universidade federal do parÁ instituto de ciÊncias da...

201
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO MESTRADO ACADÊMICO EM EDUCAÇÃO HERYKA CRUZ NOGUEIRA O PLANO DE AÇÕES ARTICULADAS (PAR) E SUAS IMPLICAÇÕES PARA A GESTÃO DA EDUCAÇÃO NA REDE MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE SANTANA/AP BELÉM-PA 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute

INSTITUTO DE CIEcircNCIAS DA EDUCACcedilAtildeO

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM EDUCACcedilAtildeO

MESTRADO ACADEcircMICO EM EDUCACcedilAtildeO

HERYKA CRUZ NOGUEIRA

O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS (PAR) E SUAS IMPLICACcedilOtildeES PARA A

GESTAtildeO DA EDUCACcedilAtildeO NA REDE MUNICIPAL DE EDUCACcedilAtildeO DE

SANTANAAP

BELEacuteM-PA

2016

HERYKA CRUZ NOGUEIRA

O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS (PAR) E SUAS IMPLICACcedilOtildeES PARA A

GESTAtildeO DA EDUCACcedilAtildeO NA REDE MUNICIPAL DE EDUCACcedilAtildeO DE

SANTANAAP

Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo

em Educaccedilatildeo Mestrado em Educaccedilatildeo da Universidade

Federal do Paraacute ndash UFPA como requisito para obtenccedilatildeo

do tiacutetulo de Mestre em Educaccedilatildeo

Linha de Pesquisa Poliacuteticas Puacuteblicas Educacionais

Orientadora Profa Dra Dalva Valente Guimaratildees

Gutierres

BELEacuteM-PA

2016

Dados Internacionais de Catalogaccedilatildeo-na-Publicaccedilatildeo (CIP)

Sistema de Bibliotecas da UFPA

Nogueira Heryka Cruz 1979-

O Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) e suas implicaccedilotildees para a

gestatildeo da educacatildeo na rede municipal de educaccedilatildeo de SantanaAP

Heryka Cruz Nogueira - 2016

Orientadora Dalva Valente Guimaratildees Gutierres Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Universidade Federal do Paraacute

Instituto de Ciecircncias da Educaccedilatildeo Programa de Poacutes-

Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Beleacutem 2016

1 Escolas - Organizaccedilatildeo e administraccedilatildeo - Santana (AP) 2

Escolas municipais - Avaliaccedilatildeo

- Santana (AP) 3 Educaccedilatildeo e Estado I Tiacutetulo

CDD 22 ed 3712098116

HERYKA CRUZ NOGUEIRA

O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS (PAR) E SUAS IMPLICACcedilOtildeES PARA A

GESTAtildeO DA EDUCACcedilAtildeO NA REDE MUNICIPAL DE EDUCACcedilAtildeO DE

SANTANAAP

Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em

Educaccedilatildeo da Universidade Federal do Paraacute ndash UFPA como

requisito para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Educaccedilatildeo

Orientadora Profa Dra Dalva Valente Guimaratildees Gutierres

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________

Profa Dra Dalva Valente Guimaratildees Gutierres

Universidade Federal do Paraacute - UFPA

(Orientadora)

_______________________________________________

Profa Dra Vera Luacutecia Jacob Chaves

Universidade Federal do Paraacute - UFPA

(Examinador Interno)

_______________________________________________

Profa Dra Luciane Terra dos Santos Garcia

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

(Examinador Externo)

_______________________________________________

Profa Dra Arlete Maria Monte Camargo

Universidade Federal do Paraacute - UFPA

(Examinador Interno - Suplente)

______________________________________________

Profa Dra Magna Franccedila

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

(Examinador Externo - Suplente)

Dissertaccedilatildeo aprovada em 24 de Junho de 2016

BELEacuteM-PA

2016

O capitalismo eacute ndash em sua anaacutelise final ndash incompatiacutevel com a

democracia se por ldquodemocraciardquo entendemos tal como o indica sua

significaccedilatildeo literal o poder popular ou o governo do povo Natildeo existe

um capitalismo governado pelo poder popular no qual o desejo das

pessoas seja privilegiado ao dos imperativos do ganho e da

acumulaccedilatildeo e no qual os requisitos da maximizaccedilatildeo do benefiacutecio natildeo

ditem as condiccedilotildees mais baacutesicas de vida O capitalismo eacute

estruturalmente antiteacutetico em relaccedilatildeo agrave democracia (WOOD 2006 p

382)

AGRADECIMENTOS

Agrave DEUS que me concede o dom da vida e estaacute sempre guiando os meus passos

iluminando os meus caminhos e tramando a minha existecircncia

Agrave minha famiacutelia pelo amor muacutetuo e incondicional aqui me refiro ao meu pai

LAEcircNIO NOGUEIRA exemplo de homem dedicado inteligente esforccedilado e de grande

coraccedilatildeo um ser humano espetacular A minha matildee SOCORRO CRUZ pela dedicaccedilatildeo e

incentivo mesmo sabendo que o caminho que escolhi natildeo seria faacutecil Aos meus irmatildeos LAENIO

JUacuteNIOR e BRUNO NOGUEIRA pelo carinho

Destaco aqui um agradecimento especial a minha orientadora a Dra DALVA

VALENTE GUIMARAtildeES GUTIERRES pela acolhida pelo carinho pela rigorosidade teoacuterica

e pelas valiosiacutessimas contribuiccedilotildees que dispensou a esse trabalho

A Profa Dra VERA LUacuteCIA JACOB CHAVES pelas contribuiccedilotildees decisivas na

banca de qualificaccedilatildeo e de defesa desta dissertaccedilatildeo Suas orientaccedilotildees materializadas em elogios

e criacuteticas foram fundamentais para a finalizaccedilatildeo deste estudo

A Profa Dra ODETE CRUZ MENDES pelo compartilhamento de experiecircncias no

estudo sobre a gestatildeo educacional as suas observaccedilotildees muito contribuiacuteram para a maturaccedilatildeo

da temaacutetica

A Profa Profa Dra LUCIANE TERRA DOS SANTOS GARCIA da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte por ter aceitado o convite de participar da banca de defesa e

pelas valiosas contribuiccedilotildees

A todos os MEUS PROFESSORES do Instituto de Ciecircncias da Educaccedilatildeo

vinculados ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da UFPA que com seus valiosos

ensinamentos de alguma forma contribuiacuteram para a construccedilatildeo desse trabalho

A UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute por oportunizar cursos de poacutes-

graduaccedilatildeo Stricto Sensu e contribuir para a melhoria da educaccedilatildeo no Norte do paiacutes

Aos meus COLEGAS DA TURMA DO MESTRADO 2014 os quais

compartilhamos anguacutestias incertezas duacutevidas mas tambeacutem alegrias

A Profa Dra ILMA BARLETA da UNIFAP pela troca de experiecircncias sobre a

Gestatildeo Educacional no PAR

Aos companheiros do GEPESUFPA e do GEFINUFPA por todo aprendizado que

compartilhamos nesse dois anos

Um agradecimento especial aos servidores da SECRETARIA MUNICIPAL DE

EDUCACcedilAtildeO DE SANTANAAP e aos Conselheiros que fazem a Educaccedilatildeo do municiacutepio de

Santana e que compreendem a importacircncia das possiacuteveis contribuiccedilotildees para o municiacutepio de um

estudo aprofundado sobre a gestatildeo educacional os meus agradecimentos

A DEISIANNE CASTRO pela companhia e que junto comigo viveu a expectativa

dessa conquista

A MARINEIDE ALMEIDA e JOSINETE ALMEIDA pelas conversas pela troca

de experiecircncias e por me ceder estadia sem essa ajuda natildeo seria possiacutevel concluir o mestrado

na cidade de Beleacutem do Paraacute

Por fim agradeccedilo a todos que de alguma forma contribuiacuteram direta ou

indiretamente para o longo doloroso e excitante processo de elaboraccedilatildeo deste texto

RESUMO

Este estudo analisa o Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) e as suas implicaccedilotildees para a gestatildeo educacional

na rede municipal de SantanaAP na perspectiva de analisar seus efeitos na democratizaccedilatildeo da gestatildeo

com ecircnfase nas diferentes concepccedilotildees de gestatildeo utilizadas em acircmbito educacional municipal tendo

como paracircmetro a organizaccedilatildeo da educaccedilatildeo atual em um contexto permeado de mudanccedilas na estrutura

administrativa do paiacutes originadas a partir do Plano de Reforma do Estado Brasileiro nos anos de 1990

que propotildee accedilotildees de organizaccedilatildeo do Estado e de gestatildeo gerencial voltadas para atender os anseios de

uma sociedade capitalista Partiu-se do pressuposto de que a gestatildeo democraacutetica da educaccedilatildeo natildeo pode

ser vista em abstrato e portanto no sistema capitalista a participaccedilatildeo a descentralizaccedilatildeo e a autonomia

que satildeo elementos constitutivos da democracia ganham nuances contraditoacuterias Como metodologia

utilizou-se a anaacutelise documental e entrevistas semiestruturadas com a equipe gestora da rede municipal

de educaccedilatildeo de Santana ndash Amapaacute a Equipe Teacutecnica Local de elaboraccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas

(PAR) integrantes do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar do

Conselho Escolar do Conselho do FUNDEB e diretor escolar A intenccedilatildeo foi analisar a Dimensatildeo

Gestatildeo Educacional do PAR focalizando a Aacuterea ldquoGestatildeo democraacuteticardquo a partir de seis Indicadores

Existecircncia de Conselhos Escolares Existecircncia composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho Municipal de

Educaccedilatildeo Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do

Conselho do Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos

Profissionais da Educaccedilatildeo Criteacuterios para escolha da Direccedilatildeo Escolar e Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc

Local do Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo Os resultados obtidos evidenciou a histoacuterica fragilidade

da democratizaccedilatildeo da gestatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana pois os mecanismos que poderiam

viabilizar a participaccedilatildeo a descentralizaccedilatildeo e a autonomia que satildeo os conselhos municipais de controle

social tem funcionado precariamente Os criteacuterios de escolha de diretores excluem as formas

democraacuteticas de participaccedilatildeo da comunidade escolar como a eleiccedilatildeo e favorecem as praacuteticas

centralizadoras de nomeaccedilatildeo A gestatildeo dos recursos financeiros da educaccedilatildeo eacute centralizada na prefeitura

municipal dificultando a participaccedilatildeo da populaccedilatildeo no controle social Com o PAR houve expansatildeo do

nuacutemero de Conselhos escolares o que pode potencializar a participaccedilatildeo dos sujeitos no controle social

dos recursos e outras formas de descentralizaccedilatildeo das decisotildees Isso a depender da correlaccedilatildeo de forccedilas

locais historicamente permeada por formas patrimonialistas de gestatildeo que com o PAR ganharam

nuances de gerencialismo

PALAVRAS-CHAVE Gestatildeo Educacional Plano de Accedilotildees Articuladas Poliacutetica Educacional Rede

Municipal de Ensino de Santana - Amapaacute

ABSTRACT

This study analyses the Articulated Plan of Actions (PAR) and its implications for the educational

management in the municipal network of Santana in the State of Amapaacute with a view to analyze its

effects in the democratization of the management emphasizing the different conceptions of the

management used in the sphere of municipal education having as baseline the organization of the

current education in a context permeated of changes in the administrative structure of the country

originated from the Reform Plan of the Brazilian State in the years of 1990 that propose actions of

organization of the State and of management oriented to serve the expectations of a capitalist society

It is assumed that the democratic management of the education cannot be sight in an abstract way and

therefore in the capitalist system the participation the decentralization and the autonomy that are

constitutive elements of the democracy they get contradictory nuances It was used as methodology the

documental analyze and the semi structured interview with the team manager of the municipal network

of the education in Santana ndash Amapaacute ndash the technical local Team of elaboration of the Articulated Plan

of Actions (PAR) the participating of the Municipal Council of Education the School Council the Fund

for Maintenance and Development of Basic School and Valorization of Professionals (FUNDEB) and

School Director The purpose was to analyze the Dimension School Management of PAR focusing at

the area ldquoDemocratic Managementrdquo from six indicators existence of schools councils existence

composition and operation of the Municipal Education Council composition and operation of the

School Meals Council composition and operation of the Fund for Maintenance and Development of

Basic School and Valorization of Professionals criteria for the choice of the school director and the

existence and operation of the local committee of the All for Education Commitment The results

obtained put in evidence the historic fragility of the democratization of the education management in

Santana City because the mechanism that could permit the participation the decentralization and the

autonomy that are the municipal education councils they have been worked precariously The criteria

of choice of the directors exclude the democratic manners of participation of the school community as

the election for example and they promote the centralized practices of appointment The management

of the financial resources of the education is centralized at the municipal government turning the

participation of the population in the social control more and more difficult There was expansion of the

number of school councils which can ramp up the participation of individuals in the social control of

the resources and other ways of decentralization of the decisions It depends of the correlation of local

forces historically permeated for patrimonial manners of management that get with PAR a

manageralism nuance

KEY-WORDS Educational Management Articulated Plan of Actions Educational Policy Municipal

Network Learning of Santana ndash Amapaacute

LISTA DE QUADROS

Quadro 01 - Sujeitos da pesquisa 30

Quadro 02 - Funccedilotildees e objetivos do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo 63

Quadro 03 - Composiccedilatildeo do FUNDEB por esfera administrativa 72

Quadro 04 - Eixos de Accedilatildeo do Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo 82

Quadro 05 - Descriccedilatildeo das atribuiccedilotildees do MEC e do Municiacutepio na execuccedilatildeo do PAR municipal

92

Quadro 06 - Descriccedilatildeo dos documentos orientadores para elaboraccedilatildeo do PAR 95

Quadro 07 - Dimensatildeo 1 Gestatildeo Educacional (1ordf Versatildeo do PAR) 97

Quadro 08 - Dimensatildeo 1 Gestatildeo Educacional (2ordf Versatildeo do PAR) 98

Quadro 09 - Santana Secretaacuterios Municipais de Educaccedilatildeo (2005 ndash 2015) 98

Quadro 10 - Pontuaccedilatildeo dos Indicadores da gestatildeo democraacutetica do 1ordm e 2ordm PAR 140

Quadro 11 - Santana Diagnoacutestico do indicador do Conselho Escolar 142

Quadro 12 - Santana Receitas do PDDE por programa para as escolas da rede municipal

(2007 ndash 2014) 145

Quadro 13 - Santana Diagnoacutestico do indicador Conselho Municipal de Educaccedilatildeo 148

Quadro 14 - Santana Composiccedilatildeo do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo 150

Quadro 15 - Santana Diagnoacutestico do indicador do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar 151

Quadro 16 - Santana Diagnoacutestico do indicador do Conselho do Conselho do FUNDEB 154

Quadro 17 - Santana Composiccedilatildeo do CACS e FUNDEB 155

Quadro 18 - Santana Diagnoacutestico do Indicador Criteacuterios para a Escolha de Diretores 157

Quadro 19 - Santana Diagnoacutestico do indicador Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do

Compromisso 158

Quadro 20 - Santana Composiccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromisso 159

LISTA DE TABELAS

Tabela 01 - Produccedilatildeo escrita sobre o Plano de Accedilotildees Articuladas de 2009 a 2015 22

Tabela 02 - Nordm de Publicaccedilotildees sobre o Plano de Accedilotildees Articuladas por temaacutetica e fonte no

periacuteodo 2009 a 2015 22

Tabela 03 - Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica no Brasil (2005 a 2013) 89

Tabela 04 - Quantidade de Indicadores Aacuterea e Dimensotildees no 1ordm PAR (2007 - 2010) 91

Tabela 05 - Quantidade de Indicadores Aacuterea e Dimensotildees no 2ordm PAR (2011 - 2014) 92

Tabela 06 - Santana IDHM e seus componentes nas suas duas uacuteltimas deacutecadas 111

Tabela 07 - Dados gerais em relaccedilatildeo aos municiacutepios do estado do Amapaacute 111

Tabela 08 - Santana Matriacuteculas na educaccedilatildeo baacutesica por esfera administrativa 121

Tabela 09 - Santana IDEB do ensino fundamental (anos iniciais) em relaccedilatildeo ao estado

do Amapaacute e ao Brasil (2005 ndash 2013) 122

Tabela 10 - Santana Receitas de Impostos Proacuteprios 124

Tabela 11 - Santana Receitas do FUNDEB (2007 ndash 2014) 125

Tabela 12 - Santana Receitas do Salaacuterio Educaccedilatildeo e dos Programas do FNDE 129

Tabela 13 - Santana Receitas decorrentes do PAR (2009 ndash 2014) 129

Tabela 14 - Santana Despesas com a Funccedilatildeo Educaccedilatildeo (2007 ndash 2014) 133

Tabela 15 - Santana Miacutenimo de Aplicaccedilatildeo em MDE (2007 ndash 2014) 133

Tabela 16 - Santana Miacutenimo de Aplicaccedilatildeo do FUNDEB em remuneraccedilatildeo de professores134

Tabela 17 - Santana Siacutentese das pontuaccedilotildees das Dimensotildees do 1ordm PAR 138

Tabela 18 - Santana Siacutentese das pontuaccedilotildees das Dimensotildees do 2ordm PAR 139

Tabela 19 - Santana Total de Recursos do PDDE recebidos pelas Caixas Escolares da

Rede municipal no periacuteodo de 2007-2014 147

LISTA DE FIGURAS E GRAacuteFICOS

Figura 01 - Vista do municiacutepio de Santana-Amapaacute 102

Figura 02 - Monumento em homenagem a Santa Ana na entrada do municiacutepio 104

Figura 03 - Localizaccedilatildeo do municiacutepio de Santana no Estado do Amapaacute 105

Figura 04 - Localizaccedilatildeo Estrateacutegica do Porto de Santana para exportaccedilatildeo para outros paiacuteses

105

Figura 05 - Porto de Santana para importaccedilatildeo e exportaccedilatildeo 108

Figura 06 - Ferrovia que liga Santana a Serra do Navio para o transporte de mineacuterios 109

Figura 07 - Foto da sede da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de Santana 115

Figura 08 - Estrutura organizacional dos oacutergatildeos da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo (SEME)

116

Graacutefico 01 - Santana Nordm de escolas da rede municipal de ensino 2007-2014 119

Graacutefico 02 - Santana Nuacutemero de docentes atuando na rede municipal de ensino 2007-2014

120

Graacutefico 03 - SANTANA Receitas da Educaccedilatildeo em relaccedilatildeo as despesas com a funccedilatildeo educaccedilatildeo

- 2009 131

Graacutefico 04 - SANTANA Receitas da Educaccedilatildeo em relaccedilatildeo as despesas com a funccedilatildeo educaccedilatildeo

ndash 2013 132

Graacutefico 05 - Total de repasses do PDDE para as escolas da rede municipal 2007 ndash 2014 146

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ALCMS - Aacuterea de Livre Comeacutercio de Macapaacute e Santana

ANDES ndash Sindicato Nacional dos Docentes das Instituiccedilotildees de Ensino Superior

ANPAE - Associaccedilatildeo Nacional de Poliacutetica e Administraccedilatildeo da Educaccedilatildeo

ANPED - Associaccedilatildeo Nacional de Poacutes-Graduaccedilatildeo e Pesquisa em Educaccedilatildeo

AP - Amapaacute

BIRD - Banco Interamericano de Desenvolvimento

BM - Banco Mundial

CAE - Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar

CBE - Conferecircncia Brasileira de Educaccedilatildeo

CE - Conselho Escolar

CF - Constituiccedilatildeo Federal do Brasil

CME - Conselho Municipal de Educaccedilatildeo

CNE - Conselho Nacional de Educaccedilatildeo

CONSU - Conselho Superior Universitaacuterio

EEXs - Entidades Executoras

EF - Ensino Fundamental

EI - Educaccedilatildeo Infantil

ENADE - Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes

ENEM - Exame Nacional do Ensino Meacutedio

FHC - Fernando Henrique Cardoso

FMI - Fundo Monetaacuterio Internacional

FNDE - Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo

FNDEP - Foacuterum Nacional em Defesa da Escola Puacuteblica na LDB

FPM ndash Fundo de Participaccedilatildeo dos Municiacutepios

FUNDEB - Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo

dos Profissionais da Educaccedilatildeo

FUNDEF - Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorizaccedilatildeo

do Magisteacuterio

GEFIN - Grupo de Estudos em Financiamento da Educaccedilatildeo

GEPES - Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Ensino Superior

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

ICMS - Imposto sobre Circulaccedilatildeo de Mercadorias e Serviccedilos

ICOMI - Induacutestria e Comeacutercio de Mineacuterios

IDEB - Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica

IDH - Iacutendice de Desenvolvimento Humano

INEP - Iacutendice Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira

LDBN - Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional

LOM - Lei Orgacircnica do Municiacutepio

LRF - Lei de Responsabilidade Fiscal

MARE - Ministeacuterio da Administraccedilatildeo e Reforma do Estado

MEC - Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

OBEDUC - Programa Observatoacuterio da Educaccedilatildeo

OCDE - Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo e o Desenvolvimento Econocircmico

ONG - Organizaccedilatildeo Natildeo-Governamental

PBA - Programa Brasil Alfabetizado

PAC - Plano de Aceleraccedilatildeo do Crescimento

PAR - Plano de Accedilotildees Articuladas

PCEMS - Plano de Carreiras da Educaccedilatildeo do Municiacutepio de Santana

PCNs - Paracircmetros Curriculares Nacionais

PDE - Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo

PDRAE - Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado

PDDE - Programa Dinheiro Direto na Escola

PIB - Produto Interno Bruto

PME - Plano Municipal da Educaccedilatildeo

PMS ndash Prefeitura Municipal de Santana

PMCTE - Plano de Metas Compromisso Todos Pela Educaccedilatildeo

PNAE - Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar

PNATE - Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar

PNE - Plano Nacional da Educaccedilatildeo

PNUD - Programa das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento

PSE - Programa Nacional de Sauacutede Escolar

SAEB - Sistema Nacional de Educaccedilatildeo Baacutesica

SECADI - Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo Diversidade e Inclusatildeo

SEME - Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de Santana

SFCI - Secretaria Federal de Controle Interno

SINDUEAP - Sindicato dos Docentes da Universidade do Estado do Amapaacute

SIMEC - Sistema Integrado de Monitoramento Execuccedilatildeo e Controle

SIOPE - Sistema de Informaccedilotildees sobre Orccedilamentos Puacuteblicos em Educaccedilatildeo

SUFRAMA - Superintendecircncia da Zona Franca de Manaus

TPE - Todos Pela Educaccedilatildeo

TCU - Tribunal de Contas da uniatildeo

UEXs - Unidades Executoras

UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte

UFU - Universidade Federal de Uberlacircndia

UEAP - Universidade do Estado do Amapaacute

UNDIME - Uniatildeo Nacional dos Dirigentes Municipais em Educaccedilatildeo

UNCME - Uniatildeo Nacional dos Conselhos Municipais de Educaccedilatildeo

UNESCO - Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a Educaccedilatildeo a Ciecircncia e a Cultura

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 16

11 A POLIacuteTICA DE GESTAtildeO DA EDUCACcedilAtildeO NO BRASIL 33

11 O CAPITALISMO E CRISE 33

12 A REFORMA DO ESTADO BRASILEIRO E SUAS IMPLICACcedilOtildeES PARA A GESTAtildeO

DA EDUCACcedilAtildeO 41

121 As poliacuteticas educacionais no Brasil e a gestatildeo da educaccedilatildeo 46

13 DESCENTRALIZACcedilAtildeO AUTONOMIA E PARTICIPACcedilAtildeO MECANISMOS DE

DEMOCRATIZACcedilAtildeO DAS ESTRUTURAS DE PODER 51

131 Descentralizaccedilatildeo 51

132 Autonomia 54

133 Participaccedilatildeo 56

14 OS CONSELHOS DE CONTROLE SOCIAL COMO MECANISMOS DE

DEMOCRATIZACcedilAtildeO DA GESTAtildeO EDUCACIONAL 58

141 O Conselho Municipal de Educaccedilatildeo 61

142 O Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar 63

143 Os Conselhos Escolares 67

144 O Conselho de Acompanhamento e Controle Social do FUNDEB 70

15 OS CRITEacuteRIOS PARA A ESCOLHA DE DIRETOR ESCOLAR 74

2 A GESTAtildeO EDUCACIONAL NO CONTEXTO DO PLANO DE

DESENVOLVIMENTO DA EDUCACcedilAtildeO (PDE) DO PLANO DE METAS

COMPROMISSO TODOS PELA EDUCACcedilAtildeO E DO PLANO DE ACcedilOtildeES

ARTICULADAS 79

21 A GESTAtildeO EDUCACIONAL E O PLANO DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCACcedilAtildeO

(PDE) 79

22 A GESTAtildeO EDUCACIONAL E O PLANO DE METAS COMPROMISSO TODOS PELA

EDUCACcedilAtildeO (PMCTE) 84

23 A GESTAtildeO EDUCACIONAL E O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS (PAR) 91

231 A dimensatildeo Gestatildeo Democraacutetica no Plano de Accedilotildees Articuladas 97

3 A GESTAtildeO EDUCACIONAL NO CONTEXTO DO PLANO DE ACcedilOtildeES

ARTICULADAS NO MUNICIacutePIO DE SANTANA - AMAPAacute 102

31 O CONTEXTO HISTOacuteRICO DO MUNICIacutePIO DE SANTANA 102

311 Santana cidade portuaacuteria do Amapaacute 103

312 Santana Localizaccedilatildeo e condiccedilotildees geograacuteficas 105

313 A exportaccedilatildeo de mineacuterios da Amazocircnia Amapaense 106

314 Santana Aspectos gerais 110

32 A POLIacuteTICA EDUCACIONAL NO MUNICIacutePIO DE SANTANA-AMAPAacute 112

321 Estrutura organizacional do Sistema Municipal de Educaccedilatildeo de Santana 114

322 A educaccedilatildeo municipal em nuacutemeros 119

323 O financiamento da educaccedilatildeo na rede municipal de educaccedilatildeo de Santana 123

33 O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS E A DIMENSAtildeO GESTAtildeO DA EDUCACcedilAtildeO NA

REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE SANTANA - AMAPAacute (2007 ndash 2014) 134

34 OS INDICADORES DE GESTAtildeO DEMOCRAacuteTICA DO PAR DA REDE MUNICIPAL

DE SANTANA - AMAPAacute (2007-2014) 140

341 Existecircncia composiccedilatildeo e funcionamento dos Conselhos Escolares (CE) 141

342 Existecircncia composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (CME) 148

343 Conselho Municipal de Alimentaccedilatildeo Escolar (CAE) 151

344 Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de Controle Social do FUNDEB 153

345 Criteacuterios para a escolha de Diretores escolares do municiacutepio de Santana 156

346 Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromisso 158

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 160

REFEREcircNCIAS 167

APEcircNDICES 177

ANEXOS 189

16

INTRODUCcedilAtildeO

A ORIGEM DO ESTUDO

O presente estudo visa a identificar as implicaccedilotildees do Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR)

para a gestatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana no Estado do Amapaacute A escolha do tema

da pesquisa sobre a gestatildeo da educaccedilatildeo tem relaccedilatildeo com algumas experiecircncias da minha vida

profissional nas escolas puacuteblicas e privadas como professora coordenadora e gestora em

escolas do ensino fundamental onde tive a oportunidade de aprender com os desafios impostos

a cada funccedilatildeo Durante o periacuteodo de 2000 a 2010 atuei na educaccedilatildeo baacutesica e nos anos de 2010

e 2011 fui convidada a participar da elaboraccedilatildeo de projetos educacionais na Secretaria de

Educaccedilatildeo do Estado relacionados ao Plano de Desenvolvimento da EducaccedilatildeoPlano de Metas

Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo onde assessorei pedagogicamente e elaborei projetos para

a rede estadual de ensino do Amapaacute participando inclusive das reuniotildees para a construccedilatildeo do

PAR

A participaccedilatildeo no Sindicato dos Docentes da Universidade do Estado do Amapaacute

(SINDUEAP)Associaccedilatildeo Nacional dos Docentes do Ensino Superior (ANDES) como parte

da diretoria no periacuteodo de 2012 a 2015 e representante sindical no Conselho Superior

Universitaacuterio (CONSU-UEAP) oportunizou-me a discussatildeo das poliacuteticas educacionais

decorrentes da redefiniccedilatildeo do papel do Estado especialmente aquelas relacionadas agrave gestatildeo da

educaccedilatildeo Os eventos1 dos quais participei agrave eacutepoca debatiam a gestatildeo da educaccedilatildeo e a

necessidade emergente de compreendermos a poliacutetica educacional no plano nacional e os

desafios impostos pelos organismos internacionais no paiacutes Os debates e as discussotildees tanto no

SINDUEAPANDES quanto no CONSU-UEAP foram de muita importacircncia para minha

formaccedilatildeo poliacutetica momentos em que pude vivenciar o exerciacutecio da participaccedilatildeo e da

democracia

Ao ingressar no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da Universidade Federal do

Paraacute (UFPA) em 2014 no curso de Mestrado propus um projeto para investigar a concepccedilatildeo

1Foacuterum das Licenciaturas (AP) nos anos de 2013 2014 e 2015 o Congresso Estadual de Educaccedilatildeo (AP) em 2013

as Conferecircncias Municipais de Educaccedilatildeo em 2013 e 2014 a Conferecircncia Estadual de Educaccedilatildeo (AP) em 2014 e

2015 Seminaacuterio da Uniatildeo Nacional dos Dirigentes Municipais de Educaccedilatildeo ndash UNDIME (AP) Aleacutem disso venho

participando de outros eventos relacionados ao tema como o Simpoacutesio Nacional de Poliacutetica e Administraccedilatildeo da

Educaccedilatildeo (ANPAE) em (PE) 2015 XII Seminaacuterio Nacional de Poliacuteticas Educacionais e Curriacuteculo (PA) em 2014

I Seminaacuterio Internacional de Poliacuteticas Puacuteblicas Educacionais Cultura e Formaccedilatildeo de Professores (PA) em 2015

I Congresso Internacional de Educaccedilatildeo do Amapaacute (AP)

17

da poliacutetica educacional proposta no Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo e como

se deu a elaboraccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas pelos municiacutepios de BarcarenaPA e

SantanaAP Nesse periacuteodo tive contato com o Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Ensino

Superior (GEPES) da UFPA que jaacute desenvolvia uma pesquisa nacional em rede com a

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e a Universidade Federal de Uberlacircndia

(UFU) vinculada ao Programa Observatoacuterio da Educaccedilatildeo (OBEDUC) e intitulada ldquoAvaliaccedilatildeo

do Plano de Accedilotildees Articuladas um estudo nos municiacutepios do Rio Grande do Norte Paraacute e

Minas Gerais no periacuteodo de 2007 a 2012rdquo A partir de entatildeo passei a integrar o GEPES e a

participar das reuniotildees dos estudos e das pesquisas sobre o PAR as quais foram fundamentais

na definiccedilatildeo da metodologia utilizadas nesse trabalho Com a evoluccedilatildeo das orientaccedilotildees e do

processo de pesquisa constatamos as dificuldades de realizar a pesquisa em dois municiacutepios de

estados diferentes E assim definimos a escolha somente pelo municiacutepio de SantanaAP por se

localizar na regiatildeo em que resido e trabalho o que tenderia a facilitar o acesso agraves informaccedilotildees

durante a pesquisa

PROBLEMA E PROBLEMAacuteTICA

A poliacutetica de gestatildeo da educaccedilatildeo no Brasil proposta no governo Fernando Henrique

Cardoso (1995-2002) reforccedilou o discurso de vincular o investimento em educaccedilatildeo ao

crescimento econocircmico a partir de um novo papel para a escola e um novo padratildeo de gestatildeo

educacional que se adequasse agraves exigecircncias internacionais da loacutegica do mercado (CAMINI

2013 SAVIANI 2009) Dando continuidade a esse modelo de gestatildeo da educaccedilatildeo o governo

Lula (2003-2010) lanccedilou o Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo (PMCTE) por

meio do Decreto nordm 6094 de 24 de abril de 2007 como programa estrateacutegico do Plano de

Desenvolvimento da Educaccedilatildeo (PDE)2

Nos documentos oficiais o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (MEC) apresentou o PMCTE em

que afirmou que o novo Plano vem atender a uma conjugaccedilatildeo de esforccedilos atraveacutes da ldquoadesatildeo

voluntaacuteriardquo dos estados Distrito Federal e municiacutepios que em regime de colaboraccedilatildeo

2O PDE na concepccedilatildeo do MEC pretende dar uma visatildeo sistecircmica de educaccedilatildeo articulando o desenvolvimento da

educaccedilatildeo ao desenvolvimento econocircmico e social do paiacutes Para isso o PDE desenvolve mecanismos objetivos de

avaliaccedilatildeo que permite assegurar ao mesmo tempo a responsabilizaccedilatildeo e a mobilizaccedilatildeo social em busca da

qualidade da educaccedilatildeo baacutesica Segundo o documento do MEC ldquoo PDE estaacute sustentado em seis pilares i) visatildeo

sistecircmica da educaccedilatildeo ii) territorialidade iii) desenvolvimento iv) regime de colaboraccedilatildeo v) responsabilizaccedilatildeo

vi) mobilizaccedilatildeo socialrdquo (BRASIL-MEC sd p11)

18

procuram oferecer agraves famiacutelias e agrave comunidade melhorias na qualidade da educaccedilatildeo baacutesica O

PMCTE estaacute pautado em 28 diretrizes3 que orientam como deve ser realizado os esforccedilos em

regime de colaboraccedilatildeo para atingir os melhores resultados da educaccedilatildeo Para isso o MEC

vinculou o apoio teacutecnico e financeiro aos estados e municiacutepios a partir da assinatura do termo

de adesatildeo

Esse movimento proposto pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo precisa ser entendido dentro do

contexto histoacuterico e social em que essa poliacutetica se apresenta uma vez que as relaccedilotildees entre a

Uniatildeo os Estados e os Municiacutepios tecircm sido ldquoconflitivas e natildeo resolvidas em diferentes aspectos

que envolvem a organizaccedilatildeo e o funcionamento da gestatildeo puacuteblicardquo (CAMINI 2010 p 01)

Historicamente adaptado por arranjos poliacuteticos e territoriais o federalismo brasileiro

enquanto instituiccedilatildeo eacute republicano natildeo se caracterizando pela centralizaccedilatildeo de poder do

governo ao contraacuterio busca distribuir a muitos centros ldquocuja autoridade natildeo resulta da

delegaccedilatildeo de um poder central mas eacute conferida por sufraacutegio popularrdquo (ALMEIDA 1994 p

20) Eacute nesse contexto que o MEC atraveacutes do PMCTE convoca aleacutem da participaccedilatildeo dos entes

da federaccedilatildeo a sociedade civil e as entidades privadas nessa articulaccedilatildeo que em ldquoregime de

colaboraccedilatildeordquo responsabiliza a todos pela melhoria da qualidade da educaccedilatildeo Para ldquomedirrdquo a

evoluccedilatildeo dessa qualidade o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo criou o Iacutendice de Desenvolvimento da

Educaccedilatildeo Baacutesica (IDEB) um instrumento que utiliza os resultados de avaliaccedilotildees que satildeo

realizadas pelo proacuteprio MEC para ldquoaferirrdquo o desempenho das escolas dos Municiacutepios e dos

Estados

Seguindo o contorno para a implementaccedilatildeo dessa poliacutetica nos estados e municiacutepios o

MEC criou no mesmo Decreto nordm 6094 referente ao Plano de Metas Compromisso Todos Pela

Educaccedilatildeo (PMCTE) o Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) que eacute o instrumento de planejamento

que possui quatro dimensotildees por meio do qual se efetiva essa poliacutetica O PAR eacute denominado

pelo MEC como um ldquoconjunto articulado de accedilotildees apoiado teacutecnica ou financeiramente pelo

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo que visa ao cumprimento das metas do Compromisso e agrave observacircncia

das suas diretrizesrdquo (BRASIL 2007 p6) Eacute um instrumento de planejamento multidimensional

composto por quatro dimensotildees (1) gestatildeo educacional (2) a formaccedilatildeo de professores e dos

profissionais de serviccedilo e apoio escolar (3) as praacuteticas pedagoacutegicas e avaliaccedilatildeo e (4)

infraestrutura e recursos pedagoacutegicos Cada uma delas se desmembra em aacutereas e indicadores

Na elaboraccedilatildeo do planejamento cada indicador se divide em accedilotildees e sub-accedilotildees O PAR eacute

coordenado pelas secretarias municipais ou estaduais de educaccedilatildeo mas deve ser elaborado com

3 As 28 diretrizes do Plano de Metas Compromisso Todos Pela Educaccedilatildeo estatildeo disponiacuteveis no anexo I do trabalho

19

a participaccedilatildeo de uma equipe local composta de gestores professores e da comunidade local

A intenccedilatildeo do MEC eacute que o PAR estabeleccedila um regime de colaboraccedilatildeo entre os entes federados

e a sociedade civil objetivando a implantaccedilatildeo de um Sistema Nacional de Educaccedilatildeo (BRASIL

2007)

Os estados e os municiacutepios ao assinarem o termo de adesatildeo junto ao MEC

automaticamente aderem agraves diretrizes do PMCTE o que implica se responsabilizar pelas regras

diretrizes e compromissos estabelecidos pelo Plano Dessa forma Pinho e Sacramento (2009)

constataram que o Plano de Accedilotildees Articuladas eacute a poliacutetica educacional brasileira que representa

a consolidaccedilatildeo da accountability4 os autores afirmam que a palavra accountability tem sido

comumente traduzida como ldquoresponsabilizaccedilatildeordquo esse conceito foi ressignificado desde a

Reforma do Estado na deacutecada de 1990 com o interesse de produzir mudanccedilas na administraccedilatildeo

puacuteblica burocraacutetica do paiacutes direcionando-a para uma administraccedilatildeo puramente gerencial sob a

perspectiva da loacutegica do mercado e sob o argumento da modernizaccedilatildeo e de melhorias para o

serviccedilo puacuteblico a partir do controle por resultados

Dessa forma Pinho e Sacramento (2009) esquematizam como se organiza esse processo

da accountability que

() nasce com a assunccedilatildeo por uma pessoa da responsabilizaccedilatildeo delegada por outra

da qual se exige a prestaccedilatildeo de contas sendo que a anaacutelise dessas contas pode levar agrave

responsabilizaccedilatildeo Representando-a ainda que num esquema bem simples temos

ldquoArdquo delega responsabilidade para ldquoBrdquo reg ldquoBrdquo ao assumir a responsabilidade deve

prestar contas de seus atos para ldquoArdquo reg ldquoArdquo analisa os atos de ldquoBrdquo reg feita tal anaacutelise

ldquoArdquo premia ou castiga ldquoBrdquo (PINHO SACRAMENTO 2009 p 1350)

Assim o PAR constitui-se em um exemplo do processo de responsabilizaccedilatildeo a partir do

accountability pois configura-se como um instrumento de planejamento e consolidaccedilatildeo de

resultados aferidos por meio do Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo que define metas

semelhantes mas que pelas dimensotildees continentais diversidade cultural desigualdades

econocircmicas poliacuteticas e sociais do paiacutes satildeo executadas em contextos distintos

O Plano de Accedilotildees Articuladas apresentou duas versotildees jaacute concluiacutedas de acordo com os

ciclos plurianuais do MEC a primeira de 2007 a 2010 e a segunda de 2011 a 2014 No Estado

4A origem da accountability remonta agraves deacutecadas de 1980 e 1990 com as experiecircncias realizadas na Inglaterra por

Margareth Thatcher (Reino Unido 1988) e nos Estados Unidos introduzida no governo de Ronald Reagan (EUA

1983) e consolidadas no governo George W Bush (EUA 2001) (ANDRADE 2008) O termo tem sido traduzido

no Brasil como ldquoresponsabilizaccedilatildeordquo (objetiva e subjetiva) e prestaccedilatildeo de contas (transparecircncia) (PINTO e

SACRAMENTO 2009)

20

do Amapaacute o ex-ministro da educaccedilatildeo Fernando Haddad5 e o atual governador o Antonio

Waldez Goacutees6 estiveram no dia 7 de agosto de 2007 em uma cerimocircnia realizada no Teatro das

Bacabeiras na qual atraveacutes da assinatura do termo de adesatildeo estabeleceram o compromisso

ao Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo O municiacutepio de Santana tambeacutem aderiu

ao PMCTE dois anos depois quando o prefeito municipal de Santana Antocircnio Nogueira de

Sousa7 assinou em 27 de agosto de 2009 o Termo de Cooperaccedilatildeo Teacutecnica Nordm 23456 (anexo)

Nesse sentido o municiacutepio de Santana-AP somente implantou o PAR dois anos apoacutes o

iniacutecio dos ciclos8 indicados pelo MEC No Termo de Cooperaccedilatildeo Teacutecnica a claacuteusula quarta

indica que o prazo de duraccedilatildeo da adesatildeo ao Compromisso foi previsto para ldquo04 (quatro) anos

a partir da data de sua assinatura com possibilidade de prorrogaccedilatildeo por igual ou inferior periacuteodo

()rdquo (MEC 2009 p 2) Por conseguinte o periacuteodo de duraccedilatildeo do Termo de Cooperaccedilatildeo

Teacutecnica entre o MEC e a prefeitura de Santana para viabilizar o primeiro ciclo seria de 2009 a

2012 entretanto foi finalizado antecipadamente em 2010 visto que a partir de 2011 o

municiacutepio planejou um novo PAR que perdurou ateacute 2014

Este trabalho se ocupou em analisar os dois ciclos do PAR que o municiacutepio de Santana

ndash AP participou no periacuteodo de 2009 a 20149 buscando compreender a poliacutetica de gestatildeo

educacional que culminou na emergecircncia da implantaccedilatildeo do PAR A partir do Plano de Accedilotildees

Articuladas analisam-se nessa pesquisa os seguintes indicadores da gestatildeo democraacutetica (1)

existecircncia de Conselhos Escolares (2) existecircncia composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho

Municipal de Educaccedilatildeo (3) composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar (4)

composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho do Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo

Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo (FUNDEB) (5) criteacuterios para escolha

da Direccedilatildeo Escolar10 e (6) existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromisso

A questatildeo central da pesquisa busca desvelar quais as implicaccedilotildees do PAR para a gestatildeo

da educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana no estado do Amapaacute Assim sendo a fim de responder a

5 Fernando Haddad foi Ministro da Educaccedilatildeo nos governos Lula e Dilma no periacuteodo de 29 de julho de 2005 a 24

de janeiro de 2012 6 Antonio Waldez Goacutees estaacute no seu terceiro mandato (2003 - 2006) (2007 - 2010) e (2015 ndash em exerciacutecio) como

governador do estado do Amapaacute pelo Partido Democraacutetico Trabalhista (PDT) 7Antonio Nogueira de Sousa foi prefeito do municiacutepio de Santana ndash Amapaacute por dois mandatos (2005 ndash 2008) e

(2009 -2012) pelo Partido dos Trabalhadores (PT) 8 O primeiro ciclo corresponde ao periacuteodo de 2007 a 2010 e o segundo ciclo ao periacuteodo de 2011 a 2014 9 No municiacutepio de Santana as discussotildees sobre o PAR com visitas das equipes do MEC iniciaram em 2007

Entretanto o termo de adesatildeo ao 1ordm PAR somente foi assinado no ano de 2009 e em 2011 foi elaborado um novo

PAR no municiacutepio com duraccedilatildeo do ciclo 2011-2014 Isto implica dizer que o 1ordm PAR teve a duraccedilatildeo somente de

dois anos 10 Esse indicador estaacute presente nas duas versotildees do PAR entretanto no 1ordm PAR ele aparece na aacuterea da gestatildeo

democraacutetica e no 2ordm PAR ele estaacute como um indicador de outra aacuterea a de gestatildeo de pessoas

21

questatildeo central outros questionamentos foram levantados para o aprofundamento da temaacutetica

sendo eles

1- Qual o contexto econocircmico poliacutetico e social foi criada a poliacutetica de gestatildeo que deu

origem ao Plano de Accedilotildees Articuladas

2- Que concepccedilotildees de gestatildeo permeiam o Plano de Metas Compromisso Todos pela

Educaccedilatildeo e o PAR

3- Quais as implicaccedilotildees do PAR para a gestatildeo da educaccedilatildeo na rede municipal de educaccedilatildeo

de Santana-Amapaacute no que se refere aos indicadores de gestatildeo democraacutetica

A pesquisa teve como recorte histoacuterico os anos situados entre 2007 a 2014 periacuteodo em

que teoricamente ocorreram os dois ciclos do Plano de Accedilotildees Articuladas (1ordm PAR e 2ordm PAR)

seguida agraves orientaccedilotildees do MEC

JUSTIFICATIVA

A decisatildeo de estudar a gestatildeo da educaccedilatildeo a partir do Plano de Accedilotildees Articuladas eacute

desafiadora pois o PAR eacute uma poliacutetica puacuteblica que estaacute em andamento e poucos ainda satildeo os

estudos sobre ela Na perspectiva de conhecer e acompanhar a trajetoacuteria dos estudos jaacute

realizados sobre esse instrumento de planejamento realizamos um levantamento das

publicaccedilotildees tendo como fonte a base de dados da Associaccedilatildeo Nacional de Poliacutetica e

Administraccedilatildeo em Educaccedilatildeo (ANPAE) da Associaccedilatildeo Nacional de Poacutes-graduaccedilatildeo e Pesquisa

(ANPED) e os artigos cientiacuteficos da Scientific Eletronic Library Online (SciELO)11 no periacuteodo

de 2009 a 2015 cujo resultado foi o seguinte

Tabela 01 ndash Produccedilatildeo escrita sobre o Plano de Accedilotildees Articuladas de 2009 a 2015

ANO ANPED SciELO ANPAE TOTAL

2009 0 0 0 0

2010 1 0 0 1

2011 0 0 9 9

2012 1 1 1 3

2013 0 1 3 4

2014 3 1 4 8

2015 1 - 10 11

TOTAL 6 3 27 36

Fonte ANPED SciELO e ANPAE Levantamento realizado ateacute setembro de 2015

11 O Scientific Electronic Library Online eacute um portal de revistas brasileiras que organiza e publica textos completos

de revistas na Internet Produz e divulga indicadores do uso e impacto desses perioacutedicos

22

Seguindo as diretrizes metodoloacutegicas12 foram encontradas 36 publicaccedilotildees entre os anos

de 2009 a 2015 sendo 06 na ANPED 03 nos cadernos de pesquisa da SciELO e 27 publicaccedilotildees

na Associaccedilatildeo Nacional de Poliacutetica e Administraccedilatildeo em Educaccedilatildeo ndash ANPAE Observamos na

tabela 01 que os anos de 2011 2014 e 2015 apresentaram maior nuacutemero de publicaccedilotildees

Apesar da implantaccedilatildeo do PAR ter se dado a partir de 2007 constatamos que os estudos

e as publicaccedilotildees sobre o tema ainda satildeo muito escassos A implantaccedilatildeo do PAR foi

caracterizada por distintas orientaccedilotildees e reformulaccedilotildees ao longo do processo (CAMINI 2009)

e talvez por isso muito pouco se tenha compreendido e escrito sobre o PAR nos anos 2009 e

2010 Quanto agraves temaacuteticas tratadas como objeto de estudo no periacuteodo de 2009 a 2015 por fonte

pesquisada identificaram-se as seguintes

Tabela 02 ndash Nordm de Publicaccedilotildees sobre o PAR por temaacutetica e fonte no periacuteodo 2009 a 2015

TEMAacuteTICAS ANPAE ANPED SciELO TOTAL

Avaliaccedilatildeo da implantaccedilatildeo do PAR nos

municiacutepios

6 5 0 11

Planejamento de poliacuteticas educacionais no PAR 5 0 1 6

Praacuteticas PedagoacutegicasFormaccedilatildeo de Professores

no PAR

4 0 1 5

Gestatildeo Educacional no PAR 8 0 0 8

Infraestrutura e Recursos Pedagoacutegicos 1 0 0 1

Levantamento Bibliograacutefico sobre o PAR 2 0 0 2

O PAR no contexto do Federalismo 2 0 1 3

TOTAL 28 5 3 36 Elaborado pela autora

A temaacutetica mais citada nas publicaccedilotildees foi a Avaliaccedilatildeo da implantaccedilatildeo do Plano de

Accedilotildees Articuladas (PAR) nos municiacutepios que se destacou e inquietou os estudiosos no periacuteodo

apresentando 11 publicaccedilotildees Os temas sobre planejamento das poliacuteticas educacionais no

Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) contou com 06 trabalhos A gestatildeo educacional aparece

com 08 trabalhos e as praacuteticas pedagoacutegicas e formaccedilatildeo de professores no PAR com 05

trabalhos Com menos publicaccedilotildees destacam-se as temaacuteticas infraestrutura e recursos

pedagoacutegicos com 01 trabalho o levantamento bibliograacutefico sobre o PAR com 02 trabalhos e o

PAR no contexto do Federalismo com 03 trabalhos Em um periacuteodo de sete anos foram

12 A busca pelas publicaccedilotildees foi realizada nos siacutetios da internet e para a triagem das informaccedilotildees foi utilizada a

expressatildeo-chave plano de accedilotildees articuladas que deveria constar no tiacutetulo das publicaccedilotildees Para uma revisatildeo de

rastreamento foram ainda utilizadas as palavras SciELO ANPAE e ANPED O levantamento foi realizado ateacute o

mecircs de setembro de 2015

23

publicados apenas 36 trabalhos sobre o PAR em revistas e anais especializados nacionalmente

em educaccedilatildeo

O tema que abordo nesse trabalho eacute sobre a Gestatildeo Educacional que teve somente 08

publicaccedilotildees no periacuteodo de 2009 a 2015 em revistas e anais e nenhum desses estudos publicados

eram relacionados ao estado do Amapaacute e nem ao municiacutepio de Santana Entretanto na capital

do Estado Macapaacute foi encontrada uma tese de doutorado intitulada ldquoA gestatildeo educacional no

Plano de Accedilotildees Articuladas do municiacutepio de Macapaacute concepccedilotildees e desafiosrdquo de autoria da

professora Ilma de Andrade Barleta defendida no ano de 2015 na Universidade Federal do

Paraacute A referida tese faz um estudo sobre a gestatildeo educacional do Plano de Accedilotildees Articuladas

no municiacutepio de Macapaacute-AP

Consideramos de extrema relevacircncia para a compreensatildeo das poliacuteticas puacuteblicas

educacionais no paiacutes particularmente da poliacutetica de gestatildeo educacional a partir da chegada do

PAR que se ampliem os estudos sobre esse tema razatildeo pela qual justifico esse trabalho O

estudo acerca da gestatildeo educacional a comeccedilar do Plano de Accedilotildees Articuladas no municiacutepio

de SantanaAP justifica-se tambeacutem pela necessidade imposta em funccedilatildeo das minhas

experiecircncias profissionais anteriormente descritas quando explicito a origem do estudo e as

experiecircncias atuais como professora do curso de pedagogia na Universidade do Estado do

Amapaacute ndash UEAP Instiga-me conhecer o modelo de gestatildeo educacional que se implementa na

rede municipal de ensino de Santana a datar do PAR na perspectiva de melhor contribuir com

o debate acerca da educaccedilatildeo puacuteblica municipal e identificar as iniciativas que se aproximam da

materializaccedilatildeo de uma gestatildeo democraacutetica e participativa no meu entendimento a concepccedilatildeo

mais compatiacutevel com uma visatildeo emancipadora de homem

O foco da gestatildeo democraacutetica estaacute na garantia da participaccedilatildeo na gestatildeo da educaccedilatildeo

como direito de cidadania (PARO 2007) A gestatildeo democraacutetica do ensino puacuteblico estaacute presente

desde a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e na Lei de Diretrizes e Bases - LDB de 1996 e se revela

atraveacutes da participaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo no projeto pedagoacutegico da escola e da

participaccedilatildeo das comunidades escolar e local em Conselhos de Educaccedilatildeo A descentralizaccedilatildeo

nas decisotildees administrativas financeiras e pedagoacutegicas bem como a eleiccedilatildeo de diretores e a

instalaccedilatildeo de conselhos escolares deliberativos tambeacutem fazem parte dos mecanismos para

democratizaccedilatildeo da educaccedilatildeo Embora notadamente a legislaccedilatildeo educacional por si soacute natildeo

garanta a efetivaccedilatildeo de uma praacutetica democraacutetica ela representa um grande passo nesse sentido

24

A partir de 1995 com a Reforma do Estado Brasileiro vimos emergir no cenaacuterio

nacional a concepccedilatildeo de gestatildeo gerencial como modelo preferencial13 para a administraccedilatildeo

puacuteblica que se traduz em accedilotildees de regulaccedilatildeo e controle do sistema educacional e da escola

adotando o princiacutepio mercadoloacutegico como indicador de resultados em todas as esferas sociais

definindo formas de poderes e de relaccedilatildeo com a demanda social Eacute uma gestatildeo centrada na

visatildeo de cidadatildeo-cliente e focada em resultados quantitativos (PERONI 2008)

Apresentando diferentes concepccedilotildees de gestatildeo puacuteblica essa pesquisa busca responder a

problemaacutetica a partir da anaacutelise das poliacuteticas educacionais que permeiam o Plano de

Desenvolvimento da Educaccedilatildeo o Plano de Metas Compromisso Todos Pela Educaccedilatildeo e o Plano

de Accedilotildees Articuladas A seguir trataremos dos objetivos gerais e especiacuteficos do presente

trabalho

OBJETIVO GERAL E ESPECIacuteFICOS

Analisar as implicaccedilotildees do Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) para a gestatildeo educacional

na rede municipal de educaccedilatildeo de Santana ndash Amapaacute no contexto da redefiniccedilatildeo do papel do

Estado

Considerando os pressupostos teoacuterico-metodoloacutegicos adotados o objetivo geral

desdobrou-se nos seguintes objetivos especiacuteficos

Analisar a poliacutetica de gestatildeo da educaccedilatildeo no Brasil e a emergecircncia do PAR no contexto

do capitalismo e da Reforma do Estado brasileiro a partir da deacutecada de 1990

Analisar as concepccedilotildees de gestatildeo educacional que permeia o PAR no contexto do PDE

e do Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo

Analisar as implicaccedilotildees do PAR para a gestatildeo da educaccedilatildeo na rede municipal de

educaccedilatildeo de Santana-Amapaacute no que se refere aos indicadores de gestatildeo democraacutetica

13 Esse novo modelo de gestatildeo puacuteblica eacute apresentado no Plano de Desenvolvimento e Reforma do Aparelho do

Estado Brasileiro (MARE 1995)

25

REFEREcircNCIAS TEOacuteRICO-METODOLOacuteGICAS

O presente estudo analisou as implicaccedilotildees do Plano de Accedilotildees Articuladas com foco na

gestatildeo da educaccedilatildeo na rede municipal de educaccedilatildeo de Santana ndash Amapaacute na busca de

compreender a realidade em que essa poliacutetica educacional foi constituiacuteda e em quais

circunstacircncias essa poliacutetica foi implementada estabelecendo conexotildees com as questotildees sociais

poliacuteticas histoacutericas e econocircmicas Marx (1969 p16) afirma que ldquoa investigaccedilatildeo tem de

apoderar-se da mateacuteria em seus pormenores de analisar suas diferentes formas de

desenvolvimento e de perquirir a conexatildeo iacutentima que haacute entre elasrdquo

Para o estudo da gestatildeo educacional a partir do Plano de Accedilotildees Articuladas no municiacutepio

de Santana levaram-se em consideraccedilatildeo as relaccedilotildees com o contexto histoacuterico social poliacutetico

e econocircmico em que esta poliacutetica puacuteblica foi constituiacuteda Entende-se que a poliacutetica de gestatildeo

reflete as contradiccedilotildees tiacutepicas que se revelam no contexto capitalista Nesse sentido

aproximamos-nos de abordagens que tecircm como referencial o materialismo histoacuterico dialeacutetico

definido por Frigotto (1995)

O pressuposto fundamental da anaacutelise materialista histoacuterica eacute de que os fatos sociais

natildeo satildeo descolados de uma materialidade objetiva e subjetiva e portanto a

construccedilatildeo do conhecimento histoacuterico implica o esforccedilo de abstraccedilatildeo e teorizaccedilatildeo do

movimento dialeacutetico (conflitante contraditoacuterio mediado) da realidade Trata-se de

um esforccedilo de ir agrave raiz das determinaccedilotildees muacuteltiplas e diversas (nem todas igualmente

importantes) que constituem determinado fenocircmeno Apreender as determinaccedilotildees do

nuacutecleo fundamental de um fenocircmeno sem o que este fenocircmeno natildeo se constituiria eacute

o exerciacutecio por excelecircncia da teorizaccedilatildeo histoacuterica de ascender do empiacuterico

contextualizado particularizado e de iniacutecio para o pensamento caoacutetico - ao concreto

pensado ou conhecimento Conhecimento que por ser histoacuterico e complexo e por

limites do sujeito que conhece eacute sempre relativo (FRIGOTTO 1995 p 17-18)

Nesse contexto eacute importante destacar as contradiccedilotildees sociais poliacuteticas e econocircmicas

que permeiam as concepccedilotildees de gestatildeo da educaccedilatildeo ancoradas no modelo de gestatildeo gerencial

e no modelo de gestatildeo democraacutetica O primeiro modelo se utiliza de conceitos associados agrave

administraccedilatildeo empresarial comprometida com a ideia de mercado utilizando-se de conceitos

como eficiecircncia eficaacutecia controle de resultados e descentralizaccedilatildeo dentre outros No segundo

modelo a gestatildeo eacute compartilhada e estaacute amparada em instrumentos de democratizaccedilatildeo como a

participaccedilatildeo e a autonomia nos processos de decisatildeo e planejamento da educaccedilatildeo Este modelo

busca democratizar toda a estrutura do sistema de ensino incluindo a escola

26

Segundo Yin (2001 p 32) o estudo de caso eacute a estrateacutegia mais escolhida quando eacute

preciso responder a questotildees do tipo ldquocomordquo e ldquopor quecircrdquo e ainda quando o pesquisador

possui pouco controle sobre os eventos pesquisados ldquoeacute uma investigaccedilatildeo empiacuterica de um

fenocircmeno contemporacircneo dentro de um contexto da vida real sendo que os limites entre o

fenocircmeno e o contexto natildeo estatildeo claramente definidosrdquo

Assim compreende-se que o estudo de caso tem como propoacutesito orientar o pesquisador

para o contato direto com o seu objeto de pesquisa oferecendo a este uma fonte de informaccedilotildees

capaz de favorecer o encontro das respostas que deseja Como expotildee Gil (1996) o estudo de

caso apresenta trecircs vantagens

a) O estiacutemulo a novas descobertas Em virtude da flexibilidade do planejamento do

estudo de caso o pesquisador ao longo de seu processo manteacutem-se atento a novas

descobertas Eacute frequente o pesquisador dispor de um plano inicial e ao longo da

pesquisa ter o seu interesse despertado por outros aspectos que natildeo havia previsto E

muitas vezes o estudo desses aspectos torna-se mais relevante para a soluccedilatildeo do

problema do que os considerados inicialmente Daiacute porque o estudo de caso eacute

altamente recomendado para a realizaccedilatildeo de estudos exploratoacuterios

b) A ecircnfase na totalidade No estudo de caso o pesquisador volta-se para a

multiplicidade de dimensotildees de um problema focalizando-o como um todo Dessa

forma supera-se um problema muito comum sobretudo nos levantamentos em que a

anaacutelise individual da pessoa desaparece em favor da anaacutelise de traccedilos

c) A simplicidade dos procedimentos Os procedimentos de coleta e anaacutelise de dados

adotados no estudo de caso quando comparados com os exigidos por outros tipos de

delineamento satildeo bastante simples (GIL 1996 p59-60)

Quanto agrave determinaccedilatildeo do nuacutemero de casos optou-se por um uacutenico caso a rede

municipal de educaccedilatildeo de Santana no Amapaacute dadas as especificidades do objeto de estudo

desta pesquisa as implicaccedilotildees do PAR para a gestatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana

Nesta pesquisa buscamos identificar as implicaccedilotildees do PAR para a gestatildeo educacional

no municiacutepio de Santana no periacuteodo de 2007 a 201414 Optamos por focalizar apenas a aacuterea

ldquoGestatildeo Democraacutetica articulaccedilatildeo e desenvolvimento dos sistemas de ensinordquo e 06 indicadores

dessa aacuterea sendo eles (1) existecircncia de conselhos escolares (2) existecircncia composiccedilatildeo e

atuaccedilatildeo do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (3) composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de

Alimentaccedilatildeo Escolar (4) composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho do Fundo de Manutenccedilatildeo e

Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo (5)

14 Nesse estudo mesmo o PAR em Santana ter iniciado somente em 2009 fizemos um levantamento desde o ano

de 2007 ateacute 2014 ano em que iniciou a elaboraccedilatildeo do PAR nos estados e municiacutepio para que pudeacutessemos ter uma

anaacutelise de como foi a sua chegada e como se encontrava o municiacutepio

27

criteacuterios para escolha da direccedilatildeo escolar15 e (6) existecircncia e atuaccedilatildeo do comitecirc local do

compromisso16 O recorte temporal dessa pesquisa eacute o periacuteodo de 2007 a 2014 enfocando

estudos sobre o PAR no municiacutepio de Santana nas suas duas versotildees

A escolha das categorias descentralizaccedilatildeo participaccedilatildeo e autonomia para este

trabalho eacute devido ao fato de que de acordo com vaacuterios autores (PARO 2012 MENDONCcedilA

2009 WERLE 2007) esses indicadores podem potencializar a gestatildeo democraacutetica

De acordo com Viriato (2004) a descentralizaccedilatildeo tem sido um termo muito utilizado

como oposiccedilatildeo a centralizaccedilatildeo que eacute uma caracteriacutestica da gestatildeo autoritaacuteria muito embora

com as mudanccedilas nas funccedilotildees do Estado a descentralizaccedilatildeo aparece com uma nova

configuraccedilatildeo a de desconcentraccedilatildeo de tarefas do niacutevel nacional e regional para o niacutevel local

(VIRIATO 2004)

Para Bordenave (2013) a participaccedilatildeo eacute uma vivecircncia coletiva e natildeo individual de

modo que somente se pode aprender na praacutexis grupal A participaccedilatildeo pode tanto se prestar para

objetivos emancipatoacuterios de cidadania e de autonomia dos sujeitos como para a manutenccedilatildeo

de situaccedilotildees de centralizaccedilatildeo do poder decisoacuterio e do controle de muitos por poucos Portanto

o conceito toma significado diverso dependendo do contexto e dos sujeitos envolvidos

O conceito de autonomia estaacute ligado etimologicamente agrave ideia de autogoverno ou seja

agrave faculdade que os indiviacuteduos ou organizaccedilotildees tecircm de se regerem por regras proacuteprias No

contexto mais amplo da poliacutetica educacional mais recente a autonomia tem mostrado relaccedilatildeo

com a tentativa de resolver problemas de crise de governabilidade do sistema de ensino com o

discurso de ldquogoverno sobrecarregadordquo transferindo autoridade e responsabilidade do bem

puacuteblico para o grupo diretamente envolvido na accedilatildeo e assim se desfazendo das suas obrigaccedilotildees

para com a populaccedilatildeo (BARROSO 2013)

Essas categorias do objeto seratildeo aprofundadas no primeiro capiacutetulo do presente

trabalho

Como teacutecnicas de coleta de dados optou-se pela anaacutelise documental e entrevista

semiestruturada A revisatildeo bibliograacutefica parte integrante do estudo tem auxiliado na

compreensatildeo dos conceitos na historicidade do objeto na perspectiva de compreender a

poliacutetica de gestatildeo educacional no Brasil e as suas inter-relaccedilotildees com o PAR

A anaacutelise documental eacute um tipo de ldquoestudo descritivo que fornece ao investigador a

possibilidade de reunir uma grande quantidade de informaccedilatildeo sobre leis de educaccedilatildeo processos

15 Esse indicador estaacute presente nas duas versotildees do PAR entretanto no 1ordm PAR ele estaacute presente na aacuterea da gestatildeo

democraacutetica e no 2ordm PAR ele aparece como um indicador de outra aacuterea a de gestatildeo de pessoas 16 Esse indicador foi implantado na 2ordm versatildeo do PAR na aacuterea da gestatildeo democraacutetica

28

e condiccedilotildees requisitos e dados livros e textos etcrdquo (TRIVINtildeOS 1987 p 111) na busca de

resolver problemas pois possibilita ampliar o entendimento de objetos que precisam de uma

anaacutelise a partir da contextualizaccedilatildeo histoacuterica e sociocultural para se revelar

Dentre os documentos analisados destacamos

1) O Decreto nordm 60942007 (dispotildee sobre a implementaccedilatildeo do Plano de Metas Compromisso

Todos pela Educaccedilatildeo pela Uniatildeo Federal em regime de colaboraccedilatildeo com municiacutepios

Distrito Federal e estados aleacutem da participaccedilatildeo das famiacutelias e da comunidade mediante

programas e accedilotildees de assistecircncia teacutecnica e financeira visando agrave mobilizaccedilatildeo social pela

melhoria da qualidade da educaccedilatildeo baacutesica) e legislaccedilotildees correlatas

2) O Manual de Orientaccedilotildees Gerais para Elaboraccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas editado

pelo MEC na 1ordf e 2ordf versatildeo

3) O Termo de Cooperaccedilatildeo Teacutecnica Nordm 23456 do PMCTE assinado entre o Ministeacuterio da

Educaccedilatildeo e o municiacutepio de SantanaAP e seus anexos do PAR

4) A Lei Orgacircnica do municiacutepio de Santana promulgada em 14 de julho de 1992 revisada e

atualizada em 11 de maio de 2000

5) O Diagnoacutestico do 1ordm PAR e 2ordm PAR do municiacutepio de SantanaAP emitido atraveacutes do

Sistema Integrado de Monitoramento do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (SIMEC)

6) O Relatoacuterio Puacuteblico de Monitoramento do 2ordm PAR do municiacutepio de SantanaAP e seus

anexos

7) A Lei Municipal nordm 36698 que cria o Conselho Municipal de Educaccedilatildeo de SantanaAP

8) A Lei Municipal nordm 4882001 que institui o Conselho Municipal de Alimentaccedilatildeo Escolar

de SantanaAP

9) Os documentos legais que definem os criteacuterios de escolha de diretores escolares em

SantanaAP

10) O Decreto Municipal nordm 490 de 03 de abril de 2013 que implementa a composiccedilatildeo do

comitecirc do compromisso em SantanaAP

11) A Lei Municipal nordm 7972007 - PMS que cria o FUNDEB e o Conselho de

Acompanhamento Controle Social Comprovaccedilatildeo e Fiscalizaccedilatildeo dos Recursos ndash CACS

do municiacutepio de Santana

12) O Programa de fortalecimento dos conselhos escolares do municiacutepio de SantanaAP

Os dados educacionais econocircmicos sociais e financeiros relativos ao municiacutepio de

SantanaAP foram coletados a partir do site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas

29

Educacionais Aniacutesio Teixeira (INEP) do Sistema de Informaccedilotildees sobre Orccedilamentos Puacuteblicos

em Educaccedilatildeo (SIOPE) Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo (FNDE) Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e dos relatoacuterios do Sistema Integrado de

Monitoramento Execuccedilatildeo e Controle (SIMEC)

No que se refere agraves entrevistas Alves-Mazzotti (2000 p22) aponta que ldquoa entrevista

possui natureza interativa supera o questionaacuterio ao possibilitar o estudo em profundidade de

temas complexosrdquo sendo portanto mais adequada para dirimir duacutevidas e esclarecer aspectos

difusos do objeto

A entrevista realizada foi do tipo semiestruturada que conforme Trivintildeos (1987 p152)

ldquo[] favorece natildeo soacute a descriccedilatildeo dos fenocircmenos sociais mas tambeacutem sua explicaccedilatildeo e a

compreensatildeo de sua totalidade []rdquo aleacutem de manter a presenccedila consciente e atuante do

pesquisador no processo de coleta de informaccedilotildees Para o autor

a entrevista semiestruturada tem como caracteriacutestica questionamentos baacutesicos que satildeo

apoiados em teorias e hipoacuteteses que se relacionam ao tema da pesquisa Os

questionamentos dariam frutos a novas hipoacuteteses surgidas a partir das respostas dos

informantes O foco principal seria colocado pelo investigador-entrevistador

(TRIVINtildeOS 1987 p 146)

Esse modelo de entrevista teve como foco os objetivos pretendidos da pesquisa e dessa

forma foram elaborados roteiros (ver anexos ) com perguntas principais complementadas por

outras questotildees que surgiram durante as respostas emitidas em circunstacircncias momentacircneas da

entrevista a fim de favorecer a apreensatildeo do objeto

Nessa pesquisa as entrevistas versaram sobre a gestatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio de

Santana a partir do Plano de Accedilotildees Articuladas e se pautaram na verificaccedilatildeo da democratizaccedilatildeo

das relaccedilotildees de poder no acircmbito da gestatildeo (participaccedilatildeo autonomia e descentralizaccedilatildeo) por

meio dos conselhos de controle social indicados no PAR sendo Conselho Municipal de

Educaccedilatildeo Conselho Municipal de Alimentaccedilatildeo Escolar Conselhos Escolares e Conselho do

FUNDEB Foram verificados ainda os criteacuterios adotados pela rede municipal de ensino de

SantanaAP para a escolha dos Diretores Escolares e a equipe do Comitecirc Local do

Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo

O quadro 1 demonstra os sujeitos da pesquisa cujos roteiros de entrevista encontram-

se em anexo

30

Quadro 1 Sujeitos da pesquisa e Nordm de entrevistas realizadas

Elaborado pela autora

No ato da entrevista foi assinado pelo entrevistado o ldquoTermo de Consentimento Livre e

Esclarecidordquo18 para a participaccedilatildeo na pesquisa que visa a esclarecer os objetivos e sua forma

de participaccedilatildeo assegurando-lhe o sigilo na sua identidade e das informaccedilotildees a serem utilizadas

exclusivamente para fins cientiacuteficos

Os documentos foram levantados no segundo semestre de 2015 no banco de dados do

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (INEP Brasil Escola FNDE entre outros) e no municiacutepio de Santana

na Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo no sindicato dos servidores puacuteblicos municipais de

Santana e na Cacircmara Municipal Alguns documentos importantes para essa pesquisa natildeo foram

17 Das quinze entrevistas programadas doze foram realizadas No entanto alguns entrevistados ocupavam mais

de uma representaccedilatildeo como o presidente do Conselho do FUNDEB que tambeacutem assume o posto de Diretor escolar

As entrevistas com os membros do Comitecirc Local do Compromisso natildeo foram realizadas devido o comitecirc natildeo estaacute

em atuaccedilatildeo 18 Ver no apecircndice A

Nordm Sujeito da pesquisa Quantidade

01 O (A) gestor (a) da rede municipal de ensino de Santana-AP 01

02 Teacutecnicos que coordenaram a implantaccedilatildeo elaboraccedilatildeo do 1ordm PAR e

2ordm do PAR no municiacutepio 02

03 Membro da equipe teacutecnica da SEME que trata dos Conselhos

Escolares 01

04 Membro do Conselho Escolar de representaccedilatildeo natildeo-governamental 01

05 Membro do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo da representaccedilatildeo

governamental 01

06 Membro do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo da representaccedilatildeo

natildeo-governamental 01

07 Membro do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar da representaccedilatildeo

governamental 01

08 Membro do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar da representaccedilatildeo

natildeo-governamental 01

09 Representante do Sindicato dos professores da educaccedilatildeo baacutesica 01

10 Membro do Comitecirc Local do Compromisso da representaccedilatildeo

governamental 00

11 Membro do Comitecirc Local do Compromisso da representaccedilatildeo natildeo-

governamental 00

12 Membro do Conselho de Controle Social do FUNDEB da

representaccedilatildeo governamental 01

13 Membro do Conselho de Controle Social do FUNDEB da

representaccedilatildeo natildeo-governamental 00

14 Diretor escolar ndash membro nato do Conselho Escolar 01

Total de entrevistados 1217

31

encontrados inicialmente como eacute o caso do Plano de Trabalho do primeiro PAR e o seu

monitoramento ausente nos arquivos da SEMEC da coordenaccedilatildeo do PAR e no banco de dados

do SIMEC Posteriormente foi encontrado mas incompleto em arquivo pessoal de uma das

entrevistadas

As entrevistas foram realizadas entre dezembro de 2015 e marccedilo de 2016 com os

membros dos conselhos sindicato teacutecnicos e gestor da rede municipal de ensino de Santana

perfazendo um total de doze sujeitos entrevistados As entrevistas seguiram roteiro preacutevio

contemplando aspectos da relaccedilatildeo do MEC com o municiacutepio por meio do PAR informaccedilotildees

acerca da descentralizaccedilatildeo nas decisotildees da gestatildeo e da participaccedilatildeo bem como da autonomia

dos conselhos no contexto da gestatildeo da educaccedilatildeo municipal

O loacutecus da pesquisa

O municiacutepio de Santana loacutecus da pesquisa eacute o segundo municiacutepio mais populoso do

Amapaacute com 101262 habitantes segundo dados do IBGE de 2010 estaacute localizado na regiatildeo

metropolitana de Macapaacute capital do Estado do Amapaacute A escolha do municiacutepio se deu em razatildeo

de este ser um dos municiacutepios de maior populaccedilatildeo do Estado ter aderido ao PAR e pela

proximidade de acesso agraves informaccedilotildees necessaacuterias ao esclarecimento da problemaacutetica em

questatildeo

A ESTRUTURA DA DISSERTACcedilAtildeO

A dissertaccedilatildeo eacute composta de trecircs capiacutetulos assim dispostos o primeiro intitulado ldquoA

poliacutetica de gestatildeo da educaccedilatildeo no Brasilrdquo versaraacute sobre a poliacutetica de gestatildeo da educaccedilatildeo no

contexto de redefiniccedilatildeo do papel do Estado explicitando abordagens teoacutericas sobre as

concepccedilotildees de gestatildeo da educaccedilatildeo no Brasil nas uacuteltimas deacutecadas a gestatildeo democraacutetica

instituiacuteda a partir da Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 e da Lei de

Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional de 1996 com base nas lutas implementadas na deacutecada

de 1980 e o modelo de gestatildeo gerencial proposto pelo Plano Diretor da Reforma do Aparelho

do Estado Brasileiro a partir de meados da deacutecada de 1990

O segundo capiacutetulo denominado ldquoA gestatildeo educacional no contexto do Plano de

Desenvolvimento da Educaccedilatildeo (PDE) do Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo

e do Plano de Accedilotildees Articuladasrdquo trataraacute de caracterizar e discutir as concepccedilotildees de gestatildeo da

32

educaccedilatildeo presentes na poliacutetica educacional do Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo do

Plano de Metas Compromisso Todos Pela Educaccedilatildeo e do Plano de Accedilotildees Articuladas Trata-se

de evidenciar as singularidades e similaridades da poliacutetica de gestatildeo da educaccedilatildeo engendrada a

partir do instrumento de planejamento da educaccedilatildeo nos municiacutepios proposto no PAR

O terceiro capiacutetulo intitulado ldquoA gestatildeo educacional no contexto do Plano de Accedilotildees

Articuladas no municiacutepio de Santana-Amapaacuterdquo tem como objetivo caracterizar a educaccedilatildeo no

municiacutepio de Santana e analisar a partir de documentos e das entrevistas aos sujeitos as

implicaccedilotildees do PAR para a gestatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio de SantanaAP Tal anaacutelise se

baseou em seis indicadores da Gestatildeo Democraacutetica do PAR (1) existecircncia de conselhos

escolares (CE) (2) existecircncia composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (3)

composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar (CAE) (4) composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo

do Conselho do Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de

Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo (FUNDEB) (5) criteacuterios para escolha da direccedilatildeo

escolar19 e (6) Existecircncia e atuaccedilatildeo do comitecirc local do compromisso O objetivo foi avaliar se

o PAR trouxe consequecircncias para o modelo de gestatildeo adotado pela rede municipal de educaccedilatildeo

de Santana-AP se possibilitou a descentralizaccedilatildeo da gestatildeo a maior participaccedilatildeo da

comunidade na tomada de decisotildees enfim se por meio do PAR a gestatildeo da rede municipal de

ensino vem construindo maiores possibilidades de autonomia e participaccedilatildeo dos sujeitos

Nas consideraccedilotildees finais apresentamos os resultados dessa pesquisa em que a poliacutetica

traccedilada pelo Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo atraveacutes do PAR foi

implantada na rede municipal de ensino de Santana Fazendo uma reflexatildeo sobre os resultados

alcanccedilados nessa pesquisa e relacionando-os ao referencial teoacuterico que embasaram a concepccedilatildeo

de democratizaccedilatildeo da educaccedilatildeo adotada podemos afirmar que a praacutetica a gestatildeo educacional

do municiacutepio de Santana apresentou-se patrimonialista com traccedilos de uma gestatildeo gerencialista

pois natildeo tem ocorrido a descentralizaccedilatildeo da gestatildeo na rede municipal de ensino com a

participaccedilatildeo efetiva da sociedade nos conselhos de controle social Os recursos financeiros

relativos agrave educaccedilatildeo municipal de Santana satildeo centralizados na Prefeitura dificultando o

planejamento participativo da educaccedilatildeo no municiacutepio E os sujeitos envolvidos nos Conselhos

de Controle Social encontram dificuldades em atuar devido agraves proacuteprias condiccedilotildees de

funcionamento seja de local de transporte ou mesmo de acesso as informaccedilotildees jaacute que estas

encontram-se centralizadas

19 Esse indicador estaacute presente nas duas versotildees do PAR entretanto no 1ordm PAR ele estaacute presente na aacuterea da gestatildeo

democraacutetica e no 2ordm PAR ele aparece como um indicador de outra aacuterea a de gestatildeo de pessoas

33

1 A POLIacuteTICA DE GESTAtildeO DA EDUCACcedilAtildeO NO BRASIL

Este capiacutetulo trata das poliacuteticas de gestatildeo da educaccedilatildeo no Brasil na perspectiva de se

compreender o processo que desencadeou a proposta de gestatildeo educacional que permeia o

Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo o Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo

(PMTE) e o Plano de Accedilotildees Articuladas Para isso em um primeiro momento abordaremos

contexto de institucionalizaccedilatildeo da gestatildeo democraacutetica e seus vaacuterios mecanismos e em um

segundo momento enfocaremos a proposta de gestatildeo gerencial para a administraccedilatildeo puacuteblica a

partir do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado de 199520 no contexto de redefiniccedilatildeo

do papel do Estado

11 O CAPITALISMO E A CRISE

A compreensatildeo de como se constituiu a crise do Estado e do seu papel no contexto da

sociedade capitalista satildeo importantes para situarmos historicamente os conflitos que vecircm

ocorrendo no mundo moderno e particularmente no Brasil que giram em torno de interesses

diversos na organizaccedilatildeo social poliacutetica e econocircmica O que reflete certamente na tomada de

decisatildeo do Estado que promove accedilotildees a favor do capital ou a favor das exigecircncias da sociedade

A crise do capital atingiu as poliacuteticas educacionais no Brasil na deacutecada de 1990 reflexo

de um cenaacuterio de transformaccedilotildees que vinha se formando internacionalmente desde a deacutecada de

1970 quando o capitalismo daacute sinais de esgotamento e entra em crise de amplas proporccedilotildees

Essa crise tem fortes repercussotildees no papel do Estado que desde o poacutes-guerra vinha

assumindo o papel de controle dos ciclos econocircmicos como Estado de bem-estar social21

De acordo com Antunes (1999) essa eacute uma crise estrutural que se desencadeou a partir

da crise do fordismo e keynesianismo com a queda da taxa de lucros em funccedilatildeo do aumento da

forccedila de trabalho resultante das lutas operaacuterias e sociais ocorridas em deacutecadas anteriores e do

controle de regulaccedilatildeo principalmente em paiacuteses capitalistas E afirma o autor que a crise do

20O Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado (1995) foi elaborado pelo Ministeacuterio da Administraccedilatildeo

Federal e da Reforma do Estado na gestatildeo de Bresser Pereira no Governo Fernando Henrique Cardoso que

definiu objetivos e estabeleceu diretrizes para a reforma da administraccedilatildeo puacuteblica brasileira Segundo este Plano

o Estado deve assumir um papel menos executor ou prestador direto de serviccedilos e atuar mais como regulador e

avaliador das poliacuteticas puacuteblicas 21 O ldquoEstado de bem-estar socialrdquo ou ldquoWelfare Staterdquo de John Maynard Keynes ldquotinha o papel de controlar os

ciclos econocircmicos combinando poliacuteticas fiscais e monetaacuterias As poliacuteticas eram direcionadas para o investimento

puacuteblico principalmente para os setores vinculados ao crescimento da produccedilatildeo e o consumo de massa que tinham

tambeacutem o objetivo de garantir o pleno emprego O salaacuterio social era complementado pelos governos atraveacutes da

seguridade social assistecircncia meacutedica educaccedilatildeo habitaccedilatildeo O Estado acabava exercendo tambeacutem o papel de

regular direta ou indiretamente os acordos salariais e os direitos dos trabalhadores na produccedilatildeordquo (PERONI 2003

p 22)

34

Estado eacute uma consequecircncia da crise capitalista e natildeo a causa dessa forma o capitalismo como

resposta a sua proacutepria crise se reorganiza e reconfigura o sistema ideoloacutegico e poliacutetico de

dominaccedilatildeo apresentando ldquoo neoliberalismo com a privatizaccedilatildeo do Estado a

desregulamentaccedilatildeo dos direitos do trabalho e a desmontagem do setor produtivo estatalrdquo

(ANTUNES 1999 p31)

Segundo Meszaacuteros (2002) a Crise eacute a manifestaccedilatildeo ldquodo espectro da incontrolabilidade

totalrdquo do capital quando se evidencia o aacutepice de sua incapacidade civilizatoacuteria e sua face mais

destrutiva possiacutevel De acordo com o autor a incontrolabilidade do capital satildeo inerentes ao

sistema capitalista que por estarem na base estrutural da relaccedilatildeo entre capital-trabalho natildeo

podem ser remediados de forma radical sob pena de comprometer a sobrevivecircncia do sistema

A crise de acordo com Antunes (1999) Meacuteszaacuteros (2011) Peroni (2006) e Harvey

(2008) natildeo se encontra no Estado e sim na estrutura do capital Meszaacuteros (2011) afirma que

eacute necessaacuterio esclarecer as diferenccedilas relevantes entre tipos ou modalidades de crise pois uma

crise na esfera social pode ser considerada uma lsquocrise perioacutedicaconjunturalrsquo ou uma lsquocrise

estrutural fundamentalrsquo A lsquocrise perioacutedicarsquo ou lsquoconjunturalrsquo pode ser severa poreacutem haacute formas

mais ou menos de solucionaacute-las com sucesso dentro da estrutura estabelecida Jaacute a lsquocrise

estrutural fundamentalrsquo afeta a proacutepria estrutura em sua totalidade como afirma o autor

a crise em nossos dias natildeo eacute compreensiacutevel sem que seja referida agrave ampla estrutura

social global Isso significa que a fim de esclarecer a natureza da persistente e cada

vez mais grave crise em todo o mundo hoje devemos focar a atenccedilatildeo na crise do

sistema do capital em sua inteireza pois a crise do capital que ora estamos

experimentando eacute uma crise estrutural que tudo abrange (MESZAacuteROS 2011 p3)

Com efeito a crise estrutural natildeo pode ser conceituada em termos das categorias de crise

perioacutedica ou conjuntural pois haacute uma diferenccedila crucial entre elas enquanto a crise perioacutedica

desdobra-se dentro da sua estrutura a outra abrange tudo e deve ser analisada na totalidade a

partir de uma avaliaccedilatildeo adequada da natureza da crise econocircmica e social de nossos dias

Por outro lado os defensores de um projeto fundamentado no neoliberalismo ndash

Fernando Henrique Cardoso Bresser Pereira e Fernando Collor de Melo ndash afirmam que desde

a deacutecada de 80 o Estado brasileiro estaacute em crise porque ao tentar se legitimar gastou mais do

que podia no atendimento agraves necessidades da populaccedilatildeo em poliacuteticas sociais e provocando

desse modo a crise fiscal Destaca-se que os serviccedilos puacuteblicos eram os principais causadores

da crise e por isso era necessaacuterio reconstruir as funccedilotildees e a organizaccedilatildeo do Estado

35

Dessa forma a globalizaccedilatildeo da economia foi uma das alternativas encontradas pelos

neoliberais para sair da crise destacando as privatizaccedilotildees e a reforma administrativa com a

desregulamentaccedilatildeo dos mercados e liberalizaccedilatildeo comercial e financeira Para Bresser Pereira

(1996) se aplicadas tais poliacuteticas reformistas a reforma neoliberal e a social democraacutetica o

paiacutes estaria apto para o crescimento econocircmico pois a

() diferenccedila entre uma proposta de reforma neoliberal e uma social democraacutetica estaacute

no fato de que o objetivo da primeira e retirar o Estado da economia enquanto que o

da segunda eacute aumentar a governanccedila do Estado eacute dar ao Estado meios financeiros e

administrativos para que ele possa intervir efetivamente sempre que o mercado natildeo

tiver condiccedilotildees de coordenar adequadamente a economia (BRESSER-PEREIRA

1996 p 1 - 2)

Partindo desse contexto neoliberal para superar a crise brasileira e assegurado por

Bresser Pereira em 1995 atendendo aos interesses do mercado o governo brasileiro implantou

o Ministeacuterio da Administraccedilatildeo e Reforma do Estado (MARE) com a finalidade de reformar o

Estado brasileiro Destaca-se que nesse mesmo ano ndash 1995 no primeiro ano de governo

Fernando Henrique Cardoso - eacute lanccedilado o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado

(PDRAE) que sugere uma reforma na administraccedilatildeo do Estado para a superaccedilatildeo da crise e

oferece uma seacuterie de accedilotildees e estrateacutegias que devem ser tomadas pelas instituiccedilotildees considerando-

as como inadiaacuteveis sendo elas

(1) o ajustamento fiscal duradouro (2) reformas econocircmicas orientadas para o

mercado que acompanhadas de uma poliacutetica industrial e tecnoloacutegica garantam a

concorrecircncia interna e criem as condiccedilotildees para o enfrentamento da competiccedilatildeo

internacional (3) a reforma da previdecircncia social (4) a inovaccedilatildeo dos instrumentos de

poliacutetica social proporcionando maior abrangecircncia e promovendo melhor qualidade

para os serviccedilos sociais e (5) a reforma do aparelho do Estado com vistas a aumentar

sua ldquogovernanccedilardquo ou seja sua capacidade de implementar de forma eficiente poliacuteticas

puacuteblicas (BRASIL 1995 p 11)

Como o resultado de um pacote de mudanccedilas no Estado o PDRAE propotildee alternativas

para combater a crise instalada no Estado Brasileiro sendo que essas propostas se movimentam

no sentido de reduzir o papel do Estado e os direitos conquistados na Constituiccedilatildeo Federal de

1988 como as poliacuteticas sociais e os direitos trabalhistas Nesse sentido as conquistas sociais

que estavam garantidas na Constituiccedilatildeo como o direito agrave educaccedilatildeo sauacutede transportes

puacuteblicos seguranccedila entre outros devem ser ldquocomprados e regidos pela feacuterrea loacutegica das leis

do mercado Na realidade o objetivo maior eacute a ideia de um lsquoEstado miacutenimorsquo que significa o

36

Estado suficiente e necessaacuterio unicamente para os interesses da reproduccedilatildeo do capitalrdquo

(FRIGOTTO 1995 p 83-84)

Cabe ressaltar que o projeto capitalista de reformar o Estado Brasileiro busca uma

relaccedilatildeo entre os setores puacuteblicos e privados utilizando de estrateacutegias de manipulaccedilatildeo para

superaccedilatildeo da crise O projeto capitalista eacute permeado de estrateacutegias de acordo com Peroni

(2006) o qual cita quatro delas a Reestruturaccedilatildeo Produtiva a Globalizaccedilatildeo o Neoliberalismo

e a Terceira Via que tentam viabilizar e condicionar o aumento do lucro atraveacutes da aproximaccedilatildeo

do mercado com o Estado

A primeira delas a lsquoreestruturaccedilatildeo produtivarsquo pressupotildee a intensificaccedilatildeo das

transformaccedilotildees no processo produtivo e essa foi uma das respostas agrave crise do capital e agrave crise

da acumulaccedilatildeo que teve iniacutecio em 1973 que com base no avanccedilo tecnoloacutegico e no toyotismo22

se apoiou

na flexibilidade dos processos dos mercados de trabalho dos produtos e padrotildees de

consumo Caracteriza-se pelo surgimento de setores de produccedilatildeo inteiramente novos

novas maneiras de fornecimento de serviccedilos financeiros novos mercados e

sobretudo taxas altamente intensificadas de inovaccedilatildeo comercial tecnoloacutegica e

organizacional (HARVEY 2003 p 140)

Com a produccedilatildeo fabril flexibilizada e informatizada ndash tiacutepico da acumulaccedilatildeo do capital

ndash houve uma queda no operariado manual e estaacutevel isso resultou na expansatildeo da precarizaccedilatildeo

do trabalho (contrataccedilatildeo temporaacuteria trabalho em tempo parcial) Nessa compreensatildeo o capital

pode ateacute precarizar e subutilizar a matildeo de obra mas o desenvolvimento tecnoloacutegico natildeo pode

substituir a capacidade intelectual do homem poreacutem consegue reproduzir na sociedade a ideia

dos valores empresariais e mercadoloacutegicos Com a reestruturaccedilatildeo produtiva a classe

trabalhadora fragmentou-se heterogeneizou-se e complexificou-se mas ainda assim natildeo corre

o risco de desaparecer (ANTUNES 2003)

Uma outra estrateacutegia utilizada para superar a crise do capitalismo eacute a lsquoglobalizaccedilatildeorsquo No

final do seacutec XX os desdobramentos do capitalismo em sua forma de acumular riquezas e assim

superar a crise desafiam a praacutetica e o pensamento social Segundo Chesnais (1996) o uso do

termo globalizaccedilatildeo eacute insuficiente para a compreensatildeo do processo de internacionalizaccedilatildeo do

22 O Toyotismo segundo Antunes (2005) eacute uma forma de organizaccedilatildeo do trabalho na faacutebrica da Toyota no Japatildeo

nos anos apoacutes 1945 que apresentava as seguintes caracteriacutesticas produccedilatildeo vinculada a demanda processo de

produccedilatildeo flexiacutevel possibilitando a um mesmo operaacuterio operar vaacuterias maacutequinas e desenvolver vaacuterias funccedilotildees A

produccedilatildeo em geral eacute horizontalizada ou seja grande parte da produccedilatildeo eacute terceirizada e subcontratada para deixar

as empresas mais ldquoenxutasrdquo ou mais ldquolevesrdquo

37

capital atual ela denominou entatildeo de mundializaccedilatildeo do capital23 por se tratar de um regime de

acumulaccedilatildeo predominantemente financeira configurando um espaccedilo conectado mundialmente

Essas conexotildees que tecircm como cenaacuterio o mundo em tempo real e que movimenta o capital

financeiro satildeo possiacuteveis a partir dos

Sistemas de comunicaccedilatildeo por sateacutelite e por cabo aliados agraves novas tecnologias de

informaccedilatildeo e agrave microeletrocircnica possibilitam a conexatildeo em tempo real dos mercados

das financcedilas e da produccedilatildeo As transformaccedilotildees que estatildeo ocorrendo no interior do

capitalismo inauguram de forma intensa ou mediatizada uma nova forma de estar no

mundo (CHESNAIS 1996 p 34)

Nesse contexto a globalizaccedilatildeo ocorre a partir da configuraccedilatildeo geopoliacutetica dos mercados

internacionais que fazem conexotildees com outros mercados operados por investidores

financeiros24 que avaliam e decidem sobre ldquoa participaccedilatildeo de tal paiacutes na rede em graus que

diferem de um compartimento a outro (cacircmbio obrigaccedilotildees accedilotildees etc)rdquo (CHESNAIS 1996 p

45) demarcando dessa maneira o paiacutes que quebra e o que estabiliza

Na verdade como afirma Frigotto (2001 p 36) trata-se de uma ldquoformaccedilatildeo de

oligopoacutelios e megacorporaccedilotildees mediante a fusatildeo ou alianccedilas entre grandes empresasrdquo Esse

processo inclui principalmente o grupo de paiacuteses mais ricos (Estados Unidos Canadaacute Japatildeo

Alemanha Franccedila Reino Unido e Itaacutelia) Esses paiacuteses se reuacutenem periodicamente para

resguardar os seus interesses e alertar que a livre concorrecircncia existe somente ateacute certo ponto

De toda forma considera o autor que o principal entre os problemas da globalizaccedilatildeo eacute uma

eventual desigualdade social por ela proporcionada em que o poder e a renda encontram-se em

maior parte concentrados nas matildeos de uma minoria burguesa o que atrela a questatildeo agraves

contradiccedilotildees do projeto capitalista

Uma outra estrateacutegia usada para superaccedilatildeo da crise do capital eacute o lsquoNeoliberalismorsquo tida

como uma ideologia impulsionada pelas teorias econocircmicas capitalistas que defende a natildeo

participaccedilatildeo do Estado na economia pois segundo essa ideologia o Estado eacute o principal

responsaacutevel por anomalias no funcionamento do mercado livre onde deve haver total liberdade

para garantir o crescimento econocircmico e o desenvolvimento social de um paiacutes Por outro lado

Peroni (2006) afirma que o neoliberalismo atua na privatizaccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos pelo

23 A lsquomundializaccedilatildeo do capitalrsquo eacute ldquoa capacidade estrateacutegica de todo grande grupo oligopolista voltado para a

produccedilatildeo manufatureira ou para as principais atividades de serviccedilos de adotar por conta proacutepria um enfoque e

condutas lsquoglobaisrsquordquo () incluindo-se a esfera financeira (CHESNAIS 1996 p 17) 24Os investidores institucionais segundo Chesnais (2005) satildeo organismos tais como fundos de pensatildeo fundos

coletivos de aplicaccedilatildeo sociedades de seguro bancos que administram sociedades de investimento que teriam feito

da descentralizaccedilatildeo dos lucros natildeo reinvestidos das empresas e das famiacutelias (planos de previdecircncia privados

poupanccedila salarial) um trampolim para a aquisiccedilatildeo de acumulaccedilatildeo financeira de grande proporccedilatildeo

38

repasse da sua execuccedilatildeo ao mercado busca a racionalizaccedilatildeo dos recursos e a diminuiccedilatildeo dos

gastos do Estado com as poliacuteticas sociais e educacionais restringindo assim a atuaccedilatildeo das

instituiccedilotildees puacuteblicas o que tem gerado contradiccedilotildees quanto ao papel social do Estado impliacutecito

na Constituiccedilatildeo Federal Brasileira de 1988

A lsquoTerceira viarsquo eacute outra estrateacutegia utilizada pela teoria neoliberal para vencer a crise

Segundo os teoacutericos defensores do neoliberalismo a proposta da Terceira Via pressupotildee um

Estado democraacutetico que tem como principais caracteriacutesticas a ldquodescentralizaccedilatildeo dupla

democratizaccedilatildeo renovaccedilatildeo da esfera puacuteblica-transparecircncia eficiecircncia administrativa

mecanismos de democracia direta e governo como administrador de riscosrdquo (GIDDENS 2001

p 87) Por outro lado Peroni e Caetano (2012) criticam as estrateacutegias da teoria neoliberal que

buscam a racionalizaccedilatildeo dos recursos e o esvaziamento do poder das instituiccedilotildees transferindo

a execuccedilatildeo das poliacuteticas sociais para o terceiro setor ldquoque eacute caracterizado como o puacuteblico natildeo-

estatalrdquo (PERONI CAETANO 2012 p 4) ou seja para a sociedade civil utilizando-se do

discurso da democratizaccedilatildeo e da participaccedilatildeo sem romper com o neoliberalismo

Caracterizada como uma ldquoarena de interesses contraditoacuterios e conflituososrdquo (VIEIRA

2007 p59) a gestatildeo puacuteblica se materializa na praacutetica das poliacuteticas traccediladas pelo poder puacuteblico

qualificando-se como uma ldquotarefa complexa e cheia de meandrosrdquo (VIEIRA 2007 p59)

Vieira (2007) e Paro (2005) compartilham da mesma ideia de que os valores estatildeo impliacutecitos

nas intencionalidades poliacuteticas nas condiccedilotildees dadas para a implementaccedilatildeo onde estaacute a base

material da gestatildeo puacuteblica com recursos materiais e financeiros e ainda de condiccedilotildees poliacuteticas

favoraacuteveis para concretizaccedilatildeo

Acerca desse debate sobre a gestatildeo puacuteblica uma tendecircncia internacional de reformas na

administraccedilatildeo puacuteblica na gestatildeo das poliacuteticas sociais e educacionais vem se formando nos

paiacuteses da Ameacuterica Latina a partir dos anos de 1990 inclusive no Brasil reflexo da crise

mundial que atingiu os paiacuteses centrais na deacutecada de 1980 A introduccedilatildeo de princiacutepios da

administraccedilatildeo empresarial no setor puacuteblico foi uma das mudanccedilas no padratildeo de organizaccedilatildeo e

gestatildeo que Lima (1997) denominou de paradigma da educaccedilatildeo contaacutebil (LIMA 1997 p 43

grifos do autor) Esse paradigma no Brasil se constitui por meio da Terceira Via nas parcerias

puacuteblico-privadas nos ldquonovos contratos de gestatildeordquo na compra de materiais didaacutetico-

pedagoacutegicos do setor privado nas avaliaccedilotildees com foco nos resultados no controle da eficiecircncia

e qualidade das instituiccedilotildees educativas

Essas medidas derivam de dois fatores principais das restriccedilotildees orccedilamentaacuterias dos

Estados em razatildeo do aprofundamento da crise financeira e econocircmica que se espalhara por todo

o mundo globalizado atingindo seu aacutepice em 2008 e da implantaccedilatildeo de princiacutepios do

39

ldquomovimento denominado New Public Management (NPM)rdquo (MARINI 2003 p 47) nas accedilotildees

dos governos

O modelo de gestatildeo gerencial ou ainda o termo Nova Gerecircncia Puacuteblica (New Public

Management mdash NPM) eacute frequentemente utilizado em muitos dos paiacuteses-membros25 da

Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econocircmico - OCDE O termo parece

descrever certo tipo de reforma administrativa que sob orientaccedilotildees da OCDE tem contribuiacutedo

para a elaboraccedilatildeo de uma visatildeo mais econocircmica e gerencial da administraccedilatildeo governamental

vinculada aos interesses do mercado capitalista e apoiada pela poliacutetica neoliberal de modo que

natildeo possibilita a participaccedilatildeo de todos Nesses termos o gerencialismo26 seria portanto

O modelo de aplicaccedilatildeo dos princiacutepios gerenciais do setor empresarial privado ao setor

puacuteblico Em termos praacuteticos essa concepccedilatildeo restrita da NPM implica numa ecircnfase da

gerecircncia de contratos na introduccedilatildeo de mecanismos de mercado no setor puacuteblico e na

vinculaccedilatildeo estabelecida entre o pagamento e o desempenho (ORMOND 1999 p73)

Nesse sentido o modelo de gestatildeo gerencial ou gerencialismo importado das empresas

privadas eacute reproduzido para o serviccedilo puacuteblico mesmo quando essa tendecircncia internacional da

administraccedilatildeo natildeo se materializa da mesma forma em todos os paiacuteses que a implantaram Em

alguns paiacuteses esse modelo deu certo e prosperou jaacute em outros encontrou reaccedilatildeo sendo ldquodebatido

ou introduzido gradualmente ou de forma mitigada mas em todo o caso conquistou adeptos

concentrou atenccedilotildees e motivou ataques e resistecircncias como nenhum outrordquo (LIMA 1997 p

47)

A reforma na administraccedilatildeo puacuteblica na perspectiva do gerencialismo de acordo com

Abruacutecio (2010) tem a descentralizaccedilatildeo como um mecanismo adotado internamente pelas

empresas privadas com o objetivo de garantir a eficiecircncia e eficaacutecia no controle da gestatildeo de

resultados no planejamento estrateacutegico no controle por meio de avaliaccedilotildees de desempenho

nacionais estaduais e municipais no controle das accedilotildees individuais (responsabilizaccedilatildeo) e na

emissatildeo de relatoacuterios administrativos

Natildeo diferentemente de outros paiacuteses da Ameacuterica Latina no Brasil Bresser Pereira

(2007) afirma que esse novo modelo vem se estruturando no paiacutes e que envolve organizaccedilotildees

estatais puacuteblicas natildeo estatais corporativas e privadas Essas organizaccedilotildees se relacionam em

25 Paiacuteses membros da OCDE ndash Aacuteustria Beacutelgica Dinamarca Franccedila Greacutecia Islacircndia Irlanda Itaacutelia Luxemburgo

Noruega Paiacuteses Baixos Portugal Reino Unido Sueacutecia Suiacuteccedila Turquia Alemanha Espanha Canadaacute USA Japatildeo

Finlacircndia Austraacutelia Nova Zelacircndia Repuacuteblica Checa Meacutexico Hungria Polocircnia Coreia do Sul Eslovaacutequia

Chile Eslovecircnia e Israel

40

redes e essas relaccedilotildees satildeo identificadas como parcerias entre instituiccedilotildees puacuteblico-privadas-

terceiro setor O autor traz referecircncias em defesa desse modelo que segundo ele para o

desenvolvimento do paiacutes eacute necessaacuterio um consenso entre diferentes setores da sociedade O

autor demonstra que ldquoum consenso pleno eacute impossiacutevel mas um consenso que una empresaacuterios

do setor produtivo trabalhadores teacutecnicos do governo e classes meacutedias profissionais - um

acordo nacional portanto ndash estaacute hoje em processo de formaccedilatildeordquo (BRESSER-PEREIRA 2007

p 163)

Assim novas relaccedilotildees entre o Estado o mercado e a sociedade civil se formam no paiacutes

Eacute como uma revoluccedilatildeo passiva que busca rearticular natildeo soacute a produccedilatildeo como tambeacutem regular

as novas relaccedilotildees humanas e sociais pois o controle do capital natildeo incide somente na extraccedilatildeo

da mais-valia mas ainda nessas articulaccedilotildees promovidas em torno de um consenso entre as

classes que organizam essas negociaccedilotildees e acordos no paiacutes

Desde o governo Fernando Henrique Cardoso jaacute vinha se formando um movimento de

ldquoparceriasrdquo que foi prosseguido no governo do Presidente Lula por meio do consenso com o

objetivo de acomodar e harmonizar a governanccedila puacuteblica Nesse sentido o consenso27 entre o

Estado e setores da sociedade civil vem seguindo no sentido de modificar as relaccedilotildees de poder

em um ldquonovo contratordquo em que o setor privado e o terceiro setor passaram a responsabilizar-se

pelos serviccedilos sociais que antes eram de responsabilidade do Estado Esses ldquonovos contratosrdquo

tem como foco princiacutepios gerenciais de mercado baseados na eficiecircncia na eficaacutecia na

flexibilidade dos contratos para atingir os resultados

No proacuteximo toacutepico vamos tratar dessas ldquonovas relaccedilotildeesrdquo que estatildeo ancoradas na

redefiniccedilatildeo do papel do Estado por meio do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado

Brasileiro de 1995 e na participaccedilatildeo das estruturas de poder com significativas implicaccedilotildees no

acircmbito das poliacuteticas educacionais e da gestatildeo da educaccedilatildeo

27 O consenso (ativo ou passivo) numa sociedade capitalista eacute organizado pela burguesia e por liderar esse bloco

deteacutem a hegemonia porque consegue ir aleacutem dos seus interesses econocircmicos imediatos para manter articuladas

forccedilas heterogecircneas numa accedilatildeo essencialmente poliacutetica que impeccedila o rompimento dos contrastes existentes entre

elas (GRAMSCI 2000) O Estado dizia Gramsci eacute sempre uma combinaccedilatildeo dialeacutetica de hegemonia e coerccedilatildeo

assim o exerciacutecio normal da hegemonia no terreno tornado claacutessico do regime parlamentar caracteriza-se pela

combinaccedilatildeo da forccedila e do consenso que se equilibram de modo variado sem que a forccedila suplante muito o consenso

mas ao contraacuterio tentando fazer com que a forccedila pareccedila apoiada no consenso da maioria expresso pelos chamados

oacutergatildeos da opiniatildeo puacuteblica (GRAMSCI 2000 p 95)

41

12 A REFORMA DO ESTADO BRASILEIRO E SUAS IMPLICACcedilOtildeES PARA A GESTAtildeO

DA EDUCACcedilAtildeO

Esse toacutepico trata da Reforma do Estado brasileiro e os seus reflexos na educaccedilatildeo

brasileira a partir de dois modelos de gestatildeo o gerencial e o democraacutetico

A ideia de reformar o Estado no Brasil teve iniacutecio nos anos 90 como reflexo da crise

instalada no paiacutes De um lado Bresser Pereira no Plano de Reforma do Aparelho do Estado

brasileiro argumenta que era necessaacuteria e urgente uma reforma de Estado para superar a

ineficiecircncia o burocratismo e o mau serviccedilo prestado agrave populaccedilatildeo principalmente na aacuterea

social A partir de entatildeo dentro de uma visatildeo neoliberal eacute criado durante o governo do

Presidente Fernando Henrique Cardoso pelo entatildeo Ministro Luiz Carlos Bresser Pereira em

1995 o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado Brasileiro (PDRAE) sob a

justificativa de que o Estado deveria assumir um papel menos executor ou prestador direto de

serviccedilos pois a administraccedilatildeo deveria se realizar por meio de ldquocontratos de gestatildeordquo que

definisse com clareza os objetivos ou indicadores de desempenho das instituiccedilotildees puacuteblicas e

permitisse o controle por resultados Desse modo caberia ao Estado ser o oacutergatildeo coordenador

financiador e regulador dos serviccedilos Por outro lado defensores do Estado democraacutetico

contestam que essas medidas afrontam veementemente os direitos sociais jaacute conquistados e

garantidos sob muita luta dos trabalhadores na Constituiccedilatildeo Federal de 1988

Propagando a imagem de que as atividades do setor puacuteblico-estatal natildeo atendem as

necessidades sociais baacutesicas da populaccedilatildeo pois o Estado estaacute ineficiente improdutivo e

antieconocircmico eacute articulado uma Reforma no Estado para que atenda a um novo modelo de

gestatildeo que tem o setor privado como paracircmetro de eficiecircncia efetividade e produtividade

podendo responder agraves demandas sociais de forma menos burocraacutetica e com maior rapidez As

poliacuteticas neoliberais se posicionam contrariamente agraves poliacuteticas distributivas de bem-estar social

e afirmam que o Estado que prioriza essas questotildees sociais eacute visto como um Estado de mal-

estar social Nesse sentido essas poliacuteticas neoliberais trabalham para racionalizar os custos

financeiros do Estado com gastos em sauacutede educaccedilatildeo habitaccedilatildeo transporte puacuteblico pensotildees

e aposentadorias reduzindo ainda as importaccedilotildees e incentivando a exportaccedilatildeo

Segundo Neves (2005) essa teoria de cunho neoliberal se sustentava na tese do ldquoEstado

miacutenimordquo que de produtor direto de bens e serviccedilos o Estado passou a coordenador de

iniciativas privadas ldquointrojetando nas instituiccedilotildees puacuteblicas estatais noccedilotildees de eficiecircncia

produtividade e racionalidade inerentes agrave loacutegica do capital (NEVES 2005 p 92) O caminho

42

que estaacute sendo proposto no PDRAE eacute justamente impor a privatizaccedilatildeo como a principal poliacutetica

de Estado seguindo as orientaccedilotildees internacionais do Banco Mundial e do Fundo Monetaacuterio

Internacional

Essa discussatildeo do Estado de bem-estar social eacute apresentada por Fiori (1997) e

demonstra uma complexa rede de determinaccedilotildees econocircmicas ideoloacutegicas e poliacuteticas que define

e diferencia o Estado de bem-estar social de outras eacutepocas e de outras experiecircncias nacionais

Para o autor a realidade de paiacuteses como os Estados Unidos a Europa o Japatildeo e o Brasil satildeo

diferentes e em razatildeo disso o que se apresenta como o Estado de bem-estar social em um paiacutes

natildeo pode ser padronizado da mesma forma em outro pois deve-se levar em conta algumas

questotildees centrais como ldquoformas de financiamento pela extensatildeo de serviccedilos pelo peso do

setor puacuteblico pelo seu grau de sensibilidade aos sistemas puacuteblicos pela sua forma de

organizaccedilatildeo institucional etcrdquo (FIORI 1997 p 135)

No texto do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado (PDRAE) a proposta de

Reforma do Estado eacute apresentada sob uma nova configuraccedilatildeo na estrutura do Estado que se

divide em trecircs diferentes setores o nuacutecleo estrateacutegico as atividades exclusivas e os serviccedilos

natildeo exclusivos Cada um deles corresponde a um modelo de gestatildeo com diferentes abrangecircncias

e consequecircncias para a democratizaccedilatildeo dos direitos a saber

O Nuacutecleo estrateacutegico - Corresponde ao governo em sentido lato Eacute o setor que define

as leis e as poliacuteticas puacuteblicas e cobra o seu cumprimento Eacute portanto o setor onde as

decisotildees estrateacutegicas satildeo tomadas Corresponde aos Poderes Legislativo e Judiciaacuterio

ao Ministeacuterio Puacuteblico e no poder executivo ao Presidente da Repuacuteblica aos ministros

e aos seus auxiliares e assessores diretos responsaacuteveis pelo planejamento e

formulaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas

Atividades exclusivas - Eacute o setor em que satildeo prestados serviccedilos que soacute o Estado pode

realizar Satildeo serviccedilos em que se exerce o poder extroverso do Estado - o poder de

regulamentar fiscalizar fomentar Como exemplos temos a cobranccedila e fiscalizaccedilatildeo

dos impostos a poliacutecia a previdecircncia social baacutesica o serviccedilo de desemprego a

fiscalizaccedilatildeo do cumprimento de normas sanitaacuterias o serviccedilo de tracircnsito a compra de

serviccedilos de sauacutede pelo Estado o controle do meio ambiente o subsiacutedio agrave educaccedilatildeo

baacutesica o serviccedilo de emissatildeo de passaportes etc

Os Serviccedilos Natildeo Exclusivos - Corresponde ao setor onde o Estado atua

simultaneamente com outras organizaccedilotildees puacuteblicas natildeo-estatais e privadas As

instituiccedilotildees desse setor natildeo possuem o poder de Estado Este entretanto estaacute presente

porque os serviccedilos envolvem direitos humanos fundamentais como os da educaccedilatildeo

e da sauacutede ou porque possuem ldquoeconomias externasrdquo relevantes na medida que

produzem ganhos que natildeo podem ser apropriados por esses serviccedilos atraveacutes do

mercado As economias produzidas imediatamente se espalham para o resto da

sociedade natildeo podendo ser transformadas em lucros Satildeo exemplos deste setor as

universidades os hospitais os centros de pesquisa e os museus (BRASIL MARE

1995 p41) [grifos nossos]

43

No PDRAE o nuacutecleo estrateacutegico corresponde a alta cuacutepula dos trecircs poderes (executivo

legislativo e judiciaacuterio) e seus assessores diretos no paiacutes que satildeo os responsaacuteveis pelo

planejamento das poliacuteticas puacuteblicas a serem implantadas no paiacutes Nos serviccedilos exclusivos estaacute

o poder do Estado como regulamentador fiscalizador e fomentador das poliacuteticas puacuteblicas Os

serviccedilos natildeo-exclusivos onde estatildeo algumas poliacuteticas sociais que antes estavam sobre a atuaccedilatildeo

do Estado passam a ter os serviccedilos oferecidos tambeacutem pelas instituiccedilotildees puacuteblicas natildeo-estatais

e privadas

Ora veja-se que nesses serviccedilos natildeo-exclusivos do Estado estatildeo presentes alguns

direitos humanos fundamentais legalmente constituiacutedos de acordo com a Constituiccedilatildeo Federal

de 1988 como a educaccedilatildeo e a sauacutede Entretanto o PDRAE ao retirar do Estado a

obrigatoriedade na oferta desses serviccedilos essenciais conquistados pela populaccedilatildeo e transferi-lo

para as instituiccedilotildees puacuteblicas natildeo-estatais privadas e terceiro setor estatildeo portanto abrindo

espaccedilos para o setor privado agir Assim com todas as formas de ldquoeficiecircnciardquo e ldquoeficaacuteciardquo que

o setor privado gerencia os seus empreendimentos particulares reproduz-se esse mesmo

modelo principalmente em setores essenciais como a sauacutede e a educaccedilatildeo trazendo para o

serviccedilo puacuteblico uma nova loacutegica de produtividade e competitividade caracteriacutesticas do

neoliberalismo Em defesa dessa flexibilidade da vertente neoliberal Cardoso (2003 p15)

afirma que ldquo() a produccedilatildeo de bens e serviccedilos pode e deve ser transferida agrave sociedade agrave

iniciativa privada com grande eficiecircncia e com menor custo para o consumidorrdquo

O PDRAE sugere a ldquodescentralizaccedilatildeo de serviccedilosrdquo como elemento estimulador da

democratizaccedilatildeo da accedilatildeo estatal no entanto nem sempre funciona pois ela se apresenta muitas

vezes apenas como uma forma mais eficiente de controle dos gastos puacuteblicos Assim sob o

argumento da participaccedilatildeo coletiva toda a sociedade eacute convocada a contribuir com os serviccedilos

que antes eram de responsabilidade do Estado por meio do discurso da ldquoresponsabilidade

socialrdquo e da colaboraccedilatildeo ldquovoluntaacuteriardquo em razatildeo da qual todos passam a ser responsabilizados

pela oferta dos serviccedilos principalmente passando a ideia de eficiecircncia atraveacutes das parcerias

puacuteblico-privadas Esse modelo de Reforma do Estado baseado nos preceitos da mundializaccedilatildeo

do capital nos pressupostos neoliberais influenciaram as reformas tambeacutem no acircmbito

educacional e tem recebido duras criacuteticas de vaacuterios estudiosos da educaccedilatildeo no paiacutes como Neves

(2005) Peroni (2006) Gutierres (2010) Neto e Castro (2011)

Para os autores a redefiniccedilatildeo do papel do Estado tem traccedilado um novo rumo para a

educaccedilatildeo brasileira retirando inclusive direitos legalmente constituiacutedos Em se tratando das

poliacuteticas educacionais esse novo regulamento se propotildee a minimizar e controlar os custos com

44

a educaccedilatildeo e atender ao maior nuacutemero de pessoas com serviccedilos educacionais prestados por

terceiros e natildeo mais como um direito social assegurado pelo Estado

Ao final do entatildeo governo Fernando Henrique Cardoso em 2002 foi eleito para

Presidecircncia da Repuacuteblica Luiz Inaacutecio Lula da Silva dentro de uma coalizatildeo de partidos de

centro-esquerda que abrangeu aleacutem do Partido dos Trabalhadores (PT) o Partido Comunista

do Brasil (PCdoB) o Partido Liberal (PL) o Partido da Mobilizaccedilatildeo Nacional (PMN) e o

Partido Comunista Brasileiro (PCB) Ao final de quatro anos em novo pleito eleitoral Lula da

Silva eacute reeleito em nova coalizatildeo partidaacuteria formada pelo Partido dos Trabalhadores (PT) pelo

Partido Comunista do Brasil (PCdoB) pelo Partido Liberal (PL) e pelo Partido Republicano

Brasileiro (PRB) para uma nova fase de governo que se estendeu ateacute 2010

Com Lula da Silva agrave frente da Presidecircncia da Repuacuteblica (2003-2010) trecircs Ministros de

Estado da Educaccedilatildeo estiveram agrave frente do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo quais sejam Cristovatildeo

Buarque em 2003 Tarso Genro 2004 e 2005 e Fernando Haddad de 2005 a 2010 Na

oportunidade estabeleceram ldquonovasrdquo poliacuteticas puacuteblicas para a educaccedilatildeo durante os oito anos de

governo Lula De acordo com FREITAS e SILVA (2015)

as poliacuteticas educacionais levadas a efeito pelo governo federal ao longo do primeiro

mandato de Lula da Silva agrave frente da Presidecircncia da Repuacuteblica de 2003 a 2007 o que

se apresenta eacute que vaacuterios pressupostos e propostas acabam por reforccedilar seu caraacuteter de

continuidade e reafirmaccedilatildeo da loacutegica do capital e da perspectiva que orientava tais

poliacuteticas desde a uacuteltima deacutecada do seacuteculo XX e primeiros anos do seacuteculo XXI

(FREITAS e SILVA 2015)

Dessa forma o que se observa eacute que o governo Lula da Silva deu continuidade as

poliacuteticas de mercado neoliberal consolidada no processo de globalizaccedilatildeo pelo ainda presidente

Fernando Henrique Cardoso mas que jaacute era tambeacutem reflexos do capital internacional desde os

governos Collor de Mello e Itamar Franco

O iniacutecio do segundo mandato do governo Lula (2007-2010) trouxe um marco

importante apresentado como um novo orientador e como uma nova perspectiva na conduccedilatildeo

das poliacuteticas educacionais com o anuacutencio do Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo e no seu

contexto do Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo

dos Profissionais da Educaccedilatildeo (FUNDEB) instituiacutedo pela Medida Provisoacuteria nordm 3392006 que

posteriormente fora convertida na Lei nordm 114942007

Embora o governo de Lula da Silva e o de sua sucessora Dilma Rousseff tenha

apresentado para o paiacutes uma proposta de crescimento econocircmico e de transferecircncia de renda o

programa de frente poliacutetica denominado por Boito Juacutenior (2012) de ldquoneodesenvolvimentistardquo

45

o qual comeccedilou a se formar no decorrer da deacutecada de 1990 e apresentou contradiccedilotildees frente a

algumas reformas apresenta semelhanccedilas em seus traccedilos mais gerais com as propostas lanccediladas

pelo governo de Fernando Henrique Cardoso no periacuteodo desenvolvimentista e populista28

Boito (2012 p 5) denomina o ldquoneodesenvolvimentismordquo de ldquoo desenvolvimentismo da eacutepoca

do capitalismo neoliberalrdquo e jaacute adverte que o tema eacute complexo Afirma que os governos Lula

da Silva e Dilma Rousseff lanccedilaram matildeo de alguns elementos importantes que ficaram de fora

da proposta do governo de Fernando Henrique Cardoso Senatildeo veja-se

a) poliacuteticas de recuperaccedilatildeo do salaacuterio miacutenimo e de transferecircncia de renda que

aumentaram o poder aquisitivo das camadas mais pobres isto eacute daqueles que

apresentam maior propensatildeo ao consumo b) forte elevaccedilatildeo da dotaccedilatildeo orccedilamentaacuteria

do Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico (BNDES) para financiamento

das grandes empresas nacionais a uma taxa de juro favorecida ou subsidiada c)

poliacutetica externa de apoio agraves grandes empresas brasileiras ou instaladas no Brasil para

exportaccedilatildeo de mercadorias e de capitais (DALLA COSTA 2012) d) poliacutetica

econocircmica anticiacuteclica ndash medidas para manter a demanda agregada nos momentos de

crise econocircmica e e) incremento do investimento estatal em infraestrutura (BOITO

2012 p5)

Esses elementos econocircmicos na poliacutetica buscavam o crescimento econocircmico do

capitalismo brasileiro com alguma transferecircncia de renda embora o faccedila sem romper com os

limites dados pelo modelo econocircmico neoliberal vigente no paiacutes O neodesenvolvimentismo

seria nessa loacutegica dos governos Lula da Silva e Dilma Rousseff a poliacutetica de desenvolvimento

possiacutevel dentro dos limites dados pelo modelo capitalista neoliberal

Nessa loacutegica Neto e Castro (2011) afirmam que o PDRAE insere-se na loacutegica desse

processo de adaptaccedilatildeo agraves novas exigecircncias do capital ao mesmo tempo em que o Estado deixa

de ser o responsaacutevel direto pelo desenvolvimento econocircmico e social cedendo para o mercado

essa tarefa para se fortalecer na funccedilatildeo de promotor e regulador desse desenvolvimento Nesta

direccedilatildeo a reforma educacional em consonacircncia com as orientaccedilotildees mercadoloacutegicas tem

priorizado os seguintes eixos

a) focalizaccedilatildeo de programas ndash procura-se substituir o acesso universal aos direitos

sociais e bens puacuteblicos por acesso seletivo b) descentralizaccedilatildeo ndash possibilita a

utilizaccedilatildeo de estrateacutegias para propiciar a democratizaccedilatildeo do Estado e a busca de maior

justiccedila social c) privatizaccedilatildeo ndash entendida no seu sentido mais amplo como a

transferecircncia das responsabilidades puacuteblicas para organizaccedilotildees ou entidades privada

d) desregulamentaccedilatildeo ndash que tem por objetivo criar um novo quadro legal com vistas

a diminuir a interferecircncia dos poderes puacuteblicos sobre os empreendimentos

educacionais privados (NETO e CASTRO 2011 p 2)

28 Consultar o texto na iacutentegra As bases poliacuteticas do neodesenvolvimentismo (BOITO 2012)

46

Essas diretrizes vecircm influenciando a poliacutetica educacional que tem interferido

diretamente na organizaccedilatildeo e na gestatildeo do sistema educacional na formulaccedilatildeo e na conduccedilatildeo

das poliacuteticas determinando novos papeacuteis e funccedilotildees para os profissionais da educaccedilatildeo em todos

os niacuteveis de atuaccedilatildeo

Nesse contexto podemos afirmar que essas reformas neoliberais de ldquoajustesrdquo estrutural

presentes no Plano Diretor de Reforma do Aparelho do Estado Brasileiro trazem o modelo de

gestatildeo com base no gerencialismo que com o apoio dos organismos internacionais

influenciados pelo Banco Mundial (BM) e pelo Fundo Monetaacuterio Internacional (FMI)

apresentaram elementos conceituais para uma visatildeo mais econocircmica e gerencial da

administraccedilatildeo puacuteblica com ecircnfase na gerecircncia de contratos com instituiccedilotildees privadas na

introduccedilatildeo de mecanismos de mercado no setor puacuteblico e a vinculaccedilatildeo da remuneraccedilatildeo com o

desempenho

121 As Poliacuteticas Educacionais no Brasil e a Gestatildeo da Educaccedilatildeo

Primeiramente faz-se necessaacuterio esclarecer que natildeo existem poliacuteticas puacuteblicas sem

poliacutetica As poliacuteticas puacuteblicas se referem pois as iniciativas governamentais as diretrizes os

programas os planos e as accedilotildees que estatildeo vinculadas aos interesses de uma determinada

sociedade Uma poliacutetica educacional eacute um caso particular de poliacutetica social uma vez que trata

das questotildees educacionais e busca dar condiccedilotildees para que as iniciativas governamentais sejam

aplicadas Para tanto o planejamento e a gestatildeo dessa poliacutetica educacional precisa ser bem

formulado Segundo Camini (2009)

a poliacutetica e as poliacuteticas implementadas percorrem um trajeto na sua construccedilatildeo que

natildeo eacute linear por que eacute feito de movimentaccedilatildeo com oscilaccedilotildees avanccedilos e recuos

estando sujeitas a mudanccedilas acreacutescimos e supressotildees sofrendo portanto influecircncias

em todas as suas fases dependendo dos contextos e sujeitos envolvidos no processo

de formulaccedilatildeo e execuccedilatildeo (CAMINI 2009 p 22)

A elaboraccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas educacionais reflete um campo de disputa de vaacuterios

interesses muitas vezes antagocircnicos entre os sujeitos que se mobilizam para materializar as

poliacuteticas que possam beneficiar os seus interesses individuais plurais ou de um grupo Embora

essa materialidade esteja nos registros escritos ndash oficiais ou natildeo ndash organizados por sujeitos que

47

ali participaram do planejamento da poliacutetica isso natildeo quer dizer que elas sejam implementadas

Rua (1997) afirma que

A rigor uma decisatildeo em poliacutetica puacuteblica representa apenas um amontoado de

intenccedilotildees sobre a soluccedilatildeo de um problema expressas na forma de determinaccedilotildees

legais decretos resoluccedilotildees etc etc Nada disso garante que a decisatildeo se transforme

em accedilatildeo e que a demanda que deu origem ao processo seja efetivamente atendida Ou

seja natildeo existe um viacutenculo ou relaccedilatildeo direta entre o fato de uma decisatildeo ter sido

tomada e a sua implementaccedilatildeo E tambeacutem natildeo existe relaccedilatildeo ou viacutenculo direto entre

o conteuacutedo da decisatildeo e o resultado da implementaccedilatildeo (RUA 1997 p11)

As poliacuteticas nacionais nesse caso destaca-se o objeto deste estudo o Plano de Metas

Compromisso Todos Pela EducaccedilatildeoPlano de Accedilotildees Articuladas eacute um conjunto de intenccedilotildees de

uma poliacutetica governamental viabilizada por meio de decreto presidencial que natildeo explica a

origem da poliacutetica e nem o seu fim O Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica (IDEB)

eacute um indicador para verificaccedilatildeo do cumprimento das metas fixadas por esta poliacutetica por meio

do Termo de Adesatildeo ao Compromisso Todos Pela Educaccedilatildeo ndash eixo do Plano de

Desenvolvimento da Educaccedilatildeo ndash como um meio de justificar a implantaccedilatildeo da poliacutetica em todos

os estados e municiacutepios do paiacutes Para viabilizar a implantaccedilatildeo dessa poliacutetica eacute apresentado o

Plano de Accedilotildees Articuladas um instrumento destinado aos estados e municiacutepios para fazer o

planejamento da educaccedilatildeo de forma a atender a metas fixadas por esta poliacutetica Eacute certo que

uma poliacutetica dessa proporccedilatildeo traz consigo uma complexidade na implantaccedilatildeo Tratar-se-aacute deste

tema mais especificamente na 2ordf sessatildeo desse estudo

As intenccedilotildees dos governos e da sociedade civil se diferem e se revelam no processo

histoacuterico da democracia no Brasil A democracia tem se revelado com significados e conceitos

diferenciados em muitos espaccedilos e sob diferentes formas na educaccedilatildeo por exemplo

lsquomodismosrsquo tomam conta da educaccedilatildeo puacuteblica e afirmam serem democraacuteticos Monteiro (2007)

explica

A palavra democracia eacute polissecircmica podendo pois possuir vaacuterios significados

dependendo dos interesses particulares de quem a encampa moldando o discurso

democraacutetico a diferentes situaccedilotildees e pode ser utilizada ateacute para designar coisas

antagocircnicas Os poliacuteticos brasileiros por exemplo soacute consideram anti-democraacuteticos

os outros Mas uma coisa eacute comum falar em democracia envolve sempre algo de

positividade de liberdade (MONTEIRO 2007 p 55)

Nesse contexto moldam-se os discursos democraacuteticos dependendo dos interesses

particulares No Brasil nos paiacuteses da Europa e em outros paiacuteses latino-americanos os partidos

de esquerda e os partidos mais progressistas tecircm assumido a bandeira da democracia como valor

48

universal no caso do Brasil essa bandeira se fortaleceu devido ao longo periacuteodo de ditadura

militar no paiacutes que perdurou por vinte e um anos (1964-1985) Entretanto as criacuteticas a esse

modelo satildeo de ordem principalmente capitalista que propagam ldquoa ideologia do Estado neutro

a serviccedilo do bem comum o que se constitui numa falaacuteciardquo (MONTEIRO 2007 p 56)

A democracia deve ser vista em um panorama mais amplo e natildeo somente como um valor

universal representada atraveacutes das eleiccedilotildees diretas livres como se automaticamente essas

relaccedilotildees se transformassem Segundo Coutinho (2002 p17) ldquoo que tem valor universal eacute esse

processo de democratizaccedilatildeo que se expressa essencialmente numa crescente socializaccedilatildeo da

participaccedilatildeo poliacuteticardquo No Brasil os defensores do neoliberalismo afirmam que jaacute estamos

vivendo a democracia com a globalizaccedilatildeo o acesso a informaccedilatildeo a participaccedilatildeo no mercado

de trabalho etc por outro lado os defensores mais da esquerda oferecem resistecircncia de que a

democracia deve ser defendida como um valor universal e que ela precisa ser ampliada e

qualificada para evitar o reaparecimento de governos autoritaacuterios e a volta da ditadura Ou seja

para existir uma democratizaccedilatildeo plena eacute necessaacuteria uma combinaccedilatildeo de elementos essenciais

como ldquoa socializaccedilatildeo da participaccedilatildeo poliacutetica com a socializaccedilatildeo do poder o que significa que

a plena realizaccedilatildeo da democracia implica a superaccedilatildeo da ordem social capitalista da

apropriaccedilatildeo privada natildeo soacute dos meios de produccedilatildeo mas tambeacutem do poder de Estado []rdquo

(COUTINHO 2002 p 17) A conquista de uma democracia direta e participativa deve comeccedilar

na escola como um aprendizado sendo por isso importante a participaccedilatildeo e a abertura de

espaccedilos organizados de participaccedilatildeo no seu interior para que os sujeitos escolares que estatildeo

envolvidos nos processos possam debater e tomar suas decisotildees

Em se tratando da educaccedilatildeo puacuteblica nos uacuteltimos anos considera-se indispensaacutevel

relembrar as lutas histoacutericas para a institucionalizaccedilatildeo da gestatildeo democraacutetica como princiacutepio

da educaccedilatildeo que foi inscrita na Constituiccedilatildeo Federal Brasileira de 1988 apoacutes forte pressatildeo dos

educadores que participaram da IV Conferecircncia Brasileira de Educaccedilatildeo (CBE) em 1986

oportunidade em que escreveram uma Carta conhecida como ldquoCarta de Goiacircniardquo a qual

solicitava que fossem inseridos na Constituiccedilatildeo vinte e um princiacutepios baacutesicos que atualmente

entravam a efetiva democratizaccedilatildeo da sociedade Poreacutem o texto da Constituiccedilatildeo Federal

Brasileira de 1988 resumiu toda a solicitaccedilatildeo dos educadores organizados na simples expressatildeo

ldquogestatildeo democraacutetica do ensino puacuteblico na forma da leirdquo A Lei de Diretrizes e Bases da

Educaccedilatildeo Nacional (LDBEN) de 1996 que eacute a Lei da educaccedilatildeo no paiacutes em seu art 14 tambeacutem

soacute reafirmou o princiacutepio da gestatildeo democraacutetica com a seguinte redaccedilatildeo ldquoI - participaccedilatildeo dos

profissionais da educaccedilatildeo na elaboraccedilatildeo dos projetos pedagoacutegicos da escolardquo e II - a

ldquoparticipaccedilatildeo das comunidades escolar e local em Conselhos Escolares ou equivalentesrdquo No

49

art 15 destaca-se ldquoos sistemas de ensino asseguraratildeo agraves unidades escolares puacuteblicas de

educaccedilatildeo baacutesica que os integram progressivos graus de autonomia pedagoacutegica e administrativa

e de gestatildeo financeira observadas as normas gerais de direito financeiro puacuteblicordquo (BRASIL

1996 p 8)

Dessa forma a Constituiccedilatildeo Federal e a LDB trataram rapidamente e natildeo detalharam

como se daria a forma de regulamentaccedilatildeo e legitimaccedilatildeo da gestatildeo democraacutetica aleacutem de natildeo

apontarem como se daria a criaccedilatildeo de oacutergatildeos colegiados que poderiam contribuir com o debate

democraacutetico e participativo com o controle social das obrigaccedilotildees do Estado para com a

educaccedilatildeo puacuteblica Entretanto vemos alguns sinais de flexibilizaccedilatildeo presentes na LDB

orientados pela Reforma do Estado na educaccedilatildeo como a flexibilizaccedilatildeo curricular flexibilizaccedilatildeo

nas questotildees administrativas e financeiras da escola com a implementaccedilatildeo dos processos de

descentralizaccedilatildeo e da autonomia para as redes escolares e ainda a possibilidade de aceleraccedilatildeo e

aproveitamento de estudos avanccedilo de seacuteries de estudos

Poreacutem natildeo podemos afirmar que existe na praacutetica uma gestatildeo democraacutetica nas escolas

sem a participaccedilatildeo ativa dos envolvidos nos debates e na construccedilatildeo de uma cultura social e

poliacutetica que viabilize a implantaccedilatildeo e a atuaccedilatildeo efetiva dos conselhos de controle social com

autonomia pedagoacutegica administrativa e financeira Nos casos em que a gestatildeo natildeo eacute

compartilhada estamos diante de uma falsa gestatildeo democraacutetica Para Cury (1997 p 201) a

gestatildeo ldquonatildeo eacute soacute o ato de administrar um bem fora de si mas algo que se traz em si por que

nele estaacute contido E o conteuacutedo do seu bem eacute a proacutepria capacidade de participaccedilatildeo sinal maior

da democraciardquo

Como um princiacutepio constitucional a gestatildeo democraacutetica atinge a totalidade do ensino

puacuteblico Para isso eacute necessaacuterio democratizar as escolas e toda a estrutura dos sistemas de ensino

em toda a sua organizaccedilatildeo atraveacutes dos mecanismos potencializadores de gestatildeo democraacutetica

que possibilitem a interaccedilatildeo uns com os outros e natildeo serem atos isolados Esses mecanismos

democratizadores que permitem a participaccedilatildeo na gestatildeo da escola satildeo a ldquoeleiccedilatildeo de diretores

a instalaccedilatildeo de conselhos escolares deliberativos descentralizaccedilatildeo administrativa financeira e

pedagoacutegicardquo (MENDONCcedilA 2000 p21) Cabe refletir que a escola eacute uma instituiccedilatildeo que tem

potencial poliacutetico e social portanto quando ela natildeo eacute democratizada atraveacutes da participaccedilatildeo

ela eacute moldada para atender aos interesses econocircmicos e patrimonialista da elite dominante

desprezando os reais objetivos especiacuteficos da educaccedilatildeo a formaccedilatildeo humana

Por outro lado os estudos recentes de Barroso (1996) e Dourado (2007) tecircm

demonstrado que os discursos tanto governamental quanto o empresarial se encontram na

necessidade de estimular a autonomia da escola a partir da gestatildeo da educaccedilatildeo baacutesica E assim

50

controlar os sistemas educacionais atraveacutes dos instrumentos nacionais de avaliaccedilatildeo (ENEM

ENADE IDEB) A estimulaccedilatildeo da participaccedilatildeo da comunidade escolar na resoluccedilatildeo de

questotildees administrativas financeiras e voluntaacuterias da escola tem sido uma estrateacutegia que vai

ldquono sentido de transferir poderes e funccedilotildees do niacutevel nacional e regional para o niacutevel local

reconhecendo a escola como um lugar central de gestatildeo e a comunidade local (em particular os

pais dos alunos) como um parceiro essencial na tomada de decisatildeordquo (BARROSO 1996 p02)

Nesse contexto observamos a contradiccedilatildeo em que se assenta a implantaccedilatildeo do Plano de

Accedilotildees Articuladas nos estados e municiacutepios longe de se constituir aos olhos do movimento

dos educadores como uma praacutetica democraacutetica de gestatildeo o PAR que eacute um instrumento de

planejamento presente no Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo constituiu-se e

implementou-se sem levar em consideraccedilatildeo a participaccedilatildeo no debate coletivo com os estados e

municiacutepios na construccedilatildeo desse instrumento mas que foi uma decisatildeo poliacutetica sustentada no

consentimento social

No aspecto poliacutetico Gutierres (2010 p70) afirma que a ldquogestatildeo envolve assimetrias de

poder soacute passiacuteveis de serem minimizadas pela gestatildeo democraacutetica que muito mais do que

compartilhamento de tarefas supotildee divisatildeo de poder de respeito muacutetuo pela condiccedilatildeo de

sujeito de todos os que participam do processordquo Dessa forma a participaccedilatildeo eacute imprescindiacutevel

para que haja de fato a democracia o que a constitui um dos requisitos principais Para que os

processos de gestatildeo democraacutetica da escola sejam atingidos eacute necessaacuterio que as estruturas de

poder do sistema de ensino tenham como base mecanismos de participaccedilatildeo nos processos de

deliberaccedilotildees colegiadas

Em oposiccedilatildeo ao modelo de gestatildeo democraacutetica que valoriza a participaccedilatildeo da sociedade

na efetivaccedilatildeo de praacuteticas de democratizaccedilatildeo da educaccedilatildeo o modelo de gestatildeo gerencialista

admite e prioriza os interesses privados sobre o puacuteblico gerando a desobrigaccedilatildeo do Estado

quanto agraves suas responsabilidades ao mesmo tempo em que adota e aceita mecanismos de

controle privados como a avaliaccedilatildeo e os resultados

Todavia o que tem se observado no Brasil nas uacuteltimas deacutecadas eacute a convivecircncia teoacuterica

desses dois modelos de gestatildeo da educaccedilatildeo a gestatildeo democraacutetica e a gestatildeo gerencialista

Essas perspectivas tecircm se materializado no Plano de Reforma do Estado de 1995 e nas poliacuteticas

educacionais de governo implantadas atraveacutes do Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo do

Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo e do Plano de Accedilotildees Articuladas os quais

cercam este objeto de estudo Poreacutem para que essas poliacuteticas de gestatildeo da educaccedilatildeo se

materializem tanto na perspectiva democraacutetica quanto na gerencial alguns mecanismos de

51

poder satildeo utilizados em diferentes contextos e espaccedilos e ateacute dialogando entre si sob as diversas

formas que buscam representar uma educaccedilatildeo democratizada Eacute o que se vecirc a seguir

13 DESCENTRALIZACcedilAtildeO AUTONOMIA E PARTICIPACcedilAtildeO MECANISMOS DE

DEMOCRATIZACcedilAtildeO DAS ESTRUTURAS DE PODER

Nesse toacutepico discutir-se-atildeo acerca dos trecircs mecanismos de democratizaccedilatildeo a

descentralizaccedilatildeo a autonomia e a participaccedilatildeo e as suas formas de materialidade na poliacutetica e

na gestatildeo da educaccedilatildeo

131 Descentralizaccedilatildeo

O termo ldquodescentralizaccedilatildeordquo tem sido cada vez mais incorporado pelas poliacuteticas puacuteblicas

educacionais que sem infringir as regras de harmonia do conceito caracteriza-se como a natildeo

centralizaccedilatildeo da gestatildeo autoritaacuteria Entretanto esse conceito guarda ambiguidades pois no

Brasil o Plano Diretor de Reforma do Estado Brasileiro (PDRAE) reconfigurou as funccedilotildees do

Estado descentralizando-a para a administraccedilatildeo puacuteblica embora nesse modo o que se tem eacute

uma desconcentraccedilatildeo de tarefas

Na educaccedilatildeo a descentralizaccedilatildeo como em vaacuterios paiacuteses evoluiu em duas direccedilotildees

opostas um movimento de centralizaccedilatildeo e paralelamente transferecircncia de novas competecircncias

para a escola No caso do Brasil como entes federativos os municiacutepios ldquoresguardados pelo

princiacutepio da soberania assumem a gestatildeo de poliacuteticas puacuteblicas sob a prerrogativa de adesatildeo

precisando portanto ser incentivados para talrdquo (ARRETCHE 1999 p 114)

De modo a favorecer a compreensatildeo das ambiguidades do termo descentralizaccedilatildeo

Novaes e Fialho (2010 p 586) apresentam quatro variaccedilotildees sendo a) desconcentraccedilatildeo se

caracteriza pela transferecircncia ou delegaccedilatildeo de autoridade ou ainda de competecircncias de accedilatildeo

do governo central para as regiotildees e localidades b) delegaccedilatildeo manteacutem uma cadeia hieraacuterquica

que toma as decisotildees e transfere responsabilidades no entanto a autoridade se mantem sobre o

controle da unidade que a delegou c) devoluccedilatildeo caracteriza-se pelo fortalecimento e

autonomia dos governos regionais e locais que natildeo requer o controle direto do governo central

e d) a privatizaccedilatildeo caracterizada pela progressiva transferecircncia de controle governamental da

educaccedilatildeo convertendo as escolas puacuteblicas em escolas privadas

52

Neto e Castro (2011) afirmam que o processo de descentralizaccedilatildeo atualmente em

desenvolvimento no sistema educacional natildeo foi necessariamente resultado das conquistas

democraacuteticas por parte dos movimentos sociais O que tem ocorrido eacute que na educaccedilatildeo a

descentralizaccedilatildeo tem reduzido a accedilatildeo estatal de praacuteticas de gestatildeo proacuteprias do setor privado e

com isso procura-se diminuir a hierarquia propiciando a entrada do setor privado no sistema

possibilitando decisotildees mais proacuteximas do local de execuccedilatildeo dessas poliacuteticas

A descentralizaccedilatildeo a partir do modelo federativo brasileiro acarretou um niacutevel de

autonomia poliacutetica para os estados e municiacutepios inclusive na formulaccedilatildeo de poliacuteticas locais

devido agraves propostas de separaccedilatildeo nos arranjos institucionais O desenho do federalismo

brasileiro apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 determina a inclusatildeo do municiacutepio como ente

federativo29 O art 18 define a Organizaccedilatildeo Poliacutetico-Administrativa do Estado e prevecirc que ldquoA

organizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa da Repuacuteblica Federativa do Brasil compreende a Uniatildeo os

Estados o Distrito Federal e os municiacutepios todos autocircnomos nos termos desta constituiccedilatildeordquo

(CFBRASIL 1988) Uma federaccedilatildeo para Cury (2010) eacute a uniatildeo de membros federados que

formam uma soacute entidade soberana que seria o Estado Nacional no qual as unidades federadas

subnacionais (estados e municiacutepios) no caso do Brasil gozam de autonomia dentro dos limites

jurisdicionais atribuiacutedos e especificados

Um caso de descentralizaccedilatildeodesconcentraccedilatildeo de tarefas se daacute na administraccedilatildeo das

escolas ndash agora financiadas pelos municiacutepios ndash no Brasil estaacute sob a responsabilidade das

secretarias municipais de educaccedilatildeo que entre as suas principais funccedilotildees estatildeo definir as

poliacuteticas municipais de educaccedilatildeo e estabelecer por meio do plano municipal de educaccedilatildeo as

prioridades as estrateacutegias e as accedilotildees necessaacuterias para cumprir seu compromisso legal Cada

municiacutepio pode optar por criar seu proacuteprio sistema de ensino ou integrar-se ao sistema estadual

Para dar materialidade agrave descentralizaccedilatildeo da gestatildeo na perspectiva da democratizaccedilatildeo

nos uacuteltimos anos vem sendo implementada a poliacutetica de criaccedilatildeo de conselhos em acircmbito

municipal e escolar no Brasil Os municiacutepios que optam por criar seu proacuteprio sistema podem

ter seu oacutergatildeo consultivo o Conselho Municipal de Educaccedilatildeo um organismo colegiado

integrado por representantes da comunidade e da administraccedilatildeo puacuteblica que atua como

mediador entre a sociedade civil e o poder executivo local na discussatildeo elaboraccedilatildeo e

implementaccedilatildeo da poliacutetica de educaccedilatildeo municipal (MORDUCHOWICZ ARANGO 2010)

29 O Art 1ordm da Constituiccedilatildeo Federal apresenta a seguinte redaccedilatildeo ldquoA Repuacuteblica Federativa do Brasil formada

pela uniatildeo indissoluacutevel dos Estados Municiacutepios e Distrito Federal constitui-se em Estado democraacutetico de direito

(BRASIL 1988)

53

Com a implantaccedilatildeo dos conselhos nas unidades escolares estas passam a ter a

autonomia para tomarem decisotildees de problemas administrativos pedagoacutegicos e financeiros e

devem prestar contas ao poder central ndash governo federal ndash pelo sucesso ou fracasso das suas

decisotildees que atraveacutes da assinatura dos ldquocontratos de gestatildeordquo de ldquotermos de adesatildeordquo agraves poliacuteticas

neoliberais e das decisotildees colegiadas responsabilizam-se pelo andamento das unidades

escolares Nesse sentido o que haacute eacute uma desconcentraccedilatildeo de poder com a delegaccedilatildeo de tarefas

para as unidades escolares sendo o governo federal o oacutergatildeo regulador e centralizador da

poliacutetica

As propostas de mudanccedilas nos arranjos institucionais satildeo mais difiacuteceis de serem

concretizadas no federalismo No caso do Brasil as constituiccedilotildees brasileiras natildeo preveem regras

para secessatildeo A esse respeito a Constituiccedilatildeo de 1988 define que nenhuma emenda

constitucional poderaacute abolir ldquoa forma federativa do Estadordquo (CF88 art 60 inciso I do sect 4ordm)

tornando-se essa uma claacuteusula peacutetrea30 Jaacute no caso dos formatos institucionais mais flexiacuteveis

ldquoa descentralizaccedilatildeo supotildee um movimento no qual uma autoridade central devolve ou delega

poderes mas natildeo apenas isso se tais poderes jaacute estatildeo descentralizados pode recentralizaacute-losrdquo

(KINCAID 2002 apud MORDUCHOWICZ ARANGO 2010 p126)

Segundo Cury (2010 p153) existem trecircs modelos de federalismo primeiro o

federalismo centriacutepeto que se caracteriza pelo fortalecimento do poder da Uniatildeo segundo o

federalismo centriacutefugo no qual haacute um fortalecimento do poder do Estado membro sobre o da

Uniatildeo com uma consideraacutevel autonomia daqueles e terceiro o federalismo de cooperaccedilatildeo no

qual se busca um equiliacutebrio de poderes entre a Uniatildeo e os Estados-membros estabelecendo

laccedilos de colaboraccedilatildeo na distribuiccedilatildeo das muacuteltiplas competecircncias por meio de atividades

planejadas e articuladas entre si objetivando fins comuns

Nesse caso o federalismo de cooperaccedilatildeo eacute o que se assemelha a poliacutetica proposta no

PMCTPE e na construccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) que a partir da adesatildeo pelos

municiacutepios ao Compromisso propotildee um regime de colaboraccedilatildeo embora na praacutetica a execuccedilatildeo

do PAR seja permeada de contradiccedilotildees entre discursos democraacuteticos praacuteticas centralizadoras e

colaboraccedilatildeo entre os entes federativos

As reformas educativas na deacutecada de 1990 ldquoredimensionam a polaridade centralizaccedilatildeo-

descentralizaccedilatildeordquo (OLIVEIRA 2000 p 13) isto eacute enquanto se descentralizava a gestatildeo e o

30 De acordo com Gutierres (2015) as claacuteusulas peacutetreas satildeo assim denominadas porque natildeo podem ser modificadas

por meio de emendas Constitucionais sob pena de se alterar a configuraccedilatildeo do Estado de Direito o que soacute pode

ser feito mediante uma nova Constituiccedilatildeo Aleacutem da forma federativa de Estado o artigo 60 da CF88 menciona

como claacuteusulas peacutetreas o voto direto secreto universal e perioacutedico a separaccedilatildeo dos Poderes os direitos e

garantias individuais

54

financiamento com o advento do FUNDEFFUNDEB centralizava-se o processo de avaliaccedilatildeo

e controle do sistema estabelecendo-se ldquopadrotildees de qualidaderdquo sob a afericcedilatildeo pelos criteacuterios

do mercado atraveacutes de diversos instrumentos que vatildeo de exames padronizados a construccedilatildeo de

indicadores sobre a infraestrutura ao corpo docente e discente

132 Autonomia

A autonomia estaacute presente na gestatildeo da educaccedilatildeo entretanto cada modelo de gestatildeo

tanto o democraacutetico como o gerencial apresentam a sua bandeira dentro das suas concepccedilotildees

sobre o que seria a autonomia e de como ela se revela no seu modelo de gestatildeo a partir da

concepccedilatildeo teoacuterica empregada

Na perspectiva da gestatildeo gerencial a concepccedilatildeo de autonomia apresenta-se como uma

contraposiccedilatildeo agrave centralizaccedilatildeo e agrave burocratizaccedilatildeo aleacutem de estar relacionada agrave liberdade para

captar recursos no mercado E ainda eacute imputada a responsabilidade no gestor pelo sucesso ou

fracasso e natildeo do sistema como um todo dessa forma o gestor passar a ser o uacutenico responsaacutevel

pelas accedilotildees produtos decisotildees e eacute obrigado a prestar contas das metas a serem alcanccediladas

assim como os professores ou seja o rendimento escolar e as metas atendem as regras preacute-

estabelecidas pelo mercado

Nesse modelo de gestatildeo gerencialista a ldquoautonomia eacute individualrdquo eacute centralizada no

gestor a autoridade capaz de exercecirc-la Esse tipo de autonomia eacute denominado por Afonso

(2010) de ldquoautonomia do cheferdquo em detrimento da ldquoautonomia institucionalrdquo que pressupotildee o

coletivo e nesse caso

Trata-se de uma autoridade cuja legitimidade adveacutem agora da revalorizaccedilatildeo neoliberal

do direito de gerir ndash direito esse por sua vez apresentado como altamente convergente

com a ideia conservadora que vecirc a gestatildeo como uma espeacutecie de tecnologia moral a

serviccedilo da ordem social poliacutetica e econocircmica (AFONSO 2010 p13)

A autonomia da administraccedilatildeo por maior que pareccedila ser eacute sempre uma autonomia

relativa jaacute que estaacute sempre ligada aos objetivos da coisa administrada No capitalismo tem

como objetivo o capital e natildeo lhe eacute concedida a liberdade de contrariar os interesses da

propriedade privada e das classes detentoras do poder poliacutetico e econocircmico

Nesse contexto as unidades escolares tambeacutem tecircm sido submetidas agrave loacutegica imediatista

mercantil com a inclusatildeo de poliacuteticas puacuteblicas resultantes da reforma educacional como os

Paracircmetros Curriculares Nacionais as parcerias puacuteblico-privadas entre o Instituto Ayrton

55

Senna e as redes municipais de ensino A poliacutetica governamental brasileira vem

descaracterizando a autonomia da escola pois os documentos proposto nesses dois exemplos

apontam para o

planejamento de ensino bem como a realizaccedilatildeo de programas de capacitaccedilatildeo docente

que fazem parte de uma nova relaccedilatildeo Estadosociedade conduzida pelo projeto

neoliberal tentando provocar uma participaccedilatildeo direta entre instituiccedilotildees e trabalhador

valorizando a accedilatildeo do ldquoterceiro setorrdquo e descartando a accedilatildeo dos sindicatos e

associaccedilotildees representativas num movimento estrateacutegico de formaccedilatildeo de consenso

(CAMINI 2009 p 46)

Essa centralizaccedilatildeo na definiccedilatildeo da operacionalizaccedilatildeo das poliacuteticas educacionais afetam

o funcionamento da autonomia da escola enquanto instituiccedilatildeo de caraacuteter puacuteblico Nesses

documentos e em propostas pedagoacutegicas tecircm demarcado conteuacutedos que atendem a loacutegica do

mercado e da poliacutetica implantada poreacutem todos com discursos muito teacutecnicos

A autonomia escolar na concepccedilatildeo democraacutetica eacute para Barroso (2013 p 26-27) ldquoum

campo de forccedilas onde se confrontam e se equilibram diferentes detentores de influecircncia

(interna e externa) dos quais se destacam o governo a administraccedilatildeo professores alunos pais

e outros membros da sociedade localrdquo E essa coletividade se edifica na ldquoconfluecircncia de vaacuterias

loacutegicas e interesses sejam poliacuteticos gestionaacuterios profissionais e pedagoacutegicos (BARROSO

2013 p167)

A autonomia escolar tatildeo defendida nos discursos oficiais como diretriz de uma poliacutetica

de governo exige a superaccedilatildeo da centralizaccedilatildeo e a uniformizaccedilatildeo Eacute necessaacuterio que os sistemas

se organizem para que as estruturas formais do sistema permitam um novo tipo de

relacionamento com a participaccedilatildeo ativa das escolas dialogando com os sistemas de educaccedilatildeo

a partir das suas realidades (MENDONCcedilA 2000)

Barroso (2013) afirma que as escolas satildeo espaccedilos privilegiados para o diaacutelogo e a

construccedilatildeo da sua identidade e autonomia pois atraveacutes da participaccedilatildeo coletiva da comunidade

na elaboraccedilatildeo do Projeto Poliacutetico-Pedagoacutegico eacute um dos principais mecanismos apontados

como momentos de expressatildeo coletiva da comunidade escolar na busca da sua identidade e de

sua autonomia O autor ainda nos revela que a autonomia pressupotildee a liberdade (e capacidade)

de decidir ela natildeo se confunde com a ldquoindependecircnciardquo assim a autonomia eacute um conceito

relativo

56

133 Participaccedilatildeo

A participaccedilatildeo eacute um dos principais mecanismos de democratizaccedilatildeo natildeo eacute um conteuacutedo

que se possa transmitir mas uma mentalidade e um comportamento com ele coerente Eacute uma

vivecircncia coletiva de modo que somente se pode aprender na praacutexis grupal ou seja soacute se aprende

a participar participando A participaccedilatildeo eacute entatildeo entendida como uma necessidade humana e

como um elemento central da vida poliacutetica contemporacircnea (BORDENAVE 2013)

O significado de participaccedilatildeo possui sentidos diferenciados ldquoincluindo desde

comunicar anunciar informar e fazer saber ateacute tomar-se parte e associar-se (WERLE 2003

p 19) Nesse sentido a participaccedilatildeo supotildee a relaccedilatildeo entre sujeitos autocircnomos que trocam

experiecircncias vivecircncias que estabelecem diaacutelogo e que em grupo constroem o conhecimento e

se reconstroem Eacute um mecanismo importante para a concretizaccedilatildeo das finalidades da educaccedilatildeo

e a implantaccedilatildeo da gestatildeo democraacutetica que surgiu no campo das relaccedilotildees sociais em meados de

1980 como uma forma de mediaccedilatildeo para combater as posturas autoritaacuterias e hieraacuterquicas dos

diretores de escola advindas da teoria claacutessica da administraccedilatildeo na deacutecada de 1970 (PARO

2005 ADRIAtildeO e CAMARGO 2007)

Por outro lado Chaves e Gutierres (2014) afirmam que o conceito de participaccedilatildeo foi

ressignificado a partir da concepccedilatildeo neoliberal como uma forma de incorporaacute-la ao sistema

gerencial que longe dos objetivos essencialmente democraacuteticos propostos pela Constituiccedilatildeo

Federal de 1988 o termo participaccedilatildeo significa

a possibilidade dos sujeitos elegerem seus gerentes dentro de uma organizaccedilatildeo social

facilitando assim o processo de tomada de decisatildeo Eacute uma visatildeo restrita ligada a

concepccedilatildeo de democracia representativa o que de fato natildeo garante a participaccedilatildeo

efetiva dos sujeitos no processo da tomada de decisatildeo cabendo a estes apenas a

execuccedilatildeo das atividades decididas pelos que estatildeo no comando das accedilotildees (CHAVES

GUTIERRES 2014 p8)

Nesse contexto a participaccedilatildeo pode tanto servir para objetivos emancipatoacuterios de

cidadania e de autonomia dos sujeitos como para a manutenccedilatildeo de situaccedilotildees de centralizaccedilatildeo

do poder decisoacuterio e do controle de muitos por poucos Por outro lado quando haacute uma

democracia participativa ela promove ldquoa subida da populaccedilatildeo a niacuteveis cada vez mais elevados

de participaccedilatildeo decisoacuteria acabando com a divisatildeo de funccedilotildees entre os que planejam e decidem

laacute em cima e os que executam e sofrem as consequecircncias das decisotildees caacute em baixordquo

(BORDENAVE 2013 p34)

57

Por isso as condiccedilotildees de participaccedilatildeo no mundo atual satildeo essencialmente conflituosas

e a participaccedilatildeo natildeo pode ser estudada sem referecircncia ao conflito social Sobre isso o autor

ainda enfatiza que a participaccedilatildeo pode ser vista natildeo soacute como uma necessidade humana mais

ainda como algo diferente se analisado as estruturas de poder e as forccedilas que se opotildee a

participaccedilatildeo das classes que estatildeo impliacutecitas no processo

A ideia associada de processos e participaccedilatildeo daacute origem ao conceito de processos

participativos que ldquoimplica refletir sobre um conjunto de elementos que constituem

relacionamentos entre pessoas e grupos com diferentes niacuteveis de abrangecircncia inclusatildeo e

conflituosidade historicamente constituiacutedos e particularizados de maneira institucionalrdquo

(WERLE 2003 p 19) Esses processos participativos constroem a ideia de sucessatildeo de

mudanccedilas de momentos e de formas que se seguem e transformam uma situaccedilatildeo

De acordo com Werle (2003) algumas propostas satildeo necessaacuterias para se discutir os

processos participativos na Educaccedilatildeo Baacutesica como a) instituir estruturas participativas nas

escolas e nos sistemas de ensino b) definir temas que satildeo expressos na agenda das estruturas

participativas c) participaccedilatildeo como construccedilatildeo histoacuterica d) os atores e niacutevel de participaccedilatildeo de

cada um dos segmentos representados e) os processos participativos como foco educativo

considerando a articulaccedilatildeo o esforccedilo formativo e a constituiccedilatildeo desses colegiados f) niacuteveis de

participaccedilatildeo poliacutetica g) formaccedilatildeo para a accedilatildeo poliacutetica h) sociedade ciacutevica em que seja possiacutevel

todos os cidadatildeos aprenderem e praticarem a democracia i) processos de representaccedilatildeo

coletiva j) profissionalismo docente e participaccedilatildeo e k) processos participativos e estrutura

institucional31

Para Bordenave (2013) a participaccedilatildeo se daacute na coletividade e natildeo na representatividade

e enfatiza

se desejarmos considerar a participaccedilatildeo como algo diferente de uma simples relaccedilatildeo

humana ou de um conjunto de ldquotruquesrdquo para integrar os indiviacuteduos e as coletividades

locais nos programas de tipo assistencial ou educativo natildeo podemos fugir a anaacutelise

da estrutura de poder e da sua frequente oposiccedilatildeo a toda tentativa de participaccedilatildeo que

coloque em julgamento as classes dirigentes e seus privileacutegios (BORDENAVE 2013

p 41)

Embora a participaccedilatildeo seja considerada um elemento importante para o

desenvolvimento e aperfeiccediloamento das poliacuteticas puacuteblicas Neves (2008) assinala que o

processo participativo tende a enfrentar limitaccedilotildees na construccedilatildeo da democracia e nas

31 Ler Werle (2003) em que a autora descreve cada um desses processos de participaccedilatildeo

58

instituiccedilotildees puacuteblicas pois o incentivo do Estado pode representar a desconcentraccedilatildeo de

responsabilidades que antes eram suas para a sociedade civil dando ldquototal apoio a matrizes

liberais e de caraacuteter privado no trato das questotildees puacuteblicasrdquo (NEVES 2008 p16)

O Plano de Accedilotildees Articuladas objeto central desse estudo eacute um instrumento que

organiza o planejamento das redes estaduais e municipais de ensino no paiacutes eacute complexo pelas

diferentes dimensotildees que abrange para a sua elaboraccedilatildeo e execuccedilatildeo Segundo tecircm demonstrado

os estudos de Sousa (2011) e Camini (2009) natildeo houve compartilhamento de decisotildees sobre a

implantaccedilatildeo dessa poliacutetica e nem contou com a participaccedilatildeo coletiva e nem representativa dos

diversos estados e municiacutepios Essa ausecircncia se deu pela forma que essa poliacutetica foi criada

atraveacutes de um decreto presidencial sem a participaccedilatildeo dos envolvidos no processo local

14 OS CONSELHOS DE CONTROLE SOCIAL COMO MECANISMOS DE

DEMOCRATIZACcedilAtildeO DA GESTAtildeO EDUCACIONAL

Esse toacutepico trataraacute dos Conselhos de Educaccedilatildeo principalmente dos Conselhos de

Controle Social presentes no Plano de Accedilotildees Articuladas as formas em que se deu a

composiccedilatildeo as funccedilotildees os objetivos e as formas de atuaccedilatildeo de cada Conselho sendo o

Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (CME) o Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar (CAE) o

Conselho do FUNDEB e o Conselho Escolar Trataraacute tambeacutem de outros mecanismos de

democratizaccedilatildeo presentes no PAR como criteacuterios para escolha de Diretores Escolares e o

Comitecirc Local do Compromisso

A organizaccedilatildeo da gestatildeo educacional no Brasil atualmente compreende os oacutergatildeos

executivos no acircmbito da Uniatildeo dos estados e dos municiacutepios (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

Secretarias Estaduais e Secretarias Municipais de Educaccedilatildeo) e a disseminaccedilatildeo dos Conselhos

(Conselho Nacional de Educaccedilatildeo Conselhos Estaduais de Educaccedilatildeo e Conselhos Municipais

de Educaccedilatildeo) que apoacutes redemocratizaccedilatildeo do paiacutes nos anos de 1980 e com a Constituiccedilatildeo

Federal de 1988 ldquoestabeleceu a criaccedilatildeo dos conselhos como condiccedilatildeo obrigatoacuteria para a gestatildeo

de programas de governordquo (BRAGA 2015) No acircmbito da gestatildeo escolar a Lei nordm 939496

previu ainda a criaccedilatildeo de conselhos escolares

59

O Conselho Nacional de Educaccedilatildeo (CNE) regulamentado pela Lei nordm 913195 tem

suas origens no ano de 193132 quando foi criado o Conselho Nacional de Educaccedilatildeo pelo

Decreto nordm 19850193133 (CURY 2000) Os Conselhos Estaduais de Educaccedilatildeo foram criados

pela primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo (LDB) Lei nordm 402461 e os conselhos

municipais apesar de contarem com amparo legal para criaccedilatildeo facultativa desde 1971 (Lei

569271) somente com a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 eacute que passaram a se organizar com

mais autonomia

A origem etimoloacutegica da palavra Conselho remete ao sentido da participaccedilatildeo pois

ldquoConselho vem do latim Consilium Por sua vez consilium proveacutem do verbo consuloconsulere

significando tanto ouvir algueacutem quanto submeter algo a deliberaccedilatildeo de algueacutem apoacutes uma

ponderaccedilatildeo refletida prudente e de bom senso (CURY 2000 p47 itaacutelicos no original)

Dessa forma os conselhos tecircm como desafio a busca da co-gestatildeo das poliacuteticas puacuteblicas

e constituir-se em canal de participaccedilatildeo popular na realizaccedilatildeo do interesse puacuteblico Para que os

processos democraacuteticos de gestatildeo cheguem ateacute a escola eacute conveniente lembrar que as estruturas

de poder dos sistemas de ensino precisam ser atingidas por mecanismos que se baseiam

principalmente em participaccedilatildeo e nos processos de decisotildees coletivas Essa participaccedilatildeo se

reflete na compreensatildeo de que os sistemas de ensino e as escolas precisam dialogar e natildeo podem

ser compreendidas separadamente ou isoladas uma da outra

De acordo com Werle (2003) natildeo existe Conselho no vazio ou seja ele eacute o que a

comunidade educacional estabelece constitui o que ela faz para operacionalizar isso Cada

Conselho tem a face das relaccedilotildees que nele se estabelecem Se estabelecer relaccedilotildees de

responsabilidade respeito e construccedilatildeo assim vatildeo se constituir as funccedilotildees consultivas

deliberativas fiscalizadoras e quaisquer outras assumidas pelo Conselho Mas se as relaccedilotildees

forem distanciadas e burocraacuteticas o Conselho vai assumir entatildeo um papel muito mais de

homologar decisotildees do que de discutir e promover os reais interesses e mudanccedilas que a

comunidade escolar requer

Os conselhos de educaccedilatildeo satildeo oacutergatildeos normatizadores de aconselhamento controle

fiscalizaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo do sistema de ensino ao longo da deacutecada de 1990 surgiram tambeacutem

em acircmbito dos sistemas de educaccedilatildeo os Conselhos de Controle Social na ldquoperspectiva de

32Vale assinalar entretanto que os conselhos de educaccedilatildeo existem no Brasil desde o Impeacuterio Vinculados ao

Coleacutegio Pedro II tais conselhos serviam para a ldquonormatizaccedilatildeo do ensino superior entatildeo existente na capital e em

algumas proviacutenciasrdquo (CURY 2000 p46) 33Esse Decreto teve vigecircncia ateacute 1936 quando foi substituiacutedo pela Lei nordm 1746 Em 1961a Lei nordm 402461

transforma o CNE em Conselho Federal de Educaccedilatildeo (CFE) que foi extinto em 1994 pelo governo de Itamar

Franco pela medida Provisoacuteria 6611994 (CURY 2000) No ano seguinte o Conselho recebeu novamente a

nomenclatura de Conselho Nacional de Educaccedilatildeo pela Lei nordm 913195

60

descentralizaccedilatildeo dos poderes decisoacuteriosrdquo (SANTOS e GUTIERRES 2010 p 8) por meio de

um significativo arcabouccedilo juriacutedico como parte dos desdobramentos da CF de 1988 tais como

a LDB 939496 (art 72) a Emenda Constitucional nordm 14 de 1996 que criou o Fundo de

Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorizaccedilatildeo do Magisteacuterio ndash

FUNDEF e da Lei nordm 942496 que o regulamentou a Lei complementar nordm 1012000 chamada

de Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) a Emenda Constitucional nordm 53 de 24122006 e a

Lei nordm 11494 de 20062007 que cria e regulamenta o Fundo de Desenvolvimento Manutenccedilatildeo

da Educaccedilatildeo Baacutesica e Valorizaccedilatildeo do Magisteacuterio ndash FUNDEB Estes dispositivos legais preveem

a existecircncia e participaccedilatildeo na gestatildeo da educaccedilatildeo dos conselhos de controle social

As poliacuteticas traccediladas pelo Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo e do Plano de Metas

Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo propotildee a atuaccedilatildeo dos conselhos educacionais com accedilotildees

que possam descentralizar estimulando a participaccedilatildeo utilizando propostas de gestatildeo

democraacutetica da educaccedilatildeo nos estados e municiacutepios Destacamos as diretrizes que envolvem a

participaccedilatildeo e atuaccedilatildeo dos Conselhos e de oacutergatildeos colegiados nos incisos XX XXI XXII

XXIII XXV e XXVIII elencados abaixo

XX - acompanhar e avaliar com participaccedilatildeo da comunidade e do Conselho de

Educaccedilatildeo as poliacuteticas puacuteblicas na aacuterea de educaccedilatildeo e garantir condiccedilotildees sobretudo

institucionais de continuidade das accedilotildees efetivas preservando a memoacuteria daquelas

realizadas

XXI - zelar pela transparecircncia da gestatildeo puacuteblica na aacuterea da educaccedilatildeo garantindo o

funcionamento efetivo autocircnomo e articulado dos conselhos de controle social

XXII - promover a gestatildeo participativa na rede de ensino

XXIII - elaborar plano de educaccedilatildeo e instalar Conselho de Educaccedilatildeo quando

inexistentes

XXV - fomentar e apoiar os conselhos escolares envolvendo as famiacutelias dos

educandos com as atribuiccedilotildees dentre outras de zelar pela manutenccedilatildeo da escola e

pelo monitoramento das accedilotildees e consecuccedilatildeo das metas do compromisso

XXVIII - organizar um comitecirc local do Compromisso com representantes das

associaccedilotildees de empresaacuterios trabalhadores sociedade civil Ministeacuterio Puacuteblico

Conselho Tutelar e dirigentes do sistema educacional puacuteblico encarregado da

mobilizaccedilatildeo da sociedade e do acompanhamento das metas de evoluccedilatildeo do IDEB

(BRASIL 2007 p 2 Grifos negrito nosso)

Como se observa nas diretrizes do PDEPlano de Metas estatildeo previstos a implantaccedilatildeo

e atuaccedilatildeo dos diversos conselhos educacionais nos estados e municiacutepios para que atendam ao

modelo de gestatildeo gerencial proposto no Plano de Accedilotildees Articuladas

Os Conselhos tecircm diferentes funccedilotildees a principal delas eacute o caraacuteter normativo embora

os conselhos realizem diversas outras accedilotildees dentro das suas competecircncias como opinar (caraacuteter

consultivo) deliberar e fiscalizar Em geral o caraacuteter deliberativo atribui ao Conselho

61

competecircncia para regulamentar o funcionamento do sistema de ensino e interpretar a correta

aplicaccedilatildeo da lei no seu acircmbito A definiccedilatildeo de diretrizes curriculares credenciamento de

instituiccedilotildees e outras atribuiccedilotildees satildeo competecircncias tradicionais dos conselhos (BRASIL 2007)

O caraacuteter consultivo ou deliberativo diz respeito agrave natureza da funccedilatildeo do Conselho apesar de

nem sempre o caraacuteter consultivo ou deliberativo estar claramente explicitado nas normas que

instituem os conselhos

141 O Conselho Municipal de Educaccedilatildeo

A criaccedilatildeo e organizaccedilatildeo dos Conselhos Municipais de Educaccedilatildeo (CME) eacute um processo

que se delineou no paiacutes a partir da promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 A referida

Constituiccedilatildeo representou importante marco para o processo de afirmaccedilatildeo poliacutetica dos

municiacutepios na qualidade de ceacutelula de gestatildeo puacuteblica e em particular para o campo juriacutedico

normativo da educaccedilatildeo que ganhou reforccedilo em 1996 com a Lei de Diretrizes e Bases da

Educaccedilatildeo Nacional (LDBEN n 939496) A criaccedilatildeo de sistema proacuteprio de ensino nos termos

da Constituiccedilatildeo88 preconiza que a organizaccedilatildeo da educaccedilatildeo nos municiacutepios natildeo pode

prescindir de estruturas administrativas e do estabelecimento de bases legais condutoras do

ensino a ser provido em territoacuterio brasileiro

Na esfera municipal os municiacutepios criam os seus Conselhos Municipais de Educaccedilatildeo

(CME) mediante lei municipal que vai definir a composiccedilatildeo baacutesica do oacutergatildeo o nuacutemero de

membros efetivos e substitutos e os mandatos Depois da sanccedilatildeo do Executivo inicia-se o

processo de escolha dos membros As primeiras sessotildees satildeo dedicadas agrave elaboraccedilatildeo do

regimento interno que definiraacute a frequecircncia de reuniotildees a divisatildeo em comissotildees e a tramitaccedilatildeo

das decisotildees Com o objetivo de garantir a ampla participaccedilatildeo da sociedade e respeitando a

competecircncia teacutecnica exigida para o exerciacutecio das atribuiccedilotildees dos conselheiros o CME poderaacute

ser composto por representantes de pais estudantes professores associaccedilotildees de moradores

sindicatos Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e demais oacutergatildeos e entidades ligados agrave educaccedilatildeo

municipal ndash dos setores puacuteblico e privado ndash escolhidos democraticamente pelos segmentos que

o representam

Sobre as funccedilotildees dos Conselhos de Educaccedilatildeo Paz (2004) considera que os conselhos

satildeo oacutergatildeos com perfil identificado com a gestatildeo democraacutetica pelo fato de terem suas funccedilotildees

atreladas ao ato de mobilizar de agregar experientes militantes da educaccedilatildeo especialmente

62

educadores e estudiosos que lutam em prol de formas legiacutetimas de participaccedilatildeo da sociedade

nos oacutergatildeos puacuteblicos

Os Conselhos Municipais de Educaccedilatildeo satildeo fundamentais para a autonomia dos sistemas

municipais de educaccedilatildeo e possuem funccedilotildees variadas mas que devem garantir a gestatildeo

democraacutetica da educaccedilatildeo e a perspectiva de um ensino de qualidade no municiacutepio Souza (2009)

lanccedila uma luz significativa em torno da questatildeo ao entender que

Natildeo se trata apenas de accedilotildees democraacuteticas ou de processos participativos de tomada

de decisotildees trata-se antes de tudo de accedilotildees voltadas agrave educaccedilatildeo poliacutetica na medida

em que satildeo accedilotildees que criam e recriam alternativas mais democraacuteticas no cotidiano

escolar no que se refere em especial agraves relaccedilotildees de poder ali presentes (SOUZA

2009 p 126)

O Conselho Municipal de Educaccedilatildeo tem o papel de articulador e de mediador das

questotildees educacionais da sociedade local junto ao gestor da educaccedilatildeo municipal pois

Eacute um oacutergatildeo de ampla representatividade com funccedilotildees normativas consultivas

mobilizadoras e fiscalizadoras Ocupa posiccedilatildeo fundamental na efetivaccedilatildeo da gestatildeo

democraacutetica da rede ou do sistema de ensino bem como na consolidaccedilatildeo da

autonomia dos municiacutepios no gerenciamento de suas poliacuteticas educacionais devendo

para tanto estabelecer diaacutelogo contiacutenuo com a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo

(UNDIME 2012 p132)

O Conselho Municipal de Educaccedilatildeo eacute de suma importacircncia para a educaccedilatildeo municipal

por estabelecer o controle social e a participaccedilatildeo dando representatividade e legitimidade frente

agrave comunidade local de cada um dos integrantes do Conselho Constitui um oacutergatildeo de

interlocuccedilatildeo entre a sociedade e o poder puacuteblico participando da formulaccedilatildeo implantaccedilatildeo

supervisatildeo e avaliaccedilatildeo das poliacuteticas educacionais do municiacutepio da defesa do direito de todos agrave

educaccedilatildeo com qualidade social e mobilizando os poderes puacuteblicos municipais quanto agraves suas

responsabilidades no atendimento das demandas dos diversos segmentos em conformidade

com as poliacuteticas puacuteblicas da educaccedilatildeo

De acordo com o quadro a seguir UNDIME (2012) aponta quatro funccedilotildees dos

Conselhos Municipais de Educaccedilatildeo Eacute o que podemos observar no quadro 02 bem como os

objetivos de cada funccedilatildeo

63

Quadro 02 - Funccedilotildees e objetivos do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (CME)

FUNCcedilOtildeES OBJETIVOS

Consultiva

Tratar sobre a exposiccedilatildeo e o julgamento acerca de determinados

assuntos tais como projetos programas educacionais e experiecircncias

pedagoacutegicas renovadoras do executivo e das escolas e

Responder a consultas sobre leis educacionais e suas aplicaccedilotildees submetidas a ele por entidades da sociedade puacuteblica ou civil (Secretaria

Municipal da Educaccedilatildeo escolas universidades sindicatos Cacircmara

Municipal Ministeacuterio Puacuteblico) cidadatildeos ou grupos de cidadatildeos

Fiscalizadora

Acompanhar a transferecircncia e controle da aplicaccedilatildeo de recursos para a

Educaccedilatildeo no municiacutepio

Fiscalizar o cumprimento do Plano Municipal de Educaccedilatildeo (PME)

Fiscalizar o desempenho do Sistema Municipal de Ensino e do PME

Fiscalizar as medidas e os programas para a formaccedilatildeo de professores

Fiscalizar os acordos e convecircnios e

Fiscalizar as questotildees educacionais que lhes forem submetidas pelas escolas Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo Cacircmara Municipal e outros

Deliberativa Elaborar seu regimento e plano de atividades

Tomar medidas para melhoria do fluxo e do rendimento escolar e

Buscar formas de se relacionar com a comunidade entre outras

Normativa

Autorizar o funcionamento das escolas da rede municipal

Autorizar o funcionamento das instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Infantil das

redes privada particular comunitaacuteria confessional e filantroacutepica

(quando o municiacutepio tiver Sistema Municipal de Ensino implantado) e

Elaborar as normas complementares para o sistema de ensino Fonte Caderno UNDIME 2012

A participaccedilatildeo na elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Educaccedilatildeo (PME) com criacuteticas e

sugestotildees eacute uma das atribuiccedilotildees dos membros dos Conselhos Municipais de Educaccedilatildeo bem

como autorizar o funcionamento de escolas fiscalizar e acompanhar a execuccedilatildeo de recursos

educacionais dentre outras

142 O Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar

No Brasil a poliacutetica de alimentaccedilatildeo teve iniacutecio ainda no ano de 1955 como um

programa assistencialista Entretanto somente a partir da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 no

artigo 208 inciso VII alterado pela Emenda Constitucional nordm 592009 eacute que a alimentaccedilatildeo

escolar surgiu como direito Embora ainda com recursos centralizados eacute no ano de 1994 com

a Lei nordm 89132009 que ocorre agrave descentralizaccedilatildeo dos recursos do Programa para os

64

municiacutepios por meio de convecircnios exigindo-se a criaccedilatildeo de conselhos de acompanhamento a

fim de responsabilizar-se pelo controle social

A Lei nordm 119472009 de 16 de junho de 2009 revogou a Lei nordm 89132009 e criou o

Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar (PNAE) aos alunos da educaccedilatildeo baacutesica com o

repasse de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo ndash FNDE sem

convecircnios acordos ou contratos mas diretamente em conta bancaacuteria especiacutefica por meio do

Programa Dinheiro Direto na Escola

De acordo com o art 4ordm da Lei nordm 119472009 o Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo

Escolar tem por objetivo contribuir para o crescimento e o desenvolvimento biopsicossocial

para a aprendizagem para o rendimento escolar e para a formaccedilatildeo de haacutebitos alimentares

saudaacuteveis dos alunos atraveacutes de accedilotildees educacionais alimentares e nutricionais aleacutem da oferta

de refeiccedilotildees que garantam as suas necessidades nutricionais durante o periacuteodo letivo (BRASIL

2009) De acordo com Castro (2009) essa poliacutetica social busca realizar a promoccedilatildeo social

gerando oportunidades e resultados tanto para os indiviacuteduos como para os grupos sociais da

solidariedade social garantindo seguranccedila aos indiviacuteduos em situaccedilotildees de incapacidade

vulnerabilidade ou risco

No que se refere aos recursos para financiamento do Programa o art 5ordm da Lei nordm

119472009 esclarece que seratildeo consignados no orccedilamento da Uniatildeo para execuccedilatildeo do PNAE

e seratildeo repassados em parcelas aos Estados ao Distrito Federal aos Municiacutepios e agraves escolas

federais pelo FNDE em conformidade com o disposto no art 208 da Constituiccedilatildeo Federal e

observadas agraves disposiccedilotildees mencionadas abaixo

Art 5ordm ()

sect 1o A transferecircncia dos recursos financeiros objetivando a execuccedilatildeo do PNAE seraacute

efetivada automaticamente pelo FNDE sem necessidade de convecircnio ajuste acordo

ou contrato mediante depoacutesito em conta corrente especiacutefica

sect 2o Os recursos financeiros de que trata o sect 1o deveratildeo ser incluiacutedos nos orccedilamentos

dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios atendidos e seratildeo utilizados

exclusivamente na aquisiccedilatildeo de gecircneros alimentiacutecios

sect 3o Os saldos dos recursos financeiros recebidos agrave conta do PNAE existentes em 31

de dezembro deveratildeo ser reprogramados para o exerciacutecio subsequente com estrita

observacircncia ao objeto de sua transferecircncia nos termos disciplinados pelo Conselho

Deliberativo do FNDE

sect 4o O montante dos recursos financeiros de que trata o sect 1o seraacute calculado com base

no nuacutemero de alunos devidamente matriculados na educaccedilatildeo baacutesica puacuteblica de cada

um dos entes governamentais conforme os dados oficiais de matriacutecula obtidos no

censo escolar realizado pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

sect 5o Para os fins deste artigo a criteacuterio do FNDE seratildeo considerados como parte da

rede estadual municipal e distrital ainda os alunos matriculados em

I - creches preacute-escolas e escolas do ensino fundamental e meacutedio qualificadas como

entidades filantroacutepicas ou por elas mantidas inclusive as de educaccedilatildeo especial

65

II - creches preacute-escolas e escolas comunitaacuterias de ensino fundamental e meacutedio

conveniadas com os Estados o Distrito Federal e os Municiacutepios (LEI

11147BRASIL 2009)

A execuccedilatildeo dos repasses financeiros ficaraacute a cargo dos entes federados que receberatildeo

os recursos atraveacutes do Programa Dinheiro Direto na Escola e deveratildeo ser destinados de acordo

com o art 23 da mesma Lei ldquoagrave cobertura de despesas de custeio manutenccedilatildeo e de pequenos

investimentos que concorram para a garantia do funcionamento e melhoria da infraestrutura

fiacutesica e pedagoacutegica dos estabelecimentos de ensinordquo Deveratildeo ser respeitadas as normas e

particularidades dos valores per capita das escolas ldquoque oferecem educaccedilatildeo especial de forma

inclusiva ou especializada de modo a assegurar de acordo com os objetivos do PDDE o

adequado atendimento agraves necessidades dessa modalidade educacionalrdquo (LEI 11147BRASIL

2009)

Os Conselhos de Alimentaccedilatildeo Escolar satildeo oacutergatildeos colegiados de caraacuteter fiscalizador

permanente deliberativo e de assessoramento Deveratildeo ser instituiacutedos de acordo com o art 18

no acircmbito dos Estados o Distrito Federal e os Municiacutepios e deveratildeo ser compostos da seguinte

forma

I - 1 (um) representante indicado pelo Poder Executivo do respectivo ente federado

II - 2 (dois) representantes das entidades de trabalhadores da educaccedilatildeo e de discentes

indicados pelo respectivo oacutergatildeo de representaccedilatildeo a serem escolhidos por meio de

assembleia especiacutefica

III - 2 (dois) representantes de pais de alunos indicados pelos Conselhos Escolares

Associaccedilotildees de Pais e Mestres ou entidades similares escolhidos por meio de

assembleia especiacutefica

IV - 2 (dois) representantes indicados por entidades civis organizadas escolhidos em

assembleia especiacutefica

sect 1o Os Estados o Distrito Federal e os Municiacutepios poderatildeo a seu criteacuterio ampliar a

composiccedilatildeo dos membros do CAE desde que obedecida a proporcionalidade definida

nos incisos deste artigo

sect 2o Cada membro titular do CAE teraacute 1 (um) suplente do mesmo segmento

representado

sect 3o Os membros teratildeo mandato de 4 (quatro) anos podendo ser reconduzidos de

acordo com a indicaccedilatildeo dos seus respectivos segmentos

sect 4o A presidecircncia e a vice-presidecircncia do CAE somente poderatildeo ser exercidas pelos

representantes indicados nos incisos II III e IV deste artigo

sect 5o O exerciacutecio do mandato de conselheiros do CAE eacute considerado serviccedilo puacuteblico

relevante natildeo remunerado

sect 6o Caberaacute aos Estados ao Distrito Federal e aos Municiacutepios informar ao FNDE a

composiccedilatildeo do seu respectivo CAE na forma estabelecida pelo Conselho

Deliberativo do FNDE (LEI 11147BRASIL 2009)

A duraccedilatildeo do mandato eacute de quatro anos e eacute considerado serviccedilo puacuteblico relevante natildeo

remunerado O CAE deve fiscalizar a execuccedilatildeo do programa sem prejuiacutezo da atuaccedilatildeo dos

66

demais oacutergatildeos de controle interno e externo ou seja do Tribunal de Contas da Uniatildeo (TCU)

da Secretaria Federal de Controle Interno (SFCI) e do Ministeacuterio Puacuteblico

As competecircncias do CAE estatildeo explicitas na Lei nordm 11947 de 16 de junho de 2009 em

seu art 19 conforme demonstrado abaixo

I - acompanhar e fiscalizar o cumprimento das diretrizes estabelecidas na forma do

art 2o desta Lei

II - acompanhar e fiscalizar a aplicaccedilatildeo dos recursos destinados agrave alimentaccedilatildeo escolar

III - zelar pela qualidade dos alimentos em especial quanto agraves condiccedilotildees higiecircnicas

bem como a aceitabilidade dos cardaacutepios oferecidos

IV - receber o relatoacuterio anual de gestatildeo do PNAE e emitir parecer conclusivo a

respeito aprovando ou reprovando a execuccedilatildeo do Programa

Paraacutegrafo uacutenico Os CAEs poderatildeo desenvolver suas atribuiccedilotildees em regime de

cooperaccedilatildeo com os Conselhos de Seguranccedila Alimentar e Nutricional estaduais e

municipais e demais conselhos afins e deveratildeo observar as diretrizes estabelecidas

pelo Conselho Nacional de Seguranccedila Alimentar e Nutricional ndash CONSEA

(CAEBRASIL 2009)

Como forma de controle social os Conselhos satildeo responsaacuteveis por acompanhar e

monitorar os recursos federais repassados pelo FNDE aos entes federados para a alimentaccedilatildeo

escolar devendo inclusive garantir boas praacuteticas sanitaacuterias e de higiene dos alimentos Para

facilitar a realizaccedilatildeo dessas accedilotildees eacute necessaacuterio que o CAE estabeleccedila um planejamento de

atividades fiscalizadoras e de acompanhamento

Aleacutem disso devem-se observar as seguintes diretrizes da alimentaccedilatildeo escolar quando

do acompanhamento e fiscalizaccedilatildeo do programa

Art 2o Satildeo diretrizes da alimentaccedilatildeo escolar I - o emprego da alimentaccedilatildeo saudaacutevel e adequada compreendendo o uso de alimentos

variados seguros que respeitem a cultura as tradiccedilotildees e os haacutebitos alimentares

saudaacuteveis contribuindo para o crescimento e o desenvolvimento dos alunos e para a

melhoria do rendimento escolar em conformidade com a sua faixa etaacuteria e seu estado

de sauacutede inclusive dos que necessitam de atenccedilatildeo especiacutefica

II - a inclusatildeo da educaccedilatildeo alimentar e nutricional no processo de ensino e

aprendizagem que perpassa pelo curriacuteculo escolar abordando o tema alimentaccedilatildeo e

nutriccedilatildeo e o desenvolvimento de praacuteticas saudaacuteveis de vida na perspectiva da

seguranccedila alimentar e nutricional

III - a universalidade do atendimento aos alunos matriculados na rede puacuteblica de

educaccedilatildeo baacutesica

IV - a participaccedilatildeo da comunidade no controle social no acompanhamento das accedilotildees

realizadas pelos Estados pelo Distrito Federal e pelos Municiacutepios para garantir a

oferta da alimentaccedilatildeo escolar saudaacutevel e adequada

V - o apoio ao desenvolvimento sustentaacutevel com incentivos para a aquisiccedilatildeo de

gecircneros alimentiacutecios diversificados produzidos em acircmbito local e preferencialmente

pela agricultura familiar e pelos empreendedores familiares rurais priorizando as

comunidades tradicionais indiacutegenas e de remanescentes de quilombos

VI - o direito agrave alimentaccedilatildeo escolar visando a garantir seguranccedila alimentar e

nutricional dos alunos com acesso de forma igualitaacuteria respeitando as diferenccedilas

bioloacutegicas entre idades e condiccedilotildees de sauacutede dos alunos que necessitem de atenccedilatildeo

67

especiacutefica e aqueles que se encontram em vulnerabilidade social (LEI

11147BRASIL 2009)

Considerando o previsto na Lei nordm 119472009 o CAE tem um papel importante no

acompanhamento e fiscalizaccedilatildeo da aplicaccedilatildeo dos recursos financeiros e na garantia da qualidade

da alimentaccedilatildeo desde a compra ateacute a distribuiccedilatildeo nas escolas e ainda tem possibilidade de

aprovar ou rejeitar a prestaccedilatildeo de contas relativa agrave execuccedilatildeo do PNAE

143 Os Conselhos Escolares

As discussotildees sobre educaccedilatildeo introduzem propostas de gestatildeo administrativa de

autonomia e participaccedilatildeo Os sistemas de ensino e as poliacuteticas educacionais continuam sendo a

chave para o enfrentamento das questotildees educacionais muito embora as discussotildees agora

passam a ser voltadas para a escola isto parte do entendimento de que ldquoa defesa do interesse

puacuteblico natildeo estaacute exclusivamente nas matildeos do Estado mas compartilhado com a comunidade

mais proacutexima agrave escolardquo (WERLE 2003 p 46) Os Conselhos Escolares se apresentam nesse

contexto como um espaccedilo de co-participaccedilatildeo e co-responsabilidade entre famiacutelia a sociedade

e o Estado atuando como mecanismo de controle defesa e promoccedilatildeo da educaccedilatildeo puacuteblica

No acircmbito da gestatildeo escolar em meados da deacutecada de 1980 um dos principais

questionamentos era a excessiva concentraccedilatildeo de poder nas matildeos de um uacutenico indiviacuteduo o

diretor da escola Por isso os movimentos organizados pelos educadores na eacutepoca defendiam

de forma acentuada as propostas de gestatildeo colegiada que propunham a inserccedilatildeo de toda a

comunidade escolar ou ampliaccedilatildeo dos envolvidos no processo educativo nos espaccedilos de decisatildeo

da escola (MENDONCcedilA 2000 ADRIAtildeO e CAMARGO 2007)

Tais lutas culminaram com a aprovaccedilatildeo do princiacutepio da gestatildeo democraacutetica na

Constituiccedilatildeo Federal de 1988 no seu artigo 206 inciso VI ldquogestatildeo democraacutetica do ensino

puacuteblico na forma da leirdquo e a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional (LDB) que vem

dar os desdobramentos desse princiacutepio em seu art 14 indicando que

Os sistemas de ensino definiratildeo as normas de gestatildeo democraacutetica do ensino puacuteblico

na educaccedilatildeo baacutesica de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes

princiacutepios

I ndash participaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo na elaboraccedilatildeo do projeto poliacutetico-

pedagoacutegico da escola

68

II ndash participaccedilatildeo das comunidades escolar e local em Conselhos Escolares ou

equivalentes (BRASIL 1996 grifos em negrito nossos)

Dessa forma eacute estabelecida a gestatildeo democraacutetica como princiacutepio que deve orientar as

praacuteticas das instituiccedilotildees puacuteblicas escolares no Brasil indicando que os profissionais da

educaccedilatildeo colaborem na elaboraccedilatildeo do documento que nortearaacute as atividades da escola onde

trabalham e a participaccedilatildeo da comunidade escolar (aqui entendidas como estudantes pais

professores funcionaacuterios e direccedilatildeo) e local (entidades e organizaccedilotildees da sociedade civil

identificadas com o projeto da escola) em espaccedilos de discussatildeo e participaccedilatildeo social que

promovam a gestatildeo democraacutetica

Os Conselhos Escolares satildeo compreendidos como ldquoespaccedilos de autonomia e

participaccedilatildeo comprometido com a defesa do ensino puacuteblico gratuito e da valorizaccedilatildeo do

professorrdquo conforme ensina Werle (2003 p 49) e que podem se constituir em locais de

vivecircncia simboacutelica entre pais alunos e professores mas para implantar tais mudanccedilas as

escolas teriam que passar por profundas modificaccedilotildees organizacionais nos colegiados pois os

conselhos se configuram como espaccedilos de relaccedilotildees e exerciacutecio do poder envolvendo

autorizaccedilatildeo e influecircncia entre as partes

Nesse sentido a proacutepria percepccedilatildeo que os diferentes atores desenvolvem sobre o poder

real influenciam nas relaccedilotildees de poder Abranches (2003) tambeacutem colabora com as ideias de

Werle (2003) quando afirma que o Conselho pode ser caracterizado como um oacutergatildeo de decisotildees

coletivas capaz de superar a praacutetica do individualismo e do grupismo e informa que se a

comunidade representativa for realmente dos diferentes segmentos da comunidade escolar ela

deveraacute alterar progressivamente a natureza da gestatildeo da escola e da educaccedilatildeo bem como

intervir na qualidade dos serviccedilos prestados pela escola

Os sistemas de ensino devem organizar os seus Conselhos Escolares de acordo com os

integrantes dos segmentos representativos da escola sendo professores funcionaacuterios alunos

pais e comunidade local Quanto a escolha dos conselheiros Veiga (2007) indica as seguintes

formas a) aquelas que satildeo definidas em regimento interno de cada conselho b) diretoria eleita

pela Assembleia sendo elegiacuteveis professores pais e profissionais da educaccedilatildeo c) escolhidos

em assembleia geral de cada segmento e eleitos por seus pares onde o diretor eacute membro nato e

d) eleiccedilatildeo mediante chapas organizadas e respeitando a proporcionalidade

Desta forma constituir e institucionalizar um conselho escolar que sirva para fortalecer

o empoderamento e a participaccedilatildeo eacute uma tarefa complexa mas possiacutevel Eacute um espaccedilo de

69

discussatildeo e debate substituindo a cultura patrimonialista pela cultura participativa e cidadatilde

(NAVARRO et al 2004 p 33)

Os Conselhos Escolares satildeo compreendidos como um foacuterum importante e significativo

e as posiccedilotildees dos representantes eleitos nas reuniotildees confere grau de representatividade pela

comunidade escolar Essa representatividade do Conselho estaacute relacionada agrave posse de

instrumentos materiais e culturais dos seus componentes e com a linguagem clara convincente

e adequada ao contexto (WERLE 2003) Por outro lado o Conselho Escolar eacute para o MEC um

oacutergatildeo de representaccedilatildeo das comunidades escolares e local onde satildeo discutidas definidas e

acompanhadas as atividades da escola podendo constituir um espaccedilo de discussatildeo de caraacuteter

consultivo respondendo a consultas sobre leis educacionais e suas aplicaccedilotildees deliberativo

quando toma decisotildees democraticamente fiscalizador acompanhando a aplicaccedilatildeo dos recursos

na escola e mobilizador incentivando a participaccedilatildeo direta dos envolvidos (BRASIL 2004)

Natildeo eacute suficiente afirmar que uma escola democraacutetica eacute aquela em que um colegiado

edifica uma decisatildeo de baixo para cima Eacute necessaacuteria uma mudanccedila no sistema educativo e uma

mudanccedila na loacutegica organizacional de todo o sistema Para Werle (2003 p 11) o poder natildeo estaacute

nos Conselhos Escolares e sim na competecircncia social dos representantes que caso natildeo os

faccedilam nas reuniotildees ldquopoderatildeo sofrer uma relaccedilatildeo de constrangimento e desapossamento de

espaccedilos de poderrdquo

A criaccedilatildeo das estruturas participativas nas escolas e nos sistemas de ensino constituem

um dos primeiros passos para a gestatildeo participativa ou gestatildeo ldquocompartilhadardquo poreacutem muitas

vezes a forma como satildeo constituiacutedos esses conselhos na composiccedilatildeo da sua estrutura e a forma

de implantaccedilatildeo atraveacutes de leis estaduais ou municipais satildeo contraditoacuterias porquanto sendo

constituiacutedo por pessoas eleitas representando os segmentos da comunidade escolar natildeo haveria

espaccedilo para componentes natildeo-eleitos pelos segmentos da escola

Nesse sentido a comunidade escolar quando se ausenta de participar e atuar da

construccedilatildeo coletiva dos processos democraacuteticos que satildeo as reuniotildees dos Conselhos Escolares

e quando apenas toma conhecimento das decisotildees da direccedilatildeo estaacute permitindo que outras

pessoas decidam Nesse caso estamos diante de uma participaccedilatildeo da gestatildeo que mais se

caracteriza como concessatildeo ndash cedendo a outros o seu direito de opinar de demonstrar seu ponto

de vista em favor de outrem ndash do que com democratizaccedilatildeo

70

144 O Conselho de Acompanhamento e Controle Social do Fundo de Manutenccedilatildeo e

Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo

(FUNDEB)

O Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos

Profissionais da Educaccedilatildeo (FUNDEB) foi criado pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006

Sua estrutura e finalidade encontram-se estatuiacutedas na Lei nordm 11494 de 20 de junho de 2007 e

pelo Decreto federal nordm 6253 de 13 de novembro de 2007 (BRASIL 2007)

O FUNDEB possui um montante de recursos gigantescos no que concerne ao

financiamento da educaccedilatildeo pois financia accedilotildees de manutenccedilatildeo e desenvolvimento da educaccedilatildeo

baacutesica puacuteblica independentemente da modalidade em que o ensino eacute oferecido (regular

especial ou de jovens e adultos) da sua duraccedilatildeo (Ensino Fundamental de oito ou de nove anos)

da idade dos alunos (crianccedilas jovens ou adultos) do turno de atendimento (matutino eou

vespertino ou noturno) e da localizaccedilatildeo da escola (zona urbana zona rural aacuterea indiacutegena ou

quilombola) de toda a educaccedilatildeo baacutesica em todos os municiacutepios brasileiros conforme

estabelecido nos sect 2ordm e 3ordm do art 211 da Constituiccedilatildeo

O FUNDEB eacute um fundo de natureza contaacutebil e de acircmbito estadual sendo 27 fundos

estaduais formado na quase totalidade por recursos provenientes dos impostos e transferecircncias

dos estados Distrito Federal e municiacutepios vinculados agrave educaccedilatildeo por forccedila do disposto no art

212 da Constituiccedilatildeo Federal e com o art 69 da LDB cabe a Uniatildeo a aplicaccedilatildeo nunca menos

que 18 e aos estados e municiacutepios no miacutenimo 25 da receita resultante de impostos

compreendida a proveniente de transferecircncias na Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento do Ensino ndash

MDE 34 podendo ainda de acordo com a LDB a possibilidade de ampliaccedilatildeo desses percentuais

de acordo com as Constituiccedilotildees Estaduais e Leis Orgacircnicas Municipais

Ainda compotildee o FUNDEB aleacutem desses recursos a tiacutetulo de complementaccedilatildeo uma

parcela de recursos federais sempre que no acircmbito de cada Estado seu valor por aluno natildeo

alcanccedilar o miacutenimo definido nacionalmente Independentemente da origem todo o recurso

gerado eacute redistribuiacutedo para aplicaccedilatildeo exclusiva na educaccedilatildeo baacutesica

A vigecircncia estabelecida para o FUNDEB eacute para o periacuteodo de 14 anos 2007-2020 Sua

implantaccedilatildeo comeccedilou em 1ordm de janeiro de 2007 e foi concluiacuteda em 2009 quando o total de

alunos matriculados na rede puacuteblica foi considerado na distribuiccedilatildeo dos recursos e o percentual

34 As despesas da ldquomanutenccedilatildeo e desenvolvimento do ensinordquo - MDE estatildeo previstas nos artigos 70 e 71 da LDB

que define quais as despesas podem e que natildeo podem ser utilizadas para efeito do MDE

71

de contribuiccedilatildeo dos estados Distrito Federal e municiacutepios atingiu o patamar de 20 para a

formaccedilatildeo do Fundo

As fontes de recursos para a educaccedilatildeo conforme a LDB no seu art 68 satildeo as receitas

provenientes de impostos da Uniatildeo dos Estados e dos Municiacutepios as receitas de transferecircncias

constitucionais e outras transferecircncias as receitas do Salaacuterio Educaccedilatildeo e de outras contribuiccedilotildees

sociais e as de incentivos fiscais e outros recursos previstos em Lei As principais fontes

financiadoras da educaccedilatildeo satildeo as receitas de impostos e o salaacuterio educaccedilatildeo pois ldquorepresentam

em termos de volume de recursos e de regularidade a receita que tem financiado a expansatildeo e

a qualificaccedilatildeo da educaccedilatildeo puacuteblica no paiacutesrdquo (FARENZENA 2006 p 82) Ou seja os

Municiacutepios devem utilizar recursos do FUNDEB na educaccedilatildeo infantil e no ensino fundamental

e os Estados no ensino fundamental e meacutedio sendo o miacutenimo de 60 na remuneraccedilatildeo dos

profissionais do magisteacuterio da educaccedilatildeo baacutesica puacuteblica e o restante dos recursos em outras

despesas de manutenccedilatildeo e desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica puacuteblica

O artigo 10 da Lei nordm 114942007 trata da distribuiccedilatildeo proporcional de recursos dos

Fundos que deve levar em conta as seguintes diferenccedilas entre etapas modalidades e tipos de

estabelecimento de ensino para que atenda toda a educaccedilatildeo baacutesica dentro das suas

especificidades sendo

I - creche em tempo integral

II - preacute-escola em tempo integral

III - creche em tempo parcial

IV - preacute-escola em tempo parcial

V - anos iniciais do ensino fundamental urbano

VI - anos iniciais do ensino fundamental no campo

VII - anos finais do ensino fundamental urbano

VIII - anos finais do ensino fundamental no campo

IX- ensino fundamental em tempo integral

X - ensino meacutedio urbano

XI - ensino meacutedio no campo

XII - ensino meacutedio em tempo integral

XIII - ensino meacutedio integrado agrave educaccedilatildeo profissional

XIV - educaccedilatildeo especial

XV - educaccedilatildeo indiacutegena e quilombola

XVI - educaccedilatildeo de jovens e adultos com avaliaccedilatildeo no processo

XVII - educaccedilatildeo de jovens e adultos integrada agrave educaccedilatildeo profissional de niacutevel meacutedio

com avaliaccedilatildeo no processo (BRASIL 2007)

A composiccedilatildeo do Conselho do FUNDEB apresenta-se em trecircs niacuteveis federal estadual e

municipal O acompanhamento e o controle social sobre a distribuiccedilatildeo a transferecircncia e a

aplicaccedilatildeo dos recursos dos Fundos devem ser exercidos junto aos respectivos governos no

acircmbito da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios por conselhos instituiacutedos

especificamente para esse fim Os conselhos seratildeo criados por legislaccedilatildeo especiacutefica editada no

72

pertinente acircmbito governamental observados os seguintes criteacuterios de composiccedilatildeo expressos

na Lei nordm 114942007 (BRASIL 2007)

Quadro 03 Composiccedilatildeo do Conselho de Controle Social do FUNDEB por esfera administrativa

Federal

(No miacutenimo 14 membros)

Estadual

(No miacutenimo 12 membros)

Municipal

(No miacutenimo 9 membros)

a) ateacute 4 (quatro)

representantes do Ministeacuterio

da Educaccedilatildeo

b) 1 (um) representante do

Ministeacuterio da Fazenda

c) 1 (um) representante do

Ministeacuterio do Planejamento

Orccedilamento e Gestatildeo

d) 1 (um) representante do

Conselho Nacional de

Educaccedilatildeo

e) 1 (um) representante do

Conselho Nacional de

Secretaacuterios de Estado da

Educaccedilatildeo - CONSED

f) 1 (um) representante da

Confederaccedilatildeo Nacional dos

Trabalhadores em Educaccedilatildeo

- CNTE

g) 1 (um) representante da

Uniatildeo Nacional dos

Dirigentes Municipais de

Educaccedilatildeo - UNDIME

h) 2 (dois) representantes dos

pais de alunos da educaccedilatildeo

baacutesica puacuteblica

i) 2 (dois) representantes dos

estudantes da educaccedilatildeo

baacutesica puacuteblica um dos quais

indicado pela Uniatildeo

Brasileira de Estudantes

Secundaristas - UBES

a) 3 (trecircs) representantes do

Poder Executivo estadual

dos quais pelo menos 1 (um)

do oacutergatildeo estadual

responsaacutevel pela educaccedilatildeo

baacutesica

b) 2 (dois) representantes dos

Poderes Executivos

Municipais

c) 1 (um) representante do

Conselho Estadual de

Educaccedilatildeo

d) 1 (um) representante da

seccional da Uniatildeo Nacional

dos Dirigentes Municipais de

Educaccedilatildeo - UNDIME

e) 1 (um) representante da

seccional da Confederaccedilatildeo

Nacional dos Trabalhadores

em Educaccedilatildeo - CNTE

f) 2 (dois) representantes dos

pais de alunos da educaccedilatildeo

baacutesica puacuteblica

g) 2 (dois) representantes dos

estudantes da educaccedilatildeo

baacutesica puacuteblica 1 (um) dos

quais indicado pela entidade

estadual de estudantes

secundaristas

a) 2 (dois) representantes do

Poder Executivo Municipal

dos quais pelo menos 1 (um)

da Secretaria Municipal de

Educaccedilatildeo ou oacutergatildeo

educacional equivalente

b) 1 (um) representante dos

professores da educaccedilatildeo baacutesica

puacuteblica

c) 1 (um) representante dos

diretores das escolas baacutesicas

puacuteblicas

d) 1 (um) representante dos

servidores teacutecnico-

administrativos das escolas

baacutesicas puacuteblicas

e) 2 (dois) representantes dos

pais de alunos da educaccedilatildeo

baacutesica puacuteblica

f) 2 (dois) representantes dos

estudantes da educaccedilatildeo baacutesica

puacuteblica um dos quais indicado

pela entidade de estudantes

secundaristas

sect 2o Integraratildeo ainda os

conselhos municipais dos

Fundos quando houver 1

(um) representante do

respectivo Conselho

Municipal de Educaccedilatildeo e 1

(um) representante do

Conselho Tutelar a que se

refere a Lei no 8069 de 13 de

julho de 1990 indicados por

seus pares

Fonte Lei Federal Nordm 114942007

73

A Lei nordm 114942007 aponta algumas orientaccedilotildees e estabelece restriccedilotildees na

composiccedilatildeo do Conselho de Controle Social do FUNDEB Na Lei os membros do Conselho

podem constituir seus representantes por indicaccedilatildeo eleiccedilatildeo e representaccedilatildeo conforme

estabelece o art 24 sect 3ordm

I - pelos dirigentes dos oacutergatildeos federais estaduais municipais e do Distrito Federal e

das entidades de classes organizadas nos casos das representaccedilotildees dessas instacircncias

II - nos casos dos representantes dos diretores pais de alunos e estudantes pelo

conjunto dos estabelecimentos ou entidades de acircmbito nacional estadual ou

municipal conforme o caso em processo eletivo organizado para esse fim pelos

respectivos pares

III - nos casos de representantes de professores e servidores pelas entidades sindicais

da respectiva categoria (BRASIL 2007)

Ainda sobre a composiccedilatildeo do Conselho a Lei Nordm 114942007 no art 24 sect 5ordm destaca

o impedimento dos Conselheiros que tenham relaccedilatildeo de parentesco submissatildeo hieraacuterquica ou

prestem serviccedilos para o poder executivo local

sect 5o Satildeo impedidos de integrar os conselhos a que se refere o caput deste artigo

I - cocircnjuge e parentes consanguiacuteneos ou afins ateacute 3o (terceiro) grau do Presidente e

do Vice-Presidente da Repuacuteblica dos Ministros de Estado do Governador e do Vice-

Governador do Prefeito e do Vice-Prefeito e dos Secretaacuterios Estaduais Distritais ou

Municipais

II - tesoureiro contador ou funcionaacuterio de empresa de assessoria ou consultoria que

prestem serviccedilos relacionados agrave administraccedilatildeo ou controle interno dos recursos do

Fundo bem como cocircnjuges parentes consanguiacuteneos ou afins ateacute 3o (terceiro) grau

desses profissionais

III - estudantes que natildeo sejam emancipados

IV - pais de alunos que

a) exerccedilam cargos ou funccedilotildees puacuteblicas de livre nomeaccedilatildeo e exoneraccedilatildeo no acircmbito dos

oacutergatildeos do respectivo Poder Executivo gestor dos recursos ou

b) prestem serviccedilos terceirizados no acircmbito dos Poderes Executivos em que atuam os

respectivos conselhos

sect 6o O presidente dos conselhos previstos no caput deste artigo seraacute eleito por seus

pares em reuniatildeo do colegiado sendo impedido de ocupar a funccedilatildeo o representante

do governo gestor dos recursos do Fundo no acircmbito da Uniatildeo dos Estados do Distrito

Federal e dos Municiacutepios (BRASIL 2007)

A atuaccedilatildeo dos membros do conselho deve ser baseada na autonomia e sem viacutenculo

institucional ao Poder Executivo local O periacuteodo do mandato dos seus membros eacute de dois anos

podendo ser reconduzidos uma uacutenica vez

O desempenho da funccedilatildeo de conselheiro do FUNDEB eacute considerado de extrema

relevacircncia social sendo uma atividade natildeo remunerada A Uniatildeo os Estados o Distrito Federal

74

e os Municiacutepios devem garantir a infraestrutura e as condiccedilotildees materiais adequadas agrave execuccedilatildeo

plena das competecircncias dos conselhos Os conselhos tecircm no acircmbito de suas respectivas esferas

governamentais de atuaccedilatildeo a incumbecircncia de ainda supervisionar o censo escolar anual e a

elaboraccedilatildeo da proposta orccedilamentaacuteria anual ldquocom o objetivo de concorrer para o regular e

tempestivo tratamento e encaminhamento dos dados estatiacutesticos e financeiros que alicerccedilam a

operacionalizaccedilatildeo dos Fundosrdquo (Art 24 sect 9ordm Lei nordm 11494 BRASIL 2007)

Aleacutem do FUNDEB cabe ao CACS o acompanhamento e a fiscalizaccedilatildeo do Programa de

Transporte escolar (PNATE)

15 CRITEacuteRIOS PARA A ESCOLHA DE DIRETOR ESCOLAR

A participaccedilatildeo nas formas de escolha do diretor escolar representada pela definiccedilatildeo de

criteacuterios para essa escolha que tecircm sido muito presente na pauta de lutas das organizaccedilotildees de

educadores desde a deacutecada de 1980 Natildeo obstante por ser mateacuteria de difiacutecil consenso a

Constituiccedilatildeo de 1988 e a LDB de 1996 satildeo geneacutericas ao tratar do tema limitando-se a delegar

aos sistemas de ensino a sua regulamentaccedilatildeo Eacute assim que de acordo com Mendonccedila (2000)

tais criteacuterios satildeo os mais diversos nas leis estaduais do paiacutes Por se tratar de um paiacutes que

comporta mais de 5600 municiacutepios com possibilidade de criaccedilatildeo de sistema proacuteprio de ensino

pode-se em potencial ter uma diversidade muito maior de criteacuterios

Com base nos estudos de Mendonccedila (2000) Paro (2003) e Dourado (2007) podemos

afirmar que o provimento do cargo de diretor escolar das escolas puacuteblicas tem ocorrido

basicamente de cinco formas 1) livre indicaccedilatildeo pelos poderes puacuteblicos 2) ascensatildeo na carreira

3) aprovaccedilatildeo em concurso puacuteblico 4) eleiccedilatildeo e posterior indicaccedilatildeo em lista triacuteplice e 5) eleiccedilatildeo

direta E cada uma dessas categorias traz consigo as concepccedilotildees de gestatildeo de um governo e

maior ou menor grau de participaccedilatildeo dos envolvidos na escolha

Em relaccedilatildeo ao criteacuterio de escolha de diretores escolares por indicaccedilatildeo ou nomeaccedilatildeo

Mendonccedila (2000) Paro (2007) e Dourado (2007) argumentam que esta eacute a forma de acesso na

qual os representantes poliacuteticos (governadores e prefeitos) podem indicar os gestores escolares

que acharem apropriados ao cargo Assim o criteacuterio de escolha de diretores atraveacutes de indicaccedilatildeo

vincula o trabalho do diretor com quem o indicou quase sempre um poliacutetico ou teacutecnico das

Secretarias de Educaccedilatildeo Seu compromisso portanto eacute com quem o colocou naquele cargo e

natildeo com a comunidade escolar Nesse caso ldquoo papel do diretor ao prescindir do respaldo da

comunidade escolar caracteriza-se como instrumentalizador de praacuteticas autoritaacuterias

75

evidenciando forte ingerecircncia do Estado na gestatildeo da escola (DOURADO 2007 p 83) A

indicaccedilatildeo para cargos puacuteblicos estaacute nas raiacutezes do Estado patrimonialista que marcou fortemente

a origem do Estado brasileiro o pode ser percebida na admissatildeo dos diretores cujos criteacuterios

satildeo essencialmente subjetivos e pessoais (MENDONCcedilA 2000) A categoria ldquonomeaccedilatildeordquo para

Paro (2007) ldquotraz consigo as marcas do clientelismo poliacutetico sendo por isso uma das mais

criticadas e inclusive muito presente nos sistemas de ensinordquo (PARO 2007 p 19) Com base

em dados do observatoacuterio de monitoramento das metas do PNE35 ateacute 2013 essa forma de

escolha de diretores ainda era presente em 50 das escolas brasileiras sendo portanto a que

prevalece no Brasil

Quanto ao criteacuterio de provimento de diretores escolares por meio do concurso os que

o defendem alegam que apresenta virtudes como ldquoa objetividade a coibiccedilatildeo do clientelismo e

a possibilidade de afericcedilatildeo do conhecimento teacutecnico do candidatordquo (PARO 2003 p19) Esse

criteacuterio de escolha estaacute ancorado na ideia de que o domiacutenio da competecircncia teacutecnica pelo

candidato eacute um requisito essencial para o exerciacutecio da funccedilatildeo Dessa forma a seleccedilatildeo atraveacutes

de concurso puacuteblico eacute defendida pela sua imparcialidade e porque o diretor concursado estaria

ldquomenos submisso agraves variantes poliacuteticas da escola e do sistema de ensino uma vez que o

concurso puacuteblico parece garantir a moralidade e a transparecircncia necessaacuterias na lotaccedilatildeo de

qualquer cargo puacuteblicordquo (SOUZA 2007 p 167)

Mendonccedila (2000) adverte que a permanecircncia de diretores nas unidades escolares por

concurso para a escolha de diretores estaacute vinculado tambeacutem ldquoa uma concepccedilatildeo da direccedilatildeo de

escola como carreira e por meio dele a ocupaccedilatildeo da funccedilatildeo tem caraacuteter permanenterdquo

(MENDONCcedilA 2000 p 191) Natildeo obstante concordamos com Paro (2015) quando argumenta

que o concurso eacute democraacutetico apenas aparentemente pois ldquoo diretor tem o direito de concorrer

ao cargo e escolher a escola onde vai trabalhar mas a comunidade escolar tem de aceitar esse

diretor sem conhececirc-lo e sem um processo democraacutetico de escolhardquo (PARO 2015 p 117)

Aleacutem disso ldquonatildeo eacute verdade que o processo de escolha possa se resumir numa qualidade teacutecnica

() pois o diretor exerce uma accedilatildeo poliacutetica como representante do Estado diante de seus

dirigidosrdquo (IDEM p117)

35 O Observatoacuterio da Educaccedilatildeo eacute uma plataforma online que tem como objetivo monitorar os indicadores referentes

a cada uma das 20 metas do Plano Nacional de Educaccedilatildeo (PNE) e de suas respectivas estrateacutegias e oferecer

anaacutelises sobre as poliacuteticas puacuteblicas educacionais jaacute existentes e que seratildeo implementadas ao longo dos dez anos

de vigecircncia do Plano Consta no seguinte endereccedilo httpwwwobservatoriodopneorgbrmetas-pne19-gestao-

democraticaindicadores

76

O diretor de carreira segundo Dourado (2007) eacute uma modalidade pouco utilizada

Neste caso o acesso ao cargo eacute vinculado a criteacuterios como tempo de serviccedilo escolarizaccedilatildeo

merecimento eou distinccedilatildeo entre outros Representa uma tentativa de aplicaccedilatildeo no setor

puacuteblico da meritocracia livrando da participaccedilatildeo da comunidade escolar a escolha de seu

dirigente

A indicaccedilatildeo por meio de listas triacuteplices secircxtuplas ou a combinaccedilatildeo de processos

(modalidade mista) consiste na consulta agrave comunidade escolar para a indicaccedilatildeo de nomes em

nuacutemero de trecircs ou seis possiacuteveis dirigentes cabendo ao poder executivo nomear o diretor dentre

os nomes escolhidos eou submetecirc-los a uma segunda fase que consiste em provas ou

atividades de avaliaccedilatildeo de sua capacidade cognitiva para a gestatildeo da educaccedilatildeo Na modalidade

mista apesar da participaccedilatildeo da comunidade na primeira fase cabe ao poder executivo fazer a

indicaccedilatildeo final do diretor onde corre-se o risco de ocorrer uma indicaccedilatildeo por criteacuterios natildeo

poliacutetico-pedagoacutegicos com uma suposta legitimaccedilatildeo da comunidade escolar uma forma de

burlar o sistema de escolha democraacutetica em nome do discurso de participaccedilatildeodemocratizaccedilatildeo

das relaccedilotildees escolares Outra modalidade mista eacute apontada por Vieira (2006) em que a escolha

de diretores escolares ocorre em duas fases de seleccedilatildeo A primeira fase dar-se-aacute por meio de

concurso que classifica os gestores e na segunda fase os classificados no concurso satildeo

colocados em aceitaccedilatildeo da comunidade e dos segmentos da escola atraveacutes da eleiccedilatildeo com a

participaccedilatildeo coletiva para a aprovaccedilatildeo de suas propostas na gestatildeo que assumiraacute (VIEIRA

2006)

O criteacuterio eleiccedilotildees diretas para a escolha de diretores escolares eacute entendida por

Mendonccedila (2000) Paro (2003 2007) e Souza (2007) como a forma mais democraacutetica na qual

a comunidade poderaacute votar no gestor mais qualificado para exercer as funccedilotildees pertinentes ao

cargo Para Souza diretor eleito

natildeo eacute por natureza do processo eletivo mais compromissado com a educaccedilatildeo puacuteblica

de qualidade para todosas mas a eleiccedilatildeo eacute o instrumento que potencialmente permite

agrave comunidade escolar controlar as accedilotildees do dirigente escolar no sentido de levaacute-lo a

se comprometer com este princiacutepio (SOUZA 2007 p 174)

A eleiccedilatildeo de diretores escolares fortalece o poder poliacutetico no interior das escolas e

consequentemente reduz a intervenccedilatildeo do Estado sobre elas e dessa forma a escola torna-se

mais autocircnoma e capaz de promover relaccedilotildees mais democraacuteticas em seu interior Embora a

eleiccedilatildeo natildeo seja a soluccedilatildeo para todos os problemas da escola puacuteblica e envolva riscos ainda ldquoeacute

77

a forma civilizada de exercer o poder entre sujeitosrdquo e ldquoconfere aos eleitos uma autoridade

legiacutetimardquo (PARO 2015 p 118)

No que diz respeito agraves diferentes experiecircncias de gestatildeo democraacutetica principalmente

quando trata das eleiccedilotildees de diretores e funcionamento de colegiados os resultados apontam

que ldquoesses processos continuam excessivamente centrados em pessoas com interferecircncias

poliacutetico partidaacuterias aliciamento de votos entre outros problemasrdquo (MENDONCcedilA 2000 p12)

Esses problemas se revelam na intervenccedilatildeo indevida de diretores indicando os nomes para

compor os colegiados de deliberaccedilatildeo assegurando que o controle da instituiccedilatildeo continue em

suas matildeos e ressalta que isso impede a participaccedilatildeo mais espontacircnea da comunidade escolar Eacute

importante que tenhamos a compreensatildeo de que eacute necessaacuterio que haja na escola natildeo um ldquocheferdquo

mas um colaborador que embora tenha responsabilidade junto ao Estado natildeo esteja atrelado

apenas ao seu poder colocando-se acima dos demais mas ao contraacuterio que sua autoridade com

a responsabilidade seja distribuiacuteda dentre os membros da escola

Nesse contexto compreendemos que a forma mais democraacutetica e que permite maior

participaccedilatildeo da comunidade escolar na escolha dos seus diretores escolares eacute a eleiccedilatildeo direta

Por isso o debate deve se fazer presente natildeo soacute nas unidades escolares mas em todo o sistema

de ensino como um momento coletivo de amadurecimento poliacutetico participativo e de

construccedilatildeo de um processo democraacutetico da gestatildeo escolar que legitime o desempenho da funccedilatildeo

de diretor e que respeite as deliberaccedilotildees coletivas

Mais recentemente o Plano Nacional de Educaccedilatildeo (2014-2024) aprovado pela Lei nordm

13005 de 25 de junho de 2014 reafirma em seu inciso VI do Art 2ordm a ldquopromoccedilatildeo do princiacutepio

da gestatildeo democraacutetica da educaccedilatildeo puacuteblicardquo No entanto o caput da Meta 19 propotildee ldquoassegurar

condiccedilotildees () para a efetivaccedilatildeo da gestatildeo democraacutetica da educaccedilatildeo associada a criteacuterios

teacutecnicos de meacuterito e desempenho e agrave consulta puacuteblica agrave comunidade escolar no acircmbito das

escolas puacuteblicas prevendo recursos e apoio teacutecnico da Uniatildeo para tantordquo (grifos nossos)

O detalhamento da meta 19 pressupotildee estrateacutegias que condicionam o repasse de

transferecircncias voluntaacuterias da Uniatildeo da aacuterea da educaccedilatildeo para os municiacutepios que tenham

aprovado legislaccedilatildeo especiacutefica regulamentando mateacuteria a esse respeito Embora os criteacuterios se

associem a alguma forma de participaccedilatildeo da comunidade o PNE vem estimulando que os

municiacutepios adotem em legislaccedilotildees a nomeaccedilatildeo dos diretores e diretoras de escola a partir de

criteacuterios teacutecnicos de meacuterito e desempenho o que corrobora a persistecircncia da gestatildeo de cunho

gerencialista proposta no Plano Diretor de Reforma do Estado (PDRAE) aprovado no governo

de Fernando Henrique Cardoso

78

Por fim constatamos que a poliacutetica de gestatildeo da educaccedilatildeo brasileira segue no sentido

de democratizar o sistema de ensino atraveacutes do acesso permanecircncia e garantia da educaccedilatildeo de

qualidade Para isso sugerem a participaccedilatildeo atraveacutes da garantia da existecircncia de conselhos

representativos de controle social e de eleiccedilotildees diretas para diretores escolares por meio da

comunidade escolar e da sociedade civil tanto na construccedilatildeo de poliacuteticas quanto no controle

social indicando a transparecircncia nas accedilotildees e na gestatildeo dos recursos puacuteblicos

79

2 A GESTAtildeO EDUCACIONAL NO CONTEXTO DO PLANO DE

DESENVOLVIMENTO DA EDUCACcedilAtildeO (PDE) DO PLANO DE METAS

COMPROMISSO TODOS PELA EDUCACcedilAtildeO E DO PLANO DE ACcedilOtildeES

ARTICULADAS

Este capiacutetulo trataraacute de dar continuidade agrave discussatildeo do capiacutetulo anterior sobre as

poliacuteticas educacionais adotadas no Brasil apoacutes a Reforma do Estado que tecircm traccedilado novos

rumos para a gestatildeo da educaccedilatildeo Especificamente seraacute abordado nesse capiacutetulo o modelo de

gestatildeo da educaccedilatildeo adotado no Brasil no qual estaacute inserido o Plano de Desenvolvimento da

Educaccedilatildeo o Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo e o Plano de Accedilotildees

Articuladas e as suas formas de materializaccedilatildeo

21 A GESTAtildeO EDUCACIONAL E O PLANO DE DESENVOLVIMENTO DA

EDUCACcedilAtildeO (PDE)

As poliacuteticas educacionais implementadas no Brasil possuem uma historicidade na sua

construccedilatildeo que natildeo segue em linha reta isto eacute eacute cheia de curvas e oscilaccedilotildees pelo caminho

com avanccedilos e retrocessos sendo influenciadas em todas as suas fases seja por contextos

histoacutericos distintos seja pela disputa entre os sujeitos envolvidos no processo ou por grupos de

interesses e de percepccedilotildees diferentes da realidade que estatildeo presentes no momento da sua

implementaccedilatildeo e execuccedilatildeo Poreacutem eacute o resultado das relaccedilotildees sociais inerentes ao processo de

construccedilatildeo dessas poliacuteticas

O primeiro Plano Nacional de Educaccedilatildeo foi elaborado para uma deacutecada (2001-2010) no

Brasil natildeo atingiu os objetivos esperados pois desde a sua elaboraccedilatildeo ateacute o envio ao Congresso

Nacional em 1997 existiam visotildees distintas dos rumos da educaccedilatildeo do paiacutes Eacute tanto que dois

Planos foram enviados um que representava a proposta do governo FHC na eacutepoca e o outro

que representava a sociedade civil construiacutedo a partir das organizaccedilotildees de classes Um periacuteodo

turbulento pois

() a apresentaccedilatildeo de dois planos nacionais de educaccedilatildeo um do governo e outro da

sociedade civil evidencia o atual estaacutegio de correlaccedilatildeo de forccedilas sociais no campo

educacional do Brasil do final dos anos de 1990 materializado no acirramento do

conflito entre duas propostas de sociedade e de educaccedilatildeo ndash a proposta liberal-

80

corporativa e a proposta democraacutetica das massas ndash que vem se embatendo desde o

final dos anos de 1980 () (NEVES 2000 p 148)

Dessa forma com os embates que se arrastavam no Congresso Nacional por deputados

contra e a favor e sindicatos De posse dos dois planos e dos embates realizou-se um texto

substitutivo em junho de 2000 que consolidasse parte proposta do governo e outra parte da

sociedade civil representada Embora votado na cacircmara dos deputados e no senado o texto foi

sancionado pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso com vetos principalmente no que se

tratava de investimentos e financiamento da educaccedilatildeo principalmente na educaccedilatildeo superior

Nesse contexto eacute notoacuteria a falta de compromisso do governo FHC com os investimentos na

educaccedilatildeo em que o seu governo o tem como gasto e natildeo como investimento Eacute importante

destacar aqui que uma boa educaccedilatildeo baacutesica seraacute o resultado de uma boa educaccedilatildeo superior e

que as universidades tem um papel estrateacutegico no desenvolvimento das naccedilotildees

No campo poliacutetico o primeiro governo Lula (2003-2006) foi marcado pela continuidade

das poliacuteticas educacionais traccediladas no governo FHC que realizou as reformas educacionais de

longo alcance sob os olhares do mercado A expectativa dos educadores era que a partir do

governo Lula essa loacutegica neoliberal que mudou os rumos da educaccedilatildeo baacutesica a superior fosse

rompida Entretanto segundo Andrade de Oliveira (2009) natildeo foi o que ocorreu a loacutegica

neoliberal foi mantida Assim no primeiro mandato de Lula natildeo houve poliacuteticas puacuteblicas

educacionais regulares e fortes o suficiente para alterar a poliacutetica planejada pelo governo FHC

A autora afirma que ocorreram sim alguns programas e projetos focalizados principalmente

para os mais vulneraacuteveis mas que natildeo se constituiu em uma poliacutetica puacuteblica Somente no

finalzinho do primeiro mandato eacute que foi criado o Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento

da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo (FUNDEB) proposto pela

Emenda Constitucional Nordm 53 de 2006 que ampliou o Fundo de Manutenccedilatildeo e

Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorizaccedilatildeo do Magisteacuterio (FUNDEF) sendo

esse fundo o principal mecanismo de financiamento da educaccedilatildeo que passou a atender a trecircs

etapas educaccedilatildeo infantil ensino fundamental e ensino meacutedio Poreacutem sem romper com a loacutegica

neoliberal Andrade Oliveira (2009 p 203) afirma que o que se observou foi ldquoo governo

assumir de alguma forma a loacutegica existente e passar a professar a inclusatildeo social no lugar do

direito universal agrave educaccedilatildeordquo

Nesse cenaacuterio marcado por poliacuteticas educacionais focais imediatistas e de pouca

regularidade o Presidente Lula durante a campanha para a reeleiccedilatildeo destacou a educaccedilatildeo

como foco principal do seu governo apoacutes a vitoacuteria nas urnas no discurso de posse em 01 de

janeiro de 2007 e reforccedilou priorizar a educaccedilatildeo no segundo governo Em 24 de abril de 2007

81

apresenta o Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo como parte do Programa de Aceleraccedilatildeo do

Crescimento (PAC) que ele denominou de PAC da Educaccedilatildeo A cerimocircnia contou com a

participaccedilatildeo do Presidente da Repuacuteblica Luiz Inaacutecio Lula da Silva e do Ministro da Educaccedilatildeo

Fernando Haddad e ainda Paulo Renato (ex-ministro da educaccedilatildeo do governo FHC) e

Cristovam Buarque (Ministro de Educaccedilatildeo do primeiro governo Lula) aleacutem da participaccedilatildeo de

setores da iniciativa privada e gestores puacuteblicos

Camini (2009) critica a implantaccedilatildeo de uma poliacutetica puacuteblica lanccedilada como uma decisatildeo

poliacutetica sem contar com uma ampla discussatildeo coletiva dos segmentos da sociedade que seratildeo

atingidos diretamente ou mesmo indiretamente Para a autora a presenccedila de representantes de

instituiccedilotildees privadas em parceria com o setor puacuteblico de educaccedilatildeo lanccedila o Plano de

Desenvolvimento da Educaccedilatildeo (PDE) sendo que nessas ldquoparceriasrdquo muitas vezes estatildeo

impliacutecitas a loacutegica de mercado o que reduz as condiccedilotildees de democratizaccedilatildeo visto que na

legislaccedilatildeo as instituiccedilotildees privadas natildeo permitem a participaccedilatildeo da populaccedilatildeo nas decisotildees

ficando a cargo exclusivamente do mercado ditar as suas regras

Jaacute no entendimento do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo o PDE pela visatildeo sistecircmica que o

caracteriza [] ldquoprocura enfocar a educaccedilatildeo em todo o territoacuterio da naccedilatildeo considerando com o

mesmo cuidado e atenccedilatildeo cada uma das suas partes do bairro do paiacutes em seu conjunto dando

efetividade ao princiacutepio constitucional do ldquoregime de colaboraccedilatildeordquordquo (SAVIANI 2009 p 16)

afirma que O PDE estaacute sustentado em seis pilares i) visatildeo sistecircmica da educaccedilatildeo ii)

territorialidade iii) desenvolvimento iv) regime de colaboraccedilatildeo v) responsabilizaccedilatildeo e vi)

mobilizaccedilatildeo social

O ldquoPDE aparece como um grande guarda-chuvardquo (SAVIANI 2009 p 5) que cobre

praticamente todos os programas e aacutereas com foco na educaccedilatildeo baacutesica superior profissional

tecnoloacutegica alfabetizaccedilatildeo e diversidade abrangendo as modalidades de ensino e accedilotildees de

melhorias na infraestrutura No que se refere aos eixos de accedilotildees do Plano de Desenvolvimento

da Educaccedilatildeo (PDE) direcionadas as aacutereas do sistema educacional apresentamos o quadro a

seguir

82

Quadro 04 - Eixos de Accedilatildeo do Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo (PDE)

Eixos Accedilotildees do PDE

Educaccedilatildeo

Baacutesica

1 Melhoria do IDEB da escola puacuteblica e

2 Melhoria da gestatildeo escolar da qualidade do ensino e do fluxo escolar

valorizaccedilatildeo e qualificaccedilatildeo de professores e profissionais da educaccedilatildeo

inclusatildeo digital e apoio ao aluno e agrave escola

Alfabetizaccedilatildeo

e Educaccedilatildeo

Continuada

1 Reduzir a taxa de analfabetismo e o nuacutemero absoluto de analfabetos

2 Atender jovens e adultos de 15 anos ou mais

3 Prioridade para os municiacutepios com taxa de analfabetismo superior a 35

e

4 O Brasil Alfabetizado tem por meta atender 15 milhatildeo de alfabetizandos

por ano

Ensino

Profissional e

Tecnoloacutegico

1 Ampliar a rede de ensino profissional e tecnoloacutegico do Paiacutes

2 Que cada municiacutepio tenha pelo menos 1 escola oferecendo educaccedilatildeo

profissional e

3 A prioridade seraacute para cidades tendo como referecircncia as economias locais

e regionais e reforccedilando a articulaccedilatildeo da escola puacuteblica em especial o

ensino meacutedio e a EJA com a educaccedilatildeo profissional em todas as modalidades

e niacuteveis

Ensino

Superior

1 Ampliar e democratizar o acesso ao ensino superior do Paiacutes

2 A ampliaccedilatildeo de vagas nas instituiccedilotildees federais de ensino superior se faraacute

por meio de ofertas de bolsas do Programa Universidade para Todos

(PROUNI) articulado ao Financiamento Estudantil (FIES) e

3 Atraveacutes da Reestruturaccedilatildeo e Expansatildeo das Universidades Federais

(REUNI) as universidades apresentaratildeo planos de expansatildeo da oferta

Dobrar o nuacutemero de alunos nas Instituiccedilotildees Federais de Ensino (IFES) no

Brasil em 10 anos Fonte BRASIL 2007

Esses eixos correspondem agrave atuaccedilatildeo do PDE que segundo Saviani (2009) tem um

objetivo ambicioso de elevar o niacutevel da educaccedilatildeo brasileira aos patamares dos paiacuteses

desenvolvidos ateacute o ano de 2022 Para tanto vem ampliando seus programas e hoje conta com

a adesatildeo de todos os estados e municiacutepios atraveacutes da assinatura do Termo de Adesatildeo ao

PMCTE onde satildeo chamados a responsabilizar-se com as metas preacute-estabelecidas pelo Plano

Dessa forma a execuccedilatildeo dos programas e projetos do PDE por parte dos estados e

municiacutepios tem promovido mudanccedilas substanciais principalmente na gestatildeo educacional e

escolar visto que com o Plano de Metas do Compromisso e o Plano de Accedilotildees Articuladas

organizam toda uma articulaccedilatildeo para materializar as metas propostas Para Sousa (2011 p 06)

ldquoo efeito mais perceptiacutevel das alteraccedilotildees promovidas pelo PDE no relacionamento do MEC

com os entes federativos reside no condicionamento de todas as transferecircncias voluntaacuterias da

Uniatildeo aos estados e municiacutepiosrdquo a partir da assinatura do termo de compromisso do PMCTE

e a responsabilidade dos estados e municiacutepios quanto ao cumprimento das suas diretrizes

83

Permeado de termos como ldquodemocraciardquo ldquocolaboraccedilatildeordquo e ldquoparceriardquo que foram

introduzidos e utilizados a partir de uma visatildeo neoliberal A poliacutetica educacional e de gestatildeo

propugnada pelo Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo estabelece o Plano de Metas

Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo e orienta os Estados e os Municiacutepios a elaborarem os seus

Planos de Accedilatildeo Articuladas seguindo o modelo proposto pelo MEC mantendo assim a

centralidade das decisotildees no acircmbito da Uniatildeo e desconcentrando a realizaccedilatildeo das tarefas para

os estados e os municiacutepios agindo como um oacutergatildeo coordenador da poliacutetica e dos resultados

alcanccedilados pelos demais entes federados E nesse sentido eacute que se observa o modelo de gestatildeo

gerencial em que estaacute inserido o PMCTE pois os estados e municiacutepios passam a ter que seguir

as diretrizes a partir do Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) como instrumento de planejamento

para o alcance das metas definidas

As divergecircncias em que se sustentam o PDE e o Plano de Metas Compromisso Todos

pela Educaccedilatildeo seja nas diretrizes instituiacutedas no desenvolvimento dos programas nas accedilotildees

implementadas e nos resultados alcanccedilados eacute tambeacutem por que o PDE natildeo foi uma poliacutetica

construiacuteda historicamente com a participaccedilatildeo coletiva dos envolvidos nos debates ela foi

determinada a partir de uma decisatildeo poliacutetica de governo dessa forma tem apresentado

ambiguidades e incoerecircncias na sua implantaccedilatildeo e execuccedilatildeo

A relaccedilatildeo democraacutetica e o regime de colaboraccedilatildeo entre os entes federados parece ser

mais uma ambiguidade pois de acordo com Camini (2011 p166-167) existe uma prevalecircncia

do MEC como instacircncia superior ldquoque encobre sob a forma de delegaccedilatildeo descentralizaccedilatildeo

ou auxiacutelio uma relaccedilatildeo que implica certa passividade e adesatildeo dos demais entes regionaisrdquo

Ainda assim existe tambeacutem uma ldquopermeabilidade que envolve praacuteticas e procedimentos

poliacutetico-administrativos e que permite e favorece a penetraccedilatildeo das intenccedilotildees e accedilotildees de umas

instacircncias sobre as outrasrdquo (idem grifos nossos)

Nesse sentido entende-se que as reformas propostas e implementadas no Brasil a partir

dos anos de 1990 tecircm apontado para o enfraquecimento do Estado em sua funccedilatildeo social As

novas concepccedilotildees abordagens meacutetodos de planejamento e as novas praacuteticas de gestatildeo tecircm

levado a educaccedilatildeo a apresentar caracteriacutesticas diferentes daquelas propostas pela Constituiccedilatildeo

Federal Brasileira de 1988 em que a educaccedilatildeo era um direito social fundamental e quando

ofertado em estabelecimento puacuteblico seria gratuito aleacutem da garantia do padratildeo de qualidade e

da gestatildeo democraacutetica do ensino puacuteblico As novas concepccedilotildees tecircm viabilizado um processo de

racionalizaccedilatildeo mercantil em favor da empresa privada as quais com a alternativa da terceira

via e com as parcerias com o poder puacuteblico buscam influenciar a definiccedilatildeo das poliacuteticas

puacuteblicas sendo o PDE um exemplo disso pois fomenta parcerias entre instituiccedilotildees privadas e

84

os sistemas puacuteblicos de educaccedilatildeo uma vez que nessas ldquoparceriasrdquo muitas vezes estatildeo

impliacutecitas a loacutegica de mercado com modelos de gestatildeo gerencial e instrumentos de controle

fortalecendo a competitividade entre as escolas e diminuindo a autonomia das instituiccedilotildees

puacuteblicas educacionais

O proacuteximo toacutepico trataraacute mais especificamente de um dos eixos de accedilatildeo do PDE ndash o

Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo ndash bem como as suas diretrizes e a sua

interface com a gestatildeo educacional

22 A GESTAtildeO EDUCACIONAL E O PLANO DE METAS COMPROMISSO TODOS PELA

EDUCACcedilAtildeO

A origem do Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo se deu a partir de um

movimento denominado Movimento Todos pela Educaccedilatildeo (MTPE) um movimento que se

apresenta como apoliacutetico e apartidaacuterio e congrega a sociedade civil organizada educadores e

gestores puacuteblicos sendo mantido por grupos empresariais36 cujo Conselho de Governanccedila eacute

composto majoritariamente por grandes liacutederes empresariais37 O movimento TPE foi criado

ainda em 2005 por um grupo de liacutederes empresariais no momento em que a valorizaccedilatildeo da

educaccedilatildeo comeccedilou a se tornar relevante para a formaccedilatildeo de trabalhadores brasileiros Em 2006

o movimento TPE lanccedilou o projeto ldquocompromisso todos pela educaccedilatildeordquo o qual foi

impulsionado para o congresso sob o tiacutetulo de ldquoAccedilotildees de Responsabilidade Social em

Educaccedilatildeo melhores praacuteticas na Ameacuterica Latinardquo (BERNARDI 2014)

Dessa forma com os liacutederes empresariais envolvidos na composiccedilatildeo do Conselho do

TPE sendo maioria majoritaacuteria nesse espaccedilo de decisatildeo logo estes tinham a prerrogativa de

decidir sobre as accedilotildees e os programas educacionais seguindo na direccedilatildeo de colocar o mercado

como a soluccedilatildeo para os problemas da educaccedilatildeo atendendo a loacutegica da gestatildeo empresarial e

apontando caminhos que devem ser seguidos pela educaccedilatildeo tendo o mercado como paracircmetro

36

As principais empresas mantenedoras satildeo Gerdau Fundaccedilatildeo Educar DPaschoal Fundaccedilatildeo Bradesco Fundaccedilatildeo

Itauacute Instituto Natura Fundaccedilatildeo Vale Itauacute BBA etc os parceiros satildeo entre outros Rede Globo Grupo ABC

Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) Instituto Ayrton Senna Editora Saraiva Itauacute Cultural

Microsoft Editora Moderna 37 Em 2011 o Conselho de Governanccedila apresentava a seguinte composiccedilatildeo Jorge Gerdau Johannpeter

(Presidente) Ana Maria dos Santos Diniz (Grupo Patildeo de Accediluacutecar) Antocircnio Jacinto Matias (Fundaccedilatildeo Itauacute Social)

Beatriz Johannpeter (Fundaccedilatildeo Gerdau) Daniel Feffer (Dirigente da Suzano Papel e Celulose SA) Danilo Santos

de Miranda (Diretor do SESC SP) Denise Aguiar Alvarez (Fundaccedilatildeo Bradesco) Fernatildeo Bracher (Banco Itauacute)

Joseacute Roberto Marinho (Fundaccedilatildeo Roberto MarinhoOrganizaccedilotildees Globo) Luiacutes Norberto Pascoal (Grupo

DPaschoal) Millu Villela Ricardo Henriques (Unibanco) Viviane Senna (Instituto Ayrton Senna) dentre outros

empresaacuterios

85

e como uacutenica alternativa para o desenvolvimento social e econocircmico de sucesso De acordo

com Voss (2011)

pois a ecircnfase central das reformas educacionais contemporacircneas natildeo eacute a expansatildeo da

escolarizaccedilatildeo mas a equidade entendida como a oferta eficiente e eficaz do ensino

de modo a garantir condiccedilotildees de aquisiccedilatildeo de habilidades e informaccedilotildees que permitam

competir no mercado profissional (VOSS 2011 p 45)

Enquanto iniciativa de classe a praacutetica do movimento TPE se traduz numa tentativa de

transformar a educaccedilatildeo num mercado lucrativo e voltado para atender a qualificaccedilatildeo

profissional no mercado de trabalho utilizando-se de uma poliacutetica de forte cunho gerencialista

Shiroma (2011) afirma que essa intensa aproximaccedilatildeo entre governo e iniciativa privada

demonstra a articulaccedilatildeo que caracteriza a formaccedilatildeo de ldquoredes interorganizacionaisrdquo que tecircm

como foco fortalecer as instituiccedilotildees privadas com a articulaccedilatildeo do poder puacuteblico estabelecendo

ldquonovas formas de regulaccedilatildeo da educaccedilatildeordquo

De acordo com Freitas (2007) quando o MEC privilegiou o empresariado como

possiacuteveis liacutederes que traduziriam as melhorias na educaccedilatildeo ele deixou de lado as entidades

educacionais sindicais e acadecircmicas no processo de elaboraccedilatildeo do PMCTE Ele afastou ldquooutros

interlocutores que estatildeo haacute mais de duas deacutecadas participando dos diferentes foacuteruns de definiccedilatildeo

das poliacuteticas tanto em niacutevel do proacuteprio Ministeacuterio quanto da proacutepria sociedade [] (FREITAS

2007 p 01)rdquo

O movimento TPM segundo Shiroma Garcia e Campos (2011 p233) foi ldquocriado por

um grupo de intelectuais orgacircnicos do capitalrdquo que definiu como objetivos propiciar as

condiccedilotildees de acesso de alfabetizaccedilatildeo e de sucesso escolar a ampliaccedilatildeo de recursos investidos

na educaccedilatildeo baacutesica e a melhoria da gestatildeo desses recursos que estatildeo traduzidos em cinco metas

a serem atingidas ateacute 2022 a saber

Meta 1 ndash Toda crianccedila e jovem de 4 a 17 anos na escola

Meta 2 ndash Toda crianccedila plenamente alfabetizada ateacute os 8 anos

Meta 3 ndash Todo aluno com aprendizado adequado ao seu ano

Meta 4 ndash Todo jovem com Ensino Meacutedio ateacute os 19 anos

Meta 5 ndash O investimento em educaccedilatildeo ampliado e bem gerido

(TODOS PELA EDUCACcedilAtildeO 2016)

Dessa maneira o governo federal colaborando com as aspiraccedilotildees do movimento TPE

lanccedilou o Decreto ndeg 60942007 que dispotildee sobre a implementaccedilatildeo do Plano de Metas

86

Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo na perspectiva de comprometer os estados e municiacutepios

com tais metas e instituir o Plano de Accedilotildees Articuladas como uma ferramenta gerencial delas

Eacute decretado entatildeo o Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo (PMCTE) como uma

poliacutetica governamental ou seja um conjunto de medidas e metas para o paiacutes estabelecido por

meio do Decreto 6094 de 24 de abril de 2007 Eacute portanto um ato do poder executivo e natildeo

uma lei e estaacute ligado ao eixo do Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo que envolve accedilotildees em

diferentes aacutereas da economia para impulsionar o crescimento econocircmico do paiacutes

Para Luce e Farenzena (2007 p11) a poliacutetica do PMCTE ldquocomo estrateacutegia metas e

meios foi concebida centralmente mas sua execuccedilatildeo eacute descentralizadardquo embora a execuccedilatildeo

sofra intervenccedilatildeo direta do MEC como poder centralizador que oferece assistecircncia na

formulaccedilatildeo dos planos suporte financeiro aleacutem de coordenar e controlar em torno de diretrizes

gerais previamente estabelecidas o desempenho das escolas a partir das bases de dados e

ainda daacute atribuiccedilotildees agraves redes escolares municipaisestaduais com baixos iacutendices educacionais

a fim de melhorar a qualidade da educaccedilatildeo Essa forma de descentralizar as accedilotildees mas controlar

eacute caracterizada como uma ldquodescentralizaccedilatildeo convergenterdquo ou ldquodescentralizaccedilatildeo monitoradardquo

(LUCE FARENZENA 2007 p 11) do MEC em relaccedilatildeo ao ente federativo jaacute que o Plano de

Accedilotildees Articuladas (PAR) e o IDEB estrategicamente realizam o planejamento e o

monitoramento das accedilotildees

Nesse contexto o PDEPlano de Metas eacute para Farenzena (2009) uma poliacutetica de

colaboraccedilatildeo entre os governos e parceiros com caracteriacutesticas e concepccedilotildees que favorecem a

centralizaccedilatildeo e descentralizaccedilatildeo A autora afirma que nessas relaccedilotildees colaborativas entre a

Uniatildeo os estados os municiacutepios e o Distrito Federal bem como nas parcerias com empresaacuterios

e outras instituiccedilotildees puacuteblicas observa-se que a centralizaccedilatildeo eacute na Uniatildeo Por outro lado o FNDE

ndash MEC ndash afirma que ocorre na verdade o Regime de Colaboraccedilatildeo como um compartilhamento

de competecircncias poliacuteticas teacutecnicas e financeiras para a execuccedilatildeo de programas de manutenccedilatildeo

e desenvolvimento da educaccedilatildeo de forma a auxiliar na atuaccedilatildeo dos entes federados sem ferir-

lhes a autonomia

De acordo com Celina Souza (2001) a poliacutetica conservadora de reduccedilatildeo do tamanho do

Estado centralizaccedilatildeo nas decisotildees e a desconcentraccedilatildeo da implementaccedilatildeo de poliacuteticas retirou

da esfera estadual obrigaccedilotildees que antes era da sua administraccedilatildeo o que deixou uma lacuna

nessa instacircncia intermediaacuteria Em contraponto a isso a Uniatildeo reduziu o poder do Estado e se

aproximou dos municiacutepios podendo implantar diretamente suas poliacuteticas sem mais o intermeacutedio

do Estado

87

As diretrizes38 que fazem parte do PMCTE tecircm como objetivo a melhoria da educaccedilatildeo

no paiacutes sem o objetivo de esgotar o assunto razatildeo por que se destacaraacute neste trabalho somente

as diretrizes que estatildeo relacionadas aos indicadores da gestatildeo democraacutetica objeto deste estudo

()

XVIII ndash fixar regras claras considerados meacuterito e desempenho para nomeaccedilatildeo e

exoneraccedilatildeo de diretor de escola

XIX ndash Divulgar na escola e na comunidade os dados relativos a aacuterea da educaccedilatildeo

com ecircnfase no Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica (IDEB) referido no

art 3ordm

XX - acompanhar e avaliar com participaccedilatildeo da comunidade e do Conselho de

Educaccedilatildeo as poliacuteticas puacuteblicas na aacuterea de educaccedilatildeo e garantir condiccedilotildees sobretudo

institucionais de continuidade das accedilotildees efetivas preservando a memoacuteria daquelas

realizadas

XXI ndash zelar pela transparecircncia da gestatildeo puacuteblica na aacuterea da educaccedilatildeo garantindo o

funcionamento efetivo autocircnomo e articulado dos conselhos de controle social

XXII ndash promover a gestatildeo participativa na rede de ensino

XXIII - elaborar plano de educaccedilatildeo e instalar Conselho de Educaccedilatildeo quando

inexistentes

XXIV integrar os programas da aacuterea da educaccedilatildeo com os de outras aacutereas como sauacutede

esporte assistecircncia social cultura dentre outras com vista ao fortalecimento da

identidade do educando com sua escola

XXV ndash fomentar e apoiar os conselhos escolares envolvendo as famiacutelias dos

educandos com as atribuiccedilotildees dentre outras de zelar pela manutenccedilatildeo da escola e

pelo monitoramento das accedilotildees e consecuccedilatildeo das metas do compromisso

()

XXVIII ndash organizar um comitecirc local do Compromisso com representantes das

associaccedilotildees de empresaacuterios trabalhadores sociedade civil Ministeacuterio Puacuteblico

Conselho Tutelar e dirigentes do sistema educacional puacuteblico encarregado da

mobilizaccedilatildeo da sociedade e do acompanhamento das metas de evoluccedilatildeo do IDEB

(BRASIL 2007)

As diretrizes tecircm demonstrado as accedilotildees que devem ser realizadas para atingir o padratildeo

de qualidade da educaccedilatildeo a partir da assinatura do Termo de Adesatildeo ao Compromisso

estabelecido entre os entes federados para atingir as metas propostas pelo IDEB sem adentrar a

autonomia de cada ente Entretanto alerta Saviani (2009) eacute preciso ter atenccedilatildeo pois de acordo

com o autor a loacutegica que embasa a proposta do Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo eacute uma

loacutegica de mercado que pode ser traduzida como uma ldquopedagogia de resultadosrdquo39

Nessa conjuntura o que se revela eacute que a gestatildeo da educaccedilatildeo no segundo mandato do

governo Lula se estrutura e se organiza com uma gestatildeo gerencial que tem como foco os

resultados seguindo os mesmos modelos de gestatildeo centralizados e determinados a partir da

experiecircncia de setores privados Dessa forma Saviani (2009 p 45) afirma que essa loacutegica eacute

38 As diretrizes do PMCTE na iacutentegra estatildeo disponiacuteveis no anexo do trabalho 39 O governo equipa-se com instrumentos de avaliaccedilatildeo dos produtos forccedilando com isso que o processo se ajuste

agraves exigecircncias postas pela demanda das empresas (SAVIANI 2007a p3)

88

direcionada pelo mercado pelo mecanismo das chamadas ldquopedagogias das competecircnciasrdquo e ldquoda

qualidade totalrdquo que visa agrave satisfaccedilatildeo dos clientes e usa da linguagem empresarial nas escolas

afirmando que ldquoaqueles que ensinam satildeo prestadores de serviccedilo aqueles que aprendem satildeo os

clientes e a educaccedilatildeo pode ser produzida com qualidade variaacutevelrdquo O autor considera positivo

que as empresas defendam a ampliaccedilatildeo dos recursos para a educaccedilatildeo entretanto critica

veementemente as que querem se apropriar dos recursos puacuteblicos pedindo isenccedilatildeo fiscal

reduccedilatildeo de impostos perdatildeo de diacutevidas e incentivos agrave produccedilatildeo

Nesse contexto o PDEPMCTE atrelou a permanecircncia na escola agrave qualidade do ensino

e para isso instituiu o IDEB que ldquoeacute uma composiccedilatildeo do resultado dos alunos em avaliaccedilotildees

nacionais como a Prova Brasil e o Sistema de Avaliaccedilatildeo do Ensino Baacutesico (SAEB) com as

taxas de aprovaccedilatildeo e evasatildeo de cada escolardquo (SAVIANI 2007 p03) que ldquoafererdquo o desempenho

de escolas municiacutepios estados e do paiacutes e define a poliacutetica de investimento de recursos na

Educaccedilatildeo Esses dados satildeo administrados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas

Educacionais Aniacutesio Teixeira (INEP)

O IDEB inicia a sua histoacuteria no Brasil em 2005 a partir de onde foram estabelecidas

metas bienais de qualidade a serem atingidas natildeo apenas pelo paiacutes mas tambeacutem por cada escola

municiacutepio e estado A loacutegica eacute a de que cada instacircncia federativa evolua de forma a contribuir

em conjunto para que o Brasil atinja o patamar educacional da meacutedia dos paiacuteses da Organizaccedilatildeo

para a Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econocircmico (OCDE) Isso significa progredir em termos

numeacutericos da meacutedia nacional 38 registrada em 2005 na primeira fase do ensino fundamental

para um IDEB igual a 60 em 2022 ano do bicentenaacuterio da Independecircncia do Brasil (INEP

2014)

As metas programadas do IDEB no Brasil nos anos iniciais e finais do ensino

fundamental e no ensino meacutedio no periacuteodo de 2005 a 2013 pelo Instituto Nacional de Estudos

e Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira (INEP) estatildeo expliacutecitas na tabela abaixo

89

Tabela 03 - Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica no Brasil (2005 a 2013)

Anos iniciais do ensino fundamental no Brasil

IDEB observado Metas

2005 2007 2009 2011 2013 2007 2009 2011 2013 2021

Estadual 39 43 49 51 54 40 43 47 50 61

Municipal 34 40 44 47 49 35 38 42 45 57

Privada 59 60 64 65 67 60 63 66 68 75

Puacuteblica 36 40 44 47 49 36 40 44 47 58

BRASIL 38 42 46 50 52 39 42 46 49 60

Anos finais do ensino fundamental no Brasil

2005 2007 2009 2011 2013 2007 2009 2011 2013 2021

Estadual 33 36 38 39 40 33 35 38 42 53

Municipal 31 34 36 38 38 31 33 35 39 51

Privada 58 58 59 59 60 58 60 62 65 73

Puacuteblica 32 35 37 39 40 33 34 37 41 52

BRASIL 35 38 40 41 42 35 37 39 44 55

Ensino meacutedio no Brasil

2005 2007 2009 2011 2013 2007 2009 2011 2013 2021

Estadual 30 32 34 34 34 31 32 33 36 49

Privada 56 56 56 57 54 56 57 58 60 70

Puacuteblica 31 32 34 34 34 31 32 33 36 49

BRASIL 34 35 36 37 37 34 35 37 39 52

Fonte INEP (2015)

Na avaliaccedilatildeo do INEP o Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica (IDEB)

mostra que o paiacutes ultrapassou as metas previstas para os anos iniciais (1ordm ao 5ordm ano) do ensino

fundamental em 03 pontos O IDEB nacional nessa etapa ficou em 52 enquanto em 2011

havia sido de 50 As instituiccedilotildees privadas em 2011 e 2013 natildeo atingiram as metas propostas

embora tenham apresentado no total geral das instituiccedilotildees puacuteblicas estaduais e municipais o

melhor desempenho aferido pelo IDEB

Em se tratando dos anos finais do ensino fundamental de acordo com a avaliaccedilatildeo do

INEP o paiacutes ultrapassou as metas previstas pelo IDEB de 2011 em 02 pontos poreacutem em 2013

natildeo conseguiu atingir a meta que era de 44 ficando com 02 pontos abaixo da meta

90

programada O IDEB nacional nessa etapa ficou em 42 em 2013 e nenhuma esfera conseguiu

atingir as metas propostas nem a rede puacuteblica e nem a privada

Jaacute no ensino meacutedio o IDEB na avaliaccedilatildeo do INEP demonstra que o paiacutes em 2013 natildeo

conseguiu atingir as metas propostas que era de 39 atingindo somente 37 o mesmo IDEB

observado em 2011 As metas para o IDEB nacional era de 39 e nem a rede puacuteblica e nem a

privada atingiu as metas propostas

Para o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo a avaliaccedilatildeo estaacute refletindo a realidade das unidades de

ensino isso permite identificar os pontos de estrangulamento e tomar medidas para sanaacute-los

atuando nos municiacutepios prioritaacuterios aqueles com pior desempenho no IDEB e reforccedilando neles

o apoio teacutecnico e financeiro previstos na Constituiccedilatildeo

Por outro lado Freitas (2015) questiona esse modelo de avaliaccedilatildeo proposto pelo IDEB

e afirma que esse modelo eacute uma tendecircncia internacional neoliberal que foi aplicada nos Estados

