRASIL 2009)
Balaban (2006) afirma que a partir da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 verificou-se a
adoccedilatildeo de praacuteticas democraacuteticas representativas e participativas surgiram entatildeo os conselhos
127
configurados como espaccedilos puacuteblicos de articulaccedilatildeo entre governo e sociedade Um exemplo
disso eacute o Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar (CAE) que eacute composto por entidades colegiadas
integradas por representantes dos diversos segmentos da sociedade definido em Lei Municipal
O PDDE56 foi criado em 1995 por meio da Resoluccedilatildeo nordm 12 de 10 de maio de 1995
(recebendo inicialmente o nome de PMDE ndash Programa de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento do
Ensino Fundamental)57 com o objetivo de cumprir a funccedilatildeo redistributiva da Uniatildeo aos sistemas
puacuteblicos de ensino de acordo com o disposto no artigo 211 da CF88 A partir de 1997 o
Programa passou a exigir a criaccedilatildeo de Unidades Executoras (UEx) entidades de direito privado
como condiccedilatildeo para o recebimento dos recursos diretamente pelas escolas De 2004 em diante
a exigecircncia era de que as escolas com mais de 50 alunos obrigatoriamente teriam que criar UEx
para participar do programa Ateacute o ano de 2008 o PDDE abrangia apenas as escolas puacuteblicas
de ensino fundamental com a ediccedilatildeo da Medida Provisoacuteria nordm 455 de 28 de janeiro2009
(transformada posteriormente na Lei nordm 11947 de 16 de junho de 2009) o programa foi
ampliado para toda a educaccedilatildeo baacutesica incluindo portanto ensino meacutedio e educaccedilatildeo infantil
Os recursos do PDDE destinam-se ldquoagrave cobertura de despesas de custeio manutenccedilatildeo e de
pequenos investimentos que concorram para a garantia do funcionamento e melhoria da
infraestrutura fiacutesica e pedagoacutegica dos estabelecimentos de ensinordquo (Art 23 da Lei nordm 11947
de 16 de junho de 2009) Os recursos podem ser repassados agraves Entidades Executoras ndash EEXs
no caso as prefeituras ou diretamente agraves escolas se estas tiverem constituiacutedo suas Unidades
Executoras ndash UEXs
O Ministeacuterio da Educaccedilatildeo executa atualmente dois programas voltados ao transporte de
estudantes o Caminho da Escola e o PNATE que visam atender alunos moradores da zona
rural O Programa Caminho da Escola foi criado pela Resoluccedilatildeo nordm 3 de 28 de marccedilo de 2007
Por meio deste programa o Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social
(BNDES) concede uma linha de creacutedito para a aquisiccedilatildeo de ocircnibus mini-ocircnibus e micro-ocircnibus
zero quilocircmetro e embarcaccedilotildees novas pelos Estados e Municiacutepios O Programa Nacional de
Apoio ao Transporte do Escolar - PNATE foi instituiacutedo pela Lei nordm 10880 de 9 de junho de
2004 com o objetivo de garantir o acesso e a permanecircncia dos alunos nos estabelecimentos
escolares do ensino fundamental puacuteblico residentes em aacuterea rural que utilizem transporte
56 Sobre esse programa eacute importante consultar uma publicaccedilatildeo do INEP da pesquisa intitulada ldquoPrograma Dinheiro
Direto na Escola uma proposta de redefiniccedilatildeo do papel do Estado na Educaccedilatildeo (2003-2005)rdquo que congregou os
Estado de SP PI PA MS e RS cujos resultados foram publicados pelo INEP em 2006 sob a coordenaccedilatildeo das
professoras Drordf Vera Maria Vidal Peroni e Drordf Thereza Adriatildeo 57Ateacute 1998 este programa denominou-se PMDE A denominaccedilatildeo Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE)
apareceu pela primeira vez com a Medida Provisoacuteria nordm 1784 de 14 de dezembro de 1998 e posteriormente com a
Medida Provisoacuteria nordm 2100shy32 de 24 de maio de 2001
128
escolar por meio de assistecircncia financeira em caraacuteter suplementar aos Estados Distrito
Federal e Municiacutepios O caacutelculo do montante de recursos financeiros destinados aos Estados
ao Distrito Federal e aos Municiacutepios tem como base o quantitativo de alunos da zona rural
transportados e a respectiva informaccedilatildeo acerca destes no censo escolar do ano anterior O valor
per capitaano varia entre R$ 12073 e R$ 17224 de acordo com a aacuterea rural do Municiacutepio a
populaccedilatildeo moradora do campo e a posiccedilatildeo do Municiacutepio na linha de pobreza (GUTIERRES
2015) O PNATE eacute monitorado diretamente pelo conselho do FUNDEB que analisa e fiscaliza
os gastos com o programa
O Programa Brasil Alfabetizado (PBA) foi criado pelo Decreto nordm 4834 de 08 de
setembro de 200358 com o objetivo de universalizaccedilatildeo da alfabetizaccedilatildeo de jovens e adultos de
quinze anos ou mais no paiacutes59 (GUTIERRES 2015)
Quanto ao Programa Nacional de Sauacutede Escolar (PSE) este tem como objetivo
ldquocontribuir para a formaccedilatildeo integral dos estudantes por meio de accedilotildees de promoccedilatildeo prevenccedilatildeo
e atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo (Art1ordm do Decreto nordm 62862007) com vistas ao enfrentamento das
vulnerabilidades que comprometem o pleno desenvolvimento de crianccedilas e jovens da rede
puacuteblica de ensino Dentre as accedilotildees passiacuteveis de serem financiadas por este programa destacam-
se
Art 4ordm As accedilotildees em sauacutede previstas no acircmbito do PSE consideraratildeo a atenccedilatildeo
promoccedilatildeo prevenccedilatildeo e assistecircncia e seratildeo desenvolvidas articuladamente com a rede
de educaccedilatildeo puacuteblica baacutesica e em conformidade com os princiacutepios e diretrizes do SUS
podendo compreender as seguintes accedilotildees entre outras I - avaliaccedilatildeo cliacutenica II -
avaliaccedilatildeo nutricional III - promoccedilatildeo da alimentaccedilatildeo saudaacutevel IV - avaliaccedilatildeo
oftalmoloacutegica V - avaliaccedilatildeo da sauacutede e higiene bucal VI - avaliaccedilatildeo auditiva VII -
avaliaccedilatildeo psicossocial VIII - atualizaccedilatildeo e controle do calendaacuterio vacinal IX -
reduccedilatildeo da morbimortalidade por acidentes e violecircncias X - prevenccedilatildeo e reduccedilatildeo do
consumo do aacutelcool XI - prevenccedilatildeo do uso de drogas XII - promoccedilatildeo da sauacutede sexual
e da sauacutede reprodutiva XIII - controle do tabagismo e outros fatores de risco de
cacircncer XIV - educaccedilatildeo permanente em sauacutede XV - atividade fiacutesica e sauacutede XVI -
promoccedilatildeo da cultura da prevenccedilatildeo no acircmbito escolar e XVII - inclusatildeo das temaacuteticas
de educaccedilatildeo em sauacutede no projeto poliacutetico pedagoacutegico das escolas (BRASIL 2007)
58 Esse decreto foi revogado pelo Decreto nordm 6093 de 24 de abril de 2007 atualmente em vigor 59 Esta natildeo foi a primeira iniciativa governamental neste sentido Em 1967 o governo militar lanccedilou o Movimento
Brasileiro de Alfabetizaccedilatildeo o MOBRAL atraveacutes da Lei Nordm 5379 de 15 de dezembro de 1967 No Governo de
Fernando Henrique Cardoso a sociedade foi convocada a se co-responsabilizar pela manutenccedilatildeo da EJA por meio
de parcerias estabelecidas pelo Programa Alfabetizaccedilatildeo Solidaacuteria (Alfa Sol Outro programa do Governo Federal
que visava o atendimento da EJA era o Projeto Recomeccedilo que foi criado em 2001 com o objetivo de dar maior
atendimento agrave populaccedilatildeo do Norte e Nordeste que acumulavam maior nuacutemero de pessoas analfabetas
(GUTIERRES 2015)
129
Os valores oriundos do Salaacuterio Educaccedilatildeo dos programas do FNDE (PNAE PDDE
PNATE PBA e PSE) recebidos pelo municiacutepio de Santana repassados para a prefeitura
municipal de 2007 a 2014 satildeo discriminados a seguir
Tabela 12 ndash Santana Receitas do Salaacuterio Educaccedilatildeo e de Programas do FNDE (2007-2014)
Ano Salaacuterio
Educaccedilatildeo PNAE PDDE PNATE PBA PSE
2007 16415179 37338400 126720 33326 52 1020000 1318600
2008 21769862 23785282 2712553 1723000
2009 23220460 49427860 267690 5455186 876000
2010 26559002 78761520 9969750 2960500
2011 33659670 78594000 9969750 2646500
2012 37685871 92398800 11643843
2013 50488456 105353200 7594146 3243273
2014 63533128 53101200 1493368 3277986
Fonte FNDE Nota 1 Tabela organizada pela autora Nota 2 Os valores indisponiacuteveis no site do FNDE Nota
2 valores nominais
As receitas do FNDE satildeo importantes como fontes complementares para a garantia do
direito agrave educaccedilatildeo No caso do Salaacuterio Educaccedilatildeo e do PNAE do PNATE e do PBA estes
constituiacuteram fluxo permanente ao longo do periacuteodo60 O PDDE foi repassado para a prefeitura
somente nos anos de 2007 e de 2009 visto que a partir de 2009 a maior parte das escolas
municipais jaacute haviam constituiacutedo suas Unidades Executoras ndash UEXs passando a receber
diretamente os recursos desse programa O Programa Sauacutede do Escolar (PSE) apresentou
recursos apenas no ano de 2007 Outras receitas tambeacutem chegaram ao municiacutepio por meio de
programas mais diretamente vinculados ao Plano de Accedilotildees Articuladas ndash PAR no periacuteodo de
2009 a 2014
Tabela 13 ndash Santana Receitas decorrentes do PAR 2009 - 2014
Programa 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Caminho da
EscolaTransporte Aces 209970 331650 132000
Mobiliaacuterio Escolar (PAR) 193073
Infraestrutura Ed Baacutesica 1 385609
Proinfacircncia ndash Const Esc
Educ Infantil 581600 872400 3922052
Brasil Carinhoso 170960
Quadras de Esporte 304896
Projovem urbano 38760
Total 209730 331650 193073 581600 1004400 4436668 Fonte FNDE Tabela elaborada pela autora
60 Apenas no ano de 2012 natildeo constam informaccedilotildees sobre os recursos do Programa Brasil alfabetizado PBA para
o municiacutepio de Santana
130
O municiacutepio de Santana recebeu recursos dos seguintes programas em decorrecircncia do
PAR Caminho da Escola para aquisiccedilatildeo de ocircnibus Escolar recursos para mobiliaacuterio escolar e
infraestrutura da educaccedilatildeo baacutesica Proinfacircncia para construccedilatildeo de escolas de educaccedilatildeo Infantil
Brasil Carinhoso para construccedilatildeo de creches recursos para a construccedilatildeo de quadras esportivas
e referentes a programa Projovem urbano
O caminho da escola ou Transporte Acessiacutevel eacute uma accedilatildeo que segundo o MEC visa
promover a inclusatildeo escolar por meio da garantia das condiccedilotildees de acesso e permanecircncia na
escola apoiando agrave disponibilizaccedilatildeo de transporte escolar Para esse fim o municiacutepio de Santana
recebeu recursos em trecircs anos 2009 2010 e 2013 totalizando R$ 67362000 no periacuteodo Jaacute o
programa Mobiliaacuterio Escolar eacute uma accedilatildeo do FNDE que tem por objetivo renovar e padronizar
os mobiliaacuterios das escolas tendo o municiacutepio recebido o valor de R$19307300 no ano de
2011 Por meio do Programa Infraestrutura escolar que subsidia accedilotildees de construccedilatildeo de
escolas da educaccedilatildeo baacutesica o municiacutepio angariou R$ 138560900 O programa Proinfacircncia
que se destina agrave assistecircncia financeira aos municiacutepios para a construccedilatildeo reforma e aquisiccedilatildeo de
equipamentos e mobiliaacuterio para a educaccedilatildeo infantil foi o que mais propiciou recursos ao
municiacutepio de Santana Por meio dele a secretaria de educaccedilatildeo captou o valor de
R$537605200
O municiacutepio tambeacutem recebeu recursos do Programa Brasil Carinhoso que segundo a
Resoluccedilatildeo nordm 192014FNDEMEC tem o seu desenvolvimento integrado em vaacuterias vertentes e
uma delas eacute expandir a quantidade de matriacuteculas de crianccedilas entre 0 e 48 meses cujas famiacutelias
sejam beneficiaacuterias do Programa Bolsa Famiacutelia (PBF) em creches puacuteblicas ou conveniadas O
Programa consiste na transferecircncia automaacutetica de recursos financeiros sem necessidade de
convecircnio ou outro instrumento para custear despesas com manutenccedilatildeo e desenvolvimento da
educaccedilatildeo infantil contribuir com as accedilotildees de cuidado integral seguranccedila alimentar e
nutricional garantir o acesso e a permanecircncia da crianccedila na educaccedilatildeo infantil No caso de
Santana foram recebidos R$ 17096000 no ano de 2014 referente a 143 crianccedilas Para a accedilatildeo
Construccedilatildeo de quadras esportivas foram repassados R$ 30489600 de acordo com as
necessidades demonstradas pelo municiacutepio quando da elaboraccedilatildeo do PAR O programa
Projovem tem como objetivo elevar a escolaridade de jovens com idade entre 18 e 29 anos
que saibam ler e escrever e natildeo tenham concluiacutedo o ensino fundamental visando agrave conclusatildeo
desta etapa por meio da modalidade de Educaccedilatildeo de Jovens e Adultos integrada agrave qualificaccedilatildeo
profissional e o desenvolvimento de accedilotildees comunitaacuterias com exerciacutecio da cidadania na forma
de curso Para accedilotildees referentes ao cumprimento dos objetivos deste programa o municiacutepio
recebeu o valor de R$ 3876000 somente no ano de 2014
131
Para efeito de dimensionar os valores proporcionais de cada uma das fontes analisadas
vejamos os graacuteficos a seguir relativos ao ano de 2009 ano em que se aportaram os primeiros
recursos oriundos do PAR e o ano de 2013 visto que os recursos relativos ao ano de 2014 natildeo
foram informados no SIOPE
Graacutefico 3 SANTANA Receitas da Educaccedilatildeo em relaccedilatildeo as despesas com a funccedilatildeo educaccedilatildeo
- 2009
Fonte FNDE Graacutefico elaborado pela autora
Sem duacutevida a maior parte das receitas que mantem a educaccedilatildeo municipal de Santana
satildeo os oriundos do FUNDEB Em 2009 eles representaram 87 do total enquanto a segunda
maior fonte foram os recursos proacuteprios na base de 8 das receitas do ano As receitas relativas
aos Programas decorrentes do Plano de Accedilotildees Articuladas no ano de 2009 representavam 1
do total Todavia no ano de 2013 essa proporcionalidade sofreu ligeira alteraccedilatildeo como se pode
conferir no graacutefico a seguir
Recursos Proacuteprios 1386939
8
FUNDEB 16125995 87
Salaacuterio Educaccedilatildeo 232204
1
FNDE 560265 3
PAR 209730 1
Receitas da Educaccedilatildeo em Santana 2009
Recursos Proacuteprios FUNDEB Salaacuterio Educaccedilatildeo FNDE PAR
132
Graacutefico 4 SANTANA Receitas da Educaccedilatildeo em relaccedilatildeo as despesas com a funccedilatildeo educaccedilatildeo
- 2013
Fonte FNDE Graacutefico elaborado pela autora
Os recursos do FUNDEB passaram a representar 84 do total das receitas em educaccedilatildeo
em 2013 enquanto os do PAR passaram a representar 3 Houve tambeacutem aumento
proporcional dos recursos do FNDE e do Salaacuterio Educaccedilatildeo Como podemos perceber no
graacutefico eacute notoacuterio o montante de recursos destinados agrave educaccedilatildeo com um valor de mais de R$
27 milhotildees ao ano Jaacute os recursos do PAR correspondem a somente 3 do valor das receitas
do municiacutepio pouco mais de R$ 1 milhatildeo de reais Eacute importante tambeacutem deixar claro que os
recursos do PAR natildeo satildeo recursos a mais pois este natildeo recebe complementaccedilatildeo da Uniatildeo
As despesas com a funccedilatildeo educaccedilatildeo realizadas no periacuteodo da pesquisa nos mostram a
totalidade dos recursos gastos com a educaccedilatildeo no periacuteodo de 2007 a 2014 A tabela a seguir
demonstra o total dessas despesas bem como o valor gasto com cada sub-funccedilatildeo
Recursos Proacuteprios 2378186
7
FUNDEB 27432156 84
Salaacuterio Educaccedilatildeo 635331
2
FNDE 11619054
PAR 1004400 3
Receitas da Educaccedilatildeo em Santana 2013
Recursos Proacuteprios FUNDEB Salaacuterio Educaccedilatildeo FNDE PAR
133
Tabela 14 ndash Santana Despesas com a Funccedilatildeo Educaccedilatildeo (2007-2014)
Sub-
Funccedilotildees 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
EF 14910367 18487032 19191537 19707136 17957976 20624296 21804153
ES 1000 191125 2000 - - - -
EI 709597 435087 996814 5809173 8196777 9434598 13015450
EJA 5186 17361 292230 1176888 1387621 1429476 1261614
E Esp 16300 - 8551 - - - -
Outros 164151 215413 237968 270781 336596 389801 461471
Total 15806603 19346021 20729102 26963979 27878970 31878173 36542690
Fonte SIOPE Legenda EF ndash Ensino Fundamental ES ndash Educaccedilatildeo Superior EI ndash Educaccedilatildeo Infantil EJA ndash
Educaccedilatildeo de Jovens e Adultos EESP ndash Educaccedilatildeo Especial Outros gastos com educaccedilatildeo Baacutesica
Natildeo estava disponiacutevel no SIOPE as despesas do ano de 2014
Observa-se na tabela 14 que os maiores gastos foram realizados com a sub-funccedilatildeo
ensino fundamental que em todos os anos esteve acima de 50 Todavia tais gastos vecircm
diminuindo pois se em 2007 representava 9433 do total em 2014 representava apenas
5966 do montante dispendido em educaccedilatildeo Por outro lado os gastos com a educaccedilatildeo infantil
vecircm aumentando pois em 2007 eram apenas 44 do total e em 2014 passaram a representar
356 do total da funccedilatildeo educaccedilatildeo
Quanto agrave gestatildeo dos recursos observamos que o municiacutepio de Santana vem aplicando o
previsto na Constituiccedilatildeo Federal na manutenccedilatildeo e desenvolvimento do ensino na maioria dos
anos pois conforme a tabela 15 de 2007 a 2014 o miacutenimo aplicado foi de 25 exceto no ano
de 2007 quando essa taxa foi de apenas 1938
Tabela 15 Santana Miacutenimo de Aplicaccedilatildeo em MDE (2007-2014)
Ano ()
2007 1938
2008 2525
2009 2515
2010 3196
2011 2614
2012 2743
2013 2630
2014 Fonte SIOPE Tabela elaborada pela autora
Os dados tambeacutem revelam que o ano de 2014 foi muito criacutetico do ponto de vista
financeiro para o municiacutepio pois os dados estatildeo ausentes na base SIOPE Tais dados tem como
origem a Secretaria de Fazenda eacute possiacutevel que a prestaccedilatildeo de contas natildeo tenha sido realizada
naquele ano
134
Quanto agrave aplicaccedilatildeo do miacutenimo de 60 do FUNDEB com a remuneraccedilatildeo dos professores
previstos em Lei temos o seguinte quadro
Tabela 16 Santana Miacutenimo de Aplicaccedilatildeo do FUNDEB em Remuneraccedilatildeo de Professores
(2007-2014)
Ano Valor ()
2007 666079525 6963
2008 896246079 6091
2009 967559754 8959
2010 1090943753 9574
2011 1298672829 9622
2012 1426436228 9221
2013 1645929362 9448
2014 Fonte SIOPE Nota 1 Dados ausentes no SIOPE Tabela elaborada pela autora
De 2007 a 2013 apenas nos anos de 2007 o percentual foi proacuteximo de 60 Nos
demais anos foram de mais de 69 do total dos recursos Tal situaccedilatildeo requer aprofundamento
da pesquisa a fim de identificar as causas para as taxas elevadas Todavia como o municiacutepio
apresenta taxas muito baixas de arrecadaccedilatildeo proacutepria o municiacutepio de Santana manteacutem a