Unidos a partir do final dos anos 80 e que inclusive nesse paiacutes esse modelo de poliacutetica

puacuteblica demonstrou falecircncia e serviu apenas para abrir as portas para o sucesso da privatizaccedilatildeo

da educaccedilatildeo puacuteblica Esse mesmo reflexo se vecirc no Brasil um modelo de avaliaccedilatildeo de larga

escala nacional que deixou de ser amostral para ser censitaacuteria na tentativa de ldquoresponsabilizarrdquo

cada escola eacute o que justamente propotildee o Movimento Todos pela Educaccedilatildeo ndash a

responsabilizaccedilatildeo das redes puacuteblicas municipaisestaduais pelo sucesso ou fracasso nos

resultados ndash cabendo ao governo central (MEC) a coordenaccedilatildeo dessa poliacutetica

Nesse sentido o IDEB natildeo pode ser sinocircnimo de qualidade pois embalados pela

ldquoresponsabilizaccedilatildeordquo as escolas e os professores estatildeo sendo pressionados pelo melhor

desempenho o que tende a maquiar os iacutendices do IDEB desconsiderando a importacircncia da

aprendizagem e dos fatores extraescolares Com esses processos de padronizaccedilatildeo

metodoloacutegica as escolas estatildeo longe de conseguir explicar a realidade da qualidade da

aprendizagem

Sob o ponto de vista da implantaccedilatildeo do Plano de Metas Compromisso Todos Pela

Educaccedilatildeo (PMCTE) nos municiacutepios o Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) eacute um dos eixos

integrantes sendo um instrumento operacional de planejamento criado pelo MEC que segundo

ele facilita o planejamento da implantaccedilatildeo do regime de colaboraccedilatildeo que antes era dificultado

pela descontinuidade e troca de governos a cada eleiccedilatildeo Mas no campo da gestatildeo educacional

quais as mudanccedilas que permeiam o PAR Eacute o que seraacute visto a seguir

91

23 A GESTAtildeO EDUCACIONAL E O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS

As bases para implantaccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) foram definidas

conforme Decreto nordm 6094 de 24 de Abril de 2007 editado pela Presidecircncia da Repuacuteblica que

dispotildee sobre a implementaccedilatildeo do Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo pela

Uniatildeo em regime de colaboraccedilatildeo com Municiacutepios Distrito Federal e Estados aleacutem da

participaccedilatildeo das famiacutelias e da comunidade mediante programas e accedilotildees de assistecircncia teacutecnica

e financeira visando a mobilizaccedilatildeo social pela melhoria da qualidade da educaccedilatildeo baacutesica A

seguir seraacute visto como se estrutura e se organiza o Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) como

instrumento de planejamento proposto pelo MEC para viabilizar a poliacutetica do PDEPMCTE

O Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) estaacute na sua 3ordf versatildeo A primeira versatildeo foi

prevista para planejamento e execuccedilatildeo no periacuteodo compreendido entre 2007 e 2010 a segunda

versatildeo jaacute com algumas modificaccedilotildees que seratildeo tratadas a seguir foi planejada para o periacuteodo

de 2011 a 2014 e a terceira versatildeo receacutem-lanccedilada prevista para o periacuteodo de 2016 a 201940

Neste estudo focalizamos a dimensatildeo gestatildeo educacional nas duas primeiras versotildees do

PAR mais especificamente alguns indicadores da aacuterea gestatildeo democraacutetica Nas duas primeiras

versotildees o PAR estaacute dividido em 4 grandes dimensotildees sendo (1) a gestatildeo educacional (2) a

formaccedilatildeo de professores e dos profissionais de serviccedilo e apoio escolar (3) as praacuteticas

pedagoacutegicas e avaliaccedilatildeo e (4) infraestrutura e recursos pedagoacutegicos

Para se ter um panorama geral das duas versotildees do PAR ndash a 1ordf versatildeo do PAR (2007-

2010) e a 2ordf versatildeo do PAR (2011-2014) ndash disponibilizamos nas tabelas 4 e 5 a quantidade de

indicadores por aacuterea e dimensatildeo dispostas em cada uma delas (o detalhamento das aacutereas e

indicadores estatildeo disponiacuteveis nos anexos)

Tabela 04 ndash Quantidade de indicadores por aacuterea e dimensatildeo na 1ordf versatildeo do PAR (2007-2010)

Dimensotildees Aacutereas Indicadores

Gestatildeo educacional 5 20

A formaccedilatildeo de professores e dos profissionais de

serviccedilo e apoio escolar 5 10

Praacuteticas Pedagoacutegicas e Avaliaccedilatildeo 2 8

Infraestrutura fiacutesica e recursos pedagoacutegicos 3 14

Total de dimensotildees 04 15 52 Fonte Elaborado pelo autor a partir do manual do PAR

40 Em 01 de fevereiro de 2016 os teacutecnicos do SIMEC enviaram documento aos dirigentes do municiacutepio de

SantanaAP no qual apresentam as novas condiccedilotildees teacutecnicas para operacionalizaccedilatildeo do PAR 2016 a 2019 Esta 3ordf

versatildeo natildeo constitui objeto de anaacutelise neste trabalho

92

Tabela 05 ndash Quantidade de indicadores por aacuterea e dimensatildeo na 2ordf versatildeo do PAR (2011-2014)

Dimensotildees Aacutereas Indicadores

Gestatildeo educacional 5 28

A formaccedilatildeo de professores e dos profissionais de

serviccedilo e apoio escolar

5 17

Praacuteticas Pedagoacutegicas e Avaliaccedilatildeo 3 15

Infraestrutura Fiacutesica e recursos pedagoacutegicos 4 22

Total de dimensotildees 04 17 82 Fonte Elaborado pela autora a partir do manual do PAR

Como podemos observar nas tabelas 4 e 5 as duas versotildees possuem as mesmas

dimensotildees Jaacute em relaccedilatildeo agraves aacutereas e aos indicadores houve ampliaccedilatildeo tanto no nuacutemero de aacutereas

quanto no de indicadores pois a 1ordf versatildeo do PAR possuiacutea 15 aacutereas e 52 indicadores e a 2ordf

versatildeo apresentou 17 aacutereas e 82 indicadores Observou-se ainda em ambas as versotildees que a

maior parte dos indicadores se concentram na dimensatildeo gestatildeo educacional Houve acreacutescimo

no nuacutemero de indicadores em todas as dimensotildees Duas dimensotildees tiveram o nuacutemero de aacutereas

ampliadas ndash uma aacuterea em cada ndash sendo as dimensotildees Praacuteticas Pedagoacutegicas e Avaliaccedilatildeo e a

Infraestrutura Fiacutesica e recursos pedagoacutegicos

Para a realizaccedilatildeo da implementaccedilatildeo do PAR eacute necessaacuterio seguir uma dinacircmica que

possui trecircs etapas o diagnoacutestico da realidade da educaccedilatildeo e a elaboraccedilatildeo do plano satildeo as

duas primeiras etapas sendo que ambos estatildeo na esfera do municiacutepioestado enquanto que a

terceira etapa eacute a anaacutelise teacutecnica realizada pela Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica do Ministeacuterio

da Educaccedilatildeo e pelo FNDE Depois da anaacutelise teacutecnica o municiacutepio assina um Termo de

Cooperaccedilatildeo com o MEC do qual constam os programas aprovados e classificados segundo a

prioridade municipal O quadro a seguir detalha como se daacute as formas de execuccedilatildeo do PAR

Quadro 5 Descriccedilatildeo das atribuiccedilotildees do MEC e do Municiacutepio na execuccedilatildeo do PAR municipal

Forma de Execuccedilatildeo Descriccedilatildeo

Assistecircncia teacutecnica do MEC

O MEC oferece apoio teacutecnico para a realizaccedilatildeo da sub-accedilatildeo

seja disponibilizando recursos materiais seja

disponibilizando vagas para formaccedilatildeo Eacute preciso ficar atento

para a contrapartida do municiacutepio Por exemplo quando o

MEC oferece vagas em cursos de formaccedilatildeo e material para

os cursistas a secretaria municipal de educaccedilatildeo deve

garantir a participaccedilatildeo dos gestores escolares ou

coordenadores pedagoacutegicos assumindo o transporte

93

alimentaccedilatildeo e hospedagem quando houver atividade fora do

municiacutepio

Assistecircncia financeira do

MEC

Ministeacuterio transfere recursos financeiros (transferecircncia

voluntaacuteria) para que a secretaria municipal de educaccedilatildeo

realize a sub-accedilatildeo

Financiamento do BNDES

(Banco Nacional de

Desenvolvimento Econocircmico

e Social)

O municiacutepio pode apresentar projetos de financiamento para

o BNDES nas seguintes aacutereas construccedilatildeo ampliaccedilatildeo

adequaccedilatildeo ou reforma da secretaria municipal de educaccedilatildeo

o mobiliaacuterio e equipamentos para a secretaria municipal de

educaccedilatildeo aquisiccedilatildeo de computadores portaacuteteis com

conteuacutedo pedagoacutegicos pelo Programa um Computador por

aluno a aquisiccedilatildeo de veiacuteculo apropriado para o transporte

escolar terrestre (ocircnibus) pelo Programa Caminho da

Escola

Executada pelo Municiacutepio Quando a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo eacute a responsaacutevel

pela implementaccedilatildeo da sub-accedilatildeo Fonte Brasil (2007)

Segundo o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo a elaboraccedilatildeo do PAR no acircmbito do municiacutepio deve

contar com a participaccedilatildeo dos gestores da educaccedilatildeo teacutecnicos e educadores locais que apoiados

em um diagnoacutestico da realidade escolar permitam-lhes a anaacutelise compartilhada da gestatildeo do

sistema educacional e a partir daiacute possam propor accedilotildees para a melhoria da qualidade da

educaccedilatildeo

Entretanto esse caso eacute um exemplo de descentralizaccedilatildeocentralizaccedilatildeo das tarefas pois

como se observa nesse movimento de implantaccedilatildeo do PAR existe a descentralizaccedilatildeo por parte

do MEC para que o municiacutepio no PAR pontue a sua realidade educacional a partir da discussatildeo

com as suas equipes locais mas deve seguir ldquoa cartilhardquo do planejamento elaborado pelo MEC

ndash o PAR ndash ou seja o municiacutepio segue como um mero executor da poliacutetica imposta pelo

PMCTE cabendo ao MEC o controle gerencial das accedilotildees desenvolvidas ou natildeo pelo municiacutepio

Ainda assim com o objetivo de auxiliar na implantaccedilatildeo do PAR o MEC tomou duas

providecircncias fez parceria com 17 universidades puacuteblicas e com o Centro de Estudos e

Pesquisas em Educaccedilatildeo e Cultura e Accedilatildeo Comunitaacuteria (CENPEC) para que essas instituiccedilotildees

auxiliem as prefeituras nas tarefas de diagnoacutestico e elaboraccedilatildeo dos planos e contratou uma

equipe de consultores que foi aos municiacutepios prioritaacuterios ndash aqueles com os mais baixos no

IDEB ndash para prestar assistecircncia teacutecnica local (FNDEPAR 2012) A ideia eacute conseguir mapear

a educaccedilatildeo no paiacutes para gerenciar

Nesse contexto de ldquocompartilhamentordquo a partir do ldquoRegime de Colaboraccedilatildeordquo a

assistecircncia teacutecnica e financeira aos programas e accedilotildees educacionais dos Estados Municiacutepios e

94

do Distrito Federal ficam sob a responsabilidade do MEC sendo que para isso os entes

federados devem assinar o Termo de Adesatildeo ao Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo e sob a

responsabilidade dos estados e dos municiacutepios a elaboraccedilatildeo de um Plano de Accedilotildees Articuladas

- PAR conforme Decreto da Presidecircncia da Repuacuteblica nordm 6094 de 24 de abril de 2007

Resoluccedilotildees nordm 29 de 20 de junho de 2007 e nordm 49 de 27 de setembro de 2007-FNDEMEC

No caso da transferecircncia de recursos o municiacutepio precisa assinar um convecircnio que eacute analisado

para aprovaccedilatildeo a cada ano (BRASIL 2013)

Para o preenchimento do PAR o MEC faz um documento que orienta os gestores

municipais de educaccedilatildeo a proceder o preenchimento no sistema SIMEC Os indicadores de cada

dimensatildeo no PAR satildeo pontuados de forma detalhada no Instrumento de Campo enviado pelo

MEC de acordo com situaccedilotildees variadas de cada realidade educacional local e correspondem a

quatro niacuteveis A metodologia adotada utiliza apenas criteacuterios de pontuaccedilatildeo entre 1 2 3 ou 4

As indicaccedilotildees descritas no Instrumento de Campo do MEC fazem parte de um diagnoacutestico e a

partir dele desenvolvem um conjunto de accedilotildees que servem de esteio para a elaboraccedilatildeo do PAR

local

A pontuaccedilatildeo 4 deve ser atribuiacuteda quando haacute uma situaccedilatildeo plenamente positiva natildeo

sendo permitidas ressalvas negativas no instrumento Jaacute a pontuaccedilatildeo 3 descreve uma situaccedilatildeo

satisfatoacuteria mas comporta ressalvas negativas desde que estas natildeo sejam do ponto de vista

quantitativo superiores aos aspectos positivos A pontuaccedilatildeo 2 descreve uma situaccedilatildeo

insuficiente e por isso aponta mais aspectos negativos do que positivos A pontuaccedilatildeo 1 deve

ser atribuiacuteda quando se defronta com uma situaccedilatildeo criacutetica ou seja haacute somente aspectos

negativos ou uma situaccedilatildeo inexistente Eacute possiacutevel tambeacutem atribuir a um dado indicador a

condiccedilatildeo de NSA (natildeo se aplica) quando a equipe local responsaacutevel pela elaboraccedilatildeo do PAR

depara-se com ausecircncia de informaccedilatildeo ou quando a descriccedilatildeo contida no Instrumento

encaminhado pelo MEC natildeo condiz com a realidade local (BRASIL 2008)

Quando algum indicador recebe a pontuaccedilatildeo 1 ou 2 o sistema gera de forma

automaacutetica uma mensagem de alerta indicando que a nota estaacute baixa Tal situaccedilatildeo requer

necessariamente o planejamento e cadastro imediato de accedilotildees com demandas claras a fim de

reverter a condiccedilatildeo negativa desse indicador Somente os indicadores que receberam a

pontuaccedilatildeo 1 e 2 podem gerar accedilotildees Tais accedilotildees podem contar com apoio financeiro eou teacutecnico

do MEC (BRASIL 2008 BRASIL 2009)

95

Quadro 6 Descriccedilatildeo dos documentos orientadores para elaboraccedilatildeo do PAR

Documento Descriccedilatildeo

Indicadores Demograacuteficos e

Educacionais (IDE)

Composto por um conjunto de tabelas que apresentam dados

demograacuteficos e educacionais para cada Municiacutepio Estado e

Distrito Federal Seu objetivo principal consiste em auxiliar

os entes federados a conhecerem melhor o perfil de suas

respectivas redes de ensino e populaccedilotildees As informaccedilotildees satildeo

populaccedilatildeo taxa de escolarizaccedilatildeo IDEB nuacutemero de escolas

de matriacuteculas de funccedilotildees docentes entre outros

Legislaccedilatildeo - Bases Legais

Alguns documentos que deveratildeo ser utilizados como

referecircncia o Plano Nacional de Educaccedilatildeo (PNE) os Planos

Estadual e Municipal de Educaccedilatildeo (quando houver) o Plano

de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo (PDE) do Ministeacuterio da

Educaccedilatildeo e o Decreto 6094 de 24 de abril de 2007 que

dispotildee sobre a implementaccedilatildeo do Plano de Metas

Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo As Resoluccedilotildees do

FNDE que estabelecem os criteacuterios os paracircmetros e os

procedimentos para a operacionalizaccedilatildeo da assistecircncia

financeira suplementar e voluntaacuteria a projetos educacionais

no acircmbito do Plano de Metas do PDE

Questotildees Pontuais

Como parte integrante do diagnoacutestico da situaccedilatildeo educacional

local o municiacutepio informa sobre itens que satildeo de grande

relevacircncia na construccedilatildeo da qualidade do ensino Esses itens

aparecem no sistema como ldquoQuestotildees Pontuaisrdquo em um total

de 15 questotildees

Fonte (BRASIL 2013)

Para a implantaccedilatildeo o monitoramento e a avaliaccedilatildeo do PAR nos estados e municiacutepios

as orientaccedilotildees estatildeo descritas nas resoluccedilotildees do FNDE nordm 29 e nordm 49 de 2007 que indicam a

possibilidade de consultoria disponibilizada pelo MEC e que o PAR seraacute elaborado em regime

de colaboraccedilatildeo com dirigentes e teacutecnicos dos entes da federaccedilatildeo aderentes configurando-se

base para a celebraccedilatildeo dos convecircnios de assistecircncia financeira a projetos educacionais pelo

FNDEMEC Tais documentos ainda observam que apoacutes concluiacuteda a accedilatildeo desenvolvida in loco

a equipe de consultores do MEC apresenta o PAR constituiacutedo dos seguintes itens a)

Diagnoacutestico do Contexto Educacional b) Accedilotildees a serem implementadas e os respectivos

resultados e c) metas a atingir para o desenvolvimento do IDEB

O Monitoramento da execuccedilatildeo do convecircnio e das metas fixadas na Adesatildeo ao

Compromisso seraacute feito com base em relatoacuterios teacutecnicos e visitas in loco A avaliaccedilatildeo do

cumprimento das metas de aceleraccedilatildeo do desenvolvimento da educaccedilatildeo constantes do Plano

96

de Accedilotildees Articuladas (PAR) dos municiacutepios brasileiros em niacutevel nacional seraacute realizada pelo

MEC sendo que essa avaliaccedilatildeo deveraacute ser composta por um projeto amplo envolvendo

parcerias com a Uniatildeo Nacional de Dirigentes Municipais de Educaccedilatildeo (UNDIME) Conselho

dos Secretaacuterios Estaduais de Educaccedilatildeo (CONSED) Uniatildeo Nacional dos Conselhos Municipais

de Educaccedilatildeo (UNCME) Foacuterum Nacional dos Conselhos Estaduais de Educaccedilatildeo Instituiccedilotildees

de Ensino Superior e outros oacutergatildeos de representaccedilatildeo ou entidades especializadas para este fim

Esse monitoramento ldquofaz parte da estrateacutegia de organizaccedilatildeo acompanhamento e

avaliaccedilatildeo das metas relacionadas ao apoio teacutecnico do MEC e das accedilotildees executadas diretamente

pelo municiacutepio bem como o traccedilado de novas estrateacutegiasrdquo (CAMINI p 543 2010) Em niacutevel

municipal o monitoramento eacute realizado pelo Comitecirc Local do Compromisso que eacute o

responsaacutevel pelo acompanhamento da execuccedilatildeo do PAR no municiacutepio Tal acompanhamento

requer o preenchimento das condiccedilotildees de desenvolvimento das accedilotildees diretamente no moacutedulo

teacutecnico-operacional no Sistema Integrado de Acompanhamento das Accedilotildees do MEC (SIMEC)

De acordo com Camini (2010) o relatoacuterio do monitoramento eacute tomado como base na

avaliaccedilatildeo dos progressos e das limitaccedilotildees da Uniatildeo e dos municiacutepios e eacute por assim dizer um

termocircmetro para anaacutelise e revisatildeo das accedilotildees propostas para atingir as metas do PAR Para o

MEC o monitoramento eacute parte do processo de planejamento pois possibilita o levantamento

de elementos que podem vir a subsidiar a reflexatildeo o debate e possiacuteveis mudanccedilas das

estrateacutegias de intervenccedilatildeo em torno da situaccedilatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio Dessa forma o

processo de acompanhamento e avaliaccedilatildeo do PAR

() revela-se necessaacuterio para a qualificaccedilatildeo de uma poliacutetica governamental Envolve

a ideia de controle social contribuindo inclusive para assegurar o melhor uso e

transparecircncia na aplicaccedilatildeo dos recursos educacionais Nesse sentido o

acompanhamento e a avaliaccedilatildeo satildeo entendidos como medidas para maior

responsabilizaccedilatildeo aprendizado accedilatildeo pedagoacutegica reafirmaccedilatildeo da poliacutetica puacuteblica

troca de informaccedilotildees fornecimento de orientaccedilotildees formaccedilatildeo permanente das equipes

e do Comitecirc Para isso destaca-se a importacircncia da articulaccedilatildeo dos foacuteruns jaacute

existentes (conselhos constituiacutedos) no sentido de superar limitaccedilotildees no seu

funcionamento as quais podem ser debitadas agrave falta de cultura de participaccedilatildeo

existente na sociedade em consequecircncia dos curtos periacuteodos de democracia

experimentados ateacute hoje no Brasil mas fundamentalmente resultam das praacuteticas de

gestatildeo autoritaacuterias e centralizadoras de poder (CAMINI 2010 p 544 grifos meus)

No caso de municiacutepios ou estados inadimplentes natildeo conseguirem cumprir com os

compromissos assumidos o MEC propotildee que sejam redimensionadas as accedilotildees com vistas a natildeo

comprometer os resultados do alcance das metas A autora chama a atenccedilatildeo para a participaccedilatildeo

dos conselhos de controle social que satildeo convocados no plano como metas a serem cumpridas

para dar transparecircncia e compartilhar as responsabilidades com a sociedade civil como forma

97

de consolidar a poliacutetica implantada sob o aval da sociedade Embora essa proposta de

participaccedilatildeo e democratizaccedilatildeo esteja permeada de accedilotildees gerenciais

231 A Dimensatildeo Gestatildeo Democraacutetica no Plano de Accedilotildees Articuladas

A Dimensatildeo Gestatildeo Educacional no Plano de Accedilotildees Articuladas estaacute presente nas duas

versotildees do PAR No PAR (1ordf versatildeo) a dimensatildeo 1 Gestatildeo Educacional estaacute dividida em cinco

aacutereas a saber (1) Gestatildeo democraacutetica articulaccedilatildeo e desenvolvimento dos sistemas de ensino

(2) Desenvolvimento da educaccedilatildeo baacutesica accedilotildees que visem agrave sua universalizaccedilatildeo agrave melhoria da

qualidade do ensino e da aprendizagem assegurando a equidade nas condiccedilotildees de acesso e

permanecircncia e conclusatildeo na idade adequada (3) Comunicaccedilatildeo com a sociedade (4) Suficiecircncia

e estabilidade da equipe escolar e (5) Gestatildeo de financcedilas Cada aacuterea estaacute desmembrada em

indicadores de atuaccedilatildeo

O quadro 7 apresenta um panorama geral da Dimensatildeo 1 (Gestatildeo Educacional) nas suas

5 Aacutereas e seus 20 Indicadores do 1ordm PAR

Quadro 7 - Dimensatildeo 1 Gestatildeo Educacional (1ordf versatildeo do PAR)

DIMENSAtildeO 1 GESTAtildeO EDUCACIONAL

Aacutereas Indicadores

1 Gestatildeo Democraacutetica

Articulaccedilatildeo e

Desenvolvimento dos

Sistemas de Ensino

1Existecircncia de Conselhos Escolares (CE)

2 Existecircncia composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho Municipal de

Educaccedilatildeo

3 Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar ndash

CAE

4 Existecircncia de Projeto Pedagoacutegico (PP) nas escolas e grau de

participaccedilatildeo dos professores e do CE na elaboraccedilatildeo dos mesmos

de orientaccedilatildeo da SME e de consideraccedilatildeo das especificidades de

cada escola

5 Criteacuterios para escolha da Direccedilatildeo Escolar

6 Existecircncia acompanhamento e avaliaccedilatildeo do Plano Municipal

de Educaccedilatildeo (PME) desenvolvido com base no Plano Nacional

de Educaccedilatildeo ndash PNE

7 Plano de Carreira para o magisteacuterio

8 Estaacutegio probatoacuterio efetivando os professores e outros

profissionais da educaccedilatildeo e

9 Plano de Carreira dos Profissionais de serviccedilo e apoio escolar

2 Desenvolvimento da

Educaccedilatildeo Baacutesica accedilotildees

que visem a sua

universalizaccedilatildeo a

melhoria das condiccedilotildees

de qualidade da

1 Implantaccedilatildeo e organizaccedilatildeo do Ensino Fundamental de 09

anos

2 Existecircncia de atividades no contraturno

3 Divulgaccedilatildeo e anaacutelise dos resultados das avaliaccedilotildees oficiais do

MEC

98

educaccedilatildeo assegurando a

equidade nas condiccedilotildees

de acesso e permanecircncia e

conclusatildeo na idade

adequada

3 Comunicaccedilatildeo com a

Sociedade

1 Existecircncia de parcerias externas para realizaccedilatildeo de atividades

complementares

2 Existecircncia de parcerias externas para execuccedilatildeoadoccedilatildeo de

metodologias especiacuteficas

3 Relaccedilatildeo com a comunidade Promoccedilatildeo de atividades e

utilizaccedilatildeo da escola como espaccedilo comunitaacuterio

4 Manutenccedilatildeo ou recuperaccedilatildeo de espaccedilos e equipamentos

puacuteblicos da cidade que podem ser utilizados pela comunidade

escolar

4 Suficiecircncia e

estabilidade da equipe

escolar

1 Quantidade de professores suficiente

2 Caacutelculo anualsemestral do nuacutemero de remoccedilotildees e

substituiccedilotildees de professores

5 Gestatildeo de Financcedilas

1 Cumprimento do dispositivo constitucional de

vinculaccedilatildeo dos recursos da educaccedilatildeo e

2 Aplicaccedilatildeo dos recursos de redistribuiccedilatildeo e

complementaccedilatildeo do FUNDEB

Total de aacutereas 05 Total de indicadores 20 Fonte PARBrasil (2007)

Jaacute na 2ordf versatildeo do PAR disposto no quadro 8 a Dimensatildeo 1 (Gestatildeo Educacional)

tambeacutem estaacute composta por 5 aacutereas e passa a ter 28 indicadores As aacutereas da dimensatildeo 1 satildeo as

seguintes (1) Gestatildeo democraacutetica articulaccedilatildeo e desenvolvimento dos sistemas de ensino (2)

Gestatildeo de Pessoas (3) Conhecimento e utilizaccedilatildeo de informaccedilatildeo (4) Gestatildeo de Financcedilas e (5)

Comunicaccedilatildeo e interaccedilatildeo com a sociedade

Quadro 8 - Dimensatildeo 1 Gestatildeo Educacional (2ordf versatildeo do PAR)

DIMENSAtildeO 1 GESTAtildeO EDUCACIONAL

Aacutereas Indicadores

1 Gestatildeo Democraacutetica

Articulaccedilatildeo e

Desenvolvimento dos

Sistemas de Ensino

1 Existecircncia acompanhamento e avaliaccedilatildeo do Plano

Municipal de Educaccedilatildeo (PME) desenvolvido com base no

PNE

2 Existecircncia composiccedilatildeo competecircncia e atuaccedilatildeo do CME

3 Existecircncia e funcionamento de Conselhos Escolares (CE)

4 Existecircncia de Projeto Pedagoacutegico (PP) nas escolas

inclusive nas de alfabetizaccedilatildeo de jovens e adultos (AJA) e de

EJA participaccedilatildeo dos professores e do conselho escolar na

sua elaboraccedilatildeo orientaccedilatildeo da secretaria municipal de

educaccedilatildeo e de consideraccedilatildeo das especificidades de cada

escola

5 Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho do FUNDEB

99

6 Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de Alimentaccedilatildeo

Escolar (CAE) e

7 Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromisso

2 Gestatildeo de Pessoas

1 Quadro de servidores da secretaria municipal de educaccedilatildeo

(SME)

2 Criteacuterios para a escolha de diretor escolar

3 Presenccedila de coordenadores ou supervisores pedagoacutegicos

nas escolas

4 Quadro de professores

5 Estaacutegio probatoacuterio efetivando os professores e outros

profissionais da educaccedilatildeo

6 Plano de carreira do magisteacuterio

7 Plano de carreiras dos profissionais de serviccedilo e apoio

escolar

8 Piso salarial nacional do professor e

9 Existecircncia de professores para o exerciacutecio da funccedilatildeo

docente no atendimento educacional especializado (AEE)

complementar ao ensino regular Existecircncia de professores

para o exerciacutecio da funccedilatildeo docente AEE complementar ao

ensino regular

3 Conhecimento e utilizaccedilatildeo

de informaccedilatildeo

1 Existecircncia de um sistema informatizado de gestatildeo escolar

que integre a rede municipal de ensino

2 Conhecimento da situaccedilatildeo das escolas da rede

3 Conhecimento e utilizaccedilatildeo de dados de analfabetismo e

escolaridade de jovens e adultos

4 Acompanhamento e registro da frequecircncia dos alunos

beneficiados pelo Programa Bolsa Famiacutelia (PBF)

5 Existecircncia e monitoramento do acesso e permanecircncia de

pessoas com deficiecircncia de 0 a 18 anos beneficiaacuterias do

Benefiacutecio da Prestaccedilatildeo Continuada (BPC) e

6 Formas de registro da frequecircncia

4 Gestatildeo de Financcedilas

1 Existecircncia de equipe gestora capacitada para o

gerenciamento dos recursos para a educaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo

do Sistema de Informaccedilotildees sobre Orccedilamentos Puacuteblicos

em Educaccedilatildeo (SIOPE) e

2 Cumprimento do dispositivo constitucional de

vinculaccedilatildeo dos recursos da educaccedilatildeo

3 Aplicaccedilatildeo dos recursos de redistribuiccedilatildeo e

complementaccedilatildeo do FUNDEB

5 Comunicaccedilatildeo e interaccedilatildeo

com a sociedade

1 Divulgaccedilatildeo e anaacutelise dos resultados das avaliaccedilotildees do

MEC

2 Existecircncia de parcerias externas para a realizaccedilatildeo de

atividades complementares que visem a formaccedilatildeo integral dos alunos e

3 Relaccedilatildeo com a comunidadepromoccedilatildeo de atividades e

utilizaccedilatildeo da escola como espaccedilo comunitaacuterio

Total de aacutereas 05 Total de indicadores 28 Fonte PARBrasil (2011)

100

As aacutereas e indicadores dessa dimensatildeo 1 (Gestatildeo Educacional) em muitos casos foram

alteradas de uma versatildeo para outra Faremos um recorte a respeito da aacuterea 1 (Gestatildeo

Democraacutetica) que eacute o principal objeto desse estudo

Analisando as duas versotildees observou-se uma diminuiccedilatildeo de indicadores na aacuterea 1

(Gestatildeo Democraacutetica) de 9 na 1ordf versatildeo para 7 na 2ordf versatildeo Dessa forma as alteraccedilotildees

revelaram na aacuterea 1 (Gestatildeo Democraacutetica) da 2ordf versatildeo a presenccedila de dois novos indicadores

o Conselho do FUNDEB e o Comitecirc Local do Compromisso que podem ajudar a fortalecer o

Controle Social Ainda foi observado o remanejamento de 4 indicadores da aacuterea 1 (Gestatildeo

Democraacutetica) da 1ordf versatildeo para a aacuterea 2 (Gestatildeo de Pessoas) da 2ordf versatildeo do PAR sendo eles

Criteacuterios para escolha da Direccedilatildeo Escolar Plano de Carreira para o magisteacuterio Estaacutegio

probatoacuterio efetivando os professores e outros profissionais da educaccedilatildeo e Plano de Carreira

dos Profissionais de serviccedilo e apoio escolar

A aacuterea da Gestatildeo Democraacutetica observada a intenccedilatildeo de cada indicador remete-nos agrave

compreensatildeo da necessidade da construccedilatildeo de processos formativos de participaccedilatildeo da

sociedade civil nos processos de compartilhamento de poder e na conquista da autonomia na

tomada de decisotildees em relaccedilatildeo a educaccedilatildeo Para isso eacute necessaacuterio a iniciativa implantaccedilatildeo e

funcionamento dos conselhos de controle social para que atinja os objetivos o qual se propotildee

Nesse sentido o MEC (2011) sugere uma que ldquoequipe localrdquo seja composta pelas

pessoas que elaboram implementam e monitoram a execuccedilatildeo do PAR enquanto o ldquocomitecirc

localrdquo fica encarregado da mobilizaccedilatildeo da sociedade e do acompanhamento das metas de

evoluccedilatildeo do IDEB A equipe teacutecnica local deve entatildeo proceder o diagnoacutestico atribuindo as

pontuaccedilotildees com base nos documentos orientados pelo MEC e de acordo com a realidade

educacional local

Segundo o MEC (2013) a ldquoEquipe Localrdquo e o ldquoComitecirc Localrdquo satildeo experiecircncias de

participaccedilatildeo democraacutetica que orientam e fortalecem a gestatildeo da educaccedilatildeo baacutesica puacuteblica em

cada municiacutepio brasileiro constituindo-se num aprendizado coletivo dos processos decisoacuterios

a serem enfrentados pela populaccedilatildeo Vale ressaltar que a equipe local natildeo deve ser confundida

com o comitecirc local O ideal eacute que a ldquoequipe localrdquo e ldquocomitecirc localrdquo sejam compostos por

membros distintos com exceccedilatildeo do (a) dirigente municipal de educaccedilatildeo que iraacute compor ambos

O municiacutepio pode convidar os segmentos da sociedade que considerar importantes e todos os

membros da equipe devem participar ativamente do planejamento frisando-se que uma equipe

local para elaboraccedilatildeo do PAR natildeo poderaacute ser composta por somente duas pessoas (MEC 2011)

A Equipe Local pode contemplar a presenccedila dos seguintes segmentos dirigente

municipal de educaccedilatildeo teacutecnicos da secretaria municipal de educaccedilatildeo representante dos

101

diretores de escola representante dos professores da zona urbana representante dos professores

da zona rural representante dos coordenadores ou supervisores escolares representante do

quadro teacutecnico-administrativo das escolas representante dos conselhos escolares e

representante do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (quando houver) O municiacutepio pode

convidar outros segmentos que considerar importante e todos os membros da equipe devem

participar ativamente do planejamento

O Comitecirc Local tem um papel essencialmente mobilizador e de acompanhamento das

accedilotildees e das metas sendo sua composiccedilatildeo ampliada para aleacutem das organizaccedilotildees educacionais

Para a participaccedilatildeo no comitecirc recomenda-se oacutergatildeos e entidades que compotildeem a sociedade civil

tais como o Ministeacuterio Puacuteblico os sindicatos a Cacircmara Municipal as associaccedilotildees de

moradores as ONGs os Conselhos as Igrejas e a populaccedilatildeo em geral Do ponto de vista

administrativo para a constituiccedilatildeo da Equipe Local natildeo eacute necessaacuterio um ato legal com

publicaccedilatildeo de portaria no Diaacuterio Oficial do municiacutepio Contudo para a criaccedilatildeo do Comitecirc Local

do Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo sua instituiccedilatildeo e composiccedilatildeo devem ser feitos por meio

de ato legal publicado no Diaacuterio Oficial do municiacutepio (MEC 2013) Natildeo se deve portanto

confundi-lo com a equipe local

Finalmente apoacutes a apresentaccedilatildeo desse capiacutetulo que tratou de instrumentalizar o

funcionamento do PAR a partir da compreensatildeo da poliacutetica educacional que o concebeu

enfatizadas no Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo e no Plano de Metas Compromisso

Todos pela Educaccedilatildeo far-se-aacute um estudo especiacutefico na rede municipal de educaccedilatildeo de Santana-

Amapaacute no qual seis indicadores da aacuterea gestatildeo democraacutetica foram definidos com o objetivo de

analisar as implicaccedilotildees do 1ordm e do 2ordm PAR para a gestatildeo educacional no municiacutepio O proacuteximo

capiacutetulo se ocuparaacute de analisar tais indicadores

102

3 A GESTAtildeO EDUCACIONAL NO CONTEXTO DO PLANO DE ACcedilOtildeES

ARTICULADAS NO MUNICIacutePIO DE SANTANAAMAPAacute

A anaacutelise das implicaccedilotildees do PAR para a poliacutetica de gestatildeo educacional no municiacutepio

de Santana natildeo pode prescindir de uma anaacutelise preliminar das condiccedilotildees concretas em que se

desenvolve tal poliacutetica Nesta perspectiva o presente capiacutetulo traz primeiramente uma

abordagem do contexto histoacuterico social econocircmico e educacional do municiacutepio de Santana no

Amapaacute Em seguida apresentamos as condiccedilotildees materiais que poderatildeo viabilizar a efetivaccedilatildeo

da poliacutetica educacional ou seja a gestatildeo educacional e como parte dessa gestatildeo o

financiamento da educaccedilatildeo Apresentaremos tambeacutem as anaacutelises dos indicadores de gestatildeo

democraacutetica presentes no municiacutepio e definidos na metodologia da pesquisa sendo eles

Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar Conselho Escolar Conselho Municipal de Educaccedilatildeo

Conselho do FUNDEB Comitecirc Local do Compromisso Sindicato e Gestores da rede municipal

de ensino de Santana sobre as implicaccedilotildees do Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) para a gestatildeo

da educaccedilatildeo a partir do diagnoacutestico educacional dos indicadores

31 CONTEXTO HISTOacuteRICO ASPECTOS SOCIOECONOcircMICO E DADOS GERAIS DO

MUNICIacutePIO DE SANTANA ndash AMAPAacute

Figura 01 Vista do municiacutepio de Santana-Amapaacute

Fonte memorial-stnblogspotcombr (consultado em maio de 2015)

103

311 Santana cidade portuaacuteria do Amapaacute

A histoacuteria do municiacutepio de Santana no Estado do Amapaacute em muitos aspectos

aproxima-se do que ocorrera com a capital do estado o municiacutepio de Macapaacute no sentido de

que quando o governador do Estado do Gratildeo-Paraacute e Maranhatildeo (capitatildeo-general Mendonccedila

Furtado) fundou a vila de Satildeo Joseacute de Macapaacute no dia 4 de fevereiro de 1758 prosseguiu viagem

para a capitania de Satildeo Joseacute do Rio Negro e deparou-se com a ilha de Santana situada agrave

margem esquerda do rio Amazonas elevando-a agrave categoria de povoado

Os primeiros habitantes eram moradores de origem europeia principalmente

portugueses mesticcedilos vindos do Paraacute e iacutendios da naccedilatildeo tucujus Estes uacuteltimos vindos de

aldeamentos originaacuterios do rio Negro eram chefiados por Francisco Portilho de Melo que fugia

das autoridades fiscais paraenses em decorrecircncia de estar atuando no comeacutercio clandestino

Francisco Portilho de Melo foi o primeiro desbravador da ilha de Santana aleacutem de foragido da

lei era um escravocrata e portanto exigia respeito das tribos que dominava Apesar de ser

por muito tempo perseguido pelas autoridades lusitanas Portilho recebia apoio dos mercados

de Beleacutem logicamente interessados no traacutefico de matildeo-de-obra nativa Aproveitando-se disto ndash

e da viagem de demarcaccedilatildeo e estabelecimento da capitania do Rio Negro realizada por

Mendonccedila Furtado (1758) ndash e ao mesmo tempo tentando melhorar sua imagem resolveu

cooperar com Mendonccedila Furtado (governador do Gratildeo-Paraacute e Maranhatildeo) dando-lhe

informaccedilotildees preciosas sobre a Amazocircnia que ele tatildeo bem conhecia

De sua alianccedila com Mendonccedila Furtado obteve o tiacutetulo de Capitatildeo e Diretor do povoado

de Santana Em troca teria de remanejar aproximadamente quinhentos silviacutecolas mais

conhecidos por tucuju com matildeo-de-obra escrava e barata para a construccedilatildeo da Fortaleza de Satildeo

Joseacute de Macapaacute que estavam na eacutepoca sob sua guarda e chefia Em caso contraacuterio teria que

importar da Europa a custos altiacutessimos Com esse acordo o governador do Estado do Gratildeo-

Paraacute e Maranhatildeo deu continuidade ao projeto de construccedilatildeo da Fortaleza de Satildeo Joseacute de Macapaacute

e ampliou a produccedilatildeo agriacutecola Este fato provocou bastante insatisfaccedilatildeo por parte dos iacutendios

que tiveram de se afastar de seu habitat natural e enfrentar condiccedilotildees bastante prejudiciais a sua

vida e a sua cultura

Concentrando-se na ilha de Santana Portilho de Melo conviveu com a reduccedilatildeo bastante

acentuada da forccedila de trabalho Muitos iacutendios fugiram esconderam-se ou simplesmente

desapareceram outros morreram em consequecircncia dos maus-tratos e doenccedilas tropicais

104

Figura 02 Monumento em homenagem a Santa Ana na entrada do municiacutepio

Fonte memorial-stnblogspotcombr (consultado em maio de 2015)

Fonte Foto extraiacuteda do site httpwwwcidade-brasilcombrmunicipio-santanahtml

O nome ldquoSantanardquo eacute uma homenagem a Nossa Senhora de SantrsquoAna de quem os

europeus e seus descendentes entre eles Francisco Portilho eram devotos

Santana foi elevado agrave categoria de municiacutepio atraveacutes do Decreto-Lei Nordm 7369 de 17 de

dezembro de 1987 Haroldo da Silva Oliveira era o agente distrital de Santana no periacuteodo junho

de 1986 a 07 de julho de 1988 O municiacutepio de Santana teve o seu primeiro prefeito nomeado

com mandato de 8 de julho a 31 de dezembro de 1988 Apoacutes as eleiccedilotildees que ocorreram ainda

em 1988 o prefeito eleito Rosemiro Rocha Freires pelo voto direto tomou posse para o

mandato para o periacuteodo de (1989-1992)

O municiacutepio de Santana tem atualmente como prefeito o Sr Robson Santana Rocha Freires

(2013-2016) do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) que durante a eleiccedilatildeo em 2012 coligou com o

Partido dos Democratas (DEM) e obteve 4178 sendo o 7ordm prefeito de Santana O atual prefeito

Robson Rocha eacute filho do primeiro prefeito eleito do municiacutepio de Santana que governou Santana

por dois mandatos o Sr Rosemiro Rocha Freires41 eacute tambeacutem irmatildeo da deputada estadual Elizamira

do Socorro Arraes Freires (Mira Rocha) eleita em 2015 para o terceiro mandato42

41O Sr Rosemiro Rocha Freires foi eleito para governar o municiacutepio de Santana nos periacuteodos (1989-1992) e (2001-2004)

No municiacutepio de Santana nessa eacutepoca natildeo havia reeleiccedilatildeo E nos periacuteodos entre (1993-1996) e (1997-2000) que natildeo

podia ser reeleito o Sr Rosemiro Rocha Freires foi deputado estadual (SANTANA 2016) 42Mira Rocha foi eleita como deputada estadual nas legislaturas V (2007-2011) VI (2011-2015) e VII (2015-

2019) (ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO AMAPAacute 2016)

105

312 Santana Localizaccedilatildeo e condiccedilotildees geograacuteficas

O municiacutepio de Santana fica a 16 km de Macapaacute capital do Estado com quem faz uma

conurbaccedilatildeo formando a Regiatildeo Metropolitana de Macapaacute Localiza-se no sul do Estado faz

limites com os municiacutepios de Macapaacute Mazagatildeo e Porto Grande A sede ndash Santana ndash fica agraves

margens do lado esquerdo do Rio Amazonas43 com uma aacuterea de 159970 km2 possui ainda

em 2009 as seguintes comunidades e distritos Ilha de Santana Igarapeacute da Fortaleza Igarapeacute

do Lago Anauerapucu Piaccedilacaacute e Pirativa

Dadas as condiccedilotildees geograacuteficas adequadas ao escoamento industrial e comercial via

fluvial foi escolhido o Canal Norte do Rio Amazonas que pela sua profundidade propicia faacutecil

navegabilidade aos navios de grande calado e por se tratar de uma cidade portuaacuteria foi

construiacutedo em Santana um cais flutuante que acompanha o movimento das mareacutes pela sua

profundidade e faacutecil navegabilidade permitindo assim o acesso de navios cargueiros de grande

porte

Figura 03 Localizaccedilatildeo do municiacutepio de Santana no Figura 04 Localizaccedilatildeo Estrateacutegica do Porto

Estado do Amapaacute para a exportaccedilatildeo para outros paiacuteses

As imagens acima demonstram a localizaccedilatildeo do municiacutepio de Santana e do Porto de

Santana bem como o seu faacutecil acesso ao canal norte e ao oceano atlacircntico para a importaccedilatildeo e

43 O Rio Amazonas eacute o maior rio em volume de aacutegua do mundo com 6516 km de comprimento nasce nos Andes

Peruanos e percorre pela floresta amazocircnica na Regiatildeo Norte do Brasil o Rio Amazonas tem um quinto do

suprimento de aacutegua doce do mundo

106

exportaccedilatildeo de mercadorias para paiacuteses industrializados do Ocidente e Oriente como a Europa

Estados Unidos e Japatildeo

Como atraccedilotildees turiacutesticas no municiacutepio satildeo conhecidas o porto de embarque e desembarque

de produtos importados cavacos de pinho e a ilha de Santana esta fica do outro lado da cidade que

tem inclusive alguns balneaacuterios agrave margem dos rios bastante frequentados aos finais de semana Haacute

em Santana vaacuterios rios e Igarapeacutes os rios mais importantes satildeo Amazonas Matapi Maruanum

Tributaacuterio Piassacaacute Vila Nova Igarapeacute do Lago e Igarapeacute da Fortaleza

313 A exportaccedilatildeo de mineacuterios da Amazocircnia Amapaense

Com a descoberta das jazidas de manganecircs no municiacutepio de Serra do Navio-AP pelo

caboclo Maacuterio Cruz e posteriormente a abertura de concorrecircncia puacuteblica para a concessatildeo de

exploraccedilatildeo de mineacuterio em que saiu vitoriosa a Induacutestria e Comeacutercio de Mineacuterios (ICOMI) para

explorar o mineacuterio por cinquenta anos (1947-1997) Serra do Navio e Santana experimentaram

um crescimento populacional significativo com a instalaccedilatildeo da empresa ICOMI para a

exploraccedilatildeo de manganecircs em Serra do Navio e a construccedilatildeo do Porto em Santana para a sua

exportaccedilatildeo

O relatoacuterio do Observatoacuterio Nacional sobre a ICOMI no Amapaacute (2003) afirmou acerca

do manganecircs que tratava-se de um mineral relativamente escasso e naquela eacutepoca foram

estabelecidas contrapartidas do setor privado pela exploraccedilatildeo daquela mina A perspectiva de

operaccedilatildeo da empresa e os termos do arrendamento eram apontados no discurso oficial e de

amplos setores da sociedade como fundamentais para o desenvolvimento do Amapaacute

(OBSERVATOacuteRIO NACIOCIAL 2003)

Por outro lado Luxemburgo (1988) revela que as empresas capitalistas principalmente

as multinacionais especialmente na virada do seacuteculo XIX para o seacuteculo XX quando a

acumulaccedilatildeo de capital expandiu-se buscaram cada vez mais as mateacuterias-primas como base

material da mais-valia Para a autora eacute nas sociedades que ela conceitua de economia natural

que se encontra em maior quantidade essa base material das forccedilas produtivas ldquoEacute o caso por

exemplo da terra com suas riquezas minerais seus prados bosques e forccedilas hidraacuteulicas enfim

dos rebanhos dos povos primitivos dedicados ao pastoreiordquo (1988 p 319) Eacute o caso que temos

observado da realidade saqueada natildeo soacute do Amapaacute mas de toda a Amazocircnia por empresas

estrangeiras

107

Dessa forma os acordos poliacuteticos e mercadoloacutegicos levavam agraves concessotildees em que

tinham como objetivo principal atender as necessidades operacionais do mercado No contrato

de concessatildeo e em sucessivos outros contratos firmados estava aleacutem do direito a exploraccedilatildeo

pela empresa a construccedilatildeo de um porto em Santana uma ferrovia de 200 km de extensatildeo que

ligasse Santana a Serra do Navio (ICOMI 1960)

Com a Guerra Fria44 a Uniatildeo Sovieacutetica bloqueou a exportaccedilatildeo de manganecircs para os

Estados Unidos E a reserva de mineacuterios no Amapaacute passou a ser vista como estrateacutegica para os

americanos Poreacutem alguns entraves de infraestrutura como acesso as minas e a exportaccedilatildeo

foram identificados e seria necessaacuterio um investimento muito alto de recursos que dificilmente

fosse encontrado no Brasil

A proacutepria presidecircncia da repuacuteblica entatildeo ocupada por Getuacutelio Vargas a propoacutesito da

obtenccedilatildeo de financiamento para a ICOMI declarava em 1953 que o projeto era

ldquoeconomicamente vantajoso do ponto de vista nacionalrdquo (ICOMI 1972 2) tanto que o

Congresso Nacional autorizou o governo federal a dar garantia do Tesouro Nacional a

empreacutestimo ateacute o montante principal de 35 milhotildees de doacutelares americanos ndash em valores de 1953

mdash a ser contraiacutedo pela ICOMI no International Bank for Reconstruction and Devellopment

(OBSERVATOacuteRIO NACIONAL 2003) O creacutedito colocado agrave disposiccedilatildeo da empresa ateacute o

limite de US$ 675 milhotildees mdash em valores de 1953 mdash foi superior ao que a empresa necessitava

para atender agraves despesas com a instalaccedilatildeo do projeto Tanto que natildeo utilizou a totalidade dos

recursos que lhes foram disponibilizados pelo banco deles sacou natildeo mais do que US$ 55

milhotildees em valores da eacutepoca (ICOMI 1968 p 5)

44 A Guerra Fria que teve seu iniacutecio logo apoacutes a Segunda Guerra Mundial (1945) e a extinccedilatildeo da Uniatildeo Sovieacutetica

(1991) eacute a designaccedilatildeo atribuiacuteda ao periacuteodo histoacuterico de disputas estrateacutegicas e conflitos indiretos entre os Estados

Unidos e a Uniatildeo Sovieacutetica disputando a hegemonia poliacutetica econocircmica e militar no mundo Disponiacutevel em

httpwwwsohistoriacombref2guerrafria

108

Figura 05 Porto de Santana para importaccedilatildeo e exportaccedilatildeo

Fonte memorial-stnblogspotcombr (consultado em maio de 2015)

Com a construccedilatildeo do Porto no braccedilo norte do Rio Amazonas em Santana no ano de 1956

e inauguraccedilatildeo em 1957 pela empresa ICOMI SA hoje conhecido como Porto de Santana45 em

frente agrave ilha de Santana gerando subempregos atraindo pessoas de vaacuterias partes do paiacutes sob

possibilidade de ganhos e incentivando o comeacutercio local tudo isso tinha um objetivo a chamada

Acumulaccedilatildeo Primitiva que se realizou sobre as diversas colocircnias dominadas pelas naccedilotildees

imperialistas europeias e foi direcionada no sentido de reforccedilar a exportaccedilatildeo das mateacuterias-

primas necessaacuterias agrave acumulaccedilatildeo de capital (LUXEMBRUGO 1988)

O Porto46 instalado e funcionando embarca 1200 toneladas de mineacuterio por hora e tem

atracado mais de 50 navios por ano em busca de manganecircs muito utilizado para artefatos

manufaturados presentes no nosso dia-a-dia

Como a matildeo-de-obra no estado ainda era pouco qualificada foi necessaacuterio trazer pessoas

de fora bem como alojar os funcionaacuterios da empresa em tracircnsito Serra do NavioSantanaSerra

do Navio para isso a ICOMI construiu um nuacutecleo habitacional de trabalhadores em Santana

ainda nos anos de 1950 a conhecida Vila Amazonas A empresa preparou toda a infraestrutura

45 O porto eacute administrado pela Companhia Docas de Santana minus CDSA desde 2002 e eacute vinculada agrave Prefeitura

Municipal de Santana Estaacute localizado na margem esquerda do rio Amazonas no canal de Santana em frente agrave

ilha de mesmo nome a 18 km da cidade de Macapaacute capital do Estado do Amapaacute 46 Esse cais flutuante usado como um terminal privado da mineradora Anglo foi destruiacutedo por um deslizamento e

afundou em marccedilo de 2013 cuja infraestrutura do porto era utilizada para o carregamento do mineacuterio

109

de saneamento baacutesico um hospital um clube recreativo escola e supermercado para oferecer

melhores condiccedilotildees de moradia aos seus operaacuterios (ICOMI 1960)

A principal finalidade da ferrovia Santana-Serra do Navio era transportar os operaacuterios e

escoar o carregamento de mineacuterio em virtude da inviabilidade do transporte por via mariacutetima

Com o iniacutecio das obras da ferrovia SantanaSerra do Navio para dar vazatildeo agrave exportaccedilatildeo dos

mineacuterios de ferro o Estado cresceu e a sua populaccedilatildeo tambeacutem gerou empregos e parecia estar

vivendo o mais alto niacutevel de desenvolvimento da sua histoacuteria

Figura 06 Ferrovia que liga Santana a Serra do Navio para o transporte de mineacuterios

Fonte memorial-stnblogspotcombr (consultado em maio de 2015)

No decorrer dos anos a ICOMI promoveu uma evoluccedilatildeo progressiva econocircmica e

social no Territoacuterio Federal do Amapaacute pois antes da sua chegada ao Amapaacute havia poucos

habitantes e a economia baseava-se no cultivo de subsistecircncia extrativismo madeireiro e

pequeno comeacutercio Outra empresa a Brumasa Madeiras SA induacutestria de compensado ligada

ao grupo Caemi mineraccedilatildeo foi instalada nos anos de 1960 em Santana provocando a criaccedilatildeo

de outro porto para a cidade destinado ao embarque de pinho para exportaccedilatildeo e desembarque

de navios contendo produtos importados Eacute tambeacutem em Santana que se localiza o Distrito

Industrial do Amapaacute agrave margem esquerda do rio Matapi afluente do rio Amazonas

Com o iniacutecio do esgotamento das jazidas manganiacuteferas e com o fim das operaccedilotildees da

empresa ICOMI em 1997 que era muito importante para a economia do ex-territoacuterio restaram

os problemas sociais deixados pela saiacuteda da empresa no Amapaacute desemprego danos ambientais

contaminaccedilatildeo de lenccediloacuteis freaacuteticos na aacuterea do porto da ICOMI em Santana como tambeacutem de

cursos drsquoaacutegua nas proximidades daquela aacuterea contaminaccedilatildeo por arsecircnio em pessoas residentes

110

na Vila do Elesbatildeo proacuteximo ao porto o sucateamento da induacutestria no Amapaacute e o abandono das

aacutereas exploradas por quase 50 anos (OBSERVATOacuteRIO NACIONAL 2003)

Entatildeo em 1991 os poliacuteticos amapaenses buscavam alternativas econocircmicas para o

comeacutercio do Amapaacute e articularam junto ao Governo Federal a implantaccedilatildeo da aacuterea de livre

comeacutercio de Macapaacute e Santana no intuito de impedir que a economia do Estado estagnasse

Por outro lado a implantaccedilatildeo da aacuterea de livre comeacutercio de Macapaacute e Santana instigou o

crescimento populacional de todo o Estado O resultado deste superpovoamento provocou um

processo de urbanizaccedilatildeo desordenada com consequentes problemas sociais

Segundo o Relatoacuterio da Superintendecircncia da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA) de

2014 a economia do municiacutepio de Santana eacute baseada em serviccedilos induacutestria agropecuaacuteria

Apresenta a relaccedilatildeo de 178 empresas cadastradas na Suframa das quais a atividade comercial

representa 91 seguidas de serviccedilos e induacutestria sem projeto ambas com 793 de

participaccedilatildeo

Santana manteacutem sob o seu domiacutenio o Distrito Industrial do Amapaacute cujo parque tem sofrido

progressivamente constantes alteraccedilotildees com a saiacuteda de empresas como a ICOMI e mais

recentemente a faacutebrica da Coca-Cola entretanto haacute indiacutecios da chegada de trecircs novas faacutebricas ldquoduas

satildeo de raccedilatildeo e uma de cimentordquo (NAFES 2016 p 1) Laacute funcionam as empresas Floacuterida e Equador

com faacutebricas de palmitos de accedilaiacute ISA Peixe (induacutestria de pescados) CIMACER (faacutebrica de tijolos)

FACEPA (que trabalha na reciclagem de papel) CHAMPION (responsaacutevel pela plantaccedilatildeo de

pinho) dentre outras a Aacuterea de Livre Comeacutercio de Macapaacute e Santana ndash ALCMS ajuda a fazer a

vida econocircmica do municiacutepio embora haacute pontos negativos que impedem a fixaccedilatildeo de empresas no

Amapaacute como a dificuldade de transporte fluvial as peacutessimas condiccedilotildees do Porto as frequentes faltas

de energia internet de peacutessima qualidade Os funcionaacuterios do serviccedilo puacuteblico satildeo os que recebem as

maiores remuneraccedilotildees movimentando o comeacutercio

314 Aspectos gerais do municiacutepio de Santana

Segundo o censo realizado pelo Programa das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento

(PNUD) em 2013 o Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) da populaccedilatildeo Santanense foi

0692 o que tem ocupado o 3ordm lugar no ranking do Estado do Amapaacute ficando atraacutes dos municiacutepios

de Macapaacute com 0733 e Serra do Navio 0709 o que de acordo com os padrotildees do PNUD eacute

considerado alto E no total dos municiacutepios brasileiros ocupa a 2134ordf posiccedilatildeo

111

Tabela 06 ndash Santana IDHM e seus componentes nas uacuteltimas duas deacutecadas

COMPONENTES 1991 2000 2010

IDHM da Educaccedilatildeo 0203 0408 0638

de 5 a 6 anos na escola 2363 5881 8266

de 11 a 13 anos nos anos finais do fundamental

regular seriado ou com fundamental completo

3055 5503 8275

de 18 a 20 anos com meacutedio completo 690 1831 382

de 15 a 17 anos com fundamental completo 1407 3174 6121

de 18 anos ou mais com fundamental completo 2371 4041 5932

RENDA 0575 0597 0654

Renda per capita (em R$) 28703 32883 46924

LONGEVIDADE 0662 0728 0794

Esperanccedila de vida ao nascer (em anos) 6474 6868 7265

IDHM 0426 0562 0692

Fonte PNUD (2013)

As informaccedilotildees da tabela acima revelam que o componente da Educaccedilatildeo foi o que mais

evoluiu e se desenvolveu no periacuteodo de 1991 a 2010 O IDHM que era de 0562 em 2000 passou

para 0692 em 2010 - uma taxa de crescimento de 231 o que eacute considerada meacutedia pelo

PNUD A distacircncia entre o IDHM do municiacutepio e o limite maacuteximo do iacutendice que eacute 1 foi

reduzido em 7032 entre 2000 e 2010 Nesse periacuteodo a dimensatildeo cujo iacutendice mais cresceu

em termos absolutos foi Educaccedilatildeo (com crescimento de 0230) seguida por Longevidade e por

Renda

No que se refere aos dados gerais dos 16 municiacutepios do Estado do Amapaacute na tabela 07

podemos fazer uma comparaccedilatildeo de Santana em relaccedilatildeo aos demais municiacutepios

Tabela 07 ndash Santana Dados gerais em relaccedilatildeo aos municiacutepios do Estado do Amapaacute - 2010

Municiacutepio Populaccedilatildeo

2010

Aacuterea

territorial

Densidade

demograacutef

PIB

(mil)

Part PIB

Estado

Amapaacute 8069 12 916786 09 106494 102

Calccediloene 9000 133 1423132 06 149671 156

Cutias 4696 070 210907 22 75476 072

Ferreira Gomes 5802 086 496950 12 122276 117

Itaubal 4265 064 162285 25 49147 050

Laranjal do Jari 39942 596 3097190 13 466827 452

Macapaacute 398204 595 650212 621 6453597 614

Mazagatildeo 17032 254 1313098 13 176336 169

Oiapoque 20509 306 2262529 09 290832 279

Pedra Branca do

Amapari 10772 160 956292 11 269988 266

Porto Grande 16809 251 445342 38 226635 220

112

Pracuuacuteba 3793 056 495059 08 50290 055

Santana 101262 1517 156940 641 1594983 1538

Serra do Navio 4380 065 772079 06 101175 097

Tartarugalzinho 12563 187 675762 19 147649 145

Vitoacuteria do Jari 12428 185 248289 50 138163 143

Total 669526 100 14282852 - 10419539 100

Fonte IBGECidades (2015)

Os municiacutepios em que se concentra a maior populaccedilatildeo satildeo os que compotildeem a Regiatildeo

Metropolitana a capital Macapaacute e Santana que juntas tem 7467 da populaccedilatildeo do Estado

Santana corresponde a 1517 do total de habitantes eacute o segundo municiacutepio mais populoso do

Estado com 101262 habitantes A populaccedilatildeo dos outros 14 municiacutepios juntos possui 2533

ou seja um quarto da populaccedilatildeo total do estado

No que diz respeito ao Produto Interno Bruto (PIB) os dados da tabela 07 mostram que

o municiacutepio de Santana em 2010 apresentou significativa participaccedilatildeo na economia do Estado

sendo responsaacutevel por 1538 do PIB o segundo que mais contribuiu com a economia do

Estado do Amapaacute

Os dados relativos ao municiacutepio de Santana satildeo de difiacutecil acesso por natildeo haver uma

historicidade organizaccedilatildeo consolidaccedilatildeo transparecircncia e publicidade desses dados no site da

prefeitura ou mesmo em literaturas especiacuteficas sobre o municiacutepio Em grande parte os dados

publicados encontrados satildeo relativos ao Porto de Santana e a exportaccedilatildeo dos mineacuterios

Historicizar e analisar a gestatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana a partir das poliacuteticas

educacionais implantadas natildeo tecircm sido tarefa faacutecil eacute o que tentaremos desenvolver no proacuteximo

item desse estudo

32 A POLIacuteTICA EDUCACIONAL DA REDE MUNICIPAL DE EDUCACcedilAtildeO DE

SANTANAAP

A poliacutetica de educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana-Amapaacute se baseia na Constituiccedilatildeo

Federal de 1988 na Constituiccedilatildeo do Estado do Amapaacute de 1991 (atualizada ateacute a Emenda

Constitucional nordm 0044 2009) na Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional de 1996 Lei

Orgacircnica do Municiacutepio de Santana de 2002 Lei do Sistema Municipal de Ensino de 2002 o

Plano Municipal de Educaccedilatildeo e o Plano de Carreiras da Educaccedilatildeo do Municiacutepio de Santana e

outras leis especiacuteficas Eacute notoacuterio observar durante a leitura dos documentos legais do municiacutepio

113

de Santana a reproduccedilatildeo da legislaccedilatildeo federal e estadual no municiacutepio seguindo a risca as

orientaccedilotildees das leis superiores

A Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional Nordm 9394 de 20 de dezembro de 1996

dispotildee sobre os deveres que os municiacutepios possuem em relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo nestes termos o

art 11 aponta que os municiacutepios incumbir-se-atildeo de

I - organizar manter e desenvolver os oacutergatildeos e instituiccedilotildees oficiais dos seus sistemas

de ensino integrando-os agraves poliacuteticas e planos educacionais da Uniatildeo e dos Estados

II - exercer accedilatildeo redistributiva em relaccedilatildeo agraves suas escolas

III - baixar normas complementares para o seu sistema de ensino

IV - autorizar credenciar e supervisionar os estabelecimentos do seu sistema de

ensino

V - oferecer a educaccedilatildeo infantil em creches e preacute-escolas e com prioridade o ensino

fundamental permitida agrave atuaccedilatildeo em outros niacuteveis de ensino somente quando

estiverem atendidas plenamente as necessidades de sua aacuterea de competecircncia e com

recursos acima dos percentuais miacutenimos vinculados pela Constituiccedilatildeo Federal agrave

manutenccedilatildeo e desenvolvimento do ensino

VI - assumir o transporte escolar dos alunos da rede municipal (Incluiacutedo pela Lei nordm

10709 de 3172003)

Paraacutegrafo uacutenico Os Municiacutepios poderatildeo optar ainda por se integrar ao sistema

estadual de ensino ou compor com ele um sistema uacutenico de educaccedilatildeo baacutesica (BRASIL

1996)

De acordo com a LDB o municiacutepio tem a incumbecircncia de oferecer a educaccedilatildeo infantil

e com prioridade o ensino fundamental da mesma forma eacute enfatizada na Lei Orgacircnica do

Municiacutepio de Santana (LOM) referendando tais incumbecircncias nos artigos 145 e 146 afirmando

que as bases da organizaccedilatildeo do Sistema de Ensino Municipal devem respeitar os princiacutepios

expostos no art 280 da Constituiccedilatildeo Estadual bem como os princiacutepios estabelecidos na CF

Art 280 As instituiccedilotildees educacionais de qualquer natureza ministraratildeo o ensino com

base nos princiacutepios estabelecidos na Constituiccedilatildeo Federal e mais os seguintes

I - direito de acesso e permanecircncia na escola a qualquer pessoa vedadas distinccedilotildees

baseadas na origem raccedila sexo idade religiatildeo preferecircncia poliacutetica ou classe social

II - pluralismo de ideias e de concepccedilotildees filosoacuteficas poliacuteticas esteacuteticas religiosas e

pedagoacutegicas que conduzam o educando agrave formaccedilatildeo de uma postura social proacutepria

III - valorizaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo como garantia na forma da lei de

plano de carreira para o magisteacuterio puacuteblico com vencimentos no miacutenimo em

isonomia com as demais categorias funcionais para as quais se exija idecircntica

escolaridade com ingresso exclusivamente por concurso puacuteblico de provas e tiacutetulos

realizado periodicamente sob o regime juriacutedico uacutenico adotado pelo Estado para seus

servidores civis e com base no Estatuto do Magisteacuterio

IV - liberdade de pensar aprender ensinar pesquisar e divulgar o pensamento a arte

o saber e o conhecimento

V - reinvestimento em educaccedilatildeo no acircmbito do Estado do percentual que for

estabelecido em lei dos lucros auferidos pelas instituiccedilotildees privadas de ensino

estabelecido no Amapaacute

114

VI - gratuidade de ensino em estabelecimentos mantidos pelo Poder Puacuteblico vedada

a cobranccedila de taxas ou contribuiccedilotildees de qualquer natureza ainda que facultativa

VII - garantia de padratildeo de qualidade em todo o sistema de ensino a ser fixado em lei

VIII - manutenccedilatildeo no acircmbito do Estado em originais ou duplicatas arquivadas por

qualquer meio em seus oacutergatildeos de consulta dos resultados de pesquisa bases de dados

e acervos cientiacuteficos bibliograacuteficos e tecnoloacutegicos colecionados no exerciacutecio de

atividade educacional revertendo em favor do Estado o material acumulado na

hipoacutetese de fechamento extinccedilatildeo ou transferecircncia da instituiccedilatildeo de ensino aqui

estabelecida

IX - direito de organizaccedilatildeo autocircnoma dos diversos segmentos da comunidade escolar

X - preservaccedilatildeo dos valores educacionais regionais e locais (AMAPAacute 2011 p 92)

Segundo tais documentos a educaccedilatildeo como direito de todos e dever do estado e do

municiacutepio tem como princiacutepios a democracia que estaacute tambeacutem no Plano de Carreiras da

Educaccedilatildeo do Municiacutepio de Santana (PCEMS) na Lei Nordm 849 de 2010 nos art 42 e 43 onde se

lecirc

Art 42 - as escolas puacuteblicas do municiacutepio desenvolveratildeo suas atividades de ensino

dentro do espiacuterito democraacutetico e participativo sem preconceitos de raccedila sexo cor

idade opccedilatildeo religiosa poliacutetico-partidaacuterias e quaisquer outras formas de

discriminaccedilatildeo incentivando a participaccedilatildeo da comunidade na elaboraccedilatildeo e exerciacutecio

da proposta pedagoacutegica (SANTANAPCEMS 2010 p 16 grifos nossos)

Art 43 - as escolas puacuteblicas obedeceratildeo ao princiacutepio da gestatildeo democraacutetica atraveacutes

da I ndash participaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo estudantes pais servidores e

representantes da comunidade tanto nas atividades de ensino quanto nas de gestatildeo

participando de conselhos e outros oacutergatildeos normativos e deliberativos bem como no

processo de eleiccedilatildeo de seus dirigentes II ndashgarantia de acesso agraves informaccedilotildees teacutecnicas

administrativas e pedagoacutegicas da escola III ndash gerecircncia de recursos financeiros

repassados pela Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo IV ndash transparecircncia no recebimento

e aplicaccedilatildeo dos recursos financeiros (SANTANAPCEMS 2010 p 16 grifos

nossos)

Os documentos que se referem agrave poliacutetica educacional do municiacutepio de Santana apontam

para os princiacutepios de uma gestatildeo educacional municipal que se pautam na gestatildeo democraacutetica

no pluralismo de concepccedilotildees pedagoacutegicas e no direito agrave organizaccedilatildeo dos diversos segmentos

da comunidade escolar Mas como tais princiacutepios se materializam na organizaccedilatildeo da educaccedilatildeo

municipal Eacute o que veremos a seguir

321 A estrutura organizacional do Sistema Municipal de Educaccedilatildeo de Santana

A organizaccedilatildeo da educaccedilatildeo municipal estaacute sob a responsabilidade da Prefeitura

Municipal de Santana tem como oacutergatildeo gestor a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo (SEME)

115

localizada na Avenida Santana Nordm 2913 no Bairro Paraiacuteso bem no complexo de preacutedios da

Prefeitura Municipal de Santana (PMS) A instalaccedilatildeo fiacutesica da SEME apesar do preacutedio ser novo

estaacute mal distribuiacuteda ou natildeo comporta toda a demanda necessaacuteria agrave organizaccedilatildeo administrativa

financeira e pedagoacutegica da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo

Figura 07 Foto da sede da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de Santana

Fonte santanadoamapablogspotcom

O Sistema Municipal de Ensino de Santana foi criado atraveacutes da Lei municipal Nordm 0609

de 2002 e de acordo com o artigo 2ordm eacute composto I - Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo II -

Conselho Municipal de Educaccedilatildeo III - Comissatildeo Permanente do Magisteacuterio e IV - pelas

Instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Infantil Ensino Fundamental e Educaccedilatildeo Especial mantidas eou

administradas pelo poder puacuteblico municipal e pelas instituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil e especial

criadas e mantidas pela iniciativa privada (SANTANA 2002)

A Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de Santana tem em sua estrutura teacutecnico-

pedagoacutegico e administrativo oacutergatildeos e teacutecnicos que devem ser responsaacuteveis por pesquisa

informaccedilotildees e o planejamento adequado e atualizado para que possam subsidiar os programas

e projetos voltados agrave comunidade escolar Durante a pesquisa foi possiacutevel identificar que os

funcionaacuterios da SEME trabalham amontoados em salas com mesas e cadeiras coladas uma a

outra e sem espaccedilo suficiente para exercer o seu proacuteprio serviccedilo e atendimento ao puacuteblico Isso

foi observado em vaacuterios setores na SEME No organograma estaacute organizada a disponibilizaccedilatildeo

dos oacutergatildeos da secretaria conforme a Legislaccedilatildeo Municipal Nordm 0760 de 2006

116

Figura 08 SANTANA Estrutura organizacional dos oacutergatildeos da Secretaria Municipal de

Educaccedilatildeo (SEME)

Fonte Anexo da Lei Nordm 7602006 - PMS

De acordo com a estrutura organizacional a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo tem na

sua composiccedilatildeo

- Secretaacuterio (a) Municipal de Educaccedilatildeo

- Assessoria Executiva

- Chefia de Gabinete

- A Coordenadoria de Assuntos Educacionais que eacute composta pelos seguintes departamentos

- Departamento de Ensino e Apoio Pedagoacutegico

- Departamento de Inspeccedilatildeo e Organizaccedilatildeo Escolar

- Departamento de Apoio

- Departamento de Educaccedilatildeo no Campo

- Departamento de Tecnologia Educacional e Miacutedia

- A Coordenadoria Administrativa e Financeira que eacute composta por

- Departamento de Recursos Humanos

- Departamento de Orccedilamento Financeiro e Contabilidade

117

- Divisatildeo de Acompanhamento de Contrato Convecircnio e Licitaccedilatildeo

- Gestor Escolar

- Departamento de Serviccedilo Material e Patrimocircnio

- Departamento de Assistecircncia ao Educando

- A Coordenadoria do Poacutelo da Universidade Aberta do Brasil

- A Coordenadoria de Planejamento e Projetos

No que se refere a Coordenadoria de Assuntos Educacionais foi observado durante a

pesquisa e nos relatoacuterios analisados diversas atividades de cunho pedagoacutegico realizados e de

controle de matriacuteculas O Departamento de Orccedilamento Financeiro e Contabilidade setor

vinculado a Coordenadoria Administrativa e Financeira da SEME parece estar mais ligada ao

Prefeito Municipal do que a Secretaacuteria de Educaccedilatildeo dada a falta de autonomia financeira da

SEME devido a natildeo descentralizaccedilatildeo das questotildees financeiras por parte do prefeito para a

Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de Santana

De 2005 a 2015 atuaram como gestores da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de Santana

sete secretaacuterios conforme demonstra o quadro 9

Quadro 9 Santana Secretaacuterios Municipais de Educaccedilatildeo (2005 a 2015)

Periacuteodo Secretaacuterio(a) Municipal de

Educaccedilatildeo Partido Prefeito

2005 a 2009 Kleber Nascimento Rocha PT Antonio Nogueira

2010 Raimundo Vasques

Ivancy Magno de Oliveira PT Antonio Nogueira

2011 e 2012 Tercio da Silva Correia PT Antonio Nogueira

2013 Melquises Pereira de Lima e

Carlos Sergio Monteiro PR Robson Santana Rocha Freires

2014 Carlos Sergio Monteiro PR Robson Santana Rocha Freires

2015 -

Atualmente Antocircnia de Moraes Guedes PR Robson Santana Rocha Freires

Fonte SEME - Elaborado pela autora

O Secretaacuterio que teve mais tempo no cargo cinco anos foi o Sr Kleber Nascimento

Rocha que esteve agrave frente da pasta da SEME durante a primeira gestatildeo do prefeito Antonio

Nogueira (2005-2008) do Partido dos Trabalhadores e ateacute o primeiro ano (2009) do segundo

mandato do prefeito reeleito Nos uacuteltimos trecircs anos do segundo mandato do prefeito passaram

pela SEME trecircs outros Secretaacuterios de Educaccedilatildeo Municipal Raimundo Vasques Ivancy Magno

de Oliveira e Tercio da Silva Correia A partir de 2013 com a mudanccedila de gestatildeo na Prefeitura

Municipal tendo o Sr Robson Santana Rocha Freires (2013-2016) passaram pela pasta da

118

educaccedilatildeo trecircs outros Secretaacuterios Melquises Pereira de Lima Carlos Sergio Monteiro e Antocircnia

de Moraes Guedes (atual)

O Conselho Municipal de Educaccedilatildeo que eacute um oacutergatildeo colegiado pertencente ao Sistema

Municipal de Ensino tem funccedilatildeo consultiva normativa deliberativa e recursal da poliacutetica de

educaccedilatildeo do municiacutepio de Santana A Lei Orgacircnica do Municiacutepio de Santana (LOM) prevecirc a

criaccedilatildeo de normas para o funcionamento do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo e que a cada dois

anos seraacute convocada uma Conferecircncia Municipal de Educaccedilatildeo formada por representaccedilotildees dos

vaacuterios segmentos sociais para avaliar a situaccedilatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio e estabelecer a

diretrizes da poliacutetica municipal de educaccedilatildeo (SANTANA 2000) Apesar do que apresenta a

legislaccedilatildeo municipal o municiacutepio natildeo tem conseguido colocar em praacutetica o que preconiza a sua

legislaccedilatildeo no que se refere a atuaccedilatildeo efetiva desse oacutergatildeo colegiado

Faz parte ainda do Sistema municipal de educaccedilatildeo a Comissatildeo Permanente do

Magisteacuterio composta por representantes dos docentes teacutecnicos educacionais procurador

juriacutedico do municiacutepio secretaria municipal de educaccedilatildeo e secretaria de administraccedilatildeo Esta

Comissatildeo tem a competecircncia de elaborar instrumentos coordenar e orientar o processo

avaliativo anual do magisteacuterio municipal e por atribuiccedilotildees que regulamentam o estatuto do

magisteacuterio puacuteblico de Santana (SANTANA 2002) Compotildee ainda o Sistema Municipal de

Educaccedilatildeo as instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas que deveratildeo ofertar o ensino puacuteblico ou privado

atendendo agraves normas pareceres e resoluccedilotildees emanadas pelo Sistema Municipal de Ensino

A Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo deveraacute desenvolver em consonacircncia com entidades

educacionais do Estado e da Uniatildeo programas suplementares de assistecircncia ao educando

como materiais didaacuteticos escolares assistecircncia agrave sauacutede e seguridade social alimentaccedilatildeo

escolar transporte escolar bolsa famiacutelia assistecircncia social psicoloacutegica e fonoaudioloacutegica

Como observamos a lei orienta a autonomia e a participaccedilatildeo da comunidade e dos

profissionais da educaccedilatildeo nas accedilotildees pedagoacutegicas administrativas e em conselhos escolares

Poreacutem em momento algum se refere agrave autonomia financeira O atendimento da educaccedilatildeo

infantil e do ensino fundamental vem se realizando desde que Santana era ainda um Distrito de

Macapaacute47 e vem gradativamente sendo municipalizados como veremos no toacutepico a seguir

47 De acordo com a Lei Federal nordm 7639 de 17-12-1987 o distrito de Santana eacute desmembrado do municiacutepio de

Macapaacute e eacute elevado agrave categoria de municiacutepio

119

322 A Educaccedilatildeo municipal de Santana em nuacutemeros

O Sistema Municipal de Educaccedilatildeo foi criado em 2002 embora natildeo tenha organizado na

praacutetica o seu funcionamento articulado para a composiccedilatildeo do sistema a educaccedilatildeo funciona

ainda como rede municipal Em 2007 possuiacutea 23 escolas para funcionamento da educaccedilatildeo

infantil ensino fundamental e EJA e em 2014 esse nuacutemero passou para 31 escolas tendo um

aumento de 26 no nuacutemero de escolas na rede no periacuteodo O graacutefico 1 apresenta uma pequena

evoluccedilatildeo no periacuteodo

Graacutefico 1 Santana Nordm de escolas da rede municipal de ensino 2007-2014

Fonte Dados da SEMESantana ndash Elaborado pela autora

Eacute importante destacar no entanto que aleacutem das 31 escolas a rede municipal conta com

17 anexos48 distribuiacutedos entre zona urbana e rural

O quadro de docentes do municiacutepio de Santana tambeacutem nos revela um pouco da situaccedilatildeo

da educaccedilatildeo municipal O concurso puacuteblico49 realizado pela Prefeitura Municipal de Santana

no ano de 2007 e a uacuteltima convocaccedilatildeo de aprovados no ano de 2009 vem contribuindo para o

aumento de docentes vinculados ao quadro permanente como se pode acompanhar no graacutefico

2 a seguir

48 A situaccedilatildeo dessas escolas anexas eacute bastante instaacutevel visto que satildeo preacutedios alugados Na zona rural pode ser ateacute

mesmo salas de aula funcionando em casas de moradia ou em Igrejas 49 Edital nordm 012006 que ofertou 667 cargos para o municiacutepio em diversas aacutereas (administrativa engenharia

teacutecnica sauacutede e magisteacuterio) No que se refere aos cargos para a educaccedilatildeo destacamos 20 cargos para auxiliar de

disciplina 122 para professor da educaccedilatildeo baacutesica I 52 para professores da educaccedilatildeo baacutesica II (portuguecircs

matemaacutetica geografia histoacuteria ciecircncias ciecircncias da religiatildeo educaccedilatildeo fiacutesica inglecircs e artes) 22 para orientador

supervisor e psicopedagogo

23 2426 27 27 27

31 31

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

120

Graacutefico 2 Santana Nuacutemero de docentes atuando na rede municipal de ensino 2007-2014

Fonte SEMESantana ndash Elaborado pela autora

O nuacutemero de docentes50 no graacutefico 02 em atuaccedilatildeo nas escolas em 2007 era de 480

docentes e em 2009 eram de 593 o que reflete um aumento de quase 20 no nuacutemero de

docentes atuando nas escolas puacuteblicas municipais de Santana Eacute importante destacar que

principalmente nos anos de 2007 e 2008 haviam vaacuterios docentes contratados temporariamente

sem concurso puacuteblico atuando nas escolas municipais essa praacutetica ainda existe no municiacutepio

As matriacuteculas no municiacutepio de Santana ocorrem em escolas da rede estadual rede

municipal e no setor privado De acordo com a tabela 08 de uma forma geral a rede estadual

sempre teve uma forte influecircncia no municiacutepio concentrando a maior parte das matriacuteculas por

exemplo em 2014 absorveu 56 do universo de matriacuteculas no municiacutepio Jaacute a rede municipal

tinha sob sua responsabilidade 317 do nuacutemero de matriacuteculas registrado no municiacutepio e o

setor privado correspondia a 123 de matriacuteculas

50 Os nuacutemeros que compotildeem os docentes em atuaccedilatildeo nas escolas puacuteblicas satildeo de docentes concursados

contratados ou cedidos

480523

593 593 593 593 581 584

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

121

Tabela 08 ndash Santana Matriacuteculas na Educaccedilatildeo Baacutesica por esfera administrativa 2007-2014

Dependecircncia

NiacutevelModalidade 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

Rede Estadual

Ed Infantil (creche e preacute-escola) 1296 250 67 9 0 0 0 0

Ens Fund (anos iniciais) 6687 6746 6271 6069 5898 5672 4971 4405

Ensino Fund (anos finais) 6784 7063 7272 7726 7846 7816 7552 7470

Ensino Meacutedio 5708 5897 5922 5676 5294 5240 5003 5454

EJA (Ens Fund) 1584 1614 1676 1595 1710 1574 1302 46

EJA (Ens Meacutedio) 826 841 957 1085 1422 1335 0 0

Educaccedilatildeo Especial 141 172 229 181 281 343 330 347

Total 23026 22583 22394 22332 22451 21980 19158 17722

Rede Municipal

Ed Infantil (creche e preacute-escola) 1345 1933 2006 2023 2011 2577 3169 3201

Ens Fund (anos iniciais) 4078 4089 4429 4330 4432 4859 5253 5622

Ens Fund (anos finais) 1146 986 933 961 852 683 539 487

Ensino Meacutedio 0 0 0 0 0 0 0 0

EJA (Ens Fund) 709 641 581 583 596 633 549 528

EJA (Ens Meacutedio) 0 0 0 0 0 0 0 0

Ed Especial 81 89 111 118 140 163 155 201

Total 7359 7738 8060 8015 8031 8915 9665 10039

Setor Privado

Ed Infantil (creche e preacute-escola) 1936 1598 1560 1425 1558 1335 965 914

Ens Fund (anos iniciais) 1828 1678 1623 1601 1703 1473 1418 1446

Ens Fund (anos finais) 754 845 772 753 852 885 927 932

Ensino Meacutedio 488 408 383 376 434 451 435 404

EJA (Ens Fund) 144 59 134 137 91 48 15 35

EJA (Ens Meacutedio) 43 35 39 36 36 72 35 63

Ed Especial 101 04 09 118 128 139 129 110

Total 5294 4627 4520 4446 4802 4403 3924 3904

Fonte CENSOINEP (2014) ndash Elaborado pela autora

Inclui Educaccedilatildeo de Jovens e Adultos (EJA) presencial e semipresencial

Inclui os alunos de toda a educaccedilatildeo baacutesica e da EJA

A rede estadual mesmo tendo o maior nuacutemero de matriacuteculas vem reduzindo esse nuacutemero

a partir de 2013 quando principalmente natildeo ofertou a modalidade de Educaccedilatildeo de Jovens e

Adultos em niacutevel meacutedio Destacamos ainda a reduccedilatildeo em 2008 nas matriacuteculas na educaccedilatildeo

infantil e que em 2011 finalizou a oferta neste niacutevel de ensino O ensino fundamental (anos

iniciais) na rede estadual eacute responsaacutevel por 439 do total de matriacuteculas na rede puacuteblica

enquanto que a rede municipal absorveu 561 em 2014

A rede municipal a partir de 2008 vem aumentando o nuacutemero de matriacuteculas na educaccedilatildeo

infantil em decorrecircncia da municipalizaccedilatildeo e em 2011 eacute a responsaacutevel por toda a demanda da

educaccedilatildeo infantil puacuteblica Observou-se ainda a reduccedilatildeo nas matriacuteculas nos anos finais no ensino

fundamental que tambeacutem tinha sob sua responsabilidade em 2007 eram 1146 matriculas e em

122

2014 reduziu para 487 como podemos observar na tabela No setor privado as matriacuteculas

foram visivelmente reduzidas no decorrer do periacuteodo em estudo Somente no ensino

fundamental eacute que vem aumentando discretamente nos uacuteltimos 3 anos

O processo de municipalizaccedilatildeo iniciado em 2008 na educaccedilatildeo infantil e em 2009 no

ensino fundamental segue as orientaccedilotildees do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado

(PDRAE) que propotildee a passagem da administraccedilatildeo puacuteblica baseada em princiacutepios racionais-

burocraacuteticos Em que busca

() o fortalecimento das funccedilotildees de regulaccedilatildeo e de coordenaccedilatildeo do Estado

particularmente no niacutevel federal e a progressiva descentralizaccedilatildeo vertical para os

niacuteveis estadual e municipal das funccedilotildees executivas no campo da prestaccedilatildeo de serviccedilos

sociais e de infraestrutura (PDRAE 1995 p 18)

Nesse contexto descentralizar teria o objetivo de tornar a administraccedilatildeo puacuteblica mais

flexiacutevel e eficiente reduzindo custos e propiciando mais qualidade ao serviccedilo puacuteblico por meio

do gerencialismo tendo o governo federal o controle dos resultados das avaliaccedilotildees de

desempenho dos Estados e municiacutepios

No que se refere ao Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo (IDEB) apesar de

compreendermos que os dados numeacutericos registrados no IDEB natildeo revelam a qualidade da

aprendizagem os dados observados colocam o municiacutepio de Santana com uma evoluccedilatildeo no

ensino fundamental (anos iniciais) maior do que a rede estadual Eacute o que podemos constatar na

tabela 09 a seguir

Tabela 09 ndash SANTANA IDEB do Ensino Fundamental (anos iniciais) em relaccedilatildeo ao Estado

do Amapaacute e ao Brasil (2005-2013)

Esfera Ideb Observado Metas Projetadas

2005 2007 2009 2011 2013 2007 2009 2011 2013 2021

BRASIL 38 42 46 50 52 39 42 46 49 60

AMAPAacute 32 34 38 41 40 32 36 40 43 54

SANTANA 31 38 39 48 46 31 35 39 42 54

Fonte INEPMEC (2015)

Desde 2005 a meacutedia do IDEB nacional observado tem atingido as metas propostas Jaacute

em relaccedilatildeo ao estado do Amapaacute o IDEB estaacute bem aqueacutem em relaccedilatildeo agrave meacutedia nacional apesar

de ter evoluiacutedo e atingido as metas propostas nas avaliaccedilotildees dos anos de 2007 2009 e 2011 no

ano de 2013 a meacutedia do estado reduziu para 40 O municiacutepio de Santana mesmo natildeo atingindo

123

a meacutedia nacional possui um coeficiente superior ao do estado sendo o municiacutepio do estado

com melhor evoluccedilatildeo no IDEB o que atingiu todas as metas projetadas desde o ano de 2007

No entanto eacute preciso relativizar o resultado de tais indicadores pois eles natildeo representam de

fato a qualidade visto que esta eacute de difiacutecil mensuraccedilatildeo e pressupotildee muita complexidade

(PARO 2005)

Satildeo vaacuterios fatores que podem estar influenciando o alcance das metas do IDEB mas eacute

necessaacuterio realizar um estudo mais rigoroso para desvelar os motivos dessa evoluccedilatildeo O que

podemos adiantar eacute que as escolas da rede municipal receberam vaacuterios programas federais o

que possibilitou ajuda financeira para a rede atraveacutes de impostos e de repasses federais

inclusive recursos do Plano de Accedilotildees Articuladas que eacute o que apresentaremos a seguir

323 O financiamento da educaccedilatildeo na rede municipal de Santana

A anaacutelise da democratizaccedilatildeo da gestatildeo da educaccedilatildeo a partir do PAR requer que se

conheccedila as potencialidades de financiamento das accedilotildees educativas pois a viabilidade das accedilotildees

decorrentes do PAR soacute seraacute possiacutevel se houver financiamento compatiacutevel para tal Este item

visa avaliar as condiccedilotildees financeiras do municiacutepio de Santana no periacuteodo da pesquisa

A Carta Magna de 1988 em seu Artigo 212 estabelece os percentuais miacutenimos

necessaacuterios para custeio da educaccedilatildeo indicando que

A Uniatildeo aplicaraacute anualmente nunca menos de dezoito e os Estados o Distrito

Federal e os Municiacutepios vinte e cinco por cento no miacutenimo da receita resultante de

impostos compreendida a proveniente de transferecircncias na manutenccedilatildeo e

desenvolvimento do ensino (BRASIL 1998)

O artigo 212 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 ao estabelecer o percentual miacutenimo para

a manutenccedilatildeo e desenvolvimento do ensino reitera que esse montante natildeo pode ser menor nem

desviado para outras finalidades ou seja eacute uma verba vinculada protegida de qualquer disputa

poliacutetica e de outras necessidades emergenciais De acordo com a Constituiccedilatildeo de 1988 os

recursos para a manutenccedilatildeo do ensino satildeo provenientes das seguintes fontes a) Receitas

oriundas de impostos da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios b) Receitas

de transferecircncias constitucionais e outras transferecircncias c) Receitas do salaacuterio educaccedilatildeo e de

outras contribuiccedilotildees sociais d) Receitas de incentivos fiscais e outros recursos previstos em lei

124

Todavia as principais fontes de financiamento da educaccedilatildeo satildeo as receitas de impostos

e a contribuiccedilatildeo do salaacuterio educaccedilatildeo as quais juntas ldquorepresentam em termos de volume de

recursos e de regularidade a receita que tem financiado a expansatildeo e a qualificaccedilatildeo da educaccedilatildeo

puacuteblica no paiacutesrdquo (FARENZENA 2006 p 82) No caso do municiacutepio de Santana a arrecadaccedilatildeo

de impostos proacuteprios51 e os respectivos 25 que devem ser destinados ao financiamento da

educaccedilatildeo apresentaram os seguintes valores abaixo discriminados

Tabela 10 Santana Receitas de Impostos Proacuteprios (2007-2014)

Ano Total de Impostos 25 para Educaccedilatildeo

2007 459613833 114903450

2008 396271016 99067750

2009 554775786 138693925

2010 592155846 148038950

2011 633078892 158269700

2012 888456697 222114150

2013 951274674 237818650

2014 Fonte SIOPE Tabela Elaborada pala autora Nota1 Dados natildeo disponiacuteveis

Nota 2 Valores nominais

Os recursos para a educaccedilatildeo referentes aos 25 dos impostos proacuteprios do municiacutepio satildeo

relativamente pequenos considerando a totalidade das despesas com a educaccedilatildeo como se veraacute

mais adiante Ainda assim representam uma importante fonte de recursos para financiamento

da educaccedilatildeo municipal

O municiacutepio de Santana conta tambeacutem com as receitas do Fundo de Manutenccedilatildeo e

Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo

(FUNDEB)52 Os recursos dessa fonte satildeo provenientes de impostos e transferecircncias dos

estados municiacutepios e do Distrito Federal vinculados agrave educaccedilatildeo de acordo com o artigo 212

da Constituiccedilatildeo Federal que satildeo recolhidos pela Uniatildeo e redistribuiacutedos aos estados municiacutepios

e Distrito Federal proporcionalmente ao valor custo-aluno definido nacionalmente para o

financiamento de accedilotildees de manutenccedilatildeo e desenvolvimento da educaccedilatildeo baacutesica puacuteblica Do total

51 Os recursos proacuteprios satildeo o IPTU-Imposto Predial Territorial Urbano ISS-Imposto sobre Serviccedilos ITBI-Imposto

sobre Transmissatildeo de Bens Imoacuteveis IRRF-Imposto sobre a Renda dos Servidores Municipais

52 Criado pela Emenda Constitucional nordm 532006 e regulamentado pela Lei nordm 1149407 o FUNDEB eacute constituiacutedo

por 20 (vinte por cento) das receitas das seguintes fontes Fundo de Participaccedilatildeo dos Estados (FPE) Fundo de

Participaccedilatildeo dos Municiacutepios (FPM) Imposto sobre Circulaccedilatildeo de Mercadorias e Serviccedilos (ICMS) (incluindo os

recursos relativos agrave desoneraccedilatildeo de exportaccedilotildees de que trata a Lei Complementar nordm 8796) Imposto sobre

Produtos Industrializados proporcional agraves exportaccedilotildees (IPI- EXP) Imposto sobre Transmissatildeo Causa Mortis e

Doaccedilotildees de quaisquer bens ou direitos (ITCMD) Imposto sobre a Propriedade de Veiacuteculos Automotores (IPVA)

Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR) receitas da diacutevida ativa e de juros e multas incidentes sobre

as fontes citadas (GUTIERRES 2010)

125

dos recursos pelo menos 60 (sessenta por cento) devem ser direcionados para o pagamento

dos profissionais do magisteacuterio em efetivo exerciacutecio De 2007 a 2014 o municiacutepio

recebeu os seguintes valores do FUNDEB

Tabela 11 ndash Santana Receitas do FUNDEB (2007-2014)

Ano Valor Anual Complementaccedilatildeo

da Uniatildeo

Aplicaccedilatildeo

Financeira Total

2007 1109287221 0 845321 1110132542

2008 1492822529 0 920937 1493743466

2009 1612599591 0 0 1612599591

2010 1818239589 0 0 1818239589

2011 2164454715 0 0 2164454715

2012 2377015638 0 378076 2377393714

2013 2740767217 0 2448386 2743215603

2014 Fonte SIOPEFNDE ndash Organizado pela autora Nota 1 Os valores referente a 2014 natildeo estavam disponiacuteveis

para consulta no SIOPE Nota 2 valores nominais

Conforme as informaccedilotildees da tabela 11 o municiacutepio de Santana natildeo recebe receitas de

Complementaccedilatildeo da Uniatildeo Isso significa que os recursos redistribuiacutedos no acircmbito do Estado

satildeo suficientes para alcanccedilar o valor-aluno miacutenimo nacional estabelecido natildeo implicando assim

em complementaccedilatildeo da Uniatildeo53

Outra importante fonte de recursos para a educaccedilatildeo recebida pelo municiacutepio eacute o Salaacuterio

Educaccedilatildeo54 recolhido pelas empresas calculado com base na aliacutequota de 25 sobre o total de

remuneraccedilotildees pagas ou creditadas a qualquer tiacutetulo aos segurados empregados O FNDE tem

uma funccedilatildeo redistributiva55 da contribuiccedilatildeo social do salaacuterio-educaccedilatildeo A cota estadual e

53 O Estado do Amapaacute e seus municiacutepios vecircm sistematicamente alcanccedilando valores por aluno acima do valor

miacutenimo anual definido nacionalmente A Portaria interministerial nordm 11 de 30 de dezembro de 2015 por exemplo

definiu os valores anuais para 2016 na qual o valor para o ensino fundamental dos anos iniciais urbanas

considerado o paracircmetro para as demais etapas e modalidades foi estabelecido em RS273987 O estado do

Amapaacute alcanccedilou R$380396 por aluno nesta etapa da educaccedilatildeo baacutesica portanto bem acima do miacutenimo nacional

estabelecido 54 O Salaacuterio Educaccedilatildeo foi criado pela Lei nordm 4440 de 27101964 (MELCHIOR 1987) e sofreu diversas

modificaccedilotildees desde essa data Em dezembro de 2006 foi alterado pela EC nordm 53 e regulamentado pela Lei nordm

114572007 base de sua execuccedilatildeo atual 55Do montante arrecadado e apoacutes as deduccedilotildees previstas em lei (taxa de administraccedilatildeo dos valores arrecadados pela

Receita Federal do Brasil devoluccedilatildeo de receitas e outras) o restante eacute distribuiacutedo em cotas pelo FNDE observada

em 90 (noventa por cento) de seu valor a arrecadaccedilatildeo realizada em cada estado e no Distrito Federal da seguinte

forma A) cota federal ndash correspondente a 13 do montante dos recursos eacute destinada ao FNDE e aplicada no

financiamento de programas e projetos voltados para a educaccedilatildeo baacutesica de forma a propiciar a reduccedilatildeo dos

desniacuteveis soacutecio educacionais entre os municiacutepios e os estados brasileiros B) cota estadual e municipal ndash

correspondente a 23 do montante dos recursos eacute creditada mensal e automaticamente em favor das secretarias de

educaccedilatildeo dos estados do Distrito Federal e dos municiacutepios para o financiamento de programas projetos e accedilotildees

voltados para a educaccedilatildeo baacutesica Os 10 restantes do montante da arrecadaccedilatildeo do salaacuterio-educaccedilatildeo satildeo aplicados

pelo FNDE em programas projetos e accedilotildees voltados para a educaccedilatildeo baacutesica (Lei nordm 114572007)

126

municipal da contribuiccedilatildeo social do salaacuterio-educaccedilatildeo eacute integralmente redistribuiacuteda entre os

estados e seus municiacutepios de forma proporcional ao nuacutemero de alunos matriculados na

educaccedilatildeo baacutesica das respectivas redes de ensino apurado no censo escolar do exerciacutecio anterior

ao da distribuiccedilatildeo

Os demais programas do FNDE tais como Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo

Escolar (PNAE) Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) Programa Nacional de Apoio

ao Transporte do Escolar (PNATE) Programa Brasil Alfabetizado (PBA) e Programa Nacional

de Sauacutede do Escolar (PNSE) criados para contribuir para o acesso e a permanecircncia do aluno na

escola tambeacutem vem compondo as fontes de recursos para o ensino em Santana

O Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar (PNAE) eacute considerado o mais antigo

programa social brasileiro vinculado agrave educaccedilatildeo (BALABAN 2006) Ateacute o ano de 1998 o

Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar (PNAE) era gerenciado pela Fundaccedilatildeo de Apoio

ao Estudante ndash FAE A partir desse ano sua gestatildeo foi transferida para o Fundo Nacional de

Desenvolvimento da Educaccedilatildeo ndash FNDE por meio da Lei nordm 9649 de 27051999 que tambeacutem

extinguiu a FAE Atualmente o PNAE eacute coordenado nacionalmente pelo FNDE responsaacutevel

pelo repasse dos recursos financeiros para aquisiccedilatildeo de alimentos cabendo aos Estados e

Municiacutepios complementar estes recursos aleacutem de cobrir os custos operacionais (BRASIL

2000) O PNAE atende os alunos de toda a educaccedilatildeo baacutesica matriculados em escolas puacuteblicas

filantroacutepicas e em entidades comunitaacuterias (conveniadas com o poder puacuteblico) por meio da

transferecircncia de recursos financeiros

Conforme a Resoluccedilatildeo nordm 67 de 28 de dezembro de 2009 o valor repassado pela Uniatildeo

a Estados e Municiacutepios por dia letivo para cada aluno pelo PNAE eacute definido de acordo com a

etapa e modalidade de ensino Creches R$ 100 Preacute-escola R$ 050 Escolas indiacutegenas e

quilombolas R$ 060 Ensino fundamental meacutedio e educaccedilatildeo de jovens e adultos R$ 030

Ensino integral R$ 100 Alunos do Programa Mais Educaccedilatildeo R$ 090 alunos que frequentam

o Atendimento Educacional Especializado no contraturno R$ 050 Com a Resoluccedilatildeo nordm 8 de

14 de maio de 2012 o valor per capita da alimentaccedilatildeo escolar foi atualizado passando de R$

060 para R$ 100 entre os alunos matriculados nas creches e de R$ 030 para R$ 050 entre

os alunos matriculados no ensino fundamental A Lei nordm 119472009 que regulamenta o PNAE

estabelece a necessidade de ldquoparticipaccedilatildeo da comunidade no controle social no

acompanhamento das accedilotildees realizadas pelos Estados pelo Distrito Federal e pelos Municiacutepios

para garantir a oferta da alimentaccedilatildeo escolar saudaacutevel e adequadardquo (Art 2ordm II BRASIL 2009)

Balaban (2006) afirma que a partir da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 verificou-se a

adoccedilatildeo de praacuteticas democraacuteticas representativas e participativas surgiram entatildeo os conselhos

127

configurados como espaccedilos puacuteblicos de articulaccedilatildeo entre governo e sociedade Um exemplo

disso eacute o Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar (CAE) que eacute composto por entidades colegiadas

integradas por representantes dos diversos segmentos da sociedade definido em Lei Municipal

O PDDE56 foi criado em 1995 por meio da Resoluccedilatildeo nordm 12 de 10 de maio de 1995

(recebendo inicialmente o nome de PMDE ndash Programa de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento do

Ensino Fundamental)57 com o objetivo de cumprir a funccedilatildeo redistributiva da Uniatildeo aos sistemas

puacuteblicos de ensino de acordo com o disposto no artigo 211 da CF88 A partir de 1997 o

Programa passou a exigir a criaccedilatildeo de Unidades Executoras (UEx) entidades de direito privado

como condiccedilatildeo para o recebimento dos recursos diretamente pelas escolas De 2004 em diante

a exigecircncia era de que as escolas com mais de 50 alunos obrigatoriamente teriam que criar UEx

para participar do programa Ateacute o ano de 2008 o PDDE abrangia apenas as escolas puacuteblicas

de ensino fundamental com a ediccedilatildeo da Medida Provisoacuteria nordm 455 de 28 de janeiro2009

(transformada posteriormente na Lei nordm 11947 de 16 de junho de 2009) o programa foi

ampliado para toda a educaccedilatildeo baacutesica incluindo portanto ensino meacutedio e educaccedilatildeo infantil

Os recursos do PDDE destinam-se ldquoagrave cobertura de despesas de custeio manutenccedilatildeo e de

pequenos investimentos que concorram para a garantia do funcionamento e melhoria da

infraestrutura fiacutesica e pedagoacutegica dos estabelecimentos de ensinordquo (Art 23 da Lei nordm 11947

de 16 de junho de 2009) Os recursos podem ser repassados agraves Entidades Executoras ndash EEXs

no caso as prefeituras ou diretamente agraves escolas se estas tiverem constituiacutedo suas Unidades

Executoras ndash UEXs

O Ministeacuterio da Educaccedilatildeo executa atualmente dois programas voltados ao transporte de

estudantes o Caminho da Escola e o PNATE que visam atender alunos moradores da zona

rural O Programa Caminho da Escola foi criado pela Resoluccedilatildeo nordm 3 de 28 de marccedilo de 2007

Por meio deste programa o Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social

(BNDES) concede uma linha de creacutedito para a aquisiccedilatildeo de ocircnibus mini-ocircnibus e micro-ocircnibus

zero quilocircmetro e embarcaccedilotildees novas pelos Estados e Municiacutepios O Programa Nacional de

Apoio ao Transporte do Escolar - PNATE foi instituiacutedo pela Lei nordm 10880 de 9 de junho de

2004 com o objetivo de garantir o acesso e a permanecircncia dos alunos nos estabelecimentos

escolares do ensino fundamental puacuteblico residentes em aacuterea rural que utilizem transporte

56 Sobre esse programa eacute importante consultar uma publicaccedilatildeo do INEP da pesquisa intitulada ldquoPrograma Dinheiro

Direto na Escola uma proposta de redefiniccedilatildeo do papel do Estado na Educaccedilatildeo (2003-2005)rdquo que congregou os

Estado de SP PI PA MS e RS cujos resultados foram publicados pelo INEP em 2006 sob a coordenaccedilatildeo das

professoras Drordf Vera Maria Vidal Peroni e Drordf Thereza Adriatildeo 57Ateacute 1998 este programa denominou-se PMDE A denominaccedilatildeo Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE)

apareceu pela primeira vez com a Medida Provisoacuteria nordm 1784 de 14 de dezembro de 1998 e posteriormente com a

Medida Provisoacuteria nordm 2100shy32 de 24 de maio de 2001

128

escolar por meio de assistecircncia financeira em caraacuteter suplementar aos Estados Distrito

Federal e Municiacutepios O caacutelculo do montante de recursos financeiros destinados aos Estados

ao Distrito Federal e aos Municiacutepios tem como base o quantitativo de alunos da zona rural

transportados e a respectiva informaccedilatildeo acerca destes no censo escolar do ano anterior O valor

per capitaano varia entre R$ 12073 e R$ 17224 de acordo com a aacuterea rural do Municiacutepio a

populaccedilatildeo moradora do campo e a posiccedilatildeo do Municiacutepio na linha de pobreza (GUTIERRES

2015) O PNATE eacute monitorado diretamente pelo conselho do FUNDEB que analisa e fiscaliza

os gastos com o programa

O Programa Brasil Alfabetizado (PBA) foi criado pelo Decreto nordm 4834 de 08 de

setembro de 200358 com o objetivo de universalizaccedilatildeo da alfabetizaccedilatildeo de jovens e adultos de

quinze anos ou mais no paiacutes59 (GUTIERRES 2015)

Quanto ao Programa Nacional de Sauacutede Escolar (PSE) este tem como objetivo

ldquocontribuir para a formaccedilatildeo integral dos estudantes por meio de accedilotildees de promoccedilatildeo prevenccedilatildeo

e atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo (Art1ordm do Decreto nordm 62862007) com vistas ao enfrentamento das

vulnerabilidades que comprometem o pleno desenvolvimento de crianccedilas e jovens da rede

puacuteblica de ensino Dentre as accedilotildees passiacuteveis de serem financiadas por este programa destacam-

se

Art 4ordm As accedilotildees em sauacutede previstas no acircmbito do PSE consideraratildeo a atenccedilatildeo

promoccedilatildeo prevenccedilatildeo e assistecircncia e seratildeo desenvolvidas articuladamente com a rede

de educaccedilatildeo puacuteblica baacutesica e em conformidade com os princiacutepios e diretrizes do SUS

podendo compreender as seguintes accedilotildees entre outras I - avaliaccedilatildeo cliacutenica II -

avaliaccedilatildeo nutricional III - promoccedilatildeo da alimentaccedilatildeo saudaacutevel IV - avaliaccedilatildeo

oftalmoloacutegica V - avaliaccedilatildeo da sauacutede e higiene bucal VI - avaliaccedilatildeo auditiva VII -

avaliaccedilatildeo psicossocial VIII - atualizaccedilatildeo e controle do calendaacuterio vacinal IX -

reduccedilatildeo da morbimortalidade por acidentes e violecircncias X - prevenccedilatildeo e reduccedilatildeo do

consumo do aacutelcool XI - prevenccedilatildeo do uso de drogas XII - promoccedilatildeo da sauacutede sexual

e da sauacutede reprodutiva XIII - controle do tabagismo e outros fatores de risco de

cacircncer XIV - educaccedilatildeo permanente em sauacutede XV - atividade fiacutesica e sauacutede XVI -

promoccedilatildeo da cultura da prevenccedilatildeo no acircmbito escolar e XVII - inclusatildeo das temaacuteticas

de educaccedilatildeo em sauacutede no projeto poliacutetico pedagoacutegico das escolas (BRASIL 2007)

58 Esse decreto foi revogado pelo Decreto nordm 6093 de 24 de abril de 2007 atualmente em vigor 59 Esta natildeo foi a primeira iniciativa governamental neste sentido Em 1967 o governo militar lanccedilou o Movimento

Brasileiro de Alfabetizaccedilatildeo o MOBRAL atraveacutes da Lei Nordm 5379 de 15 de dezembro de 1967 No Governo de

Fernando Henrique Cardoso a sociedade foi convocada a se co-responsabilizar pela manutenccedilatildeo da EJA por meio

de parcerias estabelecidas pelo Programa Alfabetizaccedilatildeo Solidaacuteria (Alfa Sol Outro programa do Governo Federal

que visava o atendimento da EJA era o Projeto Recomeccedilo que foi criado em 2001 com o objetivo de dar maior

atendimento agrave populaccedilatildeo do Norte e Nordeste que acumulavam maior nuacutemero de pessoas analfabetas

(GUTIERRES 2015)

129

Os valores oriundos do Salaacuterio Educaccedilatildeo dos programas do FNDE (PNAE PDDE

PNATE PBA e PSE) recebidos pelo municiacutepio de Santana repassados para a prefeitura

municipal de 2007 a 2014 satildeo discriminados a seguir

Tabela 12 ndash Santana Receitas do Salaacuterio Educaccedilatildeo e de Programas do FNDE (2007-2014)

Ano Salaacuterio

Educaccedilatildeo PNAE PDDE PNATE PBA PSE

2007 16415179 37338400 126720 33326 52 1020000 1318600

2008 21769862 23785282 2712553 1723000

2009 23220460 49427860 267690 5455186 876000

2010 26559002 78761520 9969750 2960500

2011 33659670 78594000 9969750 2646500

2012 37685871 92398800 11643843

2013 50488456 105353200 7594146 3243273

2014 63533128 53101200 1493368 3277986

Fonte FNDE Nota 1 Tabela organizada pela autora Nota 2 Os valores indisponiacuteveis no site do FNDE Nota

2 valores nominais

As receitas do FNDE satildeo importantes como fontes complementares para a garantia do

direito agrave educaccedilatildeo No caso do Salaacuterio Educaccedilatildeo e do PNAE do PNATE e do PBA estes

constituiacuteram fluxo permanente ao longo do periacuteodo60 O PDDE foi repassado para a prefeitura

somente nos anos de 2007 e de 2009 visto que a partir de 2009 a maior parte das escolas

municipais jaacute haviam constituiacutedo suas Unidades Executoras ndash UEXs passando a receber

diretamente os recursos desse programa O Programa Sauacutede do Escolar (PSE) apresentou

recursos apenas no ano de 2007 Outras receitas tambeacutem chegaram ao municiacutepio por meio de

programas mais diretamente vinculados ao Plano de Accedilotildees Articuladas ndash PAR no periacuteodo de

2009 a 2014

Tabela 13 ndash Santana Receitas decorrentes do PAR 2009 - 2014

Programa 2009 2010 2011 2012 2013 2014

Caminho da

EscolaTransporte Aces 209970 331650 132000

Mobiliaacuterio Escolar (PAR) 193073

Infraestrutura Ed Baacutesica 1 385609

Proinfacircncia ndash Const Esc

Educ Infantil 581600 872400 3922052

Brasil Carinhoso 170960

Quadras de Esporte 304896

Projovem urbano 38760

Total 209730 331650 193073 581600 1004400 4436668 Fonte FNDE Tabela elaborada pela autora

60 Apenas no ano de 2012 natildeo constam informaccedilotildees sobre os recursos do Programa Brasil alfabetizado PBA para

o municiacutepio de Santana

130

O municiacutepio de Santana recebeu recursos dos seguintes programas em decorrecircncia do

PAR Caminho da Escola para aquisiccedilatildeo de ocircnibus Escolar recursos para mobiliaacuterio escolar e

infraestrutura da educaccedilatildeo baacutesica Proinfacircncia para construccedilatildeo de escolas de educaccedilatildeo Infantil

Brasil Carinhoso para construccedilatildeo de creches recursos para a construccedilatildeo de quadras esportivas

e referentes a programa Projovem urbano

O caminho da escola ou Transporte Acessiacutevel eacute uma accedilatildeo que segundo o MEC visa

promover a inclusatildeo escolar por meio da garantia das condiccedilotildees de acesso e permanecircncia na

escola apoiando agrave disponibilizaccedilatildeo de transporte escolar Para esse fim o municiacutepio de Santana

recebeu recursos em trecircs anos 2009 2010 e 2013 totalizando R$ 67362000 no periacuteodo Jaacute o

programa Mobiliaacuterio Escolar eacute uma accedilatildeo do FNDE que tem por objetivo renovar e padronizar

os mobiliaacuterios das escolas tendo o municiacutepio recebido o valor de R$19307300 no ano de

2011 Por meio do Programa Infraestrutura escolar que subsidia accedilotildees de construccedilatildeo de

escolas da educaccedilatildeo baacutesica o municiacutepio angariou R$ 138560900 O programa Proinfacircncia

que se destina agrave assistecircncia financeira aos municiacutepios para a construccedilatildeo reforma e aquisiccedilatildeo de

equipamentos e mobiliaacuterio para a educaccedilatildeo infantil foi o que mais propiciou recursos ao

municiacutepio de Santana Por meio dele a secretaria de educaccedilatildeo captou o valor de

R$537605200

O municiacutepio tambeacutem recebeu recursos do Programa Brasil Carinhoso que segundo a

Resoluccedilatildeo nordm 192014FNDEMEC tem o seu desenvolvimento integrado em vaacuterias vertentes e

uma delas eacute expandir a quantidade de matriacuteculas de crianccedilas entre 0 e 48 meses cujas famiacutelias

sejam beneficiaacuterias do Programa Bolsa Famiacutelia (PBF) em creches puacuteblicas ou conveniadas O

Programa consiste na transferecircncia automaacutetica de recursos financeiros sem necessidade de

convecircnio ou outro instrumento para custear despesas com manutenccedilatildeo e desenvolvimento da

educaccedilatildeo infantil contribuir com as accedilotildees de cuidado integral seguranccedila alimentar e

nutricional garantir o acesso e a permanecircncia da crianccedila na educaccedilatildeo infantil No caso de

Santana foram recebidos R$ 17096000 no ano de 2014 referente a 143 crianccedilas Para a accedilatildeo

Construccedilatildeo de quadras esportivas foram repassados R$ 30489600 de acordo com as

necessidades demonstradas pelo municiacutepio quando da elaboraccedilatildeo do PAR O programa

Projovem tem como objetivo elevar a escolaridade de jovens com idade entre 18 e 29 anos

que saibam ler e escrever e natildeo tenham concluiacutedo o ensino fundamental visando agrave conclusatildeo

desta etapa por meio da modalidade de Educaccedilatildeo de Jovens e Adultos integrada agrave qualificaccedilatildeo

profissional e o desenvolvimento de accedilotildees comunitaacuterias com exerciacutecio da cidadania na forma

de curso Para accedilotildees referentes ao cumprimento dos objetivos deste programa o municiacutepio

recebeu o valor de R$ 3876000 somente no ano de 2014

131

Para efeito de dimensionar os valores proporcionais de cada uma das fontes analisadas

vejamos os graacuteficos a seguir relativos ao ano de 2009 ano em que se aportaram os primeiros

recursos oriundos do PAR e o ano de 2013 visto que os recursos relativos ao ano de 2014 natildeo

foram informados no SIOPE

Graacutefico 3 SANTANA Receitas da Educaccedilatildeo em relaccedilatildeo as despesas com a funccedilatildeo educaccedilatildeo

- 2009

Fonte FNDE Graacutefico elaborado pela autora

Sem duacutevida a maior parte das receitas que mantem a educaccedilatildeo municipal de Santana

satildeo os oriundos do FUNDEB Em 2009 eles representaram 87 do total enquanto a segunda

maior fonte foram os recursos proacuteprios na base de 8 das receitas do ano As receitas relativas

aos Programas decorrentes do Plano de Accedilotildees Articuladas no ano de 2009 representavam 1

do total Todavia no ano de 2013 essa proporcionalidade sofreu ligeira alteraccedilatildeo como se pode

conferir no graacutefico a seguir

Recursos Proacuteprios 1386939

8

FUNDEB 16125995 87

Salaacuterio Educaccedilatildeo 232204

1

FNDE 560265 3

PAR 209730 1

Receitas da Educaccedilatildeo em Santana 2009

Recursos Proacuteprios FUNDEB Salaacuterio Educaccedilatildeo FNDE PAR

132

Graacutefico 4 SANTANA Receitas da Educaccedilatildeo em relaccedilatildeo as despesas com a funccedilatildeo educaccedilatildeo

- 2013

Fonte FNDE Graacutefico elaborado pela autora

Os recursos do FUNDEB passaram a representar 84 do total das receitas em educaccedilatildeo

em 2013 enquanto os do PAR passaram a representar 3 Houve tambeacutem aumento

proporcional dos recursos do FNDE e do Salaacuterio Educaccedilatildeo Como podemos perceber no

graacutefico eacute notoacuterio o montante de recursos destinados agrave educaccedilatildeo com um valor de mais de R$

27 milhotildees ao ano Jaacute os recursos do PAR correspondem a somente 3 do valor das receitas

do municiacutepio pouco mais de R$ 1 milhatildeo de reais Eacute importante tambeacutem deixar claro que os

recursos do PAR natildeo satildeo recursos a mais pois este natildeo recebe complementaccedilatildeo da Uniatildeo

As despesas com a funccedilatildeo educaccedilatildeo realizadas no periacuteodo da pesquisa nos mostram a

totalidade dos recursos gastos com a educaccedilatildeo no periacuteodo de 2007 a 2014 A tabela a seguir

demonstra o total dessas despesas bem como o valor gasto com cada sub-funccedilatildeo

Recursos Proacuteprios 2378186

7

FUNDEB 27432156 84

Salaacuterio Educaccedilatildeo 635331

2

FNDE 11619054

PAR 1004400 3

Receitas da Educaccedilatildeo em Santana 2013

Recursos Proacuteprios FUNDEB Salaacuterio Educaccedilatildeo FNDE PAR

133

Tabela 14 ndash Santana Despesas com a Funccedilatildeo Educaccedilatildeo (2007-2014)

Sub-

Funccedilotildees 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

EF 14910367 18487032 19191537 19707136 17957976 20624296 21804153

ES 1000 191125 2000 - - - -

EI 709597 435087 996814 5809173 8196777 9434598 13015450

EJA 5186 17361 292230 1176888 1387621 1429476 1261614

E Esp 16300 - 8551 - - - -

Outros 164151 215413 237968 270781 336596 389801 461471

Total 15806603 19346021 20729102 26963979 27878970 31878173 36542690

Fonte SIOPE Legenda EF ndash Ensino Fundamental ES ndash Educaccedilatildeo Superior EI ndash Educaccedilatildeo Infantil EJA ndash

Educaccedilatildeo de Jovens e Adultos EESP ndash Educaccedilatildeo Especial Outros gastos com educaccedilatildeo Baacutesica

Natildeo estava disponiacutevel no SIOPE as despesas do ano de 2014

Observa-se na tabela 14 que os maiores gastos foram realizados com a sub-funccedilatildeo

ensino fundamental que em todos os anos esteve acima de 50 Todavia tais gastos vecircm

diminuindo pois se em 2007 representava 9433 do total em 2014 representava apenas

5966 do montante dispendido em educaccedilatildeo Por outro lado os gastos com a educaccedilatildeo infantil

vecircm aumentando pois em 2007 eram apenas 44 do total e em 2014 passaram a representar

356 do total da funccedilatildeo educaccedilatildeo

Quanto agrave gestatildeo dos recursos observamos que o municiacutepio de Santana vem aplicando o

previsto na Constituiccedilatildeo Federal na manutenccedilatildeo e desenvolvimento do ensino na maioria dos

anos pois conforme a tabela 15 de 2007 a 2014 o miacutenimo aplicado foi de 25 exceto no ano

de 2007 quando essa taxa foi de apenas 1938

Tabela 15 Santana Miacutenimo de Aplicaccedilatildeo em MDE (2007-2014)

Ano ()

2007 1938

2008 2525

2009 2515

2010 3196

2011 2614

2012 2743

2013 2630

2014 Fonte SIOPE Tabela elaborada pela autora

Os dados tambeacutem revelam que o ano de 2014 foi muito criacutetico do ponto de vista

financeiro para o municiacutepio pois os dados estatildeo ausentes na base SIOPE Tais dados tem como

origem a Secretaria de Fazenda eacute possiacutevel que a prestaccedilatildeo de contas natildeo tenha sido realizada

naquele ano

134

Quanto agrave aplicaccedilatildeo do miacutenimo de 60 do FUNDEB com a remuneraccedilatildeo dos professores

previstos em Lei temos o seguinte quadro

Tabela 16 Santana Miacutenimo de Aplicaccedilatildeo do FUNDEB em Remuneraccedilatildeo de Professores

(2007-2014)

Ano Valor ()

2007 666079525 6963

2008 896246079 6091

2009 967559754 8959

2010 1090943753 9574

2011 1298672829 9622

2012 1426436228 9221

2013 1645929362 9448

2014 Fonte SIOPE Nota 1 Dados ausentes no SIOPE Tabela elaborada pela autora

De 2007 a 2013 apenas nos anos de 2007 o percentual foi proacuteximo de 60 Nos

demais anos foram de mais de 69 do total dos recursos Tal situaccedilatildeo requer aprofundamento

da pesquisa a fim de identificar as causas para as taxas elevadas Todavia como o municiacutepio

apresenta taxas muito baixas de arrecadaccedilatildeo proacutepria o municiacutepio de Santana manteacutem a

educaccedilatildeo basicamente com recursos do FUNDEB

Por fim cabe ressaltar no que se refere agrave gestatildeo financeira da educaccedilatildeo que os recursos

destinados agrave funccedilatildeo educaccedilatildeo sejam do FUNDEB ou de Programas ou Projetos ainda

continuam centralizados na Prefeitura Municipal e natildeo satildeo repassados ao oacutergatildeo responsaacutevel

pela gestatildeo da educaccedilatildeo no caso para a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo para que possa

executaacute-los de acordo com o seu planejamento Tal situaccedilatildeo contraria a perspectiva de

descentralizaccedilatildeo da gestatildeo dos recursos financeiros conforme preceitua a LDB em seu art 69

sect 5ordm e as poliacuteticas educacionais recentes Mas como o PAR tem interferido nessa dinacircmica de

gestatildeo educacional da rede municipal

33 O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS E A DIMENSAtildeO GESTAtildeO DA EDUCACcedilAtildeO

NA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE SANTANA (2007-2014)

O PDEPlano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo tem o Plano de Accedilotildees

Articuladas como a principal ferramenta de planejamento da educaccedilatildeo para a construccedilatildeo da

gestatildeo democraacutetica nos sistemas municipais de educaccedilatildeo

135

No municiacutepio de Santana o processo de implantaccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas teve

iniacutecio ainda em 2007 apoacutes a divulgaccedilatildeo dos resultados do Iacutendice de Desenvolvimento da

Educaccedilatildeo Baacutesica com as conversas e discussotildees sobre o Plano pois de acordo com a

coordenadora da eacutepoca

() quando foi jaacute em 2007 natildeo demorou muito para eles virem ateacute Santana foi logo

apoacutes os resultados do IDEB uma equipe do MEC e nos orientar natildeo fazia muito

tempo que tiacutenhamos realizado o planejamento estrateacutegico do municiacutepio eles nos

orientaram como deveriacuteamos proceder para o planejamento estrateacutegico e a colocaccedilatildeo

das informaccedilotildees na plataforma do SIMEC para noacutes natildeo foi difiacutecil pois jaacute tiacutenhamos

acabado de realizar nosso planejamento entatildeo foi praticamente transferir as

informaccedilotildees para a plataforma (Coordenaccedilatildeo do 1ordm PAR)

O municiacutepio de Santana atingiu as metas previstas pelo IDEB jaacute em 2007 e mesmo

assim estava nos registros do MEC como um dos municiacutepios prioritaacuterios para a visita da equipe

do MEC e a implantaccedilatildeo do Compromisso Dessa forma logo apoacutes o lanccedilamento do Decreto

nordm 60942007 se observou que grande parte dos municiacutepios brasileiros assinaram o Termo de

Adesatildeo independente de atingir ou natildeo as metas do IDEB e no municiacutepio de Santana a

coordenadora do PAR no periacuteodo da implantaccedilatildeo afirma ldquonoacutes natildeo tivemos escolha foi uma

imposiccedilatildeo do MEC para que implantaacutessemos e realizaacutessemos o preenchimento das informaccedilotildees

no sistemardquo (Coordenadora do 1ordm PAR)

O Termo de Cooperaccedilatildeo Teacutecnica entre a Prefeitura Municipal de Santana e o MEC

previa o prazo de 4 anos a partir da data da sua assinatura que foi em 2009 ldquocom possibilidade

de prorrogaccedilatildeo por igual ou inferior periacuteodo podendo ser rescindido por iniciativa de qualquer

das partes ()rdquo(MEC 2009 p2) Acerca do Termo de Compromisso e do periacuteodo de

prorrogaccedilatildeo do PAR as Coordenadoras entrevistadas natildeo souberam informar ou natildeo

lembravam

Durante o periacuteodo de levantamento documental da pesquisa tratamos os dados a partir

dos dois ciclos de planejamento do Plano de Accedilotildees Articuladas no municiacutepio Nessa pesquisa

utilizamos o Termo de Cooperaccedilatildeo Teacutecnica Nordm 23456 o planejamento estrateacutegico do municiacutepio

e a siacutentese do diagnoacutestico dos indicadores do municiacutepio

Os dados relativos ao 1ordm PAR do municiacutepio natildeo foram localizados nem nos arquivos

fiacutesicos da SEME e nem na Coordenaccedilatildeo do PAR poreacutem durante as visitas aos sujeitos

entrevistados eacute que conseguimos coletar alguns dados relativos ao 1ordm PAR o que ajudou na

construccedilatildeo da anaacutelise da historicidade do PAR em Santana As entrevistas viabilizaram

136

esclarecimentos e complementaccedilatildeo de informaccedilotildees sobre o 1ordm PAR e assim encontramos a

seguinte declaraccedilatildeo sobre o processo de elaboraccedilatildeo do 1ordm PAR

O primeiro PAR ocorreu de forma muito apressada sem uma discussatildeo com os

participantes da rede municipal de ensino Recebemos uma equipe do MEC que

orientou a elaboraccedilatildeo e disse como deveriacuteamos preencher na plataforma Natildeo foi

muito discutido ateacute porque natildeo tiacutenhamos alguns conselhos implantados mas foi

elaborado pelos setores da SEME (Coordenadora do 1ordm PAR)

Foi um lsquodiagnoacutestico de gabinetersquo em muitos indicadores as pontuaccedilotildees foram 1 e 2

devido natildeo ter a documentaccedilatildeo organizada regimento frequecircncia na reuniatildeo dos

conselhos atas ou que ainda estavam em fase de criaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo como eacute o caso

do PME (Coordenadora do 2ordm PAR)

A equipe teacutecnica local do 1ordm PAR foi composta por quinze membros sendo um

dirigente municipal oito representantes dos teacutecnicos da SEME dois representantes dos

professores um representante dos supervisores escolares um representante do quadro teacutecnico-

administrativo um representante do conselho escolar e um representante do conselho municipal

de educaccedilatildeo

O diagnoacutestico da educaccedilatildeo municipal relativo ao 2ordm PAR para o ciclo de 2011 a 2014

foi realizado pela equipe local composta pelos mesmos membros que compuseram a equipe do

1ordm PAR municipal e foi enviado ao MEC no dia 30092011 Poreacutem segundo a Coordenaccedilatildeo

do 2ordm PAR o Plano de Trabalho com as sub-accedilotildees foram enviadas para anaacutelise do MEC

posteriormente em 10092012 isto eacute quase um ano depois Segundo a coordenadora do 2ordm

PAR

Essa demora no envio para a elaboraccedilatildeo do Plano de Trabalho se deu devido agrave

dimensatildeo 4 infraestrutura ldquoque requeria informaccedilotildees adicionais de engenheiros

topoacutegrafos legalizaccedilatildeo e doaccedilatildeo de terrenos para a construccedilatildeo de escolas e creches

para o municiacutepio (Coordenadora do 2ordm PAR)

Observamos que os periacuteodos de planejamento no 1ordm e 2ordm PAR natildeo correspondem aos

periacuteodos orientados pelo MEC que seria 2007 a 2010 e de 2011 a 2014 Existe um lapso

temporal entre o planejamento e a execuccedilatildeo do PAR a assinatura do termo de compromisso e

os ciclos de duraccedilatildeo do PAR no municiacutepio Entretanto o manual de orientaccedilotildees do PAR (2011-

2014) afirma que esse planejamento eacute voluntaacuterio e natildeo haacute exigecircncia quanto ao cumprimento de

prazos

137

A adesatildeo ao Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo assinada pelos

municiacutepios estados e Distrito Federal ocorreu de forma voluntaacuteria e foi realizada

por todos os entes federados () Sendo uma accedilatildeo voluntaacuteria o Ministeacuterio da

Educaccedilatildeo natildeo estabelece prazos para elaboraccedilatildeo e conclusatildeo do PAR no sistema

Eacute de interesse dos municiacutepios estados e Distrito Federal terem o PAR elaborado e

enviado para anaacutelise do MECFNDE no SIMEC uma vez que a partir do Decreto No

6094 de 24 de abril de 2007 as accedilotildees de assistecircncia teacutecnica e financeira (apoio

suplementar e voluntaacuterio) do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo seratildeo norteadas pela adesatildeo ao

Plano de Metas e elaboraccedilatildeo do PAR no SIMEC O PAR seraacute base para termo de

convecircnio ou de cooperaccedilatildeo firmado entre o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e o ente apoiado

(MECPAR 2011 p 40 grifos nossos)

As praacuteticas dos teacutecnicos do MEC tecircm se apresentado contraditoacuterias ao seu discurso

quando afirmam em seus documentos oficiais ser ldquovoluntaacuteriardquo a adesatildeo do municiacutepio ao

PDEPlano de Metas Entretanto na praacutetica o que ocorre eacute quase uma imposiccedilatildeo aos municiacutepios

para a implantaccedilatildeo do PAR visto que condiciona o financiamento de algumas accedilotildees agrave adesatildeo

ao PAR A Lei nordm 126952012 define as quatro dimensotildees abrangidas pelo PAR passiveis de

serem financiadas ou receberem apoio teacutecnico do MEC sendo elas

Art 2o - O PAR seraacute elaborado pelos entes federados e pactuado com o Ministeacuterio da

Educaccedilatildeo a partir das accedilotildees programas e atividades definidas pelo Comitecirc

Estrateacutegico do PAR de que trata o art 3o [] sect 1o A elaboraccedilatildeo do PAR seraacute

precedida de um diagnoacutestico da situaccedilatildeo educacional estruturado em 4 (quatro)

dimensotildees []I - gestatildeo educacional []II - formaccedilatildeo de profissionais de

educaccedilatildeo []III - praacuteticas pedagoacutegicas e avaliaccedilatildeo [] IV -infraestrutura fiacutesica e

recursos pedagoacutegicos (BRASIL 2012)

Aleacutem disso os resultados do IDEB por parte do MEC refletem as condiccedilotildees para o

financiamento das accedilotildees como que alertam Adriatildeo e Garcia (2008 p 792) quando afirmam que

a adesatildeo ao Compromisso pode reduzir ldquoos processos pedagoacutegicos ao preparo para os exames

externos considerando-se que os resultados das avaliaccedilotildees concorreratildeo para o aumento dos

recursosrdquo

A ideia da poliacutetica do planejamento multidimensional e articulado com os entes

federados eacute interessante com a intermediaccedilatildeo das universidades e outras organizaccedilotildees

educacionais como a UNDIME e sindicatos educacionais auxiliam na implantaccedilatildeo da poliacutetica

e a prioridade na alocaccedilatildeo dos recursos sem interferecircncias poliacutetico-partidaacuterias Para Luce e

Farenzena (2007 p 11) a poliacutetica do MEC se caracteriza como uma ldquodescentralizaccedilatildeo

convergenterdquo levando em consideraccedilatildeo a prestaccedilatildeo de contas dos entes que aderem ao

Compromisso ou ainda tambeacutem pode ser caracterizada como uma descentralizaccedilatildeo

138

monitorada considerando a exigecircncia de um Planejamento de Accedilotildees Articuladas (PAR) e pela

existecircncia do IDEB em que eacute tomado como medida de avaliaccedilatildeo das accedilotildees que foram ou natildeo

realizadas Dessa forma os discursos da descentralizaccedilatildeo e da autonomia dos entes federados

entram em contradiccedilatildeo quanto a implantaccedilatildeo dessa poliacutetica

O Relatoacuterio Puacuteblico da siacutentese do diagnoacutestico do 1ordm PAR no municiacutepio de SantanaAP

nos indica a situaccedilatildeo de cada dimensatildeo conforme a avaliaccedilatildeo da equipe teacutecnica local por ocasiatildeo

da elaboraccedilatildeo do PAR A tabela 16 nos demonstra tal situaccedilatildeo

Tabela 17 Santana Siacutentese das pontuaccedilotildees das Dimensotildees do 1ordm PAR

Dimensotildees Pontuaccedilotildees

Total 4 3 2 1 na

1Gestatildeo Educacional 0 6 6 7 1 20

2 Formaccedilatildeo de Professores e de

Profissionais de Serviccedilos e Apoio Escolar 1 2 1 6 0 10

3 Praacuteticas Pedagoacutegicas e Avaliaccedilatildeo 1 3 2 2 0 08

4 Infraestrutura Fiacutesica e Recursos

Pedagoacutegicos 0 1 8 5 0 13

Total 2 12 17 20 1 52 Fonte SIMECMEC (2009)

De acordo com a tabela 16 o municiacutepio de Santana recebeu maior nuacutemero de pontuaccedilatildeo

1 e 2 que totalizam 71 do total de indicadores o que demonstra que haacute na rede uma situaccedilatildeo

mais para ruim do que boa As dimensotildees Gestatildeo Educacional e Infraestrutura Fiacutesica e Recursos

Pedagoacutegicos foram as responsaacuteveis pelo maior nuacutemero de pontuaccedilotildees 1 e 2 revelando estar

nessas dimensotildees as maiores fragilidades As pontuaccedilotildees 3 e 4 que representam uma situaccedilatildeo

boa ou oacutetima poreacutem correspondem apenas a 269 dos indicadores do 1ordm PAR

Em relaccedilatildeo agrave dimensatildeo da Gestatildeo Educacional 30 dos indicadores receberam

pontuaccedilatildeo 3 que eacute considerada boa segundo a avaliaccedilatildeo do MEC E 70 das pontuaccedilotildees da

gestatildeo foram 1 ou 2 o que expressa uma situaccedilatildeo insatisfatoacuteria

A elaboraccedilatildeo do 2ordm Plano de Accedilotildees Articuladas no municiacutepio de Santana ciclo 2011 a

2014 foi realizado no 2ordm semestre de 2011 com a participaccedilatildeo da equipe local

Segundo informaccedilotildees dos entrevistados a elaboraccedilatildeo do 2ordm PAR

Foi feita atraveacutes de reuniatildeo da equipe local envolvendo vaacuterios segmentos entre eles

a secretaacuteria diretores de todos os departamentos representantes de professores tanto

da zona rural como da urbana pedagogos da zona rural e urbana representantes de

diretores representantes de conselho escolar e representantes do conselho municipal

de educaccedilatildeo noacutes tivemos toda essa equipe reunidas 3 vezes por semana tanto de manhatilde

como a tarde onde eram feitos diagnoacutesticos e anaacutelise (Coordenadora do 2ordm PAR)

139

A siacutentese dos resultados do diagnoacutestico do 2ordm PAR realizado pela equipe local do

municiacutepio estaacute disponiacutevel na tabela 18 a seguir

Tabela 18 Santana Siacutentese das pontuaccedilotildees das Dimensotildees do 2ordm PAR

Dimensotildees Pontuaccedilotildees

4 3 2 1 na Total

1Gestatildeo Educacional 0 9 16 3 0 28

2 Formaccedilatildeo de Professores e de

Profissionais de Serviccedilos e Apoio Escolar 0 7 5 4 1 17

3 Praacuteticas Pedagoacutegicas e Avaliaccedilatildeo 0 9 5 1 0 15

4 Infraestrutura Fiacutesica e Recursos

Pedagoacutegicos 0 0 14 8 0 22

Total 0 25 40 16 1 82 Fonte SIMECMEC (2015)

Como podemos analisar na tabela 18 nenhum indicador recebeu a pontuaccedilatildeo 4 Quase

50 dos indicadores obtiveram a pontuaccedilatildeo 2 se somarmos as pontuaccedilotildees 1 e 2 obteremos um

total de 682 de indicadores o que descreve uma situaccedilatildeo insuficiente e por isso aponta mais

aspectos negativos e de situaccedilatildeo criacutetica ao municiacutepio As dimensotildees gestatildeo educacional e

infraestrutura fiacutesica e recursos pedagoacutegicos tem sido os principais responsaacuteveis pela situaccedilatildeo

insuficiente

E se comparamos o 1ordm e 2ordm diagnoacutestico do PAR em um panorama geral podemos

perceber que 71 das pontuaccedilotildees 1 e 2 estatildeo no 1ordm PAR e no 2ordm PAR satildeo 682 isto eacute houve

uma quase insignificante alteraccedilatildeo na situaccedilatildeo do municiacutepio em relaccedilatildeo aos indicadores

Inclusive 2 indicadores que demonstravam pontuaccedilatildeo 4 no 1ordm PAR natildeo mais apareceram no 2ordm

PAR

Em relaccedilatildeo agrave dimensatildeo Gestatildeo Educacional no 2ordm PAR 678 dos indicadores

apresentaram-se com insatisfatoacuterios ou criacuteticos Se comparados ao 1ordm PAR em que 70 dos

indicadores tambeacutem foram pontuados como insatisfatoacuterios ou criacuteticos observa-se que nessa

dimensatildeo teve uma quase insignificante evoluccedilatildeo de 22 a mais

No que se refere ainda a baixa pontuaccedilatildeo de indicadores de Infraestrutura Fiacutesica e

Recursos Pedagoacutegicos no 1ordm e 2ordm PAR pudemos identificar atraveacutes dos termos de compromisso

(Extrato de execuccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas - PAR) disponiacuteveis em consulta puacuteblica

no SIMEC (2015) planejamento para investimentos nessa dimensatildeo (4) em indicadores da

aacuterea 2 sendo

a) seis termos de compromisso relativos a compra de mobiliaacuterio equipamentos e materiais

didaacuteticos e pedagoacutegicos (accedilotildees e sub-accedilotildees do indicador 4211)

140

b) um termo de compromisso de infraestrutura (reforma) de unidades escolares que ofertam EF

na zona urbana (accedilotildees e sub-accedilotildees do indicador - 425emenda parlamentar)

c) aquisiccedilatildeo de nove ocircnibus escolares (accedilotildees e sub-accedilotildees do indicador - 4212)

d) quatro escolas comtempladas com construccedilatildeoampliaccedilatildeo de salas de aula para a educaccedilatildeo do

campo indiacutegena ou quilombola (accedilotildees e sub-accedilotildees do indicador 4210)

e) duas escolas comtempladas com construccedilatildeoampliaccedilatildeo de salas de aula de EF na zona urbana

(accedilotildees e sub-accedilotildees do indicador 429) (MECPAR 2015)

A coordenadora do 2ordm PAR afirma que ldquoo prefeito natildeo tinha a noccedilatildeo do que era o PAR

quando ele soube que era para receber recursos toda a atenccedilatildeo comeccedilou a ser dada para a

elaboraccedilatildeo do PARrdquo Natildeo obstante os recursos decorrentes do PAR considerando a totalidade

das receitas para com o financiamento da funccedilatildeo educaccedilatildeo no municiacutepio satildeo iacutenfimos conforme

jaacute demonstramos anteriormente Para o ano de 2009 representou 1 e em 2013 apenas 3 do

total das receitas

O que tambeacutem temos observado eacute que muitos dos recursos que foram alocados ainda no

1ordm PAR foram prorrogados e estatildeo em execuccedilatildeo e natildeo foram ainda concluiacutedos por parte do

municiacutepio como eacute o caso daqueles destinados agrave construccedilatildeo de creches Mas quais as

implicaccedilotildees do PAR para a democratizaccedilatildeo da gestatildeo A anaacutelise dos principais indicadores a

seguir nos daraacute pistas a esse respeito

34 OS INDICADORES DA GESTAtildeO DEMOCRAacuteTICA DO PLANO DE ACcedilOtildeES

ARTICULADAS NA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE SANTANA (2007-2014)

Os indicadores de gestatildeo democraacutetica no 1ordm e 2ordm PAR que satildeo objetos desse estudo satildeo

seis Conselho Escolar Conselho Municipal de Educaccedilatildeo Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar

Comitecirc Local do Compromisso Conselho do FUNDEB e Criteacuterios para a escolha de Diretores

A pontuaccedilatildeo que revela o diagnoacutestico da situaccedilatildeo a respeito de cada indicador realizado

por ocasiatildeo do 1ordm PAR (2007) e do 2ordm PAR (2011) demonstrada a seguir nos subsidiaraacute a anaacutelise

da evoluccedilatildeo do desenvolvimento das condiccedilotildees de democratizaccedilatildeo da gestatildeo em Santana

Quadro 10 ndash Santana Pontuaccedilatildeo dos indicadores de gestatildeo democraacutetica no 1ordm e 2ordm PAR

PAR CE CME CAE Comitecirc

Local

Conselho do

FUNDEB

Criteacuterios para a Escolha

de Diretores

1ordm PAR

(2007-2010) 3 1 1 1

2ordm PAR

(2011-2014) 3 3 2 1 2 3

Fonte SIMEC ndash Elaborado pela autora Nota 1 Indicador ausente no 1ordm PAR Nota 2 No 2ordm PAR

esse indicador foi remanejado para a Dimensatildeo Gestatildeo de Pessoas

141

No quadro 10 o diagnoacutestico situacional da gestatildeo democraacutetica da educaccedilatildeo no

municiacutepio de Santana informado pela SEME indicou que no 1ordm PAR dos quatro indicadores

analisados61 em trecircs deles (Existecircncia e funcionamento de CME Existecircncia e funcionamento

do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar e Criteacuterios para escolha de diretores) a pontuaccedilatildeo

atribuiacuteda foi 1 o que demonstra uma situaccedilatildeo muito criacutetica revelando aspectos negativos

Apenas um indicador foi diagnosticado com a pontuaccedilatildeo 3 (Existecircncia e funcionamento de

Conselho escolar) que descreve uma situaccedilatildeo satisfatoacuteria Jaacute no 2ordm PAR dos seis indicadores

analisados trecircs indicadores receberam a pontuaccedilatildeo 3 (Existecircncia e funcionamento de Conselho

escolar Existecircncia e funcionamento de CME e Criteacuterios para escolha de diretores) dois

indicadores receberam pontuaccedilatildeo 2 (Existecircncia e funcionamento do Conselho de Alimentaccedilatildeo

Escolar e Existecircncia e funcionamento do Conselho do FUNDEB) Apenas o Escolar um

indicador recebeu pontuaccedilatildeo 1 (Comitecirc Local)

Essa situaccedilatildeo deveraacute ser analisada mais detalhadamente em cada indicador nos itens a

seguir na perspectiva de compreender as implicaccedilotildees do PAR para a democratizaccedilatildeo da gestatildeo

por meio da anaacutelise do funcionamento de cada um desses indicadores no acircmbito da rede

municipal

341 Existecircncia composiccedilatildeo e funcionamento dos Conselhos Escolares (CE)

O municiacutepio de Santana desde 1994 jaacute dispotildee da sua lei especiacutefica Nordm 15394 que trata

sobre a criaccedilatildeo do Conselho Escolar nos estabelecimentos do sistema municipal de ensino A

existecircncia de Conselhos Escolares na rede municipal de Santana eacute tambeacutem mencionada na Lei

Orgacircnica do Municiacutepio promulgada em 1992 revisada e atualizada no ano de 2000 em seu

art 159 e 160 define as funccedilotildees do CE e a elaboraccedilatildeo de um regimento da escola que seja

participativo

Art 159 ndash As escolas puacuteblicas municipais contaratildeo com conselhos escolares

constituiacutedos pela direccedilatildeo da escola e representantes dos segmentos da comunidade

escolar com funccedilotildees consultiva deliberativa e fiscalizadora na forma da Lei

Art 160 ndash Os estabelecimentos de ensino deveratildeo ter um regimento elaborado pela

Comunidade Escolar homologado pelo conselho da escola e submetido a posterior

aprovaccedilatildeo do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (SANTANA 2000 p 34)

Entretanto a rede municipal justificou que possui escolas que natildeo tem os Conselhos

Escolares constituiacutedos principalmente ldquoporque ainda tem funcionaacuterios do contrato

administrativo ou seja natildeo satildeo efetivos e esta eacute uma das exigecircncias conforme o estatuto do

61Dos seis indicadores focalizados neste trabalho dois deles natildeo constavam no primeiro PAR (o Comitecirc Local e

Conselho do FUNDEB)

142

conselho escolarrdquo (Conselheira do CE - governamental) Como podemos analisar ainda haacute

funcionaacuterios puacuteblicos admitidos por contratos administrativos sem estabilidade no cargo e sem

passar por provas e tiacutetulos

Os Conselhos Escolares satildeo de grande importacircncia por serem os incentivadores da

participaccedilatildeo contribuindo para a construccedilatildeo de uma cultura democraacutetica que rompa com a

loacutegica do poder centralizador das decisotildees de um pequeno grupo estimulando assim um local

de exerciacutecio contiacutenuo e cotidiano do diaacutelogo e da negociaccedilatildeo ldquoum espaccedilo de aprendizagem

participativa democraacutetica e de empowerment de seus componentes () que se desenvolvem

como construccedilatildeo da comunidade escolar a democracia estaraacute sendo construiacuteda ativamente e

vivenciada em processos concretosrdquo (WERLE 2003 p 11)

A composiccedilatildeo do Conselho Escolar no municiacutepio de Santana eacute de 9 (nove) conselheiros

sendo um titular e um suplente de cada segmento da comunidade escolar O diretor da Unidade

Escolar eacute membro ldquonatordquo e natildeo passa por eleiccedilatildeo tendo sua participaccedilatildeo garantida no CE mas

natildeo poderaacute ser o presidente (SANTANA 2000) No instante em que a uma legislaccedilatildeo daacute

poderes a integrantes dos Conselhos natildeo passarem por eleiccedilatildeo estatildeo utilizando de

procedimentos antidemocraacuteticos visto que os conselhos representam a participaccedilatildeo nas

discussotildees e o poder de tomar decisotildees

Nesse caso os direitos civis de uma comunidade em que envolve a efetiva participaccedilatildeo

com engajamento nas questotildees de interesse puacuteblico envolve tambeacutem igualdade poliacutetica entre

todos os participantes participaccedilatildeo ativa toleracircncia voluntariedade e o espaccedilo deve ser

propiacutecio para concordar ou discordar dos pontos de vista propostos sem constrangimento

passividade ou imposiccedilotildees

O quadro 11 apresenta o diagnoacutestico realizado pela equipe local do municiacutepio quanto

ao indicador ldquoExistecircncia de Conselhos Escolares (CE)rdquo no 1ordm e 2ordm PAR

Quadro 11 - SANTANA Diagnoacutestico do Indicador Conselho Escolar

PAR Indicador Pontuaccedilatildeo

1ordf versatildeo do PAR

(2007-2010) Existecircncia de Conselhos Escolares 3

2ordf versatildeo do PAR

(2011-2014)

Existecircncia e funcionamento de

Conselhos Escolares 3

Fonte SIMEC ndash Elaborado pela autora

De acordo com o quadro 11 o indicador ldquoExistecircncia de Conselhos Escolaresrdquo no 1ordm PAR

(2007-2010) recebeu a pontuaccedilatildeo 3 o que de acordo com as convenccedilotildees do MEC significa

que haacute conselhos escolares atuantes em pelo menos 50 das escolas da rede que a secretaria

143

sugeria e orientava a implantaccedilatildeo dos CE e que as escolas da rede em parte se mobilizavam

para implantar CE

No 2ordm PAR (2011-2014) o indicador ldquoExistecircncia e funcionamento de Conselhos

Escolaresrdquo por ocasiatildeo da pontuaccedilatildeo 3 gerou cinco sub-accedilotildees a serem realizadas pela SEME

como

a) qualificar os teacutecnicos da SEME que satildeo responsaacuteveis pela implantaccedilatildeo e

fortalecimento dos conselhos escolares b) instituir um grupo articulador de

criaccedilatildeo e fortalecimento dos conselhos escolares e de outros documentos

relacionados a gestatildeo democraacutetica da escola c) sensibilizar a comunidade escolar

e local dentre eles pais professores diretores escolares demais funcionaacuterios da

escola e comunidade sobre a importacircncia da gestatildeo democraacutetica na escola e

mobilizaacute-la para a implantaccedilatildeo do conselho escolar onde ele natildeo existir e)

monitorar e apoiar a atuaccedilatildeo dos conselhos na rede de ensino f) incentivar a

integraccedilatildeo entre os conselhos escolares (PAR 2011-2014)

b)

Segundo uma entrevistada integrante do Conselho Escolar que faz parte da equipe de

fortalecimento dos conselhos escolares as sub-accedilotildees que se referem ao monitoramento e apoio

aos conselhos escolares bem como a integraccedilatildeo entre eles natildeo ocorreram

Quando perguntamos agrave Conselheira sobre a existecircncia implantaccedilatildeo e funcionamento

dos CE na rede municipal de ensino ela assim descreveu o processo

90 das escolas tecircm Conselhos Escolares implantados por que as mesmas trabalham

com caixas escolares e os representantes do caixa escolar satildeo eleitos dentro da

composiccedilatildeo do Conselho Escolar Ficando entendido que o caixa escolar eacute o oacutergatildeo

que trabalha com o recurso financeiro da unidade escolar e eacute tirado de dentro da

composiccedilatildeo do Conselho Escolar () na implantaccedilatildeo dos conselhos escolares a SEME

vem para as escolas faz uma assembleia sensibiliza todos os envolvidos na escola e

mostra o que eacute o conselho qual a funccedilatildeo do conselho mostra o que pode e o que natildeo

pode fazer orienta de acordo com as leis e orientamos que faccedilam as assembleias por

segmento Eacute assim que orientamos (Conselheira Escolar)

No que diz respeito ao funcionamento dos Conselhos Escolares a conselheira avalia que

A implantaccedilatildeo eacute uma beleza jaacute o funcionamento eacute uma dificuldade pois a gente

percebe que haacute uma negaccedilatildeo Os proacuteprios pais dizem que o conselho escolar natildeo

funciona ou natildeo tem tempo de participar Os Caixas escolares as pessoas tecircm medo

de se envolverem com as questotildees financeiras e natildeo querem participar (Conselheira

Escolar)

Como podemos perceber na fala da entrevistada os conselhos satildeo implantados

principalmente por ser uma exigecircncia da Uniatildeo para a composiccedilatildeo dos caixas escolares pois

somente dessa forma as escolas teratildeo acesso aos recursos Sendo que o Conselho Escolar pode

exercer tambeacutem a funccedilatildeo de Unidade Executora (UEx) responsaacutevel por receber os recursos

do PDDE (Programa Dinheiro Direto na Escola) Mas sua atuaccedilatildeo natildeo deve se restringir apenas

agraves accedilotildees financeiras Outro aspecto interessante diz respeito ao fato de que quando o conselho

144

escolar natildeo exerce a funccedilatildeo de Unidade Executora natildeo haacute necessidade de registraacute-lo em

cartoacuterio Mas mesmo natildeo sendo a Unidade Executora o conselho escolar deve participar do

planejamento e da execuccedilatildeo dos recursos financeiros (MECPAR 2011)

No levantamento de dados do Sistema de Informaccedilotildees sobre Orccedilamentos Puacuteblicos em

Educaccedilatildeo (SIOPE) natildeo encontramos registrados no municiacutepio de Santana os lsquoConselhos

Escolaresrsquo como Unidades Executoras o que foram encontrados foram lsquoCaixas Escolaresrsquo De

acordo com o MEC as Caixas Escolares satildeo unidades executoras com personalidade juriacutedica

de direito privado com CNPJ sem fins lucrativos Eacute portanto categoria de associaccedilatildeo natildeo

pertence agrave administraccedilatildeo puacuteblica eacute apenas vinculada agrave escola As Caixas Escolares tecircm como

objetivo gerir a verba transferida por isso chamada de Unidade Executora Portanto todas as

escolas devem possuir sua Caixa Escolar e aquelas escolas com pequena quantidade de alunos

(ateacute 50 alunos) eacute facultativa a criaccedilatildeo da unidade executora Nesta situaccedilatildeo a escola recebe o

recurso por meio da Prefeitura ou da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo (MECFNDE)

Para receber os recursos do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) as escolas

puacuteblicas do municiacutepio precisaram criar suas Caixas Escolares Os recursos do PDDE servem

para compra de material de consumo manutenccedilatildeo conservaccedilatildeo e reparos na unidade escolar

e pequenos investimentos em bens permanentes Servem tambeacutem para accedilotildees previstas na

escola incluindo acessibilidade programaccedilotildees culturais educaccedilatildeo integral atletas na escola

dentre outros

Nesse sentido o discurso da ldquodescentralizaccedilatildeo administrativardquo que eacute um dos

mecanismos segundo Bresser-Pereira (1996) para a organizaccedilatildeo institucional e eacute um dos

objetivos da Reforma do Estado que envolve mudanccedilas na gestatildeo e no funcionamento dos

sistemas de ensino em que as Unidades Escolares tecircm entatildeo uma autonomia relativa pois esta

deveraacute ser gerenciada pelo poder central atraveacutes dos mecanismos de controle E sendo os caixas

escolares instituiccedilotildees de direito privado natildeo pertencentes as escolas puacuteblicas o que observamos

nesse caso eacute uma instituiccedilatildeo privada dentro de uma instituiccedilatildeo puacuteblica como nos alertava

Peroni (2005) onde a loacutegica que prevalece eacute a da gestatildeo privada

No que diz respeito aos recursos financeiros da educaccedilatildeo ao municiacutepio destacamos os

repasses realizados ao municiacutepio pelo governo federal atraveacutes de diversos Programas as escolas

da rede municipal de ensino de Santana por meio dos caixas escolares tais como PDDE ndash

Educaccedilatildeo Baacutesica PDDE ndash Atleta na Escola PDDE ndash Acessibilidade PDDE ndash Educaccedilatildeo

Integral PDDE ndash Escola Campo PDDE ndash Escola Sustentaacutevel PDDE ndash Cultura na Escola PDE

ndash escola

145

No que diz respeito agraves receitas com repasses diretamente as escolas da rede municipal

de Santana fizemos um levantamento financeiro anual do periacuteodo desde a chegada do PAR ao

municiacutepio O quadro 12 apresenta o montante financeiro anual recebido pelas escolas por meio

das Caixas Escolares

Quadro 12 ndash Santana Receitas do PDDE por Programa para as escolas da rede municipal de

Santana (2007-2014)

Ano Programas Nordm de escolas

atendidas

Total de Recursos

Recebidos

2007

PDDE ndash Educaccedilatildeo Baacutesica 10 5672840

PDE ndash Escola 01 3100000

Total em R$ - 8772840

2008

PDDE ndash Educaccedilatildeo Baacutesica 11 7241850

PDDE ndash Acessibilidade 01 1600000

Total em R$ - 8841850

2009

PDDE ndash Educaccedilatildeo Baacutesica 19 13994210

PDDE ndash Educaccedilatildeo Integral 10 27959202

PDE ndash Escola 08 11400000

Total em R$ - 53353412

2010

PDDE ndash Educaccedilatildeo Baacutesica 20 15587050

PDDE ndash Educaccedilatildeo Integral 10 32808372

Total em R$ - 48395422

2011

PDDEndash Educaccedilatildeo Baacutesica 04 2252310

PDDE ndash Acessibilidade 01 700000

Total em R$ - 2952310

2012

PDDE ndash Educaccedilatildeo Baacutesica 28 15916648

PDDE ndash Acessibilidade 06 5660000

PDDE ndash Escola Campo 04 7380000

PDDE ndash Educaccedilatildeo Integral 20 66015986

PDE ndash Escola 04 15100000

Total em R$ - 110072634

2013

PDDE ndash Educaccedilatildeo Baacutesica 28 24390000

PDDE ndash Estrutura (Acessibilidade) 10 9660000

PDDE ndash Estrutura (Escola Campo) 02 3000000

PDDE ndash Qualidade (Escola Sustentaacutevel) 06 5600000

PDDE ndash Qualidade (Atleta na Escola) 05 578700

PDDE ndash Educaccedilatildeo Integral 22 95435872

Total em R$ - 138664572

2014 PDDE ndash Educaccedilatildeo Baacutesica 3462 12998402

62 O municiacutepio de Santana no ano de 2014 possui 31 escolas e 17 anexos de escolas Entretanto o repasse do

PDDE no ano de 2014 foi para 34 caixas escolares Nessa pesquisa natildeo conseguimos identificar o porquecirc de 34

caixas escolares terem recebido o recurso

146

PDDE ndash Estrutura (Acessibilidade) 03 3740000

PDDE ndash Qualidade (Atleta na Escola) 10 1212900

PDDE ndash Qualidade (Cultura na Escola) 05 6100000

PDDE ndash Educaccedilatildeo Integral 25 59463154

Total em R$ - 83514456

Total Geral em R$ - 454567496

Fonte FNDESIOPE (2015) ndash Organizado pela autora

De acordo com o quadro 12 podemos perceber um volume de repasses no montante de

R$ 454567496 para as escolas puacuteblicas da rede municipal em um periacuteodo de 8 anos Se

compararmos o recurso do ano de 2007 com o de 2014 os recursos aumentaram 945 e se

comparado ao ano de 2013 o crescimento foi de 1580

Nos dados do SIOPE podemos identificar o volume de recursos repassados diretamente

as caixas escolares das escolas puacuteblicas da rede municipal de Santana Os recursos referem-se

aos Programas criados a partir do PDEPlano de Metas

Graacutefico 5 ndash Total de repasses do PDDE para as escolas da rede municipal 2007 - 2014

Fonte SIOPE (2016)

Como podemos observar no graacutefico 5 comparando os anos de 2007 e 2014 houve um

elevado crescimento nos repasses financeiros destinados aos caixas escolares das escolas

municipais O quadro 12 indica os programas que foram implantados e a quantidade de escolas

que receberam esses programas atraveacutes das caixas escolares

Os dados revelam tambeacutem um aumento no nuacutemero de caixas escolares que em 2007

eram 10 e em 2014 jaacute haviam 34 implantadas O quadro 12 aponta um crescimento nos valores

dos repasses a partir de 2009 isso pode ter ocorrido devido a assinatura do Termo de Adesatildeo

000

20000000

40000000

60000000

80000000

100000000

120000000

140000000

160000000

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

147

ao Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo entre o governo federal e o municiacutepio de Santana e

consequentemente a incorporaccedilatildeo dos programas no acircmbito do PAR no municiacutepio

Os programas estatildeo sendo criados gradativamente no municiacutepio agrave medida que as

escolas organizam os seus Conselhos Escolares os primeiros programas foram o PDDE e o

PDE ndash Escola em 2007 o PDE-Acessibilidade eacute criado em 2008 o Programa Educaccedilatildeo Integral

em 2009 em 2012 o programa Educaccedilatildeo do Campo no ano de 2013 eacute a vez dos programas

Atleta na Escola e Escola Sustentaacutevel e em 2014 o programa Cultura na Escola tambeacutem foi

contemplado para o municiacutepio

O Programa Educaccedilatildeo Integral foi implantado no ano de 2009 em 10 escolas municipais

chegando a 25 escolas no ano de 2014 Eacute o Programa que mais tem absorvido recursos do

FNDE no total de R$ 281682586 em 5 anos63 atingindo 62 do valor total das receitas que

foi de R$ 454567496 destinados aos caixas escolares das escolas puacuteblicas municipais de

Santana

Tabela 19 ndash Santana Total de Recursos do PDDE recebidos pelas Caixas Escolares da rede

municipal no periacuteodo de 2007-2014

Ano Nordm de caixas escolares Total de Recursos

Recebidos

2007 10 8772840

2008 11 8841850

2009 19 53353412

2010 20 48395422

2011 04 2952310

2012 28 110072634

2013 28 138664572

2014 34 83514456

Fonte FNDESIOPE

Os dados da tabela 19 mostram que o nuacutemero de caixas escolares tem crescido na rede

municipal em 2007 eram apenas 10 caixas escolares e em 2014 jaacute eram 34 Em 2011 observou-

se uma queda no nuacutemero de caixas escolares que receberam recursos isso pode ter ocorrido

devido a natildeo prestaccedilatildeo de contas ao FNDE nesse caso os caixas escolares ficam na condiccedilatildeo

de inadimplentes e natildeo recebem recursos ateacute efetivarem a prestaccedilatildeo de contas

Eacute notoacuterio no documento ldquoPrograma Nacional de Fortalecimento dos Conselhos

Escolaresrdquo elaborado pelo MEC e proposto ao municiacutepio de Santana e consequentemente as

63O Programa Educaccedilatildeo Integral transferiu recursos para o municiacutepio nos anos 2009 2010 2012 2013 e 2014

148

unidades escolares A desconcentraccedilatildeo de tarefas do MEC para as unidades escolares fazem

com que as escolas se preocupem mais em atingir as metas propostas pelo MEC do que com os

procedimentos pedagoacutegicos para a melhoria da qualidade da educaccedilatildeo A ideia eacute de um modelo

gerencial para educaccedilatildeo onde a poliacutetica eacute planejada verticalmente e descentralizada na sua

execuccedilatildeo Nesse exemplo cabe ao MEC a centralizaccedilatildeo das informaccedilotildees e aos municiacutepios a

execuccedilatildeo dos 13 (treze) itens que satildeo atribuiacutedos aos membros do CE e que perpassam desde a

promoccedilatildeo discussatildeo criaccedilatildeo assessoramento fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo integraccedilatildeo ateacute garantias

de aprovaccedilatildeo encaminhamento e divulgaccedilatildeo de accedilotildees

Embora a caixa escolar seja parte do Conselho Escolar o que constatamos foi a pouca

participaccedilatildeo dos conselheiros nas reuniotildees do CE nas escolas da rede municipal o que

inviabiliza a construccedilatildeo de uma gestatildeo democraacutetica e um planejamento coletivo para a

construccedilatildeo da autonomia da escola

342 Existecircncia composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (CME)

No que diz respeito ao diagnoacutestico desse indicador da gestatildeo no municiacutepio de Santana

nas duas versotildees do PAR foi o seguinte

Quadro 13 Santana Diagnoacutestico do Indicador Conselho Municipal de Educaccedilatildeo

PAR Indicador Pontuaccedilatildeo

1ordf versatildeo do PAR

(2007-2010)

Existecircncia composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do

Conselho Municipal de Educaccedilatildeo 1

2ordf versatildeo do PAR

(2011-2014)

Existecircncia composiccedilatildeo competecircncia e atuaccedilatildeo do

Conselho Municipal de Educaccedilatildeo 3

Fonte SIMEC ndash Elaborado pela autora

Notadamente houve um avanccedilo na pontuaccedilatildeo entre os diferentes anos A pontuaccedilatildeo 1

expressa conforme o MEC ldquoquando natildeo existe um CME implementado ou quando o CME

existente eacute apenas formalrdquo Embora exista lei aprovada desde 1998 o Conselho foi

diagnosticado pela equipe que elaborou o 1ordm PAR como inexistente ou natildeo funcionava Na 2ordf

versatildeo do PAR o CME foi diagnosticado com pontuaccedilatildeo 3 A conselheira entrevistada

justificou essa pontuaccedilatildeo devido a melhor organizaccedilatildeo da documentaccedilatildeo e que

Existe o Conselho Municipal de Educaccedilatildeo - CME com regimento interno escolha

democraacutetica dos conselheiros poreacutem nem todos os segmentos estatildeo representados o

CME zela pelo cumprimento das normas natildeo auxilia a SEME no planejamento

149

municipal da Educaccedilatildeo na distribuiccedilatildeo de recursos no acompanhamento e avaliaccedilatildeo

das accedilotildees educacionais (Conselheira do CME - Representante governamental)

Nesse sentido existe a pouca representatividade na composiccedilatildeo do CME da sociedade

civil o CME tambeacutem fica inviabilizado de realizar algumas accedilotildees devido agrave falta de

transparecircncia nos recursos financeiros que impedem o debate e o planejamento coletivo das

accedilotildees junto a SEME a natildeo representaccedilatildeo da sociedade civil no CME inviabilizando assim a

participaccedilatildeo do CME Poreacutem segundo a conselheira o CME tem auxiliado no planejamento

municipal da Educaccedilatildeo bem como no acompanhamento e avaliaccedilatildeo das accedilotildees educacionais do

IDEB

Como se pode perceber na resposta da entrevistada eacute que a democratizaccedilatildeo da educaccedilatildeo

natildeo tem ocorrido no municiacutepio pois a SEME natildeo tem autonomia para gerenciar o seu proacuteprio

orccedilamento e nem o CME pois segundo a Lei Municipal Nordm 366 de 1998 o Conselho tem o

papel somente de ldquoassessorarrdquo a poliacutetica e da legislaccedilatildeo educacional municipal O que retira a

autonomia poliacutetica dos conselheiros de participar de todos os temas relativos agrave educaccedilatildeo

municipal

Dessa forma aponta como necessidade para a melhoria da atuaccedilatildeo do CME

A descentralizaccedilatildeo dos recursos financeiros da prefeitura para a Secretaria Municipal

de Educaccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo da representatividade na composiccedilatildeo do conselho que

garanta a participaccedilatildeo da sociedade civil com auxiacutelio de um estudo envolvendo

profissionais do MEC (Conselheira do CME - Representante governamental)

O Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (CME) foi criado pela Lei Nordm 366 de 14 de abril de

1998 no seu art 1ordm aponta que o CME eacute criado ldquocom a finalidade baacutesica de assessorar o

Governo Municipal na formulaccedilatildeo da poliacutetica e legislaccedilatildeo educacional do municiacutepiordquo

(SANTANA 1998) e apresenta 21 finalidades para o CME

I ndash Normatizar procedimentos educacionais no acircmbito do municiacutepio analisar ou

propor programas projetos ou atividades de expansatildeo e aperfeiccediloamento ()

II ndash Analisar autorizar o funcionamento de unidades escolares de direito privado e

reconhecer unidades escolares ()

III ndash Sugerir diretrizes ()

IV ndash Promover a) O acompanhamento e o controle social na aplicaccedilatildeo de recursos

()

IX - Supervisionar a realizaccedilatildeo do Censo Escolar anual

()

XIII- Avaliar o ensino ministrado pela Administraccedilatildeo Municipal e recomendar

diretrizes agrave sua expansatildeo e aperfeiccediloamento

XX ndash Aprovar o calendaacuterio

() (SANTANA 1998 p 01-03) [destaque em negrito nossos]

150

Ao observar as finalidades do CME percebe-se que o oacutergatildeo eacute responsaacutevel pela

orientaccedilatildeo na conduccedilatildeo do Sistema Municipal de Educaccedilatildeo de Santana da formulaccedilatildeo da

poliacutetica da legislaccedilatildeo educacional e pelas accedilotildees destacadas entendemos que o CME tem caraacuteter

mais amplo consultivo deliberativo normativo e fiscalizador De acordo com a Lei Nordm

3661998 - PMS o conselho eacute composto por

Quadro 14 ndash Santana Composiccedilatildeo do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (CME)

Membros

I ndash um representante da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo

II ndash um representante dos professores municipais

III ndash um representante dos diretores das escolas puacuteblicas municipais

IV ndash um representante dos servidores das escolas puacuteblicas do ensino municipal

V ndash um representante dos Conselhos escolares municipais

VI ndash um representante dos estabelecimentos particulares de ensino fundamental

VII ndash um representante do oacutergatildeo estadual de ensino sediado no municiacutepio

Fonte Prefeitura Municipal de Santana ndash Elaborado pela autora

A lei de criaccedilatildeo do Conselho natildeo menciona aspectos quanto agrave paridade de seus membros

entre representantes do poder puacuteblico e da sociedade civil No que se refere aos criteacuterios de

escolha destacamos no sect4ordm do art 2ordm da Lei 3661998 - PMS que uma parte dos representantes

poderatildeo ser escolhidos democraticamente em assembleias e os demais devem ser indicados ldquoos

representantes II III IV e V seratildeo escolhidos em assembleias especialmente convocadas e os

demais seratildeo indicados por suas entidades para nomeaccedilatildeo do prefeitordquo (SANTANA 1998 p

4) Entretanto a proacutepria composiccedilatildeo do CME deixa clara a disparidade entre poder puacuteblico e

sociedade civil quando natildeo eacute proposto na composiccedilatildeo da Associaccedilatildeo de pais e mestres os

sindicatos as Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais o Ministeacuterio Puacuteblico dentre outros oacutergatildeos

de representaccedilatildeo colegiada

Os representantes do CME apoacutes escolhidos satildeo nomeados pelo prefeito para o mandato

de 04 (quatro) anos podendo este tempo ser renovado por mais um mandato O presidente do

Conselho ficaraacute por dois anos podendo ser reeleito As reuniotildees ordinaacuterias devem ocorrer

quinzenalmente e extraordinariamente sempre que convocados

De acordo com uma representante do CME entrevistada

() as reuniotildees ateacute ocorrem mas as coisas natildeo satildeo encaminhadas como deveriam natildeo

haacute regulamentaccedilatildeo das resoluccedilotildees () a gente assessora a SEME como teacutecnica da

SEME mas deveria ser pelo CME embora o CME esses tempos esteja mais atuante

para a aprovaccedilatildeo do Plano Municipal de Educaccedilatildeo (Representante do CME -

Representante governamental)

151

Podemos assim perceber que existe o CME no municiacutepio a composiccedilatildeo se daacute

praticamente pelo poder puacuteblico e existe pouca efetividade na atuaccedilatildeo na execuccedilatildeo das suas

competecircncias enquanto oacutergatildeo colegiado do CME Dessa forma compreendemos que o

Conselho Municipal de Educaccedilatildeo natildeo estaacute atuando conforme o que se define em lei como suas

competecircncias Aleacutem de haver pouca participaccedilatildeo dos membros do CME no que se refere ao

acompanhamento da execuccedilatildeo dos recursos da educaccedilatildeo ele eacute pouco atuante na resoluccedilatildeo das

demandas e accedilotildees que deveriam ser executadas pelo Conselho

O fato de o CME natildeo contar com integrantes da sociedade civil com atuaccedilatildeo criacutetica e

comprometidas com a efetividade das poliacuteticas puacuteblicas o que pode ser um dos motivos pelo

qual natildeo haacute efetividade nas accedilotildees e pouco tem contribuiacutedo com a democratizaccedilatildeo e a autonomia

da gestatildeo

343 Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho Municipal de Alimentaccedilatildeo Escolar (CAE)

No municiacutepio de SantanaAP o Conselho Municipal de Alimentaccedilatildeo Escolar ndash CAE foi

instituiacutedo pela Lei Nordm 488 de 10 de maio de 2001 anteriormente existia outra Lei Nordm 458 de

1999 ndash PMS que foi revogada Segundo a Lei atual Nordm 4882001 o CAE de Santana apresenta

as seguintes caracteriacutesticas eacute um oacutergatildeo que tem caraacuteter consultivo orientador normativo

fiscalizador e de funcionamento permanente

No Art 8ordm da Lei municipal Nordm 4882001 indica a composiccedilatildeo do CAE que deve ter 07

(sete) representantes titulares e 07 (sete) suplentes dentre os quais estatildeo representantes do poder

puacuteblico governamental e da sociedade civil sendo um Representante do Poder Executivo um

Representante do Poder Legislativo dois Representantes dos Professores dois Representantes

dos Pais dos Alunos um Representante de outros segmentos da Sociedade Os representantes

do CAE satildeo indicados pelos Chefes dos Poderes Executivo e Legislativo bem como pelas

respectivas entidades indicadas no art 8ordm e satildeo nomeados por ato do Prefeito

No diagnoacutestico realizado pelo municiacutepio no PAR esse indicador obteve as seguintes

pontuaccedilotildees

Quadro 15 Santana Diagnoacutestico do Indicador Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar

PAR Indicador Pontuaccedilatildeo

1ordf versatildeo do PAR

(2007-2010)

Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do

Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar 1

2ordf versatildeo do PAR

(2011-2014)

Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do

Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar 2

Fonte SIMEC (2015)

152

Quanto agrave avaliaccedilatildeo do 1ordm PAR nesse indicador o municiacutepio de Santana recebeu a

pontuaccedilatildeo 1 o que caracteriza que o Conselho existe formalmente apenas para receber o

recurso do Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar (PNAE) ou que pode natildeo estar atuando

da forma como se prevecirc que funcione Ou seja pode natildeo estar atuando na fiscalizaccedilatildeo e nem

no acompanhamento de execuccedilatildeo dos recursos e de distribuiccedilatildeo da merenda

No 2ordm PAR a pontuaccedilatildeo indicada foi 2 o que implica dizer de acordo com o MEC que

eacute quando o CAE natildeo eacute representado por todos os segmentos natildeo existe um regimento

interno as reuniotildees natildeo satildeo regulares raramente acontece a fiscalizaccedilatildeo da aplicaccedilatildeo

dos recursos transferidos o CAE natildeo acompanha a compra nem a distribuiccedilatildeo dos

alimentosprodutos nas escolas natildeo estaacute atento as boas praacuteticas sanitaacuterias de higiene

e ao objetivo de formaccedilatildeo dos bons haacutebitos (MECSIMEC 2011)

Segundo a Conselheira da Representaccedilatildeo governamental que participou da equipe local

para a elaboraccedilatildeo do 2ordm PAR justificou a pontuaccedilatildeo 2 em que ldquoo CAE tem representaccedilatildeo de

todos os segmentos conforme lei 119472009 possui um regimento interno e fiscaliza

parcialmente a aplicaccedilatildeo dos recursos transferidos mas as reuniotildees natildeo satildeo regulares devido a

rotatividade (Conselheira do CAE - Representaccedilatildeo governamental) Para a realizaccedilatildeo de accedilotildees

para reverter essa realidade sugerem que o CAE

organize um calendaacuterio de reuniotildees para garantir o acompanhamento da compra dos

alimentosprodutos distribuiacutedos nas escolas a fiscalizaccedilatildeo dos recursos financeiros a

qualidade dos alimentos e agraves boas praacuteticas sanitaacuterias de higiene e ao objetivo de

formaccedilatildeo de bons haacutebitos alimentares Garantir ainda que os conselheiros participem

de cursos do PNAE (Conselheira do CAE - Representaccedilatildeo governamental)

Embora muitas accedilotildees natildeo sejam monitoradas pela Coordenaccedilatildeo do PAR foi possiacutevel

durante as entrevistas percebermos que algumas accedilotildees propostas ainda no 1ordm PAR como as

formaccedilotildees e preparaccedilotildees dos Conselheiros em programas especiacuteficos ocorreram Embora a

conselheira representante do governo afirme que natildeo haacute regularidade nas reuniotildees um

representante da sociedade civil afirmou durante a entrevista que as reuniotildees do CAE

ldquoacontecem duas vezes por semanardquo e sobre a atuaccedilatildeo do CAE afirma que eacute

() um oacutergatildeo deliberativo e fiscalizador que serve pra fiscalizar os recursos oriundos

do FNDE e PNAE pra compra de alimentaccedilatildeo escolar nas escolas Eu diria que noacutes

temos atuado precariamente pelo fato de natildeo termos uma estrutura Noacutes temos uma

sala em uma casa que eacute alugada que funcionam os conselhos Laacute satildeo trecircs conselhos

que funcionam numa sala minuacutescula e quando coincidem as reuniotildees temos que

adiar e mais noacutes natildeo temos transportes natildeo temos carro agrave disposiccedilatildeo natildeo temos

153

combustiacutevel pra colocar no nosso transporte pra fazer a fiscalizaccedilatildeo (Conselheiro

CAE - Representante da sociedade civil)

No que se refere a participaccedilatildeo segundo o representante o CAE eacute atuante e soacute natildeo faz

mais por que o municiacutepio natildeo daacute a devida estrutura mas que cobram em ata fazem relatoacuterio e

encaminham Segundo ele o CAE eacute muito ativo

mas infelizmente o poder puacuteblico natildeo daacute atenccedilatildeo devida para que possamos melhorar

cada vez mais a nossa fiscalizaccedilatildeo ateacute porque pra eles eacute conveniente que noacutes natildeo

fiscalize embora a gente sabe que nem tudo anda como deveria andar A gente sabe

que falta merenda escolar as escolas estatildeo deterioradas as cozinhas das escolas natildeo

tecircm estrutura natildeo seguem o cardaacutepio (Representante do CAE da sociedade civil)

Quanto agrave autonomia a fiscalizaccedilatildeo e recebimento de recursos o representante do CAE

afirma que a autonomia eacute bem limitada pois

Raramente somos convidados pela PMS ou SEME para discutir sobre a merenda

encontramos um conselho parado um conselho inerte por falta de interesse e temos

dois anos de prestaccedilatildeo de conta por fazer e ainda tivemos que ficar um

tempo regularizando o conselho para evitar que as crianccedilas em 2015 deixassem de ter

merenda escolar (Representante do CAE da sociedade civil)

Dessa forma apesar da boa participaccedilatildeo e atuaccedilatildeo do CAE a proacutepria PMS inviabiliza

algumas accedilotildees para que os conselhos funcionem Eacute importante destacar que os recursos da

educaccedilatildeo satildeo centralizados na Prefeitura Municipal de Santana e natildeo ocorre a descentralizaccedilatildeo

desses recursos para a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo inviabilizando assim a possibilidade

de discussatildeo de participaccedilatildeo dos representantes da educaccedilatildeo nas definiccedilotildees da aplicaccedilatildeo dos

recursos

344 Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de Controle Social do Fundo de Manutenccedilatildeo e

Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo

(FUNDEB)

A ideia de um fundo de educaccedilatildeo puacuteblica nacional de forma autocircnoma foi pensada desde

os pioneiros da educaccedilatildeo em 1932 ao propor uma vinculaccedilatildeo e a autonomia dos recursos para

o financiamento da educaccedilatildeo independente das mudanccedilas poliacuteticas dos administradores onde

o importante era que tivesse uma separaccedilatildeo dos montantes para fins educacionais aleacutem do

acompanhamento e da fiscalizaccedilatildeo pela sociedade desses fundos (LIMA 2006) A participaccedilatildeo

154

da sociedade civil nos conselhos eacute de fato uma participaccedilatildeo social representada por

organizaccedilotildees seja ela em defesa dos trabalhadores seja em defesa dos empresaacuterios

No diagnoacutestico realizado pela equipe local do PAR no municiacutepio o indicador

Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho do Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo

Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo ndash CACS-FUNDEB somente aparece na

2ordf versatildeo do PAR

Quadro 16 Diagnoacutestico do Indicador Conselho de Controle Social do FUNDEB

PAR Indicador Pontuaccedilatildeo

2ordf versatildeo do PAR

(2011-2014)

Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do

Conselho do FUNDEB 2

Fonte SIMEC (2015)

A pontuaccedilatildeo 2 indicada no quadro 16 pela equipe local segundo as convenccedilotildees do

MEC eacute atribuiacuteda quando o Conselho do FUNDEB ou cacircmara de financiamento do Conselho

Municipal de Educaccedilatildeo natildeo eacute representado por todos os segmentos (conforme norma ndash Lei

114942007) natildeo existe um regimento interno as reuniotildees natildeo satildeo regulares raramente

acontece o acompanhamento e o controle social sobre a distribuiccedilatildeo a transferecircncia e a

aplicaccedilatildeo dos recursos dos Fundos (FUNDEB PNATE Programa de Apoio aos Sistema de

Ensino para Atendimento agrave EJA) o Conselho nem sempre promove ampla publicidade agrave

aplicaccedilatildeo dos recursos

Nesse sentido a equipe local diagnosticou com uma pontuaccedilatildeo 2 no municiacutepio que eacute

uma situaccedilatildeo insuficiente em relaccedilatildeo ao Conselho do FUNDEB o que gerou accedilotildees a serem

realizadas pelo municiacutepio como ldquoa substituiccedilatildeo de representantes de pais que sejam atuantes e

que participem das reuniotildees a transferecircncia do gerenciamento de recursos do FUNDEB e

PNATE da prefeitura para a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo para melhorar a transparecircncia

dos investimentosrdquo (Equipe LocalPAR 2011-2014)

O Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos

Profissionais da Educaccedilatildeo (FUNDEB) de natureza contaacutebil e o Conselho de

Acompanhamento Controle Social Comprovaccedilatildeo e Fiscalizaccedilatildeo dos recursos do referido

fundo foram criados conjuntamente no acircmbito do municiacutepio de Santana atraveacutes da Lei Nordm

07972007 de 28 de dezembro de 2007

O Decreto 05282015 nomeia 11 integrantes do Conselho de Acompanhamento e

Controle Social (CACS) e como podemos perceber natildeo eacute paritaacuterio sendo

155

Quadro 17 Santana Composiccedilatildeo do CACS e FUNDEB

Membros

01 (Um) Representante da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo

01 (Um) Representante do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo

01 (Um) Representante da Prefeitura Municipal de Santana

01 (Um) Representante do Conselho Tutelar do Municiacutepio de Santana

01 (Um) Representante dos Professores da rede puacuteblica municipal

01 (Um) Representante dos Auxiliares Educacionais da rede puacuteblica municipal

01 (Um) Representante dos Diretores de Escolas puacuteblicas municipais

02 (Dois) Representantes dos pais de alunos da rede puacuteblica municipal

02 (Dois) Representantes dos alunos da rede puacuteblica municipal

Fonte Prefeitura Municipal de Santana

De acordo com a pontuaccedilatildeo 2 do indicador pela equipe local o Conselho do FUNDEB

natildeo tem uma composiccedilatildeo paritaacuteria e nem estava atuando dentro da Lei 11494 de 2007 pois de

acordo com o artigo 5o da Lei

sect 6o O presidente dos conselhos previstos no caput deste artigo seraacute eleito por seus

pares em reuniatildeo do colegiado sendo impedido de ocupar a funccedilatildeo o representante

do governo gestor dos recursos do Fundo no acircmbito da Uniatildeo dos Estados do Distrito

Federal e dos Municiacutepios

sect 7o Os conselhos dos Fundos atuaratildeo com autonomia sem vinculaccedilatildeo ou

subordinaccedilatildeo institucional ao Poder Executivo local e seratildeo renovados

periodicamente ao final de cada mandato dos seus membros

sect 8o A atuaccedilatildeo dos membros dos conselhos dos Fundos

I - natildeo seraacute remunerada

II - eacute considerada atividade de relevante interesse social

III - assegura isenccedilatildeo da obrigatoriedade de testemunhar sobre informaccedilotildees recebidas

ou prestadas em razatildeo do exerciacutecio de suas atividades de conselheiro e sobre as

pessoas que lhes confiarem ou deles receberem informaccedilotildees

IV - veda quando os conselheiros forem representantes de professores e diretores ou

de servidores das escolas puacuteblicas no curso do mandato

a) exoneraccedilatildeo ou demissatildeo do cargo ou emprego sem justa causa ou transferecircncia

involuntaacuteria do estabelecimento de ensino em que atuam

b) atribuiccedilatildeo de falta injustificada ao serviccedilo em funccedilatildeo das atividades do conselho

c) afastamento involuntaacuterio e injustificado da condiccedilatildeo de conselheiro antes do

teacutermino do mandato para o qual tenha sido designado

V - veda quando os conselheiros forem representantes de estudantes em atividades

do conselho no curso do mandato atribuiccedilatildeo de falta injustificada nas atividades

escolares (BRASIL 2007 grifos negrito nossos)

Durante a entrevista realizada com o presidente do Conselho do FUNDEB o mesmo

informou ser diretor da escola Sabendo que a funccedilatildeo de diretor eacute de livre nomeaccedilatildeo e

exoneraccedilatildeo do prefeito o presidente do Conselho natildeo poderia assumir a funccedilatildeo de conselheiro

devido ao seu viacutenculo de cargo de confianccedila com o governo municipal

Segundo o entrevistado ele participa das reuniotildees do FUNDEB desde 2012 mas nunca

participou das reuniotildees do PAR desconhece a pontuaccedilatildeo do indicador do Conselho do

156

FUNDEB no PAR de 2011-2014 somente este ano que estatildeo construindo o PAR de 2016 a

2019 eacute que estaacute participando da equipe local Afirmou que estaacute como presidente do Conselho

do FUNDEB desde 30 de dezembro de 2015 As reuniotildees ocorrem mensalmente com a

presenccedila dos conselheiros e a fiscalizaccedilatildeo ocorre quando solicitamos a prefeitura atraveacutes de

ofiacutecios agraves documentaccedilotildees para o Conselho

Fazemos a prestaccedilatildeo de contas juntamente com o CACS pois os membros do CACS

satildeo os mesmos do FUNDEB fiscalizamos junto ao banco e a prefeitura a entrada de

recursos no municiacutepio e se as despesas estatildeo sendo pagos dentro dos limites do

percentual certo e de aplicaccedilatildeo obrigatoacuteria recursos esses do FNDE e do PNATE

Observamos tudo as rotas a seguranccedila se o combustiacutevel foi suficiente e organizamos

a fiscalizaccedilatildeo trimestralmente Os recursos do CAE tambeacutem passam por noacutes apesar

deles terem mais autonomia a gente valida o deles Ou seja todos os recursos da

educaccedilatildeo que entra no municiacutepio passam por noacutes do Conselho do FUNDEB

(Representante do FUNDEB ndash Representante governamental)

Quanto aos repasses que chegam ao municiacutepio de Santana atraveacutes do Estado satildeo

() o FPM e ICMS que eacute de 20 jaacute foi 22 mas jaacute caiu para 13 para 20 e hoje

o valor corresponde a 13 de novo com essa crise a arrecadaccedilatildeo do estado diminuiu

logo o repasse diminuiu tambeacutem Atualmente o municiacutepio deixou de arrecadar devido

o porto ter afundado e os impostos vecircm quase tudo exclusivamente do governo federal

(Representante do FUNDEB - Representante governamental)

Dessa forma o municiacutepio natildeo estaacute cumprindo com o repasse dos 25 para a educaccedilatildeo

dos impostos proacuteprios

A proacutepria equipe local reconhece as dificuldades enfrentadas pela pouca frequecircncia no

conselho da participaccedilatildeo da sociedade civil e o natildeo repasse dos recursos financeiros para a

Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e a centralizaccedilatildeo na prefeitura municipal dificulta e

inviabiliza a execuccedilatildeo do planejamento da SEME e torna a aplicaccedilatildeo dos recursos centralizados

e sem a devida e correta fiscalizaccedilatildeo pela sociedade civil dificultando a descentralizaccedilatildeo e a

viabilidade dos debates para a construccedilatildeo de uma gestatildeo democraacutetica participativa e autocircnoma

345 Criteacuterios para escolha de diretores no municiacutepio de Santana

A escolha de diretores escolares por via democraacuteticas atraveacutes da participaccedilatildeo da

comunidade na escolha fortalece o poder poliacutetico no interior das escolas e consequentemente

reduz a intervenccedilatildeo do Estado sobre elas e dessa forma a escola torna-se mais autocircnoma e

capaz de promover relaccedilotildees mais democraacuteticas em seu interior

157

Segundo os relatoacuterios do Plano de Accedilotildees Articuladas nas suas duas versotildees

apresentaram o seguinte diagnoacutestico

Quadro 18 Diagnoacutestico do Indicador Criteacuterios para a Escolha de Diretores

PAR Criteacuterios para a Escolha de Diretores

1ordm PAR (2007-2010) 1

2ordm PAR (2011-2014) 3 Fonte SIMEC (2015)

De acordo com o quadro 18 o indicador da gestatildeo educacional do PAR sobre os criteacuterios

para a escolha de diretores de escola foi diagnosticado pela equipe de elaboraccedilatildeo do PAR com

a pontuaccedilatildeo 1 que equivale agrave situaccedilatildeo de ausecircncia de criteacuterios para escolha da direccedilatildeo das

escolas No entanto no 2ordm PAR recebeu a pontuaccedilatildeo 3 que equivale uma situaccedilatildeo boa Em

termos de legislaccedilatildeo de fato as leis municipais elegem a gestatildeo democraacutetica como princiacutepio

Mas na praacutetica o que prevalece eacute o criteacuterio da nomeaccedilatildeo pura e simples tatildeo ao gosto dos

gestores comprometidos com modelos de gestatildeo patrimonialista e clientelista

No que se refere agrave gestatildeo dos sistemas de ensino o PMCTE prevecirc

XVIII ndash fixar regras claras considerados meacuterito e desempenho para nomeaccedilatildeo e

exoneraccedilatildeo de diretor de escola

XIX ndash zelar pela transparecircncia da gestatildeo puacuteblica na aacuterea da educaccedilatildeo garantindo o

funcionamento efetivo autocircnomo e articulado dos conselhos de controle social

XXII ndash promover a gestatildeo participativa na rede de ensino

XXIII ndash elaborar plano de educaccedilatildeo e instalar Conselho de Educaccedilatildeo quando

inexistente

XXV ndash fomentar e apoiar os conselhos escolares envolvendo as famiacutelias dos

educandos com as atribuiccedilotildees dentre outras de zelar pela manutenccedilatildeo da escola e

pelo monitoramento das accedilotildees e consecuccedilatildeo das metas do compromisso (BRASIL

2007)

O inciso XVIII prevecirc a criaccedilatildeo de criteacuterios para o provimento do cargo de diretor escolar

com base no meacuterito e no desempenho individual o que pode lhe atribuir grande

responsabilizaccedilatildeo pelo sucesso ou pelo fracasso da gestatildeo No entanto a construccedilatildeo

democraacutetica da educaccedilatildeo requer requisitos que vatildeo aleacutem da competecircncia teacutecnica do diretor

incluindo processo eletivo tendo em vista a ldquolegitimidade poliacutetica necessaacuteria ao desempenho de

suas funccedilotildeesrdquo (PARO 2007 p 81) e isto natildeo eacute considerado no Decreto

A gestatildeo das escolas puacuteblicas tem dois artigos especiacuteficos da Lei Nordm 0849 2010 do

Plano de Carreiras da Educaccedilatildeo do Municiacutepio de Santana (PCEMS) onde indica que a gestatildeo

das escolas puacuteblicas devem obedecer ao princiacutepio da gestatildeo democraacutetica com eleiccedilatildeo para

158

diretores Entretanto a mesma Lei natildeo cita e nem regulamenta como deve ocorrer afirma

somente que esse tema deve ser tratado conforme art 46 em uma ldquoLei especiacutefica mediante

proposta discutida entre o Chefe do Poder Executivo e o Conselho Permanente da Gestatildeo da

Carreirardquo (SANTANA 2010 p 16)

Ateacute entatildeo cinco anos se passaram estamos no final do ano de 2015 e o municiacutepio natildeo

possui nenhuma regulamentaccedilatildeo ou lei complementar sobre os criteacuterios da eleiccedilatildeo e todos eles

satildeo nomeados por indicaccedilatildeo pelo prefeito municipal demonstrando que natildeo haacute interesse em

aprovar a Lei especiacutefica citada no PCEMS para que ocorra de fato a gestatildeo democraacutetica nas

escolas puacuteblicas

346 - Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromisso

O Comitecirc Local do Compromisso eacute segundo os conselhos de controle social da gestatildeo

democraacutetica do PAR o mais recente instituiacutedo pelo municiacutepio atraveacutes do Decreto Municipal

Nordm 490 de 03 de abril de 2013 que foi criado para acompanhar o cumprimento das metas

estabelecidas pelo Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica Segundo o diagnoacutestico do

PAR o 1ordm PAR natildeo havia esse indicador

Quadro 19 Diagnoacutestico do indicador Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromisso

PAR Comitecirc Local

1ordm PAR (2007-2010)

2ordm PAR (2011-2014) 1

O Comitecirc Local do Compromisso foi implantado somente no 2ordm PAR como indicador

da gestatildeo democraacutetica da educaccedilatildeo ldquoexistecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromissordquo

O Comitecirc Local tem um papel essencialmente mobilizador sendo sua composiccedilatildeo ampliada

para aleacutem das organizaccedilotildees educacionais com participaccedilatildeo por exemplo do Ministeacuterio

Puacuteblico dos sindicatos das associaccedilotildees de moradores das ONGs dos Conselhos das Igrejas

e da populaccedilatildeo em geral

Entretanto foi observado como diagnoacutestico do 2ordm PAR a pontuaccedilatildeo 1 o que implica

dizer que natildeo existia ou natildeo funcionava o Comitecirc Local do Compromisso No Decreto

municipal de criaccedilatildeo do Comitecirc existe uma composiccedilatildeo de 6 membros sendo

159

Quadro 20 SANTANA Composiccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromisso

Membros

Um representante da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo

Um representante do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo

Um representante da Promotoria da Justiccedila

Um representante da Cacircmara dos vereadores

Um representante da Sociedade Civil - igreja

Um representante dos Diretores de escolas

Fonte Prefeitura Municipal de Santana ndash Elaborado pela autora

Com informaccedilotildees desencontradas pela SEME esse comitecirc encontrava-se sem atuaccedilatildeo

durante o periacuteodo da pesquisa

Eacute no contexto de atitudes praacuteticas e accedilotildees patrimonialistas que se caracteriza a confusatildeo

entre o puacuteblico que serve a um interesse coletivo e o privado que serve aos interesses

individualizados Os representantes em nome de uma coletividade tomam como seus os cargos

os recursos e os funcionaacuterios na busca de fazer as suas vontades E na educaccedilatildeo puacuteblica essas

praacuteticas implicam no direito usurpado de uma educaccedilatildeo puacuteblica e de qualidade social As

relaccedilotildees patrimonialistas satildeo oriundas de um poder pessoal que se quer levar para a gestatildeo

puacuteblica Esse tipo de comportamento na gestatildeo da educaccedilatildeo puacuteblica interfere no funcionamento

dos conselhos na medida em que os representantes natildeo veem ali um espaccedilo em defesa da

educaccedilatildeo puacuteblica

Notadamente nos conselhos estudados nessa pesquisa foram observadas as

dificuldades ou ausecircncia de condiccedilotildees de funcionamento no que se refere a espaccedilo fiacutesico

ausecircncia de transporte para fiscalizaccedilatildeo falta de transparecircncia nos recursos composiccedilatildeo dos

conselhos natildeo-paritaacuteria pouca atenccedilatildeo as iacutenfimas manifestaccedilotildees de representaccedilatildeo coletiva na

pesquisa O que pode ainda ser caracterizada como neopatrimonialista que eacute quando o gestor

puacuteblico nega a legitimidade do conselho como instacircncia representativa

160

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O estudo se ocupou de analisar as implicaccedilotildees do PAR para a gestatildeo da educaccedilatildeo na

rede municipal de Santana no Amapaacute na perspectiva de avaliar seus efeitos na democratizaccedilatildeo

da gestatildeo Partiu-se do pressuposto de que a democratizaccedilatildeo da gestatildeo natildeo pode ser vista em

abstrato e portanto no sistema capitalista a participaccedilatildeo a descentralizaccedilatildeo e a autonomia

elementos constitutivos da democracia ganham nuances contraditoacuterias pois expressam a

correlaccedilatildeo de forccedilas entre as classes sociais

A pesquisa partiu da seguinte questatildeo central Quais as implicaccedilotildees do PAR para a

gestatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana no Estado do Amapaacute Considerando o pressuposto

teoacuterico assumido entende-se que a gestatildeo da educaccedilatildeo em uma sociedade sob a hegemonia do

capitalismo natildeo pode ser vista sem a concretude das accedilotildees que a permeiam Assim ao longo da

histoacuteria da educaccedilatildeo no paiacutes os representantes do capital sempre procuraram manter o seu

projeto poliacutetico e social de dominaccedilatildeo e tornar a classe trabalhadora cada vez mais afastada da

participaccedilatildeo seja nas decisotildees poliacuteticas seja do usufruto dos bens produzidos No Brasil ao

longo da Primeira Repuacuteblica Brasileira as oligarquias se revezavam no poder e se utilizavam

do Estado como meio para perpetuar as suas praacuteticas patrimonialistas e clientelistas O governo

de Getuacutelio Vargas manteve o poder ateacute o momento em que atendia ao projeto hegemocircnico O

golpe militar de 1964 demonstrou essa articulaccedilatildeo e o poder de dominaccedilatildeo da oligarquia e do

Estado brasileiro No acircmbito desse governo a gestatildeo da educaccedilatildeo se manteve centralizada e

burocratizada espraiando para estados e municiacutepios tal modelo A deacutecada de 1980 trouxe as

lutas populares em prol da democracia que levaram agrave derrocada do regime militar e instituiacuteram

uma nova Constituiccedilatildeo Federal em 1988 que pretendia uma nova forma de controle social do

Estado pelas garantias de participaccedilatildeo da sociedade nas questotildees poliacuteticas e sociais do paiacutes

viabilizando a cidadania como direito e instituindo o princiacutepio da gestatildeo democraacutetica na

educaccedilatildeo

Eacute o momento em que tivemos a implementaccedilatildeo das primeiras iniciativas de

democratizaccedilatildeo das relaccedilotildees de poder no acircmbito das escolas por meio da criaccedilatildeo de conselhos

escolares de conselhos municipais de educaccedilatildeo de conselhos de controle social de recursos

como o da merenda escolar de escolha de diretores de escolas por meio de eleiccedilatildeo de

elaboraccedilatildeo do projeto poliacutetico pedagoacutegico da escola de forma participativa entre outras No

entanto ao lado de tais iniciativas de gestatildeo da educaccedilatildeo democratizantes persistiram os

modelos de gestatildeo centralizada patrimonialista e burocraacutetica Paralelamente a essas conquistas

brasileiras a crise internacional do capital e as estrateacutegias utilizadas para a sua superaccedilatildeo como

161

a reestruturaccedilatildeo produtiva a globalizaccedilatildeo o neoliberalismo e a terceira via vecircm provocando

inuacutemeras transformaccedilotildees na vida material objetiva e subjetiva com alteraccedilotildees substanciais nas

formas de gestatildeo e participaccedilatildeo (PERONI 2006) Nesta perspectiva o Plano Diretor de

Reforma do Aparelho do Estado (PDRAE) propotildee a redefiniccedilatildeo do papel do Estado em 1995

com grandes implicaccedilotildees para a gestatildeo puacuteblica ao propor a gestatildeo gerencial modelo oriundo

do setor empresarial Tal modelo baseia-se na descentralizaccedilatildeo do atendimento das poliacuteticas

sociais por meio de privatizaccedilatildeo da publicizaccedilatildeo da terceirizaccedilatildeo e das parcerias puacuteblico-

privadas na gestatildeo dos serviccedilos puacuteblicos com o fim de maximizar a eficiecircncia e a eficaacutecia

O mercado passa a ser o grande paracircmetro de excelecircncia para o serviccedilo puacuteblico e por

isso haacute que seguir a mesma loacutegica Haacute grande incentivo na ldquoparticipaccedilatildeo socialrdquo na gestatildeo

puacuteblica Contudo a natureza dessa participaccedilatildeo social eacute modificada pois natildeo se trata mais de

viabiliza-la como direito de cidadania mas com fins utilitaristas de tornar a gestatildeo puacuteblica mais

eficiente e eficaz materializando assim a gestatildeo gerencial E o cidadatildeo agora passa a ser

adjetivado como ldquoclienterdquo consumidor de poliacuteticas puacuteblicas e neste aspecto natildeo mais visto

como aquele que exige porque eacute um cidadatildeo de direitos

Essas mudanccedilas no modelo de gestatildeo refletem o contexto de crise do capital e de ajuste

fiscal desse momento histoacuterico que visava reconstituir as taxas de lucro e para isso vinha

diminuindo sistematicamente os investimentos em poliacuteticas sociais Os usuaacuterios passam a ser

chamados a lsquoparticiparrsquo como executores de poliacuteticas por meio de parcerias como fiscais de

recursos puacuteblicos nos conselhos de controle social como voluntaacuterios em ONGs ou similares

A lsquoparticipaccedilatildeorsquo do usuaacuterio do serviccedilo puacuteblico poderia ser uacutetil em pelo menos dois aspectos

primeiro porque ao priorizar a gestatildeo de tais poliacuteticas por meio de parcerias com ONGs ou

projetos pontuais onde essas massas poderiam atuar a baixo custo ou como voluntaacuterios nesses

projetos isso poderia diminuir o custo das poliacuteticas sociais e ao mesmo tempo conter a massa

de desempregados segundo porque na medida em que ao estimular a participaccedilatildeo dos usuaacuterios

na definiccedilatildeo de prioridades ldquoestrateacutegicasrdquo ou mesmo de se tornarem ldquofiscaisrdquo da aplicaccedilatildeo dos

recursos os efeitos de tais participaccedilotildees contribuiriam para se fazer mais com menos e assim

atingir os objetivos de diminuiccedilatildeo dos gastos em educaccedilatildeo Aleacutem de conter as demandas por

emprego a inserccedilatildeo de voluntaacuterios e outras formas de participaccedilatildeo nos conselhos de controle

poderiam tambeacutem viabilizar os consensos necessaacuterios para a manutenccedilatildeo da hegemonia dos

que tecircm poder como assinalava Gramsci

Tais iniciativas ocorreram com mais ecircnfase no governo de Fernando Henrique Cardoso

Contudo os governos de Luiz Inaacutecio Lula da Silva e de Dilma Rousseff mesmo apresentando

162

projetos de governo agrave esquerda do espectro poliacutetico nacional natildeo apresentaram ruptura radical

com esse modelo

Em relaccedilatildeo agrave gestatildeo da educaccedilatildeo embora o Plano de Metas Compromisso Todos pela

Educaccedilatildeo e o PAR recomendem e incentivem a expansatildeo e implementaccedilatildeo de mecanismos que

podem potencializar a gestatildeo democraacutetica tais como Conselhos Escolares Conselho Municipal

de Educaccedilatildeo Conselho Municipal de Alimentaccedilatildeo Escolar Conselho do FUNDEB por outro

lado apresentam outros mecanismos mais afeitos ao modelo de gestatildeo gerencial como o

accountability que representa a responsabilizaccedilatildeo pelos resultados repassada para os entes

federados e para a sociedade local a exemplo dos resultados do IDEB Neste aspecto com a

implantaccedilatildeo do PAR pelos municiacutepios o MEC descentralizadesconcentra a execuccedilatildeo das accedilotildees

passando a agir como oacutergatildeo financiador de algumas delas mas principalmente como

regulamentador e controlador dos resultados da educaccedilatildeo municipal

Conforme definido neste trabalho a anaacutelise da gestatildeo da educaccedilatildeo na perspectiva de sua

democratizaccedilatildeo no municiacutepio de SantanaAP se deu a partir de seis indicadores da aacuterea Gestatildeo

Democraacutetica contida no Plano de Accedilotildees Articuladas que foram Existecircncia de Conselhos

Escolares Existecircncia composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo Composiccedilatildeo

e atuaccedilatildeo do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho do Fundo

de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da

Educaccedilatildeo Criteacuterios para escolha da Direccedilatildeo Escolar e Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local

do Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo Como paracircmetros de anaacutelise utilizamos os elementos

constitutivos da democratizaccedilatildeo da gestatildeo como a descentralizaccedilatildeo a participaccedilatildeo e a

autonomia Quanto agraves implicaccedilotildees do PAR para a gestatildeo educacional no municiacutepio de Santana

os resultados apontam que

Os conselhos escolares existem no municiacutepio de Santana desde o final da deacutecada de

1990 mas com a intensificaccedilatildeo da descentralizaccedilatildeo de recursos por meio dos programas do

PDE-Escola advindos do PAR e do proacuteprio PDDE a dinacircmica de criaccedilatildeo e funcionamento

desses conselhos vem se redimensionando O nuacutemero de caixas escolares que em 2007 eram

10 em 2014 passaram para 34 O volume de recursos administrados tambeacutem aumentou

bastante pois de 2007 para 2014 os recursos recebidos aumentaram em 945 Se comparado

o ano de 2007 ao ano de 2013 o crescimento foi de 1580 Entretanto estes conselhos tecircm

assumindo um caraacuteter mais burocraacutetico do que articulador de accedilotildees com promoccedilatildeo de

participaccedilatildeo ampliada Pelo que revela a fala dos entrevistados haacute dificuldade de participaccedilatildeo

de seus membros pelos mais diversos motivos A dinacircmica de funcionamento do Conselho

escolar na rede municipal de Santana limita-se praticamente ao gerenciamento da Caixa Escolar

163

em relaccedilatildeo aos recursos do PDDE o que leva a concluir que o conselho pouco tem atuado como

promotor da autonomia da escola Embora no 1ordm e no 2ordm PAR esse indicador tenha recebido

pontuaccedilatildeo 3 o que representa boa atuaccedilatildeo em pelo menos 50 das escolas observou-se que

os conselhos escolares da rede municipal de Santana tecircm atuado mais no sentido da execuccedilatildeo

dos recursos secundarizando esse espaccedilo como tomada de decisatildeo e de construccedilatildeo de

autonomia no interior da escola puacuteblica ao praticamente se eximir de abordar outros temas de

interesse da escola para aleacutem da gestatildeo financeira

O Conselho Municipal de Educaccedilatildeo ainda que exista em lei no municiacutepio desde 1998

esse oacutergatildeo natildeo funciona adequadamente No primeiro PAR esse indicador recebeu pontuaccedilatildeo

miacutenima o que representa funcionamento ruim No segundo PAR recebeu pontuaccedilatildeo 3 o que

representa melhoria No entanto as informaccedilotildees coletadas revelaram que natildeo haacute paridade entre

os representantes governamentais e natildeo governamentais o que compromete a igualdade e o

direito de participaccedilatildeo popular na gestatildeo haacute pouca participaccedilatildeo dos membros do CME no que

se refere ao acompanhamento da execuccedilatildeo dos recursos da educaccedilatildeo o CME eacute pouco atuante

na resoluccedilatildeo das demandas compatiacuteveis com suas atribuiccedilotildees Por tais fatores evidenciados

conclui-se que embora o CME tenha melhorado sua atuaccedilatildeo a partir do segundo PAR sua

contribuiccedilatildeo para a democratizaccedilatildeo da gestatildeo ainda eacute incipiente

O municiacutepio de SantanaAP tambeacutem conta com Conselho de Controle Social da

Alimentaccedilatildeo Escolar (CAE) instituiacutedo pela Lei nordm 458 de 1999 ndash PMS posteriormente

substituiacuteda pela Lei Nordm 488 de 10 de maio de 2001 focalizado como o terceiro indicador No

primeiro PAR esse indicador recebeu a pontuaccedilatildeo 1 ou seja o Conselho existia formalmente

apenas para receber o recurso do Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar (PNAE) e poderia

natildeo estar atuando conforme suas atribuiccedilotildees previstas seja na fiscalizaccedilatildeo ou no

acompanhamento da execuccedilatildeo dos recursos e de distribuiccedilatildeo da merenda No segundo PAR

essa pontuaccedilatildeo mudou para 2 o que indica o CAE apesar de apresentar alguma melhora em

seu funcionamento ainda natildeo era representado por todos os segmentos que raramente

acontecia a fiscalizaccedilatildeo da aplicaccedilatildeo dos recursos transferidos enfim que o CAE natildeo

acompanhava a compra nem a distribuiccedilatildeo dos alimentosprodutos nas escolas e continuava

pouco atento agraves boas praacuteticas sanitaacuterias e de higiene nos locais de preparo da alimentaccedilatildeo

escolar

Vale ressaltar que os recursos do Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar (PNAE)

que deveriam ser fiscalizados em sua execuccedilatildeo pelo CAE em Santana satildeo significativos e

superiores aos recursos do Salaacuterio Educaccedilatildeo em todos os anos da pesquisa As fontes

consultadas indicam um ldquoconselho parado um conselho inerte por falta de interesserdquo que por

164

pelo menos dois anos apresentou atraso na prestaccedilatildeo de contas Aleacutem disso falta infraestrutura

para reuniotildees transporte para visita agraves escolas do campo e mesmo formaccedilatildeo aos conselheiros

que lhes possibilite acompanhar a execuccedilatildeo dos recursos e a fiscalizar a distribuiccedilatildeo dos

produtos da merenda escolar A pouca participaccedilatildeo dos conselheiros do CAE tanto no periacuteodo

do primeiro quanto do segundo PAR nos permite afirmar que o aumento da pontuaccedilatildeo em

relaccedilatildeo a esse indicador satildeo meramente formais e natildeo se traduzem em mudanccedilas reais no

sentido do controle social dos recursos e de praacuteticas democraacuteticas

O quarto indicador Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho do Fundo de Manutenccedilatildeo e

Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo ndash

CACS-FUNDEB eacute um indicador que aparece apenas no segundo PAR visto que no primeiro

o FUNDEB ainda estava iniciando sua implantaccedilatildeo Do ponto de vista da legislaccedilatildeo municipal

o Conselho foi criado pela Lei nordm 0797 de 28 de dezembro de 2007 A pontuaccedilatildeo recebida neste

segundo PAR foi 2 o que significa que o Conselho natildeo eacute representado por todos os segmentos

(conforme norma ndash Lei 114942007) natildeo existe um regimento interno as reuniotildees natildeo satildeo

regulares raramente acontece o acompanhamento e o controle social sobre a distribuiccedilatildeo a

transferecircncia e a aplicaccedilatildeo dos recursos dos Fundos (FUNDEB PNATE Programa de Apoio

aos Sistema de Ensino para Atendimento agrave EJA) o Conselho nem sempre promove ampla

publicidade agrave aplicaccedilatildeo dos recursos

De fato o controle social dos recursos da educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana parece ser

difiacutecil tarefa a comeccedilar pelo fato da gestatildeo de tais recursos serem centralizadas no governo

municipal contrariando o que recomenda a LDB que indica a descentralizaccedilatildeo de tais recursos

para o oacutergatildeo gestor no caso a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo a SEME e pela falta de

participaccedilatildeo dos conselheiros nas reuniotildees Tal situaccedilatildeo inclusive gerou accedilotildees a serem

realizadas pelo municiacutepio como ldquotransferir a responsabilidade do gerenciamento de recursos

do FUNDEB e PNATE da prefeitura para a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo para melhorar a

transparecircncia dos investimentosrdquo A transferecircncia de responsabilidade da gestatildeo dos recursos

poderia natildeo soacute facilitar o planejamento das accedilotildees educacionais mas melhorar o controle social

dos recursos puacuteblicos O fato de que o ano de 2014 apresenta ausecircncia de dados financeiros no

SIOPE em relaccedilatildeo ao municiacutepio reflete tambeacutem a possibilidade de que haja dificuldade quanto

agraves prestaccedilotildees de contas da execuccedilatildeo dos recursos para este ano Essa situaccedilatildeo tende a dificultar

ou mesmo inviabilizar a gestatildeo democraacutetica pela negaccedilatildeo do princiacutepio da transparecircncia na

gestatildeo do recurso puacuteblico

A escolha de diretores de escolas puacuteblicas eacute entre os indicadores analisados o ponto mais

obscuro O indicador da gestatildeo educacional do PAR sobre os criteacuterios da escolha para diretores

165

de escola foi diagnosticado pela equipe de elaboraccedilatildeo do PAR com a pontuaccedilatildeo 1 que equivale

agrave situaccedilatildeo de lsquoausecircncia de criteacuterios para escolha da direccedilatildeo das escolasrsquo No entanto no 2ordm PAR

recebeu a pontuaccedilatildeo 3 que equivale uma situaccedilatildeo boa Em termos de legislaccedilatildeo de fato as leis

municipais elegem a gestatildeo democraacutetica como princiacutepio como no caso da Lei nordm 0849 do ano

de 2010 que trata do Plano de Carreiras da Educaccedilatildeo do Municiacutepio de Santana (PCEMS) onde

se prevecirc inclusive a eleiccedilatildeo direta como criteacuterio No entanto a mesma lei remete o tema para

regulamentaccedilotildees posteriores o que nunca aconteceu Na praacutetica o que prevalece eacute o criteacuterio da

nomeaccedilatildeo pura e simples tatildeo ao gosto dos gestores comprometidos com modelos de gestatildeo

patrimonialista e clientelista Em relaccedilatildeo a esse indicador o PAR soacute alterou a pontuaccedilatildeo As

praacuteticas continuam as mesmas

Em relaccedilatildeo ao uacuteltimo indicador Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do

Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo verificou-se que o comitecirc foi criado pelo Decreto

Municipal Nordm 490 de 03 de abril de 2013 para acompanhar o cumprimento das metas

estabelecidas pelo PAR e eacute bastante avanccedilado em sua composiccedilatildeo No entanto eacute recente no

municiacutepio e talvez por isso natildeo tem exercido o seu papel de mobilizar a sociedade para a

participaccedilatildeo e acompanhamento das accedilotildees do PAR na perspectiva de sua efetividade

Natildeo se pode negar o meacuterito do PAR para a organizaccedilatildeo e o planejamento das accedilotildees

educacionais na rede municipal de ensino de Santana que apoacutes o PAR passou a melhor

reconhecer suas fragilidades e desafios No entanto o estudo evidenciou a histoacuterica fragilidade

da democratizaccedilatildeo da gestatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana pois os conselhos

municipais de controle social e escolares mecanismos que poderiam viabilizar a participaccedilatildeo

a descentralizaccedilatildeo e autonomia nas decisotildees funcionam precariamente Os criteacuterios de escolha

de diretores excluem as formas democraacuteticas de participaccedilatildeo na escolha e favorecem as praacuteticas

centralizadas de nomeaccedilatildeo A gestatildeo dos recursos da educaccedilatildeo eacute centralizada no governo

municipal dificultando o controle social Com o PAR houve expansatildeo do nuacutemero de

Conselhos escolares e municipais o que permitiu o aumento das pontuaccedilotildees nos indicadores e

pode vir a potencializar a participaccedilatildeo dos sujeitos no controle social dos recursos e outras

formas de descentralizaccedilatildeo das decisotildees Isso a depender da correlaccedilatildeo de forccedilas locais

historicamente permeada por formas patrimonialistas e clientelistas de gestatildeo Com o PAR

esses modelos ganharam nuances de gerencialismo Parece um paradoxo que se exija da

Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo que viabilize as accedilotildees previstas no PAR para atingir as metas

e resultados da avaliaccedilatildeo do IDEB em busca da qualidade da educaccedilatildeo com acompanhamento

e o controle social dos conselhos sobre os recursos e accedilotildees mas mantendo os recursos

166

centralizados sob a gestatildeo da Prefeitura Municipal de Santana Qual a autonomia possiacutevel nestas

condiccedilotildees Onde fica a descentralizaccedilatildeo Esta sequer chegou ao oacutergatildeo gestor

O municiacutepio de Santana tem vinte e oito anos de existecircncia nessa condiccedilatildeo pois fazia

parte do Territoacuterio Federal do Amapaacute extinto pela Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Antes existia

como distrito de Macapaacute Talvez por ser um municiacutepio novo guarde ainda fortes marcas do

clientelismo e patrimonialismo que o gerou Com pouca tradiccedilatildeo democraacutetica as praacuteticas

centralizadoras de gestatildeo educacional satildeo reveladas no cotidiano das accedilotildees que contradizem o

posto nas leis municipais e ateacute nacionais

A anaacutelise aqui apresentada para a poliacutetica puacuteblica municipal evidenciada a partir da

adesatildeo do municiacutepio de Santana ao PAR expotildee os limites e contradiccedilotildees de poliacuteticas formuladas

em niacutevel nacional e executadas em niacutevel local bem como a correlaccedilatildeo de forccedilas poliacuteticas e

econocircmicas do momento histoacuterico As accedilotildees pleiteadas pelo PAR no sentido de democratizar a

gestatildeo da educaccedilatildeo da rede municipal de Santana natildeo tecircm conseguido se materializar na praacutetica

dos gestores Quando muito tais intencionalidades se inscrevem no acircmbito da legislaccedilatildeo

municipal e com isso tem alterado as pontuaccedilotildees de avaliaccedilatildeo do PAR O grande desafio eacute

implementar uma gestatildeo educacional pela qual as pessoas possam participar em igualdade de

condiccedilotildees fazendo emergir a sua condiccedilatildeo de sujeitos histoacutericos na busca por uma educaccedilatildeo

de qualidade social para todos e isto soacute seraacute possiacutevel se a gestatildeo for democraacutetica

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UNDIME Orientaccedilotildees ao dirigente municipal de educaccedilatildeo 2012 Disponiacutevel em

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VIEIRA Sofia Lerche MEDEIROS Isabel Letiacutecia Pedroso de Gestatildeo escolar democraacutetica

concepccedilotildees e vivecircncias Porto Alegre Editora da UFRGS 2006

VIEIRA Sofia Lerche Poliacutetica(s) e Gestatildeo da Educaccedilatildeo Baacutesica revisitando conceitos

simples RBPAE ndash v23 n1 p 53-69 janabr 2007 Disponiacutevel em

httpseerufrgsbrrbpaearticleviewFile1901311044 Acesso em 22 Ago 2015

VIRIATO Edaguimar Orquizas Descentralizaccedilatildeo e desconcentraccedilatildeo como estrateacutegias para a

redefiniccedilatildeo do setor puacuteblico In LIMA Antonio Bosco de (Org) Estado poliacuteticas

educacionais e gestatildeo compartilhada Satildeo Paulo Xamatilde 2004 p 39-60

VOSS Dulce M O Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo (PDE) contextos e discursos

Cadernos da Educaccedilatildeo UFPel janabr 2011

WERLE Flaacutevia O C Conselhos Escolares implicaccedilotildees na Gestatildeo da Escola Baacutesica DPampA

2003

WOOD Ellen M Democracia contra o capitalismo Traduccedilatildeo de Paulo Seacutergio Castanheira Satildeo

Paulo Boitempo 2003

YIN R Estudo de caso planejamento e meacutetodos Porto Alegre Bookman 2001

Sites consultados

httpportalmecgovbrdmdocumentslivro_final_proconselho07pdf

176

httpwwwfndegovbrprogramasparpar-consultasitem944-dimensC3A3o-1-

gestC3A3o-educacional-C3A1rea-1

httpwwwfndegovbrprogramasparpar-monitoramento

httpcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=160060ampidtema=117ampsearch=am

apa|santana|ensino-matriculas-docentes-e-rede-escolar-2012

httpwwwdataescolabrasilinepgovbrdataEscolaBrasil

httpwwwinepgovbr

httpsimecmecgovbrparcarregaTermosphp

httpportalmecgovbrsebarquivospdfPro_conscme-topdf

httpportalmecgovbrindexphpoption=com_docmanampview=downloadampalias=9400-

manualelaboracao-par-municipal-1114-pdfampcategory_slug=novembro-2011-

pdfampItemid=30192

httpwwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2007-20102007LeiL11494htmart46

httpwwwplanaltogovbrccivil_03_ato2007-20102009leil11947htm

177

APEcircNDICE

178

APEcircNDICE A

SERVICcedilO PUacuteBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute

INSTITUTO DE CIEcircNCIAS DA EDUCACcedilAtildeO

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM EDUCACcedilAtildeO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA PARTICIPACcedilAtildeO

EM PESQUISA

Caro(a) colega professor(a)

Venho por meio desse documento convidaacute-lo(a) a participar como voluntaacuterio (a) da pesquisa

supracitada que tem como responsaacutevel a aluna da poacutes-graduaccedilatildeo Heryka Cruz Nogueira que

estaacute sob a orientaccedilatildeo da Profa Dra Dalva Valente Guimaratildees Gutierres do curso de Mestrado

em Educaccedilatildeo da Universidade Federal do Paraacute (UFPA) A pesquisadora pode ser contatada pelo

e-mail herykaueapgmailcom e pelo celular (96) 98121-6399

Apoacutes ser esclarecido(a) sobre a pesquisa no caso de aceitar fazer parte do estudo assine

ao final do documento que estaraacute em duas vias Uma delas eacute sua e a outra do pesquisador

responsaacutevel Em caso de recusa vocecirc natildeo seraacute penalizado de forma alguma Informo que esta

pesquisa segue o que estaacute previsto em termos eacuteticos

TIacuteTULO DA PESQUISA O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS (PAR) E A GESTAtildeO

DA EDUCACcedilAtildeO NA REDE MUNICIPAL DE SANTANAAP

O municiacutepio de SantanaAP foi selecionado para essa pesquisa que tem como objetivo

identificar as implicaccedilotildees do Plano de Accedilotildees Articuladas para a gestatildeo da educaccedilatildeo do

municiacutepio Para realizaccedilatildeo da pesquisa aleacutem dos dados coletados em documentos seraacute

necessaacuterio obter informaccedilotildees por meio de entrevistas que seratildeo gravadas e transcritas

Asseguro ao (agrave) senhor (a) que a pesquisa eacute estritamente cientiacutefica sua identidade seraacute mantida

sob sigilo e anonimato e as informaccedilotildees colhidas seratildeo usadas exclusivamente na pesquisa

supracitada os resultados desta seratildeo publicados apenas em revistas cientiacuteficas e em eventos

cientiacuteficos e estaraacute disponiacutevel a todos os interessados As entrevistas seratildeo gravadas no local de

trabalho do entrevistado e teraacute a duraccedilatildeo de 10 a 25 minutos Utilizarei nomes fictiacutecios para

preservar sua identidade ou ainda apenas a indicaccedilatildeo geneacuterica de ldquoentrevistadordquo ou ldquoprofessorrdquo

Somente seraacute efetivada a entrevista apoacutes a assinatura do termo de consentimento da participaccedilatildeo

179

da pessoa como sujeito da pesquisa O entrevistado tem o direito de a qualquer momento

durante ou apoacutes a entrevista retirar seu consentimento obrigando o pesquisador a natildeo utilizar

as informaccedilotildees porventura registradas ou de natildeo responder perguntas incocircmodas O

entrevistado natildeo incorreraacute em qualquer sanccedilatildeo ou penalidade caso retire o seu consentimento

O entrevistado fica ciente que eacute voluntaacuterio e natildeo receberaacute nenhum incentivo financeiro ou

gratificaccedilatildeo para participar da pesquisa

Desde jaacute agradeccedilo sua valiosa contribuiccedilatildeo para a pesquisa disponibilizando sua

atenccedilatildeo e tempo posto que se sabe dos inuacutemeros compromissos diaacuterios assumidos A

pesquisadora se coloca agrave disposiccedilatildeo para as possiacuteveis duacutevidas ou informaccedilotildees necessaacuterias

Beleacutem 14 de dezembro de 2015

__________________________

Assinatura

Entrevistado ciente __________________________________________________

Assinatura

180

APEcircNDICE B

SERVICcedilO PUacuteBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute

INSTITUTO DE CIEcircNCIAS DA EDUCACcedilAtildeO

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM EDUCACcedilAtildeO

ROTEIRO DE ENTREVISTA

Dimensatildeo Gestatildeo Educacional

Sujeitos a serem entrevistados 01 - Secretaacuterio (a) Municipal de Educaccedilatildeo ou Teacutecnico que

conhece o processo de elaboraccedilatildeo do PAR

I - IDENTIFICACcedilAtildeO

1 Nome ______________________________________________________________

2 Formaccedilatildeo _________________________________________________________________

3 Instituiccedilatildeo ou oacutergatildeo a qual pertence ____________________________________________

4 Cargo ou funccedilatildeo que ocupa na rede municipal de SantanaAP

_________________________________________________________________________

II ndash QUESTOtildeES NORTEADORAS

1 Fale sobre como foi a chegada do PAR no municiacutepio

2 Fale sobre como se deu o diagnoacutestico dos indicadores do PAR

3 Quem participou da implantaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo do PAR E como ocorreu

4 Apoacutes o diagnoacutestico do municiacutepio qual foi o proacuteximo passo da equipe que elaborou o PAR

5 Como eacute realizado o acompanhamentoavaliaccedilatildeo das accedilotildees e sub-accedilotildees do PAR no

municiacutepio

6 Quais os criteacuterios para escolha de diretores escolares no municiacutepio

181

APEcircNDICE C

SERVICcedilO PUacuteBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute

INSTITUTO DE CIEcircNCIAS DA EDUCACcedilAtildeO

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM EDUCACcedilAtildeO

ROTEIRO DE ENTREVISTA

Indicador Conselhos Escolares (CE)

Sujeitos a serem entrevistados 01 - Membro da equipe teacutecnica da Secretaria Municipal de

Educaccedilatildeo que trate dos Conselhos Escolares (2012 a 2015)

I - IDENTIFICACcedilAtildeO

1 Nome ___________________________________________________________________

2 Formaccedilatildeo _________________________________________________________________

3 Instituiccedilatildeosetor ou oacutergatildeo a qual pertence _______________________________________

4 Cargo ou funccedilatildeo que ocupa na rede municipal de SantanaAP

_________________________________________________________________________

II ndash QUESTOtildeES NORTEADORAS

1 Fale como se deu a elaboraccedilatildeo do PAR por parte dos Conselhos Escolares

2 Todas as escolas do municiacutepio tem implantado o Conselho Escolar

3 Fale sobre os criteacuterios de escolha dos diretores escolares

4 Qual a participaccedilatildeo do diretor na composiccedilatildeo do Conselho Escolar

5 Como a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo acompanha a implantaccedilatildeo dos Conselhos

Escolares

182

APEcircNDICE D

SERVICcedilO PUacuteBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute

INSTITUTO DE CIEcircNCIAS DA EDUCACcedilAtildeO

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM EDUCACcedilAtildeO

ROTEIRO DE ENTREVISTA

Indicador Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (CME)

Sujeitos a serem entrevistados 02 - Conselheiros (2012 a 2015)

( ) Membro da equipe teacutecnica da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo (governamental) que

trate do Conselho Municipal

( ) Membro do Conselho Municipal que natildeo seja representante governamental

I - IDENTIFICACcedilAtildeO

1 Nome ______________________________________________________________

2 Formaccedilatildeo _________________________________________________________________

3 Instituiccedilatildeo setor e oacutergatildeo a qual pertence _______________________________________

4 Cargo ou funccedilatildeo que ocupa na rede Municipal de SantanaAP

_________________________________________________________________________

II ndash QUESTOtildeES NORTEADORAS

1 Fale sobre a participaccedilatildeo do CME na elaboraccedilatildeo do PAR

2 Quem compotildee e como se deu a escolha dos conselheiros

3 O CME possui alguma autonomia em relaccedilatildeo as decisotildees da SME na distribuiccedilatildeo dos

recursos financeiros

4 Como o CME tem acompanhado o planejamento e as accedilotildees educacionais no municiacutepio

183

APEcircNDICE E

SERVICcedilO PUacuteBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute

INSTITUTO DE CIEcircNCIAS DA EDUCACcedilAtildeO

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM EDUCACcedilAtildeO

ROTEIRO DE ENTREVISTA

Indicador Conselho Municipal de Alimentaccedilatildeo Escolar (CAE)

Sujeitos a serem entrevistados 02

( ) Membro da equipe teacutecnica da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo representante do CAE

( ) Membro do CAE que seja representante natildeo-governamental

I - IDENTIFICACcedilAtildeO

1 Nome ______________________________________________________________

2 Formaccedilatildeo ____________________________________________________________

3 Instituiccedilatildeosetor ou oacutergatildeo a qual pertence __________________________________

4 Cargo ou funccedilatildeo que ocupa na rede municipal de educaccedilatildeo de SantanaAP

_____________________________________________________________________

II ndash QUESTOtildeES NORTEADORAS

1 Fale sobre como se deu a participaccedilatildeo do CAE na elaboraccedilatildeo do PAR

2 Quem representa o CAE E qual a periodicidade das reuniotildees

3 De que forma o CAE fiscaliza a aplicaccedilatildeo dos recursos financeiros

4 O CAE participou de algum curso de formaccedilatildeo

184

APEcircNDICE F

SERVICcedilO PUacuteBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute

INSTITUTO DE CIEcircNCIAS DA EDUCACcedilAtildeO

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM EDUCACcedilAtildeO

ROTEIRO DE ENTREVISTA

Indicador Comitecirc Local do Compromisso

Sujeitos a serem entrevistados 02

( ) Membro da equipe teacutecnica da SME representante do Comitecirc Local

( ) Membro do Comitecirc Local que seja representante natildeo-governamental

I - IDENTIFICACcedilAtildeO

1 Nome ______________________________________________________________

2 Formaccedilatildeo ____________________________________________________________

3 Instituiccedilatildeosetor ou oacutergatildeo a qual pertence __________________________________

4 Cargo ou funccedilatildeo que ocupa na rede municipal de educaccedilatildeo de SantanaAP

_____________________________________________________________________

II ndash QUESTOtildeES NORTEADORAS

1 Como eacute constituiacutedo o Comitecirc Local

2 Como o Comitecirc local tem feito o trabalho de mobilizaccedilatildeo da comunidade diante do

PAR

185

APEcircNDICE G

SERVICcedilO PUacuteBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute

INSTITUTO DE CIEcircNCIAS DA EDUCACcedilAtildeO

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM EDUCACcedilAtildeO

ROTEIRO DE ENTREVISTA

Indicador Criteacuterios para Escolha de Diretores

Sujeitos a serem entrevistados 01

( ) Membro da equipe teacutecnica ndash Coordenaccedilatildeo de Ensino

I - IDENTIFICACcedilAtildeO

1 Nome ______________________________________________________________

2 Formaccedilatildeo ___________________________________________________________

3 Instituiccedilatildeo ou oacutergatildeo a qual pertence _______________________________________

4 Cargo ou funccedilatildeo que ocupa na rede municipal de SantanaAP

_____________________________________________________________________

II ndash QUESTOtildeES NORTEADORAS

1 Quais os procedimentos e criteacuterios utilizados na escolha do diretor da escola

2 Quais as caracteriacutesticas que a SEMED destacaria como mais relevantes no perfil do

diretor da escola na rede de ensino

3 A Coordenaccedilatildeo de ensino tem participado da elaboraccedilatildeo do PAR Fale sobre como se

deu essa participaccedilatildeo

186

APEcircNDICE H

Relaccedilatildeo de trabalhos sobre o Plano de Accedilotildees Articuladas encontrados nas bases de dados da

ANPAE ANPED e SciELO (2011 e 2015)

ANPAE

SOUSA

Bartolomeu

O Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) como instrumento de planejamento

da educaccedilatildeo o que haacute de novo httpwwwanpaeorgbr

simposio2011cdrom2011PDFs

trabalhosCompletoscomunicacoesRelatos0079pdf

ANPAE

2011

FARENZENA

SCHUCH E

MOSNA

Implementaccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas em Municiacutepios do Rio

Grande Do Sul uma avaliaccedilatildeo Disponiacutevel em

httpwwwanpaeorgbrsimposio2011 cdrom

2011PDFstrabalhosCompletoscomunicacoesRelatos0414pdf

ANPAE

2011

DAMASCENO

Alberto e SANTOS

Eacutemina

Planejando a educaccedilatildeo municipal a experiecircncia do PAR no Paraacute

Disponiacutevel em

httpwwwanpaeorgbrsimposio2011cdrom2011PDFstrabalhosCo

mpletoscomunicacoesRelatos0174pdf

ANPAE

2011

BELLO Isabel

Melero

O Plano De Accedilotildees Articuladas como estrateacutegia organizacional dos

sistemas puacuteblicos de ensino avanccedilos limites e possibilidades 2011

Disponiacutevel em

httpwwwanpaeorgbrsimposio2011cdrom2011PDFstrabalhosCo

mpletoscomunicacoesRelatos0234pdf

ANPAE

2011

RODRIGUES

ARAUacuteJO E

SOUSA

A Gestatildeo Educacional nos Planos de Accedilotildees Articuladas (PAR) de

municiacutepios paraibanos Disponiacutevel em

httpwwwanpaeorgbrsimposio2011cdrom2011PDFstrabalhosCo

mpletoscomunicacoesRelatos0404pdf

ANPAE

2011

OLIVEIRA e

SENNA

O Plano de Accedilotildees Articuladas no contexto do PDE a dimensatildeo gestatildeo

educacional no par de municiacutepios sul-mato-grossenses Disponiacutevel em

httpwwwanpaeorgbrsimposio2011cdrom

2011PDFstrabalhosCompletoscomunicacoesRelatos0453pdf

ANPAE

2011

MAFASSIOLI E

MARCHAND

Plano de Accedilotildees Articuladas competecircncias dos entes federados na sua

implementaccedilatildeo ANPAE 2011 Disponiacutevel em

httpwwwanpaeorgbrsimposio2011cdrom2011PDFstrabalhosCo

mpletoscomunicacoesRelatos0057pdf

ANPAE

2011

SCHNEIDER

PASQUAL E

DURLI

O PDE e as metas do PAR para a formaccedilatildeo de professores da educaccedilatildeo

baacutesica Ensaio aval pol puacutebl Educ Rio de Janeiro v 20 n 75 p 303-

324 abrjun 2012

ANPAE

2012

OLIVEIRA

SCAFF E SENNA

O Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) no acircmbito dos planos plurianuais

do governo Lula implicaccedilotildees em municiacutepios brasileiros

httpwwwanpaeorgbriberoamericano2012TrabalhosReginaTereza

CestariDeOliveira_res_int_GT7pdf

ANPAE

2012

VALENTE

GUIMARAtildeES E

FREITAS

O Plano De Accedilotildees Articuladas de Ituiutaba ndash MG Uma Anaacutelise das

Praacuteticas Pedagoacutegicas e da Avaliaccedilatildeo Disponiacutevel em

httpwwwanpaeorgbrsimposio26

1comunicacoesClaudileneAbadiaFreitasGuimaraes-ComunicacaoOral-

intpdf

ANPAE

2013

CORREA Joatildeo J A Centralidade do ldquoPDErdquo e do ldquoPARrdquo no acesso agrave poliacutetica educacional

a experiecircncia de gestatildeo na microrregiatildeo de Foz do Iguaccedilu no Paranaacute

RBPAE 2013 Disponiacutevel em

httpseerufrgsbrindexphprbpaearticleview4282227122

ANPAE 2013

FERREIRA E e

BASTOS Roberta

Poliacuteticas educacionais e planejamento o PAR como objeto de

investigaccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwanpaeorgbrsimposio26

1comunicacoesElizaBartolozziFerreira-ComunicacaoOral-intpdf

ANPAE

2013

OLIVEIRA Beatriz

A

Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) a consolidaccedilatildeo da accountability na

poliacutetica educacional brasileira ANPAE 2013 Disponiacutevel em

httpwwwanpaeorgbrsimposio26

1comunicacoesBeatrizAlvesDeOliveira-ComunicacaoOral - intpdf

ANPAE

2013

187

Ana Elizabeth Maia

de Albuquerque

O ARRANJO FEDERALISTA BRASILEIRO E AS POLIacuteTICAS DE

INDUCcedilAtildeO DA UNIAtildeO UMA ANAacuteLISE DO PLANO DE ACcedilOtildeES

ARTICULADAS DO MINISTEacuteRIO DA EDUCACcedilAtildeO

httpwwwanpaeorgbrIBERO_AMERICANO_IVGT5GT5_Comu

nicacaoAnaElizabethMaiadeAlbuquerque_GT5_integralpdf

ANPAE

2014

Alzira Batalha

Alcantara

GESTAtildeO DEMOCRAacuteTICA NO AcircMBITO DO PLANO DE ACcedilOtildeES

ARTICULADAS PARTICIPACcedilAtildeO FORMAL OU SUBSTANCIAL

httpwwwanpaeorgbrIBERO_AMERICANO_IVGT1GT1_Comu

nicacaoAlziraBatalhaAlcantara_GT1_integralpdf

ANPAE

2014

Raimundo Sousa

Gestatildeo da educaccedilatildeo apontamentos iniciais sobre a implementaccedilatildeo do

Plano de Accedilotildees Articuladas em Altamira-PA

httpwwwanpaeorgbrIBERO_AMERICANO_IVGT1GT1_Relato

RaimundoSousa_GT1_integralpdf

ANPAE

2014

Vanessa Socorro

Silva Costa

O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS NO PARAacute PROCESSOS

INSTITUIacuteDOS E CONTRADICcedilOtildeES

httpwwwanpaeorgbrIBERO_AMERICANO_IVGT5GT5_Comu

nicacaoVanessaSocorroSilvaCosta_GT5_Integralpdf

ANPAE

2014

Gildeci Santos

Pereira e

Odete da Cruz

Mendes

PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS (PAR) CONFIGURACcedilOtildeES

DA GESTAtildeO EDUCACIONAL NA REDE DE ENSINO MUNICIPAL

ANPAE

2015

Heryka Cruz

Nogueira e Dalva

Valente G

Gutierres

O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS AS PRODUCcedilOtildeES

ESCRITAS NO PERIacuteODO DE 2009 A 2013

ANPAE 2015

Maria Isabel Soares

Feitosa e Maria

Alice de M Aranda

O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS NO PROCESSO DE

DISSEMINACcedilAtildeO DA INFORMACcedilAtildeO CIENTIacuteFICA

ANPAE 2015

Severino Vilar de

Albuquerque

GESTAtildeO EDUCACIONAL E QUALIDADE DA EDUCACcedilAtildeO OS

DILEMAS DA IMPLANTACcedilAtildeO DO PLANO DE ACcedilOtildeES

ARTICULADAS (PAR)

ANPAE 2015

Laacutezara Cristina da

Silva

PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS (PAR) E A FORMACcedilAtildeO

DOCENTE DESAFIOS E IMPLICACcedilOtildeES NA REGIAtildeO DO

TRIAcircNGULO MINEIRO PARA A EDUCACcedilAtildeO INCLUSIVA

ANPAE 2015

Amanda Higino F

de Sousa

Gersonita Paulino

de S Cruz

O PLANEJAMENTO EDUCACIONAL DO MUNICIacutePIO DE

NATALRN ATRAVEacuteS DO PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS

(2007-2011) UMA ANAacuteLISE DA DIMENSAtildeO DE PRAacuteTICAS

PEDAGOacuteGICAS E AVALIACcedilAtildeO

ANPAE 2015

Daniela Cunha

Terto

Alda Maria Duarte

A Castro

PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS NO CONTEXTO DO

FEDERALISMO BRASILEIRO ESTRATEacuteGIA DE COOPERACcedilAtildeO

INTERGOVERNAMENTAL

ANPAE 2015

Maria Aparecida R

da Silva Ceacutezar

O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS E A AUTONOMIA DO

MUNICIacutePIO NA GESTAtildeO EDUCACIONAL

ANPAE 2015

Maria Goretti

Cabral Barbalho

Gilneide Maria de

Oliveira Lobo

PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS 2007- 2011 UMA ANAacuteLISE

DA DIMENSAtildeO INFRAESTRUTURA FIacuteSICA E RECURSOS

PEDAGOacuteGICOS EM MOSSOROacuteRN

ANPAE 2015

Marilda Pasqual

Schneider

PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS (PAR) E AS CONDICcedilOtildeES DE

MELHORIA DA QUALIDADE EDUCACIONAL

ANPAE 2015

ANPED

DAMASCENO

Alberto e SANTOS

Emina

Controle social na educaccedilatildeo municipal os planos de accedilotildees Articuladas

e o desafio da construccedilatildeo do novo sistema nacional de educaccedilatildeo na

Amazocircnia Disponiacutevel em

http33reuniaoanpedorgbr33encontroappwebrootfilesfileTrabal

hos20em20PDFGT05-6712--Intpdf

ANPED

2010

MAFASSIOLI

Andreacuteia da S

Plano de Accedilotildees Articuladas uma avaliaccedilatildeo da implementaccedilatildeo no

municiacutepio de GravataiacuteRS Disponiacutevel em

httpwwwportalanpedsulcombr2012homephplink=gruposampacao

ANPED

SUL

2012

188

=listar_trabalhosampnome=GT0520E2809320Estado20e2

0PolC3ADtica20Educacionalampid=105

Liane Maria

Bernardi

Alexandre Joseacute

Rossi

Lucia Hugo Uczak

Do movimento Todos pela Educaccedilatildeo ao Plano de Accedilotildees Articuladas e

Guia de Tecnologias empresaacuterios interlocutores e clientes do estado

httpxanpedsulfaedudescbrarq_pdf596-0pdf

ANPED

SUL

2014

A implementaccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas no municiacutepio de

Sorocaba - SP limites e possibilidades para efetivaccedilatildeo do regime de

colaboraccedilatildeo

httpsanpedsudeste2014fileswordpresscom201507flc3a1via-leila-

da-silva-paulo-gomes-limapdf

ANPED

SUDEST

E

2014

O Plano De Accedilatildeo Articulada e o municiacutepio de Portel no Arquipeacutelago de

Marajoacute

httpsanpedsudeste2014fileswordpresscom201507jose-carlos-

martins-cardoso-antc3b4nio-chizzottipdf

ANPED

SUDEST

E

2014

O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS E A FORMACcedilAtildeO DE

PROFESSORES EM SERVICcedilO NA GESTAtildeO DA EDUCACcedilAtildeO

MUNICIPAL

http37reuniaoanpedorgbrwp-

contentuploads201502PC3B4ster-GT08-3683pdf

ANPED 2015

SciELO

DUARTE Marisa

R e JUNQUEIRA

Deacuteborah S

A propagaccedilatildeo de novos modos de regulaccedilatildeo no sistema educacional

brasileiro o Plano de Accedilotildees Articuladas e as relaccedilotildees entre as escolas e

a Uniatildeo Pro-Posiccedilotildees v 24 n 2 (71) p 165-193 maioago 2013

SciELO 2013

Federalismo e planejamento educacional no exerciacutecio do PAR SciELO 2014

189

ANEXOS

190

DIRETRIZES DO PLANO DE METAS COMPROMISSO TODOS PELA

EDUCACcedilAtildeO

I estabelecer como foco a aprendizagem apontando resultados concretos a atingir

II alfabetizar as crianccedilas ateacute no maacuteximo os oito anos de idade aferindo os resultados por exame perioacutedico

especiacutefico

III acompanhar cada aluno da rede individualmente mediante registro da sua frequecircncia e do seu desempenho em

avaliaccedilotildees que devem ser realizadas periodicamente

IV combater a repetecircncia dadas as especificidades de cada rede pela adoccedilatildeo de praacuteticas como aulas de reforccedilo no

contra turno estudos de recuperaccedilatildeo e progressatildeo parcial

V combater a evasatildeo pelo acompanhamento individual das razotildees da natildeo frequecircncia do educando e sua superaccedilatildeo

VI matricular o aluno na escola mais proacutexima da sua residecircncia

VII ampliar as possibilidades de permanecircncia do educando sob responsabilidade da escola para aleacutem da jornada

regular

VIII valorizar a formaccedilatildeo eacutetica artiacutestica e a educaccedilatildeo fiacutesica

IX garantir o acesso e permanecircncia das pessoas com necessidades educacionais especiais nas classes comuns do

ensino regular fortalecendo a inclusatildeo educacional nas escolas puacuteblicas

X promover a educaccedilatildeo infantil

XI manter programa de alfabetizaccedilatildeo de jovens e adultos

XII instituir programa proacuteprio ou em regime de colaboraccedilatildeo para formaccedilatildeo inicial e continuada de profissionais da

educaccedilatildeo

XIII implantar plano de carreira cargos e salaacuterios para os profissionais da educaccedilatildeo privilegiando o meacuterito a

formaccedilatildeo e a avaliaccedilatildeo do desempenho

XIV valorizar o meacuterito do trabalhador da educaccedilatildeo representado pelo desempenho eficiente no trabalho

dedicaccedilatildeo assiduidade pontualidade responsabilidade realizaccedilatildeo de projetos e trabalhos especializados cursos

de atualizaccedilatildeo e desenvolvimento profissional

XV dar consequumlecircncia ao periacuteodo probatoacuterio tornando o professor efetivo estaacutevel apoacutes avaliaccedilatildeo de preferecircncia

externa ao sistema educacional local

XVI envolver todos os professores na discussatildeo e elaboraccedilatildeo do projeto poliacutetico pedagoacutegico respeitadas as

especificidades de cada escola

XVII incorporar ao nuacutecleo gestor da escola coordenadores pedagoacutegicos que acompanhem as dificuldades

enfrentadas pelo professor

XVIII fixar regras claras considerados meacuterito e desempenho para nomeaccedilatildeo e exoneraccedilatildeo de diretor de escola

XIX divulgar na escola e na comunidade os dados relativos agrave aacuterea da educaccedilatildeo com ecircnfase no Iacutendice de

Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica IDEB referido no art 3o

XX acompanhar e avaliar com participaccedilatildeo da comunidade e do Conselho de Educaccedilatildeo as poliacuteticas puacuteblicas na

aacuterea de educaccedilatildeo e garantir condiccedilotildees sobretudo institucionais de continuidade das accedilotildees efetivas preservando

a memoacuteria daquelas realizadas

XXI zelar pela transparecircncia da gestatildeo puacuteblica na aacuterea da educaccedilatildeo garantindo o funcionamento efetivo

autocircnomo e articulado dos conselhos de controle social

XXII promover a gestatildeo participativa na rede de ensino

XXIII elaborar plano de educaccedilatildeo e instalar Conselho de Educaccedilatildeo quando inexistentes

XXIV integrar os programas da aacuterea da educaccedilatildeo com os de outras aacutereas como sauacutede esporte assistecircncia social

cultura dentre outras com vista ao fortalecimento da identidade do educando com sua escola

XXV fomentar e apoiar os conselhos escolares envolvendo as famiacutelias dos educandos com as atribuiccedilotildees

dentre outras de zelar pela manutenccedilatildeo da escola e pelo monitoramento das accedilotildees e consecuccedilatildeo das metas do

compromisso

191

XXXVI transformar a escola num espaccedilo comunitaacuterio e manter ou recuperar aqueles espaccedilos e equipamentos

puacuteblicos da cidade que possam ser utilizados pela comunidade escolar

XXVII firmar parcerias externas agrave comunidade escolar visando a melhoria da infra-estrutura da escola ou a

promoccedilatildeo de projetos socioculturais e accedilotildees educativas

XXVIII organizar um comitecirc local do Compromisso com representantes das associaccedilotildees de empresaacuterios

trabalhadores sociedade civil Ministeacuterio Puacuteblico Conselho Tutelar e dirigentes do sistema educacional puacuteblico

encarregado da mobilizaccedilatildeo da sociedade e do acompanhamento das metas de evoluccedilatildeo do IDEB

192

ANEXO

PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS ndash 1ordf VERSAtildeO

DIMENSAtildeO 1 GESTAtildeO EDUCACIONAL

193

PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS ndash 1ordf VERSAtildeO

DIMENSAtildeO 2 FORMACcedilAtildeO DE PROFESSORES E DOS PROFISSIONAIS DE SERVICcedilO

E APOIO ESCOLAR

DIMENSAtildeO 3 PRAacuteTICAS PEDAGOacuteGICAS E AVALIACcedilAtildeO

194

PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS ndash 1ordf VERSAtildeO

DIMENSAtildeO 4 INFRA-ESTRUTURA FIacuteSICA E RECURSOS PEDAGOacuteGICOS

195

ANEXO

PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS ndash 2ordf VERSAtildeO

Dimensatildeo 1 ndash Gestatildeo Educacional

Aacuterea 1 - Gestatildeo

Democraacutetica

Articulaccedilatildeo e

Desenvolvimento dos

Sistemas de Ensino

1 Existecircncia acompanhamento e avaliaccedilatildeo do Plano Municipal de

Educaccedilatildeo (PME) desenvolvido com base no Plano Nacional de

Educaccedilatildeo (PNE)

2 Existecircncia composiccedilatildeo competecircncia e atuaccedilatildeo do Conselho

Municipal de Educaccedilatildeo (CME)

3 Existecircncia e funcionamento de conselhos escolares (CE)

4 Existecircncia de projeto pedagoacutegico (PP) nas escolas inclusive nas de

alfabetizaccedilatildeo de jovens e adultos (AJA) e de educaccedilatildeo de jovens e

adultos (EJA) participaccedilatildeo dos professores e do conselho escolar na sua

elaboraccedilatildeo orientaccedilatildeo da secretaria municipal de educaccedilatildeo e

consideraccedilatildeo das especificidades de cada escola

5 Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho do Fundo de Manutenccedilatildeo e

Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos

Profissionais da Educaccedilatildeo (Fundeb)

6 Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar (CAE)

7 Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromisso

Aacuterea 2 ndash Gestatildeo de

pessoas

1 Quadro de servidores da secretaria municipal de educaccedilatildeo (SME)

2 Criteacuterios para escolha da direccedilatildeo escolar

3 Presenccedila de coordenadores ou supervisores pedagoacutegicos nas escolas

4 Quadro de professores

5 Estaacutegio probatoacuterio efetivando os professores e outros profissionais da

Educaccedilatildeo

6 Plano de carreira para o magisteacuterio

7 Plano de carreira dos profissionais de serviccedilo e apoio escolar

8 Piso salarial nacional do professor

9 Existecircncia de professores para o exerciacutecio da funccedilatildeo docente no

atendimento educacional especializado (AEE) complementar ao ensino

regular

Aacuterea 3 ndash Conhecimento

e utilizaccedilatildeo de

informaccedilatildeo

1 Existecircncia de um sistema informatizado de gestatildeo escolar que integre

a rede municipal de ensino

2 Conhecimento da situaccedilatildeo das escolas da rede

3 Conhecimento e utilizaccedilatildeo dos dados de analfabetismo e escolaridade

de jovens e adultos

4 Acompanhamento e registro da frequecircncia dos alunos beneficiados

pelo Programa Bolsa Famiacutelia (PBF)

5 Existecircncia de monitoramento do acesso e permanecircncia de pessoas

com deficiecircncia de 0 a 18 anos beneficiaacuterias do Benefiacutecio da Prestaccedilatildeo

Continuada (BPC) 6 Formas de registro da frequecircncia

Aacuterea 4 ndash Gestatildeo de

financcedilas

1 Existecircncia de equipe gestora capacitada para o gerenciamento dos

recursos para a Educaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo do Sistema de Informaccedilotildees sobre

Orccedilamentos Puacuteblicos em Educaccedilatildeo (Siope)

2 Cumprimento do dispositivo constitucional de vinculaccedilatildeo dos

recursos da Educaccedilatildeo

3 Aplicaccedilatildeo dos recursos de redistribuiccedilatildeo e complementaccedilatildeo do Fundo

de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de

Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo (Fundeb)

196

Aacuterea 5 ndash Comunicaccedilatildeo

e interaccedilatildeo com a

sociedade

1 Divulgaccedilatildeo e anaacutelise dos resultados das avaliaccedilotildees oficiais do MEC

2 Existecircncia de parcerias externas para realizaccedilatildeo de atividades

complementares que visem agrave formaccedilatildeo integral dos alunos

3 Relaccedilatildeo com a comunidade promoccedilatildeo de atividades e utilizaccedilatildeo da

escola como espaccedilo comunitaacuterio Total de aacutereas 05 28 indicadores

Dimensatildeo 2 ndash Formaccedilatildeo de Professores e de Profissionais de Serviccedilo e Apoio Escolar

Aacuterea 1 Formaccedilatildeo

Inicial de Professores

da Educaccedilatildeo Baacutesica

1 Habilitaccedilatildeo dos professores que atuam nas creches

2 Habilitaccedilatildeo dos professores que atuam na preacute-escola

3 Habilitaccedilatildeo dos professores que atuam nos anosseacuteries iniciais do

ensino fundamental incluindo professores da educaccedilatildeo de jovens e

adultos (EJA)

4 Habilitaccedilatildeo dos professores que atuam nos anosseacuteries finais do

ensino fundamental incluindo professores da educaccedilatildeo de jovens e

adultos (EJA)

Aacuterea 2 Formaccedilatildeo

Continuada de

Professores da

Educaccedilatildeo Baacutesica

1 Existecircncia e implementaccedilatildeo de poliacuteticas para a formaccedilatildeo continuada

de professores que atuam na educaccedilatildeo infantil

2 Existecircncia e implementaccedilatildeo de poliacuteticas para a formaccedilatildeo continuada

de professores que visem qualificar a praacutetica de ensino da leituraescrita

da Matemaacutetica e dos demais componentes curriculares nos anosseacuteries

iniciais do ensino fundamental incluindo professores da educaccedilatildeo de

jovens e adultos (EJA)

3 Existecircncia e implementaccedilatildeo de poliacuteticas para a formaccedilatildeo continuada

de professores que visem agrave melhoria da qualidade de aprendizagem de

todos os componentes curriculares nos anosseacuteries finais do ensino

fundamental incluindo professores da educaccedilatildeo de jovens e adultos

(EJA)

4 Existecircncia e implementaccedilatildeo de poliacuteticas para a formaccedilatildeo continuada

de professores que visem ao desenvolvimento de praacuteticas educacionais

inclusivas na classe comum em todas as etapas e modalidades Aacuterea 3 Formaccedilatildeo de

professores da

Educaccedilatildeo Baacutesica para

atuaccedilatildeo em educaccedilatildeo

especial escolas do

campo comunidades

quilombolas ou

indiacutegenas

1 Formaccedilatildeo dos professores da educaccedilatildeo baacutesica que atuam no

atendimento educacional especializado (AEE)

2 Formaccedilatildeo dos professores que atuam em escolas do campo

3 Formaccedilatildeo dos professores que atuam em escolas de comunidades

quilombolas

4 Qualificaccedilatildeo dos professores que atuam em escolas de comunidades

indiacutegenas

Aacuterea 4 Formaccedilatildeo de

professores da

educaccedilatildeo baacutesica para

cumprimento das Leis

979599 1063903

1152507 e 1164508

1 Existecircncia e implementaccedilatildeo de poliacuteticas para a formaccedilatildeo de

professores visando ao cumprimento das Leis 979599 1063903

1152507 e 1164508

Aacuterea 5 Formaccedilatildeo de

Profissionais da

Educaccedilatildeo e Outros

Representantes da

Comunidade Escolar

1 Participaccedilatildeo dos gestores de unidades escolares em programas de

formaccedilatildeo especiacutefica

2 Existecircncia e implementaccedilatildeo de poliacuteticas para formaccedilatildeo continuada

das equipes pedagoacutegicas

3 Participaccedilatildeo de gestores equipes pedagoacutegicas profissionais de

serviccedilos e apoio escolar em programas de formaccedilatildeo para a educaccedilatildeo

inclusiva

197

4 Participaccedilatildeo dos profissionais de serviccedilo e apoio escolar e de outros

representantes da comunidade escolar em programas de formaccedilatildeo

especiacutefica

Total de aacutereas 05 17 indicadores

Dimensatildeo 3 ndash Praacuteticas Pedagoacutegicas e Avaliaccedilatildeo

Aacuterea 1 Organizaccedilatildeo da

Rede de Ensino

1 Implantaccedilatildeo e organizaccedilatildeo do ensino fundamental de 9 anos

2 Implantaccedilatildeo e organizaccedilatildeo do ensino obrigatoacuterio dos 4 aos 17 anos

3 Existecircncia de poliacutetica de educaccedilatildeo em tempo integral atividades que

ampliam a jornada escolar do estudante para no miacutenimo sete horas

diaacuterias nos cinco dias por semana

4 Poliacutetica de correccedilatildeo de fluxo

5 Existecircncia de accedilotildees para a superaccedilatildeo do abandono e da evasatildeo escolar

6 Atendimento agrave demanda de educaccedilatildeo de jovens e adultos (EJA)

7 Oferta do atendimento educacional especializado (AEE)

complementar ou suplementar agrave escolarizaccedilatildeo

Aacuterea 2 Organizaccedilatildeo das

praacuteticas pedagoacutegicas

1 Existecircncia de proposta curricular para a rede de ensino

2 Processo de escolha do livro didaacutetico

3 Existecircnciaadoccedilatildeo de metodologias especiacuteficas para a alfabetizaccedilatildeo

4 Existecircncia de programas de incentivo agrave leitura para o professor e o

aluno incluindo a educaccedilatildeo de jovens e adultos (EJA)

5 Estiacutemulo agraves praacuteticas pedagoacutegicas fora do espaccedilo escolar com

ampliaccedilatildeo das oportunidades de aprendizagem

6 Reuniotildees pedagoacutegicas e horaacuterios de trabalhos pedagoacutegicos para

discussatildeo dos conteuacutedos e metodologias de ensino

Aacuterea 3 Avaliaccedilatildeo da

Aprendizagem dos

Alunos e Tempo para

Assistecircncia

IndividualColetiva aos

Alunos que Apresentam

Dificuldade de

Aprendizagem

1 Formas de avaliaccedilatildeo da aprendizagem dos alunos

2 Utilizaccedilatildeo do tempo para assistecircncia individual coletiva aos alunos

que apresentam dificuldade de aprendizagem

Total de aacutereas 03 15 indicadores

Dimensatildeo 4 ndash Infraestrutura Fiacutesica e Recursos Pedagoacutegicos

Aacuterea 1 Instalaccedilotildees

fiacutesicas da secretaria

municipal de educaccedilatildeo

1 Condiccedilotildees da infraestrutura fiacutesica existente da secretaria municipal de

educaccedilatildeo

2 Condiccedilotildees de mobiliaacuterio e equipamentos da secretaria municipal de

educaccedilatildeo

Aacuterea 2 Condiccedilotildees da

rede fiacutesica escolar

existente

1 Biblioteca instalaccedilotildees e espaccedilo fiacutesico

2 Acessibilidade arquitetocircnica nos ambientes escolares

3 Infraestrutura fiacutesica existente condiccedilotildees das unidades escolares que

ofertam a educaccedilatildeo infantil na aacuterea urbana

4 Infraestrutura fiacutesica existente condiccedilotildees das unidades escolares que

ofertam a educaccedilatildeo infantil no campo comunidades indiacutegenas eou

quilombolas

5 Infraestrutura fiacutesica existente condiccedilotildees das unidades escolares que

ofertam o ensino fundamental na aacuterea urbana

198

6 Infraestrutura fiacutesica existente condiccedilotildees das unidades escolares que

ofertam o ensino fundamental no campo comunidades indiacutegenas eou

quilombolas

7 Necessidade de novos preacutedios escolares existecircncia de preacutedios

escolares para atendimento agrave demanda da educaccedilatildeo infantil na aacuterea

urbana

8 Necessidade de novos preacutedios escolares existecircncia de preacutedios

escolares para atendimento agrave demanda da educaccedilatildeo infantil no campo

comunidades indiacutegenas eou quilombolas

9 Necessidade de novos preacutedios escolares existecircncia de preacutedios

escolares para atendimento agrave demanda do ensino fundamental na aacuterea

urbana

10 Necessidade de novos preacutedios escolares existecircncia de preacutedios

escolares para atendimento agrave demanda do ensino fundamental no campo

comunidades indiacutegenas eou quilombolas

11 Condiccedilotildees de mobiliaacuterio e equipamentos escolares quantidade

qualidade e acessibilidade

12 Existecircncia de transporte escolar para alunos da rede atendimento agrave

demanda agraves condiccedilotildees de qualidade e de acessibilidade

Aacuterea 3 Uso de

Tecnologias

1 Existecircncia e funcionalidade dos laboratoacuterios de Ciecircncias e de

Informaacutetica nas escolas de ensino fundamental

2 Existecircncia de computadores ligados agrave rede mundial de computadores

e utilizaccedilatildeo de recursos de Informaacutetica para atualizaccedilatildeo de conteuacutedos e

realizaccedilatildeo de pesquisas

3 Existecircncia de sala de recursos multifuncionais e utilizaccedilatildeo para o

atendimento educacional especializado (AEE)

4 Utilizaccedilatildeo de processos ferramentas e materiais de natureza

pedagoacutegica preacute-qualificados pelo MEC

Aacuterea 4 Recursos

pedagoacutegicos para o

desenvolvimento de

praacuteticas pedagoacutegicas que

considerem a

diversidade das

demandas educacionais

1 Existecircncia suficiecircncia diversidade e acessibilidade do acervo

bibliograacutefico (de referecircncia e literatura)

2 Existecircncia suficiecircncia diversidade e acessibilidade de materiais

pedagoacutegicos

3 Suficiecircncia diversidade e acessibilidade dos equipamentos e

materiais esportivos

4 Produccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de materiais didaacuteticos para a educaccedilatildeo de jovens

e adultos (EJA) e para a diversidade Total de aacutereas 04 22 indicadores

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA …ppged.propesp.ufpa.br/arquivos2/File/heryka.pdf · 2017. 3. 21. · universidade federal do parÁ instituto de ciÊncias

HERYKA CRUZ NOGUEIRA

O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS (PAR) E SUAS IMPLICACcedilOtildeES PARA A

GESTAtildeO DA EDUCACcedilAtildeO NA REDE MUNICIPAL DE EDUCACcedilAtildeO DE

SANTANAAP

Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo

em Educaccedilatildeo Mestrado em Educaccedilatildeo da Universidade

Federal do Paraacute ndash UFPA como requisito para obtenccedilatildeo

do tiacutetulo de Mestre em Educaccedilatildeo

Linha de Pesquisa Poliacuteticas Puacuteblicas Educacionais

Orientadora Profa Dra Dalva Valente Guimaratildees

Gutierres

BELEacuteM-PA

2016

Dados Internacionais de Catalogaccedilatildeo-na-Publicaccedilatildeo (CIP)

Sistema de Bibliotecas da UFPA

Nogueira Heryka Cruz 1979-

O Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) e suas implicaccedilotildees para a

gestatildeo da educacatildeo na rede municipal de educaccedilatildeo de SantanaAP

Heryka Cruz Nogueira - 2016

Orientadora Dalva Valente Guimaratildees Gutierres Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Universidade Federal do Paraacute

Instituto de Ciecircncias da Educaccedilatildeo Programa de Poacutes-

Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Beleacutem 2016

1 Escolas - Organizaccedilatildeo e administraccedilatildeo - Santana (AP) 2

Escolas municipais - Avaliaccedilatildeo

- Santana (AP) 3 Educaccedilatildeo e Estado I Tiacutetulo

CDD 22 ed 3712098116

HERYKA CRUZ NOGUEIRA

O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS (PAR) E SUAS IMPLICACcedilOtildeES PARA A

GESTAtildeO DA EDUCACcedilAtildeO NA REDE MUNICIPAL DE EDUCACcedilAtildeO DE

SANTANAAP

Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em

Educaccedilatildeo da Universidade Federal do Paraacute ndash UFPA como

requisito para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Educaccedilatildeo

Orientadora Profa Dra Dalva Valente Guimaratildees Gutierres

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________

Profa Dra Dalva Valente Guimaratildees Gutierres

Universidade Federal do Paraacute - UFPA

(Orientadora)

_______________________________________________

Profa Dra Vera Luacutecia Jacob Chaves

Universidade Federal do Paraacute - UFPA

(Examinador Interno)

_______________________________________________

Profa Dra Luciane Terra dos Santos Garcia

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

(Examinador Externo)

_______________________________________________

Profa Dra Arlete Maria Monte Camargo

Universidade Federal do Paraacute - UFPA

(Examinador Interno - Suplente)

______________________________________________

Profa Dra Magna Franccedila

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

(Examinador Externo - Suplente)

Dissertaccedilatildeo aprovada em 24 de Junho de 2016

BELEacuteM-PA

2016

O capitalismo eacute ndash em sua anaacutelise final ndash incompatiacutevel com a

democracia se por ldquodemocraciardquo entendemos tal como o indica sua

significaccedilatildeo literal o poder popular ou o governo do povo Natildeo existe

um capitalismo governado pelo poder popular no qual o desejo das

pessoas seja privilegiado ao dos imperativos do ganho e da

acumulaccedilatildeo e no qual os requisitos da maximizaccedilatildeo do benefiacutecio natildeo

ditem as condiccedilotildees mais baacutesicas de vida O capitalismo eacute

estruturalmente antiteacutetico em relaccedilatildeo agrave democracia (WOOD 2006 p

382)

AGRADECIMENTOS

Agrave DEUS que me concede o dom da vida e estaacute sempre guiando os meus passos

iluminando os meus caminhos e tramando a minha existecircncia

Agrave minha famiacutelia pelo amor muacutetuo e incondicional aqui me refiro ao meu pai

LAEcircNIO NOGUEIRA exemplo de homem dedicado inteligente esforccedilado e de grande

coraccedilatildeo um ser humano espetacular A minha matildee SOCORRO CRUZ pela dedicaccedilatildeo e

incentivo mesmo sabendo que o caminho que escolhi natildeo seria faacutecil Aos meus irmatildeos LAENIO

JUacuteNIOR e BRUNO NOGUEIRA pelo carinho

Destaco aqui um agradecimento especial a minha orientadora a Dra DALVA

VALENTE GUIMARAtildeES GUTIERRES pela acolhida pelo carinho pela rigorosidade teoacuterica

e pelas valiosiacutessimas contribuiccedilotildees que dispensou a esse trabalho

A Profa Dra VERA LUacuteCIA JACOB CHAVES pelas contribuiccedilotildees decisivas na

banca de qualificaccedilatildeo e de defesa desta dissertaccedilatildeo Suas orientaccedilotildees materializadas em elogios

e criacuteticas foram fundamentais para a finalizaccedilatildeo deste estudo

A Profa Dra ODETE CRUZ MENDES pelo compartilhamento de experiecircncias no

estudo sobre a gestatildeo educacional as suas observaccedilotildees muito contribuiacuteram para a maturaccedilatildeo

da temaacutetica

A Profa Profa Dra LUCIANE TERRA DOS SANTOS GARCIA da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte por ter aceitado o convite de participar da banca de defesa e

pelas valiosas contribuiccedilotildees

A todos os MEUS PROFESSORES do Instituto de Ciecircncias da Educaccedilatildeo

vinculados ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da UFPA que com seus valiosos

ensinamentos de alguma forma contribuiacuteram para a construccedilatildeo desse trabalho

A UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute por oportunizar cursos de poacutes-

graduaccedilatildeo Stricto Sensu e contribuir para a melhoria da educaccedilatildeo no Norte do paiacutes

Aos meus COLEGAS DA TURMA DO MESTRADO 2014 os quais

compartilhamos anguacutestias incertezas duacutevidas mas tambeacutem alegrias

A Profa Dra ILMA BARLETA da UNIFAP pela troca de experiecircncias sobre a

Gestatildeo Educacional no PAR

Aos companheiros do GEPESUFPA e do GEFINUFPA por todo aprendizado que

compartilhamos nesse dois anos

Um agradecimento especial aos servidores da SECRETARIA MUNICIPAL DE

EDUCACcedilAtildeO DE SANTANAAP e aos Conselheiros que fazem a Educaccedilatildeo do municiacutepio de

Santana e que compreendem a importacircncia das possiacuteveis contribuiccedilotildees para o municiacutepio de um

estudo aprofundado sobre a gestatildeo educacional os meus agradecimentos

A DEISIANNE CASTRO pela companhia e que junto comigo viveu a expectativa

dessa conquista

A MARINEIDE ALMEIDA e JOSINETE ALMEIDA pelas conversas pela troca

de experiecircncias e por me ceder estadia sem essa ajuda natildeo seria possiacutevel concluir o mestrado

na cidade de Beleacutem do Paraacute

Por fim agradeccedilo a todos que de alguma forma contribuiacuteram direta ou

indiretamente para o longo doloroso e excitante processo de elaboraccedilatildeo deste texto

RESUMO

Este estudo analisa o Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) e as suas implicaccedilotildees para a gestatildeo educacional

na rede municipal de SantanaAP na perspectiva de analisar seus efeitos na democratizaccedilatildeo da gestatildeo

com ecircnfase nas diferentes concepccedilotildees de gestatildeo utilizadas em acircmbito educacional municipal tendo

como paracircmetro a organizaccedilatildeo da educaccedilatildeo atual em um contexto permeado de mudanccedilas na estrutura

administrativa do paiacutes originadas a partir do Plano de Reforma do Estado Brasileiro nos anos de 1990

que propotildee accedilotildees de organizaccedilatildeo do Estado e de gestatildeo gerencial voltadas para atender os anseios de

uma sociedade capitalista Partiu-se do pressuposto de que a gestatildeo democraacutetica da educaccedilatildeo natildeo pode

ser vista em abstrato e portanto no sistema capitalista a participaccedilatildeo a descentralizaccedilatildeo e a autonomia

que satildeo elementos constitutivos da democracia ganham nuances contraditoacuterias Como metodologia

utilizou-se a anaacutelise documental e entrevistas semiestruturadas com a equipe gestora da rede municipal

de educaccedilatildeo de Santana ndash Amapaacute a Equipe Teacutecnica Local de elaboraccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas

(PAR) integrantes do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar do

Conselho Escolar do Conselho do FUNDEB e diretor escolar A intenccedilatildeo foi analisar a Dimensatildeo

Gestatildeo Educacional do PAR focalizando a Aacuterea ldquoGestatildeo democraacuteticardquo a partir de seis Indicadores

Existecircncia de Conselhos Escolares Existecircncia composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho Municipal de

Educaccedilatildeo Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do

Conselho do Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos

Profissionais da Educaccedilatildeo Criteacuterios para escolha da Direccedilatildeo Escolar e Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc

Local do Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo Os resultados obtidos evidenciou a histoacuterica fragilidade

da democratizaccedilatildeo da gestatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana pois os mecanismos que poderiam

viabilizar a participaccedilatildeo a descentralizaccedilatildeo e a autonomia que satildeo os conselhos municipais de controle

social tem funcionado precariamente Os criteacuterios de escolha de diretores excluem as formas

democraacuteticas de participaccedilatildeo da comunidade escolar como a eleiccedilatildeo e favorecem as praacuteticas

centralizadoras de nomeaccedilatildeo A gestatildeo dos recursos financeiros da educaccedilatildeo eacute centralizada na prefeitura

municipal dificultando a participaccedilatildeo da populaccedilatildeo no controle social Com o PAR houve expansatildeo do

nuacutemero de Conselhos escolares o que pode potencializar a participaccedilatildeo dos sujeitos no controle social

dos recursos e outras formas de descentralizaccedilatildeo das decisotildees Isso a depender da correlaccedilatildeo de forccedilas

locais historicamente permeada por formas patrimonialistas de gestatildeo que com o PAR ganharam

nuances de gerencialismo

PALAVRAS-CHAVE Gestatildeo Educacional Plano de Accedilotildees Articuladas Poliacutetica Educacional Rede

Municipal de Ensino de Santana - Amapaacute

ABSTRACT

This study analyses the Articulated Plan of Actions (PAR) and its implications for the educational

management in the municipal network of Santana in the State of Amapaacute with a view to analyze its

effects in the democratization of the management emphasizing the different conceptions of the

management used in the sphere of municipal education having as baseline the organization of the

current education in a context permeated of changes in the administrative structure of the country

originated from the Reform Plan of the Brazilian State in the years of 1990 that propose actions of

organization of the State and of management oriented to serve the expectations of a capitalist society

It is assumed that the democratic management of the education cannot be sight in an abstract way and

therefore in the capitalist system the participation the decentralization and the autonomy that are

constitutive elements of the democracy they get contradictory nuances It was used as methodology the

documental analyze and the semi structured interview with the team manager of the municipal network

of the education in Santana ndash Amapaacute ndash the technical local Team of elaboration of the Articulated Plan

of Actions (PAR) the participating of the Municipal Council of Education the School Council the Fund

for Maintenance and Development of Basic School and Valorization of Professionals (FUNDEB) and

School Director The purpose was to analyze the Dimension School Management of PAR focusing at

the area ldquoDemocratic Managementrdquo from six indicators existence of schools councils existence

composition and operation of the Municipal Education Council composition and operation of the

School Meals Council composition and operation of the Fund for Maintenance and Development of

Basic School and Valorization of Professionals criteria for the choice of the school director and the

existence and operation of the local committee of the All for Education Commitment The results

obtained put in evidence the historic fragility of the democratization of the education management in

Santana City because the mechanism that could permit the participation the decentralization and the

autonomy that are the municipal education councils they have been worked precariously The criteria

of choice of the directors exclude the democratic manners of participation of the school community as

the election for example and they promote the centralized practices of appointment The management

of the financial resources of the education is centralized at the municipal government turning the

participation of the population in the social control more and more difficult There was expansion of the

number of school councils which can ramp up the participation of individuals in the social control of

the resources and other ways of decentralization of the decisions It depends of the correlation of local

forces historically permeated for patrimonial manners of management that get with PAR a

manageralism nuance

KEY-WORDS Educational Management Articulated Plan of Actions Educational Policy Municipal

Network Learning of Santana ndash Amapaacute

LISTA DE QUADROS

Quadro 01 - Sujeitos da pesquisa 30

Quadro 02 - Funccedilotildees e objetivos do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo 63

Quadro 03 - Composiccedilatildeo do FUNDEB por esfera administrativa 72

Quadro 04 - Eixos de Accedilatildeo do Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo 82

Quadro 05 - Descriccedilatildeo das atribuiccedilotildees do MEC e do Municiacutepio na execuccedilatildeo do PAR municipal

92

Quadro 06 - Descriccedilatildeo dos documentos orientadores para elaboraccedilatildeo do PAR 95

Quadro 07 - Dimensatildeo 1 Gestatildeo Educacional (1ordf Versatildeo do PAR) 97

Quadro 08 - Dimensatildeo 1 Gestatildeo Educacional (2ordf Versatildeo do PAR) 98

Quadro 09 - Santana Secretaacuterios Municipais de Educaccedilatildeo (2005 ndash 2015) 98

Quadro 10 - Pontuaccedilatildeo dos Indicadores da gestatildeo democraacutetica do 1ordm e 2ordm PAR 140

Quadro 11 - Santana Diagnoacutestico do indicador do Conselho Escolar 142

Quadro 12 - Santana Receitas do PDDE por programa para as escolas da rede municipal

(2007 ndash 2014) 145

Quadro 13 - Santana Diagnoacutestico do indicador Conselho Municipal de Educaccedilatildeo 148

Quadro 14 - Santana Composiccedilatildeo do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo 150

Quadro 15 - Santana Diagnoacutestico do indicador do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar 151

Quadro 16 - Santana Diagnoacutestico do indicador do Conselho do Conselho do FUNDEB 154

Quadro 17 - Santana Composiccedilatildeo do CACS e FUNDEB 155

Quadro 18 - Santana Diagnoacutestico do Indicador Criteacuterios para a Escolha de Diretores 157

Quadro 19 - Santana Diagnoacutestico do indicador Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do

Compromisso 158

Quadro 20 - Santana Composiccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromisso 159

LISTA DE TABELAS

Tabela 01 - Produccedilatildeo escrita sobre o Plano de Accedilotildees Articuladas de 2009 a 2015 22

Tabela 02 - Nordm de Publicaccedilotildees sobre o Plano de Accedilotildees Articuladas por temaacutetica e fonte no

periacuteodo 2009 a 2015 22

Tabela 03 - Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica no Brasil (2005 a 2013) 89

Tabela 04 - Quantidade de Indicadores Aacuterea e Dimensotildees no 1ordm PAR (2007 - 2010) 91

Tabela 05 - Quantidade de Indicadores Aacuterea e Dimensotildees no 2ordm PAR (2011 - 2014) 92

Tabela 06 - Santana IDHM e seus componentes nas suas duas uacuteltimas deacutecadas 111

Tabela 07 - Dados gerais em relaccedilatildeo aos municiacutepios do estado do Amapaacute 111

Tabela 08 - Santana Matriacuteculas na educaccedilatildeo baacutesica por esfera administrativa 121

Tabela 09 - Santana IDEB do ensino fundamental (anos iniciais) em relaccedilatildeo ao estado

do Amapaacute e ao Brasil (2005 ndash 2013) 122

Tabela 10 - Santana Receitas de Impostos Proacuteprios 124

Tabela 11 - Santana Receitas do FUNDEB (2007 ndash 2014) 125

Tabela 12 - Santana Receitas do Salaacuterio Educaccedilatildeo e dos Programas do FNDE 129

Tabela 13 - Santana Receitas decorrentes do PAR (2009 ndash 2014) 129

Tabela 14 - Santana Despesas com a Funccedilatildeo Educaccedilatildeo (2007 ndash 2014) 133

Tabela 15 - Santana Miacutenimo de Aplicaccedilatildeo em MDE (2007 ndash 2014) 133

Tabela 16 - Santana Miacutenimo de Aplicaccedilatildeo do FUNDEB em remuneraccedilatildeo de professores134

Tabela 17 - Santana Siacutentese das pontuaccedilotildees das Dimensotildees do 1ordm PAR 138

Tabela 18 - Santana Siacutentese das pontuaccedilotildees das Dimensotildees do 2ordm PAR 139

Tabela 19 - Santana Total de Recursos do PDDE recebidos pelas Caixas Escolares da

Rede municipal no periacuteodo de 2007-2014 147

LISTA DE FIGURAS E GRAacuteFICOS

Figura 01 - Vista do municiacutepio de Santana-Amapaacute 102

Figura 02 - Monumento em homenagem a Santa Ana na entrada do municiacutepio 104

Figura 03 - Localizaccedilatildeo do municiacutepio de Santana no Estado do Amapaacute 105

Figura 04 - Localizaccedilatildeo Estrateacutegica do Porto de Santana para exportaccedilatildeo para outros paiacuteses

105

Figura 05 - Porto de Santana para importaccedilatildeo e exportaccedilatildeo 108

Figura 06 - Ferrovia que liga Santana a Serra do Navio para o transporte de mineacuterios 109

Figura 07 - Foto da sede da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de Santana 115

Figura 08 - Estrutura organizacional dos oacutergatildeos da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo (SEME)

116

Graacutefico 01 - Santana Nordm de escolas da rede municipal de ensino 2007-2014 119

Graacutefico 02 - Santana Nuacutemero de docentes atuando na rede municipal de ensino 2007-2014

120

Graacutefico 03 - SANTANA Receitas da Educaccedilatildeo em relaccedilatildeo as despesas com a funccedilatildeo educaccedilatildeo

- 2009 131

Graacutefico 04 - SANTANA Receitas da Educaccedilatildeo em relaccedilatildeo as despesas com a funccedilatildeo educaccedilatildeo

ndash 2013 132

Graacutefico 05 - Total de repasses do PDDE para as escolas da rede municipal 2007 ndash 2014 146

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ALCMS - Aacuterea de Livre Comeacutercio de Macapaacute e Santana

ANDES ndash Sindicato Nacional dos Docentes das Instituiccedilotildees de Ensino Superior

ANPAE - Associaccedilatildeo Nacional de Poliacutetica e Administraccedilatildeo da Educaccedilatildeo

ANPED - Associaccedilatildeo Nacional de Poacutes-Graduaccedilatildeo e Pesquisa em Educaccedilatildeo

AP - Amapaacute

BIRD - Banco Interamericano de Desenvolvimento

BM - Banco Mundial

CAE - Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar

CBE - Conferecircncia Brasileira de Educaccedilatildeo

CE - Conselho Escolar

CF - Constituiccedilatildeo Federal do Brasil

CME - Conselho Municipal de Educaccedilatildeo

CNE - Conselho Nacional de Educaccedilatildeo

CONSU - Conselho Superior Universitaacuterio

EEXs - Entidades Executoras

EF - Ensino Fundamental

EI - Educaccedilatildeo Infantil

ENADE - Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes

ENEM - Exame Nacional do Ensino Meacutedio

FHC - Fernando Henrique Cardoso

FMI - Fundo Monetaacuterio Internacional

FNDE - Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo

FNDEP - Foacuterum Nacional em Defesa da Escola Puacuteblica na LDB

FPM ndash Fundo de Participaccedilatildeo dos Municiacutepios

FUNDEB - Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo

dos Profissionais da Educaccedilatildeo

FUNDEF - Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorizaccedilatildeo

do Magisteacuterio

GEFIN - Grupo de Estudos em Financiamento da Educaccedilatildeo

GEPES - Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Ensino Superior

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

ICMS - Imposto sobre Circulaccedilatildeo de Mercadorias e Serviccedilos

ICOMI - Induacutestria e Comeacutercio de Mineacuterios

IDEB - Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica

IDH - Iacutendice de Desenvolvimento Humano

INEP - Iacutendice Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira

LDBN - Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional

LOM - Lei Orgacircnica do Municiacutepio

LRF - Lei de Responsabilidade Fiscal

MARE - Ministeacuterio da Administraccedilatildeo e Reforma do Estado

MEC - Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

OBEDUC - Programa Observatoacuterio da Educaccedilatildeo

OCDE - Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo e o Desenvolvimento Econocircmico

ONG - Organizaccedilatildeo Natildeo-Governamental

PBA - Programa Brasil Alfabetizado

PAC - Plano de Aceleraccedilatildeo do Crescimento

PAR - Plano de Accedilotildees Articuladas

PCEMS - Plano de Carreiras da Educaccedilatildeo do Municiacutepio de Santana

PCNs - Paracircmetros Curriculares Nacionais

PDE - Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo

PDRAE - Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado

PDDE - Programa Dinheiro Direto na Escola

PIB - Produto Interno Bruto

PME - Plano Municipal da Educaccedilatildeo

PMS ndash Prefeitura Municipal de Santana

PMCTE - Plano de Metas Compromisso Todos Pela Educaccedilatildeo

PNAE - Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar

PNATE - Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar

PNE - Plano Nacional da Educaccedilatildeo

PNUD - Programa das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento

PSE - Programa Nacional de Sauacutede Escolar

SAEB - Sistema Nacional de Educaccedilatildeo Baacutesica

SECADI - Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo Diversidade e Inclusatildeo

SEME - Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de Santana

SFCI - Secretaria Federal de Controle Interno

SINDUEAP - Sindicato dos Docentes da Universidade do Estado do Amapaacute

SIMEC - Sistema Integrado de Monitoramento Execuccedilatildeo e Controle

SIOPE - Sistema de Informaccedilotildees sobre Orccedilamentos Puacuteblicos em Educaccedilatildeo

SUFRAMA - Superintendecircncia da Zona Franca de Manaus

TPE - Todos Pela Educaccedilatildeo

TCU - Tribunal de Contas da uniatildeo

UEXs - Unidades Executoras

UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte

UFU - Universidade Federal de Uberlacircndia

UEAP - Universidade do Estado do Amapaacute

UNDIME - Uniatildeo Nacional dos Dirigentes Municipais em Educaccedilatildeo

UNCME - Uniatildeo Nacional dos Conselhos Municipais de Educaccedilatildeo

UNESCO - Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a Educaccedilatildeo a Ciecircncia e a Cultura

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 16

11 A POLIacuteTICA DE GESTAtildeO DA EDUCACcedilAtildeO NO BRASIL 33

11 O CAPITALISMO E CRISE 33

12 A REFORMA DO ESTADO BRASILEIRO E SUAS IMPLICACcedilOtildeES PARA A GESTAtildeO

DA EDUCACcedilAtildeO 41

121 As poliacuteticas educacionais no Brasil e a gestatildeo da educaccedilatildeo 46

13 DESCENTRALIZACcedilAtildeO AUTONOMIA E PARTICIPACcedilAtildeO MECANISMOS DE

DEMOCRATIZACcedilAtildeO DAS ESTRUTURAS DE PODER 51

131 Descentralizaccedilatildeo 51

132 Autonomia 54

133 Participaccedilatildeo 56

14 OS CONSELHOS DE CONTROLE SOCIAL COMO MECANISMOS DE

DEMOCRATIZACcedilAtildeO DA GESTAtildeO EDUCACIONAL 58

141 O Conselho Municipal de Educaccedilatildeo 61

142 O Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar 63

143 Os Conselhos Escolares 67

144 O Conselho de Acompanhamento e Controle Social do FUNDEB 70

15 OS CRITEacuteRIOS PARA A ESCOLHA DE DIRETOR ESCOLAR 74

2 A GESTAtildeO EDUCACIONAL NO CONTEXTO DO PLANO DE

DESENVOLVIMENTO DA EDUCACcedilAtildeO (PDE) DO PLANO DE METAS

COMPROMISSO TODOS PELA EDUCACcedilAtildeO E DO PLANO DE ACcedilOtildeES

ARTICULADAS 79

21 A GESTAtildeO EDUCACIONAL E O PLANO DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCACcedilAtildeO

(PDE) 79

22 A GESTAtildeO EDUCACIONAL E O PLANO DE METAS COMPROMISSO TODOS PELA

EDUCACcedilAtildeO (PMCTE) 84

23 A GESTAtildeO EDUCACIONAL E O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS (PAR) 91

231 A dimensatildeo Gestatildeo Democraacutetica no Plano de Accedilotildees Articuladas 97

3 A GESTAtildeO EDUCACIONAL NO CONTEXTO DO PLANO DE ACcedilOtildeES

ARTICULADAS NO MUNICIacutePIO DE SANTANA - AMAPAacute 102

31 O CONTEXTO HISTOacuteRICO DO MUNICIacutePIO DE SANTANA 102

311 Santana cidade portuaacuteria do Amapaacute 103

312 Santana Localizaccedilatildeo e condiccedilotildees geograacuteficas 105

313 A exportaccedilatildeo de mineacuterios da Amazocircnia Amapaense 106

314 Santana Aspectos gerais 110

32 A POLIacuteTICA EDUCACIONAL NO MUNICIacutePIO DE SANTANA-AMAPAacute 112

321 Estrutura organizacional do Sistema Municipal de Educaccedilatildeo de Santana 114

322 A educaccedilatildeo municipal em nuacutemeros 119

323 O financiamento da educaccedilatildeo na rede municipal de educaccedilatildeo de Santana 123

33 O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS E A DIMENSAtildeO GESTAtildeO DA EDUCACcedilAtildeO NA

REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE SANTANA - AMAPAacute (2007 ndash 2014) 134

34 OS INDICADORES DE GESTAtildeO DEMOCRAacuteTICA DO PAR DA REDE MUNICIPAL

DE SANTANA - AMAPAacute (2007-2014) 140

341 Existecircncia composiccedilatildeo e funcionamento dos Conselhos Escolares (CE) 141

342 Existecircncia composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (CME) 148

343 Conselho Municipal de Alimentaccedilatildeo Escolar (CAE) 151

344 Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de Controle Social do FUNDEB 153

345 Criteacuterios para a escolha de Diretores escolares do municiacutepio de Santana 156

346 Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromisso 158

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 160

REFEREcircNCIAS 167

APEcircNDICES 177

ANEXOS 189

16

INTRODUCcedilAtildeO

A ORIGEM DO ESTUDO

O presente estudo visa a identificar as implicaccedilotildees do Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR)

para a gestatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana no Estado do Amapaacute A escolha do tema

da pesquisa sobre a gestatildeo da educaccedilatildeo tem relaccedilatildeo com algumas experiecircncias da minha vida

profissional nas escolas puacuteblicas e privadas como professora coordenadora e gestora em

escolas do ensino fundamental onde tive a oportunidade de aprender com os desafios impostos

a cada funccedilatildeo Durante o periacuteodo de 2000 a 2010 atuei na educaccedilatildeo baacutesica e nos anos de 2010

e 2011 fui convidada a participar da elaboraccedilatildeo de projetos educacionais na Secretaria de

Educaccedilatildeo do Estado relacionados ao Plano de Desenvolvimento da EducaccedilatildeoPlano de Metas

Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo onde assessorei pedagogicamente e elaborei projetos para

a rede estadual de ensino do Amapaacute participando inclusive das reuniotildees para a construccedilatildeo do

PAR

A participaccedilatildeo no Sindicato dos Docentes da Universidade do Estado do Amapaacute

(SINDUEAP)Associaccedilatildeo Nacional dos Docentes do Ensino Superior (ANDES) como parte

da diretoria no periacuteodo de 2012 a 2015 e representante sindical no Conselho Superior

Universitaacuterio (CONSU-UEAP) oportunizou-me a discussatildeo das poliacuteticas educacionais

decorrentes da redefiniccedilatildeo do papel do Estado especialmente aquelas relacionadas agrave gestatildeo da

educaccedilatildeo Os eventos1 dos quais participei agrave eacutepoca debatiam a gestatildeo da educaccedilatildeo e a

necessidade emergente de compreendermos a poliacutetica educacional no plano nacional e os

desafios impostos pelos organismos internacionais no paiacutes Os debates e as discussotildees tanto no

SINDUEAPANDES quanto no CONSU-UEAP foram de muita importacircncia para minha

formaccedilatildeo poliacutetica momentos em que pude vivenciar o exerciacutecio da participaccedilatildeo e da

democracia

Ao ingressar no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da Universidade Federal do

Paraacute (UFPA) em 2014 no curso de Mestrado propus um projeto para investigar a concepccedilatildeo

1Foacuterum das Licenciaturas (AP) nos anos de 2013 2014 e 2015 o Congresso Estadual de Educaccedilatildeo (AP) em 2013

as Conferecircncias Municipais de Educaccedilatildeo em 2013 e 2014 a Conferecircncia Estadual de Educaccedilatildeo (AP) em 2014 e

2015 Seminaacuterio da Uniatildeo Nacional dos Dirigentes Municipais de Educaccedilatildeo ndash UNDIME (AP) Aleacutem disso venho

participando de outros eventos relacionados ao tema como o Simpoacutesio Nacional de Poliacutetica e Administraccedilatildeo da

Educaccedilatildeo (ANPAE) em (PE) 2015 XII Seminaacuterio Nacional de Poliacuteticas Educacionais e Curriacuteculo (PA) em 2014

I Seminaacuterio Internacional de Poliacuteticas Puacuteblicas Educacionais Cultura e Formaccedilatildeo de Professores (PA) em 2015

I Congresso Internacional de Educaccedilatildeo do Amapaacute (AP)

17

da poliacutetica educacional proposta no Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo e como

se deu a elaboraccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas pelos municiacutepios de BarcarenaPA e

SantanaAP Nesse periacuteodo tive contato com o Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Ensino

Superior (GEPES) da UFPA que jaacute desenvolvia uma pesquisa nacional em rede com a

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e a Universidade Federal de Uberlacircndia

(UFU) vinculada ao Programa Observatoacuterio da Educaccedilatildeo (OBEDUC) e intitulada ldquoAvaliaccedilatildeo

do Plano de Accedilotildees Articuladas um estudo nos municiacutepios do Rio Grande do Norte Paraacute e

Minas Gerais no periacuteodo de 2007 a 2012rdquo A partir de entatildeo passei a integrar o GEPES e a

participar das reuniotildees dos estudos e das pesquisas sobre o PAR as quais foram fundamentais

na definiccedilatildeo da metodologia utilizadas nesse trabalho Com a evoluccedilatildeo das orientaccedilotildees e do

processo de pesquisa constatamos as dificuldades de realizar a pesquisa em dois municiacutepios de

estados diferentes E assim definimos a escolha somente pelo municiacutepio de SantanaAP por se

localizar na regiatildeo em que resido e trabalho o que tenderia a facilitar o acesso agraves informaccedilotildees

durante a pesquisa

PROBLEMA E PROBLEMAacuteTICA

A poliacutetica de gestatildeo da educaccedilatildeo no Brasil proposta no governo Fernando Henrique

Cardoso (1995-2002) reforccedilou o discurso de vincular o investimento em educaccedilatildeo ao

crescimento econocircmico a partir de um novo papel para a escola e um novo padratildeo de gestatildeo

educacional que se adequasse agraves exigecircncias internacionais da loacutegica do mercado (CAMINI

2013 SAVIANI 2009) Dando continuidade a esse modelo de gestatildeo da educaccedilatildeo o governo

Lula (2003-2010) lanccedilou o Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo (PMCTE) por

meio do Decreto nordm 6094 de 24 de abril de 2007 como programa estrateacutegico do Plano de

Desenvolvimento da Educaccedilatildeo (PDE)2

Nos documentos oficiais o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (MEC) apresentou o PMCTE em

que afirmou que o novo Plano vem atender a uma conjugaccedilatildeo de esforccedilos atraveacutes da ldquoadesatildeo

voluntaacuteriardquo dos estados Distrito Federal e municiacutepios que em regime de colaboraccedilatildeo

2O PDE na concepccedilatildeo do MEC pretende dar uma visatildeo sistecircmica de educaccedilatildeo articulando o desenvolvimento da

educaccedilatildeo ao desenvolvimento econocircmico e social do paiacutes Para isso o PDE desenvolve mecanismos objetivos de

avaliaccedilatildeo que permite assegurar ao mesmo tempo a responsabilizaccedilatildeo e a mobilizaccedilatildeo social em busca da

qualidade da educaccedilatildeo baacutesica Segundo o documento do MEC ldquoo PDE estaacute sustentado em seis pilares i) visatildeo

sistecircmica da educaccedilatildeo ii) territorialidade iii) desenvolvimento iv) regime de colaboraccedilatildeo v) responsabilizaccedilatildeo

vi) mobilizaccedilatildeo socialrdquo (BRASIL-MEC sd p11)

18

procuram oferecer agraves famiacutelias e agrave comunidade melhorias na qualidade da educaccedilatildeo baacutesica O

PMCTE estaacute pautado em 28 diretrizes3 que orientam como deve ser realizado os esforccedilos em

regime de colaboraccedilatildeo para atingir os melhores resultados da educaccedilatildeo Para isso o MEC

vinculou o apoio teacutecnico e financeiro aos estados e municiacutepios a partir da assinatura do termo

de adesatildeo

Esse movimento proposto pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo precisa ser entendido dentro do

contexto histoacuterico e social em que essa poliacutetica se apresenta uma vez que as relaccedilotildees entre a

Uniatildeo os Estados e os Municiacutepios tecircm sido ldquoconflitivas e natildeo resolvidas em diferentes aspectos

que envolvem a organizaccedilatildeo e o funcionamento da gestatildeo puacuteblicardquo (CAMINI 2010 p 01)

Historicamente adaptado por arranjos poliacuteticos e territoriais o federalismo brasileiro

enquanto instituiccedilatildeo eacute republicano natildeo se caracterizando pela centralizaccedilatildeo de poder do

governo ao contraacuterio busca distribuir a muitos centros ldquocuja autoridade natildeo resulta da

delegaccedilatildeo de um poder central mas eacute conferida por sufraacutegio popularrdquo (ALMEIDA 1994 p

20) Eacute nesse contexto que o MEC atraveacutes do PMCTE convoca aleacutem da participaccedilatildeo dos entes

da federaccedilatildeo a sociedade civil e as entidades privadas nessa articulaccedilatildeo que em ldquoregime de

colaboraccedilatildeordquo responsabiliza a todos pela melhoria da qualidade da educaccedilatildeo Para ldquomedirrdquo a

evoluccedilatildeo dessa qualidade o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo criou o Iacutendice de Desenvolvimento da

Educaccedilatildeo Baacutesica (IDEB) um instrumento que utiliza os resultados de avaliaccedilotildees que satildeo

realizadas pelo proacuteprio MEC para ldquoaferirrdquo o desempenho das escolas dos Municiacutepios e dos

Estados

Seguindo o contorno para a implementaccedilatildeo dessa poliacutetica nos estados e municiacutepios o

MEC criou no mesmo Decreto nordm 6094 referente ao Plano de Metas Compromisso Todos Pela

Educaccedilatildeo (PMCTE) o Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) que eacute o instrumento de planejamento

que possui quatro dimensotildees por meio do qual se efetiva essa poliacutetica O PAR eacute denominado

pelo MEC como um ldquoconjunto articulado de accedilotildees apoiado teacutecnica ou financeiramente pelo

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo que visa ao cumprimento das metas do Compromisso e agrave observacircncia

das suas diretrizesrdquo (BRASIL 2007 p6) Eacute um instrumento de planejamento multidimensional

composto por quatro dimensotildees (1) gestatildeo educacional (2) a formaccedilatildeo de professores e dos

profissionais de serviccedilo e apoio escolar (3) as praacuteticas pedagoacutegicas e avaliaccedilatildeo e (4)

infraestrutura e recursos pedagoacutegicos Cada uma delas se desmembra em aacutereas e indicadores

Na elaboraccedilatildeo do planejamento cada indicador se divide em accedilotildees e sub-accedilotildees O PAR eacute

coordenado pelas secretarias municipais ou estaduais de educaccedilatildeo mas deve ser elaborado com

3 As 28 diretrizes do Plano de Metas Compromisso Todos Pela Educaccedilatildeo estatildeo disponiacuteveis no anexo I do trabalho

19

a participaccedilatildeo de uma equipe local composta de gestores professores e da comunidade local

A intenccedilatildeo do MEC eacute que o PAR estabeleccedila um regime de colaboraccedilatildeo entre os entes federados

e a sociedade civil objetivando a implantaccedilatildeo de um Sistema Nacional de Educaccedilatildeo (BRASIL

2007)

Os estados e os municiacutepios ao assinarem o termo de adesatildeo junto ao MEC

automaticamente aderem agraves diretrizes do PMCTE o que implica se responsabilizar pelas regras

diretrizes e compromissos estabelecidos pelo Plano Dessa forma Pinho e Sacramento (2009)

constataram que o Plano de Accedilotildees Articuladas eacute a poliacutetica educacional brasileira que representa

a consolidaccedilatildeo da accountability4 os autores afirmam que a palavra accountability tem sido

comumente traduzida como ldquoresponsabilizaccedilatildeordquo esse conceito foi ressignificado desde a

Reforma do Estado na deacutecada de 1990 com o interesse de produzir mudanccedilas na administraccedilatildeo

puacuteblica burocraacutetica do paiacutes direcionando-a para uma administraccedilatildeo puramente gerencial sob a

perspectiva da loacutegica do mercado e sob o argumento da modernizaccedilatildeo e de melhorias para o

serviccedilo puacuteblico a partir do controle por resultados

Dessa forma Pinho e Sacramento (2009) esquematizam como se organiza esse processo

da accountability que

() nasce com a assunccedilatildeo por uma pessoa da responsabilizaccedilatildeo delegada por outra

da qual se exige a prestaccedilatildeo de contas sendo que a anaacutelise dessas contas pode levar agrave

responsabilizaccedilatildeo Representando-a ainda que num esquema bem simples temos

ldquoArdquo delega responsabilidade para ldquoBrdquo reg ldquoBrdquo ao assumir a responsabilidade deve

prestar contas de seus atos para ldquoArdquo reg ldquoArdquo analisa os atos de ldquoBrdquo reg feita tal anaacutelise

ldquoArdquo premia ou castiga ldquoBrdquo (PINHO SACRAMENTO 2009 p 1350)

Assim o PAR constitui-se em um exemplo do processo de responsabilizaccedilatildeo a partir do

accountability pois configura-se como um instrumento de planejamento e consolidaccedilatildeo de

resultados aferidos por meio do Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo que define metas

semelhantes mas que pelas dimensotildees continentais diversidade cultural desigualdades

econocircmicas poliacuteticas e sociais do paiacutes satildeo executadas em contextos distintos

O Plano de Accedilotildees Articuladas apresentou duas versotildees jaacute concluiacutedas de acordo com os

ciclos plurianuais do MEC a primeira de 2007 a 2010 e a segunda de 2011 a 2014 No Estado

4A origem da accountability remonta agraves deacutecadas de 1980 e 1990 com as experiecircncias realizadas na Inglaterra por

Margareth Thatcher (Reino Unido 1988) e nos Estados Unidos introduzida no governo de Ronald Reagan (EUA

1983) e consolidadas no governo George W Bush (EUA 2001) (ANDRADE 2008) O termo tem sido traduzido

no Brasil como ldquoresponsabilizaccedilatildeordquo (objetiva e subjetiva) e prestaccedilatildeo de contas (transparecircncia) (PINTO e

SACRAMENTO 2009)

20

do Amapaacute o ex-ministro da educaccedilatildeo Fernando Haddad5 e o atual governador o Antonio

Waldez Goacutees6 estiveram no dia 7 de agosto de 2007 em uma cerimocircnia realizada no Teatro das

Bacabeiras na qual atraveacutes da assinatura do termo de adesatildeo estabeleceram o compromisso

ao Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo O municiacutepio de Santana tambeacutem aderiu

ao PMCTE dois anos depois quando o prefeito municipal de Santana Antocircnio Nogueira de

Sousa7 assinou em 27 de agosto de 2009 o Termo de Cooperaccedilatildeo Teacutecnica Nordm 23456 (anexo)

Nesse sentido o municiacutepio de Santana-AP somente implantou o PAR dois anos apoacutes o

iniacutecio dos ciclos8 indicados pelo MEC No Termo de Cooperaccedilatildeo Teacutecnica a claacuteusula quarta

indica que o prazo de duraccedilatildeo da adesatildeo ao Compromisso foi previsto para ldquo04 (quatro) anos

a partir da data de sua assinatura com possibilidade de prorrogaccedilatildeo por igual ou inferior periacuteodo

()rdquo (MEC 2009 p 2) Por conseguinte o periacuteodo de duraccedilatildeo do Termo de Cooperaccedilatildeo

Teacutecnica entre o MEC e a prefeitura de Santana para viabilizar o primeiro ciclo seria de 2009 a

2012 entretanto foi finalizado antecipadamente em 2010 visto que a partir de 2011 o

municiacutepio planejou um novo PAR que perdurou ateacute 2014

Este trabalho se ocupou em analisar os dois ciclos do PAR que o municiacutepio de Santana

ndash AP participou no periacuteodo de 2009 a 20149 buscando compreender a poliacutetica de gestatildeo

educacional que culminou na emergecircncia da implantaccedilatildeo do PAR A partir do Plano de Accedilotildees

Articuladas analisam-se nessa pesquisa os seguintes indicadores da gestatildeo democraacutetica (1)

existecircncia de Conselhos Escolares (2) existecircncia composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho

Municipal de Educaccedilatildeo (3) composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar (4)

composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho do Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo

Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo (FUNDEB) (5) criteacuterios para escolha

da Direccedilatildeo Escolar10 e (6) existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromisso

A questatildeo central da pesquisa busca desvelar quais as implicaccedilotildees do PAR para a gestatildeo

da educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana no estado do Amapaacute Assim sendo a fim de responder a

5 Fernando Haddad foi Ministro da Educaccedilatildeo nos governos Lula e Dilma no periacuteodo de 29 de julho de 2005 a 24

de janeiro de 2012 6 Antonio Waldez Goacutees estaacute no seu terceiro mandato (2003 - 2006) (2007 - 2010) e (2015 ndash em exerciacutecio) como

governador do estado do Amapaacute pelo Partido Democraacutetico Trabalhista (PDT) 7Antonio Nogueira de Sousa foi prefeito do municiacutepio de Santana ndash Amapaacute por dois mandatos (2005 ndash 2008) e

(2009 -2012) pelo Partido dos Trabalhadores (PT) 8 O primeiro ciclo corresponde ao periacuteodo de 2007 a 2010 e o segundo ciclo ao periacuteodo de 2011 a 2014 9 No municiacutepio de Santana as discussotildees sobre o PAR com visitas das equipes do MEC iniciaram em 2007

Entretanto o termo de adesatildeo ao 1ordm PAR somente foi assinado no ano de 2009 e em 2011 foi elaborado um novo

PAR no municiacutepio com duraccedilatildeo do ciclo 2011-2014 Isto implica dizer que o 1ordm PAR teve a duraccedilatildeo somente de

dois anos 10 Esse indicador estaacute presente nas duas versotildees do PAR entretanto no 1ordm PAR ele aparece na aacuterea da gestatildeo

democraacutetica e no 2ordm PAR ele estaacute como um indicador de outra aacuterea a de gestatildeo de pessoas

21

questatildeo central outros questionamentos foram levantados para o aprofundamento da temaacutetica

sendo eles

1- Qual o contexto econocircmico poliacutetico e social foi criada a poliacutetica de gestatildeo que deu

origem ao Plano de Accedilotildees Articuladas

2- Que concepccedilotildees de gestatildeo permeiam o Plano de Metas Compromisso Todos pela

Educaccedilatildeo e o PAR

3- Quais as implicaccedilotildees do PAR para a gestatildeo da educaccedilatildeo na rede municipal de educaccedilatildeo

de Santana-Amapaacute no que se refere aos indicadores de gestatildeo democraacutetica

A pesquisa teve como recorte histoacuterico os anos situados entre 2007 a 2014 periacuteodo em

que teoricamente ocorreram os dois ciclos do Plano de Accedilotildees Articuladas (1ordm PAR e 2ordm PAR)

seguida agraves orientaccedilotildees do MEC

JUSTIFICATIVA

A decisatildeo de estudar a gestatildeo da educaccedilatildeo a partir do Plano de Accedilotildees Articuladas eacute

desafiadora pois o PAR eacute uma poliacutetica puacuteblica que estaacute em andamento e poucos ainda satildeo os

estudos sobre ela Na perspectiva de conhecer e acompanhar a trajetoacuteria dos estudos jaacute

realizados sobre esse instrumento de planejamento realizamos um levantamento das

publicaccedilotildees tendo como fonte a base de dados da Associaccedilatildeo Nacional de Poliacutetica e

Administraccedilatildeo em Educaccedilatildeo (ANPAE) da Associaccedilatildeo Nacional de Poacutes-graduaccedilatildeo e Pesquisa

(ANPED) e os artigos cientiacuteficos da Scientific Eletronic Library Online (SciELO)11 no periacuteodo

de 2009 a 2015 cujo resultado foi o seguinte

Tabela 01 ndash Produccedilatildeo escrita sobre o Plano de Accedilotildees Articuladas de 2009 a 2015

ANO ANPED SciELO ANPAE TOTAL

2009 0 0 0 0

2010 1 0 0 1

2011 0 0 9 9

2012 1 1 1 3

2013 0 1 3 4

2014 3 1 4 8

2015 1 - 10 11

TOTAL 6 3 27 36

Fonte ANPED SciELO e ANPAE Levantamento realizado ateacute setembro de 2015

11 O Scientific Electronic Library Online eacute um portal de revistas brasileiras que organiza e publica textos completos

de revistas na Internet Produz e divulga indicadores do uso e impacto desses perioacutedicos

22

Seguindo as diretrizes metodoloacutegicas12 foram encontradas 36 publicaccedilotildees entre os anos

de 2009 a 2015 sendo 06 na ANPED 03 nos cadernos de pesquisa da SciELO e 27 publicaccedilotildees

na Associaccedilatildeo Nacional de Poliacutetica e Administraccedilatildeo em Educaccedilatildeo ndash ANPAE Observamos na

tabela 01 que os anos de 2011 2014 e 2015 apresentaram maior nuacutemero de publicaccedilotildees

Apesar da implantaccedilatildeo do PAR ter se dado a partir de 2007 constatamos que os estudos

e as publicaccedilotildees sobre o tema ainda satildeo muito escassos A implantaccedilatildeo do PAR foi

caracterizada por distintas orientaccedilotildees e reformulaccedilotildees ao longo do processo (CAMINI 2009)

e talvez por isso muito pouco se tenha compreendido e escrito sobre o PAR nos anos 2009 e

2010 Quanto agraves temaacuteticas tratadas como objeto de estudo no periacuteodo de 2009 a 2015 por fonte

pesquisada identificaram-se as seguintes

Tabela 02 ndash Nordm de Publicaccedilotildees sobre o PAR por temaacutetica e fonte no periacuteodo 2009 a 2015

TEMAacuteTICAS ANPAE ANPED SciELO TOTAL

Avaliaccedilatildeo da implantaccedilatildeo do PAR nos

municiacutepios

6 5 0 11

Planejamento de poliacuteticas educacionais no PAR 5 0 1 6

Praacuteticas PedagoacutegicasFormaccedilatildeo de Professores

no PAR

4 0 1 5

Gestatildeo Educacional no PAR 8 0 0 8

Infraestrutura e Recursos Pedagoacutegicos 1 0 0 1

Levantamento Bibliograacutefico sobre o PAR 2 0 0 2

O PAR no contexto do Federalismo 2 0 1 3

TOTAL 28 5 3 36 Elaborado pela autora

A temaacutetica mais citada nas publicaccedilotildees foi a Avaliaccedilatildeo da implantaccedilatildeo do Plano de

Accedilotildees Articuladas (PAR) nos municiacutepios que se destacou e inquietou os estudiosos no periacuteodo

apresentando 11 publicaccedilotildees Os temas sobre planejamento das poliacuteticas educacionais no

Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) contou com 06 trabalhos A gestatildeo educacional aparece

com 08 trabalhos e as praacuteticas pedagoacutegicas e formaccedilatildeo de professores no PAR com 05

trabalhos Com menos publicaccedilotildees destacam-se as temaacuteticas infraestrutura e recursos

pedagoacutegicos com 01 trabalho o levantamento bibliograacutefico sobre o PAR com 02 trabalhos e o

PAR no contexto do Federalismo com 03 trabalhos Em um periacuteodo de sete anos foram

12 A busca pelas publicaccedilotildees foi realizada nos siacutetios da internet e para a triagem das informaccedilotildees foi utilizada a

expressatildeo-chave plano de accedilotildees articuladas que deveria constar no tiacutetulo das publicaccedilotildees Para uma revisatildeo de

rastreamento foram ainda utilizadas as palavras SciELO ANPAE e ANPED O levantamento foi realizado ateacute o

mecircs de setembro de 2015

23

publicados apenas 36 trabalhos sobre o PAR em revistas e anais especializados nacionalmente

em educaccedilatildeo

O tema que abordo nesse trabalho eacute sobre a Gestatildeo Educacional que teve somente 08

publicaccedilotildees no periacuteodo de 2009 a 2015 em revistas e anais e nenhum desses estudos publicados

eram relacionados ao estado do Amapaacute e nem ao municiacutepio de Santana Entretanto na capital

do Estado Macapaacute foi encontrada uma tese de doutorado intitulada ldquoA gestatildeo educacional no

Plano de Accedilotildees Articuladas do municiacutepio de Macapaacute concepccedilotildees e desafiosrdquo de autoria da

professora Ilma de Andrade Barleta defendida no ano de 2015 na Universidade Federal do

Paraacute A referida tese faz um estudo sobre a gestatildeo educacional do Plano de Accedilotildees Articuladas

no municiacutepio de Macapaacute-AP

Consideramos de extrema relevacircncia para a compreensatildeo das poliacuteticas puacuteblicas

educacionais no paiacutes particularmente da poliacutetica de gestatildeo educacional a partir da chegada do

PAR que se ampliem os estudos sobre esse tema razatildeo pela qual justifico esse trabalho O

estudo acerca da gestatildeo educacional a comeccedilar do Plano de Accedilotildees Articuladas no municiacutepio

de SantanaAP justifica-se tambeacutem pela necessidade imposta em funccedilatildeo das minhas

experiecircncias profissionais anteriormente descritas quando explicito a origem do estudo e as

experiecircncias atuais como professora do curso de pedagogia na Universidade do Estado do

Amapaacute ndash UEAP Instiga-me conhecer o modelo de gestatildeo educacional que se implementa na

rede municipal de ensino de Santana a datar do PAR na perspectiva de melhor contribuir com

o debate acerca da educaccedilatildeo puacuteblica municipal e identificar as iniciativas que se aproximam da

materializaccedilatildeo de uma gestatildeo democraacutetica e participativa no meu entendimento a concepccedilatildeo

mais compatiacutevel com uma visatildeo emancipadora de homem

O foco da gestatildeo democraacutetica estaacute na garantia da participaccedilatildeo na gestatildeo da educaccedilatildeo

como direito de cidadania (PARO 2007) A gestatildeo democraacutetica do ensino puacuteblico estaacute presente

desde a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e na Lei de Diretrizes e Bases - LDB de 1996 e se revela

atraveacutes da participaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo no projeto pedagoacutegico da escola e da

participaccedilatildeo das comunidades escolar e local em Conselhos de Educaccedilatildeo A descentralizaccedilatildeo

nas decisotildees administrativas financeiras e pedagoacutegicas bem como a eleiccedilatildeo de diretores e a

instalaccedilatildeo de conselhos escolares deliberativos tambeacutem fazem parte dos mecanismos para

democratizaccedilatildeo da educaccedilatildeo Embora notadamente a legislaccedilatildeo educacional por si soacute natildeo

garanta a efetivaccedilatildeo de uma praacutetica democraacutetica ela representa um grande passo nesse sentido

24

A partir de 1995 com a Reforma do Estado Brasileiro vimos emergir no cenaacuterio

nacional a concepccedilatildeo de gestatildeo gerencial como modelo preferencial13 para a administraccedilatildeo

puacuteblica que se traduz em accedilotildees de regulaccedilatildeo e controle do sistema educacional e da escola

adotando o princiacutepio mercadoloacutegico como indicador de resultados em todas as esferas sociais

definindo formas de poderes e de relaccedilatildeo com a demanda social Eacute uma gestatildeo centrada na

visatildeo de cidadatildeo-cliente e focada em resultados quantitativos (PERONI 2008)

Apresentando diferentes concepccedilotildees de gestatildeo puacuteblica essa pesquisa busca responder a

problemaacutetica a partir da anaacutelise das poliacuteticas educacionais que permeiam o Plano de

Desenvolvimento da Educaccedilatildeo o Plano de Metas Compromisso Todos Pela Educaccedilatildeo e o Plano

de Accedilotildees Articuladas A seguir trataremos dos objetivos gerais e especiacuteficos do presente

trabalho

OBJETIVO GERAL E ESPECIacuteFICOS

Analisar as implicaccedilotildees do Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) para a gestatildeo educacional

na rede municipal de educaccedilatildeo de Santana ndash Amapaacute no contexto da redefiniccedilatildeo do papel do

Estado

Considerando os pressupostos teoacuterico-metodoloacutegicos adotados o objetivo geral

desdobrou-se nos seguintes objetivos especiacuteficos

Analisar a poliacutetica de gestatildeo da educaccedilatildeo no Brasil e a emergecircncia do PAR no contexto

do capitalismo e da Reforma do Estado brasileiro a partir da deacutecada de 1990

Analisar as concepccedilotildees de gestatildeo educacional que permeia o PAR no contexto do PDE

e do Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo

Analisar as implicaccedilotildees do PAR para a gestatildeo da educaccedilatildeo na rede municipal de

educaccedilatildeo de Santana-Amapaacute no que se refere aos indicadores de gestatildeo democraacutetica

13 Esse novo modelo de gestatildeo puacuteblica eacute apresentado no Plano de Desenvolvimento e Reforma do Aparelho do

Estado Brasileiro (MARE 1995)

25

REFEREcircNCIAS TEOacuteRICO-METODOLOacuteGICAS

O presente estudo analisou as implicaccedilotildees do Plano de Accedilotildees Articuladas com foco na

gestatildeo da educaccedilatildeo na rede municipal de educaccedilatildeo de Santana ndash Amapaacute na busca de

compreender a realidade em que essa poliacutetica educacional foi constituiacuteda e em quais

circunstacircncias essa poliacutetica foi implementada estabelecendo conexotildees com as questotildees sociais

poliacuteticas histoacutericas e econocircmicas Marx (1969 p16) afirma que ldquoa investigaccedilatildeo tem de

apoderar-se da mateacuteria em seus pormenores de analisar suas diferentes formas de

desenvolvimento e de perquirir a conexatildeo iacutentima que haacute entre elasrdquo

Para o estudo da gestatildeo educacional a partir do Plano de Accedilotildees Articuladas no municiacutepio

de Santana levaram-se em consideraccedilatildeo as relaccedilotildees com o contexto histoacuterico social poliacutetico

e econocircmico em que esta poliacutetica puacuteblica foi constituiacuteda Entende-se que a poliacutetica de gestatildeo

reflete as contradiccedilotildees tiacutepicas que se revelam no contexto capitalista Nesse sentido

aproximamos-nos de abordagens que tecircm como referencial o materialismo histoacuterico dialeacutetico

definido por Frigotto (1995)

O pressuposto fundamental da anaacutelise materialista histoacuterica eacute de que os fatos sociais

natildeo satildeo descolados de uma materialidade objetiva e subjetiva e portanto a

construccedilatildeo do conhecimento histoacuterico implica o esforccedilo de abstraccedilatildeo e teorizaccedilatildeo do

movimento dialeacutetico (conflitante contraditoacuterio mediado) da realidade Trata-se de

um esforccedilo de ir agrave raiz das determinaccedilotildees muacuteltiplas e diversas (nem todas igualmente

importantes) que constituem determinado fenocircmeno Apreender as determinaccedilotildees do

nuacutecleo fundamental de um fenocircmeno sem o que este fenocircmeno natildeo se constituiria eacute

o exerciacutecio por excelecircncia da teorizaccedilatildeo histoacuterica de ascender do empiacuterico

contextualizado particularizado e de iniacutecio para o pensamento caoacutetico - ao concreto

pensado ou conhecimento Conhecimento que por ser histoacuterico e complexo e por

limites do sujeito que conhece eacute sempre relativo (FRIGOTTO 1995 p 17-18)

Nesse contexto eacute importante destacar as contradiccedilotildees sociais poliacuteticas e econocircmicas

que permeiam as concepccedilotildees de gestatildeo da educaccedilatildeo ancoradas no modelo de gestatildeo gerencial

e no modelo de gestatildeo democraacutetica O primeiro modelo se utiliza de conceitos associados agrave

administraccedilatildeo empresarial comprometida com a ideia de mercado utilizando-se de conceitos

como eficiecircncia eficaacutecia controle de resultados e descentralizaccedilatildeo dentre outros No segundo

modelo a gestatildeo eacute compartilhada e estaacute amparada em instrumentos de democratizaccedilatildeo como a

participaccedilatildeo e a autonomia nos processos de decisatildeo e planejamento da educaccedilatildeo Este modelo

busca democratizar toda a estrutura do sistema de ensino incluindo a escola

26

Segundo Yin (2001 p 32) o estudo de caso eacute a estrateacutegia mais escolhida quando eacute

preciso responder a questotildees do tipo ldquocomordquo e ldquopor quecircrdquo e ainda quando o pesquisador

possui pouco controle sobre os eventos pesquisados ldquoeacute uma investigaccedilatildeo empiacuterica de um

fenocircmeno contemporacircneo dentro de um contexto da vida real sendo que os limites entre o

fenocircmeno e o contexto natildeo estatildeo claramente definidosrdquo

Assim compreende-se que o estudo de caso tem como propoacutesito orientar o pesquisador

para o contato direto com o seu objeto de pesquisa oferecendo a este uma fonte de informaccedilotildees

capaz de favorecer o encontro das respostas que deseja Como expotildee Gil (1996) o estudo de

caso apresenta trecircs vantagens

a) O estiacutemulo a novas descobertas Em virtude da flexibilidade do planejamento do

estudo de caso o pesquisador ao longo de seu processo manteacutem-se atento a novas

descobertas Eacute frequente o pesquisador dispor de um plano inicial e ao longo da

pesquisa ter o seu interesse despertado por outros aspectos que natildeo havia previsto E

muitas vezes o estudo desses aspectos torna-se mais relevante para a soluccedilatildeo do

problema do que os considerados inicialmente Daiacute porque o estudo de caso eacute

altamente recomendado para a realizaccedilatildeo de estudos exploratoacuterios

b) A ecircnfase na totalidade No estudo de caso o pesquisador volta-se para a

multiplicidade de dimensotildees de um problema focalizando-o como um todo Dessa

forma supera-se um problema muito comum sobretudo nos levantamentos em que a

anaacutelise individual da pessoa desaparece em favor da anaacutelise de traccedilos

c) A simplicidade dos procedimentos Os procedimentos de coleta e anaacutelise de dados

adotados no estudo de caso quando comparados com os exigidos por outros tipos de

delineamento satildeo bastante simples (GIL 1996 p59-60)

Quanto agrave determinaccedilatildeo do nuacutemero de casos optou-se por um uacutenico caso a rede

municipal de educaccedilatildeo de Santana no Amapaacute dadas as especificidades do objeto de estudo

desta pesquisa as implicaccedilotildees do PAR para a gestatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana

Nesta pesquisa buscamos identificar as implicaccedilotildees do PAR para a gestatildeo educacional

no municiacutepio de Santana no periacuteodo de 2007 a 201414 Optamos por focalizar apenas a aacuterea

ldquoGestatildeo Democraacutetica articulaccedilatildeo e desenvolvimento dos sistemas de ensinordquo e 06 indicadores

dessa aacuterea sendo eles (1) existecircncia de conselhos escolares (2) existecircncia composiccedilatildeo e

atuaccedilatildeo do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (3) composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de

Alimentaccedilatildeo Escolar (4) composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho do Fundo de Manutenccedilatildeo e

Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo (5)

14 Nesse estudo mesmo o PAR em Santana ter iniciado somente em 2009 fizemos um levantamento desde o ano

de 2007 ateacute 2014 ano em que iniciou a elaboraccedilatildeo do PAR nos estados e municiacutepio para que pudeacutessemos ter uma

anaacutelise de como foi a sua chegada e como se encontrava o municiacutepio

27

criteacuterios para escolha da direccedilatildeo escolar15 e (6) existecircncia e atuaccedilatildeo do comitecirc local do

compromisso16 O recorte temporal dessa pesquisa eacute o periacuteodo de 2007 a 2014 enfocando

estudos sobre o PAR no municiacutepio de Santana nas suas duas versotildees

A escolha das categorias descentralizaccedilatildeo participaccedilatildeo e autonomia para este

trabalho eacute devido ao fato de que de acordo com vaacuterios autores (PARO 2012 MENDONCcedilA

2009 WERLE 2007) esses indicadores podem potencializar a gestatildeo democraacutetica

De acordo com Viriato (2004) a descentralizaccedilatildeo tem sido um termo muito utilizado

como oposiccedilatildeo a centralizaccedilatildeo que eacute uma caracteriacutestica da gestatildeo autoritaacuteria muito embora

com as mudanccedilas nas funccedilotildees do Estado a descentralizaccedilatildeo aparece com uma nova

configuraccedilatildeo a de desconcentraccedilatildeo de tarefas do niacutevel nacional e regional para o niacutevel local

(VIRIATO 2004)

Para Bordenave (2013) a participaccedilatildeo eacute uma vivecircncia coletiva e natildeo individual de

modo que somente se pode aprender na praacutexis grupal A participaccedilatildeo pode tanto se prestar para

objetivos emancipatoacuterios de cidadania e de autonomia dos sujeitos como para a manutenccedilatildeo

de situaccedilotildees de centralizaccedilatildeo do poder decisoacuterio e do controle de muitos por poucos Portanto

o conceito toma significado diverso dependendo do contexto e dos sujeitos envolvidos

O conceito de autonomia estaacute ligado etimologicamente agrave ideia de autogoverno ou seja

agrave faculdade que os indiviacuteduos ou organizaccedilotildees tecircm de se regerem por regras proacuteprias No

contexto mais amplo da poliacutetica educacional mais recente a autonomia tem mostrado relaccedilatildeo

com a tentativa de resolver problemas de crise de governabilidade do sistema de ensino com o

discurso de ldquogoverno sobrecarregadordquo transferindo autoridade e responsabilidade do bem

puacuteblico para o grupo diretamente envolvido na accedilatildeo e assim se desfazendo das suas obrigaccedilotildees

para com a populaccedilatildeo (BARROSO 2013)

Essas categorias do objeto seratildeo aprofundadas no primeiro capiacutetulo do presente

trabalho

Como teacutecnicas de coleta de dados optou-se pela anaacutelise documental e entrevista

semiestruturada A revisatildeo bibliograacutefica parte integrante do estudo tem auxiliado na

compreensatildeo dos conceitos na historicidade do objeto na perspectiva de compreender a

poliacutetica de gestatildeo educacional no Brasil e as suas inter-relaccedilotildees com o PAR

A anaacutelise documental eacute um tipo de ldquoestudo descritivo que fornece ao investigador a

possibilidade de reunir uma grande quantidade de informaccedilatildeo sobre leis de educaccedilatildeo processos

15 Esse indicador estaacute presente nas duas versotildees do PAR entretanto no 1ordm PAR ele estaacute presente na aacuterea da gestatildeo

democraacutetica e no 2ordm PAR ele aparece como um indicador de outra aacuterea a de gestatildeo de pessoas 16 Esse indicador foi implantado na 2ordm versatildeo do PAR na aacuterea da gestatildeo democraacutetica

28

e condiccedilotildees requisitos e dados livros e textos etcrdquo (TRIVINtildeOS 1987 p 111) na busca de

resolver problemas pois possibilita ampliar o entendimento de objetos que precisam de uma

anaacutelise a partir da contextualizaccedilatildeo histoacuterica e sociocultural para se revelar

Dentre os documentos analisados destacamos

1) O Decreto nordm 60942007 (dispotildee sobre a implementaccedilatildeo do Plano de Metas Compromisso

Todos pela Educaccedilatildeo pela Uniatildeo Federal em regime de colaboraccedilatildeo com municiacutepios

Distrito Federal e estados aleacutem da participaccedilatildeo das famiacutelias e da comunidade mediante

programas e accedilotildees de assistecircncia teacutecnica e financeira visando agrave mobilizaccedilatildeo social pela

melhoria da qualidade da educaccedilatildeo baacutesica) e legislaccedilotildees correlatas

2) O Manual de Orientaccedilotildees Gerais para Elaboraccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas editado

pelo MEC na 1ordf e 2ordf versatildeo

3) O Termo de Cooperaccedilatildeo Teacutecnica Nordm 23456 do PMCTE assinado entre o Ministeacuterio da

Educaccedilatildeo e o municiacutepio de SantanaAP e seus anexos do PAR

4) A Lei Orgacircnica do municiacutepio de Santana promulgada em 14 de julho de 1992 revisada e

atualizada em 11 de maio de 2000

5) O Diagnoacutestico do 1ordm PAR e 2ordm PAR do municiacutepio de SantanaAP emitido atraveacutes do

Sistema Integrado de Monitoramento do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (SIMEC)

6) O Relatoacuterio Puacuteblico de Monitoramento do 2ordm PAR do municiacutepio de SantanaAP e seus

anexos

7) A Lei Municipal nordm 36698 que cria o Conselho Municipal de Educaccedilatildeo de SantanaAP

8) A Lei Municipal nordm 4882001 que institui o Conselho Municipal de Alimentaccedilatildeo Escolar

de SantanaAP

9) Os documentos legais que definem os criteacuterios de escolha de diretores escolares em

SantanaAP

10) O Decreto Municipal nordm 490 de 03 de abril de 2013 que implementa a composiccedilatildeo do

comitecirc do compromisso em SantanaAP

11) A Lei Municipal nordm 7972007 - PMS que cria o FUNDEB e o Conselho de

Acompanhamento Controle Social Comprovaccedilatildeo e Fiscalizaccedilatildeo dos Recursos ndash CACS

do municiacutepio de Santana

12) O Programa de fortalecimento dos conselhos escolares do municiacutepio de SantanaAP

Os dados educacionais econocircmicos sociais e financeiros relativos ao municiacutepio de

SantanaAP foram coletados a partir do site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas

29

Educacionais Aniacutesio Teixeira (INEP) do Sistema de Informaccedilotildees sobre Orccedilamentos Puacuteblicos

em Educaccedilatildeo (SIOPE) Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo (FNDE) Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e dos relatoacuterios do Sistema Integrado de

Monitoramento Execuccedilatildeo e Controle (SIMEC)

No que se refere agraves entrevistas Alves-Mazzotti (2000 p22) aponta que ldquoa entrevista

possui natureza interativa supera o questionaacuterio ao possibilitar o estudo em profundidade de

temas complexosrdquo sendo portanto mais adequada para dirimir duacutevidas e esclarecer aspectos

difusos do objeto

A entrevista realizada foi do tipo semiestruturada que conforme Trivintildeos (1987 p152)

ldquo[] favorece natildeo soacute a descriccedilatildeo dos fenocircmenos sociais mas tambeacutem sua explicaccedilatildeo e a

compreensatildeo de sua totalidade []rdquo aleacutem de manter a presenccedila consciente e atuante do

pesquisador no processo de coleta de informaccedilotildees Para o autor

a entrevista semiestruturada tem como caracteriacutestica questionamentos baacutesicos que satildeo

apoiados em teorias e hipoacuteteses que se relacionam ao tema da pesquisa Os

questionamentos dariam frutos a novas hipoacuteteses surgidas a partir das respostas dos

informantes O foco principal seria colocado pelo investigador-entrevistador

(TRIVINtildeOS 1987 p 146)

Esse modelo de entrevista teve como foco os objetivos pretendidos da pesquisa e dessa

forma foram elaborados roteiros (ver anexos ) com perguntas principais complementadas por

outras questotildees que surgiram durante as respostas emitidas em circunstacircncias momentacircneas da

entrevista a fim de favorecer a apreensatildeo do objeto

Nessa pesquisa as entrevistas versaram sobre a gestatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio de

Santana a partir do Plano de Accedilotildees Articuladas e se pautaram na verificaccedilatildeo da democratizaccedilatildeo

das relaccedilotildees de poder no acircmbito da gestatildeo (participaccedilatildeo autonomia e descentralizaccedilatildeo) por

meio dos conselhos de controle social indicados no PAR sendo Conselho Municipal de

Educaccedilatildeo Conselho Municipal de Alimentaccedilatildeo Escolar Conselhos Escolares e Conselho do

FUNDEB Foram verificados ainda os criteacuterios adotados pela rede municipal de ensino de

SantanaAP para a escolha dos Diretores Escolares e a equipe do Comitecirc Local do

Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo

O quadro 1 demonstra os sujeitos da pesquisa cujos roteiros de entrevista encontram-

se em anexo

30

Quadro 1 Sujeitos da pesquisa e Nordm de entrevistas realizadas

Elaborado pela autora

No ato da entrevista foi assinado pelo entrevistado o ldquoTermo de Consentimento Livre e

Esclarecidordquo18 para a participaccedilatildeo na pesquisa que visa a esclarecer os objetivos e sua forma

de participaccedilatildeo assegurando-lhe o sigilo na sua identidade e das informaccedilotildees a serem utilizadas

exclusivamente para fins cientiacuteficos

Os documentos foram levantados no segundo semestre de 2015 no banco de dados do

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (INEP Brasil Escola FNDE entre outros) e no municiacutepio de Santana

na Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo no sindicato dos servidores puacuteblicos municipais de

Santana e na Cacircmara Municipal Alguns documentos importantes para essa pesquisa natildeo foram

17 Das quinze entrevistas programadas doze foram realizadas No entanto alguns entrevistados ocupavam mais

de uma representaccedilatildeo como o presidente do Conselho do FUNDEB que tambeacutem assume o posto de Diretor escolar

As entrevistas com os membros do Comitecirc Local do Compromisso natildeo foram realizadas devido o comitecirc natildeo estaacute

em atuaccedilatildeo 18 Ver no apecircndice A

Nordm Sujeito da pesquisa Quantidade

01 O (A) gestor (a) da rede municipal de ensino de Santana-AP 01

02 Teacutecnicos que coordenaram a implantaccedilatildeo elaboraccedilatildeo do 1ordm PAR e

2ordm do PAR no municiacutepio 02

03 Membro da equipe teacutecnica da SEME que trata dos Conselhos

Escolares 01

04 Membro do Conselho Escolar de representaccedilatildeo natildeo-governamental 01

05 Membro do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo da representaccedilatildeo

governamental 01

06 Membro do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo da representaccedilatildeo

natildeo-governamental 01

07 Membro do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar da representaccedilatildeo

governamental 01

08 Membro do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar da representaccedilatildeo

natildeo-governamental 01

09 Representante do Sindicato dos professores da educaccedilatildeo baacutesica 01

10 Membro do Comitecirc Local do Compromisso da representaccedilatildeo

governamental 00

11 Membro do Comitecirc Local do Compromisso da representaccedilatildeo natildeo-

governamental 00

12 Membro do Conselho de Controle Social do FUNDEB da

representaccedilatildeo governamental 01

13 Membro do Conselho de Controle Social do FUNDEB da

representaccedilatildeo natildeo-governamental 00

14 Diretor escolar ndash membro nato do Conselho Escolar 01

Total de entrevistados 1217

31

encontrados inicialmente como eacute o caso do Plano de Trabalho do primeiro PAR e o seu

monitoramento ausente nos arquivos da SEMEC da coordenaccedilatildeo do PAR e no banco de dados

do SIMEC Posteriormente foi encontrado mas incompleto em arquivo pessoal de uma das

entrevistadas

As entrevistas foram realizadas entre dezembro de 2015 e marccedilo de 2016 com os

membros dos conselhos sindicato teacutecnicos e gestor da rede municipal de ensino de Santana

perfazendo um total de doze sujeitos entrevistados As entrevistas seguiram roteiro preacutevio

contemplando aspectos da relaccedilatildeo do MEC com o municiacutepio por meio do PAR informaccedilotildees

acerca da descentralizaccedilatildeo nas decisotildees da gestatildeo e da participaccedilatildeo bem como da autonomia

dos conselhos no contexto da gestatildeo da educaccedilatildeo municipal

O loacutecus da pesquisa

O municiacutepio de Santana loacutecus da pesquisa eacute o segundo municiacutepio mais populoso do

Amapaacute com 101262 habitantes segundo dados do IBGE de 2010 estaacute localizado na regiatildeo

metropolitana de Macapaacute capital do Estado do Amapaacute A escolha do municiacutepio se deu em razatildeo

de este ser um dos municiacutepios de maior populaccedilatildeo do Estado ter aderido ao PAR e pela

proximidade de acesso agraves informaccedilotildees necessaacuterias ao esclarecimento da problemaacutetica em

questatildeo

A ESTRUTURA DA DISSERTACcedilAtildeO

A dissertaccedilatildeo eacute composta de trecircs capiacutetulos assim dispostos o primeiro intitulado ldquoA

poliacutetica de gestatildeo da educaccedilatildeo no Brasilrdquo versaraacute sobre a poliacutetica de gestatildeo da educaccedilatildeo no

contexto de redefiniccedilatildeo do papel do Estado explicitando abordagens teoacutericas sobre as

concepccedilotildees de gestatildeo da educaccedilatildeo no Brasil nas uacuteltimas deacutecadas a gestatildeo democraacutetica

instituiacuteda a partir da Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 e da Lei de

Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional de 1996 com base nas lutas implementadas na deacutecada

de 1980 e o modelo de gestatildeo gerencial proposto pelo Plano Diretor da Reforma do Aparelho

do Estado Brasileiro a partir de meados da deacutecada de 1990

O segundo capiacutetulo denominado ldquoA gestatildeo educacional no contexto do Plano de

Desenvolvimento da Educaccedilatildeo (PDE) do Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo

e do Plano de Accedilotildees Articuladasrdquo trataraacute de caracterizar e discutir as concepccedilotildees de gestatildeo da

32

educaccedilatildeo presentes na poliacutetica educacional do Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo do

Plano de Metas Compromisso Todos Pela Educaccedilatildeo e do Plano de Accedilotildees Articuladas Trata-se

de evidenciar as singularidades e similaridades da poliacutetica de gestatildeo da educaccedilatildeo engendrada a

partir do instrumento de planejamento da educaccedilatildeo nos municiacutepios proposto no PAR

O terceiro capiacutetulo intitulado ldquoA gestatildeo educacional no contexto do Plano de Accedilotildees

Articuladas no municiacutepio de Santana-Amapaacuterdquo tem como objetivo caracterizar a educaccedilatildeo no

municiacutepio de Santana e analisar a partir de documentos e das entrevistas aos sujeitos as

implicaccedilotildees do PAR para a gestatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio de SantanaAP Tal anaacutelise se

baseou em seis indicadores da Gestatildeo Democraacutetica do PAR (1) existecircncia de conselhos

escolares (CE) (2) existecircncia composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (3)

composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar (CAE) (4) composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo

do Conselho do Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de

Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo (FUNDEB) (5) criteacuterios para escolha da direccedilatildeo

escolar19 e (6) Existecircncia e atuaccedilatildeo do comitecirc local do compromisso O objetivo foi avaliar se

o PAR trouxe consequecircncias para o modelo de gestatildeo adotado pela rede municipal de educaccedilatildeo

de Santana-AP se possibilitou a descentralizaccedilatildeo da gestatildeo a maior participaccedilatildeo da

comunidade na tomada de decisotildees enfim se por meio do PAR a gestatildeo da rede municipal de

ensino vem construindo maiores possibilidades de autonomia e participaccedilatildeo dos sujeitos

Nas consideraccedilotildees finais apresentamos os resultados dessa pesquisa em que a poliacutetica

traccedilada pelo Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo atraveacutes do PAR foi

implantada na rede municipal de ensino de Santana Fazendo uma reflexatildeo sobre os resultados

alcanccedilados nessa pesquisa e relacionando-os ao referencial teoacuterico que embasaram a concepccedilatildeo

de democratizaccedilatildeo da educaccedilatildeo adotada podemos afirmar que a praacutetica a gestatildeo educacional

do municiacutepio de Santana apresentou-se patrimonialista com traccedilos de uma gestatildeo gerencialista

pois natildeo tem ocorrido a descentralizaccedilatildeo da gestatildeo na rede municipal de ensino com a

participaccedilatildeo efetiva da sociedade nos conselhos de controle social Os recursos financeiros

relativos agrave educaccedilatildeo municipal de Santana satildeo centralizados na Prefeitura dificultando o

planejamento participativo da educaccedilatildeo no municiacutepio E os sujeitos envolvidos nos Conselhos

de Controle Social encontram dificuldades em atuar devido agraves proacuteprias condiccedilotildees de

funcionamento seja de local de transporte ou mesmo de acesso as informaccedilotildees jaacute que estas

encontram-se centralizadas

19 Esse indicador estaacute presente nas duas versotildees do PAR entretanto no 1ordm PAR ele estaacute presente na aacuterea da gestatildeo

democraacutetica e no 2ordm PAR ele aparece como um indicador de outra aacuterea a de gestatildeo de pessoas

33

1 A POLIacuteTICA DE GESTAtildeO DA EDUCACcedilAtildeO NO BRASIL

Este capiacutetulo trata das poliacuteticas de gestatildeo da educaccedilatildeo no Brasil na perspectiva de se

compreender o processo que desencadeou a proposta de gestatildeo educacional que permeia o

Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo o Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo

(PMTE) e o Plano de Accedilotildees Articuladas Para isso em um primeiro momento abordaremos

contexto de institucionalizaccedilatildeo da gestatildeo democraacutetica e seus vaacuterios mecanismos e em um

segundo momento enfocaremos a proposta de gestatildeo gerencial para a administraccedilatildeo puacuteblica a

partir do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado de 199520 no contexto de redefiniccedilatildeo

do papel do Estado

11 O CAPITALISMO E A CRISE

A compreensatildeo de como se constituiu a crise do Estado e do seu papel no contexto da

sociedade capitalista satildeo importantes para situarmos historicamente os conflitos que vecircm

ocorrendo no mundo moderno e particularmente no Brasil que giram em torno de interesses

diversos na organizaccedilatildeo social poliacutetica e econocircmica O que reflete certamente na tomada de

decisatildeo do Estado que promove accedilotildees a favor do capital ou a favor das exigecircncias da sociedade

A crise do capital atingiu as poliacuteticas educacionais no Brasil na deacutecada de 1990 reflexo

de um cenaacuterio de transformaccedilotildees que vinha se formando internacionalmente desde a deacutecada de

1970 quando o capitalismo daacute sinais de esgotamento e entra em crise de amplas proporccedilotildees

Essa crise tem fortes repercussotildees no papel do Estado que desde o poacutes-guerra vinha

assumindo o papel de controle dos ciclos econocircmicos como Estado de bem-estar social21

De acordo com Antunes (1999) essa eacute uma crise estrutural que se desencadeou a partir

da crise do fordismo e keynesianismo com a queda da taxa de lucros em funccedilatildeo do aumento da

forccedila de trabalho resultante das lutas operaacuterias e sociais ocorridas em deacutecadas anteriores e do

controle de regulaccedilatildeo principalmente em paiacuteses capitalistas E afirma o autor que a crise do

20O Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado (1995) foi elaborado pelo Ministeacuterio da Administraccedilatildeo

Federal e da Reforma do Estado na gestatildeo de Bresser Pereira no Governo Fernando Henrique Cardoso que

definiu objetivos e estabeleceu diretrizes para a reforma da administraccedilatildeo puacuteblica brasileira Segundo este Plano

o Estado deve assumir um papel menos executor ou prestador direto de serviccedilos e atuar mais como regulador e

avaliador das poliacuteticas puacuteblicas 21 O ldquoEstado de bem-estar socialrdquo ou ldquoWelfare Staterdquo de John Maynard Keynes ldquotinha o papel de controlar os

ciclos econocircmicos combinando poliacuteticas fiscais e monetaacuterias As poliacuteticas eram direcionadas para o investimento

puacuteblico principalmente para os setores vinculados ao crescimento da produccedilatildeo e o consumo de massa que tinham

tambeacutem o objetivo de garantir o pleno emprego O salaacuterio social era complementado pelos governos atraveacutes da

seguridade social assistecircncia meacutedica educaccedilatildeo habitaccedilatildeo O Estado acabava exercendo tambeacutem o papel de

regular direta ou indiretamente os acordos salariais e os direitos dos trabalhadores na produccedilatildeordquo (PERONI 2003

p 22)

34

Estado eacute uma consequecircncia da crise capitalista e natildeo a causa dessa forma o capitalismo como

resposta a sua proacutepria crise se reorganiza e reconfigura o sistema ideoloacutegico e poliacutetico de

dominaccedilatildeo apresentando ldquoo neoliberalismo com a privatizaccedilatildeo do Estado a

desregulamentaccedilatildeo dos direitos do trabalho e a desmontagem do setor produtivo estatalrdquo

(ANTUNES 1999 p31)

Segundo Meszaacuteros (2002) a Crise eacute a manifestaccedilatildeo ldquodo espectro da incontrolabilidade

totalrdquo do capital quando se evidencia o aacutepice de sua incapacidade civilizatoacuteria e sua face mais

destrutiva possiacutevel De acordo com o autor a incontrolabilidade do capital satildeo inerentes ao

sistema capitalista que por estarem na base estrutural da relaccedilatildeo entre capital-trabalho natildeo

podem ser remediados de forma radical sob pena de comprometer a sobrevivecircncia do sistema

A crise de acordo com Antunes (1999) Meacuteszaacuteros (2011) Peroni (2006) e Harvey

(2008) natildeo se encontra no Estado e sim na estrutura do capital Meszaacuteros (2011) afirma que

eacute necessaacuterio esclarecer as diferenccedilas relevantes entre tipos ou modalidades de crise pois uma

crise na esfera social pode ser considerada uma lsquocrise perioacutedicaconjunturalrsquo ou uma lsquocrise

estrutural fundamentalrsquo A lsquocrise perioacutedicarsquo ou lsquoconjunturalrsquo pode ser severa poreacutem haacute formas

mais ou menos de solucionaacute-las com sucesso dentro da estrutura estabelecida Jaacute a lsquocrise

estrutural fundamentalrsquo afeta a proacutepria estrutura em sua totalidade como afirma o autor

a crise em nossos dias natildeo eacute compreensiacutevel sem que seja referida agrave ampla estrutura

social global Isso significa que a fim de esclarecer a natureza da persistente e cada

vez mais grave crise em todo o mundo hoje devemos focar a atenccedilatildeo na crise do

sistema do capital em sua inteireza pois a crise do capital que ora estamos

experimentando eacute uma crise estrutural que tudo abrange (MESZAacuteROS 2011 p3)

Com efeito a crise estrutural natildeo pode ser conceituada em termos das categorias de crise

perioacutedica ou conjuntural pois haacute uma diferenccedila crucial entre elas enquanto a crise perioacutedica

desdobra-se dentro da sua estrutura a outra abrange tudo e deve ser analisada na totalidade a

partir de uma avaliaccedilatildeo adequada da natureza da crise econocircmica e social de nossos dias

Por outro lado os defensores de um projeto fundamentado no neoliberalismo ndash

Fernando Henrique Cardoso Bresser Pereira e Fernando Collor de Melo ndash afirmam que desde

a deacutecada de 80 o Estado brasileiro estaacute em crise porque ao tentar se legitimar gastou mais do

que podia no atendimento agraves necessidades da populaccedilatildeo em poliacuteticas sociais e provocando

desse modo a crise fiscal Destaca-se que os serviccedilos puacuteblicos eram os principais causadores

da crise e por isso era necessaacuterio reconstruir as funccedilotildees e a organizaccedilatildeo do Estado

35

Dessa forma a globalizaccedilatildeo da economia foi uma das alternativas encontradas pelos

neoliberais para sair da crise destacando as privatizaccedilotildees e a reforma administrativa com a

desregulamentaccedilatildeo dos mercados e liberalizaccedilatildeo comercial e financeira Para Bresser Pereira

(1996) se aplicadas tais poliacuteticas reformistas a reforma neoliberal e a social democraacutetica o

paiacutes estaria apto para o crescimento econocircmico pois a

() diferenccedila entre uma proposta de reforma neoliberal e uma social democraacutetica estaacute

no fato de que o objetivo da primeira e retirar o Estado da economia enquanto que o

da segunda eacute aumentar a governanccedila do Estado eacute dar ao Estado meios financeiros e

administrativos para que ele possa intervir efetivamente sempre que o mercado natildeo

tiver condiccedilotildees de coordenar adequadamente a economia (BRESSER-PEREIRA

1996 p 1 - 2)

Partindo desse contexto neoliberal para superar a crise brasileira e assegurado por

Bresser Pereira em 1995 atendendo aos interesses do mercado o governo brasileiro implantou

o Ministeacuterio da Administraccedilatildeo e Reforma do Estado (MARE) com a finalidade de reformar o

Estado brasileiro Destaca-se que nesse mesmo ano ndash 1995 no primeiro ano de governo

Fernando Henrique Cardoso - eacute lanccedilado o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado

(PDRAE) que sugere uma reforma na administraccedilatildeo do Estado para a superaccedilatildeo da crise e

oferece uma seacuterie de accedilotildees e estrateacutegias que devem ser tomadas pelas instituiccedilotildees considerando-

as como inadiaacuteveis sendo elas

(1) o ajustamento fiscal duradouro (2) reformas econocircmicas orientadas para o

mercado que acompanhadas de uma poliacutetica industrial e tecnoloacutegica garantam a

concorrecircncia interna e criem as condiccedilotildees para o enfrentamento da competiccedilatildeo

internacional (3) a reforma da previdecircncia social (4) a inovaccedilatildeo dos instrumentos de

poliacutetica social proporcionando maior abrangecircncia e promovendo melhor qualidade

para os serviccedilos sociais e (5) a reforma do aparelho do Estado com vistas a aumentar

sua ldquogovernanccedilardquo ou seja sua capacidade de implementar de forma eficiente poliacuteticas

puacuteblicas (BRASIL 1995 p 11)

Como o resultado de um pacote de mudanccedilas no Estado o PDRAE propotildee alternativas

para combater a crise instalada no Estado Brasileiro sendo que essas propostas se movimentam

no sentido de reduzir o papel do Estado e os direitos conquistados na Constituiccedilatildeo Federal de

1988 como as poliacuteticas sociais e os direitos trabalhistas Nesse sentido as conquistas sociais

que estavam garantidas na Constituiccedilatildeo como o direito agrave educaccedilatildeo sauacutede transportes

puacuteblicos seguranccedila entre outros devem ser ldquocomprados e regidos pela feacuterrea loacutegica das leis

do mercado Na realidade o objetivo maior eacute a ideia de um lsquoEstado miacutenimorsquo que significa o

36

Estado suficiente e necessaacuterio unicamente para os interesses da reproduccedilatildeo do capitalrdquo

(FRIGOTTO 1995 p 83-84)

Cabe ressaltar que o projeto capitalista de reformar o Estado Brasileiro busca uma

relaccedilatildeo entre os setores puacuteblicos e privados utilizando de estrateacutegias de manipulaccedilatildeo para

superaccedilatildeo da crise O projeto capitalista eacute permeado de estrateacutegias de acordo com Peroni

(2006) o qual cita quatro delas a Reestruturaccedilatildeo Produtiva a Globalizaccedilatildeo o Neoliberalismo

e a Terceira Via que tentam viabilizar e condicionar o aumento do lucro atraveacutes da aproximaccedilatildeo

do mercado com o Estado

A primeira delas a lsquoreestruturaccedilatildeo produtivarsquo pressupotildee a intensificaccedilatildeo das

transformaccedilotildees no processo produtivo e essa foi uma das respostas agrave crise do capital e agrave crise

da acumulaccedilatildeo que teve iniacutecio em 1973 que com base no avanccedilo tecnoloacutegico e no toyotismo22

se apoiou

na flexibilidade dos processos dos mercados de trabalho dos produtos e padrotildees de

consumo Caracteriza-se pelo surgimento de setores de produccedilatildeo inteiramente novos

novas maneiras de fornecimento de serviccedilos financeiros novos mercados e

sobretudo taxas altamente intensificadas de inovaccedilatildeo comercial tecnoloacutegica e

organizacional (HARVEY 2003 p 140)

Com a produccedilatildeo fabril flexibilizada e informatizada ndash tiacutepico da acumulaccedilatildeo do capital

ndash houve uma queda no operariado manual e estaacutevel isso resultou na expansatildeo da precarizaccedilatildeo

do trabalho (contrataccedilatildeo temporaacuteria trabalho em tempo parcial) Nessa compreensatildeo o capital

pode ateacute precarizar e subutilizar a matildeo de obra mas o desenvolvimento tecnoloacutegico natildeo pode

substituir a capacidade intelectual do homem poreacutem consegue reproduzir na sociedade a ideia

dos valores empresariais e mercadoloacutegicos Com a reestruturaccedilatildeo produtiva a classe

trabalhadora fragmentou-se heterogeneizou-se e complexificou-se mas ainda assim natildeo corre

o risco de desaparecer (ANTUNES 2003)

Uma outra estrateacutegia utilizada para superar a crise do capitalismo eacute a lsquoglobalizaccedilatildeorsquo No

final do seacutec XX os desdobramentos do capitalismo em sua forma de acumular riquezas e assim

superar a crise desafiam a praacutetica e o pensamento social Segundo Chesnais (1996) o uso do

termo globalizaccedilatildeo eacute insuficiente para a compreensatildeo do processo de internacionalizaccedilatildeo do

22 O Toyotismo segundo Antunes (2005) eacute uma forma de organizaccedilatildeo do trabalho na faacutebrica da Toyota no Japatildeo

nos anos apoacutes 1945 que apresentava as seguintes caracteriacutesticas produccedilatildeo vinculada a demanda processo de

produccedilatildeo flexiacutevel possibilitando a um mesmo operaacuterio operar vaacuterias maacutequinas e desenvolver vaacuterias funccedilotildees A

produccedilatildeo em geral eacute horizontalizada ou seja grande parte da produccedilatildeo eacute terceirizada e subcontratada para deixar

as empresas mais ldquoenxutasrdquo ou mais ldquolevesrdquo

37

capital atual ela denominou entatildeo de mundializaccedilatildeo do capital23 por se tratar de um regime de

acumulaccedilatildeo predominantemente financeira configurando um espaccedilo conectado mundialmente

Essas conexotildees que tecircm como cenaacuterio o mundo em tempo real e que movimenta o capital

financeiro satildeo possiacuteveis a partir dos

Sistemas de comunicaccedilatildeo por sateacutelite e por cabo aliados agraves novas tecnologias de

informaccedilatildeo e agrave microeletrocircnica possibilitam a conexatildeo em tempo real dos mercados

das financcedilas e da produccedilatildeo As transformaccedilotildees que estatildeo ocorrendo no interior do

capitalismo inauguram de forma intensa ou mediatizada uma nova forma de estar no

mundo (CHESNAIS 1996 p 34)

Nesse contexto a globalizaccedilatildeo ocorre a partir da configuraccedilatildeo geopoliacutetica dos mercados

internacionais que fazem conexotildees com outros mercados operados por investidores

financeiros24 que avaliam e decidem sobre ldquoa participaccedilatildeo de tal paiacutes na rede em graus que

diferem de um compartimento a outro (cacircmbio obrigaccedilotildees accedilotildees etc)rdquo (CHESNAIS 1996 p

45) demarcando dessa maneira o paiacutes que quebra e o que estabiliza

Na verdade como afirma Frigotto (2001 p 36) trata-se de uma ldquoformaccedilatildeo de

oligopoacutelios e megacorporaccedilotildees mediante a fusatildeo ou alianccedilas entre grandes empresasrdquo Esse

processo inclui principalmente o grupo de paiacuteses mais ricos (Estados Unidos Canadaacute Japatildeo

Alemanha Franccedila Reino Unido e Itaacutelia) Esses paiacuteses se reuacutenem periodicamente para

resguardar os seus interesses e alertar que a livre concorrecircncia existe somente ateacute certo ponto

De toda forma considera o autor que o principal entre os problemas da globalizaccedilatildeo eacute uma

eventual desigualdade social por ela proporcionada em que o poder e a renda encontram-se em

maior parte concentrados nas matildeos de uma minoria burguesa o que atrela a questatildeo agraves

contradiccedilotildees do projeto capitalista

Uma outra estrateacutegia usada para superaccedilatildeo da crise do capital eacute o lsquoNeoliberalismorsquo tida

como uma ideologia impulsionada pelas teorias econocircmicas capitalistas que defende a natildeo

participaccedilatildeo do Estado na economia pois segundo essa ideologia o Estado eacute o principal

responsaacutevel por anomalias no funcionamento do mercado livre onde deve haver total liberdade

para garantir o crescimento econocircmico e o desenvolvimento social de um paiacutes Por outro lado

Peroni (2006) afirma que o neoliberalismo atua na privatizaccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos pelo

23 A lsquomundializaccedilatildeo do capitalrsquo eacute ldquoa capacidade estrateacutegica de todo grande grupo oligopolista voltado para a

produccedilatildeo manufatureira ou para as principais atividades de serviccedilos de adotar por conta proacutepria um enfoque e

condutas lsquoglobaisrsquordquo () incluindo-se a esfera financeira (CHESNAIS 1996 p 17) 24Os investidores institucionais segundo Chesnais (2005) satildeo organismos tais como fundos de pensatildeo fundos

coletivos de aplicaccedilatildeo sociedades de seguro bancos que administram sociedades de investimento que teriam feito

da descentralizaccedilatildeo dos lucros natildeo reinvestidos das empresas e das famiacutelias (planos de previdecircncia privados

poupanccedila salarial) um trampolim para a aquisiccedilatildeo de acumulaccedilatildeo financeira de grande proporccedilatildeo

38

repasse da sua execuccedilatildeo ao mercado busca a racionalizaccedilatildeo dos recursos e a diminuiccedilatildeo dos

gastos do Estado com as poliacuteticas sociais e educacionais restringindo assim a atuaccedilatildeo das

instituiccedilotildees puacuteblicas o que tem gerado contradiccedilotildees quanto ao papel social do Estado impliacutecito

na Constituiccedilatildeo Federal Brasileira de 1988

A lsquoTerceira viarsquo eacute outra estrateacutegia utilizada pela teoria neoliberal para vencer a crise

Segundo os teoacutericos defensores do neoliberalismo a proposta da Terceira Via pressupotildee um

Estado democraacutetico que tem como principais caracteriacutesticas a ldquodescentralizaccedilatildeo dupla

democratizaccedilatildeo renovaccedilatildeo da esfera puacuteblica-transparecircncia eficiecircncia administrativa

mecanismos de democracia direta e governo como administrador de riscosrdquo (GIDDENS 2001

p 87) Por outro lado Peroni e Caetano (2012) criticam as estrateacutegias da teoria neoliberal que

buscam a racionalizaccedilatildeo dos recursos e o esvaziamento do poder das instituiccedilotildees transferindo

a execuccedilatildeo das poliacuteticas sociais para o terceiro setor ldquoque eacute caracterizado como o puacuteblico natildeo-

estatalrdquo (PERONI CAETANO 2012 p 4) ou seja para a sociedade civil utilizando-se do

discurso da democratizaccedilatildeo e da participaccedilatildeo sem romper com o neoliberalismo

Caracterizada como uma ldquoarena de interesses contraditoacuterios e conflituososrdquo (VIEIRA

2007 p59) a gestatildeo puacuteblica se materializa na praacutetica das poliacuteticas traccediladas pelo poder puacuteblico

qualificando-se como uma ldquotarefa complexa e cheia de meandrosrdquo (VIEIRA 2007 p59)

Vieira (2007) e Paro (2005) compartilham da mesma ideia de que os valores estatildeo impliacutecitos

nas intencionalidades poliacuteticas nas condiccedilotildees dadas para a implementaccedilatildeo onde estaacute a base

material da gestatildeo puacuteblica com recursos materiais e financeiros e ainda de condiccedilotildees poliacuteticas

favoraacuteveis para concretizaccedilatildeo

Acerca desse debate sobre a gestatildeo puacuteblica uma tendecircncia internacional de reformas na

administraccedilatildeo puacuteblica na gestatildeo das poliacuteticas sociais e educacionais vem se formando nos

paiacuteses da Ameacuterica Latina a partir dos anos de 1990 inclusive no Brasil reflexo da crise

mundial que atingiu os paiacuteses centrais na deacutecada de 1980 A introduccedilatildeo de princiacutepios da

administraccedilatildeo empresarial no setor puacuteblico foi uma das mudanccedilas no padratildeo de organizaccedilatildeo e

gestatildeo que Lima (1997) denominou de paradigma da educaccedilatildeo contaacutebil (LIMA 1997 p 43

grifos do autor) Esse paradigma no Brasil se constitui por meio da Terceira Via nas parcerias

puacuteblico-privadas nos ldquonovos contratos de gestatildeordquo na compra de materiais didaacutetico-

pedagoacutegicos do setor privado nas avaliaccedilotildees com foco nos resultados no controle da eficiecircncia

e qualidade das instituiccedilotildees educativas

Essas medidas derivam de dois fatores principais das restriccedilotildees orccedilamentaacuterias dos

Estados em razatildeo do aprofundamento da crise financeira e econocircmica que se espalhara por todo

o mundo globalizado atingindo seu aacutepice em 2008 e da implantaccedilatildeo de princiacutepios do

39

ldquomovimento denominado New Public Management (NPM)rdquo (MARINI 2003 p 47) nas accedilotildees

dos governos

O modelo de gestatildeo gerencial ou ainda o termo Nova Gerecircncia Puacuteblica (New Public

Management mdash NPM) eacute frequentemente utilizado em muitos dos paiacuteses-membros25 da

Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econocircmico - OCDE O termo parece

descrever certo tipo de reforma administrativa que sob orientaccedilotildees da OCDE tem contribuiacutedo

para a elaboraccedilatildeo de uma visatildeo mais econocircmica e gerencial da administraccedilatildeo governamental

vinculada aos interesses do mercado capitalista e apoiada pela poliacutetica neoliberal de modo que

natildeo possibilita a participaccedilatildeo de todos Nesses termos o gerencialismo26 seria portanto

O modelo de aplicaccedilatildeo dos princiacutepios gerenciais do setor empresarial privado ao setor

puacuteblico Em termos praacuteticos essa concepccedilatildeo restrita da NPM implica numa ecircnfase da

gerecircncia de contratos na introduccedilatildeo de mecanismos de mercado no setor puacuteblico e na

vinculaccedilatildeo estabelecida entre o pagamento e o desempenho (ORMOND 1999 p73)

Nesse sentido o modelo de gestatildeo gerencial ou gerencialismo importado das empresas

privadas eacute reproduzido para o serviccedilo puacuteblico mesmo quando essa tendecircncia internacional da

administraccedilatildeo natildeo se materializa da mesma forma em todos os paiacuteses que a implantaram Em

alguns paiacuteses esse modelo deu certo e prosperou jaacute em outros encontrou reaccedilatildeo sendo ldquodebatido

ou introduzido gradualmente ou de forma mitigada mas em todo o caso conquistou adeptos

concentrou atenccedilotildees e motivou ataques e resistecircncias como nenhum outrordquo (LIMA 1997 p

47)

A reforma na administraccedilatildeo puacuteblica na perspectiva do gerencialismo de acordo com

Abruacutecio (2010) tem a descentralizaccedilatildeo como um mecanismo adotado internamente pelas

empresas privadas com o objetivo de garantir a eficiecircncia e eficaacutecia no controle da gestatildeo de

resultados no planejamento estrateacutegico no controle por meio de avaliaccedilotildees de desempenho

nacionais estaduais e municipais no controle das accedilotildees individuais (responsabilizaccedilatildeo) e na

emissatildeo de relatoacuterios administrativos

Natildeo diferentemente de outros paiacuteses da Ameacuterica Latina no Brasil Bresser Pereira

(2007) afirma que esse novo modelo vem se estruturando no paiacutes e que envolve organizaccedilotildees

estatais puacuteblicas natildeo estatais corporativas e privadas Essas organizaccedilotildees se relacionam em

25 Paiacuteses membros da OCDE ndash Aacuteustria Beacutelgica Dinamarca Franccedila Greacutecia Islacircndia Irlanda Itaacutelia Luxemburgo

Noruega Paiacuteses Baixos Portugal Reino Unido Sueacutecia Suiacuteccedila Turquia Alemanha Espanha Canadaacute USA Japatildeo

Finlacircndia Austraacutelia Nova Zelacircndia Repuacuteblica Checa Meacutexico Hungria Polocircnia Coreia do Sul Eslovaacutequia

Chile Eslovecircnia e Israel

40

redes e essas relaccedilotildees satildeo identificadas como parcerias entre instituiccedilotildees puacuteblico-privadas-

terceiro setor O autor traz referecircncias em defesa desse modelo que segundo ele para o

desenvolvimento do paiacutes eacute necessaacuterio um consenso entre diferentes setores da sociedade O

autor demonstra que ldquoum consenso pleno eacute impossiacutevel mas um consenso que una empresaacuterios

do setor produtivo trabalhadores teacutecnicos do governo e classes meacutedias profissionais - um

acordo nacional portanto ndash estaacute hoje em processo de formaccedilatildeordquo (BRESSER-PEREIRA 2007

p 163)

Assim novas relaccedilotildees entre o Estado o mercado e a sociedade civil se formam no paiacutes

Eacute como uma revoluccedilatildeo passiva que busca rearticular natildeo soacute a produccedilatildeo como tambeacutem regular

as novas relaccedilotildees humanas e sociais pois o controle do capital natildeo incide somente na extraccedilatildeo

da mais-valia mas ainda nessas articulaccedilotildees promovidas em torno de um consenso entre as

classes que organizam essas negociaccedilotildees e acordos no paiacutes

Desde o governo Fernando Henrique Cardoso jaacute vinha se formando um movimento de

ldquoparceriasrdquo que foi prosseguido no governo do Presidente Lula por meio do consenso com o

objetivo de acomodar e harmonizar a governanccedila puacuteblica Nesse sentido o consenso27 entre o

Estado e setores da sociedade civil vem seguindo no sentido de modificar as relaccedilotildees de poder

em um ldquonovo contratordquo em que o setor privado e o terceiro setor passaram a responsabilizar-se

pelos serviccedilos sociais que antes eram de responsabilidade do Estado Esses ldquonovos contratosrdquo

tem como foco princiacutepios gerenciais de mercado baseados na eficiecircncia na eficaacutecia na

flexibilidade dos contratos para atingir os resultados

No proacuteximo toacutepico vamos tratar dessas ldquonovas relaccedilotildeesrdquo que estatildeo ancoradas na

redefiniccedilatildeo do papel do Estado por meio do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado

Brasileiro de 1995 e na participaccedilatildeo das estruturas de poder com significativas implicaccedilotildees no

acircmbito das poliacuteticas educacionais e da gestatildeo da educaccedilatildeo

27 O consenso (ativo ou passivo) numa sociedade capitalista eacute organizado pela burguesia e por liderar esse bloco

deteacutem a hegemonia porque consegue ir aleacutem dos seus interesses econocircmicos imediatos para manter articuladas

forccedilas heterogecircneas numa accedilatildeo essencialmente poliacutetica que impeccedila o rompimento dos contrastes existentes entre

elas (GRAMSCI 2000) O Estado dizia Gramsci eacute sempre uma combinaccedilatildeo dialeacutetica de hegemonia e coerccedilatildeo

assim o exerciacutecio normal da hegemonia no terreno tornado claacutessico do regime parlamentar caracteriza-se pela

combinaccedilatildeo da forccedila e do consenso que se equilibram de modo variado sem que a forccedila suplante muito o consenso

mas ao contraacuterio tentando fazer com que a forccedila pareccedila apoiada no consenso da maioria expresso pelos chamados

oacutergatildeos da opiniatildeo puacuteblica (GRAMSCI 2000 p 95)

41

12 A REFORMA DO ESTADO BRASILEIRO E SUAS IMPLICACcedilOtildeES PARA A GESTAtildeO

DA EDUCACcedilAtildeO

Esse toacutepico trata da Reforma do Estado brasileiro e os seus reflexos na educaccedilatildeo

brasileira a partir de dois modelos de gestatildeo o gerencial e o democraacutetico

A ideia de reformar o Estado no Brasil teve iniacutecio nos anos 90 como reflexo da crise

instalada no paiacutes De um lado Bresser Pereira no Plano de Reforma do Aparelho do Estado

brasileiro argumenta que era necessaacuteria e urgente uma reforma de Estado para superar a

ineficiecircncia o burocratismo e o mau serviccedilo prestado agrave populaccedilatildeo principalmente na aacuterea

social A partir de entatildeo dentro de uma visatildeo neoliberal eacute criado durante o governo do

Presidente Fernando Henrique Cardoso pelo entatildeo Ministro Luiz Carlos Bresser Pereira em

1995 o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado Brasileiro (PDRAE) sob a

justificativa de que o Estado deveria assumir um papel menos executor ou prestador direto de

serviccedilos pois a administraccedilatildeo deveria se realizar por meio de ldquocontratos de gestatildeordquo que

definisse com clareza os objetivos ou indicadores de desempenho das instituiccedilotildees puacuteblicas e

permitisse o controle por resultados Desse modo caberia ao Estado ser o oacutergatildeo coordenador

financiador e regulador dos serviccedilos Por outro lado defensores do Estado democraacutetico

contestam que essas medidas afrontam veementemente os direitos sociais jaacute conquistados e

garantidos sob muita luta dos trabalhadores na Constituiccedilatildeo Federal de 1988

Propagando a imagem de que as atividades do setor puacuteblico-estatal natildeo atendem as

necessidades sociais baacutesicas da populaccedilatildeo pois o Estado estaacute ineficiente improdutivo e

antieconocircmico eacute articulado uma Reforma no Estado para que atenda a um novo modelo de

gestatildeo que tem o setor privado como paracircmetro de eficiecircncia efetividade e produtividade

podendo responder agraves demandas sociais de forma menos burocraacutetica e com maior rapidez As

poliacuteticas neoliberais se posicionam contrariamente agraves poliacuteticas distributivas de bem-estar social

e afirmam que o Estado que prioriza essas questotildees sociais eacute visto como um Estado de mal-

estar social Nesse sentido essas poliacuteticas neoliberais trabalham para racionalizar os custos

financeiros do Estado com gastos em sauacutede educaccedilatildeo habitaccedilatildeo transporte puacuteblico pensotildees

e aposentadorias reduzindo ainda as importaccedilotildees e incentivando a exportaccedilatildeo

Segundo Neves (2005) essa teoria de cunho neoliberal se sustentava na tese do ldquoEstado

miacutenimordquo que de produtor direto de bens e serviccedilos o Estado passou a coordenador de

iniciativas privadas ldquointrojetando nas instituiccedilotildees puacuteblicas estatais noccedilotildees de eficiecircncia

produtividade e racionalidade inerentes agrave loacutegica do capital (NEVES 2005 p 92) O caminho

42

que estaacute sendo proposto no PDRAE eacute justamente impor a privatizaccedilatildeo como a principal poliacutetica

de Estado seguindo as orientaccedilotildees internacionais do Banco Mundial e do Fundo Monetaacuterio

Internacional

Essa discussatildeo do Estado de bem-estar social eacute apresentada por Fiori (1997) e

demonstra uma complexa rede de determinaccedilotildees econocircmicas ideoloacutegicas e poliacuteticas que define

e diferencia o Estado de bem-estar social de outras eacutepocas e de outras experiecircncias nacionais

Para o autor a realidade de paiacuteses como os Estados Unidos a Europa o Japatildeo e o Brasil satildeo

diferentes e em razatildeo disso o que se apresenta como o Estado de bem-estar social em um paiacutes

natildeo pode ser padronizado da mesma forma em outro pois deve-se levar em conta algumas

questotildees centrais como ldquoformas de financiamento pela extensatildeo de serviccedilos pelo peso do

setor puacuteblico pelo seu grau de sensibilidade aos sistemas puacuteblicos pela sua forma de

organizaccedilatildeo institucional etcrdquo (FIORI 1997 p 135)

No texto do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado (PDRAE) a proposta de

Reforma do Estado eacute apresentada sob uma nova configuraccedilatildeo na estrutura do Estado que se

divide em trecircs diferentes setores o nuacutecleo estrateacutegico as atividades exclusivas e os serviccedilos

natildeo exclusivos Cada um deles corresponde a um modelo de gestatildeo com diferentes abrangecircncias

e consequecircncias para a democratizaccedilatildeo dos direitos a saber

O Nuacutecleo estrateacutegico - Corresponde ao governo em sentido lato Eacute o setor que define

as leis e as poliacuteticas puacuteblicas e cobra o seu cumprimento Eacute portanto o setor onde as

decisotildees estrateacutegicas satildeo tomadas Corresponde aos Poderes Legislativo e Judiciaacuterio

ao Ministeacuterio Puacuteblico e no poder executivo ao Presidente da Repuacuteblica aos ministros

e aos seus auxiliares e assessores diretos responsaacuteveis pelo planejamento e

formulaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas

Atividades exclusivas - Eacute o setor em que satildeo prestados serviccedilos que soacute o Estado pode

realizar Satildeo serviccedilos em que se exerce o poder extroverso do Estado - o poder de

regulamentar fiscalizar fomentar Como exemplos temos a cobranccedila e fiscalizaccedilatildeo

dos impostos a poliacutecia a previdecircncia social baacutesica o serviccedilo de desemprego a

fiscalizaccedilatildeo do cumprimento de normas sanitaacuterias o serviccedilo de tracircnsito a compra de

serviccedilos de sauacutede pelo Estado o controle do meio ambiente o subsiacutedio agrave educaccedilatildeo

baacutesica o serviccedilo de emissatildeo de passaportes etc

Os Serviccedilos Natildeo Exclusivos - Corresponde ao setor onde o Estado atua

simultaneamente com outras organizaccedilotildees puacuteblicas natildeo-estatais e privadas As

instituiccedilotildees desse setor natildeo possuem o poder de Estado Este entretanto estaacute presente

porque os serviccedilos envolvem direitos humanos fundamentais como os da educaccedilatildeo

e da sauacutede ou porque possuem ldquoeconomias externasrdquo relevantes na medida que

produzem ganhos que natildeo podem ser apropriados por esses serviccedilos atraveacutes do

mercado As economias produzidas imediatamente se espalham para o resto da

sociedade natildeo podendo ser transformadas em lucros Satildeo exemplos deste setor as

universidades os hospitais os centros de pesquisa e os museus (BRASIL MARE

1995 p41) [grifos nossos]

43

No PDRAE o nuacutecleo estrateacutegico corresponde a alta cuacutepula dos trecircs poderes (executivo

legislativo e judiciaacuterio) e seus assessores diretos no paiacutes que satildeo os responsaacuteveis pelo

planejamento das poliacuteticas puacuteblicas a serem implantadas no paiacutes Nos serviccedilos exclusivos estaacute

o poder do Estado como regulamentador fiscalizador e fomentador das poliacuteticas puacuteblicas Os

serviccedilos natildeo-exclusivos onde estatildeo algumas poliacuteticas sociais que antes estavam sobre a atuaccedilatildeo

do Estado passam a ter os serviccedilos oferecidos tambeacutem pelas instituiccedilotildees puacuteblicas natildeo-estatais

e privadas

Ora veja-se que nesses serviccedilos natildeo-exclusivos do Estado estatildeo presentes alguns

direitos humanos fundamentais legalmente constituiacutedos de acordo com a Constituiccedilatildeo Federal

de 1988 como a educaccedilatildeo e a sauacutede Entretanto o PDRAE ao retirar do Estado a

obrigatoriedade na oferta desses serviccedilos essenciais conquistados pela populaccedilatildeo e transferi-lo

para as instituiccedilotildees puacuteblicas natildeo-estatais privadas e terceiro setor estatildeo portanto abrindo

espaccedilos para o setor privado agir Assim com todas as formas de ldquoeficiecircnciardquo e ldquoeficaacuteciardquo que

o setor privado gerencia os seus empreendimentos particulares reproduz-se esse mesmo

modelo principalmente em setores essenciais como a sauacutede e a educaccedilatildeo trazendo para o

serviccedilo puacuteblico uma nova loacutegica de produtividade e competitividade caracteriacutesticas do

neoliberalismo Em defesa dessa flexibilidade da vertente neoliberal Cardoso (2003 p15)

afirma que ldquo() a produccedilatildeo de bens e serviccedilos pode e deve ser transferida agrave sociedade agrave

iniciativa privada com grande eficiecircncia e com menor custo para o consumidorrdquo

O PDRAE sugere a ldquodescentralizaccedilatildeo de serviccedilosrdquo como elemento estimulador da

democratizaccedilatildeo da accedilatildeo estatal no entanto nem sempre funciona pois ela se apresenta muitas

vezes apenas como uma forma mais eficiente de controle dos gastos puacuteblicos Assim sob o

argumento da participaccedilatildeo coletiva toda a sociedade eacute convocada a contribuir com os serviccedilos

que antes eram de responsabilidade do Estado por meio do discurso da ldquoresponsabilidade

socialrdquo e da colaboraccedilatildeo ldquovoluntaacuteriardquo em razatildeo da qual todos passam a ser responsabilizados

pela oferta dos serviccedilos principalmente passando a ideia de eficiecircncia atraveacutes das parcerias

puacuteblico-privadas Esse modelo de Reforma do Estado baseado nos preceitos da mundializaccedilatildeo

do capital nos pressupostos neoliberais influenciaram as reformas tambeacutem no acircmbito

educacional e tem recebido duras criacuteticas de vaacuterios estudiosos da educaccedilatildeo no paiacutes como Neves

(2005) Peroni (2006) Gutierres (2010) Neto e Castro (2011)

Para os autores a redefiniccedilatildeo do papel do Estado tem traccedilado um novo rumo para a

educaccedilatildeo brasileira retirando inclusive direitos legalmente constituiacutedos Em se tratando das

poliacuteticas educacionais esse novo regulamento se propotildee a minimizar e controlar os custos com

44

a educaccedilatildeo e atender ao maior nuacutemero de pessoas com serviccedilos educacionais prestados por

terceiros e natildeo mais como um direito social assegurado pelo Estado

Ao final do entatildeo governo Fernando Henrique Cardoso em 2002 foi eleito para

Presidecircncia da Repuacuteblica Luiz Inaacutecio Lula da Silva dentro de uma coalizatildeo de partidos de

centro-esquerda que abrangeu aleacutem do Partido dos Trabalhadores (PT) o Partido Comunista

do Brasil (PCdoB) o Partido Liberal (PL) o Partido da Mobilizaccedilatildeo Nacional (PMN) e o

Partido Comunista Brasileiro (PCB) Ao final de quatro anos em novo pleito eleitoral Lula da

Silva eacute reeleito em nova coalizatildeo partidaacuteria formada pelo Partido dos Trabalhadores (PT) pelo

Partido Comunista do Brasil (PCdoB) pelo Partido Liberal (PL) e pelo Partido Republicano

Brasileiro (PRB) para uma nova fase de governo que se estendeu ateacute 2010

Com Lula da Silva agrave frente da Presidecircncia da Repuacuteblica (2003-2010) trecircs Ministros de

Estado da Educaccedilatildeo estiveram agrave frente do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo quais sejam Cristovatildeo

Buarque em 2003 Tarso Genro 2004 e 2005 e Fernando Haddad de 2005 a 2010 Na

oportunidade estabeleceram ldquonovasrdquo poliacuteticas puacuteblicas para a educaccedilatildeo durante os oito anos de

governo Lula De acordo com FREITAS e SILVA (2015)

as poliacuteticas educacionais levadas a efeito pelo governo federal ao longo do primeiro

mandato de Lula da Silva agrave frente da Presidecircncia da Repuacuteblica de 2003 a 2007 o que

se apresenta eacute que vaacuterios pressupostos e propostas acabam por reforccedilar seu caraacuteter de

continuidade e reafirmaccedilatildeo da loacutegica do capital e da perspectiva que orientava tais

poliacuteticas desde a uacuteltima deacutecada do seacuteculo XX e primeiros anos do seacuteculo XXI

(FREITAS e SILVA 2015)

Dessa forma o que se observa eacute que o governo Lula da Silva deu continuidade as

poliacuteticas de mercado neoliberal consolidada no processo de globalizaccedilatildeo pelo ainda presidente

Fernando Henrique Cardoso mas que jaacute era tambeacutem reflexos do capital internacional desde os

governos Collor de Mello e Itamar Franco

O iniacutecio do segundo mandato do governo Lula (2007-2010) trouxe um marco

importante apresentado como um novo orientador e como uma nova perspectiva na conduccedilatildeo

das poliacuteticas educacionais com o anuacutencio do Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo e no seu

contexto do Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo

dos Profissionais da Educaccedilatildeo (FUNDEB) instituiacutedo pela Medida Provisoacuteria nordm 3392006 que

posteriormente fora convertida na Lei nordm 114942007

Embora o governo de Lula da Silva e o de sua sucessora Dilma Rousseff tenha

apresentado para o paiacutes uma proposta de crescimento econocircmico e de transferecircncia de renda o

programa de frente poliacutetica denominado por Boito Juacutenior (2012) de ldquoneodesenvolvimentistardquo

45

o qual comeccedilou a se formar no decorrer da deacutecada de 1990 e apresentou contradiccedilotildees frente a

algumas reformas apresenta semelhanccedilas em seus traccedilos mais gerais com as propostas lanccediladas

pelo governo de Fernando Henrique Cardoso no periacuteodo desenvolvimentista e populista28

Boito (2012 p 5) denomina o ldquoneodesenvolvimentismordquo de ldquoo desenvolvimentismo da eacutepoca

do capitalismo neoliberalrdquo e jaacute adverte que o tema eacute complexo Afirma que os governos Lula

da Silva e Dilma Rousseff lanccedilaram matildeo de alguns elementos importantes que ficaram de fora

da proposta do governo de Fernando Henrique Cardoso Senatildeo veja-se

a) poliacuteticas de recuperaccedilatildeo do salaacuterio miacutenimo e de transferecircncia de renda que

aumentaram o poder aquisitivo das camadas mais pobres isto eacute daqueles que

apresentam maior propensatildeo ao consumo b) forte elevaccedilatildeo da dotaccedilatildeo orccedilamentaacuteria

do Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico (BNDES) para financiamento

das grandes empresas nacionais a uma taxa de juro favorecida ou subsidiada c)

poliacutetica externa de apoio agraves grandes empresas brasileiras ou instaladas no Brasil para

exportaccedilatildeo de mercadorias e de capitais (DALLA COSTA 2012) d) poliacutetica

econocircmica anticiacuteclica ndash medidas para manter a demanda agregada nos momentos de

crise econocircmica e e) incremento do investimento estatal em infraestrutura (BOITO

2012 p5)

Esses elementos econocircmicos na poliacutetica buscavam o crescimento econocircmico do

capitalismo brasileiro com alguma transferecircncia de renda embora o faccedila sem romper com os

limites dados pelo modelo econocircmico neoliberal vigente no paiacutes O neodesenvolvimentismo

seria nessa loacutegica dos governos Lula da Silva e Dilma Rousseff a poliacutetica de desenvolvimento

possiacutevel dentro dos limites dados pelo modelo capitalista neoliberal

Nessa loacutegica Neto e Castro (2011) afirmam que o PDRAE insere-se na loacutegica desse

processo de adaptaccedilatildeo agraves novas exigecircncias do capital ao mesmo tempo em que o Estado deixa

de ser o responsaacutevel direto pelo desenvolvimento econocircmico e social cedendo para o mercado

essa tarefa para se fortalecer na funccedilatildeo de promotor e regulador desse desenvolvimento Nesta

direccedilatildeo a reforma educacional em consonacircncia com as orientaccedilotildees mercadoloacutegicas tem

priorizado os seguintes eixos

a) focalizaccedilatildeo de programas ndash procura-se substituir o acesso universal aos direitos

sociais e bens puacuteblicos por acesso seletivo b) descentralizaccedilatildeo ndash possibilita a

utilizaccedilatildeo de estrateacutegias para propiciar a democratizaccedilatildeo do Estado e a busca de maior

justiccedila social c) privatizaccedilatildeo ndash entendida no seu sentido mais amplo como a

transferecircncia das responsabilidades puacuteblicas para organizaccedilotildees ou entidades privada

d) desregulamentaccedilatildeo ndash que tem por objetivo criar um novo quadro legal com vistas

a diminuir a interferecircncia dos poderes puacuteblicos sobre os empreendimentos

educacionais privados (NETO e CASTRO 2011 p 2)

28 Consultar o texto na iacutentegra As bases poliacuteticas do neodesenvolvimentismo (BOITO 2012)

46

Essas diretrizes vecircm influenciando a poliacutetica educacional que tem interferido

diretamente na organizaccedilatildeo e na gestatildeo do sistema educacional na formulaccedilatildeo e na conduccedilatildeo

das poliacuteticas determinando novos papeacuteis e funccedilotildees para os profissionais da educaccedilatildeo em todos

os niacuteveis de atuaccedilatildeo

Nesse contexto podemos afirmar que essas reformas neoliberais de ldquoajustesrdquo estrutural

presentes no Plano Diretor de Reforma do Aparelho do Estado Brasileiro trazem o modelo de

gestatildeo com base no gerencialismo que com o apoio dos organismos internacionais

influenciados pelo Banco Mundial (BM) e pelo Fundo Monetaacuterio Internacional (FMI)

apresentaram elementos conceituais para uma visatildeo mais econocircmica e gerencial da

administraccedilatildeo puacuteblica com ecircnfase na gerecircncia de contratos com instituiccedilotildees privadas na

introduccedilatildeo de mecanismos de mercado no setor puacuteblico e a vinculaccedilatildeo da remuneraccedilatildeo com o

desempenho

121 As Poliacuteticas Educacionais no Brasil e a Gestatildeo da Educaccedilatildeo

Primeiramente faz-se necessaacuterio esclarecer que natildeo existem poliacuteticas puacuteblicas sem

poliacutetica As poliacuteticas puacuteblicas se referem pois as iniciativas governamentais as diretrizes os

programas os planos e as accedilotildees que estatildeo vinculadas aos interesses de uma determinada

sociedade Uma poliacutetica educacional eacute um caso particular de poliacutetica social uma vez que trata

das questotildees educacionais e busca dar condiccedilotildees para que as iniciativas governamentais sejam

aplicadas Para tanto o planejamento e a gestatildeo dessa poliacutetica educacional precisa ser bem

formulado Segundo Camini (2009)

a poliacutetica e as poliacuteticas implementadas percorrem um trajeto na sua construccedilatildeo que

natildeo eacute linear por que eacute feito de movimentaccedilatildeo com oscilaccedilotildees avanccedilos e recuos

estando sujeitas a mudanccedilas acreacutescimos e supressotildees sofrendo portanto influecircncias

em todas as suas fases dependendo dos contextos e sujeitos envolvidos no processo

de formulaccedilatildeo e execuccedilatildeo (CAMINI 2009 p 22)

A elaboraccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas educacionais reflete um campo de disputa de vaacuterios

interesses muitas vezes antagocircnicos entre os sujeitos que se mobilizam para materializar as

poliacuteticas que possam beneficiar os seus interesses individuais plurais ou de um grupo Embora

essa materialidade esteja nos registros escritos ndash oficiais ou natildeo ndash organizados por sujeitos que

47

ali participaram do planejamento da poliacutetica isso natildeo quer dizer que elas sejam implementadas

Rua (1997) afirma que

A rigor uma decisatildeo em poliacutetica puacuteblica representa apenas um amontoado de

intenccedilotildees sobre a soluccedilatildeo de um problema expressas na forma de determinaccedilotildees

legais decretos resoluccedilotildees etc etc Nada disso garante que a decisatildeo se transforme

em accedilatildeo e que a demanda que deu origem ao processo seja efetivamente atendida Ou

seja natildeo existe um viacutenculo ou relaccedilatildeo direta entre o fato de uma decisatildeo ter sido

tomada e a sua implementaccedilatildeo E tambeacutem natildeo existe relaccedilatildeo ou viacutenculo direto entre

o conteuacutedo da decisatildeo e o resultado da implementaccedilatildeo (RUA 1997 p11)

As poliacuteticas nacionais nesse caso destaca-se o objeto deste estudo o Plano de Metas

Compromisso Todos Pela EducaccedilatildeoPlano de Accedilotildees Articuladas eacute um conjunto de intenccedilotildees de

uma poliacutetica governamental viabilizada por meio de decreto presidencial que natildeo explica a

origem da poliacutetica e nem o seu fim O Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica (IDEB)

eacute um indicador para verificaccedilatildeo do cumprimento das metas fixadas por esta poliacutetica por meio

do Termo de Adesatildeo ao Compromisso Todos Pela Educaccedilatildeo ndash eixo do Plano de

Desenvolvimento da Educaccedilatildeo ndash como um meio de justificar a implantaccedilatildeo da poliacutetica em todos

os estados e municiacutepios do paiacutes Para viabilizar a implantaccedilatildeo dessa poliacutetica eacute apresentado o

Plano de Accedilotildees Articuladas um instrumento destinado aos estados e municiacutepios para fazer o

planejamento da educaccedilatildeo de forma a atender a metas fixadas por esta poliacutetica Eacute certo que

uma poliacutetica dessa proporccedilatildeo traz consigo uma complexidade na implantaccedilatildeo Tratar-se-aacute deste

tema mais especificamente na 2ordf sessatildeo desse estudo

As intenccedilotildees dos governos e da sociedade civil se diferem e se revelam no processo

histoacuterico da democracia no Brasil A democracia tem se revelado com significados e conceitos

diferenciados em muitos espaccedilos e sob diferentes formas na educaccedilatildeo por exemplo

lsquomodismosrsquo tomam conta da educaccedilatildeo puacuteblica e afirmam serem democraacuteticos Monteiro (2007)

explica

A palavra democracia eacute polissecircmica podendo pois possuir vaacuterios significados

dependendo dos interesses particulares de quem a encampa moldando o discurso

democraacutetico a diferentes situaccedilotildees e pode ser utilizada ateacute para designar coisas

antagocircnicas Os poliacuteticos brasileiros por exemplo soacute consideram anti-democraacuteticos

os outros Mas uma coisa eacute comum falar em democracia envolve sempre algo de

positividade de liberdade (MONTEIRO 2007 p 55)

Nesse contexto moldam-se os discursos democraacuteticos dependendo dos interesses

particulares No Brasil nos paiacuteses da Europa e em outros paiacuteses latino-americanos os partidos

de esquerda e os partidos mais progressistas tecircm assumido a bandeira da democracia como valor

48

universal no caso do Brasil essa bandeira se fortaleceu devido ao longo periacuteodo de ditadura

militar no paiacutes que perdurou por vinte e um anos (1964-1985) Entretanto as criacuteticas a esse

modelo satildeo de ordem principalmente capitalista que propagam ldquoa ideologia do Estado neutro

a serviccedilo do bem comum o que se constitui numa falaacuteciardquo (MONTEIRO 2007 p 56)

A democracia deve ser vista em um panorama mais amplo e natildeo somente como um valor

universal representada atraveacutes das eleiccedilotildees diretas livres como se automaticamente essas

relaccedilotildees se transformassem Segundo Coutinho (2002 p17) ldquoo que tem valor universal eacute esse

processo de democratizaccedilatildeo que se expressa essencialmente numa crescente socializaccedilatildeo da

participaccedilatildeo poliacuteticardquo No Brasil os defensores do neoliberalismo afirmam que jaacute estamos

vivendo a democracia com a globalizaccedilatildeo o acesso a informaccedilatildeo a participaccedilatildeo no mercado

de trabalho etc por outro lado os defensores mais da esquerda oferecem resistecircncia de que a

democracia deve ser defendida como um valor universal e que ela precisa ser ampliada e

qualificada para evitar o reaparecimento de governos autoritaacuterios e a volta da ditadura Ou seja

para existir uma democratizaccedilatildeo plena eacute necessaacuteria uma combinaccedilatildeo de elementos essenciais

como ldquoa socializaccedilatildeo da participaccedilatildeo poliacutetica com a socializaccedilatildeo do poder o que significa que

a plena realizaccedilatildeo da democracia implica a superaccedilatildeo da ordem social capitalista da

apropriaccedilatildeo privada natildeo soacute dos meios de produccedilatildeo mas tambeacutem do poder de Estado []rdquo

(COUTINHO 2002 p 17) A conquista de uma democracia direta e participativa deve comeccedilar

na escola como um aprendizado sendo por isso importante a participaccedilatildeo e a abertura de

espaccedilos organizados de participaccedilatildeo no seu interior para que os sujeitos escolares que estatildeo

envolvidos nos processos possam debater e tomar suas decisotildees

Em se tratando da educaccedilatildeo puacuteblica nos uacuteltimos anos considera-se indispensaacutevel

relembrar as lutas histoacutericas para a institucionalizaccedilatildeo da gestatildeo democraacutetica como princiacutepio

da educaccedilatildeo que foi inscrita na Constituiccedilatildeo Federal Brasileira de 1988 apoacutes forte pressatildeo dos

educadores que participaram da IV Conferecircncia Brasileira de Educaccedilatildeo (CBE) em 1986

oportunidade em que escreveram uma Carta conhecida como ldquoCarta de Goiacircniardquo a qual

solicitava que fossem inseridos na Constituiccedilatildeo vinte e um princiacutepios baacutesicos que atualmente

entravam a efetiva democratizaccedilatildeo da sociedade Poreacutem o texto da Constituiccedilatildeo Federal

Brasileira de 1988 resumiu toda a solicitaccedilatildeo dos educadores organizados na simples expressatildeo

ldquogestatildeo democraacutetica do ensino puacuteblico na forma da leirdquo A Lei de Diretrizes e Bases da

Educaccedilatildeo Nacional (LDBEN) de 1996 que eacute a Lei da educaccedilatildeo no paiacutes em seu art 14 tambeacutem

soacute reafirmou o princiacutepio da gestatildeo democraacutetica com a seguinte redaccedilatildeo ldquoI - participaccedilatildeo dos

profissionais da educaccedilatildeo na elaboraccedilatildeo dos projetos pedagoacutegicos da escolardquo e II - a

ldquoparticipaccedilatildeo das comunidades escolar e local em Conselhos Escolares ou equivalentesrdquo No

49

art 15 destaca-se ldquoos sistemas de ensino asseguraratildeo agraves unidades escolares puacuteblicas de

educaccedilatildeo baacutesica que os integram progressivos graus de autonomia pedagoacutegica e administrativa

e de gestatildeo financeira observadas as normas gerais de direito financeiro puacuteblicordquo (BRASIL

1996 p 8)

Dessa forma a Constituiccedilatildeo Federal e a LDB trataram rapidamente e natildeo detalharam

como se daria a forma de regulamentaccedilatildeo e legitimaccedilatildeo da gestatildeo democraacutetica aleacutem de natildeo

apontarem como se daria a criaccedilatildeo de oacutergatildeos colegiados que poderiam contribuir com o debate

democraacutetico e participativo com o controle social das obrigaccedilotildees do Estado para com a

educaccedilatildeo puacuteblica Entretanto vemos alguns sinais de flexibilizaccedilatildeo presentes na LDB

orientados pela Reforma do Estado na educaccedilatildeo como a flexibilizaccedilatildeo curricular flexibilizaccedilatildeo

nas questotildees administrativas e financeiras da escola com a implementaccedilatildeo dos processos de

descentralizaccedilatildeo e da autonomia para as redes escolares e ainda a possibilidade de aceleraccedilatildeo e

aproveitamento de estudos avanccedilo de seacuteries de estudos

Poreacutem natildeo podemos afirmar que existe na praacutetica uma gestatildeo democraacutetica nas escolas

sem a participaccedilatildeo ativa dos envolvidos nos debates e na construccedilatildeo de uma cultura social e

poliacutetica que viabilize a implantaccedilatildeo e a atuaccedilatildeo efetiva dos conselhos de controle social com

autonomia pedagoacutegica administrativa e financeira Nos casos em que a gestatildeo natildeo eacute

compartilhada estamos diante de uma falsa gestatildeo democraacutetica Para Cury (1997 p 201) a

gestatildeo ldquonatildeo eacute soacute o ato de administrar um bem fora de si mas algo que se traz em si por que

nele estaacute contido E o conteuacutedo do seu bem eacute a proacutepria capacidade de participaccedilatildeo sinal maior

da democraciardquo

Como um princiacutepio constitucional a gestatildeo democraacutetica atinge a totalidade do ensino

puacuteblico Para isso eacute necessaacuterio democratizar as escolas e toda a estrutura dos sistemas de ensino

em toda a sua organizaccedilatildeo atraveacutes dos mecanismos potencializadores de gestatildeo democraacutetica

que possibilitem a interaccedilatildeo uns com os outros e natildeo serem atos isolados Esses mecanismos

democratizadores que permitem a participaccedilatildeo na gestatildeo da escola satildeo a ldquoeleiccedilatildeo de diretores

a instalaccedilatildeo de conselhos escolares deliberativos descentralizaccedilatildeo administrativa financeira e

pedagoacutegicardquo (MENDONCcedilA 2000 p21) Cabe refletir que a escola eacute uma instituiccedilatildeo que tem

potencial poliacutetico e social portanto quando ela natildeo eacute democratizada atraveacutes da participaccedilatildeo

ela eacute moldada para atender aos interesses econocircmicos e patrimonialista da elite dominante

desprezando os reais objetivos especiacuteficos da educaccedilatildeo a formaccedilatildeo humana

Por outro lado os estudos recentes de Barroso (1996) e Dourado (2007) tecircm

demonstrado que os discursos tanto governamental quanto o empresarial se encontram na

necessidade de estimular a autonomia da escola a partir da gestatildeo da educaccedilatildeo baacutesica E assim

50

controlar os sistemas educacionais atraveacutes dos instrumentos nacionais de avaliaccedilatildeo (ENEM

ENADE IDEB) A estimulaccedilatildeo da participaccedilatildeo da comunidade escolar na resoluccedilatildeo de

questotildees administrativas financeiras e voluntaacuterias da escola tem sido uma estrateacutegia que vai

ldquono sentido de transferir poderes e funccedilotildees do niacutevel nacional e regional para o niacutevel local

reconhecendo a escola como um lugar central de gestatildeo e a comunidade local (em particular os

pais dos alunos) como um parceiro essencial na tomada de decisatildeordquo (BARROSO 1996 p02)

Nesse contexto observamos a contradiccedilatildeo em que se assenta a implantaccedilatildeo do Plano de

Accedilotildees Articuladas nos estados e municiacutepios longe de se constituir aos olhos do movimento

dos educadores como uma praacutetica democraacutetica de gestatildeo o PAR que eacute um instrumento de

planejamento presente no Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo constituiu-se e

implementou-se sem levar em consideraccedilatildeo a participaccedilatildeo no debate coletivo com os estados e

municiacutepios na construccedilatildeo desse instrumento mas que foi uma decisatildeo poliacutetica sustentada no

consentimento social

No aspecto poliacutetico Gutierres (2010 p70) afirma que a ldquogestatildeo envolve assimetrias de

poder soacute passiacuteveis de serem minimizadas pela gestatildeo democraacutetica que muito mais do que

compartilhamento de tarefas supotildee divisatildeo de poder de respeito muacutetuo pela condiccedilatildeo de

sujeito de todos os que participam do processordquo Dessa forma a participaccedilatildeo eacute imprescindiacutevel

para que haja de fato a democracia o que a constitui um dos requisitos principais Para que os

processos de gestatildeo democraacutetica da escola sejam atingidos eacute necessaacuterio que as estruturas de

poder do sistema de ensino tenham como base mecanismos de participaccedilatildeo nos processos de

deliberaccedilotildees colegiadas

Em oposiccedilatildeo ao modelo de gestatildeo democraacutetica que valoriza a participaccedilatildeo da sociedade

na efetivaccedilatildeo de praacuteticas de democratizaccedilatildeo da educaccedilatildeo o modelo de gestatildeo gerencialista

admite e prioriza os interesses privados sobre o puacuteblico gerando a desobrigaccedilatildeo do Estado

quanto agraves suas responsabilidades ao mesmo tempo em que adota e aceita mecanismos de

controle privados como a avaliaccedilatildeo e os resultados

Todavia o que tem se observado no Brasil nas uacuteltimas deacutecadas eacute a convivecircncia teoacuterica

desses dois modelos de gestatildeo da educaccedilatildeo a gestatildeo democraacutetica e a gestatildeo gerencialista

Essas perspectivas tecircm se materializado no Plano de Reforma do Estado de 1995 e nas poliacuteticas

educacionais de governo implantadas atraveacutes do Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo do

Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo e do Plano de Accedilotildees Articuladas os quais

cercam este objeto de estudo Poreacutem para que essas poliacuteticas de gestatildeo da educaccedilatildeo se

materializem tanto na perspectiva democraacutetica quanto na gerencial alguns mecanismos de

51

poder satildeo utilizados em diferentes contextos e espaccedilos e ateacute dialogando entre si sob as diversas

formas que buscam representar uma educaccedilatildeo democratizada Eacute o que se vecirc a seguir

13 DESCENTRALIZACcedilAtildeO AUTONOMIA E PARTICIPACcedilAtildeO MECANISMOS DE

DEMOCRATIZACcedilAtildeO DAS ESTRUTURAS DE PODER

Nesse toacutepico discutir-se-atildeo acerca dos trecircs mecanismos de democratizaccedilatildeo a

descentralizaccedilatildeo a autonomia e a participaccedilatildeo e as suas formas de materialidade na poliacutetica e

na gestatildeo da educaccedilatildeo

131 Descentralizaccedilatildeo

O termo ldquodescentralizaccedilatildeordquo tem sido cada vez mais incorporado pelas poliacuteticas puacuteblicas

educacionais que sem infringir as regras de harmonia do conceito caracteriza-se como a natildeo

centralizaccedilatildeo da gestatildeo autoritaacuteria Entretanto esse conceito guarda ambiguidades pois no

Brasil o Plano Diretor de Reforma do Estado Brasileiro (PDRAE) reconfigurou as funccedilotildees do

Estado descentralizando-a para a administraccedilatildeo puacuteblica embora nesse modo o que se tem eacute

uma desconcentraccedilatildeo de tarefas

Na educaccedilatildeo a descentralizaccedilatildeo como em vaacuterios paiacuteses evoluiu em duas direccedilotildees

opostas um movimento de centralizaccedilatildeo e paralelamente transferecircncia de novas competecircncias

para a escola No caso do Brasil como entes federativos os municiacutepios ldquoresguardados pelo

princiacutepio da soberania assumem a gestatildeo de poliacuteticas puacuteblicas sob a prerrogativa de adesatildeo

precisando portanto ser incentivados para talrdquo (ARRETCHE 1999 p 114)

De modo a favorecer a compreensatildeo das ambiguidades do termo descentralizaccedilatildeo

Novaes e Fialho (2010 p 586) apresentam quatro variaccedilotildees sendo a) desconcentraccedilatildeo se

caracteriza pela transferecircncia ou delegaccedilatildeo de autoridade ou ainda de competecircncias de accedilatildeo

do governo central para as regiotildees e localidades b) delegaccedilatildeo manteacutem uma cadeia hieraacuterquica

que toma as decisotildees e transfere responsabilidades no entanto a autoridade se mantem sobre o

controle da unidade que a delegou c) devoluccedilatildeo caracteriza-se pelo fortalecimento e

autonomia dos governos regionais e locais que natildeo requer o controle direto do governo central

e d) a privatizaccedilatildeo caracterizada pela progressiva transferecircncia de controle governamental da

educaccedilatildeo convertendo as escolas puacuteblicas em escolas privadas

52

Neto e Castro (2011) afirmam que o processo de descentralizaccedilatildeo atualmente em

desenvolvimento no sistema educacional natildeo foi necessariamente resultado das conquistas

democraacuteticas por parte dos movimentos sociais O que tem ocorrido eacute que na educaccedilatildeo a

descentralizaccedilatildeo tem reduzido a accedilatildeo estatal de praacuteticas de gestatildeo proacuteprias do setor privado e

com isso procura-se diminuir a hierarquia propiciando a entrada do setor privado no sistema

possibilitando decisotildees mais proacuteximas do local de execuccedilatildeo dessas poliacuteticas

A descentralizaccedilatildeo a partir do modelo federativo brasileiro acarretou um niacutevel de

autonomia poliacutetica para os estados e municiacutepios inclusive na formulaccedilatildeo de poliacuteticas locais

devido agraves propostas de separaccedilatildeo nos arranjos institucionais O desenho do federalismo

brasileiro apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 determina a inclusatildeo do municiacutepio como ente

federativo29 O art 18 define a Organizaccedilatildeo Poliacutetico-Administrativa do Estado e prevecirc que ldquoA

organizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa da Repuacuteblica Federativa do Brasil compreende a Uniatildeo os

Estados o Distrito Federal e os municiacutepios todos autocircnomos nos termos desta constituiccedilatildeordquo

(CFBRASIL 1988) Uma federaccedilatildeo para Cury (2010) eacute a uniatildeo de membros federados que

formam uma soacute entidade soberana que seria o Estado Nacional no qual as unidades federadas

subnacionais (estados e municiacutepios) no caso do Brasil gozam de autonomia dentro dos limites

jurisdicionais atribuiacutedos e especificados

Um caso de descentralizaccedilatildeodesconcentraccedilatildeo de tarefas se daacute na administraccedilatildeo das

escolas ndash agora financiadas pelos municiacutepios ndash no Brasil estaacute sob a responsabilidade das

secretarias municipais de educaccedilatildeo que entre as suas principais funccedilotildees estatildeo definir as

poliacuteticas municipais de educaccedilatildeo e estabelecer por meio do plano municipal de educaccedilatildeo as

prioridades as estrateacutegias e as accedilotildees necessaacuterias para cumprir seu compromisso legal Cada

municiacutepio pode optar por criar seu proacuteprio sistema de ensino ou integrar-se ao sistema estadual

Para dar materialidade agrave descentralizaccedilatildeo da gestatildeo na perspectiva da democratizaccedilatildeo

nos uacuteltimos anos vem sendo implementada a poliacutetica de criaccedilatildeo de conselhos em acircmbito

municipal e escolar no Brasil Os municiacutepios que optam por criar seu proacuteprio sistema podem

ter seu oacutergatildeo consultivo o Conselho Municipal de Educaccedilatildeo um organismo colegiado

integrado por representantes da comunidade e da administraccedilatildeo puacuteblica que atua como

mediador entre a sociedade civil e o poder executivo local na discussatildeo elaboraccedilatildeo e

implementaccedilatildeo da poliacutetica de educaccedilatildeo municipal (MORDUCHOWICZ ARANGO 2010)

29 O Art 1ordm da Constituiccedilatildeo Federal apresenta a seguinte redaccedilatildeo ldquoA Repuacuteblica Federativa do Brasil formada

pela uniatildeo indissoluacutevel dos Estados Municiacutepios e Distrito Federal constitui-se em Estado democraacutetico de direito

(BRASIL 1988)

53

Com a implantaccedilatildeo dos conselhos nas unidades escolares estas passam a ter a

autonomia para tomarem decisotildees de problemas administrativos pedagoacutegicos e financeiros e

devem prestar contas ao poder central ndash governo federal ndash pelo sucesso ou fracasso das suas

decisotildees que atraveacutes da assinatura dos ldquocontratos de gestatildeordquo de ldquotermos de adesatildeordquo agraves poliacuteticas

neoliberais e das decisotildees colegiadas responsabilizam-se pelo andamento das unidades

escolares Nesse sentido o que haacute eacute uma desconcentraccedilatildeo de poder com a delegaccedilatildeo de tarefas

para as unidades escolares sendo o governo federal o oacutergatildeo regulador e centralizador da

poliacutetica

As propostas de mudanccedilas nos arranjos institucionais satildeo mais difiacuteceis de serem

concretizadas no federalismo No caso do Brasil as constituiccedilotildees brasileiras natildeo preveem regras

para secessatildeo A esse respeito a Constituiccedilatildeo de 1988 define que nenhuma emenda

constitucional poderaacute abolir ldquoa forma federativa do Estadordquo (CF88 art 60 inciso I do sect 4ordm)

tornando-se essa uma claacuteusula peacutetrea30 Jaacute no caso dos formatos institucionais mais flexiacuteveis

ldquoa descentralizaccedilatildeo supotildee um movimento no qual uma autoridade central devolve ou delega

poderes mas natildeo apenas isso se tais poderes jaacute estatildeo descentralizados pode recentralizaacute-losrdquo

(KINCAID 2002 apud MORDUCHOWICZ ARANGO 2010 p126)

Segundo Cury (2010 p153) existem trecircs modelos de federalismo primeiro o

federalismo centriacutepeto que se caracteriza pelo fortalecimento do poder da Uniatildeo segundo o

federalismo centriacutefugo no qual haacute um fortalecimento do poder do Estado membro sobre o da

Uniatildeo com uma consideraacutevel autonomia daqueles e terceiro o federalismo de cooperaccedilatildeo no

qual se busca um equiliacutebrio de poderes entre a Uniatildeo e os Estados-membros estabelecendo

laccedilos de colaboraccedilatildeo na distribuiccedilatildeo das muacuteltiplas competecircncias por meio de atividades

planejadas e articuladas entre si objetivando fins comuns

Nesse caso o federalismo de cooperaccedilatildeo eacute o que se assemelha a poliacutetica proposta no

PMCTPE e na construccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) que a partir da adesatildeo pelos

municiacutepios ao Compromisso propotildee um regime de colaboraccedilatildeo embora na praacutetica a execuccedilatildeo

do PAR seja permeada de contradiccedilotildees entre discursos democraacuteticos praacuteticas centralizadoras e

colaboraccedilatildeo entre os entes federativos

As reformas educativas na deacutecada de 1990 ldquoredimensionam a polaridade centralizaccedilatildeo-

descentralizaccedilatildeordquo (OLIVEIRA 2000 p 13) isto eacute enquanto se descentralizava a gestatildeo e o

30 De acordo com Gutierres (2015) as claacuteusulas peacutetreas satildeo assim denominadas porque natildeo podem ser modificadas

por meio de emendas Constitucionais sob pena de se alterar a configuraccedilatildeo do Estado de Direito o que soacute pode

ser feito mediante uma nova Constituiccedilatildeo Aleacutem da forma federativa de Estado o artigo 60 da CF88 menciona

como claacuteusulas peacutetreas o voto direto secreto universal e perioacutedico a separaccedilatildeo dos Poderes os direitos e

garantias individuais

54

financiamento com o advento do FUNDEFFUNDEB centralizava-se o processo de avaliaccedilatildeo

e controle do sistema estabelecendo-se ldquopadrotildees de qualidaderdquo sob a afericcedilatildeo pelos criteacuterios

do mercado atraveacutes de diversos instrumentos que vatildeo de exames padronizados a construccedilatildeo de

indicadores sobre a infraestrutura ao corpo docente e discente

132 Autonomia

A autonomia estaacute presente na gestatildeo da educaccedilatildeo entretanto cada modelo de gestatildeo

tanto o democraacutetico como o gerencial apresentam a sua bandeira dentro das suas concepccedilotildees

sobre o que seria a autonomia e de como ela se revela no seu modelo de gestatildeo a partir da

concepccedilatildeo teoacuterica empregada

Na perspectiva da gestatildeo gerencial a concepccedilatildeo de autonomia apresenta-se como uma

contraposiccedilatildeo agrave centralizaccedilatildeo e agrave burocratizaccedilatildeo aleacutem de estar relacionada agrave liberdade para

captar recursos no mercado E ainda eacute imputada a responsabilidade no gestor pelo sucesso ou

fracasso e natildeo do sistema como um todo dessa forma o gestor passar a ser o uacutenico responsaacutevel

pelas accedilotildees produtos decisotildees e eacute obrigado a prestar contas das metas a serem alcanccediladas

assim como os professores ou seja o rendimento escolar e as metas atendem as regras preacute-

estabelecidas pelo mercado

Nesse modelo de gestatildeo gerencialista a ldquoautonomia eacute individualrdquo eacute centralizada no

gestor a autoridade capaz de exercecirc-la Esse tipo de autonomia eacute denominado por Afonso

(2010) de ldquoautonomia do cheferdquo em detrimento da ldquoautonomia institucionalrdquo que pressupotildee o

coletivo e nesse caso

Trata-se de uma autoridade cuja legitimidade adveacutem agora da revalorizaccedilatildeo neoliberal

do direito de gerir ndash direito esse por sua vez apresentado como altamente convergente

com a ideia conservadora que vecirc a gestatildeo como uma espeacutecie de tecnologia moral a

serviccedilo da ordem social poliacutetica e econocircmica (AFONSO 2010 p13)

A autonomia da administraccedilatildeo por maior que pareccedila ser eacute sempre uma autonomia

relativa jaacute que estaacute sempre ligada aos objetivos da coisa administrada No capitalismo tem

como objetivo o capital e natildeo lhe eacute concedida a liberdade de contrariar os interesses da

propriedade privada e das classes detentoras do poder poliacutetico e econocircmico

Nesse contexto as unidades escolares tambeacutem tecircm sido submetidas agrave loacutegica imediatista

mercantil com a inclusatildeo de poliacuteticas puacuteblicas resultantes da reforma educacional como os

Paracircmetros Curriculares Nacionais as parcerias puacuteblico-privadas entre o Instituto Ayrton

55

Senna e as redes municipais de ensino A poliacutetica governamental brasileira vem

descaracterizando a autonomia da escola pois os documentos proposto nesses dois exemplos

apontam para o

planejamento de ensino bem como a realizaccedilatildeo de programas de capacitaccedilatildeo docente

que fazem parte de uma nova relaccedilatildeo Estadosociedade conduzida pelo projeto

neoliberal tentando provocar uma participaccedilatildeo direta entre instituiccedilotildees e trabalhador

valorizando a accedilatildeo do ldquoterceiro setorrdquo e descartando a accedilatildeo dos sindicatos e

associaccedilotildees representativas num movimento estrateacutegico de formaccedilatildeo de consenso

(CAMINI 2009 p 46)

Essa centralizaccedilatildeo na definiccedilatildeo da operacionalizaccedilatildeo das poliacuteticas educacionais afetam

o funcionamento da autonomia da escola enquanto instituiccedilatildeo de caraacuteter puacuteblico Nesses

documentos e em propostas pedagoacutegicas tecircm demarcado conteuacutedos que atendem a loacutegica do

mercado e da poliacutetica implantada poreacutem todos com discursos muito teacutecnicos

A autonomia escolar na concepccedilatildeo democraacutetica eacute para Barroso (2013 p 26-27) ldquoum

campo de forccedilas onde se confrontam e se equilibram diferentes detentores de influecircncia

(interna e externa) dos quais se destacam o governo a administraccedilatildeo professores alunos pais

e outros membros da sociedade localrdquo E essa coletividade se edifica na ldquoconfluecircncia de vaacuterias

loacutegicas e interesses sejam poliacuteticos gestionaacuterios profissionais e pedagoacutegicos (BARROSO

2013 p167)

A autonomia escolar tatildeo defendida nos discursos oficiais como diretriz de uma poliacutetica

de governo exige a superaccedilatildeo da centralizaccedilatildeo e a uniformizaccedilatildeo Eacute necessaacuterio que os sistemas

se organizem para que as estruturas formais do sistema permitam um novo tipo de

relacionamento com a participaccedilatildeo ativa das escolas dialogando com os sistemas de educaccedilatildeo

a partir das suas realidades (MENDONCcedilA 2000)

Barroso (2013) afirma que as escolas satildeo espaccedilos privilegiados para o diaacutelogo e a

construccedilatildeo da sua identidade e autonomia pois atraveacutes da participaccedilatildeo coletiva da comunidade

na elaboraccedilatildeo do Projeto Poliacutetico-Pedagoacutegico eacute um dos principais mecanismos apontados

como momentos de expressatildeo coletiva da comunidade escolar na busca da sua identidade e de

sua autonomia O autor ainda nos revela que a autonomia pressupotildee a liberdade (e capacidade)

de decidir ela natildeo se confunde com a ldquoindependecircnciardquo assim a autonomia eacute um conceito

relativo

56

133 Participaccedilatildeo

A participaccedilatildeo eacute um dos principais mecanismos de democratizaccedilatildeo natildeo eacute um conteuacutedo

que se possa transmitir mas uma mentalidade e um comportamento com ele coerente Eacute uma

vivecircncia coletiva de modo que somente se pode aprender na praacutexis grupal ou seja soacute se aprende

a participar participando A participaccedilatildeo eacute entatildeo entendida como uma necessidade humana e

como um elemento central da vida poliacutetica contemporacircnea (BORDENAVE 2013)

O significado de participaccedilatildeo possui sentidos diferenciados ldquoincluindo desde

comunicar anunciar informar e fazer saber ateacute tomar-se parte e associar-se (WERLE 2003

p 19) Nesse sentido a participaccedilatildeo supotildee a relaccedilatildeo entre sujeitos autocircnomos que trocam

experiecircncias vivecircncias que estabelecem diaacutelogo e que em grupo constroem o conhecimento e

se reconstroem Eacute um mecanismo importante para a concretizaccedilatildeo das finalidades da educaccedilatildeo

e a implantaccedilatildeo da gestatildeo democraacutetica que surgiu no campo das relaccedilotildees sociais em meados de

1980 como uma forma de mediaccedilatildeo para combater as posturas autoritaacuterias e hieraacuterquicas dos

diretores de escola advindas da teoria claacutessica da administraccedilatildeo na deacutecada de 1970 (PARO

2005 ADRIAtildeO e CAMARGO 2007)

Por outro lado Chaves e Gutierres (2014) afirmam que o conceito de participaccedilatildeo foi

ressignificado a partir da concepccedilatildeo neoliberal como uma forma de incorporaacute-la ao sistema

gerencial que longe dos objetivos essencialmente democraacuteticos propostos pela Constituiccedilatildeo

Federal de 1988 o termo participaccedilatildeo significa

a possibilidade dos sujeitos elegerem seus gerentes dentro de uma organizaccedilatildeo social

facilitando assim o processo de tomada de decisatildeo Eacute uma visatildeo restrita ligada a

concepccedilatildeo de democracia representativa o que de fato natildeo garante a participaccedilatildeo

efetiva dos sujeitos no processo da tomada de decisatildeo cabendo a estes apenas a

execuccedilatildeo das atividades decididas pelos que estatildeo no comando das accedilotildees (CHAVES

GUTIERRES 2014 p8)

Nesse contexto a participaccedilatildeo pode tanto servir para objetivos emancipatoacuterios de

cidadania e de autonomia dos sujeitos como para a manutenccedilatildeo de situaccedilotildees de centralizaccedilatildeo

do poder decisoacuterio e do controle de muitos por poucos Por outro lado quando haacute uma

democracia participativa ela promove ldquoa subida da populaccedilatildeo a niacuteveis cada vez mais elevados

de participaccedilatildeo decisoacuteria acabando com a divisatildeo de funccedilotildees entre os que planejam e decidem

laacute em cima e os que executam e sofrem as consequecircncias das decisotildees caacute em baixordquo

(BORDENAVE 2013 p34)

57

Por isso as condiccedilotildees de participaccedilatildeo no mundo atual satildeo essencialmente conflituosas

e a participaccedilatildeo natildeo pode ser estudada sem referecircncia ao conflito social Sobre isso o autor

ainda enfatiza que a participaccedilatildeo pode ser vista natildeo soacute como uma necessidade humana mais

ainda como algo diferente se analisado as estruturas de poder e as forccedilas que se opotildee a

participaccedilatildeo das classes que estatildeo impliacutecitas no processo

A ideia associada de processos e participaccedilatildeo daacute origem ao conceito de processos

participativos que ldquoimplica refletir sobre um conjunto de elementos que constituem

relacionamentos entre pessoas e grupos com diferentes niacuteveis de abrangecircncia inclusatildeo e

conflituosidade historicamente constituiacutedos e particularizados de maneira institucionalrdquo

(WERLE 2003 p 19) Esses processos participativos constroem a ideia de sucessatildeo de

mudanccedilas de momentos e de formas que se seguem e transformam uma situaccedilatildeo

De acordo com Werle (2003) algumas propostas satildeo necessaacuterias para se discutir os

processos participativos na Educaccedilatildeo Baacutesica como a) instituir estruturas participativas nas

escolas e nos sistemas de ensino b) definir temas que satildeo expressos na agenda das estruturas

participativas c) participaccedilatildeo como construccedilatildeo histoacuterica d) os atores e niacutevel de participaccedilatildeo de

cada um dos segmentos representados e) os processos participativos como foco educativo

considerando a articulaccedilatildeo o esforccedilo formativo e a constituiccedilatildeo desses colegiados f) niacuteveis de

participaccedilatildeo poliacutetica g) formaccedilatildeo para a accedilatildeo poliacutetica h) sociedade ciacutevica em que seja possiacutevel

todos os cidadatildeos aprenderem e praticarem a democracia i) processos de representaccedilatildeo

coletiva j) profissionalismo docente e participaccedilatildeo e k) processos participativos e estrutura

institucional31

Para Bordenave (2013) a participaccedilatildeo se daacute na coletividade e natildeo na representatividade

e enfatiza

se desejarmos considerar a participaccedilatildeo como algo diferente de uma simples relaccedilatildeo

humana ou de um conjunto de ldquotruquesrdquo para integrar os indiviacuteduos e as coletividades

locais nos programas de tipo assistencial ou educativo natildeo podemos fugir a anaacutelise

da estrutura de poder e da sua frequente oposiccedilatildeo a toda tentativa de participaccedilatildeo que

coloque em julgamento as classes dirigentes e seus privileacutegios (BORDENAVE 2013

p 41)

Embora a participaccedilatildeo seja considerada um elemento importante para o

desenvolvimento e aperfeiccediloamento das poliacuteticas puacuteblicas Neves (2008) assinala que o

processo participativo tende a enfrentar limitaccedilotildees na construccedilatildeo da democracia e nas

31 Ler Werle (2003) em que a autora descreve cada um desses processos de participaccedilatildeo

58

instituiccedilotildees puacuteblicas pois o incentivo do Estado pode representar a desconcentraccedilatildeo de

responsabilidades que antes eram suas para a sociedade civil dando ldquototal apoio a matrizes

liberais e de caraacuteter privado no trato das questotildees puacuteblicasrdquo (NEVES 2008 p16)

O Plano de Accedilotildees Articuladas objeto central desse estudo eacute um instrumento que

organiza o planejamento das redes estaduais e municipais de ensino no paiacutes eacute complexo pelas

diferentes dimensotildees que abrange para a sua elaboraccedilatildeo e execuccedilatildeo Segundo tecircm demonstrado

os estudos de Sousa (2011) e Camini (2009) natildeo houve compartilhamento de decisotildees sobre a

implantaccedilatildeo dessa poliacutetica e nem contou com a participaccedilatildeo coletiva e nem representativa dos

diversos estados e municiacutepios Essa ausecircncia se deu pela forma que essa poliacutetica foi criada

atraveacutes de um decreto presidencial sem a participaccedilatildeo dos envolvidos no processo local

14 OS CONSELHOS DE CONTROLE SOCIAL COMO MECANISMOS DE

DEMOCRATIZACcedilAtildeO DA GESTAtildeO EDUCACIONAL

Esse toacutepico trataraacute dos Conselhos de Educaccedilatildeo principalmente dos Conselhos de

Controle Social presentes no Plano de Accedilotildees Articuladas as formas em que se deu a

composiccedilatildeo as funccedilotildees os objetivos e as formas de atuaccedilatildeo de cada Conselho sendo o

Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (CME) o Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar (CAE) o

Conselho do FUNDEB e o Conselho Escolar Trataraacute tambeacutem de outros mecanismos de

democratizaccedilatildeo presentes no PAR como criteacuterios para escolha de Diretores Escolares e o

Comitecirc Local do Compromisso

A organizaccedilatildeo da gestatildeo educacional no Brasil atualmente compreende os oacutergatildeos

executivos no acircmbito da Uniatildeo dos estados e dos municiacutepios (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

Secretarias Estaduais e Secretarias Municipais de Educaccedilatildeo) e a disseminaccedilatildeo dos Conselhos

(Conselho Nacional de Educaccedilatildeo Conselhos Estaduais de Educaccedilatildeo e Conselhos Municipais

de Educaccedilatildeo) que apoacutes redemocratizaccedilatildeo do paiacutes nos anos de 1980 e com a Constituiccedilatildeo

Federal de 1988 ldquoestabeleceu a criaccedilatildeo dos conselhos como condiccedilatildeo obrigatoacuteria para a gestatildeo

de programas de governordquo (BRAGA 2015) No acircmbito da gestatildeo escolar a Lei nordm 939496

previu ainda a criaccedilatildeo de conselhos escolares

59

O Conselho Nacional de Educaccedilatildeo (CNE) regulamentado pela Lei nordm 913195 tem

suas origens no ano de 193132 quando foi criado o Conselho Nacional de Educaccedilatildeo pelo

Decreto nordm 19850193133 (CURY 2000) Os Conselhos Estaduais de Educaccedilatildeo foram criados

pela primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo (LDB) Lei nordm 402461 e os conselhos

municipais apesar de contarem com amparo legal para criaccedilatildeo facultativa desde 1971 (Lei

569271) somente com a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 eacute que passaram a se organizar com

mais autonomia

A origem etimoloacutegica da palavra Conselho remete ao sentido da participaccedilatildeo pois

ldquoConselho vem do latim Consilium Por sua vez consilium proveacutem do verbo consuloconsulere

significando tanto ouvir algueacutem quanto submeter algo a deliberaccedilatildeo de algueacutem apoacutes uma

ponderaccedilatildeo refletida prudente e de bom senso (CURY 2000 p47 itaacutelicos no original)

Dessa forma os conselhos tecircm como desafio a busca da co-gestatildeo das poliacuteticas puacuteblicas

e constituir-se em canal de participaccedilatildeo popular na realizaccedilatildeo do interesse puacuteblico Para que os

processos democraacuteticos de gestatildeo cheguem ateacute a escola eacute conveniente lembrar que as estruturas

de poder dos sistemas de ensino precisam ser atingidas por mecanismos que se baseiam

principalmente em participaccedilatildeo e nos processos de decisotildees coletivas Essa participaccedilatildeo se

reflete na compreensatildeo de que os sistemas de ensino e as escolas precisam dialogar e natildeo podem

ser compreendidas separadamente ou isoladas uma da outra

De acordo com Werle (2003) natildeo existe Conselho no vazio ou seja ele eacute o que a

comunidade educacional estabelece constitui o que ela faz para operacionalizar isso Cada

Conselho tem a face das relaccedilotildees que nele se estabelecem Se estabelecer relaccedilotildees de

responsabilidade respeito e construccedilatildeo assim vatildeo se constituir as funccedilotildees consultivas

deliberativas fiscalizadoras e quaisquer outras assumidas pelo Conselho Mas se as relaccedilotildees

forem distanciadas e burocraacuteticas o Conselho vai assumir entatildeo um papel muito mais de

homologar decisotildees do que de discutir e promover os reais interesses e mudanccedilas que a

comunidade escolar requer

Os conselhos de educaccedilatildeo satildeo oacutergatildeos normatizadores de aconselhamento controle

fiscalizaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo do sistema de ensino ao longo da deacutecada de 1990 surgiram tambeacutem

em acircmbito dos sistemas de educaccedilatildeo os Conselhos de Controle Social na ldquoperspectiva de

32Vale assinalar entretanto que os conselhos de educaccedilatildeo existem no Brasil desde o Impeacuterio Vinculados ao

Coleacutegio Pedro II tais conselhos serviam para a ldquonormatizaccedilatildeo do ensino superior entatildeo existente na capital e em

algumas proviacutenciasrdquo (CURY 2000 p46) 33Esse Decreto teve vigecircncia ateacute 1936 quando foi substituiacutedo pela Lei nordm 1746 Em 1961a Lei nordm 402461

transforma o CNE em Conselho Federal de Educaccedilatildeo (CFE) que foi extinto em 1994 pelo governo de Itamar

Franco pela medida Provisoacuteria 6611994 (CURY 2000) No ano seguinte o Conselho recebeu novamente a

nomenclatura de Conselho Nacional de Educaccedilatildeo pela Lei nordm 913195

60

descentralizaccedilatildeo dos poderes decisoacuteriosrdquo (SANTOS e GUTIERRES 2010 p 8) por meio de

um significativo arcabouccedilo juriacutedico como parte dos desdobramentos da CF de 1988 tais como

a LDB 939496 (art 72) a Emenda Constitucional nordm 14 de 1996 que criou o Fundo de

Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorizaccedilatildeo do Magisteacuterio ndash

FUNDEF e da Lei nordm 942496 que o regulamentou a Lei complementar nordm 1012000 chamada

de Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) a Emenda Constitucional nordm 53 de 24122006 e a

Lei nordm 11494 de 20062007 que cria e regulamenta o Fundo de Desenvolvimento Manutenccedilatildeo

da Educaccedilatildeo Baacutesica e Valorizaccedilatildeo do Magisteacuterio ndash FUNDEB Estes dispositivos legais preveem

a existecircncia e participaccedilatildeo na gestatildeo da educaccedilatildeo dos conselhos de controle social

As poliacuteticas traccediladas pelo Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo e do Plano de Metas

Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo propotildee a atuaccedilatildeo dos conselhos educacionais com accedilotildees

que possam descentralizar estimulando a participaccedilatildeo utilizando propostas de gestatildeo

democraacutetica da educaccedilatildeo nos estados e municiacutepios Destacamos as diretrizes que envolvem a

participaccedilatildeo e atuaccedilatildeo dos Conselhos e de oacutergatildeos colegiados nos incisos XX XXI XXII

XXIII XXV e XXVIII elencados abaixo

XX - acompanhar e avaliar com participaccedilatildeo da comunidade e do Conselho de

Educaccedilatildeo as poliacuteticas puacuteblicas na aacuterea de educaccedilatildeo e garantir condiccedilotildees sobretudo

institucionais de continuidade das accedilotildees efetivas preservando a memoacuteria daquelas

realizadas

XXI - zelar pela transparecircncia da gestatildeo puacuteblica na aacuterea da educaccedilatildeo garantindo o

funcionamento efetivo autocircnomo e articulado dos conselhos de controle social

XXII - promover a gestatildeo participativa na rede de ensino

XXIII - elaborar plano de educaccedilatildeo e instalar Conselho de Educaccedilatildeo quando

inexistentes

XXV - fomentar e apoiar os conselhos escolares envolvendo as famiacutelias dos

educandos com as atribuiccedilotildees dentre outras de zelar pela manutenccedilatildeo da escola e

pelo monitoramento das accedilotildees e consecuccedilatildeo das metas do compromisso

XXVIII - organizar um comitecirc local do Compromisso com representantes das

associaccedilotildees de empresaacuterios trabalhadores sociedade civil Ministeacuterio Puacuteblico

Conselho Tutelar e dirigentes do sistema educacional puacuteblico encarregado da

mobilizaccedilatildeo da sociedade e do acompanhamento das metas de evoluccedilatildeo do IDEB

(BRASIL 2007 p 2 Grifos negrito nosso)

Como se observa nas diretrizes do PDEPlano de Metas estatildeo previstos a implantaccedilatildeo

e atuaccedilatildeo dos diversos conselhos educacionais nos estados e municiacutepios para que atendam ao

modelo de gestatildeo gerencial proposto no Plano de Accedilotildees Articuladas

Os Conselhos tecircm diferentes funccedilotildees a principal delas eacute o caraacuteter normativo embora

os conselhos realizem diversas outras accedilotildees dentro das suas competecircncias como opinar (caraacuteter

consultivo) deliberar e fiscalizar Em geral o caraacuteter deliberativo atribui ao Conselho

61

competecircncia para regulamentar o funcionamento do sistema de ensino e interpretar a correta

aplicaccedilatildeo da lei no seu acircmbito A definiccedilatildeo de diretrizes curriculares credenciamento de

instituiccedilotildees e outras atribuiccedilotildees satildeo competecircncias tradicionais dos conselhos (BRASIL 2007)

O caraacuteter consultivo ou deliberativo diz respeito agrave natureza da funccedilatildeo do Conselho apesar de

nem sempre o caraacuteter consultivo ou deliberativo estar claramente explicitado nas normas que

instituem os conselhos

141 O Conselho Municipal de Educaccedilatildeo

A criaccedilatildeo e organizaccedilatildeo dos Conselhos Municipais de Educaccedilatildeo (CME) eacute um processo

que se delineou no paiacutes a partir da promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 A referida

Constituiccedilatildeo representou importante marco para o processo de afirmaccedilatildeo poliacutetica dos

municiacutepios na qualidade de ceacutelula de gestatildeo puacuteblica e em particular para o campo juriacutedico

normativo da educaccedilatildeo que ganhou reforccedilo em 1996 com a Lei de Diretrizes e Bases da

Educaccedilatildeo Nacional (LDBEN n 939496) A criaccedilatildeo de sistema proacuteprio de ensino nos termos

da Constituiccedilatildeo88 preconiza que a organizaccedilatildeo da educaccedilatildeo nos municiacutepios natildeo pode

prescindir de estruturas administrativas e do estabelecimento de bases legais condutoras do

ensino a ser provido em territoacuterio brasileiro

Na esfera municipal os municiacutepios criam os seus Conselhos Municipais de Educaccedilatildeo

(CME) mediante lei municipal que vai definir a composiccedilatildeo baacutesica do oacutergatildeo o nuacutemero de

membros efetivos e substitutos e os mandatos Depois da sanccedilatildeo do Executivo inicia-se o

processo de escolha dos membros As primeiras sessotildees satildeo dedicadas agrave elaboraccedilatildeo do

regimento interno que definiraacute a frequecircncia de reuniotildees a divisatildeo em comissotildees e a tramitaccedilatildeo

das decisotildees Com o objetivo de garantir a ampla participaccedilatildeo da sociedade e respeitando a

competecircncia teacutecnica exigida para o exerciacutecio das atribuiccedilotildees dos conselheiros o CME poderaacute

ser composto por representantes de pais estudantes professores associaccedilotildees de moradores

sindicatos Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e demais oacutergatildeos e entidades ligados agrave educaccedilatildeo

municipal ndash dos setores puacuteblico e privado ndash escolhidos democraticamente pelos segmentos que

o representam

Sobre as funccedilotildees dos Conselhos de Educaccedilatildeo Paz (2004) considera que os conselhos

satildeo oacutergatildeos com perfil identificado com a gestatildeo democraacutetica pelo fato de terem suas funccedilotildees

atreladas ao ato de mobilizar de agregar experientes militantes da educaccedilatildeo especialmente

62

educadores e estudiosos que lutam em prol de formas legiacutetimas de participaccedilatildeo da sociedade

nos oacutergatildeos puacuteblicos

Os Conselhos Municipais de Educaccedilatildeo satildeo fundamentais para a autonomia dos sistemas

municipais de educaccedilatildeo e possuem funccedilotildees variadas mas que devem garantir a gestatildeo

democraacutetica da educaccedilatildeo e a perspectiva de um ensino de qualidade no municiacutepio Souza (2009)

lanccedila uma luz significativa em torno da questatildeo ao entender que

Natildeo se trata apenas de accedilotildees democraacuteticas ou de processos participativos de tomada

de decisotildees trata-se antes de tudo de accedilotildees voltadas agrave educaccedilatildeo poliacutetica na medida

em que satildeo accedilotildees que criam e recriam alternativas mais democraacuteticas no cotidiano

escolar no que se refere em especial agraves relaccedilotildees de poder ali presentes (SOUZA

2009 p 126)

O Conselho Municipal de Educaccedilatildeo tem o papel de articulador e de mediador das

questotildees educacionais da sociedade local junto ao gestor da educaccedilatildeo municipal pois

Eacute um oacutergatildeo de ampla representatividade com funccedilotildees normativas consultivas

mobilizadoras e fiscalizadoras Ocupa posiccedilatildeo fundamental na efetivaccedilatildeo da gestatildeo

democraacutetica da rede ou do sistema de ensino bem como na consolidaccedilatildeo da

autonomia dos municiacutepios no gerenciamento de suas poliacuteticas educacionais devendo

para tanto estabelecer diaacutelogo contiacutenuo com a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo

(UNDIME 2012 p132)

O Conselho Municipal de Educaccedilatildeo eacute de suma importacircncia para a educaccedilatildeo municipal

por estabelecer o controle social e a participaccedilatildeo dando representatividade e legitimidade frente

agrave comunidade local de cada um dos integrantes do Conselho Constitui um oacutergatildeo de

interlocuccedilatildeo entre a sociedade e o poder puacuteblico participando da formulaccedilatildeo implantaccedilatildeo

supervisatildeo e avaliaccedilatildeo das poliacuteticas educacionais do municiacutepio da defesa do direito de todos agrave

educaccedilatildeo com qualidade social e mobilizando os poderes puacuteblicos municipais quanto agraves suas

responsabilidades no atendimento das demandas dos diversos segmentos em conformidade

com as poliacuteticas puacuteblicas da educaccedilatildeo

De acordo com o quadro a seguir UNDIME (2012) aponta quatro funccedilotildees dos

Conselhos Municipais de Educaccedilatildeo Eacute o que podemos observar no quadro 02 bem como os

objetivos de cada funccedilatildeo

63

Quadro 02 - Funccedilotildees e objetivos do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (CME)

FUNCcedilOtildeES OBJETIVOS

Consultiva

Tratar sobre a exposiccedilatildeo e o julgamento acerca de determinados

assuntos tais como projetos programas educacionais e experiecircncias

pedagoacutegicas renovadoras do executivo e das escolas e

Responder a consultas sobre leis educacionais e suas aplicaccedilotildees submetidas a ele por entidades da sociedade puacuteblica ou civil (Secretaria

Municipal da Educaccedilatildeo escolas universidades sindicatos Cacircmara

Municipal Ministeacuterio Puacuteblico) cidadatildeos ou grupos de cidadatildeos

Fiscalizadora

Acompanhar a transferecircncia e controle da aplicaccedilatildeo de recursos para a

Educaccedilatildeo no municiacutepio

Fiscalizar o cumprimento do Plano Municipal de Educaccedilatildeo (PME)

Fiscalizar o desempenho do Sistema Municipal de Ensino e do PME

Fiscalizar as medidas e os programas para a formaccedilatildeo de professores

Fiscalizar os acordos e convecircnios e

Fiscalizar as questotildees educacionais que lhes forem submetidas pelas escolas Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo Cacircmara Municipal e outros

Deliberativa Elaborar seu regimento e plano de atividades

Tomar medidas para melhoria do fluxo e do rendimento escolar e

Buscar formas de se relacionar com a comunidade entre outras

Normativa

Autorizar o funcionamento das escolas da rede municipal

Autorizar o funcionamento das instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Infantil das

redes privada particular comunitaacuteria confessional e filantroacutepica

(quando o municiacutepio tiver Sistema Municipal de Ensino implantado) e

Elaborar as normas complementares para o sistema de ensino Fonte Caderno UNDIME 2012

A participaccedilatildeo na elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Educaccedilatildeo (PME) com criacuteticas e

sugestotildees eacute uma das atribuiccedilotildees dos membros dos Conselhos Municipais de Educaccedilatildeo bem

como autorizar o funcionamento de escolas fiscalizar e acompanhar a execuccedilatildeo de recursos

educacionais dentre outras

142 O Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar

No Brasil a poliacutetica de alimentaccedilatildeo teve iniacutecio ainda no ano de 1955 como um

programa assistencialista Entretanto somente a partir da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 no

artigo 208 inciso VII alterado pela Emenda Constitucional nordm 592009 eacute que a alimentaccedilatildeo

escolar surgiu como direito Embora ainda com recursos centralizados eacute no ano de 1994 com

a Lei nordm 89132009 que ocorre agrave descentralizaccedilatildeo dos recursos do Programa para os

64

municiacutepios por meio de convecircnios exigindo-se a criaccedilatildeo de conselhos de acompanhamento a

fim de responsabilizar-se pelo controle social

A Lei nordm 119472009 de 16 de junho de 2009 revogou a Lei nordm 89132009 e criou o

Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar (PNAE) aos alunos da educaccedilatildeo baacutesica com o

repasse de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo ndash FNDE sem

convecircnios acordos ou contratos mas diretamente em conta bancaacuteria especiacutefica por meio do

Programa Dinheiro Direto na Escola

De acordo com o art 4ordm da Lei nordm 119472009 o Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo

Escolar tem por objetivo contribuir para o crescimento e o desenvolvimento biopsicossocial

para a aprendizagem para o rendimento escolar e para a formaccedilatildeo de haacutebitos alimentares

saudaacuteveis dos alunos atraveacutes de accedilotildees educacionais alimentares e nutricionais aleacutem da oferta

de refeiccedilotildees que garantam as suas necessidades nutricionais durante o periacuteodo letivo (BRASIL

2009) De acordo com Castro (2009) essa poliacutetica social busca realizar a promoccedilatildeo social

gerando oportunidades e resultados tanto para os indiviacuteduos como para os grupos sociais da

solidariedade social garantindo seguranccedila aos indiviacuteduos em situaccedilotildees de incapacidade

vulnerabilidade ou risco

No que se refere aos recursos para financiamento do Programa o art 5ordm da Lei nordm

119472009 esclarece que seratildeo consignados no orccedilamento da Uniatildeo para execuccedilatildeo do PNAE

e seratildeo repassados em parcelas aos Estados ao Distrito Federal aos Municiacutepios e agraves escolas

federais pelo FNDE em conformidade com o disposto no art 208 da Constituiccedilatildeo Federal e

observadas agraves disposiccedilotildees mencionadas abaixo

Art 5ordm ()

sect 1o A transferecircncia dos recursos financeiros objetivando a execuccedilatildeo do PNAE seraacute

efetivada automaticamente pelo FNDE sem necessidade de convecircnio ajuste acordo

ou contrato mediante depoacutesito em conta corrente especiacutefica

sect 2o Os recursos financeiros de que trata o sect 1o deveratildeo ser incluiacutedos nos orccedilamentos

dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios atendidos e seratildeo utilizados

exclusivamente na aquisiccedilatildeo de gecircneros alimentiacutecios

sect 3o Os saldos dos recursos financeiros recebidos agrave conta do PNAE existentes em 31

de dezembro deveratildeo ser reprogramados para o exerciacutecio subsequente com estrita

observacircncia ao objeto de sua transferecircncia nos termos disciplinados pelo Conselho

Deliberativo do FNDE

sect 4o O montante dos recursos financeiros de que trata o sect 1o seraacute calculado com base

no nuacutemero de alunos devidamente matriculados na educaccedilatildeo baacutesica puacuteblica de cada

um dos entes governamentais conforme os dados oficiais de matriacutecula obtidos no

censo escolar realizado pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

sect 5o Para os fins deste artigo a criteacuterio do FNDE seratildeo considerados como parte da

rede estadual municipal e distrital ainda os alunos matriculados em

I - creches preacute-escolas e escolas do ensino fundamental e meacutedio qualificadas como

entidades filantroacutepicas ou por elas mantidas inclusive as de educaccedilatildeo especial

65

II - creches preacute-escolas e escolas comunitaacuterias de ensino fundamental e meacutedio

conveniadas com os Estados o Distrito Federal e os Municiacutepios (LEI

11147BRASIL 2009)

A execuccedilatildeo dos repasses financeiros ficaraacute a cargo dos entes federados que receberatildeo

os recursos atraveacutes do Programa Dinheiro Direto na Escola e deveratildeo ser destinados de acordo

com o art 23 da mesma Lei ldquoagrave cobertura de despesas de custeio manutenccedilatildeo e de pequenos

investimentos que concorram para a garantia do funcionamento e melhoria da infraestrutura

fiacutesica e pedagoacutegica dos estabelecimentos de ensinordquo Deveratildeo ser respeitadas as normas e

particularidades dos valores per capita das escolas ldquoque oferecem educaccedilatildeo especial de forma

inclusiva ou especializada de modo a assegurar de acordo com os objetivos do PDDE o

adequado atendimento agraves necessidades dessa modalidade educacionalrdquo (LEI 11147BRASIL

2009)

Os Conselhos de Alimentaccedilatildeo Escolar satildeo oacutergatildeos colegiados de caraacuteter fiscalizador

permanente deliberativo e de assessoramento Deveratildeo ser instituiacutedos de acordo com o art 18

no acircmbito dos Estados o Distrito Federal e os Municiacutepios e deveratildeo ser compostos da seguinte

forma

I - 1 (um) representante indicado pelo Poder Executivo do respectivo ente federado

II - 2 (dois) representantes das entidades de trabalhadores da educaccedilatildeo e de discentes

indicados pelo respectivo oacutergatildeo de representaccedilatildeo a serem escolhidos por meio de

assembleia especiacutefica

III - 2 (dois) representantes de pais de alunos indicados pelos Conselhos Escolares

Associaccedilotildees de Pais e Mestres ou entidades similares escolhidos por meio de

assembleia especiacutefica

IV - 2 (dois) representantes indicados por entidades civis organizadas escolhidos em

assembleia especiacutefica

sect 1o Os Estados o Distrito Federal e os Municiacutepios poderatildeo a seu criteacuterio ampliar a

composiccedilatildeo dos membros do CAE desde que obedecida a proporcionalidade definida

nos incisos deste artigo

sect 2o Cada membro titular do CAE teraacute 1 (um) suplente do mesmo segmento

representado

sect 3o Os membros teratildeo mandato de 4 (quatro) anos podendo ser reconduzidos de

acordo com a indicaccedilatildeo dos seus respectivos segmentos

sect 4o A presidecircncia e a vice-presidecircncia do CAE somente poderatildeo ser exercidas pelos

representantes indicados nos incisos II III e IV deste artigo

sect 5o O exerciacutecio do mandato de conselheiros do CAE eacute considerado serviccedilo puacuteblico

relevante natildeo remunerado

sect 6o Caberaacute aos Estados ao Distrito Federal e aos Municiacutepios informar ao FNDE a

composiccedilatildeo do seu respectivo CAE na forma estabelecida pelo Conselho

Deliberativo do FNDE (LEI 11147BRASIL 2009)

A duraccedilatildeo do mandato eacute de quatro anos e eacute considerado serviccedilo puacuteblico relevante natildeo

remunerado O CAE deve fiscalizar a execuccedilatildeo do programa sem prejuiacutezo da atuaccedilatildeo dos

66

demais oacutergatildeos de controle interno e externo ou seja do Tribunal de Contas da Uniatildeo (TCU)

da Secretaria Federal de Controle Interno (SFCI) e do Ministeacuterio Puacuteblico

As competecircncias do CAE estatildeo explicitas na Lei nordm 11947 de 16 de junho de 2009 em

seu art 19 conforme demonstrado abaixo

I - acompanhar e fiscalizar o cumprimento das diretrizes estabelecidas na forma do

art 2o desta Lei

II - acompanhar e fiscalizar a aplicaccedilatildeo dos recursos destinados agrave alimentaccedilatildeo escolar

III - zelar pela qualidade dos alimentos em especial quanto agraves condiccedilotildees higiecircnicas

bem como a aceitabilidade dos cardaacutepios oferecidos

IV - receber o relatoacuterio anual de gestatildeo do PNAE e emitir parecer conclusivo a

respeito aprovando ou reprovando a execuccedilatildeo do Programa

Paraacutegrafo uacutenico Os CAEs poderatildeo desenvolver suas atribuiccedilotildees em regime de

cooperaccedilatildeo com os Conselhos de Seguranccedila Alimentar e Nutricional estaduais e

municipais e demais conselhos afins e deveratildeo observar as diretrizes estabelecidas

pelo Conselho Nacional de Seguranccedila Alimentar e Nutricional ndash CONSEA

(CAEBRASIL 2009)

Como forma de controle social os Conselhos satildeo responsaacuteveis por acompanhar e

monitorar os recursos federais repassados pelo FNDE aos entes federados para a alimentaccedilatildeo

escolar devendo inclusive garantir boas praacuteticas sanitaacuterias e de higiene dos alimentos Para

facilitar a realizaccedilatildeo dessas accedilotildees eacute necessaacuterio que o CAE estabeleccedila um planejamento de

atividades fiscalizadoras e de acompanhamento

Aleacutem disso devem-se observar as seguintes diretrizes da alimentaccedilatildeo escolar quando

do acompanhamento e fiscalizaccedilatildeo do programa

Art 2o Satildeo diretrizes da alimentaccedilatildeo escolar I - o emprego da alimentaccedilatildeo saudaacutevel e adequada compreendendo o uso de alimentos

variados seguros que respeitem a cultura as tradiccedilotildees e os haacutebitos alimentares

saudaacuteveis contribuindo para o crescimento e o desenvolvimento dos alunos e para a

melhoria do rendimento escolar em conformidade com a sua faixa etaacuteria e seu estado

de sauacutede inclusive dos que necessitam de atenccedilatildeo especiacutefica

II - a inclusatildeo da educaccedilatildeo alimentar e nutricional no processo de ensino e

aprendizagem que perpassa pelo curriacuteculo escolar abordando o tema alimentaccedilatildeo e

nutriccedilatildeo e o desenvolvimento de praacuteticas saudaacuteveis de vida na perspectiva da

seguranccedila alimentar e nutricional

III - a universalidade do atendimento aos alunos matriculados na rede puacuteblica de

educaccedilatildeo baacutesica

IV - a participaccedilatildeo da comunidade no controle social no acompanhamento das accedilotildees

realizadas pelos Estados pelo Distrito Federal e pelos Municiacutepios para garantir a

oferta da alimentaccedilatildeo escolar saudaacutevel e adequada

V - o apoio ao desenvolvimento sustentaacutevel com incentivos para a aquisiccedilatildeo de

gecircneros alimentiacutecios diversificados produzidos em acircmbito local e preferencialmente

pela agricultura familiar e pelos empreendedores familiares rurais priorizando as

comunidades tradicionais indiacutegenas e de remanescentes de quilombos

VI - o direito agrave alimentaccedilatildeo escolar visando a garantir seguranccedila alimentar e

nutricional dos alunos com acesso de forma igualitaacuteria respeitando as diferenccedilas

bioloacutegicas entre idades e condiccedilotildees de sauacutede dos alunos que necessitem de atenccedilatildeo

67

especiacutefica e aqueles que se encontram em vulnerabilidade social (LEI

11147BRASIL 2009)

Considerando o previsto na Lei nordm 119472009 o CAE tem um papel importante no

acompanhamento e fiscalizaccedilatildeo da aplicaccedilatildeo dos recursos financeiros e na garantia da qualidade

da alimentaccedilatildeo desde a compra ateacute a distribuiccedilatildeo nas escolas e ainda tem possibilidade de

aprovar ou rejeitar a prestaccedilatildeo de contas relativa agrave execuccedilatildeo do PNAE

143 Os Conselhos Escolares

As discussotildees sobre educaccedilatildeo introduzem propostas de gestatildeo administrativa de

autonomia e participaccedilatildeo Os sistemas de ensino e as poliacuteticas educacionais continuam sendo a

chave para o enfrentamento das questotildees educacionais muito embora as discussotildees agora

passam a ser voltadas para a escola isto parte do entendimento de que ldquoa defesa do interesse

puacuteblico natildeo estaacute exclusivamente nas matildeos do Estado mas compartilhado com a comunidade

mais proacutexima agrave escolardquo (WERLE 2003 p 46) Os Conselhos Escolares se apresentam nesse

contexto como um espaccedilo de co-participaccedilatildeo e co-responsabilidade entre famiacutelia a sociedade

e o Estado atuando como mecanismo de controle defesa e promoccedilatildeo da educaccedilatildeo puacuteblica

No acircmbito da gestatildeo escolar em meados da deacutecada de 1980 um dos principais

questionamentos era a excessiva concentraccedilatildeo de poder nas matildeos de um uacutenico indiviacuteduo o

diretor da escola Por isso os movimentos organizados pelos educadores na eacutepoca defendiam

de forma acentuada as propostas de gestatildeo colegiada que propunham a inserccedilatildeo de toda a

comunidade escolar ou ampliaccedilatildeo dos envolvidos no processo educativo nos espaccedilos de decisatildeo

da escola (MENDONCcedilA 2000 ADRIAtildeO e CAMARGO 2007)

Tais lutas culminaram com a aprovaccedilatildeo do princiacutepio da gestatildeo democraacutetica na

Constituiccedilatildeo Federal de 1988 no seu artigo 206 inciso VI ldquogestatildeo democraacutetica do ensino

puacuteblico na forma da leirdquo e a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional (LDB) que vem

dar os desdobramentos desse princiacutepio em seu art 14 indicando que

Os sistemas de ensino definiratildeo as normas de gestatildeo democraacutetica do ensino puacuteblico

na educaccedilatildeo baacutesica de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes

princiacutepios

I ndash participaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo na elaboraccedilatildeo do projeto poliacutetico-

pedagoacutegico da escola

68

II ndash participaccedilatildeo das comunidades escolar e local em Conselhos Escolares ou

equivalentes (BRASIL 1996 grifos em negrito nossos)

Dessa forma eacute estabelecida a gestatildeo democraacutetica como princiacutepio que deve orientar as

praacuteticas das instituiccedilotildees puacuteblicas escolares no Brasil indicando que os profissionais da

educaccedilatildeo colaborem na elaboraccedilatildeo do documento que nortearaacute as atividades da escola onde

trabalham e a participaccedilatildeo da comunidade escolar (aqui entendidas como estudantes pais

professores funcionaacuterios e direccedilatildeo) e local (entidades e organizaccedilotildees da sociedade civil

identificadas com o projeto da escola) em espaccedilos de discussatildeo e participaccedilatildeo social que

promovam a gestatildeo democraacutetica

Os Conselhos Escolares satildeo compreendidos como ldquoespaccedilos de autonomia e

participaccedilatildeo comprometido com a defesa do ensino puacuteblico gratuito e da valorizaccedilatildeo do

professorrdquo conforme ensina Werle (2003 p 49) e que podem se constituir em locais de

vivecircncia simboacutelica entre pais alunos e professores mas para implantar tais mudanccedilas as

escolas teriam que passar por profundas modificaccedilotildees organizacionais nos colegiados pois os

conselhos se configuram como espaccedilos de relaccedilotildees e exerciacutecio do poder envolvendo

autorizaccedilatildeo e influecircncia entre as partes

Nesse sentido a proacutepria percepccedilatildeo que os diferentes atores desenvolvem sobre o poder

real influenciam nas relaccedilotildees de poder Abranches (2003) tambeacutem colabora com as ideias de

Werle (2003) quando afirma que o Conselho pode ser caracterizado como um oacutergatildeo de decisotildees

coletivas capaz de superar a praacutetica do individualismo e do grupismo e informa que se a

comunidade representativa for realmente dos diferentes segmentos da comunidade escolar ela

deveraacute alterar progressivamente a natureza da gestatildeo da escola e da educaccedilatildeo bem como

intervir na qualidade dos serviccedilos prestados pela escola

Os sistemas de ensino devem organizar os seus Conselhos Escolares de acordo com os

integrantes dos segmentos representativos da escola sendo professores funcionaacuterios alunos

pais e comunidade local Quanto a escolha dos conselheiros Veiga (2007) indica as seguintes

formas a) aquelas que satildeo definidas em regimento interno de cada conselho b) diretoria eleita

pela Assembleia sendo elegiacuteveis professores pais e profissionais da educaccedilatildeo c) escolhidos

em assembleia geral de cada segmento e eleitos por seus pares onde o diretor eacute membro nato e

d) eleiccedilatildeo mediante chapas organizadas e respeitando a proporcionalidade

Desta forma constituir e institucionalizar um conselho escolar que sirva para fortalecer

o empoderamento e a participaccedilatildeo eacute uma tarefa complexa mas possiacutevel Eacute um espaccedilo de

69

discussatildeo e debate substituindo a cultura patrimonialista pela cultura participativa e cidadatilde

(NAVARRO et al 2004 p 33)

Os Conselhos Escolares satildeo compreendidos como um foacuterum importante e significativo

e as posiccedilotildees dos representantes eleitos nas reuniotildees confere grau de representatividade pela

comunidade escolar Essa representatividade do Conselho estaacute relacionada agrave posse de

instrumentos materiais e culturais dos seus componentes e com a linguagem clara convincente

e adequada ao contexto (WERLE 2003) Por outro lado o Conselho Escolar eacute para o MEC um

oacutergatildeo de representaccedilatildeo das comunidades escolares e local onde satildeo discutidas definidas e

acompanhadas as atividades da escola podendo constituir um espaccedilo de discussatildeo de caraacuteter

consultivo respondendo a consultas sobre leis educacionais e suas aplicaccedilotildees deliberativo

quando toma decisotildees democraticamente fiscalizador acompanhando a aplicaccedilatildeo dos recursos

na escola e mobilizador incentivando a participaccedilatildeo direta dos envolvidos (BRASIL 2004)

Natildeo eacute suficiente afirmar que uma escola democraacutetica eacute aquela em que um colegiado

edifica uma decisatildeo de baixo para cima Eacute necessaacuteria uma mudanccedila no sistema educativo e uma

mudanccedila na loacutegica organizacional de todo o sistema Para Werle (2003 p 11) o poder natildeo estaacute

nos Conselhos Escolares e sim na competecircncia social dos representantes que caso natildeo os

faccedilam nas reuniotildees ldquopoderatildeo sofrer uma relaccedilatildeo de constrangimento e desapossamento de

espaccedilos de poderrdquo

A criaccedilatildeo das estruturas participativas nas escolas e nos sistemas de ensino constituem

um dos primeiros passos para a gestatildeo participativa ou gestatildeo ldquocompartilhadardquo poreacutem muitas

vezes a forma como satildeo constituiacutedos esses conselhos na composiccedilatildeo da sua estrutura e a forma

de implantaccedilatildeo atraveacutes de leis estaduais ou municipais satildeo contraditoacuterias porquanto sendo

constituiacutedo por pessoas eleitas representando os segmentos da comunidade escolar natildeo haveria

espaccedilo para componentes natildeo-eleitos pelos segmentos da escola

Nesse sentido a comunidade escolar quando se ausenta de participar e atuar da

construccedilatildeo coletiva dos processos democraacuteticos que satildeo as reuniotildees dos Conselhos Escolares

e quando apenas toma conhecimento das decisotildees da direccedilatildeo estaacute permitindo que outras

pessoas decidam Nesse caso estamos diante de uma participaccedilatildeo da gestatildeo que mais se

caracteriza como concessatildeo ndash cedendo a outros o seu direito de opinar de demonstrar seu ponto

de vista em favor de outrem ndash do que com democratizaccedilatildeo

70

144 O Conselho de Acompanhamento e Controle Social do Fundo de Manutenccedilatildeo e

Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo

(FUNDEB)

O Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos

Profissionais da Educaccedilatildeo (FUNDEB) foi criado pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006

Sua estrutura e finalidade encontram-se estatuiacutedas na Lei nordm 11494 de 20 de junho de 2007 e

pelo Decreto federal nordm 6253 de 13 de novembro de 2007 (BRASIL 2007)

O FUNDEB possui um montante de recursos gigantescos no que concerne ao

financiamento da educaccedilatildeo pois financia accedilotildees de manutenccedilatildeo e desenvolvimento da educaccedilatildeo

baacutesica puacuteblica independentemente da modalidade em que o ensino eacute oferecido (regular

especial ou de jovens e adultos) da sua duraccedilatildeo (Ensino Fundamental de oito ou de nove anos)

da idade dos alunos (crianccedilas jovens ou adultos) do turno de atendimento (matutino eou

vespertino ou noturno) e da localizaccedilatildeo da escola (zona urbana zona rural aacuterea indiacutegena ou

quilombola) de toda a educaccedilatildeo baacutesica em todos os municiacutepios brasileiros conforme

estabelecido nos sect 2ordm e 3ordm do art 211 da Constituiccedilatildeo

O FUNDEB eacute um fundo de natureza contaacutebil e de acircmbito estadual sendo 27 fundos

estaduais formado na quase totalidade por recursos provenientes dos impostos e transferecircncias

dos estados Distrito Federal e municiacutepios vinculados agrave educaccedilatildeo por forccedila do disposto no art

212 da Constituiccedilatildeo Federal e com o art 69 da LDB cabe a Uniatildeo a aplicaccedilatildeo nunca menos

que 18 e aos estados e municiacutepios no miacutenimo 25 da receita resultante de impostos

compreendida a proveniente de transferecircncias na Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento do Ensino ndash

MDE 34 podendo ainda de acordo com a LDB a possibilidade de ampliaccedilatildeo desses percentuais

de acordo com as Constituiccedilotildees Estaduais e Leis Orgacircnicas Municipais

Ainda compotildee o FUNDEB aleacutem desses recursos a tiacutetulo de complementaccedilatildeo uma

parcela de recursos federais sempre que no acircmbito de cada Estado seu valor por aluno natildeo

alcanccedilar o miacutenimo definido nacionalmente Independentemente da origem todo o recurso

gerado eacute redistribuiacutedo para aplicaccedilatildeo exclusiva na educaccedilatildeo baacutesica

A vigecircncia estabelecida para o FUNDEB eacute para o periacuteodo de 14 anos 2007-2020 Sua

implantaccedilatildeo comeccedilou em 1ordm de janeiro de 2007 e foi concluiacuteda em 2009 quando o total de

alunos matriculados na rede puacuteblica foi considerado na distribuiccedilatildeo dos recursos e o percentual

34 As despesas da ldquomanutenccedilatildeo e desenvolvimento do ensinordquo - MDE estatildeo previstas nos artigos 70 e 71 da LDB

que define quais as despesas podem e que natildeo podem ser utilizadas para efeito do MDE

71

de contribuiccedilatildeo dos estados Distrito Federal e municiacutepios atingiu o patamar de 20 para a

formaccedilatildeo do Fundo

As fontes de recursos para a educaccedilatildeo conforme a LDB no seu art 68 satildeo as receitas

provenientes de impostos da Uniatildeo dos Estados e dos Municiacutepios as receitas de transferecircncias

constitucionais e outras transferecircncias as receitas do Salaacuterio Educaccedilatildeo e de outras contribuiccedilotildees

sociais e as de incentivos fiscais e outros recursos previstos em Lei As principais fontes

financiadoras da educaccedilatildeo satildeo as receitas de impostos e o salaacuterio educaccedilatildeo pois ldquorepresentam

em termos de volume de recursos e de regularidade a receita que tem financiado a expansatildeo e

a qualificaccedilatildeo da educaccedilatildeo puacuteblica no paiacutesrdquo (FARENZENA 2006 p 82) Ou seja os

Municiacutepios devem utilizar recursos do FUNDEB na educaccedilatildeo infantil e no ensino fundamental

e os Estados no ensino fundamental e meacutedio sendo o miacutenimo de 60 na remuneraccedilatildeo dos

profissionais do magisteacuterio da educaccedilatildeo baacutesica puacuteblica e o restante dos recursos em outras

despesas de manutenccedilatildeo e desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica puacuteblica

O artigo 10 da Lei nordm 114942007 trata da distribuiccedilatildeo proporcional de recursos dos

Fundos que deve levar em conta as seguintes diferenccedilas entre etapas modalidades e tipos de

estabelecimento de ensino para que atenda toda a educaccedilatildeo baacutesica dentro das suas

especificidades sendo

I - creche em tempo integral

II - preacute-escola em tempo integral

III - creche em tempo parcial

IV - preacute-escola em tempo parcial

V - anos iniciais do ensino fundamental urbano

VI - anos iniciais do ensino fundamental no campo

VII - anos finais do ensino fundamental urbano

VIII - anos finais do ensino fundamental no campo

IX- ensino fundamental em tempo integral

X - ensino meacutedio urbano

XI - ensino meacutedio no campo

XII - ensino meacutedio em tempo integral

XIII - ensino meacutedio integrado agrave educaccedilatildeo profissional

XIV - educaccedilatildeo especial

XV - educaccedilatildeo indiacutegena e quilombola

XVI - educaccedilatildeo de jovens e adultos com avaliaccedilatildeo no processo

XVII - educaccedilatildeo de jovens e adultos integrada agrave educaccedilatildeo profissional de niacutevel meacutedio

com avaliaccedilatildeo no processo (BRASIL 2007)

A composiccedilatildeo do Conselho do FUNDEB apresenta-se em trecircs niacuteveis federal estadual e

municipal O acompanhamento e o controle social sobre a distribuiccedilatildeo a transferecircncia e a

aplicaccedilatildeo dos recursos dos Fundos devem ser exercidos junto aos respectivos governos no

acircmbito da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios por conselhos instituiacutedos

especificamente para esse fim Os conselhos seratildeo criados por legislaccedilatildeo especiacutefica editada no

72

pertinente acircmbito governamental observados os seguintes criteacuterios de composiccedilatildeo expressos

na Lei nordm 114942007 (BRASIL 2007)

Quadro 03 Composiccedilatildeo do Conselho de Controle Social do FUNDEB por esfera administrativa

Federal

(No miacutenimo 14 membros)

Estadual

(No miacutenimo 12 membros)

Municipal

(No miacutenimo 9 membros)

a) ateacute 4 (quatro)

representantes do Ministeacuterio

da Educaccedilatildeo

b) 1 (um) representante do

Ministeacuterio da Fazenda

c) 1 (um) representante do

Ministeacuterio do Planejamento

Orccedilamento e Gestatildeo

d) 1 (um) representante do

Conselho Nacional de

Educaccedilatildeo

e) 1 (um) representante do

Conselho Nacional de

Secretaacuterios de Estado da

Educaccedilatildeo - CONSED

f) 1 (um) representante da

Confederaccedilatildeo Nacional dos

Trabalhadores em Educaccedilatildeo

- CNTE

g) 1 (um) representante da

Uniatildeo Nacional dos

Dirigentes Municipais de

Educaccedilatildeo - UNDIME

h) 2 (dois) representantes dos

pais de alunos da educaccedilatildeo

baacutesica puacuteblica

i) 2 (dois) representantes dos

estudantes da educaccedilatildeo

baacutesica puacuteblica um dos quais

indicado pela Uniatildeo

Brasileira de Estudantes

Secundaristas - UBES

a) 3 (trecircs) representantes do

Poder Executivo estadual

dos quais pelo menos 1 (um)

do oacutergatildeo estadual

responsaacutevel pela educaccedilatildeo

baacutesica

b) 2 (dois) representantes dos

Poderes Executivos

Municipais

c) 1 (um) representante do

Conselho Estadual de

Educaccedilatildeo

d) 1 (um) representante da

seccional da Uniatildeo Nacional

dos Dirigentes Municipais de

Educaccedilatildeo - UNDIME

e) 1 (um) representante da

seccional da Confederaccedilatildeo

Nacional dos Trabalhadores

em Educaccedilatildeo - CNTE

f) 2 (dois) representantes dos

pais de alunos da educaccedilatildeo

baacutesica puacuteblica

g) 2 (dois) representantes dos

estudantes da educaccedilatildeo

baacutesica puacuteblica 1 (um) dos

quais indicado pela entidade

estadual de estudantes

secundaristas

a) 2 (dois) representantes do

Poder Executivo Municipal

dos quais pelo menos 1 (um)

da Secretaria Municipal de

Educaccedilatildeo ou oacutergatildeo

educacional equivalente

b) 1 (um) representante dos

professores da educaccedilatildeo baacutesica

puacuteblica

c) 1 (um) representante dos

diretores das escolas baacutesicas

puacuteblicas

d) 1 (um) representante dos

servidores teacutecnico-

administrativos das escolas

baacutesicas puacuteblicas

e) 2 (dois) representantes dos

pais de alunos da educaccedilatildeo

baacutesica puacuteblica

f) 2 (dois) representantes dos

estudantes da educaccedilatildeo baacutesica

puacuteblica um dos quais indicado

pela entidade de estudantes

secundaristas

sect 2o Integraratildeo ainda os

conselhos municipais dos

Fundos quando houver 1

(um) representante do

respectivo Conselho

Municipal de Educaccedilatildeo e 1

(um) representante do

Conselho Tutelar a que se

refere a Lei no 8069 de 13 de

julho de 1990 indicados por

seus pares

Fonte Lei Federal Nordm 114942007

73

A Lei nordm 114942007 aponta algumas orientaccedilotildees e estabelece restriccedilotildees na

composiccedilatildeo do Conselho de Controle Social do FUNDEB Na Lei os membros do Conselho

podem constituir seus representantes por indicaccedilatildeo eleiccedilatildeo e representaccedilatildeo conforme

estabelece o art 24 sect 3ordm

I - pelos dirigentes dos oacutergatildeos federais estaduais municipais e do Distrito Federal e

das entidades de classes organizadas nos casos das representaccedilotildees dessas instacircncias

II - nos casos dos representantes dos diretores pais de alunos e estudantes pelo

conjunto dos estabelecimentos ou entidades de acircmbito nacional estadual ou

municipal conforme o caso em processo eletivo organizado para esse fim pelos

respectivos pares

III - nos casos de representantes de professores e servidores pelas entidades sindicais

da respectiva categoria (BRASIL 2007)

Ainda sobre a composiccedilatildeo do Conselho a Lei Nordm 114942007 no art 24 sect 5ordm destaca

o impedimento dos Conselheiros que tenham relaccedilatildeo de parentesco submissatildeo hieraacuterquica ou

prestem serviccedilos para o poder executivo local

sect 5o Satildeo impedidos de integrar os conselhos a que se refere o caput deste artigo

I - cocircnjuge e parentes consanguiacuteneos ou afins ateacute 3o (terceiro) grau do Presidente e

do Vice-Presidente da Repuacuteblica dos Ministros de Estado do Governador e do Vice-

Governador do Prefeito e do Vice-Prefeito e dos Secretaacuterios Estaduais Distritais ou

Municipais

II - tesoureiro contador ou funcionaacuterio de empresa de assessoria ou consultoria que

prestem serviccedilos relacionados agrave administraccedilatildeo ou controle interno dos recursos do

Fundo bem como cocircnjuges parentes consanguiacuteneos ou afins ateacute 3o (terceiro) grau

desses profissionais

III - estudantes que natildeo sejam emancipados

IV - pais de alunos que

a) exerccedilam cargos ou funccedilotildees puacuteblicas de livre nomeaccedilatildeo e exoneraccedilatildeo no acircmbito dos

oacutergatildeos do respectivo Poder Executivo gestor dos recursos ou

b) prestem serviccedilos terceirizados no acircmbito dos Poderes Executivos em que atuam os

respectivos conselhos

sect 6o O presidente dos conselhos previstos no caput deste artigo seraacute eleito por seus

pares em reuniatildeo do colegiado sendo impedido de ocupar a funccedilatildeo o representante

do governo gestor dos recursos do Fundo no acircmbito da Uniatildeo dos Estados do Distrito

Federal e dos Municiacutepios (BRASIL 2007)

A atuaccedilatildeo dos membros do conselho deve ser baseada na autonomia e sem viacutenculo

institucional ao Poder Executivo local O periacuteodo do mandato dos seus membros eacute de dois anos

podendo ser reconduzidos uma uacutenica vez

O desempenho da funccedilatildeo de conselheiro do FUNDEB eacute considerado de extrema

relevacircncia social sendo uma atividade natildeo remunerada A Uniatildeo os Estados o Distrito Federal

74

e os Municiacutepios devem garantir a infraestrutura e as condiccedilotildees materiais adequadas agrave execuccedilatildeo

plena das competecircncias dos conselhos Os conselhos tecircm no acircmbito de suas respectivas esferas

governamentais de atuaccedilatildeo a incumbecircncia de ainda supervisionar o censo escolar anual e a

elaboraccedilatildeo da proposta orccedilamentaacuteria anual ldquocom o objetivo de concorrer para o regular e

tempestivo tratamento e encaminhamento dos dados estatiacutesticos e financeiros que alicerccedilam a

operacionalizaccedilatildeo dos Fundosrdquo (Art 24 sect 9ordm Lei nordm 11494 BRASIL 2007)

Aleacutem do FUNDEB cabe ao CACS o acompanhamento e a fiscalizaccedilatildeo do Programa de

Transporte escolar (PNATE)

15 CRITEacuteRIOS PARA A ESCOLHA DE DIRETOR ESCOLAR

A participaccedilatildeo nas formas de escolha do diretor escolar representada pela definiccedilatildeo de

criteacuterios para essa escolha que tecircm sido muito presente na pauta de lutas das organizaccedilotildees de

educadores desde a deacutecada de 1980 Natildeo obstante por ser mateacuteria de difiacutecil consenso a

Constituiccedilatildeo de 1988 e a LDB de 1996 satildeo geneacutericas ao tratar do tema limitando-se a delegar

aos sistemas de ensino a sua regulamentaccedilatildeo Eacute assim que de acordo com Mendonccedila (2000)

tais criteacuterios satildeo os mais diversos nas leis estaduais do paiacutes Por se tratar de um paiacutes que

comporta mais de 5600 municiacutepios com possibilidade de criaccedilatildeo de sistema proacuteprio de ensino

pode-se em potencial ter uma diversidade muito maior de criteacuterios

Com base nos estudos de Mendonccedila (2000) Paro (2003) e Dourado (2007) podemos

afirmar que o provimento do cargo de diretor escolar das escolas puacuteblicas tem ocorrido

basicamente de cinco formas 1) livre indicaccedilatildeo pelos poderes puacuteblicos 2) ascensatildeo na carreira

3) aprovaccedilatildeo em concurso puacuteblico 4) eleiccedilatildeo e posterior indicaccedilatildeo em lista triacuteplice e 5) eleiccedilatildeo

direta E cada uma dessas categorias traz consigo as concepccedilotildees de gestatildeo de um governo e

maior ou menor grau de participaccedilatildeo dos envolvidos na escolha

Em relaccedilatildeo ao criteacuterio de escolha de diretores escolares por indicaccedilatildeo ou nomeaccedilatildeo

Mendonccedila (2000) Paro (2007) e Dourado (2007) argumentam que esta eacute a forma de acesso na

qual os representantes poliacuteticos (governadores e prefeitos) podem indicar os gestores escolares

que acharem apropriados ao cargo Assim o criteacuterio de escolha de diretores atraveacutes de indicaccedilatildeo

vincula o trabalho do diretor com quem o indicou quase sempre um poliacutetico ou teacutecnico das

Secretarias de Educaccedilatildeo Seu compromisso portanto eacute com quem o colocou naquele cargo e

natildeo com a comunidade escolar Nesse caso ldquoo papel do diretor ao prescindir do respaldo da

comunidade escolar caracteriza-se como instrumentalizador de praacuteticas autoritaacuterias

75

evidenciando forte ingerecircncia do Estado na gestatildeo da escola (DOURADO 2007 p 83) A

indicaccedilatildeo para cargos puacuteblicos estaacute nas raiacutezes do Estado patrimonialista que marcou fortemente

a origem do Estado brasileiro o pode ser percebida na admissatildeo dos diretores cujos criteacuterios

satildeo essencialmente subjetivos e pessoais (MENDONCcedilA 2000) A categoria ldquonomeaccedilatildeordquo para

Paro (2007) ldquotraz consigo as marcas do clientelismo poliacutetico sendo por isso uma das mais

criticadas e inclusive muito presente nos sistemas de ensinordquo (PARO 2007 p 19) Com base

em dados do observatoacuterio de monitoramento das metas do PNE35 ateacute 2013 essa forma de

escolha de diretores ainda era presente em 50 das escolas brasileiras sendo portanto a que

prevalece no Brasil

Quanto ao criteacuterio de provimento de diretores escolares por meio do concurso os que

o defendem alegam que apresenta virtudes como ldquoa objetividade a coibiccedilatildeo do clientelismo e

a possibilidade de afericcedilatildeo do conhecimento teacutecnico do candidatordquo (PARO 2003 p19) Esse

criteacuterio de escolha estaacute ancorado na ideia de que o domiacutenio da competecircncia teacutecnica pelo

candidato eacute um requisito essencial para o exerciacutecio da funccedilatildeo Dessa forma a seleccedilatildeo atraveacutes

de concurso puacuteblico eacute defendida pela sua imparcialidade e porque o diretor concursado estaria

ldquomenos submisso agraves variantes poliacuteticas da escola e do sistema de ensino uma vez que o

concurso puacuteblico parece garantir a moralidade e a transparecircncia necessaacuterias na lotaccedilatildeo de

qualquer cargo puacuteblicordquo (SOUZA 2007 p 167)

Mendonccedila (2000) adverte que a permanecircncia de diretores nas unidades escolares por

concurso para a escolha de diretores estaacute vinculado tambeacutem ldquoa uma concepccedilatildeo da direccedilatildeo de

escola como carreira e por meio dele a ocupaccedilatildeo da funccedilatildeo tem caraacuteter permanenterdquo

(MENDONCcedilA 2000 p 191) Natildeo obstante concordamos com Paro (2015) quando argumenta

que o concurso eacute democraacutetico apenas aparentemente pois ldquoo diretor tem o direito de concorrer

ao cargo e escolher a escola onde vai trabalhar mas a comunidade escolar tem de aceitar esse

diretor sem conhececirc-lo e sem um processo democraacutetico de escolhardquo (PARO 2015 p 117)

Aleacutem disso ldquonatildeo eacute verdade que o processo de escolha possa se resumir numa qualidade teacutecnica

() pois o diretor exerce uma accedilatildeo poliacutetica como representante do Estado diante de seus

dirigidosrdquo (IDEM p117)

35 O Observatoacuterio da Educaccedilatildeo eacute uma plataforma online que tem como objetivo monitorar os indicadores referentes

a cada uma das 20 metas do Plano Nacional de Educaccedilatildeo (PNE) e de suas respectivas estrateacutegias e oferecer

anaacutelises sobre as poliacuteticas puacuteblicas educacionais jaacute existentes e que seratildeo implementadas ao longo dos dez anos

de vigecircncia do Plano Consta no seguinte endereccedilo httpwwwobservatoriodopneorgbrmetas-pne19-gestao-

democraticaindicadores

76

O diretor de carreira segundo Dourado (2007) eacute uma modalidade pouco utilizada

Neste caso o acesso ao cargo eacute vinculado a criteacuterios como tempo de serviccedilo escolarizaccedilatildeo

merecimento eou distinccedilatildeo entre outros Representa uma tentativa de aplicaccedilatildeo no setor

puacuteblico da meritocracia livrando da participaccedilatildeo da comunidade escolar a escolha de seu

dirigente

A indicaccedilatildeo por meio de listas triacuteplices secircxtuplas ou a combinaccedilatildeo de processos

(modalidade mista) consiste na consulta agrave comunidade escolar para a indicaccedilatildeo de nomes em

nuacutemero de trecircs ou seis possiacuteveis dirigentes cabendo ao poder executivo nomear o diretor dentre

os nomes escolhidos eou submetecirc-los a uma segunda fase que consiste em provas ou

atividades de avaliaccedilatildeo de sua capacidade cognitiva para a gestatildeo da educaccedilatildeo Na modalidade

mista apesar da participaccedilatildeo da comunidade na primeira fase cabe ao poder executivo fazer a

indicaccedilatildeo final do diretor onde corre-se o risco de ocorrer uma indicaccedilatildeo por criteacuterios natildeo

poliacutetico-pedagoacutegicos com uma suposta legitimaccedilatildeo da comunidade escolar uma forma de

burlar o sistema de escolha democraacutetica em nome do discurso de participaccedilatildeodemocratizaccedilatildeo

das relaccedilotildees escolares Outra modalidade mista eacute apontada por Vieira (2006) em que a escolha

de diretores escolares ocorre em duas fases de seleccedilatildeo A primeira fase dar-se-aacute por meio de

concurso que classifica os gestores e na segunda fase os classificados no concurso satildeo

colocados em aceitaccedilatildeo da comunidade e dos segmentos da escola atraveacutes da eleiccedilatildeo com a

participaccedilatildeo coletiva para a aprovaccedilatildeo de suas propostas na gestatildeo que assumiraacute (VIEIRA

2006)

O criteacuterio eleiccedilotildees diretas para a escolha de diretores escolares eacute entendida por

Mendonccedila (2000) Paro (2003 2007) e Souza (2007) como a forma mais democraacutetica na qual

a comunidade poderaacute votar no gestor mais qualificado para exercer as funccedilotildees pertinentes ao

cargo Para Souza diretor eleito

natildeo eacute por natureza do processo eletivo mais compromissado com a educaccedilatildeo puacuteblica

de qualidade para todosas mas a eleiccedilatildeo eacute o instrumento que potencialmente permite

agrave comunidade escolar controlar as accedilotildees do dirigente escolar no sentido de levaacute-lo a

se comprometer com este princiacutepio (SOUZA 2007 p 174)

A eleiccedilatildeo de diretores escolares fortalece o poder poliacutetico no interior das escolas e

consequentemente reduz a intervenccedilatildeo do Estado sobre elas e dessa forma a escola torna-se

mais autocircnoma e capaz de promover relaccedilotildees mais democraacuteticas em seu interior Embora a

eleiccedilatildeo natildeo seja a soluccedilatildeo para todos os problemas da escola puacuteblica e envolva riscos ainda ldquoeacute

77

a forma civilizada de exercer o poder entre sujeitosrdquo e ldquoconfere aos eleitos uma autoridade

legiacutetimardquo (PARO 2015 p 118)

No que diz respeito agraves diferentes experiecircncias de gestatildeo democraacutetica principalmente

quando trata das eleiccedilotildees de diretores e funcionamento de colegiados os resultados apontam

que ldquoesses processos continuam excessivamente centrados em pessoas com interferecircncias

poliacutetico partidaacuterias aliciamento de votos entre outros problemasrdquo (MENDONCcedilA 2000 p12)

Esses problemas se revelam na intervenccedilatildeo indevida de diretores indicando os nomes para

compor os colegiados de deliberaccedilatildeo assegurando que o controle da instituiccedilatildeo continue em

suas matildeos e ressalta que isso impede a participaccedilatildeo mais espontacircnea da comunidade escolar Eacute

importante que tenhamos a compreensatildeo de que eacute necessaacuterio que haja na escola natildeo um ldquocheferdquo

mas um colaborador que embora tenha responsabilidade junto ao Estado natildeo esteja atrelado

apenas ao seu poder colocando-se acima dos demais mas ao contraacuterio que sua autoridade com

a responsabilidade seja distribuiacuteda dentre os membros da escola

Nesse contexto compreendemos que a forma mais democraacutetica e que permite maior

participaccedilatildeo da comunidade escolar na escolha dos seus diretores escolares eacute a eleiccedilatildeo direta

Por isso o debate deve se fazer presente natildeo soacute nas unidades escolares mas em todo o sistema

de ensino como um momento coletivo de amadurecimento poliacutetico participativo e de

construccedilatildeo de um processo democraacutetico da gestatildeo escolar que legitime o desempenho da funccedilatildeo

de diretor e que respeite as deliberaccedilotildees coletivas

Mais recentemente o Plano Nacional de Educaccedilatildeo (2014-2024) aprovado pela Lei nordm

13005 de 25 de junho de 2014 reafirma em seu inciso VI do Art 2ordm a ldquopromoccedilatildeo do princiacutepio

da gestatildeo democraacutetica da educaccedilatildeo puacuteblicardquo No entanto o caput da Meta 19 propotildee ldquoassegurar

condiccedilotildees () para a efetivaccedilatildeo da gestatildeo democraacutetica da educaccedilatildeo associada a criteacuterios

teacutecnicos de meacuterito e desempenho e agrave consulta puacuteblica agrave comunidade escolar no acircmbito das

escolas puacuteblicas prevendo recursos e apoio teacutecnico da Uniatildeo para tantordquo (grifos nossos)

O detalhamento da meta 19 pressupotildee estrateacutegias que condicionam o repasse de

transferecircncias voluntaacuterias da Uniatildeo da aacuterea da educaccedilatildeo para os municiacutepios que tenham

aprovado legislaccedilatildeo especiacutefica regulamentando mateacuteria a esse respeito Embora os criteacuterios se

associem a alguma forma de participaccedilatildeo da comunidade o PNE vem estimulando que os

municiacutepios adotem em legislaccedilotildees a nomeaccedilatildeo dos diretores e diretoras de escola a partir de

criteacuterios teacutecnicos de meacuterito e desempenho o que corrobora a persistecircncia da gestatildeo de cunho

gerencialista proposta no Plano Diretor de Reforma do Estado (PDRAE) aprovado no governo

de Fernando Henrique Cardoso

78

Por fim constatamos que a poliacutetica de gestatildeo da educaccedilatildeo brasileira segue no sentido

de democratizar o sistema de ensino atraveacutes do acesso permanecircncia e garantia da educaccedilatildeo de

qualidade Para isso sugerem a participaccedilatildeo atraveacutes da garantia da existecircncia de conselhos

representativos de controle social e de eleiccedilotildees diretas para diretores escolares por meio da

comunidade escolar e da sociedade civil tanto na construccedilatildeo de poliacuteticas quanto no controle

social indicando a transparecircncia nas accedilotildees e na gestatildeo dos recursos puacuteblicos

79

2 A GESTAtildeO EDUCACIONAL NO CONTEXTO DO PLANO DE

DESENVOLVIMENTO DA EDUCACcedilAtildeO (PDE) DO PLANO DE METAS

COMPROMISSO TODOS PELA EDUCACcedilAtildeO E DO PLANO DE ACcedilOtildeES

ARTICULADAS

Este capiacutetulo trataraacute de dar continuidade agrave discussatildeo do capiacutetulo anterior sobre as

poliacuteticas educacionais adotadas no Brasil apoacutes a Reforma do Estado que tecircm traccedilado novos

rumos para a gestatildeo da educaccedilatildeo Especificamente seraacute abordado nesse capiacutetulo o modelo de

gestatildeo da educaccedilatildeo adotado no Brasil no qual estaacute inserido o Plano de Desenvolvimento da

Educaccedilatildeo o Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo e o Plano de Accedilotildees

Articuladas e as suas formas de materializaccedilatildeo

21 A GESTAtildeO EDUCACIONAL E O PLANO DE DESENVOLVIMENTO DA

EDUCACcedilAtildeO (PDE)

As poliacuteticas educacionais implementadas no Brasil possuem uma historicidade na sua

construccedilatildeo que natildeo segue em linha reta isto eacute eacute cheia de curvas e oscilaccedilotildees pelo caminho

com avanccedilos e retrocessos sendo influenciadas em todas as suas fases seja por contextos

histoacutericos distintos seja pela disputa entre os sujeitos envolvidos no processo ou por grupos de

interesses e de percepccedilotildees diferentes da realidade que estatildeo presentes no momento da sua

implementaccedilatildeo e execuccedilatildeo Poreacutem eacute o resultado das relaccedilotildees sociais inerentes ao processo de

construccedilatildeo dessas poliacuteticas

O primeiro Plano Nacional de Educaccedilatildeo foi elaborado para uma deacutecada (2001-2010) no

Brasil natildeo atingiu os objetivos esperados pois desde a sua elaboraccedilatildeo ateacute o envio ao Congresso

Nacional em 1997 existiam visotildees distintas dos rumos da educaccedilatildeo do paiacutes Eacute tanto que dois

Planos foram enviados um que representava a proposta do governo FHC na eacutepoca e o outro

que representava a sociedade civil construiacutedo a partir das organizaccedilotildees de classes Um periacuteodo

turbulento pois

() a apresentaccedilatildeo de dois planos nacionais de educaccedilatildeo um do governo e outro da

sociedade civil evidencia o atual estaacutegio de correlaccedilatildeo de forccedilas sociais no campo

educacional do Brasil do final dos anos de 1990 materializado no acirramento do

conflito entre duas propostas de sociedade e de educaccedilatildeo ndash a proposta liberal-

80

corporativa e a proposta democraacutetica das massas ndash que vem se embatendo desde o

final dos anos de 1980 () (NEVES 2000 p 148)

Dessa forma com os embates que se arrastavam no Congresso Nacional por deputados

contra e a favor e sindicatos De posse dos dois planos e dos embates realizou-se um texto

substitutivo em junho de 2000 que consolidasse parte proposta do governo e outra parte da

sociedade civil representada Embora votado na cacircmara dos deputados e no senado o texto foi

sancionado pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso com vetos principalmente no que se

tratava de investimentos e financiamento da educaccedilatildeo principalmente na educaccedilatildeo superior

Nesse contexto eacute notoacuteria a falta de compromisso do governo FHC com os investimentos na

educaccedilatildeo em que o seu governo o tem como gasto e natildeo como investimento Eacute importante

destacar aqui que uma boa educaccedilatildeo baacutesica seraacute o resultado de uma boa educaccedilatildeo superior e

que as universidades tem um papel estrateacutegico no desenvolvimento das naccedilotildees

No campo poliacutetico o primeiro governo Lula (2003-2006) foi marcado pela continuidade

das poliacuteticas educacionais traccediladas no governo FHC que realizou as reformas educacionais de

longo alcance sob os olhares do mercado A expectativa dos educadores era que a partir do

governo Lula essa loacutegica neoliberal que mudou os rumos da educaccedilatildeo baacutesica a superior fosse

rompida Entretanto segundo Andrade de Oliveira (2009) natildeo foi o que ocorreu a loacutegica

neoliberal foi mantida Assim no primeiro mandato de Lula natildeo houve poliacuteticas puacuteblicas

educacionais regulares e fortes o suficiente para alterar a poliacutetica planejada pelo governo FHC

A autora afirma que ocorreram sim alguns programas e projetos focalizados principalmente

para os mais vulneraacuteveis mas que natildeo se constituiu em uma poliacutetica puacuteblica Somente no

finalzinho do primeiro mandato eacute que foi criado o Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento

da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo (FUNDEB) proposto pela

Emenda Constitucional Nordm 53 de 2006 que ampliou o Fundo de Manutenccedilatildeo e

Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorizaccedilatildeo do Magisteacuterio (FUNDEF) sendo

esse fundo o principal mecanismo de financiamento da educaccedilatildeo que passou a atender a trecircs

etapas educaccedilatildeo infantil ensino fundamental e ensino meacutedio Poreacutem sem romper com a loacutegica

neoliberal Andrade Oliveira (2009 p 203) afirma que o que se observou foi ldquoo governo

assumir de alguma forma a loacutegica existente e passar a professar a inclusatildeo social no lugar do

direito universal agrave educaccedilatildeordquo

Nesse cenaacuterio marcado por poliacuteticas educacionais focais imediatistas e de pouca

regularidade o Presidente Lula durante a campanha para a reeleiccedilatildeo destacou a educaccedilatildeo

como foco principal do seu governo apoacutes a vitoacuteria nas urnas no discurso de posse em 01 de

janeiro de 2007 e reforccedilou priorizar a educaccedilatildeo no segundo governo Em 24 de abril de 2007

81

apresenta o Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo como parte do Programa de Aceleraccedilatildeo do

Crescimento (PAC) que ele denominou de PAC da Educaccedilatildeo A cerimocircnia contou com a

participaccedilatildeo do Presidente da Repuacuteblica Luiz Inaacutecio Lula da Silva e do Ministro da Educaccedilatildeo

Fernando Haddad e ainda Paulo Renato (ex-ministro da educaccedilatildeo do governo FHC) e

Cristovam Buarque (Ministro de Educaccedilatildeo do primeiro governo Lula) aleacutem da participaccedilatildeo de

setores da iniciativa privada e gestores puacuteblicos

Camini (2009) critica a implantaccedilatildeo de uma poliacutetica puacuteblica lanccedilada como uma decisatildeo

poliacutetica sem contar com uma ampla discussatildeo coletiva dos segmentos da sociedade que seratildeo

atingidos diretamente ou mesmo indiretamente Para a autora a presenccedila de representantes de

instituiccedilotildees privadas em parceria com o setor puacuteblico de educaccedilatildeo lanccedila o Plano de

Desenvolvimento da Educaccedilatildeo (PDE) sendo que nessas ldquoparceriasrdquo muitas vezes estatildeo

impliacutecitas a loacutegica de mercado o que reduz as condiccedilotildees de democratizaccedilatildeo visto que na

legislaccedilatildeo as instituiccedilotildees privadas natildeo permitem a participaccedilatildeo da populaccedilatildeo nas decisotildees

ficando a cargo exclusivamente do mercado ditar as suas regras

Jaacute no entendimento do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo o PDE pela visatildeo sistecircmica que o

caracteriza [] ldquoprocura enfocar a educaccedilatildeo em todo o territoacuterio da naccedilatildeo considerando com o

mesmo cuidado e atenccedilatildeo cada uma das suas partes do bairro do paiacutes em seu conjunto dando

efetividade ao princiacutepio constitucional do ldquoregime de colaboraccedilatildeordquordquo (SAVIANI 2009 p 16)

afirma que O PDE estaacute sustentado em seis pilares i) visatildeo sistecircmica da educaccedilatildeo ii)

territorialidade iii) desenvolvimento iv) regime de colaboraccedilatildeo v) responsabilizaccedilatildeo e vi)

mobilizaccedilatildeo social

O ldquoPDE aparece como um grande guarda-chuvardquo (SAVIANI 2009 p 5) que cobre

praticamente todos os programas e aacutereas com foco na educaccedilatildeo baacutesica superior profissional

tecnoloacutegica alfabetizaccedilatildeo e diversidade abrangendo as modalidades de ensino e accedilotildees de

melhorias na infraestrutura No que se refere aos eixos de accedilotildees do Plano de Desenvolvimento

da Educaccedilatildeo (PDE) direcionadas as aacutereas do sistema educacional apresentamos o quadro a

seguir

82

Quadro 04 - Eixos de Accedilatildeo do Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo (PDE)

Eixos Accedilotildees do PDE

Educaccedilatildeo

Baacutesica

1 Melhoria do IDEB da escola puacuteblica e

2 Melhoria da gestatildeo escolar da qualidade do ensino e do fluxo escolar

valorizaccedilatildeo e qualificaccedilatildeo de professores e profissionais da educaccedilatildeo

inclusatildeo digital e apoio ao aluno e agrave escola

Alfabetizaccedilatildeo

e Educaccedilatildeo

Continuada

1 Reduzir a taxa de analfabetismo e o nuacutemero absoluto de analfabetos

2 Atender jovens e adultos de 15 anos ou mais

3 Prioridade para os municiacutepios com taxa de analfabetismo superior a 35

e

4 O Brasil Alfabetizado tem por meta atender 15 milhatildeo de alfabetizandos

por ano

Ensino

Profissional e

Tecnoloacutegico

1 Ampliar a rede de ensino profissional e tecnoloacutegico do Paiacutes

2 Que cada municiacutepio tenha pelo menos 1 escola oferecendo educaccedilatildeo

profissional e

3 A prioridade seraacute para cidades tendo como referecircncia as economias locais

e regionais e reforccedilando a articulaccedilatildeo da escola puacuteblica em especial o

ensino meacutedio e a EJA com a educaccedilatildeo profissional em todas as modalidades

e niacuteveis

Ensino

Superior

1 Ampliar e democratizar o acesso ao ensino superior do Paiacutes

2 A ampliaccedilatildeo de vagas nas instituiccedilotildees federais de ensino superior se faraacute

por meio de ofertas de bolsas do Programa Universidade para Todos

(PROUNI) articulado ao Financiamento Estudantil (FIES) e

3 Atraveacutes da Reestruturaccedilatildeo e Expansatildeo das Universidades Federais

(REUNI) as universidades apresentaratildeo planos de expansatildeo da oferta

Dobrar o nuacutemero de alunos nas Instituiccedilotildees Federais de Ensino (IFES) no

Brasil em 10 anos Fonte BRASIL 2007

Esses eixos correspondem agrave atuaccedilatildeo do PDE que segundo Saviani (2009) tem um

objetivo ambicioso de elevar o niacutevel da educaccedilatildeo brasileira aos patamares dos paiacuteses

desenvolvidos ateacute o ano de 2022 Para tanto vem ampliando seus programas e hoje conta com

a adesatildeo de todos os estados e municiacutepios atraveacutes da assinatura do Termo de Adesatildeo ao

PMCTE onde satildeo chamados a responsabilizar-se com as metas preacute-estabelecidas pelo Plano

Dessa forma a execuccedilatildeo dos programas e projetos do PDE por parte dos estados e

municiacutepios tem promovido mudanccedilas substanciais principalmente na gestatildeo educacional e

escolar visto que com o Plano de Metas do Compromisso e o Plano de Accedilotildees Articuladas

organizam toda uma articulaccedilatildeo para materializar as metas propostas Para Sousa (2011 p 06)

ldquoo efeito mais perceptiacutevel das alteraccedilotildees promovidas pelo PDE no relacionamento do MEC

com os entes federativos reside no condicionamento de todas as transferecircncias voluntaacuterias da

Uniatildeo aos estados e municiacutepiosrdquo a partir da assinatura do termo de compromisso do PMCTE

e a responsabilidade dos estados e municiacutepios quanto ao cumprimento das suas diretrizes

83

Permeado de termos como ldquodemocraciardquo ldquocolaboraccedilatildeordquo e ldquoparceriardquo que foram

introduzidos e utilizados a partir de uma visatildeo neoliberal A poliacutetica educacional e de gestatildeo

propugnada pelo Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo estabelece o Plano de Metas

Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo e orienta os Estados e os Municiacutepios a elaborarem os seus

Planos de Accedilatildeo Articuladas seguindo o modelo proposto pelo MEC mantendo assim a

centralidade das decisotildees no acircmbito da Uniatildeo e desconcentrando a realizaccedilatildeo das tarefas para

os estados e os municiacutepios agindo como um oacutergatildeo coordenador da poliacutetica e dos resultados

alcanccedilados pelos demais entes federados E nesse sentido eacute que se observa o modelo de gestatildeo

gerencial em que estaacute inserido o PMCTE pois os estados e municiacutepios passam a ter que seguir

as diretrizes a partir do Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) como instrumento de planejamento

para o alcance das metas definidas

As divergecircncias em que se sustentam o PDE e o Plano de Metas Compromisso Todos

pela Educaccedilatildeo seja nas diretrizes instituiacutedas no desenvolvimento dos programas nas accedilotildees

implementadas e nos resultados alcanccedilados eacute tambeacutem por que o PDE natildeo foi uma poliacutetica

construiacuteda historicamente com a participaccedilatildeo coletiva dos envolvidos nos debates ela foi

determinada a partir de uma decisatildeo poliacutetica de governo dessa forma tem apresentado

ambiguidades e incoerecircncias na sua implantaccedilatildeo e execuccedilatildeo

A relaccedilatildeo democraacutetica e o regime de colaboraccedilatildeo entre os entes federados parece ser

mais uma ambiguidade pois de acordo com Camini (2011 p166-167) existe uma prevalecircncia

do MEC como instacircncia superior ldquoque encobre sob a forma de delegaccedilatildeo descentralizaccedilatildeo

ou auxiacutelio uma relaccedilatildeo que implica certa passividade e adesatildeo dos demais entes regionaisrdquo

Ainda assim existe tambeacutem uma ldquopermeabilidade que envolve praacuteticas e procedimentos

poliacutetico-administrativos e que permite e favorece a penetraccedilatildeo das intenccedilotildees e accedilotildees de umas

instacircncias sobre as outrasrdquo (idem grifos nossos)

Nesse sentido entende-se que as reformas propostas e implementadas no Brasil a partir

dos anos de 1990 tecircm apontado para o enfraquecimento do Estado em sua funccedilatildeo social As

novas concepccedilotildees abordagens meacutetodos de planejamento e as novas praacuteticas de gestatildeo tecircm

levado a educaccedilatildeo a apresentar caracteriacutesticas diferentes daquelas propostas pela Constituiccedilatildeo

Federal Brasileira de 1988 em que a educaccedilatildeo era um direito social fundamental e quando

ofertado em estabelecimento puacuteblico seria gratuito aleacutem da garantia do padratildeo de qualidade e

da gestatildeo democraacutetica do ensino puacuteblico As novas concepccedilotildees tecircm viabilizado um processo de

racionalizaccedilatildeo mercantil em favor da empresa privada as quais com a alternativa da terceira

via e com as parcerias com o poder puacuteblico buscam influenciar a definiccedilatildeo das poliacuteticas

puacuteblicas sendo o PDE um exemplo disso pois fomenta parcerias entre instituiccedilotildees privadas e

84

os sistemas puacuteblicos de educaccedilatildeo uma vez que nessas ldquoparceriasrdquo muitas vezes estatildeo

impliacutecitas a loacutegica de mercado com modelos de gestatildeo gerencial e instrumentos de controle

fortalecendo a competitividade entre as escolas e diminuindo a autonomia das instituiccedilotildees

puacuteblicas educacionais

O proacuteximo toacutepico trataraacute mais especificamente de um dos eixos de accedilatildeo do PDE ndash o

Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo ndash bem como as suas diretrizes e a sua

interface com a gestatildeo educacional

22 A GESTAtildeO EDUCACIONAL E O PLANO DE METAS COMPROMISSO TODOS PELA

EDUCACcedilAtildeO

A origem do Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo se deu a partir de um

movimento denominado Movimento Todos pela Educaccedilatildeo (MTPE) um movimento que se

apresenta como apoliacutetico e apartidaacuterio e congrega a sociedade civil organizada educadores e

gestores puacuteblicos sendo mantido por grupos empresariais36 cujo Conselho de Governanccedila eacute

composto majoritariamente por grandes liacutederes empresariais37 O movimento TPE foi criado

ainda em 2005 por um grupo de liacutederes empresariais no momento em que a valorizaccedilatildeo da

educaccedilatildeo comeccedilou a se tornar relevante para a formaccedilatildeo de trabalhadores brasileiros Em 2006

o movimento TPE lanccedilou o projeto ldquocompromisso todos pela educaccedilatildeordquo o qual foi

impulsionado para o congresso sob o tiacutetulo de ldquoAccedilotildees de Responsabilidade Social em

Educaccedilatildeo melhores praacuteticas na Ameacuterica Latinardquo (BERNARDI 2014)

Dessa forma com os liacutederes empresariais envolvidos na composiccedilatildeo do Conselho do

TPE sendo maioria majoritaacuteria nesse espaccedilo de decisatildeo logo estes tinham a prerrogativa de

decidir sobre as accedilotildees e os programas educacionais seguindo na direccedilatildeo de colocar o mercado

como a soluccedilatildeo para os problemas da educaccedilatildeo atendendo a loacutegica da gestatildeo empresarial e

apontando caminhos que devem ser seguidos pela educaccedilatildeo tendo o mercado como paracircmetro

36

As principais empresas mantenedoras satildeo Gerdau Fundaccedilatildeo Educar DPaschoal Fundaccedilatildeo Bradesco Fundaccedilatildeo

Itauacute Instituto Natura Fundaccedilatildeo Vale Itauacute BBA etc os parceiros satildeo entre outros Rede Globo Grupo ABC

Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) Instituto Ayrton Senna Editora Saraiva Itauacute Cultural

Microsoft Editora Moderna 37 Em 2011 o Conselho de Governanccedila apresentava a seguinte composiccedilatildeo Jorge Gerdau Johannpeter

(Presidente) Ana Maria dos Santos Diniz (Grupo Patildeo de Accediluacutecar) Antocircnio Jacinto Matias (Fundaccedilatildeo Itauacute Social)

Beatriz Johannpeter (Fundaccedilatildeo Gerdau) Daniel Feffer (Dirigente da Suzano Papel e Celulose SA) Danilo Santos

de Miranda (Diretor do SESC SP) Denise Aguiar Alvarez (Fundaccedilatildeo Bradesco) Fernatildeo Bracher (Banco Itauacute)

Joseacute Roberto Marinho (Fundaccedilatildeo Roberto MarinhoOrganizaccedilotildees Globo) Luiacutes Norberto Pascoal (Grupo

DPaschoal) Millu Villela Ricardo Henriques (Unibanco) Viviane Senna (Instituto Ayrton Senna) dentre outros

empresaacuterios

85

e como uacutenica alternativa para o desenvolvimento social e econocircmico de sucesso De acordo

com Voss (2011)

pois a ecircnfase central das reformas educacionais contemporacircneas natildeo eacute a expansatildeo da

escolarizaccedilatildeo mas a equidade entendida como a oferta eficiente e eficaz do ensino

de modo a garantir condiccedilotildees de aquisiccedilatildeo de habilidades e informaccedilotildees que permitam

competir no mercado profissional (VOSS 2011 p 45)

Enquanto iniciativa de classe a praacutetica do movimento TPE se traduz numa tentativa de

transformar a educaccedilatildeo num mercado lucrativo e voltado para atender a qualificaccedilatildeo

profissional no mercado de trabalho utilizando-se de uma poliacutetica de forte cunho gerencialista

Shiroma (2011) afirma que essa intensa aproximaccedilatildeo entre governo e iniciativa privada

demonstra a articulaccedilatildeo que caracteriza a formaccedilatildeo de ldquoredes interorganizacionaisrdquo que tecircm

como foco fortalecer as instituiccedilotildees privadas com a articulaccedilatildeo do poder puacuteblico estabelecendo

ldquonovas formas de regulaccedilatildeo da educaccedilatildeordquo

De acordo com Freitas (2007) quando o MEC privilegiou o empresariado como

possiacuteveis liacutederes que traduziriam as melhorias na educaccedilatildeo ele deixou de lado as entidades

educacionais sindicais e acadecircmicas no processo de elaboraccedilatildeo do PMCTE Ele afastou ldquooutros

interlocutores que estatildeo haacute mais de duas deacutecadas participando dos diferentes foacuteruns de definiccedilatildeo

das poliacuteticas tanto em niacutevel do proacuteprio Ministeacuterio quanto da proacutepria sociedade [] (FREITAS

2007 p 01)rdquo

O movimento TPM segundo Shiroma Garcia e Campos (2011 p233) foi ldquocriado por

um grupo de intelectuais orgacircnicos do capitalrdquo que definiu como objetivos propiciar as

condiccedilotildees de acesso de alfabetizaccedilatildeo e de sucesso escolar a ampliaccedilatildeo de recursos investidos

na educaccedilatildeo baacutesica e a melhoria da gestatildeo desses recursos que estatildeo traduzidos em cinco metas

a serem atingidas ateacute 2022 a saber

Meta 1 ndash Toda crianccedila e jovem de 4 a 17 anos na escola

Meta 2 ndash Toda crianccedila plenamente alfabetizada ateacute os 8 anos

Meta 3 ndash Todo aluno com aprendizado adequado ao seu ano

Meta 4 ndash Todo jovem com Ensino Meacutedio ateacute os 19 anos

Meta 5 ndash O investimento em educaccedilatildeo ampliado e bem gerido

(TODOS PELA EDUCACcedilAtildeO 2016)

Dessa maneira o governo federal colaborando com as aspiraccedilotildees do movimento TPE

lanccedilou o Decreto ndeg 60942007 que dispotildee sobre a implementaccedilatildeo do Plano de Metas

86

Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo na perspectiva de comprometer os estados e municiacutepios

com tais metas e instituir o Plano de Accedilotildees Articuladas como uma ferramenta gerencial delas

Eacute decretado entatildeo o Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo (PMCTE) como uma

poliacutetica governamental ou seja um conjunto de medidas e metas para o paiacutes estabelecido por

meio do Decreto 6094 de 24 de abril de 2007 Eacute portanto um ato do poder executivo e natildeo

uma lei e estaacute ligado ao eixo do Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo que envolve accedilotildees em

diferentes aacutereas da economia para impulsionar o crescimento econocircmico do paiacutes

Para Luce e Farenzena (2007 p11) a poliacutetica do PMCTE ldquocomo estrateacutegia metas e

meios foi concebida centralmente mas sua execuccedilatildeo eacute descentralizadardquo embora a execuccedilatildeo

sofra intervenccedilatildeo direta do MEC como poder centralizador que oferece assistecircncia na

formulaccedilatildeo dos planos suporte financeiro aleacutem de coordenar e controlar em torno de diretrizes

gerais previamente estabelecidas o desempenho das escolas a partir das bases de dados e

ainda daacute atribuiccedilotildees agraves redes escolares municipaisestaduais com baixos iacutendices educacionais

a fim de melhorar a qualidade da educaccedilatildeo Essa forma de descentralizar as accedilotildees mas controlar

eacute caracterizada como uma ldquodescentralizaccedilatildeo convergenterdquo ou ldquodescentralizaccedilatildeo monitoradardquo

(LUCE FARENZENA 2007 p 11) do MEC em relaccedilatildeo ao ente federativo jaacute que o Plano de

Accedilotildees Articuladas (PAR) e o IDEB estrategicamente realizam o planejamento e o

monitoramento das accedilotildees

Nesse contexto o PDEPlano de Metas eacute para Farenzena (2009) uma poliacutetica de

colaboraccedilatildeo entre os governos e parceiros com caracteriacutesticas e concepccedilotildees que favorecem a

centralizaccedilatildeo e descentralizaccedilatildeo A autora afirma que nessas relaccedilotildees colaborativas entre a

Uniatildeo os estados os municiacutepios e o Distrito Federal bem como nas parcerias com empresaacuterios

e outras instituiccedilotildees puacuteblicas observa-se que a centralizaccedilatildeo eacute na Uniatildeo Por outro lado o FNDE

ndash MEC ndash afirma que ocorre na verdade o Regime de Colaboraccedilatildeo como um compartilhamento

de competecircncias poliacuteticas teacutecnicas e financeiras para a execuccedilatildeo de programas de manutenccedilatildeo

e desenvolvimento da educaccedilatildeo de forma a auxiliar na atuaccedilatildeo dos entes federados sem ferir-

lhes a autonomia

De acordo com Celina Souza (2001) a poliacutetica conservadora de reduccedilatildeo do tamanho do

Estado centralizaccedilatildeo nas decisotildees e a desconcentraccedilatildeo da implementaccedilatildeo de poliacuteticas retirou

da esfera estadual obrigaccedilotildees que antes era da sua administraccedilatildeo o que deixou uma lacuna

nessa instacircncia intermediaacuteria Em contraponto a isso a Uniatildeo reduziu o poder do Estado e se

aproximou dos municiacutepios podendo implantar diretamente suas poliacuteticas sem mais o intermeacutedio

do Estado

87

As diretrizes38 que fazem parte do PMCTE tecircm como objetivo a melhoria da educaccedilatildeo

no paiacutes sem o objetivo de esgotar o assunto razatildeo por que se destacaraacute neste trabalho somente

as diretrizes que estatildeo relacionadas aos indicadores da gestatildeo democraacutetica objeto deste estudo

()

XVIII ndash fixar regras claras considerados meacuterito e desempenho para nomeaccedilatildeo e

exoneraccedilatildeo de diretor de escola

XIX ndash Divulgar na escola e na comunidade os dados relativos a aacuterea da educaccedilatildeo

com ecircnfase no Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica (IDEB) referido no

art 3ordm

XX - acompanhar e avaliar com participaccedilatildeo da comunidade e do Conselho de

Educaccedilatildeo as poliacuteticas puacuteblicas na aacuterea de educaccedilatildeo e garantir condiccedilotildees sobretudo

institucionais de continuidade das accedilotildees efetivas preservando a memoacuteria daquelas

realizadas

XXI ndash zelar pela transparecircncia da gestatildeo puacuteblica na aacuterea da educaccedilatildeo garantindo o

funcionamento efetivo autocircnomo e articulado dos conselhos de controle social

XXII ndash promover a gestatildeo participativa na rede de ensino

XXIII - elaborar plano de educaccedilatildeo e instalar Conselho de Educaccedilatildeo quando

inexistentes

XXIV integrar os programas da aacuterea da educaccedilatildeo com os de outras aacutereas como sauacutede

esporte assistecircncia social cultura dentre outras com vista ao fortalecimento da

identidade do educando com sua escola

XXV ndash fomentar e apoiar os conselhos escolares envolvendo as famiacutelias dos

educandos com as atribuiccedilotildees dentre outras de zelar pela manutenccedilatildeo da escola e

pelo monitoramento das accedilotildees e consecuccedilatildeo das metas do compromisso

()

XXVIII ndash organizar um comitecirc local do Compromisso com representantes das

associaccedilotildees de empresaacuterios trabalhadores sociedade civil Ministeacuterio Puacuteblico

Conselho Tutelar e dirigentes do sistema educacional puacuteblico encarregado da

mobilizaccedilatildeo da sociedade e do acompanhamento das metas de evoluccedilatildeo do IDEB

(BRASIL 2007)

As diretrizes tecircm demonstrado as accedilotildees que devem ser realizadas para atingir o padratildeo

de qualidade da educaccedilatildeo a partir da assinatura do Termo de Adesatildeo ao Compromisso

estabelecido entre os entes federados para atingir as metas propostas pelo IDEB sem adentrar a

autonomia de cada ente Entretanto alerta Saviani (2009) eacute preciso ter atenccedilatildeo pois de acordo

com o autor a loacutegica que embasa a proposta do Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo eacute uma

loacutegica de mercado que pode ser traduzida como uma ldquopedagogia de resultadosrdquo39

Nessa conjuntura o que se revela eacute que a gestatildeo da educaccedilatildeo no segundo mandato do

governo Lula se estrutura e se organiza com uma gestatildeo gerencial que tem como foco os

resultados seguindo os mesmos modelos de gestatildeo centralizados e determinados a partir da

experiecircncia de setores privados Dessa forma Saviani (2009 p 45) afirma que essa loacutegica eacute

38 As diretrizes do PMCTE na iacutentegra estatildeo disponiacuteveis no anexo do trabalho 39 O governo equipa-se com instrumentos de avaliaccedilatildeo dos produtos forccedilando com isso que o processo se ajuste

agraves exigecircncias postas pela demanda das empresas (SAVIANI 2007a p3)

88

direcionada pelo mercado pelo mecanismo das chamadas ldquopedagogias das competecircnciasrdquo e ldquoda

qualidade totalrdquo que visa agrave satisfaccedilatildeo dos clientes e usa da linguagem empresarial nas escolas

afirmando que ldquoaqueles que ensinam satildeo prestadores de serviccedilo aqueles que aprendem satildeo os

clientes e a educaccedilatildeo pode ser produzida com qualidade variaacutevelrdquo O autor considera positivo

que as empresas defendam a ampliaccedilatildeo dos recursos para a educaccedilatildeo entretanto critica

veementemente as que querem se apropriar dos recursos puacuteblicos pedindo isenccedilatildeo fiscal

reduccedilatildeo de impostos perdatildeo de diacutevidas e incentivos agrave produccedilatildeo

Nesse contexto o PDEPMCTE atrelou a permanecircncia na escola agrave qualidade do ensino

e para isso instituiu o IDEB que ldquoeacute uma composiccedilatildeo do resultado dos alunos em avaliaccedilotildees

nacionais como a Prova Brasil e o Sistema de Avaliaccedilatildeo do Ensino Baacutesico (SAEB) com as

taxas de aprovaccedilatildeo e evasatildeo de cada escolardquo (SAVIANI 2007 p03) que ldquoafererdquo o desempenho

de escolas municiacutepios estados e do paiacutes e define a poliacutetica de investimento de recursos na

Educaccedilatildeo Esses dados satildeo administrados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas

Educacionais Aniacutesio Teixeira (INEP)

O IDEB inicia a sua histoacuteria no Brasil em 2005 a partir de onde foram estabelecidas

metas bienais de qualidade a serem atingidas natildeo apenas pelo paiacutes mas tambeacutem por cada escola

municiacutepio e estado A loacutegica eacute a de que cada instacircncia federativa evolua de forma a contribuir

em conjunto para que o Brasil atinja o patamar educacional da meacutedia dos paiacuteses da Organizaccedilatildeo

para a Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econocircmico (OCDE) Isso significa progredir em termos

numeacutericos da meacutedia nacional 38 registrada em 2005 na primeira fase do ensino fundamental

para um IDEB igual a 60 em 2022 ano do bicentenaacuterio da Independecircncia do Brasil (INEP

2014)

As metas programadas do IDEB no Brasil nos anos iniciais e finais do ensino

fundamental e no ensino meacutedio no periacuteodo de 2005 a 2013 pelo Instituto Nacional de Estudos

e Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira (INEP) estatildeo expliacutecitas na tabela abaixo

89

Tabela 03 - Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica no Brasil (2005 a 2013)