educaccedilatildeo basicamente com recursos do FUNDEB
Por fim cabe ressaltar no que se refere agrave gestatildeo financeira da educaccedilatildeo que os recursos
destinados agrave funccedilatildeo educaccedilatildeo sejam do FUNDEB ou de Programas ou Projetos ainda
continuam centralizados na Prefeitura Municipal e natildeo satildeo repassados ao oacutergatildeo responsaacutevel
pela gestatildeo da educaccedilatildeo no caso para a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo para que possa
executaacute-los de acordo com o seu planejamento Tal situaccedilatildeo contraria a perspectiva de
descentralizaccedilatildeo da gestatildeo dos recursos financeiros conforme preceitua a LDB em seu art 69
sect 5ordm e as poliacuteticas educacionais recentes Mas como o PAR tem interferido nessa dinacircmica de
gestatildeo educacional da rede municipal
33 O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS E A DIMENSAtildeO GESTAtildeO DA EDUCACcedilAtildeO
NA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE SANTANA (2007-2014)
O PDEPlano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo tem o Plano de Accedilotildees
Articuladas como a principal ferramenta de planejamento da educaccedilatildeo para a construccedilatildeo da
gestatildeo democraacutetica nos sistemas municipais de educaccedilatildeo
135
No municiacutepio de Santana o processo de implantaccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas teve
iniacutecio ainda em 2007 apoacutes a divulgaccedilatildeo dos resultados do Iacutendice de Desenvolvimento da
Educaccedilatildeo Baacutesica com as conversas e discussotildees sobre o Plano pois de acordo com a
coordenadora da eacutepoca
() quando foi jaacute em 2007 natildeo demorou muito para eles virem ateacute Santana foi logo
apoacutes os resultados do IDEB uma equipe do MEC e nos orientar natildeo fazia muito
tempo que tiacutenhamos realizado o planejamento estrateacutegico do municiacutepio eles nos
orientaram como deveriacuteamos proceder para o planejamento estrateacutegico e a colocaccedilatildeo
das informaccedilotildees na plataforma do SIMEC para noacutes natildeo foi difiacutecil pois jaacute tiacutenhamos
acabado de realizar nosso planejamento entatildeo foi praticamente transferir as
informaccedilotildees para a plataforma (Coordenaccedilatildeo do 1ordm PAR)
O municiacutepio de Santana atingiu as metas previstas pelo IDEB jaacute em 2007 e mesmo
assim estava nos registros do MEC como um dos municiacutepios prioritaacuterios para a visita da equipe
do MEC e a implantaccedilatildeo do Compromisso Dessa forma logo apoacutes o lanccedilamento do Decreto
nordm 60942007 se observou que grande parte dos municiacutepios brasileiros assinaram o Termo de
Adesatildeo independente de atingir ou natildeo as metas do IDEB e no municiacutepio de Santana a
coordenadora do PAR no periacuteodo da implantaccedilatildeo afirma ldquonoacutes natildeo tivemos escolha foi uma
imposiccedilatildeo do MEC para que implantaacutessemos e realizaacutessemos o preenchimento das informaccedilotildees
no sistemardquo (Coordenadora do 1ordm PAR)
O Termo de Cooperaccedilatildeo Teacutecnica entre a Prefeitura Municipal de Santana e o MEC
previa o prazo de 4 anos a partir da data da sua assinatura que foi em 2009 ldquocom possibilidade
de prorrogaccedilatildeo por igual ou inferior periacuteodo podendo ser rescindido por iniciativa de qualquer
das partes ()rdquo(MEC 2009 p2) Acerca do Termo de Compromisso e do periacuteodo de
prorrogaccedilatildeo do PAR as Coordenadoras entrevistadas natildeo souberam informar ou natildeo
lembravam
Durante o periacuteodo de levantamento documental da pesquisa tratamos os dados a partir
dos dois ciclos de planejamento do Plano de Accedilotildees Articuladas no municiacutepio Nessa pesquisa
utilizamos o Termo de Cooperaccedilatildeo Teacutecnica Nordm 23456 o planejamento estrateacutegico do municiacutepio
e a siacutentese do diagnoacutestico dos indicadores do municiacutepio
Os dados relativos ao 1ordm PAR do municiacutepio natildeo foram localizados nem nos arquivos
fiacutesicos da SEME e nem na Coordenaccedilatildeo do PAR poreacutem durante as visitas aos sujeitos
entrevistados eacute que conseguimos coletar alguns dados relativos ao 1ordm PAR o que ajudou na
construccedilatildeo da anaacutelise da historicidade do PAR em Santana As entrevistas viabilizaram
136
esclarecimentos e complementaccedilatildeo de informaccedilotildees sobre o 1ordm PAR e assim encontramos a
seguinte declaraccedilatildeo sobre o processo de elaboraccedilatildeo do 1ordm PAR
O primeiro PAR ocorreu de forma muito apressada sem uma discussatildeo com os
participantes da rede municipal de ensino Recebemos uma equipe do MEC que
orientou a elaboraccedilatildeo e disse como deveriacuteamos preencher na plataforma Natildeo foi
muito discutido ateacute porque natildeo tiacutenhamos alguns conselhos implantados mas foi
elaborado pelos setores da SEME (Coordenadora do 1ordm PAR)
Foi um lsquodiagnoacutestico de gabinetersquo em muitos indicadores as pontuaccedilotildees foram 1 e 2
devido natildeo ter a documentaccedilatildeo organizada regimento frequecircncia na reuniatildeo dos
conselhos atas ou que ainda estavam em fase de criaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo como eacute o caso
do PME (Coordenadora do 2ordm PAR)
A equipe teacutecnica local do 1ordm PAR foi composta por quinze membros sendo um
dirigente municipal oito representantes dos teacutecnicos da SEME dois representantes dos
professores um representante dos supervisores escolares um representante do quadro teacutecnico-
administrativo um representante do conselho escolar e um representante do conselho municipal
de educaccedilatildeo
O diagnoacutestico da educaccedilatildeo municipal relativo ao 2ordm PAR para o ciclo de 2011 a 2014
foi realizado pela equipe local composta pelos mesmos membros que compuseram a equipe do
1ordm PAR municipal e foi enviado ao MEC no dia 30092011 Poreacutem segundo a Coordenaccedilatildeo
do 2ordm PAR o Plano de Trabalho com as sub-accedilotildees foram enviadas para anaacutelise do MEC
posteriormente em 10092012 isto eacute quase um ano depois Segundo a coordenadora do 2ordm
PAR
Essa demora no envio para a elaboraccedilatildeo do Plano de Trabalho se deu devido agrave
dimensatildeo 4 infraestrutura ldquoque requeria informaccedilotildees adicionais de engenheiros
topoacutegrafos legalizaccedilatildeo e doaccedilatildeo de terrenos para a construccedilatildeo de escolas e creches
para o municiacutepio (Coordenadora do 2ordm PAR)
Observamos que os periacuteodos de planejamento no 1ordm e 2ordm PAR natildeo correspondem aos
periacuteodos orientados pelo MEC que seria 2007 a 2010 e de 2011 a 2014 Existe um lapso
temporal entre o planejamento e a execuccedilatildeo do PAR a assinatura do termo de compromisso e
os ciclos de duraccedilatildeo do PAR no municiacutepio Entretanto o manual de orientaccedilotildees do PAR (2011-
2014) afirma que esse planejamento eacute voluntaacuterio e natildeo haacute exigecircncia quanto ao cumprimento de
prazos
137
A adesatildeo ao Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo assinada pelos
municiacutepios estados e Distrito Federal ocorreu de forma voluntaacuteria e foi realizada
por todos os entes federados () Sendo uma accedilatildeo voluntaacuteria o Ministeacuterio da
Educaccedilatildeo natildeo estabelece prazos para elaboraccedilatildeo e conclusatildeo do PAR no sistema
Eacute de interesse dos municiacutepios estados e Distrito Federal terem o PAR elaborado e
enviado para anaacutelise do MECFNDE no SIMEC uma vez que a partir do Decreto No
6094 de 24 de abril de 2007 as accedilotildees de assistecircncia teacutecnica e financeira (apoio
suplementar e voluntaacuterio) do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo seratildeo norteadas pela adesatildeo ao
Plano de Metas e elaboraccedilatildeo do PAR no SIMEC O PAR seraacute base para termo de
convecircnio ou de cooperaccedilatildeo firmado entre o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e o ente apoiado
(MECPAR 2011 p 40 grifos nossos)
As praacuteticas dos teacutecnicos do MEC tecircm se apresentado contraditoacuterias ao seu discurso
quando afirmam em seus documentos oficiais ser ldquovoluntaacuteriardquo a adesatildeo do municiacutepio ao
PDEPlano de Metas Entretanto na praacutetica o que ocorre eacute quase uma imposiccedilatildeo aos municiacutepios
para a implantaccedilatildeo do PAR visto que condiciona o financiamento de algumas accedilotildees agrave adesatildeo
ao PAR A Lei nordm 126952012 define as quatro dimensotildees abrangidas pelo PAR passiveis de
serem financiadas ou receberem apoio teacutecnico do MEC sendo elas
Art 2o - O PAR seraacute elaborado pelos entes federados e pactuado com o Ministeacuterio da
Educaccedilatildeo a partir das accedilotildees programas e atividades definidas pelo Comitecirc
Estrateacutegico do PAR de que trata o art 3o [] sect 1o A elaboraccedilatildeo do PAR seraacute
precedida de um diagnoacutestico da situaccedilatildeo educacional estruturado em 4 (quatro)
dimensotildees []I - gestatildeo educacional []II - formaccedilatildeo de profissionais de
educaccedilatildeo []III - praacuteticas pedagoacutegicas e avaliaccedilatildeo [] IV -infraestrutura fiacutesica e
recursos pedagoacutegicos (BRASIL 2012)
Aleacutem disso os resultados do IDEB por parte do MEC refletem as condiccedilotildees para o
financiamento das accedilotildees como que alertam Adriatildeo e Garcia (2008 p 792) quando afirmam que
a adesatildeo ao Compromisso pode reduzir ldquoos processos pedagoacutegicos ao preparo para os exames
externos considerando-se que os resultados das avaliaccedilotildees concorreratildeo para o aumento dos
recursosrdquo
A ideia da poliacutetica do planejamento multidimensional e articulado com os entes
federados eacute interessante com a intermediaccedilatildeo das universidades e outras organizaccedilotildees
educacionais como a UNDIME e sindicatos educacionais auxiliam na implantaccedilatildeo da poliacutetica
e a prioridade na alocaccedilatildeo dos recursos sem interferecircncias poliacutetico-partidaacuterias Para Luce e
Farenzena (2007 p 11) a poliacutetica do MEC se caracteriza como uma ldquodescentralizaccedilatildeo
convergenterdquo levando em consideraccedilatildeo a prestaccedilatildeo de contas dos entes que aderem ao
Compromisso ou ainda tambeacutem pode ser caracterizada como uma descentralizaccedilatildeo
138
monitorada considerando a exigecircncia de um Planejamento de Accedilotildees Articuladas (PAR) e pela
existecircncia do IDEB em que eacute tomado como medida de avaliaccedilatildeo das accedilotildees que foram ou natildeo
realizadas Dessa forma os discursos da descentralizaccedilatildeo e da autonomia dos entes federados
entram em contradiccedilatildeo quanto a implantaccedilatildeo dessa poliacutetica
O Relatoacuterio Puacuteblico da siacutentese do diagnoacutestico do 1ordm PAR no municiacutepio de SantanaAP
nos indica a situaccedilatildeo de cada dimensatildeo conforme a avaliaccedilatildeo da equipe teacutecnica local por ocasiatildeo
da elaboraccedilatildeo do PAR A tabela 16 nos demonstra tal situaccedilatildeo
Tabela 17 Santana Siacutentese das pontuaccedilotildees das Dimensotildees do 1ordm PAR
Dimensotildees Pontuaccedilotildees
Total 4 3 2 1 na
1Gestatildeo Educacional 0 6 6 7 1 20
2 Formaccedilatildeo de Professores e de
Profissionais de Serviccedilos e Apoio Escolar 1 2 1 6 0 10
3 Praacuteticas Pedagoacutegicas e Avaliaccedilatildeo 1 3 2 2 0 08
4 Infraestrutura Fiacutesica e Recursos
Pedagoacutegicos 0 1 8 5 0 13
Total 2 12 17 20 1 52 Fonte SIMECMEC (2009)
De acordo com a tabela 16 o municiacutepio de Santana recebeu maior nuacutemero de pontuaccedilatildeo
1 e 2 que totalizam 71 do total de indicadores o que demonstra que haacute na rede uma situaccedilatildeo
mais para ruim do que boa As dimensotildees Gestatildeo Educacional e Infraestrutura Fiacutesica e Recursos
Pedagoacutegicos foram as responsaacuteveis pelo maior nuacutemero de pontuaccedilotildees 1 e 2 revelando estar
nessas dimensotildees as maiores fragilidades As pontuaccedilotildees 3 e 4 que representam uma situaccedilatildeo
boa ou oacutetima poreacutem correspondem apenas a 269 dos indicadores do 1ordm PAR
Em relaccedilatildeo agrave dimensatildeo da Gestatildeo Educacional 30 dos indicadores receberam
pontuaccedilatildeo 3 que eacute considerada boa segundo a avaliaccedilatildeo do MEC E 70 das pontuaccedilotildees da
gestatildeo foram 1 ou 2 o que expressa uma situaccedilatildeo insatisfatoacuteria
A elaboraccedilatildeo do 2ordm Plano de Accedilotildees Articuladas no municiacutepio de Santana ciclo 2011 a
2014 foi realizado no 2ordm semestre de 2011 com a participaccedilatildeo da equipe local
Segundo informaccedilotildees dos entrevistados a elaboraccedilatildeo do 2ordm PAR
Foi feita atraveacutes de reuniatildeo da equipe local envolvendo vaacuterios segmentos entre eles
a secretaacuteria diretores de todos os departamentos representantes de professores tanto
da zona rural como da urbana pedagogos da zona rural e urbana representantes de
diretores representantes de conselho escolar e representantes do conselho municipal
de educaccedilatildeo noacutes tivemos toda essa equipe reunidas 3 vezes por semana tanto de manhatilde
como a tarde onde eram feitos diagnoacutesticos e anaacutelise (Coordenadora do 2ordm PAR)
139
A siacutentese dos resultados do diagnoacutestico do 2ordm PAR realizado pela equipe local do
municiacutepio estaacute disponiacutevel na tabela 18 a seguir
Tabela 18 Santana Siacutentese das pontuaccedilotildees das Dimensotildees do 2ordm PAR
Dimensotildees Pontuaccedilotildees
4 3 2 1 na Total
1Gestatildeo Educacional 0 9 16 3 0 28
2 Formaccedilatildeo de Professores e de
Profissionais de Serviccedilos e Apoio Escolar 0 7 5 4 1 17
3 Praacuteticas Pedagoacutegicas e Avaliaccedilatildeo 0 9 5 1 0 15
4 Infraestrutura Fiacutesica e Recursos
Pedagoacutegicos 0 0 14 8 0 22
Total 0 25 40 16 1 82 Fonte SIMECMEC (2015)
Como podemos analisar na tabela 18 nenhum indicador recebeu a pontuaccedilatildeo 4 Quase
50 dos indicadores obtiveram a pontuaccedilatildeo 2 se somarmos as pontuaccedilotildees 1 e 2 obteremos um
total de 682 de indicadores o que descreve uma situaccedilatildeo insuficiente e por isso aponta mais
aspectos negativos e de situaccedilatildeo criacutetica ao municiacutepio As dimensotildees gestatildeo educacional e
infraestrutura fiacutesica e recursos pedagoacutegicos tem sido os principais responsaacuteveis pela situaccedilatildeo
insuficiente
E se comparamos o 1ordm e 2ordm diagnoacutestico do PAR em um panorama geral podemos
perceber que 71 das pontuaccedilotildees 1 e 2 estatildeo no 1ordm PAR e no 2ordm PAR satildeo 682 isto eacute houve
uma quase insignificante alteraccedilatildeo na situaccedilatildeo do municiacutepio em relaccedilatildeo aos indicadores
Inclusive 2 indicadores que demonstravam pontuaccedilatildeo 4 no 1ordm PAR natildeo mais apareceram no 2ordm
PAR
Em relaccedilatildeo agrave dimensatildeo Gestatildeo Educacional no 2ordm PAR 678 dos indicadores
apresentaram-se com insatisfatoacuterios ou criacuteticos Se comparados ao 1ordm PAR em que 70 dos
indicadores tambeacutem foram pontuados como insatisfatoacuterios ou criacuteticos observa-se que nessa
dimensatildeo teve uma quase insignificante evoluccedilatildeo de 22 a mais
No que se refere ainda a baixa pontuaccedilatildeo de indicadores de Infraestrutura Fiacutesica e
Recursos Pedagoacutegicos no 1ordm e 2ordm PAR pudemos identificar atraveacutes dos termos de compromisso
(Extrato de execuccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas - PAR) disponiacuteveis em consulta puacuteblica
no SIMEC (2015) planejamento para investimentos nessa dimensatildeo (4) em indicadores da
aacuterea 2 sendo
a) seis termos de compromisso relativos a compra de mobiliaacuterio equipamentos e materiais
didaacuteticos e pedagoacutegicos (accedilotildees e sub-accedilotildees do indicador 4211)
140
b) um termo de compromisso de infraestrutura (reforma) de unidades escolares que ofertam EF
na zona urbana (accedilotildees e sub-accedilotildees do indicador - 425emenda parlamentar)
c) aquisiccedilatildeo de nove ocircnibus escolares (accedilotildees e sub-accedilotildees do indicador - 4212)
d) quatro escolas comtempladas com construccedilatildeoampliaccedilatildeo de salas de aula para a educaccedilatildeo do
campo indiacutegena ou quilombola (accedilotildees e sub-accedilotildees do indicador 4210)
e) duas escolas comtempladas com construccedilatildeoampliaccedilatildeo de salas de aula de EF na zona urbana
(accedilotildees e sub-accedilotildees do indicador 429) (MECPAR 2015)
A coordenadora do 2ordm PAR afirma que ldquoo prefeito natildeo tinha a noccedilatildeo do que era o PAR
quando ele soube que era para receber recursos toda a atenccedilatildeo comeccedilou a ser dada para a
elaboraccedilatildeo do PARrdquo Natildeo obstante os recursos decorrentes do PAR considerando a totalidade
das receitas para com o financiamento da funccedilatildeo educaccedilatildeo no municiacutepio satildeo iacutenfimos conforme
jaacute demonstramos anteriormente Para o ano de 2009 representou 1 e em 2013 apenas 3 do
total das receitas
O que tambeacutem temos observado eacute que muitos dos recursos que foram alocados ainda no
1ordm PAR foram prorrogados e estatildeo em execuccedilatildeo e natildeo foram ainda concluiacutedos por parte do
municiacutepio como eacute o caso daqueles destinados agrave construccedilatildeo de creches Mas quais as
implicaccedilotildees do PAR para a democratizaccedilatildeo da gestatildeo A anaacutelise dos principais indicadores a
seguir nos daraacute pistas a esse respeito
34 OS INDICADORES DA GESTAtildeO DEMOCRAacuteTICA DO PLANO DE ACcedilOtildeES
ARTICULADAS NA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE SANTANA (2007-2014)
Os indicadores de gestatildeo democraacutetica no 1ordm e 2ordm PAR que satildeo objetos desse estudo satildeo
seis Conselho Escolar Conselho Municipal de Educaccedilatildeo Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar
Comitecirc Local do Compromisso Conselho do FUNDEB e Criteacuterios para a escolha de Diretores
A pontuaccedilatildeo que revela o diagnoacutestico da situaccedilatildeo a respeito de cada indicador realizado
por ocasiatildeo do 1ordm PAR (2007) e do 2ordm PAR (2011) demonstrada a seguir nos subsidiaraacute a anaacutelise
da evoluccedilatildeo do desenvolvimento das condiccedilotildees de democratizaccedilatildeo da gestatildeo em Santana
Quadro 10 ndash Santana Pontuaccedilatildeo dos indicadores de gestatildeo democraacutetica no 1ordm e 2ordm PAR
PAR CE CME CAE Comitecirc
Local
Conselho do
FUNDEB
Criteacuterios para a Escolha
de Diretores
1ordm PAR
(2007-2010) 3 1 1 1
2ordm PAR
(2011-2014) 3 3 2 1 2 3
Fonte SIMEC ndash Elaborado pela autora Nota 1 Indicador ausente no 1ordm PAR Nota 2 No 2ordm PAR