Anos iniciais do ensino fundamental no Brasil

IDEB observado Metas

2005 2007 2009 2011 2013 2007 2009 2011 2013 2021

Estadual 39 43 49 51 54 40 43 47 50 61

Municipal 34 40 44 47 49 35 38 42 45 57

Privada 59 60 64 65 67 60 63 66 68 75

Puacuteblica 36 40 44 47 49 36 40 44 47 58

BRASIL 38 42 46 50 52 39 42 46 49 60

Anos finais do ensino fundamental no Brasil

2005 2007 2009 2011 2013 2007 2009 2011 2013 2021

Estadual 33 36 38 39 40 33 35 38 42 53

Municipal 31 34 36 38 38 31 33 35 39 51

Privada 58 58 59 59 60 58 60 62 65 73

Puacuteblica 32 35 37 39 40 33 34 37 41 52

BRASIL 35 38 40 41 42 35 37 39 44 55

Ensino meacutedio no Brasil

2005 2007 2009 2011 2013 2007 2009 2011 2013 2021

Estadual 30 32 34 34 34 31 32 33 36 49

Privada 56 56 56 57 54 56 57 58 60 70

Puacuteblica 31 32 34 34 34 31 32 33 36 49

BRASIL 34 35 36 37 37 34 35 37 39 52

Fonte INEP (2015)

Na avaliaccedilatildeo do INEP o Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica (IDEB)

mostra que o paiacutes ultrapassou as metas previstas para os anos iniciais (1ordm ao 5ordm ano) do ensino

fundamental em 03 pontos O IDEB nacional nessa etapa ficou em 52 enquanto em 2011

havia sido de 50 As instituiccedilotildees privadas em 2011 e 2013 natildeo atingiram as metas propostas

embora tenham apresentado no total geral das instituiccedilotildees puacuteblicas estaduais e municipais o

melhor desempenho aferido pelo IDEB

Em se tratando dos anos finais do ensino fundamental de acordo com a avaliaccedilatildeo do

INEP o paiacutes ultrapassou as metas previstas pelo IDEB de 2011 em 02 pontos poreacutem em 2013

natildeo conseguiu atingir a meta que era de 44 ficando com 02 pontos abaixo da meta

90

programada O IDEB nacional nessa etapa ficou em 42 em 2013 e nenhuma esfera conseguiu

atingir as metas propostas nem a rede puacuteblica e nem a privada

Jaacute no ensino meacutedio o IDEB na avaliaccedilatildeo do INEP demonstra que o paiacutes em 2013 natildeo

conseguiu atingir as metas propostas que era de 39 atingindo somente 37 o mesmo IDEB

observado em 2011 As metas para o IDEB nacional era de 39 e nem a rede puacuteblica e nem a

privada atingiu as metas propostas

Para o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo a avaliaccedilatildeo estaacute refletindo a realidade das unidades de

ensino isso permite identificar os pontos de estrangulamento e tomar medidas para sanaacute-los

atuando nos municiacutepios prioritaacuterios aqueles com pior desempenho no IDEB e reforccedilando neles

o apoio teacutecnico e financeiro previstos na Constituiccedilatildeo

Por outro lado Freitas (2015) questiona esse modelo de avaliaccedilatildeo proposto pelo IDEB

e afirma que esse modelo eacute uma tendecircncia internacional neoliberal que foi aplicada nos Estados

Unidos a partir do final dos anos 80 e que inclusive nesse paiacutes esse modelo de poliacutetica

puacuteblica demonstrou falecircncia e serviu apenas para abrir as portas para o sucesso da privatizaccedilatildeo

da educaccedilatildeo puacuteblica Esse mesmo reflexo se vecirc no Brasil um modelo de avaliaccedilatildeo de larga

escala nacional que deixou de ser amostral para ser censitaacuteria na tentativa de ldquoresponsabilizarrdquo

cada escola eacute o que justamente propotildee o Movimento Todos pela Educaccedilatildeo ndash a

responsabilizaccedilatildeo das redes puacuteblicas municipaisestaduais pelo sucesso ou fracasso nos

resultados ndash cabendo ao governo central (MEC) a coordenaccedilatildeo dessa poliacutetica

Nesse sentido o IDEB natildeo pode ser sinocircnimo de qualidade pois embalados pela

ldquoresponsabilizaccedilatildeordquo as escolas e os professores estatildeo sendo pressionados pelo melhor

desempenho o que tende a maquiar os iacutendices do IDEB desconsiderando a importacircncia da

aprendizagem e dos fatores extraescolares Com esses processos de padronizaccedilatildeo

metodoloacutegica as escolas estatildeo longe de conseguir explicar a realidade da qualidade da

aprendizagem

Sob o ponto de vista da implantaccedilatildeo do Plano de Metas Compromisso Todos Pela

Educaccedilatildeo (PMCTE) nos municiacutepios o Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) eacute um dos eixos

integrantes sendo um instrumento operacional de planejamento criado pelo MEC que segundo

ele facilita o planejamento da implantaccedilatildeo do regime de colaboraccedilatildeo que antes era dificultado

pela descontinuidade e troca de governos a cada eleiccedilatildeo Mas no campo da gestatildeo educacional

quais as mudanccedilas que permeiam o PAR Eacute o que seraacute visto a seguir

91

23 A GESTAtildeO EDUCACIONAL E O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS

As bases para implantaccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) foram definidas

conforme Decreto nordm 6094 de 24 de Abril de 2007 editado pela Presidecircncia da Repuacuteblica que

dispotildee sobre a implementaccedilatildeo do Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo pela

Uniatildeo em regime de colaboraccedilatildeo com Municiacutepios Distrito Federal e Estados aleacutem da

participaccedilatildeo das famiacutelias e da comunidade mediante programas e accedilotildees de assistecircncia teacutecnica

e financeira visando a mobilizaccedilatildeo social pela melhoria da qualidade da educaccedilatildeo baacutesica A

seguir seraacute visto como se estrutura e se organiza o Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) como

instrumento de planejamento proposto pelo MEC para viabilizar a poliacutetica do PDEPMCTE

O Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) estaacute na sua 3ordf versatildeo A primeira versatildeo foi

prevista para planejamento e execuccedilatildeo no periacuteodo compreendido entre 2007 e 2010 a segunda

versatildeo jaacute com algumas modificaccedilotildees que seratildeo tratadas a seguir foi planejada para o periacuteodo

de 2011 a 2014 e a terceira versatildeo receacutem-lanccedilada prevista para o periacuteodo de 2016 a 201940

Neste estudo focalizamos a dimensatildeo gestatildeo educacional nas duas primeiras versotildees do

PAR mais especificamente alguns indicadores da aacuterea gestatildeo democraacutetica Nas duas primeiras

versotildees o PAR estaacute dividido em 4 grandes dimensotildees sendo (1) a gestatildeo educacional (2) a

formaccedilatildeo de professores e dos profissionais de serviccedilo e apoio escolar (3) as praacuteticas

pedagoacutegicas e avaliaccedilatildeo e (4) infraestrutura e recursos pedagoacutegicos

Para se ter um panorama geral das duas versotildees do PAR ndash a 1ordf versatildeo do PAR (2007-

2010) e a 2ordf versatildeo do PAR (2011-2014) ndash disponibilizamos nas tabelas 4 e 5 a quantidade de

indicadores por aacuterea e dimensatildeo dispostas em cada uma delas (o detalhamento das aacutereas e

indicadores estatildeo disponiacuteveis nos anexos)

Tabela 04 ndash Quantidade de indicadores por aacuterea e dimensatildeo na 1ordf versatildeo do PAR (2007-2010)

Dimensotildees Aacutereas Indicadores

Gestatildeo educacional 5 20

A formaccedilatildeo de professores e dos profissionais de

serviccedilo e apoio escolar 5 10

Praacuteticas Pedagoacutegicas e Avaliaccedilatildeo 2 8

Infraestrutura fiacutesica e recursos pedagoacutegicos 3 14

Total de dimensotildees 04 15 52 Fonte Elaborado pelo autor a partir do manual do PAR

40 Em 01 de fevereiro de 2016 os teacutecnicos do SIMEC enviaram documento aos dirigentes do municiacutepio de

SantanaAP no qual apresentam as novas condiccedilotildees teacutecnicas para operacionalizaccedilatildeo do PAR 2016 a 2019 Esta 3ordf

versatildeo natildeo constitui objeto de anaacutelise neste trabalho

92

Tabela 05 ndash Quantidade de indicadores por aacuterea e dimensatildeo na 2ordf versatildeo do PAR (2011-2014)

Dimensotildees Aacutereas Indicadores

Gestatildeo educacional 5 28

A formaccedilatildeo de professores e dos profissionais de

serviccedilo e apoio escolar

5 17

Praacuteticas Pedagoacutegicas e Avaliaccedilatildeo 3 15

Infraestrutura Fiacutesica e recursos pedagoacutegicos 4 22

Total de dimensotildees 04 17 82 Fonte Elaborado pela autora a partir do manual do PAR

Como podemos observar nas tabelas 4 e 5 as duas versotildees possuem as mesmas

dimensotildees Jaacute em relaccedilatildeo agraves aacutereas e aos indicadores houve ampliaccedilatildeo tanto no nuacutemero de aacutereas

quanto no de indicadores pois a 1ordf versatildeo do PAR possuiacutea 15 aacutereas e 52 indicadores e a 2ordf

versatildeo apresentou 17 aacutereas e 82 indicadores Observou-se ainda em ambas as versotildees que a

maior parte dos indicadores se concentram na dimensatildeo gestatildeo educacional Houve acreacutescimo

no nuacutemero de indicadores em todas as dimensotildees Duas dimensotildees tiveram o nuacutemero de aacutereas

ampliadas ndash uma aacuterea em cada ndash sendo as dimensotildees Praacuteticas Pedagoacutegicas e Avaliaccedilatildeo e a

Infraestrutura Fiacutesica e recursos pedagoacutegicos

Para a realizaccedilatildeo da implementaccedilatildeo do PAR eacute necessaacuterio seguir uma dinacircmica que

possui trecircs etapas o diagnoacutestico da realidade da educaccedilatildeo e a elaboraccedilatildeo do plano satildeo as

duas primeiras etapas sendo que ambos estatildeo na esfera do municiacutepioestado enquanto que a

terceira etapa eacute a anaacutelise teacutecnica realizada pela Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica do Ministeacuterio

da Educaccedilatildeo e pelo FNDE Depois da anaacutelise teacutecnica o municiacutepio assina um Termo de

Cooperaccedilatildeo com o MEC do qual constam os programas aprovados e classificados segundo a

prioridade municipal O quadro a seguir detalha como se daacute as formas de execuccedilatildeo do PAR

Quadro 5 Descriccedilatildeo das atribuiccedilotildees do MEC e do Municiacutepio na execuccedilatildeo do PAR municipal

Forma de Execuccedilatildeo Descriccedilatildeo

Assistecircncia teacutecnica do MEC

O MEC oferece apoio teacutecnico para a realizaccedilatildeo da sub-accedilatildeo

seja disponibilizando recursos materiais seja

disponibilizando vagas para formaccedilatildeo Eacute preciso ficar atento

para a contrapartida do municiacutepio Por exemplo quando o

MEC oferece vagas em cursos de formaccedilatildeo e material para

os cursistas a secretaria municipal de educaccedilatildeo deve

garantir a participaccedilatildeo dos gestores escolares ou

coordenadores pedagoacutegicos assumindo o transporte

93

alimentaccedilatildeo e hospedagem quando houver atividade fora do

municiacutepio

Assistecircncia financeira do

MEC

Ministeacuterio transfere recursos financeiros (transferecircncia

voluntaacuteria) para que a secretaria municipal de educaccedilatildeo

realize a sub-accedilatildeo

Financiamento do BNDES

(Banco Nacional de

Desenvolvimento Econocircmico

e Social)

O municiacutepio pode apresentar projetos de financiamento para

o BNDES nas seguintes aacutereas construccedilatildeo ampliaccedilatildeo

adequaccedilatildeo ou reforma da secretaria municipal de educaccedilatildeo

o mobiliaacuterio e equipamentos para a secretaria municipal de

educaccedilatildeo aquisiccedilatildeo de computadores portaacuteteis com

conteuacutedo pedagoacutegicos pelo Programa um Computador por

aluno a aquisiccedilatildeo de veiacuteculo apropriado para o transporte

escolar terrestre (ocircnibus) pelo Programa Caminho da

Escola

Executada pelo Municiacutepio Quando a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo eacute a responsaacutevel

pela implementaccedilatildeo da sub-accedilatildeo Fonte Brasil (2007)

Segundo o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo a elaboraccedilatildeo do PAR no acircmbito do municiacutepio deve

contar com a participaccedilatildeo dos gestores da educaccedilatildeo teacutecnicos e educadores locais que apoiados

em um diagnoacutestico da realidade escolar permitam-lhes a anaacutelise compartilhada da gestatildeo do

sistema educacional e a partir daiacute possam propor accedilotildees para a melhoria da qualidade da

educaccedilatildeo

Entretanto esse caso eacute um exemplo de descentralizaccedilatildeocentralizaccedilatildeo das tarefas pois

como se observa nesse movimento de implantaccedilatildeo do PAR existe a descentralizaccedilatildeo por parte

do MEC para que o municiacutepio no PAR pontue a sua realidade educacional a partir da discussatildeo

com as suas equipes locais mas deve seguir ldquoa cartilhardquo do planejamento elaborado pelo MEC

ndash o PAR ndash ou seja o municiacutepio segue como um mero executor da poliacutetica imposta pelo

PMCTE cabendo ao MEC o controle gerencial das accedilotildees desenvolvidas ou natildeo pelo municiacutepio

Ainda assim com o objetivo de auxiliar na implantaccedilatildeo do PAR o MEC tomou duas

providecircncias fez parceria com 17 universidades puacuteblicas e com o Centro de Estudos e

Pesquisas em Educaccedilatildeo e Cultura e Accedilatildeo Comunitaacuteria (CENPEC) para que essas instituiccedilotildees

auxiliem as prefeituras nas tarefas de diagnoacutestico e elaboraccedilatildeo dos planos e contratou uma

equipe de consultores que foi aos municiacutepios prioritaacuterios ndash aqueles com os mais baixos no

IDEB ndash para prestar assistecircncia teacutecnica local (FNDEPAR 2012) A ideia eacute conseguir mapear

a educaccedilatildeo no paiacutes para gerenciar

Nesse contexto de ldquocompartilhamentordquo a partir do ldquoRegime de Colaboraccedilatildeordquo a

assistecircncia teacutecnica e financeira aos programas e accedilotildees educacionais dos Estados Municiacutepios e

94

do Distrito Federal ficam sob a responsabilidade do MEC sendo que para isso os entes

federados devem assinar o Termo de Adesatildeo ao Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo e sob a

responsabilidade dos estados e dos municiacutepios a elaboraccedilatildeo de um Plano de Accedilotildees Articuladas

- PAR conforme Decreto da Presidecircncia da Repuacuteblica nordm 6094 de 24 de abril de 2007

Resoluccedilotildees nordm 29 de 20 de junho de 2007 e nordm 49 de 27 de setembro de 2007-FNDEMEC

No caso da transferecircncia de recursos o municiacutepio precisa assinar um convecircnio que eacute analisado

para aprovaccedilatildeo a cada ano (BRASIL 2013)

Para o preenchimento do PAR o MEC faz um documento que orienta os gestores

municipais de educaccedilatildeo a proceder o preenchimento no sistema SIMEC Os indicadores de cada

dimensatildeo no PAR satildeo pontuados de forma detalhada no Instrumento de Campo enviado pelo

MEC de acordo com situaccedilotildees variadas de cada realidade educacional local e correspondem a

quatro niacuteveis A metodologia adotada utiliza apenas criteacuterios de pontuaccedilatildeo entre 1 2 3 ou 4

As indicaccedilotildees descritas no Instrumento de Campo do MEC fazem parte de um diagnoacutestico e a

partir dele desenvolvem um conjunto de accedilotildees que servem de esteio para a elaboraccedilatildeo do PAR

local

A pontuaccedilatildeo 4 deve ser atribuiacuteda quando haacute uma situaccedilatildeo plenamente positiva natildeo

sendo permitidas ressalvas negativas no instrumento Jaacute a pontuaccedilatildeo 3 descreve uma situaccedilatildeo

satisfatoacuteria mas comporta ressalvas negativas desde que estas natildeo sejam do ponto de vista

quantitativo superiores aos aspectos positivos A pontuaccedilatildeo 2 descreve uma situaccedilatildeo

insuficiente e por isso aponta mais aspectos negativos do que positivos A pontuaccedilatildeo 1 deve

ser atribuiacuteda quando se defronta com uma situaccedilatildeo criacutetica ou seja haacute somente aspectos

negativos ou uma situaccedilatildeo inexistente Eacute possiacutevel tambeacutem atribuir a um dado indicador a

condiccedilatildeo de NSA (natildeo se aplica) quando a equipe local responsaacutevel pela elaboraccedilatildeo do PAR

depara-se com ausecircncia de informaccedilatildeo ou quando a descriccedilatildeo contida no Instrumento

encaminhado pelo MEC natildeo condiz com a realidade local (BRASIL 2008)

Quando algum indicador recebe a pontuaccedilatildeo 1 ou 2 o sistema gera de forma

automaacutetica uma mensagem de alerta indicando que a nota estaacute baixa Tal situaccedilatildeo requer

necessariamente o planejamento e cadastro imediato de accedilotildees com demandas claras a fim de

reverter a condiccedilatildeo negativa desse indicador Somente os indicadores que receberam a

pontuaccedilatildeo 1 e 2 podem gerar accedilotildees Tais accedilotildees podem contar com apoio financeiro eou teacutecnico

do MEC (BRASIL 2008 BRASIL 2009)

95

Quadro 6 Descriccedilatildeo dos documentos orientadores para elaboraccedilatildeo do PAR

Documento Descriccedilatildeo

Indicadores Demograacuteficos e

Educacionais (IDE)

Composto por um conjunto de tabelas que apresentam dados

demograacuteficos e educacionais para cada Municiacutepio Estado e

Distrito Federal Seu objetivo principal consiste em auxiliar

os entes federados a conhecerem melhor o perfil de suas

respectivas redes de ensino e populaccedilotildees As informaccedilotildees satildeo

populaccedilatildeo taxa de escolarizaccedilatildeo IDEB nuacutemero de escolas

de matriacuteculas de funccedilotildees docentes entre outros

Legislaccedilatildeo - Bases Legais

Alguns documentos que deveratildeo ser utilizados como

referecircncia o Plano Nacional de Educaccedilatildeo (PNE) os Planos

Estadual e Municipal de Educaccedilatildeo (quando houver) o Plano

de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo (PDE) do Ministeacuterio da

Educaccedilatildeo e o Decreto 6094 de 24 de abril de 2007 que

dispotildee sobre a implementaccedilatildeo do Plano de Metas

Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo As Resoluccedilotildees do

FNDE que estabelecem os criteacuterios os paracircmetros e os

procedimentos para a operacionalizaccedilatildeo da assistecircncia

financeira suplementar e voluntaacuteria a projetos educacionais

no acircmbito do Plano de Metas do PDE

Questotildees Pontuais

Como parte integrante do diagnoacutestico da situaccedilatildeo educacional

local o municiacutepio informa sobre itens que satildeo de grande

relevacircncia na construccedilatildeo da qualidade do ensino Esses itens

aparecem no sistema como ldquoQuestotildees Pontuaisrdquo em um total

de 15 questotildees

Fonte (BRASIL 2013)

Para a implantaccedilatildeo o monitoramento e a avaliaccedilatildeo do PAR nos estados e municiacutepios

as orientaccedilotildees estatildeo descritas nas resoluccedilotildees do FNDE nordm 29 e nordm 49 de 2007 que indicam a

possibilidade de consultoria disponibilizada pelo MEC e que o PAR seraacute elaborado em regime

de colaboraccedilatildeo com dirigentes e teacutecnicos dos entes da federaccedilatildeo aderentes configurando-se

base para a celebraccedilatildeo dos convecircnios de assistecircncia financeira a projetos educacionais pelo

FNDEMEC Tais documentos ainda observam que apoacutes concluiacuteda a accedilatildeo desenvolvida in loco

a equipe de consultores do MEC apresenta o PAR constituiacutedo dos seguintes itens a)

Diagnoacutestico do Contexto Educacional b) Accedilotildees a serem implementadas e os respectivos

resultados e c) metas a atingir para o desenvolvimento do IDEB

O Monitoramento da execuccedilatildeo do convecircnio e das metas fixadas na Adesatildeo ao

Compromisso seraacute feito com base em relatoacuterios teacutecnicos e visitas in loco A avaliaccedilatildeo do

cumprimento das metas de aceleraccedilatildeo do desenvolvimento da educaccedilatildeo constantes do Plano

96

de Accedilotildees Articuladas (PAR) dos municiacutepios brasileiros em niacutevel nacional seraacute realizada pelo

MEC sendo que essa avaliaccedilatildeo deveraacute ser composta por um projeto amplo envolvendo

parcerias com a Uniatildeo Nacional de Dirigentes Municipais de Educaccedilatildeo (UNDIME) Conselho

dos Secretaacuterios Estaduais de Educaccedilatildeo (CONSED) Uniatildeo Nacional dos Conselhos Municipais

de Educaccedilatildeo (UNCME) Foacuterum Nacional dos Conselhos Estaduais de Educaccedilatildeo Instituiccedilotildees

de Ensino Superior e outros oacutergatildeos de representaccedilatildeo ou entidades especializadas para este fim

Esse monitoramento ldquofaz parte da estrateacutegia de organizaccedilatildeo acompanhamento e

avaliaccedilatildeo das metas relacionadas ao apoio teacutecnico do MEC e das accedilotildees executadas diretamente

pelo municiacutepio bem como o traccedilado de novas estrateacutegiasrdquo (CAMINI p 543 2010) Em niacutevel

municipal o monitoramento eacute realizado pelo Comitecirc Local do Compromisso que eacute o

responsaacutevel pelo acompanhamento da execuccedilatildeo do PAR no municiacutepio Tal acompanhamento

requer o preenchimento das condiccedilotildees de desenvolvimento das accedilotildees diretamente no moacutedulo

teacutecnico-operacional no Sistema Integrado de Acompanhamento das Accedilotildees do MEC (SIMEC)

De acordo com Camini (2010) o relatoacuterio do monitoramento eacute tomado como base na

avaliaccedilatildeo dos progressos e das limitaccedilotildees da Uniatildeo e dos municiacutepios e eacute por assim dizer um

termocircmetro para anaacutelise e revisatildeo das accedilotildees propostas para atingir as metas do PAR Para o

MEC o monitoramento eacute parte do processo de planejamento pois possibilita o levantamento

de elementos que podem vir a subsidiar a reflexatildeo o debate e possiacuteveis mudanccedilas das

estrateacutegias de intervenccedilatildeo em torno da situaccedilatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio Dessa forma o

processo de acompanhamento e avaliaccedilatildeo do PAR

() revela-se necessaacuterio para a qualificaccedilatildeo de uma poliacutetica governamental Envolve

a ideia de controle social contribuindo inclusive para assegurar o melhor uso e

transparecircncia na aplicaccedilatildeo dos recursos educacionais Nesse sentido o

acompanhamento e a avaliaccedilatildeo satildeo entendidos como medidas para maior

responsabilizaccedilatildeo aprendizado accedilatildeo pedagoacutegica reafirmaccedilatildeo da poliacutetica puacuteblica

troca de informaccedilotildees fornecimento de orientaccedilotildees formaccedilatildeo permanente das equipes

e do Comitecirc Para isso destaca-se a importacircncia da articulaccedilatildeo dos foacuteruns jaacute

existentes (conselhos constituiacutedos) no sentido de superar limitaccedilotildees no seu

funcionamento as quais podem ser debitadas agrave falta de cultura de participaccedilatildeo

existente na sociedade em consequecircncia dos curtos periacuteodos de democracia

experimentados ateacute hoje no Brasil mas fundamentalmente resultam das praacuteticas de

gestatildeo autoritaacuterias e centralizadoras de poder (CAMINI 2010 p 544 grifos meus)

No caso de municiacutepios ou estados inadimplentes natildeo conseguirem cumprir com os

compromissos assumidos o MEC propotildee que sejam redimensionadas as accedilotildees com vistas a natildeo

comprometer os resultados do alcance das metas A autora chama a atenccedilatildeo para a participaccedilatildeo

dos conselhos de controle social que satildeo convocados no plano como metas a serem cumpridas

para dar transparecircncia e compartilhar as responsabilidades com a sociedade civil como forma

97

de consolidar a poliacutetica implantada sob o aval da sociedade Embora essa proposta de

participaccedilatildeo e democratizaccedilatildeo esteja permeada de accedilotildees gerenciais

231 A Dimensatildeo Gestatildeo Democraacutetica no Plano de Accedilotildees Articuladas

A Dimensatildeo Gestatildeo Educacional no Plano de Accedilotildees Articuladas estaacute presente nas duas

versotildees do PAR No PAR (1ordf versatildeo) a dimensatildeo 1 Gestatildeo Educacional estaacute dividida em cinco

aacutereas a saber (1) Gestatildeo democraacutetica articulaccedilatildeo e desenvolvimento dos sistemas de ensino

(2) Desenvolvimento da educaccedilatildeo baacutesica accedilotildees que visem agrave sua universalizaccedilatildeo agrave melhoria da

qualidade do ensino e da aprendizagem assegurando a equidade nas condiccedilotildees de acesso e

permanecircncia e conclusatildeo na idade adequada (3) Comunicaccedilatildeo com a sociedade (4) Suficiecircncia

e estabilidade da equipe escolar e (5) Gestatildeo de financcedilas Cada aacuterea estaacute desmembrada em

indicadores de atuaccedilatildeo

O quadro 7 apresenta um panorama geral da Dimensatildeo 1 (Gestatildeo Educacional) nas suas

5 Aacutereas e seus 20 Indicadores do 1ordm PAR

Quadro 7 - Dimensatildeo 1 Gestatildeo Educacional (1ordf versatildeo do PAR)

DIMENSAtildeO 1 GESTAtildeO EDUCACIONAL

Aacutereas Indicadores

1 Gestatildeo Democraacutetica

Articulaccedilatildeo e

Desenvolvimento dos

Sistemas de Ensino

1Existecircncia de Conselhos Escolares (CE)

2 Existecircncia composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho Municipal de

Educaccedilatildeo

3 Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar ndash

CAE

4 Existecircncia de Projeto Pedagoacutegico (PP) nas escolas e grau de

participaccedilatildeo dos professores e do CE na elaboraccedilatildeo dos mesmos

de orientaccedilatildeo da SME e de consideraccedilatildeo das especificidades de

cada escola

5 Criteacuterios para escolha da Direccedilatildeo Escolar

6 Existecircncia acompanhamento e avaliaccedilatildeo do Plano Municipal

de Educaccedilatildeo (PME) desenvolvido com base no Plano Nacional

de Educaccedilatildeo ndash PNE

7 Plano de Carreira para o magisteacuterio

8 Estaacutegio probatoacuterio efetivando os professores e outros

profissionais da educaccedilatildeo e

9 Plano de Carreira dos Profissionais de serviccedilo e apoio escolar

2 Desenvolvimento da

Educaccedilatildeo Baacutesica accedilotildees

que visem a sua

universalizaccedilatildeo a

melhoria das condiccedilotildees

de qualidade da

1 Implantaccedilatildeo e organizaccedilatildeo do Ensino Fundamental de 09

anos

2 Existecircncia de atividades no contraturno

3 Divulgaccedilatildeo e anaacutelise dos resultados das avaliaccedilotildees oficiais do

MEC

98

educaccedilatildeo assegurando a

equidade nas condiccedilotildees

de acesso e permanecircncia e

conclusatildeo na idade

adequada

3 Comunicaccedilatildeo com a

Sociedade

1 Existecircncia de parcerias externas para realizaccedilatildeo de atividades

complementares

2 Existecircncia de parcerias externas para execuccedilatildeoadoccedilatildeo de

metodologias especiacuteficas

3 Relaccedilatildeo com a comunidade Promoccedilatildeo de atividades e

utilizaccedilatildeo da escola como espaccedilo comunitaacuterio

4 Manutenccedilatildeo ou recuperaccedilatildeo de espaccedilos e equipamentos

puacuteblicos da cidade que podem ser utilizados pela comunidade

escolar

4 Suficiecircncia e

estabilidade da equipe

escolar

1 Quantidade de professores suficiente

2 Caacutelculo anualsemestral do nuacutemero de remoccedilotildees e

substituiccedilotildees de professores

5 Gestatildeo de Financcedilas

1 Cumprimento do dispositivo constitucional de

vinculaccedilatildeo dos recursos da educaccedilatildeo e

2 Aplicaccedilatildeo dos recursos de redistribuiccedilatildeo e

complementaccedilatildeo do FUNDEB

Total de aacutereas 05 Total de indicadores 20 Fonte PARBrasil (2007)

Jaacute na 2ordf versatildeo do PAR disposto no quadro 8 a Dimensatildeo 1 (Gestatildeo Educacional)

tambeacutem estaacute composta por 5 aacutereas e passa a ter 28 indicadores As aacutereas da dimensatildeo 1 satildeo as

seguintes (1) Gestatildeo democraacutetica articulaccedilatildeo e desenvolvimento dos sistemas de ensino (2)

Gestatildeo de Pessoas (3) Conhecimento e utilizaccedilatildeo de informaccedilatildeo (4) Gestatildeo de Financcedilas e (5)

Comunicaccedilatildeo e interaccedilatildeo com a sociedade

Quadro 8 - Dimensatildeo 1 Gestatildeo Educacional (2ordf versatildeo do PAR)

DIMENSAtildeO 1 GESTAtildeO EDUCACIONAL

Aacutereas Indicadores

1 Gestatildeo Democraacutetica

Articulaccedilatildeo e

Desenvolvimento dos

Sistemas de Ensino

1 Existecircncia acompanhamento e avaliaccedilatildeo do Plano

Municipal de Educaccedilatildeo (PME) desenvolvido com base no

PNE

2 Existecircncia composiccedilatildeo competecircncia e atuaccedilatildeo do CME

3 Existecircncia e funcionamento de Conselhos Escolares (CE)

4 Existecircncia de Projeto Pedagoacutegico (PP) nas escolas

inclusive nas de alfabetizaccedilatildeo de jovens e adultos (AJA) e de

EJA participaccedilatildeo dos professores e do conselho escolar na

sua elaboraccedilatildeo orientaccedilatildeo da secretaria municipal de

educaccedilatildeo e de consideraccedilatildeo das especificidades de cada

escola

5 Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho do FUNDEB

99

6 Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de Alimentaccedilatildeo

Escolar (CAE) e

7 Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromisso

2 Gestatildeo de Pessoas

1 Quadro de servidores da secretaria municipal de educaccedilatildeo

(SME)

2 Criteacuterios para a escolha de diretor escolar

3 Presenccedila de coordenadores ou supervisores pedagoacutegicos

nas escolas

4 Quadro de professores

5 Estaacutegio probatoacuterio efetivando os professores e outros

profissionais da educaccedilatildeo

6 Plano de carreira do magisteacuterio

7 Plano de carreiras dos profissionais de serviccedilo e apoio

escolar

8 Piso salarial nacional do professor e

9 Existecircncia de professores para o exerciacutecio da funccedilatildeo

docente no atendimento educacional especializado (AEE)

complementar ao ensino regular Existecircncia de professores

para o exerciacutecio da funccedilatildeo docente AEE complementar ao

ensino regular

3 Conhecimento e utilizaccedilatildeo

de informaccedilatildeo

1 Existecircncia de um sistema informatizado de gestatildeo escolar

que integre a rede municipal de ensino

2 Conhecimento da situaccedilatildeo das escolas da rede

3 Conhecimento e utilizaccedilatildeo de dados de analfabetismo e

escolaridade de jovens e adultos

4 Acompanhamento e registro da frequecircncia dos alunos

beneficiados pelo Programa Bolsa Famiacutelia (PBF)

5 Existecircncia e monitoramento do acesso e permanecircncia de

pessoas com deficiecircncia de 0 a 18 anos beneficiaacuterias do

Benefiacutecio da Prestaccedilatildeo Continuada (BPC) e

6 Formas de registro da frequecircncia

4 Gestatildeo de Financcedilas

1 Existecircncia de equipe gestora capacitada para o

gerenciamento dos recursos para a educaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo

do Sistema de Informaccedilotildees sobre Orccedilamentos Puacuteblicos

em Educaccedilatildeo (SIOPE) e

2 Cumprimento do dispositivo constitucional de

vinculaccedilatildeo dos recursos da educaccedilatildeo

3 Aplicaccedilatildeo dos recursos de redistribuiccedilatildeo e

complementaccedilatildeo do FUNDEB

5 Comunicaccedilatildeo e interaccedilatildeo

com a sociedade

1 Divulgaccedilatildeo e anaacutelise dos resultados das avaliaccedilotildees do

MEC

2 Existecircncia de parcerias externas para a realizaccedilatildeo de

atividades complementares que visem a formaccedilatildeo integral dos alunos e

3 Relaccedilatildeo com a comunidadepromoccedilatildeo de atividades e

utilizaccedilatildeo da escola como espaccedilo comunitaacuterio

Total de aacutereas 05 Total de indicadores 28 Fonte PARBrasil (2011)

100

As aacutereas e indicadores dessa dimensatildeo 1 (Gestatildeo Educacional) em muitos casos foram

alteradas de uma versatildeo para outra Faremos um recorte a respeito da aacuterea 1 (Gestatildeo

Democraacutetica) que eacute o principal objeto desse estudo

Analisando as duas versotildees observou-se uma diminuiccedilatildeo de indicadores na aacuterea 1

(Gestatildeo Democraacutetica) de 9 na 1ordf versatildeo para 7 na 2ordf versatildeo Dessa forma as alteraccedilotildees

revelaram na aacuterea 1 (Gestatildeo Democraacutetica) da 2ordf versatildeo a presenccedila de dois novos indicadores

o Conselho do FUNDEB e o Comitecirc Local do Compromisso que podem ajudar a fortalecer o

Controle Social Ainda foi observado o remanejamento de 4 indicadores da aacuterea 1 (Gestatildeo

Democraacutetica) da 1ordf versatildeo para a aacuterea 2 (Gestatildeo de Pessoas) da 2ordf versatildeo do PAR sendo eles

Criteacuterios para escolha da Direccedilatildeo Escolar Plano de Carreira para o magisteacuterio Estaacutegio

probatoacuterio efetivando os professores e outros profissionais da educaccedilatildeo e Plano de Carreira

dos Profissionais de serviccedilo e apoio escolar

A aacuterea da Gestatildeo Democraacutetica observada a intenccedilatildeo de cada indicador remete-nos agrave

compreensatildeo da necessidade da construccedilatildeo de processos formativos de participaccedilatildeo da

sociedade civil nos processos de compartilhamento de poder e na conquista da autonomia na

tomada de decisotildees em relaccedilatildeo a educaccedilatildeo Para isso eacute necessaacuterio a iniciativa implantaccedilatildeo e

funcionamento dos conselhos de controle social para que atinja os objetivos o qual se propotildee

Nesse sentido o MEC (2011) sugere uma que ldquoequipe localrdquo seja composta pelas

pessoas que elaboram implementam e monitoram a execuccedilatildeo do PAR enquanto o ldquocomitecirc

localrdquo fica encarregado da mobilizaccedilatildeo da sociedade e do acompanhamento das metas de

evoluccedilatildeo do IDEB A equipe teacutecnica local deve entatildeo proceder o diagnoacutestico atribuindo as

pontuaccedilotildees com base nos documentos orientados pelo MEC e de acordo com a realidade

educacional local

Segundo o MEC (2013) a ldquoEquipe Localrdquo e o ldquoComitecirc Localrdquo satildeo experiecircncias de

participaccedilatildeo democraacutetica que orientam e fortalecem a gestatildeo da educaccedilatildeo baacutesica puacuteblica em

cada municiacutepio brasileiro constituindo-se num aprendizado coletivo dos processos decisoacuterios

a serem enfrentados pela populaccedilatildeo Vale ressaltar que a equipe local natildeo deve ser confundida

com o comitecirc local O ideal eacute que a ldquoequipe localrdquo e ldquocomitecirc localrdquo sejam compostos por

membros distintos com exceccedilatildeo do (a) dirigente municipal de educaccedilatildeo que iraacute compor ambos

O municiacutepio pode convidar os segmentos da sociedade que considerar importantes e todos os

membros da equipe devem participar ativamente do planejamento frisando-se que uma equipe

local para elaboraccedilatildeo do PAR natildeo poderaacute ser composta por somente duas pessoas (MEC 2011)

A Equipe Local pode contemplar a presenccedila dos seguintes segmentos dirigente

municipal de educaccedilatildeo teacutecnicos da secretaria municipal de educaccedilatildeo representante dos

101

diretores de escola representante dos professores da zona urbana representante dos professores

da zona rural representante dos coordenadores ou supervisores escolares representante do

quadro teacutecnico-administrativo das escolas representante dos conselhos escolares e

representante do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (quando houver) O municiacutepio pode

convidar outros segmentos que considerar importante e todos os membros da equipe devem

participar ativamente do planejamento

O Comitecirc Local tem um papel essencialmente mobilizador e de acompanhamento das

accedilotildees e das metas sendo sua composiccedilatildeo ampliada para aleacutem das organizaccedilotildees educacionais

Para a participaccedilatildeo no comitecirc recomenda-se oacutergatildeos e entidades que compotildeem a sociedade civil

tais como o Ministeacuterio Puacuteblico os sindicatos a Cacircmara Municipal as associaccedilotildees de

moradores as ONGs os Conselhos as Igrejas e a populaccedilatildeo em geral Do ponto de vista

administrativo para a constituiccedilatildeo da Equipe Local natildeo eacute necessaacuterio um ato legal com

publicaccedilatildeo de portaria no Diaacuterio Oficial do municiacutepio Contudo para a criaccedilatildeo do Comitecirc Local

do Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo sua instituiccedilatildeo e composiccedilatildeo devem ser feitos por meio

de ato legal publicado no Diaacuterio Oficial do municiacutepio (MEC 2013) Natildeo se deve portanto

confundi-lo com a equipe local

Finalmente apoacutes a apresentaccedilatildeo desse capiacutetulo que tratou de instrumentalizar o

funcionamento do PAR a partir da compreensatildeo da poliacutetica educacional que o concebeu

enfatizadas no Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo e no Plano de Metas Compromisso

Todos pela Educaccedilatildeo far-se-aacute um estudo especiacutefico na rede municipal de educaccedilatildeo de Santana-

Amapaacute no qual seis indicadores da aacuterea gestatildeo democraacutetica foram definidos com o objetivo de

analisar as implicaccedilotildees do 1ordm e do 2ordm PAR para a gestatildeo educacional no municiacutepio O proacuteximo

capiacutetulo se ocuparaacute de analisar tais indicadores

102

3 A GESTAtildeO EDUCACIONAL NO CONTEXTO DO PLANO DE ACcedilOtildeES

ARTICULADAS NO MUNICIacutePIO DE SANTANAAMAPAacute

A anaacutelise das implicaccedilotildees do PAR para a poliacutetica de gestatildeo educacional no municiacutepio

de Santana natildeo pode prescindir de uma anaacutelise preliminar das condiccedilotildees concretas em que se

desenvolve tal poliacutetica Nesta perspectiva o presente capiacutetulo traz primeiramente uma

abordagem do contexto histoacuterico social econocircmico e educacional do municiacutepio de Santana no

Amapaacute Em seguida apresentamos as condiccedilotildees materiais que poderatildeo viabilizar a efetivaccedilatildeo

da poliacutetica educacional ou seja a gestatildeo educacional e como parte dessa gestatildeo o

financiamento da educaccedilatildeo Apresentaremos tambeacutem as anaacutelises dos indicadores de gestatildeo

democraacutetica presentes no municiacutepio e definidos na metodologia da pesquisa sendo eles

Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar Conselho Escolar Conselho Municipal de Educaccedilatildeo

Conselho do FUNDEB Comitecirc Local do Compromisso Sindicato e Gestores da rede municipal

de ensino de Santana sobre as implicaccedilotildees do Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) para a gestatildeo

da educaccedilatildeo a partir do diagnoacutestico educacional dos indicadores

31 CONTEXTO HISTOacuteRICO ASPECTOS SOCIOECONOcircMICO E DADOS GERAIS DO

MUNICIacutePIO DE SANTANA ndash AMAPAacute

Figura 01 Vista do municiacutepio de Santana-Amapaacute

Fonte memorial-stnblogspotcombr (consultado em maio de 2015)

103

311 Santana cidade portuaacuteria do Amapaacute

A histoacuteria do municiacutepio de Santana no Estado do Amapaacute em muitos aspectos

aproxima-se do que ocorrera com a capital do estado o municiacutepio de Macapaacute no sentido de

que quando o governador do Estado do Gratildeo-Paraacute e Maranhatildeo (capitatildeo-general Mendonccedila

Furtado) fundou a vila de Satildeo Joseacute de Macapaacute no dia 4 de fevereiro de 1758 prosseguiu viagem

para a capitania de Satildeo Joseacute do Rio Negro e deparou-se com a ilha de Santana situada agrave

margem esquerda do rio Amazonas elevando-a agrave categoria de povoado

Os primeiros habitantes eram moradores de origem europeia principalmente

portugueses mesticcedilos vindos do Paraacute e iacutendios da naccedilatildeo tucujus Estes uacuteltimos vindos de

aldeamentos originaacuterios do rio Negro eram chefiados por Francisco Portilho de Melo que fugia

das autoridades fiscais paraenses em decorrecircncia de estar atuando no comeacutercio clandestino

Francisco Portilho de Melo foi o primeiro desbravador da ilha de Santana aleacutem de foragido da

lei era um escravocrata e portanto exigia respeito das tribos que dominava Apesar de ser

por muito tempo perseguido pelas autoridades lusitanas Portilho recebia apoio dos mercados

de Beleacutem logicamente interessados no traacutefico de matildeo-de-obra nativa Aproveitando-se disto ndash

e da viagem de demarcaccedilatildeo e estabelecimento da capitania do Rio Negro realizada por

Mendonccedila Furtado (1758) ndash e ao mesmo tempo tentando melhorar sua imagem resolveu

cooperar com Mendonccedila Furtado (governador do Gratildeo-Paraacute e Maranhatildeo) dando-lhe

informaccedilotildees preciosas sobre a Amazocircnia que ele tatildeo bem conhecia

De sua alianccedila com Mendonccedila Furtado obteve o tiacutetulo de Capitatildeo e Diretor do povoado

de Santana Em troca teria de remanejar aproximadamente quinhentos silviacutecolas mais

conhecidos por tucuju com matildeo-de-obra escrava e barata para a construccedilatildeo da Fortaleza de Satildeo

Joseacute de Macapaacute que estavam na eacutepoca sob sua guarda e chefia Em caso contraacuterio teria que

importar da Europa a custos altiacutessimos Com esse acordo o governador do Estado do Gratildeo-

Paraacute e Maranhatildeo deu continuidade ao projeto de construccedilatildeo da Fortaleza de Satildeo Joseacute de Macapaacute

e ampliou a produccedilatildeo agriacutecola Este fato provocou bastante insatisfaccedilatildeo por parte dos iacutendios

que tiveram de se afastar de seu habitat natural e enfrentar condiccedilotildees bastante prejudiciais a sua

vida e a sua cultura

Concentrando-se na ilha de Santana Portilho de Melo conviveu com a reduccedilatildeo bastante

acentuada da forccedila de trabalho Muitos iacutendios fugiram esconderam-se ou simplesmente

desapareceram outros morreram em consequecircncia dos maus-tratos e doenccedilas tropicais

104

Figura 02 Monumento em homenagem a Santa Ana na entrada do municiacutepio

Fonte memorial-stnblogspotcombr (consultado em maio de 2015)

Fonte Foto extraiacuteda do site httpwwwcidade-brasilcombrmunicipio-santanahtml

O nome ldquoSantanardquo eacute uma homenagem a Nossa Senhora de SantrsquoAna de quem os

europeus e seus descendentes entre eles Francisco Portilho eram devotos

Santana foi elevado agrave categoria de municiacutepio atraveacutes do Decreto-Lei Nordm 7369 de 17 de

dezembro de 1987 Haroldo da Silva Oliveira era o agente distrital de Santana no periacuteodo junho

de 1986 a 07 de julho de 1988 O municiacutepio de Santana teve o seu primeiro prefeito nomeado

com mandato de 8 de julho a 31 de dezembro de 1988 Apoacutes as eleiccedilotildees que ocorreram ainda

em 1988 o prefeito eleito Rosemiro Rocha Freires pelo voto direto tomou posse para o

mandato para o periacuteodo de (1989-1992)

O municiacutepio de Santana tem atualmente como prefeito o Sr Robson Santana Rocha Freires

(2013-2016) do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) que durante a eleiccedilatildeo em 2012 coligou com o

Partido dos Democratas (DEM) e obteve 4178 sendo o 7ordm prefeito de Santana O atual prefeito

Robson Rocha eacute filho do primeiro prefeito eleito do municiacutepio de Santana que governou Santana

por dois mandatos o Sr Rosemiro Rocha Freires41 eacute tambeacutem irmatildeo da deputada estadual Elizamira

do Socorro Arraes Freires (Mira Rocha) eleita em 2015 para o terceiro mandato42

41O Sr Rosemiro Rocha Freires foi eleito para governar o municiacutepio de Santana nos periacuteodos (1989-1992) e (2001-2004)

No municiacutepio de Santana nessa eacutepoca natildeo havia reeleiccedilatildeo E nos periacuteodos entre (1993-1996) e (1997-2000) que natildeo

podia ser reeleito o Sr Rosemiro Rocha Freires foi deputado estadual (SANTANA 2016) 42Mira Rocha foi eleita como deputada estadual nas legislaturas V (2007-2011) VI (2011-2015) e VII (2015-

2019) (ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO AMAPAacute 2016)

105

312 Santana Localizaccedilatildeo e condiccedilotildees geograacuteficas

O municiacutepio de Santana fica a 16 km de Macapaacute capital do Estado com quem faz uma

conurbaccedilatildeo formando a Regiatildeo Metropolitana de Macapaacute Localiza-se no sul do Estado faz

limites com os municiacutepios de Macapaacute Mazagatildeo e Porto Grande A sede ndash Santana ndash fica agraves

margens do lado esquerdo do Rio Amazonas43 com uma aacuterea de 159970 km2 possui ainda

em 2009 as seguintes comunidades e distritos Ilha de Santana Igarapeacute da Fortaleza Igarapeacute

do Lago Anauerapucu Piaccedilacaacute e Pirativa

Dadas as condiccedilotildees geograacuteficas adequadas ao escoamento industrial e comercial via

fluvial foi escolhido o Canal Norte do Rio Amazonas que pela sua profundidade propicia faacutecil

navegabilidade aos navios de grande calado e por se tratar de uma cidade portuaacuteria foi

construiacutedo em Santana um cais flutuante que acompanha o movimento das mareacutes pela sua

profundidade e faacutecil navegabilidade permitindo assim o acesso de navios cargueiros de grande

porte

Figura 03 Localizaccedilatildeo do municiacutepio de Santana no Figura 04 Localizaccedilatildeo Estrateacutegica do Porto

Estado do Amapaacute para a exportaccedilatildeo para outros paiacuteses

As imagens acima demonstram a localizaccedilatildeo do municiacutepio de Santana e do Porto de

Santana bem como o seu faacutecil acesso ao canal norte e ao oceano atlacircntico para a importaccedilatildeo e

43 O Rio Amazonas eacute o maior rio em volume de aacutegua do mundo com 6516 km de comprimento nasce nos Andes

Peruanos e percorre pela floresta amazocircnica na Regiatildeo Norte do Brasil o Rio Amazonas tem um quinto do

suprimento de aacutegua doce do mundo

106

exportaccedilatildeo de mercadorias para paiacuteses industrializados do Ocidente e Oriente como a Europa

Estados Unidos e Japatildeo

Como atraccedilotildees turiacutesticas no municiacutepio satildeo conhecidas o porto de embarque e desembarque

de produtos importados cavacos de pinho e a ilha de Santana esta fica do outro lado da cidade que

tem inclusive alguns balneaacuterios agrave margem dos rios bastante frequentados aos finais de semana Haacute

em Santana vaacuterios rios e Igarapeacutes os rios mais importantes satildeo Amazonas Matapi Maruanum

Tributaacuterio Piassacaacute Vila Nova Igarapeacute do Lago e Igarapeacute da Fortaleza

313 A exportaccedilatildeo de mineacuterios da Amazocircnia Amapaense

Com a descoberta das jazidas de manganecircs no municiacutepio de Serra do Navio-AP pelo

caboclo Maacuterio Cruz e posteriormente a abertura de concorrecircncia puacuteblica para a concessatildeo de

exploraccedilatildeo de mineacuterio em que saiu vitoriosa a Induacutestria e Comeacutercio de Mineacuterios (ICOMI) para

explorar o mineacuterio por cinquenta anos (1947-1997) Serra do Navio e Santana experimentaram

um crescimento populacional significativo com a instalaccedilatildeo da empresa ICOMI para a

exploraccedilatildeo de manganecircs em Serra do Navio e a construccedilatildeo do Porto em Santana para a sua

exportaccedilatildeo

O relatoacuterio do Observatoacuterio Nacional sobre a ICOMI no Amapaacute (2003) afirmou acerca

do manganecircs que tratava-se de um mineral relativamente escasso e naquela eacutepoca foram

estabelecidas contrapartidas do setor privado pela exploraccedilatildeo daquela mina A perspectiva de

operaccedilatildeo da empresa e os termos do arrendamento eram apontados no discurso oficial e de

amplos setores da sociedade como fundamentais para o desenvolvimento do Amapaacute

(OBSERVATOacuteRIO NACIOCIAL 2003)

Por outro lado Luxemburgo (1988) revela que as empresas capitalistas principalmente

as multinacionais especialmente na virada do seacuteculo XIX para o seacuteculo XX quando a

acumulaccedilatildeo de capital expandiu-se buscaram cada vez mais as mateacuterias-primas como base

material da mais-valia Para a autora eacute nas sociedades que ela conceitua de economia natural

que se encontra em maior quantidade essa base material das forccedilas produtivas ldquoEacute o caso por

exemplo da terra com suas riquezas minerais seus prados bosques e forccedilas hidraacuteulicas enfim

dos rebanhos dos povos primitivos dedicados ao pastoreiordquo (1988 p 319) Eacute o caso que temos

observado da realidade saqueada natildeo soacute do Amapaacute mas de toda a Amazocircnia por empresas

estrangeiras

107

Dessa forma os acordos poliacuteticos e mercadoloacutegicos levavam agraves concessotildees em que

tinham como objetivo principal atender as necessidades operacionais do mercado No contrato

de concessatildeo e em sucessivos outros contratos firmados estava aleacutem do direito a exploraccedilatildeo

pela empresa a construccedilatildeo de um porto em Santana uma ferrovia de 200 km de extensatildeo que

ligasse Santana a Serra do Navio (ICOMI 1960)

Com a Guerra Fria44 a Uniatildeo Sovieacutetica bloqueou a exportaccedilatildeo de manganecircs para os

Estados Unidos E a reserva de mineacuterios no Amapaacute passou a ser vista como estrateacutegica para os

americanos Poreacutem alguns entraves de infraestrutura como acesso as minas e a exportaccedilatildeo

foram identificados e seria necessaacuterio um investimento muito alto de recursos que dificilmente

fosse encontrado no Brasil

A proacutepria presidecircncia da repuacuteblica entatildeo ocupada por Getuacutelio Vargas a propoacutesito da

obtenccedilatildeo de financiamento para a ICOMI declarava em 1953 que o projeto era

ldquoeconomicamente vantajoso do ponto de vista nacionalrdquo (ICOMI 1972 2) tanto que o

Congresso Nacional autorizou o governo federal a dar garantia do Tesouro Nacional a

empreacutestimo ateacute o montante principal de 35 milhotildees de doacutelares americanos ndash em valores de 1953

mdash a ser contraiacutedo pela ICOMI no International Bank for Reconstruction and Devellopment

(OBSERVATOacuteRIO NACIONAL 2003) O creacutedito colocado agrave disposiccedilatildeo da empresa ateacute o

limite de US$ 675 milhotildees mdash em valores de 1953 mdash foi superior ao que a empresa necessitava

para atender agraves despesas com a instalaccedilatildeo do projeto Tanto que natildeo utilizou a totalidade dos

recursos que lhes foram disponibilizados pelo banco deles sacou natildeo mais do que US$ 55

milhotildees em valores da eacutepoca (ICOMI 1968 p 5)

44 A Guerra Fria que teve seu iniacutecio logo apoacutes a Segunda Guerra Mundial (1945) e a extinccedilatildeo da Uniatildeo Sovieacutetica

(1991) eacute a designaccedilatildeo atribuiacuteda ao periacuteodo histoacuterico de disputas estrateacutegicas e conflitos indiretos entre os Estados

Unidos e a Uniatildeo Sovieacutetica disputando a hegemonia poliacutetica econocircmica e militar no mundo Disponiacutevel em

httpwwwsohistoriacombref2guerrafria

108

Figura 05 Porto de Santana para importaccedilatildeo e exportaccedilatildeo

Fonte memorial-stnblogspotcombr (consultado em maio de 2015)

Com a construccedilatildeo do Porto no braccedilo norte do Rio Amazonas em Santana no ano de 1956

e inauguraccedilatildeo em 1957 pela empresa ICOMI SA hoje conhecido como Porto de Santana45 em

frente agrave ilha de Santana gerando subempregos atraindo pessoas de vaacuterias partes do paiacutes sob

possibilidade de ganhos e incentivando o comeacutercio local tudo isso tinha um objetivo a chamada

Acumulaccedilatildeo Primitiva que se realizou sobre as diversas colocircnias dominadas pelas naccedilotildees

imperialistas europeias e foi direcionada no sentido de reforccedilar a exportaccedilatildeo das mateacuterias-

primas necessaacuterias agrave acumulaccedilatildeo de capital (LUXEMBRUGO 1988)

O Porto46 instalado e funcionando embarca 1200 toneladas de mineacuterio por hora e tem

atracado mais de 50 navios por ano em busca de manganecircs muito utilizado para artefatos

manufaturados presentes no nosso dia-a-dia

Como a matildeo-de-obra no estado ainda era pouco qualificada foi necessaacuterio trazer pessoas

de fora bem como alojar os funcionaacuterios da empresa em tracircnsito Serra do NavioSantanaSerra

do Navio para isso a ICOMI construiu um nuacutecleo habitacional de trabalhadores em Santana

ainda nos anos de 1950 a conhecida Vila Amazonas A empresa preparou toda a infraestrutura

45 O porto eacute administrado pela Companhia Docas de Santana minus CDSA desde 2002 e eacute vinculada agrave Prefeitura

Municipal de Santana Estaacute localizado na margem esquerda do rio Amazonas no canal de Santana em frente agrave

ilha de mesmo nome a 18 km da cidade de Macapaacute capital do Estado do Amapaacute 46 Esse cais flutuante usado como um terminal privado da mineradora Anglo foi destruiacutedo por um deslizamento e

afundou em marccedilo de 2013 cuja infraestrutura do porto era utilizada para o carregamento do mineacuterio

109

de saneamento baacutesico um hospital um clube recreativo escola e supermercado para oferecer

melhores condiccedilotildees de moradia aos seus operaacuterios (ICOMI 1960)

A principal finalidade da ferrovia Santana-Serra do Navio era transportar os operaacuterios e

escoar o carregamento de mineacuterio em virtude da inviabilidade do transporte por via mariacutetima

Com o iniacutecio das obras da ferrovia SantanaSerra do Navio para dar vazatildeo agrave exportaccedilatildeo dos

mineacuterios de ferro o Estado cresceu e a sua populaccedilatildeo tambeacutem gerou empregos e parecia estar

vivendo o mais alto niacutevel de desenvolvimento da sua histoacuteria

Figura 06 Ferrovia que liga Santana a Serra do Navio para o transporte de mineacuterios

Fonte memorial-stnblogspotcombr (consultado em maio de 2015)

No decorrer dos anos a ICOMI promoveu uma evoluccedilatildeo progressiva econocircmica e

social no Territoacuterio Federal do Amapaacute pois antes da sua chegada ao Amapaacute havia poucos

habitantes e a economia baseava-se no cultivo de subsistecircncia extrativismo madeireiro e

pequeno comeacutercio Outra empresa a Brumasa Madeiras SA induacutestria de compensado ligada

ao grupo Caemi mineraccedilatildeo foi instalada nos anos de 1960 em Santana provocando a criaccedilatildeo

de outro porto para a cidade destinado ao embarque de pinho para exportaccedilatildeo e desembarque

de navios contendo produtos importados Eacute tambeacutem em Santana que se localiza o Distrito

Industrial do Amapaacute agrave margem esquerda do rio Matapi afluente do rio Amazonas

Com o iniacutecio do esgotamento das jazidas manganiacuteferas e com o fim das operaccedilotildees da

empresa ICOMI em 1997 que era muito importante para a economia do ex-territoacuterio restaram

os problemas sociais deixados pela saiacuteda da empresa no Amapaacute desemprego danos ambientais

contaminaccedilatildeo de lenccediloacuteis freaacuteticos na aacuterea do porto da ICOMI em Santana como tambeacutem de

cursos drsquoaacutegua nas proximidades daquela aacuterea contaminaccedilatildeo por arsecircnio em pessoas residentes

110

na Vila do Elesbatildeo proacuteximo ao porto o sucateamento da induacutestria no Amapaacute e o abandono das

aacutereas exploradas por quase 50 anos (OBSERVATOacuteRIO NACIONAL 2003)

Entatildeo em 1991 os poliacuteticos amapaenses buscavam alternativas econocircmicas para o

comeacutercio do Amapaacute e articularam junto ao Governo Federal a implantaccedilatildeo da aacuterea de livre

comeacutercio de Macapaacute e Santana no intuito de impedir que a economia do Estado estagnasse

Por outro lado a implantaccedilatildeo da aacuterea de livre comeacutercio de Macapaacute e Santana instigou o

crescimento populacional de todo o Estado O resultado deste superpovoamento provocou um

processo de urbanizaccedilatildeo desordenada com consequentes problemas sociais

Segundo o Relatoacuterio da Superintendecircncia da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA) de

2014 a economia do municiacutepio de Santana eacute baseada em serviccedilos induacutestria agropecuaacuteria

Apresenta a relaccedilatildeo de 178 empresas cadastradas na Suframa das quais a atividade comercial

representa 91 seguidas de serviccedilos e induacutestria sem projeto ambas com 793 de

participaccedilatildeo

Santana manteacutem sob o seu domiacutenio o Distrito Industrial do Amapaacute cujo parque tem sofrido

progressivamente constantes alteraccedilotildees com a saiacuteda de empresas como a ICOMI e mais

recentemente a faacutebrica da Coca-Cola entretanto haacute indiacutecios da chegada de trecircs novas faacutebricas ldquoduas

satildeo de raccedilatildeo e uma de cimentordquo (NAFES 2016 p 1) Laacute funcionam as empresas Floacuterida e Equador

com faacutebricas de palmitos de accedilaiacute ISA Peixe (induacutestria de pescados) CIMACER (faacutebrica de tijolos)

FACEPA (que trabalha na reciclagem de papel) CHAMPION (responsaacutevel pela plantaccedilatildeo de

pinho) dentre outras a Aacuterea de Livre Comeacutercio de Macapaacute e Santana ndash ALCMS ajuda a fazer a

vida econocircmica do municiacutepio embora haacute pontos negativos que impedem a fixaccedilatildeo de empresas no

Amapaacute como a dificuldade de transporte fluvial as peacutessimas condiccedilotildees do Porto as frequentes faltas

de energia internet de peacutessima qualidade Os funcionaacuterios do serviccedilo puacuteblico satildeo os que recebem as

maiores remuneraccedilotildees movimentando o comeacutercio

314 Aspectos gerais do municiacutepio de Santana

Segundo o censo realizado pelo Programa das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento

(PNUD) em 2013 o Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) da populaccedilatildeo Santanense foi

0692 o que tem ocupado o 3ordm lugar no ranking do Estado do Amapaacute ficando atraacutes dos municiacutepios

de Macapaacute com 0733 e Serra do Navio 0709 o que de acordo com os padrotildees do PNUD eacute

considerado alto E no total dos municiacutepios brasileiros ocupa a 2134ordf posiccedilatildeo

111

Tabela 06 ndash Santana IDHM e seus componentes nas uacuteltimas duas deacutecadas

COMPONENTES 1991 2000 2010

IDHM da Educaccedilatildeo 0203 0408 0638

de 5 a 6 anos na escola 2363 5881 8266

de 11 a 13 anos nos anos finais do fundamental

regular seriado ou com fundamental completo

3055 5503 8275

de 18 a 20 anos com meacutedio completo 690 1831 382

de 15 a 17 anos com fundamental completo 1407 3174 6121

de 18 anos ou mais com fundamental completo 2371 4041 5932

RENDA 0575 0597 0654

Renda per capita (em R$) 28703 32883 46924

LONGEVIDADE 0662 0728 0794

Esperanccedila de vida ao nascer (em anos) 6474 6868 7265

IDHM 0426 0562 0692

Fonte PNUD (2013)

As informaccedilotildees da tabela acima revelam que o componente da Educaccedilatildeo foi o que mais

evoluiu e se desenvolveu no periacuteodo de 1991 a 2010 O IDHM que era de 0562 em 2000 passou

para 0692 em 2010 - uma taxa de crescimento de 231 o que eacute considerada meacutedia pelo

PNUD A distacircncia entre o IDHM do municiacutepio e o limite maacuteximo do iacutendice que eacute 1 foi

reduzido em 7032 entre 2000 e 2010 Nesse periacuteodo a dimensatildeo cujo iacutendice mais cresceu

em termos absolutos foi Educaccedilatildeo (com crescimento de 0230) seguida por Longevidade e por

Renda

No que se refere aos dados gerais dos 16 municiacutepios do Estado do Amapaacute na tabela 07

podemos fazer uma comparaccedilatildeo de Santana em relaccedilatildeo aos demais municiacutepios

Tabela 07 ndash Santana Dados gerais em relaccedilatildeo aos municiacutepios do Estado do Amapaacute - 2010

Municiacutepio Populaccedilatildeo

2010

Aacuterea

territorial

Densidade

demograacutef

PIB

(mil)

Part PIB

Estado

Amapaacute 8069 12 916786 09 106494 102

Calccediloene 9000 133 1423132 06 149671 156

Cutias 4696 070 210907 22 75476 072

Ferreira Gomes 5802 086 496950 12 122276 117

Itaubal 4265 064 162285 25 49147 050

Laranjal do Jari 39942 596 3097190 13 466827 452

Macapaacute 398204 595 650212 621 6453597 614

Mazagatildeo 17032 254 1313098 13 176336 169

Oiapoque 20509 306 2262529 09 290832 279

Pedra Branca do

Amapari 10772 160 956292 11 269988 266

Porto Grande 16809 251 445342 38 226635 220

112

Pracuuacuteba 3793 056 495059 08 50290 055

Santana 101262 1517 156940 641 1594983 1538

Serra do Navio 4380 065 772079 06 101175 097

Tartarugalzinho 12563 187 675762 19 147649 145

Vitoacuteria do Jari 12428 185 248289 50 138163 143

Total 669526 100 14282852 - 10419539 100

Fonte IBGECidades (2015)

Os municiacutepios em que se concentra a maior populaccedilatildeo satildeo os que compotildeem a Regiatildeo

Metropolitana a capital Macapaacute e Santana que juntas tem 7467 da populaccedilatildeo do Estado

Santana corresponde a 1517 do total de habitantes eacute o segundo municiacutepio mais populoso do

Estado com 101262 habitantes A populaccedilatildeo dos outros 14 municiacutepios juntos possui 2533

ou seja um quarto da populaccedilatildeo total do estado

No que diz respeito ao Produto Interno Bruto (PIB) os dados da tabela 07 mostram que

o municiacutepio de Santana em 2010 apresentou significativa participaccedilatildeo na economia do Estado

sendo responsaacutevel por 1538 do PIB o segundo que mais contribuiu com a economia do

Estado do Amapaacute

Os dados relativos ao municiacutepio de Santana satildeo de difiacutecil acesso por natildeo haver uma

historicidade organizaccedilatildeo consolidaccedilatildeo transparecircncia e publicidade desses dados no site da

prefeitura ou mesmo em literaturas especiacuteficas sobre o municiacutepio Em grande parte os dados

publicados encontrados satildeo relativos ao Porto de Santana e a exportaccedilatildeo dos mineacuterios

Historicizar e analisar a gestatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana a partir das poliacuteticas

educacionais implantadas natildeo tecircm sido tarefa faacutecil eacute o que tentaremos desenvolver no proacuteximo

item desse estudo

32 A POLIacuteTICA EDUCACIONAL DA REDE MUNICIPAL DE EDUCACcedilAtildeO DE

SANTANAAP

A poliacutetica de educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana-Amapaacute se baseia na Constituiccedilatildeo

Federal de 1988 na Constituiccedilatildeo do Estado do Amapaacute de 1991 (atualizada ateacute a Emenda

Constitucional nordm 0044 2009) na Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional de 1996 Lei

Orgacircnica do Municiacutepio de Santana de 2002 Lei do Sistema Municipal de Ensino de 2002 o

Plano Municipal de Educaccedilatildeo e o Plano de Carreiras da Educaccedilatildeo do Municiacutepio de Santana e

outras leis especiacuteficas Eacute notoacuterio observar durante a leitura dos documentos legais do municiacutepio

113

de Santana a reproduccedilatildeo da legislaccedilatildeo federal e estadual no municiacutepio seguindo a risca as

orientaccedilotildees das leis superiores

A Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional Nordm 9394 de 20 de dezembro de 1996

dispotildee sobre os deveres que os municiacutepios possuem em relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo nestes termos o

art 11 aponta que os municiacutepios incumbir-se-atildeo de

I - organizar manter e desenvolver os oacutergatildeos e instituiccedilotildees oficiais dos seus sistemas

de ensino integrando-os agraves poliacuteticas e planos educacionais da Uniatildeo e dos Estados

II - exercer accedilatildeo redistributiva em relaccedilatildeo agraves suas escolas

III - baixar normas complementares para o seu sistema de ensino

IV - autorizar credenciar e supervisionar os estabelecimentos do seu sistema de

ensino

V - oferecer a educaccedilatildeo infantil em creches e preacute-escolas e com prioridade o ensino

fundamental permitida agrave atuaccedilatildeo em outros niacuteveis de ensino somente quando

estiverem atendidas plenamente as necessidades de sua aacuterea de competecircncia e com

recursos acima dos percentuais miacutenimos vinculados pela Constituiccedilatildeo Federal agrave

manutenccedilatildeo e desenvolvimento do ensino

VI - assumir o transporte escolar dos alunos da rede municipal (Incluiacutedo pela Lei nordm

10709 de 3172003)

Paraacutegrafo uacutenico Os Municiacutepios poderatildeo optar ainda por se integrar ao sistema

estadual de ensino ou compor com ele um sistema uacutenico de educaccedilatildeo baacutesica (BRASIL

1996)

De acordo com a LDB o municiacutepio tem a incumbecircncia de oferecer a educaccedilatildeo infantil

e com prioridade o ensino fundamental da mesma forma eacute enfatizada na Lei Orgacircnica do

Municiacutepio de Santana (LOM) referendando tais incumbecircncias nos artigos 145 e 146 afirmando

que as bases da organizaccedilatildeo do Sistema de Ensino Municipal devem respeitar os princiacutepios

expostos no art 280 da Constituiccedilatildeo Estadual bem como os princiacutepios estabelecidos na CF

Art 280 As instituiccedilotildees educacionais de qualquer natureza ministraratildeo o ensino com

base nos princiacutepios estabelecidos na Constituiccedilatildeo Federal e mais os seguintes

I - direito de acesso e permanecircncia na escola a qualquer pessoa vedadas distinccedilotildees

baseadas na origem raccedila sexo idade religiatildeo preferecircncia poliacutetica ou classe social

II - pluralismo de ideias e de concepccedilotildees filosoacuteficas poliacuteticas esteacuteticas religiosas e

pedagoacutegicas que conduzam o educando agrave formaccedilatildeo de uma postura social proacutepria

III - valorizaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo como garantia na forma da lei de

plano de carreira para o magisteacuterio puacuteblico com vencimentos no miacutenimo em

isonomia com as demais categorias funcionais para as quais se exija idecircntica

escolaridade com ingresso exclusivamente por concurso puacuteblico de provas e tiacutetulos

realizado periodicamente sob o regime juriacutedico uacutenico adotado pelo Estado para seus

servidores civis e com base no Estatuto do Magisteacuterio

IV - liberdade de pensar aprender ensinar pesquisar e divulgar o pensamento a arte

o saber e o conhecimento

V - reinvestimento em educaccedilatildeo no acircmbito do Estado do percentual que for

estabelecido em lei dos lucros auferidos pelas instituiccedilotildees privadas de ensino

estabelecido no Amapaacute

114

VI - gratuidade de ensino em estabelecimentos mantidos pelo Poder Puacuteblico vedada

a cobranccedila de taxas ou contribuiccedilotildees de qualquer natureza ainda que facultativa

VII - garantia de padratildeo de qualidade em todo o sistema de ensino a ser fixado em lei

VIII - manutenccedilatildeo no acircmbito do Estado em originais ou duplicatas arquivadas por

qualquer meio em seus oacutergatildeos de consulta dos resultados de pesquisa bases de dados

e acervos cientiacuteficos bibliograacuteficos e tecnoloacutegicos colecionados no exerciacutecio de

atividade educacional revertendo em favor do Estado o material acumulado na

hipoacutetese de fechamento extinccedilatildeo ou transferecircncia da instituiccedilatildeo de ensino aqui

estabelecida

IX - direito de organizaccedilatildeo autocircnoma dos diversos segmentos da comunidade escolar

X - preservaccedilatildeo dos valores educacionais regionais e locais (AMAPAacute 2011 p 92)

Segundo tais documentos a educaccedilatildeo como direito de todos e dever do estado e do

municiacutepio tem como princiacutepios a democracia que estaacute tambeacutem no Plano de Carreiras da

Educaccedilatildeo do Municiacutepio de Santana (PCEMS) na Lei Nordm 849 de 2010 nos art 42 e 43 onde se

lecirc

Art 42 - as escolas puacuteblicas do municiacutepio desenvolveratildeo suas atividades de ensino

dentro do espiacuterito democraacutetico e participativo sem preconceitos de raccedila sexo cor

idade opccedilatildeo religiosa poliacutetico-partidaacuterias e quaisquer outras formas de

discriminaccedilatildeo incentivando a participaccedilatildeo da comunidade na elaboraccedilatildeo e exerciacutecio

da proposta pedagoacutegica (SANTANAPCEMS 2010 p 16 grifos nossos)

Art 43 - as escolas puacuteblicas obedeceratildeo ao princiacutepio da gestatildeo democraacutetica atraveacutes

da I ndash participaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo estudantes pais servidores e

representantes da comunidade tanto nas atividades de ensino quanto nas de gestatildeo

participando de conselhos e outros oacutergatildeos normativos e deliberativos bem como no

processo de eleiccedilatildeo de seus dirigentes II ndashgarantia de acesso agraves informaccedilotildees teacutecnicas

administrativas e pedagoacutegicas da escola III ndash gerecircncia de recursos financeiros

repassados pela Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo IV ndash transparecircncia no recebimento

e aplicaccedilatildeo dos recursos financeiros (SANTANAPCEMS 2010 p 16 grifos

nossos)

Os documentos que se referem agrave poliacutetica educacional do municiacutepio de Santana apontam

para os princiacutepios de uma gestatildeo educacional municipal que se pautam na gestatildeo democraacutetica

no pluralismo de concepccedilotildees pedagoacutegicas e no direito agrave organizaccedilatildeo dos diversos segmentos

da comunidade escolar Mas como tais princiacutepios se materializam na organizaccedilatildeo da educaccedilatildeo

municipal Eacute o que veremos a seguir

321 A estrutura organizacional do Sistema Municipal de Educaccedilatildeo de Santana

A organizaccedilatildeo da educaccedilatildeo municipal estaacute sob a responsabilidade da Prefeitura

Municipal de Santana tem como oacutergatildeo gestor a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo (SEME)

115

localizada na Avenida Santana Nordm 2913 no Bairro Paraiacuteso bem no complexo de preacutedios da

Prefeitura Municipal de Santana (PMS) A instalaccedilatildeo fiacutesica da SEME apesar do preacutedio ser novo

estaacute mal distribuiacuteda ou natildeo comporta toda a demanda necessaacuteria agrave organizaccedilatildeo administrativa

financeira e pedagoacutegica da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo

Figura 07 Foto da sede da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de Santana

Fonte santanadoamapablogspotcom

O Sistema Municipal de Ensino de Santana foi criado atraveacutes da Lei municipal Nordm 0609

de 2002 e de acordo com o artigo 2ordm eacute composto I - Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo II -

Conselho Municipal de Educaccedilatildeo III - Comissatildeo Permanente do Magisteacuterio e IV - pelas

Instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Infantil Ensino Fundamental e Educaccedilatildeo Especial mantidas eou

administradas pelo poder puacuteblico municipal e pelas instituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil e especial

criadas e mantidas pela iniciativa privada (SANTANA 2002)

A Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de Santana tem em sua estrutura teacutecnico-

pedagoacutegico e administrativo oacutergatildeos e teacutecnicos que devem ser responsaacuteveis por pesquisa

informaccedilotildees e o planejamento adequado e atualizado para que possam subsidiar os programas

e projetos voltados agrave comunidade escolar Durante a pesquisa foi possiacutevel identificar que os

funcionaacuterios da SEME trabalham amontoados em salas com mesas e cadeiras coladas uma a

outra e sem espaccedilo suficiente para exercer o seu proacuteprio serviccedilo e atendimento ao puacuteblico Isso

foi observado em vaacuterios setores na SEME No organograma estaacute organizada a disponibilizaccedilatildeo

dos oacutergatildeos da secretaria conforme a Legislaccedilatildeo Municipal Nordm 0760 de 2006

116

Figura 08 SANTANA Estrutura organizacional dos oacutergatildeos da Secretaria Municipal de

Educaccedilatildeo (SEME)

Fonte Anexo da Lei Nordm 7602006 - PMS

De acordo com a estrutura organizacional a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo tem na

sua composiccedilatildeo

- Secretaacuterio (a) Municipal de Educaccedilatildeo

- Assessoria Executiva

- Chefia de Gabinete

- A Coordenadoria de Assuntos Educacionais que eacute composta pelos seguintes departamentos

- Departamento de Ensino e Apoio Pedagoacutegico

- Departamento de Inspeccedilatildeo e Organizaccedilatildeo Escolar

- Departamento de Apoio

- Departamento de Educaccedilatildeo no Campo

- Departamento de Tecnologia Educacional e Miacutedia

- A Coordenadoria Administrativa e Financeira que eacute composta por

- Departamento de Recursos Humanos

- Departamento de Orccedilamento Financeiro e Contabilidade

117

- Divisatildeo de Acompanhamento de Contrato Convecircnio e Licitaccedilatildeo

- Gestor Escolar

- Departamento de Serviccedilo Material e Patrimocircnio

- Departamento de Assistecircncia ao Educando

- A Coordenadoria do Poacutelo da Universidade Aberta do Brasil

- A Coordenadoria de Planejamento e Projetos

No que se refere a Coordenadoria de Assuntos Educacionais foi observado durante a

pesquisa e nos relatoacuterios analisados diversas atividades de cunho pedagoacutegico realizados e de

controle de matriacuteculas O Departamento de Orccedilamento Financeiro e Contabilidade setor

vinculado a Coordenadoria Administrativa e Financeira da SEME parece estar mais ligada ao

Prefeito Municipal do que a Secretaacuteria de Educaccedilatildeo dada a falta de autonomia financeira da

SEME devido a natildeo descentralizaccedilatildeo das questotildees financeiras por parte do prefeito para a

Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de Santana

De 2005 a 2015 atuaram como gestores da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de Santana

sete secretaacuterios conforme demonstra o quadro 9

Quadro 9 Santana Secretaacuterios Municipais de Educaccedilatildeo (2005 a 2015)

Periacuteodo Secretaacuterio(a) Municipal de

Educaccedilatildeo Partido Prefeito

2005 a 2009 Kleber Nascimento Rocha PT Antonio Nogueira

2010 Raimundo Vasques

Ivancy Magno de Oliveira PT Antonio Nogueira

2011 e 2012 Tercio da Silva Correia PT Antonio Nogueira

2013 Melquises Pereira de Lima e

Carlos Sergio Monteiro PR Robson Santana Rocha Freires

2014 Carlos Sergio Monteiro PR Robson Santana Rocha Freires

2015 -

Atualmente Antocircnia de Moraes Guedes PR Robson Santana Rocha Freires

Fonte SEME - Elaborado pela autora

O Secretaacuterio que teve mais tempo no cargo cinco anos foi o Sr Kleber Nascimento

Rocha que esteve agrave frente da pasta da SEME durante a primeira gestatildeo do prefeito Antonio

Nogueira (2005-2008) do Partido dos Trabalhadores e ateacute o primeiro ano (2009) do segundo

mandato do prefeito reeleito Nos uacuteltimos trecircs anos do segundo mandato do prefeito passaram

pela SEME trecircs outros Secretaacuterios de Educaccedilatildeo Municipal Raimundo Vasques Ivancy Magno

de Oliveira e Tercio da Silva Correia A partir de 2013 com a mudanccedila de gestatildeo na Prefeitura

Municipal tendo o Sr Robson Santana Rocha Freires (2013-2016) passaram pela pasta da

118

educaccedilatildeo trecircs outros Secretaacuterios Melquises Pereira de Lima Carlos Sergio Monteiro e Antocircnia

de Moraes Guedes (atual)

O Conselho Municipal de Educaccedilatildeo que eacute um oacutergatildeo colegiado pertencente ao Sistema

Municipal de Ensino tem funccedilatildeo consultiva normativa deliberativa e recursal da poliacutetica de

educaccedilatildeo do municiacutepio de Santana A Lei Orgacircnica do Municiacutepio de Santana (LOM) prevecirc a

criaccedilatildeo de normas para o funcionamento do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo e que a cada dois

anos seraacute convocada uma Conferecircncia Municipal de Educaccedilatildeo formada por representaccedilotildees dos

vaacuterios segmentos sociais para avaliar a situaccedilatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio e estabelecer a

diretrizes da poliacutetica municipal de educaccedilatildeo (SANTANA 2000) Apesar do que apresenta a

legislaccedilatildeo municipal o municiacutepio natildeo tem conseguido colocar em praacutetica o que preconiza a sua

legislaccedilatildeo no que se refere a atuaccedilatildeo efetiva desse oacutergatildeo colegiado

Faz parte ainda do Sistema municipal de educaccedilatildeo a Comissatildeo Permanente do

Magisteacuterio composta por representantes dos docentes teacutecnicos educacionais procurador

juriacutedico do municiacutepio secretaria municipal de educaccedilatildeo e secretaria de administraccedilatildeo Esta

Comissatildeo tem a competecircncia de elaborar instrumentos coordenar e orientar o processo

avaliativo anual do magisteacuterio municipal e por atribuiccedilotildees que regulamentam o estatuto do

magisteacuterio puacuteblico de Santana (SANTANA 2002) Compotildee ainda o Sistema Municipal de

Educaccedilatildeo as instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas que deveratildeo ofertar o ensino puacuteblico ou privado

atendendo agraves normas pareceres e resoluccedilotildees emanadas pelo Sistema Municipal de Ensino

A Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo deveraacute desenvolver em consonacircncia com entidades

educacionais do Estado e da Uniatildeo programas suplementares de assistecircncia ao educando

como materiais didaacuteticos escolares assistecircncia agrave sauacutede e seguridade social alimentaccedilatildeo

escolar transporte escolar bolsa famiacutelia assistecircncia social psicoloacutegica e fonoaudioloacutegica

Como observamos a lei orienta a autonomia e a participaccedilatildeo da comunidade e dos

profissionais da educaccedilatildeo nas accedilotildees pedagoacutegicas administrativas e em conselhos escolares

Poreacutem em momento algum se refere agrave autonomia financeira O atendimento da educaccedilatildeo

infantil e do ensino fundamental vem se realizando desde que Santana era ainda um Distrito de

Macapaacute47 e vem gradativamente sendo municipalizados como veremos no toacutepico a seguir

47 De acordo com a Lei Federal nordm 7639 de 17-12-1987 o distrito de Santana eacute desmembrado do municiacutepio de

Macapaacute e eacute elevado agrave categoria de municiacutepio

119

322 A Educaccedilatildeo municipal de Santana em nuacutemeros

O Sistema Municipal de Educaccedilatildeo foi criado em 2002 embora natildeo tenha organizado na

praacutetica o seu funcionamento articulado para a composiccedilatildeo do sistema a educaccedilatildeo funciona

ainda como rede municipal Em 2007 possuiacutea 23 escolas para funcionamento da educaccedilatildeo

infantil ensino fundamental e EJA e em 2014 esse nuacutemero passou para 31 escolas tendo um

aumento de 26 no nuacutemero de escolas na rede no periacuteodo O graacutefico 1 apresenta uma pequena

evoluccedilatildeo no periacuteodo

Graacutefico 1 Santana Nordm de escolas da rede municipal de ensino 2007-2014

Fonte Dados da SEMESantana ndash Elaborado pela autora

Eacute importante destacar no entanto que aleacutem das 31 escolas a rede municipal conta com

17 anexos48 distribuiacutedos entre zona urbana e rural

O quadro de docentes do municiacutepio de Santana tambeacutem nos revela um pouco da situaccedilatildeo

da educaccedilatildeo municipal O concurso puacuteblico49 realizado pela Prefeitura Municipal de Santana

no ano de 2007 e a uacuteltima convocaccedilatildeo de aprovados no ano de 2009 vem contribuindo para o

aumento de docentes vinculados ao quadro permanente como se pode acompanhar no graacutefico

2 a seguir

48 A situaccedilatildeo dessas escolas anexas eacute bastante instaacutevel visto que satildeo preacutedios alugados Na zona rural pode ser ateacute

mesmo salas de aula funcionando em casas de moradia ou em Igrejas 49 Edital nordm 012006 que ofertou 667 cargos para o municiacutepio em diversas aacutereas (administrativa engenharia

teacutecnica sauacutede e magisteacuterio) No que se refere aos cargos para a educaccedilatildeo destacamos 20 cargos para auxiliar de

disciplina 122 para professor da educaccedilatildeo baacutesica I 52 para professores da educaccedilatildeo baacutesica II (portuguecircs

matemaacutetica geografia histoacuteria ciecircncias ciecircncias da religiatildeo educaccedilatildeo fiacutesica inglecircs e artes) 22 para orientador

supervisor e psicopedagogo

23 2426 27 27 27

31 31

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

120

Graacutefico 2 Santana Nuacutemero de docentes atuando na rede municipal de ensino 2007-2014

Fonte SEMESantana ndash Elaborado pela autora

O nuacutemero de docentes50 no graacutefico 02 em atuaccedilatildeo nas escolas em 2007 era de 480

docentes e em 2009 eram de 593 o que reflete um aumento de quase 20 no nuacutemero de

docentes atuando nas escolas puacuteblicas municipais de Santana Eacute importante destacar que

principalmente nos anos de 2007 e 2008 haviam vaacuterios docentes contratados temporariamente

sem concurso puacuteblico atuando nas escolas municipais essa praacutetica ainda existe no municiacutepio

As matriacuteculas no municiacutepio de Santana ocorrem em escolas da rede estadual rede

municipal e no setor privado De acordo com a tabela 08 de uma forma geral a rede estadual

sempre teve uma forte influecircncia no municiacutepio concentrando a maior parte das matriacuteculas por

exemplo em 2014 absorveu 56 do universo de matriacuteculas no municiacutepio Jaacute a rede municipal

tinha sob sua responsabilidade 317 do nuacutemero de matriacuteculas registrado no municiacutepio e o

setor privado correspondia a 123 de matriacuteculas

50 Os nuacutemeros que compotildeem os docentes em atuaccedilatildeo nas escolas puacuteblicas satildeo de docentes concursados

contratados ou cedidos

480523

593 593 593 593 581 584

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

121

Tabela 08 ndash Santana Matriacuteculas na Educaccedilatildeo Baacutesica por esfera administrativa 2007-2014

Dependecircncia

NiacutevelModalidade 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

Rede Estadual

Ed Infantil (creche e preacute-escola) 1296 250 67 9 0 0 0 0

Ens Fund (anos iniciais) 6687 6746 6271 6069 5898 5672 4971 4405

Ensino Fund (anos finais) 6784 7063 7272 7726 7846 7816 7552 7470

Ensino Meacutedio 5708 5897 5922 5676 5294 5240 5003 5454

EJA (Ens Fund) 1584 1614 1676 1595 1710 1574 1302 46

EJA (Ens Meacutedio) 826 841 957 1085 1422 1335 0 0

Educaccedilatildeo Especial 141 172 229 181 281 343 330 347

Total 23026 22583 22394 22332 22451 21980 19158 17722

Rede Municipal

Ed Infantil (creche e preacute-escola) 1345 1933 2006 2023 2011 2577 3169 3201

Ens Fund (anos iniciais) 4078 4089 4429 4330 4432 4859 5253 5622

Ens Fund (anos finais) 1146 986 933 961 852 683 539 487

Ensino Meacutedio 0 0 0 0 0 0 0 0

EJA (Ens Fund) 709 641 581 583 596 633 549 528

EJA (Ens Meacutedio) 0 0 0 0 0 0 0 0

Ed Especial 81 89 111 118 140 163 155 201

Total 7359 7738 8060 8015 8031 8915 9665 10039

Setor Privado

Ed Infantil (creche e preacute-escola) 1936 1598 1560 1425 1558 1335 965 914

Ens Fund (anos iniciais) 1828 1678 1623 1601 1703 1473 1418 1446

Ens Fund (anos finais) 754 845 772 753 852 885 927 932

Ensino Meacutedio 488 408 383 376 434 451 435 404

EJA (Ens Fund) 144 59 134 137 91 48 15 35

EJA (Ens Meacutedio) 43 35 39 36 36 72 35 63

Ed Especial 101 04 09 118 128 139 129 110

Total 5294 4627 4520 4446 4802 4403 3924 3904

Fonte CENSOINEP (2014) ndash Elaborado pela autora

Inclui Educaccedilatildeo de Jovens e Adultos (EJA) presencial e semipresencial

Inclui os alunos de toda a educaccedilatildeo baacutesica e da EJA

A rede estadual mesmo tendo o maior nuacutemero de matriacuteculas vem reduzindo esse nuacutemero

a partir de 2013 quando principalmente natildeo ofertou a modalidade de Educaccedilatildeo de Jovens e

Adultos em niacutevel meacutedio Destacamos ainda a reduccedilatildeo em 2008 nas matriacuteculas na educaccedilatildeo

infantil e que em 2011 finalizou a oferta neste niacutevel de ensino O ensino fundamental (anos

iniciais) na rede estadual eacute responsaacutevel por 439 do total de matriacuteculas na rede puacuteblica

enquanto que a rede municipal absorveu 561 em 2014

A rede municipal a partir de 2008 vem aumentando o nuacutemero de matriacuteculas na educaccedilatildeo

infantil em decorrecircncia da municipalizaccedilatildeo e em 2011 eacute a responsaacutevel por toda a demanda da

educaccedilatildeo infantil puacuteblica Observou-se ainda a reduccedilatildeo nas matriacuteculas nos anos finais no ensino

fundamental que tambeacutem tinha sob sua responsabilidade em 2007 eram 1146 matriculas e em

122

2014 reduziu para 487 como podemos observar na tabela No setor privado as matriacuteculas

foram visivelmente reduzidas no decorrer do periacuteodo em estudo Somente no ensino

fundamental eacute que vem aumentando discretamente nos uacuteltimos 3 anos

O processo de municipalizaccedilatildeo iniciado em 2008 na educaccedilatildeo infantil e em 2009 no

ensino fundamental segue as orientaccedilotildees do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado

(PDRAE) que propotildee a passagem da administraccedilatildeo puacuteblica baseada em princiacutepios racionais-

burocraacuteticos Em que busca

() o fortalecimento das funccedilotildees de regulaccedilatildeo e de coordenaccedilatildeo do Estado

particularmente no niacutevel federal e a progressiva descentralizaccedilatildeo vertical para os

niacuteveis estadual e municipal das funccedilotildees executivas no campo da prestaccedilatildeo de serviccedilos

sociais e de infraestrutura (PDRAE 1995 p 18)

Nesse contexto descentralizar teria o objetivo de tornar a administraccedilatildeo puacuteblica mais

flexiacutevel e eficiente reduzindo custos e propiciando mais qualidade ao serviccedilo puacuteblico por meio

do gerencialismo tendo o governo federal o controle dos resultados das avaliaccedilotildees de

desempenho dos Estados e municiacutepios

No que se refere ao Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo (IDEB) apesar de

compreendermos que os dados numeacutericos registrados no IDEB natildeo revelam a qualidade da

aprendizagem os dados observados colocam o municiacutepio de Santana com uma evoluccedilatildeo no

ensino fundamental (anos iniciais) maior do que a rede estadual Eacute o que podemos constatar na

tabela 09 a seguir

Tabela 09 ndash SANTANA IDEB do Ensino Fundamental (anos iniciais) em relaccedilatildeo ao Estado

do Amapaacute e ao Brasil (2005-2013)

Esfera Ideb Observado Metas Projetadas

2005 2007 2009 2011 2013 2007 2009 2011 2013 2021

BRASIL 38 42 46 50 52 39 42 46 49 60

AMAPAacute 32 34 38 41 40 32 36 40 43 54

SANTANA 31 38 39 48 46 31 35 39 42 54

Fonte INEPMEC (2015)

Desde 2005 a meacutedia do IDEB nacional observado tem atingido as metas propostas Jaacute

em relaccedilatildeo ao estado do Amapaacute o IDEB estaacute bem aqueacutem em relaccedilatildeo agrave meacutedia nacional apesar

de ter evoluiacutedo e atingido as metas propostas nas avaliaccedilotildees dos anos de 2007 2009 e 2011 no

ano de 2013 a meacutedia do estado reduziu para 40 O municiacutepio de Santana mesmo natildeo atingindo

123

a meacutedia nacional possui um coeficiente superior ao do estado sendo o municiacutepio do estado

com melhor evoluccedilatildeo no IDEB o que atingiu todas as metas projetadas desde o ano de 2007

No entanto eacute preciso relativizar o resultado de tais indicadores pois eles natildeo representam de

fato a qualidade visto que esta eacute de difiacutecil mensuraccedilatildeo e pressupotildee muita complexidade

(PARO 2005)

Satildeo vaacuterios fatores que podem estar influenciando o alcance das metas do IDEB mas eacute

necessaacuterio realizar um estudo mais rigoroso para desvelar os motivos dessa evoluccedilatildeo O que

podemos adiantar eacute que as escolas da rede municipal receberam vaacuterios programas federais o

que possibilitou ajuda financeira para a rede atraveacutes de impostos e de repasses federais

inclusive recursos do Plano de Accedilotildees Articuladas que eacute o que apresentaremos a seguir

323 O financiamento da educaccedilatildeo na rede municipal de Santana

A anaacutelise da democratizaccedilatildeo da gestatildeo da educaccedilatildeo a partir do PAR requer que se

conheccedila as potencialidades de financiamento das accedilotildees educativas pois a viabilidade das accedilotildees

decorrentes do PAR soacute seraacute possiacutevel se houver financiamento compatiacutevel para tal Este item

visa avaliar as condiccedilotildees financeiras do municiacutepio de Santana no periacuteodo da pesquisa

A Carta Magna de 1988 em seu Artigo 212 estabelece os percentuais miacutenimos

necessaacuterios para custeio da educaccedilatildeo indicando que

A Uniatildeo aplicaraacute anualmente nunca menos de dezoito e os Estados o Distrito

Federal e os Municiacutepios vinte e cinco por cento no miacutenimo da receita resultante de

impostos compreendida a proveniente de transferecircncias na manutenccedilatildeo e

desenvolvimento do ensino (BRASIL 1998)

O artigo 212 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 ao estabelecer o percentual miacutenimo para

a manutenccedilatildeo e desenvolvimento do ensino reitera que esse montante natildeo pode ser menor nem

desviado para outras finalidades ou seja eacute uma verba vinculada protegida de qualquer disputa

poliacutetica e de outras necessidades emergenciais De acordo com a Constituiccedilatildeo de 1988 os

recursos para a manutenccedilatildeo do ensino satildeo provenientes das seguintes fontes a) Receitas

oriundas de impostos da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios b) Receitas

de transferecircncias constitucionais e outras transferecircncias c) Receitas do salaacuterio educaccedilatildeo e de

outras contribuiccedilotildees sociais d) Receitas de incentivos fiscais e outros recursos previstos em lei

124

Todavia as principais fontes de financiamento da educaccedilatildeo satildeo as receitas de impostos

e a contribuiccedilatildeo do salaacuterio educaccedilatildeo as quais juntas ldquorepresentam em termos de volume de

recursos e de regularidade a receita que tem financiado a expansatildeo e a qualificaccedilatildeo da educaccedilatildeo

puacuteblica no paiacutesrdquo (FARENZENA 2006 p 82) No caso do municiacutepio de Santana a arrecadaccedilatildeo

de impostos proacuteprios51 e os respectivos 25 que devem ser destinados ao financiamento da

educaccedilatildeo apresentaram os seguintes valores abaixo discriminados

Tabela 10 Santana Receitas de Impostos Proacuteprios (2007-2014)

Ano Total de Impostos 25 para Educaccedilatildeo

2007 459613833 114903450

2008 396271016 99067750

2009 554775786 138693925

2010 592155846 148038950

2011 633078892 158269700

2012 888456697 222114150

2013 951274674 237818650

2014 Fonte SIOPE Tabela Elaborada pala autora Nota1 Dados natildeo disponiacuteveis

Nota 2 Valores nominais

Os recursos para a educaccedilatildeo referentes aos 25 dos impostos proacuteprios do municiacutepio satildeo

relativamente pequenos considerando a totalidade das despesas com a educaccedilatildeo como se veraacute

mais adiante Ainda assim representam uma importante fonte de recursos para financiamento

da educaccedilatildeo municipal

O municiacutepio de Santana conta tambeacutem com as receitas do Fundo de Manutenccedilatildeo e

Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo

(FUNDEB)52 Os recursos dessa fonte satildeo provenientes de impostos e transferecircncias dos

estados municiacutepios e do Distrito Federal vinculados agrave educaccedilatildeo de acordo com o artigo 212

da Constituiccedilatildeo Federal que satildeo recolhidos pela Uniatildeo e redistribuiacutedos aos estados municiacutepios

e Distrito Federal proporcionalmente ao valor custo-aluno definido nacionalmente para o

financiamento de accedilotildees de manutenccedilatildeo e desenvolvimento da educaccedilatildeo baacutesica puacuteblica Do total

51 Os recursos proacuteprios satildeo o IPTU-Imposto Predial Territorial Urbano ISS-Imposto sobre Serviccedilos ITBI-Imposto

sobre Transmissatildeo de Bens Imoacuteveis IRRF-Imposto sobre a Renda dos Servidores Municipais

52 Criado pela Emenda Constitucional nordm 532006 e regulamentado pela Lei nordm 1149407 o FUNDEB eacute constituiacutedo

por 20 (vinte por cento) das receitas das seguintes fontes Fundo de Participaccedilatildeo dos Estados (FPE) Fundo de

Participaccedilatildeo dos Municiacutepios (FPM) Imposto sobre Circulaccedilatildeo de Mercadorias e Serviccedilos (ICMS) (incluindo os

recursos relativos agrave desoneraccedilatildeo de exportaccedilotildees de que trata a Lei Complementar nordm 8796) Imposto sobre

Produtos Industrializados proporcional agraves exportaccedilotildees (IPI- EXP) Imposto sobre Transmissatildeo Causa Mortis e

Doaccedilotildees de quaisquer bens ou direitos (ITCMD) Imposto sobre a Propriedade de Veiacuteculos Automotores (IPVA)

Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR) receitas da diacutevida ativa e de juros e multas incidentes sobre

as fontes citadas (GUTIERRES 2010)

125

dos recursos pelo menos 60 (sessenta por cento) devem ser direcionados para o pagamento

dos profissionais do magisteacuterio em efetivo exerciacutecio De 2007 a 2014 o municiacutepio

recebeu os seguintes valores do FUNDEB

Tabela 11 ndash Santana Receitas do FUNDEB (2007-2014)

Ano Valor Anual Complementaccedilatildeo

da Uniatildeo

Aplicaccedilatildeo

Financeira Total

2007 1109287221 0 845321 1110132542

2008 1492822529 0 920937 1493743466

2009 1612599591 0 0 1612599591

2010 1818239589 0 0 1818239589

2011 2164454715 0 0 2164454715

2012 2377015638 0 378076 2377393714

2013 2740767217 0 2448386 2743215603

2014 Fonte SIOPEFNDE ndash Organizado pela autora Nota 1 Os valores referente a 2014 natildeo estavam disponiacuteveis

para consulta no SIOPE Nota 2 valores nominais

Conforme as informaccedilotildees da tabela 11 o municiacutepio de Santana natildeo recebe receitas de

Complementaccedilatildeo da Uniatildeo Isso significa que os recursos redistribuiacutedos no acircmbito do Estado

satildeo suficientes para alcanccedilar o valor-aluno miacutenimo nacional estabelecido natildeo implicando assim

em complementaccedilatildeo da Uniatildeo53

Outra importante fonte de recursos para a educaccedilatildeo recebida pelo municiacutepio eacute o Salaacuterio

Educaccedilatildeo54 recolhido pelas empresas calculado com base na aliacutequota de 25 sobre o total de

remuneraccedilotildees pagas ou creditadas a qualquer tiacutetulo aos segurados empregados O FNDE tem

uma funccedilatildeo redistributiva55 da contribuiccedilatildeo social do salaacuterio-educaccedilatildeo A cota estadual e

53 O Estado do Amapaacute e seus municiacutepios vecircm sistematicamente alcanccedilando valores por aluno acima do valor

miacutenimo anual definido nacionalmente A Portaria interministerial nordm 11 de 30 de dezembro de 2015 por exemplo

definiu os valores anuais para 2016 na qual o valor para o ensino fundamental dos anos iniciais urbanas

considerado o paracircmetro para as demais etapas e modalidades foi estabelecido em RS273987 O estado do

Amapaacute alcanccedilou R$380396 por aluno nesta etapa da educaccedilatildeo baacutesica portanto bem acima do miacutenimo nacional

estabelecido 54 O Salaacuterio Educaccedilatildeo foi criado pela Lei nordm 4440 de 27101964 (MELCHIOR 1987) e sofreu diversas

modificaccedilotildees desde essa data Em dezembro de 2006 foi alterado pela EC nordm 53 e regulamentado pela Lei nordm

114572007 base de sua execuccedilatildeo atual 55Do montante arrecadado e apoacutes as deduccedilotildees previstas em lei (taxa de administraccedilatildeo dos valores arrecadados pela

Receita Federal do Brasil devoluccedilatildeo de receitas e outras) o restante eacute distribuiacutedo em cotas pelo FNDE observada

em 90 (noventa por cento) de seu valor a arrecadaccedilatildeo realizada em cada estado e no Distrito Federal da seguinte

forma A) cota federal ndash correspondente a 13 do montante dos recursos eacute destinada ao FNDE e aplicada no

financiamento de programas e projetos voltados para a educaccedilatildeo baacutesica de forma a propiciar a reduccedilatildeo dos

desniacuteveis soacutecio educacionais entre os municiacutepios e os estados brasileiros B) cota estadual e municipal ndash

correspondente a 23 do montante dos recursos eacute creditada mensal e automaticamente em favor das secretarias de

educaccedilatildeo dos estados do Distrito Federal e dos municiacutepios para o financiamento de programas projetos e accedilotildees

voltados para a educaccedilatildeo baacutesica Os 10 restantes do montante da arrecadaccedilatildeo do salaacuterio-educaccedilatildeo satildeo aplicados

pelo FNDE em programas projetos e accedilotildees voltados para a educaccedilatildeo baacutesica (Lei nordm 114572007)

126

municipal da contribuiccedilatildeo social do salaacuterio-educaccedilatildeo eacute integralmente redistribuiacuteda entre os

estados e seus municiacutepios de forma proporcional ao nuacutemero de alunos matriculados na

educaccedilatildeo baacutesica das respectivas redes de ensino apurado no censo escolar do exerciacutecio anterior

ao da distribuiccedilatildeo

Os demais programas do FNDE tais como Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo

Escolar (PNAE) Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) Programa Nacional de Apoio

ao Transporte do Escolar (PNATE) Programa Brasil Alfabetizado (PBA) e Programa Nacional

de Sauacutede do Escolar (PNSE) criados para contribuir para o acesso e a permanecircncia do aluno na

escola tambeacutem vem compondo as fontes de recursos para o ensino em Santana

O Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar (PNAE) eacute considerado o mais antigo

programa social brasileiro vinculado agrave educaccedilatildeo (BALABAN 2006) Ateacute o ano de 1998 o

Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar (PNAE) era gerenciado pela Fundaccedilatildeo de Apoio

ao Estudante ndash FAE A partir desse ano sua gestatildeo foi transferida para o Fundo Nacional de

Desenvolvimento da Educaccedilatildeo ndash FNDE por meio da Lei nordm 9649 de 27051999 que tambeacutem

extinguiu a FAE Atualmente o PNAE eacute coordenado nacionalmente pelo FNDE responsaacutevel

pelo repasse dos recursos financeiros para aquisiccedilatildeo de alimentos cabendo aos Estados e

Municiacutepios complementar estes recursos aleacutem de cobrir os custos operacionais (BRASIL

2000) O PNAE atende os alunos de toda a educaccedilatildeo baacutesica matriculados em escolas puacuteblicas

filantroacutepicas e em entidades comunitaacuterias (conveniadas com o poder puacuteblico) por meio da

transferecircncia de recursos financeiros

Conforme a Resoluccedilatildeo nordm 67 de 28 de dezembro de 2009 o valor repassado pela Uniatildeo

a Estados e Municiacutepios por dia letivo para cada aluno pelo PNAE eacute definido de acordo com a

etapa e modalidade de ensino Creches R$ 100 Preacute-escola R$ 050 Escolas indiacutegenas e

quilombolas R$ 060 Ensino fundamental meacutedio e educaccedilatildeo de jovens e adultos R$ 030

Ensino integral R$ 100 Alunos do Programa Mais Educaccedilatildeo R$ 090 alunos que frequentam

o Atendimento Educacional Especializado no contraturno R$ 050 Com a Resoluccedilatildeo nordm 8 de

14 de maio de 2012 o valor per capita da alimentaccedilatildeo escolar foi atualizado passando de R$

060 para R$ 100 entre os alunos matriculados nas creches e de R$ 030 para R$ 050 entre

os alunos matriculados no ensino fundamental A Lei nordm 119472009 que regulamenta o PNAE

estabelece a necessidade de ldquoparticipaccedilatildeo da comunidade no controle social no

acompanhamento das accedilotildees realizadas pelos Estados pelo Distrito Federal e pelos Municiacutepios

para garantir a oferta da alimentaccedilatildeo escolar saudaacutevel e adequadardquo (Art 2ordm II BRASIL 2009)

Balaban (2006) afirma que a partir da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 verificou-se a

adoccedilatildeo de praacuteticas democraacuteticas representativas e participativas surgiram entatildeo os conselhos

127

configurados como espaccedilos puacuteblicos de articulaccedilatildeo entre governo e sociedade Um exemplo

disso eacute o Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar (CAE) que eacute composto por entidades colegiadas

integradas por representantes dos diversos segmentos da sociedade definido em Lei Municipal

O PDDE56 foi criado em 1995 por meio da Resoluccedilatildeo nordm 12 de 10 de maio de 1995

(recebendo inicialmente o nome de PMDE ndash Programa de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento do

Ensino Fundamental)57 com o objetivo de cumprir a funccedilatildeo redistributiva da Uniatildeo aos sistemas

puacuteblicos de ensino de acordo com o disposto no artigo 211 da CF88 A partir de 1997 o

Programa passou a exigir a criaccedilatildeo de Unidades Executoras (UEx) entidades de direito privado

como condiccedilatildeo para o recebimento dos recursos diretamente pelas escolas De 2004 em diante

a exigecircncia era de que as escolas com mais de 50 alunos obrigatoriamente teriam que criar UEx

para participar do programa Ateacute o ano de 2008 o PDDE abrangia apenas as escolas puacuteblicas

de ensino fundamental com a ediccedilatildeo da Medida Provisoacuteria nordm 455 de 28 de janeiro2009

(transformada posteriormente na Lei nordm 11947 de 16 de junho de 2009) o programa foi

ampliado para toda a educaccedilatildeo baacutesica incluindo portanto ensino meacutedio e educaccedilatildeo infantil

Os recursos do PDDE destinam-se ldquoagrave cobertura de despesas de custeio manutenccedilatildeo e de

pequenos investimentos que concorram para a garantia do funcionamento e melhoria da

infraestrutura fiacutesica e pedagoacutegica dos estabelecimentos de ensinordquo (Art 23 da Lei nordm 11947

de 16 de junho de 2009) Os recursos podem ser repassados agraves Entidades Executoras ndash EEXs

no caso as prefeituras ou diretamente agraves escolas se estas tiverem constituiacutedo suas Unidades

Executoras ndash UEXs

O Ministeacuterio da Educaccedilatildeo executa atualmente dois programas voltados ao transporte de

estudantes o Caminho da Escola e o PNATE que visam atender alunos moradores da zona

rural O Programa Caminho da Escola foi criado pela Resoluccedilatildeo nordm 3 de 28 de marccedilo de 2007

Por meio deste programa o Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social

(BNDES) concede uma linha de creacutedito para a aquisiccedilatildeo de ocircnibus mini-ocircnibus e micro-ocircnibus

zero quilocircmetro e embarcaccedilotildees novas pelos Estados e Municiacutepios O Programa Nacional de

Apoio ao Transporte do Escolar - PNATE foi instituiacutedo pela Lei nordm 10880 de 9 de junho de

2004 com o objetivo de garantir o acesso e a permanecircncia dos alunos nos estabelecimentos

escolares do ensino fundamental puacuteblico residentes em aacuterea rural que utilizem transporte

56 Sobre esse programa eacute importante consultar uma publicaccedilatildeo do INEP da pesquisa intitulada ldquoPrograma Dinheiro

Direto na Escola uma proposta de redefiniccedilatildeo do papel do Estado na Educaccedilatildeo (2003-2005)rdquo que congregou os

Estado de SP PI PA MS e RS cujos resultados foram publicados pelo INEP em 2006 sob a coordenaccedilatildeo das

professoras Drordf Vera Maria Vidal Peroni e Drordf Thereza Adriatildeo 57Ateacute 1998 este programa denominou-se PMDE A denominaccedilatildeo Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE)

apareceu pela primeira vez com a Medida Provisoacuteria nordm 1784 de 14 de dezembro de 1998 e posteriormente com a

Medida Provisoacuteria nordm 2100shy32 de 24 de maio de 2001

128

escolar por meio de assistecircncia financeira em caraacuteter suplementar aos Estados Distrito

Federal e Municiacutepios O caacutelculo do montante de recursos financeiros destinados aos Estados

ao Distrito Federal e aos Municiacutepios tem como base o quantitativo de alunos da zona rural

transportados e a respectiva informaccedilatildeo acerca destes no censo escolar do ano anterior O valor

per capitaano varia entre R$ 12073 e R$ 17224 de acordo com a aacuterea rural do Municiacutepio a

populaccedilatildeo moradora do campo e a posiccedilatildeo do Municiacutepio na linha de pobreza (GUTIERRES

2015) O PNATE eacute monitorado diretamente pelo conselho do FUNDEB que analisa e fiscaliza

os gastos com o programa

O Programa Brasil Alfabetizado (PBA) foi criado pelo Decreto nordm 4834 de 08 de

setembro de 200358 com o objetivo de universalizaccedilatildeo da alfabetizaccedilatildeo de jovens e adultos de

quinze anos ou mais no paiacutes59 (GUTIERRES 2015)

Quanto ao Programa Nacional de Sauacutede Escolar (PSE) este tem como objetivo

ldquocontribuir para a formaccedilatildeo integral dos estudantes por meio de accedilotildees de promoccedilatildeo prevenccedilatildeo

e atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo (Art1ordm do Decreto nordm 62862007) com vistas ao enfrentamento das

vulnerabilidades que comprometem o pleno desenvolvimento de crianccedilas e jovens da rede

puacuteblica de ensino Dentre as accedilotildees passiacuteveis de serem financiadas por este programa destacam-

se

Art 4ordm As accedilotildees em sauacutede previstas no acircmbito do PSE consideraratildeo a atenccedilatildeo

promoccedilatildeo prevenccedilatildeo e assistecircncia e seratildeo desenvolvidas articuladamente com a rede

de educaccedilatildeo puacuteblica baacutesica e em conformidade com os princiacutepios e diretrizes do SUS

podendo compreender as seguintes accedilotildees entre outras I - avaliaccedilatildeo cliacutenica II -

avaliaccedilatildeo nutricional III - promoccedilatildeo da alimentaccedilatildeo saudaacutevel IV - avaliaccedilatildeo

oftalmoloacutegica V - avaliaccedilatildeo da sauacutede e higiene bucal VI - avaliaccedilatildeo auditiva VII -

avaliaccedilatildeo psicossocial VIII - atualizaccedilatildeo e controle do calendaacuterio vacinal IX -

reduccedilatildeo da morbimortalidade por acidentes e violecircncias X - prevenccedilatildeo e reduccedilatildeo do

consumo do aacutelcool XI - prevenccedilatildeo do uso de drogas XII - promoccedilatildeo da sauacutede sexual

e da sauacutede reprodutiva XIII - controle do tabagismo e outros fatores de risco de

cacircncer XIV - educaccedilatildeo permanente em sauacutede XV - atividade fiacutesica e sauacutede XVI -

promoccedilatildeo da cultura da prevenccedilatildeo no acircmbito escolar e XVII - inclusatildeo das temaacuteticas

de educaccedilatildeo em sauacutede no projeto poliacutetico pedagoacutegico das escolas (BRASIL 2007)

58 Esse decreto foi revogado pelo Decreto nordm 6093 de 24 de abril de 2007 atualmente em vigor 59 Esta natildeo foi a primeira iniciativa governamental neste sentido Em 1967 o governo militar lanccedilou o Movimento

Brasileiro de Alfabetizaccedilatildeo o MOBRAL atraveacutes da Lei Nordm 5379 de 15 de dezembro de 1967 No Governo de

Fernando Henrique Cardoso a sociedade foi convocada a se co-responsabilizar pela manutenccedilatildeo da EJA por meio

de parcerias estabelecidas pelo Programa Alfabetizaccedilatildeo Solidaacuteria (Alfa Sol Outro programa do Governo Federal

que visava o atendimento da EJA era o Projeto Recomeccedilo que foi criado em 2001 com o objetivo de dar maior

atendimento agrave populaccedilatildeo do Norte e Nordeste que acumulavam maior nuacutemero de pessoas analfabetas

(GUTIERRES 2015)

129

Os valores oriundos do Salaacuterio Educaccedilatildeo dos programas do FNDE (PNAE PDDE

PNATE PBA e PSE) recebidos pelo municiacutepio de Santana repassados para a prefeitura

municipal de 2007 a 2014 satildeo discriminados a seguir

Tabela 12 ndash Santana Receitas do Salaacuterio Educaccedilatildeo e de Programas do FNDE (2007-2014)

Ano Salaacuterio

Educaccedilatildeo PNAE PDDE PNATE PBA PSE

2007 16415179 37338400 126720 33326 52 1020000 1318600

2008 21769862 23785282 2712553 1723000

2009 23220460 49427860 267690 5455186 876000

2010 26559002 78761520 9969750 2960500

2011 33659670 78594000 9969750 2646500

2012 37685871 92398800 11643843

2013 50488456 105353200 7594146 3243273

2014 63533128 53101200 1493368 3277986

Fonte FNDE Nota 1 Tabela organizada pela autora Nota 2 Os valores indisponiacuteveis no site do FNDE Nota

2 valores nominais

As receitas do FNDE satildeo importantes como fontes complementares para a garantia do

direito agrave educaccedilatildeo No caso do Salaacuterio Educaccedilatildeo e do PNAE do PNATE e do PBA estes

constituiacuteram fluxo permanente ao longo do periacuteodo60 O PDDE foi repassado para a prefeitura

somente nos anos de 2007 e de 2009 visto que a partir de 2009 a maior parte das escolas

municipais jaacute haviam constituiacutedo suas Unidades Executoras ndash UEXs passando a receber

diretamente os recursos desse programa O Programa Sauacutede do Escolar (PSE) apresentou

recursos apenas no ano de 2007 Outras receitas tambeacutem chegaram ao municiacutepio por meio de

programas mais diretamente vinculados ao Plano de Accedilotildees Articuladas ndash PAR no periacuteodo de

2009 a 2014

Tabela 13 ndash Santana Receitas decorrentes do PAR 2009 - 2014

Programa 2009 2010 2011 2012 2013 2014

Caminho da

EscolaTransporte Aces 209970 331650 132000

Mobiliaacuterio Escolar (PAR) 193073

Infraestrutura Ed Baacutesica 1 385609

Proinfacircncia ndash Const Esc

Educ Infantil 581600 872400 3922052

Brasil Carinhoso 170960

Quadras de Esporte 304896

Projovem urbano 38760

Total 209730 331650 193073 581600 1004400 4436668 Fonte FNDE Tabela elaborada pela autora

60 Apenas no ano de 2012 natildeo constam informaccedilotildees sobre os recursos do Programa Brasil alfabetizado PBA para

o municiacutepio de Santana

130

O municiacutepio de Santana recebeu recursos dos seguintes programas em decorrecircncia do

PAR Caminho da Escola para aquisiccedilatildeo de ocircnibus Escolar recursos para mobiliaacuterio escolar e

infraestrutura da educaccedilatildeo baacutesica Proinfacircncia para construccedilatildeo de escolas de educaccedilatildeo Infantil

Brasil Carinhoso para construccedilatildeo de creches recursos para a construccedilatildeo de quadras esportivas

e referentes a programa Projovem urbano

O caminho da escola ou Transporte Acessiacutevel eacute uma accedilatildeo que segundo o MEC visa

promover a inclusatildeo escolar por meio da garantia das condiccedilotildees de acesso e permanecircncia na

escola apoiando agrave disponibilizaccedilatildeo de transporte escolar Para esse fim o municiacutepio de Santana

recebeu recursos em trecircs anos 2009 2010 e 2013 totalizando R$ 67362000 no periacuteodo Jaacute o

programa Mobiliaacuterio Escolar eacute uma accedilatildeo do FNDE que tem por objetivo renovar e padronizar

os mobiliaacuterios das escolas tendo o municiacutepio recebido o valor de R$19307300 no ano de

2011 Por meio do Programa Infraestrutura escolar que subsidia accedilotildees de construccedilatildeo de

escolas da educaccedilatildeo baacutesica o municiacutepio angariou R$ 138560900 O programa Proinfacircncia

que se destina agrave assistecircncia financeira aos municiacutepios para a construccedilatildeo reforma e aquisiccedilatildeo de

equipamentos e mobiliaacuterio para a educaccedilatildeo infantil foi o que mais propiciou recursos ao

municiacutepio de Santana Por meio dele a secretaria de educaccedilatildeo captou o valor de

R$537605200

O municiacutepio tambeacutem recebeu recursos do Programa Brasil Carinhoso que segundo a

Resoluccedilatildeo nordm 192014FNDEMEC tem o seu desenvolvimento integrado em vaacuterias vertentes e

uma delas eacute expandir a quantidade de matriacuteculas de crianccedilas entre 0 e 48 meses cujas famiacutelias

sejam beneficiaacuterias do Programa Bolsa Famiacutelia (PBF) em creches puacuteblicas ou conveniadas O

Programa consiste na transferecircncia automaacutetica de recursos financeiros sem necessidade de

convecircnio ou outro instrumento para custear despesas com manutenccedilatildeo e desenvolvimento da

educaccedilatildeo infantil contribuir com as accedilotildees de cuidado integral seguranccedila alimentar e

nutricional garantir o acesso e a permanecircncia da crianccedila na educaccedilatildeo infantil No caso de

Santana foram recebidos R$ 17096000 no ano de 2014 referente a 143 crianccedilas Para a accedilatildeo

Construccedilatildeo de quadras esportivas foram repassados R$ 30489600 de acordo com as

necessidades demonstradas pelo municiacutepio quando da elaboraccedilatildeo do PAR O programa

Projovem tem como objetivo elevar a escolaridade de jovens com idade entre 18 e 29 anos

que saibam ler e escrever e natildeo tenham concluiacutedo o ensino fundamental visando agrave conclusatildeo

desta etapa por meio da modalidade de Educaccedilatildeo de Jovens e Adultos integrada agrave qualificaccedilatildeo

profissional e o desenvolvimento de accedilotildees comunitaacuterias com exerciacutecio da cidadania na forma

de curso Para accedilotildees referentes ao cumprimento dos objetivos deste programa o municiacutepio

recebeu o valor de R$ 3876000 somente no ano de 2014

131

Para efeito de dimensionar os valores proporcionais de cada uma das fontes analisadas

vejamos os graacuteficos a seguir relativos ao ano de 2009 ano em que se aportaram os primeiros

recursos oriundos do PAR e o ano de 2013 visto que os recursos relativos ao ano de 2014 natildeo

foram informados no SIOPE

Graacutefico 3 SANTANA Receitas da Educaccedilatildeo em relaccedilatildeo as despesas com a funccedilatildeo educaccedilatildeo

- 2009

Fonte FNDE Graacutefico elaborado pela autora

Sem duacutevida a maior parte das receitas que mantem a educaccedilatildeo municipal de Santana

satildeo os oriundos do FUNDEB Em 2009 eles representaram 87 do total enquanto a segunda

maior fonte foram os recursos proacuteprios na base de 8 das receitas do ano As receitas relativas

aos Programas decorrentes do Plano de Accedilotildees Articuladas no ano de 2009 representavam 1

do total Todavia no ano de 2013 essa proporcionalidade sofreu ligeira alteraccedilatildeo como se pode

conferir no graacutefico a seguir

Recursos Proacuteprios 1386939

8

FUNDEB 16125995 87

Salaacuterio Educaccedilatildeo 232204

1

FNDE 560265 3

PAR 209730 1

Receitas da Educaccedilatildeo em Santana 2009

Recursos Proacuteprios FUNDEB Salaacuterio Educaccedilatildeo FNDE PAR

132

Graacutefico 4 SANTANA Receitas da Educaccedilatildeo em relaccedilatildeo as despesas com a funccedilatildeo educaccedilatildeo

- 2013

Fonte FNDE Graacutefico elaborado pela autora

Os recursos do FUNDEB passaram a representar 84 do total das receitas em educaccedilatildeo

em 2013 enquanto os do PAR passaram a representar 3 Houve tambeacutem aumento

proporcional dos recursos do FNDE e do Salaacuterio Educaccedilatildeo Como podemos perceber no

graacutefico eacute notoacuterio o montante de recursos destinados agrave educaccedilatildeo com um valor de mais de R$

27 milhotildees ao ano Jaacute os recursos do PAR correspondem a somente 3 do valor das receitas

do municiacutepio pouco mais de R$ 1 milhatildeo de reais Eacute importante tambeacutem deixar claro que os

recursos do PAR natildeo satildeo recursos a mais pois este natildeo recebe complementaccedilatildeo da Uniatildeo

As despesas com a funccedilatildeo educaccedilatildeo realizadas no periacuteodo da pesquisa nos mostram a

totalidade dos recursos gastos com a educaccedilatildeo no periacuteodo de 2007 a 2014 A tabela a seguir

demonstra o total dessas despesas bem como o valor gasto com cada sub-funccedilatildeo

Recursos Proacuteprios 2378186

7

FUNDEB 27432156 84

Salaacuterio Educaccedilatildeo 635331

2

FNDE 11619054

PAR 1004400 3

Receitas da Educaccedilatildeo em Santana 2013

Recursos Proacuteprios FUNDEB Salaacuterio Educaccedilatildeo FNDE PAR

133

Tabela 14 ndash Santana Despesas com a Funccedilatildeo Educaccedilatildeo (2007-2014)

Sub-

Funccedilotildees 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

EF 14910367 18487032 19191537 19707136 17957976 20624296 21804153

ES 1000 191125 2000 - - - -

EI 709597 435087 996814 5809173 8196777 9434598 13015450

EJA 5186 17361 292230 1176888 1387621 1429476 1261614

E Esp 16300 - 8551 - - - -

Outros 164151 215413 237968 270781 336596 389801 461471

Total 15806603 19346021 20729102 26963979 27878970 31878173 36542690

Fonte SIOPE Legenda EF ndash Ensino Fundamental ES ndash Educaccedilatildeo Superior EI ndash Educaccedilatildeo Infantil EJA ndash

Educaccedilatildeo de Jovens e Adultos EESP ndash Educaccedilatildeo Especial Outros gastos com educaccedilatildeo Baacutesica

Natildeo estava disponiacutevel no SIOPE as despesas do ano de 2014

Observa-se na tabela 14 que os maiores gastos foram realizados com a sub-funccedilatildeo

ensino fundamental que em todos os anos esteve acima de 50 Todavia tais gastos vecircm

diminuindo pois se em 2007 representava 9433 do total em 2014 representava apenas

5966 do montante dispendido em educaccedilatildeo Por outro lado os gastos com a educaccedilatildeo infantil

vecircm aumentando pois em 2007 eram apenas 44 do total e em 2014 passaram a representar

356 do total da funccedilatildeo educaccedilatildeo

Quanto agrave gestatildeo dos recursos observamos que o municiacutepio de Santana vem aplicando o

previsto na Constituiccedilatildeo Federal na manutenccedilatildeo e desenvolvimento do ensino na maioria dos

anos pois conforme a tabela 15 de 2007 a 2014 o miacutenimo aplicado foi de 25 exceto no ano

de 2007 quando essa taxa foi de apenas 1938

Tabela 15 Santana Miacutenimo de Aplicaccedilatildeo em MDE (2007-2014)

Ano ()

2007 1938

2008 2525

2009 2515

2010 3196

2011 2614

2012 2743

2013 2630

2014 Fonte SIOPE Tabela elaborada pela autora

Os dados tambeacutem revelam que o ano de 2014 foi muito criacutetico do ponto de vista

financeiro para o municiacutepio pois os dados estatildeo ausentes na base SIOPE Tais dados tem como

origem a Secretaria de Fazenda eacute possiacutevel que a prestaccedilatildeo de contas natildeo tenha sido realizada

naquele ano

134

Quanto agrave aplicaccedilatildeo do miacutenimo de 60 do FUNDEB com a remuneraccedilatildeo dos professores

previstos em Lei temos o seguinte quadro

Tabela 16 Santana Miacutenimo de Aplicaccedilatildeo do FUNDEB em Remuneraccedilatildeo de Professores

(2007-2014)

Ano Valor ()

2007 666079525 6963

2008 896246079 6091

2009 967559754 8959

2010 1090943753 9574

2011 1298672829 9622

2012 1426436228 9221

2013 1645929362 9448

2014 Fonte SIOPE Nota 1 Dados ausentes no SIOPE Tabela elaborada pela autora

De 2007 a 2013 apenas nos anos de 2007 o percentual foi proacuteximo de 60 Nos

demais anos foram de mais de 69 do total dos recursos Tal situaccedilatildeo requer aprofundamento

da pesquisa a fim de identificar as causas para as taxas elevadas Todavia como o municiacutepio

apresenta taxas muito baixas de arrecadaccedilatildeo proacutepria o municiacutepio de Santana manteacutem a

educaccedilatildeo basicamente com recursos do FUNDEB

Por fim cabe ressaltar no que se refere agrave gestatildeo financeira da educaccedilatildeo que os recursos

destinados agrave funccedilatildeo educaccedilatildeo sejam do FUNDEB ou de Programas ou Projetos ainda

continuam centralizados na Prefeitura Municipal e natildeo satildeo repassados ao oacutergatildeo responsaacutevel

pela gestatildeo da educaccedilatildeo no caso para a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo para que possa

executaacute-los de acordo com o seu planejamento Tal situaccedilatildeo contraria a perspectiva de

descentralizaccedilatildeo da gestatildeo dos recursos financeiros conforme preceitua a LDB em seu art 69

sect 5ordm e as poliacuteticas educacionais recentes Mas como o PAR tem interferido nessa dinacircmica de

gestatildeo educacional da rede municipal

33 O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS E A DIMENSAtildeO GESTAtildeO DA EDUCACcedilAtildeO

NA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE SANTANA (2007-2014)

O PDEPlano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo tem o Plano de Accedilotildees

Articuladas como a principal ferramenta de planejamento da educaccedilatildeo para a construccedilatildeo da

gestatildeo democraacutetica nos sistemas municipais de educaccedilatildeo

135

No municiacutepio de Santana o processo de implantaccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas teve

iniacutecio ainda em 2007 apoacutes a divulgaccedilatildeo dos resultados do Iacutendice de Desenvolvimento da

Educaccedilatildeo Baacutesica com as conversas e discussotildees sobre o Plano pois de acordo com a

coordenadora da eacutepoca

() quando foi jaacute em 2007 natildeo demorou muito para eles virem ateacute Santana foi logo

apoacutes os resultados do IDEB uma equipe do MEC e nos orientar natildeo fazia muito

tempo que tiacutenhamos realizado o planejamento estrateacutegico do municiacutepio eles nos

orientaram como deveriacuteamos proceder para o planejamento estrateacutegico e a colocaccedilatildeo

das informaccedilotildees na plataforma do SIMEC para noacutes natildeo foi difiacutecil pois jaacute tiacutenhamos

acabado de realizar nosso planejamento entatildeo foi praticamente transferir as

informaccedilotildees para a plataforma (Coordenaccedilatildeo do 1ordm PAR)

O municiacutepio de Santana atingiu as metas previstas pelo IDEB jaacute em 2007 e mesmo

assim estava nos registros do MEC como um dos municiacutepios prioritaacuterios para a visita da equipe

do MEC e a implantaccedilatildeo do Compromisso Dessa forma logo apoacutes o lanccedilamento do Decreto

nordm 60942007 se observou que grande parte dos municiacutepios brasileiros assinaram o Termo de

Adesatildeo independente de atingir ou natildeo as metas do IDEB e no municiacutepio de Santana a

coordenadora do PAR no periacuteodo da implantaccedilatildeo afirma ldquonoacutes natildeo tivemos escolha foi uma

imposiccedilatildeo do MEC para que implantaacutessemos e realizaacutessemos o preenchimento das informaccedilotildees

no sistemardquo (Coordenadora do 1ordm PAR)

O Termo de Cooperaccedilatildeo Teacutecnica entre a Prefeitura Municipal de Santana e o MEC

previa o prazo de 4 anos a partir da data da sua assinatura que foi em 2009 ldquocom possibilidade

de prorrogaccedilatildeo por igual ou inferior periacuteodo podendo ser rescindido por iniciativa de qualquer

das partes ()rdquo(MEC 2009 p2) Acerca do Termo de Compromisso e do periacuteodo de

prorrogaccedilatildeo do PAR as Coordenadoras entrevistadas natildeo souberam informar ou natildeo

lembravam

Durante o periacuteodo de levantamento documental da pesquisa tratamos os dados a partir

dos dois ciclos de planejamento do Plano de Accedilotildees Articuladas no municiacutepio Nessa pesquisa

utilizamos o Termo de Cooperaccedilatildeo Teacutecnica Nordm 23456 o planejamento estrateacutegico do municiacutepio

e a siacutentese do diagnoacutestico dos indicadores do municiacutepio

Os dados relativos ao 1ordm PAR do municiacutepio natildeo foram localizados nem nos arquivos

fiacutesicos da SEME e nem na Coordenaccedilatildeo do PAR poreacutem durante as visitas aos sujeitos

entrevistados eacute que conseguimos coletar alguns dados relativos ao 1ordm PAR o que ajudou na

construccedilatildeo da anaacutelise da historicidade do PAR em Santana As entrevistas viabilizaram

136

esclarecimentos e complementaccedilatildeo de informaccedilotildees sobre o 1ordm PAR e assim encontramos a

seguinte declaraccedilatildeo sobre o processo de elaboraccedilatildeo do 1ordm PAR

O primeiro PAR ocorreu de forma muito apressada sem uma discussatildeo com os

participantes da rede municipal de ensino Recebemos uma equipe do MEC que

orientou a elaboraccedilatildeo e disse como deveriacuteamos preencher na plataforma Natildeo foi

muito discutido ateacute porque natildeo tiacutenhamos alguns conselhos implantados mas foi

elaborado pelos setores da SEME (Coordenadora do 1ordm PAR)

Foi um lsquodiagnoacutestico de gabinetersquo em muitos indicadores as pontuaccedilotildees foram 1 e 2

devido natildeo ter a documentaccedilatildeo organizada regimento frequecircncia na reuniatildeo dos

conselhos atas ou que ainda estavam em fase de criaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo como eacute o caso

do PME (Coordenadora do 2ordm PAR)

A equipe teacutecnica local do 1ordm PAR foi composta por quinze membros sendo um

dirigente municipal oito representantes dos teacutecnicos da SEME dois representantes dos

professores um representante dos supervisores escolares um representante do quadro teacutecnico-

administrativo um representante do conselho escolar e um representante do conselho municipal

de educaccedilatildeo

O diagnoacutestico da educaccedilatildeo municipal relativo ao 2ordm PAR para o ciclo de 2011 a 2014

foi realizado pela equipe local composta pelos mesmos membros que compuseram a equipe do

1ordm PAR municipal e foi enviado ao MEC no dia 30092011 Poreacutem segundo a Coordenaccedilatildeo

do 2ordm PAR o Plano de Trabalho com as sub-accedilotildees foram enviadas para anaacutelise do MEC

posteriormente em 10092012 isto eacute quase um ano depois Segundo a coordenadora do 2ordm

PAR

Essa demora no envio para a elaboraccedilatildeo do Plano de Trabalho se deu devido agrave

dimensatildeo 4 infraestrutura ldquoque requeria informaccedilotildees adicionais de engenheiros

topoacutegrafos legalizaccedilatildeo e doaccedilatildeo de terrenos para a construccedilatildeo de escolas e creches

para o municiacutepio (Coordenadora do 2ordm PAR)

Observamos que os periacuteodos de planejamento no 1ordm e 2ordm PAR natildeo correspondem aos

periacuteodos orientados pelo MEC que seria 2007 a 2010 e de 2011 a 2014 Existe um lapso

temporal entre o planejamento e a execuccedilatildeo do PAR a assinatura do termo de compromisso e

os ciclos de duraccedilatildeo do PAR no municiacutepio Entretanto o manual de orientaccedilotildees do PAR (2011-

2014) afirma que esse planejamento eacute voluntaacuterio e natildeo haacute exigecircncia quanto ao cumprimento de

prazos

137

A adesatildeo ao Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo assinada pelos

municiacutepios estados e Distrito Federal ocorreu de forma voluntaacuteria e foi realizada

por todos os entes federados () Sendo uma accedilatildeo voluntaacuteria o Ministeacuterio da

Educaccedilatildeo natildeo estabelece prazos para elaboraccedilatildeo e conclusatildeo do PAR no sistema

Eacute de interesse dos municiacutepios estados e Distrito Federal terem o PAR elaborado e

enviado para anaacutelise do MECFNDE no SIMEC uma vez que a partir do Decreto No

6094 de 24 de abril de 2007 as accedilotildees de assistecircncia teacutecnica e financeira (apoio

suplementar e voluntaacuterio) do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo seratildeo norteadas pela adesatildeo ao

Plano de Metas e elaboraccedilatildeo do PAR no SIMEC O PAR seraacute base para termo de

convecircnio ou de cooperaccedilatildeo firmado entre o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e o ente apoiado

(MECPAR 2011 p 40 grifos nossos)

As praacuteticas dos teacutecnicos do MEC tecircm se apresentado contraditoacuterias ao seu discurso

quando afirmam em seus documentos oficiais ser ldquovoluntaacuteriardquo a adesatildeo do municiacutepio ao

PDEPlano de Metas Entretanto na praacutetica o que ocorre eacute quase uma imposiccedilatildeo aos municiacutepios

para a implantaccedilatildeo do PAR visto que condiciona o financiamento de algumas accedilotildees agrave adesatildeo

ao PAR A Lei nordm 126952012 define as quatro dimensotildees abrangidas pelo PAR passiveis de

serem financiadas ou receberem apoio teacutecnico do MEC sendo elas

Art 2o - O PAR seraacute elaborado pelos entes federados e pactuado com o Ministeacuterio da

Educaccedilatildeo a partir das accedilotildees programas e atividades definidas pelo Comitecirc

Estrateacutegico do PAR de que trata o art 3o [] sect 1o A elaboraccedilatildeo do PAR seraacute

precedida de um diagnoacutestico da situaccedilatildeo educacional estruturado em 4 (quatro)

dimensotildees []I - gestatildeo educacional []II - formaccedilatildeo de profissionais de

educaccedilatildeo []III - praacuteticas pedagoacutegicas e avaliaccedilatildeo [] IV -infraestrutura fiacutesica e

recursos pedagoacutegicos (BRASIL 2012)

Aleacutem disso os resultados do IDEB por parte do MEC refletem as condiccedilotildees para o

financiamento das accedilotildees como que alertam Adriatildeo e Garcia (2008 p 792) quando afirmam que

a adesatildeo ao Compromisso pode reduzir ldquoos processos pedagoacutegicos ao preparo para os exames

externos considerando-se que os resultados das avaliaccedilotildees concorreratildeo para o aumento dos

recursosrdquo

A ideia da poliacutetica do planejamento multidimensional e articulado com os entes

federados eacute interessante com a intermediaccedilatildeo das universidades e outras organizaccedilotildees

educacionais como a UNDIME e sindicatos educacionais auxiliam na implantaccedilatildeo da poliacutetica

e a prioridade na alocaccedilatildeo dos recursos sem interferecircncias poliacutetico-partidaacuterias Para Luce e

Farenzena (2007 p 11) a poliacutetica do MEC se caracteriza como uma ldquodescentralizaccedilatildeo

convergenterdquo levando em consideraccedilatildeo a prestaccedilatildeo de contas dos entes que aderem ao

Compromisso ou ainda tambeacutem pode ser caracterizada como uma descentralizaccedilatildeo

138

monitorada considerando a exigecircncia de um Planejamento de Accedilotildees Articuladas (PAR) e pela

existecircncia do IDEB em que eacute tomado como medida de avaliaccedilatildeo das accedilotildees que foram ou natildeo

realizadas Dessa forma os discursos da descentralizaccedilatildeo e da autonomia dos entes federados

entram em contradiccedilatildeo quanto a implantaccedilatildeo dessa poliacutetica

O Relatoacuterio Puacuteblico da siacutentese do diagnoacutestico do 1ordm PAR no municiacutepio de SantanaAP

nos indica a situaccedilatildeo de cada dimensatildeo conforme a avaliaccedilatildeo da equipe teacutecnica local por ocasiatildeo

da elaboraccedilatildeo do PAR A tabela 16 nos demonstra tal situaccedilatildeo

Tabela 17 Santana Siacutentese das pontuaccedilotildees das Dimensotildees do 1ordm PAR

Dimensotildees Pontuaccedilotildees

Total 4 3 2 1 na

1Gestatildeo Educacional 0 6 6 7 1 20

2 Formaccedilatildeo de Professores e de

Profissionais de Serviccedilos e Apoio Escolar 1 2 1 6 0 10

3 Praacuteticas Pedagoacutegicas e Avaliaccedilatildeo 1 3 2 2 0 08

4 Infraestrutura Fiacutesica e Recursos

Pedagoacutegicos 0 1 8 5 0 13

Total 2 12 17 20 1 52 Fonte SIMECMEC (2009)

De acordo com a tabela 16 o municiacutepio de Santana recebeu maior nuacutemero de pontuaccedilatildeo

1 e 2 que totalizam 71 do total de indicadores o que demonstra que haacute na rede uma situaccedilatildeo

mais para ruim do que boa As dimensotildees Gestatildeo Educacional e Infraestrutura Fiacutesica e Recursos

Pedagoacutegicos foram as responsaacuteveis pelo maior nuacutemero de pontuaccedilotildees 1 e 2 revelando estar

nessas dimensotildees as maiores fragilidades As pontuaccedilotildees 3 e 4 que representam uma situaccedilatildeo

boa ou oacutetima poreacutem correspondem apenas a 269 dos indicadores do 1ordm PAR

Em relaccedilatildeo agrave dimensatildeo da Gestatildeo Educacional 30 dos indicadores receberam

pontuaccedilatildeo 3 que eacute considerada boa segundo a avaliaccedilatildeo do MEC E 70 das pontuaccedilotildees da

gestatildeo foram 1 ou 2 o que expressa uma situaccedilatildeo insatisfatoacuteria

A elaboraccedilatildeo do 2ordm Plano de Accedilotildees Articuladas no municiacutepio de Santana ciclo 2011 a

2014 foi realizado no 2ordm semestre de 2011 com a participaccedilatildeo da equipe local

Segundo informaccedilotildees dos entrevistados a elaboraccedilatildeo do 2ordm PAR

Foi feita atraveacutes de reuniatildeo da equipe local envolvendo vaacuterios segmentos entre eles

a secretaacuteria diretores de todos os departamentos representantes de professores tanto

da zona rural como da urbana pedagogos da zona rural e urbana representantes de

diretores representantes de conselho escolar e representantes do conselho municipal

de educaccedilatildeo noacutes tivemos toda essa equipe reunidas 3 vezes por semana tanto de manhatilde

como a tarde onde eram feitos diagnoacutesticos e anaacutelise (Coordenadora do 2ordm PAR)

139

A siacutentese dos resultados do diagnoacutestico do 2ordm PAR realizado pela equipe local do

municiacutepio estaacute disponiacutevel na tabela 18 a seguir

Tabela 18 Santana Siacutentese das pontuaccedilotildees das Dimensotildees do 2ordm PAR

Dimensotildees Pontuaccedilotildees

4 3 2 1 na Total

1Gestatildeo Educacional 0 9 16 3 0 28

2 Formaccedilatildeo de Professores e de

Profissionais de Serviccedilos e Apoio Escolar 0 7 5 4 1 17

3 Praacuteticas Pedagoacutegicas e Avaliaccedilatildeo 0 9 5 1 0 15

4 Infraestrutura Fiacutesica e Recursos

Pedagoacutegicos 0 0 14 8 0 22

Total 0 25 40 16 1 82 Fonte SIMECMEC (2015)

Como podemos analisar na tabela 18 nenhum indicador recebeu a pontuaccedilatildeo 4 Quase

50 dos indicadores obtiveram a pontuaccedilatildeo 2 se somarmos as pontuaccedilotildees 1 e 2 obteremos um

total de 682 de indicadores o que descreve uma situaccedilatildeo insuficiente e por isso aponta mais

aspectos negativos e de situaccedilatildeo criacutetica ao municiacutepio As dimensotildees gestatildeo educacional e

infraestrutura fiacutesica e recursos pedagoacutegicos tem sido os principais responsaacuteveis pela situaccedilatildeo

insuficiente

E se comparamos o 1ordm e 2ordm diagnoacutestico do PAR em um panorama geral podemos

perceber que 71 das pontuaccedilotildees 1 e 2 estatildeo no 1ordm PAR e no 2ordm PAR satildeo 682 isto eacute houve

uma quase insignificante alteraccedilatildeo na situaccedilatildeo do municiacutepio em relaccedilatildeo aos indicadores

Inclusive 2 indicadores que demonstravam pontuaccedilatildeo 4 no 1ordm PAR natildeo mais apareceram no 2ordm

PAR

Em relaccedilatildeo agrave dimensatildeo Gestatildeo Educacional no 2ordm PAR 678 dos indicadores

apresentaram-se com insatisfatoacuterios ou criacuteticos Se comparados ao 1ordm PAR em que 70 dos

indicadores tambeacutem foram pontuados como insatisfatoacuterios ou criacuteticos observa-se que nessa

dimensatildeo teve uma quase insignificante evoluccedilatildeo de 22 a mais

No que se refere ainda a baixa pontuaccedilatildeo de indicadores de Infraestrutura Fiacutesica e

Recursos Pedagoacutegicos no 1ordm e 2ordm PAR pudemos identificar atraveacutes dos termos de compromisso

(Extrato de execuccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas - PAR) disponiacuteveis em consulta puacuteblica

no SIMEC (2015) planejamento para investimentos nessa dimensatildeo (4) em indicadores da

aacuterea 2 sendo

a) seis termos de compromisso relativos a compra de mobiliaacuterio equipamentos e materiais

didaacuteticos e pedagoacutegicos (accedilotildees e sub-accedilotildees do indicador 4211)

140

b) um termo de compromisso de infraestrutura (reforma) de unidades escolares que ofertam EF

na zona urbana (accedilotildees e sub-accedilotildees do indicador - 425emenda parlamentar)

c) aquisiccedilatildeo de nove ocircnibus escolares (accedilotildees e sub-accedilotildees do indicador - 4212)

d) quatro escolas comtempladas com construccedilatildeoampliaccedilatildeo de salas de aula para a educaccedilatildeo do

campo indiacutegena ou quilombola (accedilotildees e sub-accedilotildees do indicador 4210)

e) duas escolas comtempladas com construccedilatildeoampliaccedilatildeo de salas de aula de EF na zona urbana

(accedilotildees e sub-accedilotildees do indicador 429) (MECPAR 2015)

A coordenadora do 2ordm PAR afirma que ldquoo prefeito natildeo tinha a noccedilatildeo do que era o PAR

quando ele soube que era para receber recursos toda a atenccedilatildeo comeccedilou a ser dada para a

elaboraccedilatildeo do PARrdquo Natildeo obstante os recursos decorrentes do PAR considerando a totalidade

das receitas para com o financiamento da funccedilatildeo educaccedilatildeo no municiacutepio satildeo iacutenfimos conforme

jaacute demonstramos anteriormente Para o ano de 2009 representou 1 e em 2013 apenas 3 do

total das receitas

O que tambeacutem temos observado eacute que muitos dos recursos que foram alocados ainda no

1ordm PAR foram prorrogados e estatildeo em execuccedilatildeo e natildeo foram ainda concluiacutedos por parte do

municiacutepio como eacute o caso daqueles destinados agrave construccedilatildeo de creches Mas quais as

implicaccedilotildees do PAR para a democratizaccedilatildeo da gestatildeo A anaacutelise dos principais indicadores a

seguir nos daraacute pistas a esse respeito

34 OS INDICADORES DA GESTAtildeO DEMOCRAacuteTICA DO PLANO DE ACcedilOtildeES

ARTICULADAS NA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE SANTANA (2007-2014)

Os indicadores de gestatildeo democraacutetica no 1ordm e 2ordm PAR que satildeo objetos desse estudo satildeo

seis Conselho Escolar Conselho Municipal de Educaccedilatildeo Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar

Comitecirc Local do Compromisso Conselho do FUNDEB e Criteacuterios para a escolha de Diretores

A pontuaccedilatildeo que revela o diagnoacutestico da situaccedilatildeo a respeito de cada indicador realizado

por ocasiatildeo do 1ordm PAR (2007) e do 2ordm PAR (2011) demonstrada a seguir nos subsidiaraacute a anaacutelise

da evoluccedilatildeo do desenvolvimento das condiccedilotildees de democratizaccedilatildeo da gestatildeo em Santana

Quadro 10 ndash Santana Pontuaccedilatildeo dos indicadores de gestatildeo democraacutetica no 1ordm e 2ordm PAR

PAR CE CME CAE Comitecirc

Local

Conselho do

FUNDEB

Criteacuterios para a Escolha

de Diretores

1ordm PAR

(2007-2010) 3 1 1 1

2ordm PAR

(2011-2014) 3 3 2 1 2 3

Fonte SIMEC ndash Elaborado pela autora Nota 1 Indicador ausente no 1ordm PAR Nota 2 No 2ordm PAR

esse indicador foi remanejado para a Dimensatildeo Gestatildeo de Pessoas

141

No quadro 10 o diagnoacutestico situacional da gestatildeo democraacutetica da educaccedilatildeo no

municiacutepio de Santana informado pela SEME indicou que no 1ordm PAR dos quatro indicadores

analisados61 em trecircs deles (Existecircncia e funcionamento de CME Existecircncia e funcionamento

do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar e Criteacuterios para escolha de diretores) a pontuaccedilatildeo

atribuiacuteda foi 1 o que demonstra uma situaccedilatildeo muito criacutetica revelando aspectos negativos

Apenas um indicador foi diagnosticado com a pontuaccedilatildeo 3 (Existecircncia e funcionamento de

Conselho escolar) que descreve uma situaccedilatildeo satisfatoacuteria Jaacute no 2ordm PAR dos seis indicadores

analisados trecircs indicadores receberam a pontuaccedilatildeo 3 (Existecircncia e funcionamento de Conselho

escolar Existecircncia e funcionamento de CME e Criteacuterios para escolha de diretores) dois

indicadores receberam pontuaccedilatildeo 2 (Existecircncia e funcionamento do Conselho de Alimentaccedilatildeo

Escolar e Existecircncia e funcionamento do Conselho do FUNDEB) Apenas o Escolar um

indicador recebeu pontuaccedilatildeo 1 (Comitecirc Local)

Essa situaccedilatildeo deveraacute ser analisada mais detalhadamente em cada indicador nos itens a

seguir na perspectiva de compreender as implicaccedilotildees do PAR para a democratizaccedilatildeo da gestatildeo

por meio da anaacutelise do funcionamento de cada um desses indicadores no acircmbito da rede

municipal

341 Existecircncia composiccedilatildeo e funcionamento dos Conselhos Escolares (CE)

O municiacutepio de Santana desde 1994 jaacute dispotildee da sua lei especiacutefica Nordm 15394 que trata

sobre a criaccedilatildeo do Conselho Escolar nos estabelecimentos do sistema municipal de ensino A

existecircncia de Conselhos Escolares na rede municipal de Santana eacute tambeacutem mencionada na Lei

Orgacircnica do Municiacutepio promulgada em 1992 revisada e atualizada no ano de 2000 em seu

art 159 e 160 define as funccedilotildees do CE e a elaboraccedilatildeo de um regimento da escola que seja

participativo

Art 159 ndash As escolas puacuteblicas municipais contaratildeo com conselhos escolares

constituiacutedos pela direccedilatildeo da escola e representantes dos segmentos da comunidade

escolar com funccedilotildees consultiva deliberativa e fiscalizadora na forma da Lei

Art 160 ndash Os estabelecimentos de ensino deveratildeo ter um regimento elaborado pela

Comunidade Escolar homologado pelo conselho da escola e submetido a posterior

aprovaccedilatildeo do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (SANTANA 2000 p 34)

Entretanto a rede municipal justificou que possui escolas que natildeo tem os Conselhos

Escolares constituiacutedos principalmente ldquoporque ainda tem funcionaacuterios do contrato

administrativo ou seja natildeo satildeo efetivos e esta eacute uma das exigecircncias conforme o estatuto do

61Dos seis indicadores focalizados neste trabalho dois deles natildeo constavam no primeiro PAR (o Comitecirc Local e

Conselho do FUNDEB)

142

conselho escolarrdquo (Conselheira do CE - governamental) Como podemos analisar ainda haacute

funcionaacuterios puacuteblicos admitidos por contratos administrativos sem estabilidade no cargo e sem

passar por provas e tiacutetulos

Os Conselhos Escolares satildeo de grande importacircncia por serem os incentivadores da

participaccedilatildeo contribuindo para a construccedilatildeo de uma cultura democraacutetica que rompa com a

loacutegica do poder centralizador das decisotildees de um pequeno grupo estimulando assim um local

de exerciacutecio contiacutenuo e cotidiano do diaacutelogo e da negociaccedilatildeo ldquoum espaccedilo de aprendizagem

participativa democraacutetica e de empowerment de seus componentes () que se desenvolvem

como construccedilatildeo da comunidade escolar a democracia estaraacute sendo construiacuteda ativamente e

vivenciada em processos concretosrdquo (WERLE 2003 p 11)

A composiccedilatildeo do Conselho Escolar no municiacutepio de Santana eacute de 9 (nove) conselheiros

sendo um titular e um suplente de cada segmento da comunidade escolar O diretor da Unidade

Escolar eacute membro ldquonatordquo e natildeo passa por eleiccedilatildeo tendo sua participaccedilatildeo garantida no CE mas

natildeo poderaacute ser o presidente (SANTANA 2000) No instante em que a uma legislaccedilatildeo daacute

poderes a integrantes dos Conselhos natildeo passarem por eleiccedilatildeo estatildeo utilizando de

procedimentos antidemocraacuteticos visto que os conselhos representam a participaccedilatildeo nas

discussotildees e o poder de tomar decisotildees

Nesse caso os direitos civis de uma comunidade em que envolve a efetiva participaccedilatildeo

com engajamento nas questotildees de interesse puacuteblico envolve tambeacutem igualdade poliacutetica entre

todos os participantes participaccedilatildeo ativa toleracircncia voluntariedade e o espaccedilo deve ser

propiacutecio para concordar ou discordar dos pontos de vista propostos sem constrangimento

passividade ou imposiccedilotildees

O quadro 11 apresenta o diagnoacutestico realizado pela equipe local do municiacutepio quanto

ao indicador ldquoExistecircncia de Conselhos Escolares (CE)rdquo no 1ordm e 2ordm PAR

Quadro 11 - SANTANA Diagnoacutestico do Indicador Conselho Escolar

PAR Indicador Pontuaccedilatildeo

1ordf versatildeo do PAR

(2007-2010) Existecircncia de Conselhos Escolares 3

2ordf versatildeo do PAR

(2011-2014)

Existecircncia e funcionamento de

Conselhos Escolares 3

Fonte SIMEC ndash Elaborado pela autora

De acordo com o quadro 11 o indicador ldquoExistecircncia de Conselhos Escolaresrdquo no 1ordm PAR

(2007-2010) recebeu a pontuaccedilatildeo 3 o que de acordo com as convenccedilotildees do MEC significa

que haacute conselhos escolares atuantes em pelo menos 50 das escolas da rede que a secretaria

143

sugeria e orientava a implantaccedilatildeo dos CE e que as escolas da rede em parte se mobilizavam

para implantar CE

No 2ordm PAR (2011-2014) o indicador ldquoExistecircncia e funcionamento de Conselhos

Escolaresrdquo por ocasiatildeo da pontuaccedilatildeo 3 gerou cinco sub-accedilotildees a serem realizadas pela SEME

como

a) qualificar os teacutecnicos da SEME que satildeo responsaacuteveis pela implantaccedilatildeo e

fortalecimento dos conselhos escolares b) instituir um grupo articulador de

criaccedilatildeo e fortalecimento dos conselhos escolares e de outros documentos

relacionados a gestatildeo democraacutetica da escola c) sensibilizar a comunidade escolar

e local dentre eles pais professores diretores escolares demais funcionaacuterios da

escola e comunidade sobre a importacircncia da gestatildeo democraacutetica na escola e

mobilizaacute-la para a implantaccedilatildeo do conselho escolar onde ele natildeo existir e)

monitorar e apoiar a atuaccedilatildeo dos conselhos na rede de ensino f) incentivar a

integraccedilatildeo entre os conselhos escolares (PAR 2011-2014)

b)

Segundo uma entrevistada integrante do Conselho Escolar que faz parte da equipe de

fortalecimento dos conselhos escolares as sub-accedilotildees que se referem ao monitoramento e apoio

aos conselhos escolares bem como a integraccedilatildeo entre eles natildeo ocorreram

Quando perguntamos agrave Conselheira sobre a existecircncia implantaccedilatildeo e funcionamento

dos CE na rede municipal de ensino ela assim descreveu o processo

90 das escolas tecircm Conselhos Escolares implantados por que as mesmas trabalham

com caixas escolares e os representantes do caixa escolar satildeo eleitos dentro da

composiccedilatildeo do Conselho Escolar Ficando entendido que o caixa escolar eacute o oacutergatildeo

que trabalha com o recurso financeiro da unidade escolar e eacute tirado de dentro da

composiccedilatildeo do Conselho Escolar () na implantaccedilatildeo dos conselhos escolares a SEME

vem para as escolas faz uma assembleia sensibiliza todos os envolvidos na escola e

mostra o que eacute o conselho qual a funccedilatildeo do conselho mostra o que pode e o que natildeo

pode fazer orienta de acordo com as leis e orientamos que faccedilam as assembleias por

segmento Eacute assim que orientamos (Conselheira Escolar)

No que diz respeito ao funcionamento dos Conselhos Escolares a conselheira avalia que

A implantaccedilatildeo eacute uma beleza jaacute o funcionamento eacute uma dificuldade pois a gente

percebe que haacute uma negaccedilatildeo Os proacuteprios pais dizem que o conselho escolar natildeo

funciona ou natildeo tem tempo de participar Os Caixas escolares as pessoas tecircm medo

de se envolverem com as questotildees financeiras e natildeo querem participar (Conselheira

Escolar)

Como podemos perceber na fala da entrevistada os conselhos satildeo implantados

principalmente por ser uma exigecircncia da Uniatildeo para a composiccedilatildeo dos caixas escolares pois

somente dessa forma as escolas teratildeo acesso aos recursos Sendo que o Conselho Escolar pode

exercer tambeacutem a funccedilatildeo de Unidade Executora (UEx) responsaacutevel por receber os recursos

do PDDE (Programa Dinheiro Direto na Escola) Mas sua atuaccedilatildeo natildeo deve se restringir apenas

agraves accedilotildees financeiras Outro aspecto interessante diz respeito ao fato de que quando o conselho

144

escolar natildeo exerce a funccedilatildeo de Unidade Executora natildeo haacute necessidade de registraacute-lo em

cartoacuterio Mas mesmo natildeo sendo a Unidade Executora o conselho escolar deve participar do

planejamento e da execuccedilatildeo dos recursos financeiros (MECPAR 2011)

No levantamento de dados do Sistema de Informaccedilotildees sobre Orccedilamentos Puacuteblicos em

Educaccedilatildeo (SIOPE) natildeo encontramos registrados no municiacutepio de Santana os lsquoConselhos

Escolaresrsquo como Unidades Executoras o que foram encontrados foram lsquoCaixas Escolaresrsquo De

acordo com o MEC as Caixas Escolares satildeo unidades executoras com personalidade juriacutedica

de direito privado com CNPJ sem fins lucrativos Eacute portanto categoria de associaccedilatildeo natildeo

pertence agrave administraccedilatildeo puacuteblica eacute apenas vinculada agrave escola As Caixas Escolares tecircm como

objetivo gerir a verba transferida por isso chamada de Unidade Executora Portanto todas as

escolas devem possuir sua Caixa Escolar e aquelas escolas com pequena quantidade de alunos

(ateacute 50 alunos) eacute facultativa a criaccedilatildeo da unidade executora Nesta situaccedilatildeo a escola recebe o

recurso por meio da Prefeitura ou da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo (MECFNDE)

Para receber os recursos do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) as escolas

puacuteblicas do municiacutepio precisaram criar suas Caixas Escolares Os recursos do PDDE servem

para compra de material de consumo manutenccedilatildeo conservaccedilatildeo e reparos na unidade escolar

e pequenos investimentos em bens permanentes Servem tambeacutem para accedilotildees previstas na

escola incluindo acessibilidade programaccedilotildees culturais educaccedilatildeo integral atletas na escola

dentre outros

Nesse sentido o discurso da ldquodescentralizaccedilatildeo administrativardquo que eacute um dos

mecanismos segundo Bresser-Pereira (1996) para a organizaccedilatildeo institucional e eacute um dos

objetivos da Reforma do Estado que envolve mudanccedilas na gestatildeo e no funcionamento dos

sistemas de ensino em que as Unidades Escolares tecircm entatildeo uma autonomia relativa pois esta

deveraacute ser gerenciada pelo poder central atraveacutes dos mecanismos de controle E sendo os caixas

escolares instituiccedilotildees de direito privado natildeo pertencentes as escolas puacuteblicas o que observamos

nesse caso eacute uma instituiccedilatildeo privada dentro de uma instituiccedilatildeo puacuteblica como nos alertava

Peroni (2005) onde a loacutegica que prevalece eacute a da gestatildeo privada

No que diz respeito aos recursos financeiros da educaccedilatildeo ao municiacutepio destacamos os

repasses realizados ao municiacutepio pelo governo federal atraveacutes de diversos Programas as escolas

da rede municipal de ensino de Santana por meio dos caixas escolares tais como PDDE ndash

Educaccedilatildeo Baacutesica PDDE ndash Atleta na Escola PDDE ndash Acessibilidade PDDE ndash Educaccedilatildeo

Integral PDDE ndash Escola Campo PDDE ndash Escola Sustentaacutevel PDDE ndash Cultura na Escola PDE

ndash escola

145

No que diz respeito agraves receitas com repasses diretamente as escolas da rede municipal

de Santana fizemos um levantamento financeiro anual do periacuteodo desde a chegada do PAR ao

municiacutepio O quadro 12 apresenta o montante financeiro anual recebido pelas escolas por meio

das Caixas Escolares

Quadro 12 ndash Santana Receitas do PDDE por Programa para as escolas da rede municipal de

Santana (2007-2014)

Ano Programas Nordm de escolas

atendidas

Total de Recursos

Recebidos

2007

PDDE ndash Educaccedilatildeo Baacutesica 10 5672840

PDE ndash Escola 01 3100000

Total em R$ - 8772840

2008

PDDE ndash Educaccedilatildeo Baacutesica 11 7241850

PDDE ndash Acessibilidade 01 1600000

Total em R$ - 8841850

2009

PDDE ndash Educaccedilatildeo Baacutesica 19 13994210

PDDE ndash Educaccedilatildeo Integral 10 27959202

PDE ndash Escola 08 11400000

Total em R$ - 53353412

2010

PDDE ndash Educaccedilatildeo Baacutesica 20 15587050

PDDE ndash Educaccedilatildeo Integral 10 32808372

Total em R$ - 48395422

2011

PDDEndash Educaccedilatildeo Baacutesica 04 2252310

PDDE ndash Acessibilidade 01 700000

Total em R$ - 2952310

2012

PDDE ndash Educaccedilatildeo Baacutesica 28 15916648

PDDE ndash Acessibilidade 06 5660000

PDDE ndash Escola Campo 04 7380000

PDDE ndash Educaccedilatildeo Integral 20 66015986

PDE ndash Escola 04 15100000

Total em R$ - 110072634

2013

PDDE ndash Educaccedilatildeo Baacutesica 28 24390000

PDDE ndash Estrutura (Acessibilidade) 10 9660000

PDDE ndash Estrutura (Escola Campo) 02 3000000

PDDE ndash Qualidade (Escola Sustentaacutevel) 06 5600000

PDDE ndash Qualidade (Atleta na Escola) 05 578700

PDDE ndash Educaccedilatildeo Integral 22 95435872

Total em R$ - 138664572

2014 PDDE ndash Educaccedilatildeo Baacutesica 3462 12998402

62 O municiacutepio de Santana no ano de 2014 possui 31 escolas e 17 anexos de escolas Entretanto o repasse do

PDDE no ano de 2014 foi para 34 caixas escolares Nessa pesquisa natildeo conseguimos identificar o porquecirc de 34

caixas escolares terem recebido o recurso

146

PDDE ndash Estrutura (Acessibilidade) 03 3740000

PDDE ndash Qualidade (Atleta na Escola) 10 1212900

PDDE ndash Qualidade (Cultura na Escola) 05 6100000

PDDE ndash Educaccedilatildeo Integral 25 59463154

Total em R$ - 83514456

Total Geral em R$ - 454567496

Fonte FNDESIOPE (2015) ndash Organizado pela autora

De acordo com o quadro 12 podemos perceber um volume de repasses no montante de

R$ 454567496 para as escolas puacuteblicas da rede municipal em um periacuteodo de 8 anos Se

compararmos o recurso do ano de 2007 com o de 2014 os recursos aumentaram 945 e se

comparado ao ano de 2013 o crescimento foi de 1580

Nos dados do SIOPE podemos identificar o volume de recursos repassados diretamente

as caixas escolares das escolas puacuteblicas da rede municipal de Santana Os recursos referem-se

aos Programas criados a partir do PDEPlano de Metas

Graacutefico 5 ndash Total de repasses do PDDE para as escolas da rede municipal 2007 - 2014

Fonte SIOPE (2016)

Como podemos observar no graacutefico 5 comparando os anos de 2007 e 2014 houve um

elevado crescimento nos repasses financeiros destinados aos caixas escolares das escolas

municipais O quadro 12 indica os programas que foram implantados e a quantidade de escolas

que receberam esses programas atraveacutes das caixas escolares

Os dados revelam tambeacutem um aumento no nuacutemero de caixas escolares que em 2007

eram 10 e em 2014 jaacute haviam 34 implantadas O quadro 12 aponta um crescimento nos valores

dos repasses a partir de 2009 isso pode ter ocorrido devido a assinatura do Termo de Adesatildeo

000

20000000

40000000

60000000

80000000

100000000

120000000

140000000

160000000

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

147

ao Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo entre o governo federal e o municiacutepio de Santana e

consequentemente a incorporaccedilatildeo dos programas no acircmbito do PAR no municiacutepio

Os programas estatildeo sendo criados gradativamente no municiacutepio agrave medida que as

escolas organizam os seus Conselhos Escolares os primeiros programas foram o PDDE e o

PDE ndash Escola em 2007 o PDE-Acessibilidade eacute criado em 2008 o Programa Educaccedilatildeo Integral

em 2009 em 2012 o programa Educaccedilatildeo do Campo no ano de 2013 eacute a vez dos programas

Atleta na Escola e Escola Sustentaacutevel e em 2014 o programa Cultura na Escola tambeacutem foi

contemplado para o municiacutepio

O Programa Educaccedilatildeo Integral foi implantado no ano de 2009 em 10 escolas municipais

chegando a 25 escolas no ano de 2014 Eacute o Programa que mais tem absorvido recursos do

FNDE no total de R$ 281682586 em 5 anos63 atingindo 62 do valor total das receitas que

foi de R$ 454567496 destinados aos caixas escolares das escolas puacuteblicas municipais de

Santana

Tabela 19 ndash Santana Total de Recursos do PDDE recebidos pelas Caixas Escolares da rede

municipal no periacuteodo de 2007-2014

Ano Nordm de caixas escolares Total de Recursos

Recebidos

2007 10 8772840

2008 11 8841850

2009 19 53353412

2010 20 48395422

2011 04 2952310

2012 28 110072634

2013 28 138664572

2014 34 83514456

Fonte FNDESIOPE

Os dados da tabela 19 mostram que o nuacutemero de caixas escolares tem crescido na rede

municipal em 2007 eram apenas 10 caixas escolares e em 2014 jaacute eram 34 Em 2011 observou-

se uma queda no nuacutemero de caixas escolares que receberam recursos isso pode ter ocorrido

devido a natildeo prestaccedilatildeo de contas ao FNDE nesse caso os caixas escolares ficam na condiccedilatildeo

de inadimplentes e natildeo recebem recursos ateacute efetivarem a prestaccedilatildeo de contas

Eacute notoacuterio no documento ldquoPrograma Nacional de Fortalecimento dos Conselhos

Escolaresrdquo elaborado pelo MEC e proposto ao municiacutepio de Santana e consequentemente as

63O Programa Educaccedilatildeo Integral transferiu recursos para o municiacutepio nos anos 2009 2010 2012 2013 e 2014

148

unidades escolares A desconcentraccedilatildeo de tarefas do MEC para as unidades escolares fazem

com que as escolas se preocupem mais em atingir as metas propostas pelo MEC do que com os

procedimentos pedagoacutegicos para a melhoria da qualidade da educaccedilatildeo A ideia eacute de um modelo

gerencial para educaccedilatildeo onde a poliacutetica eacute planejada verticalmente e descentralizada na sua

execuccedilatildeo Nesse exemplo cabe ao MEC a centralizaccedilatildeo das informaccedilotildees e aos municiacutepios a

execuccedilatildeo dos 13 (treze) itens que satildeo atribuiacutedos aos membros do CE e que perpassam desde a

promoccedilatildeo discussatildeo criaccedilatildeo assessoramento fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo integraccedilatildeo ateacute garantias

de aprovaccedilatildeo encaminhamento e divulgaccedilatildeo de accedilotildees

Embora a caixa escolar seja parte do Conselho Escolar o que constatamos foi a pouca

participaccedilatildeo dos conselheiros nas reuniotildees do CE nas escolas da rede municipal o que

inviabiliza a construccedilatildeo de uma gestatildeo democraacutetica e um planejamento coletivo para a

construccedilatildeo da autonomia da escola

342 Existecircncia composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (CME)

No que diz respeito ao diagnoacutestico desse indicador da gestatildeo no municiacutepio de Santana

nas duas versotildees do PAR foi o seguinte

Quadro 13 Santana Diagnoacutestico do Indicador Conselho Municipal de Educaccedilatildeo

PAR Indicador Pontuaccedilatildeo

1ordf versatildeo do PAR

(2007-2010)

Existecircncia composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do

Conselho Municipal de Educaccedilatildeo 1

2ordf versatildeo do PAR

(2011-2014)

Existecircncia composiccedilatildeo competecircncia e atuaccedilatildeo do

Conselho Municipal de Educaccedilatildeo 3

Fonte SIMEC ndash Elaborado pela autora

Notadamente houve um avanccedilo na pontuaccedilatildeo entre os diferentes anos A pontuaccedilatildeo 1

expressa conforme o MEC ldquoquando natildeo existe um CME implementado ou quando o CME

existente eacute apenas formalrdquo Embora exista lei aprovada desde 1998 o Conselho foi

diagnosticado pela equipe que elaborou o 1ordm PAR como inexistente ou natildeo funcionava Na 2ordf

versatildeo do PAR o CME foi diagnosticado com pontuaccedilatildeo 3 A conselheira entrevistada

justificou essa pontuaccedilatildeo devido a melhor organizaccedilatildeo da documentaccedilatildeo e que

Existe o Conselho Municipal de Educaccedilatildeo - CME com regimento interno escolha

democraacutetica dos conselheiros poreacutem nem todos os segmentos estatildeo representados o

CME zela pelo cumprimento das normas natildeo auxilia a SEME no planejamento

149

municipal da Educaccedilatildeo na distribuiccedilatildeo de recursos no acompanhamento e avaliaccedilatildeo

das accedilotildees educacionais (Conselheira do CME - Representante governamental)

Nesse sentido existe a pouca representatividade na composiccedilatildeo do CME da sociedade

civil o CME tambeacutem fica inviabilizado de realizar algumas accedilotildees devido agrave falta de

transparecircncia nos recursos financeiros que impedem o debate e o planejamento coletivo das

accedilotildees junto a SEME a natildeo representaccedilatildeo da sociedade civil no CME inviabilizando assim a

participaccedilatildeo do CME Poreacutem segundo a conselheira o CME tem auxiliado no planejamento

municipal da Educaccedilatildeo bem como no acompanhamento e avaliaccedilatildeo das accedilotildees educacionais do

IDEB

Como se pode perceber na resposta da entrevistada eacute que a democratizaccedilatildeo da educaccedilatildeo

natildeo tem ocorrido no municiacutepio pois a SEME natildeo tem autonomia para gerenciar o seu proacuteprio

orccedilamento e nem o CME pois segundo a Lei Municipal Nordm 366 de 1998 o Conselho tem o

papel somente de ldquoassessorarrdquo a poliacutetica e da legislaccedilatildeo educacional municipal O que retira a

autonomia poliacutetica dos conselheiros de participar de todos os temas relativos agrave educaccedilatildeo

municipal

Dessa forma aponta como necessidade para a melhoria da atuaccedilatildeo do CME

A descentralizaccedilatildeo dos recursos financeiros da prefeitura para a Secretaria Municipal

de Educaccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo da representatividade na composiccedilatildeo do conselho que

garanta a participaccedilatildeo da sociedade civil com auxiacutelio de um estudo envolvendo

profissionais do MEC (Conselheira do CME - Representante governamental)

O Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (CME) foi criado pela Lei Nordm 366 de 14 de abril de

1998 no seu art 1ordm aponta que o CME eacute criado ldquocom a finalidade baacutesica de assessorar o

Governo Municipal na formulaccedilatildeo da poliacutetica e legislaccedilatildeo educacional do municiacutepiordquo

(SANTANA 1998) e apresenta 21 finalidades para o CME

I ndash Normatizar procedimentos educacionais no acircmbito do municiacutepio analisar ou

propor programas projetos ou atividades de expansatildeo e aperfeiccediloamento ()

II ndash Analisar autorizar o funcionamento de unidades escolares de direito privado e

reconhecer unidades escolares ()

III ndash Sugerir diretrizes ()

IV ndash Promover a) O acompanhamento e o controle social na aplicaccedilatildeo de recursos

()

IX - Supervisionar a realizaccedilatildeo do Censo Escolar anual

()

XIII- Avaliar o ensino ministrado pela Administraccedilatildeo Municipal e recomendar

diretrizes agrave sua expansatildeo e aperfeiccediloamento

XX ndash Aprovar o calendaacuterio

() (SANTANA 1998 p 01-03) [destaque em negrito nossos]

150

Ao observar as finalidades do CME percebe-se que o oacutergatildeo eacute responsaacutevel pela

orientaccedilatildeo na conduccedilatildeo do Sistema Municipal de Educaccedilatildeo de Santana da formulaccedilatildeo da

poliacutetica da legislaccedilatildeo educacional e pelas accedilotildees destacadas entendemos que o CME tem caraacuteter

mais amplo consultivo deliberativo normativo e fiscalizador De acordo com a Lei Nordm

3661998 - PMS o conselho eacute composto por

Quadro 14 ndash Santana Composiccedilatildeo do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (CME)

Membros

I ndash um representante da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo

II ndash um representante dos professores municipais

III ndash um representante dos diretores das escolas puacuteblicas municipais

IV ndash um representante dos servidores das escolas puacuteblicas do ensino municipal

V ndash um representante dos Conselhos escolares municipais

VI ndash um representante dos estabelecimentos particulares de ensino fundamental

VII ndash um representante do oacutergatildeo estadual de ensino sediado no municiacutepio

Fonte Prefeitura Municipal de Santana ndash Elaborado pela autora

A lei de criaccedilatildeo do Conselho natildeo menciona aspectos quanto agrave paridade de seus membros

entre representantes do poder puacuteblico e da sociedade civil No que se refere aos criteacuterios de

escolha destacamos no sect4ordm do art 2ordm da Lei 3661998 - PMS que uma parte dos representantes

poderatildeo ser escolhidos democraticamente em assembleias e os demais devem ser indicados ldquoos

representantes II III IV e V seratildeo escolhidos em assembleias especialmente convocadas e os

demais seratildeo indicados por suas entidades para nomeaccedilatildeo do prefeitordquo (SANTANA 1998 p

4) Entretanto a proacutepria composiccedilatildeo do CME deixa clara a disparidade entre poder puacuteblico e

sociedade civil quando natildeo eacute proposto na composiccedilatildeo da Associaccedilatildeo de pais e mestres os

sindicatos as Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais o Ministeacuterio Puacuteblico dentre outros oacutergatildeos

de representaccedilatildeo colegiada

Os representantes do CME apoacutes escolhidos satildeo nomeados pelo prefeito para o mandato

de 04 (quatro) anos podendo este tempo ser renovado por mais um mandato O presidente do

Conselho ficaraacute por dois anos podendo ser reeleito As reuniotildees ordinaacuterias devem ocorrer

quinzenalmente e extraordinariamente sempre que convocados

De acordo com uma representante do CME entrevistada

() as reuniotildees ateacute ocorrem mas as coisas natildeo satildeo encaminhadas como deveriam natildeo

haacute regulamentaccedilatildeo das resoluccedilotildees () a gente assessora a SEME como teacutecnica da

SEME mas deveria ser pelo CME embora o CME esses tempos esteja mais atuante

para a aprovaccedilatildeo do Plano Municipal de Educaccedilatildeo (Representante do CME -

Representante governamental)

151

Podemos assim perceber que existe o CME no municiacutepio a composiccedilatildeo se daacute

praticamente pelo poder puacuteblico e existe pouca efetividade na atuaccedilatildeo na execuccedilatildeo das suas

competecircncias enquanto oacutergatildeo colegiado do CME Dessa forma compreendemos que o

Conselho Municipal de Educaccedilatildeo natildeo estaacute atuando conforme o que se define em lei como suas

competecircncias Aleacutem de haver pouca participaccedilatildeo dos membros do CME no que se refere ao

acompanhamento da execuccedilatildeo dos recursos da educaccedilatildeo ele eacute pouco atuante na resoluccedilatildeo das

demandas e accedilotildees que deveriam ser executadas pelo Conselho

O fato de o CME natildeo contar com integrantes da sociedade civil com atuaccedilatildeo criacutetica e

comprometidas com a efetividade das poliacuteticas puacuteblicas o que pode ser um dos motivos pelo

qual natildeo haacute efetividade nas accedilotildees e pouco tem contribuiacutedo com a democratizaccedilatildeo e a autonomia

da gestatildeo

343 Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho Municipal de Alimentaccedilatildeo Escolar (CAE)

No municiacutepio de SantanaAP o Conselho Municipal de Alimentaccedilatildeo Escolar ndash CAE foi

instituiacutedo pela Lei Nordm 488 de 10 de maio de 2001 anteriormente existia outra Lei Nordm 458 de

1999 ndash PMS que foi revogada Segundo a Lei atual Nordm 4882001 o CAE de Santana apresenta

as seguintes caracteriacutesticas eacute um oacutergatildeo que tem caraacuteter consultivo orientador normativo

fiscalizador e de funcionamento permanente

No Art 8ordm da Lei municipal Nordm 4882001 indica a composiccedilatildeo do CAE que deve ter 07

(sete) representantes titulares e 07 (sete) suplentes dentre os quais estatildeo representantes do poder

puacuteblico governamental e da sociedade civil sendo um Representante do Poder Executivo um

Representante do Poder Legislativo dois Representantes dos Professores dois Representantes

dos Pais dos Alunos um Representante de outros segmentos da Sociedade Os representantes

do CAE satildeo indicados pelos Chefes dos Poderes Executivo e Legislativo bem como pelas

respectivas entidades indicadas no art 8ordm e satildeo nomeados por ato do Prefeito

No diagnoacutestico realizado pelo municiacutepio no PAR esse indicador obteve as seguintes

pontuaccedilotildees

Quadro 15 Santana Diagnoacutestico do Indicador Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar

PAR Indicador Pontuaccedilatildeo

1ordf versatildeo do PAR

(2007-2010)

Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do

Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar 1

2ordf versatildeo do PAR

(2011-2014)

Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do

Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar 2

Fonte SIMEC (2015)

152

Quanto agrave avaliaccedilatildeo do 1ordm PAR nesse indicador o municiacutepio de Santana recebeu a

pontuaccedilatildeo 1 o que caracteriza que o Conselho existe formalmente apenas para receber o

recurso do Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar (PNAE) ou que pode natildeo estar atuando

da forma como se prevecirc que funcione Ou seja pode natildeo estar atuando na fiscalizaccedilatildeo e nem

no acompanhamento de execuccedilatildeo dos recursos e de distribuiccedilatildeo da merenda

No 2ordm PAR a pontuaccedilatildeo indicada foi 2 o que implica dizer de acordo com o MEC que

eacute quando o CAE natildeo eacute representado por todos os segmentos natildeo existe um regimento

interno as reuniotildees natildeo satildeo regulares raramente acontece a fiscalizaccedilatildeo da aplicaccedilatildeo

dos recursos transferidos o CAE natildeo acompanha a compra nem a distribuiccedilatildeo dos

alimentosprodutos nas escolas natildeo estaacute atento as boas praacuteticas sanitaacuterias de higiene

e ao objetivo de formaccedilatildeo dos bons haacutebitos (MECSIMEC 2011)

Segundo a Conselheira da Representaccedilatildeo governamental que participou da equipe local

para a elaboraccedilatildeo do 2ordm PAR justificou a pontuaccedilatildeo 2 em que ldquoo CAE tem representaccedilatildeo de

todos os segmentos conforme lei 119472009 possui um regimento interno e fiscaliza

parcialmente a aplicaccedilatildeo dos recursos transferidos mas as reuniotildees natildeo satildeo regulares devido a

rotatividade (Conselheira do CAE - Representaccedilatildeo governamental) Para a realizaccedilatildeo de accedilotildees

para reverter essa realidade sugerem que o CAE

organize um calendaacuterio de reuniotildees para garantir o acompanhamento da compra dos

alimentosprodutos distribuiacutedos nas escolas a fiscalizaccedilatildeo dos recursos financeiros a

qualidade dos alimentos e agraves boas praacuteticas sanitaacuterias de higiene e ao objetivo de

formaccedilatildeo de bons haacutebitos alimentares Garantir ainda que os conselheiros participem

de cursos do PNAE (Conselheira do CAE - Representaccedilatildeo governamental)

Embora muitas accedilotildees natildeo sejam monitoradas pela Coordenaccedilatildeo do PAR foi possiacutevel

durante as entrevistas percebermos que algumas accedilotildees propostas ainda no 1ordm PAR como as

formaccedilotildees e preparaccedilotildees dos Conselheiros em programas especiacuteficos ocorreram Embora a

conselheira representante do governo afirme que natildeo haacute regularidade nas reuniotildees um

representante da sociedade civil afirmou durante a entrevista que as reuniotildees do CAE

ldquoacontecem duas vezes por semanardquo e sobre a atuaccedilatildeo do CAE afirma que eacute

() um oacutergatildeo deliberativo e fiscalizador que serve pra fiscalizar os recursos oriundos

do FNDE e PNAE pra compra de alimentaccedilatildeo escolar nas escolas Eu diria que noacutes

temos atuado precariamente pelo fato de natildeo termos uma estrutura Noacutes temos uma

sala em uma casa que eacute alugada que funcionam os conselhos Laacute satildeo trecircs conselhos

que funcionam numa sala minuacutescula e quando coincidem as reuniotildees temos que

adiar e mais noacutes natildeo temos transportes natildeo temos carro agrave disposiccedilatildeo natildeo temos

153

combustiacutevel pra colocar no nosso transporte pra fazer a fiscalizaccedilatildeo (Conselheiro

CAE - Representante da sociedade civil)

No que se refere a participaccedilatildeo segundo o representante o CAE eacute atuante e soacute natildeo faz

mais por que o municiacutepio natildeo daacute a devida estrutura mas que cobram em ata fazem relatoacuterio e

encaminham Segundo ele o CAE eacute muito ativo

mas infelizmente o poder puacuteblico natildeo daacute atenccedilatildeo devida para que possamos melhorar

cada vez mais a nossa fiscalizaccedilatildeo ateacute porque pra eles eacute conveniente que noacutes natildeo

fiscalize embora a gente sabe que nem tudo anda como deveria andar A gente sabe

que falta merenda escolar as escolas estatildeo deterioradas as cozinhas das escolas natildeo

tecircm estrutura natildeo seguem o cardaacutepio (Representante do CAE da sociedade civil)

Quanto agrave autonomia a fiscalizaccedilatildeo e recebimento de recursos o representante do CAE

afirma que a autonomia eacute bem limitada pois

Raramente somos convidados pela PMS ou SEME para discutir sobre a merenda

encontramos um conselho parado um conselho inerte por falta de interesse e temos

dois anos de prestaccedilatildeo de conta por fazer e ainda tivemos que ficar um

tempo regularizando o conselho para evitar que as crianccedilas em 2015 deixassem de ter

merenda escolar (Representante do CAE da sociedade civil)

Dessa forma apesar da boa participaccedilatildeo e atuaccedilatildeo do CAE a proacutepria PMS inviabiliza

algumas accedilotildees para que os conselhos funcionem Eacute importante destacar que os recursos da

educaccedilatildeo satildeo centralizados na Prefeitura Municipal de Santana e natildeo ocorre a descentralizaccedilatildeo

desses recursos para a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo inviabilizando assim a possibilidade

de discussatildeo de participaccedilatildeo dos representantes da educaccedilatildeo nas definiccedilotildees da aplicaccedilatildeo dos

recursos

344 Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de Controle Social do Fundo de Manutenccedilatildeo e

Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo

(FUNDEB)

A ideia de um fundo de educaccedilatildeo puacuteblica nacional de forma autocircnoma foi pensada desde

os pioneiros da educaccedilatildeo em 1932 ao propor uma vinculaccedilatildeo e a autonomia dos recursos para

o financiamento da educaccedilatildeo independente das mudanccedilas poliacuteticas dos administradores onde

o importante era que tivesse uma separaccedilatildeo dos montantes para fins educacionais aleacutem do

acompanhamento e da fiscalizaccedilatildeo pela sociedade desses fundos (LIMA 2006) A participaccedilatildeo

154

da sociedade civil nos conselhos eacute de fato uma participaccedilatildeo social representada por

organizaccedilotildees seja ela em defesa dos trabalhadores seja em defesa dos empresaacuterios

No diagnoacutestico realizado pela equipe local do PAR no municiacutepio o indicador

Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho do Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo

Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo ndash CACS-FUNDEB somente aparece na

2ordf versatildeo do PAR

Quadro 16 Diagnoacutestico do Indicador Conselho de Controle Social do FUNDEB

PAR Indicador Pontuaccedilatildeo

2ordf versatildeo do PAR

(2011-2014)

Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do

Conselho do FUNDEB 2

Fonte SIMEC (2015)

A pontuaccedilatildeo 2 indicada no quadro 16 pela equipe local segundo as convenccedilotildees do

MEC eacute atribuiacuteda quando o Conselho do FUNDEB ou cacircmara de financiamento do Conselho

Municipal de Educaccedilatildeo natildeo eacute representado por todos os segmentos (conforme norma ndash Lei

114942007) natildeo existe um regimento interno as reuniotildees natildeo satildeo regulares raramente

acontece o acompanhamento e o controle social sobre a distribuiccedilatildeo a transferecircncia e a

aplicaccedilatildeo dos recursos dos Fundos (FUNDEB PNATE Programa de Apoio aos Sistema de

Ensino para Atendimento agrave EJA) o Conselho nem sempre promove ampla publicidade agrave

aplicaccedilatildeo dos recursos

Nesse sentido a equipe local diagnosticou com uma pontuaccedilatildeo 2 no municiacutepio que eacute

uma situaccedilatildeo insuficiente em relaccedilatildeo ao Conselho do FUNDEB o que gerou accedilotildees a serem

realizadas pelo municiacutepio como ldquoa substituiccedilatildeo de representantes de pais que sejam atuantes e

que participem das reuniotildees a transferecircncia do gerenciamento de recursos do FUNDEB e

PNATE da prefeitura para a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo para melhorar a transparecircncia

dos investimentosrdquo (Equipe LocalPAR 2011-2014)

O Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos

Profissionais da Educaccedilatildeo (FUNDEB) de natureza contaacutebil e o Conselho de

Acompanhamento Controle Social Comprovaccedilatildeo e Fiscalizaccedilatildeo dos recursos do referido

fundo foram criados conjuntamente no acircmbito do municiacutepio de Santana atraveacutes da Lei Nordm

07972007 de 28 de dezembro de 2007

O Decreto 05282015 nomeia 11 integrantes do Conselho de Acompanhamento e

Controle Social (CACS) e como podemos perceber natildeo eacute paritaacuterio sendo

155

Quadro 17 Santana Composiccedilatildeo do CACS e FUNDEB

Membros

01 (Um) Representante da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo

01 (Um) Representante do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo

01 (Um) Representante da Prefeitura Municipal de Santana

01 (Um) Representante do Conselho Tutelar do Municiacutepio de Santana

01 (Um) Representante dos Professores da rede puacuteblica municipal

01 (Um) Representante dos Auxiliares Educacionais da rede puacuteblica municipal

01 (Um) Representante dos Diretores de Escolas puacuteblicas municipais

02 (Dois) Representantes dos pais de alunos da rede puacuteblica municipal

02 (Dois) Representantes dos alunos da rede puacuteblica municipal

Fonte Prefeitura Municipal de Santana

De acordo com a pontuaccedilatildeo 2 do indicador pela equipe local o Conselho do FUNDEB

natildeo tem uma composiccedilatildeo paritaacuteria e nem estava atuando dentro da Lei 11494 de 2007 pois de

acordo com o artigo 5o da Lei

sect 6o O presidente dos conselhos previstos no caput deste artigo seraacute eleito por seus

pares em reuniatildeo do colegiado sendo impedido de ocupar a funccedilatildeo o representante

do governo gestor dos recursos do Fundo no acircmbito da Uniatildeo dos Estados do Distrito

Federal e dos Municiacutepios

sect 7o Os conselhos dos Fundos atuaratildeo com autonomia sem vinculaccedilatildeo ou

subordinaccedilatildeo institucional ao Poder Executivo local e seratildeo renovados

periodicamente ao final de cada mandato dos seus membros

sect 8o A atuaccedilatildeo dos membros dos conselhos dos Fundos

I - natildeo seraacute remunerada

II - eacute considerada atividade de relevante interesse social

III - assegura isenccedilatildeo da obrigatoriedade de testemunhar sobre informaccedilotildees recebidas

ou prestadas em razatildeo do exerciacutecio de suas atividades de conselheiro e sobre as

pessoas que lhes confiarem ou deles receberem informaccedilotildees

IV - veda quando os conselheiros forem representantes de professores e diretores ou

de servidores das escolas puacuteblicas no curso do mandato

a) exoneraccedilatildeo ou demissatildeo do cargo ou emprego sem justa causa ou transferecircncia

involuntaacuteria do estabelecimento de ensino em que atuam

b) atribuiccedilatildeo de falta injustificada ao serviccedilo em funccedilatildeo das atividades do conselho

c) afastamento involuntaacuterio e injustificado da condiccedilatildeo de conselheiro antes do

teacutermino do mandato para o qual tenha sido designado

V - veda quando os conselheiros forem representantes de estudantes em atividades

do conselho no curso do mandato atribuiccedilatildeo de falta injustificada nas atividades

escolares (BRASIL 2007 grifos negrito nossos)

Durante a entrevista realizada com o presidente do Conselho do FUNDEB o mesmo

informou ser diretor da escola Sabendo que a funccedilatildeo de diretor eacute de livre nomeaccedilatildeo e

exoneraccedilatildeo do prefeito o presidente do Conselho natildeo poderia assumir a funccedilatildeo de conselheiro

devido ao seu viacutenculo de cargo de confianccedila com o governo municipal

Segundo o entrevistado ele participa das reuniotildees do FUNDEB desde 2012 mas nunca

participou das reuniotildees do PAR desconhece a pontuaccedilatildeo do indicador do Conselho do

156

FUNDEB no PAR de 2011-2014 somente este ano que estatildeo construindo o PAR de 2016 a

2019 eacute que estaacute participando da equipe local Afirmou que estaacute como presidente do Conselho

do FUNDEB desde 30 de dezembro de 2015 As reuniotildees ocorrem mensalmente com a

presenccedila dos conselheiros e a fiscalizaccedilatildeo ocorre quando solicitamos a prefeitura atraveacutes de

ofiacutecios agraves documentaccedilotildees para o Conselho

Fazemos a prestaccedilatildeo de contas juntamente com o CACS pois os membros do CACS

satildeo os mesmos do FUNDEB fiscalizamos junto ao banco e a prefeitura a entrada de

recursos no municiacutepio e se as despesas estatildeo sendo pagos dentro dos limites do

percentual certo e de aplicaccedilatildeo obrigatoacuteria recursos esses do FNDE e do PNATE

Observamos tudo as rotas a seguranccedila se o combustiacutevel foi suficiente e organizamos

a fiscalizaccedilatildeo trimestralmente Os recursos do CAE tambeacutem passam por noacutes apesar

deles terem mais autonomia a gente valida o deles Ou seja todos os recursos da

educaccedilatildeo que entra no municiacutepio passam por noacutes do Conselho do FUNDEB

(Representante do FUNDEB ndash Representante governamental)

Quanto aos repasses que chegam ao municiacutepio de Santana atraveacutes do Estado satildeo

() o FPM e ICMS que eacute de 20 jaacute foi 22 mas jaacute caiu para 13 para 20 e hoje

o valor corresponde a 13 de novo com essa crise a arrecadaccedilatildeo do estado diminuiu

logo o repasse diminuiu tambeacutem Atualmente o municiacutepio deixou de arrecadar devido

o porto ter afundado e os impostos vecircm quase tudo exclusivamente do governo federal

(Representante do FUNDEB - Representante governamental)

Dessa forma o municiacutepio natildeo estaacute cumprindo com o repasse dos 25 para a educaccedilatildeo

dos impostos proacuteprios

A proacutepria equipe local reconhece as dificuldades enfrentadas pela pouca frequecircncia no

conselho da participaccedilatildeo da sociedade civil e o natildeo repasse dos recursos financeiros para a

Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e a centralizaccedilatildeo na prefeitura municipal dificulta e

inviabiliza a execuccedilatildeo do planejamento da SEME e torna a aplicaccedilatildeo dos recursos centralizados

e sem a devida e correta fiscalizaccedilatildeo pela sociedade civil dificultando a descentralizaccedilatildeo e a

viabilidade dos debates para a construccedilatildeo de uma gestatildeo democraacutetica participativa e autocircnoma

345 Criteacuterios para escolha de diretores no municiacutepio de Santana

A escolha de diretores escolares por via democraacuteticas atraveacutes da participaccedilatildeo da

comunidade na escolha fortalece o poder poliacutetico no interior das escolas e consequentemente

reduz a intervenccedilatildeo do Estado sobre elas e dessa forma a escola torna-se mais autocircnoma e

capaz de promover relaccedilotildees mais democraacuteticas em seu interior

157

Segundo os relatoacuterios do Plano de Accedilotildees Articuladas nas suas duas versotildees

apresentaram o seguinte diagnoacutestico

Quadro 18 Diagnoacutestico do Indicador Criteacuterios para a Escolha de Diretores

PAR Criteacuterios para a Escolha de Diretores

1ordm PAR (2007-2010) 1

2ordm PAR (2011-2014) 3 Fonte SIMEC (2015)

De acordo com o quadro 18 o indicador da gestatildeo educacional do PAR sobre os criteacuterios

para a escolha de diretores de escola foi diagnosticado pela equipe de elaboraccedilatildeo do PAR com

a pontuaccedilatildeo 1 que equivale agrave situaccedilatildeo de ausecircncia de criteacuterios para escolha da direccedilatildeo das

escolas No entanto no 2ordm PAR recebeu a pontuaccedilatildeo 3 que equivale uma situaccedilatildeo boa Em

termos de legislaccedilatildeo de fato as leis municipais elegem a gestatildeo democraacutetica como princiacutepio

Mas na praacutetica o que prevalece eacute o criteacuterio da nomeaccedilatildeo pura e simples tatildeo ao gosto dos

gestores comprometidos com modelos de gestatildeo patrimonialista e clientelista

No que se refere agrave gestatildeo dos sistemas de ensino o PMCTE prevecirc

XVIII ndash fixar regras claras considerados meacuterito e desempenho para nomeaccedilatildeo e

exoneraccedilatildeo de diretor de escola

XIX ndash zelar pela transparecircncia da gestatildeo puacuteblica na aacuterea da educaccedilatildeo garantindo o

funcionamento efetivo autocircnomo e articulado dos conselhos de controle social

XXII ndash promover a gestatildeo participativa na rede de ensino

XXIII ndash elaborar plano de educaccedilatildeo e instalar Conselho de Educaccedilatildeo quando

inexistente

XXV ndash fomentar e apoiar os conselhos escolares envolvendo as famiacutelias dos

educandos com as atribuiccedilotildees dentre outras de zelar pela manutenccedilatildeo da escola e

pelo monitoramento das accedilotildees e consecuccedilatildeo das metas do compromisso (BRASIL

2007)

O inciso XVIII prevecirc a criaccedilatildeo de criteacuterios para o provimento do cargo de diretor escolar

com base no meacuterito e no desempenho individual o que pode lhe atribuir grande

responsabilizaccedilatildeo pelo sucesso ou pelo fracasso da gestatildeo No entanto a construccedilatildeo

democraacutetica da educaccedilatildeo requer requisitos que vatildeo aleacutem da competecircncia teacutecnica do diretor

incluindo processo eletivo tendo em vista a ldquolegitimidade poliacutetica necessaacuteria ao desempenho de

suas funccedilotildeesrdquo (PARO 2007 p 81) e isto natildeo eacute considerado no Decreto

A gestatildeo das escolas puacuteblicas tem dois artigos especiacuteficos da Lei Nordm 0849 2010 do

Plano de Carreiras da Educaccedilatildeo do Municiacutepio de Santana (PCEMS) onde indica que a gestatildeo

das escolas puacuteblicas devem obedecer ao princiacutepio da gestatildeo democraacutetica com eleiccedilatildeo para

158

diretores Entretanto a mesma Lei natildeo cita e nem regulamenta como deve ocorrer afirma

somente que esse tema deve ser tratado conforme art 46 em uma ldquoLei especiacutefica mediante

proposta discutida entre o Chefe do Poder Executivo e o Conselho Permanente da Gestatildeo da

Carreirardquo (SANTANA 2010 p 16)

Ateacute entatildeo cinco anos se passaram estamos no final do ano de 2015 e o municiacutepio natildeo

possui nenhuma regulamentaccedilatildeo ou lei complementar sobre os criteacuterios da eleiccedilatildeo e todos eles

satildeo nomeados por indicaccedilatildeo pelo prefeito municipal demonstrando que natildeo haacute interesse em

aprovar a Lei especiacutefica citada no PCEMS para que ocorra de fato a gestatildeo democraacutetica nas

escolas puacuteblicas

346 - Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromisso

O Comitecirc Local do Compromisso eacute segundo os conselhos de controle social da gestatildeo

democraacutetica do PAR o mais recente instituiacutedo pelo municiacutepio atraveacutes do Decreto Municipal

Nordm 490 de 03 de abril de 2013 que foi criado para acompanhar o cumprimento das metas

estabelecidas pelo Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica Segundo o diagnoacutestico do

PAR o 1ordm PAR natildeo havia esse indicador

Quadro 19 Diagnoacutestico do indicador Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromisso

PAR Comitecirc Local

1ordm PAR (2007-2010)

2ordm PAR (2011-2014) 1

O Comitecirc Local do Compromisso foi implantado somente no 2ordm PAR como indicador

da gestatildeo democraacutetica da educaccedilatildeo ldquoexistecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromissordquo

O Comitecirc Local tem um papel essencialmente mobilizador sendo sua composiccedilatildeo ampliada

para aleacutem das organizaccedilotildees educacionais com participaccedilatildeo por exemplo do Ministeacuterio

Puacuteblico dos sindicatos das associaccedilotildees de moradores das ONGs dos Conselhos das Igrejas

e da populaccedilatildeo em geral

Entretanto foi observado como diagnoacutestico do 2ordm PAR a pontuaccedilatildeo 1 o que implica

dizer que natildeo existia ou natildeo funcionava o Comitecirc Local do Compromisso No Decreto

municipal de criaccedilatildeo do Comitecirc existe uma composiccedilatildeo de 6 membros sendo

159

Quadro 20 SANTANA Composiccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromisso

Membros

Um representante da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo

Um representante do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo

Um representante da Promotoria da Justiccedila

Um representante da Cacircmara dos vereadores

Um representante da Sociedade Civil - igreja

Um representante dos Diretores de escolas

Fonte Prefeitura Municipal de Santana ndash Elaborado pela autora

Com informaccedilotildees desencontradas pela SEME esse comitecirc encontrava-se sem atuaccedilatildeo

durante o periacuteodo da pesquisa

Eacute no contexto de atitudes praacuteticas e accedilotildees patrimonialistas que se caracteriza a confusatildeo

entre o puacuteblico que serve a um interesse coletivo e o privado que serve aos interesses

individualizados Os representantes em nome de uma coletividade tomam como seus os cargos

os recursos e os funcionaacuterios na busca de fazer as suas vontades E na educaccedilatildeo puacuteblica essas

praacuteticas implicam no direito usurpado de uma educaccedilatildeo puacuteblica e de qualidade social As

relaccedilotildees patrimonialistas satildeo oriundas de um poder pessoal que se quer levar para a gestatildeo

puacuteblica Esse tipo de comportamento na gestatildeo da educaccedilatildeo puacuteblica interfere no funcionamento

dos conselhos na medida em que os representantes natildeo veem ali um espaccedilo em defesa da

educaccedilatildeo puacuteblica

Notadamente nos conselhos estudados nessa pesquisa foram observadas as

dificuldades ou ausecircncia de condiccedilotildees de funcionamento no que se refere a espaccedilo fiacutesico

ausecircncia de transporte para fiscalizaccedilatildeo falta de transparecircncia nos recursos composiccedilatildeo dos

conselhos natildeo-paritaacuteria pouca atenccedilatildeo as iacutenfimas manifestaccedilotildees de representaccedilatildeo coletiva na

pesquisa O que pode ainda ser caracterizada como neopatrimonialista que eacute quando o gestor

puacuteblico nega a legitimidade do conselho como instacircncia representativa

160

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O estudo se ocupou de analisar as implicaccedilotildees do PAR para a gestatildeo da educaccedilatildeo na

rede municipal de Santana no Amapaacute na perspectiva de avaliar seus efeitos na democratizaccedilatildeo

da gestatildeo Partiu-se do pressuposto de que a democratizaccedilatildeo da gestatildeo natildeo pode ser vista em

abstrato e portanto no sistema capitalista a participaccedilatildeo a descentralizaccedilatildeo e a autonomia

elementos constitutivos da democracia ganham nuances contraditoacuterias pois expressam a

correlaccedilatildeo de forccedilas entre as classes sociais

A pesquisa partiu da seguinte questatildeo central Quais as implicaccedilotildees do PAR para a

gestatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana no Estado do Amapaacute Considerando o pressuposto

teoacuterico assumido entende-se que a gestatildeo da educaccedilatildeo em uma sociedade sob a hegemonia do

capitalismo natildeo pode ser vista sem a concretude das accedilotildees que a permeiam Assim ao longo da

histoacuteria da educaccedilatildeo no paiacutes os representantes do capital sempre procuraram manter o seu

projeto poliacutetico e social de dominaccedilatildeo e tornar a classe trabalhadora cada vez mais afastada da

participaccedilatildeo seja nas decisotildees poliacuteticas seja do usufruto dos bens produzidos No Brasil ao

longo da Primeira Repuacuteblica Brasileira as oligarquias se revezavam no poder e se utilizavam

do Estado como meio para perpetuar as suas praacuteticas patrimonialistas e clientelistas O governo

de Getuacutelio Vargas manteve o poder ateacute o momento em que atendia ao projeto hegemocircnico O

golpe militar de 1964 demonstrou essa articulaccedilatildeo e o poder de dominaccedilatildeo da oligarquia e do

Estado brasileiro No acircmbito desse governo a gestatildeo da educaccedilatildeo se manteve centralizada e

burocratizada espraiando para estados e municiacutepios tal modelo A deacutecada de 1980 trouxe as

lutas populares em prol da democracia que levaram agrave derrocada do regime militar e instituiacuteram

uma nova Constituiccedilatildeo Federal em 1988 que pretendia uma nova forma de controle social do

Estado pelas garantias de participaccedilatildeo da sociedade nas questotildees poliacuteticas e sociais do paiacutes

viabilizando a cidadania como direito e instituindo o princiacutepio da gestatildeo democraacutetica na

educaccedilatildeo

Eacute o momento em que tivemos a implementaccedilatildeo das primeiras iniciativas de

democratizaccedilatildeo das relaccedilotildees de poder no acircmbito das escolas por meio da criaccedilatildeo de conselhos

escolares de conselhos municipais de educaccedilatildeo de conselhos de controle social de recursos

como o da merenda escolar de escolha de diretores de escolas por meio de eleiccedilatildeo de

elaboraccedilatildeo do projeto poliacutetico pedagoacutegico da escola de forma participativa entre outras No

entanto ao lado de tais iniciativas de gestatildeo da educaccedilatildeo democratizantes persistiram os

modelos de gestatildeo centralizada patrimonialista e burocraacutetica Paralelamente a essas conquistas

brasileiras a crise internacional do capital e as estrateacutegias utilizadas para a sua superaccedilatildeo como

161

a reestruturaccedilatildeo produtiva a globalizaccedilatildeo o neoliberalismo e a terceira via vecircm provocando

inuacutemeras transformaccedilotildees na vida material objetiva e subjetiva com alteraccedilotildees substanciais nas

formas de gestatildeo e participaccedilatildeo (PERONI 2006) Nesta perspectiva o Plano Diretor de

Reforma do Aparelho do Estado (PDRAE) propotildee a redefiniccedilatildeo do papel do Estado em 1995

com grandes implicaccedilotildees para a gestatildeo puacuteblica ao propor a gestatildeo gerencial modelo oriundo

do setor empresarial Tal modelo baseia-se na descentralizaccedilatildeo do atendimento das poliacuteticas

sociais por meio de privatizaccedilatildeo da publicizaccedilatildeo da terceirizaccedilatildeo e das parcerias puacuteblico-

privadas na gestatildeo dos serviccedilos puacuteblicos com o fim de maximizar a eficiecircncia e a eficaacutecia

O mercado passa a ser o grande paracircmetro de excelecircncia para o serviccedilo puacuteblico e por

isso haacute que seguir a mesma loacutegica Haacute grande incentivo na ldquoparticipaccedilatildeo socialrdquo na gestatildeo

puacuteblica Contudo a natureza dessa participaccedilatildeo social eacute modificada pois natildeo se trata mais de

viabiliza-la como direito de cidadania mas com fins utilitaristas de tornar a gestatildeo puacuteblica mais

eficiente e eficaz materializando assim a gestatildeo gerencial E o cidadatildeo agora passa a ser

adjetivado como ldquoclienterdquo consumidor de poliacuteticas puacuteblicas e neste aspecto natildeo mais visto

como aquele que exige porque eacute um cidadatildeo de direitos

Essas mudanccedilas no modelo de gestatildeo refletem o contexto de crise do capital e de ajuste

fiscal desse momento histoacuterico que visava reconstituir as taxas de lucro e para isso vinha

diminuindo sistematicamente os investimentos em poliacuteticas sociais Os usuaacuterios passam a ser

chamados a lsquoparticiparrsquo como executores de poliacuteticas por meio de parcerias como fiscais de

recursos puacuteblicos nos conselhos de controle social como voluntaacuterios em ONGs ou similares

A lsquoparticipaccedilatildeorsquo do usuaacuterio do serviccedilo puacuteblico poderia ser uacutetil em pelo menos dois aspectos

primeiro porque ao priorizar a gestatildeo de tais poliacuteticas por meio de parcerias com ONGs ou

projetos pontuais onde essas massas poderiam atuar a baixo custo ou como voluntaacuterios nesses

projetos isso poderia diminuir o custo das poliacuteticas sociais e ao mesmo tempo conter a massa

de desempregados segundo porque na medida em que ao estimular a participaccedilatildeo dos usuaacuterios

na definiccedilatildeo de prioridades ldquoestrateacutegicasrdquo ou mesmo de se tornarem ldquofiscaisrdquo da aplicaccedilatildeo dos

recursos os efeitos de tais participaccedilotildees contribuiriam para se fazer mais com menos e assim

atingir os objetivos de diminuiccedilatildeo dos gastos em educaccedilatildeo Aleacutem de conter as demandas por

emprego a inserccedilatildeo de voluntaacuterios e outras formas de participaccedilatildeo nos conselhos de controle

poderiam tambeacutem viabilizar os consensos necessaacuterios para a manutenccedilatildeo da hegemonia dos

que tecircm poder como assinalava Gramsci

Tais iniciativas ocorreram com mais ecircnfase no governo de Fernando Henrique Cardoso

Contudo os governos de Luiz Inaacutecio Lula da Silva e de Dilma Rousseff mesmo apresentando

162

projetos de governo agrave esquerda do espectro poliacutetico nacional natildeo apresentaram ruptura radical

com esse modelo

Em relaccedilatildeo agrave gestatildeo da educaccedilatildeo embora o Plano de Metas Compromisso Todos pela

Educaccedilatildeo e o PAR recomendem e incentivem a expansatildeo e implementaccedilatildeo de mecanismos que

podem potencializar a gestatildeo democraacutetica tais como Conselhos Escolares Conselho Municipal

de Educaccedilatildeo Conselho Municipal de Alimentaccedilatildeo Escolar Conselho do FUNDEB por outro

lado apresentam outros mecanismos mais afeitos ao modelo de gestatildeo gerencial como o

accountability que representa a responsabilizaccedilatildeo pelos resultados repassada para os entes

federados e para a sociedade local a exemplo dos resultados do IDEB Neste aspecto com a

implantaccedilatildeo do PAR pelos municiacutepios o MEC descentralizadesconcentra a execuccedilatildeo das accedilotildees

passando a agir como oacutergatildeo financiador de algumas delas mas principalmente como

regulamentador e controlador dos resultados da educaccedilatildeo municipal

Conforme definido neste trabalho a anaacutelise da gestatildeo da educaccedilatildeo na perspectiva de sua

democratizaccedilatildeo no municiacutepio de SantanaAP se deu a partir de seis indicadores da aacuterea Gestatildeo

Democraacutetica contida no Plano de Accedilotildees Articuladas que foram Existecircncia de Conselhos

Escolares Existecircncia composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo Composiccedilatildeo

e atuaccedilatildeo do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho do Fundo

de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da

Educaccedilatildeo Criteacuterios para escolha da Direccedilatildeo Escolar e Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local

do Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo Como paracircmetros de anaacutelise utilizamos os elementos

constitutivos da democratizaccedilatildeo da gestatildeo como a descentralizaccedilatildeo a participaccedilatildeo e a

autonomia Quanto agraves implicaccedilotildees do PAR para a gestatildeo educacional no municiacutepio de Santana

os resultados apontam que

Os conselhos escolares existem no municiacutepio de Santana desde o final da deacutecada de

1990 mas com a intensificaccedilatildeo da descentralizaccedilatildeo de recursos por meio dos programas do

PDE-Escola advindos do PAR e do proacuteprio PDDE a dinacircmica de criaccedilatildeo e funcionamento

desses conselhos vem se redimensionando O nuacutemero de caixas escolares que em 2007 eram

10 em 2014 passaram para 34 O volume de recursos administrados tambeacutem aumentou

bastante pois de 2007 para 2014 os recursos recebidos aumentaram em 945 Se comparado

o ano de 2007 ao ano de 2013 o crescimento foi de 1580 Entretanto estes conselhos tecircm

assumindo um caraacuteter mais burocraacutetico do que articulador de accedilotildees com promoccedilatildeo de

participaccedilatildeo ampliada Pelo que revela a fala dos entrevistados haacute dificuldade de participaccedilatildeo

de seus membros pelos mais diversos motivos A dinacircmica de funcionamento do Conselho

escolar na rede municipal de Santana limita-se praticamente ao gerenciamento da Caixa Escolar

163

em relaccedilatildeo aos recursos do PDDE o que leva a concluir que o conselho pouco tem atuado como

promotor da autonomia da escola Embora no 1ordm e no 2ordm PAR esse indicador tenha recebido

pontuaccedilatildeo 3 o que representa boa atuaccedilatildeo em pelo menos 50 das escolas observou-se que

os conselhos escolares da rede municipal de Santana tecircm atuado mais no sentido da execuccedilatildeo

dos recursos secundarizando esse espaccedilo como tomada de decisatildeo e de construccedilatildeo de

autonomia no interior da escola puacuteblica ao praticamente se eximir de abordar outros temas de

interesse da escola para aleacutem da gestatildeo financeira

O Conselho Municipal de Educaccedilatildeo ainda que exista em lei no municiacutepio desde 1998

esse oacutergatildeo natildeo funciona adequadamente No primeiro PAR esse indicador recebeu pontuaccedilatildeo

miacutenima o que representa funcionamento ruim No segundo PAR recebeu pontuaccedilatildeo 3 o que

representa melhoria No entanto as informaccedilotildees coletadas revelaram que natildeo haacute paridade entre

os representantes governamentais e natildeo governamentais o que compromete a igualdade e o

direito de participaccedilatildeo popular na gestatildeo haacute pouca participaccedilatildeo dos membros do CME no que

se refere ao acompanhamento da execuccedilatildeo dos recursos da educaccedilatildeo o CME eacute pouco atuante

na resoluccedilatildeo das demandas compatiacuteveis com suas atribuiccedilotildees Por tais fatores evidenciados

conclui-se que embora o CME tenha melhorado sua atuaccedilatildeo a partir do segundo PAR sua

contribuiccedilatildeo para a democratizaccedilatildeo da gestatildeo ainda eacute incipiente

O municiacutepio de SantanaAP tambeacutem conta com Conselho de Controle Social da

Alimentaccedilatildeo Escolar (CAE) instituiacutedo pela Lei nordm 458 de 1999 ndash PMS posteriormente

substituiacuteda pela Lei Nordm 488 de 10 de maio de 2001 focalizado como o terceiro indicador No

primeiro PAR esse indicador recebeu a pontuaccedilatildeo 1 ou seja o Conselho existia formalmente

apenas para receber o recurso do Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar (PNAE) e poderia

natildeo estar atuando conforme suas atribuiccedilotildees previstas seja na fiscalizaccedilatildeo ou no

acompanhamento da execuccedilatildeo dos recursos e de distribuiccedilatildeo da merenda No segundo PAR

essa pontuaccedilatildeo mudou para 2 o que indica o CAE apesar de apresentar alguma melhora em

seu funcionamento ainda natildeo era representado por todos os segmentos que raramente

acontecia a fiscalizaccedilatildeo da aplicaccedilatildeo dos recursos transferidos enfim que o CAE natildeo

acompanhava a compra nem a distribuiccedilatildeo dos alimentosprodutos nas escolas e continuava

pouco atento agraves boas praacuteticas sanitaacuterias e de higiene nos locais de preparo da alimentaccedilatildeo

escolar

Vale ressaltar que os recursos do Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar (PNAE)

que deveriam ser fiscalizados em sua execuccedilatildeo pelo CAE em Santana satildeo significativos e

superiores aos recursos do Salaacuterio Educaccedilatildeo em todos os anos da pesquisa As fontes

consultadas indicam um ldquoconselho parado um conselho inerte por falta de interesserdquo que por

164

pelo menos dois anos apresentou atraso na prestaccedilatildeo de contas Aleacutem disso falta infraestrutura

para reuniotildees transporte para visita agraves escolas do campo e mesmo formaccedilatildeo aos conselheiros

que lhes possibilite acompanhar a execuccedilatildeo dos recursos e a fiscalizar a distribuiccedilatildeo dos

produtos da merenda escolar A pouca participaccedilatildeo dos conselheiros do CAE tanto no periacuteodo

do primeiro quanto do segundo PAR nos permite afirmar que o aumento da pontuaccedilatildeo em

relaccedilatildeo a esse indicador satildeo meramente formais e natildeo se traduzem em mudanccedilas reais no

sentido do controle social dos recursos e de praacuteticas democraacuteticas

O quarto indicador Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho do Fundo de Manutenccedilatildeo e

Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo ndash

CACS-FUNDEB eacute um indicador que aparece apenas no segundo PAR visto que no primeiro

o FUNDEB ainda estava iniciando sua implantaccedilatildeo Do ponto de vista da legislaccedilatildeo municipal

o Conselho foi criado pela Lei nordm 0797 de 28 de dezembro de 2007 A pontuaccedilatildeo recebida neste

segundo PAR foi 2 o que significa que o Conselho natildeo eacute representado por todos os segmentos

(conforme norma ndash Lei 114942007) natildeo existe um regimento interno as reuniotildees natildeo satildeo

regulares raramente acontece o acompanhamento e o controle social sobre a distribuiccedilatildeo a

transferecircncia e a aplicaccedilatildeo dos recursos dos Fundos (FUNDEB PNATE Programa de Apoio

aos Sistema de Ensino para Atendimento agrave EJA) o Conselho nem sempre promove ampla

publicidade agrave aplicaccedilatildeo dos recursos

De fato o controle social dos recursos da educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana parece ser

difiacutecil tarefa a comeccedilar pelo fato da gestatildeo de tais recursos serem centralizadas no governo

municipal contrariando o que recomenda a LDB que indica a descentralizaccedilatildeo de tais recursos

para o oacutergatildeo gestor no caso a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo a SEME e pela falta de

participaccedilatildeo dos conselheiros nas reuniotildees Tal situaccedilatildeo inclusive gerou accedilotildees a serem

realizadas pelo municiacutepio como ldquotransferir a responsabilidade do gerenciamento de recursos

do FUNDEB e PNATE da prefeitura para a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo para melhorar a

transparecircncia dos investimentosrdquo A transferecircncia de responsabilidade da gestatildeo dos recursos

poderia natildeo soacute facilitar o planejamento das accedilotildees educacionais mas melhorar o controle social

dos recursos puacuteblicos O fato de que o ano de 2014 apresenta ausecircncia de dados financeiros no

SIOPE em relaccedilatildeo ao municiacutepio reflete tambeacutem a possibilidade de que haja dificuldade quanto

agraves prestaccedilotildees de contas da execuccedilatildeo dos recursos para este ano Essa situaccedilatildeo tende a dificultar

ou mesmo inviabilizar a gestatildeo democraacutetica pela negaccedilatildeo do princiacutepio da transparecircncia na

gestatildeo do recurso puacuteblico

A escolha de diretores de escolas puacuteblicas eacute entre os indicadores analisados o ponto mais

obscuro O indicador da gestatildeo educacional do PAR sobre os criteacuterios da escolha para diretores

165

de escola foi diagnosticado pela equipe de elaboraccedilatildeo do PAR com a pontuaccedilatildeo 1 que equivale

agrave situaccedilatildeo de lsquoausecircncia de criteacuterios para escolha da direccedilatildeo das escolasrsquo No entanto no 2ordm PAR

recebeu a pontuaccedilatildeo 3 que equivale uma situaccedilatildeo boa Em termos de legislaccedilatildeo de fato as leis

municipais elegem a gestatildeo democraacutetica como princiacutepio como no caso da Lei nordm 0849 do ano

de 2010 que trata do Plano de Carreiras da Educaccedilatildeo do Municiacutepio de Santana (PCEMS) onde

se prevecirc inclusive a eleiccedilatildeo direta como criteacuterio No entanto a mesma lei remete o tema para

regulamentaccedilotildees posteriores o que nunca aconteceu Na praacutetica o que prevalece eacute o criteacuterio da

nomeaccedilatildeo pura e simples tatildeo ao gosto dos gestores comprometidos com modelos de gestatildeo

patrimonialista e clientelista Em relaccedilatildeo a esse indicador o PAR soacute alterou a pontuaccedilatildeo As

praacuteticas continuam as mesmas

Em relaccedilatildeo ao uacuteltimo indicador Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do

Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo verificou-se que o comitecirc foi criado pelo Decreto

Municipal Nordm 490 de 03 de abril de 2013 para acompanhar o cumprimento das metas

estabelecidas pelo PAR e eacute bastante avanccedilado em sua composiccedilatildeo No entanto eacute recente no

municiacutepio e talvez por isso natildeo tem exercido o seu papel de mobilizar a sociedade para a

participaccedilatildeo e acompanhamento das accedilotildees do PAR na perspectiva de sua efetividade

Natildeo se pode negar o meacuterito do PAR para a organizaccedilatildeo e o planejamento das accedilotildees

educacionais na rede municipal de ensino de Santana que apoacutes o PAR passou a melhor

reconhecer suas fragilidades e desafios No entanto o estudo evidenciou a histoacuterica fragilidade

da democratizaccedilatildeo da gestatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana pois os conselhos

municipais de controle social e escolares mecanismos que poderiam viabilizar a participaccedilatildeo

a descentralizaccedilatildeo e autonomia nas decisotildees funcionam precariamente Os criteacuterios de escolha

de diretores excluem as formas democraacuteticas de participaccedilatildeo na escolha e favorecem as praacuteticas

centralizadas de nomeaccedilatildeo A gestatildeo dos recursos da educaccedilatildeo eacute centralizada no governo

municipal dificultando o controle social Com o PAR houve expansatildeo do nuacutemero de

Conselhos escolares e municipais o que permitiu o aumento das pontuaccedilotildees nos indicadores e

pode vir a potencializar a participaccedilatildeo dos sujeitos no controle social dos recursos e outras

formas de descentralizaccedilatildeo das decisotildees Isso a depender da correlaccedilatildeo de forccedilas locais

historicamente permeada por formas patrimonialistas e clientelistas de gestatildeo Com o PAR

esses modelos ganharam nuances de gerencialismo Parece um paradoxo que se exija da

Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo que viabilize as accedilotildees previstas no PAR para atingir as metas

e resultados da avaliaccedilatildeo do IDEB em busca da qualidade da educaccedilatildeo com acompanhamento

e o controle social dos conselhos sobre os recursos e accedilotildees mas mantendo os recursos

166

centralizados sob a gestatildeo da Prefeitura Municipal de Santana Qual a autonomia possiacutevel nestas

condiccedilotildees Onde fica a descentralizaccedilatildeo Esta sequer chegou ao oacutergatildeo gestor

O municiacutepio de Santana tem vinte e oito anos de existecircncia nessa condiccedilatildeo pois fazia

parte do Territoacuterio Federal do Amapaacute extinto pela Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Antes existia

como distrito de Macapaacute Talvez por ser um municiacutepio novo guarde ainda fortes marcas do

clientelismo e patrimonialismo que o gerou Com pouca tradiccedilatildeo democraacutetica as praacuteticas

centralizadoras de gestatildeo educacional satildeo reveladas no cotidiano das accedilotildees que contradizem o

posto nas leis municipais e ateacute nacionais

A anaacutelise aqui apresentada para a poliacutetica puacuteblica municipal evidenciada a partir da

adesatildeo do municiacutepio de Santana ao PAR expotildee os limites e contradiccedilotildees de poliacuteticas formuladas

em niacutevel nacional e executadas em niacutevel local bem como a correlaccedilatildeo de forccedilas poliacuteticas e

econocircmicas do momento histoacuterico As accedilotildees pleiteadas pelo PAR no sentido de democratizar a

gestatildeo da educaccedilatildeo da rede municipal de Santana natildeo tecircm conseguido se materializar na praacutetica

dos gestores Quando muito tais intencionalidades se inscrevem no acircmbito da legislaccedilatildeo

municipal e com isso tem alterado as pontuaccedilotildees de avaliaccedilatildeo do PAR O grande desafio eacute

implementar uma gestatildeo educacional pela qual as pessoas possam participar em igualdade de

condiccedilotildees fazendo emergir a sua condiccedilatildeo de sujeitos histoacutericos na busca por uma educaccedilatildeo

de qualidade social para todos e isto soacute seraacute possiacutevel se a gestatildeo for democraacutetica

167

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170

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__________ Lei nordm 1007 de 12 de julho de 2013 Altera a Lei 797 28 de dezembro de 2007

que cria o conselho municipal do FUNDEB e daacute outras providecircncias Santana AP 2013

__________ Lei nordm 488 de 10 de maio de 2001 Institui o Conselho Municipal de Alimentaccedilatildeo

Escolar do municiacutepio de Santana e daacute outras providecircncias Santana AP 2001

__________ Lei nordm 0609 de 27 de dezembro de 2002 Dispotildee sobre a criaccedilatildeo do Sistema

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177

APEcircNDICE

178

APEcircNDICE A

SERVICcedilO PUacuteBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute

INSTITUTO DE CIEcircNCIAS DA EDUCACcedilAtildeO

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM EDUCACcedilAtildeO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA PARTICIPACcedilAtildeO

EM PESQUISA

Caro(a) colega professor(a)

Venho por meio desse documento convidaacute-lo(a) a participar como voluntaacuterio (a) da pesquisa

supracitada que tem como responsaacutevel a aluna da poacutes-graduaccedilatildeo Heryka Cruz Nogueira que

estaacute sob a orientaccedilatildeo da Profa Dra Dalva Valente Guimaratildees Gutierres do curso de Mestrado

em Educaccedilatildeo da Universidade Federal do Paraacute (UFPA) A pesquisadora pode ser contatada pelo

e-mail herykaueapgmailcom e pelo celular (96) 98121-6399

Apoacutes ser esclarecido(a) sobre a pesquisa no caso de aceitar fazer parte do estudo assine

ao final do documento que estaraacute em duas vias Uma delas eacute sua e a outra do pesquisador

responsaacutevel Em caso de recusa vocecirc natildeo seraacute penalizado de forma alguma Informo que esta

pesquisa segue o que estaacute previsto em termos eacuteticos

TIacuteTULO DA PESQUISA O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS (PAR) E A GESTAtildeO

DA EDUCACcedilAtildeO NA REDE MUNICIPAL DE SANTANAAP

O municiacutepio de SantanaAP foi selecionado para essa pesquisa que tem como objetivo

identificar as implicaccedilotildees do Plano de Accedilotildees Articuladas para a gestatildeo da educaccedilatildeo do

municiacutepio Para realizaccedilatildeo da pesquisa aleacutem dos dados coletados em documentos seraacute

necessaacuterio obter informaccedilotildees por meio de entrevistas que seratildeo gravadas e transcritas

Asseguro ao (agrave) senhor (a) que a pesquisa eacute estritamente cientiacutefica sua identidade seraacute mantida

sob sigilo e anonimato e as informaccedilotildees colhidas seratildeo usadas exclusivamente na pesquisa

supracitada os resultados desta seratildeo publicados apenas em revistas cientiacuteficas e em eventos

cientiacuteficos e estaraacute disponiacutevel a todos os interessados As entrevistas seratildeo gravadas no local de

trabalho do entrevistado e teraacute a duraccedilatildeo de 10 a 25 minutos Utilizarei nomes fictiacutecios para

preservar sua identidade ou ainda apenas a indicaccedilatildeo geneacuterica de ldquoentrevistadordquo ou ldquoprofessorrdquo

Somente seraacute efetivada a entrevista apoacutes a assinatura do termo de consentimento da participaccedilatildeo

179

da pessoa como sujeito da pesquisa O entrevistado tem o direito de a qualquer momento

durante ou apoacutes a entrevista retirar seu consentimento obrigando o pesquisador a natildeo utilizar

as informaccedilotildees porventura registradas ou de natildeo responder perguntas incocircmodas O

entrevistado natildeo incorreraacute em qualquer sanccedilatildeo ou penalidade caso retire o seu consentimento

O entrevistado fica ciente que eacute voluntaacuterio e natildeo receberaacute nenhum incentivo financeiro ou

gratificaccedilatildeo para participar da pesquisa

Desde jaacute agradeccedilo sua valiosa contribuiccedilatildeo para a pesquisa disponibilizando sua

atenccedilatildeo e tempo posto que se sabe dos inuacutemeros compromissos diaacuterios assumidos A

pesquisadora se coloca agrave disposiccedilatildeo para as possiacuteveis duacutevidas ou informaccedilotildees necessaacuterias

Beleacutem 14 de dezembro de 2015

__________________________

Assinatura

Entrevistado ciente __________________________________________________

Assinatura

180

APEcircNDICE B

SERVICcedilO PUacuteBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute

INSTITUTO DE CIEcircNCIAS DA EDUCACcedilAtildeO

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM EDUCACcedilAtildeO

ROTEIRO DE ENTREVISTA

Dimensatildeo Gestatildeo Educacional

Sujeitos a serem entrevistados 01 - Secretaacuterio (a) Municipal de Educaccedilatildeo ou Teacutecnico que

conhece o processo de elaboraccedilatildeo do PAR

I - IDENTIFICACcedilAtildeO

1 Nome ______________________________________________________________

2 Formaccedilatildeo _________________________________________________________________

3 Instituiccedilatildeo ou oacutergatildeo a qual pertence ____________________________________________

4 Cargo ou funccedilatildeo que ocupa na rede municipal de SantanaAP

_________________________________________________________________________

II ndash QUESTOtildeES NORTEADORAS

1 Fale sobre como foi a chegada do PAR no municiacutepio

2 Fale sobre como se deu o diagnoacutestico dos indicadores do PAR

3 Quem participou da implantaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo do PAR E como ocorreu

4 Apoacutes o diagnoacutestico do municiacutepio qual foi o proacuteximo passo da equipe que elaborou o PAR

5 Como eacute realizado o acompanhamentoavaliaccedilatildeo das accedilotildees e sub-accedilotildees do PAR no

municiacutepio

6 Quais os criteacuterios para escolha de diretores escolares no municiacutepio

181

APEcircNDICE C

SERVICcedilO PUacuteBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute

INSTITUTO DE CIEcircNCIAS DA EDUCACcedilAtildeO

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM EDUCACcedilAtildeO

ROTEIRO DE ENTREVISTA

Indicador Conselhos Escolares (CE)

Sujeitos a serem entrevistados 01 - Membro da equipe teacutecnica da Secretaria Municipal de

Educaccedilatildeo que trate dos Conselhos Escolares (2012 a 2015)

I - IDENTIFICACcedilAtildeO

1 Nome ___________________________________________________________________

2 Formaccedilatildeo _________________________________________________________________

3 Instituiccedilatildeosetor ou oacutergatildeo a qual pertence _______________________________________

4 Cargo ou funccedilatildeo que ocupa na rede municipal de SantanaAP

_________________________________________________________________________

II ndash QUESTOtildeES NORTEADORAS

1 Fale como se deu a elaboraccedilatildeo do PAR por parte dos Conselhos Escolares

2 Todas as escolas do municiacutepio tem implantado o Conselho Escolar

3 Fale sobre os criteacuterios de escolha dos diretores escolares

4 Qual a participaccedilatildeo do diretor na composiccedilatildeo do Conselho Escolar

5 Como a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo acompanha a implantaccedilatildeo dos Conselhos

Escolares

182

APEcircNDICE D

SERVICcedilO PUacuteBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute

INSTITUTO DE CIEcircNCIAS DA EDUCACcedilAtildeO

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM EDUCACcedilAtildeO

ROTEIRO DE ENTREVISTA

Indicador Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (CME)

Sujeitos a serem entrevistados 02 - Conselheiros (2012 a 2015)

( ) Membro da equipe teacutecnica da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo (governamental) que

trate do Conselho Municipal

( ) Membro do Conselho Municipal que natildeo seja representante governamental

I - IDENTIFICACcedilAtildeO

1 Nome ______________________________________________________________

2 Formaccedilatildeo _________________________________________________________________

3 Instituiccedilatildeo setor e oacutergatildeo a qual pertence _______________________________________

4 Cargo ou funccedilatildeo que ocupa na rede Municipal de SantanaAP

_________________________________________________________________________

II ndash QUESTOtildeES NORTEADORAS

1 Fale sobre a participaccedilatildeo do CME na elaboraccedilatildeo do PAR

2 Quem compotildee e como se deu a escolha dos conselheiros

3 O CME possui alguma autonomia em relaccedilatildeo as decisotildees da SME na distribuiccedilatildeo dos

recursos financeiros

4 Como o CME tem acompanhado o planejamento e as accedilotildees educacionais no municiacutepio

183

APEcircNDICE E

SERVICcedilO PUacuteBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute

INSTITUTO DE CIEcircNCIAS DA EDUCACcedilAtildeO

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM EDUCACcedilAtildeO

ROTEIRO DE ENTREVISTA

Indicador Conselho Municipal de Alimentaccedilatildeo Escolar (CAE)

Sujeitos a serem entrevistados 02

( ) Membro da equipe teacutecnica da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo representante do CAE

( ) Membro do CAE que seja representante natildeo-governamental

I - IDENTIFICACcedilAtildeO

1 Nome ______________________________________________________________

2 Formaccedilatildeo ____________________________________________________________

3 Instituiccedilatildeosetor ou oacutergatildeo a qual pertence __________________________________

4 Cargo ou funccedilatildeo que ocupa na rede municipal de educaccedilatildeo de SantanaAP

_____________________________________________________________________

II ndash QUESTOtildeES NORTEADORAS

1 Fale sobre como se deu a participaccedilatildeo do CAE na elaboraccedilatildeo do PAR

2 Quem representa o CAE E qual a periodicidade das reuniotildees

3 De que forma o CAE fiscaliza a aplicaccedilatildeo dos recursos financeiros

4 O CAE participou de algum curso de formaccedilatildeo

184

APEcircNDICE F

SERVICcedilO PUacuteBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute

INSTITUTO DE CIEcircNCIAS DA EDUCACcedilAtildeO

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM EDUCACcedilAtildeO

ROTEIRO DE ENTREVISTA

Indicador Comitecirc Local do Compromisso

Sujeitos a serem entrevistados 02

( ) Membro da equipe teacutecnica da SME representante do Comitecirc Local

( ) Membro do Comitecirc Local que seja representante natildeo-governamental

I - IDENTIFICACcedilAtildeO

1 Nome ______________________________________________________________

2 Formaccedilatildeo ____________________________________________________________

3 Instituiccedilatildeosetor ou oacutergatildeo a qual pertence __________________________________

4 Cargo ou funccedilatildeo que ocupa na rede municipal de educaccedilatildeo de SantanaAP

_____________________________________________________________________

II ndash QUESTOtildeES NORTEADORAS

1 Como eacute constituiacutedo o Comitecirc Local

2 Como o Comitecirc local tem feito o trabalho de mobilizaccedilatildeo da comunidade diante do

PAR

185

APEcircNDICE G

SERVICcedilO PUacuteBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute

INSTITUTO DE CIEcircNCIAS DA EDUCACcedilAtildeO

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM EDUCACcedilAtildeO

ROTEIRO DE ENTREVISTA

Indicador Criteacuterios para Escolha de Diretores

Sujeitos a serem entrevistados 01

( ) Membro da equipe teacutecnica ndash Coordenaccedilatildeo de Ensino

I - IDENTIFICACcedilAtildeO

1 Nome ______________________________________________________________

2 Formaccedilatildeo ___________________________________________________________

3 Instituiccedilatildeo ou oacutergatildeo a qual pertence _______________________________________

4 Cargo ou funccedilatildeo que ocupa na rede municipal de SantanaAP

_____________________________________________________________________

II ndash QUESTOtildeES NORTEADORAS

1 Quais os procedimentos e criteacuterios utilizados na escolha do diretor da escola

2 Quais as caracteriacutesticas que a SEMED destacaria como mais relevantes no perfil do

diretor da escola na rede de ensino

3 A Coordenaccedilatildeo de ensino tem participado da elaboraccedilatildeo do PAR Fale sobre como se

deu essa participaccedilatildeo

186

APEcircNDICE H

Relaccedilatildeo de trabalhos sobre o Plano de Accedilotildees Articuladas encontrados nas bases de dados da

ANPAE ANPED e SciELO (2011 e 2015)

ANPAE

SOUSA

Bartolomeu

O Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) como instrumento de planejamento

da educaccedilatildeo o que haacute de novo httpwwwanpaeorgbr

simposio2011cdrom2011PDFs

trabalhosCompletoscomunicacoesRelatos0079pdf

ANPAE

2011

FARENZENA

SCHUCH E

MOSNA

Implementaccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas em Municiacutepios do Rio

Grande Do Sul uma avaliaccedilatildeo Disponiacutevel em

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O Plano De Accedilotildees Articuladas como estrateacutegia organizacional dos

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O Plano de Accedilotildees Articuladas no contexto do PDE a dimensatildeo gestatildeo

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Plano de Accedilotildees Articuladas competecircncias dos entes federados na sua

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O Plano De Accedilotildees Articuladas de Ituiutaba ndash MG Uma Anaacutelise das

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ARTICULADAS DO MINISTEacuteRIO DA EDUCACcedilAtildeO

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GESTAtildeO DEMOCRAacuteTICA NO AcircMBITO DO PLANO DE ACcedilOtildeES

ARTICULADAS PARTICIPACcedilAtildeO FORMAL OU SUBSTANCIAL

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Gestatildeo da educaccedilatildeo apontamentos iniciais sobre a implementaccedilatildeo do

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O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS NO PARAacute PROCESSOS

INSTITUIacuteDOS E CONTRADICcedilOtildeES

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nicacaoVanessaSocorroSilvaCosta_GT5_Integralpdf

ANPAE

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Gildeci Santos

Pereira e

Odete da Cruz

Mendes

PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS (PAR) CONFIGURACcedilOtildeES

DA GESTAtildeO EDUCACIONAL NA REDE DE ENSINO MUNICIPAL

ANPAE

2015

Heryka Cruz

Nogueira e Dalva

Valente G

Gutierres

O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS AS PRODUCcedilOtildeES

ESCRITAS NO PERIacuteODO DE 2009 A 2013

ANPAE 2015

Maria Isabel Soares

Feitosa e Maria

Alice de M Aranda

O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS NO PROCESSO DE

DISSEMINACcedilAtildeO DA INFORMACcedilAtildeO CIENTIacuteFICA

ANPAE 2015

Severino Vilar de

Albuquerque

GESTAtildeO EDUCACIONAL E QUALIDADE DA EDUCACcedilAtildeO OS

DILEMAS DA IMPLANTACcedilAtildeO DO PLANO DE ACcedilOtildeES

ARTICULADAS (PAR)

ANPAE 2015

Laacutezara Cristina da

Silva

PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS (PAR) E A FORMACcedilAtildeO

DOCENTE DESAFIOS E IMPLICACcedilOtildeES NA REGIAtildeO DO

TRIAcircNGULO MINEIRO PARA A EDUCACcedilAtildeO INCLUSIVA

ANPAE 2015

Amanda Higino F

de Sousa

Gersonita Paulino

de S Cruz

O PLANEJAMENTO EDUCACIONAL DO MUNICIacutePIO DE

NATALRN ATRAVEacuteS DO PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS

(2007-2011) UMA ANAacuteLISE DA DIMENSAtildeO DE PRAacuteTICAS

PEDAGOacuteGICAS E AVALIACcedilAtildeO

ANPAE 2015

Daniela Cunha

Terto

Alda Maria Duarte

A Castro

PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS NO CONTEXTO DO

FEDERALISMO BRASILEIRO ESTRATEacuteGIA DE COOPERACcedilAtildeO

INTERGOVERNAMENTAL

ANPAE 2015

Maria Aparecida R

da Silva Ceacutezar

O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS E A AUTONOMIA DO

MUNICIacutePIO NA GESTAtildeO EDUCACIONAL

ANPAE 2015

Maria Goretti

Cabral Barbalho

Gilneide Maria de

Oliveira Lobo

PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS 2007- 2011 UMA ANAacuteLISE

DA DIMENSAtildeO INFRAESTRUTURA FIacuteSICA E RECURSOS

PEDAGOacuteGICOS EM MOSSOROacuteRN

ANPAE 2015

Marilda Pasqual

Schneider

PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS (PAR) E AS CONDICcedilOtildeES DE

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ANPAE 2015

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Controle social na educaccedilatildeo municipal os planos de accedilotildees Articuladas

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Liane Maria

Bernardi

Alexandre Joseacute

Rossi

Lucia Hugo Uczak

Do movimento Todos pela Educaccedilatildeo ao Plano de Accedilotildees Articuladas e

Guia de Tecnologias empresaacuterios interlocutores e clientes do estado

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A implementaccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas no municiacutepio de

Sorocaba - SP limites e possibilidades para efetivaccedilatildeo do regime de

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da-silva-paulo-gomes-limapdf

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A propagaccedilatildeo de novos modos de regulaccedilatildeo no sistema educacional

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SciELO 2013

Federalismo e planejamento educacional no exerciacutecio do PAR SciELO 2014

189

ANEXOS

190

DIRETRIZES DO PLANO DE METAS COMPROMISSO TODOS PELA

EDUCACcedilAtildeO

I estabelecer como foco a aprendizagem apontando resultados concretos a atingir

II alfabetizar as crianccedilas ateacute no maacuteximo os oito anos de idade aferindo os resultados por exame perioacutedico

especiacutefico

III acompanhar cada aluno da rede individualmente mediante registro da sua frequecircncia e do seu desempenho em

avaliaccedilotildees que devem ser realizadas periodicamente

IV combater a repetecircncia dadas as especificidades de cada rede pela adoccedilatildeo de praacuteticas como aulas de reforccedilo no

contra turno estudos de recuperaccedilatildeo e progressatildeo parcial

V combater a evasatildeo pelo acompanhamento individual das razotildees da natildeo frequecircncia do educando e sua superaccedilatildeo

VI matricular o aluno na escola mais proacutexima da sua residecircncia

VII ampliar as possibilidades de permanecircncia do educando sob responsabilidade da escola para aleacutem da jornada

regular

VIII valorizar a formaccedilatildeo eacutetica artiacutestica e a educaccedilatildeo fiacutesica

IX garantir o acesso e permanecircncia das pessoas com necessidades educacionais especiais nas classes comuns do

ensino regular fortalecendo a inclusatildeo educacional nas escolas puacuteblicas

X promover a educaccedilatildeo infantil

XI manter programa de alfabetizaccedilatildeo de jovens e adultos

XII instituir programa proacuteprio ou em regime de colaboraccedilatildeo para formaccedilatildeo inicial e continuada de profissionais da

educaccedilatildeo

XIII implantar plano de carreira cargos e salaacuterios para os profissionais da educaccedilatildeo privilegiando o meacuterito a

formaccedilatildeo e a avaliaccedilatildeo do desempenho

XIV valorizar o meacuterito do trabalhador da educaccedilatildeo representado pelo desempenho eficiente no trabalho

dedicaccedilatildeo assiduidade pontualidade responsabilidade realizaccedilatildeo de projetos e trabalhos especializados cursos

de atualizaccedilatildeo e desenvolvimento profissional

XV dar consequumlecircncia ao periacuteodo probatoacuterio tornando o professor efetivo estaacutevel apoacutes avaliaccedilatildeo de preferecircncia

externa ao sistema educacional local

XVI envolver todos os professores na discussatildeo e elaboraccedilatildeo do projeto poliacutetico pedagoacutegico respeitadas as

especificidades de cada escola

XVII incorporar ao nuacutecleo gestor da escola coordenadores pedagoacutegicos que acompanhem as dificuldades

enfrentadas pelo professor

XVIII fixar regras claras considerados meacuterito e desempenho para nomeaccedilatildeo e exoneraccedilatildeo de diretor de escola

XIX divulgar na escola e na comunidade os dados relativos agrave aacuterea da educaccedilatildeo com ecircnfase no Iacutendice de

Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica IDEB referido no art 3o

XX acompanhar e avaliar com participaccedilatildeo da comunidade e do Conselho de Educaccedilatildeo as poliacuteticas puacuteblicas na

aacuterea de educaccedilatildeo e garantir condiccedilotildees sobretudo institucionais de continuidade das accedilotildees efetivas preservando

a memoacuteria daquelas realizadas

XXI zelar pela transparecircncia da gestatildeo puacuteblica na aacuterea da educaccedilatildeo garantindo o funcionamento efetivo

autocircnomo e articulado dos conselhos de controle social

XXII promover a gestatildeo participativa na rede de ensino

XXIII elaborar plano de educaccedilatildeo e instalar Conselho de Educaccedilatildeo quando inexistentes

XXIV integrar os programas da aacuterea da educaccedilatildeo com os de outras aacutereas como sauacutede esporte assistecircncia social

cultura dentre outras com vista ao fortalecimento da identidade do educando com sua escola

XXV fomentar e apoiar os conselhos escolares envolvendo as famiacutelias dos educandos com as atribuiccedilotildees

dentre outras de zelar pela manutenccedilatildeo da escola e pelo monitoramento das accedilotildees e consecuccedilatildeo das metas do

compromisso

191

XXXVI transformar a escola num espaccedilo comunitaacuterio e manter ou recuperar aqueles espaccedilos e equipamentos

puacuteblicos da cidade que possam ser utilizados pela comunidade escolar

XXVII firmar parcerias externas agrave comunidade escolar visando a melhoria da infra-estrutura da escola ou a

promoccedilatildeo de projetos socioculturais e accedilotildees educativas

XXVIII organizar um comitecirc local do Compromisso com representantes das associaccedilotildees de empresaacuterios

trabalhadores sociedade civil Ministeacuterio Puacuteblico Conselho Tutelar e dirigentes do sistema educacional puacuteblico

encarregado da mobilizaccedilatildeo da sociedade e do acompanhamento das metas de evoluccedilatildeo do IDEB

192

ANEXO

PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS ndash 1ordf VERSAtildeO

DIMENSAtildeO 1 GESTAtildeO EDUCACIONAL

193

PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS ndash 1ordf VERSAtildeO

DIMENSAtildeO 2 FORMACcedilAtildeO DE PROFESSORES E DOS PROFISSIONAIS DE SERVICcedilO

E APOIO ESCOLAR

DIMENSAtildeO 3 PRAacuteTICAS PEDAGOacuteGICAS E AVALIACcedilAtildeO

194

PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS ndash 1ordf VERSAtildeO

DIMENSAtildeO 4 INFRA-ESTRUTURA FIacuteSICA E RECURSOS PEDAGOacuteGICOS

195

ANEXO

PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS ndash 2ordf VERSAtildeO

Dimensatildeo 1 ndash Gestatildeo Educacional

Aacuterea 1 - Gestatildeo

Democraacutetica

Articulaccedilatildeo e

Desenvolvimento dos

Sistemas de Ensino

1 Existecircncia acompanhamento e avaliaccedilatildeo do Plano Municipal de

Educaccedilatildeo (PME) desenvolvido com base no Plano Nacional de

Educaccedilatildeo (PNE)

2 Existecircncia composiccedilatildeo competecircncia e atuaccedilatildeo do Conselho

Municipal de Educaccedilatildeo (CME)

3 Existecircncia e funcionamento de conselhos escolares (CE)

4 Existecircncia de projeto pedagoacutegico (PP) nas escolas inclusive nas de

alfabetizaccedilatildeo de jovens e adultos (AJA) e de educaccedilatildeo de jovens e

adultos (EJA) participaccedilatildeo dos professores e do conselho escolar na sua

elaboraccedilatildeo orientaccedilatildeo da secretaria municipal de educaccedilatildeo e

consideraccedilatildeo das especificidades de cada escola

5 Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho do Fundo de Manutenccedilatildeo e

Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos

Profissionais da Educaccedilatildeo (Fundeb)

6 Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar (CAE)

7 Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromisso

Aacuterea 2 ndash Gestatildeo de

pessoas

1 Quadro de servidores da secretaria municipal de educaccedilatildeo (SME)

2 Criteacuterios para escolha da direccedilatildeo escolar

3 Presenccedila de coordenadores ou supervisores pedagoacutegicos nas escolas

4 Quadro de professores

5 Estaacutegio probatoacuterio efetivando os professores e outros profissionais da

Educaccedilatildeo

6 Plano de carreira para o magisteacuterio

7 Plano de carreira dos profissionais de serviccedilo e apoio escolar

8 Piso salarial nacional do professor

9 Existecircncia de professores para o exerciacutecio da funccedilatildeo docente no

atendimento educacional especializado (AEE) complementar ao ensino

regular

Aacuterea 3 ndash Conhecimento

e utilizaccedilatildeo de

informaccedilatildeo

1 Existecircncia de um sistema informatizado de gestatildeo escolar que integre

a rede municipal de ensino

2 Conhecimento da situaccedilatildeo das escolas da rede

3 Conhecimento e utilizaccedilatildeo dos dados de analfabetismo e escolaridade

de jovens e adultos

4 Acompanhamento e registro da frequecircncia dos alunos beneficiados

pelo Programa Bolsa Famiacutelia (PBF)

5 Existecircncia de monitoramento do acesso e permanecircncia de pessoas

com deficiecircncia de 0 a 18 anos beneficiaacuterias do Benefiacutecio da Prestaccedilatildeo

Continuada (BPC) 6 Formas de registro da frequecircncia

Aacuterea 4 ndash Gestatildeo de

financcedilas

1 Existecircncia de equipe gestora capacitada para o gerenciamento dos

recursos para a Educaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo do Sistema de Informaccedilotildees sobre

Orccedilamentos Puacuteblicos em Educaccedilatildeo (Siope)

2 Cumprimento do dispositivo constitucional de vinculaccedilatildeo dos

recursos da Educaccedilatildeo

3 Aplicaccedilatildeo dos recursos de redistribuiccedilatildeo e complementaccedilatildeo do Fundo

de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de

Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo (Fundeb)

196

Aacuterea 5 ndash Comunicaccedilatildeo

e interaccedilatildeo com a

sociedade

1 Divulgaccedilatildeo e anaacutelise dos resultados das avaliaccedilotildees oficiais do MEC

2 Existecircncia de parcerias externas para realizaccedilatildeo de atividades

complementares que visem agrave formaccedilatildeo integral dos alunos

3 Relaccedilatildeo com a comunidade promoccedilatildeo de atividades e utilizaccedilatildeo da

escola como espaccedilo comunitaacuterio Total de aacutereas 05 28 indicadores

Dimensatildeo 2 ndash Formaccedilatildeo de Professores e de Profissionais de Serviccedilo e Apoio Escolar

Aacuterea 1 Formaccedilatildeo

Inicial de Professores

da Educaccedilatildeo Baacutesica

1 Habilitaccedilatildeo dos professores que atuam nas creches

2 Habilitaccedilatildeo dos professores que atuam na preacute-escola

3 Habilitaccedilatildeo dos professores que atuam nos anosseacuteries iniciais do

ensino fundamental incluindo professores da educaccedilatildeo de jovens e

adultos (EJA)

4 Habilitaccedilatildeo dos professores que atuam nos anosseacuteries finais do

ensino fundamental incluindo professores da educaccedilatildeo de jovens e

adultos (EJA)

Aacuterea 2 Formaccedilatildeo

Continuada de

Professores da

Educaccedilatildeo Baacutesica

1 Existecircncia e implementaccedilatildeo de poliacuteticas para a formaccedilatildeo continuada

de professores que atuam na educaccedilatildeo infantil

2 Existecircncia e implementaccedilatildeo de poliacuteticas para a formaccedilatildeo continuada

de professores que visem qualificar a praacutetica de ensino da leituraescrita

da Matemaacutetica e dos demais componentes curriculares nos anosseacuteries

iniciais do ensino fundamental incluindo professores da educaccedilatildeo de

jovens e adultos (EJA)

3 Existecircncia e implementaccedilatildeo de poliacuteticas para a formaccedilatildeo continuada

de professores que visem agrave melhoria da qualidade de aprendizagem de

todos os componentes curriculares nos anosseacuteries finais do ensino

fundamental incluindo professores da educaccedilatildeo de jovens e adultos

(EJA)

4 Existecircncia e implementaccedilatildeo de poliacuteticas para a formaccedilatildeo continuada

de professores que visem ao desenvolvimento de praacuteticas educacionais

inclusivas na classe comum em todas as etapas e modalidades Aacuterea 3 Formaccedilatildeo de

professores da

Educaccedilatildeo Baacutesica para

atuaccedilatildeo em educaccedilatildeo

especial escolas do

campo comunidades

quilombolas ou

indiacutegenas

1 Formaccedilatildeo dos professores da educaccedilatildeo baacutesica que atuam no

atendimento educacional especializado (AEE)

2 Formaccedilatildeo dos professores que atuam em escolas do campo

3 Formaccedilatildeo dos professores que atuam em escolas de comunidades

quilombolas

4 Qualificaccedilatildeo dos professores que atuam em escolas de comunidades

indiacutegenas

Aacuterea 4 Formaccedilatildeo de

professores da

educaccedilatildeo baacutesica para

cumprimento das Leis

979599 1063903

1152507 e 1164508

1 Existecircncia e implementaccedilatildeo de poliacuteticas para a formaccedilatildeo de

professores visando ao cumprimento das Leis 979599 1063903

1152507 e 1164508

Aacuterea 5 Formaccedilatildeo de

Profissionais da

Educaccedilatildeo e Outros

Representantes da

Comunidade Escolar

1 Participaccedilatildeo dos gestores de unidades escolares em programas de

formaccedilatildeo especiacutefica

2 Existecircncia e implementaccedilatildeo de poliacuteticas para formaccedilatildeo continuada

das equipes pedagoacutegicas

3 Participaccedilatildeo de gestores equipes pedagoacutegicas profissionais de

serviccedilos e apoio escolar em programas de formaccedilatildeo para a educaccedilatildeo

inclusiva

197

4 Participaccedilatildeo dos profissionais de serviccedilo e apoio escolar e de outros

representantes da comunidade escolar em programas de formaccedilatildeo

especiacutefica

Total de aacutereas 05 17 indicadores

Dimensatildeo 3 ndash Praacuteticas Pedagoacutegicas e Avaliaccedilatildeo

Aacuterea 1 Organizaccedilatildeo da

Rede de Ensino

1 Implantaccedilatildeo e organizaccedilatildeo do ensino fundamental de 9 anos

2 Implantaccedilatildeo e organizaccedilatildeo do ensino obrigatoacuterio dos 4 aos 17 anos

3 Existecircncia de poliacutetica de educaccedilatildeo em tempo integral atividades que

ampliam a jornada escolar do estudante para no miacutenimo sete horas

diaacuterias nos cinco dias por semana

4 Poliacutetica de correccedilatildeo de fluxo

5 Existecircncia de accedilotildees para a superaccedilatildeo do abandono e da evasatildeo escolar

6 Atendimento agrave demanda de educaccedilatildeo de jovens e adultos (EJA)

7 Oferta do atendimento educacional especializado (AEE)

complementar ou suplementar agrave escolarizaccedilatildeo

Aacuterea 2 Organizaccedilatildeo das

praacuteticas pedagoacutegicas

1 Existecircncia de proposta curricular para a rede de ensino

2 Processo de escolha do livro didaacutetico

3 Existecircnciaadoccedilatildeo de metodologias especiacuteficas para a alfabetizaccedilatildeo

4 Existecircncia de programas de incentivo agrave leitura para o professor e o

aluno incluindo a educaccedilatildeo de jovens e adultos (EJA)

5 Estiacutemulo agraves praacuteticas pedagoacutegicas fora do espaccedilo escolar com

ampliaccedilatildeo das oportunidades de aprendizagem

6 Reuniotildees pedagoacutegicas e horaacuterios de trabalhos pedagoacutegicos para

discussatildeo dos conteuacutedos e metodologias de ensino

Aacuterea 3 Avaliaccedilatildeo da

Aprendizagem dos

Alunos e Tempo para

Assistecircncia

IndividualColetiva aos

Alunos que Apresentam

Dificuldade de

Aprendizagem

1 Formas de avaliaccedilatildeo da aprendizagem dos alunos

2 Utilizaccedilatildeo do tempo para assistecircncia individual coletiva aos alunos

que apresentam dificuldade de aprendizagem

Total de aacutereas 03 15 indicadores

Dimensatildeo 4 ndash Infraestrutura Fiacutesica e Recursos Pedagoacutegicos

Aacuterea 1 Instalaccedilotildees

fiacutesicas da secretaria

municipal de educaccedilatildeo

1 Condiccedilotildees da infraestrutura fiacutesica existente da secretaria municipal de

educaccedilatildeo

2 Condiccedilotildees de mobiliaacuterio e equipamentos da secretaria municipal de

educaccedilatildeo

Aacuterea 2 Condiccedilotildees da

rede fiacutesica escolar

existente

1 Biblioteca instalaccedilotildees e espaccedilo fiacutesico

2 Acessibilidade arquitetocircnica nos ambientes escolares

3 Infraestrutura fiacutesica existente condiccedilotildees das unidades escolares que

ofertam a educaccedilatildeo infantil na aacuterea urbana

4 Infraestrutura fiacutesica existente condiccedilotildees das unidades escolares que

ofertam a educaccedilatildeo infantil no campo comunidades indiacutegenas eou

quilombolas

5 Infraestrutura fiacutesica existente condiccedilotildees das unidades escolares que

ofertam o ensino fundamental na aacuterea urbana

198

6 Infraestrutura fiacutesica existente condiccedilotildees das unidades escolares que

ofertam o ensino fundamental no campo comunidades indiacutegenas eou

quilombolas

7 Necessidade de novos preacutedios escolares existecircncia de preacutedios

escolares para atendimento agrave demanda da educaccedilatildeo infantil na aacuterea

urbana

8 Necessidade de novos preacutedios escolares existecircncia de preacutedios

escolares para atendimento agrave demanda da educaccedilatildeo infantil no campo

comunidades indiacutegenas eou quilombolas

9 Necessidade de novos preacutedios escolares existecircncia de preacutedios

escolares para atendimento agrave demanda do ensino fundamental na aacuterea

urbana

10 Necessidade de novos preacutedios escolares existecircncia de preacutedios

escolares para atendimento agrave demanda do ensino fundamental no campo

comunidades indiacutegenas eou quilombolas

11 Condiccedilotildees de mobiliaacuterio e equipamentos escolares quantidade

qualidade e acessibilidade

12 Existecircncia de transporte escolar para alunos da rede atendimento agrave

demanda agraves condiccedilotildees de qualidade e de acessibilidade

Aacuterea 3 Uso de

Tecnologias

1 Existecircncia e funcionalidade dos laboratoacuterios de Ciecircncias e de

Informaacutetica nas escolas de ensino fundamental

2 Existecircncia de computadores ligados agrave rede mundial de computadores

e utilizaccedilatildeo de recursos de Informaacutetica para atualizaccedilatildeo de conteuacutedos e

realizaccedilatildeo de pesquisas

3 Existecircncia de sala de recursos multifuncionais e utilizaccedilatildeo para o

atendimento educacional especializado (AEE)

4 Utilizaccedilatildeo de processos ferramentas e materiais de natureza

pedagoacutegica preacute-qualificados pelo MEC

Aacuterea 4 Recursos

pedagoacutegicos para o

desenvolvimento de

praacuteticas pedagoacutegicas que

considerem a

diversidade das

demandas educacionais

1 Existecircncia suficiecircncia diversidade e acessibilidade do acervo

bibliograacutefico (de referecircncia e literatura)

2 Existecircncia suficiecircncia diversidade e acessibilidade de materiais

pedagoacutegicos

3 Suficiecircncia diversidade e acessibilidade dos equipamentos e

materiais esportivos

4 Produccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de materiais didaacuteticos para a educaccedilatildeo de jovens

e adultos (EJA) e para a diversidade Total de aacutereas 04 22 indicadores

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA …ppged.propesp.ufpa.br/arquivos2/File/heryka.pdf · 2017. 3. 21. · universidade federal do parÁ instituto de ciÊncias

Dados Internacionais de Catalogaccedilatildeo-na-Publicaccedilatildeo (CIP)

Sistema de Bibliotecas da UFPA

Nogueira Heryka Cruz 1979-

O Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) e suas implicaccedilotildees para a

gestatildeo da educacatildeo na rede municipal de educaccedilatildeo de SantanaAP

Heryka Cruz Nogueira - 2016

Orientadora Dalva Valente Guimaratildees Gutierres Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Universidade Federal do Paraacute

Instituto de Ciecircncias da Educaccedilatildeo Programa de Poacutes-

Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Beleacutem 2016

1 Escolas - Organizaccedilatildeo e administraccedilatildeo - Santana (AP) 2

Escolas municipais - Avaliaccedilatildeo

- Santana (AP) 3 Educaccedilatildeo e Estado I Tiacutetulo

CDD 22 ed 3712098116

HERYKA CRUZ NOGUEIRA

O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS (PAR) E SUAS IMPLICACcedilOtildeES PARA A

GESTAtildeO DA EDUCACcedilAtildeO NA REDE MUNICIPAL DE EDUCACcedilAtildeO DE

SANTANAAP

Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em

Educaccedilatildeo da Universidade Federal do Paraacute ndash UFPA como

requisito para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Educaccedilatildeo

Orientadora Profa Dra Dalva Valente Guimaratildees Gutierres

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________

Profa Dra Dalva Valente Guimaratildees Gutierres

Universidade Federal do Paraacute - UFPA

(Orientadora)

_______________________________________________

Profa Dra Vera Luacutecia Jacob Chaves

Universidade Federal do Paraacute - UFPA

(Examinador Interno)

_______________________________________________

Profa Dra Luciane Terra dos Santos Garcia

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

(Examinador Externo)

_______________________________________________

Profa Dra Arlete Maria Monte Camargo

Universidade Federal do Paraacute - UFPA

(Examinador Interno - Suplente)

______________________________________________

Profa Dra Magna Franccedila

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

(Examinador Externo - Suplente)

Dissertaccedilatildeo aprovada em 24 de Junho de 2016

BELEacuteM-PA

2016

O capitalismo eacute ndash em sua anaacutelise final ndash incompatiacutevel com a

democracia se por ldquodemocraciardquo entendemos tal como o indica sua

significaccedilatildeo literal o poder popular ou o governo do povo Natildeo existe

um capitalismo governado pelo poder popular no qual o desejo das

pessoas seja privilegiado ao dos imperativos do ganho e da

acumulaccedilatildeo e no qual os requisitos da maximizaccedilatildeo do benefiacutecio natildeo

ditem as condiccedilotildees mais baacutesicas de vida O capitalismo eacute

estruturalmente antiteacutetico em relaccedilatildeo agrave democracia (WOOD 2006 p

382)

AGRADECIMENTOS

Agrave DEUS que me concede o dom da vida e estaacute sempre guiando os meus passos

iluminando os meus caminhos e tramando a minha existecircncia

Agrave minha famiacutelia pelo amor muacutetuo e incondicional aqui me refiro ao meu pai

LAEcircNIO NOGUEIRA exemplo de homem dedicado inteligente esforccedilado e de grande

coraccedilatildeo um ser humano espetacular A minha matildee SOCORRO CRUZ pela dedicaccedilatildeo e

incentivo mesmo sabendo que o caminho que escolhi natildeo seria faacutecil Aos meus irmatildeos LAENIO

JUacuteNIOR e BRUNO NOGUEIRA pelo carinho

Destaco aqui um agradecimento especial a minha orientadora a Dra DALVA

VALENTE GUIMARAtildeES GUTIERRES pela acolhida pelo carinho pela rigorosidade teoacuterica

e pelas valiosiacutessimas contribuiccedilotildees que dispensou a esse trabalho

A Profa Dra VERA LUacuteCIA JACOB CHAVES pelas contribuiccedilotildees decisivas na

banca de qualificaccedilatildeo e de defesa desta dissertaccedilatildeo Suas orientaccedilotildees materializadas em elogios

e criacuteticas foram fundamentais para a finalizaccedilatildeo deste estudo

A Profa Dra ODETE CRUZ MENDES pelo compartilhamento de experiecircncias no

estudo sobre a gestatildeo educacional as suas observaccedilotildees muito contribuiacuteram para a maturaccedilatildeo

da temaacutetica

A Profa Profa Dra LUCIANE TERRA DOS SANTOS GARCIA da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte por ter aceitado o convite de participar da banca de defesa e

pelas valiosas contribuiccedilotildees

A todos os MEUS PROFESSORES do Instituto de Ciecircncias da Educaccedilatildeo

vinculados ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da UFPA que com seus valiosos

ensinamentos de alguma forma contribuiacuteram para a construccedilatildeo desse trabalho

A UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute por oportunizar cursos de poacutes-

graduaccedilatildeo Stricto Sensu e contribuir para a melhoria da educaccedilatildeo no Norte do paiacutes

Aos meus COLEGAS DA TURMA DO MESTRADO 2014 os quais

compartilhamos anguacutestias incertezas duacutevidas mas tambeacutem alegrias

A Profa Dra ILMA BARLETA da UNIFAP pela troca de experiecircncias sobre a

Gestatildeo Educacional no PAR

Aos companheiros do GEPESUFPA e do GEFINUFPA por todo aprendizado que

compartilhamos nesse dois anos

Um agradecimento especial aos servidores da SECRETARIA MUNICIPAL DE

EDUCACcedilAtildeO DE SANTANAAP e aos Conselheiros que fazem a Educaccedilatildeo do municiacutepio de

Santana e que compreendem a importacircncia das possiacuteveis contribuiccedilotildees para o municiacutepio de um

estudo aprofundado sobre a gestatildeo educacional os meus agradecimentos

A DEISIANNE CASTRO pela companhia e que junto comigo viveu a expectativa

dessa conquista

A MARINEIDE ALMEIDA e JOSINETE ALMEIDA pelas conversas pela troca

de experiecircncias e por me ceder estadia sem essa ajuda natildeo seria possiacutevel concluir o mestrado

na cidade de Beleacutem do Paraacute

Por fim agradeccedilo a todos que de alguma forma contribuiacuteram direta ou

indiretamente para o longo doloroso e excitante processo de elaboraccedilatildeo deste texto

RESUMO

Este estudo analisa o Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) e as suas implicaccedilotildees para a gestatildeo educacional

na rede municipal de SantanaAP na perspectiva de analisar seus efeitos na democratizaccedilatildeo da gestatildeo

com ecircnfase nas diferentes concepccedilotildees de gestatildeo utilizadas em acircmbito educacional municipal tendo

como paracircmetro a organizaccedilatildeo da educaccedilatildeo atual em um contexto permeado de mudanccedilas na estrutura

administrativa do paiacutes originadas a partir do Plano de Reforma do Estado Brasileiro nos anos de 1990

que propotildee accedilotildees de organizaccedilatildeo do Estado e de gestatildeo gerencial voltadas para atender os anseios de

uma sociedade capitalista Partiu-se do pressuposto de que a gestatildeo democraacutetica da educaccedilatildeo natildeo pode

ser vista em abstrato e portanto no sistema capitalista a participaccedilatildeo a descentralizaccedilatildeo e a autonomia

que satildeo elementos constitutivos da democracia ganham nuances contraditoacuterias Como metodologia

utilizou-se a anaacutelise documental e entrevistas semiestruturadas com a equipe gestora da rede municipal

de educaccedilatildeo de Santana ndash Amapaacute a Equipe Teacutecnica Local de elaboraccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas

(PAR) integrantes do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar do

Conselho Escolar do Conselho do FUNDEB e diretor escolar A intenccedilatildeo foi analisar a Dimensatildeo

Gestatildeo Educacional do PAR focalizando a Aacuterea ldquoGestatildeo democraacuteticardquo a partir de seis Indicadores

Existecircncia de Conselhos Escolares Existecircncia composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho Municipal de

Educaccedilatildeo Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do

Conselho do Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos

Profissionais da Educaccedilatildeo Criteacuterios para escolha da Direccedilatildeo Escolar e Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc

Local do Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo Os resultados obtidos evidenciou a histoacuterica fragilidade

da democratizaccedilatildeo da gestatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana pois os mecanismos que poderiam

viabilizar a participaccedilatildeo a descentralizaccedilatildeo e a autonomia que satildeo os conselhos municipais de controle

social tem funcionado precariamente Os criteacuterios de escolha de diretores excluem as formas

democraacuteticas de participaccedilatildeo da comunidade escolar como a eleiccedilatildeo e favorecem as praacuteticas

centralizadoras de nomeaccedilatildeo A gestatildeo dos recursos financeiros da educaccedilatildeo eacute centralizada na prefeitura

municipal dificultando a participaccedilatildeo da populaccedilatildeo no controle social Com o PAR houve expansatildeo do

nuacutemero de Conselhos escolares o que pode potencializar a participaccedilatildeo dos sujeitos no controle social

dos recursos e outras formas de descentralizaccedilatildeo das decisotildees Isso a depender da correlaccedilatildeo de forccedilas

locais historicamente permeada por formas patrimonialistas de gestatildeo que com o PAR ganharam

nuances de gerencialismo

PALAVRAS-CHAVE Gestatildeo Educacional Plano de Accedilotildees Articuladas Poliacutetica Educacional Rede

Municipal de Ensino de Santana - Amapaacute

ABSTRACT

This study analyses the Articulated Plan of Actions (PAR) and its implications for the educational

management in the municipal network of Santana in the State of Amapaacute with a view to analyze its

effects in the democratization of the management emphasizing the different conceptions of the

management used in the sphere of municipal education having as baseline the organization of the

current education in a context permeated of changes in the administrative structure of the country

originated from the Reform Plan of the Brazilian State in the years of 1990 that propose actions of

organization of the State and of management oriented to serve the expectations of a capitalist society

It is assumed that the democratic management of the education cannot be sight in an abstract way and

therefore in the capitalist system the participation the decentralization and the autonomy that are

constitutive elements of the democracy they get contradictory nuances It was used as methodology the

documental analyze and the semi structured interview with the team manager of the municipal network

of the education in Santana ndash Amapaacute ndash the technical local Team of elaboration of the Articulated Plan

of Actions (PAR) the participating of the Municipal Council of Education the School Council the Fund

for Maintenance and Development of Basic School and Valorization of Professionals (FUNDEB) and

School Director The purpose was to analyze the Dimension School Management of PAR focusing at

the area ldquoDemocratic Managementrdquo from six indicators existence of schools councils existence

composition and operation of the Municipal Education Council composition and operation of the

School Meals Council composition and operation of the Fund for Maintenance and Development of

Basic School and Valorization of Professionals criteria for the choice of the school director and the

existence and operation of the local committee of the All for Education Commitment The results

obtained put in evidence the historic fragility of the democratization of the education management in

Santana City because the mechanism that could permit the participation the decentralization and the

autonomy that are the municipal education councils they have been worked precariously The criteria

of choice of the directors exclude the democratic manners of participation of the school community as

the election for example and they promote the centralized practices of appointment The management

of the financial resources of the education is centralized at the municipal government turning the

participation of the population in the social control more and more difficult There was expansion of the

number of school councils which can ramp up the participation of individuals in the social control of

the resources and other ways of decentralization of the decisions It depends of the correlation of local

forces historically permeated for patrimonial manners of management that get with PAR a

manageralism nuance

KEY-WORDS Educational Management Articulated Plan of Actions Educational Policy Municipal

Network Learning of Santana ndash Amapaacute

LISTA DE QUADROS

Quadro 01 - Sujeitos da pesquisa 30

Quadro 02 - Funccedilotildees e objetivos do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo 63

Quadro 03 - Composiccedilatildeo do FUNDEB por esfera administrativa 72

Quadro 04 - Eixos de Accedilatildeo do Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo 82

Quadro 05 - Descriccedilatildeo das atribuiccedilotildees do MEC e do Municiacutepio na execuccedilatildeo do PAR municipal

92

Quadro 06 - Descriccedilatildeo dos documentos orientadores para elaboraccedilatildeo do PAR 95

Quadro 07 - Dimensatildeo 1 Gestatildeo Educacional (1ordf Versatildeo do PAR) 97

Quadro 08 - Dimensatildeo 1 Gestatildeo Educacional (2ordf Versatildeo do PAR) 98

Quadro 09 - Santana Secretaacuterios Municipais de Educaccedilatildeo (2005 ndash 2015) 98

Quadro 10 - Pontuaccedilatildeo dos Indicadores da gestatildeo democraacutetica do 1ordm e 2ordm PAR 140

Quadro 11 - Santana Diagnoacutestico do indicador do Conselho Escolar 142

Quadro 12 - Santana Receitas do PDDE por programa para as escolas da rede municipal

(2007 ndash 2014) 145

Quadro 13 - Santana Diagnoacutestico do indicador Conselho Municipal de Educaccedilatildeo 148

Quadro 14 - Santana Composiccedilatildeo do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo 150

Quadro 15 - Santana Diagnoacutestico do indicador do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar 151

Quadro 16 - Santana Diagnoacutestico do indicador do Conselho do Conselho do FUNDEB 154

Quadro 17 - Santana Composiccedilatildeo do CACS e FUNDEB 155

Quadro 18 - Santana Diagnoacutestico do Indicador Criteacuterios para a Escolha de Diretores 157

Quadro 19 - Santana Diagnoacutestico do indicador Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do

Compromisso 158

Quadro 20 - Santana Composiccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromisso 159

LISTA DE TABELAS

Tabela 01 - Produccedilatildeo escrita sobre o Plano de Accedilotildees Articuladas de 2009 a 2015 22

Tabela 02 - Nordm de Publicaccedilotildees sobre o Plano de Accedilotildees Articuladas por temaacutetica e fonte no

periacuteodo 2009 a 2015 22

Tabela 03 - Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica no Brasil (2005 a 2013) 89

Tabela 04 - Quantidade de Indicadores Aacuterea e Dimensotildees no 1ordm PAR (2007 - 2010) 91

Tabela 05 - Quantidade de Indicadores Aacuterea e Dimensotildees no 2ordm PAR (2011 - 2014) 92

Tabela 06 - Santana IDHM e seus componentes nas suas duas uacuteltimas deacutecadas 111

Tabela 07 - Dados gerais em relaccedilatildeo aos municiacutepios do estado do Amapaacute 111

Tabela 08 - Santana Matriacuteculas na educaccedilatildeo baacutesica por esfera administrativa 121

Tabela 09 - Santana IDEB do ensino fundamental (anos iniciais) em relaccedilatildeo ao estado

do Amapaacute e ao Brasil (2005 ndash 2013) 122

Tabela 10 - Santana Receitas de Impostos Proacuteprios 124

Tabela 11 - Santana Receitas do FUNDEB (2007 ndash 2014) 125

Tabela 12 - Santana Receitas do Salaacuterio Educaccedilatildeo e dos Programas do FNDE 129

Tabela 13 - Santana Receitas decorrentes do PAR (2009 ndash 2014) 129

Tabela 14 - Santana Despesas com a Funccedilatildeo Educaccedilatildeo (2007 ndash 2014) 133

Tabela 15 - Santana Miacutenimo de Aplicaccedilatildeo em MDE (2007 ndash 2014) 133

Tabela 16 - Santana Miacutenimo de Aplicaccedilatildeo do FUNDEB em remuneraccedilatildeo de professores134

Tabela 17 - Santana Siacutentese das pontuaccedilotildees das Dimensotildees do 1ordm PAR 138

Tabela 18 - Santana Siacutentese das pontuaccedilotildees das Dimensotildees do 2ordm PAR 139

Tabela 19 - Santana Total de Recursos do PDDE recebidos pelas Caixas Escolares da

Rede municipal no periacuteodo de 2007-2014 147

LISTA DE FIGURAS E GRAacuteFICOS

Figura 01 - Vista do municiacutepio de Santana-Amapaacute 102

Figura 02 - Monumento em homenagem a Santa Ana na entrada do municiacutepio 104

Figura 03 - Localizaccedilatildeo do municiacutepio de Santana no Estado do Amapaacute 105

Figura 04 - Localizaccedilatildeo Estrateacutegica do Porto de Santana para exportaccedilatildeo para outros paiacuteses

105

Figura 05 - Porto de Santana para importaccedilatildeo e exportaccedilatildeo 108

Figura 06 - Ferrovia que liga Santana a Serra do Navio para o transporte de mineacuterios 109

Figura 07 - Foto da sede da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de Santana 115

Figura 08 - Estrutura organizacional dos oacutergatildeos da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo (SEME)

116

Graacutefico 01 - Santana Nordm de escolas da rede municipal de ensino 2007-2014 119

Graacutefico 02 - Santana Nuacutemero de docentes atuando na rede municipal de ensino 2007-2014

120

Graacutefico 03 - SANTANA Receitas da Educaccedilatildeo em relaccedilatildeo as despesas com a funccedilatildeo educaccedilatildeo

- 2009 131

Graacutefico 04 - SANTANA Receitas da Educaccedilatildeo em relaccedilatildeo as despesas com a funccedilatildeo educaccedilatildeo

ndash 2013 132

Graacutefico 05 - Total de repasses do PDDE para as escolas da rede municipal 2007 ndash 2014 146

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ALCMS - Aacuterea de Livre Comeacutercio de Macapaacute e Santana

ANDES ndash Sindicato Nacional dos Docentes das Instituiccedilotildees de Ensino Superior

ANPAE - Associaccedilatildeo Nacional de Poliacutetica e Administraccedilatildeo da Educaccedilatildeo

ANPED - Associaccedilatildeo Nacional de Poacutes-Graduaccedilatildeo e Pesquisa em Educaccedilatildeo

AP - Amapaacute

BIRD - Banco Interamericano de Desenvolvimento

BM - Banco Mundial

CAE - Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar

CBE - Conferecircncia Brasileira de Educaccedilatildeo

CE - Conselho Escolar

CF - Constituiccedilatildeo Federal do Brasil

CME - Conselho Municipal de Educaccedilatildeo

CNE - Conselho Nacional de Educaccedilatildeo

CONSU - Conselho Superior Universitaacuterio

EEXs - Entidades Executoras

EF - Ensino Fundamental

EI - Educaccedilatildeo Infantil

ENADE - Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes

ENEM - Exame Nacional do Ensino Meacutedio

FHC - Fernando Henrique Cardoso

FMI - Fundo Monetaacuterio Internacional

FNDE - Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo

FNDEP - Foacuterum Nacional em Defesa da Escola Puacuteblica na LDB

FPM ndash Fundo de Participaccedilatildeo dos Municiacutepios

FUNDEB - Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo

dos Profissionais da Educaccedilatildeo

FUNDEF - Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorizaccedilatildeo

do Magisteacuterio

GEFIN - Grupo de Estudos em Financiamento da Educaccedilatildeo

GEPES - Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Ensino Superior

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

ICMS - Imposto sobre Circulaccedilatildeo de Mercadorias e Serviccedilos

ICOMI - Induacutestria e Comeacutercio de Mineacuterios

IDEB - Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica

IDH - Iacutendice de Desenvolvimento Humano

INEP - Iacutendice Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira

LDBN - Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional

LOM - Lei Orgacircnica do Municiacutepio

LRF - Lei de Responsabilidade Fiscal

MARE - Ministeacuterio da Administraccedilatildeo e Reforma do Estado

MEC - Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

OBEDUC - Programa Observatoacuterio da Educaccedilatildeo

OCDE - Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo e o Desenvolvimento Econocircmico

ONG - Organizaccedilatildeo Natildeo-Governamental

PBA - Programa Brasil Alfabetizado

PAC - Plano de Aceleraccedilatildeo do Crescimento

PAR - Plano de Accedilotildees Articuladas

PCEMS - Plano de Carreiras da Educaccedilatildeo do Municiacutepio de Santana

PCNs - Paracircmetros Curriculares Nacionais

PDE - Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo

PDRAE - Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado

PDDE - Programa Dinheiro Direto na Escola

PIB - Produto Interno Bruto

PME - Plano Municipal da Educaccedilatildeo

PMS ndash Prefeitura Municipal de Santana

PMCTE - Plano de Metas Compromisso Todos Pela Educaccedilatildeo

PNAE - Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar

PNATE - Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar

PNE - Plano Nacional da Educaccedilatildeo

PNUD - Programa das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento

PSE - Programa Nacional de Sauacutede Escolar

SAEB - Sistema Nacional de Educaccedilatildeo Baacutesica

SECADI - Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo Diversidade e Inclusatildeo

SEME - Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de Santana

SFCI - Secretaria Federal de Controle Interno

SINDUEAP - Sindicato dos Docentes da Universidade do Estado do Amapaacute

SIMEC - Sistema Integrado de Monitoramento Execuccedilatildeo e Controle

SIOPE - Sistema de Informaccedilotildees sobre Orccedilamentos Puacuteblicos em Educaccedilatildeo

SUFRAMA - Superintendecircncia da Zona Franca de Manaus

TPE - Todos Pela Educaccedilatildeo

TCU - Tribunal de Contas da uniatildeo

UEXs - Unidades Executoras

UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte

UFU - Universidade Federal de Uberlacircndia

UEAP - Universidade do Estado do Amapaacute

UNDIME - Uniatildeo Nacional dos Dirigentes Municipais em Educaccedilatildeo

UNCME - Uniatildeo Nacional dos Conselhos Municipais de Educaccedilatildeo

UNESCO - Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a Educaccedilatildeo a Ciecircncia e a Cultura

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 16

11 A POLIacuteTICA DE GESTAtildeO DA EDUCACcedilAtildeO NO BRASIL 33

11 O CAPITALISMO E CRISE 33

12 A REFORMA DO ESTADO BRASILEIRO E SUAS IMPLICACcedilOtildeES PARA A GESTAtildeO

DA EDUCACcedilAtildeO 41

121 As poliacuteticas educacionais no Brasil e a gestatildeo da educaccedilatildeo 46

13 DESCENTRALIZACcedilAtildeO AUTONOMIA E PARTICIPACcedilAtildeO MECANISMOS DE

DEMOCRATIZACcedilAtildeO DAS ESTRUTURAS DE PODER 51

131 Descentralizaccedilatildeo 51

132 Autonomia 54

133 Participaccedilatildeo 56

14 OS CONSELHOS DE CONTROLE SOCIAL COMO MECANISMOS DE

DEMOCRATIZACcedilAtildeO DA GESTAtildeO EDUCACIONAL 58

141 O Conselho Municipal de Educaccedilatildeo 61

142 O Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar 63

143 Os Conselhos Escolares 67

144 O Conselho de Acompanhamento e Controle Social do FUNDEB 70

15 OS CRITEacuteRIOS PARA A ESCOLHA DE DIRETOR ESCOLAR 74

2 A GESTAtildeO EDUCACIONAL NO CONTEXTO DO PLANO DE

DESENVOLVIMENTO DA EDUCACcedilAtildeO (PDE) DO PLANO DE METAS

COMPROMISSO TODOS PELA EDUCACcedilAtildeO E DO PLANO DE ACcedilOtildeES

ARTICULADAS 79

21 A GESTAtildeO EDUCACIONAL E O PLANO DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCACcedilAtildeO

(PDE) 79

22 A GESTAtildeO EDUCACIONAL E O PLANO DE METAS COMPROMISSO TODOS PELA

EDUCACcedilAtildeO (PMCTE) 84

23 A GESTAtildeO EDUCACIONAL E O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS (PAR) 91

231 A dimensatildeo Gestatildeo Democraacutetica no Plano de Accedilotildees Articuladas 97

3 A GESTAtildeO EDUCACIONAL NO CONTEXTO DO PLANO DE ACcedilOtildeES

ARTICULADAS NO MUNICIacutePIO DE SANTANA - AMAPAacute 102

31 O CONTEXTO HISTOacuteRICO DO MUNICIacutePIO DE SANTANA 102

311 Santana cidade portuaacuteria do Amapaacute 103

312 Santana Localizaccedilatildeo e condiccedilotildees geograacuteficas 105

313 A exportaccedilatildeo de mineacuterios da Amazocircnia Amapaense 106

314 Santana Aspectos gerais 110

32 A POLIacuteTICA EDUCACIONAL NO MUNICIacutePIO DE SANTANA-AMAPAacute 112

321 Estrutura organizacional do Sistema Municipal de Educaccedilatildeo de Santana 114

322 A educaccedilatildeo municipal em nuacutemeros 119

323 O financiamento da educaccedilatildeo na rede municipal de educaccedilatildeo de Santana 123

33 O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS E A DIMENSAtildeO GESTAtildeO DA EDUCACcedilAtildeO NA

REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE SANTANA - AMAPAacute (2007 ndash 2014) 134

34 OS INDICADORES DE GESTAtildeO DEMOCRAacuteTICA DO PAR DA REDE MUNICIPAL

DE SANTANA - AMAPAacute (2007-2014) 140

341 Existecircncia composiccedilatildeo e funcionamento dos Conselhos Escolares (CE) 141

342 Existecircncia composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (CME) 148

343 Conselho Municipal de Alimentaccedilatildeo Escolar (CAE) 151

344 Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de Controle Social do FUNDEB 153

345 Criteacuterios para a escolha de Diretores escolares do municiacutepio de Santana 156

346 Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromisso 158

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 160

REFEREcircNCIAS 167

APEcircNDICES 177

ANEXOS 189

16

INTRODUCcedilAtildeO

A ORIGEM DO ESTUDO

O presente estudo visa a identificar as implicaccedilotildees do Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR)

para a gestatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana no Estado do Amapaacute A escolha do tema

da pesquisa sobre a gestatildeo da educaccedilatildeo tem relaccedilatildeo com algumas experiecircncias da minha vida

profissional nas escolas puacuteblicas e privadas como professora coordenadora e gestora em

escolas do ensino fundamental onde tive a oportunidade de aprender com os desafios impostos

a cada funccedilatildeo Durante o periacuteodo de 2000 a 2010 atuei na educaccedilatildeo baacutesica e nos anos de 2010

e 2011 fui convidada a participar da elaboraccedilatildeo de projetos educacionais na Secretaria de

Educaccedilatildeo do Estado relacionados ao Plano de Desenvolvimento da EducaccedilatildeoPlano de Metas

Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo onde assessorei pedagogicamente e elaborei projetos para

a rede estadual de ensino do Amapaacute participando inclusive das reuniotildees para a construccedilatildeo do

PAR

A participaccedilatildeo no Sindicato dos Docentes da Universidade do Estado do Amapaacute

(SINDUEAP)Associaccedilatildeo Nacional dos Docentes do Ensino Superior (ANDES) como parte

da diretoria no periacuteodo de 2012 a 2015 e representante sindical no Conselho Superior

Universitaacuterio (CONSU-UEAP) oportunizou-me a discussatildeo das poliacuteticas educacionais

decorrentes da redefiniccedilatildeo do papel do Estado especialmente aquelas relacionadas agrave gestatildeo da

educaccedilatildeo Os eventos1 dos quais participei agrave eacutepoca debatiam a gestatildeo da educaccedilatildeo e a

necessidade emergente de compreendermos a poliacutetica educacional no plano nacional e os

desafios impostos pelos organismos internacionais no paiacutes Os debates e as discussotildees tanto no

SINDUEAPANDES quanto no CONSU-UEAP foram de muita importacircncia para minha

formaccedilatildeo poliacutetica momentos em que pude vivenciar o exerciacutecio da participaccedilatildeo e da

democracia

Ao ingressar no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da Universidade Federal do

Paraacute (UFPA) em 2014 no curso de Mestrado propus um projeto para investigar a concepccedilatildeo

1Foacuterum das Licenciaturas (AP) nos anos de 2013 2014 e 2015 o Congresso Estadual de Educaccedilatildeo (AP) em 2013

as Conferecircncias Municipais de Educaccedilatildeo em 2013 e 2014 a Conferecircncia Estadual de Educaccedilatildeo (AP) em 2014 e

2015 Seminaacuterio da Uniatildeo Nacional dos Dirigentes Municipais de Educaccedilatildeo ndash UNDIME (AP) Aleacutem disso venho

participando de outros eventos relacionados ao tema como o Simpoacutesio Nacional de Poliacutetica e Administraccedilatildeo da

Educaccedilatildeo (ANPAE) em (PE) 2015 XII Seminaacuterio Nacional de Poliacuteticas Educacionais e Curriacuteculo (PA) em 2014

I Seminaacuterio Internacional de Poliacuteticas Puacuteblicas Educacionais Cultura e Formaccedilatildeo de Professores (PA) em 2015

I Congresso Internacional de Educaccedilatildeo do Amapaacute (AP)

17

da poliacutetica educacional proposta no Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo e como

se deu a elaboraccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas pelos municiacutepios de BarcarenaPA e

SantanaAP Nesse periacuteodo tive contato com o Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Ensino

Superior (GEPES) da UFPA que jaacute desenvolvia uma pesquisa nacional em rede com a

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e a Universidade Federal de Uberlacircndia

(UFU) vinculada ao Programa Observatoacuterio da Educaccedilatildeo (OBEDUC) e intitulada ldquoAvaliaccedilatildeo

do Plano de Accedilotildees Articuladas um estudo nos municiacutepios do Rio Grande do Norte Paraacute e

Minas Gerais no periacuteodo de 2007 a 2012rdquo A partir de entatildeo passei a integrar o GEPES e a

participar das reuniotildees dos estudos e das pesquisas sobre o PAR as quais foram fundamentais

na definiccedilatildeo da metodologia utilizadas nesse trabalho Com a evoluccedilatildeo das orientaccedilotildees e do

processo de pesquisa constatamos as dificuldades de realizar a pesquisa em dois municiacutepios de

estados diferentes E assim definimos a escolha somente pelo municiacutepio de SantanaAP por se

localizar na regiatildeo em que resido e trabalho o que tenderia a facilitar o acesso agraves informaccedilotildees

durante a pesquisa

PROBLEMA E PROBLEMAacuteTICA

A poliacutetica de gestatildeo da educaccedilatildeo no Brasil proposta no governo Fernando Henrique

Cardoso (1995-2002) reforccedilou o discurso de vincular o investimento em educaccedilatildeo ao

crescimento econocircmico a partir de um novo papel para a escola e um novo padratildeo de gestatildeo

educacional que se adequasse agraves exigecircncias internacionais da loacutegica do mercado (CAMINI

2013 SAVIANI 2009) Dando continuidade a esse modelo de gestatildeo da educaccedilatildeo o governo

Lula (2003-2010) lanccedilou o Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo (PMCTE) por

meio do Decreto nordm 6094 de 24 de abril de 2007 como programa estrateacutegico do Plano de

Desenvolvimento da Educaccedilatildeo (PDE)2

Nos documentos oficiais o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (MEC) apresentou o PMCTE em

que afirmou que o novo Plano vem atender a uma conjugaccedilatildeo de esforccedilos atraveacutes da ldquoadesatildeo

voluntaacuteriardquo dos estados Distrito Federal e municiacutepios que em regime de colaboraccedilatildeo

2O PDE na concepccedilatildeo do MEC pretende dar uma visatildeo sistecircmica de educaccedilatildeo articulando o desenvolvimento da

educaccedilatildeo ao desenvolvimento econocircmico e social do paiacutes Para isso o PDE desenvolve mecanismos objetivos de

avaliaccedilatildeo que permite assegurar ao mesmo tempo a responsabilizaccedilatildeo e a mobilizaccedilatildeo social em busca da

qualidade da educaccedilatildeo baacutesica Segundo o documento do MEC ldquoo PDE estaacute sustentado em seis pilares i) visatildeo

sistecircmica da educaccedilatildeo ii) territorialidade iii) desenvolvimento iv) regime de colaboraccedilatildeo v) responsabilizaccedilatildeo

vi) mobilizaccedilatildeo socialrdquo (BRASIL-MEC sd p11)

18

procuram oferecer agraves famiacutelias e agrave comunidade melhorias na qualidade da educaccedilatildeo baacutesica O

PMCTE estaacute pautado em 28 diretrizes3 que orientam como deve ser realizado os esforccedilos em

regime de colaboraccedilatildeo para atingir os melhores resultados da educaccedilatildeo Para isso o MEC

vinculou o apoio teacutecnico e financeiro aos estados e municiacutepios a partir da assinatura do termo

de adesatildeo

Esse movimento proposto pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo precisa ser entendido dentro do

contexto histoacuterico e social em que essa poliacutetica se apresenta uma vez que as relaccedilotildees entre a

Uniatildeo os Estados e os Municiacutepios tecircm sido ldquoconflitivas e natildeo resolvidas em diferentes aspectos

que envolvem a organizaccedilatildeo e o funcionamento da gestatildeo puacuteblicardquo (CAMINI 2010 p 01)

Historicamente adaptado por arranjos poliacuteticos e territoriais o federalismo brasileiro

enquanto instituiccedilatildeo eacute republicano natildeo se caracterizando pela centralizaccedilatildeo de poder do

governo ao contraacuterio busca distribuir a muitos centros ldquocuja autoridade natildeo resulta da

delegaccedilatildeo de um poder central mas eacute conferida por sufraacutegio popularrdquo (ALMEIDA 1994 p

20) Eacute nesse contexto que o MEC atraveacutes do PMCTE convoca aleacutem da participaccedilatildeo dos entes

da federaccedilatildeo a sociedade civil e as entidades privadas nessa articulaccedilatildeo que em ldquoregime de

colaboraccedilatildeordquo responsabiliza a todos pela melhoria da qualidade da educaccedilatildeo Para ldquomedirrdquo a

evoluccedilatildeo dessa qualidade o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo criou o Iacutendice de Desenvolvimento da

Educaccedilatildeo Baacutesica (IDEB) um instrumento que utiliza os resultados de avaliaccedilotildees que satildeo

realizadas pelo proacuteprio MEC para ldquoaferirrdquo o desempenho das escolas dos Municiacutepios e dos

Estados

Seguindo o contorno para a implementaccedilatildeo dessa poliacutetica nos estados e municiacutepios o

MEC criou no mesmo Decreto nordm 6094 referente ao Plano de Metas Compromisso Todos Pela

Educaccedilatildeo (PMCTE) o Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) que eacute o instrumento de planejamento

que possui quatro dimensotildees por meio do qual se efetiva essa poliacutetica O PAR eacute denominado

pelo MEC como um ldquoconjunto articulado de accedilotildees apoiado teacutecnica ou financeiramente pelo

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo que visa ao cumprimento das metas do Compromisso e agrave observacircncia

das suas diretrizesrdquo (BRASIL 2007 p6) Eacute um instrumento de planejamento multidimensional

composto por quatro dimensotildees (1) gestatildeo educacional (2) a formaccedilatildeo de professores e dos

profissionais de serviccedilo e apoio escolar (3) as praacuteticas pedagoacutegicas e avaliaccedilatildeo e (4)

infraestrutura e recursos pedagoacutegicos Cada uma delas se desmembra em aacutereas e indicadores

Na elaboraccedilatildeo do planejamento cada indicador se divide em accedilotildees e sub-accedilotildees O PAR eacute

coordenado pelas secretarias municipais ou estaduais de educaccedilatildeo mas deve ser elaborado com

3 As 28 diretrizes do Plano de Metas Compromisso Todos Pela Educaccedilatildeo estatildeo disponiacuteveis no anexo I do trabalho

19

a participaccedilatildeo de uma equipe local composta de gestores professores e da comunidade local

A intenccedilatildeo do MEC eacute que o PAR estabeleccedila um regime de colaboraccedilatildeo entre os entes federados

e a sociedade civil objetivando a implantaccedilatildeo de um Sistema Nacional de Educaccedilatildeo (BRASIL

2007)

Os estados e os municiacutepios ao assinarem o termo de adesatildeo junto ao MEC

automaticamente aderem agraves diretrizes do PMCTE o que implica se responsabilizar pelas regras

diretrizes e compromissos estabelecidos pelo Plano Dessa forma Pinho e Sacramento (2009)

constataram que o Plano de Accedilotildees Articuladas eacute a poliacutetica educacional brasileira que representa

a consolidaccedilatildeo da accountability4 os autores afirmam que a palavra accountability tem sido

comumente traduzida como ldquoresponsabilizaccedilatildeordquo esse conceito foi ressignificado desde a

Reforma do Estado na deacutecada de 1990 com o interesse de produzir mudanccedilas na administraccedilatildeo

puacuteblica burocraacutetica do paiacutes direcionando-a para uma administraccedilatildeo puramente gerencial sob a

perspectiva da loacutegica do mercado e sob o argumento da modernizaccedilatildeo e de melhorias para o

serviccedilo puacuteblico a partir do controle por resultados

Dessa forma Pinho e Sacramento (2009) esquematizam como se organiza esse processo

da accountability que

() nasce com a assunccedilatildeo por uma pessoa da responsabilizaccedilatildeo delegada por outra

da qual se exige a prestaccedilatildeo de contas sendo que a anaacutelise dessas contas pode levar agrave

responsabilizaccedilatildeo Representando-a ainda que num esquema bem simples temos

ldquoArdquo delega responsabilidade para ldquoBrdquo reg ldquoBrdquo ao assumir a responsabilidade deve

prestar contas de seus atos para ldquoArdquo reg ldquoArdquo analisa os atos de ldquoBrdquo reg feita tal anaacutelise

ldquoArdquo premia ou castiga ldquoBrdquo (PINHO SACRAMENTO 2009 p 1350)

Assim o PAR constitui-se em um exemplo do processo de responsabilizaccedilatildeo a partir do

accountability pois configura-se como um instrumento de planejamento e consolidaccedilatildeo de

resultados aferidos por meio do Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo que define metas

semelhantes mas que pelas dimensotildees continentais diversidade cultural desigualdades

econocircmicas poliacuteticas e sociais do paiacutes satildeo executadas em contextos distintos

O Plano de Accedilotildees Articuladas apresentou duas versotildees jaacute concluiacutedas de acordo com os

ciclos plurianuais do MEC a primeira de 2007 a 2010 e a segunda de 2011 a 2014 No Estado

4A origem da accountability remonta agraves deacutecadas de 1980 e 1990 com as experiecircncias realizadas na Inglaterra por

Margareth Thatcher (Reino Unido 1988) e nos Estados Unidos introduzida no governo de Ronald Reagan (EUA

1983) e consolidadas no governo George W Bush (EUA 2001) (ANDRADE 2008) O termo tem sido traduzido

no Brasil como ldquoresponsabilizaccedilatildeordquo (objetiva e subjetiva) e prestaccedilatildeo de contas (transparecircncia) (PINTO e

SACRAMENTO 2009)

20

do Amapaacute o ex-ministro da educaccedilatildeo Fernando Haddad5 e o atual governador o Antonio

Waldez Goacutees6 estiveram no dia 7 de agosto de 2007 em uma cerimocircnia realizada no Teatro das

Bacabeiras na qual atraveacutes da assinatura do termo de adesatildeo estabeleceram o compromisso

ao Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo O municiacutepio de Santana tambeacutem aderiu

ao PMCTE dois anos depois quando o prefeito municipal de Santana Antocircnio Nogueira de

Sousa7 assinou em 27 de agosto de 2009 o Termo de Cooperaccedilatildeo Teacutecnica Nordm 23456 (anexo)

Nesse sentido o municiacutepio de Santana-AP somente implantou o PAR dois anos apoacutes o

iniacutecio dos ciclos8 indicados pelo MEC No Termo de Cooperaccedilatildeo Teacutecnica a claacuteusula quarta

indica que o prazo de duraccedilatildeo da adesatildeo ao Compromisso foi previsto para ldquo04 (quatro) anos

a partir da data de sua assinatura com possibilidade de prorrogaccedilatildeo por igual ou inferior periacuteodo

()rdquo (MEC 2009 p 2) Por conseguinte o periacuteodo de duraccedilatildeo do Termo de Cooperaccedilatildeo

Teacutecnica entre o MEC e a prefeitura de Santana para viabilizar o primeiro ciclo seria de 2009 a

2012 entretanto foi finalizado antecipadamente em 2010 visto que a partir de 2011 o

municiacutepio planejou um novo PAR que perdurou ateacute 2014

Este trabalho se ocupou em analisar os dois ciclos do PAR que o municiacutepio de Santana

ndash AP participou no periacuteodo de 2009 a 20149 buscando compreender a poliacutetica de gestatildeo

educacional que culminou na emergecircncia da implantaccedilatildeo do PAR A partir do Plano de Accedilotildees

Articuladas analisam-se nessa pesquisa os seguintes indicadores da gestatildeo democraacutetica (1)

existecircncia de Conselhos Escolares (2) existecircncia composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho

Municipal de Educaccedilatildeo (3) composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar (4)

composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho do Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo

Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo (FUNDEB) (5) criteacuterios para escolha

da Direccedilatildeo Escolar10 e (6) existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromisso

A questatildeo central da pesquisa busca desvelar quais as implicaccedilotildees do PAR para a gestatildeo

da educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana no estado do Amapaacute Assim sendo a fim de responder a

5 Fernando Haddad foi Ministro da Educaccedilatildeo nos governos Lula e Dilma no periacuteodo de 29 de julho de 2005 a 24

de janeiro de 2012 6 Antonio Waldez Goacutees estaacute no seu terceiro mandato (2003 - 2006) (2007 - 2010) e (2015 ndash em exerciacutecio) como

governador do estado do Amapaacute pelo Partido Democraacutetico Trabalhista (PDT) 7Antonio Nogueira de Sousa foi prefeito do municiacutepio de Santana ndash Amapaacute por dois mandatos (2005 ndash 2008) e

(2009 -2012) pelo Partido dos Trabalhadores (PT) 8 O primeiro ciclo corresponde ao periacuteodo de 2007 a 2010 e o segundo ciclo ao periacuteodo de 2011 a 2014 9 No municiacutepio de Santana as discussotildees sobre o PAR com visitas das equipes do MEC iniciaram em 2007

Entretanto o termo de adesatildeo ao 1ordm PAR somente foi assinado no ano de 2009 e em 2011 foi elaborado um novo

PAR no municiacutepio com duraccedilatildeo do ciclo 2011-2014 Isto implica dizer que o 1ordm PAR teve a duraccedilatildeo somente de

dois anos 10 Esse indicador estaacute presente nas duas versotildees do PAR entretanto no 1ordm PAR ele aparece na aacuterea da gestatildeo

democraacutetica e no 2ordm PAR ele estaacute como um indicador de outra aacuterea a de gestatildeo de pessoas

21

questatildeo central outros questionamentos foram levantados para o aprofundamento da temaacutetica

sendo eles

1- Qual o contexto econocircmico poliacutetico e social foi criada a poliacutetica de gestatildeo que deu

origem ao Plano de Accedilotildees Articuladas

2- Que concepccedilotildees de gestatildeo permeiam o Plano de Metas Compromisso Todos pela

Educaccedilatildeo e o PAR

3- Quais as implicaccedilotildees do PAR para a gestatildeo da educaccedilatildeo na rede municipal de educaccedilatildeo

de Santana-Amapaacute no que se refere aos indicadores de gestatildeo democraacutetica

A pesquisa teve como recorte histoacuterico os anos situados entre 2007 a 2014 periacuteodo em

que teoricamente ocorreram os dois ciclos do Plano de Accedilotildees Articuladas (1ordm PAR e 2ordm PAR)

seguida agraves orientaccedilotildees do MEC

JUSTIFICATIVA

A decisatildeo de estudar a gestatildeo da educaccedilatildeo a partir do Plano de Accedilotildees Articuladas eacute

desafiadora pois o PAR eacute uma poliacutetica puacuteblica que estaacute em andamento e poucos ainda satildeo os

estudos sobre ela Na perspectiva de conhecer e acompanhar a trajetoacuteria dos estudos jaacute

realizados sobre esse instrumento de planejamento realizamos um levantamento das

publicaccedilotildees tendo como fonte a base de dados da Associaccedilatildeo Nacional de Poliacutetica e

Administraccedilatildeo em Educaccedilatildeo (ANPAE) da Associaccedilatildeo Nacional de Poacutes-graduaccedilatildeo e Pesquisa

(ANPED) e os artigos cientiacuteficos da Scientific Eletronic Library Online (SciELO)11 no periacuteodo

de 2009 a 2015 cujo resultado foi o seguinte

Tabela 01 ndash Produccedilatildeo escrita sobre o Plano de Accedilotildees Articuladas de 2009 a 2015

ANO ANPED SciELO ANPAE TOTAL

2009 0 0 0 0

2010 1 0 0 1

2011 0 0 9 9

2012 1 1 1 3

2013 0 1 3 4

2014 3 1 4 8

2015 1 - 10 11

TOTAL 6 3 27 36

Fonte ANPED SciELO e ANPAE Levantamento realizado ateacute setembro de 2015

11 O Scientific Electronic Library Online eacute um portal de revistas brasileiras que organiza e publica textos completos

de revistas na Internet Produz e divulga indicadores do uso e impacto desses perioacutedicos

22

Seguindo as diretrizes metodoloacutegicas12 foram encontradas 36 publicaccedilotildees entre os anos

de 2009 a 2015 sendo 06 na ANPED 03 nos cadernos de pesquisa da SciELO e 27 publicaccedilotildees

na Associaccedilatildeo Nacional de Poliacutetica e Administraccedilatildeo em Educaccedilatildeo ndash ANPAE Observamos na

tabela 01 que os anos de 2011 2014 e 2015 apresentaram maior nuacutemero de publicaccedilotildees

Apesar da implantaccedilatildeo do PAR ter se dado a partir de 2007 constatamos que os estudos

e as publicaccedilotildees sobre o tema ainda satildeo muito escassos A implantaccedilatildeo do PAR foi

caracterizada por distintas orientaccedilotildees e reformulaccedilotildees ao longo do processo (CAMINI 2009)

e talvez por isso muito pouco se tenha compreendido e escrito sobre o PAR nos anos 2009 e

2010 Quanto agraves temaacuteticas tratadas como objeto de estudo no periacuteodo de 2009 a 2015 por fonte

pesquisada identificaram-se as seguintes

Tabela 02 ndash Nordm de Publicaccedilotildees sobre o PAR por temaacutetica e fonte no periacuteodo 2009 a 2015

TEMAacuteTICAS ANPAE ANPED SciELO TOTAL

Avaliaccedilatildeo da implantaccedilatildeo do PAR nos

municiacutepios

6 5 0 11

Planejamento de poliacuteticas educacionais no PAR 5 0 1 6

Praacuteticas PedagoacutegicasFormaccedilatildeo de Professores

no PAR

4 0 1 5

Gestatildeo Educacional no PAR 8 0 0 8

Infraestrutura e Recursos Pedagoacutegicos 1 0 0 1

Levantamento Bibliograacutefico sobre o PAR 2 0 0 2

O PAR no contexto do Federalismo 2 0 1 3

TOTAL 28 5 3 36 Elaborado pela autora

A temaacutetica mais citada nas publicaccedilotildees foi a Avaliaccedilatildeo da implantaccedilatildeo do Plano de

Accedilotildees Articuladas (PAR) nos municiacutepios que se destacou e inquietou os estudiosos no periacuteodo

apresentando 11 publicaccedilotildees Os temas sobre planejamento das poliacuteticas educacionais no

Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) contou com 06 trabalhos A gestatildeo educacional aparece

com 08 trabalhos e as praacuteticas pedagoacutegicas e formaccedilatildeo de professores no PAR com 05

trabalhos Com menos publicaccedilotildees destacam-se as temaacuteticas infraestrutura e recursos

pedagoacutegicos com 01 trabalho o levantamento bibliograacutefico sobre o PAR com 02 trabalhos e o

PAR no contexto do Federalismo com 03 trabalhos Em um periacuteodo de sete anos foram

12 A busca pelas publicaccedilotildees foi realizada nos siacutetios da internet e para a triagem das informaccedilotildees foi utilizada a

expressatildeo-chave plano de accedilotildees articuladas que deveria constar no tiacutetulo das publicaccedilotildees Para uma revisatildeo de

rastreamento foram ainda utilizadas as palavras SciELO ANPAE e ANPED O levantamento foi realizado ateacute o

mecircs de setembro de 2015

23

publicados apenas 36 trabalhos sobre o PAR em revistas e anais especializados nacionalmente

em educaccedilatildeo

O tema que abordo nesse trabalho eacute sobre a Gestatildeo Educacional que teve somente 08

publicaccedilotildees no periacuteodo de 2009 a 2015 em revistas e anais e nenhum desses estudos publicados

eram relacionados ao estado do Amapaacute e nem ao municiacutepio de Santana Entretanto na capital

do Estado Macapaacute foi encontrada uma tese de doutorado intitulada ldquoA gestatildeo educacional no

Plano de Accedilotildees Articuladas do municiacutepio de Macapaacute concepccedilotildees e desafiosrdquo de autoria da

professora Ilma de Andrade Barleta defendida no ano de 2015 na Universidade Federal do

Paraacute A referida tese faz um estudo sobre a gestatildeo educacional do Plano de Accedilotildees Articuladas

no municiacutepio de Macapaacute-AP

Consideramos de extrema relevacircncia para a compreensatildeo das poliacuteticas puacuteblicas

educacionais no paiacutes particularmente da poliacutetica de gestatildeo educacional a partir da chegada do

PAR que se ampliem os estudos sobre esse tema razatildeo pela qual justifico esse trabalho O

estudo acerca da gestatildeo educacional a comeccedilar do Plano de Accedilotildees Articuladas no municiacutepio

de SantanaAP justifica-se tambeacutem pela necessidade imposta em funccedilatildeo das minhas

experiecircncias profissionais anteriormente descritas quando explicito a origem do estudo e as

experiecircncias atuais como professora do curso de pedagogia na Universidade do Estado do

Amapaacute ndash UEAP Instiga-me conhecer o modelo de gestatildeo educacional que se implementa na

rede municipal de ensino de Santana a datar do PAR na perspectiva de melhor contribuir com

o debate acerca da educaccedilatildeo puacuteblica municipal e identificar as iniciativas que se aproximam da

materializaccedilatildeo de uma gestatildeo democraacutetica e participativa no meu entendimento a concepccedilatildeo

mais compatiacutevel com uma visatildeo emancipadora de homem

O foco da gestatildeo democraacutetica estaacute na garantia da participaccedilatildeo na gestatildeo da educaccedilatildeo

como direito de cidadania (PARO 2007) A gestatildeo democraacutetica do ensino puacuteblico estaacute presente

desde a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e na Lei de Diretrizes e Bases - LDB de 1996 e se revela

atraveacutes da participaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo no projeto pedagoacutegico da escola e da

participaccedilatildeo das comunidades escolar e local em Conselhos de Educaccedilatildeo A descentralizaccedilatildeo

nas decisotildees administrativas financeiras e pedagoacutegicas bem como a eleiccedilatildeo de diretores e a

instalaccedilatildeo de conselhos escolares deliberativos tambeacutem fazem parte dos mecanismos para

democratizaccedilatildeo da educaccedilatildeo Embora notadamente a legislaccedilatildeo educacional por si soacute natildeo

garanta a efetivaccedilatildeo de uma praacutetica democraacutetica ela representa um grande passo nesse sentido

24

A partir de 1995 com a Reforma do Estado Brasileiro vimos emergir no cenaacuterio

nacional a concepccedilatildeo de gestatildeo gerencial como modelo preferencial13 para a administraccedilatildeo

puacuteblica que se traduz em accedilotildees de regulaccedilatildeo e controle do sistema educacional e da escola

adotando o princiacutepio mercadoloacutegico como indicador de resultados em todas as esferas sociais

definindo formas de poderes e de relaccedilatildeo com a demanda social Eacute uma gestatildeo centrada na

visatildeo de cidadatildeo-cliente e focada em resultados quantitativos (PERONI 2008)

Apresentando diferentes concepccedilotildees de gestatildeo puacuteblica essa pesquisa busca responder a

problemaacutetica a partir da anaacutelise das poliacuteticas educacionais que permeiam o Plano de

Desenvolvimento da Educaccedilatildeo o Plano de Metas Compromisso Todos Pela Educaccedilatildeo e o Plano

de Accedilotildees Articuladas A seguir trataremos dos objetivos gerais e especiacuteficos do presente

trabalho

OBJETIVO GERAL E ESPECIacuteFICOS

Analisar as implicaccedilotildees do Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) para a gestatildeo educacional

na rede municipal de educaccedilatildeo de Santana ndash Amapaacute no contexto da redefiniccedilatildeo do papel do

Estado

Considerando os pressupostos teoacuterico-metodoloacutegicos adotados o objetivo geral

desdobrou-se nos seguintes objetivos especiacuteficos

Analisar a poliacutetica de gestatildeo da educaccedilatildeo no Brasil e a emergecircncia do PAR no contexto

do capitalismo e da Reforma do Estado brasileiro a partir da deacutecada de 1990

Analisar as concepccedilotildees de gestatildeo educacional que permeia o PAR no contexto do PDE

e do Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo

Analisar as implicaccedilotildees do PAR para a gestatildeo da educaccedilatildeo na rede municipal de

educaccedilatildeo de Santana-Amapaacute no que se refere aos indicadores de gestatildeo democraacutetica

13 Esse novo modelo de gestatildeo puacuteblica eacute apresentado no Plano de Desenvolvimento e Reforma do Aparelho do

Estado Brasileiro (MARE 1995)

25

REFEREcircNCIAS TEOacuteRICO-METODOLOacuteGICAS

O presente estudo analisou as implicaccedilotildees do Plano de Accedilotildees Articuladas com foco na

gestatildeo da educaccedilatildeo na rede municipal de educaccedilatildeo de Santana ndash Amapaacute na busca de

compreender a realidade em que essa poliacutetica educacional foi constituiacuteda e em quais

circunstacircncias essa poliacutetica foi implementada estabelecendo conexotildees com as questotildees sociais

poliacuteticas histoacutericas e econocircmicas Marx (1969 p16) afirma que ldquoa investigaccedilatildeo tem de

apoderar-se da mateacuteria em seus pormenores de analisar suas diferentes formas de

desenvolvimento e de perquirir a conexatildeo iacutentima que haacute entre elasrdquo

Para o estudo da gestatildeo educacional a partir do Plano de Accedilotildees Articuladas no municiacutepio

de Santana levaram-se em consideraccedilatildeo as relaccedilotildees com o contexto histoacuterico social poliacutetico

e econocircmico em que esta poliacutetica puacuteblica foi constituiacuteda Entende-se que a poliacutetica de gestatildeo

reflete as contradiccedilotildees tiacutepicas que se revelam no contexto capitalista Nesse sentido

aproximamos-nos de abordagens que tecircm como referencial o materialismo histoacuterico dialeacutetico

definido por Frigotto (1995)

O pressuposto fundamental da anaacutelise materialista histoacuterica eacute de que os fatos sociais

natildeo satildeo descolados de uma materialidade objetiva e subjetiva e portanto a

construccedilatildeo do conhecimento histoacuterico implica o esforccedilo de abstraccedilatildeo e teorizaccedilatildeo do

movimento dialeacutetico (conflitante contraditoacuterio mediado) da realidade Trata-se de

um esforccedilo de ir agrave raiz das determinaccedilotildees muacuteltiplas e diversas (nem todas igualmente

importantes) que constituem determinado fenocircmeno Apreender as determinaccedilotildees do

nuacutecleo fundamental de um fenocircmeno sem o que este fenocircmeno natildeo se constituiria eacute

o exerciacutecio por excelecircncia da teorizaccedilatildeo histoacuterica de ascender do empiacuterico

contextualizado particularizado e de iniacutecio para o pensamento caoacutetico - ao concreto

pensado ou conhecimento Conhecimento que por ser histoacuterico e complexo e por

limites do sujeito que conhece eacute sempre relativo (FRIGOTTO 1995 p 17-18)

Nesse contexto eacute importante destacar as contradiccedilotildees sociais poliacuteticas e econocircmicas

que permeiam as concepccedilotildees de gestatildeo da educaccedilatildeo ancoradas no modelo de gestatildeo gerencial

e no modelo de gestatildeo democraacutetica O primeiro modelo se utiliza de conceitos associados agrave

administraccedilatildeo empresarial comprometida com a ideia de mercado utilizando-se de conceitos

como eficiecircncia eficaacutecia controle de resultados e descentralizaccedilatildeo dentre outros No segundo

modelo a gestatildeo eacute compartilhada e estaacute amparada em instrumentos de democratizaccedilatildeo como a

participaccedilatildeo e a autonomia nos processos de decisatildeo e planejamento da educaccedilatildeo Este modelo

busca democratizar toda a estrutura do sistema de ensino incluindo a escola

26

Segundo Yin (2001 p 32) o estudo de caso eacute a estrateacutegia mais escolhida quando eacute

preciso responder a questotildees do tipo ldquocomordquo e ldquopor quecircrdquo e ainda quando o pesquisador

possui pouco controle sobre os eventos pesquisados ldquoeacute uma investigaccedilatildeo empiacuterica de um

fenocircmeno contemporacircneo dentro de um contexto da vida real sendo que os limites entre o

fenocircmeno e o contexto natildeo estatildeo claramente definidosrdquo

Assim compreende-se que o estudo de caso tem como propoacutesito orientar o pesquisador

para o contato direto com o seu objeto de pesquisa oferecendo a este uma fonte de informaccedilotildees

capaz de favorecer o encontro das respostas que deseja Como expotildee Gil (1996) o estudo de

caso apresenta trecircs vantagens

a) O estiacutemulo a novas descobertas Em virtude da flexibilidade do planejamento do

estudo de caso o pesquisador ao longo de seu processo manteacutem-se atento a novas

descobertas Eacute frequente o pesquisador dispor de um plano inicial e ao longo da

pesquisa ter o seu interesse despertado por outros aspectos que natildeo havia previsto E

muitas vezes o estudo desses aspectos torna-se mais relevante para a soluccedilatildeo do

problema do que os considerados inicialmente Daiacute porque o estudo de caso eacute

altamente recomendado para a realizaccedilatildeo de estudos exploratoacuterios

b) A ecircnfase na totalidade No estudo de caso o pesquisador volta-se para a

multiplicidade de dimensotildees de um problema focalizando-o como um todo Dessa

forma supera-se um problema muito comum sobretudo nos levantamentos em que a

anaacutelise individual da pessoa desaparece em favor da anaacutelise de traccedilos

c) A simplicidade dos procedimentos Os procedimentos de coleta e anaacutelise de dados

adotados no estudo de caso quando comparados com os exigidos por outros tipos de

delineamento satildeo bastante simples (GIL 1996 p59-60)

Quanto agrave determinaccedilatildeo do nuacutemero de casos optou-se por um uacutenico caso a rede

municipal de educaccedilatildeo de Santana no Amapaacute dadas as especificidades do objeto de estudo

desta pesquisa as implicaccedilotildees do PAR para a gestatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana

Nesta pesquisa buscamos identificar as implicaccedilotildees do PAR para a gestatildeo educacional

no municiacutepio de Santana no periacuteodo de 2007 a 201414 Optamos por focalizar apenas a aacuterea

ldquoGestatildeo Democraacutetica articulaccedilatildeo e desenvolvimento dos sistemas de ensinordquo e 06 indicadores

dessa aacuterea sendo eles (1) existecircncia de conselhos escolares (2) existecircncia composiccedilatildeo e

atuaccedilatildeo do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (3) composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de

Alimentaccedilatildeo Escolar (4) composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho do Fundo de Manutenccedilatildeo e

Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo (5)

14 Nesse estudo mesmo o PAR em Santana ter iniciado somente em 2009 fizemos um levantamento desde o ano

de 2007 ateacute 2014 ano em que iniciou a elaboraccedilatildeo do PAR nos estados e municiacutepio para que pudeacutessemos ter uma

anaacutelise de como foi a sua chegada e como se encontrava o municiacutepio

27

criteacuterios para escolha da direccedilatildeo escolar15 e (6) existecircncia e atuaccedilatildeo do comitecirc local do

compromisso16 O recorte temporal dessa pesquisa eacute o periacuteodo de 2007 a 2014 enfocando

estudos sobre o PAR no municiacutepio de Santana nas suas duas versotildees

A escolha das categorias descentralizaccedilatildeo participaccedilatildeo e autonomia para este

trabalho eacute devido ao fato de que de acordo com vaacuterios autores (PARO 2012 MENDONCcedilA

2009 WERLE 2007) esses indicadores podem potencializar a gestatildeo democraacutetica

De acordo com Viriato (2004) a descentralizaccedilatildeo tem sido um termo muito utilizado

como oposiccedilatildeo a centralizaccedilatildeo que eacute uma caracteriacutestica da gestatildeo autoritaacuteria muito embora

com as mudanccedilas nas funccedilotildees do Estado a descentralizaccedilatildeo aparece com uma nova

configuraccedilatildeo a de desconcentraccedilatildeo de tarefas do niacutevel nacional e regional para o niacutevel local

(VIRIATO 2004)

Para Bordenave (2013) a participaccedilatildeo eacute uma vivecircncia coletiva e natildeo individual de

modo que somente se pode aprender na praacutexis grupal A participaccedilatildeo pode tanto se prestar para

objetivos emancipatoacuterios de cidadania e de autonomia dos sujeitos como para a manutenccedilatildeo

de situaccedilotildees de centralizaccedilatildeo do poder decisoacuterio e do controle de muitos por poucos Portanto

o conceito toma significado diverso dependendo do contexto e dos sujeitos envolvidos

O conceito de autonomia estaacute ligado etimologicamente agrave ideia de autogoverno ou seja

agrave faculdade que os indiviacuteduos ou organizaccedilotildees tecircm de se regerem por regras proacuteprias No

contexto mais amplo da poliacutetica educacional mais recente a autonomia tem mostrado relaccedilatildeo

com a tentativa de resolver problemas de crise de governabilidade do sistema de ensino com o

discurso de ldquogoverno sobrecarregadordquo transferindo autoridade e responsabilidade do bem

puacuteblico para o grupo diretamente envolvido na accedilatildeo e assim se desfazendo das suas obrigaccedilotildees

para com a populaccedilatildeo (BARROSO 2013)

Essas categorias do objeto seratildeo aprofundadas no primeiro capiacutetulo do presente

trabalho

Como teacutecnicas de coleta de dados optou-se pela anaacutelise documental e entrevista

semiestruturada A revisatildeo bibliograacutefica parte integrante do estudo tem auxiliado na

compreensatildeo dos conceitos na historicidade do objeto na perspectiva de compreender a

poliacutetica de gestatildeo educacional no Brasil e as suas inter-relaccedilotildees com o PAR

A anaacutelise documental eacute um tipo de ldquoestudo descritivo que fornece ao investigador a

possibilidade de reunir uma grande quantidade de informaccedilatildeo sobre leis de educaccedilatildeo processos

15 Esse indicador estaacute presente nas duas versotildees do PAR entretanto no 1ordm PAR ele estaacute presente na aacuterea da gestatildeo

democraacutetica e no 2ordm PAR ele aparece como um indicador de outra aacuterea a de gestatildeo de pessoas 16 Esse indicador foi implantado na 2ordm versatildeo do PAR na aacuterea da gestatildeo democraacutetica

28

e condiccedilotildees requisitos e dados livros e textos etcrdquo (TRIVINtildeOS 1987 p 111) na busca de

resolver problemas pois possibilita ampliar o entendimento de objetos que precisam de uma

anaacutelise a partir da contextualizaccedilatildeo histoacuterica e sociocultural para se revelar

Dentre os documentos analisados destacamos

1) O Decreto nordm 60942007 (dispotildee sobre a implementaccedilatildeo do Plano de Metas Compromisso

Todos pela Educaccedilatildeo pela Uniatildeo Federal em regime de colaboraccedilatildeo com municiacutepios

Distrito Federal e estados aleacutem da participaccedilatildeo das famiacutelias e da comunidade mediante

programas e accedilotildees de assistecircncia teacutecnica e financeira visando agrave mobilizaccedilatildeo social pela

melhoria da qualidade da educaccedilatildeo baacutesica) e legislaccedilotildees correlatas

2) O Manual de Orientaccedilotildees Gerais para Elaboraccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas editado

pelo MEC na 1ordf e 2ordf versatildeo

3) O Termo de Cooperaccedilatildeo Teacutecnica Nordm 23456 do PMCTE assinado entre o Ministeacuterio da

Educaccedilatildeo e o municiacutepio de SantanaAP e seus anexos do PAR

4) A Lei Orgacircnica do municiacutepio de Santana promulgada em 14 de julho de 1992 revisada e

atualizada em 11 de maio de 2000

5) O Diagnoacutestico do 1ordm PAR e 2ordm PAR do municiacutepio de SantanaAP emitido atraveacutes do

Sistema Integrado de Monitoramento do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (SIMEC)

6) O Relatoacuterio Puacuteblico de Monitoramento do 2ordm PAR do municiacutepio de SantanaAP e seus

anexos

7) A Lei Municipal nordm 36698 que cria o Conselho Municipal de Educaccedilatildeo de SantanaAP

8) A Lei Municipal nordm 4882001 que institui o Conselho Municipal de Alimentaccedilatildeo Escolar

de SantanaAP

9) Os documentos legais que definem os criteacuterios de escolha de diretores escolares em

SantanaAP

10) O Decreto Municipal nordm 490 de 03 de abril de 2013 que implementa a composiccedilatildeo do

comitecirc do compromisso em SantanaAP

11) A Lei Municipal nordm 7972007 - PMS que cria o FUNDEB e o Conselho de

Acompanhamento Controle Social Comprovaccedilatildeo e Fiscalizaccedilatildeo dos Recursos ndash CACS

do municiacutepio de Santana

12) O Programa de fortalecimento dos conselhos escolares do municiacutepio de SantanaAP

Os dados educacionais econocircmicos sociais e financeiros relativos ao municiacutepio de

SantanaAP foram coletados a partir do site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas

29

Educacionais Aniacutesio Teixeira (INEP) do Sistema de Informaccedilotildees sobre Orccedilamentos Puacuteblicos

em Educaccedilatildeo (SIOPE) Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo (FNDE) Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e dos relatoacuterios do Sistema Integrado de

Monitoramento Execuccedilatildeo e Controle (SIMEC)

No que se refere agraves entrevistas Alves-Mazzotti (2000 p22) aponta que ldquoa entrevista

possui natureza interativa supera o questionaacuterio ao possibilitar o estudo em profundidade de

temas complexosrdquo sendo portanto mais adequada para dirimir duacutevidas e esclarecer aspectos

difusos do objeto

A entrevista realizada foi do tipo semiestruturada que conforme Trivintildeos (1987 p152)

ldquo[] favorece natildeo soacute a descriccedilatildeo dos fenocircmenos sociais mas tambeacutem sua explicaccedilatildeo e a

compreensatildeo de sua totalidade []rdquo aleacutem de manter a presenccedila consciente e atuante do

pesquisador no processo de coleta de informaccedilotildees Para o autor

a entrevista semiestruturada tem como caracteriacutestica questionamentos baacutesicos que satildeo

apoiados em teorias e hipoacuteteses que se relacionam ao tema da pesquisa Os

questionamentos dariam frutos a novas hipoacuteteses surgidas a partir das respostas dos

informantes O foco principal seria colocado pelo investigador-entrevistador

(TRIVINtildeOS 1987 p 146)

Esse modelo de entrevista teve como foco os objetivos pretendidos da pesquisa e dessa

forma foram elaborados roteiros (ver anexos ) com perguntas principais complementadas por

outras questotildees que surgiram durante as respostas emitidas em circunstacircncias momentacircneas da

entrevista a fim de favorecer a apreensatildeo do objeto

Nessa pesquisa as entrevistas versaram sobre a gestatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio de

Santana a partir do Plano de Accedilotildees Articuladas e se pautaram na verificaccedilatildeo da democratizaccedilatildeo

das relaccedilotildees de poder no acircmbito da gestatildeo (participaccedilatildeo autonomia e descentralizaccedilatildeo) por

meio dos conselhos de controle social indicados no PAR sendo Conselho Municipal de

Educaccedilatildeo Conselho Municipal de Alimentaccedilatildeo Escolar Conselhos Escolares e Conselho do

FUNDEB Foram verificados ainda os criteacuterios adotados pela rede municipal de ensino de

SantanaAP para a escolha dos Diretores Escolares e a equipe do Comitecirc Local do

Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo

O quadro 1 demonstra os sujeitos da pesquisa cujos roteiros de entrevista encontram-

se em anexo

30

Quadro 1 Sujeitos da pesquisa e Nordm de entrevistas realizadas

Elaborado pela autora

No ato da entrevista foi assinado pelo entrevistado o ldquoTermo de Consentimento Livre e

Esclarecidordquo18 para a participaccedilatildeo na pesquisa que visa a esclarecer os objetivos e sua forma

de participaccedilatildeo assegurando-lhe o sigilo na sua identidade e das informaccedilotildees a serem utilizadas

exclusivamente para fins cientiacuteficos

Os documentos foram levantados no segundo semestre de 2015 no banco de dados do

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (INEP Brasil Escola FNDE entre outros) e no municiacutepio de Santana

na Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo no sindicato dos servidores puacuteblicos municipais de

Santana e na Cacircmara Municipal Alguns documentos importantes para essa pesquisa natildeo foram

17 Das quinze entrevistas programadas doze foram realizadas No entanto alguns entrevistados ocupavam mais

de uma representaccedilatildeo como o presidente do Conselho do FUNDEB que tambeacutem assume o posto de Diretor escolar

As entrevistas com os membros do Comitecirc Local do Compromisso natildeo foram realizadas devido o comitecirc natildeo estaacute

em atuaccedilatildeo 18 Ver no apecircndice A

Nordm Sujeito da pesquisa Quantidade

01 O (A) gestor (a) da rede municipal de ensino de Santana-AP 01

02 Teacutecnicos que coordenaram a implantaccedilatildeo elaboraccedilatildeo do 1ordm PAR e

2ordm do PAR no municiacutepio 02

03 Membro da equipe teacutecnica da SEME que trata dos Conselhos

Escolares 01

04 Membro do Conselho Escolar de representaccedilatildeo natildeo-governamental 01

05 Membro do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo da representaccedilatildeo

governamental 01

06 Membro do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo da representaccedilatildeo

natildeo-governamental 01

07 Membro do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar da representaccedilatildeo

governamental 01

08 Membro do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar da representaccedilatildeo

natildeo-governamental 01

09 Representante do Sindicato dos professores da educaccedilatildeo baacutesica 01

10 Membro do Comitecirc Local do Compromisso da representaccedilatildeo

governamental 00

11 Membro do Comitecirc Local do Compromisso da representaccedilatildeo natildeo-

governamental 00

12 Membro do Conselho de Controle Social do FUNDEB da

representaccedilatildeo governamental 01

13 Membro do Conselho de Controle Social do FUNDEB da

representaccedilatildeo natildeo-governamental 00

14 Diretor escolar ndash membro nato do Conselho Escolar 01

Total de entrevistados 1217

31

encontrados inicialmente como eacute o caso do Plano de Trabalho do primeiro PAR e o seu

monitoramento ausente nos arquivos da SEMEC da coordenaccedilatildeo do PAR e no banco de dados

do SIMEC Posteriormente foi encontrado mas incompleto em arquivo pessoal de uma das

entrevistadas

As entrevistas foram realizadas entre dezembro de 2015 e marccedilo de 2016 com os

membros dos conselhos sindicato teacutecnicos e gestor da rede municipal de ensino de Santana

perfazendo um total de doze sujeitos entrevistados As entrevistas seguiram roteiro preacutevio

contemplando aspectos da relaccedilatildeo do MEC com o municiacutepio por meio do PAR informaccedilotildees

acerca da descentralizaccedilatildeo nas decisotildees da gestatildeo e da participaccedilatildeo bem como da autonomia

dos conselhos no contexto da gestatildeo da educaccedilatildeo municipal

O loacutecus da pesquisa

O municiacutepio de Santana loacutecus da pesquisa eacute o segundo municiacutepio mais populoso do

Amapaacute com 101262 habitantes segundo dados do IBGE de 2010 estaacute localizado na regiatildeo

metropolitana de Macapaacute capital do Estado do Amapaacute A escolha do municiacutepio se deu em razatildeo

de este ser um dos municiacutepios de maior populaccedilatildeo do Estado ter aderido ao PAR e pela

proximidade de acesso agraves informaccedilotildees necessaacuterias ao esclarecimento da problemaacutetica em

questatildeo

A ESTRUTURA DA DISSERTACcedilAtildeO

A dissertaccedilatildeo eacute composta de trecircs capiacutetulos assim dispostos o primeiro intitulado ldquoA

poliacutetica de gestatildeo da educaccedilatildeo no Brasilrdquo versaraacute sobre a poliacutetica de gestatildeo da educaccedilatildeo no

contexto de redefiniccedilatildeo do papel do Estado explicitando abordagens teoacutericas sobre as

concepccedilotildees de gestatildeo da educaccedilatildeo no Brasil nas uacuteltimas deacutecadas a gestatildeo democraacutetica

instituiacuteda a partir da Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 e da Lei de

Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional de 1996 com base nas lutas implementadas na deacutecada

de 1980 e o modelo de gestatildeo gerencial proposto pelo Plano Diretor da Reforma do Aparelho

do Estado Brasileiro a partir de meados da deacutecada de 1990

O segundo capiacutetulo denominado ldquoA gestatildeo educacional no contexto do Plano de

Desenvolvimento da Educaccedilatildeo (PDE) do Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo

e do Plano de Accedilotildees Articuladasrdquo trataraacute de caracterizar e discutir as concepccedilotildees de gestatildeo da

32

educaccedilatildeo presentes na poliacutetica educacional do Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo do

Plano de Metas Compromisso Todos Pela Educaccedilatildeo e do Plano de Accedilotildees Articuladas Trata-se

de evidenciar as singularidades e similaridades da poliacutetica de gestatildeo da educaccedilatildeo engendrada a

partir do instrumento de planejamento da educaccedilatildeo nos municiacutepios proposto no PAR

O terceiro capiacutetulo intitulado ldquoA gestatildeo educacional no contexto do Plano de Accedilotildees

Articuladas no municiacutepio de Santana-Amapaacuterdquo tem como objetivo caracterizar a educaccedilatildeo no

municiacutepio de Santana e analisar a partir de documentos e das entrevistas aos sujeitos as

implicaccedilotildees do PAR para a gestatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio de SantanaAP Tal anaacutelise se

baseou em seis indicadores da Gestatildeo Democraacutetica do PAR (1) existecircncia de conselhos

escolares (CE) (2) existecircncia composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (3)

composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar (CAE) (4) composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo

do Conselho do Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de

Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo (FUNDEB) (5) criteacuterios para escolha da direccedilatildeo

escolar19 e (6) Existecircncia e atuaccedilatildeo do comitecirc local do compromisso O objetivo foi avaliar se

o PAR trouxe consequecircncias para o modelo de gestatildeo adotado pela rede municipal de educaccedilatildeo

de Santana-AP se possibilitou a descentralizaccedilatildeo da gestatildeo a maior participaccedilatildeo da

comunidade na tomada de decisotildees enfim se por meio do PAR a gestatildeo da rede municipal de

ensino vem construindo maiores possibilidades de autonomia e participaccedilatildeo dos sujeitos

Nas consideraccedilotildees finais apresentamos os resultados dessa pesquisa em que a poliacutetica

traccedilada pelo Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo atraveacutes do PAR foi

implantada na rede municipal de ensino de Santana Fazendo uma reflexatildeo sobre os resultados

alcanccedilados nessa pesquisa e relacionando-os ao referencial teoacuterico que embasaram a concepccedilatildeo

de democratizaccedilatildeo da educaccedilatildeo adotada podemos afirmar que a praacutetica a gestatildeo educacional

do municiacutepio de Santana apresentou-se patrimonialista com traccedilos de uma gestatildeo gerencialista

pois natildeo tem ocorrido a descentralizaccedilatildeo da gestatildeo na rede municipal de ensino com a

participaccedilatildeo efetiva da sociedade nos conselhos de controle social Os recursos financeiros

relativos agrave educaccedilatildeo municipal de Santana satildeo centralizados na Prefeitura dificultando o

planejamento participativo da educaccedilatildeo no municiacutepio E os sujeitos envolvidos nos Conselhos

de Controle Social encontram dificuldades em atuar devido agraves proacuteprias condiccedilotildees de

funcionamento seja de local de transporte ou mesmo de acesso as informaccedilotildees jaacute que estas

encontram-se centralizadas

19 Esse indicador estaacute presente nas duas versotildees do PAR entretanto no 1ordm PAR ele estaacute presente na aacuterea da gestatildeo

democraacutetica e no 2ordm PAR ele aparece como um indicador de outra aacuterea a de gestatildeo de pessoas

33

1 A POLIacuteTICA DE GESTAtildeO DA EDUCACcedilAtildeO NO BRASIL

Este capiacutetulo trata das poliacuteticas de gestatildeo da educaccedilatildeo no Brasil na perspectiva de se

compreender o processo que desencadeou a proposta de gestatildeo educacional que permeia o

Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo o Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo

(PMTE) e o Plano de Accedilotildees Articuladas Para isso em um primeiro momento abordaremos

contexto de institucionalizaccedilatildeo da gestatildeo democraacutetica e seus vaacuterios mecanismos e em um

segundo momento enfocaremos a proposta de gestatildeo gerencial para a administraccedilatildeo puacuteblica a

partir do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado de 199520 no contexto de redefiniccedilatildeo

do papel do Estado

11 O CAPITALISMO E A CRISE

A compreensatildeo de como se constituiu a crise do Estado e do seu papel no contexto da

sociedade capitalista satildeo importantes para situarmos historicamente os conflitos que vecircm

ocorrendo no mundo moderno e particularmente no Brasil que giram em torno de interesses

diversos na organizaccedilatildeo social poliacutetica e econocircmica O que reflete certamente na tomada de

decisatildeo do Estado que promove accedilotildees a favor do capital ou a favor das exigecircncias da sociedade

A crise do capital atingiu as poliacuteticas educacionais no Brasil na deacutecada de 1990 reflexo

de um cenaacuterio de transformaccedilotildees que vinha se formando internacionalmente desde a deacutecada de

1970 quando o capitalismo daacute sinais de esgotamento e entra em crise de amplas proporccedilotildees

Essa crise tem fortes repercussotildees no papel do Estado que desde o poacutes-guerra vinha

assumindo o papel de controle dos ciclos econocircmicos como Estado de bem-estar social21

De acordo com Antunes (1999) essa eacute uma crise estrutural que se desencadeou a partir

da crise do fordismo e keynesianismo com a queda da taxa de lucros em funccedilatildeo do aumento da

forccedila de trabalho resultante das lutas operaacuterias e sociais ocorridas em deacutecadas anteriores e do

controle de regulaccedilatildeo principalmente em paiacuteses capitalistas E afirma o autor que a crise do

20O Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado (1995) foi elaborado pelo Ministeacuterio da Administraccedilatildeo

Federal e da Reforma do Estado na gestatildeo de Bresser Pereira no Governo Fernando Henrique Cardoso que

definiu objetivos e estabeleceu diretrizes para a reforma da administraccedilatildeo puacuteblica brasileira Segundo este Plano

o Estado deve assumir um papel menos executor ou prestador direto de serviccedilos e atuar mais como regulador e

avaliador das poliacuteticas puacuteblicas 21 O ldquoEstado de bem-estar socialrdquo ou ldquoWelfare Staterdquo de John Maynard Keynes ldquotinha o papel de controlar os

ciclos econocircmicos combinando poliacuteticas fiscais e monetaacuterias As poliacuteticas eram direcionadas para o investimento

puacuteblico principalmente para os setores vinculados ao crescimento da produccedilatildeo e o consumo de massa que tinham

tambeacutem o objetivo de garantir o pleno emprego O salaacuterio social era complementado pelos governos atraveacutes da

seguridade social assistecircncia meacutedica educaccedilatildeo habitaccedilatildeo O Estado acabava exercendo tambeacutem o papel de

regular direta ou indiretamente os acordos salariais e os direitos dos trabalhadores na produccedilatildeordquo (PERONI 2003

p 22)

34

Estado eacute uma consequecircncia da crise capitalista e natildeo a causa dessa forma o capitalismo como

resposta a sua proacutepria crise se reorganiza e reconfigura o sistema ideoloacutegico e poliacutetico de

dominaccedilatildeo apresentando ldquoo neoliberalismo com a privatizaccedilatildeo do Estado a

desregulamentaccedilatildeo dos direitos do trabalho e a desmontagem do setor produtivo estatalrdquo

(ANTUNES 1999 p31)

Segundo Meszaacuteros (2002) a Crise eacute a manifestaccedilatildeo ldquodo espectro da incontrolabilidade

totalrdquo do capital quando se evidencia o aacutepice de sua incapacidade civilizatoacuteria e sua face mais

destrutiva possiacutevel De acordo com o autor a incontrolabilidade do capital satildeo inerentes ao

sistema capitalista que por estarem na base estrutural da relaccedilatildeo entre capital-trabalho natildeo

podem ser remediados de forma radical sob pena de comprometer a sobrevivecircncia do sistema

A crise de acordo com Antunes (1999) Meacuteszaacuteros (2011) Peroni (2006) e Harvey

(2008) natildeo se encontra no Estado e sim na estrutura do capital Meszaacuteros (2011) afirma que

eacute necessaacuterio esclarecer as diferenccedilas relevantes entre tipos ou modalidades de crise pois uma

crise na esfera social pode ser considerada uma lsquocrise perioacutedicaconjunturalrsquo ou uma lsquocrise

estrutural fundamentalrsquo A lsquocrise perioacutedicarsquo ou lsquoconjunturalrsquo pode ser severa poreacutem haacute formas

mais ou menos de solucionaacute-las com sucesso dentro da estrutura estabelecida Jaacute a lsquocrise

estrutural fundamentalrsquo afeta a proacutepria estrutura em sua totalidade como afirma o autor

a crise em nossos dias natildeo eacute compreensiacutevel sem que seja referida agrave ampla estrutura

social global Isso significa que a fim de esclarecer a natureza da persistente e cada

vez mais grave crise em todo o mundo hoje devemos focar a atenccedilatildeo na crise do

sistema do capital em sua inteireza pois a crise do capital que ora estamos

experimentando eacute uma crise estrutural que tudo abrange (MESZAacuteROS 2011 p3)

Com efeito a crise estrutural natildeo pode ser conceituada em termos das categorias de crise

perioacutedica ou conjuntural pois haacute uma diferenccedila crucial entre elas enquanto a crise perioacutedica

desdobra-se dentro da sua estrutura a outra abrange tudo e deve ser analisada na totalidade a

partir de uma avaliaccedilatildeo adequada da natureza da crise econocircmica e social de nossos dias

Por outro lado os defensores de um projeto fundamentado no neoliberalismo ndash

Fernando Henrique Cardoso Bresser Pereira e Fernando Collor de Melo ndash afirmam que desde

a deacutecada de 80 o Estado brasileiro estaacute em crise porque ao tentar se legitimar gastou mais do

que podia no atendimento agraves necessidades da populaccedilatildeo em poliacuteticas sociais e provocando

desse modo a crise fiscal Destaca-se que os serviccedilos puacuteblicos eram os principais causadores

da crise e por isso era necessaacuterio reconstruir as funccedilotildees e a organizaccedilatildeo do Estado

35

Dessa forma a globalizaccedilatildeo da economia foi uma das alternativas encontradas pelos

neoliberais para sair da crise destacando as privatizaccedilotildees e a reforma administrativa com a

desregulamentaccedilatildeo dos mercados e liberalizaccedilatildeo comercial e financeira Para Bresser Pereira

(1996) se aplicadas tais poliacuteticas reformistas a reforma neoliberal e a social democraacutetica o

paiacutes estaria apto para o crescimento econocircmico pois a

() diferenccedila entre uma proposta de reforma neoliberal e uma social democraacutetica estaacute

no fato de que o objetivo da primeira e retirar o Estado da economia enquanto que o

da segunda eacute aumentar a governanccedila do Estado eacute dar ao Estado meios financeiros e

administrativos para que ele possa intervir efetivamente sempre que o mercado natildeo

tiver condiccedilotildees de coordenar adequadamente a economia (BRESSER-PEREIRA

1996 p 1 - 2)

Partindo desse contexto neoliberal para superar a crise brasileira e assegurado por

Bresser Pereira em 1995 atendendo aos interesses do mercado o governo brasileiro implantou

o Ministeacuterio da Administraccedilatildeo e Reforma do Estado (MARE) com a finalidade de reformar o

Estado brasileiro Destaca-se que nesse mesmo ano ndash 1995 no primeiro ano de governo

Fernando Henrique Cardoso - eacute lanccedilado o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado

(PDRAE) que sugere uma reforma na administraccedilatildeo do Estado para a superaccedilatildeo da crise e

oferece uma seacuterie de accedilotildees e estrateacutegias que devem ser tomadas pelas instituiccedilotildees considerando-

as como inadiaacuteveis sendo elas

(1) o ajustamento fiscal duradouro (2) reformas econocircmicas orientadas para o

mercado que acompanhadas de uma poliacutetica industrial e tecnoloacutegica garantam a

concorrecircncia interna e criem as condiccedilotildees para o enfrentamento da competiccedilatildeo

internacional (3) a reforma da previdecircncia social (4) a inovaccedilatildeo dos instrumentos de

poliacutetica social proporcionando maior abrangecircncia e promovendo melhor qualidade

para os serviccedilos sociais e (5) a reforma do aparelho do Estado com vistas a aumentar

sua ldquogovernanccedilardquo ou seja sua capacidade de implementar de forma eficiente poliacuteticas

puacuteblicas (BRASIL 1995 p 11)

Como o resultado de um pacote de mudanccedilas no Estado o PDRAE propotildee alternativas

para combater a crise instalada no Estado Brasileiro sendo que essas propostas se movimentam

no sentido de reduzir o papel do Estado e os direitos conquistados na Constituiccedilatildeo Federal de

1988 como as poliacuteticas sociais e os direitos trabalhistas Nesse sentido as conquistas sociais

que estavam garantidas na Constituiccedilatildeo como o direito agrave educaccedilatildeo sauacutede transportes

puacuteblicos seguranccedila entre outros devem ser ldquocomprados e regidos pela feacuterrea loacutegica das leis

do mercado Na realidade o objetivo maior eacute a ideia de um lsquoEstado miacutenimorsquo que significa o

36

Estado suficiente e necessaacuterio unicamente para os interesses da reproduccedilatildeo do capitalrdquo

(FRIGOTTO 1995 p 83-84)

Cabe ressaltar que o projeto capitalista de reformar o Estado Brasileiro busca uma

relaccedilatildeo entre os setores puacuteblicos e privados utilizando de estrateacutegias de manipulaccedilatildeo para

superaccedilatildeo da crise O projeto capitalista eacute permeado de estrateacutegias de acordo com Peroni

(2006) o qual cita quatro delas a Reestruturaccedilatildeo Produtiva a Globalizaccedilatildeo o Neoliberalismo

e a Terceira Via que tentam viabilizar e condicionar o aumento do lucro atraveacutes da aproximaccedilatildeo

do mercado com o Estado

A primeira delas a lsquoreestruturaccedilatildeo produtivarsquo pressupotildee a intensificaccedilatildeo das

transformaccedilotildees no processo produtivo e essa foi uma das respostas agrave crise do capital e agrave crise

da acumulaccedilatildeo que teve iniacutecio em 1973 que com base no avanccedilo tecnoloacutegico e no toyotismo22

se apoiou

na flexibilidade dos processos dos mercados de trabalho dos produtos e padrotildees de

consumo Caracteriza-se pelo surgimento de setores de produccedilatildeo inteiramente novos

novas maneiras de fornecimento de serviccedilos financeiros novos mercados e

sobretudo taxas altamente intensificadas de inovaccedilatildeo comercial tecnoloacutegica e

organizacional (HARVEY 2003 p 140)

Com a produccedilatildeo fabril flexibilizada e informatizada ndash tiacutepico da acumulaccedilatildeo do capital

ndash houve uma queda no operariado manual e estaacutevel isso resultou na expansatildeo da precarizaccedilatildeo

do trabalho (contrataccedilatildeo temporaacuteria trabalho em tempo parcial) Nessa compreensatildeo o capital

pode ateacute precarizar e subutilizar a matildeo de obra mas o desenvolvimento tecnoloacutegico natildeo pode

substituir a capacidade intelectual do homem poreacutem consegue reproduzir na sociedade a ideia

dos valores empresariais e mercadoloacutegicos Com a reestruturaccedilatildeo produtiva a classe

trabalhadora fragmentou-se heterogeneizou-se e complexificou-se mas ainda assim natildeo corre

o risco de desaparecer (ANTUNES 2003)

Uma outra estrateacutegia utilizada para superar a crise do capitalismo eacute a lsquoglobalizaccedilatildeorsquo No

final do seacutec XX os desdobramentos do capitalismo em sua forma de acumular riquezas e assim

superar a crise desafiam a praacutetica e o pensamento social Segundo Chesnais (1996) o uso do

termo globalizaccedilatildeo eacute insuficiente para a compreensatildeo do processo de internacionalizaccedilatildeo do

22 O Toyotismo segundo Antunes (2005) eacute uma forma de organizaccedilatildeo do trabalho na faacutebrica da Toyota no Japatildeo

nos anos apoacutes 1945 que apresentava as seguintes caracteriacutesticas produccedilatildeo vinculada a demanda processo de

produccedilatildeo flexiacutevel possibilitando a um mesmo operaacuterio operar vaacuterias maacutequinas e desenvolver vaacuterias funccedilotildees A

produccedilatildeo em geral eacute horizontalizada ou seja grande parte da produccedilatildeo eacute terceirizada e subcontratada para deixar

as empresas mais ldquoenxutasrdquo ou mais ldquolevesrdquo

37

capital atual ela denominou entatildeo de mundializaccedilatildeo do capital23 por se tratar de um regime de

acumulaccedilatildeo predominantemente financeira configurando um espaccedilo conectado mundialmente

Essas conexotildees que tecircm como cenaacuterio o mundo em tempo real e que movimenta o capital

financeiro satildeo possiacuteveis a partir dos

Sistemas de comunicaccedilatildeo por sateacutelite e por cabo aliados agraves novas tecnologias de

informaccedilatildeo e agrave microeletrocircnica possibilitam a conexatildeo em tempo real dos mercados

das financcedilas e da produccedilatildeo As transformaccedilotildees que estatildeo ocorrendo no interior do

capitalismo inauguram de forma intensa ou mediatizada uma nova forma de estar no

mundo (CHESNAIS 1996 p 34)

Nesse contexto a globalizaccedilatildeo ocorre a partir da configuraccedilatildeo geopoliacutetica dos mercados

internacionais que fazem conexotildees com outros mercados operados por investidores

financeiros24 que avaliam e decidem sobre ldquoa participaccedilatildeo de tal paiacutes na rede em graus que

diferem de um compartimento a outro (cacircmbio obrigaccedilotildees accedilotildees etc)rdquo (CHESNAIS 1996 p

45) demarcando dessa maneira o paiacutes que quebra e o que estabiliza

Na verdade como afirma Frigotto (2001 p 36) trata-se de uma ldquoformaccedilatildeo de

oligopoacutelios e megacorporaccedilotildees mediante a fusatildeo ou alianccedilas entre grandes empresasrdquo Esse

processo inclui principalmente o grupo de paiacuteses mais ricos (Estados Unidos Canadaacute Japatildeo

Alemanha Franccedila Reino Unido e Itaacutelia) Esses paiacuteses se reuacutenem periodicamente para

resguardar os seus interesses e alertar que a livre concorrecircncia existe somente ateacute certo ponto

De toda forma considera o autor que o principal entre os problemas da globalizaccedilatildeo eacute uma

eventual desigualdade social por ela proporcionada em que o poder e a renda encontram-se em

maior parte concentrados nas matildeos de uma minoria burguesa o que atrela a questatildeo agraves

contradiccedilotildees do projeto capitalista

Uma outra estrateacutegia usada para superaccedilatildeo da crise do capital eacute o lsquoNeoliberalismorsquo tida

como uma ideologia impulsionada pelas teorias econocircmicas capitalistas que defende a natildeo

participaccedilatildeo do Estado na economia pois segundo essa ideologia o Estado eacute o principal

responsaacutevel por anomalias no funcionamento do mercado livre onde deve haver total liberdade

para garantir o crescimento econocircmico e o desenvolvimento social de um paiacutes Por outro lado

Peroni (2006) afirma que o neoliberalismo atua na privatizaccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos pelo

23 A lsquomundializaccedilatildeo do capitalrsquo eacute ldquoa capacidade estrateacutegica de todo grande grupo oligopolista voltado para a

produccedilatildeo manufatureira ou para as principais atividades de serviccedilos de adotar por conta proacutepria um enfoque e

condutas lsquoglobaisrsquordquo () incluindo-se a esfera financeira (CHESNAIS 1996 p 17) 24Os investidores institucionais segundo Chesnais (2005) satildeo organismos tais como fundos de pensatildeo fundos

coletivos de aplicaccedilatildeo sociedades de seguro bancos que administram sociedades de investimento que teriam feito

da descentralizaccedilatildeo dos lucros natildeo reinvestidos das empresas e das famiacutelias (planos de previdecircncia privados

poupanccedila salarial) um trampolim para a aquisiccedilatildeo de acumulaccedilatildeo financeira de grande proporccedilatildeo

38

repasse da sua execuccedilatildeo ao mercado busca a racionalizaccedilatildeo dos recursos e a diminuiccedilatildeo dos

gastos do Estado com as poliacuteticas sociais e educacionais restringindo assim a atuaccedilatildeo das

instituiccedilotildees puacuteblicas o que tem gerado contradiccedilotildees quanto ao papel social do Estado impliacutecito

na Constituiccedilatildeo Federal Brasileira de 1988

A lsquoTerceira viarsquo eacute outra estrateacutegia utilizada pela teoria neoliberal para vencer a crise

Segundo os teoacutericos defensores do neoliberalismo a proposta da Terceira Via pressupotildee um

Estado democraacutetico que tem como principais caracteriacutesticas a ldquodescentralizaccedilatildeo dupla

democratizaccedilatildeo renovaccedilatildeo da esfera puacuteblica-transparecircncia eficiecircncia administrativa

mecanismos de democracia direta e governo como administrador de riscosrdquo (GIDDENS 2001

p 87) Por outro lado Peroni e Caetano (2012) criticam as estrateacutegias da teoria neoliberal que

buscam a racionalizaccedilatildeo dos recursos e o esvaziamento do poder das instituiccedilotildees transferindo

a execuccedilatildeo das poliacuteticas sociais para o terceiro setor ldquoque eacute caracterizado como o puacuteblico natildeo-

estatalrdquo (PERONI CAETANO 2012 p 4) ou seja para a sociedade civil utilizando-se do

discurso da democratizaccedilatildeo e da participaccedilatildeo sem romper com o neoliberalismo

Caracterizada como uma ldquoarena de interesses contraditoacuterios e conflituososrdquo (VIEIRA

2007 p59) a gestatildeo puacuteblica se materializa na praacutetica das poliacuteticas traccediladas pelo poder puacuteblico

qualificando-se como uma ldquotarefa complexa e cheia de meandrosrdquo (VIEIRA 2007 p59)

Vieira (2007) e Paro (2005) compartilham da mesma ideia de que os valores estatildeo impliacutecitos

nas intencionalidades poliacuteticas nas condiccedilotildees dadas para a implementaccedilatildeo onde estaacute a base

material da gestatildeo puacuteblica com recursos materiais e financeiros e ainda de condiccedilotildees poliacuteticas

favoraacuteveis para concretizaccedilatildeo

Acerca desse debate sobre a gestatildeo puacuteblica uma tendecircncia internacional de reformas na

administraccedilatildeo puacuteblica na gestatildeo das poliacuteticas sociais e educacionais vem se formando nos

paiacuteses da Ameacuterica Latina a partir dos anos de 1990 inclusive no Brasil reflexo da crise

mundial que atingiu os paiacuteses centrais na deacutecada de 1980 A introduccedilatildeo de princiacutepios da

administraccedilatildeo empresarial no setor puacuteblico foi uma das mudanccedilas no padratildeo de organizaccedilatildeo e

gestatildeo que Lima (1997) denominou de paradigma da educaccedilatildeo contaacutebil (LIMA 1997 p 43

grifos do autor) Esse paradigma no Brasil se constitui por meio da Terceira Via nas parcerias

puacuteblico-privadas nos ldquonovos contratos de gestatildeordquo na compra de materiais didaacutetico-

pedagoacutegicos do setor privado nas avaliaccedilotildees com foco nos resultados no controle da eficiecircncia

e qualidade das instituiccedilotildees educativas

Essas medidas derivam de dois fatores principais das restriccedilotildees orccedilamentaacuterias dos

Estados em razatildeo do aprofundamento da crise financeira e econocircmica que se espalhara por todo

o mundo globalizado atingindo seu aacutepice em 2008 e da implantaccedilatildeo de princiacutepios do

39

ldquomovimento denominado New Public Management (NPM)rdquo (MARINI 2003 p 47) nas accedilotildees

dos governos

O modelo de gestatildeo gerencial ou ainda o termo Nova Gerecircncia Puacuteblica (New Public

Management mdash NPM) eacute frequentemente utilizado em muitos dos paiacuteses-membros25 da

Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econocircmico - OCDE O termo parece

descrever certo tipo de reforma administrativa que sob orientaccedilotildees da OCDE tem contribuiacutedo

para a elaboraccedilatildeo de uma visatildeo mais econocircmica e gerencial da administraccedilatildeo governamental

vinculada aos interesses do mercado capitalista e apoiada pela poliacutetica neoliberal de modo que

natildeo possibilita a participaccedilatildeo de todos Nesses termos o gerencialismo26 seria portanto

O modelo de aplicaccedilatildeo dos princiacutepios gerenciais do setor empresarial privado ao setor

puacuteblico Em termos praacuteticos essa concepccedilatildeo restrita da NPM implica numa ecircnfase da

gerecircncia de contratos na introduccedilatildeo de mecanismos de mercado no setor puacuteblico e na

vinculaccedilatildeo estabelecida entre o pagamento e o desempenho (ORMOND 1999 p73)

Nesse sentido o modelo de gestatildeo gerencial ou gerencialismo importado das empresas

privadas eacute reproduzido para o serviccedilo puacuteblico mesmo quando essa tendecircncia internacional da

administraccedilatildeo natildeo se materializa da mesma forma em todos os paiacuteses que a implantaram Em

alguns paiacuteses esse modelo deu certo e prosperou jaacute em outros encontrou reaccedilatildeo sendo ldquodebatido

ou introduzido gradualmente ou de forma mitigada mas em todo o caso conquistou adeptos

concentrou atenccedilotildees e motivou ataques e resistecircncias como nenhum outrordquo (LIMA 1997 p

47)

A reforma na administraccedilatildeo puacuteblica na perspectiva do gerencialismo de acordo com

Abruacutecio (2010) tem a descentralizaccedilatildeo como um mecanismo adotado internamente pelas

empresas privadas com o objetivo de garantir a eficiecircncia e eficaacutecia no controle da gestatildeo de

resultados no planejamento estrateacutegico no controle por meio de avaliaccedilotildees de desempenho

nacionais estaduais e municipais no controle das accedilotildees individuais (responsabilizaccedilatildeo) e na

emissatildeo de relatoacuterios administrativos

Natildeo diferentemente de outros paiacuteses da Ameacuterica Latina no Brasil Bresser Pereira

(2007) afirma que esse novo modelo vem se estruturando no paiacutes e que envolve organizaccedilotildees

estatais puacuteblicas natildeo estatais corporativas e privadas Essas organizaccedilotildees se relacionam em

25 Paiacuteses membros da OCDE ndash Aacuteustria Beacutelgica Dinamarca Franccedila Greacutecia Islacircndia Irlanda Itaacutelia Luxemburgo

Noruega Paiacuteses Baixos Portugal Reino Unido Sueacutecia Suiacuteccedila Turquia Alemanha Espanha Canadaacute USA Japatildeo

Finlacircndia Austraacutelia Nova Zelacircndia Repuacuteblica Checa Meacutexico Hungria Polocircnia Coreia do Sul Eslovaacutequia

Chile Eslovecircnia e Israel

40

redes e essas relaccedilotildees satildeo identificadas como parcerias entre instituiccedilotildees puacuteblico-privadas-

terceiro setor O autor traz referecircncias em defesa desse modelo que segundo ele para o

desenvolvimento do paiacutes eacute necessaacuterio um consenso entre diferentes setores da sociedade O

autor demonstra que ldquoum consenso pleno eacute impossiacutevel mas um consenso que una empresaacuterios

do setor produtivo trabalhadores teacutecnicos do governo e classes meacutedias profissionais - um

acordo nacional portanto ndash estaacute hoje em processo de formaccedilatildeordquo (BRESSER-PEREIRA 2007

p 163)

Assim novas relaccedilotildees entre o Estado o mercado e a sociedade civil se formam no paiacutes

Eacute como uma revoluccedilatildeo passiva que busca rearticular natildeo soacute a produccedilatildeo como tambeacutem regular

as novas relaccedilotildees humanas e sociais pois o controle do capital natildeo incide somente na extraccedilatildeo

da mais-valia mas ainda nessas articulaccedilotildees promovidas em torno de um consenso entre as

classes que organizam essas negociaccedilotildees e acordos no paiacutes

Desde o governo Fernando Henrique Cardoso jaacute vinha se formando um movimento de

ldquoparceriasrdquo que foi prosseguido no governo do Presidente Lula por meio do consenso com o

objetivo de acomodar e harmonizar a governanccedila puacuteblica Nesse sentido o consenso27 entre o

Estado e setores da sociedade civil vem seguindo no sentido de modificar as relaccedilotildees de poder

em um ldquonovo contratordquo em que o setor privado e o terceiro setor passaram a responsabilizar-se

pelos serviccedilos sociais que antes eram de responsabilidade do Estado Esses ldquonovos contratosrdquo

tem como foco princiacutepios gerenciais de mercado baseados na eficiecircncia na eficaacutecia na

flexibilidade dos contratos para atingir os resultados

No proacuteximo toacutepico vamos tratar dessas ldquonovas relaccedilotildeesrdquo que estatildeo ancoradas na

redefiniccedilatildeo do papel do Estado por meio do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado

Brasileiro de 1995 e na participaccedilatildeo das estruturas de poder com significativas implicaccedilotildees no

acircmbito das poliacuteticas educacionais e da gestatildeo da educaccedilatildeo

27 O consenso (ativo ou passivo) numa sociedade capitalista eacute organizado pela burguesia e por liderar esse bloco

deteacutem a hegemonia porque consegue ir aleacutem dos seus interesses econocircmicos imediatos para manter articuladas

forccedilas heterogecircneas numa accedilatildeo essencialmente poliacutetica que impeccedila o rompimento dos contrastes existentes entre

elas (GRAMSCI 2000) O Estado dizia Gramsci eacute sempre uma combinaccedilatildeo dialeacutetica de hegemonia e coerccedilatildeo

assim o exerciacutecio normal da hegemonia no terreno tornado claacutessico do regime parlamentar caracteriza-se pela

combinaccedilatildeo da forccedila e do consenso que se equilibram de modo variado sem que a forccedila suplante muito o consenso

mas ao contraacuterio tentando fazer com que a forccedila pareccedila apoiada no consenso da maioria expresso pelos chamados

oacutergatildeos da opiniatildeo puacuteblica (GRAMSCI 2000 p 95)

41

12 A REFORMA DO ESTADO BRASILEIRO E SUAS IMPLICACcedilOtildeES PARA A GESTAtildeO

DA EDUCACcedilAtildeO

Esse toacutepico trata da Reforma do Estado brasileiro e os seus reflexos na educaccedilatildeo

brasileira a partir de dois modelos de gestatildeo o gerencial e o democraacutetico

A ideia de reformar o Estado no Brasil teve iniacutecio nos anos 90 como reflexo da crise

instalada no paiacutes De um lado Bresser Pereira no Plano de Reforma do Aparelho do Estado

brasileiro argumenta que era necessaacuteria e urgente uma reforma de Estado para superar a

ineficiecircncia o burocratismo e o mau serviccedilo prestado agrave populaccedilatildeo principalmente na aacuterea

social A partir de entatildeo dentro de uma visatildeo neoliberal eacute criado durante o governo do

Presidente Fernando Henrique Cardoso pelo entatildeo Ministro Luiz Carlos Bresser Pereira em

1995 o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado Brasileiro (PDRAE) sob a

justificativa de que o Estado deveria assumir um papel menos executor ou prestador direto de

serviccedilos pois a administraccedilatildeo deveria se realizar por meio de ldquocontratos de gestatildeordquo que

definisse com clareza os objetivos ou indicadores de desempenho das instituiccedilotildees puacuteblicas e

permitisse o controle por resultados Desse modo caberia ao Estado ser o oacutergatildeo coordenador

financiador e regulador dos serviccedilos Por outro lado defensores do Estado democraacutetico

contestam que essas medidas afrontam veementemente os direitos sociais jaacute conquistados e

garantidos sob muita luta dos trabalhadores na Constituiccedilatildeo Federal de 1988

Propagando a imagem de que as atividades do setor puacuteblico-estatal natildeo atendem as

necessidades sociais baacutesicas da populaccedilatildeo pois o Estado estaacute ineficiente improdutivo e

antieconocircmico eacute articulado uma Reforma no Estado para que atenda a um novo modelo de

gestatildeo que tem o setor privado como paracircmetro de eficiecircncia efetividade e produtividade

podendo responder agraves demandas sociais de forma menos burocraacutetica e com maior rapidez As

poliacuteticas neoliberais se posicionam contrariamente agraves poliacuteticas distributivas de bem-estar social

e afirmam que o Estado que prioriza essas questotildees sociais eacute visto como um Estado de mal-

estar social Nesse sentido essas poliacuteticas neoliberais trabalham para racionalizar os custos

financeiros do Estado com gastos em sauacutede educaccedilatildeo habitaccedilatildeo transporte puacuteblico pensotildees

e aposentadorias reduzindo ainda as importaccedilotildees e incentivando a exportaccedilatildeo

Segundo Neves (2005) essa teoria de cunho neoliberal se sustentava na tese do ldquoEstado

miacutenimordquo que de produtor direto de bens e serviccedilos o Estado passou a coordenador de

iniciativas privadas ldquointrojetando nas instituiccedilotildees puacuteblicas estatais noccedilotildees de eficiecircncia

produtividade e racionalidade inerentes agrave loacutegica do capital (NEVES 2005 p 92) O caminho

42

que estaacute sendo proposto no PDRAE eacute justamente impor a privatizaccedilatildeo como a principal poliacutetica

de Estado seguindo as orientaccedilotildees internacionais do Banco Mundial e do Fundo Monetaacuterio

Internacional

Essa discussatildeo do Estado de bem-estar social eacute apresentada por Fiori (1997) e

demonstra uma complexa rede de determinaccedilotildees econocircmicas ideoloacutegicas e poliacuteticas que define

e diferencia o Estado de bem-estar social de outras eacutepocas e de outras experiecircncias nacionais

Para o autor a realidade de paiacuteses como os Estados Unidos a Europa o Japatildeo e o Brasil satildeo

diferentes e em razatildeo disso o que se apresenta como o Estado de bem-estar social em um paiacutes

natildeo pode ser padronizado da mesma forma em outro pois deve-se levar em conta algumas

questotildees centrais como ldquoformas de financiamento pela extensatildeo de serviccedilos pelo peso do

setor puacuteblico pelo seu grau de sensibilidade aos sistemas puacuteblicos pela sua forma de

organizaccedilatildeo institucional etcrdquo (FIORI 1997 p 135)

No texto do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado (PDRAE) a proposta de

Reforma do Estado eacute apresentada sob uma nova configuraccedilatildeo na estrutura do Estado que se

divide em trecircs diferentes setores o nuacutecleo estrateacutegico as atividades exclusivas e os serviccedilos

natildeo exclusivos Cada um deles corresponde a um modelo de gestatildeo com diferentes abrangecircncias

e consequecircncias para a democratizaccedilatildeo dos direitos a saber

O Nuacutecleo estrateacutegico - Corresponde ao governo em sentido lato Eacute o setor que define

as leis e as poliacuteticas puacuteblicas e cobra o seu cumprimento Eacute portanto o setor onde as

decisotildees estrateacutegicas satildeo tomadas Corresponde aos Poderes Legislativo e Judiciaacuterio

ao Ministeacuterio Puacuteblico e no poder executivo ao Presidente da Repuacuteblica aos ministros

e aos seus auxiliares e assessores diretos responsaacuteveis pelo planejamento e

formulaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas

Atividades exclusivas - Eacute o setor em que satildeo prestados serviccedilos que soacute o Estado pode

realizar Satildeo serviccedilos em que se exerce o poder extroverso do Estado - o poder de

regulamentar fiscalizar fomentar Como exemplos temos a cobranccedila e fiscalizaccedilatildeo

dos impostos a poliacutecia a previdecircncia social baacutesica o serviccedilo de desemprego a

fiscalizaccedilatildeo do cumprimento de normas sanitaacuterias o serviccedilo de tracircnsito a compra de

serviccedilos de sauacutede pelo Estado o controle do meio ambiente o subsiacutedio agrave educaccedilatildeo

baacutesica o serviccedilo de emissatildeo de passaportes etc

Os Serviccedilos Natildeo Exclusivos - Corresponde ao setor onde o Estado atua

simultaneamente com outras organizaccedilotildees puacuteblicas natildeo-estatais e privadas As

instituiccedilotildees desse setor natildeo possuem o poder de Estado Este entretanto estaacute presente

porque os serviccedilos envolvem direitos humanos fundamentais como os da educaccedilatildeo

e da sauacutede ou porque possuem ldquoeconomias externasrdquo relevantes na medida que

produzem ganhos que natildeo podem ser apropriados por esses serviccedilos atraveacutes do

mercado As economias produzidas imediatamente se espalham para o resto da

sociedade natildeo podendo ser transformadas em lucros Satildeo exemplos deste setor as

universidades os hospitais os centros de pesquisa e os museus (BRASIL MARE

1995 p41) [grifos nossos]

43

No PDRAE o nuacutecleo estrateacutegico corresponde a alta cuacutepula dos trecircs poderes (executivo

legislativo e judiciaacuterio) e seus assessores diretos no paiacutes que satildeo os responsaacuteveis pelo

planejamento das poliacuteticas puacuteblicas a serem implantadas no paiacutes Nos serviccedilos exclusivos estaacute

o poder do Estado como regulamentador fiscalizador e fomentador das poliacuteticas puacuteblicas Os

serviccedilos natildeo-exclusivos onde estatildeo algumas poliacuteticas sociais que antes estavam sobre a atuaccedilatildeo

do Estado passam a ter os serviccedilos oferecidos tambeacutem pelas instituiccedilotildees puacuteblicas natildeo-estatais

e privadas

Ora veja-se que nesses serviccedilos natildeo-exclusivos do Estado estatildeo presentes alguns

direitos humanos fundamentais legalmente constituiacutedos de acordo com a Constituiccedilatildeo Federal

de 1988 como a educaccedilatildeo e a sauacutede Entretanto o PDRAE ao retirar do Estado a

obrigatoriedade na oferta desses serviccedilos essenciais conquistados pela populaccedilatildeo e transferi-lo

para as instituiccedilotildees puacuteblicas natildeo-estatais privadas e terceiro setor estatildeo portanto abrindo

espaccedilos para o setor privado agir Assim com todas as formas de ldquoeficiecircnciardquo e ldquoeficaacuteciardquo que

o setor privado gerencia os seus empreendimentos particulares reproduz-se esse mesmo

modelo principalmente em setores essenciais como a sauacutede e a educaccedilatildeo trazendo para o

serviccedilo puacuteblico uma nova loacutegica de produtividade e competitividade caracteriacutesticas do

neoliberalismo Em defesa dessa flexibilidade da vertente neoliberal Cardoso (2003 p15)

afirma que ldquo() a produccedilatildeo de bens e serviccedilos pode e deve ser transferida agrave sociedade agrave

iniciativa privada com grande eficiecircncia e com menor custo para o consumidorrdquo

O PDRAE sugere a ldquodescentralizaccedilatildeo de serviccedilosrdquo como elemento estimulador da

democratizaccedilatildeo da accedilatildeo estatal no entanto nem sempre funciona pois ela se apresenta muitas

vezes apenas como uma forma mais eficiente de controle dos gastos puacuteblicos Assim sob o

argumento da participaccedilatildeo coletiva toda a sociedade eacute convocada a contribuir com os serviccedilos

que antes eram de responsabilidade do Estado por meio do discurso da ldquoresponsabilidade

socialrdquo e da colaboraccedilatildeo ldquovoluntaacuteriardquo em razatildeo da qual todos passam a ser responsabilizados

pela oferta dos serviccedilos principalmente passando a ideia de eficiecircncia atraveacutes das parcerias

puacuteblico-privadas Esse modelo de Reforma do Estado baseado nos preceitos da mundializaccedilatildeo

do capital nos pressupostos neoliberais influenciaram as reformas tambeacutem no acircmbito

educacional e tem recebido duras criacuteticas de vaacuterios estudiosos da educaccedilatildeo no paiacutes como Neves

(2005) Peroni (2006) Gutierres (2010) Neto e Castro (2011)

Para os autores a redefiniccedilatildeo do papel do Estado tem traccedilado um novo rumo para a

educaccedilatildeo brasileira retirando inclusive direitos legalmente constituiacutedos Em se tratando das

poliacuteticas educacionais esse novo regulamento se propotildee a minimizar e controlar os custos com

44

a educaccedilatildeo e atender ao maior nuacutemero de pessoas com serviccedilos educacionais prestados por

terceiros e natildeo mais como um direito social assegurado pelo Estado

Ao final do entatildeo governo Fernando Henrique Cardoso em 2002 foi eleito para

Presidecircncia da Repuacuteblica Luiz Inaacutecio Lula da Silva dentro de uma coalizatildeo de partidos de

centro-esquerda que abrangeu aleacutem do Partido dos Trabalhadores (PT) o Partido Comunista

do Brasil (PCdoB) o Partido Liberal (PL) o Partido da Mobilizaccedilatildeo Nacional (PMN) e o

Partido Comunista Brasileiro (PCB) Ao final de quatro anos em novo pleito eleitoral Lula da

Silva eacute reeleito em nova coalizatildeo partidaacuteria formada pelo Partido dos Trabalhadores (PT) pelo

Partido Comunista do Brasil (PCdoB) pelo Partido Liberal (PL) e pelo Partido Republicano

Brasileiro (PRB) para uma nova fase de governo que se estendeu ateacute 2010

Com Lula da Silva agrave frente da Presidecircncia da Repuacuteblica (2003-2010) trecircs Ministros de

Estado da Educaccedilatildeo estiveram agrave frente do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo quais sejam Cristovatildeo

Buarque em 2003 Tarso Genro 2004 e 2005 e Fernando Haddad de 2005 a 2010 Na

oportunidade estabeleceram ldquonovasrdquo poliacuteticas puacuteblicas para a educaccedilatildeo durante os oito anos de

governo Lula De acordo com FREITAS e SILVA (2015)

as poliacuteticas educacionais levadas a efeito pelo governo federal ao longo do primeiro

mandato de Lula da Silva agrave frente da Presidecircncia da Repuacuteblica de 2003 a 2007 o que

se apresenta eacute que vaacuterios pressupostos e propostas acabam por reforccedilar seu caraacuteter de

continuidade e reafirmaccedilatildeo da loacutegica do capital e da perspectiva que orientava tais

poliacuteticas desde a uacuteltima deacutecada do seacuteculo XX e primeiros anos do seacuteculo XXI

(FREITAS e SILVA 2015)

Dessa forma o que se observa eacute que o governo Lula da Silva deu continuidade as

poliacuteticas de mercado neoliberal consolidada no processo de globalizaccedilatildeo pelo ainda presidente

Fernando Henrique Cardoso mas que jaacute era tambeacutem reflexos do capital internacional desde os

governos Collor de Mello e Itamar Franco

O iniacutecio do segundo mandato do governo Lula (2007-2010) trouxe um marco

importante apresentado como um novo orientador e como uma nova perspectiva na conduccedilatildeo

das poliacuteticas educacionais com o anuacutencio do Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo e no seu

contexto do Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo

dos Profissionais da Educaccedilatildeo (FUNDEB) instituiacutedo pela Medida Provisoacuteria nordm 3392006 que

posteriormente fora convertida na Lei nordm 114942007

Embora o governo de Lula da Silva e o de sua sucessora Dilma Rousseff tenha

apresentado para o paiacutes uma proposta de crescimento econocircmico e de transferecircncia de renda o

programa de frente poliacutetica denominado por Boito Juacutenior (2012) de ldquoneodesenvolvimentistardquo

45

o qual comeccedilou a se formar no decorrer da deacutecada de 1990 e apresentou contradiccedilotildees frente a

algumas reformas apresenta semelhanccedilas em seus traccedilos mais gerais com as propostas lanccediladas

pelo governo de Fernando Henrique Cardoso no periacuteodo desenvolvimentista e populista28

Boito (2012 p 5) denomina o ldquoneodesenvolvimentismordquo de ldquoo desenvolvimentismo da eacutepoca

do capitalismo neoliberalrdquo e jaacute adverte que o tema eacute complexo Afirma que os governos Lula

da Silva e Dilma Rousseff lanccedilaram matildeo de alguns elementos importantes que ficaram de fora

da proposta do governo de Fernando Henrique Cardoso Senatildeo veja-se

a) poliacuteticas de recuperaccedilatildeo do salaacuterio miacutenimo e de transferecircncia de renda que

aumentaram o poder aquisitivo das camadas mais pobres isto eacute daqueles que

apresentam maior propensatildeo ao consumo b) forte elevaccedilatildeo da dotaccedilatildeo orccedilamentaacuteria

do Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico (BNDES) para financiamento

das grandes empresas nacionais a uma taxa de juro favorecida ou subsidiada c)

poliacutetica externa de apoio agraves grandes empresas brasileiras ou instaladas no Brasil para

exportaccedilatildeo de mercadorias e de capitais (DALLA COSTA 2012) d) poliacutetica

econocircmica anticiacuteclica ndash medidas para manter a demanda agregada nos momentos de

crise econocircmica e e) incremento do investimento estatal em infraestrutura (BOITO

2012 p5)

Esses elementos econocircmicos na poliacutetica buscavam o crescimento econocircmico do

capitalismo brasileiro com alguma transferecircncia de renda embora o faccedila sem romper com os

limites dados pelo modelo econocircmico neoliberal vigente no paiacutes O neodesenvolvimentismo

seria nessa loacutegica dos governos Lula da Silva e Dilma Rousseff a poliacutetica de desenvolvimento

possiacutevel dentro dos limites dados pelo modelo capitalista neoliberal

Nessa loacutegica Neto e Castro (2011) afirmam que o PDRAE insere-se na loacutegica desse

processo de adaptaccedilatildeo agraves novas exigecircncias do capital ao mesmo tempo em que o Estado deixa

de ser o responsaacutevel direto pelo desenvolvimento econocircmico e social cedendo para o mercado

essa tarefa para se fortalecer na funccedilatildeo de promotor e regulador desse desenvolvimento Nesta

direccedilatildeo a reforma educacional em consonacircncia com as orientaccedilotildees mercadoloacutegicas tem

priorizado os seguintes eixos

a) focalizaccedilatildeo de programas ndash procura-se substituir o acesso universal aos direitos

sociais e bens puacuteblicos por acesso seletivo b) descentralizaccedilatildeo ndash possibilita a

utilizaccedilatildeo de estrateacutegias para propiciar a democratizaccedilatildeo do Estado e a busca de maior

justiccedila social c) privatizaccedilatildeo ndash entendida no seu sentido mais amplo como a

transferecircncia das responsabilidades puacuteblicas para organizaccedilotildees ou entidades privada

d) desregulamentaccedilatildeo ndash que tem por objetivo criar um novo quadro legal com vistas

a diminuir a interferecircncia dos poderes puacuteblicos sobre os empreendimentos

educacionais privados (NETO e CASTRO 2011 p 2)

28 Consultar o texto na iacutentegra As bases poliacuteticas do neodesenvolvimentismo (BOITO 2012)

46

Essas diretrizes vecircm influenciando a poliacutetica educacional que tem interferido

diretamente na organizaccedilatildeo e na gestatildeo do sistema educacional na formulaccedilatildeo e na conduccedilatildeo

das poliacuteticas determinando novos papeacuteis e funccedilotildees para os profissionais da educaccedilatildeo em todos

os niacuteveis de atuaccedilatildeo

Nesse contexto podemos afirmar que essas reformas neoliberais de ldquoajustesrdquo estrutural

presentes no Plano Diretor de Reforma do Aparelho do Estado Brasileiro trazem o modelo de

gestatildeo com base no gerencialismo que com o apoio dos organismos internacionais

influenciados pelo Banco Mundial (BM) e pelo Fundo Monetaacuterio Internacional (FMI)

apresentaram elementos conceituais para uma visatildeo mais econocircmica e gerencial da

administraccedilatildeo puacuteblica com ecircnfase na gerecircncia de contratos com instituiccedilotildees privadas na

introduccedilatildeo de mecanismos de mercado no setor puacuteblico e a vinculaccedilatildeo da remuneraccedilatildeo com o

desempenho

121 As Poliacuteticas Educacionais no Brasil e a Gestatildeo da Educaccedilatildeo

Primeiramente faz-se necessaacuterio esclarecer que natildeo existem poliacuteticas puacuteblicas sem

poliacutetica As poliacuteticas puacuteblicas se referem pois as iniciativas governamentais as diretrizes os

programas os planos e as accedilotildees que estatildeo vinculadas aos interesses de uma determinada

sociedade Uma poliacutetica educacional eacute um caso particular de poliacutetica social uma vez que trata

das questotildees educacionais e busca dar condiccedilotildees para que as iniciativas governamentais sejam

aplicadas Para tanto o planejamento e a gestatildeo dessa poliacutetica educacional precisa ser bem

formulado Segundo Camini (2009)

a poliacutetica e as poliacuteticas implementadas percorrem um trajeto na sua construccedilatildeo que

natildeo eacute linear por que eacute feito de movimentaccedilatildeo com oscilaccedilotildees avanccedilos e recuos

estando sujeitas a mudanccedilas acreacutescimos e supressotildees sofrendo portanto influecircncias

em todas as suas fases dependendo dos contextos e sujeitos envolvidos no processo

de formulaccedilatildeo e execuccedilatildeo (CAMINI 2009 p 22)

A elaboraccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas educacionais reflete um campo de disputa de vaacuterios

interesses muitas vezes antagocircnicos entre os sujeitos que se mobilizam para materializar as

poliacuteticas que possam beneficiar os seus interesses individuais plurais ou de um grupo Embora

essa materialidade esteja nos registros escritos ndash oficiais ou natildeo ndash organizados por sujeitos que

47

ali participaram do planejamento da poliacutetica isso natildeo quer dizer que elas sejam implementadas

Rua (1997) afirma que

A rigor uma decisatildeo em poliacutetica puacuteblica representa apenas um amontoado de

intenccedilotildees sobre a soluccedilatildeo de um problema expressas na forma de determinaccedilotildees

legais decretos resoluccedilotildees etc etc Nada disso garante que a decisatildeo se transforme

em accedilatildeo e que a demanda que deu origem ao processo seja efetivamente atendida Ou

seja natildeo existe um viacutenculo ou relaccedilatildeo direta entre o fato de uma decisatildeo ter sido

tomada e a sua implementaccedilatildeo E tambeacutem natildeo existe relaccedilatildeo ou viacutenculo direto entre

o conteuacutedo da decisatildeo e o resultado da implementaccedilatildeo (RUA 1997 p11)

As poliacuteticas nacionais nesse caso destaca-se o objeto deste estudo o Plano de Metas

Compromisso Todos Pela EducaccedilatildeoPlano de Accedilotildees Articuladas eacute um conjunto de intenccedilotildees de

uma poliacutetica governamental viabilizada por meio de decreto presidencial que natildeo explica a

origem da poliacutetica e nem o seu fim O Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica (IDEB)

eacute um indicador para verificaccedilatildeo do cumprimento das metas fixadas por esta poliacutetica por meio

do Termo de Adesatildeo ao Compromisso Todos Pela Educaccedilatildeo ndash eixo do Plano de

Desenvolvimento da Educaccedilatildeo ndash como um meio de justificar a implantaccedilatildeo da poliacutetica em todos

os estados e municiacutepios do paiacutes Para viabilizar a implantaccedilatildeo dessa poliacutetica eacute apresentado o

Plano de Accedilotildees Articuladas um instrumento destinado aos estados e municiacutepios para fazer o

planejamento da educaccedilatildeo de forma a atender a metas fixadas por esta poliacutetica Eacute certo que

uma poliacutetica dessa proporccedilatildeo traz consigo uma complexidade na implantaccedilatildeo Tratar-se-aacute deste

tema mais especificamente na 2ordf sessatildeo desse estudo

As intenccedilotildees dos governos e da sociedade civil se diferem e se revelam no processo

histoacuterico da democracia no Brasil A democracia tem se revelado com significados e conceitos

diferenciados em muitos espaccedilos e sob diferentes formas na educaccedilatildeo por exemplo

lsquomodismosrsquo tomam conta da educaccedilatildeo puacuteblica e afirmam serem democraacuteticos Monteiro (2007)

explica

A palavra democracia eacute polissecircmica podendo pois possuir vaacuterios significados

dependendo dos interesses particulares de quem a encampa moldando o discurso

democraacutetico a diferentes situaccedilotildees e pode ser utilizada ateacute para designar coisas

antagocircnicas Os poliacuteticos brasileiros por exemplo soacute consideram anti-democraacuteticos

os outros Mas uma coisa eacute comum falar em democracia envolve sempre algo de

positividade de liberdade (MONTEIRO 2007 p 55)

Nesse contexto moldam-se os discursos democraacuteticos dependendo dos interesses

particulares No Brasil nos paiacuteses da Europa e em outros paiacuteses latino-americanos os partidos

de esquerda e os partidos mais progressistas tecircm assumido a bandeira da democracia como valor

48

universal no caso do Brasil essa bandeira se fortaleceu devido ao longo periacuteodo de ditadura

militar no paiacutes que perdurou por vinte e um anos (1964-1985) Entretanto as criacuteticas a esse

modelo satildeo de ordem principalmente capitalista que propagam ldquoa ideologia do Estado neutro

a serviccedilo do bem comum o que se constitui numa falaacuteciardquo (MONTEIRO 2007 p 56)

A democracia deve ser vista em um panorama mais amplo e natildeo somente como um valor

universal representada atraveacutes das eleiccedilotildees diretas livres como se automaticamente essas

relaccedilotildees se transformassem Segundo Coutinho (2002 p17) ldquoo que tem valor universal eacute esse

processo de democratizaccedilatildeo que se expressa essencialmente numa crescente socializaccedilatildeo da

participaccedilatildeo poliacuteticardquo No Brasil os defensores do neoliberalismo afirmam que jaacute estamos

vivendo a democracia com a globalizaccedilatildeo o acesso a informaccedilatildeo a participaccedilatildeo no mercado

de trabalho etc por outro lado os defensores mais da esquerda oferecem resistecircncia de que a

democracia deve ser defendida como um valor universal e que ela precisa ser ampliada e

qualificada para evitar o reaparecimento de governos autoritaacuterios e a volta da ditadura Ou seja

para existir uma democratizaccedilatildeo plena eacute necessaacuteria uma combinaccedilatildeo de elementos essenciais

como ldquoa socializaccedilatildeo da participaccedilatildeo poliacutetica com a socializaccedilatildeo do poder o que significa que

a plena realizaccedilatildeo da democracia implica a superaccedilatildeo da ordem social capitalista da

apropriaccedilatildeo privada natildeo soacute dos meios de produccedilatildeo mas tambeacutem do poder de Estado []rdquo

(COUTINHO 2002 p 17) A conquista de uma democracia direta e participativa deve comeccedilar

na escola como um aprendizado sendo por isso importante a participaccedilatildeo e a abertura de

espaccedilos organizados de participaccedilatildeo no seu interior para que os sujeitos escolares que estatildeo

envolvidos nos processos possam debater e tomar suas decisotildees

Em se tratando da educaccedilatildeo puacuteblica nos uacuteltimos anos considera-se indispensaacutevel

relembrar as lutas histoacutericas para a institucionalizaccedilatildeo da gestatildeo democraacutetica como princiacutepio

da educaccedilatildeo que foi inscrita na Constituiccedilatildeo Federal Brasileira de 1988 apoacutes forte pressatildeo dos

educadores que participaram da IV Conferecircncia Brasileira de Educaccedilatildeo (CBE) em 1986

oportunidade em que escreveram uma Carta conhecida como ldquoCarta de Goiacircniardquo a qual

solicitava que fossem inseridos na Constituiccedilatildeo vinte e um princiacutepios baacutesicos que atualmente

entravam a efetiva democratizaccedilatildeo da sociedade Poreacutem o texto da Constituiccedilatildeo Federal

Brasileira de 1988 resumiu toda a solicitaccedilatildeo dos educadores organizados na simples expressatildeo

ldquogestatildeo democraacutetica do ensino puacuteblico na forma da leirdquo A Lei de Diretrizes e Bases da

Educaccedilatildeo Nacional (LDBEN) de 1996 que eacute a Lei da educaccedilatildeo no paiacutes em seu art 14 tambeacutem

soacute reafirmou o princiacutepio da gestatildeo democraacutetica com a seguinte redaccedilatildeo ldquoI - participaccedilatildeo dos

profissionais da educaccedilatildeo na elaboraccedilatildeo dos projetos pedagoacutegicos da escolardquo e II - a

ldquoparticipaccedilatildeo das comunidades escolar e local em Conselhos Escolares ou equivalentesrdquo No

49

art 15 destaca-se ldquoos sistemas de ensino asseguraratildeo agraves unidades escolares puacuteblicas de

educaccedilatildeo baacutesica que os integram progressivos graus de autonomia pedagoacutegica e administrativa

e de gestatildeo financeira observadas as normas gerais de direito financeiro puacuteblicordquo (BRASIL

1996 p 8)

Dessa forma a Constituiccedilatildeo Federal e a LDB trataram rapidamente e natildeo detalharam

como se daria a forma de regulamentaccedilatildeo e legitimaccedilatildeo da gestatildeo democraacutetica aleacutem de natildeo

apontarem como se daria a criaccedilatildeo de oacutergatildeos colegiados que poderiam contribuir com o debate

democraacutetico e participativo com o controle social das obrigaccedilotildees do Estado para com a

educaccedilatildeo puacuteblica Entretanto vemos alguns sinais de flexibilizaccedilatildeo presentes na LDB

orientados pela Reforma do Estado na educaccedilatildeo como a flexibilizaccedilatildeo curricular flexibilizaccedilatildeo

nas questotildees administrativas e financeiras da escola com a implementaccedilatildeo dos processos de

descentralizaccedilatildeo e da autonomia para as redes escolares e ainda a possibilidade de aceleraccedilatildeo e

aproveitamento de estudos avanccedilo de seacuteries de estudos

Poreacutem natildeo podemos afirmar que existe na praacutetica uma gestatildeo democraacutetica nas escolas

sem a participaccedilatildeo ativa dos envolvidos nos debates e na construccedilatildeo de uma cultura social e

poliacutetica que viabilize a implantaccedilatildeo e a atuaccedilatildeo efetiva dos conselhos de controle social com

autonomia pedagoacutegica administrativa e financeira Nos casos em que a gestatildeo natildeo eacute

compartilhada estamos diante de uma falsa gestatildeo democraacutetica Para Cury (1997 p 201) a

gestatildeo ldquonatildeo eacute soacute o ato de administrar um bem fora de si mas algo que se traz em si por que

nele estaacute contido E o conteuacutedo do seu bem eacute a proacutepria capacidade de participaccedilatildeo sinal maior

da democraciardquo

Como um princiacutepio constitucional a gestatildeo democraacutetica atinge a totalidade do ensino

puacuteblico Para isso eacute necessaacuterio democratizar as escolas e toda a estrutura dos sistemas de ensino

em toda a sua organizaccedilatildeo atraveacutes dos mecanismos potencializadores de gestatildeo democraacutetica

que possibilitem a interaccedilatildeo uns com os outros e natildeo serem atos isolados Esses mecanismos

democratizadores que permitem a participaccedilatildeo na gestatildeo da escola satildeo a ldquoeleiccedilatildeo de diretores

a instalaccedilatildeo de conselhos escolares deliberativos descentralizaccedilatildeo administrativa financeira e

pedagoacutegicardquo (MENDONCcedilA 2000 p21) Cabe refletir que a escola eacute uma instituiccedilatildeo que tem

potencial poliacutetico e social portanto quando ela natildeo eacute democratizada atraveacutes da participaccedilatildeo

ela eacute moldada para atender aos interesses econocircmicos e patrimonialista da elite dominante

desprezando os reais objetivos especiacuteficos da educaccedilatildeo a formaccedilatildeo humana

Por outro lado os estudos recentes de Barroso (1996) e Dourado (2007) tecircm

demonstrado que os discursos tanto governamental quanto o empresarial se encontram na

necessidade de estimular a autonomia da escola a partir da gestatildeo da educaccedilatildeo baacutesica E assim

50

controlar os sistemas educacionais atraveacutes dos instrumentos nacionais de avaliaccedilatildeo (ENEM

ENADE IDEB) A estimulaccedilatildeo da participaccedilatildeo da comunidade escolar na resoluccedilatildeo de

questotildees administrativas financeiras e voluntaacuterias da escola tem sido uma estrateacutegia que vai

ldquono sentido de transferir poderes e funccedilotildees do niacutevel nacional e regional para o niacutevel local

reconhecendo a escola como um lugar central de gestatildeo e a comunidade local (em particular os

pais dos alunos) como um parceiro essencial na tomada de decisatildeordquo (BARROSO 1996 p02)

Nesse contexto observamos a contradiccedilatildeo em que se assenta a implantaccedilatildeo do Plano de

Accedilotildees Articuladas nos estados e municiacutepios longe de se constituir aos olhos do movimento

dos educadores como uma praacutetica democraacutetica de gestatildeo o PAR que eacute um instrumento de

planejamento presente no Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo constituiu-se e

implementou-se sem levar em consideraccedilatildeo a participaccedilatildeo no debate coletivo com os estados e

municiacutepios na construccedilatildeo desse instrumento mas que foi uma decisatildeo poliacutetica sustentada no

consentimento social

No aspecto poliacutetico Gutierres (2010 p70) afirma que a ldquogestatildeo envolve assimetrias de

poder soacute passiacuteveis de serem minimizadas pela gestatildeo democraacutetica que muito mais do que

compartilhamento de tarefas supotildee divisatildeo de poder de respeito muacutetuo pela condiccedilatildeo de

sujeito de todos os que participam do processordquo Dessa forma a participaccedilatildeo eacute imprescindiacutevel

para que haja de fato a democracia o que a constitui um dos requisitos principais Para que os

processos de gestatildeo democraacutetica da escola sejam atingidos eacute necessaacuterio que as estruturas de

poder do sistema de ensino tenham como base mecanismos de participaccedilatildeo nos processos de

deliberaccedilotildees colegiadas

Em oposiccedilatildeo ao modelo de gestatildeo democraacutetica que valoriza a participaccedilatildeo da sociedade

na efetivaccedilatildeo de praacuteticas de democratizaccedilatildeo da educaccedilatildeo o modelo de gestatildeo gerencialista

admite e prioriza os interesses privados sobre o puacuteblico gerando a desobrigaccedilatildeo do Estado

quanto agraves suas responsabilidades ao mesmo tempo em que adota e aceita mecanismos de

controle privados como a avaliaccedilatildeo e os resultados

Todavia o que tem se observado no Brasil nas uacuteltimas deacutecadas eacute a convivecircncia teoacuterica

desses dois modelos de gestatildeo da educaccedilatildeo a gestatildeo democraacutetica e a gestatildeo gerencialista

Essas perspectivas tecircm se materializado no Plano de Reforma do Estado de 1995 e nas poliacuteticas

educacionais de governo implantadas atraveacutes do Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo do

Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo e do Plano de Accedilotildees Articuladas os quais

cercam este objeto de estudo Poreacutem para que essas poliacuteticas de gestatildeo da educaccedilatildeo se

materializem tanto na perspectiva democraacutetica quanto na gerencial alguns mecanismos de

51

poder satildeo utilizados em diferentes contextos e espaccedilos e ateacute dialogando entre si sob as diversas

formas que buscam representar uma educaccedilatildeo democratizada Eacute o que se vecirc a seguir

13 DESCENTRALIZACcedilAtildeO AUTONOMIA E PARTICIPACcedilAtildeO MECANISMOS DE

DEMOCRATIZACcedilAtildeO DAS ESTRUTURAS DE PODER

Nesse toacutepico discutir-se-atildeo acerca dos trecircs mecanismos de democratizaccedilatildeo a

descentralizaccedilatildeo a autonomia e a participaccedilatildeo e as suas formas de materialidade na poliacutetica e

na gestatildeo da educaccedilatildeo

131 Descentralizaccedilatildeo

O termo ldquodescentralizaccedilatildeordquo tem sido cada vez mais incorporado pelas poliacuteticas puacuteblicas

educacionais que sem infringir as regras de harmonia do conceito caracteriza-se como a natildeo

centralizaccedilatildeo da gestatildeo autoritaacuteria Entretanto esse conceito guarda ambiguidades pois no

Brasil o Plano Diretor de Reforma do Estado Brasileiro (PDRAE) reconfigurou as funccedilotildees do

Estado descentralizando-a para a administraccedilatildeo puacuteblica embora nesse modo o que se tem eacute

uma desconcentraccedilatildeo de tarefas

Na educaccedilatildeo a descentralizaccedilatildeo como em vaacuterios paiacuteses evoluiu em duas direccedilotildees

opostas um movimento de centralizaccedilatildeo e paralelamente transferecircncia de novas competecircncias

para a escola No caso do Brasil como entes federativos os municiacutepios ldquoresguardados pelo

princiacutepio da soberania assumem a gestatildeo de poliacuteticas puacuteblicas sob a prerrogativa de adesatildeo

precisando portanto ser incentivados para talrdquo (ARRETCHE 1999 p 114)

De modo a favorecer a compreensatildeo das ambiguidades do termo descentralizaccedilatildeo

Novaes e Fialho (2010 p 586) apresentam quatro variaccedilotildees sendo a) desconcentraccedilatildeo se

caracteriza pela transferecircncia ou delegaccedilatildeo de autoridade ou ainda de competecircncias de accedilatildeo

do governo central para as regiotildees e localidades b) delegaccedilatildeo manteacutem uma cadeia hieraacuterquica

que toma as decisotildees e transfere responsabilidades no entanto a autoridade se mantem sobre o

controle da unidade que a delegou c) devoluccedilatildeo caracteriza-se pelo fortalecimento e

autonomia dos governos regionais e locais que natildeo requer o controle direto do governo central

e d) a privatizaccedilatildeo caracterizada pela progressiva transferecircncia de controle governamental da

educaccedilatildeo convertendo as escolas puacuteblicas em escolas privadas

52

Neto e Castro (2011) afirmam que o processo de descentralizaccedilatildeo atualmente em

desenvolvimento no sistema educacional natildeo foi necessariamente resultado das conquistas

democraacuteticas por parte dos movimentos sociais O que tem ocorrido eacute que na educaccedilatildeo a

descentralizaccedilatildeo tem reduzido a accedilatildeo estatal de praacuteticas de gestatildeo proacuteprias do setor privado e

com isso procura-se diminuir a hierarquia propiciando a entrada do setor privado no sistema

possibilitando decisotildees mais proacuteximas do local de execuccedilatildeo dessas poliacuteticas

A descentralizaccedilatildeo a partir do modelo federativo brasileiro acarretou um niacutevel de

autonomia poliacutetica para os estados e municiacutepios inclusive na formulaccedilatildeo de poliacuteticas locais

devido agraves propostas de separaccedilatildeo nos arranjos institucionais O desenho do federalismo

brasileiro apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 determina a inclusatildeo do municiacutepio como ente

federativo29 O art 18 define a Organizaccedilatildeo Poliacutetico-Administrativa do Estado e prevecirc que ldquoA

organizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa da Repuacuteblica Federativa do Brasil compreende a Uniatildeo os

Estados o Distrito Federal e os municiacutepios todos autocircnomos nos termos desta constituiccedilatildeordquo

(CFBRASIL 1988) Uma federaccedilatildeo para Cury (2010) eacute a uniatildeo de membros federados que

formam uma soacute entidade soberana que seria o Estado Nacional no qual as unidades federadas

subnacionais (estados e municiacutepios) no caso do Brasil gozam de autonomia dentro dos limites

jurisdicionais atribuiacutedos e especificados

Um caso de descentralizaccedilatildeodesconcentraccedilatildeo de tarefas se daacute na administraccedilatildeo das

escolas ndash agora financiadas pelos municiacutepios ndash no Brasil estaacute sob a responsabilidade das

secretarias municipais de educaccedilatildeo que entre as suas principais funccedilotildees estatildeo definir as

poliacuteticas municipais de educaccedilatildeo e estabelecer por meio do plano municipal de educaccedilatildeo as

prioridades as estrateacutegias e as accedilotildees necessaacuterias para cumprir seu compromisso legal Cada

municiacutepio pode optar por criar seu proacuteprio sistema de ensino ou integrar-se ao sistema estadual

Para dar materialidade agrave descentralizaccedilatildeo da gestatildeo na perspectiva da democratizaccedilatildeo

nos uacuteltimos anos vem sendo implementada a poliacutetica de criaccedilatildeo de conselhos em acircmbito

municipal e escolar no Brasil Os municiacutepios que optam por criar seu proacuteprio sistema podem

ter seu oacutergatildeo consultivo o Conselho Municipal de Educaccedilatildeo um organismo colegiado

integrado por representantes da comunidade e da administraccedilatildeo puacuteblica que atua como

mediador entre a sociedade civil e o poder executivo local na discussatildeo elaboraccedilatildeo e

implementaccedilatildeo da poliacutetica de educaccedilatildeo municipal (MORDUCHOWICZ ARANGO 2010)

29 O Art 1ordm da Constituiccedilatildeo Federal apresenta a seguinte redaccedilatildeo ldquoA Repuacuteblica Federativa do Brasil formada

pela uniatildeo indissoluacutevel dos Estados Municiacutepios e Distrito Federal constitui-se em Estado democraacutetico de direito

(BRASIL 1988)

53

Com a implantaccedilatildeo dos conselhos nas unidades escolares estas passam a ter a

autonomia para tomarem decisotildees de problemas administrativos pedagoacutegicos e financeiros e

devem prestar contas ao poder central ndash governo federal ndash pelo sucesso ou fracasso das suas

decisotildees que atraveacutes da assinatura dos ldquocontratos de gestatildeordquo de ldquotermos de adesatildeordquo agraves poliacuteticas

neoliberais e das decisotildees colegiadas responsabilizam-se pelo andamento das unidades

escolares Nesse sentido o que haacute eacute uma desconcentraccedilatildeo de poder com a delegaccedilatildeo de tarefas

para as unidades escolares sendo o governo federal o oacutergatildeo regulador e centralizador da

poliacutetica

As propostas de mudanccedilas nos arranjos institucionais satildeo mais difiacuteceis de serem

concretizadas no federalismo No caso do Brasil as constituiccedilotildees brasileiras natildeo preveem regras

para secessatildeo A esse respeito a Constituiccedilatildeo de 1988 define que nenhuma emenda

constitucional poderaacute abolir ldquoa forma federativa do Estadordquo (CF88 art 60 inciso I do sect 4ordm)

tornando-se essa uma claacuteusula peacutetrea30 Jaacute no caso dos formatos institucionais mais flexiacuteveis

ldquoa descentralizaccedilatildeo supotildee um movimento no qual uma autoridade central devolve ou delega

poderes mas natildeo apenas isso se tais poderes jaacute estatildeo descentralizados pode recentralizaacute-losrdquo

(KINCAID 2002 apud MORDUCHOWICZ ARANGO 2010 p126)

Segundo Cury (2010 p153) existem trecircs modelos de federalismo primeiro o

federalismo centriacutepeto que se caracteriza pelo fortalecimento do poder da Uniatildeo segundo o

federalismo centriacutefugo no qual haacute um fortalecimento do poder do Estado membro sobre o da

Uniatildeo com uma consideraacutevel autonomia daqueles e terceiro o federalismo de cooperaccedilatildeo no

qual se busca um equiliacutebrio de poderes entre a Uniatildeo e os Estados-membros estabelecendo

laccedilos de colaboraccedilatildeo na distribuiccedilatildeo das muacuteltiplas competecircncias por meio de atividades

planejadas e articuladas entre si objetivando fins comuns

Nesse caso o federalismo de cooperaccedilatildeo eacute o que se assemelha a poliacutetica proposta no

PMCTPE e na construccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) que a partir da adesatildeo pelos

municiacutepios ao Compromisso propotildee um regime de colaboraccedilatildeo embora na praacutetica a execuccedilatildeo

do PAR seja permeada de contradiccedilotildees entre discursos democraacuteticos praacuteticas centralizadoras e

colaboraccedilatildeo entre os entes federativos

As reformas educativas na deacutecada de 1990 ldquoredimensionam a polaridade centralizaccedilatildeo-

descentralizaccedilatildeordquo (OLIVEIRA 2000 p 13) isto eacute enquanto se descentralizava a gestatildeo e o

30 De acordo com Gutierres (2015) as claacuteusulas peacutetreas satildeo assim denominadas porque natildeo podem ser modificadas

por meio de emendas Constitucionais sob pena de se alterar a configuraccedilatildeo do Estado de Direito o que soacute pode

ser feito mediante uma nova Constituiccedilatildeo Aleacutem da forma federativa de Estado o artigo 60 da CF88 menciona

como claacuteusulas peacutetreas o voto direto secreto universal e perioacutedico a separaccedilatildeo dos Poderes os direitos e

garantias individuais

54

financiamento com o advento do FUNDEFFUNDEB centralizava-se o processo de avaliaccedilatildeo

e controle do sistema estabelecendo-se ldquopadrotildees de qualidaderdquo sob a afericcedilatildeo pelos criteacuterios

do mercado atraveacutes de diversos instrumentos que vatildeo de exames padronizados a construccedilatildeo de

indicadores sobre a infraestrutura ao corpo docente e discente

132 Autonomia

A autonomia estaacute presente na gestatildeo da educaccedilatildeo entretanto cada modelo de gestatildeo

tanto o democraacutetico como o gerencial apresentam a sua bandeira dentro das suas concepccedilotildees

sobre o que seria a autonomia e de como ela se revela no seu modelo de gestatildeo a partir da

concepccedilatildeo teoacuterica empregada

Na perspectiva da gestatildeo gerencial a concepccedilatildeo de autonomia apresenta-se como uma

contraposiccedilatildeo agrave centralizaccedilatildeo e agrave burocratizaccedilatildeo aleacutem de estar relacionada agrave liberdade para

captar recursos no mercado E ainda eacute imputada a responsabilidade no gestor pelo sucesso ou

fracasso e natildeo do sistema como um todo dessa forma o gestor passar a ser o uacutenico responsaacutevel

pelas accedilotildees produtos decisotildees e eacute obrigado a prestar contas das metas a serem alcanccediladas

assim como os professores ou seja o rendimento escolar e as metas atendem as regras preacute-

estabelecidas pelo mercado

Nesse modelo de gestatildeo gerencialista a ldquoautonomia eacute individualrdquo eacute centralizada no

gestor a autoridade capaz de exercecirc-la Esse tipo de autonomia eacute denominado por Afonso

(2010) de ldquoautonomia do cheferdquo em detrimento da ldquoautonomia institucionalrdquo que pressupotildee o

coletivo e nesse caso

Trata-se de uma autoridade cuja legitimidade adveacutem agora da revalorizaccedilatildeo neoliberal

do direito de gerir ndash direito esse por sua vez apresentado como altamente convergente

com a ideia conservadora que vecirc a gestatildeo como uma espeacutecie de tecnologia moral a

serviccedilo da ordem social poliacutetica e econocircmica (AFONSO 2010 p13)

A autonomia da administraccedilatildeo por maior que pareccedila ser eacute sempre uma autonomia

relativa jaacute que estaacute sempre ligada aos objetivos da coisa administrada No capitalismo tem

como objetivo o capital e natildeo lhe eacute concedida a liberdade de contrariar os interesses da

propriedade privada e das classes detentoras do poder poliacutetico e econocircmico

Nesse contexto as unidades escolares tambeacutem tecircm sido submetidas agrave loacutegica imediatista

mercantil com a inclusatildeo de poliacuteticas puacuteblicas resultantes da reforma educacional como os

Paracircmetros Curriculares Nacionais as parcerias puacuteblico-privadas entre o Instituto Ayrton

55

Senna e as redes municipais de ensino A poliacutetica governamental brasileira vem

descaracterizando a autonomia da escola pois os documentos proposto nesses dois exemplos

apontam para o

planejamento de ensino bem como a realizaccedilatildeo de programas de capacitaccedilatildeo docente

que fazem parte de uma nova relaccedilatildeo Estadosociedade conduzida pelo projeto

neoliberal tentando provocar uma participaccedilatildeo direta entre instituiccedilotildees e trabalhador

valorizando a accedilatildeo do ldquoterceiro setorrdquo e descartando a accedilatildeo dos sindicatos e

associaccedilotildees representativas num movimento estrateacutegico de formaccedilatildeo de consenso

(CAMINI 2009 p 46)

Essa centralizaccedilatildeo na definiccedilatildeo da operacionalizaccedilatildeo das poliacuteticas educacionais afetam

o funcionamento da autonomia da escola enquanto instituiccedilatildeo de caraacuteter puacuteblico Nesses

documentos e em propostas pedagoacutegicas tecircm demarcado conteuacutedos que atendem a loacutegica do

mercado e da poliacutetica implantada poreacutem todos com discursos muito teacutecnicos

A autonomia escolar na concepccedilatildeo democraacutetica eacute para Barroso (2013 p 26-27) ldquoum

campo de forccedilas onde se confrontam e se equilibram diferentes detentores de influecircncia

(interna e externa) dos quais se destacam o governo a administraccedilatildeo professores alunos pais

e outros membros da sociedade localrdquo E essa coletividade se edifica na ldquoconfluecircncia de vaacuterias

loacutegicas e interesses sejam poliacuteticos gestionaacuterios profissionais e pedagoacutegicos (BARROSO

2013 p167)

A autonomia escolar tatildeo defendida nos discursos oficiais como diretriz de uma poliacutetica

de governo exige a superaccedilatildeo da centralizaccedilatildeo e a uniformizaccedilatildeo Eacute necessaacuterio que os sistemas

se organizem para que as estruturas formais do sistema permitam um novo tipo de

relacionamento com a participaccedilatildeo ativa das escolas dialogando com os sistemas de educaccedilatildeo

a partir das suas realidades (MENDONCcedilA 2000)

Barroso (2013) afirma que as escolas satildeo espaccedilos privilegiados para o diaacutelogo e a

construccedilatildeo da sua identidade e autonomia pois atraveacutes da participaccedilatildeo coletiva da comunidade

na elaboraccedilatildeo do Projeto Poliacutetico-Pedagoacutegico eacute um dos principais mecanismos apontados

como momentos de expressatildeo coletiva da comunidade escolar na busca da sua identidade e de

sua autonomia O autor ainda nos revela que a autonomia pressupotildee a liberdade (e capacidade)

de decidir ela natildeo se confunde com a ldquoindependecircnciardquo assim a autonomia eacute um conceito

relativo

56

133 Participaccedilatildeo

A participaccedilatildeo eacute um dos principais mecanismos de democratizaccedilatildeo natildeo eacute um conteuacutedo

que se possa transmitir mas uma mentalidade e um comportamento com ele coerente Eacute uma

vivecircncia coletiva de modo que somente se pode aprender na praacutexis grupal ou seja soacute se aprende

a participar participando A participaccedilatildeo eacute entatildeo entendida como uma necessidade humana e

como um elemento central da vida poliacutetica contemporacircnea (BORDENAVE 2013)

O significado de participaccedilatildeo possui sentidos diferenciados ldquoincluindo desde

comunicar anunciar informar e fazer saber ateacute tomar-se parte e associar-se (WERLE 2003

p 19) Nesse sentido a participaccedilatildeo supotildee a relaccedilatildeo entre sujeitos autocircnomos que trocam

experiecircncias vivecircncias que estabelecem diaacutelogo e que em grupo constroem o conhecimento e

se reconstroem Eacute um mecanismo importante para a concretizaccedilatildeo das finalidades da educaccedilatildeo

e a implantaccedilatildeo da gestatildeo democraacutetica que surgiu no campo das relaccedilotildees sociais em meados de

1980 como uma forma de mediaccedilatildeo para combater as posturas autoritaacuterias e hieraacuterquicas dos

diretores de escola advindas da teoria claacutessica da administraccedilatildeo na deacutecada de 1970 (PARO

2005 ADRIAtildeO e CAMARGO 2007)

Por outro lado Chaves e Gutierres (2014) afirmam que o conceito de participaccedilatildeo foi

ressignificado a partir da concepccedilatildeo neoliberal como uma forma de incorporaacute-la ao sistema

gerencial que longe dos objetivos essencialmente democraacuteticos propostos pela Constituiccedilatildeo

Federal de 1988 o termo participaccedilatildeo significa

a possibilidade dos sujeitos elegerem seus gerentes dentro de uma organizaccedilatildeo social

facilitando assim o processo de tomada de decisatildeo Eacute uma visatildeo restrita ligada a

concepccedilatildeo de democracia representativa o que de fato natildeo garante a participaccedilatildeo

efetiva dos sujeitos no processo da tomada de decisatildeo cabendo a estes apenas a

execuccedilatildeo das atividades decididas pelos que estatildeo no comando das accedilotildees (CHAVES

GUTIERRES 2014 p8)

Nesse contexto a participaccedilatildeo pode tanto servir para objetivos emancipatoacuterios de

cidadania e de autonomia dos sujeitos como para a manutenccedilatildeo de situaccedilotildees de centralizaccedilatildeo

do poder decisoacuterio e do controle de muitos por poucos Por outro lado quando haacute uma

democracia participativa ela promove ldquoa subida da populaccedilatildeo a niacuteveis cada vez mais elevados

de participaccedilatildeo decisoacuteria acabando com a divisatildeo de funccedilotildees entre os que planejam e decidem

laacute em cima e os que executam e sofrem as consequecircncias das decisotildees caacute em baixordquo

(BORDENAVE 2013 p34)

57

Por isso as condiccedilotildees de participaccedilatildeo no mundo atual satildeo essencialmente conflituosas

e a participaccedilatildeo natildeo pode ser estudada sem referecircncia ao conflito social Sobre isso o autor

ainda enfatiza que a participaccedilatildeo pode ser vista natildeo soacute como uma necessidade humana mais

ainda como algo diferente se analisado as estruturas de poder e as forccedilas que se opotildee a

participaccedilatildeo das classes que estatildeo impliacutecitas no processo

A ideia associada de processos e participaccedilatildeo daacute origem ao conceito de processos

participativos que ldquoimplica refletir sobre um conjunto de elementos que constituem

relacionamentos entre pessoas e grupos com diferentes niacuteveis de abrangecircncia inclusatildeo e

conflituosidade historicamente constituiacutedos e particularizados de maneira institucionalrdquo

(WERLE 2003 p 19) Esses processos participativos constroem a ideia de sucessatildeo de

mudanccedilas de momentos e de formas que se seguem e transformam uma situaccedilatildeo

De acordo com Werle (2003) algumas propostas satildeo necessaacuterias para se discutir os

processos participativos na Educaccedilatildeo Baacutesica como a) instituir estruturas participativas nas

escolas e nos sistemas de ensino b) definir temas que satildeo expressos na agenda das estruturas

participativas c) participaccedilatildeo como construccedilatildeo histoacuterica d) os atores e niacutevel de participaccedilatildeo de

cada um dos segmentos representados e) os processos participativos como foco educativo

considerando a articulaccedilatildeo o esforccedilo formativo e a constituiccedilatildeo desses colegiados f) niacuteveis de

participaccedilatildeo poliacutetica g) formaccedilatildeo para a accedilatildeo poliacutetica h) sociedade ciacutevica em que seja possiacutevel

todos os cidadatildeos aprenderem e praticarem a democracia i) processos de representaccedilatildeo

coletiva j) profissionalismo docente e participaccedilatildeo e k) processos participativos e estrutura

institucional31

Para Bordenave (2013) a participaccedilatildeo se daacute na coletividade e natildeo na representatividade

e enfatiza

se desejarmos considerar a participaccedilatildeo como algo diferente de uma simples relaccedilatildeo

humana ou de um conjunto de ldquotruquesrdquo para integrar os indiviacuteduos e as coletividades

locais nos programas de tipo assistencial ou educativo natildeo podemos fugir a anaacutelise

da estrutura de poder e da sua frequente oposiccedilatildeo a toda tentativa de participaccedilatildeo que

coloque em julgamento as classes dirigentes e seus privileacutegios (BORDENAVE 2013

p 41)

Embora a participaccedilatildeo seja considerada um elemento importante para o

desenvolvimento e aperfeiccediloamento das poliacuteticas puacuteblicas Neves (2008) assinala que o

processo participativo tende a enfrentar limitaccedilotildees na construccedilatildeo da democracia e nas

31 Ler Werle (2003) em que a autora descreve cada um desses processos de participaccedilatildeo

58

instituiccedilotildees puacuteblicas pois o incentivo do Estado pode representar a desconcentraccedilatildeo de

responsabilidades que antes eram suas para a sociedade civil dando ldquototal apoio a matrizes

liberais e de caraacuteter privado no trato das questotildees puacuteblicasrdquo (NEVES 2008 p16)

O Plano de Accedilotildees Articuladas objeto central desse estudo eacute um instrumento que

organiza o planejamento das redes estaduais e municipais de ensino no paiacutes eacute complexo pelas

diferentes dimensotildees que abrange para a sua elaboraccedilatildeo e execuccedilatildeo Segundo tecircm demonstrado

os estudos de Sousa (2011) e Camini (2009) natildeo houve compartilhamento de decisotildees sobre a

implantaccedilatildeo dessa poliacutetica e nem contou com a participaccedilatildeo coletiva e nem representativa dos

diversos estados e municiacutepios Essa ausecircncia se deu pela forma que essa poliacutetica foi criada

atraveacutes de um decreto presidencial sem a participaccedilatildeo dos envolvidos no processo local

14 OS CONSELHOS DE CONTROLE SOCIAL COMO MECANISMOS DE

DEMOCRATIZACcedilAtildeO DA GESTAtildeO EDUCACIONAL

Esse toacutepico trataraacute dos Conselhos de Educaccedilatildeo principalmente dos Conselhos de

Controle Social presentes no Plano de Accedilotildees Articuladas as formas em que se deu a

composiccedilatildeo as funccedilotildees os objetivos e as formas de atuaccedilatildeo de cada Conselho sendo o

Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (CME) o Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar (CAE) o

Conselho do FUNDEB e o Conselho Escolar Trataraacute tambeacutem de outros mecanismos de

democratizaccedilatildeo presentes no PAR como criteacuterios para escolha de Diretores Escolares e o

Comitecirc Local do Compromisso

A organizaccedilatildeo da gestatildeo educacional no Brasil atualmente compreende os oacutergatildeos

executivos no acircmbito da Uniatildeo dos estados e dos municiacutepios (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

Secretarias Estaduais e Secretarias Municipais de Educaccedilatildeo) e a disseminaccedilatildeo dos Conselhos

(Conselho Nacional de Educaccedilatildeo Conselhos Estaduais de Educaccedilatildeo e Conselhos Municipais

de Educaccedilatildeo) que apoacutes redemocratizaccedilatildeo do paiacutes nos anos de 1980 e com a Constituiccedilatildeo

Federal de 1988 ldquoestabeleceu a criaccedilatildeo dos conselhos como condiccedilatildeo obrigatoacuteria para a gestatildeo

de programas de governordquo (BRAGA 2015) No acircmbito da gestatildeo escolar a Lei nordm 939496

previu ainda a criaccedilatildeo de conselhos escolares

59

O Conselho Nacional de Educaccedilatildeo (CNE) regulamentado pela Lei nordm 913195 tem

suas origens no ano de 193132 quando foi criado o Conselho Nacional de Educaccedilatildeo pelo

Decreto nordm 19850193133 (CURY 2000) Os Conselhos Estaduais de Educaccedilatildeo foram criados

pela primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo (LDB) Lei nordm 402461 e os conselhos

municipais apesar de contarem com amparo legal para criaccedilatildeo facultativa desde 1971 (Lei

569271) somente com a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 eacute que passaram a se organizar com

mais autonomia

A origem etimoloacutegica da palavra Conselho remete ao sentido da participaccedilatildeo pois

ldquoConselho vem do latim Consilium Por sua vez consilium proveacutem do verbo consuloconsulere

significando tanto ouvir algueacutem quanto submeter algo a deliberaccedilatildeo de algueacutem apoacutes uma

ponderaccedilatildeo refletida prudente e de bom senso (CURY 2000 p47 itaacutelicos no original)

Dessa forma os conselhos tecircm como desafio a busca da co-gestatildeo das poliacuteticas puacuteblicas

e constituir-se em canal de participaccedilatildeo popular na realizaccedilatildeo do interesse puacuteblico Para que os

processos democraacuteticos de gestatildeo cheguem ateacute a escola eacute conveniente lembrar que as estruturas

de poder dos sistemas de ensino precisam ser atingidas por mecanismos que se baseiam

principalmente em participaccedilatildeo e nos processos de decisotildees coletivas Essa participaccedilatildeo se

reflete na compreensatildeo de que os sistemas de ensino e as escolas precisam dialogar e natildeo podem

ser compreendidas separadamente ou isoladas uma da outra

De acordo com Werle (2003) natildeo existe Conselho no vazio ou seja ele eacute o que a

comunidade educacional estabelece constitui o que ela faz para operacionalizar isso Cada

Conselho tem a face das relaccedilotildees que nele se estabelecem Se estabelecer relaccedilotildees de

responsabilidade respeito e construccedilatildeo assim vatildeo se constituir as funccedilotildees consultivas

deliberativas fiscalizadoras e quaisquer outras assumidas pelo Conselho Mas se as relaccedilotildees

forem distanciadas e burocraacuteticas o Conselho vai assumir entatildeo um papel muito mais de

homologar decisotildees do que de discutir e promover os reais interesses e mudanccedilas que a

comunidade escolar requer

Os conselhos de educaccedilatildeo satildeo oacutergatildeos normatizadores de aconselhamento controle

fiscalizaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo do sistema de ensino ao longo da deacutecada de 1990 surgiram tambeacutem

em acircmbito dos sistemas de educaccedilatildeo os Conselhos de Controle Social na ldquoperspectiva de

32Vale assinalar entretanto que os conselhos de educaccedilatildeo existem no Brasil desde o Impeacuterio Vinculados ao

Coleacutegio Pedro II tais conselhos serviam para a ldquonormatizaccedilatildeo do ensino superior entatildeo existente na capital e em

algumas proviacutenciasrdquo (CURY 2000 p46) 33Esse Decreto teve vigecircncia ateacute 1936 quando foi substituiacutedo pela Lei nordm 1746 Em 1961a Lei nordm 402461

transforma o CNE em Conselho Federal de Educaccedilatildeo (CFE) que foi extinto em 1994 pelo governo de Itamar

Franco pela medida Provisoacuteria 6611994 (CURY 2000) No ano seguinte o Conselho recebeu novamente a

nomenclatura de Conselho Nacional de Educaccedilatildeo pela Lei nordm 913195

60

descentralizaccedilatildeo dos poderes decisoacuteriosrdquo (SANTOS e GUTIERRES 2010 p 8) por meio de

um significativo arcabouccedilo juriacutedico como parte dos desdobramentos da CF de 1988 tais como

a LDB 939496 (art 72) a Emenda Constitucional nordm 14 de 1996 que criou o Fundo de

Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorizaccedilatildeo do Magisteacuterio ndash

FUNDEF e da Lei nordm 942496 que o regulamentou a Lei complementar nordm 1012000 chamada

de Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) a Emenda Constitucional nordm 53 de 24122006 e a

Lei nordm 11494 de 20062007 que cria e regulamenta o Fundo de Desenvolvimento Manutenccedilatildeo

da Educaccedilatildeo Baacutesica e Valorizaccedilatildeo do Magisteacuterio ndash FUNDEB Estes dispositivos legais preveem

a existecircncia e participaccedilatildeo na gestatildeo da educaccedilatildeo dos conselhos de controle social

As poliacuteticas traccediladas pelo Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo e do Plano de Metas

Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo propotildee a atuaccedilatildeo dos conselhos educacionais com accedilotildees

que possam descentralizar estimulando a participaccedilatildeo utilizando propostas de gestatildeo

democraacutetica da educaccedilatildeo nos estados e municiacutepios Destacamos as diretrizes que envolvem a

participaccedilatildeo e atuaccedilatildeo dos Conselhos e de oacutergatildeos colegiados nos incisos XX XXI XXII

XXIII XXV e XXVIII elencados abaixo

XX - acompanhar e avaliar com participaccedilatildeo da comunidade e do Conselho de

Educaccedilatildeo as poliacuteticas puacuteblicas na aacuterea de educaccedilatildeo e garantir condiccedilotildees sobretudo

institucionais de continuidade das accedilotildees efetivas preservando a memoacuteria daquelas

realizadas

XXI - zelar pela transparecircncia da gestatildeo puacuteblica na aacuterea da educaccedilatildeo garantindo o

funcionamento efetivo autocircnomo e articulado dos conselhos de controle social

XXII - promover a gestatildeo participativa na rede de ensino

XXIII - elaborar plano de educaccedilatildeo e instalar Conselho de Educaccedilatildeo quando

inexistentes

XXV - fomentar e apoiar os conselhos escolares envolvendo as famiacutelias dos

educandos com as atribuiccedilotildees dentre outras de zelar pela manutenccedilatildeo da escola e

pelo monitoramento das accedilotildees e consecuccedilatildeo das metas do compromisso

XXVIII - organizar um comitecirc local do Compromisso com representantes das

associaccedilotildees de empresaacuterios trabalhadores sociedade civil Ministeacuterio Puacuteblico

Conselho Tutelar e dirigentes do sistema educacional puacuteblico encarregado da

mobilizaccedilatildeo da sociedade e do acompanhamento das metas de evoluccedilatildeo do IDEB

(BRASIL 2007 p 2 Grifos negrito nosso)

Como se observa nas diretrizes do PDEPlano de Metas estatildeo previstos a implantaccedilatildeo

e atuaccedilatildeo dos diversos conselhos educacionais nos estados e municiacutepios para que atendam ao

modelo de gestatildeo gerencial proposto no Plano de Accedilotildees Articuladas

Os Conselhos tecircm diferentes funccedilotildees a principal delas eacute o caraacuteter normativo embora

os conselhos realizem diversas outras accedilotildees dentro das suas competecircncias como opinar (caraacuteter

consultivo) deliberar e fiscalizar Em geral o caraacuteter deliberativo atribui ao Conselho

61

competecircncia para regulamentar o funcionamento do sistema de ensino e interpretar a correta

aplicaccedilatildeo da lei no seu acircmbito A definiccedilatildeo de diretrizes curriculares credenciamento de

instituiccedilotildees e outras atribuiccedilotildees satildeo competecircncias tradicionais dos conselhos (BRASIL 2007)

O caraacuteter consultivo ou deliberativo diz respeito agrave natureza da funccedilatildeo do Conselho apesar de

nem sempre o caraacuteter consultivo ou deliberativo estar claramente explicitado nas normas que

instituem os conselhos

141 O Conselho Municipal de Educaccedilatildeo

A criaccedilatildeo e organizaccedilatildeo dos Conselhos Municipais de Educaccedilatildeo (CME) eacute um processo

que se delineou no paiacutes a partir da promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 A referida

Constituiccedilatildeo representou importante marco para o processo de afirmaccedilatildeo poliacutetica dos

municiacutepios na qualidade de ceacutelula de gestatildeo puacuteblica e em particular para o campo juriacutedico

normativo da educaccedilatildeo que ganhou reforccedilo em 1996 com a Lei de Diretrizes e Bases da

Educaccedilatildeo Nacional (LDBEN n 939496) A criaccedilatildeo de sistema proacuteprio de ensino nos termos

da Constituiccedilatildeo88 preconiza que a organizaccedilatildeo da educaccedilatildeo nos municiacutepios natildeo pode

prescindir de estruturas administrativas e do estabelecimento de bases legais condutoras do

ensino a ser provido em territoacuterio brasileiro

Na esfera municipal os municiacutepios criam os seus Conselhos Municipais de Educaccedilatildeo

(CME) mediante lei municipal que vai definir a composiccedilatildeo baacutesica do oacutergatildeo o nuacutemero de

membros efetivos e substitutos e os mandatos Depois da sanccedilatildeo do Executivo inicia-se o

processo de escolha dos membros As primeiras sessotildees satildeo dedicadas agrave elaboraccedilatildeo do

regimento interno que definiraacute a frequecircncia de reuniotildees a divisatildeo em comissotildees e a tramitaccedilatildeo

das decisotildees Com o objetivo de garantir a ampla participaccedilatildeo da sociedade e respeitando a

competecircncia teacutecnica exigida para o exerciacutecio das atribuiccedilotildees dos conselheiros o CME poderaacute

ser composto por representantes de pais estudantes professores associaccedilotildees de moradores

sindicatos Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e demais oacutergatildeos e entidades ligados agrave educaccedilatildeo

municipal ndash dos setores puacuteblico e privado ndash escolhidos democraticamente pelos segmentos que

o representam

Sobre as funccedilotildees dos Conselhos de Educaccedilatildeo Paz (2004) considera que os conselhos

satildeo oacutergatildeos com perfil identificado com a gestatildeo democraacutetica pelo fato de terem suas funccedilotildees

atreladas ao ato de mobilizar de agregar experientes militantes da educaccedilatildeo especialmente

62

educadores e estudiosos que lutam em prol de formas legiacutetimas de participaccedilatildeo da sociedade

nos oacutergatildeos puacuteblicos

Os Conselhos Municipais de Educaccedilatildeo satildeo fundamentais para a autonomia dos sistemas

municipais de educaccedilatildeo e possuem funccedilotildees variadas mas que devem garantir a gestatildeo

democraacutetica da educaccedilatildeo e a perspectiva de um ensino de qualidade no municiacutepio Souza (2009)

lanccedila uma luz significativa em torno da questatildeo ao entender que

Natildeo se trata apenas de accedilotildees democraacuteticas ou de processos participativos de tomada

de decisotildees trata-se antes de tudo de accedilotildees voltadas agrave educaccedilatildeo poliacutetica na medida

em que satildeo accedilotildees que criam e recriam alternativas mais democraacuteticas no cotidiano

escolar no que se refere em especial agraves relaccedilotildees de poder ali presentes (SOUZA

2009 p 126)

O Conselho Municipal de Educaccedilatildeo tem o papel de articulador e de mediador das

questotildees educacionais da sociedade local junto ao gestor da educaccedilatildeo municipal pois

Eacute um oacutergatildeo de ampla representatividade com funccedilotildees normativas consultivas

mobilizadoras e fiscalizadoras Ocupa posiccedilatildeo fundamental na efetivaccedilatildeo da gestatildeo

democraacutetica da rede ou do sistema de ensino bem como na consolidaccedilatildeo da

autonomia dos municiacutepios no gerenciamento de suas poliacuteticas educacionais devendo

para tanto estabelecer diaacutelogo contiacutenuo com a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo

(UNDIME 2012 p132)

O Conselho Municipal de Educaccedilatildeo eacute de suma importacircncia para a educaccedilatildeo municipal

por estabelecer o controle social e a participaccedilatildeo dando representatividade e legitimidade frente

agrave comunidade local de cada um dos integrantes do Conselho Constitui um oacutergatildeo de

interlocuccedilatildeo entre a sociedade e o poder puacuteblico participando da formulaccedilatildeo implantaccedilatildeo

supervisatildeo e avaliaccedilatildeo das poliacuteticas educacionais do municiacutepio da defesa do direito de todos agrave

educaccedilatildeo com qualidade social e mobilizando os poderes puacuteblicos municipais quanto agraves suas

responsabilidades no atendimento das demandas dos diversos segmentos em conformidade

com as poliacuteticas puacuteblicas da educaccedilatildeo

De acordo com o quadro a seguir UNDIME (2012) aponta quatro funccedilotildees dos

Conselhos Municipais de Educaccedilatildeo Eacute o que podemos observar no quadro 02 bem como os

objetivos de cada funccedilatildeo

63

Quadro 02 - Funccedilotildees e objetivos do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (CME)

FUNCcedilOtildeES OBJETIVOS

Consultiva

Tratar sobre a exposiccedilatildeo e o julgamento acerca de determinados

assuntos tais como projetos programas educacionais e experiecircncias

pedagoacutegicas renovadoras do executivo e das escolas e

Responder a consultas sobre leis educacionais e suas aplicaccedilotildees submetidas a ele por entidades da sociedade puacuteblica ou civil (Secretaria

Municipal da Educaccedilatildeo escolas universidades sindicatos Cacircmara

Municipal Ministeacuterio Puacuteblico) cidadatildeos ou grupos de cidadatildeos

Fiscalizadora

Acompanhar a transferecircncia e controle da aplicaccedilatildeo de recursos para a

Educaccedilatildeo no municiacutepio

Fiscalizar o cumprimento do Plano Municipal de Educaccedilatildeo (PME)

Fiscalizar o desempenho do Sistema Municipal de Ensino e do PME

Fiscalizar as medidas e os programas para a formaccedilatildeo de professores

Fiscalizar os acordos e convecircnios e

Fiscalizar as questotildees educacionais que lhes forem submetidas pelas escolas Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo Cacircmara Municipal e outros

Deliberativa Elaborar seu regimento e plano de atividades

Tomar medidas para melhoria do fluxo e do rendimento escolar e

Buscar formas de se relacionar com a comunidade entre outras

Normativa

Autorizar o funcionamento das escolas da rede municipal

Autorizar o funcionamento das instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Infantil das

redes privada particular comunitaacuteria confessional e filantroacutepica

(quando o municiacutepio tiver Sistema Municipal de Ensino implantado) e

Elaborar as normas complementares para o sistema de ensino Fonte Caderno UNDIME 2012

A participaccedilatildeo na elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Educaccedilatildeo (PME) com criacuteticas e

sugestotildees eacute uma das atribuiccedilotildees dos membros dos Conselhos Municipais de Educaccedilatildeo bem

como autorizar o funcionamento de escolas fiscalizar e acompanhar a execuccedilatildeo de recursos

educacionais dentre outras

142 O Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar

No Brasil a poliacutetica de alimentaccedilatildeo teve iniacutecio ainda no ano de 1955 como um

programa assistencialista Entretanto somente a partir da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 no

artigo 208 inciso VII alterado pela Emenda Constitucional nordm 592009 eacute que a alimentaccedilatildeo

escolar surgiu como direito Embora ainda com recursos centralizados eacute no ano de 1994 com

a Lei nordm 89132009 que ocorre agrave descentralizaccedilatildeo dos recursos do Programa para os

64

municiacutepios por meio de convecircnios exigindo-se a criaccedilatildeo de conselhos de acompanhamento a

fim de responsabilizar-se pelo controle social

A Lei nordm 119472009 de 16 de junho de 2009 revogou a Lei nordm 89132009 e criou o

Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar (PNAE) aos alunos da educaccedilatildeo baacutesica com o

repasse de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo ndash FNDE sem

convecircnios acordos ou contratos mas diretamente em conta bancaacuteria especiacutefica por meio do

Programa Dinheiro Direto na Escola

De acordo com o art 4ordm da Lei nordm 119472009 o Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo

Escolar tem por objetivo contribuir para o crescimento e o desenvolvimento biopsicossocial

para a aprendizagem para o rendimento escolar e para a formaccedilatildeo de haacutebitos alimentares

saudaacuteveis dos alunos atraveacutes de accedilotildees educacionais alimentares e nutricionais aleacutem da oferta

de refeiccedilotildees que garantam as suas necessidades nutricionais durante o periacuteodo letivo (BRASIL

2009) De acordo com Castro (2009) essa poliacutetica social busca realizar a promoccedilatildeo social

gerando oportunidades e resultados tanto para os indiviacuteduos como para os grupos sociais da

solidariedade social garantindo seguranccedila aos indiviacuteduos em situaccedilotildees de incapacidade

vulnerabilidade ou risco

No que se refere aos recursos para financiamento do Programa o art 5ordm da Lei nordm

119472009 esclarece que seratildeo consignados no orccedilamento da Uniatildeo para execuccedilatildeo do PNAE

e seratildeo repassados em parcelas aos Estados ao Distrito Federal aos Municiacutepios e agraves escolas

federais pelo FNDE em conformidade com o disposto no art 208 da Constituiccedilatildeo Federal e

observadas agraves disposiccedilotildees mencionadas abaixo

Art 5ordm ()

sect 1o A transferecircncia dos recursos financeiros objetivando a execuccedilatildeo do PNAE seraacute

efetivada automaticamente pelo FNDE sem necessidade de convecircnio ajuste acordo

ou contrato mediante depoacutesito em conta corrente especiacutefica

sect 2o Os recursos financeiros de que trata o sect 1o deveratildeo ser incluiacutedos nos orccedilamentos

dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios atendidos e seratildeo utilizados

exclusivamente na aquisiccedilatildeo de gecircneros alimentiacutecios

sect 3o Os saldos dos recursos financeiros recebidos agrave conta do PNAE existentes em 31

de dezembro deveratildeo ser reprogramados para o exerciacutecio subsequente com estrita

observacircncia ao objeto de sua transferecircncia nos termos disciplinados pelo Conselho

Deliberativo do FNDE

sect 4o O montante dos recursos financeiros de que trata o sect 1o seraacute calculado com base

no nuacutemero de alunos devidamente matriculados na educaccedilatildeo baacutesica puacuteblica de cada

um dos entes governamentais conforme os dados oficiais de matriacutecula obtidos no

censo escolar realizado pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

sect 5o Para os fins deste artigo a criteacuterio do FNDE seratildeo considerados como parte da

rede estadual municipal e distrital ainda os alunos matriculados em

I - creches preacute-escolas e escolas do ensino fundamental e meacutedio qualificadas como

entidades filantroacutepicas ou por elas mantidas inclusive as de educaccedilatildeo especial

65

II - creches preacute-escolas e escolas comunitaacuterias de ensino fundamental e meacutedio

conveniadas com os Estados o Distrito Federal e os Municiacutepios (LEI

11147BRASIL 2009)

A execuccedilatildeo dos repasses financeiros ficaraacute a cargo dos entes federados que receberatildeo

os recursos atraveacutes do Programa Dinheiro Direto na Escola e deveratildeo ser destinados de acordo

com o art 23 da mesma Lei ldquoagrave cobertura de despesas de custeio manutenccedilatildeo e de pequenos

investimentos que concorram para a garantia do funcionamento e melhoria da infraestrutura

fiacutesica e pedagoacutegica dos estabelecimentos de ensinordquo Deveratildeo ser respeitadas as normas e

particularidades dos valores per capita das escolas ldquoque oferecem educaccedilatildeo especial de forma

inclusiva ou especializada de modo a assegurar de acordo com os objetivos do PDDE o

adequado atendimento agraves necessidades dessa modalidade educacionalrdquo (LEI 11147BRASIL

2009)

Os Conselhos de Alimentaccedilatildeo Escolar satildeo oacutergatildeos colegiados de caraacuteter fiscalizador

permanente deliberativo e de assessoramento Deveratildeo ser instituiacutedos de acordo com o art 18

no acircmbito dos Estados o Distrito Federal e os Municiacutepios e deveratildeo ser compostos da seguinte

forma

I - 1 (um) representante indicado pelo Poder Executivo do respectivo ente federado

II - 2 (dois) representantes das entidades de trabalhadores da educaccedilatildeo e de discentes

indicados pelo respectivo oacutergatildeo de representaccedilatildeo a serem escolhidos por meio de

assembleia especiacutefica

III - 2 (dois) representantes de pais de alunos indicados pelos Conselhos Escolares

Associaccedilotildees de Pais e Mestres ou entidades similares escolhidos por meio de

assembleia especiacutefica

IV - 2 (dois) representantes indicados por entidades civis organizadas escolhidos em

assembleia especiacutefica

sect 1o Os Estados o Distrito Federal e os Municiacutepios poderatildeo a seu criteacuterio ampliar a

composiccedilatildeo dos membros do CAE desde que obedecida a proporcionalidade definida

nos incisos deste artigo

sect 2o Cada membro titular do CAE teraacute 1 (um) suplente do mesmo segmento

representado

sect 3o Os membros teratildeo mandato de 4 (quatro) anos podendo ser reconduzidos de

acordo com a indicaccedilatildeo dos seus respectivos segmentos

sect 4o A presidecircncia e a vice-presidecircncia do CAE somente poderatildeo ser exercidas pelos

representantes indicados nos incisos II III e IV deste artigo

sect 5o O exerciacutecio do mandato de conselheiros do CAE eacute considerado serviccedilo puacuteblico

relevante natildeo remunerado

sect 6o Caberaacute aos Estados ao Distrito Federal e aos Municiacutepios informar ao FNDE a

composiccedilatildeo do seu respectivo CAE na forma estabelecida pelo Conselho

Deliberativo do FNDE (LEI 11147BRASIL 2009)

A duraccedilatildeo do mandato eacute de quatro anos e eacute considerado serviccedilo puacuteblico relevante natildeo

remunerado O CAE deve fiscalizar a execuccedilatildeo do programa sem prejuiacutezo da atuaccedilatildeo dos

66

demais oacutergatildeos de controle interno e externo ou seja do Tribunal de Contas da Uniatildeo (TCU)

da Secretaria Federal de Controle Interno (SFCI) e do Ministeacuterio Puacuteblico

As competecircncias do CAE estatildeo explicitas na Lei nordm 11947 de 16 de junho de 2009 em

seu art 19 conforme demonstrado abaixo

I - acompanhar e fiscalizar o cumprimento das diretrizes estabelecidas na forma do

art 2o desta Lei

II - acompanhar e fiscalizar a aplicaccedilatildeo dos recursos destinados agrave alimentaccedilatildeo escolar

III - zelar pela qualidade dos alimentos em especial quanto agraves condiccedilotildees higiecircnicas

bem como a aceitabilidade dos cardaacutepios oferecidos

IV - receber o relatoacuterio anual de gestatildeo do PNAE e emitir parecer conclusivo a

respeito aprovando ou reprovando a execuccedilatildeo do Programa

Paraacutegrafo uacutenico Os CAEs poderatildeo desenvolver suas atribuiccedilotildees em regime de

cooperaccedilatildeo com os Conselhos de Seguranccedila Alimentar e Nutricional estaduais e

municipais e demais conselhos afins e deveratildeo observar as diretrizes estabelecidas

pelo Conselho Nacional de Seguranccedila Alimentar e Nutricional ndash CONSEA

(CAEBRASIL 2009)

Como forma de controle social os Conselhos satildeo responsaacuteveis por acompanhar e

monitorar os recursos federais repassados pelo FNDE aos entes federados para a alimentaccedilatildeo

escolar devendo inclusive garantir boas praacuteticas sanitaacuterias e de higiene dos alimentos Para

facilitar a realizaccedilatildeo dessas accedilotildees eacute necessaacuterio que o CAE estabeleccedila um planejamento de

atividades fiscalizadoras e de acompanhamento

Aleacutem disso devem-se observar as seguintes diretrizes da alimentaccedilatildeo escolar quando

do acompanhamento e fiscalizaccedilatildeo do programa

Art 2o Satildeo diretrizes da alimentaccedilatildeo escolar I - o emprego da alimentaccedilatildeo saudaacutevel e adequada compreendendo o uso de alimentos

variados seguros que respeitem a cultura as tradiccedilotildees e os haacutebitos alimentares

saudaacuteveis contribuindo para o crescimento e o desenvolvimento dos alunos e para a

melhoria do rendimento escolar em conformidade com a sua faixa etaacuteria e seu estado

de sauacutede inclusive dos que necessitam de atenccedilatildeo especiacutefica

II - a inclusatildeo da educaccedilatildeo alimentar e nutricional no processo de ensino e

aprendizagem que perpassa pelo curriacuteculo escolar abordando o tema alimentaccedilatildeo e

nutriccedilatildeo e o desenvolvimento de praacuteticas saudaacuteveis de vida na perspectiva da

seguranccedila alimentar e nutricional

III - a universalidade do atendimento aos alunos matriculados na rede puacuteblica de

educaccedilatildeo baacutesica

IV - a participaccedilatildeo da comunidade no controle social no acompanhamento das accedilotildees

realizadas pelos Estados pelo Distrito Federal e pelos Municiacutepios para garantir a

oferta da alimentaccedilatildeo escolar saudaacutevel e adequada

V - o apoio ao desenvolvimento sustentaacutevel com incentivos para a aquisiccedilatildeo de

gecircneros alimentiacutecios diversificados produzidos em acircmbito local e preferencialmente

pela agricultura familiar e pelos empreendedores familiares rurais priorizando as

comunidades tradicionais indiacutegenas e de remanescentes de quilombos

VI - o direito agrave alimentaccedilatildeo escolar visando a garantir seguranccedila alimentar e

nutricional dos alunos com acesso de forma igualitaacuteria respeitando as diferenccedilas

bioloacutegicas entre idades e condiccedilotildees de sauacutede dos alunos que necessitem de atenccedilatildeo

67

especiacutefica e aqueles que se encontram em vulnerabilidade social (LEI

11147BRASIL 2009)

Considerando o previsto na Lei nordm 119472009 o CAE tem um papel importante no

acompanhamento e fiscalizaccedilatildeo da aplicaccedilatildeo dos recursos financeiros e na garantia da qualidade

da alimentaccedilatildeo desde a compra ateacute a distribuiccedilatildeo nas escolas e ainda tem possibilidade de

aprovar ou rejeitar a prestaccedilatildeo de contas relativa agrave execuccedilatildeo do PNAE

143 Os Conselhos Escolares

As discussotildees sobre educaccedilatildeo introduzem propostas de gestatildeo administrativa de

autonomia e participaccedilatildeo Os sistemas de ensino e as poliacuteticas educacionais continuam sendo a

chave para o enfrentamento das questotildees educacionais muito embora as discussotildees agora

passam a ser voltadas para a escola isto parte do entendimento de que ldquoa defesa do interesse

puacuteblico natildeo estaacute exclusivamente nas matildeos do Estado mas compartilhado com a comunidade

mais proacutexima agrave escolardquo (WERLE 2003 p 46) Os Conselhos Escolares se apresentam nesse

contexto como um espaccedilo de co-participaccedilatildeo e co-responsabilidade entre famiacutelia a sociedade

e o Estado atuando como mecanismo de controle defesa e promoccedilatildeo da educaccedilatildeo puacuteblica

No acircmbito da gestatildeo escolar em meados da deacutecada de 1980 um dos principais

questionamentos era a excessiva concentraccedilatildeo de poder nas matildeos de um uacutenico indiviacuteduo o

diretor da escola Por isso os movimentos organizados pelos educadores na eacutepoca defendiam

de forma acentuada as propostas de gestatildeo colegiada que propunham a inserccedilatildeo de toda a

comunidade escolar ou ampliaccedilatildeo dos envolvidos no processo educativo nos espaccedilos de decisatildeo

da escola (MENDONCcedilA 2000 ADRIAtildeO e CAMARGO 2007)

Tais lutas culminaram com a aprovaccedilatildeo do princiacutepio da gestatildeo democraacutetica na

Constituiccedilatildeo Federal de 1988 no seu artigo 206 inciso VI ldquogestatildeo democraacutetica do ensino

puacuteblico na forma da leirdquo e a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional (LDB) que vem

dar os desdobramentos desse princiacutepio em seu art 14 indicando que

Os sistemas de ensino definiratildeo as normas de gestatildeo democraacutetica do ensino puacuteblico

na educaccedilatildeo baacutesica de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes

princiacutepios

I ndash participaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo na elaboraccedilatildeo do projeto poliacutetico-

pedagoacutegico da escola

68

II ndash participaccedilatildeo das comunidades escolar e local em Conselhos Escolares ou

equivalentes (BRASIL 1996 grifos em negrito nossos)

Dessa forma eacute estabelecida a gestatildeo democraacutetica como princiacutepio que deve orientar as

praacuteticas das instituiccedilotildees puacuteblicas escolares no Brasil indicando que os profissionais da

educaccedilatildeo colaborem na elaboraccedilatildeo do documento que nortearaacute as atividades da escola onde

trabalham e a participaccedilatildeo da comunidade escolar (aqui entendidas como estudantes pais

professores funcionaacuterios e direccedilatildeo) e local (entidades e organizaccedilotildees da sociedade civil

identificadas com o projeto da escola) em espaccedilos de discussatildeo e participaccedilatildeo social que

promovam a gestatildeo democraacutetica

Os Conselhos Escolares satildeo compreendidos como ldquoespaccedilos de autonomia e

participaccedilatildeo comprometido com a defesa do ensino puacuteblico gratuito e da valorizaccedilatildeo do

professorrdquo conforme ensina Werle (2003 p 49) e que podem se constituir em locais de

vivecircncia simboacutelica entre pais alunos e professores mas para implantar tais mudanccedilas as

escolas teriam que passar por profundas modificaccedilotildees organizacionais nos colegiados pois os

conselhos se configuram como espaccedilos de relaccedilotildees e exerciacutecio do poder envolvendo

autorizaccedilatildeo e influecircncia entre as partes

Nesse sentido a proacutepria percepccedilatildeo que os diferentes atores desenvolvem sobre o poder

real influenciam nas relaccedilotildees de poder Abranches (2003) tambeacutem colabora com as ideias de

Werle (2003) quando afirma que o Conselho pode ser caracterizado como um oacutergatildeo de decisotildees

coletivas capaz de superar a praacutetica do individualismo e do grupismo e informa que se a

comunidade representativa for realmente dos diferentes segmentos da comunidade escolar ela

deveraacute alterar progressivamente a natureza da gestatildeo da escola e da educaccedilatildeo bem como

intervir na qualidade dos serviccedilos prestados pela escola

Os sistemas de ensino devem organizar os seus Conselhos Escolares de acordo com os

integrantes dos segmentos representativos da escola sendo professores funcionaacuterios alunos

pais e comunidade local Quanto a escolha dos conselheiros Veiga (2007) indica as seguintes

formas a) aquelas que satildeo definidas em regimento interno de cada conselho b) diretoria eleita

pela Assembleia sendo elegiacuteveis professores pais e profissionais da educaccedilatildeo c) escolhidos

em assembleia geral de cada segmento e eleitos por seus pares onde o diretor eacute membro nato e

d) eleiccedilatildeo mediante chapas organizadas e respeitando a proporcionalidade

Desta forma constituir e institucionalizar um conselho escolar que sirva para fortalecer

o empoderamento e a participaccedilatildeo eacute uma tarefa complexa mas possiacutevel Eacute um espaccedilo de

69

discussatildeo e debate substituindo a cultura patrimonialista pela cultura participativa e cidadatilde

(NAVARRO et al 2004 p 33)

Os Conselhos Escolares satildeo compreendidos como um foacuterum importante e significativo

e as posiccedilotildees dos representantes eleitos nas reuniotildees confere grau de representatividade pela

comunidade escolar Essa representatividade do Conselho estaacute relacionada agrave posse de

instrumentos materiais e culturais dos seus componentes e com a linguagem clara convincente

e adequada ao contexto (WERLE 2003) Por outro lado o Conselho Escolar eacute para o MEC um

oacutergatildeo de representaccedilatildeo das comunidades escolares e local onde satildeo discutidas definidas e

acompanhadas as atividades da escola podendo constituir um espaccedilo de discussatildeo de caraacuteter

consultivo respondendo a consultas sobre leis educacionais e suas aplicaccedilotildees deliberativo

quando toma decisotildees democraticamente fiscalizador acompanhando a aplicaccedilatildeo dos recursos

na escola e mobilizador incentivando a participaccedilatildeo direta dos envolvidos (BRASIL 2004)

Natildeo eacute suficiente afirmar que uma escola democraacutetica eacute aquela em que um colegiado

edifica uma decisatildeo de baixo para cima Eacute necessaacuteria uma mudanccedila no sistema educativo e uma

mudanccedila na loacutegica organizacional de todo o sistema Para Werle (2003 p 11) o poder natildeo estaacute

nos Conselhos Escolares e sim na competecircncia social dos representantes que caso natildeo os

faccedilam nas reuniotildees ldquopoderatildeo sofrer uma relaccedilatildeo de constrangimento e desapossamento de

espaccedilos de poderrdquo

A criaccedilatildeo das estruturas participativas nas escolas e nos sistemas de ensino constituem

um dos primeiros passos para a gestatildeo participativa ou gestatildeo ldquocompartilhadardquo poreacutem muitas

vezes a forma como satildeo constituiacutedos esses conselhos na composiccedilatildeo da sua estrutura e a forma

de implantaccedilatildeo atraveacutes de leis estaduais ou municipais satildeo contraditoacuterias porquanto sendo

constituiacutedo por pessoas eleitas representando os segmentos da comunidade escolar natildeo haveria

espaccedilo para componentes natildeo-eleitos pelos segmentos da escola

Nesse sentido a comunidade escolar quando se ausenta de participar e atuar da

construccedilatildeo coletiva dos processos democraacuteticos que satildeo as reuniotildees dos Conselhos Escolares

e quando apenas toma conhecimento das decisotildees da direccedilatildeo estaacute permitindo que outras

pessoas decidam Nesse caso estamos diante de uma participaccedilatildeo da gestatildeo que mais se

caracteriza como concessatildeo ndash cedendo a outros o seu direito de opinar de demonstrar seu ponto

de vista em favor de outrem ndash do que com democratizaccedilatildeo

70

144 O Conselho de Acompanhamento e Controle Social do Fundo de Manutenccedilatildeo e

Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo

(FUNDEB)

O Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos

Profissionais da Educaccedilatildeo (FUNDEB) foi criado pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006

Sua estrutura e finalidade encontram-se estatuiacutedas na Lei nordm 11494 de 20 de junho de 2007 e

pelo Decreto federal nordm 6253 de 13 de novembro de 2007 (BRASIL 2007)

O FUNDEB possui um montante de recursos gigantescos no que concerne ao

financiamento da educaccedilatildeo pois financia accedilotildees de manutenccedilatildeo e desenvolvimento da educaccedilatildeo

baacutesica puacuteblica independentemente da modalidade em que o ensino eacute oferecido (regular

especial ou de jovens e adultos) da sua duraccedilatildeo (Ensino Fundamental de oito ou de nove anos)

da idade dos alunos (crianccedilas jovens ou adultos) do turno de atendimento (matutino eou

vespertino ou noturno) e da localizaccedilatildeo da escola (zona urbana zona rural aacuterea indiacutegena ou

quilombola) de toda a educaccedilatildeo baacutesica em todos os municiacutepios brasileiros conforme

estabelecido nos sect 2ordm e 3ordm do art 211 da Constituiccedilatildeo

O FUNDEB eacute um fundo de natureza contaacutebil e de acircmbito estadual sendo 27 fundos

estaduais formado na quase totalidade por recursos provenientes dos impostos e transferecircncias

dos estados Distrito Federal e municiacutepios vinculados agrave educaccedilatildeo por forccedila do disposto no art

212 da Constituiccedilatildeo Federal e com o art 69 da LDB cabe a Uniatildeo a aplicaccedilatildeo nunca menos

que 18 e aos estados e municiacutepios no miacutenimo 25 da receita resultante de impostos

compreendida a proveniente de transferecircncias na Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento do Ensino ndash

MDE 34 podendo ainda de acordo com a LDB a possibilidade de ampliaccedilatildeo desses percentuais

de acordo com as Constituiccedilotildees Estaduais e Leis Orgacircnicas Municipais

Ainda compotildee o FUNDEB aleacutem desses recursos a tiacutetulo de complementaccedilatildeo uma

parcela de recursos federais sempre que no acircmbito de cada Estado seu valor por aluno natildeo

alcanccedilar o miacutenimo definido nacionalmente Independentemente da origem todo o recurso

gerado eacute redistribuiacutedo para aplicaccedilatildeo exclusiva na educaccedilatildeo baacutesica

A vigecircncia estabelecida para o FUNDEB eacute para o periacuteodo de 14 anos 2007-2020 Sua

implantaccedilatildeo comeccedilou em 1ordm de janeiro de 2007 e foi concluiacuteda em 2009 quando o total de

alunos matriculados na rede puacuteblica foi considerado na distribuiccedilatildeo dos recursos e o percentual

34 As despesas da ldquomanutenccedilatildeo e desenvolvimento do ensinordquo - MDE estatildeo previstas nos artigos 70 e 71 da LDB

que define quais as despesas podem e que natildeo podem ser utilizadas para efeito do MDE

71

de contribuiccedilatildeo dos estados Distrito Federal e municiacutepios atingiu o patamar de 20 para a

formaccedilatildeo do Fundo

As fontes de recursos para a educaccedilatildeo conforme a LDB no seu art 68 satildeo as receitas

provenientes de impostos da Uniatildeo dos Estados e dos Municiacutepios as receitas de transferecircncias

constitucionais e outras transferecircncias as receitas do Salaacuterio Educaccedilatildeo e de outras contribuiccedilotildees

sociais e as de incentivos fiscais e outros recursos previstos em Lei As principais fontes

financiadoras da educaccedilatildeo satildeo as receitas de impostos e o salaacuterio educaccedilatildeo pois ldquorepresentam

em termos de volume de recursos e de regularidade a receita que tem financiado a expansatildeo e

a qualificaccedilatildeo da educaccedilatildeo puacuteblica no paiacutesrdquo (FARENZENA 2006 p 82) Ou seja os

Municiacutepios devem utilizar recursos do FUNDEB na educaccedilatildeo infantil e no ensino fundamental

e os Estados no ensino fundamental e meacutedio sendo o miacutenimo de 60 na remuneraccedilatildeo dos

profissionais do magisteacuterio da educaccedilatildeo baacutesica puacuteblica e o restante dos recursos em outras

despesas de manutenccedilatildeo e desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica puacuteblica

O artigo 10 da Lei nordm 114942007 trata da distribuiccedilatildeo proporcional de recursos dos

Fundos que deve levar em conta as seguintes diferenccedilas entre etapas modalidades e tipos de

estabelecimento de ensino para que atenda toda a educaccedilatildeo baacutesica dentro das suas

especificidades sendo

I - creche em tempo integral

II - preacute-escola em tempo integral

III - creche em tempo parcial

IV - preacute-escola em tempo parcial

V - anos iniciais do ensino fundamental urbano

VI - anos iniciais do ensino fundamental no campo

VII - anos finais do ensino fundamental urbano

VIII - anos finais do ensino fundamental no campo

IX- ensino fundamental em tempo integral

X - ensino meacutedio urbano

XI - ensino meacutedio no campo

XII - ensino meacutedio em tempo integral

XIII - ensino meacutedio integrado agrave educaccedilatildeo profissional

XIV - educaccedilatildeo especial

XV - educaccedilatildeo indiacutegena e quilombola

XVI - educaccedilatildeo de jovens e adultos com avaliaccedilatildeo no processo

XVII - educaccedilatildeo de jovens e adultos integrada agrave educaccedilatildeo profissional de niacutevel meacutedio

com avaliaccedilatildeo no processo (BRASIL 2007)

A composiccedilatildeo do Conselho do FUNDEB apresenta-se em trecircs niacuteveis federal estadual e

municipal O acompanhamento e o controle social sobre a distribuiccedilatildeo a transferecircncia e a

aplicaccedilatildeo dos recursos dos Fundos devem ser exercidos junto aos respectivos governos no

acircmbito da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios por conselhos instituiacutedos

especificamente para esse fim Os conselhos seratildeo criados por legislaccedilatildeo especiacutefica editada no

72

pertinente acircmbito governamental observados os seguintes criteacuterios de composiccedilatildeo expressos

na Lei nordm 114942007 (BRASIL 2007)

Quadro 03 Composiccedilatildeo do Conselho de Controle Social do FUNDEB por esfera administrativa

Federal

(No miacutenimo 14 membros)

Estadual

(No miacutenimo 12 membros)

Municipal

(No miacutenimo 9 membros)

a) ateacute 4 (quatro)

representantes do Ministeacuterio

da Educaccedilatildeo

b) 1 (um) representante do

Ministeacuterio da Fazenda

c) 1 (um) representante do

Ministeacuterio do Planejamento

Orccedilamento e Gestatildeo

d) 1 (um) representante do

Conselho Nacional de

Educaccedilatildeo

e) 1 (um) representante do

Conselho Nacional de

Secretaacuterios de Estado da

Educaccedilatildeo - CONSED

f) 1 (um) representante da

Confederaccedilatildeo Nacional dos

Trabalhadores em Educaccedilatildeo

- CNTE

g) 1 (um) representante da

Uniatildeo Nacional dos

Dirigentes Municipais de

Educaccedilatildeo - UNDIME

h) 2 (dois) representantes dos

pais de alunos da educaccedilatildeo

baacutesica puacuteblica

i) 2 (dois) representantes dos

estudantes da educaccedilatildeo

baacutesica puacuteblica um dos quais

indicado pela Uniatildeo

Brasileira de Estudantes

Secundaristas - UBES

a) 3 (trecircs) representantes do

Poder Executivo estadual

dos quais pelo menos 1 (um)

do oacutergatildeo estadual

responsaacutevel pela educaccedilatildeo

baacutesica

b) 2 (dois) representantes dos

Poderes Executivos

Municipais

c) 1 (um) representante do

Conselho Estadual de

Educaccedilatildeo

d) 1 (um) representante da

seccional da Uniatildeo Nacional

dos Dirigentes Municipais de

Educaccedilatildeo - UNDIME

e) 1 (um) representante da

seccional da Confederaccedilatildeo

Nacional dos Trabalhadores

em Educaccedilatildeo - CNTE

f) 2 (dois) representantes dos

pais de alunos da educaccedilatildeo

baacutesica puacuteblica

g) 2 (dois) representantes dos

estudantes da educaccedilatildeo

baacutesica puacuteblica 1 (um) dos

quais indicado pela entidade

estadual de estudantes

secundaristas

a) 2 (dois) representantes do

Poder Executivo Municipal

dos quais pelo menos 1 (um)

da Secretaria Municipal de

Educaccedilatildeo ou oacutergatildeo

educacional equivalente

b) 1 (um) representante dos

professores da educaccedilatildeo baacutesica

puacuteblica

c) 1 (um) representante dos

diretores das escolas baacutesicas

puacuteblicas

d) 1 (um) representante dos

servidores teacutecnico-

administrativos das escolas

baacutesicas puacuteblicas

e) 2 (dois) representantes dos

pais de alunos da educaccedilatildeo

baacutesica puacuteblica

f) 2 (dois) representantes dos

estudantes da educaccedilatildeo baacutesica

puacuteblica um dos quais indicado

pela entidade de estudantes

secundaristas

sect 2o Integraratildeo ainda os

conselhos municipais dos

Fundos quando houver 1

(um) representante do

respectivo Conselho

Municipal de Educaccedilatildeo e 1

(um) representante do

Conselho Tutelar a que se

refere a Lei no 8069 de 13 de

julho de 1990 indicados por

seus pares

Fonte Lei Federal Nordm 114942007

73

A Lei nordm 114942007 aponta algumas orientaccedilotildees e estabelece restriccedilotildees na

composiccedilatildeo do Conselho de Controle Social do FUNDEB Na Lei os membros do Conselho

podem constituir seus representantes por indicaccedilatildeo eleiccedilatildeo e representaccedilatildeo conforme

estabelece o art 24 sect 3ordm

I - pelos dirigentes dos oacutergatildeos federais estaduais municipais e do Distrito Federal e

das entidades de classes organizadas nos casos das representaccedilotildees dessas instacircncias

II - nos casos dos representantes dos diretores pais de alunos e estudantes pelo

conjunto dos estabelecimentos ou entidades de acircmbito nacional estadual ou

municipal conforme o caso em processo eletivo organizado para esse fim pelos

respectivos pares

III - nos casos de representantes de professores e servidores pelas entidades sindicais

da respectiva categoria (BRASIL 2007)

Ainda sobre a composiccedilatildeo do Conselho a Lei Nordm 114942007 no art 24 sect 5ordm destaca

o impedimento dos Conselheiros que tenham relaccedilatildeo de parentesco submissatildeo hieraacuterquica ou

prestem serviccedilos para o poder executivo local

sect 5o Satildeo impedidos de integrar os conselhos a que se refere o caput deste artigo

I - cocircnjuge e parentes consanguiacuteneos ou afins ateacute 3o (terceiro) grau do Presidente e

do Vice-Presidente da Repuacuteblica dos Ministros de Estado do Governador e do Vice-

Governador do Prefeito e do Vice-Prefeito e dos Secretaacuterios Estaduais Distritais ou

Municipais

II - tesoureiro contador ou funcionaacuterio de empresa de assessoria ou consultoria que

prestem serviccedilos relacionados agrave administraccedilatildeo ou controle interno dos recursos do

Fundo bem como cocircnjuges parentes consanguiacuteneos ou afins ateacute 3o (terceiro) grau

desses profissionais

III - estudantes que natildeo sejam emancipados

IV - pais de alunos que

a) exerccedilam cargos ou funccedilotildees puacuteblicas de livre nomeaccedilatildeo e exoneraccedilatildeo no acircmbito dos

oacutergatildeos do respectivo Poder Executivo gestor dos recursos ou

b) prestem serviccedilos terceirizados no acircmbito dos Poderes Executivos em que atuam os

respectivos conselhos

sect 6o O presidente dos conselhos previstos no caput deste artigo seraacute eleito por seus

pares em reuniatildeo do colegiado sendo impedido de ocupar a funccedilatildeo o representante

do governo gestor dos recursos do Fundo no acircmbito da Uniatildeo dos Estados do Distrito

Federal e dos Municiacutepios (BRASIL 2007)

A atuaccedilatildeo dos membros do conselho deve ser baseada na autonomia e sem viacutenculo

institucional ao Poder Executivo local O periacuteodo do mandato dos seus membros eacute de dois anos

podendo ser reconduzidos uma uacutenica vez

O desempenho da funccedilatildeo de conselheiro do FUNDEB eacute considerado de extrema

relevacircncia social sendo uma atividade natildeo remunerada A Uniatildeo os Estados o Distrito Federal

74

e os Municiacutepios devem garantir a infraestrutura e as condiccedilotildees materiais adequadas agrave execuccedilatildeo

plena das competecircncias dos conselhos Os conselhos tecircm no acircmbito de suas respectivas esferas

governamentais de atuaccedilatildeo a incumbecircncia de ainda supervisionar o censo escolar anual e a

elaboraccedilatildeo da proposta orccedilamentaacuteria anual ldquocom o objetivo de concorrer para o regular e

tempestivo tratamento e encaminhamento dos dados estatiacutesticos e financeiros que alicerccedilam a

operacionalizaccedilatildeo dos Fundosrdquo (Art 24 sect 9ordm Lei nordm 11494 BRASIL 2007)

Aleacutem do FUNDEB cabe ao CACS o acompanhamento e a fiscalizaccedilatildeo do Programa de

Transporte escolar (PNATE)

15 CRITEacuteRIOS PARA A ESCOLHA DE DIRETOR ESCOLAR

A participaccedilatildeo nas formas de escolha do diretor escolar representada pela definiccedilatildeo de

criteacuterios para essa escolha que tecircm sido muito presente na pauta de lutas das organizaccedilotildees de

educadores desde a deacutecada de 1980 Natildeo obstante por ser mateacuteria de difiacutecil consenso a

Constituiccedilatildeo de 1988 e a LDB de 1996 satildeo geneacutericas ao tratar do tema limitando-se a delegar

aos sistemas de ensino a sua regulamentaccedilatildeo Eacute assim que de acordo com Mendonccedila (2000)

tais criteacuterios satildeo os mais diversos nas leis estaduais do paiacutes Por se tratar de um paiacutes que

comporta mais de 5600 municiacutepios com possibilidade de criaccedilatildeo de sistema proacuteprio de ensino

pode-se em potencial ter uma diversidade muito maior de criteacuterios

Com base nos estudos de Mendonccedila (2000) Paro (2003) e Dourado (2007) podemos

afirmar que o provimento do cargo de diretor escolar das escolas puacuteblicas tem ocorrido

basicamente de cinco formas 1) livre indicaccedilatildeo pelos poderes puacuteblicos 2) ascensatildeo na carreira

3) aprovaccedilatildeo em concurso puacuteblico 4) eleiccedilatildeo e posterior indicaccedilatildeo em lista triacuteplice e 5) eleiccedilatildeo

direta E cada uma dessas categorias traz consigo as concepccedilotildees de gestatildeo de um governo e

maior ou menor grau de participaccedilatildeo dos envolvidos na escolha

Em relaccedilatildeo ao criteacuterio de escolha de diretores escolares por indicaccedilatildeo ou nomeaccedilatildeo

Mendonccedila (2000) Paro (2007) e Dourado (2007) argumentam que esta eacute a forma de acesso na

qual os representantes poliacuteticos (governadores e prefeitos) podem indicar os gestores escolares

que acharem apropriados ao cargo Assim o criteacuterio de escolha de diretores atraveacutes de indicaccedilatildeo

vincula o trabalho do diretor com quem o indicou quase sempre um poliacutetico ou teacutecnico das

Secretarias de Educaccedilatildeo Seu compromisso portanto eacute com quem o colocou naquele cargo e

natildeo com a comunidade escolar Nesse caso ldquoo papel do diretor ao prescindir do respaldo da

comunidade escolar caracteriza-se como instrumentalizador de praacuteticas autoritaacuterias

75

evidenciando forte ingerecircncia do Estado na gestatildeo da escola (DOURADO 2007 p 83) A

indicaccedilatildeo para cargos puacuteblicos estaacute nas raiacutezes do Estado patrimonialista que marcou fortemente

a origem do Estado brasileiro o pode ser percebida na admissatildeo dos diretores cujos criteacuterios

satildeo essencialmente subjetivos e pessoais (MENDONCcedilA 2000) A categoria ldquonomeaccedilatildeordquo para

Paro (2007) ldquotraz consigo as marcas do clientelismo poliacutetico sendo por isso uma das mais

criticadas e inclusive muito presente nos sistemas de ensinordquo (PARO 2007 p 19) Com base

em dados do observatoacuterio de monitoramento das metas do PNE35 ateacute 2013 essa forma de

escolha de diretores ainda era presente em 50 das escolas brasileiras sendo portanto a que

prevalece no Brasil

Quanto ao criteacuterio de provimento de diretores escolares por meio do concurso os que

o defendem alegam que apresenta virtudes como ldquoa objetividade a coibiccedilatildeo do clientelismo e

a possibilidade de afericcedilatildeo do conhecimento teacutecnico do candidatordquo (PARO 2003 p19) Esse

criteacuterio de escolha estaacute ancorado na ideia de que o domiacutenio da competecircncia teacutecnica pelo

candidato eacute um requisito essencial para o exerciacutecio da funccedilatildeo Dessa forma a seleccedilatildeo atraveacutes

de concurso puacuteblico eacute defendida pela sua imparcialidade e porque o diretor concursado estaria

ldquomenos submisso agraves variantes poliacuteticas da escola e do sistema de ensino uma vez que o

concurso puacuteblico parece garantir a moralidade e a transparecircncia necessaacuterias na lotaccedilatildeo de

qualquer cargo puacuteblicordquo (SOUZA 2007 p 167)

Mendonccedila (2000) adverte que a permanecircncia de diretores nas unidades escolares por

concurso para a escolha de diretores estaacute vinculado tambeacutem ldquoa uma concepccedilatildeo da direccedilatildeo de

escola como carreira e por meio dele a ocupaccedilatildeo da funccedilatildeo tem caraacuteter permanenterdquo

(MENDONCcedilA 2000 p 191) Natildeo obstante concordamos com Paro (2015) quando argumenta

que o concurso eacute democraacutetico apenas aparentemente pois ldquoo diretor tem o direito de concorrer

ao cargo e escolher a escola onde vai trabalhar mas a comunidade escolar tem de aceitar esse

diretor sem conhececirc-lo e sem um processo democraacutetico de escolhardquo (PARO 2015 p 117)

Aleacutem disso ldquonatildeo eacute verdade que o processo de escolha possa se resumir numa qualidade teacutecnica

() pois o diretor exerce uma accedilatildeo poliacutetica como representante do Estado diante de seus

dirigidosrdquo (IDEM p117)

35 O Observatoacuterio da Educaccedilatildeo eacute uma plataforma online que tem como objetivo monitorar os indicadores referentes

a cada uma das 20 metas do Plano Nacional de Educaccedilatildeo (PNE) e de suas respectivas estrateacutegias e oferecer

anaacutelises sobre as poliacuteticas puacuteblicas educacionais jaacute existentes e que seratildeo implementadas ao longo dos dez anos

de vigecircncia do Plano Consta no seguinte endereccedilo httpwwwobservatoriodopneorgbrmetas-pne19-gestao-

democraticaindicadores

76

O diretor de carreira segundo Dourado (2007) eacute uma modalidade pouco utilizada

Neste caso o acesso ao cargo eacute vinculado a criteacuterios como tempo de serviccedilo escolarizaccedilatildeo

merecimento eou distinccedilatildeo entre outros Representa uma tentativa de aplicaccedilatildeo no setor

puacuteblico da meritocracia livrando da participaccedilatildeo da comunidade escolar a escolha de seu

dirigente

A indicaccedilatildeo por meio de listas triacuteplices secircxtuplas ou a combinaccedilatildeo de processos

(modalidade mista) consiste na consulta agrave comunidade escolar para a indicaccedilatildeo de nomes em

nuacutemero de trecircs ou seis possiacuteveis dirigentes cabendo ao poder executivo nomear o diretor dentre

os nomes escolhidos eou submetecirc-los a uma segunda fase que consiste em provas ou

atividades de avaliaccedilatildeo de sua capacidade cognitiva para a gestatildeo da educaccedilatildeo Na modalidade

mista apesar da participaccedilatildeo da comunidade na primeira fase cabe ao poder executivo fazer a

indicaccedilatildeo final do diretor onde corre-se o risco de ocorrer uma indicaccedilatildeo por criteacuterios natildeo

poliacutetico-pedagoacutegicos com uma suposta legitimaccedilatildeo da comunidade escolar uma forma de

burlar o sistema de escolha democraacutetica em nome do discurso de participaccedilatildeodemocratizaccedilatildeo

das relaccedilotildees escolares Outra modalidade mista eacute apontada por Vieira (2006) em que a escolha

de diretores escolares ocorre em duas fases de seleccedilatildeo A primeira fase dar-se-aacute por meio de

concurso que classifica os gestores e na segunda fase os classificados no concurso satildeo

colocados em aceitaccedilatildeo da comunidade e dos segmentos da escola atraveacutes da eleiccedilatildeo com a

participaccedilatildeo coletiva para a aprovaccedilatildeo de suas propostas na gestatildeo que assumiraacute (VIEIRA

2006)

O criteacuterio eleiccedilotildees diretas para a escolha de diretores escolares eacute entendida por

Mendonccedila (2000) Paro (2003 2007) e Souza (2007) como a forma mais democraacutetica na qual

a comunidade poderaacute votar no gestor mais qualificado para exercer as funccedilotildees pertinentes ao

cargo Para Souza diretor eleito

natildeo eacute por natureza do processo eletivo mais compromissado com a educaccedilatildeo puacuteblica

de qualidade para todosas mas a eleiccedilatildeo eacute o instrumento que potencialmente permite

agrave comunidade escolar controlar as accedilotildees do dirigente escolar no sentido de levaacute-lo a

se comprometer com este princiacutepio (SOUZA 2007 p 174)

A eleiccedilatildeo de diretores escolares fortalece o poder poliacutetico no interior das escolas e

consequentemente reduz a intervenccedilatildeo do Estado sobre elas e dessa forma a escola torna-se

mais autocircnoma e capaz de promover relaccedilotildees mais democraacuteticas em seu interior Embora a

eleiccedilatildeo natildeo seja a soluccedilatildeo para todos os problemas da escola puacuteblica e envolva riscos ainda ldquoeacute

77

a forma civilizada de exercer o poder entre sujeitosrdquo e ldquoconfere aos eleitos uma autoridade

legiacutetimardquo (PARO 2015 p 118)

No que diz respeito agraves diferentes experiecircncias de gestatildeo democraacutetica principalmente

quando trata das eleiccedilotildees de diretores e funcionamento de colegiados os resultados apontam

que ldquoesses processos continuam excessivamente centrados em pessoas com interferecircncias

poliacutetico partidaacuterias aliciamento de votos entre outros problemasrdquo (MENDONCcedilA 2000 p12)

Esses problemas se revelam na intervenccedilatildeo indevida de diretores indicando os nomes para

compor os colegiados de deliberaccedilatildeo assegurando que o controle da instituiccedilatildeo continue em

suas matildeos e ressalta que isso impede a participaccedilatildeo mais espontacircnea da comunidade escolar Eacute

importante que tenhamos a compreensatildeo de que eacute necessaacuterio que haja na escola natildeo um ldquocheferdquo

mas um colaborador que embora tenha responsabilidade junto ao Estado natildeo esteja atrelado

apenas ao seu poder colocando-se acima dos demais mas ao contraacuterio que sua autoridade com

a responsabilidade seja distribuiacuteda dentre os membros da escola

Nesse contexto compreendemos que a forma mais democraacutetica e que permite maior

participaccedilatildeo da comunidade escolar na escolha dos seus diretores escolares eacute a eleiccedilatildeo direta

Por isso o debate deve se fazer presente natildeo soacute nas unidades escolares mas em todo o sistema

de ensino como um momento coletivo de amadurecimento poliacutetico participativo e de

construccedilatildeo de um processo democraacutetico da gestatildeo escolar que legitime o desempenho da funccedilatildeo

de diretor e que respeite as deliberaccedilotildees coletivas

Mais recentemente o Plano Nacional de Educaccedilatildeo (2014-2024) aprovado pela Lei nordm

13005 de 25 de junho de 2014 reafirma em seu inciso VI do Art 2ordm a ldquopromoccedilatildeo do princiacutepio

da gestatildeo democraacutetica da educaccedilatildeo puacuteblicardquo No entanto o caput da Meta 19 propotildee ldquoassegurar

condiccedilotildees () para a efetivaccedilatildeo da gestatildeo democraacutetica da educaccedilatildeo associada a criteacuterios

teacutecnicos de meacuterito e desempenho e agrave consulta puacuteblica agrave comunidade escolar no acircmbito das

escolas puacuteblicas prevendo recursos e apoio teacutecnico da Uniatildeo para tantordquo (grifos nossos)

O detalhamento da meta 19 pressupotildee estrateacutegias que condicionam o repasse de

transferecircncias voluntaacuterias da Uniatildeo da aacuterea da educaccedilatildeo para os municiacutepios que tenham

aprovado legislaccedilatildeo especiacutefica regulamentando mateacuteria a esse respeito Embora os criteacuterios se

associem a alguma forma de participaccedilatildeo da comunidade o PNE vem estimulando que os

municiacutepios adotem em legislaccedilotildees a nomeaccedilatildeo dos diretores e diretoras de escola a partir de

criteacuterios teacutecnicos de meacuterito e desempenho o que corrobora a persistecircncia da gestatildeo de cunho

gerencialista proposta no Plano Diretor de Reforma do Estado (PDRAE) aprovado no governo

de Fernando Henrique Cardoso

78

Por fim constatamos que a poliacutetica de gestatildeo da educaccedilatildeo brasileira segue no sentido

de democratizar o sistema de ensino atraveacutes do acesso permanecircncia e garantia da educaccedilatildeo de

qualidade Para isso sugerem a participaccedilatildeo atraveacutes da garantia da existecircncia de conselhos

representativos de controle social e de eleiccedilotildees diretas para diretores escolares por meio da

comunidade escolar e da sociedade civil tanto na construccedilatildeo de poliacuteticas quanto no controle

social indicando a transparecircncia nas accedilotildees e na gestatildeo dos recursos puacuteblicos

79

2 A GESTAtildeO EDUCACIONAL NO CONTEXTO DO PLANO DE

DESENVOLVIMENTO DA EDUCACcedilAtildeO (PDE) DO PLANO DE METAS

COMPROMISSO TODOS PELA EDUCACcedilAtildeO E DO PLANO DE ACcedilOtildeES

ARTICULADAS

Este capiacutetulo trataraacute de dar continuidade agrave discussatildeo do capiacutetulo anterior sobre as

poliacuteticas educacionais adotadas no Brasil apoacutes a Reforma do Estado que tecircm traccedilado novos

rumos para a gestatildeo da educaccedilatildeo Especificamente seraacute abordado nesse capiacutetulo o modelo de

gestatildeo da educaccedilatildeo adotado no Brasil no qual estaacute inserido o Plano de Desenvolvimento da

Educaccedilatildeo o Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo e o Plano de Accedilotildees

Articuladas e as suas formas de materializaccedilatildeo

21 A GESTAtildeO EDUCACIONAL E O PLANO DE DESENVOLVIMENTO DA

EDUCACcedilAtildeO (PDE)

As poliacuteticas educacionais implementadas no Brasil possuem uma historicidade na sua

construccedilatildeo que natildeo segue em linha reta isto eacute eacute cheia de curvas e oscilaccedilotildees pelo caminho

com avanccedilos e retrocessos sendo influenciadas em todas as suas fases seja por contextos

histoacutericos distintos seja pela disputa entre os sujeitos envolvidos no processo ou por grupos de

interesses e de percepccedilotildees diferentes da realidade que estatildeo presentes no momento da sua

implementaccedilatildeo e execuccedilatildeo Poreacutem eacute o resultado das relaccedilotildees sociais inerentes ao processo de

construccedilatildeo dessas poliacuteticas

O primeiro Plano Nacional de Educaccedilatildeo foi elaborado para uma deacutecada (2001-2010) no

Brasil natildeo atingiu os objetivos esperados pois desde a sua elaboraccedilatildeo ateacute o envio ao Congresso

Nacional em 1997 existiam visotildees distintas dos rumos da educaccedilatildeo do paiacutes Eacute tanto que dois

Planos foram enviados um que representava a proposta do governo FHC na eacutepoca e o outro

que representava a sociedade civil construiacutedo a partir das organizaccedilotildees de classes Um periacuteodo

turbulento pois

() a apresentaccedilatildeo de dois planos nacionais de educaccedilatildeo um do governo e outro da

sociedade civil evidencia o atual estaacutegio de correlaccedilatildeo de forccedilas sociais no campo

educacional do Brasil do final dos anos de 1990 materializado no acirramento do

conflito entre duas propostas de sociedade e de educaccedilatildeo ndash a proposta liberal-

80

corporativa e a proposta democraacutetica das massas ndash que vem se embatendo desde o

final dos anos de 1980 () (NEVES 2000 p 148)

Dessa forma com os embates que se arrastavam no Congresso Nacional por deputados

contra e a favor e sindicatos De posse dos dois planos e dos embates realizou-se um texto

substitutivo em junho de 2000 que consolidasse parte proposta do governo e outra parte da

sociedade civil representada Embora votado na cacircmara dos deputados e no senado o texto foi

sancionado pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso com vetos principalmente no que se

tratava de investimentos e financiamento da educaccedilatildeo principalmente na educaccedilatildeo superior

Nesse contexto eacute notoacuteria a falta de compromisso do governo FHC com os investimentos na

educaccedilatildeo em que o seu governo o tem como gasto e natildeo como investimento Eacute importante

destacar aqui que uma boa educaccedilatildeo baacutesica seraacute o resultado de uma boa educaccedilatildeo superior e

que as universidades tem um papel estrateacutegico no desenvolvimento das naccedilotildees

No campo poliacutetico o primeiro governo Lula (2003-2006) foi marcado pela continuidade

das poliacuteticas educacionais traccediladas no governo FHC que realizou as reformas educacionais de

longo alcance sob os olhares do mercado A expectativa dos educadores era que a partir do

governo Lula essa loacutegica neoliberal que mudou os rumos da educaccedilatildeo baacutesica a superior fosse

rompida Entretanto segundo Andrade de Oliveira (2009) natildeo foi o que ocorreu a loacutegica

neoliberal foi mantida Assim no primeiro mandato de Lula natildeo houve poliacuteticas puacuteblicas

educacionais regulares e fortes o suficiente para alterar a poliacutetica planejada pelo governo FHC

A autora afirma que ocorreram sim alguns programas e projetos focalizados principalmente

para os mais vulneraacuteveis mas que natildeo se constituiu em uma poliacutetica puacuteblica Somente no

finalzinho do primeiro mandato eacute que foi criado o Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento

da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo (FUNDEB) proposto pela

Emenda Constitucional Nordm 53 de 2006 que ampliou o Fundo de Manutenccedilatildeo e

Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorizaccedilatildeo do Magisteacuterio (FUNDEF) sendo

esse fundo o principal mecanismo de financiamento da educaccedilatildeo que passou a atender a trecircs

etapas educaccedilatildeo infantil ensino fundamental e ensino meacutedio Poreacutem sem romper com a loacutegica

neoliberal Andrade Oliveira (2009 p 203) afirma que o que se observou foi ldquoo governo

assumir de alguma forma a loacutegica existente e passar a professar a inclusatildeo social no lugar do

direito universal agrave educaccedilatildeordquo

Nesse cenaacuterio marcado por poliacuteticas educacionais focais imediatistas e de pouca

regularidade o Presidente Lula durante a campanha para a reeleiccedilatildeo destacou a educaccedilatildeo

como foco principal do seu governo apoacutes a vitoacuteria nas urnas no discurso de posse em 01 de

janeiro de 2007 e reforccedilou priorizar a educaccedilatildeo no segundo governo Em 24 de abril de 2007

81

apresenta o Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo como parte do Programa de Aceleraccedilatildeo do

Crescimento (PAC) que ele denominou de PAC da Educaccedilatildeo A cerimocircnia contou com a

participaccedilatildeo do Presidente da Repuacuteblica Luiz Inaacutecio Lula da Silva e do Ministro da Educaccedilatildeo

Fernando Haddad e ainda Paulo Renato (ex-ministro da educaccedilatildeo do governo FHC) e

Cristovam Buarque (Ministro de Educaccedilatildeo do primeiro governo Lula) aleacutem da participaccedilatildeo de

setores da iniciativa privada e gestores puacuteblicos

Camini (2009) critica a implantaccedilatildeo de uma poliacutetica puacuteblica lanccedilada como uma decisatildeo

poliacutetica sem contar com uma ampla discussatildeo coletiva dos segmentos da sociedade que seratildeo

atingidos diretamente ou mesmo indiretamente Para a autora a presenccedila de representantes de

instituiccedilotildees privadas em parceria com o setor puacuteblico de educaccedilatildeo lanccedila o Plano de

Desenvolvimento da Educaccedilatildeo (PDE) sendo que nessas ldquoparceriasrdquo muitas vezes estatildeo

impliacutecitas a loacutegica de mercado o que reduz as condiccedilotildees de democratizaccedilatildeo visto que na

legislaccedilatildeo as instituiccedilotildees privadas natildeo permitem a participaccedilatildeo da populaccedilatildeo nas decisotildees

ficando a cargo exclusivamente do mercado ditar as suas regras

Jaacute no entendimento do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo o PDE pela visatildeo sistecircmica que o

caracteriza [] ldquoprocura enfocar a educaccedilatildeo em todo o territoacuterio da naccedilatildeo considerando com o

mesmo cuidado e atenccedilatildeo cada uma das suas partes do bairro do paiacutes em seu conjunto dando

efetividade ao princiacutepio constitucional do ldquoregime de colaboraccedilatildeordquordquo (SAVIANI 2009 p 16)

afirma que O PDE estaacute sustentado em seis pilares i) visatildeo sistecircmica da educaccedilatildeo ii)

territorialidade iii) desenvolvimento iv) regime de colaboraccedilatildeo v) responsabilizaccedilatildeo e vi)

mobilizaccedilatildeo social

O ldquoPDE aparece como um grande guarda-chuvardquo (SAVIANI 2009 p 5) que cobre

praticamente todos os programas e aacutereas com foco na educaccedilatildeo baacutesica superior profissional

tecnoloacutegica alfabetizaccedilatildeo e diversidade abrangendo as modalidades de ensino e accedilotildees de

melhorias na infraestrutura No que se refere aos eixos de accedilotildees do Plano de Desenvolvimento

da Educaccedilatildeo (PDE) direcionadas as aacutereas do sistema educacional apresentamos o quadro a

seguir

82

Quadro 04 - Eixos de Accedilatildeo do Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo (PDE)

Eixos Accedilotildees do PDE

Educaccedilatildeo

Baacutesica

1 Melhoria do IDEB da escola puacuteblica e

2 Melhoria da gestatildeo escolar da qualidade do ensino e do fluxo escolar

valorizaccedilatildeo e qualificaccedilatildeo de professores e profissionais da educaccedilatildeo

inclusatildeo digital e apoio ao aluno e agrave escola

Alfabetizaccedilatildeo

e Educaccedilatildeo

Continuada

1 Reduzir a taxa de analfabetismo e o nuacutemero absoluto de analfabetos

2 Atender jovens e adultos de 15 anos ou mais

3 Prioridade para os municiacutepios com taxa de analfabetismo superior a 35

e

4 O Brasil Alfabetizado tem por meta atender 15 milhatildeo de alfabetizandos

por ano

Ensino

Profissional e

Tecnoloacutegico

1 Ampliar a rede de ensino profissional e tecnoloacutegico do Paiacutes

2 Que cada municiacutepio tenha pelo menos 1 escola oferecendo educaccedilatildeo

profissional e

3 A prioridade seraacute para cidades tendo como referecircncia as economias locais

e regionais e reforccedilando a articulaccedilatildeo da escola puacuteblica em especial o

ensino meacutedio e a EJA com a educaccedilatildeo profissional em todas as modalidades

e niacuteveis

Ensino

Superior

1 Ampliar e democratizar o acesso ao ensino superior do Paiacutes

2 A ampliaccedilatildeo de vagas nas instituiccedilotildees federais de ensino superior se faraacute

por meio de ofertas de bolsas do Programa Universidade para Todos

(PROUNI) articulado ao Financiamento Estudantil (FIES) e

3 Atraveacutes da Reestruturaccedilatildeo e Expansatildeo das Universidades Federais

(REUNI) as universidades apresentaratildeo planos de expansatildeo da oferta

Dobrar o nuacutemero de alunos nas Instituiccedilotildees Federais de Ensino (IFES) no

Brasil em 10 anos Fonte BRASIL 2007

Esses eixos correspondem agrave atuaccedilatildeo do PDE que segundo Saviani (2009) tem um

objetivo ambicioso de elevar o niacutevel da educaccedilatildeo brasileira aos patamares dos paiacuteses

desenvolvidos ateacute o ano de 2022 Para tanto vem ampliando seus programas e hoje conta com

a adesatildeo de todos os estados e municiacutepios atraveacutes da assinatura do Termo de Adesatildeo ao

PMCTE onde satildeo chamados a responsabilizar-se com as metas preacute-estabelecidas pelo Plano

Dessa forma a execuccedilatildeo dos programas e projetos do PDE por parte dos estados e

municiacutepios tem promovido mudanccedilas substanciais principalmente na gestatildeo educacional e

escolar visto que com o Plano de Metas do Compromisso e o Plano de Accedilotildees Articuladas

organizam toda uma articulaccedilatildeo para materializar as metas propostas Para Sousa (2011 p 06)

ldquoo efeito mais perceptiacutevel das alteraccedilotildees promovidas pelo PDE no relacionamento do MEC

com os entes federativos reside no condicionamento de todas as transferecircncias voluntaacuterias da

Uniatildeo aos estados e municiacutepiosrdquo a partir da assinatura do termo de compromisso do PMCTE

e a responsabilidade dos estados e municiacutepios quanto ao cumprimento das suas diretrizes

83

Permeado de termos como ldquodemocraciardquo ldquocolaboraccedilatildeordquo e ldquoparceriardquo que foram

introduzidos e utilizados a partir de uma visatildeo neoliberal A poliacutetica educacional e de gestatildeo

propugnada pelo Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo estabelece o Plano de Metas

Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo e orienta os Estados e os Municiacutepios a elaborarem os seus

Planos de Accedilatildeo Articuladas seguindo o modelo proposto pelo MEC mantendo assim a

centralidade das decisotildees no acircmbito da Uniatildeo e desconcentrando a realizaccedilatildeo das tarefas para

os estados e os municiacutepios agindo como um oacutergatildeo coordenador da poliacutetica e dos resultados

alcanccedilados pelos demais entes federados E nesse sentido eacute que se observa o modelo de gestatildeo

gerencial em que estaacute inserido o PMCTE pois os estados e municiacutepios passam a ter que seguir

as diretrizes a partir do Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) como instrumento de planejamento

para o alcance das metas definidas

As divergecircncias em que se sustentam o PDE e o Plano de Metas Compromisso Todos

pela Educaccedilatildeo seja nas diretrizes instituiacutedas no desenvolvimento dos programas nas accedilotildees

implementadas e nos resultados alcanccedilados eacute tambeacutem por que o PDE natildeo foi uma poliacutetica

construiacuteda historicamente com a participaccedilatildeo coletiva dos envolvidos nos debates ela foi

determinada a partir de uma decisatildeo poliacutetica de governo dessa forma tem apresentado

ambiguidades e incoerecircncias na sua implantaccedilatildeo e execuccedilatildeo

A relaccedilatildeo democraacutetica e o regime de colaboraccedilatildeo entre os entes federados parece ser

mais uma ambiguidade pois de acordo com Camini (2011 p166-167) existe uma prevalecircncia

do MEC como instacircncia superior ldquoque encobre sob a forma de delegaccedilatildeo descentralizaccedilatildeo

ou auxiacutelio uma relaccedilatildeo que implica certa passividade e adesatildeo dos demais entes regionaisrdquo

Ainda assim existe tambeacutem uma ldquopermeabilidade que envolve praacuteticas e procedimentos

poliacutetico-administrativos e que permite e favorece a penetraccedilatildeo das intenccedilotildees e accedilotildees de umas

instacircncias sobre as outrasrdquo (idem grifos nossos)

Nesse sentido entende-se que as reformas propostas e implementadas no Brasil a partir

dos anos de 1990 tecircm apontado para o enfraquecimento do Estado em sua funccedilatildeo social As

novas concepccedilotildees abordagens meacutetodos de planejamento e as novas praacuteticas de gestatildeo tecircm

levado a educaccedilatildeo a apresentar caracteriacutesticas diferentes daquelas propostas pela Constituiccedilatildeo

Federal Brasileira de 1988 em que a educaccedilatildeo era um direito social fundamental e quando

ofertado em estabelecimento puacuteblico seria gratuito aleacutem da garantia do padratildeo de qualidade e

da gestatildeo democraacutetica do ensino puacuteblico As novas concepccedilotildees tecircm viabilizado um processo de

racionalizaccedilatildeo mercantil em favor da empresa privada as quais com a alternativa da terceira

via e com as parcerias com o poder puacuteblico buscam influenciar a definiccedilatildeo das poliacuteticas

puacuteblicas sendo o PDE um exemplo disso pois fomenta parcerias entre instituiccedilotildees privadas e

84

os sistemas puacuteblicos de educaccedilatildeo uma vez que nessas ldquoparceriasrdquo muitas vezes estatildeo

impliacutecitas a loacutegica de mercado com modelos de gestatildeo gerencial e instrumentos de controle

fortalecendo a competitividade entre as escolas e diminuindo a autonomia das instituiccedilotildees

puacuteblicas educacionais

O proacuteximo toacutepico trataraacute mais especificamente de um dos eixos de accedilatildeo do PDE ndash o

Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo ndash bem como as suas diretrizes e a sua

interface com a gestatildeo educacional

22 A GESTAtildeO EDUCACIONAL E O PLANO DE METAS COMPROMISSO TODOS PELA

EDUCACcedilAtildeO

A origem do Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo se deu a partir de um

movimento denominado Movimento Todos pela Educaccedilatildeo (MTPE) um movimento que se

apresenta como apoliacutetico e apartidaacuterio e congrega a sociedade civil organizada educadores e

gestores puacuteblicos sendo mantido por grupos empresariais36 cujo Conselho de Governanccedila eacute

composto majoritariamente por grandes liacutederes empresariais37 O movimento TPE foi criado

ainda em 2005 por um grupo de liacutederes empresariais no momento em que a valorizaccedilatildeo da

educaccedilatildeo comeccedilou a se tornar relevante para a formaccedilatildeo de trabalhadores brasileiros Em 2006

o movimento TPE lanccedilou o projeto ldquocompromisso todos pela educaccedilatildeordquo o qual foi

impulsionado para o congresso sob o tiacutetulo de ldquoAccedilotildees de Responsabilidade Social em

Educaccedilatildeo melhores praacuteticas na Ameacuterica Latinardquo (BERNARDI 2014)

Dessa forma com os liacutederes empresariais envolvidos na composiccedilatildeo do Conselho do

TPE sendo maioria majoritaacuteria nesse espaccedilo de decisatildeo logo estes tinham a prerrogativa de

decidir sobre as accedilotildees e os programas educacionais seguindo na direccedilatildeo de colocar o mercado

como a soluccedilatildeo para os problemas da educaccedilatildeo atendendo a loacutegica da gestatildeo empresarial e

apontando caminhos que devem ser seguidos pela educaccedilatildeo tendo o mercado como paracircmetro

36

As principais empresas mantenedoras satildeo Gerdau Fundaccedilatildeo Educar DPaschoal Fundaccedilatildeo Bradesco Fundaccedilatildeo

Itauacute Instituto Natura Fundaccedilatildeo Vale Itauacute BBA etc os parceiros satildeo entre outros Rede Globo Grupo ABC

Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) Instituto Ayrton Senna Editora Saraiva Itauacute Cultural

Microsoft Editora Moderna 37 Em 2011 o Conselho de Governanccedila apresentava a seguinte composiccedilatildeo Jorge Gerdau Johannpeter

(Presidente) Ana Maria dos Santos Diniz (Grupo Patildeo de Accediluacutecar) Antocircnio Jacinto Matias (Fundaccedilatildeo Itauacute Social)

Beatriz Johannpeter (Fundaccedilatildeo Gerdau) Daniel Feffer (Dirigente da Suzano Papel e Celulose SA) Danilo Santos

de Miranda (Diretor do SESC SP) Denise Aguiar Alvarez (Fundaccedilatildeo Bradesco) Fernatildeo Bracher (Banco Itauacute)

Joseacute Roberto Marinho (Fundaccedilatildeo Roberto MarinhoOrganizaccedilotildees Globo) Luiacutes Norberto Pascoal (Grupo

DPaschoal) Millu Villela Ricardo Henriques (Unibanco) Viviane Senna (Instituto Ayrton Senna) dentre outros

empresaacuterios

85

e como uacutenica alternativa para o desenvolvimento social e econocircmico de sucesso De acordo

com Voss (2011)

pois a ecircnfase central das reformas educacionais contemporacircneas natildeo eacute a expansatildeo da

escolarizaccedilatildeo mas a equidade entendida como a oferta eficiente e eficaz do ensino

de modo a garantir condiccedilotildees de aquisiccedilatildeo de habilidades e informaccedilotildees que permitam

competir no mercado profissional (VOSS 2011 p 45)

Enquanto iniciativa de classe a praacutetica do movimento TPE se traduz numa tentativa de

transformar a educaccedilatildeo num mercado lucrativo e voltado para atender a qualificaccedilatildeo

profissional no mercado de trabalho utilizando-se de uma poliacutetica de forte cunho gerencialista

Shiroma (2011) afirma que essa intensa aproximaccedilatildeo entre governo e iniciativa privada

demonstra a articulaccedilatildeo que caracteriza a formaccedilatildeo de ldquoredes interorganizacionaisrdquo que tecircm

como foco fortalecer as instituiccedilotildees privadas com a articulaccedilatildeo do poder puacuteblico estabelecendo

ldquonovas formas de regulaccedilatildeo da educaccedilatildeordquo

De acordo com Freitas (2007) quando o MEC privilegiou o empresariado como

possiacuteveis liacutederes que traduziriam as melhorias na educaccedilatildeo ele deixou de lado as entidades

educacionais sindicais e acadecircmicas no processo de elaboraccedilatildeo do PMCTE Ele afastou ldquooutros

interlocutores que estatildeo haacute mais de duas deacutecadas participando dos diferentes foacuteruns de definiccedilatildeo

das poliacuteticas tanto em niacutevel do proacuteprio Ministeacuterio quanto da proacutepria sociedade [] (FREITAS

2007 p 01)rdquo

O movimento TPM segundo Shiroma Garcia e Campos (2011 p233) foi ldquocriado por

um grupo de intelectuais orgacircnicos do capitalrdquo que definiu como objetivos propiciar as

condiccedilotildees de acesso de alfabetizaccedilatildeo e de sucesso escolar a ampliaccedilatildeo de recursos investidos

na educaccedilatildeo baacutesica e a melhoria da gestatildeo desses recursos que estatildeo traduzidos em cinco metas

a serem atingidas ateacute 2022 a saber

Meta 1 ndash Toda crianccedila e jovem de 4 a 17 anos na escola

Meta 2 ndash Toda crianccedila plenamente alfabetizada ateacute os 8 anos

Meta 3 ndash Todo aluno com aprendizado adequado ao seu ano

Meta 4 ndash Todo jovem com Ensino Meacutedio ateacute os 19 anos

Meta 5 ndash O investimento em educaccedilatildeo ampliado e bem gerido

(TODOS PELA EDUCACcedilAtildeO 2016)

Dessa maneira o governo federal colaborando com as aspiraccedilotildees do movimento TPE

lanccedilou o Decreto ndeg 60942007 que dispotildee sobre a implementaccedilatildeo do Plano de Metas

86

Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo na perspectiva de comprometer os estados e municiacutepios

com tais metas e instituir o Plano de Accedilotildees Articuladas como uma ferramenta gerencial delas

Eacute decretado entatildeo o Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo (PMCTE) como uma

poliacutetica governamental ou seja um conjunto de medidas e metas para o paiacutes estabelecido por

meio do Decreto 6094 de 24 de abril de 2007 Eacute portanto um ato do poder executivo e natildeo

uma lei e estaacute ligado ao eixo do Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo que envolve accedilotildees em

diferentes aacutereas da economia para impulsionar o crescimento econocircmico do paiacutes

Para Luce e Farenzena (2007 p11) a poliacutetica do PMCTE ldquocomo estrateacutegia metas e

meios foi concebida centralmente mas sua execuccedilatildeo eacute descentralizadardquo embora a execuccedilatildeo

sofra intervenccedilatildeo direta do MEC como poder centralizador que oferece assistecircncia na

formulaccedilatildeo dos planos suporte financeiro aleacutem de coordenar e controlar em torno de diretrizes

gerais previamente estabelecidas o desempenho das escolas a partir das bases de dados e

ainda daacute atribuiccedilotildees agraves redes escolares municipaisestaduais com baixos iacutendices educacionais

a fim de melhorar a qualidade da educaccedilatildeo Essa forma de descentralizar as accedilotildees mas controlar

eacute caracterizada como uma ldquodescentralizaccedilatildeo convergenterdquo ou ldquodescentralizaccedilatildeo monitoradardquo

(LUCE FARENZENA 2007 p 11) do MEC em relaccedilatildeo ao ente federativo jaacute que o Plano de

Accedilotildees Articuladas (PAR) e o IDEB estrategicamente realizam o planejamento e o

monitoramento das accedilotildees

Nesse contexto o PDEPlano de Metas eacute para Farenzena (2009) uma poliacutetica de

colaboraccedilatildeo entre os governos e parceiros com caracteriacutesticas e concepccedilotildees que favorecem a

centralizaccedilatildeo e descentralizaccedilatildeo A autora afirma que nessas relaccedilotildees colaborativas entre a

Uniatildeo os estados os municiacutepios e o Distrito Federal bem como nas parcerias com empresaacuterios

e outras instituiccedilotildees puacuteblicas observa-se que a centralizaccedilatildeo eacute na Uniatildeo Por outro lado o FNDE

ndash MEC ndash afirma que ocorre na verdade o Regime de Colaboraccedilatildeo como um compartilhamento

de competecircncias poliacuteticas teacutecnicas e financeiras para a execuccedilatildeo de programas de manutenccedilatildeo

e desenvolvimento da educaccedilatildeo de forma a auxiliar na atuaccedilatildeo dos entes federados sem ferir-

lhes a autonomia

De acordo com Celina Souza (2001) a poliacutetica conservadora de reduccedilatildeo do tamanho do

Estado centralizaccedilatildeo nas decisotildees e a desconcentraccedilatildeo da implementaccedilatildeo de poliacuteticas retirou

da esfera estadual obrigaccedilotildees que antes era da sua administraccedilatildeo o que deixou uma lacuna

nessa instacircncia intermediaacuteria Em contraponto a isso a Uniatildeo reduziu o poder do Estado e se

aproximou dos municiacutepios podendo implantar diretamente suas poliacuteticas sem mais o intermeacutedio

do Estado

87

As diretrizes38 que fazem parte do PMCTE tecircm como objetivo a melhoria da educaccedilatildeo

no paiacutes sem o objetivo de esgotar o assunto razatildeo por que se destacaraacute neste trabalho somente

as diretrizes que estatildeo relacionadas aos indicadores da gestatildeo democraacutetica objeto deste estudo

()

XVIII ndash fixar regras claras considerados meacuterito e desempenho para nomeaccedilatildeo e

exoneraccedilatildeo de diretor de escola

XIX ndash Divulgar na escola e na comunidade os dados relativos a aacuterea da educaccedilatildeo

com ecircnfase no Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica (IDEB) referido no

art 3ordm

XX - acompanhar e avaliar com participaccedilatildeo da comunidade e do Conselho de

Educaccedilatildeo as poliacuteticas puacuteblicas na aacuterea de educaccedilatildeo e garantir condiccedilotildees sobretudo

institucionais de continuidade das accedilotildees efetivas preservando a memoacuteria daquelas

realizadas

XXI ndash zelar pela transparecircncia da gestatildeo puacuteblica na aacuterea da educaccedilatildeo garantindo o

funcionamento efetivo autocircnomo e articulado dos conselhos de controle social

XXII ndash promover a gestatildeo participativa na rede de ensino

XXIII - elaborar plano de educaccedilatildeo e instalar Conselho de Educaccedilatildeo quando

inexistentes

XXIV integrar os programas da aacuterea da educaccedilatildeo com os de outras aacutereas como sauacutede

esporte assistecircncia social cultura dentre outras com vista ao fortalecimento da

identidade do educando com sua escola

XXV ndash fomentar e apoiar os conselhos escolares envolvendo as famiacutelias dos

educandos com as atribuiccedilotildees dentre outras de zelar pela manutenccedilatildeo da escola e

pelo monitoramento das accedilotildees e consecuccedilatildeo das metas do compromisso

()

XXVIII ndash organizar um comitecirc local do Compromisso com representantes das

associaccedilotildees de empresaacuterios trabalhadores sociedade civil Ministeacuterio Puacuteblico

Conselho Tutelar e dirigentes do sistema educacional puacuteblico encarregado da

mobilizaccedilatildeo da sociedade e do acompanhamento das metas de evoluccedilatildeo do IDEB

(BRASIL 2007)

As diretrizes tecircm demonstrado as accedilotildees que devem ser realizadas para atingir o padratildeo

de qualidade da educaccedilatildeo a partir da assinatura do Termo de Adesatildeo ao Compromisso

estabelecido entre os entes federados para atingir as metas propostas pelo IDEB sem adentrar a

autonomia de cada ente Entretanto alerta Saviani (2009) eacute preciso ter atenccedilatildeo pois de acordo

com o autor a loacutegica que embasa a proposta do Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo eacute uma

loacutegica de mercado que pode ser traduzida como uma ldquopedagogia de resultadosrdquo39

Nessa conjuntura o que se revela eacute que a gestatildeo da educaccedilatildeo no segundo mandato do

governo Lula se estrutura e se organiza com uma gestatildeo gerencial que tem como foco os

resultados seguindo os mesmos modelos de gestatildeo centralizados e determinados a partir da

experiecircncia de setores privados Dessa forma Saviani (2009 p 45) afirma que essa loacutegica eacute

38 As diretrizes do PMCTE na iacutentegra estatildeo disponiacuteveis no anexo do trabalho 39 O governo equipa-se com instrumentos de avaliaccedilatildeo dos produtos forccedilando com isso que o processo se ajuste

agraves exigecircncias postas pela demanda das empresas (SAVIANI 2007a p3)

88

direcionada pelo mercado pelo mecanismo das chamadas ldquopedagogias das competecircnciasrdquo e ldquoda

qualidade totalrdquo que visa agrave satisfaccedilatildeo dos clientes e usa da linguagem empresarial nas escolas

afirmando que ldquoaqueles que ensinam satildeo prestadores de serviccedilo aqueles que aprendem satildeo os

clientes e a educaccedilatildeo pode ser produzida com qualidade variaacutevelrdquo O autor considera positivo

que as empresas defendam a ampliaccedilatildeo dos recursos para a educaccedilatildeo entretanto critica

veementemente as que querem se apropriar dos recursos puacuteblicos pedindo isenccedilatildeo fiscal

reduccedilatildeo de impostos perdatildeo de diacutevidas e incentivos agrave produccedilatildeo

Nesse contexto o PDEPMCTE atrelou a permanecircncia na escola agrave qualidade do ensino

e para isso instituiu o IDEB que ldquoeacute uma composiccedilatildeo do resultado dos alunos em avaliaccedilotildees

nacionais como a Prova Brasil e o Sistema de Avaliaccedilatildeo do Ensino Baacutesico (SAEB) com as

taxas de aprovaccedilatildeo e evasatildeo de cada escolardquo (SAVIANI 2007 p03) que ldquoafererdquo o desempenho

de escolas municiacutepios estados e do paiacutes e define a poliacutetica de investimento de recursos na

Educaccedilatildeo Esses dados satildeo administrados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas

Educacionais Aniacutesio Teixeira (INEP)

O IDEB inicia a sua histoacuteria no Brasil em 2005 a partir de onde foram estabelecidas

metas bienais de qualidade a serem atingidas natildeo apenas pelo paiacutes mas tambeacutem por cada escola

municiacutepio e estado A loacutegica eacute a de que cada instacircncia federativa evolua de forma a contribuir

em conjunto para que o Brasil atinja o patamar educacional da meacutedia dos paiacuteses da Organizaccedilatildeo

para a Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econocircmico (OCDE) Isso significa progredir em termos

numeacutericos da meacutedia nacional 38 registrada em 2005 na primeira fase do ensino fundamental

para um IDEB igual a 60 em 2022 ano do bicentenaacuterio da Independecircncia do Brasil (INEP

2014)

As metas programadas do IDEB no Brasil nos anos iniciais e finais do ensino

fundamental e no ensino meacutedio no periacuteodo de 2005 a 2013 pelo Instituto Nacional de Estudos

e Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira (INEP) estatildeo expliacutecitas na tabela abaixo

89

Tabela 03 - Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica no Brasil (2005 a 2013)

Anos iniciais do ensino fundamental no Brasil

IDEB observado Metas

2005 2007 2009 2011 2013 2007 2009 2011 2013 2021

Estadual 39 43 49 51 54 40 43 47 50 61

Municipal 34 40 44 47 49 35 38 42 45 57

Privada 59 60 64 65 67 60 63 66 68 75

Puacuteblica 36 40 44 47 49 36 40 44 47 58

BRASIL 38 42 46 50 52 39 42 46 49 60

Anos finais do ensino fundamental no Brasil

2005 2007 2009 2011 2013 2007 2009 2011 2013 2021

Estadual 33 36 38 39 40 33 35 38 42 53

Municipal 31 34 36 38 38 31 33 35 39 51

Privada 58 58 59 59 60 58 60 62 65 73

Puacuteblica 32 35 37 39 40 33 34 37 41 52

BRASIL 35 38 40 41 42 35 37 39 44 55

Ensino meacutedio no Brasil

2005 2007 2009 2011 2013 2007 2009 2011 2013 2021

Estadual 30 32 34 34 34 31 32 33 36 49

Privada 56 56 56 57 54 56 57 58 60 70

Puacuteblica 31 32 34 34 34 31 32 33 36 49

BRASIL 34 35 36 37 37 34 35 37 39 52

Fonte INEP (2015)

Na avaliaccedilatildeo do INEP o Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica (IDEB)

mostra que o paiacutes ultrapassou as metas previstas para os anos iniciais (1ordm ao 5ordm ano) do ensino

fundamental em 03 pontos O IDEB nacional nessa etapa ficou em 52 enquanto em 2011

havia sido de 50 As instituiccedilotildees privadas em 2011 e 2013 natildeo atingiram as metas propostas

embora tenham apresentado no total geral das instituiccedilotildees puacuteblicas estaduais e municipais o

melhor desempenho aferido pelo IDEB

Em se tratando dos anos finais do ensino fundamental de acordo com a avaliaccedilatildeo do

INEP o paiacutes ultrapassou as metas previstas pelo IDEB de 2011 em 02 pontos poreacutem em 2013

natildeo conseguiu atingir a meta que era de 44 ficando com 02 pontos abaixo da meta

90

programada O IDEB nacional nessa etapa ficou em 42 em 2013 e nenhuma esfera conseguiu

atingir as metas propostas nem a rede puacuteblica e nem a privada

Jaacute no ensino meacutedio o IDEB na avaliaccedilatildeo do INEP demonstra que o paiacutes em 2013 natildeo

conseguiu atingir as metas propostas que era de 39 atingindo somente 37 o mesmo IDEB

observado em 2011 As metas para o IDEB nacional era de 39 e nem a rede puacuteblica e nem a

privada atingiu as metas propostas

Para o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo a avaliaccedilatildeo estaacute refletindo a realidade das unidades de

ensino isso permite identificar os pontos de estrangulamento e tomar medidas para sanaacute-los

atuando nos municiacutepios prioritaacuterios aqueles com pior desempenho no IDEB e reforccedilando neles

o apoio teacutecnico e financeiro previstos na Constituiccedilatildeo

Por outro lado Freitas (2015) questiona esse modelo de avaliaccedilatildeo proposto pelo IDEB

e afirma que esse modelo eacute uma tendecircncia internacional neoliberal que foi aplicada nos Estados

Unidos a partir do final dos anos 80 e que inclusive nesse paiacutes esse modelo de poliacutetica

puacuteblica demonstrou falecircncia e serviu apenas para abrir as portas para o sucesso da privatizaccedilatildeo

da educaccedilatildeo puacuteblica Esse mesmo reflexo se vecirc no Brasil um modelo de avaliaccedilatildeo de larga

escala nacional que deixou de ser amostral para ser censitaacuteria na tentativa de ldquoresponsabilizarrdquo

cada escola eacute o que justamente propotildee o Movimento Todos pela Educaccedilatildeo ndash a

responsabilizaccedilatildeo das redes puacuteblicas municipaisestaduais pelo sucesso ou fracasso nos

resultados ndash cabendo ao governo central (MEC) a coordenaccedilatildeo dessa poliacutetica

Nesse sentido o IDEB natildeo pode ser sinocircnimo de qualidade pois embalados pela

ldquoresponsabilizaccedilatildeordquo as escolas e os professores estatildeo sendo pressionados pelo melhor

desempenho o que tende a maquiar os iacutendices do IDEB desconsiderando a importacircncia da

aprendizagem e dos fatores extraescolares Com esses processos de padronizaccedilatildeo

metodoloacutegica as escolas estatildeo longe de conseguir explicar a realidade da qualidade da

aprendizagem

Sob o ponto de vista da implantaccedilatildeo do Plano de Metas Compromisso Todos Pela

Educaccedilatildeo (PMCTE) nos municiacutepios o Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) eacute um dos eixos

integrantes sendo um instrumento operacional de planejamento criado pelo MEC que segundo

ele facilita o planejamento da implantaccedilatildeo do regime de colaboraccedilatildeo que antes era dificultado

pela descontinuidade e troca de governos a cada eleiccedilatildeo Mas no campo da gestatildeo educacional

quais as mudanccedilas que permeiam o PAR Eacute o que seraacute visto a seguir

91

23 A GESTAtildeO EDUCACIONAL E O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS

As bases para implantaccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) foram definidas

conforme Decreto nordm 6094 de 24 de Abril de 2007 editado pela Presidecircncia da Repuacuteblica que

dispotildee sobre a implementaccedilatildeo do Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo pela

Uniatildeo em regime de colaboraccedilatildeo com Municiacutepios Distrito Federal e Estados aleacutem da

participaccedilatildeo das famiacutelias e da comunidade mediante programas e accedilotildees de assistecircncia teacutecnica

e financeira visando a mobilizaccedilatildeo social pela melhoria da qualidade da educaccedilatildeo baacutesica A

seguir seraacute visto como se estrutura e se organiza o Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) como

instrumento de planejamento proposto pelo MEC para viabilizar a poliacutetica do PDEPMCTE

O Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) estaacute na sua 3ordf versatildeo A primeira versatildeo foi

prevista para planejamento e execuccedilatildeo no periacuteodo compreendido entre 2007 e 2010 a segunda

versatildeo jaacute com algumas modificaccedilotildees que seratildeo tratadas a seguir foi planejada para o periacuteodo

de 2011 a 2014 e a terceira versatildeo receacutem-lanccedilada prevista para o periacuteodo de 2016 a 201940