esse indicador foi remanejado para a Dimensatildeo Gestatildeo de Pessoas
141
No quadro 10 o diagnoacutestico situacional da gestatildeo democraacutetica da educaccedilatildeo no
municiacutepio de Santana informado pela SEME indicou que no 1ordm PAR dos quatro indicadores
analisados61 em trecircs deles (Existecircncia e funcionamento de CME Existecircncia e funcionamento
do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar e Criteacuterios para escolha de diretores) a pontuaccedilatildeo
atribuiacuteda foi 1 o que demonstra uma situaccedilatildeo muito criacutetica revelando aspectos negativos
Apenas um indicador foi diagnosticado com a pontuaccedilatildeo 3 (Existecircncia e funcionamento de
Conselho escolar) que descreve uma situaccedilatildeo satisfatoacuteria Jaacute no 2ordm PAR dos seis indicadores
analisados trecircs indicadores receberam a pontuaccedilatildeo 3 (Existecircncia e funcionamento de Conselho
escolar Existecircncia e funcionamento de CME e Criteacuterios para escolha de diretores) dois
indicadores receberam pontuaccedilatildeo 2 (Existecircncia e funcionamento do Conselho de Alimentaccedilatildeo
Escolar e Existecircncia e funcionamento do Conselho do FUNDEB) Apenas o Escolar um
indicador recebeu pontuaccedilatildeo 1 (Comitecirc Local)
Essa situaccedilatildeo deveraacute ser analisada mais detalhadamente em cada indicador nos itens a
seguir na perspectiva de compreender as implicaccedilotildees do PAR para a democratizaccedilatildeo da gestatildeo
por meio da anaacutelise do funcionamento de cada um desses indicadores no acircmbito da rede
municipal
341 Existecircncia composiccedilatildeo e funcionamento dos Conselhos Escolares (CE)
O municiacutepio de Santana desde 1994 jaacute dispotildee da sua lei especiacutefica Nordm 15394 que trata
sobre a criaccedilatildeo do Conselho Escolar nos estabelecimentos do sistema municipal de ensino A
existecircncia de Conselhos Escolares na rede municipal de Santana eacute tambeacutem mencionada na Lei
Orgacircnica do Municiacutepio promulgada em 1992 revisada e atualizada no ano de 2000 em seu
art 159 e 160 define as funccedilotildees do CE e a elaboraccedilatildeo de um regimento da escola que seja
participativo
Art 159 ndash As escolas puacuteblicas municipais contaratildeo com conselhos escolares
constituiacutedos pela direccedilatildeo da escola e representantes dos segmentos da comunidade
escolar com funccedilotildees consultiva deliberativa e fiscalizadora na forma da Lei
Art 160 ndash Os estabelecimentos de ensino deveratildeo ter um regimento elaborado pela
Comunidade Escolar homologado pelo conselho da escola e submetido a posterior
aprovaccedilatildeo do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (SANTANA 2000 p 34)
Entretanto a rede municipal justificou que possui escolas que natildeo tem os Conselhos
Escolares constituiacutedos principalmente ldquoporque ainda tem funcionaacuterios do contrato
administrativo ou seja natildeo satildeo efetivos e esta eacute uma das exigecircncias conforme o estatuto do
61Dos seis indicadores focalizados neste trabalho dois deles natildeo constavam no primeiro PAR (o Comitecirc Local e
Conselho do FUNDEB)
142
conselho escolarrdquo (Conselheira do CE - governamental) Como podemos analisar ainda haacute
funcionaacuterios puacuteblicos admitidos por contratos administrativos sem estabilidade no cargo e sem
passar por provas e tiacutetulos
Os Conselhos Escolares satildeo de grande importacircncia por serem os incentivadores da
participaccedilatildeo contribuindo para a construccedilatildeo de uma cultura democraacutetica que rompa com a
loacutegica do poder centralizador das decisotildees de um pequeno grupo estimulando assim um local
de exerciacutecio contiacutenuo e cotidiano do diaacutelogo e da negociaccedilatildeo ldquoum espaccedilo de aprendizagem
participativa democraacutetica e de empowerment de seus componentes () que se desenvolvem
como construccedilatildeo da comunidade escolar a democracia estaraacute sendo construiacuteda ativamente e
vivenciada em processos concretosrdquo (WERLE 2003 p 11)
A composiccedilatildeo do Conselho Escolar no municiacutepio de Santana eacute de 9 (nove) conselheiros
sendo um titular e um suplente de cada segmento da comunidade escolar O diretor da Unidade
Escolar eacute membro ldquonatordquo e natildeo passa por eleiccedilatildeo tendo sua participaccedilatildeo garantida no CE mas
natildeo poderaacute ser o presidente (SANTANA 2000) No instante em que a uma legislaccedilatildeo daacute
poderes a integrantes dos Conselhos natildeo passarem por eleiccedilatildeo estatildeo utilizando de
procedimentos antidemocraacuteticos visto que os conselhos representam a participaccedilatildeo nas
discussotildees e o poder de tomar decisotildees
Nesse caso os direitos civis de uma comunidade em que envolve a efetiva participaccedilatildeo
com engajamento nas questotildees de interesse puacuteblico envolve tambeacutem igualdade poliacutetica entre
todos os participantes participaccedilatildeo ativa toleracircncia voluntariedade e o espaccedilo deve ser
propiacutecio para concordar ou discordar dos pontos de vista propostos sem constrangimento
passividade ou imposiccedilotildees
O quadro 11 apresenta o diagnoacutestico realizado pela equipe local do municiacutepio quanto
ao indicador ldquoExistecircncia de Conselhos Escolares (CE)rdquo no 1ordm e 2ordm PAR
Quadro 11 - SANTANA Diagnoacutestico do Indicador Conselho Escolar
PAR Indicador Pontuaccedilatildeo
1ordf versatildeo do PAR
(2007-2010) Existecircncia de Conselhos Escolares 3
2ordf versatildeo do PAR
(2011-2014)
Existecircncia e funcionamento de
Conselhos Escolares 3
Fonte SIMEC ndash Elaborado pela autora
De acordo com o quadro 11 o indicador ldquoExistecircncia de Conselhos Escolaresrdquo no 1ordm PAR
(2007-2010) recebeu a pontuaccedilatildeo 3 o que de acordo com as convenccedilotildees do MEC significa
que haacute conselhos escolares atuantes em pelo menos 50 das escolas da rede que a secretaria
143
sugeria e orientava a implantaccedilatildeo dos CE e que as escolas da rede em parte se mobilizavam
para implantar CE
No 2ordm PAR (2011-2014) o indicador ldquoExistecircncia e funcionamento de Conselhos
Escolaresrdquo por ocasiatildeo da pontuaccedilatildeo 3 gerou cinco sub-accedilotildees a serem realizadas pela SEME
como
a) qualificar os teacutecnicos da SEME que satildeo responsaacuteveis pela implantaccedilatildeo e
fortalecimento dos conselhos escolares b) instituir um grupo articulador de
criaccedilatildeo e fortalecimento dos conselhos escolares e de outros documentos
relacionados a gestatildeo democraacutetica da escola c) sensibilizar a comunidade escolar
e local dentre eles pais professores diretores escolares demais funcionaacuterios da
escola e comunidade sobre a importacircncia da gestatildeo democraacutetica na escola e
mobilizaacute-la para a implantaccedilatildeo do conselho escolar onde ele natildeo existir e)
monitorar e apoiar a atuaccedilatildeo dos conselhos na rede de ensino f) incentivar a
integraccedilatildeo entre os conselhos escolares (PAR 2011-2014)
b)
Segundo uma entrevistada integrante do Conselho Escolar que faz parte da equipe de
fortalecimento dos conselhos escolares as sub-accedilotildees que se referem ao monitoramento e apoio
aos conselhos escolares bem como a integraccedilatildeo entre eles natildeo ocorreram
Quando perguntamos agrave Conselheira sobre a existecircncia implantaccedilatildeo e funcionamento
dos CE na rede municipal de ensino ela assim descreveu o processo
90 das escolas tecircm Conselhos Escolares implantados por que as mesmas trabalham
com caixas escolares e os representantes do caixa escolar satildeo eleitos dentro da
composiccedilatildeo do Conselho Escolar Ficando entendido que o caixa escolar eacute o oacutergatildeo
que trabalha com o recurso financeiro da unidade escolar e eacute tirado de dentro da
composiccedilatildeo do Conselho Escolar () na implantaccedilatildeo dos conselhos escolares a SEME
vem para as escolas faz uma assembleia sensibiliza todos os envolvidos na escola e
mostra o que eacute o conselho qual a funccedilatildeo do conselho mostra o que pode e o que natildeo
pode fazer orienta de acordo com as leis e orientamos que faccedilam as assembleias por
segmento Eacute assim que orientamos (Conselheira Escolar)
No que diz respeito ao funcionamento dos Conselhos Escolares a conselheira avalia que
A implantaccedilatildeo eacute uma beleza jaacute o funcionamento eacute uma dificuldade pois a gente
percebe que haacute uma negaccedilatildeo Os proacuteprios pais dizem que o conselho escolar natildeo
funciona ou natildeo tem tempo de participar Os Caixas escolares as pessoas tecircm medo
de se envolverem com as questotildees financeiras e natildeo querem participar (Conselheira
Escolar)
Como podemos perceber na fala da entrevistada os conselhos satildeo implantados
principalmente por ser uma exigecircncia da Uniatildeo para a composiccedilatildeo dos caixas escolares pois
somente dessa forma as escolas teratildeo acesso aos recursos Sendo que o Conselho Escolar pode
exercer tambeacutem a funccedilatildeo de Unidade Executora (UEx) responsaacutevel por receber os recursos
do PDDE (Programa Dinheiro Direto na Escola) Mas sua atuaccedilatildeo natildeo deve se restringir apenas
agraves accedilotildees financeiras Outro aspecto interessante diz respeito ao fato de que quando o conselho
144
escolar natildeo exerce a funccedilatildeo de Unidade Executora natildeo haacute necessidade de registraacute-lo em
cartoacuterio Mas mesmo natildeo sendo a Unidade Executora o conselho escolar deve participar do
planejamento e da execuccedilatildeo dos recursos financeiros (MECPAR 2011)
No levantamento de dados do Sistema de Informaccedilotildees sobre Orccedilamentos Puacuteblicos em
Educaccedilatildeo (SIOPE) natildeo encontramos registrados no municiacutepio de Santana os lsquoConselhos
Escolaresrsquo como Unidades Executoras o que foram encontrados foram lsquoCaixas Escolaresrsquo De
acordo com o MEC as Caixas Escolares satildeo unidades executoras com personalidade juriacutedica
de direito privado com CNPJ sem fins lucrativos Eacute portanto categoria de associaccedilatildeo natildeo
pertence agrave administraccedilatildeo puacuteblica eacute apenas vinculada agrave escola As Caixas Escolares tecircm como
objetivo gerir a verba transferida por isso chamada de Unidade Executora Portanto todas as
escolas devem possuir sua Caixa Escolar e aquelas escolas com pequena quantidade de alunos
(ateacute 50 alunos) eacute facultativa a criaccedilatildeo da unidade executora Nesta situaccedilatildeo a escola recebe o
recurso por meio da Prefeitura ou da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo (MECFNDE)
Para receber os recursos do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) as escolas
puacuteblicas do municiacutepio precisaram criar suas Caixas Escolares Os recursos do PDDE servem
para compra de material de consumo manutenccedilatildeo conservaccedilatildeo e reparos na unidade escolar
e pequenos investimentos em bens permanentes Servem tambeacutem para accedilotildees previstas na
escola incluindo acessibilidade programaccedilotildees culturais educaccedilatildeo integral atletas na escola
dentre outros
Nesse sentido o discurso da ldquodescentralizaccedilatildeo administrativardquo que eacute um dos
mecanismos segundo Bresser-Pereira (1996) para a organizaccedilatildeo institucional e eacute um dos
objetivos da Reforma do Estado que envolve mudanccedilas na gestatildeo e no funcionamento dos
sistemas de ensino em que as Unidades Escolares tecircm entatildeo uma autonomia relativa pois esta
deveraacute ser gerenciada pelo poder central atraveacutes dos mecanismos de controle E sendo os caixas
escolares instituiccedilotildees de direito privado natildeo pertencentes as escolas puacuteblicas o que observamos
nesse caso eacute uma instituiccedilatildeo privada dentro de uma instituiccedilatildeo puacuteblica como nos alertava
Peroni (2005) onde a loacutegica que prevalece eacute a da gestatildeo privada
No que diz respeito aos recursos financeiros da educaccedilatildeo ao municiacutepio destacamos os
repasses realizados ao municiacutepio pelo governo federal atraveacutes de diversos Programas as escolas
da rede municipal de ensino de Santana por meio dos caixas escolares tais como PDDE ndash
Educaccedilatildeo Baacutesica PDDE ndash Atleta na Escola PDDE ndash Acessibilidade PDDE ndash Educaccedilatildeo
Integral PDDE ndash Escola Campo PDDE ndash Escola Sustentaacutevel PDDE ndash Cultura na Escola PDE
ndash escola
145
No que diz respeito agraves receitas com repasses diretamente as escolas da rede municipal
de Santana fizemos um levantamento financeiro anual do periacuteodo desde a chegada do PAR ao
municiacutepio O quadro 12 apresenta o montante financeiro anual recebido pelas escolas por meio
das Caixas Escolares
Quadro 12 ndash Santana Receitas do PDDE por Programa para as escolas da rede municipal de
Santana (2007-2014)
Ano Programas Nordm de escolas
atendidas
Total de Recursos
Recebidos
2007
PDDE ndash Educaccedilatildeo Baacutesica 10 5672840
PDE ndash Escola 01 3100000
Total em R$ - 8772840
2008
PDDE ndash Educaccedilatildeo Baacutesica 11 7241850
PDDE ndash Acessibilidade 01 1600000
Total em R$ - 8841850
2009
PDDE ndash Educaccedilatildeo Baacutesica 19 13994210
PDDE ndash Educaccedilatildeo Integral 10 27959202
PDE ndash Escola 08 11400000
Total em R$ - 53353412
2010
PDDE ndash Educaccedilatildeo Baacutesica 20 15587050
PDDE ndash Educaccedilatildeo Integral 10 32808372
Total em R$ - 48395422
2011
PDDEndash Educaccedilatildeo Baacutesica 04 2252310
PDDE ndash Acessibilidade 01 700000
Total em R$ - 2952310
2012
PDDE ndash Educaccedilatildeo Baacutesica 28 15916648
PDDE ndash Acessibilidade 06 5660000
PDDE ndash Escola Campo 04 7380000
PDDE ndash Educaccedilatildeo Integral 20 66015986
PDE ndash Escola 04 15100000
Total em R$ - 110072634
2013
PDDE ndash Educaccedilatildeo Baacutesica 28 24390000
PDDE ndash Estrutura (Acessibilidade) 10 9660000
PDDE ndash Estrutura (Escola Campo) 02 3000000
PDDE ndash Qualidade (Escola Sustentaacutevel) 06 5600000
PDDE ndash Qualidade (Atleta na Escola) 05 578700
PDDE ndash Educaccedilatildeo Integral 22 95435872
Total em R$ - 138664572
2014 PDDE ndash Educaccedilatildeo Baacutesica 3462 12998402
62 O municiacutepio de Santana no ano de 2014 possui 31 escolas e 17 anexos de escolas Entretanto o repasse do
PDDE no ano de 2014 foi para 34 caixas escolares Nessa pesquisa natildeo conseguimos identificar o porquecirc de 34
caixas escolares terem recebido o recurso
146
PDDE ndash Estrutura (Acessibilidade) 03 3740000
PDDE ndash Qualidade (Atleta na Escola) 10 1212900
PDDE ndash Qualidade (Cultura na Escola) 05 6100000
PDDE ndash Educaccedilatildeo Integral 25 59463154
Total em R$ - 83514456
Total Geral em R$ - 454567496
Fonte FNDESIOPE (2015) ndash Organizado pela autora
De acordo com o quadro 12 podemos perceber um volume de repasses no montante de
R$ 454567496 para as escolas puacuteblicas da rede municipal em um periacuteodo de 8 anos Se
compararmos o recurso do ano de 2007 com o de 2014 os recursos aumentaram 945 e se
comparado ao ano de 2013 o crescimento foi de 1580
Nos dados do SIOPE podemos identificar o volume de recursos repassados diretamente
as caixas escolares das escolas puacuteblicas da rede municipal de Santana Os recursos referem-se
aos Programas criados a partir do PDEPlano de Metas
Graacutefico 5 ndash Total de repasses do PDDE para as escolas da rede municipal 2007 - 2014
Fonte SIOPE (2016)
Como podemos observar no graacutefico 5 comparando os anos de 2007 e 2014 houve um
elevado crescimento nos repasses financeiros destinados aos caixas escolares das escolas
municipais O quadro 12 indica os programas que foram implantados e a quantidade de escolas
que receberam esses programas atraveacutes das caixas escolares
Os dados revelam tambeacutem um aumento no nuacutemero de caixas escolares que em 2007
eram 10 e em 2014 jaacute haviam 34 implantadas O quadro 12 aponta um crescimento nos valores
dos repasses a partir de 2009 isso pode ter ocorrido devido a assinatura do Termo de Adesatildeo
000
20000000
40000000
60000000
80000000
100000000
120000000
140000000
160000000
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
147
ao Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo entre o governo federal e o municiacutepio de Santana e
consequentemente a incorporaccedilatildeo dos programas no acircmbito do PAR no municiacutepio
Os programas estatildeo sendo criados gradativamente no municiacutepio agrave medida que as
escolas organizam os seus Conselhos Escolares os primeiros programas foram o PDDE e o
PDE ndash Escola em 2007 o PDE-Acessibilidade eacute criado em 2008 o Programa Educaccedilatildeo Integral
em 2009 em 2012 o programa Educaccedilatildeo do Campo no ano de 2013 eacute a vez dos programas
Atleta na Escola e Escola Sustentaacutevel e em 2014 o programa Cultura na Escola tambeacutem foi
contemplado para o municiacutepio
O Programa Educaccedilatildeo Integral foi implantado no ano de 2009 em 10 escolas municipais
chegando a 25 escolas no ano de 2014 Eacute o Programa que mais tem absorvido recursos do
FNDE no total de R$ 281682586 em 5 anos63 atingindo 62 do valor total das receitas que
foi de R$ 454567496 destinados aos caixas escolares das escolas puacuteblicas municipais de
Santana
Tabela 19 ndash Santana Total de Recursos do PDDE recebidos pelas Caixas Escolares da rede
municipal no periacuteodo de 2007-2014
Ano Nordm de caixas escolares Total de Recursos
Recebidos
2007 10 8772840
2008 11 8841850
2009 19 53353412
2010 20 48395422
2011 04 2952310
2012 28 110072634
2013 28 138664572
2014 34 83514456
Fonte FNDESIOPE
Os dados da tabela 19 mostram que o nuacutemero de caixas escolares tem crescido na rede
municipal em 2007 eram apenas 10 caixas escolares e em 2014 jaacute eram 34 Em 2011 observou-
se uma queda no nuacutemero de caixas escolares que receberam recursos isso pode ter ocorrido
devido a natildeo prestaccedilatildeo de contas ao FNDE nesse caso os caixas escolares ficam na condiccedilatildeo
de inadimplentes e natildeo recebem recursos ateacute efetivarem a prestaccedilatildeo de contas
Eacute notoacuterio no documento ldquoPrograma Nacional de Fortalecimento dos Conselhos
Escolaresrdquo elaborado pelo MEC e proposto ao municiacutepio de Santana e consequentemente as
63O Programa Educaccedilatildeo Integral transferiu recursos para o municiacutepio nos anos 2009 2010 2012 2013 e 2014
148
unidades escolares A desconcentraccedilatildeo de tarefas do MEC para as unidades escolares fazem
com que as escolas se preocupem mais em atingir as metas propostas pelo MEC do que com os
procedimentos pedagoacutegicos para a melhoria da qualidade da educaccedilatildeo A ideia eacute de um modelo
gerencial para educaccedilatildeo onde a poliacutetica eacute planejada verticalmente e descentralizada na sua