Neste estudo focalizamos a dimensatildeo gestatildeo educacional nas duas primeiras versotildees do

PAR mais especificamente alguns indicadores da aacuterea gestatildeo democraacutetica Nas duas primeiras

versotildees o PAR estaacute dividido em 4 grandes dimensotildees sendo (1) a gestatildeo educacional (2) a

formaccedilatildeo de professores e dos profissionais de serviccedilo e apoio escolar (3) as praacuteticas

pedagoacutegicas e avaliaccedilatildeo e (4) infraestrutura e recursos pedagoacutegicos

Para se ter um panorama geral das duas versotildees do PAR ndash a 1ordf versatildeo do PAR (2007-

2010) e a 2ordf versatildeo do PAR (2011-2014) ndash disponibilizamos nas tabelas 4 e 5 a quantidade de

indicadores por aacuterea e dimensatildeo dispostas em cada uma delas (o detalhamento das aacutereas e

indicadores estatildeo disponiacuteveis nos anexos)

Tabela 04 ndash Quantidade de indicadores por aacuterea e dimensatildeo na 1ordf versatildeo do PAR (2007-2010)

Dimensotildees Aacutereas Indicadores

Gestatildeo educacional 5 20

A formaccedilatildeo de professores e dos profissionais de

serviccedilo e apoio escolar 5 10

Praacuteticas Pedagoacutegicas e Avaliaccedilatildeo 2 8

Infraestrutura fiacutesica e recursos pedagoacutegicos 3 14

Total de dimensotildees 04 15 52 Fonte Elaborado pelo autor a partir do manual do PAR

40 Em 01 de fevereiro de 2016 os teacutecnicos do SIMEC enviaram documento aos dirigentes do municiacutepio de

SantanaAP no qual apresentam as novas condiccedilotildees teacutecnicas para operacionalizaccedilatildeo do PAR 2016 a 2019 Esta 3ordf

versatildeo natildeo constitui objeto de anaacutelise neste trabalho

92

Tabela 05 ndash Quantidade de indicadores por aacuterea e dimensatildeo na 2ordf versatildeo do PAR (2011-2014)

Dimensotildees Aacutereas Indicadores

Gestatildeo educacional 5 28

A formaccedilatildeo de professores e dos profissionais de

serviccedilo e apoio escolar

5 17

Praacuteticas Pedagoacutegicas e Avaliaccedilatildeo 3 15

Infraestrutura Fiacutesica e recursos pedagoacutegicos 4 22

Total de dimensotildees 04 17 82 Fonte Elaborado pela autora a partir do manual do PAR

Como podemos observar nas tabelas 4 e 5 as duas versotildees possuem as mesmas

dimensotildees Jaacute em relaccedilatildeo agraves aacutereas e aos indicadores houve ampliaccedilatildeo tanto no nuacutemero de aacutereas

quanto no de indicadores pois a 1ordf versatildeo do PAR possuiacutea 15 aacutereas e 52 indicadores e a 2ordf

versatildeo apresentou 17 aacutereas e 82 indicadores Observou-se ainda em ambas as versotildees que a

maior parte dos indicadores se concentram na dimensatildeo gestatildeo educacional Houve acreacutescimo

no nuacutemero de indicadores em todas as dimensotildees Duas dimensotildees tiveram o nuacutemero de aacutereas

ampliadas ndash uma aacuterea em cada ndash sendo as dimensotildees Praacuteticas Pedagoacutegicas e Avaliaccedilatildeo e a

Infraestrutura Fiacutesica e recursos pedagoacutegicos

Para a realizaccedilatildeo da implementaccedilatildeo do PAR eacute necessaacuterio seguir uma dinacircmica que

possui trecircs etapas o diagnoacutestico da realidade da educaccedilatildeo e a elaboraccedilatildeo do plano satildeo as

duas primeiras etapas sendo que ambos estatildeo na esfera do municiacutepioestado enquanto que a

terceira etapa eacute a anaacutelise teacutecnica realizada pela Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica do Ministeacuterio

da Educaccedilatildeo e pelo FNDE Depois da anaacutelise teacutecnica o municiacutepio assina um Termo de

Cooperaccedilatildeo com o MEC do qual constam os programas aprovados e classificados segundo a

prioridade municipal O quadro a seguir detalha como se daacute as formas de execuccedilatildeo do PAR

Quadro 5 Descriccedilatildeo das atribuiccedilotildees do MEC e do Municiacutepio na execuccedilatildeo do PAR municipal

Forma de Execuccedilatildeo Descriccedilatildeo

Assistecircncia teacutecnica do MEC

O MEC oferece apoio teacutecnico para a realizaccedilatildeo da sub-accedilatildeo

seja disponibilizando recursos materiais seja

disponibilizando vagas para formaccedilatildeo Eacute preciso ficar atento

para a contrapartida do municiacutepio Por exemplo quando o

MEC oferece vagas em cursos de formaccedilatildeo e material para

os cursistas a secretaria municipal de educaccedilatildeo deve

garantir a participaccedilatildeo dos gestores escolares ou

coordenadores pedagoacutegicos assumindo o transporte

93

alimentaccedilatildeo e hospedagem quando houver atividade fora do

municiacutepio

Assistecircncia financeira do

MEC

Ministeacuterio transfere recursos financeiros (transferecircncia

voluntaacuteria) para que a secretaria municipal de educaccedilatildeo

realize a sub-accedilatildeo

Financiamento do BNDES

(Banco Nacional de

Desenvolvimento Econocircmico

e Social)

O municiacutepio pode apresentar projetos de financiamento para

o BNDES nas seguintes aacutereas construccedilatildeo ampliaccedilatildeo

adequaccedilatildeo ou reforma da secretaria municipal de educaccedilatildeo

o mobiliaacuterio e equipamentos para a secretaria municipal de

educaccedilatildeo aquisiccedilatildeo de computadores portaacuteteis com

conteuacutedo pedagoacutegicos pelo Programa um Computador por

aluno a aquisiccedilatildeo de veiacuteculo apropriado para o transporte

escolar terrestre (ocircnibus) pelo Programa Caminho da

Escola

Executada pelo Municiacutepio Quando a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo eacute a responsaacutevel

pela implementaccedilatildeo da sub-accedilatildeo Fonte Brasil (2007)

Segundo o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo a elaboraccedilatildeo do PAR no acircmbito do municiacutepio deve

contar com a participaccedilatildeo dos gestores da educaccedilatildeo teacutecnicos e educadores locais que apoiados

em um diagnoacutestico da realidade escolar permitam-lhes a anaacutelise compartilhada da gestatildeo do

sistema educacional e a partir daiacute possam propor accedilotildees para a melhoria da qualidade da

educaccedilatildeo

Entretanto esse caso eacute um exemplo de descentralizaccedilatildeocentralizaccedilatildeo das tarefas pois

como se observa nesse movimento de implantaccedilatildeo do PAR existe a descentralizaccedilatildeo por parte

do MEC para que o municiacutepio no PAR pontue a sua realidade educacional a partir da discussatildeo

com as suas equipes locais mas deve seguir ldquoa cartilhardquo do planejamento elaborado pelo MEC

ndash o PAR ndash ou seja o municiacutepio segue como um mero executor da poliacutetica imposta pelo

PMCTE cabendo ao MEC o controle gerencial das accedilotildees desenvolvidas ou natildeo pelo municiacutepio

Ainda assim com o objetivo de auxiliar na implantaccedilatildeo do PAR o MEC tomou duas

providecircncias fez parceria com 17 universidades puacuteblicas e com o Centro de Estudos e

Pesquisas em Educaccedilatildeo e Cultura e Accedilatildeo Comunitaacuteria (CENPEC) para que essas instituiccedilotildees

auxiliem as prefeituras nas tarefas de diagnoacutestico e elaboraccedilatildeo dos planos e contratou uma

equipe de consultores que foi aos municiacutepios prioritaacuterios ndash aqueles com os mais baixos no

IDEB ndash para prestar assistecircncia teacutecnica local (FNDEPAR 2012) A ideia eacute conseguir mapear

a educaccedilatildeo no paiacutes para gerenciar

Nesse contexto de ldquocompartilhamentordquo a partir do ldquoRegime de Colaboraccedilatildeordquo a

assistecircncia teacutecnica e financeira aos programas e accedilotildees educacionais dos Estados Municiacutepios e

94

do Distrito Federal ficam sob a responsabilidade do MEC sendo que para isso os entes

federados devem assinar o Termo de Adesatildeo ao Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo e sob a

responsabilidade dos estados e dos municiacutepios a elaboraccedilatildeo de um Plano de Accedilotildees Articuladas

- PAR conforme Decreto da Presidecircncia da Repuacuteblica nordm 6094 de 24 de abril de 2007

Resoluccedilotildees nordm 29 de 20 de junho de 2007 e nordm 49 de 27 de setembro de 2007-FNDEMEC

No caso da transferecircncia de recursos o municiacutepio precisa assinar um convecircnio que eacute analisado

para aprovaccedilatildeo a cada ano (BRASIL 2013)

Para o preenchimento do PAR o MEC faz um documento que orienta os gestores

municipais de educaccedilatildeo a proceder o preenchimento no sistema SIMEC Os indicadores de cada

dimensatildeo no PAR satildeo pontuados de forma detalhada no Instrumento de Campo enviado pelo

MEC de acordo com situaccedilotildees variadas de cada realidade educacional local e correspondem a

quatro niacuteveis A metodologia adotada utiliza apenas criteacuterios de pontuaccedilatildeo entre 1 2 3 ou 4

As indicaccedilotildees descritas no Instrumento de Campo do MEC fazem parte de um diagnoacutestico e a

partir dele desenvolvem um conjunto de accedilotildees que servem de esteio para a elaboraccedilatildeo do PAR

local

A pontuaccedilatildeo 4 deve ser atribuiacuteda quando haacute uma situaccedilatildeo plenamente positiva natildeo

sendo permitidas ressalvas negativas no instrumento Jaacute a pontuaccedilatildeo 3 descreve uma situaccedilatildeo

satisfatoacuteria mas comporta ressalvas negativas desde que estas natildeo sejam do ponto de vista

quantitativo superiores aos aspectos positivos A pontuaccedilatildeo 2 descreve uma situaccedilatildeo

insuficiente e por isso aponta mais aspectos negativos do que positivos A pontuaccedilatildeo 1 deve

ser atribuiacuteda quando se defronta com uma situaccedilatildeo criacutetica ou seja haacute somente aspectos

negativos ou uma situaccedilatildeo inexistente Eacute possiacutevel tambeacutem atribuir a um dado indicador a

condiccedilatildeo de NSA (natildeo se aplica) quando a equipe local responsaacutevel pela elaboraccedilatildeo do PAR

depara-se com ausecircncia de informaccedilatildeo ou quando a descriccedilatildeo contida no Instrumento

encaminhado pelo MEC natildeo condiz com a realidade local (BRASIL 2008)

Quando algum indicador recebe a pontuaccedilatildeo 1 ou 2 o sistema gera de forma

automaacutetica uma mensagem de alerta indicando que a nota estaacute baixa Tal situaccedilatildeo requer

necessariamente o planejamento e cadastro imediato de accedilotildees com demandas claras a fim de

reverter a condiccedilatildeo negativa desse indicador Somente os indicadores que receberam a

pontuaccedilatildeo 1 e 2 podem gerar accedilotildees Tais accedilotildees podem contar com apoio financeiro eou teacutecnico

do MEC (BRASIL 2008 BRASIL 2009)

95

Quadro 6 Descriccedilatildeo dos documentos orientadores para elaboraccedilatildeo do PAR

Documento Descriccedilatildeo

Indicadores Demograacuteficos e

Educacionais (IDE)

Composto por um conjunto de tabelas que apresentam dados

demograacuteficos e educacionais para cada Municiacutepio Estado e

Distrito Federal Seu objetivo principal consiste em auxiliar

os entes federados a conhecerem melhor o perfil de suas

respectivas redes de ensino e populaccedilotildees As informaccedilotildees satildeo

populaccedilatildeo taxa de escolarizaccedilatildeo IDEB nuacutemero de escolas

de matriacuteculas de funccedilotildees docentes entre outros

Legislaccedilatildeo - Bases Legais

Alguns documentos que deveratildeo ser utilizados como

referecircncia o Plano Nacional de Educaccedilatildeo (PNE) os Planos

Estadual e Municipal de Educaccedilatildeo (quando houver) o Plano

de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo (PDE) do Ministeacuterio da

Educaccedilatildeo e o Decreto 6094 de 24 de abril de 2007 que

dispotildee sobre a implementaccedilatildeo do Plano de Metas

Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo As Resoluccedilotildees do

FNDE que estabelecem os criteacuterios os paracircmetros e os

procedimentos para a operacionalizaccedilatildeo da assistecircncia

financeira suplementar e voluntaacuteria a projetos educacionais

no acircmbito do Plano de Metas do PDE

Questotildees Pontuais

Como parte integrante do diagnoacutestico da situaccedilatildeo educacional

local o municiacutepio informa sobre itens que satildeo de grande

relevacircncia na construccedilatildeo da qualidade do ensino Esses itens

aparecem no sistema como ldquoQuestotildees Pontuaisrdquo em um total

de 15 questotildees

Fonte (BRASIL 2013)

Para a implantaccedilatildeo o monitoramento e a avaliaccedilatildeo do PAR nos estados e municiacutepios

as orientaccedilotildees estatildeo descritas nas resoluccedilotildees do FNDE nordm 29 e nordm 49 de 2007 que indicam a

possibilidade de consultoria disponibilizada pelo MEC e que o PAR seraacute elaborado em regime

de colaboraccedilatildeo com dirigentes e teacutecnicos dos entes da federaccedilatildeo aderentes configurando-se

base para a celebraccedilatildeo dos convecircnios de assistecircncia financeira a projetos educacionais pelo

FNDEMEC Tais documentos ainda observam que apoacutes concluiacuteda a accedilatildeo desenvolvida in loco

a equipe de consultores do MEC apresenta o PAR constituiacutedo dos seguintes itens a)

Diagnoacutestico do Contexto Educacional b) Accedilotildees a serem implementadas e os respectivos

resultados e c) metas a atingir para o desenvolvimento do IDEB

O Monitoramento da execuccedilatildeo do convecircnio e das metas fixadas na Adesatildeo ao

Compromisso seraacute feito com base em relatoacuterios teacutecnicos e visitas in loco A avaliaccedilatildeo do

cumprimento das metas de aceleraccedilatildeo do desenvolvimento da educaccedilatildeo constantes do Plano

96

de Accedilotildees Articuladas (PAR) dos municiacutepios brasileiros em niacutevel nacional seraacute realizada pelo

MEC sendo que essa avaliaccedilatildeo deveraacute ser composta por um projeto amplo envolvendo

parcerias com a Uniatildeo Nacional de Dirigentes Municipais de Educaccedilatildeo (UNDIME) Conselho

dos Secretaacuterios Estaduais de Educaccedilatildeo (CONSED) Uniatildeo Nacional dos Conselhos Municipais

de Educaccedilatildeo (UNCME) Foacuterum Nacional dos Conselhos Estaduais de Educaccedilatildeo Instituiccedilotildees

de Ensino Superior e outros oacutergatildeos de representaccedilatildeo ou entidades especializadas para este fim

Esse monitoramento ldquofaz parte da estrateacutegia de organizaccedilatildeo acompanhamento e

avaliaccedilatildeo das metas relacionadas ao apoio teacutecnico do MEC e das accedilotildees executadas diretamente

pelo municiacutepio bem como o traccedilado de novas estrateacutegiasrdquo (CAMINI p 543 2010) Em niacutevel

municipal o monitoramento eacute realizado pelo Comitecirc Local do Compromisso que eacute o

responsaacutevel pelo acompanhamento da execuccedilatildeo do PAR no municiacutepio Tal acompanhamento

requer o preenchimento das condiccedilotildees de desenvolvimento das accedilotildees diretamente no moacutedulo

teacutecnico-operacional no Sistema Integrado de Acompanhamento das Accedilotildees do MEC (SIMEC)

De acordo com Camini (2010) o relatoacuterio do monitoramento eacute tomado como base na

avaliaccedilatildeo dos progressos e das limitaccedilotildees da Uniatildeo e dos municiacutepios e eacute por assim dizer um

termocircmetro para anaacutelise e revisatildeo das accedilotildees propostas para atingir as metas do PAR Para o

MEC o monitoramento eacute parte do processo de planejamento pois possibilita o levantamento

de elementos que podem vir a subsidiar a reflexatildeo o debate e possiacuteveis mudanccedilas das

estrateacutegias de intervenccedilatildeo em torno da situaccedilatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio Dessa forma o

processo de acompanhamento e avaliaccedilatildeo do PAR

() revela-se necessaacuterio para a qualificaccedilatildeo de uma poliacutetica governamental Envolve

a ideia de controle social contribuindo inclusive para assegurar o melhor uso e

transparecircncia na aplicaccedilatildeo dos recursos educacionais Nesse sentido o

acompanhamento e a avaliaccedilatildeo satildeo entendidos como medidas para maior

responsabilizaccedilatildeo aprendizado accedilatildeo pedagoacutegica reafirmaccedilatildeo da poliacutetica puacuteblica

troca de informaccedilotildees fornecimento de orientaccedilotildees formaccedilatildeo permanente das equipes

e do Comitecirc Para isso destaca-se a importacircncia da articulaccedilatildeo dos foacuteruns jaacute

existentes (conselhos constituiacutedos) no sentido de superar limitaccedilotildees no seu

funcionamento as quais podem ser debitadas agrave falta de cultura de participaccedilatildeo

existente na sociedade em consequecircncia dos curtos periacuteodos de democracia

experimentados ateacute hoje no Brasil mas fundamentalmente resultam das praacuteticas de

gestatildeo autoritaacuterias e centralizadoras de poder (CAMINI 2010 p 544 grifos meus)

No caso de municiacutepios ou estados inadimplentes natildeo conseguirem cumprir com os

compromissos assumidos o MEC propotildee que sejam redimensionadas as accedilotildees com vistas a natildeo

comprometer os resultados do alcance das metas A autora chama a atenccedilatildeo para a participaccedilatildeo

dos conselhos de controle social que satildeo convocados no plano como metas a serem cumpridas

para dar transparecircncia e compartilhar as responsabilidades com a sociedade civil como forma

97

de consolidar a poliacutetica implantada sob o aval da sociedade Embora essa proposta de

participaccedilatildeo e democratizaccedilatildeo esteja permeada de accedilotildees gerenciais

231 A Dimensatildeo Gestatildeo Democraacutetica no Plano de Accedilotildees Articuladas

A Dimensatildeo Gestatildeo Educacional no Plano de Accedilotildees Articuladas estaacute presente nas duas

versotildees do PAR No PAR (1ordf versatildeo) a dimensatildeo 1 Gestatildeo Educacional estaacute dividida em cinco

aacutereas a saber (1) Gestatildeo democraacutetica articulaccedilatildeo e desenvolvimento dos sistemas de ensino

(2) Desenvolvimento da educaccedilatildeo baacutesica accedilotildees que visem agrave sua universalizaccedilatildeo agrave melhoria da

qualidade do ensino e da aprendizagem assegurando a equidade nas condiccedilotildees de acesso e

permanecircncia e conclusatildeo na idade adequada (3) Comunicaccedilatildeo com a sociedade (4) Suficiecircncia

e estabilidade da equipe escolar e (5) Gestatildeo de financcedilas Cada aacuterea estaacute desmembrada em

indicadores de atuaccedilatildeo

O quadro 7 apresenta um panorama geral da Dimensatildeo 1 (Gestatildeo Educacional) nas suas

5 Aacutereas e seus 20 Indicadores do 1ordm PAR

Quadro 7 - Dimensatildeo 1 Gestatildeo Educacional (1ordf versatildeo do PAR)

DIMENSAtildeO 1 GESTAtildeO EDUCACIONAL

Aacutereas Indicadores

1 Gestatildeo Democraacutetica

Articulaccedilatildeo e

Desenvolvimento dos

Sistemas de Ensino

1Existecircncia de Conselhos Escolares (CE)

2 Existecircncia composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho Municipal de

Educaccedilatildeo

3 Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar ndash

CAE

4 Existecircncia de Projeto Pedagoacutegico (PP) nas escolas e grau de

participaccedilatildeo dos professores e do CE na elaboraccedilatildeo dos mesmos

de orientaccedilatildeo da SME e de consideraccedilatildeo das especificidades de

cada escola

5 Criteacuterios para escolha da Direccedilatildeo Escolar

6 Existecircncia acompanhamento e avaliaccedilatildeo do Plano Municipal

de Educaccedilatildeo (PME) desenvolvido com base no Plano Nacional

de Educaccedilatildeo ndash PNE

7 Plano de Carreira para o magisteacuterio

8 Estaacutegio probatoacuterio efetivando os professores e outros

profissionais da educaccedilatildeo e

9 Plano de Carreira dos Profissionais de serviccedilo e apoio escolar

2 Desenvolvimento da

Educaccedilatildeo Baacutesica accedilotildees

que visem a sua

universalizaccedilatildeo a

melhoria das condiccedilotildees

de qualidade da

1 Implantaccedilatildeo e organizaccedilatildeo do Ensino Fundamental de 09

anos

2 Existecircncia de atividades no contraturno

3 Divulgaccedilatildeo e anaacutelise dos resultados das avaliaccedilotildees oficiais do

MEC

98

educaccedilatildeo assegurando a

equidade nas condiccedilotildees

de acesso e permanecircncia e

conclusatildeo na idade

adequada

3 Comunicaccedilatildeo com a

Sociedade

1 Existecircncia de parcerias externas para realizaccedilatildeo de atividades

complementares

2 Existecircncia de parcerias externas para execuccedilatildeoadoccedilatildeo de

metodologias especiacuteficas

3 Relaccedilatildeo com a comunidade Promoccedilatildeo de atividades e

utilizaccedilatildeo da escola como espaccedilo comunitaacuterio

4 Manutenccedilatildeo ou recuperaccedilatildeo de espaccedilos e equipamentos

puacuteblicos da cidade que podem ser utilizados pela comunidade

escolar

4 Suficiecircncia e

estabilidade da equipe

escolar

1 Quantidade de professores suficiente

2 Caacutelculo anualsemestral do nuacutemero de remoccedilotildees e

substituiccedilotildees de professores

5 Gestatildeo de Financcedilas

1 Cumprimento do dispositivo constitucional de

vinculaccedilatildeo dos recursos da educaccedilatildeo e

2 Aplicaccedilatildeo dos recursos de redistribuiccedilatildeo e

complementaccedilatildeo do FUNDEB

Total de aacutereas 05 Total de indicadores 20 Fonte PARBrasil (2007)

Jaacute na 2ordf versatildeo do PAR disposto no quadro 8 a Dimensatildeo 1 (Gestatildeo Educacional)

tambeacutem estaacute composta por 5 aacutereas e passa a ter 28 indicadores As aacutereas da dimensatildeo 1 satildeo as

seguintes (1) Gestatildeo democraacutetica articulaccedilatildeo e desenvolvimento dos sistemas de ensino (2)

Gestatildeo de Pessoas (3) Conhecimento e utilizaccedilatildeo de informaccedilatildeo (4) Gestatildeo de Financcedilas e (5)

Comunicaccedilatildeo e interaccedilatildeo com a sociedade

Quadro 8 - Dimensatildeo 1 Gestatildeo Educacional (2ordf versatildeo do PAR)

DIMENSAtildeO 1 GESTAtildeO EDUCACIONAL

Aacutereas Indicadores

1 Gestatildeo Democraacutetica

Articulaccedilatildeo e

Desenvolvimento dos

Sistemas de Ensino

1 Existecircncia acompanhamento e avaliaccedilatildeo do Plano

Municipal de Educaccedilatildeo (PME) desenvolvido com base no

PNE

2 Existecircncia composiccedilatildeo competecircncia e atuaccedilatildeo do CME

3 Existecircncia e funcionamento de Conselhos Escolares (CE)

4 Existecircncia de Projeto Pedagoacutegico (PP) nas escolas

inclusive nas de alfabetizaccedilatildeo de jovens e adultos (AJA) e de

EJA participaccedilatildeo dos professores e do conselho escolar na

sua elaboraccedilatildeo orientaccedilatildeo da secretaria municipal de

educaccedilatildeo e de consideraccedilatildeo das especificidades de cada

escola

5 Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho do FUNDEB

99

6 Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de Alimentaccedilatildeo

Escolar (CAE) e

7 Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromisso

2 Gestatildeo de Pessoas

1 Quadro de servidores da secretaria municipal de educaccedilatildeo

(SME)

2 Criteacuterios para a escolha de diretor escolar

3 Presenccedila de coordenadores ou supervisores pedagoacutegicos

nas escolas

4 Quadro de professores

5 Estaacutegio probatoacuterio efetivando os professores e outros

profissionais da educaccedilatildeo

6 Plano de carreira do magisteacuterio

7 Plano de carreiras dos profissionais de serviccedilo e apoio

escolar

8 Piso salarial nacional do professor e

9 Existecircncia de professores para o exerciacutecio da funccedilatildeo

docente no atendimento educacional especializado (AEE)

complementar ao ensino regular Existecircncia de professores

para o exerciacutecio da funccedilatildeo docente AEE complementar ao

ensino regular

3 Conhecimento e utilizaccedilatildeo

de informaccedilatildeo

1 Existecircncia de um sistema informatizado de gestatildeo escolar

que integre a rede municipal de ensino

2 Conhecimento da situaccedilatildeo das escolas da rede

3 Conhecimento e utilizaccedilatildeo de dados de analfabetismo e

escolaridade de jovens e adultos

4 Acompanhamento e registro da frequecircncia dos alunos

beneficiados pelo Programa Bolsa Famiacutelia (PBF)

5 Existecircncia e monitoramento do acesso e permanecircncia de

pessoas com deficiecircncia de 0 a 18 anos beneficiaacuterias do

Benefiacutecio da Prestaccedilatildeo Continuada (BPC) e

6 Formas de registro da frequecircncia

4 Gestatildeo de Financcedilas

1 Existecircncia de equipe gestora capacitada para o

gerenciamento dos recursos para a educaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo

do Sistema de Informaccedilotildees sobre Orccedilamentos Puacuteblicos

em Educaccedilatildeo (SIOPE) e

2 Cumprimento do dispositivo constitucional de

vinculaccedilatildeo dos recursos da educaccedilatildeo

3 Aplicaccedilatildeo dos recursos de redistribuiccedilatildeo e

complementaccedilatildeo do FUNDEB

5 Comunicaccedilatildeo e interaccedilatildeo

com a sociedade

1 Divulgaccedilatildeo e anaacutelise dos resultados das avaliaccedilotildees do

MEC

2 Existecircncia de parcerias externas para a realizaccedilatildeo de

atividades complementares que visem a formaccedilatildeo integral dos alunos e

3 Relaccedilatildeo com a comunidadepromoccedilatildeo de atividades e

utilizaccedilatildeo da escola como espaccedilo comunitaacuterio

Total de aacutereas 05 Total de indicadores 28 Fonte PARBrasil (2011)

100

As aacutereas e indicadores dessa dimensatildeo 1 (Gestatildeo Educacional) em muitos casos foram

alteradas de uma versatildeo para outra Faremos um recorte a respeito da aacuterea 1 (Gestatildeo

Democraacutetica) que eacute o principal objeto desse estudo

Analisando as duas versotildees observou-se uma diminuiccedilatildeo de indicadores na aacuterea 1

(Gestatildeo Democraacutetica) de 9 na 1ordf versatildeo para 7 na 2ordf versatildeo Dessa forma as alteraccedilotildees

revelaram na aacuterea 1 (Gestatildeo Democraacutetica) da 2ordf versatildeo a presenccedila de dois novos indicadores

o Conselho do FUNDEB e o Comitecirc Local do Compromisso que podem ajudar a fortalecer o

Controle Social Ainda foi observado o remanejamento de 4 indicadores da aacuterea 1 (Gestatildeo

Democraacutetica) da 1ordf versatildeo para a aacuterea 2 (Gestatildeo de Pessoas) da 2ordf versatildeo do PAR sendo eles

Criteacuterios para escolha da Direccedilatildeo Escolar Plano de Carreira para o magisteacuterio Estaacutegio

probatoacuterio efetivando os professores e outros profissionais da educaccedilatildeo e Plano de Carreira

dos Profissionais de serviccedilo e apoio escolar

A aacuterea da Gestatildeo Democraacutetica observada a intenccedilatildeo de cada indicador remete-nos agrave

compreensatildeo da necessidade da construccedilatildeo de processos formativos de participaccedilatildeo da

sociedade civil nos processos de compartilhamento de poder e na conquista da autonomia na

tomada de decisotildees em relaccedilatildeo a educaccedilatildeo Para isso eacute necessaacuterio a iniciativa implantaccedilatildeo e

funcionamento dos conselhos de controle social para que atinja os objetivos o qual se propotildee

Nesse sentido o MEC (2011) sugere uma que ldquoequipe localrdquo seja composta pelas

pessoas que elaboram implementam e monitoram a execuccedilatildeo do PAR enquanto o ldquocomitecirc

localrdquo fica encarregado da mobilizaccedilatildeo da sociedade e do acompanhamento das metas de

evoluccedilatildeo do IDEB A equipe teacutecnica local deve entatildeo proceder o diagnoacutestico atribuindo as

pontuaccedilotildees com base nos documentos orientados pelo MEC e de acordo com a realidade

educacional local

Segundo o MEC (2013) a ldquoEquipe Localrdquo e o ldquoComitecirc Localrdquo satildeo experiecircncias de

participaccedilatildeo democraacutetica que orientam e fortalecem a gestatildeo da educaccedilatildeo baacutesica puacuteblica em

cada municiacutepio brasileiro constituindo-se num aprendizado coletivo dos processos decisoacuterios

a serem enfrentados pela populaccedilatildeo Vale ressaltar que a equipe local natildeo deve ser confundida

com o comitecirc local O ideal eacute que a ldquoequipe localrdquo e ldquocomitecirc localrdquo sejam compostos por

membros distintos com exceccedilatildeo do (a) dirigente municipal de educaccedilatildeo que iraacute compor ambos

O municiacutepio pode convidar os segmentos da sociedade que considerar importantes e todos os

membros da equipe devem participar ativamente do planejamento frisando-se que uma equipe

local para elaboraccedilatildeo do PAR natildeo poderaacute ser composta por somente duas pessoas (MEC 2011)

A Equipe Local pode contemplar a presenccedila dos seguintes segmentos dirigente

municipal de educaccedilatildeo teacutecnicos da secretaria municipal de educaccedilatildeo representante dos

101

diretores de escola representante dos professores da zona urbana representante dos professores

da zona rural representante dos coordenadores ou supervisores escolares representante do

quadro teacutecnico-administrativo das escolas representante dos conselhos escolares e

representante do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (quando houver) O municiacutepio pode

convidar outros segmentos que considerar importante e todos os membros da equipe devem

participar ativamente do planejamento

O Comitecirc Local tem um papel essencialmente mobilizador e de acompanhamento das

accedilotildees e das metas sendo sua composiccedilatildeo ampliada para aleacutem das organizaccedilotildees educacionais

Para a participaccedilatildeo no comitecirc recomenda-se oacutergatildeos e entidades que compotildeem a sociedade civil

tais como o Ministeacuterio Puacuteblico os sindicatos a Cacircmara Municipal as associaccedilotildees de

moradores as ONGs os Conselhos as Igrejas e a populaccedilatildeo em geral Do ponto de vista

administrativo para a constituiccedilatildeo da Equipe Local natildeo eacute necessaacuterio um ato legal com

publicaccedilatildeo de portaria no Diaacuterio Oficial do municiacutepio Contudo para a criaccedilatildeo do Comitecirc Local

do Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo sua instituiccedilatildeo e composiccedilatildeo devem ser feitos por meio

de ato legal publicado no Diaacuterio Oficial do municiacutepio (MEC 2013) Natildeo se deve portanto

confundi-lo com a equipe local

Finalmente apoacutes a apresentaccedilatildeo desse capiacutetulo que tratou de instrumentalizar o

funcionamento do PAR a partir da compreensatildeo da poliacutetica educacional que o concebeu

enfatizadas no Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo e no Plano de Metas Compromisso

Todos pela Educaccedilatildeo far-se-aacute um estudo especiacutefico na rede municipal de educaccedilatildeo de Santana-

Amapaacute no qual seis indicadores da aacuterea gestatildeo democraacutetica foram definidos com o objetivo de

analisar as implicaccedilotildees do 1ordm e do 2ordm PAR para a gestatildeo educacional no municiacutepio O proacuteximo

capiacutetulo se ocuparaacute de analisar tais indicadores

102

3 A GESTAtildeO EDUCACIONAL NO CONTEXTO DO PLANO DE ACcedilOtildeES

ARTICULADAS NO MUNICIacutePIO DE SANTANAAMAPAacute

A anaacutelise das implicaccedilotildees do PAR para a poliacutetica de gestatildeo educacional no municiacutepio

de Santana natildeo pode prescindir de uma anaacutelise preliminar das condiccedilotildees concretas em que se

desenvolve tal poliacutetica Nesta perspectiva o presente capiacutetulo traz primeiramente uma

abordagem do contexto histoacuterico social econocircmico e educacional do municiacutepio de Santana no

Amapaacute Em seguida apresentamos as condiccedilotildees materiais que poderatildeo viabilizar a efetivaccedilatildeo

da poliacutetica educacional ou seja a gestatildeo educacional e como parte dessa gestatildeo o

financiamento da educaccedilatildeo Apresentaremos tambeacutem as anaacutelises dos indicadores de gestatildeo

democraacutetica presentes no municiacutepio e definidos na metodologia da pesquisa sendo eles

Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar Conselho Escolar Conselho Municipal de Educaccedilatildeo

Conselho do FUNDEB Comitecirc Local do Compromisso Sindicato e Gestores da rede municipal

de ensino de Santana sobre as implicaccedilotildees do Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) para a gestatildeo

da educaccedilatildeo a partir do diagnoacutestico educacional dos indicadores

31 CONTEXTO HISTOacuteRICO ASPECTOS SOCIOECONOcircMICO E DADOS GERAIS DO

MUNICIacutePIO DE SANTANA ndash AMAPAacute

Figura 01 Vista do municiacutepio de Santana-Amapaacute

Fonte memorial-stnblogspotcombr (consultado em maio de 2015)

103

311 Santana cidade portuaacuteria do Amapaacute

A histoacuteria do municiacutepio de Santana no Estado do Amapaacute em muitos aspectos

aproxima-se do que ocorrera com a capital do estado o municiacutepio de Macapaacute no sentido de

que quando o governador do Estado do Gratildeo-Paraacute e Maranhatildeo (capitatildeo-general Mendonccedila

Furtado) fundou a vila de Satildeo Joseacute de Macapaacute no dia 4 de fevereiro de 1758 prosseguiu viagem

para a capitania de Satildeo Joseacute do Rio Negro e deparou-se com a ilha de Santana situada agrave

margem esquerda do rio Amazonas elevando-a agrave categoria de povoado

Os primeiros habitantes eram moradores de origem europeia principalmente

portugueses mesticcedilos vindos do Paraacute e iacutendios da naccedilatildeo tucujus Estes uacuteltimos vindos de

aldeamentos originaacuterios do rio Negro eram chefiados por Francisco Portilho de Melo que fugia

das autoridades fiscais paraenses em decorrecircncia de estar atuando no comeacutercio clandestino

Francisco Portilho de Melo foi o primeiro desbravador da ilha de Santana aleacutem de foragido da

lei era um escravocrata e portanto exigia respeito das tribos que dominava Apesar de ser

por muito tempo perseguido pelas autoridades lusitanas Portilho recebia apoio dos mercados

de Beleacutem logicamente interessados no traacutefico de matildeo-de-obra nativa Aproveitando-se disto ndash

e da viagem de demarcaccedilatildeo e estabelecimento da capitania do Rio Negro realizada por

Mendonccedila Furtado (1758) ndash e ao mesmo tempo tentando melhorar sua imagem resolveu

cooperar com Mendonccedila Furtado (governador do Gratildeo-Paraacute e Maranhatildeo) dando-lhe

informaccedilotildees preciosas sobre a Amazocircnia que ele tatildeo bem conhecia

De sua alianccedila com Mendonccedila Furtado obteve o tiacutetulo de Capitatildeo e Diretor do povoado

de Santana Em troca teria de remanejar aproximadamente quinhentos silviacutecolas mais

conhecidos por tucuju com matildeo-de-obra escrava e barata para a construccedilatildeo da Fortaleza de Satildeo

Joseacute de Macapaacute que estavam na eacutepoca sob sua guarda e chefia Em caso contraacuterio teria que

importar da Europa a custos altiacutessimos Com esse acordo o governador do Estado do Gratildeo-

Paraacute e Maranhatildeo deu continuidade ao projeto de construccedilatildeo da Fortaleza de Satildeo Joseacute de Macapaacute

e ampliou a produccedilatildeo agriacutecola Este fato provocou bastante insatisfaccedilatildeo por parte dos iacutendios

que tiveram de se afastar de seu habitat natural e enfrentar condiccedilotildees bastante prejudiciais a sua

vida e a sua cultura

Concentrando-se na ilha de Santana Portilho de Melo conviveu com a reduccedilatildeo bastante

acentuada da forccedila de trabalho Muitos iacutendios fugiram esconderam-se ou simplesmente

desapareceram outros morreram em consequecircncia dos maus-tratos e doenccedilas tropicais

104

Figura 02 Monumento em homenagem a Santa Ana na entrada do municiacutepio

Fonte memorial-stnblogspotcombr (consultado em maio de 2015)

Fonte Foto extraiacuteda do site httpwwwcidade-brasilcombrmunicipio-santanahtml

O nome ldquoSantanardquo eacute uma homenagem a Nossa Senhora de SantrsquoAna de quem os

europeus e seus descendentes entre eles Francisco Portilho eram devotos

Santana foi elevado agrave categoria de municiacutepio atraveacutes do Decreto-Lei Nordm 7369 de 17 de

dezembro de 1987 Haroldo da Silva Oliveira era o agente distrital de Santana no periacuteodo junho

de 1986 a 07 de julho de 1988 O municiacutepio de Santana teve o seu primeiro prefeito nomeado

com mandato de 8 de julho a 31 de dezembro de 1988 Apoacutes as eleiccedilotildees que ocorreram ainda

em 1988 o prefeito eleito Rosemiro Rocha Freires pelo voto direto tomou posse para o

mandato para o periacuteodo de (1989-1992)

O municiacutepio de Santana tem atualmente como prefeito o Sr Robson Santana Rocha Freires

(2013-2016) do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) que durante a eleiccedilatildeo em 2012 coligou com o

Partido dos Democratas (DEM) e obteve 4178 sendo o 7ordm prefeito de Santana O atual prefeito

Robson Rocha eacute filho do primeiro prefeito eleito do municiacutepio de Santana que governou Santana

por dois mandatos o Sr Rosemiro Rocha Freires41 eacute tambeacutem irmatildeo da deputada estadual Elizamira

do Socorro Arraes Freires (Mira Rocha) eleita em 2015 para o terceiro mandato42

41O Sr Rosemiro Rocha Freires foi eleito para governar o municiacutepio de Santana nos periacuteodos (1989-1992) e (2001-2004)

No municiacutepio de Santana nessa eacutepoca natildeo havia reeleiccedilatildeo E nos periacuteodos entre (1993-1996) e (1997-2000) que natildeo

podia ser reeleito o Sr Rosemiro Rocha Freires foi deputado estadual (SANTANA 2016) 42Mira Rocha foi eleita como deputada estadual nas legislaturas V (2007-2011) VI (2011-2015) e VII (2015-

2019) (ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO AMAPAacute 2016)

105

312 Santana Localizaccedilatildeo e condiccedilotildees geograacuteficas

O municiacutepio de Santana fica a 16 km de Macapaacute capital do Estado com quem faz uma

conurbaccedilatildeo formando a Regiatildeo Metropolitana de Macapaacute Localiza-se no sul do Estado faz

limites com os municiacutepios de Macapaacute Mazagatildeo e Porto Grande A sede ndash Santana ndash fica agraves

margens do lado esquerdo do Rio Amazonas43 com uma aacuterea de 159970 km2 possui ainda

em 2009 as seguintes comunidades e distritos Ilha de Santana Igarapeacute da Fortaleza Igarapeacute

do Lago Anauerapucu Piaccedilacaacute e Pirativa

Dadas as condiccedilotildees geograacuteficas adequadas ao escoamento industrial e comercial via

fluvial foi escolhido o Canal Norte do Rio Amazonas que pela sua profundidade propicia faacutecil

navegabilidade aos navios de grande calado e por se tratar de uma cidade portuaacuteria foi

construiacutedo em Santana um cais flutuante que acompanha o movimento das mareacutes pela sua

profundidade e faacutecil navegabilidade permitindo assim o acesso de navios cargueiros de grande

porte

Figura 03 Localizaccedilatildeo do municiacutepio de Santana no Figura 04 Localizaccedilatildeo Estrateacutegica do Porto

Estado do Amapaacute para a exportaccedilatildeo para outros paiacuteses

As imagens acima demonstram a localizaccedilatildeo do municiacutepio de Santana e do Porto de

Santana bem como o seu faacutecil acesso ao canal norte e ao oceano atlacircntico para a importaccedilatildeo e

43 O Rio Amazonas eacute o maior rio em volume de aacutegua do mundo com 6516 km de comprimento nasce nos Andes

Peruanos e percorre pela floresta amazocircnica na Regiatildeo Norte do Brasil o Rio Amazonas tem um quinto do

suprimento de aacutegua doce do mundo

106

exportaccedilatildeo de mercadorias para paiacuteses industrializados do Ocidente e Oriente como a Europa

Estados Unidos e Japatildeo

Como atraccedilotildees turiacutesticas no municiacutepio satildeo conhecidas o porto de embarque e desembarque

de produtos importados cavacos de pinho e a ilha de Santana esta fica do outro lado da cidade que

tem inclusive alguns balneaacuterios agrave margem dos rios bastante frequentados aos finais de semana Haacute

em Santana vaacuterios rios e Igarapeacutes os rios mais importantes satildeo Amazonas Matapi Maruanum

Tributaacuterio Piassacaacute Vila Nova Igarapeacute do Lago e Igarapeacute da Fortaleza

313 A exportaccedilatildeo de mineacuterios da Amazocircnia Amapaense

Com a descoberta das jazidas de manganecircs no municiacutepio de Serra do Navio-AP pelo

caboclo Maacuterio Cruz e posteriormente a abertura de concorrecircncia puacuteblica para a concessatildeo de

exploraccedilatildeo de mineacuterio em que saiu vitoriosa a Induacutestria e Comeacutercio de Mineacuterios (ICOMI) para

explorar o mineacuterio por cinquenta anos (1947-1997) Serra do Navio e Santana experimentaram

um crescimento populacional significativo com a instalaccedilatildeo da empresa ICOMI para a

exploraccedilatildeo de manganecircs em Serra do Navio e a construccedilatildeo do Porto em Santana para a sua

exportaccedilatildeo

O relatoacuterio do Observatoacuterio Nacional sobre a ICOMI no Amapaacute (2003) afirmou acerca

do manganecircs que tratava-se de um mineral relativamente escasso e naquela eacutepoca foram

estabelecidas contrapartidas do setor privado pela exploraccedilatildeo daquela mina A perspectiva de

operaccedilatildeo da empresa e os termos do arrendamento eram apontados no discurso oficial e de

amplos setores da sociedade como fundamentais para o desenvolvimento do Amapaacute

(OBSERVATOacuteRIO NACIOCIAL 2003)

Por outro lado Luxemburgo (1988) revela que as empresas capitalistas principalmente

as multinacionais especialmente na virada do seacuteculo XIX para o seacuteculo XX quando a

acumulaccedilatildeo de capital expandiu-se buscaram cada vez mais as mateacuterias-primas como base

material da mais-valia Para a autora eacute nas sociedades que ela conceitua de economia natural

que se encontra em maior quantidade essa base material das forccedilas produtivas ldquoEacute o caso por

exemplo da terra com suas riquezas minerais seus prados bosques e forccedilas hidraacuteulicas enfim

dos rebanhos dos povos primitivos dedicados ao pastoreiordquo (1988 p 319) Eacute o caso que temos

observado da realidade saqueada natildeo soacute do Amapaacute mas de toda a Amazocircnia por empresas

estrangeiras

107

Dessa forma os acordos poliacuteticos e mercadoloacutegicos levavam agraves concessotildees em que

tinham como objetivo principal atender as necessidades operacionais do mercado No contrato

de concessatildeo e em sucessivos outros contratos firmados estava aleacutem do direito a exploraccedilatildeo

pela empresa a construccedilatildeo de um porto em Santana uma ferrovia de 200 km de extensatildeo que

ligasse Santana a Serra do Navio (ICOMI 1960)

Com a Guerra Fria44 a Uniatildeo Sovieacutetica bloqueou a exportaccedilatildeo de manganecircs para os

Estados Unidos E a reserva de mineacuterios no Amapaacute passou a ser vista como estrateacutegica para os

americanos Poreacutem alguns entraves de infraestrutura como acesso as minas e a exportaccedilatildeo

foram identificados e seria necessaacuterio um investimento muito alto de recursos que dificilmente

fosse encontrado no Brasil

A proacutepria presidecircncia da repuacuteblica entatildeo ocupada por Getuacutelio Vargas a propoacutesito da

obtenccedilatildeo de financiamento para a ICOMI declarava em 1953 que o projeto era

ldquoeconomicamente vantajoso do ponto de vista nacionalrdquo (ICOMI 1972 2) tanto que o

Congresso Nacional autorizou o governo federal a dar garantia do Tesouro Nacional a

empreacutestimo ateacute o montante principal de 35 milhotildees de doacutelares americanos ndash em valores de 1953

mdash a ser contraiacutedo pela ICOMI no International Bank for Reconstruction and Devellopment

(OBSERVATOacuteRIO NACIONAL 2003) O creacutedito colocado agrave disposiccedilatildeo da empresa ateacute o

limite de US$ 675 milhotildees mdash em valores de 1953 mdash foi superior ao que a empresa necessitava

para atender agraves despesas com a instalaccedilatildeo do projeto Tanto que natildeo utilizou a totalidade dos

recursos que lhes foram disponibilizados pelo banco deles sacou natildeo mais do que US$ 55

milhotildees em valores da eacutepoca (ICOMI 1968 p 5)

44 A Guerra Fria que teve seu iniacutecio logo apoacutes a Segunda Guerra Mundial (1945) e a extinccedilatildeo da Uniatildeo Sovieacutetica

(1991) eacute a designaccedilatildeo atribuiacuteda ao periacuteodo histoacuterico de disputas estrateacutegicas e conflitos indiretos entre os Estados

Unidos e a Uniatildeo Sovieacutetica disputando a hegemonia poliacutetica econocircmica e militar no mundo Disponiacutevel em

httpwwwsohistoriacombref2guerrafria

108

Figura 05 Porto de Santana para importaccedilatildeo e exportaccedilatildeo

Fonte memorial-stnblogspotcombr (consultado em maio de 2015)

Com a construccedilatildeo do Porto no braccedilo norte do Rio Amazonas em Santana no ano de 1956

e inauguraccedilatildeo em 1957 pela empresa ICOMI SA hoje conhecido como Porto de Santana45 em

frente agrave ilha de Santana gerando subempregos atraindo pessoas de vaacuterias partes do paiacutes sob

possibilidade de ganhos e incentivando o comeacutercio local tudo isso tinha um objetivo a chamada

Acumulaccedilatildeo Primitiva que se realizou sobre as diversas colocircnias dominadas pelas naccedilotildees

imperialistas europeias e foi direcionada no sentido de reforccedilar a exportaccedilatildeo das mateacuterias-

primas necessaacuterias agrave acumulaccedilatildeo de capital (LUXEMBRUGO 1988)

O Porto46 instalado e funcionando embarca 1200 toneladas de mineacuterio por hora e tem

atracado mais de 50 navios por ano em busca de manganecircs muito utilizado para artefatos

manufaturados presentes no nosso dia-a-dia

Como a matildeo-de-obra no estado ainda era pouco qualificada foi necessaacuterio trazer pessoas

de fora bem como alojar os funcionaacuterios da empresa em tracircnsito Serra do NavioSantanaSerra

do Navio para isso a ICOMI construiu um nuacutecleo habitacional de trabalhadores em Santana

ainda nos anos de 1950 a conhecida Vila Amazonas A empresa preparou toda a infraestrutura

45 O porto eacute administrado pela Companhia Docas de Santana minus CDSA desde 2002 e eacute vinculada agrave Prefeitura

Municipal de Santana Estaacute localizado na margem esquerda do rio Amazonas no canal de Santana em frente agrave

ilha de mesmo nome a 18 km da cidade de Macapaacute capital do Estado do Amapaacute 46 Esse cais flutuante usado como um terminal privado da mineradora Anglo foi destruiacutedo por um deslizamento e

afundou em marccedilo de 2013 cuja infraestrutura do porto era utilizada para o carregamento do mineacuterio

109

de saneamento baacutesico um hospital um clube recreativo escola e supermercado para oferecer

melhores condiccedilotildees de moradia aos seus operaacuterios (ICOMI 1960)

A principal finalidade da ferrovia Santana-Serra do Navio era transportar os operaacuterios e

escoar o carregamento de mineacuterio em virtude da inviabilidade do transporte por via mariacutetima

Com o iniacutecio das obras da ferrovia SantanaSerra do Navio para dar vazatildeo agrave exportaccedilatildeo dos

mineacuterios de ferro o Estado cresceu e a sua populaccedilatildeo tambeacutem gerou empregos e parecia estar

vivendo o mais alto niacutevel de desenvolvimento da sua histoacuteria

Figura 06 Ferrovia que liga Santana a Serra do Navio para o transporte de mineacuterios

Fonte memorial-stnblogspotcombr (consultado em maio de 2015)

No decorrer dos anos a ICOMI promoveu uma evoluccedilatildeo progressiva econocircmica e

social no Territoacuterio Federal do Amapaacute pois antes da sua chegada ao Amapaacute havia poucos

habitantes e a economia baseava-se no cultivo de subsistecircncia extrativismo madeireiro e

pequeno comeacutercio Outra empresa a Brumasa Madeiras SA induacutestria de compensado ligada

ao grupo Caemi mineraccedilatildeo foi instalada nos anos de 1960 em Santana provocando a criaccedilatildeo

de outro porto para a cidade destinado ao embarque de pinho para exportaccedilatildeo e desembarque

de navios contendo produtos importados Eacute tambeacutem em Santana que se localiza o Distrito

Industrial do Amapaacute agrave margem esquerda do rio Matapi afluente do rio Amazonas

Com o iniacutecio do esgotamento das jazidas manganiacuteferas e com o fim das operaccedilotildees da

empresa ICOMI em 1997 que era muito importante para a economia do ex-territoacuterio restaram

os problemas sociais deixados pela saiacuteda da empresa no Amapaacute desemprego danos ambientais

contaminaccedilatildeo de lenccediloacuteis freaacuteticos na aacuterea do porto da ICOMI em Santana como tambeacutem de

cursos drsquoaacutegua nas proximidades daquela aacuterea contaminaccedilatildeo por arsecircnio em pessoas residentes

110

na Vila do Elesbatildeo proacuteximo ao porto o sucateamento da induacutestria no Amapaacute e o abandono das

aacutereas exploradas por quase 50 anos (OBSERVATOacuteRIO NACIONAL 2003)

Entatildeo em 1991 os poliacuteticos amapaenses buscavam alternativas econocircmicas para o

comeacutercio do Amapaacute e articularam junto ao Governo Federal a implantaccedilatildeo da aacuterea de livre

comeacutercio de Macapaacute e Santana no intuito de impedir que a economia do Estado estagnasse

Por outro lado a implantaccedilatildeo da aacuterea de livre comeacutercio de Macapaacute e Santana instigou o

crescimento populacional de todo o Estado O resultado deste superpovoamento provocou um

processo de urbanizaccedilatildeo desordenada com consequentes problemas sociais

Segundo o Relatoacuterio da Superintendecircncia da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA) de

2014 a economia do municiacutepio de Santana eacute baseada em serviccedilos induacutestria agropecuaacuteria

Apresenta a relaccedilatildeo de 178 empresas cadastradas na Suframa das quais a atividade comercial

representa 91 seguidas de serviccedilos e induacutestria sem projeto ambas com 793 de

participaccedilatildeo

Santana manteacutem sob o seu domiacutenio o Distrito Industrial do Amapaacute cujo parque tem sofrido

progressivamente constantes alteraccedilotildees com a saiacuteda de empresas como a ICOMI e mais

recentemente a faacutebrica da Coca-Cola entretanto haacute indiacutecios da chegada de trecircs novas faacutebricas ldquoduas

satildeo de raccedilatildeo e uma de cimentordquo (NAFES 2016 p 1) Laacute funcionam as empresas Floacuterida e Equador

com faacutebricas de palmitos de accedilaiacute ISA Peixe (induacutestria de pescados) CIMACER (faacutebrica de tijolos)

FACEPA (que trabalha na reciclagem de papel) CHAMPION (responsaacutevel pela plantaccedilatildeo de

pinho) dentre outras a Aacuterea de Livre Comeacutercio de Macapaacute e Santana ndash ALCMS ajuda a fazer a

vida econocircmica do municiacutepio embora haacute pontos negativos que impedem a fixaccedilatildeo de empresas no

Amapaacute como a dificuldade de transporte fluvial as peacutessimas condiccedilotildees do Porto as frequentes faltas

de energia internet de peacutessima qualidade Os funcionaacuterios do serviccedilo puacuteblico satildeo os que recebem as

maiores remuneraccedilotildees movimentando o comeacutercio

314 Aspectos gerais do municiacutepio de Santana

Segundo o censo realizado pelo Programa das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento

(PNUD) em 2013 o Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) da populaccedilatildeo Santanense foi

0692 o que tem ocupado o 3ordm lugar no ranking do Estado do Amapaacute ficando atraacutes dos municiacutepios

de Macapaacute com 0733 e Serra do Navio 0709 o que de acordo com os padrotildees do PNUD eacute

considerado alto E no total dos municiacutepios brasileiros ocupa a 2134ordf posiccedilatildeo

111

Tabela 06 ndash Santana IDHM e seus componentes nas uacuteltimas duas deacutecadas

COMPONENTES 1991 2000 2010

IDHM da Educaccedilatildeo 0203 0408 0638

de 5 a 6 anos na escola 2363 5881 8266

de 11 a 13 anos nos anos finais do fundamental

regular seriado ou com fundamental completo

3055 5503 8275

de 18 a 20 anos com meacutedio completo 690 1831 382

de 15 a 17 anos com fundamental completo 1407 3174 6121

de 18 anos ou mais com fundamental completo 2371 4041 5932

RENDA 0575 0597 0654

Renda per capita (em R$) 28703 32883 46924

LONGEVIDADE 0662 0728 0794

Esperanccedila de vida ao nascer (em anos) 6474 6868 7265

IDHM 0426 0562 0692

Fonte PNUD (2013)

As informaccedilotildees da tabela acima revelam que o componente da Educaccedilatildeo foi o que mais

evoluiu e se desenvolveu no periacuteodo de 1991 a 2010 O IDHM que era de 0562 em 2000 passou

para 0692 em 2010 - uma taxa de crescimento de 231 o que eacute considerada meacutedia pelo

PNUD A distacircncia entre o IDHM do municiacutepio e o limite maacuteximo do iacutendice que eacute 1 foi

reduzido em 7032 entre 2000 e 2010 Nesse periacuteodo a dimensatildeo cujo iacutendice mais cresceu

em termos absolutos foi Educaccedilatildeo (com crescimento de 0230) seguida por Longevidade e por

Renda

No que se refere aos dados gerais dos 16 municiacutepios do Estado do Amapaacute na tabela 07

podemos fazer uma comparaccedilatildeo de Santana em relaccedilatildeo aos demais municiacutepios

Tabela 07 ndash Santana Dados gerais em relaccedilatildeo aos municiacutepios do Estado do Amapaacute - 2010

Municiacutepio Populaccedilatildeo

2010

Aacuterea

territorial

Densidade

demograacutef

PIB

(mil)

Part PIB

Estado

Amapaacute 8069 12 916786 09 106494 102

Calccediloene 9000 133 1423132 06 149671 156

Cutias 4696 070 210907 22 75476 072

Ferreira Gomes 5802 086 496950 12 122276 117

Itaubal 4265 064 162285 25 49147 050

Laranjal do Jari 39942 596 3097190 13 466827 452

Macapaacute 398204 595 650212 621 6453597 614

Mazagatildeo 17032 254 1313098 13 176336 169

Oiapoque 20509 306 2262529 09 290832 279

Pedra Branca do

Amapari 10772 160 956292 11 269988 266

Porto Grande 16809 251 445342 38 226635 220

112

Pracuuacuteba 3793 056 495059 08 50290 055

Santana 101262 1517 156940 641 1594983 1538

Serra do Navio 4380 065 772079 06 101175 097

Tartarugalzinho 12563 187 675762 19 147649 145

Vitoacuteria do Jari 12428 185 248289 50 138163 143

Total 669526 100 14282852 - 10419539 100

Fonte IBGECidades (2015)

Os municiacutepios em que se concentra a maior populaccedilatildeo satildeo os que compotildeem a Regiatildeo

Metropolitana a capital Macapaacute e Santana que juntas tem 7467 da populaccedilatildeo do Estado

Santana corresponde a 1517 do total de habitantes eacute o segundo municiacutepio mais populoso do

Estado com 101262 habitantes A populaccedilatildeo dos outros 14 municiacutepios juntos possui 2533

ou seja um quarto da populaccedilatildeo total do estado

No que diz respeito ao Produto Interno Bruto (PIB) os dados da tabela 07 mostram que

o municiacutepio de Santana em 2010 apresentou significativa participaccedilatildeo na economia do Estado

sendo responsaacutevel por 1538 do PIB o segundo que mais contribuiu com a economia do

Estado do Amapaacute

Os dados relativos ao municiacutepio de Santana satildeo de difiacutecil acesso por natildeo haver uma

historicidade organizaccedilatildeo consolidaccedilatildeo transparecircncia e publicidade desses dados no site da

prefeitura ou mesmo em literaturas especiacuteficas sobre o municiacutepio Em grande parte os dados

publicados encontrados satildeo relativos ao Porto de Santana e a exportaccedilatildeo dos mineacuterios

Historicizar e analisar a gestatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana a partir das poliacuteticas

educacionais implantadas natildeo tecircm sido tarefa faacutecil eacute o que tentaremos desenvolver no proacuteximo

item desse estudo

32 A POLIacuteTICA EDUCACIONAL DA REDE MUNICIPAL DE EDUCACcedilAtildeO DE

SANTANAAP

A poliacutetica de educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana-Amapaacute se baseia na Constituiccedilatildeo

Federal de 1988 na Constituiccedilatildeo do Estado do Amapaacute de 1991 (atualizada ateacute a Emenda

Constitucional nordm 0044 2009) na Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional de 1996 Lei

Orgacircnica do Municiacutepio de Santana de 2002 Lei do Sistema Municipal de Ensino de 2002 o

Plano Municipal de Educaccedilatildeo e o Plano de Carreiras da Educaccedilatildeo do Municiacutepio de Santana e

outras leis especiacuteficas Eacute notoacuterio observar durante a leitura dos documentos legais do municiacutepio

113

de Santana a reproduccedilatildeo da legislaccedilatildeo federal e estadual no municiacutepio seguindo a risca as

orientaccedilotildees das leis superiores

A Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional Nordm 9394 de 20 de dezembro de 1996

dispotildee sobre os deveres que os municiacutepios possuem em relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo nestes termos o

art 11 aponta que os municiacutepios incumbir-se-atildeo de

I - organizar manter e desenvolver os oacutergatildeos e instituiccedilotildees oficiais dos seus sistemas

de ensino integrando-os agraves poliacuteticas e planos educacionais da Uniatildeo e dos Estados

II - exercer accedilatildeo redistributiva em relaccedilatildeo agraves suas escolas

III - baixar normas complementares para o seu sistema de ensino

IV - autorizar credenciar e supervisionar os estabelecimentos do seu sistema de

ensino

V - oferecer a educaccedilatildeo infantil em creches e preacute-escolas e com prioridade o ensino

fundamental permitida agrave atuaccedilatildeo em outros niacuteveis de ensino somente quando

estiverem atendidas plenamente as necessidades de sua aacuterea de competecircncia e com

recursos acima dos percentuais miacutenimos vinculados pela Constituiccedilatildeo Federal agrave

manutenccedilatildeo e desenvolvimento do ensino

VI - assumir o transporte escolar dos alunos da rede municipal (Incluiacutedo pela Lei nordm

10709 de 3172003)

Paraacutegrafo uacutenico Os Municiacutepios poderatildeo optar ainda por se integrar ao sistema

estadual de ensino ou compor com ele um sistema uacutenico de educaccedilatildeo baacutesica (BRASIL

1996)

De acordo com a LDB o municiacutepio tem a incumbecircncia de oferecer a educaccedilatildeo infantil

e com prioridade o ensino fundamental da mesma forma eacute enfatizada na Lei Orgacircnica do

Municiacutepio de Santana (LOM) referendando tais incumbecircncias nos artigos 145 e 146 afirmando

que as bases da organizaccedilatildeo do Sistema de Ensino Municipal devem respeitar os princiacutepios

expostos no art 280 da Constituiccedilatildeo Estadual bem como os princiacutepios estabelecidos na CF

Art 280 As instituiccedilotildees educacionais de qualquer natureza ministraratildeo o ensino com

base nos princiacutepios estabelecidos na Constituiccedilatildeo Federal e mais os seguintes

I - direito de acesso e permanecircncia na escola a qualquer pessoa vedadas distinccedilotildees

baseadas na origem raccedila sexo idade religiatildeo preferecircncia poliacutetica ou classe social

II - pluralismo de ideias e de concepccedilotildees filosoacuteficas poliacuteticas esteacuteticas religiosas e

pedagoacutegicas que conduzam o educando agrave formaccedilatildeo de uma postura social proacutepria

III - valorizaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo como garantia na forma da lei de

plano de carreira para o magisteacuterio puacuteblico com vencimentos no miacutenimo em

isonomia com as demais categorias funcionais para as quais se exija idecircntica

escolaridade com ingresso exclusivamente por concurso puacuteblico de provas e tiacutetulos

realizado periodicamente sob o regime juriacutedico uacutenico adotado pelo Estado para seus

servidores civis e com base no Estatuto do Magisteacuterio

IV - liberdade de pensar aprender ensinar pesquisar e divulgar o pensamento a arte

o saber e o conhecimento

V - reinvestimento em educaccedilatildeo no acircmbito do Estado do percentual que for

estabelecido em lei dos lucros auferidos pelas instituiccedilotildees privadas de ensino

estabelecido no Amapaacute

114

VI - gratuidade de ensino em estabelecimentos mantidos pelo Poder Puacuteblico vedada

a cobranccedila de taxas ou contribuiccedilotildees de qualquer natureza ainda que facultativa

VII - garantia de padratildeo de qualidade em todo o sistema de ensino a ser fixado em lei

VIII - manutenccedilatildeo no acircmbito do Estado em originais ou duplicatas arquivadas por

qualquer meio em seus oacutergatildeos de consulta dos resultados de pesquisa bases de dados

e acervos cientiacuteficos bibliograacuteficos e tecnoloacutegicos colecionados no exerciacutecio de

atividade educacional revertendo em favor do Estado o material acumulado na

hipoacutetese de fechamento extinccedilatildeo ou transferecircncia da instituiccedilatildeo de ensino aqui

estabelecida

IX - direito de organizaccedilatildeo autocircnoma dos diversos segmentos da comunidade escolar

X - preservaccedilatildeo dos valores educacionais regionais e locais (AMAPAacute 2011 p 92)

Segundo tais documentos a educaccedilatildeo como direito de todos e dever do estado e do

municiacutepio tem como princiacutepios a democracia que estaacute tambeacutem no Plano de Carreiras da

Educaccedilatildeo do Municiacutepio de Santana (PCEMS) na Lei Nordm 849 de 2010 nos art 42 e 43 onde se

lecirc

Art 42 - as escolas puacuteblicas do municiacutepio desenvolveratildeo suas atividades de ensino

dentro do espiacuterito democraacutetico e participativo sem preconceitos de raccedila sexo cor

idade opccedilatildeo religiosa poliacutetico-partidaacuterias e quaisquer outras formas de

discriminaccedilatildeo incentivando a participaccedilatildeo da comunidade na elaboraccedilatildeo e exerciacutecio

da proposta pedagoacutegica (SANTANAPCEMS 2010 p 16 grifos nossos)

Art 43 - as escolas puacuteblicas obedeceratildeo ao princiacutepio da gestatildeo democraacutetica atraveacutes

da I ndash participaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo estudantes pais servidores e

representantes da comunidade tanto nas atividades de ensino quanto nas de gestatildeo

participando de conselhos e outros oacutergatildeos normativos e deliberativos bem como no

processo de eleiccedilatildeo de seus dirigentes II ndashgarantia de acesso agraves informaccedilotildees teacutecnicas

administrativas e pedagoacutegicas da escola III ndash gerecircncia de recursos financeiros

repassados pela Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo IV ndash transparecircncia no recebimento

e aplicaccedilatildeo dos recursos financeiros (SANTANAPCEMS 2010 p 16 grifos

nossos)

Os documentos que se referem agrave poliacutetica educacional do municiacutepio de Santana apontam

para os princiacutepios de uma gestatildeo educacional municipal que se pautam na gestatildeo democraacutetica

no pluralismo de concepccedilotildees pedagoacutegicas e no direito agrave organizaccedilatildeo dos diversos segmentos

da comunidade escolar Mas como tais princiacutepios se materializam na organizaccedilatildeo da educaccedilatildeo

municipal Eacute o que veremos a seguir

321 A estrutura organizacional do Sistema Municipal de Educaccedilatildeo de Santana

A organizaccedilatildeo da educaccedilatildeo municipal estaacute sob a responsabilidade da Prefeitura

Municipal de Santana tem como oacutergatildeo gestor a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo (SEME)

115

localizada na Avenida Santana Nordm 2913 no Bairro Paraiacuteso bem no complexo de preacutedios da

Prefeitura Municipal de Santana (PMS) A instalaccedilatildeo fiacutesica da SEME apesar do preacutedio ser novo

estaacute mal distribuiacuteda ou natildeo comporta toda a demanda necessaacuteria agrave organizaccedilatildeo administrativa

financeira e pedagoacutegica da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo

Figura 07 Foto da sede da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de Santana

Fonte santanadoamapablogspotcom

O Sistema Municipal de Ensino de Santana foi criado atraveacutes da Lei municipal Nordm 0609

de 2002 e de acordo com o artigo 2ordm eacute composto I - Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo II -

Conselho Municipal de Educaccedilatildeo III - Comissatildeo Permanente do Magisteacuterio e IV - pelas

Instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Infantil Ensino Fundamental e Educaccedilatildeo Especial mantidas eou

administradas pelo poder puacuteblico municipal e pelas instituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil e especial

criadas e mantidas pela iniciativa privada (SANTANA 2002)

A Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de Santana tem em sua estrutura teacutecnico-

pedagoacutegico e administrativo oacutergatildeos e teacutecnicos que devem ser responsaacuteveis por pesquisa

informaccedilotildees e o planejamento adequado e atualizado para que possam subsidiar os programas

e projetos voltados agrave comunidade escolar Durante a pesquisa foi possiacutevel identificar que os

funcionaacuterios da SEME trabalham amontoados em salas com mesas e cadeiras coladas uma a

outra e sem espaccedilo suficiente para exercer o seu proacuteprio serviccedilo e atendimento ao puacuteblico Isso

foi observado em vaacuterios setores na SEME No organograma estaacute organizada a disponibilizaccedilatildeo

dos oacutergatildeos da secretaria conforme a Legislaccedilatildeo Municipal Nordm 0760 de 2006

116

Figura 08 SANTANA Estrutura organizacional dos oacutergatildeos da Secretaria Municipal de

Educaccedilatildeo (SEME)

Fonte Anexo da Lei Nordm 7602006 - PMS

De acordo com a estrutura organizacional a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo tem na

sua composiccedilatildeo

- Secretaacuterio (a) Municipal de Educaccedilatildeo

- Assessoria Executiva

- Chefia de Gabinete

- A Coordenadoria de Assuntos Educacionais que eacute composta pelos seguintes departamentos

- Departamento de Ensino e Apoio Pedagoacutegico

- Departamento de Inspeccedilatildeo e Organizaccedilatildeo Escolar

- Departamento de Apoio

- Departamento de Educaccedilatildeo no Campo

- Departamento de Tecnologia Educacional e Miacutedia

- A Coordenadoria Administrativa e Financeira que eacute composta por

- Departamento de Recursos Humanos

- Departamento de Orccedilamento Financeiro e Contabilidade

117

- Divisatildeo de Acompanhamento de Contrato Convecircnio e Licitaccedilatildeo

- Gestor Escolar

- Departamento de Serviccedilo Material e Patrimocircnio

- Departamento de Assistecircncia ao Educando

- A Coordenadoria do Poacutelo da Universidade Aberta do Brasil

- A Coordenadoria de Planejamento e Projetos

No que se refere a Coordenadoria de Assuntos Educacionais foi observado durante a

pesquisa e nos relatoacuterios analisados diversas atividades de cunho pedagoacutegico realizados e de

controle de matriacuteculas O Departamento de Orccedilamento Financeiro e Contabilidade setor

vinculado a Coordenadoria Administrativa e Financeira da SEME parece estar mais ligada ao

Prefeito Municipal do que a Secretaacuteria de Educaccedilatildeo dada a falta de autonomia financeira da

SEME devido a natildeo descentralizaccedilatildeo das questotildees financeiras por parte do prefeito para a

Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de Santana

De 2005 a 2015 atuaram como gestores da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de Santana

sete secretaacuterios conforme demonstra o quadro 9

Quadro 9 Santana Secretaacuterios Municipais de Educaccedilatildeo (2005 a 2015)

Periacuteodo Secretaacuterio(a) Municipal de

Educaccedilatildeo Partido Prefeito

2005 a 2009 Kleber Nascimento Rocha PT Antonio Nogueira

2010 Raimundo Vasques

Ivancy Magno de Oliveira PT Antonio Nogueira

2011 e 2012 Tercio da Silva Correia PT Antonio Nogueira

2013 Melquises Pereira de Lima e

Carlos Sergio Monteiro PR Robson Santana Rocha Freires

2014 Carlos Sergio Monteiro PR Robson Santana Rocha Freires

2015 -

Atualmente Antocircnia de Moraes Guedes PR Robson Santana Rocha Freires

Fonte SEME - Elaborado pela autora

O Secretaacuterio que teve mais tempo no cargo cinco anos foi o Sr Kleber Nascimento

Rocha que esteve agrave frente da pasta da SEME durante a primeira gestatildeo do prefeito Antonio

Nogueira (2005-2008) do Partido dos Trabalhadores e ateacute o primeiro ano (2009) do segundo

mandato do prefeito reeleito Nos uacuteltimos trecircs anos do segundo mandato do prefeito passaram

pela SEME trecircs outros Secretaacuterios de Educaccedilatildeo Municipal Raimundo Vasques Ivancy Magno

de Oliveira e Tercio da Silva Correia A partir de 2013 com a mudanccedila de gestatildeo na Prefeitura

Municipal tendo o Sr Robson Santana Rocha Freires (2013-2016) passaram pela pasta da

118

educaccedilatildeo trecircs outros Secretaacuterios Melquises Pereira de Lima Carlos Sergio Monteiro e Antocircnia

de Moraes Guedes (atual)

O Conselho Municipal de Educaccedilatildeo que eacute um oacutergatildeo colegiado pertencente ao Sistema

Municipal de Ensino tem funccedilatildeo consultiva normativa deliberativa e recursal da poliacutetica de

educaccedilatildeo do municiacutepio de Santana A Lei Orgacircnica do Municiacutepio de Santana (LOM) prevecirc a

criaccedilatildeo de normas para o funcionamento do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo e que a cada dois

anos seraacute convocada uma Conferecircncia Municipal de Educaccedilatildeo formada por representaccedilotildees dos

vaacuterios segmentos sociais para avaliar a situaccedilatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio e estabelecer a

diretrizes da poliacutetica municipal de educaccedilatildeo (SANTANA 2000) Apesar do que apresenta a

legislaccedilatildeo municipal o municiacutepio natildeo tem conseguido colocar em praacutetica o que preconiza a sua

legislaccedilatildeo no que se refere a atuaccedilatildeo efetiva desse oacutergatildeo colegiado

Faz parte ainda do Sistema municipal de educaccedilatildeo a Comissatildeo Permanente do

Magisteacuterio composta por representantes dos docentes teacutecnicos educacionais procurador

juriacutedico do municiacutepio secretaria municipal de educaccedilatildeo e secretaria de administraccedilatildeo Esta

Comissatildeo tem a competecircncia de elaborar instrumentos coordenar e orientar o processo

avaliativo anual do magisteacuterio municipal e por atribuiccedilotildees que regulamentam o estatuto do

magisteacuterio puacuteblico de Santana (SANTANA 2002) Compotildee ainda o Sistema Municipal de

Educaccedilatildeo as instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas que deveratildeo ofertar o ensino puacuteblico ou privado

atendendo agraves normas pareceres e resoluccedilotildees emanadas pelo Sistema Municipal de Ensino

A Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo deveraacute desenvolver em consonacircncia com entidades

educacionais do Estado e da Uniatildeo programas suplementares de assistecircncia ao educando

como materiais didaacuteticos escolares assistecircncia agrave sauacutede e seguridade social alimentaccedilatildeo

escolar transporte escolar bolsa famiacutelia assistecircncia social psicoloacutegica e fonoaudioloacutegica

Como observamos a lei orienta a autonomia e a participaccedilatildeo da comunidade e dos

profissionais da educaccedilatildeo nas accedilotildees pedagoacutegicas administrativas e em conselhos escolares

Poreacutem em momento algum se refere agrave autonomia financeira O atendimento da educaccedilatildeo

infantil e do ensino fundamental vem se realizando desde que Santana era ainda um Distrito de

Macapaacute47 e vem gradativamente sendo municipalizados como veremos no toacutepico a seguir

47 De acordo com a Lei Federal nordm 7639 de 17-12-1987 o distrito de Santana eacute desmembrado do municiacutepio de

Macapaacute e eacute elevado agrave categoria de municiacutepio

119

322 A Educaccedilatildeo municipal de Santana em nuacutemeros

O Sistema Municipal de Educaccedilatildeo foi criado em 2002 embora natildeo tenha organizado na

praacutetica o seu funcionamento articulado para a composiccedilatildeo do sistema a educaccedilatildeo funciona

ainda como rede municipal Em 2007 possuiacutea 23 escolas para funcionamento da educaccedilatildeo

infantil ensino fundamental e EJA e em 2014 esse nuacutemero passou para 31 escolas tendo um

aumento de 26 no nuacutemero de escolas na rede no periacuteodo O graacutefico 1 apresenta uma pequena

evoluccedilatildeo no periacuteodo

Graacutefico 1 Santana Nordm de escolas da rede municipal de ensino 2007-2014

Fonte Dados da SEMESantana ndash Elaborado pela autora

Eacute importante destacar no entanto que aleacutem das 31 escolas a rede municipal conta com

17 anexos48 distribuiacutedos entre zona urbana e rural

O quadro de docentes do municiacutepio de Santana tambeacutem nos revela um pouco da situaccedilatildeo

da educaccedilatildeo municipal O concurso puacuteblico49 realizado pela Prefeitura Municipal de Santana

no ano de 2007 e a uacuteltima convocaccedilatildeo de aprovados no ano de 2009 vem contribuindo para o

aumento de docentes vinculados ao quadro permanente como se pode acompanhar no graacutefico

2 a seguir

48 A situaccedilatildeo dessas escolas anexas eacute bastante instaacutevel visto que satildeo preacutedios alugados Na zona rural pode ser ateacute

mesmo salas de aula funcionando em casas de moradia ou em Igrejas 49 Edital nordm 012006 que ofertou 667 cargos para o municiacutepio em diversas aacutereas (administrativa engenharia

teacutecnica sauacutede e magisteacuterio) No que se refere aos cargos para a educaccedilatildeo destacamos 20 cargos para auxiliar de

disciplina 122 para professor da educaccedilatildeo baacutesica I 52 para professores da educaccedilatildeo baacutesica II (portuguecircs

matemaacutetica geografia histoacuteria ciecircncias ciecircncias da religiatildeo educaccedilatildeo fiacutesica inglecircs e artes) 22 para orientador

supervisor e psicopedagogo

23 2426 27 27 27

31 31

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

120

Graacutefico 2 Santana Nuacutemero de docentes atuando na rede municipal de ensino 2007-2014

Fonte SEMESantana ndash Elaborado pela autora

O nuacutemero de docentes50 no graacutefico 02 em atuaccedilatildeo nas escolas em 2007 era de 480

docentes e em 2009 eram de 593 o que reflete um aumento de quase 20 no nuacutemero de

docentes atuando nas escolas puacuteblicas municipais de Santana Eacute importante destacar que

principalmente nos anos de 2007 e 2008 haviam vaacuterios docentes contratados temporariamente

sem concurso puacuteblico atuando nas escolas municipais essa praacutetica ainda existe no municiacutepio

As matriacuteculas no municiacutepio de Santana ocorrem em escolas da rede estadual rede

municipal e no setor privado De acordo com a tabela 08 de uma forma geral a rede estadual

sempre teve uma forte influecircncia no municiacutepio concentrando a maior parte das matriacuteculas por

exemplo em 2014 absorveu 56 do universo de matriacuteculas no municiacutepio Jaacute a rede municipal

tinha sob sua responsabilidade 317 do nuacutemero de matriacuteculas registrado no municiacutepio e o

setor privado correspondia a 123 de matriacuteculas

50 Os nuacutemeros que compotildeem os docentes em atuaccedilatildeo nas escolas puacuteblicas satildeo de docentes concursados

contratados ou cedidos

480523

593 593 593 593 581 584

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

121

Tabela 08 ndash Santana Matriacuteculas na Educaccedilatildeo Baacutesica por esfera administrativa 2007-2014

Dependecircncia

NiacutevelModalidade 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

Rede Estadual

Ed Infantil (creche e preacute-escola) 1296 250 67 9 0 0 0 0

Ens Fund (anos iniciais) 6687 6746 6271 6069 5898 5672 4971 4405

Ensino Fund (anos finais) 6784 7063 7272 7726 7846 7816 7552 7470

Ensino Meacutedio 5708 5897 5922 5676 5294 5240 5003 5454

EJA (Ens Fund) 1584 1614 1676 1595 1710 1574 1302 46

EJA (Ens Meacutedio) 826 841 957 1085 1422 1335 0 0

Educaccedilatildeo Especial 141 172 229 181 281 343 330 347

Total 23026 22583 22394 22332 22451 21980 19158 17722

Rede Municipal

Ed Infantil (creche e preacute-escola) 1345 1933 2006 2023 2011 2577 3169 3201

Ens Fund (anos iniciais) 4078 4089 4429 4330 4432 4859 5253 5622

Ens Fund (anos finais) 1146 986 933 961 852 683 539 487

Ensino Meacutedio 0 0 0 0 0 0 0 0

EJA (Ens Fund) 709 641 581 583 596 633 549 528

EJA (Ens Meacutedio) 0 0 0 0 0 0 0 0

Ed Especial 81 89 111 118 140 163 155 201

Total 7359 7738 8060 8015 8031 8915 9665 10039

Setor Privado

Ed Infantil (creche e preacute-escola) 1936 1598 1560 1425 1558 1335 965 914

Ens Fund (anos iniciais) 1828 1678 1623 1601 1703 1473 1418 1446

Ens Fund (anos finais) 754 845 772 753 852 885 927 932

Ensino Meacutedio 488 408 383 376 434 451 435 404

EJA (Ens Fund) 144 59 134 137 91 48 15 35

EJA (Ens Meacutedio) 43 35 39 36 36 72 35 63

Ed Especial 101 04 09 118 128 139 129 110

Total 5294 4627 4520 4446 4802 4403 3924 3904

Fonte CENSOINEP (2014) ndash Elaborado pela autora

Inclui Educaccedilatildeo de Jovens e Adultos (EJA) presencial e semipresencial

Inclui os alunos de toda a educaccedilatildeo baacutesica e da EJA

A rede estadual mesmo tendo o maior nuacutemero de matriacuteculas vem reduzindo esse nuacutemero

a partir de 2013 quando principalmente natildeo ofertou a modalidade de Educaccedilatildeo de Jovens e

Adultos em niacutevel meacutedio Destacamos ainda a reduccedilatildeo em 2008 nas matriacuteculas na educaccedilatildeo

infantil e que em 2011 finalizou a oferta neste niacutevel de ensino O ensino fundamental (anos

iniciais) na rede estadual eacute responsaacutevel por 439 do total de matriacuteculas na rede puacuteblica

enquanto que a rede municipal absorveu 561 em 2014

A rede municipal a partir de 2008 vem aumentando o nuacutemero de matriacuteculas na educaccedilatildeo

infantil em decorrecircncia da municipalizaccedilatildeo e em 2011 eacute a responsaacutevel por toda a demanda da

educaccedilatildeo infantil puacuteblica Observou-se ainda a reduccedilatildeo nas matriacuteculas nos anos finais no ensino

fundamental que tambeacutem tinha sob sua responsabilidade em 2007 eram 1146 matriculas e em

122

2014 reduziu para 487 como podemos observar na tabela No setor privado as matriacuteculas

foram visivelmente reduzidas no decorrer do periacuteodo em estudo Somente no ensino

fundamental eacute que vem aumentando discretamente nos uacuteltimos 3 anos

O processo de municipalizaccedilatildeo iniciado em 2008 na educaccedilatildeo infantil e em 2009 no

ensino fundamental segue as orientaccedilotildees do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado

(PDRAE) que propotildee a passagem da administraccedilatildeo puacuteblica baseada em princiacutepios racionais-

burocraacuteticos Em que busca

() o fortalecimento das funccedilotildees de regulaccedilatildeo e de coordenaccedilatildeo do Estado

particularmente no niacutevel federal e a progressiva descentralizaccedilatildeo vertical para os

niacuteveis estadual e municipal das funccedilotildees executivas no campo da prestaccedilatildeo de serviccedilos

sociais e de infraestrutura (PDRAE 1995 p 18)

Nesse contexto descentralizar teria o objetivo de tornar a administraccedilatildeo puacuteblica mais

flexiacutevel e eficiente reduzindo custos e propiciando mais qualidade ao serviccedilo puacuteblico por meio

do gerencialismo tendo o governo federal o controle dos resultados das avaliaccedilotildees de

desempenho dos Estados e municiacutepios

No que se refere ao Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo (IDEB) apesar de

compreendermos que os dados numeacutericos registrados no IDEB natildeo revelam a qualidade da

aprendizagem os dados observados colocam o municiacutepio de Santana com uma evoluccedilatildeo no

ensino fundamental (anos iniciais) maior do que a rede estadual Eacute o que podemos constatar na

tabela 09 a seguir

Tabela 09 ndash SANTANA IDEB do Ensino Fundamental (anos iniciais) em relaccedilatildeo ao Estado

do Amapaacute e ao Brasil (2005-2013)

Esfera Ideb Observado Metas Projetadas

2005 2007 2009 2011 2013 2007 2009 2011 2013 2021

BRASIL 38 42 46 50 52 39 42 46 49 60

AMAPAacute 32 34 38 41 40 32 36 40 43 54

SANTANA 31 38 39 48 46 31 35 39 42 54

Fonte INEPMEC (2015)

Desde 2005 a meacutedia do IDEB nacional observado tem atingido as metas propostas Jaacute

em relaccedilatildeo ao estado do Amapaacute o IDEB estaacute bem aqueacutem em relaccedilatildeo agrave meacutedia nacional apesar

de ter evoluiacutedo e atingido as metas propostas nas avaliaccedilotildees dos anos de 2007 2009 e 2011 no

ano de 2013 a meacutedia do estado reduziu para 40 O municiacutepio de Santana mesmo natildeo atingindo

123

a meacutedia nacional possui um coeficiente superior ao do estado sendo o municiacutepio do estado

com melhor evoluccedilatildeo no IDEB o que atingiu todas as metas projetadas desde o ano de 2007

No entanto eacute preciso relativizar o resultado de tais indicadores pois eles natildeo representam de

fato a qualidade visto que esta eacute de difiacutecil mensuraccedilatildeo e pressupotildee muita complexidade

(PARO 2005)

Satildeo vaacuterios fatores que podem estar influenciando o alcance das metas do IDEB mas eacute

necessaacuterio realizar um estudo mais rigoroso para desvelar os motivos dessa evoluccedilatildeo O que

podemos adiantar eacute que as escolas da rede municipal receberam vaacuterios programas federais o

que possibilitou ajuda financeira para a rede atraveacutes de impostos e de repasses federais

inclusive recursos do Plano de Accedilotildees Articuladas que eacute o que apresentaremos a seguir

323 O financiamento da educaccedilatildeo na rede municipal de Santana

A anaacutelise da democratizaccedilatildeo da gestatildeo da educaccedilatildeo a partir do PAR requer que se

conheccedila as potencialidades de financiamento das accedilotildees educativas pois a viabilidade das accedilotildees

decorrentes do PAR soacute seraacute possiacutevel se houver financiamento compatiacutevel para tal Este item

visa avaliar as condiccedilotildees financeiras do municiacutepio de Santana no periacuteodo da pesquisa

A Carta Magna de 1988 em seu Artigo 212 estabelece os percentuais miacutenimos

necessaacuterios para custeio da educaccedilatildeo indicando que

A Uniatildeo aplicaraacute anualmente nunca menos de dezoito e os Estados o Distrito

Federal e os Municiacutepios vinte e cinco por cento no miacutenimo da receita resultante de

impostos compreendida a proveniente de transferecircncias na manutenccedilatildeo e

desenvolvimento do ensino (BRASIL 1998)

O artigo 212 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 ao estabelecer o percentual miacutenimo para

a manutenccedilatildeo e desenvolvimento do ensino reitera que esse montante natildeo pode ser menor nem

desviado para outras finalidades ou seja eacute uma verba vinculada protegida de qualquer disputa

poliacutetica e de outras necessidades emergenciais De acordo com a Constituiccedilatildeo de 1988 os

recursos para a manutenccedilatildeo do ensino satildeo provenientes das seguintes fontes a) Receitas

oriundas de impostos da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios b) Receitas

de transferecircncias constitucionais e outras transferecircncias c) Receitas do salaacuterio educaccedilatildeo e de

outras contribuiccedilotildees sociais d) Receitas de incentivos fiscais e outros recursos previstos em lei

124

Todavia as principais fontes de financiamento da educaccedilatildeo satildeo as receitas de impostos

e a contribuiccedilatildeo do salaacuterio educaccedilatildeo as quais juntas ldquorepresentam em termos de volume de

recursos e de regularidade a receita que tem financiado a expansatildeo e a qualificaccedilatildeo da educaccedilatildeo

puacuteblica no paiacutesrdquo (FARENZENA 2006 p 82) No caso do municiacutepio de Santana a arrecadaccedilatildeo

de impostos proacuteprios51 e os respectivos 25 que devem ser destinados ao financiamento da

educaccedilatildeo apresentaram os seguintes valores abaixo discriminados

Tabela 10 Santana Receitas de Impostos Proacuteprios (2007-2014)

Ano Total de Impostos 25 para Educaccedilatildeo

2007 459613833 114903450

2008 396271016 99067750

2009 554775786 138693925

2010 592155846 148038950

2011 633078892 158269700

2012 888456697 222114150

2013 951274674 237818650

2014 Fonte SIOPE Tabela Elaborada pala autora Nota1 Dados natildeo disponiacuteveis

Nota 2 Valores nominais

Os recursos para a educaccedilatildeo referentes aos 25 dos impostos proacuteprios do municiacutepio satildeo

relativamente pequenos considerando a totalidade das despesas com a educaccedilatildeo como se veraacute

mais adiante Ainda assim representam uma importante fonte de recursos para financiamento

da educaccedilatildeo municipal

O municiacutepio de Santana conta tambeacutem com as receitas do Fundo de Manutenccedilatildeo e

Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo

(FUNDEB)52 Os recursos dessa fonte satildeo provenientes de impostos e transferecircncias dos

estados municiacutepios e do Distrito Federal vinculados agrave educaccedilatildeo de acordo com o artigo 212

da Constituiccedilatildeo Federal que satildeo recolhidos pela Uniatildeo e redistribuiacutedos aos estados municiacutepios

e Distrito Federal proporcionalmente ao valor custo-aluno definido nacionalmente para o

financiamento de accedilotildees de manutenccedilatildeo e desenvolvimento da educaccedilatildeo baacutesica puacuteblica Do total

51 Os recursos proacuteprios satildeo o IPTU-Imposto Predial Territorial Urbano ISS-Imposto sobre Serviccedilos ITBI-Imposto

sobre Transmissatildeo de Bens Imoacuteveis IRRF-Imposto sobre a Renda dos Servidores Municipais

52 Criado pela Emenda Constitucional nordm 532006 e regulamentado pela Lei nordm 1149407 o FUNDEB eacute constituiacutedo

por 20 (vinte por cento) das receitas das seguintes fontes Fundo de Participaccedilatildeo dos Estados (FPE) Fundo de

Participaccedilatildeo dos Municiacutepios (FPM) Imposto sobre Circulaccedilatildeo de Mercadorias e Serviccedilos (ICMS) (incluindo os

recursos relativos agrave desoneraccedilatildeo de exportaccedilotildees de que trata a Lei Complementar nordm 8796) Imposto sobre

Produtos Industrializados proporcional agraves exportaccedilotildees (IPI- EXP) Imposto sobre Transmissatildeo Causa Mortis e

Doaccedilotildees de quaisquer bens ou direitos (ITCMD) Imposto sobre a Propriedade de Veiacuteculos Automotores (IPVA)

Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR) receitas da diacutevida ativa e de juros e multas incidentes sobre

as fontes citadas (GUTIERRES 2010)

125

dos recursos pelo menos 60 (sessenta por cento) devem ser direcionados para o pagamento

dos profissionais do magisteacuterio em efetivo exerciacutecio De 2007 a 2014 o municiacutepio

recebeu os seguintes valores do FUNDEB

Tabela 11 ndash Santana Receitas do FUNDEB (2007-2014)

Ano Valor Anual Complementaccedilatildeo

da Uniatildeo

Aplicaccedilatildeo

Financeira Total

2007 1109287221 0 845321 1110132542

2008 1492822529 0 920937 1493743466

2009 1612599591 0 0 1612599591

2010 1818239589 0 0 1818239589

2011 2164454715 0 0 2164454715

2012 2377015638 0 378076 2377393714

2013 2740767217 0 2448386 2743215603

2014 Fonte SIOPEFNDE ndash Organizado pela autora Nota 1 Os valores referente a 2014 natildeo estavam disponiacuteveis

para consulta no SIOPE Nota 2 valores nominais

Conforme as informaccedilotildees da tabela 11 o municiacutepio de Santana natildeo recebe receitas de

Complementaccedilatildeo da Uniatildeo Isso significa que os recursos redistribuiacutedos no acircmbito do Estado

satildeo suficientes para alcanccedilar o valor-aluno miacutenimo nacional estabelecido natildeo implicando assim

em complementaccedilatildeo da Uniatildeo53

Outra importante fonte de recursos para a educaccedilatildeo recebida pelo municiacutepio eacute o Salaacuterio

Educaccedilatildeo54 recolhido pelas empresas calculado com base na aliacutequota de 25 sobre o total de

remuneraccedilotildees pagas ou creditadas a qualquer tiacutetulo aos segurados empregados O FNDE tem

uma funccedilatildeo redistributiva55 da contribuiccedilatildeo social do salaacuterio-educaccedilatildeo A cota estadual e

53 O Estado do Amapaacute e seus municiacutepios vecircm sistematicamente alcanccedilando valores por aluno acima do valor

miacutenimo anual definido nacionalmente A Portaria interministerial nordm 11 de 30 de dezembro de 2015 por exemplo

definiu os valores anuais para 2016 na qual o valor para o ensino fundamental dos anos iniciais urbanas

considerado o paracircmetro para as demais etapas e modalidades foi estabelecido em RS273987 O estado do

Amapaacute alcanccedilou R$380396 por aluno nesta etapa da educaccedilatildeo baacutesica portanto bem acima do miacutenimo nacional

estabelecido 54 O Salaacuterio Educaccedilatildeo foi criado pela Lei nordm 4440 de 27101964 (MELCHIOR 1987) e sofreu diversas

modificaccedilotildees desde essa data Em dezembro de 2006 foi alterado pela EC nordm 53 e regulamentado pela Lei nordm

114572007 base de sua execuccedilatildeo atual 55Do montante arrecadado e apoacutes as deduccedilotildees previstas em lei (taxa de administraccedilatildeo dos valores arrecadados pela

Receita Federal do Brasil devoluccedilatildeo de receitas e outras) o restante eacute distribuiacutedo em cotas pelo FNDE observada

em 90 (noventa por cento) de seu valor a arrecadaccedilatildeo realizada em cada estado e no Distrito Federal da seguinte

forma A) cota federal ndash correspondente a 13 do montante dos recursos eacute destinada ao FNDE e aplicada no

financiamento de programas e projetos voltados para a educaccedilatildeo baacutesica de forma a propiciar a reduccedilatildeo dos

desniacuteveis soacutecio educacionais entre os municiacutepios e os estados brasileiros B) cota estadual e municipal ndash

correspondente a 23 do montante dos recursos eacute creditada mensal e automaticamente em favor das secretarias de

educaccedilatildeo dos estados do Distrito Federal e dos municiacutepios para o financiamento de programas projetos e accedilotildees

voltados para a educaccedilatildeo baacutesica Os 10 restantes do montante da arrecadaccedilatildeo do salaacuterio-educaccedilatildeo satildeo aplicados

pelo FNDE em programas projetos e accedilotildees voltados para a educaccedilatildeo baacutesica (Lei nordm 114572007)

126

municipal da contribuiccedilatildeo social do salaacuterio-educaccedilatildeo eacute integralmente redistribuiacuteda entre os

estados e seus municiacutepios de forma proporcional ao nuacutemero de alunos matriculados na

educaccedilatildeo baacutesica das respectivas redes de ensino apurado no censo escolar do exerciacutecio anterior

ao da distribuiccedilatildeo

Os demais programas do FNDE tais como Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo

Escolar (PNAE) Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) Programa Nacional de Apoio

ao Transporte do Escolar (PNATE) Programa Brasil Alfabetizado (PBA) e Programa Nacional

de Sauacutede do Escolar (PNSE) criados para contribuir para o acesso e a permanecircncia do aluno na

escola tambeacutem vem compondo as fontes de recursos para o ensino em Santana

O Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar (PNAE) eacute considerado o mais antigo

programa social brasileiro vinculado agrave educaccedilatildeo (BALABAN 2006) Ateacute o ano de 1998 o

Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar (PNAE) era gerenciado pela Fundaccedilatildeo de Apoio

ao Estudante ndash FAE A partir desse ano sua gestatildeo foi transferida para o Fundo Nacional de

Desenvolvimento da Educaccedilatildeo ndash FNDE por meio da Lei nordm 9649 de 27051999 que tambeacutem

extinguiu a FAE Atualmente o PNAE eacute coordenado nacionalmente pelo FNDE responsaacutevel

pelo repasse dos recursos financeiros para aquisiccedilatildeo de alimentos cabendo aos Estados e

Municiacutepios complementar estes recursos aleacutem de cobrir os custos operacionais (BRASIL

2000) O PNAE atende os alunos de toda a educaccedilatildeo baacutesica matriculados em escolas puacuteblicas

filantroacutepicas e em entidades comunitaacuterias (conveniadas com o poder puacuteblico) por meio da

transferecircncia de recursos financeiros

Conforme a Resoluccedilatildeo nordm 67 de 28 de dezembro de 2009 o valor repassado pela Uniatildeo

a Estados e Municiacutepios por dia letivo para cada aluno pelo PNAE eacute definido de acordo com a

etapa e modalidade de ensino Creches R$ 100 Preacute-escola R$ 050 Escolas indiacutegenas e

quilombolas R$ 060 Ensino fundamental meacutedio e educaccedilatildeo de jovens e adultos R$ 030

Ensino integral R$ 100 Alunos do Programa Mais Educaccedilatildeo R$ 090 alunos que frequentam

o Atendimento Educacional Especializado no contraturno R$ 050 Com a Resoluccedilatildeo nordm 8 de

14 de maio de 2012 o valor per capita da alimentaccedilatildeo escolar foi atualizado passando de R$

060 para R$ 100 entre os alunos matriculados nas creches e de R$ 030 para R$ 050 entre

os alunos matriculados no ensino fundamental A Lei nordm 119472009 que regulamenta o PNAE

estabelece a necessidade de ldquoparticipaccedilatildeo da comunidade no controle social no

acompanhamento das accedilotildees realizadas pelos Estados pelo Distrito Federal e pelos Municiacutepios

para garantir a oferta da alimentaccedilatildeo escolar saudaacutevel e adequadardquo (Art 2ordm II BRASIL 2009)

Balaban (2006) afirma que a partir da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 verificou-se a

adoccedilatildeo de praacuteticas democraacuteticas representativas e participativas surgiram entatildeo os conselhos

127

configurados como espaccedilos puacuteblicos de articulaccedilatildeo entre governo e sociedade Um exemplo

disso eacute o Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar (CAE) que eacute composto por entidades colegiadas

integradas por representantes dos diversos segmentos da sociedade definido em Lei Municipal

O PDDE56 foi criado em 1995 por meio da Resoluccedilatildeo nordm 12 de 10 de maio de 1995

(recebendo inicialmente o nome de PMDE ndash Programa de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento do

Ensino Fundamental)57 com o objetivo de cumprir a funccedilatildeo redistributiva da Uniatildeo aos sistemas

puacuteblicos de ensino de acordo com o disposto no artigo 211 da CF88 A partir de 1997 o

Programa passou a exigir a criaccedilatildeo de Unidades Executoras (UEx) entidades de direito privado

como condiccedilatildeo para o recebimento dos recursos diretamente pelas escolas De 2004 em diante

a exigecircncia era de que as escolas com mais de 50 alunos obrigatoriamente teriam que criar UEx

para participar do programa Ateacute o ano de 2008 o PDDE abrangia apenas as escolas puacuteblicas

de ensino fundamental com a ediccedilatildeo da Medida Provisoacuteria nordm 455 de 28 de janeiro2009

(transformada posteriormente na Lei nordm 11947 de 16 de junho de 2009) o programa foi

ampliado para toda a educaccedilatildeo baacutesica incluindo portanto ensino meacutedio e educaccedilatildeo infantil

Os recursos do PDDE destinam-se ldquoagrave cobertura de despesas de custeio manutenccedilatildeo e de

pequenos investimentos que concorram para a garantia do funcionamento e melhoria da

infraestrutura fiacutesica e pedagoacutegica dos estabelecimentos de ensinordquo (Art 23 da Lei nordm 11947

de 16 de junho de 2009) Os recursos podem ser repassados agraves Entidades Executoras ndash EEXs

no caso as prefeituras ou diretamente agraves escolas se estas tiverem constituiacutedo suas Unidades

Executoras ndash UEXs

O Ministeacuterio da Educaccedilatildeo executa atualmente dois programas voltados ao transporte de

estudantes o Caminho da Escola e o PNATE que visam atender alunos moradores da zona

rural O Programa Caminho da Escola foi criado pela Resoluccedilatildeo nordm 3 de 28 de marccedilo de 2007

Por meio deste programa o Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social

(BNDES) concede uma linha de creacutedito para a aquisiccedilatildeo de ocircnibus mini-ocircnibus e micro-ocircnibus

zero quilocircmetro e embarcaccedilotildees novas pelos Estados e Municiacutepios O Programa Nacional de

Apoio ao Transporte do Escolar - PNATE foi instituiacutedo pela Lei nordm 10880 de 9 de junho de

2004 com o objetivo de garantir o acesso e a permanecircncia dos alunos nos estabelecimentos

escolares do ensino fundamental puacuteblico residentes em aacuterea rural que utilizem transporte

56 Sobre esse programa eacute importante consultar uma publicaccedilatildeo do INEP da pesquisa intitulada ldquoPrograma Dinheiro

Direto na Escola uma proposta de redefiniccedilatildeo do papel do Estado na Educaccedilatildeo (2003-2005)rdquo que congregou os

Estado de SP PI PA MS e RS cujos resultados foram publicados pelo INEP em 2006 sob a coordenaccedilatildeo das

professoras Drordf Vera Maria Vidal Peroni e Drordf Thereza Adriatildeo 57Ateacute 1998 este programa denominou-se PMDE A denominaccedilatildeo Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE)

apareceu pela primeira vez com a Medida Provisoacuteria nordm 1784 de 14 de dezembro de 1998 e posteriormente com a

Medida Provisoacuteria nordm 2100shy32 de 24 de maio de 2001

128

escolar por meio de assistecircncia financeira em caraacuteter suplementar aos Estados Distrito

Federal e Municiacutepios O caacutelculo do montante de recursos financeiros destinados aos Estados

ao Distrito Federal e aos Municiacutepios tem como base o quantitativo de alunos da zona rural

transportados e a respectiva informaccedilatildeo acerca destes no censo escolar do ano anterior O valor

per capitaano varia entre R$ 12073 e R$ 17224 de acordo com a aacuterea rural do Municiacutepio a

populaccedilatildeo moradora do campo e a posiccedilatildeo do Municiacutepio na linha de pobreza (GUTIERRES

2015) O PNATE eacute monitorado diretamente pelo conselho do FUNDEB que analisa e fiscaliza

os gastos com o programa

O Programa Brasil Alfabetizado (PBA) foi criado pelo Decreto nordm 4834 de 08 de

setembro de 200358 com o objetivo de universalizaccedilatildeo da alfabetizaccedilatildeo de jovens e adultos de

quinze anos ou mais no paiacutes59 (GUTIERRES 2015)

Quanto ao Programa Nacional de Sauacutede Escolar (PSE) este tem como objetivo

ldquocontribuir para a formaccedilatildeo integral dos estudantes por meio de accedilotildees de promoccedilatildeo prevenccedilatildeo

e atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo (Art1ordm do Decreto nordm 62862007) com vistas ao enfrentamento das

vulnerabilidades que comprometem o pleno desenvolvimento de crianccedilas e jovens da rede

puacuteblica de ensino Dentre as accedilotildees passiacuteveis de serem financiadas por este programa destacam-

se

Art 4ordm As accedilotildees em sauacutede previstas no acircmbito do PSE consideraratildeo a atenccedilatildeo

promoccedilatildeo prevenccedilatildeo e assistecircncia e seratildeo desenvolvidas articuladamente com a rede

de educaccedilatildeo puacuteblica baacutesica e em conformidade com os princiacutepios e diretrizes do SUS

podendo compreender as seguintes accedilotildees entre outras I - avaliaccedilatildeo cliacutenica II -

avaliaccedilatildeo nutricional III - promoccedilatildeo da alimentaccedilatildeo saudaacutevel IV - avaliaccedilatildeo

oftalmoloacutegica V - avaliaccedilatildeo da sauacutede e higiene bucal VI - avaliaccedilatildeo auditiva VII -

avaliaccedilatildeo psicossocial VIII - atualizaccedilatildeo e controle do calendaacuterio vacinal IX -

reduccedilatildeo da morbimortalidade por acidentes e violecircncias X - prevenccedilatildeo e reduccedilatildeo do

consumo do aacutelcool XI - prevenccedilatildeo do uso de drogas XII - promoccedilatildeo da sauacutede sexual

e da sauacutede reprodutiva XIII - controle do tabagismo e outros fatores de risco de

cacircncer XIV - educaccedilatildeo permanente em sauacutede XV - atividade fiacutesica e sauacutede XVI -

promoccedilatildeo da cultura da prevenccedilatildeo no acircmbito escolar e XVII - inclusatildeo das temaacuteticas

de educaccedilatildeo em sauacutede no projeto poliacutetico pedagoacutegico das escolas (BRASIL 2007)

58 Esse decreto foi revogado pelo Decreto nordm 6093 de 24 de abril de 2007 atualmente em vigor 59 Esta natildeo foi a primeira iniciativa governamental neste sentido Em 1967 o governo militar lanccedilou o Movimento

Brasileiro de Alfabetizaccedilatildeo o MOBRAL atraveacutes da Lei Nordm 5379 de 15 de dezembro de 1967 No Governo de

Fernando Henrique Cardoso a sociedade foi convocada a se co-responsabilizar pela manutenccedilatildeo da EJA por meio

de parcerias estabelecidas pelo Programa Alfabetizaccedilatildeo Solidaacuteria (Alfa Sol Outro programa do Governo Federal

que visava o atendimento da EJA era o Projeto Recomeccedilo que foi criado em 2001 com o objetivo de dar maior

atendimento agrave populaccedilatildeo do Norte e Nordeste que acumulavam maior nuacutemero de pessoas analfabetas

(GUTIERRES 2015)

129

Os valores oriundos do Salaacuterio Educaccedilatildeo dos programas do FNDE (PNAE PDDE

PNATE PBA e PSE) recebidos pelo municiacutepio de Santana repassados para a prefeitura

municipal de 2007 a 2014 satildeo discriminados a seguir

Tabela 12 ndash Santana Receitas do Salaacuterio Educaccedilatildeo e de Programas do FNDE (2007-2014)

Ano Salaacuterio

Educaccedilatildeo PNAE PDDE PNATE PBA PSE

2007 16415179 37338400 126720 33326 52 1020000 1318600

2008 21769862 23785282 2712553 1723000

2009 23220460 49427860 267690 5455186 876000

2010 26559002 78761520 9969750 2960500

2011 33659670 78594000 9969750 2646500

2012 37685871 92398800 11643843

2013 50488456 105353200 7594146 3243273

2014 63533128 53101200 1493368 3277986

Fonte FNDE Nota 1 Tabela organizada pela autora Nota 2 Os valores indisponiacuteveis no site do FNDE Nota

2 valores nominais

As receitas do FNDE satildeo importantes como fontes complementares para a garantia do

direito agrave educaccedilatildeo No caso do Salaacuterio Educaccedilatildeo e do PNAE do PNATE e do PBA estes

constituiacuteram fluxo permanente ao longo do periacuteodo60 O PDDE foi repassado para a prefeitura

somente nos anos de 2007 e de 2009 visto que a partir de 2009 a maior parte das escolas

municipais jaacute haviam constituiacutedo suas Unidades Executoras ndash UEXs passando a receber

diretamente os recursos desse programa O Programa Sauacutede do Escolar (PSE) apresentou

recursos apenas no ano de 2007 Outras receitas tambeacutem chegaram ao municiacutepio por meio de

programas mais diretamente vinculados ao Plano de Accedilotildees Articuladas ndash PAR no periacuteodo de

2009 a 2014

Tabela 13 ndash Santana Receitas decorrentes do PAR 2009 - 2014

Programa 2009 2010 2011 2012 2013 2014

Caminho da

EscolaTransporte Aces 209970 331650 132000

Mobiliaacuterio Escolar (PAR) 193073

Infraestrutura Ed Baacutesica 1 385609

Proinfacircncia ndash Const Esc

Educ Infantil 581600 872400 3922052

Brasil Carinhoso 170960

Quadras de Esporte 304896

Projovem urbano 38760

Total 209730 331650 193073 581600 1004400 4436668 Fonte FNDE Tabela elaborada pela autora

60 Apenas no ano de 2012 natildeo constam informaccedilotildees sobre os recursos do Programa Brasil alfabetizado PBA para

o municiacutepio de Santana

130

O municiacutepio de Santana recebeu recursos dos seguintes programas em decorrecircncia do

PAR Caminho da Escola para aquisiccedilatildeo de ocircnibus Escolar recursos para mobiliaacuterio escolar e

infraestrutura da educaccedilatildeo baacutesica Proinfacircncia para construccedilatildeo de escolas de educaccedilatildeo Infantil

Brasil Carinhoso para construccedilatildeo de creches recursos para a construccedilatildeo de quadras esportivas

e referentes a programa Projovem urbano

O caminho da escola ou Transporte Acessiacutevel eacute uma accedilatildeo que segundo o MEC visa

promover a inclusatildeo escolar por meio da garantia das condiccedilotildees de acesso e permanecircncia na

escola apoiando agrave disponibilizaccedilatildeo de transporte escolar Para esse fim o municiacutepio de Santana

recebeu recursos em trecircs anos 2009 2010 e 2013 totalizando R$ 67362000 no periacuteodo Jaacute o

programa Mobiliaacuterio Escolar eacute uma accedilatildeo do FNDE que tem por objetivo renovar e padronizar

os mobiliaacuterios das escolas tendo o municiacutepio recebido o valor de R$19307300 no ano de

2011 Por meio do Programa Infraestrutura escolar que subsidia accedilotildees de construccedilatildeo de

escolas da educaccedilatildeo baacutesica o municiacutepio angariou R$ 138560900 O programa Proinfacircncia

que se destina agrave assistecircncia financeira aos municiacutepios para a construccedilatildeo reforma e aquisiccedilatildeo de

equipamentos e mobiliaacuterio para a educaccedilatildeo infantil foi o que mais propiciou recursos ao

municiacutepio de Santana Por meio dele a secretaria de educaccedilatildeo captou o valor de

R$537605200

O municiacutepio tambeacutem recebeu recursos do Programa Brasil Carinhoso que segundo a

Resoluccedilatildeo nordm 192014FNDEMEC tem o seu desenvolvimento integrado em vaacuterias vertentes e

uma delas eacute expandir a quantidade de matriacuteculas de crianccedilas entre 0 e 48 meses cujas famiacutelias

sejam beneficiaacuterias do Programa Bolsa Famiacutelia (PBF) em creches puacuteblicas ou conveniadas O

Programa consiste na transferecircncia automaacutetica de recursos financeiros sem necessidade de

convecircnio ou outro instrumento para custear despesas com manutenccedilatildeo e desenvolvimento da

educaccedilatildeo infantil contribuir com as accedilotildees de cuidado integral seguranccedila alimentar e

nutricional garantir o acesso e a permanecircncia da crianccedila na educaccedilatildeo infantil No caso de

Santana foram recebidos R$ 17096000 no ano de 2014 referente a 143 crianccedilas Para a accedilatildeo

Construccedilatildeo de quadras esportivas foram repassados R$ 30489600 de acordo com as

necessidades demonstradas pelo municiacutepio quando da elaboraccedilatildeo do PAR O programa

Projovem tem como objetivo elevar a escolaridade de jovens com idade entre 18 e 29 anos

que saibam ler e escrever e natildeo tenham concluiacutedo o ensino fundamental visando agrave conclusatildeo

desta etapa por meio da modalidade de Educaccedilatildeo de Jovens e Adultos integrada agrave qualificaccedilatildeo

profissional e o desenvolvimento de accedilotildees comunitaacuterias com exerciacutecio da cidadania na forma

de curso Para accedilotildees referentes ao cumprimento dos objetivos deste programa o municiacutepio

recebeu o valor de R$ 3876000 somente no ano de 2014

131

Para efeito de dimensionar os valores proporcionais de cada uma das fontes analisadas

vejamos os graacuteficos a seguir relativos ao ano de 2009 ano em que se aportaram os primeiros

recursos oriundos do PAR e o ano de 2013 visto que os recursos relativos ao ano de 2014 natildeo

foram informados no SIOPE

Graacutefico 3 SANTANA Receitas da Educaccedilatildeo em relaccedilatildeo as despesas com a funccedilatildeo educaccedilatildeo

- 2009

Fonte FNDE Graacutefico elaborado pela autora

Sem duacutevida a maior parte das receitas que mantem a educaccedilatildeo municipal de Santana

satildeo os oriundos do FUNDEB Em 2009 eles representaram 87 do total enquanto a segunda

maior fonte foram os recursos proacuteprios na base de 8 das receitas do ano As receitas relativas

aos Programas decorrentes do Plano de Accedilotildees Articuladas no ano de 2009 representavam 1

do total Todavia no ano de 2013 essa proporcionalidade sofreu ligeira alteraccedilatildeo como se pode

conferir no graacutefico a seguir

Recursos Proacuteprios 1386939

8

FUNDEB 16125995 87

Salaacuterio Educaccedilatildeo 232204

1

FNDE 560265 3

PAR 209730 1

Receitas da Educaccedilatildeo em Santana 2009

Recursos Proacuteprios FUNDEB Salaacuterio Educaccedilatildeo FNDE PAR

132

Graacutefico 4 SANTANA Receitas da Educaccedilatildeo em relaccedilatildeo as despesas com a funccedilatildeo educaccedilatildeo

- 2013

Fonte FNDE Graacutefico elaborado pela autora

Os recursos do FUNDEB passaram a representar 84 do total das receitas em educaccedilatildeo

em 2013 enquanto os do PAR passaram a representar 3 Houve tambeacutem aumento

proporcional dos recursos do FNDE e do Salaacuterio Educaccedilatildeo Como podemos perceber no

graacutefico eacute notoacuterio o montante de recursos destinados agrave educaccedilatildeo com um valor de mais de R$

27 milhotildees ao ano Jaacute os recursos do PAR correspondem a somente 3 do valor das receitas

do municiacutepio pouco mais de R$ 1 milhatildeo de reais Eacute importante tambeacutem deixar claro que os

recursos do PAR natildeo satildeo recursos a mais pois este natildeo recebe complementaccedilatildeo da Uniatildeo

As despesas com a funccedilatildeo educaccedilatildeo realizadas no periacuteodo da pesquisa nos mostram a

totalidade dos recursos gastos com a educaccedilatildeo no periacuteodo de 2007 a 2014 A tabela a seguir

demonstra o total dessas despesas bem como o valor gasto com cada sub-funccedilatildeo

Recursos Proacuteprios 2378186

7

FUNDEB 27432156 84

Salaacuterio Educaccedilatildeo 635331

2

FNDE 11619054

PAR 1004400 3

Receitas da Educaccedilatildeo em Santana 2013

Recursos Proacuteprios FUNDEB Salaacuterio Educaccedilatildeo FNDE PAR

133

Tabela 14 ndash Santana Despesas com a Funccedilatildeo Educaccedilatildeo (2007-2014)

Sub-

Funccedilotildees 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

EF 14910367 18487032 19191537 19707136 17957976 20624296 21804153

ES 1000 191125 2000 - - - -

EI 709597 435087 996814 5809173 8196777 9434598 13015450

EJA 5186 17361 292230 1176888 1387621 1429476 1261614

E Esp 16300 - 8551 - - - -

Outros 164151 215413 237968 270781 336596 389801 461471

Total 15806603 19346021 20729102 26963979 27878970 31878173 36542690

Fonte SIOPE Legenda EF ndash Ensino Fundamental ES ndash Educaccedilatildeo Superior EI ndash Educaccedilatildeo Infantil EJA ndash

Educaccedilatildeo de Jovens e Adultos EESP ndash Educaccedilatildeo Especial Outros gastos com educaccedilatildeo Baacutesica

Natildeo estava disponiacutevel no SIOPE as despesas do ano de 2014

Observa-se na tabela 14 que os maiores gastos foram realizados com a sub-funccedilatildeo

ensino fundamental que em todos os anos esteve acima de 50 Todavia tais gastos vecircm

diminuindo pois se em 2007 representava 9433 do total em 2014 representava apenas

5966 do montante dispendido em educaccedilatildeo Por outro lado os gastos com a educaccedilatildeo infantil

vecircm aumentando pois em 2007 eram apenas 44 do total e em 2014 passaram a representar

356 do total da funccedilatildeo educaccedilatildeo

Quanto agrave gestatildeo dos recursos observamos que o municiacutepio de Santana vem aplicando o

previsto na Constituiccedilatildeo Federal na manutenccedilatildeo e desenvolvimento do ensino na maioria dos

anos pois conforme a tabela 15 de 2007 a 2014 o miacutenimo aplicado foi de 25 exceto no ano

de 2007 quando essa taxa foi de apenas 1938

Tabela 15 Santana Miacutenimo de Aplicaccedilatildeo em MDE (2007-2014)

Ano ()

2007 1938

2008 2525

2009 2515

2010 3196

2011 2614

2012 2743

2013 2630

2014 Fonte SIOPE Tabela elaborada pela autora

Os dados tambeacutem revelam que o ano de 2014 foi muito criacutetico do ponto de vista

financeiro para o municiacutepio pois os dados estatildeo ausentes na base SIOPE Tais dados tem como

origem a Secretaria de Fazenda eacute possiacutevel que a prestaccedilatildeo de contas natildeo tenha sido realizada

naquele ano

134

Quanto agrave aplicaccedilatildeo do miacutenimo de 60 do FUNDEB com a remuneraccedilatildeo dos professores

previstos em Lei temos o seguinte quadro

Tabela 16 Santana Miacutenimo de Aplicaccedilatildeo do FUNDEB em Remuneraccedilatildeo de Professores

(2007-2014)

Ano Valor ()

2007 666079525 6963

2008 896246079 6091

2009 967559754 8959

2010 1090943753 9574

2011 1298672829 9622

2012 1426436228 9221

2013 1645929362 9448

2014 Fonte SIOPE Nota 1 Dados ausentes no SIOPE Tabela elaborada pela autora

De 2007 a 2013 apenas nos anos de 2007 o percentual foi proacuteximo de 60 Nos

demais anos foram de mais de 69 do total dos recursos Tal situaccedilatildeo requer aprofundamento

da pesquisa a fim de identificar as causas para as taxas elevadas Todavia como o municiacutepio

apresenta taxas muito baixas de arrecadaccedilatildeo proacutepria o municiacutepio de Santana manteacutem a

educaccedilatildeo basicamente com recursos do FUNDEB

Por fim cabe ressaltar no que se refere agrave gestatildeo financeira da educaccedilatildeo que os recursos

destinados agrave funccedilatildeo educaccedilatildeo sejam do FUNDEB ou de Programas ou Projetos ainda

continuam centralizados na Prefeitura Municipal e natildeo satildeo repassados ao oacutergatildeo responsaacutevel

pela gestatildeo da educaccedilatildeo no caso para a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo para que possa

executaacute-los de acordo com o seu planejamento Tal situaccedilatildeo contraria a perspectiva de

descentralizaccedilatildeo da gestatildeo dos recursos financeiros conforme preceitua a LDB em seu art 69

sect 5ordm e as poliacuteticas educacionais recentes Mas como o PAR tem interferido nessa dinacircmica de

gestatildeo educacional da rede municipal

33 O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS E A DIMENSAtildeO GESTAtildeO DA EDUCACcedilAtildeO

NA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE SANTANA (2007-2014)

O PDEPlano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo tem o Plano de Accedilotildees

Articuladas como a principal ferramenta de planejamento da educaccedilatildeo para a construccedilatildeo da

gestatildeo democraacutetica nos sistemas municipais de educaccedilatildeo

135

No municiacutepio de Santana o processo de implantaccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas teve

iniacutecio ainda em 2007 apoacutes a divulgaccedilatildeo dos resultados do Iacutendice de Desenvolvimento da

Educaccedilatildeo Baacutesica com as conversas e discussotildees sobre o Plano pois de acordo com a

coordenadora da eacutepoca

() quando foi jaacute em 2007 natildeo demorou muito para eles virem ateacute Santana foi logo

apoacutes os resultados do IDEB uma equipe do MEC e nos orientar natildeo fazia muito

tempo que tiacutenhamos realizado o planejamento estrateacutegico do municiacutepio eles nos

orientaram como deveriacuteamos proceder para o planejamento estrateacutegico e a colocaccedilatildeo

das informaccedilotildees na plataforma do SIMEC para noacutes natildeo foi difiacutecil pois jaacute tiacutenhamos

acabado de realizar nosso planejamento entatildeo foi praticamente transferir as

informaccedilotildees para a plataforma (Coordenaccedilatildeo do 1ordm PAR)

O municiacutepio de Santana atingiu as metas previstas pelo IDEB jaacute em 2007 e mesmo

assim estava nos registros do MEC como um dos municiacutepios prioritaacuterios para a visita da equipe

do MEC e a implantaccedilatildeo do Compromisso Dessa forma logo apoacutes o lanccedilamento do Decreto

nordm 60942007 se observou que grande parte dos municiacutepios brasileiros assinaram o Termo de

Adesatildeo independente de atingir ou natildeo as metas do IDEB e no municiacutepio de Santana a

coordenadora do PAR no periacuteodo da implantaccedilatildeo afirma ldquonoacutes natildeo tivemos escolha foi uma

imposiccedilatildeo do MEC para que implantaacutessemos e realizaacutessemos o preenchimento das informaccedilotildees

no sistemardquo (Coordenadora do 1ordm PAR)

O Termo de Cooperaccedilatildeo Teacutecnica entre a Prefeitura Municipal de Santana e o MEC

previa o prazo de 4 anos a partir da data da sua assinatura que foi em 2009 ldquocom possibilidade

de prorrogaccedilatildeo por igual ou inferior periacuteodo podendo ser rescindido por iniciativa de qualquer

das partes ()rdquo(MEC 2009 p2) Acerca do Termo de Compromisso e do periacuteodo de

prorrogaccedilatildeo do PAR as Coordenadoras entrevistadas natildeo souberam informar ou natildeo

lembravam

Durante o periacuteodo de levantamento documental da pesquisa tratamos os dados a partir

dos dois ciclos de planejamento do Plano de Accedilotildees Articuladas no municiacutepio Nessa pesquisa

utilizamos o Termo de Cooperaccedilatildeo Teacutecnica Nordm 23456 o planejamento estrateacutegico do municiacutepio

e a siacutentese do diagnoacutestico dos indicadores do municiacutepio

Os dados relativos ao 1ordm PAR do municiacutepio natildeo foram localizados nem nos arquivos

fiacutesicos da SEME e nem na Coordenaccedilatildeo do PAR poreacutem durante as visitas aos sujeitos

entrevistados eacute que conseguimos coletar alguns dados relativos ao 1ordm PAR o que ajudou na

construccedilatildeo da anaacutelise da historicidade do PAR em Santana As entrevistas viabilizaram

136

esclarecimentos e complementaccedilatildeo de informaccedilotildees sobre o 1ordm PAR e assim encontramos a

seguinte declaraccedilatildeo sobre o processo de elaboraccedilatildeo do 1ordm PAR

O primeiro PAR ocorreu de forma muito apressada sem uma discussatildeo com os

participantes da rede municipal de ensino Recebemos uma equipe do MEC que

orientou a elaboraccedilatildeo e disse como deveriacuteamos preencher na plataforma Natildeo foi

muito discutido ateacute porque natildeo tiacutenhamos alguns conselhos implantados mas foi

elaborado pelos setores da SEME (Coordenadora do 1ordm PAR)

Foi um lsquodiagnoacutestico de gabinetersquo em muitos indicadores as pontuaccedilotildees foram 1 e 2

devido natildeo ter a documentaccedilatildeo organizada regimento frequecircncia na reuniatildeo dos

conselhos atas ou que ainda estavam em fase de criaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo como eacute o caso

do PME (Coordenadora do 2ordm PAR)

A equipe teacutecnica local do 1ordm PAR foi composta por quinze membros sendo um

dirigente municipal oito representantes dos teacutecnicos da SEME dois representantes dos

professores um representante dos supervisores escolares um representante do quadro teacutecnico-

administrativo um representante do conselho escolar e um representante do conselho municipal

de educaccedilatildeo

O diagnoacutestico da educaccedilatildeo municipal relativo ao 2ordm PAR para o ciclo de 2011 a 2014

foi realizado pela equipe local composta pelos mesmos membros que compuseram a equipe do

1ordm PAR municipal e foi enviado ao MEC no dia 30092011 Poreacutem segundo a Coordenaccedilatildeo

do 2ordm PAR o Plano de Trabalho com as sub-accedilotildees foram enviadas para anaacutelise do MEC

posteriormente em 10092012 isto eacute quase um ano depois Segundo a coordenadora do 2ordm

PAR

Essa demora no envio para a elaboraccedilatildeo do Plano de Trabalho se deu devido agrave

dimensatildeo 4 infraestrutura ldquoque requeria informaccedilotildees adicionais de engenheiros

topoacutegrafos legalizaccedilatildeo e doaccedilatildeo de terrenos para a construccedilatildeo de escolas e creches

para o municiacutepio (Coordenadora do 2ordm PAR)

Observamos que os periacuteodos de planejamento no 1ordm e 2ordm PAR natildeo correspondem aos

periacuteodos orientados pelo MEC que seria 2007 a 2010 e de 2011 a 2014 Existe um lapso

temporal entre o planejamento e a execuccedilatildeo do PAR a assinatura do termo de compromisso e

os ciclos de duraccedilatildeo do PAR no municiacutepio Entretanto o manual de orientaccedilotildees do PAR (2011-

2014) afirma que esse planejamento eacute voluntaacuterio e natildeo haacute exigecircncia quanto ao cumprimento de

prazos

137

A adesatildeo ao Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo assinada pelos

municiacutepios estados e Distrito Federal ocorreu de forma voluntaacuteria e foi realizada

por todos os entes federados () Sendo uma accedilatildeo voluntaacuteria o Ministeacuterio da

Educaccedilatildeo natildeo estabelece prazos para elaboraccedilatildeo e conclusatildeo do PAR no sistema

Eacute de interesse dos municiacutepios estados e Distrito Federal terem o PAR elaborado e

enviado para anaacutelise do MECFNDE no SIMEC uma vez que a partir do Decreto No

6094 de 24 de abril de 2007 as accedilotildees de assistecircncia teacutecnica e financeira (apoio

suplementar e voluntaacuterio) do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo seratildeo norteadas pela adesatildeo ao

Plano de Metas e elaboraccedilatildeo do PAR no SIMEC O PAR seraacute base para termo de

convecircnio ou de cooperaccedilatildeo firmado entre o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e o ente apoiado

(MECPAR 2011 p 40 grifos nossos)

As praacuteticas dos teacutecnicos do MEC tecircm se apresentado contraditoacuterias ao seu discurso

quando afirmam em seus documentos oficiais ser ldquovoluntaacuteriardquo a adesatildeo do municiacutepio ao

PDEPlano de Metas Entretanto na praacutetica o que ocorre eacute quase uma imposiccedilatildeo aos municiacutepios

para a implantaccedilatildeo do PAR visto que condiciona o financiamento de algumas accedilotildees agrave adesatildeo

ao PAR A Lei nordm 126952012 define as quatro dimensotildees abrangidas pelo PAR passiveis de

serem financiadas ou receberem apoio teacutecnico do MEC sendo elas

Art 2o - O PAR seraacute elaborado pelos entes federados e pactuado com o Ministeacuterio da

Educaccedilatildeo a partir das accedilotildees programas e atividades definidas pelo Comitecirc

Estrateacutegico do PAR de que trata o art 3o [] sect 1o A elaboraccedilatildeo do PAR seraacute

precedida de um diagnoacutestico da situaccedilatildeo educacional estruturado em 4 (quatro)

dimensotildees []I - gestatildeo educacional []II - formaccedilatildeo de profissionais de

educaccedilatildeo []III - praacuteticas pedagoacutegicas e avaliaccedilatildeo [] IV -infraestrutura fiacutesica e

recursos pedagoacutegicos (BRASIL 2012)

Aleacutem disso os resultados do IDEB por parte do MEC refletem as condiccedilotildees para o

financiamento das accedilotildees como que alertam Adriatildeo e Garcia (2008 p 792) quando afirmam que

a adesatildeo ao Compromisso pode reduzir ldquoos processos pedagoacutegicos ao preparo para os exames

externos considerando-se que os resultados das avaliaccedilotildees concorreratildeo para o aumento dos

recursosrdquo

A ideia da poliacutetica do planejamento multidimensional e articulado com os entes

federados eacute interessante com a intermediaccedilatildeo das universidades e outras organizaccedilotildees

educacionais como a UNDIME e sindicatos educacionais auxiliam na implantaccedilatildeo da poliacutetica

e a prioridade na alocaccedilatildeo dos recursos sem interferecircncias poliacutetico-partidaacuterias Para Luce e

Farenzena (2007 p 11) a poliacutetica do MEC se caracteriza como uma ldquodescentralizaccedilatildeo

convergenterdquo levando em consideraccedilatildeo a prestaccedilatildeo de contas dos entes que aderem ao

Compromisso ou ainda tambeacutem pode ser caracterizada como uma descentralizaccedilatildeo

138

monitorada considerando a exigecircncia de um Planejamento de Accedilotildees Articuladas (PAR) e pela

existecircncia do IDEB em que eacute tomado como medida de avaliaccedilatildeo das accedilotildees que foram ou natildeo

realizadas Dessa forma os discursos da descentralizaccedilatildeo e da autonomia dos entes federados

entram em contradiccedilatildeo quanto a implantaccedilatildeo dessa poliacutetica

O Relatoacuterio Puacuteblico da siacutentese do diagnoacutestico do 1ordm PAR no municiacutepio de SantanaAP

nos indica a situaccedilatildeo de cada dimensatildeo conforme a avaliaccedilatildeo da equipe teacutecnica local por ocasiatildeo

da elaboraccedilatildeo do PAR A tabela 16 nos demonstra tal situaccedilatildeo

Tabela 17 Santana Siacutentese das pontuaccedilotildees das Dimensotildees do 1ordm PAR

Dimensotildees Pontuaccedilotildees

Total 4 3 2 1 na

1Gestatildeo Educacional 0 6 6 7 1 20

2 Formaccedilatildeo de Professores e de

Profissionais de Serviccedilos e Apoio Escolar 1 2 1 6 0 10

3 Praacuteticas Pedagoacutegicas e Avaliaccedilatildeo 1 3 2 2 0 08

4 Infraestrutura Fiacutesica e Recursos

Pedagoacutegicos 0 1 8 5 0 13

Total 2 12 17 20 1 52 Fonte SIMECMEC (2009)

De acordo com a tabela 16 o municiacutepio de Santana recebeu maior nuacutemero de pontuaccedilatildeo

1 e 2 que totalizam 71 do total de indicadores o que demonstra que haacute na rede uma situaccedilatildeo

mais para ruim do que boa As dimensotildees Gestatildeo Educacional e Infraestrutura Fiacutesica e Recursos

Pedagoacutegicos foram as responsaacuteveis pelo maior nuacutemero de pontuaccedilotildees 1 e 2 revelando estar

nessas dimensotildees as maiores fragilidades As pontuaccedilotildees 3 e 4 que representam uma situaccedilatildeo

boa ou oacutetima poreacutem correspondem apenas a 269 dos indicadores do 1ordm PAR

Em relaccedilatildeo agrave dimensatildeo da Gestatildeo Educacional 30 dos indicadores receberam

pontuaccedilatildeo 3 que eacute considerada boa segundo a avaliaccedilatildeo do MEC E 70 das pontuaccedilotildees da

gestatildeo foram 1 ou 2 o que expressa uma situaccedilatildeo insatisfatoacuteria

A elaboraccedilatildeo do 2ordm Plano de Accedilotildees Articuladas no municiacutepio de Santana ciclo 2011 a

2014 foi realizado no 2ordm semestre de 2011 com a participaccedilatildeo da equipe local

Segundo informaccedilotildees dos entrevistados a elaboraccedilatildeo do 2ordm PAR

Foi feita atraveacutes de reuniatildeo da equipe local envolvendo vaacuterios segmentos entre eles

a secretaacuteria diretores de todos os departamentos representantes de professores tanto

da zona rural como da urbana pedagogos da zona rural e urbana representantes de

diretores representantes de conselho escolar e representantes do conselho municipal

de educaccedilatildeo noacutes tivemos toda essa equipe reunidas 3 vezes por semana tanto de manhatilde

como a tarde onde eram feitos diagnoacutesticos e anaacutelise (Coordenadora do 2ordm PAR)

139

A siacutentese dos resultados do diagnoacutestico do 2ordm PAR realizado pela equipe local do

municiacutepio estaacute disponiacutevel na tabela 18 a seguir

Tabela 18 Santana Siacutentese das pontuaccedilotildees das Dimensotildees do 2ordm PAR

Dimensotildees Pontuaccedilotildees

4 3 2 1 na Total

1Gestatildeo Educacional 0 9 16 3 0 28

2 Formaccedilatildeo de Professores e de

Profissionais de Serviccedilos e Apoio Escolar 0 7 5 4 1 17

3 Praacuteticas Pedagoacutegicas e Avaliaccedilatildeo 0 9 5 1 0 15

4 Infraestrutura Fiacutesica e Recursos

Pedagoacutegicos 0 0 14 8 0 22

Total 0 25 40 16 1 82 Fonte SIMECMEC (2015)

Como podemos analisar na tabela 18 nenhum indicador recebeu a pontuaccedilatildeo 4 Quase

50 dos indicadores obtiveram a pontuaccedilatildeo 2 se somarmos as pontuaccedilotildees 1 e 2 obteremos um

total de 682 de indicadores o que descreve uma situaccedilatildeo insuficiente e por isso aponta mais

aspectos negativos e de situaccedilatildeo criacutetica ao municiacutepio As dimensotildees gestatildeo educacional e

infraestrutura fiacutesica e recursos pedagoacutegicos tem sido os principais responsaacuteveis pela situaccedilatildeo

insuficiente

E se comparamos o 1ordm e 2ordm diagnoacutestico do PAR em um panorama geral podemos

perceber que 71 das pontuaccedilotildees 1 e 2 estatildeo no 1ordm PAR e no 2ordm PAR satildeo 682 isto eacute houve

uma quase insignificante alteraccedilatildeo na situaccedilatildeo do municiacutepio em relaccedilatildeo aos indicadores

Inclusive 2 indicadores que demonstravam pontuaccedilatildeo 4 no 1ordm PAR natildeo mais apareceram no 2ordm

PAR

Em relaccedilatildeo agrave dimensatildeo Gestatildeo Educacional no 2ordm PAR 678 dos indicadores

apresentaram-se com insatisfatoacuterios ou criacuteticos Se comparados ao 1ordm PAR em que 70 dos

indicadores tambeacutem foram pontuados como insatisfatoacuterios ou criacuteticos observa-se que nessa

dimensatildeo teve uma quase insignificante evoluccedilatildeo de 22 a mais

No que se refere ainda a baixa pontuaccedilatildeo de indicadores de Infraestrutura Fiacutesica e

Recursos Pedagoacutegicos no 1ordm e 2ordm PAR pudemos identificar atraveacutes dos termos de compromisso

(Extrato de execuccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas - PAR) disponiacuteveis em consulta puacuteblica

no SIMEC (2015) planejamento para investimentos nessa dimensatildeo (4) em indicadores da

aacuterea 2 sendo

a) seis termos de compromisso relativos a compra de mobiliaacuterio equipamentos e materiais

didaacuteticos e pedagoacutegicos (accedilotildees e sub-accedilotildees do indicador 4211)

140

b) um termo de compromisso de infraestrutura (reforma) de unidades escolares que ofertam EF

na zona urbana (accedilotildees e sub-accedilotildees do indicador - 425emenda parlamentar)

c) aquisiccedilatildeo de nove ocircnibus escolares (accedilotildees e sub-accedilotildees do indicador - 4212)

d) quatro escolas comtempladas com construccedilatildeoampliaccedilatildeo de salas de aula para a educaccedilatildeo do

campo indiacutegena ou quilombola (accedilotildees e sub-accedilotildees do indicador 4210)

e) duas escolas comtempladas com construccedilatildeoampliaccedilatildeo de salas de aula de EF na zona urbana

(accedilotildees e sub-accedilotildees do indicador 429) (MECPAR 2015)

A coordenadora do 2ordm PAR afirma que ldquoo prefeito natildeo tinha a noccedilatildeo do que era o PAR

quando ele soube que era para receber recursos toda a atenccedilatildeo comeccedilou a ser dada para a

elaboraccedilatildeo do PARrdquo Natildeo obstante os recursos decorrentes do PAR considerando a totalidade

das receitas para com o financiamento da funccedilatildeo educaccedilatildeo no municiacutepio satildeo iacutenfimos conforme

jaacute demonstramos anteriormente Para o ano de 2009 representou 1 e em 2013 apenas 3 do

total das receitas

O que tambeacutem temos observado eacute que muitos dos recursos que foram alocados ainda no

1ordm PAR foram prorrogados e estatildeo em execuccedilatildeo e natildeo foram ainda concluiacutedos por parte do

municiacutepio como eacute o caso daqueles destinados agrave construccedilatildeo de creches Mas quais as

implicaccedilotildees do PAR para a democratizaccedilatildeo da gestatildeo A anaacutelise dos principais indicadores a

seguir nos daraacute pistas a esse respeito

34 OS INDICADORES DA GESTAtildeO DEMOCRAacuteTICA DO PLANO DE ACcedilOtildeES

ARTICULADAS NA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE SANTANA (2007-2014)

Os indicadores de gestatildeo democraacutetica no 1ordm e 2ordm PAR que satildeo objetos desse estudo satildeo

seis Conselho Escolar Conselho Municipal de Educaccedilatildeo Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar

Comitecirc Local do Compromisso Conselho do FUNDEB e Criteacuterios para a escolha de Diretores

A pontuaccedilatildeo que revela o diagnoacutestico da situaccedilatildeo a respeito de cada indicador realizado

por ocasiatildeo do 1ordm PAR (2007) e do 2ordm PAR (2011) demonstrada a seguir nos subsidiaraacute a anaacutelise

da evoluccedilatildeo do desenvolvimento das condiccedilotildees de democratizaccedilatildeo da gestatildeo em Santana

Quadro 10 ndash Santana Pontuaccedilatildeo dos indicadores de gestatildeo democraacutetica no 1ordm e 2ordm PAR

PAR CE CME CAE Comitecirc

Local

Conselho do

FUNDEB

Criteacuterios para a Escolha

de Diretores

1ordm PAR

(2007-2010) 3 1 1 1

2ordm PAR

(2011-2014) 3 3 2 1 2 3

Fonte SIMEC ndash Elaborado pela autora Nota 1 Indicador ausente no 1ordm PAR Nota 2 No 2ordm PAR

esse indicador foi remanejado para a Dimensatildeo Gestatildeo de Pessoas

141

No quadro 10 o diagnoacutestico situacional da gestatildeo democraacutetica da educaccedilatildeo no

municiacutepio de Santana informado pela SEME indicou que no 1ordm PAR dos quatro indicadores

analisados61 em trecircs deles (Existecircncia e funcionamento de CME Existecircncia e funcionamento

do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar e Criteacuterios para escolha de diretores) a pontuaccedilatildeo

atribuiacuteda foi 1 o que demonstra uma situaccedilatildeo muito criacutetica revelando aspectos negativos

Apenas um indicador foi diagnosticado com a pontuaccedilatildeo 3 (Existecircncia e funcionamento de

Conselho escolar) que descreve uma situaccedilatildeo satisfatoacuteria Jaacute no 2ordm PAR dos seis indicadores

analisados trecircs indicadores receberam a pontuaccedilatildeo 3 (Existecircncia e funcionamento de Conselho

escolar Existecircncia e funcionamento de CME e Criteacuterios para escolha de diretores) dois

indicadores receberam pontuaccedilatildeo 2 (Existecircncia e funcionamento do Conselho de Alimentaccedilatildeo

Escolar e Existecircncia e funcionamento do Conselho do FUNDEB) Apenas o Escolar um

indicador recebeu pontuaccedilatildeo 1 (Comitecirc Local)

Essa situaccedilatildeo deveraacute ser analisada mais detalhadamente em cada indicador nos itens a

seguir na perspectiva de compreender as implicaccedilotildees do PAR para a democratizaccedilatildeo da gestatildeo

por meio da anaacutelise do funcionamento de cada um desses indicadores no acircmbito da rede

municipal

341 Existecircncia composiccedilatildeo e funcionamento dos Conselhos Escolares (CE)

O municiacutepio de Santana desde 1994 jaacute dispotildee da sua lei especiacutefica Nordm 15394 que trata

sobre a criaccedilatildeo do Conselho Escolar nos estabelecimentos do sistema municipal de ensino A

existecircncia de Conselhos Escolares na rede municipal de Santana eacute tambeacutem mencionada na Lei

Orgacircnica do Municiacutepio promulgada em 1992 revisada e atualizada no ano de 2000 em seu

art 159 e 160 define as funccedilotildees do CE e a elaboraccedilatildeo de um regimento da escola que seja

participativo

Art 159 ndash As escolas puacuteblicas municipais contaratildeo com conselhos escolares

constituiacutedos pela direccedilatildeo da escola e representantes dos segmentos da comunidade

escolar com funccedilotildees consultiva deliberativa e fiscalizadora na forma da Lei

Art 160 ndash Os estabelecimentos de ensino deveratildeo ter um regimento elaborado pela

Comunidade Escolar homologado pelo conselho da escola e submetido a posterior

aprovaccedilatildeo do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (SANTANA 2000 p 34)

Entretanto a rede municipal justificou que possui escolas que natildeo tem os Conselhos

Escolares constituiacutedos principalmente ldquoporque ainda tem funcionaacuterios do contrato

administrativo ou seja natildeo satildeo efetivos e esta eacute uma das exigecircncias conforme o estatuto do

61Dos seis indicadores focalizados neste trabalho dois deles natildeo constavam no primeiro PAR (o Comitecirc Local e

Conselho do FUNDEB)

142

conselho escolarrdquo (Conselheira do CE - governamental) Como podemos analisar ainda haacute

funcionaacuterios puacuteblicos admitidos por contratos administrativos sem estabilidade no cargo e sem

passar por provas e tiacutetulos

Os Conselhos Escolares satildeo de grande importacircncia por serem os incentivadores da

participaccedilatildeo contribuindo para a construccedilatildeo de uma cultura democraacutetica que rompa com a

loacutegica do poder centralizador das decisotildees de um pequeno grupo estimulando assim um local

de exerciacutecio contiacutenuo e cotidiano do diaacutelogo e da negociaccedilatildeo ldquoum espaccedilo de aprendizagem

participativa democraacutetica e de empowerment de seus componentes () que se desenvolvem

como construccedilatildeo da comunidade escolar a democracia estaraacute sendo construiacuteda ativamente e

vivenciada em processos concretosrdquo (WERLE 2003 p 11)

A composiccedilatildeo do Conselho Escolar no municiacutepio de Santana eacute de 9 (nove) conselheiros

sendo um titular e um suplente de cada segmento da comunidade escolar O diretor da Unidade

Escolar eacute membro ldquonatordquo e natildeo passa por eleiccedilatildeo tendo sua participaccedilatildeo garantida no CE mas

natildeo poderaacute ser o presidente (SANTANA 2000) No instante em que a uma legislaccedilatildeo daacute

poderes a integrantes dos Conselhos natildeo passarem por eleiccedilatildeo estatildeo utilizando de

procedimentos antidemocraacuteticos visto que os conselhos representam a participaccedilatildeo nas

discussotildees e o poder de tomar decisotildees

Nesse caso os direitos civis de uma comunidade em que envolve a efetiva participaccedilatildeo

com engajamento nas questotildees de interesse puacuteblico envolve tambeacutem igualdade poliacutetica entre

todos os participantes participaccedilatildeo ativa toleracircncia voluntariedade e o espaccedilo deve ser

propiacutecio para concordar ou discordar dos pontos de vista propostos sem constrangimento

passividade ou imposiccedilotildees

O quadro 11 apresenta o diagnoacutestico realizado pela equipe local do municiacutepio quanto

ao indicador ldquoExistecircncia de Conselhos Escolares (CE)rdquo no 1ordm e 2ordm PAR

Quadro 11 - SANTANA Diagnoacutestico do Indicador Conselho Escolar

PAR Indicador Pontuaccedilatildeo

1ordf versatildeo do PAR

(2007-2010) Existecircncia de Conselhos Escolares 3

2ordf versatildeo do PAR

(2011-2014)

Existecircncia e funcionamento de

Conselhos Escolares 3

Fonte SIMEC ndash Elaborado pela autora

De acordo com o quadro 11 o indicador ldquoExistecircncia de Conselhos Escolaresrdquo no 1ordm PAR

(2007-2010) recebeu a pontuaccedilatildeo 3 o que de acordo com as convenccedilotildees do MEC significa

que haacute conselhos escolares atuantes em pelo menos 50 das escolas da rede que a secretaria

143

sugeria e orientava a implantaccedilatildeo dos CE e que as escolas da rede em parte se mobilizavam

para implantar CE

No 2ordm PAR (2011-2014) o indicador ldquoExistecircncia e funcionamento de Conselhos

Escolaresrdquo por ocasiatildeo da pontuaccedilatildeo 3 gerou cinco sub-accedilotildees a serem realizadas pela SEME

como

a) qualificar os teacutecnicos da SEME que satildeo responsaacuteveis pela implantaccedilatildeo e

fortalecimento dos conselhos escolares b) instituir um grupo articulador de

criaccedilatildeo e fortalecimento dos conselhos escolares e de outros documentos

relacionados a gestatildeo democraacutetica da escola c) sensibilizar a comunidade escolar

e local dentre eles pais professores diretores escolares demais funcionaacuterios da

escola e comunidade sobre a importacircncia da gestatildeo democraacutetica na escola e

mobilizaacute-la para a implantaccedilatildeo do conselho escolar onde ele natildeo existir e)

monitorar e apoiar a atuaccedilatildeo dos conselhos na rede de ensino f) incentivar a

integraccedilatildeo entre os conselhos escolares (PAR 2011-2014)

b)

Segundo uma entrevistada integrante do Conselho Escolar que faz parte da equipe de

fortalecimento dos conselhos escolares as sub-accedilotildees que se referem ao monitoramento e apoio

aos conselhos escolares bem como a integraccedilatildeo entre eles natildeo ocorreram

Quando perguntamos agrave Conselheira sobre a existecircncia implantaccedilatildeo e funcionamento

dos CE na rede municipal de ensino ela assim descreveu o processo

90 das escolas tecircm Conselhos Escolares implantados por que as mesmas trabalham

com caixas escolares e os representantes do caixa escolar satildeo eleitos dentro da

composiccedilatildeo do Conselho Escolar Ficando entendido que o caixa escolar eacute o oacutergatildeo

que trabalha com o recurso financeiro da unidade escolar e eacute tirado de dentro da

composiccedilatildeo do Conselho Escolar () na implantaccedilatildeo dos conselhos escolares a SEME

vem para as escolas faz uma assembleia sensibiliza todos os envolvidos na escola e

mostra o que eacute o conselho qual a funccedilatildeo do conselho mostra o que pode e o que natildeo

pode fazer orienta de acordo com as leis e orientamos que faccedilam as assembleias por

segmento Eacute assim que orientamos (Conselheira Escolar)

No que diz respeito ao funcionamento dos Conselhos Escolares a conselheira avalia que

A implantaccedilatildeo eacute uma beleza jaacute o funcionamento eacute uma dificuldade pois a gente

percebe que haacute uma negaccedilatildeo Os proacuteprios pais dizem que o conselho escolar natildeo

funciona ou natildeo tem tempo de participar Os Caixas escolares as pessoas tecircm medo

de se envolverem com as questotildees financeiras e natildeo querem participar (Conselheira

Escolar)

Como podemos perceber na fala da entrevistada os conselhos satildeo implantados

principalmente por ser uma exigecircncia da Uniatildeo para a composiccedilatildeo dos caixas escolares pois

somente dessa forma as escolas teratildeo acesso aos recursos Sendo que o Conselho Escolar pode

exercer tambeacutem a funccedilatildeo de Unidade Executora (UEx) responsaacutevel por receber os recursos

do PDDE (Programa Dinheiro Direto na Escola) Mas sua atuaccedilatildeo natildeo deve se restringir apenas

agraves accedilotildees financeiras Outro aspecto interessante diz respeito ao fato de que quando o conselho

144

escolar natildeo exerce a funccedilatildeo de Unidade Executora natildeo haacute necessidade de registraacute-lo em

cartoacuterio Mas mesmo natildeo sendo a Unidade Executora o conselho escolar deve participar do

planejamento e da execuccedilatildeo dos recursos financeiros (MECPAR 2011)

No levantamento de dados do Sistema de Informaccedilotildees sobre Orccedilamentos Puacuteblicos em

Educaccedilatildeo (SIOPE) natildeo encontramos registrados no municiacutepio de Santana os lsquoConselhos

Escolaresrsquo como Unidades Executoras o que foram encontrados foram lsquoCaixas Escolaresrsquo De

acordo com o MEC as Caixas Escolares satildeo unidades executoras com personalidade juriacutedica

de direito privado com CNPJ sem fins lucrativos Eacute portanto categoria de associaccedilatildeo natildeo

pertence agrave administraccedilatildeo puacuteblica eacute apenas vinculada agrave escola As Caixas Escolares tecircm como

objetivo gerir a verba transferida por isso chamada de Unidade Executora Portanto todas as

escolas devem possuir sua Caixa Escolar e aquelas escolas com pequena quantidade de alunos

(ateacute 50 alunos) eacute facultativa a criaccedilatildeo da unidade executora Nesta situaccedilatildeo a escola recebe o

recurso por meio da Prefeitura ou da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo (MECFNDE)

Para receber os recursos do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) as escolas

puacuteblicas do municiacutepio precisaram criar suas Caixas Escolares Os recursos do PDDE servem

para compra de material de consumo manutenccedilatildeo conservaccedilatildeo e reparos na unidade escolar

e pequenos investimentos em bens permanentes Servem tambeacutem para accedilotildees previstas na

escola incluindo acessibilidade programaccedilotildees culturais educaccedilatildeo integral atletas na escola

dentre outros

Nesse sentido o discurso da ldquodescentralizaccedilatildeo administrativardquo que eacute um dos

mecanismos segundo Bresser-Pereira (1996) para a organizaccedilatildeo institucional e eacute um dos

objetivos da Reforma do Estado que envolve mudanccedilas na gestatildeo e no funcionamento dos

sistemas de ensino em que as Unidades Escolares tecircm entatildeo uma autonomia relativa pois esta

deveraacute ser gerenciada pelo poder central atraveacutes dos mecanismos de controle E sendo os caixas

escolares instituiccedilotildees de direito privado natildeo pertencentes as escolas puacuteblicas o que observamos

nesse caso eacute uma instituiccedilatildeo privada dentro de uma instituiccedilatildeo puacuteblica como nos alertava

Peroni (2005) onde a loacutegica que prevalece eacute a da gestatildeo privada

No que diz respeito aos recursos financeiros da educaccedilatildeo ao municiacutepio destacamos os

repasses realizados ao municiacutepio pelo governo federal atraveacutes de diversos Programas as escolas

da rede municipal de ensino de Santana por meio dos caixas escolares tais como PDDE ndash

Educaccedilatildeo Baacutesica PDDE ndash Atleta na Escola PDDE ndash Acessibilidade PDDE ndash Educaccedilatildeo

Integral PDDE ndash Escola Campo PDDE ndash Escola Sustentaacutevel PDDE ndash Cultura na Escola PDE

ndash escola

145

No que diz respeito agraves receitas com repasses diretamente as escolas da rede municipal

de Santana fizemos um levantamento financeiro anual do periacuteodo desde a chegada do PAR ao

municiacutepio O quadro 12 apresenta o montante financeiro anual recebido pelas escolas por meio

das Caixas Escolares

Quadro 12 ndash Santana Receitas do PDDE por Programa para as escolas da rede municipal de

Santana (2007-2014)

Ano Programas Nordm de escolas

atendidas

Total de Recursos

Recebidos

2007

PDDE ndash Educaccedilatildeo Baacutesica 10 5672840

PDE ndash Escola 01 3100000

Total em R$ - 8772840

2008

PDDE ndash Educaccedilatildeo Baacutesica 11 7241850

PDDE ndash Acessibilidade 01 1600000

Total em R$ - 8841850

2009

PDDE ndash Educaccedilatildeo Baacutesica 19 13994210

PDDE ndash Educaccedilatildeo Integral 10 27959202

PDE ndash Escola 08 11400000

Total em R$ - 53353412

2010

PDDE ndash Educaccedilatildeo Baacutesica 20 15587050

PDDE ndash Educaccedilatildeo Integral 10 32808372

Total em R$ - 48395422

2011

PDDEndash Educaccedilatildeo Baacutesica 04 2252310

PDDE ndash Acessibilidade 01 700000

Total em R$ - 2952310

2012

PDDE ndash Educaccedilatildeo Baacutesica 28 15916648

PDDE ndash Acessibilidade 06 5660000

PDDE ndash Escola Campo 04 7380000

PDDE ndash Educaccedilatildeo Integral 20 66015986

PDE ndash Escola 04 15100000

Total em R$ - 110072634

2013

PDDE ndash Educaccedilatildeo Baacutesica 28 24390000

PDDE ndash Estrutura (Acessibilidade) 10 9660000

PDDE ndash Estrutura (Escola Campo) 02 3000000

PDDE ndash Qualidade (Escola Sustentaacutevel) 06 5600000

PDDE ndash Qualidade (Atleta na Escola) 05 578700

PDDE ndash Educaccedilatildeo Integral 22 95435872

Total em R$ - 138664572

2014 PDDE ndash Educaccedilatildeo Baacutesica 3462 12998402

62 O municiacutepio de Santana no ano de 2014 possui 31 escolas e 17 anexos de escolas Entretanto o repasse do

PDDE no ano de 2014 foi para 34 caixas escolares Nessa pesquisa natildeo conseguimos identificar o porquecirc de 34

caixas escolares terem recebido o recurso

146

PDDE ndash Estrutura (Acessibilidade) 03 3740000

PDDE ndash Qualidade (Atleta na Escola) 10 1212900

PDDE ndash Qualidade (Cultura na Escola) 05 6100000

PDDE ndash Educaccedilatildeo Integral 25 59463154

Total em R$ - 83514456

Total Geral em R$ - 454567496

Fonte FNDESIOPE (2015) ndash Organizado pela autora

De acordo com o quadro 12 podemos perceber um volume de repasses no montante de

R$ 454567496 para as escolas puacuteblicas da rede municipal em um periacuteodo de 8 anos Se

compararmos o recurso do ano de 2007 com o de 2014 os recursos aumentaram 945 e se

comparado ao ano de 2013 o crescimento foi de 1580

Nos dados do SIOPE podemos identificar o volume de recursos repassados diretamente

as caixas escolares das escolas puacuteblicas da rede municipal de Santana Os recursos referem-se

aos Programas criados a partir do PDEPlano de Metas

Graacutefico 5 ndash Total de repasses do PDDE para as escolas da rede municipal 2007 - 2014

Fonte SIOPE (2016)

Como podemos observar no graacutefico 5 comparando os anos de 2007 e 2014 houve um

elevado crescimento nos repasses financeiros destinados aos caixas escolares das escolas

municipais O quadro 12 indica os programas que foram implantados e a quantidade de escolas

que receberam esses programas atraveacutes das caixas escolares

Os dados revelam tambeacutem um aumento no nuacutemero de caixas escolares que em 2007

eram 10 e em 2014 jaacute haviam 34 implantadas O quadro 12 aponta um crescimento nos valores

dos repasses a partir de 2009 isso pode ter ocorrido devido a assinatura do Termo de Adesatildeo

000

20000000

40000000

60000000

80000000

100000000

120000000

140000000

160000000

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

147

ao Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo entre o governo federal e o municiacutepio de Santana e

consequentemente a incorporaccedilatildeo dos programas no acircmbito do PAR no municiacutepio

Os programas estatildeo sendo criados gradativamente no municiacutepio agrave medida que as

escolas organizam os seus Conselhos Escolares os primeiros programas foram o PDDE e o

PDE ndash Escola em 2007 o PDE-Acessibilidade eacute criado em 2008 o Programa Educaccedilatildeo Integral

em 2009 em 2012 o programa Educaccedilatildeo do Campo no ano de 2013 eacute a vez dos programas

Atleta na Escola e Escola Sustentaacutevel e em 2014 o programa Cultura na Escola tambeacutem foi

contemplado para o municiacutepio

O Programa Educaccedilatildeo Integral foi implantado no ano de 2009 em 10 escolas municipais

chegando a 25 escolas no ano de 2014 Eacute o Programa que mais tem absorvido recursos do

FNDE no total de R$ 281682586 em 5 anos63 atingindo 62 do valor total das receitas que

foi de R$ 454567496 destinados aos caixas escolares das escolas puacuteblicas municipais de

Santana

Tabela 19 ndash Santana Total de Recursos do PDDE recebidos pelas Caixas Escolares da rede

municipal no periacuteodo de 2007-2014

Ano Nordm de caixas escolares Total de Recursos

Recebidos

2007 10 8772840

2008 11 8841850

2009 19 53353412

2010 20 48395422

2011 04 2952310

2012 28 110072634

2013 28 138664572

2014 34 83514456

Fonte FNDESIOPE

Os dados da tabela 19 mostram que o nuacutemero de caixas escolares tem crescido na rede

municipal em 2007 eram apenas 10 caixas escolares e em 2014 jaacute eram 34 Em 2011 observou-

se uma queda no nuacutemero de caixas escolares que receberam recursos isso pode ter ocorrido

devido a natildeo prestaccedilatildeo de contas ao FNDE nesse caso os caixas escolares ficam na condiccedilatildeo

de inadimplentes e natildeo recebem recursos ateacute efetivarem a prestaccedilatildeo de contas

Eacute notoacuterio no documento ldquoPrograma Nacional de Fortalecimento dos Conselhos

Escolaresrdquo elaborado pelo MEC e proposto ao municiacutepio de Santana e consequentemente as

63O Programa Educaccedilatildeo Integral transferiu recursos para o municiacutepio nos anos 2009 2010 2012 2013 e 2014

148

unidades escolares A desconcentraccedilatildeo de tarefas do MEC para as unidades escolares fazem

com que as escolas se preocupem mais em atingir as metas propostas pelo MEC do que com os

procedimentos pedagoacutegicos para a melhoria da qualidade da educaccedilatildeo A ideia eacute de um modelo

gerencial para educaccedilatildeo onde a poliacutetica eacute planejada verticalmente e descentralizada na sua

execuccedilatildeo Nesse exemplo cabe ao MEC a centralizaccedilatildeo das informaccedilotildees e aos municiacutepios a

execuccedilatildeo dos 13 (treze) itens que satildeo atribuiacutedos aos membros do CE e que perpassam desde a

promoccedilatildeo discussatildeo criaccedilatildeo assessoramento fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo integraccedilatildeo ateacute garantias

de aprovaccedilatildeo encaminhamento e divulgaccedilatildeo de accedilotildees

Embora a caixa escolar seja parte do Conselho Escolar o que constatamos foi a pouca

participaccedilatildeo dos conselheiros nas reuniotildees do CE nas escolas da rede municipal o que

inviabiliza a construccedilatildeo de uma gestatildeo democraacutetica e um planejamento coletivo para a

construccedilatildeo da autonomia da escola

342 Existecircncia composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (CME)

No que diz respeito ao diagnoacutestico desse indicador da gestatildeo no municiacutepio de Santana

nas duas versotildees do PAR foi o seguinte

Quadro 13 Santana Diagnoacutestico do Indicador Conselho Municipal de Educaccedilatildeo

PAR Indicador Pontuaccedilatildeo

1ordf versatildeo do PAR

(2007-2010)

Existecircncia composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do

Conselho Municipal de Educaccedilatildeo 1

2ordf versatildeo do PAR

(2011-2014)

Existecircncia composiccedilatildeo competecircncia e atuaccedilatildeo do

Conselho Municipal de Educaccedilatildeo 3

Fonte SIMEC ndash Elaborado pela autora

Notadamente houve um avanccedilo na pontuaccedilatildeo entre os diferentes anos A pontuaccedilatildeo 1

expressa conforme o MEC ldquoquando natildeo existe um CME implementado ou quando o CME

existente eacute apenas formalrdquo Embora exista lei aprovada desde 1998 o Conselho foi

diagnosticado pela equipe que elaborou o 1ordm PAR como inexistente ou natildeo funcionava Na 2ordf

versatildeo do PAR o CME foi diagnosticado com pontuaccedilatildeo 3 A conselheira entrevistada

justificou essa pontuaccedilatildeo devido a melhor organizaccedilatildeo da documentaccedilatildeo e que

Existe o Conselho Municipal de Educaccedilatildeo - CME com regimento interno escolha

democraacutetica dos conselheiros poreacutem nem todos os segmentos estatildeo representados o

CME zela pelo cumprimento das normas natildeo auxilia a SEME no planejamento

149

municipal da Educaccedilatildeo na distribuiccedilatildeo de recursos no acompanhamento e avaliaccedilatildeo

das accedilotildees educacionais (Conselheira do CME - Representante governamental)

Nesse sentido existe a pouca representatividade na composiccedilatildeo do CME da sociedade

civil o CME tambeacutem fica inviabilizado de realizar algumas accedilotildees devido agrave falta de

transparecircncia nos recursos financeiros que impedem o debate e o planejamento coletivo das

accedilotildees junto a SEME a natildeo representaccedilatildeo da sociedade civil no CME inviabilizando assim a

participaccedilatildeo do CME Poreacutem segundo a conselheira o CME tem auxiliado no planejamento

municipal da Educaccedilatildeo bem como no acompanhamento e avaliaccedilatildeo das accedilotildees educacionais do

IDEB

Como se pode perceber na resposta da entrevistada eacute que a democratizaccedilatildeo da educaccedilatildeo

natildeo tem ocorrido no municiacutepio pois a SEME natildeo tem autonomia para gerenciar o seu proacuteprio

orccedilamento e nem o CME pois segundo a Lei Municipal Nordm 366 de 1998 o Conselho tem o

papel somente de ldquoassessorarrdquo a poliacutetica e da legislaccedilatildeo educacional municipal O que retira a

autonomia poliacutetica dos conselheiros de participar de todos os temas relativos agrave educaccedilatildeo

municipal

Dessa forma aponta como necessidade para a melhoria da atuaccedilatildeo do CME

A descentralizaccedilatildeo dos recursos financeiros da prefeitura para a Secretaria Municipal

de Educaccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo da representatividade na composiccedilatildeo do conselho que

garanta a participaccedilatildeo da sociedade civil com auxiacutelio de um estudo envolvendo

profissionais do MEC (Conselheira do CME - Representante governamental)

O Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (CME) foi criado pela Lei Nordm 366 de 14 de abril de

1998 no seu art 1ordm aponta que o CME eacute criado ldquocom a finalidade baacutesica de assessorar o

Governo Municipal na formulaccedilatildeo da poliacutetica e legislaccedilatildeo educacional do municiacutepiordquo

(SANTANA 1998) e apresenta 21 finalidades para o CME

I ndash Normatizar procedimentos educacionais no acircmbito do municiacutepio analisar ou

propor programas projetos ou atividades de expansatildeo e aperfeiccediloamento ()

II ndash Analisar autorizar o funcionamento de unidades escolares de direito privado e

reconhecer unidades escolares ()

III ndash Sugerir diretrizes ()

IV ndash Promover a) O acompanhamento e o controle social na aplicaccedilatildeo de recursos

()

IX - Supervisionar a realizaccedilatildeo do Censo Escolar anual

()

XIII- Avaliar o ensino ministrado pela Administraccedilatildeo Municipal e recomendar

diretrizes agrave sua expansatildeo e aperfeiccediloamento

XX ndash Aprovar o calendaacuterio

() (SANTANA 1998 p 01-03) [destaque em negrito nossos]

150

Ao observar as finalidades do CME percebe-se que o oacutergatildeo eacute responsaacutevel pela

orientaccedilatildeo na conduccedilatildeo do Sistema Municipal de Educaccedilatildeo de Santana da formulaccedilatildeo da

poliacutetica da legislaccedilatildeo educacional e pelas accedilotildees destacadas entendemos que o CME tem caraacuteter

mais amplo consultivo deliberativo normativo e fiscalizador De acordo com a Lei Nordm

3661998 - PMS o conselho eacute composto por

Quadro 14 ndash Santana Composiccedilatildeo do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (CME)

Membros

I ndash um representante da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo

II ndash um representante dos professores municipais

III ndash um representante dos diretores das escolas puacuteblicas municipais

IV ndash um representante dos servidores das escolas puacuteblicas do ensino municipal

V ndash um representante dos Conselhos escolares municipais

VI ndash um representante dos estabelecimentos particulares de ensino fundamental

VII ndash um representante do oacutergatildeo estadual de ensino sediado no municiacutepio

Fonte Prefeitura Municipal de Santana ndash Elaborado pela autora

A lei de criaccedilatildeo do Conselho natildeo menciona aspectos quanto agrave paridade de seus membros

entre representantes do poder puacuteblico e da sociedade civil No que se refere aos criteacuterios de

escolha destacamos no sect4ordm do art 2ordm da Lei 3661998 - PMS que uma parte dos representantes

poderatildeo ser escolhidos democraticamente em assembleias e os demais devem ser indicados ldquoos

representantes II III IV e V seratildeo escolhidos em assembleias especialmente convocadas e os

demais seratildeo indicados por suas entidades para nomeaccedilatildeo do prefeitordquo (SANTANA 1998 p

4) Entretanto a proacutepria composiccedilatildeo do CME deixa clara a disparidade entre poder puacuteblico e

sociedade civil quando natildeo eacute proposto na composiccedilatildeo da Associaccedilatildeo de pais e mestres os

sindicatos as Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais o Ministeacuterio Puacuteblico dentre outros oacutergatildeos

de representaccedilatildeo colegiada

Os representantes do CME apoacutes escolhidos satildeo nomeados pelo prefeito para o mandato

de 04 (quatro) anos podendo este tempo ser renovado por mais um mandato O presidente do

Conselho ficaraacute por dois anos podendo ser reeleito As reuniotildees ordinaacuterias devem ocorrer

quinzenalmente e extraordinariamente sempre que convocados

De acordo com uma representante do CME entrevistada

() as reuniotildees ateacute ocorrem mas as coisas natildeo satildeo encaminhadas como deveriam natildeo

haacute regulamentaccedilatildeo das resoluccedilotildees () a gente assessora a SEME como teacutecnica da

SEME mas deveria ser pelo CME embora o CME esses tempos esteja mais atuante

para a aprovaccedilatildeo do Plano Municipal de Educaccedilatildeo (Representante do CME -

Representante governamental)

151

Podemos assim perceber que existe o CME no municiacutepio a composiccedilatildeo se daacute

praticamente pelo poder puacuteblico e existe pouca efetividade na atuaccedilatildeo na execuccedilatildeo das suas

competecircncias enquanto oacutergatildeo colegiado do CME Dessa forma compreendemos que o

Conselho Municipal de Educaccedilatildeo natildeo estaacute atuando conforme o que se define em lei como suas

competecircncias Aleacutem de haver pouca participaccedilatildeo dos membros do CME no que se refere ao

acompanhamento da execuccedilatildeo dos recursos da educaccedilatildeo ele eacute pouco atuante na resoluccedilatildeo das

demandas e accedilotildees que deveriam ser executadas pelo Conselho

O fato de o CME natildeo contar com integrantes da sociedade civil com atuaccedilatildeo criacutetica e

comprometidas com a efetividade das poliacuteticas puacuteblicas o que pode ser um dos motivos pelo

qual natildeo haacute efetividade nas accedilotildees e pouco tem contribuiacutedo com a democratizaccedilatildeo e a autonomia

da gestatildeo

343 Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho Municipal de Alimentaccedilatildeo Escolar (CAE)

No municiacutepio de SantanaAP o Conselho Municipal de Alimentaccedilatildeo Escolar ndash CAE foi

instituiacutedo pela Lei Nordm 488 de 10 de maio de 2001 anteriormente existia outra Lei Nordm 458 de

1999 ndash PMS que foi revogada Segundo a Lei atual Nordm 4882001 o CAE de Santana apresenta

as seguintes caracteriacutesticas eacute um oacutergatildeo que tem caraacuteter consultivo orientador normativo

fiscalizador e de funcionamento permanente

No Art 8ordm da Lei municipal Nordm 4882001 indica a composiccedilatildeo do CAE que deve ter 07

(sete) representantes titulares e 07 (sete) suplentes dentre os quais estatildeo representantes do poder

puacuteblico governamental e da sociedade civil sendo um Representante do Poder Executivo um

Representante do Poder Legislativo dois Representantes dos Professores dois Representantes

dos Pais dos Alunos um Representante de outros segmentos da Sociedade Os representantes

do CAE satildeo indicados pelos Chefes dos Poderes Executivo e Legislativo bem como pelas

respectivas entidades indicadas no art 8ordm e satildeo nomeados por ato do Prefeito

No diagnoacutestico realizado pelo municiacutepio no PAR esse indicador obteve as seguintes

pontuaccedilotildees

Quadro 15 Santana Diagnoacutestico do Indicador Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar

PAR Indicador Pontuaccedilatildeo

1ordf versatildeo do PAR

(2007-2010)

Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do

Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar 1

2ordf versatildeo do PAR

(2011-2014)

Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do

Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar 2

Fonte SIMEC (2015)

152

Quanto agrave avaliaccedilatildeo do 1ordm PAR nesse indicador o municiacutepio de Santana recebeu a

pontuaccedilatildeo 1 o que caracteriza que o Conselho existe formalmente apenas para receber o

recurso do Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar (PNAE) ou que pode natildeo estar atuando

da forma como se prevecirc que funcione Ou seja pode natildeo estar atuando na fiscalizaccedilatildeo e nem

no acompanhamento de execuccedilatildeo dos recursos e de distribuiccedilatildeo da merenda

No 2ordm PAR a pontuaccedilatildeo indicada foi 2 o que implica dizer de acordo com o MEC que

eacute quando o CAE natildeo eacute representado por todos os segmentos natildeo existe um regimento

interno as reuniotildees natildeo satildeo regulares raramente acontece a fiscalizaccedilatildeo da aplicaccedilatildeo

dos recursos transferidos o CAE natildeo acompanha a compra nem a distribuiccedilatildeo dos

alimentosprodutos nas escolas natildeo estaacute atento as boas praacuteticas sanitaacuterias de higiene

e ao objetivo de formaccedilatildeo dos bons haacutebitos (MECSIMEC 2011)

Segundo a Conselheira da Representaccedilatildeo governamental que participou da equipe local

para a elaboraccedilatildeo do 2ordm PAR justificou a pontuaccedilatildeo 2 em que ldquoo CAE tem representaccedilatildeo de

todos os segmentos conforme lei 119472009 possui um regimento interno e fiscaliza

parcialmente a aplicaccedilatildeo dos recursos transferidos mas as reuniotildees natildeo satildeo regulares devido a

rotatividade (Conselheira do CAE - Representaccedilatildeo governamental) Para a realizaccedilatildeo de accedilotildees

para reverter essa realidade sugerem que o CAE

organize um calendaacuterio de reuniotildees para garantir o acompanhamento da compra dos

alimentosprodutos distribuiacutedos nas escolas a fiscalizaccedilatildeo dos recursos financeiros a

qualidade dos alimentos e agraves boas praacuteticas sanitaacuterias de higiene e ao objetivo de

formaccedilatildeo de bons haacutebitos alimentares Garantir ainda que os conselheiros participem

de cursos do PNAE (Conselheira do CAE - Representaccedilatildeo governamental)

Embora muitas accedilotildees natildeo sejam monitoradas pela Coordenaccedilatildeo do PAR foi possiacutevel

durante as entrevistas percebermos que algumas accedilotildees propostas ainda no 1ordm PAR como as

formaccedilotildees e preparaccedilotildees dos Conselheiros em programas especiacuteficos ocorreram Embora a

conselheira representante do governo afirme que natildeo haacute regularidade nas reuniotildees um

representante da sociedade civil afirmou durante a entrevista que as reuniotildees do CAE

ldquoacontecem duas vezes por semanardquo e sobre a atuaccedilatildeo do CAE afirma que eacute

() um oacutergatildeo deliberativo e fiscalizador que serve pra fiscalizar os recursos oriundos

do FNDE e PNAE pra compra de alimentaccedilatildeo escolar nas escolas Eu diria que noacutes

temos atuado precariamente pelo fato de natildeo termos uma estrutura Noacutes temos uma

sala em uma casa que eacute alugada que funcionam os conselhos Laacute satildeo trecircs conselhos

que funcionam numa sala minuacutescula e quando coincidem as reuniotildees temos que

adiar e mais noacutes natildeo temos transportes natildeo temos carro agrave disposiccedilatildeo natildeo temos

153

combustiacutevel pra colocar no nosso transporte pra fazer a fiscalizaccedilatildeo (Conselheiro

CAE - Representante da sociedade civil)

No que se refere a participaccedilatildeo segundo o representante o CAE eacute atuante e soacute natildeo faz

mais por que o municiacutepio natildeo daacute a devida estrutura mas que cobram em ata fazem relatoacuterio e

encaminham Segundo ele o CAE eacute muito ativo

mas infelizmente o poder puacuteblico natildeo daacute atenccedilatildeo devida para que possamos melhorar

cada vez mais a nossa fiscalizaccedilatildeo ateacute porque pra eles eacute conveniente que noacutes natildeo

fiscalize embora a gente sabe que nem tudo anda como deveria andar A gente sabe

que falta merenda escolar as escolas estatildeo deterioradas as cozinhas das escolas natildeo

tecircm estrutura natildeo seguem o cardaacutepio (Representante do CAE da sociedade civil)

Quanto agrave autonomia a fiscalizaccedilatildeo e recebimento de recursos o representante do CAE

afirma que a autonomia eacute bem limitada pois

Raramente somos convidados pela PMS ou SEME para discutir sobre a merenda

encontramos um conselho parado um conselho inerte por falta de interesse e temos

dois anos de prestaccedilatildeo de conta por fazer e ainda tivemos que ficar um

tempo regularizando o conselho para evitar que as crianccedilas em 2015 deixassem de ter

merenda escolar (Representante do CAE da sociedade civil)

Dessa forma apesar da boa participaccedilatildeo e atuaccedilatildeo do CAE a proacutepria PMS inviabiliza

algumas accedilotildees para que os conselhos funcionem Eacute importante destacar que os recursos da

educaccedilatildeo satildeo centralizados na Prefeitura Municipal de Santana e natildeo ocorre a descentralizaccedilatildeo

desses recursos para a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo inviabilizando assim a possibilidade

de discussatildeo de participaccedilatildeo dos representantes da educaccedilatildeo nas definiccedilotildees da aplicaccedilatildeo dos

recursos

344 Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de Controle Social do Fundo de Manutenccedilatildeo e

Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo

(FUNDEB)

A ideia de um fundo de educaccedilatildeo puacuteblica nacional de forma autocircnoma foi pensada desde

os pioneiros da educaccedilatildeo em 1932 ao propor uma vinculaccedilatildeo e a autonomia dos recursos para

o financiamento da educaccedilatildeo independente das mudanccedilas poliacuteticas dos administradores onde

o importante era que tivesse uma separaccedilatildeo dos montantes para fins educacionais aleacutem do

acompanhamento e da fiscalizaccedilatildeo pela sociedade desses fundos (LIMA 2006) A participaccedilatildeo

154

da sociedade civil nos conselhos eacute de fato uma participaccedilatildeo social representada por

organizaccedilotildees seja ela em defesa dos trabalhadores seja em defesa dos empresaacuterios

No diagnoacutestico realizado pela equipe local do PAR no municiacutepio o indicador

Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho do Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo

Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo ndash CACS-FUNDEB somente aparece na

2ordf versatildeo do PAR

Quadro 16 Diagnoacutestico do Indicador Conselho de Controle Social do FUNDEB

PAR Indicador Pontuaccedilatildeo

2ordf versatildeo do PAR

(2011-2014)

Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do

Conselho do FUNDEB 2

Fonte SIMEC (2015)

A pontuaccedilatildeo 2 indicada no quadro 16 pela equipe local segundo as convenccedilotildees do

MEC eacute atribuiacuteda quando o Conselho do FUNDEB ou cacircmara de financiamento do Conselho

Municipal de Educaccedilatildeo natildeo eacute representado por todos os segmentos (conforme norma ndash Lei

114942007) natildeo existe um regimento interno as reuniotildees natildeo satildeo regulares raramente

acontece o acompanhamento e o controle social sobre a distribuiccedilatildeo a transferecircncia e a

aplicaccedilatildeo dos recursos dos Fundos (FUNDEB PNATE Programa de Apoio aos Sistema de

Ensino para Atendimento agrave EJA) o Conselho nem sempre promove ampla publicidade agrave

aplicaccedilatildeo dos recursos

Nesse sentido a equipe local diagnosticou com uma pontuaccedilatildeo 2 no municiacutepio que eacute

uma situaccedilatildeo insuficiente em relaccedilatildeo ao Conselho do FUNDEB o que gerou accedilotildees a serem

realizadas pelo municiacutepio como ldquoa substituiccedilatildeo de representantes de pais que sejam atuantes e

que participem das reuniotildees a transferecircncia do gerenciamento de recursos do FUNDEB e

PNATE da prefeitura para a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo para melhorar a transparecircncia

dos investimentosrdquo (Equipe LocalPAR 2011-2014)

O Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos

Profissionais da Educaccedilatildeo (FUNDEB) de natureza contaacutebil e o Conselho de

Acompanhamento Controle Social Comprovaccedilatildeo e Fiscalizaccedilatildeo dos recursos do referido

fundo foram criados conjuntamente no acircmbito do municiacutepio de Santana atraveacutes da Lei Nordm

07972007 de 28 de dezembro de 2007

O Decreto 05282015 nomeia 11 integrantes do Conselho de Acompanhamento e

Controle Social (CACS) e como podemos perceber natildeo eacute paritaacuterio sendo

155

Quadro 17 Santana Composiccedilatildeo do CACS e FUNDEB

Membros

01 (Um) Representante da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo

01 (Um) Representante do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo

01 (Um) Representante da Prefeitura Municipal de Santana

01 (Um) Representante do Conselho Tutelar do Municiacutepio de Santana

01 (Um) Representante dos Professores da rede puacuteblica municipal

01 (Um) Representante dos Auxiliares Educacionais da rede puacuteblica municipal

01 (Um) Representante dos Diretores de Escolas puacuteblicas municipais

02 (Dois) Representantes dos pais de alunos da rede puacuteblica municipal

02 (Dois) Representantes dos alunos da rede puacuteblica municipal

Fonte Prefeitura Municipal de Santana

De acordo com a pontuaccedilatildeo 2 do indicador pela equipe local o Conselho do FUNDEB

natildeo tem uma composiccedilatildeo paritaacuteria e nem estava atuando dentro da Lei 11494 de 2007 pois de

acordo com o artigo 5o da Lei

sect 6o O presidente dos conselhos previstos no caput deste artigo seraacute eleito por seus

pares em reuniatildeo do colegiado sendo impedido de ocupar a funccedilatildeo o representante

do governo gestor dos recursos do Fundo no acircmbito da Uniatildeo dos Estados do Distrito

Federal e dos Municiacutepios

sect 7o Os conselhos dos Fundos atuaratildeo com autonomia sem vinculaccedilatildeo ou

subordinaccedilatildeo institucional ao Poder Executivo local e seratildeo renovados

periodicamente ao final de cada mandato dos seus membros

sect 8o A atuaccedilatildeo dos membros dos conselhos dos Fundos

I - natildeo seraacute remunerada

II - eacute considerada atividade de relevante interesse social

III - assegura isenccedilatildeo da obrigatoriedade de testemunhar sobre informaccedilotildees recebidas

ou prestadas em razatildeo do exerciacutecio de suas atividades de conselheiro e sobre as

pessoas que lhes confiarem ou deles receberem informaccedilotildees

IV - veda quando os conselheiros forem representantes de professores e diretores ou

de servidores das escolas puacuteblicas no curso do mandato

a) exoneraccedilatildeo ou demissatildeo do cargo ou emprego sem justa causa ou transferecircncia

involuntaacuteria do estabelecimento de ensino em que atuam

b) atribuiccedilatildeo de falta injustificada ao serviccedilo em funccedilatildeo das atividades do conselho

c) afastamento involuntaacuterio e injustificado da condiccedilatildeo de conselheiro antes do

teacutermino do mandato para o qual tenha sido designado

V - veda quando os conselheiros forem representantes de estudantes em atividades

do conselho no curso do mandato atribuiccedilatildeo de falta injustificada nas atividades

escolares (BRASIL 2007 grifos negrito nossos)

Durante a entrevista realizada com o presidente do Conselho do FUNDEB o mesmo

informou ser diretor da escola Sabendo que a funccedilatildeo de diretor eacute de livre nomeaccedilatildeo e

exoneraccedilatildeo do prefeito o presidente do Conselho natildeo poderia assumir a funccedilatildeo de conselheiro

devido ao seu viacutenculo de cargo de confianccedila com o governo municipal

Segundo o entrevistado ele participa das reuniotildees do FUNDEB desde 2012 mas nunca

participou das reuniotildees do PAR desconhece a pontuaccedilatildeo do indicador do Conselho do

156

FUNDEB no PAR de 2011-2014 somente este ano que estatildeo construindo o PAR de 2016 a

2019 eacute que estaacute participando da equipe local Afirmou que estaacute como presidente do Conselho

do FUNDEB desde 30 de dezembro de 2015 As reuniotildees ocorrem mensalmente com a

presenccedila dos conselheiros e a fiscalizaccedilatildeo ocorre quando solicitamos a prefeitura atraveacutes de

ofiacutecios agraves documentaccedilotildees para o Conselho

Fazemos a prestaccedilatildeo de contas juntamente com o CACS pois os membros do CACS

satildeo os mesmos do FUNDEB fiscalizamos junto ao banco e a prefeitura a entrada de

recursos no municiacutepio e se as despesas estatildeo sendo pagos dentro dos limites do

percentual certo e de aplicaccedilatildeo obrigatoacuteria recursos esses do FNDE e do PNATE

Observamos tudo as rotas a seguranccedila se o combustiacutevel foi suficiente e organizamos

a fiscalizaccedilatildeo trimestralmente Os recursos do CAE tambeacutem passam por noacutes apesar

deles terem mais autonomia a gente valida o deles Ou seja todos os recursos da

educaccedilatildeo que entra no municiacutepio passam por noacutes do Conselho do FUNDEB

(Representante do FUNDEB ndash Representante governamental)

Quanto aos repasses que chegam ao municiacutepio de Santana atraveacutes do Estado satildeo

() o FPM e ICMS que eacute de 20 jaacute foi 22 mas jaacute caiu para 13 para 20 e hoje

o valor corresponde a 13 de novo com essa crise a arrecadaccedilatildeo do estado diminuiu

logo o repasse diminuiu tambeacutem Atualmente o municiacutepio deixou de arrecadar devido

o porto ter afundado e os impostos vecircm quase tudo exclusivamente do governo federal

(Representante do FUNDEB - Representante governamental)

Dessa forma o municiacutepio natildeo estaacute cumprindo com o repasse dos 25 para a educaccedilatildeo

dos impostos proacuteprios

A proacutepria equipe local reconhece as dificuldades enfrentadas pela pouca frequecircncia no

conselho da participaccedilatildeo da sociedade civil e o natildeo repasse dos recursos financeiros para a

Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e a centralizaccedilatildeo na prefeitura municipal dificulta e

inviabiliza a execuccedilatildeo do planejamento da SEME e torna a aplicaccedilatildeo dos recursos centralizados

e sem a devida e correta fiscalizaccedilatildeo pela sociedade civil dificultando a descentralizaccedilatildeo e a

viabilidade dos debates para a construccedilatildeo de uma gestatildeo democraacutetica participativa e autocircnoma

345 Criteacuterios para escolha de diretores no municiacutepio de Santana

A escolha de diretores escolares por via democraacuteticas atraveacutes da participaccedilatildeo da

comunidade na escolha fortalece o poder poliacutetico no interior das escolas e consequentemente

reduz a intervenccedilatildeo do Estado sobre elas e dessa forma a escola torna-se mais autocircnoma e

capaz de promover relaccedilotildees mais democraacuteticas em seu interior

157

Segundo os relatoacuterios do Plano de Accedilotildees Articuladas nas suas duas versotildees

apresentaram o seguinte diagnoacutestico

Quadro 18 Diagnoacutestico do Indicador Criteacuterios para a Escolha de Diretores

PAR Criteacuterios para a Escolha de Diretores

1ordm PAR (2007-2010) 1

2ordm PAR (2011-2014) 3 Fonte SIMEC (2015)

De acordo com o quadro 18 o indicador da gestatildeo educacional do PAR sobre os criteacuterios

para a escolha de diretores de escola foi diagnosticado pela equipe de elaboraccedilatildeo do PAR com

a pontuaccedilatildeo 1 que equivale agrave situaccedilatildeo de ausecircncia de criteacuterios para escolha da direccedilatildeo das

escolas No entanto no 2ordm PAR recebeu a pontuaccedilatildeo 3 que equivale uma situaccedilatildeo boa Em

termos de legislaccedilatildeo de fato as leis municipais elegem a gestatildeo democraacutetica como princiacutepio

Mas na praacutetica o que prevalece eacute o criteacuterio da nomeaccedilatildeo pura e simples tatildeo ao gosto dos

gestores comprometidos com modelos de gestatildeo patrimonialista e clientelista

No que se refere agrave gestatildeo dos sistemas de ensino o PMCTE prevecirc

XVIII ndash fixar regras claras considerados meacuterito e desempenho para nomeaccedilatildeo e

exoneraccedilatildeo de diretor de escola

XIX ndash zelar pela transparecircncia da gestatildeo puacuteblica na aacuterea da educaccedilatildeo garantindo o

funcionamento efetivo autocircnomo e articulado dos conselhos de controle social

XXII ndash promover a gestatildeo participativa na rede de ensino

XXIII ndash elaborar plano de educaccedilatildeo e instalar Conselho de Educaccedilatildeo quando

inexistente

XXV ndash fomentar e apoiar os conselhos escolares envolvendo as famiacutelias dos

educandos com as atribuiccedilotildees dentre outras de zelar pela manutenccedilatildeo da escola e

pelo monitoramento das accedilotildees e consecuccedilatildeo das metas do compromisso (BRASIL

2007)

O inciso XVIII prevecirc a criaccedilatildeo de criteacuterios para o provimento do cargo de diretor escolar

com base no meacuterito e no desempenho individual o que pode lhe atribuir grande

responsabilizaccedilatildeo pelo sucesso ou pelo fracasso da gestatildeo No entanto a construccedilatildeo

democraacutetica da educaccedilatildeo requer requisitos que vatildeo aleacutem da competecircncia teacutecnica do diretor

incluindo processo eletivo tendo em vista a ldquolegitimidade poliacutetica necessaacuteria ao desempenho de

suas funccedilotildeesrdquo (PARO 2007 p 81) e isto natildeo eacute considerado no Decreto

A gestatildeo das escolas puacuteblicas tem dois artigos especiacuteficos da Lei Nordm 0849 2010 do

Plano de Carreiras da Educaccedilatildeo do Municiacutepio de Santana (PCEMS) onde indica que a gestatildeo

das escolas puacuteblicas devem obedecer ao princiacutepio da gestatildeo democraacutetica com eleiccedilatildeo para

158

diretores Entretanto a mesma Lei natildeo cita e nem regulamenta como deve ocorrer afirma

somente que esse tema deve ser tratado conforme art 46 em uma ldquoLei especiacutefica mediante

proposta discutida entre o Chefe do Poder Executivo e o Conselho Permanente da Gestatildeo da

Carreirardquo (SANTANA 2010 p 16)

Ateacute entatildeo cinco anos se passaram estamos no final do ano de 2015 e o municiacutepio natildeo

possui nenhuma regulamentaccedilatildeo ou lei complementar sobre os criteacuterios da eleiccedilatildeo e todos eles

satildeo nomeados por indicaccedilatildeo pelo prefeito municipal demonstrando que natildeo haacute interesse em

aprovar a Lei especiacutefica citada no PCEMS para que ocorra de fato a gestatildeo democraacutetica nas

escolas puacuteblicas

346 - Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromisso

O Comitecirc Local do Compromisso eacute segundo os conselhos de controle social da gestatildeo

democraacutetica do PAR o mais recente instituiacutedo pelo municiacutepio atraveacutes do Decreto Municipal

Nordm 490 de 03 de abril de 2013 que foi criado para acompanhar o cumprimento das metas

estabelecidas pelo Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica Segundo o diagnoacutestico do

PAR o 1ordm PAR natildeo havia esse indicador

Quadro 19 Diagnoacutestico do indicador Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromisso

PAR Comitecirc Local

1ordm PAR (2007-2010)

2ordm PAR (2011-2014) 1

O Comitecirc Local do Compromisso foi implantado somente no 2ordm PAR como indicador

da gestatildeo democraacutetica da educaccedilatildeo ldquoexistecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromissordquo

O Comitecirc Local tem um papel essencialmente mobilizador sendo sua composiccedilatildeo ampliada

para aleacutem das organizaccedilotildees educacionais com participaccedilatildeo por exemplo do Ministeacuterio

Puacuteblico dos sindicatos das associaccedilotildees de moradores das ONGs dos Conselhos das Igrejas

e da populaccedilatildeo em geral

Entretanto foi observado como diagnoacutestico do 2ordm PAR a pontuaccedilatildeo 1 o que implica

dizer que natildeo existia ou natildeo funcionava o Comitecirc Local do Compromisso No Decreto

municipal de criaccedilatildeo do Comitecirc existe uma composiccedilatildeo de 6 membros sendo

159

Quadro 20 SANTANA Composiccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromisso

Membros

Um representante da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo

Um representante do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo

Um representante da Promotoria da Justiccedila

Um representante da Cacircmara dos vereadores

Um representante da Sociedade Civil - igreja

Um representante dos Diretores de escolas

Fonte Prefeitura Municipal de Santana ndash Elaborado pela autora

Com informaccedilotildees desencontradas pela SEME esse comitecirc encontrava-se sem atuaccedilatildeo

durante o periacuteodo da pesquisa

Eacute no contexto de atitudes praacuteticas e accedilotildees patrimonialistas que se caracteriza a confusatildeo

entre o puacuteblico que serve a um interesse coletivo e o privado que serve aos interesses

individualizados Os representantes em nome de uma coletividade tomam como seus os cargos

os recursos e os funcionaacuterios na busca de fazer as suas vontades E na educaccedilatildeo puacuteblica essas

praacuteticas implicam no direito usurpado de uma educaccedilatildeo puacuteblica e de qualidade social As

relaccedilotildees patrimonialistas satildeo oriundas de um poder pessoal que se quer levar para a gestatildeo

puacuteblica Esse tipo de comportamento na gestatildeo da educaccedilatildeo puacuteblica interfere no funcionamento

dos conselhos na medida em que os representantes natildeo veem ali um espaccedilo em defesa da

educaccedilatildeo puacuteblica

Notadamente nos conselhos estudados nessa pesquisa foram observadas as

dificuldades ou ausecircncia de condiccedilotildees de funcionamento no que se refere a espaccedilo fiacutesico

ausecircncia de transporte para fiscalizaccedilatildeo falta de transparecircncia nos recursos composiccedilatildeo dos

conselhos natildeo-paritaacuteria pouca atenccedilatildeo as iacutenfimas manifestaccedilotildees de representaccedilatildeo coletiva na

pesquisa O que pode ainda ser caracterizada como neopatrimonialista que eacute quando o gestor

puacuteblico nega a legitimidade do conselho como instacircncia representativa

160

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O estudo se ocupou de analisar as implicaccedilotildees do PAR para a gestatildeo da educaccedilatildeo na

rede municipal de Santana no Amapaacute na perspectiva de avaliar seus efeitos na democratizaccedilatildeo

da gestatildeo Partiu-se do pressuposto de que a democratizaccedilatildeo da gestatildeo natildeo pode ser vista em

abstrato e portanto no sistema capitalista a participaccedilatildeo a descentralizaccedilatildeo e a autonomia

elementos constitutivos da democracia ganham nuances contraditoacuterias pois expressam a

correlaccedilatildeo de forccedilas entre as classes sociais

A pesquisa partiu da seguinte questatildeo central Quais as implicaccedilotildees do PAR para a

gestatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana no Estado do Amapaacute Considerando o pressuposto

teoacuterico assumido entende-se que a gestatildeo da educaccedilatildeo em uma sociedade sob a hegemonia do

capitalismo natildeo pode ser vista sem a concretude das accedilotildees que a permeiam Assim ao longo da

histoacuteria da educaccedilatildeo no paiacutes os representantes do capital sempre procuraram manter o seu

projeto poliacutetico e social de dominaccedilatildeo e tornar a classe trabalhadora cada vez mais afastada da

participaccedilatildeo seja nas decisotildees poliacuteticas seja do usufruto dos bens produzidos No Brasil ao

longo da Primeira Repuacuteblica Brasileira as oligarquias se revezavam no poder e se utilizavam

do Estado como meio para perpetuar as suas praacuteticas patrimonialistas e clientelistas O governo

de Getuacutelio Vargas manteve o poder ateacute o momento em que atendia ao projeto hegemocircnico O

golpe militar de 1964 demonstrou essa articulaccedilatildeo e o poder de dominaccedilatildeo da oligarquia e do

Estado brasileiro No acircmbito desse governo a gestatildeo da educaccedilatildeo se manteve centralizada e

burocratizada espraiando para estados e municiacutepios tal modelo A deacutecada de 1980 trouxe as

lutas populares em prol da democracia que levaram agrave derrocada do regime militar e instituiacuteram

uma nova Constituiccedilatildeo Federal em 1988 que pretendia uma nova forma de controle social do

Estado pelas garantias de participaccedilatildeo da sociedade nas questotildees poliacuteticas e sociais do paiacutes

viabilizando a cidadania como direito e instituindo o princiacutepio da gestatildeo democraacutetica na

educaccedilatildeo

Eacute o momento em que tivemos a implementaccedilatildeo das primeiras iniciativas de

democratizaccedilatildeo das relaccedilotildees de poder no acircmbito das escolas por meio da criaccedilatildeo de conselhos

escolares de conselhos municipais de educaccedilatildeo de conselhos de controle social de recursos

como o da merenda escolar de escolha de diretores de escolas por meio de eleiccedilatildeo de

elaboraccedilatildeo do projeto poliacutetico pedagoacutegico da escola de forma participativa entre outras No

entanto ao lado de tais iniciativas de gestatildeo da educaccedilatildeo democratizantes persistiram os

modelos de gestatildeo centralizada patrimonialista e burocraacutetica Paralelamente a essas conquistas

brasileiras a crise internacional do capital e as estrateacutegias utilizadas para a sua superaccedilatildeo como

161

a reestruturaccedilatildeo produtiva a globalizaccedilatildeo o neoliberalismo e a terceira via vecircm provocando

inuacutemeras transformaccedilotildees na vida material objetiva e subjetiva com alteraccedilotildees substanciais nas

formas de gestatildeo e participaccedilatildeo (PERONI 2006) Nesta perspectiva o Plano Diretor de

Reforma do Aparelho do Estado (PDRAE) propotildee a redefiniccedilatildeo do papel do Estado em 1995

com grandes implicaccedilotildees para a gestatildeo puacuteblica ao propor a gestatildeo gerencial modelo oriundo

do setor empresarial Tal modelo baseia-se na descentralizaccedilatildeo do atendimento das poliacuteticas

sociais por meio de privatizaccedilatildeo da publicizaccedilatildeo da terceirizaccedilatildeo e das parcerias puacuteblico-

privadas na gestatildeo dos serviccedilos puacuteblicos com o fim de maximizar a eficiecircncia e a eficaacutecia

O mercado passa a ser o grande paracircmetro de excelecircncia para o serviccedilo puacuteblico e por

isso haacute que seguir a mesma loacutegica Haacute grande incentivo na ldquoparticipaccedilatildeo socialrdquo na gestatildeo

puacuteblica Contudo a natureza dessa participaccedilatildeo social eacute modificada pois natildeo se trata mais de

viabiliza-la como direito de cidadania mas com fins utilitaristas de tornar a gestatildeo puacuteblica mais

eficiente e eficaz materializando assim a gestatildeo gerencial E o cidadatildeo agora passa a ser

adjetivado como ldquoclienterdquo consumidor de poliacuteticas puacuteblicas e neste aspecto natildeo mais visto

como aquele que exige porque eacute um cidadatildeo de direitos

Essas mudanccedilas no modelo de gestatildeo refletem o contexto de crise do capital e de ajuste

fiscal desse momento histoacuterico que visava reconstituir as taxas de lucro e para isso vinha

diminuindo sistematicamente os investimentos em poliacuteticas sociais Os usuaacuterios passam a ser

chamados a lsquoparticiparrsquo como executores de poliacuteticas por meio de parcerias como fiscais de

recursos puacuteblicos nos conselhos de controle social como voluntaacuterios em ONGs ou similares

A lsquoparticipaccedilatildeorsquo do usuaacuterio do serviccedilo puacuteblico poderia ser uacutetil em pelo menos dois aspectos

primeiro porque ao priorizar a gestatildeo de tais poliacuteticas por meio de parcerias com ONGs ou

projetos pontuais onde essas massas poderiam atuar a baixo custo ou como voluntaacuterios nesses

projetos isso poderia diminuir o custo das poliacuteticas sociais e ao mesmo tempo conter a massa

de desempregados segundo porque na medida em que ao estimular a participaccedilatildeo dos usuaacuterios

na definiccedilatildeo de prioridades ldquoestrateacutegicasrdquo ou mesmo de se tornarem ldquofiscaisrdquo da aplicaccedilatildeo dos

recursos os efeitos de tais participaccedilotildees contribuiriam para se fazer mais com menos e assim

atingir os objetivos de diminuiccedilatildeo dos gastos em educaccedilatildeo Aleacutem de conter as demandas por

emprego a inserccedilatildeo de voluntaacuterios e outras formas de participaccedilatildeo nos conselhos de controle

poderiam tambeacutem viabilizar os consensos necessaacuterios para a manutenccedilatildeo da hegemonia dos

que tecircm poder como assinalava Gramsci

Tais iniciativas ocorreram com mais ecircnfase no governo de Fernando Henrique Cardoso

Contudo os governos de Luiz Inaacutecio Lula da Silva e de Dilma Rousseff mesmo apresentando

162

projetos de governo agrave esquerda do espectro poliacutetico nacional natildeo apresentaram ruptura radical

com esse modelo

Em relaccedilatildeo agrave gestatildeo da educaccedilatildeo embora o Plano de Metas Compromisso Todos pela

Educaccedilatildeo e o PAR recomendem e incentivem a expansatildeo e implementaccedilatildeo de mecanismos que

podem potencializar a gestatildeo democraacutetica tais como Conselhos Escolares Conselho Municipal

de Educaccedilatildeo Conselho Municipal de Alimentaccedilatildeo Escolar Conselho do FUNDEB por outro

lado apresentam outros mecanismos mais afeitos ao modelo de gestatildeo gerencial como o

accountability que representa a responsabilizaccedilatildeo pelos resultados repassada para os entes

federados e para a sociedade local a exemplo dos resultados do IDEB Neste aspecto com a

implantaccedilatildeo do PAR pelos municiacutepios o MEC descentralizadesconcentra a execuccedilatildeo das accedilotildees

passando a agir como oacutergatildeo financiador de algumas delas mas principalmente como

regulamentador e controlador dos resultados da educaccedilatildeo municipal

Conforme definido neste trabalho a anaacutelise da gestatildeo da educaccedilatildeo na perspectiva de sua

democratizaccedilatildeo no municiacutepio de SantanaAP se deu a partir de seis indicadores da aacuterea Gestatildeo

Democraacutetica contida no Plano de Accedilotildees Articuladas que foram Existecircncia de Conselhos

Escolares Existecircncia composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo Composiccedilatildeo

e atuaccedilatildeo do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho do Fundo

de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da

Educaccedilatildeo Criteacuterios para escolha da Direccedilatildeo Escolar e Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local

do Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo Como paracircmetros de anaacutelise utilizamos os elementos

constitutivos da democratizaccedilatildeo da gestatildeo como a descentralizaccedilatildeo a participaccedilatildeo e a

autonomia Quanto agraves implicaccedilotildees do PAR para a gestatildeo educacional no municiacutepio de Santana

os resultados apontam que

Os conselhos escolares existem no municiacutepio de Santana desde o final da deacutecada de

1990 mas com a intensificaccedilatildeo da descentralizaccedilatildeo de recursos por meio dos programas do

PDE-Escola advindos do PAR e do proacuteprio PDDE a dinacircmica de criaccedilatildeo e funcionamento

desses conselhos vem se redimensionando O nuacutemero de caixas escolares que em 2007 eram

10 em 2014 passaram para 34 O volume de recursos administrados tambeacutem aumentou

bastante pois de 2007 para 2014 os recursos recebidos aumentaram em 945 Se comparado

o ano de 2007 ao ano de 2013 o crescimento foi de 1580 Entretanto estes conselhos tecircm

assumindo um caraacuteter mais burocraacutetico do que articulador de accedilotildees com promoccedilatildeo de

participaccedilatildeo ampliada Pelo que revela a fala dos entrevistados haacute dificuldade de participaccedilatildeo

de seus membros pelos mais diversos motivos A dinacircmica de funcionamento do Conselho

escolar na rede municipal de Santana limita-se praticamente ao gerenciamento da Caixa Escolar

163

em relaccedilatildeo aos recursos do PDDE o que leva a concluir que o conselho pouco tem atuado como

promotor da autonomia da escola Embora no 1ordm e no 2ordm PAR esse indicador tenha recebido

pontuaccedilatildeo 3 o que representa boa atuaccedilatildeo em pelo menos 50 das escolas observou-se que

os conselhos escolares da rede municipal de Santana tecircm atuado mais no sentido da execuccedilatildeo

dos recursos secundarizando esse espaccedilo como tomada de decisatildeo e de construccedilatildeo de

autonomia no interior da escola puacuteblica ao praticamente se eximir de abordar outros temas de

interesse da escola para aleacutem da gestatildeo financeira

O Conselho Municipal de Educaccedilatildeo ainda que exista em lei no municiacutepio desde 1998

esse oacutergatildeo natildeo funciona adequadamente No primeiro PAR esse indicador recebeu pontuaccedilatildeo

miacutenima o que representa funcionamento ruim No segundo PAR recebeu pontuaccedilatildeo 3 o que

representa melhoria No entanto as informaccedilotildees coletadas revelaram que natildeo haacute paridade entre

os representantes governamentais e natildeo governamentais o que compromete a igualdade e o

direito de participaccedilatildeo popular na gestatildeo haacute pouca participaccedilatildeo dos membros do CME no que

se refere ao acompanhamento da execuccedilatildeo dos recursos da educaccedilatildeo o CME eacute pouco atuante

na resoluccedilatildeo das demandas compatiacuteveis com suas atribuiccedilotildees Por tais fatores evidenciados

conclui-se que embora o CME tenha melhorado sua atuaccedilatildeo a partir do segundo PAR sua

contribuiccedilatildeo para a democratizaccedilatildeo da gestatildeo ainda eacute incipiente

O municiacutepio de SantanaAP tambeacutem conta com Conselho de Controle Social da

Alimentaccedilatildeo Escolar (CAE) instituiacutedo pela Lei nordm 458 de 1999 ndash PMS posteriormente

substituiacuteda pela Lei Nordm 488 de 10 de maio de 2001 focalizado como o terceiro indicador No

primeiro PAR esse indicador recebeu a pontuaccedilatildeo 1 ou seja o Conselho existia formalmente

apenas para receber o recurso do Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar (PNAE) e poderia

natildeo estar atuando conforme suas atribuiccedilotildees previstas seja na fiscalizaccedilatildeo ou no

acompanhamento da execuccedilatildeo dos recursos e de distribuiccedilatildeo da merenda No segundo PAR

essa pontuaccedilatildeo mudou para 2 o que indica o CAE apesar de apresentar alguma melhora em

seu funcionamento ainda natildeo era representado por todos os segmentos que raramente

acontecia a fiscalizaccedilatildeo da aplicaccedilatildeo dos recursos transferidos enfim que o CAE natildeo

acompanhava a compra nem a distribuiccedilatildeo dos alimentosprodutos nas escolas e continuava

pouco atento agraves boas praacuteticas sanitaacuterias e de higiene nos locais de preparo da alimentaccedilatildeo

escolar

Vale ressaltar que os recursos do Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar (PNAE)

que deveriam ser fiscalizados em sua execuccedilatildeo pelo CAE em Santana satildeo significativos e

superiores aos recursos do Salaacuterio Educaccedilatildeo em todos os anos da pesquisa As fontes

consultadas indicam um ldquoconselho parado um conselho inerte por falta de interesserdquo que por

164

pelo menos dois anos apresentou atraso na prestaccedilatildeo de contas Aleacutem disso falta infraestrutura

para reuniotildees transporte para visita agraves escolas do campo e mesmo formaccedilatildeo aos conselheiros

que lhes possibilite acompanhar a execuccedilatildeo dos recursos e a fiscalizar a distribuiccedilatildeo dos

produtos da merenda escolar A pouca participaccedilatildeo dos conselheiros do CAE tanto no periacuteodo

do primeiro quanto do segundo PAR nos permite afirmar que o aumento da pontuaccedilatildeo em

relaccedilatildeo a esse indicador satildeo meramente formais e natildeo se traduzem em mudanccedilas reais no

sentido do controle social dos recursos e de praacuteticas democraacuteticas

O quarto indicador Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho do Fundo de Manutenccedilatildeo e

Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo ndash

CACS-FUNDEB eacute um indicador que aparece apenas no segundo PAR visto que no primeiro

o FUNDEB ainda estava iniciando sua implantaccedilatildeo Do ponto de vista da legislaccedilatildeo municipal

o Conselho foi criado pela Lei nordm 0797 de 28 de dezembro de 2007 A pontuaccedilatildeo recebida neste

segundo PAR foi 2 o que significa que o Conselho natildeo eacute representado por todos os segmentos

(conforme norma ndash Lei 114942007) natildeo existe um regimento interno as reuniotildees natildeo satildeo

regulares raramente acontece o acompanhamento e o controle social sobre a distribuiccedilatildeo a

transferecircncia e a aplicaccedilatildeo dos recursos dos Fundos (FUNDEB PNATE Programa de Apoio

aos Sistema de Ensino para Atendimento agrave EJA) o Conselho nem sempre promove ampla

publicidade agrave aplicaccedilatildeo dos recursos

De fato o controle social dos recursos da educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana parece ser

difiacutecil tarefa a comeccedilar pelo fato da gestatildeo de tais recursos serem centralizadas no governo

municipal contrariando o que recomenda a LDB que indica a descentralizaccedilatildeo de tais recursos

para o oacutergatildeo gestor no caso a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo a SEME e pela falta de

participaccedilatildeo dos conselheiros nas reuniotildees Tal situaccedilatildeo inclusive gerou accedilotildees a serem

realizadas pelo municiacutepio como ldquotransferir a responsabilidade do gerenciamento de recursos

do FUNDEB e PNATE da prefeitura para a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo para melhorar a

transparecircncia dos investimentosrdquo A transferecircncia de responsabilidade da gestatildeo dos recursos

poderia natildeo soacute facilitar o planejamento das accedilotildees educacionais mas melhorar o controle social

dos recursos puacuteblicos O fato de que o ano de 2014 apresenta ausecircncia de dados financeiros no

SIOPE em relaccedilatildeo ao municiacutepio reflete tambeacutem a possibilidade de que haja dificuldade quanto

agraves prestaccedilotildees de contas da execuccedilatildeo dos recursos para este ano Essa situaccedilatildeo tende a dificultar

ou mesmo inviabilizar a gestatildeo democraacutetica pela negaccedilatildeo do princiacutepio da transparecircncia na

gestatildeo do recurso puacuteblico

A escolha de diretores de escolas puacuteblicas eacute entre os indicadores analisados o ponto mais

obscuro O indicador da gestatildeo educacional do PAR sobre os criteacuterios da escolha para diretores

165

de escola foi diagnosticado pela equipe de elaboraccedilatildeo do PAR com a pontuaccedilatildeo 1 que equivale

agrave situaccedilatildeo de lsquoausecircncia de criteacuterios para escolha da direccedilatildeo das escolasrsquo No entanto no 2ordm PAR

recebeu a pontuaccedilatildeo 3 que equivale uma situaccedilatildeo boa Em termos de legislaccedilatildeo de fato as leis

municipais elegem a gestatildeo democraacutetica como princiacutepio como no caso da Lei nordm 0849 do ano

de 2010 que trata do Plano de Carreiras da Educaccedilatildeo do Municiacutepio de Santana (PCEMS) onde

se prevecirc inclusive a eleiccedilatildeo direta como criteacuterio No entanto a mesma lei remete o tema para

regulamentaccedilotildees posteriores o que nunca aconteceu Na praacutetica o que prevalece eacute o criteacuterio da

nomeaccedilatildeo pura e simples tatildeo ao gosto dos gestores comprometidos com modelos de gestatildeo

patrimonialista e clientelista Em relaccedilatildeo a esse indicador o PAR soacute alterou a pontuaccedilatildeo As

praacuteticas continuam as mesmas

Em relaccedilatildeo ao uacuteltimo indicador Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do

Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo verificou-se que o comitecirc foi criado pelo Decreto

Municipal Nordm 490 de 03 de abril de 2013 para acompanhar o cumprimento das metas

estabelecidas pelo PAR e eacute bastante avanccedilado em sua composiccedilatildeo No entanto eacute recente no

municiacutepio e talvez por isso natildeo tem exercido o seu papel de mobilizar a sociedade para a

participaccedilatildeo e acompanhamento das accedilotildees do PAR na perspectiva de sua efetividade

Natildeo se pode negar o meacuterito do PAR para a organizaccedilatildeo e o planejamento das accedilotildees

educacionais na rede municipal de ensino de Santana que apoacutes o PAR passou a melhor

reconhecer suas fragilidades e desafios No entanto o estudo evidenciou a histoacuterica fragilidade

da democratizaccedilatildeo da gestatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana pois os conselhos

municipais de controle social e escolares mecanismos que poderiam viabilizar a participaccedilatildeo

a descentralizaccedilatildeo e autonomia nas decisotildees funcionam precariamente Os criteacuterios de escolha

de diretores excluem as formas democraacuteticas de participaccedilatildeo na escolha e favorecem as praacuteticas

centralizadas de nomeaccedilatildeo A gestatildeo dos recursos da educaccedilatildeo eacute centralizada no governo

municipal dificultando o controle social Com o PAR houve expansatildeo do nuacutemero de

Conselhos escolares e municipais o que permitiu o aumento das pontuaccedilotildees nos indicadores e

pode vir a potencializar a participaccedilatildeo dos sujeitos no controle social dos recursos e outras

formas de descentralizaccedilatildeo das decisotildees Isso a depender da correlaccedilatildeo de forccedilas locais

historicamente permeada por formas patrimonialistas e clientelistas de gestatildeo Com o PAR

esses modelos ganharam nuances de gerencialismo Parece um paradoxo que se exija da

Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo que viabilize as accedilotildees previstas no PAR para atingir as metas

e resultados da avaliaccedilatildeo do IDEB em busca da qualidade da educaccedilatildeo com acompanhamento

e o controle social dos conselhos sobre os recursos e accedilotildees mas mantendo os recursos

166

centralizados sob a gestatildeo da Prefeitura Municipal de Santana Qual a autonomia possiacutevel nestas

condiccedilotildees Onde fica a descentralizaccedilatildeo Esta sequer chegou ao oacutergatildeo gestor

O municiacutepio de Santana tem vinte e oito anos de existecircncia nessa condiccedilatildeo pois fazia

parte do Territoacuterio Federal do Amapaacute extinto pela Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Antes existia

como distrito de Macapaacute Talvez por ser um municiacutepio novo guarde ainda fortes marcas do

clientelismo e patrimonialismo que o gerou Com pouca tradiccedilatildeo democraacutetica as praacuteticas

centralizadoras de gestatildeo educacional satildeo reveladas no cotidiano das accedilotildees que contradizem o

posto nas leis municipais e ateacute nacionais

A anaacutelise aqui apresentada para a poliacutetica puacuteblica municipal evidenciada a partir da

adesatildeo do municiacutepio de Santana ao PAR expotildee os limites e contradiccedilotildees de poliacuteticas formuladas

em niacutevel nacional e executadas em niacutevel local bem como a correlaccedilatildeo de forccedilas poliacuteticas e

econocircmicas do momento histoacuterico As accedilotildees pleiteadas pelo PAR no sentido de democratizar a

gestatildeo da educaccedilatildeo da rede municipal de Santana natildeo tecircm conseguido se materializar na praacutetica

dos gestores Quando muito tais intencionalidades se inscrevem no acircmbito da legislaccedilatildeo

municipal e com isso tem alterado as pontuaccedilotildees de avaliaccedilatildeo do PAR O grande desafio eacute

implementar uma gestatildeo educacional pela qual as pessoas possam participar em igualdade de

condiccedilotildees fazendo emergir a sua condiccedilatildeo de sujeitos histoacutericos na busca por uma educaccedilatildeo

de qualidade social para todos e isto soacute seraacute possiacutevel se a gestatildeo for democraacutetica

167

REFEREcircNCIAS

ABRANCHES Mocircnica Colegiado escolar espaccedilo de participaccedilatildeo da comunidade Satildeo Paulo

Cortez 2003

ABRUCIO Fernando Luiz A dinacircmica federativa da educaccedilatildeo brasileira diagnoacutestico e

propostas de aperfeiccediloamento In OLIVEIRA Romualdo Portela SANTANA Wagner

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YIN R Estudo de caso planejamento e meacutetodos Porto Alegre Bookman 2001

Sites consultados

httpportalmecgovbrdmdocumentslivro_final_proconselho07pdf

176

httpwwwfndegovbrprogramasparpar-consultasitem944-dimensC3A3o-1-

gestC3A3o-educacional-C3A1rea-1

httpwwwfndegovbrprogramasparpar-monitoramento

httpcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=160060ampidtema=117ampsearch=am

apa|santana|ensino-matriculas-docentes-e-rede-escolar-2012

httpwwwdataescolabrasilinepgovbrdataEscolaBrasil

httpwwwinepgovbr

httpsimecmecgovbrparcarregaTermosphp

httpportalmecgovbrsebarquivospdfPro_conscme-topdf

httpportalmecgovbrindexphpoption=com_docmanampview=downloadampalias=9400-

manualelaboracao-par-municipal-1114-pdfampcategory_slug=novembro-2011-

pdfampItemid=30192

httpwwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2007-20102007LeiL11494htmart46

httpwwwplanaltogovbrccivil_03_ato2007-20102009leil11947htm

177

APEcircNDICE

178

APEcircNDICE A

SERVICcedilO PUacuteBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute

INSTITUTO DE CIEcircNCIAS DA EDUCACcedilAtildeO

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM EDUCACcedilAtildeO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA PARTICIPACcedilAtildeO

EM PESQUISA

Caro(a) colega professor(a)

Venho por meio desse documento convidaacute-lo(a) a participar como voluntaacuterio (a) da pesquisa

supracitada que tem como responsaacutevel a aluna da poacutes-graduaccedilatildeo Heryka Cruz Nogueira que

estaacute sob a orientaccedilatildeo da Profa Dra Dalva Valente Guimaratildees Gutierres do curso de Mestrado

em Educaccedilatildeo da Universidade Federal do Paraacute (UFPA) A pesquisadora pode ser contatada pelo

e-mail herykaueapgmailcom e pelo celular (96) 98121-6399

Apoacutes ser esclarecido(a) sobre a pesquisa no caso de aceitar fazer parte do estudo assine

ao final do documento que estaraacute em duas vias Uma delas eacute sua e a outra do pesquisador

responsaacutevel Em caso de recusa vocecirc natildeo seraacute penalizado de forma alguma Informo que esta

pesquisa segue o que estaacute previsto em termos eacuteticos

TIacuteTULO DA PESQUISA O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS (PAR) E A GESTAtildeO

DA EDUCACcedilAtildeO NA REDE MUNICIPAL DE SANTANAAP

O municiacutepio de SantanaAP foi selecionado para essa pesquisa que tem como objetivo

identificar as implicaccedilotildees do Plano de Accedilotildees Articuladas para a gestatildeo da educaccedilatildeo do

municiacutepio Para realizaccedilatildeo da pesquisa aleacutem dos dados coletados em documentos seraacute

necessaacuterio obter informaccedilotildees por meio de entrevistas que seratildeo gravadas e transcritas

Asseguro ao (agrave) senhor (a) que a pesquisa eacute estritamente cientiacutefica sua identidade seraacute mantida

sob sigilo e anonimato e as informaccedilotildees colhidas seratildeo usadas exclusivamente na pesquisa

supracitada os resultados desta seratildeo publicados apenas em revistas cientiacuteficas e em eventos

cientiacuteficos e estaraacute disponiacutevel a todos os interessados As entrevistas seratildeo gravadas no local de

trabalho do entrevistado e teraacute a duraccedilatildeo de 10 a 25 minutos Utilizarei nomes fictiacutecios para

preservar sua identidade ou ainda apenas a indicaccedilatildeo geneacuterica de ldquoentrevistadordquo ou ldquoprofessorrdquo

Somente seraacute efetivada a entrevista apoacutes a assinatura do termo de consentimento da participaccedilatildeo

179

da pessoa como sujeito da pesquisa O entrevistado tem o direito de a qualquer momento

durante ou apoacutes a entrevista retirar seu consentimento obrigando o pesquisador a natildeo utilizar

as informaccedilotildees porventura registradas ou de natildeo responder perguntas incocircmodas O

entrevistado natildeo incorreraacute em qualquer sanccedilatildeo ou penalidade caso retire o seu consentimento

O entrevistado fica ciente que eacute voluntaacuterio e natildeo receberaacute nenhum incentivo financeiro ou

gratificaccedilatildeo para participar da pesquisa

Desde jaacute agradeccedilo sua valiosa contribuiccedilatildeo para a pesquisa disponibilizando sua

atenccedilatildeo e tempo posto que se sabe dos inuacutemeros compromissos diaacuterios assumidos A

pesquisadora se coloca agrave disposiccedilatildeo para as possiacuteveis duacutevidas ou informaccedilotildees necessaacuterias

Beleacutem 14 de dezembro de 2015

__________________________

Assinatura

Entrevistado ciente __________________________________________________

Assinatura

180

APEcircNDICE B

SERVICcedilO PUacuteBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute

INSTITUTO DE CIEcircNCIAS DA EDUCACcedilAtildeO

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM EDUCACcedilAtildeO

ROTEIRO DE ENTREVISTA

Dimensatildeo Gestatildeo Educacional

Sujeitos a serem entrevistados 01 - Secretaacuterio (a) Municipal de Educaccedilatildeo ou Teacutecnico que

conhece o processo de elaboraccedilatildeo do PAR

I - IDENTIFICACcedilAtildeO

1 Nome ______________________________________________________________

2 Formaccedilatildeo _________________________________________________________________

3 Instituiccedilatildeo ou oacutergatildeo a qual pertence ____________________________________________

4 Cargo ou funccedilatildeo que ocupa na rede municipal de SantanaAP

_________________________________________________________________________

II ndash QUESTOtildeES NORTEADORAS

1 Fale sobre como foi a chegada do PAR no municiacutepio

2 Fale sobre como se deu o diagnoacutestico dos indicadores do PAR

3 Quem participou da implantaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo do PAR E como ocorreu

4 Apoacutes o diagnoacutestico do municiacutepio qual foi o proacuteximo passo da equipe que elaborou o PAR

5 Como eacute realizado o acompanhamentoavaliaccedilatildeo das accedilotildees e sub-accedilotildees do PAR no

municiacutepio

6 Quais os criteacuterios para escolha de diretores escolares no municiacutepio

181

APEcircNDICE C

SERVICcedilO PUacuteBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute

INSTITUTO DE CIEcircNCIAS DA EDUCACcedilAtildeO

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM EDUCACcedilAtildeO

ROTEIRO DE ENTREVISTA

Indicador Conselhos Escolares (CE)

Sujeitos a serem entrevistados 01 - Membro da equipe teacutecnica da Secretaria Municipal de

Educaccedilatildeo que trate dos Conselhos Escolares (2012 a 2015)

I - IDENTIFICACcedilAtildeO

1 Nome ___________________________________________________________________

2 Formaccedilatildeo _________________________________________________________________

3 Instituiccedilatildeosetor ou oacutergatildeo a qual pertence _______________________________________

4 Cargo ou funccedilatildeo que ocupa na rede municipal de SantanaAP

_________________________________________________________________________

II ndash QUESTOtildeES NORTEADORAS

1 Fale como se deu a elaboraccedilatildeo do PAR por parte dos Conselhos Escolares

2 Todas as escolas do municiacutepio tem implantado o Conselho Escolar

3 Fale sobre os criteacuterios de escolha dos diretores escolares

4 Qual a participaccedilatildeo do diretor na composiccedilatildeo do Conselho Escolar

5 Como a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo acompanha a implantaccedilatildeo dos Conselhos

Escolares

182

APEcircNDICE D

SERVICcedilO PUacuteBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute

INSTITUTO DE CIEcircNCIAS DA EDUCACcedilAtildeO

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM EDUCACcedilAtildeO

ROTEIRO DE ENTREVISTA

Indicador Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (CME)

Sujeitos a serem entrevistados 02 - Conselheiros (2012 a 2015)

( ) Membro da equipe teacutecnica da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo (governamental) que

trate do Conselho Municipal

( ) Membro do Conselho Municipal que natildeo seja representante governamental

I - IDENTIFICACcedilAtildeO

1 Nome ______________________________________________________________

2 Formaccedilatildeo _________________________________________________________________

3 Instituiccedilatildeo setor e oacutergatildeo a qual pertence _______________________________________

4 Cargo ou funccedilatildeo que ocupa na rede Municipal de SantanaAP

_________________________________________________________________________

II ndash QUESTOtildeES NORTEADORAS

1 Fale sobre a participaccedilatildeo do CME na elaboraccedilatildeo do PAR

2 Quem compotildee e como se deu a escolha dos conselheiros

3 O CME possui alguma autonomia em relaccedilatildeo as decisotildees da SME na distribuiccedilatildeo dos

recursos financeiros

4 Como o CME tem acompanhado o planejamento e as accedilotildees educacionais no municiacutepio

183

APEcircNDICE E

SERVICcedilO PUacuteBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute

INSTITUTO DE CIEcircNCIAS DA EDUCACcedilAtildeO

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM EDUCACcedilAtildeO

ROTEIRO DE ENTREVISTA

Indicador Conselho Municipal de Alimentaccedilatildeo Escolar (CAE)

Sujeitos a serem entrevistados 02

( ) Membro da equipe teacutecnica da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo representante do CAE

( ) Membro do CAE que seja representante natildeo-governamental

I - IDENTIFICACcedilAtildeO

1 Nome ______________________________________________________________

2 Formaccedilatildeo ____________________________________________________________

3 Instituiccedilatildeosetor ou oacutergatildeo a qual pertence __________________________________

4 Cargo ou funccedilatildeo que ocupa na rede municipal de educaccedilatildeo de SantanaAP

_____________________________________________________________________

II ndash QUESTOtildeES NORTEADORAS

1 Fale sobre como se deu a participaccedilatildeo do CAE na elaboraccedilatildeo do PAR

2 Quem representa o CAE E qual a periodicidade das reuniotildees

3 De que forma o CAE fiscaliza a aplicaccedilatildeo dos recursos financeiros

4 O CAE participou de algum curso de formaccedilatildeo

184

APEcircNDICE F

SERVICcedilO PUacuteBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute

INSTITUTO DE CIEcircNCIAS DA EDUCACcedilAtildeO

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM EDUCACcedilAtildeO

ROTEIRO DE ENTREVISTA

Indicador Comitecirc Local do Compromisso

Sujeitos a serem entrevistados 02

( ) Membro da equipe teacutecnica da SME representante do Comitecirc Local

( ) Membro do Comitecirc Local que seja representante natildeo-governamental

I - IDENTIFICACcedilAtildeO

1 Nome ______________________________________________________________

2 Formaccedilatildeo ____________________________________________________________

3 Instituiccedilatildeosetor ou oacutergatildeo a qual pertence __________________________________

4 Cargo ou funccedilatildeo que ocupa na rede municipal de educaccedilatildeo de SantanaAP

_____________________________________________________________________

II ndash QUESTOtildeES NORTEADORAS

1 Como eacute constituiacutedo o Comitecirc Local

2 Como o Comitecirc local tem feito o trabalho de mobilizaccedilatildeo da comunidade diante do

PAR

185

APEcircNDICE G

SERVICcedilO PUacuteBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute

INSTITUTO DE CIEcircNCIAS DA EDUCACcedilAtildeO

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM EDUCACcedilAtildeO

ROTEIRO DE ENTREVISTA

Indicador Criteacuterios para Escolha de Diretores

Sujeitos a serem entrevistados 01

( ) Membro da equipe teacutecnica ndash Coordenaccedilatildeo de Ensino

I - IDENTIFICACcedilAtildeO

1 Nome ______________________________________________________________

2 Formaccedilatildeo ___________________________________________________________

3 Instituiccedilatildeo ou oacutergatildeo a qual pertence _______________________________________

4 Cargo ou funccedilatildeo que ocupa na rede municipal de SantanaAP

_____________________________________________________________________

II ndash QUESTOtildeES NORTEADORAS

1 Quais os procedimentos e criteacuterios utilizados na escolha do diretor da escola

2 Quais as caracteriacutesticas que a SEMED destacaria como mais relevantes no perfil do

diretor da escola na rede de ensino

3 A Coordenaccedilatildeo de ensino tem participado da elaboraccedilatildeo do PAR Fale sobre como se

deu essa participaccedilatildeo

186

APEcircNDICE H

Relaccedilatildeo de trabalhos sobre o Plano de Accedilotildees Articuladas encontrados nas bases de dados da

ANPAE ANPED e SciELO (2011 e 2015)

ANPAE

SOUSA

Bartolomeu

O Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) como instrumento de planejamento

da educaccedilatildeo o que haacute de novo httpwwwanpaeorgbr

simposio2011cdrom2011PDFs

trabalhosCompletoscomunicacoesRelatos0079pdf

ANPAE

2011

FARENZENA

SCHUCH E

MOSNA

Implementaccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas em Municiacutepios do Rio

Grande Do Sul uma avaliaccedilatildeo Disponiacutevel em

httpwwwanpaeorgbrsimposio2011 cdrom

2011PDFstrabalhosCompletoscomunicacoesRelatos0414pdf

ANPAE

2011

DAMASCENO

Alberto e SANTOS

Eacutemina

Planejando a educaccedilatildeo municipal a experiecircncia do PAR no Paraacute

Disponiacutevel em

httpwwwanpaeorgbrsimposio2011cdrom2011PDFstrabalhosCo

mpletoscomunicacoesRelatos0174pdf

ANPAE

2011

BELLO Isabel

Melero

O Plano De Accedilotildees Articuladas como estrateacutegia organizacional dos

sistemas puacuteblicos de ensino avanccedilos limites e possibilidades 2011

Disponiacutevel em

httpwwwanpaeorgbrsimposio2011cdrom2011PDFstrabalhosCo

mpletoscomunicacoesRelatos0234pdf

ANPAE

2011

RODRIGUES

ARAUacuteJO E

SOUSA

A Gestatildeo Educacional nos Planos de Accedilotildees Articuladas (PAR) de

municiacutepios paraibanos Disponiacutevel em

httpwwwanpaeorgbrsimposio2011cdrom2011PDFstrabalhosCo

mpletoscomunicacoesRelatos0404pdf

ANPAE

2011

OLIVEIRA e

SENNA

O Plano de Accedilotildees Articuladas no contexto do PDE a dimensatildeo gestatildeo

educacional no par de municiacutepios sul-mato-grossenses Disponiacutevel em

httpwwwanpaeorgbrsimposio2011cdrom

2011PDFstrabalhosCompletoscomunicacoesRelatos0453pdf

ANPAE

2011

MAFASSIOLI E

MARCHAND

Plano de Accedilotildees Articuladas competecircncias dos entes federados na sua

implementaccedilatildeo ANPAE 2011 Disponiacutevel em

httpwwwanpaeorgbrsimposio2011cdrom2011PDFstrabalhosCo

mpletoscomunicacoesRelatos0057pdf

ANPAE

2011

SCHNEIDER

PASQUAL E

DURLI

O PDE e as metas do PAR para a formaccedilatildeo de professores da educaccedilatildeo

baacutesica Ensaio aval pol puacutebl Educ Rio de Janeiro v 20 n 75 p 303-

324 abrjun 2012

ANPAE

2012

OLIVEIRA

SCAFF E SENNA

O Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) no acircmbito dos planos plurianuais

do governo Lula implicaccedilotildees em municiacutepios brasileiros

httpwwwanpaeorgbriberoamericano2012TrabalhosReginaTereza

CestariDeOliveira_res_int_GT7pdf

ANPAE

2012

VALENTE

GUIMARAtildeES E

FREITAS

O Plano De Accedilotildees Articuladas de Ituiutaba ndash MG Uma Anaacutelise das

Praacuteticas Pedagoacutegicas e da Avaliaccedilatildeo Disponiacutevel em

httpwwwanpaeorgbrsimposio26

1comunicacoesClaudileneAbadiaFreitasGuimaraes-ComunicacaoOral-

intpdf

ANPAE

2013

CORREA Joatildeo J A Centralidade do ldquoPDErdquo e do ldquoPARrdquo no acesso agrave poliacutetica educacional

a experiecircncia de gestatildeo na microrregiatildeo de Foz do Iguaccedilu no Paranaacute

RBPAE 2013 Disponiacutevel em

httpseerufrgsbrindexphprbpaearticleview4282227122

ANPAE 2013

FERREIRA E e

BASTOS Roberta

Poliacuteticas educacionais e planejamento o PAR como objeto de

investigaccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwanpaeorgbrsimposio26

1comunicacoesElizaBartolozziFerreira-ComunicacaoOral-intpdf

ANPAE

2013

OLIVEIRA Beatriz

A

Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) a consolidaccedilatildeo da accountability na

poliacutetica educacional brasileira ANPAE 2013 Disponiacutevel em

httpwwwanpaeorgbrsimposio26

1comunicacoesBeatrizAlvesDeOliveira-ComunicacaoOral - intpdf

ANPAE

2013

187

Ana Elizabeth Maia

de Albuquerque

O ARRANJO FEDERALISTA BRASILEIRO E AS POLIacuteTICAS DE

INDUCcedilAtildeO DA UNIAtildeO UMA ANAacuteLISE DO PLANO DE ACcedilOtildeES

ARTICULADAS DO MINISTEacuteRIO DA EDUCACcedilAtildeO

httpwwwanpaeorgbrIBERO_AMERICANO_IVGT5GT5_Comu

nicacaoAnaElizabethMaiadeAlbuquerque_GT5_integralpdf

ANPAE

2014

Alzira Batalha

Alcantara

GESTAtildeO DEMOCRAacuteTICA NO AcircMBITO DO PLANO DE ACcedilOtildeES

ARTICULADAS PARTICIPACcedilAtildeO FORMAL OU SUBSTANCIAL

httpwwwanpaeorgbrIBERO_AMERICANO_IVGT1GT1_Comu

nicacaoAlziraBatalhaAlcantara_GT1_integralpdf

ANPAE

2014

Raimundo Sousa

Gestatildeo da educaccedilatildeo apontamentos iniciais sobre a implementaccedilatildeo do

Plano de Accedilotildees Articuladas em Altamira-PA

httpwwwanpaeorgbrIBERO_AMERICANO_IVGT1GT1_Relato

RaimundoSousa_GT1_integralpdf

ANPAE

2014

Vanessa Socorro

Silva Costa

O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS NO PARAacute PROCESSOS

INSTITUIacuteDOS E CONTRADICcedilOtildeES

httpwwwanpaeorgbrIBERO_AMERICANO_IVGT5GT5_Comu

nicacaoVanessaSocorroSilvaCosta_GT5_Integralpdf

ANPAE

2014

Gildeci Santos

Pereira e

Odete da Cruz

Mendes

PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS (PAR) CONFIGURACcedilOtildeES

DA GESTAtildeO EDUCACIONAL NA REDE DE ENSINO MUNICIPAL

ANPAE

2015

Heryka Cruz

Nogueira e Dalva

Valente G

Gutierres

O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS AS PRODUCcedilOtildeES

ESCRITAS NO PERIacuteODO DE 2009 A 2013

ANPAE 2015

Maria Isabel Soares

Feitosa e Maria

Alice de M Aranda

O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS NO PROCESSO DE

DISSEMINACcedilAtildeO DA INFORMACcedilAtildeO CIENTIacuteFICA

ANPAE 2015

Severino Vilar de

Albuquerque

GESTAtildeO EDUCACIONAL E QUALIDADE DA EDUCACcedilAtildeO OS

DILEMAS DA IMPLANTACcedilAtildeO DO PLANO DE ACcedilOtildeES

ARTICULADAS (PAR)

ANPAE 2015

Laacutezara Cristina da

Silva

PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS (PAR) E A FORMACcedilAtildeO

DOCENTE DESAFIOS E IMPLICACcedilOtildeES NA REGIAtildeO DO

TRIAcircNGULO MINEIRO PARA A EDUCACcedilAtildeO INCLUSIVA

ANPAE 2015

Amanda Higino F

de Sousa

Gersonita Paulino

de S Cruz

O PLANEJAMENTO EDUCACIONAL DO MUNICIacutePIO DE

NATALRN ATRAVEacuteS DO PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS

(2007-2011) UMA ANAacuteLISE DA DIMENSAtildeO DE PRAacuteTICAS

PEDAGOacuteGICAS E AVALIACcedilAtildeO

ANPAE 2015

Daniela Cunha

Terto

Alda Maria Duarte

A Castro

PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS NO CONTEXTO DO

FEDERALISMO BRASILEIRO ESTRATEacuteGIA DE COOPERACcedilAtildeO

INTERGOVERNAMENTAL

ANPAE 2015

Maria Aparecida R

da Silva Ceacutezar

O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS E A AUTONOMIA DO

MUNICIacutePIO NA GESTAtildeO EDUCACIONAL

ANPAE 2015

Maria Goretti

Cabral Barbalho

Gilneide Maria de

Oliveira Lobo

PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS 2007- 2011 UMA ANAacuteLISE

DA DIMENSAtildeO INFRAESTRUTURA FIacuteSICA E RECURSOS

PEDAGOacuteGICOS EM MOSSOROacuteRN

ANPAE 2015

Marilda Pasqual

Schneider

PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS (PAR) E AS CONDICcedilOtildeES DE

MELHORIA DA QUALIDADE EDUCACIONAL

ANPAE 2015

ANPED

DAMASCENO

Alberto e SANTOS

Emina

Controle social na educaccedilatildeo municipal os planos de accedilotildees Articuladas

e o desafio da construccedilatildeo do novo sistema nacional de educaccedilatildeo na

Amazocircnia Disponiacutevel em

http33reuniaoanpedorgbr33encontroappwebrootfilesfileTrabal

hos20em20PDFGT05-6712--Intpdf

ANPED

2010

MAFASSIOLI

Andreacuteia da S

Plano de Accedilotildees Articuladas uma avaliaccedilatildeo da implementaccedilatildeo no

municiacutepio de GravataiacuteRS Disponiacutevel em

httpwwwportalanpedsulcombr2012homephplink=gruposampacao

ANPED

SUL

2012

188

=listar_trabalhosampnome=GT0520E2809320Estado20e2

0PolC3ADtica20Educacionalampid=105

Liane Maria

Bernardi

Alexandre Joseacute

Rossi

Lucia Hugo Uczak

Do movimento Todos pela Educaccedilatildeo ao Plano de Accedilotildees Articuladas e

Guia de Tecnologias empresaacuterios interlocutores e clientes do estado

httpxanpedsulfaedudescbrarq_pdf596-0pdf

ANPED

SUL

2014

A implementaccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas no municiacutepio de

Sorocaba - SP limites e possibilidades para efetivaccedilatildeo do regime de

colaboraccedilatildeo

httpsanpedsudeste2014fileswordpresscom201507flc3a1via-leila-

da-silva-paulo-gomes-limapdf

ANPED

SUDEST

E

2014

O Plano De Accedilatildeo Articulada e o municiacutepio de Portel no Arquipeacutelago de

Marajoacute

httpsanpedsudeste2014fileswordpresscom201507jose-carlos-

martins-cardoso-antc3b4nio-chizzottipdf

ANPED

SUDEST

E

2014

O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS E A FORMACcedilAtildeO DE

PROFESSORES EM SERVICcedilO NA GESTAtildeO DA EDUCACcedilAtildeO

MUNICIPAL

http37reuniaoanpedorgbrwp-

contentuploads201502PC3B4ster-GT08-3683pdf

ANPED 2015

SciELO

DUARTE Marisa

R e JUNQUEIRA

Deacuteborah S

A propagaccedilatildeo de novos modos de regulaccedilatildeo no sistema educacional

brasileiro o Plano de Accedilotildees Articuladas e as relaccedilotildees entre as escolas e

a Uniatildeo Pro-Posiccedilotildees v 24 n 2 (71) p 165-193 maioago 2013

SciELO 2013

Federalismo e planejamento educacional no exerciacutecio do PAR SciELO 2014

189

ANEXOS

190

DIRETRIZES DO PLANO DE METAS COMPROMISSO TODOS PELA

EDUCACcedilAtildeO

I estabelecer como foco a aprendizagem apontando resultados concretos a atingir

II alfabetizar as crianccedilas ateacute no maacuteximo os oito anos de idade aferindo os resultados por exame perioacutedico

especiacutefico

III acompanhar cada aluno da rede individualmente mediante registro da sua frequecircncia e do seu desempenho em

avaliaccedilotildees que devem ser realizadas periodicamente

IV combater a repetecircncia dadas as especificidades de cada rede pela adoccedilatildeo de praacuteticas como aulas de reforccedilo no

contra turno estudos de recuperaccedilatildeo e progressatildeo parcial

V combater a evasatildeo pelo acompanhamento individual das razotildees da natildeo frequecircncia do educando e sua superaccedilatildeo

VI matricular o aluno na escola mais proacutexima da sua residecircncia

VII ampliar as possibilidades de permanecircncia do educando sob responsabilidade da escola para aleacutem da jornada

regular

VIII valorizar a formaccedilatildeo eacutetica artiacutestica e a educaccedilatildeo fiacutesica

IX garantir o acesso e permanecircncia das pessoas com necessidades educacionais especiais nas classes comuns do

ensino regular fortalecendo a inclusatildeo educacional nas escolas puacuteblicas

X promover a educaccedilatildeo infantil

XI manter programa de alfabetizaccedilatildeo de jovens e adultos

XII instituir programa proacuteprio ou em regime de colaboraccedilatildeo para formaccedilatildeo inicial e continuada de profissionais da

educaccedilatildeo

XIII implantar plano de carreira cargos e salaacuterios para os profissionais da educaccedilatildeo privilegiando o meacuterito a

formaccedilatildeo e a avaliaccedilatildeo do desempenho

XIV valorizar o meacuterito do trabalhador da educaccedilatildeo representado pelo desempenho eficiente no trabalho

dedicaccedilatildeo assiduidade pontualidade responsabilidade realizaccedilatildeo de projetos e trabalhos especializados cursos

de atualizaccedilatildeo e desenvolvimento profissional

XV dar consequumlecircncia ao periacuteodo probatoacuterio tornando o professor efetivo estaacutevel apoacutes avaliaccedilatildeo de preferecircncia

externa ao sistema educacional local

XVI envolver todos os professores na discussatildeo e elaboraccedilatildeo do projeto poliacutetico pedagoacutegico respeitadas as

especificidades de cada escola

XVII incorporar ao nuacutecleo gestor da escola coordenadores pedagoacutegicos que acompanhem as dificuldades

enfrentadas pelo professor

XVIII fixar regras claras considerados meacuterito e desempenho para nomeaccedilatildeo e exoneraccedilatildeo de diretor de escola

XIX divulgar na escola e na comunidade os dados relativos agrave aacuterea da educaccedilatildeo com ecircnfase no Iacutendice de

Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica IDEB referido no art 3o

XX acompanhar e avaliar com participaccedilatildeo da comunidade e do Conselho de Educaccedilatildeo as poliacuteticas puacuteblicas na

aacuterea de educaccedilatildeo e garantir condiccedilotildees sobretudo institucionais de continuidade das accedilotildees efetivas preservando

a memoacuteria daquelas realizadas

XXI zelar pela transparecircncia da gestatildeo puacuteblica na aacuterea da educaccedilatildeo garantindo o funcionamento efetivo

autocircnomo e articulado dos conselhos de controle social

XXII promover a gestatildeo participativa na rede de ensino

XXIII elaborar plano de educaccedilatildeo e instalar Conselho de Educaccedilatildeo quando inexistentes

XXIV integrar os programas da aacuterea da educaccedilatildeo com os de outras aacutereas como sauacutede esporte assistecircncia social

cultura dentre outras com vista ao fortalecimento da identidade do educando com sua escola

XXV fomentar e apoiar os conselhos escolares envolvendo as famiacutelias dos educandos com as atribuiccedilotildees

dentre outras de zelar pela manutenccedilatildeo da escola e pelo monitoramento das accedilotildees e consecuccedilatildeo das metas do

compromisso

191

XXXVI transformar a escola num espaccedilo comunitaacuterio e manter ou recuperar aqueles espaccedilos e equipamentos

puacuteblicos da cidade que possam ser utilizados pela comunidade escolar

XXVII firmar parcerias externas agrave comunidade escolar visando a melhoria da infra-estrutura da escola ou a

promoccedilatildeo de projetos socioculturais e accedilotildees educativas

XXVIII organizar um comitecirc local do Compromisso com representantes das associaccedilotildees de empresaacuterios

trabalhadores sociedade civil Ministeacuterio Puacuteblico Conselho Tutelar e dirigentes do sistema educacional puacuteblico

encarregado da mobilizaccedilatildeo da sociedade e do acompanhamento das metas de evoluccedilatildeo do IDEB

192

ANEXO

PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS ndash 1ordf VERSAtildeO

DIMENSAtildeO 1 GESTAtildeO EDUCACIONAL

193

PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS ndash 1ordf VERSAtildeO

DIMENSAtildeO 2 FORMACcedilAtildeO DE PROFESSORES E DOS PROFISSIONAIS DE SERVICcedilO

E APOIO ESCOLAR

DIMENSAtildeO 3 PRAacuteTICAS PEDAGOacuteGICAS E AVALIACcedilAtildeO

194

PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS ndash 1ordf VERSAtildeO

DIMENSAtildeO 4 INFRA-ESTRUTURA FIacuteSICA E RECURSOS PEDAGOacuteGICOS

195

ANEXO

PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS ndash 2ordf VERSAtildeO

Dimensatildeo 1 ndash Gestatildeo Educacional

Aacuterea 1 - Gestatildeo

Democraacutetica

Articulaccedilatildeo e

Desenvolvimento dos

Sistemas de Ensino

1 Existecircncia acompanhamento e avaliaccedilatildeo do Plano Municipal de

Educaccedilatildeo (PME) desenvolvido com base no Plano Nacional de

Educaccedilatildeo (PNE)

2 Existecircncia composiccedilatildeo competecircncia e atuaccedilatildeo do Conselho

Municipal de Educaccedilatildeo (CME)

3 Existecircncia e funcionamento de conselhos escolares (CE)

4 Existecircncia de projeto pedagoacutegico (PP) nas escolas inclusive nas de

alfabetizaccedilatildeo de jovens e adultos (AJA) e de educaccedilatildeo de jovens e

adultos (EJA) participaccedilatildeo dos professores e do conselho escolar na sua

elaboraccedilatildeo orientaccedilatildeo da secretaria municipal de educaccedilatildeo e

consideraccedilatildeo das especificidades de cada escola

5 Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho do Fundo de Manutenccedilatildeo e

Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos

Profissionais da Educaccedilatildeo (Fundeb)

6 Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar (CAE)

7 Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromisso

Aacuterea 2 ndash Gestatildeo de

pessoas

1 Quadro de servidores da secretaria municipal de educaccedilatildeo (SME)

2 Criteacuterios para escolha da direccedilatildeo escolar

3 Presenccedila de coordenadores ou supervisores pedagoacutegicos nas escolas

4 Quadro de professores

5 Estaacutegio probatoacuterio efetivando os professores e outros profissionais da

Educaccedilatildeo

6 Plano de carreira para o magisteacuterio

7 Plano de carreira dos profissionais de serviccedilo e apoio escolar

8 Piso salarial nacional do professor

9 Existecircncia de professores para o exerciacutecio da funccedilatildeo docente no

atendimento educacional especializado (AEE) complementar ao ensino

regular

Aacuterea 3 ndash Conhecimento

e utilizaccedilatildeo de

informaccedilatildeo

1 Existecircncia de um sistema informatizado de gestatildeo escolar que integre

a rede municipal de ensino

2 Conhecimento da situaccedilatildeo das escolas da rede

3 Conhecimento e utilizaccedilatildeo dos dados de analfabetismo e escolaridade

de jovens e adultos

4 Acompanhamento e registro da frequecircncia dos alunos beneficiados

pelo Programa Bolsa Famiacutelia (PBF)

5 Existecircncia de monitoramento do acesso e permanecircncia de pessoas

com deficiecircncia de 0 a 18 anos beneficiaacuterias do Benefiacutecio da Prestaccedilatildeo

Continuada (BPC) 6 Formas de registro da frequecircncia

Aacuterea 4 ndash Gestatildeo de

financcedilas

1 Existecircncia de equipe gestora capacitada para o gerenciamento dos

recursos para a Educaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo do Sistema de Informaccedilotildees sobre

Orccedilamentos Puacuteblicos em Educaccedilatildeo (Siope)

2 Cumprimento do dispositivo constitucional de vinculaccedilatildeo dos

recursos da Educaccedilatildeo

3 Aplicaccedilatildeo dos recursos de redistribuiccedilatildeo e complementaccedilatildeo do Fundo

de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de

Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo (Fundeb)

196

Aacuterea 5 ndash Comunicaccedilatildeo

e interaccedilatildeo com a

sociedade

1 Divulgaccedilatildeo e anaacutelise dos resultados das avaliaccedilotildees oficiais do MEC

2 Existecircncia de parcerias externas para realizaccedilatildeo de atividades

complementares que visem agrave formaccedilatildeo integral dos alunos

3 Relaccedilatildeo com a comunidade promoccedilatildeo de atividades e utilizaccedilatildeo da

escola como espaccedilo comunitaacuterio Total de aacutereas 05 28 indicadores

Dimensatildeo 2 ndash Formaccedilatildeo de Professores e de Profissionais de Serviccedilo e Apoio Escolar

Aacuterea 1 Formaccedilatildeo

Inicial de Professores

da Educaccedilatildeo Baacutesica

1 Habilitaccedilatildeo dos professores que atuam nas creches

2 Habilitaccedilatildeo dos professores que atuam na preacute-escola

3 Habilitaccedilatildeo dos professores que atuam nos anosseacuteries iniciais do

ensino fundamental incluindo professores da educaccedilatildeo de jovens e

adultos (EJA)

4 Habilitaccedilatildeo dos professores que atuam nos anosseacuteries finais do

ensino fundamental incluindo professores da educaccedilatildeo de jovens e

adultos (EJA)

Aacuterea 2 Formaccedilatildeo

Continuada de

Professores da

Educaccedilatildeo Baacutesica

1 Existecircncia e implementaccedilatildeo de poliacuteticas para a formaccedilatildeo continuada

de professores que atuam na educaccedilatildeo infantil

2 Existecircncia e implementaccedilatildeo de poliacuteticas para a formaccedilatildeo continuada

de professores que visem qualificar a praacutetica de ensino da leituraescrita

da Matemaacutetica e dos demais componentes curriculares nos anosseacuteries

iniciais do ensino fundamental incluindo professores da educaccedilatildeo de

jovens e adultos (EJA)

3 Existecircncia e implementaccedilatildeo de poliacuteticas para a formaccedilatildeo continuada

de professores que visem agrave melhoria da qualidade de aprendizagem de

todos os componentes curriculares nos anosseacuteries finais do ensino

fundamental incluindo professores da educaccedilatildeo de jovens e adultos

(EJA)

4 Existecircncia e implementaccedilatildeo de poliacuteticas para a formaccedilatildeo continuada

de professores que visem ao desenvolvimento de praacuteticas educacionais

inclusivas na classe comum em todas as etapas e modalidades Aacuterea 3 Formaccedilatildeo de

professores da

Educaccedilatildeo Baacutesica para

atuaccedilatildeo em educaccedilatildeo

especial escolas do

campo comunidades

quilombolas ou

indiacutegenas

1 Formaccedilatildeo dos professores da educaccedilatildeo baacutesica que atuam no

atendimento educacional especializado (AEE)

2 Formaccedilatildeo dos professores que atuam em escolas do campo

3 Formaccedilatildeo dos professores que atuam em escolas de comunidades

quilombolas

4 Qualificaccedilatildeo dos professores que atuam em escolas de comunidades

indiacutegenas

Aacuterea 4 Formaccedilatildeo de

professores da

educaccedilatildeo baacutesica para

cumprimento das Leis

979599 1063903

1152507 e 1164508

1 Existecircncia e implementaccedilatildeo de poliacuteticas para a formaccedilatildeo de

professores visando ao cumprimento das Leis 979599 1063903

1152507 e 1164508

Aacuterea 5 Formaccedilatildeo de

Profissionais da

Educaccedilatildeo e Outros

Representantes da

Comunidade Escolar

1 Participaccedilatildeo dos gestores de unidades escolares em programas de

formaccedilatildeo especiacutefica

2 Existecircncia e implementaccedilatildeo de poliacuteticas para formaccedilatildeo continuada

das equipes pedagoacutegicas

3 Participaccedilatildeo de gestores equipes pedagoacutegicas profissionais de

serviccedilos e apoio escolar em programas de formaccedilatildeo para a educaccedilatildeo

inclusiva

197

4 Participaccedilatildeo dos profissionais de serviccedilo e apoio escolar e de outros

representantes da comunidade escolar em programas de formaccedilatildeo

especiacutefica

Total de aacutereas 05 17 indicadores

Dimensatildeo 3 ndash Praacuteticas Pedagoacutegicas e Avaliaccedilatildeo

Aacuterea 1 Organizaccedilatildeo da

Rede de Ensino

1 Implantaccedilatildeo e organizaccedilatildeo do ensino fundamental de 9 anos

2 Implantaccedilatildeo e organizaccedilatildeo do ensino obrigatoacuterio dos 4 aos 17 anos

3 Existecircncia de poliacutetica de educaccedilatildeo em tempo integral atividades que

ampliam a jornada escolar do estudante para no miacutenimo sete horas

diaacuterias nos cinco dias por semana

4 Poliacutetica de correccedilatildeo de fluxo

5 Existecircncia de accedilotildees para a superaccedilatildeo do abandono e da evasatildeo escolar

6 Atendimento agrave demanda de educaccedilatildeo de jovens e adultos (EJA)

7 Oferta do atendimento educacional especializado (AEE)

complementar ou suplementar agrave escolarizaccedilatildeo

Aacuterea 2 Organizaccedilatildeo das

praacuteticas pedagoacutegicas

1 Existecircncia de proposta curricular para a rede de ensino

2 Processo de escolha do livro didaacutetico

3 Existecircnciaadoccedilatildeo de metodologias especiacuteficas para a alfabetizaccedilatildeo

4 Existecircncia de programas de incentivo agrave leitura para o professor e o

aluno incluindo a educaccedilatildeo de jovens e adultos (EJA)

5 Estiacutemulo agraves praacuteticas pedagoacutegicas fora do espaccedilo escolar com

ampliaccedilatildeo das oportunidades de aprendizagem

6 Reuniotildees pedagoacutegicas e horaacuterios de trabalhos pedagoacutegicos para

discussatildeo dos conteuacutedos e metodologias de ensino

Aacuterea 3 Avaliaccedilatildeo da

Aprendizagem dos

Alunos e Tempo para

Assistecircncia

IndividualColetiva aos

Alunos que Apresentam

Dificuldade de

Aprendizagem

1 Formas de avaliaccedilatildeo da aprendizagem dos alunos

2 Utilizaccedilatildeo do tempo para assistecircncia individual coletiva aos alunos

que apresentam dificuldade de aprendizagem

Total de aacutereas 03 15 indicadores

Dimensatildeo 4 ndash Infraestrutura Fiacutesica e Recursos Pedagoacutegicos

Aacuterea 1 Instalaccedilotildees

fiacutesicas da secretaria

municipal de educaccedilatildeo

1 Condiccedilotildees da infraestrutura fiacutesica existente da secretaria municipal de

educaccedilatildeo

2 Condiccedilotildees de mobiliaacuterio e equipamentos da secretaria municipal de

educaccedilatildeo

Aacuterea 2 Condiccedilotildees da

rede fiacutesica escolar

existente

1 Biblioteca instalaccedilotildees e espaccedilo fiacutesico

2 Acessibilidade arquitetocircnica nos ambientes escolares

3 Infraestrutura fiacutesica existente condiccedilotildees das unidades escolares que

ofertam a educaccedilatildeo infantil na aacuterea urbana

4 Infraestrutura fiacutesica existente condiccedilotildees das unidades escolares que

ofertam a educaccedilatildeo infantil no campo comunidades indiacutegenas eou

quilombolas

5 Infraestrutura fiacutesica existente condiccedilotildees das unidades escolares que

ofertam o ensino fundamental na aacuterea urbana

198

6 Infraestrutura fiacutesica existente condiccedilotildees das unidades escolares que

ofertam o ensino fundamental no campo comunidades indiacutegenas eou

quilombolas

7 Necessidade de novos preacutedios escolares existecircncia de preacutedios

escolares para atendimento agrave demanda da educaccedilatildeo infantil na aacuterea

urbana

8 Necessidade de novos preacutedios escolares existecircncia de preacutedios

escolares para atendimento agrave demanda da educaccedilatildeo infantil no campo

comunidades indiacutegenas eou quilombolas

9 Necessidade de novos preacutedios escolares existecircncia de preacutedios

escolares para atendimento agrave demanda do ensino fundamental na aacuterea

urbana

10 Necessidade de novos preacutedios escolares existecircncia de preacutedios

escolares para atendimento agrave demanda do ensino fundamental no campo

comunidades indiacutegenas eou quilombolas

11 Condiccedilotildees de mobiliaacuterio e equipamentos escolares quantidade

qualidade e acessibilidade

12 Existecircncia de transporte escolar para alunos da rede atendimento agrave

demanda agraves condiccedilotildees de qualidade e de acessibilidade

Aacuterea 3 Uso de

Tecnologias

1 Existecircncia e funcionalidade dos laboratoacuterios de Ciecircncias e de

Informaacutetica nas escolas de ensino fundamental

2 Existecircncia de computadores ligados agrave rede mundial de computadores

e utilizaccedilatildeo de recursos de Informaacutetica para atualizaccedilatildeo de conteuacutedos e

realizaccedilatildeo de pesquisas

3 Existecircncia de sala de recursos multifuncionais e utilizaccedilatildeo para o

atendimento educacional especializado (AEE)

4 Utilizaccedilatildeo de processos ferramentas e materiais de natureza

pedagoacutegica preacute-qualificados pelo MEC

Aacuterea 4 Recursos

pedagoacutegicos para o

desenvolvimento de

praacuteticas pedagoacutegicas que

considerem a

diversidade das

demandas educacionais

1 Existecircncia suficiecircncia diversidade e acessibilidade do acervo

bibliograacutefico (de referecircncia e literatura)

2 Existecircncia suficiecircncia diversidade e acessibilidade de materiais

pedagoacutegicos

3 Suficiecircncia diversidade e acessibilidade dos equipamentos e

materiais esportivos

4 Produccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de materiais didaacuteticos para a educaccedilatildeo de jovens

e adultos (EJA) e para a diversidade Total de aacutereas 04 22 indicadores

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA …ppged.propesp.ufpa.br/arquivos2/File/heryka.pdf · 2017. 3. 21. · universidade federal do parÁ instituto de ciÊncias