execuccedilatildeo Nesse exemplo cabe ao MEC a centralizaccedilatildeo das informaccedilotildees e aos municiacutepios a
execuccedilatildeo dos 13 (treze) itens que satildeo atribuiacutedos aos membros do CE e que perpassam desde a
promoccedilatildeo discussatildeo criaccedilatildeo assessoramento fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo integraccedilatildeo ateacute garantias
de aprovaccedilatildeo encaminhamento e divulgaccedilatildeo de accedilotildees
Embora a caixa escolar seja parte do Conselho Escolar o que constatamos foi a pouca
participaccedilatildeo dos conselheiros nas reuniotildees do CE nas escolas da rede municipal o que
inviabiliza a construccedilatildeo de uma gestatildeo democraacutetica e um planejamento coletivo para a
construccedilatildeo da autonomia da escola
342 Existecircncia composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (CME)
No que diz respeito ao diagnoacutestico desse indicador da gestatildeo no municiacutepio de Santana
nas duas versotildees do PAR foi o seguinte
Quadro 13 Santana Diagnoacutestico do Indicador Conselho Municipal de Educaccedilatildeo
PAR Indicador Pontuaccedilatildeo
1ordf versatildeo do PAR
(2007-2010)
Existecircncia composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do
Conselho Municipal de Educaccedilatildeo 1
2ordf versatildeo do PAR
(2011-2014)
Existecircncia composiccedilatildeo competecircncia e atuaccedilatildeo do
Conselho Municipal de Educaccedilatildeo 3
Fonte SIMEC ndash Elaborado pela autora
Notadamente houve um avanccedilo na pontuaccedilatildeo entre os diferentes anos A pontuaccedilatildeo 1
expressa conforme o MEC ldquoquando natildeo existe um CME implementado ou quando o CME
existente eacute apenas formalrdquo Embora exista lei aprovada desde 1998 o Conselho foi
diagnosticado pela equipe que elaborou o 1ordm PAR como inexistente ou natildeo funcionava Na 2ordf
versatildeo do PAR o CME foi diagnosticado com pontuaccedilatildeo 3 A conselheira entrevistada
justificou essa pontuaccedilatildeo devido a melhor organizaccedilatildeo da documentaccedilatildeo e que
Existe o Conselho Municipal de Educaccedilatildeo - CME com regimento interno escolha
democraacutetica dos conselheiros poreacutem nem todos os segmentos estatildeo representados o
CME zela pelo cumprimento das normas natildeo auxilia a SEME no planejamento
149
municipal da Educaccedilatildeo na distribuiccedilatildeo de recursos no acompanhamento e avaliaccedilatildeo
das accedilotildees educacionais (Conselheira do CME - Representante governamental)
Nesse sentido existe a pouca representatividade na composiccedilatildeo do CME da sociedade
civil o CME tambeacutem fica inviabilizado de realizar algumas accedilotildees devido agrave falta de
transparecircncia nos recursos financeiros que impedem o debate e o planejamento coletivo das
accedilotildees junto a SEME a natildeo representaccedilatildeo da sociedade civil no CME inviabilizando assim a
participaccedilatildeo do CME Poreacutem segundo a conselheira o CME tem auxiliado no planejamento
municipal da Educaccedilatildeo bem como no acompanhamento e avaliaccedilatildeo das accedilotildees educacionais do
IDEB
Como se pode perceber na resposta da entrevistada eacute que a democratizaccedilatildeo da educaccedilatildeo
natildeo tem ocorrido no municiacutepio pois a SEME natildeo tem autonomia para gerenciar o seu proacuteprio
orccedilamento e nem o CME pois segundo a Lei Municipal Nordm 366 de 1998 o Conselho tem o
papel somente de ldquoassessorarrdquo a poliacutetica e da legislaccedilatildeo educacional municipal O que retira a
autonomia poliacutetica dos conselheiros de participar de todos os temas relativos agrave educaccedilatildeo
municipal
Dessa forma aponta como necessidade para a melhoria da atuaccedilatildeo do CME
A descentralizaccedilatildeo dos recursos financeiros da prefeitura para a Secretaria Municipal
de Educaccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo da representatividade na composiccedilatildeo do conselho que
garanta a participaccedilatildeo da sociedade civil com auxiacutelio de um estudo envolvendo
profissionais do MEC (Conselheira do CME - Representante governamental)
O Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (CME) foi criado pela Lei Nordm 366 de 14 de abril de
1998 no seu art 1ordm aponta que o CME eacute criado ldquocom a finalidade baacutesica de assessorar o
Governo Municipal na formulaccedilatildeo da poliacutetica e legislaccedilatildeo educacional do municiacutepiordquo
(SANTANA 1998) e apresenta 21 finalidades para o CME
I ndash Normatizar procedimentos educacionais no acircmbito do municiacutepio analisar ou
propor programas projetos ou atividades de expansatildeo e aperfeiccediloamento ()
II ndash Analisar autorizar o funcionamento de unidades escolares de direito privado e
reconhecer unidades escolares ()
III ndash Sugerir diretrizes ()
IV ndash Promover a) O acompanhamento e o controle social na aplicaccedilatildeo de recursos
()
IX - Supervisionar a realizaccedilatildeo do Censo Escolar anual
()
XIII- Avaliar o ensino ministrado pela Administraccedilatildeo Municipal e recomendar
diretrizes agrave sua expansatildeo e aperfeiccediloamento
XX ndash Aprovar o calendaacuterio
() (SANTANA 1998 p 01-03) [destaque em negrito nossos]
150
Ao observar as finalidades do CME percebe-se que o oacutergatildeo eacute responsaacutevel pela
orientaccedilatildeo na conduccedilatildeo do Sistema Municipal de Educaccedilatildeo de Santana da formulaccedilatildeo da
poliacutetica da legislaccedilatildeo educacional e pelas accedilotildees destacadas entendemos que o CME tem caraacuteter
mais amplo consultivo deliberativo normativo e fiscalizador De acordo com a Lei Nordm
3661998 - PMS o conselho eacute composto por
Quadro 14 ndash Santana Composiccedilatildeo do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (CME)
Membros
I ndash um representante da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo
II ndash um representante dos professores municipais
III ndash um representante dos diretores das escolas puacuteblicas municipais
IV ndash um representante dos servidores das escolas puacuteblicas do ensino municipal
V ndash um representante dos Conselhos escolares municipais
VI ndash um representante dos estabelecimentos particulares de ensino fundamental
VII ndash um representante do oacutergatildeo estadual de ensino sediado no municiacutepio
Fonte Prefeitura Municipal de Santana ndash Elaborado pela autora
A lei de criaccedilatildeo do Conselho natildeo menciona aspectos quanto agrave paridade de seus membros
entre representantes do poder puacuteblico e da sociedade civil No que se refere aos criteacuterios de
escolha destacamos no sect4ordm do art 2ordm da Lei 3661998 - PMS que uma parte dos representantes
poderatildeo ser escolhidos democraticamente em assembleias e os demais devem ser indicados ldquoos
representantes II III IV e V seratildeo escolhidos em assembleias especialmente convocadas e os
demais seratildeo indicados por suas entidades para nomeaccedilatildeo do prefeitordquo (SANTANA 1998 p
4) Entretanto a proacutepria composiccedilatildeo do CME deixa clara a disparidade entre poder puacuteblico e
sociedade civil quando natildeo eacute proposto na composiccedilatildeo da Associaccedilatildeo de pais e mestres os
sindicatos as Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais o Ministeacuterio Puacuteblico dentre outros oacutergatildeos
de representaccedilatildeo colegiada
Os representantes do CME apoacutes escolhidos satildeo nomeados pelo prefeito para o mandato
de 04 (quatro) anos podendo este tempo ser renovado por mais um mandato O presidente do
Conselho ficaraacute por dois anos podendo ser reeleito As reuniotildees ordinaacuterias devem ocorrer
quinzenalmente e extraordinariamente sempre que convocados
De acordo com uma representante do CME entrevistada
() as reuniotildees ateacute ocorrem mas as coisas natildeo satildeo encaminhadas como deveriam natildeo
haacute regulamentaccedilatildeo das resoluccedilotildees () a gente assessora a SEME como teacutecnica da
SEME mas deveria ser pelo CME embora o CME esses tempos esteja mais atuante
para a aprovaccedilatildeo do Plano Municipal de Educaccedilatildeo (Representante do CME -
Representante governamental)
151
Podemos assim perceber que existe o CME no municiacutepio a composiccedilatildeo se daacute
praticamente pelo poder puacuteblico e existe pouca efetividade na atuaccedilatildeo na execuccedilatildeo das suas
competecircncias enquanto oacutergatildeo colegiado do CME Dessa forma compreendemos que o
Conselho Municipal de Educaccedilatildeo natildeo estaacute atuando conforme o que se define em lei como suas
competecircncias Aleacutem de haver pouca participaccedilatildeo dos membros do CME no que se refere ao
acompanhamento da execuccedilatildeo dos recursos da educaccedilatildeo ele eacute pouco atuante na resoluccedilatildeo das
demandas e accedilotildees que deveriam ser executadas pelo Conselho
O fato de o CME natildeo contar com integrantes da sociedade civil com atuaccedilatildeo criacutetica e
comprometidas com a efetividade das poliacuteticas puacuteblicas o que pode ser um dos motivos pelo
qual natildeo haacute efetividade nas accedilotildees e pouco tem contribuiacutedo com a democratizaccedilatildeo e a autonomia
da gestatildeo
343 Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho Municipal de Alimentaccedilatildeo Escolar (CAE)
No municiacutepio de SantanaAP o Conselho Municipal de Alimentaccedilatildeo Escolar ndash CAE foi
instituiacutedo pela Lei Nordm 488 de 10 de maio de 2001 anteriormente existia outra Lei Nordm 458 de
1999 ndash PMS que foi revogada Segundo a Lei atual Nordm 4882001 o CAE de Santana apresenta
as seguintes caracteriacutesticas eacute um oacutergatildeo que tem caraacuteter consultivo orientador normativo
fiscalizador e de funcionamento permanente
No Art 8ordm da Lei municipal Nordm 4882001 indica a composiccedilatildeo do CAE que deve ter 07
(sete) representantes titulares e 07 (sete) suplentes dentre os quais estatildeo representantes do poder
puacuteblico governamental e da sociedade civil sendo um Representante do Poder Executivo um
Representante do Poder Legislativo dois Representantes dos Professores dois Representantes
dos Pais dos Alunos um Representante de outros segmentos da Sociedade Os representantes
do CAE satildeo indicados pelos Chefes dos Poderes Executivo e Legislativo bem como pelas
respectivas entidades indicadas no art 8ordm e satildeo nomeados por ato do Prefeito
No diagnoacutestico realizado pelo municiacutepio no PAR esse indicador obteve as seguintes
pontuaccedilotildees
Quadro 15 Santana Diagnoacutestico do Indicador Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar
PAR Indicador Pontuaccedilatildeo
1ordf versatildeo do PAR
(2007-2010)
Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do
Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar 1
2ordf versatildeo do PAR
(2011-2014)
Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do
Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar 2
Fonte SIMEC (2015)
152
Quanto agrave avaliaccedilatildeo do 1ordm PAR nesse indicador o municiacutepio de Santana recebeu a
pontuaccedilatildeo 1 o que caracteriza que o Conselho existe formalmente apenas para receber o
recurso do Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar (PNAE) ou que pode natildeo estar atuando
da forma como se prevecirc que funcione Ou seja pode natildeo estar atuando na fiscalizaccedilatildeo e nem
no acompanhamento de execuccedilatildeo dos recursos e de distribuiccedilatildeo da merenda
No 2ordm PAR a pontuaccedilatildeo indicada foi 2 o que implica dizer de acordo com o MEC que
eacute quando o CAE natildeo eacute representado por todos os segmentos natildeo existe um regimento
interno as reuniotildees natildeo satildeo regulares raramente acontece a fiscalizaccedilatildeo da aplicaccedilatildeo
dos recursos transferidos o CAE natildeo acompanha a compra nem a distribuiccedilatildeo dos
alimentosprodutos nas escolas natildeo estaacute atento as boas praacuteticas sanitaacuterias de higiene
e ao objetivo de formaccedilatildeo dos bons haacutebitos (MECSIMEC 2011)
Segundo a Conselheira da Representaccedilatildeo governamental que participou da equipe local
para a elaboraccedilatildeo do 2ordm PAR justificou a pontuaccedilatildeo 2 em que ldquoo CAE tem representaccedilatildeo de
todos os segmentos conforme lei 119472009 possui um regimento interno e fiscaliza
parcialmente a aplicaccedilatildeo dos recursos transferidos mas as reuniotildees natildeo satildeo regulares devido a
rotatividade (Conselheira do CAE - Representaccedilatildeo governamental) Para a realizaccedilatildeo de accedilotildees
para reverter essa realidade sugerem que o CAE
organize um calendaacuterio de reuniotildees para garantir o acompanhamento da compra dos
alimentosprodutos distribuiacutedos nas escolas a fiscalizaccedilatildeo dos recursos financeiros a
qualidade dos alimentos e agraves boas praacuteticas sanitaacuterias de higiene e ao objetivo de
formaccedilatildeo de bons haacutebitos alimentares Garantir ainda que os conselheiros participem
de cursos do PNAE (Conselheira do CAE - Representaccedilatildeo governamental)
Embora muitas accedilotildees natildeo sejam monitoradas pela Coordenaccedilatildeo do PAR foi possiacutevel
durante as entrevistas percebermos que algumas accedilotildees propostas ainda no 1ordm PAR como as
formaccedilotildees e preparaccedilotildees dos Conselheiros em programas especiacuteficos ocorreram Embora a
conselheira representante do governo afirme que natildeo haacute regularidade nas reuniotildees um
representante da sociedade civil afirmou durante a entrevista que as reuniotildees do CAE
ldquoacontecem duas vezes por semanardquo e sobre a atuaccedilatildeo do CAE afirma que eacute
() um oacutergatildeo deliberativo e fiscalizador que serve pra fiscalizar os recursos oriundos
do FNDE e PNAE pra compra de alimentaccedilatildeo escolar nas escolas Eu diria que noacutes
temos atuado precariamente pelo fato de natildeo termos uma estrutura Noacutes temos uma
sala em uma casa que eacute alugada que funcionam os conselhos Laacute satildeo trecircs conselhos
que funcionam numa sala minuacutescula e quando coincidem as reuniotildees temos que
adiar e mais noacutes natildeo temos transportes natildeo temos carro agrave disposiccedilatildeo natildeo temos
153
combustiacutevel pra colocar no nosso transporte pra fazer a fiscalizaccedilatildeo (Conselheiro
CAE - Representante da sociedade civil)
No que se refere a participaccedilatildeo segundo o representante o CAE eacute atuante e soacute natildeo faz
mais por que o municiacutepio natildeo daacute a devida estrutura mas que cobram em ata fazem relatoacuterio e
encaminham Segundo ele o CAE eacute muito ativo
mas infelizmente o poder puacuteblico natildeo daacute atenccedilatildeo devida para que possamos melhorar
cada vez mais a nossa fiscalizaccedilatildeo ateacute porque pra eles eacute conveniente que noacutes natildeo
fiscalize embora a gente sabe que nem tudo anda como deveria andar A gente sabe
que falta merenda escolar as escolas estatildeo deterioradas as cozinhas das escolas natildeo
tecircm estrutura natildeo seguem o cardaacutepio (Representante do CAE da sociedade civil)
Quanto agrave autonomia a fiscalizaccedilatildeo e recebimento de recursos o representante do CAE
afirma que a autonomia eacute bem limitada pois
Raramente somos convidados pela PMS ou SEME para discutir sobre a merenda
encontramos um conselho parado um conselho inerte por falta de interesse e temos
dois anos de prestaccedilatildeo de conta por fazer e ainda tivemos que ficar um
tempo regularizando o conselho para evitar que as crianccedilas em 2015 deixassem de ter
merenda escolar (Representante do CAE da sociedade civil)
Dessa forma apesar da boa participaccedilatildeo e atuaccedilatildeo do CAE a proacutepria PMS inviabiliza
algumas accedilotildees para que os conselhos funcionem Eacute importante destacar que os recursos da
educaccedilatildeo satildeo centralizados na Prefeitura Municipal de Santana e natildeo ocorre a descentralizaccedilatildeo
desses recursos para a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo inviabilizando assim a possibilidade
de discussatildeo de participaccedilatildeo dos representantes da educaccedilatildeo nas definiccedilotildees da aplicaccedilatildeo dos
recursos
344 Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de Controle Social do Fundo de Manutenccedilatildeo e
Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo
(FUNDEB)
A ideia de um fundo de educaccedilatildeo puacuteblica nacional de forma autocircnoma foi pensada desde
os pioneiros da educaccedilatildeo em 1932 ao propor uma vinculaccedilatildeo e a autonomia dos recursos para
o financiamento da educaccedilatildeo independente das mudanccedilas poliacuteticas dos administradores onde
o importante era que tivesse uma separaccedilatildeo dos montantes para fins educacionais aleacutem do
acompanhamento e da fiscalizaccedilatildeo pela sociedade desses fundos (LIMA 2006) A participaccedilatildeo
154
da sociedade civil nos conselhos eacute de fato uma participaccedilatildeo social representada por
organizaccedilotildees seja ela em defesa dos trabalhadores seja em defesa dos empresaacuterios
No diagnoacutestico realizado pela equipe local do PAR no municiacutepio o indicador
Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho do Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo
Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo ndash CACS-FUNDEB somente aparece na
2ordf versatildeo do PAR
Quadro 16 Diagnoacutestico do Indicador Conselho de Controle Social do FUNDEB
PAR Indicador Pontuaccedilatildeo
2ordf versatildeo do PAR
(2011-2014)
Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do
Conselho do FUNDEB 2
Fonte SIMEC (2015)
A pontuaccedilatildeo 2 indicada no quadro 16 pela equipe local segundo as convenccedilotildees do
MEC eacute atribuiacuteda quando o Conselho do FUNDEB ou cacircmara de financiamento do Conselho
Municipal de Educaccedilatildeo natildeo eacute representado por todos os segmentos (conforme norma ndash Lei
114942007) natildeo existe um regimento interno as reuniotildees natildeo satildeo regulares raramente
acontece o acompanhamento e o controle social sobre a distribuiccedilatildeo a transferecircncia e a
aplicaccedilatildeo dos recursos dos Fundos (FUNDEB PNATE Programa de Apoio aos Sistema de
Ensino para Atendimento agrave EJA) o Conselho nem sempre promove ampla publicidade agrave
aplicaccedilatildeo dos recursos
Nesse sentido a equipe local diagnosticou com uma pontuaccedilatildeo 2 no municiacutepio que eacute
uma situaccedilatildeo insuficiente em relaccedilatildeo ao Conselho do FUNDEB o que gerou accedilotildees a serem
realizadas pelo municiacutepio como ldquoa substituiccedilatildeo de representantes de pais que sejam atuantes e
que participem das reuniotildees a transferecircncia do gerenciamento de recursos do FUNDEB e
PNATE da prefeitura para a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo para melhorar a transparecircncia
dos investimentosrdquo (Equipe LocalPAR 2011-2014)
O Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos
Profissionais da Educaccedilatildeo (FUNDEB) de natureza contaacutebil e o Conselho de
Acompanhamento Controle Social Comprovaccedilatildeo e Fiscalizaccedilatildeo dos recursos do referido
fundo foram criados conjuntamente no acircmbito do municiacutepio de Santana atraveacutes da Lei Nordm
07972007 de 28 de dezembro de 2007
O Decreto 05282015 nomeia 11 integrantes do Conselho de Acompanhamento e
Controle Social (CACS) e como podemos perceber natildeo eacute paritaacuterio sendo
155
Quadro 17 Santana Composiccedilatildeo do CACS e FUNDEB
Membros
01 (Um) Representante da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo
01 (Um) Representante do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo
01 (Um) Representante da Prefeitura Municipal de Santana
01 (Um) Representante do Conselho Tutelar do Municiacutepio de Santana
01 (Um) Representante dos Professores da rede puacuteblica municipal
01 (Um) Representante dos Auxiliares Educacionais da rede puacuteblica municipal
01 (Um) Representante dos Diretores de Escolas puacuteblicas municipais
02 (Dois) Representantes dos pais de alunos da rede puacuteblica municipal
02 (Dois) Representantes dos alunos da rede puacuteblica municipal
Fonte Prefeitura Municipal de Santana
De acordo com a pontuaccedilatildeo 2 do indicador pela equipe local o Conselho do FUNDEB
natildeo tem uma composiccedilatildeo paritaacuteria e nem estava atuando dentro da Lei 11494 de 2007 pois de
acordo com o artigo 5o da Lei
sect 6o O presidente dos conselhos previstos no caput deste artigo seraacute eleito por seus
pares em reuniatildeo do colegiado sendo impedido de ocupar a funccedilatildeo o representante
do governo gestor dos recursos do Fundo no acircmbito da Uniatildeo dos Estados do Distrito
Federal e dos Municiacutepios
sect 7o Os conselhos dos Fundos atuaratildeo com autonomia sem vinculaccedilatildeo ou
subordinaccedilatildeo institucional ao Poder Executivo local e seratildeo renovados
periodicamente ao final de cada mandato dos seus membros
sect 8o A atuaccedilatildeo dos membros dos conselhos dos Fundos
I - natildeo seraacute remunerada
II - eacute considerada atividade de relevante interesse social
III - assegura isenccedilatildeo da obrigatoriedade de testemunhar sobre informaccedilotildees recebidas
ou prestadas em razatildeo do exerciacutecio de suas atividades de conselheiro e sobre as
pessoas que lhes confiarem ou deles receberem informaccedilotildees
IV - veda quando os conselheiros forem representantes de professores e diretores ou
de servidores das escolas puacuteblicas no curso do mandato
a) exoneraccedilatildeo ou demissatildeo do cargo ou emprego sem justa causa ou transferecircncia
involuntaacuteria do estabelecimento de ensino em que atuam
b) atribuiccedilatildeo de falta injustificada ao serviccedilo em funccedilatildeo das atividades do conselho
c) afastamento involuntaacuterio e injustificado da condiccedilatildeo de conselheiro antes do
teacutermino do mandato para o qual tenha sido designado
V - veda quando os conselheiros forem representantes de estudantes em atividades
do conselho no curso do mandato atribuiccedilatildeo de falta injustificada nas atividades
escolares (BRASIL 2007 grifos negrito nossos)
Durante a entrevista realizada com o presidente do Conselho do FUNDEB o mesmo
informou ser diretor da escola Sabendo que a funccedilatildeo de diretor eacute de livre nomeaccedilatildeo e
exoneraccedilatildeo do prefeito o presidente do Conselho natildeo poderia assumir a funccedilatildeo de conselheiro
devido ao seu viacutenculo de cargo de confianccedila com o governo municipal
Segundo o entrevistado ele participa das reuniotildees do FUNDEB desde 2012 mas nunca
participou das reuniotildees do PAR desconhece a pontuaccedilatildeo do indicador do Conselho do
156
FUNDEB no PAR de 2011-2014 somente este ano que estatildeo construindo o PAR de 2016 a
2019 eacute que estaacute participando da equipe local Afirmou que estaacute como presidente do Conselho
do FUNDEB desde 30 de dezembro de 2015 As reuniotildees ocorrem mensalmente com a
presenccedila dos conselheiros e a fiscalizaccedilatildeo ocorre quando solicitamos a prefeitura atraveacutes de
ofiacutecios agraves documentaccedilotildees para o Conselho
Fazemos a prestaccedilatildeo de contas juntamente com o CACS pois os membros do CACS
satildeo os mesmos do FUNDEB fiscalizamos junto ao banco e a prefeitura a entrada de
recursos no municiacutepio e se as despesas estatildeo sendo pagos dentro dos limites do
percentual certo e de aplicaccedilatildeo obrigatoacuteria recursos esses do FNDE e do PNATE
Observamos tudo as rotas a seguranccedila se o combustiacutevel foi suficiente e organizamos
a fiscalizaccedilatildeo trimestralmente Os recursos do CAE tambeacutem passam por noacutes apesar
deles terem mais autonomia a gente valida o deles Ou seja todos os recursos da
educaccedilatildeo que entra no municiacutepio passam por noacutes do Conselho do FUNDEB
(Representante do FUNDEB ndash Representante governamental)
Quanto aos repasses que chegam ao municiacutepio de Santana atraveacutes do Estado satildeo
() o FPM e ICMS que eacute de 20 jaacute foi 22 mas jaacute caiu para 13 para 20 e hoje
o valor corresponde a 13 de novo com essa crise a arrecadaccedilatildeo do estado diminuiu
logo o repasse diminuiu tambeacutem Atualmente o municiacutepio deixou de arrecadar devido
o porto ter afundado e os impostos vecircm quase tudo exclusivamente do governo federal
(Representante do FUNDEB - Representante governamental)
Dessa forma o municiacutepio natildeo estaacute cumprindo com o repasse dos 25 para a educaccedilatildeo
dos impostos proacuteprios
A proacutepria equipe local reconhece as dificuldades enfrentadas pela pouca frequecircncia no
conselho da participaccedilatildeo da sociedade civil e o natildeo repasse dos recursos financeiros para a
Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e a centralizaccedilatildeo na prefeitura municipal dificulta e
inviabiliza a execuccedilatildeo do planejamento da SEME e torna a aplicaccedilatildeo dos recursos centralizados
e sem a devida e correta fiscalizaccedilatildeo pela sociedade civil dificultando a descentralizaccedilatildeo e a
viabilidade dos debates para a construccedilatildeo de uma gestatildeo democraacutetica participativa e autocircnoma
345 Criteacuterios para escolha de diretores no municiacutepio de Santana
A escolha de diretores escolares por via democraacuteticas atraveacutes da participaccedilatildeo da
comunidade na escolha fortalece o poder poliacutetico no interior das escolas e consequentemente
reduz a intervenccedilatildeo do Estado sobre elas e dessa forma a escola torna-se mais autocircnoma e
capaz de promover relaccedilotildees mais democraacuteticas em seu interior
157
Segundo os relatoacuterios do Plano de Accedilotildees Articuladas nas suas duas versotildees
apresentaram o seguinte diagnoacutestico
Quadro 18 Diagnoacutestico do Indicador Criteacuterios para a Escolha de Diretores
PAR Criteacuterios para a Escolha de Diretores
1ordm PAR (2007-2010) 1
2ordm PAR (2011-2014) 3 Fonte SIMEC (2015)
De acordo com o quadro 18 o indicador da gestatildeo educacional do PAR sobre os criteacuterios
para a escolha de diretores de escola foi diagnosticado pela equipe de elaboraccedilatildeo do PAR com
a pontuaccedilatildeo 1 que equivale agrave situaccedilatildeo de ausecircncia de criteacuterios para escolha da direccedilatildeo das
escolas No entanto no 2ordm PAR recebeu a pontuaccedilatildeo 3 que equivale uma situaccedilatildeo boa Em
termos de legislaccedilatildeo de fato as leis municipais elegem a gestatildeo democraacutetica como princiacutepio
Mas na praacutetica o que prevalece eacute o criteacuterio da nomeaccedilatildeo pura e simples tatildeo ao gosto dos
gestores comprometidos com modelos de gestatildeo patrimonialista e clientelista
No que se refere agrave gestatildeo dos sistemas de ensino o PMCTE prevecirc
XVIII ndash fixar regras claras considerados meacuterito e desempenho para nomeaccedilatildeo e
exoneraccedilatildeo de diretor de escola
XIX ndash zelar pela transparecircncia da gestatildeo puacuteblica na aacuterea da educaccedilatildeo garantindo o
funcionamento efetivo autocircnomo e articulado dos conselhos de controle social
XXII ndash promover a gestatildeo participativa na rede de ensino
XXIII ndash elaborar plano de educaccedilatildeo e instalar Conselho de Educaccedilatildeo quando
inexistente
XXV ndash fomentar e apoiar os conselhos escolares envolvendo as famiacutelias dos
educandos com as atribuiccedilotildees dentre outras de zelar pela manutenccedilatildeo da escola e
pelo monitoramento das accedilotildees e consecuccedilatildeo das metas do compromisso (BRASIL
2007)
O inciso XVIII prevecirc a criaccedilatildeo de criteacuterios para o provimento do cargo de diretor escolar
com base no meacuterito e no desempenho individual o que pode lhe atribuir grande
responsabilizaccedilatildeo pelo sucesso ou pelo fracasso da gestatildeo No entanto a construccedilatildeo
democraacutetica da educaccedilatildeo requer requisitos que vatildeo aleacutem da competecircncia teacutecnica do diretor
incluindo processo eletivo tendo em vista a ldquolegitimidade poliacutetica necessaacuteria ao desempenho de
suas funccedilotildeesrdquo (PARO 2007 p 81) e isto natildeo eacute considerado no Decreto
A gestatildeo das escolas puacuteblicas tem dois artigos especiacuteficos da Lei Nordm 0849 2010 do
Plano de Carreiras da Educaccedilatildeo do Municiacutepio de Santana (PCEMS) onde indica que a gestatildeo
das escolas puacuteblicas devem obedecer ao princiacutepio da gestatildeo democraacutetica com eleiccedilatildeo para
158
diretores Entretanto a mesma Lei natildeo cita e nem regulamenta como deve ocorrer afirma
somente que esse tema deve ser tratado conforme art 46 em uma ldquoLei especiacutefica mediante
proposta discutida entre o Chefe do Poder Executivo e o Conselho Permanente da Gestatildeo da
Carreirardquo (SANTANA 2010 p 16)
Ateacute entatildeo cinco anos se passaram estamos no final do ano de 2015 e o municiacutepio natildeo
possui nenhuma regulamentaccedilatildeo ou lei complementar sobre os criteacuterios da eleiccedilatildeo e todos eles
satildeo nomeados por indicaccedilatildeo pelo prefeito municipal demonstrando que natildeo haacute interesse em
aprovar a Lei especiacutefica citada no PCEMS para que ocorra de fato a gestatildeo democraacutetica nas
escolas puacuteblicas
346 - Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromisso
O Comitecirc Local do Compromisso eacute segundo os conselhos de controle social da gestatildeo
democraacutetica do PAR o mais recente instituiacutedo pelo municiacutepio atraveacutes do Decreto Municipal
Nordm 490 de 03 de abril de 2013 que foi criado para acompanhar o cumprimento das metas
estabelecidas pelo Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica Segundo o diagnoacutestico do
PAR o 1ordm PAR natildeo havia esse indicador
Quadro 19 Diagnoacutestico do indicador Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromisso
PAR Comitecirc Local
1ordm PAR (2007-2010)
2ordm PAR (2011-2014) 1
O Comitecirc Local do Compromisso foi implantado somente no 2ordm PAR como indicador
da gestatildeo democraacutetica da educaccedilatildeo ldquoexistecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromissordquo
O Comitecirc Local tem um papel essencialmente mobilizador sendo sua composiccedilatildeo ampliada
para aleacutem das organizaccedilotildees educacionais com participaccedilatildeo por exemplo do Ministeacuterio
Puacuteblico dos sindicatos das associaccedilotildees de moradores das ONGs dos Conselhos das Igrejas
e da populaccedilatildeo em geral
Entretanto foi observado como diagnoacutestico do 2ordm PAR a pontuaccedilatildeo 1 o que implica
dizer que natildeo existia ou natildeo funcionava o Comitecirc Local do Compromisso No Decreto
municipal de criaccedilatildeo do Comitecirc existe uma composiccedilatildeo de 6 membros sendo
159
Quadro 20 SANTANA Composiccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromisso
Membros
Um representante da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo
Um representante do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo
Um representante da Promotoria da Justiccedila
Um representante da Cacircmara dos vereadores
Um representante da Sociedade Civil - igreja
Um representante dos Diretores de escolas
Fonte Prefeitura Municipal de Santana ndash Elaborado pela autora
Com informaccedilotildees desencontradas pela SEME esse comitecirc encontrava-se sem atuaccedilatildeo
durante o periacuteodo da pesquisa
Eacute no contexto de atitudes praacuteticas e accedilotildees patrimonialistas que se caracteriza a confusatildeo
entre o puacuteblico que serve a um interesse coletivo e o privado que serve aos interesses
individualizados Os representantes em nome de uma coletividade tomam como seus os cargos
os recursos e os funcionaacuterios na busca de fazer as suas vontades E na educaccedilatildeo puacuteblica essas
praacuteticas implicam no direito usurpado de uma educaccedilatildeo puacuteblica e de qualidade social As
relaccedilotildees patrimonialistas satildeo oriundas de um poder pessoal que se quer levar para a gestatildeo
puacuteblica Esse tipo de comportamento na gestatildeo da educaccedilatildeo puacuteblica interfere no funcionamento
dos conselhos na medida em que os representantes natildeo veem ali um espaccedilo em defesa da
educaccedilatildeo puacuteblica
Notadamente nos conselhos estudados nessa pesquisa foram observadas as
dificuldades ou ausecircncia de condiccedilotildees de funcionamento no que se refere a espaccedilo fiacutesico
ausecircncia de transporte para fiscalizaccedilatildeo falta de transparecircncia nos recursos composiccedilatildeo dos
conselhos natildeo-paritaacuteria pouca atenccedilatildeo as iacutenfimas manifestaccedilotildees de representaccedilatildeo coletiva na
pesquisa O que pode ainda ser caracterizada como neopatrimonialista que eacute quando o gestor
puacuteblico nega a legitimidade do conselho como instacircncia representativa
160
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
O estudo se ocupou de analisar as implicaccedilotildees do PAR para a gestatildeo da educaccedilatildeo na
rede municipal de Santana no Amapaacute na perspectiva de avaliar seus efeitos na democratizaccedilatildeo
da gestatildeo Partiu-se do pressuposto de que a democratizaccedilatildeo da gestatildeo natildeo pode ser vista em
abstrato e portanto no sistema capitalista a participaccedilatildeo a descentralizaccedilatildeo e a autonomia
elementos constitutivos da democracia ganham nuances contraditoacuterias pois expressam a
correlaccedilatildeo de forccedilas entre as classes sociais
A pesquisa partiu da seguinte questatildeo central Quais as implicaccedilotildees do PAR para a
gestatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana no Estado do Amapaacute Considerando o pressuposto
teoacuterico assumido entende-se que a gestatildeo da educaccedilatildeo em uma sociedade sob a hegemonia do
capitalismo natildeo pode ser vista sem a concretude das accedilotildees que a permeiam Assim ao longo da
histoacuteria da educaccedilatildeo no paiacutes os representantes do capital sempre procuraram manter o seu
projeto poliacutetico e social de dominaccedilatildeo e tornar a classe trabalhadora cada vez mais afastada da
participaccedilatildeo seja nas decisotildees poliacuteticas seja do usufruto dos bens produzidos No Brasil ao
longo da Primeira Repuacuteblica Brasileira as oligarquias se revezavam no poder e se utilizavam
do Estado como meio para perpetuar as suas praacuteticas patrimonialistas e clientelistas O governo
de Getuacutelio Vargas manteve o poder ateacute o momento em que atendia ao projeto hegemocircnico O
golpe militar de 1964 demonstrou essa articulaccedilatildeo e o poder de dominaccedilatildeo da oligarquia e do
Estado brasileiro No acircmbito desse governo a gestatildeo da educaccedilatildeo se manteve centralizada e
burocratizada espraiando para estados e municiacutepios tal modelo A deacutecada de 1980 trouxe as
lutas populares em prol da democracia que levaram agrave derrocada do regime militar e instituiacuteram
uma nova Constituiccedilatildeo Federal em 1988 que pretendia uma nova forma de controle social do
Estado pelas garantias de participaccedilatildeo da sociedade nas questotildees poliacuteticas e sociais do paiacutes
viabilizando a cidadania como direito e instituindo o princiacutepio da gestatildeo democraacutetica na
educaccedilatildeo
Eacute o momento em que tivemos a implementaccedilatildeo das primeiras iniciativas de
democratizaccedilatildeo das relaccedilotildees de poder no acircmbito das escolas por meio da criaccedilatildeo de conselhos
escolares de conselhos municipais de educaccedilatildeo de conselhos de controle social de recursos
como o da merenda escolar de escolha de diretores de escolas por meio de eleiccedilatildeo de
elaboraccedilatildeo do projeto poliacutetico pedagoacutegico da escola de forma participativa entre outras No
entanto ao lado de tais iniciativas de gestatildeo da educaccedilatildeo democratizantes persistiram os
modelos de gestatildeo centralizada patrimonialista e burocraacutetica Paralelamente a essas conquistas
brasileiras a crise internacional do capital e as estrateacutegias utilizadas para a sua superaccedilatildeo como
161
a reestruturaccedilatildeo produtiva a globalizaccedilatildeo o neoliberalismo e a terceira via vecircm provocando
inuacutemeras transformaccedilotildees na vida material objetiva e subjetiva com alteraccedilotildees substanciais nas
formas de gestatildeo e participaccedilatildeo (PERONI 2006) Nesta perspectiva o Plano Diretor de
Reforma do Aparelho do Estado (PDRAE) propotildee a redefiniccedilatildeo do papel do Estado em 1995
com grandes implicaccedilotildees para a gestatildeo puacuteblica ao propor a gestatildeo gerencial modelo oriundo
do setor empresarial Tal modelo baseia-se na descentralizaccedilatildeo do atendimento das poliacuteticas
sociais por meio de privatizaccedilatildeo da publicizaccedilatildeo da terceirizaccedilatildeo e das parcerias puacuteblico-
privadas na gestatildeo dos serviccedilos puacuteblicos com o fim de maximizar a eficiecircncia e a eficaacutecia
O mercado passa a ser o grande paracircmetro de excelecircncia para o serviccedilo puacuteblico e por
isso haacute que seguir a mesma loacutegica Haacute grande incentivo na ldquoparticipaccedilatildeo socialrdquo na gestatildeo
puacuteblica Contudo a natureza dessa participaccedilatildeo social eacute modificada pois natildeo se trata mais de
viabiliza-la como direito de cidadania mas com fins utilitaristas de tornar a gestatildeo puacuteblica mais