HERYKA CRUZ NOGUEIRA

O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS (PAR) E SUAS IMPLICACcedilOtildeES PARA A

GESTAtildeO DA EDUCACcedilAtildeO NA REDE MUNICIPAL DE EDUCACcedilAtildeO DE

SANTANAAP

Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em

Educaccedilatildeo da Universidade Federal do Paraacute ndash UFPA como

requisito para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Educaccedilatildeo

Orientadora Profa Dra Dalva Valente Guimaratildees Gutierres

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________

Profa Dra Dalva Valente Guimaratildees Gutierres

Universidade Federal do Paraacute - UFPA

(Orientadora)

_______________________________________________

Profa Dra Vera Luacutecia Jacob Chaves

Universidade Federal do Paraacute - UFPA

(Examinador Interno)

_______________________________________________

Profa Dra Luciane Terra dos Santos Garcia

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

(Examinador Externo)

_______________________________________________

Profa Dra Arlete Maria Monte Camargo

Universidade Federal do Paraacute - UFPA

(Examinador Interno - Suplente)

______________________________________________

Profa Dra Magna Franccedila

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

(Examinador Externo - Suplente)

Dissertaccedilatildeo aprovada em 24 de Junho de 2016

BELEacuteM-PA

2016

O capitalismo eacute ndash em sua anaacutelise final ndash incompatiacutevel com a

democracia se por ldquodemocraciardquo entendemos tal como o indica sua

significaccedilatildeo literal o poder popular ou o governo do povo Natildeo existe

um capitalismo governado pelo poder popular no qual o desejo das

pessoas seja privilegiado ao dos imperativos do ganho e da

acumulaccedilatildeo e no qual os requisitos da maximizaccedilatildeo do benefiacutecio natildeo

ditem as condiccedilotildees mais baacutesicas de vida O capitalismo eacute

estruturalmente antiteacutetico em relaccedilatildeo agrave democracia (WOOD 2006 p

382)

AGRADECIMENTOS

Agrave DEUS que me concede o dom da vida e estaacute sempre guiando os meus passos

iluminando os meus caminhos e tramando a minha existecircncia

Agrave minha famiacutelia pelo amor muacutetuo e incondicional aqui me refiro ao meu pai

LAEcircNIO NOGUEIRA exemplo de homem dedicado inteligente esforccedilado e de grande

coraccedilatildeo um ser humano espetacular A minha matildee SOCORRO CRUZ pela dedicaccedilatildeo e

incentivo mesmo sabendo que o caminho que escolhi natildeo seria faacutecil Aos meus irmatildeos LAENIO

JUacuteNIOR e BRUNO NOGUEIRA pelo carinho

Destaco aqui um agradecimento especial a minha orientadora a Dra DALVA

VALENTE GUIMARAtildeES GUTIERRES pela acolhida pelo carinho pela rigorosidade teoacuterica

e pelas valiosiacutessimas contribuiccedilotildees que dispensou a esse trabalho

A Profa Dra VERA LUacuteCIA JACOB CHAVES pelas contribuiccedilotildees decisivas na

banca de qualificaccedilatildeo e de defesa desta dissertaccedilatildeo Suas orientaccedilotildees materializadas em elogios

e criacuteticas foram fundamentais para a finalizaccedilatildeo deste estudo

A Profa Dra ODETE CRUZ MENDES pelo compartilhamento de experiecircncias no

estudo sobre a gestatildeo educacional as suas observaccedilotildees muito contribuiacuteram para a maturaccedilatildeo

da temaacutetica

A Profa Profa Dra LUCIANE TERRA DOS SANTOS GARCIA da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte por ter aceitado o convite de participar da banca de defesa e

pelas valiosas contribuiccedilotildees

A todos os MEUS PROFESSORES do Instituto de Ciecircncias da Educaccedilatildeo

vinculados ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da UFPA que com seus valiosos

ensinamentos de alguma forma contribuiacuteram para a construccedilatildeo desse trabalho

A UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute por oportunizar cursos de poacutes-

graduaccedilatildeo Stricto Sensu e contribuir para a melhoria da educaccedilatildeo no Norte do paiacutes

Aos meus COLEGAS DA TURMA DO MESTRADO 2014 os quais

compartilhamos anguacutestias incertezas duacutevidas mas tambeacutem alegrias

A Profa Dra ILMA BARLETA da UNIFAP pela troca de experiecircncias sobre a

Gestatildeo Educacional no PAR

Aos companheiros do GEPESUFPA e do GEFINUFPA por todo aprendizado que

compartilhamos nesse dois anos

Um agradecimento especial aos servidores da SECRETARIA MUNICIPAL DE

EDUCACcedilAtildeO DE SANTANAAP e aos Conselheiros que fazem a Educaccedilatildeo do municiacutepio de

Santana e que compreendem a importacircncia das possiacuteveis contribuiccedilotildees para o municiacutepio de um

estudo aprofundado sobre a gestatildeo educacional os meus agradecimentos

A DEISIANNE CASTRO pela companhia e que junto comigo viveu a expectativa

dessa conquista

A MARINEIDE ALMEIDA e JOSINETE ALMEIDA pelas conversas pela troca

de experiecircncias e por me ceder estadia sem essa ajuda natildeo seria possiacutevel concluir o mestrado

na cidade de Beleacutem do Paraacute

Por fim agradeccedilo a todos que de alguma forma contribuiacuteram direta ou

indiretamente para o longo doloroso e excitante processo de elaboraccedilatildeo deste texto

RESUMO

Este estudo analisa o Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) e as suas implicaccedilotildees para a gestatildeo educacional

na rede municipal de SantanaAP na perspectiva de analisar seus efeitos na democratizaccedilatildeo da gestatildeo

com ecircnfase nas diferentes concepccedilotildees de gestatildeo utilizadas em acircmbito educacional municipal tendo

como paracircmetro a organizaccedilatildeo da educaccedilatildeo atual em um contexto permeado de mudanccedilas na estrutura

administrativa do paiacutes originadas a partir do Plano de Reforma do Estado Brasileiro nos anos de 1990

que propotildee accedilotildees de organizaccedilatildeo do Estado e de gestatildeo gerencial voltadas para atender os anseios de

uma sociedade capitalista Partiu-se do pressuposto de que a gestatildeo democraacutetica da educaccedilatildeo natildeo pode

ser vista em abstrato e portanto no sistema capitalista a participaccedilatildeo a descentralizaccedilatildeo e a autonomia

que satildeo elementos constitutivos da democracia ganham nuances contraditoacuterias Como metodologia

utilizou-se a anaacutelise documental e entrevistas semiestruturadas com a equipe gestora da rede municipal

de educaccedilatildeo de Santana ndash Amapaacute a Equipe Teacutecnica Local de elaboraccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas

(PAR) integrantes do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar do

Conselho Escolar do Conselho do FUNDEB e diretor escolar A intenccedilatildeo foi analisar a Dimensatildeo

Gestatildeo Educacional do PAR focalizando a Aacuterea ldquoGestatildeo democraacuteticardquo a partir de seis Indicadores

Existecircncia de Conselhos Escolares Existecircncia composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho Municipal de

Educaccedilatildeo Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do

Conselho do Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos

Profissionais da Educaccedilatildeo Criteacuterios para escolha da Direccedilatildeo Escolar e Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc

Local do Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo Os resultados obtidos evidenciou a histoacuterica fragilidade

da democratizaccedilatildeo da gestatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana pois os mecanismos que poderiam

viabilizar a participaccedilatildeo a descentralizaccedilatildeo e a autonomia que satildeo os conselhos municipais de controle

social tem funcionado precariamente Os criteacuterios de escolha de diretores excluem as formas

democraacuteticas de participaccedilatildeo da comunidade escolar como a eleiccedilatildeo e favorecem as praacuteticas

centralizadoras de nomeaccedilatildeo A gestatildeo dos recursos financeiros da educaccedilatildeo eacute centralizada na prefeitura

municipal dificultando a participaccedilatildeo da populaccedilatildeo no controle social Com o PAR houve expansatildeo do

nuacutemero de Conselhos escolares o que pode potencializar a participaccedilatildeo dos sujeitos no controle social

dos recursos e outras formas de descentralizaccedilatildeo das decisotildees Isso a depender da correlaccedilatildeo de forccedilas

locais historicamente permeada por formas patrimonialistas de gestatildeo que com o PAR ganharam

nuances de gerencialismo

PALAVRAS-CHAVE Gestatildeo Educacional Plano de Accedilotildees Articuladas Poliacutetica Educacional Rede

Municipal de Ensino de Santana - Amapaacute

ABSTRACT

This study analyses the Articulated Plan of Actions (PAR) and its implications for the educational

management in the municipal network of Santana in the State of Amapaacute with a view to analyze its

effects in the democratization of the management emphasizing the different conceptions of the

management used in the sphere of municipal education having as baseline the organization of the

current education in a context permeated of changes in the administrative structure of the country

originated from the Reform Plan of the Brazilian State in the years of 1990 that propose actions of

organization of the State and of management oriented to serve the expectations of a capitalist society

It is assumed that the democratic management of the education cannot be sight in an abstract way and

therefore in the capitalist system the participation the decentralization and the autonomy that are

constitutive elements of the democracy they get contradictory nuances It was used as methodology the

documental analyze and the semi structured interview with the team manager of the municipal network

of the education in Santana ndash Amapaacute ndash the technical local Team of elaboration of the Articulated Plan

of Actions (PAR) the participating of the Municipal Council of Education the School Council the Fund

for Maintenance and Development of Basic School and Valorization of Professionals (FUNDEB) and

School Director The purpose was to analyze the Dimension School Management of PAR focusing at

the area ldquoDemocratic Managementrdquo from six indicators existence of schools councils existence

composition and operation of the Municipal Education Council composition and operation of the

School Meals Council composition and operation of the Fund for Maintenance and Development of

Basic School and Valorization of Professionals criteria for the choice of the school director and the

existence and operation of the local committee of the All for Education Commitment The results

obtained put in evidence the historic fragility of the democratization of the education management in

Santana City because the mechanism that could permit the participation the decentralization and the

autonomy that are the municipal education councils they have been worked precariously The criteria

of choice of the directors exclude the democratic manners of participation of the school community as

the election for example and they promote the centralized practices of appointment The management

of the financial resources of the education is centralized at the municipal government turning the

participation of the population in the social control more and more difficult There was expansion of the

number of school councils which can ramp up the participation of individuals in the social control of

the resources and other ways of decentralization of the decisions It depends of the correlation of local

forces historically permeated for patrimonial manners of management that get with PAR a

manageralism nuance

KEY-WORDS Educational Management Articulated Plan of Actions Educational Policy Municipal

Network Learning of Santana ndash Amapaacute

LISTA DE QUADROS

Quadro 01 - Sujeitos da pesquisa 30

Quadro 02 - Funccedilotildees e objetivos do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo 63

Quadro 03 - Composiccedilatildeo do FUNDEB por esfera administrativa 72

Quadro 04 - Eixos de Accedilatildeo do Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo 82

Quadro 05 - Descriccedilatildeo das atribuiccedilotildees do MEC e do Municiacutepio na execuccedilatildeo do PAR municipal

92

Quadro 06 - Descriccedilatildeo dos documentos orientadores para elaboraccedilatildeo do PAR 95

Quadro 07 - Dimensatildeo 1 Gestatildeo Educacional (1ordf Versatildeo do PAR) 97

Quadro 08 - Dimensatildeo 1 Gestatildeo Educacional (2ordf Versatildeo do PAR) 98

Quadro 09 - Santana Secretaacuterios Municipais de Educaccedilatildeo (2005 ndash 2015) 98

Quadro 10 - Pontuaccedilatildeo dos Indicadores da gestatildeo democraacutetica do 1ordm e 2ordm PAR 140

Quadro 11 - Santana Diagnoacutestico do indicador do Conselho Escolar 142

Quadro 12 - Santana Receitas do PDDE por programa para as escolas da rede municipal

(2007 ndash 2014) 145

Quadro 13 - Santana Diagnoacutestico do indicador Conselho Municipal de Educaccedilatildeo 148

Quadro 14 - Santana Composiccedilatildeo do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo 150

Quadro 15 - Santana Diagnoacutestico do indicador do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar 151

Quadro 16 - Santana Diagnoacutestico do indicador do Conselho do Conselho do FUNDEB 154

Quadro 17 - Santana Composiccedilatildeo do CACS e FUNDEB 155

Quadro 18 - Santana Diagnoacutestico do Indicador Criteacuterios para a Escolha de Diretores 157

Quadro 19 - Santana Diagnoacutestico do indicador Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do

Compromisso 158

Quadro 20 - Santana Composiccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromisso 159

LISTA DE TABELAS

Tabela 01 - Produccedilatildeo escrita sobre o Plano de Accedilotildees Articuladas de 2009 a 2015 22

Tabela 02 - Nordm de Publicaccedilotildees sobre o Plano de Accedilotildees Articuladas por temaacutetica e fonte no

periacuteodo 2009 a 2015 22

Tabela 03 - Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica no Brasil (2005 a 2013) 89

Tabela 04 - Quantidade de Indicadores Aacuterea e Dimensotildees no 1ordm PAR (2007 - 2010) 91

Tabela 05 - Quantidade de Indicadores Aacuterea e Dimensotildees no 2ordm PAR (2011 - 2014) 92

Tabela 06 - Santana IDHM e seus componentes nas suas duas uacuteltimas deacutecadas 111

Tabela 07 - Dados gerais em relaccedilatildeo aos municiacutepios do estado do Amapaacute 111

Tabela 08 - Santana Matriacuteculas na educaccedilatildeo baacutesica por esfera administrativa 121

Tabela 09 - Santana IDEB do ensino fundamental (anos iniciais) em relaccedilatildeo ao estado

do Amapaacute e ao Brasil (2005 ndash 2013) 122

Tabela 10 - Santana Receitas de Impostos Proacuteprios 124

Tabela 11 - Santana Receitas do FUNDEB (2007 ndash 2014) 125

Tabela 12 - Santana Receitas do Salaacuterio Educaccedilatildeo e dos Programas do FNDE 129

Tabela 13 - Santana Receitas decorrentes do PAR (2009 ndash 2014) 129

Tabela 14 - Santana Despesas com a Funccedilatildeo Educaccedilatildeo (2007 ndash 2014) 133

Tabela 15 - Santana Miacutenimo de Aplicaccedilatildeo em MDE (2007 ndash 2014) 133

Tabela 16 - Santana Miacutenimo de Aplicaccedilatildeo do FUNDEB em remuneraccedilatildeo de professores134

Tabela 17 - Santana Siacutentese das pontuaccedilotildees das Dimensotildees do 1ordm PAR 138

Tabela 18 - Santana Siacutentese das pontuaccedilotildees das Dimensotildees do 2ordm PAR 139

Tabela 19 - Santana Total de Recursos do PDDE recebidos pelas Caixas Escolares da

Rede municipal no periacuteodo de 2007-2014 147

LISTA DE FIGURAS E GRAacuteFICOS

Figura 01 - Vista do municiacutepio de Santana-Amapaacute 102

Figura 02 - Monumento em homenagem a Santa Ana na entrada do municiacutepio 104

Figura 03 - Localizaccedilatildeo do municiacutepio de Santana no Estado do Amapaacute 105

Figura 04 - Localizaccedilatildeo Estrateacutegica do Porto de Santana para exportaccedilatildeo para outros paiacuteses

105

Figura 05 - Porto de Santana para importaccedilatildeo e exportaccedilatildeo 108

Figura 06 - Ferrovia que liga Santana a Serra do Navio para o transporte de mineacuterios 109

Figura 07 - Foto da sede da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de Santana 115

Figura 08 - Estrutura organizacional dos oacutergatildeos da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo (SEME)

116

Graacutefico 01 - Santana Nordm de escolas da rede municipal de ensino 2007-2014 119

Graacutefico 02 - Santana Nuacutemero de docentes atuando na rede municipal de ensino 2007-2014

120

Graacutefico 03 - SANTANA Receitas da Educaccedilatildeo em relaccedilatildeo as despesas com a funccedilatildeo educaccedilatildeo

- 2009 131

Graacutefico 04 - SANTANA Receitas da Educaccedilatildeo em relaccedilatildeo as despesas com a funccedilatildeo educaccedilatildeo

ndash 2013 132

Graacutefico 05 - Total de repasses do PDDE para as escolas da rede municipal 2007 ndash 2014 146

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ALCMS - Aacuterea de Livre Comeacutercio de Macapaacute e Santana

ANDES ndash Sindicato Nacional dos Docentes das Instituiccedilotildees de Ensino Superior

ANPAE - Associaccedilatildeo Nacional de Poliacutetica e Administraccedilatildeo da Educaccedilatildeo

ANPED - Associaccedilatildeo Nacional de Poacutes-Graduaccedilatildeo e Pesquisa em Educaccedilatildeo

AP - Amapaacute

BIRD - Banco Interamericano de Desenvolvimento

BM - Banco Mundial

CAE - Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar

CBE - Conferecircncia Brasileira de Educaccedilatildeo

CE - Conselho Escolar

CF - Constituiccedilatildeo Federal do Brasil

CME - Conselho Municipal de Educaccedilatildeo

CNE - Conselho Nacional de Educaccedilatildeo

CONSU - Conselho Superior Universitaacuterio

EEXs - Entidades Executoras

EF - Ensino Fundamental

EI - Educaccedilatildeo Infantil

ENADE - Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes

ENEM - Exame Nacional do Ensino Meacutedio

FHC - Fernando Henrique Cardoso

FMI - Fundo Monetaacuterio Internacional

FNDE - Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo

FNDEP - Foacuterum Nacional em Defesa da Escola Puacuteblica na LDB

FPM ndash Fundo de Participaccedilatildeo dos Municiacutepios

FUNDEB - Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo

dos Profissionais da Educaccedilatildeo

FUNDEF - Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorizaccedilatildeo

do Magisteacuterio

GEFIN - Grupo de Estudos em Financiamento da Educaccedilatildeo

GEPES - Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Ensino Superior

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

ICMS - Imposto sobre Circulaccedilatildeo de Mercadorias e Serviccedilos

ICOMI - Induacutestria e Comeacutercio de Mineacuterios

IDEB - Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica

IDH - Iacutendice de Desenvolvimento Humano

INEP - Iacutendice Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira

LDBN - Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional

LOM - Lei Orgacircnica do Municiacutepio

LRF - Lei de Responsabilidade Fiscal

MARE - Ministeacuterio da Administraccedilatildeo e Reforma do Estado

MEC - Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

OBEDUC - Programa Observatoacuterio da Educaccedilatildeo

OCDE - Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo e o Desenvolvimento Econocircmico

ONG - Organizaccedilatildeo Natildeo-Governamental

PBA - Programa Brasil Alfabetizado

PAC - Plano de Aceleraccedilatildeo do Crescimento

PAR - Plano de Accedilotildees Articuladas

PCEMS - Plano de Carreiras da Educaccedilatildeo do Municiacutepio de Santana

PCNs - Paracircmetros Curriculares Nacionais

PDE - Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo

PDRAE - Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado

PDDE - Programa Dinheiro Direto na Escola

PIB - Produto Interno Bruto

PME - Plano Municipal da Educaccedilatildeo

PMS ndash Prefeitura Municipal de Santana

PMCTE - Plano de Metas Compromisso Todos Pela Educaccedilatildeo

PNAE - Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar

PNATE - Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar

PNE - Plano Nacional da Educaccedilatildeo

PNUD - Programa das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento

PSE - Programa Nacional de Sauacutede Escolar

SAEB - Sistema Nacional de Educaccedilatildeo Baacutesica

SECADI - Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo Diversidade e Inclusatildeo

SEME - Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de Santana

SFCI - Secretaria Federal de Controle Interno

SINDUEAP - Sindicato dos Docentes da Universidade do Estado do Amapaacute

SIMEC - Sistema Integrado de Monitoramento Execuccedilatildeo e Controle

SIOPE - Sistema de Informaccedilotildees sobre Orccedilamentos Puacuteblicos em Educaccedilatildeo

SUFRAMA - Superintendecircncia da Zona Franca de Manaus

TPE - Todos Pela Educaccedilatildeo

TCU - Tribunal de Contas da uniatildeo

UEXs - Unidades Executoras

UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte

UFU - Universidade Federal de Uberlacircndia

UEAP - Universidade do Estado do Amapaacute

UNDIME - Uniatildeo Nacional dos Dirigentes Municipais em Educaccedilatildeo

UNCME - Uniatildeo Nacional dos Conselhos Municipais de Educaccedilatildeo

UNESCO - Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a Educaccedilatildeo a Ciecircncia e a Cultura

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 16

11 A POLIacuteTICA DE GESTAtildeO DA EDUCACcedilAtildeO NO BRASIL 33

11 O CAPITALISMO E CRISE 33

12 A REFORMA DO ESTADO BRASILEIRO E SUAS IMPLICACcedilOtildeES PARA A GESTAtildeO

DA EDUCACcedilAtildeO 41

121 As poliacuteticas educacionais no Brasil e a gestatildeo da educaccedilatildeo 46

13 DESCENTRALIZACcedilAtildeO AUTONOMIA E PARTICIPACcedilAtildeO MECANISMOS DE

DEMOCRATIZACcedilAtildeO DAS ESTRUTURAS DE PODER 51

131 Descentralizaccedilatildeo 51

132 Autonomia 54

133 Participaccedilatildeo 56

14 OS CONSELHOS DE CONTROLE SOCIAL COMO MECANISMOS DE

DEMOCRATIZACcedilAtildeO DA GESTAtildeO EDUCACIONAL 58

141 O Conselho Municipal de Educaccedilatildeo 61

142 O Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar 63

143 Os Conselhos Escolares 67

144 O Conselho de Acompanhamento e Controle Social do FUNDEB 70

15 OS CRITEacuteRIOS PARA A ESCOLHA DE DIRETOR ESCOLAR 74

2 A GESTAtildeO EDUCACIONAL NO CONTEXTO DO PLANO DE

DESENVOLVIMENTO DA EDUCACcedilAtildeO (PDE) DO PLANO DE METAS

COMPROMISSO TODOS PELA EDUCACcedilAtildeO E DO PLANO DE ACcedilOtildeES

ARTICULADAS 79

21 A GESTAtildeO EDUCACIONAL E O PLANO DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCACcedilAtildeO

(PDE) 79

22 A GESTAtildeO EDUCACIONAL E O PLANO DE METAS COMPROMISSO TODOS PELA

EDUCACcedilAtildeO (PMCTE) 84

23 A GESTAtildeO EDUCACIONAL E O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS (PAR) 91

231 A dimensatildeo Gestatildeo Democraacutetica no Plano de Accedilotildees Articuladas 97

3 A GESTAtildeO EDUCACIONAL NO CONTEXTO DO PLANO DE ACcedilOtildeES

ARTICULADAS NO MUNICIacutePIO DE SANTANA - AMAPAacute 102

31 O CONTEXTO HISTOacuteRICO DO MUNICIacutePIO DE SANTANA 102

311 Santana cidade portuaacuteria do Amapaacute 103

312 Santana Localizaccedilatildeo e condiccedilotildees geograacuteficas 105

313 A exportaccedilatildeo de mineacuterios da Amazocircnia Amapaense 106

314 Santana Aspectos gerais 110

32 A POLIacuteTICA EDUCACIONAL NO MUNICIacutePIO DE SANTANA-AMAPAacute 112

321 Estrutura organizacional do Sistema Municipal de Educaccedilatildeo de Santana 114

322 A educaccedilatildeo municipal em nuacutemeros 119

323 O financiamento da educaccedilatildeo na rede municipal de educaccedilatildeo de Santana 123

33 O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS E A DIMENSAtildeO GESTAtildeO DA EDUCACcedilAtildeO NA

REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE SANTANA - AMAPAacute (2007 ndash 2014) 134

34 OS INDICADORES DE GESTAtildeO DEMOCRAacuteTICA DO PAR DA REDE MUNICIPAL

DE SANTANA - AMAPAacute (2007-2014) 140

341 Existecircncia composiccedilatildeo e funcionamento dos Conselhos Escolares (CE) 141

342 Existecircncia composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (CME) 148

343 Conselho Municipal de Alimentaccedilatildeo Escolar (CAE) 151

344 Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de Controle Social do FUNDEB 153

345 Criteacuterios para a escolha de Diretores escolares do municiacutepio de Santana 156

346 Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromisso 158

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 160

REFEREcircNCIAS 167

APEcircNDICES 177

ANEXOS 189

16

INTRODUCcedilAtildeO

A ORIGEM DO ESTUDO

O presente estudo visa a identificar as implicaccedilotildees do Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR)

para a gestatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana no Estado do Amapaacute A escolha do tema

da pesquisa sobre a gestatildeo da educaccedilatildeo tem relaccedilatildeo com algumas experiecircncias da minha vida

profissional nas escolas puacuteblicas e privadas como professora coordenadora e gestora em

escolas do ensino fundamental onde tive a oportunidade de aprender com os desafios impostos

a cada funccedilatildeo Durante o periacuteodo de 2000 a 2010 atuei na educaccedilatildeo baacutesica e nos anos de 2010

e 2011 fui convidada a participar da elaboraccedilatildeo de projetos educacionais na Secretaria de

Educaccedilatildeo do Estado relacionados ao Plano de Desenvolvimento da EducaccedilatildeoPlano de Metas

Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo onde assessorei pedagogicamente e elaborei projetos para

a rede estadual de ensino do Amapaacute participando inclusive das reuniotildees para a construccedilatildeo do

PAR

A participaccedilatildeo no Sindicato dos Docentes da Universidade do Estado do Amapaacute

(SINDUEAP)Associaccedilatildeo Nacional dos Docentes do Ensino Superior (ANDES) como parte

da diretoria no periacuteodo de 2012 a 2015 e representante sindical no Conselho Superior

Universitaacuterio (CONSU-UEAP) oportunizou-me a discussatildeo das poliacuteticas educacionais

decorrentes da redefiniccedilatildeo do papel do Estado especialmente aquelas relacionadas agrave gestatildeo da

educaccedilatildeo Os eventos1 dos quais participei agrave eacutepoca debatiam a gestatildeo da educaccedilatildeo e a

necessidade emergente de compreendermos a poliacutetica educacional no plano nacional e os

desafios impostos pelos organismos internacionais no paiacutes Os debates e as discussotildees tanto no

SINDUEAPANDES quanto no CONSU-UEAP foram de muita importacircncia para minha

formaccedilatildeo poliacutetica momentos em que pude vivenciar o exerciacutecio da participaccedilatildeo e da

democracia

Ao ingressar no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da Universidade Federal do

Paraacute (UFPA) em 2014 no curso de Mestrado propus um projeto para investigar a concepccedilatildeo

1Foacuterum das Licenciaturas (AP) nos anos de 2013 2014 e 2015 o Congresso Estadual de Educaccedilatildeo (AP) em 2013

as Conferecircncias Municipais de Educaccedilatildeo em 2013 e 2014 a Conferecircncia Estadual de Educaccedilatildeo (AP) em 2014 e

2015 Seminaacuterio da Uniatildeo Nacional dos Dirigentes Municipais de Educaccedilatildeo ndash UNDIME (AP) Aleacutem disso venho

participando de outros eventos relacionados ao tema como o Simpoacutesio Nacional de Poliacutetica e Administraccedilatildeo da

Educaccedilatildeo (ANPAE) em (PE) 2015 XII Seminaacuterio Nacional de Poliacuteticas Educacionais e Curriacuteculo (PA) em 2014

I Seminaacuterio Internacional de Poliacuteticas Puacuteblicas Educacionais Cultura e Formaccedilatildeo de Professores (PA) em 2015

I Congresso Internacional de Educaccedilatildeo do Amapaacute (AP)

17

da poliacutetica educacional proposta no Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo e como

se deu a elaboraccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas pelos municiacutepios de BarcarenaPA e

SantanaAP Nesse periacuteodo tive contato com o Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Ensino

Superior (GEPES) da UFPA que jaacute desenvolvia uma pesquisa nacional em rede com a

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e a Universidade Federal de Uberlacircndia

(UFU) vinculada ao Programa Observatoacuterio da Educaccedilatildeo (OBEDUC) e intitulada ldquoAvaliaccedilatildeo

do Plano de Accedilotildees Articuladas um estudo nos municiacutepios do Rio Grande do Norte Paraacute e

Minas Gerais no periacuteodo de 2007 a 2012rdquo A partir de entatildeo passei a integrar o GEPES e a

participar das reuniotildees dos estudos e das pesquisas sobre o PAR as quais foram fundamentais

na definiccedilatildeo da metodologia utilizadas nesse trabalho Com a evoluccedilatildeo das orientaccedilotildees e do

processo de pesquisa constatamos as dificuldades de realizar a pesquisa em dois municiacutepios de

estados diferentes E assim definimos a escolha somente pelo municiacutepio de SantanaAP por se

localizar na regiatildeo em que resido e trabalho o que tenderia a facilitar o acesso agraves informaccedilotildees

durante a pesquisa

PROBLEMA E PROBLEMAacuteTICA

A poliacutetica de gestatildeo da educaccedilatildeo no Brasil proposta no governo Fernando Henrique

Cardoso (1995-2002) reforccedilou o discurso de vincular o investimento em educaccedilatildeo ao

crescimento econocircmico a partir de um novo papel para a escola e um novo padratildeo de gestatildeo

educacional que se adequasse agraves exigecircncias internacionais da loacutegica do mercado (CAMINI

2013 SAVIANI 2009) Dando continuidade a esse modelo de gestatildeo da educaccedilatildeo o governo

Lula (2003-2010) lanccedilou o Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo (PMCTE) por

meio do Decreto nordm 6094 de 24 de abril de 2007 como programa estrateacutegico do Plano de

Desenvolvimento da Educaccedilatildeo (PDE)2

Nos documentos oficiais o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (MEC) apresentou o PMCTE em

que afirmou que o novo Plano vem atender a uma conjugaccedilatildeo de esforccedilos atraveacutes da ldquoadesatildeo

voluntaacuteriardquo dos estados Distrito Federal e municiacutepios que em regime de colaboraccedilatildeo

2O PDE na concepccedilatildeo do MEC pretende dar uma visatildeo sistecircmica de educaccedilatildeo articulando o desenvolvimento da

educaccedilatildeo ao desenvolvimento econocircmico e social do paiacutes Para isso o PDE desenvolve mecanismos objetivos de

avaliaccedilatildeo que permite assegurar ao mesmo tempo a responsabilizaccedilatildeo e a mobilizaccedilatildeo social em busca da

qualidade da educaccedilatildeo baacutesica Segundo o documento do MEC ldquoo PDE estaacute sustentado em seis pilares i) visatildeo

sistecircmica da educaccedilatildeo ii) territorialidade iii) desenvolvimento iv) regime de colaboraccedilatildeo v) responsabilizaccedilatildeo

vi) mobilizaccedilatildeo socialrdquo (BRASIL-MEC sd p11)

18

procuram oferecer agraves famiacutelias e agrave comunidade melhorias na qualidade da educaccedilatildeo baacutesica O

PMCTE estaacute pautado em 28 diretrizes3 que orientam como deve ser realizado os esforccedilos em

regime de colaboraccedilatildeo para atingir os melhores resultados da educaccedilatildeo Para isso o MEC

vinculou o apoio teacutecnico e financeiro aos estados e municiacutepios a partir da assinatura do termo

de adesatildeo

Esse movimento proposto pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo precisa ser entendido dentro do

contexto histoacuterico e social em que essa poliacutetica se apresenta uma vez que as relaccedilotildees entre a

Uniatildeo os Estados e os Municiacutepios tecircm sido ldquoconflitivas e natildeo resolvidas em diferentes aspectos

que envolvem a organizaccedilatildeo e o funcionamento da gestatildeo puacuteblicardquo (CAMINI 2010 p 01)

Historicamente adaptado por arranjos poliacuteticos e territoriais o federalismo brasileiro

enquanto instituiccedilatildeo eacute republicano natildeo se caracterizando pela centralizaccedilatildeo de poder do

governo ao contraacuterio busca distribuir a muitos centros ldquocuja autoridade natildeo resulta da

delegaccedilatildeo de um poder central mas eacute conferida por sufraacutegio popularrdquo (ALMEIDA 1994 p

20) Eacute nesse contexto que o MEC atraveacutes do PMCTE convoca aleacutem da participaccedilatildeo dos entes

da federaccedilatildeo a sociedade civil e as entidades privadas nessa articulaccedilatildeo que em ldquoregime de

colaboraccedilatildeordquo responsabiliza a todos pela melhoria da qualidade da educaccedilatildeo Para ldquomedirrdquo a

evoluccedilatildeo dessa qualidade o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo criou o Iacutendice de Desenvolvimento da

Educaccedilatildeo Baacutesica (IDEB) um instrumento que utiliza os resultados de avaliaccedilotildees que satildeo

realizadas pelo proacuteprio MEC para ldquoaferirrdquo o desempenho das escolas dos Municiacutepios e dos

Estados

Seguindo o contorno para a implementaccedilatildeo dessa poliacutetica nos estados e municiacutepios o

MEC criou no mesmo Decreto nordm 6094 referente ao Plano de Metas Compromisso Todos Pela

Educaccedilatildeo (PMCTE) o Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) que eacute o instrumento de planejamento

que possui quatro dimensotildees por meio do qual se efetiva essa poliacutetica O PAR eacute denominado

pelo MEC como um ldquoconjunto articulado de accedilotildees apoiado teacutecnica ou financeiramente pelo

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo que visa ao cumprimento das metas do Compromisso e agrave observacircncia

das suas diretrizesrdquo (BRASIL 2007 p6) Eacute um instrumento de planejamento multidimensional

composto por quatro dimensotildees (1) gestatildeo educacional (2) a formaccedilatildeo de professores e dos

profissionais de serviccedilo e apoio escolar (3) as praacuteticas pedagoacutegicas e avaliaccedilatildeo e (4)

infraestrutura e recursos pedagoacutegicos Cada uma delas se desmembra em aacutereas e indicadores

Na elaboraccedilatildeo do planejamento cada indicador se divide em accedilotildees e sub-accedilotildees O PAR eacute

coordenado pelas secretarias municipais ou estaduais de educaccedilatildeo mas deve ser elaborado com

3 As 28 diretrizes do Plano de Metas Compromisso Todos Pela Educaccedilatildeo estatildeo disponiacuteveis no anexo I do trabalho

19

a participaccedilatildeo de uma equipe local composta de gestores professores e da comunidade local

A intenccedilatildeo do MEC eacute que o PAR estabeleccedila um regime de colaboraccedilatildeo entre os entes federados

e a sociedade civil objetivando a implantaccedilatildeo de um Sistema Nacional de Educaccedilatildeo (BRASIL

2007)

Os estados e os municiacutepios ao assinarem o termo de adesatildeo junto ao MEC

automaticamente aderem agraves diretrizes do PMCTE o que implica se responsabilizar pelas regras

diretrizes e compromissos estabelecidos pelo Plano Dessa forma Pinho e Sacramento (2009)

constataram que o Plano de Accedilotildees Articuladas eacute a poliacutetica educacional brasileira que representa

a consolidaccedilatildeo da accountability4 os autores afirmam que a palavra accountability tem sido

comumente traduzida como ldquoresponsabilizaccedilatildeordquo esse conceito foi ressignificado desde a

Reforma do Estado na deacutecada de 1990 com o interesse de produzir mudanccedilas na administraccedilatildeo

puacuteblica burocraacutetica do paiacutes direcionando-a para uma administraccedilatildeo puramente gerencial sob a

perspectiva da loacutegica do mercado e sob o argumento da modernizaccedilatildeo e de melhorias para o

serviccedilo puacuteblico a partir do controle por resultados

Dessa forma Pinho e Sacramento (2009) esquematizam como se organiza esse processo

da accountability que

() nasce com a assunccedilatildeo por uma pessoa da responsabilizaccedilatildeo delegada por outra

da qual se exige a prestaccedilatildeo de contas sendo que a anaacutelise dessas contas pode levar agrave

responsabilizaccedilatildeo Representando-a ainda que num esquema bem simples temos

ldquoArdquo delega responsabilidade para ldquoBrdquo reg ldquoBrdquo ao assumir a responsabilidade deve

prestar contas de seus atos para ldquoArdquo reg ldquoArdquo analisa os atos de ldquoBrdquo reg feita tal anaacutelise

ldquoArdquo premia ou castiga ldquoBrdquo (PINHO SACRAMENTO 2009 p 1350)

Assim o PAR constitui-se em um exemplo do processo de responsabilizaccedilatildeo a partir do

accountability pois configura-se como um instrumento de planejamento e consolidaccedilatildeo de

resultados aferidos por meio do Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo que define metas

semelhantes mas que pelas dimensotildees continentais diversidade cultural desigualdades

econocircmicas poliacuteticas e sociais do paiacutes satildeo executadas em contextos distintos

O Plano de Accedilotildees Articuladas apresentou duas versotildees jaacute concluiacutedas de acordo com os

ciclos plurianuais do MEC a primeira de 2007 a 2010 e a segunda de 2011 a 2014 No Estado

4A origem da accountability remonta agraves deacutecadas de 1980 e 1990 com as experiecircncias realizadas na Inglaterra por

Margareth Thatcher (Reino Unido 1988) e nos Estados Unidos introduzida no governo de Ronald Reagan (EUA

1983) e consolidadas no governo George W Bush (EUA 2001) (ANDRADE 2008) O termo tem sido traduzido

no Brasil como ldquoresponsabilizaccedilatildeordquo (objetiva e subjetiva) e prestaccedilatildeo de contas (transparecircncia) (PINTO e

SACRAMENTO 2009)

20

do Amapaacute o ex-ministro da educaccedilatildeo Fernando Haddad5 e o atual governador o Antonio

Waldez Goacutees6 estiveram no dia 7 de agosto de 2007 em uma cerimocircnia realizada no Teatro das

Bacabeiras na qual atraveacutes da assinatura do termo de adesatildeo estabeleceram o compromisso

ao Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo O municiacutepio de Santana tambeacutem aderiu

ao PMCTE dois anos depois quando o prefeito municipal de Santana Antocircnio Nogueira de

Sousa7 assinou em 27 de agosto de 2009 o Termo de Cooperaccedilatildeo Teacutecnica Nordm 23456 (anexo)

Nesse sentido o municiacutepio de Santana-AP somente implantou o PAR dois anos apoacutes o

iniacutecio dos ciclos8 indicados pelo MEC No Termo de Cooperaccedilatildeo Teacutecnica a claacuteusula quarta

indica que o prazo de duraccedilatildeo da adesatildeo ao Compromisso foi previsto para ldquo04 (quatro) anos

a partir da data de sua assinatura com possibilidade de prorrogaccedilatildeo por igual ou inferior periacuteodo

()rdquo (MEC 2009 p 2) Por conseguinte o periacuteodo de duraccedilatildeo do Termo de Cooperaccedilatildeo

Teacutecnica entre o MEC e a prefeitura de Santana para viabilizar o primeiro ciclo seria de 2009 a

2012 entretanto foi finalizado antecipadamente em 2010 visto que a partir de 2011 o

municiacutepio planejou um novo PAR que perdurou ateacute 2014

Este trabalho se ocupou em analisar os dois ciclos do PAR que o municiacutepio de Santana

ndash AP participou no periacuteodo de 2009 a 20149 buscando compreender a poliacutetica de gestatildeo

educacional que culminou na emergecircncia da implantaccedilatildeo do PAR A partir do Plano de Accedilotildees

Articuladas analisam-se nessa pesquisa os seguintes indicadores da gestatildeo democraacutetica (1)

existecircncia de Conselhos Escolares (2) existecircncia composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho

Municipal de Educaccedilatildeo (3) composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar (4)

composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho do Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo

Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo (FUNDEB) (5) criteacuterios para escolha

da Direccedilatildeo Escolar10 e (6) existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromisso

A questatildeo central da pesquisa busca desvelar quais as implicaccedilotildees do PAR para a gestatildeo

da educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana no estado do Amapaacute Assim sendo a fim de responder a

5 Fernando Haddad foi Ministro da Educaccedilatildeo nos governos Lula e Dilma no periacuteodo de 29 de julho de 2005 a 24

de janeiro de 2012 6 Antonio Waldez Goacutees estaacute no seu terceiro mandato (2003 - 2006) (2007 - 2010) e (2015 ndash em exerciacutecio) como

governador do estado do Amapaacute pelo Partido Democraacutetico Trabalhista (PDT) 7Antonio Nogueira de Sousa foi prefeito do municiacutepio de Santana ndash Amapaacute por dois mandatos (2005 ndash 2008) e

(2009 -2012) pelo Partido dos Trabalhadores (PT) 8 O primeiro ciclo corresponde ao periacuteodo de 2007 a 2010 e o segundo ciclo ao periacuteodo de 2011 a 2014 9 No municiacutepio de Santana as discussotildees sobre o PAR com visitas das equipes do MEC iniciaram em 2007

Entretanto o termo de adesatildeo ao 1ordm PAR somente foi assinado no ano de 2009 e em 2011 foi elaborado um novo

PAR no municiacutepio com duraccedilatildeo do ciclo 2011-2014 Isto implica dizer que o 1ordm PAR teve a duraccedilatildeo somente de

dois anos 10 Esse indicador estaacute presente nas duas versotildees do PAR entretanto no 1ordm PAR ele aparece na aacuterea da gestatildeo

democraacutetica e no 2ordm PAR ele estaacute como um indicador de outra aacuterea a de gestatildeo de pessoas

21

questatildeo central outros questionamentos foram levantados para o aprofundamento da temaacutetica

sendo eles

1- Qual o contexto econocircmico poliacutetico e social foi criada a poliacutetica de gestatildeo que deu

origem ao Plano de Accedilotildees Articuladas

2- Que concepccedilotildees de gestatildeo permeiam o Plano de Metas Compromisso Todos pela

Educaccedilatildeo e o PAR

3- Quais as implicaccedilotildees do PAR para a gestatildeo da educaccedilatildeo na rede municipal de educaccedilatildeo

de Santana-Amapaacute no que se refere aos indicadores de gestatildeo democraacutetica

A pesquisa teve como recorte histoacuterico os anos situados entre 2007 a 2014 periacuteodo em

que teoricamente ocorreram os dois ciclos do Plano de Accedilotildees Articuladas (1ordm PAR e 2ordm PAR)

seguida agraves orientaccedilotildees do MEC

JUSTIFICATIVA

A decisatildeo de estudar a gestatildeo da educaccedilatildeo a partir do Plano de Accedilotildees Articuladas eacute

desafiadora pois o PAR eacute uma poliacutetica puacuteblica que estaacute em andamento e poucos ainda satildeo os

estudos sobre ela Na perspectiva de conhecer e acompanhar a trajetoacuteria dos estudos jaacute

realizados sobre esse instrumento de planejamento realizamos um levantamento das

publicaccedilotildees tendo como fonte a base de dados da Associaccedilatildeo Nacional de Poliacutetica e

Administraccedilatildeo em Educaccedilatildeo (ANPAE) da Associaccedilatildeo Nacional de Poacutes-graduaccedilatildeo e Pesquisa

(ANPED) e os artigos cientiacuteficos da Scientific Eletronic Library Online (SciELO)11 no periacuteodo

de 2009 a 2015 cujo resultado foi o seguinte

Tabela 01 ndash Produccedilatildeo escrita sobre o Plano de Accedilotildees Articuladas de 2009 a 2015

ANO ANPED SciELO ANPAE TOTAL

2009 0 0 0 0

2010 1 0 0 1

2011 0 0 9 9

2012 1 1 1 3

2013 0 1 3 4

2014 3 1 4 8

2015 1 - 10 11

TOTAL 6 3 27 36

Fonte ANPED SciELO e ANPAE Levantamento realizado ateacute setembro de 2015

11 O Scientific Electronic Library Online eacute um portal de revistas brasileiras que organiza e publica textos completos

de revistas na Internet Produz e divulga indicadores do uso e impacto desses perioacutedicos

22

Seguindo as diretrizes metodoloacutegicas12 foram encontradas 36 publicaccedilotildees entre os anos

de 2009 a 2015 sendo 06 na ANPED 03 nos cadernos de pesquisa da SciELO e 27 publicaccedilotildees

na Associaccedilatildeo Nacional de Poliacutetica e Administraccedilatildeo em Educaccedilatildeo ndash ANPAE Observamos na

tabela 01 que os anos de 2011 2014 e 2015 apresentaram maior nuacutemero de publicaccedilotildees

Apesar da implantaccedilatildeo do PAR ter se dado a partir de 2007 constatamos que os estudos

e as publicaccedilotildees sobre o tema ainda satildeo muito escassos A implantaccedilatildeo do PAR foi

caracterizada por distintas orientaccedilotildees e reformulaccedilotildees ao longo do processo (CAMINI 2009)

e talvez por isso muito pouco se tenha compreendido e escrito sobre o PAR nos anos 2009 e

2010 Quanto agraves temaacuteticas tratadas como objeto de estudo no periacuteodo de 2009 a 2015 por fonte

pesquisada identificaram-se as seguintes

Tabela 02 ndash Nordm de Publicaccedilotildees sobre o PAR por temaacutetica e fonte no periacuteodo 2009 a 2015

TEMAacuteTICAS ANPAE ANPED SciELO TOTAL

Avaliaccedilatildeo da implantaccedilatildeo do PAR nos

municiacutepios

6 5 0 11

Planejamento de poliacuteticas educacionais no PAR 5 0 1 6

Praacuteticas PedagoacutegicasFormaccedilatildeo de Professores

no PAR

4 0 1 5

Gestatildeo Educacional no PAR 8 0 0 8

Infraestrutura e Recursos Pedagoacutegicos 1 0 0 1

Levantamento Bibliograacutefico sobre o PAR 2 0 0 2

O PAR no contexto do Federalismo 2 0 1 3

TOTAL 28 5 3 36 Elaborado pela autora

A temaacutetica mais citada nas publicaccedilotildees foi a Avaliaccedilatildeo da implantaccedilatildeo do Plano de

Accedilotildees Articuladas (PAR) nos municiacutepios que se destacou e inquietou os estudiosos no periacuteodo

apresentando 11 publicaccedilotildees Os temas sobre planejamento das poliacuteticas educacionais no

Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) contou com 06 trabalhos A gestatildeo educacional aparece

com 08 trabalhos e as praacuteticas pedagoacutegicas e formaccedilatildeo de professores no PAR com 05

trabalhos Com menos publicaccedilotildees destacam-se as temaacuteticas infraestrutura e recursos

pedagoacutegicos com 01 trabalho o levantamento bibliograacutefico sobre o PAR com 02 trabalhos e o

PAR no contexto do Federalismo com 03 trabalhos Em um periacuteodo de sete anos foram

12 A busca pelas publicaccedilotildees foi realizada nos siacutetios da internet e para a triagem das informaccedilotildees foi utilizada a

expressatildeo-chave plano de accedilotildees articuladas que deveria constar no tiacutetulo das publicaccedilotildees Para uma revisatildeo de

rastreamento foram ainda utilizadas as palavras SciELO ANPAE e ANPED O levantamento foi realizado ateacute o

mecircs de setembro de 2015

23

publicados apenas 36 trabalhos sobre o PAR em revistas e anais especializados nacionalmente

em educaccedilatildeo

O tema que abordo nesse trabalho eacute sobre a Gestatildeo Educacional que teve somente 08

publicaccedilotildees no periacuteodo de 2009 a 2015 em revistas e anais e nenhum desses estudos publicados

eram relacionados ao estado do Amapaacute e nem ao municiacutepio de Santana Entretanto na capital

do Estado Macapaacute foi encontrada uma tese de doutorado intitulada ldquoA gestatildeo educacional no

Plano de Accedilotildees Articuladas do municiacutepio de Macapaacute concepccedilotildees e desafiosrdquo de autoria da

professora Ilma de Andrade Barleta defendida no ano de 2015 na Universidade Federal do

Paraacute A referida tese faz um estudo sobre a gestatildeo educacional do Plano de Accedilotildees Articuladas

no municiacutepio de Macapaacute-AP

Consideramos de extrema relevacircncia para a compreensatildeo das poliacuteticas puacuteblicas

educacionais no paiacutes particularmente da poliacutetica de gestatildeo educacional a partir da chegada do

PAR que se ampliem os estudos sobre esse tema razatildeo pela qual justifico esse trabalho O

estudo acerca da gestatildeo educacional a comeccedilar do Plano de Accedilotildees Articuladas no municiacutepio

de SantanaAP justifica-se tambeacutem pela necessidade imposta em funccedilatildeo das minhas

experiecircncias profissionais anteriormente descritas quando explicito a origem do estudo e as

experiecircncias atuais como professora do curso de pedagogia na Universidade do Estado do

Amapaacute ndash UEAP Instiga-me conhecer o modelo de gestatildeo educacional que se implementa na

rede municipal de ensino de Santana a datar do PAR na perspectiva de melhor contribuir com

o debate acerca da educaccedilatildeo puacuteblica municipal e identificar as iniciativas que se aproximam da

materializaccedilatildeo de uma gestatildeo democraacutetica e participativa no meu entendimento a concepccedilatildeo

mais compatiacutevel com uma visatildeo emancipadora de homem

O foco da gestatildeo democraacutetica estaacute na garantia da participaccedilatildeo na gestatildeo da educaccedilatildeo

como direito de cidadania (PARO 2007) A gestatildeo democraacutetica do ensino puacuteblico estaacute presente

desde a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e na Lei de Diretrizes e Bases - LDB de 1996 e se revela

atraveacutes da participaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo no projeto pedagoacutegico da escola e da

participaccedilatildeo das comunidades escolar e local em Conselhos de Educaccedilatildeo A descentralizaccedilatildeo

nas decisotildees administrativas financeiras e pedagoacutegicas bem como a eleiccedilatildeo de diretores e a

instalaccedilatildeo de conselhos escolares deliberativos tambeacutem fazem parte dos mecanismos para

democratizaccedilatildeo da educaccedilatildeo Embora notadamente a legislaccedilatildeo educacional por si soacute natildeo

garanta a efetivaccedilatildeo de uma praacutetica democraacutetica ela representa um grande passo nesse sentido

24

A partir de 1995 com a Reforma do Estado Brasileiro vimos emergir no cenaacuterio

nacional a concepccedilatildeo de gestatildeo gerencial como modelo preferencial13 para a administraccedilatildeo

puacuteblica que se traduz em accedilotildees de regulaccedilatildeo e controle do sistema educacional e da escola

adotando o princiacutepio mercadoloacutegico como indicador de resultados em todas as esferas sociais

definindo formas de poderes e de relaccedilatildeo com a demanda social Eacute uma gestatildeo centrada na

visatildeo de cidadatildeo-cliente e focada em resultados quantitativos (PERONI 2008)

Apresentando diferentes concepccedilotildees de gestatildeo puacuteblica essa pesquisa busca responder a

problemaacutetica a partir da anaacutelise das poliacuteticas educacionais que permeiam o Plano de

Desenvolvimento da Educaccedilatildeo o Plano de Metas Compromisso Todos Pela Educaccedilatildeo e o Plano

de Accedilotildees Articuladas A seguir trataremos dos objetivos gerais e especiacuteficos do presente

trabalho

OBJETIVO GERAL E ESPECIacuteFICOS

Analisar as implicaccedilotildees do Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) para a gestatildeo educacional

na rede municipal de educaccedilatildeo de Santana ndash Amapaacute no contexto da redefiniccedilatildeo do papel do

Estado

Considerando os pressupostos teoacuterico-metodoloacutegicos adotados o objetivo geral

desdobrou-se nos seguintes objetivos especiacuteficos

Analisar a poliacutetica de gestatildeo da educaccedilatildeo no Brasil e a emergecircncia do PAR no contexto

do capitalismo e da Reforma do Estado brasileiro a partir da deacutecada de 1990

Analisar as concepccedilotildees de gestatildeo educacional que permeia o PAR no contexto do PDE

e do Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo

Analisar as implicaccedilotildees do PAR para a gestatildeo da educaccedilatildeo na rede municipal de

educaccedilatildeo de Santana-Amapaacute no que se refere aos indicadores de gestatildeo democraacutetica

13 Esse novo modelo de gestatildeo puacuteblica eacute apresentado no Plano de Desenvolvimento e Reforma do Aparelho do

Estado Brasileiro (MARE 1995)

25

REFEREcircNCIAS TEOacuteRICO-METODOLOacuteGICAS

O presente estudo analisou as implicaccedilotildees do Plano de Accedilotildees Articuladas com foco na

gestatildeo da educaccedilatildeo na rede municipal de educaccedilatildeo de Santana ndash Amapaacute na busca de

compreender a realidade em que essa poliacutetica educacional foi constituiacuteda e em quais

circunstacircncias essa poliacutetica foi implementada estabelecendo conexotildees com as questotildees sociais

poliacuteticas histoacutericas e econocircmicas Marx (1969 p16) afirma que ldquoa investigaccedilatildeo tem de

apoderar-se da mateacuteria em seus pormenores de analisar suas diferentes formas de

desenvolvimento e de perquirir a conexatildeo iacutentima que haacute entre elasrdquo

Para o estudo da gestatildeo educacional a partir do Plano de Accedilotildees Articuladas no municiacutepio

de Santana levaram-se em consideraccedilatildeo as relaccedilotildees com o contexto histoacuterico social poliacutetico

e econocircmico em que esta poliacutetica puacuteblica foi constituiacuteda Entende-se que a poliacutetica de gestatildeo

reflete as contradiccedilotildees tiacutepicas que se revelam no contexto capitalista Nesse sentido

aproximamos-nos de abordagens que tecircm como referencial o materialismo histoacuterico dialeacutetico

definido por Frigotto (1995)

O pressuposto fundamental da anaacutelise materialista histoacuterica eacute de que os fatos sociais

natildeo satildeo descolados de uma materialidade objetiva e subjetiva e portanto a

construccedilatildeo do conhecimento histoacuterico implica o esforccedilo de abstraccedilatildeo e teorizaccedilatildeo do

movimento dialeacutetico (conflitante contraditoacuterio mediado) da realidade Trata-se de

um esforccedilo de ir agrave raiz das determinaccedilotildees muacuteltiplas e diversas (nem todas igualmente

importantes) que constituem determinado fenocircmeno Apreender as determinaccedilotildees do

nuacutecleo fundamental de um fenocircmeno sem o que este fenocircmeno natildeo se constituiria eacute

o exerciacutecio por excelecircncia da teorizaccedilatildeo histoacuterica de ascender do empiacuterico

contextualizado particularizado e de iniacutecio para o pensamento caoacutetico - ao concreto

pensado ou conhecimento Conhecimento que por ser histoacuterico e complexo e por

limites do sujeito que conhece eacute sempre relativo (FRIGOTTO 1995 p 17-18)

Nesse contexto eacute importante destacar as contradiccedilotildees sociais poliacuteticas e econocircmicas

que permeiam as concepccedilotildees de gestatildeo da educaccedilatildeo ancoradas no modelo de gestatildeo gerencial

e no modelo de gestatildeo democraacutetica O primeiro modelo se utiliza de conceitos associados agrave

administraccedilatildeo empresarial comprometida com a ideia de mercado utilizando-se de conceitos

como eficiecircncia eficaacutecia controle de resultados e descentralizaccedilatildeo dentre outros No segundo

modelo a gestatildeo eacute compartilhada e estaacute amparada em instrumentos de democratizaccedilatildeo como a

participaccedilatildeo e a autonomia nos processos de decisatildeo e planejamento da educaccedilatildeo Este modelo

busca democratizar toda a estrutura do sistema de ensino incluindo a escola

26

Segundo Yin (2001 p 32) o estudo de caso eacute a estrateacutegia mais escolhida quando eacute

preciso responder a questotildees do tipo ldquocomordquo e ldquopor quecircrdquo e ainda quando o pesquisador

possui pouco controle sobre os eventos pesquisados ldquoeacute uma investigaccedilatildeo empiacuterica de um

fenocircmeno contemporacircneo dentro de um contexto da vida real sendo que os limites entre o

fenocircmeno e o contexto natildeo estatildeo claramente definidosrdquo

Assim compreende-se que o estudo de caso tem como propoacutesito orientar o pesquisador

para o contato direto com o seu objeto de pesquisa oferecendo a este uma fonte de informaccedilotildees

capaz de favorecer o encontro das respostas que deseja Como expotildee Gil (1996) o estudo de

caso apresenta trecircs vantagens

a) O estiacutemulo a novas descobertas Em virtude da flexibilidade do planejamento do

estudo de caso o pesquisador ao longo de seu processo manteacutem-se atento a novas

descobertas Eacute frequente o pesquisador dispor de um plano inicial e ao longo da

pesquisa ter o seu interesse despertado por outros aspectos que natildeo havia previsto E

muitas vezes o estudo desses aspectos torna-se mais relevante para a soluccedilatildeo do

problema do que os considerados inicialmente Daiacute porque o estudo de caso eacute

altamente recomendado para a realizaccedilatildeo de estudos exploratoacuterios

b) A ecircnfase na totalidade No estudo de caso o pesquisador volta-se para a

multiplicidade de dimensotildees de um problema focalizando-o como um todo Dessa

forma supera-se um problema muito comum sobretudo nos levantamentos em que a

anaacutelise individual da pessoa desaparece em favor da anaacutelise de traccedilos

c) A simplicidade dos procedimentos Os procedimentos de coleta e anaacutelise de dados

adotados no estudo de caso quando comparados com os exigidos por outros tipos de

delineamento satildeo bastante simples (GIL 1996 p59-60)

Quanto agrave determinaccedilatildeo do nuacutemero de casos optou-se por um uacutenico caso a rede

municipal de educaccedilatildeo de Santana no Amapaacute dadas as especificidades do objeto de estudo

desta pesquisa as implicaccedilotildees do PAR para a gestatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana

Nesta pesquisa buscamos identificar as implicaccedilotildees do PAR para a gestatildeo educacional

no municiacutepio de Santana no periacuteodo de 2007 a 201414 Optamos por focalizar apenas a aacuterea

ldquoGestatildeo Democraacutetica articulaccedilatildeo e desenvolvimento dos sistemas de ensinordquo e 06 indicadores

dessa aacuterea sendo eles (1) existecircncia de conselhos escolares (2) existecircncia composiccedilatildeo e

atuaccedilatildeo do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (3) composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de

Alimentaccedilatildeo Escolar (4) composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho do Fundo de Manutenccedilatildeo e

Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo (5)

14 Nesse estudo mesmo o PAR em Santana ter iniciado somente em 2009 fizemos um levantamento desde o ano

de 2007 ateacute 2014 ano em que iniciou a elaboraccedilatildeo do PAR nos estados e municiacutepio para que pudeacutessemos ter uma

anaacutelise de como foi a sua chegada e como se encontrava o municiacutepio

27

criteacuterios para escolha da direccedilatildeo escolar15 e (6) existecircncia e atuaccedilatildeo do comitecirc local do

compromisso16 O recorte temporal dessa pesquisa eacute o periacuteodo de 2007 a 2014 enfocando

estudos sobre o PAR no municiacutepio de Santana nas suas duas versotildees

A escolha das categorias descentralizaccedilatildeo participaccedilatildeo e autonomia para este

trabalho eacute devido ao fato de que de acordo com vaacuterios autores (PARO 2012 MENDONCcedilA

2009 WERLE 2007) esses indicadores podem potencializar a gestatildeo democraacutetica

De acordo com Viriato (2004) a descentralizaccedilatildeo tem sido um termo muito utilizado

como oposiccedilatildeo a centralizaccedilatildeo que eacute uma caracteriacutestica da gestatildeo autoritaacuteria muito embora

com as mudanccedilas nas funccedilotildees do Estado a descentralizaccedilatildeo aparece com uma nova

configuraccedilatildeo a de desconcentraccedilatildeo de tarefas do niacutevel nacional e regional para o niacutevel local

(VIRIATO 2004)

Para Bordenave (2013) a participaccedilatildeo eacute uma vivecircncia coletiva e natildeo individual de

modo que somente se pode aprender na praacutexis grupal A participaccedilatildeo pode tanto se prestar para

objetivos emancipatoacuterios de cidadania e de autonomia dos sujeitos como para a manutenccedilatildeo

de situaccedilotildees de centralizaccedilatildeo do poder decisoacuterio e do controle de muitos por poucos Portanto

o conceito toma significado diverso dependendo do contexto e dos sujeitos envolvidos

O conceito de autonomia estaacute ligado etimologicamente agrave ideia de autogoverno ou seja

agrave faculdade que os indiviacuteduos ou organizaccedilotildees tecircm de se regerem por regras proacuteprias No

contexto mais amplo da poliacutetica educacional mais recente a autonomia tem mostrado relaccedilatildeo

com a tentativa de resolver problemas de crise de governabilidade do sistema de ensino com o

discurso de ldquogoverno sobrecarregadordquo transferindo autoridade e responsabilidade do bem

puacuteblico para o grupo diretamente envolvido na accedilatildeo e assim se desfazendo das suas obrigaccedilotildees

para com a populaccedilatildeo (BARROSO 2013)

Essas categorias do objeto seratildeo aprofundadas no primeiro capiacutetulo do presente

trabalho

Como teacutecnicas de coleta de dados optou-se pela anaacutelise documental e entrevista

semiestruturada A revisatildeo bibliograacutefica parte integrante do estudo tem auxiliado na

compreensatildeo dos conceitos na historicidade do objeto na perspectiva de compreender a

poliacutetica de gestatildeo educacional no Brasil e as suas inter-relaccedilotildees com o PAR

A anaacutelise documental eacute um tipo de ldquoestudo descritivo que fornece ao investigador a

possibilidade de reunir uma grande quantidade de informaccedilatildeo sobre leis de educaccedilatildeo processos

15 Esse indicador estaacute presente nas duas versotildees do PAR entretanto no 1ordm PAR ele estaacute presente na aacuterea da gestatildeo

democraacutetica e no 2ordm PAR ele aparece como um indicador de outra aacuterea a de gestatildeo de pessoas 16 Esse indicador foi implantado na 2ordm versatildeo do PAR na aacuterea da gestatildeo democraacutetica

28

e condiccedilotildees requisitos e dados livros e textos etcrdquo (TRIVINtildeOS 1987 p 111) na busca de

resolver problemas pois possibilita ampliar o entendimento de objetos que precisam de uma

anaacutelise a partir da contextualizaccedilatildeo histoacuterica e sociocultural para se revelar

Dentre os documentos analisados destacamos

1) O Decreto nordm 60942007 (dispotildee sobre a implementaccedilatildeo do Plano de Metas Compromisso

Todos pela Educaccedilatildeo pela Uniatildeo Federal em regime de colaboraccedilatildeo com municiacutepios

Distrito Federal e estados aleacutem da participaccedilatildeo das famiacutelias e da comunidade mediante

programas e accedilotildees de assistecircncia teacutecnica e financeira visando agrave mobilizaccedilatildeo social pela

melhoria da qualidade da educaccedilatildeo baacutesica) e legislaccedilotildees correlatas

2) O Manual de Orientaccedilotildees Gerais para Elaboraccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas editado

pelo MEC na 1ordf e 2ordf versatildeo

3) O Termo de Cooperaccedilatildeo Teacutecnica Nordm 23456 do PMCTE assinado entre o Ministeacuterio da

Educaccedilatildeo e o municiacutepio de SantanaAP e seus anexos do PAR

4) A Lei Orgacircnica do municiacutepio de Santana promulgada em 14 de julho de 1992 revisada e

atualizada em 11 de maio de 2000

5) O Diagnoacutestico do 1ordm PAR e 2ordm PAR do municiacutepio de SantanaAP emitido atraveacutes do

Sistema Integrado de Monitoramento do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (SIMEC)

6) O Relatoacuterio Puacuteblico de Monitoramento do 2ordm PAR do municiacutepio de SantanaAP e seus

anexos

7) A Lei Municipal nordm 36698 que cria o Conselho Municipal de Educaccedilatildeo de SantanaAP

8) A Lei Municipal nordm 4882001 que institui o Conselho Municipal de Alimentaccedilatildeo Escolar

de SantanaAP

9) Os documentos legais que definem os criteacuterios de escolha de diretores escolares em

SantanaAP

10) O Decreto Municipal nordm 490 de 03 de abril de 2013 que implementa a composiccedilatildeo do

comitecirc do compromisso em SantanaAP

11) A Lei Municipal nordm 7972007 - PMS que cria o FUNDEB e o Conselho de

Acompanhamento Controle Social Comprovaccedilatildeo e Fiscalizaccedilatildeo dos Recursos ndash CACS

do municiacutepio de Santana

12) O Programa de fortalecimento dos conselhos escolares do municiacutepio de SantanaAP

Os dados educacionais econocircmicos sociais e financeiros relativos ao municiacutepio de

SantanaAP foram coletados a partir do site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas

29

Educacionais Aniacutesio Teixeira (INEP) do Sistema de Informaccedilotildees sobre Orccedilamentos Puacuteblicos

em Educaccedilatildeo (SIOPE) Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo (FNDE) Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e dos relatoacuterios do Sistema Integrado de

Monitoramento Execuccedilatildeo e Controle (SIMEC)

No que se refere agraves entrevistas Alves-Mazzotti (2000 p22) aponta que ldquoa entrevista

possui natureza interativa supera o questionaacuterio ao possibilitar o estudo em profundidade de

temas complexosrdquo sendo portanto mais adequada para dirimir duacutevidas e esclarecer aspectos

difusos do objeto

A entrevista realizada foi do tipo semiestruturada que conforme Trivintildeos (1987 p152)

ldquo[] favorece natildeo soacute a descriccedilatildeo dos fenocircmenos sociais mas tambeacutem sua explicaccedilatildeo e a

compreensatildeo de sua totalidade []rdquo aleacutem de manter a presenccedila consciente e atuante do

pesquisador no processo de coleta de informaccedilotildees Para o autor

a entrevista semiestruturada tem como caracteriacutestica questionamentos baacutesicos que satildeo

apoiados em teorias e hipoacuteteses que se relacionam ao tema da pesquisa Os

questionamentos dariam frutos a novas hipoacuteteses surgidas a partir das respostas dos

informantes O foco principal seria colocado pelo investigador-entrevistador

(TRIVINtildeOS 1987 p 146)

Esse modelo de entrevista teve como foco os objetivos pretendidos da pesquisa e dessa

forma foram elaborados roteiros (ver anexos ) com perguntas principais complementadas por

outras questotildees que surgiram durante as respostas emitidas em circunstacircncias momentacircneas da

entrevista a fim de favorecer a apreensatildeo do objeto

Nessa pesquisa as entrevistas versaram sobre a gestatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio de

Santana a partir do Plano de Accedilotildees Articuladas e se pautaram na verificaccedilatildeo da democratizaccedilatildeo

das relaccedilotildees de poder no acircmbito da gestatildeo (participaccedilatildeo autonomia e descentralizaccedilatildeo) por

meio dos conselhos de controle social indicados no PAR sendo Conselho Municipal de

Educaccedilatildeo Conselho Municipal de Alimentaccedilatildeo Escolar Conselhos Escolares e Conselho do

FUNDEB Foram verificados ainda os criteacuterios adotados pela rede municipal de ensino de

SantanaAP para a escolha dos Diretores Escolares e a equipe do Comitecirc Local do

Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo

O quadro 1 demonstra os sujeitos da pesquisa cujos roteiros de entrevista encontram-

se em anexo

30

Quadro 1 Sujeitos da pesquisa e Nordm de entrevistas realizadas

Elaborado pela autora

No ato da entrevista foi assinado pelo entrevistado o ldquoTermo de Consentimento Livre e

Esclarecidordquo18 para a participaccedilatildeo na pesquisa que visa a esclarecer os objetivos e sua forma

de participaccedilatildeo assegurando-lhe o sigilo na sua identidade e das informaccedilotildees a serem utilizadas

exclusivamente para fins cientiacuteficos

Os documentos foram levantados no segundo semestre de 2015 no banco de dados do

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (INEP Brasil Escola FNDE entre outros) e no municiacutepio de Santana

na Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo no sindicato dos servidores puacuteblicos municipais de

Santana e na Cacircmara Municipal Alguns documentos importantes para essa pesquisa natildeo foram

17 Das quinze entrevistas programadas doze foram realizadas No entanto alguns entrevistados ocupavam mais

de uma representaccedilatildeo como o presidente do Conselho do FUNDEB que tambeacutem assume o posto de Diretor escolar

As entrevistas com os membros do Comitecirc Local do Compromisso natildeo foram realizadas devido o comitecirc natildeo estaacute

em atuaccedilatildeo 18 Ver no apecircndice A

Nordm Sujeito da pesquisa Quantidade

01 O (A) gestor (a) da rede municipal de ensino de Santana-AP 01

02 Teacutecnicos que coordenaram a implantaccedilatildeo elaboraccedilatildeo do 1ordm PAR e

2ordm do PAR no municiacutepio 02

03 Membro da equipe teacutecnica da SEME que trata dos Conselhos

Escolares 01

04 Membro do Conselho Escolar de representaccedilatildeo natildeo-governamental 01

05 Membro do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo da representaccedilatildeo

governamental 01

06 Membro do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo da representaccedilatildeo

natildeo-governamental 01

07 Membro do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar da representaccedilatildeo

governamental 01

08 Membro do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar da representaccedilatildeo

natildeo-governamental 01

09 Representante do Sindicato dos professores da educaccedilatildeo baacutesica 01

10 Membro do Comitecirc Local do Compromisso da representaccedilatildeo

governamental 00

11 Membro do Comitecirc Local do Compromisso da representaccedilatildeo natildeo-

governamental 00

12 Membro do Conselho de Controle Social do FUNDEB da

representaccedilatildeo governamental 01

13 Membro do Conselho de Controle Social do FUNDEB da

representaccedilatildeo natildeo-governamental 00

14 Diretor escolar ndash membro nato do Conselho Escolar 01

Total de entrevistados 1217

31

encontrados inicialmente como eacute o caso do Plano de Trabalho do primeiro PAR e o seu

monitoramento ausente nos arquivos da SEMEC da coordenaccedilatildeo do PAR e no banco de dados

do SIMEC Posteriormente foi encontrado mas incompleto em arquivo pessoal de uma das

entrevistadas

As entrevistas foram realizadas entre dezembro de 2015 e marccedilo de 2016 com os

membros dos conselhos sindicato teacutecnicos e gestor da rede municipal de ensino de Santana

perfazendo um total de doze sujeitos entrevistados As entrevistas seguiram roteiro preacutevio

contemplando aspectos da relaccedilatildeo do MEC com o municiacutepio por meio do PAR informaccedilotildees

acerca da descentralizaccedilatildeo nas decisotildees da gestatildeo e da participaccedilatildeo bem como da autonomia

dos conselhos no contexto da gestatildeo da educaccedilatildeo municipal

O loacutecus da pesquisa

O municiacutepio de Santana loacutecus da pesquisa eacute o segundo municiacutepio mais populoso do

Amapaacute com 101262 habitantes segundo dados do IBGE de 2010 estaacute localizado na regiatildeo

metropolitana de Macapaacute capital do Estado do Amapaacute A escolha do municiacutepio se deu em razatildeo

de este ser um dos municiacutepios de maior populaccedilatildeo do Estado ter aderido ao PAR e pela

proximidade de acesso agraves informaccedilotildees necessaacuterias ao esclarecimento da problemaacutetica em

questatildeo

A ESTRUTURA DA DISSERTACcedilAtildeO

A dissertaccedilatildeo eacute composta de trecircs capiacutetulos assim dispostos o primeiro intitulado ldquoA

poliacutetica de gestatildeo da educaccedilatildeo no Brasilrdquo versaraacute sobre a poliacutetica de gestatildeo da educaccedilatildeo no

contexto de redefiniccedilatildeo do papel do Estado explicitando abordagens teoacutericas sobre as

concepccedilotildees de gestatildeo da educaccedilatildeo no Brasil nas uacuteltimas deacutecadas a gestatildeo democraacutetica

instituiacuteda a partir da Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 e da Lei de

Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional de 1996 com base nas lutas implementadas na deacutecada

de 1980 e o modelo de gestatildeo gerencial proposto pelo Plano Diretor da Reforma do Aparelho

do Estado Brasileiro a partir de meados da deacutecada de 1990

O segundo capiacutetulo denominado ldquoA gestatildeo educacional no contexto do Plano de

Desenvolvimento da Educaccedilatildeo (PDE) do Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo

e do Plano de Accedilotildees Articuladasrdquo trataraacute de caracterizar e discutir as concepccedilotildees de gestatildeo da

32

educaccedilatildeo presentes na poliacutetica educacional do Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo do

Plano de Metas Compromisso Todos Pela Educaccedilatildeo e do Plano de Accedilotildees Articuladas Trata-se

de evidenciar as singularidades e similaridades da poliacutetica de gestatildeo da educaccedilatildeo engendrada a

partir do instrumento de planejamento da educaccedilatildeo nos municiacutepios proposto no PAR

O terceiro capiacutetulo intitulado ldquoA gestatildeo educacional no contexto do Plano de Accedilotildees

Articuladas no municiacutepio de Santana-Amapaacuterdquo tem como objetivo caracterizar a educaccedilatildeo no

municiacutepio de Santana e analisar a partir de documentos e das entrevistas aos sujeitos as

implicaccedilotildees do PAR para a gestatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio de SantanaAP Tal anaacutelise se

baseou em seis indicadores da Gestatildeo Democraacutetica do PAR (1) existecircncia de conselhos

escolares (CE) (2) existecircncia composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (3)

composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar (CAE) (4) composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo

do Conselho do Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de

Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo (FUNDEB) (5) criteacuterios para escolha da direccedilatildeo

escolar19 e (6) Existecircncia e atuaccedilatildeo do comitecirc local do compromisso O objetivo foi avaliar se

o PAR trouxe consequecircncias para o modelo de gestatildeo adotado pela rede municipal de educaccedilatildeo

de Santana-AP se possibilitou a descentralizaccedilatildeo da gestatildeo a maior participaccedilatildeo da

comunidade na tomada de decisotildees enfim se por meio do PAR a gestatildeo da rede municipal de

ensino vem construindo maiores possibilidades de autonomia e participaccedilatildeo dos sujeitos

Nas consideraccedilotildees finais apresentamos os resultados dessa pesquisa em que a poliacutetica

traccedilada pelo Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo atraveacutes do PAR foi

implantada na rede municipal de ensino de Santana Fazendo uma reflexatildeo sobre os resultados

alcanccedilados nessa pesquisa e relacionando-os ao referencial teoacuterico que embasaram a concepccedilatildeo

de democratizaccedilatildeo da educaccedilatildeo adotada podemos afirmar que a praacutetica a gestatildeo educacional

do municiacutepio de Santana apresentou-se patrimonialista com traccedilos de uma gestatildeo gerencialista

pois natildeo tem ocorrido a descentralizaccedilatildeo da gestatildeo na rede municipal de ensino com a

participaccedilatildeo efetiva da sociedade nos conselhos de controle social Os recursos financeiros

relativos agrave educaccedilatildeo municipal de Santana satildeo centralizados na Prefeitura dificultando o

planejamento participativo da educaccedilatildeo no municiacutepio E os sujeitos envolvidos nos Conselhos

de Controle Social encontram dificuldades em atuar devido agraves proacuteprias condiccedilotildees de

funcionamento seja de local de transporte ou mesmo de acesso as informaccedilotildees jaacute que estas

encontram-se centralizadas

19 Esse indicador estaacute presente nas duas versotildees do PAR entretanto no 1ordm PAR ele estaacute presente na aacuterea da gestatildeo

democraacutetica e no 2ordm PAR ele aparece como um indicador de outra aacuterea a de gestatildeo de pessoas

33

1 A POLIacuteTICA DE GESTAtildeO DA EDUCACcedilAtildeO NO BRASIL

Este capiacutetulo trata das poliacuteticas de gestatildeo da educaccedilatildeo no Brasil na perspectiva de se

compreender o processo que desencadeou a proposta de gestatildeo educacional que permeia o

Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo o Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo

(PMTE) e o Plano de Accedilotildees Articuladas Para isso em um primeiro momento abordaremos

contexto de institucionalizaccedilatildeo da gestatildeo democraacutetica e seus vaacuterios mecanismos e em um

segundo momento enfocaremos a proposta de gestatildeo gerencial para a administraccedilatildeo puacuteblica a

partir do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado de 199520 no contexto de redefiniccedilatildeo

do papel do Estado

11 O CAPITALISMO E A CRISE

A compreensatildeo de como se constituiu a crise do Estado e do seu papel no contexto da

sociedade capitalista satildeo importantes para situarmos historicamente os conflitos que vecircm

ocorrendo no mundo moderno e particularmente no Brasil que giram em torno de interesses

diversos na organizaccedilatildeo social poliacutetica e econocircmica O que reflete certamente na tomada de

decisatildeo do Estado que promove accedilotildees a favor do capital ou a favor das exigecircncias da sociedade

A crise do capital atingiu as poliacuteticas educacionais no Brasil na deacutecada de 1990 reflexo

de um cenaacuterio de transformaccedilotildees que vinha se formando internacionalmente desde a deacutecada de

1970 quando o capitalismo daacute sinais de esgotamento e entra em crise de amplas proporccedilotildees

Essa crise tem fortes repercussotildees no papel do Estado que desde o poacutes-guerra vinha

assumindo o papel de controle dos ciclos econocircmicos como Estado de bem-estar social21

De acordo com Antunes (1999) essa eacute uma crise estrutural que se desencadeou a partir

da crise do fordismo e keynesianismo com a queda da taxa de lucros em funccedilatildeo do aumento da

forccedila de trabalho resultante das lutas operaacuterias e sociais ocorridas em deacutecadas anteriores e do

controle de regulaccedilatildeo principalmente em paiacuteses capitalistas E afirma o autor que a crise do

20O Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado (1995) foi elaborado pelo Ministeacuterio da Administraccedilatildeo

Federal e da Reforma do Estado na gestatildeo de Bresser Pereira no Governo Fernando Henrique Cardoso que

definiu objetivos e estabeleceu diretrizes para a reforma da administraccedilatildeo puacuteblica brasileira Segundo este Plano

o Estado deve assumir um papel menos executor ou prestador direto de serviccedilos e atuar mais como regulador e

avaliador das poliacuteticas puacuteblicas 21 O ldquoEstado de bem-estar socialrdquo ou ldquoWelfare Staterdquo de John Maynard Keynes ldquotinha o papel de controlar os

ciclos econocircmicos combinando poliacuteticas fiscais e monetaacuterias As poliacuteticas eram direcionadas para o investimento

puacuteblico principalmente para os setores vinculados ao crescimento da produccedilatildeo e o consumo de massa que tinham

tambeacutem o objetivo de garantir o pleno emprego O salaacuterio social era complementado pelos governos atraveacutes da

seguridade social assistecircncia meacutedica educaccedilatildeo habitaccedilatildeo O Estado acabava exercendo tambeacutem o papel de

regular direta ou indiretamente os acordos salariais e os direitos dos trabalhadores na produccedilatildeordquo (PERONI 2003

p 22)

34

Estado eacute uma consequecircncia da crise capitalista e natildeo a causa dessa forma o capitalismo como

resposta a sua proacutepria crise se reorganiza e reconfigura o sistema ideoloacutegico e poliacutetico de

dominaccedilatildeo apresentando ldquoo neoliberalismo com a privatizaccedilatildeo do Estado a

desregulamentaccedilatildeo dos direitos do trabalho e a desmontagem do setor produtivo estatalrdquo

(ANTUNES 1999 p31)

Segundo Meszaacuteros (2002) a Crise eacute a manifestaccedilatildeo ldquodo espectro da incontrolabilidade

totalrdquo do capital quando se evidencia o aacutepice de sua incapacidade civilizatoacuteria e sua face mais

destrutiva possiacutevel De acordo com o autor a incontrolabilidade do capital satildeo inerentes ao

sistema capitalista que por estarem na base estrutural da relaccedilatildeo entre capital-trabalho natildeo

podem ser remediados de forma radical sob pena de comprometer a sobrevivecircncia do sistema

A crise de acordo com Antunes (1999) Meacuteszaacuteros (2011) Peroni (2006) e Harvey

(2008) natildeo se encontra no Estado e sim na estrutura do capital Meszaacuteros (2011) afirma que

eacute necessaacuterio esclarecer as diferenccedilas relevantes entre tipos ou modalidades de crise pois uma

crise na esfera social pode ser considerada uma lsquocrise perioacutedicaconjunturalrsquo ou uma lsquocrise

estrutural fundamentalrsquo A lsquocrise perioacutedicarsquo ou lsquoconjunturalrsquo pode ser severa poreacutem haacute formas

mais ou menos de solucionaacute-las com sucesso dentro da estrutura estabelecida Jaacute a lsquocrise

estrutural fundamentalrsquo afeta a proacutepria estrutura em sua totalidade como afirma o autor

a crise em nossos dias natildeo eacute compreensiacutevel sem que seja referida agrave ampla estrutura

social global Isso significa que a fim de esclarecer a natureza da persistente e cada

vez mais grave crise em todo o mundo hoje devemos focar a atenccedilatildeo na crise do

sistema do capital em sua inteireza pois a crise do capital que ora estamos

experimentando eacute uma crise estrutural que tudo abrange (MESZAacuteROS 2011 p3)

Com efeito a crise estrutural natildeo pode ser conceituada em termos das categorias de crise

perioacutedica ou conjuntural pois haacute uma diferenccedila crucial entre elas enquanto a crise perioacutedica

desdobra-se dentro da sua estrutura a outra abrange tudo e deve ser analisada na totalidade a

partir de uma avaliaccedilatildeo adequada da natureza da crise econocircmica e social de nossos dias

Por outro lado os defensores de um projeto fundamentado no neoliberalismo ndash

Fernando Henrique Cardoso Bresser Pereira e Fernando Collor de Melo ndash afirmam que desde

a deacutecada de 80 o Estado brasileiro estaacute em crise porque ao tentar se legitimar gastou mais do

que podia no atendimento agraves necessidades da populaccedilatildeo em poliacuteticas sociais e provocando

desse modo a crise fiscal Destaca-se que os serviccedilos puacuteblicos eram os principais causadores

da crise e por isso era necessaacuterio reconstruir as funccedilotildees e a organizaccedilatildeo do Estado

35

Dessa forma a globalizaccedilatildeo da economia foi uma das alternativas encontradas pelos

neoliberais para sair da crise destacando as privatizaccedilotildees e a reforma administrativa com a

desregulamentaccedilatildeo dos mercados e liberalizaccedilatildeo comercial e financeira Para Bresser Pereira

(1996) se aplicadas tais poliacuteticas reformistas a reforma neoliberal e a social democraacutetica o

paiacutes estaria apto para o crescimento econocircmico pois a

() diferenccedila entre uma proposta de reforma neoliberal e uma social democraacutetica estaacute

no fato de que o objetivo da primeira e retirar o Estado da economia enquanto que o

da segunda eacute aumentar a governanccedila do Estado eacute dar ao Estado meios financeiros e

administrativos para que ele possa intervir efetivamente sempre que o mercado natildeo

tiver condiccedilotildees de coordenar adequadamente a economia (BRESSER-PEREIRA

1996 p 1 - 2)

Partindo desse contexto neoliberal para superar a crise brasileira e assegurado por

Bresser Pereira em 1995 atendendo aos interesses do mercado o governo brasileiro implantou

o Ministeacuterio da Administraccedilatildeo e Reforma do Estado (MARE) com a finalidade de reformar o

Estado brasileiro Destaca-se que nesse mesmo ano ndash 1995 no primeiro ano de governo

Fernando Henrique Cardoso - eacute lanccedilado o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado

(PDRAE) que sugere uma reforma na administraccedilatildeo do Estado para a superaccedilatildeo da crise e

oferece uma seacuterie de accedilotildees e estrateacutegias que devem ser tomadas pelas instituiccedilotildees considerando-

as como inadiaacuteveis sendo elas

(1) o ajustamento fiscal duradouro (2) reformas econocircmicas orientadas para o

mercado que acompanhadas de uma poliacutetica industrial e tecnoloacutegica garantam a

concorrecircncia interna e criem as condiccedilotildees para o enfrentamento da competiccedilatildeo

internacional (3) a reforma da previdecircncia social (4) a inovaccedilatildeo dos instrumentos de

poliacutetica social proporcionando maior abrangecircncia e promovendo melhor qualidade

para os serviccedilos sociais e (5) a reforma do aparelho do Estado com vistas a aumentar

sua ldquogovernanccedilardquo ou seja sua capacidade de implementar de forma eficiente poliacuteticas

puacuteblicas (BRASIL 1995 p 11)

Como o resultado de um pacote de mudanccedilas no Estado o PDRAE propotildee alternativas

para combater a crise instalada no Estado Brasileiro sendo que essas propostas se movimentam

no sentido de reduzir o papel do Estado e os direitos conquistados na Constituiccedilatildeo Federal de

1988 como as poliacuteticas sociais e os direitos trabalhistas Nesse sentido as conquistas sociais

que estavam garantidas na Constituiccedilatildeo como o direito agrave educaccedilatildeo sauacutede transportes

puacuteblicos seguranccedila entre outros devem ser ldquocomprados e regidos pela feacuterrea loacutegica das leis

do mercado Na realidade o objetivo maior eacute a ideia de um lsquoEstado miacutenimorsquo que significa o

36

Estado suficiente e necessaacuterio unicamente para os interesses da reproduccedilatildeo do capitalrdquo

(FRIGOTTO 1995 p 83-84)

Cabe ressaltar que o projeto capitalista de reformar o Estado Brasileiro busca uma

relaccedilatildeo entre os setores puacuteblicos e privados utilizando de estrateacutegias de manipulaccedilatildeo para

superaccedilatildeo da crise O projeto capitalista eacute permeado de estrateacutegias de acordo com Peroni

(2006) o qual cita quatro delas a Reestruturaccedilatildeo Produtiva a Globalizaccedilatildeo o Neoliberalismo

e a Terceira Via que tentam viabilizar e condicionar o aumento do lucro atraveacutes da aproximaccedilatildeo

do mercado com o Estado

A primeira delas a lsquoreestruturaccedilatildeo produtivarsquo pressupotildee a intensificaccedilatildeo das

transformaccedilotildees no processo produtivo e essa foi uma das respostas agrave crise do capital e agrave crise

da acumulaccedilatildeo que teve iniacutecio em 1973 que com base no avanccedilo tecnoloacutegico e no toyotismo22

se apoiou

na flexibilidade dos processos dos mercados de trabalho dos produtos e padrotildees de

consumo Caracteriza-se pelo surgimento de setores de produccedilatildeo inteiramente novos

novas maneiras de fornecimento de serviccedilos financeiros novos mercados e

sobretudo taxas altamente intensificadas de inovaccedilatildeo comercial tecnoloacutegica e

organizacional (HARVEY 2003 p 140)

Com a produccedilatildeo fabril flexibilizada e informatizada ndash tiacutepico da acumulaccedilatildeo do capital

ndash houve uma queda no operariado manual e estaacutevel isso resultou na expansatildeo da precarizaccedilatildeo

do trabalho (contrataccedilatildeo temporaacuteria trabalho em tempo parcial) Nessa compreensatildeo o capital

pode ateacute precarizar e subutilizar a matildeo de obra mas o desenvolvimento tecnoloacutegico natildeo pode

substituir a capacidade intelectual do homem poreacutem consegue reproduzir na sociedade a ideia

dos valores empresariais e mercadoloacutegicos Com a reestruturaccedilatildeo produtiva a classe

trabalhadora fragmentou-se heterogeneizou-se e complexificou-se mas ainda assim natildeo corre

o risco de desaparecer (ANTUNES 2003)

Uma outra estrateacutegia utilizada para superar a crise do capitalismo eacute a lsquoglobalizaccedilatildeorsquo No

final do seacutec XX os desdobramentos do capitalismo em sua forma de acumular riquezas e assim

superar a crise desafiam a praacutetica e o pensamento social Segundo Chesnais (1996) o uso do

termo globalizaccedilatildeo eacute insuficiente para a compreensatildeo do processo de internacionalizaccedilatildeo do

22 O Toyotismo segundo Antunes (2005) eacute uma forma de organizaccedilatildeo do trabalho na faacutebrica da Toyota no Japatildeo

nos anos apoacutes 1945 que apresentava as seguintes caracteriacutesticas produccedilatildeo vinculada a demanda processo de

produccedilatildeo flexiacutevel possibilitando a um mesmo operaacuterio operar vaacuterias maacutequinas e desenvolver vaacuterias funccedilotildees A

produccedilatildeo em geral eacute horizontalizada ou seja grande parte da produccedilatildeo eacute terceirizada e subcontratada para deixar

as empresas mais ldquoenxutasrdquo ou mais ldquolevesrdquo

37

capital atual ela denominou entatildeo de mundializaccedilatildeo do capital23 por se tratar de um regime de

acumulaccedilatildeo predominantemente financeira configurando um espaccedilo conectado mundialmente

Essas conexotildees que tecircm como cenaacuterio o mundo em tempo real e que movimenta o capital

financeiro satildeo possiacuteveis a partir dos

Sistemas de comunicaccedilatildeo por sateacutelite e por cabo aliados agraves novas tecnologias de

informaccedilatildeo e agrave microeletrocircnica possibilitam a conexatildeo em tempo real dos mercados

das financcedilas e da produccedilatildeo As transformaccedilotildees que estatildeo ocorrendo no interior do

capitalismo inauguram de forma intensa ou mediatizada uma nova forma de estar no

mundo (CHESNAIS 1996 p 34)

Nesse contexto a globalizaccedilatildeo ocorre a partir da configuraccedilatildeo geopoliacutetica dos mercados

internacionais que fazem conexotildees com outros mercados operados por investidores

financeiros24 que avaliam e decidem sobre ldquoa participaccedilatildeo de tal paiacutes na rede em graus que

diferem de um compartimento a outro (cacircmbio obrigaccedilotildees accedilotildees etc)rdquo (CHESNAIS 1996 p

45) demarcando dessa maneira o paiacutes que quebra e o que estabiliza

Na verdade como afirma Frigotto (2001 p 36) trata-se de uma ldquoformaccedilatildeo de

oligopoacutelios e megacorporaccedilotildees mediante a fusatildeo ou alianccedilas entre grandes empresasrdquo Esse

processo inclui principalmente o grupo de paiacuteses mais ricos (Estados Unidos Canadaacute Japatildeo

Alemanha Franccedila Reino Unido e Itaacutelia) Esses paiacuteses se reuacutenem periodicamente para

resguardar os seus interesses e alertar que a livre concorrecircncia existe somente ateacute certo ponto

De toda forma considera o autor que o principal entre os problemas da globalizaccedilatildeo eacute uma

eventual desigualdade social por ela proporcionada em que o poder e a renda encontram-se em

maior parte concentrados nas matildeos de uma minoria burguesa o que atrela a questatildeo agraves

contradiccedilotildees do projeto capitalista

Uma outra estrateacutegia usada para superaccedilatildeo da crise do capital eacute o lsquoNeoliberalismorsquo tida

como uma ideologia impulsionada pelas teorias econocircmicas capitalistas que defende a natildeo

participaccedilatildeo do Estado na economia pois segundo essa ideologia o Estado eacute o principal

responsaacutevel por anomalias no funcionamento do mercado livre onde deve haver total liberdade

para garantir o crescimento econocircmico e o desenvolvimento social de um paiacutes Por outro lado

Peroni (2006) afirma que o neoliberalismo atua na privatizaccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos pelo

23 A lsquomundializaccedilatildeo do capitalrsquo eacute ldquoa capacidade estrateacutegica de todo grande grupo oligopolista voltado para a

produccedilatildeo manufatureira ou para as principais atividades de serviccedilos de adotar por conta proacutepria um enfoque e

condutas lsquoglobaisrsquordquo () incluindo-se a esfera financeira (CHESNAIS 1996 p 17) 24Os investidores institucionais segundo Chesnais (2005) satildeo organismos tais como fundos de pensatildeo fundos

coletivos de aplicaccedilatildeo sociedades de seguro bancos que administram sociedades de investimento que teriam feito

da descentralizaccedilatildeo dos lucros natildeo reinvestidos das empresas e das famiacutelias (planos de previdecircncia privados

poupanccedila salarial) um trampolim para a aquisiccedilatildeo de acumulaccedilatildeo financeira de grande proporccedilatildeo

38

repasse da sua execuccedilatildeo ao mercado busca a racionalizaccedilatildeo dos recursos e a diminuiccedilatildeo dos

gastos do Estado com as poliacuteticas sociais e educacionais restringindo assim a atuaccedilatildeo das

instituiccedilotildees puacuteblicas o que tem gerado contradiccedilotildees quanto ao papel social do Estado impliacutecito

na Constituiccedilatildeo Federal Brasileira de 1988

A lsquoTerceira viarsquo eacute outra estrateacutegia utilizada pela teoria neoliberal para vencer a crise

Segundo os teoacutericos defensores do neoliberalismo a proposta da Terceira Via pressupotildee um

Estado democraacutetico que tem como principais caracteriacutesticas a ldquodescentralizaccedilatildeo dupla

democratizaccedilatildeo renovaccedilatildeo da esfera puacuteblica-transparecircncia eficiecircncia administrativa

mecanismos de democracia direta e governo como administrador de riscosrdquo (GIDDENS 2001

p 87) Por outro lado Peroni e Caetano (2012) criticam as estrateacutegias da teoria neoliberal que

buscam a racionalizaccedilatildeo dos recursos e o esvaziamento do poder das instituiccedilotildees transferindo

a execuccedilatildeo das poliacuteticas sociais para o terceiro setor ldquoque eacute caracterizado como o puacuteblico natildeo-

estatalrdquo (PERONI CAETANO 2012 p 4) ou seja para a sociedade civil utilizando-se do

discurso da democratizaccedilatildeo e da participaccedilatildeo sem romper com o neoliberalismo

Caracterizada como uma ldquoarena de interesses contraditoacuterios e conflituososrdquo (VIEIRA

2007 p59) a gestatildeo puacuteblica se materializa na praacutetica das poliacuteticas traccediladas pelo poder puacuteblico

qualificando-se como uma ldquotarefa complexa e cheia de meandrosrdquo (VIEIRA 2007 p59)

Vieira (2007) e Paro (2005) compartilham da mesma ideia de que os valores estatildeo impliacutecitos

nas intencionalidades poliacuteticas nas condiccedilotildees dadas para a implementaccedilatildeo onde estaacute a base

material da gestatildeo puacuteblica com recursos materiais e financeiros e ainda de condiccedilotildees poliacuteticas

favoraacuteveis para concretizaccedilatildeo

Acerca desse debate sobre a gestatildeo puacuteblica uma tendecircncia internacional de reformas na

administraccedilatildeo puacuteblica na gestatildeo das poliacuteticas sociais e educacionais vem se formando nos

paiacuteses da Ameacuterica Latina a partir dos anos de 1990 inclusive no Brasil reflexo da crise

mundial que atingiu os paiacuteses centrais na deacutecada de 1980 A introduccedilatildeo de princiacutepios da

administraccedilatildeo empresarial no setor puacuteblico foi uma das mudanccedilas no padratildeo de organizaccedilatildeo e

gestatildeo que Lima (1997) denominou de paradigma da educaccedilatildeo contaacutebil (LIMA 1997 p 43

grifos do autor) Esse paradigma no Brasil se constitui por meio da Terceira Via nas parcerias

puacuteblico-privadas nos ldquonovos contratos de gestatildeordquo na compra de materiais didaacutetico-

pedagoacutegicos do setor privado nas avaliaccedilotildees com foco nos resultados no controle da eficiecircncia

e qualidade das instituiccedilotildees educativas

Essas medidas derivam de dois fatores principais das restriccedilotildees orccedilamentaacuterias dos

Estados em razatildeo do aprofundamento da crise financeira e econocircmica que se espalhara por todo

o mundo globalizado atingindo seu aacutepice em 2008 e da implantaccedilatildeo de princiacutepios do

39

ldquomovimento denominado New Public Management (NPM)rdquo (MARINI 2003 p 47) nas accedilotildees

dos governos

O modelo de gestatildeo gerencial ou ainda o termo Nova Gerecircncia Puacuteblica (New Public

Management mdash NPM) eacute frequentemente utilizado em muitos dos paiacuteses-membros25 da

Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econocircmico - OCDE O termo parece

descrever certo tipo de reforma administrativa que sob orientaccedilotildees da OCDE tem contribuiacutedo

para a elaboraccedilatildeo de uma visatildeo mais econocircmica e gerencial da administraccedilatildeo governamental

vinculada aos interesses do mercado capitalista e apoiada pela poliacutetica neoliberal de modo que

natildeo possibilita a participaccedilatildeo de todos Nesses termos o gerencialismo26 seria portanto

O modelo de aplicaccedilatildeo dos princiacutepios gerenciais do setor empresarial privado ao setor

puacuteblico Em termos praacuteticos essa concepccedilatildeo restrita da NPM implica numa ecircnfase da

gerecircncia de contratos na introduccedilatildeo de mecanismos de mercado no setor puacuteblico e na

vinculaccedilatildeo estabelecida entre o pagamento e o desempenho (ORMOND 1999 p73)

Nesse sentido o modelo de gestatildeo gerencial ou gerencialismo importado das empresas

privadas eacute reproduzido para o serviccedilo puacuteblico mesmo quando essa tendecircncia internacional da

administraccedilatildeo natildeo se materializa da mesma forma em todos os paiacuteses que a implantaram Em

alguns paiacuteses esse modelo deu certo e prosperou jaacute em outros encontrou reaccedilatildeo sendo ldquodebatido

ou introduzido gradualmente ou de forma mitigada mas em todo o caso conquistou adeptos

concentrou atenccedilotildees e motivou ataques e resistecircncias como nenhum outrordquo (LIMA 1997 p

47)

A reforma na administraccedilatildeo puacuteblica na perspectiva do gerencialismo de acordo com

Abruacutecio (2010) tem a descentralizaccedilatildeo como um mecanismo adotado internamente pelas

empresas privadas com o objetivo de garantir a eficiecircncia e eficaacutecia no controle da gestatildeo de

resultados no planejamento estrateacutegico no controle por meio de avaliaccedilotildees de desempenho

nacionais estaduais e municipais no controle das accedilotildees individuais (responsabilizaccedilatildeo) e na

emissatildeo de relatoacuterios administrativos

Natildeo diferentemente de outros paiacuteses da Ameacuterica Latina no Brasil Bresser Pereira

(2007) afirma que esse novo modelo vem se estruturando no paiacutes e que envolve organizaccedilotildees

estatais puacuteblicas natildeo estatais corporativas e privadas Essas organizaccedilotildees se relacionam em

25 Paiacuteses membros da OCDE ndash Aacuteustria Beacutelgica Dinamarca Franccedila Greacutecia Islacircndia Irlanda Itaacutelia Luxemburgo

Noruega Paiacuteses Baixos Portugal Reino Unido Sueacutecia Suiacuteccedila Turquia Alemanha Espanha Canadaacute USA Japatildeo

Finlacircndia Austraacutelia Nova Zelacircndia Repuacuteblica Checa Meacutexico Hungria Polocircnia Coreia do Sul Eslovaacutequia

Chile Eslovecircnia e Israel

40

redes e essas relaccedilotildees satildeo identificadas como parcerias entre instituiccedilotildees puacuteblico-privadas-

terceiro setor O autor traz referecircncias em defesa desse modelo que segundo ele para o

desenvolvimento do paiacutes eacute necessaacuterio um consenso entre diferentes setores da sociedade O

autor demonstra que ldquoum consenso pleno eacute impossiacutevel mas um consenso que una empresaacuterios

do setor produtivo trabalhadores teacutecnicos do governo e classes meacutedias profissionais - um

acordo nacional portanto ndash estaacute hoje em processo de formaccedilatildeordquo (BRESSER-PEREIRA 2007

p 163)

Assim novas relaccedilotildees entre o Estado o mercado e a sociedade civil se formam no paiacutes

Eacute como uma revoluccedilatildeo passiva que busca rearticular natildeo soacute a produccedilatildeo como tambeacutem regular

as novas relaccedilotildees humanas e sociais pois o controle do capital natildeo incide somente na extraccedilatildeo

da mais-valia mas ainda nessas articulaccedilotildees promovidas em torno de um consenso entre as

classes que organizam essas negociaccedilotildees e acordos no paiacutes

Desde o governo Fernando Henrique Cardoso jaacute vinha se formando um movimento de

ldquoparceriasrdquo que foi prosseguido no governo do Presidente Lula por meio do consenso com o

objetivo de acomodar e harmonizar a governanccedila puacuteblica Nesse sentido o consenso27 entre o

Estado e setores da sociedade civil vem seguindo no sentido de modificar as relaccedilotildees de poder

em um ldquonovo contratordquo em que o setor privado e o terceiro setor passaram a responsabilizar-se

pelos serviccedilos sociais que antes eram de responsabilidade do Estado Esses ldquonovos contratosrdquo

tem como foco princiacutepios gerenciais de mercado baseados na eficiecircncia na eficaacutecia na

flexibilidade dos contratos para atingir os resultados

No proacuteximo toacutepico vamos tratar dessas ldquonovas relaccedilotildeesrdquo que estatildeo ancoradas na

redefiniccedilatildeo do papel do Estado por meio do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado

Brasileiro de 1995 e na participaccedilatildeo das estruturas de poder com significativas implicaccedilotildees no

acircmbito das poliacuteticas educacionais e da gestatildeo da educaccedilatildeo

27 O consenso (ativo ou passivo) numa sociedade capitalista eacute organizado pela burguesia e por liderar esse bloco

deteacutem a hegemonia porque consegue ir aleacutem dos seus interesses econocircmicos imediatos para manter articuladas

forccedilas heterogecircneas numa accedilatildeo essencialmente poliacutetica que impeccedila o rompimento dos contrastes existentes entre

elas (GRAMSCI 2000) O Estado dizia Gramsci eacute sempre uma combinaccedilatildeo dialeacutetica de hegemonia e coerccedilatildeo

assim o exerciacutecio normal da hegemonia no terreno tornado claacutessico do regime parlamentar caracteriza-se pela

combinaccedilatildeo da forccedila e do consenso que se equilibram de modo variado sem que a forccedila suplante muito o consenso

mas ao contraacuterio tentando fazer com que a forccedila pareccedila apoiada no consenso da maioria expresso pelos chamados

oacutergatildeos da opiniatildeo puacuteblica (GRAMSCI 2000 p 95)

41

12 A REFORMA DO ESTADO BRASILEIRO E SUAS IMPLICACcedilOtildeES PARA A GESTAtildeO

DA EDUCACcedilAtildeO

Esse toacutepico trata da Reforma do Estado brasileiro e os seus reflexos na educaccedilatildeo

brasileira a partir de dois modelos de gestatildeo o gerencial e o democraacutetico

A ideia de reformar o Estado no Brasil teve iniacutecio nos anos 90 como reflexo da crise

instalada no paiacutes De um lado Bresser Pereira no Plano de Reforma do Aparelho do Estado

brasileiro argumenta que era necessaacuteria e urgente uma reforma de Estado para superar a

ineficiecircncia o burocratismo e o mau serviccedilo prestado agrave populaccedilatildeo principalmente na aacuterea

social A partir de entatildeo dentro de uma visatildeo neoliberal eacute criado durante o governo do

Presidente Fernando Henrique Cardoso pelo entatildeo Ministro Luiz Carlos Bresser Pereira em

1995 o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado Brasileiro (PDRAE) sob a

justificativa de que o Estado deveria assumir um papel menos executor ou prestador direto de

serviccedilos pois a administraccedilatildeo deveria se realizar por meio de ldquocontratos de gestatildeordquo que

definisse com clareza os objetivos ou indicadores de desempenho das instituiccedilotildees puacuteblicas e

permitisse o controle por resultados Desse modo caberia ao Estado ser o oacutergatildeo coordenador

financiador e regulador dos serviccedilos Por outro lado defensores do Estado democraacutetico

contestam que essas medidas afrontam veementemente os direitos sociais jaacute conquistados e

garantidos sob muita luta dos trabalhadores na Constituiccedilatildeo Federal de 1988

Propagando a imagem de que as atividades do setor puacuteblico-estatal natildeo atendem as

necessidades sociais baacutesicas da populaccedilatildeo pois o Estado estaacute ineficiente improdutivo e

antieconocircmico eacute articulado uma Reforma no Estado para que atenda a um novo modelo de

gestatildeo que tem o setor privado como paracircmetro de eficiecircncia efetividade e produtividade

podendo responder agraves demandas sociais de forma menos burocraacutetica e com maior rapidez As

poliacuteticas neoliberais se posicionam contrariamente agraves poliacuteticas distributivas de bem-estar social

e afirmam que o Estado que prioriza essas questotildees sociais eacute visto como um Estado de mal-

estar social Nesse sentido essas poliacuteticas neoliberais trabalham para racionalizar os custos

financeiros do Estado com gastos em sauacutede educaccedilatildeo habitaccedilatildeo transporte puacuteblico pensotildees

e aposentadorias reduzindo ainda as importaccedilotildees e incentivando a exportaccedilatildeo

Segundo Neves (2005) essa teoria de cunho neoliberal se sustentava na tese do ldquoEstado

miacutenimordquo que de produtor direto de bens e serviccedilos o Estado passou a coordenador de

iniciativas privadas ldquointrojetando nas instituiccedilotildees puacuteblicas estatais noccedilotildees de eficiecircncia

produtividade e racionalidade inerentes agrave loacutegica do capital (NEVES 2005 p 92) O caminho

42

que estaacute sendo proposto no PDRAE eacute justamente impor a privatizaccedilatildeo como a principal poliacutetica

de Estado seguindo as orientaccedilotildees internacionais do Banco Mundial e do Fundo Monetaacuterio

Internacional

Essa discussatildeo do Estado de bem-estar social eacute apresentada por Fiori (1997) e

demonstra uma complexa rede de determinaccedilotildees econocircmicas ideoloacutegicas e poliacuteticas que define

e diferencia o Estado de bem-estar social de outras eacutepocas e de outras experiecircncias nacionais

Para o autor a realidade de paiacuteses como os Estados Unidos a Europa o Japatildeo e o Brasil satildeo

diferentes e em razatildeo disso o que se apresenta como o Estado de bem-estar social em um paiacutes

natildeo pode ser padronizado da mesma forma em outro pois deve-se levar em conta algumas

questotildees centrais como ldquoformas de financiamento pela extensatildeo de serviccedilos pelo peso do

setor puacuteblico pelo seu grau de sensibilidade aos sistemas puacuteblicos pela sua forma de

organizaccedilatildeo institucional etcrdquo (FIORI 1997 p 135)

No texto do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado (PDRAE) a proposta de

Reforma do Estado eacute apresentada sob uma nova configuraccedilatildeo na estrutura do Estado que se

divide em trecircs diferentes setores o nuacutecleo estrateacutegico as atividades exclusivas e os serviccedilos

natildeo exclusivos Cada um deles corresponde a um modelo de gestatildeo com diferentes abrangecircncias

e consequecircncias para a democratizaccedilatildeo dos direitos a saber

O Nuacutecleo estrateacutegico - Corresponde ao governo em sentido lato Eacute o setor que define

as leis e as poliacuteticas puacuteblicas e cobra o seu cumprimento Eacute portanto o setor onde as

decisotildees estrateacutegicas satildeo tomadas Corresponde aos Poderes Legislativo e Judiciaacuterio

ao Ministeacuterio Puacuteblico e no poder executivo ao Presidente da Repuacuteblica aos ministros

e aos seus auxiliares e assessores diretos responsaacuteveis pelo planejamento e

formulaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas

Atividades exclusivas - Eacute o setor em que satildeo prestados serviccedilos que soacute o Estado pode

realizar Satildeo serviccedilos em que se exerce o poder extroverso do Estado - o poder de

regulamentar fiscalizar fomentar Como exemplos temos a cobranccedila e fiscalizaccedilatildeo

dos impostos a poliacutecia a previdecircncia social baacutesica o serviccedilo de desemprego a

fiscalizaccedilatildeo do cumprimento de normas sanitaacuterias o serviccedilo de tracircnsito a compra de

serviccedilos de sauacutede pelo Estado o controle do meio ambiente o subsiacutedio agrave educaccedilatildeo

baacutesica o serviccedilo de emissatildeo de passaportes etc

Os Serviccedilos Natildeo Exclusivos - Corresponde ao setor onde o Estado atua

simultaneamente com outras organizaccedilotildees puacuteblicas natildeo-estatais e privadas As

instituiccedilotildees desse setor natildeo possuem o poder de Estado Este entretanto estaacute presente

porque os serviccedilos envolvem direitos humanos fundamentais como os da educaccedilatildeo

e da sauacutede ou porque possuem ldquoeconomias externasrdquo relevantes na medida que

produzem ganhos que natildeo podem ser apropriados por esses serviccedilos atraveacutes do

mercado As economias produzidas imediatamente se espalham para o resto da

sociedade natildeo podendo ser transformadas em lucros Satildeo exemplos deste setor as

universidades os hospitais os centros de pesquisa e os museus (BRASIL MARE

1995 p41) [grifos nossos]

43

No PDRAE o nuacutecleo estrateacutegico corresponde a alta cuacutepula dos trecircs poderes (executivo

legislativo e judiciaacuterio) e seus assessores diretos no paiacutes que satildeo os responsaacuteveis pelo

planejamento das poliacuteticas puacuteblicas a serem implantadas no paiacutes Nos serviccedilos exclusivos estaacute

o poder do Estado como regulamentador fiscalizador e fomentador das poliacuteticas puacuteblicas Os

serviccedilos natildeo-exclusivos onde estatildeo algumas poliacuteticas sociais que antes estavam sobre a atuaccedilatildeo

do Estado passam a ter os serviccedilos oferecidos tambeacutem pelas instituiccedilotildees puacuteblicas natildeo-estatais

e privadas

Ora veja-se que nesses serviccedilos natildeo-exclusivos do Estado estatildeo presentes alguns

direitos humanos fundamentais legalmente constituiacutedos de acordo com a Constituiccedilatildeo Federal

de 1988 como a educaccedilatildeo e a sauacutede Entretanto o PDRAE ao retirar do Estado a

obrigatoriedade na oferta desses serviccedilos essenciais conquistados pela populaccedilatildeo e transferi-lo

para as instituiccedilotildees puacuteblicas natildeo-estatais privadas e terceiro setor estatildeo portanto abrindo

espaccedilos para o setor privado agir Assim com todas as formas de ldquoeficiecircnciardquo e ldquoeficaacuteciardquo que

o setor privado gerencia os seus empreendimentos particulares reproduz-se esse mesmo

modelo principalmente em setores essenciais como a sauacutede e a educaccedilatildeo trazendo para o

serviccedilo puacuteblico uma nova loacutegica de produtividade e competitividade caracteriacutesticas do

neoliberalismo Em defesa dessa flexibilidade da vertente neoliberal Cardoso (2003 p15)

afirma que ldquo() a produccedilatildeo de bens e serviccedilos pode e deve ser transferida agrave sociedade agrave

iniciativa privada com grande eficiecircncia e com menor custo para o consumidorrdquo

O PDRAE sugere a ldquodescentralizaccedilatildeo de serviccedilosrdquo como elemento estimulador da

democratizaccedilatildeo da accedilatildeo estatal no entanto nem sempre funciona pois ela se apresenta muitas

vezes apenas como uma forma mais eficiente de controle dos gastos puacuteblicos Assim sob o

argumento da participaccedilatildeo coletiva toda a sociedade eacute convocada a contribuir com os serviccedilos

que antes eram de responsabilidade do Estado por meio do discurso da ldquoresponsabilidade

socialrdquo e da colaboraccedilatildeo ldquovoluntaacuteriardquo em razatildeo da qual todos passam a ser responsabilizados

pela oferta dos serviccedilos principalmente passando a ideia de eficiecircncia atraveacutes das parcerias

puacuteblico-privadas Esse modelo de Reforma do Estado baseado nos preceitos da mundializaccedilatildeo

do capital nos pressupostos neoliberais influenciaram as reformas tambeacutem no acircmbito

educacional e tem recebido duras criacuteticas de vaacuterios estudiosos da educaccedilatildeo no paiacutes como Neves

(2005) Peroni (2006) Gutierres (2010) Neto e Castro (2011)

Para os autores a redefiniccedilatildeo do papel do Estado tem traccedilado um novo rumo para a

educaccedilatildeo brasileira retirando inclusive direitos legalmente constituiacutedos Em se tratando das

poliacuteticas educacionais esse novo regulamento se propotildee a minimizar e controlar os custos com

44

a educaccedilatildeo e atender ao maior nuacutemero de pessoas com serviccedilos educacionais prestados por

terceiros e natildeo mais como um direito social assegurado pelo Estado

Ao final do entatildeo governo Fernando Henrique Cardoso em 2002 foi eleito para

Presidecircncia da Repuacuteblica Luiz Inaacutecio Lula da Silva dentro de uma coalizatildeo de partidos de

centro-esquerda que abrangeu aleacutem do Partido dos Trabalhadores (PT) o Partido Comunista

do Brasil (PCdoB) o Partido Liberal (PL) o Partido da Mobilizaccedilatildeo Nacional (PMN) e o

Partido Comunista Brasileiro (PCB) Ao final de quatro anos em novo pleito eleitoral Lula da

Silva eacute reeleito em nova coalizatildeo partidaacuteria formada pelo Partido dos Trabalhadores (PT) pelo

Partido Comunista do Brasil (PCdoB) pelo Partido Liberal (PL) e pelo Partido Republicano

Brasileiro (PRB) para uma nova fase de governo que se estendeu ateacute 2010

Com Lula da Silva agrave frente da Presidecircncia da Repuacuteblica (2003-2010) trecircs Ministros de

Estado da Educaccedilatildeo estiveram agrave frente do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo quais sejam Cristovatildeo

Buarque em 2003 Tarso Genro 2004 e 2005 e Fernando Haddad de 2005 a 2010 Na

oportunidade estabeleceram ldquonovasrdquo poliacuteticas puacuteblicas para a educaccedilatildeo durante os oito anos de

governo Lula De acordo com FREITAS e SILVA (2015)

as poliacuteticas educacionais levadas a efeito pelo governo federal ao longo do primeiro

mandato de Lula da Silva agrave frente da Presidecircncia da Repuacuteblica de 2003 a 2007 o que

se apresenta eacute que vaacuterios pressupostos e propostas acabam por reforccedilar seu caraacuteter de

continuidade e reafirmaccedilatildeo da loacutegica do capital e da perspectiva que orientava tais

poliacuteticas desde a uacuteltima deacutecada do seacuteculo XX e primeiros anos do seacuteculo XXI

(FREITAS e SILVA 2015)

Dessa forma o que se observa eacute que o governo Lula da Silva deu continuidade as

poliacuteticas de mercado neoliberal consolidada no processo de globalizaccedilatildeo pelo ainda presidente

Fernando Henrique Cardoso mas que jaacute era tambeacutem reflexos do capital internacional desde os

governos Collor de Mello e Itamar Franco

O iniacutecio do segundo mandato do governo Lula (2007-2010) trouxe um marco

importante apresentado como um novo orientador e como uma nova perspectiva na conduccedilatildeo

das poliacuteticas educacionais com o anuacutencio do Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo e no seu

contexto do Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo

dos Profissionais da Educaccedilatildeo (FUNDEB) instituiacutedo pela Medida Provisoacuteria nordm 3392006 que

posteriormente fora convertida na Lei nordm 114942007

Embora o governo de Lula da Silva e o de sua sucessora Dilma Rousseff tenha

apresentado para o paiacutes uma proposta de crescimento econocircmico e de transferecircncia de renda o

programa de frente poliacutetica denominado por Boito Juacutenior (2012) de ldquoneodesenvolvimentistardquo

45

o qual comeccedilou a se formar no decorrer da deacutecada de 1990 e apresentou contradiccedilotildees frente a

algumas reformas apresenta semelhanccedilas em seus traccedilos mais gerais com as propostas lanccediladas

pelo governo de Fernando Henrique Cardoso no periacuteodo desenvolvimentista e populista28

Boito (2012 p 5) denomina o ldquoneodesenvolvimentismordquo de ldquoo desenvolvimentismo da eacutepoca

do capitalismo neoliberalrdquo e jaacute adverte que o tema eacute complexo Afirma que os governos Lula

da Silva e Dilma Rousseff lanccedilaram matildeo de alguns elementos importantes que ficaram de fora

da proposta do governo de Fernando Henrique Cardoso Senatildeo veja-se

a) poliacuteticas de recuperaccedilatildeo do salaacuterio miacutenimo e de transferecircncia de renda que

aumentaram o poder aquisitivo das camadas mais pobres isto eacute daqueles que

apresentam maior propensatildeo ao consumo b) forte elevaccedilatildeo da dotaccedilatildeo orccedilamentaacuteria

do Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico (BNDES) para financiamento

das grandes empresas nacionais a uma taxa de juro favorecida ou subsidiada c)

poliacutetica externa de apoio agraves grandes empresas brasileiras ou instaladas no Brasil para

exportaccedilatildeo de mercadorias e de capitais (DALLA COSTA 2012) d) poliacutetica

econocircmica anticiacuteclica ndash medidas para manter a demanda agregada nos momentos de

crise econocircmica e e) incremento do investimento estatal em infraestrutura (BOITO

2012 p5)

Esses elementos econocircmicos na poliacutetica buscavam o crescimento econocircmico do

capitalismo brasileiro com alguma transferecircncia de renda embora o faccedila sem romper com os

limites dados pelo modelo econocircmico neoliberal vigente no paiacutes O neodesenvolvimentismo

seria nessa loacutegica dos governos Lula da Silva e Dilma Rousseff a poliacutetica de desenvolvimento

possiacutevel dentro dos limites dados pelo modelo capitalista neoliberal

Nessa loacutegica Neto e Castro (2011) afirmam que o PDRAE insere-se na loacutegica desse

processo de adaptaccedilatildeo agraves novas exigecircncias do capital ao mesmo tempo em que o Estado deixa

de ser o responsaacutevel direto pelo desenvolvimento econocircmico e social cedendo para o mercado

essa tarefa para se fortalecer na funccedilatildeo de promotor e regulador desse desenvolvimento Nesta

direccedilatildeo a reforma educacional em consonacircncia com as orientaccedilotildees mercadoloacutegicas tem

priorizado os seguintes eixos

a) focalizaccedilatildeo de programas ndash procura-se substituir o acesso universal aos direitos

sociais e bens puacuteblicos por acesso seletivo b) descentralizaccedilatildeo ndash possibilita a

utilizaccedilatildeo de estrateacutegias para propiciar a democratizaccedilatildeo do Estado e a busca de maior

justiccedila social c) privatizaccedilatildeo ndash entendida no seu sentido mais amplo como a

transferecircncia das responsabilidades puacuteblicas para organizaccedilotildees ou entidades privada

d) desregulamentaccedilatildeo ndash que tem por objetivo criar um novo quadro legal com vistas

a diminuir a interferecircncia dos poderes puacuteblicos sobre os empreendimentos

educacionais privados (NETO e CASTRO 2011 p 2)

28 Consultar o texto na iacutentegra As bases poliacuteticas do neodesenvolvimentismo (BOITO 2012)

46

Essas diretrizes vecircm influenciando a poliacutetica educacional que tem interferido

diretamente na organizaccedilatildeo e na gestatildeo do sistema educacional na formulaccedilatildeo e na conduccedilatildeo

das poliacuteticas determinando novos papeacuteis e funccedilotildees para os profissionais da educaccedilatildeo em todos

os niacuteveis de atuaccedilatildeo

Nesse contexto podemos afirmar que essas reformas neoliberais de ldquoajustesrdquo estrutural

presentes no Plano Diretor de Reforma do Aparelho do Estado Brasileiro trazem o modelo de

gestatildeo com base no gerencialismo que com o apoio dos organismos internacionais

influenciados pelo Banco Mundial (BM) e pelo Fundo Monetaacuterio Internacional (FMI)

apresentaram elementos conceituais para uma visatildeo mais econocircmica e gerencial da

administraccedilatildeo puacuteblica com ecircnfase na gerecircncia de contratos com instituiccedilotildees privadas na

introduccedilatildeo de mecanismos de mercado no setor puacuteblico e a vinculaccedilatildeo da remuneraccedilatildeo com o

desempenho

121 As Poliacuteticas Educacionais no Brasil e a Gestatildeo da Educaccedilatildeo

Primeiramente faz-se necessaacuterio esclarecer que natildeo existem poliacuteticas puacuteblicas sem

poliacutetica As poliacuteticas puacuteblicas se referem pois as iniciativas governamentais as diretrizes os

programas os planos e as accedilotildees que estatildeo vinculadas aos interesses de uma determinada

sociedade Uma poliacutetica educacional eacute um caso particular de poliacutetica social uma vez que trata

das questotildees educacionais e busca dar condiccedilotildees para que as iniciativas governamentais sejam

aplicadas Para tanto o planejamento e a gestatildeo dessa poliacutetica educacional precisa ser bem

formulado Segundo Camini (2009)

a poliacutetica e as poliacuteticas implementadas percorrem um trajeto na sua construccedilatildeo que

natildeo eacute linear por que eacute feito de movimentaccedilatildeo com oscilaccedilotildees avanccedilos e recuos

estando sujeitas a mudanccedilas acreacutescimos e supressotildees sofrendo portanto influecircncias

em todas as suas fases dependendo dos contextos e sujeitos envolvidos no processo

de formulaccedilatildeo e execuccedilatildeo (CAMINI 2009 p 22)

A elaboraccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas educacionais reflete um campo de disputa de vaacuterios

interesses muitas vezes antagocircnicos entre os sujeitos que se mobilizam para materializar as

poliacuteticas que possam beneficiar os seus interesses individuais plurais ou de um grupo Embora

essa materialidade esteja nos registros escritos ndash oficiais ou natildeo ndash organizados por sujeitos que

47

ali participaram do planejamento da poliacutetica isso natildeo quer dizer que elas sejam implementadas

Rua (1997) afirma que

A rigor uma decisatildeo em poliacutetica puacuteblica representa apenas um amontoado de

intenccedilotildees sobre a soluccedilatildeo de um problema expressas na forma de determinaccedilotildees

legais decretos resoluccedilotildees etc etc Nada disso garante que a decisatildeo se transforme

em accedilatildeo e que a demanda que deu origem ao processo seja efetivamente atendida Ou

seja natildeo existe um viacutenculo ou relaccedilatildeo direta entre o fato de uma decisatildeo ter sido

tomada e a sua implementaccedilatildeo E tambeacutem natildeo existe relaccedilatildeo ou viacutenculo direto entre

o conteuacutedo da decisatildeo e o resultado da implementaccedilatildeo (RUA 1997 p11)

As poliacuteticas nacionais nesse caso destaca-se o objeto deste estudo o Plano de Metas

Compromisso Todos Pela EducaccedilatildeoPlano de Accedilotildees Articuladas eacute um conjunto de intenccedilotildees de

uma poliacutetica governamental viabilizada por meio de decreto presidencial que natildeo explica a

origem da poliacutetica e nem o seu fim O Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica (IDEB)

eacute um indicador para verificaccedilatildeo do cumprimento das metas fixadas por esta poliacutetica por meio

do Termo de Adesatildeo ao Compromisso Todos Pela Educaccedilatildeo ndash eixo do Plano de

Desenvolvimento da Educaccedilatildeo ndash como um meio de justificar a implantaccedilatildeo da poliacutetica em todos

os estados e municiacutepios do paiacutes Para viabilizar a implantaccedilatildeo dessa poliacutetica eacute apresentado o

Plano de Accedilotildees Articuladas um instrumento destinado aos estados e municiacutepios para fazer o

planejamento da educaccedilatildeo de forma a atender a metas fixadas por esta poliacutetica Eacute certo que

uma poliacutetica dessa proporccedilatildeo traz consigo uma complexidade na implantaccedilatildeo Tratar-se-aacute deste

tema mais especificamente na 2ordf sessatildeo desse estudo

As intenccedilotildees dos governos e da sociedade civil se diferem e se revelam no processo

histoacuterico da democracia no Brasil A democracia tem se revelado com significados e conceitos

diferenciados em muitos espaccedilos e sob diferentes formas na educaccedilatildeo por exemplo

lsquomodismosrsquo tomam conta da educaccedilatildeo puacuteblica e afirmam serem democraacuteticos Monteiro (2007)

explica

A palavra democracia eacute polissecircmica podendo pois possuir vaacuterios significados

dependendo dos interesses particulares de quem a encampa moldando o discurso

democraacutetico a diferentes situaccedilotildees e pode ser utilizada ateacute para designar coisas

antagocircnicas Os poliacuteticos brasileiros por exemplo soacute consideram anti-democraacuteticos

os outros Mas uma coisa eacute comum falar em democracia envolve sempre algo de

positividade de liberdade (MONTEIRO 2007 p 55)

Nesse contexto moldam-se os discursos democraacuteticos dependendo dos interesses

particulares No Brasil nos paiacuteses da Europa e em outros paiacuteses latino-americanos os partidos

de esquerda e os partidos mais progressistas tecircm assumido a bandeira da democracia como valor

48

universal no caso do Brasil essa bandeira se fortaleceu devido ao longo periacuteodo de ditadura

militar no paiacutes que perdurou por vinte e um anos (1964-1985) Entretanto as criacuteticas a esse

modelo satildeo de ordem principalmente capitalista que propagam ldquoa ideologia do Estado neutro

a serviccedilo do bem comum o que se constitui numa falaacuteciardquo (MONTEIRO 2007 p 56)

A democracia deve ser vista em um panorama mais amplo e natildeo somente como um valor

universal representada atraveacutes das eleiccedilotildees diretas livres como se automaticamente essas

relaccedilotildees se transformassem Segundo Coutinho (2002 p17) ldquoo que tem valor universal eacute esse

processo de democratizaccedilatildeo que se expressa essencialmente numa crescente socializaccedilatildeo da

participaccedilatildeo poliacuteticardquo No Brasil os defensores do neoliberalismo afirmam que jaacute estamos

vivendo a democracia com a globalizaccedilatildeo o acesso a informaccedilatildeo a participaccedilatildeo no mercado

de trabalho etc por outro lado os defensores mais da esquerda oferecem resistecircncia de que a

democracia deve ser defendida como um valor universal e que ela precisa ser ampliada e

qualificada para evitar o reaparecimento de governos autoritaacuterios e a volta da ditadura Ou seja

para existir uma democratizaccedilatildeo plena eacute necessaacuteria uma combinaccedilatildeo de elementos essenciais

como ldquoa socializaccedilatildeo da participaccedilatildeo poliacutetica com a socializaccedilatildeo do poder o que significa que

a plena realizaccedilatildeo da democracia implica a superaccedilatildeo da ordem social capitalista da

apropriaccedilatildeo privada natildeo soacute dos meios de produccedilatildeo mas tambeacutem do poder de Estado []rdquo

(COUTINHO 2002 p 17) A conquista de uma democracia direta e participativa deve comeccedilar

na escola como um aprendizado sendo por isso importante a participaccedilatildeo e a abertura de

espaccedilos organizados de participaccedilatildeo no seu interior para que os sujeitos escolares que estatildeo

envolvidos nos processos possam debater e tomar suas decisotildees

Em se tratando da educaccedilatildeo puacuteblica nos uacuteltimos anos considera-se indispensaacutevel

relembrar as lutas histoacutericas para a institucionalizaccedilatildeo da gestatildeo democraacutetica como princiacutepio

da educaccedilatildeo que foi inscrita na Constituiccedilatildeo Federal Brasileira de 1988 apoacutes forte pressatildeo dos

educadores que participaram da IV Conferecircncia Brasileira de Educaccedilatildeo (CBE) em 1986

oportunidade em que escreveram uma Carta conhecida como ldquoCarta de Goiacircniardquo a qual

solicitava que fossem inseridos na Constituiccedilatildeo vinte e um princiacutepios baacutesicos que atualmente

entravam a efetiva democratizaccedilatildeo da sociedade Poreacutem o texto da Constituiccedilatildeo Federal

Brasileira de 1988 resumiu toda a solicitaccedilatildeo dos educadores organizados na simples expressatildeo

ldquogestatildeo democraacutetica do ensino puacuteblico na forma da leirdquo A Lei de Diretrizes e Bases da

Educaccedilatildeo Nacional (LDBEN) de 1996 que eacute a Lei da educaccedilatildeo no paiacutes em seu art 14 tambeacutem

soacute reafirmou o princiacutepio da gestatildeo democraacutetica com a seguinte redaccedilatildeo ldquoI - participaccedilatildeo dos

profissionais da educaccedilatildeo na elaboraccedilatildeo dos projetos pedagoacutegicos da escolardquo e II - a

ldquoparticipaccedilatildeo das comunidades escolar e local em Conselhos Escolares ou equivalentesrdquo No

49

art 15 destaca-se ldquoos sistemas de ensino asseguraratildeo agraves unidades escolares puacuteblicas de

educaccedilatildeo baacutesica que os integram progressivos graus de autonomia pedagoacutegica e administrativa

e de gestatildeo financeira observadas as normas gerais de direito financeiro puacuteblicordquo (BRASIL

1996 p 8)

Dessa forma a Constituiccedilatildeo Federal e a LDB trataram rapidamente e natildeo detalharam

como se daria a forma de regulamentaccedilatildeo e legitimaccedilatildeo da gestatildeo democraacutetica aleacutem de natildeo

apontarem como se daria a criaccedilatildeo de oacutergatildeos colegiados que poderiam contribuir com o debate

democraacutetico e participativo com o controle social das obrigaccedilotildees do Estado para com a

educaccedilatildeo puacuteblica Entretanto vemos alguns sinais de flexibilizaccedilatildeo presentes na LDB

orientados pela Reforma do Estado na educaccedilatildeo como a flexibilizaccedilatildeo curricular flexibilizaccedilatildeo

nas questotildees administrativas e financeiras da escola com a implementaccedilatildeo dos processos de

descentralizaccedilatildeo e da autonomia para as redes escolares e ainda a possibilidade de aceleraccedilatildeo e

aproveitamento de estudos avanccedilo de seacuteries de estudos

Poreacutem natildeo podemos afirmar que existe na praacutetica uma gestatildeo democraacutetica nas escolas

sem a participaccedilatildeo ativa dos envolvidos nos debates e na construccedilatildeo de uma cultura social e

poliacutetica que viabilize a implantaccedilatildeo e a atuaccedilatildeo efetiva dos conselhos de controle social com

autonomia pedagoacutegica administrativa e financeira Nos casos em que a gestatildeo natildeo eacute

compartilhada estamos diante de uma falsa gestatildeo democraacutetica Para Cury (1997 p 201) a

gestatildeo ldquonatildeo eacute soacute o ato de administrar um bem fora de si mas algo que se traz em si por que

nele estaacute contido E o conteuacutedo do seu bem eacute a proacutepria capacidade de participaccedilatildeo sinal maior

da democraciardquo

Como um princiacutepio constitucional a gestatildeo democraacutetica atinge a totalidade do ensino

puacuteblico Para isso eacute necessaacuterio democratizar as escolas e toda a estrutura dos sistemas de ensino

em toda a sua organizaccedilatildeo atraveacutes dos mecanismos potencializadores de gestatildeo democraacutetica

que possibilitem a interaccedilatildeo uns com os outros e natildeo serem atos isolados Esses mecanismos

democratizadores que permitem a participaccedilatildeo na gestatildeo da escola satildeo a ldquoeleiccedilatildeo de diretores

a instalaccedilatildeo de conselhos escolares deliberativos descentralizaccedilatildeo administrativa financeira e

pedagoacutegicardquo (MENDONCcedilA 2000 p21) Cabe refletir que a escola eacute uma instituiccedilatildeo que tem

potencial poliacutetico e social portanto quando ela natildeo eacute democratizada atraveacutes da participaccedilatildeo

ela eacute moldada para atender aos interesses econocircmicos e patrimonialista da elite dominante

desprezando os reais objetivos especiacuteficos da educaccedilatildeo a formaccedilatildeo humana

Por outro lado os estudos recentes de Barroso (1996) e Dourado (2007) tecircm

demonstrado que os discursos tanto governamental quanto o empresarial se encontram na

necessidade de estimular a autonomia da escola a partir da gestatildeo da educaccedilatildeo baacutesica E assim

50

controlar os sistemas educacionais atraveacutes dos instrumentos nacionais de avaliaccedilatildeo (ENEM

ENADE IDEB) A estimulaccedilatildeo da participaccedilatildeo da comunidade escolar na resoluccedilatildeo de

questotildees administrativas financeiras e voluntaacuterias da escola tem sido uma estrateacutegia que vai

ldquono sentido de transferir poderes e funccedilotildees do niacutevel nacional e regional para o niacutevel local

reconhecendo a escola como um lugar central de gestatildeo e a comunidade local (em particular os

pais dos alunos) como um parceiro essencial na tomada de decisatildeordquo (BARROSO 1996 p02)

Nesse contexto observamos a contradiccedilatildeo em que se assenta a implantaccedilatildeo do Plano de

Accedilotildees Articuladas nos estados e municiacutepios longe de se constituir aos olhos do movimento

dos educadores como uma praacutetica democraacutetica de gestatildeo o PAR que eacute um instrumento de

planejamento presente no Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo constituiu-se e

implementou-se sem levar em consideraccedilatildeo a participaccedilatildeo no debate coletivo com os estados e

municiacutepios na construccedilatildeo desse instrumento mas que foi uma decisatildeo poliacutetica sustentada no

consentimento social

No aspecto poliacutetico Gutierres (2010 p70) afirma que a ldquogestatildeo envolve assimetrias de

poder soacute passiacuteveis de serem minimizadas pela gestatildeo democraacutetica que muito mais do que

compartilhamento de tarefas supotildee divisatildeo de poder de respeito muacutetuo pela condiccedilatildeo de

sujeito de todos os que participam do processordquo Dessa forma a participaccedilatildeo eacute imprescindiacutevel

para que haja de fato a democracia o que a constitui um dos requisitos principais Para que os

processos de gestatildeo democraacutetica da escola sejam atingidos eacute necessaacuterio que as estruturas de

poder do sistema de ensino tenham como base mecanismos de participaccedilatildeo nos processos de

deliberaccedilotildees colegiadas

Em oposiccedilatildeo ao modelo de gestatildeo democraacutetica que valoriza a participaccedilatildeo da sociedade

na efetivaccedilatildeo de praacuteticas de democratizaccedilatildeo da educaccedilatildeo o modelo de gestatildeo gerencialista

admite e prioriza os interesses privados sobre o puacuteblico gerando a desobrigaccedilatildeo do Estado

quanto agraves suas responsabilidades ao mesmo tempo em que adota e aceita mecanismos de

controle privados como a avaliaccedilatildeo e os resultados

Todavia o que tem se observado no Brasil nas uacuteltimas deacutecadas eacute a convivecircncia teoacuterica

desses dois modelos de gestatildeo da educaccedilatildeo a gestatildeo democraacutetica e a gestatildeo gerencialista

Essas perspectivas tecircm se materializado no Plano de Reforma do Estado de 1995 e nas poliacuteticas

educacionais de governo implantadas atraveacutes do Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo do

Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo e do Plano de Accedilotildees Articuladas os quais

cercam este objeto de estudo Poreacutem para que essas poliacuteticas de gestatildeo da educaccedilatildeo se

materializem tanto na perspectiva democraacutetica quanto na gerencial alguns mecanismos de

51

poder satildeo utilizados em diferentes contextos e espaccedilos e ateacute dialogando entre si sob as diversas

formas que buscam representar uma educaccedilatildeo democratizada Eacute o que se vecirc a seguir

13 DESCENTRALIZACcedilAtildeO AUTONOMIA E PARTICIPACcedilAtildeO MECANISMOS DE

DEMOCRATIZACcedilAtildeO DAS ESTRUTURAS DE PODER

Nesse toacutepico discutir-se-atildeo acerca dos trecircs mecanismos de democratizaccedilatildeo a

descentralizaccedilatildeo a autonomia e a participaccedilatildeo e as suas formas de materialidade na poliacutetica e

na gestatildeo da educaccedilatildeo

131 Descentralizaccedilatildeo

O termo ldquodescentralizaccedilatildeordquo tem sido cada vez mais incorporado pelas poliacuteticas puacuteblicas

educacionais que sem infringir as regras de harmonia do conceito caracteriza-se como a natildeo

centralizaccedilatildeo da gestatildeo autoritaacuteria Entretanto esse conceito guarda ambiguidades pois no

Brasil o Plano Diretor de Reforma do Estado Brasileiro (PDRAE) reconfigurou as funccedilotildees do

Estado descentralizando-a para a administraccedilatildeo puacuteblica embora nesse modo o que se tem eacute

uma desconcentraccedilatildeo de tarefas

Na educaccedilatildeo a descentralizaccedilatildeo como em vaacuterios paiacuteses evoluiu em duas direccedilotildees

opostas um movimento de centralizaccedilatildeo e paralelamente transferecircncia de novas competecircncias

para a escola No caso do Brasil como entes federativos os municiacutepios ldquoresguardados pelo

princiacutepio da soberania assumem a gestatildeo de poliacuteticas puacuteblicas sob a prerrogativa de adesatildeo

precisando portanto ser incentivados para talrdquo (ARRETCHE 1999 p 114)

De modo a favorecer a compreensatildeo das ambiguidades do termo descentralizaccedilatildeo

Novaes e Fialho (2010 p 586) apresentam quatro variaccedilotildees sendo a) desconcentraccedilatildeo se

caracteriza pela transferecircncia ou delegaccedilatildeo de autoridade ou ainda de competecircncias de accedilatildeo

do governo central para as regiotildees e localidades b) delegaccedilatildeo manteacutem uma cadeia hieraacuterquica

que toma as decisotildees e transfere responsabilidades no entanto a autoridade se mantem sobre o

controle da unidade que a delegou c) devoluccedilatildeo caracteriza-se pelo fortalecimento e

autonomia dos governos regionais e locais que natildeo requer o controle direto do governo central

e d) a privatizaccedilatildeo caracterizada pela progressiva transferecircncia de controle governamental da

educaccedilatildeo convertendo as escolas puacuteblicas em escolas privadas

52

Neto e Castro (2011) afirmam que o processo de descentralizaccedilatildeo atualmente em

desenvolvimento no sistema educacional natildeo foi necessariamente resultado das conquistas

democraacuteticas por parte dos movimentos sociais O que tem ocorrido eacute que na educaccedilatildeo a

descentralizaccedilatildeo tem reduzido a accedilatildeo estatal de praacuteticas de gestatildeo proacuteprias do setor privado e

com isso procura-se diminuir a hierarquia propiciando a entrada do setor privado no sistema

possibilitando decisotildees mais proacuteximas do local de execuccedilatildeo dessas poliacuteticas

A descentralizaccedilatildeo a partir do modelo federativo brasileiro acarretou um niacutevel de

autonomia poliacutetica para os estados e municiacutepios inclusive na formulaccedilatildeo de poliacuteticas locais

devido agraves propostas de separaccedilatildeo nos arranjos institucionais O desenho do federalismo

brasileiro apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 determina a inclusatildeo do municiacutepio como ente

federativo29 O art 18 define a Organizaccedilatildeo Poliacutetico-Administrativa do Estado e prevecirc que ldquoA

organizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa da Repuacuteblica Federativa do Brasil compreende a Uniatildeo os

Estados o Distrito Federal e os municiacutepios todos autocircnomos nos termos desta constituiccedilatildeordquo

(CFBRASIL 1988) Uma federaccedilatildeo para Cury (2010) eacute a uniatildeo de membros federados que

formam uma soacute entidade soberana que seria o Estado Nacional no qual as unidades federadas

subnacionais (estados e municiacutepios) no caso do Brasil gozam de autonomia dentro dos limites

jurisdicionais atribuiacutedos e especificados

Um caso de descentralizaccedilatildeodesconcentraccedilatildeo de tarefas se daacute na administraccedilatildeo das

escolas ndash agora financiadas pelos municiacutepios ndash no Brasil estaacute sob a responsabilidade das

secretarias municipais de educaccedilatildeo que entre as suas principais funccedilotildees estatildeo definir as

poliacuteticas municipais de educaccedilatildeo e estabelecer por meio do plano municipal de educaccedilatildeo as

prioridades as estrateacutegias e as accedilotildees necessaacuterias para cumprir seu compromisso legal Cada

municiacutepio pode optar por criar seu proacuteprio sistema de ensino ou integrar-se ao sistema estadual

Para dar materialidade agrave descentralizaccedilatildeo da gestatildeo na perspectiva da democratizaccedilatildeo

nos uacuteltimos anos vem sendo implementada a poliacutetica de criaccedilatildeo de conselhos em acircmbito

municipal e escolar no Brasil Os municiacutepios que optam por criar seu proacuteprio sistema podem

ter seu oacutergatildeo consultivo o Conselho Municipal de Educaccedilatildeo um organismo colegiado

integrado por representantes da comunidade e da administraccedilatildeo puacuteblica que atua como

mediador entre a sociedade civil e o poder executivo local na discussatildeo elaboraccedilatildeo e

implementaccedilatildeo da poliacutetica de educaccedilatildeo municipal (MORDUCHOWICZ ARANGO 2010)

29 O Art 1ordm da Constituiccedilatildeo Federal apresenta a seguinte redaccedilatildeo ldquoA Repuacuteblica Federativa do Brasil formada

pela uniatildeo indissoluacutevel dos Estados Municiacutepios e Distrito Federal constitui-se em Estado democraacutetico de direito

(BRASIL 1988)

53

Com a implantaccedilatildeo dos conselhos nas unidades escolares estas passam a ter a

autonomia para tomarem decisotildees de problemas administrativos pedagoacutegicos e financeiros e

devem prestar contas ao poder central ndash governo federal ndash pelo sucesso ou fracasso das suas

decisotildees que atraveacutes da assinatura dos ldquocontratos de gestatildeordquo de ldquotermos de adesatildeordquo agraves poliacuteticas

neoliberais e das decisotildees colegiadas responsabilizam-se pelo andamento das unidades

escolares Nesse sentido o que haacute eacute uma desconcentraccedilatildeo de poder com a delegaccedilatildeo de tarefas

para as unidades escolares sendo o governo federal o oacutergatildeo regulador e centralizador da

poliacutetica

As propostas de mudanccedilas nos arranjos institucionais satildeo mais difiacuteceis de serem

concretizadas no federalismo No caso do Brasil as constituiccedilotildees brasileiras natildeo preveem regras

para secessatildeo A esse respeito a Constituiccedilatildeo de 1988 define que nenhuma emenda

constitucional poderaacute abolir ldquoa forma federativa do Estadordquo (CF88 art 60 inciso I do sect 4ordm)

tornando-se essa uma claacuteusula peacutetrea30 Jaacute no caso dos formatos institucionais mais flexiacuteveis

ldquoa descentralizaccedilatildeo supotildee um movimento no qual uma autoridade central devolve ou delega

poderes mas natildeo apenas isso se tais poderes jaacute estatildeo descentralizados pode recentralizaacute-losrdquo

(KINCAID 2002 apud MORDUCHOWICZ ARANGO 2010 p126)

Segundo Cury (2010 p153) existem trecircs modelos de federalismo primeiro o

federalismo centriacutepeto que se caracteriza pelo fortalecimento do poder da Uniatildeo segundo o

federalismo centriacutefugo no qual haacute um fortalecimento do poder do Estado membro sobre o da

Uniatildeo com uma consideraacutevel autonomia daqueles e terceiro o federalismo de cooperaccedilatildeo no

qual se busca um equiliacutebrio de poderes entre a Uniatildeo e os Estados-membros estabelecendo

laccedilos de colaboraccedilatildeo na distribuiccedilatildeo das muacuteltiplas competecircncias por meio de atividades

planejadas e articuladas entre si objetivando fins comuns

Nesse caso o federalismo de cooperaccedilatildeo eacute o que se assemelha a poliacutetica proposta no

PMCTPE e na construccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) que a partir da adesatildeo pelos

municiacutepios ao Compromisso propotildee um regime de colaboraccedilatildeo embora na praacutetica a execuccedilatildeo

do PAR seja permeada de contradiccedilotildees entre discursos democraacuteticos praacuteticas centralizadoras e

colaboraccedilatildeo entre os entes federativos

As reformas educativas na deacutecada de 1990 ldquoredimensionam a polaridade centralizaccedilatildeo-

descentralizaccedilatildeordquo (OLIVEIRA 2000 p 13) isto eacute enquanto se descentralizava a gestatildeo e o

30 De acordo com Gutierres (2015) as claacuteusulas peacutetreas satildeo assim denominadas porque natildeo podem ser modificadas

por meio de emendas Constitucionais sob pena de se alterar a configuraccedilatildeo do Estado de Direito o que soacute pode

ser feito mediante uma nova Constituiccedilatildeo Aleacutem da forma federativa de Estado o artigo 60 da CF88 menciona

como claacuteusulas peacutetreas o voto direto secreto universal e perioacutedico a separaccedilatildeo dos Poderes os direitos e

garantias individuais

54

financiamento com o advento do FUNDEFFUNDEB centralizava-se o processo de avaliaccedilatildeo

e controle do sistema estabelecendo-se ldquopadrotildees de qualidaderdquo sob a afericcedilatildeo pelos criteacuterios

do mercado atraveacutes de diversos instrumentos que vatildeo de exames padronizados a construccedilatildeo de

indicadores sobre a infraestrutura ao corpo docente e discente

132 Autonomia

A autonomia estaacute presente na gestatildeo da educaccedilatildeo entretanto cada modelo de gestatildeo

tanto o democraacutetico como o gerencial apresentam a sua bandeira dentro das suas concepccedilotildees

sobre o que seria a autonomia e de como ela se revela no seu modelo de gestatildeo a partir da

concepccedilatildeo teoacuterica empregada

Na perspectiva da gestatildeo gerencial a concepccedilatildeo de autonomia apresenta-se como uma

contraposiccedilatildeo agrave centralizaccedilatildeo e agrave burocratizaccedilatildeo aleacutem de estar relacionada agrave liberdade para

captar recursos no mercado E ainda eacute imputada a responsabilidade no gestor pelo sucesso ou

fracasso e natildeo do sistema como um todo dessa forma o gestor passar a ser o uacutenico responsaacutevel

pelas accedilotildees produtos decisotildees e eacute obrigado a prestar contas das metas a serem alcanccediladas

assim como os professores ou seja o rendimento escolar e as metas atendem as regras preacute-

estabelecidas pelo mercado

Nesse modelo de gestatildeo gerencialista a ldquoautonomia eacute individualrdquo eacute centralizada no

gestor a autoridade capaz de exercecirc-la Esse tipo de autonomia eacute denominado por Afonso

(2010) de ldquoautonomia do cheferdquo em detrimento da ldquoautonomia institucionalrdquo que pressupotildee o

coletivo e nesse caso

Trata-se de uma autoridade cuja legitimidade adveacutem agora da revalorizaccedilatildeo neoliberal

do direito de gerir ndash direito esse por sua vez apresentado como altamente convergente

com a ideia conservadora que vecirc a gestatildeo como uma espeacutecie de tecnologia moral a

serviccedilo da ordem social poliacutetica e econocircmica (AFONSO 2010 p13)

A autonomia da administraccedilatildeo por maior que pareccedila ser eacute sempre uma autonomia

relativa jaacute que estaacute sempre ligada aos objetivos da coisa administrada No capitalismo tem

como objetivo o capital e natildeo lhe eacute concedida a liberdade de contrariar os interesses da

propriedade privada e das classes detentoras do poder poliacutetico e econocircmico

Nesse contexto as unidades escolares tambeacutem tecircm sido submetidas agrave loacutegica imediatista

mercantil com a inclusatildeo de poliacuteticas puacuteblicas resultantes da reforma educacional como os

Paracircmetros Curriculares Nacionais as parcerias puacuteblico-privadas entre o Instituto Ayrton

55

Senna e as redes municipais de ensino A poliacutetica governamental brasileira vem

descaracterizando a autonomia da escola pois os documentos proposto nesses dois exemplos

apontam para o

planejamento de ensino bem como a realizaccedilatildeo de programas de capacitaccedilatildeo docente

que fazem parte de uma nova relaccedilatildeo Estadosociedade conduzida pelo projeto

neoliberal tentando provocar uma participaccedilatildeo direta entre instituiccedilotildees e trabalhador

valorizando a accedilatildeo do ldquoterceiro setorrdquo e descartando a accedilatildeo dos sindicatos e

associaccedilotildees representativas num movimento estrateacutegico de formaccedilatildeo de consenso

(CAMINI 2009 p 46)

Essa centralizaccedilatildeo na definiccedilatildeo da operacionalizaccedilatildeo das poliacuteticas educacionais afetam

o funcionamento da autonomia da escola enquanto instituiccedilatildeo de caraacuteter puacuteblico Nesses

documentos e em propostas pedagoacutegicas tecircm demarcado conteuacutedos que atendem a loacutegica do

mercado e da poliacutetica implantada poreacutem todos com discursos muito teacutecnicos

A autonomia escolar na concepccedilatildeo democraacutetica eacute para Barroso (2013 p 26-27) ldquoum

campo de forccedilas onde se confrontam e se equilibram diferentes detentores de influecircncia

(interna e externa) dos quais se destacam o governo a administraccedilatildeo professores alunos pais

e outros membros da sociedade localrdquo E essa coletividade se edifica na ldquoconfluecircncia de vaacuterias

loacutegicas e interesses sejam poliacuteticos gestionaacuterios profissionais e pedagoacutegicos (BARROSO

2013 p167)

A autonomia escolar tatildeo defendida nos discursos oficiais como diretriz de uma poliacutetica

de governo exige a superaccedilatildeo da centralizaccedilatildeo e a uniformizaccedilatildeo Eacute necessaacuterio que os sistemas

se organizem para que as estruturas formais do sistema permitam um novo tipo de

relacionamento com a participaccedilatildeo ativa das escolas dialogando com os sistemas de educaccedilatildeo

a partir das suas realidades (MENDONCcedilA 2000)

Barroso (2013) afirma que as escolas satildeo espaccedilos privilegiados para o diaacutelogo e a

construccedilatildeo da sua identidade e autonomia pois atraveacutes da participaccedilatildeo coletiva da comunidade

na elaboraccedilatildeo do Projeto Poliacutetico-Pedagoacutegico eacute um dos principais mecanismos apontados

como momentos de expressatildeo coletiva da comunidade escolar na busca da sua identidade e de

sua autonomia O autor ainda nos revela que a autonomia pressupotildee a liberdade (e capacidade)

de decidir ela natildeo se confunde com a ldquoindependecircnciardquo assim a autonomia eacute um conceito

relativo

56

133 Participaccedilatildeo

A participaccedilatildeo eacute um dos principais mecanismos de democratizaccedilatildeo natildeo eacute um conteuacutedo

que se possa transmitir mas uma mentalidade e um comportamento com ele coerente Eacute uma

vivecircncia coletiva de modo que somente se pode aprender na praacutexis grupal ou seja soacute se aprende

a participar participando A participaccedilatildeo eacute entatildeo entendida como uma necessidade humana e

como um elemento central da vida poliacutetica contemporacircnea (BORDENAVE 2013)

O significado de participaccedilatildeo possui sentidos diferenciados ldquoincluindo desde

comunicar anunciar informar e fazer saber ateacute tomar-se parte e associar-se (WERLE 2003

p 19) Nesse sentido a participaccedilatildeo supotildee a relaccedilatildeo entre sujeitos autocircnomos que trocam

experiecircncias vivecircncias que estabelecem diaacutelogo e que em grupo constroem o conhecimento e

se reconstroem Eacute um mecanismo importante para a concretizaccedilatildeo das finalidades da educaccedilatildeo

e a implantaccedilatildeo da gestatildeo democraacutetica que surgiu no campo das relaccedilotildees sociais em meados de

1980 como uma forma de mediaccedilatildeo para combater as posturas autoritaacuterias e hieraacuterquicas dos

diretores de escola advindas da teoria claacutessica da administraccedilatildeo na deacutecada de 1970 (PARO

2005 ADRIAtildeO e CAMARGO 2007)

Por outro lado Chaves e Gutierres (2014) afirmam que o conceito de participaccedilatildeo foi

ressignificado a partir da concepccedilatildeo neoliberal como uma forma de incorporaacute-la ao sistema

gerencial que longe dos objetivos essencialmente democraacuteticos propostos pela Constituiccedilatildeo

Federal de 1988 o termo participaccedilatildeo significa

a possibilidade dos sujeitos elegerem seus gerentes dentro de uma organizaccedilatildeo social

facilitando assim o processo de tomada de decisatildeo Eacute uma visatildeo restrita ligada a

concepccedilatildeo de democracia representativa o que de fato natildeo garante a participaccedilatildeo

efetiva dos sujeitos no processo da tomada de decisatildeo cabendo a estes apenas a

execuccedilatildeo das atividades decididas pelos que estatildeo no comando das accedilotildees (CHAVES

GUTIERRES 2014 p8)

Nesse contexto a participaccedilatildeo pode tanto servir para objetivos emancipatoacuterios de

cidadania e de autonomia dos sujeitos como para a manutenccedilatildeo de situaccedilotildees de centralizaccedilatildeo

do poder decisoacuterio e do controle de muitos por poucos Por outro lado quando haacute uma

democracia participativa ela promove ldquoa subida da populaccedilatildeo a niacuteveis cada vez mais elevados

de participaccedilatildeo decisoacuteria acabando com a divisatildeo de funccedilotildees entre os que planejam e decidem

laacute em cima e os que executam e sofrem as consequecircncias das decisotildees caacute em baixordquo

(BORDENAVE 2013 p34)

57

Por isso as condiccedilotildees de participaccedilatildeo no mundo atual satildeo essencialmente conflituosas

e a participaccedilatildeo natildeo pode ser estudada sem referecircncia ao conflito social Sobre isso o autor

ainda enfatiza que a participaccedilatildeo pode ser vista natildeo soacute como uma necessidade humana mais

ainda como algo diferente se analisado as estruturas de poder e as forccedilas que se opotildee a

participaccedilatildeo das classes que estatildeo impliacutecitas no processo

A ideia associada de processos e participaccedilatildeo daacute origem ao conceito de processos

participativos que ldquoimplica refletir sobre um conjunto de elementos que constituem

relacionamentos entre pessoas e grupos com diferentes niacuteveis de abrangecircncia inclusatildeo e

conflituosidade historicamente constituiacutedos e particularizados de maneira institucionalrdquo

(WERLE 2003 p 19) Esses processos participativos constroem a ideia de sucessatildeo de

mudanccedilas de momentos e de formas que se seguem e transformam uma situaccedilatildeo

De acordo com Werle (2003) algumas propostas satildeo necessaacuterias para se discutir os

processos participativos na Educaccedilatildeo Baacutesica como a) instituir estruturas participativas nas

escolas e nos sistemas de ensino b) definir temas que satildeo expressos na agenda das estruturas

participativas c) participaccedilatildeo como construccedilatildeo histoacuterica d) os atores e niacutevel de participaccedilatildeo de

cada um dos segmentos representados e) os processos participativos como foco educativo

considerando a articulaccedilatildeo o esforccedilo formativo e a constituiccedilatildeo desses colegiados f) niacuteveis de

participaccedilatildeo poliacutetica g) formaccedilatildeo para a accedilatildeo poliacutetica h) sociedade ciacutevica em que seja possiacutevel

todos os cidadatildeos aprenderem e praticarem a democracia i) processos de representaccedilatildeo

coletiva j) profissionalismo docente e participaccedilatildeo e k) processos participativos e estrutura

institucional31

Para Bordenave (2013) a participaccedilatildeo se daacute na coletividade e natildeo na representatividade

e enfatiza

se desejarmos considerar a participaccedilatildeo como algo diferente de uma simples relaccedilatildeo

humana ou de um conjunto de ldquotruquesrdquo para integrar os indiviacuteduos e as coletividades

locais nos programas de tipo assistencial ou educativo natildeo podemos fugir a anaacutelise

da estrutura de poder e da sua frequente oposiccedilatildeo a toda tentativa de participaccedilatildeo que

coloque em julgamento as classes dirigentes e seus privileacutegios (BORDENAVE 2013

p 41)

Embora a participaccedilatildeo seja considerada um elemento importante para o

desenvolvimento e aperfeiccediloamento das poliacuteticas puacuteblicas Neves (2008) assinala que o

processo participativo tende a enfrentar limitaccedilotildees na construccedilatildeo da democracia e nas

31 Ler Werle (2003) em que a autora descreve cada um desses processos de participaccedilatildeo

58

instituiccedilotildees puacuteblicas pois o incentivo do Estado pode representar a desconcentraccedilatildeo de

responsabilidades que antes eram suas para a sociedade civil dando ldquototal apoio a matrizes

liberais e de caraacuteter privado no trato das questotildees puacuteblicasrdquo (NEVES 2008 p16)

O Plano de Accedilotildees Articuladas objeto central desse estudo eacute um instrumento que

organiza o planejamento das redes estaduais e municipais de ensino no paiacutes eacute complexo pelas

diferentes dimensotildees que abrange para a sua elaboraccedilatildeo e execuccedilatildeo Segundo tecircm demonstrado

os estudos de Sousa (2011) e Camini (2009) natildeo houve compartilhamento de decisotildees sobre a

implantaccedilatildeo dessa poliacutetica e nem contou com a participaccedilatildeo coletiva e nem representativa dos

diversos estados e municiacutepios Essa ausecircncia se deu pela forma que essa poliacutetica foi criada

atraveacutes de um decreto presidencial sem a participaccedilatildeo dos envolvidos no processo local

14 OS CONSELHOS DE CONTROLE SOCIAL COMO MECANISMOS DE

DEMOCRATIZACcedilAtildeO DA GESTAtildeO EDUCACIONAL

Esse toacutepico trataraacute dos Conselhos de Educaccedilatildeo principalmente dos Conselhos de

Controle Social presentes no Plano de Accedilotildees Articuladas as formas em que se deu a

composiccedilatildeo as funccedilotildees os objetivos e as formas de atuaccedilatildeo de cada Conselho sendo o

Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (CME) o Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar (CAE) o

Conselho do FUNDEB e o Conselho Escolar Trataraacute tambeacutem de outros mecanismos de

democratizaccedilatildeo presentes no PAR como criteacuterios para escolha de Diretores Escolares e o

Comitecirc Local do Compromisso

A organizaccedilatildeo da gestatildeo educacional no Brasil atualmente compreende os oacutergatildeos

executivos no acircmbito da Uniatildeo dos estados e dos municiacutepios (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

Secretarias Estaduais e Secretarias Municipais de Educaccedilatildeo) e a disseminaccedilatildeo dos Conselhos

(Conselho Nacional de Educaccedilatildeo Conselhos Estaduais de Educaccedilatildeo e Conselhos Municipais

de Educaccedilatildeo) que apoacutes redemocratizaccedilatildeo do paiacutes nos anos de 1980 e com a Constituiccedilatildeo

Federal de 1988 ldquoestabeleceu a criaccedilatildeo dos conselhos como condiccedilatildeo obrigatoacuteria para a gestatildeo

de programas de governordquo (BRAGA 2015) No acircmbito da gestatildeo escolar a Lei nordm 939496

previu ainda a criaccedilatildeo de conselhos escolares

59

O Conselho Nacional de Educaccedilatildeo (CNE) regulamentado pela Lei nordm 913195 tem

suas origens no ano de 193132 quando foi criado o Conselho Nacional de Educaccedilatildeo pelo

Decreto nordm 19850193133 (CURY 2000) Os Conselhos Estaduais de Educaccedilatildeo foram criados

pela primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo (LDB) Lei nordm 402461 e os conselhos

municipais apesar de contarem com amparo legal para criaccedilatildeo facultativa desde 1971 (Lei

569271) somente com a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 eacute que passaram a se organizar com

mais autonomia

A origem etimoloacutegica da palavra Conselho remete ao sentido da participaccedilatildeo pois

ldquoConselho vem do latim Consilium Por sua vez consilium proveacutem do verbo consuloconsulere

significando tanto ouvir algueacutem quanto submeter algo a deliberaccedilatildeo de algueacutem apoacutes uma

ponderaccedilatildeo refletida prudente e de bom senso (CURY 2000 p47 itaacutelicos no original)

Dessa forma os conselhos tecircm como desafio a busca da co-gestatildeo das poliacuteticas puacuteblicas

e constituir-se em canal de participaccedilatildeo popular na realizaccedilatildeo do interesse puacuteblico Para que os

processos democraacuteticos de gestatildeo cheguem ateacute a escola eacute conveniente lembrar que as estruturas

de poder dos sistemas de ensino precisam ser atingidas por mecanismos que se baseiam

principalmente em participaccedilatildeo e nos processos de decisotildees coletivas Essa participaccedilatildeo se

reflete na compreensatildeo de que os sistemas de ensino e as escolas precisam dialogar e natildeo podem

ser compreendidas separadamente ou isoladas uma da outra

De acordo com Werle (2003) natildeo existe Conselho no vazio ou seja ele eacute o que a

comunidade educacional estabelece constitui o que ela faz para operacionalizar isso Cada

Conselho tem a face das relaccedilotildees que nele se estabelecem Se estabelecer relaccedilotildees de

responsabilidade respeito e construccedilatildeo assim vatildeo se constituir as funccedilotildees consultivas

deliberativas fiscalizadoras e quaisquer outras assumidas pelo Conselho Mas se as relaccedilotildees

forem distanciadas e burocraacuteticas o Conselho vai assumir entatildeo um papel muito mais de

homologar decisotildees do que de discutir e promover os reais interesses e mudanccedilas que a

comunidade escolar requer

Os conselhos de educaccedilatildeo satildeo oacutergatildeos normatizadores de aconselhamento controle

fiscalizaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo do sistema de ensino ao longo da deacutecada de 1990 surgiram tambeacutem

em acircmbito dos sistemas de educaccedilatildeo os Conselhos de Controle Social na ldquoperspectiva de

32Vale assinalar entretanto que os conselhos de educaccedilatildeo existem no Brasil desde o Impeacuterio Vinculados ao

Coleacutegio Pedro II tais conselhos serviam para a ldquonormatizaccedilatildeo do ensino superior entatildeo existente na capital e em

algumas proviacutenciasrdquo (CURY 2000 p46) 33Esse Decreto teve vigecircncia ateacute 1936 quando foi substituiacutedo pela Lei nordm 1746 Em 1961a Lei nordm 402461

transforma o CNE em Conselho Federal de Educaccedilatildeo (CFE) que foi extinto em 1994 pelo governo de Itamar

Franco pela medida Provisoacuteria 6611994 (CURY 2000) No ano seguinte o Conselho recebeu novamente a

nomenclatura de Conselho Nacional de Educaccedilatildeo pela Lei nordm 913195

60

descentralizaccedilatildeo dos poderes decisoacuteriosrdquo (SANTOS e GUTIERRES 2010 p 8) por meio de

um significativo arcabouccedilo juriacutedico como parte dos desdobramentos da CF de 1988 tais como

a LDB 939496 (art 72) a Emenda Constitucional nordm 14 de 1996 que criou o Fundo de

Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorizaccedilatildeo do Magisteacuterio ndash

FUNDEF e da Lei nordm 942496 que o regulamentou a Lei complementar nordm 1012000 chamada

de Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) a Emenda Constitucional nordm 53 de 24122006 e a

Lei nordm 11494 de 20062007 que cria e regulamenta o Fundo de Desenvolvimento Manutenccedilatildeo

da Educaccedilatildeo Baacutesica e Valorizaccedilatildeo do Magisteacuterio ndash FUNDEB Estes dispositivos legais preveem

a existecircncia e participaccedilatildeo na gestatildeo da educaccedilatildeo dos conselhos de controle social

As poliacuteticas traccediladas pelo Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo e do Plano de Metas

Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo propotildee a atuaccedilatildeo dos conselhos educacionais com accedilotildees

que possam descentralizar estimulando a participaccedilatildeo utilizando propostas de gestatildeo

democraacutetica da educaccedilatildeo nos estados e municiacutepios Destacamos as diretrizes que envolvem a

participaccedilatildeo e atuaccedilatildeo dos Conselhos e de oacutergatildeos colegiados nos incisos XX XXI XXII

XXIII XXV e XXVIII elencados abaixo

XX - acompanhar e avaliar com participaccedilatildeo da comunidade e do Conselho de

Educaccedilatildeo as poliacuteticas puacuteblicas na aacuterea de educaccedilatildeo e garantir condiccedilotildees sobretudo

institucionais de continuidade das accedilotildees efetivas preservando a memoacuteria daquelas

realizadas

XXI - zelar pela transparecircncia da gestatildeo puacuteblica na aacuterea da educaccedilatildeo garantindo o

funcionamento efetivo autocircnomo e articulado dos conselhos de controle social

XXII - promover a gestatildeo participativa na rede de ensino

XXIII - elaborar plano de educaccedilatildeo e instalar Conselho de Educaccedilatildeo quando

inexistentes

XXV - fomentar e apoiar os conselhos escolares envolvendo as famiacutelias dos

educandos com as atribuiccedilotildees dentre outras de zelar pela manutenccedilatildeo da escola e

pelo monitoramento das accedilotildees e consecuccedilatildeo das metas do compromisso

XXVIII - organizar um comitecirc local do Compromisso com representantes das

associaccedilotildees de empresaacuterios trabalhadores sociedade civil Ministeacuterio Puacuteblico

Conselho Tutelar e dirigentes do sistema educacional puacuteblico encarregado da

mobilizaccedilatildeo da sociedade e do acompanhamento das metas de evoluccedilatildeo do IDEB

(BRASIL 2007 p 2 Grifos negrito nosso)

Como se observa nas diretrizes do PDEPlano de Metas estatildeo previstos a implantaccedilatildeo

e atuaccedilatildeo dos diversos conselhos educacionais nos estados e municiacutepios para que atendam ao

modelo de gestatildeo gerencial proposto no Plano de Accedilotildees Articuladas

Os Conselhos tecircm diferentes funccedilotildees a principal delas eacute o caraacuteter normativo embora

os conselhos realizem diversas outras accedilotildees dentro das suas competecircncias como opinar (caraacuteter

consultivo) deliberar e fiscalizar Em geral o caraacuteter deliberativo atribui ao Conselho

61

competecircncia para regulamentar o funcionamento do sistema de ensino e interpretar a correta

aplicaccedilatildeo da lei no seu acircmbito A definiccedilatildeo de diretrizes curriculares credenciamento de

instituiccedilotildees e outras atribuiccedilotildees satildeo competecircncias tradicionais dos conselhos (BRASIL 2007)

O caraacuteter consultivo ou deliberativo diz respeito agrave natureza da funccedilatildeo do Conselho apesar de

nem sempre o caraacuteter consultivo ou deliberativo estar claramente explicitado nas normas que

instituem os conselhos

141 O Conselho Municipal de Educaccedilatildeo

A criaccedilatildeo e organizaccedilatildeo dos Conselhos Municipais de Educaccedilatildeo (CME) eacute um processo

que se delineou no paiacutes a partir da promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 A referida

Constituiccedilatildeo representou importante marco para o processo de afirmaccedilatildeo poliacutetica dos

municiacutepios na qualidade de ceacutelula de gestatildeo puacuteblica e em particular para o campo juriacutedico

normativo da educaccedilatildeo que ganhou reforccedilo em 1996 com a Lei de Diretrizes e Bases da

Educaccedilatildeo Nacional (LDBEN n 939496) A criaccedilatildeo de sistema proacuteprio de ensino nos termos

da Constituiccedilatildeo88 preconiza que a organizaccedilatildeo da educaccedilatildeo nos municiacutepios natildeo pode

prescindir de estruturas administrativas e do estabelecimento de bases legais condutoras do

ensino a ser provido em territoacuterio brasileiro

Na esfera municipal os municiacutepios criam os seus Conselhos Municipais de Educaccedilatildeo

(CME) mediante lei municipal que vai definir a composiccedilatildeo baacutesica do oacutergatildeo o nuacutemero de

membros efetivos e substitutos e os mandatos Depois da sanccedilatildeo do Executivo inicia-se o

processo de escolha dos membros As primeiras sessotildees satildeo dedicadas agrave elaboraccedilatildeo do

regimento interno que definiraacute a frequecircncia de reuniotildees a divisatildeo em comissotildees e a tramitaccedilatildeo

das decisotildees Com o objetivo de garantir a ampla participaccedilatildeo da sociedade e respeitando a

competecircncia teacutecnica exigida para o exerciacutecio das atribuiccedilotildees dos conselheiros o CME poderaacute

ser composto por representantes de pais estudantes professores associaccedilotildees de moradores

sindicatos Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e demais oacutergatildeos e entidades ligados agrave educaccedilatildeo

municipal ndash dos setores puacuteblico e privado ndash escolhidos democraticamente pelos segmentos que

o representam

Sobre as funccedilotildees dos Conselhos de Educaccedilatildeo Paz (2004) considera que os conselhos

satildeo oacutergatildeos com perfil identificado com a gestatildeo democraacutetica pelo fato de terem suas funccedilotildees

atreladas ao ato de mobilizar de agregar experientes militantes da educaccedilatildeo especialmente

62

educadores e estudiosos que lutam em prol de formas legiacutetimas de participaccedilatildeo da sociedade

nos oacutergatildeos puacuteblicos

Os Conselhos Municipais de Educaccedilatildeo satildeo fundamentais para a autonomia dos sistemas

municipais de educaccedilatildeo e possuem funccedilotildees variadas mas que devem garantir a gestatildeo

democraacutetica da educaccedilatildeo e a perspectiva de um ensino de qualidade no municiacutepio Souza (2009)

lanccedila uma luz significativa em torno da questatildeo ao entender que

Natildeo se trata apenas de accedilotildees democraacuteticas ou de processos participativos de tomada

de decisotildees trata-se antes de tudo de accedilotildees voltadas agrave educaccedilatildeo poliacutetica na medida

em que satildeo accedilotildees que criam e recriam alternativas mais democraacuteticas no cotidiano

escolar no que se refere em especial agraves relaccedilotildees de poder ali presentes (SOUZA

2009 p 126)

O Conselho Municipal de Educaccedilatildeo tem o papel de articulador e de mediador das

questotildees educacionais da sociedade local junto ao gestor da educaccedilatildeo municipal pois

Eacute um oacutergatildeo de ampla representatividade com funccedilotildees normativas consultivas

mobilizadoras e fiscalizadoras Ocupa posiccedilatildeo fundamental na efetivaccedilatildeo da gestatildeo

democraacutetica da rede ou do sistema de ensino bem como na consolidaccedilatildeo da

autonomia dos municiacutepios no gerenciamento de suas poliacuteticas educacionais devendo

para tanto estabelecer diaacutelogo contiacutenuo com a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo

(UNDIME 2012 p132)

O Conselho Municipal de Educaccedilatildeo eacute de suma importacircncia para a educaccedilatildeo municipal

por estabelecer o controle social e a participaccedilatildeo dando representatividade e legitimidade frente

agrave comunidade local de cada um dos integrantes do Conselho Constitui um oacutergatildeo de

interlocuccedilatildeo entre a sociedade e o poder puacuteblico participando da formulaccedilatildeo implantaccedilatildeo

supervisatildeo e avaliaccedilatildeo das poliacuteticas educacionais do municiacutepio da defesa do direito de todos agrave

educaccedilatildeo com qualidade social e mobilizando os poderes puacuteblicos municipais quanto agraves suas

responsabilidades no atendimento das demandas dos diversos segmentos em conformidade

com as poliacuteticas puacuteblicas da educaccedilatildeo

De acordo com o quadro a seguir UNDIME (2012) aponta quatro funccedilotildees dos

Conselhos Municipais de Educaccedilatildeo Eacute o que podemos observar no quadro 02 bem como os

objetivos de cada funccedilatildeo

63

Quadro 02 - Funccedilotildees e objetivos do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (CME)

FUNCcedilOtildeES OBJETIVOS

Consultiva

Tratar sobre a exposiccedilatildeo e o julgamento acerca de determinados

assuntos tais como projetos programas educacionais e experiecircncias

pedagoacutegicas renovadoras do executivo e das escolas e

Responder a consultas sobre leis educacionais e suas aplicaccedilotildees submetidas a ele por entidades da sociedade puacuteblica ou civil (Secretaria

Municipal da Educaccedilatildeo escolas universidades sindicatos Cacircmara

Municipal Ministeacuterio Puacuteblico) cidadatildeos ou grupos de cidadatildeos

Fiscalizadora

Acompanhar a transferecircncia e controle da aplicaccedilatildeo de recursos para a

Educaccedilatildeo no municiacutepio

Fiscalizar o cumprimento do Plano Municipal de Educaccedilatildeo (PME)

Fiscalizar o desempenho do Sistema Municipal de Ensino e do PME

Fiscalizar as medidas e os programas para a formaccedilatildeo de professores

Fiscalizar os acordos e convecircnios e

Fiscalizar as questotildees educacionais que lhes forem submetidas pelas escolas Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo Cacircmara Municipal e outros

Deliberativa Elaborar seu regimento e plano de atividades

Tomar medidas para melhoria do fluxo e do rendimento escolar e

Buscar formas de se relacionar com a comunidade entre outras

Normativa

Autorizar o funcionamento das escolas da rede municipal

Autorizar o funcionamento das instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Infantil das

redes privada particular comunitaacuteria confessional e filantroacutepica

(quando o municiacutepio tiver Sistema Municipal de Ensino implantado) e

Elaborar as normas complementares para o sistema de ensino Fonte Caderno UNDIME 2012

A participaccedilatildeo na elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Educaccedilatildeo (PME) com criacuteticas e

sugestotildees eacute uma das atribuiccedilotildees dos membros dos Conselhos Municipais de Educaccedilatildeo bem

como autorizar o funcionamento de escolas fiscalizar e acompanhar a execuccedilatildeo de recursos

educacionais dentre outras

142 O Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar

No Brasil a poliacutetica de alimentaccedilatildeo teve iniacutecio ainda no ano de 1955 como um

programa assistencialista Entretanto somente a partir da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 no

artigo 208 inciso VII alterado pela Emenda Constitucional nordm 592009 eacute que a alimentaccedilatildeo

escolar surgiu como direito Embora ainda com recursos centralizados eacute no ano de 1994 com

a Lei nordm 89132009 que ocorre agrave descentralizaccedilatildeo dos recursos do Programa para os

64

municiacutepios por meio de convecircnios exigindo-se a criaccedilatildeo de conselhos de acompanhamento a

fim de responsabilizar-se pelo controle social

A Lei nordm 119472009 de 16 de junho de 2009 revogou a Lei nordm 89132009 e criou o

Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar (PNAE) aos alunos da educaccedilatildeo baacutesica com o

repasse de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo ndash FNDE sem

convecircnios acordos ou contratos mas diretamente em conta bancaacuteria especiacutefica por meio do

Programa Dinheiro Direto na Escola

De acordo com o art 4ordm da Lei nordm 119472009 o Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo

Escolar tem por objetivo contribuir para o crescimento e o desenvolvimento biopsicossocial

para a aprendizagem para o rendimento escolar e para a formaccedilatildeo de haacutebitos alimentares

saudaacuteveis dos alunos atraveacutes de accedilotildees educacionais alimentares e nutricionais aleacutem da oferta

de refeiccedilotildees que garantam as suas necessidades nutricionais durante o periacuteodo letivo (BRASIL

2009) De acordo com Castro (2009) essa poliacutetica social busca realizar a promoccedilatildeo social

gerando oportunidades e resultados tanto para os indiviacuteduos como para os grupos sociais da

solidariedade social garantindo seguranccedila aos indiviacuteduos em situaccedilotildees de incapacidade

vulnerabilidade ou risco

No que se refere aos recursos para financiamento do Programa o art 5ordm da Lei nordm

119472009 esclarece que seratildeo consignados no orccedilamento da Uniatildeo para execuccedilatildeo do PNAE

e seratildeo repassados em parcelas aos Estados ao Distrito Federal aos Municiacutepios e agraves escolas

federais pelo FNDE em conformidade com o disposto no art 208 da Constituiccedilatildeo Federal e

observadas agraves disposiccedilotildees mencionadas abaixo

Art 5ordm ()

sect 1o A transferecircncia dos recursos financeiros objetivando a execuccedilatildeo do PNAE seraacute

efetivada automaticamente pelo FNDE sem necessidade de convecircnio ajuste acordo

ou contrato mediante depoacutesito em conta corrente especiacutefica

sect 2o Os recursos financeiros de que trata o sect 1o deveratildeo ser incluiacutedos nos orccedilamentos

dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios atendidos e seratildeo utilizados

exclusivamente na aquisiccedilatildeo de gecircneros alimentiacutecios

sect 3o Os saldos dos recursos financeiros recebidos agrave conta do PNAE existentes em 31

de dezembro deveratildeo ser reprogramados para o exerciacutecio subsequente com estrita

observacircncia ao objeto de sua transferecircncia nos termos disciplinados pelo Conselho

Deliberativo do FNDE

sect 4o O montante dos recursos financeiros de que trata o sect 1o seraacute calculado com base

no nuacutemero de alunos devidamente matriculados na educaccedilatildeo baacutesica puacuteblica de cada

um dos entes governamentais conforme os dados oficiais de matriacutecula obtidos no

censo escolar realizado pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

sect 5o Para os fins deste artigo a criteacuterio do FNDE seratildeo considerados como parte da

rede estadual municipal e distrital ainda os alunos matriculados em

I - creches preacute-escolas e escolas do ensino fundamental e meacutedio qualificadas como

entidades filantroacutepicas ou por elas mantidas inclusive as de educaccedilatildeo especial

65

II - creches preacute-escolas e escolas comunitaacuterias de ensino fundamental e meacutedio

conveniadas com os Estados o Distrito Federal e os Municiacutepios (LEI

11147BRASIL 2009)

A execuccedilatildeo dos repasses financeiros ficaraacute a cargo dos entes federados que receberatildeo

os recursos atraveacutes do Programa Dinheiro Direto na Escola e deveratildeo ser destinados de acordo

com o art 23 da mesma Lei ldquoagrave cobertura de despesas de custeio manutenccedilatildeo e de pequenos

investimentos que concorram para a garantia do funcionamento e melhoria da infraestrutura

fiacutesica e pedagoacutegica dos estabelecimentos de ensinordquo Deveratildeo ser respeitadas as normas e

particularidades dos valores per capita das escolas ldquoque oferecem educaccedilatildeo especial de forma

inclusiva ou especializada de modo a assegurar de acordo com os objetivos do PDDE o

adequado atendimento agraves necessidades dessa modalidade educacionalrdquo (LEI 11147BRASIL

2009)

Os Conselhos de Alimentaccedilatildeo Escolar satildeo oacutergatildeos colegiados de caraacuteter fiscalizador

permanente deliberativo e de assessoramento Deveratildeo ser instituiacutedos de acordo com o art 18

no acircmbito dos Estados o Distrito Federal e os Municiacutepios e deveratildeo ser compostos da seguinte

forma

I - 1 (um) representante indicado pelo Poder Executivo do respectivo ente federado

II - 2 (dois) representantes das entidades de trabalhadores da educaccedilatildeo e de discentes

indicados pelo respectivo oacutergatildeo de representaccedilatildeo a serem escolhidos por meio de

assembleia especiacutefica

III - 2 (dois) representantes de pais de alunos indicados pelos Conselhos Escolares

Associaccedilotildees de Pais e Mestres ou entidades similares escolhidos por meio de

assembleia especiacutefica

IV - 2 (dois) representantes indicados por entidades civis organizadas escolhidos em

assembleia especiacutefica

sect 1o Os Estados o Distrito Federal e os Municiacutepios poderatildeo a seu criteacuterio ampliar a

composiccedilatildeo dos membros do CAE desde que obedecida a proporcionalidade definida

nos incisos deste artigo

sect 2o Cada membro titular do CAE teraacute 1 (um) suplente do mesmo segmento

representado

sect 3o Os membros teratildeo mandato de 4 (quatro) anos podendo ser reconduzidos de

acordo com a indicaccedilatildeo dos seus respectivos segmentos

sect 4o A presidecircncia e a vice-presidecircncia do CAE somente poderatildeo ser exercidas pelos

representantes indicados nos incisos II III e IV deste artigo

sect 5o O exerciacutecio do mandato de conselheiros do CAE eacute considerado serviccedilo puacuteblico

relevante natildeo remunerado

sect 6o Caberaacute aos Estados ao Distrito Federal e aos Municiacutepios informar ao FNDE a

composiccedilatildeo do seu respectivo CAE na forma estabelecida pelo Conselho

Deliberativo do FNDE (LEI 11147BRASIL 2009)

A duraccedilatildeo do mandato eacute de quatro anos e eacute considerado serviccedilo puacuteblico relevante natildeo

remunerado O CAE deve fiscalizar a execuccedilatildeo do programa sem prejuiacutezo da atuaccedilatildeo dos

66

demais oacutergatildeos de controle interno e externo ou seja do Tribunal de Contas da Uniatildeo (TCU)

da Secretaria Federal de Controle Interno (SFCI) e do Ministeacuterio Puacuteblico

As competecircncias do CAE estatildeo explicitas na Lei nordm 11947 de 16 de junho de 2009 em

seu art 19 conforme demonstrado abaixo

I - acompanhar e fiscalizar o cumprimento das diretrizes estabelecidas na forma do

art 2o desta Lei

II - acompanhar e fiscalizar a aplicaccedilatildeo dos recursos destinados agrave alimentaccedilatildeo escolar

III - zelar pela qualidade dos alimentos em especial quanto agraves condiccedilotildees higiecircnicas

bem como a aceitabilidade dos cardaacutepios oferecidos

IV - receber o relatoacuterio anual de gestatildeo do PNAE e emitir parecer conclusivo a

respeito aprovando ou reprovando a execuccedilatildeo do Programa

Paraacutegrafo uacutenico Os CAEs poderatildeo desenvolver suas atribuiccedilotildees em regime de

cooperaccedilatildeo com os Conselhos de Seguranccedila Alimentar e Nutricional estaduais e

municipais e demais conselhos afins e deveratildeo observar as diretrizes estabelecidas

pelo Conselho Nacional de Seguranccedila Alimentar e Nutricional ndash CONSEA

(CAEBRASIL 2009)

Como forma de controle social os Conselhos satildeo responsaacuteveis por acompanhar e

monitorar os recursos federais repassados pelo FNDE aos entes federados para a alimentaccedilatildeo

escolar devendo inclusive garantir boas praacuteticas sanitaacuterias e de higiene dos alimentos Para

facilitar a realizaccedilatildeo dessas accedilotildees eacute necessaacuterio que o CAE estabeleccedila um planejamento de

atividades fiscalizadoras e de acompanhamento

Aleacutem disso devem-se observar as seguintes diretrizes da alimentaccedilatildeo escolar quando

do acompanhamento e fiscalizaccedilatildeo do programa

Art 2o Satildeo diretrizes da alimentaccedilatildeo escolar I - o emprego da alimentaccedilatildeo saudaacutevel e adequada compreendendo o uso de alimentos

variados seguros que respeitem a cultura as tradiccedilotildees e os haacutebitos alimentares

saudaacuteveis contribuindo para o crescimento e o desenvolvimento dos alunos e para a

melhoria do rendimento escolar em conformidade com a sua faixa etaacuteria e seu estado

de sauacutede inclusive dos que necessitam de atenccedilatildeo especiacutefica

II - a inclusatildeo da educaccedilatildeo alimentar e nutricional no processo de ensino e

aprendizagem que perpassa pelo curriacuteculo escolar abordando o tema alimentaccedilatildeo e

nutriccedilatildeo e o desenvolvimento de praacuteticas saudaacuteveis de vida na perspectiva da

seguranccedila alimentar e nutricional

III - a universalidade do atendimento aos alunos matriculados na rede puacuteblica de

educaccedilatildeo baacutesica

IV - a participaccedilatildeo da comunidade no controle social no acompanhamento das accedilotildees

realizadas pelos Estados pelo Distrito Federal e pelos Municiacutepios para garantir a

oferta da alimentaccedilatildeo escolar saudaacutevel e adequada

V - o apoio ao desenvolvimento sustentaacutevel com incentivos para a aquisiccedilatildeo de

gecircneros alimentiacutecios diversificados produzidos em acircmbito local e preferencialmente

pela agricultura familiar e pelos empreendedores familiares rurais priorizando as

comunidades tradicionais indiacutegenas e de remanescentes de quilombos

VI - o direito agrave alimentaccedilatildeo escolar visando a garantir seguranccedila alimentar e

nutricional dos alunos com acesso de forma igualitaacuteria respeitando as diferenccedilas

bioloacutegicas entre idades e condiccedilotildees de sauacutede dos alunos que necessitem de atenccedilatildeo

67

especiacutefica e aqueles que se encontram em vulnerabilidade social (LEI

11147BRASIL 2009)

Considerando o previsto na Lei nordm 119472009 o CAE tem um papel importante no

acompanhamento e fiscalizaccedilatildeo da aplicaccedilatildeo dos recursos financeiros e na garantia da qualidade

da alimentaccedilatildeo desde a compra ateacute a distribuiccedilatildeo nas escolas e ainda tem possibilidade de

aprovar ou rejeitar a prestaccedilatildeo de contas relativa agrave execuccedilatildeo do PNAE

143 Os Conselhos Escolares

As discussotildees sobre educaccedilatildeo introduzem propostas de gestatildeo administrativa de

autonomia e participaccedilatildeo Os sistemas de ensino e as poliacuteticas educacionais continuam sendo a

chave para o enfrentamento das questotildees educacionais muito embora as discussotildees agora

passam a ser voltadas para a escola isto parte do entendimento de que ldquoa defesa do interesse

puacuteblico natildeo estaacute exclusivamente nas matildeos do Estado mas compartilhado com a comunidade

mais proacutexima agrave escolardquo (WERLE 2003 p 46) Os Conselhos Escolares se apresentam nesse

contexto como um espaccedilo de co-participaccedilatildeo e co-responsabilidade entre famiacutelia a sociedade

e o Estado atuando como mecanismo de controle defesa e promoccedilatildeo da educaccedilatildeo puacuteblica

No acircmbito da gestatildeo escolar em meados da deacutecada de 1980 um dos principais

questionamentos era a excessiva concentraccedilatildeo de poder nas matildeos de um uacutenico indiviacuteduo o

diretor da escola Por isso os movimentos organizados pelos educadores na eacutepoca defendiam

de forma acentuada as propostas de gestatildeo colegiada que propunham a inserccedilatildeo de toda a

comunidade escolar ou ampliaccedilatildeo dos envolvidos no processo educativo nos espaccedilos de decisatildeo

da escola (MENDONCcedilA 2000 ADRIAtildeO e CAMARGO 2007)

Tais lutas culminaram com a aprovaccedilatildeo do princiacutepio da gestatildeo democraacutetica na

Constituiccedilatildeo Federal de 1988 no seu artigo 206 inciso VI ldquogestatildeo democraacutetica do ensino

puacuteblico na forma da leirdquo e a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional (LDB) que vem

dar os desdobramentos desse princiacutepio em seu art 14 indicando que

Os sistemas de ensino definiratildeo as normas de gestatildeo democraacutetica do ensino puacuteblico

na educaccedilatildeo baacutesica de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes

princiacutepios

I ndash participaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo na elaboraccedilatildeo do projeto poliacutetico-

pedagoacutegico da escola

68

II ndash participaccedilatildeo das comunidades escolar e local em Conselhos Escolares ou

equivalentes (BRASIL 1996 grifos em negrito nossos)

Dessa forma eacute estabelecida a gestatildeo democraacutetica como princiacutepio que deve orientar as

praacuteticas das instituiccedilotildees puacuteblicas escolares no Brasil indicando que os profissionais da

educaccedilatildeo colaborem na elaboraccedilatildeo do documento que nortearaacute as atividades da escola onde

trabalham e a participaccedilatildeo da comunidade escolar (aqui entendidas como estudantes pais

professores funcionaacuterios e direccedilatildeo) e local (entidades e organizaccedilotildees da sociedade civil

identificadas com o projeto da escola) em espaccedilos de discussatildeo e participaccedilatildeo social que

promovam a gestatildeo democraacutetica

Os Conselhos Escolares satildeo compreendidos como ldquoespaccedilos de autonomia e

participaccedilatildeo comprometido com a defesa do ensino puacuteblico gratuito e da valorizaccedilatildeo do

professorrdquo conforme ensina Werle (2003 p 49) e que podem se constituir em locais de

vivecircncia simboacutelica entre pais alunos e professores mas para implantar tais mudanccedilas as

escolas teriam que passar por profundas modificaccedilotildees organizacionais nos colegiados pois os

conselhos se configuram como espaccedilos de relaccedilotildees e exerciacutecio do poder envolvendo

autorizaccedilatildeo e influecircncia entre as partes

Nesse sentido a proacutepria percepccedilatildeo que os diferentes atores desenvolvem sobre o poder

real influenciam nas relaccedilotildees de poder Abranches (2003) tambeacutem colabora com as ideias de

Werle (2003) quando afirma que o Conselho pode ser caracterizado como um oacutergatildeo de decisotildees

coletivas capaz de superar a praacutetica do individualismo e do grupismo e informa que se a

comunidade representativa for realmente dos diferentes segmentos da comunidade escolar ela

deveraacute alterar progressivamente a natureza da gestatildeo da escola e da educaccedilatildeo bem como

intervir na qualidade dos serviccedilos prestados pela escola

Os sistemas de ensino devem organizar os seus Conselhos Escolares de acordo com os

integrantes dos segmentos representativos da escola sendo professores funcionaacuterios alunos

pais e comunidade local Quanto a escolha dos conselheiros Veiga (2007) indica as seguintes

formas a) aquelas que satildeo definidas em regimento interno de cada conselho b) diretoria eleita

pela Assembleia sendo elegiacuteveis professores pais e profissionais da educaccedilatildeo c) escolhidos

em assembleia geral de cada segmento e eleitos por seus pares onde o diretor eacute membro nato e

d) eleiccedilatildeo mediante chapas organizadas e respeitando a proporcionalidade

Desta forma constituir e institucionalizar um conselho escolar que sirva para fortalecer

o empoderamento e a participaccedilatildeo eacute uma tarefa complexa mas possiacutevel Eacute um espaccedilo de

69

discussatildeo e debate substituindo a cultura patrimonialista pela cultura participativa e cidadatilde

(NAVARRO et al 2004 p 33)

Os Conselhos Escolares satildeo compreendidos como um foacuterum importante e significativo

e as posiccedilotildees dos representantes eleitos nas reuniotildees confere grau de representatividade pela

comunidade escolar Essa representatividade do Conselho estaacute relacionada agrave posse de

instrumentos materiais e culturais dos seus componentes e com a linguagem clara convincente

e adequada ao contexto (WERLE 2003) Por outro lado o Conselho Escolar eacute para o MEC um

oacutergatildeo de representaccedilatildeo das comunidades escolares e local onde satildeo discutidas definidas e

acompanhadas as atividades da escola podendo constituir um espaccedilo de discussatildeo de caraacuteter

consultivo respondendo a consultas sobre leis educacionais e suas aplicaccedilotildees deliberativo

quando toma decisotildees democraticamente fiscalizador acompanhando a aplicaccedilatildeo dos recursos

na escola e mobilizador incentivando a participaccedilatildeo direta dos envolvidos (BRASIL 2004)

Natildeo eacute suficiente afirmar que uma escola democraacutetica eacute aquela em que um colegiado

edifica uma decisatildeo de baixo para cima Eacute necessaacuteria uma mudanccedila no sistema educativo e uma

mudanccedila na loacutegica organizacional de todo o sistema Para Werle (2003 p 11) o poder natildeo estaacute

nos Conselhos Escolares e sim na competecircncia social dos representantes que caso natildeo os

faccedilam nas reuniotildees ldquopoderatildeo sofrer uma relaccedilatildeo de constrangimento e desapossamento de

espaccedilos de poderrdquo

A criaccedilatildeo das estruturas participativas nas escolas e nos sistemas de ensino constituem

um dos primeiros passos para a gestatildeo participativa ou gestatildeo ldquocompartilhadardquo poreacutem muitas

vezes a forma como satildeo constituiacutedos esses conselhos na composiccedilatildeo da sua estrutura e a forma

de implantaccedilatildeo atraveacutes de leis estaduais ou municipais satildeo contraditoacuterias porquanto sendo

constituiacutedo por pessoas eleitas representando os segmentos da comunidade escolar natildeo haveria

espaccedilo para componentes natildeo-eleitos pelos segmentos da escola

Nesse sentido a comunidade escolar quando se ausenta de participar e atuar da

construccedilatildeo coletiva dos processos democraacuteticos que satildeo as reuniotildees dos Conselhos Escolares

e quando apenas toma conhecimento das decisotildees da direccedilatildeo estaacute permitindo que outras

pessoas decidam Nesse caso estamos diante de uma participaccedilatildeo da gestatildeo que mais se

caracteriza como concessatildeo ndash cedendo a outros o seu direito de opinar de demonstrar seu ponto

de vista em favor de outrem ndash do que com democratizaccedilatildeo

70

144 O Conselho de Acompanhamento e Controle Social do Fundo de Manutenccedilatildeo e

Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo

(FUNDEB)

O Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos

Profissionais da Educaccedilatildeo (FUNDEB) foi criado pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006

Sua estrutura e finalidade encontram-se estatuiacutedas na Lei nordm 11494 de 20 de junho de 2007 e

pelo Decreto federal nordm 6253 de 13 de novembro de 2007 (BRASIL 2007)

O FUNDEB possui um montante de recursos gigantescos no que concerne ao

financiamento da educaccedilatildeo pois financia accedilotildees de manutenccedilatildeo e desenvolvimento da educaccedilatildeo

baacutesica puacuteblica independentemente da modalidade em que o ensino eacute oferecido (regular

especial ou de jovens e adultos) da sua duraccedilatildeo (Ensino Fundamental de oito ou de nove anos)

da idade dos alunos (crianccedilas jovens ou adultos) do turno de atendimento (matutino eou

vespertino ou noturno) e da localizaccedilatildeo da escola (zona urbana zona rural aacuterea indiacutegena ou

quilombola) de toda a educaccedilatildeo baacutesica em todos os municiacutepios brasileiros conforme

estabelecido nos sect 2ordm e 3ordm do art 211 da Constituiccedilatildeo

O FUNDEB eacute um fundo de natureza contaacutebil e de acircmbito estadual sendo 27 fundos

estaduais formado na quase totalidade por recursos provenientes dos impostos e transferecircncias

dos estados Distrito Federal e municiacutepios vinculados agrave educaccedilatildeo por forccedila do disposto no art

212 da Constituiccedilatildeo Federal e com o art 69 da LDB cabe a Uniatildeo a aplicaccedilatildeo nunca menos

que 18 e aos estados e municiacutepios no miacutenimo 25 da receita resultante de impostos

compreendida a proveniente de transferecircncias na Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento do Ensino ndash

MDE 34 podendo ainda de acordo com a LDB a possibilidade de ampliaccedilatildeo desses percentuais

de acordo com as Constituiccedilotildees Estaduais e Leis Orgacircnicas Municipais

Ainda compotildee o FUNDEB aleacutem desses recursos a tiacutetulo de complementaccedilatildeo uma

parcela de recursos federais sempre que no acircmbito de cada Estado seu valor por aluno natildeo

alcanccedilar o miacutenimo definido nacionalmente Independentemente da origem todo o recurso

gerado eacute redistribuiacutedo para aplicaccedilatildeo exclusiva na educaccedilatildeo baacutesica

A vigecircncia estabelecida para o FUNDEB eacute para o periacuteodo de 14 anos 2007-2020 Sua

implantaccedilatildeo comeccedilou em 1ordm de janeiro de 2007 e foi concluiacuteda em 2009 quando o total de

alunos matriculados na rede puacuteblica foi considerado na distribuiccedilatildeo dos recursos e o percentual

34 As despesas da ldquomanutenccedilatildeo e desenvolvimento do ensinordquo - MDE estatildeo previstas nos artigos 70 e 71 da LDB

que define quais as despesas podem e que natildeo podem ser utilizadas para efeito do MDE

71

de contribuiccedilatildeo dos estados Distrito Federal e municiacutepios atingiu o patamar de 20 para a

formaccedilatildeo do Fundo

As fontes de recursos para a educaccedilatildeo conforme a LDB no seu art 68 satildeo as receitas

provenientes de impostos da Uniatildeo dos Estados e dos Municiacutepios as receitas de transferecircncias

constitucionais e outras transferecircncias as receitas do Salaacuterio Educaccedilatildeo e de outras contribuiccedilotildees

sociais e as de incentivos fiscais e outros recursos previstos em Lei As principais fontes

financiadoras da educaccedilatildeo satildeo as receitas de impostos e o salaacuterio educaccedilatildeo pois ldquorepresentam

em termos de volume de recursos e de regularidade a receita que tem financiado a expansatildeo e

a qualificaccedilatildeo da educaccedilatildeo puacuteblica no paiacutesrdquo (FARENZENA 2006 p 82) Ou seja os

Municiacutepios devem utilizar recursos do FUNDEB na educaccedilatildeo infantil e no ensino fundamental

e os Estados no ensino fundamental e meacutedio sendo o miacutenimo de 60 na remuneraccedilatildeo dos

profissionais do magisteacuterio da educaccedilatildeo baacutesica puacuteblica e o restante dos recursos em outras

despesas de manutenccedilatildeo e desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica puacuteblica

O artigo 10 da Lei nordm 114942007 trata da distribuiccedilatildeo proporcional de recursos dos

Fundos que deve levar em conta as seguintes diferenccedilas entre etapas modalidades e tipos de

estabelecimento de ensino para que atenda toda a educaccedilatildeo baacutesica dentro das suas

especificidades sendo

I - creche em tempo integral

II - preacute-escola em tempo integral

III - creche em tempo parcial

IV - preacute-escola em tempo parcial

V - anos iniciais do ensino fundamental urbano

VI - anos iniciais do ensino fundamental no campo

VII - anos finais do ensino fundamental urbano

VIII - anos finais do ensino fundamental no campo

IX- ensino fundamental em tempo integral

X - ensino meacutedio urbano

XI - ensino meacutedio no campo

XII - ensino meacutedio em tempo integral

XIII - ensino meacutedio integrado agrave educaccedilatildeo profissional

XIV - educaccedilatildeo especial

XV - educaccedilatildeo indiacutegena e quilombola

XVI - educaccedilatildeo de jovens e adultos com avaliaccedilatildeo no processo

XVII - educaccedilatildeo de jovens e adultos integrada agrave educaccedilatildeo profissional de niacutevel meacutedio

com avaliaccedilatildeo no processo (BRASIL 2007)

A composiccedilatildeo do Conselho do FUNDEB apresenta-se em trecircs niacuteveis federal estadual e

municipal O acompanhamento e o controle social sobre a distribuiccedilatildeo a transferecircncia e a

aplicaccedilatildeo dos recursos dos Fundos devem ser exercidos junto aos respectivos governos no

acircmbito da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios por conselhos instituiacutedos

especificamente para esse fim Os conselhos seratildeo criados por legislaccedilatildeo especiacutefica editada no

72

pertinente acircmbito governamental observados os seguintes criteacuterios de composiccedilatildeo expressos

na Lei nordm 114942007 (BRASIL 2007)

Quadro 03 Composiccedilatildeo do Conselho de Controle Social do FUNDEB por esfera administrativa

Federal

(No miacutenimo 14 membros)

Estadual

(No miacutenimo 12 membros)

Municipal

(No miacutenimo 9 membros)

a) ateacute 4 (quatro)

representantes do Ministeacuterio

da Educaccedilatildeo

b) 1 (um) representante do

Ministeacuterio da Fazenda

c) 1 (um) representante do

Ministeacuterio do Planejamento

Orccedilamento e Gestatildeo

d) 1 (um) representante do

Conselho Nacional de

Educaccedilatildeo

e) 1 (um) representante do

Conselho Nacional de

Secretaacuterios de Estado da

Educaccedilatildeo - CONSED

f) 1 (um) representante da

Confederaccedilatildeo Nacional dos

Trabalhadores em Educaccedilatildeo

- CNTE

g) 1 (um) representante da

Uniatildeo Nacional dos

Dirigentes Municipais de

Educaccedilatildeo - UNDIME

h) 2 (dois) representantes dos

pais de alunos da educaccedilatildeo

baacutesica puacuteblica

i) 2 (dois) representantes dos

estudantes da educaccedilatildeo

baacutesica puacuteblica um dos quais

indicado pela Uniatildeo

Brasileira de Estudantes

Secundaristas - UBES

a) 3 (trecircs) representantes do

Poder Executivo estadual

dos quais pelo menos 1 (um)

do oacutergatildeo estadual

responsaacutevel pela educaccedilatildeo

baacutesica

b) 2 (dois) representantes dos

Poderes Executivos

Municipais

c) 1 (um) representante do

Conselho Estadual de

Educaccedilatildeo

d) 1 (um) representante da

seccional da Uniatildeo Nacional

dos Dirigentes Municipais de

Educaccedilatildeo - UNDIME

e) 1 (um) representante da

seccional da Confederaccedilatildeo

Nacional dos Trabalhadores

em Educaccedilatildeo - CNTE

f) 2 (dois) representantes dos

pais de alunos da educaccedilatildeo

baacutesica puacuteblica

g) 2 (dois) representantes dos

estudantes da educaccedilatildeo

baacutesica puacuteblica 1 (um) dos

quais indicado pela entidade

estadual de estudantes

secundaristas

a) 2 (dois) representantes do

Poder Executivo Municipal

dos quais pelo menos 1 (um)

da Secretaria Municipal de

Educaccedilatildeo ou oacutergatildeo

educacional equivalente

b) 1 (um) representante dos

professores da educaccedilatildeo baacutesica

puacuteblica

c) 1 (um) representante dos

diretores das escolas baacutesicas

puacuteblicas

d) 1 (um) representante dos

servidores teacutecnico-

administrativos das escolas

baacutesicas puacuteblicas

e) 2 (dois) representantes dos

pais de alunos da educaccedilatildeo

baacutesica puacuteblica

f) 2 (dois) representantes dos

estudantes da educaccedilatildeo baacutesica

puacuteblica um dos quais indicado

pela entidade de estudantes

secundaristas

sect 2o Integraratildeo ainda os

conselhos municipais dos

Fundos quando houver 1

(um) representante do

respectivo Conselho

Municipal de Educaccedilatildeo e 1

(um) representante do

Conselho Tutelar a que se

refere a Lei no 8069 de 13 de

julho de 1990 indicados por

seus pares

Fonte Lei Federal Nordm 114942007

73

A Lei nordm 114942007 aponta algumas orientaccedilotildees e estabelece restriccedilotildees na

composiccedilatildeo do Conselho de Controle Social do FUNDEB Na Lei os membros do Conselho

podem constituir seus representantes por indicaccedilatildeo eleiccedilatildeo e representaccedilatildeo conforme

estabelece o art 24 sect 3ordm

I - pelos dirigentes dos oacutergatildeos federais estaduais municipais e do Distrito Federal e

das entidades de classes organizadas nos casos das representaccedilotildees dessas instacircncias

II - nos casos dos representantes dos diretores pais de alunos e estudantes pelo

conjunto dos estabelecimentos ou entidades de acircmbito nacional estadual ou

municipal conforme o caso em processo eletivo organizado para esse fim pelos

respectivos pares

III - nos casos de representantes de professores e servidores pelas entidades sindicais

da respectiva categoria (BRASIL 2007)

Ainda sobre a composiccedilatildeo do Conselho a Lei Nordm 114942007 no art 24 sect 5ordm destaca

o impedimento dos Conselheiros que tenham relaccedilatildeo de parentesco submissatildeo hieraacuterquica ou

prestem serviccedilos para o poder executivo local

sect 5o Satildeo impedidos de integrar os conselhos a que se refere o caput deste artigo

I - cocircnjuge e parentes consanguiacuteneos ou afins ateacute 3o (terceiro) grau do Presidente e

do Vice-Presidente da Repuacuteblica dos Ministros de Estado do Governador e do Vice-

Governador do Prefeito e do Vice-Prefeito e dos Secretaacuterios Estaduais Distritais ou

Municipais

II - tesoureiro contador ou funcionaacuterio de empresa de assessoria ou consultoria que

prestem serviccedilos relacionados agrave administraccedilatildeo ou controle interno dos recursos do

Fundo bem como cocircnjuges parentes consanguiacuteneos ou afins ateacute 3o (terceiro) grau

desses profissionais

III - estudantes que natildeo sejam emancipados

IV - pais de alunos que

a) exerccedilam cargos ou funccedilotildees puacuteblicas de livre nomeaccedilatildeo e exoneraccedilatildeo no acircmbito dos

oacutergatildeos do respectivo Poder Executivo gestor dos recursos ou

b) prestem serviccedilos terceirizados no acircmbito dos Poderes Executivos em que atuam os

respectivos conselhos

sect 6o O presidente dos conselhos previstos no caput deste artigo seraacute eleito por seus

pares em reuniatildeo do colegiado sendo impedido de ocupar a funccedilatildeo o representante

do governo gestor dos recursos do Fundo no acircmbito da Uniatildeo dos Estados do Distrito

Federal e dos Municiacutepios (BRASIL 2007)

A atuaccedilatildeo dos membros do conselho deve ser baseada na autonomia e sem viacutenculo

institucional ao Poder Executivo local O periacuteodo do mandato dos seus membros eacute de dois anos

podendo ser reconduzidos uma uacutenica vez

O desempenho da funccedilatildeo de conselheiro do FUNDEB eacute considerado de extrema

relevacircncia social sendo uma atividade natildeo remunerada A Uniatildeo os Estados o Distrito Federal

74

e os Municiacutepios devem garantir a infraestrutura e as condiccedilotildees materiais adequadas agrave execuccedilatildeo

plena das competecircncias dos conselhos Os conselhos tecircm no acircmbito de suas respectivas esferas

governamentais de atuaccedilatildeo a incumbecircncia de ainda supervisionar o censo escolar anual e a

elaboraccedilatildeo da proposta orccedilamentaacuteria anual ldquocom o objetivo de concorrer para o regular e

tempestivo tratamento e encaminhamento dos dados estatiacutesticos e financeiros que alicerccedilam a

operacionalizaccedilatildeo dos Fundosrdquo (Art 24 sect 9ordm Lei nordm 11494 BRASIL 2007)

Aleacutem do FUNDEB cabe ao CACS o acompanhamento e a fiscalizaccedilatildeo do Programa de

Transporte escolar (PNATE)

15 CRITEacuteRIOS PARA A ESCOLHA DE DIRETOR ESCOLAR

A participaccedilatildeo nas formas de escolha do diretor escolar representada pela definiccedilatildeo de

criteacuterios para essa escolha que tecircm sido muito presente na pauta de lutas das organizaccedilotildees de

educadores desde a deacutecada de 1980 Natildeo obstante por ser mateacuteria de difiacutecil consenso a

Constituiccedilatildeo de 1988 e a LDB de 1996 satildeo geneacutericas ao tratar do tema limitando-se a delegar

aos sistemas de ensino a sua regulamentaccedilatildeo Eacute assim que de acordo com Mendonccedila (2000)

tais criteacuterios satildeo os mais diversos nas leis estaduais do paiacutes Por se tratar de um paiacutes que

comporta mais de 5600 municiacutepios com possibilidade de criaccedilatildeo de sistema proacuteprio de ensino

pode-se em potencial ter uma diversidade muito maior de criteacuterios

Com base nos estudos de Mendonccedila (2000) Paro (2003) e Dourado (2007) podemos

afirmar que o provimento do cargo de diretor escolar das escolas puacuteblicas tem ocorrido

basicamente de cinco formas 1) livre indicaccedilatildeo pelos poderes puacuteblicos 2) ascensatildeo na carreira

3) aprovaccedilatildeo em concurso puacuteblico 4) eleiccedilatildeo e posterior indicaccedilatildeo em lista triacuteplice e 5) eleiccedilatildeo

direta E cada uma dessas categorias traz consigo as concepccedilotildees de gestatildeo de um governo e

maior ou menor grau de participaccedilatildeo dos envolvidos na escolha

Em relaccedilatildeo ao criteacuterio de escolha de diretores escolares por indicaccedilatildeo ou nomeaccedilatildeo

Mendonccedila (2000) Paro (2007) e Dourado (2007) argumentam que esta eacute a forma de acesso na

qual os representantes poliacuteticos (governadores e prefeitos) podem indicar os gestores escolares

que acharem apropriados ao cargo Assim o criteacuterio de escolha de diretores atraveacutes de indicaccedilatildeo

vincula o trabalho do diretor com quem o indicou quase sempre um poliacutetico ou teacutecnico das

Secretarias de Educaccedilatildeo Seu compromisso portanto eacute com quem o colocou naquele cargo e

natildeo com a comunidade escolar Nesse caso ldquoo papel do diretor ao prescindir do respaldo da

comunidade escolar caracteriza-se como instrumentalizador de praacuteticas autoritaacuterias

75

evidenciando forte ingerecircncia do Estado na gestatildeo da escola (DOURADO 2007 p 83) A

indicaccedilatildeo para cargos puacuteblicos estaacute nas raiacutezes do Estado patrimonialista que marcou fortemente

a origem do Estado brasileiro o pode ser percebida na admissatildeo dos diretores cujos criteacuterios

satildeo essencialmente subjetivos e pessoais (MENDONCcedilA 2000) A categoria ldquonomeaccedilatildeordquo para

Paro (2007) ldquotraz consigo as marcas do clientelismo poliacutetico sendo por isso uma das mais

criticadas e inclusive muito presente nos sistemas de ensinordquo (PARO 2007 p 19) Com base

em dados do observatoacuterio de monitoramento das metas do PNE35 ateacute 2013 essa forma de

escolha de diretores ainda era presente em 50 das escolas brasileiras sendo portanto a que

prevalece no Brasil

Quanto ao criteacuterio de provimento de diretores escolares por meio do concurso os que

o defendem alegam que apresenta virtudes como ldquoa objetividade a coibiccedilatildeo do clientelismo e

a possibilidade de afericcedilatildeo do conhecimento teacutecnico do candidatordquo (PARO 2003 p19) Esse

criteacuterio de escolha estaacute ancorado na ideia de que o domiacutenio da competecircncia teacutecnica pelo

candidato eacute um requisito essencial para o exerciacutecio da funccedilatildeo Dessa forma a seleccedilatildeo atraveacutes

de concurso puacuteblico eacute defendida pela sua imparcialidade e porque o diretor concursado estaria

ldquomenos submisso agraves variantes poliacuteticas da escola e do sistema de ensino uma vez que o

concurso puacuteblico parece garantir a moralidade e a transparecircncia necessaacuterias na lotaccedilatildeo de

qualquer cargo puacuteblicordquo (SOUZA 2007 p 167)

Mendonccedila (2000) adverte que a permanecircncia de diretores nas unidades escolares por

concurso para a escolha de diretores estaacute vinculado tambeacutem ldquoa uma concepccedilatildeo da direccedilatildeo de

escola como carreira e por meio dele a ocupaccedilatildeo da funccedilatildeo tem caraacuteter permanenterdquo

(MENDONCcedilA 2000 p 191) Natildeo obstante concordamos com Paro (2015) quando argumenta

que o concurso eacute democraacutetico apenas aparentemente pois ldquoo diretor tem o direito de concorrer

ao cargo e escolher a escola onde vai trabalhar mas a comunidade escolar tem de aceitar esse

diretor sem conhececirc-lo e sem um processo democraacutetico de escolhardquo (PARO 2015 p 117)

Aleacutem disso ldquonatildeo eacute verdade que o processo de escolha possa se resumir numa qualidade teacutecnica

() pois o diretor exerce uma accedilatildeo poliacutetica como representante do Estado diante de seus

dirigidosrdquo (IDEM p117)

35 O Observatoacuterio da Educaccedilatildeo eacute uma plataforma online que tem como objetivo monitorar os indicadores referentes

a cada uma das 20 metas do Plano Nacional de Educaccedilatildeo (PNE) e de suas respectivas estrateacutegias e oferecer

anaacutelises sobre as poliacuteticas puacuteblicas educacionais jaacute existentes e que seratildeo implementadas ao longo dos dez anos

de vigecircncia do Plano Consta no seguinte endereccedilo httpwwwobservatoriodopneorgbrmetas-pne19-gestao-

democraticaindicadores

76

O diretor de carreira segundo Dourado (2007) eacute uma modalidade pouco utilizada

Neste caso o acesso ao cargo eacute vinculado a criteacuterios como tempo de serviccedilo escolarizaccedilatildeo

merecimento eou distinccedilatildeo entre outros Representa uma tentativa de aplicaccedilatildeo no setor

puacuteblico da meritocracia livrando da participaccedilatildeo da comunidade escolar a escolha de seu

dirigente

A indicaccedilatildeo por meio de listas triacuteplices secircxtuplas ou a combinaccedilatildeo de processos

(modalidade mista) consiste na consulta agrave comunidade escolar para a indicaccedilatildeo de nomes em

nuacutemero de trecircs ou seis possiacuteveis dirigentes cabendo ao poder executivo nomear o diretor dentre

os nomes escolhidos eou submetecirc-los a uma segunda fase que consiste em provas ou

atividades de avaliaccedilatildeo de sua capacidade cognitiva para a gestatildeo da educaccedilatildeo Na modalidade

mista apesar da participaccedilatildeo da comunidade na primeira fase cabe ao poder executivo fazer a

indicaccedilatildeo final do diretor onde corre-se o risco de ocorrer uma indicaccedilatildeo por criteacuterios natildeo

poliacutetico-pedagoacutegicos com uma suposta legitimaccedilatildeo da comunidade escolar uma forma de

burlar o sistema de escolha democraacutetica em nome do discurso de participaccedilatildeodemocratizaccedilatildeo

das relaccedilotildees escolares Outra modalidade mista eacute apontada por Vieira (2006) em que a escolha

de diretores escolares ocorre em duas fases de seleccedilatildeo A primeira fase dar-se-aacute por meio de

concurso que classifica os gestores e na segunda fase os classificados no concurso satildeo

colocados em aceitaccedilatildeo da comunidade e dos segmentos da escola atraveacutes da eleiccedilatildeo com a

participaccedilatildeo coletiva para a aprovaccedilatildeo de suas propostas na gestatildeo que assumiraacute (VIEIRA

2006)

O criteacuterio eleiccedilotildees diretas para a escolha de diretores escolares eacute entendida por

Mendonccedila (2000) Paro (2003 2007) e Souza (2007) como a forma mais democraacutetica na qual

a comunidade poderaacute votar no gestor mais qualificado para exercer as funccedilotildees pertinentes ao

cargo Para Souza diretor eleito

natildeo eacute por natureza do processo eletivo mais compromissado com a educaccedilatildeo puacuteblica

de qualidade para todosas mas a eleiccedilatildeo eacute o instrumento que potencialmente permite

agrave comunidade escolar controlar as accedilotildees do dirigente escolar no sentido de levaacute-lo a

se comprometer com este princiacutepio (SOUZA 2007 p 174)

A eleiccedilatildeo de diretores escolares fortalece o poder poliacutetico no interior das escolas e

consequentemente reduz a intervenccedilatildeo do Estado sobre elas e dessa forma a escola torna-se

mais autocircnoma e capaz de promover relaccedilotildees mais democraacuteticas em seu interior Embora a

eleiccedilatildeo natildeo seja a soluccedilatildeo para todos os problemas da escola puacuteblica e envolva riscos ainda ldquoeacute

77

a forma civilizada de exercer o poder entre sujeitosrdquo e ldquoconfere aos eleitos uma autoridade

legiacutetimardquo (PARO 2015 p 118)

No que diz respeito agraves diferentes experiecircncias de gestatildeo democraacutetica principalmente

quando trata das eleiccedilotildees de diretores e funcionamento de colegiados os resultados apontam

que ldquoesses processos continuam excessivamente centrados em pessoas com interferecircncias

poliacutetico partidaacuterias aliciamento de votos entre outros problemasrdquo (MENDONCcedilA 2000 p12)

Esses problemas se revelam na intervenccedilatildeo indevida de diretores indicando os nomes para

compor os colegiados de deliberaccedilatildeo assegurando que o controle da instituiccedilatildeo continue em

suas matildeos e ressalta que isso impede a participaccedilatildeo mais espontacircnea da comunidade escolar Eacute

importante que tenhamos a compreensatildeo de que eacute necessaacuterio que haja na escola natildeo um ldquocheferdquo

mas um colaborador que embora tenha responsabilidade junto ao Estado natildeo esteja atrelado

apenas ao seu poder colocando-se acima dos demais mas ao contraacuterio que sua autoridade com

a responsabilidade seja distribuiacuteda dentre os membros da escola

Nesse contexto compreendemos que a forma mais democraacutetica e que permite maior

participaccedilatildeo da comunidade escolar na escolha dos seus diretores escolares eacute a eleiccedilatildeo direta

Por isso o debate deve se fazer presente natildeo soacute nas unidades escolares mas em todo o sistema

de ensino como um momento coletivo de amadurecimento poliacutetico participativo e de

construccedilatildeo de um processo democraacutetico da gestatildeo escolar que legitime o desempenho da funccedilatildeo

de diretor e que respeite as deliberaccedilotildees coletivas

Mais recentemente o Plano Nacional de Educaccedilatildeo (2014-2024) aprovado pela Lei nordm

13005 de 25 de junho de 2014 reafirma em seu inciso VI do Art 2ordm a ldquopromoccedilatildeo do princiacutepio

da gestatildeo democraacutetica da educaccedilatildeo puacuteblicardquo No entanto o caput da Meta 19 propotildee ldquoassegurar

condiccedilotildees () para a efetivaccedilatildeo da gestatildeo democraacutetica da educaccedilatildeo associada a criteacuterios

teacutecnicos de meacuterito e desempenho e agrave consulta puacuteblica agrave comunidade escolar no acircmbito das

escolas puacuteblicas prevendo recursos e apoio teacutecnico da Uniatildeo para tantordquo (grifos nossos)

O detalhamento da meta 19 pressupotildee estrateacutegias que condicionam o repasse de

transferecircncias voluntaacuterias da Uniatildeo da aacuterea da educaccedilatildeo para os municiacutepios que tenham

aprovado legislaccedilatildeo especiacutefica regulamentando mateacuteria a esse respeito Embora os criteacuterios se

associem a alguma forma de participaccedilatildeo da comunidade o PNE vem estimulando que os

municiacutepios adotem em legislaccedilotildees a nomeaccedilatildeo dos diretores e diretoras de escola a partir de

criteacuterios teacutecnicos de meacuterito e desempenho o que corrobora a persistecircncia da gestatildeo de cunho

gerencialista proposta no Plano Diretor de Reforma do Estado (PDRAE) aprovado no governo

de Fernando Henrique Cardoso

78

Por fim constatamos que a poliacutetica de gestatildeo da educaccedilatildeo brasileira segue no sentido

de democratizar o sistema de ensino atraveacutes do acesso permanecircncia e garantia da educaccedilatildeo de

qualidade Para isso sugerem a participaccedilatildeo atraveacutes da garantia da existecircncia de conselhos

representativos de controle social e de eleiccedilotildees diretas para diretores escolares por meio da

comunidade escolar e da sociedade civil tanto na construccedilatildeo de poliacuteticas quanto no controle

social indicando a transparecircncia nas accedilotildees e na gestatildeo dos recursos puacuteblicos

79

2 A GESTAtildeO EDUCACIONAL NO CONTEXTO DO PLANO DE

DESENVOLVIMENTO DA EDUCACcedilAtildeO (PDE) DO PLANO DE METAS

COMPROMISSO TODOS PELA EDUCACcedilAtildeO E DO PLANO DE ACcedilOtildeES

ARTICULADAS

Este capiacutetulo trataraacute de dar continuidade agrave discussatildeo do capiacutetulo anterior sobre as

poliacuteticas educacionais adotadas no Brasil apoacutes a Reforma do Estado que tecircm traccedilado novos

rumos para a gestatildeo da educaccedilatildeo Especificamente seraacute abordado nesse capiacutetulo o modelo de

gestatildeo da educaccedilatildeo adotado no Brasil no qual estaacute inserido o Plano de Desenvolvimento da

Educaccedilatildeo o Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo e o Plano de Accedilotildees

Articuladas e as suas formas de materializaccedilatildeo

21 A GESTAtildeO EDUCACIONAL E O PLANO DE DESENVOLVIMENTO DA

EDUCACcedilAtildeO (PDE)

As poliacuteticas educacionais implementadas no Brasil possuem uma historicidade na sua

construccedilatildeo que natildeo segue em linha reta isto eacute eacute cheia de curvas e oscilaccedilotildees pelo caminho

com avanccedilos e retrocessos sendo influenciadas em todas as suas fases seja por contextos

histoacutericos distintos seja pela disputa entre os sujeitos envolvidos no processo ou por grupos de

interesses e de percepccedilotildees diferentes da realidade que estatildeo presentes no momento da sua

implementaccedilatildeo e execuccedilatildeo Poreacutem eacute o resultado das relaccedilotildees sociais inerentes ao processo de

construccedilatildeo dessas poliacuteticas

O primeiro Plano Nacional de Educaccedilatildeo foi elaborado para uma deacutecada (2001-2010) no

Brasil natildeo atingiu os objetivos esperados pois desde a sua elaboraccedilatildeo ateacute o envio ao Congresso

Nacional em 1997 existiam visotildees distintas dos rumos da educaccedilatildeo do paiacutes Eacute tanto que dois

Planos foram enviados um que representava a proposta do governo FHC na eacutepoca e o outro

que representava a sociedade civil construiacutedo a partir das organizaccedilotildees de classes Um periacuteodo

turbulento pois

() a apresentaccedilatildeo de dois planos nacionais de educaccedilatildeo um do governo e outro da

sociedade civil evidencia o atual estaacutegio de correlaccedilatildeo de forccedilas sociais no campo

educacional do Brasil do final dos anos de 1990 materializado no acirramento do

conflito entre duas propostas de sociedade e de educaccedilatildeo ndash a proposta liberal-

80

corporativa e a proposta democraacutetica das massas ndash que vem se embatendo desde o

final dos anos de 1980 () (NEVES 2000 p 148)

Dessa forma com os embates que se arrastavam no Congresso Nacional por deputados

contra e a favor e sindicatos De posse dos dois planos e dos embates realizou-se um texto

substitutivo em junho de 2000 que consolidasse parte proposta do governo e outra parte da

sociedade civil representada Embora votado na cacircmara dos deputados e no senado o texto foi

sancionado pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso com vetos principalmente no que se

tratava de investimentos e financiamento da educaccedilatildeo principalmente na educaccedilatildeo superior

Nesse contexto eacute notoacuteria a falta de compromisso do governo FHC com os investimentos na

educaccedilatildeo em que o seu governo o tem como gasto e natildeo como investimento Eacute importante

destacar aqui que uma boa educaccedilatildeo baacutesica seraacute o resultado de uma boa educaccedilatildeo superior e

que as universidades tem um papel estrateacutegico no desenvolvimento das naccedilotildees

No campo poliacutetico o primeiro governo Lula (2003-2006) foi marcado pela continuidade

das poliacuteticas educacionais traccediladas no governo FHC que realizou as reformas educacionais de

longo alcance sob os olhares do mercado A expectativa dos educadores era que a partir do

governo Lula essa loacutegica neoliberal que mudou os rumos da educaccedilatildeo baacutesica a superior fosse

rompida Entretanto segundo Andrade de Oliveira (2009) natildeo foi o que ocorreu a loacutegica

neoliberal foi mantida Assim no primeiro mandato de Lula natildeo houve poliacuteticas puacuteblicas

educacionais regulares e fortes o suficiente para alterar a poliacutetica planejada pelo governo FHC

A autora afirma que ocorreram sim alguns programas e projetos focalizados principalmente

para os mais vulneraacuteveis mas que natildeo se constituiu em uma poliacutetica puacuteblica Somente no

finalzinho do primeiro mandato eacute que foi criado o Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento

da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo (FUNDEB) proposto pela

Emenda Constitucional Nordm 53 de 2006 que ampliou o Fundo de Manutenccedilatildeo e

Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorizaccedilatildeo do Magisteacuterio (FUNDEF) sendo

esse fundo o principal mecanismo de financiamento da educaccedilatildeo que passou a atender a trecircs

etapas educaccedilatildeo infantil ensino fundamental e ensino meacutedio Poreacutem sem romper com a loacutegica

neoliberal Andrade Oliveira (2009 p 203) afirma que o que se observou foi ldquoo governo

assumir de alguma forma a loacutegica existente e passar a professar a inclusatildeo social no lugar do

direito universal agrave educaccedilatildeordquo

Nesse cenaacuterio marcado por poliacuteticas educacionais focais imediatistas e de pouca

regularidade o Presidente Lula durante a campanha para a reeleiccedilatildeo destacou a educaccedilatildeo

como foco principal do seu governo apoacutes a vitoacuteria nas urnas no discurso de posse em 01 de

janeiro de 2007 e reforccedilou priorizar a educaccedilatildeo no segundo governo Em 24 de abril de 2007

81

apresenta o Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo como parte do Programa de Aceleraccedilatildeo do

Crescimento (PAC) que ele denominou de PAC da Educaccedilatildeo A cerimocircnia contou com a

participaccedilatildeo do Presidente da Repuacuteblica Luiz Inaacutecio Lula da Silva e do Ministro da Educaccedilatildeo

Fernando Haddad e ainda Paulo Renato (ex-ministro da educaccedilatildeo do governo FHC) e

Cristovam Buarque (Ministro de Educaccedilatildeo do primeiro governo Lula) aleacutem da participaccedilatildeo de

setores da iniciativa privada e gestores puacuteblicos

Camini (2009) critica a implantaccedilatildeo de uma poliacutetica puacuteblica lanccedilada como uma decisatildeo

poliacutetica sem contar com uma ampla discussatildeo coletiva dos segmentos da sociedade que seratildeo

atingidos diretamente ou mesmo indiretamente Para a autora a presenccedila de representantes de

instituiccedilotildees privadas em parceria com o setor puacuteblico de educaccedilatildeo lanccedila o Plano de

Desenvolvimento da Educaccedilatildeo (PDE) sendo que nessas ldquoparceriasrdquo muitas vezes estatildeo

impliacutecitas a loacutegica de mercado o que reduz as condiccedilotildees de democratizaccedilatildeo visto que na

legislaccedilatildeo as instituiccedilotildees privadas natildeo permitem a participaccedilatildeo da populaccedilatildeo nas decisotildees

ficando a cargo exclusivamente do mercado ditar as suas regras

Jaacute no entendimento do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo o PDE pela visatildeo sistecircmica que o

caracteriza [] ldquoprocura enfocar a educaccedilatildeo em todo o territoacuterio da naccedilatildeo considerando com o

mesmo cuidado e atenccedilatildeo cada uma das suas partes do bairro do paiacutes em seu conjunto dando

efetividade ao princiacutepio constitucional do ldquoregime de colaboraccedilatildeordquordquo (SAVIANI 2009 p 16)

afirma que O PDE estaacute sustentado em seis pilares i) visatildeo sistecircmica da educaccedilatildeo ii)

territorialidade iii) desenvolvimento iv) regime de colaboraccedilatildeo v) responsabilizaccedilatildeo e vi)

mobilizaccedilatildeo social

O ldquoPDE aparece como um grande guarda-chuvardquo (SAVIANI 2009 p 5) que cobre

praticamente todos os programas e aacutereas com foco na educaccedilatildeo baacutesica superior profissional

tecnoloacutegica alfabetizaccedilatildeo e diversidade abrangendo as modalidades de ensino e accedilotildees de

melhorias na infraestrutura No que se refere aos eixos de accedilotildees do Plano de Desenvolvimento

da Educaccedilatildeo (PDE) direcionadas as aacutereas do sistema educacional apresentamos o quadro a

seguir

82

Quadro 04 - Eixos de Accedilatildeo do Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo (PDE)

Eixos Accedilotildees do PDE

Educaccedilatildeo

Baacutesica

1 Melhoria do IDEB da escola puacuteblica e

2 Melhoria da gestatildeo escolar da qualidade do ensino e do fluxo escolar

valorizaccedilatildeo e qualificaccedilatildeo de professores e profissionais da educaccedilatildeo

inclusatildeo digital e apoio ao aluno e agrave escola

Alfabetizaccedilatildeo

e Educaccedilatildeo

Continuada

1 Reduzir a taxa de analfabetismo e o nuacutemero absoluto de analfabetos

2 Atender jovens e adultos de 15 anos ou mais

3 Prioridade para os municiacutepios com taxa de analfabetismo superior a 35

e

4 O Brasil Alfabetizado tem por meta atender 15 milhatildeo de alfabetizandos

por ano

Ensino

Profissional e

Tecnoloacutegico

1 Ampliar a rede de ensino profissional e tecnoloacutegico do Paiacutes

2 Que cada municiacutepio tenha pelo menos 1 escola oferecendo educaccedilatildeo

profissional e

3 A prioridade seraacute para cidades tendo como referecircncia as economias locais

e regionais e reforccedilando a articulaccedilatildeo da escola puacuteblica em especial o

ensino meacutedio e a EJA com a educaccedilatildeo profissional em todas as modalidades

e niacuteveis

Ensino

Superior

1 Ampliar e democratizar o acesso ao ensino superior do Paiacutes

2 A ampliaccedilatildeo de vagas nas instituiccedilotildees federais de ensino superior se faraacute

por meio de ofertas de bolsas do Programa Universidade para Todos

(PROUNI) articulado ao Financiamento Estudantil (FIES) e

3 Atraveacutes da Reestruturaccedilatildeo e Expansatildeo das Universidades Federais

(REUNI) as universidades apresentaratildeo planos de expansatildeo da oferta

Dobrar o nuacutemero de alunos nas Instituiccedilotildees Federais de Ensino (IFES) no

Brasil em 10 anos Fonte BRASIL 2007

Esses eixos correspondem agrave atuaccedilatildeo do PDE que segundo Saviani (2009) tem um

objetivo ambicioso de elevar o niacutevel da educaccedilatildeo brasileira aos patamares dos paiacuteses

desenvolvidos ateacute o ano de 2022 Para tanto vem ampliando seus programas e hoje conta com

a adesatildeo de todos os estados e municiacutepios atraveacutes da assinatura do Termo de Adesatildeo ao

PMCTE onde satildeo chamados a responsabilizar-se com as metas preacute-estabelecidas pelo Plano

Dessa forma a execuccedilatildeo dos programas e projetos do PDE por parte dos estados e

municiacutepios tem promovido mudanccedilas substanciais principalmente na gestatildeo educacional e

escolar visto que com o Plano de Metas do Compromisso e o Plano de Accedilotildees Articuladas

organizam toda uma articulaccedilatildeo para materializar as metas propostas Para Sousa (2011 p 06)

ldquoo efeito mais perceptiacutevel das alteraccedilotildees promovidas pelo PDE no relacionamento do MEC

com os entes federativos reside no condicionamento de todas as transferecircncias voluntaacuterias da

Uniatildeo aos estados e municiacutepiosrdquo a partir da assinatura do termo de compromisso do PMCTE

e a responsabilidade dos estados e municiacutepios quanto ao cumprimento das suas diretrizes

83

Permeado de termos como ldquodemocraciardquo ldquocolaboraccedilatildeordquo e ldquoparceriardquo que foram

introduzidos e utilizados a partir de uma visatildeo neoliberal A poliacutetica educacional e de gestatildeo

propugnada pelo Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo estabelece o Plano de Metas

Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo e orienta os Estados e os Municiacutepios a elaborarem os seus

Planos de Accedilatildeo Articuladas seguindo o modelo proposto pelo MEC mantendo assim a

centralidade das decisotildees no acircmbito da Uniatildeo e desconcentrando a realizaccedilatildeo das tarefas para

os estados e os municiacutepios agindo como um oacutergatildeo coordenador da poliacutetica e dos resultados

alcanccedilados pelos demais entes federados E nesse sentido eacute que se observa o modelo de gestatildeo

gerencial em que estaacute inserido o PMCTE pois os estados e municiacutepios passam a ter que seguir

as diretrizes a partir do Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) como instrumento de planejamento

para o alcance das metas definidas

As divergecircncias em que se sustentam o PDE e o Plano de Metas Compromisso Todos

pela Educaccedilatildeo seja nas diretrizes instituiacutedas no desenvolvimento dos programas nas accedilotildees

implementadas e nos resultados alcanccedilados eacute tambeacutem por que o PDE natildeo foi uma poliacutetica

construiacuteda historicamente com a participaccedilatildeo coletiva dos envolvidos nos debates ela foi

determinada a partir de uma decisatildeo poliacutetica de governo dessa forma tem apresentado

ambiguidades e incoerecircncias na sua implantaccedilatildeo e execuccedilatildeo

A relaccedilatildeo democraacutetica e o regime de colaboraccedilatildeo entre os entes federados parece ser

mais uma ambiguidade pois de acordo com Camini (2011 p166-167) existe uma prevalecircncia

do MEC como instacircncia superior ldquoque encobre sob a forma de delegaccedilatildeo descentralizaccedilatildeo

ou auxiacutelio uma relaccedilatildeo que implica certa passividade e adesatildeo dos demais entes regionaisrdquo

Ainda assim existe tambeacutem uma ldquopermeabilidade que envolve praacuteticas e procedimentos

poliacutetico-administrativos e que permite e favorece a penetraccedilatildeo das intenccedilotildees e accedilotildees de umas

instacircncias sobre as outrasrdquo (idem grifos nossos)

Nesse sentido entende-se que as reformas propostas e implementadas no Brasil a partir

dos anos de 1990 tecircm apontado para o enfraquecimento do Estado em sua funccedilatildeo social As

novas concepccedilotildees abordagens meacutetodos de planejamento e as novas praacuteticas de gestatildeo tecircm

levado a educaccedilatildeo a apresentar caracteriacutesticas diferentes daquelas propostas pela Constituiccedilatildeo

Federal Brasileira de 1988 em que a educaccedilatildeo era um direito social fundamental e quando

ofertado em estabelecimento puacuteblico seria gratuito aleacutem da garantia do padratildeo de qualidade e

da gestatildeo democraacutetica do ensino puacuteblico As novas concepccedilotildees tecircm viabilizado um processo de

racionalizaccedilatildeo mercantil em favor da empresa privada as quais com a alternativa da terceira

via e com as parcerias com o poder puacuteblico buscam influenciar a definiccedilatildeo das poliacuteticas

puacuteblicas sendo o PDE um exemplo disso pois fomenta parcerias entre instituiccedilotildees privadas e

84

os sistemas puacuteblicos de educaccedilatildeo uma vez que nessas ldquoparceriasrdquo muitas vezes estatildeo

impliacutecitas a loacutegica de mercado com modelos de gestatildeo gerencial e instrumentos de controle

fortalecendo a competitividade entre as escolas e diminuindo a autonomia das instituiccedilotildees

puacuteblicas educacionais

O proacuteximo toacutepico trataraacute mais especificamente de um dos eixos de accedilatildeo do PDE ndash o

Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo ndash bem como as suas diretrizes e a sua

interface com a gestatildeo educacional

22 A GESTAtildeO EDUCACIONAL E O PLANO DE METAS COMPROMISSO TODOS PELA

EDUCACcedilAtildeO

A origem do Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo se deu a partir de um

movimento denominado Movimento Todos pela Educaccedilatildeo (MTPE) um movimento que se

apresenta como apoliacutetico e apartidaacuterio e congrega a sociedade civil organizada educadores e

gestores puacuteblicos sendo mantido por grupos empresariais36 cujo Conselho de Governanccedila eacute

composto majoritariamente por grandes liacutederes empresariais37 O movimento TPE foi criado

ainda em 2005 por um grupo de liacutederes empresariais no momento em que a valorizaccedilatildeo da

educaccedilatildeo comeccedilou a se tornar relevante para a formaccedilatildeo de trabalhadores brasileiros Em 2006

o movimento TPE lanccedilou o projeto ldquocompromisso todos pela educaccedilatildeordquo o qual foi

impulsionado para o congresso sob o tiacutetulo de ldquoAccedilotildees de Responsabilidade Social em

Educaccedilatildeo melhores praacuteticas na Ameacuterica Latinardquo (BERNARDI 2014)

Dessa forma com os liacutederes empresariais envolvidos na composiccedilatildeo do Conselho do

TPE sendo maioria majoritaacuteria nesse espaccedilo de decisatildeo logo estes tinham a prerrogativa de

decidir sobre as accedilotildees e os programas educacionais seguindo na direccedilatildeo de colocar o mercado

como a soluccedilatildeo para os problemas da educaccedilatildeo atendendo a loacutegica da gestatildeo empresarial e

apontando caminhos que devem ser seguidos pela educaccedilatildeo tendo o mercado como paracircmetro

36

As principais empresas mantenedoras satildeo Gerdau Fundaccedilatildeo Educar DPaschoal Fundaccedilatildeo Bradesco Fundaccedilatildeo

Itauacute Instituto Natura Fundaccedilatildeo Vale Itauacute BBA etc os parceiros satildeo entre outros Rede Globo Grupo ABC

Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) Instituto Ayrton Senna Editora Saraiva Itauacute Cultural

Microsoft Editora Moderna 37 Em 2011 o Conselho de Governanccedila apresentava a seguinte composiccedilatildeo Jorge Gerdau Johannpeter

(Presidente) Ana Maria dos Santos Diniz (Grupo Patildeo de Accediluacutecar) Antocircnio Jacinto Matias (Fundaccedilatildeo Itauacute Social)

Beatriz Johannpeter (Fundaccedilatildeo Gerdau) Daniel Feffer (Dirigente da Suzano Papel e Celulose SA) Danilo Santos

de Miranda (Diretor do SESC SP) Denise Aguiar Alvarez (Fundaccedilatildeo Bradesco) Fernatildeo Bracher (Banco Itauacute)

Joseacute Roberto Marinho (Fundaccedilatildeo Roberto MarinhoOrganizaccedilotildees Globo) Luiacutes Norberto Pascoal (Grupo

DPaschoal) Millu Villela Ricardo Henriques (Unibanco) Viviane Senna (Instituto Ayrton Senna) dentre outros

empresaacuterios

85

e como uacutenica alternativa para o desenvolvimento social e econocircmico de sucesso De acordo

com Voss (2011)

pois a ecircnfase central das reformas educacionais contemporacircneas natildeo eacute a expansatildeo da

escolarizaccedilatildeo mas a equidade entendida como a oferta eficiente e eficaz do ensino

de modo a garantir condiccedilotildees de aquisiccedilatildeo de habilidades e informaccedilotildees que permitam

competir no mercado profissional (VOSS 2011 p 45)

Enquanto iniciativa de classe a praacutetica do movimento TPE se traduz numa tentativa de

transformar a educaccedilatildeo num mercado lucrativo e voltado para atender a qualificaccedilatildeo

profissional no mercado de trabalho utilizando-se de uma poliacutetica de forte cunho gerencialista

Shiroma (2011) afirma que essa intensa aproximaccedilatildeo entre governo e iniciativa privada

demonstra a articulaccedilatildeo que caracteriza a formaccedilatildeo de ldquoredes interorganizacionaisrdquo que tecircm

como foco fortalecer as instituiccedilotildees privadas com a articulaccedilatildeo do poder puacuteblico estabelecendo

ldquonovas formas de regulaccedilatildeo da educaccedilatildeordquo

De acordo com Freitas (2007) quando o MEC privilegiou o empresariado como

possiacuteveis liacutederes que traduziriam as melhorias na educaccedilatildeo ele deixou de lado as entidades

educacionais sindicais e acadecircmicas no processo de elaboraccedilatildeo do PMCTE Ele afastou ldquooutros

interlocutores que estatildeo haacute mais de duas deacutecadas participando dos diferentes foacuteruns de definiccedilatildeo

das poliacuteticas tanto em niacutevel do proacuteprio Ministeacuterio quanto da proacutepria sociedade [] (FREITAS

2007 p 01)rdquo

O movimento TPM segundo Shiroma Garcia e Campos (2011 p233) foi ldquocriado por

um grupo de intelectuais orgacircnicos do capitalrdquo que definiu como objetivos propiciar as

condiccedilotildees de acesso de alfabetizaccedilatildeo e de sucesso escolar a ampliaccedilatildeo de recursos investidos

na educaccedilatildeo baacutesica e a melhoria da gestatildeo desses recursos que estatildeo traduzidos em cinco metas

a serem atingidas ateacute 2022 a saber

Meta 1 ndash Toda crianccedila e jovem de 4 a 17 anos na escola

Meta 2 ndash Toda crianccedila plenamente alfabetizada ateacute os 8 anos

Meta 3 ndash Todo aluno com aprendizado adequado ao seu ano

Meta 4 ndash Todo jovem com Ensino Meacutedio ateacute os 19 anos

Meta 5 ndash O investimento em educaccedilatildeo ampliado e bem gerido

(TODOS PELA EDUCACcedilAtildeO 2016)

Dessa maneira o governo federal colaborando com as aspiraccedilotildees do movimento TPE

lanccedilou o Decreto ndeg 60942007 que dispotildee sobre a implementaccedilatildeo do Plano de Metas

86

Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo na perspectiva de comprometer os estados e municiacutepios

com tais metas e instituir o Plano de Accedilotildees Articuladas como uma ferramenta gerencial delas

Eacute decretado entatildeo o Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo (PMCTE) como uma

poliacutetica governamental ou seja um conjunto de medidas e metas para o paiacutes estabelecido por

meio do Decreto 6094 de 24 de abril de 2007 Eacute portanto um ato do poder executivo e natildeo

uma lei e estaacute ligado ao eixo do Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo que envolve accedilotildees em

diferentes aacutereas da economia para impulsionar o crescimento econocircmico do paiacutes

Para Luce e Farenzena (2007 p11) a poliacutetica do PMCTE ldquocomo estrateacutegia metas e

meios foi concebida centralmente mas sua execuccedilatildeo eacute descentralizadardquo embora a execuccedilatildeo

sofra intervenccedilatildeo direta do MEC como poder centralizador que oferece assistecircncia na

formulaccedilatildeo dos planos suporte financeiro aleacutem de coordenar e controlar em torno de diretrizes

gerais previamente estabelecidas o desempenho das escolas a partir das bases de dados e

ainda daacute atribuiccedilotildees agraves redes escolares municipaisestaduais com baixos iacutendices educacionais

a fim de melhorar a qualidade da educaccedilatildeo Essa forma de descentralizar as accedilotildees mas controlar

eacute caracterizada como uma ldquodescentralizaccedilatildeo convergenterdquo ou ldquodescentralizaccedilatildeo monitoradardquo

(LUCE FARENZENA 2007 p 11) do MEC em relaccedilatildeo ao ente federativo jaacute que o Plano de

Accedilotildees Articuladas (PAR) e o IDEB estrategicamente realizam o planejamento e o

monitoramento das accedilotildees

Nesse contexto o PDEPlano de Metas eacute para Farenzena (2009) uma poliacutetica de

colaboraccedilatildeo entre os governos e parceiros com caracteriacutesticas e concepccedilotildees que favorecem a

centralizaccedilatildeo e descentralizaccedilatildeo A autora afirma que nessas relaccedilotildees colaborativas entre a

Uniatildeo os estados os municiacutepios e o Distrito Federal bem como nas parcerias com empresaacuterios

e outras instituiccedilotildees puacuteblicas observa-se que a centralizaccedilatildeo eacute na Uniatildeo Por outro lado o FNDE

ndash MEC ndash afirma que ocorre na verdade o Regime de Colaboraccedilatildeo como um compartilhamento

de competecircncias poliacuteticas teacutecnicas e financeiras para a execuccedilatildeo de programas de manutenccedilatildeo

e desenvolvimento da educaccedilatildeo de forma a auxiliar na atuaccedilatildeo dos entes federados sem ferir-

lhes a autonomia

De acordo com Celina Souza (2001) a poliacutetica conservadora de reduccedilatildeo do tamanho do

Estado centralizaccedilatildeo nas decisotildees e a desconcentraccedilatildeo da implementaccedilatildeo de poliacuteticas retirou

da esfera estadual obrigaccedilotildees que antes era da sua administraccedilatildeo o que deixou uma lacuna

nessa instacircncia intermediaacuteria Em contraponto a isso a Uniatildeo reduziu o poder do Estado e se

aproximou dos municiacutepios podendo implantar diretamente suas poliacuteticas sem mais o intermeacutedio

do Estado

87

As diretrizes38 que fazem parte do PMCTE tecircm como objetivo a melhoria da educaccedilatildeo

no paiacutes sem o objetivo de esgotar o assunto razatildeo por que se destacaraacute neste trabalho somente

as diretrizes que estatildeo relacionadas aos indicadores da gestatildeo democraacutetica objeto deste estudo

()

XVIII ndash fixar regras claras considerados meacuterito e desempenho para nomeaccedilatildeo e

exoneraccedilatildeo de diretor de escola

XIX ndash Divulgar na escola e na comunidade os dados relativos a aacuterea da educaccedilatildeo

com ecircnfase no Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica (IDEB) referido no

art 3ordm

XX - acompanhar e avaliar com participaccedilatildeo da comunidade e do Conselho de

Educaccedilatildeo as poliacuteticas puacuteblicas na aacuterea de educaccedilatildeo e garantir condiccedilotildees sobretudo

institucionais de continuidade das accedilotildees efetivas preservando a memoacuteria daquelas

realizadas

XXI ndash zelar pela transparecircncia da gestatildeo puacuteblica na aacuterea da educaccedilatildeo garantindo o

funcionamento efetivo autocircnomo e articulado dos conselhos de controle social

XXII ndash promover a gestatildeo participativa na rede de ensino

XXIII - elaborar plano de educaccedilatildeo e instalar Conselho de Educaccedilatildeo quando

inexistentes

XXIV integrar os programas da aacuterea da educaccedilatildeo com os de outras aacutereas como sauacutede

esporte assistecircncia social cultura dentre outras com vista ao fortalecimento da

identidade do educando com sua escola

XXV ndash fomentar e apoiar os conselhos escolares envolvendo as famiacutelias dos

educandos com as atribuiccedilotildees dentre outras de zelar pela manutenccedilatildeo da escola e

pelo monitoramento das accedilotildees e consecuccedilatildeo das metas do compromisso

()

XXVIII ndash organizar um comitecirc local do Compromisso com representantes das

associaccedilotildees de empresaacuterios trabalhadores sociedade civil Ministeacuterio Puacuteblico

Conselho Tutelar e dirigentes do sistema educacional puacuteblico encarregado da

mobilizaccedilatildeo da sociedade e do acompanhamento das metas de evoluccedilatildeo do IDEB

(BRASIL 2007)

As diretrizes tecircm demonstrado as accedilotildees que devem ser realizadas para atingir o padratildeo

de qualidade da educaccedilatildeo a partir da assinatura do Termo de Adesatildeo ao Compromisso

estabelecido entre os entes federados para atingir as metas propostas pelo IDEB sem adentrar a

autonomia de cada ente Entretanto alerta Saviani (2009) eacute preciso ter atenccedilatildeo pois de acordo

com o autor a loacutegica que embasa a proposta do Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo eacute uma

loacutegica de mercado que pode ser traduzida como uma ldquopedagogia de resultadosrdquo39

Nessa conjuntura o que se revela eacute que a gestatildeo da educaccedilatildeo no segundo mandato do

governo Lula se estrutura e se organiza com uma gestatildeo gerencial que tem como foco os

resultados seguindo os mesmos modelos de gestatildeo centralizados e determinados a partir da

experiecircncia de setores privados Dessa forma Saviani (2009 p 45) afirma que essa loacutegica eacute

38 As diretrizes do PMCTE na iacutentegra estatildeo disponiacuteveis no anexo do trabalho 39 O governo equipa-se com instrumentos de avaliaccedilatildeo dos produtos forccedilando com isso que o processo se ajuste

agraves exigecircncias postas pela demanda das empresas (SAVIANI 2007a p3)

88

direcionada pelo mercado pelo mecanismo das chamadas ldquopedagogias das competecircnciasrdquo e ldquoda

qualidade totalrdquo que visa agrave satisfaccedilatildeo dos clientes e usa da linguagem empresarial nas escolas

afirmando que ldquoaqueles que ensinam satildeo prestadores de serviccedilo aqueles que aprendem satildeo os

clientes e a educaccedilatildeo pode ser produzida com qualidade variaacutevelrdquo O autor considera positivo

que as empresas defendam a ampliaccedilatildeo dos recursos para a educaccedilatildeo entretanto critica

veementemente as que querem se apropriar dos recursos puacuteblicos pedindo isenccedilatildeo fiscal

reduccedilatildeo de impostos perdatildeo de diacutevidas e incentivos agrave produccedilatildeo

Nesse contexto o PDEPMCTE atrelou a permanecircncia na escola agrave qualidade do ensino

e para isso instituiu o IDEB que ldquoeacute uma composiccedilatildeo do resultado dos alunos em avaliaccedilotildees

nacionais como a Prova Brasil e o Sistema de Avaliaccedilatildeo do Ensino Baacutesico (SAEB) com as

taxas de aprovaccedilatildeo e evasatildeo de cada escolardquo (SAVIANI 2007 p03) que ldquoafererdquo o desempenho

de escolas municiacutepios estados e do paiacutes e define a poliacutetica de investimento de recursos na

Educaccedilatildeo Esses dados satildeo administrados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas

Educacionais Aniacutesio Teixeira (INEP)

O IDEB inicia a sua histoacuteria no Brasil em 2005 a partir de onde foram estabelecidas

metas bienais de qualidade a serem atingidas natildeo apenas pelo paiacutes mas tambeacutem por cada escola

municiacutepio e estado A loacutegica eacute a de que cada instacircncia federativa evolua de forma a contribuir

em conjunto para que o Brasil atinja o patamar educacional da meacutedia dos paiacuteses da Organizaccedilatildeo

para a Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econocircmico (OCDE) Isso significa progredir em termos

numeacutericos da meacutedia nacional 38 registrada em 2005 na primeira fase do ensino fundamental

para um IDEB igual a 60 em 2022 ano do bicentenaacuterio da Independecircncia do Brasil (INEP

2014)

As metas programadas do IDEB no Brasil nos anos iniciais e finais do ensino

fundamental e no ensino meacutedio no periacuteodo de 2005 a 2013 pelo Instituto Nacional de Estudos

e Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira (INEP) estatildeo expliacutecitas na tabela abaixo

89

Tabela 03 - Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica no Brasil (2005 a 2013)

Anos iniciais do ensino fundamental no Brasil

IDEB observado Metas

2005 2007 2009 2011 2013 2007 2009 2011 2013 2021

Estadual 39 43 49 51 54 40 43 47 50 61

Municipal 34 40 44 47 49 35 38 42 45 57

Privada 59 60 64 65 67 60 63 66 68 75

Puacuteblica 36 40 44 47 49 36 40 44 47 58

BRASIL 38 42 46 50 52 39 42 46 49 60

Anos finais do ensino fundamental no Brasil

2005 2007 2009 2011 2013 2007 2009 2011 2013 2021

Estadual 33 36 38 39 40 33 35 38 42 53

Municipal 31 34 36 38 38 31 33 35 39 51

Privada 58 58 59 59 60 58 60 62 65 73

Puacuteblica 32 35 37 39 40 33 34 37 41 52

BRASIL 35 38 40 41 42 35 37 39 44 55

Ensino meacutedio no Brasil

2005 2007 2009 2011 2013 2007 2009 2011 2013 2021

Estadual 30 32 34 34 34 31 32 33 36 49

Privada 56 56 56 57 54 56 57 58 60 70

Puacuteblica 31 32 34 34 34 31 32 33 36 49

BRASIL 34 35 36 37 37 34 35 37 39 52

Fonte INEP (2015)

Na avaliaccedilatildeo do INEP o Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica (IDEB)

mostra que o paiacutes ultrapassou as metas previstas para os anos iniciais (1ordm ao 5ordm ano) do ensino

fundamental em 03 pontos O IDEB nacional nessa etapa ficou em 52 enquanto em 2011

havia sido de 50 As instituiccedilotildees privadas em 2011 e 2013 natildeo atingiram as metas propostas

embora tenham apresentado no total geral das instituiccedilotildees puacuteblicas estaduais e municipais o

melhor desempenho aferido pelo IDEB

Em se tratando dos anos finais do ensino fundamental de acordo com a avaliaccedilatildeo do

INEP o paiacutes ultrapassou as metas previstas pelo IDEB de 2011 em 02 pontos poreacutem em 2013

natildeo conseguiu atingir a meta que era de 44 ficando com 02 pontos abaixo da meta

90

programada O IDEB nacional nessa etapa ficou em 42 em 2013 e nenhuma esfera conseguiu

atingir as metas propostas nem a rede puacuteblica e nem a privada

Jaacute no ensino meacutedio o IDEB na avaliaccedilatildeo do INEP demonstra que o paiacutes em 2013 natildeo

conseguiu atingir as metas propostas que era de 39 atingindo somente 37 o mesmo IDEB

observado em 2011 As metas para o IDEB nacional era de 39 e nem a rede puacuteblica e nem a

privada atingiu as metas propostas

Para o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo a avaliaccedilatildeo estaacute refletindo a realidade das unidades de

ensino isso permite identificar os pontos de estrangulamento e tomar medidas para sanaacute-los

atuando nos municiacutepios prioritaacuterios aqueles com pior desempenho no IDEB e reforccedilando neles

o apoio teacutecnico e financeiro previstos na Constituiccedilatildeo

Por outro lado Freitas (2015) questiona esse modelo de avaliaccedilatildeo proposto pelo IDEB

e afirma que esse modelo eacute uma tendecircncia internacional neoliberal que foi aplicada nos Estados

Unidos a partir do final dos anos 80 e que inclusive nesse paiacutes esse modelo de poliacutetica

puacuteblica demonstrou falecircncia e serviu apenas para abrir as portas para o sucesso da privatizaccedilatildeo

da educaccedilatildeo puacuteblica Esse mesmo reflexo se vecirc no Brasil um modelo de avaliaccedilatildeo de larga

escala nacional que deixou de ser amostral para ser censitaacuteria na tentativa de ldquoresponsabilizarrdquo

cada escola eacute o que justamente propotildee o Movimento Todos pela Educaccedilatildeo ndash a

responsabilizaccedilatildeo das redes puacuteblicas municipaisestaduais pelo sucesso ou fracasso nos

resultados ndash cabendo ao governo central (MEC) a coordenaccedilatildeo dessa poliacutetica

Nesse sentido o IDEB natildeo pode ser sinocircnimo de qualidade pois embalados pela

ldquoresponsabilizaccedilatildeordquo as escolas e os professores estatildeo sendo pressionados pelo melhor

desempenho o que tende a maquiar os iacutendices do IDEB desconsiderando a importacircncia da

aprendizagem e dos fatores extraescolares Com esses processos de padronizaccedilatildeo

metodoloacutegica as escolas estatildeo longe de conseguir explicar a realidade da qualidade da

aprendizagem

Sob o ponto de vista da implantaccedilatildeo do Plano de Metas Compromisso Todos Pela

Educaccedilatildeo (PMCTE) nos municiacutepios o Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) eacute um dos eixos

integrantes sendo um instrumento operacional de planejamento criado pelo MEC que segundo

ele facilita o planejamento da implantaccedilatildeo do regime de colaboraccedilatildeo que antes era dificultado

pela descontinuidade e troca de governos a cada eleiccedilatildeo Mas no campo da gestatildeo educacional

quais as mudanccedilas que permeiam o PAR Eacute o que seraacute visto a seguir

91

23 A GESTAtildeO EDUCACIONAL E O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS

As bases para implantaccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) foram definidas

conforme Decreto nordm 6094 de 24 de Abril de 2007 editado pela Presidecircncia da Repuacuteblica que

dispotildee sobre a implementaccedilatildeo do Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo pela