eficiente e eficaz materializando assim a gestatildeo gerencial E o cidadatildeo agora passa a ser
adjetivado como ldquoclienterdquo consumidor de poliacuteticas puacuteblicas e neste aspecto natildeo mais visto
como aquele que exige porque eacute um cidadatildeo de direitos
Essas mudanccedilas no modelo de gestatildeo refletem o contexto de crise do capital e de ajuste
fiscal desse momento histoacuterico que visava reconstituir as taxas de lucro e para isso vinha
diminuindo sistematicamente os investimentos em poliacuteticas sociais Os usuaacuterios passam a ser
chamados a lsquoparticiparrsquo como executores de poliacuteticas por meio de parcerias como fiscais de
recursos puacuteblicos nos conselhos de controle social como voluntaacuterios em ONGs ou similares
A lsquoparticipaccedilatildeorsquo do usuaacuterio do serviccedilo puacuteblico poderia ser uacutetil em pelo menos dois aspectos
primeiro porque ao priorizar a gestatildeo de tais poliacuteticas por meio de parcerias com ONGs ou
projetos pontuais onde essas massas poderiam atuar a baixo custo ou como voluntaacuterios nesses
projetos isso poderia diminuir o custo das poliacuteticas sociais e ao mesmo tempo conter a massa
de desempregados segundo porque na medida em que ao estimular a participaccedilatildeo dos usuaacuterios
na definiccedilatildeo de prioridades ldquoestrateacutegicasrdquo ou mesmo de se tornarem ldquofiscaisrdquo da aplicaccedilatildeo dos
recursos os efeitos de tais participaccedilotildees contribuiriam para se fazer mais com menos e assim
atingir os objetivos de diminuiccedilatildeo dos gastos em educaccedilatildeo Aleacutem de conter as demandas por
emprego a inserccedilatildeo de voluntaacuterios e outras formas de participaccedilatildeo nos conselhos de controle
poderiam tambeacutem viabilizar os consensos necessaacuterios para a manutenccedilatildeo da hegemonia dos
que tecircm poder como assinalava Gramsci
Tais iniciativas ocorreram com mais ecircnfase no governo de Fernando Henrique Cardoso
Contudo os governos de Luiz Inaacutecio Lula da Silva e de Dilma Rousseff mesmo apresentando
162
projetos de governo agrave esquerda do espectro poliacutetico nacional natildeo apresentaram ruptura radical
com esse modelo
Em relaccedilatildeo agrave gestatildeo da educaccedilatildeo embora o Plano de Metas Compromisso Todos pela
Educaccedilatildeo e o PAR recomendem e incentivem a expansatildeo e implementaccedilatildeo de mecanismos que
podem potencializar a gestatildeo democraacutetica tais como Conselhos Escolares Conselho Municipal
de Educaccedilatildeo Conselho Municipal de Alimentaccedilatildeo Escolar Conselho do FUNDEB por outro
lado apresentam outros mecanismos mais afeitos ao modelo de gestatildeo gerencial como o
accountability que representa a responsabilizaccedilatildeo pelos resultados repassada para os entes
federados e para a sociedade local a exemplo dos resultados do IDEB Neste aspecto com a
implantaccedilatildeo do PAR pelos municiacutepios o MEC descentralizadesconcentra a execuccedilatildeo das accedilotildees
passando a agir como oacutergatildeo financiador de algumas delas mas principalmente como
regulamentador e controlador dos resultados da educaccedilatildeo municipal
Conforme definido neste trabalho a anaacutelise da gestatildeo da educaccedilatildeo na perspectiva de sua
democratizaccedilatildeo no municiacutepio de SantanaAP se deu a partir de seis indicadores da aacuterea Gestatildeo
Democraacutetica contida no Plano de Accedilotildees Articuladas que foram Existecircncia de Conselhos
Escolares Existecircncia composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo Composiccedilatildeo
e atuaccedilatildeo do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho do Fundo
de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da
Educaccedilatildeo Criteacuterios para escolha da Direccedilatildeo Escolar e Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local
do Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo Como paracircmetros de anaacutelise utilizamos os elementos
constitutivos da democratizaccedilatildeo da gestatildeo como a descentralizaccedilatildeo a participaccedilatildeo e a
autonomia Quanto agraves implicaccedilotildees do PAR para a gestatildeo educacional no municiacutepio de Santana
os resultados apontam que
Os conselhos escolares existem no municiacutepio de Santana desde o final da deacutecada de
1990 mas com a intensificaccedilatildeo da descentralizaccedilatildeo de recursos por meio dos programas do
PDE-Escola advindos do PAR e do proacuteprio PDDE a dinacircmica de criaccedilatildeo e funcionamento
desses conselhos vem se redimensionando O nuacutemero de caixas escolares que em 2007 eram
10 em 2014 passaram para 34 O volume de recursos administrados tambeacutem aumentou
bastante pois de 2007 para 2014 os recursos recebidos aumentaram em 945 Se comparado
o ano de 2007 ao ano de 2013 o crescimento foi de 1580 Entretanto estes conselhos tecircm
assumindo um caraacuteter mais burocraacutetico do que articulador de accedilotildees com promoccedilatildeo de
participaccedilatildeo ampliada Pelo que revela a fala dos entrevistados haacute dificuldade de participaccedilatildeo
de seus membros pelos mais diversos motivos A dinacircmica de funcionamento do Conselho
escolar na rede municipal de Santana limita-se praticamente ao gerenciamento da Caixa Escolar
163
em relaccedilatildeo aos recursos do PDDE o que leva a concluir que o conselho pouco tem atuado como
promotor da autonomia da escola Embora no 1ordm e no 2ordm PAR esse indicador tenha recebido
pontuaccedilatildeo 3 o que representa boa atuaccedilatildeo em pelo menos 50 das escolas observou-se que
os conselhos escolares da rede municipal de Santana tecircm atuado mais no sentido da execuccedilatildeo
dos recursos secundarizando esse espaccedilo como tomada de decisatildeo e de construccedilatildeo de
autonomia no interior da escola puacuteblica ao praticamente se eximir de abordar outros temas de
interesse da escola para aleacutem da gestatildeo financeira
O Conselho Municipal de Educaccedilatildeo ainda que exista em lei no municiacutepio desde 1998
esse oacutergatildeo natildeo funciona adequadamente No primeiro PAR esse indicador recebeu pontuaccedilatildeo
miacutenima o que representa funcionamento ruim No segundo PAR recebeu pontuaccedilatildeo 3 o que
representa melhoria No entanto as informaccedilotildees coletadas revelaram que natildeo haacute paridade entre
os representantes governamentais e natildeo governamentais o que compromete a igualdade e o
direito de participaccedilatildeo popular na gestatildeo haacute pouca participaccedilatildeo dos membros do CME no que
se refere ao acompanhamento da execuccedilatildeo dos recursos da educaccedilatildeo o CME eacute pouco atuante
na resoluccedilatildeo das demandas compatiacuteveis com suas atribuiccedilotildees Por tais fatores evidenciados
conclui-se que embora o CME tenha melhorado sua atuaccedilatildeo a partir do segundo PAR sua
contribuiccedilatildeo para a democratizaccedilatildeo da gestatildeo ainda eacute incipiente
O municiacutepio de SantanaAP tambeacutem conta com Conselho de Controle Social da
Alimentaccedilatildeo Escolar (CAE) instituiacutedo pela Lei nordm 458 de 1999 ndash PMS posteriormente
substituiacuteda pela Lei Nordm 488 de 10 de maio de 2001 focalizado como o terceiro indicador No
primeiro PAR esse indicador recebeu a pontuaccedilatildeo 1 ou seja o Conselho existia formalmente
apenas para receber o recurso do Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar (PNAE) e poderia
natildeo estar atuando conforme suas atribuiccedilotildees previstas seja na fiscalizaccedilatildeo ou no
acompanhamento da execuccedilatildeo dos recursos e de distribuiccedilatildeo da merenda No segundo PAR
essa pontuaccedilatildeo mudou para 2 o que indica o CAE apesar de apresentar alguma melhora em
seu funcionamento ainda natildeo era representado por todos os segmentos que raramente
acontecia a fiscalizaccedilatildeo da aplicaccedilatildeo dos recursos transferidos enfim que o CAE natildeo
acompanhava a compra nem a distribuiccedilatildeo dos alimentosprodutos nas escolas e continuava
pouco atento agraves boas praacuteticas sanitaacuterias e de higiene nos locais de preparo da alimentaccedilatildeo
escolar
Vale ressaltar que os recursos do Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar (PNAE)
que deveriam ser fiscalizados em sua execuccedilatildeo pelo CAE em Santana satildeo significativos e
superiores aos recursos do Salaacuterio Educaccedilatildeo em todos os anos da pesquisa As fontes
consultadas indicam um ldquoconselho parado um conselho inerte por falta de interesserdquo que por
164
pelo menos dois anos apresentou atraso na prestaccedilatildeo de contas Aleacutem disso falta infraestrutura
para reuniotildees transporte para visita agraves escolas do campo e mesmo formaccedilatildeo aos conselheiros
que lhes possibilite acompanhar a execuccedilatildeo dos recursos e a fiscalizar a distribuiccedilatildeo dos
produtos da merenda escolar A pouca participaccedilatildeo dos conselheiros do CAE tanto no periacuteodo
do primeiro quanto do segundo PAR nos permite afirmar que o aumento da pontuaccedilatildeo em
relaccedilatildeo a esse indicador satildeo meramente formais e natildeo se traduzem em mudanccedilas reais no
sentido do controle social dos recursos e de praacuteticas democraacuteticas
O quarto indicador Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho do Fundo de Manutenccedilatildeo e
Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo ndash
CACS-FUNDEB eacute um indicador que aparece apenas no segundo PAR visto que no primeiro
o FUNDEB ainda estava iniciando sua implantaccedilatildeo Do ponto de vista da legislaccedilatildeo municipal
o Conselho foi criado pela Lei nordm 0797 de 28 de dezembro de 2007 A pontuaccedilatildeo recebida neste
segundo PAR foi 2 o que significa que o Conselho natildeo eacute representado por todos os segmentos
(conforme norma ndash Lei 114942007) natildeo existe um regimento interno as reuniotildees natildeo satildeo
regulares raramente acontece o acompanhamento e o controle social sobre a distribuiccedilatildeo a
transferecircncia e a aplicaccedilatildeo dos recursos dos Fundos (FUNDEB PNATE Programa de Apoio
aos Sistema de Ensino para Atendimento agrave EJA) o Conselho nem sempre promove ampla
publicidade agrave aplicaccedilatildeo dos recursos
De fato o controle social dos recursos da educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana parece ser
difiacutecil tarefa a comeccedilar pelo fato da gestatildeo de tais recursos serem centralizadas no governo
municipal contrariando o que recomenda a LDB que indica a descentralizaccedilatildeo de tais recursos
para o oacutergatildeo gestor no caso a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo a SEME e pela falta de
participaccedilatildeo dos conselheiros nas reuniotildees Tal situaccedilatildeo inclusive gerou accedilotildees a serem
realizadas pelo municiacutepio como ldquotransferir a responsabilidade do gerenciamento de recursos
do FUNDEB e PNATE da prefeitura para a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo para melhorar a
transparecircncia dos investimentosrdquo A transferecircncia de responsabilidade da gestatildeo dos recursos
poderia natildeo soacute facilitar o planejamento das accedilotildees educacionais mas melhorar o controle social
dos recursos puacuteblicos O fato de que o ano de 2014 apresenta ausecircncia de dados financeiros no
SIOPE em relaccedilatildeo ao municiacutepio reflete tambeacutem a possibilidade de que haja dificuldade quanto
agraves prestaccedilotildees de contas da execuccedilatildeo dos recursos para este ano Essa situaccedilatildeo tende a dificultar
ou mesmo inviabilizar a gestatildeo democraacutetica pela negaccedilatildeo do princiacutepio da transparecircncia na
gestatildeo do recurso puacuteblico
A escolha de diretores de escolas puacuteblicas eacute entre os indicadores analisados o ponto mais
obscuro O indicador da gestatildeo educacional do PAR sobre os criteacuterios da escolha para diretores
165
de escola foi diagnosticado pela equipe de elaboraccedilatildeo do PAR com a pontuaccedilatildeo 1 que equivale
agrave situaccedilatildeo de lsquoausecircncia de criteacuterios para escolha da direccedilatildeo das escolasrsquo No entanto no 2ordm PAR
recebeu a pontuaccedilatildeo 3 que equivale uma situaccedilatildeo boa Em termos de legislaccedilatildeo de fato as leis
municipais elegem a gestatildeo democraacutetica como princiacutepio como no caso da Lei nordm 0849 do ano
de 2010 que trata do Plano de Carreiras da Educaccedilatildeo do Municiacutepio de Santana (PCEMS) onde
se prevecirc inclusive a eleiccedilatildeo direta como criteacuterio No entanto a mesma lei remete o tema para
regulamentaccedilotildees posteriores o que nunca aconteceu Na praacutetica o que prevalece eacute o criteacuterio da
nomeaccedilatildeo pura e simples tatildeo ao gosto dos gestores comprometidos com modelos de gestatildeo
patrimonialista e clientelista Em relaccedilatildeo a esse indicador o PAR soacute alterou a pontuaccedilatildeo As
praacuteticas continuam as mesmas
Em relaccedilatildeo ao uacuteltimo indicador Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do
Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo verificou-se que o comitecirc foi criado pelo Decreto
Municipal Nordm 490 de 03 de abril de 2013 para acompanhar o cumprimento das metas
estabelecidas pelo PAR e eacute bastante avanccedilado em sua composiccedilatildeo No entanto eacute recente no
municiacutepio e talvez por isso natildeo tem exercido o seu papel de mobilizar a sociedade para a
participaccedilatildeo e acompanhamento das accedilotildees do PAR na perspectiva de sua efetividade
Natildeo se pode negar o meacuterito do PAR para a organizaccedilatildeo e o planejamento das accedilotildees
educacionais na rede municipal de ensino de Santana que apoacutes o PAR passou a melhor
reconhecer suas fragilidades e desafios No entanto o estudo evidenciou a histoacuterica fragilidade
da democratizaccedilatildeo da gestatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana pois os conselhos
municipais de controle social e escolares mecanismos que poderiam viabilizar a participaccedilatildeo
a descentralizaccedilatildeo e autonomia nas decisotildees funcionam precariamente Os criteacuterios de escolha
de diretores excluem as formas democraacuteticas de participaccedilatildeo na escolha e favorecem as praacuteticas
centralizadas de nomeaccedilatildeo A gestatildeo dos recursos da educaccedilatildeo eacute centralizada no governo
municipal dificultando o controle social Com o PAR houve expansatildeo do nuacutemero de
Conselhos escolares e municipais o que permitiu o aumento das pontuaccedilotildees nos indicadores e
pode vir a potencializar a participaccedilatildeo dos sujeitos no controle social dos recursos e outras
formas de descentralizaccedilatildeo das decisotildees Isso a depender da correlaccedilatildeo de forccedilas locais
historicamente permeada por formas patrimonialistas e clientelistas de gestatildeo Com o PAR
esses modelos ganharam nuances de gerencialismo Parece um paradoxo que se exija da
Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo que viabilize as accedilotildees previstas no PAR para atingir as metas
e resultados da avaliaccedilatildeo do IDEB em busca da qualidade da educaccedilatildeo com acompanhamento
e o controle social dos conselhos sobre os recursos e accedilotildees mas mantendo os recursos
166
centralizados sob a gestatildeo da Prefeitura Municipal de Santana Qual a autonomia possiacutevel nestas
condiccedilotildees Onde fica a descentralizaccedilatildeo Esta sequer chegou ao oacutergatildeo gestor
O municiacutepio de Santana tem vinte e oito anos de existecircncia nessa condiccedilatildeo pois fazia
parte do Territoacuterio Federal do Amapaacute extinto pela Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Antes existia
como distrito de Macapaacute Talvez por ser um municiacutepio novo guarde ainda fortes marcas do
clientelismo e patrimonialismo que o gerou Com pouca tradiccedilatildeo democraacutetica as praacuteticas
centralizadoras de gestatildeo educacional satildeo reveladas no cotidiano das accedilotildees que contradizem o
posto nas leis municipais e ateacute nacionais
A anaacutelise aqui apresentada para a poliacutetica puacuteblica municipal evidenciada a partir da
adesatildeo do municiacutepio de Santana ao PAR expotildee os limites e contradiccedilotildees de poliacuteticas formuladas
em niacutevel nacional e executadas em niacutevel local bem como a correlaccedilatildeo de forccedilas poliacuteticas e
econocircmicas do momento histoacuterico As accedilotildees pleiteadas pelo PAR no sentido de democratizar a
gestatildeo da educaccedilatildeo da rede municipal de Santana natildeo tecircm conseguido se materializar na praacutetica
dos gestores Quando muito tais intencionalidades se inscrevem no acircmbito da legislaccedilatildeo
municipal e com isso tem alterado as pontuaccedilotildees de avaliaccedilatildeo do PAR O grande desafio eacute
implementar uma gestatildeo educacional pela qual as pessoas possam participar em igualdade de
condiccedilotildees fazendo emergir a sua condiccedilatildeo de sujeitos histoacutericos na busca por uma educaccedilatildeo
de qualidade social para todos e isto soacute seraacute possiacutevel se a gestatildeo for democraacutetica
167
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__________ Lei nordm 366 de 14 de abril de 1998 Cria o Conselho Municipal de Educaccedilatildeo de
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__________ Lei nordm 260 de 17 de marccedilo de 1998 Cria os Conselhos Escolares nas escolas
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__________ Lei nordm 1007 de 12 de julho de 2013 Altera a Lei 797 28 de dezembro de 2007
que cria o conselho municipal do FUNDEB e daacute outras providecircncias Santana AP 2013
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Escolar do municiacutepio de Santana e daacute outras providecircncias Santana AP 2001
__________ Lei nordm 0609 de 27 de dezembro de 2002 Dispotildee sobre a criaccedilatildeo do Sistema
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manualelaboracao-par-municipal-1114-pdfampcategory_slug=novembro-2011-
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177
APEcircNDICE
178
APEcircNDICE A
SERVICcedilO PUacuteBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute
INSTITUTO DE CIEcircNCIAS DA EDUCACcedilAtildeO
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM EDUCACcedilAtildeO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA PARTICIPACcedilAtildeO
EM PESQUISA
Caro(a) colega professor(a)
Venho por meio desse documento convidaacute-lo(a) a participar como voluntaacuterio (a) da pesquisa
supracitada que tem como responsaacutevel a aluna da poacutes-graduaccedilatildeo Heryka Cruz Nogueira que
estaacute sob a orientaccedilatildeo da Profa Dra Dalva Valente Guimaratildees Gutierres do curso de Mestrado
em Educaccedilatildeo da Universidade Federal do Paraacute (UFPA) A pesquisadora pode ser contatada pelo
e-mail herykaueapgmailcom e pelo celular (96) 98121-6399
Apoacutes ser esclarecido(a) sobre a pesquisa no caso de aceitar fazer parte do estudo assine
ao final do documento que estaraacute em duas vias Uma delas eacute sua e a outra do pesquisador
responsaacutevel Em caso de recusa vocecirc natildeo seraacute penalizado de forma alguma Informo que esta
pesquisa segue o que estaacute previsto em termos eacuteticos
TIacuteTULO DA PESQUISA O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS (PAR) E A GESTAtildeO
DA EDUCACcedilAtildeO NA REDE MUNICIPAL DE SANTANAAP
O municiacutepio de SantanaAP foi selecionado para essa pesquisa que tem como objetivo
identificar as implicaccedilotildees do Plano de Accedilotildees Articuladas para a gestatildeo da educaccedilatildeo do
municiacutepio Para realizaccedilatildeo da pesquisa aleacutem dos dados coletados em documentos seraacute
necessaacuterio obter informaccedilotildees por meio de entrevistas que seratildeo gravadas e transcritas
Asseguro ao (agrave) senhor (a) que a pesquisa eacute estritamente cientiacutefica sua identidade seraacute mantida
sob sigilo e anonimato e as informaccedilotildees colhidas seratildeo usadas exclusivamente na pesquisa
supracitada os resultados desta seratildeo publicados apenas em revistas cientiacuteficas e em eventos
cientiacuteficos e estaraacute disponiacutevel a todos os interessados As entrevistas seratildeo gravadas no local de
trabalho do entrevistado e teraacute a duraccedilatildeo de 10 a 25 minutos Utilizarei nomes fictiacutecios para
preservar sua identidade ou ainda apenas a indicaccedilatildeo geneacuterica de ldquoentrevistadordquo ou ldquoprofessorrdquo
Somente seraacute efetivada a entrevista apoacutes a assinatura do termo de consentimento da participaccedilatildeo
179
da pessoa como sujeito da pesquisa O entrevistado tem o direito de a qualquer momento
durante ou apoacutes a entrevista retirar seu consentimento obrigando o pesquisador a natildeo utilizar
as informaccedilotildees porventura registradas ou de natildeo responder perguntas incocircmodas O
entrevistado natildeo incorreraacute em qualquer sanccedilatildeo ou penalidade caso retire o seu consentimento
O entrevistado fica ciente que eacute voluntaacuterio e natildeo receberaacute nenhum incentivo financeiro ou
gratificaccedilatildeo para participar da pesquisa
Desde jaacute agradeccedilo sua valiosa contribuiccedilatildeo para a pesquisa disponibilizando sua
atenccedilatildeo e tempo posto que se sabe dos inuacutemeros compromissos diaacuterios assumidos A
pesquisadora se coloca agrave disposiccedilatildeo para as possiacuteveis duacutevidas ou informaccedilotildees necessaacuterias
Beleacutem 14 de dezembro de 2015
__________________________
Assinatura
Entrevistado ciente __________________________________________________
Assinatura
180
APEcircNDICE B
SERVICcedilO PUacuteBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute
INSTITUTO DE CIEcircNCIAS DA EDUCACcedilAtildeO
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM EDUCACcedilAtildeO
ROTEIRO DE ENTREVISTA
Dimensatildeo Gestatildeo Educacional
Sujeitos a serem entrevistados 01 - Secretaacuterio (a) Municipal de Educaccedilatildeo ou Teacutecnico que
conhece o processo de elaboraccedilatildeo do PAR
I - IDENTIFICACcedilAtildeO
1 Nome ______________________________________________________________
2 Formaccedilatildeo _________________________________________________________________
3 Instituiccedilatildeo ou oacutergatildeo a qual pertence ____________________________________________
4 Cargo ou funccedilatildeo que ocupa na rede municipal de SantanaAP
_________________________________________________________________________
II ndash QUESTOtildeES NORTEADORAS
1 Fale sobre como foi a chegada do PAR no municiacutepio
2 Fale sobre como se deu o diagnoacutestico dos indicadores do PAR
3 Quem participou da implantaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo do PAR E como ocorreu
4 Apoacutes o diagnoacutestico do municiacutepio qual foi o proacuteximo passo da equipe que elaborou o PAR
5 Como eacute realizado o acompanhamentoavaliaccedilatildeo das accedilotildees e sub-accedilotildees do PAR no
municiacutepio
6 Quais os criteacuterios para escolha de diretores escolares no municiacutepio
181
APEcircNDICE C
SERVICcedilO PUacuteBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute
INSTITUTO DE CIEcircNCIAS DA EDUCACcedilAtildeO
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM EDUCACcedilAtildeO
ROTEIRO DE ENTREVISTA
Indicador Conselhos Escolares (CE)
Sujeitos a serem entrevistados 01 - Membro da equipe teacutecnica da Secretaria Municipal de
Educaccedilatildeo que trate dos Conselhos Escolares (2012 a 2015)
I - IDENTIFICACcedilAtildeO
1 Nome ___________________________________________________________________
2 Formaccedilatildeo _________________________________________________________________
3 Instituiccedilatildeosetor ou oacutergatildeo a qual pertence _______________________________________
4 Cargo ou funccedilatildeo que ocupa na rede municipal de SantanaAP
_________________________________________________________________________
II ndash QUESTOtildeES NORTEADORAS
1 Fale como se deu a elaboraccedilatildeo do PAR por parte dos Conselhos Escolares
2 Todas as escolas do municiacutepio tem implantado o Conselho Escolar
3 Fale sobre os criteacuterios de escolha dos diretores escolares
4 Qual a participaccedilatildeo do diretor na composiccedilatildeo do Conselho Escolar
5 Como a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo acompanha a implantaccedilatildeo dos Conselhos
Escolares
182
APEcircNDICE D
SERVICcedilO PUacuteBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute
INSTITUTO DE CIEcircNCIAS DA EDUCACcedilAtildeO
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM EDUCACcedilAtildeO
ROTEIRO DE ENTREVISTA
Indicador Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (CME)
Sujeitos a serem entrevistados 02 - Conselheiros (2012 a 2015)
( ) Membro da equipe teacutecnica da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo (governamental) que
trate do Conselho Municipal
( ) Membro do Conselho Municipal que natildeo seja representante governamental
I - IDENTIFICACcedilAtildeO
1 Nome ______________________________________________________________
2 Formaccedilatildeo _________________________________________________________________
3 Instituiccedilatildeo setor e oacutergatildeo a qual pertence _______________________________________
4 Cargo ou funccedilatildeo que ocupa na rede Municipal de SantanaAP
_________________________________________________________________________
II ndash QUESTOtildeES NORTEADORAS
1 Fale sobre a participaccedilatildeo do CME na elaboraccedilatildeo do PAR
2 Quem compotildee e como se deu a escolha dos conselheiros
3 O CME possui alguma autonomia em relaccedilatildeo as decisotildees da SME na distribuiccedilatildeo dos
recursos financeiros
4 Como o CME tem acompanhado o planejamento e as accedilotildees educacionais no municiacutepio
183
APEcircNDICE E
SERVICcedilO PUacuteBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute
INSTITUTO DE CIEcircNCIAS DA EDUCACcedilAtildeO
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM EDUCACcedilAtildeO
ROTEIRO DE ENTREVISTA
Indicador Conselho Municipal de Alimentaccedilatildeo Escolar (CAE)
Sujeitos a serem entrevistados 02
( ) Membro da equipe teacutecnica da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo representante do CAE
( ) Membro do CAE que seja representante natildeo-governamental
I - IDENTIFICACcedilAtildeO
1 Nome ______________________________________________________________
2 Formaccedilatildeo ____________________________________________________________
3 Instituiccedilatildeosetor ou oacutergatildeo a qual pertence __________________________________
4 Cargo ou funccedilatildeo que ocupa na rede municipal de educaccedilatildeo de SantanaAP
_____________________________________________________________________
II ndash QUESTOtildeES NORTEADORAS
1 Fale sobre como se deu a participaccedilatildeo do CAE na elaboraccedilatildeo do PAR
2 Quem representa o CAE E qual a periodicidade das reuniotildees
3 De que forma o CAE fiscaliza a aplicaccedilatildeo dos recursos financeiros
4 O CAE participou de algum curso de formaccedilatildeo
184
APEcircNDICE F
SERVICcedilO PUacuteBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute
INSTITUTO DE CIEcircNCIAS DA EDUCACcedilAtildeO
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM EDUCACcedilAtildeO
ROTEIRO DE ENTREVISTA
Indicador Comitecirc Local do Compromisso
Sujeitos a serem entrevistados 02
( ) Membro da equipe teacutecnica da SME representante do Comitecirc Local
( ) Membro do Comitecirc Local que seja representante natildeo-governamental
I - IDENTIFICACcedilAtildeO
1 Nome ______________________________________________________________
2 Formaccedilatildeo ____________________________________________________________
3 Instituiccedilatildeosetor ou oacutergatildeo a qual pertence __________________________________
4 Cargo ou funccedilatildeo que ocupa na rede municipal de educaccedilatildeo de SantanaAP
_____________________________________________________________________
II ndash QUESTOtildeES NORTEADORAS
1 Como eacute constituiacutedo o Comitecirc Local
2 Como o Comitecirc local tem feito o trabalho de mobilizaccedilatildeo da comunidade diante do
PAR
185
APEcircNDICE G
SERVICcedilO PUacuteBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute
INSTITUTO DE CIEcircNCIAS DA EDUCACcedilAtildeO
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM EDUCACcedilAtildeO
ROTEIRO DE ENTREVISTA
Indicador Criteacuterios para Escolha de Diretores
Sujeitos a serem entrevistados 01
( ) Membro da equipe teacutecnica ndash Coordenaccedilatildeo de Ensino
I - IDENTIFICACcedilAtildeO
1 Nome ______________________________________________________________
2 Formaccedilatildeo ___________________________________________________________
3 Instituiccedilatildeo ou oacutergatildeo a qual pertence _______________________________________
4 Cargo ou funccedilatildeo que ocupa na rede municipal de SantanaAP
_____________________________________________________________________
II ndash QUESTOtildeES NORTEADORAS
1 Quais os procedimentos e criteacuterios utilizados na escolha do diretor da escola
2 Quais as caracteriacutesticas que a SEMED destacaria como mais relevantes no perfil do
diretor da escola na rede de ensino
3 A Coordenaccedilatildeo de ensino tem participado da elaboraccedilatildeo do PAR Fale sobre como se
deu essa participaccedilatildeo
186
APEcircNDICE H
Relaccedilatildeo de trabalhos sobre o Plano de Accedilotildees Articuladas encontrados nas bases de dados da
ANPAE ANPED e SciELO (2011 e 2015)
ANPAE
SOUSA
Bartolomeu
O Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) como instrumento de planejamento
da educaccedilatildeo o que haacute de novo httpwwwanpaeorgbr
simposio2011cdrom2011PDFs
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ANPAE
2011
FARENZENA
SCHUCH E
MOSNA
Implementaccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas em Municiacutepios do Rio
Grande Do Sul uma avaliaccedilatildeo Disponiacutevel em
httpwwwanpaeorgbrsimposio2011 cdrom
2011PDFstrabalhosCompletoscomunicacoesRelatos0414pdf
ANPAE
2011
DAMASCENO
Alberto e SANTOS
Eacutemina
Planejando a educaccedilatildeo municipal a experiecircncia do PAR no Paraacute
Disponiacutevel em
httpwwwanpaeorgbrsimposio2011cdrom2011PDFstrabalhosCo
mpletoscomunicacoesRelatos0174pdf
ANPAE
2011
BELLO Isabel
Melero
O Plano De Accedilotildees Articuladas como estrateacutegia organizacional dos
sistemas puacuteblicos de ensino avanccedilos limites e possibilidades 2011
Disponiacutevel em
httpwwwanpaeorgbrsimposio2011cdrom2011PDFstrabalhosCo
mpletoscomunicacoesRelatos0234pdf
ANPAE
2011
RODRIGUES
ARAUacuteJO E
SOUSA
A Gestatildeo Educacional nos Planos de Accedilotildees Articuladas (PAR) de
municiacutepios paraibanos Disponiacutevel em
httpwwwanpaeorgbrsimposio2011cdrom2011PDFstrabalhosCo
mpletoscomunicacoesRelatos0404pdf
ANPAE
2011
OLIVEIRA e
SENNA
O Plano de Accedilotildees Articuladas no contexto do PDE a dimensatildeo gestatildeo
educacional no par de municiacutepios sul-mato-grossenses Disponiacutevel em
httpwwwanpaeorgbrsimposio2011cdrom
2011PDFstrabalhosCompletoscomunicacoesRelatos0453pdf
ANPAE
2011
MAFASSIOLI E
MARCHAND
Plano de Accedilotildees Articuladas competecircncias dos entes federados na sua
implementaccedilatildeo ANPAE 2011 Disponiacutevel em
httpwwwanpaeorgbrsimposio2011cdrom2011PDFstrabalhosCo
mpletoscomunicacoesRelatos0057pdf
ANPAE
2011
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O PDE e as metas do PAR para a formaccedilatildeo de professores da educaccedilatildeo
baacutesica Ensaio aval pol puacutebl Educ Rio de Janeiro v 20 n 75 p 303-
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ANPAE
2012
OLIVEIRA
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O Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) no acircmbito dos planos plurianuais
do governo Lula implicaccedilotildees em municiacutepios brasileiros
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ANPAE
2012
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GUIMARAtildeES E
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O Plano De Accedilotildees Articuladas de Ituiutaba ndash MG Uma Anaacutelise das
Praacuteticas Pedagoacutegicas e da Avaliaccedilatildeo Disponiacutevel em
httpwwwanpaeorgbrsimposio26
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intpdf
ANPAE
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CORREA Joatildeo J A Centralidade do ldquoPDErdquo e do ldquoPARrdquo no acesso agrave poliacutetica educacional
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RBPAE 2013 Disponiacutevel em
httpseerufrgsbrindexphprbpaearticleview4282227122
ANPAE 2013
FERREIRA E e
BASTOS Roberta
Poliacuteticas educacionais e planejamento o PAR como objeto de
investigaccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwanpaeorgbrsimposio26
1comunicacoesElizaBartolozziFerreira-ComunicacaoOral-intpdf
ANPAE
2013
OLIVEIRA Beatriz
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Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) a consolidaccedilatildeo da accountability na
poliacutetica educacional brasileira ANPAE 2013 Disponiacutevel em
httpwwwanpaeorgbrsimposio26
1comunicacoesBeatrizAlvesDeOliveira-ComunicacaoOral - intpdf
ANPAE
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Ana Elizabeth Maia
de Albuquerque
O ARRANJO FEDERALISTA BRASILEIRO E AS POLIacuteTICAS DE
INDUCcedilAtildeO DA UNIAtildeO UMA ANAacuteLISE DO PLANO DE ACcedilOtildeES
ARTICULADAS DO MINISTEacuteRIO DA EDUCACcedilAtildeO
httpwwwanpaeorgbrIBERO_AMERICANO_IVGT5GT5_Comu
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ANPAE
2014
Alzira Batalha
Alcantara
GESTAtildeO DEMOCRAacuteTICA NO AcircMBITO DO PLANO DE ACcedilOtildeES
ARTICULADAS PARTICIPACcedilAtildeO FORMAL OU SUBSTANCIAL
httpwwwanpaeorgbrIBERO_AMERICANO_IVGT1GT1_Comu
nicacaoAlziraBatalhaAlcantara_GT1_integralpdf
ANPAE
2014
Raimundo Sousa
Gestatildeo da educaccedilatildeo apontamentos iniciais sobre a implementaccedilatildeo do
Plano de Accedilotildees Articuladas em Altamira-PA
httpwwwanpaeorgbrIBERO_AMERICANO_IVGT1GT1_Relato
RaimundoSousa_GT1_integralpdf
ANPAE
2014
Vanessa Socorro
Silva Costa
O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS NO PARAacute PROCESSOS
INSTITUIacuteDOS E CONTRADICcedilOtildeES
httpwwwanpaeorgbrIBERO_AMERICANO_IVGT5GT5_Comu
nicacaoVanessaSocorroSilvaCosta_GT5_Integralpdf
ANPAE
2014
Gildeci Santos
Pereira e
Odete da Cruz
Mendes
PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS (PAR) CONFIGURACcedilOtildeES
DA GESTAtildeO EDUCACIONAL NA REDE DE ENSINO MUNICIPAL
ANPAE
2015
Heryka Cruz
Nogueira e Dalva
Valente G
Gutierres
O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS AS PRODUCcedilOtildeES
ESCRITAS NO PERIacuteODO DE 2009 A 2013
ANPAE 2015
Maria Isabel Soares
Feitosa e Maria
Alice de M Aranda
O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS NO PROCESSO DE
DISSEMINACcedilAtildeO DA INFORMACcedilAtildeO CIENTIacuteFICA
ANPAE 2015
Severino Vilar de
Albuquerque
GESTAtildeO EDUCACIONAL E QUALIDADE DA EDUCACcedilAtildeO OS
DILEMAS DA IMPLANTACcedilAtildeO DO PLANO DE ACcedilOtildeES
ARTICULADAS (PAR)
ANPAE 2015
Laacutezara Cristina da
Silva
PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS (PAR) E A FORMACcedilAtildeO
DOCENTE DESAFIOS E IMPLICACcedilOtildeES NA REGIAtildeO DO
TRIAcircNGULO MINEIRO PARA A EDUCACcedilAtildeO INCLUSIVA
ANPAE 2015
Amanda Higino F
de Sousa
Gersonita Paulino
de S Cruz
O PLANEJAMENTO EDUCACIONAL DO MUNICIacutePIO DE
NATALRN ATRAVEacuteS DO PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS
(2007-2011) UMA ANAacuteLISE DA DIMENSAtildeO DE PRAacuteTICAS
PEDAGOacuteGICAS E AVALIACcedilAtildeO
ANPAE 2015
Daniela Cunha
Terto
Alda Maria Duarte
A Castro
PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS NO CONTEXTO DO
FEDERALISMO BRASILEIRO ESTRATEacuteGIA DE COOPERACcedilAtildeO
INTERGOVERNAMENTAL
ANPAE 2015
Maria Aparecida R
da Silva Ceacutezar
O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS E A AUTONOMIA DO
MUNICIacutePIO NA GESTAtildeO EDUCACIONAL
ANPAE 2015
Maria Goretti
Cabral Barbalho
Gilneide Maria de
Oliveira Lobo
PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS 2007- 2011 UMA ANAacuteLISE
DA DIMENSAtildeO INFRAESTRUTURA FIacuteSICA E RECURSOS
PEDAGOacuteGICOS EM MOSSOROacuteRN
ANPAE 2015
Marilda Pasqual
Schneider
PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS (PAR) E AS CONDICcedilOtildeES DE
MELHORIA DA QUALIDADE EDUCACIONAL
ANPAE 2015
ANPED
DAMASCENO
Alberto e SANTOS
Emina
Controle social na educaccedilatildeo municipal os planos de accedilotildees Articuladas
e o desafio da construccedilatildeo do novo sistema nacional de educaccedilatildeo na
Amazocircnia Disponiacutevel em
http33reuniaoanpedorgbr33encontroappwebrootfilesfileTrabal
hos20em20PDFGT05-6712--Intpdf
ANPED
2010
MAFASSIOLI
Andreacuteia da S
Plano de Accedilotildees Articuladas uma avaliaccedilatildeo da implementaccedilatildeo no
municiacutepio de GravataiacuteRS Disponiacutevel em
httpwwwportalanpedsulcombr2012homephplink=gruposampacao
ANPED
SUL
2012
188
=listar_trabalhosampnome=GT0520E2809320Estado20e2
0PolC3ADtica20Educacionalampid=105
Liane Maria
Bernardi
Alexandre Joseacute
Rossi
Lucia Hugo Uczak
Do movimento Todos pela Educaccedilatildeo ao Plano de Accedilotildees Articuladas e
Guia de Tecnologias empresaacuterios interlocutores e clientes do estado
httpxanpedsulfaedudescbrarq_pdf596-0pdf
ANPED
SUL
2014
A implementaccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas no municiacutepio de