Uniatildeo em regime de colaboraccedilatildeo com Municiacutepios Distrito Federal e Estados aleacutem da

participaccedilatildeo das famiacutelias e da comunidade mediante programas e accedilotildees de assistecircncia teacutecnica

e financeira visando a mobilizaccedilatildeo social pela melhoria da qualidade da educaccedilatildeo baacutesica A

seguir seraacute visto como se estrutura e se organiza o Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) como

instrumento de planejamento proposto pelo MEC para viabilizar a poliacutetica do PDEPMCTE

O Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) estaacute na sua 3ordf versatildeo A primeira versatildeo foi

prevista para planejamento e execuccedilatildeo no periacuteodo compreendido entre 2007 e 2010 a segunda

versatildeo jaacute com algumas modificaccedilotildees que seratildeo tratadas a seguir foi planejada para o periacuteodo

de 2011 a 2014 e a terceira versatildeo receacutem-lanccedilada prevista para o periacuteodo de 2016 a 201940

Neste estudo focalizamos a dimensatildeo gestatildeo educacional nas duas primeiras versotildees do

PAR mais especificamente alguns indicadores da aacuterea gestatildeo democraacutetica Nas duas primeiras

versotildees o PAR estaacute dividido em 4 grandes dimensotildees sendo (1) a gestatildeo educacional (2) a

formaccedilatildeo de professores e dos profissionais de serviccedilo e apoio escolar (3) as praacuteticas

pedagoacutegicas e avaliaccedilatildeo e (4) infraestrutura e recursos pedagoacutegicos

Para se ter um panorama geral das duas versotildees do PAR ndash a 1ordf versatildeo do PAR (2007-

2010) e a 2ordf versatildeo do PAR (2011-2014) ndash disponibilizamos nas tabelas 4 e 5 a quantidade de

indicadores por aacuterea e dimensatildeo dispostas em cada uma delas (o detalhamento das aacutereas e

indicadores estatildeo disponiacuteveis nos anexos)

Tabela 04 ndash Quantidade de indicadores por aacuterea e dimensatildeo na 1ordf versatildeo do PAR (2007-2010)

Dimensotildees Aacutereas Indicadores

Gestatildeo educacional 5 20

A formaccedilatildeo de professores e dos profissionais de

serviccedilo e apoio escolar 5 10

Praacuteticas Pedagoacutegicas e Avaliaccedilatildeo 2 8

Infraestrutura fiacutesica e recursos pedagoacutegicos 3 14

Total de dimensotildees 04 15 52 Fonte Elaborado pelo autor a partir do manual do PAR

40 Em 01 de fevereiro de 2016 os teacutecnicos do SIMEC enviaram documento aos dirigentes do municiacutepio de

SantanaAP no qual apresentam as novas condiccedilotildees teacutecnicas para operacionalizaccedilatildeo do PAR 2016 a 2019 Esta 3ordf

versatildeo natildeo constitui objeto de anaacutelise neste trabalho

92

Tabela 05 ndash Quantidade de indicadores por aacuterea e dimensatildeo na 2ordf versatildeo do PAR (2011-2014)

Dimensotildees Aacutereas Indicadores

Gestatildeo educacional 5 28

A formaccedilatildeo de professores e dos profissionais de

serviccedilo e apoio escolar

5 17

Praacuteticas Pedagoacutegicas e Avaliaccedilatildeo 3 15

Infraestrutura Fiacutesica e recursos pedagoacutegicos 4 22

Total de dimensotildees 04 17 82 Fonte Elaborado pela autora a partir do manual do PAR

Como podemos observar nas tabelas 4 e 5 as duas versotildees possuem as mesmas

dimensotildees Jaacute em relaccedilatildeo agraves aacutereas e aos indicadores houve ampliaccedilatildeo tanto no nuacutemero de aacutereas

quanto no de indicadores pois a 1ordf versatildeo do PAR possuiacutea 15 aacutereas e 52 indicadores e a 2ordf

versatildeo apresentou 17 aacutereas e 82 indicadores Observou-se ainda em ambas as versotildees que a

maior parte dos indicadores se concentram na dimensatildeo gestatildeo educacional Houve acreacutescimo

no nuacutemero de indicadores em todas as dimensotildees Duas dimensotildees tiveram o nuacutemero de aacutereas

ampliadas ndash uma aacuterea em cada ndash sendo as dimensotildees Praacuteticas Pedagoacutegicas e Avaliaccedilatildeo e a

Infraestrutura Fiacutesica e recursos pedagoacutegicos

Para a realizaccedilatildeo da implementaccedilatildeo do PAR eacute necessaacuterio seguir uma dinacircmica que

possui trecircs etapas o diagnoacutestico da realidade da educaccedilatildeo e a elaboraccedilatildeo do plano satildeo as

duas primeiras etapas sendo que ambos estatildeo na esfera do municiacutepioestado enquanto que a

terceira etapa eacute a anaacutelise teacutecnica realizada pela Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica do Ministeacuterio

da Educaccedilatildeo e pelo FNDE Depois da anaacutelise teacutecnica o municiacutepio assina um Termo de

Cooperaccedilatildeo com o MEC do qual constam os programas aprovados e classificados segundo a

prioridade municipal O quadro a seguir detalha como se daacute as formas de execuccedilatildeo do PAR

Quadro 5 Descriccedilatildeo das atribuiccedilotildees do MEC e do Municiacutepio na execuccedilatildeo do PAR municipal

Forma de Execuccedilatildeo Descriccedilatildeo

Assistecircncia teacutecnica do MEC

O MEC oferece apoio teacutecnico para a realizaccedilatildeo da sub-accedilatildeo

seja disponibilizando recursos materiais seja

disponibilizando vagas para formaccedilatildeo Eacute preciso ficar atento

para a contrapartida do municiacutepio Por exemplo quando o

MEC oferece vagas em cursos de formaccedilatildeo e material para

os cursistas a secretaria municipal de educaccedilatildeo deve

garantir a participaccedilatildeo dos gestores escolares ou

coordenadores pedagoacutegicos assumindo o transporte

93

alimentaccedilatildeo e hospedagem quando houver atividade fora do

municiacutepio

Assistecircncia financeira do

MEC

Ministeacuterio transfere recursos financeiros (transferecircncia

voluntaacuteria) para que a secretaria municipal de educaccedilatildeo

realize a sub-accedilatildeo

Financiamento do BNDES

(Banco Nacional de

Desenvolvimento Econocircmico

e Social)

O municiacutepio pode apresentar projetos de financiamento para

o BNDES nas seguintes aacutereas construccedilatildeo ampliaccedilatildeo

adequaccedilatildeo ou reforma da secretaria municipal de educaccedilatildeo

o mobiliaacuterio e equipamentos para a secretaria municipal de

educaccedilatildeo aquisiccedilatildeo de computadores portaacuteteis com

conteuacutedo pedagoacutegicos pelo Programa um Computador por

aluno a aquisiccedilatildeo de veiacuteculo apropriado para o transporte

escolar terrestre (ocircnibus) pelo Programa Caminho da

Escola

Executada pelo Municiacutepio Quando a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo eacute a responsaacutevel

pela implementaccedilatildeo da sub-accedilatildeo Fonte Brasil (2007)

Segundo o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo a elaboraccedilatildeo do PAR no acircmbito do municiacutepio deve

contar com a participaccedilatildeo dos gestores da educaccedilatildeo teacutecnicos e educadores locais que apoiados

em um diagnoacutestico da realidade escolar permitam-lhes a anaacutelise compartilhada da gestatildeo do

sistema educacional e a partir daiacute possam propor accedilotildees para a melhoria da qualidade da

educaccedilatildeo

Entretanto esse caso eacute um exemplo de descentralizaccedilatildeocentralizaccedilatildeo das tarefas pois

como se observa nesse movimento de implantaccedilatildeo do PAR existe a descentralizaccedilatildeo por parte

do MEC para que o municiacutepio no PAR pontue a sua realidade educacional a partir da discussatildeo

com as suas equipes locais mas deve seguir ldquoa cartilhardquo do planejamento elaborado pelo MEC

ndash o PAR ndash ou seja o municiacutepio segue como um mero executor da poliacutetica imposta pelo

PMCTE cabendo ao MEC o controle gerencial das accedilotildees desenvolvidas ou natildeo pelo municiacutepio

Ainda assim com o objetivo de auxiliar na implantaccedilatildeo do PAR o MEC tomou duas

providecircncias fez parceria com 17 universidades puacuteblicas e com o Centro de Estudos e

Pesquisas em Educaccedilatildeo e Cultura e Accedilatildeo Comunitaacuteria (CENPEC) para que essas instituiccedilotildees

auxiliem as prefeituras nas tarefas de diagnoacutestico e elaboraccedilatildeo dos planos e contratou uma

equipe de consultores que foi aos municiacutepios prioritaacuterios ndash aqueles com os mais baixos no

IDEB ndash para prestar assistecircncia teacutecnica local (FNDEPAR 2012) A ideia eacute conseguir mapear

a educaccedilatildeo no paiacutes para gerenciar

Nesse contexto de ldquocompartilhamentordquo a partir do ldquoRegime de Colaboraccedilatildeordquo a

assistecircncia teacutecnica e financeira aos programas e accedilotildees educacionais dos Estados Municiacutepios e

94

do Distrito Federal ficam sob a responsabilidade do MEC sendo que para isso os entes

federados devem assinar o Termo de Adesatildeo ao Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo e sob a

responsabilidade dos estados e dos municiacutepios a elaboraccedilatildeo de um Plano de Accedilotildees Articuladas

- PAR conforme Decreto da Presidecircncia da Repuacuteblica nordm 6094 de 24 de abril de 2007

Resoluccedilotildees nordm 29 de 20 de junho de 2007 e nordm 49 de 27 de setembro de 2007-FNDEMEC

No caso da transferecircncia de recursos o municiacutepio precisa assinar um convecircnio que eacute analisado

para aprovaccedilatildeo a cada ano (BRASIL 2013)

Para o preenchimento do PAR o MEC faz um documento que orienta os gestores

municipais de educaccedilatildeo a proceder o preenchimento no sistema SIMEC Os indicadores de cada

dimensatildeo no PAR satildeo pontuados de forma detalhada no Instrumento de Campo enviado pelo

MEC de acordo com situaccedilotildees variadas de cada realidade educacional local e correspondem a

quatro niacuteveis A metodologia adotada utiliza apenas criteacuterios de pontuaccedilatildeo entre 1 2 3 ou 4

As indicaccedilotildees descritas no Instrumento de Campo do MEC fazem parte de um diagnoacutestico e a

partir dele desenvolvem um conjunto de accedilotildees que servem de esteio para a elaboraccedilatildeo do PAR

local

A pontuaccedilatildeo 4 deve ser atribuiacuteda quando haacute uma situaccedilatildeo plenamente positiva natildeo

sendo permitidas ressalvas negativas no instrumento Jaacute a pontuaccedilatildeo 3 descreve uma situaccedilatildeo

satisfatoacuteria mas comporta ressalvas negativas desde que estas natildeo sejam do ponto de vista

quantitativo superiores aos aspectos positivos A pontuaccedilatildeo 2 descreve uma situaccedilatildeo

insuficiente e por isso aponta mais aspectos negativos do que positivos A pontuaccedilatildeo 1 deve

ser atribuiacuteda quando se defronta com uma situaccedilatildeo criacutetica ou seja haacute somente aspectos

negativos ou uma situaccedilatildeo inexistente Eacute possiacutevel tambeacutem atribuir a um dado indicador a

condiccedilatildeo de NSA (natildeo se aplica) quando a equipe local responsaacutevel pela elaboraccedilatildeo do PAR

depara-se com ausecircncia de informaccedilatildeo ou quando a descriccedilatildeo contida no Instrumento

encaminhado pelo MEC natildeo condiz com a realidade local (BRASIL 2008)

Quando algum indicador recebe a pontuaccedilatildeo 1 ou 2 o sistema gera de forma

automaacutetica uma mensagem de alerta indicando que a nota estaacute baixa Tal situaccedilatildeo requer

necessariamente o planejamento e cadastro imediato de accedilotildees com demandas claras a fim de

reverter a condiccedilatildeo negativa desse indicador Somente os indicadores que receberam a

pontuaccedilatildeo 1 e 2 podem gerar accedilotildees Tais accedilotildees podem contar com apoio financeiro eou teacutecnico

do MEC (BRASIL 2008 BRASIL 2009)

95

Quadro 6 Descriccedilatildeo dos documentos orientadores para elaboraccedilatildeo do PAR

Documento Descriccedilatildeo

Indicadores Demograacuteficos e

Educacionais (IDE)

Composto por um conjunto de tabelas que apresentam dados

demograacuteficos e educacionais para cada Municiacutepio Estado e

Distrito Federal Seu objetivo principal consiste em auxiliar

os entes federados a conhecerem melhor o perfil de suas

respectivas redes de ensino e populaccedilotildees As informaccedilotildees satildeo

populaccedilatildeo taxa de escolarizaccedilatildeo IDEB nuacutemero de escolas

de matriacuteculas de funccedilotildees docentes entre outros

Legislaccedilatildeo - Bases Legais

Alguns documentos que deveratildeo ser utilizados como

referecircncia o Plano Nacional de Educaccedilatildeo (PNE) os Planos

Estadual e Municipal de Educaccedilatildeo (quando houver) o Plano

de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo (PDE) do Ministeacuterio da

Educaccedilatildeo e o Decreto 6094 de 24 de abril de 2007 que

dispotildee sobre a implementaccedilatildeo do Plano de Metas

Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo As Resoluccedilotildees do

FNDE que estabelecem os criteacuterios os paracircmetros e os

procedimentos para a operacionalizaccedilatildeo da assistecircncia

financeira suplementar e voluntaacuteria a projetos educacionais

no acircmbito do Plano de Metas do PDE

Questotildees Pontuais

Como parte integrante do diagnoacutestico da situaccedilatildeo educacional

local o municiacutepio informa sobre itens que satildeo de grande

relevacircncia na construccedilatildeo da qualidade do ensino Esses itens

aparecem no sistema como ldquoQuestotildees Pontuaisrdquo em um total

de 15 questotildees

Fonte (BRASIL 2013)

Para a implantaccedilatildeo o monitoramento e a avaliaccedilatildeo do PAR nos estados e municiacutepios

as orientaccedilotildees estatildeo descritas nas resoluccedilotildees do FNDE nordm 29 e nordm 49 de 2007 que indicam a

possibilidade de consultoria disponibilizada pelo MEC e que o PAR seraacute elaborado em regime

de colaboraccedilatildeo com dirigentes e teacutecnicos dos entes da federaccedilatildeo aderentes configurando-se

base para a celebraccedilatildeo dos convecircnios de assistecircncia financeira a projetos educacionais pelo

FNDEMEC Tais documentos ainda observam que apoacutes concluiacuteda a accedilatildeo desenvolvida in loco

a equipe de consultores do MEC apresenta o PAR constituiacutedo dos seguintes itens a)

Diagnoacutestico do Contexto Educacional b) Accedilotildees a serem implementadas e os respectivos

resultados e c) metas a atingir para o desenvolvimento do IDEB

O Monitoramento da execuccedilatildeo do convecircnio e das metas fixadas na Adesatildeo ao

Compromisso seraacute feito com base em relatoacuterios teacutecnicos e visitas in loco A avaliaccedilatildeo do

cumprimento das metas de aceleraccedilatildeo do desenvolvimento da educaccedilatildeo constantes do Plano

96

de Accedilotildees Articuladas (PAR) dos municiacutepios brasileiros em niacutevel nacional seraacute realizada pelo

MEC sendo que essa avaliaccedilatildeo deveraacute ser composta por um projeto amplo envolvendo

parcerias com a Uniatildeo Nacional de Dirigentes Municipais de Educaccedilatildeo (UNDIME) Conselho

dos Secretaacuterios Estaduais de Educaccedilatildeo (CONSED) Uniatildeo Nacional dos Conselhos Municipais

de Educaccedilatildeo (UNCME) Foacuterum Nacional dos Conselhos Estaduais de Educaccedilatildeo Instituiccedilotildees

de Ensino Superior e outros oacutergatildeos de representaccedilatildeo ou entidades especializadas para este fim

Esse monitoramento ldquofaz parte da estrateacutegia de organizaccedilatildeo acompanhamento e

avaliaccedilatildeo das metas relacionadas ao apoio teacutecnico do MEC e das accedilotildees executadas diretamente

pelo municiacutepio bem como o traccedilado de novas estrateacutegiasrdquo (CAMINI p 543 2010) Em niacutevel

municipal o monitoramento eacute realizado pelo Comitecirc Local do Compromisso que eacute o

responsaacutevel pelo acompanhamento da execuccedilatildeo do PAR no municiacutepio Tal acompanhamento

requer o preenchimento das condiccedilotildees de desenvolvimento das accedilotildees diretamente no moacutedulo

teacutecnico-operacional no Sistema Integrado de Acompanhamento das Accedilotildees do MEC (SIMEC)

De acordo com Camini (2010) o relatoacuterio do monitoramento eacute tomado como base na

avaliaccedilatildeo dos progressos e das limitaccedilotildees da Uniatildeo e dos municiacutepios e eacute por assim dizer um

termocircmetro para anaacutelise e revisatildeo das accedilotildees propostas para atingir as metas do PAR Para o

MEC o monitoramento eacute parte do processo de planejamento pois possibilita o levantamento

de elementos que podem vir a subsidiar a reflexatildeo o debate e possiacuteveis mudanccedilas das

estrateacutegias de intervenccedilatildeo em torno da situaccedilatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio Dessa forma o

processo de acompanhamento e avaliaccedilatildeo do PAR

() revela-se necessaacuterio para a qualificaccedilatildeo de uma poliacutetica governamental Envolve

a ideia de controle social contribuindo inclusive para assegurar o melhor uso e

transparecircncia na aplicaccedilatildeo dos recursos educacionais Nesse sentido o

acompanhamento e a avaliaccedilatildeo satildeo entendidos como medidas para maior

responsabilizaccedilatildeo aprendizado accedilatildeo pedagoacutegica reafirmaccedilatildeo da poliacutetica puacuteblica

troca de informaccedilotildees fornecimento de orientaccedilotildees formaccedilatildeo permanente das equipes

e do Comitecirc Para isso destaca-se a importacircncia da articulaccedilatildeo dos foacuteruns jaacute

existentes (conselhos constituiacutedos) no sentido de superar limitaccedilotildees no seu

funcionamento as quais podem ser debitadas agrave falta de cultura de participaccedilatildeo

existente na sociedade em consequecircncia dos curtos periacuteodos de democracia

experimentados ateacute hoje no Brasil mas fundamentalmente resultam das praacuteticas de

gestatildeo autoritaacuterias e centralizadoras de poder (CAMINI 2010 p 544 grifos meus)

No caso de municiacutepios ou estados inadimplentes natildeo conseguirem cumprir com os

compromissos assumidos o MEC propotildee que sejam redimensionadas as accedilotildees com vistas a natildeo

comprometer os resultados do alcance das metas A autora chama a atenccedilatildeo para a participaccedilatildeo

dos conselhos de controle social que satildeo convocados no plano como metas a serem cumpridas

para dar transparecircncia e compartilhar as responsabilidades com a sociedade civil como forma

97

de consolidar a poliacutetica implantada sob o aval da sociedade Embora essa proposta de

participaccedilatildeo e democratizaccedilatildeo esteja permeada de accedilotildees gerenciais

231 A Dimensatildeo Gestatildeo Democraacutetica no Plano de Accedilotildees Articuladas

A Dimensatildeo Gestatildeo Educacional no Plano de Accedilotildees Articuladas estaacute presente nas duas

versotildees do PAR No PAR (1ordf versatildeo) a dimensatildeo 1 Gestatildeo Educacional estaacute dividida em cinco

aacutereas a saber (1) Gestatildeo democraacutetica articulaccedilatildeo e desenvolvimento dos sistemas de ensino

(2) Desenvolvimento da educaccedilatildeo baacutesica accedilotildees que visem agrave sua universalizaccedilatildeo agrave melhoria da

qualidade do ensino e da aprendizagem assegurando a equidade nas condiccedilotildees de acesso e

permanecircncia e conclusatildeo na idade adequada (3) Comunicaccedilatildeo com a sociedade (4) Suficiecircncia

e estabilidade da equipe escolar e (5) Gestatildeo de financcedilas Cada aacuterea estaacute desmembrada em

indicadores de atuaccedilatildeo

O quadro 7 apresenta um panorama geral da Dimensatildeo 1 (Gestatildeo Educacional) nas suas

5 Aacutereas e seus 20 Indicadores do 1ordm PAR

Quadro 7 - Dimensatildeo 1 Gestatildeo Educacional (1ordf versatildeo do PAR)

DIMENSAtildeO 1 GESTAtildeO EDUCACIONAL

Aacutereas Indicadores

1 Gestatildeo Democraacutetica

Articulaccedilatildeo e

Desenvolvimento dos

Sistemas de Ensino

1Existecircncia de Conselhos Escolares (CE)

2 Existecircncia composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho Municipal de

Educaccedilatildeo

3 Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar ndash

CAE

4 Existecircncia de Projeto Pedagoacutegico (PP) nas escolas e grau de

participaccedilatildeo dos professores e do CE na elaboraccedilatildeo dos mesmos

de orientaccedilatildeo da SME e de consideraccedilatildeo das especificidades de

cada escola

5 Criteacuterios para escolha da Direccedilatildeo Escolar

6 Existecircncia acompanhamento e avaliaccedilatildeo do Plano Municipal

de Educaccedilatildeo (PME) desenvolvido com base no Plano Nacional

de Educaccedilatildeo ndash PNE

7 Plano de Carreira para o magisteacuterio

8 Estaacutegio probatoacuterio efetivando os professores e outros

profissionais da educaccedilatildeo e

9 Plano de Carreira dos Profissionais de serviccedilo e apoio escolar

2 Desenvolvimento da

Educaccedilatildeo Baacutesica accedilotildees

que visem a sua

universalizaccedilatildeo a

melhoria das condiccedilotildees

de qualidade da

1 Implantaccedilatildeo e organizaccedilatildeo do Ensino Fundamental de 09

anos

2 Existecircncia de atividades no contraturno

3 Divulgaccedilatildeo e anaacutelise dos resultados das avaliaccedilotildees oficiais do

MEC

98

educaccedilatildeo assegurando a

equidade nas condiccedilotildees

de acesso e permanecircncia e

conclusatildeo na idade

adequada

3 Comunicaccedilatildeo com a

Sociedade

1 Existecircncia de parcerias externas para realizaccedilatildeo de atividades

complementares

2 Existecircncia de parcerias externas para execuccedilatildeoadoccedilatildeo de

metodologias especiacuteficas

3 Relaccedilatildeo com a comunidade Promoccedilatildeo de atividades e

utilizaccedilatildeo da escola como espaccedilo comunitaacuterio

4 Manutenccedilatildeo ou recuperaccedilatildeo de espaccedilos e equipamentos

puacuteblicos da cidade que podem ser utilizados pela comunidade

escolar

4 Suficiecircncia e

estabilidade da equipe

escolar

1 Quantidade de professores suficiente

2 Caacutelculo anualsemestral do nuacutemero de remoccedilotildees e

substituiccedilotildees de professores

5 Gestatildeo de Financcedilas

1 Cumprimento do dispositivo constitucional de

vinculaccedilatildeo dos recursos da educaccedilatildeo e

2 Aplicaccedilatildeo dos recursos de redistribuiccedilatildeo e

complementaccedilatildeo do FUNDEB

Total de aacutereas 05 Total de indicadores 20 Fonte PARBrasil (2007)

Jaacute na 2ordf versatildeo do PAR disposto no quadro 8 a Dimensatildeo 1 (Gestatildeo Educacional)

tambeacutem estaacute composta por 5 aacutereas e passa a ter 28 indicadores As aacutereas da dimensatildeo 1 satildeo as

seguintes (1) Gestatildeo democraacutetica articulaccedilatildeo e desenvolvimento dos sistemas de ensino (2)

Gestatildeo de Pessoas (3) Conhecimento e utilizaccedilatildeo de informaccedilatildeo (4) Gestatildeo de Financcedilas e (5)

Comunicaccedilatildeo e interaccedilatildeo com a sociedade

Quadro 8 - Dimensatildeo 1 Gestatildeo Educacional (2ordf versatildeo do PAR)

DIMENSAtildeO 1 GESTAtildeO EDUCACIONAL

Aacutereas Indicadores

1 Gestatildeo Democraacutetica

Articulaccedilatildeo e

Desenvolvimento dos

Sistemas de Ensino

1 Existecircncia acompanhamento e avaliaccedilatildeo do Plano

Municipal de Educaccedilatildeo (PME) desenvolvido com base no

PNE

2 Existecircncia composiccedilatildeo competecircncia e atuaccedilatildeo do CME

3 Existecircncia e funcionamento de Conselhos Escolares (CE)

4 Existecircncia de Projeto Pedagoacutegico (PP) nas escolas

inclusive nas de alfabetizaccedilatildeo de jovens e adultos (AJA) e de

EJA participaccedilatildeo dos professores e do conselho escolar na

sua elaboraccedilatildeo orientaccedilatildeo da secretaria municipal de

educaccedilatildeo e de consideraccedilatildeo das especificidades de cada

escola

5 Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho do FUNDEB

99

6 Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de Alimentaccedilatildeo

Escolar (CAE) e

7 Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromisso

2 Gestatildeo de Pessoas

1 Quadro de servidores da secretaria municipal de educaccedilatildeo

(SME)

2 Criteacuterios para a escolha de diretor escolar

3 Presenccedila de coordenadores ou supervisores pedagoacutegicos

nas escolas

4 Quadro de professores

5 Estaacutegio probatoacuterio efetivando os professores e outros

profissionais da educaccedilatildeo

6 Plano de carreira do magisteacuterio

7 Plano de carreiras dos profissionais de serviccedilo e apoio

escolar

8 Piso salarial nacional do professor e

9 Existecircncia de professores para o exerciacutecio da funccedilatildeo

docente no atendimento educacional especializado (AEE)

complementar ao ensino regular Existecircncia de professores

para o exerciacutecio da funccedilatildeo docente AEE complementar ao

ensino regular

3 Conhecimento e utilizaccedilatildeo

de informaccedilatildeo

1 Existecircncia de um sistema informatizado de gestatildeo escolar

que integre a rede municipal de ensino

2 Conhecimento da situaccedilatildeo das escolas da rede

3 Conhecimento e utilizaccedilatildeo de dados de analfabetismo e

escolaridade de jovens e adultos

4 Acompanhamento e registro da frequecircncia dos alunos

beneficiados pelo Programa Bolsa Famiacutelia (PBF)

5 Existecircncia e monitoramento do acesso e permanecircncia de

pessoas com deficiecircncia de 0 a 18 anos beneficiaacuterias do

Benefiacutecio da Prestaccedilatildeo Continuada (BPC) e

6 Formas de registro da frequecircncia

4 Gestatildeo de Financcedilas

1 Existecircncia de equipe gestora capacitada para o

gerenciamento dos recursos para a educaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo

do Sistema de Informaccedilotildees sobre Orccedilamentos Puacuteblicos

em Educaccedilatildeo (SIOPE) e

2 Cumprimento do dispositivo constitucional de

vinculaccedilatildeo dos recursos da educaccedilatildeo

3 Aplicaccedilatildeo dos recursos de redistribuiccedilatildeo e

complementaccedilatildeo do FUNDEB

5 Comunicaccedilatildeo e interaccedilatildeo

com a sociedade

1 Divulgaccedilatildeo e anaacutelise dos resultados das avaliaccedilotildees do

MEC

2 Existecircncia de parcerias externas para a realizaccedilatildeo de

atividades complementares que visem a formaccedilatildeo integral dos alunos e

3 Relaccedilatildeo com a comunidadepromoccedilatildeo de atividades e

utilizaccedilatildeo da escola como espaccedilo comunitaacuterio

Total de aacutereas 05 Total de indicadores 28 Fonte PARBrasil (2011)

100

As aacutereas e indicadores dessa dimensatildeo 1 (Gestatildeo Educacional) em muitos casos foram

alteradas de uma versatildeo para outra Faremos um recorte a respeito da aacuterea 1 (Gestatildeo

Democraacutetica) que eacute o principal objeto desse estudo

Analisando as duas versotildees observou-se uma diminuiccedilatildeo de indicadores na aacuterea 1

(Gestatildeo Democraacutetica) de 9 na 1ordf versatildeo para 7 na 2ordf versatildeo Dessa forma as alteraccedilotildees

revelaram na aacuterea 1 (Gestatildeo Democraacutetica) da 2ordf versatildeo a presenccedila de dois novos indicadores

o Conselho do FUNDEB e o Comitecirc Local do Compromisso que podem ajudar a fortalecer o

Controle Social Ainda foi observado o remanejamento de 4 indicadores da aacuterea 1 (Gestatildeo

Democraacutetica) da 1ordf versatildeo para a aacuterea 2 (Gestatildeo de Pessoas) da 2ordf versatildeo do PAR sendo eles

Criteacuterios para escolha da Direccedilatildeo Escolar Plano de Carreira para o magisteacuterio Estaacutegio

probatoacuterio efetivando os professores e outros profissionais da educaccedilatildeo e Plano de Carreira

dos Profissionais de serviccedilo e apoio escolar

A aacuterea da Gestatildeo Democraacutetica observada a intenccedilatildeo de cada indicador remete-nos agrave

compreensatildeo da necessidade da construccedilatildeo de processos formativos de participaccedilatildeo da

sociedade civil nos processos de compartilhamento de poder e na conquista da autonomia na

tomada de decisotildees em relaccedilatildeo a educaccedilatildeo Para isso eacute necessaacuterio a iniciativa implantaccedilatildeo e

funcionamento dos conselhos de controle social para que atinja os objetivos o qual se propotildee

Nesse sentido o MEC (2011) sugere uma que ldquoequipe localrdquo seja composta pelas

pessoas que elaboram implementam e monitoram a execuccedilatildeo do PAR enquanto o ldquocomitecirc

localrdquo fica encarregado da mobilizaccedilatildeo da sociedade e do acompanhamento das metas de

evoluccedilatildeo do IDEB A equipe teacutecnica local deve entatildeo proceder o diagnoacutestico atribuindo as

pontuaccedilotildees com base nos documentos orientados pelo MEC e de acordo com a realidade

educacional local

Segundo o MEC (2013) a ldquoEquipe Localrdquo e o ldquoComitecirc Localrdquo satildeo experiecircncias de

participaccedilatildeo democraacutetica que orientam e fortalecem a gestatildeo da educaccedilatildeo baacutesica puacuteblica em

cada municiacutepio brasileiro constituindo-se num aprendizado coletivo dos processos decisoacuterios

a serem enfrentados pela populaccedilatildeo Vale ressaltar que a equipe local natildeo deve ser confundida

com o comitecirc local O ideal eacute que a ldquoequipe localrdquo e ldquocomitecirc localrdquo sejam compostos por

membros distintos com exceccedilatildeo do (a) dirigente municipal de educaccedilatildeo que iraacute compor ambos

O municiacutepio pode convidar os segmentos da sociedade que considerar importantes e todos os

membros da equipe devem participar ativamente do planejamento frisando-se que uma equipe

local para elaboraccedilatildeo do PAR natildeo poderaacute ser composta por somente duas pessoas (MEC 2011)

A Equipe Local pode contemplar a presenccedila dos seguintes segmentos dirigente

municipal de educaccedilatildeo teacutecnicos da secretaria municipal de educaccedilatildeo representante dos

101

diretores de escola representante dos professores da zona urbana representante dos professores

da zona rural representante dos coordenadores ou supervisores escolares representante do

quadro teacutecnico-administrativo das escolas representante dos conselhos escolares e

representante do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (quando houver) O municiacutepio pode

convidar outros segmentos que considerar importante e todos os membros da equipe devem

participar ativamente do planejamento

O Comitecirc Local tem um papel essencialmente mobilizador e de acompanhamento das

accedilotildees e das metas sendo sua composiccedilatildeo ampliada para aleacutem das organizaccedilotildees educacionais

Para a participaccedilatildeo no comitecirc recomenda-se oacutergatildeos e entidades que compotildeem a sociedade civil

tais como o Ministeacuterio Puacuteblico os sindicatos a Cacircmara Municipal as associaccedilotildees de

moradores as ONGs os Conselhos as Igrejas e a populaccedilatildeo em geral Do ponto de vista

administrativo para a constituiccedilatildeo da Equipe Local natildeo eacute necessaacuterio um ato legal com

publicaccedilatildeo de portaria no Diaacuterio Oficial do municiacutepio Contudo para a criaccedilatildeo do Comitecirc Local

do Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo sua instituiccedilatildeo e composiccedilatildeo devem ser feitos por meio

de ato legal publicado no Diaacuterio Oficial do municiacutepio (MEC 2013) Natildeo se deve portanto

confundi-lo com a equipe local

Finalmente apoacutes a apresentaccedilatildeo desse capiacutetulo que tratou de instrumentalizar o

funcionamento do PAR a partir da compreensatildeo da poliacutetica educacional que o concebeu

enfatizadas no Plano de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo e no Plano de Metas Compromisso

Todos pela Educaccedilatildeo far-se-aacute um estudo especiacutefico na rede municipal de educaccedilatildeo de Santana-

Amapaacute no qual seis indicadores da aacuterea gestatildeo democraacutetica foram definidos com o objetivo de

analisar as implicaccedilotildees do 1ordm e do 2ordm PAR para a gestatildeo educacional no municiacutepio O proacuteximo

capiacutetulo se ocuparaacute de analisar tais indicadores

102

3 A GESTAtildeO EDUCACIONAL NO CONTEXTO DO PLANO DE ACcedilOtildeES

ARTICULADAS NO MUNICIacutePIO DE SANTANAAMAPAacute

A anaacutelise das implicaccedilotildees do PAR para a poliacutetica de gestatildeo educacional no municiacutepio

de Santana natildeo pode prescindir de uma anaacutelise preliminar das condiccedilotildees concretas em que se

desenvolve tal poliacutetica Nesta perspectiva o presente capiacutetulo traz primeiramente uma

abordagem do contexto histoacuterico social econocircmico e educacional do municiacutepio de Santana no

Amapaacute Em seguida apresentamos as condiccedilotildees materiais que poderatildeo viabilizar a efetivaccedilatildeo

da poliacutetica educacional ou seja a gestatildeo educacional e como parte dessa gestatildeo o

financiamento da educaccedilatildeo Apresentaremos tambeacutem as anaacutelises dos indicadores de gestatildeo

democraacutetica presentes no municiacutepio e definidos na metodologia da pesquisa sendo eles

Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar Conselho Escolar Conselho Municipal de Educaccedilatildeo

Conselho do FUNDEB Comitecirc Local do Compromisso Sindicato e Gestores da rede municipal

de ensino de Santana sobre as implicaccedilotildees do Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) para a gestatildeo

da educaccedilatildeo a partir do diagnoacutestico educacional dos indicadores

31 CONTEXTO HISTOacuteRICO ASPECTOS SOCIOECONOcircMICO E DADOS GERAIS DO

MUNICIacutePIO DE SANTANA ndash AMAPAacute

Figura 01 Vista do municiacutepio de Santana-Amapaacute

Fonte memorial-stnblogspotcombr (consultado em maio de 2015)

103

311 Santana cidade portuaacuteria do Amapaacute

A histoacuteria do municiacutepio de Santana no Estado do Amapaacute em muitos aspectos

aproxima-se do que ocorrera com a capital do estado o municiacutepio de Macapaacute no sentido de

que quando o governador do Estado do Gratildeo-Paraacute e Maranhatildeo (capitatildeo-general Mendonccedila

Furtado) fundou a vila de Satildeo Joseacute de Macapaacute no dia 4 de fevereiro de 1758 prosseguiu viagem

para a capitania de Satildeo Joseacute do Rio Negro e deparou-se com a ilha de Santana situada agrave

margem esquerda do rio Amazonas elevando-a agrave categoria de povoado

Os primeiros habitantes eram moradores de origem europeia principalmente

portugueses mesticcedilos vindos do Paraacute e iacutendios da naccedilatildeo tucujus Estes uacuteltimos vindos de

aldeamentos originaacuterios do rio Negro eram chefiados por Francisco Portilho de Melo que fugia

das autoridades fiscais paraenses em decorrecircncia de estar atuando no comeacutercio clandestino

Francisco Portilho de Melo foi o primeiro desbravador da ilha de Santana aleacutem de foragido da

lei era um escravocrata e portanto exigia respeito das tribos que dominava Apesar de ser

por muito tempo perseguido pelas autoridades lusitanas Portilho recebia apoio dos mercados

de Beleacutem logicamente interessados no traacutefico de matildeo-de-obra nativa Aproveitando-se disto ndash

e da viagem de demarcaccedilatildeo e estabelecimento da capitania do Rio Negro realizada por

Mendonccedila Furtado (1758) ndash e ao mesmo tempo tentando melhorar sua imagem resolveu

cooperar com Mendonccedila Furtado (governador do Gratildeo-Paraacute e Maranhatildeo) dando-lhe

informaccedilotildees preciosas sobre a Amazocircnia que ele tatildeo bem conhecia

De sua alianccedila com Mendonccedila Furtado obteve o tiacutetulo de Capitatildeo e Diretor do povoado

de Santana Em troca teria de remanejar aproximadamente quinhentos silviacutecolas mais

conhecidos por tucuju com matildeo-de-obra escrava e barata para a construccedilatildeo da Fortaleza de Satildeo

Joseacute de Macapaacute que estavam na eacutepoca sob sua guarda e chefia Em caso contraacuterio teria que

importar da Europa a custos altiacutessimos Com esse acordo o governador do Estado do Gratildeo-

Paraacute e Maranhatildeo deu continuidade ao projeto de construccedilatildeo da Fortaleza de Satildeo Joseacute de Macapaacute

e ampliou a produccedilatildeo agriacutecola Este fato provocou bastante insatisfaccedilatildeo por parte dos iacutendios

que tiveram de se afastar de seu habitat natural e enfrentar condiccedilotildees bastante prejudiciais a sua

vida e a sua cultura

Concentrando-se na ilha de Santana Portilho de Melo conviveu com a reduccedilatildeo bastante

acentuada da forccedila de trabalho Muitos iacutendios fugiram esconderam-se ou simplesmente

desapareceram outros morreram em consequecircncia dos maus-tratos e doenccedilas tropicais

104

Figura 02 Monumento em homenagem a Santa Ana na entrada do municiacutepio

Fonte memorial-stnblogspotcombr (consultado em maio de 2015)

Fonte Foto extraiacuteda do site httpwwwcidade-brasilcombrmunicipio-santanahtml

O nome ldquoSantanardquo eacute uma homenagem a Nossa Senhora de SantrsquoAna de quem os

europeus e seus descendentes entre eles Francisco Portilho eram devotos

Santana foi elevado agrave categoria de municiacutepio atraveacutes do Decreto-Lei Nordm 7369 de 17 de

dezembro de 1987 Haroldo da Silva Oliveira era o agente distrital de Santana no periacuteodo junho

de 1986 a 07 de julho de 1988 O municiacutepio de Santana teve o seu primeiro prefeito nomeado

com mandato de 8 de julho a 31 de dezembro de 1988 Apoacutes as eleiccedilotildees que ocorreram ainda

em 1988 o prefeito eleito Rosemiro Rocha Freires pelo voto direto tomou posse para o

mandato para o periacuteodo de (1989-1992)

O municiacutepio de Santana tem atualmente como prefeito o Sr Robson Santana Rocha Freires

(2013-2016) do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) que durante a eleiccedilatildeo em 2012 coligou com o

Partido dos Democratas (DEM) e obteve 4178 sendo o 7ordm prefeito de Santana O atual prefeito

Robson Rocha eacute filho do primeiro prefeito eleito do municiacutepio de Santana que governou Santana

por dois mandatos o Sr Rosemiro Rocha Freires41 eacute tambeacutem irmatildeo da deputada estadual Elizamira

do Socorro Arraes Freires (Mira Rocha) eleita em 2015 para o terceiro mandato42

41O Sr Rosemiro Rocha Freires foi eleito para governar o municiacutepio de Santana nos periacuteodos (1989-1992) e (2001-2004)

No municiacutepio de Santana nessa eacutepoca natildeo havia reeleiccedilatildeo E nos periacuteodos entre (1993-1996) e (1997-2000) que natildeo

podia ser reeleito o Sr Rosemiro Rocha Freires foi deputado estadual (SANTANA 2016) 42Mira Rocha foi eleita como deputada estadual nas legislaturas V (2007-2011) VI (2011-2015) e VII (2015-

2019) (ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO AMAPAacute 2016)

105

312 Santana Localizaccedilatildeo e condiccedilotildees geograacuteficas

O municiacutepio de Santana fica a 16 km de Macapaacute capital do Estado com quem faz uma

conurbaccedilatildeo formando a Regiatildeo Metropolitana de Macapaacute Localiza-se no sul do Estado faz

limites com os municiacutepios de Macapaacute Mazagatildeo e Porto Grande A sede ndash Santana ndash fica agraves

margens do lado esquerdo do Rio Amazonas43 com uma aacuterea de 159970 km2 possui ainda

em 2009 as seguintes comunidades e distritos Ilha de Santana Igarapeacute da Fortaleza Igarapeacute

do Lago Anauerapucu Piaccedilacaacute e Pirativa

Dadas as condiccedilotildees geograacuteficas adequadas ao escoamento industrial e comercial via

fluvial foi escolhido o Canal Norte do Rio Amazonas que pela sua profundidade propicia faacutecil

navegabilidade aos navios de grande calado e por se tratar de uma cidade portuaacuteria foi

construiacutedo em Santana um cais flutuante que acompanha o movimento das mareacutes pela sua

profundidade e faacutecil navegabilidade permitindo assim o acesso de navios cargueiros de grande

porte

Figura 03 Localizaccedilatildeo do municiacutepio de Santana no Figura 04 Localizaccedilatildeo Estrateacutegica do Porto

Estado do Amapaacute para a exportaccedilatildeo para outros paiacuteses

As imagens acima demonstram a localizaccedilatildeo do municiacutepio de Santana e do Porto de

Santana bem como o seu faacutecil acesso ao canal norte e ao oceano atlacircntico para a importaccedilatildeo e

43 O Rio Amazonas eacute o maior rio em volume de aacutegua do mundo com 6516 km de comprimento nasce nos Andes

Peruanos e percorre pela floresta amazocircnica na Regiatildeo Norte do Brasil o Rio Amazonas tem um quinto do

suprimento de aacutegua doce do mundo

106

exportaccedilatildeo de mercadorias para paiacuteses industrializados do Ocidente e Oriente como a Europa

Estados Unidos e Japatildeo

Como atraccedilotildees turiacutesticas no municiacutepio satildeo conhecidas o porto de embarque e desembarque

de produtos importados cavacos de pinho e a ilha de Santana esta fica do outro lado da cidade que

tem inclusive alguns balneaacuterios agrave margem dos rios bastante frequentados aos finais de semana Haacute

em Santana vaacuterios rios e Igarapeacutes os rios mais importantes satildeo Amazonas Matapi Maruanum

Tributaacuterio Piassacaacute Vila Nova Igarapeacute do Lago e Igarapeacute da Fortaleza

313 A exportaccedilatildeo de mineacuterios da Amazocircnia Amapaense

Com a descoberta das jazidas de manganecircs no municiacutepio de Serra do Navio-AP pelo

caboclo Maacuterio Cruz e posteriormente a abertura de concorrecircncia puacuteblica para a concessatildeo de

exploraccedilatildeo de mineacuterio em que saiu vitoriosa a Induacutestria e Comeacutercio de Mineacuterios (ICOMI) para

explorar o mineacuterio por cinquenta anos (1947-1997) Serra do Navio e Santana experimentaram

um crescimento populacional significativo com a instalaccedilatildeo da empresa ICOMI para a

exploraccedilatildeo de manganecircs em Serra do Navio e a construccedilatildeo do Porto em Santana para a sua

exportaccedilatildeo

O relatoacuterio do Observatoacuterio Nacional sobre a ICOMI no Amapaacute (2003) afirmou acerca

do manganecircs que tratava-se de um mineral relativamente escasso e naquela eacutepoca foram

estabelecidas contrapartidas do setor privado pela exploraccedilatildeo daquela mina A perspectiva de

operaccedilatildeo da empresa e os termos do arrendamento eram apontados no discurso oficial e de

amplos setores da sociedade como fundamentais para o desenvolvimento do Amapaacute

(OBSERVATOacuteRIO NACIOCIAL 2003)

Por outro lado Luxemburgo (1988) revela que as empresas capitalistas principalmente

as multinacionais especialmente na virada do seacuteculo XIX para o seacuteculo XX quando a

acumulaccedilatildeo de capital expandiu-se buscaram cada vez mais as mateacuterias-primas como base

material da mais-valia Para a autora eacute nas sociedades que ela conceitua de economia natural

que se encontra em maior quantidade essa base material das forccedilas produtivas ldquoEacute o caso por

exemplo da terra com suas riquezas minerais seus prados bosques e forccedilas hidraacuteulicas enfim

dos rebanhos dos povos primitivos dedicados ao pastoreiordquo (1988 p 319) Eacute o caso que temos

observado da realidade saqueada natildeo soacute do Amapaacute mas de toda a Amazocircnia por empresas

estrangeiras

107

Dessa forma os acordos poliacuteticos e mercadoloacutegicos levavam agraves concessotildees em que

tinham como objetivo principal atender as necessidades operacionais do mercado No contrato

de concessatildeo e em sucessivos outros contratos firmados estava aleacutem do direito a exploraccedilatildeo

pela empresa a construccedilatildeo de um porto em Santana uma ferrovia de 200 km de extensatildeo que

ligasse Santana a Serra do Navio (ICOMI 1960)

Com a Guerra Fria44 a Uniatildeo Sovieacutetica bloqueou a exportaccedilatildeo de manganecircs para os

Estados Unidos E a reserva de mineacuterios no Amapaacute passou a ser vista como estrateacutegica para os

americanos Poreacutem alguns entraves de infraestrutura como acesso as minas e a exportaccedilatildeo

foram identificados e seria necessaacuterio um investimento muito alto de recursos que dificilmente

fosse encontrado no Brasil

A proacutepria presidecircncia da repuacuteblica entatildeo ocupada por Getuacutelio Vargas a propoacutesito da

obtenccedilatildeo de financiamento para a ICOMI declarava em 1953 que o projeto era

ldquoeconomicamente vantajoso do ponto de vista nacionalrdquo (ICOMI 1972 2) tanto que o

Congresso Nacional autorizou o governo federal a dar garantia do Tesouro Nacional a

empreacutestimo ateacute o montante principal de 35 milhotildees de doacutelares americanos ndash em valores de 1953

mdash a ser contraiacutedo pela ICOMI no International Bank for Reconstruction and Devellopment

(OBSERVATOacuteRIO NACIONAL 2003) O creacutedito colocado agrave disposiccedilatildeo da empresa ateacute o

limite de US$ 675 milhotildees mdash em valores de 1953 mdash foi superior ao que a empresa necessitava

para atender agraves despesas com a instalaccedilatildeo do projeto Tanto que natildeo utilizou a totalidade dos

recursos que lhes foram disponibilizados pelo banco deles sacou natildeo mais do que US$ 55

milhotildees em valores da eacutepoca (ICOMI 1968 p 5)

44 A Guerra Fria que teve seu iniacutecio logo apoacutes a Segunda Guerra Mundial (1945) e a extinccedilatildeo da Uniatildeo Sovieacutetica

(1991) eacute a designaccedilatildeo atribuiacuteda ao periacuteodo histoacuterico de disputas estrateacutegicas e conflitos indiretos entre os Estados

Unidos e a Uniatildeo Sovieacutetica disputando a hegemonia poliacutetica econocircmica e militar no mundo Disponiacutevel em

httpwwwsohistoriacombref2guerrafria

108

Figura 05 Porto de Santana para importaccedilatildeo e exportaccedilatildeo

Fonte memorial-stnblogspotcombr (consultado em maio de 2015)

Com a construccedilatildeo do Porto no braccedilo norte do Rio Amazonas em Santana no ano de 1956

e inauguraccedilatildeo em 1957 pela empresa ICOMI SA hoje conhecido como Porto de Santana45 em

frente agrave ilha de Santana gerando subempregos atraindo pessoas de vaacuterias partes do paiacutes sob

possibilidade de ganhos e incentivando o comeacutercio local tudo isso tinha um objetivo a chamada

Acumulaccedilatildeo Primitiva que se realizou sobre as diversas colocircnias dominadas pelas naccedilotildees

imperialistas europeias e foi direcionada no sentido de reforccedilar a exportaccedilatildeo das mateacuterias-

primas necessaacuterias agrave acumulaccedilatildeo de capital (LUXEMBRUGO 1988)

O Porto46 instalado e funcionando embarca 1200 toneladas de mineacuterio por hora e tem

atracado mais de 50 navios por ano em busca de manganecircs muito utilizado para artefatos

manufaturados presentes no nosso dia-a-dia

Como a matildeo-de-obra no estado ainda era pouco qualificada foi necessaacuterio trazer pessoas

de fora bem como alojar os funcionaacuterios da empresa em tracircnsito Serra do NavioSantanaSerra

do Navio para isso a ICOMI construiu um nuacutecleo habitacional de trabalhadores em Santana

ainda nos anos de 1950 a conhecida Vila Amazonas A empresa preparou toda a infraestrutura

45 O porto eacute administrado pela Companhia Docas de Santana minus CDSA desde 2002 e eacute vinculada agrave Prefeitura

Municipal de Santana Estaacute localizado na margem esquerda do rio Amazonas no canal de Santana em frente agrave

ilha de mesmo nome a 18 km da cidade de Macapaacute capital do Estado do Amapaacute 46 Esse cais flutuante usado como um terminal privado da mineradora Anglo foi destruiacutedo por um deslizamento e

afundou em marccedilo de 2013 cuja infraestrutura do porto era utilizada para o carregamento do mineacuterio

109

de saneamento baacutesico um hospital um clube recreativo escola e supermercado para oferecer

melhores condiccedilotildees de moradia aos seus operaacuterios (ICOMI 1960)

A principal finalidade da ferrovia Santana-Serra do Navio era transportar os operaacuterios e

escoar o carregamento de mineacuterio em virtude da inviabilidade do transporte por via mariacutetima

Com o iniacutecio das obras da ferrovia SantanaSerra do Navio para dar vazatildeo agrave exportaccedilatildeo dos

mineacuterios de ferro o Estado cresceu e a sua populaccedilatildeo tambeacutem gerou empregos e parecia estar

vivendo o mais alto niacutevel de desenvolvimento da sua histoacuteria

Figura 06 Ferrovia que liga Santana a Serra do Navio para o transporte de mineacuterios

Fonte memorial-stnblogspotcombr (consultado em maio de 2015)

No decorrer dos anos a ICOMI promoveu uma evoluccedilatildeo progressiva econocircmica e

social no Territoacuterio Federal do Amapaacute pois antes da sua chegada ao Amapaacute havia poucos

habitantes e a economia baseava-se no cultivo de subsistecircncia extrativismo madeireiro e

pequeno comeacutercio Outra empresa a Brumasa Madeiras SA induacutestria de compensado ligada

ao grupo Caemi mineraccedilatildeo foi instalada nos anos de 1960 em Santana provocando a criaccedilatildeo

de outro porto para a cidade destinado ao embarque de pinho para exportaccedilatildeo e desembarque

de navios contendo produtos importados Eacute tambeacutem em Santana que se localiza o Distrito

Industrial do Amapaacute agrave margem esquerda do rio Matapi afluente do rio Amazonas

Com o iniacutecio do esgotamento das jazidas manganiacuteferas e com o fim das operaccedilotildees da

empresa ICOMI em 1997 que era muito importante para a economia do ex-territoacuterio restaram

os problemas sociais deixados pela saiacuteda da empresa no Amapaacute desemprego danos ambientais

contaminaccedilatildeo de lenccediloacuteis freaacuteticos na aacuterea do porto da ICOMI em Santana como tambeacutem de

cursos drsquoaacutegua nas proximidades daquela aacuterea contaminaccedilatildeo por arsecircnio em pessoas residentes

110

na Vila do Elesbatildeo proacuteximo ao porto o sucateamento da induacutestria no Amapaacute e o abandono das

aacutereas exploradas por quase 50 anos (OBSERVATOacuteRIO NACIONAL 2003)

Entatildeo em 1991 os poliacuteticos amapaenses buscavam alternativas econocircmicas para o

comeacutercio do Amapaacute e articularam junto ao Governo Federal a implantaccedilatildeo da aacuterea de livre

comeacutercio de Macapaacute e Santana no intuito de impedir que a economia do Estado estagnasse

Por outro lado a implantaccedilatildeo da aacuterea de livre comeacutercio de Macapaacute e Santana instigou o

crescimento populacional de todo o Estado O resultado deste superpovoamento provocou um

processo de urbanizaccedilatildeo desordenada com consequentes problemas sociais

Segundo o Relatoacuterio da Superintendecircncia da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA) de

2014 a economia do municiacutepio de Santana eacute baseada em serviccedilos induacutestria agropecuaacuteria

Apresenta a relaccedilatildeo de 178 empresas cadastradas na Suframa das quais a atividade comercial

representa 91 seguidas de serviccedilos e induacutestria sem projeto ambas com 793 de

participaccedilatildeo

Santana manteacutem sob o seu domiacutenio o Distrito Industrial do Amapaacute cujo parque tem sofrido

progressivamente constantes alteraccedilotildees com a saiacuteda de empresas como a ICOMI e mais

recentemente a faacutebrica da Coca-Cola entretanto haacute indiacutecios da chegada de trecircs novas faacutebricas ldquoduas

satildeo de raccedilatildeo e uma de cimentordquo (NAFES 2016 p 1) Laacute funcionam as empresas Floacuterida e Equador

com faacutebricas de palmitos de accedilaiacute ISA Peixe (induacutestria de pescados) CIMACER (faacutebrica de tijolos)

FACEPA (que trabalha na reciclagem de papel) CHAMPION (responsaacutevel pela plantaccedilatildeo de

pinho) dentre outras a Aacuterea de Livre Comeacutercio de Macapaacute e Santana ndash ALCMS ajuda a fazer a

vida econocircmica do municiacutepio embora haacute pontos negativos que impedem a fixaccedilatildeo de empresas no

Amapaacute como a dificuldade de transporte fluvial as peacutessimas condiccedilotildees do Porto as frequentes faltas

de energia internet de peacutessima qualidade Os funcionaacuterios do serviccedilo puacuteblico satildeo os que recebem as

maiores remuneraccedilotildees movimentando o comeacutercio

314 Aspectos gerais do municiacutepio de Santana

Segundo o censo realizado pelo Programa das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento

(PNUD) em 2013 o Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) da populaccedilatildeo Santanense foi

0692 o que tem ocupado o 3ordm lugar no ranking do Estado do Amapaacute ficando atraacutes dos municiacutepios

de Macapaacute com 0733 e Serra do Navio 0709 o que de acordo com os padrotildees do PNUD eacute

considerado alto E no total dos municiacutepios brasileiros ocupa a 2134ordf posiccedilatildeo

111

Tabela 06 ndash Santana IDHM e seus componentes nas uacuteltimas duas deacutecadas

COMPONENTES 1991 2000 2010

IDHM da Educaccedilatildeo 0203 0408 0638

de 5 a 6 anos na escola 2363 5881 8266

de 11 a 13 anos nos anos finais do fundamental

regular seriado ou com fundamental completo

3055 5503 8275

de 18 a 20 anos com meacutedio completo 690 1831 382

de 15 a 17 anos com fundamental completo 1407 3174 6121

de 18 anos ou mais com fundamental completo 2371 4041 5932

RENDA 0575 0597 0654

Renda per capita (em R$) 28703 32883 46924

LONGEVIDADE 0662 0728 0794

Esperanccedila de vida ao nascer (em anos) 6474 6868 7265

IDHM 0426 0562 0692

Fonte PNUD (2013)

As informaccedilotildees da tabela acima revelam que o componente da Educaccedilatildeo foi o que mais

evoluiu e se desenvolveu no periacuteodo de 1991 a 2010 O IDHM que era de 0562 em 2000 passou

para 0692 em 2010 - uma taxa de crescimento de 231 o que eacute considerada meacutedia pelo

PNUD A distacircncia entre o IDHM do municiacutepio e o limite maacuteximo do iacutendice que eacute 1 foi

reduzido em 7032 entre 2000 e 2010 Nesse periacuteodo a dimensatildeo cujo iacutendice mais cresceu

em termos absolutos foi Educaccedilatildeo (com crescimento de 0230) seguida por Longevidade e por

Renda

No que se refere aos dados gerais dos 16 municiacutepios do Estado do Amapaacute na tabela 07

podemos fazer uma comparaccedilatildeo de Santana em relaccedilatildeo aos demais municiacutepios

Tabela 07 ndash Santana Dados gerais em relaccedilatildeo aos municiacutepios do Estado do Amapaacute - 2010

Municiacutepio Populaccedilatildeo

2010

Aacuterea

territorial

Densidade

demograacutef

PIB

(mil)

Part PIB

Estado

Amapaacute 8069 12 916786 09 106494 102

Calccediloene 9000 133 1423132 06 149671 156

Cutias 4696 070 210907 22 75476 072

Ferreira Gomes 5802 086 496950 12 122276 117

Itaubal 4265 064 162285 25 49147 050

Laranjal do Jari 39942 596 3097190 13 466827 452

Macapaacute 398204 595 650212 621 6453597 614

Mazagatildeo 17032 254 1313098 13 176336 169

Oiapoque 20509 306 2262529 09 290832 279

Pedra Branca do

Amapari 10772 160 956292 11 269988 266

Porto Grande 16809 251 445342 38 226635 220

112

Pracuuacuteba 3793 056 495059 08 50290 055

Santana 101262 1517 156940 641 1594983 1538

Serra do Navio 4380 065 772079 06 101175 097

Tartarugalzinho 12563 187 675762 19 147649 145

Vitoacuteria do Jari 12428 185 248289 50 138163 143

Total 669526 100 14282852 - 10419539 100

Fonte IBGECidades (2015)

Os municiacutepios em que se concentra a maior populaccedilatildeo satildeo os que compotildeem a Regiatildeo

Metropolitana a capital Macapaacute e Santana que juntas tem 7467 da populaccedilatildeo do Estado

Santana corresponde a 1517 do total de habitantes eacute o segundo municiacutepio mais populoso do

Estado com 101262 habitantes A populaccedilatildeo dos outros 14 municiacutepios juntos possui 2533

ou seja um quarto da populaccedilatildeo total do estado

No que diz respeito ao Produto Interno Bruto (PIB) os dados da tabela 07 mostram que

o municiacutepio de Santana em 2010 apresentou significativa participaccedilatildeo na economia do Estado

sendo responsaacutevel por 1538 do PIB o segundo que mais contribuiu com a economia do

Estado do Amapaacute

Os dados relativos ao municiacutepio de Santana satildeo de difiacutecil acesso por natildeo haver uma

historicidade organizaccedilatildeo consolidaccedilatildeo transparecircncia e publicidade desses dados no site da

prefeitura ou mesmo em literaturas especiacuteficas sobre o municiacutepio Em grande parte os dados

publicados encontrados satildeo relativos ao Porto de Santana e a exportaccedilatildeo dos mineacuterios

Historicizar e analisar a gestatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana a partir das poliacuteticas

educacionais implantadas natildeo tecircm sido tarefa faacutecil eacute o que tentaremos desenvolver no proacuteximo

item desse estudo

32 A POLIacuteTICA EDUCACIONAL DA REDE MUNICIPAL DE EDUCACcedilAtildeO DE

SANTANAAP

A poliacutetica de educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana-Amapaacute se baseia na Constituiccedilatildeo

Federal de 1988 na Constituiccedilatildeo do Estado do Amapaacute de 1991 (atualizada ateacute a Emenda

Constitucional nordm 0044 2009) na Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional de 1996 Lei

Orgacircnica do Municiacutepio de Santana de 2002 Lei do Sistema Municipal de Ensino de 2002 o

Plano Municipal de Educaccedilatildeo e o Plano de Carreiras da Educaccedilatildeo do Municiacutepio de Santana e

outras leis especiacuteficas Eacute notoacuterio observar durante a leitura dos documentos legais do municiacutepio

113

de Santana a reproduccedilatildeo da legislaccedilatildeo federal e estadual no municiacutepio seguindo a risca as

orientaccedilotildees das leis superiores

A Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional Nordm 9394 de 20 de dezembro de 1996

dispotildee sobre os deveres que os municiacutepios possuem em relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo nestes termos o

art 11 aponta que os municiacutepios incumbir-se-atildeo de

I - organizar manter e desenvolver os oacutergatildeos e instituiccedilotildees oficiais dos seus sistemas

de ensino integrando-os agraves poliacuteticas e planos educacionais da Uniatildeo e dos Estados

II - exercer accedilatildeo redistributiva em relaccedilatildeo agraves suas escolas

III - baixar normas complementares para o seu sistema de ensino

IV - autorizar credenciar e supervisionar os estabelecimentos do seu sistema de

ensino

V - oferecer a educaccedilatildeo infantil em creches e preacute-escolas e com prioridade o ensino

fundamental permitida agrave atuaccedilatildeo em outros niacuteveis de ensino somente quando

estiverem atendidas plenamente as necessidades de sua aacuterea de competecircncia e com

recursos acima dos percentuais miacutenimos vinculados pela Constituiccedilatildeo Federal agrave

manutenccedilatildeo e desenvolvimento do ensino

VI - assumir o transporte escolar dos alunos da rede municipal (Incluiacutedo pela Lei nordm

10709 de 3172003)

Paraacutegrafo uacutenico Os Municiacutepios poderatildeo optar ainda por se integrar ao sistema

estadual de ensino ou compor com ele um sistema uacutenico de educaccedilatildeo baacutesica (BRASIL

1996)

De acordo com a LDB o municiacutepio tem a incumbecircncia de oferecer a educaccedilatildeo infantil

e com prioridade o ensino fundamental da mesma forma eacute enfatizada na Lei Orgacircnica do

Municiacutepio de Santana (LOM) referendando tais incumbecircncias nos artigos 145 e 146 afirmando

que as bases da organizaccedilatildeo do Sistema de Ensino Municipal devem respeitar os princiacutepios

expostos no art 280 da Constituiccedilatildeo Estadual bem como os princiacutepios estabelecidos na CF

Art 280 As instituiccedilotildees educacionais de qualquer natureza ministraratildeo o ensino com

base nos princiacutepios estabelecidos na Constituiccedilatildeo Federal e mais os seguintes

I - direito de acesso e permanecircncia na escola a qualquer pessoa vedadas distinccedilotildees

baseadas na origem raccedila sexo idade religiatildeo preferecircncia poliacutetica ou classe social

II - pluralismo de ideias e de concepccedilotildees filosoacuteficas poliacuteticas esteacuteticas religiosas e

pedagoacutegicas que conduzam o educando agrave formaccedilatildeo de uma postura social proacutepria

III - valorizaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo como garantia na forma da lei de

plano de carreira para o magisteacuterio puacuteblico com vencimentos no miacutenimo em

isonomia com as demais categorias funcionais para as quais se exija idecircntica

escolaridade com ingresso exclusivamente por concurso puacuteblico de provas e tiacutetulos

realizado periodicamente sob o regime juriacutedico uacutenico adotado pelo Estado para seus

servidores civis e com base no Estatuto do Magisteacuterio

IV - liberdade de pensar aprender ensinar pesquisar e divulgar o pensamento a arte

o saber e o conhecimento

V - reinvestimento em educaccedilatildeo no acircmbito do Estado do percentual que for

estabelecido em lei dos lucros auferidos pelas instituiccedilotildees privadas de ensino

estabelecido no Amapaacute

114

VI - gratuidade de ensino em estabelecimentos mantidos pelo Poder Puacuteblico vedada

a cobranccedila de taxas ou contribuiccedilotildees de qualquer natureza ainda que facultativa

VII - garantia de padratildeo de qualidade em todo o sistema de ensino a ser fixado em lei

VIII - manutenccedilatildeo no acircmbito do Estado em originais ou duplicatas arquivadas por

qualquer meio em seus oacutergatildeos de consulta dos resultados de pesquisa bases de dados

e acervos cientiacuteficos bibliograacuteficos e tecnoloacutegicos colecionados no exerciacutecio de

atividade educacional revertendo em favor do Estado o material acumulado na

hipoacutetese de fechamento extinccedilatildeo ou transferecircncia da instituiccedilatildeo de ensino aqui

estabelecida

IX - direito de organizaccedilatildeo autocircnoma dos diversos segmentos da comunidade escolar

X - preservaccedilatildeo dos valores educacionais regionais e locais (AMAPAacute 2011 p 92)

Segundo tais documentos a educaccedilatildeo como direito de todos e dever do estado e do

municiacutepio tem como princiacutepios a democracia que estaacute tambeacutem no Plano de Carreiras da

Educaccedilatildeo do Municiacutepio de Santana (PCEMS) na Lei Nordm 849 de 2010 nos art 42 e 43 onde se

lecirc

Art 42 - as escolas puacuteblicas do municiacutepio desenvolveratildeo suas atividades de ensino

dentro do espiacuterito democraacutetico e participativo sem preconceitos de raccedila sexo cor

idade opccedilatildeo religiosa poliacutetico-partidaacuterias e quaisquer outras formas de

discriminaccedilatildeo incentivando a participaccedilatildeo da comunidade na elaboraccedilatildeo e exerciacutecio

da proposta pedagoacutegica (SANTANAPCEMS 2010 p 16 grifos nossos)

Art 43 - as escolas puacuteblicas obedeceratildeo ao princiacutepio da gestatildeo democraacutetica atraveacutes

da I ndash participaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo estudantes pais servidores e

representantes da comunidade tanto nas atividades de ensino quanto nas de gestatildeo

participando de conselhos e outros oacutergatildeos normativos e deliberativos bem como no

processo de eleiccedilatildeo de seus dirigentes II ndashgarantia de acesso agraves informaccedilotildees teacutecnicas

administrativas e pedagoacutegicas da escola III ndash gerecircncia de recursos financeiros

repassados pela Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo IV ndash transparecircncia no recebimento

e aplicaccedilatildeo dos recursos financeiros (SANTANAPCEMS 2010 p 16 grifos

nossos)

Os documentos que se referem agrave poliacutetica educacional do municiacutepio de Santana apontam

para os princiacutepios de uma gestatildeo educacional municipal que se pautam na gestatildeo democraacutetica

no pluralismo de concepccedilotildees pedagoacutegicas e no direito agrave organizaccedilatildeo dos diversos segmentos

da comunidade escolar Mas como tais princiacutepios se materializam na organizaccedilatildeo da educaccedilatildeo

municipal Eacute o que veremos a seguir

321 A estrutura organizacional do Sistema Municipal de Educaccedilatildeo de Santana

A organizaccedilatildeo da educaccedilatildeo municipal estaacute sob a responsabilidade da Prefeitura

Municipal de Santana tem como oacutergatildeo gestor a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo (SEME)

115

localizada na Avenida Santana Nordm 2913 no Bairro Paraiacuteso bem no complexo de preacutedios da

Prefeitura Municipal de Santana (PMS) A instalaccedilatildeo fiacutesica da SEME apesar do preacutedio ser novo

estaacute mal distribuiacuteda ou natildeo comporta toda a demanda necessaacuteria agrave organizaccedilatildeo administrativa

financeira e pedagoacutegica da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo

Figura 07 Foto da sede da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de Santana

Fonte santanadoamapablogspotcom

O Sistema Municipal de Ensino de Santana foi criado atraveacutes da Lei municipal Nordm 0609

de 2002 e de acordo com o artigo 2ordm eacute composto I - Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo II -

Conselho Municipal de Educaccedilatildeo III - Comissatildeo Permanente do Magisteacuterio e IV - pelas

Instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Infantil Ensino Fundamental e Educaccedilatildeo Especial mantidas eou

administradas pelo poder puacuteblico municipal e pelas instituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil e especial

criadas e mantidas pela iniciativa privada (SANTANA 2002)

A Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de Santana tem em sua estrutura teacutecnico-

pedagoacutegico e administrativo oacutergatildeos e teacutecnicos que devem ser responsaacuteveis por pesquisa

informaccedilotildees e o planejamento adequado e atualizado para que possam subsidiar os programas

e projetos voltados agrave comunidade escolar Durante a pesquisa foi possiacutevel identificar que os

funcionaacuterios da SEME trabalham amontoados em salas com mesas e cadeiras coladas uma a

outra e sem espaccedilo suficiente para exercer o seu proacuteprio serviccedilo e atendimento ao puacuteblico Isso

foi observado em vaacuterios setores na SEME No organograma estaacute organizada a disponibilizaccedilatildeo

dos oacutergatildeos da secretaria conforme a Legislaccedilatildeo Municipal Nordm 0760 de 2006

116

Figura 08 SANTANA Estrutura organizacional dos oacutergatildeos da Secretaria Municipal de

Educaccedilatildeo (SEME)

Fonte Anexo da Lei Nordm 7602006 - PMS

De acordo com a estrutura organizacional a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo tem na

sua composiccedilatildeo

- Secretaacuterio (a) Municipal de Educaccedilatildeo

- Assessoria Executiva

- Chefia de Gabinete

- A Coordenadoria de Assuntos Educacionais que eacute composta pelos seguintes departamentos

- Departamento de Ensino e Apoio Pedagoacutegico

- Departamento de Inspeccedilatildeo e Organizaccedilatildeo Escolar

- Departamento de Apoio

- Departamento de Educaccedilatildeo no Campo

- Departamento de Tecnologia Educacional e Miacutedia

- A Coordenadoria Administrativa e Financeira que eacute composta por

- Departamento de Recursos Humanos

- Departamento de Orccedilamento Financeiro e Contabilidade

117

- Divisatildeo de Acompanhamento de Contrato Convecircnio e Licitaccedilatildeo

- Gestor Escolar

- Departamento de Serviccedilo Material e Patrimocircnio

- Departamento de Assistecircncia ao Educando

- A Coordenadoria do Poacutelo da Universidade Aberta do Brasil

- A Coordenadoria de Planejamento e Projetos

No que se refere a Coordenadoria de Assuntos Educacionais foi observado durante a

pesquisa e nos relatoacuterios analisados diversas atividades de cunho pedagoacutegico realizados e de

controle de matriacuteculas O Departamento de Orccedilamento Financeiro e Contabilidade setor

vinculado a Coordenadoria Administrativa e Financeira da SEME parece estar mais ligada ao

Prefeito Municipal do que a Secretaacuteria de Educaccedilatildeo dada a falta de autonomia financeira da

SEME devido a natildeo descentralizaccedilatildeo das questotildees financeiras por parte do prefeito para a

Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de Santana

De 2005 a 2015 atuaram como gestores da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de Santana

sete secretaacuterios conforme demonstra o quadro 9

Quadro 9 Santana Secretaacuterios Municipais de Educaccedilatildeo (2005 a 2015)

Periacuteodo Secretaacuterio(a) Municipal de

Educaccedilatildeo Partido Prefeito

2005 a 2009 Kleber Nascimento Rocha PT Antonio Nogueira

2010 Raimundo Vasques

Ivancy Magno de Oliveira PT Antonio Nogueira

2011 e 2012 Tercio da Silva Correia PT Antonio Nogueira

2013 Melquises Pereira de Lima e

Carlos Sergio Monteiro PR Robson Santana Rocha Freires

2014 Carlos Sergio Monteiro PR Robson Santana Rocha Freires

2015 -

Atualmente Antocircnia de Moraes Guedes PR Robson Santana Rocha Freires

Fonte SEME - Elaborado pela autora

O Secretaacuterio que teve mais tempo no cargo cinco anos foi o Sr Kleber Nascimento

Rocha que esteve agrave frente da pasta da SEME durante a primeira gestatildeo do prefeito Antonio

Nogueira (2005-2008) do Partido dos Trabalhadores e ateacute o primeiro ano (2009) do segundo

mandato do prefeito reeleito Nos uacuteltimos trecircs anos do segundo mandato do prefeito passaram

pela SEME trecircs outros Secretaacuterios de Educaccedilatildeo Municipal Raimundo Vasques Ivancy Magno

de Oliveira e Tercio da Silva Correia A partir de 2013 com a mudanccedila de gestatildeo na Prefeitura

Municipal tendo o Sr Robson Santana Rocha Freires (2013-2016) passaram pela pasta da

118

educaccedilatildeo trecircs outros Secretaacuterios Melquises Pereira de Lima Carlos Sergio Monteiro e Antocircnia

de Moraes Guedes (atual)

O Conselho Municipal de Educaccedilatildeo que eacute um oacutergatildeo colegiado pertencente ao Sistema

Municipal de Ensino tem funccedilatildeo consultiva normativa deliberativa e recursal da poliacutetica de

educaccedilatildeo do municiacutepio de Santana A Lei Orgacircnica do Municiacutepio de Santana (LOM) prevecirc a

criaccedilatildeo de normas para o funcionamento do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo e que a cada dois

anos seraacute convocada uma Conferecircncia Municipal de Educaccedilatildeo formada por representaccedilotildees dos

vaacuterios segmentos sociais para avaliar a situaccedilatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio e estabelecer a

diretrizes da poliacutetica municipal de educaccedilatildeo (SANTANA 2000) Apesar do que apresenta a

legislaccedilatildeo municipal o municiacutepio natildeo tem conseguido colocar em praacutetica o que preconiza a sua

legislaccedilatildeo no que se refere a atuaccedilatildeo efetiva desse oacutergatildeo colegiado

Faz parte ainda do Sistema municipal de educaccedilatildeo a Comissatildeo Permanente do

Magisteacuterio composta por representantes dos docentes teacutecnicos educacionais procurador

juriacutedico do municiacutepio secretaria municipal de educaccedilatildeo e secretaria de administraccedilatildeo Esta

Comissatildeo tem a competecircncia de elaborar instrumentos coordenar e orientar o processo

avaliativo anual do magisteacuterio municipal e por atribuiccedilotildees que regulamentam o estatuto do

magisteacuterio puacuteblico de Santana (SANTANA 2002) Compotildee ainda o Sistema Municipal de

Educaccedilatildeo as instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas que deveratildeo ofertar o ensino puacuteblico ou privado

atendendo agraves normas pareceres e resoluccedilotildees emanadas pelo Sistema Municipal de Ensino

A Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo deveraacute desenvolver em consonacircncia com entidades

educacionais do Estado e da Uniatildeo programas suplementares de assistecircncia ao educando

como materiais didaacuteticos escolares assistecircncia agrave sauacutede e seguridade social alimentaccedilatildeo

escolar transporte escolar bolsa famiacutelia assistecircncia social psicoloacutegica e fonoaudioloacutegica

Como observamos a lei orienta a autonomia e a participaccedilatildeo da comunidade e dos

profissionais da educaccedilatildeo nas accedilotildees pedagoacutegicas administrativas e em conselhos escolares

Poreacutem em momento algum se refere agrave autonomia financeira O atendimento da educaccedilatildeo

infantil e do ensino fundamental vem se realizando desde que Santana era ainda um Distrito de

Macapaacute47 e vem gradativamente sendo municipalizados como veremos no toacutepico a seguir

47 De acordo com a Lei Federal nordm 7639 de 17-12-1987 o distrito de Santana eacute desmembrado do municiacutepio de

Macapaacute e eacute elevado agrave categoria de municiacutepio

119

322 A Educaccedilatildeo municipal de Santana em nuacutemeros

O Sistema Municipal de Educaccedilatildeo foi criado em 2002 embora natildeo tenha organizado na

praacutetica o seu funcionamento articulado para a composiccedilatildeo do sistema a educaccedilatildeo funciona

ainda como rede municipal Em 2007 possuiacutea 23 escolas para funcionamento da educaccedilatildeo

infantil ensino fundamental e EJA e em 2014 esse nuacutemero passou para 31 escolas tendo um

aumento de 26 no nuacutemero de escolas na rede no periacuteodo O graacutefico 1 apresenta uma pequena

evoluccedilatildeo no periacuteodo

Graacutefico 1 Santana Nordm de escolas da rede municipal de ensino 2007-2014

Fonte Dados da SEMESantana ndash Elaborado pela autora

Eacute importante destacar no entanto que aleacutem das 31 escolas a rede municipal conta com

17 anexos48 distribuiacutedos entre zona urbana e rural

O quadro de docentes do municiacutepio de Santana tambeacutem nos revela um pouco da situaccedilatildeo

da educaccedilatildeo municipal O concurso puacuteblico49 realizado pela Prefeitura Municipal de Santana

no ano de 2007 e a uacuteltima convocaccedilatildeo de aprovados no ano de 2009 vem contribuindo para o

aumento de docentes vinculados ao quadro permanente como se pode acompanhar no graacutefico

2 a seguir

48 A situaccedilatildeo dessas escolas anexas eacute bastante instaacutevel visto que satildeo preacutedios alugados Na zona rural pode ser ateacute

mesmo salas de aula funcionando em casas de moradia ou em Igrejas 49 Edital nordm 012006 que ofertou 667 cargos para o municiacutepio em diversas aacutereas (administrativa engenharia

teacutecnica sauacutede e magisteacuterio) No que se refere aos cargos para a educaccedilatildeo destacamos 20 cargos para auxiliar de

disciplina 122 para professor da educaccedilatildeo baacutesica I 52 para professores da educaccedilatildeo baacutesica II (portuguecircs

matemaacutetica geografia histoacuteria ciecircncias ciecircncias da religiatildeo educaccedilatildeo fiacutesica inglecircs e artes) 22 para orientador

supervisor e psicopedagogo

23 2426 27 27 27

31 31

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

120

Graacutefico 2 Santana Nuacutemero de docentes atuando na rede municipal de ensino 2007-2014

Fonte SEMESantana ndash Elaborado pela autora

O nuacutemero de docentes50 no graacutefico 02 em atuaccedilatildeo nas escolas em 2007 era de 480

docentes e em 2009 eram de 593 o que reflete um aumento de quase 20 no nuacutemero de

docentes atuando nas escolas puacuteblicas municipais de Santana Eacute importante destacar que

principalmente nos anos de 2007 e 2008 haviam vaacuterios docentes contratados temporariamente

sem concurso puacuteblico atuando nas escolas municipais essa praacutetica ainda existe no municiacutepio

As matriacuteculas no municiacutepio de Santana ocorrem em escolas da rede estadual rede

municipal e no setor privado De acordo com a tabela 08 de uma forma geral a rede estadual

sempre teve uma forte influecircncia no municiacutepio concentrando a maior parte das matriacuteculas por

exemplo em 2014 absorveu 56 do universo de matriacuteculas no municiacutepio Jaacute a rede municipal

tinha sob sua responsabilidade 317 do nuacutemero de matriacuteculas registrado no municiacutepio e o

setor privado correspondia a 123 de matriacuteculas

50 Os nuacutemeros que compotildeem os docentes em atuaccedilatildeo nas escolas puacuteblicas satildeo de docentes concursados

contratados ou cedidos

480523

593 593 593 593 581 584

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

121

Tabela 08 ndash Santana Matriacuteculas na Educaccedilatildeo Baacutesica por esfera administrativa 2007-2014

Dependecircncia

NiacutevelModalidade 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

Rede Estadual

Ed Infantil (creche e preacute-escola) 1296 250 67 9 0 0 0 0

Ens Fund (anos iniciais) 6687 6746 6271 6069 5898 5672 4971 4405

Ensino Fund (anos finais) 6784 7063 7272 7726 7846 7816 7552 7470

Ensino Meacutedio 5708 5897 5922 5676 5294 5240 5003 5454

EJA (Ens Fund) 1584 1614 1676 1595 1710 1574 1302 46

EJA (Ens Meacutedio) 826 841 957 1085 1422 1335 0 0

Educaccedilatildeo Especial 141 172 229 181 281 343 330 347

Total 23026 22583 22394 22332 22451 21980 19158 17722

Rede Municipal

Ed Infantil (creche e preacute-escola) 1345 1933 2006 2023 2011 2577 3169 3201

Ens Fund (anos iniciais) 4078 4089 4429 4330 4432 4859 5253 5622

Ens Fund (anos finais) 1146 986 933 961 852 683 539 487

Ensino Meacutedio 0 0 0 0 0 0 0 0

EJA (Ens Fund) 709 641 581 583 596 633 549 528

EJA (Ens Meacutedio) 0 0 0 0 0 0 0 0

Ed Especial 81 89 111 118 140 163 155 201

Total 7359 7738 8060 8015 8031 8915 9665 10039

Setor Privado

Ed Infantil (creche e preacute-escola) 1936 1598 1560 1425 1558 1335 965 914

Ens Fund (anos iniciais) 1828 1678 1623 1601 1703 1473 1418 1446

Ens Fund (anos finais) 754 845 772 753 852 885 927 932

Ensino Meacutedio 488 408 383 376 434 451 435 404

EJA (Ens Fund) 144 59 134 137 91 48 15 35

EJA (Ens Meacutedio) 43 35 39 36 36 72 35 63

Ed Especial 101 04 09 118 128 139 129 110

Total 5294 4627 4520 4446 4802 4403 3924 3904

Fonte CENSOINEP (2014) ndash Elaborado pela autora

Inclui Educaccedilatildeo de Jovens e Adultos (EJA) presencial e semipresencial

Inclui os alunos de toda a educaccedilatildeo baacutesica e da EJA

A rede estadual mesmo tendo o maior nuacutemero de matriacuteculas vem reduzindo esse nuacutemero

a partir de 2013 quando principalmente natildeo ofertou a modalidade de Educaccedilatildeo de Jovens e

Adultos em niacutevel meacutedio Destacamos ainda a reduccedilatildeo em 2008 nas matriacuteculas na educaccedilatildeo

infantil e que em 2011 finalizou a oferta neste niacutevel de ensino O ensino fundamental (anos

iniciais) na rede estadual eacute responsaacutevel por 439 do total de matriacuteculas na rede puacuteblica

enquanto que a rede municipal absorveu 561 em 2014

A rede municipal a partir de 2008 vem aumentando o nuacutemero de matriacuteculas na educaccedilatildeo

infantil em decorrecircncia da municipalizaccedilatildeo e em 2011 eacute a responsaacutevel por toda a demanda da

educaccedilatildeo infantil puacuteblica Observou-se ainda a reduccedilatildeo nas matriacuteculas nos anos finais no ensino

fundamental que tambeacutem tinha sob sua responsabilidade em 2007 eram 1146 matriculas e em

122

2014 reduziu para 487 como podemos observar na tabela No setor privado as matriacuteculas

foram visivelmente reduzidas no decorrer do periacuteodo em estudo Somente no ensino

fundamental eacute que vem aumentando discretamente nos uacuteltimos 3 anos

O processo de municipalizaccedilatildeo iniciado em 2008 na educaccedilatildeo infantil e em 2009 no

ensino fundamental segue as orientaccedilotildees do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado

(PDRAE) que propotildee a passagem da administraccedilatildeo puacuteblica baseada em princiacutepios racionais-

burocraacuteticos Em que busca

() o fortalecimento das funccedilotildees de regulaccedilatildeo e de coordenaccedilatildeo do Estado

particularmente no niacutevel federal e a progressiva descentralizaccedilatildeo vertical para os

niacuteveis estadual e municipal das funccedilotildees executivas no campo da prestaccedilatildeo de serviccedilos

sociais e de infraestrutura (PDRAE 1995 p 18)

Nesse contexto descentralizar teria o objetivo de tornar a administraccedilatildeo puacuteblica mais

flexiacutevel e eficiente reduzindo custos e propiciando mais qualidade ao serviccedilo puacuteblico por meio

do gerencialismo tendo o governo federal o controle dos resultados das avaliaccedilotildees de

desempenho dos Estados e municiacutepios

No que se refere ao Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo (IDEB) apesar de

compreendermos que os dados numeacutericos registrados no IDEB natildeo revelam a qualidade da

aprendizagem os dados observados colocam o municiacutepio de Santana com uma evoluccedilatildeo no

ensino fundamental (anos iniciais) maior do que a rede estadual Eacute o que podemos constatar na

tabela 09 a seguir

Tabela 09 ndash SANTANA IDEB do Ensino Fundamental (anos iniciais) em relaccedilatildeo ao Estado

do Amapaacute e ao Brasil (2005-2013)

Esfera Ideb Observado Metas Projetadas

2005 2007 2009 2011 2013 2007 2009 2011 2013 2021

BRASIL 38 42 46 50 52 39 42 46 49 60

AMAPAacute 32 34 38 41 40 32 36 40 43 54

SANTANA 31 38 39 48 46 31 35 39 42 54

Fonte INEPMEC (2015)

Desde 2005 a meacutedia do IDEB nacional observado tem atingido as metas propostas Jaacute

em relaccedilatildeo ao estado do Amapaacute o IDEB estaacute bem aqueacutem em relaccedilatildeo agrave meacutedia nacional apesar

de ter evoluiacutedo e atingido as metas propostas nas avaliaccedilotildees dos anos de 2007 2009 e 2011 no

ano de 2013 a meacutedia do estado reduziu para 40 O municiacutepio de Santana mesmo natildeo atingindo

123

a meacutedia nacional possui um coeficiente superior ao do estado sendo o municiacutepio do estado

com melhor evoluccedilatildeo no IDEB o que atingiu todas as metas projetadas desde o ano de 2007

No entanto eacute preciso relativizar o resultado de tais indicadores pois eles natildeo representam de

fato a qualidade visto que esta eacute de difiacutecil mensuraccedilatildeo e pressupotildee muita complexidade

(PARO 2005)

Satildeo vaacuterios fatores que podem estar influenciando o alcance das metas do IDEB mas eacute

necessaacuterio realizar um estudo mais rigoroso para desvelar os motivos dessa evoluccedilatildeo O que

podemos adiantar eacute que as escolas da rede municipal receberam vaacuterios programas federais o

que possibilitou ajuda financeira para a rede atraveacutes de impostos e de repasses federais

inclusive recursos do Plano de Accedilotildees Articuladas que eacute o que apresentaremos a seguir

323 O financiamento da educaccedilatildeo na rede municipal de Santana

A anaacutelise da democratizaccedilatildeo da gestatildeo da educaccedilatildeo a partir do PAR requer que se

conheccedila as potencialidades de financiamento das accedilotildees educativas pois a viabilidade das accedilotildees

decorrentes do PAR soacute seraacute possiacutevel se houver financiamento compatiacutevel para tal Este item

visa avaliar as condiccedilotildees financeiras do municiacutepio de Santana no periacuteodo da pesquisa

A Carta Magna de 1988 em seu Artigo 212 estabelece os percentuais miacutenimos

necessaacuterios para custeio da educaccedilatildeo indicando que

A Uniatildeo aplicaraacute anualmente nunca menos de dezoito e os Estados o Distrito

Federal e os Municiacutepios vinte e cinco por cento no miacutenimo da receita resultante de

impostos compreendida a proveniente de transferecircncias na manutenccedilatildeo e

desenvolvimento do ensino (BRASIL 1998)

O artigo 212 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 ao estabelecer o percentual miacutenimo para

a manutenccedilatildeo e desenvolvimento do ensino reitera que esse montante natildeo pode ser menor nem

desviado para outras finalidades ou seja eacute uma verba vinculada protegida de qualquer disputa

poliacutetica e de outras necessidades emergenciais De acordo com a Constituiccedilatildeo de 1988 os

recursos para a manutenccedilatildeo do ensino satildeo provenientes das seguintes fontes a) Receitas

oriundas de impostos da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios b) Receitas

de transferecircncias constitucionais e outras transferecircncias c) Receitas do salaacuterio educaccedilatildeo e de

outras contribuiccedilotildees sociais d) Receitas de incentivos fiscais e outros recursos previstos em lei

124

Todavia as principais fontes de financiamento da educaccedilatildeo satildeo as receitas de impostos

e a contribuiccedilatildeo do salaacuterio educaccedilatildeo as quais juntas ldquorepresentam em termos de volume de

recursos e de regularidade a receita que tem financiado a expansatildeo e a qualificaccedilatildeo da educaccedilatildeo

puacuteblica no paiacutesrdquo (FARENZENA 2006 p 82) No caso do municiacutepio de Santana a arrecadaccedilatildeo

de impostos proacuteprios51 e os respectivos 25 que devem ser destinados ao financiamento da

educaccedilatildeo apresentaram os seguintes valores abaixo discriminados

Tabela 10 Santana Receitas de Impostos Proacuteprios (2007-2014)

Ano Total de Impostos 25 para Educaccedilatildeo

2007 459613833 114903450

2008 396271016 99067750

2009 554775786 138693925

2010 592155846 148038950

2011 633078892 158269700

2012 888456697 222114150

2013 951274674 237818650

2014 Fonte SIOPE Tabela Elaborada pala autora Nota1 Dados natildeo disponiacuteveis

Nota 2 Valores nominais

Os recursos para a educaccedilatildeo referentes aos 25 dos impostos proacuteprios do municiacutepio satildeo

relativamente pequenos considerando a totalidade das despesas com a educaccedilatildeo como se veraacute

mais adiante Ainda assim representam uma importante fonte de recursos para financiamento

da educaccedilatildeo municipal

O municiacutepio de Santana conta tambeacutem com as receitas do Fundo de Manutenccedilatildeo e

Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo

(FUNDEB)52 Os recursos dessa fonte satildeo provenientes de impostos e transferecircncias dos

estados municiacutepios e do Distrito Federal vinculados agrave educaccedilatildeo de acordo com o artigo 212

da Constituiccedilatildeo Federal que satildeo recolhidos pela Uniatildeo e redistribuiacutedos aos estados municiacutepios

e Distrito Federal proporcionalmente ao valor custo-aluno definido nacionalmente para o

financiamento de accedilotildees de manutenccedilatildeo e desenvolvimento da educaccedilatildeo baacutesica puacuteblica Do total

51 Os recursos proacuteprios satildeo o IPTU-Imposto Predial Territorial Urbano ISS-Imposto sobre Serviccedilos ITBI-Imposto

sobre Transmissatildeo de Bens Imoacuteveis IRRF-Imposto sobre a Renda dos Servidores Municipais

52 Criado pela Emenda Constitucional nordm 532006 e regulamentado pela Lei nordm 1149407 o FUNDEB eacute constituiacutedo

por 20 (vinte por cento) das receitas das seguintes fontes Fundo de Participaccedilatildeo dos Estados (FPE) Fundo de

Participaccedilatildeo dos Municiacutepios (FPM) Imposto sobre Circulaccedilatildeo de Mercadorias e Serviccedilos (ICMS) (incluindo os

recursos relativos agrave desoneraccedilatildeo de exportaccedilotildees de que trata a Lei Complementar nordm 8796) Imposto sobre

Produtos Industrializados proporcional agraves exportaccedilotildees (IPI- EXP) Imposto sobre Transmissatildeo Causa Mortis e

Doaccedilotildees de quaisquer bens ou direitos (ITCMD) Imposto sobre a Propriedade de Veiacuteculos Automotores (IPVA)

Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR) receitas da diacutevida ativa e de juros e multas incidentes sobre

as fontes citadas (GUTIERRES 2010)

125

dos recursos pelo menos 60 (sessenta por cento) devem ser direcionados para o pagamento

dos profissionais do magisteacuterio em efetivo exerciacutecio De 2007 a 2014 o municiacutepio

recebeu os seguintes valores do FUNDEB

Tabela 11 ndash Santana Receitas do FUNDEB (2007-2014)

Ano Valor Anual Complementaccedilatildeo

da Uniatildeo

Aplicaccedilatildeo

Financeira Total

2007 1109287221 0 845321 1110132542

2008 1492822529 0 920937 1493743466

2009 1612599591 0 0 1612599591

2010 1818239589 0 0 1818239589

2011 2164454715 0 0 2164454715

2012 2377015638 0 378076 2377393714

2013 2740767217 0 2448386 2743215603

2014 Fonte SIOPEFNDE ndash Organizado pela autora Nota 1 Os valores referente a 2014 natildeo estavam disponiacuteveis

para consulta no SIOPE Nota 2 valores nominais

Conforme as informaccedilotildees da tabela 11 o municiacutepio de Santana natildeo recebe receitas de

Complementaccedilatildeo da Uniatildeo Isso significa que os recursos redistribuiacutedos no acircmbito do Estado

satildeo suficientes para alcanccedilar o valor-aluno miacutenimo nacional estabelecido natildeo implicando assim

em complementaccedilatildeo da Uniatildeo53

Outra importante fonte de recursos para a educaccedilatildeo recebida pelo municiacutepio eacute o Salaacuterio

Educaccedilatildeo54 recolhido pelas empresas calculado com base na aliacutequota de 25 sobre o total de

remuneraccedilotildees pagas ou creditadas a qualquer tiacutetulo aos segurados empregados O FNDE tem

uma funccedilatildeo redistributiva55 da contribuiccedilatildeo social do salaacuterio-educaccedilatildeo A cota estadual e

53 O Estado do Amapaacute e seus municiacutepios vecircm sistematicamente alcanccedilando valores por aluno acima do valor

miacutenimo anual definido nacionalmente A Portaria interministerial nordm 11 de 30 de dezembro de 2015 por exemplo

definiu os valores anuais para 2016 na qual o valor para o ensino fundamental dos anos iniciais urbanas

considerado o paracircmetro para as demais etapas e modalidades foi estabelecido em RS273987 O estado do

Amapaacute alcanccedilou R$380396 por aluno nesta etapa da educaccedilatildeo baacutesica portanto bem acima do miacutenimo nacional

estabelecido 54 O Salaacuterio Educaccedilatildeo foi criado pela Lei nordm 4440 de 27101964 (MELCHIOR 1987) e sofreu diversas

modificaccedilotildees desde essa data Em dezembro de 2006 foi alterado pela EC nordm 53 e regulamentado pela Lei nordm

114572007 base de sua execuccedilatildeo atual 55Do montante arrecadado e apoacutes as deduccedilotildees previstas em lei (taxa de administraccedilatildeo dos valores arrecadados pela

Receita Federal do Brasil devoluccedilatildeo de receitas e outras) o restante eacute distribuiacutedo em cotas pelo FNDE observada

em 90 (noventa por cento) de seu valor a arrecadaccedilatildeo realizada em cada estado e no Distrito Federal da seguinte

forma A) cota federal ndash correspondente a 13 do montante dos recursos eacute destinada ao FNDE e aplicada no

financiamento de programas e projetos voltados para a educaccedilatildeo baacutesica de forma a propiciar a reduccedilatildeo dos

desniacuteveis soacutecio educacionais entre os municiacutepios e os estados brasileiros B) cota estadual e municipal ndash

correspondente a 23 do montante dos recursos eacute creditada mensal e automaticamente em favor das secretarias de

educaccedilatildeo dos estados do Distrito Federal e dos municiacutepios para o financiamento de programas projetos e accedilotildees

voltados para a educaccedilatildeo baacutesica Os 10 restantes do montante da arrecadaccedilatildeo do salaacuterio-educaccedilatildeo satildeo aplicados

pelo FNDE em programas projetos e accedilotildees voltados para a educaccedilatildeo baacutesica (Lei nordm 114572007)

126

municipal da contribuiccedilatildeo social do salaacuterio-educaccedilatildeo eacute integralmente redistribuiacuteda entre os

estados e seus municiacutepios de forma proporcional ao nuacutemero de alunos matriculados na

educaccedilatildeo baacutesica das respectivas redes de ensino apurado no censo escolar do exerciacutecio anterior

ao da distribuiccedilatildeo

Os demais programas do FNDE tais como Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo

Escolar (PNAE) Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) Programa Nacional de Apoio

ao Transporte do Escolar (PNATE) Programa Brasil Alfabetizado (PBA) e Programa Nacional

de Sauacutede do Escolar (PNSE) criados para contribuir para o acesso e a permanecircncia do aluno na

escola tambeacutem vem compondo as fontes de recursos para o ensino em Santana

O Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar (PNAE) eacute considerado o mais antigo

programa social brasileiro vinculado agrave educaccedilatildeo (BALABAN 2006) Ateacute o ano de 1998 o

Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar (PNAE) era gerenciado pela Fundaccedilatildeo de Apoio

ao Estudante ndash FAE A partir desse ano sua gestatildeo foi transferida para o Fundo Nacional de

Desenvolvimento da Educaccedilatildeo ndash FNDE por meio da Lei nordm 9649 de 27051999 que tambeacutem

extinguiu a FAE Atualmente o PNAE eacute coordenado nacionalmente pelo FNDE responsaacutevel

pelo repasse dos recursos financeiros para aquisiccedilatildeo de alimentos cabendo aos Estados e

Municiacutepios complementar estes recursos aleacutem de cobrir os custos operacionais (BRASIL

2000) O PNAE atende os alunos de toda a educaccedilatildeo baacutesica matriculados em escolas puacuteblicas

filantroacutepicas e em entidades comunitaacuterias (conveniadas com o poder puacuteblico) por meio da

transferecircncia de recursos financeiros

Conforme a Resoluccedilatildeo nordm 67 de 28 de dezembro de 2009 o valor repassado pela Uniatildeo

a Estados e Municiacutepios por dia letivo para cada aluno pelo PNAE eacute definido de acordo com a

etapa e modalidade de ensino Creches R$ 100 Preacute-escola R$ 050 Escolas indiacutegenas e

quilombolas R$ 060 Ensino fundamental meacutedio e educaccedilatildeo de jovens e adultos R$ 030

Ensino integral R$ 100 Alunos do Programa Mais Educaccedilatildeo R$ 090 alunos que frequentam

o Atendimento Educacional Especializado no contraturno R$ 050 Com a Resoluccedilatildeo nordm 8 de

14 de maio de 2012 o valor per capita da alimentaccedilatildeo escolar foi atualizado passando de R$

060 para R$ 100 entre os alunos matriculados nas creches e de R$ 030 para R$ 050 entre

os alunos matriculados no ensino fundamental A Lei nordm 119472009 que regulamenta o PNAE

estabelece a necessidade de ldquoparticipaccedilatildeo da comunidade no controle social no

acompanhamento das accedilotildees realizadas pelos Estados pelo Distrito Federal e pelos Municiacutepios

para garantir a oferta da alimentaccedilatildeo escolar saudaacutevel e adequadardquo (Art 2ordm II BRASIL 2009)

Balaban (2006) afirma que a partir da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 verificou-se a

adoccedilatildeo de praacuteticas democraacuteticas representativas e participativas surgiram entatildeo os conselhos

127

configurados como espaccedilos puacuteblicos de articulaccedilatildeo entre governo e sociedade Um exemplo

disso eacute o Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar (CAE) que eacute composto por entidades colegiadas

integradas por representantes dos diversos segmentos da sociedade definido em Lei Municipal

O PDDE56 foi criado em 1995 por meio da Resoluccedilatildeo nordm 12 de 10 de maio de 1995

(recebendo inicialmente o nome de PMDE ndash Programa de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento do

Ensino Fundamental)57 com o objetivo de cumprir a funccedilatildeo redistributiva da Uniatildeo aos sistemas

puacuteblicos de ensino de acordo com o disposto no artigo 211 da CF88 A partir de 1997 o

Programa passou a exigir a criaccedilatildeo de Unidades Executoras (UEx) entidades de direito privado

como condiccedilatildeo para o recebimento dos recursos diretamente pelas escolas De 2004 em diante

a exigecircncia era de que as escolas com mais de 50 alunos obrigatoriamente teriam que criar UEx

para participar do programa Ateacute o ano de 2008 o PDDE abrangia apenas as escolas puacuteblicas

de ensino fundamental com a ediccedilatildeo da Medida Provisoacuteria nordm 455 de 28 de janeiro2009

(transformada posteriormente na Lei nordm 11947 de 16 de junho de 2009) o programa foi

ampliado para toda a educaccedilatildeo baacutesica incluindo portanto ensino meacutedio e educaccedilatildeo infantil

Os recursos do PDDE destinam-se ldquoagrave cobertura de despesas de custeio manutenccedilatildeo e de

pequenos investimentos que concorram para a garantia do funcionamento e melhoria da

infraestrutura fiacutesica e pedagoacutegica dos estabelecimentos de ensinordquo (Art 23 da Lei nordm 11947

de 16 de junho de 2009) Os recursos podem ser repassados agraves Entidades Executoras ndash EEXs

no caso as prefeituras ou diretamente agraves escolas se estas tiverem constituiacutedo suas Unidades

Executoras ndash UEXs

O Ministeacuterio da Educaccedilatildeo executa atualmente dois programas voltados ao transporte de

estudantes o Caminho da Escola e o PNATE que visam atender alunos moradores da zona

rural O Programa Caminho da Escola foi criado pela Resoluccedilatildeo nordm 3 de 28 de marccedilo de 2007

Por meio deste programa o Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social

(BNDES) concede uma linha de creacutedito para a aquisiccedilatildeo de ocircnibus mini-ocircnibus e micro-ocircnibus

zero quilocircmetro e embarcaccedilotildees novas pelos Estados e Municiacutepios O Programa Nacional de

Apoio ao Transporte do Escolar - PNATE foi instituiacutedo pela Lei nordm 10880 de 9 de junho de

2004 com o objetivo de garantir o acesso e a permanecircncia dos alunos nos estabelecimentos

escolares do ensino fundamental puacuteblico residentes em aacuterea rural que utilizem transporte

56 Sobre esse programa eacute importante consultar uma publicaccedilatildeo do INEP da pesquisa intitulada ldquoPrograma Dinheiro

Direto na Escola uma proposta de redefiniccedilatildeo do papel do Estado na Educaccedilatildeo (2003-2005)rdquo que congregou os

Estado de SP PI PA MS e RS cujos resultados foram publicados pelo INEP em 2006 sob a coordenaccedilatildeo das

professoras Drordf Vera Maria Vidal Peroni e Drordf Thereza Adriatildeo 57Ateacute 1998 este programa denominou-se PMDE A denominaccedilatildeo Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE)

apareceu pela primeira vez com a Medida Provisoacuteria nordm 1784 de 14 de dezembro de 1998 e posteriormente com a

Medida Provisoacuteria nordm 2100shy32 de 24 de maio de 2001

128

escolar por meio de assistecircncia financeira em caraacuteter suplementar aos Estados Distrito

Federal e Municiacutepios O caacutelculo do montante de recursos financeiros destinados aos Estados

ao Distrito Federal e aos Municiacutepios tem como base o quantitativo de alunos da zona rural

transportados e a respectiva informaccedilatildeo acerca destes no censo escolar do ano anterior O valor

per capitaano varia entre R$ 12073 e R$ 17224 de acordo com a aacuterea rural do Municiacutepio a

populaccedilatildeo moradora do campo e a posiccedilatildeo do Municiacutepio na linha de pobreza (GUTIERRES

2015) O PNATE eacute monitorado diretamente pelo conselho do FUNDEB que analisa e fiscaliza

os gastos com o programa

O Programa Brasil Alfabetizado (PBA) foi criado pelo Decreto nordm 4834 de 08 de

setembro de 200358 com o objetivo de universalizaccedilatildeo da alfabetizaccedilatildeo de jovens e adultos de

quinze anos ou mais no paiacutes59 (GUTIERRES 2015)

Quanto ao Programa Nacional de Sauacutede Escolar (PSE) este tem como objetivo

ldquocontribuir para a formaccedilatildeo integral dos estudantes por meio de accedilotildees de promoccedilatildeo prevenccedilatildeo

e atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo (Art1ordm do Decreto nordm 62862007) com vistas ao enfrentamento das

vulnerabilidades que comprometem o pleno desenvolvimento de crianccedilas e jovens da rede

puacuteblica de ensino Dentre as accedilotildees passiacuteveis de serem financiadas por este programa destacam-

se

Art 4ordm As accedilotildees em sauacutede previstas no acircmbito do PSE consideraratildeo a atenccedilatildeo

promoccedilatildeo prevenccedilatildeo e assistecircncia e seratildeo desenvolvidas articuladamente com a rede

de educaccedilatildeo puacuteblica baacutesica e em conformidade com os princiacutepios e diretrizes do SUS

podendo compreender as seguintes accedilotildees entre outras I - avaliaccedilatildeo cliacutenica II -

avaliaccedilatildeo nutricional III - promoccedilatildeo da alimentaccedilatildeo saudaacutevel IV - avaliaccedilatildeo

oftalmoloacutegica V - avaliaccedilatildeo da sauacutede e higiene bucal VI - avaliaccedilatildeo auditiva VII -

avaliaccedilatildeo psicossocial VIII - atualizaccedilatildeo e controle do calendaacuterio vacinal IX -

reduccedilatildeo da morbimortalidade por acidentes e violecircncias X - prevenccedilatildeo e reduccedilatildeo do

consumo do aacutelcool XI - prevenccedilatildeo do uso de drogas XII - promoccedilatildeo da sauacutede sexual

e da sauacutede reprodutiva XIII - controle do tabagismo e outros fatores de risco de

cacircncer XIV - educaccedilatildeo permanente em sauacutede XV - atividade fiacutesica e sauacutede XVI -

promoccedilatildeo da cultura da prevenccedilatildeo no acircmbito escolar e XVII - inclusatildeo das temaacuteticas

de educaccedilatildeo em sauacutede no projeto poliacutetico pedagoacutegico das escolas (BRASIL 2007)

58 Esse decreto foi revogado pelo Decreto nordm 6093 de 24 de abril de 2007 atualmente em vigor 59 Esta natildeo foi a primeira iniciativa governamental neste sentido Em 1967 o governo militar lanccedilou o Movimento

Brasileiro de Alfabetizaccedilatildeo o MOBRAL atraveacutes da Lei Nordm 5379 de 15 de dezembro de 1967 No Governo de

Fernando Henrique Cardoso a sociedade foi convocada a se co-responsabilizar pela manutenccedilatildeo da EJA por meio

de parcerias estabelecidas pelo Programa Alfabetizaccedilatildeo Solidaacuteria (Alfa Sol Outro programa do Governo Federal

que visava o atendimento da EJA era o Projeto Recomeccedilo que foi criado em 2001 com o objetivo de dar maior

atendimento agrave populaccedilatildeo do Norte e Nordeste que acumulavam maior nuacutemero de pessoas analfabetas

(GUTIERRES 2015)

129

Os valores oriundos do Salaacuterio Educaccedilatildeo dos programas do FNDE (PNAE PDDE

PNATE PBA e PSE) recebidos pelo municiacutepio de Santana repassados para a prefeitura

municipal de 2007 a 2014 satildeo discriminados a seguir

Tabela 12 ndash Santana Receitas do Salaacuterio Educaccedilatildeo e de Programas do FNDE (2007-2014)

Ano Salaacuterio

Educaccedilatildeo PNAE PDDE PNATE PBA PSE

2007 16415179 37338400 126720 33326 52 1020000 1318600

2008 21769862 23785282 2712553 1723000

2009 23220460 49427860 267690 5455186 876000

2010 26559002 78761520 9969750 2960500

2011 33659670 78594000 9969750 2646500

2012 37685871 92398800 11643843

2013 50488456 105353200 7594146 3243273

2014 63533128 53101200 1493368 3277986

Fonte FNDE Nota 1 Tabela organizada pela autora Nota 2 Os valores indisponiacuteveis no site do FNDE Nota

2 valores nominais

As receitas do FNDE satildeo importantes como fontes complementares para a garantia do

direito agrave educaccedilatildeo No caso do Salaacuterio Educaccedilatildeo e do PNAE do PNATE e do PBA estes

constituiacuteram fluxo permanente ao longo do periacuteodo60 O PDDE foi repassado para a prefeitura

somente nos anos de 2007 e de 2009 visto que a partir de 2009 a maior parte das escolas

municipais jaacute haviam constituiacutedo suas Unidades Executoras ndash UEXs passando a receber

diretamente os recursos desse programa O Programa Sauacutede do Escolar (PSE) apresentou

recursos apenas no ano de 2007 Outras receitas tambeacutem chegaram ao municiacutepio por meio de

programas mais diretamente vinculados ao Plano de Accedilotildees Articuladas ndash PAR no periacuteodo de

2009 a 2014

Tabela 13 ndash Santana Receitas decorrentes do PAR 2009 - 2014

Programa 2009 2010 2011 2012 2013 2014

Caminho da

EscolaTransporte Aces 209970 331650 132000

Mobiliaacuterio Escolar (PAR) 193073

Infraestrutura Ed Baacutesica 1 385609

Proinfacircncia ndash Const Esc

Educ Infantil 581600 872400 3922052

Brasil Carinhoso 170960

Quadras de Esporte 304896

Projovem urbano 38760

Total 209730 331650 193073 581600 1004400 4436668 Fonte FNDE Tabela elaborada pela autora

60 Apenas no ano de 2012 natildeo constam informaccedilotildees sobre os recursos do Programa Brasil alfabetizado PBA para

o municiacutepio de Santana

130

O municiacutepio de Santana recebeu recursos dos seguintes programas em decorrecircncia do

PAR Caminho da Escola para aquisiccedilatildeo de ocircnibus Escolar recursos para mobiliaacuterio escolar e

infraestrutura da educaccedilatildeo baacutesica Proinfacircncia para construccedilatildeo de escolas de educaccedilatildeo Infantil

Brasil Carinhoso para construccedilatildeo de creches recursos para a construccedilatildeo de quadras esportivas

e referentes a programa Projovem urbano

O caminho da escola ou Transporte Acessiacutevel eacute uma accedilatildeo que segundo o MEC visa

promover a inclusatildeo escolar por meio da garantia das condiccedilotildees de acesso e permanecircncia na

escola apoiando agrave disponibilizaccedilatildeo de transporte escolar Para esse fim o municiacutepio de Santana

recebeu recursos em trecircs anos 2009 2010 e 2013 totalizando R$ 67362000 no periacuteodo Jaacute o

programa Mobiliaacuterio Escolar eacute uma accedilatildeo do FNDE que tem por objetivo renovar e padronizar

os mobiliaacuterios das escolas tendo o municiacutepio recebido o valor de R$19307300 no ano de

2011 Por meio do Programa Infraestrutura escolar que subsidia accedilotildees de construccedilatildeo de

escolas da educaccedilatildeo baacutesica o municiacutepio angariou R$ 138560900 O programa Proinfacircncia

que se destina agrave assistecircncia financeira aos municiacutepios para a construccedilatildeo reforma e aquisiccedilatildeo de

equipamentos e mobiliaacuterio para a educaccedilatildeo infantil foi o que mais propiciou recursos ao

municiacutepio de Santana Por meio dele a secretaria de educaccedilatildeo captou o valor de

R$537605200

O municiacutepio tambeacutem recebeu recursos do Programa Brasil Carinhoso que segundo a

Resoluccedilatildeo nordm 192014FNDEMEC tem o seu desenvolvimento integrado em vaacuterias vertentes e

uma delas eacute expandir a quantidade de matriacuteculas de crianccedilas entre 0 e 48 meses cujas famiacutelias

sejam beneficiaacuterias do Programa Bolsa Famiacutelia (PBF) em creches puacuteblicas ou conveniadas O

Programa consiste na transferecircncia automaacutetica de recursos financeiros sem necessidade de

convecircnio ou outro instrumento para custear despesas com manutenccedilatildeo e desenvolvimento da

educaccedilatildeo infantil contribuir com as accedilotildees de cuidado integral seguranccedila alimentar e

nutricional garantir o acesso e a permanecircncia da crianccedila na educaccedilatildeo infantil No caso de

Santana foram recebidos R$ 17096000 no ano de 2014 referente a 143 crianccedilas Para a accedilatildeo

Construccedilatildeo de quadras esportivas foram repassados R$ 30489600 de acordo com as

necessidades demonstradas pelo municiacutepio quando da elaboraccedilatildeo do PAR O programa

Projovem tem como objetivo elevar a escolaridade de jovens com idade entre 18 e 29 anos

que saibam ler e escrever e natildeo tenham concluiacutedo o ensino fundamental visando agrave conclusatildeo

desta etapa por meio da modalidade de Educaccedilatildeo de Jovens e Adultos integrada agrave qualificaccedilatildeo

profissional e o desenvolvimento de accedilotildees comunitaacuterias com exerciacutecio da cidadania na forma

de curso Para accedilotildees referentes ao cumprimento dos objetivos deste programa o municiacutepio

recebeu o valor de R$ 3876000 somente no ano de 2014

131

Para efeito de dimensionar os valores proporcionais de cada uma das fontes analisadas

vejamos os graacuteficos a seguir relativos ao ano de 2009 ano em que se aportaram os primeiros

recursos oriundos do PAR e o ano de 2013 visto que os recursos relativos ao ano de 2014 natildeo

foram informados no SIOPE

Graacutefico 3 SANTANA Receitas da Educaccedilatildeo em relaccedilatildeo as despesas com a funccedilatildeo educaccedilatildeo

- 2009

Fonte FNDE Graacutefico elaborado pela autora

Sem duacutevida a maior parte das receitas que mantem a educaccedilatildeo municipal de Santana

satildeo os oriundos do FUNDEB Em 2009 eles representaram 87 do total enquanto a segunda

maior fonte foram os recursos proacuteprios na base de 8 das receitas do ano As receitas relativas

aos Programas decorrentes do Plano de Accedilotildees Articuladas no ano de 2009 representavam 1

do total Todavia no ano de 2013 essa proporcionalidade sofreu ligeira alteraccedilatildeo como se pode

conferir no graacutefico a seguir

Recursos Proacuteprios 1386939

8

FUNDEB 16125995 87

Salaacuterio Educaccedilatildeo 232204

1

FNDE 560265 3

PAR 209730 1

Receitas da Educaccedilatildeo em Santana 2009

Recursos Proacuteprios FUNDEB Salaacuterio Educaccedilatildeo FNDE PAR

132

Graacutefico 4 SANTANA Receitas da Educaccedilatildeo em relaccedilatildeo as despesas com a funccedilatildeo educaccedilatildeo

- 2013

Fonte FNDE Graacutefico elaborado pela autora

Os recursos do FUNDEB passaram a representar 84 do total das receitas em educaccedilatildeo

em 2013 enquanto os do PAR passaram a representar 3 Houve tambeacutem aumento

proporcional dos recursos do FNDE e do Salaacuterio Educaccedilatildeo Como podemos perceber no

graacutefico eacute notoacuterio o montante de recursos destinados agrave educaccedilatildeo com um valor de mais de R$

27 milhotildees ao ano Jaacute os recursos do PAR correspondem a somente 3 do valor das receitas

do municiacutepio pouco mais de R$ 1 milhatildeo de reais Eacute importante tambeacutem deixar claro que os

recursos do PAR natildeo satildeo recursos a mais pois este natildeo recebe complementaccedilatildeo da Uniatildeo

As despesas com a funccedilatildeo educaccedilatildeo realizadas no periacuteodo da pesquisa nos mostram a

totalidade dos recursos gastos com a educaccedilatildeo no periacuteodo de 2007 a 2014 A tabela a seguir

demonstra o total dessas despesas bem como o valor gasto com cada sub-funccedilatildeo

Recursos Proacuteprios 2378186

7

FUNDEB 27432156 84

Salaacuterio Educaccedilatildeo 635331

2

FNDE 11619054

PAR 1004400 3

Receitas da Educaccedilatildeo em Santana 2013

Recursos Proacuteprios FUNDEB Salaacuterio Educaccedilatildeo FNDE PAR

133

Tabela 14 ndash Santana Despesas com a Funccedilatildeo Educaccedilatildeo (2007-2014)

Sub-

Funccedilotildees 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

EF 14910367 18487032 19191537 19707136 17957976 20624296 21804153

ES 1000 191125 2000 - - - -

EI 709597 435087 996814 5809173 8196777 9434598 13015450

EJA 5186 17361 292230 1176888 1387621 1429476 1261614

E Esp 16300 - 8551 - - - -

Outros 164151 215413 237968 270781 336596 389801 461471

Total 15806603 19346021 20729102 26963979 27878970 31878173 36542690

Fonte SIOPE Legenda EF ndash Ensino Fundamental ES ndash Educaccedilatildeo Superior EI ndash Educaccedilatildeo Infantil EJA ndash

Educaccedilatildeo de Jovens e Adultos EESP ndash Educaccedilatildeo Especial Outros gastos com educaccedilatildeo Baacutesica

Natildeo estava disponiacutevel no SIOPE as despesas do ano de 2014

Observa-se na tabela 14 que os maiores gastos foram realizados com a sub-funccedilatildeo

ensino fundamental que em todos os anos esteve acima de 50 Todavia tais gastos vecircm

diminuindo pois se em 2007 representava 9433 do total em 2014 representava apenas

5966 do montante dispendido em educaccedilatildeo Por outro lado os gastos com a educaccedilatildeo infantil

vecircm aumentando pois em 2007 eram apenas 44 do total e em 2014 passaram a representar

356 do total da funccedilatildeo educaccedilatildeo

Quanto agrave gestatildeo dos recursos observamos que o municiacutepio de Santana vem aplicando o

previsto na Constituiccedilatildeo Federal na manutenccedilatildeo e desenvolvimento do ensino na maioria dos

anos pois conforme a tabela 15 de 2007 a 2014 o miacutenimo aplicado foi de 25 exceto no ano

de 2007 quando essa taxa foi de apenas 1938

Tabela 15 Santana Miacutenimo de Aplicaccedilatildeo em MDE (2007-2014)

Ano ()

2007 1938

2008 2525

2009 2515

2010 3196

2011 2614

2012 2743

2013 2630

2014 Fonte SIOPE Tabela elaborada pela autora

Os dados tambeacutem revelam que o ano de 2014 foi muito criacutetico do ponto de vista

financeiro para o municiacutepio pois os dados estatildeo ausentes na base SIOPE Tais dados tem como

origem a Secretaria de Fazenda eacute possiacutevel que a prestaccedilatildeo de contas natildeo tenha sido realizada

naquele ano

134

Quanto agrave aplicaccedilatildeo do miacutenimo de 60 do FUNDEB com a remuneraccedilatildeo dos professores

previstos em Lei temos o seguinte quadro

Tabela 16 Santana Miacutenimo de Aplicaccedilatildeo do FUNDEB em Remuneraccedilatildeo de Professores

(2007-2014)

Ano Valor ()

2007 666079525 6963

2008 896246079 6091

2009 967559754 8959

2010 1090943753 9574

2011 1298672829 9622

2012 1426436228 9221

2013 1645929362 9448

2014 Fonte SIOPE Nota 1 Dados ausentes no SIOPE Tabela elaborada pela autora

De 2007 a 2013 apenas nos anos de 2007 o percentual foi proacuteximo de 60 Nos

demais anos foram de mais de 69 do total dos recursos Tal situaccedilatildeo requer aprofundamento

da pesquisa a fim de identificar as causas para as taxas elevadas Todavia como o municiacutepio

apresenta taxas muito baixas de arrecadaccedilatildeo proacutepria o municiacutepio de Santana manteacutem a

educaccedilatildeo basicamente com recursos do FUNDEB

Por fim cabe ressaltar no que se refere agrave gestatildeo financeira da educaccedilatildeo que os recursos

destinados agrave funccedilatildeo educaccedilatildeo sejam do FUNDEB ou de Programas ou Projetos ainda

continuam centralizados na Prefeitura Municipal e natildeo satildeo repassados ao oacutergatildeo responsaacutevel

pela gestatildeo da educaccedilatildeo no caso para a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo para que possa

executaacute-los de acordo com o seu planejamento Tal situaccedilatildeo contraria a perspectiva de

descentralizaccedilatildeo da gestatildeo dos recursos financeiros conforme preceitua a LDB em seu art 69

sect 5ordm e as poliacuteticas educacionais recentes Mas como o PAR tem interferido nessa dinacircmica de

gestatildeo educacional da rede municipal

33 O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS E A DIMENSAtildeO GESTAtildeO DA EDUCACcedilAtildeO

NA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE SANTANA (2007-2014)

O PDEPlano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo tem o Plano de Accedilotildees

Articuladas como a principal ferramenta de planejamento da educaccedilatildeo para a construccedilatildeo da

gestatildeo democraacutetica nos sistemas municipais de educaccedilatildeo

135

No municiacutepio de Santana o processo de implantaccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas teve

iniacutecio ainda em 2007 apoacutes a divulgaccedilatildeo dos resultados do Iacutendice de Desenvolvimento da

Educaccedilatildeo Baacutesica com as conversas e discussotildees sobre o Plano pois de acordo com a

coordenadora da eacutepoca

() quando foi jaacute em 2007 natildeo demorou muito para eles virem ateacute Santana foi logo

apoacutes os resultados do IDEB uma equipe do MEC e nos orientar natildeo fazia muito

tempo que tiacutenhamos realizado o planejamento estrateacutegico do municiacutepio eles nos

orientaram como deveriacuteamos proceder para o planejamento estrateacutegico e a colocaccedilatildeo

das informaccedilotildees na plataforma do SIMEC para noacutes natildeo foi difiacutecil pois jaacute tiacutenhamos

acabado de realizar nosso planejamento entatildeo foi praticamente transferir as

informaccedilotildees para a plataforma (Coordenaccedilatildeo do 1ordm PAR)

O municiacutepio de Santana atingiu as metas previstas pelo IDEB jaacute em 2007 e mesmo

assim estava nos registros do MEC como um dos municiacutepios prioritaacuterios para a visita da equipe

do MEC e a implantaccedilatildeo do Compromisso Dessa forma logo apoacutes o lanccedilamento do Decreto

nordm 60942007 se observou que grande parte dos municiacutepios brasileiros assinaram o Termo de

Adesatildeo independente de atingir ou natildeo as metas do IDEB e no municiacutepio de Santana a

coordenadora do PAR no periacuteodo da implantaccedilatildeo afirma ldquonoacutes natildeo tivemos escolha foi uma

imposiccedilatildeo do MEC para que implantaacutessemos e realizaacutessemos o preenchimento das informaccedilotildees

no sistemardquo (Coordenadora do 1ordm PAR)

O Termo de Cooperaccedilatildeo Teacutecnica entre a Prefeitura Municipal de Santana e o MEC

previa o prazo de 4 anos a partir da data da sua assinatura que foi em 2009 ldquocom possibilidade

de prorrogaccedilatildeo por igual ou inferior periacuteodo podendo ser rescindido por iniciativa de qualquer

das partes ()rdquo(MEC 2009 p2) Acerca do Termo de Compromisso e do periacuteodo de

prorrogaccedilatildeo do PAR as Coordenadoras entrevistadas natildeo souberam informar ou natildeo

lembravam

Durante o periacuteodo de levantamento documental da pesquisa tratamos os dados a partir

dos dois ciclos de planejamento do Plano de Accedilotildees Articuladas no municiacutepio Nessa pesquisa

utilizamos o Termo de Cooperaccedilatildeo Teacutecnica Nordm 23456 o planejamento estrateacutegico do municiacutepio

e a siacutentese do diagnoacutestico dos indicadores do municiacutepio

Os dados relativos ao 1ordm PAR do municiacutepio natildeo foram localizados nem nos arquivos

fiacutesicos da SEME e nem na Coordenaccedilatildeo do PAR poreacutem durante as visitas aos sujeitos

entrevistados eacute que conseguimos coletar alguns dados relativos ao 1ordm PAR o que ajudou na

construccedilatildeo da anaacutelise da historicidade do PAR em Santana As entrevistas viabilizaram

136

esclarecimentos e complementaccedilatildeo de informaccedilotildees sobre o 1ordm PAR e assim encontramos a

seguinte declaraccedilatildeo sobre o processo de elaboraccedilatildeo do 1ordm PAR

O primeiro PAR ocorreu de forma muito apressada sem uma discussatildeo com os

participantes da rede municipal de ensino Recebemos uma equipe do MEC que

orientou a elaboraccedilatildeo e disse como deveriacuteamos preencher na plataforma Natildeo foi

muito discutido ateacute porque natildeo tiacutenhamos alguns conselhos implantados mas foi

elaborado pelos setores da SEME (Coordenadora do 1ordm PAR)

Foi um lsquodiagnoacutestico de gabinetersquo em muitos indicadores as pontuaccedilotildees foram 1 e 2

devido natildeo ter a documentaccedilatildeo organizada regimento frequecircncia na reuniatildeo dos

conselhos atas ou que ainda estavam em fase de criaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo como eacute o caso

do PME (Coordenadora do 2ordm PAR)

A equipe teacutecnica local do 1ordm PAR foi composta por quinze membros sendo um

dirigente municipal oito representantes dos teacutecnicos da SEME dois representantes dos

professores um representante dos supervisores escolares um representante do quadro teacutecnico-

administrativo um representante do conselho escolar e um representante do conselho municipal

de educaccedilatildeo

O diagnoacutestico da educaccedilatildeo municipal relativo ao 2ordm PAR para o ciclo de 2011 a 2014

foi realizado pela equipe local composta pelos mesmos membros que compuseram a equipe do

1ordm PAR municipal e foi enviado ao MEC no dia 30092011 Poreacutem segundo a Coordenaccedilatildeo

do 2ordm PAR o Plano de Trabalho com as sub-accedilotildees foram enviadas para anaacutelise do MEC

posteriormente em 10092012 isto eacute quase um ano depois Segundo a coordenadora do 2ordm

PAR

Essa demora no envio para a elaboraccedilatildeo do Plano de Trabalho se deu devido agrave

dimensatildeo 4 infraestrutura ldquoque requeria informaccedilotildees adicionais de engenheiros

topoacutegrafos legalizaccedilatildeo e doaccedilatildeo de terrenos para a construccedilatildeo de escolas e creches

para o municiacutepio (Coordenadora do 2ordm PAR)

Observamos que os periacuteodos de planejamento no 1ordm e 2ordm PAR natildeo correspondem aos

periacuteodos orientados pelo MEC que seria 2007 a 2010 e de 2011 a 2014 Existe um lapso

temporal entre o planejamento e a execuccedilatildeo do PAR a assinatura do termo de compromisso e

os ciclos de duraccedilatildeo do PAR no municiacutepio Entretanto o manual de orientaccedilotildees do PAR (2011-

2014) afirma que esse planejamento eacute voluntaacuterio e natildeo haacute exigecircncia quanto ao cumprimento de

prazos

137

A adesatildeo ao Plano de Metas Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo assinada pelos

municiacutepios estados e Distrito Federal ocorreu de forma voluntaacuteria e foi realizada

por todos os entes federados () Sendo uma accedilatildeo voluntaacuteria o Ministeacuterio da

Educaccedilatildeo natildeo estabelece prazos para elaboraccedilatildeo e conclusatildeo do PAR no sistema

Eacute de interesse dos municiacutepios estados e Distrito Federal terem o PAR elaborado e

enviado para anaacutelise do MECFNDE no SIMEC uma vez que a partir do Decreto No

6094 de 24 de abril de 2007 as accedilotildees de assistecircncia teacutecnica e financeira (apoio

suplementar e voluntaacuterio) do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo seratildeo norteadas pela adesatildeo ao

Plano de Metas e elaboraccedilatildeo do PAR no SIMEC O PAR seraacute base para termo de

convecircnio ou de cooperaccedilatildeo firmado entre o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e o ente apoiado

(MECPAR 2011 p 40 grifos nossos)

As praacuteticas dos teacutecnicos do MEC tecircm se apresentado contraditoacuterias ao seu discurso

quando afirmam em seus documentos oficiais ser ldquovoluntaacuteriardquo a adesatildeo do municiacutepio ao

PDEPlano de Metas Entretanto na praacutetica o que ocorre eacute quase uma imposiccedilatildeo aos municiacutepios

para a implantaccedilatildeo do PAR visto que condiciona o financiamento de algumas accedilotildees agrave adesatildeo

ao PAR A Lei nordm 126952012 define as quatro dimensotildees abrangidas pelo PAR passiveis de

serem financiadas ou receberem apoio teacutecnico do MEC sendo elas

Art 2o - O PAR seraacute elaborado pelos entes federados e pactuado com o Ministeacuterio da

Educaccedilatildeo a partir das accedilotildees programas e atividades definidas pelo Comitecirc

Estrateacutegico do PAR de que trata o art 3o [] sect 1o A elaboraccedilatildeo do PAR seraacute

precedida de um diagnoacutestico da situaccedilatildeo educacional estruturado em 4 (quatro)

dimensotildees []I - gestatildeo educacional []II - formaccedilatildeo de profissionais de

educaccedilatildeo []III - praacuteticas pedagoacutegicas e avaliaccedilatildeo [] IV -infraestrutura fiacutesica e

recursos pedagoacutegicos (BRASIL 2012)

Aleacutem disso os resultados do IDEB por parte do MEC refletem as condiccedilotildees para o

financiamento das accedilotildees como que alertam Adriatildeo e Garcia (2008 p 792) quando afirmam que

a adesatildeo ao Compromisso pode reduzir ldquoos processos pedagoacutegicos ao preparo para os exames

externos considerando-se que os resultados das avaliaccedilotildees concorreratildeo para o aumento dos

recursosrdquo

A ideia da poliacutetica do planejamento multidimensional e articulado com os entes

federados eacute interessante com a intermediaccedilatildeo das universidades e outras organizaccedilotildees

educacionais como a UNDIME e sindicatos educacionais auxiliam na implantaccedilatildeo da poliacutetica

e a prioridade na alocaccedilatildeo dos recursos sem interferecircncias poliacutetico-partidaacuterias Para Luce e

Farenzena (2007 p 11) a poliacutetica do MEC se caracteriza como uma ldquodescentralizaccedilatildeo

convergenterdquo levando em consideraccedilatildeo a prestaccedilatildeo de contas dos entes que aderem ao

Compromisso ou ainda tambeacutem pode ser caracterizada como uma descentralizaccedilatildeo

138

monitorada considerando a exigecircncia de um Planejamento de Accedilotildees Articuladas (PAR) e pela

existecircncia do IDEB em que eacute tomado como medida de avaliaccedilatildeo das accedilotildees que foram ou natildeo

realizadas Dessa forma os discursos da descentralizaccedilatildeo e da autonomia dos entes federados

entram em contradiccedilatildeo quanto a implantaccedilatildeo dessa poliacutetica

O Relatoacuterio Puacuteblico da siacutentese do diagnoacutestico do 1ordm PAR no municiacutepio de SantanaAP

nos indica a situaccedilatildeo de cada dimensatildeo conforme a avaliaccedilatildeo da equipe teacutecnica local por ocasiatildeo

da elaboraccedilatildeo do PAR A tabela 16 nos demonstra tal situaccedilatildeo

Tabela 17 Santana Siacutentese das pontuaccedilotildees das Dimensotildees do 1ordm PAR

Dimensotildees Pontuaccedilotildees

Total 4 3 2 1 na

1Gestatildeo Educacional 0 6 6 7 1 20

2 Formaccedilatildeo de Professores e de

Profissionais de Serviccedilos e Apoio Escolar 1 2 1 6 0 10

3 Praacuteticas Pedagoacutegicas e Avaliaccedilatildeo 1 3 2 2 0 08

4 Infraestrutura Fiacutesica e Recursos

Pedagoacutegicos 0 1 8 5 0 13

Total 2 12 17 20 1 52 Fonte SIMECMEC (2009)

De acordo com a tabela 16 o municiacutepio de Santana recebeu maior nuacutemero de pontuaccedilatildeo

1 e 2 que totalizam 71 do total de indicadores o que demonstra que haacute na rede uma situaccedilatildeo

mais para ruim do que boa As dimensotildees Gestatildeo Educacional e Infraestrutura Fiacutesica e Recursos

Pedagoacutegicos foram as responsaacuteveis pelo maior nuacutemero de pontuaccedilotildees 1 e 2 revelando estar

nessas dimensotildees as maiores fragilidades As pontuaccedilotildees 3 e 4 que representam uma situaccedilatildeo

boa ou oacutetima poreacutem correspondem apenas a 269 dos indicadores do 1ordm PAR

Em relaccedilatildeo agrave dimensatildeo da Gestatildeo Educacional 30 dos indicadores receberam

pontuaccedilatildeo 3 que eacute considerada boa segundo a avaliaccedilatildeo do MEC E 70 das pontuaccedilotildees da

gestatildeo foram 1 ou 2 o que expressa uma situaccedilatildeo insatisfatoacuteria

A elaboraccedilatildeo do 2ordm Plano de Accedilotildees Articuladas no municiacutepio de Santana ciclo 2011 a

2014 foi realizado no 2ordm semestre de 2011 com a participaccedilatildeo da equipe local

Segundo informaccedilotildees dos entrevistados a elaboraccedilatildeo do 2ordm PAR

Foi feita atraveacutes de reuniatildeo da equipe local envolvendo vaacuterios segmentos entre eles

a secretaacuteria diretores de todos os departamentos representantes de professores tanto

da zona rural como da urbana pedagogos da zona rural e urbana representantes de

diretores representantes de conselho escolar e representantes do conselho municipal

de educaccedilatildeo noacutes tivemos toda essa equipe reunidas 3 vezes por semana tanto de manhatilde

como a tarde onde eram feitos diagnoacutesticos e anaacutelise (Coordenadora do 2ordm PAR)

139

A siacutentese dos resultados do diagnoacutestico do 2ordm PAR realizado pela equipe local do

municiacutepio estaacute disponiacutevel na tabela 18 a seguir

Tabela 18 Santana Siacutentese das pontuaccedilotildees das Dimensotildees do 2ordm PAR

Dimensotildees Pontuaccedilotildees

4 3 2 1 na Total

1Gestatildeo Educacional 0 9 16 3 0 28

2 Formaccedilatildeo de Professores e de

Profissionais de Serviccedilos e Apoio Escolar 0 7 5 4 1 17

3 Praacuteticas Pedagoacutegicas e Avaliaccedilatildeo 0 9 5 1 0 15

4 Infraestrutura Fiacutesica e Recursos

Pedagoacutegicos 0 0 14 8 0 22

Total 0 25 40 16 1 82 Fonte SIMECMEC (2015)

Como podemos analisar na tabela 18 nenhum indicador recebeu a pontuaccedilatildeo 4 Quase

50 dos indicadores obtiveram a pontuaccedilatildeo 2 se somarmos as pontuaccedilotildees 1 e 2 obteremos um

total de 682 de indicadores o que descreve uma situaccedilatildeo insuficiente e por isso aponta mais

aspectos negativos e de situaccedilatildeo criacutetica ao municiacutepio As dimensotildees gestatildeo educacional e

infraestrutura fiacutesica e recursos pedagoacutegicos tem sido os principais responsaacuteveis pela situaccedilatildeo

insuficiente

E se comparamos o 1ordm e 2ordm diagnoacutestico do PAR em um panorama geral podemos

perceber que 71 das pontuaccedilotildees 1 e 2 estatildeo no 1ordm PAR e no 2ordm PAR satildeo 682 isto eacute houve

uma quase insignificante alteraccedilatildeo na situaccedilatildeo do municiacutepio em relaccedilatildeo aos indicadores

Inclusive 2 indicadores que demonstravam pontuaccedilatildeo 4 no 1ordm PAR natildeo mais apareceram no 2ordm

PAR

Em relaccedilatildeo agrave dimensatildeo Gestatildeo Educacional no 2ordm PAR 678 dos indicadores

apresentaram-se com insatisfatoacuterios ou criacuteticos Se comparados ao 1ordm PAR em que 70 dos

indicadores tambeacutem foram pontuados como insatisfatoacuterios ou criacuteticos observa-se que nessa

dimensatildeo teve uma quase insignificante evoluccedilatildeo de 22 a mais

No que se refere ainda a baixa pontuaccedilatildeo de indicadores de Infraestrutura Fiacutesica e

Recursos Pedagoacutegicos no 1ordm e 2ordm PAR pudemos identificar atraveacutes dos termos de compromisso

(Extrato de execuccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas - PAR) disponiacuteveis em consulta puacuteblica

no SIMEC (2015) planejamento para investimentos nessa dimensatildeo (4) em indicadores da

aacuterea 2 sendo

a) seis termos de compromisso relativos a compra de mobiliaacuterio equipamentos e materiais

didaacuteticos e pedagoacutegicos (accedilotildees e sub-accedilotildees do indicador 4211)

140

b) um termo de compromisso de infraestrutura (reforma) de unidades escolares que ofertam EF

na zona urbana (accedilotildees e sub-accedilotildees do indicador - 425emenda parlamentar)

c) aquisiccedilatildeo de nove ocircnibus escolares (accedilotildees e sub-accedilotildees do indicador - 4212)

d) quatro escolas comtempladas com construccedilatildeoampliaccedilatildeo de salas de aula para a educaccedilatildeo do

campo indiacutegena ou quilombola (accedilotildees e sub-accedilotildees do indicador 4210)

e) duas escolas comtempladas com construccedilatildeoampliaccedilatildeo de salas de aula de EF na zona urbana

(accedilotildees e sub-accedilotildees do indicador 429) (MECPAR 2015)

A coordenadora do 2ordm PAR afirma que ldquoo prefeito natildeo tinha a noccedilatildeo do que era o PAR

quando ele soube que era para receber recursos toda a atenccedilatildeo comeccedilou a ser dada para a

elaboraccedilatildeo do PARrdquo Natildeo obstante os recursos decorrentes do PAR considerando a totalidade

das receitas para com o financiamento da funccedilatildeo educaccedilatildeo no municiacutepio satildeo iacutenfimos conforme

jaacute demonstramos anteriormente Para o ano de 2009 representou 1 e em 2013 apenas 3 do

total das receitas

O que tambeacutem temos observado eacute que muitos dos recursos que foram alocados ainda no

1ordm PAR foram prorrogados e estatildeo em execuccedilatildeo e natildeo foram ainda concluiacutedos por parte do

municiacutepio como eacute o caso daqueles destinados agrave construccedilatildeo de creches Mas quais as

implicaccedilotildees do PAR para a democratizaccedilatildeo da gestatildeo A anaacutelise dos principais indicadores a

seguir nos daraacute pistas a esse respeito

34 OS INDICADORES DA GESTAtildeO DEMOCRAacuteTICA DO PLANO DE ACcedilOtildeES

ARTICULADAS NA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE SANTANA (2007-2014)

Os indicadores de gestatildeo democraacutetica no 1ordm e 2ordm PAR que satildeo objetos desse estudo satildeo

seis Conselho Escolar Conselho Municipal de Educaccedilatildeo Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar

Comitecirc Local do Compromisso Conselho do FUNDEB e Criteacuterios para a escolha de Diretores

A pontuaccedilatildeo que revela o diagnoacutestico da situaccedilatildeo a respeito de cada indicador realizado

por ocasiatildeo do 1ordm PAR (2007) e do 2ordm PAR (2011) demonstrada a seguir nos subsidiaraacute a anaacutelise

da evoluccedilatildeo do desenvolvimento das condiccedilotildees de democratizaccedilatildeo da gestatildeo em Santana

Quadro 10 ndash Santana Pontuaccedilatildeo dos indicadores de gestatildeo democraacutetica no 1ordm e 2ordm PAR

PAR CE CME CAE Comitecirc

Local

Conselho do

FUNDEB

Criteacuterios para a Escolha

de Diretores

1ordm PAR

(2007-2010) 3 1 1 1

2ordm PAR

(2011-2014) 3 3 2 1 2 3

Fonte SIMEC ndash Elaborado pela autora Nota 1 Indicador ausente no 1ordm PAR Nota 2 No 2ordm PAR

esse indicador foi remanejado para a Dimensatildeo Gestatildeo de Pessoas

141

No quadro 10 o diagnoacutestico situacional da gestatildeo democraacutetica da educaccedilatildeo no

municiacutepio de Santana informado pela SEME indicou que no 1ordm PAR dos quatro indicadores

analisados61 em trecircs deles (Existecircncia e funcionamento de CME Existecircncia e funcionamento

do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar e Criteacuterios para escolha de diretores) a pontuaccedilatildeo

atribuiacuteda foi 1 o que demonstra uma situaccedilatildeo muito criacutetica revelando aspectos negativos

Apenas um indicador foi diagnosticado com a pontuaccedilatildeo 3 (Existecircncia e funcionamento de

Conselho escolar) que descreve uma situaccedilatildeo satisfatoacuteria Jaacute no 2ordm PAR dos seis indicadores

analisados trecircs indicadores receberam a pontuaccedilatildeo 3 (Existecircncia e funcionamento de Conselho

escolar Existecircncia e funcionamento de CME e Criteacuterios para escolha de diretores) dois

indicadores receberam pontuaccedilatildeo 2 (Existecircncia e funcionamento do Conselho de Alimentaccedilatildeo

Escolar e Existecircncia e funcionamento do Conselho do FUNDEB) Apenas o Escolar um

indicador recebeu pontuaccedilatildeo 1 (Comitecirc Local)

Essa situaccedilatildeo deveraacute ser analisada mais detalhadamente em cada indicador nos itens a

seguir na perspectiva de compreender as implicaccedilotildees do PAR para a democratizaccedilatildeo da gestatildeo

por meio da anaacutelise do funcionamento de cada um desses indicadores no acircmbito da rede

municipal

341 Existecircncia composiccedilatildeo e funcionamento dos Conselhos Escolares (CE)

O municiacutepio de Santana desde 1994 jaacute dispotildee da sua lei especiacutefica Nordm 15394 que trata

sobre a criaccedilatildeo do Conselho Escolar nos estabelecimentos do sistema municipal de ensino A

existecircncia de Conselhos Escolares na rede municipal de Santana eacute tambeacutem mencionada na Lei

Orgacircnica do Municiacutepio promulgada em 1992 revisada e atualizada no ano de 2000 em seu

art 159 e 160 define as funccedilotildees do CE e a elaboraccedilatildeo de um regimento da escola que seja

participativo

Art 159 ndash As escolas puacuteblicas municipais contaratildeo com conselhos escolares

constituiacutedos pela direccedilatildeo da escola e representantes dos segmentos da comunidade

escolar com funccedilotildees consultiva deliberativa e fiscalizadora na forma da Lei

Art 160 ndash Os estabelecimentos de ensino deveratildeo ter um regimento elaborado pela

Comunidade Escolar homologado pelo conselho da escola e submetido a posterior

aprovaccedilatildeo do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (SANTANA 2000 p 34)

Entretanto a rede municipal justificou que possui escolas que natildeo tem os Conselhos

Escolares constituiacutedos principalmente ldquoporque ainda tem funcionaacuterios do contrato

administrativo ou seja natildeo satildeo efetivos e esta eacute uma das exigecircncias conforme o estatuto do

61Dos seis indicadores focalizados neste trabalho dois deles natildeo constavam no primeiro PAR (o Comitecirc Local e

Conselho do FUNDEB)

142

conselho escolarrdquo (Conselheira do CE - governamental) Como podemos analisar ainda haacute

funcionaacuterios puacuteblicos admitidos por contratos administrativos sem estabilidade no cargo e sem

passar por provas e tiacutetulos

Os Conselhos Escolares satildeo de grande importacircncia por serem os incentivadores da

participaccedilatildeo contribuindo para a construccedilatildeo de uma cultura democraacutetica que rompa com a

loacutegica do poder centralizador das decisotildees de um pequeno grupo estimulando assim um local

de exerciacutecio contiacutenuo e cotidiano do diaacutelogo e da negociaccedilatildeo ldquoum espaccedilo de aprendizagem

participativa democraacutetica e de empowerment de seus componentes () que se desenvolvem

como construccedilatildeo da comunidade escolar a democracia estaraacute sendo construiacuteda ativamente e

vivenciada em processos concretosrdquo (WERLE 2003 p 11)

A composiccedilatildeo do Conselho Escolar no municiacutepio de Santana eacute de 9 (nove) conselheiros

sendo um titular e um suplente de cada segmento da comunidade escolar O diretor da Unidade

Escolar eacute membro ldquonatordquo e natildeo passa por eleiccedilatildeo tendo sua participaccedilatildeo garantida no CE mas

natildeo poderaacute ser o presidente (SANTANA 2000) No instante em que a uma legislaccedilatildeo daacute

poderes a integrantes dos Conselhos natildeo passarem por eleiccedilatildeo estatildeo utilizando de

procedimentos antidemocraacuteticos visto que os conselhos representam a participaccedilatildeo nas

discussotildees e o poder de tomar decisotildees

Nesse caso os direitos civis de uma comunidade em que envolve a efetiva participaccedilatildeo

com engajamento nas questotildees de interesse puacuteblico envolve tambeacutem igualdade poliacutetica entre

todos os participantes participaccedilatildeo ativa toleracircncia voluntariedade e o espaccedilo deve ser

propiacutecio para concordar ou discordar dos pontos de vista propostos sem constrangimento

passividade ou imposiccedilotildees

O quadro 11 apresenta o diagnoacutestico realizado pela equipe local do municiacutepio quanto

ao indicador ldquoExistecircncia de Conselhos Escolares (CE)rdquo no 1ordm e 2ordm PAR

Quadro 11 - SANTANA Diagnoacutestico do Indicador Conselho Escolar

PAR Indicador Pontuaccedilatildeo

1ordf versatildeo do PAR

(2007-2010) Existecircncia de Conselhos Escolares 3

2ordf versatildeo do PAR

(2011-2014)

Existecircncia e funcionamento de

Conselhos Escolares 3

Fonte SIMEC ndash Elaborado pela autora

De acordo com o quadro 11 o indicador ldquoExistecircncia de Conselhos Escolaresrdquo no 1ordm PAR

(2007-2010) recebeu a pontuaccedilatildeo 3 o que de acordo com as convenccedilotildees do MEC significa

que haacute conselhos escolares atuantes em pelo menos 50 das escolas da rede que a secretaria

143

sugeria e orientava a implantaccedilatildeo dos CE e que as escolas da rede em parte se mobilizavam

para implantar CE

No 2ordm PAR (2011-2014) o indicador ldquoExistecircncia e funcionamento de Conselhos

Escolaresrdquo por ocasiatildeo da pontuaccedilatildeo 3 gerou cinco sub-accedilotildees a serem realizadas pela SEME

como

a) qualificar os teacutecnicos da SEME que satildeo responsaacuteveis pela implantaccedilatildeo e

fortalecimento dos conselhos escolares b) instituir um grupo articulador de

criaccedilatildeo e fortalecimento dos conselhos escolares e de outros documentos

relacionados a gestatildeo democraacutetica da escola c) sensibilizar a comunidade escolar

e local dentre eles pais professores diretores escolares demais funcionaacuterios da

escola e comunidade sobre a importacircncia da gestatildeo democraacutetica na escola e

mobilizaacute-la para a implantaccedilatildeo do conselho escolar onde ele natildeo existir e)

monitorar e apoiar a atuaccedilatildeo dos conselhos na rede de ensino f) incentivar a

integraccedilatildeo entre os conselhos escolares (PAR 2011-2014)

b)

Segundo uma entrevistada integrante do Conselho Escolar que faz parte da equipe de

fortalecimento dos conselhos escolares as sub-accedilotildees que se referem ao monitoramento e apoio

aos conselhos escolares bem como a integraccedilatildeo entre eles natildeo ocorreram

Quando perguntamos agrave Conselheira sobre a existecircncia implantaccedilatildeo e funcionamento

dos CE na rede municipal de ensino ela assim descreveu o processo

90 das escolas tecircm Conselhos Escolares implantados por que as mesmas trabalham

com caixas escolares e os representantes do caixa escolar satildeo eleitos dentro da

composiccedilatildeo do Conselho Escolar Ficando entendido que o caixa escolar eacute o oacutergatildeo

que trabalha com o recurso financeiro da unidade escolar e eacute tirado de dentro da

composiccedilatildeo do Conselho Escolar () na implantaccedilatildeo dos conselhos escolares a SEME

vem para as escolas faz uma assembleia sensibiliza todos os envolvidos na escola e

mostra o que eacute o conselho qual a funccedilatildeo do conselho mostra o que pode e o que natildeo

pode fazer orienta de acordo com as leis e orientamos que faccedilam as assembleias por

segmento Eacute assim que orientamos (Conselheira Escolar)

No que diz respeito ao funcionamento dos Conselhos Escolares a conselheira avalia que

A implantaccedilatildeo eacute uma beleza jaacute o funcionamento eacute uma dificuldade pois a gente

percebe que haacute uma negaccedilatildeo Os proacuteprios pais dizem que o conselho escolar natildeo

funciona ou natildeo tem tempo de participar Os Caixas escolares as pessoas tecircm medo

de se envolverem com as questotildees financeiras e natildeo querem participar (Conselheira

Escolar)

Como podemos perceber na fala da entrevistada os conselhos satildeo implantados

principalmente por ser uma exigecircncia da Uniatildeo para a composiccedilatildeo dos caixas escolares pois

somente dessa forma as escolas teratildeo acesso aos recursos Sendo que o Conselho Escolar pode

exercer tambeacutem a funccedilatildeo de Unidade Executora (UEx) responsaacutevel por receber os recursos

do PDDE (Programa Dinheiro Direto na Escola) Mas sua atuaccedilatildeo natildeo deve se restringir apenas

agraves accedilotildees financeiras Outro aspecto interessante diz respeito ao fato de que quando o conselho

144

escolar natildeo exerce a funccedilatildeo de Unidade Executora natildeo haacute necessidade de registraacute-lo em

cartoacuterio Mas mesmo natildeo sendo a Unidade Executora o conselho escolar deve participar do

planejamento e da execuccedilatildeo dos recursos financeiros (MECPAR 2011)

No levantamento de dados do Sistema de Informaccedilotildees sobre Orccedilamentos Puacuteblicos em

Educaccedilatildeo (SIOPE) natildeo encontramos registrados no municiacutepio de Santana os lsquoConselhos

Escolaresrsquo como Unidades Executoras o que foram encontrados foram lsquoCaixas Escolaresrsquo De

acordo com o MEC as Caixas Escolares satildeo unidades executoras com personalidade juriacutedica

de direito privado com CNPJ sem fins lucrativos Eacute portanto categoria de associaccedilatildeo natildeo

pertence agrave administraccedilatildeo puacuteblica eacute apenas vinculada agrave escola As Caixas Escolares tecircm como

objetivo gerir a verba transferida por isso chamada de Unidade Executora Portanto todas as

escolas devem possuir sua Caixa Escolar e aquelas escolas com pequena quantidade de alunos

(ateacute 50 alunos) eacute facultativa a criaccedilatildeo da unidade executora Nesta situaccedilatildeo a escola recebe o

recurso por meio da Prefeitura ou da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo (MECFNDE)

Para receber os recursos do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) as escolas

puacuteblicas do municiacutepio precisaram criar suas Caixas Escolares Os recursos do PDDE servem

para compra de material de consumo manutenccedilatildeo conservaccedilatildeo e reparos na unidade escolar

e pequenos investimentos em bens permanentes Servem tambeacutem para accedilotildees previstas na

escola incluindo acessibilidade programaccedilotildees culturais educaccedilatildeo integral atletas na escola

dentre outros

Nesse sentido o discurso da ldquodescentralizaccedilatildeo administrativardquo que eacute um dos

mecanismos segundo Bresser-Pereira (1996) para a organizaccedilatildeo institucional e eacute um dos

objetivos da Reforma do Estado que envolve mudanccedilas na gestatildeo e no funcionamento dos

sistemas de ensino em que as Unidades Escolares tecircm entatildeo uma autonomia relativa pois esta

deveraacute ser gerenciada pelo poder central atraveacutes dos mecanismos de controle E sendo os caixas

escolares instituiccedilotildees de direito privado natildeo pertencentes as escolas puacuteblicas o que observamos

nesse caso eacute uma instituiccedilatildeo privada dentro de uma instituiccedilatildeo puacuteblica como nos alertava

Peroni (2005) onde a loacutegica que prevalece eacute a da gestatildeo privada

No que diz respeito aos recursos financeiros da educaccedilatildeo ao municiacutepio destacamos os

repasses realizados ao municiacutepio pelo governo federal atraveacutes de diversos Programas as escolas

da rede municipal de ensino de Santana por meio dos caixas escolares tais como PDDE ndash

Educaccedilatildeo Baacutesica PDDE ndash Atleta na Escola PDDE ndash Acessibilidade PDDE ndash Educaccedilatildeo

Integral PDDE ndash Escola Campo PDDE ndash Escola Sustentaacutevel PDDE ndash Cultura na Escola PDE

ndash escola

145

No que diz respeito agraves receitas com repasses diretamente as escolas da rede municipal

de Santana fizemos um levantamento financeiro anual do periacuteodo desde a chegada do PAR ao

municiacutepio O quadro 12 apresenta o montante financeiro anual recebido pelas escolas por meio

das Caixas Escolares

Quadro 12 ndash Santana Receitas do PDDE por Programa para as escolas da rede municipal de

Santana (2007-2014)

Ano Programas Nordm de escolas

atendidas

Total de Recursos

Recebidos

2007

PDDE ndash Educaccedilatildeo Baacutesica 10 5672840

PDE ndash Escola 01 3100000

Total em R$ - 8772840

2008

PDDE ndash Educaccedilatildeo Baacutesica 11 7241850

PDDE ndash Acessibilidade 01 1600000

Total em R$ - 8841850

2009

PDDE ndash Educaccedilatildeo Baacutesica 19 13994210

PDDE ndash Educaccedilatildeo Integral 10 27959202

PDE ndash Escola 08 11400000

Total em R$ - 53353412

2010

PDDE ndash Educaccedilatildeo Baacutesica 20 15587050

PDDE ndash Educaccedilatildeo Integral 10 32808372

Total em R$ - 48395422

2011

PDDEndash Educaccedilatildeo Baacutesica 04 2252310

PDDE ndash Acessibilidade 01 700000

Total em R$ - 2952310

2012

PDDE ndash Educaccedilatildeo Baacutesica 28 15916648

PDDE ndash Acessibilidade 06 5660000

PDDE ndash Escola Campo 04 7380000

PDDE ndash Educaccedilatildeo Integral 20 66015986

PDE ndash Escola 04 15100000

Total em R$ - 110072634

2013

PDDE ndash Educaccedilatildeo Baacutesica 28 24390000

PDDE ndash Estrutura (Acessibilidade) 10 9660000

PDDE ndash Estrutura (Escola Campo) 02 3000000

PDDE ndash Qualidade (Escola Sustentaacutevel) 06 5600000

PDDE ndash Qualidade (Atleta na Escola) 05 578700

PDDE ndash Educaccedilatildeo Integral 22 95435872

Total em R$ - 138664572

2014 PDDE ndash Educaccedilatildeo Baacutesica 3462 12998402

62 O municiacutepio de Santana no ano de 2014 possui 31 escolas e 17 anexos de escolas Entretanto o repasse do

PDDE no ano de 2014 foi para 34 caixas escolares Nessa pesquisa natildeo conseguimos identificar o porquecirc de 34

caixas escolares terem recebido o recurso

146

PDDE ndash Estrutura (Acessibilidade) 03 3740000

PDDE ndash Qualidade (Atleta na Escola) 10 1212900

PDDE ndash Qualidade (Cultura na Escola) 05 6100000

PDDE ndash Educaccedilatildeo Integral 25 59463154

Total em R$ - 83514456

Total Geral em R$ - 454567496

Fonte FNDESIOPE (2015) ndash Organizado pela autora

De acordo com o quadro 12 podemos perceber um volume de repasses no montante de

R$ 454567496 para as escolas puacuteblicas da rede municipal em um periacuteodo de 8 anos Se

compararmos o recurso do ano de 2007 com o de 2014 os recursos aumentaram 945 e se

comparado ao ano de 2013 o crescimento foi de 1580

Nos dados do SIOPE podemos identificar o volume de recursos repassados diretamente

as caixas escolares das escolas puacuteblicas da rede municipal de Santana Os recursos referem-se

aos Programas criados a partir do PDEPlano de Metas

Graacutefico 5 ndash Total de repasses do PDDE para as escolas da rede municipal 2007 - 2014

Fonte SIOPE (2016)

Como podemos observar no graacutefico 5 comparando os anos de 2007 e 2014 houve um

elevado crescimento nos repasses financeiros destinados aos caixas escolares das escolas

municipais O quadro 12 indica os programas que foram implantados e a quantidade de escolas

que receberam esses programas atraveacutes das caixas escolares

Os dados revelam tambeacutem um aumento no nuacutemero de caixas escolares que em 2007

eram 10 e em 2014 jaacute haviam 34 implantadas O quadro 12 aponta um crescimento nos valores

dos repasses a partir de 2009 isso pode ter ocorrido devido a assinatura do Termo de Adesatildeo

000

20000000

40000000

60000000

80000000

100000000

120000000

140000000

160000000

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

147

ao Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo entre o governo federal e o municiacutepio de Santana e

consequentemente a incorporaccedilatildeo dos programas no acircmbito do PAR no municiacutepio

Os programas estatildeo sendo criados gradativamente no municiacutepio agrave medida que as

escolas organizam os seus Conselhos Escolares os primeiros programas foram o PDDE e o

PDE ndash Escola em 2007 o PDE-Acessibilidade eacute criado em 2008 o Programa Educaccedilatildeo Integral

em 2009 em 2012 o programa Educaccedilatildeo do Campo no ano de 2013 eacute a vez dos programas

Atleta na Escola e Escola Sustentaacutevel e em 2014 o programa Cultura na Escola tambeacutem foi

contemplado para o municiacutepio

O Programa Educaccedilatildeo Integral foi implantado no ano de 2009 em 10 escolas municipais

chegando a 25 escolas no ano de 2014 Eacute o Programa que mais tem absorvido recursos do

FNDE no total de R$ 281682586 em 5 anos63 atingindo 62 do valor total das receitas que

foi de R$ 454567496 destinados aos caixas escolares das escolas puacuteblicas municipais de

Santana

Tabela 19 ndash Santana Total de Recursos do PDDE recebidos pelas Caixas Escolares da rede

municipal no periacuteodo de 2007-2014

Ano Nordm de caixas escolares Total de Recursos

Recebidos

2007 10 8772840

2008 11 8841850

2009 19 53353412

2010 20 48395422

2011 04 2952310

2012 28 110072634

2013 28 138664572

2014 34 83514456

Fonte FNDESIOPE

Os dados da tabela 19 mostram que o nuacutemero de caixas escolares tem crescido na rede

municipal em 2007 eram apenas 10 caixas escolares e em 2014 jaacute eram 34 Em 2011 observou-

se uma queda no nuacutemero de caixas escolares que receberam recursos isso pode ter ocorrido

devido a natildeo prestaccedilatildeo de contas ao FNDE nesse caso os caixas escolares ficam na condiccedilatildeo

de inadimplentes e natildeo recebem recursos ateacute efetivarem a prestaccedilatildeo de contas

Eacute notoacuterio no documento ldquoPrograma Nacional de Fortalecimento dos Conselhos

Escolaresrdquo elaborado pelo MEC e proposto ao municiacutepio de Santana e consequentemente as

63O Programa Educaccedilatildeo Integral transferiu recursos para o municiacutepio nos anos 2009 2010 2012 2013 e 2014

148

unidades escolares A desconcentraccedilatildeo de tarefas do MEC para as unidades escolares fazem

com que as escolas se preocupem mais em atingir as metas propostas pelo MEC do que com os

procedimentos pedagoacutegicos para a melhoria da qualidade da educaccedilatildeo A ideia eacute de um modelo

gerencial para educaccedilatildeo onde a poliacutetica eacute planejada verticalmente e descentralizada na sua

execuccedilatildeo Nesse exemplo cabe ao MEC a centralizaccedilatildeo das informaccedilotildees e aos municiacutepios a

execuccedilatildeo dos 13 (treze) itens que satildeo atribuiacutedos aos membros do CE e que perpassam desde a

promoccedilatildeo discussatildeo criaccedilatildeo assessoramento fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo integraccedilatildeo ateacute garantias

de aprovaccedilatildeo encaminhamento e divulgaccedilatildeo de accedilotildees

Embora a caixa escolar seja parte do Conselho Escolar o que constatamos foi a pouca

participaccedilatildeo dos conselheiros nas reuniotildees do CE nas escolas da rede municipal o que

inviabiliza a construccedilatildeo de uma gestatildeo democraacutetica e um planejamento coletivo para a

construccedilatildeo da autonomia da escola

342 Existecircncia composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (CME)

No que diz respeito ao diagnoacutestico desse indicador da gestatildeo no municiacutepio de Santana

nas duas versotildees do PAR foi o seguinte

Quadro 13 Santana Diagnoacutestico do Indicador Conselho Municipal de Educaccedilatildeo

PAR Indicador Pontuaccedilatildeo

1ordf versatildeo do PAR

(2007-2010)

Existecircncia composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do

Conselho Municipal de Educaccedilatildeo 1

2ordf versatildeo do PAR

(2011-2014)

Existecircncia composiccedilatildeo competecircncia e atuaccedilatildeo do

Conselho Municipal de Educaccedilatildeo 3

Fonte SIMEC ndash Elaborado pela autora

Notadamente houve um avanccedilo na pontuaccedilatildeo entre os diferentes anos A pontuaccedilatildeo 1

expressa conforme o MEC ldquoquando natildeo existe um CME implementado ou quando o CME

existente eacute apenas formalrdquo Embora exista lei aprovada desde 1998 o Conselho foi

diagnosticado pela equipe que elaborou o 1ordm PAR como inexistente ou natildeo funcionava Na 2ordf

versatildeo do PAR o CME foi diagnosticado com pontuaccedilatildeo 3 A conselheira entrevistada

justificou essa pontuaccedilatildeo devido a melhor organizaccedilatildeo da documentaccedilatildeo e que

Existe o Conselho Municipal de Educaccedilatildeo - CME com regimento interno escolha

democraacutetica dos conselheiros poreacutem nem todos os segmentos estatildeo representados o

CME zela pelo cumprimento das normas natildeo auxilia a SEME no planejamento

149

municipal da Educaccedilatildeo na distribuiccedilatildeo de recursos no acompanhamento e avaliaccedilatildeo

das accedilotildees educacionais (Conselheira do CME - Representante governamental)

Nesse sentido existe a pouca representatividade na composiccedilatildeo do CME da sociedade

civil o CME tambeacutem fica inviabilizado de realizar algumas accedilotildees devido agrave falta de

transparecircncia nos recursos financeiros que impedem o debate e o planejamento coletivo das

accedilotildees junto a SEME a natildeo representaccedilatildeo da sociedade civil no CME inviabilizando assim a

participaccedilatildeo do CME Poreacutem segundo a conselheira o CME tem auxiliado no planejamento

municipal da Educaccedilatildeo bem como no acompanhamento e avaliaccedilatildeo das accedilotildees educacionais do

IDEB

Como se pode perceber na resposta da entrevistada eacute que a democratizaccedilatildeo da educaccedilatildeo

natildeo tem ocorrido no municiacutepio pois a SEME natildeo tem autonomia para gerenciar o seu proacuteprio

orccedilamento e nem o CME pois segundo a Lei Municipal Nordm 366 de 1998 o Conselho tem o

papel somente de ldquoassessorarrdquo a poliacutetica e da legislaccedilatildeo educacional municipal O que retira a

autonomia poliacutetica dos conselheiros de participar de todos os temas relativos agrave educaccedilatildeo

municipal

Dessa forma aponta como necessidade para a melhoria da atuaccedilatildeo do CME

A descentralizaccedilatildeo dos recursos financeiros da prefeitura para a Secretaria Municipal

de Educaccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo da representatividade na composiccedilatildeo do conselho que

garanta a participaccedilatildeo da sociedade civil com auxiacutelio de um estudo envolvendo

profissionais do MEC (Conselheira do CME - Representante governamental)

O Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (CME) foi criado pela Lei Nordm 366 de 14 de abril de

1998 no seu art 1ordm aponta que o CME eacute criado ldquocom a finalidade baacutesica de assessorar o

Governo Municipal na formulaccedilatildeo da poliacutetica e legislaccedilatildeo educacional do municiacutepiordquo

(SANTANA 1998) e apresenta 21 finalidades para o CME

I ndash Normatizar procedimentos educacionais no acircmbito do municiacutepio analisar ou

propor programas projetos ou atividades de expansatildeo e aperfeiccediloamento ()

II ndash Analisar autorizar o funcionamento de unidades escolares de direito privado e

reconhecer unidades escolares ()

III ndash Sugerir diretrizes ()

IV ndash Promover a) O acompanhamento e o controle social na aplicaccedilatildeo de recursos

()

IX - Supervisionar a realizaccedilatildeo do Censo Escolar anual

()

XIII- Avaliar o ensino ministrado pela Administraccedilatildeo Municipal e recomendar

diretrizes agrave sua expansatildeo e aperfeiccediloamento

XX ndash Aprovar o calendaacuterio

() (SANTANA 1998 p 01-03) [destaque em negrito nossos]

150

Ao observar as finalidades do CME percebe-se que o oacutergatildeo eacute responsaacutevel pela

orientaccedilatildeo na conduccedilatildeo do Sistema Municipal de Educaccedilatildeo de Santana da formulaccedilatildeo da

poliacutetica da legislaccedilatildeo educacional e pelas accedilotildees destacadas entendemos que o CME tem caraacuteter

mais amplo consultivo deliberativo normativo e fiscalizador De acordo com a Lei Nordm

3661998 - PMS o conselho eacute composto por

Quadro 14 ndash Santana Composiccedilatildeo do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (CME)

Membros

I ndash um representante da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo

II ndash um representante dos professores municipais

III ndash um representante dos diretores das escolas puacuteblicas municipais

IV ndash um representante dos servidores das escolas puacuteblicas do ensino municipal

V ndash um representante dos Conselhos escolares municipais

VI ndash um representante dos estabelecimentos particulares de ensino fundamental

VII ndash um representante do oacutergatildeo estadual de ensino sediado no municiacutepio

Fonte Prefeitura Municipal de Santana ndash Elaborado pela autora

A lei de criaccedilatildeo do Conselho natildeo menciona aspectos quanto agrave paridade de seus membros

entre representantes do poder puacuteblico e da sociedade civil No que se refere aos criteacuterios de

escolha destacamos no sect4ordm do art 2ordm da Lei 3661998 - PMS que uma parte dos representantes

poderatildeo ser escolhidos democraticamente em assembleias e os demais devem ser indicados ldquoos

representantes II III IV e V seratildeo escolhidos em assembleias especialmente convocadas e os

demais seratildeo indicados por suas entidades para nomeaccedilatildeo do prefeitordquo (SANTANA 1998 p

4) Entretanto a proacutepria composiccedilatildeo do CME deixa clara a disparidade entre poder puacuteblico e

sociedade civil quando natildeo eacute proposto na composiccedilatildeo da Associaccedilatildeo de pais e mestres os

sindicatos as Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais o Ministeacuterio Puacuteblico dentre outros oacutergatildeos

de representaccedilatildeo colegiada

Os representantes do CME apoacutes escolhidos satildeo nomeados pelo prefeito para o mandato

de 04 (quatro) anos podendo este tempo ser renovado por mais um mandato O presidente do

Conselho ficaraacute por dois anos podendo ser reeleito As reuniotildees ordinaacuterias devem ocorrer

quinzenalmente e extraordinariamente sempre que convocados

De acordo com uma representante do CME entrevistada

() as reuniotildees ateacute ocorrem mas as coisas natildeo satildeo encaminhadas como deveriam natildeo

haacute regulamentaccedilatildeo das resoluccedilotildees () a gente assessora a SEME como teacutecnica da

SEME mas deveria ser pelo CME embora o CME esses tempos esteja mais atuante

para a aprovaccedilatildeo do Plano Municipal de Educaccedilatildeo (Representante do CME -

Representante governamental)

151

Podemos assim perceber que existe o CME no municiacutepio a composiccedilatildeo se daacute

praticamente pelo poder puacuteblico e existe pouca efetividade na atuaccedilatildeo na execuccedilatildeo das suas

competecircncias enquanto oacutergatildeo colegiado do CME Dessa forma compreendemos que o

Conselho Municipal de Educaccedilatildeo natildeo estaacute atuando conforme o que se define em lei como suas

competecircncias Aleacutem de haver pouca participaccedilatildeo dos membros do CME no que se refere ao

acompanhamento da execuccedilatildeo dos recursos da educaccedilatildeo ele eacute pouco atuante na resoluccedilatildeo das

demandas e accedilotildees que deveriam ser executadas pelo Conselho

O fato de o CME natildeo contar com integrantes da sociedade civil com atuaccedilatildeo criacutetica e

comprometidas com a efetividade das poliacuteticas puacuteblicas o que pode ser um dos motivos pelo

qual natildeo haacute efetividade nas accedilotildees e pouco tem contribuiacutedo com a democratizaccedilatildeo e a autonomia

da gestatildeo

343 Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho Municipal de Alimentaccedilatildeo Escolar (CAE)

No municiacutepio de SantanaAP o Conselho Municipal de Alimentaccedilatildeo Escolar ndash CAE foi

instituiacutedo pela Lei Nordm 488 de 10 de maio de 2001 anteriormente existia outra Lei Nordm 458 de

1999 ndash PMS que foi revogada Segundo a Lei atual Nordm 4882001 o CAE de Santana apresenta

as seguintes caracteriacutesticas eacute um oacutergatildeo que tem caraacuteter consultivo orientador normativo

fiscalizador e de funcionamento permanente

No Art 8ordm da Lei municipal Nordm 4882001 indica a composiccedilatildeo do CAE que deve ter 07

(sete) representantes titulares e 07 (sete) suplentes dentre os quais estatildeo representantes do poder

puacuteblico governamental e da sociedade civil sendo um Representante do Poder Executivo um

Representante do Poder Legislativo dois Representantes dos Professores dois Representantes

dos Pais dos Alunos um Representante de outros segmentos da Sociedade Os representantes

do CAE satildeo indicados pelos Chefes dos Poderes Executivo e Legislativo bem como pelas

respectivas entidades indicadas no art 8ordm e satildeo nomeados por ato do Prefeito

No diagnoacutestico realizado pelo municiacutepio no PAR esse indicador obteve as seguintes

pontuaccedilotildees

Quadro 15 Santana Diagnoacutestico do Indicador Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar

PAR Indicador Pontuaccedilatildeo

1ordf versatildeo do PAR

(2007-2010)

Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do

Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar 1

2ordf versatildeo do PAR

(2011-2014)

Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do

Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar 2

Fonte SIMEC (2015)

152

Quanto agrave avaliaccedilatildeo do 1ordm PAR nesse indicador o municiacutepio de Santana recebeu a

pontuaccedilatildeo 1 o que caracteriza que o Conselho existe formalmente apenas para receber o

recurso do Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar (PNAE) ou que pode natildeo estar atuando

da forma como se prevecirc que funcione Ou seja pode natildeo estar atuando na fiscalizaccedilatildeo e nem

no acompanhamento de execuccedilatildeo dos recursos e de distribuiccedilatildeo da merenda

No 2ordm PAR a pontuaccedilatildeo indicada foi 2 o que implica dizer de acordo com o MEC que

eacute quando o CAE natildeo eacute representado por todos os segmentos natildeo existe um regimento

interno as reuniotildees natildeo satildeo regulares raramente acontece a fiscalizaccedilatildeo da aplicaccedilatildeo

dos recursos transferidos o CAE natildeo acompanha a compra nem a distribuiccedilatildeo dos

alimentosprodutos nas escolas natildeo estaacute atento as boas praacuteticas sanitaacuterias de higiene

e ao objetivo de formaccedilatildeo dos bons haacutebitos (MECSIMEC 2011)

Segundo a Conselheira da Representaccedilatildeo governamental que participou da equipe local

para a elaboraccedilatildeo do 2ordm PAR justificou a pontuaccedilatildeo 2 em que ldquoo CAE tem representaccedilatildeo de

todos os segmentos conforme lei 119472009 possui um regimento interno e fiscaliza

parcialmente a aplicaccedilatildeo dos recursos transferidos mas as reuniotildees natildeo satildeo regulares devido a

rotatividade (Conselheira do CAE - Representaccedilatildeo governamental) Para a realizaccedilatildeo de accedilotildees

para reverter essa realidade sugerem que o CAE

organize um calendaacuterio de reuniotildees para garantir o acompanhamento da compra dos

alimentosprodutos distribuiacutedos nas escolas a fiscalizaccedilatildeo dos recursos financeiros a

qualidade dos alimentos e agraves boas praacuteticas sanitaacuterias de higiene e ao objetivo de

formaccedilatildeo de bons haacutebitos alimentares Garantir ainda que os conselheiros participem

de cursos do PNAE (Conselheira do CAE - Representaccedilatildeo governamental)

Embora muitas accedilotildees natildeo sejam monitoradas pela Coordenaccedilatildeo do PAR foi possiacutevel

durante as entrevistas percebermos que algumas accedilotildees propostas ainda no 1ordm PAR como as

formaccedilotildees e preparaccedilotildees dos Conselheiros em programas especiacuteficos ocorreram Embora a

conselheira representante do governo afirme que natildeo haacute regularidade nas reuniotildees um

representante da sociedade civil afirmou durante a entrevista que as reuniotildees do CAE

ldquoacontecem duas vezes por semanardquo e sobre a atuaccedilatildeo do CAE afirma que eacute

() um oacutergatildeo deliberativo e fiscalizador que serve pra fiscalizar os recursos oriundos

do FNDE e PNAE pra compra de alimentaccedilatildeo escolar nas escolas Eu diria que noacutes

temos atuado precariamente pelo fato de natildeo termos uma estrutura Noacutes temos uma

sala em uma casa que eacute alugada que funcionam os conselhos Laacute satildeo trecircs conselhos

que funcionam numa sala minuacutescula e quando coincidem as reuniotildees temos que

adiar e mais noacutes natildeo temos transportes natildeo temos carro agrave disposiccedilatildeo natildeo temos

153

combustiacutevel pra colocar no nosso transporte pra fazer a fiscalizaccedilatildeo (Conselheiro

CAE - Representante da sociedade civil)

No que se refere a participaccedilatildeo segundo o representante o CAE eacute atuante e soacute natildeo faz

mais por que o municiacutepio natildeo daacute a devida estrutura mas que cobram em ata fazem relatoacuterio e

encaminham Segundo ele o CAE eacute muito ativo

mas infelizmente o poder puacuteblico natildeo daacute atenccedilatildeo devida para que possamos melhorar

cada vez mais a nossa fiscalizaccedilatildeo ateacute porque pra eles eacute conveniente que noacutes natildeo

fiscalize embora a gente sabe que nem tudo anda como deveria andar A gente sabe

que falta merenda escolar as escolas estatildeo deterioradas as cozinhas das escolas natildeo

tecircm estrutura natildeo seguem o cardaacutepio (Representante do CAE da sociedade civil)

Quanto agrave autonomia a fiscalizaccedilatildeo e recebimento de recursos o representante do CAE

afirma que a autonomia eacute bem limitada pois

Raramente somos convidados pela PMS ou SEME para discutir sobre a merenda

encontramos um conselho parado um conselho inerte por falta de interesse e temos

dois anos de prestaccedilatildeo de conta por fazer e ainda tivemos que ficar um

tempo regularizando o conselho para evitar que as crianccedilas em 2015 deixassem de ter

merenda escolar (Representante do CAE da sociedade civil)

Dessa forma apesar da boa participaccedilatildeo e atuaccedilatildeo do CAE a proacutepria PMS inviabiliza

algumas accedilotildees para que os conselhos funcionem Eacute importante destacar que os recursos da

educaccedilatildeo satildeo centralizados na Prefeitura Municipal de Santana e natildeo ocorre a descentralizaccedilatildeo

desses recursos para a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo inviabilizando assim a possibilidade

de discussatildeo de participaccedilatildeo dos representantes da educaccedilatildeo nas definiccedilotildees da aplicaccedilatildeo dos

recursos

344 Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de Controle Social do Fundo de Manutenccedilatildeo e

Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo

(FUNDEB)

A ideia de um fundo de educaccedilatildeo puacuteblica nacional de forma autocircnoma foi pensada desde

os pioneiros da educaccedilatildeo em 1932 ao propor uma vinculaccedilatildeo e a autonomia dos recursos para

o financiamento da educaccedilatildeo independente das mudanccedilas poliacuteticas dos administradores onde

o importante era que tivesse uma separaccedilatildeo dos montantes para fins educacionais aleacutem do

acompanhamento e da fiscalizaccedilatildeo pela sociedade desses fundos (LIMA 2006) A participaccedilatildeo

154

da sociedade civil nos conselhos eacute de fato uma participaccedilatildeo social representada por

organizaccedilotildees seja ela em defesa dos trabalhadores seja em defesa dos empresaacuterios

No diagnoacutestico realizado pela equipe local do PAR no municiacutepio o indicador

Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho do Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo

Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo ndash CACS-FUNDEB somente aparece na

2ordf versatildeo do PAR

Quadro 16 Diagnoacutestico do Indicador Conselho de Controle Social do FUNDEB

PAR Indicador Pontuaccedilatildeo

2ordf versatildeo do PAR

(2011-2014)

Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do

Conselho do FUNDEB 2

Fonte SIMEC (2015)

A pontuaccedilatildeo 2 indicada no quadro 16 pela equipe local segundo as convenccedilotildees do

MEC eacute atribuiacuteda quando o Conselho do FUNDEB ou cacircmara de financiamento do Conselho

Municipal de Educaccedilatildeo natildeo eacute representado por todos os segmentos (conforme norma ndash Lei

114942007) natildeo existe um regimento interno as reuniotildees natildeo satildeo regulares raramente

acontece o acompanhamento e o controle social sobre a distribuiccedilatildeo a transferecircncia e a

aplicaccedilatildeo dos recursos dos Fundos (FUNDEB PNATE Programa de Apoio aos Sistema de

Ensino para Atendimento agrave EJA) o Conselho nem sempre promove ampla publicidade agrave

aplicaccedilatildeo dos recursos

Nesse sentido a equipe local diagnosticou com uma pontuaccedilatildeo 2 no municiacutepio que eacute

uma situaccedilatildeo insuficiente em relaccedilatildeo ao Conselho do FUNDEB o que gerou accedilotildees a serem

realizadas pelo municiacutepio como ldquoa substituiccedilatildeo de representantes de pais que sejam atuantes e

que participem das reuniotildees a transferecircncia do gerenciamento de recursos do FUNDEB e

PNATE da prefeitura para a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo para melhorar a transparecircncia

dos investimentosrdquo (Equipe LocalPAR 2011-2014)

O Fundo de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos

Profissionais da Educaccedilatildeo (FUNDEB) de natureza contaacutebil e o Conselho de

Acompanhamento Controle Social Comprovaccedilatildeo e Fiscalizaccedilatildeo dos recursos do referido

fundo foram criados conjuntamente no acircmbito do municiacutepio de Santana atraveacutes da Lei Nordm

07972007 de 28 de dezembro de 2007

O Decreto 05282015 nomeia 11 integrantes do Conselho de Acompanhamento e

Controle Social (CACS) e como podemos perceber natildeo eacute paritaacuterio sendo

155

Quadro 17 Santana Composiccedilatildeo do CACS e FUNDEB

Membros

01 (Um) Representante da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo

01 (Um) Representante do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo

01 (Um) Representante da Prefeitura Municipal de Santana

01 (Um) Representante do Conselho Tutelar do Municiacutepio de Santana

01 (Um) Representante dos Professores da rede puacuteblica municipal

01 (Um) Representante dos Auxiliares Educacionais da rede puacuteblica municipal

01 (Um) Representante dos Diretores de Escolas puacuteblicas municipais

02 (Dois) Representantes dos pais de alunos da rede puacuteblica municipal

02 (Dois) Representantes dos alunos da rede puacuteblica municipal

Fonte Prefeitura Municipal de Santana

De acordo com a pontuaccedilatildeo 2 do indicador pela equipe local o Conselho do FUNDEB

natildeo tem uma composiccedilatildeo paritaacuteria e nem estava atuando dentro da Lei 11494 de 2007 pois de

acordo com o artigo 5o da Lei

sect 6o O presidente dos conselhos previstos no caput deste artigo seraacute eleito por seus

pares em reuniatildeo do colegiado sendo impedido de ocupar a funccedilatildeo o representante

do governo gestor dos recursos do Fundo no acircmbito da Uniatildeo dos Estados do Distrito

Federal e dos Municiacutepios

sect 7o Os conselhos dos Fundos atuaratildeo com autonomia sem vinculaccedilatildeo ou

subordinaccedilatildeo institucional ao Poder Executivo local e seratildeo renovados

periodicamente ao final de cada mandato dos seus membros

sect 8o A atuaccedilatildeo dos membros dos conselhos dos Fundos

I - natildeo seraacute remunerada

II - eacute considerada atividade de relevante interesse social

III - assegura isenccedilatildeo da obrigatoriedade de testemunhar sobre informaccedilotildees recebidas

ou prestadas em razatildeo do exerciacutecio de suas atividades de conselheiro e sobre as

pessoas que lhes confiarem ou deles receberem informaccedilotildees

IV - veda quando os conselheiros forem representantes de professores e diretores ou

de servidores das escolas puacuteblicas no curso do mandato

a) exoneraccedilatildeo ou demissatildeo do cargo ou emprego sem justa causa ou transferecircncia

involuntaacuteria do estabelecimento de ensino em que atuam

b) atribuiccedilatildeo de falta injustificada ao serviccedilo em funccedilatildeo das atividades do conselho

c) afastamento involuntaacuterio e injustificado da condiccedilatildeo de conselheiro antes do

teacutermino do mandato para o qual tenha sido designado

V - veda quando os conselheiros forem representantes de estudantes em atividades

do conselho no curso do mandato atribuiccedilatildeo de falta injustificada nas atividades

escolares (BRASIL 2007 grifos negrito nossos)

Durante a entrevista realizada com o presidente do Conselho do FUNDEB o mesmo

informou ser diretor da escola Sabendo que a funccedilatildeo de diretor eacute de livre nomeaccedilatildeo e

exoneraccedilatildeo do prefeito o presidente do Conselho natildeo poderia assumir a funccedilatildeo de conselheiro

devido ao seu viacutenculo de cargo de confianccedila com o governo municipal

Segundo o entrevistado ele participa das reuniotildees do FUNDEB desde 2012 mas nunca

participou das reuniotildees do PAR desconhece a pontuaccedilatildeo do indicador do Conselho do

156

FUNDEB no PAR de 2011-2014 somente este ano que estatildeo construindo o PAR de 2016 a

2019 eacute que estaacute participando da equipe local Afirmou que estaacute como presidente do Conselho

do FUNDEB desde 30 de dezembro de 2015 As reuniotildees ocorrem mensalmente com a

presenccedila dos conselheiros e a fiscalizaccedilatildeo ocorre quando solicitamos a prefeitura atraveacutes de

ofiacutecios agraves documentaccedilotildees para o Conselho

Fazemos a prestaccedilatildeo de contas juntamente com o CACS pois os membros do CACS

satildeo os mesmos do FUNDEB fiscalizamos junto ao banco e a prefeitura a entrada de

recursos no municiacutepio e se as despesas estatildeo sendo pagos dentro dos limites do

percentual certo e de aplicaccedilatildeo obrigatoacuteria recursos esses do FNDE e do PNATE

Observamos tudo as rotas a seguranccedila se o combustiacutevel foi suficiente e organizamos

a fiscalizaccedilatildeo trimestralmente Os recursos do CAE tambeacutem passam por noacutes apesar

deles terem mais autonomia a gente valida o deles Ou seja todos os recursos da

educaccedilatildeo que entra no municiacutepio passam por noacutes do Conselho do FUNDEB

(Representante do FUNDEB ndash Representante governamental)

Quanto aos repasses que chegam ao municiacutepio de Santana atraveacutes do Estado satildeo

() o FPM e ICMS que eacute de 20 jaacute foi 22 mas jaacute caiu para 13 para 20 e hoje

o valor corresponde a 13 de novo com essa crise a arrecadaccedilatildeo do estado diminuiu

logo o repasse diminuiu tambeacutem Atualmente o municiacutepio deixou de arrecadar devido

o porto ter afundado e os impostos vecircm quase tudo exclusivamente do governo federal

(Representante do FUNDEB - Representante governamental)

Dessa forma o municiacutepio natildeo estaacute cumprindo com o repasse dos 25 para a educaccedilatildeo

dos impostos proacuteprios

A proacutepria equipe local reconhece as dificuldades enfrentadas pela pouca frequecircncia no

conselho da participaccedilatildeo da sociedade civil e o natildeo repasse dos recursos financeiros para a

Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e a centralizaccedilatildeo na prefeitura municipal dificulta e

inviabiliza a execuccedilatildeo do planejamento da SEME e torna a aplicaccedilatildeo dos recursos centralizados

e sem a devida e correta fiscalizaccedilatildeo pela sociedade civil dificultando a descentralizaccedilatildeo e a

viabilidade dos debates para a construccedilatildeo de uma gestatildeo democraacutetica participativa e autocircnoma

345 Criteacuterios para escolha de diretores no municiacutepio de Santana

A escolha de diretores escolares por via democraacuteticas atraveacutes da participaccedilatildeo da

comunidade na escolha fortalece o poder poliacutetico no interior das escolas e consequentemente

reduz a intervenccedilatildeo do Estado sobre elas e dessa forma a escola torna-se mais autocircnoma e

capaz de promover relaccedilotildees mais democraacuteticas em seu interior

157

Segundo os relatoacuterios do Plano de Accedilotildees Articuladas nas suas duas versotildees

apresentaram o seguinte diagnoacutestico

Quadro 18 Diagnoacutestico do Indicador Criteacuterios para a Escolha de Diretores

PAR Criteacuterios para a Escolha de Diretores

1ordm PAR (2007-2010) 1

2ordm PAR (2011-2014) 3 Fonte SIMEC (2015)

De acordo com o quadro 18 o indicador da gestatildeo educacional do PAR sobre os criteacuterios

para a escolha de diretores de escola foi diagnosticado pela equipe de elaboraccedilatildeo do PAR com

a pontuaccedilatildeo 1 que equivale agrave situaccedilatildeo de ausecircncia de criteacuterios para escolha da direccedilatildeo das

escolas No entanto no 2ordm PAR recebeu a pontuaccedilatildeo 3 que equivale uma situaccedilatildeo boa Em

termos de legislaccedilatildeo de fato as leis municipais elegem a gestatildeo democraacutetica como princiacutepio

Mas na praacutetica o que prevalece eacute o criteacuterio da nomeaccedilatildeo pura e simples tatildeo ao gosto dos

gestores comprometidos com modelos de gestatildeo patrimonialista e clientelista

No que se refere agrave gestatildeo dos sistemas de ensino o PMCTE prevecirc

XVIII ndash fixar regras claras considerados meacuterito e desempenho para nomeaccedilatildeo e

exoneraccedilatildeo de diretor de escola

XIX ndash zelar pela transparecircncia da gestatildeo puacuteblica na aacuterea da educaccedilatildeo garantindo o

funcionamento efetivo autocircnomo e articulado dos conselhos de controle social

XXII ndash promover a gestatildeo participativa na rede de ensino

XXIII ndash elaborar plano de educaccedilatildeo e instalar Conselho de Educaccedilatildeo quando

inexistente

XXV ndash fomentar e apoiar os conselhos escolares envolvendo as famiacutelias dos

educandos com as atribuiccedilotildees dentre outras de zelar pela manutenccedilatildeo da escola e

pelo monitoramento das accedilotildees e consecuccedilatildeo das metas do compromisso (BRASIL

2007)

O inciso XVIII prevecirc a criaccedilatildeo de criteacuterios para o provimento do cargo de diretor escolar

com base no meacuterito e no desempenho individual o que pode lhe atribuir grande

responsabilizaccedilatildeo pelo sucesso ou pelo fracasso da gestatildeo No entanto a construccedilatildeo

democraacutetica da educaccedilatildeo requer requisitos que vatildeo aleacutem da competecircncia teacutecnica do diretor

incluindo processo eletivo tendo em vista a ldquolegitimidade poliacutetica necessaacuteria ao desempenho de

suas funccedilotildeesrdquo (PARO 2007 p 81) e isto natildeo eacute considerado no Decreto

A gestatildeo das escolas puacuteblicas tem dois artigos especiacuteficos da Lei Nordm 0849 2010 do

Plano de Carreiras da Educaccedilatildeo do Municiacutepio de Santana (PCEMS) onde indica que a gestatildeo

das escolas puacuteblicas devem obedecer ao princiacutepio da gestatildeo democraacutetica com eleiccedilatildeo para

158

diretores Entretanto a mesma Lei natildeo cita e nem regulamenta como deve ocorrer afirma

somente que esse tema deve ser tratado conforme art 46 em uma ldquoLei especiacutefica mediante

proposta discutida entre o Chefe do Poder Executivo e o Conselho Permanente da Gestatildeo da

Carreirardquo (SANTANA 2010 p 16)

Ateacute entatildeo cinco anos se passaram estamos no final do ano de 2015 e o municiacutepio natildeo

possui nenhuma regulamentaccedilatildeo ou lei complementar sobre os criteacuterios da eleiccedilatildeo e todos eles

satildeo nomeados por indicaccedilatildeo pelo prefeito municipal demonstrando que natildeo haacute interesse em

aprovar a Lei especiacutefica citada no PCEMS para que ocorra de fato a gestatildeo democraacutetica nas

escolas puacuteblicas

346 - Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromisso

O Comitecirc Local do Compromisso eacute segundo os conselhos de controle social da gestatildeo

democraacutetica do PAR o mais recente instituiacutedo pelo municiacutepio atraveacutes do Decreto Municipal

Nordm 490 de 03 de abril de 2013 que foi criado para acompanhar o cumprimento das metas

estabelecidas pelo Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica Segundo o diagnoacutestico do

PAR o 1ordm PAR natildeo havia esse indicador

Quadro 19 Diagnoacutestico do indicador Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromisso

PAR Comitecirc Local

1ordm PAR (2007-2010)

2ordm PAR (2011-2014) 1

O Comitecirc Local do Compromisso foi implantado somente no 2ordm PAR como indicador

da gestatildeo democraacutetica da educaccedilatildeo ldquoexistecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromissordquo

O Comitecirc Local tem um papel essencialmente mobilizador sendo sua composiccedilatildeo ampliada

para aleacutem das organizaccedilotildees educacionais com participaccedilatildeo por exemplo do Ministeacuterio

Puacuteblico dos sindicatos das associaccedilotildees de moradores das ONGs dos Conselhos das Igrejas

e da populaccedilatildeo em geral

Entretanto foi observado como diagnoacutestico do 2ordm PAR a pontuaccedilatildeo 1 o que implica

dizer que natildeo existia ou natildeo funcionava o Comitecirc Local do Compromisso No Decreto

municipal de criaccedilatildeo do Comitecirc existe uma composiccedilatildeo de 6 membros sendo

159

Quadro 20 SANTANA Composiccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromisso

Membros

Um representante da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo

Um representante do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo

Um representante da Promotoria da Justiccedila

Um representante da Cacircmara dos vereadores

Um representante da Sociedade Civil - igreja

Um representante dos Diretores de escolas

Fonte Prefeitura Municipal de Santana ndash Elaborado pela autora

Com informaccedilotildees desencontradas pela SEME esse comitecirc encontrava-se sem atuaccedilatildeo

durante o periacuteodo da pesquisa

Eacute no contexto de atitudes praacuteticas e accedilotildees patrimonialistas que se caracteriza a confusatildeo

entre o puacuteblico que serve a um interesse coletivo e o privado que serve aos interesses

individualizados Os representantes em nome de uma coletividade tomam como seus os cargos

os recursos e os funcionaacuterios na busca de fazer as suas vontades E na educaccedilatildeo puacuteblica essas

praacuteticas implicam no direito usurpado de uma educaccedilatildeo puacuteblica e de qualidade social As

relaccedilotildees patrimonialistas satildeo oriundas de um poder pessoal que se quer levar para a gestatildeo

puacuteblica Esse tipo de comportamento na gestatildeo da educaccedilatildeo puacuteblica interfere no funcionamento

dos conselhos na medida em que os representantes natildeo veem ali um espaccedilo em defesa da

educaccedilatildeo puacuteblica

Notadamente nos conselhos estudados nessa pesquisa foram observadas as

dificuldades ou ausecircncia de condiccedilotildees de funcionamento no que se refere a espaccedilo fiacutesico

ausecircncia de transporte para fiscalizaccedilatildeo falta de transparecircncia nos recursos composiccedilatildeo dos

conselhos natildeo-paritaacuteria pouca atenccedilatildeo as iacutenfimas manifestaccedilotildees de representaccedilatildeo coletiva na

pesquisa O que pode ainda ser caracterizada como neopatrimonialista que eacute quando o gestor

puacuteblico nega a legitimidade do conselho como instacircncia representativa

160

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O estudo se ocupou de analisar as implicaccedilotildees do PAR para a gestatildeo da educaccedilatildeo na

rede municipal de Santana no Amapaacute na perspectiva de avaliar seus efeitos na democratizaccedilatildeo

da gestatildeo Partiu-se do pressuposto de que a democratizaccedilatildeo da gestatildeo natildeo pode ser vista em

abstrato e portanto no sistema capitalista a participaccedilatildeo a descentralizaccedilatildeo e a autonomia

elementos constitutivos da democracia ganham nuances contraditoacuterias pois expressam a

correlaccedilatildeo de forccedilas entre as classes sociais

A pesquisa partiu da seguinte questatildeo central Quais as implicaccedilotildees do PAR para a

gestatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana no Estado do Amapaacute Considerando o pressuposto

teoacuterico assumido entende-se que a gestatildeo da educaccedilatildeo em uma sociedade sob a hegemonia do

capitalismo natildeo pode ser vista sem a concretude das accedilotildees que a permeiam Assim ao longo da

histoacuteria da educaccedilatildeo no paiacutes os representantes do capital sempre procuraram manter o seu

projeto poliacutetico e social de dominaccedilatildeo e tornar a classe trabalhadora cada vez mais afastada da

participaccedilatildeo seja nas decisotildees poliacuteticas seja do usufruto dos bens produzidos No Brasil ao

longo da Primeira Repuacuteblica Brasileira as oligarquias se revezavam no poder e se utilizavam

do Estado como meio para perpetuar as suas praacuteticas patrimonialistas e clientelistas O governo

de Getuacutelio Vargas manteve o poder ateacute o momento em que atendia ao projeto hegemocircnico O

golpe militar de 1964 demonstrou essa articulaccedilatildeo e o poder de dominaccedilatildeo da oligarquia e do

Estado brasileiro No acircmbito desse governo a gestatildeo da educaccedilatildeo se manteve centralizada e

burocratizada espraiando para estados e municiacutepios tal modelo A deacutecada de 1980 trouxe as

lutas populares em prol da democracia que levaram agrave derrocada do regime militar e instituiacuteram

uma nova Constituiccedilatildeo Federal em 1988 que pretendia uma nova forma de controle social do

Estado pelas garantias de participaccedilatildeo da sociedade nas questotildees poliacuteticas e sociais do paiacutes

viabilizando a cidadania como direito e instituindo o princiacutepio da gestatildeo democraacutetica na

educaccedilatildeo

Eacute o momento em que tivemos a implementaccedilatildeo das primeiras iniciativas de

democratizaccedilatildeo das relaccedilotildees de poder no acircmbito das escolas por meio da criaccedilatildeo de conselhos

escolares de conselhos municipais de educaccedilatildeo de conselhos de controle social de recursos

como o da merenda escolar de escolha de diretores de escolas por meio de eleiccedilatildeo de

elaboraccedilatildeo do projeto poliacutetico pedagoacutegico da escola de forma participativa entre outras No

entanto ao lado de tais iniciativas de gestatildeo da educaccedilatildeo democratizantes persistiram os

modelos de gestatildeo centralizada patrimonialista e burocraacutetica Paralelamente a essas conquistas

brasileiras a crise internacional do capital e as estrateacutegias utilizadas para a sua superaccedilatildeo como

161

a reestruturaccedilatildeo produtiva a globalizaccedilatildeo o neoliberalismo e a terceira via vecircm provocando

inuacutemeras transformaccedilotildees na vida material objetiva e subjetiva com alteraccedilotildees substanciais nas

formas de gestatildeo e participaccedilatildeo (PERONI 2006) Nesta perspectiva o Plano Diretor de

Reforma do Aparelho do Estado (PDRAE) propotildee a redefiniccedilatildeo do papel do Estado em 1995

com grandes implicaccedilotildees para a gestatildeo puacuteblica ao propor a gestatildeo gerencial modelo oriundo

do setor empresarial Tal modelo baseia-se na descentralizaccedilatildeo do atendimento das poliacuteticas

sociais por meio de privatizaccedilatildeo da publicizaccedilatildeo da terceirizaccedilatildeo e das parcerias puacuteblico-

privadas na gestatildeo dos serviccedilos puacuteblicos com o fim de maximizar a eficiecircncia e a eficaacutecia

O mercado passa a ser o grande paracircmetro de excelecircncia para o serviccedilo puacuteblico e por

isso haacute que seguir a mesma loacutegica Haacute grande incentivo na ldquoparticipaccedilatildeo socialrdquo na gestatildeo

puacuteblica Contudo a natureza dessa participaccedilatildeo social eacute modificada pois natildeo se trata mais de

viabiliza-la como direito de cidadania mas com fins utilitaristas de tornar a gestatildeo puacuteblica mais

eficiente e eficaz materializando assim a gestatildeo gerencial E o cidadatildeo agora passa a ser

adjetivado como ldquoclienterdquo consumidor de poliacuteticas puacuteblicas e neste aspecto natildeo mais visto

como aquele que exige porque eacute um cidadatildeo de direitos

Essas mudanccedilas no modelo de gestatildeo refletem o contexto de crise do capital e de ajuste

fiscal desse momento histoacuterico que visava reconstituir as taxas de lucro e para isso vinha

diminuindo sistematicamente os investimentos em poliacuteticas sociais Os usuaacuterios passam a ser

chamados a lsquoparticiparrsquo como executores de poliacuteticas por meio de parcerias como fiscais de

recursos puacuteblicos nos conselhos de controle social como voluntaacuterios em ONGs ou similares

A lsquoparticipaccedilatildeorsquo do usuaacuterio do serviccedilo puacuteblico poderia ser uacutetil em pelo menos dois aspectos

primeiro porque ao priorizar a gestatildeo de tais poliacuteticas por meio de parcerias com ONGs ou

projetos pontuais onde essas massas poderiam atuar a baixo custo ou como voluntaacuterios nesses

projetos isso poderia diminuir o custo das poliacuteticas sociais e ao mesmo tempo conter a massa

de desempregados segundo porque na medida em que ao estimular a participaccedilatildeo dos usuaacuterios

na definiccedilatildeo de prioridades ldquoestrateacutegicasrdquo ou mesmo de se tornarem ldquofiscaisrdquo da aplicaccedilatildeo dos

recursos os efeitos de tais participaccedilotildees contribuiriam para se fazer mais com menos e assim

atingir os objetivos de diminuiccedilatildeo dos gastos em educaccedilatildeo Aleacutem de conter as demandas por

emprego a inserccedilatildeo de voluntaacuterios e outras formas de participaccedilatildeo nos conselhos de controle

poderiam tambeacutem viabilizar os consensos necessaacuterios para a manutenccedilatildeo da hegemonia dos

que tecircm poder como assinalava Gramsci

Tais iniciativas ocorreram com mais ecircnfase no governo de Fernando Henrique Cardoso

Contudo os governos de Luiz Inaacutecio Lula da Silva e de Dilma Rousseff mesmo apresentando

162

projetos de governo agrave esquerda do espectro poliacutetico nacional natildeo apresentaram ruptura radical

com esse modelo

Em relaccedilatildeo agrave gestatildeo da educaccedilatildeo embora o Plano de Metas Compromisso Todos pela

Educaccedilatildeo e o PAR recomendem e incentivem a expansatildeo e implementaccedilatildeo de mecanismos que

podem potencializar a gestatildeo democraacutetica tais como Conselhos Escolares Conselho Municipal

de Educaccedilatildeo Conselho Municipal de Alimentaccedilatildeo Escolar Conselho do FUNDEB por outro

lado apresentam outros mecanismos mais afeitos ao modelo de gestatildeo gerencial como o

accountability que representa a responsabilizaccedilatildeo pelos resultados repassada para os entes

federados e para a sociedade local a exemplo dos resultados do IDEB Neste aspecto com a

implantaccedilatildeo do PAR pelos municiacutepios o MEC descentralizadesconcentra a execuccedilatildeo das accedilotildees

passando a agir como oacutergatildeo financiador de algumas delas mas principalmente como

regulamentador e controlador dos resultados da educaccedilatildeo municipal

Conforme definido neste trabalho a anaacutelise da gestatildeo da educaccedilatildeo na perspectiva de sua

democratizaccedilatildeo no municiacutepio de SantanaAP se deu a partir de seis indicadores da aacuterea Gestatildeo

Democraacutetica contida no Plano de Accedilotildees Articuladas que foram Existecircncia de Conselhos

Escolares Existecircncia composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho Municipal de Educaccedilatildeo Composiccedilatildeo

e atuaccedilatildeo do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho do Fundo

de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da

Educaccedilatildeo Criteacuterios para escolha da Direccedilatildeo Escolar e Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local

do Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo Como paracircmetros de anaacutelise utilizamos os elementos

constitutivos da democratizaccedilatildeo da gestatildeo como a descentralizaccedilatildeo a participaccedilatildeo e a

autonomia Quanto agraves implicaccedilotildees do PAR para a gestatildeo educacional no municiacutepio de Santana

os resultados apontam que

Os conselhos escolares existem no municiacutepio de Santana desde o final da deacutecada de

1990 mas com a intensificaccedilatildeo da descentralizaccedilatildeo de recursos por meio dos programas do

PDE-Escola advindos do PAR e do proacuteprio PDDE a dinacircmica de criaccedilatildeo e funcionamento

desses conselhos vem se redimensionando O nuacutemero de caixas escolares que em 2007 eram

10 em 2014 passaram para 34 O volume de recursos administrados tambeacutem aumentou

bastante pois de 2007 para 2014 os recursos recebidos aumentaram em 945 Se comparado

o ano de 2007 ao ano de 2013 o crescimento foi de 1580 Entretanto estes conselhos tecircm

assumindo um caraacuteter mais burocraacutetico do que articulador de accedilotildees com promoccedilatildeo de

participaccedilatildeo ampliada Pelo que revela a fala dos entrevistados haacute dificuldade de participaccedilatildeo

de seus membros pelos mais diversos motivos A dinacircmica de funcionamento do Conselho

escolar na rede municipal de Santana limita-se praticamente ao gerenciamento da Caixa Escolar

163

em relaccedilatildeo aos recursos do PDDE o que leva a concluir que o conselho pouco tem atuado como

promotor da autonomia da escola Embora no 1ordm e no 2ordm PAR esse indicador tenha recebido

pontuaccedilatildeo 3 o que representa boa atuaccedilatildeo em pelo menos 50 das escolas observou-se que

os conselhos escolares da rede municipal de Santana tecircm atuado mais no sentido da execuccedilatildeo

dos recursos secundarizando esse espaccedilo como tomada de decisatildeo e de construccedilatildeo de

autonomia no interior da escola puacuteblica ao praticamente se eximir de abordar outros temas de

interesse da escola para aleacutem da gestatildeo financeira

O Conselho Municipal de Educaccedilatildeo ainda que exista em lei no municiacutepio desde 1998

esse oacutergatildeo natildeo funciona adequadamente No primeiro PAR esse indicador recebeu pontuaccedilatildeo

miacutenima o que representa funcionamento ruim No segundo PAR recebeu pontuaccedilatildeo 3 o que

representa melhoria No entanto as informaccedilotildees coletadas revelaram que natildeo haacute paridade entre

os representantes governamentais e natildeo governamentais o que compromete a igualdade e o

direito de participaccedilatildeo popular na gestatildeo haacute pouca participaccedilatildeo dos membros do CME no que

se refere ao acompanhamento da execuccedilatildeo dos recursos da educaccedilatildeo o CME eacute pouco atuante

na resoluccedilatildeo das demandas compatiacuteveis com suas atribuiccedilotildees Por tais fatores evidenciados

conclui-se que embora o CME tenha melhorado sua atuaccedilatildeo a partir do segundo PAR sua

contribuiccedilatildeo para a democratizaccedilatildeo da gestatildeo ainda eacute incipiente

O municiacutepio de SantanaAP tambeacutem conta com Conselho de Controle Social da

Alimentaccedilatildeo Escolar (CAE) instituiacutedo pela Lei nordm 458 de 1999 ndash PMS posteriormente

substituiacuteda pela Lei Nordm 488 de 10 de maio de 2001 focalizado como o terceiro indicador No

primeiro PAR esse indicador recebeu a pontuaccedilatildeo 1 ou seja o Conselho existia formalmente

apenas para receber o recurso do Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar (PNAE) e poderia

natildeo estar atuando conforme suas atribuiccedilotildees previstas seja na fiscalizaccedilatildeo ou no

acompanhamento da execuccedilatildeo dos recursos e de distribuiccedilatildeo da merenda No segundo PAR

essa pontuaccedilatildeo mudou para 2 o que indica o CAE apesar de apresentar alguma melhora em

seu funcionamento ainda natildeo era representado por todos os segmentos que raramente

acontecia a fiscalizaccedilatildeo da aplicaccedilatildeo dos recursos transferidos enfim que o CAE natildeo

acompanhava a compra nem a distribuiccedilatildeo dos alimentosprodutos nas escolas e continuava

pouco atento agraves boas praacuteticas sanitaacuterias e de higiene nos locais de preparo da alimentaccedilatildeo

escolar

Vale ressaltar que os recursos do Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar (PNAE)

que deveriam ser fiscalizados em sua execuccedilatildeo pelo CAE em Santana satildeo significativos e

superiores aos recursos do Salaacuterio Educaccedilatildeo em todos os anos da pesquisa As fontes

consultadas indicam um ldquoconselho parado um conselho inerte por falta de interesserdquo que por

164

pelo menos dois anos apresentou atraso na prestaccedilatildeo de contas Aleacutem disso falta infraestrutura

para reuniotildees transporte para visita agraves escolas do campo e mesmo formaccedilatildeo aos conselheiros

que lhes possibilite acompanhar a execuccedilatildeo dos recursos e a fiscalizar a distribuiccedilatildeo dos

produtos da merenda escolar A pouca participaccedilatildeo dos conselheiros do CAE tanto no periacuteodo

do primeiro quanto do segundo PAR nos permite afirmar que o aumento da pontuaccedilatildeo em

relaccedilatildeo a esse indicador satildeo meramente formais e natildeo se traduzem em mudanccedilas reais no

sentido do controle social dos recursos e de praacuteticas democraacuteticas

O quarto indicador Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho do Fundo de Manutenccedilatildeo e

Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo ndash

CACS-FUNDEB eacute um indicador que aparece apenas no segundo PAR visto que no primeiro

o FUNDEB ainda estava iniciando sua implantaccedilatildeo Do ponto de vista da legislaccedilatildeo municipal

o Conselho foi criado pela Lei nordm 0797 de 28 de dezembro de 2007 A pontuaccedilatildeo recebida neste

segundo PAR foi 2 o que significa que o Conselho natildeo eacute representado por todos os segmentos

(conforme norma ndash Lei 114942007) natildeo existe um regimento interno as reuniotildees natildeo satildeo

regulares raramente acontece o acompanhamento e o controle social sobre a distribuiccedilatildeo a

transferecircncia e a aplicaccedilatildeo dos recursos dos Fundos (FUNDEB PNATE Programa de Apoio

aos Sistema de Ensino para Atendimento agrave EJA) o Conselho nem sempre promove ampla

publicidade agrave aplicaccedilatildeo dos recursos

De fato o controle social dos recursos da educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana parece ser

difiacutecil tarefa a comeccedilar pelo fato da gestatildeo de tais recursos serem centralizadas no governo

municipal contrariando o que recomenda a LDB que indica a descentralizaccedilatildeo de tais recursos

para o oacutergatildeo gestor no caso a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo a SEME e pela falta de

participaccedilatildeo dos conselheiros nas reuniotildees Tal situaccedilatildeo inclusive gerou accedilotildees a serem

realizadas pelo municiacutepio como ldquotransferir a responsabilidade do gerenciamento de recursos

do FUNDEB e PNATE da prefeitura para a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo para melhorar a

transparecircncia dos investimentosrdquo A transferecircncia de responsabilidade da gestatildeo dos recursos

poderia natildeo soacute facilitar o planejamento das accedilotildees educacionais mas melhorar o controle social

dos recursos puacuteblicos O fato de que o ano de 2014 apresenta ausecircncia de dados financeiros no

SIOPE em relaccedilatildeo ao municiacutepio reflete tambeacutem a possibilidade de que haja dificuldade quanto

agraves prestaccedilotildees de contas da execuccedilatildeo dos recursos para este ano Essa situaccedilatildeo tende a dificultar

ou mesmo inviabilizar a gestatildeo democraacutetica pela negaccedilatildeo do princiacutepio da transparecircncia na

gestatildeo do recurso puacuteblico

A escolha de diretores de escolas puacuteblicas eacute entre os indicadores analisados o ponto mais

obscuro O indicador da gestatildeo educacional do PAR sobre os criteacuterios da escolha para diretores

165

de escola foi diagnosticado pela equipe de elaboraccedilatildeo do PAR com a pontuaccedilatildeo 1 que equivale

agrave situaccedilatildeo de lsquoausecircncia de criteacuterios para escolha da direccedilatildeo das escolasrsquo No entanto no 2ordm PAR

recebeu a pontuaccedilatildeo 3 que equivale uma situaccedilatildeo boa Em termos de legislaccedilatildeo de fato as leis

municipais elegem a gestatildeo democraacutetica como princiacutepio como no caso da Lei nordm 0849 do ano

de 2010 que trata do Plano de Carreiras da Educaccedilatildeo do Municiacutepio de Santana (PCEMS) onde

se prevecirc inclusive a eleiccedilatildeo direta como criteacuterio No entanto a mesma lei remete o tema para

regulamentaccedilotildees posteriores o que nunca aconteceu Na praacutetica o que prevalece eacute o criteacuterio da

nomeaccedilatildeo pura e simples tatildeo ao gosto dos gestores comprometidos com modelos de gestatildeo

patrimonialista e clientelista Em relaccedilatildeo a esse indicador o PAR soacute alterou a pontuaccedilatildeo As

praacuteticas continuam as mesmas

Em relaccedilatildeo ao uacuteltimo indicador Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do

Compromisso Todos pela Educaccedilatildeo verificou-se que o comitecirc foi criado pelo Decreto

Municipal Nordm 490 de 03 de abril de 2013 para acompanhar o cumprimento das metas

estabelecidas pelo PAR e eacute bastante avanccedilado em sua composiccedilatildeo No entanto eacute recente no

municiacutepio e talvez por isso natildeo tem exercido o seu papel de mobilizar a sociedade para a

participaccedilatildeo e acompanhamento das accedilotildees do PAR na perspectiva de sua efetividade

Natildeo se pode negar o meacuterito do PAR para a organizaccedilatildeo e o planejamento das accedilotildees

educacionais na rede municipal de ensino de Santana que apoacutes o PAR passou a melhor

reconhecer suas fragilidades e desafios No entanto o estudo evidenciou a histoacuterica fragilidade

da democratizaccedilatildeo da gestatildeo da educaccedilatildeo no municiacutepio de Santana pois os conselhos

municipais de controle social e escolares mecanismos que poderiam viabilizar a participaccedilatildeo

a descentralizaccedilatildeo e autonomia nas decisotildees funcionam precariamente Os criteacuterios de escolha

de diretores excluem as formas democraacuteticas de participaccedilatildeo na escolha e favorecem as praacuteticas

centralizadas de nomeaccedilatildeo A gestatildeo dos recursos da educaccedilatildeo eacute centralizada no governo

municipal dificultando o controle social Com o PAR houve expansatildeo do nuacutemero de

Conselhos escolares e municipais o que permitiu o aumento das pontuaccedilotildees nos indicadores e

pode vir a potencializar a participaccedilatildeo dos sujeitos no controle social dos recursos e outras

formas de descentralizaccedilatildeo das decisotildees Isso a depender da correlaccedilatildeo de forccedilas locais

historicamente permeada por formas patrimonialistas e clientelistas de gestatildeo Com o PAR

esses modelos ganharam nuances de gerencialismo Parece um paradoxo que se exija da

Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo que viabilize as accedilotildees previstas no PAR para atingir as metas

e resultados da avaliaccedilatildeo do IDEB em busca da qualidade da educaccedilatildeo com acompanhamento

e o controle social dos conselhos sobre os recursos e accedilotildees mas mantendo os recursos

166

centralizados sob a gestatildeo da Prefeitura Municipal de Santana Qual a autonomia possiacutevel nestas

condiccedilotildees Onde fica a descentralizaccedilatildeo Esta sequer chegou ao oacutergatildeo gestor

O municiacutepio de Santana tem vinte e oito anos de existecircncia nessa condiccedilatildeo pois fazia

parte do Territoacuterio Federal do Amapaacute extinto pela Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Antes existia

como distrito de Macapaacute Talvez por ser um municiacutepio novo guarde ainda fortes marcas do

clientelismo e patrimonialismo que o gerou Com pouca tradiccedilatildeo democraacutetica as praacuteticas

centralizadoras de gestatildeo educacional satildeo reveladas no cotidiano das accedilotildees que contradizem o

posto nas leis municipais e ateacute nacionais

A anaacutelise aqui apresentada para a poliacutetica puacuteblica municipal evidenciada a partir da

adesatildeo do municiacutepio de Santana ao PAR expotildee os limites e contradiccedilotildees de poliacuteticas formuladas

em niacutevel nacional e executadas em niacutevel local bem como a correlaccedilatildeo de forccedilas poliacuteticas e

econocircmicas do momento histoacuterico As accedilotildees pleiteadas pelo PAR no sentido de democratizar a

gestatildeo da educaccedilatildeo da rede municipal de Santana natildeo tecircm conseguido se materializar na praacutetica

dos gestores Quando muito tais intencionalidades se inscrevem no acircmbito da legislaccedilatildeo

municipal e com isso tem alterado as pontuaccedilotildees de avaliaccedilatildeo do PAR O grande desafio eacute

implementar uma gestatildeo educacional pela qual as pessoas possam participar em igualdade de

condiccedilotildees fazendo emergir a sua condiccedilatildeo de sujeitos histoacutericos na busca por uma educaccedilatildeo

de qualidade social para todos e isto soacute seraacute possiacutevel se a gestatildeo for democraacutetica

167

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170

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SANTANA Relatoacuterio de transiccedilatildeo final Santana-AP 2009

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remuneraccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo baacutesica de Santana estado do Amapaacute e daacute outras

providecircncias Santana AP 2010

__________ Lei nordm 366 de 14 de abril de 1998 Cria o Conselho Municipal de Educaccedilatildeo de

Santana e daacute outras providecircncias Santana AP 1998

__________ Lei nordm 260 de 17 de marccedilo de 1998 Cria os Conselhos Escolares nas escolas

puacuteblicas municipais de ensino e daacute outras providecircncias Santana AP 2009

__________ Lei nordm 1007 de 12 de julho de 2013 Altera a Lei 797 28 de dezembro de 2007

que cria o conselho municipal do FUNDEB e daacute outras providecircncias Santana AP 2013

__________ Lei nordm 488 de 10 de maio de 2001 Institui o Conselho Municipal de Alimentaccedilatildeo

Escolar do municiacutepio de Santana e daacute outras providecircncias Santana AP 2001

__________ Lei nordm 0609 de 27 de dezembro de 2002 Dispotildee sobre a criaccedilatildeo do Sistema

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177

APEcircNDICE

178

APEcircNDICE A

SERVICcedilO PUacuteBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute

INSTITUTO DE CIEcircNCIAS DA EDUCACcedilAtildeO

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM EDUCACcedilAtildeO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA PARTICIPACcedilAtildeO

EM PESQUISA

Caro(a) colega professor(a)

Venho por meio desse documento convidaacute-lo(a) a participar como voluntaacuterio (a) da pesquisa

supracitada que tem como responsaacutevel a aluna da poacutes-graduaccedilatildeo Heryka Cruz Nogueira que

estaacute sob a orientaccedilatildeo da Profa Dra Dalva Valente Guimaratildees Gutierres do curso de Mestrado

em Educaccedilatildeo da Universidade Federal do Paraacute (UFPA) A pesquisadora pode ser contatada pelo

e-mail herykaueapgmailcom e pelo celular (96) 98121-6399

Apoacutes ser esclarecido(a) sobre a pesquisa no caso de aceitar fazer parte do estudo assine

ao final do documento que estaraacute em duas vias Uma delas eacute sua e a outra do pesquisador

responsaacutevel Em caso de recusa vocecirc natildeo seraacute penalizado de forma alguma Informo que esta

pesquisa segue o que estaacute previsto em termos eacuteticos

TIacuteTULO DA PESQUISA O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS (PAR) E A GESTAtildeO

DA EDUCACcedilAtildeO NA REDE MUNICIPAL DE SANTANAAP

O municiacutepio de SantanaAP foi selecionado para essa pesquisa que tem como objetivo

identificar as implicaccedilotildees do Plano de Accedilotildees Articuladas para a gestatildeo da educaccedilatildeo do

municiacutepio Para realizaccedilatildeo da pesquisa aleacutem dos dados coletados em documentos seraacute

necessaacuterio obter informaccedilotildees por meio de entrevistas que seratildeo gravadas e transcritas

Asseguro ao (agrave) senhor (a) que a pesquisa eacute estritamente cientiacutefica sua identidade seraacute mantida

sob sigilo e anonimato e as informaccedilotildees colhidas seratildeo usadas exclusivamente na pesquisa

supracitada os resultados desta seratildeo publicados apenas em revistas cientiacuteficas e em eventos

cientiacuteficos e estaraacute disponiacutevel a todos os interessados As entrevistas seratildeo gravadas no local de

trabalho do entrevistado e teraacute a duraccedilatildeo de 10 a 25 minutos Utilizarei nomes fictiacutecios para

preservar sua identidade ou ainda apenas a indicaccedilatildeo geneacuterica de ldquoentrevistadordquo ou ldquoprofessorrdquo

Somente seraacute efetivada a entrevista apoacutes a assinatura do termo de consentimento da participaccedilatildeo

179

da pessoa como sujeito da pesquisa O entrevistado tem o direito de a qualquer momento

durante ou apoacutes a entrevista retirar seu consentimento obrigando o pesquisador a natildeo utilizar

as informaccedilotildees porventura registradas ou de natildeo responder perguntas incocircmodas O

entrevistado natildeo incorreraacute em qualquer sanccedilatildeo ou penalidade caso retire o seu consentimento

O entrevistado fica ciente que eacute voluntaacuterio e natildeo receberaacute nenhum incentivo financeiro ou

gratificaccedilatildeo para participar da pesquisa

Desde jaacute agradeccedilo sua valiosa contribuiccedilatildeo para a pesquisa disponibilizando sua

atenccedilatildeo e tempo posto que se sabe dos inuacutemeros compromissos diaacuterios assumidos A

pesquisadora se coloca agrave disposiccedilatildeo para as possiacuteveis duacutevidas ou informaccedilotildees necessaacuterias

Beleacutem 14 de dezembro de 2015

__________________________

Assinatura

Entrevistado ciente __________________________________________________

Assinatura

180

APEcircNDICE B

SERVICcedilO PUacuteBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute

INSTITUTO DE CIEcircNCIAS DA EDUCACcedilAtildeO

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM EDUCACcedilAtildeO

ROTEIRO DE ENTREVISTA

Dimensatildeo Gestatildeo Educacional

Sujeitos a serem entrevistados 01 - Secretaacuterio (a) Municipal de Educaccedilatildeo ou Teacutecnico que

conhece o processo de elaboraccedilatildeo do PAR

I - IDENTIFICACcedilAtildeO

1 Nome ______________________________________________________________

2 Formaccedilatildeo _________________________________________________________________

3 Instituiccedilatildeo ou oacutergatildeo a qual pertence ____________________________________________

4 Cargo ou funccedilatildeo que ocupa na rede municipal de SantanaAP

_________________________________________________________________________

II ndash QUESTOtildeES NORTEADORAS

1 Fale sobre como foi a chegada do PAR no municiacutepio

2 Fale sobre como se deu o diagnoacutestico dos indicadores do PAR

3 Quem participou da implantaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo do PAR E como ocorreu

4 Apoacutes o diagnoacutestico do municiacutepio qual foi o proacuteximo passo da equipe que elaborou o PAR

5 Como eacute realizado o acompanhamentoavaliaccedilatildeo das accedilotildees e sub-accedilotildees do PAR no

municiacutepio

6 Quais os criteacuterios para escolha de diretores escolares no municiacutepio

181

APEcircNDICE C

SERVICcedilO PUacuteBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute

INSTITUTO DE CIEcircNCIAS DA EDUCACcedilAtildeO

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM EDUCACcedilAtildeO

ROTEIRO DE ENTREVISTA

Indicador Conselhos Escolares (CE)

Sujeitos a serem entrevistados 01 - Membro da equipe teacutecnica da Secretaria Municipal de

Educaccedilatildeo que trate dos Conselhos Escolares (2012 a 2015)

I - IDENTIFICACcedilAtildeO

1 Nome ___________________________________________________________________

2 Formaccedilatildeo _________________________________________________________________

3 Instituiccedilatildeosetor ou oacutergatildeo a qual pertence _______________________________________

4 Cargo ou funccedilatildeo que ocupa na rede municipal de SantanaAP

_________________________________________________________________________

II ndash QUESTOtildeES NORTEADORAS

1 Fale como se deu a elaboraccedilatildeo do PAR por parte dos Conselhos Escolares

2 Todas as escolas do municiacutepio tem implantado o Conselho Escolar

3 Fale sobre os criteacuterios de escolha dos diretores escolares

4 Qual a participaccedilatildeo do diretor na composiccedilatildeo do Conselho Escolar

5 Como a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo acompanha a implantaccedilatildeo dos Conselhos

Escolares

182

APEcircNDICE D

SERVICcedilO PUacuteBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute

INSTITUTO DE CIEcircNCIAS DA EDUCACcedilAtildeO

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM EDUCACcedilAtildeO

ROTEIRO DE ENTREVISTA

Indicador Conselho Municipal de Educaccedilatildeo (CME)

Sujeitos a serem entrevistados 02 - Conselheiros (2012 a 2015)

( ) Membro da equipe teacutecnica da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo (governamental) que

trate do Conselho Municipal

( ) Membro do Conselho Municipal que natildeo seja representante governamental

I - IDENTIFICACcedilAtildeO

1 Nome ______________________________________________________________

2 Formaccedilatildeo _________________________________________________________________

3 Instituiccedilatildeo setor e oacutergatildeo a qual pertence _______________________________________

4 Cargo ou funccedilatildeo que ocupa na rede Municipal de SantanaAP

_________________________________________________________________________

II ndash QUESTOtildeES NORTEADORAS

1 Fale sobre a participaccedilatildeo do CME na elaboraccedilatildeo do PAR

2 Quem compotildee e como se deu a escolha dos conselheiros

3 O CME possui alguma autonomia em relaccedilatildeo as decisotildees da SME na distribuiccedilatildeo dos

recursos financeiros

4 Como o CME tem acompanhado o planejamento e as accedilotildees educacionais no municiacutepio

183

APEcircNDICE E

SERVICcedilO PUacuteBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute

INSTITUTO DE CIEcircNCIAS DA EDUCACcedilAtildeO

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM EDUCACcedilAtildeO

ROTEIRO DE ENTREVISTA

Indicador Conselho Municipal de Alimentaccedilatildeo Escolar (CAE)

Sujeitos a serem entrevistados 02

( ) Membro da equipe teacutecnica da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo representante do CAE

( ) Membro do CAE que seja representante natildeo-governamental

I - IDENTIFICACcedilAtildeO

1 Nome ______________________________________________________________

2 Formaccedilatildeo ____________________________________________________________

3 Instituiccedilatildeosetor ou oacutergatildeo a qual pertence __________________________________

4 Cargo ou funccedilatildeo que ocupa na rede municipal de educaccedilatildeo de SantanaAP

_____________________________________________________________________

II ndash QUESTOtildeES NORTEADORAS

1 Fale sobre como se deu a participaccedilatildeo do CAE na elaboraccedilatildeo do PAR

2 Quem representa o CAE E qual a periodicidade das reuniotildees

3 De que forma o CAE fiscaliza a aplicaccedilatildeo dos recursos financeiros

4 O CAE participou de algum curso de formaccedilatildeo

184

APEcircNDICE F

SERVICcedilO PUacuteBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute

INSTITUTO DE CIEcircNCIAS DA EDUCACcedilAtildeO

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM EDUCACcedilAtildeO

ROTEIRO DE ENTREVISTA

Indicador Comitecirc Local do Compromisso

Sujeitos a serem entrevistados 02

( ) Membro da equipe teacutecnica da SME representante do Comitecirc Local

( ) Membro do Comitecirc Local que seja representante natildeo-governamental

I - IDENTIFICACcedilAtildeO

1 Nome ______________________________________________________________

2 Formaccedilatildeo ____________________________________________________________

3 Instituiccedilatildeosetor ou oacutergatildeo a qual pertence __________________________________

4 Cargo ou funccedilatildeo que ocupa na rede municipal de educaccedilatildeo de SantanaAP

_____________________________________________________________________

II ndash QUESTOtildeES NORTEADORAS

1 Como eacute constituiacutedo o Comitecirc Local

2 Como o Comitecirc local tem feito o trabalho de mobilizaccedilatildeo da comunidade diante do

PAR

185

APEcircNDICE G

SERVICcedilO PUacuteBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute

INSTITUTO DE CIEcircNCIAS DA EDUCACcedilAtildeO

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM EDUCACcedilAtildeO

ROTEIRO DE ENTREVISTA

Indicador Criteacuterios para Escolha de Diretores

Sujeitos a serem entrevistados 01

( ) Membro da equipe teacutecnica ndash Coordenaccedilatildeo de Ensino

I - IDENTIFICACcedilAtildeO

1 Nome ______________________________________________________________

2 Formaccedilatildeo ___________________________________________________________

3 Instituiccedilatildeo ou oacutergatildeo a qual pertence _______________________________________

4 Cargo ou funccedilatildeo que ocupa na rede municipal de SantanaAP

_____________________________________________________________________

II ndash QUESTOtildeES NORTEADORAS

1 Quais os procedimentos e criteacuterios utilizados na escolha do diretor da escola

2 Quais as caracteriacutesticas que a SEMED destacaria como mais relevantes no perfil do

diretor da escola na rede de ensino

3 A Coordenaccedilatildeo de ensino tem participado da elaboraccedilatildeo do PAR Fale sobre como se

deu essa participaccedilatildeo

186

APEcircNDICE H

Relaccedilatildeo de trabalhos sobre o Plano de Accedilotildees Articuladas encontrados nas bases de dados da

ANPAE ANPED e SciELO (2011 e 2015)

ANPAE

SOUSA

Bartolomeu

O Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) como instrumento de planejamento

da educaccedilatildeo o que haacute de novo httpwwwanpaeorgbr

simposio2011cdrom2011PDFs

trabalhosCompletoscomunicacoesRelatos0079pdf

ANPAE

2011

FARENZENA

SCHUCH E

MOSNA

Implementaccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas em Municiacutepios do Rio

Grande Do Sul uma avaliaccedilatildeo Disponiacutevel em

httpwwwanpaeorgbrsimposio2011 cdrom

2011PDFstrabalhosCompletoscomunicacoesRelatos0414pdf

ANPAE

2011

DAMASCENO

Alberto e SANTOS

Eacutemina

Planejando a educaccedilatildeo municipal a experiecircncia do PAR no Paraacute

Disponiacutevel em

httpwwwanpaeorgbrsimposio2011cdrom2011PDFstrabalhosCo

mpletoscomunicacoesRelatos0174pdf

ANPAE

2011

BELLO Isabel

Melero

O Plano De Accedilotildees Articuladas como estrateacutegia organizacional dos

sistemas puacuteblicos de ensino avanccedilos limites e possibilidades 2011

Disponiacutevel em

httpwwwanpaeorgbrsimposio2011cdrom2011PDFstrabalhosCo

mpletoscomunicacoesRelatos0234pdf

ANPAE

2011

RODRIGUES

ARAUacuteJO E

SOUSA

A Gestatildeo Educacional nos Planos de Accedilotildees Articuladas (PAR) de

municiacutepios paraibanos Disponiacutevel em

httpwwwanpaeorgbrsimposio2011cdrom2011PDFstrabalhosCo

mpletoscomunicacoesRelatos0404pdf

ANPAE

2011

OLIVEIRA e

SENNA

O Plano de Accedilotildees Articuladas no contexto do PDE a dimensatildeo gestatildeo

educacional no par de municiacutepios sul-mato-grossenses Disponiacutevel em

httpwwwanpaeorgbrsimposio2011cdrom

2011PDFstrabalhosCompletoscomunicacoesRelatos0453pdf

ANPAE

2011

MAFASSIOLI E

MARCHAND

Plano de Accedilotildees Articuladas competecircncias dos entes federados na sua

implementaccedilatildeo ANPAE 2011 Disponiacutevel em

httpwwwanpaeorgbrsimposio2011cdrom2011PDFstrabalhosCo

mpletoscomunicacoesRelatos0057pdf

ANPAE

2011

SCHNEIDER

PASQUAL E

DURLI

O PDE e as metas do PAR para a formaccedilatildeo de professores da educaccedilatildeo

baacutesica Ensaio aval pol puacutebl Educ Rio de Janeiro v 20 n 75 p 303-

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ANPAE

2012

OLIVEIRA

SCAFF E SENNA

O Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) no acircmbito dos planos plurianuais

do governo Lula implicaccedilotildees em municiacutepios brasileiros

httpwwwanpaeorgbriberoamericano2012TrabalhosReginaTereza

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ANPAE

2012

VALENTE

GUIMARAtildeES E

FREITAS

O Plano De Accedilotildees Articuladas de Ituiutaba ndash MG Uma Anaacutelise das

Praacuteticas Pedagoacutegicas e da Avaliaccedilatildeo Disponiacutevel em

httpwwwanpaeorgbrsimposio26

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CORREA Joatildeo J A Centralidade do ldquoPDErdquo e do ldquoPARrdquo no acesso agrave poliacutetica educacional

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ANPAE 2013

FERREIRA E e

BASTOS Roberta

Poliacuteticas educacionais e planejamento o PAR como objeto de

investigaccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwanpaeorgbrsimposio26

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ANPAE

2013

OLIVEIRA Beatriz

A

Plano de Accedilotildees Articuladas (PAR) a consolidaccedilatildeo da accountability na

poliacutetica educacional brasileira ANPAE 2013 Disponiacutevel em

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ANPAE

2013

187

Ana Elizabeth Maia

de Albuquerque

O ARRANJO FEDERALISTA BRASILEIRO E AS POLIacuteTICAS DE

INDUCcedilAtildeO DA UNIAtildeO UMA ANAacuteLISE DO PLANO DE ACcedilOtildeES

ARTICULADAS DO MINISTEacuteRIO DA EDUCACcedilAtildeO

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ANPAE

2014

Alzira Batalha

Alcantara

GESTAtildeO DEMOCRAacuteTICA NO AcircMBITO DO PLANO DE ACcedilOtildeES

ARTICULADAS PARTICIPACcedilAtildeO FORMAL OU SUBSTANCIAL

httpwwwanpaeorgbrIBERO_AMERICANO_IVGT1GT1_Comu

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ANPAE

2014

Raimundo Sousa

Gestatildeo da educaccedilatildeo apontamentos iniciais sobre a implementaccedilatildeo do

Plano de Accedilotildees Articuladas em Altamira-PA

httpwwwanpaeorgbrIBERO_AMERICANO_IVGT1GT1_Relato

RaimundoSousa_GT1_integralpdf

ANPAE

2014

Vanessa Socorro

Silva Costa

O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS NO PARAacute PROCESSOS

INSTITUIacuteDOS E CONTRADICcedilOtildeES

httpwwwanpaeorgbrIBERO_AMERICANO_IVGT5GT5_Comu

nicacaoVanessaSocorroSilvaCosta_GT5_Integralpdf

ANPAE

2014

Gildeci Santos

Pereira e

Odete da Cruz

Mendes

PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS (PAR) CONFIGURACcedilOtildeES

DA GESTAtildeO EDUCACIONAL NA REDE DE ENSINO MUNICIPAL

ANPAE

2015

Heryka Cruz

Nogueira e Dalva

Valente G

Gutierres

O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS AS PRODUCcedilOtildeES

ESCRITAS NO PERIacuteODO DE 2009 A 2013

ANPAE 2015

Maria Isabel Soares

Feitosa e Maria

Alice de M Aranda

O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS NO PROCESSO DE

DISSEMINACcedilAtildeO DA INFORMACcedilAtildeO CIENTIacuteFICA

ANPAE 2015

Severino Vilar de

Albuquerque

GESTAtildeO EDUCACIONAL E QUALIDADE DA EDUCACcedilAtildeO OS

DILEMAS DA IMPLANTACcedilAtildeO DO PLANO DE ACcedilOtildeES

ARTICULADAS (PAR)

ANPAE 2015

Laacutezara Cristina da

Silva

PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS (PAR) E A FORMACcedilAtildeO

DOCENTE DESAFIOS E IMPLICACcedilOtildeES NA REGIAtildeO DO

TRIAcircNGULO MINEIRO PARA A EDUCACcedilAtildeO INCLUSIVA

ANPAE 2015

Amanda Higino F

de Sousa

Gersonita Paulino

de S Cruz

O PLANEJAMENTO EDUCACIONAL DO MUNICIacutePIO DE

NATALRN ATRAVEacuteS DO PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS

(2007-2011) UMA ANAacuteLISE DA DIMENSAtildeO DE PRAacuteTICAS

PEDAGOacuteGICAS E AVALIACcedilAtildeO

ANPAE 2015

Daniela Cunha

Terto

Alda Maria Duarte

A Castro

PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS NO CONTEXTO DO

FEDERALISMO BRASILEIRO ESTRATEacuteGIA DE COOPERACcedilAtildeO

INTERGOVERNAMENTAL

ANPAE 2015

Maria Aparecida R

da Silva Ceacutezar

O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS E A AUTONOMIA DO

MUNICIacutePIO NA GESTAtildeO EDUCACIONAL

ANPAE 2015

Maria Goretti

Cabral Barbalho

Gilneide Maria de

Oliveira Lobo

PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS 2007- 2011 UMA ANAacuteLISE

DA DIMENSAtildeO INFRAESTRUTURA FIacuteSICA E RECURSOS

PEDAGOacuteGICOS EM MOSSOROacuteRN

ANPAE 2015

Marilda Pasqual

Schneider

PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS (PAR) E AS CONDICcedilOtildeES DE

MELHORIA DA QUALIDADE EDUCACIONAL

ANPAE 2015

ANPED

DAMASCENO

Alberto e SANTOS

Emina

Controle social na educaccedilatildeo municipal os planos de accedilotildees Articuladas

e o desafio da construccedilatildeo do novo sistema nacional de educaccedilatildeo na

Amazocircnia Disponiacutevel em

http33reuniaoanpedorgbr33encontroappwebrootfilesfileTrabal

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ANPED

2010

MAFASSIOLI

Andreacuteia da S

Plano de Accedilotildees Articuladas uma avaliaccedilatildeo da implementaccedilatildeo no

municiacutepio de GravataiacuteRS Disponiacutevel em

httpwwwportalanpedsulcombr2012homephplink=gruposampacao

ANPED

SUL

2012

188

=listar_trabalhosampnome=GT0520E2809320Estado20e2

0PolC3ADtica20Educacionalampid=105

Liane Maria

Bernardi

Alexandre Joseacute

Rossi

Lucia Hugo Uczak

Do movimento Todos pela Educaccedilatildeo ao Plano de Accedilotildees Articuladas e

Guia de Tecnologias empresaacuterios interlocutores e clientes do estado

httpxanpedsulfaedudescbrarq_pdf596-0pdf

ANPED

SUL

2014

A implementaccedilatildeo do Plano de Accedilotildees Articuladas no municiacutepio de

Sorocaba - SP limites e possibilidades para efetivaccedilatildeo do regime de

colaboraccedilatildeo

httpsanpedsudeste2014fileswordpresscom201507flc3a1via-leila-

da-silva-paulo-gomes-limapdf

ANPED

SUDEST

E

2014

O Plano De Accedilatildeo Articulada e o municiacutepio de Portel no Arquipeacutelago de

Marajoacute

httpsanpedsudeste2014fileswordpresscom201507jose-carlos-

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ANPED

SUDEST

E

2014

O PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS E A FORMACcedilAtildeO DE

PROFESSORES EM SERVICcedilO NA GESTAtildeO DA EDUCACcedilAtildeO

MUNICIPAL

http37reuniaoanpedorgbrwp-

contentuploads201502PC3B4ster-GT08-3683pdf

ANPED 2015

SciELO

DUARTE Marisa

R e JUNQUEIRA

Deacuteborah S

A propagaccedilatildeo de novos modos de regulaccedilatildeo no sistema educacional

brasileiro o Plano de Accedilotildees Articuladas e as relaccedilotildees entre as escolas e

a Uniatildeo Pro-Posiccedilotildees v 24 n 2 (71) p 165-193 maioago 2013

SciELO 2013

Federalismo e planejamento educacional no exerciacutecio do PAR SciELO 2014

189

ANEXOS

190

DIRETRIZES DO PLANO DE METAS COMPROMISSO TODOS PELA

EDUCACcedilAtildeO

I estabelecer como foco a aprendizagem apontando resultados concretos a atingir

II alfabetizar as crianccedilas ateacute no maacuteximo os oito anos de idade aferindo os resultados por exame perioacutedico

especiacutefico

III acompanhar cada aluno da rede individualmente mediante registro da sua frequecircncia e do seu desempenho em

avaliaccedilotildees que devem ser realizadas periodicamente

IV combater a repetecircncia dadas as especificidades de cada rede pela adoccedilatildeo de praacuteticas como aulas de reforccedilo no

contra turno estudos de recuperaccedilatildeo e progressatildeo parcial

V combater a evasatildeo pelo acompanhamento individual das razotildees da natildeo frequecircncia do educando e sua superaccedilatildeo

VI matricular o aluno na escola mais proacutexima da sua residecircncia

VII ampliar as possibilidades de permanecircncia do educando sob responsabilidade da escola para aleacutem da jornada

regular

VIII valorizar a formaccedilatildeo eacutetica artiacutestica e a educaccedilatildeo fiacutesica

IX garantir o acesso e permanecircncia das pessoas com necessidades educacionais especiais nas classes comuns do

ensino regular fortalecendo a inclusatildeo educacional nas escolas puacuteblicas

X promover a educaccedilatildeo infantil

XI manter programa de alfabetizaccedilatildeo de jovens e adultos

XII instituir programa proacuteprio ou em regime de colaboraccedilatildeo para formaccedilatildeo inicial e continuada de profissionais da

educaccedilatildeo

XIII implantar plano de carreira cargos e salaacuterios para os profissionais da educaccedilatildeo privilegiando o meacuterito a

formaccedilatildeo e a avaliaccedilatildeo do desempenho

XIV valorizar o meacuterito do trabalhador da educaccedilatildeo representado pelo desempenho eficiente no trabalho

dedicaccedilatildeo assiduidade pontualidade responsabilidade realizaccedilatildeo de projetos e trabalhos especializados cursos

de atualizaccedilatildeo e desenvolvimento profissional

XV dar consequumlecircncia ao periacuteodo probatoacuterio tornando o professor efetivo estaacutevel apoacutes avaliaccedilatildeo de preferecircncia

externa ao sistema educacional local

XVI envolver todos os professores na discussatildeo e elaboraccedilatildeo do projeto poliacutetico pedagoacutegico respeitadas as

especificidades de cada escola

XVII incorporar ao nuacutecleo gestor da escola coordenadores pedagoacutegicos que acompanhem as dificuldades

enfrentadas pelo professor

XVIII fixar regras claras considerados meacuterito e desempenho para nomeaccedilatildeo e exoneraccedilatildeo de diretor de escola

XIX divulgar na escola e na comunidade os dados relativos agrave aacuterea da educaccedilatildeo com ecircnfase no Iacutendice de

Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica IDEB referido no art 3o

XX acompanhar e avaliar com participaccedilatildeo da comunidade e do Conselho de Educaccedilatildeo as poliacuteticas puacuteblicas na

aacuterea de educaccedilatildeo e garantir condiccedilotildees sobretudo institucionais de continuidade das accedilotildees efetivas preservando

a memoacuteria daquelas realizadas

XXI zelar pela transparecircncia da gestatildeo puacuteblica na aacuterea da educaccedilatildeo garantindo o funcionamento efetivo

autocircnomo e articulado dos conselhos de controle social

XXII promover a gestatildeo participativa na rede de ensino

XXIII elaborar plano de educaccedilatildeo e instalar Conselho de Educaccedilatildeo quando inexistentes

XXIV integrar os programas da aacuterea da educaccedilatildeo com os de outras aacutereas como sauacutede esporte assistecircncia social

cultura dentre outras com vista ao fortalecimento da identidade do educando com sua escola

XXV fomentar e apoiar os conselhos escolares envolvendo as famiacutelias dos educandos com as atribuiccedilotildees

dentre outras de zelar pela manutenccedilatildeo da escola e pelo monitoramento das accedilotildees e consecuccedilatildeo das metas do

compromisso

191

XXXVI transformar a escola num espaccedilo comunitaacuterio e manter ou recuperar aqueles espaccedilos e equipamentos

puacuteblicos da cidade que possam ser utilizados pela comunidade escolar

XXVII firmar parcerias externas agrave comunidade escolar visando a melhoria da infra-estrutura da escola ou a

promoccedilatildeo de projetos socioculturais e accedilotildees educativas

XXVIII organizar um comitecirc local do Compromisso com representantes das associaccedilotildees de empresaacuterios

trabalhadores sociedade civil Ministeacuterio Puacuteblico Conselho Tutelar e dirigentes do sistema educacional puacuteblico

encarregado da mobilizaccedilatildeo da sociedade e do acompanhamento das metas de evoluccedilatildeo do IDEB

192

ANEXO

PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS ndash 1ordf VERSAtildeO

DIMENSAtildeO 1 GESTAtildeO EDUCACIONAL

193

PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS ndash 1ordf VERSAtildeO

DIMENSAtildeO 2 FORMACcedilAtildeO DE PROFESSORES E DOS PROFISSIONAIS DE SERVICcedilO

E APOIO ESCOLAR

DIMENSAtildeO 3 PRAacuteTICAS PEDAGOacuteGICAS E AVALIACcedilAtildeO

194

PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS ndash 1ordf VERSAtildeO

DIMENSAtildeO 4 INFRA-ESTRUTURA FIacuteSICA E RECURSOS PEDAGOacuteGICOS

195

ANEXO

PLANO DE ACcedilOtildeES ARTICULADAS ndash 2ordf VERSAtildeO

Dimensatildeo 1 ndash Gestatildeo Educacional

Aacuterea 1 - Gestatildeo

Democraacutetica

Articulaccedilatildeo e

Desenvolvimento dos

Sistemas de Ensino

1 Existecircncia acompanhamento e avaliaccedilatildeo do Plano Municipal de

Educaccedilatildeo (PME) desenvolvido com base no Plano Nacional de

Educaccedilatildeo (PNE)

2 Existecircncia composiccedilatildeo competecircncia e atuaccedilatildeo do Conselho

Municipal de Educaccedilatildeo (CME)

3 Existecircncia e funcionamento de conselhos escolares (CE)

4 Existecircncia de projeto pedagoacutegico (PP) nas escolas inclusive nas de

alfabetizaccedilatildeo de jovens e adultos (AJA) e de educaccedilatildeo de jovens e

adultos (EJA) participaccedilatildeo dos professores e do conselho escolar na sua

elaboraccedilatildeo orientaccedilatildeo da secretaria municipal de educaccedilatildeo e

consideraccedilatildeo das especificidades de cada escola

5 Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho do Fundo de Manutenccedilatildeo e

Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de Valorizaccedilatildeo dos

Profissionais da Educaccedilatildeo (Fundeb)

6 Composiccedilatildeo e atuaccedilatildeo do Conselho de Alimentaccedilatildeo Escolar (CAE)

7 Existecircncia e atuaccedilatildeo do Comitecirc Local do Compromisso

Aacuterea 2 ndash Gestatildeo de

pessoas

1 Quadro de servidores da secretaria municipal de educaccedilatildeo (SME)

2 Criteacuterios para escolha da direccedilatildeo escolar

3 Presenccedila de coordenadores ou supervisores pedagoacutegicos nas escolas

4 Quadro de professores

5 Estaacutegio probatoacuterio efetivando os professores e outros profissionais da

Educaccedilatildeo

6 Plano de carreira para o magisteacuterio

7 Plano de carreira dos profissionais de serviccedilo e apoio escolar

8 Piso salarial nacional do professor

9 Existecircncia de professores para o exerciacutecio da funccedilatildeo docente no

atendimento educacional especializado (AEE) complementar ao ensino

regular

Aacuterea 3 ndash Conhecimento

e utilizaccedilatildeo de

informaccedilatildeo

1 Existecircncia de um sistema informatizado de gestatildeo escolar que integre

a rede municipal de ensino

2 Conhecimento da situaccedilatildeo das escolas da rede

3 Conhecimento e utilizaccedilatildeo dos dados de analfabetismo e escolaridade

de jovens e adultos

4 Acompanhamento e registro da frequecircncia dos alunos beneficiados

pelo Programa Bolsa Famiacutelia (PBF)

5 Existecircncia de monitoramento do acesso e permanecircncia de pessoas

com deficiecircncia de 0 a 18 anos beneficiaacuterias do Benefiacutecio da Prestaccedilatildeo

Continuada (BPC) 6 Formas de registro da frequecircncia

Aacuterea 4 ndash Gestatildeo de

financcedilas

1 Existecircncia de equipe gestora capacitada para o gerenciamento dos

recursos para a Educaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo do Sistema de Informaccedilotildees sobre

Orccedilamentos Puacuteblicos em Educaccedilatildeo (Siope)

2 Cumprimento do dispositivo constitucional de vinculaccedilatildeo dos

recursos da Educaccedilatildeo

3 Aplicaccedilatildeo dos recursos de redistribuiccedilatildeo e complementaccedilatildeo do Fundo

de Manutenccedilatildeo e Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica e de

Valorizaccedilatildeo dos Profissionais da Educaccedilatildeo (Fundeb)

196

Aacuterea 5 ndash Comunicaccedilatildeo

e interaccedilatildeo com a

sociedade

1 Divulgaccedilatildeo e anaacutelise dos resultados das avaliaccedilotildees oficiais do MEC

2 Existecircncia de parcerias externas para realizaccedilatildeo de atividades

complementares que visem agrave formaccedilatildeo integral dos alunos

3 Relaccedilatildeo com a comunidade promoccedilatildeo de atividades e utilizaccedilatildeo da

escola como espaccedilo comunitaacuterio Total de aacutereas 05 28 indicadores

Dimensatildeo 2 ndash Formaccedilatildeo de Professores e de Profissionais de Serviccedilo e Apoio Escolar

Aacuterea 1 Formaccedilatildeo

Inicial de Professores

da Educaccedilatildeo Baacutesica

1 Habilitaccedilatildeo dos professores que atuam nas creches

2 Habilitaccedilatildeo dos professores que atuam na preacute-escola

3 Habilitaccedilatildeo dos professores que atuam nos anosseacuteries iniciais do

ensino fundamental incluindo professores da educaccedilatildeo de jovens e

adultos (EJA)

4 Habilitaccedilatildeo dos professores que atuam nos anosseacuteries finais do

ensino fundamental incluindo professores da educaccedilatildeo de jovens e

adultos (EJA)

Aacuterea 2 Formaccedilatildeo

Continuada de

Professores da

Educaccedilatildeo Baacutesica

1 Existecircncia e implementaccedilatildeo de poliacuteticas para a formaccedilatildeo continuada

de professores que atuam na educaccedilatildeo infantil

2 Existecircncia e implementaccedilatildeo de poliacuteticas para a formaccedilatildeo continuada

de professores que visem qualificar a praacutetica de ensino da leituraescrita

da Matemaacutetica e dos demais componentes curriculares nos anosseacuteries

iniciais do ensino fundamental incluindo professores da educaccedilatildeo de

jovens e adultos (EJA)

3 Existecircncia e implementaccedilatildeo de poliacuteticas para a formaccedilatildeo continuada

de professores que visem agrave melhoria da qualidade de aprendizagem de

todos os componentes curriculares nos anosseacuteries finais do ensino

fundamental incluindo professores da educaccedilatildeo de jovens e adultos

(EJA)

4 Existecircncia e implementaccedilatildeo de poliacuteticas para a formaccedilatildeo continuada

de professores que visem ao desenvolvimento de praacuteticas educacionais

inclusivas na classe comum em todas as etapas e modalidades Aacuterea 3 Formaccedilatildeo de

professores da

Educaccedilatildeo Baacutesica para

atuaccedilatildeo em educaccedilatildeo

especial escolas do

campo comunidades

quilombolas ou

indiacutegenas

1 Formaccedilatildeo dos professores da educaccedilatildeo baacutesica que atuam no

atendimento educacional especializado (AEE)

2 Formaccedilatildeo dos professores que atuam em escolas do campo

3 Formaccedilatildeo dos professores que atuam em escolas de comunidades

quilombolas

4 Qualificaccedilatildeo dos professores que atuam em escolas de comunidades

indiacutegenas

Aacuterea 4 Formaccedilatildeo de

professores da

educaccedilatildeo baacutesica para

cumprimento das Leis

979599 1063903

1152507 e 1164508

1 Existecircncia e implementaccedilatildeo de poliacuteticas para a formaccedilatildeo de

professores visando ao cumprimento das Leis 979599 1063903

1152507 e 1164508

Aacuterea 5 Formaccedilatildeo de

Profissionais da

Educaccedilatildeo e Outros

Representantes da

Comunidade Escolar

1 Participaccedilatildeo dos gestores de unidades escolares em programas de

formaccedilatildeo especiacutefica

2 Existecircncia e implementaccedilatildeo de poliacuteticas para formaccedilatildeo continuada

das equipes pedagoacutegicas

3 Participaccedilatildeo de gestores equipes pedagoacutegicas profissionais de

serviccedilos e apoio escolar em programas de formaccedilatildeo para a educaccedilatildeo

inclusiva

197

4 Participaccedilatildeo dos profissionais de serviccedilo e apoio escolar e de outros

representantes da comunidade escolar em programas de formaccedilatildeo

especiacutefica

Total de aacutereas 05 17 indicadores

Dimensatildeo 3 ndash Praacuteticas Pedagoacutegicas e Avaliaccedilatildeo

Aacuterea 1 Organizaccedilatildeo da

Rede de Ensino

1 Implantaccedilatildeo e organizaccedilatildeo do ensino fundamental de 9 anos

2 Implantaccedilatildeo e organizaccedilatildeo do ensino obrigatoacuterio dos 4 aos 17 anos

3 Existecircncia de poliacutetica de educaccedilatildeo em tempo integral atividades que

ampliam a jornada escolar do estudante para no miacutenimo sete horas

diaacuterias nos cinco dias por semana

4 Poliacutetica de correccedilatildeo de fluxo

5 Existecircncia de accedilotildees para a superaccedilatildeo do abandono e da evasatildeo escolar

6 Atendimento agrave demanda de educaccedilatildeo de jovens e adultos (EJA)

7 Oferta do atendimento educacional especializado (AEE)

complementar ou suplementar agrave escolarizaccedilatildeo

Aacuterea 2 Organizaccedilatildeo das

praacuteticas pedagoacutegicas

1 Existecircncia de proposta curricular para a rede de ensino

2 Processo de escolha do livro didaacutetico

3 Existecircnciaadoccedilatildeo de metodologias especiacuteficas para a alfabetizaccedilatildeo

4 Existecircncia de programas de incentivo agrave leitura para o professor e o

aluno incluindo a educaccedilatildeo de jovens e adultos (EJA)

5 Estiacutemulo agraves praacuteticas pedagoacutegicas fora do espaccedilo escolar com

ampliaccedilatildeo das oportunidades de aprendizagem

6 Reuniotildees pedagoacutegicas e horaacuterios de trabalhos pedagoacutegicos para

discussatildeo dos conteuacutedos e metodologias de ensino

Aacuterea 3 Avaliaccedilatildeo da

Aprendizagem dos

Alunos e Tempo para

Assistecircncia

IndividualColetiva aos

Alunos que Apresentam

Dificuldade de

Aprendizagem

1 Formas de avaliaccedilatildeo da aprendizagem dos alunos

2 Utilizaccedilatildeo do tempo para assistecircncia individual coletiva aos alunos

que apresentam dificuldade de aprendizagem

Total de aacutereas 03 15 indicadores

Dimensatildeo 4 ndash Infraestrutura Fiacutesica e Recursos Pedagoacutegicos

Aacuterea 1 Instalaccedilotildees

fiacutesicas da secretaria

municipal de educaccedilatildeo

1 Condiccedilotildees da infraestrutura fiacutesica existente da secretaria municipal de

educaccedilatildeo

2 Condiccedilotildees de mobiliaacuterio e equipamentos da secretaria municipal de

educaccedilatildeo

Aacuterea 2 Condiccedilotildees da

rede fiacutesica escolar

existente

1 Biblioteca instalaccedilotildees e espaccedilo fiacutesico

2 Acessibilidade arquitetocircnica nos ambientes escolares

3 Infraestrutura fiacutesica existente condiccedilotildees das unidades escolares que

ofertam a educaccedilatildeo infantil na aacuterea urbana

4 Infraestrutura fiacutesica existente condiccedilotildees das unidades escolares que

ofertam a educaccedilatildeo infantil no campo comunidades indiacutegenas eou

quilombolas

5 Infraestrutura fiacutesica existente condiccedilotildees das unidades escolares que

ofertam o ensino fundamental na aacuterea urbana

198

6 Infraestrutura fiacutesica existente condiccedilotildees das unidades escolares que

ofertam o ensino fundamental no campo comunidades indiacutegenas eou

quilombolas

7 Necessidade de novos preacutedios escolares existecircncia de preacutedios

escolares para atendimento agrave demanda da educaccedilatildeo infantil na aacuterea

urbana

8 Necessidade de novos preacutedios escolares existecircncia de preacutedios

escolares para atendimento agrave demanda da educaccedilatildeo infantil no campo

comunidades indiacutegenas eou quilombolas

9 Necessidade de novos preacutedios escolares existecircncia de preacutedios

escolares para atendimento agrave demanda do ensino fundamental na aacuterea

urbana

10 Necessidade de novos preacutedios escolares existecircncia de preacutedios

escolares para atendimento agrave demanda do ensino fundamental no campo

comunidades indiacutegenas eou quilombolas

11 Condiccedilotildees de mobiliaacuterio e equipamentos escolares quantidade

qualidade e acessibilidade

12 Existecircncia de transporte escolar para alunos da rede atendimento agrave

demanda agraves condiccedilotildees de qualidade e de acessibilidade

Aacuterea 3 Uso de

Tecnologias

1 Existecircncia e funcionalidade dos laboratoacuterios de Ciecircncias e de

Informaacutetica nas escolas de ensino fundamental

2 Existecircncia de computadores ligados agrave rede mundial de computadores

e utilizaccedilatildeo de recursos de Informaacutetica para atualizaccedilatildeo de conteuacutedos e

realizaccedilatildeo de pesquisas

3 Existecircncia de sala de recursos multifuncionais e utilizaccedilatildeo para o

atendimento educacional especializado (AEE)

4 Utilizaccedilatildeo de processos ferramentas e materiais de natureza

pedagoacutegica preacute-qualificados pelo MEC

Aacuterea 4 Recursos

pedagoacutegicos para o

desenvolvimento de

praacuteticas pedagoacutegicas que

considerem a

diversidade das

demandas educacionais

1 Existecircncia suficiecircncia diversidade e acessibilidade do acervo

bibliograacutefico (de referecircncia e literatura)

2 Existecircncia suficiecircncia diversidade e acessibilidade de materiais

pedagoacutegicos

3 Suficiecircncia diversidade e acessibilidade dos equipamentos e

materiais esportivos

4 Produccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de materiais didaacuteticos para a educaccedilatildeo de jovens

e adultos (EJA) e para a diversidade Total de aacutereas 04 22 indicadores

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