Sorocaba - SP limites e possibilidades para efetivaccedilatildeo do regime de
colaboraccedilatildeo
httpsanpedsudeste2014fileswordpresscom201507flc3a1via-leila-
da-silva-paulo-gomes-limapdf
ANPED
SUDEST
E
2014
O Plano De Accedilatildeo Articulada e o municiacutepio de Portel no Arquipeacutelago de
Marajoacute
httpsanpedsudeste2014fileswordpresscom201507jose-carlos-
martins-cardoso-antc3b4nio-chizzottipdf
ANPED
SUDEST
E
2014
O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS E A FORMACcedilAtildeO DE
PROFESSORES EM SERVICcedilO NA GESTAtildeO DA EDUCACcedilAtildeO
MUNICIPAL
http37reuniaoanpedorgbrwp-
contentuploads201502PC3B4ster-GT08-3683pdf
ANPED 2015
SciELO
DUARTE Marisa
R e JUNQUEIRA
Deacuteborah S
A propagaccedilatildeo de novos modos de regulaccedilatildeo no sistema educacional
brasileiro o Plano de Accedilotildees Articuladas e as relaccedilotildees entre as escolas e
a Uniatildeo Pro-Posiccedilotildees v 24 n 2 (71) p 165-193 maioago 2013
SciELO 2013
Federalismo e planejamento educacional no exerciacutecio do PAR SciELO 2014
189
ANEXOS
190
DIRETRIZES DO PLANO DE METAS COMPROMISSO TODOS PELA
EDUCACcedilAtildeO
I estabelecer como foco a aprendizagem apontando resultados concretos a atingir
II alfabetizar as crianccedilas ateacute no maacuteximo os oito anos de idade aferindo os resultados por exame perioacutedico
especiacutefico
III acompanhar cada aluno da rede individualmente mediante registro da sua frequecircncia e do seu desempenho em
avaliaccedilotildees que devem ser realizadas periodicamente
IV combater a repetecircncia dadas as especificidades de cada rede pela adoccedilatildeo de praacuteticas como aulas de reforccedilo no
contra turno estudos de recuperaccedilatildeo e progressatildeo parcial
V combater a evasatildeo pelo acompanhamento individual das razotildees da natildeo frequecircncia do educando e sua superaccedilatildeo
VI matricular o aluno na escola mais proacutexima da sua residecircncia
VII ampliar as possibilidades de permanecircncia do educando sob responsabilidade da escola para aleacutem da jornada
regular
VIII valorizar a formaccedilatildeo eacutetica artiacutestica e a educaccedilatildeo fiacutesica
IX garantir o acesso e permanecircncia das pessoas com necessidades educacionais especiais nas classes comuns do
ensino regular fortalecendo a inclusatildeo educacional nas escolas puacuteblicas
X promover a educaccedilatildeo infantil
XI manter programa de alfabetizaccedilatildeo de jovens e adultos
XII instituir programa proacuteprio ou em regime de colaboraccedilatildeo para formaccedilatildeo inicial e continuada de profissionais da
educaccedilatildeo
XIII implantar plano de carreira cargos e salaacuterios para os profissionais da educaccedilatildeo privilegiando o meacuterito a
formaccedilatildeo e a avaliaccedilatildeo do desempenho
XIV valorizar o meacuterito do trabalhador da educaccedilatildeo representado pelo desempenho eficiente no trabalho
dedicaccedilatildeo assiduidade pontualidade responsabilidade realizaccedilatildeo de projetos e trabalhos especializados cursos
de atualizaccedilatildeo e desenvolvimento profissional
XV dar consequumlecircncia ao periacuteodo probatoacuterio tornando o professor efetivo estaacutevel apoacutes avaliaccedilatildeo de preferecircncia
externa ao sistema educacional local
XVI envolver todos os professores na discussatildeo e elaboraccedilatildeo do projeto poliacutetico pedagoacutegico respeitadas as
especificidades de cada escola
XVII incorporar ao nuacutecleo gestor da escola coordenadores pedagoacutegicos que acompanhem as dificuldades
enfrentadas pelo professor
XVIII fixar regras claras considerados meacuterito e desempenho para nomeaccedilatildeo e exoneraccedilatildeo de diretor de escola
XIX divulgar na escola e na comunidade os dados relativos agrave aacuterea da educaccedilatildeo com ecircnfase no Iacutendice de
Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica IDEB referido no art 3o
XX acompanhar e avaliar com participaccedilatildeo da comunidade e do Conselho de Educaccedilatildeo as poliacuteticas puacuteblicas na
aacuterea de educaccedilatildeo e garantir condiccedilotildees sobretudo institucionais de continuidade das accedilotildees efetivas preservando
a memoacuteria daquelas realizadas
XXI zelar pela transparecircncia da gestatildeo puacuteblica na aacuterea da educaccedilatildeo garantindo o funcionamento efetivo
autocircnomo e articulado dos conselhos de controle social
XXII promover a gestatildeo participativa na rede de ensino
XXIII elaborar plano de educaccedilatildeo e instalar Conselho de Educaccedilatildeo quando inexistentes
XXIV integrar os programas da aacuterea da educaccedilatildeo com os de outras aacutereas como sauacutede esporte assistecircncia social
cultura dentre outras com vista ao fortalecimento da identidade do educando com sua escola
XXV fomentar e apoiar os conselhos escolares envolvendo as famiacutelias dos educandos com as atribuiccedilotildees
dentre outras de zelar pela manutenccedilatildeo da escola e pelo monitoramento das accedilotildees e consecuccedilatildeo das metas do
compromisso
191
XXXVI transformar a escola num espaccedilo comunitaacuterio e manter ou recuperar aqueles espaccedilos e equipamentos
puacuteblicos da cidade que possam ser utilizados pela comunidade escolar
XXVII firmar parcerias externas agrave comunidade escolar visando a melhoria da infra-estrutura da escola ou a
promoccedilatildeo de projetos socioculturais e accedilotildees educativas
XXVIII organizar um comitecirc local do Compromisso com representantes das associaccedilotildees de empresaacuterios
trabalhadores sociedade civil Ministeacuterio Puacuteblico Conselho Tutelar e dirigentes do sistema educacional puacuteblico
encarregado da mobilizaccedilatildeo da sociedade e do acompanhamento das metas de evoluccedilatildeo do IDEB
192
ANEXO
PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS ndash 1ordf VERSAtildeO
DIMENSAtildeO 1 GESTAtildeO EDUCACIONAL
193
PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS ndash 1ordf VERSAtildeO
DIMENSAtildeO 2 FORMACcedilAtildeO DE PROFESSORES E DOS PROFISSIONAIS DE SERVICcedilO
E APOIO ESCOLAR
DIMENSAtildeO 3 PRAacuteTICAS PEDAGOacuteGICAS E AVALIACcedilAtildeO
194
PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS ndash 1ordf VERSAtildeO
DIMENSAtildeO 4 INFRA-ESTRUTURA FIacuteSICA E RECURSOS PEDAGOacuteGICOS
195
ANEXO
PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS ndash 2ordf VERSAtildeO
Dimensatildeo 1 ndash Gestatildeo Educacional
Aacuterea 1 - Gestatildeo
Democraacutetica
Articulaccedilatildeo e
Desenvolvimento dos
Sistemas de Ensino
1 Existecircncia acompanhamento e avaliaccedilatildeo do Plano Municipal de
Educaccedilatildeo (PME) desenvolvido com base no Plano Nacional de
Educaccedilatildeo (PNE)
2 Existecircncia composiccedilatildeo competecircncia e atuaccedilatildeo do Conselho
Municipal de Educaccedilatildeo (CME)
3 Existecircncia e funcionamento de conselhos escolares (CE)
4 Existecircncia de projeto pedagoacutegico (PP) nas escolas inclusive nas de
alfabetizaccedilatildeo de jovens e adultos (AJA) e de educaccedilatildeo de jovens e
adultos (EJA) participaccedilatildeo dos professores e do conselho escolar na sua
elaboraccedilatildeo orientaccedilatildeo da secretaria municipal de educaccedilatildeo e
consideraccedilatildeo das especificidades de cada escola
5 Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho do Fundo de Manutenccedilatildeo e
Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos
Profissionais da Educaccedilatildeo (Fundeb)
6 Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar (CAE)
7 Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromisso
Aacuterea 2 ndash Gestatildeo de
pessoas
1 Quadro de servidores da secretaria municipal de educaccedilatildeo (SME)
2 Criteacuterios para escolha da direccedilatildeo escolar
3 Presenccedila de coordenadores ou supervisores pedagoacutegicos nas escolas
4 Quadro de professores
5 Estaacutegio probatoacuterio efetivando os professores e outros profissionais da
Educaccedilatildeo
6 Plano de carreira para o magisteacuterio
7 Plano de carreira dos profissionais de serviccedilo e apoio escolar
8 Piso salarial nacional do professor
9 Existecircncia de professores para o exerciacutecio da funccedilatildeo docente no
atendimento educacional especializado (AEE) complementar ao ensino
regular
Aacuterea 3 ndash Conhecimento
e utilizaccedilatildeo de
informaccedilatildeo
1 Existecircncia de um sistema informatizado de gestatildeo escolar que integre
a rede municipal de ensino
2 Conhecimento da situaccedilatildeo das escolas da rede
3 Conhecimento e utilizaccedilatildeo dos dados de analfabetismo e escolaridade
de jovens e adultos
4 Acompanhamento e registro da frequecircncia dos alunos beneficiados
pelo Programa Bolsa Famiacutelia (PBF)
5 Existecircncia de monitoramento do acesso e permanecircncia de pessoas
com deficiecircncia de 0 a 18 anos beneficiaacuterias do Benefiacutecio da Prestaccedilatildeo
Continuada (BPC) 6 Formas de registro da frequecircncia
Aacuterea 4 ndash Gestatildeo de
financcedilas
1 Existecircncia de equipe gestora capacitada para o gerenciamento dos
recursos para a Educaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo do Sistema de Informaccedilotildees sobre
Orccedilamentos Puacuteblicos em Educaccedilatildeo (Siope)
2 Cumprimento do dispositivo constitucional de vinculaccedilatildeo dos
recursos da Educaccedilatildeo
3 Aplicaccedilatildeo dos recursos de redistribuiccedilatildeo e complementaccedilatildeo do Fundo
de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de
Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo (Fundeb)
196
Aacuterea 5 ndash Comunicaccedilatildeo
e interaccedilatildeo com a
sociedade
1 Divulgaccedilatildeo e anaacutelise dos resultados das avaliaccedilotildees oficiais do MEC
2 Existecircncia de parcerias externas para realizaccedilatildeo de atividades
complementares que visem agrave formaccedilatildeo integral dos alunos
3 Relaccedilatildeo com a comunidade promoccedilatildeo de atividades e utilizaccedilatildeo da
escola como espaccedilo comunitaacuterio Total de aacutereas 05 28 indicadores
Dimensatildeo 2 ndash Formaccedilatildeo de Professores e de Profissionais de Serviccedilo e Apoio Escolar
Aacuterea 1 Formaccedilatildeo
Inicial de Professores
da Educaccedilatildeo Baacutesica
1 Habilitaccedilatildeo dos professores que atuam nas creches
2 Habilitaccedilatildeo dos professores que atuam na preacute-escola
3 Habilitaccedilatildeo dos professores que atuam nos anosseacuteries iniciais do
ensino fundamental incluindo professores da educaccedilatildeo de jovens e
adultos (EJA)
4 Habilitaccedilatildeo dos professores que atuam nos anosseacuteries finais do
ensino fundamental incluindo professores da educaccedilatildeo de jovens e
adultos (EJA)
Aacuterea 2 Formaccedilatildeo
Continuada de
Professores da
Educaccedilatildeo Baacutesica
1 Existecircncia e implementaccedilatildeo de poliacuteticas para a formaccedilatildeo continuada
de professores que atuam na educaccedilatildeo infantil
2 Existecircncia e implementaccedilatildeo de poliacuteticas para a formaccedilatildeo continuada
de professores que visem qualificar a praacutetica de ensino da leituraescrita
da Matemaacutetica e dos demais componentes curriculares nos anosseacuteries
iniciais do ensino fundamental incluindo professores da educaccedilatildeo de
jovens e adultos (EJA)
3 Existecircncia e implementaccedilatildeo de poliacuteticas para a formaccedilatildeo continuada
de professores que visem agrave melhoria da qualidade de aprendizagem de
todos os componentes curriculares nos anosseacuteries finais do ensino
fundamental incluindo professores da educaccedilatildeo de jovens e adultos
(EJA)
4 Existecircncia e implementaccedilatildeo de poliacuteticas para a formaccedilatildeo continuada
de professores que visem ao desenvolvimento de praacuteticas educacionais
inclusivas na classe comum em todas as etapas e modalidades Aacuterea 3 Formaccedilatildeo de
professores da
Educaccedilatildeo Baacutesica para
atuaccedilatildeo em educaccedilatildeo
especial escolas do
campo comunidades
quilombolas ou
indiacutegenas
1 Formaccedilatildeo dos professores da educaccedilatildeo baacutesica que atuam no
atendimento educacional especializado (AEE)
2 Formaccedilatildeo dos professores que atuam em escolas do campo
3 Formaccedilatildeo dos professores que atuam em escolas de comunidades
quilombolas
4 Qualificaccedilatildeo dos professores que atuam em escolas de comunidades
indiacutegenas
Aacuterea 4 Formaccedilatildeo de
professores da
educaccedilatildeo baacutesica para
cumprimento das Leis
979599 1063903
1152507 e 1164508
1 Existecircncia e implementaccedilatildeo de poliacuteticas para a formaccedilatildeo de
professores visando ao cumprimento das Leis 979599 1063903
1152507 e 1164508
Aacuterea 5 Formaccedilatildeo de
Profissionais da
Educaccedilatildeo e Outros
Representantes da
Comunidade Escolar
1 Participaccedilatildeo dos gestores de unidades escolares em programas de
formaccedilatildeo especiacutefica
2 Existecircncia e implementaccedilatildeo de poliacuteticas para formaccedilatildeo continuada
das equipes pedagoacutegicas
3 Participaccedilatildeo de gestores equipes pedagoacutegicas profissionais de
serviccedilos e apoio escolar em programas de formaccedilatildeo para a educaccedilatildeo
inclusiva
197
4 Participaccedilatildeo dos profissionais de serviccedilo e apoio escolar e de outros
representantes da comunidade escolar em programas de formaccedilatildeo
especiacutefica
Total de aacutereas 05 17 indicadores
Dimensatildeo 3 ndash Praacuteticas Pedagoacutegicas e Avaliaccedilatildeo
Aacuterea 1 Organizaccedilatildeo da
Rede de Ensino
1 Implantaccedilatildeo e organizaccedilatildeo do ensino fundamental de 9 anos
2 Implantaccedilatildeo e organizaccedilatildeo do ensino obrigatoacuterio dos 4 aos 17 anos
3 Existecircncia de poliacutetica de educaccedilatildeo em tempo integral atividades que
ampliam a jornada escolar do estudante para no miacutenimo sete horas
diaacuterias nos cinco dias por semana
4 Poliacutetica de correccedilatildeo de fluxo
5 Existecircncia de accedilotildees para a superaccedilatildeo do abandono e da evasatildeo escolar
6 Atendimento agrave demanda de educaccedilatildeo de jovens e adultos (EJA)
7 Oferta do atendimento educacional especializado (AEE)
complementar ou suplementar agrave escolarizaccedilatildeo
Aacuterea 2 Organizaccedilatildeo das
praacuteticas pedagoacutegicas
1 Existecircncia de proposta curricular para a rede de ensino
2 Processo de escolha do livro didaacutetico
3 Existecircnciaadoccedilatildeo de metodologias especiacuteficas para a alfabetizaccedilatildeo
4 Existecircncia de programas de incentivo agrave leitura para o professor e o
aluno incluindo a educaccedilatildeo de jovens e adultos (EJA)
5 Estiacutemulo agraves praacuteticas pedagoacutegicas fora do espaccedilo escolar com
ampliaccedilatildeo das oportunidades de aprendizagem
6 Reuniotildees pedagoacutegicas e horaacuterios de trabalhos pedagoacutegicos para
discussatildeo dos conteuacutedos e metodologias de ensino
Aacuterea 3 Avaliaccedilatildeo da
Aprendizagem dos
Alunos e Tempo para
Assistecircncia
IndividualColetiva aos
Alunos que Apresentam
Dificuldade de
Aprendizagem
1 Formas de avaliaccedilatildeo da aprendizagem dos alunos
2 Utilizaccedilatildeo do tempo para assistecircncia individual coletiva aos alunos
que apresentam dificuldade de aprendizagem
Total de aacutereas 03 15 indicadores
Dimensatildeo 4 ndash Infraestrutura Fiacutesica e Recursos Pedagoacutegicos
Aacuterea 1 Instalaccedilotildees
fiacutesicas da secretaria
municipal de educaccedilatildeo
1 Condiccedilotildees da infraestrutura fiacutesica existente da secretaria municipal de
educaccedilatildeo
2 Condiccedilotildees de mobiliaacuterio e equipamentos da secretaria municipal de
educaccedilatildeo
Aacuterea 2 Condiccedilotildees da
rede fiacutesica escolar
existente
1 Biblioteca instalaccedilotildees e espaccedilo fiacutesico
2 Acessibilidade arquitetocircnica nos ambientes escolares
3 Infraestrutura fiacutesica existente condiccedilotildees das unidades escolares que
ofertam a educaccedilatildeo infantil na aacuterea urbana
4 Infraestrutura fiacutesica existente condiccedilotildees das unidades escolares que
ofertam a educaccedilatildeo infantil no campo comunidades indiacutegenas eou
quilombolas
5 Infraestrutura fiacutesica existente condiccedilotildees das unidades escolares que
ofertam o ensino fundamental na aacuterea urbana
198
6 Infraestrutura fiacutesica existente condiccedilotildees das unidades escolares que
ofertam o ensino fundamental no campo comunidades indiacutegenas eou
quilombolas
7 Necessidade de novos preacutedios escolares existecircncia de preacutedios
escolares para atendimento agrave demanda da educaccedilatildeo infantil na aacuterea
urbana
8 Necessidade de novos preacutedios escolares existecircncia de preacutedios
escolares para atendimento agrave demanda da educaccedilatildeo infantil no campo
comunidades indiacutegenas eou quilombolas
9 Necessidade de novos preacutedios escolares existecircncia de preacutedios
escolares para atendimento agrave demanda do ensino fundamental na aacuterea
urbana
10 Necessidade de novos preacutedios escolares existecircncia de preacutedios
escolares para atendimento agrave demanda do ensino fundamental no campo
comunidades indiacutegenas eou quilombolas
11 Condiccedilotildees de mobiliaacuterio e equipamentos escolares quantidade
qualidade e acessibilidade
12 Existecircncia de transporte escolar para alunos da rede atendimento agrave
demanda agraves condiccedilotildees de qualidade e de acessibilidade
Aacuterea 3 Uso de
Tecnologias
1 Existecircncia e funcionalidade dos laboratoacuterios de Ciecircncias e de
Informaacutetica nas escolas de ensino fundamental
2 Existecircncia de computadores ligados agrave rede mundial de computadores
e utilizaccedilatildeo de recursos de Informaacutetica para atualizaccedilatildeo de conteuacutedos e
realizaccedilatildeo de pesquisas
3 Existecircncia de sala de recursos multifuncionais e utilizaccedilatildeo para o
atendimento educacional especializado (AEE)
4 Utilizaccedilatildeo de processos ferramentas e materiais de natureza
pedagoacutegica preacute-qualificados pelo MEC
Aacuterea 4 Recursos
pedagoacutegicos para o
desenvolvimento de
praacuteticas pedagoacutegicas que
considerem a
diversidade das
demandas educacionais
1 Existecircncia suficiecircncia diversidade e acessibilidade do acervo
bibliograacutefico (de referecircncia e literatura)
2 Existecircncia suficiecircncia diversidade e acessibilidade de materiais
pedagoacutegicos
3 Suficiecircncia diversidade e acessibilidade dos equipamentos e
materiais esportivos
4 Produccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de materiais didaacuteticos para a educaccedilatildeo de jovens
e adultos (EJA) e para a diversidade Total de aacutereas 04 22 indicadores